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COMPETÊNCIA
1. Material.
2. Pessoal (não em relação da pessoa da vítima, mas do acusado (a)).
3. Territorial.
- Conflito de competência: uma autoridade acima das duas autoridades tem que dizer de
quem é a competência. Pode ser positivo ou negativo. As competências materiais e
pessoais são absolutas pois são fixadas na CF, a territorial não, pois é fixada no CPP.
1. Prerrogativa de Foro?
2. Crime da justiça estadual ou Federal?
3. Onde? Qual a comarca (estadual) ou seções (federal)?
MATERIAL
Diz respeito ao bem jurídico violado pelo crime praticado por determinado agente. Há
matérias que interessam à justiça federal, e há matérias que não a interessam. Esse é o
critério da constituição.
Recentemente houve um crime que surgiu no ordenamento, dentro da seara federal, que
é o crime de terrorismo. O ato de terrorismo não individualiza um sujeito, mesmo que
mate só um, a intenção sempre abrange a entidade maior, o Estado. A lei especifica ser
da seara federal, mas a constituição já fala, não precisaria.
Quando um agente público federal sofre um crime, depende que o agente tenha sido morto
em função do cargo. As causas de furto na fila da Caixa Econômica Federal: JE, não foi
interesse/bem/serviço da caixa econômica.
Requisitos: apenas a “grave violação de direitos humanos” é trazida pela CF. Por que é
federal e não estadual? O que justifica o deslocamento? O comprometimento dos atores
locais. A JE não se compromete a apurar ou não tem condições de apurar. Entende-se que
a JE, se atuar, vai gerar impunidade, ou porque não está se comprometendo ou não tem
condições de lidar com isso, pois o crime envolve pessoas da própria justiça.
O deslocamento é feito por decisão do STJ, mas quem faz o pedido é p PGR. Se acho que
um crime do Estado x deve ser deslocado, a sociedade manda a demanda para a PGR em
Brasília, que tem uma câmara que avalia esses pedidos, depois disso manda para o PGR
e ele decide se vai suscitar ou não. Suscitando, vai para o STJ que decide se vai ou não
deslocar. Depois de ouvir o Estado, o STJ determina o deslocamento para a JF do próprio
Estado. A autoridade que suscita é o PGR perante o STJ.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra
o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira.
Fala-se dos direitos das comunidades indígenas em sentido amplo, pois cabe à União
proteger os indígenas como etnia, nação. Se furtar um celular de um indígena é
competência da do Estado, patrimônio do indígena especifico, para violar direitos
indígenas precisa atingir a comunidade como um todo. Ex: tentativa de genocídio de uma
comunidade indígena.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Obs: Presidente do Banco Central equivale à Ministro de Estado, portanto, também tem
prerrogativa de foro.
Obs: defensores públicos não são estabelecidos pela CF. Algumas Constituições
Estaduais equiparam aos juízes e promotores.
Não importa se o crime que o promotor/juiz praticou é da justiça estadual u federal, será
sempre julgado perante o tribunal em que ele oficia. Ex: sonegação de impostos federais,
será no TJ mesmo assim. Cabe aos TJs processar e julgar promotores, com exceção dos
crimes eleitorais. A CF só excetua o Tribunal Regional Eleitoral, e não o TRF.
Obs: Jurisprudência do STF manteve sua competência em caso de fraude pelo réu (para
que ocorra a prescrição pela demora na mudança de instancias). Até quando a renúncia
seria entendida como fraude ou não? Não há um posicionamento solido. Últimos
julgamentos: se o processo está pronto para ser julgado, não poderá haver essa renúncia.
Se estiver em fase de instrução, poderá descer.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
TERRITORIAL
A CF não fala nada sobre a competência territorial. Essa competência está prevista no
CPP.
Ex: Extorsão. Quando se consuma o delito? Qual o ato? R: o pagamento do valor indevido
é mero exaurimento, a consumação é feita com o recebimento da ameaça pela vítima.
Obs: Crimes à distância. Deveria se dar em uma comarca e por alguma razão se deu em
outra. Será julgado onde ele iniciou. Art. 70, § 1 e § 2.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Não confundir com a Justiça Federal. A justiça federal é quando tem caráter internacional,
e o brasil por convenção se comprometeu a tratar daquilo. No caso de crimes à distância
não tem transnacionalidade.
Obs: Lugar do crime for desconhecido. Será o domicilio do réu. Regra subsidiária.
Crime habitual, ex: exercício ilegal da medicina e curandeirismo. Crimes que, para
existir, precisam de habitualidade. É possível prender em flagrante? Não saberia se aquele
momento seria o inicial ou se já seria o habito. A doutrina se divide entre os que permitem,
seria possível se já houvesse uma investigação previa que tivesse certeza que não é a
primeira vez; os que entendem que não diz que não teria como registrar, na flagrância,
essa habitualidade.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
REUNIÃO DE PROCESSOS
Por que? Facilitar e dar uma resposta única, segurança jurídica, produção de provas.
Aproveitamento dos atos instrutórios. Quando e por qual motivo? A resposta está no CPP.
1. Por simultaneidade.
Sem acordo prévio. Ex: Briga.
3. Por reciprocidade.
Excesso punível (por dolo ou por culpa, na legitima defesa). Pode crime + contravenção,
salvo na JF.
- Conexão teleológica ou objetiva: quando dois crimes foram praticados para garantir a
finalidade do outro. Ex: mato uma pessoa e oculto o cadáver. Um foi praticado para
garantir a impunidade do outro, haverá a conexão dos crimes. Não é o princípio da
consunção, pois nesse um seria meio do outro, como ocorre na falsificação de documento
+ uso do documento (que é mero exaurimento).
- Conexão probatória: vários crimes têm provas em comum. Pode reunir para facilitar a
instrução probatória.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
b) Continência
2. Por cumulo objetivo: uma única ação resultando vários crimes (concurso formal,
aberratio criminis e aberratio ictus).
Regras:
Ex: Falsificação de CNH. Onde é emitido? Detran. Justiça estadual. Uso desse documento
falso contra policial federal. A competência passou a ser da Justiça Federal. Crime de
Falso + Crime de Uso. O juízo federal entendeu que o uso não se exauriu naquela situação,
ela usava em várias instancias. O juiz federal entendeu que não era competente, pois o
uso era mero exaurimento, o crime seria de falsificação, e esse é competência do juiz
estadual.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Na prisão processual, mesmo não cumprindo a pena, a pessoa está presa. A prisão, aqui,
é um incidente do processo.
Para que serve uma medida cautelar no processo? Para garantir a efetividade do próprio
processo.
Medida cautelar não antecipa o provimento final. É diversa do provimento final, mas
esse, se vier a ocorrer, pode se tornar inútil se não houver a medida cautelar.
A medida cautelar visa proteger o processo; nem toca medida cautelar, porém, recai sobre
o patrimônio.
PRISÃO EM FLAGRANTE
Por que prisão em flagrante não pode ser uma medida cautelar?
Essa pessoa presa em flagrante responderá ao processo cumprindo uma medida cautelar
ou em liberdade plena? Ai sim, pensar a cautelaridade interessa ao caso. Ou coloca na
liberdade provisória, ou decreta uma medida cautelar, que pode ser prisão ou não.
A prisão em flagrante é pré-cautelar, não tem o condão de prender a pessoa durante todo
o processo para assegurá-lo.
O que é logo após? Imediatamente? Quantas horas? A jurisprudência não resolve. O STJ
entende que significa o tempo possível de alguém ir atrás. Mas se demorar um dia? Se a
pessoa quiser procurar a polícia apenas no outro dia? Não há prazo, é casuístico, se resolve
com a jurisprudência, dentro do caso concreto.
A perseguição tem que ser ininterrupta: até ela ser pega ou fugir de vez. Não precisa ser
pelo mesmo policial. Há casos de perseguições de uma semana, justiça estadual > justiça
federal > policia rodoviária etc., ainda havendo a situação de flagrância.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
FLAGRANTE PRESUMIDO
IV. Quem é encontrado logo depois com instrumentos [...] que faça presumir ser autor
da infração.
É encontrado com a arma do crime, por exemplo, e a polícia presume ser o autor do crime.
Ex: investigação. Crimes que está para acontecer. A polícia pode ficar escondida, com
um carro comum, e esperam o crime acontecer. Quando ocorre, a polícia prende. A polícia
não participa, apenas espera que ocorra algo que tomou conhecimento que conseguiria.
É uma espécie de flagrante próprio, pois está acontecendo quando ocorre esse flagrante.
Só a circunstância que tem uma particularidade, de saber previamente. Obs: O que se
espera é o que se pode reverter.
Situação em que a polícia fica sabendo que hoje está havendo um descarregamento de
armas, mas que amanhã haverá o mesmo descarregamento, mas com o triplo da carga.
Poderia fazer o flagrante hoje, mas espera para o “outro dia” p/ que o flagrante seja mais
eficaz. Deve ser comunicado ao juiz.
Lei 12. 850 – LOC – Art. 8. Ação controlada. Consiste em retardar a intervenção policial
ou administrativa relativa a uma ação praticada por organização criminosa, desde que,
mantida a organização sob controle e acompanhamento (retardo, mas estou observando,
para que a diligencia não seja infrutífera) para que a medida legal se concretize de forma
mais eficaz, formação de provas e obtenção de informações. Tem que comunicar ao juiz
que fará isso.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Flagrante ilícito.
Flagrante ilícito.
Ex: clínica de vacina para febre amarela. Se o policial apenas esperasse que um paciente
fosse lá e esperasse o começo do ato para intervir, poderia. E se o policial vai como
cliente, filmando, espera que a pessoa comece a aplicar nela e o aborda? Essa última
situação é um crime impossível, pois ele não é uma vítima real, não vai sofrer uma lesão
corporal de vacina falsa.
Crime impossível (art. 17 CP). Meio ou o objeto torna impossível a consumação. Não
tem flagrante pois não tem crime, não tem crime pois a consumação é impossível.
Súmula 145 STF. Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação.
Obs: O fato de não prender em flagrante não impede que seja instaurada uma investigação
contra a pessoa pelos crimes já praticados.
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OBS: crimes permanentes (cabe a qualquer momento) e crimes habituais (entende-se não
caber o flagrante, embora haja discordâncias).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
SUJEITOS DO FLAGRANTE
Sujeito passivo: Em regra, todo mundo pode ser preso em flagrante. Porém, há
exceções: CTB e imunidades processuais.
CTB. Quando o autor socorrer a vítima nos crimes de transito não permite a prisão em
flagrante.
Deputados e Senadores, por disposição legal, e Promotores de justiça e juízes, pelo o que
determina a lei orgânica, só podem ser presos em flagrante por crime inafiançável.
Art. 152. ECA. Encaminhado para uma delegacia especializada. Apuração da flagrância
de ato infracional e não “prisão em flagrante”. Auto de apreensão de ato infracional.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
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Lei 9.099/95.
PROCEDIMENTO DA FLAGRÂNCIA
4. Oitiva do condutor.
O condutor é o que conduz àquela pessoa à delegacia de polícia. Depois de ouvido, ele
assina o termo de depoimento.
O plural dá a entender que é, pelo menos, duas. É comum que esse condutor já seja
contabilizado como testemunha.
6. Interrogatório do preso.
O delegado irá liberar quando entender que não aconteceu o flagrante, que era flagrante
forjado, que não era hipótese de flagrante não estava nas hipóteses legais, ou que apesar
de ter ocorrido a hipótese não há indícios de que aquela pessoa praticou o crime.
8. Depois de lavrado o auto, deverá ser enviado ao juiz competente o APF após 24h
(art. 306, § 1).
MEDIDAS CAUTELARES
PRINCIPIOLOGIA
1. Excepcionalidade
2. Jurisdicionalidade
3. Legalidade.
Uma cautelar significa restrição de direitos. O princípio da legalidade não significa apenas
a questão da retroatividade, irretroatividade etc. Qualquer atuação restritiva de direitos
tem que estar na lei, pois são exceções aos direitos, e todas as exceções precisam estar
previstas. O juiz pode aplicar, desde que contida na lei.
Alguns autores discordam desse princípio dentro das medidas cautelares. “Poder geral
de cautela”, significa, no processo civil, que o juiz responsável pela condução daquele
processo pode tomar qualquer medida cautelar desde que vise proteger o processo, mesmo
que não previsto em lei. No processo penal, implica restrição de liberdade, e essas são
exceções constitucionais, o juiz estaria implicando em criação de exceções
constitucionais. Na pratica, acabamos vendo isso, o juiz aplicando medidas cautelares que
quiser, ex: não beber, mas isso não está no código.
4. Proporcionalidade.
Se é excepcional, deve ser provisória. Tem implicação direta na prisão preventiva. Não
poderá durar o processo inteiro. Há o princípio, mas a lei não fala nada da duração dessa
medida cautelar (exceto a prisão temporária).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Toda medida cautelar é aplicada por algum motivo. Depois que acabou o crime que
justificou a prisão, a pessoa seria liberada da medida cautelar. Ex: pessoa que está
destruindo provas, a lógica seria que a cautelar durasse até a instrução.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
PRISÃO PREVENTIVA
É o fumus boni juris do processo civil. No processo penal, fumus comissi delicti, o
requisito seria melhor nomeado se referisse a o que se refere. A prova da materialidade é
a prova da existência do crime.
Jurisprudência dos tribunais superiores. O juiz precisa justificar que, se aquela pessoa for
solta, constitui um risco à ordem pública pois, se solta ficar, irá reiterar na pratica delitiva.
O único argumento fático possível para os tribunais superiores para explicar uma
preventiva com base na ordem pública é justificar que se x continuar solto, vai continuar
na pratica delitiva. Futurologia (Aury Lopes Jr).
A aplicação da lei penal é a efetividade da sanção a vir ser aplicada. Basicamente procura-
se uma ocasião de fuga. Pessoas que estão dando indícios concretos de que aquela pessoa
está querendo se evadir e frustrar a aplicação da lei penal.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Então:
Art. 313. Nos termos do Art. 312 deste Código, será admitida a decretação
da prisão preventiva:
Reincidência em crime doloso. Não importa o quanto de pena possa ser aplicada à prisão
preventiva, não há limite.
3. Momento de aplicação.
a) Inquérito (pré-processual)
b) Processual
4. Quem aplica?
O juiz, que pode aplicar de oficio ou à requerimento (do MP, assistente de acusação ou
delegado de polícia). O juiz só pode decretar de oficio na fase processual, pois na fase
de inquérito ele não tem essa liberdade.
“Até cessar os motivos que deram causa à aplicação da prisão da preventiva”. Portanto,
não há prazo. Quando se estabelece que esse prazo já não é mais razoável? Diante da falta
de critério, usa-se o critério da razoabilidade. O juiz, caso a caso, vai entender se aquele
prazo está razoável ou não.
O STF passou a aplicar a regra dos três critérios, criados na Corte Interamericana dos
Direitos Humanos e na Corte Europeia dos Direitos Humanos. Essa corte criou uma
jurisprudência dela, em que os Estados que não têm prazo para prisão preventiva precisam
verificar três critérios para ver se esse atraso justifica ou não, no caso concreto.
a) Complexidade do efeito.
Ex: Processo com dez réus, cada um respondendo por um crime. Cada crime significa
oito testemunhas, tendo esse processo oitenta testemunhas, o que leva, no mínimo, dois
anos para que seja processado.
b) Atividade da defesa.
Quando a defesa trabalha para protelar o processo, não pode se beneficiar da própria
torpeza. Esse advogado pode ser, inclusive, denunciado na OAB.
6. Formas de cumprimento
- Prisão especial. Art. 295. Essa regra só se aplica na prisão preventiva. Aplica-se para
os diplomados, ministros de Estado, governadores, magistrados etc.
- Prisão domiciliar. Art. 318 CPP. Modificações da lei 13.257 de 2016. Precedente: HC
(COLETIVO) 143.641.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Art. 8.2. Convenção. Toda pessoa que fosse presa teria que ser encaminhada ao juiz sem
demora. Praticamente todos os países da américa latina tinham a disciplina desse instituto
nos seus códigos. Esse “sem demora” admite interpretações.
Objetivos.
Na justiça Estadual, ocorre para presos em flagrante; na justiça Federal, para presos
preventivos e temporários, inclusive.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Procedimento.
- Encaminhamento do preso.
- Presenças obrigatórios: preso, defesa (publica ou constituída), MP. Não aparece vítima,
testemunhas, peritos etc. Por que? Pois o objetivo não é instruir o processo, mas sim
com a legalidade da prisão, e se a pessoa irá responder em liberdade ou presa.
- Pedidos. O que o MP pode pedir nesse momento? Não pode pedir a condenação, pois
está atinente apenas à prisão processual. Poderá pedir o relaxamento da prisão (não é
apenas órgão acusatório, mas sim custo legis), homologação da prisão ou a concessão da
liberdade provisória, por estarem ausentes x requisitos que convençam que fulano deve
responder ao processo em liberdade, ou converter o flagrante em outra medida cautelar
diversa da prisão (art. 312). Depois passa a palavra à defesa, que pode pedir: relaxamento
do flagrante (se ilegal), não deve pedir a homologação da prisão preventiva (a defesa tem
vinculação àquele acusado, diferentemente do MP); solicitar a conversão por medidas
cautelares alternativas.
- O juiz pode decretar a prisão mesmo que o MP e a defensoria tenham pedido a liberdade?
Sim, desde que justifique. No curso do inquérito, o juiz pode decretar, de oficio, a prisão
preventiva? Não! Pode apenas no curso do processo. Se está decretando a prisão
preventiva, na audiência de custódia (que é na fase do inquérito), não seria uma
incompatibilidade? Art. 310 e 312.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
PRECEDENTES:
A Terceira Seção desta Corte firmou orientação de que "os registros sobre o passado de
uma pessoa, seja ela quem for, não podem ser desconsiderados para fins cautelares. A
avaliação sobre a periculosidade de alguém impõe que se perscrute todo o seu histórico
de vida, em especial o seu comportamento perante a comunidade, em atos exteriores,
cujas consequências tenham sido sentidas no âmbito social. Se os atos infracionais não
servem, por óbvio, como antecedentes penais e muito menos para firmar reincidência
(porque tais conceitos implicam a ideia de "crime" anterior), não podem ser ignorados
para aferir a personalidade e eventual risco que sua liberdade plena representa para
terceiros" (RHC 63.855 MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p acórdão Ministro
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Dje 13 6 2016).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
[...]
O requisito (II) só se justifica quando somado aos outros dois. Quando a falta dessa
residência atrapalhar as investigações.
Exceção: Art. 2º, § 4, da Lei 8.072/90. Prazo de 30 + 30 dias. Crimes de crimes hediondos.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Não cabe aqui, contudo, examinar o contexto fático-jurídico sobre a presença ou não de tais
indícios e a necessidade de se impor as já referidas medidas cautelares que estariam
consubstanciadas, na “[...] suspensão do exercício das funções parlamentares, proibição de
contatar outros investigados por qualquer meio, além da proibição de se ausentar do país, com
entrega de passaporte”, conforme veiculou o texto do portal de notícias do STF, a não ser aquelas
relacionadas, como foi dito, ao recolhimento domiciliar noturno e ao afastamento da atividade
parlamentar.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
O que se pretende nestas linhas, portanto, é compreender o debate à luz do que está posto na
Constituição Federal acerca das prerrogativas parlamentares, sem arroubos partidários desse ou
daquele matiz, buscando extrair a exegese mais adequada ao parâmetro constitucional.
A redação do artigo 53, § 2º da Constituição Federal estabelece: Art. 53. [...] § 2º. Desde a
expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas
à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
As denominadas imunidades parlamentares, por intuitivo, não foram conferidas pelo constituinte
originário aos representantes do Legislativo individualmente considerados, mas em razão do cargo
que ocupam. Logo e em tese, somente a respectiva Casa legislativa à qual pertença o parlamentar
poderia decidir sobre a prisão e a suspensão do mandato, na forma prevista constitucionalmente.
Diriam, como de fato disseram alguns, que as medidas previstas no artigo 319 do Código de
Processo Penal, impostas concretamente ao parlamentar citado, são distintas da prisão, na exata
medida da dicção da lei processual penal e, por esse motivo, o STF apenas teria aplicado o que
prevê o ordenamento jurídico infraconstitucional. Assim decidido, é de se questionar se a unidade
deste ordenamento, enquanto sistema jurídico de normas, teria sido quebrada tendo como
consequência a eventual violação do princípio constitucional da separação de poderes.
Exatamente por não se tratar de prisão, mas de medidas cautelares distintas daquela – de acordo
com algumas respeitáveis opiniões favoráveis à decisão do STF – seria cabível a sua imposição,
já que estariam sendo preservados a imunidade formal e a manutenção do exercício parlamentar,
embora suspenso temporariamente, ressalte-se.
O recolhimento domiciliar noturno, uma das medidas aplicadas ao referido senador à toda
evidência – embora não tenha o caráter prisional – acaba por restringir o seu direito de liberdade.
Isto parece inegável.
Ainda que de modo parcial, a restrição da liberdade de parlamentar por força do recolhimento
domiciliar noturno, fora do ambiente carcerário e em sede cautelar, autoriza a hipótese de violação
do preceito contido no dispositivo constitucional já referido (art. 53, § 2º), que trata da sua
imunidade prisional. Nesse sentido, ao que parece, somente a Casa respectiva à qual pertence o
senador seria a competente para decidir sobre a sua imposição, após notificada pelo STF.
De outro lado, não se nega a aplicação de quaisquer das medidas cautelares previstas nos artigos
319 e 320 do Código de Processo Penal ao parlamentar em exercício da função, salvo aquelas que
possam violar a imunidade formal prevista no artigo 53, § 2º e a suspensão dos seus direitos
políticos, como ocorreu no caso concreto.
3. Liberdade provisória:
FIANÇA
(FALTEI O COMEÇO)
5.Quem concede? Delegado: quando da prisão em flagrante nos crimes cuja pena máxima
não exceda 4 anos (art. 322, CPP); Juiz: no último e nos demais casos.
Isso gera na doutrina uma discussão: quando o delegado arbitra uma fiança, isso é uma
medida cautelar ou teria outra natureza? Seria uma cautelar com exceção à regra
da Jurisdicionalidade?
Uma parcela diz que não é medida cautelar, pois esse depende do arbitro do juiz, tanto é
que o delegado só tem a opção de arbitrar fiança ou não, só tem a opção de arbitrar a
fiança até 04 anos, ou não aplicar; seria uma medida contra-cautelar. Outra parcela diz
que é cautelar, visto que estão submetidos às mesmas regras da fiança aplicada pelo juiz.
Se foi o juiz que arbitrou, e a pessoa não pagar a fiança, ela será presa. Se foi o delegado
que arbitrou, e não foi pago, haverá a audiência de custódia.
5.Além de prestar a fiança, deve o beneficiado firmar compromissos (Art. 327 e 328 do
CPP)
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Quando o Estado pediu a fiança no valor aquém, ou foi dado bens que estão perecendo.
O valor daquela fiança está se reduzindo. O Estado tem o direito de cobrar o reforço pela
fiança estar perdendo o valor que tinha sido inicialmente arbitrado.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
São medidas de natureza cautelar; estão sujeitas aos requisitos de fumus comissi delicti e
periculum libertatis. São cautelares patrimoniais, evitando que a pessoa
venda/doe/esconda o patrimônio, enquanto as outras caem sobre a própria liberdade da
pessoa.
1. Sequestro
Medida adotada para bens de natureza móvel ou imóvel de origem ilícita. Esses bens
precisam ter sido adquiridos com os proventos do crime, ou seja, com o lucro/resultado
patrimonial do crime. Poderá estar na posse de terceiros, inclusive.
Tem como objetivo que a pessoa se desfaça desse patrimônio. É uma medida que visa
que você não disponibilize esse bem; ao fim do processo, se condenado, deixará de ser da
esfera de disponibilidade do condenado, será desapropriado para a União.
- Embargos de terceiro.
- Embargos do próprio imputado.
2. Hipoteca
No fim do processo, não apenas vai ver a condenação daquela pessoa, mas quer reaver o
seu prejuízo. A sentença condenatória criminal pode determinar, também, essa
indenização.
Ex: Congele esse apt pois é o único bem que ele tem. Isso não significa que a pessoa irá
ganhar um apartamento no final do processo, mas que terá um bem a garantir a venda ao
final e eventual indenização, por exemplo.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
3. Arresto
Mesma lógica da hipoteca; evita que a pessoa se desfaça do patrimônio e a pessoa não
consiga obter a indenização ao final do processo.
Obs: se for fruto dos proventos do crime, não será arresto nem hipoteca, mas sim
sequestro!
PROCEDIMENTO
1. Conceito
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Hipóteses:
Se o juiz determinar a inépcia o autor da ação penal poderá corrigir através de outra
denúncia. Não há, portanto, prazo para o aditamento; o papel do juiz é rejeitar,
fundamentando. Se estiver dentro do prazo prescricional, o autor poderá oferecer
novamente.
Precisa conter um conflito real, existente. Lide remete uma ideia de pretensão resistida;
no pp não importa se a pessoa resistiu ou não, irá ter processo de qualquer forma. O que
importa é a existência de um crime, e não de uma lide. Será valido com um juízo
competente, ausência de litispendência e coisa julgada etc. Exemplo: denunciar por um
crime que já está sendo processado.
Condições da ação: interesse de agir (quando não há outra forma de resolver esse conflito;
quase sempre se trata de um pressuposto no processo penal), legitimidade ad causam
(sujeito ativo e passivo são os que deveriam mesmo constar naquela ação), possibilidade
jurídica do pedido (imputação de um fato típico).
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Da decisão que rejeita a denúncia, cabe o recurso em sentido estrito pelo autor da ação
penal. Da decisão que recebe a denúncia, a pessoa que está sendo acusada, não existe
recurso. Só existe recurso da decisão que rejeita a denúncia. O meio de impugnação, por
não existir recurso, é a ação de habeas corpus, pois há um risco iminente de perda da
liberdade.
Recebida a denúncia, essa decisão tem uma importância na prescrição, pois é uma
hipótese de interrupção do prazo prescricional.
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- A discussão sobre a hipótese de anulação do ato de recebimento da denúncia e da
impossibilidade de se aplicar a regra de preclusão pro judicato:
1. O recebimento da denúncia não impede que, após o oferecimento
da resposta do acusado (arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal),
o Juízo reconsidere a decisão prolatada e, se for o caso, impeça o
prosseguimento da ação penal.
2. A possibilidade de o acusado "arguir preliminares" por meio de
resposta prévia, segundo previsto no art. 396-A do Código de Processo
Penal, por si só, incompatibiliza o acolhimento da tese de preclusão pro
judicato, dada a viabilidade de um novo exame de admissibilidade da
denúncia.
3. Desse modo, permite-se ao Magistrado, após o oferecimento da
defesa prévia, a revisão da sua decisão de recebimento da exordial, tal
como ocorreu na presente hipótese.
AgRg no REsp 1218030 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL2010/0199211-2 (Ministra LAURITA VAZ T5 - QUINTA
TURMA DJe 10/04/2014).
Se na resposta à acusação você arguir na preliminar um vício da denúncia que implicaria
a sua rejeição, o juiz poderá anular o ato de recebimento e, consequentemente, anular o
recebimento da denúncia. Quando decreta-se a nulidade de um ato, o procedimento volta
para um ato anterior à esse. É como se tudo após ao ato nulo serão também anulados. Se
a defesa disser que é inepta a denúncia, poderá arguir em forma de arguição de nulidade.
Sustenta-se a inépcia, se acolhido, o juiz rejeitará a denúncia e o processo irá voltar e ser
extinto SRM.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Citação
a) Pessoal
Será feita por oficial de justiça, que deverá levar a cópia da denúncia, ler e entregar a
contrafé. Deve ser a regra. Em alguns casos, é obrigatória, ex: réus presos. Nesse último
caso, deve ser feito pois não se tem como exigir que aquela pessoa esteja acompanhando
os meios de comunicação para saber da imputação.
b) Hora certa
O oficial de justiça vai à casa da pessoa e ela não se encontra, além de haver a presunção
de que ela está se esquivando/fugindo para não ser citado. O oficial de justiça terá que
descrever os elementos que fazem ele entender que a pessoa está fugindo. Na segunda
vez, comunicará que no dia útil seguinte irá naquele lugar para cita-lo por hora certa. Não
existe a obrigação de citação por hora certa. Essa ocorre quando você tem certeza que
aquela pessoa mora ali. Depois que o oficial de justiça comparece duas vezes, na terceira
essa pessoa será considerada citada. Assim sendo, o processo segue o curso normalmente.
Uma parcela dos doutrinadores entendia que essa forma de citação não é possível no
processo penal, pois é incerto permitir processar uma pessoa que não foi vista; a citação
por hora certa pode ser um engano do oficial de justiça, achando que a pessoa se esconde,
mas que na verdade ela não mora ali.
A citação por hora certa estava em discussão no Supremo, no RE 635.145, no qual foi
reconhecida repercussão geral em 2013. No RE, alega-se que a hipótese de citação por
hora certa fere o princípio da ampla defesa e do contraditório, pois o réu poderá ser
julgado e condenado mesmo através de uma citação tipicamente ficta. STF considerou a
modalidade constitucional em 2016.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
c) Edital
É o lançamento público de uma citação. Há casos em que a pessoa nem aparece, nem
constitui advogado. Assim, a relação processual não está formada. A saída do art. 366
CPP é a suspensão do processo, assim como a suspensão do prazo prescricional. Não
significa a extinção.
Se citou por hora certa, hipótese anterior, tem processo, pois houve citação.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,
podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no Art. 312.
Essa suspensão do prazo prescricional deveria ter limite? Até quando fica suspensa? A
doutrina falava que, ao adotar essa regra em 2008, o código estaria adotando uma nova
forma de imprescritibilidade. A jurisprudência começou a se tornar sensível a isso, deverá
ter um limite. A sumula 415 do STJ decidiu que a suspensão do prazo prescricional,
nessa hipótese, dura até o prazo máximo da prescrição da pena em abstrato do
delito.
Na prescrição da pena máxima cominada ao caso, tem que ir no artigo 109 do CP para
saber qual o prazo prescricional, de acordo com os intervalos dessas penas máximas. Ex:
Homicídio. Pena – de 6 a 20 anos. Art. 106: pena máxima cominada maior que 12 = 20
anos de prescrição.
Segundo a sumula, se fui citada por edital e não apareço, o juiz suspende o processo, o
processo ficará suspenso em 20 anos no caso de homicídio. Não quer dizer que, após esse
prazo, o crime estará prescrito, mas que não estará mais suspenso. O prazo prescricional
voltará a correr, ou seja, mais 20 anos.
Se o processo tem três réus, na hipótese em que um é encontrado e os outros não são, o
processo seguirá em relação a quem é encontrado, e suspenso em relação a quem não é
encontrado.
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Citação pessoal
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O relator reputou, ainda, que, para a produção antecipada de prova, é preciso combinar o
art. 156, I, com os arts. 225 e 366 do CPP. Nesse sentido, somente se justificaria nas
hipóteses em que a testemunha houver de ausentar-se, ou haja receio de que, ao tempo da
instrução criminal, já não exista. No caso, entretanto, o juízo justificou a necessidade de
produção antecipada de prova somente na possibilidade de as testemunhas não serem
localizadas e no fato de uma delas ser policial militar.
Em seguida, o ministro Gilmar Mendes pediu vista dos autos. HC 135386/DF, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 18.10.2016. (HC-135386). Neste sentido: Súmula 415, STJ: “O
período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Resposta à acusação.
Depois da citação ocorrer, constituindo as três partes do processo, o réu irá apresentar a
sua versão dos fatos, na chamada resposta à acusação, que tem um prazo de 10 dias
CORRIDOS para ser apresentada, contada da CITAÇÃO, e não da juntada do mandato
de citação. Começa a contar do próximo dia útil à citação: exclui o dia do início e inclui
o dia do vencimento.
Estrategicamente falando, talvez não seja o ideal que a parte antecipe as suas teses de
defesa nessa peça
a) Excludente de ilicitude.
b) Excludente de culpabilidade. Obs: a menoridade gera a nulidade do processo
desde o seu recebimento. No caso da inimputabilidade ser no sentido de que a pessoa
padece de doença mental, não receberá desde logo uma medida de segurança, pois precisa
de uma instrução e, se for o caso, será absolvido impropriamente recebendo uma medida
de segurança.
c) Atipicidade.
d) Extinção de punibilidade: prescrição, decadência, morte, abolitio criminis.
1. Declaração do ofendido.
2. Oitiva das testemunhas (primeiro a acusação; depois a defesa). Máximo de 08.
3. Esclarecimento dos peritos.
4. Acusação.
5. Reconhecimento de pessoas ou coisas
6. Interrogatório (primeiro identificação; depois esclarecimento).
7. Diligencias complementares.
8. Alegações finais.
9. Sentença.
O código faculta ao juiz, após tudo isso, fazer diligencias complementares caso tenha
ficado alguma dúvida, requerida pelas partes ou de oficio. Não existindo essas diligencias,
passa para a fase de alegações finais, que também é uma peça, trata das últimas
manifestações da acusação e da defesa antes da sentença. Em regra, as alegações finais
são orais, ao término da audiência; em outros casos, poderá ser de forma escrita, os
chamados memoriais.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
PROCEDIMENTO SUMÁRIO
PROCEDIMENTO DO JURI
Crime de genocídio não vai para o Júri. O código é dividido em capítulos “dos crimes
(...)” e, dentro dos dolosos contra a vida, tem-se o aborto, homicídio, infanticídio.
Genocídio é competência de uma vara comum.
2. Princípios:
3. Procedimento bifásico.
a) 1ª Fase.
b) 2ª Fase.
A pronuncia é a decisão tomada pelo juiz togado, investido naquela vara, que diz que a
denúncia procede, existe indícios de autoria e materialidade e, portanto, a pessoa acusada
deverá ir para a segunda fase, submetida a julgamento de mérito pelos jurados.
Até chegar no plenário do júri, a pessoa passará por um procedimento de duas fases. Na
primeira, é como um procedimento ordinário, mas, ao fim, ao invés de condenar, dará a
decisão de pronuncia e abre a próxima fase. Pode ser que no final da primeira fase ele
entenda que não tem indícios suficientes de autoria, possibilitando ao juiz dar a decisão
de impronuncia. Há, também, a possibilidade de decisão de absolvição ou de decisão
de desclassificação, quando o crime deixa de ser entendido como crime doloso contra a
vida (ex: tentativa de homicídio x lesão corporal gríssima). É um momento de filtragem,
só passará para o júri quem terá possibilidade de ser julgado.
A segunda fase é propriamente o júri: intimação das partes, sorteio dos jurados, fase de
instrução etc. Ao final, decide-se sobre a procedência ou não da imputação.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
A decisão de pronuncia não significa condenar, mas sim reconhecer que existem indícios
de autoria e prova de materialidade suficientes para conduzir aquela pessoa para a
segunda fase do procedimento do júri. É a única que abre a porta da segunda fase.
O juiz não poderá condenar, mas poderá pronunciar se reconhecer os requisitos acima,
mas não antecipa a culpa: não dirá que é evidente que o acusado é culpado. Apenas dirá
que há bons indícios de autoria e prova da materialidade suficientes para conduzir ao Júri.
O CPP proíbe que o juiz seja muito incisivo na decisão de pronuncia, proíbe o excesso de
linguagem, ex: “não deixou dúvidas que é o autor do fato”. Esse tipo de pronuncia que
antecipa demais a culpa é proibida, sob pena de serem anulados, pois isso contamina o
julgamento dos jurados. A tendência seria os jurados seguir o entendimento do juiz
togado. Os jurados não podem estar sugestionados para uma decisão ou para outra.
No caso de delitos conexos, eles serão referidos na pronúncia, mas sem que o magistrado
teça maiores considerações sobre o mérito de admissibilidade sobre eles.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Se, no final da primeira fase, o juiz não se convence sobre os indícios de autoria e provas
de materialidade, ele determinará diligencias. Em um processo normal, se o juiz continuar
sem se convencer, o juiz absolveria o réu, tendo em vista o princípio do in dubio pro réu.
Porém, no júri, quando o juiz não se convence, não irá absolver, mas sim
impronunciar, que é o contrário de pronunciar. Essa impronuncia não significa
absolvição, mas sim que extinguirá o processo SRM, até que possam surgir provas
mais conclusivas desse fato. Normalmente, a dúvida absolverá; aqui, irá suspender,
que significa extinguir sem resolver o mérito. O prazo em que ficaria “suspenso” seria o
limite da prescrição.
- Não confundir com a absolvição sumária do art. 397. Lembrar: o juiz poderá seguir à
instrução ou decidir pela absolvição sumária (art. 397) depois da resposta à acusação,
quando há fato atípico, excludente te ilicitude, excludente de culpabilidade, extinção de
punibilidade. Se decidir pela instrução, poderá pronunciar, impronunciar ou decidir pela
absolvição sumária (art. 415).
Casos em que há elementos de mérito que concluem pela culpa. São quatro as
possibilidades:
Tem provas suficientes que o fato não existiu. TRATA-SE DE PROVAS. Obs: essa
hipótese não está presente no art. 397. Se tem INDÍCIOS de que é autor + prova da
materialidade, irá pronunciar. Aqui, tem CERTEZA de ambos.
Ex: juiz tem dúvida quanto a legítima defesa, irá pronunciar, pois tem indícios de autoria,
mas há dúvidas quanto a materialidade; só iria impronunciar se tivesse duvidas inclusive
quanto à autoria. Ex: dúvida quanto ao dolo eventual ou culpa consciente, portanto irá
pronunciar se tiver indícios de autoria.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
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Existe uma discussão sobre a aplicabilidade ou não do artigo 397 (absolvição sumária)
no rito do júri. O STJ, no final de 2014, entendeu que não:
4. Recurso desprovido.
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Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Parágrafo Único. Suponha que uma pessoa padece de uma doença mental que o torna
inimputável. Essa pessoa mata outra; irá se submeter a uma medida de segurança. No
ponto de vista para o processo, irá passar pelo procedimento como qualquer pessoa: o MP
irá denunciar (poderá haver o incidente de insanidade, mas mesmo assim irá ser
denunciado pois tem direito ao devido processo legal igual a qualquer um pois poderia,
inclusive, ter agido em legitima defesa; no final, o MP pede a medida de segurança); juiz
recebe, cita no nome do representante legal, a resposta à acusação é oferecida, o juiz vai
para a instrução. No final da instrução, o juiz se convence que a pessoa agiu em legitima
defesa: irá absolver sumariamente (art. 415, IV).
O juiz poderá NÃO TER CERTEZA que agiu em legitima defesa. O inimputável pode
ser submetido ao procedimento do júri? Pois o juiz não absolveu por não ter se convencido
que agiu em legitima defesa. O júri julga pessoas inimputáveis? SIM, quando houver
duas teses defensivas. Inclusive, isso gera uma dificuldade quanto a quesitação. Se tem
uma tese de legitima defesa + tese de inimputabilidade, tem que ir pro júri, pois esse
inimputável tem direito a ser absolvido por legitima defesa. A legitima defesa é
perguntada antes, pois se os jurados absolverem o fato de ser inimputável é indiferente,
sairá de lá absolvido.
Porém, se a pessoa não tem a tese subsidiária melhor, que só terá a tese de ser
inimputável, o juiz poderá absolver sumariamente por excludente de culpabilidade
(art. 415, IV), não precisa levar para o Júri para dizer que é inimputável.
d) Desclassificar.
Quando o juiz reconhece que aquele crime doloso contra a vida na verdade era outro
crime não doloso contra a vida.
Ex: facada no vento x facada no braço. O ministério público entendeu que estava
querendo matar a pessoa. Se der uma facada no braço poderá ser uma tentativa de
homicídio. Não é o resultado da lesão que define homicídio ou não, mas sim o dolo.
Durante o processo, ficou evidenciado que não era tentativa de homicídio, mas sim uma
lesão corporal (leve, grave ou gravíssima, dependendo das consequências). Se estiver em
dúvida se é homicídio ou lesão corporal, irá pronunciar se tiver indícios de autoria e
provas da materialidade, tendo dúvidas sobre o elemento subjetivo do tipo: dolo de matar
ou dolo de lesionar.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Nucci diz que o procedimento do júri tem três fases, e não duas. Diz que a segunda fase
se divide em preparação e o dia de julgamento em plenário.
É um julgamento oral, pode haver oitiva de testemunhas e pericias etc. pode ser que tenha
instrução em plenário. O juiz perguntará se o MP e defesa vão querer produzir provas em
plenário. No plenário, tem o número máximo de oitiva de 05 testemunhas. Indicará a
prova e o juiz permitirá ou não, dependendo se for licito ou ilícito.
Poderá ser qualquer cidadão acima de 18 anos; não há obrigação de formação, basta ser
cidadão brasileiro.
Os 25 jurados sorteados vêm da inscrição livremente, pois todo ano a comarca sorteia um
número de sorteio para os jurados. Se estiver no listão, poderá ser sorteado para participar
dos 25. É normal que a lista venha do TRE para ser mesário. É um perfil de classe média,
e não popular, pois geralmente são chamados funcionários públicos.
b) Sessão de julgamento.
É preciso verificar a presença de todas as partes. Quem tem que estar presente?
1. Juiz
2. Ministério Público.
Se não estiver presente, irá adiar. O promotor intimado que não estiver presente poderá
ser processado internamente no órgão.
3. Advogado constituído.
Se não estiver presente, o júri só será adiado se apresentar uma justificativa formal.
Designará uma nova data. Nessa data, acontecerá o júri com ou sem ele. Só pode gerar
01 (um) adiamento. Se não comparecer nessa segunda data, será nomeado defensor
público.
4. Réu.
Terá que estar presente dependendo da condição do réu. Se estiver preso, sua presença
é obrigatória; se estiver solto e tiver sido regularmente intimado, mas não
compareceu porque não quis, o júri poderá acontecer sem a sua presença, mas
apenas sob a condição de ter sido intimado
5. Jurados.
Sessão
- Sorteio do Conselho de sentença (07 jurados). Art. 467. Lembrar da dispensa imotivada
de 03 jurados.
- Depoimento da vítima.
- Testemunhas.
- Interrogatório.
1h30 – 1º sustentação.
1h – Réplica e tréplica.
O que pode ser dito e o que é vedado nos debates? Art. 479.
Art. 478. Durante os debates as partes não poderão, sob pena de nulidade,
fazer referências:
O debate jurídico cuida da melhor interpretação a ser dada ao disposto no art. 479
do Código de Processo Penal: se a lei exige apenas que, para que determinado
documento seja lido no júri, deve este ser juntado aos autos até 3 dias úteis antes
da sua realização, podendo a parte ser cientificada até o seu início, ou que não só
a juntada, mas também a ciência da parte interessada deve ocorrer até 3 dias antes
do início do júri. Com efeito, de nada serviria esta exigência legal se a ciência se
desse apenas, por exemplo, às vésperas da sessão de julgamento, sem que a parte
tivesse tempo suficiente para conhecer a fundo o documento e colher elementos
para, se for o caso, refutá-lo. A lei seria inócua. De nada adiantaria a exigência de
que o documento seja juntado em tempo razoável se não vier acompanhada da
necessidade de que a parte contrária seja cientificada também em tempo razoável
da juntada. Nessa linha de raciocínio, a doutrina ratifica que “não se trata de mera
juntada do documento aos autos, mas sim a efetiva ciência da parte contrária, no
mínimo três dias úteis antes do julgamento”. Sendo assim, considerando que a
intensão do legislador é garantir o julgamento justo, permitindo às partes (defesa
e acusação) conhecer de documento relevante para o julgamento e, em tempo
hábil, se manifestar sobre ele, é de suma importância que a ciência da parte
contrária e a juntada do documento ou exibição de objeto se dê no tríduo legal.
(Informativo n. 610) - REsp 1.637.288-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel.
para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, por unanimidade, julgado em 8/8/2017,
DJe 1/9/2017.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
- Ordem de quesitação.
I. Materialidade.
É o fato de o crime existir. Ex: “No dia tal, em tal lugar, fulana foi assassinada? O crime
ocorreu? Fulana foi vítima dos disparos? Sim ou não?”. Se responderem não, o
julgamento acaba ali. Não tem materialidade delitiva.
II. Autoria.
“Fulano foi o autor dos disparos que mataram fulana?”. Se houver a negativa de autoria,
o julgamento acaba ali.
III. Absolvição.
Ex: relevante valor social ou moral (privilégio). Se os jurados disserem sim, será
considerado na dosimetria. Obs: qualificadoras e causas de diminuição,
concomitantemente, apenas se forem de ordem subjetiva + ordem objetiva. Se for
levantada, aqui, o relevante valor social, e a acusação levantar o motivo torpe + meio que
tornou difícil a defesa da vítima; se nesse ponto for dado resposta positiva quanto ao
relevante valor social, na próxima quesitação não irá ter a pergunta quanto ao motivo
torpe, mas apenas quanto ao meio que tornou difícil a defesa da vítima.
O veredicto trata-se da tipificação final, ex: art. 121, §1 do CP. A dosimetria não é feita
pelos jurados. Acabada a quesitação, ocorre a formação da sentença condenatória. O juiz
só irá dizer o que ocorreu e colocará o dispositivo, onde determinará a pena.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
QUESTÕES ESPECIAIS.
Onde se insere a quesitação quanto à tentativa? A pergunta será a seguinte: “Fulano não
alcançou seus objetivos por questões alheias à sua vontade?”. Se sim, será tentativa. Só
não seguiu por razoes alheias. Até essa pergunta, estará condenado tentativa de homicídio.
1. Materialidade.
2. Autoria.
3. Tentativa.
4. Absolvição.
5. Causa de diminuição de pena alegada pela defesa.
6. Qualificadoras e causas de aumento constantes na pronúncia.
“Fulano não alcançou seus objetivos por questões alheias à sua vontade? ”
SIM = Tentativa.
NÃO = Desistência voluntária.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Desclassificação:
- Se for colocado apenas uma tese de desclassificação por lesão corporal, ex: “foi lesão
corporal e não tentativa de homicídio”, essa quesitação será inserida antes da
absolvição, ou seja, depois da pergunta 2. Será perguntado se a pessoa teve a intenção de
matar antes de dar a facada. Se não, será classificado como lesão corporal. Como é uma
tese apenas, será perguntada depois da segunda pergunta.
1. Materialidade.
2. Autoria.
3. Desclassificação (se houver uma tese).
4. Absolvição.
5. Causa de diminuição de pena alegada pela defesa.
6. Qualificadoras e causas de aumento constantes na pronúncia.
- Se coloca duas teses, por ex. absolvição por legitima defesa + desclassificação por crime
de lesão corporal, nesse caso, a desclassificação será depois de perguntar acerca da
absolvição (III); se não funcionar, irá perguntar acerca da desclassificação.
1. Materialidade.
2. Autoria.
3. Absolvição.
4. Desclassificação (se houver duas teses, sendo a anterior referente à legitima defesa).
5. Causa de diminuição de pena alegada pela defesa.
6. Qualificadoras e causas de aumento constantes na pronúncia.
Própria: afasta a existência de crime doloso contra a vida sem apontar outro (após o 2º)
Imprópria: afasta a existência de crime doloso contra a vida apontando outro (após o 3º)
- Dolo eventual x Culpa consciente. Também tem relação com a desclassificação. Onde
se inseriria?
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Inimputabilidade:
Ex: a tese é que, de fato, o indivíduo é inimputável, mas que, apesar disso, praticou o
crime em legitima defesa. A quesitação de inimputação será depois da legitima defesa
(lembrar que a legitima defesa insere-se na quesitação sobre a absolvição, número 3).
Agiu em legitima defesa? Se não, pergunta-se se é inimputável. Se decidirem que não é
inimputável, será condenada como um imputável.
Se for a única tese, o juiz poderá, na instrução mesmo, aplicar a medida de segurança; se
houver outra tese, quem irá julgar será os jurados.
A quesitação terá que compreender duas perguntas: legitima defesa (vocês absolvem?) e
a outra é sobre a inimputabilidade. A legitima defesa será mais favorável, pois não
responderá por medida de segurança, será absolvido. Se não acatar a legitima defesa, será
perguntado sobre a inimputabilidade. Assim como o juiz não está vinculado ao laudo, o
jurado também não está.
Quando houver duas ou mais teses, começa-se sempre pelo mais favorável ao réu para
depois partir para as próximas. Se absolver for melhor que desclassificar, pergunta
primeiro sobre a absolvição.
Juliana Aguiar L C de Azevedo
Unicap – Processo Penal II
Em alguns casos um júri pode ser deslocado de uma cidade para outra: desaforar. É tirar
o foro originário e deslocar para outro foro.
Poderá ser pedido por qualquer das partes, incluindo o juiz, de oficio. Pede-se ao tribunal;
tem que instruir o pedido que faz sugerir a necessidade de desaforar.
- Requisitos
a) Interesse da ordem
Pensam-se aqueles casos em que o julgamento em si gera tanto clamor que pode gerar
desavenças e confusões. Quem pede o desaforamento acha melhor que deslocar gerará
maior controle.
Mais incidente, na pratica. Tem-se receio que os jurados naquela cidade serão
comprometidos com um dos lados do processo. Ocorre muito nas comarcas do interior,
onde tem poucas pessoas. Ex: casos de grupos de extermínio em cidades pequenas.