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A Taxonomia de Bloom e a construção dos currículos

No dia 23 de março o Ministério da Educação anunciou a formação de


um Comitê Nacional de Implementação da Base Nacional Comum
Curricular será, formado por membros titulares do Ministério da Educação
(MEC), do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

O Comitê terá as seguintes funções (Art. 3º) :

I – propor debates, eventos e ações relacionados com a implementação da


BNCC pelas redes de ensino e escolas;

II – estipular definições, orientações e diretrizes para a condução das ações


conjuntas do MEC, do Consed e da Undime, com vistas à implementação da
BNCC; e

III – convidar especialistas para discutirem temas específicos relativos aos


desafios da implementação da BNCC.

Que bom né? Mas bom mesmo será ver que a dinâmica de produção curricular
no Brasil mudou. Acho difícil, mas torço. Não sabemos se a lógica vai mudar.
Não mudando, não muda o produto final: os alunos brasileiros sempre perdem
para seus colegas de países desenvolvidos.

O processo de construção da BNCC foi truncado desde o início. De um lado,


tínhamos, desde a LDB, portanto, desde 1996, uma certa leniência para
estabelecer padrões de ensino para o Brasil alinhados com padrões
internacionais de países mais desenvolvidos. Isso, apesar de contarmos com a
bússola Pisa desde 2000. Pelo menos, foram elaborados os Parâmetros
Curriculares Nacionais, melhor que nada, mas acanhados e muito pouco claros.
Durante todos esses anos, enquanto os países desenvolvidos estudavam e
aprimoravam os mecanismos curriculares que compõem um documento
curricular competente, tais como a clareza na escrita das habilidades, a melhor
forma de estabelecer a progressão explícita do aprendizado e a incorporação
das pesquisas sobre como os alunos aprendem na estrutura curricular, o Brasil
fazia política rastaquera com o tema.
A elite econômica e intelectual brasileira, como sempre, deu sua inestimável
contribuição para salvar manter os pobres (nesta questão, os não pobres
também) na ignorância: de um lado, o grupo da elite ligado à iniciativa privada
esmerou-se na arraigada prática de transformar uma necessidade de política de
interesse público em interesses privados, acumulando milhas de companhias
aéreas, palpitando nos enormes desafios das autoridades do governo sem botar
dinheiro novo e substancial nos problemas, organizando eventos cheios de
tecnologias e compartilhando likes. De outro, a elite dos funcionários públicos
de alto escalão, nesse caso representada pelos acadêmicos da educação,
dedicaram-se a sabotar a existência do próprio documento. Como já não pegava
bem posicionar-se contra um currículo nacional, uma vez que a maior parte dos
estados já tinha o seu, resolveram sabotar o processo com tumultos ideológicos,
brigas irrelevantes e argumentos toscos.

Assim, nasceu um documento com alguns méritos técnicos sim, mas celebrado
publicamente apenas porque tinha sido fruto de ampla consulta. Como sabemos,
só se pergunta algo para se saber o que ainda não se não se sabe: neste caso, era
inútil perguntar para professores brasileiros como fazer um currículo. As
consultas foram muito bem utilizadas para tumultuar o processo. Depois que o
processo de produção ficou mais organizado e honesto, a equipe passou a
consultar documentos de países desenvolvidos, além de algumas produções
locais que, embora frágeis, iam na direção certa, a tal consulta pública virou
apenas o que deveria ser: uma narrativa.

Um dos argumentos para sabotar a elaboração de um currículo nacional era o


de que o currículo “amarra” os professores. Onde? com o quê? Para quê? A
questão é que é a FALTA de um currículo bem estruturado amarra. Amarra
muito. Tanto professores, quanto alunos, à ignorância e à incapacidade de
compreender o mundo!

Uma das barbaridades que fizeram com a BNCC foi estabelecer o processo de
alfabetização de maneira equivocada e atrapalhada. Outra, que contaminou todo
o currículo, foi ter usado muito mal a forma de escrever as habilidades. É
impossível montar um plano de estudos para uma rede ou escola a partir da
BNCC. Daí a necessidade de um comitê para controlar a REESCRITA da
BNCC no nível das redes estaduais e municipais.

Explicando.
Apesar de o MEC apresentar, na pg. 29 da BNCC, quais são os componentes
para se elaborar uma habilidade = VERBO, COMPLEMENTO E
MODIFICADOR (OU CONTEXTO), o próprio não seguiu essa fórmula:

As habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem


ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares. Para
tanto, elas são descritas de acordo com uma determinada estrutura,
conforme ilustrado no exemplo a seguir, de História (EF06HI14).

Diferenciar escravidão, servidão e trabalho livre no mundo antigo.

Modificadores do(s)
Verbo(s) que Complemento do(s)
verbo(s) ou do
explicita(m) o(s) verbo(s), que explicita
complemento do(s)
processo(s) o(s) objeto(s) de
verbo(s), que explicitam
cognitivo(s) conhecimento
o contexto e/ou uma
envolvido(s) na mobilizado(s) na
maior especificação da
habilidade. habilidade.
aprendizagem esperada.

Assim, sabemos que, para Língua Portuguesa com certeza e, em parte para
Matemática, a BNCC propõe um ensino mais ambiciosos para os alunos do
Brasil até o 9º ano, mas não sabemos ainda como exatamente isso será feito em
sala de aula.

O principal desafio para elaborar fazer um currículo competente é conseguir


que todas as milhares de habilidades necessárias para compô-lo sigam a
estrutura acima. Para tal, é preciso tempo para colocar a massa cinzenta de seus
elaboradores para funcionar de maneira rigidamente disciplinada. O MEC não
teve tempo, pois a equipe que se propôs a usar essa fórmula foi a que entrou
com a mudança de comando no Governo Federal, que sabia que tinha
pouquíssimo tempo para arrumar a casa.

Outro desafio é conhecer bem e utilizar os mecanismos curriculares. Para


conhecê-los também é preciso tempo. Tempo de estudo árduo, para recuperar o
que foi perdido nas últimas décadas, enquanto os docentes e gestores de países
desenvolvidos conversavam entre si, faziam pesquisa educacional relevante,
incorporada à sala de aula, aos currículos e aos rubrics.
Vou explicar um deles hoje: a Taxonomia de Bloom. A Taxonomia foi
publicada em 1956 a partir de estudos de Psicometria por um grupo de
pesquisadores das Universidades de Chigago e Michigan. Já basta para explicar
porque os educadores brasileiros nunca se preocuparam em ler, traduzir ou
estudar a fundo esse conjunto de obras seminal para a produção curricular e
para os estudos de avaliação de aprendizagem, simplesmente a base de uma
“nova” área da ciência da educação. Ora, era obra de porcos capitalistas, de
imperialistas ianques que sempre estão à espreita para dominar as cabeças
férteis dos brasileiros. É o típico argumento que eu classifico como cafonice
educacional: muuuuito fora de moda…

Enquanto isso no Brasil, a referência para ensinar os alunos é Bourdieu e Paulo


Freire. Cada povo tem a elite educacional a as referências bibliográficas que
merece. Não proponho descartá-los sem lê-los. Proponho lê-los com atenção
para poder colocá-los em seu devido lugar. Cada um escolhe onde as aplicar,
desde que não seja no currículo.

Voltemos à Taxonomia. Vou ficar com a original. Para entender direitinho do


que se trata, sem ter que ler o original, proponho este texto aqui:

FERRAZ, Ana Paula do Carmo Marcheti; BELHOT, Renato Vairo.


Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do
instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gest. Prod., São
Carlos , v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
530X2010000200015&lng=en&nrm=iso&gt;. access
on 26 Mar. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-530X2010000200015.

Mas se quiserem ler o original, JAMAIS traduzido para o Português do Brasil,


aqui vai a referência:

BLOOM, Benjamin Samuel et al, Taxonomy of educational objectives: the


classification of educational goals Handbook I: Cognitive Domain,
London: Longman, Green and Co., 1956.

Bloom e seus colegas propuseram seis níveis de aprendizado visível, ou


mensurável que deveriam ajudar a estruturar currículos e atividades
pedagógicas. São eles, na ordem do menos para o mais sofisticado:

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