Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Você já sabe a importância do Plano de Manutenção Operacional e Controle (PMOC) para um bom
funcionamento de sistemas condicionadores de ar da sua empresa. Principalmente em uma região
de clima quente e úmido como o Brasil, o ar condicionado é praticamente um item indispensável para
aplacar as altas temperaturas. Mas você sabe como surgiu e por quais motivos foi criado o
PMOC? Acompanhe a linha do tempo abaixo e descubra!
O engenheiro Leonardo Moraes Ferreira, gerente de manutenção da Newset, enfatiza que a saúde
das pessoas em seu ambiente de trabalho é base de estudos e debates há muito tempo, “pois o grau
de conforto e preservação dos colaboradores em seus respectivos ambientes de trabalho, sejam eles
industriais e/ou administrativos, impacta diretamente no resultado da produtividade das pessoas e
da empresa como consequência. O PMOC é peça fundamental na preservação da saúde,
responsável direto pela manutenção da qualidade do ar que circula no interior das edificações.
Manter um Plano de Manutenção, Operação e Controle é garantir, além da preservação da saúde
humana, a vida útil dos equipamentos e confiabilidade em seu funcionamento, tal como temperatura
e umidade constantes e renovações de ar exterior filtrado em quantidades suficientes para o número
de pessoas fixas e rotativas, sem complicações na saúde de cada indivíduo”.
Mesmo com todos os benefícios atribuídos à implantação do PMOC, além da exigência legal,
Cristiano Miranda, do departamento de instalações da BHP, lamenta que os órgãos fiscalizadores
não reúnem recursos e condições técnicas necessárias para avaliar os planos de manutenção
obrigatórios, como também as condições de equipamentos e instalações: “Um plano adequado de
manutenção e operação inegavelmente traz uma série de benefícios para proprietários e usuários
de um sistema de ar condicionado, no que se refere a conforto térmico, qualidade do ar interior,
economia de energia e vida útil dos equipamentos. Não podemos, entretanto, imaginar que a
obrigatoriedade legal da existência do PMOC esteja resolvendo essa questão da forma satisfatória,
uma vez que falta fiscalização. Essa deficiência dos órgãos fiscalizadores inviabiliza aplicação das
penalidades previstas na lei”.
Além disso, o PMOC é regido por uma norma técnica de referência, NBR 13.971/97, que estabelece
todas as rotinas básicas, bem como suas periodicidades a serem executadas e por tipos de
equipamentos e sistemas. Vale lembrar que alguns dos documentos que compõe o PMOC têm a
validade da rotina de menor prazo estabelecido. A menor periodicidade é normalmente de 30 dias,
portanto, o relatório tem a mesma validade devendo sempre ser renovado e contemplar todas as
rotinas de serviços executados naquele mês. Outros têm validade anual, como o cronograma de
manutenção e ART. Já alguns têm validade indeterminada, como os desenhos do edifício, que só
são atualizados quando da modificação de máquinas, infraestrutura, entre outros.
O especialista Dr. Antonio Thadeu Mathias, médico do trabalho da COVISA-SP (Coordenação de
Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde Municipal de São Paulo), menciona o 9º artigo da
Portaria nº 3523:
O não cumprimento deste Regulamento Técnico configura infração sanitária, sujeitando o
proprietário ou locatário do imóvel ou preposto, bem como o responsável técnico, quando exigido, às
penalidades previstas na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo de outras penalidades
previstas em legislação específica. No caso do município de São Paulo, as penalidades são previstas
na Lei Municipal Nº 13725 de 09 de janeiro de 2004 (Código Sanitário) Art. 123º. Para a graduação
e imposição de penalidades, deverá a autoridade sanitária considerar:
1- as circunstâncias atenuantes e agravantes;
2- a gravidade do fato, tendo em vista as suas consequências para a saúde pública;
3- os antecedentes do infrator quanto às normas sanitárias.
Parágrafo único: Sem prejuízo do disposto neste artigo e da aplicação da penalidade de multa, a
autoridade sanitária competente deverá levar em consideração a capacidade econômica do infrator.
“Vale lembrar que de acordo com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
(CONFEA), compete ao engenheiro mecânico o desempenho das atividades referentes a processos
de sistemas de refrigeração, ar condicionado, seus serviços e correlatos. Como o PMOC deve fazer
parte da documentação obrigatória da Operação, Manutenção e Controle dos sistemas de
climatização, o responsável deve ser um engenheiro mecânico”, diz o médico especialista da Covisa.
Segundo o CONFEA, os CREAs já fiscalizam a atividade de manutenção de equipamentos de
climatização, exigindo a participação de profissionais legalmente habilitados neste serviço para
garantir o interesse social e humano, pois a manutenção de equipamento de climatização requer
conhecimento técnico especializado. A Resolução CONFEA nº 218/73, que discrimina as atividades
das diferentes modalidades profissionais da engenharia, arquitetura e agronomia, estabelece em seu
Art. 12, item I, que “compete ao engenheiro mecânico, técnico ou tecnólogo mecânico, a
responsabilidade por processos mecânicos, máquinas em geral, instalações industriais e mecânicas,
equipamentos mecânicos e eletromecânicos, veículos automotores, sistemas de produção de
transmissão e de utilização do calor, sistemas de refrigeração e de ar condicionado, seus serviços
afins e correlatos”.
Wadi Tadeu Neaime
Existem algumas diferenças quanto às responsabilidades entre engenheiros, tecnólogos e técnicos,
entretanto. Ainda segundo o CONFEA/CREA, o PMOC é uma atividade dividida em duas partes: a
manutenção mecânica do sistema de refrigeração e o ar condicionado, e a avaliação da qualidade
do ar. A parte relativa à manutenção mecânica é privativa de todos os profissionais da engenharia
mecânica (engenheiros, tecnólogos ou técnicos), porém, a avaliação da qualidade do ar poderá ser
feita por profissionais da engenharia química, engenharia de segurança do trabalho ou da engenharia
sanitária. Tais informações estão dispostas para consulta no
link http://www.confea.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=11940&sid=1201
A Lei 13.589/2018, sancionada em janeiro de 2018, tornou obrigatório, em todos os edifícios de uso
público e coletivo, o PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle em sistemas de ar
condicionado. A mudança faz com que as legislações sobre o tema (Portaria 3523 e Resolução 9 da
Anvisa), assim como as normas da ABNT, ganhem força e passem a ser mandatórias. A nova lei
aumenta a conscientização e fiscalização sobre condutas na manutenção em sistemas de ar
condicionado. A promulgação da norma eleva a discussão sobre os benefícios de uma qualidade do
ar satisfatória e sobre os riscos de um sistema em condições inadequadas para a saúde dos
ocupantes.
Para o engenheiro Arnaldo Lopes Parra, vice-presidente de Marketing e Comunicação da Abrava e
diretor de Partes & Peças da Trane, a Lei Federal 13.589 veio em auxílio da Portaria 3.523
(Regulamento Técnico). “Essa Portaria foi decretada pelo então Ministro da Saúde, José Serra.
Porém, uma Lei Federal tem muito mais força, pois é aprovada pelo Congresso Nacional e
sancionada pelo Presidente da República. Quanto à abrangência, a Lei se refere à totalidade das
edificações de uso coletivo, não somente àquelas com sistemas acima de 60.000 BTU/h”.
“A promulgação da lei, apesar de vanguardista, é apenas o começo de uma série de medidas que
deverão ser tomadas para a melhoria da qualidade do ar de interiores. O PMOC é um guia básico
inicial e deverá ser seguido pensando no sistema de climatização. Com foco na saúde e bem-estar
dos ocupantes outras tecnologias deverão ser complementares, melhorando a qualidade do ar
interior dos ambientes tratados”, comenta Henrique Cury, diretor da Ecoquest.
Para que o PMOC seja aplicado corretamente, segundo Leonardo Cozac, diretor da Conforlab, é
importante considerar as seguintes informações: dados sobre a edificação, dados técnicos dos
sistemas de AVAC, dados do responsável técnico, bem como sua ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica) recolhida perante o CREA, todas as rotinas de manutenção, com a
comprovação de sua execução, relato das principais ocorrências, plano de contingência em caso de
falhas, planta baixa do sistema de AVAC, e relatório semestral da qualidade do ar interno.
“O PMOC busca obter a melhor qualidade do ar de interiores, além de preservar os equipamentos,
diminuir as falhas dos sistemas e diminuir os gastos com energia elétrica. Um PMOC bem aplicado
resulta em ambientes com conforto térmico, com o ar dentro dos limites impostos pela Resolução 09
da Anvisa, com boa eficiência energética, com custos de manutenção minimizados, e longevidade
dos equipamentos assegurada”, diz Parra.
É preciso que o sistema de ar condicionado esteja funcionando em condições satisfatórias, caso
contrário, acarretará numa enorme perda de eficiência do sistema, gerando gastos energéticos
desnecessários, além de ser um grande risco à saúde dos ocupantes. Mas o diretor da Ecoquest faz
um alerta: “o PMOC não necessariamente garante melhorias efetivas na qualidade do ar interior com
redução microbiológica significativa ou quebra de gases voláteis; em ambientes com condições para
crescimento de fungos, por exemplo, são necessárias tecnologias complementares específicas para
este fim.” O mesmo acontece em ambientes com maior concentração de particulado ou de gases
voláteis.
Parra defende que a aplicação correta do PMOC garante uma relação de “ganha x ganha” entre os
diversos agentes (proprietário ou investidor, usuário do ambiente, prestador de serviços e governo)
que interagem no processo. “Ganha o proprietário ou investidor, que com a boa manutenção irá ter
seu patrimônio preservado, com a longevidade assegurada e com o menor custo de reposição de
componentes pelo menor desgaste, além de menos gastos com energia e água. Recebe, ainda,
vantagens pelo aumento de produtividade dos usuários dos ambientes, que também apresentarão
maior satisfação e menos afastamentos do trabalho. Ganha o usuário do ambiente, visto que com
a boa qualidade do ar que respiram, irão ter sua saúde preservada, aumentando, assim, sua
satisfação e eficiência no trabalho, com menor absenteísmo. Ganha o prestador de serviços, que irá
ter seu mercado de trabalho prestigiado e valorizado. Ganha o governo, que irá se beneficiar com
menor necessidade de fornecimento de energia elétrica e água, com menos atendimentos pelo
sistema de saúde, menos demandas trabalhistas e consequente incremento na economia”.
Responsabilidade profissional
Quem pode assinar, isto é, ser o responsável técnico pelo PMOC de sistemas de climatização? Para
responder a essa pergunta, é importante definir o sistema de climatização em duas partes: (i) os
serviços de limpeza e manutenção dos equipamentos e (ii) os serviços de avaliação biológica,
química e física das condições do ar interior dos ambientes climatizados.
O responsável técnico pela primeira parte são os engenheiros mecânico ou os engenheiros
industriais (modalidade mecânica ou tecnólogos da área de engenharia mecânica). Em relação à
segunda parte, os responsáveis técnicos são os engenheiros químicos ou os engenheiros industriais
(modalidade química ou engenheiros de segurança do trabalho ou tecnólogos da área de engenharia
química). Os técnicos de nível médio não podem assinar o PMOC. Podem, entretanto, prestar
serviços de assistência técnica e assessoria no estudo, pesquisa e coleta de dados, execução de
ensaios, aplicação de normas técnicas e regulagem de aparelhos e instrumentos concernentes aos
serviços de fiscalização de qualidade do ar nos ambientes climatizados.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública vetou o parágrafo 2º do Artigo 1º da Lei 13.589, que
atribuía a responsabilidade do PMOC ao engenheiro mecânico. As entidades de classe tentam
reverter o veto, mas, enquanto isso não acontece, a Abrava recomenda seguir as determinações do
CONFEA e do CREA (partes i e ii citadas acima), definindo o engenheiro mecânico como responsável
técnico pela manutenção do sistema de ar condicionado. “A Abrava, através do Comitê Nacional de
Climatização e Refrigeração, está trabalhando arduamente junto com outras entidades do setor para
derrubar esse veto presidencial”, diz Cozac.
Para Cury, o engenheiro precisa estudar, avaliar e entender o ambiente onde será aplicado o PMOC.
“Utilizar o plano de manutenção num escritório com ventilação adequada e com poucas pessoas é
diferente do que aplicar num escritório, no subsolo de um prédio, ao lado de uma garagem com altas
concentrações de monóxido de carbono e particulados. O PMOC é um guia inicial básico para a
melhoria do sistema, mas não resolve todos os problemas existentes. Por isso é preciso estar sempre
atento a possíveis fontes de poluição existentes no ambiente a ser tratado. Em relação ao sistema
de ar condicionado, seguindo-se à risca o PMOC, a tendência é que ele funcione com eficiência
plena”.
O diretor da Conforlab corrobora a opinião de Cury. “É importante que o engenheiro conheça muito
bem o sistema de AVAC instalado no local, as características de ocupação do edifício, e a qualidade
do ar na região. Um shopping localizado em uma área urbana e outro no litoral, por exemplo,
possuem características diferentes e deverão ter PMOC distintos”.
Parra acredita que alguns indicadores são muito importantes para que o engenheiro possa definir,
adequadamente, as rotinas de serviços. “A avaliação constante do estado de conservação dos
equipamentos irá definir quais serviços serão necessários, assim como definir ações preventivas de
substituição de componentes, como rolamentos, correias, filtros em geral etc. Outra questão
importante é a devida interpretação do Laudo de Qualidade do Ar, que pode indicar ações corretivas
ou mesmo redefinir intervalos de atividades preventivas, em função dos indicadores de qualidade. A
observação dos intervalos de manutenção da Resolução 09 da Anvisa também é parte fundamental
para a correta aplicação do PMOC”.
Para os diretores da Conforlab e da Ecoquest os engenheiros são responsáveis, e podem ser
penalizados pela nova lei, em decorrência da má utilização do plano de manutenção; as falhas
ocorridas após a instalação do sistema de climatização são de responsabilidade do engenheiro. Mas,
segundo a Portaria 3523, Artigo 6°, do Ministério da Saúde, o proprietário, o preposto e o locatário
também podem ser responsabilizados.
Segundo Cozac, o recolhimento da ART, nesse caso, é muito importante. “É preciso que o
responsável possa deixar o processo todo por escrito, inclusive sobre as demandas não atendidas,
por exemplo, solicitar a troca de filtros se a empresa não autorizar a compra”.
“A responsabilidade pela qualidade do ar dos ambientes é do proprietário ou locatário do imóvel. Este
deverá contratar um responsável técnico, legalmente habilitado, para assumir esta função de
maneira formal e legal, para eventualmente ser responsabilizado perante a lei, caso as exigências
contidas na legislação não sejam cumpridas. É o responsável técnico legal que tem o dever de
implantar e manter o PMOC dentro de suas premissas legais. Caso não exista o responsável técnico,
então o proprietário ou locatário serão responsabilizados”, explica Parra.