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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL DA BAHIA – UFSB

CAMPUS PAULO FREIRE/ TEIXEIRA DE FREITAS


INSTITUTO DE HUMANIDADES, ARTES E CIÊNCIAS - IHAC
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-
RACIAIS

EDSON DA SILVA SANTOS

BREVE TEXTO SOBRE SOCIOPOÉTICA

Metodologia da pesquisa
Professor: Herbert Martins

Teixeira de Freitas – BA

2018
Tema

Sociopoética: metodologia de pesquisa e processos de ensino-aprendizagem.

Problemática

A sociopoética é uma abordagem de pesquisa e ensino-aprendizagem que rompe


com o cogito cartesiano “Penso, logo existo” no qual a razão humana nos foi
apresentada como sendo o fundamento da existência humana e supervalorizada ao
ponto de receber para si a capacidade de apreensão de todo o conhecimento acerca
da realidade.

Para o autor Jacques Gauthier, os dados produzidos como resultados de pesquisas


dependem da técnica de pesquisa utilizada:

Com a técnica acostumada da entrevista obteremos um tipo determinado de


dados, caracterizado pela atenção consciente do entrevistado ao conteúdo
de sua fala; com uma técnica teatral obteremos dados nos quais se
misturam mais o elemento afetivo e o elemento intelectual; com uma técnica
que mexe especialmente com um dos cinco sentidos, obteremos ainda
outros dados (GAUTHIER, 1999, p.14).

Daí faz-se importante reconhecer outras habilidades humanas como fontes de dados
de grande relevância nos processos de conhecimento da realidade social.

Na sociopoética o corpo, a criatividade artística e a espiritualidade humana


assumem-se como importantes caminhos para o conhecimento e a pesquisa. Além
disso, as culturas dominadas e de resistência tal qual os sujeitos pesquisados são
compreendidos como co-responsáveis pela produção do conhecimento.

Metodologia

As abordagens de pesquisas e aprendizagens chamadas de sociopoética possuem


cinco pontos que as caracterizam e serão apresentados abaixo:

1) Pesquisar com todo o corpo: O ser humano apreende o mundo para muito
além de sua racionalidade. Nos relacionamos com a vida, desde sempre,
através dos toques, olhares, cheiros, gostos, histórias ouvidas, palavras ditas
etc. Possuímos uma história, individual e coletiva e raízes ancestrais atuantes
e vivas que nos permitem, cada um ao seu modo e ao seu tempo, descobrir e
conhecer a realidade. É preciso ampliarmos a nossa precária noção para o
conhecimento: a emoção pensa; a sensibilidade e as sensações pensam; a
razão também pensa; a intuição pensa. “A sociopoética é uma teoria do
pesquisar complexa (...) Como nos parecem pobres os que pensam somente
com sua razão, pura, muito pura!” (GAUTHIER, 1999, p.30).
2) Pesquisar com categorias e conceitos oriundos das culturas dominadas
e de resistência: A sociopoética é um projeto de ciência que dialoga: com
algumas conquistas da razão ocidental (como o direito a priori e sem limite de
criticar todos os resultados, métodos e conceitos já existentes) e com o que
as culturas de resistência preservam por milênios: a espiritualidade, a
humanidade e a ligação com a natureza na pratica de pesquisa e de
aprendizagem.
Nosso desejo de conhecer quer encontrar o que foi silenciado, aquele saber
de raízes que dorme na terra do povo e, às vezes, brota ou explode em
rebentos novos. Há saberes triunfantes de luz (como na expressão
consagrada “a luz da razão”), mas também saberes escuros de lama, que
são somente reconhecidos por culturas antigas tais como a africana e a
índia. Inclusive, o fato de serem dominadas obrigou essas culturas a
enfatizar o trabalho lento da lama no conhecimento, enquanto a cultura
europeia dominante podia se alimentar somente de luz, de visibilidade, de
poder, isto é, de força e sedução (GAUTHIER, 1999, p.33).

3) Os sujeitos pesquisados são responsáveis pelos conhecimentos


produzidos: A sociopoética quer romper com as práticas de exploração e
alienação nos processos de pesquisa criando dispositivos para que as
pessoas, alvos da pesquisa, tomem amplos poderes na produção do
conhecimento e na realização da pesquisa. “A transformação das pessoas
pesquisadas em grupo-pesquisador é uma exigência ética e política
fundamental.” (GAUTHIER, 1999, p.41). Na sociopoética não pensamos em
coleta de dados porque os conhecimentos não surgem espontaneamente,
mas são produzidos pelas ações do grupo-pesquisador (pesquisadores e
pesquisados).
4) A criatividade de tipo artística no pesquisar, no conhecer e no aprender:
rompe com a clássica separação entre a poesia e a ciência, entre a arte e a
construção do conhecimento. Os saberes não são entendidos como
absolutos, congelados ou fixos e por isso valoriza o momento criador no qual
os envolvidos trazem à tona o desconhecido, o recalcado, o escondido.
5) O sentido humano e espiritual da pesquisa e da construção do
conhecimento: À sociopoética interessam os saberes que foram silenciados
ao longo da história; supõe-se uma teoria social da pesquisa e do ensino-
aprendizagem que reconhece e valoriza a força das tradições colonizadas,
populares e de resistência. Entende que ninguém educa ninguém, mas que
as pessoas se educam, mutuamente, em comunidade.

REFERÊNCIA

GAUTHIER, Jacques. Sociopoética: encontro entre arte, ciência e democracia


na pesquisa em ciências humanas e sociais, enfermagem e educação. Rio de
Janeiro: Editora Escola Anna Nery/UFRJ, 1999.

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