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Preditores de sintomas depressivos em crianças

e adolescentes institucionalizados*
Predictors of Depressive Symptoms in Children
and Adolescents Institutionalized
Recibido: noviembre 1 de 2008 Revisado: marzo 16 de 2009 Aceptado: septiembre 4 de 2009

JOSIANE LIEBERKNECHT WATHIER ABAID **


DÉBORA DALBOSCO DELL’AGLIO ***
SÍLVIA HELENA KOLLER ****
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

RESUMO
Este estudo investigou eventos de vida estressantes, variáveis psicossociais e
preditores de sintomas depressivos em crianças e adolescentes instituciona-
lizados. Participaram 127 crianças e adolescentes de 7 a 16 anos que viviam
em abrigos de proteção. Foram realizadas duas aplicações longitudinais do
IEEIA e do CDI. Não houve diferença significativa no escore do CDI, e na

são linear múltipla permitiu propor um modelo de variáveis preditoras, que,


juntas, explicaram 56.7% da variação nos escores do CDI. A prevenção da
ocorrência de eventos relacionados principalmente a conflitos na escola e
familiares deve ser enfatizada, bem como a promoção de intervenções junto

Palavras-chave autoras
Sintomas depressivos; eventos de vida estressantes; institucionalização.
Palavras-chave
Depressao, Eventos estressantes, conflitos interpessoais na adolescencia, conflitos
interpessoais em criancas.

ABSTRACT
This study investigated the stressful life events, psychosocial variables and
*
Este artigo é parte da dissertação de mestrado da pri- the predictors of depressive symptoms in 127 participants who were living
meira autora junto ao programa de Pós-Graduação in shelters. The age range varied from 7 to 16 years old. The CDI and IEEIA
em Psicologia da UFRGS. Este estudo teve apoio were twice administrated. Taking into account the CDI score, the frequen-
financeiro da CAPES, FAPERGS e CNPq.
cy of stressful life events, longitudinal differences were not observed. The
**
Programa de Pós-graduação em Psicologia. Rua multiple linear regression allowed to consider a model of predictors that
Ramiro Barcelos, 2600, sala 115. CEP:90035-003-
Porto Alegre- RS. josianelieb@yahoo.com.br
explain together 56.7% of the differences on the CDI scores. The preven-
**
Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e tion of events related mainly to conflicts in the school and within families
da Personalidade. Rua Ramiro Barcelos, 2600/ sala should be emphasized, as well as the promotion of interventions directed
3RUWR$OHJUH56²%UDVLO&RUUHR to families in situation of biggest vulnerability.
electrónico: dalbosco@cpovo.net Key words authors
**
Instituto de Psicologia, Cpg Psicologia do Desen- Depressive Symptoms; Stressful Life Events; Institutionalization.
volvimento. Ramiro Barcelos, 2600/104 Santana Key words plus
90035-003 - Porto Alegre, RS - Brasil - Caixa-Postal: Depression, Stressful Life Events, Interpersonal Conflict in Adolescence,
9001. Correo electrónico: silvia.koller@pq.cnpq.br Interpersonal Conflict in Children.

UNIV. PSYCHOL. BOGOTÁ, COLOMBIA V. 9 NO. 1 PP. 199-212 ENE-ABR 2010 ISSN 1657-9267 199
J OSIANE L IEBERKNECHT W ATHIER -A BAID , D ÉBORA D ALBOSCO -D ELL ’A GLIO , S ÍLVIA H ELENA K OLLER

O objetivo deste estudo longitudinal foi investigar prejudicam o desenvolvimento pleno desses jovens
eventos de vida estressantes, variáveis psicossociais (Bahls, 2002). A detecção precoce e prevenção dos
(número de irmãos, configuração familiar e tempo sintomas podem evitar danos neuronais e psicosso-
de institucionalização) e preditores de sintomas ciais, além de reduzir as chances de que crianças e
depressivos em crianças e adolescentes institucio- adolescentes desenvolvam outras patologias mais
nalizados. O termo depressão foi utilizado para in- graves ao longo de sua vida (Emslie et al., 2004).
dicar a presença de sintomas depressivos em qual- A organização cognitiva das pessoas deprimidas
quer nível em crianças e adolescentes, conforme tem sido vista como um processo retroalimentado
detectado pelo Inventário de Depressão Infantil pelo pessimismo (Bahls, 1999). Pessoas depressivas,
&',*RXYHLD%DUERVD$OPHLGD *DLmR como indicam Bandura e Simon (1977), estando
Kovacs, 1983, 1985, 2003). Identificar os fatores pessimistas, facilmente despertam rejeição e assim
de risco preditores de psicopatologia na infância intensificam sua autodesaprovação, tornando-
e adolescência, assim como desenvolver formas se mais negativas e assim alimentando um ciclo
eficazes de intervir precocemente nestas situações, doentio. Abramson, Seligman e Teasdale (1978)
têm sido alvo de pesquisadores sobre saúde mental enfatizam que o aprendizado da impotência peran-
%LUPDKHUHWDO'HOO·$JOLR +XW] te os acontecimentos (nomeadamente desamparo
Masten, 2006). Entre as psicopatologias mais fre- aprendido) é responsável pela representação cog-
qüentes na infância e adolescência destaca-se a nitiva de fracasso existente em algumas pessoas
depressão (Emslie et al., 2004; Zavaschi, Satler, deprimidas.
3RHVWHU9DUJDV3LD]HQVNL5RKGH (L]LULN  Um dos instrumentos mais usados para avaliar
Apesar de difícil detecção, a hipótese de depressão sintomas depressivos é o Inventário de Depres-
nestas faixas etárias tem sido cada vez mais consi- são Infantil (CDI; Gouveia et al., 1995; Kovacs,
GHUDGDHPGLDJQyVWLFRVFOtQLFRV +DPLOWRQ %ULG- 1983, 1985, 2003) especialmente utilizado em
JH5HSSROG +XW] &RPUHODomRD SHVTXLVDVFRPFULDQoDVHDGROHVFHQWHV %DSWLVWD 
episódios depressivos que necessitaram internação, *ROIHWR'HO%DUULR2OPHGR &RORGUyQ
Emslie, Rush, Weinberg e Gullion (1997) verifica- 2002). Kovacs (1985, 2003) encontrou um Alfa
ram que 47,2% das crianças e adolescentes interna- de Cronbach de 0,86 e cinco fatores no seu ins-
dos com quadro de depressão maior apresentaram trumento: “humor negativo”, “problemas interpes-
o retorno dos sintomas até um ano após a alta e soais”, “inefetividade”, “anedonia” e “auto-estima
69,2% nos dois anos seguintes. Esses percentuais negativa”. Gouveia et al. (1995), num estudo de
caracterizam, segundo os autores, episódios tão ou adaptação do CDI de 27 itens de Kovacs (1985),
mais numerosos que os dos adultos. encontraram um índice de consistência interna de
A complexidade do surgimento da depressão 0,81 no CDI com 18 itens, que se apresentaram de
reside, sobretudo, na origem múltipla, de ordem forma unifatorial. Del Barrio, Olmedo e Colodrón
biológica, social e emocional (Bahls, 1999). Em (2002), em um estudo com a versão reduzida do
crianças e adolescentes a depressão é caracterizada CDI na Espanha obtiveram um alfa de 0,71 e três
por sintomas típicos como tristeza, baixa auto- fatores no instrumento de dez itens: “auto-esti-
estima, fadiga e problemas do sono e da alimen- ma”, “anedonia” e “desesperança”. Em um estudo
tação, além dos atípicos, tais como irritabilidade, de análise fatorial do CDI aplicado em amostras de
agressividade ou tédio (Cole et al., 2002; Marcelli, 7 a 17 anos de algumas cidades do sul do Brasil,
1998). Tais sintomas podem mascarar um transtor- :DWKLHU'HOO·$JOLRH%DQGHLUD  HQFRQWUD-
no depressivo maior, propriamente dito, ou mesmo ram um Alfa de Cronbach de 0,85 e três fatores
outros quadros de Eixos I e III (Transtornos Clíni- denominados “afetivo-somático”, “relação com
cos e Condições Médicas Gerais, respectivamen- os outros” e “desempenho”. Além destes fatores,
te), conforme o Modelo Multiaxial de Avaliação as autoras estabeleceram pontos de corte de acor-
proposto no DSM-IV-TR (APA, 2000/2002), que do com a idade e sexo. O CDI apresentou boas

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qualidades psicométricas e permitiu uma avaliação A institucionalização, durante a infância e


geral da presença e da severidade dos sintomas a adolescência, mesmo que temporária, tem sido
depressivos como já demonstrado em estudos an- associada a rompimento de vínculos e a situações
teriores (Gouveia et al., 1995; Kovacs, 1983, 1985, de violência. Essas experiências podem estar tam-
:DWKLHU'HOO·$JOLR %DQGHLUD  bém, relacionadas a sintomas depressivos, con-
Wilde, Kienhorst, Diekstra e Wolters (1992), IRUPHMiDILUPDUDP'HOO·$JOLR  'HOO·$JOLR
assim como Prieto e Tavares (2005), afirmaram e Hutz (2003) e Kim e Cicchetti (2006). Além
que a vivência de eventos estressores tem sido disso, crianças e adolescentes institucionalizados
associada à depressão, bem como à tentativa ou são provenientes de famílias com elevado número
ideação suicida. Além disso, Merikangas e Angst de irmãos, caracterizadas por situação de risco,
(1995) destacam que fatores como o aumento da pois aumenta a possibilidade de competição por
idade, ser do gênero feminino e ter baixo nível so- necessidades básicas e de afeto parental, além
cioeconômico podem aumentar a vulnerabilidade de baixa escolaridade (Marteleto, 2002; Yunes
das crianças e adolescentes à depressão. Traços de 6]\PDQVNL HFLUFXODomRHQWUHGLYHUVRV
personalidade mais introspectiva e dependente, cuidadores (Fonseca, 1987, 2002). Sendo assim,
além de presença de história familiar de depressão objetivou-se identificar preditores de aumento de
e de fatores ambientais desencadeantes, também sintomas depressivos ao longo do tempo, em uma
podem ser fatores de risco para depressão. Por outro amostra de crianças e adolescentes que vivem sob
lado, o sucesso na vida escolar, o envolvimento em proteção em abrigos. Também foram investigados
atividades extracurriculares, a competência social, eventos de vida estressantes e variáveis psicosso-
as relações sociais positivas com adultos fora da ciais, como as relacionadas ao número de irmãos,
família, a autopercepção positiva, a competência configuração familiar e tempo de institucionali-
intelectual, e suportes sociais adequados são ca- zação, entre outras.
racterísticas protetoras para que crianças e ado-
lescentes não desenvolvam depressão (Merikangas
$QJVW  Método
A institucionalização durante a infância e ado-
lescência tem sido apontada como um evento de Participantes
vida estressante e, portanto, como fator de risco
para o desenvolvimento que pode ter como efeito Cento e vinte e sete crianças e adolescentes de
DGHSUHVVmR 'HOO·$JOLR +XW]0HULNDQJDV ambos os sexos, com idade entre 7 e 16 anos
$QJVW 1RHQWDQWRFRQIRUPHR(VWDWXWR (M=11,07; SD=2,07), que residiam em sete ins-
da Criança e do Adolescente (1990), o abrigo deve tituições de proteção governamentais e duas não
ser uma medida protetiva, excepcional e provisó- governamentais na região metropolitana de Porto
ria, que visa, em um primeiro momento, a retirar Alegre, e que freqüentavam da 1ª a 8ª série do En-
a criança ou adolescente de alguma situação de sino Fundamental de escolas públicas compuseram
risco em que se encontra, com vistas à proteção a amostra. O número integral de respondentes em
e garantia dos seus direitos. Assim, a instituição T1 foi 148 e em T2 foi de 127, portanto a perda
tem a função de proporcionar atenção às dife- amostral foi de 21 participantes (14,19%). Sendo
rentes necessidades da criança, como pessoa em assim, só compuseram a amostra total deste estudo
desenvolvimento. O abrigamento institucional para análises, aqueles que participaram das duas
deveria, no entanto, ser temporário, até que me- etapas, ou seja, 127 crianças e adolescentes. Des-
lhores condições fossem oferecidas às crianças e tes, 67 eram meninas e 60 meninos que estavam
aos adolescentes, seja em suas famílias de origem distribuídos da seguinte forma: 20 eram de um abri-
ou extensas, ou em casos de adoção. go municipal; 81 eram de abrigos estaduais e 26 de
instituições não-governamentais. Os participantes

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tinham acesso, devido à inserção destes abrigos indicavam a ocorrência/não ocorrência do evento.
na comunidade, aos recursos de escola, centros Em seguida, pontuavam em uma escala Likert de
de lazer, praças e à rede municipal de saúde. Em cinco pontos o impacto percebido a cada evento
T2, o tempo de institucionalização dos partici- experienciado. O instrumento apresentou em seu
pantes variou de 6 a 158 meses (M=43,94 meses; estudo original (Kristensen et al., 2004), uma ele-
SD=36,22) e a média de idade dos participantes vada consistência interna (Alfa de Cronbach=0,92)
foi de 12,25 anos (SD=1,98). e neste estudo, o alfa foi de 0,88.
O Inventário de Depressão Infantil (CDI, adap-
Procedimentos e instrumentos tado para o Brasil por Gouveia et al., 1995) consiste
em auto-relato em 27 itens sobre a presença e a
Este estudo faz parte de um estudo maior, apoiado severidade dos sintomas depressivos. Para cada
pelo Pronex/Fapergs e CNPq, que visa a avaliar item, uma em três opções de respostas (zero a dois)
fatores de risco e de proteção ao desenvolvimento foi escolhida descrevendo o estado dos participan-
em diferentes contextos. Este projeto foi aprovado tes no período atual. O CDI vem demonstrando
SHOR&RPLWrGHeWLFDGD8)5*6HDVLQVWLWXLo}HV características psicométricas adequadas e estudos
participantes, que mantêm a guarda das crianças e com amostras brasileiras apresentam consistência
adolescentes, assinaram um Termo de Concordân- LQWHUQDYDULDQGRGHD 'HOO·$JOLR
cia da Instituição. Os instrumentos foram aplicados 'HOO·$JOLR%RUJHV 6DQWRV5HSSROG 
individualmente a cada participante, nos próprios Hutz, 2003). Neste estudo o alfa foi de 0,85 em
abrigos, em horários combinados previamente. Fo- T1 e 0,89 em T2.
ram realizadas duas a três sessões de aplicação dos
instrumentos, conforme o ritmo e a disponibilidade
de cada participante. Resultados
A partir de listagens de abrigos fornecidas pela
Fundação de Proteção Especial do Rio Grande do Este estudo atingiu os objetivos de investigar, de
Sul (FPERGS) e pela Fundação de Assistência forma longitudinal, os eventos de vida estressantes,
Social e Cidadania (FASC), órgãos do governo variáveis psicossociais (número de irmãos, confi-
estadual e municipal, respectivamente, crianças guração familiar e tempo de institucionalização) e
e adolescentes foram selecionados pela idade e preditores de sintomas depressivos em crianças e
escolaridade. A presença de dificuldades que im- adolescentes institucionalizados. Serão descritas a
possibilitassem a compreensão do conteúdo dos seguir, as configurações familiares dos participantes
instrumentos foi fator de exclusão da amostra. e as variáveis que se mostraram independentemen-
Na entrevista inicial foram coletados dados te associadas à depressão em T2.
biosociodemográficos, tais como idade, escolari- Considerando a amostra total, em 89% dos
dade, tipo de abrigo, tipo de configuração familiar casos, os pais das crianças e dos adolescentes não
anterior ao abrigamento, entre outras. Em segui- viviam juntos e apenas 37,5 % deles conheciam o
da, foram aplicados individualmente os demais pai. A maioria (56,3%) conhecia a mãe, embora
inventários. essa já fosse falecida para 31,1% destes. Aproxima-
O Inventário de Eventos Estressores na Infância damente sessenta e dois por cento afirmou manter
e Adolescência (IEEIA), adaptado do Inventário algum tipo de contato com pelo menos um membro
de Eventos Estressores na Adolescência (IEEA; da família, em freqüências que variavam desde
.ULVWHQVHQ'HOO·$JOLR/HRQ '·,QFDR  uma visita semanal a uma visita anual. Antes de
contém 60 itens, que identificam que eventos ir para o abrigo, 51,7% da amostra morava com
negativos ocorreram na vida dos participantes e família monoparental. Um Teste t para amostras
a sua percepção quanto ao impacto de cada um pareadas identificou a estabilidade do número de
desses eventos. Para cada item, os participantes eventos e do impacto atribuído aos mesmos em

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T1 e T2. Não foi encontrada diferença significa- com configuração de pai e mãe juntos (M=18,46;
tiva, comparando-se T1 e T2, na freqüência de SD=7,83) possuíam uma média de eventos signi-
eventos estressores (t=0,99; df=126; p=0,32) e ficativamente menor do que os que viveram aos
no impacto atribuído (t=-0,78; df=126; p=0,44). cuidados de outros familiares antes de vir para o
O número de sintomas depressivos também se abrigo (M=30,31; SD=12,35).
manteve estável ao longo do tempo, não havendo
diferença estatística significativa (p=0,12). TABELA 1
A média do Inventário de Depressão Infantil Médias e Desvios Padrão do Inventário de Depressão
Infantil (CDI) e Freqüência de Eventos Estressantes
em T1 foi de 12,46 (SD=8,14) e em T2 foi de 13,42
na Vida em T1 e T2 por Configuração Familiar Ante-
(SD=9,38). Utilizando as normas estabelecidas por rior ao Abrigamento
:DWKLHU'HOO·$JOLRH%DQGHLUD  EDVHDGDHP
percentis e dividida por sexo e faixa etária, mais
CDI Eventos
de 40 (31,5% ou mais) crianças e adolescentes do
presente estudo encontravam-se com escores de Confi-
sintomas depressivos clinicamente significativos, guração n T1 T2 T1 T2
familiar
tanto em T1 quanto em T2. Análises por sexo e
idade revelaram que entre os meninos de 7 a 12 12,50 12,22 26,94 26,21
Pai ou mãe 59
anos, 27,5% (11) em T1 e 25% (10) em T2 estavam (9,13) (9,84) (8,33) (8,75)
acima do percentil 85 (ponto de corte=14, inclusi- Pai e mãe 9,62 13,15 20,54* 18,46
13
ve). Nessa mesma faixa etária, foram encontradas juntos (6,79) (8,68) (6,37) (7,83)
31,25% (15) das meninas com escores clinicamen- Mãe/ pai ou
11,55 13,00 29,55 27,55
te significativos (maior ou igual a 16) em T1. Em padrasto/ma- 11
(8,03) (8,60) (6,27) (9,11)
T2, esse percentual elevou-se para 45,83% (22). drasta
Na faixa etária de 13 a 16 anos, 40% (8) dos me- Familiares,
ninos apresentaram escores iguais ou maiores que porque os 14,50 16,00 27,15 30,31*
13
o percentil 85 (14 pontos ou mais) e esse percen- pais são fale- (8,39) (10,86) (7,03) (12,35)
tual manteve-se idêntico em T2. Entre as meninas cidos
dessa faixa etária (ponto de corte=18, inclusive), Mãe e/ou pai 13,83 15,33 30,33 28,17
6
entretanto, o percentual que era de 31,58% (6) e adotivos (7,41) (9,05) (12,61) (7,60)
baixou para 26,32% (5). Familiares,
A média dos eventos estressores obtida através 12,00 14,10 27,38 29,70
mas os pais 10
(5,64) (6,38) (10,82) (8,99)
do IEEIA em T1 foi de 26,57 (SD=8,56) e em T2 são vivos
foi de 25,91 (SD=9,33). A diferença no total de No abrigo 12,18 15,55 22,86 20,82
eventos ocorridos entre T1 e T2 não foi significa- 11
desde bebê (6,95) (11,36) (9,37) (25,84)
tiva. Entretanto, considerando as diferentes confi-
Dado não
gurações familiares, o número de eventos ocorridos 16,33 14,00 33,33 26,67
coletado 4
diminuiu entre os participantes cujos pais viviam (4,91) (4,04) (6,76) (5,04)
(missings)
juntos antes da institucionalização.
12,42 13,42 26,60 25,91
A Tabela 1 mostra a distribuição dos participan- Total 127
(8,10) (9,38) (8,63) (9,33)
tes nas diferentes configurações familiares e seus
Nota: * p<0,01.
escores de freqüência de eventos e de sintomas de-
pressivos em T1 e em T2. Uma Análise de Variân- Fonte: elaboração própria.
cia mostrou diferença significativa [F(6,126)=3,05;
p<0,01] na média de eventos entre as diferentes Comparando a ocorrência de cada um dos even-
configurações familiares. Uma análise post-hoc tos estressores na vida, observou-se um aumento
6FKHIIq LQGLFRXTXHDVFULDQoDVHDGROHVFHQWHV na freqüência de 25 eventos (dos 60 existentes)

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conforme apresentado na Tabela 2. Pode-se veri- Evento T1 T2


ficar que os eventos que mais aumentaram entre
T1 e T2 foram, em ordem decrescente: “ter algum Sentir-se rejeitado por colegas e amigos 29 32
familiar que usa drogas” (16 ocorrências), “sofrer Sofrer acidente 39 40
castigos e punições” (13), “ter problemas com Fonte: elaboração própria.
professores” (11) e “tirar notas baixas na escola”
(10). Para identificar variáveis independentemente
associadas à depressão ao longo do tempo, foi reali-
TABELA 2
Freqüência de Eventos Estressores na Vida Obtidos
zada uma análise de regressão linear múltipla, cuja
em T1 e T2 para Itens que Revelaram Aumento variável dependente foi o escore total do CDI em
(N=127) T2. Foram introduzidas as seguintes variáveis ex-
plicativas: CDI em T1, os 25 eventos que aumen-
Evento T1 T2 taram a ocorrência em T2 (Tabela 2) e tempo de
institucionalização em T2. A Tabela 3 apresenta o
Ter problemas com professores 53 64 resultado da análise com as variáveis que entraram
A família ter problemas com polícia 53 55 na equação de regressão.
Discutir com amigos 95 96
TABELA 3
Ter problemas com a aparência 48 49 Regressão Linear Múltipla: Variáveis Preditoras* do
CDI ao Longo do Tempo
Alguém da família não conseguir emprego 55 59
Mudar de colégio 98 103
Variável B Beta t p
Mudar de casa 86 94
Total do CDI em T1 0,78 0,67 11,05 <0,01
Morte de amigo 36 39
Ter problemas com pro-
2,74 0,15 2,40 <0,02
Ter familiares doentes ou deficientes 61 62 fessores (1)

Ter familiar que usa drogas 57 73 Sentir-se rejeitado pelos


2,93 0,14 2,27 <0,03
colegas e amigos (59)
Sofrer castigos e punições 91 104
Um dos pais ter que mo-
Sofrer agressão física ou ameaça de agressão 2,56 0,13 2,22 <0,03
48 52 rar longe (48)
por parte dos pais
Constante 0,69 - 0,57 0,57
Ser suspenso da escola 21 26
Ser impedido de ver os pais 42 43 Nota:*As variáveis estão dispostas conforme o valor
de Beta, ou seja, a força de contribuição do item para
Tirar notas baixas 78 88 o escore de CDI em T2. Os números entre parênteses
indicam o item do IEEIA.
Usar drogas 21 27
Fonte: elaboração própria.
Um dos pais ter que ir morar longe 42 48
Ser estuprado 10 13
Juntas, as quatro variáveis foram responsáveis
Ser rejeitado pelos familiares 25 28 por 56,7% da variância no CDI em T2 (R²). Os
Ser xingado ou ameaçado por professores 36 37 coeficientes de regressão padronizados Beta fo-
ram positivos, indicando a relação direta entre a
Separação dos pais 75 77 variável explicativa e a variável critério. Portanto,
Ser expulso da escola 8 15 tais coeficientes indicaram que o escore obtido na
Ser expulso sala de aula 36 45
primeira coleta de dados foi fundamental para pre-
ver o escore do CDI que a criança ou adolescente

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teria em T2. Ou seja: um nível alto de sintomas e do Adolescente (1990), caracterizou marcada-
depressivos em T1, adicionado das outras três va- mente a amostra, assim como um elevado número
riáveis (“ter problemas com professores”, “sentir-se de irmãos. Estas duas características observadas na
rejeitado pelos colegas e amigos” e “um dos pais ter amostra (médias altas de tempo de institucionali-
que morar longe”), aumentou as chances de que zação e de número de irmãos) podem ser compre-
ele seria alto em T2. Além dessa variável, ter tido endidas como fatores de risco a que estão expostas
problemas com professores também foi um preditor as crianças e adolescentes participantes, ainda que
de que o escore do CDI em T2 estaria mais alto do não tenham entrado na regressão.
que em T1. O poder explicativo desse aumento A análise de regressão múltipla mostrou que a
em T2 nos sintomas depressivos foi reforçado pela variável com maior poder explicativo foi o escore
ocorrência de sentimento de rejeição dos colegas do CDI em T1. A amostra apresentou um elevado
e amigos, assim como morar longe de um dos pais percentual de escores de sintomas depressivos
(ex. ser preso ou o abrigo ficar longe da residência clinicamente significativos para cada faixa etária
da família). e sexo já em T1. Por exemplo, mais de 45% das
Das 27 variáveis introduzidas na análise, 23 meninas com idade entre 7 e 12 anos apresenta-
não contribuíram para o modelo explicativo da va- ram escores clinicamente significativos. Os estudos
riação de sintomas depressivos. O sexo, o número de outros pesquisadores que utilizaram o CDI em
de irmãos, o tempo de institucionalização, ou os amostras não clínicas, com o ponto de corte va-
eventos ter algum familiar que usa drogas, ou ser riando de 15 a 20, apresentaram de seis a 24% de
impedido de ver os pais, por exemplo, não contri- crianças e adolescentes com escores clinicamente
buíram diretamente para a equação de regressão. significativos (Almqvist et al., 1999; Arnarson,
6PDUL(LQDUVGRWWLU -RQDVGRWWLU%DKOV
2002). A comparação entre esses percentuais evi-
Discussão dencia o quão alto estavam os escores da amostra
do presente estudo. Alguns estudos (Hankin et al.,
Este estudo longitudinal verificou a manifestação /LPD5HSSROG +XW] DSRQ-
de sintomas depressivos e sua relação com a oco- tam ainda que há uma tendência em encontrar um
rrência de eventos estressantes entre a primeira e aumento de escores depressivos principalmente na
segunda coleta e algumas variáveis psicossociais adolescência em relação à infância. Assim, discu-
(número de irmãos, configuração familiar e tempo te-se a importância de ação terapêutica imediata
de institucionalização). As crianças e adolescentes junto a crianças e adolescentes que apresentarem
participantes demonstraram, em conjunto, esta- sintomas depressivos em qualquer nível, tendo
bilidade nos sintomas depressivos e no número em vista que pode haver uma possibilidade de
de eventos estressores ocorridos, no intervalo que esses escores aumentem longitudinalmente.
entre T1 e T2. No entanto, percentual expressivo Há necessidade, portanto, de um trabalho não só
dos participantes apresentou escores de sintomas preventivo, mas de intervenção direta quanto aos
depressivos clinicamente significativos já em T1. sintomas depressivos apresentados.
Também 61 participantes apresentaram aumento Os eventos que entraram no modelo de regres-
no total do CDI em T2, o que sugeriu a importân- são, caracterizando-se também como preditores da
cia de se investigar os preditores da depressão, a depressão, foram relacionados a problemas com
partir das variáveis apontadas (Escore inicial do professores e com pares, além do afastamento de
CDI, “ter problemas com professores”, “sentir-se um dos pais. Eventos semelhantes a esses também
rejeitado pelos colegas e amigos” e “um dos pais ter foram apontados no amplo estudo de revisão de
que morar longe”). Zavaschi et al. (2002), como uma associação sig-
O tempo de institucionalização alto, em contra- nificativa entre trauma por perdas na infância e
dição com o estabelecido no Estatuto da Criança depressão na vida adulta. Poletto (2007) também

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identificou que escores de depressão, além de afeto crianças, a convivência social com pares é uma
negativo, afeto positivo e a freqüência de eventos experimentação de como ser aceito, do cumpri-
estressores foram preditores para a satisfação de vi- mento de regras e, conseqüentemente, do desen-
da em crianças institucionalizadas em comparação volvimento de segurança e auto-estima (Cubero
com outras que viviam em situação de pobreza jun- 0RUHQR 3DUDRVDGROHVFHQWHVDIXQomR
WRjVVXDVIDPtOLDV2HVWXGRGH'HOO·$JOLR   do grupo é ainda de acolher os conflitos gerados
salientou que eventos negativos entre crianças e pela transição entre dependência/independência
adolescentes institucionalizados envolviam com dos adultos (Steinberg, 1999).
maior freqüência as categorias “desentendimento A rejeição de um grupo ou de colegas pode,
com pares” e “privação/afastamento”. Este resul- também, se constituir num tipo de bullying, que
tado indica perda de qualidade de vida e risco para envolve atos, palavras ou comportamentos preju-
presença de sintomatologia depressiva. Kristensen diciais, intencionais e repetidos (Middelton-Moz
et al. (2004) encontraram, entre os eventos mais =DZDGVNL TXHVmRFDGDYH]PDLV
freqüentes numa amostra de adolescentes, os even- comuns em escolas, entre outros ambientes. Os
tos “ter prova no colégio (84%)”, “discutir com alvos de bullying são pessoas ou grupos que são
amigos (79%)” e “morte de algum familiar (que prejudicados ou que sofrem as conseqüências de
não pais ou irmãos) (73%). A maior freqüência comportamentos agressivos e intencionais, como
de eventos estressantes relacionados à escola, palavras ofensivas, humilhação, difusão de boatos
amigos e família encontrada nestes estudos refo- e agressão física, entre outros. A criança ou ado-
rça os achados do presente estudo, pois essas são lescente institucionalizado geralmente necessita
categorias de maior ocorrência e que se associam conviver com o estigma relacionado a esta con-
independentemente à depressão. dição podendo ser vítima de bullying.
Ter problemas com professores, apontado com Gulassa (2006) destacou que os abrigos refle-
ênfase pelos participantes, reflete a importância do tem a cultura e os preconceitos da cidade onde es-
ambiente escolar, que pode ter papel fundamen- tão situados. Para ela, nas cidades menores não há
tal na manutenção do autoconceito positivo ou tanto problema com a impessoalidade, mas o rótulo
negativo, alimentado pelas figuras dos professores de “crianças do abrigo” é também dado com mais
&XEHUR 0RUHQR 3DUD&DUVRQH%LWWQHU facilidade. Esse olhar da sociedade sobre o jovem
(1994), experiências estressantes ligadas ao con- do contexto institucional torna difícil a tarefa de
texto escolar podem levar a fobias, queixas somá- sair do lugar de abandonado e vitimizado. Também
WLFDVHHSLVyGLRVGHSUHVVLYRV'HOO·$JOLRH+XW] $USLQL  H6LTXHLUDH'HOO·$JOLR  GLVFX-
(2004) encontraram mais sintomas depressivos e tem que, ainda que alguns jovens tenham uma ima-
pior desempenho escolar em meninas institucio- gem positiva do abrigo em suas vidas, sofrem pelo
nalizadas. Esses estudos corroboram a urgência forte estigma social remanescente desta vivência.
de se pensar (e tornar) o ambiente escolar como Quem sofre agressões de bullying, segundo
uma possível fonte de vínculos seguros na vida de Middelton-Moz e Zawadski (2002, 2007), costu-
pessoas em desenvolvimento. ma não ter esperança quanto às possibilidades de
A importância do relacionamento social com se adequar ao grupo. Ressaltam, ainda, que mui-
pares também foi evidenciada na presente pes- tas vítimas passam a ter baixo desempenho esco-
quisa. O evento “sentir-se rejeitado por colegas e lar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, ou
amigos” foi significativo na equação de regressão, abandonam os estudos. Essas características estão
indicando que poderia ser considerado um preditor diretamente relacionadas aos sintomas depressi-
de sintomas depressivos. A importância do grupo vos, como confirmam os resultados de Klomek,
durante o desenvolvimento de crianças e prin- Marroco, Kleinman, Schonfeld e Gould (2007).
cipalmente de adolescentes tem sido consensual Jovens com exposição freqüente ao bullying, tanto
entre pesquisadores do desenvolvimento. Para as como vítima quanto como agressor (bully), tiveram

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alto risco de depressão, ideação suicida e tentativa de apoio parental e familiar. A configuração mo-
de suicídio, em relação a jovens que não estiveram noparental vem sendo descrita na literatura como
envolvidos em comportamento de bullying. No fator de risco ao desenvolvimento (De Antoni
presente estudo (conforme a Tabela 2), “sentir-se .ROOHU &RQWXGRpQHFHVViULRXWLOL]DUR
rejeitado por colegas e amigos” foi um dos eventos conceito de composição familiar com cautela. Yu-
que aumentou sua freqüência ao longo do tempo. nes e Szymanski (2001) e Yunes (2003) afirmam
Entre os fatores ambientais relacionados ao estresse ser mais importante verificar o funcionamento da
e à depressão em adolescentes, Steinberg (1999) família e as relações ali existentes do que como
enfatizou os conflitos e a baixa coesão familiar, essas são compostas, embora tais características
além de fraco relacionamento com pares e sepa- estejam muitas vezes interligadas. Cárdia e Schiffer
ração dos pais. Eventos como abuso ou violência (2002), embora descrevam a monoparentalidade
na infância, dificuldades de comunicação com os como característica que aumenta a vulnerabilidade
pais, mudanças freqüentes em suas condições de à violência, não encontraram esse resultado em
vida, e das pessoas responsáveis por seus cuidados seu estudo com bairros de São Paulo. Assim, em-
são algumas das evidências apontadas por Prieto e bora o evento “um dos pais ter que morar longe”,
Tavares (2005) como características comuns entre do modelo preditivo desse estudo, possa ser um
pessoas que cometeram suicídio. indicador da ocorrência de composição familiar
No presente estudo foi identificada uma relação monoparental, seria importante poder verificar
entre a configuração familiar dos participantes o funcionamento da família do participante, pois
e a ocorrência de eventos estressores. A média apenas “ser de família monoparental”, por si só não
de eventos estressores ocorridos nesta amostra qualifica a vulnerabilidade a situações de violência
(M=25,91 em T2) é superior ao estudo de Kristen- ou à depressão. Indiretamente, a forma como os
sen et al. (2004), que encontraram uma freqüência componentes da rede familiar relacionam-se entre
média de 17,03 eventos em adolescentes que mo- si pode estar favorecendo o surgimento de sintomas
ravam com sua família. Além disso, ter a presença depressivos entre essas crianças e adolescentes.
de ambos os pais na família esteve relacionado A família tem sido descrita como principal rede
com menor ocorrência de eventos estressores. Em de apoio durante a infância e adolescência (Stein-
contrapartida, ficar aos cuidados de outros familia- berg, 1999). O abrigamento de uma criança ou
res aumentou a ocorrência de eventos estressores adolescente, especialmente em casos de extensivos
(ver Tabela 1), o que pode indicar a importância períodos de tempo, pode envolver diretamente a
do papel protetivo da presença dos pais. Um ar- quebra de vínculos e o afastamento da família.
tigo de revisão sobre preditores de depressão em Soma-se a isso a constatação, durante o período
adolescentes destacou vários estudos abordando a de coleta de dados e os relatos dos técnicos das
configuração familiar disfuncional. A insatisfação instituições, de que poucos jovens mantêm a visi-
do indivíduo com o apoio familiar e social recebido tação à família (ou são visitados por esta) durante
poderia influenciar os sintomas depressivos em o período de institucionalização. Assim, ao serem
DGROHVFHQWHV %DSWLVWD%DSWLVWD 'LDV  afastados compulsoriamente dos pais, as crianças
O último evento preditor do modelo explicativo e adolescentes no abrigo podem perceber este fato
do estudo foi “um dos pais ter que morar longe”, como ameaçador para sua identidade e referências
que pode estar refletindo o perfil das crianças e de filiação, pertencimento familiar e comunitário
adolescentes participantes deste estudo, cuja con- (Guará, 2006). Este evento nomeado como “salto
figuração familiar é predominantemente monopa- para o desconhecido” identifica o afastamento da
rental. Além disso, somente pouco mais da metade família, mesmo que esse tenha sido um ambiente
dos jovens conheceu sua mãe e bem menos que isso ameaçador, como medo de rompimento ou en-
conheceu seu pai, indicando uma configuração fa- fraquecimento de laços de parentesco. Trata-se,
miliar que pode estar oferecendo menos recursos portanto de um evento de vida estressante que

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pode contribuir para a manifestação de sintomas Considerações finais


depressivos.
Apesar das importantes mudanças nas confi- Os escores de sintomas depressivos na amostra
gurações familiares na sociedade de forma geral, estudada foram bastante elevados, indicando que,
Wagner, Ribeiro, Arteche e Bornholdt (1999) possivelmente, as rupturas familiares e os eventos
salientaram que o tipo de configuração familiar estressores vivenciados pelas crianças e adolescen-
não tem sido associado ao bem-estar dos filhos tes institucionalizados, participantes deste estudo,
adolescentes de nível socioeconômico médio e estão relacionados a repercussões prejudiciais no
médio-alto. Na qualidade do relacionamento en- desenvolvimento. O perfil observado na amostra
tre os membros da família recai a maior ou menor reflete questões sociais, políticas e econômicas que
possibilidade de bem-estar dos adolescentes. Sendo afetam a constituição e manutenção das famílias,
assim, mantêm-se inalterável a função da família que nem sempre conseguem exercer sua função
de prover o apoio, a proteção e a responsabilidade protetiva. Nestas situações, o abrigo surge com
aos seus filhos. Se a família consegue exercer tal uma função de proteção que deveria ser temporá-
função, conseguirá proteger crianças e adolescen- ria. No entanto, observa-se que o tempo de insti-
tes de eventos de vida estressantes ou ao menos tucionalização é longo e que, apesar do constante
oferecer apoio durante a superação destes (Cowan, empenho dos profissionais da instituição em pro-
&RZDQ 6FKXO] 1DYLVmRFRJQLWLYLVWDDX- videnciar atendimento psicológico e psiquiátrico,
tores como Beck (1997) e Knapp (2002) também pode-se constatar repercussões negativas, como
salientam que a família é um dos contextos que os sintomas depressivos, entre os participantes
podem atuar como reforçadores de crenças centrais institucionalizados.
sejam essas disfuncionais ou não. A composição Além disso, foram observadas médias altas
familiar dos participantes quanto à presença ou na ocorrência de eventos estressores na amostra,
não de ambos os genitores, assim como o número apontando a situação de risco pessoal e social vi-
de irmãos, possivelmente não entraram na equação venciada por estes jovens. Alguns destes eventos
de regressão no presente estudo pela forma como mostraram-se relacionados à depressão, sobretudo
foi coletado esse dado. Caso tivéssemos dados sobre eventos relacionados ao contexto escolar, social e
como se dava o funcionamento familiar antes da familiar. Estes resultados apontam a urgência de
criança ser institucionalizada, poderíamos verificar trabalhos de intervenção nas escolas e famílias,
com mais clareza a relação desta variável com os que possam contribuir para que estes espaços se
sintomas depressivos. constituam em redes de apoio social e afetivo. Em
Assim, este estudo aponta indicativos de que a jovens de famílias que eram compostas de pai e mãe
vivência de problemas na escola ou na família po- juntos antes de irem para o abrigo, por exemplo,
dem levar a um aumento de sintomas depressivos, a freqüência de eventos estressores foi bastante
de forma cíclica. Os resultados aqui encontrados reduzida, confirmando a importância destes para
apontam principalmente para riscos presentes nos a proteção e desenvolvimento dos filhos.
diferentes contextos de inserção das crianças e Quanto aos eventos que aparecem como pre-
adolescentes (família, pares e escola) e que podem ditores do escore de sintomas depressivos em T2,
repercutir no ambiente da instituição onde estão poderiam ser amenizados ou evitados com um tra-
abrigados. Desta forma, o olhar contextualizado balho preventivo junto à comunidade. Esses even-
para o fenômeno torna-se importante, pois não se tos podem resultar, indiretamente, de um ciclo de
pode relacionar a manifestação dos sintomas de- vitimização em que os pais ou outros cuidadores re-
pressivos apenas ao fato dos participantes estarem passam, de forma muitas vezes involuntária, o que
institucionalizados. aprenderam aos seus filhos, e reproduzem práticas
parentais ineficazes e problemáticas (Cecconello,
'H$QWRQL .ROOHU $VUHODo}HVIDPLOLDUHV

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disfuncionais também podem estar relacionadas à tenha afirmado que mantinha algum tipo de con-
violência, o que muitas vezes expõe as crianças e tato (não necessariamente em forma de visitação)
adolescentes a acidentes, doenças, discriminação com pelo menos um membro da família, não se sa-
e necessidade de institucionalização. be a qualidade desse contato. Num levantamento
A identificação da depressão precoce através realizado em 2007 em abrigos de Porto Alegre,
de instrumentos como o CDI é possível e deve mantidos pelo governo estadual (Ministério Pú-
ser feita. Ainda que esse instrumento não tenha o blico, 2007), apenas 17,78% das famílias visita-
objetivo de diagnosticar transtornos relacionados vam seus jovens institucionalizados e 16,70% dos
à depressão, aponta quais os indivíduos necessitam abrigados visitavam suas famílias. Promovendo um
de uma avaliação clínica. Com o screening, pode-se contato familiar de qualidade, pode-se favorecer
evitar o agravamento do quadro, especialmente em uma maior estabilidade do vínculo afetivo com
populações que vivem em situações de risco, como os familiares na vida das crianças e adolescentes,
em instituições, e melhorar, o mais rapidamente ainda que este vínculo tenha sido precário até en-
possível, o bem-estar psicológico do jovem em tão. Esse processo pode ser mais efetivo se acom-
questão. Autores como Kaplan, Sadock e Greeb panhado por trabalhadores de abrigo, bem como
(1997) destacam, por exemplo, que o tratamento outras pessoas e instituições da comunidade que
precoce de crianças com Transtorno Depressivo estimulem a qualidade da relação criança-familiar
Maior pode evitar o desenvolvimento posterior de (Maricondi, 2006).
Transtorno Bipolar ou Desafiador Opositivo, entre Sugere-se, ainda, quanto às relações do jovem
outros. Emslie et al. (2004) também apontam que estabelecidas no contexto escolar, que sejam in-
a detecção precoce e prevenção dos sintomas po- vestigadas em estudos futuros as variáveis que
dem evitar danos neuronais e psicossociais, além envolvem o fenômeno de bullying. O contexto
de patologias mais graves ao longo da vida. escolar pode ser outra possibilidade para desen-
Dessa forma, sugere-se que sejam criadas volver trabalhos de fortalecimento dos vínculos
ações interventivas junto à comunidade e às ins- da criança e do adolescente com familiares, com
tituições com base no modelo proposto a partir dos pares e assim ampliar a rede de apoio desse jovem.
resultados desse estudo. São necessárias inter- Além disso, novos estudos longitudinais com tem-
venções junto às famílias no sentido de prevenir po maior de acompanhamento e com amostras
situações estressoras ao longo do desenvolvimento, clínicas de crianças e adolescentes diagnosticados
que podem, inclusive, ser motivo de abrigamento com depressão também se fazem necessários. Isso
de crianças e adolescentes, assim como fortalecer poderá ajudar no mapeamento de outros fatores
o vínculo entre pais e filhos, de forma que estes preditores, diferenciando a gravidade dos qua-
possam cumprir o papel de proteção e cuidado. dros e a trajetória da manifestação de sintomas
Além disso, também é importante a constante de acordo com a história vivencial da criança e do
capacitação e atualização dos profissionais que adolescente.
atendem crianças e adolescentes em instituições
de abrigo. Assim, monitores, educadores e outros
funcionários também poderão oferecer a esses Referências
jovens um ambiente positivo para o desenvolvi-
mento, evitando conflitos entre pares, e evitando $EUDPVRQ/<6HOLJPDQ0(3 7HDVGDOH-'
o agravamento de manifestações depressivas. (1978). Learned helplessness in humans: Critique
Uma alternativa para promover os laços afeti- and reformulation. Journal of Abnormal Psychology,
vos entre as crianças e adolescentes e suas famílias 87, 49-74.
é estimular a visitação destas aos abrigos e vice- Almqvist, F., Kumpulainen, K., Ikaeheimo, K., Linna,
versa, procurando manter o contato familiar. No S-L., Henttonen, I. et al. (1999). Behavioural
presente estudo, ainda que 61,9% dos participantes DQGHPRWLRQDOV\PSWRPVLQ²\UROGFKLOGUHQ

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