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Agradeço primeiramente a Deus, pois sem a ajuda Dele nada seria possível. Aos
meus familiares pelo apoio, dedicação, compreensão e incentivo perante todas as
dificuldades durante meu curso de graduação. Por fim, agradeço ao meu orientador
Roberto Ribeiro Paterlini que contribuiu muito na construção do meu conhecimento não
só na realização deste trabalho, mas também durante todo o curso de Licenciatura em
Matemática.
RESUMO
APRESENTAÇÃO 07
V. POLIEDROS DE PLATÃO
5.1 Breve histórico, definição e classificação dos Poliedros de Platão 51
VI. O ENSINO DE POLIEDROS NO BRASIL
6.1 Breve histórico sobre o ensino de Geometria Espacial 55
6.2 O ensino de Poliedros segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais 56
6.3 O ensino de Poliedros nas Séries Iniciais 59
6.4 O ensino de Poliedros no Ensino Fundamental 60
6.5 O ensino de Poliedros no Ensino Médio 61
IX. BIBLIOGRAFIA 79
6
APRESENTAÇÃO
7
8
CAPÍTULO I
1.1 Introdução
A Geometria faz parte do mundo que nos cerca, e os poliedros estão presentes
em inúmeras atividades do homem: nas construções arquitetônicas, nas embalagens de
produtos, nas artes e objetos artísticos. Destacaremos agora como algumas atividades
humanas contemplam os conceitos geométricos para alcançar seus objetivos.
9
Arquitetura
Arquitetura significa construção, e é a técnica ou arte de planejar e edificar o
ambiente habitado por nós. É a organização estética e funcional do espaço e dos seus
elementos físicos, e dispõe da criatividade na manipulação de materiais e locais através
de conceitos científicos e matemáticos. No planejamento de um ambiente há, pelo
arquiteto, uma preocupação com as formas que serão construídas. Algumas formas
derivam de figuras geométricas simples como os polígonos regulares, já outras
construções são caracterizadas por formas complexas como a dos poliedros, o que
evidencia que este profissional convive frequentemente com a Geometria, mais
especificamente com propriedades e conceitos geométricos.
Por exemplo, a necessidade de aproveitar ao máximo a área de um terreno em
Tóquio, levou o arquiteto Yasuhiro Yamashita a utilizar a sua percepção visual e seus
conhecimentos geométricos sobre poliedros para projetar, em um terreno de 45m², uma
casa em formato de poliedro cuja área total construída é de 86m² (Figura 1.1).
10
Figura 1.2- construções que utilizaram o formato de diversos poliedros como referência
(disponíveis em cooperaativa.blogspot.com.br e ddimaf.wordpress.com)
Embalagens
A embalagem influencia a primeira impressão que o consumidor tem de um
produto. As cores, os desenhos, as informações e o formato são pontos observados, às
vezes, indiretamente durante a compra. É certo que um artigo com embalagem muito
grande, muito pequena ou desajeitada não atrai o consumidor, pois a embalagem é o
cartão de visita do produto. Sendo assim empresas, com o intuito de chamar a atenção
do consumidor, investem em embalagens diferenciadas, a maioria delas em formato de
poliedros, o que mais uma vez destaca a presença desses sólidos geométricos no nosso
dia-a-dia. A seguir temos algumas figuras que representam embalagens no formato de
poliedros.
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Arte e objetos artísticos
Desde a antiguidade os poliedros são relacionados ao mundo da arte. O ápice
desta relação provavelmente se deu no Renascimento. Muitos artistas deste período
histórico acreditavam que os poliedros eram modelos que os desafiavam a provar seus
conhecimentos sobre perspectiva. Para outros, esses sólidos geométricos representavam
ideias da filosofia e da religião.
No diálogo platônico Timeu, em que o filósofo Platão apresenta sua teoria sobre
a origem e formação do mundo, ele faz uma relação entre os cinco sólidos geometricos
regulares e os elementos fogo, terra, ar , água e um sólido que representa o universo. À
terra, elemento imóvel, Platão associou ao cubo, poliedro cujas faces são quadradros e
por isso apresenta maior estabilidade. O tetraedro representa o fogo por ser pontiagudo e
com arestas “cortantes” e como tem menor número de bases é um poliedro de pouca
mobilidade. A instabilidade do octaedro faz o mesmo se relacionar com o ar. O
icosaedro retrata a água por ser o elemento mais “úmido”, segundo os antigos. Por fim,
o dodecaedro é o universo, a alma do mundo e está relacionado com os aspectos do
zodíaco.
Figura 1.4 – da esquerda para direita temos, em ordem, o cubo, o tetraedro, octaedro,
dodecaedro e icosaedro.
12
Figura 1.5- Estrela Figura 1.6- Sistema solar Figura 1.7- Retrato de Luca
Pacioli
(disponíveis em http://www.educ.fc.ul.pt)
A Geometria estuda as abstrações das formas, sendo assim qualquer ciência que
investiga as formas também tem interesses em comum com esta parte da Matemática.
Podemos exemplificar o uso da Geometria Espacial na Química. Três
pesquisadores ganharam o prêmio Nobel em 1996 pela descoberta da geometria
molecular do fulereno C60 (Figura 1.8) constituído por átomos de carbono cuja forma é
um icosaedro truncado. Na biologia, o vírus da poliomelite, dentre outros, (Figura 1.9)
e as verrugas, tem a forma de um icosaedro. As células do tecido epitelial têm fomato de
cubos e prismas.
Figura 1.8- molécula de fulereno Figura 1.9- formato poliedrico de alguns vírus
13
perfeitamente. Há também as formas naturais e minerais das pedras preciosas. Enfim, os
exemplos de poliedros são inumeráveis e a presença dos mesmos no nosso cotidiano é
constante, por isso é de extrema importância o estudo da Geometria Espacial, sobretudo
os poliedros, aguçando nossa percepção entre as formas e a nossa visão tridimensional.
14
CAPÍTULO II
2.1 Introdução
A palavra poliedro tem sido usada em diferentes épocas por diferentes pessoas
com os mais variados significados. Não é raro que uma mesma pessoa use o mesmo
termo com interpretações diferentes em momentos diferentes. Sem uma definição
precisa, interpretações equivocadas (como, por exemplo, sobre a validade da Relação de
Euler) podem aparecer. Segundo Grünbaum, (2003) os erros e descobertas sobre a
existência dos poliedros se devem ao fato de estudiosos diferentes terem atribuído, cada
um à sua maneira, uma definição diferente para esses sólidos geométricos. Ainda,
conforme o mesmo autor (tradução livre):
2.2 Polígonos
15
Definição 1. (Polígono) Consideremos uma sequência de n pontos A1 , A2 , ... , An de
pontos consecutivos não são colineares. Chama-se polígono A1 A2 A3 ... An1 An à reunião
suas extremidades.
16
Definição 3. (Polígono convexo) Um polígono P A1 A2 A3 ... An se diz convexo quando
Notamos que, para nós, polígono é uma linha poligonal fechada sem auto
interseções, ou seja, cada lado tem apenas um ponto em comum com o lado anterior e
com o seguinte, mas não com os demais. Observamos que muitos autores usam a
palavra “polígono” para designar a região do plano limitada por uma linha poligonal
fechada sem auto interseções. Essa abordagem exige a constatação de que existe essa
região, e que ela é limitada e tem outras propriedades que permitem definir sua área.
Para mais detalhes confira o trabalho de Marques (2012). Os principais resultados são
os seguintes:
17
Teorema 1. Um polígono P determina no plano dois conjuntos disjuntos Pi e Pe ,
plano é a reunião de P, Pi e Pe .
de regiões triangulares tais que: (i) cada lado do polígono é lado de uma dessas regiões
triangulares; (ii) se duas dessas regiões triangulares se interceptam, a interseção é um
lado ou um vértice das duas regiões triangulares.
18
b) Poliedros são sólidos cuja superfície é formada por partes planas. Esses sólidos
não têm formas arredondadas. (DOMÊNICO, 19--)
c) Toda figura geométrica de três dimensões, formada por polígonos é chamada
de poliedro. (IMENES, 2006)
Figura 2.3- faces com lados parcialmente Figura 2.4- Cubos unidos por uma
interceptados aresta
Figura 2.5- pirâmides unidas por um vértice Figura 2.6- sólidos com infinitas
regiões poligonais
A formulação a) é melhor, pois evita casos como os das Figuras 2.4, 2.5 e 2.6.
Essa formulação certamente pode ser usada num contexto informal, mas ela carece de
detalhes importantes. Por exemplo, ela não evita que as faces de um cubo sejam
repartidas em dois triângulos através de uma diagonal.
Vejamos algumas definições que são mais adequadas para o nível de estudo que
se pretende desenvolver no presente texto. A Definição 6 dada a seguir foi adaptada de
Sá (2010):
19
Definição 6. (Poliedro) Poliedro é uma coleção finita de regiões poligonais planas nas
seguintes condições:
i) esta coleção forma um conjunto conexo, ou seja, duas quaisquer regiões
poligonais estão unidas por uma cadeia de regiões poligonais da coleção;
ii) cada lado de uma região poligonal é o lado de somente uma outra região
poligonal;
iii) as regiões poligonais que rodeiam um vértice formam um circuito simples,
ou seja, se começarmos numa das regiões poligonais e passarmos de região
poligonal em região poligonal desde que elas tenham um lado com esse
vértice em comum, então conseguimos percorrer todas as regiões poligonais
que rodeiam o vértice antes de voltarmos à região poligonal inicial;
iv) regiões poligonais com um lado em comum pertencem a planos distintos.
20
iii) é possível ir de uma região poligonal qualquer a outra região poligonal do
poliedro por um caminho totalmente contido no poliedro;
iv) fixado um vértice V qualquer e as regiões poligonais P1 ,..., Pn que o atingem,
Parece que esse autor se esqueceu de dizer que duas regiões poligonais que se
intersectam estão em planos diferentes.
Para o estudo que desenvolvemos nesta pesquisa adotamos a formulação abaixo
para definição de poliedro. Essa definição é simples, concisa, adotada pela maioria dos
autores e não permite grandes liberdades. Adaptamos essa formulação de Lima (2006).
21
Um plano se diz suporte de um poliedro quando contém uma das faces do
poliedro e se o poliedro não tem ponto em comum com um dos lados do plano.
Neste texto adotaremos a seguinte definição de poliedro convexo.
Proposição 1. Dado um poliedro convexo, qualquer reta não paralela a qualquer uma de
suas faces o intercepta em, no máximo, dois pontos.
no outro. Assim o poliedro P tem pontos nos dois lados de , o que contraria o fato de
ser um plano suporte de P.
Portanto vale a afirmação da Proposição 1 e a demonstração está encerrada.
22
Pi e o outro conjunto de Pe , então o espaço é a reunião disjunta P Pi Pe . Os
sendo Pi o interior de P.
23
Vamos inicialmente introduzir algumas notações.
Sejam F1 , F2 ,..., Fm as faces de P, j o plano que contém F j e L j o lado de j
que contém pontos de P. Algumas dessas faces contêm o vértice V, digamos que sejam
F1 , F2 ,..., Fl . Por definição de diagonal T Fj para todo 1 j l , de modo que
VT V L j ,1 j l .
aberto em 3
, assim como as interseções dos L j , l 1 j m , existe P VT , com
P T e P V , tal que VP L j , l 1 j m .
24
2.5 Exemplos de Poliedros
Definição 11. (Poliedro regular) Um poliedro se diz regular quando todas as suas faces
são regiões poligonais regulares congruentes e quando todos os seus vértices são do
mesmo tipo, isto é, a cada vértice concorre a mesma quantidade de arestas.
25
Figura 2.11- dodecaedro Figura 2.12- icosaedro
26
partir do dodecaedro e do icosaedro, respectivamente, fazendo com que o ponto central
de cada face se aproxime do centro do poliedro. Os outros dois, o pequeno dodecaedro
estrelado e o grande dodecaedro estrelado, são exemplos de poliedros não convexos. As
figuras estão apresentadas a seguir e foram retiradas de http://en.wikipedia.org.
Figura 2.20- pequeno dodecaedro estrelado Figura 2.21- grande dodecaedro estrelado
Poliedros não regulares são todos aqueles que não se classificam como
regulares. Apresentaremos a seguir alguns tipos de poliedros não regulares: Poliedros de
Arquimedes, Poliedros de Catalán, Prismas, Antiprismas e Pirâmides.
Os Poliedros Arquimedianos são poliedros convexos cujas faces são polígonos
regulares de pelo menos dois tipos diferentes, e todos os seus vértices são do mesmo
tipo, isto é, há o mesmo arranjo de polígonos em torno de cada vértice. Existem apenas
treze poliedros de Arquimedes. Desse total, onze são obtidos a partir do truncamento
dos sólidos platônicos e dois são obtidos por snubificação.
A snubificação é uma operação que consiste em afastar todas as faces do
poliedro, rodar as mesmas de um certo ângulo, normalmente 45º, e preencher os espaços
vazios resultantes com triângulos.
Truncar um poliedro consiste em fazer cortes parciais e simétricos nos seus
vértices ou arestas de modo que após o corte as seções formadas sejam polígonos.
27
Vejamos abaixo os Poliedros de Arquimedes. Essas figuras foram obtidas de
www.uff.br .
Figura 2.25- cubo truncado Figura 2.26- pequeno Figura 2.27- grande
rombicuboctaedro rombicuboctaedro
28
Eugène Charles Catalán, em 1865, estabeleceu uma nova família de poliedros
que consiste nos sólidos duais obtidos a partir dos Poliedros Arquimedianos. As faces
desses sólidos não são regulares. Existem treze Poliedros de Catalán. Essas figuras
foram retiradas de www.uff.br .
29
Figura 2.47- hexecontaedro pentagonal
Figura 2.48- prisma regular de base Figura 2.49- Prisma obliquo de base
hexagonal triangular
30
Figura 2.50- antiprisma regular de base Figura 2.51- antiprisma regular de base
pentagonal eneagonal
Figura 2.52- pirâmide reta quadrangular Figura 2.53- pirâmide obliqua de base
octogonal
31
32
CAPÍTULO III
face deve ter no mínimo três lados. De maneira análoga, Vn representará o número de
vértices onde concorrem n arestas sendo n≥ 3, devido a cada vértice ser ponto comum
de três ou mais arestas. E como cada aresta é comum a exatamente duas faces, podemos
escrever:
2 A 3F3 4F4 5F5 ... nFn (I)
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Atentemo-nos para o fato de que a igualdade só vale se F4 = F5 = ... = 0, isto é,
se o poliedro for constituído apenas de faces triangulares.
Justifiquemos (ii).
2 A 3V3 4V4 5V5 ...
2 A 3( V3 V4 V5 ...) V4 2V5 ...
2 A 3V V4 2V5
2 A 3V
Em (ii) a igualdade só ocorre se em todos os vértices concorrerem três arestas.
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CAPÍTULO IV
RELAÇÃO DE EULER
35
No desenvolvimento da mesma utilizaremos um recurso que nos auxiliará a
transferir o cálculo da relação de Euler do poliedro para a sua planificação, após a
retirada de uma de suas faces. Ao analisar os dados obtidos através desta demonstração
veremos que será possível estender a fórmula para outros poliedros. Usaremos um
sólido bastante presente no nosso dia-a-dia, o cubo, mas alertamos que este
procedimento é análogo se utilizarmos qualquer outro poliedro convexo.
Também chamamos atenção para o fato de que esta demonstração é muito útil
devido ao seu fácil entendimento e por isso, o objetivo de sua apresentação é, além de
evidenciar uma maneira adequada e dinâmica de introduzirmos o estudo desta relação
para alunos do ensino médio, fazer com que os estudantes visualizem faces, vértices e
arestas de um poliedro qualquer, projetado sobre uma superfície plana, após uma
deformação do poliedro. Tal demonstração foi baseada em Barros (2011). Vamos a ela.
Antes de a iniciarmos de fato, devemos realizar alguns procedimentos.
1) Encape um poliedro qualquer, no nosso caso um cubo, com um balão de
borracha de modo que o sólido não fure o balão e que o balão fique bem
ajustado ao sólido, sem bolhas de ar.
2) Marque no balão todas as arestas e vértices do poliedro que está encapado.
3) Retire o poliedro de dentro do balão. Quando encapamos o poliedro, o orifício
do balão cobria uma das faces. Retiremos então a parte do balão que cobria esta
face do poliedro cortando esta superfície do balão com uma tesoura bem rente às
arestas e vértices desta face, de modo que as marcas dos vértices e arestas não
sejam retiradas.
4) Após este recorte, devemos esticar a superfície restante do balão sobre uma
folha grossa que deve estar apoiada sobre uma superfície plana. Prenda o balão
na folha grossa com alfinetes, um em cada vértice da face que foi removida.
Através das etapas de 1 a 4 descritas anteriormente, foi possível obter uma
região plana, que é limitada pela linha poligonal formada pelas arestas e vértices da face
retirada. A região que obtemos é formada em seu interior por polígonos resultantes da
deformação das outras faces do poliedro original. No nosso caso, obtivemos a
deformação do cubo, após a retirada de uma de suas faces seguido da planificação do
restante do poliedro, tais procedimentos estão exemplificados pela Figura 4.1 que foi
baseada em Barros (2011) assim como todas as outras ilustrações desta demonstração.
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Figura 4.1- processo de planificação do cubo após a retirada de uma de suas faces
Figura 4.2- Processo de retirada de uma aresta da região poliédrica projetada no plano
Notamos (Figura 4.2) que ao retirarmos uma aresta da região que foi projetada
no plano, duas faces adjacentes passam a formar apenas uma região. Desta maneira a
nova região passa a ter uma face e uma aresta a menos que a região original projetada,
porém, continua com o mesmo número de vértices. Sendo assim a relação de Euler fica
V ( A 1) ( F 1) V A F
37
Ou seja, o número de Euler da relação original é mantido.
Há casos em que, ao removermos uma aresta há a eliminação de uma das faces
adjacentes. Quando isto ocorrer haverá a diminuição de uma aresta e de uma face, mas o
número de vértices continua o mesmo assim como a característica de Euler.
Figura 4.4 – Processo de eliminação de uma aresta comum a mais de uma região poligonal
onde a última imagem da direita mostra a presença de uma aresta “solta”
Notamos que a retirada de uma aresta que provocou o surgimento de uma aresta
“solta”, tal como mostra a sequência da figura acima, não alterou o número de vértices,
mas diminuiu em uma unidade a quantidade de arestas e faces. Com isto a Relação de
Euler para esta nova configuração ainda é:
V A 1 + F 1 V A F
Toda vez que houver o aparecimento de uma ou mais arestas “soltas”, o passo
seguinte será eliminar arestas deste tipo. A Figura 4.5 ilustra este procedimento.
38
Figura 4.5 – Processo de eliminação de uma aresta solta
Mais uma vez, a retirada de uma aresta “solta” não altera o número de faces, mas
desta vez diminui em uma unidade o número de arestas e de vértices. O vértice retirado
é aquele que não é comum a duas arestas adjacentes, sendo extremidade apenas da
aresta retirada (Figura 4.6). A relação de Euler para esta nova configuração resultante é
V –1 – A –1 F V – A F
Figura 4.6 – Processo de desaparecimento de uma face devido a retirada das arestas
Em alguns casos, após a remoção de uma aresta uma face pode desaparecer
completamente e ainda pode permanecer uma aresta “solta” (imagem central da Figura
4.6). Mesmo assim, recalculando a característica de Euler, observaremos que ele não se
altera, pois não houve a retirada de nenhum vértice da figura:
V A 1 + F 1 V A F
Por fim, após a retirada de uma determinada aresta, obteremos uma configuração
formada por apenas uma região delimitada por uma linha poligonal fechada, sem
subdivisões e sem arestas “soltas”. Esta região tem apenas uma face e o número de
arestas é igual ao número de vértices. Assim, para esta configuração final (última
imagem da Figura 4.7) a característica de Euler será dada por:
39
V A F V V 1 1
Figura 4.7 – Processo de surgimento de uma região poligonal fechada sem subdivisões
40
Seja P um poliedro convexo, com V vértices, A arestas e F faces. Por
conveniência, supomos que as faces de P são triângulos. (Se isto não for verdade, por
meio de diagonais decomporemos cada face em triângulos, sem alterar o número V–
A+F. Com efeito, cada vez que traçamos uma diagonal numa face, o número V não se
altera, enquanto cada um dos números A e F aumentam de uma unidade, esses aumentos
se cancelam na expressão V–A+F).
Consideremos uma esfera E, de raio r, cujo centro O é um ponto situado no
interior do poliedro P. Projetando radialmente o poliedro P sobre a esfera E, obtemos
uma decomposição de E em triângulos esféricos, dispostos de modo semelhante à
situação das faces de P. Em particular, a esfera E fica recoberta por F triângulos
esféricos, com um total de A lados e V vértices.
41
esfera estão na mesma reta). Com efeito, A, B e O determinam um plano, que corta a
esfera segundo um círculo máximo do qual AB é um arco.
Figura 4.10
Quando dois arcos de círculos máximos têm uma extremidade comum, o ângulo
formado por esses arcos é, por definição, o ângulo entre as semi-retas tangentes a
esses arcos.
Figura 4.11
42
s F
a t
Ora, s 2 .V porque a soma dos ângulos em torno de cada
t 2 t
r .
V – A + F = 2.
que é a relação de Euler.
43
Um fuso de ângulo é um hemisfério (cuja área é 2 r 2 ). Um fuso de
ângulo ocupa 1 da esfera, de modo que sua área é r 2 . De um modo geral a área
2 4
de um fuso é proporcional ao seu ângulo. Assim sendo, se o ângulo do fuso mede
radianos, a área desse fuso é igual a 2 r 2 .
Dado um ponto qualquer x na esfera, seu antípoda x’ é, por definição, o único
ponto da esfera tal que o segmento de reta xx’ contém o centro O.
Dado um fuso na esfera, o conjunto formado pelos antípodas dos pontos de
é ainda um fuso ’, chamado o fuso antípoda de . A reunião ' chama-se
um fuso completo.
Teorema: Seja um fuso completo, cujo ângulo mede radianos. Qualquer plano
que passe pelo centro da esfera a decompõe em dois hemisférios H e H’. As partes R, R’
do fuso completo contidas em cada um desses hemisférios têm a mesma área 2 r 2 .
Figura 4.14- A região hachurada é a parte de um fuso completo contida num hemisfério
arbitrário. Sua área é 2 r 2 .
44
ii) se x é um ponto do fuso completo , seu antípoda x’ = f(x) ainda pertence a
;
iii) dada qualquer região R na esfera, a região antípoda R’ = f (R), formada pelos
pontos antípodas dos pontos de R, tem a mesma área que R.
45
a área a do triângulo dado, isto é, 2 .r 2 2 .r 2 2 .r 2 2 .r 2 2a , pois a área de H é
2 r 2 .
A fórmula de Girard nos mostra que a soma dos ângulos internos de um
triângulo esférico é sempre superior a dois ângulos retos.
46
Figura 4.16- cubos empilhados Figura 4.17- poliedro com “buraco” em uma
das faces, semelhante a um tijolo de construção
L’Huilier também descobriu que a relação V-A+F pode ser tão pequena quanto
se queira, não só chegando a zero, mas pode ser negativa. Um exemplo citado por ele é
o seguinte: se cortarmos um prisma por um plano paralelo a sua base e desenharmos um
polígono na secção plana que se encontra no interior do prisma e cujos lados são
paralelos aos lados do prisma, então podemos adicionar trapézios entre as bases do
prisma e o polígono interno (Figura 4.19). Para este poliedro V-A+F=0. Outros
exemplos que apresentam a mesma relação entre V, A e F podem ser construídos através
da formação de túneis no poliedro, este tipo de poliedro é conhecido como toro. Desta
vez, as discrepâncias surgem devido aos túneis que atravessam o poliedro. Se forem
feitos n túneis em um sólido, então este sólido irá satisfazer V-A+F =2(1-n).
Figura 4.19- prisma cortado por um plano paralelo a sua base e novamente ligado a
base por trapézios
48
Figura 4.21- duas pirâmides unidas pelos seu vértices
São vários os casos onde a Relação de Euler não é valida, e por isso a
necessidade e o cuidado em estabelecermos uma definição precisa do que, neste
trabalho, consideramos como poliedro.
Obedecendo à Relação de Euler temos alguns poliedros que são bastante
conhecidos e estudados, inclusive no Ensino Fundamental, são os Poliedros de Platão,
sobre os quais discutiremos a seguir.
49
50
CAPÍTULO V
POLIEDROS DE PLATÃO
51
da natureza: fogo, ar, água e terra e o quinto sólido ele associou ao universo. Uma
explicação mais detalhada sobre esta associação pode ser encontrada em Eves (2004):
Com base nesta definição, podemos provar que existem cinco e somente cinco
Poliedros de Platão, também chamados de poliedros regulares convexos.
52
nF
A (I)
2
Também podemos enumerar, em cada vértice, as arestas que concorrem nele, e
se somarmos os resultados obteremos o dobro no número de arestas, porque cada aresta
pV
terá sido contada duas vezes: em um extremo e no outro, por isso 2A=pV ou A .
2
Ainda podemos escrever 2A=nF=pV e daí que:
nF
V (II)
p
.
Substituindo I e II na Relação de Euler dada por V-A+F=2, obtemos
nF nF
F 2
p 2
4p
F
2 p 2n pn
2n
p
n2
53
4p
Caso 3: Se n 5 F , temos p=3, então F=12 e o poliedro regular convexo
10 3 p
de doze faces é o dodecaedro e terminamos a demonstração.
dodecaedro icosaedro
Figura 5.1- os cinco sólidos de Platão
54
CAPÍTULO VI
Esses são apenas alguns fragmentos de história, para que possamos ter ideia do
quão delicado é avançar no sentido de garantir um ensino de matemática que contemple
todas as áreas dessa disciplina e ainda desafiar todos os limites históricos do sistema
educacional.
55
Frente a esses aspectos, o aluno que ingressa no sistema educacional brasileiro
pode ter como herança características de alguns ou de todos esses instantes vividos pelo
ensino de Matemática e principalmente da Geometria Espacial. Assim os reflexos
históricos permeiam as salas de aulas contribuindo para a ausência da reflexão pessoal
dos profissionais que reproduzem inconscientemente o que receberam.
No que tange ao estudo dos poliedros os alunos têm possibilidade de ampliar sua
capacidade de imaginação, pois nem tudo está visível em primeiro plano. No caso de
um cubo, por exemplo, há arestas que ficam escondidas quando se faz o seu desenho.
Também há necessidade de noções de projeção quando se pensa na altura de uma
pirâmide, cujo cálculo não se faz através de uma aplicação simples e direta do Teorema
de Pitágoras.
Nem sempre, nas escolas, o corpo docente e a equipe supervisora conseguem
transformar as instruções presentes nos parâmetros em situações concretas. Há sempre
uma dificuldade de fazer com que as pesquisas educacionais atinjam as salas de aula. As
razões para isso são diversas; entre elas, a carga horária excessiva de trabalho, a falta de
incentivo por parte dos gestores e a falta de motivação, em consequência de um sistema
educacional que nem sempre ocupa patamares de prioridade. Como afirmam Costa,
Bermejo e Moraes (2009), as salas de aula ainda não retratam novos tempos no que
tange ao ensino de poliedros.
56
do sólido ou ainda estabelecer relação entre dois sólidos, isto se deve muitas
vezes a deficiências de conceitos básicos da Geometria Plana e mesmo da
Geometria Espacial (COSTA; BERMEJO; MORAES, 2009, p.2).
57
mas os objetivos de aprendizagem devem sempre se constituir como um norteador do
trabalho docente.
Assim, nas atividades geométricas realizadas no primeiro ciclo, é importante
estimular os alunos a progredir na capacidade de estabelecer pontos de
referência em seu entorno, a situar-se no espaço, deslocar-se nele, dando e
recebendo instruções, compreendendo termos como esquerda, direita,
distância, deslocamento, acima, abaixo, ao lado, na frente, atrás, perto, para
descrever a posição, construindo itinerários. Também é importante que
observem semelhanças e diferenças entre formas tridimensionais e
bidimensionais, figuras planas e não planas, que construam e representem
objetos de diferentes formas. (BRASIL, 1997, p.49)
58
quanto em outras áreas do conhecimento, é importante que o aluno tenha a capacidade
de visualização, de compreensão e representação de formas geométricas, além de
habilidades de quantificar comprimentos, áreas e volumes.
Ainda de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais ao concluir o Ensino
Médio os alunos devem compreender propriedades de posição de objetos geométricos,
relações entre figuras espaciais e planas, propriedades de congruência e semelhança de
figuras planas e espaciais, analisar diferentes representações de figuras espaciais e
planas, conhecer um sistema dedutivo seus teoremas e demonstrações.
Dado este panorama geral, destacamos que durante toda a vida escolar, o
objetivo principal do ensino de poliedros conforme os Parâmetros Curriculares
Nacionais, é que, ao final do ensino básico, o aluno desprenda-se dos objetos reais para
fazer transformações mentais. O aluno deve ter a oportunidade de criar e representar,
formalmente, objetos geométricos com precisão.
O estudo dos sólidos geométricos e de figuras planas logo nos anos iniciais é
primordial para o início do desenvolvimento da abstração do pensamento. Podemos
relacionar as formas tridimensionais e bidimensionais através da planificação dos
objetos. Todo poliedro pode ser apresentado na forma de figura plana, que possui como
característica principal facilitar o reconhecimento e numeração de vértices, arestas e
faces do sólido. Com isso a criança pode se habituar a reconhecer figuras espaciais
existentes além de adquirir informações para futuramente concretizar os conceitos que
envolvem os poliedros. Embora esse contato seja importante, no inicio da vida escolar a
familiarização com os objetos tridimensionais e suas respectivas planificações não
requer um ensino rigoroso e a apresentação formal das características e propriedades de
tais sólidos pode ser feita intuitivamente. Mas, nos anos iniciais, mesmo de maneira
simples, a proposta deve ir além da manipulação de sólidos e da observação de figuras,
a fim de acabar de vez com o rompimento que existe entre a aprendizagem de
representações planas e de sólidos tridimensionais, como se ambos não estivessem
presentes simultaneamente na vida da criança.
59
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais
Assim, o ensino de poliedros nas séries iniciais deve ser implementado em uma
prática que priorize não apenas a observação e manipulação de sólidos geométricos,
mas também a descrição e reconhecimento destes objetos e seus elementos.
Ressaltamos que esta temática, pouco usual em aulas das Séries Iniciais, é de
extrema importância para o desenvolvimento da abstração e do pensamento geométrico
da criança. Por isso, é natural que este estudo se inicie através das figuras
tridimensionais, que permeiam o mundo em que vivemos para que depois, de forma
natural e consciente, haja a abstração para o plano com o ensino de figuras planas, reta,
ponto e assim todo o desenvolvimento da geometria plana.
60
aplicação de problemas do cotidiano, os alunos não podem conviver com atividades
escolares que versam apenas a solução de problemas externos ao seu mundo.
Para alunos desta faixa etária, o ensino de poliedros deve ser desvinculado da
necessidade de aprender tal conteúdo para a futura utilização no Ensino Médio ou
Superior.
Outra vertente a ser seguida é que no Ensino Fundamental os tópicos sobre
poliedros sejam relacionado com outros tópicos de outras disciplinas e também dentro
da própria Matemática. Por exemplo, o pensamento geométrico associado ao algébrico
permite abstrações e generalizações em nível mais profundo do que o aritmético
desenvolvido especialmente nos primeiros anos de escolaridade, constituindo um marco
importante no desenvolvimento do Ensino Fundamental. O pensamento geométrico
utilizado no estudo dos poliedros, durante o Ensino Fundamental, está ligado ao
desenvolvimento da capacidade de abstração e representação do espaço.
61
Sendo assim, percebemos que o Ensino Médio muitas vezes se caracteriza como
base para o Ensino Superior, por isso é necessário que o Ensino Médio, trate da
Geometria com devida importância, através de planejamentos que proporcionem uma
aprendizagem significativa deste conteúdo, para que no futuro o aluno consiga aumentar
a sua compreensão sobre o espaço que está ao seu redor através de experiências
concretas.
Acredita-se que ainda hoje possa existir uma aprendizagem, no que se refere aos
poliedros, puramente cultural. Esta aprendizagem consiste apenas na obtenção dos
nomes e propriedades dos objetos geométricos. Neste sentido, falta por parte do ensino,
um maior estudo e incentivo, para o aluno adquirir o domínio do objeto e suas relações
com o espaço.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio tem-se que a
Geometria Espacial deve proporcionar ao aluno a leitura e a interpretação do espaço,
que está a sua volta. Esse documento deixa claro que
63
64
CAPÍTULO VII
7.1 Introdução
O Cubo Soma é um quebra cabeça que possui sete peças diferentes, chamadas de
policubos. Todas essas peças são constituídas de cubos menores e o objetivo é unir
todos os policubos formando um cubo maior de lado com três unidades de medida. Na
Figura 7.1 à esquerda, temos a representação das sete peças do Cubo Soma e à direita o
cubo montado.
65
Figura 7.1 – Cubo Soma
“Imagine que você tenha um amigo, que também esta na 4ª série, e que ele mora em
Jaguariúna. Ele tem uma caixa de cubos plásticos, todos do mesmo tamanho. Você
gostaria que ele construísse as seguintes formas (mostrando-lhes o conjunto de peças
do Cubo Soma). Prepare uma mensagem para ele de modo que ele possa construir
essas formas. Você poderá dar explicações usando palavras ou desenhos, como
desejar.”
Espera-se com esta atividade, que o aluno, mesmo sem a noção exata de
perspectiva e profundidade, e usando a criatividade e linguagem, dê as instruções
corretas sobre a quantidade de cubos utilizados para montar cada peça e a disposição
66
desses mesmos cubos para formar os policubos presentes no Cubo Soma. Abaixo segue
a atividade de um dos alunos que participou desta experiência. Para estas crianças as
peças do Cubo Soma foram intituladas de A, B, C, D, E, F e G.
67
Figura 7.2- Resposta da atividade do Cubo Soma (imagem retirada de Passos e Nacarato
(2003))
Quando olhamos esta atividade é natural nos assustarmos com a clareza dos
desenhos feitos por uma criança do 5º ano (4ª série). Mas por quê? Porque somos
induzidos a pensar que nas Séries Iniciais os alunos ainda não tem visão tridimensional,
ou por acharmos que tal conteúdo é inapropriado para a idade, ou até mesmo que as
crianças são incapazes de fazê-la. Isto leva os professores, muitas vezes, a tratar o
conteúdo geométrico a partir da geometria plana esquecendo-se que os objetos
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tridimensionais estão presentes no dia-a-dia dos alunos e por isso é natural representa-
los.
A geometria plana, com a ideia de ponto, reta, plano e até mesmo com a
planificação dos sólidos, pode ser tratada posteriormente. A abstração do tridimensional
para o bidimensional acontece de maneira natural, pois é tridimensionalmente que a
criança percebe o mundo ao seu redor.
Trabalhados adequadamente nos primeiros anos de ensino, os sólidos
geométricos contribuem para o aprimoramento da visão espacial, permitindo ao aluno
compreender, descrever e representar as formas presentes no seu cotidiano de maneira
organizada solidificando assim alguns conceitos relativos a espaço e forma.
Em relação a possíveis alterações e sugestões na dinâmica da atividade,
acreditamos que uma alternativa seria, primeiramente, que os alunos, em grupo,
construíssem com cartolinas todas as formas policúbicas, ou seja, eles confeccionariam
inicialmente cubinhos separados, desenhando a planificação do cubo, recortando,
dobrando e colando a cartolina.
Através da observação das peças do Cubo Soma, os próprios alunos, já com os
cubinhos prontos, produziriam os policubos e em seguida o desafio seria montar o Cubo
Soma.
Essa sugestão visa estimular a participação, envolvimento e discussão dos alunos
em um trabalho em grupo. Neste momento o professor poderia introduzir, mesmo que
informalmente, os conceitos de vértice, face e aresta fazendo algumas conexões deste
conteúdo com o dia-a-dia, enfatizando as formas poliédricas presentes no mundo que
nos cerca.
Outra sugestão é que durante a confecção das peças, o professor estimule o
reconhecimento das figuras planas presentes em algumas formas espaciais, explorando a
geometria tridimensional de forma divertida e prazerosa.
Após esta etapa, com a montagem do Cubo Soma pretende-se explorar, a
percepção espacial, o planejamento de estratégias para a montagem e a composição e
decomposição de sólidos geométricos.
Alguns questionamentos também poderiam ser feitos a fim de que os alunos
manipulem e descubram algumas propriedades: Quais peças são formadas por três
cubos? É possível formar peças diferentes utilizando apenas três cubos? Usando quatro
cubos é possível construir outras peças além das do Cubo Soma? Quantos cubos
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pequenos formaram o cubo maior? Qual peça tem maior volume? (moção intuitiva)
Essas figuras são planas ou tridimensionais? Qual o nome dessas figuras?
Só então, depois desta abordagem, é que pediríamos aos alunos que escrevessem
uma carta para algum colega, instruindo não só para que o colega monte as peças do
Cubo Soma, mas também dando instruções de como montar o Cubo Soma.
Acreditamos que essas alterações qualificam ainda mais a atividade incialmente
proposta, proporcionando maior exploração do Cubo Soma e permitindo a construção
do conhecimento matemático no que tange o ensino de poliedros e seus
desdobramentos.
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O ENEM é o maior evento organizado pela SBEM (Sociedade Brasileira de
Educação Matemática), tendo como foco o professor que ensina Matemática. Constitui-
se em um espaço privilegiado para o intercâmbio entre professores e pesquisadores, de
modo que os avanços no campo científico se disseminem nas salas de aulas, bem como
as experiências dos professores são compartilhadas pela comunidade científica e
escolar.
Devido à importância deste evento e a semelhança encontrada nos trabalhos que
tratam da Relação de Euler, apresentaremos algumas sugestões para a atividade Um
novo olhar para o Teorema de Euler e para as demais atividades que, assim como esta,
procuram intencionar os alunos à descoberta da Relação de Euler.
É fato que a maioria dos programas atuais tem recomendado mais atenção à
geometria tridimensional. Entretanto trabalhar Geometria Espacial sem que os alunos
manipulem, construam ou "vejam" objetos não é satisfatório, o tema tende a ser
desinteressante e desprovido de significados e desafios.
As sugestões aqui propostas pretendem trabalhar objetivos de natureza
conceitual, atitudinal e procedimental. Permite que os alunos desenvolvam habilidades
de visualização, percepção visual e representação mental de figuras tridimensionais;
enriquece suas capacidades de investigar e predizer resultados, de combinar, decompor
e transformar figuras. Quanto às atitudes matemáticas, essas são enriquecidas quando os
alunos desenvolvem hábitos de problematização, formulação de conjecturas,
organização de dados, geração de novos problemas e hipóteses.
Desta forma, inicialmente o professor deve apresentar diversos sólidos,
incluindo os Sólidos de Platão e também os que não pertencem a esta. O professor
também poderá trabalhar com embalagens. O próximo passo é o preenchimento da
seguinte tabela, na qual sugerimos alguns sólidos a serem apresentados: cubo, hexaedro,
octaedro, dodecaedro, icosaedro, pirâmide, prisma, caixa de creme dental, caixa de
bombom, caixa de pizza, caixa do chocolate Toblerone, dentre outros.
Nome do sólido Nº de Vértices Nº de Faces Nº de Arestas
(V) (F) (A)
71
PERGUNTA
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como os de Platão : tetraedro (4-edro), hexaedro (6-edro), octaedro (8-edro), dodecaedro
(12-edro) e icosaedro (20-edro), e em um poliedro regular todas as faces são polígonos
regulares do mesmo tipo e seus ângulos diedros são todos iguais.
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7.4 Uma atividade para o Ensino Médio – Trabalhando com
embalagens
74
O próximo passo foi pedir aos alunos para contar o número de vértices, faces e
arestas e relacionar essas informações ao tamanho e utilidade da embalagem. A
organização desses dados deveria ser arranjada em uma tabela semelhante ao exemplo
acima. A possibilidade de manusear as embalagens facilitou e reforçou a compreensão
dos conceitos teóricos. Nesta atividade os alunos puderam concluir que somente nos
poliedros podemos identificar faces, arestas e vértices, o que não acontece com os
demais sólidos como cilindro, cone e esfera.
A última atividade consistiu em os alunos medirem as dimensões de uma caixa
de leite, e calcularem a área e volume. Após terem calculado a área e o volume da
caixinha, foi proposto para cada equipe criar um modelo para caixinha de leite com
menor gasto de material.
Analisando esta atividade percebemos que o objetivo da professora foi
relacionar o estudo de poliedros com o cotidiano dos alunos, fazendo com que os
mesmos percebessem que tais formas geométricas são importantes e estão presentes no
mundo que os cercam. Também direcionou o estudo quanto às características de cada
poliedro, nomeando-os e classificando-os em prisma e pirâmide ou identificando-os
como corpos redondos. Por fim, houve, através da criação de um novo modelo de caixa
de leite que preservou o volume e gastou menos material, o ensino de áreas e volumes
em uma aplicação real do conteúdo sobre poliedros.
Observando esta primeira etapa, uma forma de enriquecer este trabalho seria
levar os alunos ao supermercado, e propor que, em grupos, observassem e
fotografassem os diferentes tipos de poliedros e não poliedros que compõe as
embalagens. Feito isto, em sala de aula, os grupos, além de levarem algumas
embalagens para análise, deveriam observar seus registros, classificar as “imagens” e as
embalagens levadas conforme os poliedros (por exemplo, uma caixa de bombom é um
paralelepípedo).
Outro trabalho interessante consiste em os alunos, analisarem embalagens
diferentes de um mesmo tipo de produto, calculando a área e volume destas embalagens
e analisando qual é mais econômica, fazendo suas planificações e sugerindo uma nova
opção de embalagem menor e de maior custo benefício. Este trabalho contemplaria a
passagem do tridimensional para o bidimensional de forma totalmente ligada a
realidade.
Ao fim da atividade, poderia ocorrer a socialização dos resultados pelos alunos.
Uma conclusão esperada é que o modelo ideal do ponto de vista matemático pode ser
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inadequado ao manuseio, transporte e estocagem, e por isso algumas embalagens no
formato de poliedros poderiam ser mais econômicas se tivessem outra forma, mas isso
não acontece.
Outro desdobrando interessante seria fornecer as dimensões da antiga caixa de
sabão em pó de uma empresa e as atuais. Pedir que calculassem a área externa e
volume e fazer alguns questionamentos. Por exemplo, “qual a razão que levou a
empresa a mudar o formato da embalagem de sabão em pó? quanto foi a economia de
papel? Qual o percentual de papel que a empresa passou a economizar com a
mudança?”. Com o desenvolvimento dessa atividade os alunos poderão perceber, por
meio dos cálculos matemáticos, que uma pequena mudança na embalagem pode resultar
em uma boa economia de material e que os poliedros estão muito mais presente em
nossas vidas do que imaginamos. Só não percebemos porque alguém já fez todo o
trabalho.
Sendo assim, o assunto Poliedros esta ligado tanto à realidade quanto a muitas
outras áreas dentro da própria matemática e seu estudo deve ser amplamente explorado
não só no Ensino Médio, mas em todas as outras etapas da vida escolar.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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78
BIBLIOGRAFIA
LIMA, E.L. Ainda sobre o Teorema de Euler para Poliedros Convexos. Revista do
Professor de Matemática, nº 5. Instituto de Matemática Pura e aplicada. Rio de Janeiro,
1984.
80
SMOLE, K. S. Cadernos do Mathema: jogos de matemática de 1º a 3º ano. Porto
Alegre: Editora Artmed, 2008.
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