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Sociologia da
Educação
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Sociologia da Educação,
parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo
que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma
apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5
1 SOCIEDADE................................................................................................................................................. 7
1.1 Durkheim.............................................................................................................................................................................7
1.2 Marx.......................................................................................................................................................................................9
1.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................11
1.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................11
2 PARADIGMAS SOCIOLÓGICOS................................................................................................... 13
2.1 Paradigma do Consenso.............................................................................................................................................13
2.2 Paradigma do Conflito.................................................................................................................................................15
2.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................16
2.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................17
3 TEORIAS EDUCACIONAIS............................................................................................................... 19
3.1 Otimismo Pedagógico.................................................................................................................................................19
3.2 Pessimismo Pedagógico.............................................................................................................................................20
3.3 Teoria Crítica....................................................................................................................................................................22
3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................23
3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................23
4 GLOBALIZAÇÃO.................................................................................................................................... 25
4.1 Globalização e Educação............................................................................................................................................26
4.2 Era da Informação.........................................................................................................................................................29
4.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................30
4.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................30
6 A MICROSSOCIOLOGIA.................................................................................................................... 37
6.1 O Sujeito e o Grupo.....................................................................................................................................................37
6.2 Liderança e Conflitos....................................................................................................................................................41
6.3 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................43
6.4 Atividades Propostas....................................................................................................................................................43
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................ 45
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 47
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 49
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a),
A complexidade social atual, as dificuldades e os dilemas da educação nos remetem a uma obser-
vação mais abrangente para além da escola e das propostas educacionais em busca de entendimento da
situação para a elaboração de alternativas e de ações profícuas para a melhoria da educação escolar que
é destinada à maioria da população brasileira.
Considera-se que muito se progrediu no aspecto do acesso à escola, embora o atendimento na
educação infantil seja muito pequeno diante da demanda existente. Por outro lado, estudos mostram
que o trabalho escolar não tem conseguido propiciar satisfatoriamente o acesso ao conhecimento, o
desenvolvimento de competências e habilidades elementares; tal situação fica patente ao se verificarem
as dificuldades e a falta de domínio básico da língua materna. Nesse sentido, evidencia-se que há um
trabalho hercúleo a se realizar para a melhoria da qualidade da escola brasileira, sobretudo a destinada
aos mais pobres.
Diante dessa situação, é imprescindível nos debruçarmos no estudo da problemática educacional.
O processo educacional pode ser estudado a partir das contribuições de vários campos do saber da
Filosofia, da História, da Psicologia, da Sociologia, da Didática etc.
A Sociologia nos auxilia a entender as relações entre a sociedade e a escola em um nível macro e
microssociológico, ou seja, da escola como um grupo social.
A Sociologia da Educação se constitui um elemento valioso para o estudo da Educação. Ela é um
dos ramos da Sociologia; dessa maneira, fundamenta-se nas teorias sociológicas. Alguns estudiosos afir-
mam que a primeira não se sustenta sem a segunda.
Nesta disciplina, buscaremos apontar as contribuições da Sociologia para a ampliação do nosso en-
tendimento da Educação. Nesse sentido, revisitaremos alguns aspectos dos estudos de Durkheim e Marx
que nos auxiliarão a entender as relações macrossociais da educação e da escola. Prosseguiremos com os
apontamentos a respeito dos paradigmas sociológicos que tiveram como fonte esses dois pensadores.
Os paradigmas sociológicos também fundamentaram e influenciaram o surgimento de teorias
educacionais que trataremos em seguida. Consideraremos essas teorias divididas em três grandes blo-
cos: otimismo pedagógico, pessimismo pedagógico e teorias críticas ou otimismo crítico.
Posteriormente a essa incursão nas discussões educacionais e seus estreitos vínculos com as con-
cepções sociais, retornaremos a nossa observação para a sociedade (em geral) por meio de alguns apon-
tamentos acerca da globalização e, na sequência, trataremos de alguns aspectos da educação na era da
globalização.
Prosseguindo, para encerrar, focalizaremos a escola no âmbito micro, ou seja, a escola como um
grupo social, tratando das relações interpessoais que se estabelecem em seu cotidiano.
Desejamos que você aproveite muito este módulo, que estude bastante, e que os conhecimentos tra-
zidos pela disciplina Sociologia da Educação lhe proporcionem um olhar mais abrangente sobre a escola e
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a sua função social. Queremos que, ao término da disciplina, você tenha muito mais perguntas e desejo de
aprofundar os seus conhecimentos sobre os conteúdos da matéria. Como você sabe, o conhecimento provo-
ca indagações cada vez mais profundas sobre o objeto de estudo, qualquer que seja ele.
Estamos à sua disposição para o que se fizer necessário.
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1 SOCIEDADE
Caro(a) aluno(a), você já teve, no segundo Muitos são os pensadores que se dedicaram
módulo, a disciplina Sociologia e estudou as prin- ao estudo da sociedade.
cipais teorias sociológicas que foram construídas Devido à enorme influência de suas ideias e
no século XIX, tendo como cenário o mundo euro- estudos para o entendimento das questões edu-
peu, marcado por uma era de revoluções sociais e cacionais, vamos revisitar, nesta disciplina, alguns
políticas. Lembremos, aqui, de duas importantes conceitos de Durkheim e Marx.
revoluções que produziram as condições para a
emergência da sociologia: a Revolução Francesa
e a Revolução Industrial.
1.1 Durkheim
Você entrará em contato com um autor que A partir de 1887, quando Durkheim ingres-
contribuiu para que a sociologia se estabelecesse sou na Universidade de Bordéus, ele dedicou
como ciência autônoma. Preparado(a)? toda a sua carreira ao estudo da sociologia. Foi o
Émile Durkheim nasceu em 15 de abril de fundador da escola francesa de sociologia.
1858 na cidade de Épinal, na França. Estudou no Durkheim escreveu várias obras impor-
Liceu e na Escola Normal Superior de Paris. Foi di- tantes para esta disciplina, tais como: Elementos
plomado em 1882, iniciando a lecionar filosofia de Sociologia (1889), A Divisão do Trabalho Social
nos liceus. (1893), As Regras do Método Sociológico (1895), O
Durkheim aprofundou seus estudos nas Suicídio (1897), As Formas Elementares da Vida Re-
obras de Herbert Spencer e Alfred Espinas. Esses ligiosa (1912), Educação e Sociologia (1922), Socio-
estudos impulsionaram-no na elaboração de um logia e Filosofia (1924), A Educação Moral (1925), O
projeto de transformar a sociologia em uma ciên- Socialismo (1928).
cia autônoma. Também participou ativamente durante
Durkheim tinha como objetivo constituir a a Primeira Guerra Mundial; era a favor da causa
sociologia como ciência, como uma disciplina ri- francesa, escrevendo panfletos nacionalistas.
gorosamente objetiva.
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Durkheim faleceu em Paris no dia 15 de no- Durkheim também criou o conceito de fa-
vembro de 1917. tos sociais. Os fatos sociais descrevem os fenôme-
É importante que você saiba que na época nos que não são limitados a apenas uma pessoa.
do sociólogo, as ciências naturais tinham mui- Eles têm uma existência independente e mais ob-
to prestígio, sobretudo a biologia. Durkheim foi jetiva do que as ações individuais.
muito influenciado por elas; por isso, utilizou uma Os fatos sociais definem o que as pessoas
abordagem metodológica que se baseava nessas sentem, pensam ou fazem, independentemente
ciências, criando vários conceitos para a socio- de suas vontades individuais; é um comporta-
logia. Alguns dos seus principais conceitos são: mento estabelecido pela sociedade.
instituição social; sociologia; socialização; fatos Os fatos sociais exercem uma coação exter-
sociais; consciência coletiva; solidariedade e ano- na sobre os indivíduos, como, por exemplo, leis,
mia. instituições, crenças. Eles formam a nossa cons-
ciência coletiva, e por meio da socialização, é for-
Saiba mais mada a consciência coletiva, que é o conjunto das
crenças e dos sentimentos comuns à média dos
Durkheim aconselhava o cientista a estudar os membros de uma mesma sociedade.
fatos sociais como “coisas”, fenômenos que lhe
são exteriores e que podem ser observados e Para Durkheim, a existência da sociedade
medidos de forma objetiva. só é possível a partir de um determinado grau de
consenso entre seus membros constituintes.
O consenso entre os indivíduos ele designa
de solidariedade, sendo que há dois tipos de soli-
Para ele, instituição social é o conjunto de dariedade: a mecânica e a orgânica.
todas as crenças e de todos os modos de conduta
A solidariedade mecânica foi assim chama-
instituídos pela coletividade. As instituições so-
da em analogia com a coesão que une entre si os
ciais agem pela manutenção da ordem e fazem
elementos dos corpos brutos, como fazem as mo-
força contra as mudanças. Algumas instituições
léculas dos corpos inorgânicos.
sociais são: família, escola, governo, polícia, igreja,
empresa etc. A solidariedade mecânica prevalece nas
sociedades ditas “primitivas” ou “arcaicas”. Nesse
Você verá agora a definição de Sociologia.
tipo de sociedade, os indivíduos compartilham as
Guarde-a bem: a Sociologia é definida como a
mesmas noções e valores sociais. Assim, a coesão
ciência das instituições, da sua gênese e do seu
social é assegurada pela correspondência de va-
funcionamento.
lores.
Para Durkheim, a existência, a continuida-
A solidariedade orgânica prevalece nas so-
de e a coesão de uma sociedade só são possíveis
ciedades ditas “modernas” ou “complexas”, do tipo
quando os indivíduos se adaptam ao processo de
da capitalista. Nelas, os membros não comparti-
socialização.
lham as mesmas crenças e valores sociais; por-
Ele denomina o processo de aprendizagem tanto, a coesão social não é mais pela similitude
ou socialização como um processo no qual os in- das crenças e valores sociais, como nas socieda-
divíduos assimilam valores, hábitos e costumes des “menos complexas”, nas quais os costumes e
que definem as maneiras de ser e de agir caracte- a tradição são compartilhados. A coesão social é
rísticas do grupo social ao qual pertencem. buscada pelo estabelecimento de leis, pelas nor-
Nesse sentido, a educação consiste em um mas jurídicas, pelas regras sociais.
esforço contínuo para impor à criança maneiras Para Durkheim, a sociedade é um todo in-
de ver, sentir e agir, às quais ela não teria chegado tegrado, sendo que tudo está interligado, e qual-
espontaneamente. quer alteração afeta toda a sociedade.
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Para ele, uma sociedade sem regras claras vida social. Ela tem como objetivo suscitar e de-
pode afetar a coesão social e a conduz a um es- senvolver na criança os valores sociais.
tado de anomia. A anomia, a ausência de regras, Assim, como você pode perceber, a educa-
é a grande inimiga da sociedade. Para que isso ção é um meio pelo qual a sociedade se perpe-
não ocorra, deve-se estabelecer a solidariedade tua, transmitindo valores morais que integram a
orgânica entre todos os membros, por meio de sociedade. Para ele, a educação é estruturada de
um sistema de direitos e deveres no qual todos modo a assegurar a sobrevivência da sociedade a
devem assumir a sua função na divisão do traba- que serve.
lho e, portanto, mantendo-se coesos e solidários
aos demais. Atenção
Segundo Durkheim, a educação é uma ação
Segundo Durkheim, a educação é uma ação
exercida das gerações adultas sobre as gerações
exercida das gerações adultas sobre as gerações
que ainda não se encontram preparadas para a que ainda não se encontram preparadas para a
vida social. Ela tem como objetivo suscitar e de-
senvolver na criança os valores sociais.
1.2 Marx
Agora, você estudará um dos nomes mais da influência de Gans, Marx escreveu um tratado
importantes da sociologia: Karl Marx. Nascido em acerca da Filosofia do Direito, o qual abandonou
5 de maio de 1818 em Treves, na província alemã depois de ter escrito trezentas páginas; escreveu,
do Reno; fez o curso secundário em Treves mes- também, um romance satírico e poesias.
mo e, posteriormente, foi estudar Direito na Uni- Em 1837, Marx abandonou definitivamente
versidade de Bonn. o Direito e a Literatura e se concentrou no estudo
Retornou de Bonn em 1836 e ficou noivo da Filosofia. Doutorou-se pela Universidade de
secretamente de Jenny Von Westphalen; pude- Iena com a tese A diferença entre a Filosofia da Na-
ram se casar apenas oito anos depois. tureza de Demócrito e a de Epicuro, defendendo-a
No mesmo ano em que Marx retornou de com brilhantismo; sua tese foi considerada erudi-
Bonn, foi para Berlim e matriculou-se na Univer- ta e original.
sidade. Em Berlim, apaixonou-se pela História e Ao retornar a Treves, em 1841, tinha uma
pela Filosofia e afastou-se do Direito. série de textos incompletos sobre os mais varia-
Naquela época, em Berlim, as ideias de He- dos assuntos: direito, arte cristã etc. Nessa época,
gel eram dominantes, e Marx não ficou imune a seus méritos intelectuais eram reconhecidos, po-
elas. Participou ativamente das discussões que rém, ele não conseguiu ser professor universitário
se travavam em torno das ideias dos discípulos como pretendia, para ter uma base econômica
de Hegel, que formavam um grupo identificado para se casar. A razão disso esteve no governo de
como hegelianismo de esquerda. Frederico Guilherme IV, no qual a filosofia de He-
Marx foi influenciado para o hegelianismo gel passou a ser malvista, e os hegelianos de es-
de esquerda pelo professor Eduardo Gans. A partir querda passaram a ser perseguidos; o Governo,
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Sociologia da Educação
Reflita um pouco sobre as ideias que expu- Segundo Chauí (1982, p. 21), por intermé-
semos até aqui e perceba que na sociedade ca- dio da ideologia “os homens legitimam as condi-
pitalista, o produto do trabalho não pertence ao ções sociais de exploração e dominação, fazendo
trabalhador, mas ao capitalista, que se apropria com que pareçam justas”.
do fruto do trabalho do operário. Perceba o poder da ideologia. Ela “é um dos
Quem é o capitalista? meios usados pelos dominadores para exercer
dominação, fazendo com que esta não seja per-
cebida como tal pelos dominados” (CHAUÍ, 1982,
O capitalista é o proprietário das fábricas,
dos meios materiais necessários à produ- p. 86).
ção, no sistema industrial moderno. O tra- As ideias de Marx influenciaram decisiva-
balhador nada possui a não ser a sua força mente os estudos em diversos campos do conhe-
de trabalho individual. Deste modo, para cimento humano, pois, segundo Konder (1981, p.
poder trabalhar, o trabalhador é forçado
a vender sua força de trabalho ao capi-
186-187),
talista; e essa venda se dá em condições
vantajosas para o capitalista e desvanta- Marx elaborou as bases de uma vasta
josas para o operário, já que o operário concepção do homem e do mundo. Por
tem mais urgência de vender sua força de força das condições em que viveu e em
trabalho (para poder comer) do que o ca- virtude da urgência das tarefas que se
pitalista de comprá-la (para movimentar impôs, não pôde desenvolver suas idéias
suas máquinas e obter lucros). (KONDER, no que concerne aos diversos planos da
1981, p. 45-46). atividade humana: concentrou-se no exa-
me dos problemas econômicos, sociais e
políticos. Sua contribuição à história da
As condições sociais, sobretudo a situação cultura, entretanto, ultrapassa os limites
de exploração de uma classe social sobre a outra, da economia, da sociologia e da política.
são ocultadas pela ideologia. “Ideologia são ideias
ou representações que tenderão a esconder dos Caro(a) aluno(a),
homens o modo real como as relações sociais fo- Após revisitarmos as teorias sociológicas de
ram produzidas e a origem das formas sociais de Durkheim e Marx, vamos verificar se você fixou
exploração econômica e de dominação política” bem o conteúdo. Assim, responda às perguntas
(CHAUÍ, 1982, p. 21). a seguir.
Neste primeiro capítulo, você viu os principais conceitos das teorias sociológicas de Émile Dur-
kheim e de Karl Marx. Os dois pensadores viveram no século XIX e na agitada Europa, mas elaboraram
teorias diferentes para explicar a nascente sociedade capitalista. Durkheim via a educação como uma
forma de contribuir para a harmonia entre as classes sociais. Marx não tinha essa ilusão, pois, para ele, os
interesses da burguesia e do proletariado são inconciliáveis, e somente a luta de classes levará à constru-
ção do socialismo e da igualdade social.
2. Quais são as principais classes sociais do capitalismo segundo Marx? Como é a relação entre elas?
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2 PARADIGMAS SOCIOLÓGICOS
Você estudará agora o paradigma do con- competição, quando não conflito decla-
senso. Sabendo o que é um paradigma, você se- rado, entre as superpotências. Dada a ne-
cessidade de integração interna gerada,
ria capaz de refletir sobre o que seria um paradig-
floresceu o paradigma do consenso, re-
ma do consenso? Convidamos você a pensar um presentado, sobretudo, pelo funcionalis-
pouco e tentar algumas hipóteses. mo, em Sociologia, e pela teoria do capi-
O paradigma do consenso entende a so- tal humano, em Economia. Basicamente
o paradigma do consenso vê a sociedade
ciedade como um conjunto de grupos sociais e/
como um conjunto de pessoas e grupos
ou de pessoas que se unem por crenças e valores unidos por valores comuns, que geram
comuns. Segundo esse paradigma, os valores e as um consenso espontâneo.
crenças comuns produzem um consenso espon-
tâneo. A concepção de sociedade, portanto, é de
O paradigma do consenso teve como prin-
“uma unidade que se baseia numa ordem moral”
cipais linhas teóricas o evolucionismo, o neoevo-
(GOMES, 1985, p. 17).
lucionismo e o funcionalismo.
Tal paradigma teve uma grande influência
Nessas linhas teóricas, a visão de sociedade
da década de 1940 até os primeiros anos da dé-
é inspirada no funcionamento de um organismo.
cada de 1960.
Elas se utilizam na explicação da sociedade da
Segundo Gomes (1985, p. 17),
analogia com um corpo vivo, no qual os órgãos
são interdependentes.
do pós-guerra até o início dos anos 60,
Comte, Spencer e Durkheim são alguns re-
verificam-se a guerra fria e uma intensa
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Sociologia da Educação
à vontade dos seus reformadores. Dur- educação de Durkheim, pode-se apontar que ela
kheim apresenta vários exemplos históri- reduz o processo educacional da ação de uma ge-
cos e mostra que a educação é estrutura-
ração adulta sobre a geração que não se encontra
da de modo a assegurar a sobrevivência
da sociedade a que serve. O autor desta- preparada para a vida social, dos adultos sobre
ca também as funções uniformizadora e as crianças. Atualmente, o processo educacional
diferenciadora da educação: de um lado, não se restringe apenas às crianças e aos jovens.
ela visa à integração do indivíduo no con-
Outra limitação que se pode apontar é que,
texto da sociedade, transmitindo valores
e desenvolvendo atitudes comuns; de na definição durkheimiana, o processo educacio-
outro lado, a educação diferencia, res- nal não é unilateral (de uma geração adulta ou
pondendo à divisão social do trabalho madura para outra imatura). “Na verdade, as ge-
reforçando-a. rações interagem e entram em conflito, de modo
que a influência é recíproca (cf. PEREIRA; FORAC-
Contudo, a definição de educação apresen-
CHI, 1974)” (GOMES, 1985, p. 26).
tada por Durkheim apresenta limitações. Reflita
Para Durkheim, a educação é uma ação ex-
um pouco sobre quais poderiam ser essas limita-
clusiva do adulto sobre a criança. No entanto, Go-
ções. Você pensou em algo?
mes (1985) entende que as crianças não podem
Como sociólogo do consenso, o autor des-
ser consideradas apenas um objeto da ação edu-
considera os conflitos sociais entre os indivíduos,
cacional dos pais e professores. As crianças, sem
os conflitos advindos das demandas da socieda-
dúvida, são objeto do processo pedagógico, mas,
de como um todo e as do meio em que o aluno
ao mesmo tempo, são sujeitos desse processo e
está inserido.
também exercem uma ação sobre os educadores.
Com relação às limitações da definição de
Conforme você pode perceber pela própria mentado, com diferentes grupos lutando
denominação, esse paradigma tratará dos confli- por recursos limitados.
tos da sociedade. O paradigma do conflito salien-
ta os aspectos conflitivos da sociedade. Para esse O paradigma do conflito tem como fonte
paradigma, a sociedade é constituída de grupos o marxismo. Marxismo é nome da obra de Karl
divergentes que vivem em constante conflito. Há Marx e de Friedrich Engels. Considera-se também
classes sociais antagônicas que lutam entre si, o marxismo como um sistema político e econô-
uma classe (a dominada) luta para sobreviver; por mico.
outro lado, a classe dominante se utiliza de todos Apresentaremos a você muito sucintamen-
os meios para manter o seu poder e hegemonia. te alguns pontos dos trabalhos de Marx, visando
Segundo Gomes (1985, p. 32), o paradigma situar o paradigma do conflito.
do conflito Segundo Marx, a sociedade é organizada
pelo modo de produção capitalista que condicio-
não nega a integração entre as pessoas, na as relações sociais e a superestrutura. Nesse
mas vê o consenso como algo imposto sentido, a organização social se constitui de três
pelo grupo dominante. Valores e idéias aspectos: as formas materiais de produção, as re-
são considerados mais como armas para
o conflito que como meio de integração.
lações de produção e pela superestrutura.
A sociedade é vista como um todo seg- As formas materiais de produção estão na
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base da sociedade, ou seja, são as formas pelas ção. Como conseqüência, as idéias da
quais os homens constroem a sua sobrevivência classe dominante são corporificadas sob
a forma de ideologia, de tal modo que a
relacionando-se com a natureza. As relações de
posição do grupo no poder seja legitima-
produção são as relações e direitos de proprieda- da. Assim, a ideologia impede as pessoas
de e que envolvem as relações entre os homens. de reconhecer seus reais interesses, de tal
A superestrutura se constitui de leis, regras, modo que elas adquirem uma ‘falsa cons-
normas e ideias que formam a consciência social. ciência’. (GOMES, 1985, p. 34).
A educação está incluída na superestrutura.
A educação, na concepção marxista, é um
Multimídia instrumento da classe dominante de manutenção
das condições sociais. Ela tem sido, no capitalismo,
Caro(a) aluno(a), para conhecer mais sobre as
ideias de Karl Marx e a luta de classes, assista ao um meio de dominação política. Contudo, ela tam-
filme Germinal, do diretor francês Claudio Berri, bém poderá servir para a conscientização da classe
baseado no livro de Emile Zola.
dominada. Você não acha que seja muito interes-
sante pensar a educação a partir dessa perspectiva?
Para Marx, citado em Gomes (1985, p. 34), “a
educação é peculiar no sentido de que […] ‘de um
lado, é preciso que as circunstâncias sociais mu-
Para Marx, a história é a história da luta de dem para que se estabeleça um sistema adequa-
classes. As classes sociais, como grupos mais im- do de educação, mas, de outro lado, é necessário
portantes da sociedade, encontram-se em cons- um sistema educacional adequado para produzir-
tante oposição devido às suas posições econômi- -se a mudança das circunstâncias sociais’”.
cas e políticas opostas. Segundo Gomes, a cultura
das sociedades de classe é caracterizada pela ideo- Atenção
logia.
Para Marx, a história é a história da luta de classes.
As idéias estão intimamente condicio- As classes sociais, como grupos mais importan-
nadas pelo modo de produção. Assim, a tes da sociedade, encontram-se em constante
classe que dispõe dos meios de produção oposição devido às suas posições econômicas e
políticas opostas.
controla também os meios de produção
e difusão intelectual, inclusive a educa-
Agora que terminamos este capítulo, vamos verificar se você fixou bem o conteúdo. Assim, respon-
da às perguntas a seguir.
Neste capítulo, você viu as características principais dos paradigmas do consenso e do conflito,
duas concepções divergentes sobre a sociedade. Viu, também, as características de suas relações com a
educação que foram produzidas no século XIX e que ainda hoje se constituem como modelos explica-
tivos para a compreensão da sociedade e do fenômeno educacional. Ficou sabendo que o paradigma
do consenso é decorrente do pensamento sociológico de Durkheim e que o paradigma do conflito é
fundamentado nas ideias de Marx.
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Sociologia da Educação
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3 TEORIAS EDUCACIONAIS
O otimismo pedagógico foi uma concepção mamente e procuram entendê-la apenas a partir
muito presente no pensamento educacional bra- dela mesma.
sileiro até meados da década de 1970 do século A educação, nessa concepção, tem a “fun-
XX. Embora a sua influência não tenha a mesma ção de reforçar os laços sociais, promover a coe-
pujança, essa concepção ainda pode ser notada são e garantir a integração de todos os indivíduos
em alguns discursos de profissionais da educação no corpo social” (SAVIANI, 1984, p. 8).
e de outros setores e em alguns escritos acerca da Segundo o autor, no que se refere às rela-
educação. ções entre a educação e a sociedade, “concebe-
O otimismo pedagógico concebe a educa- -se a educação com ampla margem de autono-
ção como independente da sociedade. Há várias mia em face da sociedade. Tanto que lhe cabe
teorias que foram formuladas com base nos pre- um papel decisivo na conformação da sociedade
ceitos do otimismo pedagógico. evitando a desagregação e, mais que isso, garan-
Saviani (1984) denominou essas teorias tindo a construção de uma sociedade igualitária”
como teorias não críticas. Isso porque elas conce- (SAVIANI, 1984, p. 8).
bem a sociedade como essencialmente harmo- Cortella (2000, p. 132) “apelida” essa con-
niosa e que tende a integração de seus membros. cepção de otimismo ingênuo. Para ele, “essa con-
E você, o que pensa sobre isso? Você concorda cepção é otimista porque valoriza a escola, mas
que a sociedade seja harmoniosa ou não? Convi- é ingênua, pois atribui a ela uma autonomia ab-
damos você a uma reflexão, antes de prosseguir soluta na sua inserção social na capacidade de
sua leitura. extinguir a pobreza e a miséria que não foram por
Tais teorias são nomeadas de não críticas ela originalmente criadas”. Segundo ele (2000, p.
também porque concebem a educação autono- 131),
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o otimismo ingênuo atribui à Escola uma gada a nenhuma classe social específica e
missão salvítica, ou seja, ela teria um ca- servindo a todas indistintamente; assim,
ráter messiânico; nesta concepção, o o educador desenvolveria uma atividade
educador se assemelharia a um sacerdo- marcada pela neutralidade, não estando
te, teria uma tarefa quase religiosa e, por a serviço de nenhum grupo social, polí-
isso, seria portador de uma vocação. Na tico, partidário etc. Para ela, o educador
relação com a Sociedade, a compreensão seria um agente do bem comum, romanti-
é a de que a Educação seria a alavanca camente considerado. (CORTELLA, 2000,
de desenvolvimento e do progresso; a p. 133).
frase que resume isso é ‘o Brasil é um país
atrasado porque a ele falta Educação; se
dermos Escola a todos os brasileiros, o país O otimismo pedagógico, devido à concep-
sairá do subdesenvolvimento’. ção de sociedade, conforme apontamos anterior-
mente, relaciona-se com o paradigma do consen-
Para o autor, no otimismo ingênuo so.
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Sociologia da Educação
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Surge, nos anos 80 do século XX, outra con- as elites a utilizam para garantir seu poder,
cepção que visa entender a educação e sua rela- mas, por não ser asséptica, ela também
serve para enfrentá-las. As elites contro-
ção com a sociedade em uma perspectiva crítica,
lam o sistema educacional, controlando
contudo para além do imobilismo causado pelo salários, condições de trabalho, burocracia
reprodutivismo. Essa concepção, a partir do en- etc., estruturando com isso a conservação;
tendimento das contradições internas das escolas porém, mesmo que não queira, a Educa-
e dos seus espaços de autonomia relativa, visava ção por elas permitida contém espaços
de inovação a partir das contradições so-
construir propostas educacionais que contribuís-
ciais. Para o otimismo crítico, o educador
sem para a transformação social. Foi chamada, é alguém que tem um papel político-pe-
por Cortella (2000), de otimismo crítico. Para ele, dagógico, ou seja, nossa atividade não é
neutra nem absolutamente circunscrita. A
educação escolar e os educadores têm, as-
esta concepção deseja apontar a nature-
sim, uma autonomia relativa... (CORTELLA,
za contraditória das instituições sociais, e,
2000, p. 135-136).
aí, a possibilidade de mudanças, a Educa-
ção, dessa maneira, teria uma função con-
servadora e uma função inovadora ao
mesmo tempo. A escola pode, sim, servir Essas concepções e teorias nos auxiliam no
para reproduzir as injustiças, mas, conco- entendimento do processo educacional e a per-
mitantemente, é também capaz de fun- cebermos mais nitidamente o funcionamento da
cionar como instrumento para mudanças;
sociedade. Com essa preocupação, pretendemos
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Neste capítulo, você estudou as diferentes concepções sobre a educação escolar e a sociedade.
O otimismo pedagógico concebe a educação como independente e separada da sociedade, com força
para tornar iguais as chances dos indivíduos que pertencem a classes sociais diferentes. O pessimismo
pedagógico tem um olhar radicalmente diferente para a relação escola e sociedade. Entende que, em
vez de democratizar a escola, reproduz as diferenças sociais. E, por fim, você estudou a perspectiva da
chamada teoria crítica, que concebe a escola como tendo dupla função: a de ser transformadora e con-
servadora.
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4 GLOBALIZAÇÃO
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Pedimos-lhe que tenha em mente o que moradia, enfim… diversos embates sociais trans-
você estudou no item anterior sobre a globaliza- formaram o mundo e a sociedade.
ção para prosseguir na leitura desse subcapítulo. A Educação, como um campo de conheci-
Nas últimas três décadas do século XX sur- mento em construção, ao tomar as questões pe-
giram, na sociedade brasileira, muitas ações liga- dagógicas como base para a sua produção, inse-
das à renovação social. A educação, sem dúvida, re-se nesse movimento e questiona-se a respeito
foi o grande foco dessas lutas encabeçadas por dos rumos apontados para a compreensão do
sindicatos e organizações sociais. Estes mesmos processo educativo escolar.
lutaram também pela defesa à saúde, à mulher, à
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Sociologia da Educação
Conforme você pode verificar, muitas são as nância, transforma-se em produto de crescimen-
discussões sobre a educação no Brasil, e sempre to, desenvolvimento e competitividade.
passam pela questão fundamental de acesso à es-
cola. A universalização da educação básica ainda Saiba mais
não se concretizou, e, apesar dos avanços ocor-
ridos, principalmente no ensino fundamental, o A informatização gerou modificações radicais nos
acesso de todas as crianças à educação infantil pa- processos produtivos, levando a uma reengenharia
industrial com a adoção crescente de sistemas au-
rece estar longe de se concretizar.
tomatizados em substituição à mão de obra.
Atualmente, o mundo vem passando por um
período de grandes e substanciais transformações,
transformações estas que vêm ao encontro de um
desenvolvimento macrossocial que engloba todos Segundo Ianni (1995), o padrão de comércio
os setores da política, da economia, das relações é hierárquico, pois segue as ordens e os ditames
sociais e, inclusive, do Direito. Todo esse processo preestabelecidos pelas grandes potências mun-
de estruturação hierárquico-administrativa mun- diais, que têm em seu poder o monopólio da força,
dial que se apresenta na atualidade é conceituado da tecnologia e, por fim, do capital. É administrati-
como globalização. vo, por ser controlado conforme as regras dessas
Fazendo uma retrospectiva histórica, saiba mesmas potências, seguindo preceitos normativos,
que os anos que marcaram a década de 50 – logo coerentes e análogos à sua administração, que, por
após a segunda guerra – iniciaram as grandes lu- conseguinte, não ferem os seus interesses econô-
tas em direção aos processos de integração eco- micos e expansionistas.
nômica na Europa. Isso foi possível por meio da No decorrer da nossa formação histórica,
formação da Comunidade Econômica Europeia. que consequentemente moldou toda a socieda-
Esse movimento fortalecedor contribuiu para a de mundial, passamos por várias revoluções, que,
recuperação da combalida e devastada Europa. para tal, exigiram das pessoas e dos mercados
Essa integração globalizada aproxima os Es- mudanças consideráveis na sua filosofia de vida
tados e os faz únicos e amplos totais, uma só so- e de capital. Como se sabe, a Globalização é fruto
ciedade; com isso, todos têm uma mesma direção de uma revolução tecnológica, que tem sua base
a seguir, a possível direção da modernidade e do vital na informação rápida e precisa, atuando ple-
desenvolvimento integrados. na e integralmente na estrutura e nas relações
humanas.
Com isso, formam-se grandes grupos com
objetivos semelhantes, blocos econômicos capa- Para Ianni (1995), em uma breve analogia
zes de se coordenar entre si quanto à criação de histórica sobre as nuanças econômicas mundiais,
tarifas e formações comerciais. São inexistentes veremos, já na Idade Média, uma mudança subs-
as barreiras, invisíveis as fronteiras. tancial nos modos de propriedade e de produ-
ção nas grandes áreas de terra conhecidas como
A modernidade, novas descobertas e in-
feudos. Naquela época, não existia o acúmulo de
venções colaboram para essa invisibilidade de
capital, sendo, portanto, secundário o valor em
fronteiras e visam a uma maior integração social.
espécie, e se fazia vital a influência perante os go-
Isso tudo revigora a globalização; é o Capitalismo
vernantes. Porém, com o passar do tempo, o valor
fortalecido.
dessas propriedades foi tornando-se pecuniário,
Essas descobertas e inovações partem das
isso pelo então processo capitalista já em expan-
grandes indústrias que estão sediadas em países
são.
ricos. Essas indústrias, que competem entre si
Mais tarde, no período colonial brasileiro,
para o lucro, são parâmetros para as demais. Esse
todos os escravos foram alforriados; uns mais
lucro, que, para muitos, pode representar a ga-
cedo, outros mais tarde. Será que tudo isso foi um
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Neste capítulo, você estudou o novo estágio em que se encontra o capitalismo no mundo, chama-
do de globalização. O desenvolvimento da informática e das telecomunicações foi fator decisivo na cons-
tituição da globalização. Dessa forma, a informação ganha cada vez mais espaço no mundo globalizado,
a ponto de os sociólogos afirmarem que vivemos a era da informação e do conhecimento. Em função
disso, a educação passa a ter, cada vez mais, um papel decisivo na formação de pessoas capacitadas para
enfrentar os desafios dessa sociedade em permanente mudança. Não há consenso, no entanto, a respei-
to de qual deve ser o papel da escola nesse processo de formação. Alguns teóricos, como Milton Santos
e Pedro Demo, não concordam que a escola deva preparar as novas gerações apenas para atender às exi-
gências do mercado do trabalho, e defendem uma educação completa e integral para todas as pessoas.
2. De acordo com Demo, qual deve ser o papel da educação na era da globalização?
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5 ASPECTOS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
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Assim, do ponto de vista legal, a educação os dias de hoje, temos crianças, jovens e adultos
brasileira evoluiu no sentido de dar igualdade de que continuam fora da escola ou, então, entram,
oportunidade a todos, independentemente de mas são excluídos ao longo do seu período de es-
sua origem de classe. Contudo, na realidade e até colaridade.
5.1 Analfabetismo
1
FUNDEF: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério.
2
FUNDEB: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.
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Sociologia da Educação
Atenção
Você concorda que a educação pode se dar do método de observação e da parte da realidade
em espaços diferentes? Vejamos quais são esses que constitui o objeto de estudo de cada ciência.
espaços. Esse movimento do processo de produção
A educação escolar difere da educação em da ciência, contudo, nem sempre é seguido pela
geral por ser institucionalizada. A escola é uma escola, ao selecionar os conteúdos das disciplinas
instituição, está organizada dentro de determi- escolares. Muitas vezes, eles são apresentados
nadas normas que acabam dando uma forma como verdades acabadas, desligados do real. Em
específica às ações que ali acontecem. A educa- geral, isso ocorre pelo uso que é feito dos livros
ção escolar distingue-se, portanto, da educação didáticos, que, perdendo sua característica de
informal (sem forma, sem normas) que acontece referência para alunos e professores, passam a
fora da escola. A escola tem horários, estabelece ser usados como guia exclusivo e determinante
critérios para o agrupamento dos alunos, tem da seleção de conteúdos escolares. Quando isso
profissionais executando papéis diferenciados acontece, a escola perde parte fundamental de
(o professor, o diretor etc.), possui um sistema de sua função, que é ser um local de criação e ela-
avaliação e deve cumprir uma função: transmitir boração de conhecimentos a partir do trabalho
e construir conhecimentos. Assim, a primeira dife- escolar, tornando-se mera reprodutora de um co-
rença entre o conhecimento escolar e aquele pro- nhecimento, muitas vezes, distorcido. Com essa
duzido no dia a dia está nas condições em que o prática, professores e alunos perdem sua condi-
conhecimento escolar é produzido e transmitido. ção de sujeitos do conhecimento, tornando-se
A segunda diferença é dada pela própria meros “tarefeiros”, à semelhança do que ocorre
função da escola, isto é, a transmissão e criação com os operários na linha de produção.
contínuas de conhecimento. Por essa função con- Como resultado dessa prática pode ocor-
tínua, a escola é obrigada a organizar o conheci- rer a terceira diferença. Fora da escola, o conhe-
mento a ser transmitido. Tal organização é feita cimento é produzido a partir das necessidades
a partir de critérios, entre os quais o mais usado imediatas da vida, na sobrevivência nas ruas dos
é aquele decorrente das ciências, cujo conheci- centros urbanos, no campo – o menino na feira
mento é a base de onde são extraídos os conteú- aprende a fazer o troco sem nunca ter ido à esco-
dos das disciplinas escolares. Refazer os passos da la; o pedreiro, da mesma forma, calcula o número
organização do conhecimento escolar é funda- de tijolos e a quantidade de cimento e areia ao
mental para se perceber o que ocorre na escola. fazer a parede; o plantador de cana sabe as “bra-
O conhecimento científico se caracteriza ças” que deverá receber na colheita etc. Já o saber
por sua sistematização a partir de um determina- escolar, embora possa e deva ter relação com a
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vida dos que frequentam a escola, muitas vezes, te, pela exclusão daqueles que deveriam dominar
apresenta-se como distante dela. Se o conheci- esse conhecimento, reproduzindo de forma con-
mento da escola se distancia das necessidades de servadora a vida desigual dessa sociedade, onde
vida dos alunos, impedindo que eles o assimilem, “poder” traz “saber”.
o resultado escolar será marcado, necessariamen-
Para a maioria das famílias rurais, a passa- ses da Educação Nacional (LDB), de 1996, prevê
gem pela escola básica rural (do primeiro ao oita- isso, assim como as Diretrizes Operacionais para
vo ano) é a uma oportunidade de adquirir as com- a Educação Básica nas Escolas do Campo, apro-
petências que poderão contribuir para a melhoria vadas em 2001. Mas o conteúdo curricular ainda
da qualidade de suas vidas. A pergunta que colo- não é trabalhado no contexto da cultura das di-
camos a você é a seguinte: será que essas escolas ferentes regiões de abrangência do Brasil. Qual a
rurais estão desempenhando bem sua função? solução para um sistema que precisa privilegiar a
Infelizmente, essas escolas não estão cumprindo realidade dos sertanejos, de ribeirinhos, caiçaras,
com essa importantíssima função social porque extrativistas, remanescentes de quilombos, indí-
os seus conteúdos e métodos, muitas vezes, são genas e moradores de assentamento? “Qualquer
disfuncionais e inadequados às necessidades das proposta pedagógica, seja no campo, seja na ci-
famílias do meio rural. Nas referidas escolas, os dade, deve ser organizada de acordo com a LDB
objetivos essenciais não são atingidos, exigindo- e as diretrizes operacionais, mas com o pé finca-
-se frequentemente das crianças que memorizem do na realidade local”, afirma Edla Soares, relatora
temas de escassa e duvidosa relevância; não se das diretrizes das escolas do campo.
ensina de maneira criativa, participativa e prática Para finalizarmos, há a necessidade de
aquilo que realmente necessitam aprender. maior adequação do currículo e programa das es-
Reflita um pouco sobre o que expusemos. O colas rurais às condições de vida da comunidade,
que falta, então, para que essas escolas alcancem para que a escola não seja uma instituição social
seus objetivos? alienada do processo cultural existente – é inte-
Não faltam leis propondo a adequação da ressante que ela seja motivo de crescimento da
escola à vida do campo – a Lei de Diretrizes e Ba- população e da comunidade.
Neste capítulo, você teve contato com a sociologia da educação no Brasil. Viu que o analfabetismo
ainda é um dos maiores problemas da educação brasileira e herança do nosso passado colonial, que
sempre privilegiou a educação das elites.
Viu que a educação rural no Brasil ainda está longe de contemplar as necessidades e os interesses
da realidade do homem do campo e que é necessário adequar o currículo às realidades locais e regionais.
Estudou, também, as diferenças entre a educação escolar e a não escolar.
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6 A MICROSSOCIOLOGIA
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Compreender o conceito de humanidade remete ao que estudamos nas diferentes disciplinas deste curso, pois esse é um
conceito que tem conotações diferentes, dependendo do tempo e espaço. Por exemplo, na Antiguidade e no período colonial,
os escravos eram considerados mercadoria e, portanto, alijados da condição de humano. Na Idade Média, considerava-se que
as mulheres não tinham alma, e assim por diante. Essa é uma longa discussão, que foge ao escopo desta disciplina. Para melhor
entendimento, retome as ideias discutidas em Filosofia Geral, Filosofia da Educação I e II; História da Educação I.
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Sociologia da Educação
Sendo a pessoa um ser relacional e que de- Por isso, o sujeito coletivo, ao produzir e
pende intrinsecamente de um grupo, é possível dizer manter a identidade das pessoas que o com-
até que é esse relacionamento que a mantém pessoa. põem, torna-se alternativa ao poder existente,
Portanto, nos mais diversos campos do saber e do constituindo-se em sujeito político, no sentido de
fazer humano, a ideia de pessoa/sujeito como fa- que está apto a lutar pelo poder e, desse modo,
tor relevante a ser levado em consideração pode por possíveis mudanças sociais.
“produzir” uma verdadeira civilização humanista, Quando falamos na constituição do
no sentido de ter-se presente sempre o humano grupo, é preciso recorrer a vários autores que,
existente nas situações. dedicados ao estudo da Psicologia social, têm
Se o sujeito faz-se relevante, que dizer en- discutido esse tema, como Bion, Anzieu, Pichon-
tão... do sujeito coletivo! -Rivière e Madalena Freire.
A pessoa é um sujeito enquanto vive em Após a Segunda Guerra Mundial, Bion ocu-
relação com um grupo, e este torna-se sujeito na pou-se da readaptação de veteranos e antigos
medida em que se constitui por pessoas. Desse prisioneiros de guerra à vida civil. Ele procurava
modo, pode-se falar em verdadeiro sujeito quan- compreender as tensões que se manifestavam no
do se fala de um coletivo de pessoas. decorrer das reuniões e acabou por desembocar
Um coletivo de pessoas é o sujeito coletivo em dois enunciados fundamentais, os quais são
que move a história; não um coletivo qualquer, assim descritos por Anzieu (1993, p. 46):
mas somente aquele que “vive uma experiência
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Essa tradução de Basic assumptions nos parece mais correta que a correntemente empregada de “Hipóteses de base”. (N. do A.)
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Sociologia da Educação
tão, que se tratava de uma fuga: o grupo importunam-se com o assunto das
quis provar que era incapaz de se virar discussões anteriores: assiste-se a uma
sozinho. Os participantes riem. Segue- verdadeira sessão de “flerte agressivo”
-se uma discussão, animada, na qual as (ninguém mais fala). Formou-se, assim,
críticas abundam: à fuga sucedem-se um casal; ele pode tentar reformar o
os ataques contra a situação e contra o grupo inteiro (Bion fala de uma “espe-
monitor. A conduta de luta-fuga pode rança messiânica” suscitada então), mas
assumir inúmeras formas, mais ou me- o casal representa um perigo para o
nos camufladas. grupo porque tende a formar um sub-
Pareamento. Às vezes, a atitude luta- grupo independente.
-fuga desemboca na formação de sub-
grupos ou de casais. L. Nerbert citou Anzieu alerta-nos de que os três pressupos-
o seguinte exemplo: em um grupo de tos de base não surgem ao mesmo tempo. Um
diagnóstico, discutem-se as “chamas predomina e mascara os outros (que permane-
amorosas” nas escolas de meninas. As cem em potencial).
mulheres discutem sozinhas. Os ho-
Conforme você pode perceber, as ideias de
mens calam-se, dizendo que o fenô-
Bion e Anzieu ajudam-nos a compreender que a
meno não existe entre os meninos. Na
constituição de um grupo pressupõe, sempre, a
reunião seguinte, só os homens falam:
existência do conflito, tanto na relação horizon-
houve, pois, uma clivagem entre ho-
tal, entre pares, como na relação vertical – grupo-
mens e mulheres. Enfim, na reunião
-liderança.
imediata, um homem e uma mulher
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Os Silenciosos são aqueles que assumem as Se o grupo tiver um projeto, existe maior
dificuldades dos demais para estabelecer a comu- facilidade em não se tomar as críticas como pes-
nicação, fazendo com que o resto do grupo sinta- soais.
-se obrigado a falar. Em um grupo falante, «quei- Reflita agora sobre o que estudamos e con-
ma-se» quem menos pode sobreviver ao silêncio, sidere as questões que envolvem a liderança e a
aqueles que calam representam essa parte nossa constituição do grupo. Como, então, “canalizar”
que desejaria calar, mas não pode. o conflito de modo a conseguir que o grupo dê
Em algumas situações, os silenciosos sus- conta do projeto, da tarefa que o motiva?
citam críticas por parte de elementos do grupo, Possivelmente, a partir da explicitação da
porque estes se permitem o ocultamento. Ocul- tarefa é que podemos pretender uma clareza de
tamento que poderá ser aparente, pois o uso da intencionalidade na ação do grupo, pois é na exe-
palavra pode, também, ocultar um enorme silên- cução das tarefas que os conflitos, as diferenças e
cio. Em outras situações, esse ocultamento é real, o que ainda não se conhece são operacionaliza-
produto da omissão. dos, elaborados, apropriados.
O Porta-Voz é quem se responsabiliza em Vemos, então, que a tarefa é o instrumento
ser a válvula de escape das ansiedades do grupo. para a elaboração do conhecimento, a construção
Por meio de sua sensibilidade apurada, o porta- da ação e a mudança. No exercício e na execução
-voz consegue expressar, verbalizar, dar forma aos da tarefa, o grupo constrói sua identidade, ganha
sentimentos, conflitos que, muitas vezes, estão la- uma cara própria. Mediados pela tarefa, cada par-
tentes no discurso do grupo. O porta-voz é como ticipante constrói o vínculo com o outro e entre
uma antena que capta de longe o que está por vir. iguais.
O conflito tem origem nos diferentes papéis No cumprimento das tarefas, cada partici-
que os indivíduos assumem em um grupo. pante descobre que é diferente, que faz parte do
Embora os conflitos incomodem, são con- grupo e, ao mesmo tempo, representa-o. Desco-
tingentes a qualquer relacionamento humano, já bre que cada parte desse todo o expressa em suas
que nem todos têm os mesmos valores, querem conquistas e limitações.
as mesmas coisas, enxergam a realidade da mes- Caro(a) aluno(a),
ma forma, têm as mesmas competências para a Terminamos o último capítulo da apostila.
ação. Com base no texto, responda às questões propostas.
Os conflitos precisam ser enfrentados. Não
há como anular diferenças, nem obter pleno “con-
senso”. Assim, por exemplo, se o educador não se
posicionar diante de algo que não está claro, aca-
ba por faltar com o respeito para com ele mesmo,
porque está pensando algo e não está se dando
o direito de expressar e acaba por desconsiderar
o outro, pois o toma como alguém frágil ou au-
toritário, que não tem condições de dialogar, de
argumentar. O debate, a discussão, constitui-se,
portanto, em uma forma de respeito consigo e
com o outro. Embora essa emergência dos con-
flitos assuste um pouco, é uma prática saudável
no grupo. Se alguém, eventualmente, considerar
que alguma polêmica esteja estendendo-se por
demais, precisa manifestar-se e ajudar o grupo a
se autogerir.
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Sociologia da Educação
Neste capítulo, você estudou a importância do grupo social para o processo de humanização e
socialização dos homens, a formação do sujeito coletivo e os papéis desempenhados pelas pessoas nos
grupos. É por meio do grupo e da convivência com os outros que nos tornamos pessoas, formamos nos-
sa consciência e identidade, e passamos a interferir nos destinos dos grupos do qual fazemos parte. Viu,
também, que a microssociologia estuda as interações entre pessoas e pequenos grupos e o papel que os
indivíduos e grupos têm na formação de projetos individuais e coletivos de transformação social.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os debates presentes na educação, o que estudamos ao longo deste módulo, faz-
-se necessário ressaltar que a escola, por meio dos seus processos educativos, evidencia a influência da
sociedade.
Dessa forma, ao analisarmos as propostas educacionais, é fundamental buscarmos as concepções
subjacentes a elas, pois sobejamente sabemos que a educação não é neutra, mas, geralmente, tem es-
tado a serviço da social dominante, pois, como afirmou Marx, as ideias dominantes são as ideias da classe
dominante.
Você pode observar que a pretensa neutralidade da educação tem servido para aprofundar as dife-
renças entre a escola destinada às classes mais ricas e a destinada para os mais pobres.
O desafio que se coloca, sobretudo, aos educadores, é o de contribuir para a construção de uma
educação escolar não discriminatória, que possibilite a todos um ensino da melhor qualidade possível.
Esperamos ter contribuído para essa reflexão e colaborado com seu crescimento. Lembramos que
mais informações a respeito dos conteúdos trabalhados nesta disciplina você poderá ter lendo as obras
indicadas e as citadas nas Referências.
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RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS
Capítulo 1
1. Conforme estudamos, para Durkheim, socialização é o processo que torna o indivíduo membro
da sociedade. Por meio dela, os indivíduos assimilam valores e costumes que definem as ma-
neiras de ser e de agir característicos do grupo social ao qual pertencem.
2. Você deve ter respondido: a burguesia e o proletariado. Para Marx, a relação entre essas classes
é de conflito e de luta, pois os seus interesses são opostos e antagônicos.
Capítulo 2
1. Esperamos que você tenha percebido que o paradigma do consenso vê a sociedade como um
conjunto de pessoas que se unem por crenças e valores comuns. Segundo esse paradigma, os
valores e as crenças comuns produzem a harmonia e o consenso social. Nessa visão, as classes
sociais têm interesses e objetivos comuns.
2. Você deve ter respondido que na visão do paradigma do conflito, a sociedade é constituída
de grupos divergentes que vivem em constante conflito. As classes sociais são antagônicas
e lutam entre si. A classe dominada luta para sobreviver; por outro lado, a classe dominante
utiliza-se de todos os meios para manter o seu poder e hegemonia.
Capítulo 3
1. Conforme você estudou, a educação é vista com autonomia plena diante da sociedade e é
capaz de promover o progresso social, diminuir a desigualdade social e oferecer igualdade de
oportunidades para todos.
2. Espera-se que você tenha respondido que o pessimismo pedagógico concebe a educação
como completamente dependente da sociedade e apenas tem a função de reproduzir a estru-
tura social e reforçar a ideologia da classe dominante.
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Capítulo 4
1. Você deve ter identificado que o conceito elaborado por Milton Santos, que apresenta dados
estatísticos que comprovam a perversidade da globalização: a ampliação do desemprego, da
fome, da mortalidade infantil, do número de pessoas que não têm acesso à água potável, a
ampliação cada vez maior do número de pobres etc.
2. Espera-se que sua resposta tenha contemplado o fato de que a educação deve estar compro-
metida com a formação plena do indivíduo, teórica e prática, filosófica e profissional. Para Pe-
dro Demo, a escola não pode ficar refém do treinamento para o mercado de trabalho.
Capítulo 5
1. Você deve ter distinguido as duas formas da educação, como segue: a educação escolar distin-
gue-se, portanto, da educação informal (sem forma, sem normas) porque tem horários, esta-
belece critérios para o agrupamento dos alunos, tem profissionais executando papéis diferen-
ciados (o professor, o diretor etc.), possui um sistema de avaliação e deve cumprir uma função:
transmitir e construir conhecimentos.
2. Em relação às escolas rurais, espera-se que você tenha contemplado os seguintes pontos: os
conteúdos e métodos de ensino são disfuncionais e inadequados às necessidades das famílias
do meio rural. Nas referidas escolas, os objetivos essenciais não são atingidos, exigindo-se, mui-
tas vezes, das crianças, que memorizem temas de escassa e duvidosa relevância; não se ensina
de maneira criativa, participativa e prática aquilo que realmente necessitam aprender.
Capítulo 6
1. Você deve ter respondido que para se tornar verdadeiramente humana, a pessoa precisa rela-
cionar-se, e o ambiente fundamental e primeiro para que isso aconteça é o grupo familiar. A ne-
cessidade de um grupo de referência no qual ocorram relações diretas de ajuda mútua, amparo
e trocas afetivas, cognitivas, valorativas é fundamental para a vida da pessoa consigo mesma e
para sua relação com o outro (relacionamento interpessoal).
2. Conforme você aprendeu, líder de Mudança é aquele que se encarrega de levar adiante as tare-
fas, enfrentando conflitos, buscando soluções, arriscando-se sempre diante do novo. O contrá-
rio dele é o Líder de Resistência. Este sempre “puxa” o grupo para trás, freia avanços; depois de
uma intensa discussão ele coloca uma pergunta que remete o grupo ao início do já discutido.
Sabota as tarefas, levantando sempre as melhores intenções de desenvolvê-las, mas poucas
vezes as cumpre; assume sempre o papel de “advogado do diabo”.
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REFERÊNCIAS
ANZIEU, D. O grupo e o inconsciente, o imaginário grupal. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1993.
______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.
CARVALHO, A. B.; SILVA, W. C. L. (Orgs.). Sociologia e educação: leituras e interpretações. São Paulo:
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