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COLLECÇÃO
LEGISLAÇÃO PORTUGUEZA
DEs D E A ULTIMA co M PILAÇÃo D As
O RDENAÇOES,
R E D E G ID A

PELO D Es EM BAR G A D O R
ANTONIO DELGADO DA SILVA,
-

. . . LEGISLAÇÃo DE 1750 A 1762.

L I S B O A:
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NA TY PO GRAFIA MA IGR E N S E.

ANNO l 830.

Com licença da Meza do Desembargo do Paço.

Rua do Outeiro ao Loreto N.° 4. Primeiro andar.


- -"…".--- * *

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- ……… vs Is.
, \,

.:. . Leis .... depois da ultima Compilação das


Ordenações, se falta á observancia dellas, por
que, como andão Extravagantes, se ignorão . . . .
ficando por este modo frustrado aquelle bom fim,
para o qual pelos Principes forão ordenadas.
***
• •


Dec. dº 14 de Jul -
de 1679.
*7 *:
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*# «A
I N D I C E.

A N N O D E 175 0.

Janeiro 7 Al… augmentando os Ordenados dos Minis


tros, e obviando alguns abusos.............
9
Decreto creando mais dous Lugares de Desem
bargadores para a Casa da Supplicação.....
24 Assento declarando, que falecendo Desembarga
dor depois de tencionar, para receber os em
bargos deve conhecer do Feio o Ministro, que
º substituir ..............................
Fevereiro Decreto para se sentenciarem para a India réos
de certa qualidade............ • • • • • • • • • • • •

2l Alvará concedendo ao Correio Mór nomear Mei


rinho, e Escrivão para as suas diligencias,
tendo só recurso a El-Rei os que elle mandar
prender...... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

2l Decreto para se ultimar em tres mezes huma


Causa Civel, procedendo-se a sequestro em os
bens litigiosos, e a prizão do Executado, se
calumniosamente demorar a Execução....... |0
Abril 28 Assento sobre a nomeação dos Advogados para
Mordomos da Festa das Justiças............ ]0
Junho Assento declarando a quem com pita conhecer
das suspeições postas aos Ministros da Cidade
do Porto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1I
|2 Alvará concedendo aos Moradores do Algarve
isenção de Dizima de Centeio, e Sevada..... 12
Julho | 7 Decreto mandando sentenciar na Casa da Sup
plicação summarissimamente huma Devassa de
propinação de veneno..................... |3

Agosto Aviso para se tomar luto por dous annos pela


morte do Senhor Rei D. João V............. 13
Aviso ao Cardeal Patriarca para ordenar aos
Prelados das Religiões roguem a Deos o acer
to e justiça do Governo de Sua Magestade... l4
|8 Lei prohibindo appellar-se ou aggravar-se das In
formações extrajudiciaes............. . . . . . . . | 4
2l Assento sobre as propinas aos Desembargadores
do Porto por occasião do luto...............
Decreto declarando quem nomeie Serventua
• A
II I 750

rio ao Ouvidor impedido das Terras da Rai


nha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • I5
|
…º
Agosto 25 Regimento dos Salarios dos Oficiaes do Desem
bargo do Paço............ • • • • • • • • • • • • • • • • |6
Setembro 12 Alvará para que nas devassas geraes de Janeiro
se procure pelos Daninhos, e Formigueiros... 18
Outubro 6 Assento sobre as propinas dos Desembargadores
do Porto por occasião da Acclamação....... 19

Dezembro 2 Lei para que os Corregedores, e Ouvidores per


guntem nas devassas geraes pelo procedimen
to dos Juizes dos Orfãos, e seus Oficiaes.... 20

Lei dando nova forma á arrecadação dos Quin


tos. .. . . . . . . . . . . . . - - - - - - - - - - - - - - • • • • • • • • • • • 2l
] ] Decreto augmentando o Ordenado do Regedor
28
da Casa da Supplicação...........
A NNO DE 1 75 1.

Janeiro | | Decreto mandando por em Administração os ge


neros, que na Alfandega se despachão por
Estiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. . . .. . . .. . 29
16 Regimento dos direitos do Tabaco, e Assucar,
Carga, e descarga dos Navios do Brazil no
Reino ......... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 32
27
Decreto regulando a forma do despacho do As
sucar, e Tabaco......... • • • • • • • • • • • • • • • • • 33

Março 4 Regimento das Intendências, e Casas de Fundi


ção no Brazil......... • • • • 40

Lei fazendo caso de devassa o de pôr cornos ás


22
Decreto para se guardarem os privilegios dos Of
ficiaes, e Soldados, pagos, e Auxiliares.....
29 Alvará para que na Relação do Porto se não pas
se Carta de Seguro no crime de defloração... 53
Abril ] Regimento das Casas de Inspecção no Brazil... 54

Assento declarando não ser necessario o parecer


do Regedor para a condemnação dos Aimo
tacés. .......... • • •• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 59
Maio 21 Alvará declarando varios Capitulos da Pramatica
de 24 de Maio de 1749....................
2 ]
Alvará estabelecendo a nova Administração do
Deposito Publico........ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 62

Assento regulando a maneira de avocar autos de


outro Juízo...............................
• • • • • • • • • • • • • • 67
Portaria participando a Resolução, para não se
Tem sentenciados em visita, mas sim em Re
lação os Reos das terras do Estado e Casa da
Rainha ............ • • 68

Regimento dos Pinhaes,


de Leiria .......... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •* * * 68
Julho |3
Decreto declarando que hum Desembargador da
Supplicação era obrigado a cumprir huma Por
taria da Meza da Consciencia; e que o Pro
+
1751 III

curador dos Captivos não devia ser condem


pado em custas......... • • • • • • • • • • • • • • • • • • 90
Julho Alvará regulando os Ordenados, e Ordinarias
da Junta dos Tres Estados................. 9O
l4 Decreto favorecendo huma Fabrica de refinar
assucar . . . . . . . . . - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 95
|5 Decreto mandando sentenciar na Supplicação hu
ma Causa de alimentos dentro em dous mezes. 98
28 99
Alvará contra os que tirarem presos á Justiça...
3I Decreto declarando ter mandado julgar camara
riamente tres Reos de Resistencia á Justiça. |100
A gosto Decreto creando huma Commissão para julgar
em a Supplicação os Reos de roubos de estra
da, e outros insultos em a Provincia do Alem
|100
14

nal de alguns Ministros, e permittindo aos


particulares, prenderem os Salteadores, e pes
soas suspeitas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . | 0 |
Setembro 28
Assento ácerca da restituição de condemnações,
se acaso as sentenças se reformão....... ". . . . | 02
Outubro I3 Regimento da Relação do Rio de Janeiro...... | 02
}4 Alvará ácerca da exportação de Pretos para pai
Zes estrangeiros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2 l Alvará applicando as penas pecuniarias da Co
marca de Evora para a obra dos canos da agoa
da prata. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . | 20
30 Alvará para que vindo as partes com embargos
de ob, e sub-repção sejão remettidos aos Tri
bunaes, a que tocar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |2 |

A N NO D E I 7 5 2.

Fevereiro Alvará regulando as despezas para as Fortifica


ções das Praças.................... • • • • • • • ] 23

Resolução para que se não paguem Novos Di


reitos daquelles Oficios, de que Sua Mages
tade faz mercê como Governador e perpetuo
Administrador das Ordens Militares. = N. B
J'ai com a Portaria de 21.
20 . Lei concedendo privilegios pela plantação de
Amoreiras, e prohibindo a exportação da seda. 128
2] Portaria com a Resolução de 9 do corrente mez. ] 30
28 Decreto declarando que o Lugar de Procurador
da Fazenda do Ultramar pertence a hum De
sembargador Extravagante da Supplicação... ] 30
Abril I9 Decreto augmentando o numero dos Advogados
da Casa da Supplicação.............. • • • • • • • |3|

Alvará para que se não tome conhecimento de


suspeições postas a Ministros, que estejão ti
rando devassas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Maio 18 Assento sobre a formalidade do Acordão, quan
do as suspeições se excluem por nulidade....
IV 1752
…)
Junho 5 Alvará de Regimento da arrecadação das Sizas
com a relação dos Ordenados dos Recebedores. 133
| 0 Assento como seja requerida a commutação de
pena de degredo, e em que maneira tenha
lugar..... • • • • •• • • 137
Julho ] Alvará ácerca do pezo, e travessia dos pannos
de palha em Lisboa........ • • • • • • • • • • • • • • • 138
6 Decreto ácerca da decisão dos embargos dos con
demnados a pena ultima........ • • • • • • • • • • • |140

Agosto ] Alvará confirmando, e declarando a Doação do


hum por cento para a Obra Pia............. 14 |
Outubro 12 Decreto para que o azeite, que entrar pela foz
em Lisboa, pague Siza e Dizima na Alfandega. 144
13 Lei para que nenhum Conservador passe con
tramandados vagos, e geraes para embaraça
| 44
rem as diligencias da Justiça...............
I3 Alvará para que se não suspenda a execução das
sentenças com o pretexto de erros de custas.
23 Alvará ordenando, que os Ministros peção os au
tos por Cartas Avocatorias, ou Precatorias aos
outros Ministros, e os não mandem tirar por
mandado................... • • • • • • • • • • • • • • 146
Novembro 9 Alvará regulando a fórma dos pagamentos dos
Contratos Reaes de Minas................. | 47
Dezembro 7 Decreto augmentando o Ordenado do Chancel
ler Mór do Reino, e do da Casa da Suppli
cação. . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • | 48
2 | Alvará revogando o de 9 de Novembro deste
all I1O . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • | 48

Decreto declarando o Lugar de Chanceller da


Casa da Supplicação incompativel com o de
Procurador da Coroa...... • • • • • • • • • • • • • • • • | 49

ANNO DE 1 7 8 3.
Janeiro 8 Decreto declarando o Conselho da Fazenda Jui
zo privativo sobre Presas
Março 24 Assento para se continuar em os mesmos autos
a execução da sentença depois de liquidada...
30 Alvará para se pagar aos Correios hum por cen
to pelas remessas...... • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Abril 7 Decreto prohibindo aos Ouvidores do Crime da


Casa da Supplicação appellarem os Feitos não
appellados pelos Juizes inferiores............
7 Decreto declarando nullamente creado o Oficio #
de Rodeiro do Sal em Aldea-Galega, e ser a
creação de Oficios hum Direito Real.......
17 Provisão declarando, que pela Pragmatica não
são os Cortadores inhibidos de trazer espada.
Junho 22 Decreto exigindo nas Residencias dos Ministros
Certidão da Secretaria de Estado, de have
rem desempenhado as deligencias ácerca da
travessia de palhas, e cevadas de Riba Téio, | 55
1753
Junho 22 •

Resolução em Consulta da Junta dos Tres Es


tados declarando que aos Governadores das
Armas das Provincias he que pertence exa
minar, e approvar os mantimentos para a Tro
pa. = N. B. Vai na Portaria seguinte de 30
deste mez. * **

30 Portaria da Junta dos Tres Estados com a Re


solução de 22 do corrente mez........... • •

30 Decreto mandando fabricar polvora por conta


Julho , 5
gues de Lisboa o privilegio de Aposentadoria
passiva. . . . . . . . . . . . . ::: :: :: :: : :: • • • • • • • • •

Agosto 3- Decreto para se reputarem vagos os Oficios pa


ra que se requer industria pessoal pela morte
dos Proprietarios.............. • • • • • • • • • • • |-

Alvará ordenando que os Proprietarios sirvão


por si seus Oficios............. - - - - - - - - - - - l 59
11 Alvará fixando o com mercio exclusivo dos Dia
mantes do Brazil, que fica debaixo da Pro
tecção Real... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..... |6 |
23 Alvará extinguindo o Lugar de Juiz dos Contos,
e os dous Oficios de Executores, creando
164
25

Crime. . . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • } 66
Setembro - 4 Decreto para o Procurador da Fazenda ser ou
vido nas Causas da Patriarcal, que se trata
rem na Casa da Supplicação............... 167
6 Alvará de confirmação dos Privilegios dos Cor
tadores, e Esfoladores..................... •

167
Outubro 2 Alvará fazendo caso de devassa a publicação de
Satyras, e Libellos famosos........ I 68
Novembro 5 Decreto para se sentenciar dentro de hum mez,
em o Juizo da Coroa, huma Causa de reivin
dicação..... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • } 69
12 Alvará approvando,
rendimento da pesca das Baleas............. l 69
28 Decreto regulando as épocas das sahidas das
Frotas do Brazil. -. . . . . . . . . . . . . ........... • I 73
29 Alvará declarando o Regimento da Alfandega
do Tabaco de 16 de Janeiro de 1751......... |172
Dezembro 10 Portaria da Junta dos Tres Estados com a Re
solução de 17 de Novembro deste anno ácer
ca do cabimento das Tenças............... I 76
29 Alvará de Regulamento dos Ordenados dos Ve
dores, Conselheiros, e Oficiaes da Fazenda. " 176
VI 1754

A NNO DE 1 754.

Janeiro 4 Alvará de Regimento dos Ordenados dos Secre


tarios de Estado, e seus Officiaes........... 237
16 Decreto para que os Ministros de Capa, e Es
- pada da Junta do Tabaco gozem dos privile
gios de Desembargador......; .... • • • • • • • • • • 240

3o Alvará declarando as diligencias, que podem


fazer os Alcaides, e Escrivães dos Bairros... 240
Fevereiro 3 Decreto prohibindo tomar-se conhecimento no
Juizo da Coroa de hum recurso interposto do
Conselho Geral do Santo Oficio...... • • • • • • • 24 1
15 Decreto declarando a quem se remettão as De
vassas de morte tiradas em Terras da Rainha. 242
Março 23 Alvará de Regimento dos Ordenados do Senado
da Camara de Lisboa..................... 242
23 Alvará de Regimento dos Ordenados da Meza
da Consciencia, e Ordens.................. 256
23 Alvará de Regimento dos Ordenados da Junta
} da Bulla da Cruzada........... • • • • • • • • • • • 271
23 Alvará de Regimento dos Ordenados do Conse
lho Ultramarino.......................... 275
Abril 20 Decreto prohibindo todas as renuncias de Ofi
• cios. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280
22 Alvará de Regimento dos Ordenados da Junta
do Tabaco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 l
22 Alvará de Regimento dos Ordenados da Junta
da Casa de Bragança..................... 289
Maio 14 Assento declarando o Capitulo XVIII, da Prag
matica de 24 de Maio de 1749........ - - - - - 298
Julho•
6 Alvará
rar o declarando
dinheiro do aDeposito
maneira Pnblico..........
como se ha de ti 299

9 Alvará prohibindo a venda de polvora em casas


particulares. . . . . . . . . . . ................... 300
25 Decreto para se sentenciarem para Angola os
Reos presos Pedreiros, ou Carpinteiros que
- estejão nessas circunstancias............... 303
Agosto
|- •
8 Alvará
dor, de Regimento
e Oficiaes dasdos ObrasOrdenados do Prove
dos Paços Reaes. 303
30 Decreto declarando a maneira como se ha de
arrematar os Assentos e provimento dos ar
II137CIlS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 || ||
30 Decreto extinguindo os tres Oficios de Almo
xarifes, dos Materiaes, Mantimentos, e Ri
beira, dos Armazens de Guiné, e India..... 3 14
Outubro 10 Alvará de Regimento dos Salarios dos Ministros,
e Officiaes de Justiça da America, na Beira
mar, e Sertão, excepto Minas............. 3 || 5
10 Alvará de Regimento dos Salarios, e emolu
mentos dos Ministros, e Oficiaes de Justiça
de Minas, no Brasil....... . . .. . • • • • • • • • • • 327
1754 VII

Outubro Decreto mandando pôr silencio em huma Causa


de força intentada contra o Senado......... 340
19 Lei mandando observar o § 14 da Reformação
da Justiça sobre as prisões antes de culpa for
mada............... • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • 340
29 Lei para que se não tomem dividas, para se
cobrarem como Fazenda Real.............. 34 1
Novembro Alvará determinando, que por morte do faleci
do a posse de seus bens passe logo, a quem
pertencer................. • • • • • • • • • • • • • • • 342
20 Alvará declarando o Regimento de 29 de De
zembro de 1753 ácerca do premio aos Execu
tores das dividas Reaes........ • • • • • • • • • • • • 343
22 Alvará igualando as Assignaturas dos Ministros
das Relações do Ultramar ás dos da Casa da
Supplicação. ............................. 344
Dezembro 16 Resolução declarando, que as Igrejas das Pra
ças se reputão pertencerem ás Fortificações
para os seus reparos. N. B. Vai na Portaria
de 8 de Janeiro de 1755.
16 Decreto para a prompta execução dos Devedo
res das Agoas-Livres................. • • • • • 344

A N N o D E 17:5.
Janeiro Portaria da Junta dos Tres Estados com a Re
solução de 16 de Dezembro de 1754......... 346
25
Alvará declarando o Capitulo VI., e X, da Lei
de 3 de Dezembro de 1750 ácerca da cobran
ça dos Quintos........................... 346
25 Alvará sobre a partida, e tornaviagem das Fro
tas do Brasil............................. 347
Fevereiro Decreto para que na Meza dos Aggravos da Ca
sa da Supplicação se decidão as questões ácer
ca da antiguidade dos Ministros............ 349

Alvará de Regimento dos Ordenados dos Mi


nistros, e Oficiaes do Dezembargo do Paço. 350
Alvará de Regimento dos Ordenados, Propinas,
e Ajudas de custo da Casa da Supplicação... 357
13 Assento declarando que ao Corregedor do Civel
da Cidade mais antigo pertence a Conserva
363

Março Aviso declarando a maneira como se hão de fa


zer as descargas de fato e encommendas que
\
vierem em Náos de guerra, e Comboios dos
Brazis, India, Mina, e Guiné............. 364
10 Aviso sobre a descarga do dinheiro que vinha
em huma Náo de guerra chegada do Rio de
Janeiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364
10 Decreto obviando á introducção dos generos pro
hibidos, e ao extravio do Ouro, e pedras pre
ciosas, vindas do Brasil, e Conquistas...... 365
%.

VIII 1755

I8 Decreto, para se pagar sómente quatro e meio


Março
por cento das terças partes dos Ordenados
estabelecidos nos Alvarás de 4 de Fevereiro
deste anno pelos actuaes Proprietarios....... 366
Abril Decreto prohibindo conhecer-se no Juizo da Co
roa de Recursos sobre Dizimos, que pagão as
Ordens Religiosas das Conquistas........... 367

Alvará concedendo privilegios aos que na Ame


rica casarem com Indias naturaes do Paiz... 367
18 Decreto prohibindo aos Oficiaes dos Tribunaes
o exercicio dos seus Empregos, antes de ti
rarem Carta, e pagarem os Novos Direitos... 368
Junho Lei para se restituir aos Indios do Pará, e Ma
ranhão a liberdade de suas pessoas, e bens.. 369

Instituição da Companhia do Grão-Pará e Ma


ranhão....... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 376

Alvará confirmando e approvando a Instituição


da Companhia do Grão-Pará e Maranhão.... 39 |
Alvará ácerca do Governo, e Administração das
Indias........ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 392
|0 Alvará franqueando o Commercio para Moçam
bique. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 394
Julho |5 Alvará regulando o Ordenado dos Provedores }
das Capellas, e declarando a Lei de 10 de
Janeiro de 1750................. • • • • • • • • • 395
Agosto Decreto declarando que os Réos presos embar
gão as sentenças sem deposito.............. 396

Decreto extinguindo a Meza do Bem Commum, "…

e creando a Junta do Commercio........... 396


Setembro Decreto degradando para dentro, e fóra do Reino
varios Réos presos á ordem de Sua Magestade. 398 ·
Outubro Decreto declarando que a occupação de Guar
da das Cadêas he mera serventia, que não
exige provimento, nem pagamento de Novos
Direitos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398
Novembro Decreto estabelecendo a forma de processar os
crimes de furto........................... 399 *

">
400
Alvará isentando de direitos as madeiras vindas
do Brasil em embarcações Portuguezas...... 401
Decreto regulando o Plano das Praças e Casas
de Lisboa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 |
Dezembro Decreto prohibindo o alterar o preço do aluguer
das Casas em Lisboa................. • • • • • 402
Alvará prohibindo o irem Commissarios volantes
ao Brasil................ • • • • • • • • • • • • • • • • • 404
|0 Edital para que as peças que se encontrarem
no incendio do Terremoto irem para o Depo
sito Geral. . . . . . . . . . . ..................... 406
30 Edital prohibindo levantarem-se casas em Lis
boa sem finalizar o Tombo, e medição das
incendiadas..................... • • • • • • 406
1756 IX

A NNO DE 1 75 6.

Janeiro 2 Decreto aceitando a oferta dos Negociantes de


quatro por cento para a reedificação da Al
fandega de Lisboa........................ 407
|9 Lei sobre as audiencias das Chancellarias nas
Comarcas........ * • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 409
20 Decreto com a fórma da arrecadação do Dona
tivo dos quatro por cento............... • • 41 |
24 Lei impondo novas penas aos Escravos, que no
Brasil forem achados com faca......... • • • • • 4 l I.
Fevereiro Edital ácerca da reedificação de Lisboa....... 4|2
Março Decreto ácerca do Donativo dos quatro por
cento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4|2
20 Alvará creando o Lugar de Juiz Executor das
dividas das Alfandegas, e Junta do Tabaco
com predicamento de Primeiro Banco....... 4 || 3
22 Decreto para que o Conselho da Fazenda man
de examinar os Cofres da sua Repartição.... 4l6
Abril 14 Decreto confirmando as Instrucções sobre a co
brança do Donativo dos quatro por cento.... 4 |7
Maio 20 Instrucções para os Recebedores dos quatro por
cento nas Alfandegas do Reino. N. B. Vão
com o Decreto de 2 de Junho.
22 Alvará isentando de direitos as madeiras crea
das no Reino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 420
Junho Decreto confirmando as Instrucções para a arre
cadação do Donativo dos quatro por cento
nas Alfandegas do Reino................... 42 |

Alvará declarando o de 20 de Março deste an


422
|3 Decreto declarando o de 22 de Março deste
a II DO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . - - - - - - - - - - - - 423
|3 Decreto ácerca do salario dos Ceifeiros do Alem
téjº. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424

Agosto Decreto nomeando huma Commissão para de


vassar contra os que proferirão, que poderia
haver quem attentasse contra a vida de al
guns Ministros, que despachavão com Sua
" Magestade ................. • • • • • • • • • • • • - 425
31 Instituição da Companhia Geral da Agricultura
das Vinhas do Alto Douro. N. B. Vai com o
Alvará de 10 de Setembro.................. 426
Setembro Alvará confirmando a Instituição da Companhia
Geral das Vinhas do Alto Douro........... 441
|0 Alvará isentando de Direitos as madeiras que
qualquer mandar vir por sua conta para as
suas obras.......................... • • • • • 443
27 Alvará prohibindo aos homens do mar. assolda
darem-se sem licença com Nação estrangeira. 443
30 Carta Regia ácerca da navegação do porto de
Viana para o Brasil.…...................... 445
C
X 1756
Outubro Alvará providenciando ao estabelecimento da
Companhia do Grão-Pará e Maranhão....... 446
Novembro Alvará ácerca dos Negociantes falidos; e crean
do hum Conservador Geral da Junta do Com
mercio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 447
20 Alvará ácerca da avolumação dos fardos, e va
silhas que se carregão para a America, e seus
fretes......... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 455
Dezembro Alvará declarando os generos, que poderão le
var e trazer por sua conta os Marinheiros e
mais pessoas, que embarcão para o Brasil... 456
12 Estatutos da Junta do Commercio............ 458
|6 Alvará approvando os Estatutos da Junta do
Commercio.................... . . . . . . . . . . . .479

A N N O D E 1757.

Janeiro Alvará concedendo faculdade a toda a Nobreza,


e Empregados Publicos para poderem nego
ciar por meio da Companhia do Maranhão... 481
10 Alvará abolindo o Contrato do Tabaco no Rio
de Janeiro........ : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 482
I I
Decreto estabelecendo a fórma da cobrança dos
direitos da madeira do Oficio de Tanoeiro... 483
|3 Alvará extinguindo as diversas Thesourarias em
Lisboa, e mandando que as suas importan
cias entrem no Deposito Publico........... 484
l5
Alvará determinando a quantia de ouro que se
deve conservar nos Registos de Entrada para
Minas................ • • • • • • • • • • • • • • . .... 485
17
Alvará prohibindo dar-se dinheiro a juro senão
a cinco por cento....... • • • • • • • • • • • • • • • • • • 486
27
Aviso ácerca do processo dos roubos, e homici
dios praticados na Cidade e seus arrabaldes. 488
27 Aviso ao General das Armas da Corte sobre o
mesmo objecto ................ • • • • • • • • • • , 489
Fevereiro Alvará estabelecendo nas Alfandegas huma Con
tribuição para a Junta do Commercio....... 489
|0
Alvará ampliando os privilegios da Companhia
do Grão-Pará, e Maranhão................. 49 0
28
Carta Regia creando huma Commissão para co
nhecer do Motim, e tumultos na Cidade do
Porto................. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 492
28
Carta Regia ao Governador das Justiças do Por
to sobre o mesmo objecto................. < 494
28 Carta Regia ao Juiz da Alçada sobre o mesmo
ºbjecto. . . . . . . . . . . . . ..................... 49 4
Março 2
Aviso para se guardarem os privilegios do Mon
teiro Mór, e Monteiros pequenos ácerca de
Jugadas, e Oitavos....................... 495
Carta Regia á Camara da Cidade do Porto, pa
ra aquartelar a Tropa que for convocada em
1757 XI

auxilio do Juiz da Alçada alli mandada por


occasião do Motim daquella Cidade......... 495
Março 16 Alvará creando Cadetes em os Regimentos..... 496
24 Decreto sobre os Directores da Tropa...... • 4 • 498
Abril Alvará isentando de direitos os legumes do Rei
no importados em Lisboa....... • • • • • • • • • • • 499
Decreto para se sellarem as peças de seda na
Alfandega, e se darem livres de direitos..... 499
10 Carta Regia á Camara da Cidade do Porto ácer
ca do Aquartelamento da Tropa alli estacio
nada por occasião da Alçada para castigar o
Motim, e tumulto sedicioso daquella Cidade. 500
14 Alvará estabelecendo o preço dos fretes dos cou
ros vindos do Brasil....................... 50 I
14 Decreto declarando o Direito Real de fundar

502
14 Decreto declarando que á Junta do Commercio
pertence decidir, se as fazendas são, ou não
prohibidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502
15 Alvará prohibindo suspender-se a viagem de Na
vios principiados a carregar, por embargos,
ou pinhoras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 503
|6 Carta Regia isentando de direitos o pão que en
tra de Castella........................... 504
19 Decreto regulando a fórma da arrecadação dos
direitos do Carvão, e Lenha............... 505
20 Edital prohibindo a exportação de Courama
verde......... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 506
22 Decreto estabelecendo ao Juiz da Balança da Al
fandega de Lisboa novo Ordenado alem do
que leva pelo Alvará de 29 de Dezembro de
1753. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 506
25
propriedades para as Obras de Agoas-Livres. $07
Maio Directorio para as Povoações dos Indios do Pa
rá, e Maranhão.......................... 507
Resolução prohibindo varios generos estrangei
ros: N. B. Vai no Edital de 24 do corrente.
Alvará ampliando a Lei dos Depositos; e para
os não haver na mão dos particulares........ 530
12 Alvará prohibindo o apenarem-se, ou embarga
rem-se os materiaes necessarios para obras... 53I
|6 Alvará permittindo entrar com fundos vincula
dos nas Companhias de Commercio......... 533
24 Edital com Resolução de 3 do corrente mez... 533
Junho lO Alvará declarando a preferencia das soldadas
dos Marinheiros entre os mais credores dos
534
10 Alvará facultando á Junta do Commercio a no
meação de Meirinho, e Escrivão da sua
Vará. . . . , • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
XII 1757

Junho |0 Alvará prohibindo aos Juizes das Alfandegas, o {iº


intrometterem-se na cobrança dos quatro por
cento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 536

Decreto para que a venda de bens para paga


mento de credores feita em acto de Partilhas se
ja feita pelo Juiz do Inventario, e na casa
em que os mesmos bens se acharem pro indi 537
15 Witt
do seu despacho............... • • • • • • • • • • • 537
Julho 23 Decreto distinguindo as Jurisdicções, Militar,
e Politica, para evitar as controversias no
. Serviço da Marinha............ • • • • • • • • • • • 538
24 Decreto declarando os de 4 de Novembro de
1775 ácerca dos delictos commettidos nas ve
sinhanças de Lisboa....................... 533
Agosto Alvará declarando o de 30 de Outubro de 1756
540
sobre dinheiros a juro.....................
6 Estatutos da Real Fabrica das Sedas......... 540

Alvará approvando os Estatutos da Real Fabri


ca das Sedas............................. 545
Decreto nomeando Directores para a Real Fa *
brica das Sedas........................... 546 #
Alvará mandando fé aos Livros da Fabrica das
Sedas sobre as obrigações feitas á mesma Fa
brica pelos seus Devedores.......... • • • • • • • 546
27 Decreto para a Junta do Commercio nomear as
Capatazias, que não forão especificadas nos
Capitulos XIV., e XV. dos seus Estatutos. 547
, 30 Alvará providenciando á fidelidade dos Condu
ctores do Vinho do Douro................. 547
Setembro 1 Alvará ácerca dos falidos, declarando o Alvará
de 13 de Novembro de 1756.............. •

Outubro 3 Alvará declarando quem nomeie os Guardas pa


ra os Navios............................. 55 1
Decreto ácerca da administração do rendimen
to e contribuição para obras............... 553
2 l Carta Regia modificando a sentença de condem
nação a alguns Réos do Motim sedecioso da
Cidade do Porto....... • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

21 Carta Regia favorecendo os filhos innocentes


dos Réos do Motim do Porto............... 554
2l Carta Regia como a despeza da Tropa da Guar
nição do Porto se faça por conta da Cidade
em castigo do Motim que na mesma teve
lugar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 555
2l Carta Regia estranhando os Ministros que se
attreverão a proferir não ser o Motim do Por
to Crime de Lesa Magestade da primeira ca
beça… . . . . . . . . . . . . . . .....................
24 Alvará sobre os homens do trabalho da Alfan
dega serem sujeitos á Junta do Commercio.
1757 * XIII

Outubro 24
Decreto para as peças de seda fabricadas no
Reino serem selladas na Alfandega, e livres
de direitos...................... • • • • • • • • • 557 |
26 Alvará ácerca da terça dos Denunciantes de fa
zendas de contrabando.................... 558
29 Decreto para se levantarem no Algarve cinco
Companhias de Dragões............ • • • • • • • 559
Novembro Alvará ácerca dos arrendamentos por dez, e fº
II) alS BI)I1OS. . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • 560
12 Alvará mandando preferir na carregação das fro
tas os navios fabricados no Brasil........... 561
|4 Alvará ampliando os §§. 5. 6. e 7. do Cap. XVII.
uos Estatutos da Junta do Commercio sobre
os Contrabandistas...................... • 562
|3 Decreto ácerca da medição do Sal, que se car
rega para o Brasil........ • • • • • • • • • • • • • • • • • 566
19 Decreto para que aos Estrangeiros vagabundos,
e desconhecidos se não dê licença, para ven
derem pelas ruas......................... $ 67
2l Decreto para que o dinheiro que vem do Brasil
nas Frotas ir em Cofres á Casa da Moeda... 569
Dezembro 13 Estatutos dos Mercadores de Retalho......... 570
}6 Alvará approvando os Estatutos dos Mercadores
de Retalho........................ . . . . . . . 580
16 Decreto nomeando Intendente, Deputados, Pro
curadores, e Escrivão para a Meza do Bem
Commum..................... • • • • • • • • • • •

20 Assento declarando, que os aggravos, e appel


lações sobre direitos reservados por sentença
da Relação, distribuem-se de novo......... 582

A NNO DE 1 7 5 8.

Janeiro Alvará para que o Administrador d'Alfandega pos


sa dar licença para ir abordo de certos navios.
11 Alvará para ser livre o commercio de Angola,
e dando certas providencias ao mesmo res
peito......... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

25 Alvará regulando os direitos dos Escravos, e do


Marfim que vem de Angola... ............ •

28 Decreto declarando isentas de direitos as ma


deiras importadas para as Obras Reaes ... ;. 588
28 Decreto declarando o Alvará de 1 de Abril de
1757 ácerca da isenção dos direitos dos le
589
30 Añº prohibindo aos Oficiaes da Fundição de
Minas sugerirem ás Partes a fazerem os ma
nifestos em diversos nomes................. 589
Fevereiro 1 Alvará mandando erigir seis Faróes nas Barras,
e Costas do Reino....... • • • • • • • • • • • • • • • • • 590

Fórma do Despacho dos Navios das Carreiras


da Africa, da America, e da Asia.......... 593 |
D
:XIV 1758
Fevereiro 3 Decreto providenciando á exportação das fazem
das novamente prohibidas, que se achavão
no Reino..... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 595
Decreto obviando ás extorsões que a titulo de
emolumentos fazião os Oficiaes da Alfandega
do Rio de Janeiro aos Capitães de Navios... 596
Decreto providenciando á prisão dos réos de
homicidios, e roubos, fugidos do Limoeiro... 596
2l Aviso providenciando ás doenças dos presos do
Limoeiro.................. • • • • • • • • • • • • • • 597
2 l Aviso para a segurança dos presos doentes..... 598
27 Edital de promessa aos Oficiaes, e Soldados,
que voluntariamente forem servir á India.... 598
Março ] Decreto declarando o como se prova o Lugar
de Chanceller da Supplicação, e de Procura
dores Regios, e do Ultramar; e do como es
tes deixem os seus Lugares, sendo despacha
dos para Tribunaes..... ................. 599

Decreto declarando isento do hum por cento o


ouro, e dinheiro da Companhia do Pará e Ma
ranhão, que dalli vier..................... 599
Assento declarando, que da sustentação das
pronuncias ainda feita por Acordão, se pode
agºra Var. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 600

Instrucções para os Oficiaes da arrecadação das


contribuições para os Faróes. N. B. Vai de
pois do Decreto de 24 de Abril.
Abril 8 Decreto prohibindo a Sóla, e Atanados fabrica
dos fóra do Reino......................... 60 |

Decreto approvando as Instrucções de 29 de


Março deste anno......................... 60 |
Maio 8 Alvará declarando livres os Indios do Brasil... 604

Alvará regulando a reedificação da Cidade de


Lisboa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Decreto estabelecendo novos Ordenados aos Mi
nistros, e Oficiaes da Casa do Infantado... 608

Assento declarando que recurso compete em re


forma de autos........................... 6|2
Junho 7 Decreto para os Ministros Inspectores dos Bair
ros de Lisboa sentenciarem em Relação os
Réos, que mandarem prender, na forma da
sua commissão...... • • • • • • • • • • •• • • • • • • • • • • 6 13
|0 Decreto regulando os Ordenados e propinas da
Meza Prioral do Grão Priorado do Crato..... 614
12 Plano para a reedificação da Cidade de Lis
boa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6|7
12 Decreto authorisando o Duque Regedor com
jurisdicção para a reedificação de Lisboa.... 624
16 Aviso ao Duque Regedor remettendo-lhe o De
creto de 12 deste mez..................... 625
21 Alvará regulando o Ordenado dos Ouvidores das
Capellas................ . . . . . . . . . . . . . . . . .
1758 XV

Julho 4 Alvará prohibindo aos Moradores das Ilhas o sa


hirem dalli sem Passaporte........…......... 626
lI Alvará declarando o armazem em que devem
ser recolhidas as fazendas que forem appre
hendidas pelos Oficiaes da Junta do Com
mercio... . . . . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • 628
14 Decreto declarando certos Empregos do Real
Arquivo de natureza amovivel...... - - - - - - - - 629
|5 Regulamento da Casa dos Seguros de Lisboa:
N. B. Vai com o Alvará de 11 de Agosto de
| 79 ] .
18 Decreto impondo pena ordinaria aos presos das
= Galés que se amotinarem.................. 629
20 Alvará permittindo, que das Ilhas se possão só
mente expedir annualmente tres, ou quatro
navios para o Brasil......... • • • • • • • • • • • • • • 630
29 Alvará prohibindo, que os Empregados, e As
salariados da Companhia do Grão-Pará possão
negociar. . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 631
Agosto } Alvará declarando a jurisdicção dos Governado
res Militares e Ministros do Maranhão ácer
ea dos Marinheiros, e Militares, que alli fo
rem embarcados.......................... 632
Assento declarando a Ord. do liv. 5, tit. 115.
§ 25, ácerca dos que fazem carneiradas..... 633

Alvará approvando o Directorio dos Indios do


Pará e Maranhão de 3 de Maio de 1757..... 634
Setembro 14 Decreto prohibindo a exportação de assucar pa
ra fóra do Reino......... • • • • • • • • • • • • • • • • • 635
Outubro 3 Alvará ácerca do direito dos Quintos......... 636

Alvará para se arbitrar o sustento dos Escra


VOS DrºSO8. . . . - - - - - - - - - . . . . . . . . . . . . . . . . . . 637

Decreto mandando pagar no Paço da Madeira


os direitos da aduella...................... 638
Dezembro 9 Decreto promettendo premios aos denunciantes
dos Réos do sacrilego insulto de 3 de Setem
bro contra a Pessoa d'El-Rei............... 639
11 Decreto concedendo mais tres dias para embar
gos a sete Réos condemnados á morte, e tre
ze a outras penas.......... • • • • • • • • • • • • • • • 64 |
22 Assento providenciando ao descobrimento dos
Réos do sacrilego insulto contra a Pessoa de
El-Rei................... • • • • • • • • • • • • • • • • 642

A N N O D E 1759.

Janeiro 15 Alvará declarando, e ampliando a Lei dos Tra


tamentos. . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 644
16 Alvará revogando hum Assento da Supplicação,
e declarando, que a causa da liberdade ad
mitte avaliação, para se receber, ou não, a
643
appellação.............. . . . . . . . . . . . . . . . . .
XVI 1759

Janeiro Alvará confirmando a sentença proferida contra


os Réos do sacrilego insulto contra a Pessoa ||
de El-Rei........... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 646
|8 Decreto encarregando ao Juiz da Inconfideneia
a arrecadação, e administração dos bens con
fiscados aos Réos do insulto contra a Pessoa
de El-Rei......... . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • 647
Fevereiro Decreto encarregando ao Chanceller servindo {
de Regedor a inspecção das obras da reedifi
cação de Lisboa........................ • • 648
1 ••

}
Março Decreto derogando o de 14 de Setembro do an
no antecedente, para se poderem exportar
até setecentas caixas de assucar............ 648
12 Decreto ácerca das Capatazias, e homens do
trabalho da Alfandega do Tabaco, e do As
14 Decreto mandando edificar casas para teares de
seda no sitio das Agoas-Livres.............
28 Alvará declarando o de 14 de Abril de 1757
ácerca dos preços dos fretes dos couros vin
dos do Brasil...................... . . . . . . .
Abril Decreto isentando do direito do hum por cento
os cabedaes da Thesouraria Geral da Cruza
da remettidos do Ultramar................. 6 62
ll Alvará creando a Cidade de Aveiro: N. B. Vai
incluido na Lei de 25 de Julho deste anno.
19 Estatutos da Aula do Commercio confirmados
pelo Alvará de 19 de Maio deste anno: N. B.
Fão juntos ao Alvará.
20 Edital ácerca da reedificação da Cidade de
Lisboa........ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Maio Alvará declarando, que os juros estipulados das


dividas dos Mercadores falidos se não possão
contar mais do que até ao dia da sua apre
sentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 654
19 Alvará confirmando os Estatutos da Aula do
Commercio.............................. 655
20 Decreto mandando computar o direito domini
cal de hum Prazo pelo valor do foro, e dous
Laudemios............................... 660
30 Alvará para se devassar dos Falidos que se apre
sentarem na Junta do Commercio........... 66 |
Junho Edital sobre a adjudicação dos Terrenos para
a reedificação da Cidade de Lisboa......... 662

Alvará declarando o de 12 de Maio de 1758


ácerca da reedificação da Cidade de Lisboa. 663
19 Aviso, e Instrucções para a reedificação da
Praça do Rocio, e adjudicações de Terre
DOS - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - . . . . . . . . . . . . . . . . 665
2l
669
23
1759 XVII

soureiros da Junta dos Tres Estados, suppos


ta a falta de papeis por occasião do Terremoto. 672
Junho 28 Alvará de Regulamento dos Estudos Menores. 673
28 Decreto regulando a formalidade da arrecada
ção, e entrega do Ouro, vindo nas Frotas... 679
30 Decreto dando destino aos embrulhos de dinhei
ros vindos nas Frotas, a que se não acharem
donos. . . . . . . . . . . . ....................... 679
30 Aviso ácerca da adjudicação dos terrenos incen
diados pelo Terremoto............ • • • • • • • •-• 680
Julho Decreto demarcando o Terreno de hum novo
Palacio; e mandando delinear as ruas confi
68 |
Decreto declarando nulla huma sentença da Sup
plicação, por ser dada contra hum interessa
do na Companhia do Grão-Pará, que tem pri
vilegio de Foro.................. • • • • • • • • • 682
14 Decreto dando a forma para se tomarem as con
tas aos Almoxarifes, e Thesoureiros, emba
raçadas por causa do Terremoto............ 683
25 Carta de Lei da creação da Cidade de Aveiro. 687
30 Instituição da Companhia de Pernambuco, e Pa
raiba: N. B. Vai junta ao Alvará de 13 de
695
Agosto deste anno, que a confirma...........
Lei fazendo caso de devassa o crime de tirar
Agosto 689
presos á Justiça..........................
Alvará extinguindo as duas Thesourarias dos
Defuntos do Ultramar, e India Oriental; e
regulando a fórma das habilitações dos her
deiros dos mesmos bens................... 689
ll Alvará creando o Lugar de Conservador das
Fabricas da Covilhã, e favorecendo os Fabri
cantes, que fornecem pannos para o farda
692
mento das Tropas... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
13 Alvará confirmando o estabelecimento da Com
7 12
panhia de Pernambuco, e Paraiba. . . . . . . . . .
Setembro Lei exterminando os Jesuitas, e prohibindo a
com municação com os mesmos. . . . . . . . . . . . . 7 13

Alvará mandando guardar a Collecção dos Bre


ves Pontificios, e Leis Reis ácerca da expul
são dos Jesuitas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 16
25 Decreto comprehendendo o de 31 de Outubro
de 1718, por se ter incendiado no Terremoto
o Original do mesmo... .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 721

Outubro Decreto isentando por dez annos de direitos os


frutos de Castello-Branco, e Guarda, embar
cados para Lisboa em Villa-Velha........, - •
722

23 Decreto regulando a fórma das Consultas para


os Lugares de Letras. . . . . . . . … :: : : : : : : : : : 722

25 Decreto para o Regedor nomear Ministros Ser


ventuarios para o Deposito Publico no impe
dimento dos Proprietarios. . . . . . . . . . . . . . . . . .
XVIII 1760

ANNO DE 1760. #

Jsneiro Alvará declarando o de 7 de Julho de 1759


ácerca do Director Geral dos Estudos, e Ex
H II) º S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • 724

Março Alvará ácerca dos Commissarios Volantes aos


portos do Brasil......... • • • • • • • • • • • • • • • • • 726 lat
12 Alvará declarando o de 13 de Novembro de 1756
ácerca dos Falidos de boa fé........ • • • • • • • 727
Abril Alvará favorecendo os Fabricantes de Seda, pa
ra pagarem nas Alfandegas tamsómente a im
728
posição do sello...........................
Junho 14 Aviso ao Nuncio para sahir immediatamente de
Lisboa, e em quatro dias do Reino......... 729
25 Alvará da Creação da Intendencia Geral da Po
licia, e seu Regulamento.................. 73 ]
25 Alvará regulando os emolumentos dos Ministros,
e Oficiaes nos processos da Policia......... 737 #10
28 Assento ácerca das propinas da Relação do Por
to por occasião do Casamento da Princeza... 739
Julho Aviso para se registar o Alvará da Creação da
Policia em as Camaras, e recommendando o #
seu exacto cumprimento................... 740

Alvará prohibindo o corte das arvores Mangues


em algumas Capitanias do Brasil........... 741
14 Carta Regia concedendo á Intendencia da Ba
hia dous por cento da cobrança das dividas
antigas dos Fallidos................ • • • • • • • 742 u.
#",
+
Agosto Tres Decretos ácerca da Ruptura com a Corte
dº Roma. . . . . . . . . . . . . . . . . ............... 743
I3 747
Alvará regulando a expedição dos Passaportes.
19
Decreto determinando que Juizes, julguem sum
mariamente os crimes, que antes da Lei de
25 de Junho erão ordinarios; e com que as
signaturas ............................... 749
Setembro Alvará providenciando á regulação de vida e em
pregos dos Ciganos do Brasil............... 5749
Outubro Decreto mandando demolir as Barracas de Ma
deira em Lisboa..........................
15 Alvará declarando os §§. 6. e 7. dos Estatutos
da Junta do Commercio ácerca dos Cantra
bandos, e Descaminhos no Ultramar........
I8
Alvará taxando os emolumentos dos Juizes, e }
Oficiaes nas Execuções da Real Fazenda.... #
28
Edital ácerca da adjudicação de terrenos aos in
teressados para a reedificação de Lisboa.....
Novembro Assento sobre o vencimento das braçagens pe
los Desembargadores Extravagantes da Sup
plicação, que estiverem ausentes........... 7 56

Decreto, e Plano para a reedificação de Lisboa. 75 7


Alvará declarando os Estatutos dos Mercadores
das cinco Classes.........................
176O XIX

Novembro 16 Alvará prohibindo o exercício da arte da Musi


ca em Lisboa aos que não forem da Irman
dade de Santa Cezilia..................... 760
20
Assento da Relação do Porto ácerca do Salario
do Medico, e Cirurgião do Partido da Rela
ção nos exames a que se mandar proceder... 76 I
Dezembro 16 Alvará facultando á Companhia dos Vinhos do
Douro estabelecer fabricas de Agoas-ardentes. 762
19 Edital sobre a reedificação de algumas ruas de
Lisboa......... "* * • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 765
30 Alvará para que o Conservador da Companhia
dos Vinhos tire Devassa annualmente dos
Transgressores da Instituição e mais leis da
mesma Companhia........................ 766

A N N O D E 176 1.

Janeiro 5 Decreto para se entregarem na Casa da India


ao Fiel das Tomadias da Junta do Commer
cio aquellas, que forem julgadas por boas por
sentença do respectivo Conservador......... 768
Fevereiro 9 Decreto ácerca dos Artifices Nacionaes, e Es
trangeiros de obras de Latão, e Estanho.... 768
14 Decreto ácerca da Administração da Casa de
Trimoul.............. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 769
25 Alvará determinando a applicação e destino dos
bens dos Jesuitas, ........................ 770
Março 3 Alvará concedendo Aposentadoria passiva aos
Fabricantes de seda, que tiverem pelo me
nos dous teares.......... • • • • • • • • • • • • • • • • • 772
Decreto mandando conservar os Guardas aos
Navios em franquia......... • • • • • • • • • • • • • • 773
Carta de Lei com os Estatutos do Real Colle
gio dos Nobres.............. • • • • • • • • • • • • • 773

Edital ácerca de Passaportes................. 793


Abril Alvará declarando os Naturaes da India habeis
para Empregos Publicos, e Honras......... 793
|8 Decreto para que o Senado dê licença aos Ar
tifices Estrangeiros para trabalharem em obras
de nova invenção...... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 795
27 Decreto regulando o Uniforme dos Generaes, e
Oficiaes Militares....... • • • • • • • • • • • 795
Maio 4 Decreto favorecendo a Companhia
Maranhão na forma de despachar as suas fa
zendas na Alfandega de Lisboa............. • 796

Alvará abolindo o Estanque do Vellorio, ou


Missanga no porto de Moçambique......... 797
30 Decreto ampliando o de 27 de Abril ácerca dos
Uniformes dos Oficiaes Militares..... • • • • • • 798
Junho 9 Alvará concedendo privilegio exclusivo a huma
Fabrica de Gomas......* • • • • • • • • • • • • • • • • • • 798
Alvará dando preferencia á Companhia do Grão
XX 1761

Pará, e Maranhão no producto da venda dos


Escravos, que ella tiver vendido fiados...... • 799
Julho 2 Decreto creando vinte e quatro Guardas-Ma
rinhas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 800
24 Decreto nomeando dous Desembargadores para
irem ao Senado julgar causas alli demoradas. 80 1
29 Alvará ácerca do producto das Tomadias do
Bem Commum dos Mercadores........ • • • • • 80 l

Agosto Decreto dando varias providencias. ao bom re


802
gulamento da Casa da Moeda..............
Decreto regulando os Uniformes dos Auxiliares,
e Ordenanças............................ 803
*

17 ''; }
Lei regulando os Dotes das Filhas das Pessoas }

da primeira Grandeza........ • • • • • • • • • • • • • 804


17 Alvará occurrendo aos abusos de despezas nos
Casamentos de Pessoas da primeira Grande
za, e luto das Viuvas.................. • • • 807 }
2l Decreto isentando de direitos a exportação de
Solla, e Atanados.................. • • • • • • • 808
2
28 Decreto de perdão aos presos pelo Nascimento
do Principe da Beira........ • • • • • • • • • • • - 809
28
Decreto mandando soltar os presos por dividas
civeis por occasião do Nascimento, e Bapti
sado do Principe da Beira, pagando-se aos
Credores pela Real Fazenda............... 8]O
Setembro Decreto nomeando hum Medico para as Torres
de S. Julião da Barra, e S. Lourenço, Forte
da Maia, e Paço de Arcos com o Ordenado
de cincoenta mil réis.............. • • • • • • • 8]O
19 Alvará prohibindo o transporte de Negros escra
vos do Brasil para o Reino................. 8| 1
28
Decreto prohibindo tomar-se conhecimento no
Juizo da Coroa de Recursos interpostos do
Executor das Bullas, e Indultos da Santa
Igreja Patriarchal ........................ 8|2
Novembro 17 Decreto mandando fazer escala em Angola ás
Náos, e mais Embarcações, que voltarem da
India... . . . . . . .......... . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 |3
24

Fragatas oferecida pelos Negociantes do


Porto....................... • • • • • • • • • • • • • 8 |3
Dezembro Lei extinguindo os Contos do Reino, e Casa, e }
creando o Erario Regio............ • • • • • • • 8 |6
22
Lei declarando a jurisdicção do Conselho da Fa
Zenda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 835
29

de Ordenado ao Guarda-Mór dos Contos, e


outros Officios, que se tinhão extinguido....
30 Decreto regulando o modo de tomar as contas
aos Almoxarifes e Thesoureiros da Real Fa
Zenda …..................... 853
1762

A NNO DE I 7 62.

Janeiro $
Alvará concedendo ás Embarcações Portugue
zas que forem carregar sal a Setubal, o pode
rem ali desembarcar as fazendas, que qui
ZGSSCII) . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

|6 Decreto declarando quem sirva aonde não hou


ver Almoxarife, ou Thesoureiro, e que o Juiz
de India e Mina conhece das Denuncias, e
Tomadias, em diversas Repartições.........
Março 12 Decreto estabelecendo a fórma do pagamento
das despezas miudas do Conselho da Fazenda.
Abril 2 Alvará prohibindo o uso de mais de huma Pa
relha em as Carruagens em Lisboa.........
Decreto prohibindo o luxo da Mesa dos Gene
raes em Campanha............. • • • • • • • • • •

Decreto regulando as Salvas entre as Náos de


8uerra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • •

Decreto ácerca da compra de Cavallos para a


remonta do Exercito................ • • • • • •

Decreto sobre a denominação, que devem ter


os Officiaes Generaes...................... 860

Alvará creando o Regimento da Artilheria da


Corte ; e extinguindo os Pés de Castello,
Presidios, e Troço..................... • • • 860
14 Decreto regulando a divisa, de que devem usa
os Generaes....... • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 862
|6 Decreto augmentando as Companhias de todos
os Regimentos do Alemtéjo.......... • • • • • • 863

16 Decreto augmentando quatro Companhias a cada


hum dos Regimentos de Cavallaria......... 863
16 Decreto augmentando oito Companhias a cada
hum dos Regimentos de Infanteria.......... 863
19 Decreto para os Mestres de Campo Auxiliares
da Beira, e Partido do Porto terem seu exer
cicio. . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 863
20 Decreto creando mais tres Regimentos de In
fanteria... . . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • 864
21 Decreto mandando formar de novo mais quatro
Regimentos de Cavallaria........ • • • • • • • • • • 864
21 Decreto permittindo aos Oficiaes de Cavallaria
trocarem seus Postos dentro de hum anno... 965
Maio
866
Alvará perdoando os criminosos ausentes deste
Reino, alistando-se na Tropa, ou na Marinha. 866
18 Assento sobre a mudança da Relação do Porto,
e segurança do seu Cofre, e Cartorio na occa
sião da invasão dos Castelhanos.............
18 Decreto de declaração de guerra a Castella, e
França. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • • • 868
F
XXII 1762

Junho 2 Decreto facilitando Carta de Naturalisação aos


Estrangeiros de certas classes, que se quize
rem naturalisar. . . . . . . . . . . . . . . . ........... 369
12 Condições com que se levantaráõ os dous Bata
lhões de Suissos. N. B. Kão com o Decreto
de 27 deste mez.
27 Decreto mandando levantar dous Batalhões de
Suissos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........... 870
Julho I Decreto creando no Erario a Junta das Muni
ções de boca.......................... * * *
875
30 Decreto creando doze Tenentes do Miar, e dezoi
to Guardas-Marinhas para as Fragatas da Ci
dade do Porto............................ 878
30 Decreto prohibindo a passage dos Artilheiros
para os outros Corpos.................. • • • 878
3 | Decreto regulando o pagamento da Tropa..... 373

Agosto 24 Decreto ácerca dos Uniformes dos Auxiliares, e


Ordenanças................ • • • • • • • • • • • • • • 88 |
25 Decreto sobre a antiguidade dos Oficiaes Mili
* tares. . . . . . . . . . . . . . . . . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 88 |
Setembro 11 Decreto ácerca da jurisdicção dos Officiaes Go
vernadores de praças, concorrendo com ou
tros de Superior Graduação................ 882
26 Alvará estabelecendo a Decima em lugar dos
quatro e meio por cento........... • • • • • • S• • 882
Outubro |8 Decreto e Instrucções para o Lançamento, e
Cobrança da Decima.............. • • • • • • • • 885
Supplemento ás Instrucções supra............. 393
Decreto nomeando Ministros para a Cobrança
da Decima do Termo de Lisboa............ 893

Alvará concedendo ao Conservador da Compa


nhia do Pará e Maranhão a mesma jurisdic
ção do da Junta do Commercio............. 894
30 Alvará aceitando a oferta dos Negociantes de
vinte e quatro contos de réis em lugar da De
cima do seu Maneio, e Juros.............. 895
Novembro 22 Decreto para que os Almoxarifes e Thesoureiros
paguem, os Ordenados, que forem lançados
nas suas Folhas........ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 897

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ANNO D E 1750.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que sen
do-me presente não bastavão para congrua sustentação dos Desembarga
dores do Paço, Casa da Supplicação, e do Porto, e mais Ministros de
Justiça os ordenados, e emolumentos, que em diversos tempos lhes fo
rão taxados, pela carestia, a que tem subido todos os generos ; e por
convir ao serviço de Deos, e Meu, e bom despacho das partes, que os
referidos Desembargadores, e Ministros tenhão o necessario para se tra
tarem decentemente , e com independencia : Hei por bem que do pri
meiro de Janeiro deste anno de mil setecentos e sincoenta em diante se
jão os ordenados, e emolumentos na fórma seguinte.
Os Desembargadores do Paço haverão de seu ordenado quatrocen
tos mil réis, e cincoenta pelas assignaturas dos papeis; em que se pro
hibe outro algum emolumento ; e cada hum que for Juiz, ou assignar,
levará das revistas nove mil e seiscentos: das Cartas de legitimação de
filhos adulterinos, sacrilegos, e incestuosos, tres mil e duzentos réis, e
dos filhos puramente naturaes mil e seiscentos réis: dos Supprimentos de
idade quatrocentos réis: das licenças para espingardas, ou outras armas,
oitocentos-réis: das Provisões para prova de direito commum, appellar,
ou aggravar , e commissões em fórma , duzentos e quarenta réis : das
Emancipações , trezentos réis : das Provisões para terras coimeras, e
Privilegios para se não imprimirem livros, ou outros inventos, oitocen
tos réis; das Provisões para os Clerigos possuirem bens em reguengos,
mil e duzentos réis; e para os comprarem para si, na fórma da Lei,
quatrocentos réis: da dispensa da Lei para as Igrejas possuirem bens de
raiz, mil e seiscentos réis : das Cartas de administração de Capellas,
mil e seiscentos réis: dos Alvarás de fiança, e suas reformações, e das
Cartas de Seguro, quatrocentos reis : das Cartas de Oficios, e Confir
mações dos appresentados pelos Donatarios, seiscentos réis : dos Provi
mentos para as serventias, cento e vinte: das Cartas para Escrevente,
2 1750

ou Provisões para Ajudante, trezentos réis : das Cartas de Estalajadei


ro, ou Recoveiro, quatrocentos réis: dos Alvarás de opere demoliendo,
quatrocentos réis : dos do Tombo, oitocentos réis : das Cartas de Juiz
dos Orfãos, seiscentos réis: das de Privilegio de regue ogueiro, quatro
centos réis: das tuitivas, oitocentos réis: das de insinuação de doação,
quatrocentos réis : das Provisões de perdão, exceptuados os da semana
Santa, que serão graciosos, duzentos e quarenta : das de subrogação,
aforamento, ou empenho de morgado até a quantia de quatro contos de
réis, quatrocentos e oitenta ; e passando da dita quantia, se dobrará a
assignatura: dos Alvarás de manter em posse, dous mil e quatrocentos;
das Provisões para Juizes privativos, ou moratorias, oitocentos réis: de
toda a dispensa da Lei, além dos casos acima declarados, quatrocentos
réis ; das Vestorias levará cada Ministro , que for a ella , dous mil e
quatrocentos réis: das Habilitações dos Bachareis, mil réis; porém o Re
lator, e Escrivão da Meza levarão dous mil réis; dos Aggravos do Se
nado da Camara levará o Relator quatrocentos réis, e cada hum dos Mi
nistros, que assignar a sentença, duzentos réis. Não levará emolumen
to algum das Provisões, que respeitarem ao Meu Real Serviço, Tutelas
de Mãis, ou outros Ascendentes, para se pedirem esmolas, ou por que
se mande informar qualquer materia, ainda a requerimento de Parte.
O Chanceller Mór levará nas suspeições por cada huma das tes
temunhas, que inquirir, cento e sincoenta réis; e por assignar cada hu
ma das Sentenças, dous mil réis.
Os Desembargadores da Casa da Supplicação , ou tenhão Oficio
na Casa , ou sejão Extravagantes, haverão indistinctamente trezentos
mil réis de ordenado, e cada hum dos que forem nomeados pelo Desem
bargo do Paço para informar Revistas levará oito mil réis; e nas já con
cedidas levarão os Adjuntos o mesmo que o Relator. E porque a expe
riencia tem mostrado, que o deposito, que na fórma da Ordenação Liv.
3. Tit. 95. § 2. , são obrigados os impetrantes de Revistas a fazer na
Chancellaria, raras vezes tem a applicação, a que se ordena: Hei por
Meu serviço relevar aos ditos impetrantes do referido deposito. Os Desem
bargadores de Aggravos, que com o parecer do Regedor arbitrão as es
portulas nas causas de commissões, em que na fórma de Ordenação Liv.
3. Tit. 97. se podem levar, poderão extender a seu arbitrio até a quan
tia de quarenta mil réis, guardando em tudo o mais o disposto na refe
rida Lei. O Chanceller da mesma Casa levará nas suspeições de cada
huma das testemunhas, que inquirir , cem réis; e de assignar as sen
tenças, mil e duzentos. Os Desembargadores de Aggravos levarão as as
signaturas, que presentemente tem, e lhe forão reguladas pelo Decreto
de vinte e dous de Março de mil setecentos e quatorze, e pela Resolu
ção de nove de Setembro de mil setecentos quarenta e cinco em Consul
ta do Desembargo do Paço de seis de Fevereiro do sobredito anno, em
que houve por bem mandar levassem a mesma assignatura nos Aggravos
ordinarios, que pelo referido Decreto lhe era concedida nas Appellações;
porém excedendo as Causas de hum conto de réis, e chegando a dous,
levarão seis mil e quatrocentos réis; e oito mil réis, se chegarem a tres
contos ; nove mil e seiscentos, chegando a quatro, e nada mais. Nos
embargos levarão a terça parte da assignatura, que tiverão pela primei
ra sentença: dos dias de apparecer, e Aggravos de instrumento, seis
centos réis; e nos Embargos a terça parte, não sendo inferior a assigna
tura, que presentemente tinhão; porque sendo-o, levarão esta, e de ca
da huma das petições de Aggravo haverão quatrocentos e oitenta réis,
1750 3

que com ellas se entregarão ao Guarda Mór, quando se houverem de


metter na Relação ; e no fim de cada mez se repartirá a importancia,
que produzirem, por todos os Desembargadores de Aggravos actuaes.
Das Cartas levarão de assignatura, cem réis: dos Mandados sin
coenta; e cada hum delles pelas Vestorias, ou sejão dentro, ou fóra da
Cidade , em distancia de huma legoa, levará mil e seiscentos réis ; e
sendo em maior distancia de huma ou mais legoas, haverão por cada
hum dos dias, que gastarem, tres mil e duzentos.
Com os Desembargadores Juizes dos Cativos se observará o mes
mo, que fica disposto a respeito dos Desembargadores de Aggravos.
Na Correição do Crime da Corte levarão os Corregedores, e Des
embargadores Extravagantes pelas sentenças definitivas, e Cartas de Se
guro, que se despachão em Relação, o mesmo, que até o presente ti
nhão, e lhes foi regulado pelo Decreto de vinte e dous de Março de mil
setecentos e quatorze; porém huns, e outros haverãa pelos Embargos
ametade da assignatura, que tiverão pela primeira sentença; e dos Ag
gravos de instrumento terão os Corregedores seiscentos féis de assigna
tura, e outro tanto os Extravagantes, não se levando cºusa alguma pe
las sentenças de Desaggravo, que se extrahirem: levarão porém huns,
e outros meia assignatura, no caso que esta sentença se embargue. Nas
Petições de Aggravo se observará o mesmo , que fica disposto com os
Desembargadores de Aggravos; porém o que produzirem se repartirá en
tre os Corregedores , e Extravagantes : levarão os Corregedores pelas
Cartas de Seguro, que por si passarem, quatrocentos réis de assignatu
ra; e pelas mais Cartas, e Mandados o mesmo que os Desembargadores
de Aggravos. Nas querélas levarão sessenta réis por cada huma das tes
temunhas, que inquirirem, e trezentos réis pelas pronuncias, ou obri
guem, ou não, e nada mais, e o mesmo levarão das devassas que tira
rem, havendo parte, ou culpados.
Na Ouvidoria do Crime em as Sentenças definitivas, Cartas, e
Mandados, se observará o mesmo, que fica disposto com as Correições
da Corte.
No Juizo dos Feitos da Coroa , e Fazenda levarão os Juizes , e
Desembargadores Extravagantes a mesma assignatura, que até agora ti
nhão os Desembargadores de Aggravos; e nos Embargos a terça parte
da primeira Sentença ; e para o referido efeito se avaliarão as Causas.
Destas assignaturas terá a terça parte o Juiz da Coroa respectivo, e as
duas partes para os Extravagantes; porém se as Causas pela sua avalia
ção não tiverem maior assignatura que seiscentos réis, os levarão os Jui
zes da Coroa , e nos Embargos cento e cincoenta réis. Nos Recursos,
seiscentos réis; nos despachos sobre as Cartas rogatorias, trezentos réis,
e outro tanto em todos estes casos haverão os Extravagantes. Nos Ag
gravos de instrumento , e petição , e Cartas de Seguro se observará o
mesmo , que fica disposto com os Corregedores do Crime da Corte; e
das mais Cartas, e Mandados levarão os ditos Juizes da Coroa o mesmo,
que os Desembargadores de Aggravos.
Os Corregedores do Civel da Corte haverão as mesmas assignatu
ras, que presentemente levão das Sentenças, não excedendo as Causas
de quinhentos mil réis; e dahi para sima, levarão seiscentos réis, e na
da mais : e a mesma assignatura levarão das Cartas de arrematação.
Das Sentenças sobre Embargos , ametade da assignatura da primeira
Sentença: das de preceito, duzentos réis; das de nobreza, oitocentos
réis: das Cartas, de qualquer qualidade que sejão, cem réis; dos Man
A 2
4 1750

#,
dados, cincoenta réis; das Vestorias o mesmo, que os Desembargadores
de Aggravos; das Inquiridorias de testemunhas, a requerimento de Par ºlá
te, cincoenta réis por cada huma; das Sentenças de absolvição de ins ##
tancia, Artigos de habilitação, Declinatorias, Justificações, e Excep #
ções, que se lhe fazem conclusas, levarão a mesma assignatura, que #Vºtº

até agora levavão, e a dos Embargos de terceiro será na fórma declara gº


da sobre as mais Sentenças definitivas, arbitrando-se o valor da Causa {*}}

pela importancia da parte da execução impedida. Das partilhas, em que


tiverem levado esportula, não levarão assignatura: mas em dobro a que
vai dada aos Juizes dos Orfãos dos Inventarios, e Partilhas, quando não
houverem esportulas.
No Juizo da Chancellaria , levarão o Juiz, e Desembargadores
Extravagantes as mesmas assignaturas, que vão dadas aos Corregedores
do Crime da Corte nas Sentenças, Suspeições, Aggravos de instrumen
to, e Cartas de Seguro, mandadas passar em Relação; porém das que
o Juiz conceder por despacho seu, levará sómente duzentos réis, e na
da de Inquiridoria nas devassas geraes, que he obrigado a tirar ; mas
nas Suspeições, e Denuncias particulares, que perante elle se fizerem
de alguns Oficiaes de Justiça, haverá quarenta réis de inquirir cada hu
ma das Testemunhas, e duzentos réis de pronúncia; e pelas Cartas, e
Mandados, que não forem da obrigação de seu Cargo, o mesmo que fi
ca disposto com os Corregedores do Crime da Corte.
Nos Juizos dos Contos, e Feitos da Misericordia levarão os Jui
zes, e Extravagantes o mesmo , que se acha disposto pelo Decreto de
vinte e dous de Março de mil setecentos e quatorze. O Promotor da Jus
tiça levará por cada hum dos Libellos, que formar contra culpados em
devassas, seiscentos réis; e contra os culpados em querélas, trezentos
réis; e por cada huma das Visitas, que he obrigado a fazer nas Cadêas
todos os mezes, mil e duzentos, constando que elle com efeito fez as
ditas Visitas.
As assignaturas, que vão dadas aos Extravagantes nas Correições
do Crime da Corte, Ouvidorias do Crime, Juizo dos Feitos da Coroa, e
Chancellaria, e as que já tinhão nos Juizos dos Contos, e Feitos da Mi
sericordia, e esportulas, que levão nos das Capellas da Coroa na confor
midade do Decreto de vinte e dous de Março de mil setecentos e qua
torze , declarado pelo Avizo de vinte e nove de Maio do dito anno, a
que o mesmo Decreto se refere, se repartirão na fórma determinada nos
sobreditos Decreto, e Avizo.
Os Desembargadores do Porto, ou tenhão Oficio na Casa, ou se
jão sómente Extravagantes, haverão indistinctamente o ordenado de du
zentos mil réis, e os emolumentos, que vão dados aos Ministros da Casa
da Supplicação, na parte, que lhes for respectiva, na conformidade do
que Fui servido determinar por Resolução de dezesete de Dezembro de
mil setecentos e trinta e cinco em Consulta da Meza do Meu Desembar
go do Paço , sobre o accrescentamento feito no anno de mil setecentos
e quatorze.
Todos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes de Fóra,
e dos Orfãos Letrados, e mais Ministros desta Cidade, Reino, e do Al
garve, haverão mais a terça parte do ordenado, que até ao presente ti
verão , e todos os ditos Ministros até Ouvidores dos Mestrados inclusi
vè levarão das sentenças definitivas duzentos réis; e das de preceito, e
juramento da alma, cem réis, não cabendo na alçada, que pelo tempo
tiverem; e cabendo, o mesmo que até agora; sendo porém de primeiro
I750 5

banco, e servindo na Corte, levarão a assignatura, que lhe está dada


pela Lei de sete de Outubro de mil setecentos quarenta e cinco, a fa
ber: duzentos réis de cada huma sentenças definitivas, posto que caibão
na alçada, ou sejão de preceito, sendo elas de qualidade, que se devão,
ou costumem extrahir dos processos, e em virtude dellas passar manda
do de solvendo; e embargando-se as sentenças, levarão ametade da assi
gnatura, que por ellas lhes vai assignada.
Das Cartas, e Precatorios sessenta réis; dos Mandados quarenta
réis; das Inqulridorias, nas Causas Cíveis, cincoenta réis de cada tes
temunha, que perguntar; e nas devassas, havendo requerimento de par
tes, ou culpados,
cia, duzentos réis, cincoenta réis; o mesmo nas querélas, e da pronun
e nada mais. •

Das Vestorias nas terras, em que se acharem, e huma legua ao


redor, oitocentos réis; e sendo mais longe, mil e duzentos; e dos In
ventarios, e partilhas, o mesmo que vai dado aos Juizes dos Orfãos, não
havendo esportulas: sendo porém Ministros de primeiro banco, levarão
das Vestorias fóra das Cidades, ou Villas, em que assistirem, e maior
distancia de huma legua, mil e seiscentos réis, em cada hum dos dias,
que gastarem na diligencia; e dos Inventarios, e partilhas, que lhe fo
rem commettidos
Juizes dos Orfãos.a requerimento de parte, o dobro do que vai dado aos

Os Porvedores, nas contas dos Testamentos, Capellas, Confra


rias, e Conselhos, não levarão residuo, senão da Importancia, que fize
rem cumprir nos Testamentos á custa dos Testamenteiros negligentes e
não dos bens das Testamentarias, como até agora contra a mente da Lei
do Reino se praticou; e nas Capellas á custa dos Administradores: nas
Confrarias, e Conselhos levarão residuo sómente das addições glosadas á
custa de quem mal as dispendeo, fazendo primeiro cumprir o que estiver
por julgar: cumprindo qualquer Testamento, haverão a mesma assigna
tura, que tem por outra qualquer sentença entre partes: das contas, que
tomarem das Capellas de Missa quotidiana, e d’ahi para cima, duzem
tos réis, e d’ahi para baixo cem réis; e se as Missas não passarem de
cincoenta, ou os encargos não importarem mais, não tomarão mais de
huma conta de tres em tres annos. Das contas dos Conselhos, Confrarias,
Albergarias, e Hospitaes, não excedendo a receita de cincoenta mil réis,
levarão cem réis, e de cincoenta até cem, duzentos réis; e de cem até
quatrocentos mil réis, quatrocentos réis, e de quatrocentos para cima,
seiscentos réis, e nada mais, nem ainda pela assignatura das quitações,
que as partes pedirem: nem mandarão pôr sello, nem clausula, de que va
lerá sem elle, em papel algum, que não seja sentença, ou carta, que na
fórma da Ordenação deva passar pela Chancellaria; nem outro sim dentro
da sua Comarca mandarão citar por Precatorios, mas só por Mandados em
as causas, que pertencem ao seu Juizo. Não levarão dos Conselhos aposen
tadoria alguma a dinheiro, ou em especie, mais que de casas, cama, le
nha, e louça para a cozinha, e meza, e tudo o mais será á sua custa;
nem consentirão que os Corregedores, Ouvidores, e outros quaesquer
Ministros, e Oficiaes levem mais que a referida aposentadoria: e em
huns, e outros será o excesso culpa especial de residencia, com as pe
nas de restituirem em dobro o que de mais levarem, e de dez annos de
suspensão de Meu Real serviço. Não levarão os ditos Provedores salarios
alguns dos Conselhos pelas audiencias de revista, ou sejão feitas aos mes
mos Conselhos, ou aos Rendeiros; poderão porém levar vinte réis por
cada huma das coimas appelladas, que condemnarem, ou absolverem
6 1750

Este mesmo salario de vinte réis levarão os Corregedores, e Ouvidores


pelas acções, que condemnarem, ou absolverem nas audiencias da Chan
cellaria, que só farão nos termos, que a Ordenação permitte: e não con
demnarão mais que aos comprehendidos, que lhes constar tem sido legi
timamente citados com pregão, e termo competente, nem multiplicarão
processos, e culpas a respeito dos condemnados, posto que o sejão por
diferentes causas pertencentes á Chancellaria; nem procederão contra
os Officiacs de Oficio, que tem Juiz, e Cartas de examinação por per
tencer ás Justiças ordinarias, e Camaras; nem applicarão para os Mei
rinhos penas de se não terem concertado estradas, ou feito outras obras
úblicas ordenadas em o Capitulo de Correição; nem consentirão que o
Mºinhº seja rendeiro da Chancellaria; e constando-lhe, o suspenderão:
nem admittirão ao rendeiro acções, que toquem ao Meirinho, nem a es
te as que pertencem ao rendeiro; nem no caso de huma pessoa exercitar
diferentes ministerios, por cada hum dos quaes possa ser chamada para
a mesma audiencia: dividirão a condemnação por cada hum dos minis
terios com multiplicação de custas, por não haver mais que huma só ac
cusação e hum só condemnado; e nas condemnações de huma, e ou
tra audiencia, farão declarar o motivo dellas, que sempre será justo, e
bem examinado; e excedendo, ou contravindo ao sobredito, se lhe dará
em culpa especial de residencia, e restituirão em dobro, o que levarem
de mais, e terão a pena de seis annos de suspensão de Meu Real serviço.
Os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes de Fóra, e dos
Orfãos não rubricarão mais Livros, que os determinados pela Ordenação,
e Leis, que depois della emanárão; e pela rubríca de cada folha levarão
sómente dez réis.
Os Corregedores, Provedores, e Ouvidores, nas diligencias a que
forem mandados fóra das Cidades, ou Villas, em que servirem a reque
rimento de parte, levarão por cada hum dos dias, que gastarem, mil e
duzentos; e sendo Ministros de primeiro banco, mil e seiscentos; e pos
to que estes, e outros quaesquer Ministros, que por ordens immediata
mente Minhas, ou dos Tribunaes, a que pertencer, forem fazer infor
mações a requerimento de Partes, possão levar os salarios, que lhes vão
concedidos; sendo Ministros de Correição, não levarão cousa alguma,
quando fizerem as informações, e diligencias nas terras, em que se acha
rem: e huns, e outros, quando forem fóra fazer muitas, ratearão por to
das o salario. Os Provedores pelas revistas das contas dos Inventarios,
e provimentos, que nelles devem fazer, levarão o mesmo salario, que os
Juizes dos Orfãos. Os Juizes de Fóra, e dos Orfãos Letrados, levarão pe
las sentenças definitivas, que não couberem na alçada, que pelo tempo
tiverem, cem réis; e cincoenta réis das de preceito, e alma: mas ca
bendo na alçada, levarão o mesmo que presentemente tem ; e nos em
bargos em hum, e outro caso, levarão ametade da assignatura da pri
meira sentença, da inquiridoria das testemunhas, que devem tirar, e ain
da das devassas, em que houverem culpados, ou partes, levarão de ca
da huma das testemunhas, que perguntarem, quarenta réis, e das pro
nuncias o mesmo que os Corregedores das Comarcas: das vestorias nas
terras de sua residencia, seiscentos réis; e no termo, oitocentos; e nas
diligencias, a que forem mandados fóra dos Lugares da sua residencia,
mil e duzentos. Dos Inventarios, e termos delles, não passando a sua im
portancia de trinta mil réis, levarão cem réis; e d’ahi até quatrocentos
mil réis, duzentos réis; e de quatrocentos mil réis para cima, quatro
centos réis, e nada mais. Das partilhas, chegando o Inventario a hum
I750 7.

conto de réis, mil e duzentos: e chegando a dous contos, e d’ahi para


cima, dous mil réis; e não chegando a hum conto, o salario da Lei.
Não levarão cousa alguma, havendo esportulas, que não se concederão em
caso algum por bens de Menores: não levarão caminhos de irem fazer
Inventarios fóra dos lugares de sua residencia; nem de irem tomar com
tas aos Tutores dentro de duas leguas de distancia, nem ainda sendo es
ta maior, querendo os Tutores vir dallas ao lugar da residencia do Juiz,
e indo tomallas fóra do caso referido, levarão por cada dia quinhentos
réis, e se ratearão pelas coutas que no dito dia se tomarem. •

Destas contas até quantia de trinta mil réis de renda, levarão os


Juizes o mesmo que até agora; e chegando a renda a cem mil réis, le
varão duzentos réis, e trezentos réis, se chegar a trezentos mil réis;
e d’ahi até quatrocentos mil réis, quatrocentos réis, e nada mais.
Os Juizes dos Orfãos desta Cidade, usarão deste Regimento, e
o das Propriedades, na parte que se póde applicar ao exercicio do seu
lugar.
Os Juizes dos Orfãos, que não forem Letrados, não levarão maior
assignatura, ou salario que o taxado pela Ordenação.
Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Regedor da Casa
da Supplicação, Governador da Casa do Porto, e a todos os Desembarga
dores das referidas Casas, Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes,
Justiças, Oficiaes, e Pessoas destes Meus Reinos, cumpräo, e guardem,
e fação inteiramente cumprir, e guardar este Meu Alvará de Lei, como
nelle se contém, sem embargo de quaesquer Leis, Regimentos, Capitulos
de Cortes, Provisões, Cartas particulares, ou geraes, e opiniões de Dou
tores em contrario, que todas derogo, e Hei por derogadas de Minha
certa sciencia, e Poder Real, ainda que dellas se houvesse de fazer ex
pressa, e declarada menção; e para que venha á noticia de todos, Man
do ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho,
e Chanceller Mór destes Reinos, e Senhorios, o faça logo publicar na
Chancellaria, e envie Cartas com o treslado della sob Meu sello, e seu
signal aos Corregedores das Comarcas destes Reinos; e aos Ouvidores das
Terras dos Donatarios, em que os Corregedores não entrão por Correi
ção, aos quaes Mando o publiquem logo nos Lugares, em que estive
rem, e que o fação publicar em todas as suas Comarcas, e Ouvidorias
para que a todos seja notorio: o qual se registará no Livro da Meza do
Meu Desembargo do Paço, e no da Casa da Supplicação; e este pro
prio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Lisboa aos 7 de Janeiro
de 1750. (1) = Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mordo
mo Mór,
Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 145, e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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{ • +

S……Me presente, que na Casa da Supplicação por causa dos quatro


Lugares de Aggravos, que fui Servido crear, ficão sendo necessarios
mais alguns Desembargadores Extravagantes : Hei por bem crear dous
(1) Vid. o Regimento de 25 de Agosto de 1750, os dous de 4 de Fevereiro de 1735,
e o Alvará de 15 de Julho do mesmo anno.
8 1750

Lugares de Desembargadores Extravagantes da dita Casa da Supplica


ção; e Sou Servido nomear para Corregedores do Civel da Corte a An
tonio José da Fonceca Lemos, e Bento da Costa de Oliveira Sampaio,
para Juiz da Chancellaria a João Pacheco Pereira , para Ouvidores do
Crime, a Sergio Justinianno de Oliveira , e Sebastião Mendes de Car
valho, para Promotor da Justiça, a Francisco Galvão da Fonceca; e de
aposentar ao Desembargador Antonio Pires da Silveira. O Duque Re
gedor da Casa da Supplicação o tenha assim entendido, e o faça execu
tar pela parte que lhe toca. Lisboa 9 de Janeiro de 1750. = Com a Ru
bríca de Sua Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos


Decretos a fol. 54 vers.

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[…

A… 24 de Janeiro de 1750 , na presença do Illustrissimo e Excellen


tissimo Senhor Dom Pedro, Duque de Lafões, e Regedor das Justiças,
se propoz em Meza Grande perante os Desembargadores de Aggravos
abaixo assignados a dúvida , que tinha o Desembargador de Aggravos,
Manoel de Sequeira e Silva, que quando morre hum Desembargador de
Aggravos, que tem tencionado hum Feito sobre Embargos recebidos,
em que já tinha certeza pela primeira Tenção , dada antes do recebi
mento dos Embargos, se havia o Feito ir á Commissão, para se dar Juiz
em lugar do falecido, ou se havia correr pela certeza dos seguintes, fi
cando extincta a certeza, e lugar do falecido: e a razão da sua dúvida
consistia em que posto os Feitos não retrocedão a casa do Ministro fal
lecido, procede na conformidade da Ordenação Liv. 1. Tit. 6. S. 18., e
Assento de sete de Julho de mil seiscentos e trinta e sete a fol. 5 deste Li
vro, a respeito daquelles Feitos, em que não havia certeza anteceden
te, o que fazia diferença a respeito dos Feitos, que já senão regulavão
pelas casas seguintes, mas pela certeza dos Ministros vencedores no re
cebimento dos Embargos; porque nestes se necessitava de Commissão pa
ra se tencionar de novo em lugar do falecido : E pela maior parte dos
votos se venceo, que no caso proposto, por ser diferente do da Lei, e
Assento referido , se devia dar Commissão para Juiz , que dissesse em
lugar do falecido, ainda que já tivesse tencionado, e passado o Feito;
porque poderião do contrario acontecer maiores dúvidas, como quando
no recebimento dos Embargos houvesse votos de receber todos os Arti
gos, outros em receber parte, outros outra parte dos ditos Artigos, ca
sos, em que não podíâo os Ministros da certeza seguinte deliberar mais,
do que no respectivo ao seu recebimento, razão pela qual com geralmen
te se dar Commissão a Juiz, que substitua a certeza do falecido , se
suppria todo o inconveniente: E para não vir mais em dúvida se fez es
te Assento, que o dito Senhor Regedor assignou com os Desembargado
res de Aggravos, que presentes estavão. = Duque Regedor. = Castel
lo. = Velho. = Lopes de Carvalho. = Fonceca e Sequeira. = Cunha.
= Ribeiro. = Xavier. = D’antas. = Doutor Martins. = Castro. =
Doutor Figueiredo. = Cordeiro. = Pinna. = Doutor Velho. = Corrêa. =
Carvalho.
Livro II. da Supplicação fol. 83 vers. ; e na Collecção
dos Assentos a fol. 329.
Z

1750 9

§ #t <>$ §

Sesos preciso mandar na monção de Março do anno presente hum soc


corro ao Estado da India : Hei por bem, que nesta Cidade e seu Ter
mo, se prendão os vadios, que constar pela sua occiosidade, e procedi
mento devem ir para aquelle Estado ; sendo primeiro sentenciados ; e
Sou Servido, que os presos , que se acharem nas Cadêas desta Corte,
não sendo por crimes, que irroguem infamia, ou de morte, ou falsida
de, e tendo idade, que não passe de quarenta annos, e saude capaz de
viagem, sejão sentenciados para irem servir naquelle Estado, achando
se, que merecem serem mandados para elle; o que senão entenderá com
aquelles, que tiverem mulheres e filhos a que fação falta suas ausencias;
e os que se acharem nas ditas Cadêas sentenciados para outras partes
das Conquistas, que não seja a Praça de Mazagão, se lhe commutarão
os degredos para a India, tendo as circumstancias sobreditas, propor
cionando-se estes em tal fórma , que sem se faltar á Justiça se acuda á
necessidade do Estado. O Duque Regedor da Casa da Supplicação o te
nha assim entendido, e nesta conformidade o faça executar. Lisboa 10
de Fevereiro de 1750. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist, na Casa da Supplicação no Liv. XIV. dos De
cretos a fol. 57 vers.

# %Coººº };

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará virem , que tendo
consideração ao que Me representou o Correio Mór do Reino para efei
to de lhe haver de crear no seu Oficio hum Meirinho, e Escrivão, pa
ra que estes com mais diligencia e brevidade de que , a que se experi
mentava nos Oficiaes do Geral, podessem fazer todas as diligencias per
tencentes ao seu Oficio, e executar as ordens , que o Supplicante pelo
seu Tenente mandar passar, e para haverem de ser prezos, quando por
sua omissão , e negligencia o merecerem , os Tenentes assistentes de
todas as terras, Oficiaes dos Correios, Mestres de Postas, seus Posti
lhões , Pioens, Correios, e todas as mais pessoas de sua Jurisdicção,
para que assim com mais satisfação , e eficacia se satisfizesse ao Meu
Real Serviço, e ao bem commum das partes : E visto seu requerimen
to, resposta do Meu Procurador da Corôa, informações, que se mandá
rão formar pelos Desembargadores Luiz Borges de Carvalho, e Gonçalo
José da Silveira Preto , e o mais que Me foi presente em Consulta do
Meu Desembargo do Paço: Sou Servido crear os dous Oficiaes de Mei
rinho e Escrivão, que o Supplicante pede: E Hei por bem conceder-Lhe
faculdade, e jurisdicção a elle Correio Mór, e a seus Successores no di
to Officio, para poderem nomear o tal Meirinho, e Escrivão, não poden
do estes fazer outra alguma diligencia mais do que as que pertencerem
ao expediente do Oficio do Correio Mór, sendo pagos de seus ordena
dos pela fazenda do mesmo Supplicante: E outro sim; Hei por bem, que
as pessoas mandadas por elle prender , ………… delle a Mim na mes
1O 1750

ma fórma, que he concedido aos que recorrem do Almotacé Mór, e A


posentador Mór, na fórma que o Supplicante Me pedio; e Mando a to
dos os Juizes, Justiças, Oficiaes, e Pessoas a quem este for mostrado,
e o conhecimento deste pertencer, lhe cumprão e guardem inteiramente
este Alvará como nelle se contém, que valerá, posto , que seu efeito
haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação Livro Se
gundo Titulo quarenta, em contrario : E pagou de novos Direitos vinte
mil réis, que forão carregados ao Thesoureiro delles no Livro primeiro
delles a folhas duzentas e cincoenta e sete , como se vio de seu Conhe
cimento em fórma registado no Livro primeiro do Registo geral a folhas
duzentas e treze. Dado em Lisboa aos 21 de Fevereiro de 1750. = Com
a Assignatura da Rainha, e a do Ministro.
Regist, na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos De #
cretos a fol. 89.

# *# …>, ºk #

Pou justas razões, que me forão presentes: Hei por bem, que o Des
embargador Ignacio da Costa Quintella , na fórma da Commissão, que
Fui Servido dar-lhe sobre a casa do Marquez de Louriçal, sentenceie
no termo prefixo de tres mezes todas as dependencias, que correm en
tre o dito Marquez, e Agostinho da Silva, sobre o arrendamento de hu
m a casa, que servio de Opera com outras adjacentes , procedendo logo
a sequestro em todos os rendimentos das mesmas casas, de sorte, que
no mesmo termo acima declarado, se execute a Sentença, que tem ha
vido , e as mais, que houver ; e se o dito Agostinho da Silva impedir
calumniosamente a execução , será preso, até que se finalize na fórma
da Lei. O Duque Regedor, o tenha assim entendido, e o faça cumprir,
sem embargo de qualquer Lei , ou Ordem em contrario. Lisboa 21 de
Fevereiro de 1750. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos De
cretos a fol. 59 vers.

X: # <>º% #

A… 28 dias do mez de Abril de 1750, diante do Illustrissimo e Ex


cellentissimo Senhor Dom Pedro, Duque de Lafões, e Regedor das Jus
tiças, se propoz em Mesa Grande , na presença de todos os Desembar
gadores abaixo assignados o requerimento da maior parte dos Advoga
dos do Número desta Casa da Supplicação, no qual dizião, que para a
Festa das Justiças, que todos os annos se fazia na primeira Outava do
Espirito Santo em a Igreja do Mosteiro de S. Domingos desta Corte,
erão nomeados para Mordomos quatro dos ditos Advogados, os quaes
erão os que só concorrião para a dita Festa com toda a despeza necessa
ria, no que cada hum delles gastava perto de quinze moedas, e muitas
vezes lhe accrescião outros gastos, de que se lhes seguia o empenharem
se, e faltarem a outras suas precisas obrigações; sendo que a dita Fes
1750 II

tividade se faria com muito menos oppressão, se fosse feita concorrendo


todos os Advogados para a sua despeza; e pela maior parte dos votos se
assentou não haver inconveniente algum em que, fazendo-se a dita Fes
tividade com a Solemnidade costumada, fosse com a menos oppressão,
que pedião os ditos Advogados, concorrendo para o gasto necessario os
Advogados sómente do Número da Casa, e os mais, que nella advogão
com Portaria do dito Illustrissimo e Excellentissimo Senhor Duque #"
gedor, dos quaes todos constaria pelo registo, ou das suas Cartas, ou
das suas Portarias; porém que sempre se elegerião os mesmos quatro
Advogados por Mordomos, os quaes com o Escrivão, Thesoureiro, e Pro
curador farião a mesma Festividade assim, e da maneira, que até agora
se fazia; e feita que fosse, se repartiria pro rata entre todos os ditos
Advogados do Número, e os mais, que tivessem Portarias, toda a des
peza da dita Festa, e que o que tocasse a cada hum dos sobreditos, se
ria obrigado o solicitador das Justiças a cobrallo, e entregallo ao The
soureiro da dita Festa para o restituir aos ditos Mordomos; e que duvi
dando algum dos sobreditos Advogados pagar a quantia, que por rata lhe
fosse distribuida, se cobraria delle executivameute, e pelo mesmo mo
do, que se cobrão as condemnações para as despezas da Relação: do que
tudo se fez assento, que o dito Illustrissimo e Excelentissimo Senhor
Duque Regedor assignou com os mais Desembargadores da Casa, que
se achavão presentes. Duque Regedor. = Moura. = Carvalho. = Cor
rêa. = Velho. = Lopes de Carvalho. = Bexiga. = D’antas. = Dou
tor Souto. = Doutor Martins. = Fonceca e Sequeira. = Martim. =
Cogominho. = Doutor Vasconcellos. = Castro. = Ribeiro. = Doutor
Pinheiro. = Pinna. = Galvão. = Vidigal. = Meirelles. = Torel. =
• Silva. = Valle. = Moraes. = Borva. = Justiniano. = Pacheco. = Oli
veira. = Almeida. = Caria. = Xavier. = Mendes.

Regist. no Livro 2.° da Supplicação fol. 84 vers., e


na Colleção dos Assentos a fol. 331.

+…+<>aºk #

A ssENTou-se pelos Desembargadores dos Aggravos assinados, em pre


sença do Senhor Jesé Pedro Emauz, Fidalgo da Casa de Sua Magesta
de, e Chanceller, que serve de Governador desta Relação, que ao De
sembargador Juiz da Chancellaria desta Casa pertencia o conhecer das
suspeições postas ao Juiz de Fóra, dos Orfãos, e mais Ministros desta
Cidade, e que não erão comprehendidos na Folhinha da Alçada, que de
termina aos Corregedores, e Provedores das Comarcas, sejão Juizes das
suspeições postas aos Juizes de Fóra, porque se entende dos Ministros,
que estão fóra dos Lugares, em que ha Relações, e assim se ter prati
cado, não só na Cidade de Lisboa, mas tambem nesta Relação, e nas
mais em que ha Juizes da Chancellaria; e assim se entende a Ord. Liv.
1. Tit. 42., em quanto determina, que seja Juiz das Suspeições daquel
les, que não tem Juizes certos, como são os Ministros desta Cidade,
que se não comprehendem na dita Folhinha das Alçadas, que falla dos
Ministros das Comarcas do Reino, e veio a tirar os Juizes arbitros, que
se elegião na fórma da Ordenação Liv. 3. Tit. 21, §. 8., como se colhe
do dito Alvará da Folinha das Alçadas, "g" ausencia do Corregedor,
2
12 1750 *

estando fóra do Lugar, manda remetter a suspeição posta ao Juiz de Fó ER

rá mais visinho, o que não póde ter lugar aonde ha Relação, e mais =tº
quando, não obstante a dita Folhinha das Alçadas, sempre assim se pra
ticou, e actualmente conhece o dito Juiz da Chancellaria das suspeições
postas aos Escrivães, e com maior razão o deve ser tambem do Juiz, e
assim se determinou. Porto 9 de Junho de 1730. Como Governador, =
Emauz. = Barrozo. = Santhiago. = Barreto. = Menezes. = Doutor
Dias. = Machado. = Torres. = Azevedo. = etc.

Regist. no Livro dos Assentos da Relação do Porto


} 91., e na Colleção dos Assentos a fol. 333.

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EU ELREI Faço saber os que este Alvará em fórma de Lei virem:


Que tendo respeito ao que Me expôs o Conselho de Miaha Fazenda, em
Consulta de desoito de Abril de mil setecentos quarenta e nove, sobre
obrigar o Provedor da Alfandeda desta Cidade o Desembargador Anto
nio da Costa Freire a Theodosio Lopes da Silva, que levasse a ella a Ce
vada, que lhe veio do Reino do Algarve, para pagar a Dizima, confor
me a disposição expressa do Foral da mesma Alfandega, no Capitulo se
tenta e dous, no paragrafo antepenultimo, que ordenava: Que o Trigo,
Cevada, Centeio, Farinha, Legumes, e Carnes, que vinhão do dito Rei
no do Algarve a esta Corte, devião pagar Dizima; sendo que havia mui
tos annos, que nem entrada davão na dita referida Aifandega, hindo em
direitura a descarregar no Terreiro desta Cidade, como a que vinha das
Ilhas: em consideração do que, e das informações que deu o mesmo Pro
vedor da Alfandega, e o Desembargador Caetano Alberto de Ossuna,
servindo de Juiz dos Feitos de Minha Fazenda, ouvindo por escrito o
Procurador dos Homens de Negocio, que procurão o bem commum do
Commercio, de que houve vista o Procurador de Minha Fazenda: Hei
por bem, por graça especial, e attendendo á pobreza dos Moradores do
Algarve, e Ilhas, que do Centeio, Milho, Cevada, Farinha, Legumes,
Carnes, que trouxerem a esta Cidade, não paguem na Alfandega a Di
zima, que erão obrigados pelo Capitulo setenta e dous, paragrafo sexto do
Foral della, que para este fim revogo, assim como já a não pagão do Tri
go, por Lei de vinte e cinco de Maio, de mil seiscentos quarenta e se
te: observando-se porém na descarga, e despacho, para se evitarem des
caminhos, a ordem dada no Foral da mesma # e levando o Pro
vedor, e Officiaes della os emolumentos, que por Carta, ou Regimen
to lhes tocarem, como Fui servido resolver na dita Consulta, em dez
de Março, deste anno de mil setecentos e cincoenta.
Pelo que Mando aos Védores de Minha Fazenda fação dar intei
ro cumprimento a este Meu Alvará em fórma de Lei, que o Provedor
da Alfandega cumprirá inteiramente, como nelle se contém; o qual man
dei passar a requerimento do Provedor, e Deputados da Meza do Espi
rito santo dos Homens de negocio, que procurão o bem commum do
Commercio nesta Cidade, que será publicado na Chancellaria Mór da
Corte e Reino; e na Torre do Tombo, e na Alfandega, e nas mais par
tes a que pertencer. Registada no Livro do Registo das Leis, e Regi
+
1750 13

mentos do Conselho de Minha Fazenda. Lisboa 12 de Junho de 175o.


= Com a Assignatura da Rainha, e a do Conde de Unhão.
Regist. na Leis,
vro das Chancellaria Mór edaimpr.
a fol. 152., Corteae vulso.
Reino no Li •

# *kv_>,ºk #

S……M. presente a Devassa, que tirou o Corregedor do Crime do


Bairro do Rocio sobre a morte feita com veneno a Diogo Ribeiro da Ga
ma e outros, e as mais diligencias, que em continuação da mesma De
vassa Mandei fazer pelo Desembargador Corregedor do Crime da Corte
e Casa: Hei por bem, que o mesmo Desembargador, em Relação com
os Desembargadores Francisco Galvão da Fonceca Xavier de Oliveira,
João Antonio de Oliveira Amador, Antonio de Souza Bermudes, e José
Ricalde Pereira de Castro, e nas faltas, ou impates, com os Desembar
gadores Estevão Gallego Vidigal, e Ignacio Ferreira Souto, Julguem a
dita Devassa e sua continuação summarissimamente, sem ordem nem fi
gura de Juizo, e constando pela dita Devassa, que a Ré pronunciada
nella Joanna Maria Joaquina presa na Cadeia do Limoeiro se acha em
termos de ser absolvida, se profirirá a Sentença, sem a dita Ré, ser ou
vida, e havendo alguma dúvida sobre a absolvição, se lhe determinará
o tempo, que parecer conveniente para dizer de seu direito. O Duque
Regedor da Casa da Supplicação, o tenha assim entendido, e o faça exe
cutar. Lisboa o 17 de Julho de 1750. = Com a Rubríca de Sua Mages
tade. • •

Regist, na Casa da Supplicação no Livro 14 dos


Decretos a folhas 78.

# # LOºk #

Seu embargo, de que ontem avisei a Vossa Excellencia sobre a de


monstração do sentimento, que se devia ter pela Morte de ElRei Dom
João Quinto Nosso Senhor, que está em Gloria: Foi Sua Magestade Ser
vida determinar, que o despacho dos Tribunaes se suspendesse por oito
dias como está mandado, mas que se tome Luto nesta Corte, e em to
do o Reino, por tempo de dous annos, hum rigoroso de Capa cumprida,
e outro aliviado; e que as Mezas dos Tribunaes se cubrão de Luto, o
que Vossa Excelencia fará executar pela parte, que lhe toca. Deos guar
de a Vossa Excelencia. Paço o 1.° de Agosto de 1760. = Senhor Du
que Regedor = Pedro da Motta e Silva.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro 14. dos


Decretos e Avisos a fol. 81.
14 1750

Eminenti…imº e Reverendissimo Senhor. = Sua Magestade me man


da dizer a Vossa Eminencia escreva aos Prelados das Religiões, que
encommendem a Deos Nosso Senhor o acerto, e direcções do seu gover
no, para que se sirva de ajudar, e favorecer a sua Real Intenção , e
desejo de governar a todos os seus Vassallos com justiça , e igualdade;
e assim o encarreguem a todos os seus Subditos, Deos guarde a Vossa
Eminencia. Paço 6 de Agosto de 1750. = Eminentissimo Senhor Car
deal Patriarcha. = Diogo de Mendonça Corte Real.
Impresso avulso.

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DoM JOSE por graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'quém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber a quantos esta Minha Lei virem, que sendo Me presente que
nas informações extrajudiciaes, e outros semelhantes actos, que se man
dão fazer pelos Tribunaes, e só servem de instrucção, costumão as par
tes aggravar, e appellar dos Ministros, a que se commettem, por occa
sião de qualquer incidente, misturando por este modo os meios Ordina
rios dos Auditorios com os papeis do expediente dos Tribunaes, em que
não ha figura de Juizo, e se se introduzir; não chegarão os negocios a ter
despacho, em grande prejuizo da expedição delles, e das partes : Hei
por bem se não admitta Appellação, e Aggravo, ou outro algum meio
judicial dos incidentes, que resultarem das informações extrajudiciaes,
e outros semelhantes actos, que pelos Tribunaes se commetterem a
quaesquer Ministros, como preparatorios dos despachos, que se reque
rem, e só na execução dos despachos finaes poderão as partes usar do
remedio, que pela Lei lhe competir. Mando ao Presidente do Desem
bargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Ca
sa do Porto, e a todos os Desembargadores de Minhas Relações, Cor
regedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Justiças, Oficiaes, e Pes
soas destes Meus Reinos, e Senhorios, cumpräo, e fação inteiramente
cumprir, e guardar esta Minha Lei, como nella se contém , sem em
bargo de quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás, Provisões, ou Cartas,
que o contrario disponhão; e para que venha á noticia de todos: Man
do ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Ataide do Meu Conselho , e
Chanceller Mór destes Reinos, e Senhorios, a faça logo publicar na Chan
cellaria, e envie Cartas com o traslado della sob meu Sello, e seu signal
a todos os Corregedores das Comarcas destes Reinos, e aos Ouvidores
das Terras dos Donatarios, em que os Corregedores não entrão por Cor
reição, aos quaes Mando que a publiquem logo nos lugares, em que es
tiverem, e a fação publicar em todos os das suas Comarcas, e Ouvido
rias, a qual se trasladará no Livro da Meza dos Desembargadores do Pa
ço, e nos das Casas da Supplicação, e Relação do Porto, onde se cos
tumão, e devem registar semelhantes Leis; e esta se lançará na Torre
*
1750 - 15
*

do Tombo. Dada em Lisboa aos 18 de Agosto de 1750. = Com a assig


natura de ElRei, e a do Ministro.

Regist,
Livro na
das Chancellaria Mór edaimpr.
Leis, a fol. 153, Córte, e Reino no
avulso. •

# #t-Oº% #

A… 21 dias do mez de Agosto de 1750, em Meza, Grande, propoz o


Senhor José Pedro Emauz, Fidalgo da Casa de Sua Magestade, Chan
celler, e Governador das Justiças desta Relação, e Casa do Porto, que
havendo-lhe o dito Senhor feito saber , que sendo em 31 do mez de Ju
lho passado, ElRei Dom João Quinto, com geral sentimento da Corte,
e Reino, falecido, recommendando-lhe todas as demonstrações de sen
timento , e que fizesse praticar os lutos, que se costumão em subditos
pela morte do seu Soberano, dous annos continuados, em o primeiro de
luto rigoroso, e o segundo de luto aliviado, e era preciso darem-se aos
Ministros da mesma Relação as propinas costumadas para os lutos ; e
por não haver dinheiro prompto do producto das despezas, parecia se
devia recorrer ao meio , de que já em outras occasiões se usára , que
fôra tirar-se por emprestimo, do dinheiro applicado ás obras da Relação,
o preciso para satisfazer a esta despeza , com declaração de que não o
havendo assim por bem o dito Senhor, o que senão devia esperar da sua
innata Clemencia, e Real Magnanimidade, se restituir ao mesmo efei
to este emprestimo , ou pelo dinheiro das despezas , havendo-o então,
ou por cada huma das pessoas, em cujo favor cedia o dito emprestimo,
como já se havia declarado nas occasiões passadas, em que se usára des
te meio: e como era preciso tomar-se Assento nesta materia, mandou o
dito Senhor Governador , que votassem os Ministros, que se achavão
presentes, o que entendessem, porque o Assento, que se tomasse, não
só obrigaria aos presentes, mas tambem aos ausentes. E votando-se, foi
por todos uniformemente assentado , que se usasse do dito emprestimo
com as referidas condições , e se obrigavão por este mesmo Assento a
restituir cada hum o que cobrasse deste emprestimo , no caso de que
Sua Magestade o não houvesse por bem , e não houvesse nas despezas,
com que se satisfizesse ; e de como assim se assentou , mandou o dito
Senhor Governador escrever aqui este Assento, que assignárão. Porto,
dia, e era ut supra. Como Governador, Emauz. = Barrozo. = Sant
Iago. = Carvalho. = Azevedo. = Oliveira. = Doutor Dias. = Lei
tão. = Nunes, &c. |-

Livro dos Assentos da Relação do Porto fol. 92, e na


Collecção dos Assentos a fol. 333 vers.

4 #…>, ºk *

S……M. presente a contenda, que se tem movido entre os Ministros


do Conselho da Rainha Minha Mãi e Senhora, com o Duque Regedor da
Casa da Supplicação, sobre quem nos impedimentos do Ouvidor das suas
16 1750

Terras lhe deve nomear substituto, por não haver sobre esta prerogati
va clausula alguma expressa em as suas doações: Sou Servido fazer-Lhe
no caso, que por ellas lhe não pertença , nem ao seu Conselho a referi
da prerogativa, mercê especial della, para que daqui em diante se lhe
não dispute a faculdade de poder o mesmo Conselho nomear quem sirva
de Ouvidor das Terras nos impedimentos do Proprietario: E por quanto
na referida dúvida , e com a incerteza da sua Jurisdicção, não podia
validamente nenhum dos dous Ouvidores, que se nomeárão exercitar
acto algum judicial: Hei por bem attendendo á utilidade pública, e erro
commum, validar tudo o que obrou o Ouvidor nomeado pelo Duque Re
gedor; e Ordeno, que o Chanceller da sua Casa, passe pela Chancella
ria, todos os papeis, que se achão impedidos pelo referido defeito: E á
Rainha Minha Mãi e Senhora mandei fazer presente esta Resolução, que
o Duque Regedor terá entendido, e fará executar pela parte, que lhe !
toca. Lisboa 25 de Agosto de 1750. = Com a Rubríca de ElRei.

Regist, na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos De


cretos a fol. 82 vers.

* }kº42"?k=}

EU ELREI Faço saber aos que este Regimento virem , que tendo
consideração a ser conveniente, que os Escrivães de Minha Camera d'an
te os Desembargadores do Paço sejão provídos de sallarios competentes,
quaes não são os que em outros tempos lhe forão conhecidos, mandei ver
esta materia pelos mesmos Desembargadores do Meu Conselho; e porque
me consultárão ser congruentes os sallarios abaixo declarados: Hei por
bem , que os ditos Escrivães os possão levar daqui em diante na fórma
seguinte.
Quanto aos Escrivães da Mesa, e repartição das Justiças.
Levará de cada huma das Cartas, que se passarem aos Juizes de
Fóra da primeira intrancia, mil e duzentos réis.
Das que se passarem aos Juizes de Fóra das Cabeças das Comar
cas, mil e seiscentos réis.
Das Cartas de Ouvidores, e Auditores geraes, que não tiverem
outro predicamento, pelo qual se haja de regular o sallario, levará dous
mil e quatrocentos réis. •

Das Cartas dos Corregedores provídos em correição ordinaria, tres


mil e duzentos réis; e este mesmo sallario levará pelos Alvarás, que se
passarem aos Provedores desta mesma graduação , se a huns, e outros
se não der a de primeiro banco.
Das Cartas de Corregedores das Comarcas de primeiro banco tres
mil e seiscentos, e o mesmo pelos Alvarás, que se passarem aos Prove
dores das ditas Comarcas; com tal declaração porém, que se algum dos
sobreditos Corregedores, ou Provedores for despachado com beca , ou
com assenso a qualquer Relação, pagará pelo feitio da sua Carta qua
tro mil réis.
Das Cartas dos Ministros, que forem promovidos para as Relações
de Goa, e da Bahia, quatro mil réis.
1750 17

Das Cartas dos Ministros, que forem despachados para a Casa da


Supplicação, ou para a Casa do Porto, e tambem dos que nas mesmas
Casas forem providos em Oficios, de que devão tirar Carta, quatro mil
réis por cada huma.
Dos Alvarás de novas Mercês de Oficios, ou de denúncias, des
tes levará o dito Escrivão da Camara o seu salario conforme a lotação
dos mesmos Oficios; de sorte que sendo lotado o rendimento até trinta
mil réis, levará oitocentos réis, desta quantia até sessenta mil réis, le
vara mil e duzentos réis, desta quantia até cem mil réis, levará mil e
seiscentos, e desta importancia para diante em qualquer quantia, dous
mil réis, e para este efeito irão sempre declaradas nos Alvarás as lota
ções dos Oficios, e o sallario, que conforme a ellas se pagar.
Porém quanto aos Alvarás, que não contiverem nova Mercê, co
mo se reputão todos aquelles, que se passão por força do direito consue
tudinario do Reino, haverá o dito Escrivão da Camara metade tao só
mente do sallario assima concedido, e regulado conforme as lotações dos
Oficios.
Dos provimentos, ou Provisões, que se passarem para serventias
de Oficios,dolevará
formidade em dobro o sallario, que até o presente levava na con
seu Regimento. •

De todos os outros papeis, que se não comprehendem nos que as


sima vão declarados, levará o mesmo sallario, que aos outros Escrivães
da Camara vai abaixo concedido; porque em tudo aquillo, sobre o que
se lhe não der especial providencia, deve guardar? e cumprir uniforme
mente o que a respeito dos mais Escrivães se declara em seu titulo.
Quanto aos outros Escrivães da Camara das repartições
das Comarcas.

Pelas Cartas de doações, e quaesquer outras, que se passão em


pergaminho, levarão novecentos e sessenta réis de cada lauda, posto que
a ultima dellas não seja inteiramente escrita; com tanto porém, que nem
as folhas serão de menor marca, que a do papel imperial, nem cada
lauda constará de menos de quarenta e oito regras.
Pelas Provisões, Alvarás, ou apostillas, a que preceder consulta,
levarão quatrocentos e oitenta réis de cada huma, sem distincção de me
nor, ou maior escrita, em quanto não exceder de duas laudas; porque
excedendo, levarão mais por cada huma das outras cento e vinte réis,
posto que a ultima se não escreva toda.
Pelos mais papeis, assim como Alvarás de Tombo, supplementos
de idade, e quaesquer outras Cartas, ou Provisões, que se passão por
despachos da Meza, ou dos Meus Desembargadores do Paço, de que
até o presente levarão tres vintens, hum tostão, e dous, levarão este
mesmo sallario em dobro, exceptuadas sómente as Provisões, porque se
mandar tomar alguma informação, porque destas levarão hum tostão só
Inente.
Das buscas, que fizerem a requerimento de partes, ou em bene
ficio dellas, levarão por cada hum anno dos que as mesmas partes, ou
os despachos apontarem, hum tostão, não se havendo porém respeito ao
anno immediatamente presente ao requerimento, ou despacho.
Por quaesquer certidões, que passarem a requerimento de par
fºs, levarão duzentos e quarenta réis, não passando a escrita de duas
laudas, porque passando levarão cento e vinte réis por cada huma, sem
sº haver respeito, a que a ultima conste "… , ou menos escrita.
18 I750
s!
Nenhum dos sobreditos Escrivães da Camara poderá mandar la #
vrar os papeis assima declarados, ou outros quaesquer do seu expedien ; I'll
te por pessoas, que não sejão Oficiaes, ou Escreventes approvados, e &#.
habilitados pela Meza com juramento, que devem prestar na Chancella #
ria em observancia do Decreto de vinte e tres de Setembro de mil seis \.\
centos quarenta e dous annos, que Mando se cumpra. rs !
E posto que os sobreditos Escreventes, e Oficiaes sem distincção É, e
de maiores, ou menores hão de ser propostos pelos Escrivães da Cama M.
ra respectivos, não poderão estes por si suspendellos, ou expulsallos, e k|
só a Meza poderá ter contra elles este procedimento, intervindo causa #
justa, sobre a qual a mesma Meza se haverá com a circunspecção que
convem, e della confio.
Todos os sobreditos Oficiaes, e Escreventes levarão por satisfa
ção do seu trabalho metade do sellario dos papeis, que lavrarem, e por
nenhum modo se consentirá, que nas Secretarias tenha outra alguma pes
soa qualquer occupação, ou incumbencia. -

Este Regimento se imprimirá, e se mandarão cópias delle aos


Tribunaes, e Ministros, que necessario for, e aos que forem impressos,
e assignados por dous Desembargadores do Paço, e do Meu Conselho,
se dara tanta fé, e credito, como se fossem por Mim assignados; e que } {
ro que valha, como Carta passada em Meu Nome, sem embargo do seu
efeito haver de durar mais de hum anno, e de não passar pela Chancel \#}
laria, não obstantes as Ordenações liv. 2. tit. 39. e 40. que para este ef """
feito com todas as mais Leis, Ordenações, Privilegios, e Provisões ge kh.
raes, ou especiaes Hei por derogadas de Minha certa sciencia, poder &##
Real, e absoluto, para que só este Regimento, e nenhum outro tenha # le
efeito; porque quero, que se cumpra, e guarde assim, e da maneira,
que nelle he conteúdo, e declarado. Lisboa 25 de Agosto de 1750. =
O Desembargador do Paço Ignacio da Costa Quintella o fez, e sobscre
veo. = Com a Assignatura de Sua Magestade, e de dous Desembarga
dores do Paço.
Impresso avulso.

# ºk…>…ºk-+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem: Que ten
do consideração a se Me representar pela Meza do Meu Desembargo do
Paço, que para evitar-se os grandes damnos, que em todas as terras destes
einos commettem os damninhos, e formigueiros, será conveniente que
contra os sobreditos se proceda, perguntando-se por elles nas Devassas
geraes do mez de Janeiro: Hei por bem Mandar que nas sobreditas De
vassas, que todos os Juizes das terras destes Reinos, e Ilhas adjacentes
devem tirar todos os annos no mez de Janeiro, se pergunte pelos damni
nhos, e formigueiros, contra os quaes se procederá a arbitrio dos Julga
dores, com as penas que pelos casos merecerem: e para este efeito se
accrescentará este Capitulo aos que estão declarados na Ordenação pa
ra as taes Devassas; e isto mesmo se observará nesta Cidade pelos Cor
regedores dos Bairros della: e esta mesma Lei Mando se cumpra, e
guarde, como nella se contém. E Ordeno ao Regedor da Casa da Sup
plicação, Governador da Casa do Porto, e a todos os Desembargadores
das ditas Casas, Governadores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Justi
I750 19

ças, Oficiaes; e pessoas destes Meus Reinos, e Senhorios, a cumpräo,


e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar: o para que venha
á noticia de todos: Mando ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Atai
de, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos, e Senhorios,
a faça publicar na Chancellaria, e envie Cartas com o traslado della sob
Meu Sello, e seu signal, a todos os Corregedores, e aos Ouvidores das
terras dos Donatarios, em que os Corregedores não entrão por Correi
ção, e se trasladará nos Livros do Desembargo do Paço, Casa da Su
plicação, e Relação do Porto; e esta propria se lançará na Torre do Tom
bo. Dada em Lisboa aos 12 de Setembro de 1750. = Com a Assigna
tura de ElRei, e a do Mordomo Mór P. do Desembargo do Paço.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 162. vers., e impr. avul
SO.

ºk #«…»*-+

A… 6 dias do mez de Outubro de 1750, em Meza grande, propoz o


Senhor José Pedro Emauz, Chanceller, e Governador das Justiças nes
ta Relação, e Casa do Porto, que o dito Senhor fôra Servido por Seu
Real Decreto fazer-lhe saber, que tinha determinado o dia 7 do mez de
Setembro passado, para a Exaltação ao Throno destes Reinos de Portu
gal, recommendando todas as demonstrações de alegria por occasião tan
to do seu agrado, e ordenando no dito Decreto ao Conselho da Fazen
da celebrassem esta festividade com hum dia de luminarias, levando a
propina costumada, como tambem a da Exaltação do Throno; o que se
praticou no dito Conselho da Fazenda, e nos maís Tribunaes, e Casa da
Supplicação, de cujo Regimento participa esta Casa do Civel, que ce
lebrou a mesma festividade; e supposta a demonstração, que os Minis
tros actuaes desta dita Casa havião feito com as luminarias, e acção pú
blica, a que assistírão por esta occasião, parecia justo se lhes satisfizes
sem as ditas propinas, e a falta de dinheiro continuava nas despezas,
em cujos termos parecia justo, recorrer ao meio, de que já em outras
occasiões se usára, que fôra tirar-se por emprestimo do dinheiro applica
do ás obras desta Relação, o preciso para se satisfazer estas despezas,
com a declaração, que não o havendo assim por bem o dito Senhor, o
que se não devia esperar da Sua Real Grandeza, se restituir ao mesmo
efeito este emprestimo, ou pelo dinheiro das despezas, havendo-o então,
ou por cada huma das pessoas , em cujo favor cedia este emprestimo,
como já se havia declarado nas occasiões passadas; e como era preciso
tomar-se Assento, mandou o dito Senhor Governador, que os Ministros,
que se achavão presentes, votassem o que entendião ; porque o Assen
to, que se tomasse, não só obrigaria aos presentes, mas tambem aos au
sentes; e votando-se foi uniformemente por todos assentado, que se usas
se do dito emprestimo com as referidas condições , e que se obrigavão
por este mesmo Assento a restituir cada hum, o que lhe tocasse do dito
emprestimo no caso, em que Sua Magestade o não houvesse por bem, e
não houvesse nas despezas dinheiro, com que se satisfizesse; e de como
assim se assentou , mandou o dito Senhor Chanceller escrever este As
sento. Porto, era ut supra. Como •
cº………
\
Emauz. = Barrozo. =
2
20 1750

Carvalho. = Sant-Iago. = Vellozo. = Monteiro. = Figueiredo. =Dou


•••••

tor Dias. = Silva.

Livro dos Assentos da Relação do Porto fol. 93; e na


Collecção dos Assentos a fol. 336.

# # …>, ºk #

DoM JOSÉ por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber aos que esta Minha Lei virem, que tendo consideração a
que sem embargo do que dispoem a Ordenação liv. 1. tit. 58. S. 84, e
a Lei Extravagente de 26 de Julho de 1602., se tem alcançado algumas
provisões, e sentenças, pelas quaes se ordena, que os Juizes dos Orfãos
perpetuos, e os mais Oficiaes destes Juizos, sejão isentos das devassas
das Correições, por se lhes tomar residencia de tres em tres amios, e
disto não só resultão os inconvenientes apontados na dita Extravagante,
mas tambem o proferir-se muitas sentenças contrarias, o que se deve e
vitar, como se Mê representou pela Meza do Desembargo do Paço: Hei
por bem que todos os Corregedores, e Ouvidores, a que he concedido
fazer Correição, inquirão pelo auto della em quaesquer terras, sobre o
procedimento dos Juizes dos Orfãos perpetuos, e seus Oficiaes, como
tambem dos que servirem com os Juizes de Fóra dos Orfãos; perguntam
do porém pelos erros, e culpas sómente, que houverem commettido no
anuo, em que a Correição se fizer, e no antecedente a ella, sem em
bargo de haverem de dar residencia, a que sempre ficarão sujeitos; e só
os Juizes de Fóra dos Orfãos, posto que sirvão em falta dos Ordinarios,
serão isentos das devassas das Correições, e não os Oficiaes: e para es
te efeito Hei por derogadas quaesquer Leis, Provisões, ou Sentenças
em contrario, como se dellas fizesse expressa, e individual menção. Pelo
que Mlando ao Regedor da Casa da Supplicação, e Governador da Casa
do Porto, e aos Desembargadores das ditas Casas, e a todos os Corre
gedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Justiças, Oficiaes, e pessoas,
a que esta Minha Lei for apresentada, e á sua noticia vier, que a
cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, porque
assim o hei por Meu serviço. E para que venha á noticia de todos, Man
do ao Doutor Luiz da Cunha e Ataide, do Meu Conselho, e Chanceller
Mór destes Meus Reinos, ou a quem seu cargo servir, a faça publicar na
Chancellaria: e envie o traslado della sob Meu Sello, e seu signal, a to
dos os Corregedores, Provedores, Ouvidores de Meus Reinos, para que
cada hum delles a faça apregoar, e publicar nos lugares de suas Correi
ções, e Ouvidorias: a qual Hei por bem, e Mando, que se registe no
lívro do registo da Meza do Desembargo do Paço, e nos das Casas da
Supplicação, e do Porto, onde as taes se custumão registar, e esta pro
pria se lançará na Torre do Tombo. Dada em Lisboa aos 2 de Dezem
bro de 1730. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mordo
mo Mór P. do Desembargo do Paço. |-

Regisl. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no


Livro das Leis a fol. 163., e impr. avulso.
1750 21

+ ** Cººk %

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que, tendo consideração ás repetidas súpplicas, com que os Póvos de
Minas Geraes me tem representado que em se cobrar por Capitação o Di
reito Senhoreal dos Quintos recebem molestia, e vexação, contrarias ás
pias intenções, com que ElRei meu Senhor, e Pai, que santa Gloria
haja, houve por bem permittir aquelle methodo de cobrança, em razão
de lhe haver sido proposto como o mais suave: E desejando não só alli
viar os referidos Póvos na aflicção, que Me representárão, removendo
delles tudo o que póde causar-lhes oppressão , mas tambem soccorrellos
ao mesmo tempo de sorte, que experimentem os efeitos da Minha Real
Benignidade; do Paternal amor, com que ólho para o bem commum dos
meus fiéis Vassallos ; e do desejo, que tenho, de fazer mercê aos que
concorrem com os seus fructuosos trabalhos para a utilidade pública do
Meu Reino, sendo entre os benemeritos delle dignos de huma distincta
attenção os que se empregão em cultivar, e fertilizar as referidas Minas:
Fui Servido deputar algumas pessoas do Meu Conselho, para que, ven
do, examinando, e combinando attenta e favoravelmente todos os doze
methodos de arrecadação do referido direito que para ella forão estabele
cidos desde o Alvará do mez de Agosto de 1618 até agora, me propuzes
sem entre todos os ditos methodos aquelle que se achasse que era mais
benigno, e mais distante de tudo o que póde ser, ou parecer extorção,
ainda preferindo a tranquillidade, e o commodo dos ditos Póvos ao maior
interesse do Meu Real Erario. E porque entre todos os sobreditos me
thodos se achou que o mais conforme ás circumstancias do tempo presen
te , e ás Minhas Reaes Intenções, foi o que os Procuradores dos ditos
Póvos de Minas propuzerão, e oferecêrão em 24 de Março de 1734 ao
Conde das Galvêas André de Mello; e que, sendo por ele acceito, foi
praticado desde então até o tempo, em que a Capitação teve o seu prin
cipio: Hei por bem annullar, cassar, e abolir a dita Capitação, para
que cesse inteira, e absolutamente desde que esta Lei for publicada nas
Cabeças das Comarcas das Minas onde será feita a sua publicação logo
que a ellas chegar, sem demora alguma: E Sou Servido excitar, e res
tabelecer o dito methodo proposto pelos referidos Póvos em 24 de Março
de 1734 reintegrando-o ao mesmo estado, em que se achava quando foi
suspendido pela Capitação, confirmando-o com a Minha Authoridade Re
gia, e estabelecendo-o por esta Lei geral, modificado com tudo em be
neficio dos mesmos Póvos, que o oferecêrão, pela maneira que será ex
pressa nos Capitulos seguintes. +

C A P I T U L O I.

1 Regulando a precepção do mesmo Direito Senhoreal pelo sobredito


methodo, que Sou Servido reintegrar, e restituir inteiramente ao esta
do, em que se achava, quando foi suspendido: Ordeno que logo que se
findar o tempo, que os moradores das Minas houverem pago anticipada
"ente pela Capitação ; e logo que principiarem a laborar as Casas de
ºndição que restabeleço, todo o Ouro, que nellas ficar pelo Direito dos
uintos, se accumule em cada hum anno, reduzindo-se á totalidade de
22 I750

huma só somma o que se achar nos Cofres de todas as respectivas Co


marcas: para assim se concluir, se ha excesso, ou diminuição na quota
das cem arrobas de Ouro, que os sobreditos Póvos das Minas Geraes se
obrigárão a segurar annualmente á Minha Fazenda; tomando sobre si o
encargo de que, não chegando o producto dos Quintos a completar as
mesmas cem arrobas, as completarião elles Póvos por via de derrama;
e excedendo os mesmos Quintos aquella importancia, cederia o accres
cimo em beneficio do Meu Real Erario. -

2 Porém por fazer mercê aos mesmos Póvos, aliviando-os em parte


até do mesmo, que por elles foi oferecido, e pago com tanto contenta
mento seu, estabeleço que naquelles casos, em que no fim do anno ao
fazer da conta se acharem accrescimos que excedão as ditas cem arro
bas, ficarão esses accrescimos no Cofre da Intendencia, onde se fizer a #
computação, até o fim do anno, que proximamente se seguir: para que, 10
havendo nelle diminuição nos Quintos, se suppra o que nelles faltar pa
ra complemento da referida Quota, antes pelos sobejos do anno proximo #
precedente , do que pela derrama sobre os moradores, na concorrente li!
quantidade, a que os sobreditos sobejos poderem extender-se. Haven
do-os com tudo tambem no outro anno proximo seguinte, neste caso Or
deno, que, ficando no Cofre da Intendencia estes segundos sobejos pa
ra o efeito assima declarado , se remettão ao Meu Thesouro os outros
sobejos, que houvessem ficado do anno proximo precedente. E isto mes
mo se observará nos casos semelhantes, todas quantas vezes succeder nos
annos, que forem decorrendo. •

3 E porque tive informação de que no tempo, em que os Quintos se


pagárão por via da contribuição repartida pelos moradores, houve quei
xas dos Póvos contra os que os quotizárão , para que no caso de haver
em alguns annos falta na somma do Ouro, que ficar nas Casas da Fun
dição , e nos Residuos dos annos precedentes , seja necessario prefaze
rem-se as sobreditas cem arrobas por via de derrama: Ordeno, que es
tas em taes casos se não fação nunca pelas respectivas Camaras, separa
damente, mas sim por ellas, concorrendo juntamente a assistencia, e a
intervenção do Ouvidor , Intendente , e Fiscal de cada Comarca. Aos
quaes todos encarrego, e mando que com os olhos em Deos, e na Jus
tiça ponhão todo o cuidado, e toda a diligencia, para que cada hum pa
gue á proporção do que tiver: e evitando a grande desordem de se alli
viarem os ricos com a consequencia de serem os pobres vexados: sob pe
na de que , tendo informação desta desigualdade , me darei por muito
mal servido , e mandarei proceder contra os que para ella concorrerem
por com missão , ou ainda omissão, segundo o merecer a gravidade do
caso, e a culpa dos que nelle achar comprehendidos.
C A P I T U L O II.

1 Em cada huma das Cabeças de Comarcas das Minas do Brasil se


fabricará, e estabelecerá logo á custa da Minha Fazenda huma Casa,
na qual se haja de fundir o Ouro extrahido das mesmas Minas.
2 Naquellas Casas se reduzirá todo o Ouro bruto a barras marcadas
com as marcas dos respectivos Lugares, ou Casas, onde se fizer a fun
dição , das quaes não poderão sahir ainda assim as barras, senão com
Guias, que legitimem as suas marcas, fazendo constar que não são fal
S3 S.

3 Em ordem a evitar mais eficazmente este perigo, e o damno, que


1750 23

ele ameaça ao commum dos Póvos, haverá tambem em cada huma das
ditas Casas de Fundição hum livro de Registo, no qual fiquem lançadas
todas as ditas Guias, antes de se entregarem ás partes.
4, Eetes Registos se repartirão em todos os lugares, em que os tem
os Contratadores das Entradas, sendo obrigadas todas as pessoas, que
passarem por elles, a tirarem nova Guia, com que se apresentarão nas
Casas de Moeda do Rio, Bahia, e Lisboa. Em cujas Casas haverá ou
tro livro de Registo, no qual se lancem por memoria as entradas das re
feridas barras, para que todos os annos se possão conferir, e se possa
examinar por este meio, se ha barras falsas. E os Intendentes respecti
vos, como tambem os Vice-Reis do Brasil, e Governadores do Rio, e
das Minas, darão em todas as Frotas conta no Conselho Ultramarino com
o theor das ditas conferencias.
5 Estabeleço, e Mando, que as ditas Guias, e Registos se fação, e
entreguem ás partes pelos respectivos Intendentes, e seus Oficiaes, sem
salario algum ; sob pena de suspensão dos seus Officios contra os trans
gressores, que levarem qualquer emolumento, por minimo que seja. E
esta suspensão será de seis mezes pela primeira vez; de hum anno pela
segunda; e pela terceira incorrerão os transgressores em perpétua priva
ção dos seus Officios. •

6 E porque as mesmas partes, em razão de serem aviadas gratuita


mente, não sejão por isso vexadas com demoras: Ordeno, que em cada
huma das ditas Casas de fundição, haja Livros, e Bilhetes impressos, e
numerados, os quaes se remetterão em cada Frota pelo Conselho Ultra
marino, para ficarem servindo até á Frota proxima seguinte, com a qual
se remetterá sempre regular, e successivamente a conta dos Bilhetes do
anno preterito, que forem empregados, combinada com os Livros Origi
naes do Registo, restituindo-se então os outros Bilhetes, que ainda se
acharem brancos por falta de emprego.
7 Para mais prompta expedição serão os ditos Registos, e Bilhetes,
ordenados em fórma que neles não haja que accrescentar de letra de mão
mais, do que as importancias das barras, os nomes das partes, e o dia,
mez e anno da data, com os signaes dos respectivos Oficiaes, perante
os quaes se fizer o Registo: a saber: do Intendente, e do Fiscal de ca
da huma das referidas Casas. Aos quaes ordeno sob pena de se proceder
contra elles com severidade respectiva á negligencia, em que forem acha
dos , que fação dar ás partes prompta expedição pela mesma ordem do
tempo, pela qual receberem dellas o Ouro em pó, sem discrepancia al
Ul III a.

8 8 E para que esta ordem do tempo se possa observar sem confusão


nem dúvida, serão expressas nos Livros da Receita das referidas Casas
as horas, em que cada huma das partes entregar nellas o Ouro bruto. E
porque em huma mesma hora podem concorrer diferentes partes, se gra
duarão por sortes (tiradas entre ellas) as preferencias, para serem avia
das, sem disputa, nem queixa.
C A P I T U L O III.

l Por quanto nas Minas se acha presentemente hum grande número


de Intendentes, e de Oficiaes, os quaes pelo restabelecimento das Ca
sas da Fundição nas Cabeças das Comarcas ficão sendo superfiuos: Or
deno, que daqui em diante, em quanto Eu não mandar o contrario,
não haja mais Intendentes, e Oficiaes, do que os seguintes.
24 1750
!#
2 Em cada Cabeça de Comarca, ou em cada Casa de Fundição ha #
verá hum Intendente, e hum Fiscal. Este porém não será perpétuo, nem
Ministro de Letras por qualidade requisita , mas sim hum homem bem #
## !
dos principaes da terra, nomeado cada tres mezes pelas respectivas Ca
maras por pluralidade de votos , e approvado pelos Ouvidores, perante ##
kk
os quaes prestarão juramento estes Fiscaes, para terem o decoroso exer (EM?
cicio de cuidarem no interesse público dos seus Póvos, e em que se não #
fação descaminhos ás Casas de Fundição , lembrando aos Intendentes
tudo o que lhes parecer util ao Real Serviço, e ao bem commum. Bem
entendido, que a mesma pessoa não poderá ser reeleita em hum só an
no duas vezes; e no fim de cada trimestre se darão a cada hum dos di
tos Fiscaes cem mil réis de ajuda de custo sem outro Ordenado.
3 Cada Intendente , e Fiscal terão hum Meirinho, e hum Escrivão
para as diligencias, que forem necessarias.
4 Na Bahia, e Rio de Janeiro, haverá tambem dous Intendentes ge
raes com os seus Meirinhos, e Escrivães, para examinarem os descami
nhos, que muitas vezes se percebem melhor nos pórtos do mar, a que
se dirigem, do que nos mesmos lugares, donde sahem.
5 Em ordem ao mesmo fim , haverá tambem em cada huma das pa
ragens, onde estão os Administradores dos Contratos, hum fiel eleito pe
lo Intendente, e Fiscal do districto, desempatando o Ouvidor a eleição
em caso de discordia, para fazerem os segundos Registos, e expedirem
as segundas Guias na fórma sobredita, sem por isso levarem algum emo
lumento das Partes, debaixo das penas, que ficão estabelecidas. Estes
Fieis vencerão sómente os ordenados, que lhes forem determinados pelo
Regimento das Intendencias, sem poderem além delle pertender cousa
alguma das Partes; ás quaes devem expedir ou pela ordem do tempo,
em que se apresentarem, ou pela decisão das sortes, chegando ao mes
mo tempo diferentes passageiros, como he assima ordenado.
C A P I T U L O IV.

l Porque dentro nas Minas se póde commodamente fazer o commer


cio em grosso com barras approvadas na fórma assima referida; e se pó
de fazer grande parte do commercio por miudo com Ouro em pó, redu
zido aos diversos pezos pequenos, e ás diversas denominações, com que
os mesmos pezos correm alli actualmente, segundo os seus respectivos
valores. Ordeno que daqui em diante não corra dentro nas Minas moeda
alguma de Ouro, nem ainda até o valor de oitocentos réis, sob pena de
serem reputadas por falsas as taes moedas, e de ficarem sujeitas ás pe
nas irrogadas por Direito, contra os fabricadores de moeda falsa aquel
les em cujas mãos forem achadas taes moedas de Ouro , depois de pas
sado o termo preciso, e peremptorio de seis mezes, que estabeleço para
a extracção de todo o dinheiro de Ouro, que se achar dentro nos terri
torios das referidas Minas, ao tempo da publicação desta Lei.
2 Para a outra parte do commercio por miudo , que he inferior aos
pezos pequenos do Ouro : Ordeno que em todos os ditos territorios pos
sa correr, e com efeito corra, moeda Provincial de prata, e de cobre,
que para este efeito será cunhada nas Casas da Bahia, e do Rio de Ja
neiro , nas competentes quantidades , que os respectivos Governadores
das Minas, ouvindo os Procuradores dos Póvos dellas, avizarem que lhes
#6vos.
necessaria para a maior facilidade do commercio interior dos mesmos
1750 25

3. Para que estas providencias sirvão tambem á commodidade dos pas


sageiros, sem com tudo se deixar lugar a se fazerem fraudes: Ordeno,
que toda a pessoa, de qualquer qualidade, e condição que seja , que
houver de sahir dos territorios das Minas para fóra, querendo levar Ou
ro em pó, seja obrigada apresentar-se na Casa da Fundição perante o
Intendente, e Fiscal, declarando-lhes a jornada, a que se dirige, e a
comitiva de gente, e bagagem que leva ; , á vista de cuja declaração os
referidos Ministros taxarão a cada hum dos ditos Viandantes a compe
tente quantidade de Ouro em pó, que racionavelmente lhes parecer ne
cessaria para as despezas da dita jornada, aonde não poder chegar a
moeda Provincial de prata, e cobre, cuja introducção, e extracção fi
carão sempre livres.
4 E porque alguns dos Viandantes, que vierem de fóra para entrar
nos territorios das Minas, poderão não trazer nem Ouro em pó, nem
moeda Provincial de prata, ou de cobre para sua passagem : Ordeno,
que os Fieis das Casas da Fundição, que estiverem nos lugares, onde
os Contratadores dos caminhos tem Registos, recebendo o Manifesto do
dinheiro prohibido , que trouxerem os ditos Viandantes, lho permutem
logo em moeda Provincial, e em Ouro em pó, para que assim continuem
os mesmos Viandantes a sua jornada sem perigo, ou incommodidade.
C A P I T U L O V.

Estabeleço, que todo o Ouro, ou seja em barra, ou em pó, ou


o que vulgarmente se chama de folheta, corra daqui em diante dentro
das Minas, e fóra dellas, pelo justo valor que tiver, segundo o seu to
que , sem alguma diferença. Para cujo efeito Hei por derogada a Lei
de 11 de Fevereiro de 1719, com todas as mais Constituições, que a es
ta se acharem contrarias.

C A P I T U L O VI.

1 Toda a pessoa, de qualquer qualidade, estado, ou condição que


seja , que levar para fóra do districto das Minas Ouro em pó, ou em
barra, que não seja fundida nas Casas Reaes de Fundição, e que não
seja approvada por legitimas Guias, incorrerá na pena de perdimento de
todo o Ouro desencaminhado, e de outro tanto mais ; ametade para o
denunciante ou descobridor do descaminho , e a outra ametade para o
Cofre dos Quintos abaixo declarado ; a cujo monte accrescerá, assim o
descaminho achado, como as penas delle, naquelles casos, em que não
houver denunciante, nem descobridor, a quem se adjudiquem as ame
tades, que por esta Lei lhes ficão pertencendo.
2 Porém por evitar toda a collusão, e calumnia, que póde haver nes
tas denuncias; e para que em nenhum caso padeção os innocentes de
baixo do pretexto de se accusarem os culpados: Ordeno, que daqui em
diante se não proceda contra pessoa alguma denunciada , em quanto se
não seguir á denunciação a real apprehensão do descaminho : salvo, se
for por efeito das devassas geraes, que devem tirar os Intendentes, pro
seguindo-se algum descaminho, do qual nas mesmas devassas haja sufi
ciente prova, para então se proceder por elle pelos termos de Direito es
tabelecidos no Regimento das Intendencias. |-

D
26 1750

#
C A P I T U L O VII. R.: 1

• Nas sobreditas penas incorrerão todas as pessoas, de qualquer


qualidade, e condição que sejão, que concorrerem por obra ou para des
encaminhar Ouro em pó, ou para se occultar á Justiça o descaminho,
depois de haver sido feito ; porque serão em taes casos havidos por so
cios dos delictos, para se lhes impôr a mesma pena do principal desen
caminhador.

C A P I T U L O VIII.
• E para obviar ainda mais os ditos contrabandos, hei por repetidas
nesta Lei todas as prohibições, que até agora se estabelecêrão contra os
que entrão nas Minas, ou dellas sahem por atalhos, ou caminhos parti *--*
## !
culares. Ordenando de mais que toda a pessoa, que for achada com Ou
li#
ro em pó, que exceda hum marco, seguindo algum caminho diverso da
quelles, onde se achão, e acharem estabelecidos os Registos do contra
to das entradas, seja havido por desencaminhador, e condemnado como
tal na sobredita fórma ; salvo , se apresentar Guia da Intendencia do
Lugar, donde sahio com Ouro em pó, pela qual conste que teve legiti
ma causa para se extraviar contra o estabelecido nesta Lei. *#
#
C A P I T U L O IX. km.
#->

1 Todas as pessoas, por cuja industria se fizerem tomadias de Ou


ro desencaminhado ás Casas de Fundição na quantidade de duas arro
bas, ou dahi para cima, junta ou separadamente, víndo a ser julgadas #:::
por boas as ditas tomadias, além da meação, haverão os premios se
guintes.
2 . Se forem Corpos das Ordenanças, ficarão dalli em diante os seus
Oficiaes, e Soldados, gozando de todos os privilegios, de que gozão os
Oficiaes, e Soldados das Tropas pagas, e regulares.
3 Se forem Juizes Ordinarios , e Officiaes das Camaras, ou pessoas
particulares, se lhes passarão Certidões pelos respectivos Governadores,
para que segundo a qualidade de suas pessoas, e segundo a importancia
do descobrimento que fizerem , desde logo os mesmos Governadores os
prefirão no provimento dos cargos públicos, e honrosos, e depois me pos
são requerer as mercês, e as honras, que costumo fazer aos que proce
dem com zelo, e fidelidade no Meu Real Serviço. •

4 A mesma preferencia , e as mesmas Certidões darão tambem os


respectivos Governadores a todas as pessoas, que dentro no espaço de
hum só anno metterem em alguma Casa de Fundição oito arrobas de Ou
ro, ou dahi para cima, sem que examinem, se o dito Ouro era proprio
dos que o trouxerem a fundir, ou alheio; porque todos os que no seu no
me fizerem fundir dentro de hum só anno as referidas oito arrobas, go
zarão dos sobreditos beneficios em gratificação de seu louvavel trabalho,
e da sua benemerita industria.
5 Todos os habitantes das referidas Minas, que fizerem o descobri
mento de alguma nova Beta, ou Pinta fertil, e rica, além dos Privile
gios, que lhes são concedidos pelas Leis deste Reino, tirarão Certidão
da Intendencia, e do Governador, que lhas passarão, declarando a qua
lidade, e importancia do tal descobrimento, para os interessados me re
1750 | 27

quererem as honras, e mercês, que for servido fazer-lhes conforme os


SeuS II) eTCC1IllentOS.

C A P I T U L O X.

E para que ao mesmo tempo, em que os bons forem convidados


com o premio a preseverar nos seus legitimos intentos, sejão os máos cons
trangidos com o castigo a não pôrem por obras as suas preversas inten
ções: Ordeno que todas as pessoas, de qualquer qualidade, e condição
que sejão , que forem comprehendidas nos crimes de contrafazer barras
de Ouro, ou Bilhetes de approvação, e de Registo dellas, sendo-lhes
estes crimes suficientemente provados, conforme o Direito, fiquem su
jeitas ás penas irrogadas pelas Leis deste Reino; a saber : no primeiro
crime contra os que fabricão moeda falsa ; e no segundo contra os que
furtão o Meu signal; executando-se irremissivelmente estas penas con
tra os culpados, desde que forem por legitimo modo convencidos.
C A P I T U L O XI.

Considerando os graves inconvenientes, que résultão de se admit


tirem na America denuncias de escravos contra seus senhores: Sou ser
vido suspender por ora este meio. Se porém os Póvos das Minas o pedi
rem a bem da quota das cem arrobas de Ouro, que se obrigárão a segu
rar-me cada anno; e se apontarem meios taes, que fação cessar os so
breditos inconvenientes, terei attenção á utilidade, que se achar nos
meios, que me forem propostos, para serem admittidos em termos com
petentes. A mesma attenção terei a quaesquer outros expedientes, que
os Governadores, e Procuradores dos referidos Póvos me representarem,
achando que são uteis para se praticar o systema restabelecido por esta
Lei com maior segurança do Cabeção , e com maior vantagem do bem
commum dos meus fiéis Vassallos. •

Este meu Alvará se cumpra, e guarde inteiramente, como nelle


se contém; e quero que tenha força de Lei, sem embargo de seu efei
to haver de durar mais de hum anno , e da Ordenação do Livro segun
do Titulo quarenta, que dispõem que as cousas, cujo efeito ha de du
rar mais de hum anno, passem por Cartas, e não por Alvarás ; e não
obstantes quaesquer outras Leis a esta contraria, as quaes Hei por de
rogadas, como se dellas fizesse aqui expressa menção, sómente para ef
feito de que esta se cumpra, e observe inteiramente, como nella tenho
estabelecido, sem dúvida, nem contradicção alguma. Pelo que Mando
ao Duque Regedor da Casa da Supplicação; ao Governador da Relação,
e Casa do Porto ; ao Vice-Rei do Brasil; aos Capitães Generaes; aos
Governadores de todas as Conquistas; aos Desembargadores das ditas Re
lações, Oficiaes , e pessoas destes Meus Reinos, e Senhorios, que a
cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, como
nella se declara. E outro sim mando ao Doutor Francisco Luiz da Cu
nha, e Ataide do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Meus Reinos,
e Senhorios; que a faça publicar na Chancellaria Mór do Reino, na fór
ma costumada, e enviar logo os traslados della onde he costume, para
*Que a todos seja notoria. E se registará nos livros da Mesa do Desembar
So do Paço, e nos da Casa da Supplicação, Relação do Porto, e Bahia,
nos do Conselho de Minha Fazenda, e do Ultramar, e nas mais partes,
ºnde semelhantes Leis se costumão "sg"; ;2
e esta propria se lançará
28 1750

na Torre do Tombo. Dada em Lisboa, a 3 de Dezembro de 1750. = Com


a Assignatura de ElRei, e a do Ministro. -

Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no


Livro das Leis a fol. 154 , e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

• A

Hel por bem, que o Regedor das Justiças, vença de ordenado cada
hum anno oitocentos mil réis, que lhe começárão a correr do primeiro
de Janeiro do presente anno, e serão pagos pela mesma Repartição,
porque até agora se lhe pagava o ordenado, que tinha, que fica inclui
do nos ditos oitocentos mil réis. Lisboa 11 de Dezembro de 1750. = Com
a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos


Decretos a fol. 96 vers.

\
29

ANNO DE 1751.

S………Me presente que, pelo grande augmento, a que tem chegado o


Commercio nesta Corte, não póde dar-se expedição competente ao des
pacho da Alfandega, principalmente ao do mar, que pelos Foraes deve
preferir ao da terra, para que os mercadores, e navegantes não sintão o
incommodo das despezas, que lhes causão as demoras, e perdas das mon
ções de suas viagens, e da avaria que podem receber as fazendas nos bar
cos, esperando de noite na ponte da Alfandega; no que tambem se in
teressa a maior arrecadação de Meus Direitos: e desejando atalhar todos
estes inconvenientes a beneficio de Meus Vassallos, e dos Estrangeiros,
que commercêão nesta Corte: Hei por bem pôr em admininistração, e
despacho separado, e prompto todos os generos, que se despachão por
estiva, que são os conteúdos no rol, que baixa assignado pelo Secretario
S

de Estado Sebastião José de Carvalho e Mello. E Mando que na dita


ponte se levante huma balança, e junto della assista o Administrador,
ou Administradores, que Eu for Servido nomear, com hum dos Feitores
da Alfandega, que o Provedor lhe distribuir, e Escrivão das marcas, e
todos os mais Feitores, e Officiaes, que os ditos Administradores nomea
rem, por lhes parecerem precisos, sendo provídos pelo Provedor da dita
Alfandega. E tanto que os barcos chegarem á mesma ponte, sem nenhu
ma demora lhes fação as estivas de pezo, ou conta, e lhes passem bilhe
tes assignados por hum dos Administradores, Feitor, e Escrivão das mar
cas, e os mande á Meza grande para se pagarem os Direitos, e tirarem
O despacho da sahida. E logo que os bilhetes baixarem correntes, man
dará o Administrador sahir os barcos, nomeando hum dos Feitores no
Vamente provídos, que com hum Sacador da Alfandega vão presencear
à descarga na praia, em que se fizer, para examinarem se ha mais vo
umes, ou peças nos barcos, que as que forão estivadas, e as conduzi
tem por perdidas para a mesma Alfandega. E os bilhetes das ditas esti
Vas tornarão para poder do dito Administrador, para os conferir á noite
3O 1751

com o Contador da Conferencia, e se desmanchar todo, e qualquer er


ro, que se descobrir contra as partes, ou contra a Minha Fazenda, pon
do-se as verbas necessarias assignadas pelo Provedor da Alfandega na fór
ma do Foral. Para que na Meza grande não haja demora, haverá nella
hum Livro separado, em que se lance a Receita das estivas. E para es
crever nelle, distribuirá o Provedor hnm dos Escrivães da mesma Meza,
como distribue para as outras occupações della. Junto do dito Escrivão
assistirá outro Administrador, que lhe servirá de Conferente, tomando
os despachos em outro Livro pela sua propria mão, para se encher o que
está disposto no Capitulo quarenta e hum do Foral. Aos ditos Adminis
tradores pertencerá privativamente mandarem fazer tomodias de todas as
fazendas, que se acharem de mais nos barcos estivados; e assim tambem
de todas as que forem tiradas por alto de bordo de quaesquer embarca
ções grandes, ou pequenas, desde que entrarem da Barra de Cascaespa
ra dentro, ou as ditas fazendas sejão apprehendidas no Mar, ou na Ter
ra. E o Provedor da Alfandega, ouvidas as partes, as sentenceará logo
verbal, e summariamente, dando Appellação, e Aggravo, nos casos em
que couber, para a Meza dos feitos da Fazenda. E fará lançar todo o
rendimento líquido, que dellas proceder, no Livro da Receita das esti
vas, que ha de estar separado na Meza, sem embargo do que em con
trario está disposto a este respeito do Capitulo noventa e tres, até o Ca
pitulo cento e oito do Foral, e do Decreto da Commissão das tomadias
de nove de Maio de mil setecentos e vinte cinco, que para este fim só
mente revogo. E para a vigia do mar, e terra, poderão os ditos Admi
tradores nomear todos os Oficiaes, e pessoas, que lhes parecerem pre
cisas, sendo approvadas, e providas pelo Provedor da Alfandega, o qual
conhecerá das resistencias, que lhes forem feitas, do mesmo modo que
conhece das que se fazem aos Oficiaes da dita Alfandega : e outro sim
poderão trazer no Rio, para esse fim, huma ou mais embarcações ligei
ras com as Armas Reaes, que naveguem de dia, e de noite, para vigia
rem, e apprehenderem os descaminhos, e descaminhadores. Os ditos Ad
ministradores, Oficiaes, e Pessoas, que por elles forem nomeadas para
esta Administração das estivas, e tomadias, não levarão salario algum á
custa das Partes, porque estas sómente hão de pagar os emolumentos de
vidos aos Oficiaes da Alfandega, como de antes pagavão; e todos os Of
ficiaes, e Possoas, que de novo accrescerem, hão de ser satisfeitos, e
remunerados do seu trabalho á custa da Minha fazenda. E constando que
levão qualquer interesse das Partes, haverão a pena que tem os Ofi
ciaes, que levão mais do conteúdo no seu Regimento, pela Ordenação
Livro quinto, titulo setenta e dous. E para servirem de Administrado
res os tres annos, que principião no primeiro de Janeiro de mil setecen
tos cincoenta e hum, e hão de acabar no ultimo de Dezembro de mil se
tecentos cincoenta e tres, nomeio José Machado Pinto, e Joaquim José
Vermeule, os quaes assistirão promptamente na Alfandego todos os dias,
e horas, que dispoem o Foral, com pena de privação, e de pagarem o
prejuizo, que pela sua falta causarem ás Partes; por quanto sem elles es
tarem presentes, nem o Provedor, nem a Meza da Alfandega poderão
dar despacho ás fazendas de estiva; como tambem não poderão despa
char os bilhetes, em quanto os ditos Administradores neles não concor
darem, e assignarem. E para que se consiga o fim da brevidade intenta
da, qualquer dos ditos Administradores in solidum poderá servir todas
as occupações desta Administração, quando por algum impedimento não
estiverem juntos na Alfandega para servirem distribuidos. O Conselho
175| 31 |

da Fazenda o tenha assim entendido, e faça executar por este Decreto


sómente, sem dependencia de outro algum despacho, passando as ordens
necessarias ao Provedor da Alfandega para assim o observar por hora, e
em quanto Eu não for Servido dar sobre esta materia outra mais ampla
providencia. Lisboa 11 de Janeiro de 1751. = Com a Rubrica de Sua
Magestade.

Regist. no Conselho da Fazenda a fol. 255.

RELAÇÃO DAS FAZENDAS, QUE NA ALFANDEGA SE


DESPACHARÃo ATE AGORA, E HÃO DE DESPACHAR D'Aqui EM
{ DIANTE POR ESTIVA.

Linho, que vem em porquinhos, e Figo em ceiras, lios, e barris,


feixes.
Chumbo de munição em barris, e Gesso em pães, e saccos.
barrilinhos. Murrão em feixes.
Dito em pães e rolos. Cominhos em saccas.
Arroz em sacas, e barris. Caparrosa em barris.
A mendoa de dita sorte. Enxofre em barris, e caixas, º
Aço em caixões. Herva doce em saccas, e saccos.
Breu em barris. Enxarcea.
Ferros em barras, e em feixes pa Rezina.
T3 BICOS. •

Tambem se despachão nos barcos com licença as Fazendas


• seguintes.

Frascos, e garrafas de vidro a gra Couros tamados de Inglaterra, em


nel, e em caixas. lios, e soltos.
Vinho, vinagre, agua-ardente, a Alpiste em saccas, e barris.
zeite em pipas, e barrris. Alcatrão em barris.
Papel em ballas, e ballotes. Azeitonas em paroleiras, barris,
e pipas.
Frasqueiras
vasios.
com frascos de vidro

Esteiras de palma do Algarve, ca
pachos, e vassouras.
Lisboa em 11 de Janeiro de 1751. = Sebastião José de Carvalho
e Mello.

Impressa com o Decreto antecedente, na Oficina de


Antonio Rodrigues Galhardo.
32 1751
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NOVO REGIMENTO DA ALFANDEGA DO TABACO. #
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Willº |
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EU ELREI faço saber, que tendo consideração á súpplica, com que kºis
o Provedor, e Deputados da Meza dos Homens de negocio, que procu li# ºte
rão o bem commum do Commercio, Me representárão o deploravel esta !sk a.
do, a que se acha reduzido o trafico do Tabaco: E desejando ajudallo, #
de sorte que ao mesmo tempo os Lavradores deste genero se animem a { &## #
fabricallo; os Commerciantes possão achar lucro em o extrahirem; e os ! |1
donos dos Navios, em que he transportado do Brazil a este Reino, pos #
são tamqem fazer na carregação do mesmo genero aquelle justo e hones Eita!
to interresse, que he necessario para sustentar a navegação, sem que EE; fºr
huns prestem reciprocos impedimentos aos outros, por aquelle mal en ###
tendido desejo de maiores avanços particulares, que he destructivo de ## Ilê
todo o Commercio geral, e do bem commum que delle resulta: Fui Ser * #cto
vido ordenar, que vendo-se no Conselho da Fazenda, e na Junta da Ad "l. de
ministração do Tabaco, este importante negocio, se Me consultassem * #fe.
sobre elle os meios, que parecessem mais proprios, para se conseguirem
os referidos fins, e beneficio, que delles resultará a Meus Vassallos, ain
da quando para lho conferir fosse necessario cortar-se pelos Direitos, que
até agora percebeo o Meu Real Erario. E conformando-Me com as Con
sultas dos ditos Tribunaes, e com outros pareceres de Pessoas do Meu
Conselho, que tambem Fui servido ouvir sobre esta matería: Hei por
bem ordenar, que daqui em diante os Direitos, Despachos, primeiros
Preços, e Fretes do Tabaco, sejão regulados, e arrecadados na fórma,
que será expressa pelos Capitulos seguintes:
C A P I T U L o I.
1 Nos Tabacos, que se despacharem na Alfandega deste genero pa
ra o contrato geral, e consumo do Reino, quanto aos emolumentos dos
Oficiaes, pagas dos serventes, e fórma da entrada e sahida se observará o
que vai adiante ordenado. Porém quanto á importancia dos Direitos de en
trada e sahida; e quanto aos favores dos mesmos Direitos, se não inno
vara em cousa alguma o que se está praticando, antes pelo contrario se
cobrará o mesmo, que actualmente se cobra, para se applicar ás mesmas
Estações, a que até agora se applicou na maneira seguinte: +

2 Cada arroba de Tabaco pagará em tudo por Direitos de entrada,


e sahida, para o Meu Erario mil seiscentos e setenta e cinco réis e meio,
a saber: na entrada mil e duzentos rêis para a Alfandega do Tabaco;
duzentos réis para Alfandega do assucar; cento e dez réis para o Comboy,
que até agora se achava a cargo dos donos dos Navios; trinta réis para
o Consulado; doze réis para as obras; oito réis, e tres quartos mais pa
ra o Comboy; substituidos no lugar dos cem réis, que até gora se pa
gou por cada rolo; e por sahida cincoenta réis, ficando abolidos os cem
réis que até agora se pagavão por arroba, imaginando-se sómente seis
arrobas em cada rolo; sessenta e quatro réis de Consulado, abolindo-se
*#
J75 | 33
os cento e vinte e oito réis, que até agora se pagavão ao dito respeito;
e tres quartos de real de Portagem: que tudo junto faz completa a som
ma dos ditos mil seiscentos e setenta e cinco réis e meio, acima decla
rados. |- |-

3 Pagará mais cada huma das ditas arrobas, por proes, e precalços
dos Ministros, e Officiaes das Alfandegas; a saber: Para o Provedor da
Alfandega do dito genero hum real, que Sou servido conceder-lhe de no
vo a titulo de Tara: Para o Provedor da Alfandega do Assucar hum real,
ficando abolidos os dez réis, que até agora cobrou de cada rolo: Para os
Escrivães do mesmo Provedor hum quarto de real, tambem abolido o que
atégora recebêrão de Tara: Para o Feitor da dita Alfandega tres quar
tos de real: Para o Escrivão das marcas da mesma hum quarto de real,
abolida tambem a outra Tara, que actualmente percebe: fazendo em tu
do estes proes, e precalços, mais tres réis e hum quarto de accrescimo.
4 Item além do referido, cada arroba de Tabaco, que entrar na Al
fandega, e della sahir, pagará mais de salarios ás companhias, que cos
tumão conduzir este genero; a saber: desde o Barco até o Armazem cin
coréis por entrada, e desde o Armazem até o Barco indo por agoa, ou
até a porta indo por terra, cinco réis por sahida ; bem visto que o Ta
baco em nenhum destes dous casos poderá sahir da Alfandega, sem que
os conductores o levem pela balança, onde ha de ser pesado na maneira
abaixo ordenada : e pelo trabalho do peso vencerão tambem os pesado
res
maismeio
dez real
reis de cada por
e meio arroba, que for á balança, fazendo estes salarios
arroba. •

5 Nos Direitos acima declarados se não comprehende o donativo, que


atégora pagava cada rolo ; porque a referida contribuição Sou servido
que cesse a todos os respeitos desde a publicação deste Regimento em
diante.

C A P I T U L O II. . .

1 Pelo que respeita á fórma do peso, estabeleço que daqui em dian


te nenhum Tabaco possa ser computado para pagar Direitos nem por
calculo imaginario de tantas arrobas por rolo; nem tão pouco por núme
ro de rolos ; nem menos por pesadas de tantos, ou quantos rolos cada
huma: mas todos serão reduzidos a arrobas e arrateis, e ao certo, de
terminado, e preciso número das ditas arrobas e arrateis, que tiver ca
da partida pelo seu peso natural, incluida a Tara, sem excesso ou di
minuição. Antes pelo contrario, se fará cada peso exacto com a balança
no Equilibrio, ou no fiel, sem alguma diferença.
2 Os Oficiaes , e Pessoas , que ou pedirem, ou receberem emolu
mentos maiores, ou diversos dos que ficão acima estabelecidos; ou fize
rem , ou contribuirem para que se faça qualquer peso de Tabaco por
fórma diversa da que tambem fica acima ordenada; ou pesando na refe
rida fórma, fraudarem, ou permittirem que se fraudem os Direitos Reaes,
ou os beneficios do Contratador geral, e do Commercio ahaixo declara
dos; sendo-lhes qualquer destes crimes suficientemente provado confor
me a direito, pela primeira vez incorrerão em suspensão dos seus oficios,
por seis mezes; pela segunda por hum anno; e pela terceira em priva
cão dos ditos Oficios, para me ficar devoluto o seu provimento. E sen
do o criminoso serventuario, não será mais admittido a servir Oficio al
gum de Fazenda. Porém se for proprietario , perderá irremissivelmente
a propriedade, posto que tenha filhos. Reservando sempre os casos maio
34 175 |

res de fraudes taes, que requeirão as outras mais severas penas, que
se lhe imporão cumulativamente conforme a Lei do Reino, e Regimen
to da Fazenda.
3 A totalidade de número de arrobas e arrateis que tiver cada par
tida de Tabaco, computada na sobredita fórma , será declarada no li
vro da sahida, e nella computada para pagar os Direitos que dever nes
ta conformidade. , *

4 Se o dito Tabaco for despachado para o Contrato geral , e consu


mo do Reino, pagará os Direitos acima ordenados. Porém nelles se lhe
abaterão quatro arrateis de Tara em cada arroba, que fui servido con
ceder a favor do Contrato. -

5. Mas quando o mesmo Tabaco for despachado para fóra do Reino,


neste caso a partida que se trouxer ao Despacho, será dividida em duas
partes iguaes, ou ametades, incluidas as Taras. Huma das ditas partes
pagará os Direitos, proes, e precalços acima ordenados. A outra parte :
se dará absolutamente livre de todos os referidos encargos, por Tara, e
por premio, a favor do Commercio. De tal sorte que se a partida for de
quarenta arrobas brutas , se darão vinte dellas por Tara e por premio,
e se pagarão das outras vinte, que restarem, os Direitos liquidos, e com
pletos acima ordenádos.
C A P-I T U L O III.
# -

1. Para melhor expedição dos referidos Direitos, proes, precalços,


e salarios, Ordeno que a importancia dos mil seiscentos oitenta e nove
réis e hum quarto, que som mão os ditos tres Artigos em cada arroba de
Tabaco das que devem pagar na sobredita fórma, se reduzão no livro da
receita da Alfandega a huma só e unica addição de conta para a carga
do despachador; e a hum só e unico Bilhete para a sua descarga : evi
tando-se assim os diferentes circuitos, e diversos registos e descargas,
que atégora se praticárão com grave prejuizo do Commercio deste gene
ro, e com igual detrimento das pessoas que nelle traficavão.
2 . Em ordem ao mesmo fim Ordeno que os ditos Livros , e Bilhetes
se achem na Mesa da Alfandega impressos, e numerados, em fórma que
nelles não haja que accrescentar de letra de mão , mais que o nome do
Despachador; o número das arrobas de Tabaco nelles conteudas; a quan
tia que pagou de Direitos; e o dia, mez, e anno da data do despacho,
# os signaes dos Oficiaes, que nelle deverão intervir
tilo. •
na fórma do es

} C A P I T U L O IV.

1 Para que na descarga, conducção, e arrumação deste genero, pos


sa haver a mesma facilidade, e expedição, que deixo estabelecidas para
o seu despacho: Sou servido ordenar que daqui em diante se pratique a
este respeito o seguinte: -

2 Os Barcos que trouxerem os Tabacos de bórdo dos Navios á ponte


da Alfandega na entrada, e que della os levarem na sahida a bórdo dos
mesmos Navios, não poderão vencer por frete mais de doze réis e meio
por cada rolo; sob pena de que provando-se que levárão maior frete, ou
que se escusárão do transporte deste genero, por pertenderem que o pa
gamento delle lhe fosse feito em outra fórma , incorrerão pela primeira
vez em vinte mil réis, ametade para o Hospital, e ametade para o de
175 I 35

nunciante; pela segunda vez no dobro; e pela terceira, serão presos na


cadeia por tempo de seis mezes, e della pagarão cem mil réis, applica
dos na referida fórma.
3. Desde que o Tabaco chegar ao caes, ou ponte da Alfandega, fi
cará a cargo das companhias da mesma Alfandega tirarem-no do Barco,
e conduzirem-no via recta ao Armazem abaixo declarado ; sem por isso
poderem pedir, ou acceitar outros salarios, que não sejão os acima or
denados, debaixo das mesmas penas, que tambem ficão acima estabele
cidas contra os barqueiros, que levarem mais do que lhes he devido.
4 Os Tabacos que desembarcarem no caes, ou ponte da Alfandega,
passarão della em direitura ao Armazem sem exame algum, nem a res
peito do peso, nem pelo que pertence á bondade: porque para se reco
lher no dito Armazem se lançará em receita por lembrança no livro das
entradas sem salario algum, presentemente pelas Guias e arrecadações,
que trouxer das Alfandegas do Brasil, e depois pelas marcas, e Guias
das Casas de Inspecção, que Mando estabelecer nos Portos principaes
daquelle Estado: defendendo, que os Direitos deste genero se possão ar
bitrar, ou que a sua qualidade se possa controverter senão ao tempo da
sua sahida.
5 O dito Armazem onde presentemente se costuma recolher o Taba
co, será logo separado, de sorte que ficando no meio delle a coxia, que
for necessaria para serventia das fazendas que entrarem, e sahirem, se
dividirão os dous lados nos diversos repartimentos iguaes, que couberem
na sua proporção, numerando-se todos , e colocando-se no alto , e na
parte exterior de cada hum delles, o respectivo número que lhe for com
petente ; de sorte que a todo o tempo o possa ver claramente quem for
pela coxia.
6 Ao mesmo passo que os Tabacos forem entrando na Alfandega, se
irão accommodando a favor dos seus respectivos donos, nos ditos repar
timentos, pela ordem dos seus respectivos números: em tal fórma que,
por exemplo, só depois de estar no repartimento número = Primeiro =
todo o Tabaco de Pedro, se poderá metter nelle o Tabaco de João , e
assim gradualmente nos mais repartimentos á mesma imitação : decla
rando-se nos Livros, e Bilhetes das respectivas entradas o certo reparti
mento, em que fica o Tabaco de cada hum dos Despachadores, para que
todos saibão sempre onde está o seu Tabaco, para o acharem e fazerem
ver per si mesmos, cada vez que quizerem , e lhe acharem comprado
res, sem que para isso tenhão a menor dependencia de terceiras pessoas.
7 E quando a experiencia venha a fazer ver que no actual Armazem
não ha toda a capacidade necessaria para conter os Tabacos, que a ella
vierem do Brasil, julgando-se preciso , ou ampliar-se o mesmo Arma
zem, ou ainda fazer-se outro de novo, se me fará tudo presente, para
dar a providencia que for servido em beneficio do Commercio deste ge
IleTO.

C A P I T U L O V.

l Por favorecer de toda a sorte o mesmo genero, ainda ao tempo da


sahida delle, em que deve ser computado o seu peso na fórma sobredi
ta, ou haja de ser vendido para o Reino, ou para os Paizes Estrangei
ros, Ordeno que em nenhum destes casos se faça vestoria, ou exame na
sua qualidade, senão naquelles termos em que o vendedor, ou compra
dor, o requererem, e não de outra "É
2
36 1751

2 Se as partes requererem o referido exame , será feito logo imme


diatamente dentro no Armazem , sem demora alguma, vencendo cada
hum dos Mestres, que o fizerem, duzentos e quarenta réis de salario á
custa da Parte, por quem for requerido, sem outro estipendio. E cons
tando que os ditos Mestres ou levárão salario maior do referido, ou de
morárão as partes, debaixo de qualquer pretexto, para as dilatarem,
sendo-lhe este crime provado conforme o Direito, incorrerão nas penas
acima estabelecidas no Capitulo II, § 4. ficando além dellas salvo ás Par
tes seu direito, para pedirem aos sobreditos a satisfação da perda, que
lhe houverem causado na demora , a qual lhes poderá ser julgada sum
mariamente pelo Provedor da mesma Alfandega , com appellação e ag
gravo para a Junta da Administração do Tabaco, nos casos, que não
couberem na sua alçada.
3 Nos casos, em que as Partes requererem o referido exame, tanto
que elle for feito; e nos casos, em que o não requererem, desde que as
mesmas Partes pedirem despacho de sahida, e disserem que estão prom
ptas para extrahirem os seus Tabacos, passarão estes immediatamente
do Armazem, e divisão delle, onde estiverem guardados, á balança que
está defronte da Mesa do Provedor. Nella serão pesados na maneira aci
ma referida , em ordem a pagarem os Direitos que ficão ordenados. E
parecendo ás Partes, passarão os mesmos Tabacos de caminho, ou abor
do do Navio, onde houverem de ser embarcados, levando as Guias e
cautelas, que se achão estabelecidas para segurar que com efeito saião
do Reino, se delle houverem de sahir; ou para o lugar, onde o Contra
tador geral os destinar, se houverem de ficar dentro no mesmo Reino.
Porém se as Partes quizerem levar os seus Tabacos da dita balança ou
para o Jardim, ou para o Armazem delle, o poderão fazer, sendo-lhe
necessario. E neste caso o não poderão depois extrahir , senão debaixo
das costumadas Guias.

C A P I T U L O VI.

I Sendo certo que nem o Lavrador póde continuar o seu trabalho,


senão vender o Tabaco com o lucro necessario para sustentar a lavoura,
nem ha de achar quem lhe compre, se o comprador o não tiver a preço,
que o possa transportar do Brasil a este Reino , para delle o fazer pas
sar a outros Paizes com ganho que lhe faça util a sua extracção : nem
esta se poderá conseguir em termos cenvenientes, se a bondade do ge
nero lhe não segurar a reputação commua dos que devem gasta-lo: Sou
servido prover a estes respeitos na maneira seguinte:
2. O Tabaco da primeira folha, vulgarmente chamado Escolha de Hol
landa. não poderá exceder no Brasil o valor de mil réis por arroba , li
vres e liquidos para o Lavrador, nem o Tabaco da segunda folha, e da
segunda sorte, o preço de novecentos réis. Destes dous preços para bai
xo poderão com tudo ser vendidos os referidos Tabacos, conforme o ajus
te e avença das Partes Porém os vendedores , que excederem os ditos
preços, depois de ser passado hum anno, contado do dia da publicação
desta Lei nos respectivos Portos do Brasil, pagarão em tresdobro o pre
co do Tabaco, que houverem vendido por maior preço, ametade para o de
nunciante e a outra ametade para as obras públicas do Estado.
3 Nenhum outro Tabaco, que não seja das referidas duas qualidades,
nellas bem fabricado , bom e de receber , depois de passado o referido
anno, poderá ser embarcado nos Portos do Brasil para passar a este Rei
1751 37

mo, debaixo das penas, que ao diante serão estabelecidas. Porém ficará
livre aos Lavradores, e compradores do Tabaco inferior, ou da terceira
qualidade, poderem gastallo na terra, ou embarcallo para a Costa de A
frica, como bem lhes parecer, na conformidade do que se acha ordena
do pelo
dens do Regimento da Junta da Administração do Tabaco, e pelas or
Conselho Ultramarino. •

4 E para obviar ao prejudicial engano, com que de certos annos a es


ta parte se tem achado falsificados os Tabacos que vem a este Reino,
tenho resoluto que no Rio de Janeiro, na Bahia, Pernambuco, e no Ma
ranhão, se estabeleção logo quatro Mezas de Inspecção, compostas de
Ministros e Pessoas, pagas á custa de Minha fazenda, para nellas se exa
minarem e qualificarem os Tabacos, que se dirigirem a esta Corte, an
tes de serem embarcados.
5 Todos os Tabacos destinados a embarque para este Reino, serão
primeiro apresentados nas referidas Mezas. Os que nellas se acharem taes
quaes se houver dito na manifestação que delles se fizer, sem trazerem
mistura, nem engano, serão approvados; marcados com o Sello da Hns
pecção; serão recolhidos no Armazem da mesma Inspecção, para delle
se embarcarem; e serão pela mesma Inspecção dirigidos gratuitamente
á Alfandega desta Cidade com a Guia do seu Proprietario, peso, e qua
lidade. Porém os Tabacos que se acharem ou de qualidade diversa da
quela com que forão manifestados, ou misturados, ou de inferior quali
dade, serão queimados irremissivelmente.
6 E sobre tudo o Provedor da Alfandega desta Cidade com os Ofi
ciaes della, ao tempo em que fizerem os exames que pelas Partes lhe fo
rem requeridos, terão grande cuidado em averiguarem, se os Tabacos
que trouxerem as marcas das respectivas Inspecções, são conformes ao
que fica assima ordenado. E nos casos em que acharem o contrario, Me
darão conta da falta que houver, para nella prover como for mais con
veniente ao bem do Commercio.

C A P J T U L O VII.

l Por Me ser presente que os Fretes do Brazil para este Reino, por
hum abuso contrario á razão, e ao interesse do Commercio, se encare
cêrão em repetidas occasiões com tal exorbitancia, que o valor dos ge
neros não podia sofrer o custo do transporte, Ordeno que daqui em di
ante nenhum Mestre de Navio ouse pedir, ou receber por frete do Ta
baco de qualquer dos Pórtos do Brazil para este Reino, preço algum,
que exceda a trezentos réis arroba, ou a dezaseis mil e duzentos réis por
tonelada de cincoenta e quatro arrobas. Este preço ficará porém livre e
líquido a favor do Navio, a cujo fim já fica transferido no genero o Di
reito, que antes se pagava na Alfandega desta Cidade a respeito do cas
co. E os que levarem fretes maiores dos assima taxados, perderão toda
a importancia do transporte, que fizerem, a favor da pessoa, a quem
extorquirem a dita maioria. E ficarão sujeitos ás mais penas que mere
cerem, segundo a gravidade da maior culta, em que forem incursos.
em2 diante
O mesmo ordeno,
a respeito dos que se do
fretes observe tambem inviolavelmente daqui
Assucar. •

3 E para mais suave e facil observancia desta disposição, estabeleço


que nenhum Navio, que passar em lastro de hum Porto do Brazil a qual
quer outro do mesmo Estado, para procurar carga, a possa receber, se
não subsidiariamente, depois de haverem sido carregados os outros Na
38 175I

vios, que houverem levado carga deste Reino para o mesmo Porto, on
de concorrer o Navio, que se achar que nelle entrou de vasio, ou em
lastro, sob pena de que toda a importancia dos fretes, que este ultimo
Navio receber, cederá a favor dos Mestres dos outros Navios, a quem
direitamente pertencia a carga, ou daquelles que o denunciarem, e se
habilitarem na causa desta pena, com o direito de que os seus Navios
levarão carga para o Porto, onde a carregação se achar feita.
3 Semelhantemente os Navios pertencentes á Praça da Cidade do
Porto, que navegarem para os Pórtos do Brazil, não tomarão nelles car
ga pertencente a esta Cidade de Lisboa, senão depois de haverem sido
carregados os Navios da mesma Cidade de Lisboa: nem pelo contrario
os Navios poderão receber carga para o Porto, senão depois de se acha
rem carregados os Navios pertencentes á dita Cidade do Porto, tudo de
baixo das mesmas penas assima ordenadas.
Pelo que: Mando ao Presidente da Junta da Administração do
Tabaco, e Deputados della, que ora são, e aos que ao diante forem ,
cumpräo, e guardem este Regimento, e o fação inteiramente cumprir e
guardar assim pelos Ministros e Oficiaes da sua Repartição, como por
todos os mais do Reino, como nelle se contém. E Mando que depois de
ser por Mim assignado, se imprima, para que seja notorio a todas as pes
soas, a quem tocar a sua observancia. E o mesmo Regimento Hei por
bem que tenha força e vigor de Lei, sem embargo de quaesquer Leis,
ou Ordenações que o encontrem, que por este derogo, como se de cada
huma dellas fizera expressa menção; e quero que valha, como se fosse
Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe, sem em
bargo das Ordenações do Livro segundo titulo trinta e nove, quarenta,
e quarenta e quatro, que dispoem o contrario. Lisboa a 16 de Janeiro
de 1751. (1) = Com a Assignatura de Sua Magestade.
Impresso avulso.
} # …>, ºk #

Sºsno informado da grande decadencia, em que se achão, a lavoura,


e o Trafico do Tabaco, e Assucar, que são os dous generos, em que
consiste o principal Commercio destes Reinos com o Estado do Brazil:
E desejando animar eficaz, e efectivamente o fabríco, e a extracção dos …
*
mesmos generos, em beneficio commum dos Meus fiéis Vassallos, assim
da America, como da Europa, em ordem a remover delles os impedi
mentos, que lhes obstão para se utilisarem com a Agricultura, e com a
Navegação destas duas consideraveis producções daquelle Continente:
\,
Sou servido ordenar a estes respeitos, o seguinte. Quanto ao Assucar.
Pelo que pertence á fórma dos Despachos nas Alfandegas destes Reinos
(cessando toda a fraude) se expedirão daqui em diante as caixas, e fei
xos, pelas arrobas, que trouxerem por cabeça, e se tirarão direitamen
te dos Armazens para a rua, sem que por esta expedição paguem ou
tros alguns emolumentos, que não sejão, em Lisboa o Bilhete ao Feitor,
o Despacho da Casa de cima, e á porta. Na Cidade do Porto se prati
cará o mesmo por modo respectivo. E havendo quem queira despachar,
ou a bordo dos Navios, ou na Ponte da Alfandega, ou para baldearem
(1) Vid, o Alvará de 29 de Novembro de 1753.
175 | 39

para fóra, ou para levarem as Partes para suas casas o referido genero,
não sómente se lhes dará Despacho na sobredita fórma, e não sómente
se lhes darão a Tara, e favor abaixo declarados; mas tambem se lhes a
baterão de mais dez tostões de premio em cada caixa na conta dos Bi
lhetes; e se lhes darão mais seis mezes de espera para o pagamento dos
Direitos, além do espaço, que tiverem para o mesmo efeito os mais Des
pachadores. Pelo que pertence ao favor das Taras se praticará o mesmo,
que ate agora se praticou, abatendo-se de cada cinco arrobas huma em
beneficio dos Despachadores; ou estes despachem os Assucares para o
consumo do Reino, ou para o extrahirem delle para os Paizes Estrangei
ros. Pelo que pertence aos Direitos, os Assucares, que se despacharem pa
ra o consumo destes Reinos, pagarão por cada arroba do Branco, limpa
da Tara, o mesmo cruzado, que pagárão até agora; e por cada arroba
do Mascavado dous tostões, na conformidade da Lei de treze de Setem
bro de mil setecentos e vinte e cinco; excepto o Donativo, que cessara
inteiramente desde a publicação do presente Decreto. Porém o Assu
car, que se despachar para fóra, constando por ligitimo modo, que he
extrahido para qualquer Paiz estrangeiro, se dividirá na conta por cabe
ça em duas partes iguaes, ou ametades, depois de ser abatida a Tara
assima ordenada. Huma das ditas ametades pagará o Direito na mesma
fórma, em que o pagar o Assucar, que for despachado para o con
sumo do Reino: A outra ametade, que restar, se dará aos Despachado
res livre de todo o encargo a favor do Commercio, o qual gozará deste
beneficio quanto ao preterito desde o dia doze de Agosto do anno pro
ximo passado; e quanto ao futuro até que Eu seja servido dar sobre esta
matereria outras mais amplas providencias. Pelo que pertence aos Fre
tes dos Navios, que transportão do Brazil este genero, Sou servido or
denar, que a respeito delle se observe em tudo, e por tudo o mesmo,
que tenho estabelecido a favor do Tabaco, e sua navegação pelo Capi
tulo setimo do Novo Regimento da Alfandega deste segundo genero,
desde o §. Primeiro até o §. Final inclusivè. Frºm os seiscentos réis de
cada caixa, que até agora pagárão os Donos dos Navios do preço, que
recebião dos Fretes, ficarão daqui em diante transferidos no genero a
cargo dos que o despacharem para se haver delles nos termos, e nos ca
sos em que pagarem os mais Direitos assima declarados. Pelo que per
tence aos primeiros preços no Brazil, sendo certo, que todos os sobredi
tos favores nos Despachos, Direitos, e Fretes, se farião inuteis se o As
sucar se não podesse achar no agro, com tal proporção no custo, que o
Lavrador ganhasse em o fabricar, e o Homem de negocio achasse a sua
conta em o extrahir; estabeleço, que daqui em diante na Bahia de to
dos os Santos, nem cada arroba de Assucar branco fino possa exceder o
valor de mil e quatrocentos réis; nem do Branco redondo o valor de mil
e duzentos réis; nem do Branco batido o valor de novecentos réis; nem
do Mascavado macho o valor de seiscentos réis; nem do Mascavado ba
tido o valor de quinhentos réis; nem do Mascavado broma o valor de
quatrocentos réis; livres, e liquidos para os Lavradores. Os Assucares
do Rio de Janeiro, Pernambuco, e Maranhão, serão vendidos ao mes
mo respeito, com a diferença de cem réis de menos por arroba em todas
as qualidades, e preços assima estabelecidos. Tudo isto sob pena de que
as pessoas, que excederem os sobreditos preços, em qualquer dos refe
ridos Estados, depois de ser passado hum anno, contado do dia da Pu
licação, que nelles se fizer deste Decreto, incorrerão nas mesmas pe
mas estabelecidas pelo Capitulo sexto, §, segundo do Novo Regimento da
40 • I75 |

Alfandega do Tabaco contra os que venderem este genero nos pórtos do


Brazil por preços maiores dos que lhe forão por Mim determinados. Suc
cedendo porém aperfeiçoarem-se os Assucares do Rio de Janeiro, Per
nambuco, e Maranhão, de sorte, que venhão a ter proporção na bonda }m
de com os Assucares da Bahia, se Me representará pelas Partes interes #
sadas, o que houver a este respéito, para dar a providencia que for con
veniente. E no caso, em que tambem succeda haver nos sobreditos Es
tados alguns annos de taes esterilidades, que os Lavradores não cheguem
a recolher nelles pelo menos meia safra, nestes casos poderão os mesmos
Lavradores recorrer ás Mezas da Inspecção, que novamente Mando es
tabelecer, as quaes pelo Regimento, que lhe Mando dar, terão a juris
dicção necessaria para conhecerem da legitimidade da causa, que lhes
for allegada, e para sobre a notoriedade della poderem accrescentar des
de cem até trezentos réis por arroba, conforme a exigencia dos casos,
que lhe forem presentes. As mesmas Casas de Inspecção terão tambem
a jurisdicção necessaria para evitarem as fraudes, que se tem introduzi
do nas qualidades, e pezos dos mesmos Assucares em ordem a que todos
cheguem a este Reino qualificados, de sorte, que os enganos dos parti
culares venhão a cessar inteiramente com o beneficio commum da Ari
cultura, e do Commercio geral. Quanto ao Tabaco tenho deferido com
o Novo Regimento da Alfandega, que na data de dezeseis do corrente
baixou á Junta da Administração deste genero. O Conselho Ultramarino
o tenha assim entendido, e o faça executar na parte que lhe toca por este
Decreto sómente, o qual Mando, que valha, não obstantes quaesquer Leis,
Regimentos, ou Ordens contrarias, que para esse efeito sómente Hei
por derogadas, como se dellas fizesse expressa menção; e quero que tam
bem este valha, e tenha força de Lei, como se fosse Carta passada pe
la Chancellaria, posto que por ella não passe, sem embargo das Ordena
ções do Livro segundo, Titulo trinta e nove, e quarenta, que dispoem
o contrario. Salvaterra de Magos em 27 de Janeiro de 1761. = Com a
Rubríca de Sua Magestade.

Impresso avulso.

# %vo…?: #

DoM José por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem, e d’além Mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber, que por quanto na Lei, que Mandei publicar em tres de
Dezembro do anno proximo passado, Fui servido resolver, que se for
masse Regimcnto para o bom governo das Intendencias, e Casas de Fun
dição, que Mandei estabelecer no Estado do Brazil, e reservar para o
mesmo Regimento algumas providencias, e individuações, que tendo
nelle competente e amplo lugar, serião menos proprias na referida Lei:
e para que o conteúdo nella se observe e cumpra inteiramente, sem que
a prática de hum methodo tão solido, e tão favoravel aos Meus Vassal
los, possa ser interrompida com qualquer pretexto: Estabeleço a todos os
ditos respeitos o seguinte.
175 I 41

C A P I T U L O T.

Do modo, em que os Intendentes Fiscaes, e mais Ministros se devem


governar na intelligencia das disposições da dita Lei, que podião
ser objectos de interpretação; e dos salarios, que hão de
vencer os Ministros, e mais Oficiaes.

§. 1. Quando venha a succeder o caso de se fazer derrama pelo Po


vo, na fórma estabelecida no Cap. 1. da referida Lei, Ordeno que a
igualdade e justiça estabelecida pelo § 3. do dito Cap. seja em tudo re
gulada pelo que se acha disposto no Regimento dos encabeçamentos a
favor dos Póvos deste Reino, para o que haverá o dito Regimento em
todasfez
que as aIntendencias, e Camaras
base da referida Lei. comprehendidas na proposta de 1734.,
• -

§. 2. Por obviar a toda a contraria intelligencia do Cap. 4, § 1. da


dita, Ordeno que a prohibição nelle conteúda seja geral e absoluta, com
prehendendo todas as especies de moedas de ouro, ainda de oitocentos
réis para baixo.
§. 3. Achando-se depois de haver sido impressa e publicada a referi
da Lei, que no mesmo Cap. 4. §. 3. se não escrevêrão as palavras, que
fazião o seu verdadeiro sentido, trocando-se a palavra Comarcas pela pa
lavra Minas: e sendo que o uso do Ouro em pó sómente foi por Mim
permittido dentro do Territorio das Minas, e aos Viandantes, que den
tro nelle passassem de humas para outras Comarcas: Hei por bem Orde
nar, que assim se observe inviolavelmente, e que por nenhum pretexto,
nem ainda em pequenas quantidades, por modicas que sejão, se possão
extrahir Ouro em pó dos respectivos Registos para fóra, debaixo das pe
nas estabelecidas na referida Lei: E Mando que nos ditos Registos ha
jão as moedas de Ouro necessarias para os Viandantes, que sahirem fóra
delles, poderem trocar o que lhes for necessario para o seu caminho.
§. 4. Porque não succeda entender-se, que as segundas Guias, or
denadas no Cap. 3. §. 5. da dita Lei se hão de multiplicar, fazendo-se
novas Guias, Ordeno que as ditas segundas Guias sejão sempre feitas no
verso das primeiras, sem mais do que a gratuita intervenção dos Ofi
ciaes dos respectivos Registos.
§ 5. Não he da Minha Real Intenção innovar cousa alguma sobre os
salarios, que se achão estabelecidos por resoluções Minhas para os res
pectivos Intendentes, nem tão pouco os que pela referida Lei novissima
se achão estabelecidos a favor dos Ficaes. Semelhantemente os Thesou
reiros, Escrivães, Ensaiadores, Fundidores, e os seus respectivos Aju
dantes, se regulem pela Provisão expedida pelo Conselho Ultramarino
em dous de Fevereiro de 1726, em virtude da Resolução, que ElRei
meu Senhor e Pai foi servido tomar em 31 de Janeiro do dito anno.

C A P I T U L O II.

Hei por bem, que em cada huma das Casas da Fundição, além
do Intendente, Fiscal, Meirinho, e seu Escrivão, nomeados na Lei,
que para arrecadação dos Quintos do Ouro Mandei publicar em tres de
Dezembro do anno proximo passado de 1750, haja de mais hum Thesou
reiro, hum Escrivão da sua receita, hum Escrivão da Intendencia, ou
tro das Fundições, dous Fundidores, ou hum com seu Ajudante, hum
42 1751

Ensaiador com seu Ajudante, para que assim se faça com mais seguran
ça a arrecadação da Minha Real Fazenda, e se expeção as Partes com
maior brevidade.
C A P I T U L O III.

Dos Intendentes.

§ 1. As Pessoas, que na fórma das Minhas Reaes Resoluções se Me


devem propôr para Intendentes, serão sempre as de cujo zelo, probida
de, e desinteresse houver melhor noticia, e de quem se possa confiar,
que igualmente cuide na exacta arrecadação da Minha Real Fazenda,
em fazer Justiça aos Póvos, e em procurar que se tratem sem vexação,
ou extorsão alguma, que perturbe o socego e quietação pública.
§. 2. Os ditos Intendentes irão todos os dias, que não forem Santos,
com os seus Officiaes ás Casas da Fundição respectivas, aonde assistirão
tres horas de manhã, e tres de tarde, e todo o mais tempo que for pre
ciso, para que sem vexação, nem demora alguma se receba, funda, e
entregue o Ouro, que entrar nas mesmas Casas, sem que haja difficul
dade, dilação, ou embaraço, de que resnlte ás Partes a menor incom
modidade.
3. A primeira diligencia, que os ditos Intendentes devem fazer
todos os dias, quando entrarem nas Casas da Fundição, he visitarem as
Oficinas, para vêr se nellas estão os Oficiaes promptos, e tudo expedi
to, para se fundir o Ouro, e marcarem as barras: e no primeiro dia de
cada semana os mesmos Intendentes com o Fiscal e Thesoureiro exami
narão as balanças, e conferirão os pesos com os Padrões, que se lhe re
metem desta Corte. •

§. 4. Aos mesmos Intendentes encarrego o especial cuidado, com que


devem vigiar, se os Oficiaes subalternos fazem a sua obrigação, exami
nando o seu procedimento, o modo com que tratão as Partes, e procu
rando que todos cumprão, pela parte que lhes toca, o que está determi
nado na referida Lei de tres de Dezembro, e o que mais se lhes encar
regar neste Regimento.
. § 6. Em observancia do Capitulo 2. da sobredita Lei, farão os di
tos Intendentes todos os annos as conferencias, que nelle se determinão,
e darão conta no Conselho Ultramarino com o theor dellas, e juntamen
te com huma distincta informação não só do que resulta desta conferen
cia, mas de todas as mais diligencias, que tiverem feito, para a exacta
arrecadação dos Direitos dos Quintos, e para se evitarem todas as falsi
dades; e quando para isto seja necessaria alguma nova providencia, nes
ta mesma conta a devem pedir, para se lhes conceder, se for justa.
§. 6. Quando por força das averiguações se venha no conhecimento
de que ha barras, ou bilhetes falsos, os mesmos Intendentes tirarão lo
go huma exacta devassa, procurando por meio della averiguar a verda
de, e descubrir os Réos, sem culpar nem infamar os que o não forem;
para cujo efeito sem escusa alguma inquirirão pessoalmente as Testemu
nhas com o cuidado, e circumspecção, que pede materia tão grave.
§. 7. Da mesma fórma, tendo noticia, ou por denúncia (a qual sem
pre se deve tomar em livro para esse efeito destinado), ou por outro
qualquer modo, de que ha extravio, ou descaminho de Ouro, sem hir ás
Casas da Fundição, procederá logo a devassa com as caustelas referidas;
e porque estas devem ser maiores em receber as denúncias no caso, e
pela fórma, em que sómente as permitte a Lei sobredita de tres de De
1751 • 43

zembro, cuidarão os ditos Intendentes muito seriamente na qualidade dos


denunciantes, e em que não sejão pessoas inimigas, nem que tenhão ou
tro motivo, que osque
ta conveniencia, de se
evitarem o prejuizo público, e conseguirem a jus
lhes concede. •

§. 8. As ditas devassas se hão de tirar dentro do tempo determinado


na Lei do Reino: mas quando haja alguma razão justa, para se não fe
charem no termo de trinta dias, os # poderão dilatar a sua
conclusão por mais outros trinta, declarando no encerramento o motivo
e causa, que tiverão para a dita extensão, para que assim nas Instan
cias superiores se possa conhecer da legalidade della, devendo-se enten
der causa justa para este fim a ausencia de alguma Testemunha, referi
da em ponto essencial, ou que provavelmente tenha plena noticia do facto,
ou impedimento do Intendente, por causa do serviço público, por estaº
em tempo de maior occurrencia de Ouro, ou em que por visinhança de
frota seja precisa maior expedição.
§. 9. Se em consequencia das sobreditas devassas houver alguns cul
pados, os Intendentes os pronunciarão, e lhes darão livramento com ap
pelação e aggravo para a Relação competente; o que porém se deve en
tender naquelles casos em que pela Lei novissima não tem lugar a pena
de morte; porque nestes segundos, depois de pronunciados, e presos os
Réos, se devem remetter com as suas culpas á Relação, para serem sen
tenciados nas Ouvidorias geraes do Crime, segundo o seu merecimento.
§. 10. Todas as ditas causas criminaes contra os falsificantes das
Barras, e Bilhetes, e desencaminhadores do Ouro, serão sentenciadas
no tempo preciso e improrogavel de dous mezes depois de fechada a de
vassa: e nas residencias dos Intendentes se procurará especialmente pe
la observancia deste Capitulo , por cuja transgressão serão castigados,
conforme a qualidade della, sem se lhes admittir escusa alguma. #
§. 11. A respeito dos Réos, que forem remettidos ás Relações, se
praticará o mesmo , sentenciando-se dentro de dous mezes depois de se
recolherem nas cadêas das mesmas Relações ; e os Governadores dellas
terão cuidado de me darem parte de qualquer omissão que houver nesta
materia; e se deve entender que as pessoas, que pela sua qualidade po
dem ser condemnadas na pena de morte nas mesmas Comarcas, confor
me o Regimento das Ouvidorias, serão nestas sentenciados, sem se re
metterem á Relação.
§. 12. Para se acautelar mais o extravio do Ouro, ordenarão os In
tendentes aos Provedores dos Registos das suas respectivas Comarcas,
que todos os mezes lhes remettão listas dos Comboeiros, e Commercian
tes, que por ellas entrão, com os seus nomes, e declaração das terras,
donde vem, e do número dos Negros, Cavallos, Gados, e cargas que
trazem, para se valerem desta noticia, para as diligencias, que houve
rem de fazer , e as mesmas listas se farão dos que sahirem , por modo
respectivo.
§. 13. Em tudo o mais que respeitar á arrecadação do Quinto do Ou
ro, e ao cumprimento do disposto na Lei novissima sobre esta matereria,
terão os ditos Intendentes a jurisdicção, que nella se lhes concede, e a
de fazerem as mais averiguações, e diligências, que julgarem precisas,
com tanto que nem directa, nem indirectamente causem alguma vexa
ção ao Povo, e embaraço ao Commercio; e os Governadores e Ministros
darão aos Intendentes toda a ajuda, e favor que lhes pedirem, ordenan
do que os Soldados, Oficiaes Militares, e os das Justiças ordinarias lhes
ºbedeção, e cumpräo seus Mandados em quanto se dirigirem ao refe
F 2
44 1751
rido fim de evitar os descaminhos do Ouro , e arrecadar o Direito dos
Quintos.
$ 14. No fim de cada hum anno os Intendentes, cada hum nas Ins
tendencias que lhes tocão, com os seus Fiscaes, Thesoureiros, e Escri
vães, examinarão o Cofre, em que na fórma abaixo declarada ha de es
tar o producto dos Quintos; e de tudo o que se achar , se fará huma
somma, e della se tomará hum assento, ou termo no livro da Receita,
em que com toda a distincção se declare o número das Oitavas , e va
lor dellas , o qual termo será assignado por todas as pessoas sobreditas,
e se passará huma certidão com o seu theor assignada pelo Intendente,
e acompanhará o dito Ouro até ser entregue nesta Corte.
§. 15. O Ouro, que na fórma dita se achar do Quinto em cada hu
ma das Intendencias do Governo das Minas Geraes se metterá em Bor
rachas, e com a marca da sua respectiva Intendencia, e com a dita cer
tidão, e hum mappa exacto do número total das Oitavas, e das que re
partidamente vem em cada Borracha, será remettido á Casa Real da Fun
dição de Villa Rica com toda a arrecadação, e conduzido pela pessoa,
e com a escolta que lhe der o Governador.
§. 16. Nesta Casa de Villa Rica se deve fazer o cumulo determinado
no Cap. 1. §. 1. da mencionada Lei de 3 de Dezembro ; e tornando-se
alli a pesar o Ouro das outras Intendencias sobreditas, se fará huma som
ma total de todo o Ouro das Minas Geraes, para se saber se chega, ou
excede ás cem arrobas do encabeçamento; e quando exceda, se fará na
mesma o deposito do sobejo e excesso , carregando se em Receita sepa
rada ao Thesoureiro; e quando não chegue, dará o Intendente parte ao
General, para se proceder á derrama, na fórma da Lei.
§. 17. Desta Casa Real da Fundição de Villa Rica sahirá toda a im #
portancia do encabeçamento, que nella se deve ter junto, na fórma re
ferida, á ordem do General, com a escolta que elle lhes assignar, e com
hum distincto mappa das Borrachas do Ouro, do número das Oitavas,
que vem em cada huma, e das que pertencem a cada Intendencia ; o
qual mappa se remetterá ao Governador com o dito Ouro, que se ha de *
entregar no Rio de Janeiro na Casa dos Contos, e nella aos Capitães de
Mar e Guerra, tudo na fórma, e com as mesmas clarezas, que até aqui
se praticava com a remessa do Ouro; e outro mappa semelhante remet
terão os Intendentes de Villa Rica todos os annos ao Conselho Ultra
marino.
§. 18. Nas Minas dos outros Governos , que se não comprehendem
no encabeçamento, feita a conta á importancia do Quinto, que se tiver
satisfeito em cada huma das Casas da Fundição, se mandará o seu pro
ducto com as mesmas declarações , e ordem acima dada ao Rio de Ja
neiro ; praticando-se em tudo pelos Governadores respectivos a formali
dade, e cautelas acima ditas, e até aqui observadas na remessa do Ouro
da Capitação ; e no Rio de Janeiro se fará o mesmo , que fica disposto
no §. antecedente: e pelo que respeita ás Minas, que ficão no Governo
da Bahia, hirá da mesma fórma o seu Ouro para esta Cidade, para del
la ser remettido com a mesma arrecadação até o presente praticada.
§. 19. Quando aos Intendentes pareça necessaria alguma interina
providencia , a pedirão aos Governadores do Districto , que lhes con
cederão as que couberem nas suas faculdades , dando-me logo conta de
tudo o que determinarem : e aos mesmos Governadores encarrego o es
pecial cuidado que devem ter nos mesmos Intendentes, para os adverti
rem de tudo o que convier ao Meu serviço, e me participarem as faltas,
175 I 45

omissões, ou descuidos, que nelles houver, tendo os mesmos Governa


dores enteudido , que por força desta recommendação ficão responsa
veis das desordens, que houver nas Intendencias, e na arrecadação dos
Quintos. • -

§. 20. Os dous Intendentes Geraes da Bahia e Rio de Janeiro obser


varão este Regimento na parte, que lhes póde tocar: e como a sua prin
cipal obrigação he examinarem os descaminhos, que se efectuão, e or
dinariamente se dirigem aos Portos de mar, terão nesta materia hum
grande cuidado e vigilancia, de que se necessita, e a este fim farão as
averiguações e diligencias, que julgarem convenientes.
§. 21. Os mesmos Intendentes Geraes usarão de toda a jurisdicção,
que aos outros he concedida, para tirarem as devassas, pronunciarem,
e sentenciarem os Réos ; e farão todos os annos as conferencias com os
livros das Casas da Moeda das ditas Cidades da Bahia, e Rio de Janei
ro, e da mesma
se derem perantefórma
elles. que os outros, poderão receber as denuncias, que

§. 22. Estes Intendentes Geraes communicarão aos das suas Comar


cas respectivas todas as noticias que tiverem , e considerarem precisas,
ou para se acautelar, ou para se proseguir algum descaminho, e quaes
quer outras noticias, que convenhão ao bem de Meu serviço, e interes
se público ; e da mesma fórma os Intendentes das Comarcas terão sem
pre huma correspondencia com o Intendente Geral do seu Districto, pa
ra que tenhão individual noticia do que se passa nas Intendencias, e de
tudo
nhos. o que possa conduzir para o mesmo intento de evitar os descami

§. 23. A estes dous Intendentes hirão remettidos os livros, caixões


de Bilhetes, materiaes, cunhos, e tudo o mais que desta Corte se manº
dar para o serviço das Casas da Fundição, para os fazerem conduzir pa*
ra ellas com a brevidade, e commodidade possivel: e todas as frotas da
rão conta no Conselho Ultramarino, do que tiverem feito, e das notiº
cias, que alcançarem das outras Intendencias, e do bem ou mal, qué
nellas se serve, remettendo ao mesmo Conselho as Relações de tudo o
que enviárão, ás ditas Casas de Fundição, como tambem as copias das
cartas, que houverem escripto ás Intendencias, e que dellas houverem
recebido, com hum catalogo chronologico das referidas cartas. •

§. 24. Se alguns Oficiaes das Intendencias tiverem qualquer omis


são, ou descuido, os Intendentes com o parecer dos Fiscaes os adverti
rão; e se não se emendarem, ou commetterem alguns erros, ou culpas
nos seus Oficios , os mesmos Intendentes os auctuarão, e procederão
contra elles, como for justiça, dando appellação e aggravo das suas sen
tenças, excedendo a pena de hum mez de suspensão, que he a que de
claro cabe na alçada dos ditos Intendentes. •

§. 25. Sendo porém commettido algum crime ou desordem pelos Fis


caes, os Intendentes os advertirão; e não se emendando, darão conta aos
Governadores respectivos, para que achando-os em culpa, os suspendão,
e pelo Conselho Ultramarino me dem conta, para mandar proceder con
tra elles, conforme a sua gravidade, não sendo esta de qualidade que
tenha pena estabelecida na Lei, porque nestas se lhe poderá impôr sem
se me dar parte. • •

§. 26. Para o caso em que venha a succeder, que algum Fiscal seja
suspenso na sobredita fórma, as respectivas Camaras farão sempre elei
ção dos dous, que hão de servir nos seis mezes successivos a ella, para
que o que estiver immediato a entrar, possa substituir o que for suspen
46 1751

so, ou impedido por qualquer incidente. E no caso de suspensão, pro


cederão as mesmas Camaras a nova eleição dos outros dous Fiscaes, que
se hão de seguir, para que os que exercitarem tenhão sempre substitu
tos em todos os casos que occorrerem.
C A P I T U L O IV.

Dos Fiscaes.

§. 1. Os Fiscaes são as Pessoas, a quem abaixo dos Intendentes en


commendo com mais especialidade o cuidado na arrecadação do Direito
Senhoreal do Quinto; e como a elles principalmente pertence o evitarem
o prejuizo público, e o que póde receber o commum na furtiva extrac
ção do Ouro, procurarão com a mais eficaz actividade todos os meios de
acautelar este damno, promovendo a causa pública, e requerendo a be
neficio desta tudo o que julgarem conveniente.
$. 2. Os ditos Fiscaes serão nomeados pelas Camaras respectivas,
para servirem por tempo de tres mezes, na fórma que dispõem o Cap. 3.
§ 2. da Lei novissima; e como este Oficio he de tanta confiança e au
ctoridade, as mesmas Camaras elegerão para elle as Pessoas mais dignas,
e mais distinctas em qualidade e procedimento , as quaes se não pode
rão escusar em razão de idade, de Oficio, ou de Privilegio algum.
§. 3. Ao Oficio de Fiscal toca o assistir juntamente com o Inten
dente todos os dias nas Casas da Fundição pelas mesmas horas acima
declaradas no Cap. 3., para juntamente com elle visitar as Oficinas, e
cuidar no procedimento dos Officiaes da dita Casa, e requerer as provi
dencias, que julgar necessarias a bem da Fazenda Real, dos Póvos, e
da expedição das Partes.
§. 4. E quando os mesmos Intendentes lhes não defirirem , lhes re
presentarão quanto convém ao público, e ao Meu Real serviço, o cum
prirem com as suas obrigações; e quando sem embargo disto continuem
em os não attender , darão logo conta aos Governadores do Districto,
para estes ou applicarem a providencia, que couber na sua jurisdicção,
ou me fazerem presente o descuido, omissão, ou culpa dos Intendentes,
para determinar o que for conveniente ao Meu Real serviço; e da mes
ma fórma, quando algum dos ditos Fiscaes achar, que seus immediatos
Antecessores não cumprírão com o que devião, o farão presente aos mes
mos Governadores, para que dando-me conta disto, haja sobre esta ma
teria de tomar a resolução que me parecer mais justa.
§. 5. Os mesmos Fiscaes serão obrigados a hir o tempo que puderem
assistir ás Fundições, procurando com todo o cuidado, e vigilancia, que
os Oficiaes e Trabalhadores, que assistirem nas Casas, em que se de
vem fazer, não commettão algum descaminho, e terão outro sim cuida
do na arrecadação dos materiaes necessarios para a Fundição, e instru
mentos pertencentes á mesma Casa.
§. 6. Na falta, ou impedimento dos Intendentes, supprirão as suas
vezes os Fiscaes dentro das Casas da Fundição, assim para terem as cha
ves dos Cofres, como para governarem a economia das mesmas Casas:
porém no que respeita a tirar devassas, e ao mais procedimento judicial
servirão pelos Intendentes os Ouvidores das respectivas Comarcas, e só
os ditos Fiscaes poderão neste tempo receber as denuncias , remetten
do-as depois de tomadas aos Ouvidores para as pronunciarem e julgarem.
175| 47

C A P I T U L O V.

Dos Thesoureiros.

§. 1. Os Thesoureiros serão nomeados pelas Camaras, e servirão por


tempo de tres annos, dando primeiro as fianças determinadas pelo Regi
mento da Fazenda, e em cada hum dos ditos annos se fará o recenseamen
to da sua conta.
§. 2. A estes Thesoureiros pertence receber o Ouro dos Quintos, co
mo tambem fazer as despezas ordinarias das Casas da Fundição no pa
gamento dos jornaes, concertos de Instrumentos, e alguns materiaes,
como carvão, azeite, e outros de semelhante qualidade, que se devem
comprar na mesma terra.
§. 3. Estas despezas se devem fazer por despacho dos Inténdentes,
ouvidos os Fiscaes; e os mesmos mandados dos Intendentes com recibo
das Partes, a quem se fizerem os pagamentos, servirá de descarga pa
ra a despeza dos Thesoureiros.
§ 4. Em cada huma das Casas da Fundição haverá hum livro da en
trada, em que se carregue todo o Ouro, que entre na mesma Casa, de
clarando nelle a hora, em que entrou; outro em que se faça lembrança
separada do Ouro depois de quintado, pertencente ás Partes, que entra
para a Casa das Forjas; e outro para se fazer nelle a receita de todo o
Ouro pertencente aos Quintos.
§. 5. Haverá mais outro Livro de Registo das Guias na fórma, que
se determina no Cap. 2. §. 3. da mencionada Lei; e todos os ditos Li
vros, ou quaesquer outros que sejão precisos para o serviço destas Ca
sas, serão rubricados pelos Ministros do Conselho Ultramarinos.
§. 6. Aos mesmos Thesoureiros se entregarão os caixões de Bilhetes,
que por ordem do Conselho Ultramarino se devem remetter todos os an
nos; e no fim de cada hum delles, feita a conferencia com o Livro do
Registo, na fórma pela dita Lei novissima ordenada, remetterão os di
tos Thesoureiros os Bilhetes, que restarem, ao mesmo Conselho, e co
brarão recibo do Secretario dele, que juntarão ás suas contas, sem o
que se lhes não darão por correntes.
§. 7. Da mesma fórma se carregarão em receita aos mesmos Thesou
reiror os Cunhos, que desta Corte se hão de remetter, para cada huma
das Casas da Fundição, os quaes estarão em Casa fechada, e em Cofre
de tres chaves diferentes, das quaes terão huma os ditos Thesoureiros,
e as outras as pessoas, que devem ter as do Cofre do Ouro, as quaes todas
juntas devem concorrer para se tirar, ou guardar o Cunho, haveudo-se
nesta materia com grande cuidado, para se acautellarem as desordens,
que da falta delle podem resultar. Ultimamente se devem lançar em re
ceita aos ditos Thesoureiros os materiaes e instrumentos necessarios para
a Fabrica das Fundições, e tudo o mais, que por qualquer modo vá á di
ta Casa, pertencente á Minha Real Fazenda, para de tudo darem con
ta, quando se lhes pedir.
C A P I T U L O VI.

Dos Escrivães da receita, e despeza.


§ 1. Os Escrivães da receita e despeza devem ser escolhidos das pes
48 * , 175 |

soas mais abonadas das terras respectivas, e destas se hão de propôr pe


la Camara tres ao Governador respectivo, e para escolher hum de quem
tiver melhor informação e noticia, a quem passará provimento por tem
de hum anno, e findo este farão as Camaras novas propostas com fa
culdade de incluir nellas os mesmos Escrivães que acabão, os quaes no
caso de virem propostos, serão preferidos pelos Governadores a todos os
outros, que não tiverem servido.
§. 2. Estes Escrivães devem escrever nos Livros da receita e despe
za, no da entrada do Ouro, da carga que se faz ao Thesoureiro do Quin
to; e no Livro, em que se poem por lembrança o Ouro, que entra para
a Casa da Fundição pertencente ás Partes, e em todos os papeis, que
possão respeitar á dita receita e despeza.
C A P I T U L O VII.

Do Escrivão da Intendencia.

§. 1. Os Escrivães das Intendencias, que o serão tambem da confe


rencia, serão nomeados do mesmo modo que assima fica determinado a
respeito dos Escrivães da receita, e servirão de escrever no Livro im
presso, para o registo das barras; de assistir a todas as conferencias,
que hão de fazer os Intendentes, assim em os Livros do Registo, como
nas que todos os dias se devem fazer com a receita dos Thesoureiros, e
as mais determinadas na dita Lei, e neste Regimento; e servirão tam
bem de encher os Bilhetes impressos, que hão de servir de Certidão,
para correrem com as barras.
§. 2. Além destas conferencia farão os ditos Escrivães huma cada
mez dos Livros do Registo, com os da receita, despeza, e fundição,
para ver se entre si estão concordes; e no caso de acharem alguma dif
ferença, a farão presente aos Intendentes e Fiscaes, para fazerem as di
ligencias, que lhes parecer convenientes á arrecadação da Fazenda; e a
este mesmo fim se fará cada anno huma conferencia geral em presença
dos Intendentes e Fiscaes, de que se mandará Copia ao Conselho.
§. 3. Aos mesmos Escrivães pertencerá o escreverem nas diligencias,
e devassas, que tirarem os Intendentes, e nos autos que perante elles,
ou os Fiscaes, e Ouvidores, nos casos prevenidos no Cap. 3. § 6. deste
Regimento se processarem; e nestes levarão os mesmos emolumentos,
que por Lei, e Regimento, ou ordens minhas levarem os Escrivães das
Ouvidorias, em cujo Districto estiverem as Intendencias.
C A P I T U L O VIII.

Do Escrivão das Fundições.

§. 1. Ao Escrivão das Fundições, que será nomeado da mesma fór


ma que os outros, toca o escrever em seu Livro separado todo o Ouro,
que entrar nas Casas da Fundição, fazendo de cada parcela seu assento
com a declaração da hora, em que entra, deixando logo ao pé do dito
assento hum claro, para depois de fundido o Ouro, se pôr o peso da bar
ra; que elle produzio, e os quilates que tiver pelo seu toque, ou ensaio.
§. 2. Estes tres Escrivães servirão huns pelos outros no caso da falta
ou ímpedimento; e de todas as diligencias pertencentes ás Casas de Fun
dição, ou respeitem ao Meu serviço, ou ao expediente das Partes, não
levarao cousa alguma, debaixo das penas comminadas na dita Lei,
175I 49"

C A P I T U L O IX.

Dos Fundidores.

§. 1. Os Fundidores estarão sempre F"# na Casa da Fundição


ao tempo, que nella houver de entrar o Intendente, e com o maior cui
dado, promptidão, e desvelo darão aviamento ás Partes, pela ordem e
formalidade regulada na mencionada Lei de tres de Dezembro.
§ 2. Todas as despezas da Fundição se farão por conta da Minha
Real Fazenda, sem que em razão dellas, e do trabalho de fundir se le
ve cousa alguma ás Partes, nem com o pretexto de gratificação, ou por
outro algum, de qualquer qualidade que seja, debaixo das penas decla
radas no Cap. 2. § 6. da dita Lei.
C A P I T U L O X.

Dos Ensaiadores.

§ 1. Os Ensaiadores servirão para ensaiarem, ou tocarem o Ouro,


conforme as Partes quizerem, ficando ao arbitrio dellas escolherem qual
dos dous exames lhes parecer melhor; e nas barras, e Guias, que del
las se passarem, se fará a declaração do Ouro por toque, ou ensaio, con
forme for feito. •

§. 2. Estes ensaios se farão gratuitamente, sem se levar delles cou


sa alguma aos particulares, da mesma fórma, e debaixo das mesmas pe
nas assima mencionadas a respeito dos Fundidores.
C A P I T U L O XI.

Dos Meirinhos, e seus Escrivães.


§. 1. Os Meirinhos hão de fazer todas as diligencias, que lhes orde
narem os Intendentes, procurando que pela sua ommissão, ou desçuido
se não percão, ou mal logrem as diligencias. E este mesmo cuidado te
rão os seus Escrivães.
. 2. E porque na maior parte das terras, onde as Casas da Fundi
ção hão de ser estabelecidas, ha Oficiaes dos Juizos ordinarios: Hei por
bem ordenar, que os Meirinhos, e Alcaides com os seus Escrivães, sir
vão por distribuição aos mezes á ordem do Intendente, ou quem seu car
go servir. E as causas, que huma vez principiarem com os ditos Es
crivães, ficarão perpetuadas nos seus respectivos Escriptorios.
§ 3. O Meirinho, e seu Escrivão hão de servir alternativamente de
Porteiros, e quando ambos estejão occupados em alguma diligencia, os
Intendentes nomearão huma das Pessoas do serviço da mesma Casa, pa
ra que inteíramente faça as vezes de Porteiro.
§ 4. E pelas diligencias, que os sobreditos Oficiaes fizerem, e pa
peis que escreverem nas Intendencias, levarão os mesmos emolumentos,
que se achão estabelecidos nos outros Juizos ordinarios.
50 I75 |

C A Fºº I T U L! O. XII,

Das Casas de Fundição, e do modo em que esta se ha de fazer.


§. r. Nas Casas destinadas para a Fundição deve haver huma em
que ha de estar a Meza da Intendencia : na cabeceira desta se porá a
éadeira do Intendente, e nos lados em bancos de espalda se hão de as
sentar em primeiro lugar o Fiscal, depois o Thesoureiro, e os dous Es
crivães, precedendo-se estes pela antiguidade do Provimento.
- §. 2. Na mesma Meza estará armada a Balança, em que se ha de
pesar o Ouro em pó, que as Partes vierem fundir, sendo a dita Balan
ça, e pesos concertados, e aferidos com aquella, igualdade, que se re
quer em materia tão importante, e examinados todas as semanas na fór
ma acima dita.
§. 3. Tanto que as Partes entrarem com o Ouro em pó nas ditas Ca
sas, o apresentarão em a referida Meza; e o Thesoureiro, estando pre
sente a pessoa, que trouxer o mesmo Ouro, o pesará; e lançando a con
ta ás Oitavas, tirará logo as que pertencerem ao Quinto Real: bem en
tendido que este Ouro do Quinto se ha de tirar de toda a parcella, que
se apresentar, e não de algum Ouro separado , que se traga para este
pagamento, e se metterá a importancia do mesmo Quinto em hum pe
queno Cofre, que deve estar na dita Meza. -- •

§. 4. A parcella que liquidamente ficar pertencendo ás Partes, se


mandará para a Casa da Fundição pelo Ajudante do Ensaiador, e estan
do impedido, pelo segundo Fundidor, e acompanhado da mesma Parte
com hum Bilhete do Escrivão da receita, em que declare o nome do do
no, ou da pessoa, que trouxe aquella parcella, e a sua importancia de
pois de quintada, o qual Bilhete se ha de entregar ao Escrivão da Fun
dição, para fazer o assento no seu livro.
§ 5. Em se fazendo o dito assento, o mesmo Escrivão entregará le
go o Ouro ao Fundidor, para o reduzir a barra, e a Parte poderá assis
tir, se lhe parecer ; e o mesmo Oficial, que tiver levado o Ouro para
a Casa da Fundição trará a barra para a do despacho, para se tocar, ou
ensaiar na fórma sobredita. • •

§ 6. O Ensaiador dará hum Bilhete, em que declare os quilates,


que toca a dita barra; e ficando esta declaração no livro das Fundições,
se pesará novamente, e logo se cunhará, e marcará com a declaração
do seu número, do seu peso, e dos quilates que toca. -

“ §. 7. Tanto que assim estiver feito, se entregarão as barras aos In


teressados com as suas Guias impressas do theor seguinte = O Intendem
te, e Fiscal da Casa da Fundição de N. abaixo assignados: Fazemos sa
ber, que F. morador em N. metteo nesta Casa da Fundição de N. tan
tos Marcos — onças — oitavas — e grãos de Ouro, de que se tirou de
Quinto para a Fazenda Real Marco — onça — oitava, e grão de Ouro,
e o mais se fundio, e delle se fez huma barra, que pesou Marco — onça
— oitava — e grão de Ouro de vinte, e — quilates, grãos — por ensaio
(ou toque) que nelle se fez, e se entregou com esta Certidão assignada por
nós = As quaes Guias ficarão registadas no livro do Registo impresso.
§. 8. Estas Guias serão remettidas todos os annos por ordem do Con
selho Ultramarino impressas, e sommadas com seus numeros e ornatos,
que se mudarão em cada hum anno, em Cofre fechado com tres chaves,
das quaes se enviará huma ao Intendente, outra ao Fiscal, e a outra
175 | 5|

ao Thesoureiro respectivo , aos quaes se ha de fazer a receita delles na


fórma, que fica disposto no Cap. 4. § 1o. deste Regimento, remetten
do-se desta Corte os caixões em direitura aos dous Intendentes da Ba
hia, e Rio, para elles os enviarem ás Intendencias a que tocão, das quaes
se lhes mandarão tambem os caixões de Bilhetes, que se não gastarem
para se remetterem ao Conselho.
§. 9. Em cada hum dia á tarde, quando cessar o trabalho, o The
soureiro na presença do Intendente, do Fiscal, e do Escrivão da recei
ta , entregará todo o Ouro do Quinto Real daquelle dia ; e pesando-o,
e achando-o certo com as receitas, que estão lançadas no livro dellas
(fazendo alguma declaração do accrescimo, se o houver, no que vai dos
pesos miudos ao peso total) se recolherá o dito Ouro ao Cofre de quatro
chaves abaixo declarado.
§. 1o. A Casa , em que se ha de fazer a Fundição , estará sempre
fechada com duas chaves, das quaes terá huma o Fundidor , e outra o
Fiscal; e a porta desta Casa ha de estar na do Despacho, e se for pos
sivel será a dita Casa construida de fórma, que se possa observar o que
nella se passa da Mesa da Intendencia, para que assim com mais cui
dado se evite qualquer desordem ou descaminho, que nela se possa
fazer. \ -

§ 11. O mesmo Ajudante do Ensaiador, ou segundo Fundidor, que


na fórma declarada no § 4. deste Cap. ha de levar o Ouro á Fundição,
e trazer a barra, servirá tambem de a cunhar, e marcar , e pôr o nú
mero, e quilates. |-

C A P I T U L O XIII.
Dos Cofres.

§. 1. Haverá em cada Casa da Intendencia dous Cofres: hum, em


que se metta o Ouro das partes em pó, ou em barra, em quanto ha al
guma pequena e precisa demora da sua entrega ; e outro, em que se
guarde o Ouro , que se tirar do Quinto Real : os quaes Cofres estarão
com toda a segurança, e arrecadação possivel, e cada hum delles terá
quatro chaves.
§. 2. Estas chaves serão distribuidas na fórma seguinte : terá huma
o Intendente, outra o Fiscal, outra o Thesoureiro, e a quarta o Escri
vão da receita; e cada huma destas chaves será diferente, excepto as
do Intendente e Fiscal, que serão identicas, visto que ao Fiscal toca
servir de Intendente, na fórma deste Regimento, para que se não pos
são abrir os ditos Cofres, sem estarem presentes as referidas quatro pes
soas, a quem se confião as ditas chaves. •

§. 3. Estando impedido o Intendente, usará da sua chave o Fiscal,


visto que he identica ; e no impedimento do Thesoureiro, dará este a
chave á pessoa, que lhe parecer, abonando-a; e a do Escrivão impedi
do se dará ao que servir por elle.
C A P I T U L O XIV.

Das Escovilhas.

§. 1. Como Sou servido dar livremente ás Partes os materiaes neces


sarios para a fundição, ordenando na fórma sobredita, que nem em ra
G 2
52 I75 I

zão delles, nem do trabalho se lhes leve cousa alguma; em justa recom #Meu C
pensação desta despeza: Hei por bem declarar, que o producto das Es #Lia,
covilhas pertence á Minha Real Fazenda. #Nykaç;
§. 2. A importancia destas Escovilhas se carregará em receita aos lº, para
Thesoureiros, com distincção e separação do producto dos Quintos, e =\s? As
com a mesma distincção se metterá nos Cofres; e quando se remetter # Dis
o Ouro delles, virá tambem o procedido das mesmas Escovilhas com dif
ferença, para se conhecer que he procedido dellas.
§. 3. Quando a experiencia e conhecimento prático mostre que ha
necessidade de mais providencias das que se expressão neste Regimen
to, assim para a conveniente arrecadação dos Quintos, como para a se
gurança, expedição, e commodo dos particulares, os Governadores, e
Intendentes respectivos, mo farão logo presente, havendo-se nesta par
te com o prompto cuidado, que muito lhes recommendo.
Este Regimento se cumpra e guarde inteiramente, como nelle se
contém, não obstante quaesquer outras Leis, Regimentos, ou Resolu
\,…
… iria
ções em contrario, que hei por derogados para este efeito, como se del
&# Mçºs
les fizesse expressa e individual menção. Pelo que Mando ao Meu Con filº em
selho Ultramarino, Vice-Rei, Governadores, e Capitães Generaes do
Estado do Brasil, Ministros, e mais Pessoas dos Meus Reinos, e Do #
# Ofi
minios, que o cumprão e guardem , e o fação inteiramente cumprir e ("l C00
guardar, como nelle se contém; e ao Desembargador Francisco Luiz da
Cunha e Ataide do Meu Conselho, e Meu Chanceller Mór do Reino, #0 d.
Mando que o faça publicar na Chancellaria, e o faça imprimir e regis * # Tºt
tar nos lugares, onde se costumão fazer semelhantes registos, e enviar ## !
ás partes costumadas: e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Es #*#
criptoeem Lisboa a 4 de Março de 1751. = Com a Assignatura de El *# )
Rei, a do Ministro. - •

####
*s,
Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no "intº
Divro das Leis, a fol. 164, e impr. avulso. #, A
# titut
###
# #vo"# *#

DoM JOSE por graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'quém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber aos que esta Lei virem , que, por Me ser presente que de
alguns tempos a esta parte se frequenta o delicto de se pôrem córnos nas
portas, e sobre as casas de pessoas casadas, ou em partes, em que cla
ramente se entende se dirige este excesso contra as mesmas pessoas; e
por desejar evitar estes delictos, de que resulta atrocissima injúria áquel
Hes, contra quem se commettem, e grande perturbação á paz, e quie
tação necessaria entre os casados; e tendo outro sim consideração ao que
sobre esta materia Me Foi presente em Consulta da Meza do Meu Des
embargo do Paço: Hei por bem que este caso seja de Devassa: E Man
do a todos os Corregedores, Ouvidores, Juizes, e mais Justiças, a que
o conhecimento disto pertencer, que, succedendo este caso, ou tendo
succedido de dous annos a esta parte, tirem Devassa delles na fórma,
que o devem fazer dos mais, de que por seus oficios são obrigados a De
vassar: E outro sim Mando ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Atai
1751 53

de do Meu Conselho, e Meu Chanceller Mór faça publicar esta Lei na


Chancellaria, a qual se imprimirá, e enviará por elle assignada á Casa
da Supplicação, e Relação do Porto, e a todos os Julgadores dos Meus
Reinos, para que procedão na fórma della. Lisboa 15 de Março de 1751,
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mordomo Mór Presi
dente do Desembargo do Paço.
Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 175 , e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

# #*<>"+--+

Sesos-M. presente por Consulta do Conselho de Guerra , que a expe


riencia havia mostrado, que de se obrigarem os Officiaes Militares e Sol
dados pagos e Auxiliares a servirem os cargos da Republica nas terras,
em que tem os seus domicilios, resultavão inconvenientes, que se fazem
mais dignos da Minha Real attenção em tempo, no qual Mando recolher
os ditos Oficiaes e Soldados aos seus respectivos Corpos , para os exer
citarem com a disciplina , que he tão necessaria para a conservação e
reputação das tropas, e para segurança de Meus Reinos e Vassallos del
les: Hei por bem Ordenar, que os ditos Oficiaes e Soldados, assim pa
gos, como Auxiliares, sejão isentos de todos os empregos Civís e carre
gos da Republica, para não serem constrangidos a servir nelles involun
tariamente , excitando e restituindo a toda a integridade os privilegios
dos sobreditos (1), não obstantes quaesquer Resoluções, ou Decretos
contrarios, que por este derogo, como se de cada hum delles fizesse de
clarada menção , sem embargo da Lei, que requer esta individual ex
pressão. A Meza do Desembargo do Paço o tenha assim entendido, e o
faça executar. Lisboa 22 de Março de 1751. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
Regist no Livro XXVIII. das Ordens da Contadoria
Geral de Guerra a fol. 102. , e impr. na Collecção
da Universidade por J. J. de F.

+--|#*Cººk # /*

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará em fórma de Lei virem,
que tendo consideração aos inconvenientes, que resultão de se praticar
na Relação, e Casa do Porto o Assento, que nella se tomou em quinze
de Julho de mil seiscentos setenta e cinco sobre a Ordenação Livro 5.
Tit. 23. no principio: Hei por bem Mandar que daqui em diante se ob
serve na dita Relação, e seu districto o mesmo, que se pratíca na Casa
da Supplicação, e que nem por dezoito dias se conceda Carta de seguro
para caucionar; porque segundo a dita Ordenação, que inteiramente se
deve guardar, a caução, com que os Réos podem ser relaxados da Ca
dêa, se deve arbitrar, e prestar estando elles realmente prezos, e não
podem de outra maneira ser ouvidos; e para este mesmo efeito Sou ser
vido revogar, e abolir o dito Assento: Pelo que Mando ao Regedor da
(1) Vid. Alv. de 24 de Novembro de 1645.
54 175 |

Casa da Supplicação, Governador da Casa do Porto, e aos Desembarga


dores das ditas Casas, Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes,
Justiças, Officiaes, e pessoas destes Meus Reinos, cumpräo, e guar
dem, e fação inteiramente cumprir, e guardar este Meu Alvará, como
nelle se contém ; e para que venha á noticia de todos: Mando ao Dou
tor Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e Chancel
ler Mór destes Reinos, e Senhorios, o faça publicar na Chancellaria, e
envie Cartas com o treslado delle sob Meu Sello, e seu signal aos Corre
gedores das Comarcas, e aos Ouvidores das Terras dos Donatarios, em
que os Corregedores não entrão, por Correição , e este se registará nos
Livros da Meza do Meu Desembargo do Paço , Casa da Supplicação,
Relação do Porto. E este proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado
em Lisboa aos 29 de Março de 1751. = Com a Assignatura de ElRei,
e a do Marquez Mordomo Mór. P. do Desembargo do Paço.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 10. vers., e impr. na QIji
cina de Antonio Rodrigues Galhardo.

*-+…+-+

DoM JOSE”, por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquém, e d’além Mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber: que por quanto no novo Regimento da Alfandega do Taba
co, que Mandei publicar em dezeseis de Janeiro , e no Decreto , que
tambem Mandei publicar em vinte e sete do dito mez deste presente an
no, sobre a Lavoura, e Commercio do Assucar , Fui Servido Ordenar
que nos principaes Portos do Estado do Brazil, se estabelecessem Casas
de Inspecção, nas quaes não só se examinasse, qualificasse, e regulas
se em beneficio commum dos Meus Vassallos a bondade, e o justo pre
ço destes dous importantes generos, para assim se conservar a sua cons
tante reputação, e se segurar a sua successiva extracção, mas tambem
se considerasse para Me ser proposto tudo o mais que a experiencia fos
se mostrando que seria conveniente para melhor se promover, e animar
a referida Agricultura, e Commercio: E considerando quão util, e ne
cessario he, que as ditas Casas de Inspecção sejão assistidas de Minis
tros aptos, e competentes para os negocios, a que são destinados, e
que tenhão Regimento , que lhes sirva de regra para se bem regerem:
Hei por bem Ordenar a estes respeitos o que será expresso nos Capitu
los seguintes.
C A P I T U L O I.

Das Casas que hão de ser estabelecidas.

1. Na Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, e Maranhão, serão lo


go estabelecidas as quatro Casas de Inspecção, que Fui Servido Orde
nar pelo Cap. VI. S. 4, do novo Regimento da Alfandega do Tabaco,
para conhecerem, não só do que pertence a este genero, mas tambem ao
do Assucar na maneira abaixo declarada.
2. E ainda que em algum dos ditos Pórtos se ache menos cultivada
.… 1751 55

a Lavoura de qualquer dos referidos dous generos ( como presentente


succede com o do Tabaco no Rio de Janeiro) sempre com tudo se esta
belecera nelle a respectiva Casa de Inspecção; não só para reger o com
mercio do outro genero, que, se cultivar no seu districto; mas tambem
para Me dar annualmente conta pelo Meu Conselho Ultramarino, e pela
Secretaria de Estado, dos impedimentos, que achar que obstão ao pro
gresso da Lavoura do outro genero, que se não fabricar; em ordem a que
Eu, sendo informado, possa remover os taes impedimentos com tudo o
que couber na paternal providencia, que tenho applicado ao beneficio
commum dos Meus Póvos do Estado do Brazil. •

3. Pelo estabelecimento das ditas Casas cessarão inteiramente as Su


perintendencias do Tabaco nos Portos daquelle Estado: transferido-se nos
Inspectores, que Sou Servido crear de novo, toda a jurisdição, que até
agora tiverão os Superintendestes pela Lei intitulada: = Regimento que
se ha de observar no Estado do Brazil na arrecadação do Tabaco = E
na conformidade das mais Leis, e ordens, que forao expedidas sobre a
arrecadação do dito genero depois daquelle Regimento. As quaes Leis
todas Hei por bem approvar, e mandar observar pelos mesmos Inspecto
res no que não encontrarem o que Ordeno pelo presente Regimento em
tudo o que pertence á arrecadação do referido genero. •

C A P I T U L O II.

Dos Ministros, e Oficiaes de que se hão de compor as ditas Casas.


1. Em cada huma das ditas Casas de Inspecção haverá tres Inspe
ctores, dous Escrivães, e os mais Oficiaes abaixo declarados.
C A P I T U L O III.

Dos Inspectores.
1. Os Inspectores serão na Bahia, e no Rio de Janeiro os dous In
tendentes geraes do Ouro, que Fui Servido crear de novo pela Lei que
mandei publicar em tres de Janeiro do anno passado de mil setecentos,
e cincoenta; e em Pernambuco, e no Maranhão os dous Respectivos Ou
vidores, os quaes todos servirão debaixo do juramento dos seus cargos.
Haverá mais em cada Meza hum homem de nogocio dos que costumão
comprar Assucares, ou Tabacos para remetter a este Reino: e hum See
nhor de Engenho, ou Lavrador de Tabaco dos que costumão mandar fa
bricar hum, ou ambos estes dous generos; aos quaes será dado juramenr
to pelos referidos Inspectores Letrados ao tempo da posse. , ,
2. Os quatro Intendentes Ministros de letras serão invariaveis em
quanto occuparem as respectivas Intendencias, e Ouvidorias assima der
claradas.
vido E servirão
Mandar com os mesmos ordenados, que a seu favor Fui Ser
estabelecer. •

3. Os outros Inspectores, que não forem Ministros de letras, serão


eleitos; os Senhores de Engenho, ou Lavradores de Tabaco pelas res
pectivas Camaras por pluralidades de votos; e os homens de negociope
lo corpo dos da sua profissão. Em cada hum dos que forem eleitos deve
rão concorrer precisamente as profissões assima declaradas: preferindo
sempre os Eleitores entre os que as tiverem aquelles candidatos, em quem
concorrerem copulativamente as outras qualidades, de boa reputação»
56 I751

justiça, inteireza, independencia, e zelo do bem público: considerando as t:istº


sobreditas Camaras, e corporações de homens de negocio, que na boa, LER#
ou má eleição, que fizerem destes Deputados consiste, ou a sua felici ## !
dade no augmento da Agricultura, e do commercio dos referidos gene Film
ros, ou a sua ruina, se a Lavoura se esterilisar, e o commercio vier a pe #,
recer: e tendo entendido que com estes serios motivos Me darei por mui !#
to mal servido, e mandarei proceder como Me parecer justo contra os {{#
que nas ditas eleições derem os seus votos em pessoas, nas quaes não con Estet
correm as sobreditas qualidades. &#
4. Os mesmos Inspectores não Letrados serão eleitos para servirem li##
por tempo de hum anno; sem poderem nunca ser reeleitos se não depois #
de serem passados tres annos contados do dia em que acabarem de ser ***
vir. Vencerão de ordenados tambem á custa da Minha Fazenda a saber:
No Rio de Janeiro duzentos mil réis annuos cada hum, attendendo ao #2
#sh
menos trabalho que terão presentemente em quanto a Lavoura se não fer
tilizar: Na Bahia quatrocentos mil réis; e duzentos mil réis em Pernam #
buco, e no Maranhão: sem outro algum emolumento, nem á custa da
Minha Fazenda, nem á custa das Partes. |A
# II
5. Os ditos Inspectores se juntarão com os seus Oficiaes nas respe
ctivas Casas de Inspecção por todo o tempo do anno duas tardes de ca #gl
da semana que não sejão de dias Santos, nem feriados: para ouvirem os ## !
requerimentos das Partes: e para conferirem entre si o que lhes occorrer ##
sobre a Agricultura, e commercio destes dous importantes generos, que ºu
confio á sua administração. Porém desde que chegarem as Frotas deste *#
Reino até que tornem a fazer-se á véla para voltarem a elle, serão obri sa
gados ajuntar-se todos os dias que não forem de guarda tres horas de
manhã, tres de tarde, e todo o mais tempo, que necessario for para se
dar expedição ás Partes; de sorte que pela demora do Despacho não pa
deça o commercio dos referidos generos a menor dilação de que venha a
resultar empate.
6. Encarrego aos sobreditos o especial cuidado, com que se devem
applicar a executarem, e fazerem observar, o que a respeito das quali
dades, preços, bondades, e fretes dos referidos dous generos Fui Servi
do estabelecer pelos Capitulos VI. e VII. do referido Novo Regimento da
Alfandega do Tabaco, e pelo dito Decreto, em que Fui Servido dar no
va fórma á navegação, e ao commercio do Assucar.
7. E para melhor observancia, e mais facil execução do que tenho
estabelecido a estes respeitos, Ordeno, que nas sobreditas Casas de Ins
pecção, não possa ser recebido para se examinar, e qualificar algum As
sucar, ou Tabaco, que não traga as marcas abaixo indicadas sendo sem
pre postas com ferro ardente: para que no caso de se achar fraude se
possa a todo o tempo saber quem foi o seu Author: e no caso de haver
maior bondade, e exactidão nos generos deste, ou daquelle Agricultor,
possa este colher o devido fructo da maior applicação, que tiver em a
perfeiçoallo, e reputallo em beneficio público.
8. Em ambos os ditos generos será sempre a primeira marca a do Se
nhor de Engenho, ou Lavrador de Tabaco que os fez fabrícar. E a se #
gunda será a da qualidade dos mesmos generos na maneira seguinte. O
Assucar branco Fino trará de mais sobre a trará BF; o branco Redon
do trará BR; o branco batido trará BB; o mascavado macho trará MM;
o mascavado batido, ou redondo MR; o mascavado broma MB. No Ta
baco por modo respectivo depois da marca do Senhor da Rossa onde foi
fabricado, trará o da primeira Folha FP, o da segunda FS; e o da ter
175 | • 57

ceira dos campos da Cachoeira FT. Trarão mais os referidos generos hu


ma terceira marca da Capitanía donde sahirão: a saber o do Rio de Ja
neiro hum R. o da Bahia hum B. o de Pernambuco hum P. e o do Ma
ranhão hum M: sendo cada huma das ditas tres marcas posta em dife
rente linha, para que assim se evite a confusão.
9. Em ordem aos mesmos fins estabeleço que nenhuma pessoa de qual
quer qualidade, ou condição que seja, ouse contrafazer, ou imitar as
marcas de cada hum dos referidos "Senhores de Engenho, ou Lavradores
de Tabaco debaixo das penas estabelecidas pela Ordenação do livro 5.
titulo 52. §. 2. com tal declaração, que sendo o crime provado conforme
a Direito, a confiscação dos bens será dividida para pertencer ametade
ao accusador, e a outra ametade ao Senhor de Engenho, ou Lavrador,
cuja marca se houver provado que foi falsificada. E deste crime conhe
cerão os Inspectores Letrados em primeira Instancia com Appellação, e
Aggravo para as Relações dos Districtos onde tiverem as suas residen
ClaS.

10. Attendendo a que a bondade da Folha, de que se compoem o


Tabaco vulgarmente chamado Escolha de Hollanda, não depende sem
pre da industria dos homens, mas que muitas vezes succede depender dos
acasos do tempo; a que delles he tambem dependente a abundancia, ou
diminuição das colheitas, e a que nestes primeiros tempos não pode
rão ser muito abundantes de Tabacos, desta superior qualidade; per
mitto que nos Tabacos della possão os Inspectores augmentar o preço,
que lhe taxei pelo sobredito Regimento, acrescentando a elle desde hum
tostão até trezentos réis por arroba, o que a sua prudencia lhes dictar,
quando a exigencia dos casos occurrentes assim o requerer. •

11. Tambem permitto que no caso de estirilidade commua, e notoria


possão os mesmos Inspectores acrescentar no Tabaco da segunda Folha
desde meio tostão até cento e cincoenta réis por arroba na referida fór
ma, conforme a melhor, ou peior qualidade que acharem no Tabaco des
ta Folha, que lhes for trazido a exame.
12. E porque tambem Fui informado de que o Tabaco da terceira
Folha produzido nos campos da Cachoeira do districto da Cidade da Ba
hia iguala em bondade o da segunda Folha que produzem os outros Ter
renos do Brazil: Sou Servido ordenar, que os Tabacos da terceira Folha,
que forem da producção dos sobreditos campos, sendo aliàs bons, e de
receber, sem trazerem mistura nem fraude, sejão approvados pelos Ins
pectores da mesma Cidade da Bahia para ficarem equiparados aos Taba
cos da segunda Folha que vierem dos outros Territorios: entendendo-se
nesta fórma o novo Regimento da Alfandega do Tabaco no Capitulo VI.
# 3. sómente pelo que pertence ao Tabaco dos referidos campos da Ca
CIlOCIT3. • •

13. O que se acha estabelecido a respeito do Tabaco pelo §. 5. do


mesmo Capitulo VI. do dito Regimento Ordeno, que semelhantemente
se observe a respeito do Assucar, confiscando-se para a Minha Fazenda
todas aquellas caixas, ou fechos nos quaes se achar, ou Assucar de qua
lidade diversa daquella que for manifestada nas referidas Mezas de Ins
pecção pela marca dos Senhores de Engenho, ou mistura de Assucar de
qualidades diferentes. Porém os que nas referidas Mezas se achar que
assim no dono, como na qualidade são taes quaes constar da sua marca
serão nellas pezado; serão selados como bons, e legaes com o sello da
dita Inspecção; e serão debaixo delle dirigidos gratuitamente a Alfan
dega desta Cidade com a guia do seu Periºr , pezo, e qualidade.
58 1751

14. Porque Fui informado de que em algumas partes do Brazil (prin


cipalmente em Pernambuco) costuma haver demoras, huma vezes ne
cessarias, e outras afectadas, na conducção dos Assucares, e Tabacos,
com que são retardados de sorte que não chegão a tempo habil para se
rem carregados nas Frótas, cuja partida tem determinado termo: encar
rego ao cuidado, e zelo dos Inspectores de todas as ditas Casas vigia
rem sobre esta materia: evitando que daqui em diante não haja seme
lhantes desordens tão prejudiciaes ao bem commum, ao augmento da A
gricultura, e á expedição do commercio: e dando-Me conta naquelles
casos em que julgarem necessaria a Minha Real Providencia, para que
as referidas desordens venhão a cessar inteiramente.
15. Com os mesmos fins estabeleço que pelo pezo, exame, e averi
guação dos referidos Inspectores, se esteja inviolavelmente nas Alfande
gas, e outras quaesquer Casas de Despacho do Estado do Brazil, cobran
de-se o que os sobreditos generos costumão pagar por sahida pelo que
constar dos livros das respectivas Inspecções, sem que se repezem os mes
mos generos, nem se dispute sobre a sua qualidade, ou se admitta a es
te respeito dúvida alguma por quaesquer Oficiaes, ou estes sejão da Mi
nha Real Fazenda, ou de quaesquer Contratadores, ou Administrado
res: por que a jurisdição dos sobreditos Inspectores a respeito destes
dous generos, será privativa, e exclusiva de toda, e qualquer outra ju
risdição, e incumbencia.
16. Quando nas referidas Mezas houver discordia de votos se vence
rá pela pluralidade de dous contra hum. Porém o que ficar vencido sen
do a materia tal que tenha consequencias, poderá fazer o seu voto se
parado, e fazer-Mo presente com a primeira Fróta pelas vias que tenho
indicado para que Eu possa dar a necessaria providencia achando que he
digno della o caso que se Me fizer presente.
C A P I T U L O IV.

Dos Oficiaes das ditas Casas de Inspecção nos differentes Pórtos


assima declarados.

1. Na Bahia, e em Pernambuco ficarão conservados os mesmos Of


ficiaes que até agora servirão nas Superintendencias para daqui em di
ante servirem debaixo das ordens dos Inspectores naquelles Ministerios,
e diligencias, que a bem da arrecadação, utilidade pública, e observan
cia deste Regimento, lhes forem determinados pela Meza da Inspecção.
2. No Rio de Janeiro os mesmos Oficiaes que hão de servir com o
Intendente geral do Ouro serão tambem por semelhante modo Oficiaes
da Casa de Inspecção, que alli mando estabelecer.
3. No Maranhão se praticará identicamente o mesmo a respeito dos
Escrivaes, e Oficiaes daquella Ouvidoria.
4. . Todos os sobreditos Officiaes se regularão respectivamente pelo que
se acha determinado em ordem a salario, e limpeza de mãos, pelo Re
gimento das Intendencias, e Casas de Fundição, que Fui Servido Man
dar publicar em quatro de Março proximo precedente.
Este Regimento se cumpra, e guarde inteiramente como nelle se
contém, não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, ou ordens em con
trario, e ainda dos das Alfandegas, de quaesquer Casas de Despacho,
e de outros que requeirão especial menção, porque todos Hei por der
rogados no que a este se acharem contrarios. Pelo que Mando ao Meu
175 | 59

Conselho Ultramarino, Vice-Rei, Governadores , e Capitães Generaes


do Estado do Brazil, Ministros, e mais Pessoas dos Meus Reinos, que
o cumprão, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar como
nelle se contém. E ao Desembargador Francisco Luiz da Cunha e Atai
de do Meu Conselho, e Chanceller Mór do Reino Mando que o faça pu
blicar na Chancellaria, e o faça imprimir, e registar nos lugares aonde
se costumão fazer semelhantes registos, e enviar ás partes costumadas,
e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Lisboa no I de
Abril de 1751. (1) = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte e Reino no Li
vro das Leis, a fol. 2, e impr. por ordem da mes
ma Chancellaria.

*# #t <>$ #

Aº primeiro dia do mez de Abril de 1751, em Mesa Grande, se as


sentou pelos Desembargadores abaixo assignados, com o parecer do seu
Governador, o Senhor José Pedro Emauz, que a Ordenação do Liv. 1.
Tit. 65. §. 9., em quanto determina, que quaesquer Juizes, que forem
condemnados na Relação, o não possão ser, senão com o parecer do Go
vernador, não comprehende aos Almotacés das Villas e Cidades, ainda
notaveis, em razão de que nelles não concorrem os requisitos da Lei,
e por isso podem ser condemnados sem o dito requisito, assim como po
dem ser citados, e constrangidos pelos mesmos Juizes Ordinarios a cum
prirem seus Oficios, e ainda a serem condemnados pelo Corregedor, e
Provedor nos casos, que a Lei determina. Porto, dia e anno, ut supra.
Como Governador, Emauz. = Barrozo. = Sant-Iago. = Machado. =
Silva. = Barreto. = Figueiredo.

Livro dos Assentos da Relação do Porto fol. 94, e na


Collecção dos Assentos a fol. 337.

# #ºcººk \}

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que , sendo-Me presente que depois da promulgação da Pragmatica de
vinte e quatro de Maio de mil setecentos quarenta e nove, se tem acha
do na prática della alguns inconvenientes tão dignos da Minha Real At
tenção, como forão esterilizarem-se diferentes obras das fabricas destes
Reinos, e faltarem assim os empregos ao util, e necessario trafico dos
Artifices, e pessoas que delle se costumavão sustentar : Considerando
que semelhantes Leis forão sempre susceptiveis de todas as declarações,
modificações, e limitações, que a experiencia mostra necessarias para a
maior utilidade pública, em que consiste o seu essencial objecto: E pro
curando promover o bem commum de Meus Vassallos, e facilitar os meios
de viverem do seu util trabalho aos que a elle louvavelmente se appli
(1) Vid. o Alvará de 15 de Julho de 1775. H
2
|
60 1751 •

cão: Hei por bem declarar, modificar, e limitar a dita Pragmatica, fi


cando ela aliás sempre em sua força, e vigor, na maneira seguinte.
Primeiramente pelo que pertence ao Capitulo I. em quanto per
mitte que se possão trazer botões, e fivelas de ouro, prata, e de outros
metaes sendo batidos, ou fundidos, declaro que devem as ditas fivelas,
e botões, ser precisamente fabricados dentro nos limites destes Reinos,
e seus Dominios, por Vassallos Meus naturaes, ou naturalizados, e isto
ou sejão lizos, ou lavrados os ditos botões, e fivelas. E para o que se ti
ver introduzido determino o termo de anno e meio de consumo. Porém
depois de seis mezes contados da publicação deste Alvará se não pode
rão dar aos ditos generos despachos nas Alfandegas, debaixo das penas
comminadas pela dita Pragmatica. \

Item da prohibição do mesmo Capitulo I. exceptuo todas as ren


das, que se fizerem dentro nos limites do Continente de Portugal, e do
Algarve, por Vassallos Meus, nascidos nos referidos Reinos: permittin
do que estas ditas rendas possão servir assim na roupa branca do uso das
pessoas, como nas toalhas, lençoes, e outras Alfaias da casa, como se
praticava antes da publicação da dita Pragmatica. Porém para as ditas
rendas serem introduzidas nesta Cidade de Lisboa, daqui em diante de
verão trazer Guias dos Escrivães das Camaras dos Lugares donde sahi
rem, para na conformidade das mesmas Guias se lhes dar despacho , e
pôr selo pelos Oficiaes da Alfandega: sob pena de que todas as rendas
que forem achadas nas ditas duas Cidades sem a marca do sello, serão
tomadas por perdidas a favor do Hospital Real. E porque nesta manu
factura se empregão sómente pessoas pobres, que vivem do trabalho das
suas mãos, Ordeno que assim as Guias, como os despachos , e sellos,
sejão feitos, e póstos sem por isso se levar algum emolumento, sob pe
na de suspensão, até a nova mercê Minha, contra os transgressores.
Item Sou Servido declarar os Capitulos III. e IV., ordenando que
nenhuma mulher, de qualquer qualidade, e condição que seja , use de
manto, que não seja tecido, e fabricado no Continente dos ditos dous
Reinos, tambem por Vassallos delles naturaes, ou naturalizados: E isto
debaixo das mesmas penas estabelecidas pela dita Pragmatica. E para
consumo de mantos de Fabrica estrangeira, que se achão já feitos, de
termino
vará em odiante.
termo preciso de tres annos contados da publicação deste Al

Item da geral prohibição do Capitulo VI, exceptuo todas as car


ruagens, arreios, e guarnições dellas, que se acharem feitas nestes Rei
nos ao tempo da dita publicação. Porém para evitar que, com o pretexto
das carruagens usadas, se possão introduzir outras de novo, Sou Servi
do estabelecer, que em cada Bairro desta Cidade, e em cada huma das
outras Cidades das Provincias tenhão os Corregedores do Crime , e das
Comarcas, hum livro de Registo, no qual, em Lisboa dentro de vinte
dias, e nas Provincias dentro de quarenta dias peremptorios, e conti
nuos, contados da mesma publicação desta Lei, se descrevão , e con
frontem todas as ditas carruagens, que se acharem nos respectivos dis
trictos de cada hum dos ditos Corregedores, com declaração dos donos
a quem tocão, para que a todo o tempo venha a constar em caso de dú
vida a identidade das ditas carruagens. E aquelas que, depois de pas
sados os ditos termos, se não acharem manifestas, e registadas na refe
rida fórma , ficarão por este mesmo facto comprehendidas na geral pro
hibição da Pragmatica, e sujeitas ás penas que ella estabelece. Sobre o
que ordeno aos Ministros, e Oficiaes, a quem pertence, que sem de
175 | 6.I.

morarem as Partes, nem lhes levarem salarios, recebão logo as ditas


manifestações, e passem dellas as necessarias resalvas, sob pena de sus
pensão, até nova mercê Minha, contra os transgressores.
Item pelo que toca ás pinturas das ditas carruagens exceptuo da
mesma prohibição geral do Capitulo VI. as figuras, mascaras, paizes,
e outras semelhantes obras, que forem pintadas dentro nestes Reinos por
Artifices delles Vassallos Meus naturaes; ou naturalizados; e a pregaria
das mesmas carruagens poderá ser da mesma fórma em que o era antes
da dita Pragmatica, sendo fabricada nestes Reinos na maneira acima
declarada.
Item exceptuo da mesma geral prohibição os arreios, e jaezes que
forem guarnecidos com peças de latão, ou de outro metal dourado , ou
prateado, fundidas, batidas, e douradas, ou prateadas no Reino pelos
ditos Meus Vassallos naturaes, e naturalizados.
Item, declarando o Capitulo X, da dita Pragmatica, Sou Servido
Ordenar debaixo das mesmas penas nella estabelecidas, que daqui em
diante de
meias se seda,
não possa
ou deusar com as
chapeos librés dos criados de escada abaixo de
finos. • |-

Item, declarando da mesma sorte o Capitulo XI, permitto que as


seges á boleia possão ser acompanhadas por dous criados de pé além do
Boleeiro,
rodas. como se acha estabelecido a respeito das carruagens de quatro

Item, pelo que pertence ao Capitulo XIV. declaro que na prohi


bição de trazer espada", ou espadim á cinta comprehendo todos os Man
cebos obreiros, que trabalhão por jornal. Della exceptuo porém todos os
Artifices, e Mestres encartados, e embandeirados, todos os donos, Mes
tres, ou Arraes de Caravellas, e Barcos de transporte, e de pescaria;
e todos os Pescadores aggregados ás Confrarias dos Maritimos do Reino;
porque aos referidos he Minha intenção honrar como pessoas uteis a Meu
serviço, e ao bem commum dos Meus Reinos. Não entendo porém alte
rar em cousa alguma a generalidade da prohibição que defende a todas,
e quaesquer pessoas trazerem espada, ou espadim não sendo posta á
Clinta. . .

Item , declarando mais o mesmo Capitulo XIV. permitto que os


criados de pé, aos quaes he defendido usar de espada , e espadim, se
possão servir destas armas na presença, e na companhia de seus respe
ctivos Amos, quando forem com elles pelas estradas, e sómente em quan
to durar a jornada a que se dirigirem, a qual finda tornará a dita prohi
bição a ficar em toda a sua força, e vigor.
Item, declarando da mesma sorte o Capitulo XVIII. extendo a
sua geral prohibição ás lojas volantes, que se costumão armar nas ruas,
e nos lugares públicos, á semelhança das Feiras, até nos Domingos, e
dias Santos dedicados a Deos, não sem escandalo da Religião , e com
grave prejuizo do Commercio, e dos Mercadores que devem sustentallo.
Exceptuo porém da prohibição de vender pelas ruas os homens vul
garmente chamados de Panno de Linho, que forem Vassallos naturaes
destes Reinos; e as Collarejas, os quaes com fardos ás costas, e teigas
á cabeça costumão apregoar, e vender pelas ruas: com tanto porém que
não possão vender mais do que pannos brancos, botões da mesma espe
cie, linhas, agulhas, alfinetes, didaes, tisouras, fitas de lã, e de li
nho, e pentes, com tanto que tudo isto seja da fabrica do Reino, e dos
seus Dominios, porque não o sendo ficarão os ditos homens ainda natu
raes sujeitos á prohibição, e penas da Pragmatica. As quaes se pratica
62 175 |

rão contra as ditas pessoas em todos os casos em que forem achadas com
fazendas (ainda das que acima lhe permitto vender) debaixo de capotes,
ou mantos, ou em outro lugar fóra dos referidos fardos que trouxerem ás
costas, ou cabeça descubertos, e públicos.
- Este Alvará se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém.
Pelo que Ordeno ao Duque Regedor da Casa da Supplicação, Governa
dor da Casa do Porto, Vice-Reis, e Capitães Generaes, Governadores
destes Reinos, e mais Dominios, que o fação guardar inteiramente. E
Mando ao Desembargador Francisco Luiz da Cunha e Ataide do Meu
Conselho, Chanceller Mór do Reino, que o faça publicar na Chancella
ria, e enviar as copias delle pelas Comarcas; e se registará nos livros da
Mesa do Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, e Relação do Por
to, e nos mais Tribunaes desta Minha Corte, onde semelhantes Leis se
costumão registar. Dado em Lisboa aos 21 de Abril de 1751. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 7., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presente em Consultas da Meza do Desembargo do Paço,
do Conselho da Fazenda, e do Senado da Camara, as successivas que
bras, com que tem faltado de credito os Thesoureiros dos Depositos da
Corte, e Cidade, com grave escandalo da fé pública, e com intoleravel
jactura do Commercio interior dos Meus Reinos; sem que bastassem as
diversas providencias que se tomárão em diferentes tempos para obviar
a estas grandes desordens: E desejando com estes justos motivos occor
rer em beneficio commum dos Meus Vassallos a hum mal de tão perni
ciosas consequencias: Sou Servido extinguir para sempre, como se nun
ca houvessem existido, ou dous Officios de Depositario da Corte, e Ci
dade, e crear, e estabelecer no lugar delles para a guarda, e direcção
dos referidos Depositos a Administração abaixo declarada; e dar-lhe pa
ra o seu estabelecimento, e governo o Regimento conteúdo nos Capitu
los seguintes.
C A P I T U L O I.

I A sobredita Administração será composta dos seis Deputados abai


xo declarados.
2 - Dous delles serão Desembargadores: A saber hum Vereador do Se
nado da Camara pela parte da Cidade, outro Extravagante da Casa da
Casa da Supplicação pela parte da Corte; sendo-Me proposto o segundo
pela Meza do Desembargo do Paço, e primeiro pelo sobredito Senado da
Camara. •

3 Outros dous Deputados serão homens de negocio daquelles que ti


verem servido , sem quebra, nem compromisso na Meza do Bem-Com
mum. A qual semelhantemente proporá tres sujeitos ao Desembargo do
Paço, e ousros tres ao Senado da Camara, para me serem consultados»
1751 63

e Eu entre elles escolher os dous que devem servir de Inspectores não


só dos Cofres mas tambem dos Livros abaixo ordenados.
4 Os outros dous Deputados, que terão o titulo de Thesoureiro, se
rão homens Oficiaes dos que houverem servido na Casa dos Vinte e Qua
tro com os requisitos que ordenão os Alvarás da dita Casa. A qual tam
bem na mesma conformidade proporá tres pessoas ao Desembargo do Pa
ço, e outras tres ao Senado da Camara, para me serem semelhantemen
te consultados, e Eu entre estes propostos escolher os dous que hão de
servir nas duas respectivas Repartições da Corte, e Cidade.
C A P I T U L O II.

1 Todos os referidos Deputados serão propostos, e escolhidos para ser


virem por tempo de hum anno, não podendo ser reeleitos se não com o
intervallo de tres annos contados do dia em que acabarem de servir. At
tendendo porém a que os primeiros, que hão de estabelecer a dita Ad
ministração, além de que devem ter maior trabalho na sua creação, he
muito natural que nos primeiros tempos não consigão emolumentos com
petentes pela menos frequencia dos Depositos: Hei por bem que fiquem
reconduzidos para servirem no segundo anno; com tanto porém que nem
possão servir, por mais tempo, nem esta prorogação sirva em nenhum ca
so de exemplo aos mais Deputados que se seguirem depois de serem fin
dos os ditos primeiros dous annos.
2 Todos os sobreditos seis Deputados terão voto igual nas materias
pertencentes aos Depositos de ambas as Repartições, não podendo em
alguma dellas tomar-se resolução sem o concurso de todos os votos pre
sentes para ficar decidido o que se vencer pela pluralidade delles.
3 E no caso de doença, ou de impedimento nomearão os Deputados
enfermos, ou impedidos as pessoas das suas respectivas Profissões , que
acharem mais dignas da sua confiança , e que lhes parecerem mais ca
pazes de os substituirem , ficando os Nominantes obrigados a responder
pelos seus Nomeados.
C A P I T U L O III.

1 A Jurisdicção que esta Administração ha de exercitar consiste em


tudo o que pertence á guarda, conservação, e direcção dos Depositos,
fazendo que estes se mettão logo nos referidos Cofres, e Armazens onde
tocar; e fazendo-os
delles ás carregar empelos
Partes conhecimentos receita nos Livros
respectivos competentes; e dar
Escrivães. •

2 Mandará fazer os devidos pagamentos ás Partes, que lhe apresen


tarem Mandado dos competentes Juizes para cobrarem o que por elles
lhes pertencer : não consentindo que os ditos pagamentos se retardem
com replicas, ou escuzas depois de decidida a legitimidade dos referi
dos Mandados, cuja qualificação se não poderá retardar mais de vinte e
quatro horas contínuas, e contadas da hora, em que qualquer Mandado
for apresentado para ser satisfeito.
3 Fará com que o dinheiro, peças de ouro, e prata, joias, e pedras
preciosas, sejão guardadas na sobredita fórma, sem que destes bens in
corruptiveis se possa dispôr cousa alguma se não for por despachos dos
respectivos Juizes onde tocarem os Depositos.
4 Porém dos outros móveis que com o tempo recebem damnificação
disporá sempre a sobredita Administração depois que for passado humanº
64 - 175 |

no, e hum dia, contado da hora em que o Deposito for recebido : fa


zendo-os vender em leilão com citação das Partes interessadas para as
sistirem á venda parecendo-lhes : a qual será em todo o caso feita pelo
maior lanço que houver depois de andarem os bens a pregão os nove
dias da Lei, que neste caso serão continuos, e successivos; com tanto
que não principiem, nem acabem por dia feriado em honra de Deos, ou
dos seus Santos.
5 Os bens semoventes serão tambem vendidos na referida fórma de
ois de serem passados dez dias, que ssmelhantemente se contarão da
Fºi, em que o Deposito for feito.
6 O dinheiro que os ditos efeitos vendidos produzir se metterá nos
respectivos Cofres, para nelle ficarem subsistindo ipso jure as mesmas
pinhoras antecedentes sem outras algumas diligencias, que não sejão as
de se porem verbas nas primeiras receitas dos sobreditos dinheiros dos
quaes se mandarão Conhecimentos em fórma para os Auctos em ordem a
evitar ás Partes novos circuitos, e despezas superfluas.
7. No caso em que quaesquer Depositos de outra Repartição diversa,
ou ainda de Pessoas particulares, sejão levados á Administração para os
fazer guardar, poderá recebe-los com arrecadação em Livro, e Cofre se
parado, e com os emolumentos abaixo ordenados.
8 Para guarda do dinheiro, e peças preciosas haverá na dita Admi
nistração tres Cofres de ferro fortes, e bem seguros : hum para os De
positos da Corte: outro para os da Cidade: e o terceiro para os Deposi
tos das Repartições estranhas, e Pessoas particulares. Cada hum dos di
tos Cofres terá seis chaves ; pertencendo as primeiras duas, que serão
identicas, aos respectivos Desembargadores; as segundas, entre si di
versas, aos respectivos Inspectores; e a terceira, e quarta, tambem di
versas, aos dous respectivos Thesoureiros acima nomeados.
9 Os ditos seis Deputados em todas as tardes, que não forem de dias
feriados na maneira acima declarada, se ajuntarão, no Inverno das duas
horas até as Ave Marias, e no Verão das tres horas até a noite: porém
achando que he necessario congregarem-se em outras horas de manhã,
confio do seu zelo que não faltarão em concorrer, para o bem commum,
com tudo o que nelles estiver nas occasiões em que assim for preciso.
10 Os dous respectivos Desembargadores presidirão sempre (por al
ternativa) ás Semanas; principiando pelo Vereador da Camara; seguin
do-se-lhe na subsequente Semana o Desembargador da Casa da Suppli
cação : e continuando-se successivamente na mesma alternativa, sem
precedencia , nem attenção ás qualidades que nos ditos Ministros con
correrem sendo estranhas da Administração, em que hão de exercitar.
11 A mesma Administração dará conta no fim de cada mez no Des
embargo do Paço, e na Camara, do estado dos Depositos que se acha
rem nella : remettendo os extractos do recenseamento , ou balanço da #*
sua conta, nos quaes vá conferida a receita com a despeza. E no fim de
cada anno a Meza do Desembargo do Paço, e o Senado da Camara, me
farão presente por Consultas o que houver passado na referida Adminis
tração, incluindo as copias dos recenseamentos, que lhe houverem sido
enviados em cada hum dos doze mezes do referido anno.

C A P I T U L o IV.
1 Para maior clareza, e facilidade das sobreditas conferencias, e ba
lanços, haverá em cada Cofre tres Livros separados: A saber: hum Li
1751 65

vro de entrada: outro de sahidas: e o terceiro será de razão, ou de cai


xa, segundo a frase mercantil.
2 . Todos estes Livros serão numerados, e rubricados pelos dous De
putados Desembargadores cada hum na sua repartição, e os que perten
cerem ao Cofre dos Depositos voluntarios se dividirão igualmente ; de
sorte que o lugar de Desembargador ao qual no primeiro anno coubernu
merar, e rubricar hum só destes Livros, que será o Extravagante da Ca
sa da Supplicação,
se praticará numere,
nos outros e rubrique
annos por dousmodo.
semelhante no anno seguinte, e assim •

3. Todos os referidos Livros serão guardados nos mesmos respectivos


Cofres sem delles poderem sahir em nenhum caso. Nos de entradas , e
sahidas, escreverão os termos, e verbas que necessarios forem os dous
actuaes, e respectivos Escrivães dos Depositos da Corte, e Cidade. E
nos de razão ou de caixa carregarão os tres Inspectores o que os Cofres
deverem por entrada, e houverem de haver por sahida, em termos con
cisos, e fórma mercantil, para que todos os dias se possa saber o que se
acha em cada hum dos sobreditos Cofres.

C A P I T U L O V.

1 Os bens levados ao Deposito por ordem judicial se forem móveis


corruptiveis pagarão dous por cento deduzidos do dinheiro porque forem
vendidos ao tempo das arrematações que delles se fizerem: se forem pe
ças de ouro, prata, pedras preciosas, e dinheiro liquido pagarão sómen
te hum por cento deduzido do capital no tempo da entrada.
2 Os Depositos voluntarios que costumão fazer as pessoas , que ou
sahem de suas casas por occasião de alguma jornada; ou não considerão
na casa em que habitão toda a segurança que lhes he necessaria , só
mente se admittirão, sendo de dinheiro liquido; de ouro, e prata lavra
da, ou pedras preciosas. E destes Depositos se não poderá levar nunca
mais de meio por cento.
3 Todos os referidos direitos serão pagos por huma vez sómente, sem
que além delles se possa pertender das partes outra alguma cousa debai
xo de qualquer titulo que seja , não indo expresso nesta Lei ; e serão
computados a respeito do valor dos Depositos, os quaes antes de serem
recolhidos serão qualificados, e avaliados por Certidões do Contraste da
Corte, sendo de peças de ouro, prata, e pedras preciosas.
C A P I T U L O VI.

1 O producto dos ditos direitos do Deposito se accumulará em huma


caixa que para este efeito será estabelecida na Casa da Administração
debaixo da Inspecção dos Deputados. A somma que no fim de cada tres
mezes se achar na referida caixa será dividida em oito partes iguaes. Seis
delas se repartirão pro rata pelos seis Deputados, para lhe ficarem ser
vindo de emolumentos, sem poderem vencer outros alguns, nem ainda
pelas rubricas dos Livros, assignaturas de papeis, e actos semelhantes.
2 Os dous Escrivães da Corte , e Cidade vencerão á custa das par
tes seis vintens por cada termo de entrada, ou sahida , e dous vintens
Por cada verba de penhora, ou embargo que se fizer no dinheiro, ou pe
Gas depositadas : bem entendido que os ditos termos , e verbas se não
Poderão dividir para se multiplicarem as despezas ás Partes , mas que
Pelo contrario cada hum dos ditos actos se reduzirá a hum só termo , e
• I
66 175 |

a huma unica verba posto que sejão muitos os Exequentes que requei
rão a entrada , ou sahida dos Depositos , ou as penhoras, e embargos
que nelles se fizerem, se estes forem requeridos contra hum mesmo Réo
executado por huma só acção em que concorrão diferentes litis consor
tes, ou diversas partidas. •

3 O Porteiro da Administração deve ser pessoa de bom procedimen


to, e digna de confiança, e será annualmente eleito pelos seis Deputa
dos por pluralidade de votos: podendo reconduzillo no fim de cada anno
se parecer aos Deputados que entrarem a servir que devem conservallo
em razão da experiencia, e fidelidade que nelle considerarem. Vencerá
de ordenado cincoenta mil réis pagos pela reserva dos dous oitavos, que
deixo estabelecido que se separem cada tres mezes do que produzirem os
Direitos do Deposito.
4 O que restar dos mesmos dous outavos remanecentes se poderá ap
plicar pelos sobreditos Deputados aos Homens que arrimarem, e alimpa
rem os móveis depositados, e ás mais despezas miudas da mesma quali
dade : dando conta no fim do anno os que acabarem aos que entrarem
de novo das applicações que houverem feito do sobredito remanecente;
de sorte que fiquem sempre constando as faltas, ou sobejos que houver
nesta applicação.
C A P I T U L O VII.

1 Attendendo á necessidade que ha de se estabelecer a dita Admi


nistração em lugar que não sómente seja commodo para a condução dos
bens que forem depositados, mas que ao mesmo tempo seja público, e
como tal proprio para os leilões dos móveis que hão de ser vendidos : e
considerando que para a boa arrecadação dos bens desta especie, e pa
ra a segurança de todos os que forem levados ao sobredito Deposito, se
rão necessarias diferentes casas de guarda que tenhão capacidade para
os recolherem, e que fiquem ao mesmo tempo separadas quanto for pos
sivel da visinhança das ruas estreitas, e casas miudas habitadas por mui
tos Inquilinos, onde os incendios costumão ser mais frequentes, e o re
medio delles mais difficultoso: Hei por bem fazer mercê á sobredita Ad
ministração para os referidos usos, e para ter as suas Sessões das Casas
sitas na Praça do Rocio, onde actualmente se fazem as Conferencias do
Senado da Camara. As quaes Conferencias Ordeno que sejão transferi
das para as outras Casas sitas sobre a Igreja de Santo Antonio onde o
mesmo Senado
tas Casas se costumava congregar antes da compra que fez das di
do Rocio. •

2 E para que nestas além do referido fiquem os Depositos públicos


com toda a maior segurança que nelles se deve procurar : Sou servido
Ordenar que as janellas, e porta da Casa, ou casas em que estiverem
os Cofres do dinheiro, ouro, prata, pedras preciosas, e alfaias de valor
consideravel, sejão logo gradadas de ferro com grades fortes, e bem se
guras, da mesma sorte que se pratíca na Casa do Meu Real Thesouro:
E hei por bem conceder de mais á dita Administração huma guarda Mi
litar , continua , e identica no número, e na qualidade com a guarda
que costuma metter-se todos os dias na Casa da Moeda.
E este Alvará se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém,
sem embargo de quaesquer Leis, Regimentos, Resoluções de Direito,
ou costumes contrarios, que todos hei por derogados para este efeito só
mente como se delles fizesse expressa, e declarada menção. Pelo que Or
1751 67

deno ao Duque Regedor da Casa da Supplicação , Governador da Casa


do Porto, Vice-Reis, e Capitães Generaes, Governadores das Armas
destes Reinos, e mais Dominios que o fação cumprir , e guardar. E
Mando ao Desembargador Francisco Luiz da Cunha e Ataide do Meu
Conselho, Chanceller Mór do Reino, que o faça publicar na Chancella
ria, e enviar as Copias delle onde se costumão remetter. E se registará
nos Livros da Meza do Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, Se
nado da Camara, e Casa do Civel, e nos mais Tribunaes, e lugares on
de semelhantes Leis se costumão registar. Dado em Villa Viçosa aos 21
de Maio de 1751. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li
vro das Leis a fol. 10 vers., e impr. avulso.

A… 29 de Maio de 1751, em presença do Senhor José Vaz de Carvalho,


do Conselho de Sua Magestade, e seu Secretario, Desembargador do Paço,
e Chanceller da Casa da Supplicação, que serve de Regedor, se poz em
dúvida, sobre a intelligencia da Ordenação do Liv. 1. Tit. 13. §. 3., que
permitte ao Procurador da Fazenda poder oppôr-se , e assistir em todas
as Causas, em que a Fazenda Real possa ter interesse, fazendo-as re
metter ao Juizo dos Feitos, em quaesquer termos, em que se acharem,
sem mais os Juizes dellas poderem tomar conhecimento; se tendo-se pas
sado Carta Avocatoria a requerimento do mesmo Procurador da Fazen
da, para se remetterem alguns Autos, que correm em algum outro Jui
zo, e não estando ainda a Carta cumprida pelo Juiz, a que se dirigio,
por este para sua instrucção ter mandado ouvir a parte , se a requeri
mento do mesmo Procurador da Fazenda podia o Juiz, que passou a Car
ta Avocatoria, mandar tirar os Autos da casa do Escrivão, ou Advoga
do, e leva-los ao seu Juizo, com o fundamento de ser esse o estilo practi
cado, quando logo se não remettião os Autos pela Carta Avocatoria, o
que de proximo succedêra com o Desembargador dos Aggravos, João Pi
nheiro da Fonceca, que sendo Juiz em huma Causa sobre a successão
de huns Morgados, que pendia com Embargos á Chancellaria, e tendo
se passado do Juizo das Capellas da Coroa Carta Avocatoria a requeri
mento do Procurador da Fazenda , e tendo mandado dar vista á parte
para melhor se instruir no cumprimento da mesma remessa, sem se es
perar outro algum despacho, se tirárão os Autos de casa do Advogado a
requerimento do Procurador da Fazenda por mandado do Juiz das Ca
pellas da Coroa. E assentou-se pela maior parte dos Desembargadores dos
Aggravos abaixo assignados, que a dita Ordenação Liv. 1. Tit. 13. §.
3., não facultava esta fórma de levar os Autos, e muito mais, quando
se tinha pedido a remessa ao Juiz por Carta Avocatoria, e que o Estilo
alegado era repugnante ás regras de Direito, e ainda ofensivo á autho
ridade do Juiz, a quem se tinhão primeiro pedido os Autos por Carta A
vocatoria, e que como abuso, se não devia continuar nelle , e que se
devião restituir os Autos, que violentamente se tinhão levado , até se
cumprir a Carta : e por não vir mais em dúvida, se mandou fazer este
Assento, que assignou o dito Senhor cºrº, 2
que serve de Regedor,
68, 1751
com os Desembargadores dos Aggravos. Como Regedor = Vaz de Car
valho. = Cordeiro. = Moura. = Velho. = Moura e Silva. = Lopes de
Carvalho. = Fonceca e Sequeira. = Castro. =Doutor Martins. =D'an
tas. = Porcille.

Regist. no Livro 2.° da Supplicação fol. 87, e na


Colleção dos Assentos a fol. 338.

*k-kton% #

O Guarda Mór da Relação a quem toca chamar aos Prezos das Ca


deias do Limoeiro para serem apresentados nos actos de Visita, e nella
sentenciados, não chamará mais prezo algum, que pertencer ás Terras
do Estado da Serenissima Senhora Rainha Mãi, por ElRei Meu Senhor
Servido resolver, que os taes prezos sómente sejão sentenciados em Re
lação na fórma ordenada; e registará esta minha Portaria, e na minha
ausencia a apresentará ao Desembargador Chanceller da Casa da Suppli
cação, para que assim se observe. Quinta de Alpriate a 16 de Junho de
1751. = Duque Regedor.
Regist, na Casa da Supplicação no Livro 14 dos
ADecretos a folhas 12o. •

# >$1<>#---+

EU ELREI Faço saber, aos que este Regimento virem que tendo
consideração, a que os Oficiaes que servem com o Guarda Mór de Meus
Pinhaes de Leiria, estavão sem Regimento, sem saberem as obrigações,
a que cada hum devia acodir, e ainda o mesmo Guarda Mór usava do
que lhe foi dado na era de mil e quinhentos e vinte, o qual além de di
minuto se acha alterado com o decurso de tantos annos: Fui Servido
Mandar fazer este novo Regimento, não sómente para o Guarda Mór,
e seus Oficiaes, mas tambem para o Superintendente da fabrica da ma
deira da Marinha, seus Oficiaes, e mais pessoas, que tem emprego na
dita fabrica, no qual se dá fórma para o bom governo, e boa arrecada
ção de Minha Real Fazenda, conservação, e augmento de Meus Pinhaes,
que Mando se cumpra, e dê á sua devida execução assim, e da manei
ra que nelle se contem.

REGIMENTO DO GUAR DA MóR DO PINHAL


D E L E IRIA.

§. 1. O Guarda Mór no mez de Outubro fará huma vestoria Geral


no Pinhal com seu Escrivão, Meirinho, e todos os Couteiros, e no auto
da Mle
ra vestoria mandará
dar conta peloexpender
Conselhoo da
estado, em todos
Fazenda que achou o dito Pinhal pa
os annos. •

§ 3. Na mesma vestoria deixará assignados os sitios, em que se hão


1751 69

de fazer os córtes de madeira para a Ribeira das Náos, Tenencia, e ou


tras obras de Meu Real serviço no seguinte anno.
§. 3. Deixará juntamente assignados os sitios em que se hão de fazer
os córtes para as datas que Eu haja de fazer mercê a alguns particula
res, ficando advertido que estes córtes os deve mandar fazer, aonde os
páos estiverem mais bastos, não consentindo que se cortem a eito, mas
sim por desbaste em fórma que o Pinhal não fique por partes calvo, an
tes com páos, que possão criar-se com grandeza.
§. 4. Hade examinar o aseiro para saber se anda roto, e bem lim
po, e se convem alargar-se o Pinhal em razão de alguma nova creação
de picotos, que tenhao nascido, os quaes deve mandar alimpar, e guar
dar com cuidado limitando logo a parte, por onde se hade mudar o aseiº
ro, e no mesmo Pinhal, onde houver largueza, e capacidade, e naquel
les sitios, que descobrir mais acomodados, e mais visinhos ao porto da
Pederneira, mandará semear Pinheiros, tendo o mesmo cuidado de os
mandar alimpar, e guardar.
§. 5. Na mesma vestoria hade examinar as terras da Coutada, para
saber, se os marcos estão em seu lugar, ou se ha terras cultivadas dem
tro dos ditos marcos, para as fazer restituir á mesma Coutada.
6. Feita a vestoria tirará huma devassa geral, em que pergunte
pelos Capitulos deste Regimento, procedendo com todo o rigor delle con
tra os culpados.
§ 7. O Guarda Mór tem obrigação de mandar fazer todos os annos
pela Pascoa os aseiros ao Pinhal; e vespora de S. Bernardo deve hir ao
lugar da Marinha, aonde estarão todos os Couteiros para efeito de lan
çarem fogo ás charnecas, que partem com os aseiros; e primeiro que se
entre nesta diligencia, mandará fazer pelo Eserivão dos Pinhaes hum ter
mo, em que os Couteiros se obriguem a pagarem por sua fazenda o dam
no, que possa receber o Pinhal por seus descuidos, para acautelar que
o fogo por causa do vento contrario não entre no Pinhal, o que muito
encarrego ao Guarda Mór no caso, que não tenhão assignado este ter
mo ao tempo, que tomárão posse do Officio de Couteiro.
$ 8. Ao Guarda Mór pertence a nomeação dos Couteiros, os quaes
deve eleger com as qualidades de serem moradores nos lugares mais vi
sinhos do Pinhal, Lavradores abastados, e robustos; e quando lhes der
posse, os fará assignar termo de pagarem por sua fazenda o damno, que
receber o Pinhal por seus descuidos na occasião de pôr o fogo ao aseiro,
para o acautelarem.
§. 9. Os Couteiros, que não fizerem as suas obrigações, formando
lhe primeiro culpa, os privará do Privilegio nomeando outros, em quem
concorrão os requisitos necessarios, e sendo comprehendidos em crime
commettido nos Pinhaes não sómente serão privados do Privilegio, mas
pagarão o dobro da condemnação, que levão neste Regimento os mais
transgressores, e da mesma fórma commettendo erro no seu oficio serão
privados delle, e do Privilegio, e haverão as penas cominadas em seu
Regimento. •

§. 10. Os Couteiros, que tiverem servido bem, e o Guarda Mór en


tender que estão incapazes de servir por causa de annos, ou de acha
ques, os aposentará com seus Privilegios nomeando outros Couteiros,
que tenhão as qualidades referidas, os quaes só depois de falecidos os
aposentados entrarão a gozar dos Privilegios, preferindo porém a esta no
*eação os filhos dos aposentados, tendo-os, que sejão capazes.
§ 11. Vagando o lugar de Almoxarife, ou Cabo maior dos Coutei
70 | 175 1

ros, o proverá o Guarda Mór no Couteiro, que for mais benemerito, a


quem os outros obedecerão em tudo, que por elle lhes for ordenado a
bem de Meu serviço, e faltando dará conta o Almoxarife, ou Cabo ao
Guarda Mór para o castigar, como lhe parecer justo.
§. 12. O Guarda Mór he Juiz Conservador dos quarenta Couteiros,
como se contém nos privilegios, que forão concedidos pelos Senhores Reis
Meus antecessores, e das sentenças em qualquer qnantia, apellando as
partes, lhe dara apelação para o Juizo dos feitos da Fazenda; as quaes
sentenças não proferirá sem assistencia, e assignatura do Juiz Accessor,
não sendo formado. ,4 *

- §. 13. E por que Fui informado, que os Cabos, Oficiaes de Guerra,


e Ministros de Justiça procedem contra os ditos Couteiros por ordens,
que levão em occasiões de aperto, attendendo Eu que os ditos Couteiros
não tem ordenado, nem emolumentos alguns: Mando que nenhum Ca
bo, Official de Guerra, ou Ministro de Justiça proceda contra os ditos
Couteiros, ainda que levem ordem Minha para quebrar quaesquer privi
legios, para dar desta sorte os livrar da oppressão, que padecem em vi
rem á Corte a tratar de seu requerimento, o que resulta em prejuizo gra
ve da Minha Fazenda, por não poderem acudir nesse tempo as muitas
obrigações do seu oficio. E assim mando ao Guarda Mór faça presente
este Capitulo de Regimento a qualquer Cabo, Oficial de Guerra, ou
Ministro, que forem com semelhantes, e quando não queirão estar por
elle, Me dará conta, para lho estranhar, como for justo. •

§. 14. Mando que nenhum Couteiro possa tomar de empreitada, nem


rematar lavramentos de madeira, ou fabrica alguma de Pez, on Breu,
pelo prejuizo, que póde rezultar á Minha Real Fazenda, sobpena de nu
lidade da arrematação, e perdimento do privilegio de Couteiro.
§. 15. O Guarda Mór quando der posse, e juramento aos Couteiros,
que nomear, aos quaes não deve levar cousa alguma pela tal nomeação,
lhe fará lêr os Capitulos deste Regimento, entregando-o a cada hum,
para estarem certos nas suas obrigações.
§. 16. Mando, que nenhuma pessoa de qualquer qualidade que seja,
possa ter fornos de Pez, duas legoas em redondo dos Meus Pinhaes, ex
cepto aquellas pessoas, a quem for rematado o mesmo Pez, as quaes hão
de observar as condições, que se apontão no Regimento do Superinten
dente da Fabrica da Marinha; e todo o que o contrario fizer, será de
gradado para hum dos lugares de Africa por trez annos, e pagará pela
primeira vez vinte mil réis, e pela segunda quarenta mil réis, e seis an
nos de degredo; ametade da condenação para quem denunciar, e a ou
tra para as despezas da Fabrica do Engenho, que se carregará em recei
ta ao Recebedor della, e lhe serão demolidos os Fornos.
§. 17. Toda a pessoa, que quizer usar de Fórnos de Pez no termo de
Leiria, o não poderá fazer sem primeiro pedir licença ao Guarda Mór,
que lha concederá com a informação do Meirinho, porque conste ficar fó
ra do termo da prohibição, o qual não levará cousa alguma pela dita in
formação; e os que o contrario fizerem, serão prezos por tempo de trin
ta dias, e lhe serão demolidos os Fórnos.
18. Toda a pessoa, que for romper mato para semear nas Couta
das do Pinhal, pagará pela primeira vez dez mil réis, e pela segunda
vinte mil réis, e trinta dias de cadeia, ametade da condenação para o
Denunciante, e a outra para as despezas da Fabrica do Engenho, que se
carregará ao Recebedor na fórma assima, em todo o caso será restituido
o chão á mesma Coutada.
175I 71

$ 19. . Toda a pessoa que tiver covão de Abelhas trèzentos passos do


Aseiro a dentro, será condenado em dez mil réis, metade para o Denun
ciante, e a outra para as despezas da Fabrica do Engenho na fórma a
cima, a qual condenação pagará da cadeia, donde assignará termo de
mudar no termo de oito dias o tal covão de Abelhas.
§ 2o. Mando que nenhuma pessoa de qualquer qualidade, que seja,
possa caçar dos aseiros adentro dos Meus Pinhaes com armas de fogo:
e todo que o contrario fizer, pagará pela primeira vez dez mil réis, e
pela segunda vinte mil réis, com trinta dias de cadeia, applicada a con
denação na fórma atraz declarada.
§. 21. E Querendo os Coudeis fazer montarias aos Lobos nos ditos
Pinhaes, não as farão sem licença do Guarda Mór, o qual mandará as
sistir os Couteiros, ordenando que as buchas sejão de musgo, e não de
pano, ou papel, pelo prejuizo, que póde rezultar de fogo no Pinhal, no
que terão particular cuidado os ditos Couteiros.
22. Toda a pessoa, que for comprehendida em arrancar, ou mu
dar os marcos das Coitadas dos Meus Pinhaes, será condenada pela pri
meira vez em vinte mil réis, e pela segunda em quarenta mil rêis, com
trinta dias de cadeia, applicada a condenação na fórma atraz declarada.
§. 23. Concedo faculdade, para que toda, e qualquer pessoa possa
livremente entrar nos Meus Pinhaes, e delles possa tirar lenha seca, ou
rama, mato, e sepa, sem que por isso lhe leve o Guarda Mór, ou seus
Oficiaes emolumento algum, com tanto porém que sendo a sepa para carvão,
nunca as covas se farão se não fóra dos aseiros pelo prejuizo, que póde
rezultar
mil réis de
na alguns incendios;
fórma atraz e todo o que o contrario fizer, pagará dez
applicada. •

24. O Guarda Mór tomará as denuncias, e procederá contra os


culpados fazendo diligencia pelos prender, e lhe dará livramento até fi
mal sentença com apelação, que inviolavelmente seguirão da mesma ca
deia. ** ! * *

§. 25. Toda a pessoa de qualquer qualidade, que seja, que for com
prehendida em cortar páo de algum dos Meus Pinhaes, pagará pela pri
meira vez cinco mil réis, e pela segunda dez mil réis; e sendo porém
páo Real capaz de servir nas Minhas fabricas, pagará pela primeira vez
vinte mil réis, e pela segunda quarenta mil réis, e dous annos de degre
do para a Africa, e em todo o caso perderá as alfaias, os Bois, e os
carros, que forem achados no Pinhal carregando madeira; tudo applica
do na fórma assima dita. E Mando que se dê por provado o delicto to
das as vezes, que se acharem dentro do Pinhal os Bois sem campainhas,
ou com ellas prezas. |-

§. 26. O Guarda Mór por nenhum caso poderá applicar, nem fazer
mercê das madeiras, que forem reprezadas aos Denunciantes, antes man
dará que, por inuteis que sejão, se restituão á custa dos transgressores
na fabrica do Engenho, aonde o Escrivão della as carregará em receita
ao Recebedor, para as vender com as mais do seu recebimento.
27. Tanto que ao Guarda Mór se lhe apresentar mandado do Vé
dor da Minha Fazenda com relação da madeira, que se ha de cortar, e
entregar ao Feitor da Pedreneira, o fará logo registar, e autuar, e as
signando o sitio, em que se ha de fazer o córte, que será o destinado
na vestoria geral, mandará passar outro para se fazer o dito córte com
dia certo.
§ 28. Quando porém Eu for servido fazer Mercê a pessoas particu
lares de alguma madeira, fará o Guarda Mór registar, e autuar o mandaº
72 • 175I

do Védor de Minha Fazenda, e mandará passar outro para se cortar, de


clarando nelle a quantidade de madeira, e o sitio, que será tambem o
rezervado na vestoria geral, e que sejão páos do cogumello inuteis para

as Minhas Reaes Fabricas, e por desbaste na fórma, que no § 3. deste
Regimento se declara. -

§. 29. O Guarda Mór nomeará hum Couteiro, que assista aos lavra
mentos das madeiras, ou sejão para as Reaes Fabricas, ou para parti
culares, não consentindo que entrem os homens de machada no Pinhal,
sem que assista o Couteiro aos ditos lavramentos.
§. 30. E fazendo Eu mercê a alguma pessoa de alguns páos, e que
rendo esta abri-los em madeira , nunca o Guarda Mór lhe dará licença
para a serrar dentro dos Pinhaes, nem em terras da Coitada, mas será
obrigada a hir serralla dentro dos muros do engenho por serras de mão
á sua custa salvo Eu expressamente mandar que se serre no moinho.
§. 31. Os páos encostados que até agora com errada intelligencia a
titulo de bicadas se entregárão ás pessoas , a quem Eu fazia mercê de
alguns páos, os quaes ao cahir na occasião do córte derribavão outros,
e os encostavão: Mando que os taes páos assim encostados, ou derriba
dos se aproveitem no Engenho para a Minha Real Fazenda, não levan
do as ditas pessoas, mais que o número de páos concedidos nos man
dados. •

§. 32. O Guarda Mór não dará licença, para se cortarem páos para
madeira de consumo, sem que primeiro se informe, se estão aproveita
das as bicadas, os páos cahidos no chão , e os que se cortarem para a
tirada de outros; e só depois de todos estes aproveitados, dará licença,
para que se cortem, os que forem necessarios para o consumo com tan
to que sejão de cogumello inuteis para as Reaes Fabricas, e por des
baste. \ |
§. 33. O Guarda Mór tirará todos os annos em Janeiro huma devassa
do procedimento dos Officiaes, perguntando pelos Capitulos deste Regi
mento, e procederá contra os culpados, e no caso que o Guarda Mór es
teja ausente, ou legitimamente impedido, Mando que sirva em seu lu
gar o Corregedor de Leiria.
§. 34. Mando que o Alcaide, Meirinhos, e Escrivães, e mais Ofi
ciaes de Justiça da Cidade de Leiria, e sua Comarca cumpräo as ordens
do Guarda Mór, e lhe assistão em tudo, que por elle lhe for ordenado a
bem de Meu serviço, pena de prizão, a que procederá o Guarda Mór,
e ás mais, que lhe parecerem justas.
§. 35. Havendo no Pinhal algum incendio , mandará o Guarda Mór
tocar o relogio da Cidade, e fará avizo ao Corregedor da Comarca, Juiz
de Fóra, e Capitão Mór, para que com toda a pressa lhe assistão com
tudo, o que for necessario, para se apagar o fogo , e do contrario que
observarem Me dará parte, para lho estranhar, como Me parecer justo,
assistindo em todo o caso o dito Guarda Mór , e o Superintendente da
Fabrica com seus Officiaes deixando nella , os que forem precisos para
sua guarda, e extincto o fogo mandará tirar o referido Guarda Mór hu
ma exacta devassa dos delinquentes, para proceder contra os que forem
culpados. •

Regimento do Escrivão dos Pinhaes.


§. 1. O Escrivão do Pinhal ha de assistir á vestoria geral de Outu
bro, e fazer o Auto na fórma, que se diz no Regimento do Guarda Mór
1751 73

§. 1. e ha de fazer tambem os autos da devaça pela maneira, que se diz


no mesmo Regimento do Guarda Mór $. 6. e 33.
§. 2. Ha de passar as Cartas dos privilegios aos Couteiros, que o
Guarda Mór nomear, e fazer a pauta, e distribuição da vigia, dando a
cada Couteiro bilhete dos dias, que lhe tocão, e terá mais, além do seu
ordenado seis mil e quatrocentos para papel.
§. 3. O Escrivão dos Pinhaes ha de assistir pela Pascoa, ao fazer do
aseiro, repartindo o mesmo aseiro em quarenta regos pelos quarenta Cou
# e vespora de S. Bernardo ha de assistir ao pôr do fogo ao dito
aseiro, fazendo primeiro hum termo, no qual se obriguem os Couteiros
a pagar por seus bens a perda, que receber o Pinhal por seu descuido,
como se diz no Regimento do Guarda Mór $. 7.. 8.
§ 4. O Escrivão dos Pinhaes deve estar sempre prompto para tomar
º as denuncias, que lhe vierem dar os Couteiros, e Meirinho, e fazer as
buscas, e tomadias, de que lhe derem parte, sendo mui diligente na exe
cução das ordens do Guarda Mór; e nos seus impedimentos Mando que
sirva o Escrivão mais antigo do Juizo geral.
§. 5. O Escrivão do Pinhal, logo que os Corregedores da Comarca
de Leiria tomarem posse do lugar, lhe dará rol dos culpados; e nas cor
reições lhe levará o livro das denuncias, e os feitos Crimes, para serem
por elle vistos em correição, e apellados aquelles, que o não estiverem
pelo Guarda Mór.
. 6. Da mesma maneira em chegando o Sindicante do Corregedor,
lhe fará saber, que na fórma do Alvará de vinte e hum de Abril de
mil e seiscentos e noventa, e por este Regimento lhe he ordenado que
tirem residencia ao Guarda Mór, a quem deve suspender, e a todos seus
Oficiaes tirando-lhe com efeito residencia; e o Escrivão lhe entregará
assim mesmo rol dos culpados, livros, feitos crimes, e este Regimen
to, para fazer por elle o auto da residencia, e perguntar pelo conteúdo
nelle.
§. 7. O Escrivão do Pinhal ha de assistir aos córtes, que se fizerem,
ou sejão para as Reaes Fabricas, ou para datas, ou para consumo, as
sim para ver, se se excede o número dos páos, e se he nos sitios desti
nados, como para fazer a entrega da madeira ao Feitor da Pedreneira,
ou á pessoa, a quem se fez a graça, ou ao Recebedor das bicadas, não se
ausentando sem estarem os córtes findos; fazendo logo termo de entre
ga nas mesmas ordens, e mandados, que assignarão as partes, e encos
tará aos autos; e guardará tudo em seu Cartorio.
§. 8. Pela assistencia, que fizer aos córtes da madeira para particu
lares, levará de salario por dia quatrocentos réis.
Regimento do Meirinho, e Fiscal.
§. 1. O Meirinho da he assistir na vestoria geral para requerer, co
mo fiscal, o que lhe parecer conveniente, e mais a proposito para a boa
conservação, e augmento dos Pinhaes, tendo especial cuidado na guarda
dos Picotos, requerendo com actividade a sementeira nas partes mais a
commodadas, e de que se possa esperar melhor conveniencia; e quando
pelo Guarda Mór lhe não sejão attendidos seus requerimentos, os deve fa
zer ao Conselho da Fazenda, para lhe dar a providencia necessaria.
§ 2. Ao Meirinho toca vigiar continuamente o Pinhal, e terras da
Coitada, denunciando os que cultivão dentro dos marcos para se restitui
rem logo á mesma Coitada as terras, que ……… usurpadas.
74 1751

§ 3. O Meirinho terá grande cuidado de saber, se os Couteiros ser- #


vem com satisfação, zelo, e verdade, dando parte ao Guarda Mór dos
seus descuidos, para os advertir, ou suspender, como tambem denun
ciando dos mesmos Couteiros no caso, que comettão crime no Pinhal, e
outros erros de seu oficicio, para serem castigados na fórma do Regi
ImentO. •

4. O Meirinho tem obrigação de prender os transgressores acha


dos em fragante delicto, denunciar delles, e dos mais, de que tiver no
ticia que fizerão alguns descaminhos no Pinhal, e Fabrica, e proseguir
a acusação até final sentença, sem fazer com os réos contrato, ou aven
ça alguma, pena de perdimento do oficio; e da mesma fórma prosegui
rá nas denúncias dos descaminhos, que lhe descubrirem os Couteiros.
§. 5. Nas madeiras, que achar dentro, ou fóra do Pinhal, sem mar
ca, ou guia, fará tomadia, e nos Bois, e carros, fazendo-as logo con- º
duzir nos mesmos carros á Fabrica do Engenho da Madeira, para se car
regarem em receita ao Recebedor na fórma do §. 26. do Regimento do
Guarda Mór, e prezos os delinquentes dará conta ao Guarda Mór, e de
nunciará delles.
6. Ha de assistir pela Pascoa ao fazer do aseiro, para ver, se os #
Couteiros dão os regos da sua obrigação; e vespora de S. Bernardo ha #
de assistir ao pôr o fogo ao mesmo aseiro, tendo muito cuidado, em que …
não entre fogo no Pinhal, nem padeção os Picotos o minimo detrimen- ##
to, e da mesma maneira assistirá ás montarias, que os Coudeis fizerem
no Pinhal para examinar as buchas das espingardas, evitando todo o #
damno, que possa ter o mesmo Pinhal, em observancia do que expoem # !

o Regimento do Guarda Mór $ 21. º

§ 7. O Meirinho Fiscalha de assistir a todos, e quaesquer córtes,


que se fizerem, e estorvar com toda a força, que se não excedão as ordens,
as quaes
tes lheemostrará
findos, o Escrívão,
pela assistencia, que não
fizerseaos
ausentando
córtes de sem estarem
madeira para os cór-
os par- \

iticulares, levará quatrocentos réis por dia. -

§. 8. O Meirinho deve ter todo o cuidado, em que os Lavradores


carreguem com brevidade as madeiras, e que vão em direitura ao porto }
da Pedermeira, e achando algumas desencaminhadas, escondidas no ma- +

to, ou mal aproveitadas, notificará os Lavradores, a quem forão lança


das para se verem condenar pelo Superintendente da Fabrica, o qual os
condenará em duzentos réis para o mesmo Meirinho.
§. 9. O Meirinho ha de requerer como Fiscal ao Guarda Mór a in
teira observancia deste novo Regimento, dando-lhe parte das faltas, que
descubrir nos Oficiaes, e dos abusos, que se forem introduzindo, para
que o Guarda Mór os emende, e quando lhe não queira dar attenção, o
fará presente ao Meu Conselho da Fazenda, para determinar, o que for
justo; e nos seus impedimentos Mando que sirva o Alcaide da Cidade.
Regimento dos Guardas menores, e Couteiros
§. 1. Os Couteiros hão de assistír á vestoria geral, para informarem
- ao Guarda Mór do estado, em que se acha o Pinhal, e dos sitios, que
nelle ha mais capazes para os córtes da Ribeira das Náos, e das datas,
e do consumo, apontando-lhe logo as partes, que no Pinhal houver mais
capazes para a sementeira de novos Pinheiros.
d '# Pela Pascoa hão de fazer o aseiro conforme determinar o Guar
a Mór. >
175| 75

§. 3. Vespora de S. Bernardo hão de lançar o fogo ao aseiro assignan


do primeiro termo de pagarem por sua fazenda o damno, que possa re
ceber o Pinhal por seus descuidos, como se diz no Regimento do Guar
da Mór no § 7. e 8. - -, -

§. 4. Hão de assistir dous a dous, de Sol a Sol, á borda do Pinhal


todos os dias guardando-o com grande zelo, e cuidado, para o que se ha
de fazer a distribuição, como se diz no Regimento do Escrivão $. 2.
§. 6. Achando os Couteiros alguma pessoa no Pinhal cortando algum
páo, fazendo falcas achas para Pez, ou outro algum descaminho a devem
prender, dar conta ao Guarda Mór, e depois denunciar, como se diz no
Regimento do Meirinho § 4.
§. 6. Porém achando no Pinhal, ou fóra delle madeira sem marca,
ou guia, farão tomadias nellas, e nos bois, e carros conduzindo as ma
deiras logo ao engenho, como se diz no Regimento do Meirinho § 5.
§. 7. Os Couteiros devem guardar com todo o zelo, e cuidado as no
vas criações de Pinheiros, defendendo que o gado não as destrua, e da
rão parte ao Guarda Mór da limpeza, e desbaste, de que necessitarem,
para se lhe acudir a tempo com o serviço.
§. 8. Os Couteiros hão de assistir a todos os lavramentos de madei
ra, que se fizerem dentro no Pinhal pela nomeação do Guarda Mór, e
terãofação
nem muitoo cuidado, que os homens
menor descaminho de machada
no mesmo Pinhal.não cortem páo algum, •

§. 9. Pela assistencia, que fizerem aos lavramentos das madeiras dos


particulares, haverão duzentos réis por dia. -
§ 1o Os Couteiros hão de cumprir com promptidão as ordens do
Guarda Mór, e Superintendente, e obedecer em tudo, o que lhe for or
denado pelo Almoxarife, ou Cabo maior dos mesmos, Couteiros, que for
a bem do Real serviço, pena de serem castigados pelo Guarda Mór, e
Superintendente,
cias dando
ao dito Guarda Mór,o mesmo Almoxarife conta das suas desobedien
e Superintendente. •

§. 11. Os Couteiros hão de acompanhar ao Meirinho, todas as vezes


que este lho requerer para alguma diligencia pertencente aos Pinhaes, e
Fabricas. #
« ,

|- Regimento do Superintendente da Fabrica da Madeira | #


. ** * da Marinha. . * * ** *

- " … | - - - - 1}

§ 1. Ao Superintendente toca dar licença para o engenho trabalhar;


e ém primeiro lugar mandará serrar as madeiras, que forem necessarias
para a Ribeira das Náos, Tenencia, e outras obras do Meu Real servi
ço, e em quanto não estiverem todas satisfeitas, não consentirá que º
Engenho serre as madeiras de venda, nem outras algumas de particula
res, para
porque lheo fiz
queMercê
irá todas as semanas
do dito a elle, como
oficio, fazendo-o se declara
prover de tudo,nao Alvarº»
que for
necessario em ordem á sua conservação. * * * *

§ 2. O Superintendente mandará serrar no Engenho toda a casta de


madeiras, assim taboas de cuberta como miudas, que corresponderem
ás bitolas das serras do mesmo Engenho, mandando aproveitar os Páos,
que se acharem cahidos, e espalhados pelo Pinhal, e os que crião co
cumello, e bicadas dos córtes, que se fizerem. . .
§. 3. Terá particular cuidado, que o Engenho não esteja parado por
omissão, ou descuido dos Oficiaes, e lhe ordenará o fação trabalhar, nãº
só de dia, mas tambem de noite, quando *# vento certo,
2
e não hou
76 I75]

ver tormenta ; mandando-lhe pagar pela duzia de taboado de cuberta,


que se serrar de noite a duzentos e quarenta réis, e pela de meudo a
cento e vinte réis, além dos seus salarios.
§. 4. O Superintendente todas as vezes que o Recebedor do Enge
nho lhe der parte, de que não póde trabalhar por se achar desconcerta
do, sendo o concerto de limitada despeza, e a que possa supprir o pro
ducto das madeiras meudas, o mandará fazer logo, e sendo de maior des
peza dará conta no Conselho de Minha Fazenda com relação do dito Re
cebedor, porque conste, o que he preciso, para se mandar fazer.
§ 5. Mandara fazer hum Cofre com tres chaves tendo huma em seu
poder, outra o Escrivão da Fabrica, e a terceira o Recebedor , em o
qual se metterá o dinheiro, que produzirem as madeiras, que se vende
rem, e todo o mais, que deve entrar cada tres mezes no mesmo Cofre;
mandando-o carregar em receita ao Recebedor da mesma Fabrica na fór
ma, que se declara nos Capitulos 7. e 8. do Regimento do Escrivão, a
qual rubricará para constar a todo o tempo, em como se metteo em sua
presença, praticando o mesmo em todas as mais receitas, que se fizerem.
§. 6. Dentro no referido Cofre fará tambem guardar os ferros das mar
cas, não consentindo que andem pelas mãos dos Marcadores fóra das oc
casiões precisas.
§. 7. O Superintendente elegerá para o ministerio de marcar , ho
mens intelligentes, fartos, e de boa consciencia, escolhendo sempre pa
ra avaliador hum daquelles Mestres, que for aos córtes, pela experien
cia, que tem de gavilar, e tomar polegadas, e lhe dará juramento para
marcarem , e avaliarem no justo valor , e não consentirá que nenhum
Marcador carregue per si, nem por interposta pessoa madeira alguma,
e carregando pagarão vinte mil réis da cadeia metade para o denuncian
te, e a outra metade para as despezas da Fabrica, a qual se carregará
emi receita ao Recebedor della. º , , , … • "" ;

§ 8. Mando que a marca, e avaliação das madeiras se faça em di


reitura do Pinhal até o porto de S. Martinho , ficando os Lavradores, e
Carreiros da Marinha com duas partes da avaliação, e os das Villas dos
Coutos com a terceira parte. --

§. 9, Mando que o Superintendente não guarde privilegio algum aos


Lavradores na condução das Minhas madeiras, antes faltando algum a
conduzi-la no tempo , que lhe for assignado, pagará pela primeira vez
tres tostões, e pela segunda dez tostões applicados ao Meirinho.
§. 10. Mando que o Superintendente não obrigue aos Lavradores,
que forem conduzir madeiras, a trazer escrito de descarga ao Escrivão,
nem pagar-lhe o vintem, que até agora lhe pagárão, por esta cauza: e
Ordeno que o Feitor, assim como reparte pelos Juizes Ordinarios as or
dens para a condução das madeiras, tenha o cuidado de mandar-lhe pe
dir os escritos da descarga com certidões dos Escrivães das Camaras,
por onde conste achar-se servida a madeira, e as faltas dos Lavradores,
para serem punidos pelo Superintendente, a quem o mesmo Feitor ha
de remetter tudo. ** , , . } ,, , , …, f } *

§. 11. Os Carreiros, a quem se provar , que maliciosamente deixá


rão madeiras escondidas nos matos, para se aproveitarem depois dellas,
pagarão o preço , em que forão marcadas em dobro , que se carregará
em receita ao Recebedor da Fabrica na fórma acima, com trinta dias
de cadeia. • . .
§. 12. O Superintendente tem jurisdicção para mandar lançar ma
deiras em todas as Villas da Comarca de Leiria, e os Juizes Ordinarios
/*

{
1751 77

darão inteiro cumprimento ás suas ordens, e faltando procederá contra


elles a prizão. *

§. 13. . O Superintendente tem obrigação de mandar pôr a pregão na


Praça de Leiria todos os lavramentos de madeira, ou outro qualquer ser
viço, quando entenda que he mais conveniente á Minha Real Fazenda
fazer-se por arrematação, do que por jornaes, mandando pôr Editaes nas
Freguezias mais visinhas ao Pinhal, em que declare o dia, em que se
ha de fazer a arrematação, que será na Fabrica do Engenho em o dia
de maior concurso.
§. 14. . Da mesma maneira mandará pôr a pregão o Pez, rematando
os sepos dos páos cortados ás pessoas, que mais derem por elles, com
condição de não exceder o espaço de hum anno, e de se não cortar páo
algum, nem fazer os fornos, se não hum quarto de legoa fóra dos asei
TOS.

$. 15. A's arrematações dos lavramentos de madeiras ha de assistir o


Superintendente, Escrivão da Fabrica, e Feitor da Pederneira, man
dando fazer termo em hum livro, que terá o dito Escrivão deputado pa
ra esse ministerio, em que declare o tempo, em que se devem fazer, e
o preço, porque se rematão, cujo termo assignará o Rematante, e seu
fiador, depois de reconhecido, e acceito pelo Feitor, e o rubricará tam
bem o Superintendente mandando passar certidão delle ao dito Feitor,
para a ajuntar aos mais papeis de sua conta, que tambem rubricará.
§. 16. O Superintendente ha de recensear a conta do Recebedor de
pois de feito o encerramento pelo Escrivão no fim de cada hum anno,
para continuar a servír os tres do seu recebimento , e findos eles man
dará fazer entrega da caza, ao que lhe succeder, assim do Engenho de
serrar, como dos seus sobrecelentes, ornamentos, e tudo o mais, que
pertencer á Capella da Fabrica, mandando-lhe carregar tudo em recei
ta viva, passando-se conhecimento em fórma para a conta, do que tiver
acabado, para a vir dar nos meus Armazens. * ,

§ 17. - Da mesma sorte se farão os das rematações dos sepos dos páos
cortados para Pez, a que não assistirá o Feitor da Pederneira, mas sim
o Recebedor da Fabrica, e declarará tambem o Escrivão a importancia,
porque se rematão, e o tempo, em que ha de fazer entrega do dinheiro
o Rematante, o qual assignará o dito termo com o seu fiador , que será
reconhecido, e acceito pelo Recebedor, a quem o dito Superintendente
mandará carregar em receita todo o dinheiro que receber do Rematante,
fazendo-lhe passar conhecimento em fórma para sua descarga. -

§ 18. O Superintendente nomeará o Guarda do Engenho com as obri


gações, que leva em seu Regimento, e haverá de ordenado duzentos
réis por dia. -

§. 19. Sou servido de extinguir inteiramente todas, e quaesquer ser


rarias de mão que haja no Pinhal, ou na vieira. E Mando que toda a
madeira, que for necessario serrar-se por serras de mão, por não abram
ger o serviço do Moinho, seja serrada dentro dos muros do Engenho, re
commendando muito ao Superintendente não consinta serras de mão em
outra alguma parte , excepto em algum caso fortuito de tempestades,
em que costumão cahir muitos páos, ou de alguns córtes grandes , em
que as bicadas fazem com a sua conducção para o Moinho consideravel
despeza, por se fazerem em partes remotas.
§ 2o. O Superintendente ha de tirar todos os annos huma devassa
geral, em que pergunte pelos Capitulos deste Regimento, para exami
nar o procedimento do Feitor da Pederneira, seu Escrivão, e mais Offi
78 175 |

ciaes da Fabrica, e pelos descaminhos, que nella tenha havido proce


dendo contra os culpados. #
§ 21. O Superintendente fará ornar com decencia a Capella do En
genho, mandando dizer nella Missa todos os Domingos, e dias Santos {},
de Guarda pela alma do Fidelissimo Senhor Rei D. João o Quinto, Meu V
Senhor, e Pai, que Santa Gloria haja, dando-se ao Sacerdote de esmo (II

la cada anno quarenta mil réis.


§. 22. O Superintendente mandará pagar com promptidão pelo di F.
nheiro do recebimento do Recebedor as ferias do Mestre, Contramestre, fºi
e Oficiaes, Guardas, e Moços, que assistirem na Fabrica, e os carre
tos, e lavramentos das madeiras que vierem para ella, e toda a mais #
despeza, que por este Regimento se lhe ordena, mandando lançar tudo Sºl

que ella importar , em despeza ao Recebedor pelo Escrivão da dita Fa ! #


brica na fórma, que se declara no seu Regimento ; cujos termos assig
nará, para por elles se lhe tomar conta nos Meus Armazens, quando fin #
dar o seu tempo. #{
§. 23. O Superintendente examinará todos os seis mezes o dinheiro, #
que sobejar ao Recebedor do seu recebimento depois de feitas as despe #
zas, que pelo seu Regimento se lhe ordena, e apresentando-lhe o Feitor
da Pedermeira o orçamento da despeza , em que poderá importar o cór tº,
te, e conducção das madeiras, que Eu mandar fazer aos Pinhaes para
a Fabrica da Ribeira das Náos , ordenará ao dito Recebedor lhe entre
gue a sua importancia pelo dinheiro de seu recebimento ; e não tendo
todo, o que for necessario , lhe mandará passar certidão pelo Escrivão
da Fabrica, que rubricará, declarando nella a quantia que he precisa,
e que no Cofre da dita Fabrica a não ha , para este a fazer presente ao
Conselho da Fazenda na fórma, que se lhe determina no Capitulo 2. de
seu Regimento. • - •

§. 24. Fará conferir o livro, em que o Escrivão da Fabrica tomar em


lembrança as marcas, e avaliações da madeira, que o dito Feitor man
dar conduzir dos Pinhaes para o porto de São Martinho, dos córtes aci
ma declarados, com o em que as lançar tambem o Escrivão do dito Fei
tor, e depois de feita a conferencia, achando-a certa porá signal della
em ambos os ditos livros que rubricará, para por elles se lhe tomar con
ta ao referido Fei-or, na que der de seu recebimento.
§. 25. Ha de rubricar todos os livros de receita, e despeza, que ser
virem com o Recebedor da Fabrica , e os mais que forem precisos, e
constão do Regimento do Escrivão. |

Regimento do Recebedor.

§. r. O Recebedor ha de assistir efectivamente na Fabrica do Enge


nho de serrar, e necessitando o Moinho de algum concerto, dará conta
ao Superintendente para este o mandar fazer, e sendo de pouca entida
de o poderá mandar concertar, com o seu Escrivão, para que não pade
ça prejuizo a Minha Fazenda, em não trabalhar o dito Moinho por cau
za de alguma demora; fazendo-o porém sempre saber ao Superintenden
te, para lhe mandar fazer despeza da sua importancia. ** .

§ 2. O Recebedor ha de ter carregado em sua receita o Moinho, com


todo o seu inventario, e sobrecelentes, ornamentos, e mais cousas per
tencentes á Capella da Fabrica, e assim mais todos os materiaes , que
se comprarem para os concertos, de que necessitar o dito Moinho, e os
1751 79

que para o mesmo efeito receber dos Almoxarifes da Ribeira das Náos,
a quem dará conhecimento em fórma para as suas contas.
§. 3. Da mesma fórma se lhe ha de carregar em receita todas as fal
cas, ou vigas de pinho, taboas, barrotes, ripas, cerneiras, e costeiros;
que produzirem as bicadas dos córtes, que se fizerem, páos cahidos por
tormenta, e dos que se derem a particulares, e os tocados de cocumel
lo, que se cortarem no Pinhal, depois de se tomarem em lembrança no
livro de ementa, como se declara nos Capitulos 5 e 6 do Regimento do
Escrivão. •

§ 4. O Recebeder ha de vender as madeiras, que pelo Capitulo as


sima se lhe hão de carregar em receita pelos preços declarados no fim de
seu Regimento, cujo dinheiro se lhe ha de tambem carregar em receita
na fórma, que se ordena no Capitulo 7 do Escrivão da Fabrica.
§. 5. Ao Recebedor se lhe ha de carregar tambem em receita todo o
dinheiro, que receber dos sepos dos páos cortados, que se rematarem
para o Pez, e da mesma sorte todo, o que pelo Regimento do Superin
tendente, e Guarda Mór dos Pinhaes se lhe manda entregar para as des
pezas da Fabrica das condemnações, que se fizerem.
§. 6. O Recebedor ha de metter no Cofre todos os tres mezes o di
nheiro, que na fórma assima se lhe ha de entregar para o que terá em
seu poder huma das tres chaves, que hão de haver, e pelo dito dinhei
ro fará as despezas seguintes. •

S. 7. Ha de pagar todos os tres mezes os ordenados do Superinten


dente, Escrivão, e Reeebedor da Fabrica, e todas as semanas as ferias
ao Mestre, Contramestre, Oficiaes, Guardas, e Moços, que trabalha
rem nellaoccasião
rem por não só no
de exercicio de serrar,
algum concerto, que mas tambem os que a ella fo
for preciso. •

§ 8. Ha de pagar todas as semanas os lavramentos, e conduções das


madeiras, que vierem dos Pinhaes para se reduzirem a taboas , e mais
madeira de venda; e da mesma fórma ha de satisfazer aos serradores das
serras braçaes (quando os houver) os seus jornaes, que serão pelos pre
ços, que vão no fim deste Regimento, observando nesta despeza a arre
cadação, que Ordeno ao Escrivão no Capitulo 5 de seu Regimento.
§. 9. O Recebedor ha de assistir ás rematações, que se fizerem dos
sepos dos páos cortados para o Pez aceeitando á sua satisfação o fiador,
que lhe der o Rematante, e assignará no livro, em que o Escrivão fizer
o termo da arrematação, tendo cuidado que o dito fiador seja pessoa abo
nada, e que tenha bens, com que possa pagar a falta , que houver no
Rematante; porque constando observa o contrario, se haverá por seus
bens todo o prejuizo, que resultar á Minha Fazenda.
§ 1o. Mando que o Recebedor não possa receber, nem dispender cou
sa alguma, sem assistencia do Escrivão da Fabrica, e que em todos os
pagamentos, que fizer , seja mui prompto de sorte , que por nenhum
principio experimentem as partes demora.
§. il. Ordeno que o Recebedor não venda nos Pinhaes cerneiras,
mas sim se aproveitem no Engenho, e que querendo alguem compra-los
inteiros, lhos venda dentro do mesmo Engenho.
§. 12. Não poderá o dito Recebedor vender madeira de qualidade al
guma sem assistencia do Escrivão, e da mesma sorte conferirá com elle
os preços porque pagar os lavramentos , e carretos das falcas, e páos
que se conduzirem dos Pinhaes para se reduzirem a madeira de venda.
SO 175 |

Preços porque se hão de vender as Madeiras.


M A D E T R A D E T o D o o PA'o.

Solho de 12 palmos de comprido, e palmo, e torno de largo, 3

duzia — — — — — — — — — — — — — — — — *{550
Solho de 15 palmos, a duzia - Á685
Solho de 18 palmos, a duzia - 8825
Solho de 21 palmos, a duzia - 3960
Solho de 24 palmos, a duzia - 13100
Solho de 12 palmos de comprido, e palmo e meio de largura,
duzia - - - - -
Solho de 15 palmos, a duzia —
Solho de 18 palmos, a duzia — — —
- - - - •


— —
• •


• • •

: 13200
1 3 500
13800
Solho de 21 palmos, a duzia - - - - - - - - - 23100
Solho de 24 palmos, a duzia - - - - - - 23400
Couceiras de 12 palmos de comprido, a duzia - - - 1,5680
Couceiras de 15 palmos, a duzia — — — — — — — 23100
Couceiras de 18 palmos, a duzia — — — — — — — 23520
Couceiras de 21 palmos, a duzia — — — — — — — 2,3940
Couceiras de 24 palmos, a duzia — — — — — — — 3,5360
Molduras de 12 palmos, a duzia - 1 3200
Molduras de 15 palmos, a duzia - l 3 600
Molduras de 18 palmos, a duzia - 13800
. Molduras de 21 palmos, a duzia — 23 100
Molduras de 24 palmos, a duzia - 2,3400
Forro de 12 palmos, a duzia - - 23 500
Forro de 15 palmos, a duzia - - 3625
Forro de 18 palmos, a duzia - #3750
Forro de 21 palmos, a duzia - g3875
Forro de 24 palmos, a duzia - 13000
Barrotes de 15 palmos, a duzia 3600
Barrotes de 20 palmos, a duzia 13200
Barrotes de 25 palmos, a duzia 1 3800
Barrotes de 30 palmos, a duzia 2,5400
Ripas de 12 palmos, a duzia - 3 100
Ripas de 15 palmos, a duzia - 23 120
Ripas de 18 palmos, a duzia - 3 140
Ripas de 21 palmos, a duzia - 4 160
Ripas de 24 palmos, a duzia - 3200

Madeiras de Cerne.

Solho de 12 palmos de comprido, e palmo, e torno de largura,


a duzia - - - - - - - - - - - - - - - 1 3200
Solho de 15 palmos, a duzia 1 3 500
Solho de 18 palmos, a duzia - - - - - - - - - 1,3800
Solho de 21 palmos, a duzia 2,3 100
Solho de 24 palmos, a duzia - - - - - - - - - 2,3400
Solho de 12 palmos de comprido, e palmo e meio de largo,
duzia - - - - - - - - - - - - - - - - 25400

}
8]

Solho de 16 palmos, a duzia - - - - - - - - - - - - - 3 3 000


Solho de 18 palmos, a duzia - - -- - - - - - - - - 3 3 600
Solho de 21 palmos, a duzia -- - - - - - - - - - -
4 3200
Solho de 24 palmos, a duzia — — — — — — — — — — —
4 3 800
Couceiras de 12 palmos, a duzia - - - - - - - - - -
2 3 400
Couceiras de 16 palmas, a duzia - - - - - - - - - -
3 3 000
Couceiras de 18 palmos, a duzia — — — — — — — — — —
3 3 600
Couceiras de 21 palmos, a duzia - - - - - - - - - -
4 3200
Couceiras de 24 palmos, a duzia — — — — — — — — — —
4 3 800
Molduras de 12 palmos, a duzia - - - - - - - - - - -
2 3 400
Molduras de 15 palmos, a duzia — — — — — — — — — —
3 3 000
Molduras de 18 palmos, a duzia — — — — — — — — — —
3 3 600
Molduras de 21 palmos, a duzia — — — — — — — — — —
4 3200
Molduras de 24 palmos, a duzia — — — — — — — — — —
4 3 800
Barrotes de 15 palmos, a duzia - - - - - - - - - -
1 3200
Barrotes de 20 palmos, a duzia - - - - - - - - - -
1 5800
Barrotes de 25 palmos, a duzia - - - - - - - - - -
2 3 400
Forro de 12 palmos, a duzia — — — — — — — — — — — 3 700
Forro de 15 palmos, a duzia — — — — — — — — — — — ,3875
Forro de 18 palmos, a duzia - - - - - - - - - - -
1 3 050
Forro de 21 palmos, a duzia — — — — — — — — — — —
1 3 225
Forro de 24 palmos, a duzia — — — — — — — — — — —
1 3400
Ripas de 12 palmos, a duzia — — — — — — — — — — — 3 150
Ripas de 15 palmos, a duzia — — — — — — — — — — — 3 185
Ripas de 18 palmos, a duzia — — — — — — — — — — — 3 225
Ripas de 21 palmos, a duzia - - - - - - - - - - - 3240
Ripas de 24 palmos, a duzia - - - - - - - - - - - ,3260

Preços porque se hão de pagar os jornaes aos Serradores das serras


braçaes, quando os houver.

Taboas de solho, e forro de todo o páo, ou de cerne de 12 pal


mos de comprido, e da largura ordinaria, a duzia a - - -
E o mesmo se entenderá a respeito das mais madeiras, pois pe
lo mesmo preço, que se serrão as de todo o páo, se serrão as
de cerne.
Ditas de 15 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - 3 240 |
Ditas de 18 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - ,3 300
Ditas de 24 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - 3400
Taboas do dito solho de 12 palmos de comprido, e palmo e meio
de largo, a duzia a - — — — — — — — — — — — — — ,3 300
Ditas de 15 palmos a duzia a - - - - - - - - - - - 3360
Taboas de molduras de 12 palmos de comprido, e largura ordi
naria, a duzia - - - - - - - - - - - - - - - 3200
Ditas de 15 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - #3240
Ditas de 18 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - 23 300
Ripas de 12 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - 3 040
• • • •

Barrotes de 12 palmos, a duzia a - • • • • •

3060
Ditos de 15 palmos, a duzia a - 3080
Ditos de 18 palmos, a duzia a - 3 100
Ditos de 20 palmos, a duzia a - 3 120
82 1751

Ditos de 25 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - 32oo


Ditos de 30 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - - 3240
Dutos de 35 palmos, a duzia a - - - - - - - - - - - - 3 300
De abrirem huma viga de 20 palmos em frechaes. - - - - 3 02o
De abrirem huma dita de 25 palmos. - - - - - - - - 3 040
De abrirem huma dita de 30 palmos. - - - - - - -- - 3 060
De abrirem huma dita de 35 palmos. — — — — — — — — 3 060
De abrirem huma dita de 40 palmos. - - - - - - - - 3 060
De abrirem huma dita de 45 palmos. — — — — — — — — 3 060
• •• •

De abrirem huma dita de 6o palmos. • • • • •

3080

Regimento do Escrivão da Fabrica, e Apontador.

§ 1. O Escrivão da Fabriea ha de assistir efectivamente nella fa


zendo todas as receitas, e despezas ao Recebedor, para o que terá em
seu poder os livros necessarios para a boa arrecadaçao da Fazenda, os
quaes hão de ser rubricados, e encerrados pelo Superintendente, e se
rão os seguintes.
§ 2. Terá hum livro de Receita, em que se carregue ao Recebedor
o Moinho com todo o seu inventario, e sobrecelentes, ornamentos, e
mais cousas pertencentes á Capella da Fabrica.
§ 3. No livro lhe carregará tambem em receita todos os materiaes,
que se comprarem para os concertos, de que necessitar o dito Moinho,
e os que para o mesmo efeito receber dos Almoxarifes da Ribeira das
Náos, ou materiaes, a quem passará conhecimento em fórma para as
suas contas. - • •

§. 4. Terá outro livro, que sirva de ponto, em o qual ha de apon


tar de manhã, e tarde o Mestre, e Contramestre, Oficiaes, Guardas,
e Moços, que trabalharem na dita Fabrica, assim no exercicio de ser
rar, como os que a ella forem por occasião de algum concerto, que for
preciso; e no fim de cada semana fará huma feria de todos por seus no
mes distintos, dias, que trabalhárão, em que ministerios, e o que ven
cêrão, descontando aquelles, que deixarem de trabalhar os dias, ou
meios dias, que não assistirem, no que terá grande cuidado; e depois
de assignarem na dita feria todas as pessoas, que nella forem, para cons
tar de como recebêrão o seu pagamento, fará no fim della encerramen
to, que assignará, declarando, que a sua importancia a pagou o Rece
bedor pelo dinheiro de seu recebimento, e que a tal quantia lhe vai lan
çada em despeza em seu livro della, a folhas tantas, cujo termo se fará
na maneira seguinte.
Despendendo o Recebedor das madeiras do Engenho da serraria
a quantia de tanto (sahindo com ela fóra) pela feria que pagou aos Of
ficiaes, e mais pessoas que assistírão, e trabalhárão no dito Engenho, e
sua Fabrica de tantos até tantos de tal mez, e anno em os ministerios
nella declarados, de que eu Escrivão fiz este termo, que assignei em
tantos de tal mez, e anno, e será rubricado pelo Superintendente.
§. 6. Terá dous livros de ementa; hum que sirva para se tomar em
lembrança todas as bicadas, que ficarem dos córtes, que se fizerem pa
ra a Ribeira, páos cahidos por tormenta, e dos que se derem a particu
lares, e tocados de cocumello, que se cortarem no Pinhal, e se condu
zirem para o Engenho, para se reduzirem a madeira de venda; e outro,
em que tambem se tomará em lembrança toda a madeira, que produzi
I75I 83.

rem os taes páos, ou bicadas, que se serrar no dito Engenho, a qual


madeira receberá o Recedor aos serradores no fim de cada semana, fa
zendo o dito Escrivão assento no referido livro com toda a distinção, as
sim das taboas, e barrotes, como das ripas, cerneiros, e costeiros, em
razão de haver diferença nos preços, porque se hão de vender, como no
capitulo delles se declara, e os ditos assentos serão na fórma seguinte.
Fulano de tal parte serrador com seus companheiros serrárão tan
tas duzias de taboado de tal qualidade, ripas, barrotes &c, que lhe forão
recebidos nesta Fabrica pelo Recebedor della, e importou a dita serra
gem tanto a respeito de tanto por duzia, ou por cada ripa, ou barrote
(e sahindo fóra de huma parte com o dinheiro, e da outra com a ma
deira) fará as folhas todas as semanas aos taes serradores, e ás pessoas
que conduzirem os páos, ou falcas, e as lavrárão para o seu pagamen
to, dizendo em cada huma.
Folha do pagamento, que o Recebedor do Engenho da serraria faz
ás pessoas, que lavrárão, e conduzirão dos Pinhaes tantas falcas, ou páos
de tal comprimento, e largura para se reduzirem a madeira, e tiverão
principio em tantos, e findárão em tantos; e da mesma sorte fará a dos
serradores, observando no assento de cada hum a fórma seguinte.
. Fulano de tal parte lavrou, e conduzio do Pinhal para o Engenho
tantas falcas, ou páos de tal comprimento, ou serrou tantas duzias de
madeiras de tal qualidade, que a tanto por cada falca, ou páo, ou por
cada duzia de madeira importa tanto, que recebeo, e assignou; e fazem
do encerramento no fim de cada huma das ditas folhas da mesma fórma,
que se manda praticar nas ferias dos Oficiaes, lhe lançará em despeza
as suas quantias no livro della, pondo primeiro verba deste pagamento
á margem dos assentos, que se tiver feito da dita madeira nos livros de
ementa, de que passará certidão nas referidas folhas; e os assentos de
despeza serão da maneira seguinte.
Despendeo o Recebedor do Engenho da serraria a quantia de tan
to (sahindo com ella fóra) que pagou ás pessoas que lavrárão, e condu
zírão dos Pinhaes para o dito Engenho tantas falcas, ou páos de tal com
primento, e largura para se reduzirem a madeira de venda ou dos serra
dores das serras braçaes, que serrárão tantas duzias de madeiras de tal
qualidade, e comprimento como parece da folha, por onde se lhe fez os
referidos pagamentos, a qual assignada pelas ditas pessoas, ou pelos re
feridos serradores vai a linha da conta do dito Recebedor, de que eu Es
vão fiz este assento de despeza, que assignei; e se poz verba á margem,
dos que se fizerão nos livros de ementa da dita madeira de como se fez
o dito pagamento. Tantos de tal mez, e anno.
§. 6. E logo que na referida fórma tiver feito os ditos assentos de
despeza, carregará em Receita ao Recebedor toda a madeira, que pro
duzem as ditas falcas, e páos, e o que lhe entregarem os referidos ser
radores com a distinção com que no Capitulo 6.° se lhe manda tomar em
lembrança no livro de ementa, cuja receita lhe fará no livro, em que
lhe tiver carregado
los separados o Moinho,
na fórma seguinte.e mais materiaes, que receber em titu

Carrego em receita ao Recebedor do Engenho da serraria tantas


duzias de falcas, ou taboas de tal comprimento, barrotes, ou ripas, cer
neiros, ou costeiros de tal qualidade, que se serrárão no engenho, ou
consta receber pela folha dos pagamentos, que fez ás pessoas que as la
Vrárão, e conduzírão do Pinhal, ou dos Serradores das serras braçaes,
que as serrárão, a qual vai a linha da conta }dito Recebedor, de que
2
84 I75 I

eu Escrivão fiz esta receita, que comigo assignou, e porá verbas nos li
vros de ementas á margem dos assentos, que tiver feito de taes falcas,
e madeiras, em que declare ficarem-lhe carregadas em receita em seu
livro della a folhas tantas.
§. 7. Terá outro livro, que ha de servir, para se tomar em lembran
ça todas as madeiras, que o Recebedor vender, o que fará em titulos se
parados conforme as suas qualidades na fórma seguinte.
Vendeo o Recebedor tantas duzias de taboas de tal qualidade, ou
comprimento, ou barrotes, ripas, cerneiros, ou costeiros, que a preço
de tanto, importa tanto, cujo assento assignará o dito Escrivão com o
Recebedor, sahindo á margem delle com a sua importancia, dando guia
á parte, que a comprar, para a conduzir com segurança, e lhe não ser
tomada por perdida. -

E no fim de cada tres mezes somará o Escrivão os ditos assentos,


e carregará, o que importarem em receita ao Recebedor em outro li
vro, que terá mais para este ministerio, dizendo.
Carrego em receita ao Recebedor do Engenho da Serraria a quan
tia de tanto, procedida de tantas duzias de taboas de tal qualidade, bar
rotes, ou ripas, cerneiros, ou costeiros, que vendeo na Fabrica do En
genho a preço de tanto, como se mostra do livro das vendas de folhas
tantas até tantas, de que eu Escrivão fiz esta receita, que comigo as
signou o dito Recebedor.
E depois de feitas nesta fórma as referidas receitas porá verba no
dito livro das vendas, em que declare que a importancia daquella soma
fica carregada ao Recebedor em seu livro de receita a folhas tantas.
§. 8. No dito livro lhe carregará tambem em titulos separados o di
nheiro, que produzirem os sepos dos páos cortados, que se rematarem
para Pez,as edespezas
car para as condenações,
da mesmaque por este Regimento se mandão appli
Fabrica. • •

§. 9. Ha de assistir ás arrematações dos lavramentos das madeiras


com o Superintendente, e Feitor da Pederneira, fazendo termo em outro
livro, que terá mais para esse ministerio, e declarando nelle o tempo,
em que se devem fazer, e o preço, porque se rematão, cujo termo as
signará com o Feitor, e Rematante, e seu Fiador depois de reconheci
do, e aceito pelopara
Superintendente dito aFeitor, a quem passará Certidão rubricada pelo
sua conta. •

§. 10. Da mesma sorte fará os das rematações dos sepos dos páos cor
tados para o Pez, a que ha de assistir o Recebedor da Fabrica, e não o
Feitor da Pederneira; e declarará nos termos, que fizer o preço, porque
se rematão, e o tempo, em que o Rematante ha de fazer entrega do di
nheiro, o qual assignará com o seu Fiador na fórma assima, que tambem
terá reconhecido, e aceito pelo Recebedor, a quem carregará em recei
ta todo o dinheiro, que receber do Rematante, passando-lhe conhecimen
to em fórma della para sua descarga.
§. 11. No fim de cada tres mezes fará huma folha dos ordenados do
Superintendente, seu, e do Recebedor, para por ella serem pagos, em
que todos assignarão, de como recebêrão o seu pagamento; e fará da sua
importancia hum termo no livro da despeza em titulo separado, declaran
do, que o Recebedor dispendeo a quantia de tanto, pelo pagamento,
que fez dos ordenados do Superintendente, Escrivão, e Recebedor da
Fabrica em os tres mezes de tantos até tantos, como consta da folha dos
ditos ordenados, em que todos assignárão, e vai a linha do dito Rece
bedor. ?
|-
1751 • 85

$ 12. O Escrivão ha de ter huma das tres chaves do cofre, em que


se ha de meter todo o dinheiro, que se carregar em receita ao Recebe
dor, assim do producto da venda das madeiras, como dos sepos dos páos
cortados, que se rematarem para o Pez, e condenações, que se mandão
applicar para as despezas da mesma Fabrica, e os ferros, com que se hão
de marcar as madeiras.
§. 13. Ha de assistir ás marcas, e avaliações da madeira, que por
ordem do Conselho mandar vir o Feitor da Pederneira, e São Martinho,
ara a Fabrica da Ribeira das Náos, tomando-as em lembrança em hum
RE: que terá mais para esse efeito; e conferindo com ele os assentos,
que das mesmas ha de fazer o Escrivão do dito Feitor em outro, os apre
sentará ao Superintendente, para pôr sinal de Conferencia em ambos, e
os rubricará na fórma, que se lhe declara no Capitulo 24. do seu Regi
ImentO. •

§. 14. Terá em cada hum anno, além de seu ordenado, seis mil e
quatrocentos réis por huma vez sómente para o papel, que lhe for pre
ciso para o expediente do seu oficio, os quaes serão levados em conta
ao Recebedor por termo separado feito em seu livro de despeza.
Regimento do Mestre da Fabrica, e Engenho.
§. 1. O Mestre ha de estar á ordem do Superintendente, Recebe
dor, e Escrivão da Fabrica, e será pessoa, que tenha conhecimento de
tudo, quanto he preciso para o Engenho serrar com facilidade toda a cas
ta de madeira, e que saiba introduzir as serras á proporção das falcas,
especulando os desconcertos mais interiores do mesmo Engenho, dos
quaes dará conta ao Recebedor, para o fazer presente ao Superinten
dente.
§ 2. Deve assistir actualmente no Engenho, e zelar os Oficiaes não
sómente, para que se não descuidem das suas obrigações, mas para ver,
se trabalhão, como deve ser em modo, que não tenha o Engenho pre
juizo.
§. 3. E porque o Mestre tem obrigação de procurar que se não le
vem ordenados, ou jornaes indevidamente, achando alguns carpinteiros,
ou Oficiaes, que por preguiça, ou falta de sciencia não são capazes;
dará conta ao Recebedor, para que informando o Superintendente da in
capacidade delles os despeça, ou suspenda.
§. 4. Ha de ter todo o cuidado, em que o Engenho ande sempre lim
po, e concertado, como tambem as tercenas, e mais officinas do dito
Engenho, dando parte ao Recebedor dos concertos, que forem necessa
rios com relação, do que for preciso para elles, para ser presente ao Su
perintendente. - (

§. 5. Ha de assistir ao pagamento das ferias , para que os Oficiaes


não possão fazer engano algum, quando o receberem, e se descontar os
dias, ou meios dias daquelles, que não trabalharem.
Regimento do Contramestre do Engenho.
§ 1. O Contramestre deve ser o primeiro, que appareça todos os dias
a trabalhar no Engenho, para que os Oficiaes a seu exemplo procurem
vir cedo, e assistirá com o Mestre ao pôr das falcas ás serras, enchen
do estas, quanto for possivel, e accommodando as falcas ao lugar, que
lhe corresponder para que o Engenho não trabalhe debalde.
86 1751
§. 2. O Contramestre ha de observar as determinações do Mestre,
concertar, e apontar as serras, fazendo tudo o mais, que elle lhe man
dar a bem do serviço do mesmo Engenho.

Regimento do Guarda do Engenho.


§. 1. O Guarda assistirá continuamente no Engenho de muros a den
tro de dia, e de noite, para abrir, e fechar as portas ás suas horas.
§ 2. Ha de guardar com muito cuidado as madeiras, que estiverem
recolhidas dos muros a dentro do Engenho, e todos os mais aprestos do
mesmo Engenho , e faltando alguma cousa será privado da sua occupa
ção, e castigado, como parecer ao Superintendente.
§. 3. O Guarda ha de marcar toda a madeira, que sahir do Enge
nho, e ajudar ao Contramestre no concerto, e apontamento das serras.
§. 4. O Guarda não deixará tirar madeira, ou cousa alguma do En
genho sem ordem do Superintendente, e fazendo o contrario será priva
do da occupação, e punido, como parecer ao Superintendente.
+

Regimento do Moço do Engenho, ou Continuo.


§. 1. O Moço do Engenho ha de assistir actualmente nelle, para acu
dir a tudo, o que se lhe encarregar a bem do serviço do mesmo Enge
nho, e ao Superintendente recommendo prôva este Oficio em pessoa de
verdade, e intelligencia, que não seja criado de nenhum dos Officiaes,
nem sirva ou lhe faça recados, que respeitem ás suas conveniencias par
ticulares.
§ 2. Ha de tanger o sino , para se ajuntarem os Oficiaes, e mais
pessoas, que trabalharem na Fabrica do Engenho, que será de Verão ás
seis horas, e de Inverno ás sete.

Regimento do Feitor das Madeiras dos Portos da Pederneira, e


S. Martinho.

$. 1. O Feitor das Madeiras da Pederneira, terá hum livro rubrica


do pelo Provedor dos Armazens, em que se lhe carregue em receita to
do o dinheiro, que receber do Recebedor da Fabrica do Engenho da ser
raria para os córtes, e conducções das Madeiras, que Eu mandar fazer
nos. Pinhaes para a Ribeira das Náos, em o qual lhe lançará o seu Es
crivão em despeza toda, a que ele fizer na fórma , que se declara no
seu Regimento, para o que não dispenderá cousa alguma, sem ser em
sua presença. -

§. 2. Tanto que o Concelho da Fazenda ordenar , que se faça córte


nos Pinhaes de Leiria, e o Provedor dos Armazens lhe remetter o man
dado do Védor da Fazenda com relação da Madeira, que he necessaria,
a mandará registar pelo seu Escrivão, e o dito Mandado no principio do
livro de sua receita, e fará hum orçamento do dinheiro, que poderá im
portar o dito córte , e conferindo-o com o Superintendente da Fabrica
lhe requererá, ordene ao Recebedor della lhe entregue o dito dinheiro,
pelo que tiver carregado em sua receita, a quem passará Conhecimento
em fórma para a sua conta, e não o tendo o dito Recebedor com Certi
dão do seu Escrivão rubricada pelo referido Superintendente, em que se
declare, o que he preciso, e que o Recebedor o não tem , o fará pre
sente ao Concelho da Fazenda, para se lhe remetter pelos Armazens de
175I 87

Guiné, e India, e hirá ter com o Guarda Mór dos Pinhaes, para deter
minar o dia, e o sitio, em que se ha de fazer o dito córte, ao qual de
ve assistir pessoalmente. •

§. 3. O Feitor, quando entender, ser mais conveniente á Minha Real


Fazenda dar os lavramentos antes por empreitada do que por jornaes, re
quererá ao Superintendente, que o mande pôr a pregão, para se rema
tar, a quem por menos a fizer, assistindo ás rematações, para approvar
os empreiteiros, e seus fiadores, e assignará os termos, que das mes
mas se fizer, recebendo Certidão delles para ajuntar á sua conta, e obri
gar por ella aos empreiteiros, quando seja necessario , a quem pagará
com promptidão na fórma, que se declara no Capitulo 3 do Regimento
do Escrivão.
§. 4. Ha de assistir ás marcas, e avaliações de toda a Madeira, que
se conduzir dos Pinhaes para o Porto de S. Martinho com o seu Escri
vão, e o da Fabrica do Engenho presenciando as conferencias, que es
tes fizerem na fórma que se declara nos Capitulos 6 e 13 de seus Regi
II) e IllOS. - •

§ 5. Ao Feitor pertence o cuidar na conservação dos Pinhaes, re


querendo ao Guarda Mór a sementeira de novos Pinheiros, a limpeza,
e boa guarda dos Pinhaes. \

§ 6. O Feitor ha de repartir pelos Juizes Ordinarios as ordens do Su


perintendente para as conducções das Madeiras, e remetter-lhe Certi
dão dos Escrivães da Camara, de que se achão servidos na fórma, que
se diz no Regimento do Superintendente § 1o. não procedendo por si a
condemnação alguma contra os Lavradores, nem a outro qualquer pro
cedimento, pois só lhe toca requerer ao Superintendente, e Guarda Mór,
em quem está toda a jurisdicção. +

§. 7. Ha de pagar todos os tres mezes o seu ordenado do Escrivão,


e Meirinho da Feitoria, e todas as semanas as ferias dos Officiaes que
fizerem o córte, e lavramento das Madeiras, quando estes senão derem
de empreitada, e aos Carreiros, que a conduzirem para o porto de S.
Martinho na fórma , que se declara nos Capitulos 3.4.7. e 8. do Regi
mento do Escrivão.
$ 8. E a cada lancha, das que os Mestres dos Hiates requererem,
para os botarem de barra em fóra , pagará a mil e duzentos réis cujos
donos assignarão o termo de despeza, que o Escrivão fizer do dito paga
mento, para constar de como o recebêrão.
§. 9. O Feitor terá de salario oitocentos réis por dia , e no tempo,
que durar o córte, que Eu for servido mandar fazer, vencerá quatrocen
tos e oitenta réis tambem por dia , para huma cavalgadura , os quaes
não excederão nunca o termo de tres mezes em cada hum anno, e fa
zendo mais alguma despeza, se lhe não levará em conta.
§ 1o. E porque pelo Regimento, que o dito Feitor tinha encorpora
do no dos Armazéns, se lhe ordenava que todos os tres annos seria obriga
do a dar conta nos Contos do Reino, e Casa; Sou servido declarar, que
daqui em diante as venha dar nos Meus Armazens da mesma sorte, que
são obrigados a da-las os Feitores das Madeiras de Pinho, e Sobro, por
convir a Meu serviço, que as ditas contas se lhe tomem nelles; e assim
Hei por derogado nesta parte o dito Regimento , ficando em seu vigor
tudo o mais, que não encontrar este.
88 |175 |

Regimento do Escrivão das Madeiras dos Portos da Pederneira, e


S. Martinho.

§. 1. O Escrivão da Feitoria das Madeiras ha de ter em seu poder


os livros, com que deve servir o Feitor, os quaes háo de ser rubricados
pelo Provedor dos Armazens, e serão os seguintes.
§ 2. Terá hum livro, em que carregue em receita ao dito Feitor to
do o dinheiro, que receber do Recebedor da Fabrica do Engenho da ser
raria, ou do Thesoureiro dos Armazens para os córtes, que se manda
rem fazer nos Pinhaes de Leiria para a Fabrica da Ribeira, cujos assen
tos serão na fórma seguinte = Em tantos de tal mez, e anno carrego em
receita ao Feitor das Madeiras, Fulano, tanta quantia de dinheiro que
recebeo de Fulano para córtes de Madeiras, lavramentos, e conducções
dellas, e de como recebeo a dita quantia assignou aqui comigo, e des
ta receita se passou Conhecimento em fórma ao dito Fulano para a sua
conta feito por mim, e assignado por ambos. .… "

§ 3. No dito livro fará os termos de despeza, assim de jornaes dos


Oficiaes, que fizerem os córtes, e lavramentos das Madeiras, quando
estes senão derem de empreitada, como das mais despezas, que pelo
Regimento do dito Feitor se lhe manda pagar, os quaes termos serão fei
tos na fórma seguinte.
Despendeo o Feitor das Madeiras dos portos da Pederneira, e S.
Martinho a quantia de tanto, que pagou aos Oficiaes que trabalhárão
nos córtes, e lavramentos das Madeiras , em a semana de tantos até
tantos de tal mez, como consta da feria, em que todos assignárão : ou
com os carreiros, que conduzírão do Pinhal tantos páos, falcas, ou ta
boas, como consta da folha, que delles se fez , em que todos assigná
rão, de como recebêrão o seu pagamento, a qual com os mais papeis
vai a linha.
E sendo os córtes , e lavramentos das Madeiras de empreitada,
lançará da mesma sorte no dito livro o dinheiro , que o Feitor entregar
aos empreiteiros, os quaes assignarão, para constar de como o recebêrão
§. 4. Terá outro livro, em que apontará os ditos Oficiaes, quando
os lavramentos forem feitos por jornaes, e as carradas que trouxerem os
carreiros com distincção, do que importão, segundo as marcas, e qua
lidades das Madeiras, que conduzirem , e no fim de cada semana fará
huma feria dos Oficiaes, e huma folha dos carreiros por seus nomes dis
tinctos com as clarezas acima declaradas no termo da despeza , pondo
verba do pagamento, que se fizer aos Oficiaes no livro do ponto, e aos
carreiros á margem dos assentos, que se tiver feito das ditas Madeiras
no livro das marcas. •

§. 5. Ha de assistir aos córtes, que se fizerem tomando as marcas


de todas as Madeiras em outro livro , que terá mais para esse ministe
rio, e depois de lançadas nelle o conferirá com o do Escrivão da Fabri
ca, e o apresentará ao Superintendente, para lhe pôr signal de confe
rencia , e o rubricar na fórma , que se declara no Capitulo 24. de seu
Regimento.
§. 6. Terá outro livro, que sirva de ementa, em que tomará em lem
brança toda a Madeira, que constar das Guias, que passar aos Mestres
dos Hiates, que a conduzirem para a Ribeira das Náos, os quaes serão
obrigados entregar-lhes as ditas Guias na sua torna-viagem, com Certi
dão do Escrivão do Almoxarifado da dita Ribeira passada nellas, para
175 I 80

constar, de como entregárão no dito Almoxarifado toda a Madeira, que


ellas continhão; e poder o dito Feitor, findo o córte, requerer seu co
nhecimento em fórma.
§. 7. No fim de cada tres mezes fará huma folha dos salarios do Fei
tor, seu, e do Meirinho da Feitoria, para por ella serem todos pagos,
e depois de assignarem, de como recebêrão, fará hum termo da sua im
portancia em titulo separado declarando, que o Feitor despendeo a quan
tia de tanto pelo pagamento, que fez dos seus salarios, Escrivão , e
Meirinho da Feitoria em os tres mezes de tantos, até tantos, como cons
ta da folha, em que todos assignárão, e vai a linha.
§. 8. . Da mesma sorte lhe lançará em despeza o que pagar aos donos
das lanchas, que deitarem de barra em fóra os Hiates, que forem á con
ducção das Madeiras dos córtes, que se fizerem para a Ribeira das Náos,
fazendo-os assignar, para constar de como recebêrão.
§. 9. O Escrivão ha de ter quatrocentos réis por dia de salario, e no
tempo, que durarem os córtes, que Eu for servido Mandar fazer, ven
cerá quatrocentos e oitenta réis tambem por dia para huma cavalgadura,
os quaes não excederão nunca o termo de tres mezes, em cada hum an
no, como se declara no Capitulo 9. do Regimento do Feitor, e terá mais
seis mil e quatrocentos cada anno para a despeza do papel, que lhe ha
de ser preciso para o expediente do seu oficio.

Regimento do Meirinho da Ribeira, e Portos da Pedermeira, e


S. Martinho.

§. 1. O Meirinho ha de executar com promptidão as ordens, que o


Feitor lhe entregar do Superintendente, e Guarda Mór, assistindo com
cuidado ao descarregar das Madeiras, para que senão desencaminhem.
§ 2. Deve denunciar dos Carreiros, que maliciosamente esconderem
Madeiras, para se aproveitarem dellas; e aos Carreiros, que não forem
em direitura com a Madeira ao porto , e as largarem no meio do cami
nho em risco, de se perderem, notificará, para se verem condemnar pe
lo Superintendente; o qual os condemnará por cada vez, que as desen
caminharem em quinhentos réis, e que as deixarem no caminho em du
zentos réis para o Meirinho.
§ 3. Terá de ordenado vinte mil réis cada anno, e quatrocentos e
oitenta réis da carga de cada Hiate, a que assistir.
Pelo que Mando aos Védores da Minha Fazenda , e Conselheiros
della, fação cumprir , e guardar este Regimento pelo Guarda Mór, e
Superintendente, Feitor, Recebedor, e mais Oficiaes do Pinhal de Lei
ria, e Fabrica da Madeira da Marinha, como nelle se declara, e todos
os mais Regimentos, Privilegios, e Ordens, que encontrarem , o que
neste Regimento se contém, derogo, e Hei por derogados, porque des
te sómente Quero que se uze, por assim convir ao Meu serviço: E Man
do que depois de ser por Mim assignado se imprima ; e este me praz,
que tenha força, e vigor, como se fosse Carta passada em Meu Nome,
posto que não passe pela Chancellaria sem embargo das Ordenações em
contrario Livro 2. Tit. 39.40. e 44. em que Ordeno se não faça obra por
Carta, ou Alvará, que não seja passado pela Chancellaria. Lisboa em
25 de Junho de 1751. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado no Livro X, das Pa
tentes a fol. 246, e impr. avulso.
90 175 |

# #<>$ #

Sesºs-Me presente a dúvida, que se moveo sobre informar o Desem


bargador João de Souza Caria em virtude de huma Portaria passada pe
la Meza da Consciencia, sobre a representação feita á mesma Meza pe
lo Promotor, e Procurador Geral dos Captivos, e ter mandado sobre es
ta materia ouvir os Tribunaes competentes : Sou Servido declarar, que
na fórma do Capitulo sessenta e quatro do Regimento da Meza da Con
sciencia, e o costume sempre observado, devia não entrar em dúvida o
dito Desembargador João de Souza Caria para informar, como lhe esta
va mandado, e tambem requerido pelo Procurador da Coroa; o que com
efeito executará: E pelo que respeita a juntar o dito Promotor e Procu
rador dos Captivos os Autos á conta que deo na Meza : Fui Servido
mandar-lho estranhar pela referida Meza , a qual lhe ordenará os resti
tua ao Juizo a que tocão: E Sou Servido declarar, que o dito Promotor,
não deve ser condemnado em custas nas Sentenças , que se proferirem
na Relação : O Duque Regedor, ou quem seu cargo servir o tenha as
sim entendido, e o mande executar. Lisboa 13 de Julho de 1751. = Com
a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos De


cretos a fol. 123 vers.

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EU ELREI Faço saber, aos que este Meu Alvará de Regimento vi


rem, que sendo-Me presentes varias Consultas da Junta dos Tres Esta
dos sobre se levantar a suspensão das propinas, que os Officiaes do mes }
mo Tribunal, e de, outras Casas, e Estações suas subalternas levavão
até ao anno de mil setecentos e trinta e sinco, dos assentos de munição
de bocca; e sobre se concederem de novo , e se accrescentarem outras
a outros Oficiaes, que não as tinhão, ou as levavão diminutas, sendo
fundamento de todas as súpplicas, e votos, que persuadião a concessão
pertendida, a tenuidade dos ordenados, que os mesmos Oficiaes tinhão,
para se poderem honestamente sustentar pela carestia do tempo presen
te em comparação do antigo, em que lhe forão concedidos com respeito
ao trabalho, e graduação de seus oficios: Fui servido Mandar conferir,
e examinar esta materia ; e considerando , que todas as ditas propinas
são pagas de Minha Fazenda, ainda as que pagão os Contratadores, que
certamente fazem conta com a sua despeza tanto para baixerem os Con
tratos de rendas, como para levantarem os preços dos assentos; e que
ficando sempre os ordenados nas quantias da sua primeira criação , já
mais cessaria a cauza de se pedirem propinas, nas quaes se descobrião
muitas irregularidades, levando-as alguns Oficiaes, a que não estavão
concedidas, por despachos, que lhas não podião conceder, e inventan
do se varios Oficios, que propriamente são incumbencias da obrigação
dos Officiaes , para com este titulo duplicarem , e treplicarem as pro
# a huma só pessoa contra a disposição do Decreto, que as con
CCCICO !
175 | 91

Hei por bem extinguir todas as propinas , e ajudas de custo or


dinarias, assim de dinheiro, como de generos, ou especies, que se pa
gão pelos Thesoureiros, Almoxarifes, e outros Oficiaes de Minha Fa
zenda, ou pelos Rendeiros, e Assentistas, ao tempo dos arrendamentos
seja qualquer que for o titúlo, porque se concedêrão, e cobravão até ao
presente na Junta dos Tres Estados, e em todas as Casas, Mezas, Jui
zos, e Estações suas subalternas, e para este fim de Meu motu proprio,
poder Real, e absoluto revogo, e annulo todas as Leis, e Alvarás, Pro
visões, Decretos, e Resoluções Minhas, e dos Reis meus predecessores,
pelas quaes forão concedidas, como se de cada huma fizesse expressa
menção; e Mando, que no Registo de todas, se ponhão verbas de co
mo forão derogadas por este Alvará. E para que os Ministros, e Ofi
ciaes do dito Tribunal, e suas repartições subalternas, Me possão bem
servir : Hei outrosim por bem Ordenar a este respeito, para ter a sua
execução desde o primeiro de Julho deste presente anno em diante, o
seguinie. -

Aos Deputados da Junta Sou servido conceder a cada hum, no


vecentos e sessenta mil réis de ordinaria annual, pagos aos quarteis de
tres mezes, supprimidas todas as outras Ordinarias, propinas, e ajudas
de custo, que até ao presente levavão de dinheiro, e especies , assim
por Minha Fazenda, como pelos Rendeiros, e Assentistas della, e o que
levavão a titulo das assignaturas, e rubricas de livros, que mais não le
varão. •

E esta mesma Ordinaria estabelecida para cada hum dos Deputa


dos levará o Secretario de Estado desta repartição, em lugar das propi
nas, e Ordinarias extinctas , que igualmente levava com os ditos De
P utados.
Os Oficiaes da Junta, e suas repartições subalternas, haverão
os ordenados seguintes. O Secretario da Junta, hum conto de réis : o
Procurador Fiscal, seiscentos mil réis: o Oficial Maior da Secretaria,
quinhentos e sincoenta mil réis : cada hum dos Officiaes numerarios da
mesma Secretaria, quatrocentos mil réis, e os emolumentos que direi
tamente lhes pertencerem levar das partes; mas pelas incumbencias, e
occupações della não levarão mais cousa alguma , e as servirão por dis
tribuição entre todos. Os Praticantes que Eu for servido criar para a
mesma Secretaria , em quanto não passarem para Oficiaes , vencerão
cem mil réis de ordenado. O Porteiro da Junta , que tambem serve de
Thesoureiro das despezas della , e tem obrigação de cuidar do aceio do
Tribunal, por todos estes empregos, seiscentos e cincoenta mil réis.
Cada hum dos dous Continuos da Junta, duzentos mil réis. O Solicita
dor das causas da Junta, duzentos mil réis. O Meirinho da Junta, que
tambem o he da Védoria, e Fortificações, e do Juizo do Tombo dos con
fiscados, e hum dos dous Procuradores do mesmo Juizo, por todos estes
oficios, quatrocentos e oitenta mil réis, e levará das partes os emolu
mentos, que direitamente lhe pertencerem. O Escrivão do dito Meiri
nho, que com elle serve na Junta, Védoria, e Fortificações, trezentos
e vinte mil réis, e os emolumentos das partes, que direitamente lhe per
. tencerem.
O Thesoureiro Mór da Junta, hum conto e duzentos mil réis. O
Escrivão do Thesoureiro quinhentos e sincoenta mil réis. O Pagador do
Thesoureiro trezentos mil réis. O Continuo do Thesoureiro duzentos se
tenta mil réis. O Fiel do Thesoureiro trezentos mil réis. O Escrivão do
Registo geral, hum conto de réis. O "M Oficial
2'
trezentos mil réis. O

92. 1751

Escrivão dos Assentos, quinhentos e trinta mil réis, e os emolumentos,


que direitamente lhe tocarem das partes; a que passar Conhecimento.
O Superintendente da Contadoria Geral de Guerra, e Reino hum
conto e quatrocentos mil réis. O Provedor dos Exercitos com as incum
bencias de Escrivão da Meza do Despacho, e do real da agoa, que sem
pre deve servir, hum conto do réis. O Provedor das Revistas, com a
incumbencia do dobro das Cizas, que sempre deve servir, setecentos e
vinte mil réis. O primeiro Provedor das ementas, com as incumbencias
dos novos direitos das Comarcas, receita, e despeza do Thesoureiro das
despezas da Junta que sempre deve servir , oitocentos e vinte mil réis.
O segundo Provedor das ementas, com a incumbencia de Escrivão da
receita dos Executores, que sempre deve servir, seiscentos e noventa
mil réis. Cada hum dos Contadores, quatrocentos mil réis. E servirão to
dos por distribuição as incumbencias, que atégora se davão a Contado
res certos, sem que por ellas levem mais cousa alguma ; e os Contado
res, que Eu despachar em Provedores supranumerarios, haverão mais
cem mil réis de ordenado. * * •

Cada hum dos Executores , seiscentos e vinte mil réis. E sendo


algum delles Provedor supranumerario haverá mais cem mil réis de or
denado, como dito he dos Contadores. Cada hum dos Escrivães das Exe
cuções, trezentos mil réis; e hum delles, que tambem he Guarda-Li
vros, haverá por este oficio mais cem mil réis. Cada hum dos Escrivães
da Contadoria Geral, trezentos mil réis; e servirão entre todos por dis
tribuição as incumbencias, que atégora se davão a certos Escrivães, sem
que por ellas levem mais cousa alguma , como fica disposto nos Conta
dores. Cada hum dos Praticantes do número, cento e sincoenta mil réis,
e servirão entre todos por distribuição as incumbencias, que atégora se
davão a certos. Praticantes, sem que por ellas levem mais cousa alguma,
como dito he, e dos Escrivães. Cada hum dos Praticantes supranumera
rios, vencerá seis mil réis de Ordinaria, pagos polo Natal de cada hum
anno. O Porteiro da Contadoria, que tambem serve de Thesoureiro das
despezas della, por ambos os empregos, trezentos e trinta mil réis. O
Ajudante do Guarda-Livros, que tambem serve de Porteiro da Casa, em
que residem os Deputados da Junta quando vão á Contadoria, por am
bos os empregos, duzentos e sincoenta mil réis. Cada hum dos Conti
nuos cem mil réis. O Meirinho da Contadoria oitenta mil réis. O Escri
vão do dito Meirinho oitenta mil réis. E todos estes Oficiaes da Conta
doria Geral haverão das partes os emolumentos, que direitamente lhe
pertencerem. •

O Védor Geral da Corte, além de duzentos e quarenta mil réis,


que venoe de soldo como tal , e como Védor das Fortificações , haverá
mais pelo ordenado de Conservador do Assento, e propinas extinctas,
setecentos e sessenta mil réis, que ao todo faz hum conto de réis. O Of
ficial Maior da mesma Védoria, entrando o soldo, quatrocentos mil réis.
Cada hum dos Commissarios de Mostras, entrando o soldo, duzentos e
quarenta mil réis. O Eserivão do Hospital do Castello, sessenta mil réis.
Cada hum dos Oficiaes da Védoria , entrando o soldo, cento e oitenta
mil réis. O Official, que servir de Escrivão das Fortificações, por este
emprego haverá mais noventa e seis mil réis. O Oficial, que servir de
Escrivão da Conservatoria dos Assentos, haverá mais por este emprego
cento sessenta e oito mil réis. O Oficial, que servir de Contador, e de
Inquiridor haverá mais por este emprego, setenta mil réis. O Oficial do
Registo entrando o soldo, cento e vinte mil réis. O primeiro Escrivão
I75| • 93

dos mantimentos, entrando o soldo, i cento e vinte e cinco mil réis. O


segundo Escrivão dos mantimentos, entrando o soldo, cento e vinte mil
réis. Cada hum dos Praticantes do número, entrando o soldo, e servin
do de Oficiaes, cento e dezoito mil réis. Cada hum dos Praticantes su
pranumerarios, quarenta e cinco mil réis. O Porteiro, e Guarda-livros,
por ambos os oficios, cento e vinte e cinco mil réis. O seu Ajudante,
cento e dez mil réis. O Continuo cem mil réis. O Pagador geral da Cor
te, entrando o soldo trezentos e oitenta mil réis. Cada hum dos dous
Fieis do Pagagor geral, entrando o soldo, cento e vinte réis. O Almoxa
rife do Hospital do Castello, entrando o soldo, cento e cincoenta mil réis.
O Meirinho, e seu Escrivão, já vem deferidos na repartição, e titulo
da Junta. E todos estes Oficios da Védoria, Fortificações, e Conserva
toria dos assentos, levarão das partes os emolumentos, que direitamen
te lhes tocarem.
O Superintendente dos novos direitos, que tambem he Juiz pri
vativo dos devedores da Fazenda Real da mesma repartição, quinhentos
e cincoenta mil réis. O Thesoureiro dos novos direitos que he Executor
da sua receita, attendendo-se ás quebras do seu recebimento, quinhen
tos, e setenta mil réis. O Escrivão da receita, e despeza do Thesourei
ro, que tambem serve de Executor das fianças, quatrocentos e cincoen
ta mil réis. O Escrivão do Registo geral, cento e oitenta mil réis. O
Continuo cento e vinte e cinco mil réis. E todos levarão os emolumen
tos, que direitamente lhes tocarem. •

O Superintendente Geral dos quatro e meio por cento da Corte,


e termo, quinhentos mil réis. O Escrivão do dito cargo, cento e oiten
ta mil réis, e os emolumentos das partes, que direitamente lhe perten
CCl'CII]. |- * ** * *

O Juiz do Tombo dos bens dos ausentes, e confiscados, duzentos


e quarenta mil réis, e as assignaturas das partes, que por direito lhe to
carem. O Escrivão do dito cargo, cento e cincoenta mil réis, e os emo
lumentos das partes, que lhe pertencerem. O Official papelista do dito
Juizo, sessenta mil réis, e os emolumentos, que lhe tocarem. O Portei
ro, e Continuo, por ambos os Oficios qnarenta mil réis. Hum dos Pro
curadores do Juizo, trinta e cinco mil réis, e outro, que he Meirinho da
Junta, vai pago na mesma repartição em seu titulo.
O Tenente General de Artilharia do Reino, além dos duzêntos,
e quarenta mil réis, que tem do soldo, haverá outros duzentos e quaren
ta mil réis de ordenado pelas propinas extintas, e augmento, e faz por
tudo quatrocentos, e oitenta mil réis. O Escrivão da Meza grande da
Tenencia, cento e vinte mil réis. O Escrivão dos Armazens, e Torre da
Polvora, a que toca insolidum escrever a receita, e despeza do Almoxa
fe da dita Torre, cento e oitenta mil réis. O outro Escrivão dos Arma
zens, e Torre da Polvora, cento e quarenta mil réis, além do ordenado,
que tem pela repartição da Coroa. O Escrivão do cargo do Tenente Ge:
neral, que tambem serve de Oficial do Registo, cento e quarenta mil
rêis, além do ordenado, que leva pela repartição da Coroa. O Almoxa
rife dos Armazens do Reino, cem mil réis, e ametade das taras dos ge
neros, que receber. O Contador da Tenencia, cento e cincoenta mil
réis. O Escrivão das separações, cento e cincoenta mil réis. O Oficial
papelista da Tenencia quarenta mil réis, além do que leva pela reparti
cão da Coroa. O Porteiro, e Guarda-livros, quarenta mil réis, além do
que leva pela repartição da Coroa. O Meirinho da Tenencia; cento e dez
mil réis. O Fiel, e Guarda-chaves dos Armazens oitenta mil réis. O Fiel
94. 175 I

do Pateo dos Armazens oitenta mil réis. O Apontador da Fabrica das


Armas oitenta mil réis. Cada hum dos dous Continuos vinte e cinco mil
réis. E todos os ditos Oficiaes da Tenencia, e o Escrivão do Meirinho,
que não tem ordenado separado, por ser hum dos Continuos, levarão os
emolumentos das partes, que direitamente lhes deverem.
O Almoxarife da Torre da Polvora, noventa e seis mil réis. O
Fiel do dito Almoxarife sessenta mil réis. E os dous Escrivães da mes
ma Torre, já vem pagos no titulo da Tenencia.
As propinas dos assentos de munição de boca, que estão suspen
sas, e depositadas desde o anno de mil setecentos e trinta e cinco: Sou
servido, que se repartão pelos Oficiaes respectivos a que tocão, ou a
seus herdeiros, e que nunca mais se levem.
Não se levará mais propina alguma extraordinaria, sem nova re
solução, ou Decreto Meu; e quaudo Eu for servido de a conceder, se
regulará a hum por cento da importancia dos ordenados dos Oficiaes;
porém para os Deputados será a dous por cento da importancia da sua
ordinaria, e a mesma propina, que tocar a cada hum dos Deputados,
levará o Secretario de Estado desta repartição. Os Oficiaes menores,
que tiverem menos de cem mil réis de ordenado, se regularão, como se
os tivessem. E quando Eu for servido mandar, que os Tribunaes, e suas
Estações subalternas tomem luto, se regulará, o que se ha de dar a ca
da hum dos Deputados da Junta a dez por cento da importancia da sua
ordinaria, e outro tanto para o Secretario de Estado da Repartição: po
rém para os Officiaes a cinco por cento, com tanto, que aos Oficiaes
menores, que não chegarem a ser regulados em sete mil réis, se lhes dê
sempre esta quantia para luto.
Quando algum dos Deputados da Junta, ou Secretario de Estado
da Repartição estiver doente sangrado, poderá a mesma Junta com cer
tidão de Medico mandar-lhe dar huma ajuda de custo de sessenta mil
réis: e quando do mesmo modo estiver doente algum Oficial da mesma
Junta, e Casas Subalternas, poderá mandar-lhe dar de ajuda de custo
até quarenta mil réis aos de maior predicamento, e d’ahi para baixo res
pectivamente conforme a graduação dos seus Officios, não baixando de
dez mil réis.
E porque as sobreditas Ordinarias, e Ordenados devem princi
piar no primeiro de Julho deste presente anno, para serem pagos aos
quarteis pelo Thesoureiro Mór dos tres Estados: Hei por bem que sejão
pagos, não obstante, que os seis mezes deste presente anno não vão em
folha, cessando no pagamento dos antigos emolumentos.
Para os novos Ordenadas se vencerem, servirão os Proprietarios
os seus oficios na fórma da Lei do Reino, e Regimento da Fazenda; e
quando por alguma justa causa, Eu for servido conceder-lhes, que pos
são meter Serventuarios, haverão estes duas partes, e os Proprietarios
huma terça parte dos ditos ordenados, sem poderem receber mais cousa
alguma directa, ou indirectamente, nem ainda dinheiro emprestado sem
juro, pelo tempo que durarem as serventias. E os Proprietarios, que ti
verem filhos, Alvarás, para estes servirem nos seus impedimentos, não
vencerão mais que hum só ordenado. E não poderão os F#, OUl

Serventuarios levar das partes emolumentos, ou gratificação alguma,


;*
postoque livremente lha ofereção depois das suas dependencias findas,
excepto os salarios, que por Lei lhes forem concedidos; e em qualquer
dos casos, que contravierem este Alvará, perderão os oficios, para nun
ca mais os haverem, os quaes se darão em vida aos denunciantes: E sen
I75 | - 95

do os transgressores Serventuarios, pagarão o seu valor, ametade pa


ra os ditos denunciantes, e a outra para o Hospital Real de todos os San
tos desta Cidade; e estas denunciações tomarão os Juizes dos feitos da
Coroa, e Fazenda, assim em público, como em segredo: e havendo nas
transgressões descaminhos da Minha Fazenda, procederão contra os Reos
criminalmente, e a final os condenarão nas penas da Ordenação, e Re
gimento da mesma Fazenda, conforme a gravidade de culpas.
Pelo que: Mando aos Deputados da Junta dos Tres Estados, e a
todas as mais Justiças, e Oficiaes, e pessoas, a que o conhecimento per
tencer, fação muito inteiramente cumprir, e guardar este Regimento,
como nelle se contém; e o fação imprimir, e repartir por todos os Mi
nistros, Oficiaes, e pessoas, a que tocar a sua observancia, conservan-.
do-o sempre na Meza do mesmo Tribunal, e em todas as Casas, e Es
tações suas subalternas, para que a todos seja presente, o que nelle te
nho ordenado. O qual Alvará, e Regimento quero que valha perpetua
mente como Lei, ou Carta feita em Meu Nome, e por Mim assignada,
e passada pela Minha Chancellaria, posto que por ella não passe, sem
embargo da Ordenação em contrario L. 2." tit. 4o., que para este fim
dispenso. Dado em Lisboa aos 13 de Julho de 1761. = Com a Assigna
tura de Sua Magestade, e a do Ministro.

Impresso avulso.

#…-kuo, é #

S… Me presente por Consulta do Conselho da Fazenda em Reque


rimento de Christiano Henrique Smitz, que o suplicante procura esta
belecer nesta Corte huma Fabrica de refinar Assucar: E considerando a
grande utilidade de que o estabelecimento de semelhantes Fabricas pó
de ser para o augmento da lavoura, e do commercio deste genero, que
fizerão os objectos do Decreto de vinte e sete de Janeiro, e da Resolu
ção participada ao mesmo Coneelho pelo Aviso de quatorze de Fevereiro
proximos passados: Hei por bem conceder ao sobredito Christiano Hen
rique Smitz toda a faculdade necessaria para estabelecer a referida Fa
brica que tem principiado com tanto, que o faça debaixo das condições
seguintes. Primeira: Na dita Fabrica se não refinará assucar, que não
seja comprado na Alfandega, e Armazens desta Corte, do que a ella he
transportado das diferentes Capitanías do Brazil sobpena de ser tomado
por perdido a favor dos denunciantes, por quem for descuberto, todo o
assucar, que não for da cultura daquelle continente. Segunda: O dito
assucar depois de refinado não poderá nunca exceder os quatro preços;
de tostão, cento e vinte, cento e quarenta, e cento e sessenta réis; res
#### ás suas quatro diferentes qualidades conteúdas nos Padrões a
aixo declarados. Terceira: Em cada huma das ditas qualidades conser
vará sempre o mesmo assucar refinado toda a sua priminiva bondade, que
manifestão as amostras, que o suplicante agora apresentou relativas aos
quatro preços assima estabelecidos. Quarta: O suplicante será obriga
do a pôr no Senado da Camara desta Cidade, e em casa do Juiz Conser
vador, que será nomeado, huma fórma de assucar refinado de cada hu
ma das ditas quatro qualidades para servirem de Padrões, pelos quaes
(em caso de queixa, e de dúvida ) se possão combinar as bondades, e
96 175 I

respectivos preços assima declarados. Quinta: Todo o assucar refinado


que se achar nos Armazens do suplicante, ou diferente das ditas qua
tro qualidades, ou inferior em cada huma dellas ao dos Padrões assima
declarados, será tomado por perdido a fovor dos denunciantes, por quem
for descuberto; com tanto que esta pena não tenha lugar sem se mostrar
a contravenção perante o Juiz competente, e privativo com o facto da a
chada do mesmo assucar, que se arguir que foi falsificado. Sexta: Os re
feridos quatro preços serão publicados nas Gazetas duas vezes no anno.
E o suplicante terá sempre á vista do Povo sobre o mostrador de cada
hum dos Armazens que estabelecer para a venda, outros quatro identi
cos Padrões, em cada hum dos quaes se achem apensos (de sorte que
se não possão alterar) os preços a elles respectivos, e a marca da Cida
de com a data do dia, em que for expendida no Senado da Camara de
baixo da Rubrica de dous Senadores: Repetindo-se estas marcas no prin
cipio de cada anno, sem que o suplicante pague por ellas cousa alguma,
e sem que o despacho se lhe possa dilatar no Senado mais de vinte e
quatro horas sob pena de suspenção por seis mezes daquelle Official, ou
Pessoa por quem for demorado. Setima: O suplicante será obrigado a
admittir desde logo na Fabrica hum Oficial Portuguez do Oficio de Con
feiteiro, qual lhe for destinado por ordem Minha, e a dallo ensinado no
termo de hum anno, de sorte que se ache habil, e expedito para refinar
perfeitamente o assucar em todas as quatro qualidades assima indicadas:
e assim o praticará o mesmo suplicante no principio, e fim de cada hum
dos annos, que conservar a dita Fabrica. Oitava: Os ditos Aprendizes
trabalharão para o suplicante, e este será obrigado a dar-lhes casa, ca
ma, e sustento, sem outro algum ordenado, durante o anno do referido
ensino. Nona: Exceptuados os dous Oficiaes Estrangeiros, com que o
suplicante actualmente funda a dita Fabrica, não poderá nella admittir
daqui em diante Oficial, ou Trabalhador algum, que não seja Vassallo
nascido nos Dominios deste Reino, e delles natural, ou ao menos natu
ralisado por graça especial Minha. Decima : O suplicante será obrigado
a imprimir em cada fôrma huma marca que diga Lisboa: F. P. cujas
letras hão de significar Fabrica Primeira: para assim se distinguir não
só o assucar de fóra, que se pertender intruduzir por contrabando, mas
tambem entre o da Fabrica do Reino o que for refinado nas outras Ofli
cinas, que se forem estabelecendo, as quaes se irão graduando pela or
dem das suas antiguidades com os Titulos de Fabrica Segunda; Tercei
ra; E semelhantemente nas mais, que forem acrescendo. Undecima: O
suplicante, ou algum outro Proprietario das referidas Fabricas, ou ou
tra pessoa de qualquer qualidade, e condição que seja, não poderão em
nenhum caso introduzir nestes Reinos assucar refinado fóra delles: sob
pena de que pela primeira vez perderão para os denunciantes todo o as
sucar da Fabrica Estrangeira, que lhes for por elles descuberto: pela se
gunda vez pagarão a mesma pena em dobro na referida fórma: pela ter
ceira vez triplicada: e semelhantemente nas mais vezes augmentando
sempre a pena á mesma porporção: estas penas porém nunca terão lu
gar se não no sobredito caso de ser o contrabando achado, e mostrado
com real aprehensão pelos sobreditos denunciantes, em beneficio dos
-

quaes deve ser confiscado: a cujo fim Ordeno a todos os Oficiaes de Jus
tiça destes Reinos, que sendo requeridos pelos mesmos denunciantes dem
logo as necessarias buscas nos lugares, que por elles lhe forem aponta
dos, na mesma fórma, que se pratíca com o Tabaco; sobpena de sus
pensão até nova mercê Minha contra os que ou recusarem fazer as ditas
175] • 97
*

buscas, ou as dilatarem, depois de lhe serem requeridas, ou pertende


rem que se lhes declare o lugar, onde hão de ser feitas antes de chega- .
rem a elle para sequestrarem o assucar de contrabando, no qual perten
cerá a sexta parte aos ditos Oficiaes pelo trabalho da sua diligencia.
Duodecima: Nem o suplicante poderá pertender em algum tempo Pri
vilegio exclusivo, que embarace as mais Fabricas de refinaria, que quaes
quer outros meus Vassallos intentarem estabelecer; nem a outra alguma
pessoa será por Mim concedida a faculdade de erigir Fabricas semelhan
tes por preços inferiores, ou condições diversas das aqui declaradas; se
não igualando sempre o suplicante em tudo com os que forem por Mim
mais privilegiados. Decima terceira: Tambem he defendido assim ao
suplicante como a todos, e quaesquer outros Proprietarios das sobredi
tas Fabricas usarem de quaesquer Privilegios, que se achem concedidos
a favor de Estrangeiros; antes pelo contrario se sugeitárão ás Leis, e
costumes destes Reinos, como se fossem nascidos Vassallos naturaes del
les, pelo que pertencer ás referidas Fabricas, e todas as suas dependen
cias. Decima quarta: Debaixo das sobreditas condições Hei por bem to
mar na Minha Real, e ímmediata protecção assim o suplicante, como a
nova Fabrica, que intenta estabelecer, e as mais que pele mesmo mo
do, e pelo mesmo methodo forem estabelecidas, com faculdade tambem
immediatámente emanada de Mim: concedendo-lhes a cada huma dellas
as liberdades, e Privilegios seguintes. Primeiro Privilegio: Os Oficiaes,
e pessoas empregadas nas referidas Fabricas serão isentos de todo o ser
viço Militar, e Civil para não serem obrigados a servir contra suas von
tades , nem por mar, nem por terra. Segundo Privilegio: Em todas as
suas causas civis, e crimes (exceptuados sómente os casos de serem a
chados em fiagrante delicto, e de ser a culpa tal que mereça summario)
não rerão constrangidos os sobreditos Officiaes, e pessoas a responder na
primeira Instancia, em outro lugar que não seja perante o Juiz Conser
vador, que Sou servido criar-lhes com Jurisdição privativa nas referidas
causas, e pessoas, e a favor dellas exclusiva de toda, e qualquer outra
jurisdição; sobpena de nullidade dos actos, e de suspensão por seis me
zes aos Oficiaes, que o fizerem sem ordem do dito Juiz Conservador,
cujas ordens, e mandados cumprirão debaixo da mesma pena todos os Of
ficiaes, a quem forem apresentados. Terceiro Privilegio: Pela Minha
Real, e Immediata Protecção, de que ficão gozando as sobreditas Fa
bricas, defendo que por dividas civeis, não se possa proceder a prizão con
tra as pessoas dos seus Proprietarios, e dos Artifices, e Trabalhadores
dellas; ou se possa fazer sequestro, penhora, ou embargo em nenhum
dos moveis, ferramentas, e mais cousas a ellas pertencentes: E ainda
nos casos crimes (exceptuando os dous assima declarados) se não pode
rá proceder contra os sobreditos senão por ordem do Juiz Conservador,
que Fui servido conceder-lhes: O qual antes de proceder a prizão, Me
dará sempre conta pela Secretaria de Estado dos Negocios Estrangeiros,
e da Guerra, para preceder a Minha Regia, e immediata faculdade. Não
he porém da Minha intenção eximir as ditas Fabricas da Jurisdição do
Senado da Camara, pelo que pertence a pezos, e medidas, porque nes
ta materia de aferimento não deve ninguem ser isento das Correições or
dinarias. Quarto Privilegio: Todo o assucar de refinaria Estrangeira,
que for achado nestes Reinos, e seus Dominios depois de passados tres
Inezes, contados da data deste, será confiscado a favor do suplicante,
ou de qualquer outro Proprietario de Fabrica, por quem for delatado, se
primeiro não houver sido denunciado por "lºgº Terceiro, que nelle
98 1751

tenha acquirido seu Direito. O Conselho da Fazenda o tenha assim en riº


tendido, e o faça executar na parte, que lhe toca por este Decreto só * Se

mente: o qual Mando que valha, e tenha força de Lei, não obstantes #
quaesquer outras Leis, Regimentos, Compromissos, Posturas, ou Or #
dens em contrario, que para este efeito sómente Hei por derogadas, co #
mo se dellas fizesse expressa menção. E tambem que este sempre se ob V\,
serve, posto que o seu efeito haja de durar mais de hum anno, como se *#
fosse Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella não passe sem #
embargo das Ordenações do Livro segundo, Titulo trinta e nove, qua "It
renta, e quarenta e quatro, que dispoem o contrario. Lisboa em 14 de #*
Julho de 1761. (1) = Com a Rubríca de Sua Magestade. ta[.
t>
Regist. no Conselho
liv. 19., e impressodaavulso.
Fazenda a fol. 277. vers. do

}
te
#
"…
*k #«…>, ºk #
#
a!
Sesos-Me presente em Consulta do Desembargo do Paço, que fazem
do transacção e amigavel Composição Dona Catharina Leonor de Mene
zes com seu Sobrinho José Antonio de Brito e Menezes por Escritura
pública, pela qual lhe largou todos os bens, e Morgados que possuia,
reservando para seus alimentos cincoenta mil réis cada mez, que elle lhe
satisfaria em dinheiro de contado; cinco porcos, tres marrãs, e tres du
zias de gallinhas pelo carnaval de cada hum anno, e moio e meio de tri
go, que pagaria de ordenado ao seu Procurador João Marques de Deos
Prisbitero do Habito de São Pedro em cada hum dos annos da Vida da
dita doadora, e por sua morte, lhe mandaria dizer quatrocentas Missas;
e tendo o dito contrato reciproco efeito por mais de tres annos, se le
vantará o mesmo seu Sobrinho com os alimentos reservados sem lhe pa
gar muitas mezadas e pitanças vencidas, e pelas que futuramente se ven
cessem, lhe pozera a Escritura em Juizo perante o Corregedor do Civel
da Corte o Desembargador Antonio José da Fonceca Lemos por assigna
ção de dez dias, e formando ele os seus embargos, o dito Ministro os re
cebêra sem condemnação, fundado em hum grande número de recibos,
que ajuntou com elles, que ainda não chegavão a cubrir a divida ven
cida, e sem o condemnar nos alimentos que se hião vencendo, fican
do ella distituida de todo o remedio, e sem outros bens, ou rendas
de que possa subsistir, nem ter com que suprir os gastos da demanda:
Sou Servido Ordenar, que esta Causa se sentencei a final no preciso ter

(1) Em virtude deste Decreto se lavrou no Conselho da Fazenda o Termo seguin


te = Aos vinte e quatro de Julho do corrente appareceo neste Conselho Christiano Hen
rique Smitz, e sendo-lhe mostrado o Decreto de Sua Magestade de quatorze do dito
mez, e anno presente em consequencia da Resolução de huma Consulta do mesmo dia
que baixou com o dito Decreto sobre pertender o sobredito estabelecer huma Fabrica de
refinar assucar, e sendo-lhe lido o mesmo Decreto, e Resolução do mesmo Senhor el
le dito Christiano Henrique Smitz declarou que em tudo se conformava com o dis
posto do dito Decreto, e Resolução, e se obrigava a cumprir tudo sem falta, ou omis
são sua, e o aceitava com todas as condições, com que Sua Magestade fôra servido
conferir-lhe a mercê concedida de que assignou este Termo em presença dos Senhores
Vedores da Fazenda, e Conselheiros della. Lisboa 24 de Julho de 1751. = Com nove
Rubrícas. = Christiano Henrique Smitz. = Christovão Paes Pacheco de Alpoim.
I75 | 99

mo de dous mezes, procedendo-se sem fórma nem figura de Juizo; e


se se profirir a sentença a favor da dita Dona Catharina Leonor de
Menezes, e vier o mesmo José Antonio de Brito com embargos a ella,
proceda logo o Juiz da Causa a fazer sequestro em todos os bens que el
la cedeo, arbitrando do rendimento sequestrado a porção que lhe parecer
congruente para alimentos provisionaes da dita doadora, até á decisão
dos mesmos embargos: E como obtendo ella na Causa, de que se trata,
fica evidente, que o dito José Antonio de Brito não encheo da sua parte
a convenção, e esta se póde rescendir, principalmente havendo (como
ha) para este efeito pacto expresso: Sou Servido conceder faculdade á
dita Dona Catharina Leonor de Menezes, para que querendo riscindir a
transação, possa tractar esta materia perante os Juizes, que o forem da
primeira Causa, conhendo tambem da segunda breve e summariamente;
e que de huma e outra seja Juiz o mesmo Corregedor do Civel da Corte
para as sentenciar com os adjuntos, que o Duque Regedor lhe nomear.
O mesmo Duque, ou o Ministro que seu Cargo servir o tenha assim en
tendido, e o faça executar. Lisboa a 16 de Julho de 1751. = Com a Ru
bríca de Sua Magestade.

Regist, na Casa da Supplicação no Livro 14 dos


Decretos a folhas 124 vers.

*# } LOn% $

EU ELREI Faço saber, aos que este Alvará de Lei virem, que
tendo consideração a que as penas estabelecidas na Lei do Reino contra
os que tirão presos do poderº da Justiça, nem podem ser em parte exe
cutadas, nem tem sido bastantes a impedir a escandalosa liberdade,
com que tantas vezes se commettem estes dilictos; como tambem, a que
sendo este igualmente ofensivo do Meu Alto, e Real respeito, e da boa
ordem, e administração da Justiça, não deve ser diferentemente casti
gado em attenção á graduação, e diversa qualidade dos Ministros, e Of
ficiaes, de cujo poder se tirão os prezos: Querendo sobre este materia
dar huma providencia, que possa proporcionar-se, e igualar a pena, e
evitar com temor della que se repita hum crime de tão máo exemplo, e
prejudiciaes consequencias: Sou Servido determinar que geralmente, e
em todo o caso, em que toda a pessoa de qualquer qualidade, preemi
nencia, estado, e condição que seja, tirar prezo de poder de Justiça, ou
der para este efeito ajuda, e favor, se for peão, seja irremisivelmente
açoutado, e condemnado por dez annos para as Galés; sendo nobre, se
ja degradado por dez annos para Angola; praticando-se esta pena sem
diferença alguma, nem respeito á qualidade dos Ministros, e Oficiaes,
que levarem os prezos. E Mando aos Regedores da Casa da Supplicação,
e Governador da Casa do Porto, e aos Desembargadores das ditas Rela
ções, e a todos os Corregedores, Ouvidores, Juizes, Justiças, Oficiaes,
e pessoas destes Meus Reinos, e Senhorios, cumpräo, e guardem este
Meu Alvará de Lei, como nelle se contém; e para que venha á noticia
de todos, e se não possa allegar ignorancia, Mando ao Doutor Francis
co Luiz da Cunha de Ataide do Meu Conselho, e Chanceller Mór do
Reino o faça publicar na Chancellaria, e enviar a copia dele sob Meu
Sello, e seu signal a todos os Corregedores, º#…2
das Comarcas,
1oo 175 |
e aos das terras dos Donatarios, em que os Corregedores não entrão por
correição; e se registará nas partes, em que semelhantes se costumão
registar; e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Lis
boa a 28 de Julho de 1751. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
Marquez Mordomo Mór Presidente.
Regist. na Chancelaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 15, e impr. avulso.

# **<>$ # •

Pelas Devassas, que Mandei se tirassem para averiguação do excesso


com que no dia onze de Junho se tirou hum prezo do poder do Juiz do
Julgado de Odivellas, e do Quadrilheiro Bento Gonçalves, injuriando-se
e mesmo Juiz, e commettendo-se neste acto outros insultos, ficárão cul
pados Carlos José, Martinho João, e Manoel Lopes, e como neste deli
cto ficou ofendida a Justiça, e o inviolavel respeito que a ella se deve,
por estas, e outras justas considerações: Fui Servido, que senão proce
desse contra estes Réos pelo modo ordinario , ainda que não fosse com
todo o rigor, que para semelhantes crimes se acha estabelecido por Di
reito, e mandando camarariamente sentenciar este negocio, attentas to
das as circumstancias delle , se assentou , que os ditos Réos devião ser
castigados com as penas declaradas no papel incluso, assignado pelo Se
cretario de Estado dos Negocios da Marinha , e Dominios Ultramarinos
Diogo de Mendonça Corte Real, as quaes Mando, que tenhão o seu de
vido efeito, e se executem promptissimamente. O Duque Regedor, ou
quem seu cargo servir, o tenha assim entendido pela parte, que lhe to
ca, e o faça logo cumprir. Belém 31 de Julho de 1751. = Com a Rubrí
ca de Sua Magestade.

Regist, na Casa da Supplicação no Liv. XIV. dos De


cretos a fol. 126 vers.

# #L@º # \:

Pos me ser presente, que na Provincia de Além-Tejo grassão muitos


furtos qualificados, passando a tal excesso os delinquentes, que não só
se atrevem a saltear as estradas, mas tambem a escallar os montes dos
Lavradores, roubando-os, e espancando-os com horrorosa impiedade, e
pelo escandalo, e ofensa, que tem resultado ao Povo, e á Justiça , se
faz preciso proceder-se contra os culpados com o mais prompto, e seve
ro castigo; e para este efeito convém nomear-se Ministro, que por me
nos occupado possa expedir com maior brevidade os processos das devas
sas , que estão tiradas, e se vão tirando em cumprimento das ordens,
que Tenho feito passar aos Ministros da dita Provincia , e juntamente
participe aos mesmos Ministros as diligencias, que lhe parecerem con
ducentes para averiguação de todos os criminosos: Hei por bem nomear
para Juiz Commissario de todas as culpas , que da Provincia de Além
Tejo se tem remettido, e houverem de remetter , pertencentes a rou
1751 IO1

bos, o Desembargador Ignacio da Costa Quintella, a cuja ordem serão


postos todos os réos presos, sendo remettidos com as suas culpas, as
quaes o dito Ministro sentenciará em Relação por via de summario, com
os Desembargadores Manoel Gomes de Carvalho, Paulo José Correa,
Gonçalo José da Silveira Preto, Antonio Velho da Costa, José Cardozó
Castello, que Sou servido nomear para adjuntos; e para desempates os
Desembargadores Pedro Gonçalves Cordeiro , e José de Carvalho Mar
tens: Com tal declaração, que havendo ainda empate entre os ditos oi
to Ministros, o Regedor da Casa da Supplicação lhe nomeará os mais
Juizes, que forem necessarios até se vencer o Feito. E o dito Commis
sario em vista das culpas, que se lhe remetterem, ordenará aos Minis
tros da dita Provincia todas as diligencias, que lhe parecerem conve
nientes a bem da Justiça , e para escrever nos Autos desta commissão
elegerá dos Escrivães actuaes o que lhe parecer mais apto. A Mesa do
Desembargo do Paço o tenha assim entendido, e o faça executar pelo
que lhe pertence. Lisboa em 7 de Agosto de 1751. = Com a Rubríca
de Sua Magestade. •

Impresso avulso.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presente que a divisão dos Territorios do Reino do Algar
ve, da Provincia do Além-Tejo, e das Comarcas de Santarem , e de
Setubal impedem a prizão, e facilitão a impunidade dos Delinquentes,
que tem commettido os escandalosos roubos , que grassão na dita Pro
vincia ; animando-se os Réos de tão de testaveis crimes, não só com a
esperança de passarem do districto, em que commettem hum roubo, a
outro districto, onde não tem ainda delinquido, mas tambem com as de
moras, e formalidades, que passão, em quanto as Justiças se deprecão
reciprocamente: Sou servido Ordenar que nesta especie de delictos seja
cumulativa a jurisdicção Criminal de todos os Juizes, e Ministros dos so
breditos Territorios ; de sorte que huns possão prender os Réos no dis
tricto dos outros, e na mesma fórma tomar Querelas , e formar Devas
sas; havendo-se todo o Reino do Algarve, Provincia de Além-Tejo, e
Comarcas de Santarem , e de Setubal por foro do delicto em ordem aos
referidos fins; pois que os Processos se não podem instruir, e julgar se
não na Casa da Supplicação pela Commissão , que Tenho estabelecido
para o dito efeito. Outrosim sou servido dar plena liberdade, em quan
to Eu não mandar o contrario, a todos os Particulares do sobredito Rei
no, Provincia, e Comarcas, para lançarem mão não só dos Delinquen
tes, que por taes forem conhecidos, mas tambem das Pessoas desconhe
cidas, que se fizerem suspeitosas, para que levando-as seguras aos Ma
gistrados dos Lugares mais visinhos, examinem estes promptamente o
merecimento dos Presos; de sorte que achando-lhes culpas formadas, os
remettão á sobredita Commissão; e achando que são meros Vadios, Me
dem conta. E para que estas providencias tenhão o seu prompto, e cum
prido efeito em beneficio do socego público, Sou tambem servido Orde
nar, que ellas se pratiquem , pelo que pertence aos sobreditos crimes,
não obstantes quaesquer Leis, e Privilegios contrarios, e que este va
lha, posto que seu efeito haja de durar mais de hum anno, como se fos
|102 1751

se Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella não passe. E es
te se registará nos livros do Desembargo do Paço, nos da Casa da Sup
plicação, e onde mais se costumão registar semelhantes Leis. Belém em
14 de Agosto de 1751. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no Livro dos Decretos, e Alvarás a fol. 177, e
impr. avulso.

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A… 28 dias do mez de Setembro de 1751, nesta Cidade do Porto, e


Casa da Relação della, em presença do Senhor José Pedro Emauz, Chan
celler, e Governador da mesma, se assentou em Mesa Grande pelos De
sembargadores abaixo assignados, que os Réos, que por Sentenças da
Relação forem condemnados, além de outras penas, na de dinheiro pa
ra as despezas da Relação , e com efeito pagarem a condemnação das
despezas da Relação, fazendo-se dellas receita viva sobre o Thesoureiro,
ainda que depois embarguem as Sentenças, e consigão o serem reforma
das, e absolutos dos crimes, porque forão accusados, que nem por isso
podessem repetir do Thesoureiro as despezas, que tiverem pago, por
que nesta parte se achará a Sentença executada inteiramente, pelo pa
gamento feito pelo mesmo Réo simplesmente, e assim não póde ser já
revogada nesta parte pelo meio dos Embargos, e sómente poderião ser
attendidos no que respeitasse a outras perdas; e os Juizes do Feito de
vem advertir, se as despezas forão pagas, se depositadas, porque só
mente no caso do deposito poderá haver repetição, e conhecimento dos
Embargos nesta parte, em que o Réo não he visto consentir , e appro
var a Sentença. Dia e anno, ut supra. Como Governador, Emauz. =
Barrozo. = Sant-Iago. = Machado. = Nunes. = Vellozo. = Franco.
= Jacome. = Lobo, &c.

Livro dos Assentos da Relação do Porto fol. 94 vers.,


e na Collecção dos Assentos a fol. 340.

DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'quém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber a Vós.......... que Eu mandei fazer o Regimento para a
nova Relação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, do qual o
treslado he o seguinte.

Regimento da Relação do Rio de Janeiro.


DoM JOSE”, por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,
d'aquém, e d’além Mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
1751 1O3

Faço saber, aos que este Regimento virem , que tendo consideração a
Me representarem os Póvos da parte do Sul do Estado do Brasil, que
por ficar em tanta distancia a Relação da Bahia, não podem seguir nel
la as suas Causas, e Requerimentos, sem padecer grandes demoras,
despezas, e perigos, o que só podia evitar-se, creando-se outra Relação
na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que os ditos Póvos se of
ferecião a manter á sua custa, Fui servido mandar vêr esta materia no
Concelho Ultramarino, e no Meu Desembargo do Paço, que se confor
márão no mesmo parecer; e por desejar, que todos os Meus Vassallos se
jão provídos com a mais recta, e mais prompta administração da Justi
ça, sem que para este efeito sejão gravados com novos impóstos, Hou
ve por bem de crear a dita Relação, á que Mando dar este Regimento,
de que foi encarregada a dita Mesa do Desembargo do Paço, para sé
ordenar pelo modo, e fórma mais conveniente; fazendo-se por conta da
Minha Fazenda, e das despezas da dita Relação, as que forem necessa
rias para a sua creação, e estebelecimento.
T I T U L O I.

Do governo da Relação em commum.


1 Desta Relação será Governador o mesmo, que pelo tempo o for da
Cidade, e Capitania do Rio de Janeiro.
2 O corpo da mesma Relação se comporá de dez Desembargadores,
em que se inclue o seu Chanceller, dividindo-se os seus lugares de sor
te, que sejão cinco os de Aggravos, hum de Ouvidor Geral do Crime,
e outro de Ouvidor Geral do Civel, hum de Juiz dos Feitos da Coroa, e
Fazenda, e hum de Procurador da mesma Coroa, e Fazenda.
3 O Chanceller servirá juntamente de Juiz da Chancellaria. O Ouvi
dor Geral do Crime servirá juntamente a Ouvidoria delle em todo o dis
tricto da Relação. O Ouvidor Geral do Civel será tambem Juiz das Jus
tificações, e o Procurador da Coroa , e Fazenda ha de servir tambem
de Promotor da Justiça; assim como o Juiz da Coroa o será do Fisco.
4 Todos os sobreditos Ministros, exceptuado sómente o Chanceller,
não só hão de servir de Adjuntos huns de outros mas tambem servir re
ciprocamente nos seus impedimentos, conforme as occurrencias dos Fei
tos, e dos casos, para que o despacho se continue sem interrupção, tan
to a respeito do Civel, como de Crime; e para este efeito o Governa
dor, ou quem por elle servir, logo que vagar a propriedade de qualquer
lugar, ou estiver impedido o Ministro que o servir, encarregará a ser
ventia a outro Desembargador que lhe parecer.
5 O despacho se fará na casa que tenho ordenado, e vêr-se-ha se a
cadeia da dita Cidade de São Sebastião he forte , e segura para que os
–"
prezos estejão nella a bom recado; porque sendo de outra sorte, se or
denará outra cadeia com a extensão , accommodação , e instrumentos
que convém.
6 Na casa do despacho haverá as mesmas mesas, a mesma ordem de
assentos, e a mesma fórma de ornato que ha na casa da Relação da Ci
dade do Salvador da Bahia, tomando o Governador, e Ministros os lu
gares, que lhes competirem, segundo a formalidade observada naquella
elação.
7. Para o expediente do despacho haverá na Relação as Ordenações
do Reino, com seus Repertorios; e haverá tambem hum jogo de Textos
104 1751

de Leis, com as Glossas de Acursio, e outro de Canones; como tam


bem hum jogo de Bartholos da ultima edição.
8 Todos os sobreditos Desembargadores andarão vestidos na mesma
fórma,
Relaçãoque
comandão
armasosalgumas.
da Casa da Supplicação; e não poderão entrar na
• -

9 Antes de entrarem em despacho , se dirá todos os dias Missa por


hum Capellão, que o Governador para isso escolher, e será pago a cus
ta das despezas da Relação , e acabada a Missa , começarão a despa
char, em que se demorarão ao menos quatro horas por hum relogio, que
estará na Mesa, em que o Governador estiver.
10 Terá esta Relação por seu districto todo o territorio, que fica ao
Sul do Estado do Brasil, em que se comprehendem treze Comarcas a
saber, Rio de Janeiro, S. Paulo, Ouro preto, Rio das mortes, Sabará;
Rio das Velhas, Serro do frio, Cuyabá, Guyazes, Pernaguá, Espirito
Santo, Itacazes, e Ilha de Santa Catharina, incluindo todas as Judica
turas, Ouvidorias, e Capitanias, que se houverem creado, ou de novo
se crearem no referido ambito , que Hei por bem separar inteiramente
do districto, e jurisdicção da Relação da Bahia.
11 Os Ministros da mesma Relação terão por districto, como os da
Corte, cinco legoas em circunferencia da Cidade do Rio de Janeiro.
12 Cada hum dos Ministros, sem distincção alguma servirá na dita
Relação por espaço de seis annos, se Eu antes não mandar o contrario,
e por todo o mais tempo, até que lhe chegue successor, que occupe o
seu lugar respectivo.
13 Na fórma dos despachos, e dos processos, guardarão inteiramen
te as Ordenações do Reino, accommodando-se porém sempre aos estilos
praticados na Casa da Supplicação, em quanto se puderem applicar ao
uso do paiz, se por este Regimento se não dispuzer o contrario.
14 Os ordenados de todos os Ministros, e Oficiaes desta Relação se
rão pagos por conta de Minha Real Fazenda ; e só as propinas ordina
rias, e mais despezas hão de ser satisfeitas do recebimento das despezas
da dita Relação, e quando por estas senão possa satisfazer, Hei por bem,
e por fazer mercê aos Ministros da dita Casa , que se lhe pague pela
Provedoria da Fazenda, na fórma que tenho ordenado a respeito da Re
lação da Bahia.
T I T U L O II.

Do Governador da Relação.

15 O Governador hirá á Relação as vezes que lhes parecer; e ao en


trar, e sahir della se usará com elle o mesmo ceremonial praticado com
o Governador da Relação da Bahia.
16 O primeiro que occupar este cargo, o servirá debaixo de mesmo
juramento, que houver tomado para o governo da Capitania ; e a cada
hum dos que se lhe seguirem lhe será dado juramento na mesma fórma
que se observa com o Governador da Bahia.
17 Não votará, nem assignará as Sentenças, porque só deve assignar
os papeis que abaixo se declarão, e praticará o Regimento de que usa
o Regedor da Casa da Supplicação em tudo o que se puder applicar.
18 Terá particular cuidado em que senão falte com o pagamento dos
ordenados aos Desembargadores a seus tempos devidos: de maneira que
sem dilação sejão pagos aos quarteis no fim de cada hum delles ; e não
175I 105

poderá tirar da folha Desembargador algum , sem que primeiro Me dê


Conta.

19 O Governador proverá as serventias dos Oficios de Justiça, e Fa


zenda quando vagarem, por qualquer causa , ou impedimento que suc
ceder, nomeando sempre as pessoas mais benemeritas, entre as quaes
serão preferidos os Meus criados, e de tudo me dará conta, para Eu
confirmar os provídos, ou provêr de novo, e mandar o que mais for ser
vido. -
20 . As condemnações de dinheiro, que se fizerem em Relação se ap
plicarão inalteravelmente para as despezas della, sem que por sentenças,
ou outras ordens se possão applicar para outra parte; e das mesmas con
demnações haverá hum Recebedor de sua receita, e despeza, a qual se
fará por ordem do Governador; e para huma, e outra ser lançada, have
rá hum livro assignado, e numerado pelo Desembargador, a quem o Go
vernador commetter a intendencia que convem haja sobre a arrecadação
das mesmas condemnações.
21 Terá especial cuidado, de que o Chanceller, como Juiz da Chan
cellaria, devasse todos os annos dos Oficiaes de Justiça, na fórma que se
dirá no Titulo seguinte do dito Chanceller, e em que todos os Ministros
fação per si sós as audiencias a que são obrigados, sem que as possão
commetter a outrem; e quando algum for impedido, o fará a saber ao
Governador, ou quem seu cargo servir, para que a commetta precisa
mente ao outro Desembargador, sem que a possa commetter em caso al
gum a Ministro da Cidade, ou Advogado, ainda que seja da Relação,
e a todas as audiencias assistirá hum Meirinho com seus homens, para
acudir ao que for necessario.
22 O Governador fará todos os mezes audiencias geraes aos prezos,
na fórma que se tem mandado ao Regedor da Casa da Supplicação, com
declaração porém, que para o despacho das ditas áudiencias assistirão
sómente tres Ministros, vencendo-se os despachos pelo parecer da maior
parte, e entre elles serão certos o Ouvidor Geral do Crime, e o Procu
rador da Coroa, como Promotor da Justiça, e o outro Ministro será no
meado pelo Governador, e nestas visitas se observarão as Leis Extrava
gantes, que ha nesta materia, especialmente a de 31 de Março de 1742.
23 E para que se não retardem na cadeia os prezos, a que se não po
derá deferir nas visitas geraes, Sou servido Mandar, que se as partes,
a cujos requerimentos forem prezos alguns Réos, dentro de trinta dias não
começarem contra elles a sua accusação, que Hei por bem possão fazer por
seus Procuradores, morando em maior distancia, que a de cinco leguas
do lugar da accusação, se tome logo o feito por parte da Justiça; e ca
so, que por bem desta, sem requerimento da parte, se haja formado a
culpa, e dentro do dito termo não apparecer parte que queira accusar,
se procederá pela da Justiça, porque tanto em hum, como em outro ca
s o podem, e devem os Juizes condemnar os Réos na satisfação que se
dever ás partes ofendidas.
24 Contra todos os delinquentes, que dentro de trinta dias, depois
de cerrada a devassa, e processo de sua culpa não forem prezos, se pro
cederá indefectivelmente
AMando na fórma da Ordenação Liv. 5." tit. 126, que
se cumpra inteiramente. •

26 A primeira vez que os autos crimes forem á Relação poderá o Go


vernador com os Juizes dos mesmos autos, não só supprir em bem da
justiça os defeitos, e nullidades delles; mas tambem fazer que sejão sum
marios, attenta a gravidade do caso, e urgencia da prova; e esta mes
106 1751

ma fórma de proceder se observará, quando os Réos, que não forem me


nores de vinte e cinco annos, quizerem fazer, e assignar termo de estar
pelos autos, para que se lhe julguem summariamente: o que porém se
não admittirá, quando os delictos forem de qualidade tal, que por elles
se incorra em pena de morte natural, ou de infamia, e ainda nos que
incorrerem em pena corporal.
26 Não sendo o Governador presente em Relação, ou sendo ausente
da Cidade de São Sebastião, servirá em seu lugar o Chanceller, ou quem
por este servir.
27 Terá o Governador muito cuidado, que os Oficiaes desta Casa,
e Relação, e seus criados não fação damno, nem oppressão alguma aos
moradores da dita Cidade de São Sebastião, ou de outros lugares aonde
forem enviados, tomando-lhes os mantimentos contra suas vontades, ou
or menores preços que valerem pelo estado da terra: de maneira que
he não fação vexação alguma: do que se informará as vezes que lhe pa
recer necessario, e mandará proceder contra os culpados, como for jus
tiça. -

28 Favorecerá os Gentios de paz do districto da Relação, não con


sentindo por modo algum, que sejão maltratados; mas antes mandará
proceder com rigor contra quem os molestar, ou maltratar; e dará or
dem, com que se possão sustentar, e viver junto das povoações dos Por
tuguezes, ajudando-se dellas de maneira, que os que andão no Sertão,
folguem de vir para as ditas povoações, e entendão, que tenho lembran
ça delles: para o qual efeito se guardarão inteiramente a Lei, que sobre
esta materia mandou fazer o Senhor Rei Dom Sebastião no anno de qui
nhentos e setenta, e todas as Leis, Provisões, e ordens, que se tem pas
sado sobre esta materia.
29 Terá o Governador especial cuidado sobre as lenhas, e madeiras,
que se não cortem, nem queimem para fazer roças, ou outras cousas
em partes, que se possão excusar; e para este mesmo efeito fará guar
dar inteiramente as ordens, que se tem passado sobre a repartição dos
Lavradores nas plantas do tabaco, e assucar, e mantimentos da terra,
para que huns se não intrometão a plantar os ditos generos na repartição
dos outros.

T I T U L O III.

. Do Chanceller da Relação.

30 Posto que o Chanceller nomeado para crear esta Relação deva


servir debaixo do juramento, que prestou ante o Meu Chanceller Mór,
como Hei por bem, a todos os mais, antes que sirvão, lhe será dadoju
ramento em Relação pelo Governador, e em sua ausencia pelo Desem
bargador mais antigo.
31 Terá o primeiro lugar no banco da Meza grande da parte direita;
e quando acontecer, que entre na Relação, ou saia della presente já,
ou ainda o Governador, não só se levantarão todos os Ministros, sem sa
hir dos seus lugares; mas tambem o Governador se levantará do seu lu
gar, recebendo-lhe deste modo as cortesias que o Chanceller lhe deve fa
zer á entrada, e sahida da porta, e ao tomar, e deixar o seu lugar.
32 O Chanceller, que pelo que pertence a este cargo, e porque tam
bem faz de Chanceller Mór em alguns casos, não só verá todas as car
tas, e sentenças que forem dadas pelos Desembargadores da Relação,
1751 IO7

passando-as, ou glosando-as na mesma fórma, que por seu Regimento o


faz o Chanceller da Casa da Supplicação; mas tambem passará pela Chan
cellaria todas as Cartas, e Provisões, assim de graça, como de justiça,
e Fazenda, assignadas pelo Governador, conforme o seu Regimento,
guardando nesta parte o do Chanceller Mór, e de huns, e outros papeis
levará as mesmas assignaturas concedidas, ou que ao diante se concede
rem aos dous sobreditos Chancelleres.
3.3 Ao despacho das glosas dos papeis, que forem assignados pelo Go
vernador não será presente o Chanceller, assim como o mesmo Governa
dor não será presente; mas hum, e outro o poderão estar ao despacho
das glosas de todos os outros papeis.
34. E porque as sentenças, que o Chanceller assignar, como Juiz da
Chancellaria, se não podem passar por elle, se passarão pelo mais anti
go Desembargador da Relação, que no passar, e glosar guardará a mes
ma ordem assima dada ao Chanceller.
35 O Chanceller não consentirá, que os Escrivães em quaesquer Carr
tas, ou Provisões ponhão clausula, de que não passem pela Chancellaria,
e contra os que tal clausula puzerem, procederá na fórma da Ordena
ção. |-

36 A ele pertence por bem deste cargo conhecer das suspeições, que
se puzerem ao Governador, Ministros, e Oficiaes da Relação, assim co
mo por ser tambem Juiz da Chancellaria ha de conhecer de todas as sus
peições, que se puzerem a todos os outros Ministros, e Oficiaes da Cida
de de São Sebastião do Rio de Janeiro dentro della sómente; e para o des
pacho das suspeições, que se puzerem ao Governador, que deve não es
tar presente, nomeará o Chanceller os dous Adjuntos que lhe parecer;
porque para o despacho de todas as outras suspeições lhe serão nomeados
pelo Governador os seus Adjuntos.
37 E quando as suspeições forem postas ao mesmo Chanceller como
Juiz das que se houverem posto contra as pessoas assima ditas, se toma
rá logo assento entre os dous Adjuntos, e hum Desembarhador mais,
que o Governador nomear para que se proceda na fórma da Ordenação
Livro 1.° tit. 2. § 8." tit. 4º §. 5.º e tit. 14, §, 3.°
38 Porém quando o Chanceller houver de julgar outros feitos, assim
como o ha de fazer, por ser Juiz da Chancellaria, e lhe forem postas sus
peições, nomeará o Governador outro Desembargador que faça proces
sar, e despachar as mesmas suspeições.
39 E para se evitarem muitas dúvidas, que podem occorrer, Sou ser
vido, que sendo postas as suspeições a algum Desembargador, ou outro
Ministro, senão commetta o feito a outro algum, e fique suspenso intei
ramente o conhecimento delle: tendo-se entendido, que o despacho das
suspeições se deve terminar em trinta dias, e que estes serão improro
gaveis, sem embargo da Ordenação em contrario.
40 Porém se as suspeições forem postas a algum oficial que no feito
«escreva, o commetterá o Governador a outro, em quanto durar o conhe
cimento da suspeição, e este mesmo continuará o processo, se a suspei
qão se julgar contra o recusado, para o que ficará em seu vigor o termo
de quarenta e cinco dias que a Ordenação concede.
4i O mesmo Chanceller, como Juiz da Chancellaria, conhecerá por
acção nova dos erros de todos os Oficiaes de Justiça da Cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro, e quinze legoas ao redor; e por appellação
conhecerá tambem dos erros de todos os outros Oficiaes de Justiça do
districto da Relação, e a todos elles passará as gº de seguro nos ca
108 • 1751

sos que por direito se puderem conceder, dando-as para si aos Oficiaes
da Relação, e Cidade, e quinze legoas ao redor, e para os Ministros
das terras aos outros culpados nos mesmos delictos, e deste Juizo senão
poderá declinar para outro por privilegio algum, posto que seja incorpo
rado em direito. |-

42 - Passará todas as cartas de execuções das dizimas das sentenças,


guardando em tudo o Regimento que se tem dado para esta arrecadação,
é de que se usa na Chancellaria da Casa da Supplicação, e conhecerá de
todos os feitos que sobre isto se ordenarem, despachando-os em Relação.
43 Quando algum contador das custas, que servir na Relação, ou
no lugar em que ella estiver for suspeito, ou impedido, de sorte, que
não deva, ou possa fazer a conta, a cometterá o Chanceller, como Juiz
da Chancellaria á eutra pessoa, que bem lhe parecer.
44. E quando as partes quizerem allegar erros contra as contas das
custas, se guardará tal ordem, que se o erro provier de ser mal enten
dida pelo Contador a sentença, recorrerão as partes ao Juiz, ou Juizes
que a proferirão; e se o erro tiver origem em ser mal lavrada a dita sen
tença, requererão a sua emenda ao Chanceller, como Chanceller, para
que o faça emendar; e consistindo o erro tão sómente em armar a con
ta, ou, carregar nella salarios maiores, ou indevidos, conhecerá então o
dito Chanceller, como Juiz da Chancellaria, commettendo a revista da
-conta a huma pessoa intelligente, que bem possa aprovalla, ou emendal
la; e neste caso proferirá per si os despachos, de que as partes poderão
sómente aggravar por petição.
45 Em tudo o mais, a que neste Regimento não for dada especial
providencia, usará o Chanceller, das que são dados aos da Casa da Sup
plicação, e ao Juiz da Chancellaria; levando em todos os papeis, e sen
tenças, que assignar como Juiz da Chancellaria, as mesmas assignatu
ras, que são concedidas, ou em qualquer tempo se concederem ao Juiz
da Chancellaria da Casa da Supplicação.
46 As sentenças, que proferir como Chanceller serão publicadas na
audiencia dos Aggravos, e Appellações pelo Ministro, a que tocar; e as
mais sentenças que proferir, como Juiz da Chancellaria, serão publica
das na Ouvidor
mente audiencia, que fizer o Ouvidor Geral do Crime, por ser junta
delle. •

47 Quando o Chanceller for ausente, ou impedido de maneira, que


por isso não possa servir, ficarão os selos ao Desembargador mais anti
go da Relação; o qual conhecerá de tudo, o que o dito Chanceller po
dia conhecer.

T I T U L O IV.

Da Meza, em que se devem despachar alguns negocios pertencentes


ao Desembargo do Paço.
48 Por fazer favor aos Vassallos, que assistem nos Dominios do Ul
tramar, se servirão os Senhores Reis Meus antecessores determinar,
que na Relação de Goa, e ao depois na da Bahia houvesse huma Me
za, em que se expedissem alguns negocios, que pertencem ao despa
cho, e expediente do Desembargo do Paço; e Sou servido, que o mes
mo se pratique em esta Relação, estabelecendo nella a mesma Meza.
49 Esta se comporá do Governador da Relação, Chanceller, e do De
sembargador de aggravos mais antigo; e se ajuntará na mesma Relação
I75 | 109

todas as vezes, que o Governador julgar conveniente. Os papeis, que


nella se despacharem serão assignados pelo Governador, e os ditos dous
Ministros; e em Meu nome, como abaixo se declarará, se passarão os
Alvarás, e Provisões, e quando haja alguma dúvida, ou negocio tal, em
que ao Governador pareça conveniente chamar mais algum Ministro, se
rá este o Ouvidor Geral do Civel.
50 Na dita Mesa se despacharão os Alvarás de fiança, para cujo ef.
feito se darão as petições ao Governador, estando em Relação; e os Al
varás concedidos se passarão em Meu nome, e se darão assignados pelo
Governador, levando todas as clausulas, que levão os Alvarás de fian
qa, que se passão pelos Meus Desembargadores do Paço, de que se lhes
dará a minuta.
51 Os ditos Alvarás se não concederão em casos de resistencias com
armas, falsidade, força de mulher, injúria feita á pessoa tomada as mãos,
ou delicto commettido em Igreja, injúria atroz feita em Juizo, ou em lu
gar público; cutilada pelo rosto com tenção de se dar, ferimento de bes
ta, ou espingarda, ainda que não seja de proposito; morte, ou crime
de fazer abortar; uso de faca, ou outra qualquer arma curta, com que
se possa fazer ferida penetrante; e tambem se não concederão em outro
algum caso maior que os acima referidos, ou dos contheudos na Ordenação
do Livro 1. no Titulo dos Desembargadores do Paço no §. 24, e isto se pra
ticará assim em todos os sobreditos casos, posto que haja perdão da par
te; e em todos os mais se poderão conceder os Alvarás de fiança, ainda
que se não junte o dito perdão, nem o Réo esteja prezo, se dous dos
ditos Desembargadores forem em parecer que se concedão.
52 Os Alvarás de fiança se concederão por tempo de hum anno, e se
poderão reformar até duas vezes sómente, concedendo-se por cada huma
o mesmo tempo de hum anno; e se despacharão as reformações na mes
ma fórma , que por este Regimento se devem despachar as concessões
destes Alvarás. •

53 Na mesma Mesa se podem receber tambem petições, e perdões,


e despacha-las na mesma fórma , que se despachão os Alvarás de fian
ça, oferecendo-se perdão da parte , e não sendo as petições de penas
pecuniarias ; e poderá tambem commutar as condemnações, ou penas,
que pelas culpas se merecião em pecuniarias, ou outras, como melhor
lhe parecer: não sendo porém as de degredo de Angola, ou Galés; por
que estas senão poderão commutar. E tambem não tomará petições de
perdões em os casos abaixo declarados. Blasfemar de Deos, e dos seus
Santos: Moeda falsa, falsidade, testemunho falso: Matar, ou ferir com
besta, usar de arcabuz, ou espingarda, e qualquer arma curta, princi
palmente faca, ou outra, com que fazer se possa ferida penetrante; pos
to que se não seguisse morte, ou ferimento: Propinação de veneno, ain
da que morte se não seguisse, ou de qualquer remedio para abortar, se
guindo-se o aborto: Morte commettida atraiçoadamente, quebrantar pri
zões por força: Pôr fogo acintemente : Forçar mulher: Fazer, ou dar
feitiços: Carcereiro que soltar prezos por vontade, ou peita: Entrar em
Mosteiro de Freiras com proposito deshonesto : Fazer damno, ou qual
quer mal por dinheiro : Passadores de gado: Salteadores de caminhos:
Ferimento de proposito em Igreja, ou Procissão, onde for, ou estiver o
Santissimo Sacramento: Ferimento, ou pancadas de qualquer Juiz, pos
to que padaneo, ou ventanario seja, sendo sobre seu Oficio: Ferir, ou
espancar alguma pessoa tomada as mãos : Furto que passasse de marco
de prata: Manceba de Clerigo , ou Frade, quer seja de portas a den
I 10 175 I

tro, quer de portas a fóra, se pedir perdão segunda vez: , Adulterio,


sendo levada a mulher de casa de seu marido: Ferida dada de proposito
pelo rosto, ou mandato para se dar, se com efeito se deo: Ladrão for
migueiro a terceira vez: Condemnação de açoutes: Incesto em qualquer
grão que seja, salvo se pedir dispensa para efeito de casar; mostrando cer
tidão do banqueiro pelo qual tiver impetrado dispensação, para a qual ser
alcançada, se lhe concedera o tempo de anno e meio sómente, com clau
sula, que não viva no mesmo lugar, e seu termo. E assim mais se não
tomará petição de perdão de Carcereiro da cadêa da Relação, ou da Ci
dade de S. Sebastião do Rio de Janeiro , nem de outro qualquer caso,
e culpa maior, que as acima referidas; e em todos os outros casos, pa
recendo ao Governador, e Ministros acima ditos, que ha causa para al
gumas culpas, ou penas deverem ser perdoadas livremente, em conside
ração da qualidade das pessoas, occasião do delicto, tempo, e lugar
delle, ou outras circumstancias, poderão ser perdoadas sem outra com
mutação alguma. •

54. Da mesma fórma por despacho da mesma Mesa, e com a forma


lidade referida, se passarão em Meu nome Alvarás para os culpados em
alguns crimes se poderem livrar por procurador, em caso que aliás se li
vrem soltos; e assim mesmo Alvarás de busca a Carcereiros, e para se fa
zerem fintas para obras públicas dos Conselhos até a quantia de 100$000
réis, e para entregar fazendas de ausentes até a quantia de 2003000
réis, e para se poderem seguir appellações, e aggravos, sem embargo
de se não appellar, nem aggravar em tempo, e de serem havidas por
desertas, e não seguidas; e para se poderem provar pela prova de direi
to commum contratos até a quantia de 100$000 réis.
55 A dita Mesa terá igualmente jurisdicção para mandar passar Pro
visões para se citarem os prezos em caso que pela Lei he necessario Pro
visões de supplemento de idade, cartas de emancipação, e reformas de
cartas de seguro.
56 Em a mesma Mesa se elegerão as pessoas, que devem servir de
Vereadores na Cidade do Rio de Janeiro, praticando-se o mesmo, que
se observa na Bahia. •

57 Nella se tomarão tambem os assentos sobre as cartas, que por a


cordão do Juizo da Coroa se tiverem passado aos Juizes Ecclesiasticos,
sendo ouvidos na mesma Mesa os ditos Juizes (quando compareção) os
da Coroa , e o Procurador della , observando-se tudo, como se pratíca
no Desembargo do Paço desta Corte, tanto nesta parte, como nos mais
casos acima referidos, nos quaes sómente usará a dita Mesa da sua ju
risdicção, sem que por motivo de igualdade de razão, estilo, ou outro
algum, o possa exceder, sem especial mercê Minha.
T I T U L. O V.

Dos Desembargadores dos Aggravos, e Appellações.


58 Os Desembargadores dos Aggravos guardarão a ordem, que por
Minhas Ordenações, e Extravagantes se tem dado aos Desembargadores
dos Aggravos , e Appellações da Casa da Supplicação para o despacho
dos aggravos ordinarios, e das appellações das sentenças definitivas, e
interlocutorias, dias de apparecer, e instrumentos de aggravo, petições,
e cartas testimunhaveis, e terão alçada nos bens móveis até tres mil cru
zados; e nos de raiz, até dous mil cruzados inclusivè, attendida sómen
1751 ||}

te a quantia principal, sem comprehensão dos frutos, e custas; e pas


sando as ditas quantias na maneira acima declarada, poderão as partes
aggravar ordinariamente para a Casa da Supplicação.
59 Quando as partes aggravarem ordinariamente para a Casa da Sup
plicação , e os Juizes que forem na sentença se não conformarem todos
em receber o aggravo, se ajuntarão na Mesa grande com todos os outros
que na Relação estiverem ; e do que pela maior parte dos votos se ven
cer sobre negar, ou conceder o aggravo, se fará assento no Feito, e se
cumprirá inteiramente. • -

6o Aos Desembargadores dos Aggravos, e Appellações pertence,


quanto ás causas civeis, conhecer dos Aggravos ordinarios que se tira
rem dos dous Ouvidores geraes do crime, e civel, em conformidade de
seus Regimentos, e de todas as appellações, que sahirem dante quaes
quer Juizes, assim da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro , co
ma de todas as outras Comarcas do districto da Relação, ainda que se
jão interpostas dos Provedores, e outros quaesquer Juizes dos bens dos
defuntos, e ausentes, e dos residuos, e captivos.
61 E bem assim quanto ao Civel conhecerão tambem de todos os ou
tros aggravos que se tirarem , não só dos Ministros acima ditos , mas
tambem dos que despacharem em Relação, quando os aggravos se inter
puzerem dos despachos que estes mesmos Ministros proferirem, ou deve
rem proferir per si sós; com tal declaração porém , que dos Ministros,
que residirem na Cidade, e quinze legoas ao redor, se aggravará por pe
tição;
mento,e ou
doscarta
que residirem fóra do dito termo, se aggravará por instru
testemunhavel. •

62 E quanto ao Crime, só poderão os ditos Desembargadores conhe


cer dos aggravos, que por petição se tirarem dante os outros Ministros,
que despachão em Relação, se os despachos forem, ou deverem ser pro
feridos por elles sómente; porque todas as appellações, e os mais aggra
vos crimes, se devem interpôr para o Ouvidor geral do crime , para o
Juiz da Chancellaria, e para o Juiz dos feitos da Coroa, e Fazenda, co
mo em seus titulos se declarará.
63 Quando na fórma sobredita se aggravar de algum Ministro que
despacha em Relação, a tempo que já no Feito tenha Adjuntos certos,
estes mesmos o serão no despacho do aggravo, mettendo-se de novo hum
Ministro, que o relate, e vote nelle, em lugar do Relator do Feito de
que se aggravar.
64 Tomarão tambem conhecimento dos aggravos, que se tirarem do
Governador: o que sómente terá lugar nos mesmos casos em que do Re
gedor da Casa da Supplicação se póde aggravar para ella; e no despacho
destes aggravos votarão o Chanceller , e todos os Desembargadores dos
aggravos, e sendo iguaes os votos, votarão outros Desembargadores, que
na Relação se acharem presentes; e o que pela maior parte dos votos for
acordado, se cumprirá.
65 Nas Appellações, que não excederem de cento e cincoenta mil
réis, bastarão dous votos conformes em confirmar , ou revogar para se
vencer o feito; e desta quantia para cima, serão para o dito efeito ne
cessarios tres votos conformes em o mesmo parecer de confirmar, ou re
vogar.
66 Todas as Appellações, dias de apparecer , aggravos de instru
mentos, e cartas testemunhaveis, se repartirão por distribuição entre os
Desembargadores dos aggravos, começando-se pelo mais antigo, na mes
*a fórma que se observa na Casa da Supplicação ; com tal declaração,
|112 1751

que os dias de apparecer , se despachem por conferencia , e todos os


mais Feitos por tenções; posto que para o despacho dos aggravos, ins
trumentos, e cartas testimunhaveis bastem duas tenções conformes.
67 As Appellações, e Aggravos, que ao tempo em que esta Rela
ção começar o seu exercicio se acharem interpostas para os da Bahia, se
expedirão para esta nova Relação; e para que assim se cumpra, se pu
blicará este novo estabelecimento em todas as Comarcas do districto res
pectivo por pregões, e editaes ; porém acontecendo que por ignorancia
desta Minha determinação, se interponha, e expida alguma appellação,
ou aggravo para a dita Relação da Bahia: Hei por bem, que as senten
ças, que na mesma Relação se proferirem , se hajão por valiosas , sem
que por isto se fique contrahindo certeza para os mais incidentes , que
na execução sobrevierem; porque os destas, e quaesquer outras senten
ças, se hão de expedir para a Relação do Rio de Janeiro.
68 Os Desembargadores dos Aggravos, e Appellações levarão as
mesmas assignaturas, que presentemente levão, ou em qualquer tempo
se concederem aos da Casa da Supplicação : cujos estilos devem seguir
em tudo o que não for provído neste Regimento, e nas Ordenações do
Reino em quanto se puder praticar.
T I T U L O VI.

Do Ouvidor Geral do Crime desta Relação.


69 A este Ministro pertence o conhecer por acção nova de todos os
delictos, que se commetterem na Cidade de S. Sebastião do Rio de Ja
neiro, ou outro qualquer lugar onde a Relação estiver, e quinze legoas
ao redor, procedendo por devassas, e querelas, ou por seu oficio; e os
Feitos que se processarem em seu Juizo, os despachará em Relação.
70 Nos crimes de traição, moeda falsa, falsidades, sodomia, tira
das de prezos da cadeia, morte, resistencia á justiça com ferimento, e
todos os outros, a que pela Lei for imposta pena de morte natural, sen
do commettidos na Cidade sobredita, ou outro lugar, em que a Relação
esteja, e quinze legoas ao redor, será privativa do Ouvidor Geral do Cri
me a jurisdicção de proceder pelos modos sobreditos; e em todos os ou
tros casos pelos quaes for imposta menor pena, será a sua jurisdicção
cumulativa com os outros Ministros , que dos crimes poderem conhecer
de sorte que neste caso terá lugar a prevenção.
71 E acontecendo o tal caso, que por suas circunstancias pareça ao
Governador ser vonveniente, que delle se tire devassa pelo Ouvidor Ge
ral do Crime, sem embargo de estar preventa a jurisdicção pelo Minis
tro, com quem o dito Desembargador a tiver cumulativa, poderá o dí
to Governador , sendo no mesmo parecer o Chanceller , commetter ao
Ouvidor Geral da Relação o tirar devassa, e a que elle tirar se cumulará
á que pelo outro Ministro estiver tirada, e por ambas assim juntas ha
verão os Réos o seu livramento perante o dito Ouvidor Geral.
72 Nos casos, que provados merecerem pena de morte, sendo com
mettidos fóra do lugar, em que estiver a Relação, e quinze legoas ao re
dor, quando os Réos houverem de ser remettidos, se remetterão com el
les as proprias devassas, ficando no lugar de que for remettido, os tres
lados sómente das ditas devassas, que serão concertadas pelo Escrivão
da culpa com o Juiz, o que tambem se praticará nos mais casos, em
que os Réos se remetterem; porque bastará, que se remettão os tresla
1751 | 13

dos com o sobredito concerto; e no lugar em que a Relação estiver, e


#*
ado.
legoas ao redor, se remetterá a propria culpa, sem ficar tres

73 Ao Ouvidor Geral do Crime pertence privativamente o passar em


todos os casos as cartas de seguro, pedidas pelos delinquentes, que
commetterem qualquer delicto na Cidade de São Sebastião do Rio de Ja
neiro, ou outro lugar, em que a Relaçãe estiver, e quinze legoas ao re
dor; com tal declaração, que nos casos de morte, ou que provados me
recerem pena de morte natural, ou civel, ou cortamento de membro,
passará as Cartas em Relação com adjuntos, junta a culpa; e nos mais
casos as passará per si só.
74 . E na mesma fórma, quanto aos sobreditos casos de morte, ou que
provados merecerem pena de morte natural, ou civil, ou cortamento de
membro, ainda que os delictos sejão commettidos fóra do districto acima
apontado, nenhum outro Ministro poderá passar as Cartas de seguro, se
não o dito Ouvidor Geral, que as despachará em Relação á vista da cul
pa; e para este efeito hei por derogado nesta parte o Regimento de to
dos os Ouvidores da Cidade, e das Comarcas do districto da Relação:
de sorte , que os Ouvidores dellas só poderão passar Cartas de seguro
nos mais casos não exceptuados: e o Ouvidor do Rio de Janeiro, ou ou
tro lugar, em que a Relação estiver, em nenhum caso.
75 Quando para se passarem as Cartas de seguro se remetterem á
Ouvidoria Geral do Crime as culpas, o que se fará pelo treslado dellas,
não poderá o dito Ouvidor por seu despacho , nem ainda por despacho
proferido em Relação, haver por avocada a culpa para o Réo correr nes
te Juizo o seu livramento; mas será necessario para este efeito, que a
culpa se remetta em fórma, citada a parte, se a houver.
76 Não se concederão mais que duas reformações das Cartas de se
guro, as quaes se concederão, e despacharão na mesma fórma, que se
devem por este Regimento despachar os Alvarás de fiança; entregando
se as petições ao Governador em Relação, ou a quem nella seu cargo
SCIV] T.
77 De todos os Juizes inferiores da Cidade de São Sebastião do Rio
de Janeiro, ou outro lugar, em que a Relação estiver, e quinze legoas
ao redor, poderá o Ouvidor Geral do Crime avocar todas as culpas nos
casos sómente, que provados merecerem pena de morte natural, ou ci
vel, ou cortamento de membro.
78 Conhecerá de todas as Appellações Crimes, que vierem á dita
Relação; e tambem de todos os Aggravos, que se tirarem de quaesquer
Ministros, que dos crimes conhecerem: com tal declaração, que os mes
mos Aggravos se expedirão por petição, quanto aos Ministros de qual
quer lugar, em que a Relação estiver, e quinze legoas ao redor; e quan
to a todos os outros Juizos, se expedirão os Aggravos por instrumento,
e guardará a respeito dos que se interpuzerem da injusta pronunciação,
o mesmo que acima se determina , e recommenda aos Desembargadores
dos Aggravos, e Appellações.
79 O mesmo Ouvidor Geral do Crime poderá despachar per si só nos
mesmos casos, em que o póde fazer o Corregedor do Crime da Corte; e
quando assim despachar , se poderá aggravar delle ordinariamente pa
ra a Relação, na mesma fórma, em que do dito Corregedor do Crime da
Corte se póde aggravar para a Casa da Supplicação.
80 Em tudo o mais, que neste Regimento não vai declarado,, guar
dará o dito Ouvidor Geral o Regimento do gº……… do Crime da Cor
I14 1751

te, e as mais Leis extravagantes, que depois do dito Regimento se pro


mulgárão; e tambem levará as mesmas assignaturas, que presentemen
te levão os Corregedores do Crime da Corte, ou ao diante se lhe conce
derem.
81 - Fará duas audiencias cada semana, nas segundas, e sextas feiras
de tarde, a que assistirá o Meirinho das cadêas, e em falta deste, por
algum justo impedimento que lhe sobrevenha, o Meirinho da Relação.
T I T U L O VII.

Do Ouvidor Geral do Civel.

32 A este Ouvidor Geral pertencerá conhecer por acção nova de to


dos os Feitos civeis, que se tratarem na Cidade de São Sebastião do Rio
de Janeiro, ou outro qualquer lugar, em que a Relação estiver, e quin
ze legoas ao redor; e de todos os que abaixo não forem exceptuados co
nhecerá, despachando-os per si só até final sentença, de que dará Ag
gravo ordinario para os Desembargadores dos Aggravos da mesma Rela
ção, se a causa não couber na sua alçada : assim como dos despachos
interlocutorios, que o mesmo Ouvidor proferir, se poderá aggravar no
processo, ou por petição, conforme o que no caso couber.
83 Tambem não poderá avocar as causas começadas em outros Jui-º
zos fóra das sobreditas quinze legoas, nem ainda de dentro deste distri
cto, se as taes causas se tratarem perante os Juizes de Fóra, ou Ouvi
dores da Cidade de S. Sebastião, e das Comarcas, posto que possa co
nhecer, como lhe compete de todos, e quaesquer Feitos, que por Meu
especial mandado, ou por expressa disposição da Lei se houverem de re
metter á Relação ; assim como o Corregedor da Corte dos Feitos civeis
conhece de todos os que na fórma sobredita se devem remetter á Corte
antes de sentenciados.
84. Ele terá de alçada até cento e cincoenta mil réis nos bens móveis,
e até cento e vinte mil réis nos de raiz.
85 Tomará conhecimento das causas dos Prelados, que não tem Su
perior no Reino, e das viuvas, e mais pessoas miseraveis, que o quize
rem escolher por seu Juiz; como tambem de todas as pessoas declaradas
na Ordenação Liv. 1. Tit. 8. desde o § 4. em diante; porém todos os
Feitos das sobreditas pessoas serão sentenciados em Relação com os Ad
juntos, que o Governador lhe nomear, procedendo-se em tudo da mes
ma fórma, que o faz o Juiz das acções novas da Casa do Porto.
86 - Fará per si duas audiencias em cada semana nas terças, e quin
tas feiras de tarde, a que assistirá o Ministro, que deve assistir ás au
diencias, que o Ouvidor Geral do Crime deve fazer, e levará as mesmas
assignaturas, que são concedidas ao Corregedor da Corte dos Feitos ci
veis, ou ao diante se lhe concederem. {

87. Ao mesmo Ouvidor Geral pertence passar as certidões das justi


ficações na maneira, que por seus Regimentos as passão o Juiz das Jus
tificações no Conselho da Fazenda, e o Juiz de India, e Mina, segun
do a qualidade dos casos a que poder applicar-se o Regimento dos ditos
Ministros. • -
1751 115

T I T U L O VIII.

Do Juiz dos Feitos da Coróa, e Fazenda.

88 Este Ministro conhecerá de todos os feitos da Corôa, e Fazenda


por acção nova, e por aggravos de petição na Cidade de S. Sebastião
do Rio de Janeiro, ou outro lugar em que a Relação estiver , e quinze
legoas ao redor; e fóra deste districto conhecerá por appellação, e por
instrumentos de aggravos, ou cartas testemunhaveis de todos os ditos fei
tos, posto que sejão entre partes ; e os ditos feitos despachará em Re
lação, conforme a ordem que tenho dado por Minhas Ordenações , e
extravagantes ao Juiz dos feitos da Corôa , e Fazenda da Casa da Sup
plicação: cujo Regimento deve guardar em tudo o que se lhe poder ap
plicar. +

89 Porém das sentenças difinitivas, que assim proferir em Relação,


poderão as partes aggravar ordinariamente para a Casa da Supplicação,
e Juizes da Corôa, e Fazenda, se a causa não couber na sua alçada,
que he a mesma concedida a esta Relação.
90 Conhecerá tambem, e despachará em Relação todas as appella
ções, e aggravos que se tirarem dos Provedores da Fazenda, não caben
do as causas na alçada dos sobreditos; os quaes no receber , e expedir
as mesmas appellações, e aggravos guardarão a ordem que lhes fôr dada
por seus Regimentos; com tanto porém, que nos casos em que se poder
appellar, ou aggravar de hum Provedor para outros, se se não achar pre
sente no mesmo lugar aquelle para quem se devia appellar, ou aggravar,
se interporá, e expedirá a appellação, e aggravo para o Juiz dos feitos
da Corôa, e Fazenda. -

91 Das interlocutorias que despachar per si só poderão as partes ag


gravar por petição para a Relação, se no caso couber este recurso, con
forme a Ordenação.
92 Conhecerá outrosim por appellação, e aggravo de todos os feitos
crimes pertencentes á Fazenda Real; e pelo que toca a esta mesma, lhe
pertencerá o tirar todos os annos huma devassa dos Oficiaes da Alfande
ga, e dos mais da mesma Fazenda da Cidade de S. Sebastião do Rio
de Janeiro, e quinze legoas ao redor, e sem embargo de quaesquer or
dens em contrario.
93 Pertencerá especialmente a este Ministro o conhecer, e determi
nar em Relação os Aggravos, que por via de recurso se intentarem con
tra os procedimentos dos Juizes, e Prelados Ecclesiasticos nos casos,
em que pela Ordenação, e concordata do Reino, se póde usar deste re
medio: o que fará, guardando-se em tudo a fórma que se pratíca na Ca
sa da Supplicação.
94 Se os recorridos não cumprirem a primeira, e segunda cartas ro
gatorias, que se lhes deve passar, quando forem provídos os recurrentes,
se dará a estes certidão, para que sobre o caso se tome assento, o qual
será tomado em presença do Governador, não o sendo algum Bispo: ou
viedo o Prelado, ou Juiz Ecclesiastico de que se recorrer ; se ele sendo
chamado, quizer ser presente per si, ou pela pessoa Ecclesiastica que
deputar para alegar suas razões: ouvidas juntamente as do Juiz, e Pro
curador da Coroa, que neste acto devem concorrer, e não apparecendo
o Prelado, e Juiz Ecclesiastico, se procederá, sem embargo disto, a se
| 16 1751

tomar o assento; guardando-se em tudo a fórma praticada no Meu Des


embargo do Paço.
95 Nestes assentos terão votos o Chanceller, e os dous Desembarga
dores dos Aggravos mais antigos, que não houverem sido Adjuntos no
despacho dos recursos, e o que por elles, ou pela maior parte se assen
tar, se cumprirá inteiramente ; de sorte, que assentando-se serem mal
passadas as cartas, ficará supprimido o recurso; e pelo contrario, as
sentando-se, que as cartas forão bem passadas, se fará cumprir o pro
vimento, na mesma fórma que se observa na Casa da Supplicação.
96 Porém se a parte, ou o Prelado, e Juiz Ecclesiastico, quizer re
correr ao Meu Desembargo do Paço o poderá fazer , sem que por este
recurso se suspenda na execução do assento, que se tiver tomado, para
o que se lhe darão os treslados dos autos, pelos quaes na Mesa do Des
embargo do Paço se examinará novamente o merecimento do recurso, e
do assento, que na fórma sobredita se houver tomado, e o que se assen
tar se mandará dar á execução pelo Juiz dos Feitos da Coroa desta Re
lação.
97 O Juiz dos Feitos da Coroa, e Fazenda , servirá juntamente de
Juiz s do Fisco, usando em tudo do Regimento dado ao Juiz do Fisco,
que despacha na Casa da Supplicação.
98 Na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro , ou outro qual
quer lugar, em que a Relação estiver, servirá de Aposentador Mór, pa
ra fazer aposentar os Ministros, e Officiaes da Relação sómente, e ser
virá tambem de Almotacé Mór, para fazer prover a Cidade, ou outro
lugar sobredito de mantimentos, expedindo por seus Officiaes as diligen
cias precisas; guardando em tudo o que se puder applicar os Regimen
tos dos sobreditos Oficios deste Reino ; e procederá ouvidas as partes
breve, e summariamente; e ellas poderão recorrer ao Governador, que
mandará ver por dous Desembargadores dos Aggravos o processo; e pe
lo assento, que se tomar , se continuarão , ou supprimirão os procedi
mentos, sem que seja necessario tirar-se sentenças.
99 Fará per si duas audiencias, que serão nas Quartas feiras, e Sab
bados de tarde; e levará as mesmas assignaturas, que presentemente le
vão,Supplicação
da ou em qualquer
servemtempo se concederem
os Oficios aos Ministros, que na Casa
acima ditos. •

T I T U L O IX.

Do Procurador dos Feitos da Coroa, e Fazenda.

loo Usará inteiramente do Regimento dado aos dous Procuradores,


que na Casa da Supplicação servem estes Oficios; procurando saber se
alguma pessoa Ecclesiastica, ou secular do districto desta Relação usur
pa Minha Jurisdicção, Fazenda, e Direitos, para proceder, e requerer
na fórma, que por Minhas Ordenações, e outras ordens lhe está encar
regado.
lo I Saberá particularmente das causas, que pertencem á Minha Co
roa, e Fazenda, para fazer , que se prosigão em seus termos devidos,
e requerer, ou fazer, que nellas se requeira tudo, o que for a bem da
justiça; e para este efeito se lhe dará vista de todos os processos; com
tanto porém, que os requerimentos das audiencias serão feitos pelo Soli
citador das causas da Coroa, Fazenda, e Fisco: de que o dito Ministro
será tambem Procurador.
175 | I 17

102 Servirá tambem de Promotor das Justiças, de que haverá os mes


mos emolumentos concedidos aos da Casa da Supplicação, cujo Regi
mento guardará inteiramente; e ao Governador encarrego, que tenha
especial cuidado, em que assim se cumpra.
T I T U L O X.

Da Fazenda, que pertence á Relação.


103 De todos os paramentos da Capella, e cousas pertencentes á com
postura, e expediente da Relação se fará inventario; pelo qual se carre
garão em receita ao Guarda Mór da mesma Relação, que de tudo dara
conta, quando o Governador lha mandar tomar.
104 Haverá hum cofre de duas chaves, em que se receba todo o di
nheiro, que Sou servido applicar para as despezas da Relação; e deste
se fará receita ao Thesoureiro das mesmas despezas, que será o Guarda
Mór, em quanto Eu não mandar o contrario; e das ditas chaves terá
huma o Juiz, que o Governador nomear, e outra o sobredito Thesourei
ro, que de tres em tres annos dará conta, tomando-lha o Contador, que
o mesmo Governador nomear, e armando-lha o Escrivão desta receita,
que será o Escrivão mais antigo das Appellações, e Aggravos.
105 Todas as despezas se farão por folhas assignadas pelo Governa
dor, ou quem seu cargo servir, ou por seus mandados, em que o Juiz
porá seu cumprimento.
106 Pertencerão a este recebimento todas as condenações pecunia
rias, impostas aos Réos por satisfação da Justiça, e aos Advogados por
castigo de alguma calumnia, ou ignorancia da Lei; e para que seja mais
facil, e certa a cobrança das mesmas condenações, se farão Livros, em
que sejão lançadas por lembrança pelos Relatores dos Feitos, quando os
despacharem, da mesma fórma, que se pratica na Casa da Supplicação;
e se as taes condenações se fizerem nos Feitos, que fóra da Relação se
despachão, será obrigado cada hum dos Escrivães delles a fazer registar
dentro em vinte e quatro horas a condenação, pena de ser suspenso por
tres annos, sendo o Feito processado na Cidade, em que a Relação es
tiver. •

107 Porém quanto aos Feitos, que se processarem fóra do dito lu


gar, em outro qualquer do districto da Relação, tambem Sou servido,
que as condenações sobreditas se appliquem para as despezas da Rela
ção; e para se tratar da sua arrecadação, serão obrigados os Ministros,
que proferirem as sentenças, e impuzerem as multas a remeter de tres
em tres mezes ao Juiz das despezas da Relação, hum rol de todas as con
denações por elles assignados; e não o cumprindo assim, se lhe não pas
sará a Certidão, que se deve juntar com a sua residencia, em que terá
especial cuidado o Corregedor do Crime da Corte, a que for commeti
da a mesma residencia.
108 Pertencerão ao mesmo cofre as quantias de dinheiro, que se hou
verem dos perdões, e commutações de penas, que se fizerem conforme
este Regimento.
109 E assim mais a importancia das fianças, que se perderem, de
que será Juiz o mesmo, que o for das despezas da Relação, servindo
lhe de escrivão o da receita, e despeza deste cofre.
110 Na arrecadação do que pertence ás despezas se procederá por
mandados do Juiz dellas no lugar, em que a Relação estiver, e quinze
1 18 1751
legoas ao redor; e para fóra deste districto sè passarão Cartas pelo dito
Juiz assignadas, dirigindo-se ás Justiças das terras, sem que se enviem
por Caminheiros; porque para não serem omissos os Ministros, a que as
Cartas forem dirigidas, se lhe comminará nellas, que se o forem, se Me
dará conta, para Eu mandar, que no Desembargo do Paço se lhe po
nha em seu assento huma nota, que se Me fará presente nas Consultas
dos lugares, a que forem oppositores.
T I T U L O XI.

Do Guarda Mór da Relação.

111 O Guarda Mór, além do mais, que por este Regimento lhe es
tá encarregado, terá cuidado dos Feitos, petições, e mais papeis, que
forem á Relação, ou nella ficarem; e servirá tambem de Distribuidor
de todos os Feitos, Crimes, e Civeis, que á Relação vierem; guardan
do em tudo os Regimentos, que são dados, aos que servem estes Ofi
cios na Casa da Supplicação.
112 Elle passará os Alvarás de fiança, e perdões, e todas as Cartas,
em que assignar o Governador, ou se houverem de expedir immediata
mente pela Relação.
T I T U L O XII.

Dos mais Oficiaes pertencentes á Relação. *

113 Havera hum Solicitador da Justiça, que usará do Regimento da


do, ao que serve na Casa da Supplicação; e o será juntamente dos Fei
tos da Coroa, Fazenda, e Fisco: e como tambem servirá de Fiscal das
despezas da Relação. • •

114 O Governador nomeará dous Guardas menores, que assistão ao


Guarda Mór no expediente da Relação: hum dos quaes será Porteiro das
Audiencias dos aggravos, e Ouvidoria Geral do Civel, e do Juizo da
Coroa, e Fazenda; e elles servirão como taes em tudo, o que pertencer
aos ditos Juizos: exceptuados sómente os pregões das execuções da jus
tiça, que para estes servirá, o que for pregoeiro da Cidade.
116 . Haverá hum Escrivão da Chancellaria, que servirá tambem no
Juizo dos Feitos da Coroa, Fazenda, e Fisco; o qual servirá tambem de
Porteiro da Chancellaria.
116 Haverá dous Escrivães das Appellações, e Aggravos Crimes, e
Civeis, que escrevão por distribuição com os Desembargadores dos Ag
gravos; e o mais antigo será Escrivão da receita, e despeza do cofre
das despezas da Relação. -

117 Mais hum Escrivão da Ouvidoria Geral do Crime, e outro da


Ouvidoria Geral do Civel.
113 Dous Meirinhos: hum da Relação, que será obrigado a acompa
nhar o Governador quando for á Relação, e della se recolher; e outro das
cadeias que da mesma acompanhará o Chanceller; e ambos elles serão
do General, e terão seus Escrivães. •

119 Haverá hum Inquiridor dos Feitos Crimes, e outro dos Civeis.
120 E assim mais haverá hum Carcereiro; e todos estes Oficiaes usa
rão dos Regimentos dados, ou que ao diante se derem, a outros taes da
Casa da Supplicação, em quanto se lhe poderem applicar, assim quanto
aos emolumentos, como a respeito das obrigações de seus Oficios.
/*
175| |119
\,

Pelo que: Hei por bem, que este Regimento se guarde, e cum
pra na fórma, e maneira nelle declarada; e que delle se use, sem em
bargo de quaesquer outros Regimentos, Leis, Provisões, ou costumes
em contrario; porque todos Hei por derogados, como se delles fizera ex
pressa menção; e que este se registe nos Livros desta Relação, e Chan
cellaria della, como tambem nos Livros da Camara da Cidade de São Se
bastião do Rio de Janeiro, aonde se guardará o proprio, e nos das mais
Camaras do districto da mesma Relação a que se enviarão cópias authen
ticas; sendo primeiro registado nos Livros do Desembargo do Paço,
Conselho Ultramarino, e Casa da Supplicação; e assim Mando ao Go
vernador, Chanceller, e mais Ministros desta Relação, e a todos os mais
Governadores, Ouvidores, e Justiças das Comarcas respectivas, que o
cumpräo, e fação cumprir inteiramente. Dado em Lisboa aos 13 de Ou
tubro de 1751. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
\ Com o qual mandei passar esta Carta, pela qual vos Ordeno, que
tanto que a receberes a façaes registar nos livros ....... . . . . . Para
constar o que no dito Regimento Ordeno, o qual Mando se cumpra, e
guarde muito exactatamente, como nelle se contém; e por Decreto Meu
de vinte de Fevereiro do presente anno Ordenei ao Meu Conselho Ultra
marino o mandasse á dita Relação do Rio de Janeiro, e a todos os Go
vernadores, e Ministros do Ultramar, e onde mais convier, tendo o de
vido cuidado, em que o mesmo Regimento se execute. •

Pelo que, pela parte que vos póde tocar o executareis, e fareis
executar, sem dúvida alguma, e sem embargo de quaesquer Leis, Or
denações, ou Regimentos em contrario, e especialmente da Ordenação
do livro 2." tit. 39. e 40. — ElRei nosso Senhor o mandou pelo seu re
ferido Decreto, e por aviso do seu Secretario de Estado da Marinha, e
Conquistas Diogo de Mendonça Corte Real; e pelos seus Concelheiros
do Concelho Ultramarino abaixo assignados. Antonio de Cubellos Perei
ra a fez em Lisboa aos 14 de Março de 1652.

Impresso avulso.

# #LOººk #

EU ELREI Faço saber os que este Alvará em fórma de Lei virem :


que sendo-Me presente em Consulta do Meu Conselho Ultramarino a
grande desordem, com que no Brazil se estão extrahindo, e passando ne
gros para os Dominios, que Me não pertencem, de que resulta hum no
torio prejuizo ao bem público, e á Minha Real Fazenda, a que he pre
ciso dar o remedio conveniente: Hei por bem Ordenar geralmente, que
se não levem negros dos pórtos do mar para terras, que não sejão dos
Meus Reaes Dominios, e constando o contrario, se perdera o valor do
escravo em tresdobro, ametade para o denunciante, e a outra para a Fa
zenda Real, e os Réos de contrabando serão degradados dez annos pa
ra Angola; ordenando outro sim, que se não dê despacho para a Colo
mia do Sacramento, ou outros lugares visinhos á Raia Portugueza, sem
ficar em livro separado ( que deve haver nas Provedorias ) regista
do o nome, e signaes do escravo, passando-se huma guia para a Pro
Vedoria, ou Justiça Ordinaria do lugar, para que se despacha, a qual
120 1751

deve ser obrigado a descarregar dentro em hum anno; e todas as Justi


ças dos mesmo lugares da Raia serão obrigados a mandar todos os annos
lista ás Provedorias da Cidade da Bahia, e Rio de Janeiro de todos os
Escravos, que entrarão, e dos que se achão, e existem nelles, declaran
do-se os que morrerão, ou faltárão por causa justa, ou por passarem pa
ra terras das Minhas Conquistas. Pelo que Mando ao Meu Vice-Rei, e
Capitão General de mar, e terra do Brazil, e a todos os Governadores,
Capitães Móres do mesmo Estado, e Provedores de Minha Real Fazen
da delle, fação publicar este Meu Alvará, o qual se registará nas Rela
ções do Brazil, e em todas as Provedorias da Fazenda Real, e mais par
tes, onde convier, para que se tenha noticia, do que pelo mesmo Alva
rá Ordeno, e se cumpra, e guarde inteiramente, como nelle se contém
sem dúvida alguma, o qual valerá como Carta, posto que seu efeito ha
ja de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação do liv; 2.°
tit. 40, em contrario, e se publicará, e registará na Minha Chancellaria
MórdedoElRei,
ra Reino.e Lisboa a 14 dede
a do Marquez Outubro de Presidente.
Penalva, 1751. = Com a Assignatu •

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis a fol. 17 vers., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

{ #«Oº# #

EU ELREI Faço saber, que o Provedor do Aqueducto, e Canos da


Agoa da Prata da Cidade de Evora Me representou por sua petição,
que entre os mais Privilegios concedidos para a conservação, e reparo
dos ditos Canos, era hum delles de que se fazia menção no Capitulo
Quinto, que as penas pecuniarias, em que os Réos da dita Comarca fo
rem condemnados por sentença da Relação, ou de outro qualquer Tri
bunal, ou Ministro, se applicassem para os reparos, e Fabrica dos ditos
Canos: e tendo este Capitulo sempre observancia, succedera, que vindo
do Juizo do geral da Villa de Estremoz, que era da Comarca da dita Ci
dade, appellados para a Relação huns Autos crimes, entre partes Ma
noel Rodrigues Grogulho, contra João Rodrigues, Sombreireiro, fôra
este por sentença da Relação condemnado na pena pecuniaria de vinte
mil réis para as despezas da Relação, e o Escrivão da inferior instancia
fôra tambem condemnado para as mesmas despezas em dous mil réis; de
que tendo o supplicante noticia não se observar o dito Capitulo, se op
puzera com embargos ao Acordão, para se reformar naquella parte das
condemnações, na fórma em que o dito Capitulo dos Privilegios manda
va applicar para os reparos dos sobreditos Canos; e por serem desatten
didos os embargos, requerera ao Regedor das Justiças, e este lhe man
dára o fizesse immediatamente a Mim; e porque de se não applicarem
as penas pecuniarias, como até agora se applicárão, com que se repara
vão os Canos, se seguia grande prejuizo dos moradores da dita Cidade,
que não tendo outra agoa que bebessem, mais que a que se encaminha
va por aquelles Aqueductos, perecerião á sede; e por falta de concertos,
e reparos se perderia huma obra tão util, que fizera tanta despeza; nes
tes termos, em que perigava o bem público daquella Cidade, Me pedia
fosse servido Mandar expedir ordens para a observancia dos Privilegios
1751 • 12I

dos Aqueductos, applicando-se para os seus reparos, e Fabrica as pe


nas pecuniarias, em que forem condemnados os Réos daquella Comarca.
E visto o seu requerimento, e o que constou por informação do Desem
bargador Sergio Justiniano de Oliveira, Ouvidor do Crime da Relação,
e Juiz da causa sobredita, e a reposta do Procurador da Minha Coroa,
a quem se deo vista, sobre o que se Me fez pela Meza do Desembargo
do Paço Consulta, em resolução della de cinco do mez de Agosto proxi
imo passado do presente anno, attendendo a que na fórma do sobredito
Capitulo do Regimento do Aqueducto, que o Supplicante juntou, todas
as referidas condemnações devem ser para a Fabrica no seu juizo, sen
do o contrario interpretações torcidas a favor da pobreza das despezas da
Relação, que não basta para alterar a Lei: Hei por bem, e Mando por
este Meu Alvará, que se observe inviolavelmente o sobredito Capitulo
Quinto do Regimento do mesmo Aqueducto, pelo qual se ordena, que
todas as condemnações impostas por Sentenças da Relação, ou de qual
?" Tribunal, ou Ministro, em penas pecuniarias aos Réos da mesma
omarca de Evora, sejão applicadas para a Fabrica dos Canos do dito
Aqueducto, assim, e na mesma fórma, que pelo dito Capitulo Quinto
do Regimento he determinado. Pelo que: Mando ao Regedor da Casa
da Supplicação, Ouvidores della, e a todas as mais Justiças, a quem
este Meu Alvará for apresentado, e o conhecimento delle pertencer,
cumprão, e guardem o que por elle lhes Ordeno; para o que, sendo pas
sado pela Chancellaria Mór da Corte, e Reino, e nos livros della regis
tado, o será tambem nos livros da mesma Relação, e em todas as ter
ras da dita Comarca de Evora, para a todos os Ministros ser constante
esta Minha resolução, e em sua observancia se fazer executar o nella refe
rido, assim, e na mesma fórma, que por este Meu Alvará Hei por bem
declarado: e se pagou de novos direitos quinhentos e quarenta réis, que
se carregárão ao Thesoureiro delles a fol. 303 do livro 3.° da sua Recei
ta, como se vio do seu Conhecimento, registado no livro 3.° do registo
geral a folhas 236 vers. Lisboa 21 de Outubro de 1751. = Com a As
signatura de Sua Magestade.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte e Reino no Li
vro de Officios, e Mercês a fol. 121 e na Supplica
ção no Livro dos Decretos a fol. 137; e impr. na
Regia Typografia Silviana.

#
*k %vCººk }

EU ELREI Faço saber, aos que este Alvará em fórma de Lei vi


rem, que tendo consideração á indecencia, e perturbação, que resulta
de se conhecer em quaesquer Juizos dos embargos de obrepção, e sub
repção, ou outros semelhantes, que se oppoem contra os Meus Reaes De
cretos, Resoluções de Consultas, e despachos dos Meus Tribunaes; o
que se deve evitar, para que a Ordenação do Reino se conforme a res
Peito destes embargos, com o que dispoem sobre os embargos oppostos
contra as sentenças proferidas nas Relações: Hei por bem, que vindo as
Partes com quaesquer embargos, posto que sejão de obrepção, ou sub
repção contra as Cartas, Alvarás, Provisões, e outros despachos, que
Por Meus Reaes Decretos, Resoluções de Consultas, ou despachos dos
Q
|22 1751

Tribunaes se houverem expedido, se remettão logo os mesmos embar


gos aos Tribunaes respectivos com suspensão, ou sem ella, segundo o
estado, em que se achar a execução das Cartas, Alvarás, Provisões, e
despachos sobreditos, (1) conforme a pratica, que nesta parte se obser
va, e em nenhuns outros Juizos, posto que sejão os das Relações, se to
mará conhecimento dos mesmos embargos: e se nos Tribunaes, a que
forem remettidos, se entender que por sua materia necessitão de dispu
ta contenciosa, os farão remetter ao Juizo da Coroa, para que nella se
jão ouvidas as partes. Pelo que: Mando ao Regedor da Casa da Suppli
cação, Governador da Casa do Porto, e aos Desembargadores das duas
Casas, Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Justiças, Ofi
ciaes, e pessoas destes Meus Reinos, cumprão, e guardem este Meu
Alvará inteiramente, como nelle se contém, e para que venha á noticia
de todos Mando ao Doutor Francisco Luiz da Cºmº de Ataide do Meu
Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos, e Senhorios, o faça publi
car na Chancellaria, e envie Cartas com o treslado delle sob Meu Sello,
e seu signal aos Corregedores, das Comarcas, e Ouvidores dos Donata
rios, e se registará nas partes costumadas: e este se lançará na Torre
do Tombo. Dado em Lisboa aos 30 de Outubro de 1751. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Marquez Mordomo Mór Presidente.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 18. vers., e impr. na Qji
cina de Antonio Rodrigues Galhardo.

(1) Se o Diploma embargado não tem surtido o seu efeito, suspendem os embar
go., aliás não segundo Mendes a Castro Arest. 2.° n. 1. ad fin. Themud. p. 3." q
19. Cab. p. 1." Dec. 112, n.° fin. » e outros Praxistas.
123

—==>$60ê>$$$#%$<=–

A NNO D E 1752. :

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo util, e
necessario, que as Praças deste Reino se reparem, e fortifiquem, ap
plicando-se as contribuições, com que os Meus fiéis Vassallos me assis
tem para tão indispensavel despeza, com huma administração regulada,
e tal, que, mediante ella, se convertão todas as ditas contribuições no
bem commum, que resulta da segurança da Marinha, e das fronteiras,
sem a dependencia de accrescentar, nem ainda com tão justos motivos,
novos gravames aos Póvos, que o Meu Regio, e Paternal animo procura
antes aliviar em quanto he possivel; Sou servido de ordenar, que daqui
em diante se observe a este respeito o seguinte:
I. As obras, que consistem na reparação daquellas ruinas, que o tem
po costuma fazer ordinariamente nas Fortificações, nos Corpos de Guar
da, e nos Quarteis de Infanteria, e de Cavallaria, tendo a consignação
de vinte e sete contos de réis annuos para se dividirem pelas diferentes
Provincias do Reino , pertencem á inspecção dos Governadores das Ar
mas na conformidade do Titulo sexto do Novo Regimento da Receita , e
despeza da Junta dos Tres Estados, que derogou todas as precedentes
constituições. E ordeno que a este respeito se observe daqui em diante o
contheudo no sobredito Titulo desde o paragrafo primeiro até o paragrafo
sexto inclusivè pelo que respeita a terem os sobreditos Governadores das
Armas a inspecção das referidas obras na maneira abaixo declarada.
II. Os mesmos Governadores das Armas, ou quem seus cargos ser
vir, nomearão no fim de cada anno dous Engenheiros, os quaes acom
panhados do Védor geral na Corte, e nas Praças onde houver Védorias,
e nas outras Praças acompanhados de hum Commissario de mostras visi
tem todas as Fortificações, Corpos de guarda, Quarteis, Hospitaes, e
casas pertencentes ás Védorias, examinando, e autuando o estado, em
que se achão, e os reparos, de que necessitão para se conservarem. No
124 1752

caso de acharem alguma ruina, que não seja causada por culpa dos Of
ficiaes, que governarem cada hum dos sobreditos edificios, darão conta
ao respectivo Governador das Armas para a mandar logo reparar antes
de crescer de sorte, que obrigue a maiores despezas. Se porém acharem
que a tal ruina foi feita, ou causada por algum dos sobreditos Oficiaes,
o Védor geral, ou Commissario de mostras mandarão logo fazer hum au
to; declarando nelle a ruina que achárão; as circumstancias, e medidas
della; e a despeza, que se poderá fazer no seu reparo ; o qual auto se
remetterá ao Governador das Armas, que Me dará conta com elle para
determinar o que for servido, segundo a exigencia do caso.
III. Antes de se arrematar qualquer reparação, que seja necessario
fazer-se nos sobreditos edificios , ordenarão os Governadores das Armas
aos Engenheiros, que destinarem para directores da obra, que fação hum
papel de apontamentos, no qual descrevão com toda a especificação as
ruinas, que houver com todas as suas circumstancias, e medidas , e
com a declaração dos lugares do edificio, onde as mesmas ruinas estive
rem, repetindo o sobredito papel em tres cópias authenticas; huma para
ficar ao General; outra para se incorporar no acto de arrematação, que
se fizer na Védoria; e outra para se entregar ao Empreiteiro para o seu
governo. /

IV. Quando se houver de pôr em lanços qualquer reparação, que se


ja do valor de quatrocentos mil réis para cima, os Engenheiros, que del
la forem encarregados, visitarão o lugar, em que se deve fazer a obra,
e os sitios, dos quaes se hão de conduzir os materiaes para ella : exami
nando, e determinando a bondade, liga, e preço dos que se houverem
de empregar, e os custos das suas conducções : para com estas prévias
noticias não só se escolherem os materiaes melhores, e mais commodos,
mas tambem se arbitrarem os justos preços, que póde ter (por exemplo)
cada braça de parede; cada vara de lagedo, e enxelharia ; cada palmo
de lancil; cada carro, vara, e palmo de madeira; e cada duzia de ta
boado: especificando-se tudo isto em hum papel, que deve estar presen
te na Védoria ao tempo, em que se tratar da arrematação, e ficar jun
to aos autos della, a fim de que chegando os lanços aos preços compe
tentes, se possa arrematar a obra; a qual excedendo a dita quantia, se
não poderá com tudo arrematar pelos Védores geraes antes de darem con
ta com os lanços, e autos delles aos respectivos Governadores das Ar
para Eue determinar
mas, de estes Meo fazerem
que me tudo presente pela Secretaria de Estado,
parecer. •

V. Estas maiores arrematações se não poderão nunca fazer com a as


sistencia de hum só Engenheiro; antes pelo contrario serão chamados pa
ra ellas todos os que se acharem na Corte, ou Provincia, onde se hou
ver de arrematar a obra, com o posto de Capitão para cima: sendo avi
zados por ordem do Governador das Armas do dia , e hora, em que as
arrematações houverem de ser feitas, para assistirem a ellas.
VI. Para cada huma das referidas obras se nomeará hum Engenhei
ro dos mais habeis, o qual assista continuamente á sua execução, de
sorte, que se não possa fabricar cousa alguma, que não seja por elle vis
ta, e approvada. E defendo que a hum só Engenheiro se possão encar
regar diversas obras, para que cada hum delles possa melhor cumprir
com as obrigações da que estiver a seu cargo, e que por isso deve sem
previsitar a miudo para observar se os Empreiteiros cumprem as condi
ções dos seus contratos, e para emendar, dando conta , as faltas que
achar, sobpena de responder por ellas nos casos em que a obra se ache,
1752 125

ou feita contra a arte, e contra a fórma da arrematação, ou viciada nos


materiaes, que nella se houverem empregado.
VII. Prohibo que daqui em diante haja Mestres, e Empreiteiros de
terminados para as sobreditas reparações: Ordenando que para cada hu
ma das que se houverem de fazer se ponhão Editaes nos lugares públi
cos, onde he costume fixarem-se semelhantes escritos : arrematando-se
as obras, depois de andarem a lanços os dias do estilo, a quem as fizer
pelos preços mais baixos; sendo pessoa apta, e segura, que bem cum
pra o que estipular; e lançando-se as arrematações nos livros das Emen
tas das obras, que serão sempre numerados, e rubricados na fórma or
dinaria.
VIII. Nenhuma das referidas obras será feita por jornal, por avalia
ção, ou por lanço fechado, mas todas serão sempre dadas de empreita
da na maneira seguinte. As que pertencerem ao oficio de Pedreiro serão
feitas por braças de parede, de roço, de abobada, de telhado, de fase
quiado, de reformação, de ladrilho, de azulejo, de desentulho; por va
ras de excelaria, de lagedo, de simalha de pedraria, ou alvenaria, de
degráos de escada, e por palmos de lancil. As que pertencerem ao ofi
cio de Carpinteiro serão arrematadas por peças de portas , e janellas,
por duzias de taboado, por carros de madeira, por varas de degráos de
escada, e por braças de fasquiados ; exceptuando em tudo as obras de
esculptura, assim em pedra, como em madeira, porque estas se pode
rão arrematar á vista dos debuxos, que dellas se fizerem, por lanços fe
chados, que sejão respectivos á justa estimação, que merecerem. O mes
mo se observará nas obras de pintura.
IX. E porque se tem introduzido pelos Juizes dos oficios de Pedrei
ro, e Carpinteiro na medição das obras destes oficios, medirem-se na
de Pedreiro as paredes de menor grossura de dous palmos e meio, como
se tivessem esta mesma grossura os vãos de portas, e janellas, arcos,
chaminés, armarios; o que occupão cunhaes, pilares, arcos, e sobre ar
cos de tijolo, por abobada, e parede; e na de Carpinteiro cimalhas,
guarnições, molduras, cordões, e mais ornatos, por taboas inteiras do
comprimento dellas, ficando ao arbitrio de cada hum dos ditos Juizes
dos oficios referidos dar mais, ou menos taboas pelos feitios das ditas
obras, o que os Empreiteiros sempre requerem ; ordeno que se não ob
servem daqui em diante semelhantes estilos; porque todos são contrarios
ás Leis, e prejudiciaes á Minha Real Fazenda, e ás partes; estabele
cendo que a este respeito se proceda na medição das obras de Pedreiro,
conforme as regras da Geometria prática, medindo-se sómente assim as
superficies, como os corpos, que se acharem fabricados, e fazendo-se
lhes abatimento de todos os vãos, que em huns, e outros houverem; e
que na de Carpinteiro se avaliem todas as referidas peças respectivamen
te ao trabalho, com que estiverem fabricadas.
X. As referidas obras do oficio de Pedreiro serão sempre medidas em
tosco , antes de serem rebocadas, para que pelo material se possa ver
claramente se foi terçada com hum cêsto de cal a cada dous cêstos de
arêa, sendo todos iguaes, como devem ser, conforme a arte, cuja re
gra ficará sendo impreterivel em todas as obras, que se arrematarem,
sob pena de que, apresentando-se á medição depois de rebocadas, fica
rão havidas por mal feitas, para se demolirem á custa dos Empreiteiros,
sem a dependencia de outra alguma prova. •

XI. Em todas as referidas obras, que se principiarem, irá o Escri


vão das Fortificações com os Engenheiros, que as devem medir, tomar
126 1752 |

as alturas dos alicerces, e obras, que ficarem occultas, e todas as mais


cousas, que seja necessario medirem-se por lembrança, e que se não po
dem ver ao tempo da final medição , as quaes mandarão medir os ditos
Engenheiros, e o Escrivão as lançará em hum livro, que terá rubrica
do na fórma acima referida, para que quando se houver de fazer a me
dição final , conste nella com toda a clareza o que ficou cuberto , e do
mesmo modo o que se fez de novo, e o que era velho. Nas Praças, em
que não houver Escrivão das Fortificações, irá o Escrivão dos mantimen
tos, que nellas ha, com os referidos Engenheiros a fazerem as mesmas
lembranças , e no fim dellas se fará hum termo pelos ditos Escrivães,
que será assignado por elles, pelos Engenheiros, que forem mandados,
e pelos Mestres da obra; no que terá particular cuidado o Védor geral,
e que se não tomem as taes medidas por Apontadores ignorantes; por
que destes as tomarem tem resultado , e podem resultar prejuizos á Mi
nha Real Fazenda. -

XII. Os referidos Apontadores servirão debaixo das ordens dos Enge


nheiros, observando se os materiaes , que os Empreiteiros empregarem
nas obras, são conformes ao que houverem estipulado nos autos de arre
matação , dos quaes se lhes darão cópias para o dito efeito assignadas
pelo Védor geral, sendo muito vigilantes nesta obrigação, e dando con
ta de qualquer falta, que observarem, aos Engenheiros, que estiverem
encarregados da obra, para irem examinar, e emendar qualquer vicio,
que nella se intente fazer. Não poderão porém os mesmos A pontadores
tomar alguma medida de alicerces, ou de obras, que hajão de ficar oc
cultas, senão por ordem, e em presença dos Engenheiros, e Escrivães
das Fortificações na maneira acima ordenada , sob pena de que, cons
tando que ou faltárão em dar conta aos Engenheiros de qualquer vicio,
que se intente fazer nos materiaes , ou se intromettêrão em fazer as
ditas medições, serão privados dos oficios para nelles mais não entrarem,
sem especial ordem Minha; e ficarão obrigados, além desta, ás mais pe
nas arbitrarias, que Eu for servido mandar-lhes impôr, segundo a culpa,
ou negligencia, em que forem achados.
XIII. Succedendo que, depois de ser principiada qualquer obra, se
ja preciso fazer-se nella algum accrescentamento, ou desmancho, defen
do que daqui em diante os possão fazer os Empreiteiros , sem que para,
isso preceda justa informação , e positivo despacho do Governador das
Armas, e intervenção do Védor geral, que se ajuntarão aos autos da ar
rematação ; e o sobredito accrescentamento , ou desmancho serão tam
bem especificados pelos Engenheiros, que forem mandados examinallos,
tudo na conformidade do que tenho acima ordenado , e de sorte que os
sobreditos Empreiteiros não possão accrescentar ao seu arbitrio algumas
obras, além daquellas, que estiverem determinadas pelos Planos, que
lhes houverem sido entregues.
* XIV. Para a mediação de todas as obras precederá sempre despacho
por escrito do respectivo Governador das Armas , , e intervenção do Vé
dor geral. As que não excederem a quatrocentos mil réis se farão com a
assistencia de dous Engenheiros dos mais capazes; e nas que excederem
a dita quantia concorrerão pelo menos tres dos ditos Engenheiros, sob
pena de que as medições feitas em outra fórma serão nullas, para se não
poder por ellas liquidar conta, da qual se haja de seguir efectivo paga
mento. •

XV. Os Engenheiros, e Escrivães das Fortificações, que com elles


forem nomeados para medir as obras, antes de principiarem a medição
1752 127

devem examinar se elas se achão fabricadas na fórma das Condições ex


pressas no auto da arrematação, e dos apontamentos, que se houverem
entregado aos Empreiteiros. Não achando cousa, que faça dúvida, en
tregará o Escrivão das Fortificações os termos, que se houverem feito
para lembrança dos alicerces, e mais obras occultas; e mandando os En
genheiros medir tudo o mais, que nos sobreditos termos se não achar
lançado, ira o Escrivão assentando em hum caderno as medidas, que se
forem tomando. O mesmo fará hum dos Engenheiros em outro caderno
separado ; e no fim da medição se conferirão as medidas , que se acha
rem lançadas nos sobreditos dous cadernos , para que, achando-se con
formes , entregue o Escrivão o seu caderno ao outro Engenheiro , que
não escreveo na medição, para fazer as contas da obra com o outro En
genheiro, de sorte que , passando assim por diferentes mãos , se não
deixe materia tão importante aos acasos do cuidado, ou descuido, que
póde haver em hnma só pessoa.
XVI. Porque na conformidade do sobredito Titulo sexto, paragrafo
oitavo do Regimento da receita, e despeza da Junta dos Tres Estados os
setenta e tres contos de réis, que no quinto cofre restão dos reparos das
ruinas, que o tempo costuma ordinariamente fazer, se achão applicados
á fortificação de huma só Praça , qual Eu for servido determinar, para
serem dispendidos com o methodo, e ordem , que agora devo estabele
cer: Sou servido ordenar, que a inspecção de todas as obras, que da
qui em diante se fizerem por esta consignação , pertença á Junta dos
Tres Estados, a qual se regulará a este respeito na maneira seguinte.
XVII. Logo que Eu determinar qualquer das sobreditas obras, man
dará a Junta, que della se tire huma exacta planta pelos Engenheiros,
que Eu for servido nomear ao mesmo tempo , descrevendo-se nella não
só todo o plano do que se houver de fabricar , mas tambem as alturas,
larguras, e grossuras de cada parte da obra, especificando-se com a fór
ma do trabalho, que se deve fazer, a qualidade dos materiaes, e tudo
o mais , que pertencer á completa construcção, e perfeição da obra;
de tal sorte, que estas instrucções possão servir de regra assim para se
regerem as arrematações, e para os Empreiteiros edificarem na fórma do
contrato, como para, depois de feita a obra, se julgar se elles cumprí
rão com o que estipulárão, não ficando omissão, ou equivoco, que pos
sa dar lugar a allegarem os ditos Empreiteiros alguma razão attendivel,
para se lhes satisfazer por avaliação este, ou aquelle trabalho , com o
motivo de se não ter considerado no acto da arrematação : em ordem a
cujo fim se farão sempre tres das referidas plantas com suas instrucções;
huma dellas para ficar na Junta incorporada nos autos da arrematação:
outra para se entregar ao Védor geral da Provincia, onde se fizer a obra:
e a terceira para governo dos Empreiteiros, que a arrematarem.
XVIII. Todas as sobreditas plantas serão invariaveis , não podendo
pertender os Mestres , que se lhes pague obra alguma, que nellas não
esteja delineada, a menos que o accrescimo não seja feito por despacho
da Junta até o valor de quatrocentos mil réis, e dahi para cima por Mi
nha Real Resolução.
XIX. Para se arrematarem as referidas obras precederão tambem as
mais diligencias, que ficão estabelecidas nos paragrafos quarto e quinto
deste Regimento, fazendo-se as arrematações na Junta dos Tres Estados
na mesma fórma, que se pratíca nos contratos, que nella se arrematão;
consultando-se-Me os lanços, em que ultimamente se houver de arrema
tºr, com os papeis a elle pertencentes, para Eu resolver o que for ser
128 1752

vido; e lançando-se depois as arrematações, que se fizerem, em hum lí


vro de Ementas, que haverá para este efeito. E para que os Engenhei
ros, que se acharem na Corte, assistão ás ditas arrematações, se Mie fa
rão presentes pela Secretaria de Estado os dias, e horas, em que elas
houverem
to respeito.de ser feitas, para mandar expedir as ordens necessarias ao di

XX. O mesmo se praticará quando for necessario nomearem-se En


genheiros para as assistencias, e mediações das obras, nas quaes se ob
servará inviolavelmente o que deixo assima estabelecido nos paragrafos
sexto, decimo quarto, e decimo quinto do mesmo Regimento, o qual se
observará tambem nos paragrafos setimo, oitavo, nono, decimo, undeci
mo, duodecimo, e decimo terceiro, pelo que pertence á fórma dos con
tratos com os Empreiteiros, e ao modo da administração das obras, e
das mediações, que dellas se devem fazer.
XXI. Excitando a observancia do que se acha disposto no sobredito
Regimento da receita, e despeza da Junta dos Tres Estados pelo Titu
lo sexto, paragrafo sexto, e Titulo setimo, paragrafo nono: Sou servido
Ordenar, que a Junta na Consulta, que Me deve fazer no mez de Fe
vereiro de cada hum anno, para Me informar do estado das applicações
de todas as seis caixas militares, e dos sobejos, que nellas se acharem,
e nas relações, que subirem com a mesma Consulta, faça resumir em
dous separados artigos a despeza, que se houver feito no anno preceden
te em todas, e cada huma das Provincias com os reparos, a que se a
chão applicados os vinte e sete contos de réis assima referidos, e com a
fortificação da Praça, a que Eu houver applicado a outra consignação
dos setenta e tres contos de réis tambem assima declarados.
E este Alvará se imprimirá, e se mandarão cópias delle aos Tri
bunaes, e Ministros, que necessário for; e aos que forem impressos, e
assignados por dous Ministros da Junta dos Tres Estados se dará tanta
fé, e credito, como se fossem por Mim assignados; e Quero que valha,
como Carta passada em Meu Nome, sem embargo de que o seu efeito
haja de durar mais de hum anno, e de não passar pela Chancellaria, não
obstante as Ordenações do livro segundo titulo trinta e nove, e quaren
ta, que para este efeito com todas as mais Leis, Ordenações, Privile
gios, Capitulos de Cortes, Alvarás, Decretos, ou Provisões geraes, ou
especiaes, que em contrario fação, Hei por derogados, cassados, e an
nullados de Minha certa sciencia, poder Real, e absoluto; e nenhum
Alvará, e Regimento, Decreto, ou Provisão sobre esta materia tera ef
feito algum na parte, que encontrar este; porque Quero que se cumpra,
e guarde assim, e da maneira, que nelle he conteúdo, e declarado. Es
crito em Salvaterra de Magos a 7 de Fevereiro de 1752. = Com a As
signatura de Sua Magestade, e a do Ministro.
Na Imprensa de Galhardo.

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DoM JosÉ por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
1752 129

Faço saber aos que esta Lei virem, que tendo consideração á utilidade
pública, que resulta de se cultivar nos Meus Dominios toda a Seda, que
elles podem produzir em beneficio da manufactura deste genero, que
Houve por bem Mandar conservar, e ao interesse que ao bem commum
se póde seguir de que se augmente a sobredita Fabrica: Hei, por bem
Ordenar que todas as pessoas, que lavrarem dez arrates de Seda em ra
ma, ou d’ahi para cima, a possão livremente vender, sem que della, e
da terra, em que voluntariamente houverem plantado tantas Amoreiras,
que produzão pelo menos a dita quantidade de Seda, sendo huma só ter
ra, paguem siza, dizima, portagem, quatro e meio por cento, nem ou
tro algum Tributo velho, ou novo, assim nas Alfandegas, como fóra
dellas. As Pessoas que lavrarem huma arroba de Seda em rama, ou d’a-
hi para cima, e seus filhos, #…, que occuparem na dita cultu
ra, gozarão, além da referida isenção, dos Privilegios, que pela Orde
nação do livro segundo, titulo cincoenta e tres, são concedidos aos ca
zeiros encabeçados dos Fidalgos; sendo tambem excusos de servirem con
tra suas vontades nas Companhias das Ordenanças, dos Auxiliares, ou
ainda pagas, posto que seja em tempo de guerra, que Deos não permit
ta. Os que lavrarem tres arrobas de Seda, e d’ahi para cima, se forem
mecanicos, ficarão habilitados nas suas Pessoas, e nas de seus filhos, e
descendentes, para servirem todos os empregos das Cidades, e Villas do
Reino, que requerem nobreza; e se forem nobres, poderão recorrer a
Mim, que lhes farei mercês proporcionadas á utilidade pública, que con
siderar nos seus serviços, acrescentando as suas nobrezas. E os que la
vrarem menos de dez arrates de Seda em rama, em qualquer quantida
de que seja, sempre a poderão vender livre de Direitos do referido ge
nero, posto que não gozem das mais franquezas assima ordenadas.
Estes Privilegios lhes guardarão inteiramente todos os Ministros
de Justiça, Fazenda, e Guerra de Meus Reinos, e será Conservador
delles o Ministro, que o for da dita Fabrica da Seda na Cidade de Lis
boa; e nas Provincias os Corregedores das Comarcas, procedendo con
tra quem os quebrantar do mesmo modo que pela Ordenação livro segun
do, titulo cincoenta e nove, paragrafo quatorze procede o Corregedor
da Corte contra os que quebrantão, ou não guardão os Privilegios dos Des
embargadores. Porém para que estes Privilegios lhes compitão fará cada
hum dos Lavradores de Seda tomar razão, e registo na Camara respe
ctiva em hum Livro numerado, e rubricado que para este efeito Mando
que haja, de todas as Amoreiras que tiver, e da Seda que cada human
no lavrar da sua cultura, para se conhecer a quantidade a que chega, e
com Certidões authenticas dos Vereadores, e Escrivães das Camaras,
porque conste do pezo da Seda, apuradas pelos Corregedores das Comar
cas, se lhes guardarão os respectivos Privilegios que lhes são concedidos
nesta Lei. Bem entendido que todos os concedidos aos Lavradores de
menor quantidade, e pezo, competem aos de quantidade maior, e não
pelo contrario. Os mesmos Escrivães das Camaras, dos districtos passa
rão guias assignadas pelos Vereadores de todas as Sedas, que delles sa
hirem para a Cidade de Lisboa, ou para outra qualquer do Reino, de
clarando nellas se vem por conta dos mesmos Lavradores, ou se vem já
compradas, e por quem : para assim gozarem da liberdade dos Direitos
que nesta Lei lhes vai concedida, e para se evitarem os descaminhos des
1 e genero. E achando-se nas Alfandegas, e Casas, em que se dá entra
da, menos Seda do que aquella que constar das referidas guias, se repu
tará desencaminhada a que faltar, para ser pºiº o valor della a favor
I30 1752

do Hospital Real de todos os Santos. E Sou servido Ordenar que da pu


blicação desta Lei em diante não possa mais sahir deste Reino para fó
ra Seda alguma em rama, fio, casulo, ou de outra qualquer sorte que
seja antes de ser tecida, ou lavrada, isto ou a dita Seda seja creada nes
te Reino, ou nelle introduzida. E não sómente se lhe não dará nas Al
fandegas despacho de sahida, mas toda a que for achada para sahir por
contrabando, e as bestas, ou carruagens, em que for, serão tomadas por
perdidas a favor dos denunciantes.
Pelo que: Mando a todos os Tribunaes, Ministros, e Oficiaes de
Justiça, Fazenda, e Guerra de Meus Reinos, e Senhorios cumprão, e
guardem inteiramente esta Lei, como nella se declara. E ao Doutor
Francisco Luiz da Cunha de Ataide do Meu Conselho, e Chanceller
Mór dos Meus Reinos Mando que a faça publicar na Chancellaria Mór,
e a mande imprimir, e remetter não só para as Comarcas do Reino na
fórma costumada, mas tambem a todas as Camaras das Villas, para nel
las se observar, remettendo tambem ao Conselho da Fazenda quantas fo
rem necessarias para este Tribunal distribuir pelas Estações, e Casas
suas subalternas; e se registará tambem no Desembargo do Paço, Casa
da Supplicação, e Relação do Porto; e a propria se lançará na Torre do
Tombo. Salvaterra de Magos em 20 de Fevereiro de 1752. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 2o., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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F oi Sua Magestade servido por Resolução de 9 do corrente em Con


sulta desta Junta, registada a fol. 119 do liv. 28 declarar, que se não
devem novos direitos daquelles oficios, de que faz mercê por direito pro
prio de Governador e perpetuo Administrador das Tres Ordens Milita
res: dos outros oficios porém, que são nomeados por Sua Magestade,
como direito, que as referidas Ordens tem, como Donatarias da Coroa,
se deve pagar o sobredito imposto. E como o cargo de Chanceller das
Ordens he da natureza dos primeiros, deve ser restituido ao Supplicante
o que seu irmão pagou sem o dever. Na Contadoria geral de Guerra se
veja e registe esta Resolução de Sua Magestade; e em seu cumprimen
to se aponte o que se oferecer, Lisboa 21 de Fevereiro de 1762. := Com
duas Rubricas. ", * * * * *

• * *) *

Regist. no liv. 29 da Contadoria Geral a fol. 42 vers.,


impressa na Collecção da Universidade por J. I. F.
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# * , - -

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A TTENDENDo a que o lugar de Procurador da Fazenda do Ultramar he


hoje dos de maior confiança e consideração, e que não sendo convenien
te, que haja diferença alguma entre elle, e o Procurador da Fazenda do
* * *
1752 131

Reino de que foi desannexado, muito menos deve haver de ser hum da Casa }
da Supplicação, e não o outro, que mella tem igual exercicio: Sou Servido
determinar, que o dito lugar seja hum dos do número da Casa da Sup
plicação, occupando-se com elle hum dos lugares Extravagantes que pa
ra este efeito, Hei por bem supprimido, ficando o Ministro que nelle es }
tava em lugar supranumerario, em quanto o não houver ordinario: Hei
outro sim por bem, que o Desembargador Gonçalo José da Silveira Pre
to, do Meu Conselho que actualmente he Procurador da Fazenda do Ul
tramar, conserve na mesma Casa da Supplicação a antiguidade, que ti
nha como Desembargador dos Aggravos ao tempo em que foi despacha
do para o Conselho da Fazenda como senão tivesse sahido da dita Casa.
O Duque Regedor o tenha assim entendido e o mande executar. Lisboa
28 de Março de 1762. = Com a Rubrica de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro 14. dos
ecretos a fol. 109 vers.

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Pos ser conveniente ao Meu Serviço e ao bem público, que se obser


ve a disposição da Ordenação do Reino, sobre o número dos Advogados
da Casa da Supplicação favorecendo-se o fim e intenção, que ella se pro
poz de evitar por este meio, que na mesma Casa hajão pleitos injustos,
e requerimentos calumniosos: Sou Servido Ordenar, que a dita Lei se
cumpra muito inteiramente: attendendo porém a que quarenta Advogados
não podem dar expedição ás causas tendo crescido tão consideravelmente
o seu número, e a que augmentando já nesta attenção o dos Ministros da re
ferida Casa, he igualmente necessario, que seja maior o dos seus Advoga
dos: Hei outro sim por bem accrescentar mais vinte ao número antigo
de sorte, que sejão daqui por diante sessenta Advogados da Casa da Su
plicação, gozando todos dos mesmos privilegios, e passando-se-lhes suas
Cartas na fórma da Lei; e porque póde succeder, que haja alguns de
conhecida, e distincta Literatura, que presentemente não possão satis
fazer ao exame, que nella se determina: Ordeno, que nos vinte que se
crião de novo possão sem esta solemnidade ser admittidos aquelles, que
pela maior parte de votos dos Desembargadores dos Aggravos se julga
rem merecedores desta distinção, dispensando a seu favor e por esta vez
sómente na Lei em contrario. O Duque Regedor o tenha assim entendi
do, e o faça executar. Lisboa 19 de Abril de 1762. = Com a Rubrica
de Sua Magestade.
Regist na Casa da Supplicação no Liv. XIV. dos De
cretos a fol. 168 vers.

TE U ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará de Lei virem, que
por Me ser presente, que algumas pessoas para descobrirem o segredo
das devassas, ou por alguns outros motivos menos justos, abervão desus
2
132 1752

peitos os Ministros, que estão tirando as ditas devassas, embaraçando


a sua continuação com grande prejuizo da boa ordem , e administração
da Justiça, não o havendo em se negar este meio, que não compete nes
te caso ás partes, ás quaes fica sempre o de allegarem na sua defeza as
razões de suspeição, que tiverem: Sou servido determinar, que em ne
nhum caso se receba, nem tome conhecimento de suspeição alguma pos
ta a Ministro, que esteja tirando devassa, ou esta seja geral, ou espe
cial; conservando-se só o estylo, que nesta materia ha nas residencias.
E mando ao Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Casa do
Porto, ou a quem seus cargos servir, Desembargadores das ditas Casas,
e aos Corregedores do Crime, e das Comarcas, e a todos os mais Juizes
respectivos destes Meus Reinos, e Senhorios, "cumprão, e guardem, e
fação inteiramente cumprir, e guardar este Meu Alvará de Lei, como
nelle se contém. E para que venha á noticia de todos, Mando ao Dou
tor Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e Chancel
ler Mór destes Reinos, e Senhorios, o faça publicar na Chancellaria, e
enviar a copia delle sob Meu Sello, e seu signal aos Corregedores, e
Ouvidores das Comarcas, e terras dos Donatarios , e mais pessoas , a
quem tocar a sua execução ; e se registará nos livros da Mesa do Meu
Desembargo do Paço, e nos da Supplicação, e Relação do Porto; e es
te proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Lisboa, aos 26 de
Abril de T752. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mor
domo Mór P. - |-

-- Regist. na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no


* - , Livro das Leis a fol., 22 , e impr. na Oficina de
… ; Antonio Rodrigues Galhardo.
*-*

# #*<>"# %

A… 18 do mez de Maio de 1752, diante do Illustrissimo e Excellen


tissimo Senhor Dom Pedro Duque de Lafões, e Regedor das Justiças,
se propoz em Mesa Grande, na presença de todos os Desembargadores
de Aggravos abaixo assignados, se nas Causas de suspeições, quando se
excluem por causa de nullidades, se devem estas por fundamento decla
rar nos do Acordão, ou se se ha de escrever o mesmo Acordão na fórma,
em que se costumão lançar ordinariamente, quando não procedem. E se
assentou pela maior parte dos Desembargadores, que o Acordão se deve
lançar na mesma fórma, em que se costumão lançar, quando não proce
dem ordinariamente ; do que tudo se fez este Assento , que o dito Ex
cellentissimo Senhor Duque Regedor assignou , e os mais Desembarga
dores da Casa , que se achavão presentes. Duque Regedor. = Velho.
= Carvalho. = Correa. = Cogominho. = Cunha. = Doutor Pinheiro.
= Porcille. = Fonceca. Sampaio. = D’antas. = Doutor Martins. =
Lopes de Carvalho. = Ribeiro. = Fragozo.
Livro II. da Supplicação fol. 89 ; e na Collecção dos
Assentos a fol. 341.
1752 • I33

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EU ELREI Faço saber aos que este Regimento virem, que conside
rando o que Me representou o Conselho da Fazenda em Consultas de
vinte e sete de Outubro de mil setecentos quarenta e nove , e de nove
de Outubro de mil setecentos cincoenta e hum, a respeito da má arre
cadação, que havia na cobrança, e despeza das Sizas pelos Almoxarifes
delas: Fui servido mandar fazer este Regimento para com elle evitar as
desordens, que atégora se tem experimentado, e reduzir esta arrecada
ção a methodo, em que experimentem os filhos das folhas os seus paga
mentos promptos, e que com facilidade se dem as contas destes recebi
mentos. -

1 Sou servido que daqui em diante haja nesta Corte hum Thesourei
ro geral das Sizas com seu Escrivão para o recebimento dellas de todo o
Reino, o qual será Executor geral das suas Receitas.
2 O Thesoureiro geral terá de ordenado em cada hum anno setecem
tos mil réis, sem que possa ter outro emolumento, propinas, ou ordina
rias, não só da Minha Real Fazenda, como tambem das partes por titu
lo algum, nem ainda o de que falla o Regimento da Fazenda, que hei
por derogado nesta parte: e fazendo-o pelo contrario, se lhe dará em cul
pa, sendo a pena arbitraria; e o seu Escrivão terá duzentos mil réis de
ordenado, e oitenta réis de cada conhecimento, que fizer, com as mes
mas clausulas acima declaradas.
3 Hei por bem extinguir todos os Almoxarifes, e Executores das Co
marcas, Cidades, e Villas destas cobranças neste Reino , e no do Al
garve: e por fazer mercê a algum proprietario, que haja sem culpa, e
que tenha quitações: Sou servido que se lhe pague em sua vida sómen
te, o ordenado, que leva na folha ; e ordeno que do primeiro de Julho
deste anno em diante se abstenhão todos dos exercicios dos ditos Oficios,
ainda aquelles que os estiverem servindo por titulo assignado pela Minha
Real Mão, ou dos Senhores Reis destes Reinos Meus Predecessores; por
que por este Regimento lhes hei por extinctas suas Cartas, Alvarás, ou
Provimentos, para que não possão mais exercitallos, por lhes haver por
extinctas as mercês, com que nellas se conservavão."
4 Para que a arrecadação da dita contribuição nos césse; e se conti
nue como até o presente se fazia, e Meus Vassallos recebão com prom
ptidão ao tempo dos seus vencimentos as quantias, que Eu, e os Reis
Meus Predecessores lhes applicarão nas folhas daquelles rendimentos, as
sim em ordenados, como em juros, ou tenças: Hei por bem que as Ca
meras destes Reinos nas cabeças das Comarcas elejão todos os annos hum
Recebedor, que arrecade as mesmas Sizas dos mais Recebedores dos Ra
mos de cada huma das Comarcas ; e os Recebedores assim eleitos, te
rá cada hum o ordenado, que vai declarado na relação junta, e assigna
da pelo Secretario de Estado Diogo de Mendonça Corte Real, que será
incorporada neste Regimento como parte delle.
5 Os Recebedores eleitos todos os annos, como acima fica disposto,
serão afiançados pelos Vereadores, que os elegerem, ficando seus bens
obrigados a qualquer falencia do Recebedor; e morrendo alguns dos Re
cebedores, serão logo eleitos outros pelas Cameras respectivas, as quaes
requererão sequestros nos bens do Recebedor defunto ao Provedor da Co
Imarca, até se dar por quite o seu recebimento pelo mesmo Provedor.
134 1752

6 Os Recebedores das Comarcas pagarão sómente nellas do rendimen


to que cobrarem os ordenados dos Ministros, Oficiaes, Recebedores dos
Ramos, e Escrivães das Sizas dellas; para o que o Conselho da Minha
Fazenda remetterá todos os annos com hum Mandado huma relação ao
Provedor da Comarca, em que irão declaradas as quantias, que o dito
Recebedor deve cobrar naquella Comarca, como atégora se fazia; e na
despeza irão lançados sómente os ditos ordenados em addições separadas,
de fórma, que por baixo dellas se possão fazer conhecimentos: porque os
mais pagamentos de juros, tenças, e consignações as ha de pagar nesta
Cidade o dito Thesoureiro Geral.
7 O Provedor da Comarca, vencido que seja o quartel das ditas Si
zas, deixará ficar em poder do Recebedor nomeado o que importar o quar
tel dos ordenados; e o resto o remetterá pelo Correio ao dito Thesourei
ro Geral, e este mandará carregar pelo seu Escrivão a quantia, que re
ceber, no livro da folha daquella Comarca, e passará conhecimento em
fórma para descarga do dito Recebedor.
8 O Provedor da Comarca no fim de cada anno obrigará o dito Re
cebedor a que satisfaça todos os ordenados com conhecimento na folha,
que se lhe remetter do Conselho ao pé de cada addição, e lhe recensea
rá o dito Provedor a conta, e o dito recenseamento com a despeza, que
tiver feito, e o resto do seu recebimento remetterá ao Meu Contador Mór
dos Contos do Reino, e Casa, que logo mandará entregar o dinheiro ao
dito Thesoureiro Geral, e o recenseio o commetterá ao Contador para o
examinar, e lhe juntará o conhecimento , que o dito Thesoureiro Geral.
passar do ultimo recebimento; e achando certo o recebimento, e despe
za, passará certidão, que o mesmo Contador Mór mandará entregar ao
dito Thesoureiro Geral para a encostar á folha daquella Comarca, e com
ella se ajustar o cumputo do seu recebimento.
9 Para que não haja confusão nos pagamentos, e recebimentos na
mão do dito Thesoureiro Geral, o Conselho de Minha Fazenda mandará
processar todos os annos folhas para cada Almoxarifado, como se ainda
existissem os Almoxarifes; as quaes mandará entregar ao dito Thesou
reiro Geral, e nellas se lhe declarará o que o Recebedor na Comarca ha
de dispender, e o que lhe fica a elle para pagar; porque, ainda que os
Recebedores das Comarcas hão de receber, e dispender, não ficão, nem
podem ficar obrigados a mais que ao recenseio , que o Provedor da Co
marca lhe fizer, e á falencia, que houver na arrecadação; pois aos mes
mos Recebedores fica, e concedo a mesma jurisdicção executiva, que
tinhão os Almoxarifes para poderem cobrar dos mais Recebedores dos Ra
mos, e examinar na falta do prompto pagamento as cobranças, que ti
verem feito: e caso que por suas negligencias succeda haver divida, a
pagarão por seus bens, e seus fiadores : e havendo embaraço tal, que
faça demora na cobrança, então com os autos da execução, e mais do
cumentos, porque conste da diligencia feita para a cobrança, a remet
terá o dito Provedor da Comarca ao dito Contador Mór para a mandar
carregar a hum dos Executores dos Contos, que ficarão obrigados a aca
bar a execução dentro de seis mezes.
10 E porque poderá succeder que os Ministros, a quem os ditos Exe
cutores commetterem as ordens, sejão morosos no findar as execuções, o
Executor, a quem estiver carregada a divida, dará conta no Conselho
da Fazenda, e este a pedirá ao dito Ministro da razão que teve , para
logo não cumprir a ordem que se lhe passou a qual ficará notada para a
sua residencia.
1752 135

11 Terá grande cuidado o Conselho da Fazenda de mandar remetter


ao Thesoureiro Geral todos annos, nos tempos devidos as folhas de cada
Almoxarifado, e cada huma de per si se trasladará em hum livro com as
addições separadas para ao pé dellas se fazerem os conhecimentos das par
tes; e findo que seja o anno , e acabados de satisfazer os filhos das fo
lhas, e entregues as consignações fará o mesmo Escrivão no livro de ca
da Almoxarifado cabeça de receita , e despeza, e o levará á Mesa do
Contador Mór, que commetterá o recenseio daquelle anno, e Almoxari
fado ao Contador, que tiver o recenseio do Recebedor delle, o qual, de
pois de examinar a despeza, e receita, passará certidão na fórma do es
tilo, declarando o que se recebeo, e dispendeo, o que existe por satis
fazer, e a divida, caso que a haja, e de que procede, ficando-lhe os pa
peis, folha, e livro em seu poder ; e aquellas quantias, que as partes
não tiverem cobrado, ficarão em cofre separado de tres chaves, que te
rá para isso o Thesoureiro Geral nas Sete Casas, aonde terá os mais co
fres, de que necessitar para a sua receita; e as quantias depositadas se
pagarão depois do
mo Thesoureiro recenseio á ordem do Conselho da Fazenda pelo mes
Geral. - - •

12 Praticado o referido em todos os recebimentos do dito Thesourei


ro Geral nos primeiros dous annos de seu recebimento , no ultimo dos
tres o chamará o Contador Mór a contas, seis mezes depois do tercei
ro anno; e com a mesma ordem dos recenseios commetterá as contas dos
Almoxarifados aos mesmos Contadores, e estes as tomarão dentro de ou
tros seis mezes, de sorte que dentro delles, ha de ter de todos os rece
bimentos o dito Thesoureiro Geral quitação; e as quantias, que estive
rem por pagar , se depositarão na fórma que ordeno no Capitulo onze
deste Regimento.
13 Para que Meus Vassallos não experimentem vexação, antes com
esta nova arrecadação sejão mais bem pagos, e se evitem as dividas, em
que até o presente ficavão alcançados os Oficiaes de recebimento, terá
o dito Thesoureiro Geral cofres com tres chaves. -

14 Sou servido ordenar que a assistencia do dito Thesoureiro Geral,


e seu Escrivão seja nas Sete Casas, onde o Contador da Fazenda lhe
mandará fazer Mesa para elle assistir com o seu Escrivão, e ahi terá os
seus cofres de tres chaves, tendo huma o mesmo Contador da Fazenda,
e as outras duas o Thesoureiro Geral, e o seu Escrivão.
15 Ordeno, e mando que se não receba, nem dispenda cousa, algu
ma, senão á boca do cofre, que haverá todos os dias, que não forêm de
guarda, e terá o mesmo Thesoureiro Geral jurisdicção sobre todos os Re
cebedores das Comarcas, e contra elles passará ordens no caso que nos
tempos devidos não remettão as importancias, que deverem ; e as cus
tas, que se fizerem na dita arrecadação, se descontarão do Rendimen
to, em cuja arrecadação se gastarem sem rateio. •

16 Como em muitos dos Almoxarifados do Reino ha consignação de


cera ao Guarda-resposta de Minha Casa, e com esta nova fórma fica mais
dificil a remessa, supposto que muitos a entregavão a dinheiro: por es
te hei por declarado que os ditos Recebedores quando fizerem arrecada
ção da dita consignação, seja a dinheiro, e o remettão com separação
para logo ser entregue ao Guarda-resposta. * * * * * - - - •

17 Por ser preciso que as remessas dos referidos rendimentos se fa


<ão com segurança, promptidão, e sem despeza, ordeno ao Correio Mór
de Meus Reinos passe ordem a todos os Correios das Comarcas que logo
que por ordem dos Provedores dellas, ou dos Recebedores, lhes for en
|36 • 1752

tregue qualquer quantia, a conduzão sem dilação, e a entreguem ao di


to Thesoureiro Geral, que para sua descarga lhe dará conhecimento em
fórma, que o Correio entregará ao dito Provedor da Comarca, ou ao Re
cebedor, e com elle resgatará a sua cautela, que tiver dado quando re
cebeo o dinheiro.
18. O Thesoureiro Geral será o particular das Sizas do Termo desta
Cidade; e o dinheiro, que crescer dos ordenados dos Executores, que
levavão nas folhas, não se dispenderá sem ordem Minha expressa.
19 Pelo que Mando aos Védores de Minha Fazenda, e Conselheiros
della, e aos mais Ministros a que tocar, e com mais especialidade aos
Provedores das Comarcas, cumprão, e guardem este Regimento em tu
do, e por tudo como nelle se contém, sem embargo de quaesquer Orde
nações, Regimentos, ou Ordens, que haja em contrario, que tudo hei
por derogado, e derogo como se de cada huma das ditas cousas fizera
expressa menção. "M"?
que venha á noticia de todos, e se não possa
allegar ignorancia, Mando ao Meu Chanceller Mór do Reino o faça pu
blicar na Chancellaria, enviar a copia delle, sob Meu Sello, e seu sig
nal aos Corregedores, Provedores, e Ouvidores das Comarcas, e Juizes
de Fóra, e aos das terras dos Donatarios. E este Regimento se regista
rá nos livros do Conselho da Fazenda, e nos da Casa da Supplicação, e
nas Cameras destes Reinos; e este proprio se lançará na Torre do Tom
bo. Dado em Lisboa aos 5 de Junho de 1752. (1) = Com a Assignatura
de ElRei, e a do Ministro.

Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no


Livro das Leis, a fol. 23, e impr. avulso.

Relação dos Ordenados, que hão de ter em cada anno os Recebedores das
Sizas deste Reino, e do Algarve, que forem nomeados, e approva
dos pelas Camaras respectivas. \

Recebedor da Cidade do Porto, cincoenta mil réis.


Recebedor da Cidade de Viseu, quarenta mil réis.
Recebedor da Cidade de Lamego; quarenta mil réis.
Recebedor da Cidade da Guarda, cincoenta mil réis.
Recebedor da Cidade de Coimbra, cincoenta mil réis.
Recebedor da Cidade de Leiria, vinte e quatro mil réis.
Recebedor da Cidade de Portalegre, cincoenta mil réis.
Recebedor da Cidade de Miranda, cincoenta mil réis.
Recebedor da Cidade de Béja, quarenta mil réis.
Recebedor da Cidade de Evora, quarenta mil réis.
Recebedor da Cidade de Elvas, trinta mil réis.
Recebedor de Estremôs, trinta mil réis.
Recebedor de Campo de Ourique, setenta mil réis.
Recebedor de Villa Real, cincoenta mil réis.
Recebedor de Guimarães, cincoenta mil réis.
Recebedor de Vianna, cincoenta mil réis.
Recebedor de Ponte de Lima, cincoenta mil réis.

(1) Pela Lei de 22 de Dezembro de 1761 foi alterado em parte, e em parte revo
gado este Alvará. *
I752 137

Recebedor de Moncorvo, cincoenta mil réis.


Recebedor de Santarem, trinta mil réis.
Recebedor da Tabola de Setubal, trinta mil réis.
Recebedor de Pinhel, cincoenta mil réis.
Recebedor de Castello-Branco, cincoenta mil réis.
Recebedor de Aveiro, cincoenta mil réis. -

Recebedor de Cintra, vinte mil réis. {

Recebedor de Abrantes, trinta mil réis.


Recebedor de Thomar, quarenta mil réis.
Recebedor de Torres Vedras, trinta mil réis.
Recebedor do Reino do Algarve, cincoenta mil réis.
Diogo de Mendonça Corte-Real.
Impresso avulso com o Alvará antecedente.

ºk-ke…ºk #

A… 10 dias do mez de Junho de 1752, nesta Casa da Relação do Por


to, em Meza grande propoz o Senhor José Pedro Emauz, Chanceller
Governador desta Relação, que entre os Ministros della havia varieda
de no modo, e tempo de aliviar, e commutar degredos aos condemna
dos em causas crimes, persuadindo-se, huns, que em todo o tempo, e
por qualquer modo, ainda por huma simples petição, podião alliviar, e
commutar os degredos: outros porém, que supposto a todo o tempo pos
sa ter lugar a commutação, com tudo, que o alivio do mesmo degredo
só podia ter lugar por embargos, nos tempos, em que elles conforme a
Direito, devessem ser admittidos; e que para evitar a dissonancia, que
resulta das diferentes resoluções, que se observão nos Juizos Criminaes,
segundo a diferente opinião dos Juizes, convinha pacificar-se esta con
troversia por hum Assento, que estabelecesse uniformidade no tempo, e
modo de aliviar, e commutar degredos; e juntamente declarar-se, quan
do, e como podião os réos, condemnados em degredos, pedir por embar
gos o alivio delles. E sendo a materia ponderada, e proposta pelos Mi
nistros dos Aggravos abaixo assignados, por pluralidade de votos se as
sentou, que a commutação de degredo em todo o tempo se podia pedir,
e conceder, posto que a condemnação delle passasse em julgado; por
que a commutação não ofende a Sentença, antes no efeito he execução
della por modo equivalente, por virtude da Graça, que Sua Megestade
foi servido conceder a esta Relação. E quanto ao alivio, que este de
nenhuma sorte se podia pedir, nem conceder, senão por meio de embar
gos, que incluão o merecimento da defeza do condemnado; e isto ainda
que o degredo fosse de hum anno sómente, imposto com animo de ser
aliviado, pagando o réo a condemnação das despezas, como se tem pra
ticado muitas vezes; por que ainda neste caso tem o dito alivio impli
cita condição de ser pedido por meio legitimo, qual o de embargos: de
sorte, que não se allegando estes no tempo, e modo, em que podendo
allegar-se, se deve executar, ou commutar o degredo, que sempre se
considera imposto com respeito ao merecimento da culpa. E quanto ao
lugar, e tempo, em que os condemnados devião ser ouvidos com
• * * * O "T" | ">
embar
Ord. Li

gos, ponderando-se a Ordenação Liv. 3.º Tit. 79. § 6., e a Ord. Liv.
S
188 1752

5.° Tit. 126, § 7., e as Doutrinas, que os Doutores referem, sobre pas
sarem, ou não passar em causa julgada as sentenças proferidas em cau
sas crimes, pelo que respeita a pena pública, em que se comprehende
a de degredo, se assentou, que os condemnados nesta qualidade de pe
na, tenhão, ou não tenhão parte mais, que a Justiça, poderão embar
gar, ainda depois de passados os 10 dias, assim nos proprios autos, co
mo na Chancellaria, e ainda na execução, huma só vez, se lhe não com
petir restituição, por virtude da qual possão conforme a Direito ser ad
mittidos com segundos embargos. Porém, que se o condemnado tiver
consentido na Sentença por actos positivos, ordenados para a sua execu
Qão, como tirar Sentença do processo para registar na culpa, e ser rela
xado da prisão, ou tomar o pregão, ou requerer Carta de Guia para ir
cumprir o degredo, e outros semelhantes, não poderá allegar embargos,
ainda que sejão primeiros: e para que assim se observe, serião obriga
dos os Escrivães a informar aos Ministros Criminaes, quando concede
rem vista para embargos, se os condemnados tirárão Sentença, e o Es
crivão dos degradados nas Audiencias será obrigado dar bilhete aos Es
crivães dos livramentos, declarando os réos condemnados, a que passou
Carta de Guia para cumprirem o degredo, e estes farão termo nos au
tos dos mesmos livramentos, declarando o dia, mez e anno, em que lhe
deo o Escrivão dos degradados aquelle bilhete; e nesta fórma se mandou
se observasse. Porto, era ut supra. Como Governador = Emauz. = Bar
roso. = Santhiago. = Machado. = Barreto. = Figueiredo. = Doutor
Sá. = Vasconcellos. = Lobo, &c. +

Livro dos Assentos da Relação do Porto fol. 95 vers.;


e na Collecção dos Assentos a fol. 342.

# * LO2}} *

EU ELREI Faço saber os que este Alvará virem, que sendo-Me pre
sente o grande prejuizo, que resulta assim aos Lavradores, como aos Mo
radores desta Cidade de nella se vender a palha por pannos sem pezo,
que certa, e determinadamente mostre a quantidade, que se vende, ou
compra; ficando na vontade dos conductores o prejudicarem, ou aos La
vradores que a vendem, ou aos Moradores que a comprão: sem que bas
tem o cuidado, e a providencia, que cabe no Senado da Camara, para
evitar os referidos inconvenientes: sendo-Me outro sim presente a que
bra, que tem as palhas depois de postas em palheiros, e não ser por esta ra
zão justo que se vendão por todo o anno pelo preço taxado no tempo das
colheitas: E considerando tambem o grande prejuizo, que resulta ao pú
blico, de se atravessarem as palhas, fazendo-se dellas armazens particu
lares, donde pelo discurso do anno se vendem ao Povo por grandes pre
ços: Sou servido Ordenar o seguinte.
I. Cada hum dos pannos de palha, que se venderem terá sempre qua
tro arrobas perfeitas, incluido o pezo do mesmo panno, em que he con
duzida; ou cento e vinte arrates livres para o comprador.
II. Posto que o referido pezo se ha de fazer sem intervenção de ou
tra alguma pessoa, que não seja o comprador, e vendedor, ou as pes
soas; a quem eles commetterem a compra, ou venda: com tudo, para
maior expedição das partes, o Senado da Camara fará entregar a cada
I752 • 139;

hum dos Capatazes das Companhias dos conductores da palha huma ba


lança com os pezos necessarios para pezarem a dita palha, fazendo-a pas
sar pela balança ao sahir do barco, para o fim abaixo ordenado, sem que
por esta diligencia levem algum emolumento. E serão obrigados cada
hum dos Capatazes a conservar as balanças no mesmo estado, em que
as receberem.
III. Das referidas balanças se poderão servir os compradores, que
voluntariamente o quizerem fazer; porque querendo comprar sem pezo,
ou pezar em suas casas os pannos, que comprarem por balanças, que pa
ra isso tenhão com pezos aferidos, o poderão livremente fazer.
IV. E porque póde succeder que alguns dos pannos, que se peza
rem, tenhão mais, ou menos das sobreditas quatro arrobas; ajustando
se a respeito dellas no fim de cada conducção o número dos pannos, que
se tiverem comprado; e conferindo-se com o pezo da palha, que se tiver
recebido, se abaterá a falta a favor do comprador, e se accrescentará o
excesso a favor do vendedor, para o primeiro pagar de menos, e o se
gundo receber de mais toda a diferença, que se achar na totalidade do
pezo competente.
V. O Senado da Camera fará em cada hum dos annos duas taxas: a
primeira no tempo da colheita, com attenção á abundancia, ou falta, que
houver deste genero, e durará até o ultimo de Dezembro. A segunda no
primeiro de Janeiro, em que de mais haverá respeito á quebra, que a
palha costuma ter depois de recolhida, e durará até nas colheitas seguin
tes se fazer nova taxa.
VI. Toda a pessoa, de qualquer qualidade, e condição que seja, que
por modo de travessia comprar palha para tornar a vender, ou seja nesta
Corte, ou em qualquer lugar do Riba-Téjo, pela primeira vez perca a palha
para quem o accusar, e tenha dous mezes de prizão em casa, ou no Li
moeiro conforme a sua qualidade, e além disso seja degradado por hum
anno para a Cidade de Miranda: Pela segunda vez, além das referidas
penas corporaes em dobro, não só perderá a palha, mas será condemna
do em outra tanta quantia da que ella valer, tudo para o accusador: E
pela terceira vez, além da palha perdida, será condemnado em cinco an
nos de degredo para a mesma Cidade de Miranda, e em quatrocentos
mil réis para o accusador. Não se poderá neste crime conceder Carta de
seguro, nem Alvará de fiança. E nas mesmas penas incorrerão todas a
quellas pessoas, que consentirem que em suas casas; e armazens, e es
pecialmente debaixo dos seus nomes, se recolhão palhas para vender por
modo de travessia.
VII. E porque alguns Ecclesiasticos fiados na sua isenção mais fa
cilmente se animão a ir contra as Leis, e ficaria frustrada a disposição
desta, se lhes ficasse aberta a porta para poderem atravessar palha: Sou
servido (não por via de Jurisdicção, mas por defeza de Meus Vassallos,
e conservação do bem commum) declarar que todo aquelle Ecclesiasti
co, que for achado, ou comprehendido em comprar palha por modo de
travessia, ou emprestar o seu nome, ou armazens para o mesmo fim; pe
la primeira vez o mandarei sahir setenta legoas fóra da Corte, para nella
mais não entrar sem beneplacito Meu; e sendo comprehendido segunda
vez - sahirá da mesma Corte para a distancia de oitenta legoas; pela ter
ceira vez o mandarei lançar fóra de Meus Reinos. E assim o Mandei si
gnificar aos Prelados respectivos para ser notorio a todos.
VIII. Je
E sendo algumas das pessoas culpadas neste delicto de tal
rarchia, que pareça ao Ministro, que lhes formou
• S 2 a culpa, ser conve
14O 1752
niente á boa administração da Justiça fazer-Mo presente, Me dará con
ta pela Secretaria de Estado dos Negocios do Reino, referindo inteira
mente o caso com toda a prova, que delle houver, ou a pessoa compre
hendida seja Ecclesiastica, ou Secular, para que informado da verdade
possa mandar o que for mais conveniente ao bem público, e Meu ser
viço. •

IX. Os Corregedores dos Bairros desta Cidade tirarão todos os annos


duas devaças, huma no tempo da primeira taxa, e outra no da segunda,
pelas quaes procurarão averiguar os atravessadores, de que poderem ha
ver noticia, e as pessoas que lhes dão, ou emprestão os seus armazens,
ou os seus nomes: Prendendo, pronunciando, e dando livramento aos
culpados com Appellação, e Aggravo para a Correição do Crime da Cor
te: dando-Me conta pelo Desembargo do Paço de como assim o tem
cumprido, com as declarações do que resultou de cada huma das ditas
devaças para Me ser presente em Consulta do dito Tribunal, que Me
não consultará hum dos ditos Corregedores, ainda depois de darem resi
dencia, sem lhe constar, depois de hum muito serio exame, que elles
cumprírão com todo o referido. \

X. O Corregedor, e Provedor da Comarca de Santarem, Ouvidor


de Alemquer, e os Juizes de Fóra da Castanheira, Benevente, Salva
terra, e o de Villa-Franca tirarão tambem nos mesmos tempos outras se
melhantes devaças das pessoas que nos seus respectivos districtos com
prarem palhas para revenderem, dando-Me conta do que a este respei
to obrarem na sobredita fórma, e debaixo das comminações assima or
denadas.
Este Alvará se cumprirá como nelle se contém. E para que as
providencias por elle estabelecidas tenhão o seu cumprido efeito: Sou
servido derogar a favor do bem commum quaesquer Leis, Costumes,
Privilegios, ainda concedidos por titulo onoroso, que obstarem, sómen
te na parte, em que se acharem contrarios a este. E para que venha á
noticia de todos, Mando a Francisco Luiz da Cunha Ataide do Meu Con
selho, e Meu Chanceller Mór o faça publicar na Chancellaria, e enviar
a cópia delle sob Meu Sello, e seu signal a todos os Ministros assima re
feridos, para o executarem. E se registará nos livros do Desembargo do
Paço, Senado da Camara, e Casa da Supplicação. E o proprio se lança
rá na Torre do Tombo. Belem em 1.° de Julho de 1752. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro. •

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis a fol. 26 vers., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

3k ºk…>, ºk #

Tespo consideração a que os delinquentes, que pela atrocidade de seus


crimes são condemnados em pena capital, tem menos tempo do que he
preciso para se disporem a morrer com a devida conformidade e pacien
cia Christã, por lhes durar até a efectiva execução da sentença a espe
rança de melhoramento pelos embargos, ou pelo recurso immediato á Mi
nha Real Pessoa; querendo evitar este inconveniente, e que os crimino
sos, aos quaes, pelo impedir a justa severidade das Leis e saude públi
1
1752 I4 I

ca, não podem aproveitar os benignos e paternaes efeitos da Minha Real


piedade para a conservação da vida temporal, se utilisem delles para al
cançarem a felicidade eterna por meio do ultimo desengano, havido em
tempo, que lhes reste o competente para pedirem a Nosso Senhor per
dão de seus peccados, depois de receberem os Sacramentos da Peniten
cia e Eucharistia, e fazerem os mais actos Catholicos, conducentes a im
petrar da Misericordia Divina o perdão de suas culpas, e acabarem jus
tiçados com a graça final: Hei por bem, que pendente a conferencia,
em que se julgarem os embargos á Sentença, por que forem condemna
dos á morte quaesquer delinquentes, se trate no mesmo tempo do recur
so immediato á Minha Real Pessoa, e não havendo alteração na senten
ça, por qualquer dos ditos meios, até o fim da dita conferencia, cessa
rá, e não será mais admittido requerimento algum, que se encaminhar
a impedir a execução da dita sentença; porque irremissivelmente se ha
de executar na manhã do dia seguinte, ainda que seja feriado, não sen
do Domingo, ou dia Santo dos que a Igreja manda guardar; porque se
o for, se fará a execução no dia, que se lhe seguir, em que não houver
este embaraço. O Duque Regedor da Casa da Supplicação o tenha as
sim entendido, e o faça executar, sem embargo da Ordenação, ou de
outra qualquer Lei, ou estilo em contrario, que hei por derogados por
este Decreto. Belém 6 de Julho de 1752. = Com a Rubríca de Sua Ma
gestade.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no Livro dos Decretos a fol. 221, e impr. na Col
lecção da Universidade por J. I. F.

# -*->, ºk-}}

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei declaratoria vi


rem, que sendo-Me presente em Consultas do Desembargo do Paço, e
Conselho Ultramarino a omissão, que ha na arrecadação do hum por cen
to dos Contratos, e Rendas Reaes, applicado para obras meritorias pelo
Senhor Rei D. Manoel, que santa gloria haja, pela Doação feita no an
no de mil e quinhentos e tres, incorporada nas Ordenações da Fazenda,
confirmada pelos Senhores Reis meus Predecessores em os annos de mil
e quinhentos setenta e nove, e mil e quinhentos e oitenta e quatro, e
mil e seiscentos e noventa e dous , por se não pagar tudo o que he de
vido, com pretextos afectados , especialmente por falta de observancia
da referida Doação em alguns Contratos, e Rendas, como tambem por
se não declarar aos Contratadores, e Rendeiros no acto da arrematação
a obrigação de pagarem o dito hum por cento á sua custa, o que he con
tra a intenção do dito Senhor Rei Doador, que expressamente obrigou á
satisfação do dito hum por cento todas as Rendas, e Contratos presen
tes, e futuros destes Reinos, e suas Conquistas, Dominios, e Senhorios,
e que os Rendeiros o devião pagar á sua custa , posto que no arrenda
mento se não declarasse esta obrigação : e porque semelhante desordem
he em grande prejuizo do serviço de Deos, e Meu, por se diminuirem
com ella as obras meritorias, a que esta applicação foi destinada, con
siderando os continuos, e extraordinarios beneficios com que Deos Nosso
Senhor, por sua infinita bondade, he servido proteger, e augmentar es
tes Reinos, e seus Dominios, e que em reconhecimento de tão sobera
142 1752

nas mercês, devo não só promover a inteira observancia da referida Doa


ção, mas accrescentar os seus efeitos, removendo tudo o que encontra
a sua efectiva execução.
Hei por bem declarar que a dita Doação comprehende todos , e
quaesquer Contratos, e Rendas Reaes, presentes, e futuros, que se ar
rendarem a Contratadores, ou se administrarem por conta da Minha Real
Fazenda, ou por outro qualquer modo, e fórma, que se praticarem as
sim nestes Reinos, como em suas Conquistas, Dominios, e Senhorios;
e que de todos se deve pagar hum por cento na fórma da referida Doa
ção, sem embargo de que de alguns nunca se pagasse, e de que nas re
matações se não declarasse a obrigação deste pagamento, ou se duvidas
se della; porque a falta de observancia da dita Doação, por estes, ou
outros pretextos, declaro nulla, e de nenhum efeito, como contraria á
sobredita Doação, a qual não só confirmo em tudo, e por tudo, como
nella se contém; mas, se a não houvesse, a faria Eu novamente, como
faço, se necessario he, oferecendo a Deos Nosso Senhor, para se dis
pender em seu santo serviço, esta pequena parte dos opulentos Thesou
ros, com que a sua immensa, e infinita bondade tem enriquecido esta
Monarquia. •

E da fórma, em que se deve tirar o dito hum por cento, estabe


lecida na referida Doação, exceptuo sómente aquella parte dos Dizimos
Reaes da America, Ilhas, e mais partes Ultramarinas, que nas folhas
se acha applicada para a sustentação dos Ecclesiasticos, ou se applicar
daqui em diante; porque só do residuo se deve tirar hum por cento, por
que só ele foi secularizado, e applicado á Minha Real Fazenda nas con
cessões Pontificias.
E para que com mais promptidão, e segurança se pague o dito
hum por cento; Mando que nos Contratos, e Rendas, que se remata
rem nesta Cidade, ainda que estejão fóra della nestes Reinos, ou no Ul
tramar, se pague o hum por cento nesta mesma Cidade ao Thesoureiro
das Obras pias , ao qual se dará noticia da rematação pelo Corretor da
Fazenda, ou pelo Escrivão, que assistir á rematação nas partes em que
não assistir o dito Corretor, e se não passará Alvará de correr aos rema
tantes sem Certidão do Escrivão das Obras pias, assignada pelo Thesou
reiro, de como lhe fica carregado por lembrança o hum por cento, para
o cobrar a seu tempo.
E nos Contratos, e Rendas, que se rematarem no Ultramar, ou
em outra qualquer parte fóra desta Cidade, se pagará o hum por cento
no mesmo lugar em que se pagar o preço dos Contratos, e Rendas, e
aos mesmos Oficiaes, que o receberem, os quaes no Ultramar serão obri
gados a remetter o dito hum por cento nos Cofres Reaes ao Thesoureiro
da Casa da Moeda desta Cidade , para elle o entregar ao Thesoureiro
das Obras pias, livre do hum por cento da conducção, que se paga na
dita Casa: e o que se cobrar no Ultramar em partes donde se não remet
ta a importancia das Rendas, e Contratos Reaes, para vir nos Cofres a
esta Cidade, ou nestes Reinos, será remettido o sobredito hum por cen
to pelos ditos Oficiaes, que o receberem, ao Thesoureiro das Obras pias;
porém nos Contratos, e Rendas do Estado da India se observará o cos
tume, que atégora se tem praticado, no que respeita á distribuição do
hum por cento. •

E como o grande augmento desta consignação faz necessario que


na sua arrecadação , e despeza se guarde huma nova, e diferente for
malidade da que ao presente se pratíca: Sou servido ordenar que na Ca
1752 143

sa do Conselho da Fazenda haja hum Cofre de tres chaves, em que se


faça o recebimento de tudo o que produzir o hum por cento, e que á bo
ea do dito Cofre se satisfação os filhos da folha , e todas as mais despe
zas necessarias, não se levando estas em conta, nem se abonando entre
ga alguma, que se não fizer na referida fórma; e das ditas tres chaves
terá huma o Thesoureiro, outra o seu Escrivão, e a terceira o Desem
bargador Gonçalo José da Silveira Preto, do Meu Conselho , ou outro
qualquer Conselheiro da Fazenda, que em sua falta houver de nomear,
ao qual recommendo faça cumprir o que fica determinado, assignando os
dias, que lhe parecer para entrar no Cofre o dinheiro que houver, e
mandando pôr Editaes no tempo de se pagarem os quarteis, para que
os tencionarios os venhão receber na sua presença , não consentindo se
altere em cousa alguma esta ordem, de que lhe encarrego a execução.
Hei outrosim por bem que no fim de cada triennio o Thesoureiro
da Obra pia , que acabar , dê no Conselho da Fazenda huma distincta
conta dos tencionarios, que no seu tempo falecêrão, da quantia em que
a receita excedeo a despeza, e do dinheiro que fica no Cofre, e o Con
selho me fará logo presente esta conta, para determinar o que for ser
vido.
Como as diversas obrigações deste Thesoureiro fazem necessario,
que haja quem o possa ajudar em applicar as causas, e execuções, que
correm sobre a cobrança do hum por cento , e em algumas outras dili
gencias conducentes ao mesmo fim : Sou servido que os dous Solicitado
res da Fazenda cuidem tambem nesta materia, satisfazendo a tudo aquil
lo de que a este respeito os encarregar o Thesoureiro, havendo-se esta
como huma das suas obrigações, sem que por isso possão perceber, nem
requerer cousa alguma, nem a titulo de ajuda de custo.
Attendendo ultimamente a que o rendimento do hum por cento
que novamente se deve pagar em observancia desta Lei, póde importar
tanto, que chegue a cobrir a importancia da folha actual, e a pagar por
inteiro as tenças aos filhos della , e considerando que esta fórma de pa
gamentos não só he contraria á prática , que houve sempre na Thesou
raria da Obra pia , mas tambem á Minha Real intenção quando deferi
aos tencionarios, que recebêrão as mercês, que lhes fiz, na supposição
de cobrarem só parte das tenças, segundo o estado, e observancia cer
ta da dita Thesouraria ; e havendo juntamente respeito a que de outra
sorte se não guardava aquella proporção, e igualdade, com que premeio
os serviços dos Meus Vassallos, e outros motivos, que Me representárão
as pessoas por quem mandei examinar esta materia : Sou servido decla
rar, que as referidas tenças se não paguem daqui em diante por inteiro,
mas que no primeiro anno, contado da data deste Alvará, se continua
rão a pagar, como atégora, e pelo rendimento antigo desta Thesouraria,
fazendo-se separada receita do procedido dos novos Contratos , para se
averiguar a sua importancia, e que dentro do mesmo anno os tenciona
rios apresentem os seus Alvarás no Conselho da Fazenda , para Me se
rem presentes, e para que, attendendo aos serviços, e motivos da gra
ca, haja novamente de a regular pelo merecimento, e qualidade delles,
determinando as tenças, que lhes correspondem, e que se hão de pagar
por inteiro; e na conformidade da nova mercê, que lhes fizer, se lavra
rão as postillas nos mesmos Alvarás, fazendo-se nova folha, segundo es
ta ultima Declaração ; e se neste meio tempo fizer mercê de algumas
tenças na Obra pia , se entenderão concedidas , com a condição de se
poderem reduzir, quando fizer o dito geral regulamento.
144 I752

E este Alvará se cumprirá inteiramente como nelle he disposto,


sem embargo de qualquer Lei, Regimento, Privilegio, ou costume em
contrario , que tudo Hei por derogado : e para que venha á noticia de
todos, Mando a Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho,
Meu Chanceller Mór, o faça publicar na Chancellaria, e enviar a cópia
delle sob Meu Sello, e seu signal a todos os Tribunaes destes Reinos, e
suas Conquistas, e aos mais Ministros, e pessoas, que o devem execu
tar, aos quaes Hei por muito recommendada a sua observancia, e se re
gistará nos Livros do Desembargo do Paço, Conselho da Fazenda , e
Conselho Ultramarino, e na Casa da Supplicação; e o proprio se lança
rá na Torre do Tombo. Belém, o 1 de Agosto de 1752. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 28 vers., e reimpr. por or
dem da mesma Chancellaria.

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Sesºs-Me presente em Consulta do Conselho da Fazenda a dúvida, que


havia sobre pertencer o despacho do Azeite, que vem de fóra, e entra
nesta Cidade pela Foz, á Alfandega, ou á Mesa dos Azeites: Fui Ser
vido resolver em sete do presente mez, que o dito genero devia pagar
Dizima e Siza na referida Alfandega, observando-se a este respeito in
violavelmente o Capitulo setenta e dous do seu Foral, e nesta conformi
dade Ordeno se julguem todas as Causas, que nesta materia se tracta
rem na Casa da Supplicação. O Duque Regedor da mesma Casa o tenha
assim entendido, e o faça muito inteiramente cumprir. Belém 12 de Ou
tubro de 1752. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist, na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos De


cretos a fol. 170.

* #«Oºk #

DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'aquém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber aos que esta Lei virem, que sendo-Me presente a grande des
ordem , que resulta á boa administração da Justiça de se impedirem as
diligencias, que se mandão fazer pelos Ministros ordinarios, quando se
dirigem contra privilegiados, com intempestivos contramandados, expe
didos antes de se averiguar se no caso de cada huma das ditas diligen
cias tem lugar o privilegio, para em razão delle ser o privilegiado legi
timamente soccorrido; e considerando quão justo, e necessario seja que
nem o ministerio dos Juizes, e mais Ministros ordinarios, seja illudido,
e embaraçado por semelhante modo, nem os privilegiados, que tem Jui
zes privativos , sejão privados do uso do seu privilegio naquelles casos,
em que elles conforme a direito tem lugar : Ordeno, e mando, que da
1752 I45

publicação desta Lei em diante nenhum Conservador passe contraman


dados vagos, e geraes para se deixarem de fazer com qualquer pessoa as
diligencias de Justiça, sob pena de seis mezes de suspensão dos lugares,
que occuparem no Meu Real serviço por cada contramandado, que ex
pedirem na referida fórma ; e na dita suspensão incorrerão ipso facto;
sem mais fórma de processo , que o reconhecimento do signal, ou sig
naes do Ministro, ou Ministros, que assignarem os taes contramanda
dos ; porque , sendo estes apresentados aos Presidentes dos Tribunaes
respectivos, ao Regedor da Casa da Supplicação, ou ao Governador da
Casa do Porto; e constando-lhes por verdadeira informação, que com ef
feito forão assignados pelos Ministros, em cujos nomes se acharem expe
didos , lhes farão logo intimar a dita suspensão , para se absterem dos
seus empregos em quanto ella durar : e pelas mesmas causas annullo, e
declaro por de nenhum efeito todos os contramandados, que até ao pre
sente se tiverem expedido, na fórma, que por esta Lei se reprova. Po
rém as partes, que se acharem gravadas nas diligencias, que lhes fize
rem de mandado das Justiças ordinarias, poderão, entendendo se lhe of
fendem os seus privilegios , usar do remedio da declinatoria, ou de pe
dir Precatorios aos seus respectivos Conservadores, que lhos poderão pas
sar depois de verificada a legitimidade do privilegio, e a competencia
delle, nos termos de cada hum dos casos, em que se requerer o Preca
tario. E Mando aos Presidentes dos Tribunaes respectivos, e ao Rege
dor da Casa da Supplicação, e Governador da Casa do Porto, e a todos
os Desembargadores, Corregedores, e mais Justiças, fação inteiramen
te cumprir, e guardar esta Lei; e ao Doutor Francisco Luiz da Cunha
de Ataide, do Meu Conselho, e Meu Chanceller Mór, a publique na
Chancellaria, e envie a cópia della com o Meu Sello, e seu signal, a to
dos os Corregedores, Provedores, Ouvidores dos Mestrados, e Donata
rios, aonde não entrar Corregedor, para a fazerem publicar por suas Co
marcas E se registará nos Livros dos Meus Desembargadores do Paço,
e dos da Casa da Supplicação, e Relação do Porto ; e esta se lançará
na Torre do Tombo. Dada em Lisboa aos 13 de Outubro de 1752. =
Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mordomo Mór P.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 31, e impr. avulso.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que sen
do-Me presente que a ultima calúmnia, com que os Réos condemnados
em causas civeis costumão embaraçar as sentenças , e levallas, com o
pretexto de erros nas contas das custas, ao Juizo da Chancellaria, não
só com notorio abuso da Ordenação liv. 1. tit. 14. §. 2. , mas contra a
utilidade pública , que em grande parte consiste na prompta execução
das sentenças: e considerando o prejuizo dos crédores, e por Pedir a boa
administração da Justiça, se remova inteiramente o dito abuso: Hei por
bem, que a expedição, e execução das sentenças se não suspenda com
sobre estes, se
o pretexto de erros de custas ; e que, havendo questão
reserve a decisão della, e cobrança das ditas custas para depois de se
146 1752
acabar a execução das sentenças, quanto ao principal. Pelo que Mando
ao Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Casa do Porto, Des
embargadores das ditas Casas , Governadores , e Desembargadores das
Relações das Conquistas, e a todos os Corregedores, Provedores, Ouvi
dores, Juizes, e mais Justiças destes Mens Reinos, e Senhorios, cum
prão, e guardem este Meu Alvará de Lei, como nelle se contém. E ao
Doutor Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e Meu
Chanceller Mór, o faça publicar na Chancellaria , e enviar o traslado
delle sob Meu Sello, e seu signal, a todos os Corregedores das Comar
cas destes Reinos, e Ilhas adjacentes, e aos Ouvidores das Conquistas,
e terras dos Donatarios, em que os Corregedores não entrão por Correi
ção, para que o fação publicar nas suas Jurisdicções. E se registará nos
Livros do Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, e da Relação do
Porto, e nas mais partes, onde semelhantes Alvarás se costumão regis
tar; e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Lisboa aos
18 de Outubro de 1752. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Mar
quez Mordomo Mór P.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li
vro das Leis, a fol. 32 vers., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem , que sen
do-Me presente que alguns Ministros, por se lhes dilatar o cumprimen
to das Avocatorias, ou Precatorios, porque pertendem lhes sejão remet
tidos, ou trazer perante si alguns autos, que pendem em outros Juizos,
tem rompido no excesso de os fazer tirar violentamente dos Cartorios dos
Escrivães, em que corrião, ofendendo com este procedimento não só o res
peito dos Juizes, perante quem servem os Escrivães, a que pelo referi
do modo se extrahem os autos, mas a fórma, que as Leis prescrevêrão
para se avocarem, ou pedirem autos dos Juizos, em que pendem, e a
determinação do assento da Relação de vinte e nove Maio de mil sete
centos sincoenta e hum: e desejando atalhar tão prejudicial, e escanda
loso abuso : Hei por bem, que nenhum Ministro, de qualquer qualida
de, ou graduação que seja, e ainda o Contador Mór, mande com pre
texto algum tirar autos dos Cartorios dos Escrivães dos Juizos, em que
penderem ; e no caso de lhes serem necessarios, ou para negocio do Meu
Real Serviço, ou por entenderem lhes pertence privativamente o conhe
cimento das causas, que em outros Juizos se tratão, os peção por Car
ta a vocatoria, ou Precatorio, na fórma determinada na Lei, e Regimen
to dos Contos; e não se cumprindo as ditas Cartas, e Precatorios, dei
xem usar as partes dos meios competentes; e não podendo estes ter lu
gar, se recorra a Mim, abstendo-se de todo, e qualquer procedimento
contra os Escrivães dos pertendidos autos, por se achar prohibido por
Decretos Meus , ainda aos Tribunaes, o proceder contra os Oficiaes
alheios em competencias de jurisdicção. E succedendo o caso, que se
não espera, de se contravir ao sobredito, ficará o transgressor, por esse
mesmo feito, suspenso do lugar, que servir até mercê Minha. Pelo que
Mando aos Presidentes dos Tribunaes respectivos, Regedor da Casa da
*
1752 147

Supplicação, Governador da Casa do Porto, Desembargadores das ditas


Casas, e a todos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, e
mais Justiças destes Meus Reinos, e Senhorios, cumpräo este Meu Al
vará de Lei como nelle se contém. E ao Doutor Francisco Luiz da Cu- .
nha de Ataide, do Meu Conselho, e Meu Chanceller Mór, o faça pu
blicar na Chancellaria, e enviar o traslado delle sob Meu Sello , e seu
signal, a todos os Corregedores, Provedores, e Ouvidores das Comar
cas, e aos Donatarios, em que não entrão os Corregedores por correi
ção, para que o fação publicar nas suas Jurisdicções; e se registará nos
Livros do Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, Relação do Por
to, e nas mais partes, onde semelhantes Alvarás se costumão registar;
e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Lisboa aos 23
de Outubro de 1752. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 33, e impr. na Officina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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EU ELREI Faço saber a todos os que este Alvará com força de Lei
virem, que sendo-Me presente a dúvida, que tem havido nas Minas so
bre a fórma de se fazerem os pagamentos das dividas pertencentes á Mi
nha Real Fazenda, e tambem as ordens, que interinamente se tem dado
sobre esta materia; e querendo remover todo o embaraço, que haja a es
te respeito, pelo modo mais favoravel aos meus Vassallos , e mais con
forme ás resoluções de Direito, praticando igualmente a Real clemencia,
com que attendo aos moradores das Minas: Sou servido determinar, que
nos Contratos Reaes, ajustados por quantias de arrobas, e oitavas de
Ouro, que se houverem de satisfazer dentro no districto das Minas, on
de he permittido correr Ouro em pó, se receba a satisfação, e paga da
mesma fórma , que foi estipulada, e na mesma especie, e quantidade
promettida no termo de arrematação , sem que os Contratadores sejão
obrigados a fundir, e quintar o dito Ouro ; porém tanto que elle entrar
na Provedoria , o Provedor da Fazenda o mandará logo á Casa da Fun
dição reduzir a barra, tirando-se o quinto ; porque em favor, e benefiº
cio dos Póvos encabeçados, Hei por bem sujeitar o Ouro, que me per
tence , a esta satisfação, a que não estava obrigado ; o que porém se
não praticará nas Minas, em que se não tiver feito semelhante ajuste
com os Póvos. •

Sou outrosim servido, que a respeito dos ditos Contratos, cele


brados antes de se abolir a Capitação, que se ajustarão a dinheiro, e a
preço certo de reaes, se faça o pagamento attendendo ao valor, que o
Ouro tinha ao tempo do Contrato ; mas quanto ás dividas, procedidas
das Capitações, que estavão vencidas, e que se não satisfizerão a tem
po devido: Hei por bem, que se paguem a Ouro por quintar; o que con
cedo por pura graça, e por favorecer aos devedores deste direito, e ex
tender mais em seu beneficio os efeitos da Minha Real Piedade.
Tudo o que acima fica determinado a respeito das dividas Reaes,
se observará respectivamente ás particulares, não só por se achar já des •

ta fórma determinado na Lei do Reino, e na mais certa, e seguida dou


T 2
148 1752

trina, mas porque de novo assim o resolvo, e estabeleço, para que não
haja
cego,embaraço,
que deve ehaver
dúvida,
entreque
os perturbe o Commercio, a união, e o so
Meus Vassallos. • •

E este Alvará se cumprirá inteiramente como nelle se contém,


sem dúvida, nem contradicção alguma, e sem embargo de qualquer Lei,
Regimento, ou ordem em contrario, que tudo Hei por derogado; e pa
ra que venha á noticia de todos, Mando a Francisco Luiz da Cunha de
Ataide, do Meu Conselho, Meu Chanceller Mór, o faça publicar na
Chancellaria, e enviar a cópia delle sob Meu Sello, e seu signal, a to
dos os Tribunaes destes Reinos, e suas Conquistas, e aos mais Minis
tros, e pessoas, que o devem executar, aos quaes Hei por muito re
commendada a sua observancia; e se registará nos Livros do Desembar
go do Paço, Conselho da Fazenda ; Conselho Ultramarino, e na Casa
da Supplicação; e o proprio se lançará na Torre do Tombo. Belém aos
9 de Novembro de 1752. (1) = Com a Assignatura de ElRei , e a do
Ministro.
Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 34 , e impr. na Q/icina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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A…………… ao que Me representárão o Chanceller Mór do Reino, e


o Chanceller da Casa da Supplicação, e a não ser justo que em dous lu
gares de maior graduação, se conservem os ordenados e emolumentos
antigos, que havendo respeito á diferença dos tempos, Fui Servido augmen
tallos em os lugares de inferior predicamento: Hei por bem ordenar, que
daqui por diante tenha cada hum dos ditos Chancelleres quatrocentos mil
réis de ordenado por anno, e que por qualquer papel ou Sentença, que
passe pelas duas Chancellarias do Reino, e Casa da Supplicação, senão
pague menor assignatura, que a de hum tostão, porém estando já per
mittida outra maior a respeito de alguns papeis, se levará delles dobrada
assignatura do que atégora se percebia. O Duque Regedor o tenha as
sim entendido, e pela parte que lhe toca o faça executar. Lisboa 7 de
Dezembro de 1752. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos De


cretos a fol. 177.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem , que sen
do-Me presente , que o outro Alvará, que com a mesma força foi pu
blicado em onze de Novembro proximo passado na Chancellaria Mór da
Corte, e Reino, sobre a fórma de se fazerem no territorio das Minas Ge
raes com Ouro em pó os pagamentos das dividas pertencentes assim á
Minha Real Fazenda, como aos particulares; sahio da estampa com al
(1) Vid. o Alvará de 21 de Dezembro deste anno,
1752 149

gumas expressões, em que houve excesso, e omissões, contrarias á Mi


nha Real Mente, restringindo-a a casos, que o não erão de constituição
nova : Sou Servido cassar , e annullar o sobredito Alvará publicado em
onze de Novembro; prohibindo, que delle se possa fazer uso em Juizo,
e fóra delle ; e reservando os casos nelle expressos, para a respeito de
cada hum delles dar as providencias, que achar , que mais convém ao
Meu Real serviço, e ao bem commum dos Póvos das Minas Geraes. E
este se cumprirá inteiramente, como nelle se contém, sem embargo de
quaesquer Leis, Alvarás, Regimentos, Decretos, ou Resoluções em
contrario. E para que seja notorio a todos, Mando a Francisco Luiz da
Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e Chanceller Mór de Meus Reinos,
o faça publicar na Chancellaria , e enviar por cópias sob Meu sello , e
seu signal, a todos os Tribunaes destes Reinos, e suas Conquistas, e a
todos os Ministros, e pessoas, que o devem executar: e se registará nos
livros do Desembargo do Paço, Conselho da Fazenda, Conselho Ultra
marino, Casa da Supplicação, e Relação do Porto; e o proprio se lan
çará na Torre do Tombo. Lisboa, 21 de Dezembro de 1752. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no li
vro das Leis, a fol. 41, e impr. na Q/icina de An
tonio Rodrigues Galhardo.

# #<>' + #

Fe, Servido nomear ao Doutor Paulo José Corrêa para Procurador da


Corôa, que vaga pela promoção do Doutor Manoel Gomes de Carvalho a
Chanceller da Casa da Supplicação. O Duque Regedor das Justiças o te
nha assim entendido. Lisboa 26 de Dezembro de 1752. = Com a Rubrí
ca de Sua Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos


Decretos a fol. 178.
ANNO D E 1753.

Como Tenho determinado, que no Conselho da Minha Fazenda se co


nheça privativamente de todas as Causas, que se moverem sobre a va
lidade das Prezas: Sou Servido Ordenar, que, as que pendem na Casa
da Supplicação sobre a Preza feita no Navio Fani, de que era Capitão
João Varrem; e outra que corre no Juizo da Conservatoria Hespanhola
sobre a que fez Martim Perita, se remettão logo ao dito Conselho para
nelle se sentenciarem, como forjustiça, e em execução das Minhas Reaes
Ordens. O Duque Regedor das Justiças o tenha assim entendido, e o
faça executar, Lisboa 8 de Janeiro de 1753. (1) = Com a Rubríca de
Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos De
cretos a fol. 179.
*

$ *ktCººk %

A os 24 dias do mez de Março de 1753, nesta Relação, em Meza gran


de, o Senhor José Pedro Emauz, Chanceller, e Governador desta Re
lação, propoz aos Ministros abaixo assignados, que por se evitarem dú
vidas sobre se extrahirem sentenças a respeito das Causas de liquidação,
sobre o que tem havido alteração, de que se seguia vexação das partes,
se devia tomar Assento nesta materia, para se não experimentar várida
de de julgar; e se assentou que na causa de liquidação feita por sentem
(1) Vid. o Alvará de 7 de Dezembro de 1796,
I753 I5 I

ça em sua execução se não devia tirar sentença, tanto no caso, em que


se faz aliquidação por certidões como por Artigos, testemunhas, ou ar
bitros: mas que feita a liquidação se passe mandado de penhora, e cor
ra a execução nos mesmos autos, em que se acha a sentença liquidada;
por que a liquidação he exordio, disposição, e parte necessaria, e inse
paravel dessa execução, e não he nova sentença, mas declaratoria da
primeira, que he a que se executa; por quanto, na sentença de liquida
ção sómente se declara explicitamente, o que na verdade se contém im
plicitamente, em fórma, que o Juiz executor está obrigado na liquida
ção a regular-se pela sentença, que se liquída, sem alterar, nem refor
dar, ou interpretar a primeira sentença; e se se extrahisse nova senten
ça da causa de liquidação, seguir-se-hia, que a execução feita no mes
mo Juizo, e por a mesma sentença, se dividiria em dous processos, prin
cipiada em hum, e finda em outro, como na causa de reivindicação, en
tregando-se a posse na primeira sentença, e ao depois executando-se a
condemnação dos fructos em outro processo separado da primeira senten
ça, de que he inseparavel, e accessoria; e quanto se appella, ou aggra
va ordinariamente, se recebe a appellação no efeito devolutivo sómente,
e se expede por traslado, ficando os autos proprios da execução no mes
mo Juizo; por que com a dita liquidação tem cessado o impedimento por
que estava suspenso o efeito da sentença naquella parte, e como no ca
so de Aggravo ordinario, ou Appellação ficão os proprios autos da exe
cução no mesmo Juizo da liquidação, e inutil a tal sentença, e faz des
peza, e gravame ás partes, que tem mais utilidade, e he conforme a
Direito, que se continue a execução, e finde no mesmo processo, que
se tem principiado, e sómente se tira sentença de líquidação na instan
cia superior, para se hir executar áquelle Juizo onde se acha a execu
ção; e he este o Estilo mais pratico neste Senado por sentenças em Jui
zo contraditorio, em que forão ouvidos os Escrivães: e para constar do
referido, se fez este Assento, que assignárã. Porto, era ut supra. Co
no Governador = Emauz. = Barreto. = Barroso. = Santhiago. = Xa
vier da Silva. = Machado. = Lobo. = Mendes. &c.

Livro dos Assentos da Relação do Porto fol. 101; e na


Collecção dos Assentos a fol. 345.

3k ºk… # #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que tendo consi
deração ás representações, que o Correio Mór do Reino, e os seus As
sistentes nelle, Me fizerão sobre o Regimento de cinco de Junho do an
no proximo passado, em que dei nova fórma á arrecadação das Sizas; e
ao prejuizo, que os sobreditos Me representárão, que se lhes seguiria
de tomarem sobre si o perigo das remessas, sem algum emolumento, que
fosse compensativo destes riscos; ao mesmo tempo, em que de todo o
dinheiro, que até agora transportárão os seus Estafetas, levárão sempre
por inveterado costume hum por cento de conducção: Hei por bem de
clarar o dito Regimento; ordenando, que o referido hum por cento seja
pago aos sobreditos pelo Thesoureiro Geral de todo o dinheiro, que pe
los Correios vier ao seu cofre, descontando-o aos Filhos da Folha, que
voluntariamente quizerem cobrar em Lisboa as suas respectivas porções.
I52 1753

Porém aquelles, que quizerem receber nas Comarcas, apresentando os


Conhecimentos ao Thesoureiro Geral para lhes pôr a sua intervenção, e
ordem para os Recebedores das Comarcas, serão nellas embolsados sem
desconto algum, e os Recebedores farão paga ao dito Thesoureiro geral
com estes Conhecimentos, como dinheiro liquido sendo expedidos na so
bredita fórma. O que tudo se praticará respectivamente com o dinheiro
applicado ás consignações da Minha Real Fazenda, que tem o seu as
sentamento nos Almoxarifados, que se comprehendem no recebimento
do mesmo Thesoureiro geral.
Pelo que Mando aos Vedores de Minha Fazenda, e Conselheiros
della, e aos Ministros, a que tocar, e com mais especialidade aos Provedores
das Comarcas, cumpräo, e guardem este Alvará em tudo, e por tudo,
como nelle se eontém; sem embargo de quaesquer Ordenações, Regimen
tos, ou Ordens, que haja em contrario; que tudo Hei por derogado, e
derogo, como se de cada huma das ditas cousas fizera expressa menção:
E para que venha á noticia de todos, e se não possa allegar ignorancia,
Mando ao Meu Chanceller Mór do Reino, o faça publicar na Chancella
ria, e enviar a cópia delle sob Meu Sello, e seu signal aos Corregedo
res, Provedores, e Ouvidores das Comarcas, e Juizes de Fóra, e aos
das Terras dos Donatarios. E este Alvará se registará nos livros do Con
selho da Fazenda, e nos da Casa da Supplicação, e nas Camaras destes
Reinos: e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Lisboa
aos 30 de Março de 1753. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Mi
nistro. |-

Regist, na Chancellaria Mór da Corte e Reino no Li


vro das Leis, a fol. 35 vers., e impr. avulso.

# #«…>>> *

Sºsno Me presente em Consulta da Meza do Desembargo do Paço, a


Conta que deo o Ouvidor, e Provedor da Comarca de Ourique, de que
hum Fiel das Appellações Crimes, com o caracter de Solicitador das Jus
tiças, lhe apresentára huma ordem expedida pela Meza da Ouvedoria do
Crime da Casa da Supplicação, em que se lhe dava faculdade para exa
minar todos os réos das culpas, e processos Crimes daquella Comarca,
sentenciados de vinte annos a esta parte, e Appellar por parte da Justi
ça aquelles, que devendo na fórma da Lei do Reino ser Appellados pe
los Juizes, o não forão: a qual ordem tinha ja executado nas Comarcas
de Beja, Evora, Aviz, e outras, e dava occasião a grandes vexações, e
inconvenientes: Fui Servido Resolver, que se suspendesse na execução
da sobredita ordem, e que os Ouvidores se abstivessem de as passar pa
ra semelhante efeito até nova Resolução Minha. O Duque Regedor das
Justiças o tenha assim entendido, e nesta conformidade o faça execu
# Lisboa a 7 de Abril de 1753. = Com a Rubríca de Sua Magesta
C.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos


Decretos a fol. 203.
I753 153

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S……M. presente a queixa dos Mestres; e Arraes das Barcas do Cáes


da Villa de Aldegalega, de que Lourenço Vieira morador na mesma Vil
la, fundado na permissão do Conselho da Fazenda, e em huns Provimen
tos, que obteve do Provedor da Comarca de Setubal, se introduzíra com
o titulo de Rodeiro a dar por distribuição Licenças aos barqueiros, que
conduzião o Sal das Marinhas para bordo dos navios Estrangeiros, e Por
tuguezes, extorquindo por cada distribuição cem réis, do que resultavão
muitos inconvenientes, e grande perturbação ao Commercio: e que re
sistindo os barqueiros a esta sujeição, e perjuizo, se originárão varias de
mandas, nas quaes obtivera sempre o dito Lourenço Vieira Sentenças
contra elles, com o fundamento suposto, de ser legitimo o seu Provimen
to, sendo aliás pelo contrario; porque nenhum Tribunal, ou Magistrado
póde prover serventia de Oficio não creado, e a creação ser de Direito
Real reservada para o Supremo Poder, e assim invalidas as ditas Sen
tenças por serem proferidas contra Direito expresso, e contra a disposi
ção do Regimento do Sal nos Capitulos oito, nove, e vinte e cinco, que
privativamente commettem esta juriscção ao Guarda Mór, sem levar sa
lario algum pelas taes Licenças: Sou Servido Mandar, pôr perpétuo si
lencio nos processos, que sobre esta materia se moverão, declarando nul
las as Sentenças, que nelles se proferírão, para que em nenhum tempo
se possão allegar, ou ter algum efeito, e extinguindo, e abolindo o le
vantado Oficio de Rodeiro de Aldegalega; e que o Regimento dos Di
reitos do Sal se observe inviolavelmente. O Duque Regedor o tenha as
sim entendido, e faça executar pela parte, que lhe toca. Lisboa a 7 de
Abril de 1753. Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist, na Supplicação no Livro XIV. dos Decretos


a fol. 203 vers.

* #<>}} #

J • !

DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem, e d’além Mar, em Africa Senhor de Guiné, &c. Faço saber
a vós Corregedor do Crime do Bairro de Andaluz, que o Juiz, Escrivão,
e mais Oficiaes do Oficio de Cortador de carnes desta Cidade de Lis
boa, Me representárão por sua petição, que exercitando os supplican
tes o seu Oficio, havia muitos seculos, em beneficio do público, e uti
lidade commua, trabalhando todos os dias com incansavel fadiga, e promp
ta diligencia, para distribuir ao Povo da mesma Cidade o alimento das
carnes, que na ordem dos que pertencião ao sustento, e á conservação
da vida do homem, tinha o lugar immediato ao alimento do pão, deven
do por este principio gozar o Oficio dos supplicantes dos grandes, e dos
mesmos Privilegios, que o direito concedia aos que se exercitavão na A
syricultura; Fora concedido ao Oficio dos supplicantes no livro dos Re
gimentos dos Oficios mecanicos, que no Reinado do Senhor Rei D. Se
bastião compilara o Desembargador Duarte Nunes de Leão, e se acha
V
I54 1753

va no Cartorio do Senado particular Regimento, na mesma fórma, que


o tiverão os Ourives do ouro, os Livreiros, os Pintores, e outros Offi
cios mecanicos, dando-se juntamente ao dos supplicantes precedencia,
na ordem dos Regimentos, aos Confeiteiros, aos Cirieiros, e aos Pastel
leiros, por serem sem dúvida estes Oficios menos uteis ao Povo, que o
dos supplicantes; que por esta causa ficára o Oficio dos supplicantes in
corporado com todos os outros Oficios mecanicos da Republica, debaixo
do regimen, e governo do Senado, fazendo eleição dos seus Juizes, e
Escrivães, os quaes tomavão juramento em Camara, visitavão os talhos,
e reprovavão as obras, que julgavão incapazes, e sendo examinados pe
los Juizes, os Oficiaes de Cortador tiravão a sua Carta assignada pelo
Senado da Camara, observando-se nesta pratica com o Oficio dos sup
plicantes o mesmo, que se observava, e praticava, sem diferença algu
ma, com os outros Oficios mecanicos da Cidade; que em attenção a es
tes motivos, e ao da utilidade pública que resultava do Oficio e ministerio
dos supplicantes, lhe concedèrão repetidas vezes os Senhores Reis deste
Reino muitos, e destinctos Privilegios (além dos que gosavao por direito
commum) como entre outros erão certos, o que lhe concedèra o Senhor Rei
D. João o IV, em dez de Novembro de mil seiscentos quarenta e qua
tro, da isenção dos encargos da guerra; o que lhe facultara o Senado da
Camara da isenção das contribuições da Almotaçaria, e o que declara a
Meza do Meu Desembargo do Paço em vinte e hum de Janeiro de mil
setecentos cincoenta e hum no seu despacho, deferindo as súpplicas, que
fizera o Mestre Cortador Felix Antonio, para usar de espada; declaran
do, que não necessitava de licença por ter Carta de Oficio examinado,
contra quem se não entendia a prohibição da Lei novissima, e ultima
Pramatica do Senhor Rei D. João o V, Meu Senhor, e Pai, que está
em Gloria: que ornado destes Privilegios o Officio dos supplicantes, e
comparado para o efeito de gozar dos mesmos concedidos a outros Offi
cios mecanicos, por serem todos iguaes, trazendo os supplicantes publi
camente a sua espada á cinta, indo com ella requerer ás Minhas Reaes
Audiencias, por tempo de mais de tres annos, sem que Ministro algum
os incommodasse, ou lhes intentasse prohibir o uso da mesma espada,
reconhecendo-se, que os supplicantes gosavão da dita graça, e Privile
gio; Vós haveis obrado o procedimento injusto de mandares prender no
Limoeiro ao Mestre Cortador Manoel Loureiro por trazer espada, pra
ticando as penas da Lei; E porque este procedimento era injusto, e con
tra o determinado no Capitulo quatorze da Lei da Pramatica, como pe
la declaração feita no referido requerimento de Felix Antonio, e da que
se fizera por despacho do mesmo Tribunal do Desembargo do Paço, de
dez de Março do presente anno, em requerimento do Mestre Cortador
Filippe Fernandes, em que pedia licença para usar de espada, prece
dendo informação do Doutor José Justino da Gama, Corregedor do Ci
vel da Cidade, declarando-se, que não necessitava de licença, por ter
Carta de Oficio examinado contra quem se não entendia a Lei; por es
tes, e outros fundamentos: Me pedião Fosse Servido Declarar-vos, que os
supplicantes, como Oficiaes encartados no Ollicio de Cortador, não ne
cessitavão de liceuça para trazer espada, como se declarava nos requeri
mentos dos Mestres Cortadores Felix Antonio, e Filippe Fernandes, e
tendo consideração ao referido: Hei por bem Declarar-vos, que os sup
plicantes não necessitão de licença parn usarem de espada, visto mostra
rem serem encartados no Oficio, que exercitão, por cuja razão ficão isen
tos da prohibição da Lei novissima. Pelo que vos Mando, e ás mais Jus
I753 155

tiças, a que o conhecimento disto pertencer, cumpräo, e guardem esta


ordem, como nella se contém. ElRei Nosso Senhor o mandou pelos Mi
nistros abaixo assignados do seu Conselho; e seus Desembargadores do
Paço, José Anastacio Guerreiro a fez em Lisboa a 17 de Abril de 1753.
Antonio Pedro Virgolino a fez escrever. = Com a Assignatura de dous
Desembargadores do Paço.
Regist, na Casa da Supplicação no Liv. XIV. a fol.
208, e no Liv. IX, da Torre do Tombo a fol. 127;
e impr. avulso.

3. %*@"# #

Poa quanto, com o motivo do grande prejuizo, que resultava assim aos
Lavradores do Riba-Téjo, como aos moradores desta Cidade, das Tra
vessias, que se fazião nas Palhas, e Cevadas das Lezirias, Mandei ex
citar a observancia das Leis estabelecidas sobre esta materia, acrescen
tando algumas conformes ao presente tempo; e dando outras providen
cias mais amplas, entre as quaes se comprehendeo a de que os Ministros
executores das sobreditas Leis, e ordens, que constão da Relação, que
baixa com este além das Contas, que dessem pela Meza do Desembargo
do Paço, serião obrigados a dallas tambem na Minha Real Presença no
fim de cada dous mezes pelo Secretario de Estado Sebastião José de Car
valho e Mello; apontando particularmente quaesquer meios que lhes pa
recessem mais convenientes; assim para a averiguação das culpas, como
para a prizão dos criminosos, que houvesse; e que sem Certidão do mes
mo Secretario de Estado, pela qual constasse, que havião cumprido com
a execução das ditas ordens, se lhes não poderião mandar passar Certi
dões de correntes: Sou Servido Ordenar, que os sobreditos Ministros
em quanto não apresentarem as referidas Certidões, de que bem cum
prírão as ordens, que lhes Mandei expedir pelo dito Secretario de Esta
do, não possão ser julgados por habeis, para requererem na Minha Real
Presença. O Duque Regedor o tenha assim entendido, e faça executar
pela parte que lhe toca. Lisboa 22 de Junho de 1753. = Com a Rubri
ca de Sua Magestade.

*# na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos


ecretos a fol. 213.

# #…>…ºk #

F oi Sua Magestade Servido por Resolução de 22 do corrente em Con


sulta desta Junta, registada a fol. 268 declarar, que aos Governadores
das Armas he a quem pertence examinar e approvar os mantimentos,
que se derem ás Tropas, e escusar os requerimentos dos Assentistas,
abservando-se iuviolavelmente o Cap. 185 das Ordenanças, na confor
midade da Resolução de 19 de Fevereiro de 1711. e Carta de 9 de Mar
go daquele anno, e na do § 4.° do Titulo 3.° do Regimento das Caixas
4Militares: cujas disposições em tudo se devem concordar, não só entre
V 2
156 1753

si, mas tambem com a approvação de 29 de Novembro de 1704, para


o efeito de não ser privativa a jurisdicção, que tem a Junta para contra
tar os Assentos, e obrigar os Assentistas a que cumpräo os seus contra
tos: mas sim deve ser e foi a mesma jurisdicção cumulativa com as dos
Governadores das Armas, pertencendo tambem a estes toda a jurisdicção
necessaria para reprovarem os mantimentos, que não forem de receber,
conforme as condições estipuladas; e para constrangerem os Assentistas,
a que, em lugar dos mantimentos inferiores e corruptos, que taes forem
achados, nas datas delles, forneção ás Tropas outros mantimentos capa
zes de lhe servirem de sustento: evitando todas as occasiões de fraude
em tão importante materia, como bem praticou neste caso o Marquez
Estribeiro Mór, procedendo segundo as suas obrigações em não permit
tir, que as datas, que devião ser puramente de cevada da terra, se ac
ceitassem com mistura do mar, para se confundirem aquellas duas qua
lidades, que erão e devem sempre ser em si distinctas na obrigação dos
Assentistas: e que fique entendendo a Junta, que a respeito dos Gover
nadores das Armas e das pessoas, que seus cargos servirem, ainda quan
do estes incompetentemente determinarem nas materias de fazenda con
tra o que dispoem os Regimentos e Ordens, devem sempre dar conta a
Sua Magestade, para Elle determinar o que for servido; e não proceder
pelo seu expediente, mandando pôr notas nos Assentos de semelhantes
Officiaes de Guerra, em que não tem alguma jurisdicção, ou superiori
dade. Na Contadoria geral de Guerra se veja e se registe esta Resolução
de Sua Magestade, e em seu cumprimento se aponte o que se oferecer.
Lisboa 30 de Junho de 1763. = Com duas Rubrícas.

Regist. no liv. 30 das Ordens da Contadoria Geral


a fol. 135. vers., e impr. na Collecção dos Decre
tos e Cartas da Universidade, por J. I. de F.

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M ANDANDo considerar os pontos reflectidos pela Junta dos Tres Esta


dos na Consulta de 2 de Maio do anno presente, que juntamente baixa
com todos os papeis, que lhe pertencem, sobre as Condições, com que
D. Catharina Sofia Cremer Vanzeller pertendia arremattar o contrato da
Polvora: se assentou ser mais seguro para a conservação e defensa de
Meus Reinos, que a Fabrica da mesma Polvora se administrasse por
conta de Minha Fazenda; e que deste modo cessavão todos os prejuizos
considerados nas mesmas reflexões: e como a maior segurança do Esta
do e causa pública devem prevalecer a quaesquer commodidades particu
lares, ainda de Minha Fazenda: Sou Servido derogar o Decreto de 29 de
Janeiro deste anno, por que mandava proceder na dita arrematação, que
não teve efeito; e ordenar, que a Polvora se fabrique por administra
ção á custa de Minha Real Fazenda; entregando-se logo as Fabricas,
seus instrumentos, e materiaes a huma pessoa, que a Junta interina
mente nomeará, em quanto Eu não for Servido de prover; ao Governo
da qual fiquem sujeitos todos os Mestres, Oficiaes, e Serventes das mes
mas Fabricas; os quaes todos se conservarão com salarios, que actual
mente vencem; e se acautelarão com penas comminadas, para que se
não ausentem sem licença da Junta: e por que a dita D. Catharina So
1753 | - 157!

fia Cremer Vanzeller por causa da Administração, que acaba, e do fu


turo contrato, que pertendia, terá feito emprego de alguns materiaes, e
instrumentos necessarios para as Fabricas: Mando que se lhe recebão,
tendo a bondade precisa; e se lhe paguem pelo custo original e fretes,
com mais cinco por cento por huma só vez para seu interesse: e como
he preciso, que esta administração se regule por hum Regimento práti
co de omnimoda providencia : A Junta, tomando todas as informações,
que lhe forem necessarias, Me consultará com a possivel brevidade to
das as Regras, que julgar convenientes para o dito Regimento, salvam
vando nellas todos os prejuizos, e perigos, que ponderão nas reflexões
inclusas; e continuando no entanto a Fabrica da Polvora pelo modo mais
conforme e seguro, que convem. A mesma Junta o tenha assim enten
dido, e faça executar. Lisboa a 30 de Junho de 1753. = Com a Rubrí
ca de Sua Magestade.

Regist. no liv. 30 das Ordens da Contadoria Geral


a fol. 114., e impr. na Colleção dos Decretos, e
Cartas da Universidade, por J. I. de F.

#…kuon é #

E U ELREI Faço saber que os Juizes, e Mestres encartados do Ofi


cio de Cortador dos Assougues desta Cidade, Me representárão por
sua petição, que pelo Alvará, que oferecião, passado em vinte e cin
eo de Maio de mil setecentos e oito , lhe concedêra o Senhor Rei
D. João o V, Meu Senhor, e Pai, que está em Gloria, o Privilegio
de Aposentadoria passiva, para não serem lançados fóra das casas, em
que morassem os Cortadores dos ditos Assougues, attendendo ao tra
balho, que em razão da sua occupação tinhão da assistencia nos talhos
desde o principio até o fim do dia, provendo as Ocharias Reaes des
ta Cidade , e tambem os Armazens da Coroa , das Carnes precisas, e
acompanharem a Corte, quando hia fóra desta Cidade, para fazerem o
preciso provimento; e porque desejavão, que a dita graça fosse por Mim
confirmada: Me pedião lhes fizesse mercê confirmar o dito Alvará ; e
visto o que allegárão, informação, que se houve pelo Desembargador
Luiz Manoel de Pinna Coutinho, Juiz dos Feitos da Coroa, e respos
ta do Procurador della, a quem se deo vista, e não teve dúvida: Hei
por bem fazer mercê aos supplicantes de lhes confirmar, como com efei
to confirmo, e Hei por confirmado o dito Alvará, para que os Cortado
res dos Assogues desta Cidade gosem do Privilegio da Aposentadoria
passiva ; e não poderem ser lançados fóra das casas em que morarem,
e Mando ao Conde Meu Aposentador Mór, e ás Justiças, a que o co
nhecimento disto pertencer, cumprão, e guardem este Alvará, e o ou
tro referido, como nelles se contém, e valerá, posto , que seu efeito
haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação do Li
vro segundo titulo quarenta, em contrario, e pagárão de novos Direi
tos tres mil e seiscentos réis, que se carregárão ao Thesoureiro delles a
folhas quatorze verso do Livro segundo de sua receita , e se registou o
158 1753

conhecimento no Livro sexto do registo geral a folhas dezesete Lisboa


a 5 de Julho de 1753. = Com a Assignatura de ElRei.

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no


Livro de Oficios, e Mercês, a fol. 257. vers., e
impr. avulso. A

Sesºs-Me presente, que os filhos das pessoas, que em sua vida serví
rão os oficios e ministerios, para que se requer a propria industria, ar
te e experiencia pessoal, como são Pilotos do Alto e das Barras, Patrões,
Marinheiros, Architectos, Mestres de Oficios e outros desta semelhan
ça, costumão depois da morte de seus pais pedir Cartas dos mesmos of
ficios e ministerios, sendo aliás imperítos delles, e se tem mandado pas
sar a muitos , de que resulta detrimento grave ao Meu serviço , e bem
público : Hei por bem declarar em todos e quaesquer oficios e ministe
rios, assim maritimos, como terrestres, para que se requer a propria in
dustria, arte e experiencia pessoal, ou sejão liberaes , " ou mechanicos,
não tem lugar o costume do Reino, e com a morte das pessoas, que os
servirem em dia pela sua pericia, ficão totalmente vagos, para livremen
te se proverem nas pessoas mais peritas e experimentadas, que os per
tenderem ; sem que os filhos dos proprietarios tenhão direito algum de
os pedirem : praticando-se o mesmo nestes oficios, que se observa nos
Contos do Reino e Casa, salvo pelo proprio merecimento, arte, indus
tria e experiencia, com que serão admittidos em concurso. Pelo que or
deno, que mais se não passem cartas, por costume do Reino, de taes
oficios aos filhos dos proprietarios, nem para este fim se admittão a jus
tificar no Juizo das Justificações do Reino; nem se acceitem petições de
graça para se me consultarem sobre esta materia, por quaesquer causas
de equidade, que se representarem : e as pessoas, que já estiverem en
cartadas por semelhante modo, sejão logo mandadas examinar nas Re
partições, a que pertencer; e achando-se imperítos e inha beis para pes
soalmente exercitarem os oficios e ministerios, em que estiverem encar
tados, sejão privados delles, e recolhidas as Cartas, que se desnotarão
em seus Registos : e os oficios serão provídos por concurso nas pessoas
mais habeis, perítas e experimentadas, que os pertenderem, e pessoal
mente houverem de exercitar. A Junta dos Tres Estados o tenha assim
entendido, e o faça executar pela parte, que lhe toca. Belém 3 de A
gosto de 1753. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist, no Livro XXX, da Contadoria Geral a fol.
163I., dee F.
J. impr. na Collecção da Universidade por

1753 159

# #*Cººk *#

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que a vinte e tres
do mez de Novembro de mil seiscentos e doze se expedio o Alvará, cu
jo theor he o seguinte = Eu ElRei Faço saber aos que este Alvará vi
rem, que vendo Eu os grandes damnos, faltas, e inconvenientes, que
ha de andarem ordinariamente de serventia os mais dos Officios menores
de Justiça deste Reino, concedendo-se serventias por leves causas de
com modidades dos proprietarios delles; e desejando Eu de prover de re
medio em materia de tanta ponderação, e importancia ao serviço de
Deos, e Meu, e boa administração da Justiça, a estes, e outros incon
venientes, que disto se seguem : Hei por bem , e Mando, que os pro
prietarios de todos os Oficios de Justiça, assim de todos os Juizos, e
Tribunaes desta Cidade, como da Cidade, e Casa do Porto; e das Co
marcas do Reino , e do Algarve, sirvão seus Oficios por suas proprias
pessoas dentro de hum mez, que começará do dia da publicação deste
Alvará em diante; e não o fazendo assim dentro do dito termo, me praz
que cessem todas as serventias, que de seus Oficios estiverem dadas,
e as sirvão os Oficiaes companheiros dos mesmos Oficios, aonde os hou
verem, até os proprietarios delles estarem desempedidos para o fazerem;
e não havendo companheiros, que por elles possão servir, se haverão os
ditos Oficios por vagos, e Eu mandarei tratar logo da provisão delles,
sem que por isso fique a Minha fazenda com obrigação de satisfação al
guma aos proprietarios. E Mando aos Corregedores, Ouvidores, Prove
dores, Juizes de Fóra das Cidades, Villas, e Lugares deste Reino, que,
passado o dito termo de hum mez, avizem com suas cartas a Mesa do
despacho do Desembargo do Paço, dos que assim o não fizerem, decla
rando os impedimentos, que para isso tem ; as quaes cartas enviarão a
Pedro Sanches Farinha, meu Escrivão do despacho da dita Mesa, para
Eu as mandar ver, e prover em tudo, como mais for servido: porém se
alguns dos ditos proprietarios estiverem justamente impedidos, e disso
houverem informação certa dos ditos Ministros acima nomeados, a quem
tocar o dallas, em tal caso se não tratará de prover seus Officios , e as
serventias delles se proverão na fórma, que atégora se usou: e outrosim
mando aos ditos Julgadores, a cujo cargo estiver dar as informações dos
Oficios deste Reino, a todos em geral, e a cada hum em especial, que
no particular dellas tratem de fazer todas as diligencias necessarias para
mui distinctamente terem noticia das causas, e razões, porque os pro
prietarios estão impedidos, e que por nenhuma via os ditos Julgadores
possão prover , e nem provejão as serventias dos ditos Oficios mais que
o tempo, que a Ordenação lhes concede, tendo os proprietarios justos
impedimentos; e passado o dito tempo, e durando ao proprietario o im
pedimento, eles não poderão prover mais por tempo algum, e avisarão
á Mesa do Desembargo do Paço pela via, que fica dita, para nelle man
dar prover como for servido , e se lhes dará em culpa em suas residen
cias. E Mando ao Presidente, e Desembargadores do Paço, que cum
prão, e guardem este Alvará, e o fação cumprir, e guardar, como nel
Je se contém , e se registará no livro da dita Mesa, e valerá como Car
ta feita em Meu Nome, por Mim assignada, posto que seu efeito haja
de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação em contrario
16o 1753
E ao Regedor da Casa da Supplicação, e ao Governador da Cidade, e
Relação do Porto, o fação publicar em seus Tribunaes, e dar á sua de
vida execução, e registar nos livros delles. E ao Doutor Damião de A
guiar, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos, que o faça
publicar na Chancellaria , e envie logo cartas com o traslado delle sob
Meu Sello, e seu signal, a todos os Corregedores, e Ouvidores das Co
marcas destes Reinos, aos quaes outrosim Mando o publiquem logo nos
lugares aonde estiverem , e o fação publicar em todos os das suas Co
marcas, e Ouvidorias, para que a todos seja notorio. Diogo Martins de
Medeiros o fez em Lisboa a vinte e tres do Novembro de mil seiscentos
e doze. E eu Pedro Sanches Farinha o fiz escrever. = E porque sou infor
mado, que o dito Alvará se não cumpre, e executa; e que os Ministros,
e Julgadores contra o disposto nelle prorogão muito as serventias dos Of
ficios de Justiça, além do tempo, que lhes he permittido pela Ordena
ção ; de que se seguem grandes inconvenientes ao Meu Real serviço,
querendo dar providencia para que mais se não continuem estes abusos:
Hei por bem , que o dito Alvará se observe inteiramente , e que além
das penas nelle estabelecidas contra os Ministros transgressores, quaes
quer Oficiaes, que servirem por provimento dos Ministros, ou Julgado
res, depois do tempo, em que estes, conforme a Ordenação , podem
prover as serventias, sejão castigados, como se servissem sem provimen
tos, e que os possa denunciar na Mesa do Desembargo do Paço qual
quer pessoa, em quem a mesma Mesa proverá a serventia, tendo os re
quisitos necessarios para bem servir. E Mando ao Presidente, e Desem
bargadores do Paço , que cumprão, e guardem este Alvará, e o fação
cumprir, e guardar, como nelle se contém ; e se registará no livro da
dita Mesa, e valerá como Carta feita em Meu Nome, e por Mim assig
nada, posto que seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem em
bargo da Ordenação em contrario. E ao Regedor da Casa da Supplica
ção, e ao Governador da Cidade, e Relação do Porto, o fação publicar
em seus Tribunaes, e dar á sua devida execução, e registar nos livros
delles. E ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Con
selho, e Chanceller Mór destes Reinos, que o faça publicar na Chancel
laria, e envie logo Cartas com o traslado delle sob Meu Sello, e seu si
gnal, a todos os Corregedores, e Ouvidores das Comarcas destes Rei
nos, aos quaes outrosim Mando, que o publiquem logo nos lugares, aon
de estiverém, e o fação publicar em todos das suas Comarcas, e Ouvi
dorias, para que a todos seja notorio. Lisboa, 8 de Agosto de 1753. =
Com a Assignatura de ElRei.

Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no


Livro das Leis a fol. 38, e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.
1753 161

*|$ + …>, ºk #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que sendo
informado da eminente ruina , a que se achão expostos o Contrato, e o
Commercio dos Diamantes do Brasil, não só pelas desordens, que até
gora se commettêrão na administração, e no maneio delles, preferindo
se os interesses particulares ao bem público, que se segue da reputação
deste genero; mas tambem pelos consideraveis contrabandos, que delle
se fizerão, com grave prejuizo do Meu Real Serviço, e do cabedal dos
Meus Vassallos, que licita, e louvavelmente se empregão neste negocio,
em commum beneficio dos Meus Reinos, e das suas Conquistas: E tem
do consideração a que no estado, a que tem chegado as sobreditas des
ordens, não podia caber o remedio dellas, nem na applicação dos meios
ordinarios, nem nas faculdades dos particulares, que nelle tem interes
ses: Hei por bem tomar o referido Contrato, e Commercio debaixo da
Minha
guinte. Real, e immediata Protecção, ordenando a respeito delles o se
# •

I. Nenhuma pessoa de qualquer qualidade ; ou condição, que seja,


depois do dia da publicação desta Lei em diante, poderá contratar nes
te Reino, ou seus Dominios, sobre Diamantes brutos por compra, ou
por venda, nem introduzillos nos mesmos Reinos, vindo fóra dos cofres
Reaes, e do seu Manifesto, nem extrahillos da Terra, nem fazellos trans
portar para os Reinos estrangeiros por qualquer modo, que seja, sem es
pecial commissão, e guia do Contratador, e Caixas do presente Contra
to, em cujo favor Hei por bem fazer exclusivo o commercio dos referidos
Diamantes brutos, sob pena de perdimento dos que forem extrahidos,
ou contratados; e do dobro do seu valor commum, ametade para o de
nunciante, e ametade a beneficio do mesmo Contratador, e Caixas, pa
ra entre elles se repartir igualmente: incorrendo de mais os transgresso
res desta Lei nas penas corporaes de dez annos de degredo para Ango
la, sendo pessoas livres, que morem no Brasil; e para o Maranhão, ou
Pará, morando neste Reino: sendo porém escravos, serão condemnados
a trabalhar com braga nas obras do Contrato pelos referidos annos; e o
mesmo exceptuada a braga, se praticará com os pretos e homens pardos,
que delinquirem, sendo forros.
II. Estabeleço, que esta prohibição, e as penas por ella ordenadas,
se executem sem alguma diferença, não só nos principaes transgresso
res, que fizerem as compras, vendas, conducções, ou remessas; mas
tambem contra todas, e quaesquer pessoas, que para isso concorrerem
por terra, ou por mar, sendo Corretores, Conductores, ou Fautores,
dos que fizerem o contrabando, ou admittindo-o em suas casas, carrua
gens, embarcações ou cargas ; porque em qualquer tempo, que isto se
prove, se procederá contra elles, ainda depois do facto, na maneira abai
xo declarada. ••

III. Para que mais eficazmente seja esta Lei observada, Sou servi
do ordenar que as denuncias sejão tomadas em segredo, como se pratí
ca no Fisco dos ausentes; e que, sendo os denunciantes escravos, se li
bertem pela competente parte do premio da denuncia; entregando-se-lhes
o resto para delle uzarem, como bem lhes parecer.
IV. Bem entendido, que em todos os sobreditos casos, sendo os trans
X
162 1753
gressores desta Lei estrangeiros, não terão contra elles lugar as penas de
degredo para os Meus Dominios da America, ou Africa; mas antes em
lugar das referidas penas se executará nelles a de prizão até Minha mer
cê, e a de confiscação de todos os bens , que lhes forem achados nos
Meus Dominios, sendo exterminados para nelles mais não serem admit
tidos. E sendo caso, que nestes Reinos não tenhão bens equivalentes ao
valor do descaminho, e dobro delle acima ordenados , ficarão na cadêa
até que com efeito seja esta pena pecuniaria satisfeita com o inteiro pa
gamento dos interessados nella. * . .

V. As condemnações pecuniarias, que deixo estabelecidas, passarão


com os bens dos transgressores como encargo Real a seus herdeiros , e
successores, para se executarem nos referidos bens, sendo o crime des
cuberto , e a pena delle pedida até o espaço de vinte annos, contados
desde o tempo, em que for commettida a transgressão.
VI. Em tudo o que não encontrar esta Lei ficarão em seu vigor to
dos os bandos, ordens, e cautellas estabelecidas pelos Governadores das
Minas contra os que distrahem Diamantes, e nelles negoceão furtiva, e
clandestinamente.
VII. Todos os Commerciantes de fazendas em grosso, e por miudo,
que entrarem nas Terras Diamantinas, ou sinco legoas ao redor dellas,
serão obrigados a dar entrada na Intendencia dos Diamantes, e perante
os Commissarios, que forem nomeados para este efeito ; declarando as
fazendas, que levão, e sua importancia, e dando fiança segura a mos
trarem depois ao tempo da sahida os efeitos, em que levão os productos
do que tiverem introduzido , debaixo das mesmas penas acima orde
nadas.
VIII. O mesmo se observará debaixo das mesmas penas a respeito
das pessoas, que forem cobrar dividas nas referidas Terras Diamantinas,
e seu districto acima declarado. E a estes se lhes assignará pelos Inten
dentes para a cobrança das suas dividas o termo, que lhes parecer com
petente, para; findo elle, serem obrigados a sahir das referidas Terras;
a menos que não alleguem, e provem alguma justa causa, para lhes ser
o termo prorogado, como parecer justo.
IX. Prohibo, que nas mesmas Terras, e seu districto, se permitta
alguma especie de faisqueira. Para que porém se possa occupar a gen
te, que alli vive deste trabalho, se lhes concederão mais algumas lavras
daquellas que estão prohibidas ; com tanto , que primeiro sejão exami
nadas pelo Intendente, e Contratador, verificando , que nellas se não
achão Diamantes.
X. Nas mesmas Terras, e seu districto, se não consentirá pessoa al
guma, que não tenha nellas oficio, emprego, ou modo de vida, que se
ja permanente, e notorio a todos com pena, de que, sendo nellas acha
dos, pela segunda vez, depois de haverem sido expulsos pela primeira,
com termo que devem assignar, serão condemnados por dez annos para
Angola.
XI. Todas as lojas de fazendas, tendas, tabernas, e mais casas pu
blicas, que se acharem estabelecidas, ou vierem estabelecer-se no Ar
raial do Tejuco, e na distancia da demarcação das Terras Diamantinas
acima declarada, serão approvadas, e legitimadas (sem salario algum )
pela Camara com o concurso do Intendente ; de sorte, que as pessoas,
que se permittirem em semelhantes casas publicas, conste que são de
bom viver. E achando-se, que são de outra qualidade, requererá o Con
tratador a sua expulsão á sobredita Camara, e ao Intendente, aos quaes
1753 l63 |

Hei por muito recommendado o cuidado, que devem ter sobre esta ma
ter 1a.
XII. A Companhia de Dragões destinada á guarnição , e guarda do
Serro do Frio será sempre rendida no fim de cada seis mezes com todos
os seus Oficiaes: fazendo-os o Governador substituir por outros Oficiaes
dos Governos visinhos, que lhes parecerem mais dignos da sua approva
ção, e confiança.
XIII. Semelhantemente serão rendidos os Càpitães do Mato , dos
quaes o Governador nomeará, á custa da Minha Real Fazenda, os que
justamente lhe parecerem necessarios para a competente guarda das Ter
ras demarcadas.
XIV. Os Intendentes, além de conservarem sempre abertas as devas
sas que lhes tenho ordenado contra os contrabandistas de Diamantes, vi
sitarão pessoalmente, as mais vezes, que lhes for possivel, a Villa do
Principe, e os Arraiaes do districto, que tenho declarado, para maior
exame do que se passar naquelles lugares.
XV. Não só os referidos Intendentes , mas tambem todos os Minis
tros dos Territorios das Minas, e dos Pórtos do Brasil, perguntarão cui
dadosamente nas correições, e devassas, pelos descaminhos dos Diaman
tes , para por elles procederem contra os culpados na fórma desta Lei:
inquirindo-se nas residencias dos sobreditos Ministros se bem fizerão es
ta diligencia: Não sendo admittidos a despacho sem certidão de que cum
prírão com ella: e dando-se-lhes em culpa qualquer negligencia, em que
forem achados.
XVI. Porque não he da Minha Real Intenção prohibir a entrada dos
Diamantes, que o Commercio deste Reino traz a elle da India Oriental:
e para prevenir todo o abuso, que da entrada dos mesmos Diamantes se
podia seguir: Estabeleço, que os sobreditos Diamantes venhão da mes
ma sorte, que os do Brazil em cofre com arrecadação: registando-se cui
dadosamente na Casa da India , e fazendo-se nella assignar termos aos
seus respectivos donos de os não venderem neste Reino, e de os manda
rem para fóra delle debaixo das guias que Mando se lhes passem para
este efeito. O que tudo se observará debaixo das mesmas penas acima
ordenadas.
XVII. O mesmo determino a respeito de todas as pessoas, que nes
te Reino tiverem ao tempo da publicação desta Lei Diamantes brutos:
Ordenando , que no termo de hum mez, continua, e successivamente
contado do dia da mesma publicação, os venhão manifestar aos Admi
nistradores do Contrato, para se lhes permittir a extracção para fóra do
Reino, com termo competente, debaixo das guias, e segurança neces
S3T13S,

XVIII. Ordeno outrosim, que em nenhum Tribunal, ou Auditorio


deste Reino, e suas Conquistas, se tome conhecimento destes Contra
tos, e suas dependencias, porque reservo privativamente a Mim todo o
conhecimento sobre este negocio, como tambem dar as providencias,
que Me parecerem necessarias para a boa administração do Contrato pre
sente, ao qual darão toda a ajuda, e favor os Oficiaes, e Ministros de
Guerra, de Justiça, tendo entendido, que do contrario Me darei por
muito mal servido.
Pelo que mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Presiden
te do Conselho de Ultramar, ao Regedor da Casa da Supplicação, Go
vernador da Relação, e Casa do Porto, ao Vice-Rei do Brasil, aos Ca
pitães Generaes, aos Governadores de todas as Conquistas, aos Minis
X 2
164 {753

tros dos sobreditos Tribunaes, aos Desembargadores das ditas Relações,


e das da Bahia, e Rio de Janeiro, e mais pessoas destes Reinos, e Se
nhorios, cumpräo, e guardem inteiramente este Alvará, como nelle se
contém, sem embargo de que seu efeito durará por mais de hum anno,
e de que não passe, pela Chancellaria, não obstantes as Ordenações em
contrario, que Hei por derogadas, como se dellas fizesse expressa men
ção ; sómente para o efeito de que o disposto neste Alvará se observe
inteiramente sem dúvida, nem contradicção alguma, a cujo fim Hei tam
bem por derogadas quaesquer Leis, Ordenações, Resoluções, e Ordens
sómente no que o encontrarem. E este se registará nos livros do Desem
bargo do Paço, Casa da Supplicação, Relações do Porto, Bahia, e Rio
de Janeiro, nos dos Conselhos de Minha Fazenda , e do Ultramar, e o
proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Belém a 11 de Agosto
de 1753. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis a fol. 63, e impr. na Officina de An
tonio Rodrigues Galhardo.

# #<>"# }

*
#

EU ELREI Faço saber a quantos este Meu Alvará em fórma de Lei


virem, que por justas causas, que Me forão presentes : Hei por bem
extinguir o lugar de Juiz , e os dous Oficios de Executores dos Contos
do Reino, e Casa ; e para este fim sómente revogo os Capitulos do Re
gimento, Leis, e Alvarás da sua creação ; e em lugar de todos : Sou
servido crear hum só Juiz Executor dos mesmos Contos, Ministro de le
tras dos approvados, para Me servirem com graduação de primeiro ban
co, o qual conhecerá na primeira instancia de todas as execuções, e
causas, de que conhecião até o presente o Juiz, e Executores supprimi
dos, dando appellação, e aggravo nos casos, em que couber, para o Jui
zo dos Feitos da Fazenda; e terá a mesma alçada, e assignatura, que
tem os Corregedores do Civel da Cidade, e haverá cento e oitenta mil
réis de ordenado, pagos pelo Thesoureiro da Alfandega , sem que pos
sa levar, nem pertender outra alguma propina, ordinaria, ou ajuda de
CUSLO.
E para que com maior diligencia execute as dividas de Minha Fa
zenda, mando , que de todo o dinheiro , que por execução fizer met
ter no cofre dos Contos, tire dez por cento, dos quaes leve para si qua
tro, e faça entregar dous ao Advogado, que ha de servir de Procurador
da Fazenda no seu Juizo, tres ao Escrivão da causa, e hum ao Solicita
dor. Assistirá na Mesa do despacho dos Contos , como Juiz delles , na
fórma do Regimento; mas não conhecerá das appellações das penas im
postas pelo Contador Mór, de que trata o Capitulo 104 do mesmo Regi
mento ; porque só lhe pertence conhecer das causas da primeira instan
cia : e as ditas appellações da publicação deste Alvará em diante fica
rão pertencendo aos Juizes dos Feitos da Fazenda : e do mesmo modo
conhecerá na primeira instancia dos casos crimes, de que trata o Capi
tulo 105, dando delles appellação, e aggravo na referida fórma.
Será consultado este lugar no Conselho da Fazenda, preferindo
<1753 . 165

sempre o Ministro de maior inteireza, literatura, e experiencia da arre


cadação de Minha Fazenda. * * *

Servirá por tempo de tres annos, no fim dos quaes dará residen
cia em fórma regular. . . - }

Tanto que entrar a servir se lhe fará receita de todas as execu


ções, que actualmente correrem, e das dividas, que de novo se houve
rem de executar no tempo, em que se vencerem ; escrevendo-se em ti
tulo separado as que pertencerem a cada hum dos Escrivães da Execu
toria : e será obrigado a fazer executar , e recolher no cofre dentro de
hum anno, contado do dia, em que se lhe fizer receita, todas as divi
das, que forem exigiveis, dando conta no Conselho da Fazenda de todas
as que se não poderem cobrar por falta de bens, com a justificação pre
cisa, para se Me fazerem presentes, com as mais informações, que no
Conselho parecerem necessarias, para Eu as mandar riscar das receitas:
e faltando a qualquer destas obrigações, se lhe dará em culpa na sua re
sidencia. E para o fim desta brevidade, ordeno a todos os Ministros, Of
ficiaes, e Pessoas de Meus Reinos, e Dominios, que com toda a prom
ptidão cumpräo, e executem os Precatorios, e Mandados, que o dito
Juiz Executor dos Contos lhes passar, nos termos, que lhes forem pre
finidos , com pena de virem emprazados ao Conselho da Fazenda dar a
razão de suas omissões, ou culpas, e sustentarem as penas, que Eu for
servido applicar-lhes em consulta do mesmo Tribunal, além de se lhes
negarem certidões para as suas residencias. E aos Juizes dos Feitos da
Fazenda mando, que prefirão o despacho dos feitos, e causas dos Con
tos a outro qualquer despacho , na fórma da Ordenação livro primeiro,
titulo dez, expedindo os aggravos de petição na mesma Conferencia, em
que subirem, e as appellações no termo de dous mezes peremptorios;
tendo entendido que, não obrando assim, incorrerão no Meu Real des
agrado, e lho mandarei estranhar com a demonstração, que o caso me
TeCer.

Poderá o dito Juiz Executor autuar, suspender, e sentencear os


Escrivães, Solicitadores, e mais Oficiaes dos Contos, que culpavelmen
te demorarem os autos, e diligencias precisas para o expediente, dando
appellação, e aggravo para o Juizo dos Feitos da Fazenda, e conta no
Conselho della , para logo se proverem os Oficios nas pessoas, a que
pertencerem.
O Advogado mais antigo da Casa da Supplicação responderá nos
feitos deste Juizo, como Procurador da Fazenda , , e haverá o premio de
dous por cento, que neste Alvará lhe vai constituido.
E porque os feitos da Executoria das Terras do Reino, em que
era preciso haver conhecimento de causa, se remettião ao Desembarga
dor Juiz dos Contos para os sentencear com Adjuntos na Casa da Suppli
cação, mando, que daqui em diante se remettão ao Juizo dos Feitos da
Fazenda, para nelle se julgarem. Usará o dito Juiz Executor, novamen
te creado, de todos os Regimentos, Alvarás, Ordenações, Leis, De
cretos, Resoluções, e Ordens, que estiverem passadas a favor das juris
dicções do Juiz, e Executores supprimidos, em tudo o que forem appli
caveis ao seu conhecimento de primeira instancia, como se para elle fos
sem dirigidos. •

- Pelo que; Mando aos Védores da Minha Fazenda, Presidente do


Desembargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador da
Casa do Porto, e a todos os Desembargadores das ditas Casas, Correge
dores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Oficiaes, e Pessoas destes Meus
166 1753
|

Reinos, e Senhorios, cumprão, e guardem inteiramente, e fação cum


prir, e guardar este Meu Alvará, como nelle se contém ; sem embargo
de outro qualquer Alvará, Lei, ou Regimento em contrario , que de
Meu Poder Real, e certa sciencia, para este fim revogo, ainda que del
les houvesse de fazer expressa menção. E ao Doutor Francisco Luiz da
Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e Chanceller Mór de Meus Reinos,
e Senhorios, Mando, que o faça publicar na Chancellaria, e enviar có
ias impressas aos Tribunaes, Ministros, e mais Pessoas, a que seme
hantes Leis se costumão remetter , para que logo a fação publicar nas
Comarcas, e Ouvidorias das suas jurisdicções. E este se registará nas
Casas referidas , e o proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em
Belém a 23 de Agosto de 1753. = Com a Assignatura de ElRei , e a
do Ministro.

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis, o fol. 41 ; e impr. na Oficina de An
tonio Rodrigues Galhardo.

# # LOº% #

E U ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que havendo-Me
representado o Barão Conde, Presidente do Senado da Camara, que pe
la mudança, que se fizera dos Juizes do Crime, e do Civel desta Cida
de em Corregedores, pelo Alvará de vinte e cinco de Março de mil se
tecentos quarenta e dous, e Decreto de dezenove de Dezembro de mil
setecentos quarenta e tres, ficarão sem exercicio as Doações da dita Ci
dade, segundo as quaes pertencia ao mesmo Senado a nomeação dos re
feridos Juizes do Crime, e do Civel: E desejando Eu conservar á sobre
dita Cidade, e Povo della (em quanto for possivel, e o seu maior bem
o puder permittir) os privilegios, e prerogativas, com que os Senhores
Reis Meus Predecessores o honrarão: Sou Servido, que dos doze Corre
gedores do Crime, que presentemente ha na mesma Cidade, se fiquem
conservando sómente os cinco, que sempre houve: a saber, o da Rua
Nova, do Rocio, de Alfama, do Bairro Alto, e dos Remolares; e que
os sete, que restão, a saber, do Castello, do Limoeiro, da Ribeira, da
Mouraria, de Andaluz, do Monte de Santa Catharina, e do Mocambo,
se extingão, subrogando-se nos seus lugares igual número de Juizes do
Crime. Assim estes, como os Corregedores, terão os mesmos districtos,
que forão assignados aos seus respectivos Bairros pelo dito Alvará de
vinte e cinco de Março de mil setecentos quarenta e dous. Todos servi
rão com os mesmos Oficiaes, com que até agora servirão os Corregedo
res conservados, e extinctos. E por fazer mercê ao sobredito Senado da
Camara, e Povo desta Cidade: Hei por bem, que os referidos sete Jui
zes do Crime, que Mando substituir nos lugares abolidos, Me sejão con
sultados pelo mesmo Senado, na mesma fórma, em que até agora se con
sultavão os Corregedores pelo Desembargo do Paço; e haverão os ordena
dos, e emolumentos, que havião antes do referido Alvará de vinte e cin
co de Março de mil setecentos quarenta e dous; cobrando-os pela mes
ma estação, por onde então lhes erão pagos, e o serão com os accres
centamentos, que forão feitos aos lugares da sua graduação pela Lei de
sete de Janeiro de mil setecentos e cincoenta; guardando os Regimen
1753 167

tos dos Ministros Criminaes desta Cidade, e muito especialmente o dos


Bairros: e indo ao Senado despachar as causas das injúrias verbaes, co
mo o praticavão antes do sobredito Alvará de vinte e tres de Março de
mil setecentos quarenta e dous, que Hei por derogado sómente no que
a este for contrario, ficando para tudo o mais no seu vigor.
E Mando, que o disposto neste Meu Alvará, se cumpra inteira
mente, como nelle se contém, e tenha força de Lei, que passará pela
Chancellaria, e valerá, posto que o seu efeito haja de durar mais de
hum anno, sem embargo da Ordenação livro segundo, titulo quarenta
em contrario. Dado em Belém aos 25 de Agosto de 1753. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no *

Livro das Leis a fol. 40. e impr. na Oficina de


Antonio Rodrigues Galhardo.

*—*< * #

H Ei por bem, que o Procurador da Fazenda seja ouvido, e presente


em todas as Causas da Santa Igreja Patriarchal, e da Reverenda Fabri
ca, que se julgarem no Juizo dos Feitos da Coroa, juntamente com o
Procurador della, que já por outro Decreto, he ouvido, e presente nas
mesmas Causas. O Duque Regedor o tenha assim entendido, e faça exe
cutar. Belém a quatro de Setembro de 1733. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos De


cretos a fol. 226 vers.

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EU ELREI Faço saber, aos que este Meu Alvará virem, que tendo
consideração a Me representarem por sua petição os Juizes actuaes do
Officio de Cortador dos Assougues desta Corte, que pela Certidão, que
juntavão, e constava confirmar-lhe o Senhor Rei D. João o V, Meu Pai,
que está em Gloria, os Privilegios, que por resolução de quatro de No
vembro de mil seiscentos e quarenta e quatro se lhe havião concedido,
em consideração do beneficio que fazião os Marchantes, em trazerem ga
dos para mantimentos desta Cidade, para que não fossem obrigadas ás
companhias, nem a outros efeitos de guerra, e que o mesmo se prati
casse com os Cortadores da carne e esfolladores della, por cuja razão sem
pre forão isentos os supplicantes, e seus filhos de se proceder contra el
les para Soldados, e para se lhe observarem os ditos Privilegios, neces
sitão de confirmação, Me pedem lhes faça mercê mandar-lhes passar Al
vará de confirmação delles, na fórma do estilo, o que visto: Hei por bem
confirmar, aos supplicantes os sobreditos Privilegios na fórma que pe
dem, em virtude deste Alvará, a que farão dar inteiro cumprimento os
Governadores das Armas, Generaes, que governão as Armas das Pro
vincias pelos Cabos, e Oficiaes de Guerra, Ministros, e Officiaes de
168 • 1753

Justiça, e de Minha Fazenda, e mais pessoas, a que o conhecimento


delle pertencer, e valerá, posto que seu efeito haja de durar mais de hum
anno, dado na Cidade de Lisboa aos 6 do mez de Setembro de 1753. =
Com a Assignatura de Sua Magestade.
Impresso avulso.

#«…>…} %

DoM JOSÉ por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber aos que este Meu Alvará de Lei virem, que por Me ser pre
sente que, sem embargo das penas, com que pela Ordenação, e ainda
por Direito commum, devem ser castigados os que fazem, ou publicão
Sátiras, ou Libellos famosos, ou por qualquer modo concorrerem para
que elles se fação, ou publiquem, he em grande prejuízo da honra de
Meus Vassallos muito frequente este delicto, pela dificuldade de se pro
var quaes forão os seus Authores , e mais pessoas, que concorrerão para
os ditos Libellos, ou Sátiras se fazerem, e publicarem; e tambem por
que as pessoas ofendidas tem muitas vezes por melhor dissimularem a
atrocissima injúria, que pelo referido modo se lhes faz, ou vingarem-se
illicita, ou occultamente, do que queixarem-se ás Justiças: e porque he
da Minha Real intenção, que delicto tao atroz não continue mais, an
tes se extinga com o justo temor do castigo: Hei por bem fazer este ca
so de devaça, e que os Juizes de Fóra, e Ordinarios a tirem em razão
do seu oficio, ainda que não haja queixa de parte; com pena de se lhes
dar em culpa. Pelo que Mando ao Presidente do Desembargo do Paço,
Regedor da Casa da Supplicação, e ao Governador da Casa do Porto,
Desembargadores das ditas Casas, Governadores, e Desembargadores
das Relações das Conquistas, e a todos os Corregedores, Provedores,
Ouvidores, Juizes, e mais Justiças destes Meus Reinos, e Senhorios,
cumpräo, e guardem este Meu Alvará de Lei, como nelle se contém.
E ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e
Meu Chanceller Mór, o faça publicar na Chancellaria, e enviar o tras
lado delle sob Meu Sello, e seu signal, aos Corregedores das Comarcas,
e Ouvidores dos Donatarios, em que os Corregedores não entrão por Cor
reição, para que o fação publicar. E este se registará nos Livros do Des
embargo do Paço, Casa da Supplicação, e Relação do Porto, e mais
partes, onde semelhantes se costumão registar; e este proprio se lança
rá na Torre do Tombo. Dado em Lisboa aos 2 de Outubro de 1753. =
Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mordomo Mór Presidente.
-
\ -

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis a fol. 42 vers., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.
1753 169

# #«…>, ºk N:

P oR justas e particulares razões do Meu Serviço: Hei por bem, que a


Causa, que no Juizo da Coroa tem intentado Dona Maria Magdalena de
Portugal contra o Almirante Dom Antonio José de Castro sobre a Rei
vendicação da Capitanía das Ilhas se processe, sentencei, e conclua no
termo imprerogavel de hum mez, que principiará do dia da data deste,
sendo Juiz Relator o Desembargador Simão da Fonseca e Sequeira, e
adjuntos os Desembargadores Francisco Xavier Morato Broa, e Fran
cisco Antonio Marques Giraldes de Andrade, e para empates José de
Carvalho Martins, e Antonio José da Fonseca Lemos. O Duque Rege
dor o tenha assim entendido, e o mande executar. Belém 6 de Novem
bro de 1753. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. a fol. 230 vers. no Livro XIV. na Casa da


Supplicação. •

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EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará virem, que sendo
Me presentes os Contratos atraz escritos, que se fizerão no Meu Con
selho Ultramarino com Pedro Gomes Moreira, do rendimento da pesca
das Baleas do Rio de Janeiro, Ilhas de Santa Catharina, e S. Sebastião,
Santos, e S. Paulo, por tempo de seis annos, que hão de começar fin
dos os Contratos actuaes, em preço cada anno de quarenta e oito mil
cruzados, e cem mil réis, livres pára a Minha Real Fazenda, a saber:
vinte e oito mil cruzados, e cem mil réis pela pesca da Capitanía do Rio
de Janeiro, dez mil cruzados pela de Santa Catharina, e dez pela de S.
Sebastião, Santos, e S. Paulo, com as condições, e obrigações declara
das nos mesmos Contratos. Hei por bem approvar, e ratificar os ditos
Contratos na pessoa do referido Pedro Gomes Moreira, e Mando se cum
prão, e guardem inteiramente como nelles, e em cada huma de suas Con
dições se contém, por este Alvará, que valerá como Carta, e não pas
sará pela Chancellaria sem embargo da Ordenação do liv. 2.º tit. 39, e
40 em contrario. Lisboa 12 de Novembro de 1753. = Com a Assignatu
ra de ElRei, e a do Marquez de Penalva, Presidente do Conselho Ul
tramarino.

Contrato a que se refere o Alvará antecedente,

A NNo do Nascimento de Nosso Senhor JEzus CHRIsto de mil setecen


tos cincoenta e tres, aos dezoito dias do mez de Maio do dito anno, nes
ta Corte, e Cidade de Lisboa nos Paços de Sua Magestade, e Casa, em
que se faz o Conselho Ultramarino, estando presentes os Senhores Con
selheiros, e o Procurador da Fazenda delle o Desembargador Gonçalo José
170 1753

da Silveira Preto, appareceo Pedro Gomes Moreira, pelo qual foi dito
fazia lanço (como com efeito fez) nos Contratos da pesca das Baleas do
Rio de Janeiro, Ilhas de Santa Catharina, e S. Sebastião, Santos, e S.
Paulo, por tempo de seis annos, que hão de principiar findos os Contra
tos actuaes, em preço cada hum anno de quarenta e oito mil cruzados,
e cem mil réis, livres para a Fazenda Real, a saber: vinte e oito mil
cruzados, e cem mil réis pela pesca da Capitanía do Rio de Janeiro; dez
mil cruzados pela de Santa Catharina, e dez pela de S. Sebastião, San
tos, e S. Paulo, que se devem satisfazer na Provedoria de Santos, com
as condições, e obrigações dos Contratos actuaes, e de pagar só as pro
pinas devidas por ordem de Sua Magestade. E para esta rematação pre
cederão editaes, e as mais solemnidades, que dispoem o Regimento, e
resolução do dito Senhor para se rematarem por menos do em que anda
vão, é se lhe declarárão os Decretos de Sua Magestade sobre os Con
luios, e Companheiros, e a Resolução do mesmo Senhor de 27 de Setem
bro de 1746; e deo por fiador á decima a Caetano do Couto Pereira; e
na Provedoria da Fazenda Real do Rio de Janeiro dará elle Contratador
as fianças necessarias a estes Contratos, o qual mostrou ter-se carrega
do em lembrança o preço delles ao Thesoureiro da obra pia, para dos
mesmos pagar a que dever.
PRIMEIRA CONDIÇÃO.
Que poderá elle Contratador haver tudo, o que produzirem estes
Contratos confórme as Leis, Alvarás, e Provisões, porque elles se esta
belecerão, como até ao presente se observou, sem alteração alguma, e
por tempo dos ditos seis annos sómente, que hão de principiar findos que
sejão os Contratos que correm, os quaes lhe fará cumprir o Provedor da
Fazenda Real do Rio de Janeiro, dando das suas determinações appel
lação, e aggravo para os Juizes dos Feitos da Fazenda da Relação do
mesmo Rio.
II. Que elle Contratador dará as fianças necessarias a estes Contra
tos no Rio de Janeiro, as quaes hão de ser approvadas pelo Almoxarife
da Fazenda Real, a quem se ha de carregar em receita a sua importan
cia, de que o mesmo Almoxarife fica sendo Executor para deste rendi
mento dar conta, e ter cuidado de o cobrar aos quarteis em cada anno,
observando o que dispoem a Ordenação do Reino liv. 2." tit. 63, e o Re
gimento da Fazenda, e Contos sobre a fórma da arrecadação, e o modo
das execuções; com declaração, que os dez mil cruzados cada anno per
tencentes á Ilha de S. Sebastião, Santos, e S. Paulo, terá elle Almoxa
rife cuidado, de que o mesmo Contratador os satisfaça promptamente aos
quarteis na Provedoria de Santos, de cuja entrega lhe apresentará co
nhecimento do Almoxarife daquella Praça, para constar de como assim
o cumprio, e quando o não faça o obrigar a isso na fórma do dito Regi
mento, e no caso que haja dúvida sobre o Almoxarife acceitar as fianças,
que o dito Contratador lhe oferecer, as decidirá o Provedor da Fazenda
Real, ficando obrigado na mesma fórma, que o Almoxarife pela falta,
que nellas possa haver, e das suas sentenças sómente se poderá appel
lar, e aggravar para os Juizes dos Feitos da Fazenda da Casa da Sup
plicação. • |-

III. Que elle Contratador gozará de todos os privilegios concedidos


pelas Ordenações do Reino aos Rendeiros das rendas Reaes, não estàn
do derogadas em parte, ou em todo, e se lhe dará pelo Governador, e
1753 17I

mais Ministros de Justiça, e Fazenda toda a ajuda, e favor licito, ejus


to para a cobrança das dividas deste Contrato durante o tempo delle, e
o mais que lhe permitte a Lei, e Regimento da Fazenda.
IV. Que por conta delle Contratador serão todas as despezas feitas
na arrecadação deste Contrato, e sómente por conta da Fazenda Real
os ordenados dos Oficiaes nomeados por Sua Magestade, que tiverem
Cartas, Alvarás, ou Provisões suas; e não poderá elle Contratador alle
gar perdas, e damnos, nem usar de incapação alguma ainda nos casos,
que o Regimento da Fazenda os admitte, ou sejão sólitos, ou insólitos;
e contra o estabelecido nesta Condição se não admittirá interpretação al
guma.
V. Que elle Rematante gozará de todas as Condições, e Privilegios
neste Contrato, assim mesmo como se achão estabelecidas no Contrato
actual do Rio de Janeiro, Santos, e S. Paulo sem dúvida alguma.
VI. Que poderá elle Contador ter no Rio de Janeiro tanque, ou tan
ques, em que recolha o azeite que produzir o seu Contrato, a fim de o
poder navegar com mais brevidade para este Reino, e Ilhas dos Asso
res, Bahia, e Pernambuco, sem que o Contratador do Rio de Janeiro o
possa embaraçar em cousa alguma, da mesma fórma, e sem diferença
alguma, do que actualmente se pratíca, e está concedido ao Erector des
ta Fabrica. - -

VII. Com condição, que na Ilha de Santa Catharina será seu Juiz
Conservador o Ministro que nella se achar para lhe cumprir as Condi
ções do seu Contrato, não se embaraçando nelle o Governador, e ménos
se lhe poder impedir a sua pesca naquella Costa; e no Rio de Janeiro
será seu Conservador o Provedor da Fazenda, ou o Ouvidor Geral da
quella Cidade, havendo-o Sua Magestade assim por bem, para o que se
lhe fará Consulta.
E sendo visto pelos Senhores Conselheiros do Conselho Ultrama
rino, presente o Procurador da Fazenda delle, o conteúdo nestes Con
tratos, condições, e obrigações delles o houverão por bem, e se obrigá
rão por bem, e se obrigárão em Nome de Sua Magestade a lhe dar intei
ro cumprimento, e o dito Pedro Gomes Moreira que presente estava, dis
se, os acceitava, e se obrigava a cumprir inteiramente os ditos Contra
tos na fórma da sua rematação, com todas as condições, e obrigações
nelles declaradas, e que não o cumprindo elle em parte, ou em todo,
pagaria, e satisfaria por todos os seus bens, assim moveis, como de raiz,
havidos, e por haver toda a perda, que a Fazenda de Sua Magestade re
ceber os quaes para isso obrigava. E por firmeza de tudo, mandárão fa
zer estes Contratos no livro delles, em que todos assignárão com o dito
Pedro Gomes Moreira, de que se lhe deo huma cópia assignada pelos
Senhores Desembargadores Alexandre Metelo de Sousa e Menezes, e
Rafael Pires Pardinho, Conselheiros do Conselho Ultramarino. Antonio
de Cobellos Pereira, Oficial Maior da Secretaria do dito Conselho, o
fez em Lisboa a 12 de Novembro de 1753. O Conselheiro Antonio Lo
pes da Costa as fiz escrever. = Alexandre Metelo de Sousa e Mene
zes. = Rafael Pires Pardinho.

No Liv. III. de Contratos da Secretaria do Conselho


Ultramarino, a fol. 20, e impr. com o Alvará an
tecedente na Regia Typografia Silviana.

Y 2
172 I753

{ #«…>, # §

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que entre
as providencias, que em beneficio da Navegação, e do Commercio, que
os Meus Vassallos fazem para o Estado do Brazil, Fui Servido dar no
Novo Regimento da Alfandega do Tabaco, escrito na Cidade de Lisboa
a dezeseis de Janeiro de mil setecentos cincoenta e hum, são as que se
contém nos Paragrafos primeiro, segundo, terceiro, e quarto do Capi
tulo sete, cujo theor he o seguinte: » Paragrafo primeiro: Por Me
ser presente, que os fretes do Brazil para este Reino por hum abuso
contrario á razão, e ao interesse do Commercio se encarecêrão em
repetidas occasiões com tal exorbitancia, que o valor dos generos não
podia sofrer o custo do transporte: Ordeno, que d’aqui em diante
nenhum Mestre de Navio ouze pedir, ou receber por frete de Tabaco
de qualquer dos pórtos do Brazil para este Reino preço algum, que
exceda a trezentos réis por arroba, ou a dezeseis mil e duzentos réis
por tonelada de cincoenta e quatro arrobas. E este preço ficará po
rém livre, e líquido a favor do Navio, a cujo fim já fica transferido
no genero o Direito, que antes se pagava na Alfandega desta Cida
de a respeito do casco. E os que levarem fretes maiores dos assima
. taxados, perderão toda a importancia do transporte que fizerem, a
º favor da pessoa, a quem extorquirem a dita maioria. E ficarão sujei
º tos ás mais penas, que merecem, segundo a gravidade da maior cul
º pa, em que forem incursos. Paragrafo segundo: O mesmo Ordeno,
” que se observe tambem inviolavelmente d’aqui em diante a respeito dos
fretes do Assucar. Paragrafo terceiro: E para mais suave, e facil ob
servancia desta disposição, estabeleço, que nenhum Navio, que pas
sar em lastro de hum porto do Brazil a qualquer outro do mesmo Esta
do para procurar carga, a possa receber, senão subsidiariamente de
pois de haverem sido carregados os outros Navios, que houverem le
vado carga deste Reino para o mesmo porto, onde concorrer o Navio,
que se achar que nelle entrou de vasio, ou em lastro; sob pena de que
toda a importancia dos fretes, que este ultimo Navio receber, cederá
a favor dos Mestres dos outros Navios, a quem direitamente pertencia
a carga; ou daquelles, que o denunciarem, e se habilitarem na causa
desta pena com o direito de que os seus Navios levárão carga para o
porto, onde a carregação se achar feita. Paragrafo quarto: Semelhan
mente os Navios pertencentes á Praça da Cidade do Porto, que nave
garem para os pórtos do Brazil, não tomarão nelles carga pertencente a
esta Cidade de Lisboa, senão depois de haverem sido carregados os
Navios da mesma Cidade de Lisboa: Nem pelo contrario os Navios de
Lisboa poderão receber carga para o Porto, senão depois de se acha
rem carregados os Navios pertencentes á dita Cidade do Porto: Tudo
23
debaixo das mesmas penas assima ordenadas.
E porque o tempo tem mostrado, que estas uteis Providencias
se fraudão com os mesmos perniciosos fins, que tinhão sido prevenidos,
e reprovados no Preambulo da referida Lei: a saber, os ditos Paragra
fos, primeiro, e segundo; porque nos casos, em que succeder ser a car
ga redundante, e superior ás forças dos Navios, que devem transportal
la, estabelecem os Mestres delles fretes exorbitantes, com os quaes ar
1753 173

ruinão a lavoura, absorvendo os lucros, que ella podia produzir aos A


gricultores: E nos casos contrarios quando a carga he pouca, e inferior
aos Navios, que se achão para a receber, se barateão os fretes de tal
sorte, que se arruina a Navegação, por se tirarem aos Navios os meios
necessarios para se costearem: Praticando-se ambas estas fraudes por con
venções occultamente simuladas, a que as partes são constrangidas para re
mirem as vexações, que se lhes procurão fazer: Sou Servido ampliar, e
declarar a sobredita providencia, ordenando, como por este Ordeno, que
da publicação delle em diante nenhuma pessoa, de qualquer qualidade,
ou condição que seja ouze alterar os fretes, que pelo dito Novo Regi
mento forão estabelecidos, accrescentando, ou diminuindo o preço del
les, debaixo das penas de nullidade de qualquer Letra, Escrito, Acto,
ou Contrato, ainda verbal, que resulte do accrescentamento, ou dimi
nuição do referido preço por Mim estabelecido; do perdimento de todo
o excesso, ou baratiamento, que se fizer, e do tresdobro delle: sendo
tudo pago da cadeia pelo Mestre do Navio, que assignar a Letra, ou
Papel, ou pagar, ou receber em dinheiro ao Carregador, ou do Carre
gador, o preço do excesso, ou diminuição, em que se ajustar.
No caso, em que os donos dos Navios, Carregadores, Procura
dores, Commissarios, e os mais interessados, e intervenientes naquelles
illicitos Contratos, os manifestarem nesta Corte perante o Juiz de India,
e Mina, na Cidade do Porto perante o Corregedor do Civel da Corte; e
no Brazil, ou perante os Inspectores nos pórtos , onde houver Casas de
Inspecção, ou perante os Ouvidores geraes, onde as não houver ; no
preciso termo de oito dias, continuos, successivos, e contados daquel
le, em que entrar , ou sahir a Frota , serão relevados das sobreditas
penas.
Porém no caso de não manifestarem na referida fórma dentro do
dito termo, se transferirão tambem em todos os sobreditos pelo lapso do
tempo as mesmas penas, para todas ellas se executarem cumulativamen
te em cada hum delles, além das que já forão estabelecidas no sobredi
to Regimento. -

O que tudo será applicado a favor das pessoas, que denunciarem,


e descobrirem as sobreditas fraudes; sem que estas condemnações pecu
niarias possão ser rateadas, quando no mesmo caso concorrerem diferen
tes Co-réos ; porque cada hum delles pagará sempre in solidum assim o
valor principal do que houver accrescentado, ou diminuido aos fretes,
como o tresdobro delle, na fórma assima ordenada.
Bem visto, que todo o referido se entenderá pela primeira vez;
porque pela segunda incorrerão os transgressores desta Lei além da re
petição das sobreditas penas, na de cinco annos de degredo para o Rei
no de Angola, que nelles se executará irremissivelmente; e pela tercei
ra no dobro de todas estas penas, assim pecuniarias, como corporaes:
sendo sempre as primeiras dellas applicadas a favor dos Denunciantes,
havendo-os; e não os havendo, a favor das despezas da Casa da Inspec
ção do respectivo porto, onde as fraudes se fizerem.
E pelo que respeita aos sobreditos Paragrafos terceiro, e quarto,
havendo tambem certas informações de que a perferencia, e ordem por
elles estabelecida se tem igualmente fraudado com afectados pretextos;
como por exemplo, o de se fingir materialmente contra o genuino, e na
tural sentido dos mesmos Paragrafos, que nelles se ordenou, ou se podia
permittir que, para ter efeito a dita perferencia, fossem os Navios car
regados por hum gradual, e rigoroso progresso de tempos diferentes; de
174 1753

sorte, que sómente depois de estar o primeiro delles inteiramente carre


gado , principiaria então a carregar o segundo, para assim se praticar
nos mais por modo semelhante: Sou Servido outrosim declarar, que pe
lo que pertence á fórma da carregação dos ditos Navios se ha de proce
der na maneira seguinte.
Tanto que as Frotas descarregarem nos respectivos portos, a que
são destinadas, farão os Inspectores extrahir logo huma exacta relação
dos Navios, que as constituirem, declarando-se nella com inteira certe
za a arquiação, e lotação de todos, e de cada hum delles.
As quaes relações ficarão reservadas para por ellas se regularem
as carregações ao tempo da partida das referidas Frotas. Em tal fórma,
que assim como forem chegando os generos, que devem carregar-se, se
irá fazendo delles outra respectiva relação , pela qual os irão repartindo
os sobreditos Inspectores pro rata aos Navios, a cujo favor estiver a pre
ferencia; deixando-se sempre ás partes a escolha do Navio, que melhor
{
lhe parecer entre os preferentes; e desde que estes tiverem segura a sua
carga , ou esta se ache a bordo delles, ou ainda dentro nos armazens,
destinada, e contramarcada para se carregar, se publicará por Editaes,
que he livre a todos carregarem como bem lhes parecer.
Todo o referido se entenderá pelo que respeita aos generos prin
cipaes, que fazem o capital de cada hum dos respectivos pórtos : a sa
ber: no Rio de Janeiro Assucar, Madeira, e Coiros; na Bahia Assucar,
Tabaco, Coiros, e Sola: em Pernambuco Assucar, Tabaco, Sola, Coi
ros, e Páo Brazil; e no Maranhão, e Pará, Cacáo, Café, Salsa Parri
lha, Cravo, Algodão, e Coiros, para o caso, em que alli venha com o
tempo a ter lugar a dita preferencia. Todos os outros generos, e encom
mendas miudas, se poderão em todo o tempo carregar livremente, ain
da que a carga dos Navios preferentes se não ache completa.
E nesta conformidade se observará a dita preferencia inviolavel
mente de tal sorte, que os que contra ella carregarem, incorrerão, além
das penas já estabelecidas pelo dito Novo Regimento, na da condemna
ção do tresdobro do valor dos fretes, que usurparem, para ser repartida
a favor dos donos dos Navios preferentes, aos quaes se houver prejudica
do. E não querendo estes habilitar-se nas causas desta pena, cederão as
ditas condemnações a favor das despezas da respectiva Casa de Inspec
ção do lugar, onde as transgressões se commettem. E as referidas penas
se executarão cumulativamente com as do Regimento pela primeira vez:
dobrarão pela segunda com cinco annos de degredo para o Reino de An
gola : e nellas não terá lugar o rateio, mas tambem serão executadas
integralmente contra cada hum dos Co-réos, que serão todos , os que
concorrem para a transgressão dos fretes directa, ou indirectamente; não
manifestando os originarios transgressores no termo, e no modo assima
declarados.
E pela grande importancia, de que será o bem commum dos Meus
Vassallos destes Reinos, e do Estado do Brazil, a total extirpação de to
das as sobreditas fraudes: Sou Servido outro sim ordenar, que dellasti
rem devassa em cada hum anno os Inspectores Letrados, logo depois de
serem passados oito dias, contados daquelle, em que sahirem as Frotas;
e que assim as taes Devassas, como as Denuncias, que se lhes derem,
sejão julgadas em huma só instancia, breve, e summariamente, sendo
para esse efeito remettidas á Relação do lugar , para nella serem sen
tenciadas pelo Juiz da Coroa com os Adjuntos, que o Regedor, Gover
nador , ou quem seus cargos servir, lhes nomear, e remettendo-se os
1753 175

Autos originaes com as sentenças, que nelles forem dadas, ao Meu Con
selho Ultramarino, para Mos fazer presentes, ficando os traslados delles
nos Cartorios dos respectivos Escrivães. O mesmo respectivamente pra
ticará nesta Corte, ao tempo da chegada das Frotas, o Juiz de India, e
Mina, por semelhante modo.
E este se cumprirá, e guardará inteiramente, como nelle se con
tém, não obstante quaesquer. Leis, Regimentos, ou Ordens em contra- .
rio , ainda que sejão das Alfandegas, e de quaesquer Casas de despa
cho, e de outras, que requeirão especial menção; porque todos Hei por
derogados no que a este se acharem contrarios. Pelo que, Mando ao Meu
Conselho Ultramarino; Regedor da Casa da Supplicação; Governadores
da Relação, e Casa do Porto, e das Relações da Bahia, e Rio de Janei
ro; Vice-Rei, Governadores, e Capitães Generaes do Estado do Brazil,
Ministros, e mais Pessoas dos Meus Reinos, e Senhorios, que o cum
prão, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, como nelle
se contém. E ao Doutor Francisco Luiz da Cunha de Ataide do Meu
Conselho, e Chanceller Mór do Reino, mando, que o faça publicar na
Chancellaria, e o faça imprimir, e registar no lugar, onde se costumão
fazer semelhantes registos , e enviar ás partes costumadas. E este pro
prio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Belém a 29 de Novembro
de 1753. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li
vro das Leis, a fol. 43 vers., e impr. na Qficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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Sespo-Me presentes os graves prejuizos, que se tem seguido ao bem


commum dos Meus Vassallos destes Reinos, e do Estado do Brazil, da
falta de observancia dos Decretos, e Ordens, que regulárão a partida
das Frotas, e o grande beneficio, que o Commercio, e Agricultura de
huns, e outros Vassallos receberão de partirem as mesmas Frotas tão op
portunamente, que sahindo sempre a tempo de deixarem recolhidos os
fructos deste Reino, que nellas costumão carregar-se, e voltando dos dif
ferentes Portos do Brazil, com a mesma opportunidade, de trazerem fres
cos os fructos delles, depois de se haverem completado as colheitas, se
recolhão ao Téjo antes das tormentas do Inverno, que ameação perigos
sobre as Costas, e avarías aos generos, quando são descarregados pelo
tempo das chuvas: Sou Servido ordenar, que a Frota do Rio parta para
aquelle Estado no primeiro dia do mez de Janeiro, e volte precisamente
delle até os principios de Junho de cada hum anno, que a Frota da Ba
hia parta semelhantemente no primeiro de Fevereiro, e volte daquelle
Estado até o fim de Junho: Que a Frota de Pernambuco parta em quin
ze de Novembro , e volte daquelle Estado até vinte de Maio, e que a
Frota do Pará, e Maranhão parta na mesma fórma de Lisboa no primei
ro de Março , e volte daquelles Estados até á primeira Lua do mez de
Agosto, sahindo, e voltando em todos os annos regularmente os Com
boios nos referidos tempos, sem que se detenhão a esperar quaesquer
Navios. Porém nos casos, em que nos referidos Pórtos do Brazil se fa
ção promptas as Frotas antes de serem findos os sobreditos termos, po
176 1753

derão livremente voltar logo que se acharem completamente expeditas,


e carregadas, e porque a experiencia tem mostrado, que a causa de se
não observarem as Ordens, que atégora se expedírão a este respeito,
consistio em se não reduzirem as Frotas dos primeiros annos aos termos
devidos, e em ficarem por isso desordenadas desde o principio dos esta
belecimentos, que se fizerão para a regular. Sou outro sim Servido orde
nar, que as Frotas, que se achão fóra se vão retendo, assim como fo
rem chegando , ainda que seja preciso fazerem aqui maior dilação , do
que a ordinaria, para depois sahirem nos tempos que deixo assim a regu
lados. O Conselho Ultramarino o tenha assim entendido, e faça pontual
mente executar pela parte que lhe toca, sem embargo de quaesquer Re
gimentos, Resoluções, Decretos, Ordens, ou estilos contrarios. Belém,
28 de Novembro de 1753. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Impresso avulso.

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For Sua Magestade Servido por Resolução de 17 de Novembro deste


anno, em Consulta desta Junta , registada a fol. 185 vers. do liv. 29,
não deferir ao requerimento do supplicante: e que a Junta fique enten
dendo, que aonde as Tenças forão assentadas, assim tem efeito as mer
cês, por que são concedidas, ainda que não cheguem a ter cabimento
os Tencionarios. Na Contadoria geral de Guerra se veja e registe esta
Resolução de Sua Magestade , e em seu cumprimento se aponte o que
se oferecer. Lisboa 10 de Dezembro de 1753. = Com tres Rubrícas.

Regist. no Livro XXX das Ordens da Contadoria Ge


ral a fol. 272, e impr. na Collecção da Universida
de por J. I. F.

# #«On% +

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará de Regimento virem,
que sendo-Me presente a desigualdade, com que os Vedores, Conselhei
ros, Procuradores e Oficiaes de Minha Fazenda são remunerados pelo
trabalho de seus empregos, em razão das propinas, ordinarias e ajudas
de custo , que se tem introduzido, e prevalecido mais em humas esta
ções, que em outras, succedendo interessarem mais alguns dos que tra
balhão menos; contra a razão da justiça natural : E desejando, que se
jão todos correspondidos igualmente á proporção do serviço, que Me fa
zem, e da graduação de seus empregos, com ordenados competentes pa
ra sua honesta e congrua sustentação: Hei por bem extinguir no Conse
lho da Fazenda, e em todas as Casas, Juizos e Mezas da sua repartição,
todas as propinas, ajudas de custo e ordinarias, assim de dinheiro, co
mo de generos, ou especies, que se pagão pelos Thesoureiros, Almoxa
rifes, Oficiaes e Contratadores de Minhas rendas, seja qual for o titu
lo, por que se concedêrão , e por que até ao presente se cobrárão : E
para este fim, de Meu motu proprio, Poder Real e absoluto, revogo e
1753 177

annullo todas as Leis, Alvarás, Provisões, Decretos e Resoluções Mi


nhas, e dos Reis Meus Predecessores, pelas quaes forão concedidas, co
mo se de cada huma fizesse expressa menção ; e mando, que no regis
to de todas se ponhão Verbas de como forão derogadas por este Alvará,
e aos mesmos Vedores, Conselheiros, Procurador e Oficiaes do Conse
lho de Minha Fazenda, e de todas as Casas, Juizos e Mesas, suas su
balternas: Sou Servido constituir os ordenados seguintes, que hão de le
var do 1 de Janeiro de 1754 em diante.

C A P I T U L O I.

Cada hum dos tres Vedores da Fazenda haverá de seu ordenado


quatro contos de réis: e cada hum dos Conselheiros dous contos de réis:
e o Procurador da Fazenda por esta repartição dous contos e quatrocen
tos mil réis: o Juiz das Justificações do Reino hum conto e quatrocentos
mil réis , e de assignatura das sentenças , que julgar justificadas, tre
zentos réis, sem que leve cousa alguma das interlocutorias : e dos pre
catorios, mandados, inquiridorias, e mais papeis do seu oficio, levará
a mesma assignatura, ultimamente concedida ao Chanceller da Casa da
Supplicação (1), regulando a assignatura das certidões de reconhecimen
to, pela que deve levar dos precatorios. Cada hum dos quatro Escrivães
da Fazenda numerarios, haverá de seu ordenado hum conto e seiscentos
mil réis: e cada hum dos Escrivães supernumerarios, seiscentos e qua
renta mil réis. O Provedor do Assentamento haverá de seu ordenado tre
zentos e cincoenta mil réis: e o Capellão do Conselho haverá pela esmo
la das Missas, que nelle celebrar, quatrocentos mil réis. Cada hum dos
quatro Oficiaes maiores das Repartições haverá de seu ordenado setecem
tos mil réis , com declaração , que o Oficial maior da Repartição dos
Contos e Africa não levará emolumento algum pelo ajustamento dos sol
dos da gente de Tangere, nem pelos Decretos das Viuvas da mesma Pra
ça: e com mais declaração, que o Official maior da Repartição das llhas
e Ordens servirá juntamente de Official do Assentamento da mesma Re
partição , sem que leve outro algum ordenado. Cada hum dos Officiaes
do Assentamento das Repartições do Reino, India e Contos, haverá de
seu ordenado quinhentos mil réis: e cada hum dos Oficiaes papelistas,
e do Registo das mesmas Repartições, quatrocentos e cincoenta mil réis;
e o segundo Oficial da Repartição das Ilhas e Ordens haverá de seu or
denado quatrocentos mil réis ; e o Oficial do Registo desta mesma Re
partição duzentos mil réis. O Porteiro e Guarda-livros da Repartição do
Reino haverá de seu ordenado por ambos os oficios setecentos e sessenta
mil réis : e o Porteiro da Casa do Assentamento quinhentos e sessenta
mil réis: e o Porteiro e Guarda-livros da Repartição dos Armazens sete
centos e sessenta mil réis. Cada hum dos dous Solicitadores da Fazenda
da Repartição do Reino e India haverá de seu ordenado quatrocentos e
vinte mil réis, e hum por cento do dinheiro, que fizer metter no cofre.
O Corretor da Fazenda haverá de seu ordenado cento e quarenta mil réis,
e o meio por cento, que lhe toca do preço dos contratos, á custá dos Ar
rematantes. O Solicitador dos feitos da Corôa haverá de seu ordenado
cento sessenta e seis mil réis; e hum por cento do dinheiro , que fizer
arrecadar. O Meirinho do Conselho haverá de seu ordenado quatrocentos
mil réis; e oitenta mil réis para quatro homens da Vara: e o Escrivão do
(1) Vid. o Alvará de 7 de Janeiro de 1750. * *
Z
178 1753

dito Meirinho haverá outros quatrocentos mil réis de ordenado. Cada hum
dos Moços do Conselho de qualquer das Repartições haverá de seu orde
nado duzentos e cincoenta mil réis; e servirão todos distribuidamente na
Junta da reformação. O Moço, que ajuda o Guarda-livros, por este ex
ercicio, e pela despeza, que faz no aceio da Capella do Conselho, ha
verá cento e vinte mil réis.
I Por justas causas, que me forão presentes : Sou Servido extinguir
os oficios de Thesoureiro mór do Reino, Executor mór do Reino, The
soureiro das Ordinarias e Obras da Conceição, Thesoureiro do meio por
cento dos contractos , e todos os Escrivães , Fieis e Officiaes das ditas
Thesourarias e Executoria: E mando , que o Thesoureiro das despezas
do Conselho da Fazenda arrecade todas as receitas, pertencentes ás di
tas Thesourarias, do 1.° de Janeiro de 1754 em diante; carregando-se-lhes
em titulos separados, para por ellas satisfazer as despezas das folhas cor
respondentes ás mesmas Thesourarias; as quaes do dito dia em diante
se passarão direitamente para o mesmo Thesoureiro na sua mesma folha,
com titulos tambem separados. E do mesmo modo fará todas as execu
ções, que houvera de fazer o Thesoureiro mór do Reino, servindo-se pa
ra a receita e processos do seu mesmo Escrivão; ao qual ficão accumula
das todas as outras Escrivaninhas das Thesourarias e Executoria: e pa
ra as diligencias se servirá do Meirinho do Conselho, e do seu Escrivão.
E attendendo ao maior trabalho , que accresce ao dito Thesoureiro das
despezas do Conselho, haverá este de seu ordenado novecentos mil réis:
e o seu Escrivão pela mesma causa haverá de ordenado seiscentos mil
réis: e o seu Fiel duzentos mil réis.
2 Por ser informado, que o Medico e Cirurgião do partido do Conse
lho não curão, como devem, aos Vedores, Ministros e Officiaes delle:
Hei por bem extinguir estes partidos, e ordeno , que quando estiver
doente, sangrado, ou com outro remedio maior , qualquer dos Vedores
da Fazenda , ou qualquer dos Secretarios de Estado desta Repartição,
lhe possa o Conselho mandar dar de ajuda de custo sessenta mil réis : e
aos Conselheiros, Procurador e Escrivães da Fazenda, cincoenta mil réis:
e aos outros Oficiaes do mesmo Conselho e Casas subalternas, da dita
quantia para baixo, o que parecer justo, regulado pelas graduações de
seus officios, não baixando nunca de dez mil réis.
3 Não levarão do dito dia em diante mais cousa alguma pela Repar
tição do Conselho da Fazenda , o Presidente do Conselho Ultramarino;
os Secretarios de Estado dos Negocios do Reino e Ultramar, o Secreta
rio do Conselho Ultramarino ; os Oficiaes maiores, ordinarios e Portei
ros das Secretarias de Estado ; o Contador da Fazenda ; e os dous Mo
ços, que passárão do Conselho da Fazenda a servir no Conselho Ultrama
rino; porque todos vão provídos por outro Alvará dos ordenados, que de
vem haver, em razão dos seus empregos e oficios,
4 Todos os ordenados , acima constituidos , se repartirão em doze
partes iguaes, e dellas se assentarão tres na Alfandega grande desta Ci
dade, duas na Casa da Moeda, duas nos Almoxarifados da Contadoria
da Fazenda, em que melhor couberem; duas na Thesouraria das despe
zas do Conselho: duas na Thesouraria dos Armazens de Guiné e India;
meia parte na Thesouraria da Casa da India ; e a ultima meia parte na
Chancellaria mór da Corte e Reino.
5 A Mesa da Criação dos Enjeitados, pelo rendimento, que lhe ces
sa na Repartição do Conselho, haverá em cada hum anno pelo Thesou
reiro das despezas do mesmo Conselho, setecentos e trinta mil réis.
1753 179

6 Cada hum dos dous Juizes dos feitos da Fazenda e Corôa, além do
ordenado, assignatura e esportulas, que levão na Casa da Supplicação,
haverá mais de ordenado pelo Thesoureiro das despezas do Conselho, tre
zentos e vinte mil réis; e cada hum dos dous Escrivães dos feitos da Fa
zenda haverá do mesmo modo dez mil réis.
7. O Juiz da Chancellaria, além do que leva na Casa da Supplicação,
na fórma da dita Lei, haverá mais de seu ordenado pelo Thesoureiro das
despezas do Conselho, cento e trinta mil réis : o Executor das Dizimas
quarenta mil réis: o Escrivão das causas do Juizo cincoenta e dous mil
réis : e o Thesoureiro e Oficiaes desta Chancellaria vão provídos no ti
tulo della.
a . O Escrivão das Justificações do Reino haverá de seu ordenado, pe
lo Thesoureiro das despezas do Conselho, cento e sessenta mil réis : e
o Informador
outros dez mil de Mazagão
réis. dez mil réis : e o Porteiro das arrematações

9 O Contador do Mestrado da Ordem de Christo, além do que leva


por outra Repartição, vencerá mais de seu ordenado, pago pelo Thesou
reiro das despezas do Conselho, duzentos mil réis.
10 E para que o Thesoureiro das despezas do Conselho tenha com
que pagar as maiores despezas, que por este Regimento lhe accrescem :
mando, que de todos os contratos, que se arrematarem, ou já estiverem
arrematados no mesmo Conselho, cobre tres por cento cada hum anno do
preço principal, porque forem contratados; os quaes se descontarão aos
Contratadores nas Thesourarias, ou Almoxarifados, em que deverem pa
gar logo no primeiro quartel, pelos conhecimentos em fórma , que hão
de levar da receita do dito Thesoureiro; o qual principiará esta cobran
ça do 1.° de Janeiro de 1754 em diante.
C A P I T U L o II.
Alfandega grande desta Cidade.
Por quanto ao Provedor e Feitor mór, e mais Oficiaes da Alfan
dega grande desta Cidade, assim da Mesa grande, como das mais Me
sas, descargas, portas e guardas, por onde corre a arrecadação de meus
Direitos, não foi dado Regimento algum, para levarem emolumentos de
partes, e sómente se lhe consignárão ordenados competentes para suas
congruas e sustentações, excepto alguns próes e precalços, especialmen
te concedidos por Cartas, Alvarás e Decretos, e outros emolumentos,
que ao diante serão declarados; e excepto tambem aquelles Oficiaes,
que se empregão nas causas e diligencias entre partes, que dellas levão
emolumentos pelos Regimentos geraes: Hei por bem, que na mesma fór
ma continuem por favorecer o Commercio na despeza ; e na expedição
do despacho, reprovo e annullo todos e quaesquer emolumentos, que le
vavão até ao presente, para supprirem o que lhe faltava nos ordenados:
e mando , que mais não levem das partes, nem á custa de minha Fa
zenda, outro algum ordenado, propina, ajuda de custo, ordinaria, ou
emolumento algum mais, que os que ao diante lhe vão constituidos; com
que ficão competentemente satisfeitos, segundo a graduação e trabalho
de seus oficios.
1 De todas as receitas indistinctamente, assim de Direitos, como de
imposições, donativos, comboios, tomadias, e obras, que actualmente se
lanção, e arrecadão, e ao diante se lançarem e arrecadarem pela Meza
Z 2
I80 • 1753 |

grande da Alfandega, reservará o Thesoureiro geral della seis por cento,


com preferencia a toda e qualquer consignação, folha, ou Decreto, pa
ra com elles pagar os ordenados ao Provedor e Feitor Mór, e mais Ofi
ciaes da mesma Alfandega.
2 No fim de cada quartel irá o Thesoureiro á Meza grande, e ahi em
presença do Provedor e Feitor Mór, com o Contador da conferencia, e
dous Escrivães da mesma Meza , farão conta da importancia dos ditos
seis por cento, tirados de todas as receitas nos tres mezes do quartel,
que estiver findo, e repartirão a sua importancia em cento e oitenta e
tres partes, das quaes entregará o dito Thesoureiro a cada hum dos di
tos Oficiaes, ao diante declarados, as partes, que lhe constituo para
seus ordenados e sustentação, pela divisão seguinte, que confere com o
que de antes levavão, e de novo se lhes accrescenta.
3 Ao Provedor e Feitor Mór por todos os quatro Oficios da sua Car
ta, em que se inclue os do Provedor e Feitor Mór das Alfandegas do
Reino , entregará seis partes e meia de seus ordenados. E mais haverá
o dito Provedor e Feitor Mór o precalço das taras de todas as fazendas,
que se despachão na Alfandega. na fórma, que pela sua Carta, e por
sentenças dadas em confirmação della lhe pertencem. E das causas cri
mes e civeis, de que póde conhecer entre partes, e dos feitos das toma
dias
Crimelevará a mesma
da Côrte (1). assignatura, que levão os Corregedores do Civel e

4 A cada hum dos oito Escrivães da Meza grande entregará seis par
tes, para seu ordenado e congrua. •

5 Receberá para si sete partes. Ao Guarda Mór entregará seis par


tes. Ao Contador da conferencia quatro partes: Porém será este obriga
do daqui em diante a servir de Fiscal na Meza das avaliações das fazen
das, segundo as suas qualidades, e os aforamentos, que tiverem na Pau
ta; e não os tendo, requererá, que se avaliem pelo estado presente na
fórma do Foral; e achando, que na avaliação vai prejudicada Minha Fa
zenda, recorrerá ao Conselho della, suspenso no entanto o despacho do
bilhete, sobre o qual se mover a dúvida. E tambem será obrigado de as
sistir ao despacho dos feitos das tomadias; e appellar logo por parte de
Minha Fazenda, indistinctamente de todas as que se absolverem, e não
couberem na alçada do Provedor e Feitor Mór, e mais Oficiaes, que a
julgarem.
6 Ao Procurador da Fazenda dos feitos da Alfandega entregará hu
ma parte e hum quarto de parte. Ao Escrivão das marcas entregará hu
ma parte e tres quartos de parte; o qual Escrivão levará mais os emolu
mentos das partes, na fórma da sua Carta e do Regimento, que lhe foi
dado por Decreto Meu. A cada hum dos seis Feitores da abertura en
tregará quatro partes. Ao Feitor da descarga entregará tres quartos de
parte ; o qual Feitor haverá mais a parte , que lhe está concedida por
Decreto Meu, no ganho da companhia dos homens da descarga, que el
le governa, chamados Colleitores. Ao Juiz da balança entregará quatro
partes. Ao Escrivão da mesma balança outras quatro partes. A cada hum
dos dous Porteiros da porta de cima e do pateo entregará outras quatro
partes. A cada hum dos tres Escrivães da descarga entregará tres par
tes. A cada hum dos dous Porteiros e Guardas dos Armazens da fazen
da de cima entregará huma e meia parte. A cada hum dos dous Conti
nuos dos bilhetes da abertura e balança entregará huma parte e meia.
(1) Vid, o Alvará de 7 de Janeiro de 1790.
1753 181

Ao Sellador entregará huma e meia parte: e haverá mais este Oficial os


emolumentos das partes, que actualmente leva, que são quatro réis por
cada selo maior, e tres réis por cada selo menor ; pagando elle á sua
custa a todos os homens, que trabalhão no sello, o sallario, em que se
ajustar com elles; e não podendo pertender mais cousa alguma de Mi
mha Fazenda, para lenha, carvão e chumbo, nem para outros alguns
instrumentos do sello, excepto os cunhos, que sómente serão feitos e
guardados á custa de Minha Fazenda, com as cautelas do Foral e ordens,
que ha, sobre esta materia; as quaes novamente recommendo ao Prove
dor e Feitor Mór, para que as faça executar. E não poderá sellar fazen
da alguma, senão nas proprias peças, com pena de perdimento do ofi
cio, excepto chapeos, meias e luvas, que serão selladas em fio, e ou
tras algumas cousas miudas, que o Provedor e Feitor Mór mandar sel
lar em fio, por lhe parecer, que se perderão, se forem selladas nos mes
mos corpos.
7 Ao Recebedor dos miudos entregará huma parte e tres quartos de
parte. E deste oficio não haverá nunca já mais proprietario ; porque se
requer para ele huma pessoa de grande actividade, expedição e prática
dos bilhetes e despachos da Alfandega; e de tanta confiança , que dê
conta com a entrega todas as semanas, ou todos os dias, se possivel for,
ao Thesoureiro geral, como faz o que actualmente serve. Será este offi
cio provído por Mim, e a pessoa, que for provída, servirá, em quanto
der a dita conta com a entrega ao Thesoureiro geral todas as semanas,
ou todos os dias, conforme este lha pedir, e no dia, em que faltar em
todo, ou em parte, será logo suspenso pelo Provedor e Feitor Mór, e
sequestrado em seus bens pela importancia da falta; e o Thesoureiro ge
ral nomeará pessoa, que por elle receba, em quanto se Me faz presen
te pelo Conselho da Fazenda, para prover, como for servido. E pela boa
informação , que se Me fez presente , do que actualmente serve : Hei
por bem, que continue na fórma referida.
8 Ao Meirinho da Alfandega, que serve no porto de Belém, entre
gará tres partes. Ao Escrivão da Alfandega, que serve no mesmo por
to, entregará duas partes. Ao medidor da Alfandega entregará tres par
tes : e não levará cousa alguma dos despachantes, como intrusamente
levava, em damno de Minha Fazenda, pois vai soccorrido com ordenado
competente para sua congrua. A cada hum dos treze Guardas do núme
ro entregará huma parte e meia. A cada hum dos quatro Guardas do nú
mero de Belém entregará duas partes. A cada hum dos seis Guardas dos
Armazens do pateo entregará huma parte. A cada hum dos seis Sacado
res entregará huma parte. •

9 Em cada huma das portas da Casa do despacho e do pateo, ha


hum olheiro, qua está de pé, fazendo suspender as partes, ou trabalha
dores, que sahem com a fazenda, até se conferir com os bilhetes do des
pacho, que estão nas portas, para se tomar por perdida a que não con
ferir com os mesmos bilhetes na fórma do Foral. Destes oficios não de
ve haver proprietarios em tempo algum : deve o Provedor e Feitor Mór
nomear para elles duas pessoas de provada confiança, que promptamen
te assistão ao abrir das portas, até que se fechem; aos quaes dará jura
mento de fidelidade : e tanto que tiver noticia que faltão a ella, ainda
que seja em parte minima, os lançará fóra, posto que estejão nomeados
por Mim , e nomeará outros das mesmas condições, e de pagarem os
damnos, que derem á Minha Fazenda, na fórma do Regimento della e
Lei do Reino. Conservará porém, o que actualmente serve aa porta do
|
182 +
1753

pateo, pela boa informação, que delle tenho, em quanto proceder na


fórma referida.
10 A cada hum dos ditos dous olheiros entregará o Thesoureiro hu
ma parte das repartidas.
11 Ha na Alfandega outros oficios e empregos, a que não pertence
a arrecadação dos Direitos; e estes devem ter ordenados certos á custa
de Minha Fazenda, além dos emolumentos, que devem levar das partes,
os quaes lhe constituo na seguinte fórma.
12 O Ouvidor da Alfandega haverá de seu ordenado quinhentos mil
réis, e as assignaturas, que lhe estão concedidas pelas Leis geraes; e
não haverá mais cousa alguma á custa de Minha Fazenda, nem por es
ta, nem por outra alguma repartição. \
13 O Thesoureiro da Alfandega, aposentado, levará sómente o que
que lhe pertencia ao tempo, que foi aposentado.
14. O Capellão da Alfandega haverá de seu ordenado trezentos e ses
senta mil réis. •

16 O Escrivão da Provedoria e tomadia haverá de seu ordenado, por


ambos os oficios, duzentos e cincoenta mil réis, e os emolumentos das
partes, que lhe pertencerem pelos Regimentos geraes.
16 O Guarda-Livros, Contador e Inquiridor haverá de seu ordenado,
por todos os tres oficios, quatrocentos e cincoenta mil réis, e os emolu
mentos das partes, que lhe pertencerem pelo Regimento geral.
17 O Meirinho geral da Alfandega haverá de seu ordenado duzentos
mil réis, e sessenta mil réis, que já tem, para quatro homens da Vara,
e os emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
18 O Escrivão do dito Meirinho haverá de seu ordenado cento e cin
coenta mil réis, e os emolumentos das partes, que lhe tocarem.
19 O Official do Thesoureiro, que lhe regista os escritos, haverá de
seu ordenado cem mil réis: e ficará este oficio de minha data do 1.° de
Janeiro de 1754 por diante.
2o O outro Oficial do Thesoureiro, que lhe cobra os escritos, have
rá de seu ordenado, á custa de Minha Fazenda, cincoenta mil réis: e
será este oficio da nomeação do Thesoureiro.
21 O Official do Guarda-Livros, que fecha os mesmos livros, e tra
ta do aceio da Meza grande, haverá de seu ordenado, á custa de Mi
nha Fazenda, cem mil réis: e será de hoje em diante da minha data.
22 O Porteiro das arrematações da Alfandega haverá de seu ordena
do vinte e cinco mil réis, e os emolumentos das partes, que pelo Regi
mento lhe tocarem.
23 Por justas causas, que Me forão presentes: Sou Servido extinguir
o oficio de Feitor da Alfandega , que reside na Villa de Cascaes , por
ter mostrado a experiencia, que não tem exercicio algum para a arre
cadação de Minha Fazenda : E Mando , que o Provedor e Feitor Mór
commetta a vigia dos naufragios e descaminhos daquelle districto ás jus
tiças ordinarias; ás quaes applicará o terço das tomadias, que fizerem,
e o premio das fazendas naufragadas, que salvarem , trazendo humas e
outras fazendas para a Alfandega desta Cidade. E em quanto o Feitor
actual não for provído de outro oficio de Fazenda , ou Justiça de lote
igual, de que Hei por bem fazer-lhe promessa sem concurso, por com
pensação do oficio extincto, haverá cento e cincoenta e cinco mil réis
em cada hum anno, pagos pelo Thesoureiro da Alfandega , que tanto
he o rendimento, que lhe cessa do mesmo oficio.
1753 183

Executoria.

24 O Executor da Alfandega haverá de seu ordenado cento e oiten


ta mil réis, e cinco por cento de todo o dinheiro, que por execução da
sua receita fizer entregar ao Thesoureiro da mesma Alfandega; porém
será obrigado a executar todas as dividas, que se lhe carregarem em re
ceita dentro de hum anno; e dentro de outro tanto tempo fará concluir
as execuções, que actualmente correm, com pena de perder o dito sala
rio de cinco por cento, como tambem o Escrivão e Solicitador perderão
o salario, que abaixo lhe vai constituido; mas no dito anno se não com
putará o tempo, que os Autos correrem perante o Provedor e Feitor Mór
da Alfandega, ou perante os Juizes dos feitos da Fazenda por conheci
mento de causa de terceiros; aos quaes Juizes encarrego muito a brevi
dade do despacho dos ditos feitos das execuções com a mesma recom
mendação e comminação, feita no Alvará de 23 de Agosto de 1753, so
bre as execuções dos Contos do Reino e Casa.
25 Poderá o Executor proceder contra o seu Escrivão e Solicitador
por toda a negligencia, erro e culpa, até suspensão e prisão, fazendo
auto com o Escrivão da Provedoria da Alfandega, e dando com ele con
ta ao Provedor e Feitor Mór, para proceder contra elles, como for jus
tiça, e prover outros Officiaes, para que não páre o expediente das exe
cuções. E do mesmo modo dará conta ao Provedor e Feitor Mór todos os
mezes do estado das mesmas execuções na fórma do Foral; e lhe reque
rerá, que no fim de cada mez, em sua presença e delle Executor faça
examinar na Meza grande, por hum Escrivão della, e pelo Contador da
conferencia, as fianças, que estiverem vencidas e não pagas, fazendo
as logo passar para a sua receita, dando conta de toda a falta, que hou
ver a este respeito, no Conselho da Fazenda, para lhe dar a providencia
IlCCCSSal'la. |-

26 Examinará o dito Executor na sua receita todas as dividas, que


estiverem fallidas, dando parte por escrito ao Provedor e Feitor Mór; o
qual se informará das causas das fallencias, e dará conta ao Conselho da
Fazenda, para Me consultar as dividas, que se devem mandar riscar da
dita receita, e as que se devem mandar arrecadar pelos Oficiaes, que
forão negligentes na sua execução. E quando acontecer pelo tempo fu
turo, que algum devedor desta repartição, seus fiadores e abonadores,
não tenhão com que paguem em parte, ou em todo, se procederá logo
da mesma fórma, para que se não amontoem receitas inuteis, que mais
embaração o expediente desta Executoria.
27 Deste oficio de Executor não haverá proprietario em tempo al
gum, e servirá o que actualmente existe pelo tempo de sua vida, em
que está provído. #

28 Para que os feitos das execuções corrão com a brevidade precisa:


Hei por bem, que o Escrivão dellas, que juntamente o he da descarga
da Alfandega, não tenha a este respeito ordenado, ou propina alguma,
e sómente leve tres por cento de todo o dinheiro, que por execução se
entregar ao Thesoureiro da Alfandega, e as custas das partes, que pe
lo Regimento geral lhe forem contadas.
29 OSolicitador das execuções e tomadias, e das de mais causas, que por
bem de Minha Fazenda se tratão perante o Provedor e Feitor Mór da Al
fandega, pela obrigação, que tem de as solicitar em todas as instancias,
haverá quatro por cento de todo o dinheiro, que por execução fizer arre
I84 1753

cadar dos devedores da mesma Alfandega: e o mesmo salario haverá nas


tomadias e execuções do Paço da madeira, de que tambem he Solicita
dor pela mesma Carta, sem que em alguma destas repartições possa le
var mais algum ordenado, ou propina.
- Obras.

30 Por quanto Fui Servido extinguir a Thesouraria do rendimento


das obras da Alfandega, e commetter o recebimento ao Thesoureiro ge
ral da mesma Alfandega, este o receberá perpetuamente, sem que por
este trabalho leve ordenado, nem emolumento algum; porque já vai at
tendido a este respeito, no ordenado principal, constituido neste Regi
mento, em que entra a receita das obras. •

31 O Escrivão das obras será precisamente obrigado a vêr juntamen


te com o Fiel todos os materiaes que se gastão nas mesmas obras, por
suas quantidades e qualidades ; e juntamente todos os Oficiaes , que
entrão no ponto, para passar certidão no fim dos róes e das folhas, nas
quaes assigne tambem o Fiel, antes que se mandem pagar. E terá hum
livro numerado e rubricado pelo Provedor e Feito Mór, no qual lance todos
os materiaes, que os Mestres receberem para as obras, quando se com
prarem por conta da Casa, para que, averiguado o consumo dos mesmos
materiaes, se possa pedir conta do resto aos Mestres, que o receberem.
E não fará receita do rendimento das obras, porque esta pertence aos
Escrivães da Meza grande da Alfandega, e pelo livro della se ha de to
mar conta nos Contos. Haverá o dito Escrivão de seu ordenado, pago no
rendimento das mesmas obras, duzentos e quarenta mil réis. -

32 O Fiel, A pontador das mesmas obras, será obrigado a residir nel


las continuamente, para fazer ponto, e presenciar a entrega e consumo
dos mesmos materiaes, juntamente com o Escrivão, e passarem suas cer
tidões na fórma referida. E quando as obras se fizerem de jornal por con
ta da Casa, não metterá no ponto Oficial algum, que não estiver na
obra de manhã e tarde, ás horas costumadas, e achando, que algum dos
Oficiaes apontados se retira da obra, he negligente, ou imperito, dará
logo parte ao Provedor e Feitor Mór, para o mandar tirar do ponto, e
lançár fóra. Haverá o dito Apontador de seu ordenado quarenta mil réis,
e hum cruzado por dia, que residir nas obras, pelo tempo, que elas du
rarem por conta da Casa; porque sendo arrematadas será pago por con
ta de Empreiteiros deste soldo diario.
33 Cada hum dos Mestres Carpinteiro e Pedreiro haverá de seu or
denado quarenta mil réis, pagos pelo rendimento das obras, e hum cru
zado por dia, quando fizerem obras, cada hum de seu oficio, por conta
da Casa de jornal; porque se a fizerem por arrematação de mãos, ou jun
tamente de materiaes, assistirão e trabalharão por sua conta, sem leva
rem salario algum dos dias, por conta do rendimento das obras: Hei por
bem, que d'aqui em diante não haja mais Architecto proprio da Alfan
dega pela inutilidade, com que vence ordenados sem prestimo algum;
pois as obras commuas desta repartição consistem nos reparos quotidia
nos das ruinas da ponte, paredes e telhados da mesma Alfandega. E
quando se houver de fazer alguma obra nova, ou na conformidade do De
creto de 8 de Março de 1751, ou por outra alguma fórma, que Eu for
Servido ordenar, nomeará o Conselho da Fazenda o Architecto, que for
mais perito para a delinear, riscar e medir, pagando-se-lhe por huma
só vez o que parecer justo.
I753. 185

34 O oficio de Escrivão das obras será sempre da Minha data. E os


oficios de Fiel e Mestres Carpinteiro e Pedreiro serão da data do Védor
da repartição. - • |

35 Os reparos da ponte, parede e casas da mesma Alfandega, se fa


rão de jornal, como até o presente se costuma, comprando-se os mate
riaes por conta da Casa, # tudo por mandados do Provedor e
Feitor Mór. As obras de alguma accommodação nova e precisa, que cou
berem no rendimento annual, se farão por ordem do Védor da Fazenda
da repartição, com parecer do dito Provedor e Feitor Mór, e as que não
couberem no rendimento, annual, se Me farão presentes em conta do
Conselho, para Eu resolver, como devem ser feitas e pagas.
Companhias do trabalho da Alfandega.
36 . Ao Provedor e Feitor Mór pertence nomear os homens, que hão
de trabalhar nas Companhias da Casa, assim da arrumação, como da a
bertura, Colleitores, sola, ferro e caixas, ou outros generos do pateo e
ponte, e taxar-lhes os salarios, ou jornaes, que devem haver das partes;
a qual taxa fará no mez de Dezembro de cada hum anno, ouvindo pri
meiro os Consules das Nações Estrangeiras, e o Procurador dos homens de
negocio desta Cidade : e sentindo-se agravados da taxa os mercadores,
ou os homens de trabalho, poderão appellar e aggravar para o Conselho da
Fazenda; e em quanto a appellação, ou aggravo se não decidir, se pa
garão os mesmos salarios, que antes da taxa se pagavão. •

37. Se algum dos trabalhadores nomeados não proceder, como deve,


assim a respeito de Minha Fazenda, como das partes, o poderá lançar
fóra livremente o dito. Provedor e Feitor Mór, e nomear outro em seu
lugar, sem appellação, nem aggravo.
38 Ao Sellador da Alfandega pertence nomear os homens, que tra
balhão no sello, porque lhe paga á sua propria custa: porém se algum
delles proceder mal, poderá o Provedor e Feitor Mór lançallo fóra, e
obrigar ao Sellador, que nomêe outro de bom procedimento. E pelo que
toca á Companhia dos Colleitores, será sempre ouvido o Feitor da des
carga, sobre se acceitar, ou lançar fóra qualquer dos homens, que nel
la trabalhão, como sempre se costumou. -

39 Se alguma das ditas Companhias tiverem Regimento de salarios,


dado por Decreto Meu, ou dos Reis Meus Predecessores, se lhe guar
dará inteiramente, sem outra alguma taxa. -

4o Quando acontecer, que na taxa geral não esteja comprehendido


algum carreto, ou jornal, pela diversidade dos volumes, do tempo, ou
do lugar, será pago pela convenção das partes, e discordando estas, se pa
gará pelo arbitrio do Provedor e Feitor Mór.
41. Quando pela occurrencia do despacho em tempo de Frotas não
bastarem os trabalhadores das Companhias para a boa expedição das par
tes, o Provedor e Feitor Mór nomeará todos os trabalhadores, que lhe
parecerem necessarios, que venhão de fóra servir em cada huma das Com
panhias, taxando-lhes o jornal, que for justo, e obrigando aos Capata
zes, que lho paguem do monte maior. …
42 No tempo das Frotas do Brazil se fórma huma Companhia de Pre
tos, para descarregarem na Ponte as caixas de assucar, aos quaes o Pro
vedor e Feitor Mór, arbitrará salario competente, e encarregará a hum
dos Guardas do pateo, que lho arrecadem das partes, e lhe faça conta e
-Pagamento todos os Sabbados, para que não #…"
à
do serviço, levam
1861 1753

do pelo seu trabalhbhum quinhão, como levão os outros Capatazes: e


este Guarda será obrigado a fazer ajuntar os Pretos, todas as vezes que
forem necessarios para a dita descarga; e achando que alguns são negliº
gentes, ou mal procedidos, dará parte ao Provedor e Feitor Mór, para
os mandar lançar fóra, e admittir outros de bom procedimento. . , , 1
43 Os Capatazes das Companhias da Alfandega não haverão cousa
alguma á custa de Minha Fazenda, nem das partes, e sómente levarão
hum quinhão igual no ganho da Companhia com os trabalhadores della."
* * * . * . . . . ….….…… …
Empregos e procedimentos extraordinarios da Alfandega. º
\ * . * . * . " .. * • • • #

44. Na Alfandega se arrecada o Consulado da entrada e outras con


tribuições, além dos Direitos grandes, com Oficiaes providos por outras
repartições, ou nomeados pelos Contratadores e Administradores das rem
das; os quaes perturbão muitas vezes o expediente do despacho, por não
entrarem e sahirem nas horas, que determina o Foral, persuadindo-se,
que não estão sujeitos ao Provedor e Feitor Mór, nem ao ponto ordena
do, para os mais Oficiaes da Alfandega: Hei por bem Declarar, que
todos os Officiaes, que servem da porta da Alfandega para dentro, ain
da que sejão providos por outras repartições, estão sujeitos ao ponto del
la, e ao governo e jurisdicção do Provedor e Feitor Mór, que póde pro
ceder contra elles por culpas e erros, como procede contra os outros Of
ficiaes da mesma Alfandega. " , {$ , , , , !

45 Pelo grande concurso, que ha na Alfandega no tempo presente,


acontece introduzir-se nella muita gente vadía, sem outro fim mais, que
o de furtarem as fazendas, que puderem, com grande prejuizo dos mer
cadores; e pela mesma causa se levão da dita Alfandega muitas fazem
das sem pagarem os Direitos, que Me, são devidos, e para se evitar es
te damno: Sou Servido Ordenar, que os Guardas e Porteiros dos Arma
zens, assim de cima, como do pateo, os tenhão sempre fechados, e as
sistão continuamente ásportas dos mesmos Armazens, não deixando entrar
nelles mais, que os proprios donos das fazendas ou seus caixeiros despa
chantes, notoriamente conhecidos. E quando outras algumas pessoas es
tranhas, disserem, que tem fazendas dentro para despachar, os mesmos
Guardas com os homens das suas Companhias buscarão os volumes pelas
marcas e numeros dos conhecimentos, e as mandarão para a Meza da
Abertura, sem que as taes pessoas estranhas entrem dentro dos mesmos
Armazens. E os Guardas, que o contrario fizerem, serão suspensos de
seus oficios pela primeira vez, e pela segunda os perderão; havendo mais
em ambos os casos as penas estabelecidas na Lei do Reino, pelo damno,
que derem á Minha Fazenda. … …" …! :| - | * . . . .
46 E para que o despacho das fazendas e arrecadação dos Meus Di
reitos se pratiquem com toda a igualdade, e com o maior socego, que
for possivel, o Provedor e Feitor Mór limitará o número das pessoas,
que cada dia hão de entrar na Casa do despacho, na fórma do Capitulo
XXIX, do Foral: e o Guarda de mez e os Oficiaes da porta de cima não
deixarão entrar outras algumas pessoas, compena de suspensão de seus
oficios pela primeira vez, e de perdimento pela segunda. E do mesmo
modo nomeará e limitará as pessoas, que hão de entrar nos Armazens do
pateo a buscar caixas, e outras encommendas, que nelle se recolhem;
e os Guardas debaixo da referida penal não deixarão entrar outras pes
soas. E não consentirá, que se abrão mais fazendas algumas, que aquel
das, que no mesmo dia se poderem recolher na Casa do sello, para se sel
* *
1753 187

larem no dia seguinte, de modo, que não fique na Casa do despacho fa


zenda alguma aberta de hum dia para outro: entendido assim o Capitu
lo XXXIII, do Foral, com esta ampliação pelo augmento, que hoje tem
o Commercio. •

47 Das pessoas, a quem se prohibe a entrada na Alfandega, se ex


ceptua a gente do mar, que terá a entrada livre a qualquer hora, e se
rá preferida a todos os despachantes para despacharem por entrada e sa
hida seus Navios e embarcações. E tambem se exceptuão todos os liti
gantes sobre tomadias e outras causas ; os quaes sempre terão adito li
vre para requererem sua justiça perante o Provedor e Feitor Mór.
48 Para o Guarda Mór da Alfandega, e para as mais diligencias do
serviço do mar, ha hum escaler com hum Patrão e oito Remeiros , os
quaes devem ser provídos, sem limitação de tempo, pelo Provedor e Fei
tor Mór; porque em qualquer tempo, que achar que não tem fidelidade,
ou prestimo para bem servirem, por informação do Guarda Mór, os man
dará despedir, e proverá outros, que bem sirvão. Vencerá o Patrão du
zentos e quarenta réis por dia , e cento e cincoenta réis cada hum dos
Remeiros, e não poderão pertender mais cousa alguma de Minha Fazen
da, nem das partes, tomando todos juramento de fidelidade , e obser
vancia deste Regimento: e o Provedor e Feitor Mór lhe mandará pagar ,
todos os mezes pelo rendimento dos miudos, constando-lhe primeiro por
certidão do Guarda Mór, de como servírão sem falta, nem culpa: e pe
lo mesmo rendimento poderá concertar o dito escaler, todas as vezes que
for preciso, e fazer outro de novo , quando o antecedente já não tiver
prestimo; e nas occasiões de Frotas lhe poderá accrescentar dous Remei
ros de fóra, para melhor expediente do Commercio; como tambem, quan
do forem necessarios para dar corso ás embarcações dos descaminhos, pa
gando-se aos Remeiros os dias, que servirem, pelo mesmo rendimento
dos miudos. E este mesmo procedimento fará o Provedor e Feitor Mór
com a falúa, que serve no porto de Belém ; a qual terá commummente
hum Patrão e seis Remeiros : e nas occasiões de Frotas , ou em outro
qualquer concurso de embarcações se metterão mais dous de fóra, achan
do o Provedor
partes. " e Feitor Mór, que convém a Meu serviço , e bem das

Guardas de Bórdo. *

49 Aos quarenta Guardas de bórdo Fui Servido assignar salarios, que


hão de levar á custa das partes , em consulta do Conselho da Fazenda:
Mando, que a dita resolução se observe inviolavelmente, em quanto Eu
não Mandar o contrario; e que os ditos Guardas não levem outro algum
emolumento das partes, nem pertendão haver ordenado , propina, ou
ajuda de custo por conta de Minha Fazenda, conforme a criação de seus
oficios.

Festa de Nossa Senhora.

5o Pelo antigo milagre, com que a Virgem MARIA Nossa Senhora,


com o Titulo da Atalaia, colocada na sua Ermida do Termo de Aldea
Gallega de Riba-Téjo, livrou esta Côrte de peste, pelas preces, que os
Oficiaes da Alfandega lhe oferecêrão em devota Procissão, se erigio hu
ma Confraria da mesma Senhora, em que servião os mesmos Oficiaes
alternadamente , celebrando-lhe cada hum
• Aa 2anno duas festas, huma na

/
188 1753

mesma Ermida com Sermão e Missa solemme e hum caritativo jantar aos
pobres na Dominga da Santissima Trindade , e outra em dia da Expe
ctação na Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Freires desta Cida
de , com Vesperas solemnes, e com o Santissimo Sacramento exposto;
para cujas despezas concorrêrão sempre os Reis, Meus Predecessores,
com esmolas competentes. E porque o trato do tempo extinguio a dita
Confraria, e se continuárão as festas á custa de Minha Fazenda, reco
nhecendo os Reis, Meus Predecessores, a mesma Senhora, como Pro
tectora Soberana das Alfandegas deste Reino: Hei por bem, que as di
tas festas se continuem perpetuamente, por ordem do Provedor e Feitor
Mór das mesmas Alfandegas; o qual deputará cada hum anno quatro Of
ficiaes da Alfandega grande, que as ordenem e disponhão nos tempos
destinados: e obrigará todos os Oficiaes da mesma Alfandega e das Ca
sas subalternas, que acompanhem a Procissão pública , que se faz na
Vespera da Santissima Trindade com a Imagem da mesma Senhora, sem
que por este trabalho e assistencia levem propina alguma á custa de Mi
nha Fazenda; e sómente lhe poderá mandar distribuir Rosarios bentos,
para o exercicio da sua devoção. No Sermão, Missa solemne, armação
da Igreja e jantar dos pobres, que se faz na Ermida da mesma Senho
ra, poderá o dito Provedor e Feitor Mór mandar dispender pelo Thesou
reiro da mesma Alfandega trezentos e cincoenta mil réis ; e quatrocen
tos mil réis na festa do dia da Expectação, que cada anno se celebra na
Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Freires desta Cidade. E ha
vendo de se renovar a Confraria extincta, se poderá dispender nas ditas
festas, ou em obras de caridade todas as importancias das esmolas, com
que concorrerem os Fieis.
C A P I T U L O III.

Casa dos Cincos.

O Almoxarife da Casa dos Cincos não levará emolumento algum


das partes, e haverá de seu ordenado trezentos mil réis, sendo elle, e
os mais Oficiaes da dita Casa obrigados a residir nella todos os dias de
manhã e tarde, que não forem Domingos, ou outros, mandados guardar
pela Igreja, com sujeição ao ponto de todos os outros Oficiaes da Alfan
dega, pelo qual procederá contra elles o Provedor e Feitor Mór.
1 O Escrivão da Meza haverá de seu ordenado cento e cincoenta mil
réis, e de emolumentos das partes levará tres réis por cada peça, que
levar sello, e cinco réis por cada costal, que o não levar ; e por cada
despacho de liberdade, que houver de pagar de Direitos mil réis, leva
rá hum vintem, e dahi para cima dous vintens, e nada mais; e das cer
tidões,
levará o que passar,
mesmo, que elevarem
de outros quaesquer pelo
os Tabelliães autosRegimento
judiciaes, geral.
que fizer,

2 O Feitor da Abertura, que tambem serve de Medidor e Escrivão


das Marcas, haverá de seu ordenado, por todos os tres oficios, cem mil
réis, e de emolumentos das partes levará dez réis por cada marca, e ou
tro tanto por cada peça, que não tiver raviagem, e cinco réis por cada
bilhete, e nada mais.
3 - O Porteiro e Guarda da Casa haverá de seu ordenado, por ambos
os oficios, cem mil réis, e de emolumentos das partes levará hum vin
tem por cada despacho, que pagar de Direitos até mil réis, e dahi para
cima dous vintens, e nada mais.
I753 189

4. O Sacador haverá de seu ordenado oitenta mil réis, e das citações


e diligencias judiciaes , que fizer levará o mesmo, que levarem os Ofi
ciaes de justiça pelo Regimento geral; e de caminhos por dia levará
seiscentos réis, mas não vencerá caminho algum dentro da Alfandega.
5 O Sellador haverá de seu ordenado sessenta mil réis , e de emolu
mentos das partes levará quatro réis por cada sello das fazendas, que
pagarem Direitos,
dos, e nada mais. e cinco réis por cada sello das fazendas de privilegia

6 O Capataz da Companhia dos homens do trabalho desta Casa (1)


não levará cousa alguma á custa de Minha Fazenda , nem das partes,
mais que sómente o quinhão, que lhe toca no ganho dos trabalhadores;
cujos salarios ficão sujeitos á taxa , que cada hum anno ha de fazer o
Provedor e Feitor Mór.
7 Em quanto os Direitos desta Casa andarem arrendados, serão to
dos os ordenados dos Oficiaes della pagos á custa dos Contratadores,
obrigando-se estes nos termos das arrematações; e em quanto de novo
se não arrendarem , serão pagos pelo Almoxarife á custa de Minha Fa
zenda. Porém todas aquellas propinas, ou ordinarias, que o Contratador
actualmente he obrigado pagar aos ditos Oficiaes, as pagará ao Almo
xarife , a quem se carregarão em receita , igualmente com o preço do
contrato.

C A P I T U L O IV.

Pórtos Seccos.

O Thesoureiro geral dos Pórtos Seccos, que juntamente he Exe


cutor da sua receita, haverá de seu ordenado seiscentos mil réis, e hum
por cento de todo o dinheiro, que arrecadar por execução; e não have
rá mais cousa alguma de Minha Fazenda, nem das partes, e pagará á
sua custa os pórtes das cartas dos Correios.
I O Escrivão da Meza haverá de seu ordenado duzentos e cincoenta
mil réis, e os emolumentos das partes, que pelo Regimento, Decretos
e Resoluções Minhas lhe estiverem concedidos.
2 O Feitor e Recebedor haverá de seu ordenado trezentos mil réis,
e os emolumentos das partes, que se lhe concedêrão por Resolução Mi
nha.
3 Cada hum dos dous Guardas de Casa haverá de seu ordenado cin
coenta mil réis.
4 Em quanto o rendimento dos Pórtos Seccos andar arrendado, pa
garão os Contratadores á sua custa todos os referidos ordenados aos Ofi
ciaes da Casa, obrigando-se nos termos das arrematações; e em quanto
de novo se não arrendarem, serão pagos pelo Thesoureiro geral á custa
de Minha Fazenda. Porém o mesmo Thesoureiro arrecadará dos Contra
tadores todas as propinas, ordinarias, ou ajudas de custo, que actual
mente são obrigados a pagar aos ditos Oficiaes, e fará carregar tudo em
sua receita a bem de Minha Fazenda.

(1) V. supra Cap. II. §.36.


190 1753

C A P I T U L o v.
Meza do Sal.

O Guarda Mór da Meza do Sal haverá de seu ordenado trezentos


mil réis, e os emolumentos das partes, que pelo Regimento, ou por Mi
nhas Resoluções lhe estiverem, ou forem concedidos. |-

1. O Thesoureiro, que juntamente he Executor da sua receita , ha


verá de seu ordenado, por ambos os oficios, quinhentos mil réis; e hum
por cento de todo o dinheiro, que fizer arrecadar por execução.
2 O Escrivão da receita, que tambem serve de Escrivão da Execu
toria, haverá de seu ordenado, por ambos os oficios, quatrocentos mil
réis; e os emolumentos das partes, que pelo Regimento, Decretos, e
Resoluções Minhas lhe estiverem concedidos.
3 Cada hum dos Guardas menores haverá de seu ordenado cento e
trinta mil réis; e os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhes
tocão.

C A P I T U L O VI.

Paço da Madeira.

O Almoxarife do Paço da Madeira, que juntamente he Juiz dos


Direitos Reaes, e das tomadias da sua repartição na primeira instancia
não levará emolumento algum das partes, nem dos Contratadores; e ha
verá de seu ordenado por todos estes oficios setecentos e vinte mil réis,
e dous por cento de todo o dinheiro , que fizer arrecadar por execução,
assim das dividas dos Direitos, como das tomadias.
1 Cada hum dos dous Escrivães da receita e execuções do Paço da
Madeira haverá de seu ordenado trezentos e oitenta mil réis ; e levarão
das partes os emolumentos seguintes, que se repartirão por ambos. Por
entrada de Navio e certidão della duzentos réis : por entrada de Cara
vela, Hiate, ou outra embarcação semelhante, que vier pela Foz, cem
réis: por entrada de barco de Riba-Téjo vinte réis : por cada hum ter
mo de obrigação de Direitos, ou fiança a elles, duzentos réis: por cada
Verba de desobrigação, ou outra qualquer, causada pelas partes, qua
renta réis : por cada conhecimento da addição da folha , ou em fórma,
quarenta réis, sendo de hum só quartel, ou de menos tempo ; e sendo
dos quatro quarteis, levará a este respeito cento e sessenta réis: por ca
da Gavia de embarcação grande , duzentos réis, e de embarcação me
nor cem réis: por cada hum auto de vestoria, ou denunciação, reque
ridos pelas partes, duzentos réis, de caminho por dia em diligencia de
partes mil e duzentos réis: pelas certidões, que passarem de addições de
livros, levarão quarenta réis por cada huma addição, por ser este o cos
tume julgado na repartição da Alfandega. Dos processos de causas, exe
cuções, tomadias, buscas de livros e autos, levarão as custas, que lhe
forem contadas pelo Regimento geral. De todo o dinheiro, que se arre
cadar por execução, ou seja de Direitos, ou de tomadias, levará cada
hum dos ditos Escrivães hum por cento. Pelas receitas, declarações de
descargas, e contas dos Direitos não levarão cousa alguma das partes,
nem dos Contratadores; pois por todo o trabalho do despacho, e expe
# da arrecadação de Minha Fazenda he que levão ordenados á cus
ta della
I753 191

2 Cada hum dos tres Feitores, e hum Escrivão da descarga haverá


de seu ordenado duzentos mil réis; e á custa das partes, levarão os emo
lumentos seguintes , para se repartirem por todos quatro. Por cada ca
minho de descarga, estando a embarcação na postura, que se entende
da Casa da India até á Ribeira , levarão duzentos réis; e estando fóra
da postura, levarão em dobro : de cada navio, que trouxer até mil ta
boas, levarão quatro mil e oitocentos réis para todos quatro; e chegan
do a quatro mil, levarão seis mil e quatrocentos réis; e de quatro mil
para cima, levarão sete mil e duzentos réis, e nada mais: de cada mi
lheiro de aduéla, levarão duzentos réis, e cem réis de cada pipa de car
vão, e sessenta réis por cada milheiro de esparto. E o Escrivão da des
carga não levará cousa alguma por entrada das embarcações , que vie
rem pela Foz, ou de Riba-Téjo, porque lhe não toca, nem as embar
cações devem pagar na mesma Meza duas entradas. •

3 Cada hum dos dous Sacadores haverá de seu ordenado cento e vin
te mil réis (1); e os emolumentos das partes , pelas diligencias, que fi
zerem, assim como vão concedidos aos Sacadores da Alfandega.
4 O Solicitador das causas e tomadias do Paço da Madeira vai pro
vído no Regimento da Alfandega (2), donde tambem he Solicitador das
causas. E os Oficiaes do Consulado desta mesma Casa, irão provídos no
Regimento dos Armazens. -

5. Em quanto andar arrendado o rendimento do Paço da Madeira,


será o Contratador obrigado a pagar á sua custa todos os ordenados dos
Oficiaes da mesma Casa, obrigando-se no termo da arrematação: e em
quanto de novo se não arrendar, serão pagos pelo Almoxarife á custa de
Minha Fazenda; porém o mesmo Almoxarife cobrará do Contratador to
das as propinas, ordinarias e ajudas de custo, que actualmente he obri
gado a pagar aos mesmos Oficiaes, e as fará carregar em sua receita a
bem de Minha Fazenda.

C A P I T U L o VII.
contadoria da Fazenda desta Cidade de Lisboa.
O Contador da Fazenda desta Cidade , que tambem he Chancel
ler da Chancellaria dos Contos e Cidade , Juiz Executor da Dizima da
mesma Chancellaria, Presidente dos lançamentos das Sizas, e Juiz Con
servador dos Estanques das Cartas de jogar e Solimão, haverá de seu or
denado por todos estes oficios e empregos hum conto e duzentos mil réis,
repartidos pelos Almoxarifados da Contadoria na maneira seguinte. Du
zentos mil réis no Almoxarifado da imposição dos vinhos, cento e cin
coenta mil réis no Almoxarifado das Tres Casas, cento e cincoenta mil
réis no Almoxarifado da Fruta, trezentos mil réis no Almoxarifado da Si
za do Pescado, cento e cincoenta mil réis no Almoxarifado da Portagem,
cento e cincoenta mil réis no Almoxarifado da Casa das Carnes, e cem
mil réis na Dizima da Chancellaria. Mais haverá hum por milhar do pre
co principal, por que forem arrematados no Conselho da Fazenda os con
tratos da sua Contadoria e Repartição; mas não levará cousa alguma dos
arrendamentos dos ramos dos mesmos contratos, que os Rendeiros prin
cipaes perante elle fizerem. Mais haverá o rendimento das tres lojas, que
(1) V. supra Cap. II, § 8.
. (2) V. supra Cap. II. §. 29. |- * * ** • • .
192 1753 |

ficão por baixo das Sete Casas, e doze mil réis na imposição dos vinhos,
e vinte e quatro mil réis no Pescado, para com este rendimento mandar
fazer os reparos miudos annuaes das Casas da Contadoria e Almoxarifa
dos. Pelo trabalho de rubricar os livros da Contadoria e Almoxarifados
subalternos, haverá quarenta mil réis na imposição dos vinhos, dous mil
réis no Almoxarifado de Algés, outros dous mil réis no Almoxarifado de
Oeiras, e outros dous mil réis no Almoxarifado do Pescado fresco. Das
partes levará todas as assignaturas, que pelo Regimento, Decreto, ou
Resoluções Minhas lhe estiverem concedidas. E não haverá mais cousa
alguma, nem por esta, nem por outra repartição á custa de Minha Fa
zenda dos Contratadores, ou das partes: e será obrigado a pagar á sua
custa ao Ouvidor da Contadoria, que propriamente o serve e ajuda; e a
fazer os lançamentos das Sizas, sem levar emolumento algum dos que
até o presente levava; porque todo o trabalho lhe vai attendido no orde
uado, que lhe concedo.
1 Para Procurador da Fazenda desta repartição da Contadoria prove
rá o Conselho da Fazenda hum dos Corregedores do Crime da Cidade,
que mais apto lhe parecer; o qual servirá pelo tempo, que durar o seu
lugar, com cento e vinte mil réis de ordenado, pagos pela imposição dos
vinhos,
os mais,e que
tirará Provisão
dever cada hum anno, pagando os Direitos novos e
na Chancellaria. •

2 O Solicitador dos feitos da Fazenda desta repartição haverá de seu


ordenado sessenta mil réis, pagos no Almoxarifado da imposição dos vi
nhos, e dous por cento de todo o dinheiro, que por execução fizer arre
cadar em qualquer dos Almoxarifados, ou este proceda de direitos, ou
de tomadias. •

3 O Escrivão da Contadoria haverá de seu ordenado quatrocentos mil


réis, repartidos igualmente pelos seis Almoxarifados da imposição dos
vinhos, das Tres Casas, da Siza da Fruta, da Siza do Pescado, da Por
tagem, e da Siza das Carnes. Haverá mais hum por milhar do preço prin
cipal de todos os contratos das cabeças dos Almoxarifados desta Conta
doria na fórma do Regimento da Fazenda, ainda que actual e futura
mente não seja Escrivão destas arrematações, que se tirarão para o Con
selho da Fazenda, por ser mais conveniente a Meu serviço. E não po
derá pertender, nem levar cousa alguma mais dos outros contratos, que
se arrematão no mesmo Conselho, pertencentes a outras Contadorias,
Provedorias e Casas, como abusiva e industriosamente tem levado de al
guns contra as sentenças, que ha nesta materia, e contra a clara dispo
sição do Regimento e lotação, que deste oficio está na Chancellaria Mór
do Reino. Pela Pauta e termos, que faz cada hum anno, perante o Con
tador da Fazenda dos oficios mechanicos desta Cidade, que pagão Siza
por encabeçamento ao contrato da mercearia, levará quarenta réis de
cada hum dos Oficiaes encabeçados. Dos processos, que escrever entre
partes, levará as custas, que lhe forem contadas pelo Regimento geral,
e as mais, que lhe tocarem pelo Regimento da Fazenda. Pelo trabalho
de escrever e trasladar os lançamentos das Sizas do termo, e das Villas
de Alverca e Alhandra, levará á custa dos póvos os mesmos salarios, que
actualmente leva, sem que já mais os possa exceder. , º * *

4 O Escrivão da Conservatoria das Cartas de jogar e Solimão haverá


de seu ordenado cem mil réis, e hum por milhar do preço principal, por
que se arrematar o contrato de seis em seis annos; e os emolumentos das
partes, que pelo Regimento geral direitamente lhe pertencerem.
5 O Escrivão das fianças da Fazenda haverá de seu ordenado vinte
I753 | 193

mil réis, pagos na Alfandega desta Cidade; e mais haverá meio por cen
to do preço, por que se arrematar a Siza das Carnes desta Cidade, o
contrato da Tabula Real de Setuval, o contrato dos Pórtos Seccos, o
contrato da Casa dos Cincos, o contrato da Chancellaria dos Contos, o
contrato do Pescado, o contrato da Siza dos Azeites, o contrato da Siza
da Fruta, e o contrato do Paço da Madeira, como até ao presente levou
á custa de Minha Fazenda, por orsamento, nas folhas dos Almoxarifa
dos. E das fianças, que escrever, traslados, que der, e certidões, que
passar, levará os emolumentos do Regimento geral.
6 O Porteiro, Contador e Inquiridor da Contadoria da Fazenda, e
da Chancellaria dos Contos e Cidade, haverá de seu ordenado por todos
estes oficios trezentos e quarenta mil réis, a saber: duzentos mil réis
pela renda da Chancellaria dos Contos e Cidade, cento e vinte mil réis
no Almoxarifado da Siza dos vinhos, dez mil réis no Almoxarifado das
Tres Casas, e dez mil réis no Almoxarifado da Siza das Carnes. Será
porém obrigado de cumprir *"sua custa todas as obrigações, que actual
mente tem, assim na Contadoria, como na Chancellaria, conforme o Re
gimento e estilo. Haverá mais meio por milhar do preço, por que se ar
rematarem os contratos dos Almoxarifados desta Contadoria no Conse
lho da Fazenda; pois, ainda que pelo Capitulo XCIX, do Regimento da
Fazenda lhe toca hum por milhar dos ditos contratos, esta disposição
procedia, tendo sómente de ordenado tres mil e trezentos e vinte e hum
réis; e levando agora trezentos e quarenta mil réis de ordenado, não só
vai satisfeito do outro meio por cento, mas vai muito accrescentado. E
das partes levará os emolumentos, que pelo Regimento expressamente
lhe tocarem.

C A P I T U L O VIII.

Almoxarifados da Imposição

dos Vinhos desta Cidade e seu
Termo.

O Almoxarife, Juiz dos Direitos Reaes da Imposição dos Ví


nhos desta Cidade e seu Termo, haverá de seu ordenado setecentos e
vinte mil réis, e meio por cento do preço, por que se arrematar a im
possição velha.
I O Recebedor do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado trezen
tos e vinte mil réis.
2 O Escrivão da Fazenda e Contos da Imposição velha haverá de seu
ordenado trezentos e cincoenta mil réis, e hum e meio por cento do pre
ço, por que se arrematar a dita Imposição, pelo trabalho das fianças; e
das partes e Rendeiros levará os emolumentos, que pelo Regimento ex
pressamente lhe tocarem.
3 O Escrivão da Imposição nova haverá de seu ordenado cento e vin
te mil réis: e como depositario da Contadoria e seus Almoxarifados, ha
verá mais de ordenado sessenta mil réis, pagos pela Chancellaria dos Con
tos; e das partes e Rendeiros levará os emolumentos, que expressamen
te lhe deverem pelo Regimento.
4 O Escrivão da Siza dos Vinhos, entradas e carregações, haverá de
seu ordenado cento e vinte mil réis; e das partes levará os emolumentos
seguintes. De hum despacho de embarque de vinho, cinco réis; de hu
ma marca de vasilha, cinco réis; de hum caminho á praia, cem réis;
de hum termo de obrigação, ou de fiança e de certidão, que delle pas
194 • 1753

sar, duzentos réis por tudo; e de certidão solta, quarenta réis; de cer
tidão, que passar ao Carregador para desobrigar a fiança no lugar, don
de tirou o vinho para embarque, duzentos réis; do Alvará, que passar
aos Mestres das embarcações grandes para poderem sahir, e da licença
para carregarem, duzentos réis por tudo: por entrada de Navio, duzen
tos réis: de Caravela, ou Hiate, cem réis; e de Barco, cinco réis: por
cada titulo, que abrir ás pessoas, que hão de metter vinhos na Cidade,
cento e vinte réis: por cada despacho de vinho, que se der livre, dez
réis por almude, e pagando Siza, sem ter titulo aberto, cinco réis: por
cada Verba de descarga, ou desobrigação de fiança, quarenta réis: por
cada pipa de vinho, que se consumir atavernada nesta Cidade, levará
dez réis. E dos processos e buscas levará, á custa das partes, os emo
lumentos, que lhe forem contados pelo Regimento geral. -

5 Os quatro Escrivães das portas da Cidade devem tomar entrada e


razão, não só dos vinhos, mas de todos os generos, que não tiverem ou
tros Escrivãos separados, e deverem Direitos por entrada, ou por sahi
da em qualquer dos Almoxarifados da Contadoria da Fazenda, ou das
Alfandegas, Casas e Mezas, a ellas pertencentes, e levarão das partes
os emolumentos seguintes. Por entrada e despacho de carga de qualquer
genero, vinte réis; e sendo duas, ou mais as cargas, levarão quarenta
réis, e nada mais; e não chegando a carga, levarão dez réis; e pela car
ga de homem de pé, alforge, mala, ou dianteira, cinco réis; e sendo
pipa inteira quarenta réis, e sendo vasilha menor, vinte réis; por abrir
titulo, ou fazer Verba de descarga, quarenta réis; e o mesmo por cada
huma das Verbas, que passarem por certidão: e das buscas dos livros
levarão o salario do Regimento geral. Enão levarão mais cousa algu
ma das partes, nem dos Contratadores, ainda que seja a titulo de grati
ficação, ou amostra, com pena de perdimento de seus oficios; e de seus
ordenados haverão o seguinte.
6 O Escrivão das portas de S. Vicente, da Mouraria e Santo André
haverá pelo Almoxarifado da Imposição dos vinhos cento e vinte mil réis,
e outra tanta quantia pelo Almoxarifado da Portagem, que faz ao todo
duzentos e quarenta mil réis. #

7 O Escrivão das portas de Santa Martha haverá duzentos mil réis,


pagos delles cento e vinte no rendimento da Imposição dos vinhos, e oi
tenta mil réis na Siza dos azeites.
8 - O Escrivão das portas da Cruz duzentos mil réis, pagos delles cen
to e vinte mil réis na Imposição dos vinhos, quarenta mil réis no rendi
mento da fruta, e outros quarenta no rendimento dos azeites. •

9 O Escrivão das portas de Alcantara cento e sessenta mil réis, pa


gos dez mil réis pelo rendimento da fruta, e cento e cincoenta mil réis
pela Imposição dos vinhos. • • •

10 Os quatro Feitores e quatro Escrivães das Andadas e varejos dos


vinhos desta Cidade não levarão emolumento algum das partes, nem por
titulo de amostra, ou gratificação; e provando-se, que o levárão até a
quantia de mil réis, serão suspensos por tempo de seis mezes; e até a
quantia de dous mil réis serão suspensos e autuados, prezos e remettidos
aos Juizes dos feitos da Fazenda, para os sentenciarem na fórma de Mi
nhas Ordenações; e não tornarão a servir sem nova mercè Minha; e as
serventias se proverão nos denunciantes, sendoiaptos; e não o sendo,
em outras pessoas habeis: e destas denunciações conhecerá o Contador
da Fazenda, e na sua ausencia o Almoxarife da repartição.
- 11 - Cada hum dos ditos quatro Escrivães e Feitores haverá igualmen
te de seu ordenado pela Imposição dos vinhos duzentos e vinte mil réis.
I753 195

12 O Porteiro e Guardá-livros da Meza deste Almoxarifado haverá


por elle de seu ordenado cento e vinte mil réis, e os emolumentos, que
por Lei, ou Regimento expresso lhe tocarem.
13 O Sacador e Requeredor do mesmo Almoxarifado haverá por elle
de seu ordenado setenta mil réis, e os emolumentos seguintes. Das par
tes, que voluntariamente pagarem, não levará cousa alguma; e das par
tes, que requererem para pagarem os Direitos vencidos, sendo dentro
das Sete Casas, levará cincoenta réis; e sendo na Cidade dentro das
portas, levará cento e vinte réis, e fóra das portas duzentos e quarenta
réis; e no termo, além dos duzentos e quarenta réis da diligencia, levará
seiscentos réis de caminho por dia, repartidos por todas as pessoas, que
no mesmo dia requererem; e das informações, que fizer da abonação dos
fiadores, levará por cada huma duzentos e quarenta réis á custa das par
tes. •

14. O Feitor e Guarda dos vinhos deste Almoxarifado, que entrão pe


la Alfandega, haverá de seu ordenado setenta mil réis, e duzentos réis
de caminho de cada hum dos bilhetes, que levar da Alfandega para se
despachar na Meza dos vinhos, á custa das partes, e não os levando,
não receberá cousa alguma.
C A P I T U L O IX.

Almoxarifado da Siza do Pescado.


O Almoxarife da Siza do Pescado haverá de seu ordenado oitocen
tos e cincoenta mil réis, quatrocentos mil réis do rendimento do peixe
fresco, outros quatrocentos mil réis no rendimento do peixe sêcco, e
cincoenta mil réis no rendimento da regatia ; e de seus emolumentos
levará hum quintal de peixe sêcco de cada Navio, que descarregar cem
quintaes para esta Cidade; e dahi para baixo não levará nada, nem dahi
para cima levará mais, nem haverá outra cousa alguma á custa de Mi
nha Fazenda, dos Rendeiros, ou das partes.
1 O Recebedor do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado duzem
tos e cincoenta mil réis, cento e vinte mil réis pelo rendimento do pei
xe sêcco, e outro tanto pelo rendimento do peixe fresco, e dez mil réis
pelo rendimento da regatia.
2 O Escrivão da receita e despeza do dito Almoxarifado, que tam
bem he Escrivão da Siza da lenha, haverá de seu ordenado, por ambos
os oficios seiscentos mil réis, duzentos e quarenta mil réis pelo rendi
mento do peixe sêcco, outro tanto pelo rendimento do peixe fresco, vin
te mil réis pelo rendimento da regatia, e cem mil réis pelo rendimento
da Siza da lenha; e de seus emolumentos levará hum quintal de peixe
sècco, por todos os despachos de entrada e sahida de cada huma embar
cação, que descarregar mais de cem quintaes de peixe sêcco para esta
Cidade, e dahi para cima não levará mais cousa alguma, e dahi para
baixo até cincoenta quintaes, levará duas arrobas, e de cincoenta quin
taes para baixo, levará huma arroba, tudo á custa do carregador, e na
da mais: das avaliações e despachos do peixe salgado, que vier a ven
der, levará meio por cento da importancia dos Direitos; por cada hum
despacho ordinario levará cinco réis; por huma licença para fazer sardi
nha nas estancias, levará sessenta réis; e por manifesto da mesma sar
dinha para sahir para fóra, quarenta réis; por cada huma avença e bi
lhete, que della passar, vinte réis: pelos de# de cada hum barco
2
I96 1753
de lenha, carvão; tôjo, pinho, ou carqueja, levará indistinctamente dez
réis; e por cada hum termo de avença duzentos réis, pelas entradas e
Gaveas dos Navios, Caravelas, Hiates e Barcos, levará o mesmo, que
vai concedido aos Escrivães do Paço da Madeira, excepto das Lanchas,
Barcos e Bateiras do Rio, e do Alto desta Cidade, Termo e visinhan
ças, aos quaes não levará cousa alguma por entrada: como tambem guar
dará o mesmo Regimento em todos os termos, Verbas, fianças, denun
cias, conhecimentos, e outros papeis, e autos na parte, em que lhe for ap
plicavel, não indo expressamente de outro modo provído neste Regimen
to, e nas custas dos processos guardará o Regimento geral.
3 O Escrivão das entradas e avaliações deste Almoxarifado haverá de
seu ordenado trezentos e vinte mil réis, cento e cincoenta mil réis pelo
rendimento do peixe sêcco, outro tanto pelo rendimento do peixe fresco,
e vinte mil réis pelo rendimento da regatia: e de seus emolumentos ha
verá meio por cento da importancia dos Direitos, que forem avaliados,
para pagar o peixe salgado, que vier a vender; e guardará em tudo mais
o Regimento do Escrivão da Receita na parte, em que lhe for applica
vel. - -

4 O Procurador deste Almoxarifado haverá de seu ordenado quinhen


tos mil réis, duzentos e quarenta mil réis pelo rendimento do peixe sêc
co, outro tanto pelo rendimento do peixe fresco, e vinte mil réis pelo
rendimento da regatia; e de seus emolumentos levará duzentos réis de
cada hum carregador, que trouxer peixe salgado, para se lhe avaliar a
bordo, e quatrocentos réis por dia de descarga do peixe sêcco, feita na
postura, sendo o Navio de cem quintaes para cima; e fóra da postura le
vará salario dobrado: e de cada hum Navio chamado de pauta, que são
os de maior carga, levará além dos ditos emolumentos, hum quintal de
peixe sêcco por huma só vez, e nada mais.
5 O Fiel da Casa da Siza deste Almoxarifado, haverá de seu orde
nado quatrocentos e oitenta mil réis, duzentos e trinta mil réis pelo ren
dimento do peixe sêcco, outro tanto pelo rendimento do peixe fresco, e
vinte mil réis pelo rendimento da regatia.
6 O vendedor do peixe sêcco deste Almoxarifado, haverá de seu or
denado pelo rendimento do mesmo peixe duzentos e quarenta mil réis; e
de precalço levará as taras do peixe, que vier de salmoura; e no fim dos
contratos haverá para si todas as balanças, pezos, cordas e mais fragmen
tos, que delles ficarem.
7 Cada hum dos doze Feitores do Pescado haverá de seu ordenado
trezentos mil réis, pelo rendimento dos Direitos do peixe sêcco e fresco
igualmente repartidos; e de seus emolumentos levarão duzentos réis por
cada huma avaliação, que forem fazer ao Rio, desde Alfama até á praia
de Santos; e indo a Belém, levarão trezentos réis; e durando a avalia
ção por hum dia inteiro, levarão os ditos salarios em dobro: e por cada
hum dia, que assistirem á descarga do peixe sêcco, levarão quinhentos
réis, tudo á custa das partes.
8 A vendeira do peixe fresco deste Almoxarifado, haverá de seu or
# duzentos mil réis, pagos no rendimento do mesmo peixe, e ma
à Illa lS.
I753 197

C A P I T U L O X.

Almoxarifado da Portagem e Herdades.


o Almoxarife da Casa da Portagem e Herdades haverá de seu or
denado seiscentos mil réis, quinhentos pelo rendimento da Portagem, e
cem pelo rendimento das Herdades.
1 . O Recebedor deste Almoxarifado haverá trezentos mil réis, duzen
tos e quarenta pelo rendimento da Portagem, e sessenta mil réis pelo
rendimento das Herdades.
2 Cada hum dos dous Escrivães da receita e Meza da Portagem ha
verá de seu ordenado pelo rendimento della duzentos e quarenta mil réis,
e hum por milhar do preço, por que forem arrematados no Conselho da
Fazenda os contratos, de que elles escreverem a arrecadação e despacho,
para se repartir por entre ambos , ficando porém obrigados de darem á
sua custa panno, tinta, pennas, papel, obrêas, e tudo o mais, que for
necessario para o expediente da Meza. E de seus emolumentos á custa
das partes levarão o seguinte: pelo despacho de descarga de cada hum
dos Navios, que entrar pela Foz com Sumagre, Legumes, Carnes sêc
cas, e outros generos, que deverem Dizima nesta Meza, levarão para
ambos quatrocentos réis; e sendo Caravela, ou outra embarcação seme
lhante trezentos réis; e sendo Barco menor, duzentos réis: por entrada
de Navio, Caravela, ou Barco, e por fianças, denuncias, certidões,
Verbas de descarga, ou desobrigação, conhecimento em fórma, e de re
cibo, e Gaveas das embarcações, levarão o mesmo, que neste Regimen
to vai concedido aos Escrivães da Meza do Paço da Madeira ; o qual
guardarão em tudo mais, que neste seu Regimento não foi expressamen
te provído : por cada hum despacho, que derem para carregar, e sahir
por Foz qualquer Navio, que levar fazenda pertencente a esta Meza, le
varão para ambos cem réis; e sendo Caravela, sessenta réis ; e sendo
Barco menor, quarenta réis : porém dos Barcos de Riba-Téjo não leva
rão cousa alguma por sahida: por cada hum manifesto levarão para am
bos quarenta réis; e por cada hum dos despachos ordinarios, e manuaes
de todas e quaesquer pessoas, que em particular despacharem na Meza
todos e quaesquer generos, que nella deverem Direitos, ainda que se
lhes dê despacho livre pºr razão de seus privilegios, e ainda que lhe não
passem bilhetes, pelos trazerem já de outras Mezas, levarão dez réis
para ambos; e pelos processos, que fizerem, levarão as custas do Regi
mento geral.
3 O Escrivão dos Direitos da lenha e carvão haverá de seu ordenado,
pelo rendimento dos Direitos da mesma lenha, cento e quarenta mil réis,
e hum por milhar do preço principal, por que for arrematado o contrato
da lenha, com obrigação de dar panno, tinta, papel, pennas e tudo o
mais, que for necessario para o expediente da Meza. E das partes leva
rá os emolumentos seguintes: por despacho de Caravela, ou outra em
barcação semelhante, que entrar pela Foz, carregada de lenha, ou car
vão, excepto das que pertencerem ao Paço da Madeira, levará quinhen
tos réis; sem que lhe leve mais cousa alguma por todos os despachos da
entrada, descarga e sahida: por hum termo de avença, levará vinte réis;
por cada hum despacho ordinario, que der ás partes de qualquer quan
tidade de carvão, ou lenha , que despacharem para esta Cidade, seu
Termo e terras circumvisinhas, levará dez réis; de Gavea de embarca
198 | 1753

ção grande levará cem réis. E nos processos, denuncias, tomadias, fian
ças, desobrigações, certidões, conhecimentos, e outros papeis guarda
rá o Regimento dos Escrivães da Meza da Portagem (1).
4 O Feitor e Recebedor do rendimento da lenha e carvão haverá de
seu ordenado pelo rendimento della duzentos e sessenta mil réis; e de seu
emolumento levará cincoenta réis á custa do carregador de cada Barco
de lenha, ou carvão, que vier a esta Cidade.
5 O Escrivão da descarga da repartição da lenha haverá de seu or
denado pelo rendimento della cento e cincoenta mil réis; e de seu emo
lumento á custa dos carregadores levará cincoenta réis de cada Barco de
lenha, ou carvão, que vier a esta Cidade.
6 Cada hum dos dous Feitores da descarga e avaliação da lenha ha
verá de seu ordenado pelo rendimento della cento e vinte mil réis; e de
seu emolumento
de lenha, á custa
ou carvão, quedos
viercarregadores cincoenta réis de cada Barco
a esta Cidade. •

7. Cada hum dos dous Feitores da descarga e avaliação da Casa da


Portagem haverá de seu ordenado pelo rendimento della cento e vinte
mil réis; e de seus emolumentos para ambos, á custa das partes, oito
centos réis pela descarga de cada huma Caravela, ou Patacho, que en
trar pela Foz; e duzentos réis por cada hum caminho da fazenda , que
forem contar.

C A P I T U L O XI.

Almoxarifado da Siza da Fruta.

O Almoxarife da Siza da Fruta haverá de seu ordenado pelo ren


dimento della seiscentos mil réis.
I O Recebedor do dito Almoxarifado cento e sessenta mil réis.
2 O vendedor da hortaliça cem mil réis. •

3 O Escrivão da Siza e despeza do Almoxarife duzentos mil réis, cen


to e sessenta mil réis pelo rendimento da Fruta, e quarenta mil réis pelo
rendimento do marisco, com obrigação de dar á sua custa, panno, tin
ta, papel, pennas e o mais , que for necessario para o expediente da
Meza. E de seus emolumentos levará das partes o seguinte: quinze réis
por cada hum despacho de Fruta para o Norte, e dez réis pela arruela
de cada caixa, quinze réis por cada hum despacho de avaliação, e sen
do livre, cinco réis ; cincoenta réis pelo despacho de cada hum Barco
de palha, que vier para vender, e sendo livre, vinte réis ; por cada li
cença para vender Fruta pelas ruas vinte réis; por cada huma descarga
das embarcações grandes, que entrão pela Foz com legumes e alhos do
Reino , levará quatrocentos réis; pela assistencia da descarga de cada
Barco de melão e melancia levará cem réis e nada mais ; pelas entradas
e Gaveas das embarcações, que lhe pertencerem; e pelas escritas, que
fizer, particulares, levará os mesmos salarios, que vão concedidos aos
Escrivães do Paço da Madeira, na parte, que lhe for applicavel; e dos
processos ordinarios levará as custas do Regimento geral.
4 O Escrivão e Guarda das portas de S. Vicente e da Mouraria será
obrigado de pagar á sua custa a Casa do despacho , e de dar para ella
tudo o que for necessario; e será mais obrigado de dizimar e despachar
as hortaliças do Rocio e Ribeira, que não dão entrada; e de guardar e
(1) V. supra § 2. deste Cap.
1753 199
despachar por todos os Almoxarifados, em que leva pagamento ; e por
tudo haverá de seu ordenado trezentos e setenta e tres mil réis, pagos
nos Almoxarifados seguintes: duzentos e dez mil réis no Almoxarifado
da Fruta, cento e tres mil réis no Almoxarifado da Portagem ; dez mil
réis no Almoxarifado do Pescado; dez mil réis no Almoxarifado das Tres
Casas, dez mil réis no Almoxarifado da Casa dos Cincos; dez mil réis
no Almoxarifado da Mercearia, e dez mil réis no Almoxarifado da Casa
das Carnes; das partes levará os mesmos emolumentos, que vão conce
didos aos Escrivães das portas da Cidade (1), no Almoxarifado da impo
sição dos vinhos pelas partes, que lhe forem applicaveis. Tendo entendi
do, que não deve levar mais, que hum só emolumento, e dar hum só
bilhete a cada huma das partes por todos os referidos Almoxarifados, em
que serve. -

5 O Escrivão e Guarda da porta de Santo Antão terá todas as obri


gações, que vão encarregadas ao Escrivão da porta de S. Vicente (2),
levando das partes os mesmos emolumentos ; e haverá de seu ordenado
cento e oitenta e seis mil réis, pagos cento e sessenta e sete mil e qui
nhentos réis pelo rendimento dos Direitos da fruta, seis mil réis pelo ren
dimento da Portagem, mil e quinhentos réis pela imposição dos vinhos,
seis mil réis pela Siza das carnes, e cinco mil réis pelo rendimento da
Mercearia. •

6 Cada hum dos onze Feitores deste Almoxarifado haverá de seu or


denado pelo rendimento delle setenta e dous mil réis; e das partes ha
verão os emolumentos seguintes , que se repartirão por todos. Por cada
hum caminho , que fizerem para carregar , ou descarregar os generos,
que lhe tocão, que entrarem, ou houverem de sahir pela Foz, duzentos
réis; pela descarga de cada Barco de melancia, ou melão, que vier pa
ra vender, trezentos e vinte réis, sem poderem levar mais, ainda que
a fruta seja de diversos donos; e pela fruta de particulares, que vier de
mimo, não
vender pelo levarão
Rio, oucousa algumatrinta
por terra, ; porréis,
cada ecarga
nada de alhos, que vier a
mais. •

7 O Sacador deste Almoxarifado haverá de seu ordenado pelo rendi


mento
ma, quedelle
vãosetenta e dous
concedidos aosmil réis;
mais e os emolumentos
Sacadores das partes
da Contadoria (3). na fór •

8 O Vendedor dos frutos, que vem pelo Rio , não haverá ordenado
algum; e sómente levará dez por cento do preço dos frutos, que vender.
C A P I T U L O XII, +

+
*

Almoxarifado da Siza das Carnes.

O Almoxarife da Casa das Carnes haverá de seu ordenado pelo


rendimento do mesmo Almoxarifado seiscentos e sessenta mil réis.
1 O Recebedor deste Almoxarifado haverá de seu ordenado pelo ren
dimento delle cento e sessenta mil réis.
2 O Escrivão das entradas, receita e despeza do rendimento das Car
nes, haverá de seu ordenado pelo rendimento dellas duzentos e dez mil
réis; e das partes os emolumentos seguintes. Por entrada de Navio, Hia
te, Caravela, ou outra semelhante, que trouxer Carnes, pertencentes
ao seu oficio, como tambem pela Gavea das mesmas embarcações, le
(1) V. supra Cap. V 111. §. 5. • •

(2) V. supra Cap. XI. 5. *

(3) V. supra Cap. 3, § 4. e Cap. VI. $.3., e Cap. VIII. §. 13.


200 1753

vará o mesmo , que vai concedido aos Escrivães do Paço da Madeira,


cujo Regimento guardará na parte, que lhe for applicavel, no que nes
te não for expressamente provído: por entrada de Barco levará cinco réis:
por despacho de Marchante de gados cem réis: por fiança e bilhete, que
della se passa, cem réis : por bilhete de despacho, que paga Direitos,
dez réis, e sendo livre, cinco réis: de cada marrã, que se vender nas
bancas da Ribeira, levará dez réis: de cada Verba de pagamento de Di
reitos affiançados levará cem réis, e dos processos, que escrever, levará
as custas do Regimento geral.
3 O Escrivão das entradas e receita das Couramas será obrigado de
dar á sua custa panno, papel, tinta, pennas, e tudo o mais, que for
necessario para o expediente da Meza; e com estas obrigações haverá de
seu ordenado trezentos mil réis; e das partes levará os emolumentos se
guintes. De abrir titulo a despachante cem réis; e outro tanto do acor
do do mesmo Marchante de hum anno para outro: de termo de fiança du
zentos réis; e de Verba da desobrigação quarenta réis : da certidão de
qualquer receita cento e vinte réis : de cada bilhete do despacho vinte
réis: de cada descarga, que fizer aos Cortidores da Cidade, cincoenta
réis, e não levará cousa alguma por fazer as receitas, contas e arreca
dações, pois vai pago deste trabalho no ordenado, que leva.
4 O Juiz da balança das Carnes haverá de seu ordenado pelo rendi
mento dos Direitos dellas duzentos mil réis ; e de seus emolumentos á
custa das partes dez réis por cada quintal de carne, que se pezar, ou
estiver para pagar Direitos, e cinco réis pelo pezo, que não chegar a
quintal; e o mesmo haverá pelas Carnes e generos, que se pezarem pa
ra se darem livres; e será obrigado a pagar aos pezadores á sua custa.
5 O Escrivão da mesma balança haverá de seu ordenado duzentos mil
réis; e de seu emolumento á custa das partes quarenta réis por cada
certidão, que se passar.
6 O Escrivão das avenças da Cidade haverá de seu ordenado sessen
ta mil réis, e á custa das partes levará quarenta réis de cada huma aven
ça, e vinte réis por cada bilhete.
7 O Escrivão das lavagens de Alfama, e varejo de Ver o Peso have
rá de seu ordenado pelo rendimento das Carnes setenta mil réis; e pelo
rendimento dos azeites cento e dez mil réis, que faz ao todo cento e oi
'tenta mil réis.
8 O Escrivão da matança do Campo haverá de seu ordenado cento e
quinze mil réis; e á custa das partes levará duzentos e quarenta réis por
cada huma partida de couros, ou pelles, que se venderem.
9 Cada hum dos cinco Feitores, haverá de seu ordenado setenta e
dous mil réis; e á custa das partes levarão duzentos réis, para se repar
tirem por todos, por cada huma avaliação e caminho della, ou por irem
contar gados, couros, ou assistir a Barcos, ou pezo de lãs.
C A P I T U L O XIII.

Almoxarifado das Tres Casas.


O Almoxarife das Tres Casas haverá de seu ordenado pelo rendi
mento dellas seiscentos e quarenta mil réis.
1 O Escrivão da Mercearia, varejos e avenças da Meza das Tres Ca
sas, será obrigado de dar á sua custa panno, papel, tinta, pennas e tu
do o mais, que for necessario para o despacho da Meza; e com esta obri
1753 2O 1

gação haverá de seu ordenado pelo rendimento della cento e cincoen


ta mil réis, e das partes levará os emolumentos seguintes. Por cada des
pacho de Mercearia, que pagar Direitos, levará dez réis; e sendo livre,
cinco réis; e sendo de fazenda, que vá para a India, quinze réis : de
cada termo de avença, ou assento de cabeção, ou certidão de verba, le
vará quarenta réis; e em tudo mais, que pertencer ao seu oficio, guar
dará o Regimento dos Escrivães do Paço da Madeira na parte, em que
lhe for applicavel : e por trasladar a folha do anno, que lhe tocar, ha
verá seis mil réis. •

2 O Escrivão da Siza dos Escravos e mais annexas, que tambem ser


ve de Escrivão das Sizas das Herdades, haverá de seu ordenado por es
ta repartição duzentos e vinte mil réis; e das partes levará os emolumen
tos seguintes. Da receita e despacho da Siza dos Escravos, vendidos nes
ta Corte, ou paga por entrada, ou seja hum, ou sejão muitos de hum
só dono, ainda que não paguem mais que meia Siza, levará oitenta réis:
por cada guia, que passar para fóra do Reino , ou seja de Direitos pa
gos, ou de liberdade, levará cento e vinte réis; e o mesmo levará pelo
manifesto de alforria e certidão, que delle se passa; e não levará cousa
alguma por cabeça, quando forem muitos Escravos de hum só dono; de
cada hum despacho de louça, cal, telha, pedra, ou tijolo, ou pague Di
reitos, ou seja livre, levará dez réis; de cada huma avença levará qua
renta réis; e do bilhete, que della passar, vinte réis: da entrada de ca
da forno de cal, ou seja de hum, ou de mais donos, levará duzentos réis.
E como Escrivão das Sizas das Herdades , levará duzentos e quarenta
réis pelo assento da Siza de qualquer propriedade; e da certidão , que
della passar, ou pague Siza inteira, ou meia Siza, ou a forre toda ; e
pelas entradas e Gavea dos Navios, e outras embarcações menores, fian
ças, denuncias, verbas e mais cousas, pertencentes ao seu oficio, guar
dará o Regimento, dado aos Escrivães do Paço da Madeira, na parte,
que lhe seis
haverá for mil
applicavel:
réis. e por trasladar a folha do anno, que lhe tocar,
• •

3 O Escrivão dos Azeites, Mel, Cera, Cebo e Sabão preto haverá


de seu ordenado pelos rendimentos destes generos cento e cincoenta mil
réis; e de seus emolumentos levará o seguinte á custa das partes. Por
cada hum despacho, que pagar Direitos, levará vinte réis, e sendo li
vre, dez réis; e não levará cousa alguma por fazer receita, por ser esta
a obrigação do seu oficio, por que leva ordenado. E em tudo mais, per
tencente ao seu oficio, guardará o Regimento dos Escrivães do Paço da
Madeira na parte, em que lhe for applicavel.
4 O Recebedor deste Almoxarifado, sendo provído, em quanto o Al
moxarife der conta, haverá de seu ordenado por anno duzentos mil réis,
pagos por todos os tres rendimentos da Casa: e sendo nomeado pelo Al
moxarife para o ajudar no tempo, em que servir, lhe pagará este á sua
custa o ordenado, que com elle ajustar.
5 O Escrivão dos Varejos do Ver o Peso e lavagens de Alfama have
rá de seu ordenado cento e dez mil réis.
6 O Feitor da arruéla e da carregação , que tambem he Avaliador
dos Azeites, haverá de seu ordenado oitenta mil réis; e á custa das par
tes levará dez réis de cada arruéla de pipa, quarto, ou barril, e hum
real de cada botija; sendo fóra da postura, levará mais duzentos réis de
caminho, além do salario das arruélas; e por cada huma avaliação de A
zeite fóra da postura levará duzentos e quarenta réis.
7 O Feitor dos Escravos e Recebedor do encabeçamento dos Offi
Cc
2O2 1753
ciaes desta Cidade haverá de seu ordenado cento e vinte mil réis.
8 O Feitor e Avaliador dos Escravos haverá de seu ordenado cem mil
réis; e á custa das partes cincoenta réis de cada avaliação.
9 O Feitor da Meza das Tres Casas haverá de seu ordenado cento e
vinte mil réis; e não levará emolumento algum das partes pelas diligen
cias, que o Almoxarife lhe mandar fazer.
10 O Feitor dos Azeites da Meza das Tres Casas haverá de seu or
denado oitenta mil réis; e á custa das partes levará duzentos réis por ca
da hum Varejo e avaliação de Armazem, que fizer dentro das portas da
Cidade; e sendo fóra de portas, trezentos réis, e sendo no Termo, le
vará além dos ditos salarios seiscentos réis de caminho por dia, reparti
dos por todos os donos dos Armazens, que varejar, ou avaliar.
11 O segundo Feitor dos Azeites haverá de seu ordenado oitenta mil
réis ; e não levará emolumento algum das partes , conforme a creação
deste officio. -

12 O Meirinho dos Azeites haverá de seu ordenado noventa mil réis,


e os emolumentos, que pelo Regimento geral lhe pertencerem.
C A P I T U L O XIV.

Chancellaria dos Contos e Cidade.

O Thesoureiro da Chancellaria dos Contos e Cidade, que tambem


he Guarda-Livros das Sete Casas, haverá de seu ordenado, por ambos os
oficios , pagos no rendimento da mesma Chancellaria duzentos e vinte
mil réis, e de emolumento, á custa das partes, vinte réis de cada hum
deposito de gabella nos Aggravos ordinarios.
1 O Escrivão da Chancellaria haverá de seu ordenado cento e trinta
mil réis, com obrigação de dar á sua custa tinta, papel, pennas, e o
mais, que for necessario para o expediente da Meza; sem que leve cou
sa alguma dos Porteiros. E como Escrivão das Dizimas, Execuções del
las, e depositos dos Direitos Reaes, haverá de seu ordenado das mesmas
Dizimas cento e setenta mil réis. E como Escrivão das Sizas do Almo
xarifado do Termo, haverá de seu ordenado na folha do mesmo Almoxa
rifado, quatro mil réis; e em todos os ditos oficios levará das partes os
emolumentos, que lhe pertencerem pelos Regimentos expressos.
2. O segundo Porteiro, que ha nesta Chancellaria, o qual passou pa
ra ella por Alvará de 4 de Março de 1746, para servir nos papeis das
duas Varas dos Corregedores do Civel, creados de novo em lugar dos dous
Juizes do Civel extinctos , haverá cada hum anno pelo rendimento da
mesma Chancellaria, trinta mil réis para cera, papel e sabão, de que se
compoem os sellos; e pelo que mais lhe toca, será provído no Regimen
to do Senado da Camera desta Cidade. •

3 E o primeiro Porteiro desta Chancellaria já está provído no titulo


da Contadoria da Fazenda, em que tambem serve de Porteiro, Contador
e Inquiridor.
4 O Feitor e Sacador das Dizimas da Chancellaria haverá de seu or
denado pelo rendimento dellas setenta mil réis; e os emolumentos das
partes, que pelo Regimento lhe pertencerem.
I753 203

C A P I T U. L O XV.

Almoxarifado das Sizas do Termo.


O Almoxarife das Sizas do Termo haverá de seu ordenado cin
coenta mil réis, vinte mil réis para casas, seis mil réis para caminhei
ro, e quatro mil réis para livro, papel, tinta e pennas.
1 . O Escrivão deste Almoxarifado vai provído no titulo da Chancella
ria dos Contos. •

2 Os Escrivães das Sizas dos Encabeçamentos deste Almoxarifado


levarão os ordenados seguintes. Dous mil réis o de Alhandra, outros dous
mil réis o de Alverca , outros dous mil réis o de Belém, outros dous mil
réis o de Carnide, outros dous mil réis o de Sacavem, outros dous mil réis
o de Monte Agraço, outros dous mil réis o de Via-Longa, quatro mil réis
o de Loures, e dous mil e quinhentos réis o do Lumiar. Todos estes Es
crivães levarão em dobro os salarios, que lhes forão repartidos pela fac
tura e traslado dos lançamentos á custa dos Póvos. E dos processos en
tre partes, e mais diligencias, que fizerem, haverão as custas do Regi
mento geral.
C A P I T U L O XVI.

Almoxarifado do Reguengo de Oeiras.


O Almoxarife do Reguengo de Oeiras haverá de seu ordenado moio
e meio de trigo, ou trinta e seis mil réis por elle, e moio e meio de ce
vada, ou dezoito mil réis por ella; e de cada vestoria, que fizer, mil e
seiscentos réis á custa das partes, que a requererem.
1 O Escrivão deste Almoxarifado , haverá de seu ordenado moio e
meio de trigo, ou trinta e seis mil réis por elle; e da vestoria, que for
fazer, levará mil e duzentos réis á custa das partes, que a requererem,
e de cada Lavrador, ou Seareiro, a que for tomar conta dos feixes nas
terras, levará cem réis; e dos conhecimentos, que passar, levará o mes
mo, que vai concedido aos Escrivães do Paço da Madeira; e dos proces
sos e diligencias judiciaes levará as custas do Regimento geral.
2 O Medidor haverá de seu ordenado quarenta e cinco alqueires de
trigo, ou dezoito mil réis por elles, e trinta e cinco alqueires de ceva
da , ou nove mil réis por elles; e á custa das partes, levará sessenta
réis por cada moio, que medir para os filhos da folha , quatro réis por
cada vara de chão, que medir nas vestorias, e seiscentos réis de cami
nho por dia. |- •

3 O Olheiro e Feitor, que vigia e zela a boa arrecadação dos Direi


tos do Almoxarifado, para que com mais diligencia cumpra a sua obri
gação, haverá tres por cento de todos os frutos, que fizer recolher, ain
da que esteja
lumento algum.arrendado em preços certos, sem outro ordenado, ou emo
• •

C A P I T U L O XVII.

Almoxarifado do Reguengo de Algés.


O Almoxarife do Reguengo de Algés haverá de seu ordenado tres
moios e meio de trigo, ou oitenta e quatro mil réis por elles, e mil
Cc 2
204 1753

e seiscentos réis por cada vestoria á custa da parte , que a requerer.


1 O Escrivão do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado tres moios
de trigo, ou setenta e dous mil réis por elles; e guardará o Regimento
dos emolumentos, dado ao Escrivão do Reguengo de Oeiras (1).
2 O Medidor haverá de seu ordenado moio e meio de trigo, ou trin
ta e seis mil réis por elle; e levará os mesmos emolumentos das partes,
concedidos ao Medidor de Oeiras (2).
3 O Feitor e Olheiro do Reguengo haverá tres por cento de todos os
fructos do Almoxarifado, pelas mesmas razões, que vão concedidos ao
Feitor de Oeiras (3).
C A P I T U L O XVIII.

Coutos do Reino e Casa.

O Contador Mór dos Contos do Reino e Casa e mais Oficiaes dos


mesmos Contos haverão os ordenados seguintes. O Contador Mór hum
conto e quatrocentos mil réis, pagos trezentos mil réis pela Alfandega,
e hum conto e cem mil réis pelos mesmos Contos.
1 O Guarda Mór seiscentos e cincoenta mil réis com a obrigação de
dar á sua custa pannos de mezas, e as mais miudezas, encarregadas ao
seu oficio, assim nos Contos, como na Chancellaria Mór do Reino ; e
será pago de cento e cincoenta mil réis pela Alfandega; outros cento e
cincoenta mil réis pela Chancellaria Mór do Reino ; cincoenta mil réis
pela Casa da India; e trezentos mil réis pelos Contos.
2 O Thesoureiro dos depositos quatrocentos mil réis, pagos pelo co
fre ; e hum por cento á custa das partes do dinheiro , com que pagar,
excepto dos ordenados dos Oficiaes da Casa.
3 O Escrivão do despacho da Meza setecentos mil réis com a obriga
ção de dar á sua custa o panno e mais miudezas, de que está encarrega
do o seu oficio, e de não levar cousa alguma pelo registo das ordens. E
como Escrivão da receita do Juiz Executor , que sempre servirá , du
zentos e sessenta mil réis, que ao todo faz novecentos e sessenta mil réis;
dos quaes levará duzentos mil réis pela Alfandega, cincoenta mil réis pe
la Casa da India, dez mil réis pela Chancellaria Mór, e setecentos mil
réis pelos Contos.
4 Cada hum dos dous Provedores do despacho seiscentos e quarenta
mil réis, pagos duzentos mil réis pela Alfandega; e quatrocentos e qua
renta mil réis pelos Contos.
5 Cada hum dos quatro Provedores Ordinarios quatrocentos e oitenta
mil réis, pagos duzentos mil réis pela Alfandega, e duzentos e oitenta
mil réis pelos Contos.
6 Cada hum dos doze Contadores quatrocentos mil réis, pagos cento
e cincoenta mil réis pela Alfandega, e duzentos e cincoenta mil réis pe
los Contos; e terão por distribuição de annos, ou mezes, a terceira cha
ve do cofre, sem que por este trabalho levem mais cousa alguma.
7 O Juiz Executor haverá o ordenado e emolumentos, que lhe forão
concedidos no Alvará da sua creação (4).
8 Cada hum dos dezeseis Escrivães dos Contos trezentos mil réis, pa
(1) V. supra Cap. XVI. § 1.
(2) V. bid. § 2. -

(3) V. ibid. S. 3. •

(1) V. Alv. de 23 de Agosto de 1768.


1753 | 205

gos cento e vinte mil réis pela Alfandega, e cento e oitenta mil réis pe
los Contos.
9 E serão obrigados a servir por distribuição de annos, ou mezes na
receita do Thesoureiro, sem que por este trabalho levem mais cousa al
Ulllla,

8 10 Cada hum dos dous Escrivães das Execuções cento e vinte mil
réis, pagos cincoenta mil réis pela Alfandega, e setenta mil réis pelos
Contos. E mais haverá tres por cento do dinheiro da sua repartição, que
entrar
te annopor
(1).execução no cofre, conforme o Alvará de 23 de Agosto des

11 O Oficial do Registo do Cartorio cento e quarenta e quatro mil


réis, pagos pelos Contos.
12 Cada hum dos dous Oficiaes do Registo dos Contos, cento e qua
renta e quatro mil réis, pagos pelos mesmos Contos.
13
tos. O Oficial das ementas cento e vinte mil réis, pagos pelos Con

14 Cada hum dos vinte e quatro Praticantes do número cento e cin


coenta mil réis, pagos pelos Contos, com obrigação de residirem quoti
dianamente. •

15 Cada hum dos Praticantes supranumerarios, que não poderão pas


sar de doze, seis mil réis por Natal, pagos pelos Contos.
16 O Porteiro dos Contos e da Junta do despacho quatrocentos mil
réis por ambos os oficios, com obrigação de dar tinta e pennas para a
Meza grande, agua, pucaros, tinta, papel, e pennas para a Junta do
despacho, e de mandar fazer a limpeza da Torre, e tudo o mais, de que
estão encarregados estes oficios: e será pago de oitenta mil réis pela Al
fandega, vinte mil réis pela Chancellaria Mór, e trezentos mil réis pelos
Contos.
17 O Meirinho cento e quarenta mil réis, e sessenta mil réis para
quatro homens da Vara, que ao todo fazem duzentos mil réis; dos quaes
levará pela Alfandega oitenta mil réis, e cento e vinte mil réis pelos
Contos.
18 O Escrivão do dito Meirinho cento e cincoenta mil réis; dos quaes
levará pela Alfandega trinta mil réis, e cento e vinte mil réis pelos
Contos. -

19 O Solicitador duzentos mil réis; dos quaes levará pela Chancel


laria Mór sessenta mil réis, e cento e quarenta mil réis pelos Contos.
E mais haverá hum moio de trigo no Almoxarifado da Malveira, e hum
por cento de todo o dinheiro, que fizer recolher por execução no cofre,
conforme o Alvará de 23 de Agosto deste anno.
2o Cada hum dos quatro Requerentes cento e cincoenta míl réis,
pagos pelos Contos. •

#1 Cada hum dos tres Moços dos Contos, cento e sessenta mil réis;
com obrigação de servirem por distribuição nas ementas; e serão pagos
de dez mil réis pela Chancellaria Mór, e cento cincoenta mil réis pelos
Contos. •

22 Cada hum dos oito Caminheiros sessenta mil réis por ordenado e
aposentadoria de casas, dos quaes levarão dez mil réis pela Alfandega,
e cincoenta mil réis pelos Contos.
23 Os Contadores, que Eu for Servido provêr em Provedores supra
numerarios, vencerão mais de ordenado cem mil réis, pagos pela Alfan
dega, em quanto não entrarem em lugar ordinario.
(1). V. Alv. de 20 de Novembro de 1764.
2O6 |1753

24. Hei por bem extinguir os partidos de Medico, Cirurgião e San


rador desta repartição pelas mesmas causas, que neste Regimento vão
extinctos os do Conselho da Fazenda; e quando os Officiaes dos Contos
estiverem enfermos, serão soccorridos com ajuda de custo (1), que te
nho permittido lhe possa dar o mesmo Conselho, a quem recorrerão.
C A P I T U L O XIX.

Chancellaria Mór da Corte e Reino.

O Chanceller Mór do Reino haverá de seu ordenado quinhentos e


vinte mil réis, e não levará mais cousa alguma á custa de Minha Fazen
da, por todas as obrigações do seu oficio, seja qual for o titulo, por que
até o presente as levava; pois de todas vai satisfeito no dito ordenado;
e sómente mais levará das partes os emolumentos, que pelo ultimo Re
gimento lhe estão concedidos. -

1 O Vedor da Chancellaria levará quinhentos mil réis de seu ordena


do; e os emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem,
com declaração de não levar mais cousa alguma á custa de Minha Fá
zenda, como está dito no titulo do Chanceller Mór
2 O Thesoureiro da Chancellaria Mór, e da Chancellaria da Casa da
Supplicação, e Executor das Dizimas, haverá de seu ordenado por fo
dos estes oficios, que andão unidos em huma só pessoa, oitocentos mil
réis; dos quaes levará seiscentos mil réis no rendimento da Chancellaria
Mór, e duzentos mil réis no da Casa da Supplicação, sem que possa le
var mais cousa alguma á custa de Minha Fazenda, como assima fica or
denado. • •

3 O Escrivão da receita e despeza do Thesoureiro e das Dizimas e


suas execuções haverá de ordenado quatrocentos mil réis; e os emolumen
tos das partes, que pelo Regimento lhe pertencerem, e nada mais á cus
ta de Minha Fazenda.
4 O Escrivão do Registo da Chancellaria Mór levará de ordenado du
zentos mil réis; e não levará emolumentos das partes, em quanto se lhe
não der Regimento; o qual pedirá, referindo os emulumentos, que por
estilo leva, para se lhe dar providencia, como tambem não levará mais
cousa alguma á custa do Vedor. -

5 O Porteiro da Chancellaria Mór levará de ordenado trezentos e oi


tenta mil réis: duzentos e oitenta mil réis pela Chancellaria Mór, e cem
mil réis pela Casa da Supplicação; e será obrigado de fazer á sua custa
todas as despezas necessarias de ambas as Chancellarias (2) pertencentes
ao seu oficio, e mais levará das partes os emolumentos, que pelo Regi
mento lhe tocão.
6 O Levador das Glossas levará de seu ordenado cento e quarenta e
quatro mil réis, e nada mais á custa de Minha Fazenda, nem das par
tes.

(1) V. supra Cap. I, § 2.


(2) Vid. o Alvará de 23 de Março de 1754. Cap. IV. § 1.
# I753 207

C A P I T U L O XX.

Chancellaria da Casa Supplicação.


O Chanceller da Casa da Supplicação levará de seu ordenado pe
lo rendimento da mesma Chancellaria trezentos mil réis; e os emolumen
tos das partes, que pelo ultimo Regimento lhe tocão.
1 O Escrivão desta Chancellaria haverá de ordenado duzentos e no
venta mil réis, dos quaes levará duzentos e cincoenta mil réis no rendi
mento della, e quarenta mil réis no Thesoureiro das despezas do Conse
lho da Fazenda, com obrigação de fazer á sua custa toda a despeza ne
cessaria para o expediente do seu oficio; e mais levará das partes os
emolumentos, que pelo Regimento estão concedidos.
2 O Thesoureiro e Porteiro desta Chancellaria vão provídos no titulo
da Chancellaria Mór do Reino (1), donde tambem servem.
3 Cada hum dos dous Oficiaes desta Chancellaria haverá de seu or
denado cento e vinte mil réis, cem mil réis pelo rendimento della, e
vinte mil réis pelo Thesoureiro das despezas do Conselho da Fazenda; e
mais haverá os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe tocarem.
4 O Revedor das sentenças haverá de seu ordenado, pelo rendimen
to desta Chancellaria, quarenta mil réis; e os emolumentos, que pelo
Regimento se lhe concederem.
C A P I T U I, O XXI.

Juízo da Chancellaria da Corte e Casa da Supplicação


\,

O Desembargador, que servir de Juiz da Chancellaria, além do


ordenado, que leva pela repartição do Conselho da Fazenda, e pela Ca
sa da Supplicação (2), como Ministro della, levará mais á custa do Con
tratador da Chancellaria, ou pelo rendimento della, não estando arren
dada, cem mil réis, e as assignaturas e mais emolumentos, que direi
tamente lhe tocarem.
1 O Escrivão das causas deste Juizo, além do ordenado, que leva pe
la repartição do Conselho da Fazenda (3), levará mais á custa do Con
tratador, ou pelo rendimento da Chancellaria, não estando arrendada,
vinte mil réis; e os emolumentos das partes, que direitamente lhe tocarem.
2 O Meirinho deste Juizo e seu Escrivão levarão de seu ordenado,
átando
custaarrendada,
dos Contratadores,
cada hum ou pelomil
doze rendimento
réis. da Chancellaria, não es
- •

3 O Executor das Dizimas desta Chancellaria vai provído de ordena


do na repartição do Conselho da Fazenda (4), e com a quota das Dizi
mas e emolumentos, que lhe estão concedidos, fica plenamente satis
feito.
4. Os dous Requerentes do número, e os quatro supranumerarios,
não haverão mais cousa alguma, que os tres por cento, que lhe estão
concedidos no dinheiro das Dizimas, que fizerem arrecadar.

(1) Vid. supra Cap. XIX. § 2.


(2) V. supra Cap. I, § 7. e Alv. de 4 de Fevereiro de 1755. Cap. I. §§. 2 e 3.
(3) V. supra Cap. I, § 7. ---- -

(4) V. supra o mesmo Cap. e §. *-* * * * * *


208 1753

C A P I T U L O XXII.

Archivo Real da Torre do Tombo.

O Guarda Mór da Torre do Tombo haverá de seu ordenado qua


trocentos e trinta mil réis; dos quaes levará quatrocentos e dez mil réis
pela Alfandega desta Cidade, e vinte mil réis pela Chancellaria Mór do
Reino.
1 O Escrivão da mesma Casa haverá de seu ordenado cento e cin
coenta mil réis; dos quaes levará pela Alfandega cento e vinte mil réis,
e pela Chancellaria Mór do Reino trinta mil réis.
2 - Cada hum dos dous Oficiaes da Reformação haverá de seu ordena
do cento e quarenta e quatro mil réis; dos quaes levará pela Alfândega
cento e vinte mil réis, e pelo Almoxarifado do Pescado vinte e quatro
mil réis, com obrigação de lavrarem os papeis, que por ordens Minhas
se mandarem tirar, sem que por elles possão pertender outro algum emo
lumento, propina, ou ajuda de custo.
3 O Porteiro haverá de seu ordenado pelo Thesoureiro da Alfandega
setenta e dous mil réis.
4 Cada hum dos dous Guardas menores haverá de ordenado pela Al
fandega setenta e dous mil réis.
5 O Varredor levarà de ordenado pela Alfandega quatorze mil e qua
trocentos reis. …

C A P I T U L O XXIII.

Provedoria das Lizirias e Paues, e Contadorias das Jugadas


de Santarem.

O Provedor das Lizirias, e Contador da Fazenda das Jugadas da


Contadoria de Santarem, haverà de seu ordenado vinte moios de trigo
e vinte de cevada, repartidamente pelos Almoxarifados seguintes. No
Almoxarifado das Jugadas de Santarem levará oito moios de trigo, oito
de cevada, e cincoenta mil réis em dinheiro. No Almoxarifado das Bar
rocas da Redinha, dous moios de trigo, e dous de cevada. No Almoxa
rifado do Paul da Asseca, dous moios de trigo, e dous de cevada. No
Almoxarifado da Azambuja, dous moios de trigo, dous de cevada, e cin
coenta mil réis em dinheiro. No Almoxarifado da Malveira, dous moios
de trigo, dous de cevada, e trinta mil réis em dinheiro. No Almoxari
fado de Alcoelha, dous moios de trigo, dous de cevada, e trinta mil réis
em dinheiro. No Almoxarifado de Salvaterra, dous moios de trigo, e
dous de cevada, e pelo rendimento das Fabricas de Villa-Franca, qua
renta mil réis em dinheiro. Haverá mais, como Contador do Mestrado
da Ordem de S. Bento de Aviz, no Almoxarifado de Benavente, dous
moios de trigo, e dous de cevada, pagos pelo mesmo Almoxarifado. De
todas as causas, que julgar entre partes, Crimes, ou Civeis, Devassas,
Informações, Diligencias, Vestorias, Provimentos, Sentenças, Manda
dos, levará a mesma assignatura, que por Lei geral está concedida aos
Corregedores do Civel e Crime da Corte (1), além desta, levará mais
cento e vinte réis por cada hum moio de terra, que triennalmente for
(1) V. o Alv. de 7 de Janeiro de 1760.
1753 209

arrendar ás cabeças dos Almoxarifados das Lizirias: , e de cada arrema


tação das rendas, que se arrematarem na Casa da Contadoria , levará
indistinctamente quatrocentos réis; e duzentos réis pelas assignaturas
dos Alvarás de correr e de licenças. Não levará cousa alguma pelas ru
brícas dos Almoxarifados á custa de Minha Fazenda. E para ajudar as
continuadas despezas, que faz o Provedor nas visitas das Lizirias, in
formações e diligencias, de que he encarregado por Mim, e pelo Con
selho da Fazenda : Hei por bem, que possa lavrar vinte moios de terra
nas mesmas Lizirias, sem embargo do Capitulo XXX. do Regimento em
contrario, que para este fim dispenso; os quaes vinte moios de terra lhe
serão assignados , e mandados medir pelo Conselho da Fazenda, para
que perpetuamente os lavre o Provedor actual e os mais, que lhe suc
cederem no oficio, pagando porém todos a terça parte dos fructos para
Minha Fazenda, assim como pagão os outros Lavradores. E para que se
não abuse desta permissão , mandará o Conselho da Fazenda cada hum
anno tirar informação, ou devassa, do modo, com que o dito Provedor,
e mais Oficiaes das Lizirias, a quem Eu For Servido conceder, que la
vrem terras, procedêrão no pagamento do terço aos Almoxarifes respe
ctivos: e achando , que procedêrão, como não devião, os prive da la
voura permittida por tempo de tres annos, fazendo-as arrendar a outras
pessoas : e pela segunda vez, que forem comprehendidos nesta culpa,
os prive perpetuamente, dando-Me conta, para Mandar o que For Ser
vido. J

1 O Procurador da Fazenda da Contadoria haverá de seu ordenado


hum moio de trigo no Almoxarifado das Jugadas, e seis alqueires de tri
go mais em cada hum dos outros Almoxarifados da Contadoria, e seis mil
réis em dinheiro no Almoxarifado das Sizas: e tambem poderá lavrar qua
tro moios de terra nas Lizirias, sem embargo do Regimento em contra
rio; os quaes lhe assignará e mandará medir o Provedor das Lizirias nas
terras do terço, que elle pagará ao Almoxarife, a que pertencer, e os
mais Procuradores, que lhe succederem no oficio, do mesmo modo, e
debaixo das mesmas penas, que vão ordenadas no titulo do Provedor. E
não levará emolumento algum das partes pelas respostas, que der em de
feza de Minha Fazenda, como está ordenado na Lei do Reino a respei
to do Procurador geral della.
2 O Escrivão da Contadoria da repartição dos Contos , Lizirias, e
Paúes haverá de seu ordenado vinte e cinco mil réis no Almoxarifado das
Sizas: e outro sim poderá lavrar seis moios de terra nas Lizirias, pagan
do o terço á Minha Fazenda, com as mesmas obrigações e penas decla
radas no titulo do Provedor; o qual lhe assignará os ditos moios de ter
ra, entre as que pagão o terço. De todos os arrendamentos, que fizer
na Casa dos Contos, levará hum por milhar á custa dos Rendeiros, fa
zendo-se a conta pelo preço commum do pão. Por fazer e registar cada
hum Alvará de correr, ou de licença, levará das partes duzentos e qua
renta réis ; e do provimento por tres mezes, cento e vinte réis. Do re
gisto de cada Doação, Mercê, Alvará, ou Provisão levará o mesmo,
que levou de feitio o Oficial, que a lavrou. Das escripturas de fiança,
emprazamentos, vendas e trocas levará o dobro do que actualmente le
vão os Tabelliães de Notas. Por cada hum termo de arrendamento de ter
ras, que for fazer fóra de Santarem nas cabeças dos Almoxarifados leva
rá oitenta réis, ou hum por milhar da importancia dos arrendamentos,
feita a conta pelo orçamento das quotas dos fructos, que os Lavradores
costumão pagar. Por cada Verba dos quadernos, que fizer para a arre
210 1753

cadação dos Almoxarifados e Fabricas, levará dez réis, pagos pelos Al


moxarifes e Recebedores. Por cada hum dia , que for fóra a vestorias,
ou informações, ou outras diligencias de partes, levará mil e seiscentos
réis á custa das mesmas partes, e a este respeito o menos tempo, que
gastar: com declaração que gastando o dia em diligencia de muitos, re
partirá este o salario por todos, havendo sómente in solidum a importan
cia da escrita de cada hum. Dos Processos crimes e civeis, que escre
ver, e das diligencias e papeis, que delles resultão, levará das partes as
custas, que actualmente levão, e ao diante se concederem aos Escrivães
das Comarcas.
3 O Escrivão da Contadoria da repartição das Jugadas haverá de seu
ordenado, pago pelo Almoxarifado dellas, dous moios de trigo, e dous
de cevada , e pelo Almoxarifado das Sizas haverá doze mil réis em di
nheiro: e tambem poderá lavrar nas terras das Lizirias quatro moios de
terra, pagando o terço para Minha Fazenda, assim como vão concedi
dos os seis moios ao Escrivão companheiro; e levará os emolumentos das
artes, pelo Regimento assima dado ao dito Escrivão, na parte, em que
he for applicavel.
4 O Meirinho geral da Contadoria haverá de seu ordenado , em di
nheiro, vinte mil réis, pagos nas Fabricas de Villa Franca, e por fazer
a cobrança das Fabricas do Campo de Vallada haverá nellas hum moio
de trigo ; e pela assistencia da cobrança das Fabricas do Reguengo do
mesmo Campo, e de outros Donatarios, haverá trinta alqueires de tri
go: das Diligencias, que fizer entre partes, levará os mesmos emolu
mentos concedidos ao Meirinho da Côrte (1); e das coimas, que lançar,
levará a parte , que lhe toca pelo seu Regimento ; mas constando que
deixa de as fazer por gratificações dos Lavradores e Seareiros, perderá
o officio para nunca mais o haver, e pagará o damno, que sentir a Mi
nha Fazenda, havendo as mais penas crimes, que pela Lei do Reino e
Ordenações da Fazenda lhe estão impostas. E para que mais livremente
possa obrar, lhe permitto tambem , , que possa lavrar quatro moios de
terra nas Lizirias, com as mesmas obrigações e penas, declaradas no
titulo do Provedor.
5 O Porteiro da Contadoria haverá de seu ordenado, no Almoxarifa
do das Jugadas, tres moios e meio de trigo, e dezeseis mil réis em di
nheiro; e no Almoxarifado das Sizas, vinte mil réis em dinheiro, fican
do obrigado de dar á sua custa panno, papel, tinta , pennas e tudo o
mais, que for necessario para a Meza, e de mandar fazer a limpeza da
Casa. Levará mais á custa dos Rendeiros hum por milhar do preço prin
cipal dos arrendamentos da sua repartição da dita Contadoria , feita a
conta ao valor do pão, como vai ordenado no titulo dos Escrivães.
6 O Solicitador das causas da Fazenda haverá o mesmo ordenado,
que já tem, de vinte e cinco mil réis no Almoxarifado das Sizas; e mais
haverá dous por cento de todo o dinheiro, ou fructos, que por sua dili-.
gencia fizer arrecadar por execução para Minha Fazenda.

(1) V. Ord. Liv. 1. Tit. 21.


1753 21 ]

- C A P I T U L O XXIV.

Almoxarifado das Jugadas de Santarem.


O Almoxarife das Jugadas de Santarem haverá de seu ordenado,
pelo mesmo Almoxarifado, cinco moios de trigo, tres pipas de vinho, e
doze mil réis em dinheiro: e pelo Reguengo do Cartaxo levará mais hum
moio de trigo, e huma pipa de vinho ; e como Juiz dos Direitos Reaes
da sua repartição, levará das partes, que perante elle litigarem, as mes
mas assignaturas e emolumentos, que estão concedidos aos Juizes de
Fóra.
l O Escrivão da receita e despeza do dito Almoxarifado, e das cau
sas dos privilegiados e Direitos Reaes, haverá de seu ordenado, pelo ren
dimento delle, tres moios de trigo, duas pipas de vinho, e seis mil réis
em dinheiro; e das partes levara os emolumentos e custas, que lhe per
tencerem pelo Regimento geral das justiças.
2 O Escrivão da arrecadação das Eiras do Ramo de Vallada haverá
de seu ordenado dous moios e meio de trigo, e duas pipas de vinho. E
o mesmo ordenado haverá cada hum dos Escrivães do Ramo de Alvisquer,
do Ramo de Calhariz, e do Ramo de Trava de baixo.
3 Cada hum dos cinco Escrivães do Ramo de Thoés de cima , de
Thoés de baixo, de Trava de cima, de Moncão, e da Tojozinha, have
rá de seu ordenado dous moios e meio de trigo.
4 O Escrivão do Reguengo do Cartaxo haverá de seu ordenado, pelo
rendimento delle, trinta alqueires de trigo, e dez almudes de vinho.
rá 5o mesmo
Cada hum dos que
salario, oito actualmente
Carreteiros dos
levaRamos deste Almoxarifado
pelo carreto do pão. leva •

6 Cada hum dos oito Medidores das Eiras levará hum alqueire por
moio do pão , que medir para Minha Fazenda, e não levarão cousa al
guma á custa dos Lavradores.
7 O Medidor geral do Celleiro levará das partes, para quem medir
qualquer genero de pão , cem réis por moio ; dos quaes dará quarenta
réis aos dous Paneadores; e não levará cousa alguma á custa de Minha
Fazenda. • •

8 O Porteiro da Casa dos Contos das Jugadas haverá de seu ordena


do no dito Almoxarifado quarenta mil réis ; e hum por milhar , á cus
ta dos Rendeiros, pelo preço das rendas dos Almoxarifados, em que
SCI V G.

9 O Contador das Fabricas haverá de seu ordenado cincoenta mil réis.


1o O Recebedor das Fabricas de Vallada e Alpampilher haverá de
seu ordenado trinta alqueires de trigo, doze mil réis em dinheiro, e seis
alqueires por moio, para o carreto do pão, que fará á sua custa.
11 O Escrivão da receita e despeza das Fabricas haverá de seu orde
nado tres moios de trigo; e duzentos réis por dia, de todos os que gas
tar em tomar o ponto aos trabalhadores das Tapadas.
12 O Mestre das vallas desta repartição haverá de seu ordenado dous
moios
serviçodedas
trigo , e duzentos e quarenta réis por dia , dos que gastar no
vallas. •

13 O Recebedor das Fabricas do Reguengo de Vallada e de outros


Donatarios levará sete alqueires por moio de todo o pão, que arrecadar,
sendo obrigado de fazer o carreto á sua custa.
14 O Escrivão das ditas Fabricas haverá de seu ordenado quarenta
Dd 2
2 12 - 1753

alqueires de trigo, e duzentos réis por dia, dos que gastar em tomar o
ponto á gente do serviço, quando o houver.
15 O Pregoeiro da Contadoria das Jugadas haverá de seu ordenado
quarenta
mente lhealqueires de trigo;
pertencerem e os emolumentos
pelo Regimento dasjustiças.
geral das partes, que direita •

C A P I T U L O XXV.

Almofarifado da Malveira.
O Almoxarife da Malveira haverá de seu ordenado seis moios de
trigo, e vinte mil réis em dinheiro; e como Recebedor das Fabricas, ha
verá mais de ordenado dous moios de trigo, e para fangas , medidas,
pás, pannos e bandeiras do barco, levará doze mil réis á custa do Ren
deiro, e não o havendo, á custa de Minha Fazenda. E em cada moio
de trigo se lhe dará de quebra hum alqueire, e dous alqueires em cada
moio de cevada.
1 O Escrivão deste Almoxarifado haverá de seu ordenado quatro moios
de trigo, e os emolumentos, que direitamente lhe pertencerem.
2 Os dous Alcaides deste Almoxarifado serão obrigados de residir con
tinuamente em Villa-Franca, com pena de perdimento do oficio, e de
pagarem toda a perda e damno, que sentirem os Lavradores e Minha
Fazenda, por falta da guarda das Lizirias; e cada hum na sua reparti
ção cobrará dos Lavradores alqueire e meio de trigo, por cada hum moio
de terra , que trouxerem arrendado, com obrigação de pagarem á sua
custa aos Medidores das Eiras , sem que Minha Fazenda, nem os La
vradores lhe paguem mais cousa alguma. -

3 O Escrivão das Fabricas deste Almoxarifado haverá de seu orde


nado hum moio de trigo, e trinta mil réis em dinheiro.

C A P I T U L O XXVI.

Almoxarifado de Alcoelha.

O Almoxarife de Alcoelha haverá de seu ordenado seis moios de


trigo, e vinte mil réis em dinheiro, e doze mil réis para miudezas e me
didas, e as mesmas quebras de trigo e cevada , que vão concedidas ao
Almoxarife da Malveira. E pela cobrança, que faz, dos pescadinhos
de Riba-Téjo, na fórma da sua Carta, haverá mais cincoenta mil réis.
l O Escrivão deste Almoxarifado haverá de seu ordenado tres moios
de trigo , e os emolumentos das partes , que direitamente lhe perten
Cere III. *

2 O Alcaide deste Almoxarifado haverá dos Lavradores o mesmo,


que vai concedido aos Alcaides do Almoxarifado da Malveira , e ficará
sujeito ás mesmas obrigações e penas.
3 O Mestre das vallas deste Almoxarifado, e da Malveira haverá de
ordenado dous moios de trigo, hum em cada hum delles; e vinte e qua
tro mil réis em dinheiro para as despezas de Bergantim, pagos pelo ren
dimento das Fabricas, e vencerá duzentos e quarenta réis por dia, quan
do trabalhar.
1753 | 2 13

4 O Mestre da Casa da Madeira haverá de seu ordenado dezeseis mil


mil réis pelo rendimento das Fabricas, e vencerá trezentos réis por dia,
quando trabalhar nas portas da agoa, bombas e bombaxos,

C A P J T U L O XXVII.

Almoxarifado da Azambuja.
O Almoxarife da Azambuja haverá de seu ordenado seis moios de
trigo, e vinte mil réis em dinheiro ; e haverá a mesma quebra no trigo
e cevada que vai concedida aos outros Almoxarifes.
1 O Escrivão deste Alxarifado haverá de seu ordenado tres moios de
trigo, e os emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
# O Alcaide deste Almoxarifado haverá dos Lavradores a mesma Al
caidaria, que vai concedida aos Alcaides da Malveira, e ficará sujeito
ás mesmas obrigações e penas.
3 O Mestre das vallas haverá de ordenado hum moio de trigo, e pe
las Fabricas de Alpampilher seis mil réis em dinheiro; e vencerá por ca
da hum dia, que trabalhar, duzentos e quarenta réis. • |-

4 OnoApontador
ponto trabalho. vencerá duzentos réis por cada hum dia, que tomar

C A P I T U L O XXVIII.

Almoxarifado das Jugadas de Salvaterra.


O Almoxarife das Jugadas de Salvaterra haverá de ordenado dous
moios de trigo, quatro de cevada, e doze mil réis em dinheiro; e a mes
ma quebra no trigo e cevada, que vai concedida aos outros Almoxa
rifes.
1 O Escrivão deste Almoxarifado haverá de ordenado dous moios de
trigo e hum de cevada; e os emolumentos das partes, que direitamente
lhe pertencerem. • •

2 O Alcaide levará dos Lavradores a mesma Alcaidaria, que vai con


cedida ao Alcaide da Malveira, com as mesmas obrigações e penas, lhe
estão impostas.
3 O Mestre das vallas, que tambem serve no Almoxarifado de Be
navente, haverá de ordenado dous moios de trigo, e seis mil réis em
dinheiro, repartidos igualmente por ambos os Almoxarifados, e vencerá
duzentos e quarenta réis por dia, que trabalhar nas vallas, pagos pelo
Almoxarifado, a que pertencer a obra.
4 O Escrivão do ponto vencerá duzentos réis por dia, que tomar o
ponto no trabalho.

C A P I T U L O XXIX.

Almoxarifado da Meza Mestral da Ordem de S. Bento de Aviz


de Benavente.

O Almoxarife de Benavente haverá de ordenado seis moios de


214 I753

trigo e dous de cevada, e as mesmas quebras na cevada e trigo, que


vão concedidas ao Almoxarife da Malveira.
1 O Escrivão haverá de ordenado tres moios de trigo e hum moio de
cevada; e os emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
2 O Alcaide levará dos Lavradores a mesma Alcaidaria, concedida
ao Alcaide da Malveira, com as mesmas obrigações, declaradas no seu
titulo. E como Medidor, levará cem réis por cada moio, que medir, e
nada mais. •

3 O Prioste haverá de ordenado seis mil réis, hum almude de mel,


huma arroba de lã, dous carneiros, e duas marrãs.

C A P I T U L O XXX.

Almoxarifado das Barrocas da Redinha.

O Almoxarife das Barrocas da Redinha haverá de ordenado qua


tro moios de cevada, e doze mil réis em dinheiro; e as mesmas quebras
na cevada e trigo, que vão concedidas ao Almoxarife da Malveira.
1 O Escrivão haverá de ordenado tres mois de trigo, e os emolu
mentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
2 O Meirinho levará dos Lavradores a mesma Alcaidaria, concedida
aos Alcaides da Malveira, debaixo das mesmas obrigações e penas.
3 O Carreteiro levará pelo carreto do pão o mesmo salario, que actual
mente leva.
4 O Medidor levará hum alqueire por cada moio, que medir por ar
recadação; e quando medir para pagamento de partes, levará cem réis
por cada moio de trigo, e oitenta réis por cada moio de milho, ou ce
vada, á custa das mesmas partes: e não vencerá mais ordenado algum.

C A P I T U L O XXXI.

Almoxarifado do Paul da Asseca.

O Almoxarife do Paul da Asseca haverá de ordenado tres moios


e meio de trigo, e doze mil réis em dinheiro, e as mesmas quebras no
trigo e cevada, que vão concedidas ao Almoxarife da Malveira.
1 O Escrivão haverá de seu ordenado tres mois e meio de trigo, e
doze mil réis em dinheiro; e os emolumentos das partes, que pelo Regi
mento geral lhe pertencerem; e nada mais dos Lavradores.
2 O Meirinho haverá de ordenado hum moio de trigo, e dous de ce
vada; e levará para si todas as coimas, que fizer, como Guarda do dito
Paul; mas não levará Alcaidaria, ou bolo dos Lavradores, por não se
rem estas terras arrendadas na Contadoria, e sómente se arrecadar del
las o Quinto e Dizimo para Minha Fazenda. E por acompanhar o Rea
deiro na partilha e cobrança haverá de ajuda de custo, paga pelo mes
mo Rendeiro, quarenta alqueires de trigo.
3 O Mestre das vallas haverá de ordenado hum moio de trigo; e ven
cerá duzentos e quarenta réis por cada hum dos dias, que trabalhar. .
4 O Escrivão da Fabrica, que tambem serve de Apontador, haverá
I753 215

de ordenado seis mil réis; e vencerá duzentos réis por cada hum dos dias,
que tomar o ponto no trabalho.
5 Os Oficiaes das Sizas da Contadoria da Fazenda de Santarem se
rão provídos no Regimento geral das mesmas Sizas.
C A P I T U L O XXXII.

Casa de Ceuta.

O Procurador da Fazenda pela Administração da Casa de Ceuta


e Praça
denado. de Mazagão haverá no seu rendimento quarenta mil réis de or
• •

1 . O Thesoureiro Mór da dita Casa por todos os empregos, que exer


eita, assim della, como da Praça de Mazagão, haverá de ordenado seis
centos mil réis: e o seu Fiel Pagador cento e sessenta mil réis; e não
levarão emolumentos alguns das partes.
2 O Escrivão proprietario da dita Casa haverá de ordenado quatrocen
tos mil réis; e os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe toca
TGIm.

3 O Escrivão Ajudante haverá de seu ordenado duzentos e oitenta


mil réis; e não levará emolumentos alguns das partes, por pertencerem
ao Escrivão proprietario.
4 Cada hum dos dous Feitores haverá de ordenado cem mil réis.
5 O Informador e Procurador geral da Praça de Mazagão haverá de
ordenado vinte mil réis.

C A P I T U L O XXXIII.

Thesouraria da Obra Pia.

O Thesoureiro e Executor do rendimento da Obra Pia haverá de


seu ordenado pelo mesmo rendimento seiscentos mil réis, com obrigação
de dar á sua custa livros, papel, tinta, pennas e pano do bofete.
1 O Escrivão do dito Thesoureiro haverá de ordenado, no mesmo
rendimento, duzentos e quarenta mil réis: e pelos conhecimentos, que
passar, levará das partes o mesmo emolumento concedido aos Escrivães
do Paço da Madeira (1); e dos processos e execuções, que escrever, le
vará as custas do Regimento geral.
C A P I T U L O XXXIV.

Thesouraria e Executoria das Terças do Reino.


O Procurador da Fazenda haverá, na folha desta Thesouraria,
sessenta mil réis de ordenado.
1 O Thesoureiro geral das Terças do Reino haverá de seu ordenado,
pelo rendimento dellas, quatrocentos mil réis.
2 O Executor geral das mesmas terças haverá de seu ordenado, no
rendimento dellas, cento e oitenta mil réis, e quatro por cento de toda
a importancia do dinheiro, que por execução fizer recolher no cofre á
eusta de Minha Fazenda; e de assignaturas levará das partes o mesmo,
(1) V. supra Cap. VI. § 1.
216 1753

que levão os Corregedores do Civel da Cidade (1), na parte, em que


lhe forem applicaveis, e será obrigado de findar as execuções, que actual
mente correm, dentro de hum anno, como tambem as que ao diante se
lhe carregarem em receita, contando-se o anno do dia della, debaixo de
todas as penas impostas ao Juiz Executor dos Contos do Reino e Casa,
no Alvará de 23 de Agosto de 1753; e para este fim terá o mesmo po
der e jurisdicção sobre o Escrivão, Solicitador e mais Oficiaes, que no
dito Alvará está concedida. -

3 O Escrivão da receita e despeza do Thesoureiro, e das execuções


das ditas terças haverá de seu ordenado, por ambos os oficios no rendi
mento dellas, trezentos mil réis: e tres por cento da importancia de to
do o dinheiro, que entrar no cofre por execução, á custa da Minha Fa
zenda; mas não levará cousa alguma por trasladar a folha, registar as
ordens, entregar a Casa, nem por outra alguma obrigação do seu ofi
cio; pois por todas vai provído de ordenado. E dos conhecimentos, Ver
bas é certidões dellas levará das partes o mesmo emolumento, que vai
concedido aos Escrivães do Paço da Madeira (2); e dos processos e pa
peis, que delles resultarem, levará os emolumentos, que lhe forem con
tados pelo Regimento geral.
4 O Solicitador das causas e execuções das terças, e caminheiro es
tante dellas, haverá de seu ordenado cem mil réis, e hum por cento de
toda a importancia do dinheiro, que por sua diligencia fizer executar e
metter no cofre, á custa de Minha Fazenda; mas não levará cousa algu
ma á custa dos arrendamentos dos bens, ou dos arrendamentos, por lhe
não ser devido; e por estar satisfeito das diligencias, que faz por Meu
serviço, com o seu ordenado. •

5 Cada hum dos dous Juizes dos feitos da Fazenda e Coroa, além dos
ordenados, que levão por outras repartições, haverá por esta quarenta
mil réis.
6 Cada hum dos tres Oficiaes da repartição de Africa, além dos or
denados, que levão por outras repartições, levará por esta dezoito mil
réis; e o Oficial, que fizer a folha, quatro mil réis.
7 O Architecto das Fortalezas da Barra e Castello de S. Jorge desta
Cidade haverá de seu ordenado no rendimento das terças setenta e qua
tro mil réis.

C A P I T U L O XXXV.

Chancellaria das Tres Ordens Militares.

O Chanceller das Tres Ordens Militares haverá de seu ordenado


duzentos e setenta mil réis; pagos destes oitenta e cinco mil réis no Al
moxarifado da Ordem de Sant-Iago de Setubal , e cento e oitenta
e cinco mil réis pelo Thesoureiro geral da Chancellaria das Tres Or
dens; e mais haverá das partes os emolumentos, que direitamente lhe
pertencerem. •

1 O Escrivão da Chancellaria da Ordem de CHRISTo haverá de seu


ordenado duzentos e cincoenta mil réis, com obrigação de dar á sua cus
ta tinteiros, papel, tinta, pennas, cadeiras, ornato, arèa para os pa
peis e tudo o mais, que for necessario para o expediente; como tambem
(1) V. Alvarás de 7 de Outubro de 1745, e 7 de Janeiro de 1750.
(2) V. supra Cap. VI, § 1.
1753 217

pagar o aluguer da Casa, e ao Moço, que trata da limpeza della, e aos Of


ficiaes, que registão os papeis. E das partes levará os emolumentos,
que pelo Regimento lhe tocão.
2 O Thesoureiro da Chancellaria de todas as Tres Ordens haverá de
seu ordenado trezentos mil réis; cem mil réis pelo rendimento da Chan
cellaria de cada huma das Ordens; e será obrigado de comprar á sua
custa cadeiras, escrivaninha e sacco.
3 O Porteiro da Chancellaria da Ordem de CHRISTo haverá de seu
ordenado, pelo rendimento della, cento e cincoenta mil réis com obriga
ção de comprar á sua custa panno para a Meza, arca para guardar os
papeis, tamborete para o seu uso, folha de Flandres, fita, papel, cera
vermelha e tudo o mais, que for necessario para o expediente dos sellos:
e das partes levará os emolumentos, que pelo Regimento lhe tocarem.
4 O Escrivão da Chancellaria da Ordem de Sant-Iago haverá de seu
ordenado, pelo rendimento della, cento e cincoenta mil réis, com as
mesmas obrigações, que vão impostas ao Escrivão da Chancellaria da
Ordem de CHRISTo; e mais haverá das partes os emolumentos, que di
reitamente lhe tocarem.
5 O Escrivão da Chancellaria da ordem de S. Bento de Aviz haverá
de seu ordenado, pelo rendimento della, cento sessenta mil réis; e os
emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem: e terá as mes
mas obrigações, expressas no titulo do Escrivão da Ordem de CHRISTO.
6 O Porteiro da Chancellaria das Ordens de S. Bento e Sant-Iago
haverá de seu ordenado duzentos mil réis; cento e vinte mil réis pela
Chancellaria da Ordem de Sant-Iago, e oitenta mil réis pela de S. Ben
to; e terá as mesmas obrigações, impostas ao Thesoureiro da Chancel
laria da Ordem de CHRISTo.

C A P I T U L O XXXVI.

Contadoria do Mestrado de S. Bento de Aviz.

O Contador do Mestrado da Ordem de S. Bento de Aviz haverá


de seu ordenado quarenta mil réis, e dous moios de trigo, pago tudo no
Almoxarifado de Benavente; e mais dez mil réis, pagos pelas rendas do
Convento. E das partes levará os emolumentos, que pelo Regimento,
Definitorios, ou outros alguns Alvarás lhe pertencerem.
1 O Escrivão da Contadoria haverá de seu ordenado, pelo rendimen
to das meias annatas, em que se lhe fará assento pela repartição, a que
toca, trinta mil réis; e os emolumentos das partes e Rendeiros, que jus
tamente lhe pertencerem.
2. O Porteiro da Contadoria haverá de seu ordenado, pelo rendimen
to das Commendas vagas, quarenta mil réis; e hum por milhar dos pre
ços principaes dos arrendamentos das mesmas Commendas, de que se
lhe fará assento pela repartição, a que toca: e será obrigado dar á sua
custa casa, meza, pannos, assentos, tinta, papel, pennas e tudo o mais,
que for necessario para o expediente da Contadoria: e não levará das
partes salario algum por costume, ou estilo; mas sim sómente os que lhe
estiverem , ou forem concedidos por Alvarás, ou Resoluções Minhas. E
porque o dito Porteiro tambem he Solicitador da mesma Contadoria, le
vará duzentos, e quarenta réis de cada huma arrematação á custa dos
Rendeiros; e hum por cento de todo o dinheiro, que por execução fizer
recolher no cofre, á custa da Fazenda da Ordem,
Ee
218 1753 |

C A P I T U L O XXXVII.

Consulado geral da repartição da Casa da India.


O Thesoureiro geral do Consulado da sahida e entrada da repar
tição da Casa da India haverá de seu ordenado, pelo rendimento delle,
trezentos mil réis; e cem mil réis para hum Ajudante, que com elle as
siste no tempo das Frotas: e mais cem mil réis pelo Thesoureiro dos Ar
mazens; cento e vinte e cinco mil réis pelo Thesoureiro Mór dos Tres Es
tados, importancia de hum por cento dos doze contos e quinhentos mil
réis, que lhe entrega cada hum anno; e quarenta mil réis pelo Thesou
reiro da Casa da India, que ao todo vem a importar seiscentos e sessen
ta e cinco mil réis ; ; e andando estes direitos contratados, haverá mais
duzentos mil réis cada hum anno á custa dos Contratadores. E para me
za, panno, papel, tinteiros, tinta, pennas, arêa, assentos, ornato da
casa e tudo o mais, que for necessario para o expediente do despacho
della, e para pagar á pessoa, que tratar do seu aceio, haverá mais ca
da hum anno , pelo rendimento do mesmo Consulado , noventa e cinco
mil réis. E cada hum dos Thesoureiros poderá, quando acabar, dispôr
de todas as cousas, que ornão e servem no expediente da dita Casa; por
que o Thesoureiro, que lhe succeder, a deve compôr de novo de tudo o
que necessario for.
1 Cada hum dos dous Escrivães da Meza deste Consulado haverá de
seu ordenado, pelo rendimento delle, cem mil réis; e cincoenta mil réis
pelo Theseureiro da Casa da India, e outros cincoenta mil réis pelo The
soureiro dos Armazens , que ao todo faz duzentos mil réis; e não leva
rão emolumentos alguns das partes, nem hum por milhar do preço dos
contratos, como até ao presente levavão, sem titulo algum justo; e pa
ra encher a congrua, de que necessitão, e para que juntamente cuidem
na boa arrecadação de Meus Direitos: Hei por bem, que daqui em dian
te levem hum por cento, repartido por ambos, de toda a receita deste
Consulado á custa dos Contratadores, e quando não estiver arrendado,
á custa de Minha Fazenda ; o qual hum por cento cobrarão do Thesou
reiro ao mesmo tempo, que se ajustarem aos quarteis, que os Contrata
dores devem pagar para Minha Fazenda, sem que delles, nem das par
tes possão receber outro algum emolumento, ou gratificação, com pena
irremissivel de perdimento de seus oficios e das mais , que por Direito
merecerem. E dos processos das causas e tomadias levarão as custas do
Regimento geral.
2 O Guarda Mór deste Consulado haverá de seu ordenado, pelo ren
dimento delle, cem mil réis ; e cincoenta mil réis pelo Thesoureiro da
Casa da India; e outros cincoenta mil réis pelo Thesoureiro dos Arma
zens, que ao todo faz duzentos mil réis. E não levará em olumentos al
guns das partes, nem das embarcações, como intrusamente levava : e
para encher a congrua, de que necessita, cuidando juntamente na boa
arrecadação destes Direitos : Sou Servido, que leve meio por cento de
toda a importancia da receita delles, assim e do mesmo modo e debaixo
das mesmas penas, que vai concedido aos Escrivães da Meza.
3 Cada hum dos sete Guardas menores do número deste Consulado
haverá de seu ordenado, pelo rendimento delle, oitenta mil réis; e meio
por cento para se repartir por todos sete, de toda a importancia da re
ceita do mesmo Consulado, pela ordem concedida aos Escrivães da Me
1753 | 219

za e Guarda Mór ; e debaixo das penas, nos seus titulos declaradas,


não levarão salario, ou emolumento algum das partes, pelas guardas das
embarcações, nem pelas conducções das fazendas. E das tomadias, que
fizerem, levarão ametade para si, e a outra ametade para Minha Fazen
da; bem entendido, que não he para todos a ametade, que lhe applico,
mas sim para cada hum delles, ou para aquelles sómente, que por sua
diligencia fizerem cada huma das ditas tomadias. E das denunciações,
que forem dadas por partes, ou tomadias, que forem feitas por Oficiaes
de fóra da Casa, será huma terça parte para Minha. Fazenda, outra pa
ra o denunciante, ou Oficiaes de fóra, e outra será sempre para se re
partir por todos os sete Guardas do número ; para o que dispenso todas
as Leis e Regimentos, que sobre esta materia dispoem o contrario.
C A P I T U L O XXXVIII.

Casa da Moeda.

O Provedor da Moeda haverá de seu ordenado , no rendimento


della, novecentos mil réis, com obrigação de ornar a sua Meza de pan
no e tafetá, tinteiros, papel, pennas e tudo o mais, que for necessario
para o seu expediente, e da cadeira para o seu uso. E de cada Moe
deiro do número, que provêr, levará quatorze mil e quatrocentos réis,
pelo Provimento, assignatura da Carta, arrematação e posse: e não pro
verá Moedeiro algum fóra do número, nem levará dos provídos outro al
gum emolumento, ou gratificação, por qualquer titulo que seja, compe
na de privação de seu oficio.
1 O Juiz da Moeda falsa haverá de seu ordenado , pelo Thesoureiro
da Casa da Moeda, quatrocentos e cincoenta mil réis.
2 O Thesoureiro da Moeda haverá de si mesmo para seu ordenado
hum conto e duzentos mil réis, com obrigação de dispender á sua custa
papel,
te tinteiros,
de sua Meza epennas,
officio. panno e tudo mais necessario para o expedien

3 O Caixeiro do dito Thesoureiro haverá de seu ordenado duzentos


mil réis.
4 O Escrivão da receita e despeza do mesmo Thesoureiro haverá de
seu ordenado seiscentos mil réis, com obrigação de dispender á sua cus
ta o papel e tudo mais, que for necessario para o expediente do seu ofi
cio, e de não levar emolumento algum á custa de Minha Fazenda, por
fazer os róes, e assistir ao pagamento das ferias, nem por trasladar a fo
lha dos Ordenados, ou por outra qualquer diligencia do Meu serviço : e
das partes levará os emolumentos, que justamente lhe tocarem pelo Re
gimento geral, ou particular.
5 O Escrivão das Conferencias haverá de seu ordenado quatrocentos
e sessenta mil réis; e os emolumentos das partes , que justamente lhe
tocarem, com as mesmas obrigações impostas ao Escrivão da receita.
6 O Escrivão das compras do ouro haverá de seu ordenado quatro
centos mil réis, com as mesmas obrigações impostas ao Escrivão da re
ceita: e das partes levará os emolumentos, que justamente lhe deverem.
7 O Juiz da balança do ouro, que tambem serve de Guarda-Livros,
chamados da Casa , e Comprador dos materiaes precisos para o lavor do
ouro e prata; por todos estes empregos haverá de seu ordenado setecen
tos mil réis, com obrigação de dispender á sua custa tudo que for ne
cessario para o expediente do seu "é G 2
220 1753

8 O Juiz da balança e Provedor do peso do dinheiro haverá de seu


ordenado
da balançatrezentos
do ouro.e sessenta mil réis, com as mesmas obrigações do Juiz

9 O Ensaiador Mór haverá de seu ordenado duzentos e cincoenta mil


réis; e por cada hum ensaio, que fizer do Meu serviço, levará duzentos
e cincoenta réis, e seis grãos de ouro de abatimento para a despeza dos
ingredientes e instrumentos do seu oficio, que todos serão feitos e pagos
á sua custa: e por cada hum ensaio de ouro, que fizer para partes, le
vará dellas setecentos e cincoenta réis.
1o O segundo Ensaiador haverá de seu ordenado duzentos mil réis;
e os mesmos emolumentos e descontos, concedidos ao primeiro.
11 O terceiro Ensaiador haverá de seu ordenado cento e vinte mil
réis, e nada mais. •

12 O Fiel do ouro haverá de seu ordenado trezentos mil réis: e o seu


Ajudante cento e cincoenta mil réis. •

13 O Fundidor e Afinador do ouro haverá de seu ordenado quatro


centos mil réis: e o seu Ajudante quarenta e oito mil réis.
14 O Abridor geral da Casa, que actualmente existe, haverá de seu
ordenado seiscentos mil réis; e do dia, que principiar a vencer, lhe fi
cará cessando o salario de huma pataca por dia, que lhe tenho concedi
do por Alvará de fóra; e por cada hum Cunho, que abrir de novo para
dinheiro de ouro, levará tres mil e duzentos réis: e para dinheiro de pra
ta, dous mil réis; e para dinheiro de cobre, mil e seiscentos réis; e por
cada hum ponção de Retrato levará vinte e quatro mil réis. E porque
com este ordenado e salarios vai bastantemente soccorrido com excesso
do seu merecimento: Ordeno, que se ponha em silencio perpetuo a cau
sa, que o dito Abridor geral faz no Juizo dos feitos da Fazenda ao Pro
curador della, pelo augmento das propinas e preço das aberturas. Este
ordenado porém não continuará para os mais Abridores geraes da Casa,
que lhe succederem; porque sendo outro algum provído depois do actual,
se Me ha de fazer presente, para lhe constituir novo ordenado pela me
dida do seu merecimento.
15 O Abridor dos Cunhos haverá de seu ordenado duzentos mil réis;
e os mesmos emolumentos das aberturas, que fizer, e vão concedidos ao
A bridor geral.
16 O segundo Abridor da Moeda antiga e moderna haverá de seu or
denado duzentos mil réis; e os mesmos emolumentos de abertura, con
cedidos ao primeiro Abridor, excepto nos ponções de Retrato para Moe
da, por cada huma das quaes levará sómente nove mil e seiscentos réis;
e sendo para barra de ouro, dous mil e quatrocentos réis.
17 Para se evitarem as contendas, que ha entre os Abridores, que
rendo cada hum para si as aberturas: Sou Servido, que daqui em dian
te se fação todas por distribuição, as que forem de Cunhos, principian
do pelo Abridor geral, e correndo pelos outros igualmente ; a qual dis
tribuição fará o Provedor, e della terá hum livro; e as que forem de Re
trato, encommendará o Conselho da Fazenda ao Abridor , que for mais
perito em attrahir a semelhança do Original, sem que haja distribuição,
salvo se todos tiverem igual pericia, de que o mesmo Conselho mandará
fazer o exame necessario.
18 O Guarda-Cunhos haverá de seu ordenado duzentos mil réis.
19 O Meirinho da Moeda haverá de seu ordenado cento e oitenta mil
réis: e o seu Escrivão cento e vinte mil réis.
20 O Porteiro da Casa e portas do pateo haverá de seu ordenado du
zentos mil réis.
1753 22]

21 O Contínuo da Casa da Moeda e Apontador dos homens, que tra


balhão na mil
trocentos Fabrica,
réis. haverá de seu ordenado por ambos os empregos qua •

22 Cada hum dos tres Ajudantes do Ensaiador haverá de seu orde


nado setenta e dous mil réis.
23 Cada hum dos tres Praticantes do Abridor haverá de seu ordena
do noventa e seis mil réis. E os Praticantes e Ajudantes supranumera
rios do Ensaiador e Abridor não vencerão cousa alguma, em quanto não
entrarem no número dos tres, que actualmente ha.
24 O Moedeiro do número, que for nomeado para Recebedor dos em
brulhos, será hum dos mais abonados e verdadeiros , que houver nesta
Cidade ; e será proposto pelo Provedor da Moeda, que ficará responsa
vel pela sua falta, e provído pelo Conselho da Fazenda; o qual Moedei
ro haverá de seu ordenado cento e vinte mil réis , pelo Thesoureiro da
Casa.
25 Cada hum dos tres Moços da Casa da Moeda haverá de seu or
denado duzentos mil réis, e nada mais. -

26 O Mestre das balanças da Casa da Moeda haverá de seu ordena


do setenta e dous mil réis.
27 O Thesoureiro das Rendas e Esmolas, applicadas para a criação
dos Meninos enjeitados, haverá setecentos e cincoenta mil réis pelo The
soureiro da Casa da Moeda cada humanno, por tudo o que até o presen
te levava na dita Casa.

C A P I T U L O XXXIX.

Tenencia geral da Artilheria e Armazens do Reino.

O Tenente General da Artilheria do Reino e mais Oficiaes da Te


nencia , além dos soldos e ordenados, que já levão pela Repartição da
Junta dos Tres Estados, no Alvará de 13 de Julho de 1751 , levarão
mais pelo Thesoureiro dos Armazens os ordenados seguintes.
l O Tenente General haverá de seu ordenado pelo Thesoureiro dos
Armazens hum conto e quinhentos e dez mil réis; e haverá de mais as
liberdades, que actualmente tem nas Náos da India; mas não levará mais
cousa alguma á custa de Minha Fazenda, nem ainda pelas rubrícas dos
livros, pois por tudo vai attendido. E das partes levará os mesmos emo
lumentos, que actualmente leva; mas porque não tem Regimento claro,
o pedirá no Conselho da Fazenda no tempo da Lei.
2 O Escrivão da Meza grande da Tenencia haverá de seu ordenado
pelo Thesoureiro dos Armazens seiscentos e oitenta mil réis, e nada mais
á custa de Minha Fazenda; e das partes levará os emolumentos, que di
reitamente lhe pertencerem. |-

3 O Escrivão dos Armazens do Reino e Torre da Polvora haverá de


seu ordenado pelo Thesoureiro dos Armazens quinhentos mil réis; e os
emolumentos das partes, que justamente lhe tocarem.
4 O segundo Escrivão dos ditos Armazens do Reino haverá de seu
ordenado pelo Thesoureiro dos Armazens quinhentos mil réis; e os emo
lumentos das partes.
5 O Almoxarife da Polvora haverá de seu ordenado e para aluguer de
casas pelo Thesoureiro dos Armazens quatrocentos e vinte mil réis; e das
partes levará os emolumentos e taras, que justamente lhe tocarem.
6 O Almoxarife dos Armazens do Reino haverá de seu ordenado pelo
222 I753

Thesoureiro dos Armazens duzentos e cincoenta mil réis; e as meias ta


ras, que lhe estão concedidas no dito Alvará de 13 de Julho de 1751.
7 O Escrivão do cargo de Tenente-General haverá de seu ordenado
pelo Thesoureiro dos Armazens quatrocentos mil réis.
8 O Official papelista da Tenencia, que tambem serve de Apontador
dos trabalhadores dos Armazens do Reino e dos Artilheiros, que traba
lhão nas fainas da Artilheria; por todos estes empregos haverá de seu
ordenado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, duzentos e quarenta mil
réis; e os emolumentos das partes, que justamente lhe pertencerem.
9 O Oficial do Registo da Tenencia haverá de seu ordenado, pelo
Thesoureiro dos Armazens, duzentos e quarenta mil réis, e os emolu
mentos das partes, que justamente lhe tocarem.
1o O Escrevente da Tenencia haverá de seu ordenado, pago pelo
Thesoureiro dos Armazens, duzentos e quarenta mil réis; e os emolu
mentos das partes, que justamente lhe tocarem. -

11 Os tres empregos assima referidos de Official papelista, Oficial


do registo e Escrevente da Tenencia serão da data deste em diante of
ficios de Carta; e a propriedade deles da Minha data, pela repartição
do Conselho da Fazenda, donde se porão a concurso, para serem provi
dos em fórma regular.
12 O Coronel da Artilheria haverá de seu ordenado, pelo Thesourei
ro dos Armazens, em lugar das propinas, que levava pela Tenencia,
duzentos e sessenta mil réis. -

18 O Capitão da Artilheria haverá de seu ordenado, pelo Thesou


reiro dos Armazens, pela mesma razão do Coronel, duzentos e cincoen
ta mil réis; e os emolumentos das partes, que lhe costumão pagar.
14 O Porteiro e Guarda-Livros da Tenencia haverá de ordenado, pa
go pelo Thesoureiro dos Armazens, duzentos mil réis; e os emolumen
tos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
15 O Meirinho da Tenencia haverá de seu ordenado, pelo Thesou
reiro dos Armazens, além do que tem pela Junta, cento e trinta mil réis;
e os emolumentos das partes, que lhe tocarem. }

16 O Escrivão do dito Meirinho, que não leva ordenado algum pela


Junta, haverá de seu ordenado, pelo Thesoureiro dos Armazens, du
zentos mil réis; e os emolumentos das partes, que direitamente lhe per
tencerem. • -

17 Cada hum dos dous Contínnos da Tenencia haverá de seu ordena


do, pelo Thesoureiro dos Armazens, cento e cinco mil réis.
18. O Fiel e Guarda-Chaves dos Armazens do Reino, além do que
leva pela repartição da Junta, haverá de seu ordenado, pelo Thesourei
ro dos Armazens, cento e oitenta mil réis, com obrigação de dar á sua
custa papel, tinta, pennas, arèa e obrêas para o expediente do despa
cho dos Armazens, e de mandar fazer a limpeza e aceio da Casa do des
pacho. •

19 O Fiel no pateo dos Armazens do Reino haverá de seu ordenado,


elo Thesoureiro dos Armazens, cento e trinta mil réis.
go O Fiel do Almoxarifado da Torre da Polvora haverá de seu orde
nado, pelo Thesoureiro dos Armazens, cento e cincoenta mil réis.
21 A Meza, que trata da criação dos Meninos enjeitados, em lugar
das propinas, que lhe cessão por esta repartição da Tenencia, haverá ca
da hum anno, pelo Thesoureiro dos Armazens, oitocentos e trinta e seis
mil réis.
#
I753 • 223

o A P I T U L o XL.
arma… de Guine e India.

O Provedor dos Armazens de Guiné e India e Armadas haverá de


seu ordenado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, dous contos e qua
renta mil réis; e sessenta mil réis mais, pagos pelo Thesoureiro da Ca
sa da India. Tambem haverá de precalço a extrinca das Náos, que vão 1

de viagem para o Estado da India, e as taras de tudo o que vier para o


serviço dos Armazens, ou entre por conta de Minha Fazenda, ou por
conta dos Mercadores; e das partes levará os emolumentos, que direita
mento lhe pertencerem. Não levará porém d’aqui em diante cousa algu
ma pelas dez licenças de pipas, e duas arrobas de especiaria, que anti
gamente levava das Náos da India, nem para aluguer de casas, nem sa
lario de rubrícas, as Listas dos Regimentos, e os Livros dos Armazens;
nem as escoras, que servem na Fabrica das Náos; nem lenha da Ribei
ra, ou mastros velhos, nem outra cousa alguma em dinheiro, ou especie
por esta, nem por outra alguma repartição de Minha Fazenda; pois por
tudo vai attendido nos ditos ordenados, precalços e emolumentos.
1 Prohibo perpetuamente a todos os Oficiaes, assim do governo, co
mo do serviço da Ribeira das Náos, Mestres, Aprendizes e Trabalhado
res, que della não tirem lenha, ou cavacos alguns, com pena de serem
logo suspensos e prezos, e de perderem os quarteis, ou ferias, que ti
verem vencido no tempo da transgressão, ficando inhabilitados, para mais
Me servirem na dita Ribeira.
2 Mando, que toda a lenha, cavacos e madeira inutil, que resultar
das obras da Ribeira, e das que se fazem a bordo dos Navios, toros, ta
boas e remos, e mastros quebrados, ou outros quaesquer fragmentos ve
lhos das embarcações grandes e pequenas de Meu serviço, se ajuntem e
recolhão na casa da lenha, que ha na mesma Ribeira, com assistencia
dos Guardas della, na fórma do seu Regimento; e tanto que a dita ca
sa estiver cheia, se venda em pregão público a quem por ella mais dér,
carregando-se o seu preço em receita ao Thesoureiro dos Armazens na
fórma do mesmo Regimento. E porque as aparas e cavacos miudos, que
cada dia se fazem, não sofrem esta demora pelo embaraço, que causão
na Ribeira: Ordeno, que continuadamente se vendão a quem os quizer
comprar por pannos de certa medida e preço, que o Provedor com os
Escrivães de sua Meza prudentemente taxarem; tomando-se em lembram
ça as vendas por miudo, para no fim de cada semana se carregar em re
ceita ao Thesoureiro. -

3 Na declinação da tarde de cada dia de trabalho se levantarão do


serviço os Aprendizes dos Mestres da Ribeira, para recolherem todas as
ditas lenhas, cavacos e madeiras inuteis na casa, em que se devem guar
dar; como tambem para ajuntarem todas as aparas e cavacos miudos pa
ra hum certo lugar da Ribeira, em que continuamente se hão de ven
der; e as lenhas, cavacos e madeiras velhas, inuteis, que vierem de bor
do das Náos, serão conduzidas nas Lanchas das mesmas Náos com guia
dos Guardas, que nellas assistirem; e serão descarregadas na Ribeira
pelos Remeiros das mesmas Lanchas, e recolhidas para a casa da guar
da pelos ditos Aprendizes. *

4 O Provedor deputará para as referidas diligencias os Officiaes pre


cisos, de que tiver maior confiança; porém para a venda das lenhas
224 I753

rossas, madeiras inuteis e mastros velhos, deputará sempre hum dos


fºrmes da Meza grande com os mais Oficiaes menores, que forem ne
cessarios; e ao dito Escrivão serão entregues as lembranças das vendas
miudas, para de tudo fazer receita ao Thesoureiro, dando conta ao Pro
vedor de o haver executado.
ó Por outro Alvará darei plena providencia sobre a custodia e gover
no universal da Ribeira das Náos; mas para que no entanto melhor se
evitem alguns dos descaminhos, que se commettem: Ordeno, que o Pro
vedor logo faça tapar todas as portas e entradas, que houver para a mes
ma Ribeira, excepto a principal; e que sómente por esta entrem e saião
todas as pessoas, que concorrerem ao mando e serviço desta Feitoria,
guardando o Porteiro inviolavelmente todas as obrigações do seu Regi
mento, com pena de perdimento do oficio para a pessoa, que o denunciar.
6. Não sahirá pela dita porta pessoa alguma de capote, sem que seja
buscada e apalpada pelo moço do Porteiro; e assim mesmo serão abertas
e vistas todas as canastras, condeças, cestos e outras vasilhas, em que
entra o mantimento para os Oficiaes e Trabalhadores, quando voltarem
para fóra: e achando-se nas ditas vasilhas, nas algibeiras, ou em outra
qualquer parte, alguns materiaes, ou mantimentos da Ribeira descami
nhados, os Guardas della prendão logo os descaminhadores, e dêm par
te ao Provedor; o qual castigará os prezos arbitrariamente, sendo o des
caminho até a quantia de hum cruzado; de modo, que sempre restituão
o que descaminharem; e fiquem privados de mais servirem, ou entrarem
na Ribeira, sem appellação, nem aggravo, com tanto que o castigo cor
poral não exceda trinta dias de prizão: e passando o descaminho da di
ta quantia, autuará os prezos, e os remetterá aos Juizes dos feitos da
Fazenda, para os sentenciarem na fórma de Minhas Ordenações.
7 Cada hum dos seis Escrivães da Meza grande haverá de seu orde
mado, pelo Thesoureiro dos Armazens, setecentos e vinte mil réis; e os
emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem; e nada mais
á custa de Minha Fazenda, nem por esta, nem por outra alguma repar
tição, seja qual for o titulo, por que até o presente o levavão, excepto
pelas duas incumbencias, que se seguem.
8. O Escrivão da Meza grande Antonio Thomaz Ferreira, que actual
mente está encarregado do expediente dos dous Regimentos da Marinha,
pela provada intelligencia e experiencia, que tem desta materia, have
rá mais de ordenado, pelo trabalho de todas as expedições dos ditos Re
gimentos, em quanto as fizer, duzentos e trinta e quatro mil réis, pa
gos pelo mesmo Thesoureiro. E o Escrivão Francisco Munhós de Alda
na, que tambem actualmente está encarregado de Escrivão do Contador
dos Armazens, e de Escrivão do Almoxarifado das Armas da Campai
nha, haverá mais de ordenado, pelo trabalho destas duas incumbencias,
em quanto as servir, outros duzentos e trinta e quatro mil réis cada hnm
anno, pagos pelo mesmo Thesoureiro. -

9 Mas porque os referidos empregos não são proprios dos oficios dos
dous Escrivães da Meza grande, que os servem, nem se podem com
metter por distribuição aos outros, por ser necessaria para elles huma
particular pericia, actividade, e experiencia: Hei por bem, que quando
vagar qualquer das ditas incumbencias por falta, ou impedimento dos
Escrivães, que actualmente servem, o Conselho da Fazenda, preceden
do informação do Provedor dos Armazens; encarregue cada huma dellas
ao Escrivão da Meza grande, que mais activo, prático e experimenta
do for, para nella bem servir.
1753 . * . 225

1o O Thesoureiro dos Armazens haverá de si mesmo para seu orde


nado hum conto e duzentos mil réis, e nada mais á custa de Minha Fa
zenda, nem por esta, nem por outra alguma repartição. 4.
11 O Contador dos Armazens haverá de seu ordenado, pelo Thesou
reiro delles, novecentos mil réis; e os emolumentos das partes, que di
reitamente lhe pertencerem, e nada mais.
12 O Executor dos Armazens haverá de seu ordenado, pelo Thesou
reiro delles, quinhentos mil réis; e quatro por cento á custa de Minha
Fazenda, de todo o dinheiro, que por execução fizer entrar no cofre e
receita do Thesoureiro, e as assignaturas, como levão os Corregedores
do Civel da Cidade (1), na parte, em que lhe for applicavel.
13 O Escrivão do dito Executor haverá de seu ordenado duzentos
mil réis, pagos pelo Thesoureiro; e tres por cento á custa de Minha Fa
zenda, de todo o dinheiro, que por execução entrar no cofre; e os emo
lumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
14 O Escrivão da Provedoria dos Armazens haverá de seu ordenado,
pelo Thesoureiro delles, trezentos e sessenta mil réis; e os emolumen
tos das partes, que lhe tocarem.
15 O Almoxarife dos materiaes haverá de seu ordenado seiscentos
mil réis, pagos pelo Thesoureiro dos Armazens, e nada mais.
16 O Almoxarife da Ribeira haverá de seu ordenado quatrocentos e
oitenta mil réis; e quarenta mil réis para o moço, que serve nos Arma
zens do Almoxarifado, pago tudo pelo Thesoureiro: e mais haverá de
precalço as tralhas das velas, chamadas relingas.
17 O Escrivão do Almoxarifado da Ribeira haverá de ordenado, pa
go pelo Thesoureiro dos Armazens, quinhentos e cincoenta mil réis; e
os emolumentos das partes, que direitamente lhe tocarem.
18 O Almoxarife dos mantimentos haverá de ordenado, pago pelo
Thesoureiro dos Armazens, trezentos mil réis, e nada mais.
19 O Escrivão do dito Almoxarifado haverá de ordenado, pago pelo
Thesoureiro dos Armazens, trezentos e oitenta mil réis; e os emolumen
tos das partes, que justamente lhe deverem.
20 O Cosmografo Mór do Reino, e Lente de Nautica haverá de or
denado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, quatrocentos mil réis.
21 O Escrivão da Matricula da gente de Riba-Téjo haverá de orde
nado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, setenta e dous mil réis; e
os emelumentos das partes, que justamente lhe tocarem. Este Oficio he
da Minha data; e não havendo proprietario, o Conselho da Fazenda o
ponha a concurso.
22 Cada hum dos dous Apontadores da Ribeira das Náos, dos quaes
hum tinha cxercicio na Ribeira da telha, haverá de seu ordenado, pago
pelo Thesoureiro dos Armazens, duzentos mil réis; e hum cruzado por
dia, em que fizerem ponto, pago nas ferias da Ribeira; e mais cem réis
por dia, pagos nas mesmas ferias, para o moço do tinteiro. Estes dous
A pontadores distribuirá o Provedor, ou quem governar a Ribeira, para
diversos pontos; e cada hum delles observará, no que lhe tocar, inviola
velmente a fórma do Regimento, não apontando Mestre, Oficial, ou
Trabalhador algum, que não entrar no serviço ao nascer do Sol, e nel
le continuar até que se ponha, entrando e sahindo pela porta principal
da Ribeira, com pena de perdimento do oficio para a pessoa, que o
denunciar.

(1) V. Alvarás de 7 de Outubro de 1745, e 7 de Janeiro de 1750.


Ff
226 I753

93 Cada hum dos tres Escreventes, ou Oficiaes papelistas dos Ar


mazens…haverá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro delles, duzentos
e quarenta mil réis. E aquelle, que assistir ao expediente dos dous Re
gimentos da Marinha, haverá mais de ordenado por este trabalho cento
e sessenta mil réis; e outra tanta quantia haverá o que assistir ao paga
mento das Torres e gente do mar, e o que servir de Escrivão dos man
timentos haverá mais vinte mil réis por este trabalho, pagos todos estes
accrescentamentos pelo mesmo Thesoureiro. Destes tres oficios não de
ve haver proprietarios de successão, porque se requer para elles indus
tria pessoal; mas devem ser todos provídos por Alvarás, assignados por
Mim,
que emvão
lhes quanto não mandar o contrario, para vencerem os ordenados,
constituidos. •

94. O Guarda-Livros dos Armazens haverá de seu ordenado, pago pe


lo Thesoureiro, duzentos e quarenta mil réis, com obrigação de pagar á
sua custa ao moço, que anda com os livros, e de dar panno para a Me
za grande, tinta, pennas, e arèa para todas as Mezas; e mais haverá das
partes os emolumentos, que lhe tocarem.
25 Os Pagadores e Compradores dos Armazens serão dous, os quaes
eu nomearei por outro Alvará, com o ordenado e exercicio, que houve
rem de ter; pois nunca devem de ser proprietarios; e sómente devem
servir, em quanto. Eu o houver por bem.
26 O Meirinho dos Armazens haverá de seu ordenado, pago pelo The
soureiro delles, duzentos e cincoenta mil réis; e o seu Escrivão duzem
tos e dez mil réis: e ambos levarão das partes os emolumentos, que pe
lo Regimento, ou por Alvarás Meus expressos lhes tocarem.
27 O Porteiro dos Armazens haverá de seu ordenado, pago pelo The
soureiro delles, duzentos e quarenta mil réis, com obrigação de pagar á
sua custa ao moço, que o serve.
28 O Porteiro da Casa do Vedor da Fazenda haverá de seu ordena
do duzentos e quarenta mil réis, pagos pelo Thesoureiro dos Armazens,
com obrigação de pagar á sua custa ao moço, que o serve, e de man
dar fazer a limpeza e armação da Casa. "
29 O Porteiro da Ribeira das Náos haverá de seu ordenado, pago pe
lo Thesoureiro dos Armazens, duzentos e quarenta mil réis, com todas
as obrigações, que já tem; e com as que mais lhe accrescerem, pela no
va providencia, que se ha de dar sobre a custodia da Ribeira.
3o O Porteiro do Armazem dos mantimentos haverá de seu ordena
do, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, duzentos e vinte mil réis.
31 O Porteiro e Fiel do Almoxarifado da Ribeira das Náos haverá de
seu ordenado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, duzentos e vinte
mil réis.
32 O Porteiro e Fiel do Almoxarifado do Armazem dos materiaes ha
verá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, cento e no
venta e dous mil réis.
33 O Porteiro da Meza grande e Casa do despacho do Provedor ha
verá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, duzentos e
vinte e cinco mil réis, com obrigação de fazer á sua custa o aceio e lim
peza da Casa e Meza.
34. Cada hum dos cinco Continuos dos Armazens haverá de seu or
denado, pago pelo Thesoureiro delles, cento e noventa e dous mil réis,
com obrigação de fazerem distribuidamente a descarga e despacho das
madeiras e mais generos, que vierem para os Armazens, ou venhão por
conta de Minha Fazenda, ou por conta dos Mercadores, e de assistirem
1753 227

ao peso, e fazerem as conducções do biscouto dos fórmos de Val de Ze


bro,partes.
das sem que levem mais cousa alguma á custa de Minha Fazenda, nem
• • •

Ribeira das Náos.

35 O Patrão Mór haverá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro dos


Armazens, duzentos mil réis; e quatro moios de trigo, pagos no Reguen
go de Paço de Arcos; e nada mais á custa de Minha Fazenda, nem a
titulo de aluguer de casas: e das partes levará os emolumentos, que jus
tamente lhe tocarem.
36 O Mestre da Ribeira das Náos haverá de seu ordenado duzentos
mil réis, pagos pelo Thesoureiro dos Armazens; e quinhentos réis por
dia, pagos nas ferias da Ribeira, e nada mais.
37. O mesmo ordenado e salario haverá o Mestre dos Calafates.
38 O Mestre das velas haverá de seu ordenado, pago pelo Thesou
reiro dos Armazens, cento e vinte mil réis; e trezentos réis por dia,
que trabalhar, pagos nas ferias da Ribeira, e nada mais.
39 O Mestre das embarcações ligeiras, que tambem trabalha em al
gumas Náos, haverá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro dos Arma
zens, cento e oitenta mil réis; e quinhentos réis por dia, que trabalhar,
pagos nas ferias da Ribeira, e nada mais.
40 O Mestre Carpinteiro de obra branca haverá de ordenado, pago
pelo Thesoureiro dos Armazens, cento e vinte mil réis; e quatrocentos
e cincoenta réis por dia que trabalhar, pagos pelas ferias da Ribeira
das Náos.
4.1 O mesmo ordenado e salario haverão o Mestre Cordoeiro, e o Mes
tre dos Mastros.
42 O Mestre Escultor, Ferreiro, Sarralheiro, Fundidor, Caldeirei
ro, Vidraceiro, Funileiro, Pintor, Esparteiro, Tanoeiro da Ribeira, e
o Approvador dos vinhos, haverão cada hum de ordinaria quatro mil réis
pelo Thesoureiro dos Armazens, e o preço de suas obras conforme se a
justarem: e o mesmo haverá o Patrão da Galé.
43 O Mestre Poleeiro da Ribeira haverá de seu ordenado quinze mil
réis, pagos pelo Thesoureiro dos Armazens; e quatrocentos e cincoenta
réis por dia, que trabalhar, pagos nas ferias da Ribeira.
44 O Geografo dos Armazens, que faz os instrumentos Nauticos,
haverá de seu ordenado vinte e quatro mil réis, além do preço de suas
obras, pagos pelo Thesoureiro dos Armazens.
45 . Cada hum dos cinco Contra-Mestres da Ribeira havera de seu or
denado, pago pelo Thesoureiro dos Armazens, cento e dez mil réis; e
quatrocentos e cincoenta réis por dia, que trabalhar, pagos nas ferias
da Ribeira. O Contra-Mestre, que assistir á construcção das Náos, que
fabricar o Mestre
pagos pelo mesmo Inglez, haverá mais quarenta mil réis de ordenado,
Thesoureiro. •

46_O Guarda da Feitoria da Ribeira haverá de seu ordenado, pago


pelo Thesoureiro dos Armazens, duzentos e vinte mil réis.
47. Cada hum dos sete Guardas da Ribeira haverá de seu ordenado
cento e vinte mil réis, pagos pelo Thesoureiro dos Armazens.
48 O Guarda da Caldeira dos mastros de Alcantara vencerá oitenta
réis por dia, pagos nas ferias da Ribeira.
49. O Piloto Mór da Barra haverá de seu ordenado, pagos pelo The
soureiro dos Armazens trinta mil réis; e os emolumentos das partes,
que direitamente lhe pertencerem, - -

Ff 2
228 1753.

5o O Commissario da aguada da Feitoria do Chafariz vencerá duzen


tos e quarenta réis por dia, que se occupar, pagos pelas despezas miu
das dos Armazens. E o Guarda-Pipas da mesma Feitoria vencerá do
mesmo modo cento e vinte réis, e mais dez réis por cada pipa, que en
cher, com obrigação de ter dous moços para este serviço; e para carre
garem os barriz e fazerem o mais, que for preciso, e de dar á sua custa
os batoques de cortiça, que forem necessarios.
51 O Commissario da Feitoria e Tanoaria de Belém vencerá duzem
tos e quarenta réis por dia , pagos nas ferias da mesma Fabrica. E o
Mestre da dita Tanoaria vencerá do mesmo modo quinhentos réis , em
cada hum dos dias, que trabalhar.
52 O Fisico Mór da Armada , em lugar das ajudas de custo , que
atégora vencia, haverá vinte e quatro mil réis de ordinaria, pagos pelo
Thesoureiro dos Armazens: E o Cirurgião Mór dezeseis mil réis.
53 A Meza, que trata da criação dos Meninos expostos, haverá ca
da hum anno do Thesoureiro dos Armazens oitocentos e trinta e seis mil
réis, em lugar das propinas, que lhe cessão.

C A P I T U L O XLI.

Casas e Mezas da repartição dos Armazens: hum por cento do


ouro e páo Brazil e outros.

O Thesoureiro do hum por cento e páo Brazil, haverá de si mes


mo para seu ordenado seiscentos e quarenta mil réis; e pagará ao Es
crivão da sua receita quatrocentos mil réis de ordenado, com obrigação
de trasladar a folha dos juros e tenças, e de não levar mais cousa algu
ma á custa de Minha Fazenda , e sómente das partes levará os emolu
mentos, que pelo Regimento lhe tocarem.
1 . Os Oficiaes da Casa da Moeda, que levavão propinas pelos Arma
zens, não devem levar cousa alguma ; porque vão attendidos nos orde
nados da sua mesma repartição.
2 O Thesoureiro do Consulado da entrada haverá de si mesmo qua
trocentos e cincoenta mil réis de ordenado , com obrigação de cobrar o
rendimento do Comboio, que se paga na mesma Alfandega, em que re
side: e não levará mais cousa alguma, nem das partes, nem de Minha
Fazenda; pois tambem lhe fica extincta a ajuda de custo, que tinha por
Alvará de 4 de Abril de 1677. Pagará de ordenado ao Escrivão de sua
receita trezentos e dez mil réis: e ao Feitor da balança trezentos e trin
ta mil réis. Ao Feitor da porta cento e vinte mil réis: e ao Mercador das
fazendas oitenta mil réis; porém a nenhum destes Oficiaes se levará em
conta o dito ordenado , sem juntarem certidão do Provedor da Alfande
ga, por que conste, que assistírão sem falta a todas as horas do despa
cho, ordenadas no Foral.
3 O Almoxarife do Armazem do Jardim da Campainha haverá de seu
ordenado quarenta mil réis: e o seu Fiel duzentos réis por dia.
4. O Almoxarife dos fórnos de Val de Zebro haverá de seu ordenado
duzentos mil réis; e novecentos réis pela manufactura de cada hum moio
de trigo , reduzido a biscouto , pago tudo pelo Thesoureiro dos Arma
zens: e ficará proprio para o dito Almoxarife o farélo e rolão, que se ti
rar da farinha e biscouto branco, com obrigação de pagar á sua custa ao
1753 + 229

Mestre maior, Ajudante, Trabalhadores, Escolhedores e Joeiradores de


trigo, e de comprar joeiras, peneiras, espartos, ásteas, pás e lenha.
5 O Escrivão do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado cento e
vinte mil réis; e o Fiel da Fabrica quarenta mil réis. O Meirinho trinta
mil réis : e o Mestre maior oito mil réis.

C A P I T U L o XLII.
Torres da Barra.

O Almoxarife da Fortaleza de S. Julião da Barra vencerá por dia


cento e sessenta réis; e o seu Escrivão cento e vinte réis, pagos por seus
assentos no pé de Lista. •

I O Almoxarife da Fortaleza de S. Vicente de Belém vencerá por dia


cento e vinte réis; e o seu Escrivão cem réis, pagos por seus assentos
no pé de Lista.
2 O Almoxarife da Fortaleza de S. Lourenço da Cabeça Sêcca ven
cerá por dia cento e sessenta réis; e o seu Escrivão cem réis, pagos por
seus assentos no pé de Lista.
3 O Almoxarife da Fortaleza de Nossa Senhora da Luz de Cascaes
vencerá por dia cem réis; e o seu Escrivão oitenta réis, pagos por seus
assentos no pé de Lista.
4 O Almoxarife da Fortaleza de Santo Antonio da Barra vencerá por
dia cem réis; e o seu Escrivão oitenta réis, pagos por seus assentos no
pé de Lista.
5 O Almoxarife da Fortaleza de S. Sebastião de Caparica vencerá
por dia cem réis; e o seu Escrivão oitenta réis, pagos por seus assentos
no pé de Lista. -

C A F I T U L o XLIII.
Pinhaes. •

O Guarda Mór dos Pinhaes dos Medos haverá de seu ordenado vin
te e quatro mil réis. O seu Escrivão doze mil réis, e o Couteiro outros
doze mil réis, e a rama da limpeza dos Pinhaes.
1 Os Oficiaes do Consulado da sahida vão attendidos na sua reparti
ção em titulo separado, e não devem por esta levar cousa alguma.
C A P I T U L O XLIV.
• Lastro,
do Rio desta Cidade.

- O Guarda Mór dos Lastros do Rio desta Cidade haverá duzentos


mil réis de seu ordenado; cincoenta mil réis pagos pelo Thesoureiro dos
Armazens; outros cincoenta pelo Thesoureiro da Alfandega grande des
ta Cidade ; outros cincoenta pelo Thesoureiro das despezas do Conselho
da Fazenda ; e outros cincoenta mil réis pelo Thesoureiro de hum por
cento e páo Brazil; e mais haverá mil réis por cada huma embarcação
mercante Natural, ou Estrangeira, que trouxer lastro, ou o tomar nes
te porto; e hum cruzado pela que não trouxer lastro, nem neste porto o
carregar, na fórma da Carta. |- • +

1 Supposto que pela Carta do dito Guarda Mór, e pelo Alvará de


230 1753

Lei de 24 de Fevereiro de 1744 estejão dadas algumas providencias para


se evitar , que se lancem lastros, ou entulhos no Rio, de que resulta
hum grave damno á Barra, tem mostrado a experiencia, que não são as
que bastão para suspender este prejuizo, que he de consideravel impor
tancia, principalmente por falta de Guardas menores, que vigiem as di
latadas praias da Marinha desta Cidade e seus Suburbios ; e querendo
occorrer ao referido damno : Hei por bem, que o dito Guarda Mór no
meie mais seis guardas menores, além dos dous, que já tem, para dis
tribuir por todos oito a descarga e carga dos lastros , e a Guarda das
praias, em que os Ribeirinhos mais continuadamente costumão lançar
entulhos, para os levarem os refluxos dos mares, tendo dous delles con
tinuamente nas pontes da limpeza da Cidade, para que não deixem lan
çar lamas nas praias, nem no Rio. Todos os ditos Guardas receberão o
juramento nas mãos do Guarda Mór, de que se fará assento em hum li
vro, e terão fé como tem os Escrivães, e poderão fazer prisões, como
fazem os Alcaides, usando de todos os privilegios, que gozão os Oficiaes
dos Armazens e Ribeira das Naos : e se procederá contra quem lhe re
sistir, como se procede contra os que resistem aos Oficiaes de Justiça e
Fazenda.
2 Cada hum dos ditos Guardas menores vencerá para seu mantimen
to cem réis por dia , pagos nas ferias da Ribeira das Náos ; e á custa
das partes levarão duzentos réis por dia , que gastarem abordo dos Na
vios, assistindo á carga, ou descarga dos lastros, na fórma da Carta do
dito Guarda Mór: e o mesmo salario haverão os dous, que assistirem nas
pontes da limpeza da Cidade, pagos pelos Contratadores, ou pelo cofre
da mesma limpeza, quando esta não andar arrendada.
3 O perdimento dos Bateis, e as penas de cincoenta mil réis, e de
duzentos mil réis, impostas aos que baldeão, ou lanção lastros no Rio,
que até ao presente pertencião ao dito Guarda Mór pela sua Carta , se
applicarão de hoje em diante, ametade para Captivos, e outra ametade
para os Guardas menores, repartida entre elles igualmente; por quanto
o dito Guarda Mór por Meu serviço e bem do público desistio do interes
se das ditas penas por hum seu assignado , que com este baixa. E do
mesmo modo serão applicadas as penas, impostas aos Ribeirinhos no di
to Alvará de 24 de Fevereiro de 1744, excepto quando houver denun
ciantes de fóra ; porque neste caso será huma terça parte para os taes
denunciantes, outra para Captivos, e a outra para os Guardas menores.
4 Vigiarão os ditos Guardas com grande cuidado, que os Trabalha
dores da limpeza não varrão as lamas para os canos da Cidade, nem pa
ra declives, donde as enxurradas as levão a desagoar no Rio : e achan
do-os nesta culpa, ou provando-se, que a commettêrão, procederão con
tra elles, como devem proceder contra os Ribeirinhos, que lanção la
mas, ou entulhos fóra da postura; e as penas pecuniarias as pagarão os
Contratadores da limpeza , por cujo interesse e mandado se commette a
referida culpa.
5. Do mesmo modo vigiarão , que as Barcas da limpeza não lancem
lamas no Rio , e as vão descarregar no sitio destinado, debaixo das pe
nas impostas aos que lanção lastros no Rio; as quaes tambem pagarão os
Contratadores da limpeza pela mesma causa. -

6 Os lastros de pedra, burgáo, ou saborra, que as embarcações lan


çarem fóra, se descarregará nas praias, que principião ao Caes do Du
que até as Tercenas. E quando alguma embarcação quizer tomar neste
Rio algum do dito lastro, o Guarda Mór lho concederá, fazendo-o car
1753 23I

regar em Barcos de meios, levando das partes por cada hum Barco de
pedra dous mil e quatrocentos , , e por cada hum Barco de burgáo nove
centos e sessenta réis, e por cada hum Barco de saborra quatrocentos e
oitenta réis, como sempre se levou , cujos preços nunca jámais poderá
augmentar. E sendo os lastros, que se descarregarem, ou carregarem,
de arêa, não levará cousa alguma; mas dará tal providencia, que se não
tire, nem lance a dita arèa de praia alguma, a que cheguem as aguas
vivas, nem por que corrão as aguas da chuva, para que as não levem
para o Rio humas e outras aguas, achando-as bolidas, ou amontoadas.
7 O dito Guarda Mór he Juiz na primeira instancia de todas as de
nunciações e penas; e o será tambem das resistencias, injúrias, e ofen
sas, feitas aos Guardas menores, dando appellação e aggravo para o Jui
zo dos feitos da Fazenda , e appellando por parte da Justiça nos casos,
em que absolver, ou diminuir as penas estabelecidas. Mas porque o dito
Guarda Mór não tem Escrivão determinado para escrever estes proces
sos: Hei por bem, que escreva nelles hum dos Escrivães do Civel da Ci
dade, que o mesmo Guarda Mór nomear, o qual não haverá cousa algu
ma á custa de Minha Fazenda; e sómente haverá das partes as custas,
em que forem condemnadas na fórma do seu Regimento, em quanto Eu
não for Servido Mandar o contrario.
8 Aos Alcaides e Meirinhos desta Cidade Ordeno, que cumprão
promptamente, com pena de suspensão e prisão, as ordens e mandados,
que o dito Guarda Mór lhe passar por bem do Meu serviço, na fórma da
sua Carta; e aos Ministros seus superiores Ordeno, que os não embara
cem para estas diligencias, com pena de incorrerem no Meu Real des
agrado. E os ditos Alcaides, Meirinhos e Guardas menores, que anda
rem nas diligencias de Meu serviço , ordenadas pelo dito Guarda Mór,
poderão usar das armas ofensivas e defensivas , que lhe forem necessa
rias , como se concedeo na Carta do mesmo oficio : e na Ribeira das
Náos se lhe dará a embarcação ligeira, que for precisa para acudirem a
estas diligencias, além da que nella tem o Guarda Mór; o qual visitará
ao menos huma vez cada mez o Rio , praias e pontes da limpeza, para
provêr o que for conveniente; e do que per si não puder emendar, Me
dará conta pelo Conselho da Fazenda , para lhe dar as providencias ne
CGSS3 Tl3S. •

9 A Torre do Registo e os Oficiaes da Alfandega, que residem em


Belém, não despacharão embarcação alguma por sahida , sem que lhes
appresentem despacho corrente do Guarda Mór, conforme a sua Carta.
C A P I T U L O XLV.

Casa da India, Mina e Guiné.


O Provedor da Casa da India, Mina e Guiné, haverá de seu or
denado, pago pelo Thesoureiro da mesma Casa, novecentos e cincoenta
mil réis; e das partes levará os emolumentos das cavallarias, taras, amos
tras e Falúa, que lhe estão concedidos por diversos Alvarás; dos quaes
se lhe dará Regimento mais claro na Consulta, que Mando fazer no Con
selho da Fazenda. \

1 O Thesoureiro da Casa da India haverá de si mesmo para seu or


denado novecentos mil réis; e os emolumentos das cavallarias, que jus
tamente lhe tocarem.
2 Cada hum dos seis Escrivães da Casa haverá de seu ordenado, pa
232 1753

go pelo Thesoureiro della, seiscentos mil réis; e os emolumentos das par


tes, que pelas suas Cartas, Regimentos e Alvarás expressamente lhe es
tiverem concedidos.
3 O Thesoureiro da Especiaria haverá quatrocentos mil réis; e os e
molumentos das cavallarias, que justamente lhe deverem : e não levará
taras das partes, por pertencerem ao Provedor, e de se não deverem du
plicar em damno do Commercio; principalmente não lhe estando conce
didas por Alvará Meu, ou dos Reis, Meus Predecessores.
4 O Juiz da balança haverá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro
da Casa, trezentos e cincoenta mil réis; e os emolumentos das cavalla
rias, amostras e peso, que as partes justamente lhe deverem.
5 O Guarda Mór da Casa da India e Armadas haverá de seu ordena
do, pago pelo Thesoureiro da mesma Casa, oitocentos mil réis; e os e
molumentos das partes, que pela sua Carta, Regimento, ou Alvarás lhe
estiverem concedidos.
6 O Escrivão da carga e descarga das Náos da India e Armadas ha
verá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro da mesma Casa, quinhen
tos e setenta mil réis; e os emolumentos das partes, que pela sua Car
ta, Regimento e Alvarás justamente lhe tocarem. -

7 Nem o Guarda Mór, nem o Escrivão da carga e descarga levarão


mais cousa alguma á custa de Minha Fazenda por esta , nem por outra
repartição. E o sobejo das lenhas de torna-viagem, que lhes estava con
cedido, se arrecadará por ordem do Provedor dos Armazens, para servir
no provimento , que se fizer de outras Náos, ou embarcações de Meu
serviço , ou para se vender com todas as lenhas da Ribeira e madeiras
inuteis das Náos (1), como Tenho ordenado neste Regimento, no titulo
do dito Provedor; para o que revogo o Alvará, que lhes concedeo o dito
sobejo: e prohibo perpetuamente, que se possão utilizar de outras algu
mas madeiras, taboas, toros, ou fragmentos velhos das Náos da India
e Armadas. •

8 O Juiz de India e Mina haverá de seu ordenado, pago pelo The


soureiro da Casa, trezentos e vinte mil réis; e as assignaturas e emolu
mentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
9. Cada hum dos quatro Guardas, dous da Meza dos Quartos e dous
da Sala, haverá de seu ordenado, pago pelo Thosoureiro da Casa, du
zentos mil réis ; e os emolumentos das partes , que pelas suas Cartas,
Regimentos e Alvarás se lhe deverem.
10 Cada hum dos dez Guardas do número , que servem a bordo das
embarcações, haverá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro da Casa,
cento e cincoenta mil réis; e seiscentos réis por dia, dos que forem pre
cisos estar de guarda a bordo das Náos da India , nos tempos da carga
e descarga, para se repartirem por todos , servindo alternadamente por
distribuição de annos. E quando entrarem de guarda em quaesquer Na
vios mercantes , que em razão de suas mercadorias derem entrada na
Casa da India, na conformidade do Decreto de 15 de Setembro de 1750,
vencerão o mesmo salario á custa das partes, estando hum só Guarda a
bordo de cada Navio ; e de conduzirem cada hum Barco de descarga,
levarão trezentos réis á custa dos Mercadores. Não poderão porém en
trar de guarda nos Navios e outras embarcações, que não tiverem dado
entrada na Casa da India, ainda que se saiba, ou suspeite, que nelles
vem alguma fazenda occulta, pertencente á mesma Casa ; porque para
(1) V. supra Cap. XL. § 1. e 3.
1753 233

esta se acautelar, deve o Provedor da Casa da India escrever ao Prove


dor da Alfandega, para a mandar pôr em custodia, e fazer remessa na
fórma, que dispoem o dito Decreto. E se os Guardas se introduzirem nos
ditos Navios, poderão ser lançados fóra , e não vencerão salario algum
por conta das partes, nem de Minha Fazenda.
11 O Guarda-Livros haverá de seu ordénado, pago pelo Thesoureiro
da Casa, duzentos mil réis, com obrigação de dar á sua custa panno, e
tudo mais, que for necessario para a meza do Cartorio, e de mandar tra
tar da limpeza da Casa; e mais haverá os emolumentos das partes, que
pela sua Carta, Regimento, ou Alvarás lhe pertencerem.
12 O Capellão da Casa haverá de seu ordenado, pago pelo Thesou
reiro della, cento e sessenta mil réis.
13 O Porteiro da Casa haverá de seu ordenado, pago pelo Thesou
reiro della, cento e cincoenta mil réis; e os emolumentos, que pela sua
Carta, Regimento, ou Alvarás lhe tocarem.
14 Por justas causas, que Me forão presentes: Hei por bem extin
guir os oficios de Meirinho e Escrivão das Execuções da Casa da India;
e Mando , que as ditas execuções se fação pelo Meirinho e Escrivão do
Juizo de India e Mina, que servem na mesma Casa, e por ella são pagos.
15 O dito Meirinho do Juizo de India e Mina haverá de seu ordena
do duzentos mil réis; e mais cento e sessenta mil réis para oito homens
da Vara. E o seu Escrivão haverá de ordenado cento e cincoenta mil réis,
pagos ambos pelo Thesoureiro da Casa; e mais haverão os emolumentos
das partes, que direitamente lhes pertencerem.
16 O Escrivão das Marcas, por todo o trabalho, que tem nas cou
sas de Meu serviço, haverá de ordenado, pago pelo Thesoureiro da Ca
sa, cento e vinte mil réis; e os emolumentos das partes, que justamen
te lhe deverem.
17 Cada hum dos quatro Avaliadores do precioso haverá de seu orde
nado cento e vinte mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Casa.
18 O Caixeiro do Thesoureiro da Casa haverá deste, para seu orde
nado, cento e cincoenta mil réis; e os emolumentos das cavallarias, que
lhe tocarem.
19 O Caixeiro do Thesoureiro da Especiaria haverá de seu ordenado
cento e vinte mil réis.
2o O Fiel da balança haverá de seu ordenado noventa e seis mil réis;
e cumprirá com todas as obrigações, que actualmente tem: sendo mais
obrigado de almudar o vinho e Requin, que vem da India, sem outro
algum emolumento.
21 Dos sete Contínuos, que ha na Casa: Hei por bem extinguir cin
co, ficando sómente dous, que serão os mais antigos proprietarios, por
serem os que bastão para o expediente de Meu serviço na dita Casa; e
cada hum delles haverá de seu ordenado cento e quarenta e quatro mil
réis, pagos pelo Thesoureiro della.
22 O Capataz dos homens do trabalho não deve haver cousa alguma
á custa de Minha Fazenda, por não ser oficial della, e servir aos Tra
balhadores, á custa dos quaes deve ser pago, como se pratíca nas Ca
patazias de outras repartições.

Gg
234 I753

C A P I T U L O XLVI.

Determinações geraes.

Todos os ordenados, que neste Regimento não levarem certa The


souraria, ou Almoxarifado, em que se devão pagar , serão pagos pelo
Thesoureiro , ou Almoxarife da repartição, em que forem situados os
oficios.
1 Não se poderá introduzir propina, ou ajuda de custo alguma além
dos ordenados constituidos, a titulo de trabalho extraordinario do oficio,
nem por outro qualquer titulo, posse, ou costume, ainda que immemo
rial ; pois desde já reprovo, annullo e condemno a introducção da dita
posse e costume, na raiz de todas as suas causas: e sómente se poderão
dar as ajudas de custa aos Vedores, Secretarios de Estado, Conselhei
ros, Ministros e mais Officiaes da Fazenda enfermos, permittidas neste
Regimento. E conseguindo alguma pessoa Decreto ; ou Resolução Mi
nha, ou dos Reis, Meus Successores , por que se lhe conceda alguma
propina, ou ajuda de custo, além do seu ordenado, se lhe não cumpri
rá, se expressamente não for revogada a disposição deste Capitulo.
2 Não he da Minha Real intenção extinguir as ordinarias e quotas,
que se pagão dos preços dos contratos, para a Obra Pia, e para outras
obras e acções de piedade particulares e esmolas, que dispendem os Ve
dores da Fazenda ; antes Mando, que todas continuem pela mesma or
dem, que forão decretadas, excepto as propinas applicadas para a cria
ção dos Meninos expostos; porque lhe vão com mutadas em quantias cer
tas annuaes.
3 Os Ministros e Oficiaes, que estiverem aposentados antes deste
Regimento, não haverão mais cousa alguma de sua aposentadoria, que
o que lhe foi concedido no tempo, em que forão aposentados.
4 Todos os proprietarios encartados são obrigados a servir seus ofi
cios na fórma da Lei do Reino, Regimento da Fazenda (1), Leis e De
cretos extravagantes: e os que não forem encartados, não sendo meno
res, serão obrigados de se encartarem dentro em tres mezes, com pena
de perdimento dos oficios, que se darão em vida aos denunciantes. E
quando Eu por alguma justa causa lhes conceder, que possão metter ser
ventuarios , haverão estes duas partes do rendimento dos oficios , e os
proprietarios huma terça parte , sem poderem receber mais cousa algu
ma, directa, ou indirectamente, nem ainda dinheiros emprestados sem
juros, pelo tempo que durarem as serventias. E nem os proprietarios,
nem os serventuarios poderão levar das partes os emolumentos, ou gra
tificações algumas , posto que livremente lhas ofereção depois das suas
dependencias findas, além do que lhes estiver concedido nos seus Regi
mentos, debaixo da pena da Lei.
5 Os filhos dos proprietarios, que servirem por Alvarás (2) no impe
dimento de seus Pais , não levarão cousa alguma á custa de Minha Fa
zenda, nem das partes ; e sómente arrecadarão para os ditos seus Pais
os ordenados e emolumentos, que lhes tocarem.
6 Os Vedores, Conselheiros, Escrivães e outros quaesquer Oficiaes

(1) V. Alv. de 4 de Fevereiro de 1763. Cap. III, per totum.


(2) V. o mesmo Alv. Cap. cit.
1753 235

do Conselho da Fazenda , e de todas as Casas, Mezas e Juizos da sua


repartição, que servirem huns por outros, farão suas proprias as assigna
turas, esportulas e emolumentos, que pagarem as partes, sem que se
dupliquem outros para os impedidos ; mas não levarão cousa alguma á
custa de Minha Fazenda : e quando o impedimento passar de quarenta
dias, poderão haver do dito termo por diante a quinta parte do ordena
do do Vedor, Ministro, ou Oficial impedido, a respeito do tempo, que
por elles servirem, para o que haverão mandados do Conselho da Fazen
da; nos quaes se declare aos Thesoureiros e Almoxafifes, que fação des
conto de outras tantas quantias nos ordenados dos impedidos, quando
lhes fizerem pagamento delles, pondo-se logo as verbas necessarias á mar
gem dos assentos das folhas : e isto mesmo se praticará, quando algum
Conselheiro servir no impedimento do Juiz das Justificações, ou algum
Desembargador da Casa da Supplicação servir nos impedimentos dos Pro
curadores da Fazenda e Corôa, ou de outro qualquer Ministro, que ti
ver Oficio na Casa. E quando as serventias estiverem absolutamente va
gas, vencerão os Ministros e Oficiaes, a que forem commettidas, todos
os emolumentos dos Oficios, e a quinta parte dos ordenados, desde o
dia, que nellas entrarem, até ao dia, que sahirem. Sendo porém ser
ventias de Oficios, dadas por Provimentos, de que se paguem os Direi
tos devidos na Chancellaria , vencerão os serventuarios os mesmos emo
lumentos e ordenados , que houverão de vencer os proprietarios , se os
houvera.
7 Por quanto neste Alvará se não dão Regimentos de assignaturas e
salarios aos Vedores e outros alguns Oficiaes da Fazenda, por falta das
informações precisas: Ordeno, que o Conselho da Fazenda, feitas as di
ligencias necessarias, Me consulte os Regimentos das assignaturas e sa
larios dos Vedores , Ministros e Oficiaes, que as não levão expressas,
nem vão prohibidos de as levarem; arbitrando quanto mais devem haver
pelo decurso dos tempos, considerando os ordenados, que já levão.
8 A todos os proprietarios dos Oficios, que neste Regimento Fui Ser
vido extinguir , se passarão logo Alvarás de promessa de outros iguaes
Oficios de fazenda, ou justiça, que vagarem, para nelles serem proví
dos sem concurso, com preferencia a todos os pertendentes, que não ti
verem a mesma causa ; mas em quanto não forem provídos, constando
no Conselho da Fazenda por certidão do Registo das Mercês, lhes man
dará pagar os mesmos ordenados e propinas ordinarias, que actualmen
te vencem , feita a conta pelo Provedor do Assentamento. E sendo os
Oificios vitalicios, ou temporaes, lhes mandará pagar os ditos ordenados
e propinas ordinarias, que actualmente vencem , com certidão de vida
dos primeiros; e aos segundos por todo o tempo, que lhes restar de seus
Provimentos. E o mesmo se praticará com os Medicos e Cirurgiões, aos
quaes se extinguirão os partidos, que devem cobrar em suas vidas.
9 Não se levará mais propina alguma extraordinaria sem nova reso
lução, ou Decreto Meu: e quando Eu for Servido de a conceder, se re
gulará a hum por cento dos ordenados annuaes, que levão neste Regi
mento os Vedores da Fazenda, Secretarios de Estado, Conselheiros, Mi
nistros e mais Oficiaes; e não se vencerá mais, que por huma só esta
ção propria, na qual cada hum servir, e não pelas Casas subalternas. O
Secretario de Estado dos Negocios do Reino a vencerá pelo Conselho da
Fazenda. O Secretario de Estado dos Negocios da Marinha, pelo Con
selho Ultramarino: e o Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros,
pela Junta dos Tres Estados. Do "…", modo
Gg 2 se vencerão os lutos, que

236 1753

Eu mandar tomar, regulados a cinco por cento dos ordenados annuaes


de cada hum.
1o Os Provedores da Alfandega grande dos Armazens, Casa da In
dia, e das Lizirias, e o Tenente General da Artilheria do Reino, que
em razão da desigualdade de seus emolumentos, vão tambem desiguaes
nos ordenados, vencerão vinte mil réis cada hum, por cada huma propi
na extraordinaria , que se conceder , e oitenta mil réis para luto. E o
Provedor da Casa da Moeda vencerá quinze mil réis de propina extraor
dinaria, e setenta mil réis para luto.
11 Os Oficiaes da Alfandega grande , que não levão ordenados cer
tos, vencerão os da Meza grande, e os mais, que com elles se graduão,
dez mil réis por cada huma propina extraordinaria e sessenta mil réis pa
ra luto ; e os outros Oficiaes da mesma Alfandega se regularão a este
respeito dahi para baixo, conforme as quotas partes, que levão neste Re
gimento, em lugar de ordenados; com tanto porém, que nestas, e em
todas as mais Estações da repartição do Conselho , não baixe a propina
extraordinaria no menor Oficial de mil e quinhentos réis, nem o luto de
sete mil réis.
12 Todos os ordenados, neste Alvará constituidos, se assentarão nos
livros de Minha Fazenda, e se metterão nas folhas, que hão de princi
piar do 1.° de Janeiro de 1754 por diante, sem dependencia de outro
algum despacho.
13 Os Védores , Conselheiros e Ministros da Fazenda , que contra
vierem em parte, ou em todo, directa, ou indirectamente as disposições
deste Regimento, incorrerão no Meu Real desagrado, e nas demonstra
ções , que delle resultarem : e os outros Oficiaes perderão os Officios,
que se darão em vida aos denunciantes, e ficarão inhabilitados para mais
Me servirem, além das mais penas, que por direito merecerem : e se
forem serventuarios perderão o valor dos Officios , ametade para o de
nunciante , e outra ametade para o Hospital Real de Todos os Santos
desta Cidade. E estas denunciações receberão os Juizes dos Feitos da Fa
zenda e Corôa em público e em segredo, como as partes quizerem dar.
14 Pelo que: Mando aos Védores e Conselheiros de Minha Fazenda,
e a todas as mais Justiças , Oficiaes e pessoas , a que o conhecimento
pertencer, fação inteiramente cumprir e guardar este Regimento, como
nele se contém, e o fação imprimir e repartir por todas as Casas, Me
zas, Juizos, Officiaes e pessoas, que o devem executar. E valerá, pos
to que seu efeito haja de durar mais de hum anno, como Lei, ou Car
ta, feita em Meu Nome e por Mim assignada, e passada pela Chancel
Jaria, posto que por ella não passe, sem embargo da Ordenação Liv. 2.
Tit. 40, em contrario, que para este fim dispenso. Dado em Lisboa a
29 de Dezembro de 1753. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Impr. na Collecção da Universidade por J. I. F.


• * *
237

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ANNO D E 1754.

EU ELREI Faço saber a quantos este Meu Alvará de Regimento,


com força de Lei, virem: Que sendo-ME presente a incerteza, e desi
gualdade, com que são attendidos os tres Secretarios de Estado nos or
denados, e propinas, que recebem por diversos Tribunaes, e Estações:
e querendo Eu, que todos igualmente sejão satisfeitos de ordenados com
petentes aos seus ministerios: Hei por bem extinguir os ordenados, pro
pinas, e ajudas de custo ordinarias, e extraordinarias, que até ao pre
sente lhes estavão concedidas: para o que revogo todos os Alvarás, De
cretos, e Resoluções, que lhas concedèrão, no Registo dos quaes se po
rão as verbas necessarias: E Mando, que do primeiro de Janeiro deste
anno por diante venção, cada hum dos ditos Secretarios de Estado, em
cada hum anno nove contos, e seiscentos mil réis de ordenado, que re
partidamente se assentarão, e meterão nas folhas das Thesourarias, e
Almoxarifados seguintes, por este Alvará sómente, sem dependencia
de outro algum despacho.
O Secretario de Estado dos Negocios do Reino haverá pelo The
soureiro da Alfandega grande desta Cidade, hum conto e oitocentos mil
réis: pelo Thesoureiro geral do rendimento do Tabaco, dous contos de
réis: pelo mesmo Thesoureiro do rendimento da Alfandega do dito ge
nero, hum conto de réis: pelo Thesoureiro das despezas do Conselho da
Fazenda, hum conto de réis: pelo Thesoureiro dos Contos do Reino, e
Casa, hum conto de réis: pelo Thesoureiro Mór da Casa de Ceuta, hum
conto de réis: pelo Thesoureiro da Casa da Moeda, hum conto e qua
trocentos mil réis: pelo Thesoureiro da Chancellaria Mór do Reino, du
zentos mil réis: e pelo Almoxarife da Imposição, e siza dos vinhos des
ta Cidade, duzentos mil réis.
O Secretario de Estado dos Negocios da Marinha, e Dominios do
Ultramar, haverá pelo Thesoureiro do Conselho Ultramarino, hum con
238 I754

to e quatrocentos mil réis : pelo Thesoureiro da Casa da Moeda, outro


conto e quatrocentos mil réis; pelo Thesoureiro dos Armazens de Guiné,
e India, dous contos, e quatrocentos mil réis: pelo Thesoureiro da Me
za da Consciencia e Ordens, oitocentos mil réis: pelo Thesoureiro das
despezas do Conselho da Fazenda, hum conto de réis: pelo Thesoureiro
da Casa da India, setecentos mil réis: pelo Theseureiro Mór da Casa
de Ceuta, hum conto de réis: pelo Thesoureiro da Alfandega grande des
ta Cidade, oitocentos mil réis : e pelo Thesoureiro da Chancellaria Mór
do Reino, cem mil réis.
O Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros, e da guerra,
haverá do Thesoureiro da Alfandega grande desta Cidade, oitocentos mil
réis: pelo Thesoureiro da Chancellaria Mór do Reino, duzentos mil réis:
pelo Thesoureiro geral do rendimento do Tabaco, quatro contos de réis:
e pelo Thesoureiro Mór da Junta dos Tres Estados, quatro contos, e
seiscentos mil réis. E não levará do dito dia por diante a ordinaria de
novecentos e sessenta mil réis, que lhe foi concedida no Alvará de tre
ze de Julho de mil setecentos e cincoenta e hum.
Não haverão mais cousa alguma á custa da Minha Fazenda por ti
tulo de aposentadorias, Pagens de Saco, Negros, ou Criados de acom
panhamento: porque por tudo vão attendidos na constituição dos referi
dos ordenados. E quando cada hum dos Secretarios de Estado servir por
outro, que estiver impedido, não vencerá cousa alguma á custa de Mi
mha Fazenda: servindo porém alguma das Secretarias, que estiver vaga,
em quanto Eu não for Servido provella; vencerá mais a quinta parte do
ordenado devoluto, feita a conta do dia, em que entrar a servir, até o
dia, em que largar.
Quando cada hum dos Secretarios de Estado estiver doente, po
derá pedir a ajuda de custo, que lhe tenho concedido nos Regimentos
dados ao Conselho da Fazenda, e Junta dos Tres Estados, de treze de Ju
lho mil setecentos e cincoenta e hum; e vinte e nove de Dezembro de mil
setecentos e cincoenta e tres. E na fórma dos mesmos Regimentos serão
regulados, quando Eu for Servido conceder propinas extraordinarias, ou
mandar vestir a Corte, e Tribunaes de luto.
Pelas mesmas causas, que Me forão presentes a respeito dos Of
ficiaes maiores, menores, e Porteiros das ditas Secretarias de Estado:
Sou Servido extinguir tambem todos os ordenados, ordinarias, propinas,
e ajudas de custo, que até o presente levavão; revogando todos os Al
varás, Decretos, e Resoluções, porque se lhes concedêrão, de que se
porá nota em seus registos: E Mando, que do dito dia primeiro de Ja
neiro deste anno, vença cada hum dos tres Oficiaes maiores, e igual
mente com elles o Oficial de Linguas, hum conto de réis de seu orde
nado, pago nas Thesourarias, e Almoxarifados seguintes.
Na Thesouraria da Alfandega grande desta Cidade, trezentos e
cincoenta mil réis: na Thesouraria do Conselho da Fazenda, trezentos
mil réis: na Thesouraria da Chancellaria Mór do Reino, cincoenta mil
réis: no Almoxarifado dos vinhos desta Cidade, cento e oitenta mil réis:
e na Thesouraria Mór dos Tres Estados, cento e vinte mil réis.
Cada hum dos Oficiaes menoros de todas as tres Secretarias, ven
cerá do mesmo modo setecentos mil réis de seu ordenado por anno, pa
gos nas seguintes Thesourarias, e Almoxarifados.
Na Alfandega grande desta Cidade levarão duzentos mil réis: pe
lo Thesoureiro das despezas do Conselho da Fazenda, cento e cincoenta
mil réis: pelo Almoxarife dos vinhos desta Cidade, cento e cincoenta
1754 !239

mil réis: pelo Thesoureiro Mór da Junta dos Tres Estados, cem mil réis:
elo Thesoureiro da Casa da India, cincoenta mil réis: e pelo Thesou
reiro da Chancellaria Mór do Reino, cincoenta mil réis.
O Porteiro, e Guarda-Livros da Secretaria de Estado dos Negocios
do Reino, haverá de seu ordenado seiscentos mil réis: pagos, delles du
zentos mil réis pelo Thesoureiro da Alfandega grande desta Cidade: cen
to e cincoenta mil réis pelo Thesoureiro das despezas do Conselho da
Fazenda: cem mil réis pelo Almoxarife dos vinhos: vinte mil réis pelo
Thesoureiro da Casa da India: sessenta mil réis pelo Thesoureiro da
Chancellaria Mór do Reino: e setenta mil réis pelo Thesoureiro Mór da
Junta dos Tres Estados: e mais haverá o azeite, que actualmente cobra
pela Ucharia. |- •

• O segundo Porteiro da dita Secretaria, haverá de seu ordenado


quinhentos mil réis: a saber, cento e trinta mil réis pelo Thesoureiro
da Alfandega grande desta Cidade: outros cento e trinta mil réis pelo
Thesoureiro das despezas do Conselho da Fazenda: oitenta mil réis pelo
Thesoureiro Mór dos Tres Estados: sessenta mil réis pelo Thesoureiro
da Chancellaria Mór do Reino: vinte mil réis pelo Thesoureiro da Casa
da India : e oitenta mil réis pelo Almoxarife dos vinhos.
O Porteiro das duas Secretarias de Estado dos Negocios da Ma
rinha, e dos Negocios Estrangeiros, haverá de seu ordenado seiscentos
mil réis: dos quaes lhe pagará cento e cincoenta mil réis o Thesoureiro
das despezas do Conselho da Fazenda: cento e oitenta mil réis o The
soureiro da Alfandega grande desta Cidade: vinte mil réis o Thesoureiro
da Casa da India: cento e quatorze mil réis o Almoxarife dos vinhos des
ta Cidade: sessenta mil réis o Thesoureiro mór da Junta dos Tres Es
tados: quarenta mil réis o Thesoureiro do Chancellaria Mór do Reino: e
trinta e seis mil réis o Correio Mór do Reino: e mais haverá o azeite,
que actualmente cobra pela Ucharia.
- Serão os ditos Porteiros obrigados de mandar fazer á sua custa o
asseio, e limpeza, das Secretarias, sem que para a despeza miuda del
las levem mais cousa alguma á custa de Minha Fazenda.
Assim os Oficiaes, como os Porteiros, levarão das partes os emo
lumentos, que por estilo actualmente lhes pagão: serão porém obrigados
dentro de dous mezes de Me fazerem presentes as relações dos ditos e
molumentos, para lhes mandar dar Regimento delles, pela via, a que toca.
Quando Eu for Servido conceder propinas extraordinarias, ou
mandar vestir a Corte, e Tribunaes de luto; vencerão os ditos Oficiaes,
e Porteiros das tres Secretarias de Estado, os lutos, e propinas pela Al
fandega grande desta Cidade sómente: e serão regulados os tres Oficiaes
maiores, e o de Linguas, pelos Escrivães da Meza grande; e os Ofi
ciaes menores, e Porteiros, como os Feitores da abertura da dita Al
*
fandega. -

Quando qualquer dos ditos Oficiaes, e Porteiros, estiver doente,


poderá pedir a ajuda de custo, que o Conselho da Fazenda póde conce
der pelo novo Regimento de vinte e nove de Dezembro de mil setecen
tos e cincoenta e tres: e serão pagos della pelo Thesoureiro da Alfande
ga grande, e regulados respectivamente, como fica determinado sobre
as propinas extraordinarias, e lutos.
E quando algum Oficial menor servir pelo Oficial maior impedi
do, não levará mais cousa alguma á custa de Minha Fazenda: porém se
estiver o lugar vago, vencerá mais a quinta parte do ordenado devolu
to, em quanto Eu não for Servido prover o lugar. •
240 1754
E sendo Eu Servido de provêr algum Oficial supranumerario, não
vencerá cousa alguma á custa de Minha Fazenda, em quanto não cou
ber no número : mas para entrar neste, preferirá a todos os pretenden
tes de fóra, e aos Officiaes supranumerarios, que forem mais modernos.
Pelo que, Mando aos Védores de Minha Fazenda, Presidente do
Conselho Ultramarino, Deputados da Junta dos Tres Estados, Presiden
te da Meza da Consciencia, e Ordens, Presidente da Junta da Admi
nistração do Tabaco , e a todos os Conselheiros , e Ministros dos ditos
Tribunaes, cumprão, e guardem inteiramente este Alvará, como nelle
se contém: o qual valerá como Lei, posto que seu efeito haja de durar
mais de hum anno, como se fôra Carta passada em Meu Nome , e por
Mim assignada, e passada pela Chancellaria , posto que por ella não
passe, sem embargo da Ord. Liv. 2. Tit. 40. em contrario, que para es
te fim dispenso. E aos traslados deste Alvará, assignados por Pedro da
Mota e Silva, do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios
do Reino, se dará tanta fé, e credito, como ao proprio original, que fi
ca na mesma Secretaria de Estado, para se executarem nos Tribunaes,
a que pertencem. Dado em Lisboa a 4 de Janeiro de 1754. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Impresso avulso.

*k #<>"+ k

Fu, Servido declarar por Minha Real Resolução de doze do presente


mez de Janeiro, tomada em Coñsultas da Meza do Desembargo do Paço,
e da Junta da Administração do Tabaco, que os Deputados de Capa e
Espada da mesma Junta, gozem daqui em diante do privilegio de Des
embargadores. O Duque Regedor da Casa da Supplicação o tenha as
sim entendido, e o faça executar pela parte que lhe toca. Lisboa 16 de
Janeiro de 1754. = Cem a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV.
a fol. 239.

+ **Cº% +

EU ELREI Faço saber a todos os que este Alvará em fórma de Lei


virem, que sendo Eu Servido por outro semelhante de vinte e cinco de
Março de mil setecentos quarenta e dous dar nova fórma áregulação dos
Ministros Criminaes dos Bairros desta Côrte , com augmento do número
delles, e dos seus Officiaes, e suas jurisdicções , e com aquellas provi
dencias, que então Me parecêrão convenientes para a boa administração
da Justiça, ordenei entre outras, a que se contém no § 14 da mesma
Lei, nas palavras seguintes : = E para que os ditos Oficiaes não pos
são distrahir-se em outras diligencias fóra dos seus Bairros, e dentro del
les logrem os emolumentos das que se oferecerem : Hei por bem orde
nar, que nenhum outro Oficial de Justiça, mais que os referidos, pos
são fazer penhoras, ou quaesquer outras diligencias, a requerimento de
1754 | 24 |

partes, dentro do districto do seu Bairro sob pena de nullidade; e os


Meirinhos dos Tribunaes farão sómente as que pelos mesmos Tribunaes
lhes forem ordenadas , , sem embargo de qualquer estilo, ou faculdade,
que lhes fosse concedida, as quaes Hei por revogadas. = Mas porque
agora Sou informado, que da sobredita disposição se não seguio a utili
dade contemplada, e pelo contrario resultárão outros inconvenientes, que
Me forão presentes em Consulta do Desembargo do Paço de vinte e cin
co de Setembro de mil setecentos cincoenta e dous, precedendo infor
mação de hum dos Juizes da Corôa, e resposta do Procurador della: Sou
Servido declarar o dito §. Há, da dita Lei nas palavras referidas, e Or
denar, que daqui em diante possão os Alcaides , , e Escrivães dos Bair
ros fazer todos elles cumulativamente as diligencias, para que forem re
queridos, abstendo-se porém, debaixo da pena de nullidade, das outras
diligencias, que pertencem aos Meirinhos dos Tribunaes, e seus Escri- -
vães, ficando, pelo que toca a tudo o mais, em seu vigor a dita Lei de
vinte e cinco de Março de mil setecentos quarenta e dous. E para que
assim se observe, e pratique, mandei passar este Alvará de Declaração
ao outro da dita Lei, o qual Hei por revogado na parte, que se encon
tra com esta Declaração. Pelo que: Mando ao Regedor da Casa da Sup
plicação, Governador da Casa do Porto, ou a quem seus cargos servir,
Desembargadores das ditas Casas, e aos Corregedores do Crime, e Ci
vel de Minha Corte, e desta Cidade, e aos mais Corregedores, Ouvido
res, Juizes, e Justiças, Oficiaes, e pessoas de Meus Reinos, e Senho
rios, cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar es
te Meu Alvará , como nelle se contém. E para que venha á noticia de
todos, e se não possa alegar ignorancia, Mando ao Meu Chanceller Mór
de Meus Reinos, e Senhorios, ou a quem seu cargo servir, o faça pu
blicar na Chancellaria, e enviar a cópia delle sob Meu Sello, e seu si
gnal, aos Corregedores, e Ouvidores das Comarcas, e aos Ouvidores das
terras dos Donatarios, em que os Corregedores não entrão por Correição.
E se registará nos livros da Meza do Desembargo do Paço, e nos da Ca
sa da Supplicação, e Relação do Porto, onde semelhantes se costumão
registar; e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Lisboa 30 de Ja
neiro de 1754. = Com a Assignatura de Sua Magestade.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 46, e impr. avulso.

*-***@"+--+

Pos justas causas, e motivos que Me forão presentes : Sou Servido,


que no Juizo dos Feitos da Corôa da Casa da Supplicação, não se tome
conhecimento de hum recurso que intrepoz do Conselho Geral do Santo
Oficio o Deão, e Cabido da Igreja Metropolitana d'Evora, e que neste
negocio se ponha perpétuo silencio. O Duque Regedor o tenha assim en
tendido e faça executar. Salvaterra de Magos 3 de Fevereiro de 1754. =
Com a Rubríca de sua Magestade. . . . . -

- Regist, na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos De- º


… . . cretos a fol. 241, Hh º {
242 1754 |

- º # #*G"#…#

S……M. presente, que as Devassas, que se tirárão na Villa de A


lemquer pelo Desembargador João Antonio de Vasconcellos Cogominho,
e pelo Juiz de Fóra Diogo da Mota Ribeiro, sobre a morte feita ao Ou
vidor daquella Comarca Innocencio Pedro de Moraes Allão, forão remet
tidas á Correição do Crime da Corte e Casa, onde presentemente existem
os autos dellas, que na fórma das Doações da Casa e Estado da Rainha
Minha Mãi e Senhora , pertencem ao Ouvidor Geral das suas Terras:
Sou Servido ordenar , que as referidas Devassas se remettão logo ao so
bredito Ouvidor Geral, para perante elle se proseguir nos termos dellas,
e as sentenciar com os Adjuntos, que o Duque Regedor lhe nomear. O
mesmo Duque Regedor o tenha assim entendido e faça executar. Salva
terra de Magos em 15 de Fevereiro de 1754. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
Regist., na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos
-
2
-
Decretos a fol. 242. |-

- #

*—*……—º }

|-
+ ?

EU ELREI Faço saber a quantos este Meu Alvará de Regimento com


força de Lei virem, que sendo-Me presente a moderação dos ordenados,
que levão o Presidente, Vereadores, e mais Officiaes da Camara desta
Cidade, e de todas as Casas suas subalternas; e tendo attenção á anti
guidade do tempo, em que forão constituidos, e á possibilidade das ren
das do Senado. Hei por bem extinguir todos os ditos ordenados , propi
nas, ajudas de custo, e ordinarias, assim de dinheiro, como de gene
ros, e especies, que até ao presente levavão, assim á custa da fazenda
da Cidade, como dos Contratadores de suas rendas, seja qual for o titu
lo porque as cobrem: e para este fim, de Meu motu proprio, Poder Real,
e absoluto, revogo, e annullo todas as Leis, Regimentos, Alvarás, Pro
visões, Decretos, e Resoluções Minhas, e dos Reis Meus Predecessores,
pelas quaes forão concedidos os ditos ordenados , propinas, ajudas de
custo, e ordinarias, como se de cada huma se fizesse aqui expressa men
ção; e Mando que no Registo de todas se ponhão verbas de como forão
derogadas por este Alvará: E para que o dito Presidente, Vereadores,
e Oficiaes, mais commodamente se possão empregar no Meu serviço, e
do público da Cidade, Sou Servido , que do primeiro de Janeiro deste
anno em diante venção os ordenados, assignaturas, e emolumentos se
guintes.
* ,

C A,P I T U L O I.
- - # * *

* . O Presidente do Senado da Camara haverá de seu ordenado, pa


go pelo Thesoureiro da Cidade, dous contos de réis; e as assignaturas,
e emolumentos das partes, que justamente lhe pertencerem.
I. . Cada hum dos Vereadores do mesmo Senado da Camara, ou seja
do número, ou supranumerario, haverá de seu ordenado, pago pelo The
soureiro da Cidade, hum conto de réis; e as assignaturas, e emolumen
* * *
1754 243

tos das partes, que pela repartição dos Pelouros, ou por outro qualquer
titulo justo lhes pertencerem.
II. O Escrivão da Camara haverá de seu ordenado quinhentos mil
réis; quatrocentos e oitenta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Cidade,
e vinte mil réis pelo rendimento do real da agua: e mais levará dezeseis
r milhar do preço dos Contratos arrematados a dinheiro, e pão, á cus
ta dos Rendeiros, e os emolumentos das partes, que direitamente lhe
pertencerem. E não levará cousa alguma para papel, panno, ou outra
alguma despeza de seu Oficio , porque por tudo vai attendido no dito
ordenado.
III. Cada hum dos dous Procuradores da Cidade haverá de seu orde
nado, pago pelo Thesoureiro della, quinhentos e cincoenta mil réis; e
os emolumentos das partes, e rubrícas, que pelo Regimento lhes per
tencerem. Mas não levarão ordenado algum de cevada, nem salario á
custa da Cidade, pelas vistorias públicas, que fizerem.
IV. Cada hum dos quatro Procuradores dos Mestéres haverá de seu
ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, cento e vinte mil réis ; e
os emolumentos das partes, que direitamente lhes pertencerem.
V. O Juiz do Povo haverá de seu ordenado , pago pelo Thesoureiro
da Cidade , quarenta e oito mil réis; e o seu Escrivão vinte e quatro
mil réis.
VI. O Official Maior da Secretaria do Senado haverá de seu ordena
do , pago pelo Thesoureiro da Cidade, cento e quarenta e quatro mil
réis, com obrigação de pôr á sua custa papel, tinta, pennas, obrêas, e
arêa : e mais haverá das partes os emolumentos, que direitamente lhe
pertencerem. •

VII. Cada hum dos sete Oficiaes Menores da dita Secretaria haverá
de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, setenta e dous mil
réis, e os emolumentos das partes, que direitamente lhes pertencerem.
VIII. O Guarda Mór haverá de seu ordenado, pago pelo Thesourei
ro da Cidade, duzentos mil réis, e quatro por milhar á custa dos Ren
deiros do preço dos Contratos do Senado. E não levará cousa alguma pa
ra papel, tinta, pennas, obrêas, e arêa.
IX. Cada hum dos nove homens da Camara, que servem de Contí
nuos, haverá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, qua
renta e oito mil réis.
X. O Escrivão do Assentamento dos ordenados, e juros, haverá de
seu ordenado sessenta mil réis; trinta mil réis pagos pelo Thesoureiro da
Cidade, e outros trinta no rendimento dos reaes da agua : e não levará
mais cousa alguma, por todas as obrigações de seu Officio, nem a ordi
naria de trigo por fazer a folha das Mercieiras da Capella de Dona San
cha. E este Oficio andará sempre annexo ao Oficial Maior da Secreta
ria, para com ele se ajudar, por não ser incompativel.
XI. O Thesoureiro das rendas da Cidade haverá de seu ordenado, pa
go em si mesmo, duzentos e quarenta mil réis; e dez por milhar de to
das as rendas do Senado, e meio por cento do real da limpeza á custa
dos Rendeiros: e para quebras do trigo haverá dous alqueires por moio,
e tres alqueires na cevada; e não levará mais cousa alguma para papel,
nem para outra despeza do seu Oficio, que todas fará á sua custa.
XII. O Escrivão da Receita, e Despeza da fazenda da Cidade have
rá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro della, cento e vinte mil réis;
e oito por milhar do preço das rendas á custa dos Rendeiros, e os mais
emolumentos das partes, que pelo Rºshºp lhe pertencerem.
2
244 I754

C A P I T U L O II.

Contos do Senado.

O Provedor Geral dos Contos do Senado haverá de seu ordenado


cento e sessenta mil réis; cento e dez mil réis pagos pelo Thesoureiro da
Cidade, quarenta mil réis pelo rendimento dos reaes da agua, seis mil
réis pela fazenda do Hospital de S. Lazaro, e quatro mil réis pela fazen
da da Casa de S. Sebastião: e mais haverá os emolumentos das partes,
que pelo Regimento lhe pertencerem. E este Officio, e os mais dos Con
tos serão sempre provídos em vida, em pessoas habeis, guardando-se no
provimento delles a mesma ordem, com que são provídos os Provedores,
e mais Oficiaes dos Contos do Reino, e Casa.
I. O Contador, e Executor da fazenda da Cidade haverá de seu or
denado cento e cincoenta mil réis; cento e quarenta mil réis pagos pelo
Thesoureiro da mesma Cidade, seis mil réis pela fazenda do Hospital de
S. Lazaro , e quatro mil réis pela fazenda da Casa de S. Sebastião : e
mais haverá dous por cento de todo o dinheiro, que, por execução viva,
arrecadar dos devedores da Cidade á custa da mesma ; e das executo
rías, e mandados, que em seu nome se passarem, levará a mesma assi
gnatura, á custa das partes, que está concedida ao Juiz das proprieda
des no Alvará de sete de Janeiro de mil e setecentos e cincoenta; e tam
bem levará os mais emolumentos das partes, que pelo seu Regimento lhe
pertencerem : mas não levará cousa alguma pelas contas do Senado, e
folhas das obras.
II. O Contador , e Executor do rendimento dos reaes da agua, do
vinho, e carne, haverá de seu ordenado cento e vinte mil réis, pagos
pelo mesmo rendimento, e seis mil réis por tomar as contas do Mosteiro
de S. Vicente de Fóra, e os mais emolumentos das partes, que pelo Re
gimento lhe pertencerem : e observará, em tudo o que lhe for applica
vel, o Regimento dado, no paragrafo assima, ao Contador, e Executor
da fazenda da Cidade.
III. O Escrivão dos Contos do Senado, e das execuções da Cidade,
e dos reaes da agua, haverá de seu ordenado cento e cincoenta mil réis,
por todos os ditos Officios; cento e quatro mil réis pagos pelo Thesou
reiro da Cidade , quarenta mil réis pelo rendimento dos reaes da agua,
quatro mil réis pela fazenda do Hospital de S. Lazaro , e dous mil réis
pela fazenda da Casa de S. Sebastião : e por escrever nas contas das
obras do Mosteiro de S. Vicente de Fóra , levará tres mil réis á custa
do mesmo Mosteiro, e das outras partes levará os emolumentos, que pe
lo Regimento lhe pertencerem : e mais haverá dous por cento de todo o
dinheiro, que por execução viva se arrecadar, como vão concedidos ao
Executor.
IV. Cada hum dos dous Escrivães supranumerarios dos Contos da Ci
dade haverá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro della, trinta e seis
mil réis; e servirão sempre estes Oficios os dous Officiaes mais antigos,
dos sete menores da Secretaria, sendo habeis, na fórma da sua creação.
V. O Guarda-Livros dos Contos do Senado haverá de seu ordenado,
pago pelo Thesoureiro da Cidade, trinta mil réis; e os emolumentos das
partes, que direitamente lhe pertencerem : mas não levará mais cousa
alguma para papel, tinta, pennas, arêa, e obrêas.
VI. O Praticante dos Contos do Senado haverá de ordinaria quatro
1754 245

mil réis por Natal, e quatro mil réis por Pascoa, pagos pelo Thesourei
ro da Cidade; e servirá sempre hum dos Oficiaes menores da Secretaria.
VII. O Procurador das execuções da fazenda da Cidade, e dos reaes
da agua, do vinho, e carne, haverá de seu ordenado cincoenta mil réis;
trinta e oito mil réis pagos pelo Thesoureiro da Cidade, e doze mil réis
pelo rendimento dos reaes da agua: e mais haverá hum por cento da im
portancia de todo o dinheiro, que por execução viva fizer arrecadar de
ambas as repartições.
VIII. O Agente dos negocios do Senado, e do Hospital de S. Laza
ro, haverá de seu ordenado oitenta e seis mil e quatrocentos réis; oi
tenta e quatro mil réis pagos pelo Thesoureiro da Cidade, e dous mil e
quatrocentos réis pelo Hospital de S. Lazaro, e nada mais.
C A P I T U L O III.

• Obras. •

O Vedor das Obras da Cidade haverá de seu ordenado, pago per


lo Thesoureiro della, trezentos e cincoenta mil réis; e os emolumentos
das partes, que direitamente lhe pertencerem: e não levará cevada,
nem cera, nem estipendio, algum, á custa da Cídade, pelas vistorias
proprias do Senado, e do Pelouro das Obras, ainda que sejão no Termo.
I. O Escrivão das Obras haverá de seu ordenado, pago pelo Thesou
reiro da Cidade, cento e setenta e dous mil réis; e os emolumentos das
partes, que pelo Regimento lhe pertencerem: mas não levará cousa al
gumasejão
que por no
todas as diligencias, que fizer em serviço da Cidade, ainda
Termo. • • •

II. O Homem das Obras haverá de seu ordenado, pago pelo Thesou
reiro da Cidade, setenta e dous mil réis; e os emolumentos das partes,
que direitamente lhe pertencerem: mas não levará cousa alguma pelas
diligencias do serviço da Cidade, ainda que sejão no Termo.
III. O dito Homem, ou quem servir de levar o Estandarte nas Pro
cissões, vencerá de ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, vinte
e quatro mil réis, em lugar do trigo, que até agora levava.
IV. O dito Homem , ou quem fizer o ponto das Procissões, vencerá
tres mil e seiscentos réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade, em lugar
de trigo, que até agora levava.
V. O dito Homem, ou quem servir de Fiel da Columnata, e toldos
da Procissão do Corpo de Deos, vencerá de ordenado, pago pelo The
soureiro da Cidade, dezenove mil e duzentos réis,
VI. O Architecto das obras da Cidade haverá de seu ordenado, pa
go pelo Thesoureiro della, quarenta e oito mil réis, com obrigação de
assistir promptamente a todas as vistorias do público, para que for cha
mado, e de fazer todas as plantas, e riscos, que o Senado lhe encarre
gar em serviço da Cidade, sem levar outro algum estipendio; e sómen
te nas vistorias de partes, que forem condemnadas em custas, haverá o
emolumento, que justamente se lhe dever.
VII. O Mestre Pedreiro, e Medidor da Cidade haverá de seu orde
nado, pago pelo Thesoureiro della, oitenta mil réis, com a obrigação
de fazer todas as medições, e vistorias do público, sem levar outro al
gum salario; e sómente das partes levará os emolumentos, que justamen
te se lhe deverem. . *

… VIII. O Mestre Carpinteiro, e Medidor da Cidade haverá de seu or


246 1754

denado, pago pelo Thesoureiro della, sessenta mil réis, com obrigação
de fazer as medições, e vistorias do público, sem levar mais outro al
gum salario; e sómente das partes levará os emolumentos, que direita
mente lhe tocarem.
C A P I T U L O IV.

Chancellaria da Cidade.

O Escrivão da Chancellaria da Cidade haverá de seu ordenado,


pago pelo Thesoureiro della, trinta mil réis; e os emolumentos das par
tes, que justamente lhe deverem.
I. O Porteiro da Chancellaria da Cidade, além do que já leva á cus
ta de Minha Fazenda no Alvará de vinte e nove de Dezembro de mil e
setecentos e cincoenta e tres Cap. 14, § 2., haverá mais de seu orde
nado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, noventa e seis mil réis, com
obrigação de dar á sua custa tudo o que for necessario para a composi
ção dos sellos, e expediente da Chancellaria; e das partes levará os emo
lumentos, que pelo Regimento lhe deverem.
C A P I T U L O V.

Saude.

Cada hum dos dous Provedores da Saude haverá de seu ordenado


noventa e seis mil réis: sessenta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Ci
dade, vinte mil réis pela fazenda da Casa de S. Sebastião, e dezeseis
mil réis pela fazenda do Hospital de S. Lazaro; e não levarão mais cou
sa alguma por mandarem queimar as camas dos Tisicos, nem por outra
qualquer obrigação de seus Oficios, excepto os emolumentos, que as
partes deverem, dos quaes serão pagos na fórma do Regimento.
I. O Escrivão da Provedoria Mór, e dos dous Provedores ordinarios,
e da Conservatoria da Saude, haverá de seu ordenado, pago pelo The
soureiro da Cidade, seis mil réis, e pela fazenda da Casa de S. Sebas
tião quinze mil réis, e pela fazenda do Hospital de S. Lazaro tres mil
réis, que ao todo faz vinte e quatro mil réis: e não haverá mais cousa
alguma para papel, tinta, e pennas; e das partes levará os emolumen
tos, que pelo Regimento lhe deverem.
II. O Thesoureiro da fazenda da Casa de S. Sebastião haverá de si
mesmo, para seu ordenado, trinta e seis mil réis.
III. O Meirinho da Saude, que he do provimento do Desembargo do
Paço, além do que leva pela Casa dos Cinco, haverá mais de seu orde
nado doze mil réis pelo Thesoureiro da Cidade, nove mil e seiscentos
réis pela Casa de S. Sebastião, e dous mil e quatrocentos réis pelo Hos
pital de S. Lazaro, que ao todo faz vinte e quatro mil réis; e das par
tes levará os emolumentos, que pelo Regimento lhe deverem.
IV. O Escrivão do dito Meirinho haverá de seu ordenado vinte mil
réis: pagos doze mil réis pela Casa de S. Sebastião, e oito mil réis pe
lo Thesoureiro da Cidade; e mais haverá os emolumentos das partes, que
pelo Regimento lhe deverem.
V. O primeiro Medico da Cidade, e Casa da Saude, e Hospital de
S. Lazaro, haverá de seu ordenado cincoenta mil réis: pagos trinta e
dous mil réis pelo Thesoureiro da Cidade, seis mil réis pela Casa de S.
Sebastião, e doze mil réis pelo Hospital de S. Lazaro; e não levará mais
1754 247

trigo, nem cevada, e sómente das partes levará os emolumentos, que


justamente lhe deverem pelas vistorias, e certidões, que passar,
VI. O segundo Medico da Cidade haverá de seu ordenado; pago pe
lo Thesoureiro della, trinta mil réis. + , |-

VII. O primeiro Cirurgião da Cidade, e Casa da Saude, haverá de


seu ordenado quarenta mil réis: pagos trinta e dous mil réis pelo The
soureiro da Cidade, e oito mil réis pela Casa de S. Sebastiao; e das par
tes levará os emolumentos, que justamente lhe deverem pelas vistorias,
e certidões. - - + -

VIII. O segundo Cirurgião da Cidade, e Hospital de S. Lazaro, ha


verá de seu ordenado quarenta mil réis: pagos dez mil réis pela fazenda
do dito Hospital, e trinta mil réis pelo Thesoureiro da Cidade.
IX. Cada hum dos vinte e nove Cabeças da Saude, além do que le
va pela Casa dos Cincos, haverá mais de ordenado, pelo Thesoureiro da
Cidade, sete mil réis. |-

X. O Guarda Mór, e Provedor da Saude do porto de Belém, haverá


de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, noventa e seis mil
réis, e os emolumentos das partes, de que tiver Regimento.
XI. O Escrivão da Saude do dito lugar de Belém haverá de seu or
denado dez mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade; e os emolumen
tos das partes, de que tiver Regimento.
XII. O Interprete da Saude do dito lugar de Belém haverá de seu
ordenado seis mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade; e os emolu
mentos das partes, de que tiver Regimento.
XIII. O Guarda Bandeira da Saude do dito lugar de Belém haverá
de seu ordenado vinte e quatro mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Ci
dade; e os emolumentos das partes, de que tiver, Regimento. •

XIV. O Medico da Saude do dito lugar de Belém haverá de seu or


denado trinta mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade; e os emolu
mentos das partes, de que tiver Regimento. E tendo attenção ao que
Me representou o Medico serventuario, que actualmente exercita: Hei
por bem, que continue na dita serventia, em quanto Eu não mandar o
contrario, ainda que a propriedade deste partido se proveja em outro
Medico, na falta do proprietario actual. •

XV. O Cirurgião da Saude do dito lugar de Belém haverá de seu or


denado quinze mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade; e os emolu
mentos das partes, pelo Regimento lhe deverem. - *

XVI. O Fiel da Saude do dito lugar de Belém haverá de seu orde


nado seis mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade; e os emolumentos
das partes, de que tiver Regimento. • -

XVII. O Guarda do Lazareto vencerá por dia á custa da Cidade cen


to e cincoenta réis: porém quando nelle houver fazenda de partes, ven
cerá a custa destas, por dia, duzentos e quarenta réis; e nada por con
ta da Cidade.

o A P I T U L O VI.
Almotaçaria.
Cada hum dos quatro Almotacés das execuções haverá de ordina
ria por cada hum mez, que servir, tres mil e duzentos réis, Pºgos pelo
Thesoureiro da Cidadé; e de assignatura por cada huma causa» que jul
gar, daquellas, que póde conhecer na fórma da Lei dº Reino, sendo
248 1754

verbaes, vinte réis, e sendo por escrito sessenta réis, e sendo coi
ma dez réis; e dos mandados, precatorios, e outras cartas, que assignar,
levará a mesma assignatura concedida ao Juiz das propriedades, no Al
vará de Lei de sete de Janeiro de mil e setecentos e cincoenta. Porém
das assignaturas dos bilhetes da Almotaçaria, licenças, e outras miude
zas do expediente do seu Oficio, não levarão cousa alguma, nem amos
tras das partes, com pena de se lhes dar em culpa.
I. Cada hum dos quatro Escrivães dos ditos Almotacés haverá de seu
ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, dez mil réis; e os emolu
mentos das partes, que pelo Regimento lhe tocarem.
II. O Requerente da Almotaçaria haverá de seu ordenado, pago pe
lo Thesoureiro da Cidade, quarenta mil réis; e os emolumentos das par
tes, que pelo Regimento lhe tocarem.
III. Cada hum dos quatro Zeladores da Almotaçaria haverá de seu
ordenado seis mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade; e os emolu
mentos das partes, que pelo Regimento lhe tocarem. }
IV. . Cada hum dos quatro Homens da Vara da Almotaçaria haverá de
seu ordenado trinta mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade; e os
emolumentos das partes, que pelo Regimento se lhe deverem."
C A P I T U L O VII.

Limpeza.
Cada hum dos seis Almotacés da limpeza haverá de seu ordena
do cento e vinte mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade, com obri
gação de ter Cavallo para acompanhar os bandos públicos, e de mandar
á sua custa lançar fóra, no termo de duas horas, qualquer animal, que
se achar morto nas ruas das Cidade da sua repartição, e fazer que as
mesmas ruas estejão limpas de lamas, e outras immundicias, com pena
de perdimento do dito ordenado, pela primeira vez, e pela segunda do
Oficio, para nunca mais o haver: e mais haverão os emolumentos, próes,
e precalços, que pelo Regimento lhe pertencerem; e dos mandados, coi
mas, e causas levarão a mesma assignatura concedida aos Almotacés das
execuções.
1. Cada hum dos seis Escrivães dos ditos Almotacés da limpeza ha
verá de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, vinte e quatro
mil réis; e os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe perten
CCTCIll. •

II. O Depositario das condenações da limpeza haverá de seu ordena


do dezeseis mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade, e hum por cem
to da importancia dos depositos á custa das partes, e nada mais. #

C A P I T U L O VIII.

Per o peso, Terreiro, Marco, e Açougue.


O Juiz de Ver o peso haverá de seu ordenado trinta e seis mil
réis, pagos á custa do Contratador, e não o havendo, pelo Thesoureiro
da Cidade; e os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe per
tem cerem. ; •

I. O Escrivão do dito Juiz haverá de seu ordenado cem mil réis,


com obrigação de lançar em livro o líquido dos bilhetes dos direitos dá
1754 249

Variagem, que vem da Alfandega, e Casa dos Cinco; deferido assim o


requerimento, que se consultou em treze de Julho de mil e setecentos e
quarenta e cinco; e os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe
pertencerem.
II. O Juiz do Terreiro do pão haverá de seu ordenado cento e vinte
mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Cidade, e habitação das Casas, que
estão no mesmo Terreiro para sua residencia, nas quaes será obrigado
viver, por ter a seu cargo a guarda do dito Terreiro; e não as poderá ar
rendar a outra pessoa, excepto, a quem servir o mesmo Oficio, no seu
justo impedimento, com pena de perder a mesma habitação, para o Se
mado dispôr della, como convier ao bem público: e mais haverá os emo
lumentos das partes, que pelo Regimento expressamente se lhe deverem.
III. O Escrivão do dito Terreiro haverá de seu ordenado, pago pelo
Thesoureiro da Cidade, vinte mil réis; e os emolumentos das partes,
que pelo Regimento expressamente se lhe deverem.
. O Juiz, e Escrivão do Marco, que não tem cousa alguma de or
denado pela Cidade, pela copiosa renda de emolumentos, que levão das
partes, serão obrigados no termo de dous mezes de Me pedirem confir
mação dos Regimentos, que tiverem, para lhos confirmar, ou augmen
tar, ou diminuir, como for justo: e passado o dito termo, sem que te
nhão pedido confirmação, ou passados os quatro mezes, sem que a mos
trem no Senado, lhes fará este suspender todos os emolumentos, que
levão, até que alcancem Resolução Minha, do que devem levar.
V. O Sacador dos fóros da Cidade será obrigado a dar fiança ás co
branças, que fizer, e aos fóros, que fallirem por sua negligencia, e ha
verá quatro por cento de tudo quanto arrecadar, e entregar ao Thesou
reiro, sem outro algum ordenado, ou emolumento: e deste Oficio não
haverá proprietario; porque se requer para elle a boa agilidade da pessoa.
VI. O Juiz do Açougue, além do que leva á custa de Minha fazen
da, e dos Contratadores do Almoxarifado das carnes, haverá mais de seu
ordenado, pago pelo Thesoureiro da Cidade, setenta e dous mil réis; e
os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe pertencerem. E te
ra entendido, que todas as diligencias necessarias para a boa arracada
ão de Meus direitos pertencem aos Oficiaes da fazenda do Almoxari
ado da Casa das carnes.
VII. O Almoxarife, e Escrivão da Columnata do Corpo de Deos não
levarão mais cousa alguma á custa da fazenda da Cidade, nem das par
tes, que os cem mil réis de ordenado, concedidos para o Almoxarife, e
quarenta mil réis ao Escrivão; pela Resolução de onze de Março de mil
e setecentos e trinta e quatro, tomada em Consulta do Senado de vinte
e seis de Maio de mil e setecentos e trinta. E destes Oficios se não pro
verá a propriedade; mas sim sómente a serventia em dous Oficiaes me
nores da Secretaria do Senado, que mais desimpedidos forem.
C A P I T U L O IX.

Reaes da Agua do Vinho.


O Almoxarife dos reaes da agua do Vinho, e do real da limpeza,
haverá de seu ordenado, pago igualmente por ambos os rendimentos,
duzentos mil réis. •

I. O Escrivão da Receita, e despeza do dito Almoxarife haverá de


seu ordenado setenta e dous mil réis, pagos fºmentº
l
por ambos os
350 1754

rendimentos, com obrigação de dar panno para a Meza; e das partes


levará os emolumentos, que justamente lhe deverem.
II. O Escrivão das entradas dos vinhos haverá de seu ordenado oi
tenta mil réis, pagos pelo real dos mesmos vinhos; e os emolumentos das
partes, que pelo Regimento lhe tocarem. •

111. O Escrivão dos reaes da agua, do vinho do Termo, haverá de


seu ordenado oitenta mil réis, pagos pelo rendimento do mesmo real; e
os emolumentos, que pelo Regimento lhe tocarem.
IV. O Procurador dos ditos reaes da agua do Termo haverá de seu
ordenado oitenta mil réis, pagos pelo mesmo rendimento.
V. Cada hum dos dous Feitores dos ditos reaes da agua haverá de
seu ordenado trinta e seis mil réis pagos pelo mesmo rendimento; e os
emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe pertencerem.
VI. Cada hum dos quatro Escrivães das andadas dos ditos reaes da
agua haverá de seu ordenado sessenta mil réis, pagos pelo mesmo ren
dimento; e os emolumentos das partes, que justamente lhe deverem.
VII. Cada hum dos quatro Feitores das ditas andadas haverá de seu
ordenado quarenta mil réis pagos pelo mesmo rendimento.
VIII. Cada hum dos quatro Escrivães das portas da Cidade haverá
de seu ordenado sessenta mil réis, pagos pelo mesmo rendimento; e os
emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
C A P I T U L O X. A

Reaes da Agua da Carne.

O Almoxarife dos reaes da agua da carne, e dos reaes da limpe


za haverá de seu ordenado duzentos mil réis: cento e quarenta mil réis
pelos reaes da carne, e sessenta mil réis pelo real da limpeza, e pagará
á sua custa ao Recebedor, que tiver.
I. O Escrivão da Receita, e Despeza do dito Almoxarife haverá de
seu ordenado oitenta mil réis: sessenta mil réis pelo real da carne, vin
te mil réis pele real da limpeza; e os emolumentos das partes, que di
reitamente lhe pertencerem : mas não levará mais cousa alguma para pan
no da Meza, papel, tinta, pennas, e obrêas.
II. O Escrivão das carnes sêccas haverá de seu ordenado oitenta mil
réis, pagos no rendimento dellas; e os emolumentos das partes, que pe
lo Regimento lhe pertencerem.
III. Cada hum dos dous Feitores deste Almoxarifado haverá de seu
ordenado quarenta mil réis, pagos pelo rendimento do mesmo.
IV. O Escrivão das pautas dos preços das carnes haverá de seu or
denado trinta mil réis, pagos no mesmo Almoxarifado. - - -

V. O Juiz da Balança das carnes, que se pezão no Curral, além do


que leva pelo Contratador das Sizas, haverá mais de seu ordenado cento
e vinte mil réis: noventa mil réis pagos pelos reaes das carnes, e trin
ta mil réis pelo real da limpeza. E terá entendido, que o pezo, para se
arrendarem
I] eS. Meus direitos, pertence ao Juiz da Balança da Casa das car

VI. O Escrivão da dita Balança, além do que leva pelo Contratador


das Sizas, haverá mais de seu ordenado pelo real da agua da carne no
obrêasmil
venta réis,
para com obrigação de dar panno, tinta,. . papel, pennas, e
a Meza. |- •

• # ', 4
1754 25 L

C A P I T U L O XI.

Alqueidão.
O Almoxarife das terras do Alqueidão haverá de seu ordenado qua
tro moios de trigo, e quatro de cevada.
I. O Escrivão do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado cinco
moios e meio de trigo, e trinta alqueires de cevada.
II. O Alcaide do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado cinco
moios e quarenta alqueires de trigo. •

III. O Guardador do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado trin


ta mil réis. \ -

C A P I T U L O XII.
Cousas varias.

O Depositario, e Escrivão dos depositos da Cidade haverão os e


molumentos, que pelo Regimento geral lhes pertencerem.
I. O Capellão da Capella de S. Sebastião haverá de seu ordenado,
pago pelas rendas da Casa, trinta mil réis, pelo cuidado, guarda, e as
seio, que deve ter da Igreja do Santo.
II. O Relogeiro da Cidade haverá de seu ordenado, pago pelo The
soureiro della, quarenta e oito mil réis.
III. O Sineiro da Basilica de Santa Maria haverá de seu ordenado,
pago pelo Thesoureiro da Cidade, vinte e quatro mil réis.
IV. O Escrivão da Séstaria, e paga da Cidade haverá de seu orde
nado quarenta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Cidade, e pelo Contra
tador sessenta mil réis; e os emolumentos das partes, que direitamente
lhe pertencerem: e será obrigado a dar panno, papel, tinta, pennas, e
obrêas para a Meza. "
V. O Apontador das Mercieiras da Capella de Dona Sancha haverá
de seu ordenado vinte mil réis, em lugar do trigo, que levava.
VI. O Sacador, e Recebedor das pensões dos Alpendres dos lugares
públicos de pejamento vencerá quatro por cento de todo o dinheiro, que
cobrar, e entregar ao Thesoureiro: mas não vencerá cousa alguma em
quanto este rendimento andar arrendado, excepto se o Contratador se
quizer servir delle para a mesma cobrança.
C A P. I T U L O XIII.
• Hospital de S. Lazaro.

O Almoxarife do Hospital de S. Lazaro haverá de seu ordenado,


em si mesmo, cento e quarenta mil réis, em lugar do dinheiro, e espe
cies, que até ao presente levava: e para quebras dos frutos se lhe abo
narão trinta e hum alqueires de trigo, vinte e cinco alqueires de ceva
da, e seis almudes de vinho. • |-

1. O Escrivão do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado noventa


e seis mil réis, pagos pelo Almoxarife; e os emolumentos das partes,
que direitamente lhe pertencerem : e não haverá cousa alguma para pa
pel, tinta, pennas, e arèa. Ii 2
1
252 I754

II. O Porteiro do Hospital haverá de seu ordenado, pelas rendas del


le, cincoenta e seis mil réis, e pelo real da carne quatro mil réis; com
obrigação de dar papel, tinta, e pennas para a Meza, em que se tomão
os preços das carnes. |-

III. O Procurador , e Cobrador dos fóros do dito Hospital vencerá


quatro por cento de todo o dinheiro, que cobrar , e entregar ao Almo
xarife.
IV. O Servente interior do dito Hospital haverá de seu ordenado qua
renta e oito mil réis, com obrigação de lavar a roupa, pagos pelo Al
moxarife.
V. O Servente de fóra haverá de seu ordenado quarenta mil réis, pa
gos pelo Almoxarife.
VI. O Sangrador do dito Hospital haverá de seu ordenado nove mil
e seiscentos réis, pagos pelo Almoxarife.
VII. O Capellão do dito Hospital haverá de seu ordenado setenta e
dous mil réis, pagos pelo Almoxarife.
C A P I T U L O XIV.

Morgados.
O Thesoureiro da Cidade haverá mais de ordenado, pelo recebi
mento das rendas do morgado do Desembargador Francisco de Afonse
ca Sysnel, vinte e quatro mil réis, pagos pelas mesmas rendas.
I. O Escrivão da dita receita vencerá de ordenado dezenove mil e
duzentos réis, pagos pelas mesmas rendas.
II. O dito Thesoureiro da Cidade haverá mais de ordenado, pelo re
cebimento das rendas do morgado do Doutor Henrique da Silva, dezeno
ve mil e duzentos réis, pagos pelas mesmas rendas.
III. O Escrivão da dita receita vencerá de ordenado dezenove mil
réis, pagos pelas ditas rendas.

C A P I T U L O XV.

Ministros, e Oficiaes de fóra.


O Conservador da Cidade vencerá de ordenado oitenta mil réis,
pagos pelo Thesoureiro da Cidade ; e as mesmas assignaturas, que tem
os Corregedores do Civel da Cidade.
I. O Escrivão da Conservatoria vencerá de ordenado quarenta e oito
mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro; e os emolumentos, que as partes
lhe deverem.
II. O Juiz do Tombo dos bens da Cidade vencerá de ordenado cin
coenta mil réis, pagos pelo mesmo Thesoureiro, e assignaturas como Cor
regedor do Civel da Cidade, á custa das partes : mas não levará cousa
alguma pelas vistorias públicas á custa do Senado , e sómente vencerá
os emolumentos, que lhe estiverem concedidos por Provisão, ou Regi
II) en t O.
III. O Escrivão do dito Tombo vencerá de ordenado setenta e cinco
mil réis pagos pelo Thesoureiro da Cidade, e cinco mil réis pagos pelo
Hospital de S. Lazaro; e os emolumentos, que as partes justamente lhe
deverem: mas não levará cousa alguma mais, á custa do Senado, pelas
1754 253

vistorias, e diligencias, a que for mandado, nem por escrever os livros,


e folhas dos fóros.
IV. O Sindico da Cidade vencerá de ordenado cento e oitenta mil
réis, pagos pelo dito Thesoureiro, e nada mais á custa da Cidade, nem
do Hospital de S. Lazaro, que juntamente defenderá; e sómente levará
o salario, que justamente lhe pertencer das vistorias, a que assistir, re
queridas por parte.
V. Cada hum dos quatro Juizes dos Orfãos da Cidade, e Termo, ven
cerá de ordenado cento e cincoenta mil réis, pagos pelo dito Thesou
Tel rO.

VI. O Juiz das propriedades vencerá de ordenado cento e trinta mil


réis, pagos pelo dito Thesoureiro.
VII. O Meirinho da Cidade vencerá de ordenado cento e vinte mil
réis, e cento e sessenta mil réis mais, para comedoria, e vestiaria de
oito homens da sua vara, que o devem acompanhar, que ao todo fazem
duzentos e oitenta mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro : e não haverá
mais cousa alguma, á custa da Cidade, pelas diligencias, que fizer em
serviço della, e do público ; e sómente levará das partes os emolumen
tos, que justamente lhe deverem.
VIII. O Escrivão do dito Meirinho vencerá de ordenado doze mil réis
pelas diligencias, que fizer em serviço do Senado, pagos pelo dito The
soureiro ; e das partes haverá os emolumentos, que justamente lhe de
V6"I e II).

IX. Cada hum dos onze Alcaides dos bairros da Cidade vencerá de
ordenado trinta mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro: e não levará cou
sa alguma pelas diligencias do serviço público, que o Senado lhe encar
regar.
X. O Alcaide de Belém vencerá de seu ordenado quarenta mil réis,
e mais quarenta e cinco mil réis para tres homens da vara, que o devem
acompanhar , pagos pelo dito Thesoureiro : e não levará cousa alguma
pelas diligencias públicas de que for encarregado.
C A P I T U L O XVI,

Determinações geraes. f

Por quanto huma grande parte dos Oficios referidos neste Alvará
são propriamente incumbencias, e empregos, que o Senado separou pa
ra melhor distribuir o seu governo economico; nem podião ser Oficios,
sem que fossem creados por Mim , ou pelos Reis Meus Predecessores,
com alguma jurisdicção, ou quasi jurisdicção : e attendendo ao pouco
tempo, que levão, e ao pouco rendimento, que tem ; razão porque não
fica incompativel, que huma só pessoa sirva muitos dos ditos empregos,
antes he conveniente que se unão para formarem congrua competente a
cada hum dos Oficiaes, e Serventes da Cidade. Hei por bem, que o Se
nado da Camara confira todos os ditos empregos, e incumbencias, que
actualmente não tiverem proprietario, aos Oficiaes, e Serventes da Ci
dade, que sem incompatibilidade , nem detrimento do público, os pu
derem bem servir; ficando perpetuamente unidos, e lotados debaixo de
hum só titulo, para com elle passarem para a Chancellaria Mór da Cor
te, e Reino, e nella Me pagarem os direitos devidos pela propriedade,
ou pela serventia: Com declaração porém, que não poderão unir em hu
ma só pessoa tantos Oficios jurisdiccionaes, que excedão seiscentos mil
254 1754

réis de rendimento por anno; nem tantos empregos, ou incumbencias


serviçaes , que excedão de duzentos e quarenta mil réis de salarios por
anno: e que na dita conferencia não entrem os Oficios, e empregos já
unidos, e destinados neste Alvará para outros Oficios, e pessoas; por
que estes hão de ser servidos na fórma, que Tenho ordenado.
I. Não se poderá introduzir propina, ou ajuda de custo alguma, além
dos ordenados constituidos, nem levar outro algum ordenado de dinhei
ro, ou de especies, por titulo, ou pretexto algum de maior trabalho de
Officio: nem sobre esta materia valerá costume, ou posse, ainda que se
ja immemorial; porque desde já a reprovo, annullo, e condem no na raiz
da sua introducção. E conseguindo alguma pessoa Decreto , ou Resolu
ção Minha, ou dos Reis Meus Successores, porque se lhe conceda algu
ma propina, ou ajuda de custo, além do seu ordenado, se lhe não cum
prirá, se expressamente não for revogada a disposição deste Capitulo.
II. Permitto, que quando o Presidente, Vereadores, e Oficiaes da
Camara , e da Cidade estiverem doentes de doença de maior remedio,
lhes possa o Senado mandar dar de ajuda de custo, por huma só vez,
sessenta mil réis ao Presidente: cincoenta mil réis a cada hum dos Ve
readores: quarenta mil réis ao Escrivão da Camara , e a cada hum dos
Procuradores da Cidade ; e vinte mil réis a cada hum dos Procuradores
dos Mestéres. que actualmente servirem : e aos outros Oficiaes do Se
nado, e da Cidade, e todas suas repartições se distribuirá a dita ajuda
de custo pelas graduações de seus oficios, com tanto, que não possa ex
ceder a quantia de trinta mil réis, nem baixar a quantia de dez mil réis.
III. Estando actualmente aposentado algum Ministro, ou Ofioial da
Cidade, não vencerá cousa alguma de augmento por este Alvará, e ha
verá sómente a quantia, em que foi aposentado : e a mesma ordem se
guardará com os que ao diante se aposentarem , para que não venção
mais cousa alguma, no decurso do tempo, que o ordenado, que tiverem
no tempo da aposentadoria.
IV. Todos os proprietarios encartados sejão obrigados de servir seus
Oficios na fórma da Lei do Reino, Leis, e Decretos extravagantes ; e
os que não forem encartados, não sendo menores, serão obrigados de se
encartar em tres mezes, com pena de perdimento dos Oficios, que se
darão em vida aos denunciantes. E quando Eu, por alguma justa cau
sa, lhes conceder que possão metter serventuarios, haverão estes duas
partes do rendimento dos Officios, e os proprietarios huma terça parte,
sem poderem receber mais cousa alguma, directa, ou indirectamente,
nem ainda dinheiros emprestados sem juros, pelo tempo, que durarem
as serventias. E nem os proprietarios, nem os serventuarios poderão le
var das partes emolumentos, ou gratificações algumas, posto que livre
mente lhas ofereção depois de suas causas, ou dependencias findas, além
do contheúdo nos seus Regimentos, debaixo das penas da Ordenação lib.
5. tit. 72.
V. Os filhos dos proprietarios, que servirem no impedimento de seus
pais, não levarão mais cousa alguma á custa da fazenda da Cidade, nem
das partes; e sómente arrecadarão para os ditos seus pais os ordenados,
e emolumentos, que lhes pertencerem.
VI. Quando o Vereador mais velho servir de Presidente, ou quando
qualquer dos Vereadores, Ministros, e Officiaes da repartição da Cida
de servirem huns por outros, farão suas proprias as assignaturas, espor
tulas, e emolumentos, que deverem pagar as partes, sem que se dupli
quem outros para os impedidos; mas não levarão cousa alguma á custa
1754 255
da fazenda da Cidade : e quando o impedimento passar de quarenta dias,
poderão haver , do dito termo por diante, a quinta parte do ordenado
do Presidente, Vereador, Ministro, ou Oficial impedido, a respeito do
tempo, que por elles servirem ; para o que haverão mandados do Sena
do, nos quaes se declare ao Thesoureiro, e Almoxarifes, que fação des
conto de outras tantas quantias dos ordenados dos impedidos, quando
lhes fizerem pagamento delles, pondo-se logo as verbas necessarias á mar
gem dos assentos das folhas. E quando as serventias estiverem absoluta
mente vagas, vencerão os Vereadores, Ministros, e Oficiaes, a que fo
rem deferidas , além dos emolumentos , a quinta parte dos ordenados,
desde o dia que nellas entrarem, até o dia que sahirem. Sendo porém ser
ventias de provimentos, de que se paguem direitos na Chancellaria, ven
cerão os serventuarios todos os ordenados, e emolumentos, que vence
rião os proprietarios, se os houvera.
VII. Por quanto as assignaturas, salarios , e emolumentos concedi
dos ao Presidente, Ministros, e Officiaes da Cidade, não conferem com
o que devem levar no tempo presente , pela antiguidade com que forão
concedidos: Sou Servido, que o Senado da Camara, tomando as infor
mações precisas, Me consulte as assignaturas, salarios, e emolumentos,
que presentemente se devem conceder, referindo todos, que actualmen
te se levão, e o titulo porque forão concedidos; excepto daquelles Minis
tros, e Oficiaes, que neste Alvará forem provídos de assignaturas, e
emolumentos. |-

VIII. Quando Eu for Servido permittir que se leve alguma propina


extraordinaria, (que se não levará sem Decreto, ou Resolução Minha)
se regulará a hum por cento dos ordenados, que cada hum levar neste
Regimento, com tanto, que a propina do menor Oficial não baixará de
mil e quinhentos réis; bem entendido, que sómente se comprehenderão
nestas propinas o Presidente, Vereadores, Ministros, e Officiaes, que
servirem no Senado, ou nas Casas, e Almoxarifados, que lhe forem im
mediatamente subalternos, e não outros alguns de fóra, posto que sejão
pagos pela Cidade. E quando por alguma demonstração de alegria Eu
mandar vestir o Senado de galla , vencerá o dito Presidente, Vereado
res, Ministros, e mais Oficiaes doze por cento da importancia dos seus
ordenados de hum anno, não baixando a galla do menor Oficial da quan
tia de quatorze mil réis. E Ordenando que o Senado se vista de luto por
alguma razão de sentimento, vencerão para elle seis por cento da impor
tancia de seus ordenados, não baixando o luto do menor Official da quan
tia de sete mil réis. • • • • • • • • -

IX. Todos os ditos ordenados se lançarão nos livros do assentamento


da fazenda da Cidade, e se metterão nas folhas do anno presente, e dos
mais que se seguirem, por este Alvará sómente, sem dependencia de ou
tro algum despacho; riscando-se os assentamentos antigos, que delle ha
via , com as verbas necessarias. , . " , ";

X. O Presidente, Vereadores, e Ministros do Senado da Camara, e


da Cidade, que directa, ou indirectamente contravierem as disposições
deste Regimento, em parte, ou em todo, incorrerão no Meu Real desn
agrado, e nas demonstrações, que delle rezultarem; e os outros Oficiaes
perderão os Oficios, para quem os denunciar, em vida, e ficarão inha
beis para mais Me servirem, nem á Cidade, além das mais penas, que
pºr Direito merecerem : e se forem serventuarios, perderão o valor dos
Oficios, ametade para o denunciante, e outra ametade para o Hospital
de S. Lazaro. E estas denunciações receberá o Conservador da Cidade,
256 1754

em público, e em segredo, e as julgará dando appellação, e aggravo,


para onde pertencer.
XI. Pelo que: Mando ao Presidente, Vereadores, Procuradores da
Cidade, e dos Mestéres do Senado da Camara, desta Cidade, e a todos
os Oficiaes, e pessoas, a que o conhecimento pertencer, fação inteira
mente cumprir, e guardar este Regimento, como nelle se contém; e o
fação imprimir, e repartir por todas as Casas, Mezas, Juizos, Officiaes,
e pessoas, que o devem executar. E valerá, posto que seu efeito haja
de durar mais de hum anno, como Lei, ou Carta feita em Meu Nome,
e por Mim assignada, e passada pela Chancellaria, posto que por ella
não passe, sem embargo da Ordenação Livro 2." tit. 39, e 40 em con
trario, que para este fim dispenso. Dado em Lisboa a 23 de Março de
1754. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Impresso avulso.

-} #«On% #

EU ELREI, como Governador, e perpétuo Administrador, que sou


dos Mestrados, e Cavallarias das Ordens Militares de Nosso Senhor Je
sU CHRIsto, Sant-Iago da Espada, e São Bento de Aviz. Faço saber a
quantos este Meu Alvará, e Regimento com força de Lei virem, que
sendo-Me presente a desigualdade dos ordenados, e propinas, com que
na repartição da Meza da Consciencia, e Ordens, e em todas as Casas,
Juizos, e Mezas suas subalternas, estão provídos o Presidente, Deputa
dos, Ministros, e mais Oficiaes; e desejando reduzir todos a huma pro
porção igual, segundo a graduação, e emprego de seus cargos, e Oficios:
Hei por bem extinguir no dito Tribunal, e em toda a sua repartição, to
dos os ordenados, propinas, ordinarias, e ajudas de custo, assim de di
nheiro, como de generos, ou especies, que até ao presente se pagavão,
assim á custa de Minha Fazenda, e das Ordens, como á custa dos Con
tratadores, Rendeiros, Commendadores, e Communidades, excepto só
mento as ofertas de agua de Murta, frutas, doces, e queijos, com que
os Conventos, e Collegios das Ordens, e o Provedor do Hospital das
Caldas costumão obsequiar o Presidente, Deputados, e outros Oficiaes
da Meza, e das Secretarias; com tanto, que não possão já mais exceder
a moderação das ofertas actuaes, nem extender-se para outras algumas
pessoas, Ministros, ou Oficiaes, seja qual for o titulo, porque até o pre
sente se levavão: e para este fim de Meu moto proprio, Poder Real, e
absoluto, revogo, e annullo todas as Leis, Alvarás, Provisões, Decretos,
e Resoluções Minhas, e dos Reis Meus Prodecessores, pelo quaes fossem
concedidos os ditos ordenados, propinas, ajudas de custo, e ordinarias, (ex
cepto na parte, que por este Alvará ficar em seu vigor) como se de ca
• F"
da humaverbas,
fizesse de
expressa menção,
como forão e Mando:
derogadas que no
por este registo deetodas
Regimento: se
ao dito
residente, Deputados, Ministros, e Oficiaes, constitúo novamente os
ordenados seguintes.
1754 • 257

C A P I T U L O I.

O Presidente da Meza da Consciencia, e Ordens haverá de seu


ordenado dous contos e quatrocentos mil réis, pagos na maneira seguin
te; oitocentos mil réis, que já tem assentados na Alfandega grande des
ta Cidade ; seis mil réis, que tambem já leva na Chancellaria Mór do
Reino; cento e cincoenta mil réis pelas rendas da Universidade de Coim
bra; vinte mil réis pelas rendas do Convento de Christo de Thomar; quin
ze mil réis pelas rendas do Convento de Sant-Iago de Palmella; vinte mil
réis pelas rendas de São Bento de Aviz; hum conto trezentos e oitenta
e nove mil réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Me
za: e mais haverá o dito Presidente das partes os emolumentos, que nas
habilitações,
I'CII) e
ou em outros quaesquer papeis justamente lhe pertence •

I. Cada hum dos Deputados da Meza da Consciencia, e Ordens, ha


verá de seu ordenado hum conto e duzentos mil réis , pagos nas situa
ções seguintes; quatrocentos mil réis, que já tem assentados na Alfan
dega grande desta Cidade; cem mil réis pelas rendas da Universidade de
Coimbra ; quatro mil réis, que já tem na Chancellaria Mór do Reino;
mil e oitenta réis, que outro sim tem na Chancellaria da Corte, e Casa
da Supplicação ; doze mil réis pelas rendas do Convento da Ordem de
Christo de Thomar ; outros doze mil réis pelas rendas do Convento de
Sant-Iago de Palmella; outros doze mil réis pelas rendas do Convento de
São Bento de Aviz; e seiscentos cincoenta e oito mil novecentos e vinte
réis, pelo Thesoureiro das despezas , e contribuições da Meza : e mais
haverão todas as assignaturas, e emolumentos, que lhe forão concedidos
pela Resolução de onze de Dezembro de mil setecentos e cincoenta, ex
cepto os cincoenta mil réis, que se concedêrão a cada hum pela assigna
tura dos papeis de Meu serviço , que mais não levarão, porque já vão
attendidos no dito ordenado.
II. O Escrivão da Camara do despacho da Meza da Consciencia, e
do commum das Ordens, haverá de seu ordenado setecentos e vinte mil
réis, distribuidos pelas seguintes Estações; setenta e dous mil réis pelo
Thesoureiro dos Captivos; doze mil réis pelo Thesoureiro da fazenda das
Capellas do Senhor Rei D. Afonso o IV. ; quarenta mil réis pelas ren
das da Universidade de Coimbra; dezoito mil réis pelo Thesoureiro da
Chancellaria da Ordem de Christo ; doze mil réis pelo Thesoureiro da
Chancellaria da Ordem de Sant-Iago; doze mil réis pelo Thesoureiro da
Chancellaria da Ordem de São Bento de Aviz ; quinze mil e oitocentos
réis, que já tem na Chancellaria Mór do Reino; oito mil réis pelas ren
das do Convento de Christo de Thomar ; oito mil réis pelas rendas do
Convento de Aviz; oito mil réis pelas rendas do Convento de Sant-Iago
de Palmella; e quinhentos e quatorze mil e duzentos réis, pelo Thesou
reiro das despezas, e contribuições da Meza. Não levará mais cousa al
guma de ordenado por todas as incumbencias, que estão annexas ao seu
Oficio, como são as esmolas para os resgates, depositos dos habilitan
dos, ou outras quaesquer, que lhe pertencerem: levará porém hum quar
to por cento de todas as heranças dos Defuntos, e Ausentes, que já lhe
está concedido; e mais levará das partes todos os emolumentos, que pe
lo Regimento lhe deverem, assim na repartição da Meza, como das Or
dens.
III. O Oficial Maior da Secretaria # dito Escrivão da Camara ha
k
258 1754

verá de seu ordenado duzentos e quarenta mil réis, repartidos pela se


guinte ordem; trinta e hum mil setecentos e cincoenta réis, que já leva
pelo Almoxarifado do pescado desta Cidade; nove mil e oitocentos réis,
que tambem já leva pela Chancellaria Mór do Reino; seis mil réis pelas
rendas da Universidade de Coimbra; e cento noventa e dous mil quatro
centos e cincoenta réis, pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições
da Meza : e mais haverá das partes as custas, que lhe forem contadas
de todas as appellações, e aggravos, em que escrever pelo Escrivão da
Camara. /

IV. Cada hum dos dous Oficiaes papelistas da dita Secretaria, ha


verá de seu ordenado duzentos mil réis, com obrigação de fazerem a fo
lha dos ordenados dos Captivos , pagos pela ordem seguinte: quarenta
mil réis, que já tem pela Chancellaria Mór do Reino; seis mil réis pelo
Thesoureiro dos Captivos; e cento e cincoenta e quatro mil réis, pelo
Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza.

C A P I T U L o II.
O Escrivão da Camara do Mestrado da Ordem de Christo haverá
de seu ordenado quatrocentos mil réis, pagos na maneira seguinte: cen
to e quarenta mil réis pelo rendimento dos tres quartos da Ordem de
Christo ; treze mil e duzentos réis, que já tem na Chancellaria Mór do
Reino; sete mil e duzentos réis na Chancellaria da Ordem ; e duzentos
trinta e nove mil e seiscentos réis pelo Thesoureiro das despezas, e con
tribuições da Meza : mais haverá o dito Escrivão da Camara os emolu
mentos das partes, que se seguem. Por cada huma Carta de Commenda,
que não exceder cem mil réis de lote , levará hum por cento do mesmo
lote , e não chegando este a oitenta mil réis , levará sempre oitocentos
réis pela dita Carta; e passando de cem mil réis de lote, levará delles pa
racima, hum quarto por cento, até a quantia de quatrocentos mil réis
de lote, e dahi para cima não levará mais cousa alguma, sendo o maior
salario, que ha de receber por Carta de Commenda, mil e setecentos e
cincoenta réis. Por cada huma Carta de Beneficio de Igreja levará hum
por cento do seu lote, até a quantia de cento e cincoenta mil réis, e na
da mais dahi para cima, e não chegando o lote a cincoenta mil réis, le
vará sempre quinhentos réis por cada huma Carta. Por todas as Provisões,
que se passarem a qualquer Cavalleiro para tomar o Habito , levará no
vecentos e sessenta réis. Por cada huma Carta de propriedade de Oficio
levará hum por cento do seu lote, até a quantia de cento e sessenta mil
réis, e não chegando o lote a oitenta mil réis, levará sempre pela dita
Carta oitocentos réis. Por cada huma habilitação de proprietarios de Of
ficios levará dous mil réis, sem que lhe leve cousa alguma pelas Provi
sões, que se passarem, para se tirarem as inquirições no Reino. Por ca
da huma Provisão de confirmação de Prazo novo, ou renovado, que se fi
zer na Contadoria da Ordem, ou por cada hum dos Commendadores, le
vará quatrocentos e oitenta réis , e duas partes do salario da escritura,
que houver levado o Escrivão, ou Tabellião, que a fez. De todos os ou
tros Alvarás, Provisões, e Mandados de informe , que fizer a requeri
mento de parte, levará o mesmo salario, que pelo Regimento de vinte e
cinco de Agosto de mil setecentos e cincoenta, foi concedido aos Escri
vães da Minha Camara, e dante os Desembargadores do Paço; e no ca
so , que o dito Regimento se reforme , seguirá sempre nesta parte , o
que Eu for Servido determinar de emolumentos para os ditos Escrivães
1754 259

da Camara. De todos os referidos papeis, que fizer para os Dominios do


Ultramar, levará por eada via o mesmo salario.
I. Deste mesmo Regimento usarão os Escrivães das Camaras dos Mes
trados da Ordem de Sant-Iago, e de São Bento, e o Escrivão da Camara
do Despacho da Meza da Consciencia , , e do commum das Ordens, em
tudo o que lhe for compativel, e applicavel.
II. O Oficial papelista do dito Escrivão da Camara haverá de seu or
denado duzentos mil réis, a saber ; sessenta mil réis pela Chancellaria
da Ordem de Christo , vinte mil réis pelo rendimento dos tres quartos;
cinco mil réis pelas rendas do Convento de Thomar; e cento e quinze mil
réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza: e mais ha
verá das partes os emolumentos, que justamente lhe pertencerem.
III. Querendo o dito Escrivão da Camara ter segundo Oficial pape
lista, lhe pagará á sua custa na quota dos papeis, que lavrar, mas não
poderá servir sem ser approvado, e haver juramento na Meza.
IV. O Escrivão da Camara do Mestrado da Ordem de Sant-Iago da
Espada, haverá de seu ordenado trezentos e cincoenta mil réis, a saber;
duzentos e sessenta mil réis pelo Thezoureiro das despezas, e contribui
ções da Meza ; treze mil e duzentos réis, que já tem na Chancellaria
Mór do Reino; trinta mil réis pelas meias annátas; vinte mil réis pelos
terços de Palmella; doze mil e oitocentos réis pelas rendas do Convento
de Palmella; e quatorze mil réis pela renda do Collegio dos Militares de
Coimbra : mais haverá das partes os emolumentos, que justamente lhe
deverem pelo Regimento assima dado ao Escrivão da Camara do Mestra
do da Ordem de Christo. E como Escrivão da Chancellaria da Ordem,
haverá o ordenado, e emolumentos, que lhe forão concedidos pela repar
tição da Meza Mestral do Conselho da Fazenda no Alvará de vinte e
nove de Dezembro de mil setecentos cincoenta e tres cap. 35. §. 4., que
a Meza das Ordens cumprirá inteiramente pela parte, que lhe toca.
V. O Oficial papelista do dito Escrivão da Camara haverá de seu or
denado cento e cincoenta mil réis, a saber; setenta e dous mil réis pe
los sobejos da Chancellaria das Ordens; oito mil réis pelas meias anná
tas; dez mil réis pelas rendas do Convento de Palmella ; e sessenta mil
réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza: mais ha
verá em quanto servir de Escrivão da Chancellaria, todas as custas, e
e emolumentos dos papeis, que nella passarem, e processos, que escre
ver, sem que o Escrivão proprietario leve delles eousa alguma. E em
quanto servir de Escrivão do Thesoureiro das obras do Mosteiro da En
carnação desta Cidade, haverá do mesmo Thesoureiro pelo seu traba
lho vinte mil réis; mas não levará cousa alguma em especie do dito
Mosteiro. •

VI, Querendo o Escrivão da Camara ter segundo Oficial papelista,


se procederá na mesma fórma, que assima vai ordenada ao Escrivão da
Camara do Mestrado da Ordem de Christo.
VII. O Escrivão da Camara do Mestrado da Ordem de São Bento de
Aviz, haverá de seu ordenado quatrocentos e vinte mil réis, distribui
dos na maneira seguinte: trezentos quarenta e cinco mil réis pagos pelo
Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza; treze mil e duzen
tos réis, que já tem na Chancellaria Mór do Reino ; vinte e oito mil e
oitocentos réis pelas meias annátas; dez mil réis pelas rendas do Colle
gio de Coimbra; onze mil réis pelas rendas do Convento de Aviz; e do
ze mil réis pelas rendas do Mosteiro da Encarnação desta Cidade: e não
levará mais cousa alguma pelas "…"###" de Escrivão das meias an
2
26O 1754

mátas, e do Collegio de Coimbra, e do Mosteiro da Encarnação. Have


rá mais os e molumentos das partes na mesma fórma , que vão concedi
dos ao Escrivão da Camara do Mestrado da Ordem de Christo. E como
Escrivão da Chancellaria da Ordem , está já provído pela repartição da
Meza Mestral do Conselho da Fazenda no Alvará de vinte e nove de De
zembro de mil setecentos e cincoenta e tres Cap. 35. §. 5. \

VIII. O Oficial papelista do dito Escrivão da Camara haverá de seu


ordenado cento e cincoenta mil réis , a saber ; setenta e dous mil réis
pelos sobejos da Chancellaria das Ordens ; dez mil réis pelas meias an
nátas; dez mil réis pelas rendas do Convento de Aviz; e cincoenta e oi
to mil réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza. E
quando servir de Escrivão da Chancellaria no impedimento do Escrivão
eproprietario
processos, levará parafizer.
que nella si todos os emolumentos, e custas dos papeis,
- •

IX. Querendo o Escrivão da Camara ter segundo Oficial papelista,


o poderá nomear na fórma, que vai concedido ao Escrivão da Camara da
Ordem de Christo.
X. O Escrivão extravagante da Camara das Ordens, haverá de seu
ordenado trezentos e vinte mil réis , a saber ; noventa e seis mil réis,
pagos pelo Thesoureiro dos tres quartos; treze mil e duzentos réis, que
já tem na Chancellaria Mór do Reino ; e duzentos e dez mil e oitocen
tos réis, pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza.
XI. O Porteiro do Tribunal, e Thesoureiro das despezas, e dos de
positos dos habilitandos, assim para os Habitos, como para os Officios,
e Distribuidor dos autos do mesmo Tribunal, haverá de seu ordenado por
todos estes empregos, que andão unidos em huma só pessoa, trezentos
mil réis, pagos na fórma seguinte: cento quarenta e cinco mil réis, que
haverá de si mesmo pelo rendimento das despezas, e contribuições da
Meza; doze mil réis pelas rendas da Universidade de Coimbra; vinte e
cinco mil réis pelos tres quartos da Ordem de Christo ; vinte e oito mil
réis pelas meias annátas da Ordem de Aviz; quinze mil réis pelos terços
de Palmella; quatorze mil réis pelas rendas do Convento de Aviz; vinte
e cinco mil e oitocentos réis, que já tem na Chancellaria Mór do Reino;
dezesete mil e duzentos réis pelas Commendas de Riba-Téjo ; e dezoito
mil réis pelo Thesoureiro das rendas dos Captivos. Será obrigado o dito
Porteiro de dar á sua custa papel, tinta, pennas, obrêas, e arêa, para
o expediente do Tribunal, e de pagar ao Moço, que tratar do seu aceio,
pois por tudo vai attendido no referido ordenado: mais haverá os e molu
mentos das partes, que justamente lhe deverem; e porque não tem Re
gimento de alguns, que leva, o pedirá dentro de dous mezes, e a Mle
za Me consultará com huma relação clara de tudo quanto actualmente
cobra o dito Porteiro, Thesoureiro, e Distribuidor, e o titulo, ou razão
porque lhe pertence.
XII. O Cursor do Tribunal haverá de seu ordenado cena mil réis; a
saber : dezoito mil réis pelos tres quartos da Ordem de Christo ; vinte
mil réis pelas meias annátas de Aviz; doze mil réis pelas meias annátas
de Palmella; e cincoenta mil réis pelo Thesoureiro das despezas, e con
tribuições da Meza: mais haverá os emolumentos, que as partes justa
mente lhe deverem ; mas porque não tem Regimento delles, o pedirá
na mesma fórma, que assima vai encarregado de o pedir o Porteiro.
XIII. E por quanto a Meza Me propoz a precisão , que tem de se
gundo Cursor para acudir ao seu expediente : Hei por bem crear o dito
Oficio com igual ordenado, na mesma fórma distribuido, e Mando; que
*> - 1754 26 |

se ponha a concurso para ser provído em remuneração de serviços cor


rentes, consultando-Me a Meza o pertensor de maior merecimento.
XIV. O Meirinho da Meza, e do Juizo Geral das Ordens, haverá de
seu ordenado noventa mil réis, e trinta mil réis para dous homens da
Vara, que ao todo faz cento e vinte mil réis; dos quaes se lhe pagarão
cincoenta mil réis pelo Thesoureiro da Chancellaría das Ordens; e se
tenta mil réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza:
e das partes levará os emolumentos, que pelo Regimento lhe pertence
TEIT]. •

XV. O Escrivão do dito Meirinho haverá de seu ordenado oitenta


mil réis; dos quaes se lhe pagarão sessenta mil réis pelo Thesoureiro das
despezas, e contribuições da Meza; e vinte mil réis pelo Thesoureiro da
Chancellaria das Ordens.

C A P I T U L O III,

Captivos.
Cada hum dos Desembargadores, Juizes das causas dos Captivos,
haverá de seu ordenado trinta mil réis, pagos na folha do Mamposteiro
Mór. -

I. O Promotor dos Residuos, e Procurador Geral dos Captivos have


rá de seu ordenado trinta mil réis, pagos na dita folha : e mais haverá
hum por cento no Cofre dos Captivos, e meio por cento no Cofre dos De
funtos, e Ausentes do Ultramar, e viagens da India, na fórma, que lhe
estão concedidos por Alvarás particulares. E por cada huma justificação,
a que responder no Juizo de India, e Mina, levará cento e vinte réis á
custa das partes.
II. O Mamposteiro Mór dos Captivos desta Corte, haverá de seu or
denado, pago na sua folha, quarenta mil réis, e cinco por cento de to
do o dinheiro, que arrecadar, com obrigação de dar á sua custa o pan
no da Meza: e das partes levará a mesma assignatura, que está conce
dida aos Corregedores do Civel da Cidade pelo Alvará de Lei de 7 de
Janeiro de mil setecentos e cincoenta.
III. O Escrivão do dito Mamposteiro Mór, haverá de seu ordenedo,
pago na mesma folha; quarenta mil réis; mas não levará mais cousa al
guma pelas verbas da receita, nem para as cavalgaduras da Correição.
Dos processos, que escrever, levará as custas, que levão os Officiaes de
Justiça pelo Regimento geral. E como Escrivão da receita, e despeza,
levará quarenta réis por cada conhecimento de quartel; e cento e sessen
ta réis por conhecimento de anno: por cada huma licença de pedidor
cento edevinte
gistos réis;
ambos e seiscentos
estes réis outro
papeis levará por cada hum
tanto privilegio,
como e pelos re
de principal. •

IV. Cada hum dos seis Procuradores do Juizo, que não tem ordena
do, haverá daqui em diante a terça parte do que fizer cobrar por acção
nova, e a quinta parte do que fizer cobrar por execução para o rendi
mento dos Captivos, sem embargo do Capitulo dezenove do Regimento,
que para este fim sómente revogo. • •

V. O Porteiro, e Pregoeiro do Juizo dos Captivos haverá de seu or


denado, pago nalhe
que justamente ditadeverem,
folha, seis mil réis, e os emolumentos das partes,
• |- - |-

VI. O Thesoureiro geral do rendimento dos Captivos haverá de si


262 I754

mesmo, para seu ordenado, oitenta mil réis; e não levará mais cousa
alguma para tinta, papel, penas, e obrêas.
VII. O Escrivão do dito Thesoureiro, haverá delle para seu ordena
do, quarenta mil réis, e das partes levará os emolumentos, que direita
mente lhe pertencerem: e não levará mais cousa alguma para papel, tin
ta, pennas, e arèa.
VIII. O Thesoureiro das viagens da India haverá quatro por cento
de todo o dinheiro, que se lhe carregar em receita viva.
IX. O Escrivão do dito Thesoureiro haverá dous por cento da dita
receita viva; e das partes levará os emolumentos, que justamente lhe
deverem. •

C A P I T U L O IV.

Juizos subordinados á Meza das Ordens.


O Juiz Conservador das Tres Ordens Militares, haverá de seu
ordenado oitenta mil réis, a saber: sessenta mil réis, que já leva pela
Alfandega grande desta Cidade; e vinte mil réis, que mais levará pelo
rendimento da
signaturas, queChancellaria
justamente das Ordens: e mais levará das partes as as
lhe deverem. •

I. O Escrivão da dita Conservatoria, dos papeis, que escrever, ou


processar, e das diligencias, que fizer, levará os mesmos emolumentos,
que actualmente levão, e ao diante levarem os Escrivães do Civel da
Corte. • •

II. O Juiz Geral das Tres Ordens Militares, haverá de seu ordena
do, cento e vinte mil réis, a saber: sessenta mil réis, que já tem na
folha das Justiças da Casa da Supplicação; oito mil réis pelas rendas do
Convento de Palmella; outros oito mil réis pelas rendas do Convento de
Thomar; e outros oito mil réis pelas rendas do Convento de Aviz; dez
eseis mil réis pelo rendimento | Chancellaria das Ordens; e vinte mil
réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza. Das cau
sas crimes, e civeis, que julgar, e dos papeis, que dellas resultarem,
levará a mesma assignatura á custa das partes, que está concedida aos
Corregedores do Civel, e Crime da Corte no Alvará de Lei de sete de
Janeiro de mil setecentos e cincoenta, na parte em que lhe for applica
vel. Das habilitações dos Cavalleiros, e Commendadores, levará o mes
mo salario, que actualmente leva. E das sentenças de habilitação de
Clerigos para Beneficios, ou de Tombos das Commendas, levará seis
centos réis de assignatura por cada huma.
III. O Procurador geral das Tres Ordens Militares haverá de seu or
denado trezentos e sessenta mil réis, a saber: cento e cincoenta mil réis
# mesma repartição, porque já os leva; e duzentos e dez mil réis pe
o Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza: e das partes le
vará os mesmos emolumentos, que actualmente se lhe pagão.
IV. O Escrivão do Juizo geral das Ordens haverá das partes pe
los papeis, e processos, que escrever, os mesmos emolumentos, e cus
tas, que actualmente levão, e ao diante se concederem aos Escrivães do
Crime, e Civel da Corte: e mais haverá a quarta parte de todas as pe
nas crimes, que se condemnarem para as despezas do Juizo.
V. O Thesoureiro das condemnações do Juizo geral das Ordens, ha
verá cinco por cento de todas as quantias, que receber.
VI. Cada hum dos tres Agentes das Ordens Militares, haverá o mes
1754 263

mo ordenado, que actualmente tem; e mais a quarta parte das penas


crimes, condemnadas para as despezas do Juizo: cada hum pela Ordem
Militar em que servir.
VII. O Juiz dos Cavalleiros, além do ordenado, que leva pela Alfan
dega, haverá mais cento e vinte mil réis de ordenado pelas despezas do
Juizo; e vinte mil réis pelo sobejo da Chancellaria da Ordem. E nos fei
tos, que julgar, e papeis, que delles resultão, levará a mesma assigna
tura, que está concedida aos Corregedores do Civel, e Crime da Corte
elo Alvará de Lei de sete de Janeiro de mil setecentos e cincoenta.
VIII. O Escrivão do dito Juizo haverá de seu ordenado pelo Thesou
reiro das despezas delle, sessenta mil réis: e das partes levará os emo
lumentos, e custas, como actualmenté levão, e ao diante levarem os Es
crivães do Crime, e Civel da Corte. -

IX. O Thesoureiro das das despezas do dito Juizo, levará cinco por
cento, da importancia da sua receita viva.
X. O Agente do dito Juizo haverá de seu ordenado pelo rendimento
das despezas delle, quarenta e oito mil réis.
XI. . Todos estes ordenados do Juizo dos Cavalleiros terão regresso pa
ra o sobejo da Chancellaria das Ordens; e desta para o Thesoureiro das
despezas, e contribuições da Meza.
XII. O Thesoureiro dos tres quartos da Ordem de CHRIsto, haverá
de seu ordenado quarenta e oito mil réis, pagos em si mesmo.
XIII. O Escrivão do dito Thesoureiro haverá de seu ordenado trinta
e seis mil réis, no rendimento dos tres quartos; e os emolumentos das
partes, que direitamente lhe pertencerem.
XIV. O Thesoureiro, e Executor do Collegio das Ordens Militares
de Coimbra, haverá de seu ordenado quarenta mil réis, pagos em si
mesmo; vinte mil réis pela repartição da Ordem de Sant-Iago; e os ou
tros vinte mil réis pela de São Bento de Aviz. E dos precatorios, e man
dados, e outros quaesquer papeis, que assignar, levará as mesmas as
signaturas concedidas aos Corregedores das Comarcas.
XV. O Escrivão do dito Executor guardará nos processos, e papeis,
que escrever, o mesmo Regimento dos Escrivães do Civel da Cidade; e
levará das partes as custas, que elles actualmente levão, e ao diante se
lhe concederem, na parte que lhe for applicavel: e pelos conhecimentos,
que passar, levará o mesmo salario concedido aos Escrivães do Paço da
Madeira, no Regimento de vinte e nove de Dezembro de mil setecentos
cincoenta e tres, Cap. 6.° § 1.
c AP 1 T U L o v.
Contos subordinados á Meza da Consciencia, e Ordens.

O Deputado, a quem a Meza da Consciencia, e Ordens com


metter a Administração dos Contos, que lhe estão subordinados na fór
ma do Regimento, haverá mais de ordenado, além do que leva pela Me
za, e pelas Ordens, como Deputado, cento e vinte mil réis, pagos pe
lo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza, cada hum anno.
E a este respeito será pago o Deputado, que houver servido de Admi
nistrador; do tempo, que se lhe suspendêrão as propinas, que levava
por esta causa.
I. O Provedor dos Contos, e das Ementas, haverá de seu ordenado,
quatrocentos mil réis, a saber: cento e vinte mil réis, pagos pelo The
264 1754

soureiro do rendimento dos Captivos; sessenta mil réis pelo rendimento


dos tres quartos da Ordem de CHRISTo; dezeseis mil réis pelo rendimen
to dos terços de Palmella; quatorze mil réis pelo rendimento das meias
annatas de Aviz; e cento e noventa mil réis pelo Thesoureiro das despe
zas, e contribuições da Meza.
II. O Contador dos Contos da repartição da Meza da Consciencia,
haverá de seu ordenado trezentos e sessenta mil réis, pagos destes, cen
to e oitenta mil réis pelo Thesoureiro do rendimento dos Captivos; e ou
tros cento e oitenta mil réis, pelo Thesoureiro das despezas, e contri
buições da Meza. •

III. O Contador dos Contos da repartição das Ordens Militares, ha


verá de seu ordenado trezentos e sessenta mil réis, a saber: cem mil
réis pagos pelo Thesoureiro dos tres quartos da Ordem de CHRIsto; trin
ta mil réis pelo Recebedor dos terços da Ordem de Sant-Iago; outros
trinta mil réis pelo Recebedor da Ordem de Aviz; e duzentos mil réis,
pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza.
IV. O Executor dos ditos Contos, haverá de seu ordenado cento e
oitenta mil réis; cincoenta mil réis pagos pelo Thesoureiro dos Captivos;
quarenta mil réis pelo rendimento dos tres quartos da Ordem de CHRI
sTo; dez mil réis pelo rendimento dos terços da Ordem de Sant-Iago; e
outros dez mil réis pelo Recebedor da Ordem de Aviz; e setenta mil réis
pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza. E mais have
rá o dito Executor, quatro por cento de todo o dinheiro, que fizer ar
recadar por execução viva nos cofres, a que pertencer, á custa do mes
mo dinheiro; e as assignaturas das partes, assim, e do mesmo modo,
que se concedèrão ao Executor dos Contos do Reino, e Casa, por Al
vará de vinte e tres de Agosto de mil setecentos cincoenta e tres, do
qual usará em tudo o que lhe for applicavel. E a Meza Me consultará se
he mais conveniente, que esta Executoria se proveja em lugar de letras
triennal, sugeito a residencia.
V. O Escrivão do Contador da repartição da Meza da Consciencia,
haverá de seu ordenado duzentos e quarenta mil réis; cento e vinte mil
réis pelo Thesoureiro dos Captivos; e outros cento e vinte mil réis pelo
Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza.
VI. O Escrivão do Contador da repartição da Meza das Ordens, ha
vera de seu ordenado duzentos e quarenta mil réis; sessenta mil réis pa
gos pelo recebedor dos tres quartos da Ordem de CHRISTo; vinte mil réis
pelo Recebedor dos terços da Ordem de Sant-Iago; outros vinte mil réis
pelo Recebedor das meias annatas da Ordem de São Bento de Aviz; e
cento e quarenta mil réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições
da Meza.
VII. O Escrivão das execuções, e fianças da repartição da Coroa,
haverá de seu ordenado setenta e dous mil réis, pagos pelo Thesouroiro
das despezas, e contribuições da Meza; e mais tres por cento do dinhei
ro, que por execução viva entrar no cofre da sua repartição; e os emo
lumentos das partes, que justamente lhe deverem
- VIII. O Escrivão das execuções, e fianças da repartição das Ordens,
e do Thesoureiro, e Executor do Collegio dos Militares de Coimbra, ha
verá de seu ordenado setenta e dous mil réis, pagos pelo Thesoureiro
das despezas, e contribuições da Meza; e tres por cento do dinheiro,
que por execução viva entrar no cofre da sua repartição, e as custas das
partes, que justamente lhe deverem. •

- IX. O Porteiro, e Guarda-Livros dos ditos Contos, haverá de seu


1754 265
ordenado cento e quarenta e quatro mil réis; trinta mil réis pagos pelo
Thesoureiro dos Captivos; vinte mil réis pelo Recebedor dos três quar
tos da Ordem de CHRISTo; dez mil réis pelo Recebedor da Ordem de
Sant-Iago; dez mil réis pelo Recebedor da Ordem de São Bento de A
viz; dez mil réis pelo deposito dos Contos; e sessenta e quatro mil réis
pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza. E como Apon
tador, e Depositario, que he dos mesmos Contos, levará hum por cento
da importancia da sua receita: e das partes levará os emolumentos, que
pelo Regimento lhe deverem. Será porém obrigado de dar á sua custa
papel, tinta, pennas, arèa, e obrêas para o expediente dos Contos.
X... Cada hum dos quatro Praticantes do número da primeira creação
dos ditos Contos, haverá de seu ordenado sessenta mil réis, pagos pelo
Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza, com obrigação de
residirem quotidianamente, ou perderem as faltas, de que forem aponta
dos. •

XI. Cada hum dos dous Praticantes da segnnda creação, haverá de


seu ordenado com as ditas obrigações, vinte e quatro mil réis, pagos
pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza.
XII. Sendo necessario, se admittirão nos ditos Contos dous Pratican
tes supernumerarios: a cada hum dos quaes poderá a Meza mandar dar
dous mil e quatrocentos réis por Pascoa, e outro tanto por Natal, em
quanto não entrarem no número.
XIII. O Solicitador, e Agente das execuções dos ditos Contos, que
a Meza creou, sem ser do seu expediente, ficará premanecendo, e será
da Minha data, para o que se porá em concurso, e haverá de seu orde
nado setenta e dous mil réis; dezoito mil réis pagos pelo Thesoureiro dos
Captivos; oito mil réis pelo Recebedor dos tres quartos da Ordem de
CHRISTo; seis mil réis pelo Recebedor da Ordem de Sant-Iago; quatro
mil réis pelo Recebedor da Ordem de São Bento de Aviz; e trinta e seis
mil réis pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da Meza: e mais
haverá hum por cento de todo o dinheiro, que por execução viva, fizer
meter nos cofres de ambas as repartições.
XIV O Moço dos Contos haverá de seu ordenado quarenta mil réis;
vinte mil réis pagos pelo Thesoureiro das despezas, e contribuições da
Meza; e outros vinte mil réis pelo Thesoureiro dos depositos dos mes
mos Contos.
XV. O Meirinho da Meza, e seu Escrivão serão obrigados de servir
nos Contos, e suas executorias, sem que levem mais algum ordenado;
e sómente das partes levarão as custas, que pelo Regimento lhe deve
TCII].

C A P I T U L O VI.

Capellas do Senhor Rei Dom Affonso o IV.

O Provedor, e Administrador da Fazenda Real das Capellas do


Senhor Rei D. Afonso o IV., e da Capella unida de Martim Afonso da
Boca da Lapa, que juntamente he Ouvidor jurisdiccional das terras das
mesmas Capellas, e das causas dos seus privilegiados, haverá de seu or
denado por todos estes empregos, cento e noventa e dous mil réis, pa
gos pelo Thesoureiro da mesma Fazenda. E nas causas, e papeis da Ou
vidoria, levará a mesma assignatura concedida aos Corregedoros do Ci
266 • I754

vel, e Crime da Corte, no Alvará de sete de Janeiro de mil setecentos


e cincoenta , na parte em que lhe for applicavel. Querendo porém no
mear Ouvidor separado, como lhe está permittido, lhe pagará á sua cus
ta. E não levará mais cousa alguma em dinheiro, nem em especie , á
custa das Capellas, nem dos Rendeiros; e havendo cobrado destes para
o anno presente algumas propinas, restituirá ao Thesoureiro das Capel
las a sua importancia, e obrigará os ditos Rendeiros, que entreguem ao
mesmo Thesoureiro a importancia de todas as propinas, pitanças, ou or
dinarias, com que houverem arrematado , pois pela extincção presente
ficão servindo de preço dos seus arrendamentos. -

1. O Escrivão da dita Provedoria, Ouvidoria, receita, e despeza das


Capellas, haverá de seu ordenado pago pelo Thesoureiro dellas, novem
ta e seis mil réis; e nove por milhar do preço dos arrendamentos, á cus
ta dos Rendeiros, sem que lie leve mais cousa alguma pelo termo de ar
rematação, na fórma da Provisão de doze de Setembro de mil quinhen
tos quarenta e quatro: e mais haverá das partes os emolumentos, e cus
tas, que pelo Regimento lhe deverem. E não levará mais cousa alguma
em dinheiro, ou em especie das Capellas, ou dos Rendeiros, e haven
do delles cobrado alguma cousa para o anno presente o restituirá ao The
soureiro, na fórma assima ordenada no titulo do Provedor.
l I. O Procurador Fiscal do dito Juizo haverá de seu ordenado dezeseis
mil réis, pagos pelos Thesoureiros das Capellas; e á custa das partes,
levará duzentos e quarenta réis, por cada hum dos requerimentos a que
responder, ainda que nelles dê muitas respostas, até que finalmente se
despachem; pois por todas levará sómente o dito salario: e das causas,
que
ra osdefender,
Advogadoslevará á custa
da Casa do vencido, o salario concedido na Lei pa
da Supplicação. - •

III. O Solicitador do dito Juizo, haverá de seu ordenado, pago pelo


Thesoureiro das Capellas, doze mil réis; e hum por cento de todo o di
nheiro, que por execução viva fizer arrecadar.
IV. O Thesoureiro da fazenda das ditas Capellas, haverá de si mes
mo para seu ordenado, quarenta mil réis.
V. que
tes, O pelo
Contador das custas
Regimento geral do
lhe dito Juizo, haverá o salario das par
deverem. •

VI. O Contador dos Contos da repartição da Meza das Ordens, não


levará cousa alguma, por tomar conta da fazenda das Capellas; pois já
vai attendido no seu ordenado por esta obrigação.
VII. Nenhuma outra pessoa do Juizo, ou do Tribunal da Meza da
Consciencia, e Ordens, ou fóra delles haverá cousa alguna em dinhei
ro, ou em especie da fazenda das Capellas, ou de seus Rendeiros, sal
vo se no seu titulo for expressamente declarado.
C A P I T U L O VII.

Estações varias.

O Thesoureiro, e Escrivão da receita, despeza, e entregas das


heranças dos Defuntos, e Ausentes, não haverão ordenado algum, e
sómente levarão as mesmas quotas da importancia das heranças, entra
das, em receita viva, que actualmente levão; e são, a saber: dous por
cento ao Thesoureiro; e hum e meio por cento ao Escrivão, o qual mais
haverá das partes, pelos conhecimentos, e verbas, que lavrar, os mes
mos emolumentos, concedidos aos Escrivães da Meza do Paço da Ma
I754 267

deira no Regimento de vinte e nove de Dezembro de mil setecentos cin


coenta e tres, Cap. 6, § 1.: e das certidões, que passar , e mais pa
peis, ou processos, que escrever, levará as custas do Regimento geral
das Justiças.
I. Os Provedores dos Orfãos, Capellas, e Residuos, já se achão pro
vídos de ordenado, assignaturas, e salarios, pela Lei de sete de Janei
ro de mil setecentos e cincoenta. E os Oficiaes dos ditos Juizos, hão de
ser provídos dos emolumentos, salarios, e custas, que devem haver, pe
lo Regimento geral das Justiças.
II. O Chanceller, e Officiaes da Chancellaria das Tres Ordens Mili
tares, forão provídos na repartição da Meza Mestral do Conselho da Fa
zenda, no Alvará de vinte e nove de Dezembro, de mil setecentos cin
coenta e tres, Cap. 35. E do mesmo modo o Contador , e Officiaes da
Contadoria do Mestrado da Ordem de São Bento de Aviz, no Cap. 36.
Mando, que a Meza das Ordens cumpra inteiramente os ditos provimen
tos, pela parte, que lhe tocar.

C A P I T U L o viII.
* Contadoria do Mestrado da Ordem de Christo.
O Contador do Mestrado da Ordem de Christo, além dos duzen
tos mil réis, que já leva de ordenado, pela repartição da Meza Mestral,
do Conselho da Fazenda, no Cap. 1. §. 9, do Alvará de vinte e nove de
Dezembro, de mil setecentos cincoenta e tres ; haverá mais de ordena
do oito moios de trigo, pagos no Almoxarifado da mesma Meza Mestral
da Villa de Thomar: e das partes haverá os emolumentos, que pelo Re
gimento, Alvarás, e Resoluções Minhas lhe estiverem concedidas. E
porque o dito Contador do Mestrado, leva assignaturas das causas, que
julga, e papeis, que assigna, sem Regimento, ou Carta, que lhas con
ceda, fundado no costume de seus Antecessores, o qual he reprovado na
Lei do Reino: Hei por bem, que elle, e os dous Contadores dos Mes
trados das Ordens de Sant-Iago da Espada, e São Bento de Aviz, nas
causas, e feitos, que julgarem, nos papeis, que assignarem, nas tes
temunhas, que inquirirem, e nos dias, que gastarem, sahindo fóra em
diligencias de partes, levem as mesmas assignaturas , e emolumentos,
que estão concedidos aos Corregedores do Civel da Corte, pelo Alvará
de Lei de sete de Janeiro de mil setecentos e cincoenta ; com declara
ção, que as assignaturas das sentenças das causas, e Cartas de arrema
tação, em qualquer quantia, que seja, não poderão exceder quatrocen
tos réis; e que á custa da Ordem, nem elles, nem seus Officiaes, leva
rão assignaturas, ou custas algumas, excepto as que expressamente lhe
forem concedidas; porque pela servirem, he, que levão seus ordenados,
e mantimentos.
I. O Escrivão da dita Contadoria, haverá de seu ordenado dous moios
de trigo; duas pipas de vinho ; e dez mil réis em dinheiro, pago tudo
pelo dito Almoxarifado. E dos arrendamentos das Commendas, levará
a metade do que leva o Contador , á custa dos Rendeiros. E das outras
partes levará os emolumentos, proes, e precalços, que pelo seu Regi
mento, Alvarás, ou Sentenças lhe estiverem concedidos, e julgados. E
dos conhecimentos de receita levará cento e sessenta réis; quarenta réis
por cada quartel. E dos processos entre dº", e papeis, que delles nas
2
268 I754

cem, levará os mesmos emolumentos, que actualmente levão, e ao dian


te se concederem aos Escrivães do Civel da Corte.
II. O Solicitador da dita Contadoria , haverá de seu ordenado vinte
e quatro mil réis, pagos pelo rendimento da Chancellaria da Ordem : e
duzentos, e quarenta réis por cada huma arrematação de Commenda, á
custa dos Rendeiros; e hum por cento de todo o dinheiro, que por exe
cução viva fizer recolher no Cofre, á custa da Fazenda da Ordem.
III. O Porteiro da dita Contadoria, haverá de seu ordenado sessenta
mil réis, pagos pelo dito Almoxarifado da Meza Mestral da Villa de Tho
mar ; e hum por milhar á custa dos Rendeiros, do preço principal dos
arrendamentos das Commendas, ou de outras quaesquer rendas da Con
tadoria: e será obrigado de dar á sua custa meza, panno, assentos, tin
ta, papel, pennas, e tudo o mais necessario para o expediente das arre
matações da Contadoria. E das outras partes levará sómente os emolu
mentos, que pelo Regimento, Alvarás, ou Resoluções Minhas lhe esti
verem concedidos.
IV. O Caminheiro da dita Contadoria haverá de seu ordenado quin
ze mil réis, pagos pelo dito Almoxarifado; e dous mil e quatrocentos réis,
pagos á custa dos Rendeiros, pela apregoação de cada huma Commenda
vaga, que for mandar fazer nas terras, em que forem situadas. E quan
do for mandado fóra em serviço da Ordem , vencerá por dia duzentos e
quarenta réis, pagos pela Fazenda da mesma Ordem. E se for por exe
#" ,
la.
ou serviço de partes, vencerá á custa dellas trezentos réis por

C A P I T U L O IX.

Contadoria do Mestrado da Ordem de Sant-Iago.

O Contador do Mestrado da Ordem de Sant-Iago, haverá de seu


ordenado quarenta mil réis, pago no Almoxarifado da Meza Mestral da
Villa de Setuval; e dous moios e meio de trigo, pagos no Almoxarifado
da Villa de Alcaçar do Sal. E das partes, e Rendeiros levará os emolu
mentos, e assignaturas, que neste Regimento vão concedidas ao Conta
dor do Mestrado da Ordem de Christo, na parte que lhe forem applica
veis, excepto no caso, ou casos, em que tiver Regimento, ou providen
cia particular dada por Mim, ou pelos Reis Meus Predecessores.
I. O Escrivão da dita Contadoria, haverá de seu ordenado trinta mil
réis, pagos pelo dito Almoxarifado da Meza Mestral de Setuval : e das
partes, e Rendeiros, levará os mesmos emolumentos, custas, proes, e
precalços, que neste Regimento vão concedidos ao Escrivão da Contado
ria do Mestrado da Ordem de Christo, na parte em que lhe for applica
vel; e além disto, levará o que mais tiver por Alvará, ou Regimento
particular.
II. O Porteiro, e Solicitador da dita Contadoria, haverá de seu or
denado por ambos os oficios, quarenta mil réis, pagos no dito Almoxa
rifado da Meza Mestral de Setuval; e hum por milhar á custa dos Ren
deiros, do preço principal porque se arrendarem as Commendas, e ou
tras quaesquer rendas da Contadoria, com obrigação de dar á sua custa
casa, meza, panno, assentos, tinta, papel, pennas, e tudo mais, que
for necessario para o expediente da Contadoria : e das partes levará só
mente os emolumentos , que lhe estiverem concedidos pelo Regimento,
Alvarás, ou Resoluçoes Minhas. E como Solicitador da Contadoria, e
1754 269

Execuções, levará duzentos e quarenta réis á custa dos Rendeiros, por


cada huma arrematação, que nella se fizer; e hum por cento á custa da
Fazenda da Ordem, de toda a importancia do dinheiro, que por execu
ção viva fizer recolher no Cofre.
III. O Caminheiro da dita Contadoria, haverá de seu ordenado doze
mil réis, pagos pelo dito Almoxarifado da Meza Mestral da Villa de Se
tuval: e pelas apregoações, e dias, que for fóra, em serviço da Ordem,
ou contra partes, levará os mesmos salarios, que vão concedidos ao Ca
minheiro da Contadoria do Mestrado da Ordem de Christo.

C A P I T U L O X.

Determinações geraes.
Todos or ordenados constituidos neste Alvará se assentarão nos li
vros, a que pertencerem, e se metterão nas folhas, que já tiverão prin
cipio no primeiro de Janeiro deste anno, e nas mais, que se seguirem,
sem dependencia de outro algum despacho: e porque alguns dos assen
tamentos pertencem á Meza Mestral, Hei por bem, que os mande fazer
por este mesmo Alvará, do qual se lhe ha de remetter hum transumpto
Impresso.
I. E porque he da Minha Real intenção, que todos os ditos ordena
dos, se paguem efectivamente , e póde acontecer , que não chegue o
rendimento das Thesourarias, e Almoxarifados , em que os Mando as
sentar. Sou Servido, que acontecendo esta falta, a Meza da Conscien
cia, e Ordens, Ma faça presente com toda a individuação, e clareza;
porque se conclua, que não resultou de negligencia, ou malicia dos The
soureiros, e Almoxarifes , que devem arrecadar em tempo as consigna
qões das suas folhas, para lhe destinar pagamento eficaz, e prompto em
outras repartições, do resto, que lhe faltar.
II. Além dos ditos ordenados, se não poderá jámais introduzir propi
na, ou ajuda de custo alguma, a titulo de trabalho extraordinario do Of
ficio, nem por outra qualquer causa, posse, ou costume, posto que se
ja immemorial, pois desde já o reprovo, annullo, e condemno na raiz da
sua introducção. E conseguindo alguma pessoa Decreto, ou Resolução
Minha, ou dos Reis Meus Successores, porque se lhe conceda propina,
ou ajuda de custo, se lhe não cumprirá, se expressamente não for revo
gada a disposição deste Capitulo.
III. Permitto porém, que estando doentes sangrados, ou com outro
algum remedio maior, o Presidente, Deputados, Escrivães da Camara,
ou outros quaesquer Oficiaes da Meza da Consciencia, e Ordens, ou
das repartições suas subalternas, possa a mesma Meza mandar dar de
ajuda de custo, sessenta mil réis ao Presidente; cincoenta mil réis a ca
da hum dos Deputados, e Escrivães da Camara; e aos outros Ministros,
e Oficiaes, da dita quantia para baixo, o que parecer justo, conforme
a graduação de seus Oficios, não baixando de dez mil réis no ultimo Of
ficial.
IV. Não he da Minha Real intenção extinguir quaesquer ordinarias,
quotas, ou propinas, que nesta repartição estiverem applicadas por Mim,
ou pelos Reis Meus Predecessores, para esmolas, ou para outras obras
V.
p138. " Os Ministros, e Oficiaes, que estiverem aposentados antes des

270 I754

te Regimento , vencerão sómente o que lhes foi concedido ao tempo de


suas aposentadorias, sem que possão pertender mais algum augmento.
VI. Serão obrigados todos os proprietarios a servir seus Oficios, na
fórma da Lei do Reino, Leis, e Decretos extravagantes: e os que não
forem encartados, não sendo menores, ou mulheres, que tenhão mercês
para quem com ellas casar , serão obrigados de se encartarem em tres
mezes , com pena de perderem os Oficios para quem os denunciar em
vida. E quando Eu por alguma justa causa lhes conceder, que possão
metter serventuarios, haverão estes duas partes do rendimento dos Offi
cios, e os proprietarios huma terça parte , sem poderem receber mais
cousa alguma directa, ou indirectamente, nem ainda dinheiros empres
tados sem juros, pelo tempo que durarem as serventias. E nem os pro
prietarios, nem os serventuarios, poderão levar das partes emolumentos,
ou gratificações algumas, posto que livremente lhas ofereção, depois das
suas dependencias findas, além do que lhes deverem pelo Regimento;
pena de incorrerem no crime da Ordenação, Liv. 5. Tit. 72.
VII. Os filhos dos proprietarios , que tiverem Alvarás para servirem
no impedimento de seus pais, não levarão cousa alguma á custa de Mi
nha Fazenda; das Ordens; nem das partes, e sómente receberão o que
os ditos seus pais houverão de receber, se servissem.
VIII. O Ministro, que servir no impedimento do Presidente, e as
sim todos os Ministros, e Oficiaes da Meza da Consciencia, e Ordens,
e de todas as suas repartições subalternas , que servirem huns por ou
tros , farão suas proprias as assignaturas, esportulas, e emolumentos,
que deverem pagar as partes, sem que se dupliquem outros para os im
pedidos; mas não levarão cousa alguma á custa de Minha Fazenda, ou
das Ordens: e quando o impedimento passar de quarenta dias, poderão
haver do dito termo por diante a quinta parte do ordenado do impedido,
que se lhes pagará por mandado da Meza , em que se ordene aos The
soureiros, e Almoxarifes, que descontem outras tantas quantias aos pro
prietarios, quando lhe fizerem pagamento, pondo-se logo as verbas ne
cessarias á margem dos assentos. E quando as serventias commettidas
forem de Oficios vagos, vencerão os Ministros, e Oficiaes, que as ser
virem, além dos emolumentos, e assignaturas, a quinta parte dos orde
nados, desde o dia, que nellas entrarem, até ao dia, em que sahirem.
E dando-se as serventias vagas por provimentos, que vão á Chancellaria,
vencerão os serventuarios tudo quanto houverão de vencer os proprieta
rios, se os houvera. •

IX. . Por quanto neste Regimento se não assignão emolumentos de par


tes a alguns dos Oficiaes, que os devem haver, por falta de informação:
a Meza, tomadas as informações precisas, Me consultará os emolumen
tos justos, que se lhes devem conceder.
X. Não se levará mais propina alguma extraordinaria, sem nova Re
solução, ou Decreto Meu ; e quando Eu for Servido de a conceder, se
regulará a hum por cento dos ordenados annuaes , que cada hum leva
neste Regimento, não baixando de mil e quinhentos réis no menor Offi
cial, com tanto, que se leve huma só propina, e por huma só reparti
ção. E quando por alguma razão de sentimento Eu mandar, que se vis
tão de luto, vencerão a cinco por cento dos mesmos ordenados, não bai
xando de sete mil réis para o menor Oficial.
XI. O Presidente, e Deputados da Meza, que contravierem em par
te; ou em todo, directa, ou indirectamente, as disposições deste Regi
mento, incorrerão no Meu Real desagrado , e nas demonstrações, que
+ 1754 27]

- delle resultão: e os outros Oficiaes perderão os oficios, que se darão em


vida aos denunciantes; e ficarão inhabilitados para mais Me servirem,
além das mais penas que por Direito merecerem; e se forem serventua
rios perderão o valor dos mesmos oficios, ametade para o denunciante,
e outra ametade para o Hospital Real de todos os Santos desta Corte.
E estas denunciações, pelo que respeita aos Officios da Coroa, recebe
_rão os Juizes dos feitos della: e pelo que respeita aos oficios das Ordens,
receberá o Juiz geral das mesmas Ordens, em público, e em segredo.
XII. Mando ao Presidente, e Deputados da Meza da Consciencia, e
Ordens, e a todas as mais Justiças, Officiaes, e pessoas, a que o conhe
cimento pertencer, fação inteiramente cumprir, e guardar este Regi
mento, como nelle se contém; e o fação imprimir, e repartir por todas
as Casas, Mezas, Juizos, Oficiaes, e pessoas, que o devem executar.
E valerá, posto, que seu efeito haja de durar mais de hum anno, co
mo Lei, ou Carta feita em Meu Nome, e por Mim assignada, e passa
da pela Chancellaria, ainda que por ella não passe, sem embargo da Or
denação, liv. 2º tit. 39, e 40, em contrario, que para este fim dispen
so. Dado em Lisboa a 23 de Março de mil setecentos e cincoenta e qua
tro. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Impresso avulso.

# #«…cººk #

EU ELREI Faço saber a quantos este Meu Alvará de Regimento


virem, que sendo-Me presente a desigualdade dos ordenados concedidos
ao Commissario geral, Deputados, Promotor, Secretario, e mais Offi
ciaes da Junta da Bulla da Cruzada. E desejando Eu attender ao servi
ço, que Me fazem, e por outras justas causas, que Me forão presentes.
Hei por bem extinguir todas as propinas, ajudas de custo, e ordinarias,
assim de dinheiro, como de especies, que até o presente levavão, o di
to Commissario geral, Deputados, Ministros, e mais Oficiaes da dita
Junta, ou se lhe paguem pelo rendimento da mesma Bulla, ou á custa
das partes, seja qual for o titulo, porque se concedêrão, e cobrárão, e
para este fim, de Meu motu proprio, Poder Real, e absoluto, revogo,
e annullo todas as Leis, Alvarás, Provisões, Decretos, e Resoluções
Minhas, e dos Reis Meus Predecessores, que as concedérão como se
de cada huma dellas se fizesse aqui expressa menção, e Mando, que no
registo de todas se ponhão verbas de como forão derogadas por este Alva
rá. E ao dito Commissario geral, Deputados Ministros, e mais Oficiaes
da Junta, Sou Servido acerescentar, e constituir novos ordenados na
fórma que se segue.
C A P J T U L O I.

1 O Commissario geral, que até o presente levava trezentos mil réis


de ordenado, haverá mais setecentos mil réis com que se ajusta, hum
conto de réis em cada hum anno.
º Cada hum dos Deputados da Junta, que eté o presente levavão cem
mil réis de ordenado, haverá mais duzentos e cincoenta mil réis com
que se ajusta trezentos e cincoenta mil réis em cada hum anno, e o De
272 1754

utado mais antigo servirá sempre de Chanceller, e o mais moderno de


F"" , sem que por estes empregos hajão mais ordenado algum, e
sómente levarão os1, emolumentos das partes, º que direitamente lhe per
tencerem. - •

3 O Secretario da Junta, que até o presente levava de ordenado, e


accrescentamento por guardar os papeis da Contadoria cem mil réis, ha
verá mais, com a mesma obrigação duzentos e cincoenta mil réis, com
que se ajusta trezentos e cincoenta mil réis em cada hum anno.
4: O Thesoureiro geral do rendimento da Bulla, que até o presente
levava de ordenado, e accrescentamento, cem mil réis, haverá mais tre
zentos e oitenta mil réis, com que se ajusta quatrocantos e oitenta mil
réis em cada hum anno, e mais haverá quatro por cento do dinheiro, que
se achar nas caixas da Bulla desta Cidade de Lisboa, sem embargo do
Cap. 53. do Regimento da Bulla lhe conceder sómente tres por cento.
5 O Escrivão da receita, e despeza do Thesoureiro geral, e do Ad
ministrador, e Guarda da impressão, que tambem escreve a carga, que
se faz aos Thesoureiros Móres do Reino das Bullas impressas entregues
nesta Corte; que até o presente levava quarenta mil réis de ordenado,
haverá mais trezentos mil réis da ordenado, com que se ajusta trezentos
e quarenta mil réis em cada hum anno, em attenção ao grande trabalho
que tem, e a muita confiança que delle se faz, e mais levará os emolu
mentos das partes, que direitamente lhe tocarem.
6 O Provedor da Contadoria, que até o presente levava quarenta mil
réis de ordenado, haverá mais duzentos mil réis com que se ajustão du
zentos e quarenta mil réis de ordenado em cada hum anno.
7 O Contador da Contadoria, que até o presente levava quarenta mil
réis de ordenado, haverá mais cento e sessenta mil réis com que se ajus
tão duzentos mil réis em cada hum anno.
8 O Escrivão da Contadoria, que até o presente levava quarenta mil
réis
centodee ordenado, haverá
sessenta mil maiscada
réis em cento
hume vinte
anno.mil réis com que se ajustão
• #

9 O Administrador, e Guarda da Impressão que até o presente le


vava por ambos os empregos, oitenta mil réis de ordenado, haverá mais
cento e quarenta mil réis com que se ajustão duzentos e vinte mil réis
em cada hum anno, em attenção ao maior trabalho que tem.
1o O Executor das dívidas da Bulla, que até o presente levava oi
tenta mil réis de ordenado, haverá mais cem mil réis com que se ajus
tão cento e oitenta mil réis em cada hum anno; e mais levará quatro por
cento de toda a importancia das dívidas que por execução viva fizer re
colher no cofre á custa do rendimento da Bulla, e á custa das partes le
vará as mesmas assignaturas e emolumentos, concedidos ao Juiz Execu
tor dos Contos do Reino, e Casa, no Alvará de 23 de Agosto de 1753.
11 O Escrivão do dito Executor, que até o presente levava trinta mil
réis de ordenado, haverá mais oitenta mil réis com que se ajustão cento
e dez mil réis em cada hum anno, e além destes levará dous por cento
de toda a importancia das dívidas da Bulla, que por execução viva se
recolher no cofre á custa do mesmo rendimento, e á custa das partes le
vará os mesmos emolumentos concedidos aos Escrivães da Executoria
dos Contos do Reino, e Casa.
12 O Porteiro da Junta que até o presente levava quarenta mil réis,
haverá mais oitenta mil réis com que se ajustão cento e vinte mil réis
em cada hum anno.
13 O Solicitador das causas, e execuções da Bulla, e de todas as de
1754 273

pendencias da Junta, que até o presente levava quarenta mil réis de or


denado, haverá mais cento e sessenta mil réis com que se ajustão du
zentos mil réis em cada hum anno, em attenção ao maior trabalho que
tem, que o priva de servir outro algum emprego e mais haverá dous por
cento da importancia das dívidas da Bulla, que por execução viva se re
colher no cofre.
14 O Official da Secretaria da Junta, que até o presente levava cin
coenta mil réis de ordenado, haverá mais setenta mil réis, com que se
ajustão cento e vinte mil réis em cada hum anno.
15 Hei por bem que na Contadoria da Bulla haja hum Praticante no
meado pelo Commissario geral, o qual não tenha ordenado, nem emolu
mento algum mais que tão sómente huma ordinaria por Paschoa, e outra
por Natal, que não exceda cada huma a quantia de vinte e quatro mil
réis e dahi para baixo conforme o seu merecimento, regulado no arbitrio
do dito Commissario geral. Porém o dito Praticente sendo habil passará
# ascenço para os oficios de Escrivão, Contador, e Provedor da Con
ta dOrla.

C A P I T U L O II.

Das assignaturas, e emolumentos.


O Commissario geral da Bulla, além do seu ordenado levará mais
á custa das partes as assignaturas seguintes : Por cada huma Provisão
de Thesoureiro que entrar de novo oitocentos réis: Por cada huma qui
tação das contas dos mesmos Thesoureiros seiscentos réis: Por cada hu
ma Provisão dos outros oficios da Bulla quatrocentos réis: Por cada hum
mandado para se entregarem Bullas, ou para pagamento da Impressão,
ou Provisão dos Escrivães dos Commissarios, duzentos réis, e por cada
hum provimento de serventia de oficio cento e vinte réis.
l O Deputado que servir de Chanceller levará de assignatura ameta
de do que vai concedido ao Commissario geral nos papeis passados em
seu nome , ou por elle assignados, e nos papeis da executoria , ou de
causas entre partes guardará o Regimento do Chanceller da Casa da Sup
plicação desta Corte. •

2 O Secretario da Junta levará por cada huma Provisão de Thesou


reiro novo, mil e duzentos réis, e por cada quitação das contas dos di
tos Thesoureiros, novecentos e sessenta réis : Por mandado de entrega
de Bullas trezentos réis: Por Provisão de Commissario seiscentos réis : e
por Provisão de Escrivão de Commissario trezentos réis : Por mandado
para pagamento de Impressor, duzentos e quarenta réis, e o mesmo le
vará por provimento de serventia de oficio , e por cada huma certidão
para a residencia de Ministros cento e sessenta réis.
3 O Escrivão da receita e despeza do Thesoureiro geral, e da carga
que se faz aos Thesoureiros Móres do Reino levará por cada huma car
ga de Bullas que fizer aos ditos Thesoureiros Móres oitocentos réis, e
por cada conhecimento de anno cento e setenta réis, e em tudo, o mais
guardará o Regimento dado aos Escrivães das Thesourarias, e Almoxa
rifados da Minha Fazenda no Alvará de 29 de Dezembro de 1763.
4 O Executor, e seu Escrivão levarão as assignaturas, e emolumen
tos que lhe vao concedidos em seus titulos.

Mm
274 1754

C A P I T U L o III.

Determinações geraes.

Todos os ordenados constituidos neste Alvará serão pagos aos quar


teis pelo Thesoureiro geral do rendimento da Bulla, e assentados no li
vro a que pertencerem com o vencimento do primeiro de Janeiro deste
anno por diante; por esta Alvará sómente sem dependencia de outro al
gum despacho. •

1 Nao se poderá introduzir propina ou ajuda de custo alguma , a ti


tulo de trabalho extraordinario do oficio, nem por outra qualquer cau
sa, posse ou costume ainda que seja immemorial, pois desde já o repro
vo, e annullo na raiz desua introducção: Permitto porém, que nas doen
ças de sangria, ou de outro remedio maior, possa levar o Commissario
geral sessenta mil réis de ajuda de custo, por huma vez sómente, e ca
da hum dos Deputados cincoenta mil réis, sem que se dupliquem as aju
das de custo em razão dos empregos que tiverem unidos, o Secretario
quarenta mil réis; o Thesoureiro geral, e seu Escrivão trinta e cinco mil
réis, e os outros oficiaes da dita quantia para baixo o que a Junta ar
bitrar que he justo seja conforme a graduação dos seus oficios, não bai
xando de dez mil réis no menor oficial.
2 Todos os proprietarios dos oficios desta repartição serão obrigados
a servir pessoalmente, e em nenhum caso poderão arrendar os oficios,
excepto tendo algum tão justo impedimento pessoal, que pareça ao Com
missario geral, e Deputados da Junta conceder-lhes serventuarios, os
quaes, em tal caso, vencerão duas partes do rendimento dos oficios, e
huma os Proprietarios na fórma da Lei do Reino, e das extravagantes
passadas sobre esta materia. No caso, que algum proprietario alcance
Alvará para que algum seu filho sirva nos seus impedimentos, senão du
plicarão os ordenados nem os emolumentos, e levará o filho sómente o
mesmo ordenado, e emolumento que houvera de levar seu pai se o ser
víra.
3 Estando impedido o Commissario geral, ou outro algum Ministro,
ou oficial desta repartição devolvendo-se ou commettendo-se as serven
tias a outros alguns Ministros, ou oficiaes farão estes suas proprias as
assignaturas, e emolumentos, que deverem pagar as partes; mas não le
varão cousa alguma dos ordenados dos impedidos por tempo de quaren
ta dias, e do dito termo por diante poderão levar a quinta parte dos
ordenados a qual se descontará aos impedidos quando se lhes fizer o pa
gamento; e sendo a serventia por vacatura, em quanto se não prover a
propriedade, vencerá
ordenado desde o Ministro,
o dia que ou oficial
nella entrar até o que servir
dia em quea sahir.
quinta parte do

4. Não se levará mais propina alguma extraordinaria, sem nova reso


lução, ou decreto Meu, e no caso de a conceder, vencerá o Commissa
rio geral de cada huma vinte e quatro mil réis, cada hum dos Deputa
dos doze mil réis, sem que elles, nem os oficiaes dupliquem propinas
em razão dos empregos que tiverem unidos, pois que devem levar huma só
propina por cada pessoa: O Secretario, Thesoureiro geral, e seu Escri
vão, dez mil réis, e os outros oficiaes da dita quantia para baixo, con
forme a graduação dos seus oficios, não baixando de mil e quinhentos
réis no menor oficial. E sendo Eu Servido Mandar vestir os Tribunaes
1754 275

de luto por alguma razão de sentimento, vencerão as ditas propinas em


dobro para lutos, não baixando de sete mil réis o menor oficial.
5 Os oficiaes, que directa, ou indirectamente contravierem em par
te, ou em todo ás disposições deste Regimento perderão os oficios, que
se darão em vida aos denunciantes, e destas denunciações conhecerá o
Deputado, que servir de Chanceller, e as sentenceará em Junta, como
for justiça. E sendo a contravenção causada por algum dos Ministros, o
que delles não espero, incorrerão no Meu Real Desagrado, e nas demons
trações, que delle resultão.
6 Pelo que: Mando ao Commissario geral, e Deputados da Junta da
Bulla da Cruzada, e a todas as mais justiças, Oficiaes, e pessoas de
Meus Reinos, e Senhorios, a quem o conhecimento pertencer, fação in
teiramente cumprir, e guardar este Alvará de Regimento, como nelle
se contém, o qual valera (posto que seu efeito haja de durar mais de
hum anno) como Lei, ou Carta feita em Meu Nome, e por Mim as
signada, e passada pela Chancellaria, ainda que por ella não passe, sem
embargo da Ordenação liv. 2." tit. 39 e 40 em contrario, que para este
fim dispenso. Dado em Lisboa a 23 de Março de 1764. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro.
Impresso avulso.

* #*Cººk #

EU ELREI Faço saber a quantos este Meu Alvará de Regimento vi


rem, que por justas causas, que Me forão presentes: Sou Servido ex
tinguir todos os ordenados, propinas, ajudas de custo, ordinarias, e e
molumentos, que até o presente se levarão no Conselho Ultramarino pe
lo Presidente, Conselheiros, Secretario, e mais Oficiaes da sua repar
tição, assim em dinheiro, como em especie; ou se paguem pelos The
soureiros, Almoxarifes, e Recebedores de Minha Fazenda, ou pelos Con
tratadores, e Rendeiros della, seja qual for o titulo, porque se concedê
rão, e porque até o presente se cobrárão: E para este fim de Meu mo
tu proprio, Poder Real, e absoluto, revogo, e annullo todas as Leis,
Regimentos, Alvarás, Provisões, Decretos, e Resoluções Minhas, e
dos Reis Meus Predecessores, porque forão concedidos os ditos ordena
dos, propinas, ajudas de custo, e ordinarias, como se de cada huma se
fizesse neste Alvará menção expressa; e Mando, que no registo de to
das se ponhão verbas de sua derogação, e nullidade. E para que o Pre
sidente, Conselheiros, Procurador da Fazenda, Secretario, e todos os
outros Oficiaes da repartição do dito Conselho tenhão congruas compe
tentes: Hei por bem, que do primeiro de Janeiro deste anno por diante
venção os ordenados, e emolumentos seguintes.
C A P I T U L O I.

O Presidente do dito Conselho do Ultramar haverá de seu orde


nado, pago pelo Thesoureiro do mesmo Conselho, tres contos e duzen
tos mil réis; e não levará mais cousa alguma pela repartição do Conse
lho da Fazenda; nem por outra alguma repartição.
I. Cada hum dos Conselheiros do # Conselho haverá de seu orde
m 3
276 |754

nado, pago pelo mesmo Thesoureiro, hum conto e seiscentos mil réis, e
não levarao mais cousa alguma pela assignatura dos papeis de Meu ser
viço, nem pelas rubrícas dos livros da arrecaçação de Minha Fazenda;
que serão, obrigados rubricar por distribuição, como actualmente fazem,
e sómente levarão das partes as assignaturas, que lhes estão concedidas.
II. O Procurador da Fazenda da repartição do dito Conselho, have
rá por ella de seu ordenado, pago pelo mesmo Thesoureiro, hum conto
e duzentos mil réis. |- |-

III. O Secretario do Conselho haverá de seu ordenado, pago pelo di


to Thesoureiro, hum conto e quatrocentos mil réis, e os emolumentos
das partes, que direitamente lhe pertencerem; entre os quaes se com
prehendem as contribuições, que recebe das Camaras do Brazil; mas
porque não tem Regimento claro dos ditos emolumentos, e contribuições
será obrigado no termo de seis mezes apresentar no Conselho huma cla
ra, e distincta Relação de tudo quanto recebe das Camaras do Brazil, e
das partes, com os titulos, porque cobra; e o Conselho Me consultará
com efeito se se devem conservar, suspender, augmentar, ou diminuir
os ditos emolumentos, em parte, ou em todo, para do que for justo se
lhe dar Regimento expresso. E na mesma Consulta se comprehenderão
todos os Officiaes da repartição do dito Conselho, que levarem emolu
mentos de partes, ou tenhão, ou não Regimento delles, porque todos o
devem haver de novo. •

IV. Não levará o dito Secretario mais cousa alguma por esta repar
tição, nem pela do Conselho da Fazenda, nem a propina, que levava
pela Fazenda da India. -

V. O Oficial maior da Secretaria haverá de seu ordenado, pago pe


lo mesmo Thesoureiro, quatrocentos e oitenta mil réis, e os emolumen
tos das partes, que pelo Regimento lhe tocarem.
VI. Cada hum dos tres Officiaes papelistas do número haverá de seu
ordenado, pago pelo mesmo Thesoureiro, duzentos e quarenta mil réis,
e os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe pertencerem.
VII. Cada hum dos quatro Officiaes supranumerarios da Secretaria,
haverá de seu ordenado, pago pelo mesmo Thesoureiro, duzentos e qua
renta mil réis; mas não vencerão emolumento algum das partes em quan
to não entrarem no número, no qual entrarão por suas antiguidades, e
todos sete lavrarão os papeis distribuidamente nas suas classes; e serão
nomeados pelo Secretario, e provídos em vida por Alvarás Meus, sem
que possão ser lançados fóra, excepto por culpa, ou erro de seus oficios,
dos quaes poderá conhecer extraordinariamente o mesmo Conselho.
VIII. O Official papelista da Secretaria, que se acha aposentado,
vencerá em sua vida cento oitenta e sete mil réis de sua aposentadoria,
pagos pelo mesmo Thesoureiro, que he o mesmo, que actualmente co
bra. E quando Eu for Servido aposentar qualquer Ministro, ou Oficial
desta repartição, sem expremir o vencimento, que ha de ter da sua a
posentadoria, se entenderá ser sómente o ordenado, que neste tempo ti
ver, o qual não poderá crescer, nem diminuir em tempo, nem por titu
lo algum.
IX. O Oficial do Registo da Secretaria, haverá de seu ordenado,
pago pelo mesmo Thesoureiro, duzentos e quarenta mil réis, e os emolu
mentos das partes, que pelo Regimento lhe deverem.
X. O Porteiro, e Guar-Livros da Secretaria haverá de seu ordenado,
pago pelo mesmo Thesoureiro, duzentos mil réis, e os emolumentos das
partes, que pelo Regimento lhe deverem,
1754 277

XI. Cada hum dos dous Porteiros da porta do Conselho, haverá de


seu ordenado, pago pelo mesmo Thesoureiro, quatrocentos e oitenta mil
réis, e os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe tocarem; e
não levarão mais daqui por diante méio por milhar, dos preços dos Con
tratos, como até agora individamente levavão, pois ainda, que se lhes
devêra já no dito ordenado ficão respondidos pela sua importancia.
XII. Cada hum dos dous Moços do Conselho, haverá de seu ordena
do, pago pelo mesmo Thesoureiro, duzentos e cincoenta mil réis, que
he outro tanto, como levão os Moços do Conselho da Fazenda, de don
de sahírão, e da data deste serão os ditos dous Moços provídos pelo Con
selho de Ultramar, observada a fórma do Regimento da Fazenda no Ca
pitulo 69. §. penultimo. +

XIII. O Meirinho do dito Conselho haverá de seu ordenado, pago


pelo mesmo Thesoureiro, duzentos e quarenta mil réis, e sessenta mil
réis para dous homens da Vara. E o seu Escrivão haverá de ordenado,
pago pelo mesmo Thesoureiro, duzentos mil réis, e ambos haverão os
emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe tocarem; mas não fa
rão diligencias algumas do geral.
C A P I T U L O II.

O Thesoureiro das Despezas do Conselho, haverá de seu ordena


do, pago pelo seu recebimento, quinhentos e oitenta mil réis, e as ta
ras de todos os generos, e fardamentos, que receber, e entregar por or
dem do mesmo Conselho. E ao seu fiel pagará duzentos mil réis de orde
nado á custa de Minha Fazenda.
I. O Escrivão da Receita, e Despeza do dito Thesoureiro, que jun
tamente he Escrivão das execuções da dita Receita, e de todas as dívi
das activas do Conselho, haverá de seu ordenado, por todos estes offi
cios, quinhentos mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro; com obrigação
de dar á sua custa panno para a Meza. E mais haverá os emolumentos
das partes, que pelo Regimento lhe pertencerem.
II. O Executor das dívidas activas do Conselho, haverá de seu or
denado, pago pelo dito Thesoureiro, duzentos e quarenta mil réis; e
quatro por cento á custa de Minha Fazenda, de todo o dinheiro, que por
execução fizer recolher no cofre: e á custa das partes levará duzentos réis
por cada huma fiança, que aceitar, ou regeitar, e dos precatorios, e
mandados levará a mesma assignatura, que tem os Corregedores do Ci
vel da Cidade, como já se lhe concedeo pela repartição dos Armazens,
na qual levará o mesmo salario das fianças. O Escrivão desta Executo
ria já vai provído de ordenado, como Escrivão do Thesoureiro, que jun
tamente serve.
III. O Solicitador da Fazenda da repartição deste Conselho de Ultra
mar, haverá de seu ordenado, pago pelo dito Thesoureiro, duzentos mil
réis, com obrigação de solicitar todas as execuções da mesma repartição
perante o Executor, e mais Ministros, a que pertencerem, da impor
tancia das quaes levará hum por cento á custa de Minha Fazenda , ao
tempo que se recolher no cofre, por sua diligencia; mas não levará emo
lumento algum das partes por levar os papeis, que se lhe entregarem,
para os Juizos, e Estações, a que pertencerem,
1
278 1754

Contos de Ultramar.

C A P I T U L O III.

O Contador dos Contos de Ultramar haverá de seu ordenado, pa


go pelo dito Thesoureiro, quatrocentos e sessenta mil réis. O Escrivão
dos Contos trezentos e setenta mil réis. O Provedor do Assentamento
cento e setenta mil réis. Cada hum dos dous Praticantes do número, qua
renta e oito mil réis. E o Contínuo cento e sessenta mil réis. Com de
ciaração, que não levarão todos os ditos Oficiaes outro ordenado, por
outra alguma repartição.
Ministros de Fóra.

C A P I T U L O IV.

O Procurador da Coroa, além dos ordenados, que leva, por ou


tras repartições, haverá mais por esta, oitocentos mil réis de ordenado,
pagos pelo mesmo Thesoureiro.
I. Cada hum dos dous Juizes dos Feitos da Coroa, e Fazenda, além
dos ordenados, que levão, por outras repartições, haverá mais por esta
quinhentos e oitenta mil réis de ordenado , pagos pelo mesmo Thesou
TCl TO•

Determinações geraes.
C A P I T U L O V.

Por quanto as consignações feitas para as despezas do Conselho


não são bastantes para a satisfação dos ordenados constituidos neste Re
gimento. Hei por bem , que feita a folha dos ditos ordenados se confira
a sua importancia com a receita do dito Thesoureiro, e o que nella fal
faltar para inteiro pagamento, se lance por verba separada, para o dito
Thesoureiro a reter em si, dos cabedaes, que recebe para entregar na
Casa da Moeda.
I. Não se poderá introduzir propina ordinaria, ou ajuda de custo al
guma além dos ordenados constituidos a titulo de maior trabalho do offi
cio, ou de alguma acção extraordinaria, como quando se faz Conselho
de tarde, ou em dia feriado por precisão do seu expediente , nem por
outro qualquer titulo, posse, ou costume, ainda que seja immemorial;
pois desde já reprovo, annullo, e condemno a introducção da dita posse,
e costume na raiz de todas as suas causas: E sómente permitto, que es
tando doentes, o Presidente, Conselheiros, Procurador da Fazenda, Se
cretario, ou outro Oficial desta repartição , lhe possa o Conselho man
dar dar de ajuda de custo por huma só vez, sessenta mil réis ao Presi
dente, cincoenta mil réis aos Conselheiros, Procuradores da Fazenda, e
Secretario; e aos outros Oficiaes subalternos, da dita quantia para bai
xo, o que parecer justo, regulado pelas graduações de seus oficios, não
baixando de dez mil réis. -

II. Não he de Minha Real intenção extinguir as ordinarias , e quo


tas, que se pagão dos preços dos Contratos para a Obra Pia, e para as
esmolas, que dispende o Presidente, ou para outras algumas acções pie
1754 279

dosas, por qualquer titulo concedidas, antes Mando, que todas conti
nuem pela mesma ordem, que forão decretadas.
III. Todos os proprietarios encartados serão obrigados a servir seus
oficios na fórma da Lei do Reino, Regimento da Fazenda, Leis, e De
cretos extravagantes: e os que não forem encartados, não sendo meno
res, serão obrigados de se encartarem dentro em tres mezes, com pena
de perdimento dos oficios, que se darão em vida aos denunciantes. E
quando Eu por alguma justa causa lhes conceder. que possão metter ser
ventuarios, haverão estes duas partes do rendimento dos oficios , e os
proprietarios huma terça parte, sem poderem receber mais cousa algu
ma directa , ou indirectamente , nem ainda dinheiros emprestados sem
juros pelo tempo , que durarem as serventias. E nem os proprietarios,
nem os serventuarios poderão levar das partes emolumentos, ou gratifi
cações algumas, posto que livremente lhas ofereção, depois das suas de
pendencias findas, além do contheúdo nos seus Regimentos, debaixo das
penas da Ord. liv. 5. tit. 72.
IV. Os filhos dos proprietarios, que servirem por Alvarás no impedi
mento de seus pais, não levarão cousa alguma á custa de Minha Fazen
da, nem das partes ; e sómente arrecadarão para os ditos seus pais os
ordenados, e emolumentos, que lhe tocarem.
V. Quando o Conselheiro mais antigo servir no impedimento do Pre
sidente, e o Conselheiro mais moderno no impedimento do Secretario, e
outro qualquer Conselheiro, ou Desembargador da Casa da Supplicação
no impedimento do Procurador da Fazenda ; e assim tambem qualquer
Official subalterno no impedimento de outro, farão suas proprias, as as
signaturas, esportulas, e emolumentos, que pagarem as partes, sem
que se dupliquem outros para os impedidos; mas não levarão cousa al
guma á custa de Minha Fazenda ; e quando o impedimento passar de
quarenta dias, poderão haver do dito termo por diante a quinta parte do
ordenado do Presidente, Ministro, ou Official impedido, a respeito do
tempo, que por elles servirem, para o que haverão mandados do Conse
lho, nos quaes se declare ao Thesoureiro, que faça desconto de outras
tantas quantias nos ordenados dos impedidos , quando lhes fizer paga
mento delles, pondo-se logo as verbas necessarias á margem dos assen
tos das folhas. E quando as serventias estiverem absolutamente vagas,
vencerão os Ministros, e Officiaes , a que forem commettidas, a dita
quinta parte do ordenado, assignaturas, esportulas, e emolumentos do
dia, que nellas entrarem, até o dia, que sahirem. Sendo porém serven
tias de oficios vagos, dos quaes se passem provimentos, que paguem na
Chancellaria os direitos devidos, vencerão os serventuarios tudo quanto
devião vencer os proprietarios se os houvera.
VI. Não se levará mais propina alguma extraordinaria sem nova Re
solução, ou Decreto Meu ; e quando Eu for Servido de a conceder, se
regulará a hum por cento dos ordenados annuaes , que cada hum leva
neste Regimento, entrando nella o Secretario de Estado dos Negocios da
Marinha, e Dominios Ultramarinos, na conformidade do Alvará passado
ao Conselho da Fazenda em vinte e nove de Dezembro de mil setecen
tos cincoenta e tres Cap. 46. §. 9. E sendo Eu Servido mandar vestir os
Tribunaes de luto, se regulará este a cinco por cento dos mesmos orde
nados; com tanto, que nos Oficiaes menores, não baixará a propina ex
traordinaria de mil e quinhentos réis, nem o luto de sete mil réis a ca
da hum.
VII. Todos os ordenados constituidos neste Alvará se assentarão no
28O 1754

livro do assentamento de Minha Fazenda, da repartição do dito Conse


lho de Ultramar, e se metterão na folha do Thesoureiro delle, com ven
cimento do primeiro de Janeiro deste anno, sem dependencia de outro
algum despacho.
VIII. O Presidente, e Ministros do Conselho, que contravierem em
parte, ou em todo, ou directa, ou indirectamente ás disposições deste
Regimento, incorrerão no Meu Real desagrado, e nas demonstrações,
que delle resultarem. E os outros Oficiaes perderão os oficios, que se
darão em vida aos denunciantes , ficando inhabeis para mais Me servi
rem, além de outras penas , a que estão sujeitos por Leis do Reino, e
por direito commum; e se forem serventuarios, perderão o valor dos of
ficios, ametade para o denunciante, e a outra ametade para o Hospital
Real de todos os Santos da Cidade de Lisboa ; e estas denunciações re
ceberão em público, e em segredo os Juizes dos Feitos da Fazenda , e
Coroa.
IX. Pelo que Mando ao Presidente, e Conselheiros do Conselho Ul
tramarino, e a todas as mais Justiças, Oficiaes, e pessoas a que o co
nhecimento pertencer, fação inteiramente cumprir, e guardar este Re
gimento, como nelle se contém , e o fação imprimir , e repartir pelas
Mezas, e Oficiaes, que o devem executar. E valerá, posto que seu ef
feito haja de durar mais de hum anno, como Lei , ou Carta feita em
Meu nome, e por Mim assignada, e passada pela Chancellaria, posto
que por ella não passe, sem embargo da Ordenação, liv. 2. tit. 39, e
4o em contrario , que para este fim dispenso. Dado em Lisboa a 23 de
Março de 1784. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Impresso avulso.

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Os Tribunaes, que Me consultão, não admittão, nem Me consultem


petições para renúncia de oficios, ainda que sejão por titulo de Dote,
Religião, pagamento de credores em falta de outros bens, ou por outra
qualquer causa pia, ou privilegiada; nem reformem as Consultas feitas
sobre esta materia , em quanto Eu não for Servido mandar o contrario.
(1). O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e o faça executar
pela parte, que lhe toca. Lisboa 20 de Abril de 1754. = Com a Rubrí
ca de Sua Magestade.
Regist. no Livro XXXI. da Contadoria Geral a fol.
77, e impr. na Collecção da Universidade por J.
I. de F.

•-----------

(1) V. Decrett. de 3 de Junho de 1641, 18 de Outubro de 1649, e 27 do mes


mo de 1705.
1754 . 28I

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EU ELREI Faço saber a quantos este Meu Alvará de Regimento com


força de Lei virem, que por justas causas, que Me forão presentes Hei
por bem extinguir todas as propinas, ajudas de custo, e ordinarias, as
sim de dinheiro, como de especies, que até o presente levavão o Presi
dente, Ministros, e mais Oficiaes da Junta da Administração do Taba
co, e da Alfandega do mesmo genero, seja qual for o titulo, porque se
concedêrão , ou se paguem á custa de Minha Fazenda , ou á custa dos
Contratadores, e Commerciantes: e para este fim de Meu motu proprio,
Poder Real, e absoluto, revogo, e annullo todas as Leis, Alvarás, Pro
visões, Decretos, e Resoluções Minhas, e dos Reis Meus Predecessores,
que as concedêrão, como se de cada huma delas se fizesse aqui expres
sa menção; e Mando, que no registo de todas se ponhão verbas de co
mo forão derogadas por este Alvará. E ao dito Presidente, Deputados,
Ministros, e mais Oficiaes desta repartição Sou Servido accrescentar,
e novamente constituir os ordenados seguintes.
C A P I T U L O I.

O Presidente da Junta da Administração do Tabaco , haverá de


seu ordenado, dous contos de réis, dos quaes lhe pagará o Contratador
do mesmo genero oitocentos e sessenta mil réis, que sómente he obriga
do durante este Contrato, e o Thesoureiro geral lhe pagará hum conto
cento e quarenta
ta a dita quantia. mil réis á custa de Minha Fazenda, com que se ajus
| •

I. Cada hum dos Deputados da mesma Junta , haverá de seu orde


nado, seiscentos mil réis , dos quaes lhe pagará cento e cincoenta mil
réis o Contratador actual, como he obrigado, e o Thesoureiro geral do
mesmo genero quatrocentos e cincoenta mil réis á custa de Minha Fa
zenda, com que se ajusta a dita quantia. Mais haverão os Deputados nos
Feitos, que julgarem, a mesma assignatura, que levão os Juizes dos Fei
tos da Fazenda; e dos livros, que rubricarem, vinte réis por cada folha.
II. O Conservador geral do Tabaco, e Executor das dívidas da Jun
ta, haverá de seu ordenado seiscentos mil réis, dos quaes lhe pagará o
Contratador actual cento e cincoenta mil réis, como he obrigado, e o
Thesoureiro geral do mesmo genero quatrocentos e cincoenta mil réis,
com que se ajusta a dita quantia. E nos Feitos, que julgar, levará a
mesma assignatura concedida aos Deputados. E porque actualmente ser
ve de Conservador o Desembargador João Marques Bacalháo , do Meu
Conselho, e Conselheiro de Minha Fazenda: Hei por bem, que em quan
to servir, haja mais quatrocentos e oitenta mil réis de ordinaria , pagos
pelo dito Thesoureiro geral, em attenção ao maior serviço, que Me tem
feito, a qual ordinaria se extinguirá com a sua pessoa, e não fará exem
plo para o Conservador, que lhe succeder.
III. O Procurador da Fazenda desta repartição, haverá de seu orde
nado, seiscentos mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual cen
to e cincoenta mil réis, como he obrigado , e quatrocentos e cincoenta
mil réis o Thesoureiro geral do mesmo rendimento, á custa de Minha Fa
zenda, com o que se completa a dita """
Il
E será obrigado a respon
282 } 754

der nos papeis, e causas da Junta, e Conservatoria, sem se fazer a dif


ferença de Fiscal, e Procurador da Fazenda , como até o presente sem
causa se fazia. E porque actualmente serve o Desembargador Pedro Gon
çalves Cordeiro Pereira, Deputado da Meza da Consciencia, e Ordens,
tendo attenção ao bom serviço, que Me tem feito : Hei por bem, que
vença mais quatrocentos e oitenta mil réis de ordinaria em cada hum
anno, pagos pelo dito Thesoureiro geral, a qual se extinguirá com a sua
pessoa, e não servirá de exemplo para os Ministros , que lhe succede
rem no dito emprego de Procurador da Fazenda desta repartição.
IV. O Secretario da Junta , haverá de seu ordenado , setecentos e
vinte mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual cento e oiten
ta mil réis, como he obrigado, e quinhentos e quarenta mil réis o The
soureiro geral do mesmo rendimento á custa de Minha Fazenda, com que
se completa a dita quantia: e será obrigado de dar á sua custa o panno
da Meza do Tribunal. E não levará cousa alguma de emolumentos de
partes, conforme a creação deste oficio, nem ainda pela assignatura dos
Regimentos dos Estanqueiros, que vendem por miudo, e se lhe dão no
principio dos Contratos; como atégora intrusamente levava, sem Regi
mento, ou permissão Minha.
V. O Oficial Maior da Secretaria da Junta, haverá de seu ordenado
quatrocentos mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual noven
ta mil réis, como he obrigado, e o Thesoureiro geral do mesmo rendi
mento trezentos e dez mil réis, com que se completa a dita quantia ; e
não levará emolumentos alguns á custa de Minha Fazenda, nem das par
tes, dos papeis que lavrar por Meu serviço , ou por bem do Contrato;
e sómente dos Provimentos, e Cartas dos Officiaes, e das Provisões, e
mais papeis dos privilegiados levará os mesmos emolumentos , que estão
concedidos aos Officiaes papelistas do Conselho da Fazenda. Da data des
te em diante não servirá pessoa alguma de Oficial Maior desta Secreta
ria sem ser proposto pelo Secretario, approvado pela Junta , e provído
por Alvará Meu.
VI. O Oficial Maior aposentado Vicente da Costa Freire , vencerá
em quanto vivo for de sua aposentadoria trezentos setenta mil trezentos
e sessenta réis, que até o presente vencia , pagos pelo Thesoureiro ge
ral do mesmo rendimento. |-

VII. Cada hum dos tres Officiaes menores , haverá de seu ordenado
trezentos mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual oitenta mil
réis , como he obrigado , e o Thesoureiro geral do mesmo rendimento,
duzentos e vinte mil réis, com que se completa a dita quantia : e mais
haverão os emolumentos das partes, que justamente lhe deverem, na fór
ma que assima vai declarado a respeito do Oficial Maior ; e na mesma
fórma serão provídos.
VIII. O Official menor supranumerario, que actualmente ha, vence
rá semelhante ordenado, mas ficará supprimido este oficio por morte do
mesmo Oficial, na fórma da sua creação. -

IX. O Porteiro da Junta , haverá de seu ordenado duzentos e cin


coenta mil réis , dos quaes lhe pagará o Contratador actual cento e dez
mil réis, como he obrigado, e o Thesoureiro geral do mesmo rendimen
to cento e quarenta mil réis, com que se completa a dita quantia : E
mais haverá meio por milhar do preço porque se arrematar o Contrato ca
da tres annos, pago á custa do Contratador; e o mesmo emolumento ha
verá do preço, porque se arrematar a pimenta, ou outros quaesquer ef
feitos, que vierem da India por esta repartição, pago á custa dos Arre
I754 283

matantes: e será obrigado dar á sua custa tinta, pennas, arêa, obrêas,
agua, e pucaros para o Tribunal.
X. Cada hum dos dous Contínuos da Junta, haverá de seu ordenado
duzentos e quarenta mil réis , dos quaes lhe pagará sessenta mil réis o
Contratador actual, como he obrigado, e o Thesoureiro geral do mesmo
rendimento cento e oitenta mil réis á custa de Minha Fazenda, com que
se completa a dita quantia ; e serão obrigados de servirem no Tribunal
dando as tochas na procissão do Corpo de Deos , sem que por este tra
balho pertendão cousa alguma. E hum dos ditos Contínuos, que tambem
he Distribuidor da Junta, haverá mais das partes os emolumentos, que
pelo Regimento geral lhe pertencerem.
XI. O Meirinho geral da Junta, haverá de seu ordenado quatrocen
tos e cincoenta mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual du
zentos quarenta e oito mil oitocentos e cincoenta réis, como he obriga
do , e o Thesoureiro geral do mesmo rendimento duzentos e hum mil
cento e cincoenta réis, com que se completa a dita quantia : E será
obrigado a ter dous homens da Vara, pagando-lhe á sua custa, para os
quaes lhe vão computados sessenta mil réis no todo do dito ordenado, e
não levará cousa alguma mais pelas diligencias do Meu serviço, que lhe
forem encarregadas no mar, ou na terra, pela Junta, ou pelo Conserva
dor, ou por outro qualquer. Ministro, que tenha poder de o mandar. E
das partes haverá os emolumentos, que pelo Regimento geral lhe per
tencerem. •

XII. O Escrivão do dito Meirinho , haverá de seu ordenado duzem


tos e trinta mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual quaren
ta e cinco mil réis, como he obrigado, e o Thesoureiro geral do mesmo
rendimento cento e oitenta e cinco mil réis, com que se completa a di
ta quantia: e será obrigado a estar prompto para todas as diligencias do
Meu serviço, assim no mar, como na terra, sem que por ellas leve mais
cousa alguma. E das partes levará os emolumentos, que pelo Regimen
to geral lhe pertencerem.
XIII. O Meirinho da Junta do Tabaco da repartição da terra, have
rá de seu ordenado trezentos mil réis, dos quaes lhe pagará o Contrata
dor actual cento e trinta mil e quatrocentos réis, como he obrigado, e
o Thesoureiro geral do mesmo rendimento cento sessenta e nove mil e
seiscentos réis, com que se completa a dita quantia: E será obrigado de
pagar á sua custa a dous homens da Vara, para os quaes lhe vão com
putados sessenta mil réis no todo do dito ordenado ; e não levará mais
cousa alguma por todas as diligencias do Meu serviço , assim da terra,
como do mar, que lhe forem encarregadas: E das partes levará os emo
lumentos, que pelo Regimento geral lhe pertencerem.
XIV. O Escrivão do dito Meirinho , haverá de seu ordenado duzen
tos e vinte mil réis , dos quaes lhe pagará o Contratador actual setenta
e dous mil réis, como he obrigado, e o Thesoureiro geral do mesmo ren
dimento cento e quarenta e oito mil réis, com que se completa a dita
quantia. E não levará mais cousa alguma pelas diligencias do Meu ser
viço , para que sempre estará prompto: E das partes levará os emolu
mentos, que pelo Regimento geral lhe pertencerem.

Nn 2
284 I754

C A P I T U L O II.

O Thesoureiro geral do rendimento do Tabaco, e direitos da Al


fandega, e dos juros, que se pagão pela repartição do Conselho da Fa
zenda, haverá de seu ordenado em si mesmo hum conto e quatrocentos
mil réis, com obrigação de pagar á sua custa ao Fiel, e Caixeiro, que
nomea , e não levará mais cousa alguma por pagar a folha dos juros da
dita repartição do Conselho da Fazenda.
1. . O Escrivão da receita, e despeza do dito Thesoureiro, pelo que
respeita aos juros da repartição do Conselho da Fazenda, haverá de seu
ordenado , pago pelo mesmo Thesoureiro, cento quarenta e quatro mil
réis: E pelos conhecimentos, que passar ás partes, levará quarenta réis,
por cada quartel, que fazem cento e sessenta réis por anno.
11. O Escrivão do Estanco, e da receita, e despeza geral do dito
Thesoureiro, haverá de seu ordenado setecentos e sessenta mil réis, dos
quaes lhe pagará o Contratador actual duzentos e quarenta mil réis, por
tudo que he obrigado pagar-lhe, assim em dinheiro, como em especie;
e o Thesoureiro geral quinhentos e vinte mil réis, com o que se comple
ta a dita quantia: e não levará mais cousa alguma para papel, ou panno
do bofete; e pelos conhecimentos, que passar, levará o mesmo emolu
mento concedido assima ao Escrivão dos juros da repartição do Conselho
da Fazenda: e os mais emolumentos, que lhe tocarem das partes, se re
gularão pelo Regimento geral. —
III. O Escrivão da Emmenta , haverá de seu ordenado trezentos e
trinta mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual cento e trinta
mil réis, por tudo o que lhe he obrigado, e o Thesoureiro geral duzen
tos mil réis, com o que se completa a dita quantia. E não levará mais
cousa alguma para panno de bofete, papel, e cera, nem á custa de Mi
nha Fazenda, nem á custa do Contratador; e sómente das partes levará
os e molumentos, que pelo Regimento geral lhe pertencerem. E as casas,
em que vive, por resolução do primeiro de Junho de mil setecentos e oi
to, ficarão livres para Minha Fazenda por morte do Escrivão actual.
IV. O Escrivão da Conservatoria, e Executoria da Junta, haverá de
seu ordenado duzentos cincoenta e cinco mil réis, dos quaes lhe pagará
o Contratador actual quarenta e cinco mil réis, por tudo que he obriga
do , e o Thesoureiro geral duzentos e dez mil réis, com o que se com
pleta a dita quantia: e dos processos, que escrever, levará as custas do
Regimento geral: E dos despachos dos navios Portuguezes, por entrada,
e sahida, levará o mesmo emolumento, que actualmente leva; mas será
obrigado a pedir Regimento delle dentro de dous mezes, juntando o ti
tulo, porque lhe foi concedido, aliás ficará privado do dito e molumento.
V. O Porteiro da porta de cima, e Guarda-Livros do Estanco, ha
verá de seu ordenado, por ambos os oficios, trezentos e noventa mil
réis, dos quaes lhe pagará o Contratador actual cem mil réis, como he
obrigado, e o Thesoureiro geral duzentos e noventa mil réis, com o que
se completa a dita quantia : e mais haverá casas para viver no mesmo
Estanco, e Fabrica Real, como actualmente tem. •

VI. O Porteiro da porta de baixo do Estanco, e Fabrica Real, ha


verá de seu ordenado trezentos mil réis, dos quaes lhe pagará o Contra
tador actual oitenta mil réis, e o Thesoureiro geral duzentos e vinte mil
réis, com o que se completa a dita quantia : e mais haverá casas para
viver na mesma Fabrica, como actualmente tem.
1754 285

VII. O Solicitador das execuções de Minha Fazenda da repartição do


Tabaco, haverá de seu ordenado, cento e cincoenta mil réis, dos quaes
lhe pagará o Contratador àctual trinta mil rêis, e o Thesoureiro geral
cento e vinte mil réis, com o que se completa a dita quantia: e mais
haverá hum por cento de toda a importancia do dinheiro, que fizer arre
cadar por execução viva, assim na Executoria da Alfandega, como na
da Conservatoria geral, á custa de Minha FSzenda, pago pelo mesmo
dinheiro.
VIII. O Escrivão das Fianças do Reino, além do que leva por outras
repartições, haverá nesta de seu ordenado, setenta e dous mil réis, pa
gos pelo Thesoureiro geral.
IX. O Corretor da Fazenda, em lugar das folhinhas, que levava por
esta repartição, haverá nella doze mil réis de ordenado, pagos pelo The
soureiro geral, além do meio por cento, que se lhe dever das arremata
ções, a que asistir.
C A P I T U L O III,

Alfandega do Tabaco.
Por quanto a Alfandega do Tabaco foi tirada da Alfandega gran
de desta Cidade, para melhor expedição do Commercio, pagando-se ao
Provedor, e Oficiaes della á custa de Minha Fazenda, sem que levas
sem taras, nem emolumentos alguns das partes, por pertencerem estes
ao Provedor, e Oficiaes da dita Alfandega grande, para os quaes se ar
recadavão, salvando-se assim o prejuizo de seus oficios; he conveniente,
que assim como se regulou a dita Alfandega grande no Alvará de vinte
e nove de Dezembro de mil setecentos cincoenta e tres, Capitulo segun
do, se regule esta Alfandega do Tabaco, que della procede. E porque no
dito Alvará Fui Servido extinguir todos os emolumentos, que até áquel
le tempo levavão os Oficiaes, que concorrem para a arrecadação de Meus
direitos, pelas razões, que nelles se considerarão: Hei por bem, que do
mesmo modo lhe fiquem extinctos por esta repartição, para o que revogo o
§. III. do Capitulo I. do Alvará de Regimento de dezeseis de Janeiro
de mil setecentos cincoenta e kum: e pelo que pertence ás taras do Pro
vedor, e Feitor Mór, e ás marcas do Escrivão dellas; Mando, que se ob
servem os seus Regimentos, dados, no dito Alvará de 29 de Dezem
bro de 1753, Cap. II. § III., e VI., que se referem ás suas Cartas,
Alvarás, e Sentenças, que ha sobre a mesma materia, as quaes não fo
rão expressamente revogadas no dito Cap. I. § III. do Regimento de 16
de Janeiro de 1751, nem Me forão presentes, para que se podesse en
tender revogadas
equivalente na Minha
ao prejuízo Real intenção, porque sendo-o, se devia dar
de terceiro. •

I. E como o Provedor, e Oficiaes da dita Alfandega grande forão re


gulados por huma certa quota, deduzida da importancia de Meus direi
tos, e applicada a cada hum pela graduação, e trabalho de seus oficios:
Sou Servido, que do mesmo modo sejão regulados o Provedor, e Oficiaes
da arrecadação dos direitos da Alfandega do Tabaco; e para este fim
Mando, que de toda a receita, que nos livros da Meza da mesma Al
fandega, se carregar ao Thesoureiro della, reserve o mesmo Thesourei
ro cinco e meio por cento, com preferencia a toda, e qualquer consigna
ção, folha, ou Decreto, para com elles pagar ao Provedor, e Officiaes,
ao diante declarados, as quotas partes, que lhe vão applicadas para seus
ordenados. • • -
286 1754

II. No fim de cada quartel irá o Thesoureiro á Meza grande da dita


Alfandega, e ahí em presença do Provedor, com o Contador da Confe
rencia, e dous Escrivães da mesma Meza farão conta dos ditos cinco e
meio por cento, tirados da receita do quartel vencido, e repartirão o que
montar em cincoenta partes, das quaes entregará o dito Thesoureiro ao
Provedor, e Oficiaes as partes seguintes, que lhe constitúo para seus
ordenados, porque conferem, e ainda augmentão tudo quanto de antes
levavão a titulo de ordenado, propinas, e ajudas de custo, assim de di
nheiro, como de especies.
III. Ao Provedor entregará quatro partes e meia; e não levará este
mais cousa alguma de Minha Fazenda, nem das partes, nem o real, que
lhe estava concedido á titulo de tara no Cap. 3. § 1. do Alvará de 16
de Janeiro de 1761, assima revogado, por lhe não pertencer, como fica
declarado.
IV. A cada hum dos tres Escrivães da Meza grande entregará duas
partes e meia; e todos servirão distribuidamente nos róes das despezas,
folhas das obras, e outras incumbencias da Casa, sem que levem mais
cousa alguma á custa da Minha Fazenda, nem das partes.
V. Ao Contador da Conferencia entregará duas partes e meia. •

VI. Ao Juiz da balança entregará duas partes e meia; e ao seu Es


crivão outras tantas, \

VII. Ao Guarda Mór dos Armazens da Alfandega, e da repartição


vão terra
da duas entregará duas partes, e tres quartos de parte; e ao seu Escri
partes e meia. •

VIII. Ao Guarda Mór da repartição do mar entregará tres partes; e


ao seu Escrivão duas partes, e tres quartos de parte.
IX. A cada hum dos doze Feitores, nos quaes entrão dous, que tem
obrigação de residir na Alfandega grande, entregará huma parte, com
tanto que os ditos dous Feitores residentes na Alfandega grande mos
atrem
qualcertidão do pagos.
não serão ponto della, porque fação certa a sua residencia, sem

X. Ao Porteiro da Alfandega entregará huma parte, e hum quarto


de parte; e ao Porteiro do Jardim huma só parte.
XI. Ao Meirinho Geral da repartição do mar entregará huma parte
e meia; e ao seu Escrivão huma parte, e hum quarto de parte.
XII. Ao Thesoureiro dos miudos entregará meia parte.
XIII. Ao Meirinho da Alfandega, e repartição da terra entregará
huma parte; e ao seu Escrivão meia parte.
XIV. Ao Guarda do Armazem grande entregará meia parte. E as
sim ficão completas as ditas cincoenta partes, distribuidas pelo Provedor,
e Olliciaes da arrecadação dos direitos.
C A P I T U L O IV.

De outros Oficiaes da Alfandega, que devem haver ordenados


CertOS.

I. O Executor das dívidas dos direitos da Alfandega, haverá de seu


ordenado cento e oitenta mil réis, pagos pelo Thesoureiro geral; e mais
haverá cinco por cento de todo o dinheiro, que por execução viva fizer
entregar ao Thesoureiro da mesma Alfandega, pagos pelo mesmo dinhei
ro, á custa de Minha Fazenda: e terá todas as de mais obrigações, que
pelo Alvará de 29 de Dezembro de 1763. Cap. 2. S. 84. 23. 26. e
']?'34 287

27., vão impostas ao Executor da Alfandega grande, de cujo Regimen


to usará em tudo, o que lhe for applicavel.
II. O Escrivão do dito Executor, haverá de seu ordenado cento e
vinte mil réis, pagos pelo Thesoureiro geral, e nada mais á custa de Mi
nha Fazenda por todas as diligencias, processos, e escrituras, que fizer
de Meu serviço; e sómente das partes levará as custas, que lhe deve
rem pelo Regimento geral. -

III. O Escrivão da Provedoria, haverá de seu ordenado cento e cin


coenta mil réis, pagos pelo Thesoureiro geral; e dos processos, e mais
papeis, que escrever, levará os emolumentos das partes, que pélo Regi
mento geral lhe deverem.
IV. O Guarda-Livros da Alfandega, haverá de seu ordenado trinta
mil réis, pagos pelo Thesoureiro geral: E das certidões, que der a pe
dimento de partes, levará o mesmo emolumento concedido ao Guarda
Livros da Alfandega grande.
C A P I T U L O V.

Determinações geraes.
O Provedor, e Oficiaes desta Alfandega do Tabaco devem guar
dar o Foral, e Regimento da Alfandega grande sobre as horas, em que
hão de abrir, e fechar, entradas, receitas, despezas, bilhetes, ponto,
companhias de trabalho, Guardas de navios, e Armazens, e pessoas, que
hão de entrar no despacho, e em tudo o mais, em que lhe for applicavel,
além do que por outros Regimentos particulares lhes está ordenado.
I. Todos os ordenados constituidos neste Alvará se assentarão nos li
vros de Minha Fazenda, e passarão para as folhas, a que pertencerem,
sem dependencia de outro algum despacho, com o vencimento do pri
meiro de Janeiro deste anno em diante, em quanto durar o Contrato a
ctual, que acaba no ultimo de Dezembro de 1755, porque do dito dia
em diante hão de ser todos pagos á custa dos futuros Contratadores, aos
quaes se hade arrematar o Contrato com esta obrigação, excepto pelo
que pertence ao Provedor, e Oficiaes da Alfandega do Tabaco, que sem
pre serão pagos pela fórma ordenada no presente Regimento.
II. Todos os oficios desta repartição do Tabaco se entenderão sem
pre serventias vitalicias, conforme a sua creação: e ainda que Eu, ou
os Reis Meus Successores, por alguma justa causa, faça mercê aos fi
lhos de serventuarios, ou proprietarios vitalicios, se entenderá ser feita
com a mesma natureza, sem que em tempo algum tenha lugar nelles o
eostume do Reino, a respeito dos outros officios de Justiça, e Fazenda,
menos quando por alguma urgentissima razão expressamente dispensar
este Capitulo, e conceder algum dos ditos oficios por direito consuetu
dinario. -

III. Não se poderá introduzir propina, ou ajuda de custo alguma,


além dos ditos ordenados, a titulo de maior trabalho do oficio, nem por
outro qualquer titulo, causa, posse, ou costume, posto que seja imme
morial; pois desde ja reprovo, e annullo a dita posse; e costume na raiz
da sua introducção. Permitto porém, que estando doentes, sangrados,
ou com outro algum remedio maior o Presidente, Deputados, Ministros,
e mais Oficiaes desta repartição, lhes possa a Junta mandar dar
por huma só vez de ajuda de custo, sessenta mil réis ao Presidente,
cincoenta mil réis a cada hum dos Deputados, Procurador da Fazenda,
288 1754

e Conservador; quarenta mil réis ao Secretario; e da dita quantia para


baixo aos outros Ministros, e Oficiaes, conforme a graduação de seus
oficios, não baixando nunca de dez mil réis no menor Official.
IV. Todos os proprietarios vitalicios serão obrigados a servir seus of
ficios, na fórma da Lei do Reino, Regimento da Fazenda, Leis, e De
cretos extravagantes; e os que não forem encartados; não sendo meno
res, ou mulheres, que tenhão mercês para quem com ellas casar, serão
obrigados de se encartarem em tres mezes, com pena de perdimento dos
oficios, que se darão em vida aos denunciantes. E quando Eu por algu
ma justa causa lhes conceder, que metão serventuarios, haverão estes
duas dartes do rendimento dos oficios, e os proprieterios huma terça par
te, sem poderem receber mais cousa alguma, directa, ou indirectamen
te, nem ainda dinheiros emprestados sem juros pelo tempo, que dura
rem as mesmas serventias. E huns, e outros não poderão levar mais do
conteúdo neste Regimento, ainda que as partes livremente lhos dêm de
pois das suas dependencias findas, aliàs ficarão incursos nas penas da Or
denaçao liv. 5." tit. 72.
V. Os filhos dos proprietarios, que servirem por Alvarás no impedi
mento de seus pais, nao levarão cousa alguma á custa de Minha Fazen
da, nem das partes, e somente arrecadarao para os ditos seus pais os or
denados, e emolumentos, que lhe tocarem.
VI. Quando o Deputado mais antigo servir de Presidente, ou os De
putados, Ministros, e Oficiaes desta repartiçao servirem huns por outros,
observarão, e guardarão o mesmo que Fui Servido Ordenar a este res
peito na repartição do Conselho da Fazenda, por Alvara de 29 de De
zembro de 1763, Cap. 46. § 6. • •

VII. Não se levará mais propina alguma extraordinaria, sem nova


Resolução, ou Decreto Meu; e quando Eu for Servido de a conceder,
vencerá o Presidente vinte mil réis; cada hum dos Deputados, Procura
dor da Fazenda, Conservador geral, Secretario da Junta, e Provedor da
Alfandega, dez mil réis; e todos os outros Olliciaes da dita quantia pa
ra baixo, o que parecer justo na Junta, conforme a graduação de seus
oficios, com tanto, que não baixe de mil e quinhentos reis a propina do
menor Oficial. E sendo Eu Servido por alguma razão de sentimento
Mandar vestir os Tribunaes de luto, vencerão para elle cinco propinas
extraordinarias: com declaração, que assim os lutos, como as propinas
extraordinarias, serão pagas por huma só repartição, e nenhuma pessoa
vencerá mais, que hum só luto, e huma só propina, ainda que tenha
muitos oficios, ou incumbencias. •

VIII. O Presidente, Deputados, e mais Ministros desta repartição,


que contravierem em todo, ou em parte, directa, ou indirectamente, as
disposições deste Alvará, incorrerão no Meu Real Desagrado, e nos ef
feitos, que delle resultão; e os outros Oficiaes perderão os oficios, que
se darão em vida aos denunciantes, e ficarão inhabilitados para Me ser
virem, além das penas, que por direito merecerem. E estas denuncia
ções receberão os Juizes dos feitos da Fazenda, assim em público, como
em segredo.
IX. Pelo que: Mando ao Presidente, e Deputados da Junta da Ad
ministração do Tabaco, e a todas as mais Justiças, Olliciaes, e Pessoas,
a que o conhecimento pertencer, fação inteiramentc cumprir, e guardar
este, como nele se contém, e o fação imprimir, e repartir por todas as
Mezas, Casas, Juizos, Oficiaes, e Pessoas, que o devem executar. E
valerá, posto que seu efeito haja de durar mais de hum anno, como Lei,
1754 • 289

ou Carta feita em Meu Nome, e por Mim assignada, e passada pela


Chancellaria, ainda que por ella não passe, sem embargo da Ordenação
livro 2." tit. 39, e 40 em contrario, que para este fim dispenso. Dado
em Lisboa a 22 de Abril de 1764. = Com a Assignatura de ElRei, e a
do Ministro. , , , , , !
# |- ** *

Impresso avulso.
# - -- -

#*#*Cº? **

E U ELREI, como ligitimo Administrador da Pessoa, e Casa da Prin


ceza do Brazil, Duqueza de Bragança, Minha sobre todas muito ama
da, e prezada Filha Faço saber a quantos este Meu Alvará de Regi
mento, com força de Lei virem, que sendo-Me presente a desigualda
de dos ordenados, propinas, ajudas de custo, ordinarias, e emolumem
tos, que se levão pela Junta do Estado da dita Casa de Bragança, pe
los Contos, pela Chancellaria, e Almoxarifados da sua repartição; e que
rendo reduzir todos a huma igualdade competente. Sou Servido extinguir
todos os ordenados, propinas, ajudas de custa, e ordinarias, assim de
dinheiro, como de especie, que até ao presente se levavão na dita Junta,
Chancellaria, e Almoxarifados, assim á custa da Fazenda do Estado, como
dos Rendeiros, para o que revogo, e annullo de Meu motu proprio, Po
der Real, e absoluto, todos os Regimentos, Decretos, Alvarás, e Re
soluções Minhas, e dos Reis Meus Predecessores, que as concedêrão, se
ja qual for o titulo da sua concessão; e Mando, que no registo de todos
se ponhão verbas, de como forão derogados por este Alvará; pelo qual de
novo constitúlo aos Ministros, e Oficiaes da dita Junta, Chancellaria,
e Almoxarifados, os ordenados seguintes, que hão de vencer do primeiro
de Janeiro deste anno, successivamente por todos os annos futuros, em
quanto Eu não mandar o contrario. * * ** * * * . * ……

C A P I T U. L O I. , , , , …
• • •* * 1; •
{ * *

. O Secretario da Casa, e Estado de Bragança, haverá de seu or


denado trezentos e sessenta mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Casa."
I. Cada hum dos Ministros Deputados da Junta, haverá de seu or
denado trezentos e cincoenta mil réis pelo Thesoureiro da Casa, %
II. O Procurador da Fazenda, e Estado, haverá de seu ordenado
quatrocentos e vinte mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro, º , " "
III. O Ouvidor geral, e Juiz das Justificações do Estado, haverá de
seu ordenado duzentos e sessenta mil réis, dos quaes lhe pagará o The
soureiro da Casa duzentos e cincoenta mil réis, e o Almoxarife do Pesº
cado dez mil réis, que já leva na folha: emais haverá as assignaturas, e
e emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem." " …"º
, IV. O Escrivão da Fazenda do Estado, haverá de seu ordenado qua
trocentos e oitenta mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Casa, ficando ex
tinctas as ordinarias dos Almoxarifados, que Fui Servido conceder-lhe
em onze de Dezembro de mil setecentos cincoenta e dous, em Consulta
da Junta, de trinta de Outubro do mesmo anno: é das partes levará os
emolumentos dobrados, que lhe forão concedidos na mesma Resolução."
- V. O Escrivão da Camara dº E…………………… O
Além-Téjo; e
290 • 1754

Riba-Téjo, haverá de seu ordenado trezentos é trinta mil réis, pagos pe


lo Thesoureiro da Casa; e das Camaras da sua repartição, levará as mes
mas propinas, e courellas de terra , que actualmente lhe repartem, e
com que lhe contribuem ; e dos papeis, que se lavrarem na sua Secre
taria , levará os mesmos emolumentos das partes concedidos aos Escri
vães da Camara da Coroa, e Justiças, pelo Regimento de vinte e cinco
de Agosto de mil setecentos e cincoenta, na parte em que lhe for appli
cavel, e não levará cousa alguma pela Chancellaria da Casa.
VI. O Escrivão da Camara da repartição do Minho, e Traz-os-Mon
tes, haverá de seu ordenado trezentos e trinta mil réis, pagos pelo The
soureiro da Casa, e não levará cousa alguma pela Chancellaria, nem a
mercê ordinaria de vinte mil réis em vida, que lhe forão concedidos : e
das Camaras da sua repartição levará as ordinarias, com que actualmen
te lhe contribuem ; e das partes levará os emolumentos concedidos ao Es
crivão da Camara companheiro. * * *

VII. O Thesoureiro da Casa, haverá de si mesmo para seu ordenado


quatrocentos e vinte mil réis, e não levará cousa alguma pela repartição
dos Contos : e das fianças, que tomar aos Rendeiros, Almoxarifes, e
mais pessoas, que as derem, levará os emolumentos, que direitamente
lhe tocarem á custa das partes. •

o VIII. O Escrivão da receita, e despeza do dito Thesoureiro, have


rá de seu ordenado , pago pelo mesmo Thesoureiro , quatrocentos mil
réis, e não levará cousa alguma pela repartição dos Contos : e das par
tes levará os emolumentos, que justamente lhe deverem, levando pelos
conhecimentos, que passar, o mesmo emolumento, que vai concedido
aos.Escrivães dos Thesoureiros, e Almoxarifes de Minha Fazenda no Al
vará de vinte e nove de Dezembro de mil setecentos cincoenta e tres.
IX. O Carturario da Casa , e Estado , haverá de seu ordenado ses
senta mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Casa ; e os emolumentos das
partes, que justamente lhe deverem. E em quanto estiver encarregado
do dito Oficio o Sargento Mór de Batalhas Manoel da Maia, Fidalgo de
Minha Casa, haverá mais de ordinaria pessoal, paga pelo mesmo The
soureiro , quatrocentos mil réis cada hum anno, pelo grande trabalho,
que tem na reducção, e regulação do Cartorio do Estado: e esta mer
cê não fará exemplo para os seus successores.
-- X_ O Escrivão das mercês do Estado, haverá de seu ordenado, pago
pelo Thesoureiro
tes, da Casa,
que justamente trezentos mil réis; e os emolumentos
lhe deverem. |- | das par • -

XI. O Oficial da Secretaria da Casa , e Estado, haverá de seu or


denado duzentos e quarenta mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro, com
obrigação de dar á sua custa papel, tinta, pennas, obrêas, lacre, fita,
elo mais, que for necessario para o expediente da Secretaria: e das par
tes levará os emolumentos, que actualmente leva, em quanto se lhe não
der Regimento. * * * * * * * . * * * * * * ** * *,, ; * * *

o XII. O Oficial Maior da Secretaria da Fazenda, haverá de seu or


denado trezentos mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Casa, e ficarão ex
tinctas as ordinarias, que lhe forão concedidas nos Almoxarifados, pela
dita Resolução de onze de Dezembro de mil setecentos cincoenta e dous:
e dos papeis, que lavrar , levará os emolumentos dobrados á custa das
partes, na fórma da referida Resolução. m e a •

XIII. Cada hum dos dous Oficiaes menores da dita repartição, ha


verá de seu ordenado; duzentos e quarenta milréis, pagos pelo Thesou
reiro da Casa, ficandoºtambem extinctas as ditas ordinarias dos Almo
I754 29 |

xarifados : e das partes levarão os emolumentos dobrados, na fórma da


dita Resolução. •

XIV. O Oficial Felix José da Costa, além do dito ordenado, vence


rá pelo Thesoureiro da Consignação Real, em sua vida sómente, cento
quarenta e hum mil e oitocentos réis, que por Resolução de vinte e hum
de Outubro de mil setecentos e cincoenta, Fui Servido conceder-lhe em
remuneração de doze annos de serviço, por ser outro tanto de ordenado,
e propinas ordinarias, como nesse tempo levava por Oficial da Fazenda.
XV. Cada hum dos tres Praticantes do número da Casa da Fazenda,
haverá de seu ordenado quarenta e oito mil réis, pagos pelo Thesourei
ro da Casa, em quanto não entrarem nos lugares de Oficiaes, para os
quaes passarão por suas antiguidades, sendo primeiro approvados na Jun
ta; e assim os Oficiaes, como os Praticantes, serão propostos pelo Es
crivão da Fazenda, approvados na Junta, e provídos por Alvarás Meus.
E os Praticantes supranumerarios, não vencerão cousa alguma em quan
to não forem do número ; no qual não entrarão sem que tenhão residen
cia continuada, e com ella prefirirá sempre o mais antigo, sendo habil.
Por graça especial permitto, que o Praticante supranumerario Feliciano
Francisco de Mello, vença trinta e seis mil réis de ordenado por anno,
em quanto não entrar no número, por estar já admittido no rol das pro
pinas
dar sem
porResolução
despacho Minha.
da Junta ; posto , que esta lhas não podia mandar •

XVI. Cada hum dos dous Oficiaes papelistas, dos dous Escrivães da
Camara, haverá de seu ordenado, setenta e dous mil réis, pagos pelo
Thesoureiro da Casa; e os emolumentos das partes, que levarem os Of
ficiaes papelistas dos Escrivães da Camara da Coroa, na parte em que
lhe for applicavel. •

XVII. O Porteiro da Junta haverá de seu ordenado cento e oitenta


mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Casa; e os emolumentos das partes,
que direitamente lhe deverem: bem entendido, que não levará cousa al
guma por milhar dos preços dos Contratos.
XVIII. O Escrivão da Ouvidoria geral, e Justificações da Casa, ha
verá de seu ordenado , pago pelo Thesoureiro della, noventa e seis mil
réis; e os emolumentos das partes, que justamente lhe deverem.
XIX. O Inquiridor da dita Ouvidoria geral, e Justificações, haverá
de seu ordenado, pago pelo Thesoureiro da Casa, cento e trinta mil réis,
e não levará cousa alguma mais pela repartição dos Contos; e das par
tes levará os emolumentos, que pelo Regimento lhe deverem.
XX. O Meirinho da Junta, e dos mais Juizos, e Casas subalternas,
haverá de seu ordenado, pago pelo Thasoureiro da Casa , cento e vinte
mil réis; e quarenta mil réis para dous homens da Vara, que se lhe pa
garão com certidão do Ouvidor geral, de como se acompanha com os di
tos homens; e das partes levará os emolumentos, que direitamente lhe
pertencerem pelo Regimento geral das Justiças: mas não levará mais
cousa alguma, nem por esta, nem por outra repartição, pelas diligen
cias, que fizer em serviço da mesma Casa, e Estado, para as quaes es
tará sempre prompto na Junta, Contos, e Chancellaria; e não podendo
abranger para as diligencias dos Almoxarifados, se poderão estas com
metter a outros quaesquer Oficiaes.
XXI. O Escrivão do dito Meirinho, haverá de seu ordenado, pago
pelo Thesoureiro da Casa, cento e vinte mil réis; e os emolumentos das
partes, que direitamente lhe pertencerem, ficando com as mesmas obri
gações, e restricções declaradas no titulo do Meirinho.
Oo 2
292 1754
XXII. Cada hum dos dous Contínuos da Junta haverá de seu orde
nado cem mil réis pagos pelo Thesoureiro da Casa; e não vencerão mais
cousa alguma pelos Contos, nem por outra alguma repartição.
XXIII. O Fiel do Thesoureiro da Casa haverá de seu ordenado, pa
go pelo mesmo Thesoureiro , cento e quarenta mil réis ; e não vencerá
mais cousa alguma pelos Contos, Chancellaria , nem por outra reparti
ção. E em quanto servir este Officio Faustino Lopes, lhe pagará mais o
dito Thesoureiro cada hum anno, cincoenta e seis mil setecentos e oi
tenta réis, de ordinaria pessoal , em commutação dos dous mil réis de
augmento de propina, que Fui Servido conceder-lhe , por Resolução de
quatorze de Junho de mil setecentos cincoenta e dous, tomada em Con
sulta da Junta: a qual ordinaria se extinguirá com a pessoa do dito Fiel.
XXIV. O Solicitador das causas , e execuções da Casa , e Contos,
haverá de seu ordenado cento e quarenta mil réis, e dous por cento da
importancia de todas as dívidas da Casa, que por execução viva, e por
sua diligencia fizer arrecadar, pagos á custa do mesmo dinheiro arreca
dado. E não levará mais cousa alguma pelos Contos, nem por outra re
partição; excepto os emolumentos das partes, que pelo Regimento ex
presso lhe deverem.
C A P I T U L O II.

Pessoas de fóra.
O Advogado das causas da Casa, haverá todos os annos doze mil
réis de ordinaria, pagos pelo dito Thesoureiro.
I. O Contador das custas da Ouvidoria da Alfandega , que tambem
conta as custas dos autos da Casa, vencerá nove mil e seiscentos réis de
ordinaria, pagos pelo dito Thesoureiro.
11. O Porteiro dos Aggravos da Casa da Supplicação , pelo serviço,
que faz á Casa, vencerá sete mil e duzentos réis de ordinaria pagos pe
lo dito Thesoureiro.

C A P I T U L O III.

Contos da Casa.

O Superintendente, Provedor dos Contos da Casa, haverá de seu


ordenado, pago pelo Thesoureiro della, por ambos os oficios, seiscentos
e vinte mil réis.
1. O Ministro, que servir de Executor dos Contos, e dívidas da Ca
sa, haverá de seu ordenado, cento e oitenta mil réis, pagos pelo The
soureiro della, e quatro por cento de todo o dinheiro, que por execução
viva fizer recolher para a mão do Thesoureiro, pagos á custa do mesmo
dinheiro: e das partes levará as mesmas assignaturas concedidas ao Exe
cutor dos Contos do Reino, e Casa, por Alvará de vinte e tres de Agos
to de mil setecentos cincoenta e tres, do qual usará em tudo o que lhe
for applicavel. E a Junta Me consultará se he mais conveniente , que
esta executoria
dencia. se proveja em lugar de letras triennal, sujeito a resi
• --

II. O Contador mais antigo dos Contos, que juntamente servirá de


Escrivão da Meza do Superintendente, da receita do Executor, da en
trada das contas, e Provedor das Emmentas, haverá de seu ordenado,
1754 293

por todos estes oficios, quatrocentos e oitenta mil réis, pagos pelo The
soureiro da Casa; e os emolumentos das partes, que justamente lhe de
verem.
III. Cada hum dos outros dous Contadores dos Contos, haverá de seu
ordenado, duzentos e oitenta mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Casa;
e os emolumentos das partes, que justamente lhe deverem.
IV. O Contador aposentado Manoel Viegas Metella , vencerá cada
hum anno, em quanto vivo for, duzentos sessenta e tres mil e duzentos
réis, pagos pelo dito Thesoureiro, por ser outro tanto, como importa
vão o ordenado, e propinas, quando foi aposentado.
V. Cada hum dos tres Escrivães dos Contadores dos Contos, haverá
de seu ordenado duzentos mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro ; e os
emolumentos das partes, que direitamente lhe pertencerem.
VI. O Escrivão das execuções dos Contos, e dívidas da Casa, have
rá de seu ordenado quarenta mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro ; e
tres por cento de todo o dinheiro, que por execução viva se recolher no
cofre, ou em mão do Thesoureiro, pagos á custa das mesmas importan
cias recolhidas. •

VII. Haverá nos Contos quatro Praticantes do número , que junta


mente sirvão por distribuição de Oficiaes do Registo; e por ambos os
empregos vencerá cada hum oitenta mil réis de ordenado, pagos pelo
Thesoureiro da Casa. E o Praticante mais antigo servirá sempre de Es
crivão supranumerario dos Contos, e haverá mais por este trabalho trin
ta mil réis, pagos pelo dito Thesoureiro.
VIII. O Porteiro dos Contos haverá de seu ordenado, cento e trinta
mil réis, com obrigação de armar, e desarmar a casa, e tratar do seu
aceio, á sua custa.
IX. O Guarda-Livros dos Contos, de que serve o dito Porteiro, ha
verá de seu ordenado, por este oficio, dez mil réis, pagos pelo dito The
soureiro; e os emolumentos das partes, que justamente lhe deverem.
X. O Solicitador, Fiel do Thesoureiro, Inquiridor, Meirinho, seu
Escrivão, e os dous Contínuos, vão provídos na repartição da Junta, e
não haverão por esta , cousa alguma ; sendo porém obrigados de servir
nella, em tudo o que pertencer a seus oficios.
XI. Haverá nos Contos dez Praticantes supranumerarios sómente,
com residencia contínua; e dos que actualmente servem, nomeio Anto
nio da Silva Reis, Antonio José de Mattos Ferreira, José Pedro de Oli
veira, Bernardo da Costa Calheiros, José Antonio Salustino de Macedo,
Vicente Luiz Nobre , Francisco Xavier da Silva Pontes , Felix de Al
meida Pinto, João Chrysostomo dos Reis Tavares, e Germano da Silva
Carqueijo, excluidos todos os outros, que superfluamente forão admitti
dos, sem necessidade, e sem residencia, porque se conheça o seu pres
timo. Cada hum dos ditos dez Praticantes supranumerarios, vencerá seis
mil e quatrocentos réis de ordinaria para papel, tinta, e pennas, pagos
pelo dito Thesoureiro, cada hum anno, em dous pagamentos por S. João,
e Natal, em quanto não entrarem no número.
C A P I T U L O IV.

Chancellaria da Casa.

O Deputado mais antigo da Junta servirá sempre de Chanceller


da Casa , e haverá mais de seu ordenado por este emprego quarenta e
294 1754

oito mil réis , e não haverá mais cousa alguma para sacco, nem para
obrêas ; e das partes levará as assignaturas, e emolumentos, que pelo
Regimento lhe pertencerem.
1. O Thesoureiro da Casa, servirá tambem de Thesoureiro da Chan
cellaria , e haverá de si mesmo quarenta mil réis mais de ordenado por
este emprego.
II. O Escrivão da Chancellaria , e do Registo della, haverá de seu
ordenado, pago pelo Thesoureiro, quarenta mil réis; e os emolumentos
das partes, que pelo Regimento lhe deverem.
III. O Porteiro da Chancellaria haverá de seu ordenado , pago pelo
dito
pelo Thesoureiro,
Regimento lhesetenta mil réis; e os emolumentos das partes, que
deverem. •

IV. O Procurador da Fazenda, Escrivães da Camara, e Fiel do The


soureiro, não haverão cousa alguma por esta repartição da Chancellaria,
por quanto vão provídos pela repartição da Junta.

C A P I T U L O V.

Almoxarifado da Dizima do Pescado desta Cidade.


O Almoxarife da Dizima do Pescado desta Cidade, haverá de seu
ordenado quatrocentos e oitenta mil réis , dos quaes lhe pagará o Con
tratador trezentos quarenta e sete mil e duzentos réis, por tudo que he
obrigado a pagar-lhe na fórma da sua arrematação; e cento e trinta e
dous mil e oitocentos réis, que faltão para encher a dita quantia, os ha
verá em si mesmo, pelo rendimento do dito Almoxarifado, em quanto
durar o presente Contrato: e não levará mais a ração de trinta por mi
lhar, que lhe estava concedida pelo Cap. VI., e VII. do Regimento, e
pela Resolução de nove de Outubro de mil setecentos e trinta, que ficão
revogados por este Alvará: e será obrigado a pagar á sua custa ao Co
brador dos miudos. E no que houver de receber do Contratador cada
hum anno, lhe fará disconto, da parte respectiva do que já recebeo por
junto no principio do Contrato, repartido por todos os annos delle.
I. O Escrivão do dito Almoxarifado haverá de seu ordenado quatro
centos mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador duzentos e oitenta
e tres mil e seiscentos réis, por tudo o que he obrigado, na fórma da
sua arrematação, fazendo-lhe disconto, do que já lhe houver pago por jun
to no principio do Contrato, a respeito dos tres annos delle; e cento e
dezeseis mil e quatrocentos réis, que faltão para encher a dita quantia,
lhos pagará o Almoxarife, pelo rendimento da Casa, em quanto durar o
presente Contrato: e não haverá mais cousa alguma, nem para panno
do bofete, excepto os emolumentos das partes, que pelo Regimento lhe
deverem ; e ficará extincta a ração de trinta por milhar, como vai decla
rado no titulo do Almoxarife.
II. O Escrivão das avaliações do Pescado, haverá de seu ordenado
trezentos e noventa mil réis, dos quaes lhe pagará o Contratador duzen
tos sessenta e nove mil e oitocentos réis, por tudo que he obrigado, na
fórma da sua arrematação, discontando-lhe o que já lhe tiver dado por
junto no principio do Contrato, a respeito dos tres annos delle; e os cen
to e vinte mil e duzentos réis, que faltão para completar a dita quantia,
lhos pagará o Almoxarife pelo rendimento da Casa em quanto durar o
presente Contrato: e fica extincta a ração de trinta por milhar, como
1754 295

vai disposto no titulo do Almoxarife: e das partes levará os emolumen


ros, que pelo Regimento lhe deverem.
III. O Procurador da Dizima do dito Almoxarifado, haverá de seu
ordenado trezentos e noventa mil réis, dos quaes lhe pagará o Contrata
dor duzentos sessenta e oito mil e oitocentos réis, por tudo o que he o
brigado na fórma de sua arrematação, fazendo-lhe disconto de tudo o que
lhe houver dado por junto no principio do Contrato, a respeito dos tres
annos dele; e os cento e vinte e hum mil e duzentos réis, que faltão pa
ra encher a dita quantia , os pagará o Almoxarife pelo rendimento da
Casa, em quanto durar o presente Contrato, ficando extincta a ração de
trinta por milhar, como vai disposto no titulo do Almoxarife: e das par
tes levará os emolumentos, que pelo Regimonto lhe deverem.
IV. O Fiel das Dizimas, depositario do Juizo, Contador das custas,
e Inquiridor do dito Almoxarifado, haverá de seu ordenado por todos os
ditos oficios, trezentos e quarenta mil réis, ficando extincta a ração do
trinta por milhar, na fórma que vai disposto no titulo do Almoxarife,
dos quaes lhe pagará o Contratador, duzentos cincoenta e seis mil e oito
centos réis, por tudo o que he obrigado na forma da sua arrematação,
fazendo-lhe disconto do que lhe houver dado por junto no principio de
Contrato, a respeito dos tres annos delle: e das partes levará os emolu
mentos, que pelo Regimento lhe tocarem. - *

V. A Vendedeira do peixe da Dizima do dito Almoxarifado, haverá


de seu ordenado duzentos mil réis, á custa do Contratador, ficando ex
tincta a ração dee vinte
do Almoxarife, e cinco por milhar, como vai disposto no titulo
nada mais. •

VI. O Escrivão das Dizimas do Téjo, haverá de seu ordenado duzen


tos e trinta mil réis, ficando extincta a ração de vinte por milhar, na
fórma que se declara no titulo do Almoxarife, dos quaes lhe pagará o
Contratador cento e oitenta e quatro mil réis, como he obrigado, na
fórma da sua arrematação, fazendo-lhe disconto do que lhe tiver pago
* junto no principio do Contrato a respeito dos tres annos delle: emais
verá das partes os emolumentos, que pelo Regimente lhe deverem.
VII. Por justas causas, que Me forão presentes; Sou Servido extin
guir seis oficios dos doze Feitores, que ha neste Almoxarifado, os quaes
serão os mais modernos, e se ficarão conservando os seis mais antigos;
e cada hum destes haverá de seu ordenado, duzentos e vinte mil réis,
ficando extincta a ração de vinte por milhar, como fica disposto no titu
lo do Almoxarife, dos quaes lhes pagará o Contratador cento e setenta
e quatro mil réis, por tudo o que he obrigado na fórma da sua arrema
tação, fazendo-lhe disconto do que lhe houver dado por junto, a respei
to dos tres annos do Contrato; e os quarenta e seis mil réis, que faltão
para encher a dita quantia lhos pagará o Almoxarife pelo rendimento da
Casa, em quanto durar o presente Contrato; e mais haverão das partes
os emolumentos, que pelo Regimento lhe deverem.
VIII. Aos seis Feitores proprietarios, que ficão extinctos, se passa
rão Alvarás de promessa de Oficios, de lote igual de Justiça, ou Fazen
da, assim da Casa, como da Coroa, para serem nelles provídos, sem
concurso; e em quanto não forem provídos vencerão os ditós duzentos e
vinte miliréis de ordenado, pagos na referida fórma, em quanto durar o
Contrato actual, sem outro algum emolumento… … : io… . ",
IX. Findo, que seja o presente Contrato; Ordeno, que todos os or
denados constituidos neste Almoxarifado, se imputem por obrigação aos
futuros Contratadores da Dizima, além do preço de seus Coatratos : º
296 1754
[

c AP 1 T U L o vi.
• consignação Real.
… O Thesoureiro da Consignação Real, haverá de si mesmo, para
seu ordenado, trezentos e vinte mil réis.
I. O Escrivão do dito Thesoureiro, haverá de seu ordenado, trezen
tos mil réis, pagos pela mesma consignação; e os emolumentos das par
tes, que justamente lhe deverem, levando pelos conhecimentos o dobro,
como está concedido aos Escrivães dos Thesoureiros de Minha Fazenda.
II. O Fiel do dito Thesoureiro, haverá de seu ordenado, cento e cin
coenta e cinco mil réis, pagos pela mesma consignação.
III. O Escrivão da Minha Cozinha vencerá nesta repartição duzen
tos e quarenta
vencia, millhe
as quaes réisficão
de supprimidas.
ordenado, em lugar das propinas, que mella • •

IV. Oficial da Fazenda da Casa, e Estado de Bragança Felix José


da Costa, vencerá nesta repartição em sua vida sómente cento e qua
renta e hum mil e oitocentos réis, de mercê pessoal, em remuneração
de serviços, como se declara no §. 14. do Cap. 1. deste Regimento.
V. Não se pagará por esta repartição cousa alguma aos Contratadores
dos Contos, seus Escrivães, Escrivão da Superintendencia, e Porteiro
dos mesmos Contos; por quanto vão provídos de ordenados competentes
nos seus titulos. ** * * * • <i
* * *

C A P I T U L O VII.

- Gastos secretos.

O Thesoureiro dos Gastos secretos, haverá de si mesmo para seu


ordenado, trezentos mil réis. E a este respeito se pagará aos Thesou
reiros, que houverem servido nos dous triennios antes do actual sem le
varem propinas; pela dúvida que houve sobre o pagamento dellas.
I. O Escrivão do dito Thesoureiro, haverá de seu ordenado, duzem
tos e cincoenta mil réis, pagos na referida fórma. | |,

- II. O Fiel do dito Thesoureiro, haverá de seu ordenado, oitenta e


cinco mil réis, pagos na fórma referida. * , + +

º III. O Tapeceiro de Minha Casa será pago por esta repartição, em


quanto Eu o houver por bem, e não mandar o contrario; e o Thesourei
ro lhe pagará, conforme as ordens particulares, que para este efeito se*
expedirem. , , ' ' " …! … " ,
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e º " - CA P I T U L O VIII.;
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" ... Todos os ordenados neste Alvará novamente constituidos, se assen
tarão nos livros de Minha Fazenda, e da Fazenda da Casa de Bragança,
a que pertencerem, por este Alvará sómente, sem dependencia de ou
tro algum despacho; e se passarão para as folhas, a que tocarem, com
o referido vencimento do primeiro de Janeiro deste anno. O buri "i
… Todos os Proprietarios encartados serão obrigados a servir seus oficios
na fórma da Lei do Reino, e de outras extravagantes: e os que não fo
1754" 297.

rem encartados, não sendo menores, ou mulheres, que tenhão mercês


dos oficios, para quem com ellas casar, serão obrigados de se encartar
dentro de tres mezes, com pena de perdimento dos oficios, que se da
rão em vida aos denunciantes. E quando Eu por alguma justa causa, lhes
conceder, que possão meter Serventuarios, não poderão haver delles mais,
que a terceira parte do rendimento dos oficios, sem outro algum lucro
expresso, ou dissimulado, nem ainda emprestimo de dinheiro sem juros,
pelo tempo, que durarem as serventias. E assim os Proprietarios, como os
Serventuarios, não poderão levar das partes gratificações algumas, além
do que lhe for devido por este, ou outro algum Regimento, posto que
livremente lhas ofereção depois das suas dependencias findas, aliàs fica
rão incursos nas penas da Ordenação liv. 5.º titulo 72.
II. Os filhos dos Proprietarios, que servirem no impedimento de seus
pais, não levarão cousa alguma á custa de Minha Fazenda, nem da Fa
zenda da Casa, ou das partes; e sómente arrecadarão os ordenados, e
emolumentos simplices, que pertencerem aos ditos seus pais, sem embar
go de quaesquer Decretos, ou Alvarás em contrario, que todos annullo,
e revogo. • •

III. Os Deputados da Junta, Ministros, e Oficiaes desta repartição,


que servirem huns por outros, farão suas proprias as assignaturas, es
portulas, e emolumentos, que pagarem as partes, sem que se dupliquem
outros para os impedidos; mas não vencerão cousa alguma dos ordena
dos, até quarenta dias de serventia; e do dito termo por diante, ven
cerão a quinta parte dos ordenados dos impedidos, até que larguem as
serventias, fazendo-se porém desconto della, na importancia dos quar
teis dos Ministros, ou Oficiaes Proprietarios, que deixárão de servir,
para o que se passarão as ordens, e porão as verbas necessarias nas mar
gens dos assentos, e folhas, a que pertencerem. E quando as serventias
estiverem vagas, vencerão os Ministros, e Oficiaes, a que se com met
terem, a dita quinta parte de ordenado, do primeiro dia, que nellas en
trarem, até ao dia, em que sahirem. Sendo porém serventias de oficios
de provimento, de que se paguem direitos na Chancellaria, e de que es
tejão as propriedades vagas , vencerão os Serventuarios todos os ordena
dos, e emolumentos pertencentes aos mesmos officios. • : r

lV. Havendo alguns Ministros, ou Oficiaes nesta repartição , , que


não tenhão Regimento expresso das assignaturas, ou emolumentos, que
as partes devem pagar, ou não indo supprido neste Alvará, a Junta Me
consulte sobre esta materia, o que lhe parecer conveniente para lhes dar
Regimento. - … - J -
V. Não he de Minha Real intenção extinguir as ordinarias, propi
nas, ou quotas, que nos preços dos Contratos, ou nas folhas da Casa,
estiverem applicadas, para esmolas, ou outras obras pias ; antes Man
do, que continuem, em quanto expressamente não mandar o contrario.
VI. Não se poderá introduzir propina, ajuda de custo, ou ordinaria
alguma, além dos ditos ordenados, a titulo de maior trabalho do oficio,
nem por outro qualquer titulo, costume, ou posse, ainda que seja im
memorial; porque desde já a reprovo, e annullo na raiz da sua introduc
ção. Permitto porém, que nas doenças de sangria, ou de outro remedio
maior, possa a Junta mandar dar de ajuda de custo, por huma só vez,
e por huma só repartição, ainda que o doente tenha mais de hum oficio,
cincoenta mil réis a cada hum dos Deputados, e Procurador da Fazem
da; quarenta mil réis a cada hum dos Escrivães da Fazenda, e Camara
da Casa, e ao Superintendente dos c…"; , e Thesoureiro geral della;
P
298 1754

e dahi para baixo, aos outros Ministros, e Oficiaes, conforme a gradua


ção de seus oficios, não baixando de dez mil réis: bem entendido, que
não entrão nesta permissão os aposentados, ou Oficiaes, que tiverem
oficios extinctos, ainda que venção ordenados.
VII. Não se levará mais propina alguma extraordinaria, sem nova
Resolução, ou Decreto Meu : e quando Eu for Servido de a conceder,
por alguma demonstração de alegria, vencerá o Secretario da Casa, e
Estado, vinte mil réis por cada huma; e cada hum dos Deputados, e
Procurador da Fazenda doze mil réis; e os Escrivães da Fazenda, Ca
mara, Mercês , Thesoureiro geral, e Superintendente dos Contos dez
mil réis; e desta quantia para baixo todos os outros Oficiaes, conforme
a graduação de seus oficios, não baixando de mil e quinhentos réis no
menor Oficial. E sendo Eu Servido mandar, que os Ministros, e Offi
ciaes desta repartição se vistão de luto, vencerá cada hum tres propinas
extraordinarias , para a despeza do mesmo luto : com declaração, que
huma só pessoa, não ha de vencer mais, que hum luto, e huma só pro
pina extraordinaria, ainda que tenha muitos oficios, ou incumbencias
de propriedade, ou serventia.
VIII. Os Deputados da Junta, que contravierem em parte, ou em
todo, directa, ou indirectamente, as disposições deste Regimento, in
correrão no Meu Real desagrado, e nas demonstrações, que delle resul
tão: e os outros Oficiaes perderão os oficios, que se darão em vida aos
denunciantes, ficando inhabilitados para mais Me servirem, além das ou
tras penas, que por Direito merecerem : e se forem Serventuarios, per
derão o valor dos oficios, ametade para o denunciante, e a outra ame
tade para o Hospital Real de todos os Santos : e estas denunciações re
ceberá o Ouvidor geral da Casa, em público, e em segredo.
º IX. Mando aos Deputados da dita Junta, e Estado da Casa de Bra
gança, e a todas as mais Justiças; Oficiaes , e pessoas, a que o co
nhecimento pertencer, fação inteiramente cumprir, e guardar este Re
gimento, como nelle se contém, e o fação imprimir, e repartir por to
das as Casas, Mezas, Juizos, Oficiaes, e pessoas, que o devem exe
cutar: remettendo-o tambem ao Conselho de Minha Fazenda, que o fa
rá cumprir pela parte, que lhe toca. E valerá, posto que seu efeito ha
ja de durar mais de hum anno, como Lei, ou Carta feita em Meu No
me, e por Mim assignada, e passada pela Chancellaria, ainda que por
ella não passe, sem embargo da Ordenação livro 2.tit. 39. e 40. em con
trario , que para este fim dispenso. Dado em Lisboa a 22 de Abril de
1754. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Impresso avulso.

*«…!!--W

Aos 14 do mez de Maio de 1754, na presença do Illustrissimo e Ex


cellentissimo Senhor Dom Pedro Duque de Lafões, e Regedor das Jus
tiças, se propoz em Meza grande, perante os Desembargadores de Ag
gravos abaixo assignados, a dúvida, que havia entre os Julgadores das
primeiras Instancias, sobre a intelligencia do Capitulo 18 da Lei da Pra
gmatica de 24 de Maio de 1749, que prohibe a toda a pessoa, natural,
ou estrangeira, o vender nas Cidades, Villas, e Lugares, em casas, e

+
I 754 299

pelas ruas as fazendas, que para isso trazem em caixas, e trouxas, sob
pena de perdimento da mesma fazenda , cem mil réis de condemnação,
e seis mezes de cadêa; de que se entrou em dúvida, para se incorrer
nestas penas, se era necessario, que os vendedores as fossem apregoan
do pelas ruas, ou as fossem oferecer pelas casas, para lhas comprarem,
ou se bastaria o serem achados nas ruas com as mesmas fazendas: sen
do as pessoas, que as levarem, das que as costumão vender, levando
comsigo vara, e pesos, com que as costumão medir, e pezar, para pelo
simples acto da achada serem condemnados, sem mais prova, nas penas
desta Lei. E se assentou por muito maior parte dos votos, que a Lei,
como era penal, senão devia extender a caso não comprehendido na sua
prohibição; porque o levar fazendas, e ser achado com ellas, era dispo
sição para a venda, mas não era venda, a qual se devia provar com ef
feito por provas certas, de que voluntariamente os vendedores a tinhão
feito: e que tambem se não comprehendia na Lei, quando semelhantes
vendedores, tendo loja aberta, erão chamados, para levarem fazendas
a casas particulares, para se verem, e comprarem; por obrarem nesta
fórma actos necessarios á utilidade pública, que a Lei não prohibe. E
para não vir mais em dúvida, se mandou neste Livro fazer este Assen
to, que o dito Senhor Regedor assignou com os Desembargadores de Ag
gravos, que presentes estavão. = Duque Regedor. = Castello. = Cu
nha. = Ribeiro. = Doutor Martins. = Oliveira. = Doutor Bermudes.
== Doutor Figueiredo. = Doutor Vasconcellos. = Martins. = Castro.
= Cogominho. = Doutor Novaes.

Livro II. da Supplicação fol. 89 ; e na Collecção dos


Assentos a fol. 347.

*-***@"+ #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que Eu fui Servido crear a Junta da Administração dos Depositos públi
cos por outro Alvará com força de Lei de vinte e hum de Maio de mil
setecentos cincoenta e hum, ordenando no §. 2. do Capitulo 3. do mes
mo Alvará , que a dita Junta mandaria fazer os pagamentos devidos ás
partes, que lhe apresentassem Mandados dos Juizes competentes; e por
que podem mover-se dúvidas sobre a intelligencia da palavra Mandado
inserta no dito §, tomando-o talvez no sentido de ficar a Junta á manei
ra dos Depositarios, que mandei extinguir, subordinada aos Ministros,
que despachão pagamentos pelos Depositos da sua Administração: Que
rendo Eu obviar toda a occasião de controversias prejudiciaes ao expe
diente da dita Junta, e á authoridade, que lhe Tenho conferido : Sou
Servido ordenar, que os Ministros, que despacharem para se receber,
ou extrahir dinheiro, ou móveis dos ditos Depositos, o fação por via de
Precatorios, expedidos com a civilidade competente á authoridade da re
ferida Junta; e que os Escrivães, que os lavrarem, não possão copiar
nelles as sentenças, como costumão em outros Precatorios; mas escre
vão sómente o que atégora se escrevia nos Mandados dirigidos aos De
positarios, sem outra diferença mais , que a da formalidade assima or
denada : e que assim os Escrivães , , como os seus Ministros respectivos
tenhão os mesmos emolumentos pela escrita, e assignaturas dos ditos
Pp 2
3OO I754

Precatorios, que atégora se pagavão pelos Mandados. E este Alvará se


cumpra, e guarde inteiramente, sem embargo de quaesquer Leis, Re
gimentos, Resoluções, ou costumes em contrario, que todos Hei por de
rogados para este efeito, como se delles fizesse expressa menção. E or
deno ao Marquez Presidente da Meza do Desembargo do Paço, ao Du
que Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Relação do Porto,
Desembargadores das mesmas Casas, e a todos os Corregedores, Prove
dores, Ouvidores, Juizes, Oficiaes de Justiça desta Cidade, e de todos
os Meus Reinos, e Senhorios, que cumprão, e guardem, e fação intei
ramente cumprir, e guardar este Alvará, como nelle se contém. E para
que venha á noticia de todos, e se não possa allegar ignorancia, Man
do ao Desembargador Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Con
selho, e Chanceller Mór do Reino, o faça publicar na Chancellaria , e
enviar a cópia delle sob Meu Sello, e seu signal aos Corregedores, Pro
vedores , e Ouvidores das Comarcas, e aos das terras dos Donatarios,
onde os Corregedores não entrão. E este se registará nos livros da Meza
do Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, Senado da Camara, e
nos da Relação do Porto, e mais Tribunaes, onde semelhantes Leis se
costumão registar: e este proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado
em Lisboa aos 6 de Julho de 1754. = Com a Assignatura de ElRei, e
a do Marquez Mordomo Mór Presidente.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li
vro das Leis, a fol. 50, e impr. avulso.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que sendo
Me presente, que para se evitarem os incendios, que a experiencia ti
nha mostrado terem acontecido nesta Cidade por se vender Polvora em
casas particulares, contra as ordens, e posturas, se ordenára ao Tenen
te General da Artilheria no Capitulo 20 do seu Regimento mandasse,
que nenhuma pessoa, de qualquer qualidade que fosse podesse ter Pol
vora em sua casa, ou vendella, debaixo da pena de perder a Polvora,
que se lhe achasse, para a Fazenda Real, e de quatro mil réis de con
demnação para o Meirinho, ou outro qualquer Oficial, que a descobris
se; e que se faria a mesma diligencia nos Navios Portuguezes, e Estran
geiros, que não fossem de guerra, e estivessem no rio, por todos serem
obrigados a recolher a Polvora, que trouxessem para seu fornecimento,
ou para vender, na Torre della antes que descarregassem a mais fazem
da, e tornalla a levar quando houvessem de fazer viagem: e havendo de
se vender, sempre a parte, que a comprasse, a havia de ter dentro da
mesma Torre, ou para a embarcar para fóra, ou para a mandar para a
parte destinada, aonde se podesse vender, por não ficar em parte algu
ma da Cidade, e se evitar deste modo todo o perigo; e que no Regimen
to do Almoxarife da Polvora se lhe ordenava no Capitulo 3 tivesse hum
livro de Entrada, rubricado pelo dito Tenente General, em o qual lan
çaria toda a Polvora de particulares, declarando nelle por assentos o dia,
em que entrára cada partida, donde vinha, e a quem pertencia, o ta
manho dos barrís, e suas marcas, recebendo-os ou por pezo, ou por bar
rís, conforme as partes quizessem; e que teria particular cuidado, e vi
1754 3O]

gilancia, em que na Cidade não houvesse em casa alguma Polvora, e só


nas partes costumadas, aonde se costumasse vender; e que quando lhe
parecesse dar busca em algumas casas , o faria com o Escrivão do seu
cargo, e hum dos Meirinhos dos Armazens; e achando nellas Polvora,
executaria o que dispoem o Regimento do Tenente General da Artilhe
ria no Capitulo referido: e que quando as partes quizessem levar a dita
Polvora, vendendo-a a Navios particulares, Vassallos destes Reinos, ou
a outras quaesquer pessoas para fóra da Cidade, quando não seja neces
saria para Meu serviço, porque então a não deixará vender, sem ordem
do dito Tenente General, a faria provar primeiro pelo Polvarista, que
parecesse, e com a approvação deste a deixaria sahir; e sendo para Na
vios, passaria certidão da quantidade, que era, e como hia approvada,
e para que Navio hia, para que o Capitão, ou Mestre, que se fizesse ao
tal Navio, apresentasse a dita certidão; e sendo para dentro do Reino,
daria sua guia á pessoa, que a comprasse, de que constaria ter sahido
approvada da Torre da Polvora, e para onde, advertindo se não mettes
se em casa alguma, e fosse logo direita ao barco, e indo por terra se po
ria logo nas bestas , que a houvessem de levar ; porque achando-se em
outra maneira, seria tomada por perdida, e incorreria o transgressor nas
penas contheúdas no Regimento do dito Tenente General. E porque de
se não observarem os ditos Regimentos, e posturas, a que o do Tenen
te General da Artilheria se refere, se experimentára não ha muitos an
nos o terrivel incendio da Ribeira, que abalára grande parte das casas,
e Templos desta Cidade, não só visinhos, mas ainda remotos, damnifi
cando muitos delles, especialmente a Igreja da Misericordia; e não fôra
menos o estrago, que no anno proximo passado de mil setecentos cinco
enta e tres houvera na rua das Canas tras pelo receio em que entrárão as
pessoas, que acodião a elle, de haver Polvora nas casas ameaçadas, o
que não succederia, se os Regimentos apontados, e posturas, a que o
do Tenente General se refere, não estivessem esquecidos, e o Senado
da Camara, Tenente General, e Almoxarife da Polvora cumprissem com
a obrigação, que lhes impoem o dito Regimento, e posturas. E conside
rando Eu a grande importancia deste negocio, e que delle depende a
conservação desta grande Cidade, e de todas as povoações de Meus Rei
nos , e que pela mesma razão he necessario se accrescentem Inspecto
res, que vigiem sobre elle, e as penas contra os transgressores por se
rem modicas as que lhe impoem os ditos Regimentos, e posturas: Orde
no, e Mando, que estes se cumprão exactamente, e que fiquem em seu
vigor muito especialmente em quanto á providencia do lugar, ou luga
res, em que se deve vender a Polvora dos particulares. E porque o ven
der-se pelo miudo sómente na Torre da Polvora, tem pela distancia, em
que esta se acha, grande descommodo para as pessoas, que a houverem
de comprar: Sou Servido, que o Senado da Camara mande fabricar em
sitios menos distantes (donde em caso de incendio não possa resultar
damno á Cidade ) casas de telha vã , e sem forro para nellas se vender
Polvora pelo miudo, porque pelo grosso, sempre deve ser na Torre da
Polvora, na fórma do Regimento, com declaração, que nas ditas casas
nunca possa haver mais do que hum até dous barrís de Polvora ; e po
dem bem fabricar-se as ditas casas nos sitios da Cruz dos Quatro Cami
nhos até á Penha de França, fóra da estrada para a parte de cima; no
de Buenos Ayres, distante das casas, e em outros semelhantes, onde
parecer necessario ; e em Alcantara na casa da fabrica da Polvora : e
?

que os Ministros Criminaes dos Bairros visitem ao menos duas vezes cada
302 1754

mez, nos dias, que bem lhes parecer, todas as tendas, è lojas dos seus
districtos, ainda sem preceder suspeita de terem Polvora; e precedendo
ella, outras quaesquer casas, examinando em humas, e outras com toda
a exacção se nellas ha polvora, e se nas distinadas para nellas se vender
esta pelo miudo se acha mais que a dous barris; e além do sobredito ti
rará cada hum delles devaça, que estará sempre aberta, para se vir no
conhecimento dos transgressores, e admittirão denunciações em segredo,
do modo, que se pratíca no Fisco dos ausentes; e achando em casa, ten
da, ou loja particular Polvora, ou nas destinadas para esta se vender pe
lo miudo, maior quantidade, que a permittida por esta Lei, será prezo
o dono, ou administrador da casa, tenda, ou loja, em que for achada;
e da cadeia, onde pela primeira vez estará trinta dias, pagará vinte mil
réis, e da segunda se lhe dobrará a condemnação, e prizão, e da ter
ceira, além de pagar sessenta mil réis, terá tres mezes de cadeia, e tres
annos de degredo para Mazagão: e nas mesmas penas incorrerão todos
aquelles, que por devaça, ou denunciação se provar, que contravierão a
esta Lei; e sendo comprehendidos por achada, ou devaça, pertencerá a
pena pecuniaria aos Officiaes do Juizo, onde se fizer a apprehensao, ou
ou tirar a devaça; e sendo por denunciação, ao denunciante, e em hum,
e outro caso so perderá a Polvora para Minha Real Fazenda; e além das
referidas penas se executarão as do Regimento do Tenente General da
Artilheria, e Almoxarife da Polvora, e as posturas do Senado, em o que
não forem identicas, ou entre si contrarias. •

E para que os Ministros não faltem nesta parte á sua obrigação,


darão conta na Meza do Desembargo do Paço todos os annos das deva
ças, que tirarem, e porseguirem com o treslado dellas, remettendo nos
annos successivos o que accrescer, sem o que se lhe não passará certi
dão do corrente; e esta mesma providencia praticarão, e farão praticar
em todas as mais Cidades, e Villas destes Reinos, os Juizes de Fóra, e
Ordinarios dellas; com declaração, que nas terras, em que não houver
lugar destinado para se guardar a Polvora por junto, as Camaras dellas
destinarão casaes, em que se possa conservar sem perigo, e em que, sen
do necessario, se venda pelo miudo fóra do povoado, na fórma assima re
ferida. Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Relação do Porto,
Desembargadores das mesmas Casas, ao Presidente, e Vereadores do
Senado da Camara desta Cidade, e das mais Cidades, e Villas, e a to
dos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Oficiaes de Justi
ça, e pessoas de Meus Reinos, e Senhorios, cumprão, e guardem, e fa
ção inteiramente cumprir, e guardar este Alvará de Lei, como nelle se
contém. E para que venha á noticia de todos, e se não possa alegar
ignorancia. Mando ao Desembargador Francisco Luiz da Cunha de A
taide, do Meu Conselho, e Chancelier Mór do Reino, o faça publicar na
Chancellaria, e enviar a Copia delle sob Meu Sello, e seu signal, a to
dos os Corregedores, Porvedores, Ouvidores, e Juizes de Fóra, e aos
das terras dos Donatarios. E este se registará nos Livros da Meza do
Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, Relação do Porto, Senado
da Camara desta Cidade; e mais Camaras destes Reinos. E este proprio
SC lançará na Torre do Tombo. Dado em Lisboa aos 9 de Julho de 1754.
= Com a Assignatura de ElRei, e do Marquez Mordomo Mor Presi
dente.
Regist. na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 47 vers., e impr, avulso.
• 1754 303

4=#«…=#

S……-M- presente em Consulta do Conselho Ultramarino, a grande


necessidade que ha no Reino de Angola de oficiaes de Pedreiro, é Car
pinteiro, para as obras, que nelle tenho mandado fazer: Fui Servido to
mar a resolução de Ordenar que todos os prezos, que se acharem nas Ca
deias do Limoeiro dos ditos oficios, e merecerem pelas suas culpas se
melhante degredo se sentencêem para Mehirem servir no mesmo Reino:
O Duque Regedor o tenha assim entendido, e o faça executar. Belém
a 26 de Julho de 1764. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos
Decretos a fol. 255 vers.

#=Naomi!--…»

EU ELREI Faço saber a quantos este Meu Alvará de Regimento


com força de Lei virem, que sendo-Me presente a desigualdade dos or
denados, propinas, ajudas de custo, e emolumentos, com que são cor
respondidos, o Provedor das Obras de Meus Paços, Almoxarifes, Escri
vães, e mais Oficiaes da mesma rapartição; assim desta Corte, como
dos Paços, Quintas, e Jardins, que estão fóra da mesma Corte; e que
rendo Eu reduzir a igualdade competente os ditos ordenados: Hei por
bem extinguir todos os ordenados, propinas, ajudas de custo, ordinarias,
assignaturas, e emolumentos, que o dito Provedor das Obras, Almoxa
rifes, Escrivães, e mais Officiaes desta repartição até o presente leva
vão; assim em dinheiro, como em especies, tanto á custa de Minha Fa
zenda, como á custa das partes, seja qual for o titulo porque se lhe con
cedêrão. E para este fim de Meu motu proprio, Poder Real, e absolu
to, revogo, e annullo todas as Leis, Regimentos, Alvarás, Provisões,
Decretos, e Resoluções Minhas, e dos Reis Meus Predecessores, pelas
quaes forão concedidos os ditos ordenados, propinas, ajudas de custo,
ordinarias, e emolumentos; como se de cada huma se fizesse aqui expres
sa menção; e Mando, que no registo de todas se ponhão verbas, de co
mo forão derogadas por este Alvará. E ao dito Provedor, Almoxarifes,
Escrivães, e mais Officiaes das Obras de Meus Paços, Sou Servido cons
tituir os seguintes ordenados.

C A P I T U L O I.
O Provedor das Obras, vencerá de seu ordenado hum conto qua
trocentos e oitenta mil réis. E para hum Official, que deve ter para lhe
fazer o registo das Portarias, e despachos, na fórma do Capitulo 9, e 16
do seu Regimento vencerá mais cento e vinte mil réis, que ao todo im
porta hum conto e seiscentos mil réis. __ , , ,
I. O Almoxarife das Obras desta Cidade, vencerá de seu ordenado
oitocentos mil réis.
II. O Escrivão das Obras desta Cidade, vencerá de seu ordenado se
3O4 1754

tecentos mil réis; e dos conhecimentos, que passar, e outros papeis,


que escrever, em beneficio de partes, levará os mesmos emolumentos,
que vão concedidos nos Regimentos geraes aos Escrivães dos Thesourei
ros, e Almoxarifes de Minha Fazenda. Será porém obrigado de registar
todos os papeis da Casa, que devem ser registados nos livros della, além
do registo, que se faz em casa do Provedor, pois tem esta obrigação pos
sitiva nos Capitulos 4, e 6 do seu Regimento, e no Capitulo 3 do Re
gimento do Provedor; e com manifesto abuso das ditas Leis, e em gra
ve prejuizo de Minha Fazenda, se introduzio na Casa das Obras hum Es
crivão separado do registo, que por este Alvará reprovo, annullo, e ex
tungo. • • - -

III. O Architecto gerãl das Obras de Meus Paços, e do Convento


da Batalha, vencerá de seu ordenado, por todas estas repartições, em
que serve, oitocentos e cincoenta mil réis; além do que mais vence pela
repartição das Ordens Militares, e pela repartição das Terças do Reino,
como Architecto das Fortalezas da Barra, e do Castello de S. Jorge.
IV. O Architecto supernumerario, ou segundo Architecto, vencerá
de seu ordenado quatrocentos e vinte e cinco mil réis, com obrigação de
supprir todas as faltas, e impedimentos do primeiro Architecto, assim
nesta Corte, como nos Paços, e Quintas fórá della, e de concorrer jun
tamente
los comaelle,
Oficiaes todas as vezes, que por Meu serviço for mandado
que pertencer. • , !
pe
V. O Medidor da Casa das Obras desta Cidade, vencerá de seu or
denado cento quarenta e quatro mil réis; mas não levará emolumento al
gum á custa de Minha Fazenda, por todas as obrigações de seu oficio.
VI. O Apontador das Obras desta Cidade, vencerá de seu ordenado
trezentos mil réis. .* . . ,,, !

VII. O Homem das Obras, e Porteiro da Casa, vencerá de seu or


denade duzentos e oitenta mil réis, e habitação das casas em que mora
no Paço.
VIII. duzentos
ordenado O segundo Homem das
e quarenta mil Obras
réis. da mesma Casa, vencerá de seu
• - , ,

IX. O Meirinho da Casa das Obras, vencerá de seu ordenado cento


e sessenta mil réis; e estará sempre prompto, para todas as diligencias
de Meu serviço, na mesma Casa, sem que por ella leve mais cousa al
guma de Minha Fazenda. * - + + + •

X. Haverá na mesma Casa das Obras, quatro Aprendizes de Archi


tectura, como actualmente ha; os quaes vencerão vinte e quatro mil réis
de ordenado cada hum, por tempo de seis annos; findos os quaes, se
proverão outros novos Aprendizes, para que hajão maís Architectos.
XI. O Mestre Carpinteiro da Casa, vencerá de seu ordenado cen
to e oitenta mil réis; e outro tanto vencerá o Mestre Pedreiro ; e
não haverá mais cousa alguma á custa de Minha fazenda nos róes das fe
rias, nem por outro algum principio, ou diligencia, que fizerem do
serviço da mesma Casa. • •

XII. O Mestre Sarralheiro, haverá de seu ordenado, para gozar dos


Privilegios
COIn In UlhS.
da Casa, doze
… …
mil réis;
… "
e, será pago de( suas
, ";
obras pelos "preços

"

- XIII. O Mestre Pintor, haverá de seu ordenado, para gozar dos Pri
vilegios da Casa, seis mil réis em dinheiro, e mais hum moio de trigo,
pago pelo Almoxarife das Jugadas de Santarem.…… u' \ t_2 - 1
IV. O Jardineiro dos Paços da Ribeira, vencerá de seu ordenado
cem mil réis, e vestirá á sua custa," " *** - i . …} O si
1754 3O5

C A P I T U L o II. •

Dos Barredores, que são pagos pela Casa das Obras.

O Barredor das escadas dos quartos das Damas, e da Casa das


Obras, vencerá de seu ordenado os mesmos duzentos réis por dia, que
actualmente tem. * * * * *

I. O Barredor da Sala dos Todescos, vencerá de seu ordenado cem


réis por dia. * . - -

_ II. O Barredor do corredor, que vai da Sala dos Todescos para o


Forte
mente vencerá
tem. de seu ordenado os mesmos cem réis por dia, que actual •

III. O Barredor do Pateo da Capella, e rua dos alpendres, vencerá


de seu ordenado quarenta mil réis por anno, e não haverá mais cousa al
guma para vassouras.

C A P I T U L O III.

Quinta de Alcantara.

O Administrador da Quinta de Alcantara, vencerá de seu orde


mado cento e vinte mil réis em dinheiro, e quatro moios e trinta e tres
alqueires de trigo, no Almoxarifado de Algés. Mais vencerá quatro moios
e trinta e tres alqueires e tres quartas de cevada, no mesmo Almoxari
fado de Algés, e vinte pannos de palha no Almoxarifado da Malveira,
para sustento da besta da nora: e ultimamente vencerá noventa e seis
mil réis em dinheiro, para com elles pagar a hum Jardineiro, e dous Ho
mens de trabalho, com que ha de fabricar a mesma Quinta.

C A P I T U L o IV.
Paço de Salvaterra de Magos.
O Almoxarife do Paço de Salvaterra de Magos, vencerá de seu
ordenado duzentos e quarenta mil réis em dinheiro. Mais vencerá tres
moios de trigo, e tres moios de cevada, pagos no Almoxarifado da A
zambuja, e as casas, que tem para sua morada, além dos Mouchões do
campo da mesma Villa, que Fui Servido conceder-lhe por hum Alvará
de fóra, unidos a este mesmo Officio. * * * * #

I. O Escrivão do dito Almoxarifado, vencerá de seu ordenado cento


e quarenta e quatro mil réis; e não vencerá mais cousa alguma á custa
de Minha Fazenda no rol das ferias das obras. E como Apontador da
gente, que trabalha nas obras, vencerá duzentos e cincoenta réis por
dia, no rol das ferias de que fizer ponto, sendo as obras de jornal por
conta de Minha Fazenda; e sendo obras de empreitada, vencerá o sa
lario do ponto, á custa dos Empreiteiros: e o mesmo vencerá, quando
as obras forem de medição. E das partes a que passar conhecimentos,
guias, certidões, ou outros quaesquer papeis, levará os mesmos emolu
mentos concedidos ao Escrivão das obras desta Cidade. , , , , ,
II. O Architecto, vai provído geralmente no Capitulo I. § III., des
te Regimento. - |-

III. O Homem das Obras do dito Almoxarifado, vencerá de seu or


Qq
306 1754
denado trinta e seis mil réis em dinheiro. Mais vencerá moio e meio de
trigo no Almoxarifado das Jugadas de Santarem. E por tratar do asseio
da Capella do Paço, que será obrigado varrer, vencerá trinta alqueires
de trigo, no Almoxarifado da Malveira, e tres cantaros e meio de azei
te no Almoxarifado dos azeites desta Cidade, para ter continuadamente
huma lampada acceza. E em quanto houver obras no dito Almoxarifa
do, vencerá duzentos e quarenta réis por dia, no rol das ferias do jor
nal, que for á custa de Minha Fazenda; e sendo de empreitada, ou me
dição, os vencerá á custa dos Empreiteiros. •

IV. O Jardineiro, que trata da Horta do dito Paço, vencerá de seu


ordenado trinta e quatro mil réis em dinheiro. Mais vencerá dous moios de
trigo, e dous de cevada no Almoxarifado da Azambuja: e no Almoxari
fado das Jugadas de Santarem vencerá moio e meio de cevada, e qua
renta pannos de palha, para sustento da besta da nora. Terá a habita
ção das Casas da Horta, e fará seu o rendimento das hortaliças, e frutas
da mesma Horta, e das terras de fóra, chamadas Horta velha: com a o
brigação de ter sempre a Horta cultivada, assim de arvoredo, como de
hortaliças, com as ruas limpas, e bem tratadas, e de comprar á sua cus
ta besta para a nora, e dar para a Ucharia as hortaliças, que houver na
mesma Horta o tempo, que Eu residir naquella Villa.
V. O Mestre Carpinteiro das Obras do dito Paço vencerá de seu or
denado quarenta mil réis em dinheiro. Mais vencerá dous moios de tri
go, que já tem no Almoxarifado das Jugadas de Santarem. E quando
houver obras de jornal á custa de Minha Fazenda, vencerá quatrocen
tos réis por dia no rol das ferias: e sendo as obras de empreitada, ou
medição, vencerá o mesmo salario, a custa dos Empreiteiros.
VI. O Mestre Pedreiro, vencerá o mesmo ordenado do dinheiro, e
trigo, e os mesmos salarios concedidos ao Mestre Carpinteiro.

C A P I T U L o v.
Almoxarifado dos Paços de Cintra.
O Almoxarife do Paço de Cintra, vencerá de seu ordenado du
zentos e setenta e seis mil réis; e terá casas para a sua habitação.
I. O Escrivão do dito Almoxarifado, vencerá de seu ordenado cento
e quarenta e quatro mil réis. E como Apontador das Obras, vencerá por
cada hum dia, que fizer ponto nas obras de jornal, duzentos e cincoen
ta réis no rol das Ferias, á custa de Minha Fazenda: e sendo as obras
de empreitada, ou medição, vencerá o dito salario á custa dos Emprei
teiros. •

II. O Architecto vai provído no Capitulo I. § III., deste Regimento.


III. O Mestre Carpinteiro, vencerá de ordenado vinte mil réis; e
quatrocentos réis por cada hum dia, que houver obras de jornal, pago
no rol das ferias, á custa de Minha Fazenda: e sendo as obras de em
preitada, ou por medição, vencerá o dito salario á custa dos Empreitei
TOS. s

IV. O Mestre dos canos, que he juntamente Pedreiro do Paço, ven


cerá de seu ordenado trinta mil réis, e o mesmo salario por dia em que
houver obras, concedido ao Mestre Carpinteiro. \
V. O Homem das Obras do dito Paço, vencerá de seu ordenado de
zoito mil réis; e duzentos e quarenta réis por dia, que houver obras, Pa
gos pela mesma ordem dada no pagamento do Apontador.
1754 307.

C A P I T U L O VI. º

Paço de Almeirim.
. . O Almoxarife dos Paços de Almeirim (ao qual tambem está en
carregado o tratamento do Horta, e Jardim do Paço) vencerá de seu or
denado por ambos os empregos trezentos mil réis, e fará seus os frutos
da mesma Horta, com obrigação de a trazer sempre limpa, e cultivada,
renovando a creação dos arvoredos, assim de fruto, como silvestres, e
de comprar á sua custa besta para a nora. E mais haverá dous moios de
trigo, e dous de cevada no Almoxarifado das Jugadas de Santarem.
O Escrivão do dito Paço, que tambem he Escrivão do Paço da
Ribeira de Muge, vencerá de seu ordenado por ambos os oficios, cento
e quarenta e quatro mil réis em dinheiro. E mais haverá dous moios de
trigo no Almoxarifado das Jugadas de Santarem. - |-

II. O Architecto vai provido no Capitulo I. deste Regimento § III.


III. O Mestre Carpinteiro, vencerá de seu ordenado trinta mil réis
em dinheiro. E mais haverá os dous moios de trigo, que já tem no Al
moxarifado das Jugadas de Santarem; e quando houver obras, haverá o
mesmo salario concedido ao Mestre dos Paços de Salvaterra.
IV. O Mestre Pedreiro levará o mesmo salario concedido ao Mestre
Carpinteiro no §. supra. •

a V. “O Apontador das Obras vencerá duzentos e cincoenta réis por ca


da hum dia, que fizer ponto, na mesma fórma, e com as mesmas decla
rações, com que vão concedidos ao Apontador das Obras do Paço de
Salvaterra. • • • • • • |-

VI. O Homem das Obras do dito Paço, vencerá de seu ordenado


trinta e seis mil réis em dinheiro. E mais vencerá moio e meio de tri
go, que já tem no Almoxarifado das Jugadas de Santarem: e em quan
ito houver obras, vencerá duzentos e quarenta réis por dia, na mesma
fórma, que vão concedidos ao Homem das Obras de Salvaterra. E como
JBarredor dos Paços vencerá mais de ordenado doze mil réis. -

milVII.
réis, OqueRelogeiro
já tem...do
e relogio do Paço,
* *
vencerá de seu ordenado seis • * * *

}, . ** * :
…. . . . c. A PIT U Lo VII. , .
Paço dos Negros na Rebeira de Muge. • .

O Almoxarife dos Paços dos Negros da Ribeira de Muge, ven


cerá de seu ordenado quarenta mil réis em dinheiro, com obrigação de
pagar á sua custa a dous Hortelões, que são necessarios para a Horta,
a qual trará sempre cultivada, com as ruas limpas, e os arvoredos de
fruto, e silvestres, e fará seus proprios os frutos da mesma Horta, e das
terras annexas ao Paço. E mais haverá dous moios de trigo, e dous de
cevada, que já tem no Almoxarifado das Jugadas de Santarem : e será
obrigado de residir a maior parte do anno no dito Paço. -

I. Os outros Oficiaes necessarios para este Almoxarifado, são os mes


mos do Almoxarifado do Paço de Almeirim; dos quaes se deve servir o
Almoxarife, sem que por este trabalho levem mais cousa alguma, do que
lhe vai constituido no seu titulo, º , , " ": , *= 1 * *

• • • º 5 o # 3 : : :'} eq : e - - … .. … #… … , e
Qq º
308 1754

C A P I T U L O VIII.

Paço das Vendas-Novas.


O Almoxarife das Obras do Paço das Vendas-Novas vencerá de
seu ordenado duzentos e quarenta mil réis. - -

I. O Escrivão do dito Almoxarifado vencerá cento e quarenta e qua


tro mil réis de ordenado. E havendo obras de jornal por conta de Minha
Fazenda, será obrigado a fazer o ponto dellas, e vencerá mais no rol das
ferias duzentos e cincoenta réis por dia : e sendo as obras de empreita
da, ou por medição, vencerá o dito salario, á custa dos Empreiteiros.
II. As pessoas, que servirem de Almoxarife, e Escrivão destes Pa
ços, serão obrigados de residir nelles a maior parte do anno, para terem
cuidado da sua limpeza, e de que se não arruine; e poderão desfructar
entre ambos as terras pertencentes ao Paço , no qual não haverá mais
oficio algum, em quanto Eu não for Servido de o crear.

C A P I T U L O IX.

Obras de Nossa Senhora da Batalha.

Por quanto as Obras do Convento de Nossa Senhora da Batalha


tem duzentos mil réis de consignação na Alfandega da Villa da Figuei
ra, que forão subrogados pelos dizimos de Leomil, os quaes passárão pa
ra a Santa Igreja Patriarchal, e os ditos duzentos mil réis os recebem
os Padres do dito Convento para os gastarem nas obras, que lhe são mais
precisas, a seu arbitrio; são deste modo desnecessarios os Oficios de Ve
dor, Escrivão, Védor dos Cabouqueiros, e Vidraceiro das ditas obras,
que antigamente se creárão, em quanto a despeza dellas tinha arrecada
ção regular, por conta de Minha Fazenda. E por tanto: Sou Servido ex
tinguir os ditos quatro Oficios, com declaração, que havendo algum Pro
prietario delles, com carta, e direitos pagos, vença em sua vida o or
denado, que lhe está constituido, o qual ficará extincto com sua morte.
I. Mando, que se conserve o Ermitão de S. Jorge, que serve no mes
mo Convento, com o ordenado, que já tem, de hum moio de trigo, pa
go no Almoxarifado de Lima.
, , , '"

C A P I T U L o X. . . .
Do modo, com que hão de ser pagos os ordenados deste Regimento.
Todos os ordenados de dinheiro constituidos neste Regimento se
rão pagos pelo Almoxarife da Casa das Obras desta Cidade, com as so
lemnidades requeridas pelo Regimento della, e pelo Regimento dos Con
tos, e Ordenações de Minha Fazenda. E porque as consignações da Ca
sa não bastão para sua satisfação, receberá mais o dito Almoxarife dos
outros Almoxarifes particulares, as importancias dos ordenados, que até
o presente levavão em suas folhas, para o pagarem aos Officiaes da re
partição das obras de Meus Paços, Quintas, e Hortas; as quaes são as
seguintes. Do Thesoureiro do Rendimento da Obra Pia, cento e cincoen
1754 309

ta mil réis. Do Almoxarife da Imposição e Siza dos vinhos desta Cidade,


trezentos noventa e sete mil réis. Do Almoxarife de Villa-Franca, trin
ta e seis mil réis, em que vão computados dous moios de trigo, que nel
le se extinguírão. Do Almoxarife das Sizas da Carne desta Cidade, du
zentos e cinco mil réis. Do Almoxarife das Jugadas de Santarem oitenta
e hum mil réis, em que entra o preço do trigo de alguns ordenados ex
tinctos no mesmo Almoxarifado. Do Thesoureiro geral das Sizas do Rei
no , pelo Almoxarifado das Sizas de Santarem , cento e oitenta e oito
mil réis. Do Thesoureiro da Alfandega grande desta Cidade sessenta mil
réis. Do Almoxarife das Sizas do Pescado desta Cidade, vinte mil réis.
Do Almoxarife das Sizas da Fruta desta Cidade, setenta e sete mil réis.
Do Almoxarife da Portagem desta Cidade, vinte e cinco mil réis. Do
Thesoureiro geral das Sizas do Reino , pelo Almoxarifado das Sizas de
Cintra, cento e cinco mil e duzentos réis. As quaes quantias serão lan
çadas, pela fórma referida, nas folhas dos ditos Almoxarifados, e The
sourarias; e os Almoxarifes, e Thesoureiros, serão obrigados de as re
metterem no tempo de seus vencimentos aos quarteis, ao dito Almoxa
rife da Casa das Obras desta Cidade, para com ellas fazer pagamento
dos ordenados deste Alvará, levando conhecimentos em fórma da sua re
ceita , para as suas respectivas contas. E faltando com as ditas remes
sas ao tempo devido, o Conselho de Minha Fazenda procederá contra el
les, como lhe parecer justo. E porque as folhas do anno presente já es
tarão expedidas : o mesmo Conselho mandará passar mandados para se
fazerem estas entregas, supprimidas todas as outras addições, que fo
rem em cada huma das folhas, a pagar aos Oficiaes das Casas das Obras
de Meus Paços, Quintas, e Hortas, assim de dinheiro, como de tri
go, ou de outra alguma especie, que novamente não for concedida nes
te Regimento. ** *

I. E para completar o que falta para pagamento dos ditos ordenados:


Sou Servido consignar mais ao dito Almoxarife da Casa das Obras des
ta Cidade, quatro contos cento quarenta e hum mil seiscentos e sessen
ta e cinco réis, que receberá em cada hum anno do Thesoureiro da Ca
sa da Moeda desta Cidade, aos quarteis costumados, para o que se met
terá esta addição na folha do dito Thesoureiro; e em quanto se não met
ter , pagará por mandado do Conselho de Minha Fazenda , com conhe
cimento em fórma da receita do dito Almoxarife , para a sua conta , e
despeza. - 1 • • •

II. Todo o accrescimo, que houver das ditas consignações, assim an


tigas, como modernas, se applicará para a despeza das Obras, por des
pachos, e papeis correntes, na fórma do Regimento. ,
III. Os ordenados de trigo, cevada, e palha, concedidos neste Re
gimento, serão pagos pelos Almoxarifes respectivos aos Oficiaes, a quem
se concedèrão : e os que antigamente se pagavão, e vão extinctos, se
riscarão das folhas dos mesmos Almoxarifados. º nº . " * * * *

IV. O Provedor das Obras de Meus Paços, e mais Oficiaes da sua


repartição, que antigamente tinhão casas para suas habitações, ou cer
tas quantias de dinheiro para suas aposentadorias ,º as quaes não levão
neste Regimento ; as não poderão mais pertender; porque nos ordena
dos, novamente constituidos, lhes vai computada esta falta, para delles
pagarem á sua custa os alugueres das casas, em que viverem. i
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3IO 1754

C A P I T U L O XI.
• Determinações geraes.

. . Todos os ordenados concedidos neste Regimento se vencerão do


primeiro de Janeiro deste anno em diante, e se pagarão, e farão os as
sentos necessarios, nos livros de Minha Fazenda, e nas folhas dos The
soureiros, e Almoxarifes, a que pertencer, por este Alvará sómente,
sem dependencia de outro algum despacho. •

. I. Nesta repartição das Obras, senão poderá introduzir propina, ou


ajuda de custo alguma, além dos ditos ordenados, a titulo de maior tra
balho, nem por outro qualquer titulo, posse, ou costume, ainda que se
ja immemorial, pois desde já o reprovo, e annullo, na raiz da sua intro
ducção. Permitto porém, que no caso de estar doente sangrado, ou com
outro remedio maior, o Provedor das Obras, Almoxarifes , Escrivães,
ou outro qualquer Oficial desta repartição, possão levar huma ajuda de
custo, para as despezas da enfermidade, que será de sessenta mil réis
para o Provedor , e quarenta mil réis a cada hum dos Almoxarifes dos
Paços desta Cidade , e do Reino ; para o Escrivão da Casa das Obras
desta Cidade; para o Administrador da Quinta de Alcantara, e para o
primeiro Architecto geral das Obras de Meus Paços : e trinta mil réis
para o segundo Architecto , e para cada hum dos Escrivães das Obras
dos Paços, de fóra desta Corte: e aos outros Oficiaes, da dita quantia
para baixo, conforme a graduação de seus Oficios, não baixando nunca
de dez mil réis; com tal declaração, e intelligencia, que esta ajuda de
custo dos doentes, se vencerá huma só vez no anno, e ainda que huma
só pessoa sirva, ou tenha por Carta, dous, ou mais Officios, vencerá
huma só ajuda de custo , , por aquelle que for mais graduado. Aos Ofi
ciaes subalternos se pagarão estas ajudas de custo com certidões juradas
dos Medicos assistentes, por despacho do Provedor das Obras: e ao dito
Provedor se pagará por ordem Minha , dada em aviso do Secretario de
Estado, por quem elle Me dará conta da enfermidade, que tiver.
II. Não se poderá levar propina alguma extraordinaria, sem nova Re
solução, ou Decreto Meu ; e quando Eu for Servido concedella, se regu
lará a tres por cento, da importancia dos ordenados do Provedor, e mais
Oficiaes desta repartição; computando-se tambem a importancia do que
levarem em especie, ou em aposentadorias. Quando Eu for Servido man
dar vestir os Tribunaes de luto, vencerão lutos o dito Provedor das Obras,
e Oficiaes da sua repartição, regulados
cia dos ditos ordenados. . * .* …
a seis por cento, da importan
+ - •

III, … Todos os Proprietarios encartados, serão obrigados a servir seus


Officios na fórma da Lei do Reino, Leis, e Decretos Extravagantes; e
os que não forem encartados, se encartarão em tres mezes, ou perderão
os Oficios, que se darão, em vida aos denunciantes. Quando, Eu por al
guma justa causa lhes conceder, que possão metter Serventuarios, ha
verão delles sómente a terça parte do rendimento dos mesmos Oficios,
na fórma da Lei do Reino, debaixo das suas penas, sem que directa,
ou indirectamente, e possão haver delles mais cousa alguma, nem ainda
dinheiros emprestados sem juros, na que chamão dinheiros mortosi, ; pelo
tempo que durarem as serventias. E nem os Proprietarios, nem os Ser
ventuarios poderão levar das partes emolumentos alguns, que lhe não es
tiverem concedidos por Regimentos expressos; nem receberão gratifica
1754 3] }

ções, posto que as partes livremente lhas ofereção depois das suas de
pendencias findas, e obrando pelo contrario, incorrerão na pena da Or
denação, livro 5." tit. 72.
IV. Os filhos dos Proprietarios, que por Alvarás Meus servirem no
impedimento de seus pais, não levarão cousa alguma á custa de Minha
Fazenda, nem das partes, e sómente arrecadarão para os ditos seus pais,
os ordenados, e emolumentos, que justa, e simplesmente lhes tocarem.
V. Quando os Oficiaes desta repartição servirem huns por outros,
ou quando se proverem as serventias vagas , se observará inteiramente
o que está disposto no Cap. 46. §. 6, do Alvará de vinte e nove de De
zembro de mil setecentos cincoenta e tres, dado ao Conselho da Fazen
da, e sua Repartição.
VI. Os Provedores das Obras de Meus Paços, que contravierem em
parte, ou em todo, directa, ou indirectamente, as disposições deste Re
gimento, incorrerão no Meu Real desagrado, e nas demonstrações, e
efeitos, que delle resultão: e os outros Oficiaes, perderão os Oficios,
que se darão em vida aos denunciantes, e ficarão inhabilitados, para mais
Me servirem, além das mais penas, que por Direito merecerem : e se
forem Serventuarios, perderão o valor dos Oficios, ametade para o de
nunciante, e outra ametade para o Hospital Real de todos os Santos des
ta Corte. E destas denunciações conhecerão os Juizes dos Feitos da Fa
zenda, assim em público, como em segredo.
VII. Pelo que: Mando aos Védores, e Conselheiros de Minha Fazen
da; ao Provedor das Obras de Meus Paços, e a todas as mais Justiças,
Oficiaes, e Pessoas, a que o conhecimento pertencer, fação inteiramen
te cumprir, e guardar este Regimento, como nelle se contém, e o fa
ção imprimir, e repartir por todas as Casas, Mezas, Juizos, Oficiaes,
e Pessoas, que o devem executar. E valerá ; posto que seu efeito haja
de durar mais de hum anno, como Lei, ou Carta feita em Meu Nome,
e por Mim assignada, e passada pela Chancellaria ; posto que por ella
não passe, sem embargo da Ordenação, livro 2." tit. 39, e 40, em con
trario, que para este fim dispenso. Dado em Lisboa aos 8 de Agosto de
1764. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Impresso avulso.

*
…"

Poa Decreto do 1.° de Maio de 1753, depois de extincta a commissão


da Marinha: Fui Servido ordenar a fórma, com que se havião arrecadar
as consignações dos Armazens, reservando para outro Decreto a provi
dencia das compras dos materiaes, mantimentos e mais generos, neces
sarios para o seu expediente, no qual se acautelassem os prejuizos de
Minha Fazenda e de Meus Vassallos : e mandando considerar esta ma
teria por Ministros do Meu Conselho, e por outras pessoas práticas e
experimentadas nella : Sou Servido ordenar, que o Provedor dos Arma
zens, por todo o mez de Março de cada hum anno, seja obrigado a re
metter ao Conselho da Fazenda relações separadas, claras e distinctas de
cada hum dos generos, assim de materiaes, como de mantimentos, que
forem necessarios para o expediente de todo o Arsenal e Armadas no an
3 12 |- 1754

no seguinte, tanto dos que produz o Reino e Conquistas, como dos que
costumão vir de Reino Estrangeiro. E examinando-se no dito Conselho
as referidas relações até 15 de Abril, diminuindo-se dellas tudo o que for
excessivo, se fixarão Editaes de 20 dias ao menos para se rematarem os
materiaes e mantimentos necessarios, com Assentos particulares, cada
hum sobre si: bem entendido, que da enxarcia se ha de formar hum As
sento; outro do ferro em ancoras grandes e pequenas, e em pregadura
grossa e miuda; outro de breu, alcatrão e pixe ; outro de lonas, brins,
fileles, linho e estopa em rama, e outro de artilheria, armas, balas e
granadas, ao qual se ajuntará o chumbo em pasta, e o ferro em barra,
ou verga, quando for preciso. Do mesmo modo se distribuirão os Assen
tos dos mantimentos, formando-se hum de toda a casta de carnes, assim
do Reino, como de Irlanda; outro de toda a casta de legumes, em que
entre arroz, manteiga e outros semelhantes mantimentos; outro de toda
a casta de liquidos; e outro de toda a casta de peixes, sêccos e salga
dos. E findo o tempo dos Editaes, se rematará cada hum dos ditos As
sentos á pessoa, que por menos preço se obrigar, até 15 de Maio de ca
da hum anno, com as Condições, que baixão juntas, assignadas por Dio
go de Mendonça Corte-Real , do Meu Conselho, Secretario de Estado
dos Negocios da Marinha e Dominios Ultramarinos; sendo sempre os Re
matantes advertidos dos Decretos e Resoluções, que ha sobre os conluios
e companheiros, que se observarão in violavelmente nestes Assentos. E
com as mesmas Condições e precedencia de Editaes de 20 dias se rema
tarão logo os Assentos dos materiaes e mantimentos necessarios para o
anno, que vem, de 1755. O Conselho da Fazenda o tenha assim enten
dido, e faça logo executar, sem embargo de quaesquer Leis, Regimen
tos, Decretos e Resoluções em contrario, que todas para este fim sómen
te revogo. Belém 30 de Agosto de 1754. = Com a Rubríca de Sua Ma
gestade. + + # # , }

. ""….… " "… " * ** * * •

CONDIÇÕES PARA OS ASSENTOS DOS ARMAZENS.


# + • |- | {

1 Todos os materiaes e mantimentos, que se rematarem, hão de ser


da primeira sorte, qualidade e bondade; dos melhores sitios e fabricas,
em que se costumarem produzir e fabricar, assim no Reino, como fóra
delle. O que assim se declarará no acto da arrematação.
2 Que as quantidades rematadas hão de estar promptas nesta Côrte
no 1.° de Janeiro do anno seguinte, para os Assentistas fazerem entre
ga dellas, todas as vezes que se pedirem; e no caso que faltem, se com
prarão á sua custa, aonde quer que se acharem: e sendo estas compra
das de qualidade
Fazenda Real. . inferior,
. . pagarão por seus bens o damno,
• • • ,
º que sentir a
, " " •

3. Que as ditas entregas não hão de ser feitas por junto, mas sim por
partes, das porções, que forem necessarias, para continuar o serviço da -+ , ,
Ribeira e provimento das Armadas. ,º " -
*

|-

4 Que todos os materiaes e mantimentos antes de recebidos hão de


ser approvados na fórma do Regimento, com assistencia do Procurador
da Fazenda; e depois de entregues se passará conhecimento a cada hum
dos Assentistas, na fórma determinada em outro Decreto; e do dia, que
o tiver corrente a dous mezes precisos, será pago com dinheiro de con
tado pelo Thesoureiro dos Armazens. - : . .
5 Que cada hum dos generos rematados será precisamente recebidº
} |1754 313
por todo o anno do Assento : e se no fim delle houver sobejo, passará
para o Assentista seguinte pelo mesmo preço do Assento, sendo primei
ro approvado na fóama referida: e em quanto se não fizerem as ditas ap
provações e entregas, correrá o risco de todos os materiaes e mantimen
tos por conta dos Assentistas.
6 Que os Assentistas, que receberem alguns materiaes, ou manti
mentos de seus antecessores, os dispenderão em primeiro lugar, para que
se não corrompão, ou damnifiquem : e fazendo o contrario, será por sua
conta o damno e corrupção, que adquirirem.
7 Poderão os Assentistas usar dos Armazens, que Sua Magestade
tem destinados, para se recolherem os materiaes e mantimentos do Ar
senal e Armadas, elegendo para cada hum hum Fiel, pago á sua custa,
que tenha a chave, e faça promptamente as entregas a todo o tempo,
que se pedirem. |- -

8 Que as approvações e entrega dos mantimentos hão de ser feitas


dentro dos Armazens pelos Oficiaes, a que toca, em presença do Capi
tão de Mar e Guerra da Náo, para que se recebem, e depois de appro
vados se hão de embarrilar e ensaccar á custa dos Assentistas : e sem
embargo desta diligencia, se tornarão a examinar , quando se abrirem
da Barra para fóra, ou ainda dentro do Rio; e achando-se, que não tem
a conta, pezo e medida, qualidade e bondade, com que forão approva
dos e recebidos, farão os Capitães de Mar e Guerra actos judiciaes do
que acharem, com as pessoas do Regimento e estilo; os quaes remette
rão ao Conselho da Fazenda, para proceder, como for justo, contra as
pessoas
III e Il UOS.
e Officiaes, culpados na falsificação, ou diminuição dos manti

9 Que de todos os generos, contratados para estes. Assentos, se não


pagarão direitos alguns nas Alfandegas e Casas tributarias de Sua Ma
gestade, assim dos que vierem de fóra do Reino, como do interior del
le; para o que se remetterão estas Condições com as ordens necessarias
para as ditas Alfandegas e Casas, sem embargo do Decreto de 1710,
que dispoem o contrario, o qual Sua Magestade revoga para este fim. E
para que o Commercio e Navegação deste Reino e Conquista seja favo
recido, e tenha promptos, em commodo, os generos necessarios para a
construcção de seus Navios e mais embarcações: Concede Sua Magesta
de, que as pessoas, que rematarem os Assentos de Artilheria, armas,
balas, granadas, ancoras grandes e pequenas, alcatrão, breu, pixe,
mastros e vergas de toda a grossura, lonas, fileles, linho canhamo, e es
topa em rama e enxarcia de toda a casta , possão introduzir para esta
Côrte não só as quantidades, pezos e números dos ditos generos, que ti
verem rematado, mas todas as mais, que quizerem, sem que delles pa
guem direitos alguns, durando o tempo de seus Assentos: e sómente no
fim delles pagarão os direitos dos que lhe restarem , e não pertencerem
ao
cer,Assento, fazendo
debaixo da pena manifesto nas Alfandegas
do commisso. . . … e Casas,
- * . .
a que
.
perten •

10 Que, sem embargo das ditas liberdades, serão sempre os Assen


tistas obrigados de despacharem ordinariamente nas Alfandegas e Casas,
a que pertencer, todos os generos livres, que introduzirem, pagando os
emolumentos, que deverem aos Oficiaes dos despachos; e fazendo-se a
conta aos direitos, que livrão por virtude desta Condição, e que não es
tavão já privilegiados: os quaes se lançarão em hum livro, separado des
te privilegio, para a todo o tempo constar quanto importão, e com este
interesse se fazer conta no Conselho da FºgºT
ao preço dos futuros As:
314 }754

sentos: Como tambem para pelo mesmo livro se fazer desconto aos Con
tratadores dos direitos, que actualmente estiverem arrendados.
11 Que a permissão, concedida na Condição 9, de se poder introdu
zir, livre de direitos, mais generos, que os rematados, dos expressos
na dita Condição, se entende, que cada hum dos Assentistas poderá in
troduzir sómente aquelle genero, que tiver rematado, e não poderá hum
introduzir o genero, que tiver rematado outro; e no caso que o introdu
za, pagará os direitos devidos, ou incorrerá na pena dos descaminhos:
bem entendido , que esta permissão da maioria dos Assentos sómente
procede nos generos, expressamente declarados na dita Condição 9; por
que de todos os outros, que nella se não declarão, se hão de pagar os
direitos devidos de todo o número, pezo, conta e medida, que exceder
as quantidades rematadas para o Assento.
12 Que se passará Alvará, assignado pela Real Mão de Sua Mages
tade , para se cumprirem inviolavelmente estas Condições : e de qual
quer falta, que houver, se pagar o damno e interesse, que os Assentis
tas sentirem. Belém 30 de Agosto de 1754. = Diogo de Mendonça Cor
te-Real,
Impr. na Collecção da Universidade por J. I. F.

# #*<>"+ #

Poa Decreto da data deste : Fui Servido dar providencia para se for
marem Assentos dos Materiaes e Mantimentos necessarios para os Arma
zens de Guiné e India; e porque os Assentistas hão de fazer as entregas
por miudo aos tempos, que forem necessarias, ficão sem exercicio os tres
Almoxarifes dos Materiaes, Mantimentos e Ribeira, que ha nos mesmos
Armazens: e por tanto Sou Servido extinguir os ditos tres oficios do pri
meiro de Janeiro de 1755 por diante, dia, em que hão de principiar os
Assentos: e Mando que todos os despachos, que actualmente se passão
na fórma do Regimento, para os ditos Almoxarifes fazerem entregas, se
fação direitamente para cada hum dos Assentistas pelos generos, que
for obrigado a entregar, depois que os Assentos correrem. Ficarão po
rém servindo os tres Escrivães dos ditos Almoxarifados: e terá cada hum
delles hum livro numerado e rubricado por hum dos Conselheiros de Mi
nha Fazenda, no qual lançarão as despezas e entregas, que fizerem os
respectivos Assentistas, accusando no mesmo livro os despachos do Con
selho, Vedor da Fazenda, ou Provedor dos Armazens, que os manda
rem fazer, com as suas datas; assignando no mesmo livro os Oficiaes e
pessoas, que receberem : e nos taes despachos porão verbas de como se
fizerão as entregas nelles ordenadas, e os guardarão á linha; e dos As
sentos dos livros passarão conhecimentos em fórma a cada hum dos As
sentistas, os quaes serão rubricados pelo Provedor: e feita a conta pelo
preço dos Assentos, lhes pagará o Thesoureiro dos Armazens em dinhei
ro de contado as suas importancias dentro de dous mezes precisos , sem
dependencia de outra qualquer formalidade , ou solemnidade de arreca
dação: porém á margem das entregas, feitas nos ditos livros, se porão
verbas de como se passárão conhecimentos aos Assentistas, para have
rem seus pagamentos, as quaes elles assignarão. E quando o Thesourei
ro dos Armazens der conta nos Contos, se correrá a ementa da sua des
Peza com os livros das ditas entregas, que durarão por hum anno sómenº
* \
1754 315

te, e com os despachos, por que ellas se fizerão, que hão de ir á linha
juntos com os mesmos livros. O Conselho da Fazenda o tenha assim en
tendido, e faça executar, sem embargo de qualquer Lei, Decreto, ou
Resolução
ca de Sua em contrario. Belém 30 de Agosto de 1754. = Com a Rubrí
Magestade. •

• , º

Impr. na Collecção da Universidade por J. I. F. '+

;- 3 .

| *-* #«Gºk=viº

** *

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará em fórma de Lei vi
rem, que sendo-Me presente a diferença, que ha nas assignaturas, e
emolumentos, que levão os Ouvidores, Juizes, e mais Oficiaes de Jus- ,
tiça nos Meus Dominios da America , introduzidos muitos com excesso
por estilo, e falta de Regimento , o qual he necessario para a boa ad
ministração da Justiça, socego da consciencia, e bem commum, não se
podendo guardar o que a Ordenação determina, e neste Reino se obser
va, pela distancia delles, e mais circumstancias, que são notorias; nem
tambem permittir os emolumentos, que em alguns Regimentos antigos
se taxárão ; os quaes, supposto fossem legitimamente arbitrados, pela
diversidade dos tempos, necessitão de reforma na parte que evidente
mente consta serem excessivos, e prejudiciaes aos póvos: sendo da Mi
nha Real intenção , que estes não sejão gravados nas dependencias da
Justiça com maiores despezas, e salarios, além dos que forem justos,
conforme o estado do Paiz. Pelo que, ponderadas todas as circumstan
cias, Mandei determinar o presente Regimento geral, para as Comar
cas da Beira Mar, e Certão: excepto o das Minas, para o qual separa
damente dou tambem a mesma providencia; e ordeno que com todas el
las se observe inviolavelmente pelos ditos Ouvidores, Juizes, e Oficiaes
de Justiça ; não excedendo em cousa alguma o que nelle vai arbitrado,
e lhe Hei por concedido na fórma abaixo declarada.

Ouvidores das Comarcas.


• - *

Terão estes de alçada nos bens de raiz até a quantia de dezeseis


mil réis , e nos móveis até vinte mil réis, e nas penas pecuniarias até
seis mil réis. ..í, f . !

Das sentenças definitivas, sendo a causa até trinta mil réis, le


varão de assignatura cento e cincoenta réis; de trinta até cem mil réis,
duzentos e cincoenta réis; de cem mil réis até quinhentos, trezentos e
cincoenta réis; e de quinhentos mil réis para cima, quatrocentos e cin
coenta réis. Embargando-se as ditas sentenças, levarão ametade da as
signatura da sentença: quer esta seja embargada por huma só parte, ou
por ambas ; das quaes levará só a dita meia assignatura. A mesma or
dem, e diferença se praticará nas assignaturas das sentenças sobre ex
ceições peremptorias, e de espolio, artigos de attentado, de falsidade,
e opposição , quando tiverem conhecimento ordinario , e se julgarem a
final, pondo-se com a sentença fim á causa, e se pagará a assignatura
della, regulando-se pelo pedido na *# T
; porém quando esta se não ter
2
316 • }754

minar pela dita sentença , não-levarão della cousa algania: º Das excei
qões declinatorias levarão oitenta réis. * * * * # : ; *, * ** * - - -

*__* Nas acções da alma, não cabendo a causa na alçada, levarão cem
réis; e cabendo nella, º oitenta réis; e esta mesma quantia levarão de
huma absolvição da instancia. Dos mandados de preceito, cem réis; e
de outros quaesquer mandados, cincoenta réis. Das cartas precatorias,
citatorias, executorias, de inquirição de posse, e para outras quaesquer
diligencias, oitenta réis, e o mesmo das Cartas, ou Alvarás de Editos.
Das cartas de seguro, nos casos em que as podem passar, de cada hum
dos culpados, que se pretenderem segurar, sendo pessoas livres, trezen
tos réis; porém sendo pai, e filho, marido, e mulher, ou senhor, e seus
escravos, levarão sómente a dita quantia, como se fosse huma pessoa só;
não passarão porém as cartas de seguro nos delictos exceptuados na Lei,
e que privativamente pertencem ao Corregedor do Crime da Relação do
districto, nem nos casos, que lhe são permittidos, poderão passar as di
tas, cartas, mais que por hum anno; e se dentro delle for a carta que
brada, poderão passar segunda, pelo tempo que restar para se concluir
o anno, da qual levarão a mesma assignatura. Das justificações para
embargo, ou segurança, e de que se mandar passar instrumento, oiten
ta réis. De sello da sentença, ou carta, sessenta réis. De juramento sup
pletorio, e tambem dado aos Louvados, para se avaliar a causa, de ca
da hum oitenta réis; porém louvando-se ambas as partes no mesmo Lou
vado, levarão só a dita quantia. De inquirir cada testemunha, cincoen
ta réis, tanto em causas Crimes, como Civeis, naquellas em que o pó
de fazer. De exame feito em sua casa, e presença, sobre vicio de au
tos, papeis, ou livros, duzentos, réis. De artigos de habilitação, oitenta
réis. De embargos remettidos, oitenta réis; e vindo-se com elles na exe
eução, sendo de nullidade, pagamento, compensação, retenção de bem
feitorias, artigos de liquidação, e justificativos, levarão ametade da as
signatura da sentença definitiva; porém sendo de terceiro senhor , ou
possuidor
nitiva. , levarão a final a mesma assignatura , que da sentença defi
• * *

, . Das arrematações em leilão, sendo de bens móveis de valor até


cincoenta mil réis, levarão de cada huma cincoenta réis ; de cincoenta
mil réis até cem, terão oitenta réis; e passando de cem mil réis, ou sen
do de bens de raiz, cento e cincoenta réis; porém requerendo o Arre
matante carta para seu título, não levará della assignatura. De cada
vistoria na Cidade, ou Villa, mil e duzentos réis; e sendo no Termo,
ou Comarca, levarão o caminho a seis legoas por dia , dous mil e qua
trocentos réis; e o mesmo vencerão por dia nas diligencias, indo fóra da
terra a requerimento de parte. Dos instrumentos de aggravos, trezentos
réis. Das appellações que vierem ao dito Juizo, quatrocentos réis; e vin
do-se com embargos á sentença ametade da assignatura da primeira,
quer esta seja embargada por huma só parte, ou por ambas, na fórma
que fica dito. Dos dias de apparecer, trezentos réis. Das devagas par
ticulares, que tirarem a requerimento de parte, ou havendo culpados,
levarão do auto, e juramento ao queixoso, oitenta réis. De cada teste
munha, cincoenta réis; e da pronúncia , seja hum , ou muitos culpa
dos pronunciados juntamente, ou em diverso tempo, trezentos réis. Nas
queréllas, levarão do auto, testemunhas, e pronúncia o mesmo que nas
devaças. * { - -
De aposentadoria, quando forem em correição ás Villas de sua
Comarca, não levarão cousa alguma dos bens do Conselho em dinheiro 3
1754 3I?
ou em especie; e só lhes darão casas, camas, lenha para os primeiras
dias, e louça para a cozinha; e meza; e o mais que lhe for necessario o
comprarão com o seu dinheiro pelo preço, e estado da terra; e o mes
mo observarão quando forem ás ditas Villas por mandado Meu a diligen
cias do Meu Real serviço. Da audiencia geral na Camara, capítulos de
correição, e provimentos, que fizerem nos livros della, levarão dezeseis
mil réis. Da eleição das Justiças, e pelouros, que os Ouvidores podem
fazer para tres annos, em qualquer tempo do terceiro anno da eleição pas
sada, oito mil réis. Da devaça de suborno, não havendo culpado, não
levará cousa alguma dos bens do Conselho. De assignatura das cartas de
usança aos oficiaes eleitos, de cada huma levarão seiscentos réis. Das
rubricas dos livros das Camaras, onde não houver Juizes de Fóra, de
cada huma folha trinta réis. -

. Para as revistas das aferições das balanças, pezos, e medidas,


nas Comarcas, onde houverem Rendeiros da Chancellaria, mandará o
o Ouvidor, assim que abrir correição, lançar pregões, e pôr Editaes,
nos quaes declarará os dias das audiencias destinados para as da Chan
cellaria, e que por elles ha por citadas as pessoas, que são obrigadas a
ter as balanças, pezos, e medidas aferidas; e mostrando estas, que as
aferírão, e cumprírão sua obrigação em tempo, o Ouvidor os absolverá,
e levará da absolvição oitenta réis, que pagará o Rendeiro, que accu
sou, e poz a acção; e os que, sendo obrigados, não tiverem aferido, ou
não forem apresentar a sua aferição, ou tiverem aferido fóra do tempo
determinado pela Lei, pagarão a condemnação, que aos Ouvidores pa
recer justa, havendo-se nella com moderação, não podendo exceder a
quantia de mil e duzentos réis no maior caso; e dentro desta quantidade
se conformarão sempre com o estilo mais observado, e tambem as cus
tas, que serão oitenta réis para o Ouvidor, e quarenta réis para o Escri
vão: e nas Comarcas, em que não houver Rendeiros da Chancellaria,
será a condemnação para o Meirinho, da qual pagará ao Ouvidor, e Es
crivão o que lhe toca, e assima fica declarado, e dos absolvidos não te
rão cousa alguma neste caso. •

E porque os Ouvidores são tambem Provedores nas suas Comar


cas, e tem obrigação de examinar as contas dos Conselhos, indo em cor
reição, e de prover os Inventarios dos Orfãos, e de tomar contas dos ren
dimentos das-ligitimas delles, e de as rever, sendo tomadas pelo Juiz
dos Orfãos, e de tomar contas aos Testamenteiros, e do mais que lhe
compete conhecer pelo seu Regimento. Nas contas dos testamentos não
levarão residuo do que acharem cumprido: e isto ainda que as despezas
fossem feitas depois do anno, e mez, ou depois do tempo, que o Testa
dor lhe concedeo: porém se forem feitas depois de serem citados para
darem conta, tendo sido citados ja passado o tempo, levarão residuo do
que depois de citados for cumprido, e será do premio, ou legado, que o
Testador deixou ao Testamenteiro, e não lhe sendo deixado cousa algu
ma, o haverá dos bens do Testamenteiro, que o deve satisfazer pela sua
negligencia: com tal declaração, que sendo a dúvida do cumprimento
só por falta de formalidade, sendo certa a despeza, e conforme a dispo
sição, se não levará residuo, e achando que cumprio bem como devia,
e dentro do tempo, ou antes de ser citado, levará sómente de julgar o
testamento por cuprido, seiscentos réis, e da quitação, querendo-a o
Testamenteiro, não levará assignatura. Das contas, que tomarem nos
Conselhos, sendo o rendimento menos de duzentos mil réis, levarão tre
zentos réis; de duzentos mil réis até quatrocentos, levarão seiscentos réis;
318 1754
de quatrocentos mil réis até hum conto de réis, mil e duzentos réis; e
de hum conto até dous contos de réis, dous mil e quatrocentos réis, e
nada mais, ainda que o rendimento seja maior. E não levarão residuo,
e só das addições, que glozarem tendo sido mal despendidas, e o paga- .
rão os Oficiaes, que fizerem essa despeza, fazendo repôr a importancia
della. O mesmo observarão nas confrarias, Hospitaes, e Albergarias,
conforme a importancia do rendimento sem residuo; e só o poderão levar
do que acharem mal dispendido, e fizerem repôr á custa dos que mal o
dispendêrão. Das contas, que tomarem aos Tutores dos bens dos Orfãos,
que administrão, ou das que reverem sendo já tomadas pelos Juizes del
les, levarão o mesmo concedido a estes. Das coimas appelladas, haven
do-as, ou sejão confirmadas, ou revogadas, de cada huma levarão da par
te vencida, oitenta réis. Das rubricas dos livros, que lhe pertencerem,
como Provedor, levarão o mesmo que por ellas lhes he concedido, como
Ouvidor. Dos Inventarios, e partilhas levarão o mesmo, que lhe he dado
aos Juizes dos Orfãos.
+ -
*

Juizes de Fóra, e Orfãos.

Terão de alçada nos bens de raiz até doze mil réis, e dezeseis nos
móveis, e nas penas pecuniarias, até quatro mil réis.
. . . Das sentenças definitivas, ou sejão as causas ordinarias, ou sum
marias, sendo de valor até trinta mil réis, levarão sessenta réis. De trin
ta até cem mil réis, cento e vinte réis. De cem até quinhentos mil réis,
duzentos, e quarenta réis. E de quinhentos mil réis para cima, trezen
tos e sessenta réis. E embargando-se as sentenças, ou seja por huma das
partes, ou por ambas, levarão sómente ametade da assignatura da sen
tença, pagando cada huma a parte competente, quando ambas embarga
rem. A mesma assignatura levarão das exceições peremptorias, e de espo
lio, artigos de attentado, de falsidade, e opposição, quando tiverem co
nhecimento ordinario, e se determinarem a final; pondo-se com a sen
tença fim á causa, observada a diferença do valor della, que se regulará
pelo pedido na acção. E não pondo a sentença fim á causa, não levarão
cousa alguma. Das exceições declinatorias, levarão quarenta réis.
Nas acções da alma, não cabendo na alçada, levarão cincoenta
réis; e cabendo nella, quarenta réis. Dos mandados de preceito, cinco
enta réis, e de outros quaesquer mandados para citações, prizões, pe
nhoras, e Alvarás de folha, e soltura, quarenta réis. Das cartas preca
torias, citatorias, e executorias, de inquirição, de posse, e para outras
#*# diligencias quarenta réis, e o mesmo das cartas, ou Alvarás de
Editos. Das justificações para embargo, ou segurança, e de que se mandar
passar intrumentos, quarentaréis. Do sello da sentença quarenta réis. Do
juramento suppletorio, e tambem dado aos Louvados para avaliarem a cau
sa, de cada hum quarenta réis; e louvando-se ambas as partes em hum só
Louvado, levarão a mesma quantia. De inquirir cada testemunha em
causa Crime, ou Civel, quarenta réis. Dos exames, que se fazem em sua
casa, e presença, sobre falsidade, ou vicio de alguns autos, livro ou do
cumento, cento e sessenta réis. De artigos de habilitação, quarenta réis;
e o mesmo das sentenças de absolvição da instancia. De embargos remet
tidos quarenta réis. Dos de nullidade, pagamento, compensação de re
tenção de bemfeitorias, artigos de liquidação, justificativos, levarão meia
assignatura da sentença definitiva, como nos mais embargos, e assima
1754 • 319

fica declarado: sendo porém os embargos de terceiro, levarão delles a


mesma assignatura, que da sentença definitiva.
Das arrematações em leilão, sendo de bens móveis de valor até
cincoenta mil réis, levarão de cada huma trinta réis: e de cincoenta até
cem mil réis, cincoenta réis; e passando de cem mil réis, ou sendo de
bens de raiz, oitenta réis: porém requerendo o Arrematante carta para
seu titulo, não levarão assignatura. De cada vistoria na Cidade, ou Vil
la, oitocentos réis: e sendo fóra do Termo, levarão por dia, a razão de
seis legoas, mil e oitocentos réis, e o mesmo vencerão cada dia nas di
ligencias indo fóra da terra a requerimento de parte. Das devaças par
ticulares, que tirarem a requerimento de parte, ou havendo culpados,
levarão do auto, e juramento ao queixoso, cincoenta réis. De cada tes
temunha, quarenta réis. E da pronúncia, seja hum ou muitos culpados
pronunciados juntamente, ou em diverso tempo, duzentos réis. Nas que
réllas, levarão do auto, testemunhas, e pronúncia, o mesmo que nas
devaças. Das rubricas dos livros das Camaras, e dos mais, que podem
rubricar, por cada folha vinte réis.
Os Juizes dos Orfãos do auto do Inventario, juramento do Inventa
riante, e Avaliadores, não os havendo juramentados levarão quatrocentos
réis, e nada mais, sendo na Cidade, ou Villa. E sendo fóra della em distan
cia, vencerão do caminho o sallario, que abaixo se declara. Porém não irão
fóra fazer inventarios, senão quando for mais utilidade dos Orfãos, e não
levarão Avaliadores comsigo á custa delles, por deverem ser vizinhos do
lugar, ou sitio, onde estão os bens, os quaes tem razão para saber me
lhor o valor, e estimação delles, e havendo Avaliadores do Conselho ju
ramentados, querendo ir sem vencerem salarios de caminho, os devem
levar.
Das partilhas levarão o salario na fórma do Regimento já consti
tuido para o mesmo Juizo em dous de Maio de mil setecentos trinta e
hum. Porém excedendo a importancia dellas a quantia de dous contos
de réis, leverão quatro mil e oitocentos, e nada mais; posto que o In
ventario, e partilhas seja de maior importancia. E não irão fazer as par
tilhas fóra com pretexto algum, e se forem não vencerão caminho. Das
arremações dos bens em leilão, levarão o mesmo, que os Juizes de Fó
ra do geral, á custa dos Arrematantes, sem defraudarem os bens dos
Orfãos. De cada auto de contas, que tomarem aos Tutores, e Curadores,
quando estes forem obrigados a dallas, que he de dous em dous annos,
sendo dativos; e de quatro em quatro, sendo ligitimos, ou testamenta
rios, na fórma da Lei, levarão o salario, que lhes determina o dito Re
gimento, havendo só respeito ao rendimento, de que tomão conta, e na
da mais levarão, ainda que aquelle seja maior , e muitos os Orfãos, por
ser hum o Inventario, e Tutor, e huma só administração, de que dá
conta; porém sendo muitos os Orfãos, e diferentes os rendimentos dos
bens, se rateará a despeza da conta conforme o que tocar a cada hum.
Nem tambem irão os Juizes tomar fóra as contas para vencerem, por
terem os Tutores obrigação de as irem dar perante elles, sendo notifica
dos por seu mandado depois de passado o tempo, ou havendo justa causa
para removellos da tutella; e quando haja nelles contumacia poderem o
brigallos pelos meios, que lhe são permittidos por direito, da mesma sor
te, que os Testamenteiros, e outros, que tem obrigação de darem con
tas da sua administração perante Juizes certos, e competentes.
Os Juizes de Fóra dos Orfãos, no mais, que aqui não vai expres
so, levarão as mesmas assignaturas, e salarios de caminho, que ficão
32O 1754
permittidos aos Juizes de Fóra do geral. E os Juizes eleitos pelas Cama
ras não levarão assignaturas: da mesma sorte, que as não levão os Jui
zes Ordinarios; e só levarão o sello das sentenças, e cartas inquiridorias,
arrematações, e caminhos, dos quaes se lhe contarão sómente dous mil
e quatrocentos réis por dia, a razão de seis legoas; e sendo menor a dis
tancia, a quatrocentos réis por legoa, e os emolumentos das partilhas,
etecentos
contas,trinta
que determina
e hum.
o dito Regimento de dous de Maio de mil se
• •

Escrivães, Tabeliães do Judicial.

De cada citação, ou notificação, que fizerem, de que passarão


certidão, sendo na Cidade, ou Villa, levarão duzentos réis, e sendo no
Termo por mandado, levarão mais o que lhe tocar de caminho, confor
me a distancia. Porém sendo feita em audiencia, ou em sua casa, leva
rão sómente quarenta réis; e o mesmo levarão de cada autuação. De hu
ma procuração apud acta, ainda que sejão muitos os Procuradores, oi
tenta réis; e se duas, ou tres pessoas constituirem hum Procurador, leva
rão o mesmo de cada huma: salvo sendo marido, e mulher, ou irmãos,
em huma herança, Cabido, Universidade, ou Conselho, que não paga
rão senão como huma só pessoa. Dos mandados, que passarem para ci
tação, segurança, prizão, avocatorias, e outras diligencias, sessenta réis.
O mesmo dos Alvarás de folha, soltura, ou venia, e outros similhantes;
e tambem dos mandados de preceito por confissão da parte, quando for
condemnada em audiencia; sendo porém feita nos autos por termo, e
dada nelles sentença, ainda que seja de preceito, levarão o mesmo, que
lhe tocar pelas definitivas. Das revelias, e mandados, de que se fizer
menção nos termos do processo, não obstante a Ordenação, liv. 1." tit.
83. §. 6. e 9. permittir de cada termo seis réis, e quatro réis de cada
mandado, não se lhe contará cousa alguma, para evitar a confusão da
conta, e maior desembaraço della: havendo-se respeito a esta diminui
ção no que hão de levar pela escrita á raza, que abaixo se lhe arbitra,
para compensar este prejuizo. De hum termo de confissão, ou transac
ção entre partes, ou desistencia, oitenta réis. Das inquirições, além do
que montar a raza de sua escrita levarão de cada assentada quarenta réis,
tirando tres testemunhas debaixo de cada huma, e não poderão levar
mais, que duas assentadas por dia: huma de manhã, e outra de tarde:
e tendo huma menos, e outra mais testemunhas, se supprirá huma por
outra, conforme o que toca a cada assentada tres testemunhas; e não
chegando a esse número, se lhe contará por cada huma dez réis, sendo
tiradas em casas particulares na Cidade, ou Villa, ou seus arrebaldes em
huma só casa, levarão quarenta réis; e se forem em diversas casas, le
varão o mesmo de cada huma; e indo fóra da Cidade, ou Villa; levarão
o que lhe tocar de seu caminho, conforme a distancia, e demora justa,
que tiverem. De caminho nas inquirições, e mais diligencias, a que fo
rem a requerimento de parte, levarão por dia mil e duzentos réis, con
tando a seis legoas por dia, e por legoa duzentos réis; e sendo menos a
distancia, se lhe contará por legoa.
Das conclusões das sentenças interlocutorias, levarão quinze réis
de cada huma, vinte e cinco réis das definitivas. Da conclusão ante o
Juiz da appelação, sendo de definitiva, cento e cincoenta réis. Da pu
blicação das sentenças interlocutorias, trinta réis. E das definitivas, ses
senta réis, e sempre nella devem dar fé, se forão as partes presentes ou
1754 321.
{

não. A raza se ha de contar por regras, a quinze réis por cada cinco
regras, tendo estas trinta letras cada huma; e assim se contará nas in
quirições, appellações, traslados, e termos do processo, attendendo a
terem-se tirado os emolumentos, os termos, revelías, e mandados, que
serão obrigados a fazer como dantes, contados sómente á raza. E das
sentenças, e das que tirarem de instrumento, de aggravo, e cartas de
arrematação, se lhe contará cada meia folha escrita de ambas as partes,
a duzentos réis; tendo cada lauda vinte e cinco regras, e cada regra
trinta letras, humas por outras. Das cartas testemunhaveis, citatorias,
de inquirição, de seguro, ou outra qualquer que leve sello, e instrumen
to de aggravo, levarão de cada meia folha, das primeiras tres, escrita
de ambas as partes, com a mesmas regras, eletras; cento e oitenta réis,
e o mais a raza da fórma, que fica dito.
Das buscas dos processos, ou sejão findos, ou retardados, tendo
passado seis mezes sem se falar nelles, não estando conclusos, ou estan
do hum anno na mão do Escrivão, levarão dos primeiros seis mezes pas
sados dahi em diante por cada mez, vinte e quatro réis, não levando
mais que a respeito dos mezes, que houver, em quanto o feito for findo,
ou retardado, depois de passados os primeiros seis mezes; e chegando a
anno, levarão duzentos e oitenta e oito réis. E sendo mais tempo, que
passe de anno, levarão no segundo mais cento e quarenta e quatro réis,
que he ametade do que lhe pertence pelo primeiro; e se passar de dous
annos, levarão quarenta e oito réis do terceiro, que he a terça parte do
que devem levar a respeito do segundo; e por todos tres levarão quatro
centos e oitenta réis, e nada mais, ainda que a busca seja de mais an
nos, o que se entenderá até trinta annos; porque passados estes, pode
rão levar o que ajustarem com as partes; por não terem obrigação de dar
conta dos processos; e a busca levarão de todos os autos, inquirições,
escrituras, que tiverem em seu poder, e guarda. Porém sendo as bus
cas em livros, como são de queréllas, ou denúncias, levarão de busca
sómente ametade do que levarião dos processos, e escrituras, havendo
respeito ao que fica dito. •

De cada penhora, embargo, ou sequestro, que fizerem na Cida


de, ou Villa, em bens de qualquer especie, levarão duzentos e quaren
ta réis pelo auto, e ida; e sendo no Termo, levarão mais o que lhe to
car de caminho. Dos pregões dos bens penhorados, que o Porteiro der
na Praça, e lugares publicos, não levarão cousa alguma, e sómente a
escrita delle á raza, os quaes devem lançar pela certidão do Porteiro, e
fé que este tem nas cousas, que pertence ao seu oficio. Das arrema
tações dos bens penhorados, ou em leilão, sendo de móveis de va
lor até cincoenta mil réis, levarão quarenta réis; e de cincoenta mil réis
para cima até cem mil réis, oitenta réis; e passando de cem mil réis,
ou sendo de bens de raiz, cento e cincoenta réis; porém querendo o Ar
rematante carta de arrematação para seu titulo, levarão della a escrita,
como de sentença, da fórma atraz declarada. E do termo de entrega,
quando os bens se não arrematarem, levarão o mesmo, que de qualquer
mandado. -

Das vistorias na Cidade, ou Villa, além do que lhe importar a


escritura á raza, levarão cento e cincoenta réis, e sendo fóra, levarão o
seu caminho. Dos exames, que fizerem em autos, livro, escritura, ou
outro qualquer documento sobre vicio, ou falsidade, levará cada hum
trezentos réis; e o que fizer o auto, levará de mais a escrita; e nos
que se fizerem sobre lezão, aleijão, ou "… pelos
S
Cirurgiões,
322 1754
levarão sómente a escrita; e sendo feitos em presença do Ouvidor,
ou Juiz, levarão da ida mais quarenta réis. Das cartas de Editos, du
zentos e cincoenta, réis : das posses, que forem dar na Cidade, ou
Villa, além da escrita, cento e sessenta réis; e sendo fóra, levarão o
seu caminho, conforme a distancia, e demora, que tiverem. De qual
quer certidão, que passarem do que constar de autos, referindo-se a el
les, levarão de cada meia folha, escrita de ambas as partes, cento e oi
tenta réis, sendo cada lauda de vinte e cinco regras, e cada regra de
trinta letras, como fica dito; e sendo de menos, não passando de huma
lauda, oitenta réis.
Nas queréllas, e devaças, levarão do auto, além da sua escrita,
quarenta réis; e do summario, e escrita á raza, assentada, e conclusão,
como de definitiva, e nada mais, sendo na Cidade, ou Villa, e sendo
fóra, levarão seu caminho. De cada libello, que oferecerem por parte da
Justiça, como Promotor della nos casos, que lhe pertence a accusação,
sendo o caso de quérella, levarão cento e sessenta réis; e sendo de de
vaça, que deve ser bem vista para se conformar com ella, e ser maior o
trabalho, trezentos réis. Dos termos de seguro, e de viver, e proceder
bem, e outros, sendo feitos em sua casa, de cada hum que os assignar,
oitenta réis; e indo tomallos á cadeia, ou casa do Juiz, cento e cincoen
ta réis; e o mesmo levarão de qualquer termo de homenagem. Nas de
vaças tiradas a requerimento de parte, deve esta satisfazer as custas del
la, e sendo tiradas ex oficio nos casos particulares, que a Lei determi
na, as pagarão os culpados, que forem obrigados á prizão, posto que se
não venhão livrar; e não havendo culpados, pagar-se-ha ametade sómen
te do que nella se montar, á custa do Conselho, aonde se commetteo o
maleficio. De registar a sentença na culpa, levarão quarenta réis. Nas
revistas das aferições em correição, terá o Escrivão della quarenta réis
das pessoas, que forem condemnadas, na fórma que fica declarado no
titulo dos Ouvidores.
E não poderão os Escrivães, e Tabelliães do Judicial contar as
custas por si, nem pedillas ás partes antes de vencidas, e contadas pe
lo Contador, ainda com o pretexto de lhas descontarem a seu tempo, pe
na de suspensão, e privação de seus oficios.
Tabelliães das Notas.

De cada escritura, que fizerem no livro das Notas, levarão mil


e duzentos réis, e serão obrigados a darem o traslado della á parte, sem
por isso lhe levarem outra paga. De cada procuração bastante com a mes
ma obrigação, novecentos réis. De cada papel, que lançarem nas No
tas, e tirarem dellas, levarão a sua escrita á raza, na fórma que os Es
crivães, e Tabelliães do Judicial. Da ida fóra da casa a fazer alguma es
critura, além do estipendio, que por ela lhe compete, quarenta réis; e
sendo fóra da Cidade, ou Villa, levarão o mesmo caminho que vencem
os Escrivães do Judicial. De cada approvação de testamento, ou codicil
lo, seiscentos réis. De cada reconhecimento, e substabelecimento, oiten
ta réis. Da busca da escritura no livro das Notas, levarão ametade do
que levão os Escrivães, e Tabeliães do Judicial dos processos, e escri
turas, e mais documentos, que he por cada mez, doze réis no primeiro
anno, que sendo completo, importa cento e quarenta e quatro réis; e
passando do anno levarão no segundo, setenta e dous réis; e se passar
de dous annos, levarão mais do terceiro, vinte e quatro réis; e por
| 1754 323

todos duzentos e quarenta réis, e nada mais, ainda que tenhão passado
mais annos; e outro tanto levarão por buscar qualquer instrumento, que
já tiverem tirado da Nota, não lhe tendo sido requerido pela parte, a
que pertencia a entrega delle, quando esta se não demorou por culpa
Slla. * # |- • •

Escrivães dos Orfãos. +

Nos processos, que ordenarem, levarão o mesmo, que os mais Es


crivães, e Tabelliães do Judicial. Do auto de Inventario, sendo na Ci
dade, ou Villa, além da escrita á raza, da ida, quarenta réis, e a raza
se contará da mesma sorte, que no Judicial; indo fóra fazello, levarão o
caminho como os mais Escrivães, e Tabelliães. Das partilhas, levarão do
auto o mesmo, que do Inventario, e a mais escrita á raza: das conclusões,
assim para a determinação da partilha, como para se julgar por senten
ça, o mesmo que dellas levão os do Judicial. E não extrahirão cartas de
partilhas, senão requerendo-as os Orfãos depois de maiores, ou havendo
alguns maiores coherdeiros, que as pessão. De cada termo de tutella escrito
no livro, quarenta réis, e de copiarem no Inventario, sómente o que im
portar a escrita. Dos termos de entrega dos Orfãos, quando se derem á
soldada, e de fiança, mandados, e Alvarás, quarenta réis. O mesmo le
varão dos termos de entrada no cofre, no livro, que nelle deve estar, e
tambem do que fizer da sahida: esta porém senão fará sem primeiro ser
ouvido o Tutor dos Menores, a que pertencer. Dos termos, que fizerem
de arrendamentos dos bens dos Orfãos, nos casos, que lhe são permitti
dos, levarão a escrita, e da ida á praça, quarenta réis; e das arremata
ções dos bens, o mesmo, que fica dito nos Escrivães, e Tabelliães do
Judicial. Das contas, que o Juiz tomar aos Tutores dos rendimentos das
ligitimas dos Orfãos, levarão do auto quarenta réis, e o mais da sua es
crita, contada á raza. De busca dos Inventarios, sendo requerida por
parte dos Orfãos, ou seu Tutor, levarão pelo primeiro anno oitenta réis,
e outra tanta quantia pelo segundo, e tambem pelo terceiro, em que se
monta nos ditos tres annos, duzentos e quarenta réis, e nada mais leva
rão dahi em diante; porém quando lhe forem requeridos por alguma par
te, que não seja por parte dos Orfãos, ou de seus Tutores, poderão le
var busca delles, da mesma sorte, que a podem levar os Esvrivães, e
Tabelliães do Judicial dos feitos findos, ou retardados.
Distribuidores.
• • , º

De cada distribuição, levarão oitenta réis. De busca, por ser em


livro, o mesmo que o Tabelião de Notas; porém não o poderão levar,
senão passado cinco annos, que o feito, ou auto, ou escritura forem dis
tribuidos. De cada certidão, que passarem, levarão oitenta réis.
Inquiridores.
#

De inquirir cada testemunha, levarão oitenta réis, e de assenta


da, que terá de cada tres testemunhas, quarenta réis. De inquirir em
casa particular, na Cidade, ou Villa, osendo em huma só casa, quaren
ta réis; e se for em diversas casas, levarão o mesmo de cada huma; e
indo fóra da Cidade, ou Villa, levarão o que lhe tocar de seu caminho,
como vencem os Escrivães, e Tabelliães, S |-

S 2
324 1754

Contadores.

De contar o salario, que vence o Escrivão, ou Tabellião, tanto


da parte do Author, como do Réo, levarão de cada huma oitenta réis.
De contar as custas da parte, cento e cincoenta réis, e quando as hou
ver de dividir, por ser a condemnação das custas por partes, levarão de
ambas, duzentos e trinta réis; havendo de cada huma, conforme a par
te, que lhe tocar : porém de contar as pessoaes, quando as partes as
vencem, não levarão cousa alguma. Havendo de contar juros, ou impor
tancia liquida de frutos, ou rendimentos annuaes, levarão por cada hum
anno, oitenta réis. E de outras contas, que os Julgadores lhe mandarem
fazer, entre partes, sendo em causa de maior valor, que exceda a Al
çada, levarão o que lhe for taxado pelo Juiz, que a mandou fazer , o
qual arbitrará o salario, conforme a qualidade dellas; e não levarão cou
sa alguma, sem lhe ser taxado, nem maior estipendio, que o arbitrado.
Porém achando-se as partes gravadas no arbitrio , poderão recorrer a
maior Alçada, por meio de aggravo, ou quando se conhecer da appel
lação. •

Meirinhos, e Alcaides.

De cada prizão levarão trezentos réis; e o mesmo de cada penho


ra, embargo, ou sequestro. De cada citação, que por estilo fazem, te
rão o mesmo, que os Escrivães, e Tabelliães do Judicial, passando cer
tidão em fé della. De caminho, assim no Juizo da Ouvidoria, como or
dinario , levarão por dia seiscentos réis; e indo fóra a mais diligencias
do que huma, ratearão por todas a importancia do que vencerem do ca
minho; o que observarão tambem os mais Oficiaes.
, ,

Escrivães da Vara.

De cada auto, que fizerem de prizão das pessoas, que os Meiri


nhos, e Alcaides prenderem, indo em sua companhia, levarão cento e
cincoenta réis; e da ida com o Meirinho, ou Alcaide, outros cento e
cincoenta réis; e o mesmo levarão de cada auto, que fizerem das con
demnações, verbas, que escrevem em livro. Dos autos de penhora, em
bargo, ou sequestro, e outros, que por razão do seu Oficio podem fa
zer, cento e cincoenta réis. De caminho, e diligencias fóra da Cidade,
ou Villa, levarão o mesmo, que levão os Meirinhos, e Alcaides.
Porteiros.

De cada citação, que fizerem , e passarem fé , levarão oitenta


réis; e sendo na audiencia, vinte réis; porém se forem em distancia fó
ra do Lugar, ou Villa, levarão o seu caminho a cincoenta réis por le
goa, que por dia a razão de seis legoas, trezentos réis. De cada pregão
em audiencia, vinte réis. De apregoar na praça, e mais lugares públi
cos os bens penhorados os dias da Lei, levarão de cada hum trinta réis,
que nos oito dias, que devem andar os bens móveis, importão duzentos
e quarenta réis; e nos vinte dias, que devem andar os de raiz, seiscen
tos réis; os quaes só vencerá depois de passar certidão com fé de que os
correo, como he estilo, para se ajuntar aos autos; e satisfazendo o de
1.
1754 325

vedor a dívida antes que se acabem os dias da praça, pagar-lhe-ha os


pregões, que tiver corrido, e nada mais. De arrematação de bens mó
veis até cincoenta mil réis, levarão vinte réis; de cincoenta mil réis,
para cima até cem, quarenta réis; e passando de cem mil réis, oitenta
réis. De apregoar huma Carta de Editos, fixalla, e passar certidão, de
pois de findo o tempo, cento e cincoenta réis.
Partidores dos Orfãos.
Os Avaliadores dos bens nas Cidades, ou Villas, serão os mes
mos Partidores juramentados, havendo-os, e levarão de avaliar os bens,
que se inventariarem, cada hum trezentos réis: se porém se gastar hum
dia inteiro no Inventario, levará cada hum seiscentos réis ; e assim os
mais dias, que gastarem a esse respeito; porém sendo o Inventario dis
tante da Cidade, ou Villa, serão os Avaliadores visinhos do lugar, on
de estiverem os bens, por terem mais razão de saber delles ; e não ha
vendo visinhança perto, se contará a cada hum a seiscentos réis por dia,
desde que sahirem de sua casa até se recolherem, contados os dias a seis
legoas cada hum. E querendo ir os Avaliadores do Conselho, sem que se
lhe conte o caminho, e só o tempo, que durar a factura do Inventario,
os Juizes os admittirão, mandando-lhe pagar os dias, que durar o Inven
tario , e avaliações. Os Partidores levarão ambos juntos outro tanto sa
lario como he permittido ao Juiz da facção das partilhas, como fica di
to; e não levarão caminho, ainda que estas se fação fóra da Cidade, ou
Villa, assim como o não devem levar o Juiz, e Escrivão.
Escrivães da Camara.

De cada Alvará, que for assignado pelos Oficiaes da Camara, le


varão oitenta réis. De todos os assentos, e termos, que fizerem nos li
vros della, por mandado dos Vereadores a requerimento das partes, as
sim como obrigações, fianças, e outras semelhantes, de cada hum oi
tenta réis. De cada licença , que passarem aos Vendeiros, e Oficiaes
mecanicos, e aos mais, que tem porta aberta para vender, duzentos réis.
Das cartas, patentes, e provisões, que se registarem nos livros da Ca
mara, seiscentos réis. De cartas testemunhaveis, que passarem de quaes
quer requerimentos, que se fizerem aos Vereadores, e Oficiaes da Ca
mara, levarão o mesmo , que os mais Escrivães á custa de quem as re
querer. Da publicação da sentença, que a Camara proferir nos feitos de
injúrias verbaes, sessenta réis, e escrevendo alguma cousa nelles, de
pois de conclusos , por mandado dos Juizes , e Vereadores , levarão o
que montar essa escrita á raza, contada na fórma , que os mais Escri
vães, e Tabelliães do Judicial. Dos contratos, que se arrematarem pela
Camara, não levarão propina alguma, e sómente de cada arrematação,
ou seja de aferições, ou curraes, talhos, ou outras semelhantes rendas,
levarão de cada huma mil e duzentos réis. Porém da arrematação de qual
quer obra, que a Camara mandar fazer, levarão sómente seiscentos réis.
De cada Regimento de Oficio, ou taxa , que se passar para sempre,
seiscentos réis, e o mesmo de cada Provisão de Juiz de cada hum dos of
ficios mecanicos, e cartas de exame. De cada termo de juramento , e
posse, que se der na Camara aos Capitães da Ordenança, e outros, tre
zentos réis. De escreverem as eleições das Justiças, que fizerem os Ou
vidores, ou Officiaes da Camara de tres em tres annos, dous mil e qua
326 I754

trocentos réis. Pela escrita das contas do Conselho, não tendo delle or
denado, levarão tres mil e seiscentos réis.

Escrivães da Almotaçaria. #

# + 5 -

De huma acção, levarão quarenta réis; e o mesmo de huma ab


solvição da instancia do Juizo, assentada em caderno. E huma appella
ção entre partes para o Juiz, ou Camara, oitenta réis. De cada teste
munha, o mesmo. De huma sentença, cem réis. De huma pena, posta
entre partes, oitenta réis. No provimento pela Cidade, ou Villa quando
forem com os Almotaceis, levarão dos que acharem em culpa, e forem
condemnados, de cada hum vinte réis. E havendo causas, em que se
houver de condemnar processo, e guardar a ordem do Juiz levarão, do
que "………… , o mesmo que os mais Escrivães, e Tabelliães do Ju
dicial. • -

Advogados.
• De cada requerimento em audiencia, oitenta réis. De pôr sua ac
ção, o mesmo. De huma petição de aggravo, seiscentos réis. De huma
exeição, o mesmo. De razão oferecida por embargos, cento e sessenta
réis. De causa ordinaria, com réplica, e tréplica, quatro mil e oitocen
tos réis. De causa summaria, dous mil e quatrocentos réis: o que será,
passando a causa de cem mil réis; e não chegando, levarão ametade.
Requerentes.
De porem huma acção em audiencia, oitenta réis. De cada re
querimento, o mesmo ; e ajustando-se com as partes a tratar das cau
sas, poderão levar por mez, seiscentos réis, e não mais, ou seja huma,
Ou Illul1aS as CauSaS.

Carcereiros.

De carceragem de cada hum dos prezos, quando se mandar soltar


levarão noventa réis, e o mesmo levarão dos que forem prezos de noite
com armas defezas; porém dos que forem prezos por serem achados fóra
de horas, depois do sino, sem armas, levarão só meia carceragem. E
sendo algum prezo por erro, ou sem mandado do Juiz, e sem culpa, e
por isso for mandado soltar por despacho, ou Alvará, não levarão delle
carceragem. Do prezo, que for mudado de huma prizão para outra, le
vará sómente ametade da carceragem, que ele havia de pagar, quando
fosse solto; e o Carcereiro da prizão para onde for mudado, levará, quan
do o soltarem, a carceragem inteira. Dos escravos prezos, ou seja por
culpas, ou por serem penhorados a seus senhores, não haverá Deposita
rios a elles, ou por fugidos, ou por ordem de seus senhores, sendo sol
tos levarão seiscentos réis sómente : e não lhe querendo seu senhor dar
de comer, o Carcereiro lhe assistirá com o sustento natural; e levará del
le, por cada escravo por dia, sessenta réis. -

Este Alvará em força de Lei se cumpra , e guarde inteiramente


como nelle se contém, não obstante quaesquer outras Leis, Regimen
tos, ou Resoluções em contrario, que Hei por derogados para este efei
to, como se delles fizesse expressa, e individual menção. Pelo que: Man
! 1754 327

do ao Meu Conselho Ultramarino, Vice-Rei, Governadores, e Capitães


Generaes do Estado do Brazil, Ministros, e mais pessoas dos Meus Rei
nos, e Dominios, que o cumprão, e guardem, e o fação inteiramente
cumprir, e guardar, como nelle se contém; e ao Desembargador Fran
cisco Luiz da Cunha e Ataide, do Meu Conselho, e Chanceller Mór do
Reino, Mando, que o faça publicar na Chancellaria, e o faça imprimir,
e registar nos lugares, onde se costumão fazer semelhantes Registos; é
este proprio se lançará na Torre do Tombo: Escrito em Belém a 1o de
Outubro de 1754. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 65, e impr. na Officina de
+ Antonio Rodrigues Galhardo.

+--+ucº-tº

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará em fórma de Lei vi
rem, que tendo particular cuidado na conservação , e augmento dos
Meus Dominios da America, o qual depende muito da boa administra
ção da Justiça , e havendo já dado as providencias, que parecêrão ne
cessarias para a subsistencia dos Ministros , e Oficiaes destinados para
ella , especialmente para o districto das Minas, mandando fazer Regi
mento dos salarios, assignaturas, e mais proes, e percalços, que havião
de levar competentes no anno de mil setecentos e vinte e hum, pelo Go
vernador das Minas Geraes D. Lourenço de Almeida, com outros Mi
nistros Adjuntos, conforme o tempo, e estado della, o qual Mandei ob
servar, não obstante aquella determinação. Sou informado, que o dito
Regimento se não cumpre inteiramente em as Comarcas das mesmas Mi
nas, e em outras, que posteriormente se descobrírão, e povoárão, ou
pela maior distancia dellas, ou pela diversidade dos Governos, introdu
zindo-se salarios excessivos, que se pertendem continuar por estilo , e
com pretexto menos justificados, em prejuizo dos póvos; e querendo des
terrar os abusos, e excessos nesta materia , para que em todas as Co
marcas, e districto das Minas se observe indiferentemente hum só Re
gimento , e este seja em fórma tal, que os Ministros, que a ellas vão
servir, tenhão com que decentemente se possão sustentar independentes
nos lagares, que administrão, e aquelles emolumentos , que se devem
permittir para compensar as despezas, que fazem nas viagens, e jorna
das, e tambem os Oficiaes, que vão provídos para as mesmas partes nos
Oficios creados para aquella administração, sem vexação dos póvos, e
excessos que levão, e tem introduzido. Sou Servido ordenar, que em to
das as Comarcas das Minas , assim pertencentes ao Governo das Minas
Geraes, como do Cuyabá, e Mato Grosso, S. Paulo, e Goyaz; e nas que
ficão no Continente do Governo da Bahia, como são Jacobina, Rio das
Contas, e Minas novas do Arassuay, e em todas as mais, que se des
cobrirem nos mesmos, ou diversos Governos, se observe o presente Re
gimento, que Mandei ordenar, ponderadas todas as circumstancias me
cessarias, e contingentes, com a declaração sómente , de que nelle se
fará menção ; e levarão os Ouvidores, Juizes, e seus Oficiaes as assigº
naturas, e emolumentos seguintes. •

-\
328 I754

- Ouvidores das Comarcas.

Terão estes de alçada nos bens de raiz até a quantia de vinte e


cinco mil réis, e nos bens móveis até trinta mil réis, e nas penas pecu
niarias até dez mil réis.
|- Das sentenças definitivas, sendo a causa até a quantia de trinta
mil réis, levarão de assignatura quatrocentos réis; de trinta até cem mil
réis, seiscentos réis; de cem até quinhentos mil réis, oitocentos réis; e
de quinhentos mil réis para cima , mil e duzentos réis. Embargando-se
as ditas sentenças, levarão ametade da assignatura da sentença : quer
esta seja embargada por huma só parte, ou por ambas ; das quaes não
levará mais que a dita meia assignatura. Esta mesma ordem, e diferen
ça se praticará nas assignaturas das sentenças sobre excepções perem
ptorias, de espolio, artigos de attentado , de falsidade, e opposição,
quando tiverem conhecimento ordinario, e se julgarem a final, pondo-se
com a sentença fim á causa, e se pagará a assignatura della, regulan
do-se pelo pedido da acção; porém quando esta se não terminar pela di
ta sentença, não levarão della cousa alguma. Das excepções declinato
rias levarão trezentos réis.
Nas acções da alma, não cabendo a causa na alçada, levarão tre
zentos réis; e cabendo nella, cento e cincoenta réis; e esta mesma quan
tia de huma absolvição da instancia. Dos mandados de preceito, trezen
tos réis; e de outros quaesquer mandados, cento e cincoenta réis. Das
cartas precatorias, citatorias, executorias, de inquirição, de posse, e
para outras quaesquer diligencias, trezentos réis, o mesmo das Cartas,
ou Alvarás de Editos. Das cartas de seguro , dos casos em que as po
dem passar, de cada hum dos culpados , que se pretenderem segurar,
sendo pessoas livres, seiscentos réis; porém sendo pai, e filho, marido,
e mulher, ou senhor, e seus escravos, levarão sómente a dita quantia,
como se fosse huma pessoa só ; não passarão porém as cartas de seguro
nos delictos exceptuados na Lei, e que privativamente pertencem ao
Corregedor do Crime da Relação do districto, nem nos casos, que lhes
são permittidos, poderão passar as cartas, mais que por hum anno ; e
se dentro delle for a carta quebrada, poderão passar segunda, pelo tem
po que restar para se concluir o anno, da qual levarão a mesma assigna
tura. Das justificações por embargo , ou segurança, de que se mandar
passar instrumento, trezentos réis. Do sello da sentença, ou carta, du
zentos réis. De juramento suppletorio, e tambem dado aos Louvados, pa
ra se avaliar a causa, de cada hum cento e cincoenta réis ; porém lou
vando-se ambas as partes no mesmo Louvado, levarão só a dita quantia:
De inquirir cada testemunha, cento e cincoenta réis, tanto em causas
Crimes, como Civeis, naquellas em que o póde fazer. De exame feito
dentro em casa, e sua presença, sobre vicio de autos, papeis, ou li
vros, seiscentos réis. De artigos de habilitação, cento e cincoenta réis.
De embargos remettidos, trezentos réis; e vindo-se com elles na execu
ção, sendo de nullidade, pagamento, compensação, retenção de bem
feitorias, artigos de liquidação, e justificativos, levarão ametade da as
signatura da sentença definitiva ; porém sendo de terceiro senhor , ou
possuidor, levarão a final a mesma assignatura, que da sentença defi
nitiva. •

Das arrematações em leilão, sendo de bens móveis de valor até


cincoenta mil réis, levarão de cada huma cento e cincoenta réis; de cin
1754 329

coenta mil réis até cem , terão trezentos réis; e passando de cem mil
réis, ou sendo de bens de raiz, seiscentos réis; porém requerendo o
Arrematante carta para seu titulo, não levará della assignatura. De ca
da vistoria da Cidade, ou Villa, dous mil e quatrocentos réis; e sendo
no Termo, ou Comarca, levarão o caminho a seis legoas por dia, qua
tro mil e oitocentos réis; e o mesmo vencerão por dia nas diligencias,
indo fóra da terra a requerimento de parte. Dos instrumentos de aggra
vo, seiscentos réis. Das appellações que vierem ao dito Juizo, e senten
ças dellas, mil e duzentos réis; e vindo-se com embargos á sentença,
ametade da assignatura da primeira, quer esta seja embargada por hu
ma só parte, ou por ambas, na fórma que fica dito. Dos dias de appa
recer, seiscentos réis. Das devaças particulares, que tirarem a requeri
mento de parte, ou havendo culpados, levarão do auto, e juramento ao
queixoso, trezentos réis. De cada testemunha, cento e cincoenta réis;
e de pronúncia, seja hum, ou muitos culpados pronunciados juntamen
te, ou em diverso tempo, seiscentos réis. Nas queréllas, levarão do au
to, testemunhas, e pronúncia o mesmo que nas devaças.
De aposentadoria, quando forem em correição ás Villas de sua Co
marca, não levarão cousa alguma dos bens do Conselho em dinheiro, ou
em especie ; e só se lhes darão camas, casas, lenha para os primeiros
dias, e louça para a cozinha, e meza; e o mais que lhe for necessario o
comprarão com o seu dinheiro pelo preço, e estado da terra; e o mesmo
observarão quando forem ás ditas Villas por mandado Meu a diligencia
do Meu Real Serviço. Da audiencia geral na Camara, capitulos de Cor
reição, e provimentos, que fizerem nos livros della, levarão vinte e qua
tro mil réis. Da eleição das Justiças, pelouros, que os Ouvidores podem
fazer para tres annos, em qualquer tempo do terceiro anno da eleição
passada, doze mil réis. De devaça de suborno, não havendo culpados,
não levarão cousa alguma dos bens do Conselho. Da assignatura das car
tas de usança aos officiaes eleitos , de cada huma levará mil e duzentos
réis. Das rubrícas dos livros das Camaras, onde não houver Juizes de
Fóra, de
• Nascada humadas
revistas folha oitenta das
aferições réis.balanças, pezos, e medidas, não

levarão cousa alguma das pessoas, que tiverem aferido, e apresentarem


em correição escripto de aferição feita na fórma da Lei; e porque nes
ta materia deve haver grande cuidado principalmente nas balanças , e
pezos miudos de pezar ouro em pó, por ser moeda , que corre naquelle
districto das Minas, pelo grande prejuizo, que se segue á Republica,
não havendo igualdade nos ditos pezos, e balanças por falta de aferição;
os Ouvidores assim que abrirem correição em cada huma das Villas da
sua Comarca, mandarão lançar pregões nella, e pelos Lugares, e Ar
raiaes do Termo, e pôr editaes nos lugares públicos, e costumados, que
todos os que tem obrigação de aferir, vão apresentar as suas aferições,
havendo-se por citados com os ditos pergões, e editaes; e os que tive
rem aferido, mostrando escrito de aferição, se lhes rubricará este, pon
do-se-lhe Visto em Correição, com a rubríca do Ouvidor , sem por isso
lhe levar estipendio algum; porém os que não tiverem aferido, ou não
forem apresentar a sua aferição , ou tiverem aferido fóra de tempo de
terminado pela Lei, pagarão a condemnação, que aos Ouvidores pare
cer justa, havendo-se nella com moderação, não podendo exceder a quan
tia de tres mil e seiscentos réis : e terão os Ouvidores de cada huma a
terça parte, e o Escrivão duzentos e quarenta réis, e o resto o Meiri
nho da Ouvidoria pelo trabalho da .……… sem custas; e isto em quan
t
330 I754

to não houver Rendeiro da Chancellaria, ao qual compete pela Lei de


mandar as penas nesta materia; além disto inquirirão sempre os Ouvido
res na devaça da Correição dos que usão de pezos, e balanças falsas, e
contra os que achar comprehendidos procederá na fórma da Lei.
E porque os ditos Ouvidores são tambem Provedores nas suas Co
marcas , tem obrigação de examinar as contas dos Conselhos, indo em
correição, e de prover os Inventarios dos Orfãos, e de tomar contas dos
rendimentos das ligitimas delles, e de as rever, sendo tomadas pelo Juiz
dos Orfãos, e de tomar contas aos Testamenteiros, e do mais que lhe
compete conhecer pelo seu Regimento.
Nas contas dos testamentos, não levarão residuo do que acharem
cumprido : e isto ainda que as despezas fossem feitas depois do anno,
mez, ou depois do tempo, que o Testador lhe concedeo : porém se fo
rem feitas depois de serem citados para darem conta, tendo sido citados
já passado o tempo, levarão residuo do que depois de citados for cumpri
do, e será do premio, ou legado, que o Testador deixou ao Testamen
teiro, e não lhe sendo deixado cousa alguma, o haverá dos bens do Tes
tamenteiro, que o deve satisfazer pela sua negligencia : com tal decla
ração, que sendo a dúvida do cumprimento só por falta de formalidade,
sendo certa a despeza, e conforme a disposição , se não levará residuo,
e achando que cumprio bem como devia, e dentro do tempo, ou antes
de ser citado, levará de julgar o testamento por cumprido , mil e du
zentos réis, e da quitação, querendo-a o Testamenteiro, não levarão as
signatura. Das contas, que tomarem nos Conselhos até duzentos mil réis,
levarão seiscentos réis: sendo o rendimento de duzentos mil réis até qua
trocentos, levarão mil e duzentos réis; de quatrocentos mil réis até hum
conto de réis, dous mil e quatrocentos réis; de hum conto até dous con
tos de réis quatro mil e oitocentos réis, e nada mais, ainda que o ren
dimento seja maior, e não levarão residuo, e só das addições, que glo
zarem, tendo sido mal despendidas, e o pagarão aos Oficiaes, que fize
rem essa despeza, fazendo repôr a importancia della. O mesmo observa
rão nas Confrarias, Hospitaes, e Albergarias, conforme a importancia
do rendimento, sem residuo; e só o poderão levar do que acharem mal
dispendido , e fizerem repôr á custa dos que mal o dispenderem. Das
contas, que tomarem aos Tutores dos bens dos Orfãos, que administrão,
ou das que reverem sendo já tomadas pelos Juizes delles, levarão o mes
mo concedido a estes. Das coimas appelladas, havendo-as, ou sejão con
firmadas, ou revogadas, de cada huma levarão da parte vencida, cento
e cincoenta réis. Das rubrícas dos livros, que lhes pertencerem , como
Provedor, levarão o mesmo que por ellas lhes he concedido, como Ouvi
dor. DosOrfãos.
zes dos Inventarios, e partilhas levarão o mesmo, que vai dado àos Jui

Juizes de Fóra, e Orfãos.

Terão de alçada nos bens de raiz dezeseis mil réis, e vinte nos
bens móveis, e nas penas pecuniarias, até seis mil réis.
Das sentenças definitivas, ou sejão as causas ordinarias, ou sum
marias, sendo de valor até trinta mil réis, levarão trezentos réis. De
trinta até cem mil réis, levarão quatrocentos réis. De cem até quinhen
tos mil réis, seiscentos réis, de quinhentos mil réis para cima, oitocen
tos réis. Embargando-se as sentenças, ou seja por huma das partes, ou
por ambas, levarão sómente ametade da assignatura da sentença, pagan
1754 331

do cada huma a parte competente, quando ambas embargarem. A mes


ma assignatura levarão das excepções peremptorias, e de espolio, arti
gos de attentado, de falsidade, e opposição, quando tiverem conhecimen
to ordinario, e se determinarem a final, pondo-se com a sentença fim á
causa, observada a diferença do valor della, que se regulará pelo pedi
do na acção; e não pondo a sentença fim á causa, não levarão cousa al
guma. Das excepções declinatorias, levarão cento e sincoenta réis.
Nas acções da alma, não cabendo na alçada, levarão duzentos
réis; e cabendo nella, cem réis. Dos mandados de preceito, duzentos
réis, e de outros quaesquer mandados para citações, prizões, penhoras,
e Alvarás de folha, e soltura, oitenta réis. Das cartas precatorias, cita
torias, e executorias, de inquirição de posse, e para outras quaesquer dili
gencias, cento e sincoenta réis, o mesmo das cartas, ou Alvarás de Editos.
Das justificações para embargo, ou segurança, e de que se mandar passar
instrumentos, cento e cincoenta réis. De sello da sentença , ou carta,
sem réis. Do juramento suppletorio, e tambem dado aos Louvados para
avaliarem a causa de cada hum, cem réis; e louvando-se ambas as partes
em hum só Louvado, levarão cem réis sómente. De inquirir cada teste
munha em causa Crime, ou Civel, cem réis. Dos exames, que se fazem
em sua presença, sobre falsidade, ou vicio de alguns autos, livro, ou
documento, quatrocentos réis. De artigos de habilitação, cem réis; e o
mesmo das sentenças de absolvição da instancia. De embargos remetti
dos, cento e cincoenta réis: e vindo-se com elles na execução, sendo
de nullidade, pagamento, compensação de retenção de bemfeitorias, ar
tigos de liquidação, justificativos, levarão meia assignatura da sentença
definitiva, como nos mais embargos, e assima fica declarado: sendo po
rém os embargos de terceiro, levarão delles a mesma assignatura, que
da sentença definitiva.
* Das arrematações na Praça em leilão, sendo de bens móveis do
valor até cincoenta mil réis, levarão de cada huma oitenta réis; de cin
coenta até cem mil réis, cento e cincoenta réis; e passando de cem mil
réis, ou sendo bens de raiz, trezentos réis: porém requerendo o Arrema
tante carta para o seu titulo, não levarão assignatura. De cada vistoria
na Cidade, ou Villa, dous mil réis: e sendo fóra do Termo, levarão por
dia, a razão de seis legoas, tres mil e seiscentos réis, e o mesmo ven
cerão cada dia nas diligencias, indo fóra da terra a requerimento de
parte. Das devaças particulares, que tirarem a requerimento de parte,
ou havendo culpados, levarão do auto, e juramento ao queixoso, cento
e cincoenta réis. De cada testemunha, cem réis. E da pronúncia, seja
hum, ou muitos culpados pronunciados juntamente, ou diverso tempo,
quatrocentos réis. Nas querellas, levarão do auto, testemunhas, e pro
núncia, o mesmo que nas devaças. Das rubricas dos livros das Camaras, por
cada folha sessenta réis, e o mesmo dos mais livros que podem rubricar.
Os Juizes dos Orfãos do auto do Inventario, juramento ao Inven
tariante , e Avaliadores, não os havendo juramentados, levarão seis
centos réis, e nada mais, sendo na Cidade, ou Villa. E sendo fóra del
la em distancia, vencerão do caminho o sallario na fórma, que abaixo se
declara. Porém não irão fóra fazer inventarios, senão quando for mais
utilidade dos Orfãos, e não levarão Avaliadores comsigo á custa delles,
por deverem ser vizinhos do lugar, ou sitio, onde estão os bens, os quaes
tem razão para saber melhor o valor, e estimação delles. E havendo Ava
liadores do Conselho juramentados, querendo ir sem vencerem selarios
de caminho, os devem levar. . **
Tt 2
saº 1754

Das partilhas, e determinação dellas levarão na fórma do Regi


mento feito para os Juizes dos Orfãos do Brazil, em dous de Maio de
mil setecentos trinta e hum, no qual se lhes concedeo hum por cento até
á quantia de cem mil réis, que importa o salario mil réis, e nada mais
até hum conto, de que levarão dous mil réis, e ehegando a dous contos
de réis, tres mil réis; excedendo porém esta quantia, levarão quatro
mil e oitocentos réis, e nada mais, posto que o Inventario, e partilhas
sejão de maior importancia. E não irão fazer as partilhas fóra com pre
texto algum, e se o forem não vencerão caminho. Das arrematações dos
bens em leilão, levarão o mesmo, que os Juizes de Fóra a custa dos Ar
rematantes, sem defraudarem os bens dos Orfãos. Be cada auto de con
tas, que tomarem aos Tutores, e Curadores, e estes forem obrigados a
dallas, que he de dous em dous aanos, sendo dativos; de quatro em
quatro, sendo ligitimos, ou testamentarios, na fórma da Lei, levarão o
salario, que lhes determina o dito Regimento, havendo só respeito ao
rendimento, de que tomão conta, e nada mais levarão, ainda que aquel
le seja maior, e muitos os Orfãos, por ser hum o Inventario, e Tutor,
e huma só administração, de que dá conta; porém sendo muitos os Or
fãos, e diferentes os rendimentos dos bens, se rateará a despeza da con
ta conforme o que tocar a cada hum. Nem tambem irão os Juizes tomar
fóra as contas para vencerem caminhos por terem os Tutores obrigação
de as irem dar perante elles, sendo notificados por seu mandado depois
de passado o tempo, ou havendo justa causa para removellos da tutella;
e quando haja nelles contumacia poderão obrigallos pelos meios, que lhe
são permittidos por direito, da mesma sorte, que aos Testamenteiros,
e outros, que tem obrigação de darem contas de sua administração pe
rante Juizes certos, e competentes. • ",

Os Juizes de Fóra dos Orfãos, no mais que aqui não vai expres
so, levarão as mesmas assignaturas, e salarios de caminho, que ficão
permittidos aos Juizes de Fóra do geral. E os Juizes eleitos pelas Camaras
não levarão assignaturas: da mesma sorte, que as não levão os Juizes
Ordinarios; e só levarão o sello das sentenças , e cartas inquiridorias,
arrematações, e caminhos, dos quaes se lhes contarão sómente dous mil
e quatrocentos réis por dia, a razão de seis legoas; e sendo menor a dis
tancia, a quatrocentos réis por legoa, e os emolumentos das partilhas,
e contas, que determina o dito Regimento de dous de Maio de mil sete
centos trinta e hum. |-

Escrivães, e Tabelliães do Judicial.

De cada citação, ou notificação, de que passarem certidão, sen


do na Cidade, ou Villa, levarão quatrocentos réis, e sendo no Termo
por mandado, levarão mais o que lhe tocar de caminho, conforme a dis
tancia, Porém sendo feita em audiencia, ou em sua casa, levarão seten
ta e cinco réis; e o mesmo levarão de cada autuação. De huma procu
ração apud auta, ainda que sejão muitos os Procuradores, cento e cin
coenta réis; e se duas, ou tres pessoas constituirem hum Procurador,
levarão o mesmo de cada huma: salvo sendo marido, e mulher, ou ir
mãos, em huma herança, ou Cabido, Universidade, ou Conselho, que
não pagarão senão como huma só pessoa. Dos mandados, que passarem
para citação, segurança, prizão, avocatorios, e outras diligencias, cen
to e vinte réis. O mesmo dos Alvarás da folha, de soltura, ou venia,
e outros semelhantes; e tambem dos mandados de preceito por confissão
1754 333

da parte, quando for condemnada em audiencia; sendo porém feita nos


autos por termo, e dada nelles sentença, ainda que seja de preceito,
levarão o mesmo, que lhes tocar pelas definitivas. Das revelías e man
dados, de que se fizer menção nos termos do processo, não obstante a
Ordenação, liv. 1.º tit. 83. S. 6. e 9., permittir de cada termo sete réis,
e quatro réis por cada mandado, não se lhe contará cousa alguma, para
evitar a confusão da conta, e maior desembaraço della: havendo-se res
peito a esta diminuição, no que hão de levar pela escrita á raza, que
abaixo se lhe arbitra, para compensar esse prejuizo. De hum termo de
confissão, ou transacção entre partes, ou desistencia, cento e cincoenta
réis. Das inquirições, além do que montar a raza de sua escrita, leva
rão de cada assentada setenta e cinco réis, tirando tres testemunhas de
baixo de cada huma; e não poderão levar mais, que duas assentadas por
dia, huma de manhã, outra de tarde: e tendo huma menos, e outra mais
testemunhas, se supprirá huma por outra, em fórma que toque a cada
assentada tres testemunhas; e não chegando a esse número, se lhes con
tará vinte réis por cada huma; sendo tiradas em casas particulares na
Cidade, ou Villa, ou seus arrebaldes, em huma só casa, levarão setenta
e cinco réis; e se forem em diversas casas, levarão o mesmo de cada
huma; e indo fóra da Cidade, ou Villa, levarão o que lhe tocar de seu
caminho, conforme a distancia, e demora justa que tiverem. De cami
nho nas inquirições, e mais diligencias, a que forem a requerimento de
parte, levarão por dia dous mil e quatrocentos, contando a seis legoas
# dia, e por legoa a quatrocentos réis; e sendo menos distancia, se
hes contará por legoa. + +

Das conclusões das sentenças interlocutorias, levarão trinta réis,


e cincoenta réis das definitivas. Da conclusão ante o Juiz da appellação,
sendo de definitiva, trezentos réis. Da publicação das sentenças inter
locutorias, sessenta réis. E das definitivas, cento e vinte réis, e sem
pre nella devem dar fé, se forão as partes presentes, ou não. A raza
se hade contar por regras, a trinta réis por cada vinte e cinco regras,
tendo estas trinta letras cada huma; e assim se contará nas inquirições,
appellações, traslados, e termos do processo, attendendo-se a terem-se
tirado os emolumentos dos termos, revelías, e mandados, que serão o
brigados a fazer como dantes, contados sómente á raza. E das senten
ças, e das que tirarem de instrumento de aggravos, e cartas de arrema
tação, se lhes contará cada meia folha escrita de ambas as partes, a
quatrocentos réis; tendo cada lauda vinte e cinco regras, e cada regra
trinta letras, humas por outras. Das cartas testimunhaveis, citatorias,
de inquirição, de seguro, ou outra qualquer, que leve sello, e instru:
mentos de aggravo, levarão de cada meia folha das primetras tres, es
crita de ambas as partes, com as mesmas regras, e letras, trezentos e
cincoenta réis; e o mais a raza, na fórma que fica dito.
Das buscas dos processos, ou sejão findos, ou retardados, tendo
passados seis mezes sem se falar nelles, não estando conclusos, ou es
tando hum anno na mão do Escrivão, levarão depois dos primeiros seis
mezes passados dahi em diante por cada mez, quarenta e oito réis, não
levando mais, que a respeito dos mezes, que houver, em que o feito for
findo. ou retardado; depois de passados os primeiros seis mezes; e che
gando a anno, levarão quinhentos e setenta e seis réis. E sendo mais
tempo, que passe de anno, levarão no segundo mais duzentos e oitenta
e oito réis, que he ametade do que lhes pertence pelo primeiro; e se
passar de dous annos, levarão noventa e seis réis do terceiro, que he a
334 1754

terça parte do que devem levar a respeito do segundo; e por todos tres
levarão novecentos e sessenta réis, e nada mais, ainda que a busca se
ja de mais annos, o que se entenderá até trinta annos; porque passados
estes, poderão levar o que ajustarem com as partes, por não terem o
brigação de dar conta dos processos; e a busca levarão de todos os au
tos, inquirições, escrituras, que tivercm em seu poder, e guarda. Po
rém sendo as buscas em livros, como são de queréllas, ou denuncias, le
varão da busca sómente ametade do que levarião dos processos, e escritu
ras, havendo respeito no que dito fica. - •

De cada penhora, embargo, ou sequestro, que fizerem na Cida


de, ou Villa, em bens de qualquer especie, levarão quatrocentos e oi
tenta réis pelo auto, e ida; e sendo no Termo, levarão mais o que lhes
tocar de caminho. Dos pregões de bens penhorados, que o Porteiro der
na Praça, e lugares publicos, não levarão cousa alguma, e sómente a
escrita delles á raza, os quaes devem lançar pela certidão do Porteiro.
e fé que este tem nas cousas, que pertence ao seu oficio. Das arrema
tações dos bens penhorados, ou em leilão, sendo de móveis de valor
até cincoenta mil réis, levarão setenta e cinco réis; e de cincoenta mil
réis para cima até cem mil réis, cento e cincoenta réis; e passando de
cem mil réis, ou sendo de bens de raiz, trezentos réis; porém queren
do o Arrematante carta de arrematação para seu titulo, levarão della a
escrita, como desentença, na fórma atraz declarada. E do termo da en
trega, quando os bens se não arrematarem, levarão o mesmo, que de
qualquer mandado.
Das vistorias na Cidade, ou Villa, além do que lhe importar a
escrita á raza, levarão trezentos réis, e sendo fóra, levarão o seu cami
nho. Dos exames, que fizerem em alguns autos, livros, e escritura, ou
outro qualquer documento sobre vicio, ou falsidade, levará cada hum
seiscentos réis; e o que fizer o auto levará de mais a escrita; e nos que
se fizerem sobre lezão, aleijão, ou disformidade pelos Cirurgiões, leva
rão sómente a escrita; e sendo feitos em presença do Ouvidor, ou Juiz,
levará da ida mais setenta e cinco réis. Das cartas de Editos, quinhen
tos réis: das posses, que forem dar na Cidade, ou Villa, além da es
crita, trezentos réis; e sendo fóra, levarão o seu caminho, conforme
a distancia, e demora que tiverem. De qualquer certidão; que passa
rem do que constar dos autos, referindo-se a elles, levarão de cada meia
folha, escrita dº ambas as partes, duzentos e cincoenta réis, sendo
cada lauda de vante e cinco regras, e cada regra de trinta letras, como
fica dito; e sendo de menos, não passando de huma lauda, cento e cin
coenta réis.
Nas queréllas, e devaças, levarão do auto, além da sua escrita,
setenta e cinco réis; e do summario, a escrita á raza; assentada, e con
clusão, como da definitiva, e nada mais, sendo na Cidade, ou Villa, e
sendo fóra, levarão o seu caminho. De cada libello, que oferecerem por
parte da Justiça, como Promotor della nos casos, que lhes pertence a
accusação, sendo o caso de querélla, levarão trezentos réis; e sendo de
vaça, que deve ser bem vista para se conformar com ella, e ser maior o
trabalho, seiscentos réis. Dos termos de seguro, e de viver, e de pro
ceder bem, e outros, sendo feitos em sua casa, de cada hum que os as
signar, cento e cincoenta réis; e indo tomallos á cadeia, ou casa do Juiz,
trezentos réis; e o mesmo levarão de qualquer termo de homenagem.
Nas devaças tiradas a requerimento de parte, deve esta satisfa
zer as custas della, e sendo tiradas ex oficio nos casos particulares, que
1754 335

a Lei determina; as pagarão os culpados,, que forem obrigados á prí


zão, posto que se não venhão livrar; e não havendo culpados, pagar-se
ha ametade sómente do que nella se montar, á custa do Conselho, aon
de se commetteo o maleficio. De registar a sentença na culpa, levarão
setenta e cinco réis. Nas revistas das aferições em correição, não leva
rão os Escrivães della cousa alguma das pessoas, que forem absolvidas;
porém das que não tiverem cumprido, terão duzentos e quarenta réis da
multa, em que cada hum for condemnado, como fica dito no titulo dos
Ouvidores. •

E não poderão os Escrivães, e Tabelliães do Judicial contar as


custas por si, nem pedillas ás partes antes de vencidas, e contadas pelo
Contador, ainda com o pretexto de lhas descontarem a seu tempo, pe
na de suspensão, e privação de seus oficios.
Tabelliães das Notas.

De cada Escritura, que fizerem no livro das Notas, levarão dous


mil e quatrocentos réis, e serão obrigados a darem o traslado della á
parte, sem por isso lhe levarem outra paga. De cada procuração bastan
te com a mesma obrigação, mil e oitocentos réis. De cada papel, que
lançarem nas Notas, e tirarem dellas, levarão a sua escrita á raza, na
fórma que os Escrivães, e Tabelliães do Judicial. Da ida fóra de casa a
fazer alguma escritura, além do estipendio, que por ella lhes compete,
setenta e cinco réis; e sendo fóra da Cidade, ou Villa, levarão o mes
mo caminho, que vencem os Escrivães do Judicial. De cada approvação
de testamento, ou codicillo, mil e duzentos réis. De cada reconhecimen
to, e substabelecimento, cento e cincoenta réis. De busca de escritura
no livro das Notas, levará ametade do que levão os Escrivães, e Tabel
liães do Judicial dos processos, e escrituras, e mais documentos, que he
por cada mez, vinte e quatro réis no primeiro anno, que sendo comple
to, importa duzentos, e oito réis; e passando de anno levarão no segun
do, cento e quarenta e quatro réis; e se passar de dous annos, levarão
mais do terceiro, quarenta e oito réis: e por todos quatrocentos e oiten
ta réis, e nada mais, ainda que tenhão passados mais annos, e outro tan
to levarão por buscar qualquer instrumento, que já tiverem tirado da No
ta, não lhes tendo sido requerido pela parte, a que pertencia a entrega
delle, quando esta se não demorou por culpa sua.
Escrivães dos Orfãos.

Nos processos, que ordenarem, levarão o mesmo, que os mais


Escrivães, e Tabelliães do Judicial. Do auto de Inventario, sendo na
Cidade, ou Villa, além da escrita á raza, da ida, setenta e cinco réis,
e a raza se contará da mesma sorte, que no Judicial; e indo fazello, le
varão o caminho como os mais Escrivães, e Tabelliães. Nas partilhas,
levarão do auto o mesmo, que do Inventario, e a mais escrita á raza:
das conclusões, assim para a determinação da partilha, como para se jul
gar por sentença, o mesmo que dellas levão os do Judicial. E não extra
hirão cartas de partilhas, senão requerendo-as os Orfãos depois de maiores,
ou havendo alguns maiores coherdeiros, que as pessão. De cada termo
de tulella escrito no livro, setenta e cinco réis, e de o copiarem no In
ventario, sómente o que importar a escrita. Dos termos de entrega dos
Orfãos, quando se derem á soldada, e de fiança, mandados, e Alvarás
336 1754
setenta e cinco réis. O mesmo levarão dos termos de entrada no cofre,
no livro, que nelle deve estar, e tambem do que fizer da sahida: esta
porém senão fará sem primeiro ser ouvido o Tutor dos Menores, a que
pertencer. Dos termos, que fizerem de arrendamentos dos bens dos Or
fãos, nos casos, que lhe são permittidos, levarão a escrita, e da ida á
praça sessenta e cinco réis, e das arrematações dos bens, o mesmo, que
fica dito nos Escrivães, e Tabelliães do Judicial.
Das contas, que o Juiz tomar aos Tutores dos rendimentos das
ligitimas dos Orfãos, levarão do auto setenta e cinco réis, e o mais de
sua escrita, contada á raza. De busca dos Inventarios, requerida por
parte dos Orfãos, ou seu Tutor, levarão pelo primeiro anno, no fim del
le, cento e cincoenta réis, e outra tanta quantia pelo segundo, e tam
bem pelo terceiro, em que se monta pelos ditos tres annos, quatrocen
tos e cincoenta réis, e nada mais dalli em diante; porém quando lhes
forem requeridos por alguma parte, que não seja por parte dos Orfãos,
ou de seus Tutores poderão levar busca delles, da mesma sorte, que a
podem levar os Escrivães, e Tabeliães do Judicial de feitos findos, ou
retardados.
Distribuidores.

De cada distribuição, levarão cento e cincoenta réis. De busca


por ser em livro, o mesmo que o Tabellião de Notas, porém não a po
derão levar, senão passados cinco annos, que o feito, auto, ou escritu
ra forem distribuidos. De cada certidão, que passarem, cento e cinco
enta réis.

Inquiridores.
De inquirir cada testemunha, levarão cento e cincoenta réis, e
de assentada, que terá de cada tres testemunhas, setenta e cinco réis.
De inquirir em casa particular, na Cidade, ou Villa, sendo em huma
só casa, setenta e cinco réis; e se forem diversas casas, levarão o mes
ma de cada huma; e inda fóra da Cidade, ou Villa, levarão o que lhes
tocar de seu caminho, como vencem os Escrivães, e Tabelliães.
Contadores.

De contar o salario, que vence o Escrivão, ou Tabellião, tanto


da parte do Autor, como do Réo, levarão de cada huma cento e cinco
enta réis. De contar as custas da parte, trezentos réis, e quando as hou
ver de dividir, por ser a condemnação das custas por partes, levarão de
ambas, quatrocentos e cincoenta réis; havendo de cada huma, conforme
a parte, que lhes tocar: porém de contar as pessoaes, quando as partes
as vencem, não levarão cousa alguma. Havendo de contar juros, ou im
portancia líquida de frutos, ou rendimentos annuaes, levarão por cada
hum anno, cento e cincoenta réis. E de outras contas, que os Julgado
res lhes mandarem fazer, entre partes, sendo em causa de maior valor, que
exceda a Alçada, levarão o que lhe for taxado pelo Juiz, que a mandar
fazer, o qual arbitrará o salario, conforme a qualidade dellas; e não le
varão cousa alguma, sem lhes ser taxado, nem maior estipendio, que o
arbitrado. Porém achando-se as partes gravadas no arbitrio, poderão re
correr a maior Alçada, por meio de aggravo, ou quando se conhecer da
appellação. -
1754 337.
• • • - +
|-
* *
, , *
* , }
+
#

- Meirinhos, e Alcaides.

{ De cada prizão levarão seiscentos réis; e o mesmo de cada penho


ra, embargo, ou sequestro. De cada citação, que por estilo fazem, te
rão o mesmo, que os Escrivães, e Tabelliães do Judicial, passando cer
tidão em fé della. De caminho, assim no Juizo da Ouvidoria, como or
dinario, levarão por dia mil e duzentos réis; e indo fóra a mais diligen
cias do que huma, ratearão por todas a importancia do que vencerem de
caminho. - * , .. …
Escrivães da Vara.

De cada auto, que fizerem de prizão das pessoas, que os Meiri


nhos, e Alcaides prenderem, indo em sua companhia, levarão trezentos
réis; e da ida com o Meirinho, ou Alcaide, outros trezentos réis ; e o
mesmo levarão de cada auto, que fizerem das condemnações verbaes,
que escrevem em livro. Dos autos de penhora, embargo, ou sequestro,
e outros, que por razão do seu Oficio podem fazer , trezentos réis. De
caminho, e diligencias fóra da Cidade, ou Villa, levarão o mesmo, que
levão os Meirinhos, e Alcaides.
Porteiros. |-

De cada citação, que fizerem, e passarem fé, levarão cento e cin


coenta réis; e sendo na audiencia, trinta e sete réis e meio; porém se
for em distancia fóra do Lugar, ou Villa, levarão o seu caminho a cem
réis por legoa, que he por dia a razão de seis legoas, seiscentos réis. De
cada pregão em audiencia, trinta e sete réis e meio. De apregoar na
praça, e mais lugares públicos os bens penhorados os dias da Lei, le
varão de cada hum sessenta réis, que nos oito dias, que devem andar
os bens móveis, importão quatrocentos e oitenta réis; e nos vinte dias,
que devem andar os de raiz, mil e duzentos réis; os quaes só vencerá
depois de passar certidão com fé de que os correo, como he estilo, para
se ajuntar aos autos; e satisfazendo o devedor a dívida antes que se aca
bem os dias da praça, pagar-se-ha os pregões, que tiver corrido, e na
da mais. Da arrematação de bens móveis até cincoenta mil réis, levarão
trinta e sete réis e meio; de cincoenta mil réis para cima até cem , se
tenta e cinco réis; e passando de cem mil réis, cento e cincoenta réis
De apregoar huma Carta de Editos, fixalla , e passar certidão, depois
de findo o tempo, trezentos réis. -

Partidores dos Orfãos.


Os Avaliadores dos bens da Cidade, ou Villas, serão os mesmos
Partidores juramentados, havendo-os, e levarão de avaliar os bens, que
se inventariarem, cada hum seiscentos réis: se porém se gastar humdia
inteiro no Inventario, levará cada hum mil e duzentos réis; e assim os
mais dias, que gastarem a esse respeito; porém sendo o Inventario dis
tante da Cidade, ou Villa, serão os Avaliadores vizinhos do lugar, aon
de estiverem os bens, por terem mais razão de saber o valor delles. Não
havendo vizinhança perto, se contará a cada hum mil e duzentos réis
por dia, desde que sahirem de sua casa até se recolherem, contados os
dias a seis legoas cada hum. E querendo ir os Avaliadores do Conselho,
Vy
338 1754

sem que se lhes conte o caminho, e só o tempo, que durar a factura do


Inventario, os Juizes os admittirão, mandando-lhes pagar os dias, que
durar o Inventario, e avaliações. Os Partidores levarão ambos juntos ou
tro tanto salario como he permittido ao Juiz da facção das partilhas,
como fica dito; e não levarão caminho, ainda que estas se fação fóra da
Cidade, ou Villa, assim como o não devem levar o Juiz, e Escrivão.
Escrivães da Camara. {

De cada Alvará, que fôr assignado pelos Oficiaes da Camara, le


varão cento e cincoenta réis. De todos os assentos, e termos, que fize
rem nos livros della, por mandado dos Vereadores a requerimento de
partes, assim como obrigações, fianças, e outras semelhantes, de cada
huma cento e cincoenta réis. De cada licença, que passarem aos Ven
deiros, e Officiaes mecanicos, e aos mais, que tem porta aberta para
vender, quatrocentos réis. Das cartas, patentes , e provisões, que se
registarem nos livros da Canoara, mil e duzentos réis. Das cartas teste
munhaveis, que passarem de quaesquer requerimentos, que se fizerem
aos Vereadores, e Oficiaes da Camara, levarão o mesmo, que os mais
Escrivães á custa de quem as requerer. Da publicação da sentença, que
a Camara proferir nos feitos de injúrias verbaes, cento e vinte réis, e
escrevendo alguma cousa nelles, depois de conclusos, por mandado dos
Juizes, e Vereadores, levarão o que montar essa escrita á raza, conta
da na fórma, que os mais Escrivães, e Tabelliães do Judicial. Dos con
tratos, que se arrematarem pela Camara, não levarão propina alguma,
e sómente de cada arrematação, ou seja de aferições, ou curraes, ta
lhos, ou outras semelhantes rendas, levarão de cada huma dous mil e
quatrocentos réis. Porém da arrematação de qualquer obra, que a Ca
mara mandar fazer, levarão só mil e duzentos réis. De cada Regimento
de Oficio, ou taxa, que se passar para sempre, mil e duzentor réis: de
cada Provisão de Juiz de cada hum dos oficios mecanicos, e cartas de
exame, mil e duzentos réis. De cada termo de juramento, e posse, que
se der na Camara aos Capitães da Ordenança, e outros, seiscentos réis.
De escreverem as eleições das Justiças, que fizerem os Ouvidores, ou
Oficiaes da Camara de tres em tres annos, quatro mil e oitocentos réis.
Pela escrita das contas do Conselho, não tendo ordenado, levarão sete
mil e duzentos réis.
Escrivães da Almotaçaria.
De huma acção, levarão setenta e cinco réis; de huma absolvi
ção da instancia do Juizo, assentada em caderno o mesmo; de huma ap
pelação entre partes para o Juiz, ou Camara, cento e cincoenta réis.
De cada testemunha, cento e cincoenta réis: de huma sentença, duzen
tos réis: de huma pena, posta entre partes, cento e cincoenta réis. No
provimento pela Cidade, ou Villa, quando forem com os Almotaceis,
levarão dos que acharem em culpa, e forem condemnados, de cada hum
trinta e sete réis e meio. E havendo causas, em que se houver de orde
nar processo, e guardar a ordem do Juizo levarão, do que processarem,
o mesmo que os mais Escrivães, e Tabelliães do Judicial.
1754 339

} Advogados.
I

De cada requerimento na audiencia, cento e cincoenta réis. De


pôr huma acção, o mesmo. De huma petição de aggravo, mil e duzen
tos réis. De huma excepção, o mesmo. De Razão oferecida por embar
gos, trezentos réis. De causa ordinaria, com réplica, e treplica, nove
mil e seiscentos réis. De causas summarias, quatro mil e oitocentos réis:
orãoque será, passando a causa de cem mil réis; e não chegando, leva
ametade. + • • *

Requerentes.
De pôrem huma acção em audiencia, cento e cincoenta réis. De
cada requerimento, o mesmo; e ajustando-se com as partes a tratar das
causas, poderão levar por mez, mil e duzentos réis, e não mais, ou se
ja huma, ou muitas causas.
Carcereiros.

De carceragem de cada hum dos prezos, quando se mandar sol


tar levarão mil e oitocentos réis, e o mesmo levarão dos que forem pre
zos de noite com armas defezas; porém dos que forem prezos por serem
achados fóra de horas, depois do sino, sem armas, levarão só meia car
ceragem. E sendo algum prezo por erro, ou sem mandado do Juiz, e sem
culpa, e por isso for mandado soltar por despacho, ou Alvará, não le
varão delle carceragem. Do prezo, que for mudado para outra prizão,
levarão sómente ametade de carceragem, que ele havia de pagar, quan
do fosse solto; e o Carcereiro da prizão para onde for mudado, levará,
quando o soltarem, a carceragem inteira. Dos escravos prezos, ou seja
por culpas, ou por serem penhorados a seus senhores, e não haver Depo
sitario a elles, ou por fugidos, ou por ordem de seus senhores, sendo
soltos, levarão mil e duzentos réis sómente: e não lhe querendo seu se
nhor dar de comer, o Carcereiro lhe assistirá com o sustento necessario;
levará delle, por cada escravo por dia, cento e vinte réis.
E porque este Regimento he só geral para o districto das Minas,
em que ha de ter sua observancia, e diverso do que he concedido para
as Comarcar da Beira-Mar, e Certão, e ha algumas destas, que com
prehendem tambem Villas, e terras de Minas, em que se pagão quintos:
levarão os Ouvidores, e seus Oficiaes dentro do districto dellas, quan
do nelle assistirem, os mesmos salarios, que nestes se lhes permittem;
porém nas mais Villas, e Lugares, em que não houver Minas actuaes,
em que se paguem quintos, observarão sem alteração o Regimento feito
para os Ouvidores, Juizes, e Oficiaes, ou Justiças das ditas Comarcas
de Beira-Mar, e Certão; e sempre os emolumentos , e assignaturas se
regularão conforme o districto, em que forão ajuizadas as partes, aonde
pertencem as causas, ainda que por ausencia dos Ouvidores se conti
nuem, e terminem em outro diverso. |-

Havendo novos descobrimentos distantes do povoado, porque nel


les pelo grande concurso, e multidão do povo he necessaria prompta ad
ministração da justiça, e se costumão vender os mantimentos por exces
sivos preços, levará o Ouvidor da Comarca, aonde as novas minas se
descobrirem, e tambem seus Oficiaes dentro do districto dellas, mais a
terça parte do conteúdo neste Regimento: porém passando tres annos, não
poderão levar o dito excesso, e sómente os #"
V 2
determinados nelle.
340 #1754

Este Alvará em fórma de Lei se cumpra, e guarde inteiramente,


como nelle se contém, não obstante quaesquer outras Leis, Regimentos,
ou Resoluções em contrario, que Hei por derogados para esse efeito, co
.mo se delles fizesse expressa, e individual menção. Pelo que, mando ao
Meu Conselho Ultramarino; Vice-Rei, Governadores, e Capitães Gene
_raes, do Estado do Brazil; Ministros, e mais pessoas dos Meus Reinos,
e Dominios, que o cumpräo, e guardem, e o fação inteiramente cum
prir, e guardar, como nelle se contém; e ao Desembargador Francisco
Luiz da Cunha e Ataide, do Meu Conselho, e Chanceller Mór do Rei
no, Mando, que o faça publicar na Chancellaria, e o faça imprimir,
e registar nos lugares, onde se costumão fazer semelhantes Registos; e
este proprio se lançará na Torre do Tombo. Escrito em Belém, a 10 de
Outubro de 1754. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
- - - - Regist na Chancelaria Mór da corte, e Reino no
< Livro das Leis a fol. 51, e impr. na Officina de
Antonio Rodrigues Galhardo.
+ •

-, ,, , ! ** *
• ! |- +---+uenº \}

Sendº Me presentes os autos de acção de Força, que na Conservato


iria da Cidade proposerão, Francisco Manoel da Costa Quintella, e outros
proprietarios de Casas sitas no Becco dos Cortidores, contra o Senado
da Camara de Lisboa debaixo de huma Provisão, que impetrarão para
citarem o seu,Sindico pertendendo com o pretexto della trazerem a Jui
zo como Réo o mesmo Senado pelo acto jurisdiccional com que mandou
tapar huma porta, que os sobreditos havião aberto sem Licença, no mu
ro da Cidade junto do referido Becco: E tendo consideração á incompe
tencia, e incivilidade da sobredita acção, e á indecencia, que della re
sulta contra a authoridade do mesmo Senado da Camara: Sou Servido
ordenar, que na dita acção de Força se ponha perpétuo silencio, e que,
nem o Conservador da Cidade prossiga nos seus termos, nem na Rela
ção se tome della conhecimento, ficando salvo ás Partes usar do Direito,
que entenderem ter pelo meio sólito e competente. O Duque Regedor
da Casa da Supplicação o tenha assim entendido, e faça executar. Be
lém a 14 de Outubro de 1754. = Com a Rubrica de Sua Magestade.
Regist, na Casa da Supplicação no Livro XIV.
# , , a fol. 268.
4 * * * *

. * . * . : ! # #t-Oºk #

} - "… +-

DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'aquém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber aos que esta Minha Lei virem, que sendo-Me presentes a
diversidade, e inconstancia dos estilos, que se pratícão nas Relações, e
Juizos destes Meus Reinos, e Conquistas, a respeito dos Réos, que fo
rão prezos antes de culpa
. *formada
. nos casos, que provados não merecem •
1754 341

pena de morte natural, prevalecendo muitas vezes julgarem-se injustas


as prizões, e mandarem-se soltar os prezos, ainda quando pouco depois,
que o forão, consta de suas culpas legitimamente, e quanto basta para
serem pronunciados; do que resulta frustrar-se, ou dilatar-se, ainda nos
delictos graves, o merecido castigo dos delinquentes, em que se interes
sa a pública satisfação da Justiça, e das partes ofendidas. E querendo
Eu prover de remedio contra estes inconvenientes de tanta importancia,
e cohibir com a severidade dos procedimentos a frequencia dos delictos,
para que Meus Vassallos gozem de paz, e segurança; Hei por bem, e
Mando, que a providencia dada no § 14 da Lei da Reformação da Jus
tiça, para que nos casos, que provados merecerem pena de morte natu
ral, possão prender se, antes da culpa formada, as pessoas, que se di
zem ser delinquentes com tanto, que dentro de oito dias se lhes prove
a culpa, se pratique em todos os casos, em que se proceder por deva
ça, sendo taes, que tenhão pela Lei pena de açoites, ou maior pena,
que a de seis annos de degredo para o Brazil. E Mando ao Presidente
do Desembargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador
da Casa do Porto, e aos Desembargadores das ditas Casas, e das Rela
ções dos Estados da India, e do Brazil, e a todos os Corregedores, Pro
vedores, Ouvidores, Juizes, e Justiças destes Meus Reinos, e Senho
rios, e Conquistas, assim o cumprão, e guardem , e fação cumprir, e
guardar, sem embargo de quaesquer Leis, Regimentos, Resoluções,
costumes, e estilos, que haja em contrario, porque todas de Minha cer
ta sciencia, e Poder Real derogo, e Hei por derogadas por esta Lei,
como se dellas fizesse expressa menção. E ordeno ao Doutor Francisco
Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes
Reinos, e Senhorios, a faça logo publicar na Chancellaria, e envie Car
tas sob Meu Sello, e seu signal a todos os Corregedores, e Ouvidores
das Comarcas destes Reinos, e Conquistas, e aos Ouvidores das terras
dos Donatarios, aonde os Corregedores não entrão, com a Cópia desta
Lei, para que a publiquem nos lugares de suas residencias, e a fação
publicar nas cabeças dos Conselhos de suas Comarcas, para que a to
dos seja notoria. E se registará no Livro da Meza do Desembargo do
Paço, nos da Supplicação, e do Porto, e nos das Relações da India, e
Brazil, e aonde se costumão registar semelhantes Leis; e esta propria
se lançará na Torre do Tombo. Dada em Lisboa aos 19 de Outubro de
1754. = Com a Assignatura de Sua Magestade. |-

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis, a fol. 75, e impr. avulso.

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DoM JOSE por graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem, e d'alem mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio de Ethiopia Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber aos que esta Minha Lei virem, que sendo-Me presentes as
repetidas queixas de Meus Vassallos sobre os desordenados procedimen
tos dos Mamposteiros, e Oficiaes dos Cativos, que fraudando com vio
lentas interpretações a geral providencia da Lei das Côrtes de 28 de Ja
neiro de 1641, tomão cessões de acções, ou execuções de dívidas de
342 1754

terceiros, tirando-os de seu proprio fôro, e trazendo-os ao do Juizo dos


Cativos, com pretexto de privilegio, que se não acha concedido, nem
devia conceder-se para hum tão perninioso efeito, que mais conduz pa
ra arruinar os Póvos com custas excessivas, extracções, e negociações
injustas, do que para utilidade da fazenda dos Cativos; e porque não
tem sido bastantes para extinguir, e desterrar semelhantes abusos as or
dens, que se expedírão pelo Desembargo do Paço aos Corregedores, e
Provedores das Comarcas, na conformidade da Minha Real Resolução de
28 de Outubro de 1780, tomada em Consulta do mesmo Tribunal, para
que entendessem, e fizessem saber, que a dita Lei de Cortes estava em
sua rigorosa observancia, sem restricção, ou limitação alguma, e proce
dessem na fórma della contra os transgressores: Hei por bem declarar,
que a dita Lei de Cortes comprehende, sem restricção, ou limitação,
qualquer cessões, ainda que sejão meramente gratuitas de dívidas, e ac
ções de terceiras pessoas, e que por nenhum modo podem ser tomadas,
ajuizadas, ou executadas nos Juizos dos Cativos, ou o procedimento
principie por execução, ou por meios ordinarios, exceptuando sómente
o caso de serem as dívidas ou acções rematadas pelos mesmos Juizos pa
ra pagamento do que os crédores, a quem pertencem, devem á fazenda
dos Cativos. E mando, que nas cessões, que estiverem recebidas, ou
pendentes nos ditos Juizos, se ponha perpétuo silencio, e que, além da
nullidade das cessões, incorrão os Oficiaes, que as aceitarem, nas penas
estabelecidas na referida Lei de Cortes, que se observará inviolavelmen
te, como nella, e nesta Lei se contém, sem embargo de quaesquer Re
soluções, Provisões, ou Sentenças, que haja em contrario, as quaes, de
Minha certa sciencia, e Poder Real, Hei por derogadas, e abolidas, co
mo se dellas fizera expressa menção. E Mando ao Presidente do Desem
bargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Casa
do #, e a todos os Desembargadores, Corregedores, Provedores,
Juizes, e Justiças, Oficiaes, e pessoas de Meus Reinos, e Senhorios,
Conquistas, que assim o cumprão, e fação cumprir, e guardar. E para
que venha esta Lei á noticia de todos, Ordeno ao Doutor Francisco Luiz
da Cunha Ataide, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos,
a publique na Chancellaria, e envie cartas com a Cópia della, sob Meu
Sello, e seu signal, a todos os Corregedores, e Ouvidores, para que a
publiquem nos lugares de suas residencias, e fação publicar nas Villas,
e Cabeças dos Conselhos de suas Comarcas. e os Provedores nas terras,
onde não entrão os Corregedores. E se registará nos Livros da Meza do
Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, e Porto, e nos das Rela
ções dos Estados da India, e Brazil, e aonde semelhantes Leis se cos
tumão registar. E esta propria se lançará na Torre do Tombo. Dado em
Lisboa aos 29 de Outubro de 1754. = Com assignatura de ElRei, e a
do Marquez Mordomo Mór Presidente.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 76 vers., e impr. avulso.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que que
rendo evitar os inconvenientes, que resultão de se tomarem posses dos
1754 |- 343

bens das pessoas, que falecem, por outras ordinariameute estranhas, e


a que não pertence a propriedade delles: Sou Servido Ordenar, que a
posse Civil, que os defuntos em sua vida houverem tido, passe logo nos
bens livres aos herdeiros escritos, ou ligitimos; nos vinculados ao filho
mais velho, ou neto, filho do promogenito, e faltando este, ao irmão,
ou sobrinho; e sendo Morgado, ou Prazo de nomeação, á pessoa, qué
for nomeada pelo defunto , ou pela Lei. A dita posse Civil terá todos
os efeitos de posse natural, sem que seja necessario, que esta se tome;
e havendo quem pertenda ter acção aos sobreditos bens, a poderá dedu
zir sobre a propriedade sómente, e pelos meios competentes; e para es
te efeito revogo qualquer Lei, Ordem, Regimento, ou disposição de Di
reito em contrario. Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do
Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Casa do Porto,
ou a quem seus cargos servirem, Desembargadores das ditas Casas, Go
vernadores das Conquistas, e a todos os Corregedores, Provedores, Jui
zes, Justiças, e Officiaes destes Meus Reinos, e Senhorios, cumpräo,
e guardem este Meu Alvará de Lei, como nelle se contém. E para qué
venha á noticia de todos, e se não possa allegar ignorancia: Mando a
Francisco Luiz da Cunha de Ataide, do Meu Conselho, e Meu Chancel
ler Mór, o faça publicar na Chancellaria, entreviando os traslados delle,
sob Meu Sello, e seu signal, a todos os Corregedores das Comarcas des
tes Reinos, e Ilhas adjacentes, e aos Ouvidores das Conquistas, e das
terras dos Donatarios, aonde os Corregedores não entrão, para o faze
rem publicar nas terras de suas jurisdicções. E se registará nos livros do
Desembargo do Paço, Casas da Supplicação, e do Porto; e este se lan
çará na Torre do Tombo. Dada em Lisboa aos 9 de Novembro de 1754.
# Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mordomo Mór Presi
ente.

Regist. na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no


ivro das Leis , a fol. 78 , e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará virem, que tendo
consideração ao que se Me representou em Consulta do Conselho de Mi
nha Fazenda de 31 de Agosto do anno presente, da má, e abusiva intel
ligencia, que se dá ao Regimento de 29 de Dezembro de 1753, no que
respeita a conceder aos Executores, e seus Escrivães sete por cento, á
custa de Minha Fazenda, de todo o dinheiro, que por execução fizerem
entrar nos Cofres, e Receitas dos Thesoureiros: Hei por bem declarar o
dito Regimento ordenando, que os ditos sete por cento se devem só do
dinheiro, que entrar nos Cofres, não pela simples citação, e penhora;
mas por execução disputada, e rigorosa: e que com esta declaração se
cumpra, e guarde o dito Regimento, e este Meu Alvará; como parte
delle, que valerá como Carta, ainda que seu efeito haja de durar mais
de hum anno, e não passe pela Chancellaria, sem embargo das Ordena
ções, e Regimentos em contrario, sendo registado nas partes necessa
344 I754 #

rias. Lisboa 20 de Novembro de 1754. = Com a Assignatura de ElRei,


e a do Marquez de Abrantes.

Regist. no livro do Registo dos Decretos, e Ordens e


impr. na Regia Typografia Silviana.

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EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará virem, que Eu Hei
por bem, que os Desembargadores de Aggravos, e mais Ministros das
Relações da Bahia, e Rio de Janeiro levem as mesmas assignaturas, e
emolumentos, que ultimamente estão permittidos aos Ministros da Ca
sa da Supplicação, como já Fui Servido conceder-lhes por outras Reso
luções Minhas, as quaes por este Confirmo, para que fique sendo parte
do Regimento, que Mandei dar para as Justiças do Brazil, em que se
não comprehenderão as ditas Relações, por estarem já por este modo pro
vídas; e attendendo outro sim a ser conveniente, que em tudo haja igual
dade nas sobreditas duas Relações, e que não póde ser justa a diferen
ça das Alçadas, que ha nos seus Ministros em huma, e outra, por vir
tude dos seus Regimentos: Sou Servido Ordenar, que a Alçada dos Ou
vidores do Civel, e Crimes de ambas as Relações seja de trinta mil réis
nos bens de raiz; quarenta mil réis nos bens móveis; e doze mil réis nas
penas: revogando nesta parte sómente os ditos Regimentos. Pelo que:
Mando ao Vice-Rei, e Capitão General de mar, e terra do Estado do
Brazil, Governadores das Capitanías delle, Desembargadores das ditas
Relações da Bahia, e Rio de Janeiro, e mais Ministros, e pessoas a que
tocar, cumpräo, e guardem este Meu Alvará, e o fação cumprir, e
guardar inteiramente como nelle se contém, sem dúvida alguma, o qual
valerá como Carta, sem embargo da Ordenação em contrario; e será pu
blicado em Minha Chancellaria, e registado nas ditas Relações, e Ca
maras do Brazil, e mais lugares, onde se costumão fazer semelhantes
registos, para que venha á noticia de todos; e este proprio se lançará
na Torre do Tombo. Escrito em Lisboa a 22 de Novembro de 1754. =
Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez de Penalva Presidente.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no li--
vro das Leis, a fol. 79 vers., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

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Tespo Consideração ao muito, que convem se abreviem as Execuções


que se fazem aos devedores da contribuição do Novo Imposto das Agoas |
Livres, e a que se não dilatem pelos meios, que até aqui se praticárão:
Sou Servido, que o Dezembargador João Ignacio Dantas Superintenden
te da dita imposição, seja Juiz de todas as ditas Execuçõos das dívidas,
que existem, e das mais, que sobrevierem, sentenciando-as com todas
as dependencias, que sobre ellas se moverem em Relação e em huma
1754 345

unica Instancia com os Adjuntos, que o Duque Regedor lhe nomear. O


Duque Regedor o tenha assim entendido e o faça executar. Lisboa a
16 de Dezembro de 1754. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist, na Casa da Supplicação no Livro XIV, dos De


cretos a fol. 282 vers.

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ANNO D E 1755.

For Sua Magestade Servido por Resolução de 16 de Dezembro de 1754


em Consulta desta Junta, registada a fol. 269 do liv. 29, resolver, que
as Igrejas pertencentes ás Fortificações, como partes dellas, são compre
hendidas no §. 2. do Regimento de 7 de Fevereiro de 1762, e na con
formidade delle mandar dar providencia sobre esta obra, ordenando ao
Sargento Mór de Batalhas, encarregado do Governo das Armas da Pro
vincia do Minho, que faça reparar a Igreja, de que se trata. Na Conta
doria geral de Guerra se veja e registe esta Resolução de Sua Magesta
de; e em seu cumprimento se aponte o que se oferecer. Lisboa 8 de Ja
neiro de 1755. = Com Rubrícas dos Deputados da Junta,
Regist. no liv. 31 das Ordens da Contadoria Geral a
fol. 245, |-

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo infor
mado de que, não obstante ser clara, e literal a disposigão dos Capitu
los sexto, e decimo da Lei fundamental da cobrança dos Quintos do Ou
ro, que foi publicada em tres de Dezembro do anno de mil setecentos e
cincoenta; ainda assim ha pessoas, que duvidão da sua intelligencia:
Por obviar os inconvenientes, que se seguirião de serem os sobreditos
Capitulos interpretados em sentidos contrarios á Minha Real intenção:
Sou Servido declarallos de sorte, que o primeiro dos ditos Capitulos se
entenda sempre, que procede quando o descaminho consistir em Ouro em
pó, ou em barras do mesmo metal materialmente fundidas sem fórma
2 1755 347

alguma de cunho, sem marca, e sem circunstancia, que faça ver, que
se fingírão para se persuadirem verdadeiras, reduzindo-se neste caso o
contrabando a Ouro fundido debaixo desta, ou daquella figura acciden
tal, e dissemelhante das barras verdadeiras; em cujos termos se não po
derá extender a condemnação além das penas estabelecidas literalmente
pelo referido Capitulo sexto: E que o Capitulo decimo se entenda sem
pre das barras, que com dolo por ellas visivel, se fabricarem, imprimin
do-se-lhe cunhos, ou marcas falsas, á imitação das verdadeiras, para as
sim se fazerem passar desencaminhadas aos Quintos, com fraude da Minha
Real Fazenda, e com prejuizo dos póvos. E este Alvará se cumprirá, como
nelle se contém, para o efeito de se não poder julgar nunca contra o
que nelle Sou Servido declarar, sob pena de nullidade de sentenças.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembago do Paço; Presi
dente do Conselho de Ultramar; ao Regedor da Casa da Supplicação;
Governador da Relação, e Casa do Porto; ao Vice-Rei do Brazil; aos
Capitães Generaes; aos Governadores de todas as Conquistas; aos Mi
nistros dos sobreditos Tribunaes; aos Desembargadores das ditas Rela
ções, e das da Bahia, e Rio de Janeiro, e mais Pessoas destes Reinos,
e Senhorios, cumpräo, e guardem inteiramente este Alvará, como nellé
se contém, sem embargo de que seu efeito durará por mais de hum an
no, e de que não passe pela Chancellaria, não obstantes, as Ordenações
em contrario, que Hei por derogadas, como se dellas fizesse expressa
menção, sómente para o efeito de que o disposto neste Alvará se obser
ve inteiramente, sem dúvida, nem contradicção alguma; a cujo fim Hei
por derogadas quaesquer Leis, Ordenações, Resoluções, e Ordens, só
mente no que o encontrarem. E este se registará nos livros do Desem
bargo do Paço, Casa da Supplicação, Relações do Porto, Bahia, e Rio
de Janeiro, nos dos Conselhos de Minha Fazenda, e do Ultramar, e o pro
prio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Salvaterra de Magos a 25
de Janeiro de 1755. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no *


Livro das Leis a fol. 82, e impr. avulso." } * ** *

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que por Me ser
presente que as providencias, que tenho dado pelos Regimentos, Alva
rás, e Decretos de dezeseis, vinte e sete de Janeiro, e primeiro de A
bril de mil setecentos cincoenta e hum; vinte e oito, e vinte e nove de
Novembro de mil setecentos cincoenta e tres, para a regularidade da
partida; torna viagem, e carregação das Frotas do Brazil; não obstante
haverem constituido os moradores daquelle Estado, e os que para elle
navegão nas certezas do tempo, em que cada huma das referidas Frotas
deve chegar ao porto da sua destinação; da demora, que nelle devem fa
zer, e da ordem, que se ha de observar na carregação dos Navios, pa
ra desta sorte acharem as suas respectivas cargas, ou preparadas, ou em
estado de se fazerem promptas com grande brevidade; ainda assim se
tem maquinado diferentes fraudes para se subterfugirem estas Minhas
Paternaes providenicas pelos que antes dellas convertião em reprovado
lucro particular o Commercio, e Navegação, §º tanto procuro promo
X 2
348 1754 •

xer em beneficio commum dos Meus Vassallos; afectando-se demoras


em chegarem os efeitos dos Sertões aos pórtos, onde se costumão car
regar, para que, vindo tarde, se não carreguem nos Navios preferen
tes, mas sim nos preferidos depois de se acharem as carregações livres;
e praticando-se outros semelhantes meios, ordenados, aos mesmos fins,
com prejuizo do Bem-commum deste Reino, e daquelles Dominios: Sou
Servido
guinte. declarar, e ampliar as sebreditas providencias na maneira -- se
• ** * * *

1 Estabeleço, que no quarto dia, que se seguir áquelle, em que ca


da huma das referidas Frotas entrar no porto, a que for destinada, a res
pectiva Meza da Inspecção, ou quem a substituir nos lugares onde a não
houver, afixe Editaes, publicando por elles não só o dia, em que a tal
Frota deve sahir do porto, na conformidade do Meu sobredito Decreto
de vinte e oito de Novembro de mil setecentos e cincoenta e tres que Hei
por inserto neste Alvará, mas tambem outro dia, que lhe parecer conve
niente determinar para os efeitos, que houverem de ser carregados, se
rem conduzidos aos Armazens, ou Trapiches, donde se costumão em
barcar.
2 Entre este termo determinado para os referidos efeitos se chega
rem ao porto, e a partida da Frota, mediarão sempre pelo menos doze
dias continuos, e improrogaveis, que de nenhuma sorte se poderão ex
ceder, senão sómente naquelles casos, que o Direito sem questão qua
lifica frutuitos, e superiores ás forças naturaes, e prevenções dos homens,
O que se entenderá tambem a respeito de outro termo, que se publicar
para partir a Frota.
3 Os efeitos, que chegarem á Cidade, ou lugar do embarque, depois
de ser passado o dia pelo Edital determinado, para elles se receberem,
não só não serão recebidos para se carregarem, mas serão reconduzidos
aos lugares, donde tiverem sahido, á custa de seus donos; e senão po
derão mais carregar em Navios alguns, que não sejão os da Frota do an
no proximo seguinte, vindo então dentro do Edital, que se afixar, pa
ra se receber a carga para ella na sobredita fórma, segundo o estado,
em que os taes efeitos se acharem.
4 Succedendo embarcarem-se por fraude alguns efeitos, que chega
rem depois de ter expirado o termo determinado para os receber, o do
no delles os perderá com outro tanto quanto importar o seu valor para os
denunciantes, que os descobrirem, com tanto, que verifiquem as denun
cias, que derem por Real apprehensão, posto que os seus nomes sejão
guardados em segredo. Os Navios, onde se acharem estas fraudes, se
rão tomados em lembrança, e ficarão para sempre sujeitos, á disposição
da Lei de dezeseis de Fevereiro de mil setecentos e quarenta, para não
serem mais admittidos a carregar senão naquelles pórtos, em cujas Fro
tas forem incorporados, sem que para os relevar lhes valhão quaesquer
Ordens, ou Provisões, as quaes desde logo Hei por nullas, e de nenhum
efeito. E os Mestres dos taes Navios pagarão da cadeia outro tanto quan
to houver pago o dono dos efeitos, applicados na sobredita fórma. O ,
que tudo se entenderá cumulativamente, e em cada vez, que succede
rem as referidas transgressões, das quaes serão Juizes privativos os Mi
nistros primeiros Inspectores, e os que nos seus lugares estiverem nos
pórtos, onde não houver Mezas estabelecidas.
Ordeno que os Ministros primeiros Inspectores das referidas Ca
sas, e os que seus cargos servirem, em cada hum anno ao tempo em
que chegarem as Frotas, ou Navios aos pórtos das suas residencias,
1755 349
abrão huma devaça, na qual inquirão contra todas as pessoas de qual
quer qualidade, e condição, que sejão, que directa, ou indirectamen
te fomentarem a transgressão, e fraude das sobreditas Leis, e deste Al
vará: dando ás testemunhas palavra de segredo, e de que os seus nomes
nunca serão reduzidos a Autos públicos: escolhendo para Escrivães des
tas devaças as pessaas, que entenderem, que melhor guardarão o se
gredo, ás quaes darão juramento, no caso de não serem Oficiaes públi
cos: e remettendo as referidas devaças á Minha Real presença pelas
vias, que Eu for servido determinar, para mandar proceder contra os
culpados, como Me parecer justo, segundo a exigencia dos casos em
negocio de tanta importancia, para o Meu serviço, e para o Bem-com
mum dos Meus Vassallos. º . - 5

5 Porque a hum, e outro se tem seguido grandes inconvenientes dos


conflictos de jurisdicção entre as Mezas de inspecção, e os outros Mi
nistros de Justiça, e Fazenda do Estado do Brazil: Sou servido ordenar,
que todos os Ouvidores, Juizes de Fora, e mais Ministros, e Oficiaes
de Justiça, e Fazenda daquelle Estado, a quem se dirigem as ordens
das sobreditas Mezas nos seus respectivos Territorios, as executem in
violavelmente, como emanadas de Superior competente, (para o que
confiro á mesmas Mezas, toda a necessaria jurisdicção) sobpena de sus
pensão dos contravenientes até Minha mercê, e de se lhes dar em cul
pa; de que se me dará tambem conta na sobredita fórma, para Euman
dar proceder ás mais penas, de que o caso Me parecer digno, segundo
os seus merecimentos.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Presi
dente do Conselho do Ultramar, ao Regedor da Casa da Supplicação,
Governador da Relação, e Casa do Porto, ao Vice-Rei do Brazil, aos
Capitães Generaes , aos Governadores de todas as Conquistas, aos
Ministros dos sobreditos Tribunaes, aos Desembargadores das ditas Re
lações, e das da Bahia, e Rio de Janeiro, e mais Pessoas destes Reinos,
e Senhorios, cumprão, e guardem inteiramente este Alvará, como nel
le se contém, sem embargo de que seu efeito durará por mais de hum
anno, e de que não passe pela Chancellaria, não obstantes as Ordena
qões em contrario, que Hei por derogadas, como se dellas fizesse expres
sa menção, sómente para o efeito de que o disposto neste Alvará se ob
serve inteiramente sem dúvida, nem contradicção alguma, a cujo fim
Hei tambem por derogadas quaesquer Leis, Ordenações, Resoluções, e
Ordens, sómente no que o encontrarem. E este se registará nos livros
do Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, Relações do Porto, Ba
hia, e Rio de Janeiro, nos Conselhos de Minha Fazenda, e do Ultramar;
e o proprio se lançará na Torre do Tombo. Dado em Salvaterra de Ma
gos, a 25 de Janeiro de 1755. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
Ministro.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis, a fol. 80, e impr. avulso.

Sendº Me presente em Consulta da Meza do Desembargo do Paço, a


questão de precedencia, que havia entre os Desembargadores José de
Carvalho Martins, Francisco Xavier Portille, João Ignacio Dantas Pe
35O • 1755

reira, e o Desembargador João Pinheiro da Fonceca; e attendendo ao


estillo sempre praticado de se decidirem sempre por Assento tomado na
Meza dos Aggravos da Casa da Supplicação as dúvidas que se movião
sobre as antiguidades dos Ministros da mesma Casa: Sou Servido orde
nar, que vendo se com efeito na dita Meza dos Aggravos os papeis in
clusos, que com este baixão, se tome Assento sobre a antiguidade dos
-Ministros, que ao presente se controverte, e se observe o que se vencer
por pluridade de votos. O Duque Regedor o tenha assim entendido, e
o faça logo executar. Salvaterra de Magos 3 de Fevereiro de 1755. :
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Regist.
cretos na
a fol. Supplicação no Livro 14 dos De
Casa278da vers. • • * * *

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EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará com força de Lei vi
rem, que dando-se providencia sobre os ordenados, assignaturas, e emo
lumentos dos Ministros, e Oficiaes do Desembargo do Paço pelos Alva
rás de sete de Janeiro, e de vinte e cinco de Agosto de mil setecentos
e cincoenta, tem mostrado a experiencia, que não basta o que nelles se
provêo, para regular a congrua dos mesmos Ministros, e Oficiaes; e por
ser da Minha Real intenção extinguir todas as propinas, ajudas de cus
to, ordinarias, e extraordinarias, assim de dinheiro, como de especies
em todos os Tribunaes, e Juizos de Justiça de Meus Reinos, como já
mandei observar por muitos Alvarás, expedidos no anno de mil setecen
tos cincoenta e quatro, em todas as repartições da Fazenda, se faz mais
necessaria huma nova providencia, e regulação a respeito dos Ministros,
e Officiaes do dito Tribunal. -

Por tanto Hei por bem extinguir todos os ordenados, propinas,


ajudas de custo, e ordinarias, assim em dinheiro, como em especies,
que até o presente levavão o Presidente, e Desembargadores do Paço,
e Escrivães de Minha Camara, e mais Oficiaes do mesmo Tribunal, se
ja qual for o titulo porque se lhes concederão, em qualquer das repar
tições, que se lhes pagão, para o que de Meu motu proprio, Poder Real,
e absoluto, revogo, e annullo todas as Leis, Regimentos, Alvarás, Pro
visões, Decretos, e Resoluções Minhas, e dos Reis Meus Predecessores,
que lhas concederão , como se de cada huma dellas se fizesse expressa
menção neste Alvará. E mando, que no Registo de todas se ponhão ver
bas de como forão derogadas, e que nunca mais se entenda haver pro
pina alguma ordinaria, nem extraordinaria no dito Tribunal, ainda que
sejão por causas supervenientes, sem que por Decreto Meu seja expres
samente concedida com declaração dos Ministros, Oficiaes, e pessoas,
a que se concederem, e das quantidades, ou especies, que cada hum
houver de haver, sem que se possa admittir interpretação, comprehensão,
ou extensão, porque ainda no caso da menor dúvida se ha de recorrer a
Mim immediatamente, para que a declare.
1755 35 |

C A P I T U L o I.
Do Presidente, Ministros, e Escrivães de Minha Camara.
Pelo que pertence ás assignaturas, e emolumentos do Presiden
te, Ministros, Escrivães de Minha. Camara, e mais Oficiaes do dito
Tribunal, Sou Servido, que se observem, e guardem os ditos Alvarás
de sete de Janeiro, e vinte e cinco de Agosto de mil setecentos e cin
coenta, excepto na parte, ou partes, que pelo presente Alvará for in
novado, ou revogado. |-

§ 1. O Presidente do Desembargo do Paço, haverá de seu ordena


do tres contos e duzentos mil réis; dous contos e setecentos mil réis pe
la, Alfandega grande da Cidade de Lisboa; e quinhentos mil réis pelo
Thesoureiro das despezas da Meza, com regresso para a mesma Alfande
ga na parte, que tiver de falta no fim de cada hum anno, com Certidão
em fórma della; e mais haverá as assignaturas, e emolumentos, que lhe
tocão pela Lei de sete de Janeiro de mil setecentos e cincoenta; e das
licenças, que a Meza concede para se imprimirem livros, levará quatro
exemplares á custa das partes, dous dos quaes mandará entregar na
Minha Livraria do Paço de Lisboa, e os outros dous ficarão proprios pa
ra elle Presidente. * *

§. 2. Attendendo á copiosa assignatura, que tem os Desembargado


res do Paço pela dita Lei de sete de Janeiro de mil setecentos e cincoen
ta: Hei por bem, que vença cada hum delles de ordenado hum conto e
duzentos mil réis, sem que levem mais cousa alguma pela assignatura
dos papeis de Meu serviço, nem das partes, que a não deverem pagar:
novecentos e sessenta mil réis pela Alfandega grande da Cidade de Lis
boa, e duzentos e quarenta mil réis pelo Thesoureiro das despezas da
Meza, com regresso para a mesma Alfandega, como está dito do Pre
sidente.
§. 3. O Procurador da Corôa, haverá de seu ordenado por esta Re
*"; além do que leva por outras, trezentos mil réis, pagos pelo
hesoureiro das despezas da Meza, com regresso para a Alfandega gran
de da Cidade de Lisboa, como está dito do Presidente. •

§. 4. O Escrivão da Camara da Repartição das Justiças, e do des


pacho da Meza, e Confirmações, haverá de seu ordenado hum conto e
quinhentos mil réis; duzentos sessenta e seis mil réis pelo Thesoureiro
da Meza; quarenta mil réis, que já tem na Chancellaria mór do Reino;
setenta e seis mil e quatrocentos réis pelo Thesoureiro das despezas da Ca
sa da Supplicação; cento trinta e tres mil trezentos e vinte réis pelo
Thesoureiro das despezas da Relação do Porto; trezentos mil réis pelo
Thesoureiro das despezas da Relação da Bahia; trezentos mil réis pelo
Thesoureiro das despezas da Relação do Rio de Janeiro; cento trinta e
tres mil réis pelo Thesoureiro das despezas da Relação da Índia; e du
zentos cincoenta e hum mil duzentos e oitenta réis pelo Thesoureiro da
Alfandega grande da Cidade de Lisboa; e nas_addições, que leva pelo
Thesoureiro da Meza, e pelo Thesoureiro da Casa da Supplicação, te
rá regresso para a dita Alfandega grande da Cidade de Lisboa, como es
tá dito no titulo do Presidente. E quando houver Confirmações, levará
a quarta parte dos direitos dos Oficiaes da Chancellaria, que igualmen
te lhos cobrarão nella, como até ao presente se tem praticado. Todos os
emolumentos, que forão concedidos a este Oficio pelo Regimento de
|- ** • •
+
352 1755
vinte e cinco de Agosto de mil setecentos e cincoenta, ficão em seu
vigor; mas delles sómente haverá o Escrivão da Camara para si os que
lhe pertencerem pelas Confirmações, e os que se pagarem pelas Cartas,
e Alvarás de Ministros de Correição, e Provedoria ordinaria para cima,
e os que se pagarem das Cartas de Juizes de Fóra, Alvarás de oficios,
Provisões de serventias, ou outras quaesquer, Mandados de informe,
Certidões, e outros papeis miudos, hão de pertencer aos Oficiaes pela
fórma ao diante declarada; para o que revogo nesta parte o dito Regi
mento de vinte e cinco de Agosto de mil setecentos e cincoenta, |-

§. 6. O Official maior desta repartição haverá de seu ordenado duzen


tos mil réis: quarenta mil réis, que já tem na Chancellaria mór do Rei
no, e cento e sessenta mil réis pelo Thesoureiro da Meza, com regres
so para a Alfandega grande da Cidade de Lisboa, como está dito no tí
tulo do Presidente; e mais haverá os emolumentos de todos os papeis,
que se lavrarem nesta Repartição, excepto as Cartas de Ministros de
Correição, e Provedoria ordinaria para cima, que ficão proprias do Es
crivão da Camara, como se contém em seu titulo, revogado para este
fim o dito Alvará de vinte e cinco de Agosto de mil setecentos e cincoen
ta; e de todos os ditos emolumentos, que perceber, pagará ao Oficial
menor da Repartição a quarta parte da sua importancia, e ao Ajudante
da Repartição trinta e seis mil réis, como ao diante se declara.
§. 6. O Oficial menor da Repartição haverá de seu ordenado cem
mil réis, pagos pelo Thesoureiro das despezas da Meza, com regresso
para a Alfandega grande da Cidade de Lisboa, como está dito no titu
lo do Presidente; e mais haverá a quarta parte de todos os emolumen
tos, que vão concedidos ao Oficial maior no seu titulo. - -

§. 7. O Ajudante desta Repartição será pago pelo Oficial maior, ti


rando do monte maior dos emolumentos trinta e seis mil réis, que lhe
dará cada hum anno. * * * • • • • • •

§. 8. Por quanto os quatro Oficios dos Escrivães de Minha Camara,


que servem no Desembargo do Paço, distribuidos para as Provincias do
Reino, Algarve, e Ilhas adjacentes, forão creados sem mantimento al
gum de Minha Fazenda, entendendo-se que as ordinarias, que lhes pa
gão as Camaras das suas Repartições, e os emolumentos dos papeis, que
para ellas expedem, chegarião para sua competente congrua, e a expe
riencia tem mostrado, que não chegão pela carestia dos tempos, e pela
decencia, com que devem tratar-se os Oficiaes de tanta graduação, e
confiança: Hei por bem, que cada hum dos ditos quatro Escrivães de
Minha Camara, vença de ordenado cada hum anno seiscentos mil réis,
pagos pela maneira seguinte. •

§ 9. O Escrivão da Camara da Repartição da Côrte, Extremadura,


e Ilhas, ha de haver na Chancellaria mór do Reino dezenove mil e du
zentos réis, que já nella tem, e pelo Thesoureiro da Alfandega grande
da Cidade de Lisboa, quatrocentos quarenta e hum mil e duzentos réis,
e pelo Thesoureiro das despezas da Meza cento e trinta e nove mil é
seiscentos réis, com regresso para a mesma Alfandega em qualquer fal
ta, que houver, como fica ordenado no titulo do Presidente. |-

§. 10. . O Escrivão da Camara da Repartição do Minho, e Tras os


Montes, ha de haver pelo Thesoureiro da Chancellaria mór do Reino tre
ze mil e duzentos réis, que já nella tem; e pelo Thesoureiro da Alfan
dega grande da Cidade de Lisboa quatrocentos quarenta e sete mil e du
zentos réis; e pelo Thesoureiro das despezas da Meza cento trinta e no
ve. mil e seiscentos réis, com regresso para o mesma Alfandega, como
acima se declara.
P755 353

º § el trai O Escrivão da Chinara da Repartição da Béira há de haver


do Thesouveiro. da Chancellaria Móriº do Reino, dezenove mil e duzentos
réis, que já tem na sua folha, e do Thesoureiro da Alfandega grande da
Cidade deíLisboa quatrocentosº quarenta; e hum mil e duzentos, réis, é
do Thesqureiro das despezas da Meza cento trinta e nove mil e seiscenº
.tos réis, acome regresso para a dita "Alfandega, na fórma referida. , , , ,
-o S. 12. o O Escrivão da Camara da Repartição do Além-Téjo; e Algarve
ha de haver do Thesoureiro da Chancelharia mór do Reino dezenove mil e
duzentos, réis, que já leva na sua folha, e do Thesoureiro da Alfandega
grande da Cidade de Lisboa quatrocentos quarenta e hum mil, e duzentos
réis, e do Thesoureiro das despezas da Meza cento trinta, e nove mil,
e seiscentos réis, com regresso para a dita. Alfandega, como fica decla
rado. E porque ao dito Escrivão da Camara pertence assistir ao expe
diente da Minha Real Audiencia, recolher, e distribuir todos os papeis 2

que nella se recebem, mandando fazer as listas , publicas, da sua dis


tribuição yie para a, despeza" de papel, lacre, pennas, nastro, guita,
obrêas, tinta, e arèa leva na Chancellaria Mór do Reino, trinta e oito
mil trezentos e quarenta réis por varias addições miudas: Sou Servido
accrescentar a dita quantia a cincoenta mil réis, que, Mando se lhe pa
gue por huma só addição, para com ella fazer todas as referidas despe
zas, extinctas as addições miudas antigas. - … .…. , !
º § 13. º Além dos ditos ordenados haverão mais os ditos quatro Escri
vães da Camara todas as ordinarias, que actualmente lhes pagão os Con
selhos das suas Repartições assim em dinheiro, como em especie, as quaes
se tomarão por lembrança em hum livro, que fique na Meza numerado,
e rubricado pelo Desembargador do Paço mais moderno, que tambem
assigúará no fim das Relações das ordinarias de cada huma das Reparti
qões, para que em nenhum tempo se augmentem sem expressa resolução
Minha. E porque Sou informado do mal que pagão os ditos Conselhos as
referidas ordinarias, e do grande trabalho, e despeza que seria necessa
ria para os Escrivães de Minha Camara as mandarem arrecadar por seus
Procuradores, ficando sem utilidade alguma: Hei por bem que os Pro
vedores das Comarcas, cada hum na sua, sejão obrigados quando toma
rem contas aos Conselhos, de fazerem logo arrecadar as ordinarias tocan
tes aos Escrivães da Camara da Repartição das mesmas Comarcas, se
já não estiverem pagas, não havendo por quites os Thesoureiros, e Pro
curadores dos Conselhos, sem este efectivo pagamento, procedendo con
tra elles executivamente, como se procede pelos salarios devidos aos Ofi
ciaes de Justiça, na fórma da Ord.lib. 3." tit. 24. §. 3. E as ordinarias,
que assim executarem, as farão depositar nas mãos dos Thesoureiros das Ca
maras das Cabeças das Comarcas, para delles as mandarem receber os
Escrivães de Minha Camara por seus Procuradores: e em quanto os di
tos Ministros não mostrarem que cumprirão inteiramente a referida obri
gação, se lhes não passará Certidão de correntes no Desembargo do Pa
ço, pelo qual se passarão as ordens necessarias, para que assim o tenhão
entendido, e o executem com efeito. - :

$ 14. "Serão os ditos Escrivães de Minha Camara obrigados a procu


rarem, e expedirem na Meza todos os papeis, e requerimentos perten
centes aos Conselhos das suas Repartições, fazendo lavrar, e remetter
nos Correios todas as Provisões, e Ordens necessarias, sem que sejão
obrigados os ditos Conselhos de mandar á Côrte quem por elles requeira,
excepto em algum caso de maior supposição, porque com estas obrigaº
ções lhes forão constituidas de tempo "; as ditas ordinarias.
xy
354 I755

§. 15. De todos os emolumentos concedidos no Alvará de vinte e cin


co de Agosto de mil setecentos e cincoenta pelos papeis, que se lavrão
mas Secretarias, não levarão cousa alguma para si os ditos Escrivães de
Minha Camara, porque os destino para congrua, e sustentação dos Offi
ciaes dellas, como ao diante será declarado; para o que nesta parte re
vogo o dito Alvará. Mas porque os ditos Escrivães da Camara. hão de
gratificar a algumas pessoas de respeito, amizade, e parentesco, dando
lhes de graça os papeis, que lhes pertencerem, como civilmente se cos
tuma, e não he congruente que os peção, ou paguem a seus mesmos Of
ficiaes: Hei por bem que possão dar livres semelhantes papeis, com tan
to que não exceda o valor delles vinte mil réis cada hum anno na repar
tição da Corte, Extremadura, e Ilhas, e quinze mil réis na Repartição do
Minho, e Tras os Montes, Beira, Além-Téjo, e Algarve.
§. 16. E porque na Repartição da Corte, Extremadura, e Ilhas ha
muitos mais papeis, que expedir, e Consultas importantes, que lavrar,
a que não pódem dar expedição os dous Oficiaes, e hum Praticante,
que nella assistem: Sou Servido, que o Escrivão da Camara desta Re
partição possa nomear hum terceiro Oficial, apto, e expedito, que es
creva em tudo o que escrevem os dous primeiros, o qual será pago, pe
la fórma ao diante declarada, para que as partes sejão mais promptamen
te despachadas, conservando sempre hum Praticante para o mesmo fim.
§. 17. Os Escrivães dante os Desembargadores do Paço, que forem
juntamente Escrivães da Camara, não haverão ordenado algum, e só
mente levarão das partes pelos papeis, que lavrarem, e processos, que
escreverem, as custas, e salarios, que pelos Regimentos geraes lhes to
carem; porém hum dos ditos Escrivães, que anda dividido, haverá de
seu ordenado cento e vinte mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Meza,
com regresso para o Thesoureiro da Alfandega grande da Cidade de Lis
boa, na fórma referida.
§. 18. Cada hum dos quatro Oficiaes maiores dos ditos Escrivães da
Camara, haverá de seu ordenado duzentos mil réis, pagos delles qua
renta mil réis, que já tem pela Chancellaria Mór do Reino, e cento ses
senta mil réis pelo Thesoureiro das despezas da Meza, com regresso pa
ra a Alfandega grande da Cidade de Lisboa; e mais haverão todos os
emulomentos, e salarios dos papeis, que se lavrarem nas suas Reparti
ções, conforme o Regimento de vinte e cinco de Agosto de mil setecen
tos e cincoenta, e da sua importancia pagarão aos Oficiaes menores, e
Praticantes as quantias, que ao diante lhes vão applicadas, sem que
sejão obrigados a dar cousa alguma aos Escrivães da Camara, porque nes
ta parte tenho revogado o dito Regimento.
§. 19. Cada hum dos cinco Oficiaes menores haverá de seu Ordena
do cem mil réis pagos pelo Thesoureiro da Meza com regresso para a
Alfandega grande da Cidade de Lisboa: e mais haverão a quarta parte
de todos os emolumentos da Secretaria, que hão de receber os Oficiaes
maiores, dos quaes haverão pagamento, excepto na Secretaria da Corte,
Extremadura, e Ilhas, em que a repartição se fará pela maneira seguin
te. Do monte maior dos emolumentos tirará o Oficial maior trinta e seis
mil réis, que pagará cada hum anno ao Praticante; e mais descontará
do mesmo monte toda a despeza de papel, tinta, obrêas, aréa, nastro,
e mais miudezas necessarias para o expediente da Secretaria, e o resto,
que ficar, o repartirá em cinco partes, das quaes serão tres para elle
Oficial maior, e huma para cada hum dos dous Oficiaes menores.
1755 355

C A P I T U L O II.

Dos outros Oficiaes, que servem no Tribunal.

$. 1. O Porteiro, Distribuidor, e Thesoureiro das despezas da Me


za, os quaes Oficios andão unidos em huma só pessoa, haverá de seu
ordenado por todos elles quinhentos e cincoenta mil réis, dos quaes re
ceberá quinze mil réis pelo Thesoureiro da Chancellaria Mór do Reino,
em cuja folha os leva, e quinhentos e trinta, e cinco mil réis, os haverá
de si mesmo pelo dinheiro de seu recebimento, com regresso para a Al
fandega grande da Cidade de Lisboa, pela falta, que houver, como vai
ordenado no titulo do Presidente.
Mais levará das partes todos os emolumentos, e salarios, que ac
tualmente leva, dos quaes se tomará lembrança na Meza, para que os
não exceda em quanto lhe não forem augmentados por expressa resolu
ção Minha.
§. 2. O Escrivão da receita, e despeza da Meza, haverá de seu or
denado cento e sessenta mil réis, pagos pelo mesmo Thesoureiro com
regresso para a Alfandega grande da Cidade de Lisboa, pela falta, que
houver, como assima se declara; e das partes levará os emolumentos,
que pelos Regimentos geraes lhe pertencerem, regulando-se, pelo que
está concedido aos Escrivães dos Almoxarifados de Minha Fazenda.
§. 3. O Meirinho do Desembargo do Paço, e Alcaide da Cidade de
Lisboa, haverá de seu ordenado setenta e dous mil réis, pagos pelo The
soureiro da Meza, com regresso para a Alfandega grande da Cidade de
Lisboa, oomo assima se declara; e mais haverá pelo Almoxarifado dos
vinhos da mesma Cidade, duzentos vinte e oito mil réis, para sua apo
sentadoria, e para sustentar, e vestir quatro homens de capa , e dous
de espada, de que se ha de acompanhar; e das kº
levará os emolu
mentos, que actualmente leva , e os que pelos Regimentos geraes lhe
pertencerem. |-

§. 4. O Escrivão do dito Meirinho, haverá de seu ordenado sessen


ta mil réis, pagos pelo Thesoureiro da Meza, com regresso para a Al
fandega grande da Cidade de Lisboa, como assima se declara; e das par
tes levará os emolumentos, que pelos Regimentos geraes lhe pertence
FC II).

§. 5. Cada hum dos dous Contínuos da Meza, haverá de seu ordenado


cem mil réis, pagos pelo Thesoureiro das despezas da mesma Meza,
com regresso para a Alfandega grande da Cidade de Lisboa, na fórma
referida.
- C. A P I T U L O III. *

Determinações geraes.
Todos os ordenados dos constituidos neste Alvará terão vencimen
to do primeiro de Janeiro deste anno, e se assentarão nos livros, folhas,
e róes, a que pertencerem, sem dependencia de outro algum despacho,
assim para o anno presente, como para os annos futuros. * -

§. 1. Além dos ditos ordenados se não poderá jámais introduzir, pro


pina, ou ajuda de custo alguma, nem geral, nem particular, ainda que
seja a titulo de maior trabalho, ou novo serviço, e ainda que seja havi
da por sentença, ou costume immemorial, sem que preceda expressa,
Yy 2
356 1755
e clara resolução Minha, com especial derogação deste Capitulo; e só
mente permitto, que estando doentes sangrados, ou com outro remedio
maior, o Presidente, Desembargadores do Paço, Escrivães, da Cama
ra, e mais Oficiaes subalternos desta Repartição, lhes possa a Meza
mandar dar de ajuda de custo por huma só vez em cada hum anno, ses
senta mil réis ao Presidente; e a cada hum dos Desembargadores do Pa
ço, e Escrivães da Camara cincoenta mil réis, e aos outros Oficiaes
subalternos, da dita quantia para baixo, conforme a graduação de seus
Oficios, o que parecer justo, não baixando de dez mil réis no mais in
ferior Oficial. - - - ** *

§ 2. Todos os Proprietarios dos Oficios desta Repartição serão obri


gados a servir pessoalmente seus Officios, na fórma da Lei do Reino,
para vencerem os ordenados, que lhes vão constituidos; e os que não
forem encartados, não sendo menores, ou mulheres, que tenhão mercês
para quem com elas casar, serão obrigados de se encartarem em tres
mezes, com pena de perdimento dos Officios, que se darão em vida aos
denunciantes. E quando Eu por alguma justa causa lhes conceder, que
possão meter Serventuarios, haverão estes duas partes do rendimento
dos Oficios, e os Proprietarios huma terça parte, na fórma da Lei do
Reino, e de outras Resoluções Extravagantes, sem poderem receber
mais cousa alguma, directa , ou indirectamente, nem ainda dinheiros
emprestados sem juros pelo tempo que durarem as serventias; e nem os
Proprietarios, nem os Serventuarios poderão receber das partes mais
emolumentos, ou gratificações algumas, posto que livremente ºlhas ofe
reção depois de suas dependencias findas, além do que lhes deverem pe
los seus Regimentos, debaixo das penas da Ord. liv. 5." tit. 72, que in
violavelmente se executarão. . * .

- §. 3. O Ministro, que servir no impedimento do Presidente, e assim


todos os Ministros, e Oficiaes da Meza, e subalternos, que servirem huns
por outros, farão suas proprias as assignaturas, esportulas, e emolumen
tos, que deverem pagar as partes, sem que se dupliquem outras para os
impedidos, mas não levarão cousa alguma á custa de Minha Fazenda;
e quando o impedimento passar de quarenta dias, poderão haver do dito
termo por diante a quinta parte do ordenado do impedido, que se lhes
pagará por mandado da Meza, ordenando-se ao Thesoureiro, que des
eonte outra tanta quantia ao Proprietario, pondo-se logo as verbas ne
cessarias á margem de seus assentos; e quando as serventias commetti
das forem de Oficios vagos, vencerão os Ministros, e Oficiaes, que as
servirem, além dos emolumentos, e assignaturas, a quinta parte dos or
denados, desde o dia que nellas entrarem, até o dia em que sahirem; e
dando-se as serventias vagas por provimentos, que vão á Chancellaria,
vencerão os Serventuarios tudo quanto houverão de vencer os Proprieta
rios, se os houvera.
§. 4. Os filhos dos Proprietarios, que tiverem Alvarás para servirem
no impedimento de seus pais, não levarão cousa alguma á custa de Mi
nha
pais Fazenda, nem
houverão de das partes,
receber, e sómente receberão
se servissem. … o, que os ditos seus
• |- •

§. 5. Mas porque Sou informado, que Luiz Paulino da Silva e Aze


vedo, Escrivão de Minha Camara, da Repartição da Beira, por seus
muitos annos, e achaques, está perpetuamente impossibilitado para ser
vir o dito Oficio, tendo attenção ao bem, que o servio: Hei por bem
de o aposentar no mesmo Oficio, com metade do ordenado, que neste
Regimento lhe vai concedido, e com as ordinarias, que lhes pagão os
*
1755 |- 357

Conselhos da sua Repartição, por inteiro; e nomeio para continuar a


serventia do mesmo Oficio a seu genro Pedro Noberto de Aucourt e Pa
dilha, que vencerá a outra metade do ordenado, e as ordinarias dos Con
selhos por inteiro, na fórma, que já lhe forão julgadas por sentença nes
ta mesma serventia; e assim o fará executar a Meza por este mesmo Al
vará, sem dependencia de outro despacho, e os mais Tribunaes, a que
pertencer o conhecimento desta materia.
§, 6. O Presidente, e Desembargadores do Paço, que directa, ou
indirectamente, em parte, ou em todo contravierem as disposições des
te Regimento, incorrerão no Meu Real desagrado, e nas demonstrações,
que delle resultão; e os outros Oficiaes perderão seus Oficios, que se da
rão em vida aos denunciantes, e ficarão inhabilitados para mais Me ser
virem, além das mais penas, que por Direito merecerem; e se forem
Serventuarios, perderão o valor dos Oficios, metade para o denunciam
te, de
de e aLisboa.
outra metade para o Hospital Real de todos os Santos da Cida
• -

§. 7. Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Vé


dores de Minha Fazenda, Presidente do Conselho Ultramarino, Rege
dor da Justiça da Casa da Supplicação, e a todos os Ministros dos ditos
Tribunaes, Oficiaes, e pessoas, a que o conhecimento pertencer, fação
inteiramente cumprir, e guardar este Alvará, como nelle se contém; e
a Meza do Desembargo do Paço o faça imprimir, e repartir por todos os
Tribunaes, que o devem executar. E valerá, posto que seu efeito haja
de durar mais de hum anno, como Lei, ou Carta, feita em Meu No
me, e por Mim assignada, e passada pela Chancellaria, ainda que por
ella não passe, sem embargo da Ordenação liv. 2." titulo 39, e 40, em
contrario, que para este fim dispenso. Dado em Salvaterra de Magos,
aos 4 de Fevereiro de 1755. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
Ministro. * , - , … - -

* * • #

Impresso avulso. - *

*-+.… *-+--+ • • o

EU ELREI Faço saber a quantos este Alvará com força de Lei vi


rem, que dando-se providencia sobre os ordenados, assignaturas, e mais
emolumentos do Regedor, e Ministros da Casa da Supplicação, pelo Al
vará de sete de Janeiro, e Decreto de quinze de Dezembro de mil sete
centos cincoenta, tem mostrado a experiencia, que não bastão os ditos
ordenados para congrua correspondente ao trabalho, graduação, e des
peza dos ditos Ministros, que principalmente necessitão de toda a inde
pendencia, para a boa administração da Justiça de Meus Vassallos, e
por tanto: Sou Servido soccorrellos com os ordenados seguintes, haven
do por extintos os antigos ordenados, propinas, ajudas de custo, ordina
rias, e extraordinarias, assim de dinheiro, como de especies, que até
ao presente levavão no rendimento das despezas da Relação, ou em ou
tras quaesquer repartições de Minha Fazenda, para o que annullo, ere
vogo todas as Leis, Regimentos, Alvarás, Decretos, e Resoluções, que
lhas concedêrão, como se de cada huma dellas se fizesse neste Alvará
expressa menção, e Mando que no registo de todas se ponhão verbas
desta derogação. Igualmente reprovo, toda a posse, e dostume, porque
358 • 1755

alguma das ditas propinas, ajudas de custo, e ordinarias, forão introdu


zidas, e para o futuro prohibo, toda, e qualquer introducção dellas, ain
da que se funde em justa causa de maior, ou novo serviço, e trabalho
com posse, e costume immemorial, e sentença, que a observe; pois des
de já irrito, e condemno a dita posse, e costume na raiz da sua intro
ducção, para que a nenhum tempo se julgue válida, e declaro, que os
ditos Ministros sómente poderão haver os ordenados, que de novó lhes
constituo, e as assignaturas, salarios, e emolumentos, que as partes lhes
devem pagar pelo dito Alvará de sete de Janeiro de mil setecentos cin
coenta, ou os que pelo tempo futuro novamente se lhes constituem.
C A P I T U L O I.

I. O Regedor das Justiças da Casa da Supplicação haverá de seu or


denado tres contos e duzentos mil réis, dos quaes lhe pagará o Thesou
reiro da Alfandega grande da Cidade de Lisboa tres contos e quinze
mil réis, e o Thesoureiro das despezas da Relação cento oitenta e cinco
mil réis.
11. Cada hum dos Desembargadores dos Aggravos, que actualmente,
e pelo tempo futuro for proprietario deste oficio, ou já o tiver sido, e
estiver na Casa com outro officio, haverá de seu ordenado seiscentos mil
réis, ainda que por outras repartições leve mais algum ordenado, dos
quaes lhe pagará o Thesoureiro da Alfandega grande da Cidade de Lis
boa quinhentos e quarenta mil réis, e o Thesoureiro das despezas da Re
lação sessenta mil réis. E o Chanceller da Casa além do dito ordenado
haverá mais cincoenta mil réis no rendimento das despezas. -

III. Cada hum dos Desembargadores Estravagantes, e o que já tiver


oficio na Casa antes de entrar na propriedade de Aggravos, haverá de
seu ordenado quinhentos e cincoenta mil réis, dos quaes lhe pagará o
Thesoureiro da Alfandega grande da dita Cidade de Lisboa quatrocen
tos e noventa mil réis, e o Thesoureiro das despezas da Relação sessen
ta mil réis.
IV. O Desembargador, que servir de Juiz das despezas da Relação,
não haverá mais ordenado algum certo por ellas, e sómente haverá dous
por cento da importancia de todas as que fizer arrecadar : e porque sou
informado da facilidade com que por meio de embargos se absolvem as
quantias condemnadas para as despezas da Relação, de que resulta a
pouca emenda dos criminosos, e a falta que sente a Casa para as suas
obrigações precisas: Sou Servido Ordenar, que da data deste Alvará em
diante se não admittão embargos alguns ás condemnações das despezas,
que não excederem a quantia de quatro mil réis, e da dita quantia pa
ra cima se poderão embargar as Sentenças, e Acordãos, sendo primei
ro depositadas as condenações; e estando os Juizes em parecer de absol
vição, ou diminuição das quantias condemnadas, e depositadas para as
despezas da Casa, irão dar seus votos em presença do Regedor, ou de
quem por elle sirvir, e com seu parecer se lançará a Sentença, ou des
pacho, que for vencido na fórma da Ordenação, sem o que ficarão as
Sentenças nullas: E para que assim se observe inviolavelmente, dispen
so em todas as Leis contrarias, como se de cada huma delas fizesse aqui
expressa menção, de Meu proprio motu, certa sciencia, Poder Real, e
absoluto. -

V. O Escrivão de Minha Camara da repartição da justiça vai proví


do do que deve haver pelas despezas da Relação no Regimento dado ao
1755 959
Desembargo do Paço com data deste, Capitulo "primeiro, paragrafo
1 4, • * * • •

quarto. ". * * * * ** * ** * … . … ºit, , , , zo) (19, º *. * .

VI. O Capellão da Casa haverá de seu ordenado cento e vinte mil


réis pagos pelo Thesoureiro das despezas della. ………
e VII. O Guarda Mór da Relação haverá de seu ordenado trezentos
mil réis, dos quaes lhe pagará o Thesoureiro da Chancellaria Mór do
Reino doze mil réis, que já leva na sua folha, e o Thesoureiro das des
pezas da Casa duzentos e oitenta e oito mil réis. … 2.

º VIII. Cada hum dos tres Guardas menores da Relação haverá de seu
ordenado cento e vinte mil réis, dos quaes lhe pagará o Thesoureiro da
Casa dos Cinco sessenta mil réis, e outros sessenta o Thesoureiro das
despezas da Casa. Sou informado dos inconvenientes, que ha para que
estes Guardas menores sirvão bem, servindo juntamente de homens da
Vara de Meirinho da Corte. Ordeno que da data deste em diante não
sirvão mais com o dito Meirinho, nem tenhão outros empregos inferio
res, e que o Regedor nomeie pessoas aptas de confiança, e segredo, pa
ra bem servirem, conservando os que actualmente existem, se largarem
outros quaesquer eupregos dos referidos, que lhes sirvão de embaraço.
IX. O Gentil-Homem do bastão do Regedor haverá de seu ordena
do cento e quarenta e quatro mil réis; pagos pelo Thesoureiro das des
pezas da Casa. # * * * * * *

X. O Solicitador das justiças, que juntamente serve de Fiscalid


despezas da Relação, e de Escrivão dos depositos da Corte, unidos es
tes tres Oficios em huma só pessoa, haverá de seu ordenado por todos
cento e vinte mil réis, pagos pelo Thesoureiro das despezas da Casa: E
mais haverá hum por cento da importancia das condemnações das des
pezas, que com efeito se arrecadarem no Cofre cada hum anno.
XI. O Thesoureiro das despezas da Relação servirá juntamente de
Thesoureiro das assignaturas, e emolumentos dos Ministros, a que chamão
Braçagens, para que melhor se possa manter, e haverá de seu ordena
do por ambos os Oficios duzentos mil réis, e hum por cento de toda a
receita viva, que guardar, assim das despezas, como dos Ministros, e
rtes. , -

Pººh: O Escrivão da Receita, e despeza do dito Thesoureiro, e das


execuções das despezas, haverá de ordenado por ambos os Oficios ses
senta mil réis, e hum por cento da importancia das mesmas despezas,
que com efeito se arrecadarem, pago tudo pelo Thesoureiro dellas.
XIII. O Distribuidor das Appellações, Aggravos crimes, haverá de
seu ordenado quarenta e oito mil réis, outro tanto haverá o Distribui
dor dos Aggravos Civeis, pagos ambos pelo Thesoureiro das despezas
da Casa.
XIV. O Distribuidor do Crime, e Civel da Corte haverá de seu or
denado quarenta e oito mil réis, dos quaes lhe pagará o Thesoureiro da
Alfandega grande vinte mil réis, que já leva na sua folha, e o Thesou
reiro das despezas da Casa vinte e oito mil réis.
XV. O Escrivão dos pagamentos da justiça haverá de seu ordenado
cento e cincoenta mil réis, dos quaes lhepagará o Thesoureiro da Alfan
dege grande vinte quatro mil oitocentos e sessenta réis, que já leva na
sua folha: E o Thesoureiro das despezas da Casa cento e vinte e cinco e
mil cento e quarenta réis. - •

XVI. O Meirinho das Cadeias haverá de seu ordenado cento e vinte


mil réis; e para seis homens da Vara, e suas vestiarias duzentos e qua
renta mil réis, que ao todo faz trezentos e sessenta mil réis, dos quaes
360 1755

lhe pagará, o Thesoureiro da TChancellaria Mór do Reino cento noventã


e tres mil oitocentos e oitenta réis, que já leva na sua folha por tres ad
dições. E o Almoxarife da imposição dos vinhos dá mesma Cidade qua
torze mil e quatrocentos réis, que tambem já leva na sua folha. E o The
soureiro das despezas da Casa cento cincoenta e hum mil setecentos e
vinteiréis. ……….… :-) … o… …, …" o , º gra 9. ……… ao b . . . . ! …
-- XVII.…O.Escrivão do dito Meirinho haverá de seu ordenado sessenta
mil réis pagos pelo Thesoureiro das despezas da Casa. ! … ) , i.
1…, XVIll> <O Alcaide, e Escrivão, que estiverem de mez, vencerão
tres mil e duzentos réis cada hum, pagos pelo Thesoureiro das despe
ZaS da Relação. O … : {| … ** ***" , , , , , , … " " - - ) … .. .….. "
– XIX. O Porteiro dos Aggravos, além do que leva por outras repar
.tições, e casos particulares, vencerá por esta repartição oitenta mil réis
de seu ordenado, dos quaes lhe pagará o Thesoureiro da Chancellaria
1Mór do Reino, trinta e quatro mil trezentos e vinte réis , que já leva na
sua folha, e o Almoxarife da imposição dos vinhositres mil réis, que
tambem já leva na sua folha, e o Thesoureiro das despezas da Casa qua
renta e dous, mil-seiscentos e oitenta réis…" …; … # º rº:) . …; - ** *

> XX. O Porteiro do Civel, e Grime da Corte, e Casa da Supplicação


haverá de seu ordenado_sessenta mil réis, dos quaes lhe pagará o The
soureiro da Chancellaria Mór quatorze mil cento e sessenta réis; e o The
soureiro das despezas da Casa quarenta e cinco mil oitocentos e quaren
ta, réis, , , , , , ,, … - … … … . … * - 4 +· · * ** * *, , " " .
|-

- XXI. A Meza da criação dos meninos expostos lha de haver por esta
repartição cincoenta e hum mil e oitenta réis de esmola , pagos pelo
Thesoureiro das despezas da Casa. . . . , , ; ; , " … …d .
XXII. O Padre Cura da Freguezia de S. Martinho, como Parocho
das Cadeias, ha de haver trinta e seis mil réis pagos pelo Thesoureiro
das despezas da Casa, em gratificação, e conhecença do trabalho, que
tem com os prezos. . . . . Mayº, º , , … ... . . " . ":" . ,
* XXIII. O Medico da Casa da Supplicação ha de haver de seu orde
nado quarenta mil-réis, e cada hum dos Cirurgiões trinta e seis mil réis,
pagos todos pelo Thesoureiro das despezas, com obrigação de curarem
todos os Ministros, e Oficiaes da mesma Casa, e de assistirem aos exa
mes, e corpos de delicto, que se fizerem por ordem dos Corregedores do
Crime da Corte, e dos Ouvidores do Crime da Relação. .1 # :; ·

XXIV. - O Carcereiro da Cadeia da Corte ha de haver de seu ordena


do duzentos e quarenta mil réis, e mais vinte mil réis para mantimento,
e cincoenta mil réis para azeite, que ao todo faz trezentos e dez mil réis,
dos quaes lhe pagará o Thesoureiro da Alfandega grande duzentos e vin
te mil réis, que já leva na sua folha, e o Thesoureiro da Chancellaria Mór
vinte mil réis, que tambem… já leva na sua folha, e e Thesoureiro das
despezas da Casa setenta mil réis, e , , ºii… …………. , ,
} + {

--XXV. O Guarda-Livros da dita Cadeia haverá de seu ordenado trin


ta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Chancellaria Mór do Reino. ……
A XXVI. 1. Cada hum dos nove Guardas da dita Cadeia haverá de seu
ordenado sessenta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Alfandega grande
da Cidade de Lisboa. " " … - , ,, , , , , , , , , , , _* * .* * *

* XXVI : O Carcereiro da Cadeia da Cidade haverá de seu ordenado


duzentos e quarenta mil réis, e mais quarenta mil réis para azeite, que
ao todo faz duzentos e oitenta mil réis, dos quaes lhe pagará o Thesou
reiro da Alfandega grande duzentos e vinte mil réis, que já leva na sua
folha, e o Thesoureiro das despezas da Casa sessenta mil réis: e pelo
1755 36]

grande gasto de azeite, que faz, haverá mais para esta despeza quarem
ta mil réis pagos pelo Thesoureiro das despezas.
XXVIII. O Guarda-Livros da dita Cadeia baverá de seu ordenado
trinta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Chancellaria Mór do Reino.
XXIX. Cada # dos nove Guardas da dita Cadeia haverá de seu
ordenado sessenta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Alfandega grande.
XXX. O Carcereiro da Cadeia do Castello haverá de seu ordenado
duzentos e quarenta mil réis, e mais cincoenta e seis mil réis para alimento,
que ao todo faz trezentos e dezeseis mil réis, dos quaes lhe pagará o
Thesoureiro da Alfandega grande duzentos e vinte mil réis, e o The
soureiro da Chancellaria Mór do Reino vinte mil réis, e o Thesoureiro
das despezas da Casa setenta e seis mil réis,
XXXI. O Guarda-Livros da dita Cadeia haverá de seu ordenado trin
ta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Chancellaria Mór do Reino.
XXXII. Cada hum dos nove Guardas da dita Cadeia haverá de seu
ordenado sessenta mil réis pagos pelo Thesoureiro da Alfandega grande
da Cidade de Lisboa. +

C A PI T U L o II.
Determinações geraes.
Todos os ordenados constituidos neste Alvará serão pagos por man
dados do Regedor na fórma da Ordenação, e se assentarão nos livros de
Minha Fazenda, a que pertencer, sem dependencia de outro algum des
pacho, com vencimento do primeiro de Janeiro deste anno. •

I. Permitto que quando o Regedor estiver doente sangrado, ou com


outro maior remedio, possa levar de ajuda de custo huma vez no anno
pelas despezas da Casa sessenta mil réis, e possa mandar dar a cada hum
dos Ministros, que do mesmo modo estiverem doentes, cincoenta mil
réis, e a cada hum dos Officiaes da Casa, da dita quantia para baixo o
que lhe parecer justo, conforme as graduações de seus oficios, não bai
xando de dez mil réis ao menor Official. |-

II. Todas as propinas vencidas pelo Regedor, Ministros, e Oficiaes


actuaes da Casa até ao dia ultimo de Dezembro de mil setecentos cin
coenta e quatro, para que não chegar o rendimento das despezas até
ao tempo da execução deste Alvará, se pagarão por mandado do mesmo
Regedor pelo Thesoureiro da Alfandega grande da Cidade de Lisboa;
porque como ficão extinctas perpetuamente, he justo que sejão com efei
to pagas. E porque póde acontecer que em algum anno, ou annos, não
chegue o rendimento das despezas para as porções dos ordenados, que
nellas se consignão por este Regimento , tudo o que faltar nos mesmos
annos, feita a conta no fim delles, terá regresso para ser pago pelos so
bejos da dita Alfandega grande, e na sua falta pelos sobejos da Casa
dos Cincos, por mandados do Regedor.
III. Das visitas das Cadeias, que deve fazer o Regedor com os mais
Ministros, e Oficiaes de Justiça, na fórma da Lei do Reino, se não
levará emolumento, propina, ou ajuda de custo alguma, e os Desembar
gadores Extravagantes serão obrigados de assistirem a elas por distribui
sção; para que fiquem iguaes no trabalho, assim como vão igualados no
p TeIV.
IIllO. Além dos ditos ordenados, levarão todos os Ministros da Casa as

assignaturas, esportulas, e emolumentos, sº,lhe


Z
forão concedidos no
362 1755

Alvará de sete de Janeiro de mil setecentos e cincoenta, á custa das


partes. E os Oficiaes da mesma Casa levarão das partes as custas, e
emolumentos, que pelos Regimentos geraes, ou particulares lhes estive
rem concedidos, ou ao diante se lhes concederem.
V. Todos os proprietarios dos Officios desta repartição serão obriga
dos a servirem pessoalmente seus oficios, na fórma da Lei, para vence
rem os ordenados, que lhes vão constituidos. E os que não forem encar
tados, não sendo menores, ou mulheres, que tenhão mercês para quem
com elas casar, serão obrigados de se encartarem em tres mezes, com
pena de perderem os oficios, que se darão em vida aos denunciantes. E
quando Eu por alguma justa causa lhes conceder que possão metter ser
ventuarios, haverão estes duas partes do rendimento dos oficios, e os
proprietarios huma terça parte, na fórma da Lei do Reino, e de outras
resoluções Extravagantes, sem poderem receber mais cousa alguma, di
recta, ou indirectamente, nem ainda dinheiros emprestados sem juros,
pelo tempo que durarem as serventias, a que chamão dinheiros mortos.
E nem os proprietarios, nem os serventuarios poderão receber das par
tes mais emolumento algum, que o conteúdo em seus Regimentos, ain
da que liberalmente lho dem depois de suas dependencias findas: e quem
fizer o contrario, incorra inviolavelmente nas penas da Ordenação, livro
quinto, titulo setenta e dous. |-

VI. Os filhos dos proprietarios, que tiverem Alvarás para servirem


no impedimento de seus pais, não levarão cousa alguma á custa de Mi
nha Fazenda, nem das partes, e sómente arrecadarão o que simplesmen
te houverão de cobrar os ditos seus pais, se servissem •

VII. Quando o Chanceller, ou outro qualquer Ministro servir de Re


gedor, ou de Chanceller, e assim os mais Ministros, e Oficiaes da Ca
sa servirem huns por outros, farão suas proprias as assignaturas, espor
tulas, e emolumentos, que deverem pagar as partes; sem que se dupli
quem outros para os impedidos: mas não levarão cousa alguma á custa
de Minha Fazenda. E quando o impedimento passar de quarenta dias,
poderão haver do dito termo por diante a quinta parte do ordenado dos
impedidos, que se lhes pagará por mandado do Regedor, ordenando aos
Thesoureiros que descontem outra tanta quantia aos proprietarios, pon
do-se logo as verbas necessarias á margem de seus assentos. E quando
as serventias commettidas forem de oficios vagos, vencerão os serven
tuarios, além das assignaturas, e emolumentos, a quinta parte dos or
denados desde o dia que nellas entrarem, até o dia que dellas sahirem.
E dando-se as serventias vagas por provimentos, que vão á Chancellaria,
vencerão os serventuarios os ordenados por inteiro.
VIII. O Regedor, e Desembargadores da Casa da Sapplicação, que
directa, ou indirectamente, em parte, ou em todo, contravierem as dis
posições deste Regimento, incorrerão no Meu Real desagrado, e nas
demonstrações, que delle resultão. E os outros Oficiaes subalternos per
derão seus oficios, que se darão em vida aos denunciantes, e ficarão in
habilitados para mais Me servirem, além das mais penas, que por Direi
to merecerem. E sendo serventuarios, perderão o valor dos oficios, me
tade para quem os accusar, e a outra metade para o Hospital Real de
Todos os Santos da Cidade de Lisboa. -

IX. Pelo que Mando ao dito Regedor da Justiça da Casa da Suppli


cação, aos Védores, e Conselheiros da Minha Fazenda, e a todos os Tri
bunaes, Ministros, e Oficiaes, e pessoas, a que pertencer o conheci
mento, e execução deste Alvará, o fação inteiramente, cumprir, e guar
1755 363

dar como nelle se contém; e o Conselho da Fazenda o mandará impri


mir, e repartir por todos os Tribunaes, Ministros, e Oficiaes, que o
deverem executar: e valerá, posto que seu efeito haja de durar mais
de hum anno, como Lei, ou Carta feita em Meu Nome, e por Mim as
signada, e passada pela Chancellaria, ainda que por ella não passe, sem
embargo da Ordenação do livro segundo, titulo trinta e nove, e qua
renta em contrario, que para esse fim dispenso. Dado em Salvaterra de
Magos aos 4 de Fevereiro de 1755. = Com a Assignatura de ElRei, e
a do Ministro.
Impresso avulso.

+--+.…>…:-*

A… 13 do mez de Fevereiro de 1755, na presença do Illustrissimo,


e Excelentissimo Senhor Dom Pedro, Duque de Lafões, e Regedor das
Justiças, se propoz em Meza grande, sendo tambem presentes os De
sembargadores de Aggravos abaixo assignados, a dúvida, que se moveo
entre o Corregedor dos Remolares , Manoel Gonçalves de Carvalho,
e o do Rocio, Manoel Estevão de Almeida Vasconcellos Barbarino, per
tendendo cada hum delles pertencer-lhe servir de Conservador da Cida
de; a qual dúvida Sua Magestade por seu Real Decreto de vinte e no
ve de Novembro, de mil setecentos cincoenta e quatro mandou se deci
disse nesta Meza por Assento: E sendo ouvidos estes dous Ministros,
na conformidade do dito Decreto, e vistos seus requerimentos, e mais
papeis juntos, se assentou por pluralidade de votos, que, ainda que fo
rão ambos despachados em o mesmo dia por Consulta, que desceo resol
vida á Meza do Desembargo do Paço em dez de Setembro de mil sete
centos cincoenta e tres, e fosse mais antigo na Leitura, e no Serviço
de Sua Magestade o Corregedor do Remolares, comtudo , como o do
Rocio mostrava ter tomado posse do seu lugar em vinte e sete do dito
mez, e anno, primeiro do que o dos Remolares, que a tomou depois em
oito de Novembro do mesmo anno, ficou por esta razão, o do Rocio mais
antigo, Corregedor da Cidade; porque conforme a Direito se regula a
antiguidade pela prioridade da posse, sem attenção á antiguidade do Ser
viço ou da Leitura; e com isto he coherente o Estilo sempre observado
nesta materia de servir de Conservador da Cidade o Corregedor mais an
1igo na posse do Lugar, como attestava o Escrivão da mesma Conserva
toria; e se contemplou em controversia semelhante, entre o Corregedor
da Ribeira, João de Azevedo Barros, e o de Andaluz, João Caetano
Torel da Cunha, julgando-se a este, no Assento supra folhas setenta e
quatro, a Conservatoria da Cidade; porque primeiro tomára posse, pos
to que fosse mais moderno no Serviço, que o seu Contendor; o que tam
bem já se tinha praticado com Joaquim Rodrigues Santa Martha Soares,
que sem embargo de ser mais moderno no Serviço, que João da Silveira
Zuzarte, Corregedor de Alfama precedeu a este para a Conservatoria,
não por outra razão, que pela prioridade da posse, que tomou do Lugar
de Corregedor da Rua nova, em que fôra provído: E não era attendivel
o estar ausente na Cidade de Tavira, Reino do Algarve, o dito Corre
gedor do Remolares ao tempo da mercê, e o deter-se ali; porque não
mostrou estivesse ausente por causa pública, ou por industria do seu Con
tendor, que serião sómente os casos, em "A sua ausencia, e móra não
Zz 2
+ •

364 I755

podia prejudicar-lhe: nem podia favorece-lo o Estilo praticado nas Rela


ções, de conservarem os despachados com a mesma data a sua antigui
dade, tomando posse dentro dos dous mezes, pois este Estilo, como par
ticular das Relações, e introduzido contra as regras de Direito, não de
via, nem podia extender-se a outros Lugares, e muito menos ao de que
se trata, em que ha Estilo contrario de se julgar sempre mais antigo pa
va esta Conservatoria o Corregedor, que primeiro tomava posse, como
fica dito. Em consequencia do que se assentou pertencia ao Corregedor
do Rocio, Manoel Estevão de Almeida Vasconcellos Barbarino, a Con
servatoria da Cidade, pela prioridade da sua posse: de que tudo se fez
este Assento, que o dito Senhor Regedor assignou com os Desembarga
dores de Aggravos, que presentes estavão. = Duque Regedor. = Sea
bra. = Dantas. = Sampaio… — Doutor Vasconcellos. = Castro. = Mar
tins. = Doutor Cunha. = Souto. = Cogominho. = Doutor Bermudes. =
Justiniano. = Oliveira. = Doutor Martins. = Castello.
* Regist, na Casa da Supplicação no Livro II. fol. 9o ;
e na Collecção dos Assentos a fol. 348. •

* *-*-*-+"<>"#***-***

Im…i…imº, e Excelentissimo Senhor. = Sua Magestade he Servido,


que Vossa Excelencia passe logo as ordens necessarias, para que toda
a fazenda, encommendas, e fato que vier na Náo de Guerra chegada do
Rio de Janeiro, de que he commandante o Capitão de Mar, e Guerra
Gonçalo Xavier de Barros e Alvim, se descarregue todo, sem interven
ção das partes, para os Armazens da Casa da India, com assistencia do
Conselheiro da Fazenda, a que pertencer, o qual receberá as chaves dos
Armazens, em que tudo ficar fechado, em quanto o dito Senhor não der
providencia da fórma, como que se ha de entregar a dita fazenda, en
commendas, e fato. E outro sim ordena, que a dita descarga se faça des
de as nove horas de manhã até ás cinco da tarde, em barcos grandes,
para mais facilmente se expedir: e porque nestes dias não ha Conselho,
tanto que o houver lhe participará Vossa Excelencia esta ordem, a qual
se praticará inviolavelmente em todas as Náos de Guerra, e Combois,
que vierem dos Brazís, India, Mina, e Guiné, em quanto o dito Senhor
não mandar o contrario. Deos guarde a Vossa Excelencia. Paço, a 8
de Março de 1755. = Diogo de Mendoça Corte Real. = Senhor Conde
de Unhão.
|- Impresso avulso.

*-+…»*--*

T Ilustrissimo, e Excellentissimo Senhor. = Sua Magestade he Servido


que todos os Cofres, que vierem na Náo de Guerra presentemente che
gada do Rio de Janeiro, além dos que trazem o Ouro do Registo, se
recolhão, e descarreguem logo para a Casa da Moeda, ainda que só tra
gão prata, e que na mesma Casa se abrão em presença do Provedor,
Thesoureiro, e Escrivão da Meza, examinando-se rigorosamente tudo
#
* 1755 365

quanto nelles vier; e achando-se que he prata simples, se entregue a


quem pertencer: mas havendo nelles Ouro, ou pedras preciosas , fóra
do Registo, e do Manifesto, se faça tomadía em todas, na fórma da Lei
novissima; e que o mesmo se pratique com os Cofres, e Qurrões de par /
tes, que vierem na descarga feita para a Casa da India, remettendo-se
logo com dous Guardas á Casa da Moeda para nella se fazer a mesma
abertura, e exame. Vossa Excelencia participará esta Ordem ao Conse
lho, para que logo a faça executar com os despachos, e providencias
necessarias, porque assim o ordena o mesmo Senhor. Deos guarde a Vos
sa Excelencia. Paço, 10 de Março de 175á. = Diogo de Mendoça Cor
te-Real. = Senhor Conde de Unhão.
Impresso avulso.

*-*-*****@**-*#

{
S……Me presente que o extravio do Ouro, e pedras preciosas, que
vem dos Brazís, India, e outras Conquistas deste Reino, e a introduc
ção dos generos prohibidos, se tem facilitado pelo descuido da abertura
de todos os fardos, e vasilhas, que deixão de fazer, e examinar os Ofi
ciaes das Alfandegas, e Casas tributarias desta Corte, e Reino, e pela
omissão, com que se costumão haver os Ministros nos exames, que em
sua presença devem mandar fazer nas Pontes da Alfandega, e da Casa
da India, conforme as Ordens, que para este fim se lhes tem passado,
pondo-se deste modo sem observancia a disposição dos Foraes, e Regi
mentos das mesmas Alfandegas, e a execução da Lei de vinte e quatro
de Dezembro de mil setecentos e trinta e quatro, e de dezeseis de Agos
to de mil setecentos e vinte e dous, e outras mais, pertencentes á mes
ma arrecadação, com hum detrimento grave de Minha fazenda; para
evitar este damno: Sou Servido Ordenar, que em nenhuma das Alfande
gas, e Casas tributarias de Meus Reinos, se dê despacho a fazenda al
guma, de qualquer pessoa que seja, por maior, e mais alta condição
que tenha, sem que primeiro se abrão na presença dos Oficiaes, a que

pertencer, todos os fardos, pacas, caixas, barris, e outra qualquer va


silha, por minima que seja; examinando-se em presença de todos se as
peças, rolos, ou embrulhos constão todos da mesma qualidade de fazem
da, que mostrão no exterior: para o que se desembrulharão todas as ve
zes que for necessario, ainda que as fazendas estejão empacadas, e co
zidas. E os Oficiaes, que omittirem esta abertura, e exames, ainda que
seja em fato uzado, perderão seus oficios, ou o valor delles, se forem
serventuarios, que se darão em vida aos denunciantes, e ficarão inhabi
litados para mais Me servirem, além de pagarem por seus bens o damno
anoveado, que sentir Minha fazenda, na fórma do Regimento della, e
Lei do Reino. E quando Eu for Servido mandar dar algumas fazendas
livres de direitos, se darão sómente aquellas, que forem expressamente
declaradas no Corpo das Ordens, por suas quantidades, qualidades, mar
cas, e números, fazendo-se em todas o mesmo exame, e abertura assim
ordenados, sem que se dê crédito algum a conhecimentos, ou carrega
ções, que se apresentarem de fóra. E pelo que pertence á descarga das
Náos de Guerra, e Combois das Frotas, e outros quaesquer Navios mer
cantes, que vierem dos Brazís, ou de outras algumas Conquistas destes
Reinos: Sou Servido que inviolavelmente se observem as ditas Leis de
366 1755

dezeseis de Agosto de mil setecentos e vinte e dous, e vinte e quatro


de Dezembro de mil setecentos e trinta e quatro, com todas as Ordens,
que se tem passado sobre a sua execução, fazendo-se na Ponte da Al
fandega hum rigoroso exame, e busca em todas as pessoas de qualquer
qualidade, e condição, que sejão, abrindo-se, e vasando-se todas as va
silhas, em que trouxerem seus fatos, e encommendas, ainda que sejão
de farinha de páo, ou de outros generos semelhantes. E como por aviso
do Secretario de Estado Diogo de Mendonça Corte-Real, de oito do cor
rente, tenho ordenado ao Conselho da Fazenda a fórma, com que hão
de descarregar para a Casa da India as Nãos de Guerra, e Combois das
Frotas, que vierem dos Brazís, e de outras Conquistas: Hei por bem,
que o dito aviso se cumpra, como parte deste Decreto; e que, depois
de recolhida toda a fazenda no Armazem fechado, que dispoem o dito
aviso, se mande abrir, e examinar em presença do Conselheiro assisten
te, e dos dous Ministros, que residirem na Ponte, com o mais rigoroso
exame, pelo que pertence ao Ouro, e pedras preciosas, para se fazer
tomadía em tudo a que se achar extraviado, que costuma vir escondi
do, e misturado com os generos de menos importancia, e no circulo in
terior das vasilhas em bainhas de couro, ou panno, que fingem ar
cos, e nos vestidos mais vís dos Escravos, assim vestidos, como entrou
xados. E vindo alguns Qurrões de prata, ou caixotes, assim pela Casa
da India, como pela Alfandega, em que se costumão dar livres, se re
metterão todos com Guardas das mesmas Casas para a Casa da Moeda,
onde se lhes fará a mesma abertura, e exame, em presença do Prove
dor, Thesoureiro, Escrivão da Meza, Fiel do Ouro, e primeiro Ensaia
dor; e achando-se que trazem no centro Ouro, ou pedras preciosas des
caminhadas, se fará dellas tomadía na fórma da dita Lei; e sendo prata
simples, se entregará livremente ás partes. E feitos assim os ditos exa
mes, usará o Conselheiro assistente da sua jurisdicção, que lhe tenho
concedido, para dar livres aos Militares, e Marinheiros das Náos tudo
o que prudentemente arbitrar lhes he necessario para seus usos dos ge
neros permittidos, mandando remetter para a Alfandega tudo o que mais
trouxerem para negocio, ou o que pertencer a mercadores particulares;
pois huns, e outros devem despachar regularmente, pagando os direitos
devidos na estação a que toca. E os Ministros, que não cumprirem, ou
forem negligentes na execução deste Decreto, incorrerão na Minha Real
indignação, e serão privados de Meu Serviço. O mesmo Conselho da Fa
zenda o tenha assim entendido, e faça logo executar com todas as Or
dens necessarias, em quanto Eu não for Servido dar maior providencia.
Lisboa 10 de Março de 1755. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

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Sou Servido, que sómente se pague quatro e meio por cento da terça
parte dos Ordenados concedidos nos Alvarás de quatro de Fevereiro des
te anno, ao Prisidente, Ministros, e Officiaes do Desembargo do Paço,
e ao Regedor, Ministros, e os Oficiaes da Casa da Supplicação, sendo
esta mercê pessoal para os proprietarios actuaes, porque os que forem
novamente provídos hão de pagar por inteiro de toda a importancia, que
1755 º 367

receberem: assim o Mando declarar á Junta dos Tres Estados: E o Du


que Regedor o tenha assim entendido, e faça executar pela parte que
lhe toca. Lisboa a 18 de Março de 1755. = Com a Rubríca de Sua Ma
gestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV. dos


Decretos a fol. 286 vers.

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A…………… ás afectadas demoras, com que se tem embaraçado as


Causas, que correm, sobre a obrigação, que tem, as ordens Religiosas
situadas nas Minhas Conquistas de pagarem Dizimos dos fructos das ter
ras, e fazendas, de que usão, e que hum dos modos com que se retar
dão, he o de se entreporem multiplicados recursos á Coroa, praticando
se calumniosamente, e em prejuizo da Minha Real Fazenda, o mesmo
meio, que só se introduzio para evitar violencias e semelhantes desor
dens: Sou Servido Ordenar, que daqui em diante senão tome conheci
mento no Juizo dos Feitos de Coroa de recurso algum, que se entrepo
nha de Despacho, que se der nas ditas Causas sobre qualquer incidente
dellas, e em qualquer Instancia, em que correrem. O Duque Regedor
o tenha assim entendido, e faça executar. Lisboa a 3 de Abril de 1755.
= Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XIV.
a fol. 286.

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EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará de Lei virem, que
considerando o quanto convém, que os Meus Reaes dominios da Ame
rica se povoem, e que para este fim póde concorrer muito a communi
cução com os Indios, por meio de casamentos: Sou Servido declarar,
que os Meus Vassallos deste Reino, e da America, que casarem com
as Indias della, não ficão com infamia alguma, antes se farão dignos da
Minha Real attenção, e que nas terras, em que se estabelecerem, serão
preferidos para aquelles lugares, e occupações, que couberem na gra
duação das suas pessoas, e que seus filhos, e descendentes serão habeis,
e capazes de qualquer emprego, honra, ou Dignidade, sem que necessi
tem de dispensa alguma, em razão destas alianças, em que serão tam
bem comprehendidas as que já se acharem feitas antes desta Minha de
claração: E outro sim prohibo, que os ditos Meus Vassallos casados com
as Indias, ou seus descendentes, sejão tratados com o nome de Cabou
colos, ou outro semelhante, que possa ser injurioso; e as pessoas de qual
quer condição, ou qualidade, que praticarem o contrario, sendo-lhes as
sim legitimamente provado perante os Ouvidores das Comarcas, em que
assistirem, serão por sentença destes, sem appellação, nem aggravo,
mandados sahir da dita Comarca dentro de hum mez, até mercè Mi
nha; o que so executará sem falta alguma, tendo porém os Ouvidores
368 º H755

cuidado em examinar a qualidade das provas, e das pessoas, que jura


rem nesta materia, para que se não faça violencia, ou injustiça com es
te pretexto, tendo entendido, que só hão de admittir queixa de injuria
do, e não de outra pessoa: O mesmo se praticará a respeito das Portu
guezas, que casarem com Indios: e a seus filhos, e descendentes, , e a
todos concedo a mesma preferencia para os Oficios, que houver nas ter
ras, em que viverem; e quando succeda, que os filhos, ou descendentes
destes matrimonios tenhão algum requerimento perante mim, Me farão
a saber esta qualidade, para em razão della mais particularmente os at
tender. E ordeno que esta Minha Real resolução se observe geralmente
em todos os Meus dominios da America. Pelo que: Mando ao Vice-Rei,
e Capitão General de mar, e terra do Estado do Brazil, Capitães Gene
raes, e Governadores do Estado do Maranhão, e mais Conquistas do
Brazil, Capitães. Móres dellas, Chancelleres, e Desembargadores das
Relações da Bahia, e Rio de Janeiro, Ouvidores geraes das Comar
cas, Juizes de Fóra, e Ordinarios, e mais Justiças dos referidos Esta
dos, cumprão, e guardem o presente Alvará de Lei, e o fação cumprir,
e guardar na fórma que nelle se contém, o qual valerá como Carta pos
to que seu efeito haja de durar mais de hum anno, e se publicará nas
ditas Comarcas, e em Minha Chancellaria Mór da Corte, e Reino, on
de se registará, como tambem nas mais partes, em que semelhantes Al
varás se costumão registar; e o proprio se lançará na Torre do Tombo.
Lisboa 4 de Abril de 1755. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
Marquez de Penalva Presidente. •

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no


Livro das Leis, a fol. 83, e impr. avulso.

# #«…>…? —ºk
• . * *

O Duque Regedor tenha entendido, que na Repartição da Casa da


Supplicação, não póde servir pessoa alguma, desde o Regedor inclusi
vè, até ao menor Oficial, ou seja provído de novo, ou reconduzido, sem
primeiro tirar Carta, ou Alvará em Meu Nome, e pagar os Direitos no
vos, e velhos, que dever conforme os Regimentos, e regras da Chan
cellaria, ainda que sejão Oficiaes nomeados pelo Regedor, Ministros, e
outras quaesquer pessoas, que poder tenhão de os nomear e prover, com
tanto, que os nomeados ou provídos levem ordenado á custa de Minha
Fazenda, ou emolumentos á custa das partes: O mesmo Duque o faça
assim executar pela parte, que lhe toca, ordenando, que todos os sobredi
tos tirem as referidas Cartas, ou Alvarás no preciso termo de tres me
zes contados da data deste, findos os quaes não poderão servir os respe
ctivos lugares, que occupão, sem que para cessar o exercicio delles, se-.
ja necessaria nova declaração. Lisboa a 18 de Abril de 1755. . = Com
a Rnbríca de Sua Magestade. - …

Regist. na casa da Supplicação no Livro XIV. dos +

cretos a fol. 285 vers.


1755 - 369

*-*…,x-*

} •

D OM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves d'-


aquem, e d’além mar em Africa, Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, e Commercio de Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber aos que esta Lei virem, que, mandando examinar pelas pes
eoas do Meu Conselho, e por outros Ministros doutos, e zelosos do ser
viço de Deos, e Meu, e do Bem-commum dos Meus Vassallos, que Me
pareceo consultar, as verdadeiras causas com que desde o doscobrimen
to do Grão Pará, e Maranhão até agora não só se não tem multiplicado,
e civilisado os Indios daquelle Estado; desterrando-se delle a barbarida
de, e o gentilismo, e propagando-se a doutrina Christã, e o número dos
Fiéis allumiados da luz do Evangelho; mas antes pelo contrario todos
quantos Indios se descêrão dos Sertões para as Aldeias em lugar de pro
gagarem, e prosperarem nellas de sorte, que as suas commodidades, e
fortunas servissem de estímulo aos que vivem dispersos pelos matos para
virem buscar nas povoações pelo meio das felicidades temporaes o maior
fim da Bemaventurança Eterna, unindo-se ao gremio da Santa Madre
Igreja, se tem visto muito diversamente, que, havendo descido muitos
milhões de Indios, se forão sempre extinguindo de modo, que he mui
to pequeno o número das povoações, e dos moradores dellas; vivendo
ainda esses poucos em tão grande miseria, que em vez de convidarem,
e animarem os outros Indios barbaros a que os imitem, lhes servem de
escandalo para se internarem nas suas habitações silvestres com lamen
tavel prejuizo da salvação das suas Almas, e grave damno do mesmo Es
tado, não tendo os habitantes delle quem os sirva, e ajude para colhe
rem na cultura das terras os muitos, e preciosos frutos em que ellas a
bundão: Foi assentado por todos os votos, que a causa, que tem produ
zido tão preniciosos efeitos, consistio, e consiste ainda em se não ha
verem sustentado eficazmente os ditos Indios na liberdade, que a seu
favor foi declarada pelos Summos Pontifices, e pelos Senhores Reis Meus
predecessores, observando-se no seu genuino sentido as Leis por elles
promulgadas sobre esta materia nos annos de mil e quinhentos e setenta,
mil e quinhentos oitenta e sete, mil e quinhentos noventa e cinco, mil
seiscentos e nove, mil e seiscentos e onze, mil seiscentos quarenta e se
te, mil e seiscentos cincoenta e cinco: cavillando-se sempre pela cubi
ca dos interesses particulares as disposições destas Leis, até que sobre
este claro conhecimento, e sobre a experiencia do que havia passado a
respeito dellas, estabeleceo ElRei Meu Senhor, e Avô, no primeiro de
Abril de mil e seiscentos e oitenta (para de huma vez obviar a tão per
niciosas fraudes) a Lei, cujo theor he o seguinte.
Lei do primeiro de Abril de mil seiscentos e oitenta.
» Dom Pedro PRINCIPE de Portugal, e dos Algarves como Regen
» te, e successor destes Reinos &c. Faço saber aos que esta Lei virem,
que sendo informado ElRei Meu Senhor, e Pai que Deos tem, dos
- injustos cativeiros, a que os moradores do Estado do Maranhão por
» meios illicitos reduzião os Indios delle, e dos graves damnos, exces
3)
sos, e ofensas de Deos, que para este "… commettião,
dd
fez huma
37o 1755

Lei nesta Cidade de Lisboa em nove de Abril de mil seiscentos cin


. coenta e cinco, em que prohibio os ditos cativeiros, exceptuando qua
tro casos, em que de Direito erão justos, e licitos; a saber quando
2)
fossem tomados em justa guerra, que os Portuguezes lhes movessem,
23
intrevindo as circunstancias na dita Lei declaradas; ou quando impe
dissem a prégação Evangelica, ou quando estivessem prezos á corda
para serem comidos; ou quando fossem rendidos por outros Indios, que
23
os houvessem tomado em guerra justa, examinando-se a justiça della
» na fórma ordenada na dita Lei. E por não haver sido eficaz este re
medio, nem o de outras Leis antecedentes do anno de mil e quinhen
tos e setenta, mil quinhentos oitenta e sete, mil quinhentos noventa e
33
cinco, mil seiscentos cincoenta e dous, mil seiscentos cincoenta e
tres, com que o dito Senhor Rei Meu Pai, e outros seus predecesso
23
res procurarão atalhar este damno; antes se haver continuado até o
33
presente com grave escandalo, e excessos contra o serviço de Deos, e
Meu; impedindo-se por esta causa a conversão daquella gentilidade,
2?
que desejo promover, e adiantar, o que deve ser, e he o Meu primei
ro cuidado, tendo mostrado a experiencia que, supposto sejão licitos
X)
os cativeiros por justas razões de Direito nos casos exceptuados na di
3)
ta ultima Lei de seiscentos cincoenta e cinco, e nas anteriores, com
tudo que são de maior ponderação as razões que ha em contrario para
X3
os prohibir em todo o caso, serrando a porta aos pretextos simulações,
e dólos com que a malicia abusando dos casos, em que os cativeiros
são justos, introduz os injustos, e enlaçando-se as consciencias, não
sómente em privar da liberdade aquelles a quem a communicou a na
tureza, e que por Direito natural, e positivo são verdadeiramente li
vres; mas tambem nos meios illicitos de que usão para este fim: De
sejando reparar tão graves damnos, e inconvenientes, e principalmen
te facilitar a conversão daquelles Gentios, e pelo que convém ao bom
governo, tranquilidade, e conservação daquelle Estado, com o pare
23
cer dos do Meu Conselho, ponderada esta materia com a madureza,
que pedia a importancia della; e examinaudo-se as Leis antigas, e as
33
que especialmente sobre este particular sc estabelecerão para o Esta
33
do do Brazil, onde por muitos annos se experimentárão os mesmos da
mnos, e inconvenientes, que ainda hoje durão, e se sentem no do Ma
23
ranhão: Houve por bem mandar fazer esta Lei, conformando-Me com
23
a antiga de trinta de Julho de seiscentos e nove, e com a Provisão que
nella se refere de cinco de Julho de seiscentos e cinco passadas para
32
todo o Estado do Brazil. E renovando a sua disposição Ordeno, e Man
» do que da qui em diante se não possa cativar Indio algum do dito Es
tado em nenhum caso, nem ainda nos exceptuados nas ditas Leis, que
Hei por derogadas, como se dellas, e das suas palavras fizera expres
sa, e declarada menção, ficando no mais em seu vigor: e succedendo
que alguma pessoa, de qualquer condição, e qualidade que seja, cati
ve, e mande cativar algum Índio pública ou secretamente, por qual
quer titulo, ou pretexto que seja, o Ouvidor geral do dito Estado o
prenda, e tenha a bom recato, sem neste caso conceder Homenagem,
Alvará de fiança, ou fiéis Carcereiros; e com os autos, que formar, o
remetta a este Reino entregue ao Capitão, ou Mestre do primeiro Na
vio, que para elle vier, para nesta Cidade o entregar no Limoeiro del
la, e Me dar conta para o Mandar castigar como Me parecer. E tan
to que o dito Ouvidor geral lhe constar do dito cativeiro porá logo em
sua liberdade o dito Indio, ou Indios, mandando-os para qualquer das
1755 371

Aldêas dos Indios Catholicos, e livres, que ele quizer. E para Meser
mais facilmente presente se esta Lei se observa inteiramente: Mando
que o Bispo, e Governador daquelle Estado, e os Prelados das Reli
giões dele, e os Parocos das Aldêas dos Indios, Me dêm conta pelo
Conselho Ultramarino, e Junta das Missões dos transgressores, que
houver da dita Lei, e de tudo o que nesta materia tiverem noticia, e
for conveniente para a sua observancia. E succedendo mover-se a guer
ra defensiva, ou ofensiva a alguma Nação dos Indios do dito Estadó nos
casos, e termos, em que por minhas Leis, e ordens he permittido; os In
dios, que na tal guerra forem tomados, ficarão sómente prisioneiros como
ficão as pessoas que se tomão nas guerras de Europa, e sómente o Go
vernador os repartirá como lhe parecer mais convenieute ao bem, se
gurança do Estado, pondo-os nas Aldêas dos Indios livres Catholicos,
onde se possão reduzir á Fé, e servir o mesmo Estado, e conservarem
se na sua liberdade, e com bom tratamento, que por ordens repetidas
está mandado, e de novo Mando, e encommendo se lhe dê em tudo,
sendo severamente castigado quem lhes fizer qualquer vexação, e com
: maior rigor os que lhas fizerem no tempo em que delles se servirem
por se lhes darem na repartição. Pelo que Mando aos Governadores,
» e Capitães Móres, Oficiaes da Camara e mais Ministros do Estadó
do Maranhão, de qualquer qualidade, e condição que sejão, a todos
. em geral, e a cada hum em particular, cumpräo, e guardem esta Lei,
que se registará nas Camaras do dito Estado; e por ella Hei por de
rogadas não sómente as sobreditas Leis, como assima fica referido;
mas todas as mais, e quaesquer Regimentos, e Ordens, que haja em

; contrario ao disposto nesta, que sómente quero que valha, tenha for
ça, e vigor, como nella se contém, sem embargo de não ser passada
pela Chancellaria, e das Ordenações, e Regimentos em contrario. Lis
boa 1.º de Abril de 1680. . = Com a Assignatura do Principe.
E por que o tempo foi cada dia fazendo mais notorias, e mais de
monstrativas as justissimas causas, em que se estabeleceo esta Lei para
restituir aos Indios a sua antiga, e natural liberdade, fechando a porta
ás impiedades, e ás malicias, com que debaixo do pretexto dos casos,
em que antes, e depois della, se permittio o cativeiro se fazião escravos
os referidos Indios, sem mais razão, que a cubiça, e a força dos que os
cativavão, e a rusticidade, e fraqueza dos chamados cativos: Sou Ser
vido, com o parecer das mesmas Pessoas, e Ministros, derogar, e an
nullar; como por esta derogo, e annullo todas as Leis, Regimentos, Re
soluções, e ordeus que desde o descobrimento das sobreditas Capitanías
do Grão Pará, e Maranhão até o presente dia permittírão, ainda em
certos casos particulares, a escravidão dos referidos Indios, e no mais
em que a esta Lei forem contrarias, para nesta parte sómente ficarem
derogadas, e cassadas, como se da substancia de cada huma dellas fi
zesse aqui expressa, e especial menção, sem embargo da Ordenação do
livro segundo, titulo quarenta e quatro em contrario: Renovando, e ex
citando a inteira, e inviolavel observancia da sobredita Lei assima tras
ladada, e isto com as ampliações, declarações, e restricções, que ao
diante se seguem. •

Por obviar mais eficazmente as calamidades, que se tem segui


do da escravidão; e por cortar de huma vez todas as raizes, e apparencias
della: Ordeno que nos Indios, que ao tempo da publicação desta se acha
rem dados por repartição, ou ainda por "# aa 2
se observem as
372 1755

disposições do Alvará de dez de Novembro de mil seiscentos e quarenta


e sete: cujo teor he o seguinte.

Lei de dez de Novembro de mil seiscentos quarenta e sete.


» Eu ElRei faço saber aos que este Alvará virem, que, tendo
» consideração ao grande prejuizo, que se segue ao serviço de Deos, e
» Meu, e ao augmento do Estado do Maranhão, de se darem por admi
» nistração os Gentios, e Indios daquelle Estado, por quanto os Portu
» guezes, a quem se dão estas administrações, usão tão mal dellas, que
» os Indios, que estão debaixo das mesmas administrações, em breves dias
» de serviço ou morrem á pura fome, e excessivo trabalho, ou fogem pela
» terra dentro, onde a poucas jornadas perecem, tendo por esta causa pe
» recido, e acabado innumeravel gentio no Maranhão, Pará, e em outras
» partes do Estado do Brazil: Pelo que Hei por bem mandar de clarar
» por Lei (como por esta faço, e como o declararão já os Senhores Reis
» deste Reino, e os Summos Pontifices) que os Gentios são livres, e que
» não haja administradores, nem administração, havendo por nullas, e
» de nenhum efeito todas as que estiverem dadas, de modo que não ha
» ja memoria dellas; e que os Indios possão livremente servir, e traba
» lhar com quem bem lhes estiver, e melhor lhes pagar seu trabalho.
» Pelo que: Mando ao Governador do dito Estado do Maranhão, e a to
» dos os mais Ministros delle, de Justiça, Guerra, e Fazenda, a todos
» em geral, e a cada hum em particular, e aos Oficiaes das Camaras
» do mesmo Estado, que nesta conformidade, cumpräo, e guardem es
» te Alvará, fazendo publicar em todas as Capitanías, Villas, e Cida
» des, que os Indios são livres, não consentindo outro sim , que haja
» A dministradores, nem administração, havendo por nullas, e de ne
» nhum efeito todas as que tiverem dadas, na fórma que assima se re
» fere; porque assim o Hei por bem. E este quero que valha como Car
º ta sem embargo da Ordenação do segundo livro, titulo quarenta em
» contrario. Manoel Antunes o fez em Lisboa a dez de Novembro de mil
» seiscentos quarenta e sete: e este vai por duas vias. = Com a Assi
» gnatura de ElRei.
Declarando-se por Editaes póstos nos lugares públicos das Cida
des de Belém do Grão Pará, e de S. Luiz do Maranhão, que os sobre
ditos Indios como livres, e izentos de toda a escravidão podem dispor
das suas pessoas, e bens como melhor lhes parecer, sem outra sujeição
temporal, que não seja a que devem ter ás Minhas Leis, para á sombra
dellas viverem na paz, e união Christã, e na sociedade Civil, em que,
mediante a Divina graça, procuro manter os Povos, que Deos Me con
fiou, nos quaes ficarão incorporados os referidos Indios sem distincção,
ou excepção alguma, para gozarem de todas as honras, privilegios, e
liberdades, de que os Meus Vassallos gozão actualmente conforme as
suas respectivas graduações, e cabedaes.
O que tudo se extenderá tambem aos Indios, que estiverem pos
suidos como escravos; observando-se a respeito delles inviolavelmente o
Paragrafo nove
cujo teor he da Lei de dez de Setembro de mil e seiscentos e onze,
o seguinte. • •

» E por quanto sou informado, que em tempo de alguns Governa


» dores passados daquelle Estado se cativárão muitos Gentios contra a
» fórma das Leis de ElRei Meu Senhor, e Pai, e do Senhor Rei D. Se
1755 373

bastião Meu Primo, que Deos tem, e principalmente nas terras de Ja


guaribe: Hei por bem, e Mando que assim os ditos Gentios, como
outros quaesquer, que até á publicação desta Lei forem cativos, se
jão todos livres, e póstos em sua liberdade; e se tirem do poder de quaes
quer pessoas, em cujo poder estiverem, sem réplica, nem dilação,
nem serem ouvidos com embargos, nem acção alguma, de qualquer
qualidade, e materia que sejão, e sem se lhes admittir appellação,
nem aggravo, posto que alleguem estarem delles de posse, e que os
comprárão, e por sentenças lhes forão julgados por cativos: por quan
to por esta declaro as ditas vendas, e sentenças por nullas: ficando
resguardada sua justiça aos compradores contra os que lhos venderão:
e dos ditos Gentios se farão tambem as Aldeias, que forem necessa
rias; e assim nellas, como nas mais, que já houver, e estão domesti
cas, se terá a mesma ordem, e governo, que por esta se ordena haja
nas mais, que de novo se fizerem.
Desta geral disposição exceptuo sómente os oriundos de pretas es
cravas, os quaes serão conservados no dominio dos seus actuaes senho
res, em quanto Eu não der outra providencia sobre esta materia.
Porém para que com o pretexto dos sobreditos descendentes de
pretas escravas, se não retenhão ainda no cativeiro os Indios que são li
vres: estabeleço que o beneficio dos Editaes assima ordenados se exten
da a todos os que se acharem reputados por Indios, ou que taes parece
rem, para que todos estes sejão havidos por livres sem a dependencia
de mais prova, do que a plenissima que a seu favor resulta da presump
qão de Direito Divino, Natural, e Positivo , que está pela liberdade,
em quanto por outras provas tambem plenissimas, e taes, que sejão bas
tantes para illudirem a dita presumpção conforme o Direito, se não mos
trar que efectivamente são escravos na sobredita fórma: incumbindo sem
pre o encargo da prova aos que requerem contra a liberdade, ainda sen
do Réos.
O que nos casos occurrentes se julgará breve, summariamente, e
de plano pela verdade sabida em huma só instancia. Para ella serão pre
parados os autos pelos Ouvidores geraes nas suas respectivas jurisdicções,
e os proporão em Junta, a que assistirão o Prelado Diocesano, ou o Mi
nistro que elle deputar no seu lugar para este efeito, o Governador, os
quatro Prelados maiores das Missões da Companhia de JESUs, de nossa
Senhora do Monte do Carmo, dos Religiosos Capuchos da Provincia de
Santo Antonio, e de nossa Senhora das Mercês, o dito Ouvidor geral,
o Juiz de fóra, e o Procurador dos Indios: Vencendo-se pela pluralida
de de votos contra a liberdade: e bastando a favor della, que sejão iguaes
os mesmos votos: os quaes em nenhum caso se poderão dar sem que es
tejão presentes os Vogaes assima referidos, ou as pessoas que seus luga
res servirem; a menos que se não escusem, sendo advertidos, para o
referido acto, com recado por escrito; porque escusando-se, ou alguns
delles, por se acharem impedidos, se autuará a escusa, e se expedirá
sempre a causa com os que estiverem presentes, com tanto que haja
sempre tres votos conformes para se vencer a decisão. E das sentenças,
proferidas na sobredita fórma, não poderá haver appellação suspensiva,
que retarde a sua execução, nem outro algum recurso, que não seja de
volutivo, interpondo-se para o Tribunal da Meza da Consciencia, e Or
dens, onde estas causas serão sentenceadas na sobredita fórma; com pre
ferencia a quaesquer outras, como convém para o serviço de Deos, e
Meu, em huma materia tão grave, e delicada, que involve em si os
bens espirituaes, e temporaes daquelle Estado.
374 1755

E para que os moradores delle possão achar quem lhes faça as


suas obras, e lhes cultive as suas terras ainda dentro nellas, sem a de
pendencia de mandarem vir obreiros, e trabalhadores de fóra, e os In
dios naturaes do Paiz possão tambem achar a sua conveniencia em se
applicarem ás referidas obras, e serviços; fazendo assim huns aos outros
aquelles reciprocos interesses, em que consistem o estabelecimento , o
augmento, a multiplicação, e a prosperidade de todos os Póvos civiliza
dos, e polidos, nos quaes sempre cresce o número dos operarios á pro
porção das lavouras, e das manufacturas, que nelles se cultivão: Hei por
bem, que, logo que esta se publicar na Cidade de Belém do Grão Pará,
o Governador, e Capitão General daquelle Estado, ou quem seu cargo
servir, convocando a Junta os Ministros Letrados daquella Capital , e
ouvindo o Governador, e Ministros da Cidade de S. Luiz do Maranhão,
com acordo das duas respectivas Camaras, estabeleça aos sobreditos In
dios os jornaes competentes para se alimentarem, e vestirem segundo as
suas diferentes profissões; conformando-se com o que a este respeito se
pratíca nestes Reinos, e nos mais da Europa, em quanto os preços com
muns do mesmo Estado puderem permitillos; e servindo para este efei
to de regras os exemplos seguintes: Primeiro exemplo, se em Lisboa cus
ta o sustento de hum homem de trabalho hum tostão, e he por isso de
dous tostões o jornal de hum trabalhador; a esta imitação se deve taxar
a cada Indio de serviço por jornal o dobro do que lhe he preciso para o
diario sustento regulado pelos preços da terra: Segundo exemplo, se hum
artifice ganha em Lisboa tres tostões por dia, e hum trabalhador sómen
te dous tostões, a esta imitação se taxará aos artifices do referido Es
tado ametade mais do jornal, que se houver arbitrado aos trabalhadores.
Todos os referidos jornaes serão pagos por ferias nos Sabbados de
cada semana, cobrando-se assim nas quintas em que houverem sido ta
xados, ou em panno ou em ferramenta, ou em dinheiro, como melhor
lhe parecer aos que os ganharem ; procedendo-se por elles verbal, e exe
cutivamente, como já foi declarado por Alvará de doze de Novembro de
mil seiscentos quarenta e sete; e observando-se as sobreditas taxas sem
embargo do dito Alvará; do Capitulo, quarenta e oito do antigo Regimen
to; dos outros Alvarás , de vinte nove de Setembro de mil seiscentos
quarenta e oito, e doze de Julho de mil seiscentos cincoenta e seis , e
de todas as mais disposições, e taxas até agora estabelecidas, as quaes
todas Hei tambem nesta parte por derogadas como se dellas fizesse es
pecial menção não obstante a Ordenação do livro segundo titulo quaren
ta e quatro, e as mais disposições de Direito a ella semelhantes.
Porque não bastaria para restabelecer, e adiantar o referido Es
tado, que os Indios fossem restituidos á liberdade das suas pessoas na
sobredita fórma, se com ella se lhes não restituisse tambem olivre uso
dos seus bens, que até agora se lhes impedio com manifesta violencia:
Ordeno que a este respeito se execute logo a disposição do paragrafo
quarenta do Alvará do primeiro de Abril de mil seiscentos e oitenta:
cujo teor he o seguinte.
* » E para que os ditos Gentios, que assim descerem, e os mais
» que ha de presente, melhor se conservem nas Aldeias, Hei por bem,
» que sejão senhores de suas fazendas, como o são no sertão, sem lhes
» poderem ser tomadas nem sobre ellas se lhes fazer molestia. E o Gover
» nador com parecer dos ditos Religiosos assignará aos que descerem do
» Sertão lugares convenientes para nelles lavrarem, e cultivarem, e não
» poderão ser mudados dos ditos lugares contra sua vontade, nem serão
}755 375
º obrigados a pagar foro, ou tributo algum das ditas terras, ainda que
estejão dadas em Sesmarías a pessoas particulares, porque na conces
são destas se reserva sempre o prejuízo de terceiro, e muito mais se
: entende, e quero se entenda ser reservado o prejuizo, e direito dos
Indios, primarios, e naturaes senhores dellas.
Em observancia de cuja disposição, que Hei por bem renovar, e
mandar executar inviolavelmente, sem maior dilação daquella, que até
agora houve em tão importante negocio, o mesmo Governador, e Capi
tão General ou quem no seu lugar estiver, fazendo erigir em Villas as
Aldêas, que tiverem o competente número de Indios, e as mais peque
nas em lugares, e repartir pelos mesmos Indios as terras adjacentes ás
suas respectivas Aldêas: praticará nestas fundações, e repartições (em
quanto for possivel) a politica que ordenei para a fundação da Villa no
va de S. Jose do Rio Negro: Sustentando-se os Indios, a cujo favor se
fizerem as ditas demarcações, no inteiro dominio, e pacifica posse das
terras, que se lhes adjudicarem para gozarem dellas per si, e todos seus
herdeiros: E sendo castigados os que, abusando da sua imbecillidade,
os perturbarem nellas, e na sua cultura, com toda a severidade, que as
Leis permittirem.
E porque sendo o Meu principal intento dilatar a prégação do San
to Evagelho, procurar trazer ao gremio da Igreja aquelle numeroso Pa
ganismo; e muitas das Nações daquelles Gentios estão em partes mui
remotas, vivendo nas trevas da ignorancia, e difficultosamente se persua
dirão a descer para as Povoações, que até agora se achão estabelecidas
para que ainda no interior dos Sertões lhes não falte o Pasto espiritual:
Hei por bem, que nelle sejão aldeados na sobredita fórma; levantando-se
Igrejas, e convocando-se Missionarios, que instruão os ditos Indios na
Fé, e os consservem nella.
E havendo mostrado a experiencia de tantos annos, que este Meu
primeiro fim se não conseguirá nunca se não for pelo proprio, e eficaz
meio de se civilizarem estes Indios; sendo ao mesmo passo exhortados,
e animados a cultivarem as terras; para que, aproveitando-se dos frutos,
e drogas, que elas produzem, e comutando-as com os habitantes dos lu
gares maritimos pela facilidade, que para isso lhes dão os rios, possão na
frequencia desta comumicação deixar seus barbaros costumes; com o que,
além da utilidade espiritual, e temporal dos sobreditos Indios silvestres,
crescerá o commercio daquelle Estado com grande conveniencia dos mo
radores delle; tendo entre outras as de que por este modo se servirão os
ditos moradores dos lndios mais remotos para conseguirem os frutos, e
as drogas do Sertão, sem o trabalho, e despezas das navegações, que
até agora fazião para transportarem os referidos generos agrestes, e in
cultos de partes mui distantes; e de que assim conservarão os outros In
dios vizinhos das Aldêas dentro nellas, valendo-se delles para o serviço
das suas lavouras, e obras, sem consumirem nas viagens do Sertão, co
mo até agora succedia: Hei outro sim por bem, que o sobredito Gover
nador, e Capitão General, e os que lhe succederem, appliquem tambem
hum exacto cuidado na instrucção civil dos referidos Indios, que forem
aldeados nos Sertões, fazendo-lhes conservar as liberdades das suas pes
soas, bens, e commercio: e não permittindo que este lhes seja interrom
pido, ou usurpado debaixo de qualquer titulo, ou pretexto por mais es
pecioso que seja: e recommendando aos Missionarios, e ordenando aos
Ministros seculares, que lhes dêm conta das violencias que se fizerem
aos ditos respeitos, para se proceder logo contra os que as houverem fei
to com o prompto castigo que requer a gravidade da materia.
376 1755

Pelo que: Mando aos Capitães Generaes, Governadores, Minis


tros, e Oficiaes de Guerra, e das Camaras do Estado do Grão Pará, e
Maranhão, de qualquer qualidade, e condição que sejão, a todos em
geral, e a cada hum em particular, cumprão, e guardem esta Lei, que
se registará nas Camaras do dito Estado; e por ella Hei por derogadas
não sómente as Leis assima indicadas, e referidas, mas tambem todas
as mais, e quaesquer Regimentos, e Ordens, que haja em contrario ao
disposto nesta, que sómente quero que valha, e tenha força, e vigor co
monella se contém, sem embargo de não ser passada pela Chancellaria,
e das Ordenações do livro segundo, titulo trinta e nove, quarenta, qua
renta e quatro, e Regimento em contrario. Lisboa a 6 de Junho de 1755.
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios extran
geiros. e da Guerra, no livro 1.° da Companhia do
Grão Pará, e Maranhão, e impresso avulso.

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Instituição da Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão.

Sºsno". = Os Homens de Negocio da Praça de Lisboa, abaixo assi


gnados, em seu nome, e dos mais Vassallos de V. Magestade, morado
res neste Reino, sendo dirigidos pela representação, que a V. Magestade
fizerão os habitantes da Capitanía do Grão Pará em quinze de Fevereiro
do anno proximo passado de mil e setecentos cincoenta e quatro; e ani
mados pela esperança de fazerem hum grande serviço a Deos, a V. Ma
gestade, ao Bem-commum, e á conservação daquelle Estado: tem con
vindo em formarem para elle huma nova Companhia, que, cultivando o
seu commercio, fertilize ao mesmo tempo por este proprio meio a agricul
tura, e a povoação que nelle se achão em tanta decadencia: Havendo
V. Magestade por bem sustentar a dita Companhia com a confirmação,
e concessão dos estabelecimentos, e privilegios seguintes.
1 A dita Companhia constituirá hum corpo politico composto de hum
Provedor, de oito Deputados, e de hum Secretario: A saber oito Ho
mens de Negocio da Praça de Lisboa, e hum Artifice da Casa dos Vin
te e quatro, sendo todos qualificados na maneira abaixo declarada. Além
dos referidos Deputados haverá tres Conselheiros do mesmo corpo do com
mercio, em quem concorrão as mesmas qualificações, posto que não te
nhão a do Capital na Companhia. Será esta denominada: A companhia
do Grão Pará. Os papeis de Oficio, que della emanarem, serão sempre
expedidos em nome do Provedor, e Deputados da mesma Companhia, e
deverá ter hum sello distincto, em que se veja gravada a Estrella do
Norte sobre huma ancora de Navio, e a Imagem de N. Senhora da Con
ceição na parte superior; do qual sello poderá uzar em todos os papeis,
que expedir, como bem lhe parecer.
2 O sobredito Provedor, e Deputados serão commerciantes Vassallos
de V. Magestade, naturaes, ou naturalizados; e moradores nesta Cor
te, que tenhão dez mil cruzados de interesse na dita Companhia, e dahi
para cima, com tal declaração, que, succedendo não concorrer em al
I755 377

guma das ditas profissões pessoa habil em quem se achem ambas as di


tas qualidades, se possa supprir da outra profissão entre as duas appro
vadas.
3 As eleições do sobredito Provedor, Deputados, e Conselheiros, se
farão sempre na Casa do despacho da Companhia pela pluralidade de votos
dos interessados, que nella tiverem cinco mil cruzados de acções, ou da
hi para cima. Aquelles, que menos tiverem, se poderão com tudo unir
entre si para que, prefazendo a dita quantia, constituão em nome de to
dos hum só voto; que poderão nomear como bem lhes parecer: Servindo
os primeiros eleitos para a fundação por tempo de tres annos: E sendo
todos os outros annuaes, sem que aquelles, que servirem hum anno, pos
são ser reeleitos no proximo seguinte, senão na maneira abaixo declara
da no §. 5." Ao mesmo tempo se elegerão na mesma fórma entre os di
tos Deputados hum Vice-Provedor, e hum Substituto, para occuparem gra
dualmente o lugar do Provedor nos casos de morte, ou de impedimento.
4 Sendo a dita Companhia formada do Cabedal, e substancia propria
dos interessados nella; sem entrarem cabedaes da Fazenda Real: E sen
do livre a cada hum dispor dos seus proprios bens como lhe parecer, que
mais lhe póde ser conveniente: Serão a dita Companhia, e governo del
la immediatos á Real Pessoa de V. Magestade, e independentes de to
tos os Tribunaes maiores, e menores; de tal sorte, que por nenhum ca
so, ou accidente se intrometta nella, nem nas suas dependencias, Mi
nistro, ou Tribunal algum de V. Magestade, nem lhe possão impedir,
ou encontrar a administração de tudo o que a ella tocar; nem pedirem
se-lhe contas do que obrarem; porque essas devem dar os Deputados,
que sahirem aos que entrarem, na fórma de seu Regimento: e isto com
inhibição a todos os ditos Tribunaes, e Ministros, e sem embargo das
suas respectivas jurisdicções; porque, ainda, que pareça que o maneio
dos negocios da mesma Companhia respeita a estas, ou aquellas juris
dicções, como elles não tocão á Fazenda de V. Magestade, senão ás pes
soas, que na dita Companhia mettem seus cabedaes, per si os hão de
governar com a jurisdicção separada, e privativa, que V. Magestade
lhes concede. Querendo porém algum Tribunal saber da Meza desta ad
ministração alguma cousa concernente ao Real serviço, fará escrever pe
lo seu Secretario ao da referida Meza; que, sendo por elle informada,
lhe ordenará o que deve responder. Quando seja cousa , a que a Meza
ache que lhe não convém deferir, o Tribunal, que houver feito a pergun
ta, poderá consultar a V. Magestade, para que ouvindo a sobredita Me
za resolva o que mais for servido. E succedendo falecerem na America,
ou em outra parte, os Administradores, e Feitores da mesma Compa
nhia, não poderão nunca intrometter-se na arrecadação dos seus livros,
e espolios os Juizos dos Defuntos, e Ausentes, nem os Juizos dos Or
fãos, ou algum outro, que não seja o da Administração da Companhia
nos respectivos lugares onde os sobreditos Administradores, e Feitores
falecerem; a qual Administração arrecadará os referidos livros, e espo
lios, e delles dará conta á Meza da Companhia nesta Corte, para que,
separando o que lhe pertencer com preferencia a quaesquer outras acções,
mande então entregar os remanecentes aos Juizes, ou Partes, onde, e
a quem pertencer. O que se entenderá tambem a respeito dos Caixas,
e Administradores desta Corte, com os quaes ajustará a Companhia con
tas na sobredita fórma até á hora de seu falecimento, ouvidos os herdei
ros, semintransmissivel.
sempre que a estes possa passar o direito de administração, que será
• •

• - Bbb
378 I755

5 O Provedor, Deputados, e Conselheiros serão nesta primeira fun


dação nomeados por V. Magestade para servirem por tempo de tres an
nos; findos os quaes, darão conta com entrega aos que forem eleitos nos
seus lugares, os quaes lha tomarão da mesma sorte, que se pratíca na
Casa dos Depositos públicos da Corte, e Cidade. Parecendo porém aos
interessados tornar a reeleger algum, ou alguns delles, só poderão ser
reconduzidos aquelles, que tiverem a seu favor duas partes dos votos
pelo menos. Aos primeiros nomeados por V. Magestade dará juramento
o Juiz Conservador de bem, e fielmente administrarem os bens da Com
panhia, e de guardarem ás partes seu direito: e aos que pelo tempo fu
turo se elegerem dará o mesmo juramento na Meza da Companhia o Pro
vedor , que acabar. em hum livro separado, que haverá para este efeito.
6 Todos os negocios, que se propozerem na Meza, se vencerão por
pluralidade de votos; e a tudo o que por ella se fizer, e ordenar nas ma
lerias pertencentes a esta Companhia, se dará inteiro crédido, e terá sua
devida, e plenaria execução da mesma sorte, que se usa nos Tribunaes
de V. Magestade; com tanto, que na sobredita Meza se não disponha
cousa, que altere as Leis, e Regimento, que se achão estabelecidos pa
ra o Estado do Brazil, ou seja contraria ás mais Leis de V. Magestade,
além do que se acha permittido pela presente fundação. Elegerão os so
breditos Provedor, e Deputados os Oficiaes, que julgarem necessarios
para o bom governo desta Companhia, assim nesta Corte, e Reino, co
mo fóra delle. Sobre elles terão plenaria jurisdicção de os suspenderem,
privarem, e fazerem devaçar, provendo outros de novo nos seus lugares.
Todos servirão em quanto a Companhia os quizer conservar, e lhe toma
rá contas dos seus recebimentos, e dará quitações firmadas por dous De
putados, e selladas
e examinadas com o sello
pelo Contador da Companhia, depois de serem vistas,
della. •

7 Terá esta Meza hum Juiz Conservador, que com jurisdicção priva
tiva, e inhibição de todos os Juizes, e Tribunaes conheça de todas as
causas contenciosas, em que forem Autores, ou Réos os Deputados Con
selheiros, Secretario, Provedor dos Armazens, Escrivães, e Caixeiros,
ou as ditas causas sejão Crimes, ou Civeis, tratando-se entre os ditos
Oficiaes da Companhia, e terceiras pessoas de fóra della. O qual Juiz
Conservador fará advocar ao seu Juizo nesta Cidade de Lisboa por manda
dos, e fóra della por precatorios as ditas causas, e terá alçada por si só
até cem cruzados, sem appellação, nem aggravo assim nas causas Civeis,
como nas penas por elle impostas, porém nos mais casos, e nos que pro
vados merecerem pena de morte, despachará em Relação em huma só
instancia com os Adjuntos, que lhe nomear o Regedor, ou quem seu
cargo servir; e na mesma fórma expedirá as cartas de seguro nos casos,
em que só devem ser concedidas, ou negadas em Relação. Assim o di
to Juiz Conservador, como o seu Escrivão, e Meirinho, serão nomea
dos pela dita Meza, e confirmados por V. Magestade, que obrigará os
Ministros que forem eleitos pela Companhia, a servirem o dito cargo; e
isto sem embargo da Ord. liv. 3." tit. 12., e das mais Leis publicadas
até o presente sobre as Conservatorias; porque como o Juizo desta se
não toma por gratuito privilegio para molestia, e vexação das partes,
senão por via de contrato oneroso para serviço de Deos, de V. Mages
tade, para bem commum de seus Vassallos, e para boa administração
da Companhia, apresto dos navios della, e cartas, que no Real Nome .
de V. Magestade ha de passar, he precisamente necessario por todos es
tes justos motivos o dito Juiz Conservador. Porém as questões, que se
I755 379

moverem entre as pessoas interessadas na mesma Companhia sobre os


capitaes, ou lucros delles, suas dependencias, serão propostas na Meza
de Administração, e nella determinadas verbalmente em fórma mercan
til, e de plano pela verdade sabida sem fórma de Juizo, nem outras al
legações, que as dos simplices factos, e as das regras, usos, e costumes
do com mercio, e da navegação commummente recebidos, sendo a isso
presentes o Juiz Conservador, e o Procurador Fiscal da Companhia , a
qual determinará com o parecer dos sobreditos dous Ministros todas as
causas, que não excederem de trezentos mil réis, sem appellação, nem
aggravo, e as que forem de maior quantia, não estando as partes pela
determinação dos sobreditos Julgadores, se farão presentes a V. Mages
tade por consulta da Meza, para nellas nomear os Juizes, que for servi
do, os quaes as julgarão na mesma conformidade, sem que das suas de
terminações se possa interpor outro algum recurso ordinario, ou extraor
dinario, nem ainda a titulo de revista; e isto tudo sem embargo de
quaesquer disposições de Direito, e Leis, que o contrario tenhão esta
belecido.
8 Passará o dito Conservador por cartas feitas no Real Nome de V.
Magestade as ordens, que lhe forem determinadas pela Companhia, as
sim para o bom governo della, como para tomar embarcações para as
suas madeiras, e carretos dellas, as quaes se poderão cortar onde forem
necessarias, pagando-se a seus donos pelos preços, que valerem; e pa
ra obrigar trabalhadores, barqueiros, taverneiros, e os mais artifices a
que sirvão a Companhia, pagando-lhe seus salarios; e se lhe não pode
rão tomar, nem ainda para o troço, os marinheiros, gorumetes, e mais
homens, que estiverem occupados nas suas Frotas, e ministerios dellas
pelos Ministros de V. Magestade; antes, sendo-lhes necessarios outros,
se pedirão aos Ministros, a que tocar, para lhos mandarem dar; e para
tudo o mais necessario para o bom governo da Companhia poderá esta
em prazar os Ministros de justíça, que não derem cumprimento ás suas
ordens, para a Relação, onde irão responder, ouvindo o dito Juiz Con
servador, o qual virá á Meza da Companhia todas as vezes, que se lhe
der recado tendo nella assento decoroso.
9 Sendo indispensavelmente necessario que a Companhia tenha ca
sas, e armazens suficientes para o seu despacho, guarda de seus cofres,
aposento dos seus Caixeiros, e armazens das suas fazendas: e não sen
do possivel, que tudo isto seja fabricado com a brevidade necessaria:
Ha V. Magestade por bem mardar-lhe despejar, e entregar por empres
timo as casas, e armazens junto, e por cima da Igreja de Santo Anto
nio, onde presentemente se guardão os depositos públicos; mudando-se
estes logo para as outras casas, que V. Magestade mandou edificar no
Rocio para este efeito; e outro sim tomarão por aposentadoria todas as
mais casas, e armazens cobertos, e descobertos, que lhe forem necessa
rios, assim daquella vizinhança, como na Boa vista: Pagando a seus do
nos os alugueres, em que se ajustarem, ou se arbitrarem por Louvados
nomeados a contento das partes: E dorogando V. Magestade para este
efeito quaesquer privilegios de aposentadorias, que tenhão as pessoas a
quem se tomarem, ou que nelles tenhão recolhido suas fazendas. Tam
bem V. Magestade he Servido conceder-lhe no mesmo sitio da Boa-vista,
e praia a ele adjacente o lugar, e arêa, que for competente para edifi
carem estaleiros para seus navios, armazens, para a guarda de tudo o
que for a elles pertencente, e estancia para conservarem suas madeiras,
fabricando-se tudo em fórma, que não cause á *# 2
prejuizo, que
seja attendivel. ***
+
380 1755

1o Além do sobredito, concede V. Magestade licença á Companhia


para fabricar os navios, que quizer fazer, assim mercantes, como de guer
ra em qualquer outra parte das Marinhas desta Cidade, e Reino, e nas
Capitanías do Grão Pará, e Maranhão; e para o córte das madeiras pe
dindo licença para cortar as que lhe forem necessarias pela via a que
toca, e dando-se-lhe com todo o favor, e brevidade com preferencia a to
das as obras, que não forem da fabrica de V. Magestade.
11 Poderá a sobredita Companhia, mediante a licença de V. Mages
tade, mandar tocar caixa, e levantar a gente de mar, e guerra , que
lhe for necessaria para guarnição das suas Frotas, e Náos, assim nesta
Cidade, Reino, e Ilhas, como no Grão Pará, e Maranhão, a todo o tem
po que lhe convier, fazendo-lhe as pagas, e vantajens que acordar com
elles. E succedendo que na mesma occasião mande V. Magestade fazer
lavras de gente, precedendo as do serviço Real, se segirão logo imme
diatamente as da Companhia. Porém havendo urgente necessidade nel
la, consultará a V. Magestade, para que se sirva de lhe dar a necessa
ria providencia.
12 E porque para Frotas de tanta importancia, e de cujo governo
dependerão (com o favor Divino) todos os bens espirituaes, e temporaes
assima declarados, se devem eleger pessoas de grande satisfação, e con
fiança: He V. Magestade Servido permittir, que a Companhia escolha
os Commandantes, Capitães de mar, e Guerra, e mais Oficiaes, que lhe pa
recer, para o governo, e guarnição das Náos, que armar: Propondo a V.
Magestade duas pessoas para cada posto por consulta, que para isso lhe
fará, para V. Magestade se servir de eleger, e confirmar huma dellas;
dando V. Magestade licença aos que estiverem occupados em seu servi
ço para exercitarem os ditos cargos, que serão annuaes, para que com
mais zelo, e cuidado acudão ás suas obrigações os nelles empregados;
porque, dando a satisfação que se espera, serão tornados a eleger com
approvação Régia: Havendo V. Magestade assim a elles, como aos sol
dados, os serviços , que nas ditas Náos, fizerem, como se forão feitos
na sua Real Armada, ou Fronteiras do Reino, para lhos remunerar con
forme as fés de oficios, e certidões que apresentarem: o que se enten
de ajuntando certidão da Companhia de como nella derão conta da obri
gação de seus cargos, e sem ella não poderão requerer a V. Magesta
de nem os seus adiantamentos, nem o despacho dos ditos serviços.
13 Depois de confirmadas por V. Magestade as pessoas, que a Com
panhia eleger para os ditos póstos, lhe passará o Secretario della suas
patentes com a vista de dous Deputados na volta dellas, para serem as
signadas pela Real Mão de V. Magestade. Os Regimentos, que se de
rem aos Commandantes, e Capitães de mar, e Guerra, serão primeiro
consultados a V. Magestade pela Companhia. E sendo servido de os ap
provar, os fará o Secretario della no Real Nome de V. Magestade, para
que com vista de dous Deputados sejão assignados por sua Real Mão.
Com declaração, que os ditos Regimentos, depois de firmados, tornarão
á Meza da Companhia para os entregar aos ditos Commandantes, e Ca
pitães, fazendo elles termo ao pé do registo do tal Regimento de darem
na dita Companhia conta de tudo o que obrárão. E dos excessos que fi
zerem, e devaças, que dos seus procedimentos tirar o Juiz Conservador,
se dará vista ao Procurador Fiscal, que a Companhia constituir confir
mado por V. Magestade, para lhe dar cargos, os quaes serão depois
sentenceados na Casa da Supplicação pelo Conservador, e Adjuntos, que
se lhe nomearem na fórma assima dita.
*#.
1755 38]

14 Sendo notorio a V. Magestade, que depresente não ha neste Rei


no Náos de Guerra, que a Companhia possa comprar, nem de fóra se
poderião mandar vir com a brevidade, e boa construcção competentes:
E não lhe sendo occultos nem os encargos, que a mesma Companhia to
ma sobre si exonerando a Coroa dos Comboios das Frotas daquelle Esta
do, e da guarda das suas Costas: nem os grandes gastos, e despezas,
que a mesma companhia será obrigada a fazer nestes principios, assim
em Navios, e aprestos delles, como nas suas cargas: se serve V. Ma
gestade de lhe fazer mercê, e doação por esta vez sómente de duas Fra
gatas de Guerra; huma de quarenta até cincoenta peças; outra de trin
ta até quarenta, para os Comboios, e successivo serviço da mesma Com
Panhia.
15 Todas as prezas, que as Náos da dita Companhia fizerem aos ini
migos desta Coroa, assim á ida, como á vinda, ou por qualquer outro
titulo, que seja, pertencerão sempre á mesma Companhia para dellas dis
porem os seus Deputados como bem lhes parecer; e por nenhum modo
tocará á Fazenda de V. Magestade cousa alguma dellas.
16 Nenhum dos Navios da Companhia se lhe tomará para o Real ser
viço, ainda que seja em casos de urgente necessidade. A contecendo po
rém (o que Deos não permitta) que esta Coroa tenha inimigos, que com
poderosa Armada venhão infestar as Costas deste Reino, ou invadir os
seus pórtos, e barras, de modo que sejão necessarios os ditos Navios pa
ra que a Armada de V. Magestade lhe possa fazer opposição com o re
forço delles, neste caso lho mandará V. Magestade fazer saber, para
que o Provedor, e Deputados com todas suas forças acudão ao necessa
rio do dito soccorro como bons, e leaes Vassallos: e com tal declaração
porém, que os custos, que fizerem sahindo fóra do dito porto no apres
to do dito soccorro, pagas, e mantimentos da gente do mar, e Guerra,
(que constarão por certidões dos seus Oficiaes , a que se dará inteiro
credito), e qualquer Navio, que no caso de batalha, ou de risco do mar,
se perca, lho mandará V. Magestade pagar em dinheiro de contado da
chegada dos ditos Navios a seis mezes; e não se lhes pagando, findo o
dito termo, se descontarão nos direitos dos primeiros generos, que vie
rem do Grão Pará, e Maranhão; e isto pelo grande damno, que a Com
panhia receberá de qualquer interrupção no curso das suas #" po
rém se os ditos Navios não sahirem deste porto a pelejar, não lhe paga
rá cousa alguma a Fazenda de V. Magestade.
17 As Frotas da Companhia sahirão sempre deste porto, e dos do
Grão Pará, e Maranhão, nos proprios, e devidos tempos, que se achão
determinados por V. Magestade no seu Real decreto de vinte e oito de
Novembro de mil setecentos cincoenta e tres. Porém querendo a mesma
Companhia enviar alguus avisos, que considere necessarios, o podera fa
zer consultando primeiro a V. Magestade as razões, que tiver para os
despachar. E sendo approvadas, o Secretario da dita Companhia fará as
cartas em Nome de V. Magestade assignadas por sua Real Mão, e com
vista de dous Deputados (que assignarão na volta) para os Governado
res, e Capitães Generaes. Aos quaes he V. Magestade Servido, que se
não dê nenhum outro aviso, nem despache ordem por via de Tribunal
algum, nem ainda firmada por V. Magestade sobre o tocante ao mane
jo, governo, retenção, ou partida das ditas Frotas, e Navios de aviso,
salvo aquellas que forem passadas pela Secretaria da sobredita Compa
nhia e com a vista de dous Deputados: e sendo pelo contrario, Manda
V. Magestade, que não tenhão força, nem vigor, nem sejão obrigados
382 1755

a cumprillas, antes sim a lhes negarem o cumprimento. O que se en


tende dentro nos limites das Leis, e Ordenações, que se achão promul
gadas sobre o commercio, e navegação da America Portugueza; porque
obrando a Companhia contra ellas, se dará conta a V. Magestade, pa
ra que, sendo ouvida a mesma Companhia, resolva então V. Magestade
o que mais convier a seu Real Serviço.
18 Os Governadores, e Capitães Generaes, e os outros Governado
res, Capitães Móres, e Ministros dos pórtos das Capitanías do Grão Pa
rá, e Maranhão, ou de qualquer outra do Estado do Brazil, ou deste
Reino, não terão jurisdicção alguma sobre a gente de mar, e guerra da
dita Companhia, assim no mar, como na terra; porque esta jurisdicção
sómente será dos Commandantes, salvos porém os casos, em que estes
pertendão alterar nas demoras das Frotas, e fórma de carregação dellas
as Leis, e Ordens de V. Magestade. E querendo os mesmos Comman
dantes, e mais Cabos da dita Companhia alojar suas gentes em terra,
os Governadores, Oficiaes de Guerra, e Ministros de Justiça daquelle
Estado, e de qualquer outro, aonde succeder chegarem, as mandarão
alojar nas partes que lhe forem pedidas, até se tornarem a recolher aos
ditos Navios.
19 Por quanto a dita Companhia ha de ter algumas embarcações pe
quenas para lhe servirem de avisos, em nenhum caso poderão os Gover
nadores, e Capitães Generaes daquelle Estado, ou quaesquer outros Go
vernadores delle, despachar para o Reino embarcação alguma fóra da
conserva das referidas Frotas. E havendo algum successo, em que seja
precisamente necessario avisar-se a V. Magestade, o poderão fazer nas
ditas embarcações da Companhia. Porém quando estas faltarem, e for
preciso virem outras embarcações, virão sempre de vazio; pois que, além
de ser isto o que mais convém para a segurança do dito aviso, assim se
evitarão os damnos, que do contrario se seguirião aos interesses da mes
ma Companhia. E vindo carregados ou em parte, ou em todo, se per
derão os cascos, e a carga a favor da pessoa, ou pessoas, por quem fo
rem denunciados, pagando os taes denunciantes á Companhia a avaria,
que parecer competente. E no caso em que seja necessario mandarem
se transportar madeiras para os Armazens de V. Magestade, será sem
prefeito este transporte nos Navios da Companhia, a qual se obriga a
ter para isso as embarcações, que forem competentes, com tal declara
ção, que tres mezes antes da partida das Frotas deste porto envie o Pro
vedor dos Armazens ao Secretario da Companhia huma distincta relação
das madeiras, que ha de transportar com as suas medidas expressas: re
servando-se o estabelecimento dos preços dos fretes, que se hão de pa
gar destas madeiras, até que com maduro exame, e maior experiencia,
se possa regular de tal sorte, que a Fazenda Real os receba com bene
ficio, sem que a Compauhia padeça detrimento: bem visto que sempre
será menor o preço das madeiras miudas, que se poderem accommodar
por lastro, e maior o das grandes, que necessitarem de vir em } Navios
separados. • •

2o Semelhantemente não poderá sahir destes Reinos para os referidos


Estados embarcação alguma, que não seja no corpo de Frotas da dita Com
panhia. E sendo necessario irem alguns Navios de fóra para aviso, ou outro
justo fim, ainda a mesma Companhia os não poderá mandar sem preceder
licença de V. Magestade. E os que o contrario fizerem perderão os Na
vios, e suas cargas na sobredita fórma. E os Mestres, e Pilotos, que se
apartarem das Frotas, e Comboios dellas, não poderão mais ser mandado
I755 383

res em quaesquer Navios que sejão, e serão condemnados em duzentos


cruzados applicados para a Irmandade dos Navegantes, e em dous mezes
de cadeia. - -

21 Chegando as Náos de guerra da dita Companhia a formarem Es


quadra, levarão as armas de V. Magestade nas bandeiras da Capitania,
e Almirante, e a divisa, e empreza della será huma bandeira á quadrá
com a Imagem de N. Senhora da Conceição Padroeira deste Reino so
bre a Estrella, e ancora, que constituem as Armas, que V. Magestade
se serve dar á dita Companhia. Os estilos, que os Commandantes des
tes Navios hão de guardar quando se encontrarem com a Armada Real,
ou Esquadras de V. Magestade, e Náos da India, irão declarados no
Regimento, que se lhes der assignado pela Real Mão de V. Magestade.
22 Para esta Companhia se poder sustentar, e ter algum lucro com
pensativo não só das despezas, que ha de fazer com os Navios de guer
ra, e suas guarnições, e com os mais encargos a que por esta fundação
se sujeitar; mas tambem dos grandes beneficios, que ao serviço de V.
Magestade, e ao bem commum deste Reino, e daquellas duas Capita
nías se seguirão do commercio, que pelo meio da mesma Companhia se
ha de frequentar. He V. Magestade Servido conceder-lhe nellas o refe
rido commercio exclusivo, para que nenhuma pessoa possa mandar, ou
levar ás sobreditas duas Capitanías, e seus pórtos, nem delles extrahir
mercadorias, generos, ou fructos, alguns, mais do que a mesma Com
panhia, que usará do dito privilegio exclusivo na maneira seguinte.
23 Nas fazendas secas, exceptuando farinhas, e com estiveis secos,
não poderá vender por mais de #" e cinco por cento em cima do seu
primeiro custo nesta Cidade de Lisboa, quando forem pagas com dinheiro
de contado, e sendo vendidas a credito, se accrescentará o juro de cin
co por cento ao anno rateando-se pelo tempo que durar a espera. E
isto em attenção a que os fretes, seguros, Comboios, direitos de en
trada, e sahida, empacamentos, carretos, commissões, e mais despezas
das ditas fazendas hão de ser por conta da Companhia.
24 Nas fazendas molhadas, farinhas, e mais comestiveis, que forem
secos, e de volume, não poderá tambem vender por mais de quinze por
cento livres para a Companhia, de despezas, fretes, direitos, e mais
gastos de compra, embarques, entradas, e sahidas. O que com tudo se
não entenderá no sal, qne a Companhia deve levar deste Reino, a qual
será sempre obrigada a vender pelo preço certo, e inalteravel de qui
nhentos e quarenta réis cada fanga, ou alqueire dequelle Estado.
25 E para justificar as suas vendas; e que cumpre com exactidão dos
sobreditos preços, será obrigada a mandar aos seus respectivos Feitores
em fórma autentica assignadas por todos os Deputados, e munidas com
o sello da Companhia, para assim as fazerem patentes ao povo, as car
regações, e contas do custo das fazendas, que levar cada Frota, ou na
vio de aviso para que cada hum dos compradores possa examinar o ver
dadeiro valor dos generos, que tiver apartado, sem nelles poder suspei
tar a menor fraude. E para que esta fique por todos os modos excluida,
se declara, que pela administração do Provedor, e Deputados desta Com
panhia, e dos Feitores, que nella se empregarem no Estado do Grão Pa
rá, e Maranhão, lhes pertencerá sómente a commissão de seis por cen
to, contados na fórma seguinte: Dous por cento sobre o emprêgo, e
despezas, que se fizerem nesta Cidade com a expedição das Frotas, e
mais expedições da Companhia: Dous por cento nas vendas, que se fi
zerem no sobredito Estado do Grão Pará, e Maranhão: E dous por cen
to no producto dos retornos, e despezas nesta Cidade.
384 1755

26 Porém se as sobreditas fazendas neste Reino forem permutadas a


troco dos generos daquelle Estado, cujo valor he incerto, e depende do
livre arbitrio dos vendedores, neste caso ficará o ajuste á avença das par
tes; porque não seria justo nem que os habitantes daquelle Estado qui
zessem reputar tanto os seus generos, que causassem prejuizo á Compa
nhia; nem que a Companhia os abatesse de sorte, que, em vez de ani
mar a agricultura delles, impossibilitasse os Lavradores para a prosegui
rem, sendo o principal interesse daquelle Estado.
27 Nesta consideração quando as ditas vendas, e permutações se não
puderem concordar á avença das partes, ficará sempre livre aos Senho
res dellas fazerem transportar por sua conta a estes Reinos os generos,
que cultivarem, ou aos correspondentes, que bem lhes parecer, ou á mes
ma Companhia para lhos beneficiar nesta Corte; pagando com letras so
bre os seus productos o que deverem á sobredita Companhia; a qual se
rá obrigada a receber os referidos generos nos seus Navios, pagando-se
lhe pelo transporte delles os fretes costumados; a trazellos tão seguros,
e bem acondicionados como os que lhe forem proprios; e a não os ven
der nesta Cidade por preços menores daquelles, em que regular os seus
proprios generos; pagando-se sómente da commissão, no caso em que a
Companhia seja a vendedora; e do seguro, no caso em que pareça ás
partes segurar.
28 Porque tambem não seria justo, que a mesma Companhia preju
dicasse tanto os negociantes destes Reinos, e daquellas Capitanías, que
vendem por miudo, que, não lhes fazendo conta o seu tráfico, viessem
a ser necessitados a largallo, faltando-lhes com elle os meios para susten
tarem as suas casas, e familias: Não poderá a sobredita Companhia ven
der nunca por miudo; mas antes o fará sempre em grossas partidas per
si, e seus Feitores: As quaes nestes Reinos não poderão nunca ser me
nores de duzentos mil réis; nem de cem mil réis nas Capitanías do Grão
Pará, e Maranhão: Fazendo-se sempre as vendas nos armazens da mes
ma Companhia, e nunca em tendas, ou semelhantes casas particulares:
E, não se podendo intrometter os Corretores por qualquer modo, ou
debaixo de qualquer titulo, ou pretexto, nas sobreditas vendas em gros
so, que sempre serão feitas pelo simples, e unico ministerio dos Feito
res da mesma Companhia.
29 Nenhuma pessoa de qualquer qualidade, ou condição que seja po
derá mandar, levar, ou introduzir as sobreditas fazendas secas, ou mo
lhadas, nas ditas Capitanías, sob pena de perdimento dellas, e de ou
tro tanto quanto importar o seu valor, sendo tudo applicado a favor dos
denunciantes, que poderão dar as suas denúncias em segredo, ou em
público; neste Reino, diante do Juiz Conservador da Companhia; e na
quelle Estado, perante os Ministros Presidentes da Casa da Inspecção,
e Ouvidores Geraes, onde não houver Inspectores: Os quaes todos fa
rão notificar as denunciações aos Feitores da Companhia, para serem
partes nellas, vencendo o quinto do seu valor; e, não o cumprindo as
sim, se haverá por sua fazenda o damno, que disso resultar.
30 Porque os moradores daquellas Capitanías conhecendo a falta, que
nellas fazem os escravos negros, de cujo serviço se tem seguido tantas
utilidades aos outros Dominios de V. Magestade na America Portugue
za, obtiverão em Resolução de dezesete de Julho de mil e setecentos
cincoenta e dous, expedida em Provisão do Conselho Ultramarino de vin
te e dous de Novembro do mesmo anno, a faculdade de formarem huma
Companhia para resgatar os ditos escravos nas Costas de Africa, a qual
}755 385

com efeito propozerão no sobredito plano de quinze de Fevereiro do an


no proximo passado, e carta de quatro de Março do mesmo anno: Ha
V: Magestade por bem, que a dita faculdade tenha o seu cumprido ef
feito nesta Companhia, para que só ella possa exclusivamente introduzir
os referidos escravos negros nas sobreditas duas Capitanías, e vendellos
nellas pelos preços, em que se ajustar, pagando os costumados direitos á
Real Fazenda de V. Magestade. • |

31 Para mais favorecer aquelle estado, e esta Companhia: Ha V. Ma


gestade outro sim por bem, que nos direitos de todos os generos, e fru
ctos da producção do Grão Pará, e Maranhão, que forem navegados pe
la Companhia, se observe daqui em diante o seguinte: Os que forem
transportados para o consumo dos Reinos de Portugal, e dos Algarves,
e que delles se navegarem para quaesquer Dominios de V. Magestade,
pagarão os direitos grossos, e miudos, que até agora pagárão: proro
gando V. Magestade com tudo o actual indulto do Café por outro de
cennio a bem do estabelecimento da mesma. Companhia. E porque, po
dendo estes Reinos aproveitar-se, com grande utilidade do serviço Real,
e do bem commum delles; das muitas, e excelentes madeiras, que pro
duzem as terras daquelle Estado, não he possivel que delle se transpor
tem, pelo notorio impedimento com que a isso obstão os exorbitantes di
reitos com que se achavão gravadas no Paço da Madeira: He V. Mages
tade Servido derogar nesta parte o Regimento daquella arrecadação para
os efeitos de que as madeiras, que forem transportadas pela Companhia
na sobredita fórma para se gastarem dentro nos mesmos Reinos, paguem
sómente a dizima em especie sem outra avaliação, ou encargo algum,
qualquer que elle seja, e de que as madeiras, que forem transportadas
para os paizes Estrangeiros, sejão inteiramente livres de todos os direi
tos de entrada, e sahida. Os outros generos (exceptuando o Café, e as
referidas madeiras) sendo extrahidos para os paizes Estrangeiros, não
pagarão mais do que as miudas, e ametade dos direitos, que presente
mente pagão pelas actuaes avaliações, no caso em que cheguem a ser
despachados na Casa da India; porque, querendo a Companhia fazellos
transportar por baldeação, o poderá livremente fazer, assim, e da mes
ma sorte, que se houvessem entrado em Navios Estrangeiros, e fossem nos
seus respectivos paizes produzidos: Pagando neste caso sómente quatro por
cento, e os emolumentos aos Officiaes, que costumão assistir ás baldea
ções, para segurarem, que os generos baldeados hajão de sahir com ef
feito do Reino, concedendo V. Magestade seis mezes de espera para o
pagamento dos direitos dos sobreditos generos, que forem extrahidos pa
ra os paizes Estrangeiros: E prohibindo, que se lhes dêm despachos en
trando em Navios, que não sejão da mesma Companhia.
32 Para mais clareza, e mais prompta expedição dos direitos, que a
Companhia deve pagar a V. Magestade, e para que o Real Erario de V.
Magestade os possa perceber sem que a navegação, e os efeitos da Com
panhia padeção demoras, e empates, que, sendo sempre contrarios ao
Commercio, serião mais improprios em hum negocio mercantil, que V.
Magestade se serve proteger com tão distinctos, e especiaes favores: Ha
V. Magestade por bem, que todos os sobreditos direitos, e emolumen
tos, de entrada, sahida, e baldeação, que se arrecadarem para a Fazen
da Real, ou se perceberem a titulo de proes, e precalços, salarios das
Mezas de despachos, e seus Oficiaes, ou se pagarem por qualquer outro
titulo que seja, se reduzão sempre a huma só, e unica somma, e a hum
só unico bilhete, na conformidade do cºpiaº CC
terceiro do novo Regi
386 1755

mento da Alfandega do Tabaco dado nesta Corte a dezeseis de Janeiro de


mil e setecentos cincoenta e hum. O qual Capitulo Manda V. Magestade
observar a este proposito em tudo, e por tudo, como nelle se contém
sem reserva, ou restricção alguma em ordem aos mesmos fins. E ha V.
Magestade outro sim por bem, que os Navios de Commercio da Companhia
despachando por sahida nas Mezas costumadas, e pagando nellas o que
deverem segundo as suas lotações como actualmente se pratica, sejão
despachados sem a menor dilação com preferencia a quaesquer outros
Navios; sob pena de suspensão dos Oficiaes, que o contrario fizerem , até
nova mercê de V. Magestade, e de pagarem por seus bens todas as perdas,
e damnos, que a Companhia sentir pela demora que lhe fizer. O que po
rém não terá lugar nos Navios de guerra, que forem armados pela mes
ma Companhia, porque estes gozarão dos privilegios, de que gozão, as
Náos de V. Magestade não sendo sujeitos a outros despachos, que não
sejão os mesmos com que costumão sahir as Náos da Coroa. •

33 Para o Provimento das Náos de guerra da Companhia ha outro


sim V. Magestade por bem de lhe mandar dar nos fórnos de Valdezebre,
e moinhos da banda de além os dias competentes para moerem os seus tri
gos, e cozerem os seus biscoutos debaixo da privativa inspecção das Of
ficiaes, que a Companhia deputar para este efeito. E sendo caso que no
mesmo tempo concorra fabrica para as Armadas de V. Magestade, re
partirá o Almoxarife os dias de tal sorte, que juntamente se possão fa
zer os mantimentos da Companhia. }

34 Da mesma sorte: Ha V. Magestade por bem que os vinhos, que


forem necessarios para o provimento das Náos de guerra da Companhia,
paguem só o direitos da entrada, e sahida, que costuma pagar a Fazen
da de V. Magestade dos que vem para o apresto das suas Armadas, re
gulando-se esta franqueza em cada hum anno pelas lotações dos Navios de
guerra, que expedir a mesma Companhia. A qual outro sim poderá man
dar ao Além-Téjo, e quaesquer outras partes destes Reinos, comprar
trigos, vinhos, azeites, e carnes para os seus provimentos, e carrega
ções ultramarinas; podendo-os conduzir pelo modo que lhes parecer; e
sendo obrigadas as Justiças a darem-lhe barcos, carretas, e cavalgaduras
para a conducção dos referidos generos pagando por seu dinheiro pelos
preços correntes. No que se entenderão sempre salvos os casos de esterili
dade, e de travessía para revender nestes Reinos os sobeeditos fructos:
de tal sorte, que nenhum dos Provedores, Deputados, e Oficiaes da Com
panhia poderá nelles negociar em Portugal, ou nos Algarves sob pena de
perdimento das acções, com que tiver entrado a favor dos denunciantes:
de inhabilidade para todo o emprêgo público; e de cinco annos de degre
do para a Praça de Mazagão: E sendo Oficial subalterno perderá o Of
ficio, que tiver, para mais não entrar em algum outro, e será condem
nado em dous mil cruzados para quem o denunciar, e degradado por ou
tros cinco annos para Angola. Bem visto, que para tudo hão de preceder
legitimas provas: ou real apprehensão dos generos vendidos.
3ó Quando na chegada das Frotas succeder não caberem os seus ef
tos nos armazens da Coroa a elles destinados, permitte V. Magestade,
que a Companhia os possa metter em outros armazens, de que os Offi
eiaes de V. Magestade terão as chaves para lhe serem despachados con
forme a occasião, e a necessidade o pedirem. -

36 Querendo a Companhia fabricar por sua conta a polvora, que lhe


for necessaria, se lhe darão nas Fabricas Reaes os dias competentes pa
ra a fabrica: E della, dos materias, que a compoem, e de balla, murº
1755 387

rão, armas, madeiras, e matriaes para a construcção, e apresto dos


Navios, não pagará direitos alguns á Fazenda de V. Magestade, com
tanto, que esta franqueza não exceda os generos necessarios para provi
mento da mesma Companhia, a qual em nenhum caso os poderá vender
a terceiros, nem neles negociarem os seus Administradores, sob pena
de que, fazendo o contrario, e constando assim pela real apprehensão
das cousas vendidas º as pessoas; que as venderem, pagarão o tresdobro
da sua importancia, ficarão inhabilitadas para mais Me servirem na dita
Companhia, e serão degradadas por cinco annos para a Praça de Ma
zagão.
37 - Os fretes, avarias, e mais dívidas de qualquer qualidade, que se
jão: Ha V. Magestade outro sim por bem, que se cobrem a favor da
Companhia pelo seu Juiz Conservador, como Fazenda de V. Magesta
de, fazendo seus Ministros as diligencias. O que tambem se entenderá
nas penhoras dos fiadores dos homens do mar, na fórma do Regimento
dos Armazens. <!

38 Ha outro sim V. Magestade por bem, que todas as pessoas do


commercio de qualquer qualidade que sejão, e por maior privilegio que
tenhão, sendo chamadas á Meza da Companhia para negocio da Admi
nistração della,
Conservador terão obrigação
procederá contra ellesdecomo
ir; e,melhor
não olhe
fazendo assim, o Juiz
parecer. •

39 Todas as pessoas, que entrarem nesta Companhia com dez mil


cruzados, e dahi para cima, usarão em quanto ella durar do privilegio
de homenagem da sua propria casa naquelles casos em que ella se costu
ma conceder. E os Oficiaes actuaes della serão isentos dos Alardos, e
Companhias de pé, e de cavallo, levas, e mostras geraes, pela occupa
Qão que hão de ter. E o commercio, que nella se fizer na sobredita fór
ma, não só não prejudicará á nobreza das pessoas que o fizerem, no ca
so em que a tenhão herdada, mas antes pelo contrario será meio proprio
para se alcançar a nobreza adquirida: de sorte, que todos os Vogaes,
confirmados por V. Magestade para servirem nesta primeira fundação,
ficarão habilitados para poderem receber os habitos das Ordens Militares
sem dispensa de mecanica, e para seus filhos lerem sem ella no Desem
bargo do Paço; com tanto, que, depois de haverem exercitado a dita
occupação, não vendão per si em lojas, ou em tendas por miudo, ou não
tenhão exercicio indecente ao dito cargo depois de o haverem servido.
O que com tudo só terá lugar nas eleições seguintes a favor das pessoas,
que occuparem os lugares de Provedor, e Vice-Provedor depois de ha
verem servido pelo menos por hum anno completo, com satisfação da
Companhia.
4o As ofensas, que se fizerem a qualquer Oficial da Companhia por
obra, ou palavra sobre materia do seu Oficio, serão castigadas pelo Con
servador, como se fossem feitas aos Oficiaes de Justiça de V. Magestade.
41 Porque ás pessoas, que entrão nesta Companhia se acha lançado
mas suas respectivas Freguezias o quatro º meio por cento, e maneio,
e mettem nella o cabedal, de que o pagão, não poderá vir nunca em
consideração pedir-se o dito quatro e meio por cento, e maneio á refe
rida Companhia; e assim o ha V. Magestade por bem: Não permittin
do, que a respeito dos interessados nella se faça alteração nos maneios,
e quatro e meio por cento das pessoas, que entrarem na sebredita Com
panhia com cinco mil cruzados, e dahi para cima: E ordenando por on
de toca, que todas sejão conservadas aos ditos respeitos no estado, em
que se acharem nas suas respectivas F……… ao tempo, em que fize
CC 2
388 1755

rem a referida entrada. Só os Oficiaes, a quem se constituirem Ordena


dos de novo, pagarão delles quatro e meio por cento á Fazenda Real.
42 Sendo estilo antigo da Portagem, e costume fundado no Regi
mento, lealdarem-se nella os Homens do Commercio no mez de Janeiro
de cada hum anno, dando onze seitis pelo lealdamento: E sendo este me
gocio geral dos moradores desta Cidade: Ha V. Magestade outro sim
por bem, que a dita Companhia se possa lealdar na sobredita fórma; re
presentando em nome de todos os interessados huma só # particu
ticular; e mandando V. Magestade, que o Escrivão da Lealdação abra
titulo, em que se lealde a dita Companhia, como o deve fazer aos mais
moradores de Lisboa.
43 Succedendo não ser necessario, que a Companhia envie ao C rão
Pará, e Maranhão todos os Navios mercantes, e de guerra, que tiver,
e ser-lhe conveniente applicar algum, ou alguus delles a outros efeitos
em beneficio do serviço de V. Magestade, melhora do Reino, e accres
centamento da Companhia, o poderá esta fazer com licença de V. Ma
gestade, consultando-lhe primeiro para resolver o que achar, que mais
convem ao seu Real serviço.
44. Ainda que a Companhia determina obrar tudo o que toca á fabri
ca, apresto, e despacho das suas Frotas, e expedições com toda a sua
vidade, e sem usar dos meios do rigor; como todavia póde ser necessario
para muitas cousas valer-se dos Ministros de Justiça: He V. Magestade
Servido, que para o sobredito efeito possa a Meza pelo seu Juiz Conserva
dor enviar recado aos Juizes do Crime, e Alcaides desta Cidade, para
que fação o que se lhes ordenar; e o serviço, que nisto fizerem, lhe haverá
V. Magestade como se fôra feito a bem da Armada Real, para por elle
serem remunerados por V. Magestade em seus despachos, apresentando
os ditos Juizes para isso certidão da dita Meza: E pelo contrario se não
acodirem a esta obrigação, lhes será estranhado, e se lhes dará em cul
pa nas suas residencias.
45 Sendo necessario á mesma Companhia fazer algumas carnes nesta
Cidade, as poderá mandar fazer da mesma sorte, que se fazem para os
Armazens de V. Magestade; pagando os direitos, que dever, e pedin
do-as aos Ministros de V. Magestade sem prejuizo do povo. •

46 . Faz V. Magestade mercê aos Deputados desta Companhia, Se


cretario, e Conselheiros della, que não possão ser prezos em quanto ser
virem os ditos cargos por ordem de Tribunal, Cabo de Guerra, ou Mi
nistro algum de Justiça por caso Civil, ou Crime (salvo se for em fia
grante delicto) sem ordem do seu Juiz Conservador: E que os seus Fei
tores, e Oficiaes, que forem ás Provincias, e outros lugares fóra da Cor
te fazer compras, e executar as commissões de que forem encarregados,
possão, usar de todas as armas brancas, e de fogo necessarias para a sua
segurança, e dos cabedaes, que levarem; com tanto, que para o faze
rem, levem cartas expedidas pelo Juiz Conservador da Companhia no
Real Nome de V. Magestade.
47 E porque haverá muitas cousas no decurso do tempo, que de pre
sente não podem occorrer para se expressar, concede V. Magestade li
cença á dita Companhia para lhas poder consultar nas occasiões, que se
oferecerem, para V. Magestade resolver nellas o que mais convier ao seu
Real serviço, e bem commum dos seus Vassallos, e da mesma Compa
nhia: a qual o fará assim ainda nos casos do seu expediente quando pa
recer a algum dos Deputados requerer consulta; com tanto, que isto se
pratique sómente nos negocios graves, e de consequencias importantes
1755 389

para o serviço Real, para o bem commum do Reino, ou para algum ne


gocio grave da Companhia.
48 O fundo, e capital da Companhia será de hum milhão e duzentos
mil cruzados repartidos em mil e duzentas acções de quatrocentos mil
réis cada huma dellas; podendo a mesma pessoa ter diferentes acções;
com tanto, que as que forem de dez para cima, que são as bastantes
para qualificar os Accionistas para os empregos da Administração della,
não passem do segredo dos livros da Companhia ás Relações públicas,
que se devem distribuir pelos Vogaes para as eleições: E podendo tam
bem diferentes pessoas unirem-se para constituirem huma acção; com
tanto que entre si escolhão huma só cabeça, que arrecade, e distribua
pelos seus Socios os lucros, que lhe acontecerem: bem visto que a Com
panhia pela descarga deste ficará desobrigada das contas com os outros.
49 Para receber as sommas competentes ás sobreditas acções estará
a Companhia aberta: A saber para esta Cidade, e para o Reino todo
por tempo de cinco mezes; para as Ilhas dos Açores, e Madeira por se
te; e para toda a America Portugueza por hum anno: correndo estes
termos do dia em que os Editaes forem postos, para que venha á noti
cia de todos. E passando os sobreditos termos, ou se antes delles se fin
darem for completo o referido capital de hum milhão, e duzentos mil cru
zados, se fechará a Companhia para nella mais não poder entrar pessoa
alguma. Com declaração, que das acções, com que cada hum entrar no
tempo competente, bastará que dê logo ametade, e para a outra ameta
de se lhe darão esperas de oito mezes para satisfazella em duas pagas de
quatro em quatro mezes cada huma.
50 As pessoas, que entrarem com as sobreditas acções, ou sejão Na
cionaes, ou Estrangeiras, poderão dar ao preço dellas aquella natureza,
e destinação que melhor lhe parecer; ainda que seja de Morgado, Ca
pella, Fideicommisso temporal, ou perpétuo, Doação inter vivos, ou
causa mortis, e outros semelhantes: fazendo as vocações, e usando das
disposições, e clausulas que bem lhes parecerem: As quaes todas V.
Magestade ha por bem approvar, e confirmar desde logo de seu motu
proprio, certa sciencia, Poder Real, pleno, e supremo, não obstantes
quaesquer disposições contrarias, ainda que de sua natureza requeirão
especial menção, assim, e da mesma sorte, que se as ditas disposições,
vocações, e clausulas, fossem escritas em doações feitas por titulo one
roso, ou em testamentos confirmados pela morte dos testadores: pois que
se o Direito fundado na liberdade natural, que cada hum tem de dispor
livremente do seu, autorisa os doadores, e testadores para contratarem,
e disporem na sobredita fórma em beneficio das familias, e das pessoas
particulares, muito mais se podem autorisar os sobreditos Accionistas na
referida fórma, quando aos titulos onerosos dos contratos, que elles fa
zem com a Companhia, e a Companhia com V. Magestade, accrescem
os beneficios, que deste estabelecimento se seguem ao serviço de Deos,
de V. Magestade, ao bem commum do seu Reino, e á conservação!, e
segurança daquelas duas Capitanías. •

51 O dinheiro, que nesta Companhia se metter, se não poderá tirar


durante o tempo della, que será o de vinte annos, contados do dia, em
que partir a primeira Frota por ella despachada; os quaes annos se po
derão com tudo prorogar por mais de dez, parecendo á Companhia sup
plicallo assim, e sendo V. Magestade Servido conceder-lhos: Porém pa
ra que as pessoas, que entrarem com seus cabedaes se possão valer del
les, poderão vendellos em todo, ou em parte, como se fossem padrões
390 1755

de juro, pelos preços em que se ajustarem: Para o que haverá hum li


vro, em que se lancem estas cessões sem algum emolumento, e nelle se
mudarão de humas pessoas para outras prompta, e gratuitamente, assim
como lhe forem pertencendo pelos legitimos titulos, que se apresentarão
na Meza da dita Companhia para mandar fazer huns assentos, e riscar
outros, de que se lhe passarão suas cartas na fórma do Regimento, para
lhe servirem de titulo. O que tudo se entende em quanto a sobredita
Companhia se conservar com o governo mercantil, e com os privilegios,
que V. Magestade ha por bem conceder-lhe na maneira assima declara
rada, porque, alterando-se a fórma do dito governo mercantil, ou fal
tando o cumprimento dos mesmos privilegios, será livre a cada hum dos
Accionistas o poder pedir logo o capital da sua acção com os interesses
que até esse dia lhe tocarem: Confirmando-o V. Magestade assim com
as mesmas clausulas para se observar literal, e inviolavelmente, sem in
terpretação, modificação, ou intelligencia alguma de feito, ou de Direi
to, que em contrario se possa considerar. •

52 Os interesses, que produzir a dita Companhia se repartirão pela


primeira vez no mez de Julho do terceiro anno, que ha de correr depois
da partida da primeira Frota da Companhia. A qual ficará depois divi
dindo annual, e successivamente pro rata no referido mez de Julho do
que pertencer a cada hum dos interessados, salvas as despezas, e a subs
tancia della. - •

53 As acções, e interesses, que se acharem depois de serem findos


os vinte annos, que constituem o prazo da Companhia, ou o termo pelo
qual ella for prorogada, tendo a natureza de Vinculo, Capella, Fidei
commisso temporal, ou prepetuo, ou sendo pertencentes a pessoas ausen
tes, se passarão logo dos cofres da Companhia para o Deposito geral da
Corte, e Cidade, onde serão guardados com a segurança, que de si tem
o mesmo Deposito, para delle se empregarem, applicarem, ou entrega
rem conforme as disposições das pessoas, que os houverem gravado ao
tempo em que os metterão na Companhia. Porém naquellas acções, que
não tiverem semelhantes encargos, e forem alodiaes, e livres, se não re
quererá, nem pedirá para a entrega das suas importancias outra alguma
legitimação, que não seja a Apolice da mesma acção, entregando-se o
dinheiro a quem a mostrar para ficar no cofre servindo de descarga da
sobredita acção. |-

54. Tudo isto se extenderá aos estrangeiros, e pessoas, que viverem


fóra deste Reino de qualquer qualidade, e condição, que sejão. E sen
do caso, que, durante o referido prazo de vinte annos, ou da proroga
ção delles, tenha esta Coroa guerra (o que Deos não permitta) com qual
quer outra Potencia, cujos Vassallos tenhão mettido nesta Companhia
os seus cabedaes, nem por isso se fará nelles, e nos seus avanços, ar
résto, embargo, sequestro, ou reprezalia, antes ficarão de tal modo li
vres, isentos, e seguros, como se cada hum os tivera em sua casa: Mer
cê, que V. Magestade faz a esta Companhia pelos motivos assima de
clarados, e que assim lhe promette cumprir debaixo de sua Real Pala
VTa.

55 E porque V. Magestade ouvindo os supplicantes, foi Servido no


mear os abaixo declarados para o estabelecimento, e governo desta Com
panhia nos primeiros tres annos: Todos elles assignão este papel em no
me do dito Commercio obrigando per si os cabedaes com que entrão nes
ta Companhia, e em geral os das pessoas, que nella entrarem tambem
pelas suas entradas sómente: Para que V. Magestade se sirva de confir
1755 391

mar a dita Companhia com todas as clausulas, preeminencias, mercês,


e condições conteúdas neste papel, e com todas as firmezas, que para
sua validade, e segurança forem necessarias. Lisboa 6 de Junho de 1755.
= Sebastião José de Carvalho e Mello. = Rodrigo de Sande e Vascon
cellos. = Domingos de Bastos Vianna. = Bento José Alvares. = João
Francisco da Cruz. = João de Araujo Lima. = José da Costa Ribeiro.
= Antonio dos Santos Pinto. = Estevão José de Almeida. = Manoel
Ferreira da Costa. = José Francisco da Cruz.

Impresso na Oficina de Miguel Rodrigues.

# #<>"# #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de confirmação virem, que
havendo visto, e considerado com pessoas de Meu Conselho, e outros
Ministros doutos, experimentados, e zelosos do serviço de Deus, e Meu,
e do bem commum dos Meus Vassallos, que Me pareceo consultar, os
cincoenta e cinco Capitulos, e Condições conteúdos nas doze meias fo
lhas atraz escritas rubricadas por Sebastião José de Carvalho e Mello do
Meu Conselho, e Secretario de Estado dos negocios Estrangeiros, e da
Guerra, que os Homens do Commercio nellas enunciados fizerão, e or
denarão com Meu Real consentimento para formarem huma Companhia,
que sem outro gasto da Minha Fazenda, antes com beneficio della, e
do bem commum destes Reinos, e das Capitanías do Grão Pará, e Ma
ranhão, cultive nellas o commercio, e a navegação, tomando sobre si os
comboios das Frotas, e guardas das Costas daquelle Estado: E porque,
sendo examinadas as mesmas Condições com maduro conselho, e pruden
te deliberação, se achou não só serem convenientes, e com ellas a mes
ma Companhia, contendo esta notoria utilidade para a conservação, aug
mento, e defensa daquelle Estado, e suas Frotas; mas tambem o gran
de serviço, que neste particular faz a dita Companhia, e as pessoas,
quê com ella promovem o commercio, e a agricultura por hum tão util,
e solido estabelecimento: Em consideração, e remuneração de tudo, e
do amor, e zelo com que se dispoem a Me servir a dita Companhia:
Hei por bem, e Me praz de lhe confirmar todas as ditas Condições, e ca
da huma em particular, como se de verbo ad verbum aqui fossem incer
tas, e declaradas; e por este Meu Alvará lhas confirmo de Meu proprio
motu, certa sciencia, Poder Real, e absoluto, para que se cumprão,
e guardem inteiramente como nellas se contém: E quero que esta con
firmação em tudo, e por tudo lhes seja observada inviolavelmente, e nun
ca possa revogar-se, mas sempre como firme, válida, e pérpetua, este
ja em sua força, e vigor sem diminuição e lhe não seja posta, nem pos
sa pôr dúvida alguma a seu cumprimento, em parte, nem em todo, em
Juizo, nem fóra delle, e se entenda sempre ser feita na melhor fórma,
e no melhor sentido, que se possa dizer, e entender a favor da mesma
Companhia, e do commercio, e conservação delle: Havendo por suppri
das) como se postas fossem neste Alvará) todas as clausulas, e solemni
dades de feito, e de direito, que necessarias forem para a sua firmeza;
e derogo, e Hei por derogadas todas, e quaesquer Leis, Direitos, Orde
nações, Capitulos de Cortes, Provisões extravagantes, e outros Alvarás,
opiniões de Doutores, que em contrario das Condições da mesma Comº
392 1755

panhia, ou de cada huma dellas possa haver por qualquer via, ou por
qualquer modo, posto que taes sejão, que fosse necessario fazer aqui del
las especial, e expressa relação de verbo ad verbum ; sem embargo da
Ordenação do Livro segundo Titulo quarenta e quatro, que dispoem não
se entender ser por Mim derogada Ordenação nenhuma, se da substan
cia della não fizer declarada menção: E para maior firmeza, e irrevoca
bilidade desta confirmação prometto, e seguro de assim o cumprir, e fa
zer cumprir, e manter, e lha não revogar debaixo da Minha Real Pala
vra, sustentando aos interessados nesta Companhia na conservação del
la, e do seu commercio como seu Protector, que Sou: E terá este Al
vará força de Lei, para que sempre fique em seu vigor a confirmação
das ditas Condições, e Capitulos, que nella se contém, sem alteração
alguma. Pelo que Mando ao Desembargo do Paço, e Casa da Supplica
ção, Conselho da Fazenda, e do Ultramar, Meza da Consciencia, Ca
mara desta Cidade, e mais Conselhos, e Tribunaes, e bem assim aos
Governadores, e Capitães Generaes do Brazil, Capitães Móres, Prove
dores da Fazenda, Ouvidores Geraes, e Camaras daquelle Estado, e a
todos os Desembargadores, Corregedores, Juizes, e Justiças de Meus
Reinos, e Senhorios, que assim o cumprão, e guardem, e fação cumprir,
e guardar, sem dúvida, nem embargo algum, não admittindo requeri
mento, que impida em todo, ou em parte o efeito das ditas Condições,
por tocar á Meza dos Deputados da Companhia tudo o que a elle diz res
peito. E Hei por bem, que este Alvará valha como carta, sem passar
pela Chancellaria, e sem embargo da Ordenação Livro segundo Titulo
trinta e nove em contrario, posto que seu efeito haja de durar mais de
hum anno. Dado em Lisboa em 7 de Junho de 1755. = Com a Assigna
tura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios Estrangei


ros, e da Guerra no Liv. 1.° da sobredita Compa
nhia., e Impr. na Oficina de Miguel Rodrigues.

* #«…>…ºk #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que, havendo restituido aos Indios do Grão Pará, e Maranhão a liberda
de das suas pessoas, bens, e commercio, por huma Lei da mesma da
ta deste; a qual nem se poderia reduzir á sua devida execução, nem os
Indios á completa liberdade, de que dependem os grandes bens espiri
tuaes, e politicos, que constituirão as causas finaes da dita Lei, se ao
mesmo tempo se não estabelecesse para reger os sobreditos Indios huma
fórma de governo temporal, que, sendo certa, e invariavel, se accom
modasse aos seus costumes, quanto possivel fosse, no que he licito, e
honesto; porque assim serão mais facilmente attrahidos a receber a Fé,
e a se metterem no gremio da Igreja: Tendo consideração ao referido,
a que sendo prohibido por Direito Canonico a todos os Ecclesiasticos, co
mo Ministros de Deos, e da sua Igreja, misturarem-se no governo se
cular, que como tal he inteiramente alheio das obrigações do Sacerdocio;
e a que ligando esta prohibição muito mais urgentemente os Parocos das
Missões de todas as Ordens Religiosas; e contendo muito maior aperto
para inhibirem, assim os Religiosos da Companhia de Jesus, que por
1755 393

força de voto são incapazes de exercitarem no foro externo até a mesma


jurisdicção, Ecclesiastica, como os Religiosos Capuchos, cuja indispen
savel humildade se faz incompativel com o imperio da jurisdicção civil,
e criminal; nem Deos se poderia servir de que as referidas prohibições
expressas nos sagrados Canones, e Constituições Apostolicas, de que
Sou Protector nos Meus Reinos, e Dominios, para sustentar a sua ob
servancia, a não tivessem por mais tempo depois de Me haver sido pre
sente todo o sobredito, nem aquelle Estado pôde até agora, nem pode
ria nunca, ainda naturalmente, prosperar entre huma tão desusada , e
impraticavel confusão de jurisdicções tão incompativeis, como o são a
espiritual, e temporal, seguindo-se de tudo a falta de administração de
Justiça, sem a qual não ha Povo, que possa subsistir: Sou Servido com
o parecer das pessoas do Meu Conselho, e outros Ministros doutos, e
zelosos do serviço de Deous, e Meu, que Me pareceo ouvir nesta ma
teria, derogar, e cassar o Capitulo primeiro do Regimento dado para o
referido Estado em vinte e hum de Dezembro de mil seiscentos oitenta
e seis, e todos os mais Capitulos, Leis, Resoluções, e Ordens, quaes
quer que ellas sejão, que directa , ou indirectamente forem contrarias
ás sobreditas Disposições Canonicas, e Constituições Apostolicas, e que
contra o nellas disposto, e neste ordenado, permittirão aos Missionarios
ingerirem-se no governo temporal, de que são incapazes: Abolindo as
sobreditas Leis, Resoluções, e Ordens, e havendo-as por derogadas, e
de nenhum efeito, como se de todas, e cada huma dellas fizesse aqui
especial menção, sem embargo da Ordenação do livro segundo, titulo
quarenta e quatro em contrario: E renovando para ter a sua inteira, e
inviolavel observancia a Lei estabelecida sobre esta materia em doze de
Setembro de mil seiscentos e sessenta e tres em quanto ordena o se
guinte. .

» EU ELREI. Faço saber aos que esta Minha Provisão em fórma


de Lei virem, que, por se haverem movido grandes dúvidas entre os
. moradores do Maranhão, e os Religiosos da Companhia, sobre a fórma,
em que administravão os Indios daquelle Estado em ordem á Provisão,
que se passou em seu favor no anno de seiscentos cincoenta e cinco,
das quaes resultarão os tumultos, e excessos passados, originado tudo
das grandes vexações, que padecião, por se não praticar a Lei, que
se tinha passado no anno de seiscentos cincoenta e tres, em tanto,
que chegarão a ser expulsos os ditos Religiosos de suas Igrejas, e Mis
sões, ao exercicio das quaes he muito conveniente, que tornem a ser
admittidos, visto não haver causa, que obrigue a privallos dellas, an
tes muitas para que seu santo zelo seja alli necessario: E desejando
Eu atalhar a tão grandes inconvenientes, e que Meus Vassallos logrem
toda a paz, e quietação que he justo: Hei por bem declarar, que as
sim os ditos Religiosos da Companhia , como os de outra qualquer
Religião, não tenhão jurisdicção alguma temporal sobre o governo dos
Indios; e que a espiritual a tenhão tambem os mais Religiosos, que
assistem, e residem naquelle Estado; por ser justo que todos sejão
Obreiros da Vinha do Senhor; e que o Prelado ordinario com os das
Religiões possão escolher os Religiosos dellas, que mais suficientes
lhes parecerem, e encommendar-lhes as Paroquias, e a cura das almas
do Gentio daquelas Aldêas; os quaes poderão ser removidos todas as
vezes, que parecer conveniente ; e que nenhuma Religião possa ter
Aldêas proprias de Indios forros de "#" Os quaes no tem
394 1755 •

» poral poderão ser governados pelos seus principaes, que houver em


» cada Aldêa: E quando haja queixas delles causadas dos mesmos ln
» dios, as poderão fazer aos Meus Governadores, Ministros, e Justiças
» daquelle Estado, como o fazem os mais Vassallos delle.
A qual disposição Sou Servido renovar, e restituir á sua inteira,
e inviolavel observancia na sobredita fórma: Ordenando que nas Villas
sejão preferidos para Juizes ordinarios, Vereadores, e Oficiaes de Jus
tiça, os Indios naturaes dellas, e dos seus respectivos destrictos em quan
to os houver idoneos para os referidos cargos: e que as Aldêas indepen
dentes das ditas Villas sejão governadas pelos seus respectivos principaes,
tendo estes por subalternos os Sargentos Móres, Capitães, Alferes, e
Meirinhos das suas Nações, que forão instituidos para os governarem:
recorrendo as partes, que se considerarem gravadas, aos mesmos Gover
nadores, e Ministros de Justiça, para lha administrarem na conformida
de das Minhas Leis, e Ordens expedidas para aquelle Estado.
Pelo que: Mando aos Capitães Generaes, Governadores, Minis
tros, e Oficiaes de Guerra, e das Camaras do Estado do Grão Pará, e
Maranhão, de qualquer qualidade, e condição que sejão, a todos em
geral, e a cada hum em particular, cumpräo, e guardem esta Lei, que
se registará nas Camaras do dito Estado, e por ella Hei por derogadas
todas as Leis, Regimentos, e Ordens, que haja em contrario ao dispos
to nesta, que sómente quero que valha, e tenha força, e vigor, como
nella se contém, sem embargo de não ser passada pela Chancellaria, e
das Ordenações do livro segundo, titulo trinta e nove, quarenta, e qua
renta e quatro, e Regimento em contrario. Lisboa a 7 de Junho de
1755. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios Estran
geiros, e de Guerra no liv. 1.° da Companhia do
Grão Pará, e Maranhão., e impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

#*-*-***@** #

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará em fórma de Lei vi
rem, que tendo consideração a que os meios, e diferentes administra
ções, com que até aqui se tem procurado adiantar o Commercio de Mo
çambique, e mais terras da Africa Oriental, sujeitas ao Meu Real Do
minio, não tem sido bastantes a conseguir hum fim tão importante ao Meu
Serviço, e ao bem dos Meus Vassallos, especialmente dos moradores da
India; desejando evitar este prejuizo, e remover os embaraços, que tem
no methodo presente impedido o progresso, e adiantamento deste nego
cio: Hei por bem extinguir a fórma, porque actualmente se faz este
Commercio, e administração, que se tinha concedido ao Conselho da Fa
zenda do Estado da India; e ordenar, que da publicação deste em dian
te fique o Commercio sobredito de Moçambiqne, e dos mais pórtos, e
lugares da sua dependencia, livre para todos os moradores de Goa , e
das mais partes, e terras da Asia Portugueza, para o poderem fazer co
no lhes parecer, e lhes for mais util com todos os generos, que se cos
tumão navegar para aquella Costa, pagando os direitos devidos nas Al
fandegas, em que entrarem.
1755 395

\Desta generalidade exceptúo sómente o Vellorio; porque, por ser


assim conveniente ao Meu Serviço: Hei por bem Mandar se estanque a
favor da Minha Real Fazenda, para que da chegada da Náo, que for
para Moçambique na Monção do anno de mil setecentos e cincoenta e
seis a hum mez se não possa mais vender naquella Praça, e em todas
as mais terras sujeitas, e dependentes da jurisdicção daquelle Governo,
por pessoa alguma de qualquer qualidade, e condição que seja, senão
nos Estanques Reaes, e pelas pessoas que o Governador para esse efei
to nomear, debaixo da pena de perdimento de todo o Vellorio, que se
achar fóra dos Estanques, passado o dito termo; e as pessoas, a quem
for achado, ou se provar concorrêrão para a sua introducção, serão cas
tigadas com as penas, que pelo Foral da Alfandega desta Cidade se im
poem aos que introduzem generos de contrabando.
E para que este Estanque se pratique de fórma, que não seja de
encargo, e pezo aos povos, mas antes lhes sirva de utilidade, e conve
niencia: Sou Servido Ordenar, que o Governador, todos os annos á che
gada das Náos, examinando o estado da terra, e a falta, ou abundan
cia deste genero, arbitre hum preço, que seja moderadamente conve
niente á Fazenda Real, e util ao povo, ao qual se venderá o Vellorio
ou por junto, ou por miudo, como quizer o comprador; e para fazer es
tas vendas nomeará o Governador de Moçambique os lugares, e as pes
soas, que lhe parecer, passando-lhes provimentos annuaes com as segu
ranças, e cautelas necessarias, attendendo mais, que tudo, nesta ma
teria á commodidade dos moradores daquella Conquista. Pelo que, Man
do ao Vice-Rei, e Capitão General da India, ao Governador, e Capitão
General de Moçambique, e aos mais Governadores, e Ministros, a quem
o conhecimento deste mesmo Alvará de Lei pertencer, o cumprão, e
guardem, e o fação inteiramente cumprir, e guardar como nelle se con
tém, o qual valerá como Carta, posto que seu efeito haja de durar mais
de hum anno; e para que chegue á noticia de todos o que por elle Or
deno, e se não possa allegar ignorancia, se registará, e publicará em
Minha Chancellaria Mór da Corte, e Reino, e nas terras do dito Esta
do da India, e Moçambique, como tambem nas dos Meus Reaes Domi
nios, onde convier; e da mesma sorte será registado na Relação de Goa,
e nas mais partes, em que semelhantes Alvarás se costumão registar,
e o proprio se lançará na Torre do Tombo. Lisboa, 10 de Junho de 1755.
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez de Penalva Presidente.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no •

ivro das Leis, a fol. 84, e impr. na Oficina de *

Antonio Rodrigues Galhardo.


#--***@º# #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo informado, que a Lei de sete de Janeiro de mil setecentos e
cincoenta, em quanto constituio aos Provedores cem réis pelas contas
das Capellas de cem Missas para baixo, foi tão largamente entendida,
e praticada, que até pela conta de huma só Missa levão os Provedores
o mesmo salario de cem réis, que muitas vezes he maior do que a esmo
la da Missa, principalmente nas Provincias: a qual intelligencia, e pra
tica, por ser muito onerosa ás partes, he alheia da Minha Real inten
Ddd 2 *
396 1755

ção, e querendo Eu obviar, que se continue para o futuro: Hei por bem
Ordenar, e Declarar, que pelas contas das Capellas de cinco Missas pa
ra baixo, exame das Certidões do seu cumprimento, e assignatura das
descargas, não possão os Provedores levar por tudo cada anno mais, que
hum vintém, e que sómente, passando as Capellas de cinco Missas, le
vem o salario na fórma da dita Lei de sete de Janeiro de mil setecentos
e cincoenta: e para este efeito revogo quaesquer Leis, Provisões, Sen
tenças, ou estilos, que haja em contrario. E Mando ao Presidente da
Meza do Desembargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Go
vernador da Casa do Porto, Desembargadores das ditas Casas, e a to
dos os Corregedores, Provedores, Juizes, e Justiças destes Meus Rei
nos, e Senhorios, cumprão, e guardem este Meu Alvará de Lei, como
nelle se contém. E para que venha á noticia de todos, Mando ao Dou
tor Francisco Luiz da Cunha de Ataíde, do Meu Conselho, e Chancel
ler Mór destes Reinos, o faça publicar na Chancellaria, e envie os tras
lados delle sob Meu Sello, e seu signal a todos os Corregedores das Co
marcas, e aos Ouvidores das terras dos Donatarios, aonde os Corregedo
res não entrão, para o fazerem publicar nas terras de suas jurisdicções,
e registar nas Camaras das Cabeças das Comarcas, e aos Provedores,
para que o fação registar nos livros de suas Provedorias; e se registará
tambem nos do Desembargo do Paço, e das Casas da Supplicação, e do
Porto, e o proprio se lançará na Torre do Tombo. Lisboa 15 de Julho
de 1755. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Marquez Mordomo
Mór Presidente. -

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis, a fol. 85, e impr. avulso.

Por Me ser presente, se tinha entrado em dúvida, se a disposição do


paragrafo quarto Capitulo primeiro do Alvará de quatro de Fevereiro
deste anno se devia tambem entender com os Réos, que estão prezos,
e que antecedentemente erão admittidos a embargar sem Deposito: Sou
Servido declarar, que a detreminação do dito Alvará senão deve prati
car com os Réos prezos, os quaes podem embargar as Sentenças sem de
positar as Condemnações, como se praticava antes delle. O Duque Re
gedor o tenha assim entendido, e o faça executar. Belém 4 de Agosto
de 1755. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XV. dos
Decretos a fol. 4 vers.

#…-+"<>"+ +

Sendº Me presentes os abusos, que se forão introduzindo na Confraria


do Espirito Santo da Pedreira, que ultimamente se arrogou a denomi
nação de Meza dos Homens de Negocio, que conferem o bem commum
do commercio, humas vezes fazendo requerimentos prejudiciaes, ao Meu
Real serviço, e ao interesse público de Meus Vassallos para fomentarem
I755 | 397
a particular conveniencia das pessoas que a este fim os empregavão ma
liciosamente; outras arruinando inadvertidamente o commercio geral pe
los mesmos meios, que applicavão na intelligencia de que serião proprios
para o promoverem; transgredindo, em hum, e outro caso, não só as
Leis, e Constituições destes Reinos; mas passando tambem a infringir
as regras commuas, e maximas geraes, que estão recebidas, e observa
das, como impreteriveis por todas as Nações da Europa, que por ellas
regem o seu commercio: Sou Servido cassar, e abolir a sobredita Meza,
e seus Oficiaes para desde a data deste ficarem sem efeito, e sem exer
cicio, como se nunca houvessem existido. E considerando a importancia
de que he ao bem destes Reinos animar, e proteger o commercio dos
Meus Vassallos, favorecendo-o com huma protecção especial, e mostran
do a estimação que faço dos bons, e louvaveis Negociantes dos Meus
Dominios, e o muito que procuro facilitar-lhes os meios de fazer florecer,
e dilatar o seu commercio em commum beneficio: E que hum dos meios
mais proprios para este fim he o de haver huma Junta de Homens de Ne
gocio, escolhidos, práticos, e de sãa consciencia, que combinando o sys
tema das Minhas Leis com as maximas geraes do mesmo commercio, e
applicando-as aos casos occorrentes solicitem o que for mais util ao Meu
Real Serviço, e ao bem commum dos Póvos, que Deos Me confiou para
beneficiallos: Hei por bem crear, e erigir por ora, em quanto Eu não
mandar o contrario a sobredita Junta na mesma Casa da Confraria do
Espirito Santo da Pedreira, onde terá as suas Sessões nas tardes de to
das as Quintas feiras do anno que não forem feriadas, e sendo-o, nos dias
que immediatamente se seguirem. A dita Junta será composta de hum
Provedor, seis Deputados, hum Secretario, e hum Procurador, dos quaes
Deputados serão quatro eleitos pela Praça de Lisboa; e dous pela do Por
to para servirem annualmente, sendo por Mim confirmados, depois dos
que por ora Sou Servido nomear para terem exercicio por tempo de tres
annos. E porque a referida Junta se não poderá reger com a regularida
de competente a huma materia de tanta importancia sem ter Estatutos,
que lhe sírvão de regra para o seu governo: Hei outro sim por bem, que
tomando as informações necessarias de acordo com o Desembargador dos
Aggravos. Ignacio Ferreira Souto, de cuja instrucção, experiencia, e
zelo do Meu Real Serviço, confio, que se applicará a este negocio mui
cuidadosamente, minutem hum corpo de Estatutos, que Me fará presen
te com toda a possivel brevidade, como tudo o mais que for respectivo
á dita Junta, pelo Secretario de Estado Sebastião José de Carvalho e
Mello, para Eu resolver o que achar , que mais convém ao Meu Real
serviço, e ao bem commum dos Meus Vassallos. O mesmo Desembarga
dor o participe assim ao Provedor, Deputados, e Oficiaes, que Fui Ser
vido nomear, como vão declarados na Relação que baixa com este, as
signada pelo referido Secretario de Estado, para todos o executarem as
sim, cada hum pela parte que lhe toca na sobredita fórma. Belém em
30 de Setembro de 1755. = Com a Rubrica de Sua Magestade.
398 1755

Relação das possoas que S. Magestade foi Servido nomear para funda
rem a Junta, que deve solicitar o bem commum ao Commercio.
PROVEDOR. = José Rodrigues Bandeira.
SECRETARIO = O Doutor João Luiz de Sousa Sayão.
PROCURADOR = João Rodrigues Monteiro.

DEPUTADOS PELA PRAÇA DE LISBOA.


José Moreira Leal. = Pedro Rodrigues Godinho. = Antonio Ri
beiro Neves. = João Luiz Alvares.

DEPUTADOS PELA PRAÇA DO PORTO.


Reserva Sua Magestade por ora a nomeação delles, sem prejuizo
da Junta, em quanto não forem nomeados. Belém em 30 de Setembro
de 1755. = Sebastião José de Carvalho e Mello.

. Impresso avulso com o Decreto antecedente.

# #«Onk #

Poa justos motivos que Me forão presentes de que estou plenamente


informado Sou Servido, que João Thomaz de Negreiros, Antonio Mar
quez Gomes, Mathias Corrêa de Aguiar prezos á Minha Real Ordem na
Cadeia do Limoeiro, sejão della transportados ao Presidio de Mazagão
para nelle ficarem; o primeiro por tempo de 8 annos, o segundo e ter
ceiro por 6 annos, e Custodio Nogueira Braga seja degredado para Al
coutrim pelo mesmo tempo de 6 annos, Custodio Ferreira Goes por 3 an
nos para a Torre de Moncorvo, Ignacio Pereira de Souza pelo mesmo
tempo para Penamacôr, Antonio Alves dos Reis para Leiria por 2 an
nos; Belchior de Araujo Costa para Porto de Móz, Manoel Antonio Fe
reira para Orem pelo mesmo tempo, constituindo-se nestes respectivos
degredos os que vão para fóra do Reino na primeira Embarcação, que se
oferecer, e os que ficão dentro nelle no preciso tempo de quinze dias.
O Duque Regedor da Casa da Supplicação o tenha assim entendido, e
faça executar. Belém 30 de Setembro de 1755. = Com a Rubríca de
Sua Magestade.
Impresso avulso.

# # LOººk #

Tesmo consideração ao que pela Meza do Desembargo do Paço Me re


presentou José Teixeira Carcereiro da Cadeia da Cidade, para serem
1755 $99

isemptos de pagar Novos Direitos e tirarem Provimentos, os homens,


que lhe servem de Guardas das mesmas Cadeias, aos quaes estabelecí
ordenados na nova regulação para suas mantenças: E attendendo a que
o Guarda-Livros, e mais Guardas da Cadeia, não são Oficiaes, mas
méros Serventes, de que o Carcereiro necessita para expedição do que
toca ao seu oficio, e que por si mesmo não poderia fazer; sendo préci
so totalmemte serem dependentes do mesmo Carcereiro, para serem fiéis
no cumprimento das suas obrigações, e que elle os possa amover livre
mente, o que não poderia fazer, se servissem por Carta, ou Alvará: Fui
Servido Resolver, que a não devem tirar, nem pagar Novos Direitos
por hum tal Ministerio, que he manual, cujo emolumento vem a ser to
talmente incerto conservada a sua natureza de manual e a movivel livre
mente. O Ministro que serve de Regedor o tenha assim entendido, e o
faça executar pela parte que lhe toca. Belém 24 de Outubro de 17óé.…
Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist, na Casa da Supplicação no Livro XV, dos De


cretos a fol. 11 vers.

#********>"#*#

S……M. presente, que na Cidade de Lisboa, e suas visinhanças, se


tem commettido depois da manhã do dia primeiro do corrente execran
dos, e sacrilegos roubos; profanando-se os Templos, assaltando-se as
casas, e violentando-se nas ruas as pessoas, que por ellas procuravão
salvar-se das ruinas dos edifficios, com geral escandado não só da pieda
de Christã, mas até da humanidade: E considerando que semelhantes
delictos pela sua torpeza, fazendo-se indignos do favor dos meios ordi
narios, requerem antes indispensalmente de hum prompto, e severo cas
tigo, que faça cessar logo tão horroroso escandalo: Sou Servido, que to
das as pessoas que houverem sido, e forem comprehendidas nos sobredi
tos crimes, sendo autuadas em Processos simplesmente verbaes, pelos
quaes conste de méro facto, que com efeito são Réos dos referidos de
lictos, sejão logo successivamente remettidos com os ditos Processos ver
baes á Ordem do Duque Regedor da Casa da Supplicação. O qual no
meará tambem logo, e successivamente os Juizes, que se costumão no
mear em semelhantes casos, para sentenciarem tambem sem interrupção
de tempo todos os referidos Processos verbaes; e as sentenças por elles
proferidas serão executadas irremessivelmente dentro no mesmo dia em
que se proferirem. E tudo sem embargo de quaesquer Leis, Decretos,
Assentos, e Ordens em contrario, quaesquer que elas sejão, porque to
das Sou Servido derogar para este efeito sómente ficando aliás sempre
em seu vigor. O mesmo Duque Regedor o tenha assim entendido, e fa
ça executar. Belém a 4 de Novembro de 1766. = Com a Rubríca de
Sua Magestade.
400 I755

# *«…>-->

V
S………Me presente , que na Cidade de Lisboa, e suas visinhanças
grassa hum grande número de homens vadios, que não buscando os meios
de subsistirem pelo seu honesto, e louvavel trabalho, vivem viciosamen
te na ociosidade á custa de terceiros com transgressão das Leis Divinas,
e Humanas: E considerando as ofensas de Deos, do Meu Real serviço,
e do bem commum dos Meus Vassallos, que se seguem da tolerancia de
semelhantes homens: Sou Servido excitar a #" , e exacta obser
vancia dos Regimentos, e Leis, estabelecidas para a policia dos Bairros
da mesma Cidade; Ordenando, que todos os Corregedores, e Juizes do
Crime, cada hum nos seus respectivos districtos, examine logo prom
pta, e cuidadosamente com preferencia a qualquer outro negocio as vi
das, costumes, e ministerios de todos os habitantes dos seus respectivos
Bairros, e dos vagabundos, e mendigos, que nelles forem achados com
idade, e saude capaz de trabalharem: E que todas as pessoas, que fo
rem achadas na culpavel ociosidade assima referida, sejão prezas, e au
tuadas em Processos simplesmente verbaes, porque conste da verdade
dos factos, e os mesmos Processos remettidos á ordem do Duque Regedor
da Casa da Supplicação, o qual nomeará logo para elles os Juizes certos, que
lhe parecer, e estes os sentenciarão tambem verbalmente; impondo aos
Réos a pena de trabalharem com bragas nas obras da mesma Cidade, a
que tem dado hum tão geral escandalo, pelo tempo que os Juizes arbi
trarem conforme a gravidade das culpas de cada hum dos Réos que se
lhes propozerem. Sendo necessarios para obras do Meu Real serviço, e
bem commum dos Meus Vassallos, serão pedidos ao mesmo Duque Re
gedor das Justiças, que os mandará entregar com as necessarias caute
las: E vencerá cada hum delles quatro vintens por dia para o seu sus
tento, pagos pela repartição onde se empregarem. Porém não se empre
gando nas sobreditas obras, se poderão conceder aos particulares que os
pedirem para os desentulhos, e obras dos seus edificios, assignando ter
mos de os apresentarem quando houverem acabado o tempo de serviço,
a que tiverem sido condemnados; e de satisfazerem pontualmente o so
bredito jornal nas sextas feiras de cada semana. E porque o sobredito
castigo póde servir de emenda a muitos dos que forem a elles condem
nados: E não he da Minha Real, e pia intensão injuriar os homens, mas
sim desterrar dos póvos, que Deos Me confiou, a ociosidade, e os deli
ctos, que della se seguem: Sou outro sim Servido que as sobreditas pe
nas, e sentenças, em que ellas se julgarem, não irroguem infamia, nem
possão ser allegadas em Juizo, nem fóra delle para inhabilidade alguma,
qualquer que ella seja. O Duque Regedor da Casa da Supplicação o te
nha assim entendido, e faça executar, não obstantes quaesquer Leis, e
Regimentos, Assentos, ou costumes contrarios, que todos Hei por de
rogados sómente para este efeito ficando aliás sempre em seu vigor. Be
lém a 4 de Novembro de 1755. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impr. avulso com o Alvará antecedente.
1755 40I

#=#«c»,4 #

Tesº consideração a que os Meus Vassallos, que navegão para o Es


tado do Brazil, devendo expedir as respectivas Frotas nos precisos tem
pos, que lhes tenho ordenado, não poderão deixar de sentir os fretes dos
seus Navios huma diminuição respectiva á das carregações, que os estragos,
que se seguírão do Terromoto do dia primeiro do corrente, que não podem
deixar de fazer com que sejão muito menos amplas, e lucrosas do que
forão as dos annos proximos precedentes: E procurando a Minha Pater
nal, e Regia Providencia animar tão louvaveis Vassallos na sua justa af
flição, e resarcir-lhes a sobredita perda naquella parte, em que as cir
cumstancias do tempo o podem permittir: Hei por bem, que todas as
madeiras, que forem transportadas do referido Estado a este Reino em
Navios proprios de Vassallos Meus, moradores na Cidade de Lisboa, e
do Porto, * do mesmo rebate de Direito de entrada, e sahida, e
do mesmo favor na fórma da arrecadação delles, que tenho concedido á
Companhia Geral do Grão Pará, e Maranhão sem alguma diferen
ça. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e faça execu
tar com os Despachos necessario, não obstantes quaesquer Disposi
ções, Decretos, ou Regimentos em contrario, mandando logo estampar
este, e fixallo nos lugares publicos, para que chegue á noticia de todos.
Belém em 29 de Novembro de 1755. Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

*-+…+---+

T ENDo consideração aos molestos, e dispendiosos Pleitos a que ficarião


expostos os Proprietarios das Casas da Cidade de Lisboa, que forão ar
ruinadas pelo Terremoto do dia primeiro do corrente, e demollidas pe
los Incendios, que a elle se seguírão, se os Terrenos das sobreditas Ca
sas se confundissem huns com os outros, de sorte, que se fizessem duvi
dosas com o tempo as identicas porções de sollo, que occupava cada Pro;
priedade; E desejando remover em beneficio dos Meus fiéis Vassallos
tudo o que lhes póde accrescentar as despezas, e os discommodos nesta
calamitosa conjunctura: Sou Servido, que os Ministros, que se achão
encarregados da Inspecção de cada hum dos Bairros da dita Capital, de
commum acordo com os Oficiaes de Infantaria com exercicio de Enge
nheiros, que Houve por bem destinar para esta diligencia, fação logo,
e sem perda de tempo, cada qual delles huma exacta Discripção do res
pectivo Bairro, de que se achar encarregado: Declarando-se nella dis
tincta, e separadamente a largura, e cumprimento de cada huma das
Praças, Ruas, Becos, e Edificios publicos, que nelle se continhão; e
cada huma das Propriedades particulares, que existião nas sobreditas
Ruas, Praças, Becos, com a especificação da frente, e do fundo, que
a ellas pertencia, comprehendendo nesta medição os Quintaes, onde os
houver, com as elevações, ou alturas de cada huma das Propriedades,
e com especificação das paredes, que forem, ɺ proprias de cada Edifi
CC
402 1755

cio, ou commuas a ambos os dous visinhos confrontantes: Afixando-se


este por termo de oito dias nos lugares mais publicos da mesma Cidade,
e Arraiaes dos seus Suburbios, para chegar á noticia de todas as partes
interessadas; a fim de que cada huma dellas possa allegar o seu Direito
nos dias, em que se tratar da Demarcação, em que tiver interesse, Pa
ra cada hum dos referidos Bairros se formará logo hum livro numerado,
e rubricado pelo respectivo Ministro. Nos ditos livros se lançarão por ter
mos separados, primeiro as Praças, Ruas, Becos, Edificios publicos, e
depois tambem com a mesma separação os Edificios particulares, na so
bredita fórma: assignando nelles os Ministros, Oficiaes Engenheiros, as
Partes interessadas, ou seus bastantes Procuradores, e os Louvados no
meados, ou por ellas, achado-se presentes, ou pelos ditos Ministros á sua
revelía. Nos casos em que não cessarem pelo referido modo as dúvidas,
que se moverem entre as mesmas Partes, tomando-se sempre o termo
com as declarações, do que constar, para se proceder sem suspensão nas
outras diligencias, se dará por cópias ás Partes, que assim o requerem,
tudo o que houver passado a respeito das dúvidas entre elas pendentes,
para estas serem verbalmente sentenciadas na Casa da Supplicação em
huma só instancia pelos Relatores, e Adjuntos, que o Duque Regedor
nomear. Bem visto, que nos sobreditos Processos se não poderão invol
ver questões do Dominio das referidas Propriedades, nem admittir-se de
excepções dilatorias, ou peremptorias, ou materias, que neccessitem de
discussão ordinaria, e da mais alta indagação, mas sim, e tão sómente
o que pertencer á posse, em que cada huma das referidas Partes se a
chava, e ao estado em que existião os Edificios no dia primeiro do cor
rente, para cada hum ser conservado na mesma Posse, e no mesmo es
tado, como se não houvesse precedido a calamidade do referido dia; fi
cando salvo ás mesmas Partes o Direito, que antes tinhão, para prose
guirem as acções, que lhes competissem, e estivessem pendentes por
meios ordinarios. Para escreverem nos sobreditos livros serão nomeados
os Escrivães da Correição do Civel da Corte, e do Civel da Cidade, que
escolher o Duque Regedor, vencendo cada hum delles, á custa das Par
tes interessadas, por dia o salario, que se acha estabelecido pelas Mi
nhas Leis, fóra a sua escrita, o qual será rateado pelos Donos dos sobre
ditos Terrenos, conforme a porção que cada hum tiver. Nos casos duvi
dosos serão tambem chamados os Mestres da Cidade, para com elles se
tomarem as informações, que forem necessarias, vencendo os sobreditos
Mestres cinco tostões por dia naquelles, em que forem occupados, os
quaes serão pagos na sobredita fórma, sem outro algum emolumento,
qualquer que ele seja. O mesmo Duque Regedor o tenha assim enten
dido, e faça executar pelo que lhe pertence. Belém a 29 de Novembro
de 1755. = Com a Rubríca de Sua Magestade. |-

Regist, a fol. 3. do livro dos Decretos, e impr.


avulso.

*-+.….>----+ - -

S ENDo informado de que alguns Proprietarios, e Possuidores de Casas,


ou Terrenos, pertendem locupletar-se em grave damno de Terceiros com
a calamidade presente, extorquindo alugueres exhorbitantes, e pensões
1755 403

excessivas pelas Casas, ou Lojas, que ficárão salvas do Terremoto, ou


menos arruinadas por elle, e pelos aforamentos de quaesquer pequenos
espaços de chão para nelle se edificarem Cabanas, ou Casas de madeira:
E usando da Minha Patrenal, e Regia Providencia para occorrer a esta
iniquidade em beneficio do Meu Povo aflicto: Mando, que até segunda
ordem, não possão alterar-se em pouco, ou em muito os alugueres das
Casas, Lojas, ou Armazens sitos dentro na Cidade, ou nos seus Subur
bios; mas que precisamente se conservem no preço, que tinhão, e po
dião valer até o fim do mez de Outubro proximo precedente: Que no ex
cesso sejão nullos, e de nenhum vigor, todos os contratos de alugueres,
ou de aforamento de Casas, que se houverem feito depois do dito dia;
restituindo os Proprietarios, ou Possuidores o que já tiverem recebido :
E que as pessoas, que depois de tres dias contados contínua, e succes
sivamente da publicação deste, fizerem, ou aceitarem arrendamentos,
ou aforamentos de Casas com o referido excesso, além da nullidade del
les, que sempre terá lugar em todos os que houverem sido feitos antes,
e depois da referida publicação, incorrerão, a saber: os Proprietarios,
ou Possuidores das Casas no perdimento dellas para Minha Coroa, e os
Aceitantes de taes condições, ou aforamentos no valor do preço em que
forem avaliadas as ditas Propriedades: Podendo estas penas, e as mais
abaixo estabelecidas, ser denunciadas ou pelo Procurador da mesma Co
roa, ou por quaesquer Particulares, aos quaes farei mercê em sua vida
das Propriedades denunciadas, e de ametade do preço, que deverem pa
gar cumulativamente os Condutores, ou Enfiteutas. Em quanto aos Ter
renos, para edificar Cabanas, ou Casas de madeiras: Sou outro sim Ser
vido annullar semelhantemente todos os Contratos de arrendamento, e de
aforamento, que se tiverem celebrado depois do primeiro dia de Novem
bro proximo passado com excesso do justo rendimento, que produzirião
os ditos Terrenos, se tal calamidade não houvesse precedido: E que a
lém da referida nullidade, que sempre terá lugar em todas as Pessoas,
que fizerem, ou aceitarem semelhantes contratos por preços excessivos,
depois dos tres dias da publicação deste, contados na sobredita fórma,
incorrerão nas mesmas penas assima estabelecidas. As quaes se execu
tarão da mesma sorte contra os que alugarem, ou aforarem com seme
lhante excesso Casas, Lojas, Armazens, ou Terrenos de pessoas isen
tas da Minha Real Jurisdicção, além de serem tambem sempre nullos
estes contratos. E os Tabeliães, que taes Escrituras fizerem, contra a
fórma assima ordenada, incorrerão na pena de perdimento de seus Offi
cios, e ficarão inhabeis para servirem outros Oficios de Justiça, ou Fa
zenda. Para se fazer o justo arbitrio do preço, ou pensão, que se deve
pagar, ou pelos alugueres das Casas, que antes não andavão de arrenda
mento, ou pelos Terrenos, que já estão alugados, ou aforados, e se alu
arem, e aforarem de futuro para os ditos efeitos: Hei por bem, que o
# Regedor da Casa da Supplicação nomeie os Ministros da mesma
Casa, que bem lhe parecer, ante quem se fação as avaliações pelos Mes
tres da Cidade. Sentido-se as partes gravadas, poderão recorrer ao Des
embargo do Paço para a emenda do arbitramento; sem este preceder, se
rão nullos os sobreditos contratos, incorrendo tambem os Tabelliães, que
os fizerem, nas penas assima declaradas. E por evitar edificações indis
cretas em lugares distantes do recinto da Cidade, que sendo já disforme
na sua extensão, se não deve permittir, que se dilate com discommodo
grave da communicação, que antes se deve facilitar entre os seus Habi
1antes; prohibo debaixo das mesmas penas, dº
{ • #ee por
? ora , e em quanto
404 }755

Eu não for Servido Ordenar o contrario, determinando os justos limites


da Cidade, se possa aforar, ou tomar de aforamento algum Terreno pa
ra edificar de novo Casas de pedra, e cal, a saber: principiando pela
banda do Poente fóra das Portas dos Quarteis de Alcantara, do Palacio,
e Hospicio de Nossa Senhora das Necessidades, dos Arrebaldes do Se
nhor da Boa Morte, e de S. João dos Bens Casados; e continuando do
Casal do Pai e Silva, do Salitre, do Chafariz de Andaluz, da Carreira
dos Cavallos, da Bemposta, de Santa Barbara, do Forno do Tijolo, da
Cruz dos Quatro Caminhos, de Val de Cavallinhos, e de Santa Apol
lonia. A Meza do Desembargo do Paço o tenha assim entendido, e fa
ça executar pelo que lhe pertence, mandando afixar este nos lugares pu
blicos da Cidade de Lisboa, e seus Suburbios, para que chegue á noti
cia de todos. Belém a 3 de Dezembro de 1755. = Com a Rubríca de
Sua Magestade. •

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no li


vro das Leis, e impresso por Ordem da Meza do
Desembargo do Paço, e imp. na Oficina de Antonio
Rodrigues Galhardo.
#--*** Orºk *****

EU ELREI Faço saber a quantos este Alvará com força de Lei vi


rem, que sendo informado de que de alguns annos a esta parte se tem
introduzido o abuso de se intrometterem no Commercio, que se faz des
te Reino para o Estado do Brazil, diferentes pessoas ignorantes do mes
mo Commercio, e destituidas dos meios necessarios para o cultivarem,
as quaes não tendo, nem intelligencia para traficar, nem cabedal, ou
credito, que perder, se encarregão de grossas partidas de fazendas, que
tomão sobre credito sem regra, nem medida, para com ellas passarem
pessoalmente ao dito Estado, de sorte, que quando nelle chegão a co
nhecer, que lhe não podem dar consumo por preços competentes aos que
lhe custárão, Internando-se pelos Sertões, gravados com grandes som
mas de fazendas alheias, não só arruinão a fé pública, mas tambem os
interesses particulares dos Negociantes, que delles confião as Mercado
rias com que fogem; causando-lhes muito consideraveis perdas, de que
se seguem quebras, e perturbações no Commercio daquelle Continente:
E procurando em beneficio do mesmo Commercio obviar nelle hum abu
so de tão perniciosas consequencias: Estabeleço, que em nenhuma das
Frotas, que partirem depois do fim deste presente anno em diante para o
Estado do Brazil, possão passar a elle Comissarios volantes, quaes são os
que, comprando fazendas, as vão vender pessoalmente para voltarem com
o seu procedido: e isto debaixo da pena de irremissivel confiscação das
mesmas fazendas, que será applicada ametade para a Minha Real Cama
ra, e a outra ametade para quem denunciar a transgressão desta Minha
Lei; incorrendo na mesma pena cumulativamente os Mestres, Oficiaes,
e Marinheiros dos Navios Mercantes, que per si, ou por outrem fizerem
o referido Commercio, ou que sabendo quem o faz, o não denunciarem
no termo de dez dias contínuos, successivos, e contados daquelles em
que chegarem aos pórtos da sua destinação as sobreditas Frotas, ou Na
vios, que partirem destacados. No caso, não esperado, em que com
transgressão desta, e das Minhas Leis, e Ordens precedentes succeda -
embarcarem-se as ditas fazendas nos Navios de Guerra: Sou Servido,
1755 405

que os Oficiaes delles, que fizerem, ou consentirem esta especie de Con


trabando, além da confiscação assima referida, em que incorrerão sendo
as fazendas proprias , e de outro tanto quanto ellas valerem , sen
do alheias, fiquem pelo mesmo facto privados, dos seus póstos, e inhabeis
para mais não occuparem outro algum no Meu Real serviço. E sendo
Marinheiros dos mesmos Navios de Guerra, serão condemnados a traba-.
lharem por hum anno nas obras públicas da Cidade pela primeira vez, e
reincidindo, se dobrará e triplicará a pena á proporção dos lapsos , em
que reincidirem. E para que, ainda que alguns dos sobreditos venhão de
fóra do Reino, ou da Corte, não possão nunca allegar ignorancia: Man
do, que este seja em todos os annos afixado pelo Provedor dos Arma
zens nos tempos, e lugares, em que se puzerem os Editaes para a sahi
da das Frotas: ordenando, que na chegada dellas ao Brazil, os Minis
tros, que presidirem nas Mezas de Inspecção visitem as Náos de Guer
ra com os seus Oficiaes, assim como chegarem, e quando estiverem
promptas para sahirem: E que achando nellas mercadorias de qualquer
qualidade, que sejão, as autuem , confisquem, e fação beneficiar para
se applicarem na sobredita fórma; procedendo a devaça de doze teste
munhas sem determinado tempo contra os culpados; e remettendo os
Autos dellas á Minha Real presença pela parte, que Eu for Servido or
denar-lhes. No caso, tambem não esperado, em que os referidos Minis
tros Inspectores achem qualquer opposição, que lhes encontre executa
rem as visitas, e diligencias assima ordenadas, autuando as pessoas, que
se lhes oppozerem, Me darão conta com os Autos, que formarem na
maneira assima declarada. As denúncias dos referidos casos serão tomadas
em segredo, com tanto que se verifiquem depois pela corporal apprehen
são; nesta Corte perante o Juiz de India, e Mina; e no Estado do Bra
zil perante os sobreditos Ministros Inspectores dos respectivos Pórtos;
os quaes todos farão entregar logo aos Denunciantes as meações, que
lhe tocarem, sem maior dilação, ou nas mesmas Mercadorias confiscadas,
ou em dinheiro, que dellas provenha por arrematação, consentindo as
Partes interessadas.
• Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
co, Védores da Fazenda, Presidente do Conselho do Ultramar, Regedor
da Casa da Supplicação, Governadores da Relação, e Casa do Porto,
e das Relações da Bahia, e Rio de Janeiro, Vice-Rei do Estado do Bra
zil, Governadores, e Capitães Generaes, e quaesquer outros Governado
res do mesmo Estado, e mais Ministros, Oficiáes, e Pessoas delle, e
deste Reino, que cumprão, e guardem, e fação inteiramente cumprir,
e guardar este Meu Alvará, como nelle se contém. O qual valerá como
Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe, e ainda
que o seu efeito haja de durar mais de hum anno, não obstantes as Or
denações, que dispoem o contrario, e sem embargo de quaesquer outras
Ieis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo neste, as quaes
Hei tambem por derogadas para este efeito sómente, ficando aliás sem
pre em seu vigor; e este se registará em todos os lugares onde se costu
mão registar semelhantes Leis, mandando-se o Original para a Torre
do Tombo. Escrito em Belém a 6 de Dezembro de 1755. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis a fol. 86 , e impr. na Officina de An
tonio Rodrigues Galhardo.
406 1755

*#==%von}é #

Sendo presente a ElRei Meu Senhor, que o Edital, que fiz publicar
com a data de 17 de Novembro proximo passado, respectivo á restitui
ção das cousas furtadas por occasião do Terremoto, e Incendio, que pa
deceo esta Cidade, não surtio todo o seu efeito, por não ser bastante
o termo de tres dias para poder chegar á noticia de todos, foi Servido
resolver, que por este novo Edital, no Real Nome de Sua Magestade,
declarasse, que toda a pessoa de qualquer qualidade, estado, e condi
ção, que seja, que achar, ou tiver achado nas ruinas do Terremoto, ou
Incendio, que houve nesta Cidade, peças de ouro, ou prata, dinheiro,
ou barras, diamantes, ou outros quaesquer móveis, ou alfaias, no ter
mo dos primeiros quinze dias, contados do da data deste Edital, os ma
nifeste, e entregue á Minha ordem, para as mandar pôr em deposito pe
lo mesmo Senhor constituido, e destinado, para delle se poderem entre
gar a seus donos, declarando as pessoas, que fizerem o manifesto, o lu
gar, e o modo, porque os acharão , sem que porém sejão obrigados a
declarar os seus nomes proprios as pessoas, que assim fizerem a referida
entrega: com declaração, que todo aquelle em cuja mão for aprehendida
qualquer cousa alheia, depois de passado o referido termo, será havido
por ladrão público, e como tal castigado com as penas da Lei, e de seus
novos, e Reaes Decretos. Lisboa a 10 de Dezembro de 1755. = Duque
Regedor.
Impresso avulso,

# #LOººk **R

Manda ElRei Meu Senhor, que nenhuma pessoa de qualquer estado,


ou condição, que seja, edefique propriedade alguma de casas nos Bair
ros desta Cidade, que padecerão a ruina do incendio depois do dia pri
meiro de Novembro passado; e do mesmo modo reedifique as que forão
queimadas, até que se concluão os Tombos, e medição das mesmas pro
priedades, determinados por Decreto de 29 do mesmo mez, com o fim
de evitar pleitos em beneficio público. A mesma prohibição extende Sua
Magestade ainda aos outros Bairros, cujas casas não padecerão total des
truição, pelo que pertence a novas obras de pedra e cal, até segunda
ordem do mesmo Senhor: bem entendido, que por esta segunda prohi
bição se não comprehendem os concertos precisos para a reparação , e
conservação das propriedades que os Terremotos, deixarão em estado de
poderem servir a seus donos. No caso de contravenção ordena Sua Ma
gestade, que as propriedades sejão mandadas demolir á custa das partes,
a quem se imporão, além deste castigo, as mais penas, que o mesmo
Senhor reserva ao Seu Real Arbitrio. Lisboa a 30 de Dezembro de 1755.
= Com a Assignatura do Regedor da Casa da Supplicação.
Impresso com o Edital de 20 de Abril de 1759 na Im
pressão de A. R. Galhardo.
407

--…==>$@$@$$$$$$$<==--

ANNO D E 1756.

S……—o. Homens de Negocio da Praça desta Cidade, abaixo escri


tos, penetrados da pública calamidade, a que ficou reduzida a Capital
destes Reinos pelo Terremoto, e incendios do primeiro de Novembro do
anno presente, e summamente reconhecidos á Real liberalidade, e pa
ternal providencia, com que Vossa Magestade tem promovido o commer
cio do Reino, e Conquistas, desejando como fiéis, e leaes Vassallos de
Vossa Magestade concorrer quanto lhes seja possivel para as immensas
despezas, que se hão de fazer com a reedificação de Lisboa, humilissi
mamente prostrados na Real presença de Vossa Magestade procurão ma
nifestar o seu reconhecimento com a oferta de hum voluntario Donativo
de quatro por cento, que pertendem se imponhão nos Direitos de todas
as mercadorias, e manufacturas, que entrarem nestes Reinos.
Este Donativo, Senhor, ainda que em parte haja de cahir sobre
os Póvos do Reino pelo consummo, que farão de algumas das mesmas
mercadorias, he bem evidente ser huma minima parte a respeito do que
ficará sobre o commercio dos supplicantes; pelo que entendem os suppli
cantes, que este inconveniente não deve obstar, quando todos os leaes
Vassallos de Vossa Magestade devem concorrer, como lhe seja possível,
em huma tão urgente necessidade, para que o Real Erario de Vossa Ma
gestade seja constituido no estado de supportar os grandes desembolços,
que faz indispensaveis a actual calamidade.
Os que mais immediatamente interessão o bem commum dos Pó
vos, e do commercio são os que se devem fazer com a reedificação das
Alfandegas; e não duvidando os supplicantes, que ellas fação hum dos
primeiros objectos da paternal Providencia de Vossa Magestade, suppli
cão humildemente a Vossa Magestade se sirva mandar applicar este Do
nativo a huma tão util, e necessaria obra, para que seja feita de sorte,
que as mesmas Alfandegas contenhão todos os competentes Armazens,
/
408 1756

que faltavão nas que padecerão ruina, e que o commercio tenha huma
Praça digna de Capital destes Reinos, e com a commodidade necessaria
para que nella residão os Homens de Negocio, sem sujeição ás injúrias
do tempo.
E para que com este subsidio se possa adiantar, e concluir com
a maior brevidade a obra referida, supplicão tambem humilissimamente
a Vossa Magestade se sirva ordenar, que o referido Donativo se cobre,
e arrecade com huma total separação dos Direitos, que já se achão es
tabelecidos debaixo da administração de hum Fiel, eleito pela Junta do
Commercio, o qual no fim de cada semana leve ao deposito público da
Corte, e Cidade a importancia, que houver recebido, para delle se ap
plicar por consignação para a reedificação das ditas Alfandegas, por tan
tos annos, quantos forem necessarios para este efeito; e que finalizados
que sejão com o inteiro pagamento da sua despeza, se sirva Vossa Ma
gestade, usando da sua Real, e innata piedade, mandar aliviar nesta
parte os Póvos, e commercio do referido encargo.
Esperamos os supplicantes, que Vossa Magestade, usando da sua
Real benignidade, se sirva mandar impôr o dito Donativo sómente sobre
as mercadorias, e manufacturas, que actualmente pagão Direitos nas
Alfandegas, para que não succeda que os mantimentos, e mais merca
dorias, que os não pagão até o presente, fiquem com este gravamem em
prejuizo dos Póvos: e que a Real grandeza de Vossa Magestade se sirva
de acceitar este subsidio na sobredita conformidade, como hum fiel teste
munho do intimo afecto, e profundissimo reconhecimento, de que se achão
penetrados os corações dos supplicantes pelos successivos beneficios, que
tem recebido da incomparavel grandeza de Vossa Magestade; a qual con
fião, que Deos abençoará de sorte, que faça consummada com a felici
dade destes Reinos a de todos os seus fiéis Vassallos. José Rodrigues Ban
deira, Rodrigo de Sande de Vasconcellos, João Luiz de Sousa Saião,
Antonio dos Santos Pinto, João Rodrigues Monteiro, Domingos de Bas
tos Vanna ; João Luiz Alvares, Bento José Alvares, Manoel Ferreira
da Costa, José Moreira Leal, Estevão José de Almeida, Antonio Ribei
ro Neves, José Francisco da Cruz, José Rodrigues Lisboa, João de Arau
jo Lima, Manoel Gomes de Campos, Custodio Ferreira Goes, Domingos
Gomes da Costa, Damaso Pereira, Manoel Pereira de Faria, Mathias
José de Castro, Antonio de Castro Ribeiro, Guilherme Ferreira Maciel,
Rafael de Oliveira Braga, Domingos Teixeira de Andrade, Francisco
José Lopes, Custodio Vieira da Cruz, Manoel José Vianna, José Leite
Pereira, João Alvares Vieira , Antonio de Azevedo Silva, Domingos
Francisco, Domingos Francisco Pena, Felix Rodrigues, Manoel Anto
nio de Faria Airão, Manoel Gomes de Sá Vianna, José da Silva Leque,
Antonio Alvares dos Reis, Domingos Rodrigues Bandeira, Antonio Li
ma Barros, Balthazar Pinto de Miranda, João Rodrigues Valle, Alva
ro de Sousa, José Domingues, Bernardo Gomes Costa, Manoel Antonio
Pereira. |-

(SUA MAGEsTADE.) Hei por bem acceitar este voluntario Donativo


da lealdade, e zelo dos supplicantes para ser estabelecido, arrecadado,
e regulado na mesma fórma, em que se acha por elles oferecido. O Con
selho da Fazenda o tenha assim entendido, e faça expedir nesta confor
midade as ordens necessarias. Belém a 2 de Janeiro de 1756. = Com a
Rubríca de Sua Magestade. - - -

Impresso avulso.
1756 409

* #«…>…}} #

DoM JOSE por graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem, e d'alem mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio de Ethiopia Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber aos que esta Lei virem que sendo-Me presentes os intolera
veis abusos introduzidos nas Audiencias das Chancellarias, que fazem
os Corregedores, e Ouvidores nas suas Comarcas, e tambem nas Audien
cias pertencentes ás posturas das arvores, procedendo-se em tudo contra
o disposto em Minhas Ordenações, e na Lei de trinta de Março de mil
seiscentos e vinte e tres, e Alvará de vinte de Setembro de mil seiscen
centos e quarenta e hum; e ainda dando-se interpretações alheias do seu
verdadeiro, e juridico sentido á Lei de sete de Janeiro de mil setecen
tos e cincoenta na parte, em que fala das acções, e condemnações das
referidas Audiencias: E querendo Eu prover de remedio, com que se
extinga, e atalhe tão desordenado procedimento, de que resultão gravis
simos damnos, e extorções aos Póvos de Meus Reinos: Houve por bem
Declarar, e Ordenar por esta Minha Lei o modo, e fórma certa, e inva
riavel, que os Corregedores, e Ouvidores devem practicar nas ditas Au
diencias na maneira seguinte: Que não admittão acções do Chanceller,
Rendeiro da Chancellaria, Meirinho, ou de qualquer outra pessoa con
tra os Oficiaes, que devem ter Cartas de Oficio; e Mestres , com o
pretexto de lhes não apresentarem, ou de não terem Cartas, ou Regi
mentos, ou de não serem examinados, ou de não terem dado fianças, ou de
não observarem as taxas, ou por qualquer outro motivo, por ser todo este
conhecimento privativo das Camaras, e Justiças ordinarias, na fórma das
Leis, e especialmente da de sete de Janeiro de mil setecentos e cincoen
ta, que assim o determina, e se deve entender absolutamente. E bem as
sim que se não intrometão a proceder, ou admittir acções algumas pela
inobservancia das posturas dos passaros, nem contra Recoveiros, Almocre
ves, Carreiros, e outros semelhantes, com pretexto algum, ou seja de não
apresentarem licenças, ou de não terem dado fianças nas Camaras, ou de
não mostrarem Certidões de que as derão, ou de não observarem as taxas,
ou qualquer outro pretexto, porque tambem este conhecimento pertence
sómente ás ditas Camaras, e Justiças ordinarias: Que não procedão tam
bem, nem admittão acções contra os Lavradores, ou Seareiros, que ven
dem seus fructos por grosso, ou por miudo, com o pretexto de não te
rem pezos, ou medidas afiladas, e marcadas, ou de as não marcarem,
e afilarem em tempos certos, ou de lhes não apresentarem escritos , ou
Certidões dos Afiladores, pois não são obrigados os Lavradores, ou Sea
reiros a terem pezos, ou medidas proprias, e pódem medir, e pezar pe
las alheias, que sejão marcadas, e afiladas ; e sómente lhes poderão os
Corregedores, e Ouvidores formar culpa judicialmente, provando-se que
vendem por pezos, e medidas falsas , ou não marcadas, e conformes:
Que de nenhuma maneira admittão acções do Meirinho , ou de Official
algum de Justiça , nem do Chanceller , ou Rendeiro da Chancellaria,
contra as pessoas, que não plantarão arvores, e que observem exactamen
te a este respeito a providencia da Lei de trinta de Março de mil sete
centos e vinte tres para que as terras sejão povoadas de arvores confor
me as suas qualidades, e como convém #" público: Que sómente
410 1756

por razão dos pezos, ou medidas possão admittir acções do Chanceller,


ou Rendeiro da Chancellaria contra Oficiaes mecanicos , e outras pes
soas, que por oficio vendem ao Povo, senão tiverem os pezos, ou medi
das que devem ter conforme as Ordenações, ou se as não tiverem afila
das, e marcadas nos tempos devidos, ou as tiverem dobradas, ou medi
rem, e pezarem por pezos, e medidas não afiladas, e marcadas; com de
claração porém, que os taes Oficiaes , e pessoas sejão sómente as que
exprime, e numera a Ord, lib. 1. tit. 18 desde o $.42. até o §. 62. in
clusivè, e não outras algumas de qualquer oficio, trato, ou mister , de
que se não faz expressa menção na dita Ordenação: E outro sim Man
do que as citações das pessoas referidas, contra as quaes podem ter lu
gar as acções do Chanceller, ou Rendeiros da Chancellaria, se fação pes
soalmente na fórma de Direito, exprimindo aos citados a culpa, ou cau
sa especifica, porque são chamados ás ditas Audiencias: E Hei por nul
las, e de nenhum efeito as citações de outro modo feitas, e por abolido,
como incivil, e erroneo o estilo de as fazer por pregões, declarando as
sim a Lei de sete de Janeiro de mil setecentos, e cincoenta, em quan
ta falla do pregão, pois se refere ao da Audiencia, em que se accusa
a citação, que precedeo, e que se suppoem feita legitimamente na pes
soa do accusado: Tendo-se tambem entendido que para ter lugar a con
demnação contra qualquer assim citado, deve o Chanceller, ou Rendei
ro da Chancellaria provar especificamente a culpa, ou pela achada, ou
ela confissão do Réo, ou por duas testemunhas na fórma da Ordenação:
} declaro nullas, e inexequiveis quaesquer condemnações, ou procedi
mentos de outra maneira praticados. E considerando tambem as gran
des vexações, que os Oficiaes mecanicos, e pessoas sujeitas á Chancel
laria padecem pelas violencias, que com ellas praticão alguns Corregedo
res, mandando-os citar para as Audiencias da Chancellaria, que fazem
fóra dos Conselhos, em que os citados são moradores, e trazendo-os por
este modo a longas distancias de suas casas, com notavel incommodo,
e perda de dias de trabalho contra o disposto no Alvará de vinte de Se
tembro de mil seiscentos e quarenta e hum: Hei por bem Ordenar que
daqui em diante por nenhum modo, ou pretexto possão os Corregedores,
ou Ouvidores conhecer das acções da Chancellaria não estando em Cor
reição dentro do Conselho, aonde os citados são moradores: E que, con
travindo algum, ou alguns Corregedores, ou Ouvidores em todo, ou em
parte ao determinado nesta Lei, além de serem nullos os seus procedi
mentos, incorrão pelo mesmo facto em perdimento do lugar, e perpétua
inhabilidade para todos, e quaesquer empregos do Meu Real Serviço;
as quaes penas, além da nullidade, incorrão tambem os Ouvidores das
terras das Ordens, do Estado da Rainha, Minha muito amada, e pre
zada Mulher, do Estado do Infantado, e de quaesquer outros Donativos,
que por suas Doações tenhão Correição, e nas residencias de todos os
ditos Ministros inquirirão os Sindicantes muito particularmente sobre a
observancia desta Lei, que Mando se cumpra, e guarde, como nella se
contém, sem embargo de quaesquer Leis, Alvarás, Decretos, Resolu
qões, Sentenças, costumes, ou estilos, que haja em contrario, porque
todos Hei por derogados, como se de cada hum fizesse expressa menção.
E outro sim Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Paço, Re
gedor da Casa da Supplicação, Governador da Relação do Porto, e aos
Desembargadores das ditas Casas, e a todos os Corregedores, Provedo
res, Ouvidores, Juizes, Oficiaes de Justiça destes Meus Reinos, e Se
nhorios a cumprão, e guardem, e fação cumprir, e guardar. E ao Dou
1756 411
tor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, Desembargador
do Paço, e Chanceller Mór destes Reinos, e Senhorios, que a faça lo
go publicar, e envie cópias della sob Meu Sello, e seu signal a todos os
Corregedores, e Ouvidores das Comarcas destes Reinos, e aos "Ouvido
res das terras dos Donatarios, aonde os Corregedores não entrão por Cor
reição, que a fação publicar nas Cabeças dos Conselhos, e registar nas
Camaras delles, para que a todos seja notoria. E esta se registará tam
bem nos livros da Meza dos Meus Desembargadores do Paço, nos das
Casas da Supplicação, e da Relação da Cidade do Porto, em que se cos
tumão registar semelhantes Leis, e esta propria se lançará na Torre do
Tombo. Belém 19 de Janeiro de 1756. = Com a Assignatura de ElRei.
": , : :
# , | Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li:
vro das Leis, o fol. 87 ; e impr. na Officina de Mi
gucl Rodrigues.

+ #«>"# *

+
\

H ei por bem, que a faculdade que tenho concedido á Junta, que so


licita o bem commum do com mercio, para nomear os Fiéis, que devem
receber o Donativo dos quatro por cento, procedidos da voluntaria ofer
ta dos Meus fiéis Vassallos, que negoceão na Praça de Lisboa, se veri
fique nas tres repartições da Casa da India, e das duas Alfandegas do
Assucar, e do Tabaco, em cada huma das quaes, e nos mais lugares
que necessario for, nomearão hum Fiel que nelles assista, como tambem
os Escrivães das suas respectivas Receitas, estabelecendo-lhes a todos
competentes ordenados, que Me farão presentes para os confirmar, sen
do pagos pelo producto do mesmo Donativo; e tomando a referida Jun
ta aos ditos Fieis as fianças, que julgar necessarias. E porque os dous
generos do Assucar, e do Tabaco não tem nas Pautas avaliações deter
minadas, se cobrarão os quatro por cento do primeiro delles a respeito
de mil e duzentos réis cada arroba do branco, e de seiscentos réis o mas
cavado: E do segundo genero a respeito de dez tostões, em cada arroba,
por ser o preço mais commum do custo do Tabaco. O Conselho da Fazen
da o tenha assim entendido, e faça expedir as ordens necessarias pelo
que lhe
Sua pertence. Belém 20 de Janeiro de 1756. = Com a Rubrica de
Magestade. • •

|- - Impresso avulso.

# #<>ºk…->

* *

DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'aquém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India&c.
Faço saber aos que esta Minha Lei virem, que, sendo-Me presente que
no Estado do Brazil continuão os mulatos, e pretos escravos a usar de
facas, e mais armas prohibidas, por não ser bastante para cohibillos as
penas impostas pelas Leis de vinte e nove de Março de mil setecentos e
dezanove, e vinte cinco de Junho de
-- -
"………… e quarenta e nove :
2
412 | 1756

Hei por bem que em lugar da pena dos dez annos de Galés impostas nas
referidas Leis, incorrão os ditos pretos, e mulatos escravos do dito Es
tado, que as transgredirem, na pena de cem açoutes no Pelourinho, e
repetidos por dez dias alternados; o que se não entenderá com os negros,
e mulatos, que forem livres; porque com estes se devem observar as
Leis já estabelecidas. Pelo que mando ao Presidente, e Conselheiros do
Meu Conselho Ultramarino, e ao Vice-Rei, e Capitão General de mar,
e terra do mesmo Estado do Brazil, e a todos os Governadores, e Capi
tães Móres delle, como tambem aos Governadores das Relações da Ba
hia, e Rio de Janeiro, Desembargadores dellas, e a todos os Ouvido
res, Juizes, Justiças, Oficiaes, e mais pessoas do dito Estado cumpräo,
e guardem esta Lei, e a fação cumprir, e guardar inteiramente , como
nella se contém ; a qual se publicará, e registará em Minha Chancellaria
Mór do Reino; e da mesma sorte será publicada nas Capitanías do dito
Estado do Brazil, e em cada huma das Comarcas delle, para que venha
á noticia de todos, e se não possa allegar ignorancia; e tambem se re
gistará nas ditas Relações, e nas mais partes onde semelhantes Leis se
costumão registar, lançando-se esta propria na Torre do Tombo. Lisboa,
24 de Janeiro de 1756. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Mar
quez de Penalva, Presidente. *

{, : -

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no


Livro das Leis a fol. 89, e impr. na Q/ficina de
Miguel Rodrigues.

+---+"<>>> 3%

E… Meu Senhor tem mandado delinear plano para cada hum dos
Bairros de Lisboa, os quaes se publicarão com brevidade, assignando-se
nelles a largura, e a direcção das ruas; a estructura exterior, e eleva
ção dos Edificios, os quaes devem ser uniformes, tudo quanto commoda
mente poder observar-se. Nesta consideração recebi a ordem de fazer
publicar hum Edital com a data de 30 de Dezembro do anno passado;
e o mesmo Senhor me manda annunciar, e declarar novamente o seguin
te = Que todas as Casas, que depois do referido Edital de 30 de De
zembro, e daquelle tempo em diante, se acharem fabricadas de paredes
de pedra, e cal, frontaes, ou tabiques, que no acto da demarcação, que
se fizer, se acharem contrarias aos referidos planos, serão no mesmo ac
to demolidas á custa de seus donos, sem outra alguma figura de juizo.
Lisboa a 10 de Fevereiro de 1756. = Com a Assignatura do Regedor
da Casa da Supplicação.
Impr. com o Edit. de 20 de Abril de 1759 na Oficina
de Galhardo. - -

**

* #*<>"+ #

O Conselho da Fazenda faça estabelecer em todas as Alfandegas, e


casas de despacho aonde se ha de cobrar o donativo dos 4 por 100 que
1756 413

ºs Homem de Negocio propozerão para a reedificação das Alfandegas,


lugares decorosos e acommodados para nelles se pôrem as mezas dos Fiéis,
e Escrivães que hão de receber, e arrecadar o mesmo donativo fazendó
declarar ao Provedor, e Oficiaes da Meza Grande da Alfandega do As
sucar, que os referidos 4 por 100, que os sobreditos Homens de Nego
cio se impozerão em beneficio do seu commercio com a diversa nature
za de serem distinctos dos direitos das Alfandegas, e que na fórma dos
Meus Reaes Decretos de 2, e 26 de Janeiro, e de 23 de Fevereiro pro
ximos preteritos hão de ser separadamente arrecadados pelos ditos Fiéis,
e Escrivães, que forão nomeados pela Junta, que solicíta o bem commum
Commercio, e por elles lançados em livros tambem separados de toda a
da receita, e arrecadação da mesma Alfandega não são de nenhuma sorte
comprehendidos nas imposições, donativos, e obras que se lanção e ar
recadão pela Meza Grande da mesma Alfandega na fórma do capitulo 2.°
§ 1º do Alvará e Regimento de 29 de Dezembro de 1753, nem para
se lançarem nos livros da Arrecadação da Minha Fazenda, nem para del
les se contarem outros emolumentos diversos dos que Fui Servido esta
belecer aos ditos Fiéis, e Escrivães. O mesmo Conselho o tenha assim
entendido, e faça executar com as ordens necessarias. Belém a 3 de Mar
ço de 1756. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impr. na Regia Typografia Silviana.

} #1.çº # #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará em fórma de Lei virem,
que por justas causas, que Me forão presentes: Sou Servido extinguir
os Oficios de Executores da Alfandega grande, e da Alfandega do Ta
baco da Cidade de Lisboa; como tambem a incumbencia da execução
das dívidas da Junta da Administração do mesmo Tabaco, que estava
commettida a hum dos Ministros Deputado della; para o que de Meu
Motu proprio, certa sciencia, Poder Real, e absoluto, revogo todas as
Leis, Regimentos, Foraes, Alvarás, Decretos, Resoluções, e Ordens
da creação dos ditos Oficios, e incumbencias; e em lugar de todos Hei
por bem crear de novo hum Lugar de Letras de graduação de primeiro
Banco, que se intitule: Juiz Executor das dívidas das Alfandegas da Ci
dade de Lisboa, e Junta da Administração do Tabaco; para o qual se Me
consultará no Conselho da Fazenda hum dos Bachareis approvados para Me
servirem, de melhor nota, que tenha cabimento ao dito lugar, o qual
servirá por tempo de tres annos, no fim dos quaes dará regularmente re
sidencia, que será vista no mesmo Conselho, e delle remettida para os
Juizes dos Feitos da Fazenda da Casa da Supplicação, onde será sentencea
da pelo seu merecimento. Vencerá o dito Ministro de seu Ordenado cen
to é oitenta mil réis, dos quaes lhe pagará o Thesoureiro da Alfandega
Grande noventa mil réis, e outros noventa mil réis o Thesoureiro geral
do rendimento do Tabaco: E mais haverá todas as assignaturas, e emo
lumentos, e terá a mesma alçada, que tem os Corregedores do Civel da
Cidade de Lisboa, sem que possa levar, nem pertender outra alguma
propina, assignatura, ordinaria, ou ajuda de custo, . • *

E para que com maior cuidado execute as dívidas de Minha Fa


zenda: Ordeno que de toda a importancia das dívidas, que Por execu
414 1756

ção viva fizer arrecadar, tire dez por cento; dos quaes leve para si qua
tro, e faça entregar dous á pessoa, que servir de Procurador da Fazen
da no seu Juizo : tres ao Escrivão da causa; e hum ao Solicitador; com
o qual disconto já feito, se entregará o resto das dívidas executadas aos
Thesoureiros a que pertencer: Bem entendido, que pela simples citação,
ou penhora pagando os devedores sem disputa, nem venda de bens, se
não vencerá este premio na conformidade do Alvará de vinte de Novem
bro de mil setecentos cincoenta e quatro, excepto o hum por cento dos
Solicitadores, porque estes sempre os vencerão por não terem outro emo
lumento de seus Officios. - |-

Conhecerá o dito Juiz Executor de todos os embargos, disputas,


e incidentes, que se moverem nas execuções, julgando-as como for jus
tiça na primeira instancia com Appellação, e Aggravo para o Juizo dos
Feitos da Fazenda da Casa da Supplicação: E do mesmo modo conhecerá
de todas as preferencias, que algumas pessoas de fóra pertenderem ter aos
bens dos devedores de Minha Fazenda, pelas dita repartições das Al
fandegas, e Junta do Tabaco, ou as dívidas procedão de direitos venci
dos, e não pagos, ou de fianças não desobrigadas ou dos Mercadores,
que faltarem de credito, ou das condemnações das penas dos descami
nhos, usando para este fim da mesma jurisdicção concedida ao Provedor,
e Feitor Mór da Alfandega grande da sobredita Cidade, e das mais do
Reino, pelos Capitulos 114 até 119 do Foral, e todas as Provisões, e
Ordens, que sobre elles se lhe tiverem passado. Do qual Provedor, e
Feitor Mór, sou Servido separar a dita jurisdicção, e conhecimento, pe
lo grande trabalho, que lhe tem accrescido do expediente da dita Alfan
dega, do qual não he conveniente a Meu serviço, que se divirta, para
conhecer das ditas preferencias, e causas.
Tanto que os direitos das ditas Alfandegas forem vencidos, e que
os assignantes dellas não pagarem, serão os Thesoureiros obrigados de
apresentarem os escritos aos Provedores, para os mandarem notificar pe
los Sacadores, que paguem em vinte e quatro horas; e não pagando, man
dem logo os mesmos Provedores carregar em receita ao dito Juiz Exe
cutor para proceder contra elles, e seus fiadores a penhora, e prizão na
fórma dos Foraes, Regimentos da Fazenda, e Ordenações do Reino,
até que as dívidas sejão inteiramente cobradas. E os Thesoureiros, que
dentro de hum mez, depois das dívidas vencidas, não fizerem a referida
diligencia, pagarão por seus bens toda a falta, que houver nos devedores }
a qual haverá delles o mesmo Juiz Executor,
Os Escrivães da Meza grande das ditas Alfandegas, que tiverem
por distribuição os Livros das ditas fianças, serão obrigados de os ver
todos os dias para saberem as que estão vencidas, sem estarem desobriga
dos, das quaes darão logo parte aos Provedores, em presença dos quaes
com outro Escrivão das Mezas, e com Contador da conferencia, onde o
houver, liquidarão a dívida das ditas fianças; e as farão carregar em re
ceita ao Juiz Executor dentro de dez dias seguintes ao vencimento, com
pena de pagarem por seus bens toda a falta, que houver nos fiadores,
como assima fica ordenado. - -

As fazendas descaminhadas, que forem apprehendidas, e deposi


tadas á ordem dos Provedores das Alfandegas, serão por sua ordem ven
didas antes, ou depois das Sentenças, carregando-se seus preços em re
ceita aos Thesoureiros na fórma dos Foraes. Porém as Sentenças das pe
nas, ou das denúncias dos descaminhos, de que não houver fazendas ap
prehendidas, logo que passarem em julgado, se carregarão em receita
1756 415

ao dito Juiz Executor para proceder contra os Réos na fórma de Minhas


Ordenações, ou as ditas Sentenças sejão dos Provedores, e Oficiaes das
Alfandegas, nos casos que couberem em suas alçadas, ou da Instancia
superior. •

No caso de quebrarem alguns Mercadores Assignantes das ditas


Alfandegas, ou no caso dos Provedores anticiparem o prazo aos que fo
rem suspeitos de credito, será o dito Juiz. Executor obrigado tanto que
chegar á sua noticia, judicial, ou extrajudicialmente, ir logo em pessoa
com os Oficiaes, a que pertencer, sequestrar, e inventariar os bens dos
Quebrados, e suspeitos de credito, ouvindo as partes, que tiverem que
requerer, sem suspensão de sequestro, conforme o cap. 114. do Foral.
Os Escrivães, e Solicitadores das ditas executorias serão prompta
mente obedientes ao dito Juiz Executor, como tambem os Meirinhos, e
Oficiaes de ordens, e execução das ditas Alfandegas, e Junta, em tu
do o que lhes mandar por Meu serviço, e por bem do seu cargo, e do
mesmo modo Mando a todos os Meirinhos, e Alcaides da Cidade de Lis
boa, e seu Termo cumpräo, e guardem inteiramente todas as ordens, e
mandados, que elle lhes passar, na referida fórma, com pena de suspen
são, e prizão, que contra todos poderá executar, autuando-os na fórma
ordinaria. E aos Tribunaes, e Ministros de Meus Reinos Mando que
cumpräo todos os Precatorios, e Advocatorias que elle lhes passar por
Meu serviço, para a boa arrecadação da Minha Fazenda.
Ao dito Juiz Executor pertencerá tirar todas as Devaças de des
caminhos, que o Conselho de Minha Fazenda, ou a Junta da Adminis
tração do Tabaco lhe commetterem; e tambem conhecerá de todas as
resistencias feitas aos Oficiaes das Executorias, Alfandegas, e Junta,
remettendo humas, e outras culpas para o Juizo dos Feitos da Fazenda,
onde serão sentenciados em huma só instancia com a brevidade possi
vel, para mais promptamente se vedarem os delictos, e se dar exemplo
aos delinquentes. •

Tanto que o dito Juiz Executor entrar a servir, se lhe fará recei
ta de todas as execuções, que actualmente correrem, e das dívidas, que
de novo se houverem de executar no tempo em que se vencerem, escre
vendo-se em livros separados por cada hum dos Escrivães das Reparti
ções, a que tocarem. E será obrigado a fazer executar, e recolher nos
Cofres dentro de hum anno, contando do dia em que se lhes fizerem as
receitas, todas as dívidas, que forem exígiveis, dando conta no Conse
lho da Fazenda, e na Junta da Administração do Tabaco de todas as
que se não poderem cobrar por falta de bens, para se Me fazerem pre
sentes pelos mesmos Tribunaes, com todas as instrucções necessarias pa
ra se mandarem riscar das receitas: e faltando a qualquer destas obriga
Qões, se lhe dará em culpa na sua residencia. E para o fim da referida
brevidade, Ordeno a todos os Ministros, Oficiaes, e pessoas de Meus
Reinos, e Dominios, que com toda a promptidão executem os Precatorios,
e mandados, que o dito Executor lhes passar por Meu serviço nos ter
mos, que nelles forem prefinidos, com pena de virem emprazados a ca
da hum dos ditos Tribunaes, a que o conhecimento pertencer, dar a ra
zão de suas ommissões, e culpas, e satisfazerem as penas, que lhe fo
rem impostas, negando-se-lhes Certidões para suas residencias: E aos
Juizes dos Feitos da Fazenda Ordeno, que no despacho dos feitos desta
Executoria tenhão a mesma brevidade, que devem ter com o despacho
dos Feitos da Executoria dos Contos do Reino, e Casa, ordenada no Al
vará de vinte e tres de Agosto de mil setecentos cincoenta e tres.
416 1756

• Usará o dito Juiz Executor de todas as Leis, Alvarás, Regimen


1os, Decretos, Resoluções, e Ordens passadas aos Executores extinctos
naquillo, que neste Alvará não for revogado: E mandará continuar os
Feitos com vista ao Advogado, que na repartição dos Contos estiver ap
provado, para dizer por parte da Fazenda, ao qual mandará pagar o pre
mio, que neste Alvará lhe vai concedido.
E porque dos ditos Oficios de Executores das Alfandegas ha dous
Proprietarios vitalicios; Mando, que em quanto estes forem vivos, se
lhes paguem os Ordenados concedidos nos Alvarás de vinte e nove de
Dezembro de mil setecentos cincoento e tres, capitulo segundo §. 24, e
de vinte e dous de Abril de mil setecentos cincoenta e quatro, capitulo
quatro no principio.
Mando aos Védores de Minha Fazenda, Presidente do Desem
bargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador da Casa
do Porto, Presidente da Junta da Administração do Tabaco, e a todos
os Ministros dos ditos Tribunaes, e de outros quaesquer de Meus Rei
nos, Senhorios, Juizes, Oficiaes, e pessoas, a que o conhecimento per
tencer, cumpräo, e guardem este Alvará, como nelle se contém, sem
embargo de qualquer Lei, ou Regimento em contrario, que para este
fim revogo de Meu Motu proprio, certa sciencia, Poder Real, e absolu
to. E ao Desembargador Manoel Gomes de Carvalho do Meu Conselho,
e Chanceller Mór dos Meus Reinos, Mando que o faça publicar na Chan
cellaria, e enviar Cópias impressas aos Tribunaes, Ministros, e mais
pessoas a que se costumão remetter. E este se registará nas Casas refe
ridas, e o proprio se lançara na Torre do Tombo. Dado em Belém a 20
de Março de 1795. = Com a Assignatura de Sua Magestade, e a do
Ministro.
• Regist. na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no
|-

* *

• Livro das
Miguel Leis, a fol. 90 , e impr. na Oficina de
Rodrigues.

% #«…>…?: 3k

O Conselho da Fazenda faça logo examinar o estado presente de todos


os Cofres, e Armazens da sua repartição nesta Corte, e Provincia da Es
tremadura, e Reino do Algarve: mandando fazer aos Thesoureiros, Al
moxarifes, e mais Recebedores novas receitas de tudo o que se salvou,
e ficou existente depois do Terremoto do primeiro de Novembro proxi
mo passado: em cujo dia: Hei por acabado o tempo a todos, e a cada
hum dos sobreditos Officiaes, e os Hei tambem por reconduzidos por
mais tres annos se existirem nos lugares: Tomando-se-lhes porém até
ele com a maior diligencia as suas respectivas contas: Fazendo-se-lhes no
vas receitas na sobredita fórma: E nomeando-se-lhes os Oficiaes neces
sarios para se tomarem ao mesmo tempo as referidas contas, sem que hu
mas esperem pelas outras. Em quanto elas se não findarem, e se Me
não consultar que efectivamente forão expedidas, para Eu então Orde
nar o que fer Servido, se não lavrarão, sem especial Ordem Minha, Fo
lhas, ou outros alguns papeis, ou pagamento, que sejão procedidos de
despezas, que se fizessem antes do dito dia primeiro de Novembro. O
mesmo Conselho o tenha assim entendido, e faça executar com as Or
1756 417

dens necessarias. Belém a 22 de Março de 1756. = Com a Rubrica de


Sua Magestade. (1) -

Impresso na Oficina de Miguel Rodrigues.

+ #*Oººk #

Sou Servido confirmar os quinze Capitulos das Instrucções formadas pe


da Junta, que solicíta o Bem commum do Commercio, para servirem de
Regimento aos Recebedores, e Escrivães da Receita dos quatro por cen
to, oferecidos pela Praça de Lisboa, e por Mim aceitos no Meu Real
Decreto de dous de Janeiro proximo passado, assim como baixão escri
tas em tres meias folhas de papel, rubricadas pelo Secretario de Estado
Sebastião José de Carvalho e Mello. E Mando, que por ellas se proceda
em Juizo, e fóra delle, sem embargo de quaesquer Leis, Regimentos,
ou Disposições contrarias: Dando-Me a referida Junta conta no fim de
cada quartel pelo mesmo Secretario de Estado de todo o recebimento,
que nelle se houver feito, para Eu o applicar na fórma do sobredito De
creto de dous de Janeiro proximo precedente. Belém a 14 de Abril de
1756. = Com a Assignatura de Sua Magestade. |-

* *
\

Instrucções para servirem de Regimento aos Recebedores, e Escrivães dos


quatro por cento; oferecidos pela Praça de Lisboa, e aceitos por Sua
AMagestade no seu Real Decreto de dous de Janeiro do presente anno
de 1756.

I. Os Recebedores, e Escrivães destas receitas serão contínuos


na assistencia dos seus lugares, entrando, e sahindo ás horas determina
das pelo Foral, fazendo expedição, e bom tratamento ás partes, e ha
vendo falta de que conste na Junta, serão por ella suspensos, nomeando
se interinamente outras pessoas, e se dará conta a Sua Magestade.
II. Os Despachos de todas as Fazendas, que vierem ás suas respec
tivas estações, serão lançados em livros particulares, que se fizerão pa
ra esta arrecadação, numerados, rubricados, e encerrados pelos Deputa
dos da Junta. E para obviar a todas as dúvidas, que se podem oferecer
sobre as Fazendas, que são pertencentes á mesma arrecadação; se de
clara, nos livros da receita della se hão de lançar sómente os bilhetes
daquelas mercadorias, e manufacturas, que entrarem nestes Reinos, e
vierem de fóra delles, assim pela via de mar, como pela da terra, incluin
se na mesma arrecadação os que forem transportados da Asia, e Ame
rica Portuguezas, e das Ilhas adjacentes a ellas, e a estes Reinos, sen
do daquellas que atégora pagárão direitos a Sua Magestade, tudo na
conformidade do genuino sentido do § 1. da representação da Praça de
Lisboa, e dos Reaes Decretos de 2 de Janeiro, e 29 de Março proximos
precedentes. •

III. Os Oficiaes da Repartição da Alfandega do Assucar devem co


brar os quatro por cento pela avaliação de mil e duzentos réis por arro
ba de branco, e de seiscentos réis no mascavado, na fórma do Real De
creto de Sua Magestade de 26 de Janeiro deste anno, sem que se faça

(1) Vid, o Decreto de 13 de Junho deste anno.


| Ggg
418 1756 |

o abatimento de metade do pezo, como se observa na Alfandega pela


ultima resolução do mesmo Senhor a respeito do direito principal, mas
sim cobrando-se de cada caixa, v. g. de quarenta arrobas pela cabeça
mil novecentos e vinte réis ao todo para este Donativo: Bem entendido,
que se as partes fizerem pezar as caixas por entender que estão diminutas
a respeito do pezo das cabeças, pagarão sómente o Donativo que corres
ponder ao pezo da balança; sendo Sua Magestade Servido declarar, que
a concessão de despachar pelo pezo das cabeças das caixas, he sómente
permissiva, tanto no principal direito, como neste Donativo.
IV. Os Oficiaes desta Repartição na Alfandega do Tabaco cobrarão
os quatro por cento pela avaliação de mil réis por arroba, na fórma do
mesmo Real Decreto, sem que se faça abatimento de metade do pezo,
ou de outra qualquer graça extraordinaria, mas sim cobrando-se das ar
robas em bruto do bilhete da balança, abatidos pela Tara quatro arrates
sómente por arroba, ou fazendo a conta a novecentos e sessenta réis de
avaliação pelo pezo bruto do Tabaco, seja este pezado em rolos, ou des
Imanchado em pannos; porém nesta nova imposição senão comprehendem
os Tabacos despachados pelos Contratadores deste genero para o consu
mo do mesmo Contrato, que se acha convencionado sem este Donativo.
V. As Fazendas baldeadas, ou depositadas não se devem entender
comprehendidas neste Donativo, porque não pagão o principal direito;
sendo porém denunciadas, e aprehendidas, se devem cobrar os quatro
por cento, separando-se estes do producto da Fazenda pelo valor da sua
arrematação.
V1. Nas tomadias se cobrarão tambem os quatro por cento do preço
da arrematação, fazendo-se receita nos mesmos livros com declaração á
margem.
VII. Os Oficiaes desta arrecadação na Casa do Paço da Madeira
devem cobrar os quatro por cento de entrada sómente, e na fórma do
Capitulo 2." destas Instrucções, por quanto as obras feitas, ainda compre
hendidas nelas as vendas dos Navios , ou quaesquer outras. Embarcações,
sejão as vendas voluntarias, ou necessarias, ficão isentas deste Donativo,
em que Sua Magestade foi Servido aceitar quatro por cento de entrada
sómente, na fórma do Capitulo 1.° do oferecimento da Praça, e por esta
mesma razão devem ser isentos todos os mais despachos, que não forem
de entrada.
VIII. Ainda que na sobredita repartição do Paço da Madeira se co
bra a dizima em especie, e a Siza a dinheiro, se devem cobrar os qua
tro por cento deste Donativo a dinheiro, assim de madeira, como de to
dos os outros Generos pelas avaliações da Pauta, que todos os annos se
faz pelos Oficiaes da mesma repartição, com approvação do Desembar
gador, Conselheiro, e Provedor da Alfandega, para se evitarem as con
fusões das vendas das madeiras, e multiplicação de Oficiaes, que nel
las se empreguem. No Donativo porém, que se impoem ao peixe secco,
se cobrará em especie na fórma do costume, e por esta Junta se fará sa
ber aos Oficiaes quem se acha encarregado das vendas do dito peixe sec
co, para que todos os mezes lhe tomem conta do producto, e o lancem
na sua receita. •

IX. Os quatro por cento deste Donativo, ou seja cobrado a dinheiro


nas madeiras, e mais Generos, ou em especie no peixe secco, deve ser
arrecadado a bordo pelos mesmos Oficiaes, que cobrão a Siza para Sua
Magestade, fazendo estes as suas declarações na fórma que se pratica
nos Reaes direitos, por quanto o mesmo Senhor he Servido impor lhes
1756 4 19

esta obrigação, pela qual serão remunerados por esta Junta conforme os
seus merecimentos; e os Mestres dos navios, ou Capitães serão obrigados
a dar entrada no livro deste Donativo, na fórma que se pratíca na Me
za dos Reaes direitos. •

X. Os Recebedores destas contribuições ficão obrigados a levar ao


Cofre do Deposito geral da Corte, ou áquelle, que inteiramente se lhes
determinar, no Sabbado de tarde de cada huma Semana todo o recebi
mento das suas receitas, apresentando aos Officiaes do mesmo Cofre hu
ma Certidão dos Escrivães delles Recebedores, pela qual conste tudo o
que se cobrou até o dito dia.
Os mesmos Recebedores não poderão divertir cousa alguma dos
seus recebimentos, nem ainda a titulo dos seus ordenados, recebendo-os
de si proprios; por quanto devem ser delles embolçados aos quarteis pe
lo Deposito público com conhecimentos expedidos pelo Secretario da Jun
ta na conformidade do Decreto do dito Senhor, que se tem expedido ao
mesmo Deposito geral para este efeito: o mesmo se praticará com os Es
crivães dos sobreditos Recebedores.
XI. Os mesmos Recebedores, além de serem obrigados a dar contas
nesta Junta no fim de cada hum dos annos, dos seus recebimentos, te
rão sempre prompto hum caderno corrente, que possão apresentar na mes
ma Junta na maneira abaixo declarada, pelo qual conste de todas as quan
tias, que houverem recebido, e dos dias em que forão recebidas, e en
tregues no Deposito geral, de tal sorte que faltando a darem as referidas
contas na sobredita fórma, serão indispensavelmente suspensos pela Jun
1a para mais não serem reconduzidos, e se procederá contra elles execu
tivamente na mesma fórma em que se procede contra os Almoxarifes, e
Recebedores da Fazenda Real, sendo Juiz privativo nestes casos o mais
antigo dos dous Ministros Deputados do mesmo Deposito geral: E sendo
as contas dadas perante os Deputados, que a mesma Junta nomear para
este efeito, e depois por toda ella em corpo revistas, e approvadas.
XII. Os Escrivães da Receita tambem são obrigados a ter hum livro
prompto, e separado do livro principal, que possão apresentar a esta Jun
ta todas as vezes que lhes for mandado, e no fim de cada Semana darão
ao seu Recebedor huma Certidão do seu recebimento para entregar na
Junta dos depositos, ou onde estiver o Cofre, observando inviolavelmen
te, que nos primeiros tres dias de cada hum mez hão de fazer constar
nesta Junta por huma Certidão assignada pelo seu Recebedor, de todo
o rendimento do mez antecedente.
XIII. Os mesmos Escrivães das receitas devem pôr verbas nos sobre
ditos livros, pelas quaes conste, que a quantia recebida naquella Sema
na foi entregue no Cofre dos Depositos a folhas tantas do livro daquelle
Cofre, e que o conhecimento da entrega foi assignado por pessoas nomea
das daquella repartição.
XIV. Todos os Recebedores, e Escrivães deste Donativo são obriga
dos a tirar os seus provimentos, que hão de ser sobrescritos pelo Secreta
rio desta Junta, e assignados pelo Provedor, e Deputados della para ser
virem por tempo de tres annos, sem que da Real confirmação de Sua
Magestade possão deduzir direito algum para a serventia de mais alguns
annos, ou propriedade de Officios, e ainda que o requeirão, e consigão,
Sua Magestade ha por obreticias, e de nenhum vigor todas as mercês,
que for Servido fazer contra esta formalidade, a que os mesmos Oficiaes
se sujeitão. •

XV. Nenhum dos Oficiaes desta arrecadação poderá levar das partes
Ggg 2
420 1756
emolumento algum, por qualquer pretexto, ou motivo que seja, e a to
das as mais obrigações, que pelo tempo a diante se lhes impozerem se
sujeitão a esta Junta, e sendo chamados acodirão promptamente para
observarem as ordens, que lhes forem encarregadas, e para que em ne
nhum tempo aleguem ignorancia, assignará cada hum dos sobreditos
hum termo, pelo qual se sujeitão á observancia de tudo o que assima fi
ca declarado, e se lhes darão transumptos impressos desta Instrucção,
e dos Reaes Decretos, que nella se enuncião, depois de haver sido con
firmada pelo dito Senhor. Lisboa 10 de Abril de 1756. = José Rodri
gues Bandeira. = João Rodrigues Monteiro. = Pedro Rodrigo Godinho.
= João Luiz de Sousa Sayão. = José Moreira Leal. = João Luiz Alvares.

Impr. na Oficina de Miguel Rodrigues.

# *«…>, ºk-' +

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que, tendo consideração aos prejuizos, que sentírão os Meus Vassallos,
que habitão nos lugares das Costas destes Reinos, assim pelas embarca
Qões que perdèrão, como pelas casas, que se lhes arruinárão no Terre
moto do primeiro de Novembro do anno proximo passado; e a que, com
prehendendo o damno, que se seguio daquellas ruinas, huma grande par
te dos outros Meus Vassallos, se fazem todos dignos da Minha Régia,
e Paternal Providencia, para animar a navegação de huns, e dar por
meio della tambem facilidade á reedificação das propriedades dos outros:
Hei por bem que todas as madeiras da producção das terras destes Rei
nos, que forem nelles transportadas de huns para outros pórtos, por em
barcações que, sem dólo, nem malicia sejão proprias de Vassallos Meus
naturaes dos mesmos Reinos, e dos seus Dominios, gozem do mesmo re
bate nos Direitos de entrada, e sahida, assim pelos rios, como pelas fo
zes, e do mesmo favor na fórma da arrecadação, que tenho concedido á
Companhia geral do Grão Pará, e Maranhão, sem alguma diferença.
Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor
da Casa da Supplicação, Governador da Relação, e Casa do Porto, Go
vernador, e Capitão General do Reino do Algarve, e mais Ministros,
Oficiaes, e pessoas a quem pertencer, que cumprão, e guardem, e fa
ção inteiramente cumprir, e guardar, como nelle se contém este Meu
Alvará. O qual valerá como Carta passada pela Chancellaria... posto que
por ella não passe, ainda que o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstantes quaesquer Regimentos, Ordens, ou Disposições con
trarias, que todas Hei por derogadas para este efeito sómente, como
se dellas fizesse expressa menção, ficando aliás sempre em seu vigor. E
este se registará em todos os lugares, onde se costumão registar semelhan
tes Leis, mandando-se o original para a Torre do Tombo. Escrita em
Belém
do a 22 de Maio de 1756. = Com a Assignatura de ElRei, e a
Ministro. •

Regist. no Livro da Fazenda a fol. 16., e impr. na


Officina de Miguel Rodrigues.
1756 12]

*# #«Ow} \:

Sou Servido confirmar os cinco Capitulos das Instrucções formadas pe


la Junta, que solicíta o Bem commum do Commercio, para servirem de
Regimento aos Recebedores, e Escrivães da Receita dos Quatro por cen
to oferecidos pela Praça de Lisboa, e por Mim aceitos no Meu Real
Decreto de dous de Janeiro proximo passado, assim como baixão escri
tas em meia folha de papel rubricada pelo Secretario de Estado Sebas
tião José de Carvalho e Mello. E Mando que por elas se proceda em
Juizo, e fóra dele, sem embargo de quaesquer Leis, Regimentos, ou
Disposições contrarias: Dando-Me a referida Junta conta no fim de ca
da quartel pelo mesmo Secretario de Estado de todo o recebimento, que
nelle se houver feito, para Eu applicar na fórma do sobredito Decreto
de dous de Janeiro proximo precedente. Belém a 2 de Junho de 1756.
= Com a Rubrica de Sua Magestade.

Instrucções para servirem de Regimento aos Recebedores, e Escrivães do


Quatro por cento nas Alfandegas do Reino, oferecidos pela Praça de
Lisboa, e aceitos por Sua Magestade no seu Real Decreto de dous de
Janeiro deste presente anno de 1756.

I. Os Recebedores, e Escrivães do producto dos Quatro por cento


nas Alfandegas do Reino, ficão obrigados a cumprir na parte, que lhes he
applicavel, os quinze Capitulos , que por esta Junta se formarão para
instrucções dos Oficiaes desta arrecadação na Corte de Lisboa; e forão
confirmados por Sua Magestade pelo seu Real Decreto de quatorze de
Abril de 1756.
II. O Recebedor da Alfandega do Porto remetterá todos os quinze
dias o producto do seu recebimento pelo Correio ordinario, a entregar
ao Deputado, e Thesoureiro da Junta, que solicíta o Bem commum do
Commercio José Moreira Leal, ou a quem lhe succeder na mesma The
souraria, remettendo juntamente a Certidão do seu Escrivão da receita
ao Secretario da mesma Junta, pela qual conste de que vem remettida
toda a quantia recebida depois da ultima remessa; e pelo mesmo Secre
tario se lhe mandará Conhecimento em fórma para sua descarga.
III. Os Recebedores de todas as outras Alfandegas ficão obrigados a
todas as clausulas do Capitulo segundo destas Instrucções, com a dife
rença sómente de que hão de remetter os productos das suas receitas no
fim de cada hum mez, e nas circumstancias de se ter cobrado cem mil
réis ao menos; porque, não chegando a esta quantia, ficará deferida a
remessa para o fim do seguinte mez, ou para aquelle tempo em que es
tiver completa a sobredita somma de cem mil réis; com tanto que, che
gando a finalizar o anno do seu provimento, se fará a remessa do que
houver no Cofre; porém sempre remetterão ao Secretario da Junta a Cer
tidão do que se tiver cobrado em todos os mezes.
IV. Os Escrivães da receita ficão tambem obrigados aos quinze Ca
pitulos referidos no §. 1. destas Instrucções, e a entregar aos seus res
pectivos Recebedores todas as Certidões, que são obrigados a remetter
a esta Junta.
422 1756

V. E a todas as mais obrigações, que lhes forem impostas por esta


Junta, se sujeitão os Oficiaes desta arrecadação; e para cumprimento
de tudo assignárão estas Instrucções, e as mais, que forão confirmadas
por Sua Magestade no sobredito Real Decreto de 14 de Abril deste pre
sente anno. Lisboa a 20 de Maio de 1756. = José Rodrigues Bandei
ra. = João Rodrigues Monteiro. = João Luiz Alvares. = Pedro Rodri
gues Godinho = João Luiz de Sousa Sayão. = José Moreira Leal. = An
tonio Ribeiro Neves.
Impresso avulso.

# kºoººk #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará em fórma de Lei vi


rem, que tendo extinguido por outro de vinte de Março deste anno os
Oficios de Executores das Alfandegas do Assucar, e do Tabaco, e do
das execuções da Junta da Administração do mesmo, que estavão com
mettidas a hum dos deputados della; e creado hum Executor, que servi
se todas as sobreditas, Ministro de Letras, e lugar, de primeiro Banco,
que este conhecesse de todos os embargos, disputas, e incidentes na pri
meira Instancia, com Appellação, e Aggravo para o Juizo dos Feitos da
Fazenda da Casa da Supplicação, e que da mesma fórma determinasse
as preferencias, que algumas pessoas pertendessem ter aos bens dos de
vedores da Minha Real Fazenda, e executasse as condemnações impos
tas nas Sentenças; que passassem em julgado, e as penas procedidas dos
descaminhos, em que não houvessem fazendas apprehendidas; e conhe
cesse das resistencias feitas aos Officiaes das Executorias, Alfandegas,
e Junta, remettendo humas, e outras ao Juizo dos Feitos da Fazenda.
E porque no dito Alvará se não expressou, que o dito Executor
désse Appellação, e Aggravo para a Junta da Administração do Taba
co em tudo o que tivesse origem deste genero, por ser a dita Junta Tri
bunal competente e privativo, e que tem melhor conhecimento que ou
tro algum; e poder o Procurador da Fazenda daquella repartição assistir
ás causas, que sentenciarem a final sobre as execuções, e dependencias
dellas; e serem muitas das Sentenças proferidas na dita Junta, a quem
pertence na fórma da Lei do Reino conhecer dos embargos oppostos ás
sobreditas execuções, e da mesma fórma das preferencias, e mais inci
dentes, e das resistencias feitas aos Oficiaes do dito genero na fórma do
Regimento do Tabaco, e outras varias resoluções Minhas, que se achão
na dita Junta. -

Sou Servido declarar o dito Alvará; e Mando, que o Executor


nomeado, e os que lhe succederem, dêm Appellação, e Aggravo para a
Junta da Administração do Tabaco em tudo o que disser respeito a es
te genero, tiver nascimento delle, como até agora se praticou ; e da mes
ma fórma nas resistencias commettidas contra os Oficiaes do Tabaco, e
suas Executorias; porque não foi, nem he da Minha tenção em quanto
ás causas do Tabaco, e suas execuções, e dependencias, alterar a dis
posto no Regimento delle.
Pelo que: Mando aos Védores de Minha Fazenda, Presidente do
Desembargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador da
Casa do Porto, Presidente da Junta da Administração do Tabaco, e aos
mais Ministros, Corregedores, Provedores, Ouvidores, e Juizes destes
1756 423

Meus Reinos, e Senhorios cumprão, e guardem este Men Alvará, co


mo nelle se contém: E Mando ao Desembargador Manoel Gomes de
Carvalho do Meu Conselho, e Chanceller Mór de Meus Reinos, e Se
nhorios, que o faça publicar na Chancellaria, e enviar Cópias impressas
aos Tribunaes, e Ministros a que se custumão remetter; e este se re
gistará nas Casas referidas, e o proprio se lancará na Torre do Tombo.
Dado
Rei, eme a Belém aos 9 de Junho de 1766. = Com a Assignatura de El
do Ministro. •

Regist, na Chancellaria Mór da Córte, e Reino no


Livro das Leis a fol. 29, e impr. avulso.

*—»……—º

O Conselho da Fazenda faça declarar aos respectivosMinistros, que se


achão encarregados da execução do Meu Real Decreto de vinte e dous
de Março deste presente anno, na conformidade da resolução, que Fui
Servido tomar em vinte e dous de Maio proximo precedente, que, ain
da que os Almoxarifes, e Recebedores, a que Mandei tomar as suas con
tas, podem dállas, sem sahirem dos lugares, como lhes tenho concedi
do; não foi com tudo da Minha Real intenção que no acto dellas se frau
dasse o fim da prohibição, que para darem semelhantes Oficiaes as suas
contas de dentro; qual he o de não matarem com as receitas presentes
as dívidas preteritas: E que no espirito das mesma prohibição se devem
principiar a todas as referidas contas pelos recebimentos, que se tive
rem feito desde o primeiro de Novembro do anno proximo passado em
diante, estabelecendo-se Cofres, nos quaes, além das tres chaves ordi
narias, tenhão huma quarta chave os respectivos Ministros encarrega
dos das referidas contas, para que sem a sua assistencia se não possa re
ceber, nem pagar, como tenho ordenado, dinheiro algum dos referidos
Cofres em quanto se não findarem as sobreditas contas: Recolhendo-se
logo aos mesmos Cofres todo o dinheiro que se achar fóra delles, e se
não mostrar legitimamente dispendido : Passando-se depois a tomar as
referidas contas do tempo passado até o ultimo de Outubro do anno |
proximo preterito; não só, aos Oficiaes, que se achão em actual exer
cicio, mas tambem aos que houverem servido sem terem completado as
contas do seu recebimento; posto que com ellas tenhão já entrado nos
Contos, e salvo sómente o caso de terem quitações expendidas em fór
ma, para não serem obrigados a dar nova conta: Usando os sobreditos
Ministros de toda a jurisdicção coactiva, de que necessitarem, para se
fazer a sobredita arrecadação, e se praticarem os meios necessarios pa
ra os fins, que tenho ordenado; e especialmente da de avocarem todos
os livros de receita, e despeza, canhenhos, mandados, conhecimentos,
e todos os mais papeis necessarios para a boa expedição das suas diligen
cias: Observando-se tudo o referido, sem embargo de quaesquer dispo
sições contrarias, que Hei por derogadas nesta parte sómente como se
dellas fizesse especial menção: O mesmo Conselho o tenha assim enten
dido, e faça executar logo com as Ordens necessarias, fazendo copiar
nellas este Decreto, e declarar a todos os Officiaes nomeados para as
ditas contas, que tenho determinado, que estas se tomem nas casas da
habitação de cada hum dos respectivos Ministros, para com estes as
424 1756

irem expedir os sobreditos Oficiaes todas as vezes, que os convocarem


para estas diligencias do Meu Real serviço, e que só para se receber, e
pagar ás partes á boca dos Cofres nomearão os mesmos Ministros tres
tardes certas em cada semana para irem a elles. Belém a 13 de Junho
de 1756. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Impresso avulso.

# # …>,3% 33

S……M. presente a falta, que se experimenta na Provincia de Além


Téjo de Ceifeiros, e Trabalhadores, e que, os que ha, levão salarios
excessivamente maiores dos que até aqui recebião, sem haver motivo
justo para esta diferença; e por ser conveniente evitar-se hum excesso
tão contrario ao interesse público, qual he a conservação das lavouras, e
a cultura das terras, com conveniencia, e utilidade dos Lavradores: Sou
Servido Ordenar, que da publicação desta Minha Real Ordem em dian
te, nenhum Ceifeiro, ou outro algum Trabalhador, que servir em qual
quer ministerio, expecialmente aos Lavradores, e da mesma fórma aos
Criados destes, levem maior salario por qualquer modo, que seja a con
venção, e ajuste do que o que se costume pagar mais commua, e ordi
nariamente no anno de mil setecentos cincoenta e quatro, e nos proxi
mamente antecedentes; Sou outro sim Servido, que as justiças ordina
rias de cada lugar tenhão o cuidado de saberem todas as semanas, se no
seu destricto se falta á indispensavel observancia desta Minha Real Re
solução, tirando sobre isto as testemunhas, que julgarem bastão para a
veriguação da verdade; e quando conste por este modo, ou por queixa
das partes, comprovadas por tres testemunhas, que alguma pessoa pe
dio, e recebeo maior salario, a pronunciarão e mandarão prender; e sen
do ouvida em vinte e quatro horas, não dando escusa suficiente, será con
demnado em quatro mil réis para a pessoa prejudicada, sem appellação,
nem aggravo; qual sentença será dada pelo Juiz de Fóra, e não o ha
vendo na terra, remetterá o Juiz Ordinario o auto ao Juiz de Fóra mais
visinho: o que se entenderá pela primeira vez; porém sendo o mesmo
réo comprehendido em reincidencia, será mandado com os autos a hu
ma das cadeias desta Cidade á Ordem do Duque Regedor das Justiças,
para ser sentenciado na Casa da Supplicação summariamente a servir
com calcete nas obras publicas pelo tempo que parecer justo, segundo a
qualidade, e excesso da transgressão. Os Ministros das terras da Provin
cia saberão dos Lavradores della as partes donde costumão vir as Pes
soas, que servem em similhantes ministerios, e passarão Cartas aos Mi
nistros das suas terras em Meu Real Nome com o teor deste Decreto,
para que fação efectivamente vir os ditos Trabalhadores a servirem na
fórma costumada, remettendo listas aos lugares para onde vem, com os
nomes dos que se destinão para cada hum delles, e quando voltarem, le
varão da mesma fórma guia, com a declaração de terem acabado o tem
po do seu trabalho; e succedendo sahirem sem ella, serão prezos, e cas
tigados com as penas assima ordenadas, para os que levão maior salario,
para por este modo se evitar a fugida, e deserção dos mesmos Trabalha
dores. A Meza do Desembargo do Paço o tenha assim entendido, e man
de passar as ordens necessarias a todas as terras da Provincia de Além
1756 425

Téjo, com a cópia deste Decreto impressa, # que em todas se publi


que por Editaes , para vir á noticia de todos. Belém 15 de Junho de
1756. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

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S…….M. presente que houve pessoas taes, e tão barbaras, que se


atrevêrão a proferir , que poderia haver quem attentasse contra a vida
de alguns dos Ministros, que comigo despachão, e executão as Minhas
Reaes Determinações: e considerando o horroroso escandalo, que seme
lhantes palavras causarião na Religião , Civilidade, e Obediencia dos
Meus fiéis Vassallos: Sou Servido, que o Desembargador Pedro Gonçal
ves Cordeiro, Deputado da Meza da Consciencia, e Ordens, proceda
logo a huma exacta averiguação, e Devaça (que ficará sempre aberta
sem limitação de tempo, nem determinado número de testemunhas) pa
ra nella inquirir sobre as pessoas, que tiverão, ou tiverem as sobreditas
práticas, ou outras a ellas semelhantes : Servindo-lhe este Decreto de
corpo de delicto: Fazendo-o logo imprimir, e afixar impresso em todos
os lugares públicos da Cidade de Lisboa, e mais Cidades, e Villas des
tes Reinos: Promettendo por elle vinte mil cruzados de premio aos que
fielmente descobrirem os authores das sobreditas práticas; e cumulativa
mente o perdão de todas as culpas , que houverem commettido até o
tempo, em que fizerem a declaração, ainda sendo cumplices no mesmo
delicto; com a clausula de que , não sendo criminosos os que taes de
clarações fizerem, lhes será de mais compensado o referido perdão com
outras mercês, que receberão da Minha Real Grandeza conforme os ser
viços , que Me houverem feito ao dito respeito , e as circumstancias,
que nelles concorrerem : Tomando o sobredito Ministro estas declara
ções em hum inviolavel segredo , em ordem a cujo fim reservo por ora
ao Meu Real arbitrio a nomeação de outro Ministro , que ha de escre
ver na dita Devaça: extendendo o beneficio de todos os sobreditos pre
mios avantajados ás pessoas, que, constando-lhes das que houverem ti
do, ou tiverem as ditas práticas, as prenderem e entregarem prezas a
qualquer dos Magistrados da Cidade de Lisboa, ou destes Reinos, que
bem as segurem , e remettão nesta fórma ao dito Desembargador Juiz
Commissario da mesma Devaça : Para o que Hei por bem não só fazer
cumulativas todas as Jurisdicções da mesma Cidade, e Reinos , e até
as dos Ministros das Terras de Donatarios com os da Minha Real Coroa,
e pelo contrario, para que cada hum delles possa sahir do lugar onde se
lhe fizer a declaração , e exercer ao dito respeito no Territorio dos ou
tros sem dúvida alguma ; mas tambem Sou Servido authorisar os parti
culares, que tiverem noticia, ou vehemente presumpção de semelhan
tes Delinquentes, para os poderem prender per si mesmos, com tanto
que os levem via recta ao Ministro de Vara branca mais visinho, o qual
á instancia dos que houverem feito a prizão , e declaração das causas
della será obrigado a remetter o prezo, ou prezos com os autos das de
clarações, que houverem tomado em segredo sem concurso de Escrivão,
ao dito Desembargador Juiz Commissario, que assim o executará logo,
sem embargo de quaesquer Leis , Regimentos, #gº 2 ou costu
426 1756

mes contrarios, quaesquer que elles sejão ; porque todos Hei por dero
gados para este efeito sómente, como se de cada hum fizesse especial
menção , ficando aliás sempre em seu vigor. Belém a 17 de Agosto de
1756. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impr, avulso.

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Instituição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do


Alto Douro.

S………. = Representão a Vossa Magestade os Principaes Lavradores


de cima do Douro, e Homens Bons da Cidade do Porto, que dependen
do da Agricultura dos vinhos a substancia de grande parte das Commu
nidades Religiosas, das Casas distinctas, e dos Póvos mais consideraveis
das tres Provincias, da Beira, Minho, e Traz os Montes, se acha esta
Agricultura reduzida a tanta decadencia, e em hum tão grande estrago,
que sobre não darem de si os vinhos o que he necessario para se fabrica
rem as terras, em que são produzidos, accresce a esta jactura do cabe
dal, a da saude pública; porque tendo crescido o número dos Tavernei
ros da Cidade do Porto a hum excesso extraordinario, e prohibido pelas
Leis de Vossa Magestade, e Posturas da Camara da mesma Cidade, e
não podendo reduzir-se a ordem aquella multidão; succede que os ditos
Taverneiros adulterando, e corrompendo a pureza dos Vinhos naturaes
com muitas confeições nocivas á compleição humana, arruinão com a re
putação de hum tão importante, e consideravel genero todo o commercio
delle, e até a natureza dos Vassallos de Vossa Magestade, que gastão
os vinhos, que annualmente se vendem para o consumo da terra pelas
mãos dos ditos Taverneiros.
E animados os Supplicantes pela incomparavel clemencia, com
que Vossa Magestade tem soccorrido os seus Vassallos aflictos, ainda
com vexações, menores, do que as referidas: tem concordado entre si
formarem com o Real Beneplacito de Vossa Magestade huma Companhia,
que sustentando competentemente a cultura das vinhas, conserve ao
mesmo tempo as producções dellas na sua pureza natural, em beneficio
do Commercio Nacional, e Estrangeiro, e da saude dos Vassallos de
Vossa Magestade.
§. I. A dita Companhia constituirá hum corpo politico composto de
hum Provedor, doze Deputados, e hum Secretario; sendo todos qualifi
cados na maneira abaixo declarada. Além dos referidos Deputados, ha
verá seis Conselheiros, homens intelligentes deste Commercio. Será esta
Companhia denominada: A Companhia Geral da Agricultura das vinhas
do Alto Douro. Os papeis de oficio que della emanarem serão sempre
expedidos em nome do Provedor , e Deputados da mesma Companhia,
e sellados com o sello della, o qual consistirá na Imagem de Santa Mar
tha, Protectora das terras do Douro, e por baixo huma latada, ou par
reira, com esta Inscripção: Providencia regitur.
II. O sobredito Provedor, e Deputados serão Vassallos de Vossa
Magestade naturaes, ou naturalizados, e moradores na Cidade do Por
1756 427

to, ou em cima do Douro , que tenhão dez mil cruzados de acções na


Companhia, e dahi para cima.
§ III: As eleições do sobredito Provedor, Deputados, e Conselhei
ros, se farão sempre na Casa do Despacho da Companhia pela pluralida
de de votos dos interessados, que nella tiverem tres mil cruzados de ac
ções, ou dahi para cima. Aquelles, que menos tiverem se poderão com
tudo unir entre si, para que prefazendo a dita quantia, constituão em
nome de todos hum só voto, que poderão nomear em quem bem lhes pa
recer. Os primeiros eleitos para a fundação servirão por tempo de tres
annos, e todos os outros que se lhes seguirem , servirão por tempo de
dous annos, com tanto, que os que tiverem servido, não possão ser ree
leitos na proxima eleição, sem terem ao menos, a seu favor duas terças
partes dos votos, como mais expressamente se declara no §. IV. Ao mes
mo tempo se elegerão na mesma fórma entre os ditos Deputados hum Vi
ce-Provedor, e hum, Substituto, que gradualmente occupem o lugar de
Provedor nos casos de morte, ou de impedimento.
§; IV. O Provedor, Deputados, e Conselheiros serão nesta primeira
fundação nomeados por Vossa Magestade para servirem por tempo de tres
annos; findos os quaes apresentarão em Junta geral as contas de tudo
quanto tiverem obrado; repartindo aos interessados os interesses que lhes
competirem; ou que a Junta por pluralidade de votos determinar se de
vem repartir. Depois se procederá immediatamente á nova eleição do
Provedor, Deputados, e Conselheiros; os quaes terão a seu cargo exa
minar primeiro que tudo as contas dos seus antecessores, para as appro
varem, ou reprovarem, segundo o seu merecimento; e do mesmo modo
se irá continuando nas futuras eleições, em quanto esta Companhia durar.
Parecendo porém aos interessados tornar a reeleger algum, ou alguns dos
ditos Provedor, Deputados, ou Conselheiros os poderão reconduzir ten
do a seu favor ao menos duas terças partes dos votos. Aos primeiros no
meados por Vossa Magestade dará juramento o Juiz Conservador de bem,
e fielmente administrarem os bens da Companhia, e de guardarem ás
partes seu direito. E aos que pelo tempo futuro se elegerem dará o mes
mo juramento na Meza da Companhia o Provedor, que acabar, em hum
livro, que haverá separado para esse efeito.
§. V. Do capital com que esta Companhia se ha de formar, e dos
interesses que della resultarem, em quanto se não repartirem pelos inte
ressados, serão Thesoureiros o mesmo Provedor, e Deputados; para o
que terão hum, ou os mais cofres, que forem necessarios, com as cha
ves competentes, para que cada hum tenha sua, e por este modo fiquem
obrigados cada hum per si, e hum por todos a responder por toda a falta,
que possa haver no dito cabedal, em quanto delle não fizerem a referida
entrega do capital aos seus successores, e dos lucros aos interessados na
dita Companhia.
§. VI. Todos os negocios, que se propozerem na Meza se vencerão
por pluralidade de votos, e a tudo o que por ella se fizer , e ordenar,
nas materias pertencentes a esta Companhia, se dará inteiro crédito, e
terá sua devida, e plenaria execução; da mesma sorte, que se pratíca
nos Tribunaes de Vossa Magestade, com tanto que na sobredita Meza
se não disponha cousa que altere as Leis, e Regimentos, que se achão
estabelecidos para o Estado do Brazil; ou seja contraria ás mais Leis
de Vossa Magestade, além do que se acha permittido pela presente fun
dação. Elegerão os sobreditos Provedor, e Deputados os Oficiaes, que
julgarem necessarios para o bom governo li#" Companhia, assim na
l 2
428 1756

Cidade do Porto, e Reino, como fóra delle. Sobre elles terão plenaria
jurisdicção de os suspenderem, privarem, e fazer devassar, provendo
outros nos seus lugares. Todos servirão em quanto a Companhia os qui
zer conservar; e lhes tomará contas dos seus recebimentos, e dará qui
.tações firmadas por dous Deputados, e selladas com o sello da Compa
nhia, depois de serem vistas, e examinadas em Meza.
§. VII. Terá esta Companhia hum Juiz Conservador, que com juris
dicção privativa, e inhibição de todos os Juizes, e Tribunaes, conheça
de todas as causas contenciosas, em que forem Authores, ou Réos, o
1'rovedor, Deputados, Conselheiros, Secretario, Caixeiros, Administra
dores, e mais Oficiaes da Companhia; ou as ditas causas sejão Crimes,
ou Civeis, tratando-se entre os ditos Oficiaes da Companhia, ou com
elles, e terceiras pessoas de fóra della. O qual Juiz Conservador fará ad
vocar ao seu Juizo na Cidade do Porto por Mandados, e fóra della por
Precatorios as ditas causas; e terá alçada per si só até cem cruzados,
sem appellação, nem aggravo; assim nas causas Civeis, como nas penas
por elle impostas; porém nos mais casos, e nos que provados merecerem
pena de morte, despachará em Relação em huma só instancia com os
Adjuntos, que lhe nomear o Governador pro tempore da Relação, e Ca
sa do Porto, ou quem seu cargo servir. E na mesma fórma expedirá as
cartas de seguro nos casos, em que só devem ser concedidas, ou nega
das em Relação. Assim o dito Juiz Conservador, como o seu Escrivão,
e Meirinho, serão nomeados pela dita Meza, e confirmados por Vossa
Magestade, que obrigará os Ministros, que forem eleitos pela Compa
nhia a servirem o dito cargo, e isto sem embargo da Ord. liv. 3. tit. 12.,
e das mais Leis publicadas até o presente sobre as Conservatorias, por
que como o Juizo desta, se não toma por gratuito privilegio para moles
tia, e vexação das partes, senão por via de contrato oneroso para servi
ço de Vossa Magestade; para bem commum de seus Vassallos; e para
boa administração da Companhia, e cartas, que no Real Nome de Vos
sa Magestade ha de passar; he precisamente necessario, por todos es
tes justos motivos, o dito Juiz Conservador. Porém as questões, que se
moverem entre as pessoas interessadas na mesma Companhia; sobre os
capitaes, ou lucros delles, e suas dependencias, serão propostas na Me
za da Administração, e nella determinadas verbalmente, em fórma mer
cantil, e de plano pela verdade sabida, sem fórma do Juizo, nem ou
tras alegações que as dos simples factos, e as das regras, usos, e cos
tumes do commercio, e da navegação, commummente recebidos, sendo
a isso presentes o Juiz Conservador, e o Procurador Fiscal da Compa
nhia, a qual determinará com o parecer dos ditos dous Ministros todas
as causas, que não exederem de trezentos mil réis sem appellação, nem
aggravo; e as que forem de maior quantia, não estando as partes pela
determinação dos sobreditos julgadores, se farão immediatamente presen
tes a Vossa Magestade, em representação da Meza, para nellas nomear
os Juizes, que for Servido, os quaes as julgarão na mesma conformida
de, sem que das suas determinações se possa interpôr outro algum re
curso ordinario, ou extraordinario, nem ainda a titulo de Revista; e is
to tudo sem embargo de quaesquer disposições de Direito, e Leis, que
o contrario tenhão estabelecido.
§. VIII. Passará o dito Conservador por cartas feitas no Real Nome
de Vossa Magestade as ordens, que lhe forem determinadas pela Com
nhia, assim para o bom governo della, como para tomar carros e embar
cações para a condução dos vinhos, e para obrigar Trabalhadores, Ta
1756 429

moeiros, Tavermeiros, e todos os mais Artifices de quem depender este


ramo de commercio, a que sirvão a Companhia pagando-lhes seus sala
rios. E se lhes não poderão tomar, nem embargar pelos Ministros de
Vossa Magestade os trabalhadores, barcos, carros, vasilhas, e todas as mais
cousas de que depender o apresto de suas carregações; antes sendo-lhes ne
cessarios outros se pedirão aos Ministros a quem tocar para lhos manda
rem dar. E para tudo o mais que for necessario para o bom governo da
Companhia poderá esta emprazar os Ministros de Justiça, que não de
rem cumprimento ás suas ordens para a Relação da Cidade do Porto,
onde irão responder,, ouvindo o dito Juiz Conservador, o qual irá á Me
za da Companhia todas as vezes que para isso se lhes der recado, tem
do nella assento decoroso. •

§. IX. Sendo indispensavelmente necessario, que a Companhia te


nha casas suficientes para o seu despacho, guarda dos seus cofres, apo
sentadoria dos seus Caixeiros, e mais Oficiaes, e armazens para guar
da dos seus vinhos, vasilhas, e mais materiaes que para ellas são neces
sarios: He Vossa Magestade servido conceder-lhe o privilegio de aposen
tadoria para que o seu Juiz Conservador lhes faça dar em toda a parte,
que a Companhia julgar lhe são mais convenientes, sem que por isso sé
lhe possão alterar os preços em que andarem alugadas; os quaes alugue
res pagará a Companhia a seus donos, e em caso de dúvida se arbitra
rão por louvados a contento das partes: Derogando Vossa Magestade
para este efeito quaesquer Privilegios de aposentadoria, que tenhão as
pessoas a quem se tomarem , ou que nellas tenhão recolhido suas fa
zendas.
§. X. Sendo o principal objecto desta Companhia sustentar com a re
putação dos vinhos a cultura das vinhas, e beneficiar ao mesmo tempo
o commercio, que se faz neste genero, estabelecendo para ele hum pre
ço regular, de que resulte competente conveniencia aos que o fabricão,
e respectivo lucro aos que nelle negocêão ; evitando por huma parte os
preços excessivos, que, impossibilitando o consumo, arruinão o genero;
evitando pela outra parte, que este se abata com tanta decadencia, que
aos Lavradores não possa fazer conta sustentarem as despezas annuaes
da sua Agricultura : E sendo necessario estabelecer para estes uteis
fins os fundos competentes; será o capital desta Companhia de hum mi
lhão, e duzentos mil cruzados , repartidos em acções de quatrocentos
mil réis cada huma; ametade do qual se poderá prefazer em vinhos com
petentes, e capazes de receber , com que os Accionistas se quizerem
interessar; e a outra ametade será precisamente em dinheiro, para que
a Companhia possa assim cumprir com as obrigações de occorrer ás ur
gencias da lavoura, e commercio, na maneira seguinte.
§. XI. Pelo sobredito fundo emprestará a mesma Companhia aos La
vradores necessitados , não sómente o que lhes for preciso para o fabrí
co, e amanho das vinhas, e colheitas dos vinhos, mas tambem o que
mais lhe convier para algumas daquellas despezas miudas, que a con
servação da vida humana faz quotidianamente indispensaveis; sem que
por estes, emprestimos lhes leve maior juro que o de tres por cento ao
anno; com tanto que os referidos emprestimos não excedão ametade do
valor commum dos vinhos, que cada hum dos taes Lavradores costuma
recolher. Os quaes vinhos mediante os referidos emprestimos ficarão com
penhora filhada a favor da Companhia , que nelles terá a mesma prefe
rencia, que costumão ter os senhorios das casas nos móveis, que dentro
dellas se achão, e sem que para isso seja necessario outro titulo, ou
430 1756

facto mais que os dos assentos dos emprestimos nos livros da Companhia,
virificados com escritos dos devedores, reconhecido por Oficial público.
§. XII. Terá a Companhia promptos todos os materiaes, que forem
necessarios para a construcção das vasilhas, não só para o anno, em que
fizer as suas carregações, mas tambem para o seguinte, para que não
succeda que por esta falta, ou se damnifiquem os vinhos, ou se malogre
o provimento, que delles deve fazer nos pórtos do Brazil, que Vossa Ma
gestade he Servido conceder-lhe para este commercio.
§. XIII. E para que os referidos pórtos do Brazil não experimentem
falta do genero, estabelecerá por ora a Companhia o fundo de dez mil pi
pas de vinho bom, e capaz de carregação, para no primeiro anno susten
tar o empate, que poderá experimentar nas primeiras carregações, e es
perar que o seu producto lhe venha no tempo competente,
§. XIV. Para facilitar as entradas das acções a favor dos Lavradores
dos vinhos do Alto Douro receberá nellas a Companhia aos Accionistas
os que forem da melhor qualidade, e na sua perfeição natural, sem mis
turas, ou lotações que os damnifiquem, pelo preço de vinte cinco mil
réis cada pipa de medida ordinaria, e os que forem de menor qualidade,
porém capazes de carregação, receberá na mesma fórma pelo preço de
vinte mil réis cada pipa. Por estes preços comprará os referidos vinhos
nos mais annos, que se seguirem, ou haja abundancia, ou falta deste ge
nero, para cujo efeito assim como a Companhia nos annos de abundan
cia os ha de pagar aos preços referidos; do mesmo modo nos annos de
esterilidade serão obrigados os Lavradores a vender-lhos pelos mesmos
preços sem a menor alteração; compensando-se assim os seus respecti
vos interesses em beneficio deste genero.
§. XV. E para que nem a Companhia arruine a navegação da Cida
de do Porto, faltando-lhe com a carga dos vinhos, que he a parte prin
cipal que a fomenta, nem a navegação possa prejudicar á Companhia,
deixando de ministrar-lhe os competentes Navios para o transporte dos
vinhos ao Estado do Brazil: He Vossa Magestade Servido estabelecer
que pelo frete de cada pipa de vinho, agua-ardente, ou vinagre, da me
dida ordinaria, que a Companhia carregar da Cidade do Porto para o
Rio de Janeiro, pague de frete aos referidos Navios dez mil réis, na fór
ma que até o presente se tem praticado no commercio daquella Cidade,
sem que a este respeito haja de huma, e outra parte a menor alteração.
})os que forem para a Bahia pagará na referida fórma oito mil réis, pelo
frete de cada huma das referidas pipas; e do mesmo modo pagará sete
mil e duzentos réis de frete por cada pipa que mandar para Pernambu
co; os quaes fretes de nenhum modo se poderão alterar nem pela Com
panhia, nem pelos proprietarios, ou Capitães dos Navios, sob pena que
o que contravier a esta disposição de qualquer modo que seja pagará ou
tro tanto, quanto importarem os referidos fretes, cujo valor se applica
rá, ametade para o denunciante, e a outra ametade para o Hospital da
Cidade do Porto, e além disso terá dois mezes de cadeia.
§. XVI. Os vinhos, aguas-ardentes, e vinagres que a Companhia
houver de mandar para os pórtos do Brazil se carregarão nos Navios que
nas respectivas esquadras daquella Cidade se pozerem á carga, repartin
do-se por cada hum delles á proporção das suas lotações, e serão os re
feridos Navios obrigados a recebello sem dúvida alguma, do mesmo mo
do que se pratíca com o Contrato do Sal. Porém succedendo que o con
summo dos referidos generos venha a ser tão excessivo no Estado do Bra
zil, que os Navios particulares do commercio não possão alli conduzir to
1756 | 431 /

dos os que forem necessarios para o quotidiano provimento; será em tal


caso a Companhia obrigada a preparar, e mandar por sua conta os Na
vios necessarios para fazerem o referido transporte, sómente porém na
quella parte em que os referidos vinhos excederem a carga dos ditos Na
vios particulares pertencentes á Praça da Cidade do Porto. E neste ca
so nem os Navios, nem as suas equipagens, nem o que para a sua cons
trucção, e apresto for necessario lhe poderão ser tomados em parte al
guma para outros ministerios, que não sejão os do referido transporte, e de
pendencias da mesma Companhia, nem ainda a titulo do Real serviço
de Vossa Magestade, sob pena que as pessoas, que o contrario fizerem
Pagarão pela sua propria fazenda a esta Companhia todo o prejuizo, que
disso lhe resultar, a cujo fim responderão perante o Juiz Conservador da
mesma Companhia, e não em outro algum Juizo, sem embargo de quaes
quer privilegios, que tenhão em contrario.
§. XVII. Como he notorio o prejuizo que causa o sal aos vinhos na
sua qualidade, e pela precisa necessidade que ha deste genero no Esta
do do Brazil, são todos os Navios obrigados a carregar delle as suas com
petentes lotações: He Vossa Magestade Servido, que nenhum Navio,
em que os referidos vinhos se carregarem, possa levar o sal a garnel,
mas sim o levarão em paioes de madeira como são obrigados, callafetan
do-os bem da parte em que os vinhos se carregarem, e mettendo entre
os vinhos, e o sal outros generos molhados, para que do modo possivel
se evite o damno que da sua proxima communicação resulta aos vinhos,
sob pena que o Capitão, ou Mestre que o contrario fizer, pagará á Com
panhia em dobro todos os vinhos, que chegarem damnificados, e terá
tres mezes de cadeia pela primeira vez, dobrando estas penas á propor
ção§. das
XVIII. Pela administração do Provedor, e Deputados desta Com-
reincidencias. •

panhia, e dos Feitores, ou Administradores que nella se empregarem no


Estado do Brazil, e ordenados dos Caixeiros, que tiver na Cidade do Por
to, lhes pertencerá sómente a commissão de seis por cento, contados na
fórma seguinte. Dois por cento sobre o emprêgo, e despezas, que se fi
zerem nas expedições da Comprnhia na Cidade do Porto; dois por cento
nas vendas que se fizerem nos referidos pórtos do Estado do Brazil; e
dois por cento no producto dos retornos, e despezas na Cidade do Por
to; com os quaes seis por cento ficará satisfeita, toda a administração,
que pertence ao commercio, sem que a Companhia seja obrigada a outra
alguma despeza desta natureza; e só sim o será das que lhe resultão dos
ordenados dos Ministros, e dos mais Oficiaes, que hão de compôr o seu
corpo Politico, e Economico, como tambem dos alugueres das casas, e
armazens, que tudo será por conta da Companhia.
§. XIX. Para que esta Companhia se possa sustentar, e tenha hum
lucro que seja compensativo dos encargos a que por esta fundação se su
jeita, e dos beneficios que delles resultão ao bem commum, das referidas
Províncias: He Vossa Magestade Servido conceder-lhe no Estado do Bra
zil nas quatro Capitanías de S. Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, e Per
nambuco o commercio exclusivo de todos os vinhos, aguas-ardentes, e
vinagres que se carregarem da Cidade do Porto para as sobreditas quatro
Capitanías, e seus respectivos pórtos, para que nenhuma pessoa de qual
quer qualidade que seja possa mandar a elles os referidos generos, mais
que a mesma Companhia, a qual usará do dito Privilegio exclusivo na
maneira seguinte. •

§. XX. As aguas-ardentes, e vinagres não poderão ser vendidas pe


432 1756

la dita Companhia nos pórtos referidos por mais de quinze por cento, li
vres para os seus interessados, do custo principal, vasilhas, carretos, em
barques, direitos de entrada, e sahida, fretes, commissões, hum por
cento do cofre, e mais despezas que com elles se fizerem até o acto da
venda, que tudo fará por conta dos Compradores. Os vinhos porém, at
tendendo ao maior perigo que tem de se damnificarem na sua qualidade,
e que por este principio estão mais proximos a causar algum prejuizo á
mesma Companhia, não poderá esta vender por mais de dezeseis por cen
to, livres para ella de todos os gastos referidos.
§, XXI. E para justificar as suas vendas, e que cumpre com a exa
ctidão dos sobreditos preços, será obrigada a mandar aos seus respecti
vos Feitores, ou Administradores, as carregações em fórma authentica
assignadas por todos os Deputados, e munidas com o sello da Compa
nhia, para assim as fazerem patentes ao povo, para que cada hum dos
Compradores possa examinar nellas o verdadeiro valor dos generos, que
houver apartado, nas quaes carregações se especificarão com toda a in
dividuação os custos, e mais despezas de cada hum dos referidos gene
ros, em ordem a que nelles se não possa suspeitar a menor fraude.
§. XXII. Isto porém se entende sendo os referidos generos vendidos
a dinheiro de contado, ou pagos, no caso de se venderem no preciso
termo que estipular, porque não pagando os devedores incorrerão na pe
na de pagarem mais cinco por cento de interesse por todo aquele tempo
que retardarem o pagamento, ou durar a execução que lhes fizer. Po
rém se os ditos vinhos forem premutados a troco dos generos daquellas
Capitanías, cujo valor he incerto, e depende do livre arbitrio dos Ven
dedores; neste caso ficará o ajuste a avença das partes; porque não se
ria justo que os hahitantes daquelle Estado quizessem reputar tanto os
seus generos, que causassem prejuizo á Companhia, nem que a Compa
nhia os abatesse de sorte, que desanimasse a sua Agricultura. -

§. XXIII. Porque tambem não seria justo, que a Companhia preju


dicasse as pessoas, que naquellas Capitanías vendem estes generos pelo
miudo, tirando-lhes o meio de ganharem sua vida; não poderá a sobre
dita Companhia per si, ou por seus Feitores, vender nunca por miudo os
generos referidos, nem fazer menor venda que a de huma pipa de cada
hum dos referidos generos, as quaes se farão sempre nos armazens da di
ta Companhia, e nunca em tendas, ou semelhantes casas particulares,
sob pena de que obrando os seus Feitores o contrario, serão castigados
# toda a desordem que disso resultar, ficando pelo mesmo facto inha
eis para servirem a Companhia, e para todos, e quaesquer Officios de
Justiça, ou Fazenda; e sendo condemnados em cinco annos de degredo
para Angola.
§. XXIV. Nenhuma pessoa de qualquer qualidade, ou condição que
seja, poderá mandar, levar, ou introduzir, nas ditas Capitanías de S.
Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, e Pernambuco, os referidos vinhos, vi
nagres, e aguas-ardentes, que houverem de sahir nas esquadras da Ci
dade do Porto, ou forem producção das terras do Alto Douro; sob pena
de perdimento delles, e de outro tanto quanto importar o seu valor; sen
do tudo applicado, ametade a favor da Companhia, e a outra ametade a
favor dos denunciantes, que poderão dar as suas denúncias em segredo,
ou em público (com tanto que se justifiquem pela corporal apprehensão)
neste Reino diante do Juiz Conservador da Companhia, e naquelle Es
tado perante o Ministro Presidente da Respectiva Casa da Inspecção, ou
Ouvidores geraes, onde não houver Inspectores: Os quaes todos farão
1756 433

notificar as denunciações aos Feitores da Companhia para serem partes


nellas, vencendo o quinto do seu valor; e não cumprindo assim se have
rá por sua fazenda o damno, que disso resultar. -

§. XXV. Succedendo porém que alguns dos Lavradores de vinhos se


não accommodem aos preços determinados no §. XIV., e queirão nave
gar os de sua lavra para os referidos pórtos do Brazil, o poderão fazer
por mão dos Directores desta Companhia; os quaes por conta, e risco
dos mesmos Lavradores os mandarão aos seus Feitores para que os ven
dão no referido Estado, pelos mesmos preços que venderem os proprios
da Companhia; e de nenhum modo com excesso maior, com tanto que
a sua qualidade seja competente aos preços referidos. E por isso mes
mo que o dito Lavrador se não quiz accommodar aos preços estipulados
naquella occasião, ficará excluido, para que a Companhia em nenhu
ma outra seja obrigada a tomar-lhe os seus vinhos aos preços referidos.
E do seu producto abatidas as commissões, na fórma estabelecida, e to
das as mais despezas que se fizerem com os retornos, embolçará a Com
panhia aos mesmos Lavradores, logo que delles seja embolçada, bem en
tendido, que todos os gastos que se fizerem com os referidos vinhos até
se porem a bordo serão feitos pelo proprio Lavrador, e não pela Compa
nhia.
XXVI. Sendo que á Companhia pareça util extender o seu Commer
cio dos vinhos, e aguas-ardentes aos Paizes Estrangeiros na Europa, o
poderá fazer pagando os direitos que no mesmo commercio se achão es
tabelecidos, como tambem os de entrada nas Alfandegas dos generos,
que trouxer em retorno; e para esse efeito poderá a Companhia ter os
Navios que lhe forem necessarios, que poderá expedir como melhor lhe
parecer sem impedimento algum, e sem que nelle, ou nas suas equipa
gens se lhe possa fazer o menor embaraço, ou se lhe tomem ainda que
seja a titulo do serviço de Vossa Magestade.
§. XXVII. Pagará a Companhia todos os direitos que até o presen
te se costumão pagar dos generos referidos, tanto neste Reino, como
no referido Estado do Brazil; do mesmo modo que até o agora se tem
praticado: E o mesmo se observará com os retornos, que do mesmo Es
tado do Brazil trouxer para o Reino.
§. XXVIII. Sendo notorio o gravissimo prejuizo que tem causado á
reputação dos vinhos do Douro, e por consequencia á sua Agricultura a
liberdade, com que até o presente se tem neles commerciado, e a ex
cessiva quantidade de Tavermeiros, que pelo miudo os vendem ao ramo
na Cidade do Porto, e lugares circumvisinhos, procurando cada hum
adulterar a sua pureza natural com lotações, e composições estranhas; e
sendo tudo o contrario ao que se acha determinado pelo Alvará de vin
te e tres de Fevereiro de mil e seiscentos e cinco, Auto de Vereação
de dezoito de Junho de mil setecentos cincoenta e cinco, e Provisão da
Meza do Desembargo do Paço de vinte e tres de Agosto do mesmo an
no: He Vossa Magestade Servido para occorrer a estes inconvenientes,
Mandar, que na Cidade do Porto, e nos lugares circumvisinhos em dis
tancia de tres legoas se não possa vender ao ramo nenhum vinho, que
não seja de conta desta Companhia, a qual para esse efeito comprará
os que forem necessarios aos seus proprietarios, e sobre o preço, e mais
despezas que com elles fizer de carretos, vasilhas, direitos, armazens,
e vendagem, ou outras algumas miudezas não pertencerá mais de hum
por cento ao Provedor, e Deputados desta Companhia pela sua commis
são, de cujo producto pagarão aos Feitores #
ll
se empregarem neste
434 1756

ministerio; e o mais lucro pertencerá aos interessados na mesma Com


panhia por avanço # para entre elles se repartir na fórma que fica
determinado no §. IV. E para que esta disposição se ponha em pratica,
tanto pelo que respeita á compra, como pelo que pertence á venda dos
ditos vinhos, sem vexação attendivel das partes, se observará o disposto
nos §§. seguintes.
§. XXIX. Devendo-se separar inteira, e absolutamente para o em
barque da America, e Reinos Estrangeiros os vinhos das Costas do Al
to Douro, e do seu territorio de todos os outros vinhos, dos lugares, que
sómente os produzem capazes de se beber na terra, para que desta sor
te a inferioridade destes vinhos não arruine a reputação que aquelles me
recem pela sua bondade natural: He Vossa Magestade Servido que com
a maior brevidade se faça hum Mappa, e Tombo geral, das duas Costas
Septentrional, e Meridional do Rio Douro, no qual se demarque todo
aquelle territorio que produz os verdadeiros vinhos de carregação, que
são capazes de sahir pela barra do mesmo Rio: especificando-se cada hu
ma per si, as grandes, e pequenas fazendas deste genero, e declaram
do-se por huma estimação commua, ou média calculada pelas producções
dos ultimos cinco annos proximos preteritos o que costuma dar cada hu
ma das ditas fazendas, para que os donos dellas, não possão vender sem
manifestarem á Companhia o que vendem, nem possão ser admittidos a
vender maior número de pipas á Companhia, ou aos Estrangeiros, do
que aquelle que no dito registo lhes for determinado sob pena de que
excedendo nas vendas as ditas quantidades pagarão anoveado o excesso,
e ficarão inhibidos para mais não venderem vinhos para fóra do Reino.
§. XXX. Das terras que ficarem fóra da sobredita demarcação se
não poderá transportar vinho algum para dentro do territorio della sem
trazer cartas de guia passadas por todo o corpo das Camaras, dos luga
res donde os taes vinhos sahirem, as quaes guias declararão a sua disti
nação; o uso a que vem dirigidos; o nome do Lavrador, e da fazenda
em que se colherem; as pessoas a quem vão remettidos; e o caminho re
cto por onde se devem transportar; cujas guias na sobredita fórma se
rão apresentadas aos Commissarios, que a Companhia tiver nomeado nos
respectivos lugares, para conhecerem se com efeito se faz delle o uso
a que vem destinados. Tudo isto debaixo das penas, de que o vinho que
for transportado sem guias expedidas na sobredita fórma, ou que for a
chado fóra dos caminhos directos, e estradas commuas será confiscado a
favor da Companhia. E isto para que não succeda que os vinhos ruins
se lotem com os bons para augmentar a sua quantidade em prejuizo da
sua reputação, e da Companhia, e Estrangeiros que os hão de comprar.
E sendo que succeda acharem-se os vinhos inferiores introduzidos em ca
sas não approvadas para os receberem pelas Camaras, com consentimen
to da Companhia, serão não só confiscados os mesmos vinhos, mas a
quelas pessoas em cujas mãos forem achados, serão condemnadas no
tresdobro do seu valor a beneficio da mesma Companhia.
§. XXXI. Semelhantemente para que nos paizes Estrangeiros onde
são transportados os vinhos, que se devem qualificar na sobredita fórma,
se não possão introduzir por fraude outros adulterados, e de ruim mis
tura: Nenhuma pessoa de qualquer qualidade, ou condição que seja,
debaixo das penas que assima ficão ordenadas, poderá embarcar para a
Cidade do Porto alguns vinhos sem virem dirigidos com cartas de guia
de casa dos Lavradores á Meza da Administração da Companhia, que
achando-os conformes lhes mandará pôr a marca da sua approvação para
1756 435

se embarcarem para fóra do Reino; achando que são de outra inferior


qualidade lhes mandará pôr a marca de inferiores para se consumirem na
terra, ou no Reino; e achando-os capazes de embarque para o Brazil,
ou para os Reinos Estrangeiros se lhes dará licença para a venda, e se
rá a Meza da mesma Companhia obrigada a formar annualmente hum
registo geral, e particular de todas as pipas de vinho qualificado, que se
embarcarem para sahir pela barra do Porto para se navegar na sobredita
fórma; pondo em cada huma dellas com fogo a marca da sua approva
<ão; dirigindo-as com guias assignadas pelo Provedor com todos os De
putados da Companhia ás respectivas Alfandegas para onde forem nave
gadas; e declarando nas mesmas guias os nomes das pessoas que fizerem
carregações, e o certo número de pipas que cada huma das ditas pes
soas carregar, ainda que não seja mais de huma só pipa, ou de hum só
barril; a fim de que succedendo querer-se introduzir nos sobreditos pai
zes Estrangeiros quaesquer vinhos sem guia, ou em quantidades que ex
cedão o número que constar das mesmas guias, suppondo-se que são vi
nhos da producção do Alto Douro, se manifeste logo o engano nas res
pectivas Alfandegas dos sobreditos paizes Estrangeiros, constando clara
mente em ambos os referidos casos que o vinho he da producção de dif
ferentes terras, e sujeito ás misturas, e fraudes que a Companhia pro
curar obviar em commum beneficio. E para maior segurança remetterá a
mesma Companhia no fim de cada anno para os diferentes pórtos da A
merica, e da Europa, para onde se transportarem vinhos, huma relação
geral impressa, e qualificada na sobredita fórma, com os nomes dos Car
regadores, e com a declaração do que hum delles carregou, para que
chegue á noticia de todos.
§. XXXII. Para na Cidade do Porto se vender o vinho ao ramo, não
haverá mais Tavermeiros que os noventa e cinco, determinados pelo Al
vará de vinte e tres de Fevereiro de mil seiscentos e cinco: Auto de
Vereação de dezoito de Junho de mil setecentos cincoenta e cinco; e
Provisão da Meza do Desembargo do Paço de vinte e tres de Agosto do
mesmo anno; de tal sorte, que nem se altere o número das ditas Taver
nas; nem se alterem os lugares, que para elas forem determinados;
nem tão pouco possa ser admittido em alguma dellas Tavermeiro, que
não seja approvado, e qualificado pela Meza da Companhia, sob pena de
confiscação a favor da mesma Companhia de todo o vinho que for acha
do nas Tavernas não approvadas na fórma referida, e de seis mezes, de
cadeia aos que nellas se acharem vendendo; dobrando, e triplicando es
ta pena nos casos de reincidencia dos Tavermeiros, ou donos dos vinhos
a quem se impozer. , * *

§. XXXIII. Para que os Lavradores de vinho, e Compradores del


{ les se possão reger sobre principios certos, sem que a lavoura pertenda
tirar das vendas lucros prejudiciaes ao commercio, nem o commercio no
barateio das compras do genero possa arruinar a lavoura; pagará a Com
panhia inalteravelmente todos os vinhos que tirar para o seu embarque
pelos preços de vinte cinco, e de vinte mil réis cada pipa, segundo as
suas duas diferentes qualidades na fórma que fica declarado pelo §. XIV.
de tal sorte, que ainda no caso de haver grande falta dos sobreditos vi
nhos qualificados, e grande sahida para elles, não poderão os da primei
ra qualidade exceder o preço de trinta mil réis por cada pipa, e de vin
te e cinco mil réis os da segunda. Os que porém não forem capazes de
embarque sendo suficientes para o consumo da terra serão comprados, e
vendidos pela mesma Companhia, tambem Pºi preços certos, e deter
ll 2
436 1756

minados na maneira seguinte. Os que forem da producção das terras,


que jazem do Porto até Arnellas, serão comprados a razão de quatro mil
réis por cada pipa, e vendidos, fazendo a Companhia todas as despezas
delles por sua conta, a razão de dez réis cada quartilho: Os que forem
da producção das terras, que jazem de Arnellas, até Bayão, serão com
prados a razão de cinco mil réis por cada pipa, e vendidos na mesma
fórma a razão de doze réis cada quartilho: os que forem da producção |
de Ansede, e seu districto, que se demarcará logo na sobredita fórma,
serão comprados a razão de seis mil réis por cada pipa, e vendidos se
melhantemente a razão de doze réis e meio por quartilho: Os que forem
da producção das terras de Barqueiros, Mezão-frio, Barró, e Penhajoya
serao comprados a razão de oito mil réis por cada pipa, e vendidos na
mesma fórma a razão de quinze réis cada quartilho: Os outros vinhos
maduros dos Altos de cima do Douro, que ficarem fóra da demarcação
das terras que produzem os vinhos de embarque serão comprados a ra
zão de doze mil réis por cada pipa, e vendidos na mesma conformidade
a razão de hum vintem cada quartilho: fazendo o Provedor, e Deputa
dos da Companhia distribuir todos os referidos vinhos pelas Tavernas pa
ra serem vendidos ao ramo na fórma estabelecida pelo §. XXVIII. com
tal declaração que para cada huma das sobreditas especies de vinhos pre
venirá a dita Companhia vasilhas marcadas com fogo, que distingão as
suas diferentes qualidades, e preços: e que o Tavermeiro que alterar a
referida ordem, ou mettendo nas pipas das qualidades superiores os vi
vinhos inferiores, ou misturando-os, pela primeira vez pagará cem mil
réis, perderá todo o vinho que lhe for achado em heneficio do accusa
dor, e terá seis mezes de cadeia; pela segunda se dobrarão as mesmas
penas; e pela terceira, além dellas, será publicamente açoutado, e de
gradado para o Reino de Angola. E porque haverá vinhos de tão má qua
lidade, que só sirvão para se queimarem , ou reduzirem a vinagre, a
Companhia dará promptamente licenças aos donos de semelhantes vinhos
para os reduzirem a aguas-ardentes, ou vinagres; e querendo fazer os
seus provimentos destes dous generos os comprará a avença das partes.
§. XXXIV. Sendo em alguns annos a producção dos vinhos em tan
ta redundancia que a Companhia lhe não possa dar prompta sahida, nem
para o consumo da America, nem para o da Cidade do Porto, ficará li
vre aos Lavradores poderem vender, e fazer transportar este genero pa
ra o consumo das terras do Reino, que bem lhes parecer, com tanto que
o fação para terras, onde não haja prohibição, e que devendo sahir pe
la barra, leve nos cascos a marca da sua qualidade, e a guia da Com
panhia para se saber para onde vai; e para que não possa passar aos Pai
zes Estrangeiros com os inconvenientes assima ponderados.
§. XXXV. Sendo esta Companhia formada do cabedal, e substancia
propria dos interessados nella, sem entrarem cabedaes da Fazenda Real,
e sendo livre a cada hum dispôr dos seus proprios bens como lhe parecer,
que mais lhe póde ser conveniente : Serão a dita Companhia, e gover
no della immediatos á Real Pessoa de Vossa Magestade, e independen
tes de todos os Tribunaes maiores, e menores, de tal sorte, que por ne
nhum caso, ou accidente se intormetta nella, nem nas suas dependencias
Ministro, ou Tribunal algum de Vossa Magestade, nem lhe possão im
pedir, ou encontrar a administração de tudo o que a ella tocar, nem pe
direm-se-lhe contas do que obrarem, porque essas devem dar os Depu
tados, que sahirem, aos que entrarem, na fórma que fica disposto no §.
IV. E isto com inhibição a todos os ditos Tribunaes, e Ministros, e
! 1756 437

sem embargo das suas respectivas jurisdicções; porque ainda que pare
ça que o maneio dos negocios da mesma Companhia respeita a estas, ou
áquellas jurisdicções, como elles não tocão á Fazenda de Vossa Mages
tade , senão ás pessoas que na dita Companhia mettem seus cabedaes,
per si os hão de governar com a jurisdicção separada, e privativa, que
Vossa Magestadº lhes concede. Querendo porém algum Tribunal saber
da Meza desta Administração alguma cousa concernente ao Real Servi
ço fará escrever pelo seu Secretario ao da referida Meza, que sendo por
elle informada lhe ordenará o que deve responder. Quando seja cousa a
que a Meza ache que lhe não convem deferir , o Tribunal que houver
feito a pergunta , poderá consultar a Vossa Magestade , para que ou
vindo a sobredita Meza, resolva então o que mais for servido.
º §: XXXVI., Succedendo falecerem na America, ou em outra parte
os Administradores, e Feitores desta Companhia , não poderão nunca
intrometter-se na arrecadação dos seus livros , e espolios os Juizes dos
Defuntos, e Ausentes, nem os Juizes dos Orfãos, ou outro algum que
não seja o da Administração da Companhia nos respectivos lugares, on
de os sobreditos Administradores, e Feitores falecerem; a qual Admi
nistração arrecadará os referidos livros, e espolios, e delles dará conta
# Meza da Companhia na Cidade do Porto, para que separando o que
lhe pertencer com preferencia a quaesquer outras acções, mande então
entregar os remanecentes aos Juizes, ou partes aonde, e a quem per
tencer; o que se entenderá tambem a respeito dos Caixas, e Adminis
tradores da Cidade do Porto , com os quaes ajustará a Companhia con
tas na sobredita fórma, até á hora do seu falecimento, ouvidos os her
deiros, aos quaes de nenhum modo poderá nunca passar o direito de
Administração, que será sempre intransmissivel.
§. XXXVII. As dívidas que se deverem a esta Companhia, que se
jão procedidas de efeitos della, e não de outra qualquer natureza: Ha
Vossa Magestade por bem , que se cobrem a favor da Companhia pelo
seu Juiz Conservador, ou pelos Ministros a quem se requer a sua exe
cução em toda a parte como fazenda de Vossa Magestade sem embargo
de quaesquer Privilegios, ou Resoluções de Vossa Magestade , que os
devedores possão alegar em contrario.
§. XXXVIII. Ha outro sim Vossa Magestade por bem que todas as
pessoas do commercio de qualquer qualidade que sejão, e por maior pri
vilegio que tenhão , sendo chamadas á Meza da Companhia para nego
cio da Administração della, sejão obrigadas a ir promptamente ; e não
o fazendo assim, o Juiz Conservador procederá contra elles como melhor
lhe parecer. |-

§. XXXIX. Todas as pessoas que entrarem nesta Companhia com


seis mil cruzados de Acções, e dahi para cima usarão em quanto ella
durar do privilegio de homenagem na sua propria casa; naquelles casos
em que ella se costuma conceder : E os Oficiaes actuaes della serão
isentos dos Alardos, e Companhias de pé, e de cavallo, levas, e mos
tras geraes, pela occupação que hão de ter. E o commercio que nella
se fizer na sobredita fórma pelo meio de Acções, ou pelos cargos que se
exercitarem na Meza da Companhia nos lugares de Provedor, e Depu
tados della, não só não prejudicarão á nobreza das pessoas, que o fize
rem, no caso que a tenhão herdada; mas antes pelo contrario será meio
proprio para se alcançar a nobreza adquirida: de sorte que os ditos Vo
gaes, confirmados por Vossa Magestade para servirem nesta primeira
Fundação, ficarão habilitados para poderem receber os Habitos das Or
438 • 1756

dens Militares, sem dispensa de mecanica, e para seus filhos lerem sem
ella no Desembargo do Paço; com tanto, que depois de haverem exer
citado a dita occupação não vendão per si em lojas, ou tendas por miu
do, ou não tenhão exercicio indecente ao dito cargo, depois de o have
rem servido; o que com tudo só terá lugar nas Eleições seguintes a fa
vor das pessoas, que occuparem os lugares de Provedor, e Vice-Prove
dor, depoisdadeCompanhia.
satisfação haverem servido pelo menos dois annos completos, com
• • |-

§. XL. As ofensas , que se fizerem a qualquer Oficial da Compa


nhia por obra, ou por palavra sobre materia de seu Oficio, serão casti
gadas pelo Conservador, como se fossem feitas aos Oficiaes de Justiça
de Vossa Magestade. -

- §. XLI. De nenhum modo se poderão intrometter os Corretores com


, as compras, ou vendas dos efeitos que pertencerem a esta Companhia,
e só quando os seus Administradores se queirão delles servir no ajuste
de alguma negociação, lhe pagarão por isso o estipendio , em que se
ajustarem : o que aliás não terão obrigação de fazer. * -

§. XLII. Ainda que a Companhia determina obrar tudo o que tocar


ao apresto, e expedição das suas carregações, e Navios com toda a sua
vidade, e sem usar dos meios do rigor, como toda via póde ser neces
sario para muitas cousas valer-se dos Ministros de Justiça: He Vossa Ma
gestade Servido que para o sobredito efeito possa a Meza pelo seu Juiz
Conservador enviar recado aos Juizes do Crime , e Alcaides da Cidade
do Porto para que fação o que se lhes ordenar: E o serviço que nisto fi
zerem lhes haverá Vossa Magestade como se fôra feito a bem do Servi
ço Real para por elle serem remunerados por Vossa Magestade em seus
despachos, apresentando os ditos Juizes para isso certidão da dita Me
za: E pelo contrario se não acodirem a esta obrigação lhes será estra
nhado, e se lhes dará em culpa nas suas residencias. •

§. XLIII. Faz Vossa Magestade mercê ao Provedor , e Deputados


desta Companhia, Secretario, Conselheiros della , que não possão ser
prezos, em quanto servirem os ditos cargos, por ordem de Tribunal,
Cabo de guerra, ou Ministro algum de Justiça por caso Civil, ou Cri
me (salvo se for infragante delicto ) sem ordem do seu Juiz Conserva
dor : E que os seus Feitores, e Oficiaes, que forem ás Provincias, e
outros lugares fóra da Cidade do Porto fazer compras, e executar as
commissões, de que forem encarregados, possão usar de todas as armas
brancas, e de fogo, necessarias para a sua segurança, e dos cabedaes,
que levarem; com tanto que para o fazerem levem cartas expedidas pe
lo Juiz Conservador da Companhia no Real Nome de Vossa Magestade.
§. XLIV. Sendo o Fundo, ou Capital desta Companhia de hum mi
lhão, e duzentos mil cruzados, repartido em Acções de quatrocentos mil
réis cada hum, como já fica determinado no §. X., cada interessado po
derá ter huma, ou muitas Acções, como bem lhe parecer, com tanto,
que em completando o número de dez mil cruzados, que são as bastan
tes para qualificar os Accionistas para os empregos da Administração
della, as que mais excederem a esta quantia não passem do segredo dos
livros da Companhia ás relações públicas, que se devem distribuir pelos
Vogaes nos actos das novas eleições.
XLV. Para receber as sommas competentes ás sobreditas Acções es
tará a Companhia aberta, a saber : Para a Cidade do Porto, e para o
Reino todo por tempo de cinco mezes: Para as Ilhas dos Açores, e Ma
deira, por sete : E para toda a America Portugueza , por hum anno:
1756 439

concorrendo estes termos do dia, em que os Editaes forem póstos para


que venha á noticia de todos. E passando os sobreditos termos, ou, se
antes delles se findarem, for completo o referido Capital de hum milhão,
e duzentos mil cruzados, se fechará a Companhia para nella não poder
entrar mais pessoa alguma. Com declaração, que das Acções, com que
cada hum entrar no tempo competente, bastará que dê logo ametade,
e para a outra ametade se lhe darão esperas de seis mezes, contados do
dia em que os ditos Editaes forem póstos, para satisfazella em duas pa
gas de tres em tres mezes cada huma.
§. XLVI. As pessoas, que entrarem com as sobreditas Acções, ou
sejão Nacionaes, ou Estrangeiras poderão dar ao preço dellas aquella
natureza, e destinação, que melhor lhes parecer, ainda que seja de
Morgado, Capella, fideicommisso-temporal, ou perpétuo; doação entre
vivos, ou causa mortis, e outros semelhantes, fazendo as vocações, e
usando das disposições, e clausulas, que bem lhes parecerem, as quaes
todas Vossa Magestade ha por bem approvar, e confirmar desde logo de
seu Motu-Proprio, certa Sciencia, Poder Real, Pleno, e Supremo; não
obstantes quaesquer disposições contrarias, ainda que de sua natureza
requeirão especial menção, assim, e da mesma sorte, que se as ditas
disposições, vocações, e clausulas fossem escritas em doações feitas por
titulo oneroso , ou, em testamentos confirmados pela morte dos Testado
res: Pois que se o Direito fundado na liberdade natural, que cada hum
tem de dispôr livremente do seu, authoriza os Doadores, e Testadores
para contratarem, e disporem na sobredita fórma em beneficio das fami
lias, e das pessoas particulares, muito mais se podem authorizar os so
breditos Accionistas na referida fórma , quando aos titulos onerosos dos
contratos, que elles fazem com a Companhia, e a Companhia com Vos
sa Magestade accrescem os beneficios, que deste estabelecimento se se
seguem ao serviço de Vossa Magestade, ao bem commum do seu Rei
no, e á conservação, e estimação de hum genero, que actualmente se
acha em tanta decadencia, sendo tão importante. \

§. XLVII. O dinheiro, que nesta Companhia se metter, se não po


derá tirar durante o tempo della , que será o de vinte annos contados
do dia em que partir a primeira esquadra por ella despachada; os quaes
annos se poderão com tudo prorogar por mais dez, parecendo á Compa
nhia supplicallo assim, e sendo Vossa Magestade Servido conceder-lhos:
Porém para que as pessoas, que entrarem com os seus cabedaes, se
possão valer delles, poderão vender as Acções que tiverem em todo, ou
em parte, como se fossem Padrões de Juro , pelos preços, em que se
ajustarem, fazendo sessões nas mesmas Acções a favor das pessoas, que
as comprarem; de cujos contratos se dará immediatamente parte á Me
za da Companhia, que mandará tomar as clarezas necessarias das ditas
sessões, sem por isso levarem emolumento algum, abrindo novos titulos
a favor dos novos Accionistas , e pondo verbas nos que tiverem os que
as taes Acções venderem, por onde conste das vendas, que delas fize
rão, fazendo-se de tudo as clarezas necessarias nas mesmas Acções, que
servirão de titulos aos novos Accionistas. O que tudo se entende em
quanto a sobredita Companhia se conservar com o governo mercantil, e
com os Privilegios, que Vossa Magestade ha por bem conceder-lhe na
maneira assima declarada; por que alterando-se a fórmº dº dito gover;
no mercantil, ou faltando o cumprimento dos mesmos Privilegios, será
livre a cada hum dos Accionistas o poder pedir logo º Capital de suas
Acções com os interesses que até esse dia lhe tocarem ; confirmando-o
44O • 1756

Vossa Magestade assim com as mesmas clausulas, para se observar li


teral, e inviolavelmente sem interpretação, modificação, ou intelligen
cia alguma, defeito, ou direito, que em contrario se possa considerar.
§. XLVIII. Os interesses que produzir esta Companhia se reparti
rão pela primeira vez no mez de Julho do terceiro anno, que ha de cor
rer depois da partida da primeira esquadra , em que a Companhia re
metter as suas carregações para o Brazil , e dahi em diante se ficarão
depois dividindo os ditos interesses annual, e successivamente pro rata
no referido mez de Julho, sem embargo que os Deputados hajão de ex
ercer a sua Administração por mais de hum anno.
§. XLIX. As Acções, e interesses , que se acharem depois de se
rem findos os vinte annos, que constituem o prazo da Companhia, ou o
termo pelo qual ella for prorogada, tendo a natureza de vinculo, Capel
la, fideicommisso temporal, ou perpétuo, ou sendo pertencentes a pes
soas ausentes, se passarão logo dos cofres da Companhia para o Deposi
to geral da Corte, e Cidade de Lisboa, onde serão guardados com a se
gurança, que de si tem o mesmo Deposito, para delle se empregarem,
applicarem, ou entregarem conforme as disposições das pessoas , que o
houverem gravado ao tempo , em que os metterem na Companhia. Po
rém naquellas Acções, que não tiverem semelhantes encargos, e forem
allodiaes, e livres, se não requererá, nem pedirá para a entrega das
suas importancias outra alguma legitimação, que não seja a Apolice da
mesma Acção, entregando-se o dinheiro a quem a amostrar, para ficar
no cofre servindo de descarga da sobredita Acção, pois que para a co
brança dellas não serão nunca de uso os traslados , requerendo-se sem
pre os proprios originaes.
§. L. Tudo isto se estenderá aos Estrangeiros, e pessoas , que vi
verem fóra do Reino de qualquer qualidade , e condição que sejão. E
sendo caso, que durante o referido prazo de vinte annos, ou o da pro
rogação delles tenha esta Coroa guerra (o que Deos não permitta ) com
qualquer outra Potencia, cujos Vassallos tenhão mettido nesta Compa
nhia os seus cabedaes, nem por isso se fará nelles, e nos seus avanços
aresto, embargo, sequestro, ou reprezalia ; antes ficarão de tal modo
livres, isentos, e seguros, como se cada hum os tivera em sua casa:
Mercê que Vossa Magestade faz a esta Companhia pelos motivos assima
#"…
a V Ta.
e que assim lhe promette cumprir debaixo da sua Real Pa

§. LI. E porque haverá muitas cousas no decurso do tempo, que de


presente não podem occorrer para se expressar, concede Vossa Mages
tade licença á dita Companhia para lhas poder representar nas occasiões,
que se oferecerem pela Secretaria de Estado dos Negocios do Reino,
para Vossa Magestade resolver nellas, o que mais convier ao seu Real
serviço, e bem commum de seus Vassallos, e da mesma Companhia: a
qual o fará assim, ainda nos casos do seu expediente , quando parecer
a algum dos Deputados requerer que o tal caso se faça presente a Vos
sa Magestade, com tanto, que isto se pratique nos negocios graves, e
de consequencias importantes para o serviço Real, para o bem commum
do Reino, ou para algum negocio grave da Companhia.
$., LII. Sendo de grande utilidade estabelecer-se tempo fixo para a
partida das esquadras da Cidade do Porto para o Estado do Brazil, tan
to para que os vinhos se possão navegar no proprio tempo, como para
que os moradores daquellas Capitanías possão fazer em tempo certo os
Provimentos que necessitão : He Vossa Magestade Servido, que as es
1756 44]

quadras, que houverem de ir daquella Cidade para as ditas Capitanías,


saião precisamente nas aguas altas do mez de Setembro, ou ao mais tar
dar nas primeiras de Outubro de cada hum anno , sob pena de que os
Navios, que obrarem o contrario, não possão sahir antes de outro se
melhante tempo do anno seguinte; e que se lhes não concederá licença
para carregarem, ou sahirem em outro algum tempo.
§. LIII. E porque Vossa Magestade ouvindo os Supplicantes, Foi
Servido nomear os abaixo declarados para o estabelecimento, e governo
desta Companhia nos primeiros tres annos: Todos elles assignão este pa
pel em nome dos ditos Lavradores, e Homens Bons da Cidade do Por
to; obrigando por si os cabedaes, com que entrão nesta Companhia, e
em geral os das pessoas que nella entrarem , tambem pelas suas entra
das sómente : Para que Vossa Magestade se Sirva de confirmar a dita
Companhia com todas as clausulas, preeminencias, mercês, e condições
conteúdas neste papel, e com todas as firmezas, que para a sua valida
de, e segurança forem necessarias. Porto em 31 de Agosto de 1756. =
Sebastião José de Carvalho e Mello.

José da Costa Ribeiro. = Luiz Belleza de Andrade. = José Pin


to da Cunha. = José Monteiro de Carvalho. = Custodio dos Santos Al
vares Brito. = João Pacheco Pereira. = Luiz de Magalhães Coutinho. =
Antonio de Araujo Freire de Sousa e Veiga. = Manoel Rodrigues Bra
ga. = Francisco João de Carvalho. = Domingos José Nogueira. = Fran
cisco Martins da Luz. = Francisco Barbosa dos Santos. = Luiz Diogo
de Moura Coutinho.

Impr. com o Alvará da sua confirmação na Officina


de Antonio Rodrigues Galhardo.

# #«…>, ºk-**

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de confirmação virem, que
havendo visto, e considerado com pessoas do Meu Conselho, e outros
Ministros Doutos, experimentados, e zelosos do serviço de Deos , e
Meu, e do Bem commum dos Meus Vassallos, que Me pareceo consul
tar os cincoenta e tres Capitulos, e Condições, conteúdos nas trinta e
tres meias folhas atraz escritas, rubricadas por Sebastião José de Carva
lho e Mello, do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios do
Reino, que os principaes Lavradores de cima do Douro, e Homens Bons
da Cidade do Porto, nellas enunciados, fizerão, e ordenárão com Meu
Real consentimento, para formarem huma Companhia, que sustentando
competentemente a cultura das vinhas do Alto Douro, conserve ao mes
mo tempo as producções dellas na sua pureza natural, em beneficio do
commercio Nacional, e Estrangeiro, e da saude dos Meus Vassallos,
sem alguma despeza da Minha Fazenda , antes com beneficio della , e
do Ben, commum dos Meus Reinos: E porque sendo examinadas as mes
mas Condições com maduro conselho, e prudente deliberação, se achou
não só serem convenientes, e com ellas a mesma Companhia, contendo
esta, notoria utilidade da mesma Cidade do Porto, e Provincias a ella
adjacentes , mas tambem o grande serviço k?" neste particular faz a
442 1756

dita Companhia, e as pessoas, que com ela promovem o commercio, e


a agricultura por hum tão util, e solido estabelecimento: Hei por bem,
e Me praz de lhe confirmar todas as ditas Condições, e cada huma em
particular, como se de verbo ad verbum aqui fossem incertas, e decla
radas, e por este Meu Alvará lhas confirmo de Meu Proprio Motu, cer
ta Sciencia, Poder Real, e Absoluto, para que se cumprão, e guar
dem inteiramente como nellas se contém: E quero que esta confirmação
em tudo, e por tudo lhes seja observada inviolavelmente, e nunca pos
sa revogar-se, mas sempre como firme, válida, e perpétua esteja em sua
força, e vigor, sem diminuição, e lhe não seja posto, nem possa pôr dú
vida alguma a seu cumprimento, em parte, nem em todo, em Juizo,
nem fóra delle , e se entenda sempre ser feita na melhor fórma , e no
melhor sentido, que se possa dizer, e entender a favor da mesma Com
panhia, e do Commercio, e conservação delle: Havendo por suppridas
(como se postas fossem neste Alvará) todas as clausulas, e solemnida
des de feito, e de Direito, que necessarias forem para a sua firmeza; e
derogo, e hei por derogadas todas, e quaesquer Leis, Direitos, Orde
nações, Capitulos de Cortes, Provisões, Extravagantes, e outros Alva
rás, Opiniões de Doutores, que em contrario das Condições da mesma
Companhia, ou de cada huma dellas possa haver por qualquer via , ou
por qualquer modo, posto que taes sejão, que fosse necessario fazer aqui
delas especial, e expressa relação de verbo ad verbum , sem embargo
da Ordenação do livro segundo, titulo quarenta e quatro, que dispõe
não se entender ser por Mim derogada Ordenação nenhuma, se da sub
stancia della se não fizer declarada menção : E para maior firmeza , e
irrevocabilidade desta confirmação, prometto, e seguro de assim o cum
prir, e fazer cumprir, e manter, e lha não revogar debaixo da Minha
Real Palavra, sustentando aos interessados nesta Companhia na conser
vação della, e do seu commercio como seu Protector, que sou: E terá
este Alvará força de Lei; para que sempre fique em seu vigor a confir
mação das ditas Condições, e Capitulos, que nella se contém sem alte
ração alguma.
Pelo que: Mando ao Desembargo do Paço, e Casa da Supplica
ção; Conselho da Fazenda, e Ultramar; Meza da Consciencia; Came
ra da Cidade do Porto , e mais Conselhos, e Tribunaes ; e bem assim
aos Governadores, e Capitães Generaes do Brazil; Capitães Móres; Pro
vedores da Fazenda; Ouvidores Geraes, e Camaras daquelle Estado; e
a todos os Desembargadores, Corregedores, Juizes, e Justiças de Meus
Reinos, e Senhorios, que assim o cumprão, e guardem, e fação cum
prir, e guardar, sem dúvida, nem embargo algum, não admittindo re
querimento, que impida em todo, ou em parte o efeito das ditas Con
dições por tocar á Meza dos Deputados da Companhia tudo o que a elle
diz respeito. E Hei por bem, que este Alvará valha como Carta, sem
passar pela Chancellaria, e sem embargo da Ordenação, livro segundo,
titulo trinta e nove em contrario, posto que seu efeito haja de durar
mais de hum anno. Dado em Belém, a 10 de Setembro de 1756. = Com
a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino,
no Liv. 1.° da sobredita Companhia, a fol. 1. cum
seqq., e Impr. na Oficina de Antonio Rodrigues Ga
lhardo.
1756 443

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem , que sendo-Me
presente, que na Meza do Paço da Madeira se duvída dar livres dos Di
reitos da dizima as madeiras, que entrão pela Foz, vindo por conta, e
risco dos moradores de Lisboa , e sendo transportadas dos Meus Domi
nios por embarcações proprias dos Meus Vassallos , fundando-se a refe
rida dúvida, em que a graça, e mercê, que Fui Servido conceder no
Meu Real Decreto de vinte e nove de Novembro, e Alvará de vinte e
dous de Maio proximos passados, indistinctamente se refere ao favor
permittido no despacho das madeiras pertencentes á Companhia Geral
do Grão Pará, e Maranhão, a qual pelo Capitulo trinta e hum das suas
instituições he isenta, sem distincção alguma , dos Direitos da siza só
mente: Sou Servido declarar, que a graça concedida á sobredita Com
panhia Geral, em quanto isenta ás madeiras de siza sómente, se deve
entender daquellas, que vierem destinadas para se venderem nestes Rei
nos; por quanto as madeiras, que vierem por conta, e risco dos mora
dores de Lisboa, ou de quaesquer outros Vassallos Meus, para o gasto
das suas obras, e que tiverem proporção com o consummo della, sem
excesso, nem dólo, serão isentas de todos os Direitos, e pensões, da
mesma fórma , que pelo Regimento do Paço da Madeira no Paragrafo
segundo do Capitulo onze o farão sempre, as que se transportão do Ri
ba-Téjo, e Banda d’Além, nas referidas circumstancias, e nesta mes
ma conformidade Sou outro sim Servido, que respectivamente se entem
dão o Meu sobredito Real Decreto de vinte e nove de Novembro, e Al
vará de vinte e dous de Maio proximos passados. -

Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor


da Casa da Supplicação, Governador da Relação, e Casa do Porto, Go
vernador , e Capitão General do Reino do Algarve, e mais Ministros,
Officiaes, e Pessoas, a quem pertencer, que cumpräo; e guardem, e
fação inteiramente cumprir, e guardar, como nelle se contém, este Meu
Alvará. O qual valerá como Carta passada pela Chancellaria, posto que
por ella não passe , ainda que o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstantes quaesquer Regimentos, Ordens, ou Disposições
contrarias, que todas Hei por derogadas para este efeito sómente, co
mo se dellas fizesse expressa menção , ficando aliás sempre em seu vi
gor. E este se registará em todos os lugares, onde se costumão registar
semelhantes Leis, mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Es
crito em Belém, a 10 de Setembro de 1756. = Com a Assignatura de
ElRei, e a do Ministro. •

Impr. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

* *«…»a? #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presente, que as ordens, que se costumão expedir para
se alistarem Marinheiros para o serviço "#" Náos,
2
ficão muitas
444 - 1756

vezes sem o efeito, que dellas se devia esperar, em razão de se escon


derem, e ausentarem os homens do mar , para depois se assoldadarem
por maiores preços para os Paizes Estrangeiros, contra a disposição da
Lei do Reino, e com intoleravel damno do Meu Real serviço, e do bem
commum dos Meus fiéis Vassallos, em materia tão grave, e delicada,
que faz hum dos objectos do mais serio cuidado de todas as Nações ci
vilizadas da Europa: E havendo mostrado a experiencia, que as penas
atégora estabelecidas pela Ordenação do Reino, não forão bastantes pa
ra cohibir hum delicto de consequencias tão perniciosas, e dignas de se
lhes pôr remedio eficaz: Sou Servido, que todo o Marinheiro, e homem
do mar, que sem licença Minha por escrito se assoldadar ao serviço de
qualquer Nação Estrangeira, fique pelo mesmo facto desnaturalizado dos
Meus Reinos; e os bens que tiver, lhe sejão confiscados, ametade para
a Minha Real Coroa , e a outra ametade para a pessoa, que o denun
ciar; incorrendo cumulativamente na pena de dez annos de galés, sen
do achado outra vez neste Reino, ou em algum dos seus Dominios : E
que na mesma pena incorrão os Corretores, ou pessoas, que os inquie
tarem para sahir do mesmo Reino , ou intervierem nos contratos, que
para esse efeito se fizerem ; bastando para se haver por provado o deli
cto, justificar-se , que as taes pessoas forão achadas tratando sobre es
tes odiosos contratos, ainda que estes não cheguem a completar-se, ou
a ter o seu efeito: Com tal declaração, que os Marinheiros, e homens
do mar , que ao tempo da publicação deste se acharem fóra do Reino,
serão escusos das sobreditas penas, recolhendo-se a elle no termo de tres
. mezes , achando-se na Europa ; de hum anno, achando-se na Africa,
ou America; e de dous, achando-se na Asia: E de que os Marinheiros,
que voltarem aos Meus Dominios na sobredita fórma , serão nelle rece
bidos sem molestia alguma, e escusos de servirem no Troço , ou em
qualquer outra Repartição do Meu Real serviço, contra suas vontades:
exceptuando sómente, os casos de necessidade, em que houver geral em
bargo.
Para que o referido se execute inviolavelmente, Ordeno, que em
cada hum dos Pórtos deste Reino , donde sahem embarcações Estram
geiras, esteja sempre huma devaça aberta sem limitação de tempo, nem
determinado número de testemunhas, contra os transgressores desta Lei;
sendo Juiz della em Lisboa o Juiz de India, e Mina; na Cidade do Por
to, o Juiz de Fóra do Crime ; e nos outros Pórtos do Reino, os Juizes
de Fóra, onde os houver ; e onde os não houver, os Ministros de vara
branca mais visinhos : E que nenhum Navio possa sahir sem visita , e
#",CUIS.•
de que não leva Marinheiros, ou homens do mar, Vassallos
Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor
da Casa da Supplicação, Governador da Relação, e Casa do Porto, Go
vernador, e Capitão General do Reino do Algarve, e mais Ministros, e
Oficiaes, e pessoas a quem pertencer, que cumprão, e guardem, e fa
ção inteiramente cumprir, e guardar, como nelle se contém, este Meu
Alvará; o qual valerá como Carta passada pela Chancellaria, posto que
por ella não passe , ainda que o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstantes quaesquer Regimentos , Ordens, ou Disposições
contrarias, que todas Hei por derogadas para este efeito sómente, co
mo se dellas fizesse expressa menção , ficando aliás sempre em seu vi
gor. E este se registará em todos os lugares, onde se costumão regis
tar semelhantes Leis, mandando-se o Original para a Torre do Tombo.
1756 445

Escrito em Bélem aos 27 de Setembro de 1766. = Com a Aásignatura


de ElRei, e a do Ministro. •

Regist. no Livro do Conselho da Fazenda a fol. 28.,


e imp. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

# #…»ºr #

A Ntonio Caetano de Sousa Superintendente da Ribeira do Douro. =


Eu ElRei vos envio muito saudar. Havendo-Me representado os Homens
de Negocio da Villa de Vianna, que pela prohibição de passarem Navios
soltos deste Reino para o Estado do Brazil, estabelecida na Minha Real
Resolução de seis de Abril de mil setecentos trinta e nove, que deter
minou, que assim os da Cidade do Porto, como os da dita Villa partis
sem para aquelle Estado em Esquadras; se achava o Commercio da mes
ma Villa em grande decadencia, por serem sempre os Navios de Vian
na obrigados a se incorporarem nas Esquadras do Porto, com os perigos,
que havia naquella Barra, e com a incerteza do tempo, em que a ella
deverião chegar: E attendendo Eu ao favor, de que se fazem dignos o
Commercio, e a Navegação da mesma Villa de Vianna: Hei por bem
conceder aos Homens de Negocio della a liberdade de fazerem sair os
seus Navios para o Estado do Brazil via recta, com tanto que saião pre
cisamente, ou nos respectivos tempos determinados para a partida das
Frotas de Lisboa pelo Meu Real Decreto de vinte e oito de Novembro
de mil setecentos cincoenta e tres, conforme os diferentes Pórtos a que
se dirigirem, ou na Monção, que pela Lei do Paragrafo cincoenta e dous
da Instituição da Companhia geral da Agricultura das Vinhas do Alto
Douro, estabeleci para a sabida das Esquadras do Porto: Com tal decla
ração porém, que não partindo as respectivas Frotas, e Esquadras nos
precisos tempos, que para ellas partirem se achão pelas Minhas sobredi
tas Disposições determinados: poderão sempre nelles os Navios da dita
Villa seguir sua viagem: Que havendo diferentes pareceres dos Proprie
tarios dos ditos Navios sobre a eleição do tempo, em que elles devem sa
hir, prevalecerá a pluralidade dos votos: que no caso de empate delles
decidirá a Junta, que solicíta o Bem commum do Commercio pela par
te, que lhe parecer mais util: E que os Navios que sahirem pela Barra
da referida Villa para os Pórtos do Brazil, não possão de nenhuma sórte
levar carga de Vinhos, Aguas-ardentes, ou Vinagres; porque do contra
rio se seguiria notavel prejuizo, não só á referida Companhia geral da
Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e das Províncias, que nella se
achão interessadas, pelo barateamento, que os Navios de Vianna pode
rião fazer, levando Vinhos inferiores, e de ruim mistura; mas tambem
ao commum do Reino; porque a inferioridade destes Vinhos baixos, e de
má qualidade arruinaria inteiramente a reputação de hum genero tão princi
pal, contra o estabelecimento, que tenho feito para o reputar, assim na
America, Africa, e Asia, como na Europa, em commum beneficio dos
Meus Vassallos, que com tanta despeza se empregão na cultura das Vi
nhas, em utilidade pública dos Meus Reinos. O que tudo assim execu
tareis, sem embargo de quaesquer Leis, Resoluções, ou Ordens em
contrario quaesquer que ellas sejão; porque todas Hei por derogadas pº
ra oste efeito sómente, como se delas fizesse especial menção de verbo
446 I756

ad verbum; valendo esta como Carta passada pela Chancellaria, ainda


que por ela não passe, sem embargo da Ordenação em contrario. Escri
ta em Belém a 30 de Setembro de 1756. = Com a Assignatura de Sua
Magestade. = Para Antonio Caetano de Sousa Superintendente da Ri
beira do Douro. - |- •

Impresso avulso.

# #…>, # #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com fórça de Lei virem:
Que sendo-me presente, que com o motivo de não haver a Junta da Ad
ministração da Companhia Geral do Grão Pará, e Maranhão, admittido
até o terremoto do memoravel dia primeiro de Novembro do anno proxi
mo passado, mais de dez mil cruzados a cada hum dos Accionistas, que
nella se interessárão, para que assim se extendesse a mais pessoas o be
neficio de hum tão util estabelecimento; se achou ao tempo daquella ge
ral calamidade incompleto o fundo da mesma Companhia: E tendo at
tenção ao muito, que importa ao Bem commum facilitar os meios de se
interessarem nella os meus fiéis Vassallos, que não tendo prompto di
nheiro para fazerem as suas entradas, tem com tudo bens móveis, e de
raiz, livres, ou vinculados, ou Acções efectivas, com que possão segu
rar as respectivas sommas, que tomarem a juro para tão louvavel, e pro
veitosa applicação: Hei por bem declarar, e ampliar o Paragrafo cin
coenta da Instituição da mesma Companhia, para o efeito de que o di
nheiro, que se achar determinado para se empregar em bens, que hajão
de ser vinculados em Morgados, ou Capellas, ou para se dar a interes
se, em quanto senão fazem os referidos empregos, seja dado a juro com
preferencia ás pessoas, que o pedirem para entrarem com Acções na mes
ma Companhia: De tal sorte, que os sebreditos Accionistas, não só te
rão preferencia a todas, e quaesquer outras pessoas; mas senão poderá
dar dinheiro algum a juro na Cidade de Lisboa, e Provincia da Estre
madura, nem ainda dos Cofres das Capellas, Residuos, e Orfãos, que
exceda a quantia de trezentos mil réis, em quanto se não achar comple
to o fundo da referida Companhia; debaixo das penas de nullidade dos
contratos; de privação dos Oficios aos Ministros, e Oficiaes, que os cele
brarem, e neles intervierem; e de pagarem as partes contratantes a fa
vor de quem as denunciar, outro tanto, quanto importar o dinheiro,
que por ellas for emprestado, ou recebido, contra o que deixo assima orde
nado. Os referidos dinheiros passarão direitamente dos Cofres, ou mãos,
em que estiverem, para os da Companhia. E os Depositos, ou pessoas,
que os derem ficarão para sua segurança com especial hypotheca nas Ac
ções da mesma Companhia, e com penhora nellas, como se fosse feita
em execução de sentença, havida em Juizo contradictorio, e com cor
poral apprehensão. E ainda que esta segurança bastava, sendo a referi
da Companhia juntamente hum Banco público, no qual não póde recear
se fallencia: com tudo, para maior exuberancia de boa fé a favor dos
credores, hypothecarão subsidiariamente os devedores, que tomarem o
dinheiro a juro, não só os bens livres competentes, se os tiverem, em
primeiro lugar; mas tambem na falta delles os vinculados, os quaes Hei
Por bem, que possão ser obrigados nesta fórma, sem limitação de tem
1756 447

po, e sem a dependencia de consentirem os immediatos successores; não


só pelo inteiro credito, e notoria segurança do referido Banco; mas tam
bem, porque o interesse público, e particular dos mesmos Vinculos, e
seus Administradores, que involve o gyro da sobredita Companhia, ab
sorve todas as formalidades ordinarias. No caso de serem as hypothecas
constituidas em Acções, se estas forem da mesma Companhia, ou da do
Alto Douro, serão as partes hypothecantes obrigadas a hypothecar ou
tra tanta quantia em Acções, quanta for a que tomarem para se in
teressar: de tal sorte, que , por exemplo, o que tiver já dez mil cru
zados em Acções , poderá tomar outros dez mil cruzados sobre ellas;
ficando todos os vinte obrigados ao novo empenho , com o mesmo pri
vilegio da preferencia assima ordenada. Se porém as ditas hypothecas
subsidiarias forem constituidas em escrituras de juro sobre particulares:
depois de haverem sido estas examinadas na fórma abaixo declarada, fi
carão nos Cofres, ou nas mãos das pessoas, donde os dinheiros sahirém,
até que efectivamente sejão distratados. O mesmo se observará nos ca
sos, em que a segurança do dinheiro tomado a juro, consistir em penho
res de ouro, de prata, ou de joyas. Antes porém, que os referidos con
tratos se celebrem, serão qualificadas as suas respectivas hypothecas, as
sim pelo que pertence á legitimidade, como ao valor dellas, e approva
das de plano por Acordão pelo Desembargador dos Aggravos Ignacio
Ferreira Souto, como Juiz Relator, com os Adjuntos, que lhe nomear
o Duque Regedor da Casa da Supplicação: os quaes todos decidirão ver
balmente na Relação em huma só, e unica instancia, todas e quaesquer
dúvidas, que possão occorrer sobre a legitimidade das ditas hypothecas,
e suas dependencias. Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo
do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fa
zenda, Presidente da Meza da Consciencia e Ordens, Desembargado
res, Corregedores, Juizes, e Justiças, e mais pessoas de Meus Reinos,
que assim o cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guar
dar este, como nelle se contém; sem embargo de quaesquer Leis, ou
costumes em contrario; que todas, e todos, Hei por derogados, como se
de cada huma, e de cada hum delles fizesse expressa, e individual men
qão, para este caso sómente, em que Sou Servido fazer cessar de Meu
Motu proprio, certa Sciencia, Poder Real pleno, e Supremo, as sobre
ditas Leis, e costumes, em attenção ao Bem público, que resulta desta
providencia: Valendo este Alvará como Carta passada pela Chancellaria,
ainda que por ella não ha de passar; e que o seu efeito haja de durar
mais de hum anno, sem embargo das Ordenações em contrario: Regis
tando-se em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes
Leis: E mandaudo-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Be
lém aos 30 dias do mez de Outubro de 1766. = Com a Assignatura, de
ElRei, e a do Ministro.
Impresso avulso.
+--+"<>"+ #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com fórça de Lei vi
rem, que, considerando que as grandes ruinas de cabedaes, e creditos,
que a calamidade do memoravel dia primeiro de Novembro do anno pro
ximo passado trouxe ao commercio dos Meus Vassallos; e que o cuidado
de consolidar os mesmos creditos, e cabedaes, em beneficio dos Homens
*
448 1756

de Negocio, que commerceão nestes Reinos, constituião dous obsjectos


dos mais instantes, e urgentes, entre os muitos, que depois daquelle fu
nesto dia excitárão o Meu Regio, e Paternal desejo de alliviar, e resta
belecer os Póvos, que Deos Me confiou, de sorte que, mediante a Di
vina assistencia, os possa restituir ao estado de viverem á sombra do
Throno em paz, e abundancia; contribuindo todos reciprocamente para
o Bem commum, que resulta de cessarem no commercio as fraudes, e
de se animarem, e sustentarem os que nelle se empregão com boa fé,
em geral beneficio: Determinei ouvir sobre esta materia os Ministros do
Meu Conselho, e outras pessoas doutas, experimentadas, e zelosas do
serviço de Deos, e Meu, de cujos votos Me pareceo "º mais podia con
fiar em hum Negocio de tão ponderosa importancia. E conformando-Me
com o uniforme parecer, em que todos os sobreditos assentárão, tendo
por certo que este seria o meio mais proprio, e eficaz para os referidos
fins; de consolidar o credito público das Praças deste Reino, e seus Do
minios; e de remover do commercio dellas as dilações , e os enganos,
que sendo em todo o tempo incompativeis com o trato mercantil, se fa
zem absolutamente intoleraveis em huma conjunctura tão crítica : Sou
Servido excitar a disposição da Ordenação do Livro quinto, Titulo ses
senta e seis abaixo copiada , para que daqui em diante se observe lite
ral, exacta, e inviolavelmente; e declarar, ampliar, e limitar o con
teúdo nella, na maneira seguinte:

Titulo LXVI da Ordenação do Liv. V, em que trata dos Mercadores,


que quebrão, e dos que se levantão com fazenda alhéa.
» Por quanto alguns Mercadores quebrão de seus tratos, levan
» tando-se com mercadorias, que lhe forão fiadas, ou dinheiro, que to
z márão a cambio, e se ausentão, e escondem suas fazendas, de manei
» ra que dellas se não póde ter noticia; e outros põem seus creditos em
» cabeça alhêa ; e para alegarem perdas, fazem carregações fingidas:
» querendo Nós provêr , como os taes enganos, e roubos, e outros se
» melhantes se não fação; ordenamos, e mandamos, que os Mercadores,
» e Cambiadores, ou seus Feitores , que se levantarem com mercado
» rias alhêas, ou dinheiro, que tomarem a cambio, ausentando-se do lu
» gar, onde forem moradores, e esconderem seus livros de Razão, le
» vando comsigo o dinheiro, que tiverem , ou passando-o por Letras a
» outras partes, e esconderem a dita fazenda em parte de que se não
» saiba, assim neste Reino, como fóra delle, ou por qualquer outro mo
» do a encobrirem ; sejão havidos por públicos ladrões , roubadores ; e
» castigados com as mesmas penas, que por nossas Ordenações, e Di
» reito Civil os ladrões publicos se castigão, e percão a Nobreza, e li
» berdades, que tiverem para não haverem pena vil.
I. » E quando por falta de prova, ou por outro algum respeito Juri
» dico , nos sobreditos se não puder executar a pena ordinaria , serão
» condemnados em degredo para galés, e outras partes, segundo o en
» gano, ou malicia, em que forem comprehendidos; e não poderão mais
» em sua vida usar o oficio de Mercador , para o qual os havemos por
» inhabilitados. E usando delle, incorrerão nas penas , que por nossas
« Ordenações incorrem os que usão de oficios públicos , sem para isso
» terem nossa licença. E nas mesmas penas incorrerão seus Feitores,
» que os ditos delictos commetterem.
11. » E bem assim não poderão fazer cessão de bens, nem gozar de
1756 449

quita, ou espera, que os crédores lhe derem, posto que por Escritu
ira pública lha concedão: por quanto as havemos por nullas; sem em
bargo de quaesquer clausulas, e condições que nellas forem postas. E

: poderão os crédores fazer execução inteiramente por o que lhes deve


rem-em
qualquersuas pessoas,
titulo e fazenda,
adquirirem... . que lhe for achada, ou depois por

III. » Item : " Vindo á noticia dos Oficiaes de Justiça, que alguns
bens dos ditos levantados estão em algumas Igrejas, Mosteiros, Lu
gares pios, Fortalezas, Navios, ou em casas de pessoas poderosas,
de qualquer qualidade, e condição, que sejão, as tirarão dellas, sem
lhe ser posto dúvida, ou embargo algum. E farão dellas inventario, e
as depositarão para pagamento dos crédores. |-

IV. » E as pessoas , que em seu poder tiverem dívidas , conheci


»*mentos, escrituras, ou outra qualquer fazenda, que pertença aos di
33:
tos levantados, lha não entregarão, posto que em deposito; ou guar
» da a tenhão recebida, nem lhe pagarão dívidas: mas sabendo por qual
», quer via , que algum Mercador se levantou, o manifestarão dentro
em quinze dias aos Oficiaes de Justiça, a que o conhecimento do ca
so pertencer. E provando-se que lhe entregárão alguma cousa, ou pa
gárão dívida depois de serem levantados, ou quebrados, a pagarão
outra vez. E os encubridores perderão outra tanta fazenda para os
crédores, quanta foi a que encubrírão. , , " " .
V. » E mandamos, que pessoa alguma, de qualquer condição que
seja, não receba, nem recolha em suas casas, Fortalezas, Náos, pes
soa alguma que se levantar, ou quebrar de seu credito, nem fazen
da sua : antes os entreguem ás Justiças, quando para isso forem re
queridos. E não os entregando , serão obrigados a pagar de suas fa
zendas aos crédores tudo, o que o dito levantado lhes dever: e have
rão as mais penas crimes , que por nossas Ordenações são postas aos
que recolherem furtos, e malfeitores.
I. » E os que derem conselho, ajuda, e favor para os ditos Mer
cadores quebrarem, ou lhe ajudarem a encubrir, ou salvar suas pes
soas, e fazenda, pagarão as dívidas, que elles deverem aos crédores;
: e serão castigados, como participantes no mesmo levantamento, con
forme a culpa, que contra elles se provar.
VII. » E as pessoas , que por sua culpa perderem sua fazenda jo
-

2?
gando, ou gastando demasiadamente, incorrerão nas sobreditas penas:
» excepto que não serão havidos por publicos ladrões , nem serão con
» demnados em pena de morte natural, mas em penas de degredo, se
» gundo a qualidade da culpa, em que forem comprehendidos, e quan
» tidade das dívidas, com qne quebrarem, e se levantarem.
VIII. » E os que cahirem em pobreza sem culpa sua , por recebe
rem grandes perdas no mar, ou na terra, em seus tratos, e commer
cios licitos, não constando de algum dolo, ou malicia, não incorre
rão em pena alguma crime. E neste caso serão os Actos remettidos ao
Prior, e Consules do Consulado, que os procurarão concertar, e com
pôr com seus crédores, conforme a seu Regimento.
IX. » E mandamos aos Julgadores , a que o conhecimento perten
33
cer, que, tanto que á sua noticia vier que algum Mercador se levan
3
º tou , vão logo á sua casa , e fação auto , e inventario do que nella
» acharem; e lhe tomem o livro de Razão; e se informem de seus cré
dores da quantia do dinheiro, ou fazenda , com que se levantou , e
. do tempo, em que lhe foi dada; e tirem *# de modo que se saiba
450 H756

» a verdade, e a causa, que teve para quebrar; e procurem de pren


” der os culpados, e procedão contra elles como for justiça. E sendo au
º sentes, procederão por Editos, na fórma de nossas Ordenações..…
X- º Qualquer pessoa, posto que Mercador não seja, nem seu Fei
º tor , que se levantar com dinheiro, ou dívida, ou qualquer fazenda
» alhêa, ou se pozer, onde a parte não possa delle haver direito (se a
» dívida, com que se levantar, for de cem cruzados, e dahi para cima)
» morra morte natural. E sendo de cem cruzados para baixo não descen.
» do de cincoenta cruzados, seja degradado por oito annos para o Bra
e zil. E sendo de cincoenta cruzados para baixo, será degradado por o
º tempo, e para onde aos Julgadores bem parecer. As quaes penas, as
» sim da morte, como as outras, haverão lugar, posto que pelas taes
» dívidas, com que se levantárão, pudessem fazer sessão.
XI. A qual Ordenação, estabeleço, que da publicação deste em dian
-te faça a regra certa, e fixa, para sejulgarem todas as causas dos Mer
cadores, que quebrarem, ou se levantarem com fazendas alhêas: prati
cando-se o conteúdo nella em tudo , o que por este não for alterado,
com as declarações, ampliações, e limitações, que abaixo ordeno. «
XII. Tendo mostrado a experiencia os grandes prejuizos, que se se
guem ao commercio, e ás pessoas, que nelle se empregão , de se não
terem observado as prohibições, que se estabelecêrão no preambulo da
mesma Lei; de esconderem os Homens de Negocio suas fazendas, de
maneira que dellas se não possa ter noticia; de pôrem os seus créditos
em cabeça alhêa; e de fazerem carregações fingidas: E procurando res
tabelecer em beneficio do mesmo com mercio toda a boa fé, que nelle se
faz indispensavel: Estabeleço, que toda a pessoa, que occultar a sua
fazenda em parte, que della se não saiba; que pelo mesmo modo furti
so pozer crédito em cabeça alhêa; de sorte, que sendo na realidade seu,
procure simular, que pertence a terceiro; ou que fizer carregação fin
gida, de modo que sendo, tambem na realidade sua, a despache , ou
avie em nome de terceiro, ou que faça empregos em nome de terceiras
pessoas, ainda que conjunctas: Além das penas corporaes, estabeleci
das pela sobredita Lei, incorra na da confiscação da fazenda, que occul
tar; do crédito, que pozer em cabeça alhêa; e da carregação, que fizer,
ou aviar em nome de terceira pessoa, ou da cousa, que se achar com
pra da com o seu cabedal em nome albêo; ametade para o denunciante,
e a outra ametade a favor dos Captivos. Nas mesmas penas incorrerão
cumulativamente as pessoas, que intervierem nas sobreditas fraudes,
ou em qualquer dellas, prestando o seu nome para ellas se fazerem. O
que se estenderá aos assignantes das Alfandegas, para que nellas não
possa alguem assignar despachos de Fazendas, que não sejão proprias,
ou pelo menos da sua commissão. E para que as mesmas fraudes cessem
por huma vez: Ordeno, que as denuncias dellas possão ser tomadas em
segredo, com tanto que se justifiquem pela corporal apprehensão nas cou
sas moveis: Que nas immoveis se justifiquem por legitimas provas: E
que nos Autos dellas se proceda summariamente, na fórma abaixo de
clarada. - - •

XIII. Porque os Priores, e Consules, de que se tratou no Paragrafo


oitavo da referida Lei, se achão actualmente extinctos: Sou Servido subs
tituir no lugar delles (em quanto Eu não dispozer o contrario) com ju
risdicção privativa, e exclusiva de todas , e quaesquer outras jurisdio
ções, o Provedor, e Deputados da Junta, que solicíta o Bem commum
do commercio; creando para ella de novo hum Juiz Conservador, e hum
1756 45 1

Fiscal, que serão sempre ao menos Desembargadores da Casa da Suppli


cação; com exercicio nella, ou em qualquer dos Tribunaes da Minha
Corte: Para que o primeiro dos referidos Ministros sirva de Relator, e
onasegundo
maneirade Promotor,
abaixo conforme a natureza dos Negocios occorrentes,
declarada. •

XIV, Logo que qualquer Homem de Negocio faltar de crédito se apre


sentará na referida Junta, perante o Provedor, e Deputados della, ou
no mesmo dia, em que a quebra succeder, ou ao mais tardar, no pro
ximo seguinte: Jurando a verdadeira causa da fallencia, em que se achar,
pelas perdas, ou em partes totaes, ou parciaes, que houver padecido:
Entregando com as chaves do seu Escritorio, e dos livros, e papeis, que
nelle se acharem, as dos Armazens das Fazendas, que estiverem ainda
em ser: E declarando debaixo do mesmo juramento todos os bens, com
que se achar, assim móveis, e de raiz, como Acções, sem occultar cou
sa alguma delles: E para os sobreditos serem admittidos a fazer o refe
rido juramento, serão precisamente obrigados a exhibir pelo menos hum
livro com o Titulo de Diario, escrito pela Ordem Chronologica dos tem
pos, e das datas, sem inversão dellas, e sem interrupção, claro, ou ver
ba alguma posta nas suas margens; no qual se achem lançados todos os
assentos de todas as mercadorias, e fazendas, que os mesmos fallidos de
crédito houverem comprado, e vendido; e de todas as despezas, que hou
verem feito com a sua pessoa e casa: Sendo o dito livro numerado, ru
bricado, e encerrado por distribuição por hum dos Deputados da Junta,
que solicíta o Bem commum do commercio: de tal sorte que aquelles
Mercadores quebrados, que, ou não se apresentarem na sobredita fór
ma, ou não exhibirem pelo menos o referido Livro; ficarão incursos nas
penas desta Lei, havendo-se desde logo por fraudolenta a quebra, que
fizerem ; a menos que não provem logo em continente que, tendo o refe
rido Livro, pereceo por incendio, ou por outro semelhante caso fortuito,
que notoriamente exclúa toda a presumpção da referida fraude.
XV. Successivamente nomeará a sobredita Junta por huma parte dous
de entre os seus Deputados, que bem lhe parecer, para que com o Pro
curador della, e com o Escrivão do Juizo da Conservatoria do commercio
passem ás casas do fallido, e nella reduzão a hum exacto Inventario todos
os bens, que acharem existentes das sobreditas tres especies; acabando
o dito Inventario no preciso termo de dez dias, contínuos, e successivos;
e apresentando-o, logo que se achar findo, na referida Junta com os Li
vros de contas, e mais papeis a ellas pertencentes, que puderem servir
de clareza, e instrucção, para se concluir assim o verdadeiro estado da
casa, e cabedal do mesmo fallido, como as causas da fallencia, em que
estiver ao tempo, em que se delatar: Pela outra, parte nomeará hum
Homem de Negocio da Praça de Lisboa, que seja abonado, e de sã cons
ciencia, ao qual se entregarão por Deposito todos os bens do mesmo In
ventario debaixo do Termo de fiel Depositario de Juizo, e da obrigação
de não dispôr do sobredito Deposito cousa alguma, senão pelos Manda
dos, que lhe forem expedidos pela mesma Junta para este efeito: Epe
la outra parte fará publicar na primeira Gazeta, que se estampar depois
da quebra, (com o nome expresso do Mercador, ou Homem de Negocio,
que se houver apresentado na referida fórma) que ele he fallido de cré
dito; para que todas as pessoas, que tiverem que requerer sobre os bens
do séquestró, que se lhe houver feito, ou sobre as causas da quebra,
possão recorrerá sobredita Junta, propondo nella as Acções, que tive
rem, ou as denúncias, que quizerem # fórma abaixo declarada.
452 | • 1756

XVI. Em quanto se proceder ao referido. Inventario, receberá a mes


ma Junta todos os requerimentos, que se lhe fizerem , e as denúncias,
que lhe forem dadas sobre a quebra, de que se tratar, e sobre as causas,
que a manifestarem, ou justa, ou dolosa: Para que quando lhe for apre
sentado o mesmo Inventario, e papeis a elle concernentes, se ache pre
parada para proceder nos merecimentos da causa até á sua decisão, que
será expedida, e determinada no preciso termo dos primeiros trinta dias,
que contínua, e successivamente se seguirem ao em que for apresenta
do o refedido Inventario; procedendo-se verbalmente, e de plano, em
fórma mercantil; sem outra ordem judicial, que não seja a dos termos
substanciaes, que por Direito natural, e das gentes, e pelo estilo das
Praças mais bem reguladas da Europa se costuma observar em semelhan
tes causas; e sem mais Allegações, que as dos simples factos, que pu
derem relevar, ou condemnar o fallido, e as dos estilos, e regras do com
mercio, prática, e inconcussamente recebidas, e observadas entre os ne
gociantes nas referidas praças.
XVII. Ao tempo, em que a mesma Junta entender que os sobreditos
processos verbaes se achão instruidos na referida fórma, convocará por
aviso do Secretario, ou o seu Juiz Conservador, sendo a causa tratada
entre Vassallos Meus, de qualquer qualidade, e condição que sejão, e
posto que tenhão Privilegios incorporados em Direito; ou o Juiz Conser
vador da respectiva Nação, a quem tocar, tratando-se de pessoas Estran
geiras, daquellas, que gozão deste Privilegio, e de caso no qual elle
costuma praticar-se: Para que com a assistencia, e direcção de qualquer
dos sobreditos Juizes Letrados, a quem pertencer, vendo-se o negocio na
referida Junta, ou em huma, ou nas mais conferencias, que forem neces
sarias para se comprehenderem cabalmente as causas das quebras, de
que se tratar, se julguem estas a final, segundo os seus merecimentos.
E o que se vencer pela pluralidade dos votos se escreverá pelo mesmo Se
cretario por determinação definitiva, na qual assignarão não só os vogaes
vencedores, mas tambem os que forem vencidos; para que assim se con
serve melhor o segredo da Justiça, e com ele a liberdade dos votos em
materia de tanta importancia.
XVIII. No caso de se julgar pela dita determinação que a quebra foi
fraudolenta, e dolosa, se remetterá logo o processo verbal della ao Juiz
Conservador do commercio; o qual pronunciando, e prendendo os culpa
dos: Tomando por principio de devaça o mesmo processo verbal: Per
guntando, sem limitação de número, as mais testemunhas, que julgar
necessarias: Fazendo todas as outras diligencias, que lhe parecerem uteis
para melhor averiguação da verdade, e formalisação das culpas, de que
se tratar: Expedindo tudo o referido com preferencia a quaesquer outros
negocios nos primeiros trinta dias, que se seguirem ao em que lhe fôr
relaxado o processo: E dando vista delle ao Fiscal do commercio para
allegar o que lhe parecer conveniente por parte da Justiça, ainda nos
casos de haver accusadores: Levará os autos á Relação (onde Hei por
bem, que sempre conserve lugar para este efeito, ) e nella com os Ad
juntos, que o Regedor da Casa da Supplicação lhe nomear, os senten
ciará summariamente, na mesma fórma, que se praticou até agora nos
outros casos de summario.
XIX. Porém vencendo-se, que a quebra foi feita de boa fé, e que
o Negociante, que por ella fallir, se acha nos termos do favor contem
plado no Paragrafo oitavo da mesma Ordenação assima trasladada: Or
deno, que neste caso, não obstante a outra Ordenação do livro terceiro
1756 • 453

titulo móventa e hum, e as mais disposições de Direito, que estabelecê


rão as preferencias pela prioridade das penhoras, ou das hypothecas; e
não obstantes quaesquer sessões, que os mesmos fallidos hajão feito no
espaço de vinte dias antes da quebra, em que forem achados; se obser
ve daqui em diante o seguinte:
XX. Todos os bens móveis, pertencentes aos Mercadores quebrados
na referida fórma, serão vendidos dentro de trinta dias contínuos, e suc
cessivos, em publico leilão, que será feito dentro nas mesmas casas, on
de a quebra succeder: Publicando-se na Gazeta da Corte o dia, em que
os taes leilões hão de principiar: E procedendo-se nelles em todas as tar
des, que não forem de dias feriados em honra de Deos, ou dos seus San
tos, com a assistencia de dous Deputados da referida Junta, do Depo
sitario da quebra, e do Escrivão dos autos. O que tudo se observará nas
mercadorias, que forem achadas em ser, posto que fossem vendidas com
o pacto de ficarem servindo de especial hypotheca. Para a venda dos bens
de raiz se fará a mesma publicação na referida Gazeta; e se expedirão
cartas de diligencia pelo respectivo Juiz Conservador, que houver assis
tido á determinação, para serem vendidos em praça no preciso termo de
sessenta dias contínuos, successivos, e contados daquelle, em que a mes
ma determinação for publicada. As acções, ou dívidas activas; sendo
procedidas de letras de cambio, ou seguras; de dinheiro de emprestimo
de Mercador a Mercador; de fretes, seguros, ou mercadorias, tomadas
sobre creditos; serão arrecadadas executivamente na mesma fórma, que
se cobrão as dívidas do Fisco: Cujo privilegio Mando, que neste caso se
observe inteiramente a favor dos sobreditos Mercadores, que faltão de
credito por infelicidade; não só pela commiseração, de que se faz di
gna per si a inculpavel pobreza de semelhantes Homens; mas tambem,
havendo
cio geral respeito ao deste
das praças beneficio commum, que dahi resultará ao commer
Reino. •

XXI. Todo o dinheiro, que forem produzindo as vendas, e arrecada


ções, que se fizerem na sobredita fórma, se irá remettendo nos sabba
dos de cada semana ao deposito geral da Corte, e Cidade, até que in
teiramente se achem reduzidos a dinheiro líquido os bens de cada hum
dos sequestrados. Logo que assim succeder, serão obrigados os dous De
putados, que houverem sido encarregados do sequestro, a darem conta
na referida Junta, para que nella com assistencia do respectivo Juiz Con
servador se proceda tambem de plano, e sem outra figura de Juizo, que
não seja a que fica estabelecida nos Paragrafos treze, quatorze, quinze,
dezeseis, e dezesete desta Lei, á determinação, partilha, e entrega do
sobredito dinheiro, na maneira abaixo declarada.
XXII. Sendo os escritos procedidos de assignaturas das Alfandegas,
dinheiro líquido, que na conformidade do que se pratíca nas outras Al
fandegas bem reguladas da Europa deveria ser pago pelos Mercadores
ao tempo, em que os mesmos escritos são passados; e que por hum ef
feito da Minha Real Benegnidade tenho até agora permittido, que fique
em Deposito na mão dos mesmos Mercadores em beneficio seu, o qual
de nenhuma sorte deveria converter-se em prejuizo do Meu Real Erario:
Estabeleço, que em quanto Eu houver per bem conservar o referido be
neficio se deduzão precipuas do monte maior do sobredito dinheiro as
quatias, de que os Mercadores quebrados se acharem devedores ás Al
fandegas por escritos procedidos de Direitos das fazendas, que nellas
houverem despachado. Do remanecente se tornarão a deduzir dez por
cento, os quaes serão entregues caritativamente ao Mercador, de cujo
454 1756

sequestro se tratar, para com eles soccorrer a indigencia da sua casa,


e familia. O resto, que ficar no Deposito, se repartirá pelos crédores do
sequestro, por hum justo rateio mercantil; levando cada hum delles o
que proporcionalmente lhe couber, segundo a quantia da dívida a que
for acrédor. Ordeno, que neste concurso entrem sem distincção alguma
os crédores, que o forem a fretes, soldadas, e salarios, com todos os mais
crédores priviligiados: E que nas dívidas procedidas das assignaturas das
Alfandegas se proceda da mesma sorte executivamente; sem attenção aos
espaços concedidos pelos Foraes; porque a tudo deve preferir o Bem com
mum, que ao commercio resultará da observancia desta Minha Paternal
Providencia. E para as entregas das sommas, que a cada hum dos Inte
ressados pertencerem, expedirá a referida Junta Precatorios de entrega
á Meza dos Depositos públicos da Corte, e Cidade, a qual dará aos mes
mos Precatorios inteiro cumprimento. •

XXIII. E porque não séria conforme á razão, nem ao costume das


Nações, que melhor tem pezado as utilidades do commercio, e do Esta
do, que a infelicidade de semelhantes Homens, que inculpavelmente vem
a faltar de credito, depois de haverem exhaurido quanto fazer podião na
sincera dimissão de todos os seus bens, se perpetuasse ainda assim de
sorte, que não tivesse outro termo, que o do fim da vida natural, com
grave damno, não só das suas familias, mas do interesse público; fican
do até á morte inhabilitados para ganharem suas vidas em qualquer util
trafico, pela perturbução, que sem interesse proprio lhe farião seus cré
dores com prizões, e com pleitos, que contra os mesmos Homens, de
pois de haverem sido excutidos na maneira assima ordenada, não terião
outros objectos, que não fossem a animosidade, e a vexação: Estabele
ço, que todo o Homem de Negocio, cujos bens forem arrecadados, e re
partidos na sobredita fórma, pela determinação do sequestro ordenada no
Paragrafo vinte desta Lei, fique reputado por civilmente morto, e por
extinctas todas as acções, que contra elle podessem competir aos seus
crédores até o tempo da referida determinação: E que pela outra derer
minação de partilha, ordenada no Paragrafo vinte e dous, seja tambem
havido, como se civilmente resuscitasse, para livre, e desembaraçada
mente traficar, e commerciar, como huma nova pessoa, que antes da
dita resurreição civil não houvesse existido no mundo.
XXIV. Attendendo ao esquecimento, em que os Interessados no
commercio se achavão das disposições da Ordenação, incorporada nesta
Lei: Determino, que por elas se não proceda criminalmente contra
pessoa alguma por factos anteriores á publicação deste Alvará; observan
do-se a respeito delles, em quanto ao procedimento criminal, o mesmo
que se praticou até agora.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço; Rege
dor da Casa da Supplicação; Védores da Minha Real Fazenda; Presi
dentes do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia, e Ordens;
Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e pessoas de Meus
Reinos, e Senhorios, que assim o cumprão, e guardem, e fação intei
ramente cumprir, e guardar este, como nelle se contém; sem embargo
de quaesquer Leis, ou costumes em contrario, que todos, e todas Hei
por derogadas, como se de cada huma, e de cada hum deles fizesse ex
Pressa, e individual menção para este caso sómente, em que Sou Servi
do fazer cessar de Meu Motu Proprio, certa Sciencia, Poder Real, ple
no; e Supremo, as sobreditas Leis, e costumes, em attenção ao Bem
público, que resulta desta providencia: Valendo este Alvará como Car
F756 455

ta passada pela Chaneellaria, ainda que por ela não ha de passar, e que
o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Orde
nações em contrario: Registando-se em todos os lugares aonde se cos
tumão registar semelhantes. Leis: E mandando-se o Original para a Tor
re do Tombo,, Dado em Belém, aos 13 dias do mez de Novembro de 1766.
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro, * **

se:…, . : -i 1 − 1 : "1" e " 1.1.*. * . * . . -

- ;, -. Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


, , , , , , no, no Livro do Desembargo do Paço a fol. 58. ven
, . . … so - e impr, na Oficina de Antonio Rodrigues Gar
-- . *) ** * * * lhardo. • - -

"... " º - - • • + •

.… . • • *-+---\"<?"+----*

* * * *

EU ELREI . Faço saber aos que este Alvará virem, que, sendo-Me
esente a desigualdade, com que se arbitrão os fretes das mercadorias
íquidas, e volumosas, que se transportão da Cidade de Lisboa para os
diferentes pórtos da America, e deles para este Reino; computando-se
o preço dos mesmos fretes, ou o número das tonelladas, de que depen
de, pela estimação dos Contra-Mestres, que ordinariamente são distitui
dos de todas as instrucções necessarias para fazerem arbitramentos tão
importantes aos communs interesses do Commercio, e da Navegação dos
Meus Vassallos: E tendo resoluto (depois de procederem as necessarias.
informações) estabelecer para o pagamento dos sobréditos fretes hum sys
tema fixo, e inalteravel, que seja reciprocamente proveitoso, assim aos
donos dos navios, como aos Carregadores, que nelles transportão suas
mercadorias: Sou Servido, que a Junta, que solicíta o Bem commum do
Commercio, prepare logo determinadas medidas de correias de couro, e
de varas de páo, pelas quaes sejão avolumados todos os fardos, e vasi
lhas, que houverem de ser embarcadas, computado-se por palmos cubi
cos o conteúdo nelles, e nellas, para com infallivel certeza se regular o
frete, que devem pagar: As ditas correias, e varas, serão divididas por
palmos, para que com toda a clareza possão manifestar o número dos
palmos cubicos, que tem cada vasilha, ou volume: e serão aferidas em
cada hum anno, apresentando-as para esse efeito os respectivos Mestres,
de Navios na referida Junta, para serem publicamente conferidas com o
Padrão, que nella deve ficar perpétuo para este efeito: de sorte que se
faça annualmente certo ao Corpo do Commercio, que as sobreditas me
didas se achão conforme com os Padrões, de que forem tiradas. Para
evitar toda a confusão, e alumiar a falta de conhecimento, em que se
achão alguns dos Interessados no Commercio, e na Navegação, fará a
mesma Junta estabelecer, e estampar algumas Regras certas, que sejão
applicadas ás mais vulgares figuras de todos os volumes, e vasilhas, que
se costumão embarcar. Sobre a certeza dos palmos dos sobreditos volu
mes, e vasilhas, será o preço do frete de cada palmo cubico para o Rio
de Janeiro, Bahia, e Pernambuco, a razão de cento e quarenta e cinco
réis, sem distinção de secco, ou molhado, e de Barris, Pipas; ou Bar
ricas; posto que até agora fossem carregadas por pezo. Por cada quintal
de ferro, chumbo, e cobre, se pagarão duzentos e quarenta réis; e a
dez réis por cada hum dos Arcos de ferro para Barril, ou Pipa. Q mes
mo se práticará nos fretes dos Navios, que n㺠forem para ºs referidos
456 1756

tres pórtos, incorporados nas Frotas, e fizerem a sua navegação soltos,


e livres dellas. + ; ,, , , , , , ", " - ,
Porém, os Navios, que sahirem para os outros pórtos dos Meus
Dominios, sendo comprehendidos na obrigação das sobreditas medidas;
não he da Minha Real Intensão sujeitallos a taixa dos referidos fretes,
cujos preços deixo por hora livres á convenção das Partes. * * * * *
E para que tudo se observe na sobredita fórma: Determino, que
todo o Mestre de Navio, e toda, e qualquer pessoa, que levar a seu bor
do, ou navegar por sua conta, generos, e mercadorias, que não forem
avolumadas na sobredita fórma; ou que alterarem para mais, ou para
menos os sobreditos preços; incorrerão cumulativamente, além das pe
nas, que por Minhas Ordenações incorrem os que usão de pezos, e de
medidas falsas, nas mais penas comminadas no Meu Alvará de vinte de
Novembro de mil setecentos e cincoenta e tres, sem restricção alguma.
Pelo que: Mando aos Védores de Minha Real Fazenda, Rege
dor da Casa da Supplicação, Governador da Relação, e Casa do Porto,
Governador, e Capitão General do Algarve, e mais Ministros, e Ofi
ciaes, e Pessoas, a quem pertencer, que cumpräo, e guardem, e fa
ção inteirameute cumprir, e guardar, como nelle se contém este Meu
Alvará: O qual valerá como Carta passada pela Chancellaria, posto que
por ella não passe, ainda que o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstantes quaesquer Regimentos, Ordens, ou Disposições
contrarias, que todas Hei por derogadas para este efeito sómente, como
se de cada huma dellas fizesse expressa menção, ficando aliás sempre em
seu vigor. E este se registará em todos os lugares, onde se costumão regis
tar semelhantes Alvarás, mandando-se o original para a Torre do Tom
bo. Escrito em Belém aos 20 dias do mez de Novembro de 1766. = Com
a Assignatura de ElRei, e a do Ministro. - - |- º =

Impresso avulso.

+--+-->}} 33

EU ELREI Faço sabe aos que este Alvaá de declaração virem, que
attendendo ao favor de que se fazem dignos os Oficiaes, Mestres, Ma
rinheiros, e mais Homens do mar, que navegão para os Meus Dominios
Ultramarinos, contribuindo com o seu louvavel trabalho para o Bem com
mum, que aos Meus Vassallos resulta de se frequentar a Navegação dos
Meus Reinos: E procurando beneficiar os que nella se empregão até on
de a possibilidade o póde permittir, sem grave prejuizo do Commercio:
Hei por bem declarar, que não obstante a generalidade da disposição do
Alvará de seis de Dezembro de mil setecentos e cincoenta e cinco, em
que prohibi, que passassem ao Brazil Commissarios volantes, que carre
gão fazendas para voltarem com o procedido dellas, possão os sobreditos
Oficiaes, Mestres, Marinheiros, e mais Homens do mar, carregar por
sua conta, e risco para os mesmos Dominios, e transportar delles a es
tes Reinos, os generos miudos, que constão da Relação, que será com
este, assignada pelo Secretario de Estado Sebastião José de Carvalho e
Mello, sem que se lhe ponha dúvida, ou embargo algum, e ficando a
mesma prohibição sempre em toda a sua força, ainda a respeito dos mes
mos Oficiaes, Mestres, Marinheiros, e mais Homens do mar, pelo que
| 756 / 457

pertence a todos os mais generos, e mercadorias, que expressamente lhe


não são por este permittidas.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores da Fazenda, Presidente do Conselho Ultramarino, Regedor
da Casa da Supplicação, e Governadores da Relação, e Casa do Porto,
e das Relações da Bahia, e Rio de Janeiro, Vice-Rei do Estado do Bra
zil, Governadores, e Capitães Generaes, e quaesquer outros Governado
res do mesmo Estado, e mais Ministros, Oficiaes, e Pessoas delle , e
deste Reino, que cumprão, e guardem, e fação inteiramente cumprir,
e guardar este Meu Alvará, como nelle se contém. O qual valerá como
Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe, e ainda
que o seu efeito haja de durar mais de hum anno; não obstantes as Or
denações, que dispoem o contrario, e sem embargo de quaesquer outras
Leis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo neste, as quaes fiei
tambem por derogadas para este efeito sómente, ficando aliás sempre
em seu vigor: E este se registará em todos os lugares, aonde se costu
mão registar semelhantes Leis, mandando-se o Original para a Torre
do Tombo. Escrito em Belém a 11 de Dezembro de 1756. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro. - -

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, no Livro da Junta do Commercio a fol. 74., e
impr. avulso. -

Relação dos Generos, que Sua Magestade pelo Alvará de declaração de


onze de Dezembro de mil setecentos e cincoenta e seis, permitte, que
os Officiaes, Mestres, Marinheiros, e mais Homens do mar, que na
vegão para os Dominios Ultramarinos, possão carregar para elles , e
delles, por sua conta, e risco, declarando o outro Alvará de seis de
Dezembro de mil setecentos e cincoenta e cinco.

Deste Reino para o Brazil.


Prezuntos.
Paios.
Choriços. •

Queijos de Além-Téjo, e de Monte mór, e não outros.


Ceiras de Passas, de Figos, e de Amendoas do Algarve.
Louça de barro fabricada neste Reino, e nenhuma outra.
Sardinhas. *

Castanhas piladas: |-

Ameixas passadas.
Azeitonas.
Cebolas. * * •

Alhos.
Alecrim.
Louro. •

Bassouras de palma do Algarve.

Mmm
458 1756

Do Brazil para este Reino.


Farinha de mandióca.
Mellaço. •

Cocos. •

Boioens, e Barris de doce.


Louça fabricada naquelle Estado.
Papagaios, e as mais Aves, não só vivas, mas cheas de algodão, e as
pennas dellas para flores, e bordaduras.
Bugios.
Saguins, e toda a casta de Animaes, que se costumão transportar.
Abanos de penna, e de folha de arvores,
Qujas ,e Taboleiros da mesma especie.
** Belém a 11 de Dezembro de 1756. = Sebastião José de Carva
lho e Mello. •

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Es T A T U Tos DA JUNTA D o co M M E R C 1o.


C A P I T U L O I.

Da Creação, e Erecção da Junta.

ELREI Nosso Senhor considerando de quanta utilidade, e importam


cia he ao Bem commum de todos os seus Dominios, animar, e proteger
o commercio dos seus bons, e leaes Vassallos, foi Servido pelo seu Real
Decreto de trinta de Setembro de mil setecentos cincoenta e cinco, crear,
e erigir esta Junta, pela qual, combinando o systema das Leis destes
Reinos, com as maximas commuas a todas as Nações da Europa, se lhe
fizessem as representações necessarias, para facilitar os meios de conser
var, e augmentar o mesmo Commercio.
l Para que a Junta novamente creada, se podesse reger com a re
gularidade competente a tão importante objecto, foi o mesmo Senhor Ser
vido, que se formassem estes Estatutos, e se lhe fizessem presentes pe
lo Secretario de Estado Sebastião José de Carvalho e Mello, depois de
conferidos com o Desembargador dos Aggravos da Casa da Supplicação
o Doutor Ignacio Ferreira Souto, para serem approvados, e confirmados,
quando se ajustassem com a pública utilidade, e Bem commum. E em
observancia desta Real determinação, depois de haverem sido considera
das, e conferidas, primeiro com o dito Ministro, e depois com outros da
Real approvação, as materias de cada hum dos Capitulos, se propoz a
Sua Magestade o corpo destes Estatutos na maneira seguinte.
… :* # :;
o A P I T U L o II.
Dos Ministros, e Oficiaes de que se compoem esta Junta, e das Eleições
que delles se devem fazer. • -

Na fórma do mesmo Real Decreto, se compoem esta Junta de


hum Provedor, hum Secretario, hum Procurador, seis Deputados, qua
tro pela Praça da Cidade de Lisboa, e dous pela Praça da Cidade do
* #: ; -
1756 459

Porto, os quaes hão de ser eleitos na fórma abaixo declarada. Depois


houve Sua Magestade por bem conceder hum Juiz Conservador, e hum
Procurador Fiscal ambos Ministros de letras na fórma do Alvará de tre
ze de Novembro deste presente anno.
, 1 A Eleição das pessoas, de que se compoem a referida Junta, se
rá feita na maneira seguinte. Logo, que forem findos os tres annos, que
se achão determinados por Sua Magestade para o exercício do Provedor,
Secretario, Procurador, e Deputados actuaes, cada hum dos sobreditos
proporá ao dito Senhor as tres pessoas, que lhe parecerem mais idoneas
para lhe succederem no seu respectivo lugar, sendo qualificadas com os
essenciaes requisitos, de Vassallos de Sua Magestade naturaes, ou natu
ralizados; de homens de negocio estabelecidos com cabedal, e crédito
nas Praças de Lisboa, ou do Porto; de probidade notoria, e de aptidão
para os respectivos empregos: Requisitos que Sua Magestade Ha por bem,
que se não possão supprir, nem ainda com dispensa Regia, e que impe
trando-se, se não cumpra, pelas perniciosissimas consequencias, que a
experiencia tem mostrado, que se seguem de confiar o manejo do com
mercio, a pessoas de outras profissões. Estas propostas subirão á Real
presença do mesmo Senhor para escolher nelas as pessoas, que achar,
que mais convém ao seu Real serviço, e ao Bem commum dos seus Vas
sallos. Bem entendido, que nos lugares de Provedor, e Deputados, não
poderão ser reeleitas as pessoas, que houverem servido, sem medearem
pelo menos tres annos. Porém porque não seria conveniente, que hum
estabelecimento tão importante como este, se confiasse logo a pessoas,
que não tivessem toda a instrucção necessaria dos principios da sua fun
dação, e progresso: Ha Sua Magestade por bem, que na primeira Elei
ção conservando-se o Secretario, Procurador, e os dous Deputados, que
o mesmo Senhor for servido resolver, se eleijão sómente o Provedor , e
outros quatro Deputados, que restarem, para servirem por tempo de hum
anno; e que findo ele se excluão o Provedor, e os dous Deputados anti
gos, com outros dous dos que tiverem servido; conservando-se delles ou
tra vez os dous que Sua Magestade nomear , e propondo-se ao mesmo
Senhor os referidos cinco lugares na sobredita fórma. O mesmo se ficará
praticando em todas as outras eleições , que se seguirem. E sómente o
Secretario, e Procurador poderão ser propostos, para serem reconduzidos;
tendo a seu favor a pluralidade dos votos do Provedor, e Deputados, que
acabarem, e entrarem de novo , os quaes todos votarão neste caso em
claustro; e havendo-o assim por bem Sua Magestade.
2 Em todas as tardes das terças, e quintas feiras, que não forem
dias Santos; e sendo-o, nos dias que immediatamente se lhes seguirem;
terá esta Junta as suas Sessões, principiando-as pelas duas horas desde
o mez de Outubro até o de Março, e pelas tres horas desde o principio
de Abril até o fim de Setembro, sem que haja tempo determinado para
a sahida, mais que o necessario para a conferencia dos negocios, que
occorrerem em qualquer dos dias. E quando se fizer precizo, o Provedor
determinará Sessões extraordinarias, mandando fazer aviso á Junta, prin
cipalmente nas entradas, e sahidas de Frotas. •

, 3 O Provedor terá lugar na cabeceira da Meza em huma cadeira de


espaldas. Quando a ella vierem o Conservador, e Fiscal, terão tambem
lugares em cadeiras de espaldas, o primeiro á mão direita, e o segundo
á esquerda do mesmo Provedor. O Secretario, e Procurador nos lugares -
em que se achão. E os Deputados se assentarão em bancos de espaldas;
assim como forem chegando sem *#* IIIII1 2
460 - 1756

4 As materias em que se houver de votar, ou sejão advertidas pelo


Secretario, ou pelo Procurador, e qualquer dos Deputados, sempre hão
de ser propostas pelo Provedor, que mandará votar; principiando pelo
Deputado, que se achar naquella Sessão , assentado em ultimo lugar;
e seguindo-se gradualmente os outros pela mesma ordem dos assentos,
que então occuparem. O que porém se limitará sómente no Deputado,
que for eleito para Vice-Provedor, porque este occupará sempre o pri
meiro assento da parte direita para delle passar á cadeira do Provedor
nas occasiões em que substituir o seu lugar. Nenhuma das pessoas da
Junta se deve intrometter, em quanto lhe não chegar o lugar do seu vo
to, no qual poderá impugnar o parecer dos outros Deputados com mode
ração, e decóro. Permitte-se com tudo, ao Secretario, e Procurador ad
vertir, ainda interrompendo o voto, as resoluções, e assentos contrarios,
que o fizerem de nenhum, ou difficultoso efeito.
5 Quando alguma das pessoas, que compoem o corpo da Junta, se
não accommodar aos votos dos mais Deputados, se lhes escreverá o seu
parecer, separado; para se representar, com essa mesma distinção a Sua
Magestade, com tanto, que destes votos separados, se use com a devi
da moderação, e sómente nas materias de tanto pezo, e gravidade, que
por taes se fação dignas de huma resolução immediata do mesmo Senhor,
que tambem he Servido, que á sua Real presença subão as representa
ções desta Junta com formalidade de Consultas, reservando ao seu Ré
gio, e immediato conhecimento as materias da inspecção da mesma
Junta.
C A P I T U L O III.

Do Provedor da Junta.

O Provedor da Junta se deve applicar com grande cuidado aos


progressos della, assim na vigilancia de que se observem as Leis, e Or
dens Régias concernentes ao Bem commum do Commercio, como no cui
dado de procurar se emendem alguns abusos, que se forem conhecendo.
E para assim o cumprir, não faltará ás Sessões ordinarias de todas as
Terças, e Quintas
de faltarem ás suas feiras; e advertirá
obrigações os Oficiaes,
sem justificado e Deputados no caso
motivo. •

1 As incumbencias do governo economico do com mercio, que se hou


verem de expedir pela Junta, e não estiverem determinadas para certas
pessoas, serão propostas pelo Provedor, e provídas pela pluralidade dos
votos da mesma Junta entre os Deputados della; elegendo-se assim pa
ra cada huma das ditas incumbencias aquelle de entre os mesmos Depu
tados, que parecer mais idoneo pelo genio, e pela applicação, para dar
boa conta do emprego de que for encarregado; e destas incumbencias
se não poderão escusar os nomeados, sem para isso alegarem legitima
causa, que será admittida, ou regeitada pela mesma Junta, conforme
os merecimentos da escusa, que se allegar.
2 Ao Provedor como Presidente pertence tocar a campainha; cha
mar as pessoas do serviço da Junta; determinar as conferencias extraor
dinarias; propôr as materias, que se advertirem, presidir nas Eleições,
em que terá voto de qualidade; e de seu ordenado lhe serão pagos aos
quarteis oitocentos mil réis em cada hum anno.
1756 | 461

C A P I T U L O IV.

- Do Juiz Conservador da Junta.

Para melhor, e mais prompta execução dos negocios, e dependen


cias desta Junta, como tambem para que as pessoas de que ella se com
poem possão mais facilmente expedir as suas demandas, e applicar-se
com todo o cuidado ao serviço do Bem commum do Commercio: Ha Sua
Magestade por bem conceder, que o Juiz Conservador creado pelo Al
vará de treze de Novembro deste presente anno, com jurisdicção priva
tiva, e inhibição de todos os Juizes, e Tribunaes, conheça de todas as
causas contenciosas, movidas, e por mover, em que forem Autores, ou
Réos, o Provedor, Secretario, Procurador, e Deputados desta Junta no
tempo em que estiverem servindo; como tambem nas causas de todos os
Oficiaes, e de quaesquer outras pessoas, que no corpo destes Estatutos
pertencem á nomeação da mesma Junta: O que tudo se entenderá
comprehensivo até dos Privilegios dos Moedeiros, e dos mais incorpora
dos em Direito. |-

1 Tambem Sua Magestade he Servido estabelecer, que o mesmo


Juiz Conservador tenha jurisdicção para obrigar quaesquer pessoas ao
cumprimento do que lhes pertencer nas determinações destes Estatutos:
e igualmente para executar todas as Reaes Ordens, que o mesmo Se
nhor tem dirigido, e dirigir a esta Junta, e para este fim sómente ha
por derogado o seu Real Alvará de seis de Dezembro de mil setecentos
cincoenta e cinco na parte em que Manda fazer as denúncias dos Com
missarios Volantes nesta Corte perante o Juiz de India, e Mina.
2 Tambem foi Sua Magestade Servido conceder, que para o referi
do emprego de Juiz Conservador da Junta, e das suas dependencias se
proponhão por ella tres Ministros, que pelo menos sejão dos Desembarga
dores da Casa da Supplicação, e que dos propostos o que for confirma
do pelo mesmo Senhor, possa continuar no emprego de Conservador, ain
da que passe a ser provído em qualquer dos Tribunaes da Corte: E de
seu ordenado lhe serão pagos seiscentos mil réis em cada hum anno.
C A P I T U L O V.

Do Fiscal da Junta.
• +

Pelo mesmo Alvará de treze de Novembro de mil setecentos cin


coenta e seis, foi Sua Magestade Servido crear hum Fiscal, que servis
se de Promotor nas causas dos Mercadores, que quebrão. E novamente
foi o mesmo Senhor Servido Ordenar, que o referido Fiscal promova em
todas as mais causas, averiguações, e devaças pertencentes por estes Es
tatutos á administração desta Junta: como tambem, que todos, e quaes
quer requerimentos que disserem relação ao commercio, e á navegação
destes Reinos, e seus Dominios, se não despachem nos Tribunaes, e re
partições onde tocarem, sem que delles se dê vista ao dito Desembarga
dor Procurador Fiscal da Junta para que requerendo o que achar, que
mais convem ao Bem commum da dita navegação, e com mercio, se lhes
defira depois com as suas respostas. -

1 A eleição do Fiscal deve ser proposta a Sua Magestade com as mes


mas formalidades, assim no número, como nas qualidades declaradas no
A
462 1756

§ 2. Cap. IV. destes Estatutos, que trata do Juiz Conservador da Jun


ta: e tambem he o mesmo Senhor Servido, que o Ministro proposto, e
confirmado no lugar de Fiscal, possa continuar neste emprego, ainda que
passe a ser provído em qualquer dos Tribunaes da Corte : e de seu or
denado lhe serão pagos aos quarteis quatrocentos mil réis em cada hum
a Il I1O,

C A P I T U L O VI.

Do Secretario da Junta.

O Secretario da Junta deve ser muito intelligente em materias


de commercio, com capacidade conhecida, e desembaraço para se ap
plicar ao serviço da Junta; precedendo mais para a sua eleição a cir
cunstancia de ter servido no lugar de Deputado, ao menos pelo tempo
de dous annos.
1. Ao lugar de Secretario pertence a compilação dos Registos das
Representações da Junta: das Resoluções de Sua Magestade, dos Acor
dãos, ou Assentos da mesma Junta; e o ler os requerimentos das partes:
Particularmente lhe incumbe a advertencia dos Negocios, que tiverem
sido propostos nas antecedentes Sessões, para que com a brevidade pos
sivel, segundo os seus merecimentos, se concluao.
2 O mesmo Secretario he Escrivão da Receita, e Despeza da Junta:
como tambem da Receita, e Despeza separada dos dinheiros, que se co
brão para os Marinheiros da India, na qual deve ajustar contas com o
Thesoureiro particular deste recebimento, para que se restituão os sobe
jos aos Interessados na fórma que se declara no Capitulo IX. destes Es
tatutos.
3 Da sua obrigação he tambem passar todos os Provimentos aos Ofi
ciaes, que servirem por nomeação da Junta, e extrahir todos os docu
mentos necessarios para instruir os requerimentos do commercio, e pas
sar as attestações, e certidões, que lhe forem ordenadas: A 's quaes Sua
Magestado he Servido, que se dê inteiro credito em Juizo, e fóra delle,
e que nenhuma outra pessoa possa passar attestações do commercio sem
licença da Junta, com pena de nullidade; e das mais, que as Ordena
ções do
para issoReino
teremestabelecem contra os que exercitão Oficios publicos, sem
licença Régia. •

4 O Secretario haverá de seu ordenado setecentos mil réis, como Se


cretario, e mais trezentos mil réis como Escrivão da Receita, e Despe
za da Junta, e dos Marinheiros da India, pagos aos quarteis em cada
hum anno. E mais levará das cartas, que expedir aos Oficiaes provídos
pela Junta os mesmos emolumentos, que leva o Secretario da Junta da
da administração da Companhia do Grão Pará, e Maranhão.

C A P I T U L O VII.

Do Procurador da Junta.

O Procurador da Junta deve ser pessoa muito prática no commer


cio geral, e particular de cada hum dos generos. E tem por obrigação
a diligencia de que se observem as Resoluções de Sua Magestade a favor do
commercio dando conta na Junta de tudo o que tiver noticia, que se obra
1756 463

contra o Bem commum do mesmo commercio: Para o que será muito


frequente em visitar as Alfandegas, e Praça, onde com mais facilidade
lhe possão as partes communicar as razões porque se julgão aggravadas,
para as participar na Junta.
1. Pelo cuidado do Procurador devem correr todas as dependencias,
assim de Representações, que se fizerem a Sua Magestadê, como dé
quaesquer requerimentos Judiciaes a favor do commercio, informando os
Advogados, e fazendo extrahir os documentos, que forém necessarios.
Em todas as conferencias dará conta do estado dos negocios, que lhe fo
rem encarregados. /

2 Tambem he da incumbencia do Procurador informar-se do Solici


tador do estado das causas, e ordenar-lhe o que entender necessario a
bem destas dependencias: E por todo o trabalho do seu emprego lhe se
rão pagos aos quarteis em cada hum anno setecentos mil réis; é os man
timentos necessarios para o sustento da sua carruagem.
C A P I T U L O VIII.

Dos Deputados da Junta.

Os Deputados desta Junta devem ser pessoas muito intelligentes,


e habeis para o serviço do Bem commum do commercio, com taes qua
lidades, que delles se possa eleger, Provedor, Secretario, e Procurador."
1 A cada hum dos Deputados he permittido advertir nas conferen
cias qualquer materia, que entender necessaria para a conservação, ou
augmento do Bem commum do commercio; e o Prevedor da Junta man
dará precisamente votar sobre estas propostas para se seguirem ou regei
tarem por pluralidade de votos. - …

2 . Nenhum dos Deputados sendo encarragado de alguma particular in


cumbencia, na fórma declarada no Capitulo III. destes. Estatutos, se po
derá levremente esquecer da sua devída diligencia; antes constando na
Junta, e sendo primeira, e segunda vez advertido, se dará conta a Sua
Magestade para mandar proceder como for Servido. O mesmo se prati
cará com todas as mais pessoas, que compoem o corpo da Junta.
3 Aos Deputados incumbe pela nomeação da Junta concorrer com o
Secretario para tomarem contas ao Thesoureiro particular da contribui
ção que se paga para os Meirinhos da India. E por estas, e as mais o
brigações de que forem encarregados se pagarão a cada hum dos mesmos
Deputados seiscentos mil réis em cada hum anno na sobredita fórma.
C A P I T U L O IX.

Dos Officiaes para arrecadar as contribuições dos Marinheiros da


India, e da formalidade da mesma arrecadação. -
Os Oficiaes, que se houverem de empregar nesta arrecadação,
devem ser Homens de Negocio, praticos nas lotações dos Navios; e com
estas qualidades, elegerá a Junta hum Lotador, hum Thesoureiro, e
hum Escrivão da Receita. - -

1 O Lotador, e Escrivão destas contribuições ficão obrigados a visi


tar todas as embarcações, que ainda não estiverem lotadas, para que o
hajão de fazer, e no caso de se nao concordarem, se estará pelo voto a
que se accommodar o Thesoureiro, procedendo a sua vistoria: Assenta
464 1756

do entre os ditos dous, ou tres Oficiaes o número das caixas em que foi
lotado o Navio, se fará disso mesmo lembrança nos Livros do Lotador,
e Escrivão, para que pedindo o Mestre de qualquer embarcação o seu
despacho, lhe dê o Lotador a certidão impressa, como agora se pratíca,
pela qual conste, que está lotado em certo número de caixas, e deve pa
gar tal quantia: Apresentada a certidão ao Thesoureiro, e satisfeita a lo
tação, dará este outro bilhete ao Mestre, pelo qual lhe passará o Escri
vão hum conhecimento para apresentar nos Armazens, aonde se não pó
de despachar qualquer embarcação, sem que conste estar já satisfeita a
contribuição
gestade, e dedaquelle
novo heanno na fórma,
o mesmo Senhorque foi determinado
Servido por Sua Ma
de o confirmar. •

2 No fim do mez de Fevereiro de cada hum anno, dará conta o Es


crivão da sobredita Receita, da quantia, que tem entrado no cofre per
tencente ao anno: que ha de acabar com a sahida das Náos da India,
para que se saiba na Junta, se ha dinheiro competente ao pagamento
dos Marinheiros: E no mesmo tempo he Sua Magestade Servido, que o
Escrivão dos Armazens, a quem compete, faça aviso á Secretaria desta
Junta do número
ser pagos dos Marinheiros,
pela contribuição que na proxima futura Monção devem
referida. •

3 No caso de não corresponderem as quantias recebidas, e respecti


vas áquelle anno, a toda a despeza, que se deve fazer com os Marinhei
ros, poderá a Junta tirar o supprimento da caixa das suas contribuições,
ou recebello de outra qualquer parte, contando os juros de cinco por cen
to, assim do emprestimo da sua caixa, como de fóra; e á satisfação des
ta dívida ficará obrigado o cofre, e repartição dos Marinheiros da India.
4. Estando completa a quantia fará o Secretario aviso aos Armazens
para que se mande cobrar em dia determinado. E a pessoa, que houver
de cobrar, apresentará ordem do Provedor dos Armazens, e assignará
conhecimento de recibo no Livro desta Despeza. Para se fazer esta en
trega precederá outro aviso do Secretario ao Thesoureiro particular des
tas contribuições, determinando-lhe o dia para meter no cofre geral as
quantias recebidas, as quaes acompanhará huma certidão do *#
desta mesma Receita, pela qual conste do que lhe foi carregado nesse
anno. E conferido tudo, se lhe passará conhecimento de recibo para a
sua conta, carregando em competente Receita a quantia de que se fez
passagem. - -

5 Quando o recebimento desse anno não for correspondente ao paga


mento necessario, se determinará logo na Junta, o modo de satisfazer o
emprestimo, accrescentando o que parecer competente na contribuição
do anno seguinte, para que por ella se possão extinguir os empenhos, e
supprir os pagamentos no seguinte anno. Havendo porém sobejos serão
obrigados os Oficiaes desta repartição a vir á Secretaria da Junta, hum
mez depois da sahida das Náos, para se fazer o rateio dos sobejos com o
Secretario, e Procurador, que darão conta na primeira conferencia, pa
ra que se pague logo ás partes interessadas, e feito o cálculo, se haja
tambem de diminuir a contribuição, quando se julgar excessiva.
6 E porque as embarcações pertencentes ao Commercio, e Navega
ção de Lisboa, pagão ametade de toda esta contribuição, e não he jus
to, que as embarcações pertencentes a outras Capellas lhe hajão de tirar
o lucro das suas proprias Navegações, que fazem o objecto deste paga
mento, sem que tambem concorrão quando se intrometem nas viagens
estranhas; isto he, nas que não forem dirigidas do seu respectivo porto
para o de Lisboa; ou desta Cidade para o porto onde tiverem a sua rea
1756 465

sidencia: He Sua Magestade Servido, que não possão ser despachadas


pelos Armazens, sem que os Mestres apresentem hum bilhete do Lota
dor, pelo qual conste, que pagou como embarcação propria do porto de
Lisboa, e por isso está nos termos de ser já despachada; e que o Oficial,
que o contrario fizer seja suspenso por dous mezes, e pague logo a dimi
nuição, que tiver feito no cofre dos Marinheiros da India.
7. O sobredito Lotador terá cuidado de averiguar se as embarcações,
que pedem o despacho vierão a este porto de Lisboa em direitura dos
seus respectivos pórtos, e sómente neste caso serão isentas de pagar a
contribuição: Constando porém, que dos seus pórtos passarão a outros
dentro destes Reinos, e delles vierão para o de Lisboa, serão obrigadas
a pagar a contribuição imposta naquelle anno, ainda que mostrem certi
dões de estarem additos a alguma das outras Capellas, e nella terem sa
tisfeito a contribuição desse mesmo anno: Isto porém se não entenderá
com as embarcações Portuguezas, que de qualquer porto Estrangeiro,
ou ainda das Ilhas adjacentes a estes Reinos, vierem para o porto de
Lisboa; por quanto estas serão isentas de pagar mais contribuição, que
a das Capellas a que estão additas.
8 O mesmo Lotador deve averiguar ao tempo de passar o bilhete, se
os Mestres das embarcações, que vem a despachar, e mostrão carta de
addição a alguma das Capellas, tem a sua assistencia em Lisboa, como
algumas vezes costumão fazer por fraude: E neste caso lhes negará o
despacho, em quanto se não fizerem as diligencias determinadas no §.
1.° deste Capitulo: Pelo trabalho dos referidos empregos arbitrará a Jun
ta o que se deve pagar aos referidos tres Oficiaes, mandando-os satis
fazer pela caixa das contribuições da mesma Junta. *

C A PI T U L o X. #

|-
}

Dos Procuradores dos Navios nas portas das Alfandegas.


Os Procuradores dos Navios nas portas das Alfandegas tem por
obrigação lançar em Livro as Marcas das caixas, e fexos de açucar,
rolos de tabaco, solla, e couros com distinção de partidas, na fórma que
até agora se tem praticado. O Procurador da porta da Alfandega do açu
car terá por obrigação fazer assinar pelas partes, ou seus actuaes Cai
xeiros a sahida das caixas do mesmo genero, para que em todo o tem
po se lhe possão pedir judicialmente os fretes. E faltando esta assignatu
ra, terá o Proprietario do Navio acção contra o referido Procurador cons
tituido pela Junta, para lhe pedir a importancia dos fretes pela mesma
via summaria, que tivera contra o Despachante, mostrando porém, que
feitas as diligencias devidas não foi por elle pago. • :

1. Na mesma Alfandega haverá outro Procurador para as marcas, nú


mero, e pezo dos fexos de açucar, e mais miudezas, de que cobrará lo
go os fretes para dar conta aos Proprietarios dos Navios, e ficará obriga
do por toda a confiança, que fizer ás partes:. Haverá tambem outro Pro
curador para tomar em lembrança o número, e marca dos couros, ata
nados, e solla, que se despacharem na Alfandega: E porque na Casa
da India tambem se despachão couros, haverá na mesma Casa outro Pro
curador para o sobredito intento, e todos com as obrigações referidas.
2 Na Alfandega do Tabacº se constituirá outro Procurador com as
mesmas obrigações do principio deste Capitulo, o qual assistirá ao pezo
dos rolos para o tomar em lembrança com as Ninº
• I][]
marcas assim de fer
466 I756

ro, como de trinta, separando depois as partidas na fórma que se pra


tíca: Todos os referidos Procuradores ficão obrigados a dar certidões aos
Proprietarios dos Navios, e conta do pezo ás partes; com com minação,
que havendo queixa justificada de alguma falta, serão despedidos pela
Junta, que proverá outro sem demora.
3 E porque até agora não era concedido a alguns dos referidos Pro
curadores, o passar certidões, e desta falta se seguião prejuizos ás par
tes: He Sua Magestade Servido, que daqui em diante lhes seja permit
tida esta liberdade, e que em Juizo, e fóra delle se dê inteiro crédito
ás sobreditas certidões, precedendo despacho do Provedor, e Deputados
desta Junta; sem que os Escrivães do ver o pezo, ou outros quaesquer
possão alegar prejuizo dos seus Oficios, por quanto de presente não lhes
erão pedidas estas certidões, nem as podião legitimamente passar pela
falta de assistencia nas Alfandegas, e por dever em todo o caso preva
lecer o Bem commum do commercio do Reino á pertendida utilidade par
ticular dos ditos Escrivães.
4 Os sobreditos Procuradores serão pagos pela Junta, a cujo cofre
para esta satisfação, devem contribuir os Proprietarios dos Navios, ou
quem com elles correr na fórma declarada no Capitulo XIX. destes Es
tatutos, e a cobrança destas contribuições se fará pelas mesmas pessoas,
a quem for encarregada a cobrança das contribuições para as despezas
da Junta. * * #

5 Aos sobreditos Procuradores dos Navios fica prohibido absolutamen


te aceitar das partes gratificação alguma, nem a titulo de maior traba
ho, ou de preferencia, nem com o costumado disfarce de generosidade
voluntaria, como até agora se praticava, com mais avultada despeza do
que a imposição regulada no referido Capitulo XIX. E constando de qual
quer modo, que se contraveio a esta determinação, será logo o Oficial
suspenso, para que em nenhum tempo possa ser admittido a emprego
algum da nomeação desta Junta: E ha Sua Magestade por bem, que
da mesma sorte fique inhabilitado para outro qualquer Oficio de Justiça,
ou Fazenda, e que as causas destas prevaricações sejão preparadas pela
mesma Junta, e summariamente julgadas na fórma da Lei de treze de
Novembro de mil setecentos cincoenta e seis.

C A P I T U L O XI.

Dos Cobradores das Contribuições para as despezas desta Junta.


Na Casa da India, Alfandegas do Açucar, e Tabaco, e na Ca
sa dos Cinco, haverá quatro Recebedores para cobrarem as Contribuições
applicadas para as despezas desta Junta, as quaes vão declaradas, e es
tabelecidas no Capitulo XIX. destes Estatutos, e os ditos Recebedores
serão nomeados
bem lhe parecer.pela Junta em todos os annos, reconduzindo-os quando
• • * * *

1 Os ditos Recebedores serão muito cuidadozos em arrecadar as so


breditas Contribuições, e de tudo o que cobrarem, farão entrega aos
quarteis na Junta, e o Secretario lhes ha de passar conhecimento em fór
ma, para lhes servir de descarga. Aos mesmos Recebedores fica encar
regado o cobrar a imposição, que no Capitulo antecedente vai insinua
da aos Proprietarios dos Navios, e declarada no Capitulo XIX. para sa
tisfação dos seus Procuradores. |-

2 Duvidando algum dos Despachantes na satisfação destas Contribui


1756 467

ções, o Recebedor desta repartição, requererá aos Oficiaes de Sua Ma


gestade o embaraço do bilhete. E he o mesmo Senhor Servido, que os
Oficiaes da sua Real Fazenda não dem sahida a Fardo algum, ou Cai
xa, sem que lhes conste de estar a Contribuição satisfeita na fórma re
querida. Os ordenados dos sobreditos Procuradores serão arbitrarios á
Junta regulando-os pelo maior, ou menor trabalho de cobranças.
C A P I T U L O XII.

Dos Busca caixas da Alfandega.


Os doze Busca caixas, que por esta Junta hão de ser nomeados
na fórma do Capitulo XV. destes Estatutos, devem ter grande cuidado
em assistir nos Armazens da Alfandega, assim nas occasiões de descar
gas, como em todo o tempo do despacho, para que as partidas se sepa
rem no melhor modo possivel, e para acautelarem, que não se arrombem
as caixas, e se desperdisse o açucar.
1. Quando se achar, que está alguma caixa arrombada, ou em peri
go disso, farão aviso ao seu primeiro nomeado, que logo a mandará con
certar pelos Cascaveis na fórma da sua obrigação, e de toda a falta cul
pavel, que houver nesta materia, será responsavel o mesmo primeiro mo
meado, além de que, dando-se conta nesta Junta, será logo despedido
de todo emprego, que por ella estiver exercendo.
2 Não haverá obrigação nos Proprietarios das caixas de açucar de se
servir de Busca caixas para os seus despachos, mas antes o poderão fa
zer, por si, ou por seus Caixeiros, com tanto, que não sejão pessoas es
tranhas, e tambem haverá eleição nos mesmos donos das partidas de se
servirem de hum, ou outro dos doze Busca caixas distribuindo os conhe
cimentos por huns, e outros como bem lhes parecer.
3 Os ditos Busca caixas serão pagos pelos donos das partidas, na
mesma fórma, que até agora se lhes pagava, sem que haja bolça, ou
caixa commua, porque não succeda, que huns trabalhem, e outros se
descuidem. Como porém o primeiro nomeado dos mesmos Busca caixas,
que ha de ser escolhido entre todos pela Junta, deve ter a obrigação de
vigiar sobre os descuidos dos outros, e responder pela falta culpavel dos
açucares, por causa de arrombamento de caixa, se lhe pagarão quaren
ta mil réis em cada hum anno pela Junta: E além deste ordenado lucra
rá, como todos os seus companheiros, os salarios das partes correspon
dente ao seu trabalho, pelo qual não poderá levar mais de hum tostão
por caixa. C A P I T U L O

XIII,

Dos Capatazes das Companhias, que hão de servir pela Junta.


Os Capatazes da Companhia das pranchas, ou embarque das cai
xas de açucar devem ter muito cuidado, em que sempre esteja a Com
panhia prompta, e as pranchas aparelhadas para o serviço do commercio,
com comminação de que não o fazendo, poderão as partes servir-se de
outros homens de trabalho, sem que fiquem obrigadas a pagar á Compa
nhia destinada para este embarque, nem que esta possa propôr em Jui
zo acção alguma sobre esta materia.
1 O Capataz da Companhia dos Cascaveis da Alfandega deve ter
grande vigilancia em fazer concertar as #';
nn 2
pelo irreparavel damno,
468 1756

que se segue desta falta, e havendo-a tal, que, ou por queixa do pri
meiro nomeado dos Busca caixas, ou de outra qualquer pessoa se dê no
ticia na Junta, será o Capataz suspenso, passando-se a outro Provi
Imento.
2 Os quatro Capatazes das quatro actuaes Companhias dos homens
de trabalho do Pateo da Alfandega, devem ter muito cuidado em que
sempre estejão promptos os seus respectivos trabalhadores, e cuidar mui
to em que não levem maior salario, ou occulto agradecimento pela pre
ferencia; como tambem, que directa, ou indirectamente não concorrão
para fraudar os Direitos de Sua Magestade no seu particular ministerio,
debaixo das penas estabelecidas no preambulo do Capitulo XIII.
3 O Capataz da Companhia da solla, que tambem fica sujeito a esta
Junta, deve ter muito particular cuidado, em que os trabalhadores da
sua Capatazia, separem nos Armazens a carga de cada hum dos Navios;
como tambem, que acabada a descarga da Frota, separem as marcas
de cada hum dos lotes; attendendo a que pelo primeiro trabalho se lhes
conferem dous réis por cada meio de solla, e quatro réis por cada couro;
e que pela separação das partidas, se lhes contribue com quatro réis por
cada meio, e seis réis por cada hum couro; ficando advertido, que de
toda a falta nesta materia ba de ser responsavel o mesmo Capataz, pro
cedendo-se contra elle na sobredita fórma.
4 Todos os referidos Capatazes devem procurar, que sempre esteja
# o número dos homens de trabalho da sua repartição, e que ha
vendo maior concurso de partes, se accrescente o número ordinario de
trabalhadores para competente expedição, sem que por isso se augmen
te o determinado salario; e havendo qualquer incidente, que necessite
de providencia a favor do Bem commum do commercio, o farão saber
nesta Junta para se representar como for conveniente.
5 O Capataz da Alfandega do Tabaco fica sujeito a todas as obriga
ções referidas, e áquelas que lhe forem applicaveis, e debaixo das mes
mas penas; porém quanto ao accrescentamento do número de trabalha
dores declarado no § 4. não se entenderá comprehendida a Companhia
da sobredita Alfandega, por estar determinado assim em Resolução de
Sua Magestade, e não ser possivel, que annualmente haja homens promp
tos para este ministerio, de muito menor rendimento, se nas occasiões
de maior concurso lhes forem diminuidos os lucros. - • -

6 Os referidos Capatazes serão pagos na mesma fórma, e com o mes


mo modo, que até agora se pratíca, sem novidade, ou alteração algu
ma; e a respeito das suas Companhias, a que são aggregados, ficarão
com as obrigações, e costumes, que entre os homens de trabalho, e seus
Capatazes estavão convencionadas, ou em uso.
C A P I T U L O XIV.

Dos Mestres da Alfandega do Tabaco.


Os Mestres da Alfandega do Tabaco devem estar sempre promp
tos para assistirem aos donos das partidas, que os acharem, picando-lhes
os rolos para averiguarem as suas qualidades , e fazendo-lhes concertar
os tabacos desmanchados, repartindo a sua gente, com igualdade pro
porcionada, para que não se queixem huns das preferencias de outros,
e achando-se as partes legitimamente queixosas o farão a saber a esta
Junta, que lhe dará logo a necessaria providencia.
| 756 • 469

* Aos mesmos Mestres se determina com especial providencia, que


quando alguns Proprietarios de partidas de tabaco, em que falte o co
nhecimento deste genero, as forem visitar, ou por si só para averigua
ção da qualidade da sua fazenda, ou em companhia de algum Negocian
te, que a queira comprar, e os chamar para este exame, digão em boa,
e sã consciencia, o que entenderem, sem paixão, pelo comprador, com
quem estão afreguezados, porque do contrario havendo noticia nesta Jun
ta, se ha de proceder como merece a gravidade do caso até á execução
das penas assima comminadas.
2 Pelo seu trabalho serão pagos os Mestres do mesmo modo, que até
agora se pratíca á custa das partes, não podendo estas contribuir-lhes,
nem elles receber mais de cem réis por cada rolo, ficando á eleição dos
Despachantes o servir-se de hum, ou outro Mestre, como bem lhes pa
TCCer.
C A P I T U L O XV.

Dos Provimentos, e nomeações, que se hão de fazer pela Junta.


A esta Junta pertence nomear os Procuradores dos Navios nas por
tas das Alfandegas, e Casa da India, quaes são os que vão declarados
no Capitulo X. destes Estatutos, como tambem as pessoas, que houve
rem de cobrar as contribuições para o estabelecimento, e despezas da
mesma Junta, ficando na sua eleição o ajuntar, ou separar em diversas
pessoas as referidas incumbencias. *

1 Tambem lhe pertence o nomear Capatazes para a Companhia das


pranchas, ou embarque das caixas de açucar, e dos Cascaveis da Alfan
dega: Declarando Sua Magestade, que estas, e as mais incumbencias
do provimento da Junta, devem ser pessoalmente servidas, e que nellas
não poderá haver propriedades, nem ainda vitalicias, mas sim, e tão
sómente serventias trienaes, e amoviveis pela Junta, nos casos de pre
varicação, sem que della se possa interpor recurso algum; que não se
ja immediato a Sua Magestade: Retrotrahindo-se esta disposição aos ca
sos preteritos, sem embargo de quaesquer Leis, Disposições, ou Sen
tenças contrarias , ainda passadas em julgado, porque a tudo antepõe
Sua Magestade o Bem commum do bom serviço, que assim se fará ao
commercio público. +

2 E porque a instituição da Capatazia geral das quatro Companhias


do Pateo se tem visto por clara experiencia, que não só não heutil, mas
antes prejudicial ao serviço público, e muito onerosa aos serventes de
que se compõem as mesmas Companhias: Devendo cada huma dellas
ter seu chefe, que as governe independentemente para maior expedição
das partes, e maior desembaraço dos carretos: Se dividirá a sobredita
Capatazia em quatro, que correspondão ás ditas quatro actuaes compa
nhias do serviço dos Homens de Negocio da mesma Alfandega.
3 Por quanto seria tambem de grande incommodo ao commercio, que
o Capataz da Companhia da solla, e couros, não fosse dependente desta
Junta pela sua nomeação: He Sua Magestade Servido , que possa esta
Junta nomear o referido emprêgo, compensando Sua Magestade, a quem
pertencer, o direito desta nomeação no caso, que o tenha,
4 Tambem he Sua Magestade Servido, que os doze lugares de Bus
ca caixas da Alfandega do açucar, que actualmente se estão exercitam
do sem creação, nem titulo, se reduzão a doze incumbencias da nomea
ção da Junta, e que fazendo-se precizo maior número em qualquer tem
470 1756

po, se mande fazer aviso pelo Desembargador Provedor da mesma. Al


fandega a esta Junta, para nomear os que mais forem necessarios. Bem
visto, que sem nomeação não poderá pessoa, alguma excitar este emprê
go sob pena de seis mezes de cadeia, e de duzentos mil réis de condem
nação.
5 Tendo-se conhecido geralmente, que a Companhia chamada de en
tre Portas, he desnecessaria para o expediente do commercio, antes to
da contraria á mais prompta sahida das caixas de assucar: He Sua Ma
gestade Servido, que fique extincta a sobredita. Companhia, e que os
mesmos homens de trabalho das quatro Companhias do Pateo possão ti
rar as caixas da Alfandega; arbitrando-lhe esta Junta os salarios, confor
me as diversidades dos presentes, e futuros tempos; e dividindo-se por
hora os homens da dita Companhia extincta pelas quatro que ficão con
servadas.
6 Tambem he Sua Magestade Servido, que a esta Junta pertença a
nomeação dos tres Mestres, que servem os Homens de Negocio na Al
fandega do Tabaco, e que os seus Provimentos sejão confirmados no Tri
bunal da Junta da Administração deste genero: os Provimentos de todas
as referidas nomeações, se hão de passar, ainda ás mesmas pessoas, que
ficarem conservadas nos lugares em que se achão; e não havendo quei
xas das que estão actualmente provídas, se lhes continuarão os seus em
pregos pelos Provimentos da Junta na fórma declarada no §. 1.", e 7."
deste Capitulo. |-

7 Todas as referidas nomeações assim as que pertencião a esta Jun


ta, como as que Sua Magestade novamente lhes concede: He o mesmo
Senhor Servido, que se provão em pessoas do commercio, que tiverem
chegado a estado de pobreza por vicio da fortuna, sem dólo, ou mali
cia, e que sómente em falta dos ditos se possão prover em outras pes
soas, como tambem, que subão á sua Real presença para se confirma
rem nos casos occorrentes, exceptuando sómente as que são do governo
economico da Junta, e que a faculdade de nomear seja successiva, em
todas as occasiões, que houverem de ser provídos os sobreditos lugares;
e havendo qneixa de algum dos nomeados, e provídos, será proposta em
Junta, a qual parecendo-lhe razão, suspenderá a pessoa nomeada.
8 Para que a dependencia das renovações de Provimentos faça mais
cuidadosas as pessoas nomeadas, e maior utilidade do Bem commum do
commercio: Ha Sua Magestade por obrepticias, subrepticias, e de ne
nhum efeito todas as mercês, que forem impetradas, sem preceder no
meação da mesma Junta, ou contra a fórma estabelecida no § 1.º des
te Capitulo. + *

9 . Nenhum dos Nomeados, e Provídos pederá levar das partes maior


salario, que o que lhe vai dado nestes Estatutos, e constando do contra
rio, será logo suspenso, para nunca mais servir, restituindo ás partes
quatropeado o que lhes houver extorquido, e ficando inhabilitado para
servir quaesquer outros Oficios, de Justiça, ou Fazenda.
C A P I T U L O XVI.

Dos Mestres da Aula do Commercio, e seus exercícios.

Porque a falta de arrecadação de livros, redução de dinheiros, de


medidas, e de pezos, intelligencia de cambios, e das mais partes, que
constituem hum perfeito Negociante, tem sido de grande prejuizo ao
1756 47 |

commercio destes Reinos, se deve estabelecer por esta Junta, huma Au


la, em que, pelo rendimento das sobreditas contribuições, se faça pre
sidir hum, ou dous Mestres, dos mais perítos, que se conhecerem, de
terminando-lhes ordenados competentes, e as obrigações, que são pro
prias de tão importante emprêgo.
1 Para que mais facilmente se possão aproveitar da sobredita lição
as pessoas destituidas de meios para a sua subsistencia, se fará aceita
ção de vinte assistentes, filhos de Homens de Negocio, havendo-os, aos
quaes se contribua com o emolumento, que se julgar bastante para ani
mar os que tiverem meios, e sustentar os que delles carecerem para a
sua subsistencia; e para a boa administração da referida Aula se forma
rão particulares Estatutos, que se farão publicos.
C A P I T U L O XVII.

Das obrigações da Junta.


O Provedor, e Deputados desta Junta devem ter sempre a mais
viva lembrança do objecto, para que Sua Magestade foi Servido crear,
com a incomparavel honra da sua Nomeação, os lugares, que estão oc
cupando, e empregar-se com toda a diligencia, e cuidado no Bem com
mum do commercio, não só procurando, que se conservem as graças, e
mercês, com que o mesmo Senhor, tem já favorecido o trato mercantil
destes Reinos, e suas Conquistas, mas tambem propondo a Sua Mages
tade os meios mais accomodados para o augmento, e dilatação do mes
mo commercio, comprehendendo nesta denominação, assim a mercancia
em grosso, como as vendas pelo miudo, e ainda as Artes fabris, que
constituem os Elementos da felicidade do Reino, e as mãos, e braços do
corpo Politico. E sendo o segredo, que se faz tão necessario no manei
jo do commercio de qualquer particular muito mais indispensavel em hu
ma Junta, em que está a administração do commercio geral de todo o
Reino, e dos seus Dominios: Foi Sua Magestade Servido Ordenar, que
dos papeis da Secretaria da mesma Junta se não possão pedir, nem dar
certidões, sendo pertencentes á sua interior economia, sem especial Re
solução do mesmo Senhor: E que o Provedor, Deputados, e mais Offi
ciaes da mesma Junta sejao ligados com a obrigação de inviolavel segre
do a respeito do que nella passar, debaixo da pena de privação de seus
Officios, e de inhabilidade para entrarem em outros.
1 A observancia da Real Pragmatica de seis de Maio de mil sete
centos quarenta e nove na parte em que se dirige ao fim de adiantar o
commercio, e trafico destes Reinos, he muito proprio do cuidado, e Ins
tituto particular desta Junta: Pelo que he Sua Magestade Servido, que
para a devída observancia dos respectivos Capitulos, se nomeiem por es
ta Junta pessoa de sua confiança, as quaes assistão em cada huma das
Alfandegas, para requererem o impedimento dos despachos contrarios á
determinação da referida Lei.
º Com o mais vigilante cuidado, e acautelada diligencia, deve a Jun
ta empregar-se em procurar os meios conducentes, e applicar toda a pré
via disposição, para que em todos os annos tenha a sua devída observan
cia o Real Decreto de Sua Magestade de vinte e oito de Novembro de
mil setecentos cincoenta e tres, em que se regulárão, e determinárão as
sahidas das Frotas, por quanto tem mostrado a experiencia, que depois
de tantos, e tão diversos projectos, só a expedição certa, e annual das
472 1756

Frotas, comprehende a mutua, e geral utilidade do Reino, e das Con


quistas. •

3 Porque a Lei de seis de Dezembro de mil setecentos cincoenta e


cinco, que prohibo a liberdade dos Commissarios volantes, e das carre
gações dos Oficiaes, e mais gente de Guerra, e Marinhagem para os
Pórtos do Brazil, he de grande utilidade a todo o commercio: Deve tam
bem a mesma Junta applicar-se com o mais vigilante zelo na sua pon
tual observancia. E porque nenhuma pessoa contravenha a devída execu
ção da referida Lei, nem os bons Negociantes se embarassem, e duvi
dem fazer passagem para os Pórtos do Brazil a estabelecer as suas Com
panhias, ou Casas de commercio: He o mesmo Senhor Servido, que to
dos os Negociantes, que intentarem transportar-se para qualquer dos Pór
tos da America, requeirão nesta Junta a sua attestação pela qual segu
ramente sejão admittidos pelas respectivas Mezas da Inspecção: E fal
tando a dita attestação, por isso mesmo sejão havidos por transgressores
da Lei, e se lhe imponhão as penas por ella determinadas: As referidas
attestações se devem passar com precedencia de maduro exame, e com
a possivel certeza das circunstancias propostas.
4 Sendo de gravissimo prejuizo; não só á Fazenda Real, mas igual
mente ao Bem commum do commercio, que algumas pessoas valendo-se
de sinistros, e abominaveis meios, introduzão mercadorias nestes Rei
nos; desencaminhando por huma parte, os Direitos de Sua Magestade;
e arruinando pela outra parte, por venderem sem elles, os bons, e ver
dadeiros Negociantes, que despachão as suas fazendas nas Alfandegas:
Tendo mostrado a experiencia, que todas as providencias dos Foraes,
e das mais Leis até agora estabelecidas; e dos Executores para ellas no
meados, não forão bastantes para obviar a hum delicto de tão pernicio
sas consequencias, em razão de faltarem para o descobrir pessoas praticas
nos modos com que estas fraudes se costumão fazer, e ao mesmo tempo
interessados em as fazer cessar: E devendo estes prejudiciallissimos enga
nos arrancar-se de huma vez pelas suas raizes, de modo que se evitem
os graves damnos, que tem causado ao Real Erario, e ao Bem commum
do commercio: Foi o mesmo Senhor Servido encarregar a esta Junta o
cuidado de evitar os ditos contrabandos, e de fazer executar todas as
referida Leis, Alvarás, Decretos, ou outras quaesquer Disposições, até
agora estabelecidas, e que de futuro se estabelecerem para evitar o refe
rido delicto.
5 Em ordem a cujo fim foi Sua Magestade tambem Servido determi
nar, que o Conservador geral desta Junta seja Juiz privativo do referido
crime para delle devaçar, quando o Procurador da mesma Junta o re
querer; para tomar as denúncias, que ante elle se derem ; e para sen
tenciar summariamente na Relação em huma só instancia de plano, e
pela verdade sabida, as causas do mesmo crime com os Adjuntos, que o
Regedor lhe nomear: promovendo nellas o Desembargador Procurador
Fiscal, e escrevendo per si mesmo, com exclusiva de todos, e quaesquer
outros, o Escrivão da sobredita Conservatoria geral. E isto tudo não obs
tantes quaesquer Leis, Regimentos, Foraes, Decretos, ou Disposições
contrarias, quaesquer que elas sejão: e ficando aliás em seu vigor o Ca
itulo XCIII. com os seguintes do Foral da Alfandega da Cidade de
* sómente para o efeito de que naquelles casos em que se denun
ciar o contrabando na mesma Alfandega; expedindo-se com toda a bre
vidade pelo Provedor, e Oficiaes della as diligencias preparatorias do
processo verbal; e fazendo-se os mais actos precisos para a segurança, e
1756 473

arrecadação dos bens descaminhados em beneficio da Fazenda Real, e


das partes; se remettão os Autos ao dito Desembargador Juiz Conser
vador geral, para nelles proceder na sobredita fórma, e na maneira abai
xo declarada.
6. Para da mesma sorte obviar as tergiversações, com que até agora
subterfugirão os Réos do referido crime as condemnações, que por elle
merecião, excluindo-as ordinariamente por defeito de prova: Foi tambem
Sua Magestade Servido resolver, conformando-se com os costumes a es
te respeito estabelecidos nas Alfandegas mais bem reguladas da Europa,
que em todos os casos, nos quaes se acharem as mercadorias extravia
das dos caminhos direitos, que conduzem ás respectivas Alfandegas, e
Casas de Despacho, se acharem sem despacho em qualquer embarcação
diferente da que as transportou; se acharem sem selos da Alfandega,
sendo de natureza de se costumarem sellar, posto que sejão retalhos de
sete covados para baixo; e se acharem as mercadorias prohibidas pela
dita Pragmatica de seis de Maio de mil setecentos quarenta e nove em
qualquer lugar onde estiverem, ou quaesquer outros generos defendidos
elas Leis deste Reino sem despachos; em todos estes casos tenha a Fa
zenda Real a sua intenção fundada em Direito, para pela assistencia do
mesmo Direito se julgar o contrabando plenamente provado, e se trans
ferir no contrabandista comprehendido nos sobreditos casos, e outros se
melhantes, o encargo da prova exclusiva do delicto, posto que seja Réo;
prova, que sempre deve ser tão clara, e tão líquida, como he necessa
rio, que seja para excluir a presumpção de Direito, estabelecida na so
bredita fórma. Sendo porém a pessoa em cuja mão forem achadas as fa
zendas, ou retalhos sem sello, pessoas, que não sejão de commercio, e
que mostrem logo notoriamente, que comprárão para seu proprio uso,
não terão pena alguma; nem serão obrigadas a seguir livramento.
7 E as pessoas, que forem comprehendidas neste crime: Foi o mes
mo Senhor tambem Servido resolver, que além das penas, que contra el
las se achão já estabelecidas, incorrão cumulativamente na de inhabilidade
perpétua para servirem oficio algum de Justiça, ou Fazenda; para recebe
rem alguma honra, ou dignidade Civil, e para exercitarem o oficio de
homem de Negocio, por si, ou por outrem, directa, ou indirectamente,
debaixo das penas estabelecidas pela Ordenação do Reino, contra os que
exercitão Oficios publicos, sem para isso terem licença Régia, além da
nullidade de todos os actos, e contratos por ellas feitos, e estipulados,
depois do facto do contrabando haver sido declarado por sentença, que
será afixada nos lugares publicos das Cidades de Lisboa, e do Porto,
para que chegue á noticia de todos. Tambem he Sua Magestade Servi
do, que nas sobreditas penas incorrão não sómente as pessoas, que in
truduzirem fazendas de contrabando; mas tambem as pessoas, em cu
jas mãos se acharem as sobreditas mercadorias; e as que derem ajuda,
favor, ou passagem para a sua introducção: E que todas as fazendas,
que forem achadas nos sobreditos casos, sejão publicamente queimadas
na Praça do Commercio, sem alguma reserva pela do Executor da Alta
Justiça. |-

8 Pelo Real Decreto de desesete de Maio mil seiscentos e oitenta,


se ordenou, que os Oficiaes Qapateiros, e Corrieiros, não trabalhassem
em solla, atanados, e bezerros, que não fossem fabricados nestes Rei
mos, ou no Brazil, e por aviso da Secretaria de estado dos Negocios do
Reino de vinte e seis de Junho de mil setecentos trinta e nove se man
darão afixar Editaes para a observancia do &#
OO
Real Decreto, porém
474 l 756

porque a sua execução não tem sido exacta, e o será sendo encarregada
á mesma Junta, pelo interesse, que nella tem os Commerciantes daquel
les generos. He Sua Magestade Servido, que esta Junta se encarregue de
fazer hum continuado, e particular exame sobre esta materia, passando
ao seu Juiz Conservador os Autos das denúncias, que se lhe derem, e das
culpas, que dellas, e dos seus particulares exames resultarem, para pro
ceder a respeito deste contrabando na sobredita fórma.
9 Porque a malicia dos Lavradores dos Tabacos tem introduzido hum
modo de fraudar o commercio, fazendo levantar os rolos do dito genero
em páos de tanta grossura, e pezo, que chegão alguns a dezoito libras,
e ainda sem este abuso não póde ser proporcionada a tara de seis libras,
que se abatem aos compradores do Tabaco em cada hum rolo, porque o
couro, palhas, enviras, e páo, necessariamente devem pezar mais de
dezoito libras na grandeza, que hoje tem os rolos, e não he justo, que
se conserve a regulação dos ditos seis arrateis, em outro tempo propor
cionada para rolos de menor pezo, quando hoje se conhece o notorio gra
vame dos Negociantes Portuguezes, a quem nas Praças na Europa se faz
desconto do verdadeiro pezo da tara: He sua Magestade Servido, que
da entrada da Frota da Bahia, que chegar a este Porto no anno futuro
de mil setecentos cincoenta e oito em diante nenhum rolo de Tabaco
tenha maior pezo de tara, incluidos nesta denominação o couro, páo, en
viras, cruzetas, e palhas, que o de vinte libras, com pena de que achando
se mais, será o preço do rolo perdido a favor de quem o tiver comprado.
10 Para se fazer este desconto ajuntará o comprador certidão do Es
erivão da Provedoria da Alfandega do dito genero, porque conste do pe
zo do rolo, e aos vendedores ficará a mesma liberdade de fazer desconto
ás pessoas, a quem fizerão as compras, até parar nos Lavradores, que
serão obrigados por estas importancias, perante a inspecção respectiva,
a qual procederá executivamente, e sem Appellação, nem Aggravo pe
las referidas certidões, indo qualificadas com cartas do Juiz Conservador
da referida Junta.
11 E porque na execução da sobredita ordem, e determinação de Sua
Magestade interessa muito o Bem commum do commercio, e alguns dos
compradores poderão duvidar de fazer a referido desconto por particula
res motivos: He o mesmo Senhor Servido, que esta Junta faça averiguar
pelos mesmos Mestres da Alfandega do Tabaco, e mais pessoas, que bem
lhes parecer, se assim se cumpre a sua Real determinação, e constando,
que deixão passar as referidas taras sem darem conta na Junta, incor
rerão no perdimento dos seus Officios, e na de comporem em tresdobro
aos ditos compradores toda a deminuição, que acharem pelo excesso das
sobreditas taras; porém dando a dita conta, com certidão do Escrivão
da Provedoria, será remmettida á respectiva Casa da Inspecção com de
claração da marca para nella se proceder contra o Lavrador, que houver
feito a fraude.
12 Tambem nas taras das caixas de assucar, se encontrão alguns ex
cessos, que devem ser emendados com a possivel providencia, para que
no commercio se experimente aquella boa fé, que sempre deve andar
diante dos olhos a todos os Negociantes: Pelo que Sua Magestade he
Servido, que as taras de todas as caixas sejão primeiro pezadas nos en
genhos, e se lhe ponha a nota do seu pezo na cabeceira, ou testilho,
em que se assinalar o engenho, e marcas, pela qual se possa certificar
o comprador no número de arrobas, e libras, que peza qualquer das ta
ras, e achando-se o contrario, he o mesmo Senhor Servido, que o pre
1756 475

ço, e o valor do assucar, seja perdido para o comprador na fórma, que


está determinado nos §§. 10, 11, e 12 deste Capitulo a respeito dos ro
los de Tabaco, e para certeza da diminuição da conta da cabeça, ou
testilho da caixa, será levada a tara ao ver o pezo, donde se extrahirá
certidão, com as distinções de marca, número, e devisa do engenho pa
ra total certeza da identidade da mesma tara.
13 Como porém póde acontecer, que a tara de huma mesma caixa
pezada no engenho do Brazil não haja de conferir com o pezo, que se
lhe achar em qualquer dos Pórtos deste Reino, em razão da humidade
do mesmo genero, que recebe, e das aguas, que se lhe embebem, as
sim no mar, pela que fazem os Navios, como em terra por estarem mui
tas vezes expostas ao tempo, não se deve fazer conta ao excesso de meia,
até huma arroba, em cada tara, especialmente quando esta se conhecer
penetrada de agua, ou humidade. E porque póde haver circunstancias,
em que se não deva fazer o referido desconto, em pena do excesso: He
Sua Magestade Servido, que a esta Junta fique encarregado o conheci
mento, e averiguação desta materia em cada hum dos casos particulares,
em que pela sua determinação, sem nenhuma outra fórma de Juizo, fique o
vendedor obrigado, ou absoluto da pena imposta no §. antecedente.
14 Para occorrer ao prejuizo, que se causa aos vendedores das mer
cadorias, em se demorar pelos Proprietarios dos Navios, ou por seus Pro
curadores a cobrança dos fretes, que por falta, ou falencia dos compra
dores, lhes vem pedir depois de muitos annos: He Sua Magestade Ser
vido, que passados dezoito mezes depois da venda dos efeitos, se não
possa pedir ao vendedor o seu frete, sem que conste por certidão, que
foi o comprador executado, e não se lhe acharão bens para este paga
mento, pois não he justo, que a móra culpavel do Procurador dos fretes
prejudique ao vendedor, que della não teve noticia. Mas porque póde
haver alguns casos, em que não seja culpavel em todo, ou em parte a
demora, e estes se não podem comprehender na generalidade de huma
só determinação: He Sua Magestade Servido, que o Procurador dos fre
tes possa apresentar nesta Junta as suas razões por escrito, e que ouvi
do o vendedor no termo de dez dias, se lhe passe attestação do que for
assentado em Junta para se proceder executivamente no Juizo da primei
ra instancia, ficando á parte o recurso ordinario depois de satisfeito o
credor.
15 Tambem para utilidade pública: He Sua Magestade Servido, que
nas causas, em que houverem de se nomear louvados para averiguação
das materias mercantís, se remettão os Autos á Secretaria desta Junta,
e por ella se nomeiem as pessoas de mais conhecida intelligencia no ob
jecto de cada huma das causas, arbitrando-lhes as esportulas competen
tes ao seu trabalho, do qual se não poderá escuzar pessoa alguma, para
mais facil expedição das demandas: E quando as partes por evitar a des
peza das esportulas, fizerem sua representação, pedindo, se lhes nomeie
pessoa, que gratuitamente se queira encarregar desse trabalho, a Junta
lhes deferirá, informando-se da capacidade do nomeado, e havendo no
ticia em contrario, nomeará o que bem lhe parecer, para que não suc
ceda confundirem-se, e dilatarem-se as causas, em gravissimo damno do
commercio.
16 Ao cuidado, e administração desta Junta fica encarregado o fazer
arrecadar os couros, e sollas, que se acharem sem marca na Casa da In
dia, e Alfandega, e delles fazer as vendas publicas, quando for conve
P…",pelas
niente para se ratear, e repartir o seu
OO 2
pessoas interessadas
476 1756
naquelles generos, quando não estiverem já inteirados das suas carrega
ções pelos Proprietarios, ou Procuradores dos Navios; e estando, se ra
teará pelos mesmos cobradores dos fretes, sendo huns, ou outros chama
dos á Casa da Junta para esse intento, e se lhes fará a conta na fórma
que se tem praticado em occasiões semelhantes. O mesmo cuidado, e
administração se encarrega a esta Junta a respeito dos rolos de tabaco.
17. Sua Magestade por fazer graça ao Commercio, he Servido conce
der-lhe livre de todos os Direitos, e encargos todo o mel, que vier dos
Pórtos do Brazil, e dos mais dos seus Dominios para concerto do taba
co, ou venha por conta, e risco das pessoas, que negoceão neste gene
ro, ou seja comprado na Alfandega antes de despachado. E porque esta
averiguação seria difficultosa na Meza da mesma Alfandega: He o mes
mo Senhor Servido, que ás partes se dê o despacho debaixo de fiança,
ou assignatura, e no fim do anno se lhes passará por esta Junta huma
attestação pela qual conste quantos Barris de mel entrárão para a Alfan
dega do Tabaco pertencentes a cada hum dos Despachantes, e esta en
trada se tomará pelos Officiaes nomeados pela mesma Junta na sobredita
repartição, para se passarem com as averiguações necessarias as attes
tações referidas pelas quaes se desobrigarão os despachos.
18 Porque he constante, que o Juizo dos Defuntos, e Ausentes, em
todas as Comarcas do Brazil, e mais Conquistas se intromette nas carre
gações dos Negociantes, pelo falecimento, ou ausencia dos Commissa
rios, sem averiguar, se nas mesmas carregações forão nomeadas pessoas,…
que possão tomar entrega das fazendas, e creditos pela disposição do co
mitente; e ainda requerendo-lho, não os admittem; tudo em gravissimo º
damno do commercio, assim pelas demoras das vendas, e remessas dos
productos, como pela deminuição, que lhes causão as esportulas: He Sua
Magestade Servido, que daqui em diante se não intrometta o sobredito
Juizo em arrecadação de fazenda, que pelos conhecimentos, ou carrega
ções se lhes mostrar, que tem ausencia, e está em seu inteiro credito a
pessoa nomeada, ou se tenha disposto em parte, ou estejão as fazendas, e
creditos em ser. E para que assim se execute com a mais pontual exa
ctidão, he o mesmo Senhor Servido, que por esta Junta se recommende
ás Mezas da Inspecção do Brazil, o procurarem nos seus respectivos ter
ritorios a observancia desta sua Real determinação, dando conta nesta
mesma Junta de toda a falta, que se experimentar no seu cumprimento
para se representar a Sua Magestade: a quem forão presentes as Provisões
do Tribunal da Meza da Consciencia, e Ordens de tres de Dezembro
de mil setecentos trinta e tres, e dezesete de Abril de mil setecentos
quarenta e sete.
19 Quando para informação dos requerimentos das partes, ou para
outro qualquer fim do Bem commum do Commercio, for necessario cha
mar alguns Commerciantes á Junta, serão todos obrigados a vir no dia
determinado, que lhe ensinuará por carta o Secretario da mesma Junta,
especialmente, quando se lhes declarar, que para conferencia de alguma
extraordinaria proposta se faz aviso á Praça. E porque a confusão não
\
sirva mais de embaraço, que de expedição dos negocios, pela denomi
nação de Praça para este intento, e para os mais efeitos, se entenderá
o número de vinte pessoas escolhidas conforme as circunstancias do ca
so, e a noticia da intelligencia, e trato das pessoas de quem se pedir o
parecer. -

20 Porque a liberdade, e desordem com que até agora se praticou


o Ramo do Commercio da venda a retalho, he de grande prejuizo ao pú
1756 477

blico, que não interessa em que haja sómente muitos, mas sim em que
> haja muitos, e bons Negociantes: He Sua Magestade Servido, que da
confirmação destes Estatutos em diante, nenhuma pessoa possa abrir lo
ja, assim de Mercador, da Rua Nova, da dos Escudeiros, e das cha
madas da Fancaria, Capella, e geralmente todas, sem que seja exami
nada na presença desta Junta, precedendo as circumnstancias, que ao
mesmo Senhor forão propostas para regulamento desta parte do Commer
cio em particular Estatuto.
21 E porque a confuzão dos tempos proximos passados, ainda con
fundio mais a ordem, e se introduzirão neste commercio pessoas total
mente estranhas do seu conhecimento, das quaes se não póde esperar,
que possão subsistir: a escolha, e exame da mesma Junta deve tambem
comprehender as lojas, que já estiverem abertas, reduzindo tudo a
huma tal ordem, e equilibrio, que nem se prejudique o bem público,
nem os particulares se queixem.

C A P I T U L o XVIII.
Dos Privilegios, e graças, que Sua Magestade he Servido conceder o es
ta Junta, e ás pessoas de que ella se compõe.
Por quanto Sua Magestade foi Servido, crear, e erigir esta Jun
ta debaixo da sua Régia, e immediata protecção, concedida ao corpo
da mesma Junta, com immediato recurso á sua Real Pessoa, na confor
midade do Real Decreto de trinta de Setembro de mil setecentos cin
coenta e cinco, e dos presentes Estatutos: He o mesmo Senhor Servido,
que sendo necessario a algum dos Tribunaes de Sua Magestade saber al
guma cousa concernente ao Real Serviço, faça escrever pelo seu Secre
tario ao desta Junta: Que sendo por elle informada, lhe ordenará o que
deve responder: E quando seja cousa a que a Junta entenda, que lhe
não convém deferir, o Tribunal, que houver feito a pergunta poderá con
sultar a Sua Magestade para que ouvindo a Junta, resolva o que for Ser
vido.
1 Tambem Sua Magestade he Servido, que esta Junta a quem con
cede. que possa denominar-se: Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios, possa usar de sello em todos os seus papeis, e cartas, o qual
consistirá na Imagem de ElRei nosso Senhor com esta letra por baixo.

Sub tuum praesidium.


2 Todos os Negociantes deste Reino serão sujeitos em tudo a esta
Junta, e em reconhecimento da sua sujeição, cumprirão o que por ella
se lhes ordenar, e remetterão ao seu Secretario todos os requerimentos
concernentes ao commercio, para que subão á Real presença depois de
vistos, e approvados pelo Provedor, e Deputados.
3 Ao Provedor, e mais pessoas, de que se compõe esta Junta, con
cede Sua Magestade o Privilegio de homenagem na sua propria casa, na
quelles casos em que ella se costuma conceder: Bem entendido, que
este Privilegio lhes fica sómente concedido em quanto servirem na Jun
ta, e sómente ao Provedor, e Vice-Provedor ficará pertencendo sempre,
ainda depois de acabarem os seus lugares.
4 Faz Sua Magestade mercê ao mesmo Provedor, e mais pessoas de
que se compõe o corpo desta Junta, de que não possão ser prezos em
478 1756

quanto estiverem servindo, por ordem de Tribunal, Cabo de Guerra, ou


Ministro algum por caso Civil, ou Crime (salvo se for in flagrante delic
to) sem ordem do seu Juiz Conservador, que lhes guardará o sobredito
Privilegio de homenagem nos casos em que he permittida conforme a Di
reito.
5 He Sua Magestade Servido, que o mesmo Provedor, e mais pes-"
soas do corpo da Junta tenhão (por ora em quanto o mesmo Senhor não
mandar o contrario) aposentadoria activa, e passiva: E que os Oficiaes
da nomeação da mesma Junta, assim nesta Corte como nas Provincias,
gozem de aposentadoria passiva, a qual lhe será guardada apresentando
o seu Provimento, e estando este no tempo que lhe for declarado.
6 Os exercicios de Provedor, e Deputados, Secretario, e Procura
dor desta Junta, não só não prejudicarão á Nobreza das pessoas que os
tiverem, no caso em que a tenhão herdada; mas antes pelo contrario se
rá meio muito proprio para se alcançar a Nobreza adquirida: De sorte,
que todos os sobreditos por Vossa Magestade nomeados para servirem
nesta primeira fundação, ficarão habilitados para receberem os Habitos
das Ordens Militares; e para seus filhos lerem no Desembargo do Paço
sem dispensa, no caso de a necessitarem. O que com tudo só terá lugar
nas eleições seguintes a favor das pessoas, que occuparem os lugares de
Provedor, Vice-Provedor, depois de os haverem servido por hum anno
completo com satisfação desta Junta.
7. As ofensas, que se fizerem a qualquer Oficial da mesma Junta por
obra, ou palavra, sobre a materia do seu Oficio, serão castigadas pelo
Juiz Conservador, e os Réos prezos pelas mais Justiças in flagrante (com
tanto, que depois
fossem feitas remettãodeosJustiça
aos Oficiaes Autos ao
de dito
VossaJuiz Conservador) como se
Magestade. •

C A P I T U L O XIX.

Das Contribuições para as despezas da Junta.


Sendo necessario estabelecer rendimento, assim para os ordena
dos com que por estes Estatutos se tem regulado os lugares, que formão
o corpo da Junta, como tambem para as outras despezas, que indispen
savelmente se devem fazer, a favor do Bem commum do Commercio, e
não sendo bastantes as Contribuições, que até agora se pagavão, para
este intento: He Sua Magestade Servido, que por cada huma caixa de
açucar se paguem ao tempo da sahida quarenta réis: Por cada feixo do
dito genero dez réis: Por cada meio de solla tres réis: Por cada hum de
atanado seis réis: Por cada rolo de tabaco despachado para dentro, ou
para fóra do Reino trinta réis. Na Casa da India: Por cada quintal de
marfim, ou outro qualquer genero de pezo quarenta réis: Por qualquer
fardo, ou caixa, sendo inteiro quarenta réis; e sendo meio fardo, ou
meia caixa vinte réis: Das encommendas, que pagão direitos, dez réis,
e das que não os pagão vinte réis: Por cada barril de pimenta , ou de
outro qualquer genero, vinte réis: Por barrica, ou pipa sessenta réis,
frasqueiras dez réis, saca de cacáo vinte réis: Paneiro de cravo, e salsa
dez réis: Tudo em lugar das Contribuições, que até agora se pagavão
nos sobreditos generos.
1. E porque ainda computados estes accrescimos pelo que até agora
rendião as sobreditas Contribuições; serião muito diminutos para alguma
parte das referidas despezas: He o mesmo Senhor outro sim Servido, que
1756 479

de qualquer fardo, ou caixa, bala, ou balote, que se despachar na Al


fandega, se paguem indistintamente, quarenta réis: De cada barril de
seco, ou de molhado, vinte réis: De cada hum quintal de fazenda de que
se fizer bilhete na Meza das Estivas, se paguem dez réis; e de cada bar
rica, ou pipa quarenta réis. Tudo sem distinção de pessoa alguma posto
que privilegiada seja, porque todos interessão na diligencia, e cuidado
de se conservar, e augmentar o Bem commum do Commercio.
2 Na Casa dos Cinco se pagará para esta Contribuição trinta réis por
cada volume grande, ou pequeno; porém nenhuma destas Contribuições
se entenderá imposta em mantimentos, que não pagão direitos, em qual
quer parte, que sejão despachados: Os Navios, que vierem a este por
to de Lisboa, e nelle descarregarem em todo, ou em parte, pagarão
mil e quinhentos réis.
C A P I T U L O XX.

Do Cofre da Junta.

Para arrecadação das Contribuições, que se pagarem a esta Jun


ta haverá hum cofre guardado com tantas chaves diferentes, quantos são
o Provedor, e Deputados della, os quaes todos ficarão obrigados em ge
ral, e cada hum in solidum a responder pelas quantias, que nelle se met
terem. No mesmo cofre, e com as mesmas arrecadações se fecharão os
dinheiros pertencentes á Contribuição dos Marinheiros da India, sepa
rando-se cada huma das sobreditas repartições dentro da mesma caixa
em contas diferentes: E qualquer dos ditos Oficiaes, que confiar a sua
chave, responderá pela falta, que se achar no cofre, nas primeiras con
ta8.

I Haverá Livros separados para o sobredito cofre, no qual estejão lan


çadas pelo Secretario da Junta todas as quantias, que nelle se fecharem,
e com distinção, lançará o mesmo Secretario as quantias, que se extra
hirem para constar com facilidade o dinheiro, que se acha no cofre per
tencente, separadamente, ás repartições referidas.
2 Quando finalizar o actual triennio; e depois annualmente darão con
ta com entrega o Provedor, e Deputados, que sahirem aos que entrarem
na administração desta Junta: Para cujo efeito os que ficarem conserva
dos para o exercicio, será visto haverem findo o seu tempo para a con
ta, elegendo-se para o acto della hum igual número de pessoas entre os
Deputados da Junta do Grão Pará, e Maranhão, até que as referidas
contas sejão balanceadas, e saldadas por termo assignado por todas as
pessoas, que as tomarem na sobredita fórma. A 12 de Dezembro de 1756.
= José Rodrigues Bandeira. = João Rodrigues Monteiro. = Pedro Ro
drigues Godinho. = João Luiz de Sousa Sayão. = José Moreira Leal. =
Antonio Ribeiro Neves. = João Luiz Alvares.

Impr. na Oficina de Miguel Rodrigues, com o Alv. seguinte da


sua confirmação.
+---+<>#--* *

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de confirmação virem, que
havendo visto, e considerado com pessoas do Meu Conselho, e outros
Ministros doutos, experimentados, e zelosos do serviço de Deos, e Meu,
e do Bem commum dos Meus Vassallos, que Me pareceo consultar, os
Estatutos da Junta do Commercio, conteúdos nas vinte e seis meias fo
480 1736

lhas de papel atraz escritas, e rubricadas por Sebastião José de Carva


lho e Mello, do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios
do Reino, os quaes forão ordenados em execução do Meu Real Decreto
de trinta de Setembro do anno proximo passado de mil setecentos cin
coenta e cinco: E porque sendo examinados os mesmos Estatutos com
maduro conselho, e prudente deliberação, se achou, serem de grande,
e notoria utilidade para a conservação, e augmento do Bem público dos
Meus Vassallos, e do commercio, e navegação destes Reinos, e seus
Dominios: Em consideração de tudo: Hei por bem, e Me praz de con
firmar os ditos Estatutos, e cada hum dos seus Capitulos, e Paragrafos,
em particular, como se de verbo ad verbum fossem aqui insertos, e de
clarados; e por este Meu Alvará os confirmo de Meu proprio Motu, cer
ta Sciencia, Poder Real, Supremo, e absoluto, para que se cumpräo,
e guardem tão inteiramente, como nelles se contém. E quero, e Man
do, que esta confirmação em tudo, e por tudo, seja inviolavelmente ob
servada, e nunca possa revogar-se, mas sempre, como firme, válida, e
perpétua, esteja em sua força, e vigor, sem diminuição e sem que se
possa por dúvida alguma a seu cumprimento em parte, nem em todo,
em Juizo, nem fóra delle; e se entenda sempre ser feita na melhor fór
ma, e no melhor sentido, que se possa dizer, e entender a favor da mes
ma Junta do Commercio, e conservação delle: Havendo por suppridas
(como se fossem expressas neste Alvará) todas as clausulas, e solemni
dades de feito, e de Direito, que necesssarias forem para a sua firmeza:
E derogo, e Hei por de rogadas todas, e quaesquer Leis, Direitos, Or
denações, Capitulos de Corte, Provisões Extravagantes, e outros Alva
rás, e Opiniões de Doutores, que em contrario dos mesmos Estatutos,
e de cada hum dos seus Capitulos, e Paragrafos, possa haver por qual
quer via, ou por qualquer modo, posto que taes sejão, que fôsse neces
sario fazer aqui dellas especial, e expressa relação de verbo ad verbum,
sem embargo da Ordenação do Livro segundo Titulo quarenta e quatro,
que dispõe, não se entender ser por Mim derogada Ordenação alguma,
se da substancia della se não fizer declarada menção. E terá este Alvará
força de Lei, para que sempre fique em seu vigor a confirmação dos di
tos Estatutos, Capitulos, e Paragrafos, que nelles se contém, sem alte
ração, nem diminuição alguma.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Rege
dor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Presi
dentes do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia, e Ordens,
Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e pessoas de Meus
Reinos, e Senhorios, que assim o cumprão, e guardem, e fação intei
ramente cumprir, e guardar, sem dúvida, nem embargo algum; não
admittindo requerimento, que impida em todo, ou em parte o efeito dos
ditos Estatutos, por tocar ao Desembargador Juiz Conservador, e ao
Provedor, e Deputados da Junta do Commercio tudo o que a elles diz
respeito. E Hei por bem, que este Alvará valha como Carta, ainda que
não passe pela Chancellaria, e posto que o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, e sem embargo da Ordenação Livro segundo, Titulo trin
ta e nove, e quarenta em contrario. Dado em Belém aos 16 dias do mez
de Dezembro de 1756. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Minis
tro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
mo, no Livro da Junta do Commercio a fol. 76., e
impr. com os Estatutos na Officina de Miguel Ro
drigues,
4S I

—…=>$@$$$i$$$$$$$$<=–

ANNO DE 1757.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que Eu fui Ser
vido confirmar por outro Meu Alvará de sete de Junho do anno de mil
setecentos e cincoenta e cinco o estabelecimento da Companhia Geral
do Grão Pará, e Maranhão com as Condições, e Privilegios incorporados
nos cincoenta e sete Capitulos da sua Instituição; declarando no Capi
tulo trinta e nove, que não prejudicaria á Nobreza herdada de qualquer
pessoa interessar-se na dita Companhia; pois que tendo por objecto fa
zer florecer nos Meus Reinos, e Senhorios o commercio, de que depen
de tanto a utilidade de cada hum em particular, como a do Bem públi
co do Estado, he não só indiferente, mas decoroso a todas as pessoas,
ainda ás de maior grandeza, e qualidade, interessarem-se nella; animan
do assim huma tão grande obra, que sendo do serviço de Deos, e Meu,
toda céde em beneficio da Patria.
E porque seria cousa irracionavel, que não podessem contribuir
para este commum beneficio os Ministros do Meu Conselho, e os que
Me servem nos Tribunaes, e Relações, ou nos Governos Militares, ou
Civis dos Meus Reinos, Provincias, e Conquistas, ou em qualquer lu
gar de Justiça, ou Fazenda, ou Posto Militar, preoccupados de algumas
disposições de Direito Commum, ou do Reino mal entendidas, em quan
to prohibem o commercio a pessoas desta qualidade: Hei por bem decla
rar que he permittido a todus, e a cada hum dos que tem qualquer em
prêgo no Meu Real Serviço, por mais alto, e de maior preeminencia que
seja, negociar por meio da dita Companhia, e de quaesquer outras por
Mim confirmadas, entrando nellas com huma, e mais Acções como qual
quer outro dos Meus Vassallos, sem que lhes obstem as Disposições de
Direito Commum, ou Régio, nem ainda a Lei de vinte e nove de Agos
to de mil setecentos e vinte, e o Alvará de vinte e sete de Março de
mil setecentos e vinte e hum, em que sómente se prohibio a semelhan
Ppp
482 1757

tes pessoas aquelle genero de commercio, que ellas, abuzando da sua


authoridade, convertião em extorção, e monopolio, com grave prejuizo
do serviço de Deos, e Meu; e de nenhuma sorte lhes póde ser prohibi
do fomentarem o commercio util em beneficio commum, por meio destas
sociedades, que são negocios públicos, nos quaes as Companhias, e os
particulares vão igualmente interessados. Por cuja causa nenhum dos di
tos Ministros, ou Oficiaes de Justiça, Fazenda, ou Guerra poderá ser
dado de suspeito nas causas, e dependencias Civeis, ou Crimes, respec
tivas ás mesmas Companhias, ou a cada hum dos seus interessados, com
o pretexto de que tem Acções nelas: O que outro sim Sou Servido de
clarar para que não venha mais em dúvida esta materia.
E este Alvará se cumprirá tão inteiramente, como nelle se con
tém, e valerá como Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella
não passe, e o seu efeito haja de durar mais de humanno, sem embar
go da Ordenação do livro segundo titulo trinta e nove, e quarenta em
contrario: Registando-se em todos os lugares, onde se costumão regis
tar semelhantes Leis; e mandando-se o Original para a Torre do Tom
bo. Dado em Belém, aos 5 dias do mez de Janeiro de 1757. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
no livro da Companhia Geral do Grão Pará, e Ma
ranhão a fol. 55., e impr... na Officina de Miguel
Rodrigues. •

} • +

*# #«…>, é W * *

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que havendo-Me supplicado os Oficiaes da Camara, e os da Meza da
Hnspecção do Rio de Janeiro em diferentes contas, e ultimamente na
que Me dirigirão em oito de Agosto do anno proximo passado de mil se
tecentos cincoenta e seis, que houvesse por bem permutar-lhes o contra
to do Tabaco da dita Cidade pelo equivalente de oitocentos réis em ca
da hum escravo, que entrasse naquelle porto, dez tostões em cada hu
ma pipa de geribita, que se lavrasse naquella Capitanía, e a ella viesse
de fóra, e tres mil réis em cada pipa de azeite de peixe, que se consu
misse na mesma Capitanía: e sendo sempre propensa a Minha Paternal,
e Régia clemencia a moderar aos Meus fiéis Vassallos os gravames em
tudo o que as circumstancias do tempo podem permittir: Sou Servido
abolir o dito contrato do Tabaco do Rio de Janeiro como se nunca hou
vesse existido, subrogando em lugar delle os referidos impostos de oito
centos réis em cada escravo que entrar naquelle porto, dez tostões em
cada pipa de geribita da terra e de fóra, e de tres mil réis em cada pi
pa de azeite de peixe, que se consumir na mesma Capitanía, sendo os
referidos impostos arrecadados pelos Oficiaes da Meza da Inspecção; os
quaes farão cobrar em grosso por cabeças, e pipas, a mesma imposição
dos vendedores na entrada, e nunca dos compradores por sahida, não
só por ser assim mais facil a cobrança; mas muito mais ainda, porque
desta sorte será menos onerosa aos póvos, que devem contribuir para el
la se efeituar. * |- - - -

Pelo que: Mando ao Presidente, e Conselheiros do Conselho Ul


1757 483

tramarino, Governadores das Relações da Bahia, e Rio de Janeiro, Vi


ce-Rei do Estado do Brazil, Governadores, e Capitães Generaes, e quaes
quer outros Governadores do mesmo Estado, e aos Ministros, e Oficiaes
das Mezas da Inspecção, aos Ouvidores, Provedores, e mais Ministros,
Oficiaes, e Pessoas do referido Estado , que cumprão, e guardem, é
fação inteiramente cumprir, e guardar este Meu Alvará, como nelle se
contém: o qual valerá como Carta passada pela Cancellaria, posto que
por ella não passe, e ainda que o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstantes as Ordenações que dispõem o contrario, e sem em
bargo de quaesquer outras Leis, ou disposições, que se opponhão ao con
teúdo neste; as quaes Hei tambem por derogadas para este efeito só
mente, ficando quanto aos mais em seu vigor: E este se registará em
todos os lugares onde se costumão registar semelhantes Alvarás, mandan
do-se o Original para a Torre do Tombo. Escrito em Belém aos 1o de
Janeiro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios da Ma


rinha; e Dominios Ultramarinos, a fol. 1., e impr.
na Oficina de Miguel Rodrigues.

# *Relon} #

, º

Sendº Me presente que, por occasião do terremoto, e incendio do dia


primeiro de Novembro de mil setecentos cincoenta e cinco, se estabele
cerão muitas lojas de Tanoaria fóra das portas da Cidade de Lisboa, e
em sitios tão distantes, e dispersos, que com muita raridade vem á Me
za do Paço da Madeira despachos de louça das ditas Officinas ; seguin
do-se deste descaminho o faltar huma parte muito consideravel do ren
dimento daquella repartição; como tambem, que na fórma , até agora
praticada, e ordenada no capitulo quinze do Regimento do Paço da Ma
deira, para aquelle despacho, erão as Partes gravadas na diligencia de
o procurar, antes de extrahirem de casa dos Tanoeiros as vasilhas novas,
ou concertadas: Sou Servido, quanto á louça concertada , de a isentar
dos Direitos, que até agora pagava na fórma do referido capitulo quin
ze do Regimento: e quanto á louça nova, que a obrigação do pagamen
to dos mesmos Direitos se emponha nas aduélas, que entrarem nas offi
cinas de todos os Tanoeiros; para cujo fim não se recolherá aduéla algu
ma nas referidas oficinas, sem que dellas se tome assento na Meza do
Paço da Madeira; e no principio de cada hum anno será contada a que
se lhes achar de resto do anno antecedente, para que paguem os mesmos
Tanoeiros os Direitos de toda a que faltar. E porque senão possa occul
tar em parte a entrada das aduélas na fábrica de cada hum dos Tanoei
ros, todos os vendedores deste genero serão obrigados, por tempo, a de
clarar a quantidade, que sahe dos Navios, ou Estancias para determi
nadas lojas; com pena de que, feita a conta pelas declarações das des
cargas dos Navios, pagarão os Direitos de toda, a que não tiverem de
clarado por sahida na sobredita fórma: Quanto á louça velha se pratica
rá o referido capitulo quinze do Regimento do Paço da Madeira, na fór
Ppp 2
484 1757

ma que nelle se dispõem. O Conselho da Fazenda o tenha assim enten


dido, e faça executar, sem embargo do dito capitulo quinze do Regimen
to do Paço da Madeira, que nesta parte Sou Servido derogar; e não obs
tantes, quaesquer outras disposições contrarias. Belém, aos 11 de Janei
ro de 1757. (1) = Com a Rubrica de Sua Magestade.
-

Impresso na Officina de Miguel Rodrigues,

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que o Conselho da
Minha Real Fazenda Me representou em Consultas de doze de Abril de
mil setecentos e cincoenta e dous; doze de Janeiro, e vinte e sete de
Abril de mil setecentos e cincoenta e quatro , a urgente necessidade,
que havia de que Eu désse providencia a respeito dos Thesoureiros pú
blicos, que não tem recebimento da Minha Real Fazenda, mas tão só
mente das partes; pelo prejuizo, que estas havião experimentado em to
do o tempo, e muito proximamente com as frequentes quebras de seme
lhantes Thesoureiros em grave damno do Bem Commum: Quaes erão
os Depositarios do Juizo de India, e Mina, da Ouvidoria da Alfandega,
da Sacca da Moeda, da Conservatoria da mesma Moeda, das Capellas
da Coroa, dos Direitos Reaes das sete Casas, das Capellas particulares,
dos Residuos, da Aposentadoria Mór: E tendo consideração ao muito,
que convém ao Meu Real serviço, e ao interesse commum dos Meus fiéis
Vassallos, consolidar nos Meus Reinos a fé pública, e evitar-lhes tão re
petidas, e intoleraveis perdas: Sou Servido abolir todas as sobreditas
Thesourarias com as dos Juizes dos Orfãos desta Corte, e seu Termo co
mo se nunca houvessem existido: Ordenando, que tudo o que por ellas
se recebeo, e pagou até agora, seja daqui em diante recebido, e pago
pelo Deposito público, que Eu houve por bem estabelecer pelo Meu Al
vará de vinte e hum de Maio de mil setecentos cincoenta e hum : Fa
zendo-se no mesmo Deposito separadas receitas, e despezas de cada hu
ma das referidas Thesourarias, que ficão cessando na sobredita fórma,
em virtude deste Alvará, que se cumprirá, como nelle se contém.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Paço,
Védores da Minha Real Fazenda, Presidentes do Conselho Ultramarino,
e da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Supplicação,
Presidente do Senado da Camara, Desembargadores, Ministros, Ofi
ciaes, e mais Pessoas, a quem o conhecimento delle pertencer, o cum
prão, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, sem falta,
nem dúvida alguma: E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
ainda que por ella não passe, e o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstantes as Ordenações, que dispõem o contrario, e sem em
bargo de quaesquer outras Leis, ou Disposições, que se opponhão ao
conteúdo neste; as quaes Hei tambem por derogadas para este efeito só
mente, ficando aliás sempre em seu vigor: Registando-se em todos os
lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando-se o
". .

(1) Este Decreto he citado no Decreto de 27 de Outubro de 1758 com a data de 15


de Janeiro; e no Registo do Conselho da Fazenda no livro primeiro a fol. 15, acha-se
com a data de 16. -
1757 485

Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém aos 18 dias do mez


de Janeiro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no Livro do Conselho da Fazenda a fol. 50., e
impr. avulso.

*-* -> *-*

EU ELREI Faço saber, que havendo dado no Capitulo quarto Para


grafo final da Lei de treze de Dezembro de mil setecentos e cincoenta,
toda a necessaria providencia, para que os Comboyeiros, que introdu
zem cargas no continente das Minas Geraes, achassem nos Registos del
las a moeda Provincial competente, para com ela se fazerem as modicas
permutações dos viandantes, e principalmente dos referidos Comboyei
ros: os quaes he facto constante, que nada pagão por entrada nos Re
gistos; Porque nem tem dinheiro consideravel, nem ouro algum, quan
do chegão; mas sim, e tão sómente pagão ao tempo da sahida, depois
de haverem permutado por ouro os generos que vendem: e sendo-Me pre
sente que os Contrátadores das entradas debaixo do afectado pretexto da
arrecadação dos direitos, que os sobreditos Comboyeiros só costumão, e
podem pagar ao tempo da sahida na referida fórma, atrahião aos mes
mos Registos consideraveis quantidades de outro em pó, que nelles não
podia ter outro fim, que não fosse o de se descaminhar em grave pre
juizo dos póvos das ditas Minas: Ordenei por Decreto do primeiro de
Janeiro de mil setecentos cincoenta e cinco, se não podesse conservar
nos mesmos Registos algum ouro em pó; que excedesse as modicas quan
tidades, que os respectivos Governadores em Junta com os Ministros, e
pessoas mais intelligentes dos seus Governos, arbitrassem, que erão in
dispensavelmente necessarias, para com ellas se fazerem as sobreditas
permutações. E porque presentemente subirão á Minha Real presença
em Consulta do Conselho Ultramarino os referidos arbitramentos, e os
julguei justos, e dignos da Minha Real approvação, para que por meio
delles cessem todas as dúvidas, com que os ditos Contratadores se per
tenderão, sustentar na transgressão da referida Lei com tão intoleravel
prejuizo dos Meus fiéis Vassallos moradores naquelle territorio: Sou Ser
vido Ordenar, que nos Registos das entradas para as Minas, e suas an
nexas, não possão conservar-se, em quanto Eu não mandar o contrario,
maiores quatidades de ouro em pó, que as seguintes: sessenta oitavas
nos Registos das Abobras, Juguari, e Pitangui; quarenta nos do Zoba
lé, e Onça; sessenta em cada hum dos de Nazareth, e Olhos de Agoa;
quarenta no de Santo Antonio; e igual quantidade no de Santa Isabel;
sessenta nos da Comarca do Serro do Frio; cento e cincoenta no de
Capivari, trezentas no da Parahibuna : mil no do Rio das Velhas;
duas mil no de Tabatinga; quatrocentas no de Campo Aberto; e em ca
da hum dos Registos de São Bernardo, das Tres Barras, do Pé da Ser
ra, e de São Bartholomeu duzentas oitavas de oiro: as quaes nunca po
derão exceder-se por qualquer causa, ou pretexto, ainda qne seja o mais
apparente, e mais artificiosamente representado; por quanto a Minha
Paternal, e Régia Providencia tem já acautelado os meios mais propor
cionados a supprir toda, e qualquer falta, que possa haver, de ouro par
486 1757

ra as extraordinarias permutações dos viandantes nos casos de concorre


rem em maior número, mandando, que tambem se fizessem com moe
das Provinciaes de prata, e cobre, que os referidos Contratadores de
vem ter prevenidas para os Comboyeiros, que entrarem, fazendo pagar
aos que sahirem, nas Capitaes dos destrictos, onde distrahirem os gene
ros, trazendo dellas as descargas necessarias para mostrarem nos Regis
tos da sahida, que deixão, pagos os direitos das cargas, que houverem
introduzido. E todo o ouro em pó, que exceder as quantidades declara
das neste Alvará, Sou outro sim Servido Ordenar, que immediatamente
á publicação delle, se recolha ao cofre, que na conformidade das Minhas
Reaes Ordens deve haver em cada huma das Casas dos Registos das en
tradas: que o Fiel, que nella he obrigado a rezidir diariamente, tenha
particular cuidado de o fazer remetter nos termos, que lhe forem conce
didos pelos Governadores dos destrictos á Casa da Fundicção da Co
marca respectiva com a arrecadação necessaria, para mella se fundir, e
reduzir a barras E sendo achadas fóra dos cofres dos Registos, ou de
morando-se nelles além dos termos ordenados pelos respectivos Governa
dores na sobredita fórma, maiores quantidades de ouro em pó, que as
permetidas, incorrerão os referidos Contratadores, ou seus Administra
dores, e Oficiaes da Minha Real Fazenda, além das penas estabelecidas
pela dita Lei de tres de Dezembro de mil setecentos e cincoenta contra
as pessoas, que descaminhão ouro em pó para fóra dos Registos, nas de
privação de seus Oficios, de inhabilidade para entrar em outros de Jus
tiça, ou Fazenda, e de seis annos de degredo para Angola.
Pelo que: Mando ao Presidente, e Conselheiros do Conselho Ul
tramarino, Governadores das Relações da Bahia, e Rio de Janeiro, Vi
ce-Rei do Estado do Brazil, Governadores, e Capitães Generaes, e quaes
quer outros Governadores do mesmo Estado, aos Ouvidores, Provedo
res, e mais Ministros, Oficiaes, e pessoas do referido Estado, que cum
prão, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar este Meu
Alvará, como nelle se contém: o qual valerá como Carta passada pela
Chancellaria, posto que por ella não passe, e ainda que o seu efeito ha
ja de durar mais de hum anno, não obstantes as Ordenações, que dis
poem o contrario; e sem embargo de quaesquer outras Leis, ou Dispo
sições, que se opponhão ao conteúdo neste, as quaes Hei tambem por de
rogadas para este efeito sómente, ficando quanto aos mais em seu vigor:
e este se registará em todos os lugares, onde se costumão registar seme
lhantes Alvarás, mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Escri
to em Belém aos 15 de Janeiro de 1757. = Com a Assignatura de El
Rei, e a do Ministro, -

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios da Ma


rinha, e Dominios Ultramarinos no Livro I. onde
se registão semelhantes Alvarás, e impr. avulso. #

# #*<>"+ + *

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presentes as excessivas usuras, que algumas pessoas cos
tumão levar do dinheiro, que emprestão a juro, e a risco para fóra do
Reino, com os afectados pretextos de lucro cessante, damno emergem
1757 487

te, cambio maritimo, e outros semelhantes, de que resulta grave pre


juizo ao commercio interior, e externo dos Meus fiéis Vassallos, e ao
Bem commum dos Meus Reinos, que tanto procuro proteger; sem que
as repetidas Leis incorporadas nas Ordenações do Reino, e Extravagantes,
que até agora se publicárão sobre esta materia, fossem bastantes para
extirpar tão illicitas, e perniciosas negociações: e querendo occorrer aos
gravissimos damnos, que dellas resultão; com o parecer de muitos Mi
nistros do Meu Conselho, e de outras pessoas doutas, e zelosas do ser
viço de Deos, e Meu, que houve por bem consultar sobre esta materia,
mandando-a examinar com o mais serio, e exacto cuidado: Sou Servido
Ordenar, que nestes Reinos, e seus Dominios, se não possa dar dinhei
ro algum a juro, ou a risco, para a terra, ou para fóra della, que exce
da o de cinco por cento cada anno; prohibindo igualmente o abuso pra
ticado entre alguns Homens de Negocio, de darem, e tomarem dinheiro
de emprestimo com o interesse de hum por cento cada mez. O que tu
do prohibo, não só debaixo das penas estabelecidas pela Ordenação do
livro quarto titulo sessenta e sete, contra os usurarios; mas tambem , de
que os Taballiães, que fizerem Escrituras, em que se estipule interesse
maior, que o referido, de cinco por cento, incorrerão no perdimento dos
seus Oficios, sendo Proprietarios; ou na estimação, e valor delles, sen
do Serventuarios; e serão degradados por seis annos para o Reino de An
gola. No mesmo degredo incorrerão tambem cumulativamente as pessoas,
que derem dinheiro contra o estabelecido nesta Lei, ou seja por Escri
tura pública, ou por Escrito particular, ou ainda por convenção verbal.
E de todos os sobreditos Taballiães, e pessoas, que transgredirem esta
prohibição, se poderá denunciar em público, ou em segredo; nesta Cor
te, perante o Desembargador Juiz Conservador Geral da Junta do Com
mercio; e fóra della, perante qualquer Juiz criminal dos Meus Reinos,
e Senhorios, com Aggravo, ou Appellação, para os Juizes dos Feitos da
Fazenda. Aos denunciantes publicos, ou particulares, pertencerá ameta
de das penas civeis; applicando-se a outra ametade para as despezas da
Relação, onde as causas forem sentenciadas em ultima instancia.
E para que esta Lei se não fraude debaixo dos maliciosos pretex
tos, que se costumão maquinar contra semelhantes prohibições: Estabe
leço, que pessoa alguma, que emprestar dinheiro a juro, a risco, ou a
qualquer outro interesse, para commercio maritimo, não possa empres
tallo por menos tempo de hum anno, contado contínua, e successivamen
te do dia da obrigação. Della não poderá resultar acção para o mesmo
dinheiro emprestado ser pedido antes de se achar completo o referido an
mo, nem menos se poderá fazer pagamento algum, que seja válido, ain
da no caso de ser feito depois de se haver findado o anno do empresti
ano, se não na mesma Praça, onde o dito emprestimo se houver celebra
do; nem entre as pessoas, que derem, e tomarem dinheiro a juro, para
se applicar ao mesmo commercio maritimo, se poderá fazer contrato de se
guro para dentro do Reino, ou para fóra delle: tudo debaixo das mes
mas penas, que deixo ordenadas: Nas quaes incorrerão em cada hum
dos sobreditos casos só não as partes contratantes, mas tambem cumulati
vamente, in solidum todos, e cada hum dos Procuradores, e Commissa
rios, que cobrarem, receberem, endoçarem, ou por qualquer modo in
tervierem nas referidas fraudes. - . * ..…
- * Porém as sobreditas prohibições não haverão por ora lugar no com
mercio, que se faz destes Reinos para a India Oriental: e se não pode
rão executar as penas estabelecidas para a sua observancia, em quanto
488 1757
<
não voltarem para este Reino as primeiras Frotas, e Esquadras, que
delle partirem para os Pórtos do Brazil.
E para que tudo se observe, e execute na maneira assima decla
rada: Hei por bem derogar de Meu Motu proprio, certa Sciencia, Po
der Real pleno, e Supremo, todas as Leis, Disposições de Direito com
mum, e opiniões de Doutores em contrario; ficando aliás sempre em
seu vigor. |- •

Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Rege


dor da Casa da Supplicação, Governadores da Casa do Porto, e das Re
lações da Bahia, e Rio de Janeiro, e a todos os Desembargadores, Cor
regedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, Justiças, e Oficiaes destes
Meus Reinos, e Senhorios, cumpräo, e guardem, como nelle se con
tém, este Meu Alvará, que valerá como Carta passada pela Chancella
ria, ainda que por ella não passe, e que o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, não obstantes as Ordenações em contrario: E este se re
gistará em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis,
mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém aos
17 do mez de Janeiro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei , e a
Ministro. -

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no livro do Conselho da Fazenda a fol. 56, e
no livro da Junta do Commercio a fol. 102., e impr.
avulso. • .….

# #«.<>a?) 4

T Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor. = Sendo presente a Sua Mages


gestade os muitos roubos, e homicidios, que se tem commettido na Ci
dade de Lisboa nestes ultimos dias. Tomando em séria consideração a
deshumanidade daquelles insultos perpetrados contra os seus Vassallos,
aflictos na mesma Capital do Reino, que achando-se ainda arruinada não
póde permittir aos seus habitantes outra segurança, que não seja a que
tiverem á sombra das Leis, e da sua indefectivel observancia: E haven
do mostrado a experiencia, que a dilação no castigo de tão detestaveis
delictos só serve de animar tão prejudiciaes delinquentes: He o mesmo
Senhor Servido excitar a inviolavel observancia dos dous Decretos de
quatro de Novembro de mil setecentos cincoenta e cinco, para que se
proceda na fórma delles até segunda Ordem Régia, assim a respeito dos
roubos feitos dentro na Cidade de Lisboa, e seus suburbios huma legoa
ao redor della; como nos homicidios feitos com armas curtas, ou de fo
go. E que Vossa Excellencia recomende a guarda dos diferentes Bairros
della, e o exame das pessoas, que nelles vivem, aos Ministros a cujo
cargo está a sua Inspecção, com os Adjuntos menos graduados, que jul
gar lhes são necessarios; aos quaes todos, e a cada hum delles, para se
rem auxiliados pelas Tropas da guarnição dessa Cidade, logo que em no
me de Sua Magestade pedirem o dito auxilio: Foi o mesmo Senhor Ser
vido mandar passar ao Marquez Estribeiro Mór, Governador das Armas
desta Provincia, a Ordem de que a Vossa Excellencia remetto cópia,
para que tambem na conformidade della obrem os ditos Ministros Inspec
tores de acordo com os Coroneis, ou Commandantes dos Regimentos: O
que tudo participo a Vossa Excellencia de Ordem do mesmo Senhor, pa

1757 489
ra que assim o faça executar, Deos guarde a Vossa Excellencia. Palma
27 de Janeiro de 1757. = Senhor Duque Regedor. = D. Luiz da Cu
nha.
Impresso avulso.

# **@"+ #

I llustrissimo e Excellentissimo Senhor. = Sendo presente a Sua Magesta


de os muitos roubos, e homicidios, que nestes ultimos dias se tem com
mettido nessa Cidade de Lisboa, para haver de os fazer cessar, e evitar
a bem da segurança dos seus Vassallos habitantes della. Foi o mesmo Se
nhor Servido mandar passar ao Duque Regedor a ordem, e de que a Vos
sa Excelencia remetto cópia; e para o dito fim he outro sim Servido or
denar, que dos Regimentos, que se achão aquartelados nos arrebaldes
dessa Cidade tanto de Infantaria, como de Cavallaria, mande Vossa Ex
cellencia formar córpos de guarda, e sahir rondas para os sitios, e pelos
districtos, que se julgar mais conveniente pelos Ministros, a cuja Ins
pecção está a guarda dos diversos Bairros della, e seus suburbios, no que
obrarão de acordo com os Coroneis, ou Commandantes dos mesmos Re
gimentos, para que os ditos córpos de guarda, e rondas; como ainda os
mesmos Coroneis, e mais Oficiaes com o grosso de seus Regimentos res
pectivos auxiliem os ditos Ministros todas as vezes, que qualquer delles
assim lho requerer da parte da Sua Magestade: O que participo a Vos
sa Excelencia de Ordem do mesmo Senhor, para que logo o faça exe
cutar. Deos guarde a Vossa Excelencia. Palma 27 de Janeiro de 1757.
= Senhor Marquez Estribeiro Mór. = D. Luiz da Cunha.

Impr, avulso.

# ** Orººk #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
presente em Consulta da Junta do Commercio dos Meus Reinos, e Do
minios, que no Capitulo dezanove dos Estatutos, que fui Servido esta
belecer para o seu governo, se havia omitido a clara expressão de al
gumas das contribuições, que para as despezas da mesma Junta se de
vem pagar, não obstante, que se houvessem ennunciado nos paragrafos
quatro e cinco do Capitulo dez dos sobreditos Estatutos; e isto ao mes
mo tempo em que era notorio, que pelos interessados nos Navios, que
vem dos pórtos do Brazil, e de fóra delles, se fazião a titulo das gratifi
cações, que fui Servido prohibir, despezas muito maiores, do que asso
breditas contribuições omittidas: Accrescendo a tudo não só serem as
que se achão declaradas, muito diminutas para as despezas da referida
Junta, que antes se tinhão considerado; mas tambem as que ultimamen
te lhe augmentou a nomeação dos dous Deputados representativos da Pra
ça do Porto: Hei por bem declarar, que as carregações, que vierem do
Brazil, ou de qualquer outro porto da America, ou da Europa, por Meus
Dominios, ou fóra delles, além das contribuições, que se achão expres
sas no dito Capitulo dezanove, devem. Pºs"? mais ao Cofre da referi
qq
49() • • 1757

da Junta para os ordenados dos Procuradores dos Navios, e para as on


tras despezas accrescidas, vinte réis por cada rolo de tabaco; dez réis por
cada quintal de pescado seco; oito réis por cada couro em cabello , ou
sem elle; dous réis por cada atanado; e hum real por cada meio de solla.
As quaes contribuições se pagarão em todas as Alfandegas, e Casas de
despacho das Cidades de Lisboa, e Porto, e em todas as mais Alfande
gas dos pórtos deste Reino, e do Algarve, com a mesma fórma de arre
cadação, que para elles se acha estabelecida. E este se cumprirá como
nele se contém sem alteração, nem diminuição alguma.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Rege
dor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Presiden
tes do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, De
sembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e pessoas de Meus Rei
nos, e Senhorios, que assim o cumpräo, e guardem, e fação inteiramen
te cumprir, e guardar, sem dúvida nem embargo algum, não obstantes
quaesquer Leis, Regimentos, ou Disposições contrarias, quaesquer que
ellas sejão, que todas Hei por derogadas para este efeito sómente , fi
cando aliás sempre em seu vigor. E Hei por bem, que este Alvará va
lha como Carta, ainda que não passe pela Chancellaria, e posto que o
seu efeito haja de durar mais de hum anno, e sem embargo das Orde
nações do livro segundo, titulo trinta e nove, e quarenta em contrario.
Dado em Salvaterra de Magos a 6 de Fevereiro de 1757. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino |


no livro da Junta do Commercio destes Reinos, e
seus Dominios a fol. 107., e impr, avulso.

# #*<>"+ #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem: Que, sendo-Me
presente a boa administração com que o Provedor, e Deputados da Jun
ta da Companhia Geral do Grão Pará, e Maranhão, tem adiantado o es
tabelecimento da mesma Companhia em serviço de Deos, e Meu, e em
eommum beneficio dos Meus fiéis Vassallos: Attendendo ao louvor , e
Prémio, que merecem os que com fidelidade, e zelo se empregão em tão
uteis, e necessarias obras: E por folgar por estes, e outros motivos, de
lhes fazer mercê. Hei por bem ampliar os Privilegios, que na Instituição
da mesma Companhia fui Servido conceder-lhes, extendendo-os na ma
neira seguinte:
. Item: Porque no Paragrafo sete da referida Instituição se acha
reduzido o Privilegio de Juiz privativo ao Provedor, Deputados, Conse
lheiros, Secretario, Provedor dos Armazens, Escrivães , e Caixeiros,
em quanto exercitassem: Estabeleço, que da publicação deste em dian
te gozem do mesmo Privilegio não só as referidas pessoas, ainda depois
de haverem acabado os seus respectivos ministerios, e empregos; mas
tambem igualmente, e sem diferença alguma, todos os Accionistas, que
se interessarem na mesma Companhia com dez Acções, e dahi para ci
ma; preferindo este Privilegio a todo, e qualquer outro, ainda que se
ja mais antigo, e incorporado em Direito, como o dos Moedeiros; e ex
ceptuando se sómente aquelles, que forem fundados em Tratados públi
I757 49 |

cos, ou estabelecidos pela Ordenação do livro segundo, titulo cincoenta


C, I)OVC. · .. … … " ...… , , * * * * * .. … , º

1 Item : Ordeno que a Aposentadoria activa, e passiva, de que se


tratou no Paragrafo nove da mesma instituição, se extenda tambem aos
Familiares domesticos do Provedor, Deputados, Conselheiros, e mais
Oficiaes da mesma Companhia, que sem dolo, nem malicia os servirem
das suas portas para dentro: Conservando as pessoas, que occuparem os
referidos empregos, ainda depois de haverem sahido delles, o sobredito
Privilegio; do qual gozarão da mesma sorte os Accionistas, que na Com
panhia tiverem dez mil cruzados de interesse, ou dahi para cima. E por
que o referido indulto Hei por bem que tenha lugar em qualquer parte
destes Reinos, e seus Dominios, onde os sobreditos Officiaes exercitarem
os seus ministerios, e empregos, posto que pelo que pertence á Aposen
tadoria activa sómente, devem usar delle em quanto os exercitarem:
Sou Servido, que na Cidade de Lisboa seja delle Juiz o Conde Aposen
tador Mór da mesma Cidade; o Juiz Conservador da dita Companhia no
districto da Casa da Supplicação; no da Casa do Civel, da Casa do Porto,
o Chanceller ou quem seu cargo servir; e nos Dominios Ultramarinos
os Ministros, e Juizes das terras, a quem se requerer.
Item: Determino que os sobreditos Provedor, Deputados, Conse
lheiros, Administradores, e Caixeiros da mesma Companhia, em quan
to exercitarem os sobreditos empregos, não possão ser obrigados a ser
vir contra suas vontades Oficio algum de Justiça, ou Fazenda, nem car
gos dos Conselhos, nem ainda a cobrar fintas, imposições, tributos, ou
quaesquer outros Direitos, nem a ser Depositarios delles.
Item: As pessoas que servem, e servirem os ditos empregos da
Companhia, e que nella são, ou forem interessadas com dez Acções, ou
dahi para cima; em quanto nella servirem, e taes Acções tiverem, go
zarão do Privilegio de Nobres; não só para o efeito de não pagarem ra
ções, oitavos, ou outros encargos pessoaes das fazendas, que possuirem
nas terras, onde pelos Foraes sómente são obrigados os Peões a pagar os
referidos encargos; mas tambem para sem dispensa de mecanica recebe
rem os Habitos das Ordens Militares: Com tanto, que ao tempo, em
que os houverem de receber, não tenhão exercicios incompativeis com
a Nobreza; e que esta graça, e a da Aposentadoria sejão sómente pes
soaes a favor dos originarios Accionistas, sem que delles possão passar
ás pessoas, que por venda, cessão, ou qualquer outro titulo lhes succe
derem nas ditas Acções originarias, e da prinitiva fundação da sobre
dita Companhia. • +

- E este se cumprirá como nelle se contém, debaixo das mesmas


clausulas, e condições conteúdas no outro Alvará de sete de Junho de
Inil setecentos e cincoenta e cinco, pelo qual fui Servido confirmar o es
tabelecimento
guamento algum.da sobredita
__ •
Companhia, sem restricção, alteração, ou min

Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Rege


dor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Presi
dentes do Conselho do Ultramar, e da Meza da Consciencia, e Ordens,
e bem assim aos Governadores da Casa do Civel, e das Relações da Ba
hia, e Rio de Janeiro, Vice-Rei, Capitães Generaes do Brazil, Ouvi
dores Geraes, e a todos os Desembargadores, Corregedores, Juizes, e
Justiças de Meus Reinos, e Senhorios, que assim o cumprão, e guar
dem, e fação cumprir, e guardar sem dúvida, nem embargo algum, não
admittindo requerimento, que impida em # ou em parte o efeito
qq 2
492 1757

deste, que Hei por bem valha como Carta passada pela Chancellaria sem
por ella passar, sem embargo das Ordenações do livro segundo, titulo
trinta e nove, e quarenta em contrario, e posto que o seu efeito haja
de durar mais de hum anno. Dado em Salvaterra de Magos a 10 de Fe
vereiro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
; c - }

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, do livro da Companhia Geral do Grão Pará,
e Maranhão a fol. 68 vers., e impr. avulso.

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* • -* - - *# - 5 - *

Jasº Pacheco Pereira de Vasconcellos, Desembargador do Paço, e do


Meu Conselho, Amigo, EU ELREI vos envio muito Saudar: Sendo-Me
presente que na manhã do dia vinte e tres do corrente mez de Feverei
ro succedeo na Cidade do Porto, animarem-se algumas pessoas, esque
cidas da Religião, e da fidelidade, em que os Meus Vassallos se distin
guem, a induzirem com a sua malicia huma grande parte da Plebe igno
rante da mesma Cidade, que, instigada pelas vozes dos que a concitarão,
constituio hum Motim, e Sedição tão temeraria, que, depois de haver
tirado o Juiz do Povo Manoel de Sequeira da casa em que se achava,
foi com elle á testa, para lhe servir de pretexto, invadir a casa do De
sembargador Bernardo Duarte de Figueiredo, Corregedor do Crime, a
cujo cargo está o Governo daquella Relação, insultando-o, e violentando-o
até chegar a forçallo com atrevidas vozes, e ameaças, a dar por acabada
a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, que he
da Minha immediata, e Régia Protecção pelo Alvará de Lei, com que
fui Servido confirmalla em fórma eficaz com tão grande beneficio dos Meus
fiéis Vassallos das Provincias da Beira, Minho, e Traz os Montes, e da
mesma Cidade, onde succedeo o insulto, que por isso causaria nella, e
nas ditas Provincias adjacentes mais horroroso escandalo: Passando a tan
to o excesso dos mesmos sublevados; que não só se atreverão a prescre
ver Leis ao mesmo Ministro Presidente da dita Relação, e a forçallo a
a fazellas afixar, e publicar por Bandos para o dito efeito, e para os de
se de por o dito Juiz do Povo Manoel de Sequeira, e se constituir no seu
lugar outro por nome Thomaz Pinto, e para se fecharem as Tavernas
da mesma Companhia, e se devassarem os Armazens della; mas, con
tinuando ainda em accumular absurdos a absurdos, forão assaltar as ca
sas do Provedor da mesma Companhia Luiz Belleza de Andrade, que
brando-lhe as portas, e janellas ás pedradas, e despedaçando-lhe não só
os móveis, e alfaias da mesma casa, mas até os Livros, e papeis da re
ferida Companhia, que descançava segura á sombra da Minha immedia
ta Protecção; e procurarão arruinar assim ao mesmo tempo o cabedal
dos Accionistas, e interessados nella. O que tambem pertenderão exe
cutar nas casas do Secretario da mesma Companhia, e de alguns dos De
putados della. E tomando Eu esta sediciosa ousadia na séria considera
1757. 493

ção, de que se fazem dignos, delictos tão atrozes, e tão desusados en


tre os Meus Vassallos, que sempre se fizerão louvaveis na fidelidade º C
na obediencia, que forão violadas pelos sobreditos insultos: Para que o
escandalo delles césse pela execução de hum prompto, e severo castigo,
que sirva de exemplo aos máos, e de satisfação aos bons, e fiéis Vassallos
no horror, que lhes causárão tão insolitos factos : Sou Servido Ordenar-vos
que, passando logo, sem interrupção de tempo, á dita Cidade do Porto,
abrindo nella immediatamente que chegares, huma exacta Devaça, á
que esta sirva de corpo de delicto: E averiguando particularmente com
o cuidado, e zelo do serviço de Deos, e Meu, que confio de vós, os Car
beças, e Réos dos referidos Crimes, os prendais logo, ainda antes da
eulpa formada; os processeis, como tambem a todos os mais culpados,
em Processos simplesmente verbaes, e summarissimos, pelos quaes cons:
te do méro facto da verdade da culpa, observados só os termos de Di
reito Natural, sem attenção ás formalidades Civís, que todas Hei por
dispensadas por esta vez sómente, e sem limitação de tempo, nem de
terminado número de testemunhas; porque todas as vezes que houver
prova bastante para por ella procederes, sentenceareis a cada hum dos
Réos, que achares culpados; proferindo as sentenças na casa em que se
faz a Relação; sendo nellas Juiz Relator, e convocando para Adjuntos
os Ministros da mesma Relação, que necessarios forem no número, que
por Minhas Leis se acha estabelecido para as Cansas desta qualidade fa
zendo executar as Sentenças no mesmo dia, que se proferirem irremissi=
velmente. Para os casos de empate, ou para qualquer outro incidente da
referida Alçada, qualquer que elle seja, que necessite de nomeação de
Juizes, ou de Commissão, ainda especial, e immediatamente emanada
da Minha Real Pessoa, convocareis, e elegereis os Ministros, que jul
gares mais proprios: e isto não só na referida Cidade do Porto, mas em
todo o Territorio daquella Relação. Para Escrivão desta Alçada Hei por
bem nomear o Doutor José Mascarenhas Pacheco Pereira Coelho de Mel-.
lo, a quem tenho feito a mercê de hum lugar de Desembargador da Ca
sa da Supplicação do qual vestirá logo a Béca, dispensando-o em todo,
e qualquer impedimento, que se lhe considere para servir comvosco. E Hei
outro sim por bem, que nos casos de impedimento seu possais nomear,
para continuar a Devaça, e mais diligencias da mesma Alçada, qualquer
outro Desembargador, que vos parecer mais apto, como tambem para
nomeares todos os Oficiaes que necessarios forem para expedição das di
ligencias da sobredita Alçada; ou sejão dos Oficiaes, que se acharem em
actual exercicio, os quaes todos executarão vossos mandados; ou sejão
pessoas particulares, ás quaes neste caso dareis o juramento. Em quanto
durar a mesma Alçada vencereis, desde que sahires desta Corte até vos
recolheres a ella: oito mil réis# dia, quatro mil réis o Ministro, que
servir de Escrivão; e os outros Oficiaes a cruzado por dia, nos que es
tiverem na terra; e oito tostões nas diligencias, de que forem encarre
gados fóra das Portas da Cidade, cujas despezas serão pagas pelos bens
dos culpados, havendo-os, e não os havendo, Mo fareis saber, para
dar sobre esta, materia a competente providencia. O que tudo executa
reis na sobredita fórma; não obstante quaesquer Leis, Disposições de
Direito Commum, e do Reino, ou costumes contrarios, que todos Hei
por derogados para este efeito sómente. Escrita em Belém a 28 de Fe
vereiro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei. = Para João Pache
co Pereira, Desembargador do Paço, e do Meu Conselho.
Impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.
494 1757

+ # -->";k #

B Ernardo Duarte de Figueiredo, Corregedor do Crime, a cujo cargo


está o Governo da Relação, e Casa do Porto: EU ELREI vos envio
muito Saudar. Com o motivo da Informação, que Me dirigistes em Car
ta de vinte e tres do corrente sobre a commoção, que alguma parte do
Povo dessa Cidade havia feito nella no referido dia: Fui Servido nomear
João Pacheco Pereira de Vasconcellos, Desembargador do Paço, e do
Meu Conselho, para que, passando logo á mesma Cidade, conheça nel
la privativamente de tudo o que pertencer á dita commoção, e todos
seus incidentes e dependencias, até restabeler entre todos os habitantes
da sobridita Cidade a paz pública, e a perfeita harmonia, que não podião
deixar de ficar em grande perturbação depois de huma semelhante desor
dem: Fazendo o dito Ministro o seu Despacho de tarde na mesma Casa,
em que se faz o dessa Relação: Convocando entre os Ministros Togados
della os que bem lhe parecer para expedirem com ele os negocios da
referida Commissão: Estabelecendo para elles na sobredita Casa huma
Meza separada: E tomando nella o lugar de Presidencia em cadeira de
espaldas. O que tudo Me pareceo participar-vos, para que assim o te
mhais entendido, e façais executar, pelo que vos pertence. Escrita em
Belém a 28 de Fevereiro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei. =
Para Bernardo
go está Duarte
o Governo de Figueiredo,
da Relação, e Casa Corregedor
do Porto. do Crime, a cujo car •

Impr. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

*-+.…>, ºk k

* * * *

J Oão Pacheco Pereira de Vasconcellos, Desembargador do Paço, e do


Meu Conselho, Amigo. EU ELREI vos envio muito Saudar. Por quan
to para os incidentes, e dependencias da Commissão, de que vos tenho
encarregado na Cidade do Porto, de conheceres privativamente de tu
do, o que pertencer á commoção, que huma parte do Povo da mesma
Cidade fez no dia vinte e tres do corrente, de restabeleceres entre todos
os habitantes della a paz pública, e a perfeita harmonia, que não podião
deixar de ficar em huma grande perturbação depois daquella desordem;
poderá ser necessario expedires Ordens aos Ministros das Provincias do
Territorio daquella Relação, e ainda convocares á vossa presença alguns
delles nos casos occorrentes: Sou Servido conferir-vos toda a Jurisdicção ne
cessaria para os ditos efeitos, sem restricção alguma; ordenando que
todos os Ministros, a quem expedires as referidas Ordens, cumprão vos
sos mandados prompta, e exactamente, sub pena de suspensão, ipo fa
cto, dos seus Cargos até Minha mercê: e de ficarem responsaveis na Mi
nha Real Presença por toda a transgressão, ou omissão ao dito respeito.
E isto sem embargo de quaesquer Leis, Disposições de Direito, Privi
legios, ou Ordens em contrario, que todas Hei por derogadas para os
ditos efeitos para esta vez sómente, ficando aliás sempre em seu vigor.
1757 495

Belém a 28 de Fevereiro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei. =


Para João Pacheco Pereira, Desembargador do Paço, e do Meu Conse
lho.
Impr. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

# # <># #

I Lºuisimº e Excelentissimo Senhor. = Sua Magestade Manda re


meter ao Conselho da Fazenda a petição e documentos juntos do Mon
teiro Mór, e Monteiros pequenos, e mais Officiaes das Coutadas e Mon
tarias da repartição da Villa de Santarem, para que se lhe defira na fór
ma, que pedem, passando-se-lhe as ordens necessarias para que tenhão
a devída observancia os seus Privilegios na fórma que nelles se declara.
O que Vossa Excelencia fará presente no Conselho pára que assim se
execute. Deos Guarde a Vossa Excelencia. Paço de Belém 2 de Março
#nhão.
1767. = Thomé Joaquim da Costa Corte Real. = Senhor Conde de

Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I, dos De


cretos, e Avisos a fol. 16., verso.

# #«…>,4 #

J Uiz, Vereadores, e Procurador da Camara da Cidade do Porto: =


EU ELREI vos invio muito saudar. Com o motivo da informação, que
Me chegou por vós, e pelo Corregedor do Crime, a cujo cargo está o
Governo dessa Relação, sobre o Tumulto, que alguma parte do Povo des
sa Cidade havia feito nella em vinte e tres de Fevereiro proximo prete
rito: Fui Servido nomear João Pacheco Pereira de Vasconcellos, De
sembargador do Paço, e do Meu Conselho, para que passasse logo á
mesma Cidade, e conhecesse nella da dita commoção, até restabelecer
entre os seus habitantes a paz pública, e harmonia do Governo, que não
podião deixar de ficar em grande alteração, e perplexidade depois de hu
ma semelhante desordem: Convocando, e levando o dito Ministro o au
xilio Militar competente, para conservar a sua authoridade, em quanto
durar a dita Commissão. E porque a natureza de hum tal caso, e a in
dispensavel necessidade que delle resultou, de occorrer com a Minha
Real Protecção á saude pública dos Meus fiéis Vassallos, que, formando
a parte principal da mesma Cidade, não forão comprehendidas na dita
commoção, constitue huma Lei suprema, que faz cessar todas as outras
Leis, e todos, e quaesquer privilegios, em quanto dura huma tão gran
de, é pública urgencia: Me pareceo ordenar-vos, como por esta Orde
no, que pelo tempo, que residir nessa Cidade o sobredito João Pacheco
Pereira, deveis nella aquartelar todas as Tropas, que forem convocadas
em seu auxilio, para sustentação da sua authoridade: O que executareis
no que a vós tocar por esta vez sómente, sem embargo de quaesquer
Leis, Disposições, ou Indultos, ainda fundados em titulos onerosos, e
ficando tudo aliás sempre em seu vigor para os outros casos, em que não
occorrer hum tão urgente, e indispensavel motivo. E a João de Almei
496 1757

da e Mello, Coronel desse Regimento, a cujo cargo está o Governo das


Armas desse Partido, Mando Ordenar, que nos ditos aquartelamentos
se proceda com toda a regularidade, e disciplina Militar. Escrita em
Belém a 3 de Março de 1757. = Com a Assignatura de ElRei = Pa
ra o Juiz, Vereadores, e Procurador da Camara da Cidade do Porto.

Imp. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

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E U ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que considerando
o muito, que convem ao Meu Real serviço, e ao Bem commum dos
Meus Reinos, que a Nobreza delles tenha escólas proprias, para se ins
truir na Arte, e disciplina Militar, em que a especulação se faz inutil
sem huma quotidiana, e dilatada prática do que he pertencente ás obri
ções de cada hum dos que se empregão em hum tão nobre exercicio,
desde a primeira praça de Soldado gradualmente até os maiores, e ulti
mos póstos do Exercito, a que todos os que nelle entrão devem desde a
primeira hora aspirar pelos seus serviços, e merecimentos, com aquella
virtuosa emulação, que não poderia bem aproveitar para o accrescenta
mento, aos que a tivessem, se ignorassem as obrigações dos póstos de
que devem subir, para delles emendarem aos seus Subalternos nos erros
em que cahirem: Sou Servido ordenar o seguinte:
Em cada Companhia de Infantaria, Cavallaria, Dragões, e Arti
lheria poderão assentar praça tres Fidalgos, ou pessoas de nobreza co
nhecida, assim da Corte, como das Provincias, com a denominação de
Cadetes: Fazendo petição aos respectivos Directores, na qual lhes re
presentem, que pertendem servir de Cadetes no Regimento, que decla
rarem: E que os admitta a fazer as suas provas de Nobreza.
Logo, que o dito Director receber a referida petição do Coronel
do Regimento, onde o Supplicante aspira a servir, a despachará, orde
mando, que o mesmo Supplicante justifique a Nobreza, que allegar, pe
rante o Auditor geral da respectiva Provincia. O qual assignando-lhe
dous mezes para justificar por testemunhas, e documentos; e prorogan…
do quando fornecessario outros dous mezes com denegação de mais tem
po; examinará as referidas provas, e remetterá os Autos com o extracto
dellas, e com o seu parecer sobre a qualidade das testemunhas, e docu
mentos, ao Director, que houver despachado a petição para deferir ao
pertendente em Conselho com o Coronel, Tenente Coronel, Sargento
Mór, e Capitão mais antigo do dito Regimento; tendo o mesmo Dire
ctor voto de qualidade nos casos de empate.
Tendo os mesmos pertendentes o foro de Moço Fidalgo da Mi
nha Casa, e dahi para cima; ou sendo filhos de Officiaes Militares, que
tenhão, ou tivessem, pelo menos, a Patente de Sargento Mór pago; ou
sendo filhos de Mestres de Campo dos Terços Auxiliares, e das Orde
nanças; e justificando-o assim, serão recebidos por Cadetes, sem a ne
cessidade de outra alguma prova de ascendencia. Porém faltando-lhe as
ditas qualidades, serão obrigados a provar, que por seus Pais, e todos
seus quatro Avós tem Nobreza notoria, sem fama em contrario; e não o
mostrando assim claramente não serão recebidos. •

Nos casos em que sahirem approvados, expedirá logo o respecti


vo Director ao Coronel do Regimento, de que se tratar, huma ordem,
1757 497

na qual lhe signifique em termos expressivos, e breves: Que N. fez pe


rante elle as provas da sua Nobreza: Que vai servir de Cadéte no seu Re
gimento na Companhia de N.: E que como tal o faça reconhecer; e lhe
faça guardar as distincções, que lhe competem.
Por virtude da referida ordem mandará o Coronel, a quem ella
for dirigida, formar o Regimento. E apresentando na frente delle o no
vo Cadête, ordenará a todos os Officiaes, e Soldados, que o reconheção
por tal Cadete, e lhe observem as distincções abaixo declaradas. Depois
de feita esta diligencia, se o Regimento estiver em exercicio lho mandará
continuar; ou não o estando lhe ordenará, que se recolha.
Os sobreditos Cadétes usarão nos seus uniformes das mesmas de
visas, que trouxerem os Oficiaes; como Dragonas, e caireis de ouro,
ou de prata, se forem de lã as dos Soldados.
Entrarão em casa do General na salla, onde estiverem os Ofi
ciaes de Patente; assentando-se sempre que estes se assentarem, pondo
os chapeos sempre que elles se cobrirem; e sendo isentos de trazerem
bigodes.
Quando concorrerem com Sargentos, ou Furrieis se observará en
tre todos reciprocamente a politica de se não assentarem, nem pôrem o
chapeo huns delles, sem que os outros se cubrão, e assentem.
Quando os Generaes, e outros Commandantes mandarem sahir al
gumas partidas dos seus respectivos Regimentos para liligencias do Meu
Real Serviço (devendo estas ser mandadas por Sargentos, ou Furrieis)
para se exercitarem os Cadétes, e mostrarem o seu prestimo, e desemba
raço, se observará entre elles, e os sobreditos Furrieis, e Sargentos hu
ma alternativa tal, que por exemplo, sendo as partidas quatro, se man
dem por Commandantes de duas dellas a dous Cadétes, e das outras duas
a hum Furriel, e hum Sargento. Ainda que os sobreditos Cadetes na
Campanha devem, e costumão fazer hum ponto de honra de serem os pri
meiros, que dem exemplo a toda a sorte de trabalho; com tudo: Hei
por bem, que nos quarteis sejão isentos das guardas das cavallariças, e
das sentinellas, que ás portas das mesmas se costumão fazer.
Nenhuma pessoa poderá ser admittida para assentar praça de Ca
déte, tendo menos de quinze annos de idade, ou passando de vinte; po
rém os que forem recebidos nesta conformidade pelo mesmo facto da pra
ça, que assentarem, ficarão dispensados no tempo de serviço, para o ef
feito de que, antes delle ser completo, possão ser gradualmente nomea
dos nos póstos, como pelas Minhas Reaes Ordens está determinado.
E este se cumprirá em tudo, e por tudo como nelle se contém.
Pelo que: Mando ao Meu Conselho de Guerra, Governadores das Armas,
Mestres de Campo Generaes, e a todos, e quaesquer outros Oficiaes dos
Meus Exercitos, que assim o observem, e fação observar tão inteiramen
te, como por elle he ordenado, sem dúvida alguma, não obstantes quaes
quer Regimentos, Resoluções, ou Ordens em contrario, que todas Hei
por derogadas para este efeito sómente, como se dellas fizesse especial
menção, valendo este como Carta passada pela Chancellaria, posto que
por ella não ha de passar, e ainda que o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, sem embargo das Ordenações em contrario. Escrita em
Belém aos 16 de Março de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a
do Ministro.
Impresso avulso.

Rrr
498 1757

Por quanto nas ordens, que mandei expedir aos Directores da Infan
taria, e Cavallaria para exercitarem a sua jurisdicção se não achão ex
pressos os limites da que por elles deve exercitar-se: E porque da incer
teza della podem resultar dúvidas prejudiciaes ao Meu Real Serviço, e
á boa disciplina das Tropas: Sou Servido por ora, e em quanto se não
formar Regimento especial para estes importantes empregos, se observe
a respeito delles o seguinte. Não sendo os Directores, de que hoje se
trata, os Directorios subalternos, de que havião fallado as Ordenações
do anno de mil setecentos e oito, sujeitos aos Generaes das Provincias,
e por isso equiparados aos oficios da fazenda della; mas sim os outros
Directorios de ordem superior, que forão creados por ElRei Meu Senhor,
e Pai, que santa gloria haja, no seu Real Decreto de vinte e nove de
Março de mil setecentos trinta e cinco, para nelles terem exercicio o
Marquez de Tancos, Mestre de Campo General mais antigo, e Gover
nador das Armas do Exercito, e Provincia do Além-Téjo, e o Marquez
de Alorna, tambem Mestre de Campo General, e General de toda a
Cavallaria do mesmo Exercito; Declaro que os sobreditos Directores ac
tuaes forão desde a sua creação, e devem ser immediatos á Minha Real
Pessoa, e independentes de todos os outros Generaes das Provincias, e
ainda dos Governadores das Armas do Exercito onde se acharem, e pe
lo que pertence ás suas respectivas Inspecções, que sempre se reduzi
rão, e devem reduzir á disciplina, e economia das Tropas; sendo estas
por elles chamadas para os exercicios, e evoluções de que depende a dis
ciplina dos córpos militares, serão os Commandantes delles obrigados a
executar as ordens que a este respeito receberem dos referidos Directo
res, sem dúvida alguma; o mesmo praticarão quando por elles forem cha
mados para as revistas do estado dos Oficiaes, e Soldados, das Companhias,
dos uniformes, e dos armamentos dos sobreditos córpos: Executando in
violavelmente o que a estes respectivos for ordenado, e provído pelos re
feridos Directores: Observarão porém sempre em todos aquelles casos os
mesmos Commandantes a devída urbanidade que tambem praticarão des
de a creação dos actuaes Directores, e devem praticar daqui em diante:
qual he a de darem parte em cada vez que forem chamados com aquel
les motivos aos seus respectivos Generaes; não só para assim se conser
varem na observancia que lhe devem ; mas tambem para que no caso em
que hajão destinado a diferentes acções alguns Oficiaes, ou Soldados
dos Regimentos, que forem mandados pelos mesmos Directores, possão
em lugar delles nomear outros dos diversos Regimentos, que lhes ficarem
livres: A mesma attenção devem praticar os ditos Commandantes dos
Regimentos com os seus Generaes, quando voltarem dos exercicios, e
evoluções que fizerem, e das revistas que se lhe passarem, dando-lhes
parte do que nellas se houver estabelecido a estes respeitos; assim para
que os ditos Commandantes, retefiquem tambem por mais estes actos a
obediencia aos seus respectivos Generaes; como tambem para que estes
se achem sempre informados do verdadeiro estado das Tropas que devem
mandar. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido, e faça execu
tar por ora, e até nova ordem Minha, em que dê sobre esta materia a
mais ampla providencia, sem embargo de quaesquer Regimentos, Reso
1757 • 499

luções, ou Ordens em contrario, mandando logo participar este aos so


breditos Directores, e Commandantes das Provincias. Belém a 24 de
àMarço de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Impresso avulso.
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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
presente em Consulta da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, que no Capitulo setenta e dous, Paragrafo penultimo do Foral
da Alfandega, se manda, que os legumes, que vem para esta Corte de
qualquer dos Pórtos do Reino, paguem dez por cento na Meza da Por
tagem; e que pelo Regimento da Meza da Fruta se mandão pagar outros
dez por cento dos mesmos generos; quando os legumes, que entrão pela
Fós, e vem dos Reinos Estrangeiros, são isentos de todo o direito pelo
mesmo Capitulo setenta e dous, Paragrafo final do dito Foral: E queren
do favorecer os Meus Vassallos, animar os Lavradores, e adiantar a cul
tura das terras em beneficio do Bem commum, emendando esta desigual
dade: Sou Servido isentar de todos os direitos, e pensões, os legumes,
que de qualquer dos Pórtos do Reino vierem para esta Cidade, ou seja
dos que se transportão para ella do Riba-Téjo, como dos que entrão pe
Fós; conservando sómente a respeito destes ultimos o exame na Alfan
dega: E Hei por bem, que daqui em diante assim se execute, da mes
ma sorte, que se acha estabelecido pelo Alvará de doze de Junho de mil
setecentos e cincoenta a favor dos trigos, e legumes do Reino do Algar
ve, e das Ilhas, que pela disposição do dito Paragrafo penultimo do Ca
pitulo setenta e dous do Foral da Alfandega erão obrigados a pagar di
reitos. . . •

Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor


da Casa da Supplicação, Desembargadores, Juizes, Justiças, e mais
Oficiaes, a quem pertencer o conhecimento deste Alvará, o cumpräo,
e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente, como nelle
se contém, não obstantes quaesquer Regimentos, Leis, Foraes, Ordens,
ou Estilos contrarios, ficando aliás sempre em seu vigor. E valerá como
Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe, e o seu
efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação do
Livro segundo, Titulo trinta e nove, e quarenta: e se registará em to
dos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis, mandando o
Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém em o 1.° de Abril de
1757... = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. no livro da Junta do Commercio a fol. 116.


vers.; e impr. na Officina de Antonio Rodrigues Ga
lhardo. -

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Sendº M. presente, que na Alfandega de Lisboa se duvidão selar li


vres de Direitos de entrada as Peças de seda, que se fabricão nas ma
nufacturas destes Reinos, cujo adiantamento he tão util para o Bem com
mum dos Meus Vassallos, dando a huns os meios mais proprios para adian
Rrr 2
500 1757

tarem os seus cabedaes, e a outros louvaveis exercicios, para viverem


do honesto trabalho das suas mãos, que de outra sorte estarião na ocio
sidade, de que procedem os vicios, que infestão os Estados: Hei por
bem que todas as Peças de seda, que forem fabricadas nestes Reinos,
apresentando os Fabricantes dellas certidão passada por ordem da Junta
do Commercio, pela qual conste, que as referidas Peças de seda são com
efeito fabricadas nestes Reinos, e que são as mesmas identicas, que nel
les se houverem fabricado, sejão promptamente selladas com o sello da
referida Alfandega, sem pagarem outro Direito, ou emolumento, que
não seja o da pequena despeza da imposição do mesmo sello; e sem mais
diligencia, ou verificação, que a da sobredita certidão expedida por or
dem da Junta do Commercio. O Conselho da Fazenda o tenha assim en
tendido, e faça expedir os despachos necessarios, para assim se execu
tar, não obstantes quaesquer Regimentos, Foraes, Leis, Disposições,
ou costumes contrarios. Belém a 2 de Abril de 1757. = Com a Rubrí
ca de Sua Mahestade.
• Impr. na Officina de Miguel Rodrigues.

*-* ***@"+--+

J uiz,
Vereadores, e Procurador da Camara da Cidade do Porto: EU
ELREI Vos envio muito saudar. Pela vossa Carta de 28 de Março pro
ximo passado vi, que havieis dado, e tomado posse dos empregos, em
que vos nomeei, fazendo na Minha Real Presença as expressões de zelo,
e de fidelidade, que são proprias dos representativos de huma Cidade, que
tanto se distingue entre as dos Meus Reinos. Os mesmos sentimentos
espero, que vos hão de inspirar sempre toda aquella cooperação, que em
vós estiver, para se expiar hum corpo tão nobre, como o da mesma Ci
dade, da infamia, com que a maculou a sedição, que a excheo de horror
no dia vinte e tres de Fevereiro deste presente anno. E porque hum dos
meios, que julguei indispensaveis para os justos fins de separar os Meus
bons, e fiéis Vassallos, dos que pela sua rebeldia, e preversidade, se
fizerão indignos de tão honorifico nome; e de dar aos primeiros a satisfa
ção, que se lhes deve, pelo escandalo, que lhes causárão os segundos,
consistio no aquartelamento das Tropas, que mandei marchar para a mes
ma Cidade, e que nella tendes aboletado pelas casas dos moradores: Sou
Servido declarar-vos, que o maior pezo dos referidos boletos deve carre
gar, sobre os Bairros, donde sahirão as primeiras vozes do referido Tu
multo; de tal sorte que, por exemplo se a cada hum dos moradores dos
outros Bairros se distribuirem dous Soldados se distribuirão quatro aos da
quelles districtos, donde sahírão os A motinadores. E tereis entendido,
que as referidas Tropas devem ser provídas pelos Patrões das casas, on
de tiverem os boletos, de tudo o necessario para seu diario alimento; e
que o pagamento dos Soldados, e Munições de Guerra, de que necessi
tarem, deve ser feito por contribuição da Cidade, na qual serão tambem
sempre mais gravados os sobreditos Bairros, onde teve seus principios o
Tumulto. Não podendo a necessaria satisfação da Minha indefectivel Jus
tiça dispensar a Minha Real Benignidade desta demonstração, e das
mais abaixo declaradas, ainda sendo extensivas as mesmas pessoas, que
não sahirão de suas casas, nem tiverão parte no Motim; porque no caso
de huma Rebelião tão injuriosa ao nome Portuguez, e tão desusada nes
1757 501

tes Reinos, cujos Vassallos servirão sempre de exemplo, e de emulação


na obediencia, e na fidelidade aos Senhores Reis delles, devião todos os
Moradores da Cidade ajuntar-se ás Minhas Tropas, e ás Minhas Justi
ças, para que na união dellas dissiparem, prenderem, e entregarem ao
suplicio os Autores, e os sequazes de tão execrando delicto: Sou outro
sim Servido que, visto o ser constante, que a Plebe dessa dita Cidade
foi a que manifestou a ousadia, que causou tão notavel escandalo; do
dia, em que receberes esta, em diante não haja mais exercicio, ou elei
ção dos vinte e quatro, dos Mesteres dessa Cidade, nem dos quatro Pro
curadores delles, que na Camara costumavão estar, para entenderem nas
materias do Governo Economico della; porque huns, e outros ficarão ex
tinctos, como se nunca houvessem existido; e as suas casas devassadas,
para nellas se aposentarem, como em qualquer outra das terras destes
Reinos. E isto sem embargo de quaesquer, Privilegios, ou Sentenças,
que tenhão a seu favor: porque todos, e todas Hei por rescindidas, cas
sadas, e de nenhum efeito. O que tudo assim cumprireis sem dúvida,
ou embargo algum: confiando da vossa lealdade, que obrareis, com tão
ardente zelo no que a vós tocar, para a extincção do referido delicto,
que Eu tenha muito que vos louvar, e essa Cidade, que vos agredecer,
vendo-se pela vossa boa administração restituida ao seu antecedente lus
tre. Escrita em Belém a 10 de Abril de 1757. = Com a Assignatura de
ElRei. = Para o Juiz, Vereadores, e Procurador da Camara da Cida
de do Porto.… º •

|- Impr na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.


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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
presente em Consulta da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, a necessidade que ha de se estabelecer preço aos fretes, que se de
vem levar pelos couros, atanados, e solla, que vem para este Reino,
dos Estados do Brazil, nas Frotas da Bahia, Rio de Janeiro, e Pernam
buco, para o fim de se evitarem as grandes dúvidas, e desordens, que
tem havido, entre os Carregadores destes generos, e os Mestres dos Na
vios, visto, que no Regimento de dezaseis de Janeiro de mil setecentos
cincoenta e hum, que Fui Servido estabelecer para os fretes das mer
cadorias do Brazil para este Reino, não forão incluidos os sobreditos ge
neros, sendo nelle, e no Alvará de vinte de Novembro proximo passa
do, o Meu Real objecto a igualdade que deve haver nos fretes, sem dif
ferença de pórtos. Hei por bem, que dos pórtos da Bahia, Rio de Ja
neiro, e Pernambuco, para qualquer dos pórtos do Reino, se não possa
levar de frete por cada couro em cabello, mais de trezentos réis; por ca
da hum de atanado quatrocentos réis, e por cada meio de solla duzen
tos réis: E para que tenhão seu devido efeito os referidos preços: Hei
por bem estabelecellos debaixo das penas determinadas no Alvará de
vinte e nove de Novembro de mil setecentos cincoenta e tres, que Fui
Servido estabelecer contra os transgressores de semelhantes Leis.
… Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor
da Casa da Supplicação, Desembargadores, Juizes, Justiças, e mais
Oficiaes, a quem pertencer o conhecimento deste Alvará, o cumprão,
e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente como nelle
502 1757

se contém, não obstantes quaesquer Regimentos, Leis, Foraes, Ordens,


ou estilos contrarios, ficando aliás sempre em seu vigor. E valerá como
Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe, e o seu
efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação do
livro segundo titulo trinta e nove, e quarenta; e se registará em todos
os lugares onde se costumão registar semelhantes Leis, mandando-se o
Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém, aos 14 de Abril de
1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro. * *

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, no livro do Registo das Consultas, Alvarás, e
Decretos da Junta do Commercio destes Reinos, e
seus Dominios a fol. 123., e impr. avulso."
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Sou Servido, que o Procurador da Corôa assista aos Clerigos Regula


res, Ministros dos Enfermos da Religião de São Camillo nas Causas,
que se moverem entre elles, e o Parocho, e Beneficiados da Igreja de
Santa Justa, a respeito da Casa Regular, que mandei edeficar no sitio
das Casas, que forão dos Marquezes de Cascaes, para Convento dos di
tos Padres com Igreja pública, a qual era a de São Matheus, que depois
da dita fundação lhe mandei dar o Titulo de São Camillo; defendendo
o dito Procurador da Corôa todos os Direitos, que Me pertencem a res
peito da referida Casa Regular; e da posse, que tem a Minha Real Co
rôa de fundar em qualquer lugar dos Meus Dominios , Igrejas, e Mos
teiros para as Religiões aprovadas pela Sé Apostolica, sem consentimen
to dos Ordinarios, ou dos Parochos, ou de qualquer outra pessoa Eccle
siastica. O Duque Regedor o faça executar. Belém a 14 de Abril de
1757. Com a Rubríca de Sua Magestade. -

Regist, na Casa da Supplicação no Livro XYI dos


Decretos a fol. 57.
*

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Poa quanto pelos paragrafos 1.°, 4.° e 6.° do Capitulo 17 dos Estatu
=

tos da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, se lhe com


mette a observancia da Pragmatica de 6 de Maio de 1749, e o cuidado
de evitar todos os Contrabandos, e de fazer executar todas as Leis, Al
varás, Decretos, on quaesquer outras Disposições até agora estabeleci
das, e que de novo se estabelecerem, para obviar o referido delicto; co
nhecendo delle privativamente o Juiz Conservador da mesma Junta, com
derogação de todas as Leis, Direitos, e Disposições contrarias: E sen
do informado de que nos casos duvidosos, em que as Pessoas propostas
pela mesma Junta impugnão o Despacho de algumas fazendas nas Alfan
degas, como prohibidas, se tem estas admittido a Despacho, não obs
tantes as impugnações dos sobreditos Propostos: Sou Servido, que todas
as vezes, que houver questão sobre a legalidade dos Generos, que hou
1757 5O3

verem de ser despachados, suspenso o Despacho, se fação extrahir amos


tras delles, as quaes se entreguem ás referidas Pessoas nomeadas pela
Junta, para que nella se conheça da sua qualidade, aos fins, ou de serem
admittidos a Despacho na Alfandega, apresentando-se nella Cerditão man
dada expedir pela dita Junta, pela qual conste, que são legaes; ou para
que, achando-se de Contrabando, sejão logo remettidos ao Desembarga
dor Juiz Conservador, para proceder na confiscação delles, conforme ao
que se acha determinado nos mesmos Estatutos. O Conselho da Fazenda
o tenha assim entendido, e mande passar Ordens circulares a todas as
Alfandegas. Belém a 14 de Abril de 1767. Com a Rubríca de Sua Ma
gestade. |-

Impr. na Impressão Regia.

# #«…>,ºk-+--+

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará com fórça de Lei
virem, que, sendo-Me presente em Consulta da Junta do Commercio
destes Reinos, e seus Dominios, que algumas vezes succede fazerem-se peº
horas em Navios Portuguezes, que tem recebido toda, ou a maior parte
da sua carga, impedindo por estes procedimentos as viagens com intolera
vel damno dos Carregadores, a quem, sendo os Navios da conserva de
alguma das Frotas, se difficulta o tronsporte para outro, pela brevidade
do tempo, que deve mediar até á partida do Comboi; ou se faz impossi
vel a passagem, por estarem todos os mais carregados; e sendo viagens
livres, se lhes causa, ao menos, o prejuizo das baldeações, e demoras,
de que se segue a grande, ou total ruina dos generos: E querendo favo
recer o Commercio dos Meus Dominios, e animar a Navegação em com
mum beneficio dos Mens Vassallos: Sou Servido, que conservada aos A
crédores a liberdade de requerer, e fazer penhorar os Navios, se suspen
da todo o efeito da execução, embargo, ou outro qualquer impedimento,
huma vez que os Navios estiverem dentro do mez proximo ao dia do E
dital, ou partida da respectiva Frota; ou, quando forem sobre Navios
soltos, logo que tiverem a bordo vinte toneladas de qualquer, genero ou
fazenda; e que, ficando salva aos A crédores toda a preferencia, e direi
to adquirido pelos actos judiciaes, cuja execução se suspende, possão os
Proprietarios dos mesmos Navios, ou os seus Procuradores, fazellos na
vegar de ida para os pórtos dos Meus Dominios, e de volta para os pór
tos do Reino quando, os referidos Acrédores forem nelle assistentes, ou
dos pórtos dos Meus Dominios para este Reino, sómente quando os A cré
dores tiverem seu domicilio nas Conquistas, e de ida, e volta para qual
quer porto dos Reinos Estrangeiros, e delles para os da Minha Coroa, pro
cedendo-se então, em todos os referidos casos, a efectiva execução, como
se fora concluido antes das sobreditas viagens: Para o que sou outro sim
Servido annullar todos, e quaesquer outros actos Judiciaes, que possão
servir de embaraço á execução, sendo feitos no tempo da suspensão refe
rida: E para que o Navio se haja de navegar ao porto, em que foi pe
nhorado, no primeiro caso, ou a algum dos pórtos do Reino, no segun
do, e terceiro caso, e os Acrédores tenhão certeza, nesta parte, do ef>
feito das suas execuções, devem assignar termo, assim os Capitães, co
mo os Mestres, e Pilotos dos mesmos Navies, de- não lhes desviarem as
/*
504 - 1757

viagens, obrigando suas pessoas, e bens para este intento. O perigo as


sim das viagens, como qualquer outro, será por conta do Proprietario,
e acommodo deste o producto dos fretes, fazendo-se com tudo entrega
delles ao Acrédor exequente, ou a quem direito for , depois de pagas as
despezas necessarias, assim com o mesmo Navio, e sua equipagem, co
mo com a cobrança dos fretes, a qual cobrança, aonde não estiver pre
sente o Acrédor, se fará pelos Mestres dos Navios, ou seus Procurado
res, e no referido termo se obrigarão á entrega: Bem entendido, que
esta Minha Real determinação comprehende sómente os Navios, que fo
rem verdadeiramente proprios dos Vassallos da Minha Coroa, e que a
sua execução deve comprehender todos os Navios, nos sobreditos ter
mos, que se acharem á carga em qualquer dos pórtos dos Meus Domi
nios, ainda que as penhoras, embargo, ou outros quaesquer impedimen
tos, fossem requeridos, e feitos antes da publicação deste Meu Alvará,
porque todos Hei por bem, que sejão comprehendidos na Minha Real de
terminação em pública utilidade do mesmo Commercio.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Rege
dor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Presi
dentes do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia, e Ordens,
Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e pessoas de Meus Rei
nos, e Senhorios, que assim o cumprão, e guardem, e fação inteiramente
cumprir, e guardar, sem dúvida, nem embargo algum, não obstantes quaes
quer Leis, Regimentos, ou Disposições contrarias, quaesquer que ellas
sejão, que todas Hei por derogadas para este efeito sómente, ficando
aliàs sempre em seu vigor. E Hei por bem, que este Alvará valha como
Carta, ainda que não passe pela Chancellaria, e posto que o seu efeito
haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Ordenações do livro
segundo titulo trinta e nove, e quarenta em contrario. Dado em Belém
a 15 de Abril de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Minis
tro. •

Regist, no livro da Junta do Commercio destes Rei


nos, e seus Dominios a fol. 137., e impr. avulso

# #«…>,3% #

B Ernardo Duarte de Figueredo, Corregedor do Crime, a cujo cargo


está o governo da Relação, e Casa do Porto. = EU ELREI vos en
vio muito saudar. Pela Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
mínios Me foi representado que a requerimento do Contratador dos Pór
tos Seccos se expedirão ordens, para que os Trigos, Cevadas, e Cen
teios, que entrão dos Reinos de Castella, pagassem direitos nas Alfan
degas, em que atégora não estava em uso esta cobrança. E por justos
motivos do Meu Real serviço, e do Bem commum dos Meus Vassallos:
Sou servido Ordenar-vos que, reduzindo á mesma liberdade, em que
atégora se achavão, em algumas Alfandegas, os Trigos, Cevadas, e
Centeios; e abolindo os direitos naquellas, em que se praticava a cobran
ça, logo que receberes esta, envieis ordens aos Juizes de todas as Al
fandegas das Provincias da Beira, Minho, e Tras os Montes, para que
por ora, e em quanto Eu não mandar o contrario, se abstenhão de fa
zer cobrar direitos de toda a especie de grão, que entrar dos Reinos de
1757 505

Castella; fazendo restituir os que se tiverem cobrado nas Alfandegas,


em que novamente se estabeleceo a referida cobrança, sem embargo de
uaesquer ordens, e resoluções em contrario. E esta fareis registar nos
livros dessa Relação, nos da Camara dessa Cidade, e nas das Villas,
onde houver Alfandegas, fazendo-a estampar para se difundir por cópias
nessas Provincias. Escrita em Belém aos 16 dias do mez de Abril de
1767. (1) Com a Assignatura de Sua Magestade.

Impr. na oficina de Miguel Rodrigues

4 *# …>, ºk #

Srs…M. presente que os Contratadores actuaes da Meza da Porta


gem, devendo receber os Direitos, que se pagão por aquella Repartição,
nas quantias, e na fórma que de tempo immemorial se tinha praticado,
e pelo ultimo estado em que acharão os mesmos Direitos, e a fórma de
os arrecadar, que consistião em se fazer avaliação do número das carra
das de lenha, que transportavão os Barcos, e em se pagar a Dizima del
les a respeito do certo, e constante preço de trezentos réis por carrada,
e não como havia disposto o Regimento, que de tempo tambem imme
morial se achava derogado pela constante, e uniforme observancia em
contrario: pertendêrão, e fizerão praticar que a Dizima se pagasse em
especie, e a Siza pelo inteiro valor, que a lenha, e o carvão tem depois
de transportado: Obrigando com outra innovação, contraria á mesma im
memorial observancia, e á urgencia que ha de lenhas nos diferentes Bair
ros da Cidade, os Barqueiros, que conduzem pinho, e mutano para co
zerem os fórmos, a darem sempre entrada na Meza da Portagem; quan
do a prática dos Contratos antecedentes era assistirem os Oficiaes delles
nos lugares das posturas, onde se fazião as descargas, para tomarem con
ta da lenha, e carvão, sem a entrada, e demora, que são incompativeis
com a expedição, que requer a urgencia de prover a Cidade daquelles
generos tão indispensavelmente necessarios; e cujo maior valor consiste
no trabalho dos que os arrancão, dos que os conduzem para a borda da
agua, e dos que della os transportão a Lisboa em beneficio da Cidade:
Sou Servido que a cobrança dos Direitos, e fórma de arrecadação delles
se faça na conformidade da sobredita observancia, e em especial do ulti
mo Contrato antecedente; assim pelo que pertence ao valor dos Direi
tos como pelo que toca á fórma, e lugares da arrecadação delles, sem a
menor innovação, não obstantes quaesquer Disposições, e Regimentos,
que o contrario hajão disposto; º restituindo-se tudo ao estado, em que o
dito Contrato se achava ao tempo, em que foi arrematado; e ás partes o
que se lhes houver extorquido pelas referidas alterações. O Conselho da
Fazenda o tenha assim º entendido, e faça executar logo, estranhando
ao Almoxarife daquella repartição haver concorrido para se fazerem as re
feridas alterações, e extorções, tão contrarias á natureza do Contrato,
e dos referidos generos, como prejudiciaes ao Bem commum dos Meus
Vassallos. Belém a 19 de Abril de 1767. = Com a Rubrica de Sua Ma
gestade. |- -

—º, º - …,\ … Impr. na Officina de Miguel Rodrigues.

—(1) Nesta mesma conformidade se escreveo ao Hlustrissimo, e Excelentissimo Ar


cebispo do Algarve; e ao Auditor geral da Provincia do Além-Tejo..………" …
Sss
506 • • 1757

*-+vo".--+

Franciscº Antonio Rebello Palhares Cavalleiro Professo na Ordem de


CHRISTo, Fidalgo da Casa de Sua Magestade, Contador de Sua Real
Fazenda, Chanceller da Chancellaria dos Contos, e Cidade, Juiz Con
servador de todos os Previlegiados nas causas dos Direitos Reaes, e do
Estanco das Cartas de jogar, e Solimão, Presidente das Sizas do Ter
mo desta Cidade, tudo pelo mesmo Senhor, que Deos guarde, &c. Fa
ço saber aos que este Edital virem, que do Tribunal do Conselho da Fa
zenda me foi remettido hum despacho do theor seguinte.
O Contador da Fazenda desta Cidade tenha entendido que Sua
Magestade por Sua Real Resolução de onze de Dezembro do anno pro
ximo passado, tomada em Consulta deste Conselho, Foi Servido Orde
nar se observasse a Lei do Reino do livro 6." titulo 112., que probibe a
extracção da Courama verde para fóra do Reino, fazendo praticar as pe
nas della, e que os Marchantes sejão obrigados a vender os couros aos
Fabricantes da solla, comprando-os elles por justo preço, em o qual de
vem ter a preferencia : e para se averiguar o justo preço no caso em que
se não ajuste á convenção das partes, se fará por arbitros, nomeando
se no principio de cada hum anno Louvados pelos Marchantes , e Con
tratadores; e que no caso de discordia se nomeará terceiro Louvado na
fórma da Lei. Lisboa vinte e quatro de Março de mil setecentos cincoen
ta e sete. Com sete Rubricas dos Védores, e Conselheiros do Conselho
da Fazenda.
O qual despacho mandei cumprir, e registar, e delle passar o pre
sente Edital, e outros do mesmo theor por Mim assignados para se fixa
rem nas partes públicas, e costumadas, e chegar á noticia de todos a
resolução de Sua Magestade, e se passasse certidão, para se não alegar
ignorancia, &c. Dado nesta Cidade de Lisboa aos 20 de Abril de 1757:
= Eu Antonio Filippe de Sousa Sampaio o sobscrevi. = Francisco An
tonio Rebello Palhares.
Impresso na Officina de Miguel Rodrigues.
# **<>"# #

Tendº attenção, ao que o Supplicante (1) representa, e ao que cons


tou pelas informações, que se tomarão: Hei por bem fazer lhe mercê de
trinta mil réis de ordenado nos rendimentos dos Pórtos Seccos desta Ci
dade; e vinte mil réis nos rendimentos da Casa dos Cincos, além das
quotas partes, que já leva no rendimento da Alfandega grande em re
muneração do trabalho, que tem nas ditas duas Casas, que não foi pro
posto, nem attendido no Alvará de vinte e nove de Dezembro de mil
setecentos cincoenta e tres : E pelo que pertence á graduação, que pe
de para o seu Oficio, se Me consulte o que parecer, ouvidas as partes.
O mesmo Conselho o tenha assim entendido, e lhe mande passar os des
pachos necessarios. Belém 22 de Abril de 1757. = Com a Rubrica de
Sua Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Liv. 1.° dos De
cretos, e Avisos, a fol. 17 vers.
(1) O Supplicante he o Juiz da Balança da Alfandega de Lisboa.
1757 507

#=#von? --*#

Tendo Consideração a que se devem comprar algumas propriedades pa


ra passagem do aqueduto, e para se edeficarem nos lugares dellas as
fontes em que devem correr as Agoas-Livres, que vem para esta Cida
de; e a que sendo as ditas compras feitas em o Meu Real Nome, e pa
ra se applicarem ao serviço e uso público, se não deve dellas pagar Siza
alguma: Hei por bem de assim o declarar, e determinar, que todas as
compras, que se tem feito, ou daqui por diante se fizerem para o dito
fim são livres de Siza. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido,
e o faça executar. Belém 25 de Abril de 1757. = Com a Rubrica de Sua
Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro 1.° dos De
cretos e Avisos a fol. 17 vers.

# }w_>}} §

Directorio, que se deve observar nas Povoações dos Indios do Pará, e


AMaranhão em quanto Sua Maaestade não mandar o contrario.

1 Sendº Sua
Magestade Servido pelo Alvará com força de Lei de
7 de Junho de 1755 abolir a administração Temporal, que os Regulares
exer citavão nos Indios das Aldêas deste Estado; mandando-os governar
pelos seus respectivos Principaes, como estes pela lastimosa rusticidade,
e ignorancia, com que até agora forão educados, não tenhão a necessa
ria aptidão, que se requer para o Governo, sem que haja quem os pos
sa dirigir, propondo-lhes não só os meios da civilidade, mas da conve
niencia, e persuadindo-lhes os proprios dictames da racionalidade , de
que vivião privados, para que o referido Alvará tenha a sua devída exe
cução, e se verifiquem as Reaes, e piissimas intenções do dito Senhor,
haverá em cada huma das sobreditas Povoações, em quanto os Indios não
tiverem capacidade para se governarem, hum Director, que nomeará o
Governador, e Capitão General do Estado, o qual deve ser dotado de
bons costumes, zelo, prudencia, verdade, sciencia da lingua, e de to
dos os mais requisitos necessarios para poder dirigir com acerto os refe
ridos Indios debaixo das ordens, e determinações seguintes, que invio
lavelmente
bem, e não semandar
observarão em quanto
o contrario. . Sua Magestade o houver assim por
* * •

2 - Havendo o dito Senhor declarado no mencionado Alvará, que os


Indios existentes nas Aldêas, que passarem a ser Villas, sejão governa
dos no Temporal pelos Juizes Ordinarios, Vereadores, e mais Oficiaes
de Justiça; e os das Aldêas independentes das ditas Villas pelos seus res
pectivos Principaes: Como só ao Alto, e Soberano arbitrio do dito Se
nhor compete o dar jurisdicção ampliando-a, ou limitando-a como lhe
parecer justo, não poderão os sobreditos Directores em caso algum exer
citar jurisdicção coactiva nos Indios, mas unicamente a que pertence ao
seu ministerio, que he a directiva; advertindo aos Juizes. Ordinarios, e
+ Sss 2
508 1757 >

aos Principaes, no caso de haver nelles alguma negligencia, ou descui


do, a indispensavel obrigação, que tem por conta dos seus emprêgos,
de castigar os delictos publicos com a severidade, que pedir a deformi
dade do insulto, e a circunstancia do escandalo; persuadindo lhes, que
na igualdade do prémio, e do castigo, consiste o equilibrio da Justiça,
e bom governo das Républicas. Vendo porém os Directores, que são in
fructuosas as suas advertencias, e que não basta a eficacia da sua di
recção para que os ditos Juizes Ordinarios, e Principaes, castiguem exem
plarmente os culpados; para que não aconteça, como regularmente suc
cede, que a dissimulação dos delictos pequenos seja a causa de se com
metterem culpas maiores, o participarão logo ao Governador do Estado,
e Ministros de Justiça, que procederão nesta materia na fórma das Reaes
Leis de Sua Magestade, nas quaes recommenda o mesmo Senhor, que
nos castigos das referidas culpas se pratique toda aquella suavidade , e
brandura, que as mesmas Leis permittirem, para que o horror do casti
go os não obrigue a desamparar as suas Povoações, tornando para os es
candalosos erros da Gentilidade. • •

3 Não se podendo negar, que os Indios deste Estado se conservárão


até agora na mesma barbaridade, como se vivessem nos incultos Sertões,
em que nascèrão, praticando os pessimos, e abominaveis costumes do
Paganismo, não só privados do verdadeiro conhecimento dos adoraveis
mysterios da nossa Sagrada Religião, mas até das mesmas conveniencias
Temporaes, que só se podem conseguir pelos meios da civilidade , da
Cultura, e do Commercio: E sendo evidente, que as paternaes provi
dencias do Nosso Augusto Soberano, se dirigem unicamente a christia
nizar, e civilizar estes até agora infelices, e miseraveis Póvos, para que
sahindo da ignorancia, e rusticidade, a que se achão reduzidos, pos
são ser uteis a si, aos moradores, e ao Estado: Estes dous virtuosos, e
importantes fins, que sempre foi a heroica empreza do incomparavel ze
lo dos nossos Catholicos, e Fidelissimos Monarcas, serão o principal ob
jecto da reflexão, e cuidado dos Directores. : -

4 Para se conseguir pois o primeiro fim , qual he o christianizar os


Indios, deixando esta materia, por ser meramente espiritual, á exem
plar vigilancia do Prelado desta Diocese; recommendo unicamente aos
Directores, que da sua parte dêm todo o favor, e auxilio, para que as
determinações do dito Prelado respectivas á direcção das Almas, tenhão
a sua devída execução; e que os Indios tratem aos seus Parocos com
aquella veneração, e respeito, que se deve ao seu alto caracter, sendo
os mesmos Directores os primeiros, que com as exemplares acções da sua
vida lhes persuadão a observancia deste Paragrafo..….… |-

5 Em quanto porém á Civilidade dos Indios, a que se reduz a prin


cipal obrigação dos Directores, por ser propria do seu ministerio; empre
garão estes hum especialissimo cuidado em lhes persuadir todos aquelles
meios, que possão ser conducentes a tão util, e interessante fim, quaes
são os que vou a referir. …, … … s … , , …. ! ! !
6 Sempre foi maxima inalteravelmente praticada em todas as Nações,
que conquistárão novos Dominios, introduzir logo nos Póvos conquista
dos o seu proprio idiôma, por ser indisputavel, que este he hum dos meios mais
eficazes para desterrar dos Póvos rusticos a barbaridade dos seus anti
gos costumes; e ter mostrado a experiencia, que ao mesmo passo, que
se introduz nelles o uso da Lingua do Principe, que os conquistou, se
lhes radica tambem o afecto, a veneração; e a obediencia ao mesmo
Principe. Observando pois todas as Nações polidas do Mundo este pru
1757 (509

dente, e sólido systema, nesta Conquista se praticou tanto pelo contra


rio, que só cuidárão os primeiros Conquistadores estabelecer nella o uso
da Lingua, que chamarão geral; invenção verdadeiramente abominavel,
e diabolica, para que privados os Índios de todos aquelles meios, que os
podião civilizar, permanecessem na rustica, e barbara sujeição, em que
até agora se conservárão. Para desterrar este perniciosissimo abuso, se
rá hum dos principaes cuidados dos Directores, estabelecer nas suas res
pectivas Povoações o uso da Lingua Portugueza, não consentindo por
modo algum, que os Meninos, e Meninas, que pertencerem ás Escolas,
e todos aquelles Indios, que forem capazes de instrucção nesta materia,
nsem da Lingua propria das suas Nações, ou da chamada geral; mas
unicamente da Portugueza, na fórma, que Sua Magestade tem recom
mendado em repetidas Ordens, que até agora se não observárão com to
tal ruina Espiritual, e Temporal do Estado.
7 E como esta determinação he a base fundamental da Civilidade,
que se pertende, haverá em todas as Povoações duas Escólas publicas,
huma para os Meninos, na qual se lhes ensine a doutrina Christã, a ler,
escrever, e contar na fórma, que se pratíca em todas as Escólas das Na
ções civilizadas; e outra para as Meninas, na qual, além de serem ins
truidas na Doutrina Christã, se lhes ensinará a ler, escrever, fiar, fazer
renda, custura, e todos os mais ministerios proprios daquelle sexo.
8 Para a subsistencia das sobreditas Escólas, e de hum Mestre, e hu
ma Mestra, que devem ser Pessoas dotadas de bons costumes, pruden
cia, e capacidade, de sorte, que possão desempenhar as importantes
obrigações de seus emprêgos; se destinarão ordenados suficientes, pagos
pelos Pais dos mesmos Indios, ou pelas Pessoas, em cujo poder elles vi
verem, concorrendo cada hum delles com a porção, que se lhes arbitrar,
ou em dinheiro, ou em efeitos, que será sempre com attenção á gran
de miseria, ou pobreza, a que elles presentemente se achão reduzidos.
No caso porém de não haver nas Povoações Pessoa alguma, que possa
ser Mestra de Meninas, poderão estas até á idade de dez annos serem
instruidas na Escóla dos Meninos, onde aprenderão a Doutrina Christã,
a ler, e escrever, para que juntamente com as infalliveis verdades da
nossa Sagrada Religião adquírão com maior facilidade o uso da Lingua
Portugueza. * * * * . * * **** ** * … … i, i -

9 Concorrendo muito para a rusticidade dos Indios a vileza, e o aba


timento, em que tem sido educados, pois até os mesmos. Principaes,
Sargentos Maiores, Capitães, e mais Oficiaes das Povoações, sem em -
bargo dos honrados empregos que exercitavão, muitas vezes erão obriga
dos a remar as Canôas, ou a ser Jacumáuhas, e Pilotos dellas, com es
candalosa desobediencia ás Reaes Leis de Sua Magestade, que foi Ser
vido recommendar aos Padres Missionarios por Cartas do 1., e 3. de Fe
vereiro de 1701 firmadas pela sua Real Mão, o grande cuidado que de
vião ter em guardar aos Indios, as honras, e os privilegios competentes
aos seus póstos: E tendo consideração a que nas Povoações civís deve
precisamente haver diversa graduação dos ministerios que sejão tratadas
com aquellas honras, que se devem aos seus empregos: Recommendo aos
Directores, que assim em público, como em particular, honrem, e esti
mem a todos aquelles. Indios, que forem Juizes Ordinarios, Vereadores,
Principaes, ou occuparem outro qualquer posto honorifico; e tambem as
suas familias; dando-lhes - assento na sua presença , e tratando-os com
aquella distinção, que lhes for devída, conforme as suas respectivas gra
duações, empregos, e cabedaes; para que, vendo-se os ditos Indios es
510 1757

timados pública, e particularmente, cuidem em merecer com o seu bom


procedimento as distinctas honras, com que são tratados; separando-se
daquelles vicios, e desterrando aquellas baixas imaginações, que insen
sivelmente os reduzírão ao presente abatimento, e vileza.
10 Entre os lastimosos principios, e perniciosos abusos, de que tem
resultado nos Indios o abatimento ponderado, he sem dúvida hum del
les a injusta, e escandalosa introducção de lhes chamarem Negros; que
rendo talvez com a infamia, e vileza deste nome, persuadir-lhes, que a
natureza os tinha destinado para escravos dos Brancos, como regular
mente se imagina a respeito dos Pretos da Costa de Africa. E porque,
além de ser prejudicialissimo á civilidade dos mesmos Indios este abomi
navel abuso, seria indecoroso ás Reaes Leis de Sua Magestade chamar
Negros a huns homens, que o mesmo Senhor Foi Servido nobilitar, e
declarar por isentos de toda, e qualquer infamia, habilitando-os para todo
o emprêgo honorifico: Não consentirão os Directores daqui por diante,
que pessoa alguma chame Negros aos Indios, nem que eles mesmos u
sem entre si deste nome como até agora praticavão; para que compre
hendendo elles, que lhes não compete a vileza do mesmo nome, possão
conceber aquelas nobres idéas, que naturalmente infundem nos homens
a estimação, e a honra.
11 A Classe dos mesmos abusos se não póde duvidar, que pertence
tambem o inalteravel costume, que se praticava em todas as Aldeas, de
não haver hum só Indio, que tivesse sobrenome, E para se evitar a gran
de confusão, que precisamente havia de resultar de haver na mesma Po
voação muitas Pessoas com o mesmo nome, e acabarem de conhecer os
Indios com toda a evidencia, que buscamos todos os meios de os honrar,
e tratar, como se fossem Brancos; terão daqui por diante todos os In
dios sobrenomes, havendo grande cuidado nos Directores em lhes intro
duzir os mesmos Appellidos, que os das Familias de Portugal; por ser
moralmente certo, que tendo elles os mesmos Appellidos, e Sobrenomes,
de que usão os Brancos, e as mais Pessoas que se achão civilisadas, cui
darão em procurar os meios lícitos, e virtuosos de viverem, e se trata
rem á sua imitação. - -

12 Sendo tambem indubitavel, que para a incivilidade, e abatimen


to dos Indios, tem concorrido muito a indecencia, com que se tratão em
suas casas, assistindo diversas Familias em huma só, na qual vivem co
mo brutos; faltando áquellas Leis da homestidade, que se deve á diver
sidade dos sexos; do que necessariamente ha de resultar maior relaxa
ção nos vicios; sendo talvez o exercicio delles, especialmente o da tor
peza, os primeiros elementos com que os Pais de Familias educão a seus
filhos: Cuidarão muito os Directores em desterrar das Povoações este
prejudicialissimo abuso, persuadindo aos Indios que fabriquem as suas
easas á imitação dos Brancos; fazendo nellas diversos repartimentos, on
de vivendo
as Leis as Familias com
da honestidade, separação, possão guardar,º como Racionaes,
e policia. • |- - * *

13 Mas concorrendo tanto para a incivilidade dos Indios os vicios,


e abusos mencionados, não se póde duvidar, que o da ebriedade os tem
reduzido ao ultimo abatimento; vicio entre elles tão dominante, e uni
versal, que apenas se conhecerá hum só Indio, que não esteja sujeito á
torpeza deste vicio. Para destruir pois este poderoso inimigo do Bem
commum do estado, empregarão os Directores todas as suas forças em
fazer evidente aos mesmos Indios a deformidade deste vicio; persuadin
do-lhes com a maior eficacia o quanto será escandalaso, que applicando
1757 • 5l1

Sua Magostade todos os meios para que elles vivão com honra, e esti
mação, mandando-lhes entregar a administração, e o governo Temporal
das suas respectivas Povoações; ao mesmo tempo, em que só devião cui
dar em se fazer benemeritos daquellas distinctas honras, se inhabilitem
para ellas, continuando no abominavel vicio das suas ebriedades.
14 Porém como a reforma dos costumes, ainda entre homens civili
sados, he a empreza mais ardua de conseguir-se, especialmente pelos
meios da violencia, e do rigor, e a mesma natureza nos ensina, que se
póde chegar gradualmente ao ponto da perfeição, vencendo pouco a pou
co os obstaculos, que a removem, e a difficultão: Advirto aos Directo
res, que para desterrar nos Indios as ebriedades, e os mais abusos pon
derados, usem dos meios da suavidade, e da brandura; para que não
succeda, que degenerando a reforma em desesperação, se retirem do
Gremio da Igreja, a que naturalmente os convidará de huma parte o
horror do castigo, e da outra a congenita inclinação aos barbaros costu
mes, que seus Pais lhe ensinárão com a instrucção, e com o exemplo.
15 Finalmente, sendo a profanidade do luxo, que consiste na exces
siva, e superflua preciosidade das galas, hum vicio dos capitáes, que
tem empobrecido, e arruinado os Póvos; he lastimoso o desprezo, e tão
escandalosa a miseria, com que os Indios costumão vestir, que se faz pre
ciso introduzir nelles aquellas imaginações, que os possão conduzir a hum
virtuoso, e moderado desejo de usarem de vestidos decorosos, e decem
tes; desterrando delles a desnudez, que sendo efeito não da virtude,
mas da rusticidade, tem reduzido a toda esta Corporação de gente á
mais lamentavel miseria. Pelo que Ordeno aos Directores, que persua
dão aos Indios os meios lícitos de adquirirem pelo seu trabalho com que
se possão vestir á proporção da qualidade de suas Pessoas, e das gradua
qões de seus póstos; não consentindo de modo algum, que andem nús,
especialmente as mulheres em quasi todas as Povoações, com escandalo
da razão, e horror da mesma honestidade.
16 Dirigindo-se todas as Reaes Leis, que até agora emanárão do
Throno, ao bom regimen dos Indios, ao bem espiritual, e temporal del
les: E querendo os nossos Augustos Monarcas, que os mesmos Índios
pelo meio do seu honesto trabalho, sendo uteis a si, concorrão para o só
lido estabelecimento do Estado, fazendo-se entre elles, e os Moradores
reciprocas as utilidades, e communicaveis os interesses, como já se de
clarou no §. IX, do Regimento das Missões, para o que Foi Servido o
mesmo Senhor mandar entregar aos Padres M## a administra
ção Economica, e Politica dos mesmos Indios; cujos importantes fins só
se podião conseguir pelos meios da Cultura, e do Commercio: De tal
sorte se executarão estas piissimas, e Reaes Determinações, que appli
cados os Indios unicamente ás conveniencias particulares, não se omit.
tio meio algum de os separar do Commercio, e da Agricultura. Para
conseguir pois estes dous virtuosos, e interessantes fins, observarão os
Directores as ordens seguintes.
17 Em primeiro lugar cuidarão muito os Directores em lhes persua
dir o quanto lhes será util o honrado exercicio de cultivarem as suas ter
ras; porque por este interessante trabalho não só terão os meios compe
tentes para sustentarem com abundancia as suas casas, e familias; mas
vendendo os generos, que adquirirem pelo meio da cultura, se augmen
tarão nelles os cabedaes á proporção das lavouras, e plantações, que fi
zerem. E para que estas persuasões cheguem a produzir o efeito, que
se deseja, lhes farão comprehender os Directores, que a sua negligeu
512 1757.
cia, e o seu descuido, tem sido a causa do abatimento, e pobreza, a que
se achão reduzidos; não omittindo finalmente diligencia alguma de intro
duzir nelles aquella honesta, e louvavel ambição; que desterrando das
Républicas o pernicioso vicio da ociosidade, as constitue populosas, res
peitadas, e opulentas. * * *
18 Consequentemente lhes persuadirão os Directores, que dignando
se Sua Magestade de os habilitar para todos os empregos honorificos,
tanto os não inhabilitará pações o trabalharem nas suas proprias terras;
que antes pelo contrario, o que render mais serviço ao publico neste fru
- ctuoso trabalho, terá preferencia a todos nas honras, nos privilegios, e
nos empregos, na fórma que Sua Magestade Ordena. •

19 Depois que os Directores tiverem persuadido aos Indios estas só


lidas, e interessantes maximas, de sorte, que elles percebão evidente
mente o quanto lhes será util o trabalho, e prejudial a ociosidade; cui
darão logo em examinar com a possivel exactidão, se as terras, que pos
suem os ditos Indios (que na fórma das Reaes Ordens de Sua Magesta
de devem ser as adjacentes ás suas respectivas Pavoações ) são compe
tentes para o sustento das suas casas, e familias; e para nellas fazerem
as plantações; e as lavouras; de sorte, que com abundancia dos generos
possão adquirir as conveniencias, de que até agora vivião privados, por
meio do Commercio em beneficio commum do Estado. E achando que
os Indios não possuem terras suficientes para a plantação dos precisos
fructos, que produz este fertilissimo Paiz; ou porque na distribuição del
las se não observárão as Leis da equidade, e da justiça; ou porque as
terras adjacentes ás suas Povoações forão dadas em sesmarias ás outras
Pessoas particulares; serão obrigados os Directores a remetter logo ao
- Governador do Estado huma lista de todas as terras situadas no conti
nente das mesmas Povoações, declarando os Indios, que se achão pre
judicados na distribuição, para se mandarem logo repartir na fórma que
Sua Magestade manda. -
* *
.. . * . * **

20 Consistindo a maior felicidade do Paiz na abundancia de pão, e


de todos os mais viveres necessarios para a conservação da vida huma
na; e sendo as terras, de que se compõem este Estado, as mais ferteis,
e abundantes, que se reconhecem no Mundo; dous principios tem con
corrido igualmente para a consternação, e miseria, que nelle se experimen
ta. O primeiro he a ociosidade, vicio quasi inseparavel, e congenito a to
das as Nações incultas, que sendo educadas nas densas trévas da sua rusti
cidade, até lhe faltão as luzes do natural conhecimento da propria conve
niencia. O segundo he o errado uso, que até agora se fez do trabalho dos
mesmos Indios, que applicados á utilidade particular de quem os adminis
trava, e dirigia; havião de padecer os habitantes do estado o prejudicialis
simo damno de não ter quem os servisse, e ajudasse na colheita dos frutos,
e extracção das drogas; e os miseraveis lndios, faltando por este principio
á interessantissima obrigação das suas terras, havião de experimentar o
irreparavel prejuizo dos muitos, e preciosos efeitos, que elas produzem.
21 Estes successivos damnos, que tem resultado sem dúvida dos men
cionados principios, arruinárão o interesse público; diminuírão nos Pó
vos o commercio; e chegárão a transformar neste Paiz a mesmas abun
dancia em esterilidade de sorte, que pelos annos de 1754; e 1755 che
gou a tal excesso a carestia da farinha, que, vendendo-se a pouca, que
havia, por preços exorbitantes; as pessoas pobres, e miseraveis, se vião
precisadas a buscar nas frutas silvestres do mato, o quotidiano sustento
com evidente perigo das proprias vidas.…….… : "… º..…… … … , … .
1757 5 13

22 Ensinando pois a experiencia, e a razão, que assim como nos Ex


ercitos faltos de pão não póde haver obediencia, e disciplina; assim nos
Paizes, que experimentão esta sensivel falta, tudo he confusão, e desor
dem; vendo-se obrigados os habitantes delles a buscar nas Regiões es
tranhas, e remotas o mantimento preciso com irreparavel detrimento das
manufacturas, das lavouras, dos traficos, e do louvavel, e virtuoso tra
balho da Agricultura.. Para se evitarem tão perniciosos damnos, terão os
Directores hum especial cuidado em que todos os Indios, sem excepção
alguma, fação Rossas de maniba, não só as que forem suficientes pa
ra a sustentação das suas casas, e familias, mas com que se possa pro
ver abundantemente o Arraial do Rio Negro; soccorrer os moradores des
ta Cidade; e municionar as Tropas, de que se guarnece o Estado: Bem
entendido, que a abundancia da farinha, que neste Paiz serve de pão,
como base fundamental do commercio, deve ser o primeiro, e principal
objecto dos Directores. }

23 Além das Rossas de maniba, serão obrigados os Indios a plantar


feijão, milho, arrôs, e todos os mais generos comestiveis, que com pouco
trabalho dos Agricultores costumão produzir as fertilissimas terras deste
Paiz; com os quaes se utilisarão os mesmos Indios; se augmentarão as
Povoações; e se fará abundante o Estado; animando-se os habitantes del
le a continuar no interessantissimo Commercio dos Sertões, que até aqui
tinhão abandonado, ou porque tatalmente lhes faltavão os mantimentos
precisos para o fornecimento das Canôas; ou porque os excessivos pre
ços, porque se vendião, lhes diminuião os interesses.
24 Sendo pois a Cultura das terras o solido fundamento daquelle Com
mercio, que se reduz á venda, e commutação dos fructos; e não poden
do duvidar-se, que entre os preciosos efeitos, que produz o Paiz, ne
nhum he mais interessante que o algodão: Recommendo aos Directores,
que animem aos Indios a que fação plantações deste ultimo genero, no
vamente recommendado pelas Reaes ordens de Sua Magestade: Porque
sendo a abundancia delle o meio mais proporcionado para se introduzi
rem neste Estado as Fabricas deste panno, em breve tempo virá a ser
este ramo de Commercio o mais importante para os moradores delle, com
reciproca utilidade não só do Reino, mas das Nações Estrangeiras.
25 - Igual utilidade á das plantações de algodão, considero-a nas la
vouras do Tabaco, genero sem dúvida tão util para os Lavradores delle,
como se experimenta nas mais partes da nossa America; não só pelo gran
de consumo, que ha deste precioso genero nos mesmos Paizes, que o
produzem; mas porque, supposta a indefectivel extracção, que ha del
le para o Reino; evidentemente se comprehende o quanto este ramo de
Commercio será importante para os moradores do Estado. Mas como as
lavouras do Tabaco são mais laboriosas, que as plantações dos mais ge
neros; será preciso, para se introduzir nos Indios este interessantissimo
trabalho, que os Directores os animem, propondo-lhes não só as conve
niencias, mas as honras, que delle lhes hão de resultar; persuadindo
lhes, que á proporção das arrobas de Tabaco, com que cada hum delles
entrar na Casa da Inspecção, se lhes distribuirão os empregos, e os pri
vilegios.
26 E como para se estabelecer a Cultura dos mencionados generos
mas referidas Povoações, não bastará toda a actividade, e zelo dos Di
rectores, sendo mais poderoso, que as suas práticas, o inimigo com mum
da froxidão, e negligencia dos Indios, que com a sua apparente suavi
dade os tem radicado nos seus pessimos costumes com abatimento total
Ttt
5 l4 1757

do interesse público: Para que o Governador do Estado, sendo informa


do daquelles Indios, que entregues ao abominavel vicio da ociosidade
faltarem á importantissima obrigação da Cultura das suas terras, possa
dar as providencias necessarias para remediar tão sensiveis damnos; se
rão obrigados os Directores a remetter todos os annos huma lista das Ros
sas, que se fizerem, declarando nella os generos, que se plantárão, pe
las suas qualidades; e os que se receberão; e tambem os nomes assim
dos Lavradores, que cultivárão os ditos generos, como dos que não tra
balhárão; explicando as causas, e os motivos, que tiverão para faltarem
a tão precisa, e interessante obrigação; para que á vista das referidas
causas possa o mesmo Governador louvar em huns o trabalho, e a appli
cação; e castigar em outros a ociosidade, e a negligencia.
27 Sendo inuteis todas as providencias humanas, quando não são
protegidas pelo poderoso braço da Omnipotencia Divina; para que Deos
Nosso Senhor felicite, e abençôe o trabalho dos Indios na Cultura das
suas terras, será preciso desterrar de todas estas Povoações o diabolico
abuso de se não pagarem Dizimos. Em signal do supremo domínio reser
vou Deos para si, e para os seus Ministros, a decima parte de todos os
fructos, que produz a terra, como Autor universal de todos elles. Sendo
esta obrigação commua a todos os Catholicos, he tão escandalosa a rus
ticidade, com que tem sido educados os Indios, que não só não reco
nhecião a Deos com este limitadissimo tributo, mas até ignoravão a o
brigação que tinhão de o satisfazer. Para desierrar pois dos Indios este
permiciosissimo costume, que na realidade se deve reputar por abuso,
por ser materia, que, conforme o Direito, não admitte prescripção; e
para que Deos Nosso Senhor felicite os seus trabalhos, e as suas lavou
ras: Serão obrigados daqui por diante a pagar os Dizimos, que consis
tem na decima parte de todos os fructos, que cultivarem, e de todos os
generos, que adquirirem, sem excepção alguma; cuidando muito os Di
ctores, em que os referidos Indios observem exactamente a Pastoral, que
o dignissimo Prelado desta Diocese mandou publicar em todo o Bispa
do, respectiva a esta importantissima materia.
98 - Mas como a observancia deste Capitulo será summamente difficul
tosa; em quanto se não destinar methodo claro, racionavel, e fixo, pa
ra se cobrarem os Dizimos sem detrimento dos Lavradores, nem prejui
zo da Fazenda Real; attendendo por huma parte a que os Indios costu
mão desfazer intempestivamente as Rossas para fomento das suas ebrie
dades; e por outra ao pouco escrupulo, com que deixarão de satisfazer
este preceito, por ignorarem assim as Censuras Ecclesiasticas, em que
incorrem os trangressores delle ; como os horrorosos castigos, que o
mesmo Senhor lhes tem fulminado; serão obrigados os Directores no tem
po, que julgarem mais opportuno, a examinar pessoalmente todas as
Rossas na companhia dos mesmos Indios, que as fabricárão; levando com
sigo dous Louvados, que sejão pessoas de fidelidade, e inteireza; hum
por parte da Fazenda Real, que nomearão os Directores; e outro, que
os Lavradores nomearão pela sua parte.
29 Aos ditos Louvados recommendarão os Directores, depois de lhes
deferir o juramento, que sendo chamados para avaliarem todos os fructos,
que pouco mais, ou menos poderão render naquelle anno as ditas Ros
sas; de tal sorte se devem dirigir pelos dictames da equidade, que se at
tenda sempre á notoria pobreza dos Indios fazendo-se a dita avaliação a
favor dos Agricultores. Concordando os ditos Louvados nos votos, se fa
ra logo assento em hum caderno, de que avaliando os Louvados F., e
1757 5 15

F. a Rossa de tal Indio, julgárão uniformemente, que renderia naquel


le anno tantos alqueires, dos quaes pertencem tantos ao Dizimo: Cujo
assento deve ser assignado pelos Directores, Louvados, e pelos mesmos
Lavradores. No caso porém de não concordarem nos votos, nomearão as
Camaras nas Povoações, que passarem a ser Villas, e nas que ficarem
sendo Lugares os seus respectivos Principaes, terceiro Louvado, a quem
os Directores darão tambem o juramento para que decidão a dita avalia
ção pela parte, que lhe parecer justo, de que se fará assento no referi
do caderno.
30. Concluida deste modo a avaliação do rendimento das Rossas, man
darão os Directores extrahir do caderno mencionado huma Folha pelo
Escrivão da Camara, e na sua ausencia, ou impedimento, pelo do Pú
blico, pelo qual se deve fazer a cobrança dos Dizimos; cuja importancia
líquida se lançará em hum livro, que haverá em todas as Póvoações,
destinado unicamente para este ministerio, e rubricado pelo Provedor
da Fazenda Real: Declarando-se nelle em o Titulo da Receita assim as
distinctas parcelas que se receberão, como os nomes dos Lavradores,
que as entregárão: Concluindo-se finalmente a dita Receita com hum
Termo feito pelo mesmo Escrivão, e assignado pelo Director, como Re
cebedor dos referidos Dizimos. Advertindo porém que nem hum, nem
outro, poderão levar emolumentos alguns pelas referidas diligencias, por
serem dirigidas á boa arrecadação da Fazenda Real, á qual pertencem
em todas as Conquistas os Dizimos na conformidade das Bullas Pontifi
cias.
31 E para que os ditos Directores não experimentem prejuizo algum
na arrecadação dos referidos generos, que lhes ficão carregados em Re
ceita; haverá em todas as Povoações hum Armazem, em que todos es
tes efeitos se possão conservar livres de corrupção, ou de outro qual
quer detrimento; ficando por conta dos mesmos Directores o beneficia
rem os ditos generos, de sorte, que por este principio não padeção a me
nor damnificacão, até serem remettidos para esta Provedoria. O que os
Directores executarão na fórma seguinte.
32 Em primeiro lugar, mandarão fazer duas guias authenticas, que
devem ser extrahidas fielmente assim do livro dos Dizimos, como das Fo
lhas das avaliações, que remetterão juntamente com os efeitos ao Pro
vedor da Fazenda Real; ficando tambem com a obrigação de enviar ao
Governador do Estado as cópias de huma, e outra lista. Mas como pó
de succeder, que a Canôa do transporte experimente nestes caudalosos
rios algum naufragio, e seria encargo não só penoso, mas insuportavel
aos Directores, o ficarem obrigados á satisfação daquella perda, que in
culpavelmente acontecer, por ser contra toda a fórma de Direito pade
cer a pena quem não commette a culpa; tanto que os Directores embar
carem os Dizimos na Canôa do transporte, mandarão logo fazer no men
cionado livro Termo de despeza, observando a mesma fórma, que se de
clara no da Receita; com advertencia porém que serão obrigados a fa
zer o dito transporte com a possivel cautéla, e segurança; escolhendo
a melhor Canôa; destinando-lhe a esquipação competente; e entregando
o governo della áquella Pessoa, que lhe parecer mais capaz de dar con
ta com honra e fidelidade, dos Dizimos, que se lhe entregárão: Bem en
tendido, que omittindo os Directores alguma destas circunstancias; e
procedendo desta culpavel omissão ou naufragar a Canôa, ou padecer a
importancia dos Dizimos outro qualquer detrimento; ficarão com a indis
pensavel obrigação de satisfazer á Fazenda
VCI'.
# todo o damno, que hou
t! 2 -
5 16 1757

33 Finalmente, sendo precisa toda a cautela, e vigilancia, na boa


arrecadação dos Dizimos; e devendo evitar-se nesta importante materia
qualquer desordem, e confusão; apenas se fizer real entrega delles nes
te Almoxarifado, os mandará o Provedor da Fazenda Real carregar em
Receita viva ao Almoxarife; declarando nella o nome da Villa, de que
vierão os taes Dizimos, e o Director, que os remetteo; de cuja Recei
ta mandará entregar o dito Ministro huma Certidão ao Cabo da Canôa,
para que sirva de descarga ao dito Director; e para que a todo o tempo,
que for removido do seu emprêgo, possa dar contas nesta Provedoria pe
las mesmas Certidões do líquido, que remetteo para ella. E dada que se
ja a dita conta na fórma sobredita, o Provedor da Fazenda Real lhe man
dará passar para sua descarga huma Quitação geral, que apresentará ao
Governador do Estado, para lhe ser constante a fidelidade, e inteireza,
com que executou as suas ordens.
34 E supposto que devo esperar da Christandade, e zelo dos Direc
tores, a inviolavel observancia de todos os Paragrafos respectivos á Cul
tura das terras, plantações dos generos, e cobrança dos Dizimos; por
confiar delles, que reputarão pelo mais estimavel prémio a incomparavel
honra de se empregarem no Real serviço de Sua Magestade: Como dic
tão as Leis da Justiça, que sendo reciprocos os trabalhos, e incommo
dos, devem ser commuas as utilidades, e os interesses; pertencerá aos
Directores a sexta parte de todos os fructos, que os Indios cultivarem, e
de todos os generos, que adquirirem, não sendo comestiveis: E sendo
comestiveis, só daquelles, que os mesmos Indios venderem, ou com que
fizerem outro qualquer negocio: Para que animados com este justo, e ra
cionavel prémio, desempenhem com o maior cuidado as importantes obri
gações do seu ministerio; e a mesma conveniencia particular lhes servi
rá de estimulo para dirigirem os Indios com a possível eficacia no inte
ressantissimo trabalho da Agricultura.
35 Sendo pois a Cultura das terras o sólido principio do commercio,
era infallivel consequencia, que este se abatesse á proporção da deca
dencia daquella; e que pelo tracto dos tempos viessem a produzir estas
duas causas os lastimosos efeitos da total ruina do Estado. Para reparar
pois tão prejudicial, e sensivel damno, observarão os Directores a este
respeito as ordens seguintes.
36 . Entre os meios, que podem conduzir qualquer Républica a huma
completa felicidade, nenhum he mais eficaz, que a introducção do Com
mercio, porque elle enriquece os Póvos, civilisa as Nações, e consequen
temente constitúe poderosas as Monarquias. Consiste essencialmente o
Commercio na venda, ou commutação dos generos, e na communicação
com as gentes; e se desta resulta a civilidade, daquella o interesse, e
a riqueza. Para que os Indios destas novas Povoações logrem a sólida
felicidade de todos estes bens, não omittirão os Directores diligencia al
guma proporcionada a introduzir nellas o Commercio, fazendo-lhes de
monstrativa a grande utilidade, que lhes hade resultar de venderem pe
lo seu justo preço as drogas, que extrahirem dos Sertões, os fructos, que
cultivarem, e todos os mais generos, que adquirirem pelo virtuoso, e
louvavel meio da sua industria, e do seu trabalho.
37 He certo indisputavelmente, que na liberdade consiste a alma do
commercio. Mas sem embargo de ser esta a primeira, e mais substancial
maxima da Politica; como os Indios pela sua rusticidade, e ignorancia,
não pódem comprehender a verdadeira, e legitima reputação dos seus
generos; nem alcançar o justo preço das fazendas, que devem comprar
1757 . 517
para o seu uso: Para se evitarem os irreparaveis dólos, que as pessimas
imaginações dos Commerciantes deste Paiz tem feito inseparaveis dos seus
negocios; observarão os Directores as determinações abaixo declaradas,
as quaes de nenhum modo ofendem a liberdade do commercio, por se
rem dirigidas ao Bem commum do Estado, e á utilidade particular dos
mesmos com merciantes. • •

38 º Primeiramente haverá em todas as Povoações Pezos, e Medidas,


sem as quaes se não póde conservar o equilibrio na Balança do commer
cio. Em todo este Estado tem feito evidente a experiencia os prejudicia
lissimos damnos, que produzio este intoleravel abuso; opposto igualmen
te aos interesses publicos, e particulares; porque costumando-se vender
em todas estas Povoações a Farinha, Arrôs, e Feijão por Paneiros, sem
que fossem alqueirados, precisamente havião de ser reciprocos os prejui
zos pela falta de fé pública, que he a base fundamental de todo o nego
cio. Para remediar esta perniciosissima desordem, Ordeno aos Directores
cuidem logo, em que nas suas Povoações haja Pezos, e Medidas, as
quaes devem ser aferidas pelas respectivas Camaras; porque deste mo
do, nem os Indios poderão falsificar os Paneiros na diminuição dos gene
ros; nem as pessoas, que commerceião com elles experimentarão a vio
lencia de os satisfazer como alqueires não o sendo na realidade: Esta
belecendo-se deste modo entre huns, e outros aquella mutua fidelidade,
sem a qual nem o commercio se póde augmentar, nem ainda subsistir.
39 Em segundo lugar, recommendo aos ditos Directores, que por
nenhum modo consintão, que os Indios, commerceiem ao seu pleno ar
bitrio; porque não podendo negar-se-lhes a liberdade de venderem , ou
commutarem os fructos, que tiverem cultivado, áquellas pessoas, e na
quellas partes donde lhes possa resultar maior utilidade; nem devendo
prohibir-se aos moradores do Estado o commerciar com os ditos Indios
nas suas mesmas Povoações; porque deste modo se ficaria conservando
a odiosa separação, que até agora se praticou entre huns, e outros con
tra as Reas intenções de Sua Magestade, como já se declarou no §. IX.
do Regimento das Missões; como subposto da parte dos Indios o desin
teresse; e a ignorancia, e da parte dos moradores o conhecimento , e
ambição; ficando a venda dos generos ao arbitrio, e convenção das par
tes, faltaria no mesmo commercio a igualdade; não poderão os Indios até
segunda ordem de Sua Magestade fazer negocio algum sem a assistencia
dos seus Directores, para que regulando estes racionavelmente o preço
dos fructos, e o valor das fazendas, sejão reciprocas as utilidades entre
huns, e outros commerciantes. •

40 Ficando pois na liberdade dos Indios, ou vender seus fructos por


dinheiro, ou commutallos por fazendas, na fórma que costumão as mais
Nações do Mundo; sendo innegavelmente certo, que entre as mesmas
fazendas, humas são nocivas aos Indios, como he a Agua-ardente, e outra
qualquer bebida forte; e outras se devem reputar superfiuas, attenden
do ao miseravel estado a que se achão reduzidos; não consentirão os Di
rectores, que elles commutem os seus generos por fazendas, que lhe não
sejão uteis, e precisamente necessarias para o seu decente vestido, e
das suas familias, e muito menos por Agua-ardente que neste Estado
he o siminario das maiores iniquidades, perturbações, e desordens.
41 E como para extinguir totalmente, o injusto, e prejudicial com
mercio da Agua-ardente, não bastaria só prohibir aos Indios o cumuta
rem por ella os seus efeitos, não se comminando pena grave a todos
aquelles que costumão introduzir nas Povoações este perniciosissimo ge
5 18 1757

mero: Ordeno aos Directores, que apenas chegar ao Porto das suas res
pectivas Povoações alguma Canôa, ou outra qualquer embarcação, a vão
logo examinar pessoalmente, levando na sua companhia o Principal, e
o Escrivão da Camara; e na falta destes a Pessoa, que julgarem de
maior capacidade; e achando na dita embarcação Agua-ardente; (que
não seja para o uso dos mesmos Indios que arremão na fórma abaixo de
clarada), prenderão logo o Cabo da dita Canôa, e o remetterão a esta
Praça á ordem do Governador do Estado; tomando por perdida a dita
Agua-ardente que se applicará para os gastos da mesma Povoação, de
que se fará termo de tomadia nos livros da Camara assignada pelos Di
rectores, e mais pessoas que a presenciarem.
42 Mas, porque póde succeder, que fazendo viagem alguma destas
Canôas para o Sertão, ou para outra qualquer parte que seja indispensa
velmente necessario conduzir algumas frasqueiras de Agua-ardente; ou
para remedio, ou para gastos dos Indios da sua esquipação; o que devem
depôr os mesmos Cabos, debaixo de juramento, que lhe diferirão os Di
rectores; para se acautelarem os irreparaveis damnos, que os ditos Cabos
podem causar nas Povoações, por meio deste prejudicialissimo commer
cio; em quanto elles se demorarem naquelles Pórtos mandarão os Direc
tores pôr em deposito as sobreditas frasqueiras em parte, onde possão ser
guardadas com fidelidade, as quaes lhe serão entregues apenas quizerem
continuar a sua viagem assignando termo de não contratarem, com o re
ferido genero, assim naquella, como em outra Povoação.
43 Ao mesmo tempo, que para favorecer a liberdade do commercio,
permitto, que os Indios possão vender nas suas, e em outras quaesquer
Povoações os generos, que adquirirem, e os fructos, que cultivarem,
exceptuando unicamente os que forem necessarios para a sustenção de
suas casas, e familias: o que só poderão fazer achando-se presentes os
seus Directores na fórma assima declarada. Ordeno aos mesmos Directores
debaixo das penas cominadas no §. 89., que nem por si, nem por inter
posta pessoa possão pessoalmente comprar aos Indios os referidos generos,
nem estipular com elles directa, ou indirectamente negocio, ou contra
to algum por mais racionavel, e justo, que pareça. •

44 E para que os Directores possão dar huma evidente demonstração


da sua fidelidade, e do seu zelo, e os Indios possão vender os seus gene
ros livres de todos os enganos, com que até agora forão tratados; logran
do pacificamente á sombra da Real protecção de Sua Magestade, aquel
las conveniencias, que naturalmente lhes pódem resultar de hum nego
cio licito, justo, e virtuoso: Haverá em todas as Povoações hum livro,
chamado do Commercio rubricado pelo Provedor da Fazenda Real, no
qual os Directores mandarão lançar pelos Escrivães da Camara, ou do
público, e na falta destes pelos Mestres das Escólas, assim os fructos, e
generos, que se venderão, como as fazendas porque se commutarão; ex
plicando-se a reputação destas, e o preço daquellas, e tambem o nome
das pessoas, que commerciárão com os Indios, de cujos assentos, que
serão assignados pelos mesmos Directores, e com merciantes, extrahindo
se huma lista em fórma authentica, a remetterão todos os annos ao Go
vernador do Estado, para que se possa examinar com a devída exacção
a pureza, com que elles se conduzirão em materia tão importante como
esta de que depende sem dúvida a subsistencia, e augmento do Estado.
45 Mas como todas estas providencias se dirigem primeiramente, a
maior utilidade dos Indios; e vendendo-se os generos na Cidade ficará
sendo para elles mais vantajoso, e util, o commercio; attendendo por
1757 519

huma parte á maior reputação, que hão de ter nella; e por outra ao li
mitado dispendio, que se fará nos transportes por ser este Paiz cercado
por toda a parte de Rios, pelos quaes se pódem transportar os generos
com muita facilidade, e pouca despeza; recommendo aos Directores, que
persuadão os Indios pelos meios da suavidade, quaes são neste caso , o
propor-lhes a sua maior conveniencia, que conduzão para a Cidade to
dos os generos, e fructos, que aliás poderião vender nas suas Povoações;
observando os Directores nesta materia aquella mesma fórma, que se de
termina nos paragrafos subsequentes a respeito do commercio do Sertão.
46 - Não podendo duvidar-se, que entre os ramos do negocio de que
se constitue o commercio deste Estado; nenhum he mais importante,
nem mais util, que o do Sertão; o qual não só consiste na extracção das
proprias Drogas, que nelle produz a natureza; mas nas feitorias de man
teigas de tartaruga, salgas de peixe, oleo de cupaiva, azeite de andiro
ba, e de outros muitos generos de que he abundante o Paiz; emprega
rão os Directores a mais exacta vigilancia, e incessante cuidado em in
troduzir, e augmentar o referido commercio nas suas respectivas Povoa
ções. E para que nesta interessantissima materia possão os Directores
conduzir-re por huma regra fixa, e invariavel, observarão a fórma, que
lhe vou a prescrever. • • • * #

47 . Em primeiro lugar se informarão da qualidade das terras, que


são adjacentes, e proximas ás suas Povoações, e dos efeitos, de que são
abundantes; e achando, que dellas se poderá extrahir com maior faci
lidade, este, ou aquelle genero, esse será o ramo de negocio a que ap
pliquem todo o seu cuidado; bem entendido, que todo o commercio pa
ra se augmentar, e florecer, deve fundar-se nestas duas sólidas, e ver
dadeiras maximas: Primeira, que em todo o negocio cresce a utilidade
ao mesmo passo, a que deminue a despeza, sendo evidentemente certo,
que aquelle genero, que poder fabricar-se em menos tempo, e com me
nor número de trabalhadores, terá melhor consumo, e consequentemen
te será mais bem reputado: Segunda, que seria summamente prejudi
cial, que todas as Povoações de que se compõe huma Monarchia , ou
hum Estado, applicando-se á fábrica, ou á extracção de hum só efeito,
conservassem o mesmo ramo de commercio; não só porque a abundancia
daquelle genero o reduziria ao ultimo abatimento com total prejuizo dos
commerciantes; mas tambem porque as referidas Povoações não poderião
mutuamente soccorrer-se, comprando humas o que lhes falta, e venden
do outras o que lhes sobeja. -

48 Na intelligencia destas duas fundamentaes, e interessantes maxi


mas, recommendo muito aos Directores, que estabeleção o Commercio
das suas respectivas Povoações, persuadindo aos Indios, aquelle nego
cio, que lhes for mais util na fórma, que tenho ponderado, e ainda mais
claramente explicarei. Se as ditas Povoações estiverem proximas ao mar,
ou situadas nas margens de Rios, que sejão abundantes de peixe, será
a feitoria das salgas o ramo do commercio, de que resultará maior utili
dade aos interessados. Se porém os Rios, e as terras adjacentes ás suas
Povoações produzirem com abundancia Cacáo, Salsa , Cravo, ou outro
qualquer efeito, empregarão os Directores todo o seu cuidado em appli
car os Indios a este ramo de negocio.
49 Para animar os ditos Indios a frequentar gostosamente o interes
sante commercio do Sertão, lhes explicarão os Directores, que daqui por
diante toda a utilidade, que resultar do seu trabalho, se distribuirá en
tre elles mesmos; correspondendo a cada hum o interesse á proporção do
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mesmo trabalho. E como a utilidade do referido negocio deve ser igual


para todos, observarão os Directores na nomeação, que fizerem delles
para o mencionado commercio, a fórma seguinte. Apenas se concluir o
trabalho da cultura das terras, que em todas as circumstancias deve ser
o primeiro objecto dos seus cuidados, chamarão á sua presença todos os
Principaes, e mais Indios de que constar a Povoação: E achando que
todos elles desejão ir ao negocio do Sertão, os nomearão juntamente, com
os Principaes, guardando inviolavelmente as Leis da alternativa: Por
que deste modo experimentarão todos igualmente o pezo do trabalho; e
a suavidade do lucro; bem entendido, que a dita nomeação se fará uni
camente daquella parte dos Indios que pertencerem á distribuição das
Povoações como abaixo se declarará.
30 Mas como não seria justo, que os Principaes, Capitães Móres,
Sargentos Móres, e mais Oficiaes, de que se compõe o governo das Po
voações, ao mesmo tempo que Sua Magestade tem ordenado nas suas
Reaes, e piissimas Leis que se lhes guardem todas aquelas honras com
petentes á graduação de seus póstos, se reduzissem ao abatimento de
se precisarem a ir pessoalmente á extracção das drogas do Sertão; po
derão os ditos Principaes mandar nas Canôas, que forem ao dito nego
cio seis Indios por sua conta, não havendo mais que dous Principaes na
Povoação: E excedendo este número, poderão mandar até quatro Indios
cada hum; os Capitães Móres, Sargentos Móres quatro; e os mais Of
ficiaes dous; os quaes devem ser extrahidos do número da repartição do
Povo; ficando os sobreditos Oficiaes com a obrigação de lhe satisfaze
rem os seus selarios na fórma das Reaes ordens de Sua Magestade. E
querendo os ditos Principaes, Capitães Móres, e Sargentos Móres, vo
luntariamente ir com os Indios, que se lhes distribuirem, á extracção
daquellas drogas, o poderão fazer alternativamente, ficando sempre me
tade dos Oficiaes na Povoação. - - •

51 Consistindo pois no augmento deste commercio o sólido estabele


cimento do Estado; para que aquelle não só subsista, mas floreça, cor
rerá por conta das Camaras, nas Povoações, que forem Villas, e nas
quaes forem lugares por conta dos Principaes, a expedição das referidas
Canôas; tendo a seu cargo, o mandallas preparar em tempo habil; pro
vellas dos mantimentos necessarios; e de tudo o mais, que for preciso;
para que possão fazer viagem ao Sertão; cujas despezas se lançarão nos
livros das mesmas Camaras; com a condição porém de que não poderão
tomar resolução alguma nesta importante materia; sem primeiro a par
ticiparem aos seus respectivos Directores. Mas supposto encarrego ao
zelo, e cuidado das Camaras, e Principaes a execução de todas estas pro
videncias, lhe recommendo, que antes de expedirem as Canôas recorrerão
por petição ao Governador do Estado, explicando o número dos Indios, de
que se compõe a esquipação dellas; assim para se lhes declarar o modo
com que devem proceder na factura do Cacáo; como para se satisfaze
rem os novos direitos na mesma fórma que se pratíca com outro qualquer
morador. * *

52 E como as Canôas destinadas para o negocio, não só devem le


var o número de Indios competentes á sua esquipação, mas alguns de
sobrecellente, para que não succeda, que falecendo, enfermando, ou
fugindo alguns, fiquem as Canôas nos Sertões, expostas ao ultimo de
semparo, como repetidas vezes tem succedido; poderão as mesmas Ca
maras, e Principaes dar licença para que as sobreditas Canôas levem
dez até doze Indios além da sua esquipação, que fação o negocio para
1757 • 521

si; isto se entende se acaso os houver; e que de sorte nenhuma sejão dos
que pertencem á distribuição do Povo; porque a este deve ficar sempre
salvo o seu prejuizo.
53 Tendo ensinado a experiencia, que os mesmos Cabos, a quem se
entregão o governo, e a direcção das Canôas, devendo sustentar a fé
pública deste Commercio, a tem não só diminuido, mas totalmente arrui
nado; porque attrahidos da utilidade propria, fazem com os mesmos In
dios negocios particulares; bastando só esta circunstancia para os cons
tituir dolosos, e iniquos, terão grande cuidado os Directores em que as
Camaras, e os Principaes só nomeiem para Cabos das referidas Canôas
aquellas pessoas, que forem de conhecida fidelidade; inteireza, honra,
e verdade; cuja nomeação se fará pelas mesmas Camaras, e Principaes,
mas sempre a contento daquelles Indios que forem interessados.
54. Feita deste modo a sobredita nomeação, serão logo chamados ás
Camaras os Cabos nomeados, para assignarem termo de aceitação; obri
gando-se por sua pessoa, e bens, não só a dar conta de toda a importan
cia que receberem pertencente aquella expedição ; mas lá satisfação de
qualquer prejuizo, que por sua culpa, negligencia, ou descuido houver
no dito negocio. E como sem embargo de todas estas cautelas poderão
faltar os ditos Cabos ás condições, a que se sujeitarem; ou porque es
quecidos da fidelidade, com que se deve tratar o Commercio comprárão
aos Indios particularmente os efeitos; ou porque os venderão aos mora
dores, antes de chegar ás suas Povoações; Ordeno aos Directores, que
logo na chegada das Canôas, tirem huma exacta informação nesta mate
ria; e achando que os Cabos commetterão culpa grave, além de serem
obrigados a satisfazerem o prejuizo em dôbro, que se distribuirá entre os
mesmos interessados, os remetterão prezos ao Governador do Estado, pa
ra mandar proceder contra elles á proporção de seus delictos. •

55 Felicitando Deos Nosso Senhor o Commercio das referidas Canôas,


virão estas em direitura ás Povoações a que pertencer: nellas se fará lo
go o manifesto authentico de toda a importancia da carga: mandando os
Directores, lançar no livro do Commercio com toda a distinção, e cla
reza os generos de que constar a dita carregação: o que tudo se execu
tará, na presença dos Officiaes da Camara, e de todos os Indios interes
sados. Concluida esta diligencia, com a brevidade que permittir o tem
po, cuidarão logo os Directores depois de mandarem extrahir duas guias
em fórma de todas as parcelas, que se lançará no livro do Commercio,
remetter para esta Cidade os referidos efeitos; ordenando aos Cabos das
mesmas Canôas, que apenas chegarem a este Porto, entreguem logo hu
ma das guias ao Governador do Estado; e outra ao Thesoureiro geral do
Commercio dos Indios: Para cujo emprêgo, por Me parecer indispensa
velmente necessario, nas circumstancias presentes, tenho nomeado in
terinamente o Sargente Mór Antonio Rodrigues Martins, attendendo á
grande fidelidade, e notorio zelo de que he dotado. -

56 Tanto que os Cabos das Canôas entregarem ao Thesoureiro ge


ral as guias da carregação, terá este hum espicial cuidado, conferindo
primeiro as cargas com as mesmas guias, de vender os generos, que re
ceber, dando-lhes a melhor reputação, que permittir a qualidade delles,
o que não poderá executar com efeito sem dar parte ao Governador do
Estado. De todo o dinheiro, que liquidamente importar a venda dos so
breditos generos pagará o dito Thesoureiro em primeiro lugar os Dizimos
á Fazenda Real; em segundo as despezas, que se fizerão naquella expe
dição; em terceiro a porção, que se arbitrar ao Cabo da mesma Canôa;
Vvy
522 1757

em quarto, a sexta parte pertencente aos Directores; distribuindo-se fi


nalmente o remanecente em partes iguaes por todos os Indios interessa
dos.
57 E para que de nenhum modo possa haver confusão na fórma com
que se devem pagar os Dizimos dos generos, que se extrahem dos Ser
tões, declaro, que em quanto ao Cacáo, Café, Cravo, e Salsa, perten
ce esta obrigação aos mesmos, que comprarem os referidos generos, dos
quaes se costumão pagar os Dizimos na mesma occasião do embarque.
À respeito porém dos mais generos, como são Manteigas de Tartarugas,
e toda a qualidade de Peixes, oleos de Cupauba, azeite de Andiroba,
e todos os mais efeitos, exceptuando unicamente os fructos, que produz
a terra por meio da cultura, sendo elles remettidos para esta Cidade,
nella se pagarão os Dizimos dirigindo-se nesta materia o Thesoureiro ge
-ral pelas Guias, que lhe forem remettidas. E se algum dos ditos gene
ros se vender nas Povoações, serão obrigados os Directores a cobrar os
Dizimos observando a fórma, que se lhes prescreve no paragrafo 3o.
58 Finalmente como, supposta a rusticidade, e ignorancia dos mes
mos Indios, entregar a cada hum o dinheiro, que lhe compete, seria of
fender não só as Leis da Caridade, mas da Justiça, pela notoria inca
pacidade, que tem ainda agora de o administrarem ao seu arbitrio, será
obrigado o Tesoureiro geral a comprar com o dinheiro, que lhes perten
cer na presença dos mesmos Índios aquellas fazendas de que elles neces
sitarem: Executando-se nesta parte inviolavelmente aquelas ordens com
que tenho regulado nesta Cidade o pagamento dos ditos Indios, em be
neficio commum delles. Deste modo acabando de comprehender com evi
dencia estes miseraveis Indios a fidelidade com que cuidamos nos seus
interesses, e as utilidades, que correspondem ao seu tráfico , se porão
naquella
C10.
boa fé de que depende a subsistencia, e augmento do Commer

59 Sendo a destribuição dos Indios, hum dos principaes objectos a


que se dirigírão sempre as Paternaes providencias, e piissimas Leis
de Sua Magestade: como em prejuizo commum dos seus Vassallos, se
faltou á observancia, que ellas deverão ter, com escandolosa ofensa não
só das Leis, da Justiça, e Piedade, mas até daquelle mesmo decoro,
que se deve aos respeitosos Decretos dos nossos Augustos Soberanos:
Para que as ditas Reaes Ordens, tenhão a sua devida execução, obser
varão os Directores as determinações seguintes.
60 Dictão as Leis da natureza, e da razão, que assim como as par
tes no corpo fisico devem concorrer para a conservação do todo, he igual
mente percisa esta obrigação nas partes, que constituem o todo moral,
e politico. Contra os irrefragaveis dictames do mesmo direito natural,
se faltou até agora a esta indispensavel obrigação; afectando-se especio
sos pertextos para se iludir a repartição do Povo, de que por infallivel
consequencia se havia de seguir a ruina total do Estado; porque faltan
do aos moradores delle os operarios de que necessitão para a fábrica das
Lavouras, e para a extracção das Drogas, precisamente se havia de di
minuir a cultura, e abater o Commercio.
61 Estabelecendo-se neste sólido, e fundamental principio as Leis da
distribuição, clara, e evidentemente comprehenderão os Directores, que
deixando de observar esta Lei, se constituem Réos do mais abomimavel,
e escandaloso delicto; qual he embaraçar o estabelecimento, a conser
vação, o augmento, e toda felicidade do Estado, e frustar as piissimas
intenções de Sua Magestade, as quaes na fórma do Alvará de 6 de Ju
1757 523

nho de 1755 se derigem a que os moradores delle se não vejão precisados


a mandar vir obreiros, e trabalhadores de fóra para o tráfico das suas
Lavouras, e cultura das suas terras; e os Indios naturaes dos Pais, não
fiquem privados do justo estipendio correspondente ao seu trabalho, que
daqui por diante se lhe regulará na fórma das Reaes Ordens do dito Se
nhor: Fazendo-se por este modo entre huns, e outros reciprocos os inte
resses, de que sem dúvida resultarão ao Estado as ponderadas felicida
des.
62 Pelo que recommendo aos Directores, appliquem hum especialis
simo cuidado, a que os Principaes, a quem compete privativamente a
excução das Ordens respectivas á distribuição dos Indios, não faltem com
elles aos moradores, que lhes presentarem Portarias do Governador do
Estado; não lhes sendo licito em caso algum, nem exceder o número da
repartição; nem deixar de executar as referidas Ordens, ainda que se
ja com detrimento da maior utilidade dos mesmos Indios; por ser indis
putavelmente certo, que a necessidade commua, constitue huma Lei
superior a todos os incommodos, e prejuizos particulares. +

63 E como Sua Magestade foi Servido dar novo methodo ao governo


destas Povoações; abolindo a administração temporal, que os Regulares
exercitavão nellas; e em consequencia desta Real Ordem, fica cessando
a fórma da repartição dos Índios; os quaes se dividirão em tres partes;
huma pertencente aos Padres Missionarios; outra ao serviço dos Mora
dores; e a outra ás mesmas Povoações: Ordeno aos Directores, que ob
servem daqui por diante inviolavelmente o paragrafo 15 do Regimento,
no qual o dito Senhor manda, que, dividindo-se os ditos Indios em duas
partes iguaes, huma dellas se conserve sempre nas suas respectivas Po
voações, assim para a defeza do Estado, como para todas as diligencias
do seu Real serviço, e outra para se repartir pelos Moradores, não só pa
ra a esquipação das Canôas, que vão extrahir Drogas ao Sertão, mas pa
ra os ajudar na plantação dos Tabacos, canas de Assucar, Algodão , e
todos os generos, que pódem enriquecer o Estado, e augmentar o Com
mercio.
64 Para que a referida distribuição, se observe com aquella rectidão,
e inteireza, que pedem as Leis da Justiça distributiva cessando de huma
vez os clamores dos Póvos, que cada dia se fazião mais justificados pelos
afectados pretextos, com que se confundião em tão interessante materia,
as repetidas Ordens de Sua Magestade; não se podendo comprehender,
se era mais abominavel a causa; se mais prejudicial o efeito; haverá dous
livros rubricados pelo Desembargador Juiz de Fóra, em que se matricu
lem todos os Indios capazes de trabalho, que na fórma do §. XIII. do
Regimento são todos aquelles, que tendo treze annos de idade, não pas
sarem de sessenta.
65 Hum destes livros se conservará em poder do Governador do Es
tado, e outro no do Desembargador Juiz de Fóra, como Presidente da
Camara: nos quaes se irão matriculando os Indios, que chegarem á re
ferida idade; riscando-se deste número todos aquelles, que constar por
Certidões dos seus Parocos, que tiverem falecido, e os que pela razão
dos seus achaques se reputarem por incapazes"de trabalho: O que se de
ve executar na conformidade das listas, que os Directores remetterão to
dos os annos ao Governador do Estado, as quaes devem estar na sua mão
até o fim do mez de Agosto infallivelmente.
66 Sendo pois as referidas listas o documento authentico, pelo qual
se devem regular todas as ordens …………? mesma
VV 2
distribuição, or
524 • 1757

deno aos Directores, que as fação todos os annos, declarando nellas fi


delissimamente todos os Indios , que forem capazes de trabalho, na
fórma dos paragrafos antecedentes, as quaes serão assignadas pelos
mesmos Directores, e Principaes, com cominação de de que faltan
do ás Leis da verdade em materia tão importante ao interesse Pú
blico, huns, e outros serão castigados como inimigos communs do Es
tado.
67 Mas ao mesmo tempo, que recommendo aos Directores , e Prin
cipaes a inviolavel, e exacta observancia de todas as ordens respectivas
á repartição do Povo; lhes ordeno, que não appliquem Indio algum ao
serviço particular dos Moradores para fóra das Povoações, sem que es
tes lhe apresentem licença do Governador do Estado, por escrito ; nem
consintão, que os ditos Moradores retenhão em casa os referidos Indios
além do tempo porque lhe forem concedidos: O qual se declarará nas
mesmas Licenças, e tambem nos recibos, que os Moradores devem pas
sar aos Principaes, quando lhes entregarem os Indios. E como a escan
dalosa negligencia, que tem havido na observancia desta Lei, que se
declara no paragrafo 5 tem sido a origem de se acharem quasi de sertas as
Povoações, serão obrigados os Directores, e Principaes a remetter todos
os annos ao Governador do Estado huma Lista dos transgressores para
se proceder contra elles, impondo-se-lhes aquellas penas, que determina
a sobredita Lei no referido paragrafo.
68 He verdade, que não admitte controversia, que em todas as Na
ções civilisadas, e polídas do Mundo á proporção das Lavouras, das ma
nufacturas, e do Commercio, se augmenta o número dos Commerciantes,
operarios, e Agricultores; porque correspondendo a cada hum o justo,
e racionavel interesse proporcionado ao seu tráfico, se fazem reciprocas
as conveniencias, e commuas as utilidades, E para que as Leis da dis
tribuição se observem com reciproca conveniencia dos moradores, e dos
Indios, e estes se possão empregar sem violencia nas utilidades daquel
les, desterrando-se por este modo o poderoso inimigo da ociosidade, se
rão obrigados os Moradores, apenas receberem os Indios, a entregar
aos Directores toda a importancia dos seus salarios , que na fórma das
Reaes Ordens de Sua Magestade devem ser arbitrados de sorte, que a
conveniencia do lucro lhes suavise o trabalho. -

69. Mas porque da observancia deste paragrafo, se podem originar


aquellas racionaveis, e justas queixas, que até agora fazião os Morado
res, de que deixando ficar nas Povoações os pagamentos dos Indios,
ainda quando evidentemente mostravão, que os mesmos Indios deserta
vão de seu serviço se lhes não restituião os ditos pagamentos; vindo por
este modo os desertores a tirar comodo do seu mesmo delicto; não só
com irreparavel damno dos Póvos, mas com total abatimento do Com
mercio; sendo talvez este iniquio fim a que se derigia tão pernicioso abu
so; para se evitarem as referidas queixas, Ordeno aos Directores, que
apenas receberem os sobreditos salarios entreguem aos Indios huma par
te da importancia delles, deixando ficar as duas partes em deposito; pa
ra o que haverá em todas as Povoações hum Cofre, destinado unicamen
te para deposito dos ditos"pagamentos, os quaes se pagarão aos mesmos
Indios, constando, que elles os vencerão com o seu trabalho.
70 Succedendo porém desertarem os Indios do serviço dos Moradores
antes do tempo, que se acha regulado, pelas Reaes Leis de Sua Mages
tade , que na fórma do paragrafo 14 do Regimento, a respeito desta Ca
Pitanía he de seis mezes; e verificando-se a dita deserção, a qual os
1757 525

moradores devem fazer certa por algum documento; ficarão os Indios per
dendo as duas partes do seu pagamento, que logo se entregarão aos mes
mos Moradores. O que se praticará pelo contrario averiguando-se, que
os Moradores derão causa á dita deserção, porque neste caso não só per
derão toda a importancia do pagamento, mas o dobro delle. E para que
os moradores não possão allegar ignorancia alguma nesta materia, lhes
advirto finalmente, que falecendo algum Indio no mesmo trabalho, ou
impossibilitando-se para elle, por causa de molestia, serão obrigados a
entregar ao mesmo Indio, ou a seus herdeiros o justo estipendio, que ti
ver merecido. •

71, E como pelo paragrafo 50 deste Directorio, se concede licença


aos Principaes, Capitães Móres, Sargentos Móres, e mais Oficiaes das
Povoações, para mandarem alguns lndios por sua conta ao Commercio do
Sertão, por ser justo, que se lhes permittão os meios competentes para
sustentarem as suas Pessoas, e Familias com a decencia devída aos seus
empregos, observarão os Directores com os referidos Oficiaes na fórma
dos pagamentos, o que se determina a respeito dos Moradores, exceptu
ando unicamente o caso em que elles como Pessoas miseraveis não tenhão
dinheiro, ou fazendas com que possão prefazer a importancia dos Sala
rios, porque nesse caso serão obrigados a fazer hum escrito de dívida,
assignado por elles, e pelos mesmos Directores, que ficará no Cofre do
deposito, no qual se obriguem á satisfação dos referidos Salarios apenas
receberem o producto, que lhes competir.
72 Devendo acautelar-se todos os dólos, que podem acontecer nos
pagamentos dos Indios, recommendo muito aos Directores, que no ca
so, que os moradores queirão fazer o dito pagamento, em fazendas; a
chando os Indios conveniencia neste medo de satisfação; não consintâo
de nenhum modo, que estas sejão reputadas por maior preço, do que se
vende nesta Cidade; permittindo unicamente de avanço a justa despeza
dos transportes, que se arbitrará á proporção das distanciás das Povoa
ções a respeito da mesma Cidade. E quando os ditos Moradores pertem
dão reputar as suas fazendas, por exorbitantes preços, não poderão os
Directores aceitallas em pagamento, com cominação de satisfazerem aos
mesmos Indios qualquer prejuizo, que se lhe seguir do contrario. O que
os mesmos Directores observarão em todos os casos, em que os Morado
res concorrem por este modo com os Indios, ou seja satisfazendo-lhes
com fazendas o seu trabalho, ou comprando-lhes os seus generos.
73 Consistindo finalmente na inviolavel execução destes Paragrafos o
destribuirem-se os Indios com aquella fidelidade, e inteireza, que recom
mendão as piissimas Leis de Sua Magestade, dirigidas unicamente ao
Bem commum dos seus Vassallos, e ao sólido augmento do Estado: Pa
ra que de nenhum modo se possão illudir estas interessantissimas deter
minações serão obrigados os Directores a remeter todos os annos no prin
cipio de Janeiro ao Governador do Estado huma lista de todos os Indios,
que se destribuírão no anno antecedente; declarando-se os nomes dos
Moradores, que os receberão; e em que tempo; a importancia dos sela
rios, que ficarão em deposito; e os preços porque forão reputadas as fa
zendas, com as quaes se fizerão os ditos pagamentos; para que pondera
das estas importantes materias com a devída reflexão se possão dar to
das aquelas providencias, que se julgarem precisas, para se evitarem os
prejudicialissimos dólos , que se tinhão introduzido no importantissimo
Commercio do Sertão, faltando-se com escandalo da piedade, e da ra
zão ás Leis da Justiça destributiva, na rapartição dos Indios, em pre
526 1757

juizo commum dos Moradores, e ás da comutativa ficando por este mo


do privado os ditos Indios do racional lucro do seu trabalho.
71. A lastimosa ruina, a que se achão reduzidas as PovoaçõOs dos In
dios, de que se compõe este Estado; he digna de tão especial attenção,
que não devem os Directores omittir diligencia alguma conducente ao
seu prefeito restabelecimento. Pelo que recommendo aos ditos Directo
res, que apenas chegarem ás suas respectivas Povoações, appliquem lo
go todas as providencias para que nellas se estabeleção casas de Cama
ra, e Cadêas publicas, cuidando muito em que estas sejão erigidas com
toda a segurança, e aquelas com a possivel grandeza. Consequentemen
te empregarão os Directores hum particular, cuidado em persuadir aos
Indios, que fação casas decentes para os seus domicilios, desterrando o a
buso, e a vileza de viver em choupanas á imitação dos que habitão co
mo barbaros o inculto centro dos Sertões, sendo evidentemente certo,
que para o augmento das Povoações, concorre muito a nobreza dos Edi
dificios.
75 Mas como a principal origem do lamentavel estado a que as ditas
Povoações estão reduzidas procede de se acharem evacuadas; ou porque
os seus habitantes obrigados das violencias, que experimentárão nellas,
buscavão o refugio nos mesmos Mattos em que nascerão; ou porque os
Moradores do Estado usando do ilicito meio de os praticar, e de outros
muitos que administra em huns a ambição, em outros a miseria, os retem, e
conservao no seu serviço; cujos ponderados damnos pedem huma prom
pta, e eficaz providencia: Serão obrigados os Directores a remetter ao
Governador do Estado hum mappa de todos os Indios ausentes, assim dos
que se achão nos Mattos, como nas casas dos Moradores, para que exa
minando-se as causas da sua deserção, e os motivos porque os ditos Mo
radores os conservão em suas casas, se appliquem todos os meios propor
cionados para que sejão restituidos ás suas respectivas Povoações.
76 E como para conservação, e augmento dellas não seria providem
cia bastante o restituirem-se aquelles Moradores, com que forão estabe
lecidas, não se introduzindo nellas maior número de habitantes; o que se
póde conseguir, ou reduzindo-se as Aldêas pequenas a Povoações popu
losas; ou fornecendo-as de Indios por meio dos descimentos; observarão
os Directores nesta importante materia as determinações seguintes, as
quaes lhes participo na conformidade das Reaes Ordens de Sua Mages
tade.
77. No § II. do Regimento ordena o dito Senhor, que as Povoações
dos Indios constem ao menos de 150 Moradores, por não ser convenien
te ao bem Espiritual, e Temporal dos mesmos Indios, que vivão em Po
voações pequenas, sendo indisputavel, que á proporção do número dos
habitantes se introduz nellas a civilidade, e Commercio. E como para se
executar esta Real Ordem se devem reduzir as Aldêas a Povoações po
pulosas, incorporando-se, e unindo-se humas a outras; o que na fórma
da Carta do primeiro de Fevereiro de 1701, firmada pela Real Mão de
Sua Magestade, se não póde executar entre Indios de diversas Nações,
sem primeiro consultar a vontade de huns, e outros; Ordeno aos Dire
ctores, que na mesma lista que devem remetter dos Indios na fórma as
sima declarada, expliquem com toda a clareza a distincção das Nações;
a diversidade dos costumes, que ha entre ellas; e a opposição, ou con
cordia em que vivem; para que, refletidas todas estas circunstancias,
se possa determinar em Junta o modo, com que sem violencia dos nes
mos Indios se devem executar estas utilissimas reducções,
1757 527

76 Em quanto porém aos descimentos, sendo Sua Magestade Servi


do recommendalos aos Padres Missionarios nos §§. 8, e 9 do Regimen
to, declarando o mesmo Senhor que confiava deles este cuidado, por lhes
ter encarregado a administração Temporal das Aldêas; como na confor
midade do Alvará de 7 de Junho de 1765, foi o dito Senhor Servido remo
ver dos Regulares o dito governo Temporal mandando-o entregar aos Jui
zes Ordinarios, Vereadores, e mais Oficiaes de Justiça, e aos Principaes
respectivos; terão os Directores huma incansavel vigilancia em advertir
a huns, e outros, que a primeira, e mais importante obrigação dos seus
póstos consiste em fornecer as Povoações de Indios por meio dos desci
mentos, ainda que seja á custa das maiores despezas da Real Fazenda
de Sua Magestade, como a inimitavel, e catholica piedade dos nossos
Augustos Soberanos, tem declarado em repetidas Ordens, por ser este
o meio mais proporcionado para se dilatar a Fé, e fazer-se respeitado, e
conhecido neste novo Mundo o adoravel Nome do nosso Redemptor.
79 E para que os ditos Juizes Ordinarios, e Principaes possão desem
penhar cabalmente tão alta, e importante obrigação, ficará por conta dos
Directores persuadir-lhes as grandes utilidades Espirituaes, e Tempo
raes, que se hão de seguir dos ditos descimentos, e o prompto, e efi
caz concurso, que acharão sempre nos Governadores do Estado, como
fiéis executores, que devem ser das exemplares, catholicas, e religiosis
simas intenções de Sua Magestade.
80 Mas como a Real intenção dos nossos Fidelissimos Monarchas,
em mandar fornecer as Povoações de novos Indios se dirige, não só ao
estabelecimento das mesmas Povoações, e augmento do Estado, mas á
civilidade dos mesmos Indios por meio da communicação, e do Commer
cio; e para este virtuoso fim póde concorrer muito a introducção dos
Brancos nas ditas Povoações, por ter mostrado a experiencia, que a odio
sa separação entre huns, e outros, em que até agora se conservavão,
tem sido a origem da incivilidade, a que se achão reduzidos; para que
os mesmos Indios se possão civilisar pelos suavissimos meios do Commer
cio, e da communicação; e estas Povoações passem a ser não só populo
sas, mas civís; poderão os Moradores deste Estado, de qualquer quali
dade, ou condição que sejão, concorrendo nelles as circunstancias de
hum exemplar procedimento, assistir nas referidas Povoações, logrando
todas as honras, e privilegios, que Sua Magestade foi Servido conceder
aos Moradores delas: Para o que apresentando licença do Governador
do Estado, não só os admittirão os Directores, mas lhes darão todo o
auxilio, e favor possivel para erecção de casas competentes ás suas Pes
soas, e Familias; e lhes destribuirão aquella porção de terra que elles
possão cultivar, sem prejuizo do direito dos Indios, que na conformida
de das Reaes Ordens do dito Senhor são os primarios, e naturaes senho
res das mesmas terras; e das que assim se lhes distribuirem mandarão
no termo que lhes permitte a Lei, os ditos novos Moradores tirar suas
Cartas de Datas na fórma do costume inalteravelmente estabelecido.
81 E porque os Indios, a quem os Moradores deste Estado tem re
posto em má Fé pelas repetidas violencias, com que os tratárão até ago
ra, se não persuadão de que a introducção delles lhes será summamente
prejudicial; deixando-se convencer de que assistindo naquellas Povoações
as referidas pessoas, se farão senhoras das suas terras, e se utilisarão do
seu trabalho, e do seu Commercio; vindo por este modo a sobredita in
troducção a produzir contrarios efeitos ao sólido estabelecimento das mes
mas Povoações; serão obrigados os Directores, antes de admittir as taes
528 1757

Pessoas, á manifestar-lhes as condições, a que ficão sujeitas, de que se


fará termo nos livros da Camara assignado pelos Directores, e pelas
mesmas Pessoas admittidas. |-

82 Primeira: Que de nenhum modo poderão possuir as terras, que na


fórma das Reaes Ordens de Sua Magestade se acharem distribuidas pe
los Indios, perturbando-os da posse pacifica dellas, ou seja em satisfa
ção de alguma divida, ou a titulo de contracto, doação, disposição Tes
tamentaria, ou de outro qualquer pretexto, ainda sendo apparentemente
licito, e honesto. * **

83 Segunda: Que serão obrigados a conservar com os Indios aquel


la reciproca paz, e concordia, que pedem as Leis da humana Civilida
de, considerando a igualdade, que tem com elles na razão generica de
Vassallos de Sua Magestade, e tratando-se mutuamente huns a outros
com todas aquelas honras, que cada hum merecer pela qualidade das
suas Pessoas, e graduação de seus póstos. * * }
* *

84 Terceira: Que nos empregos honorificos não tenhão preferencia


a respeito dos Indios, antes pelo contrario, havendo nestes capacidade,
preferirão sempre aos mesmos Brancos dentro das suas respectivas Po
voações, na conformidade das Reaes Ordens de Sua Magestade.
85 Quarta: Que sendo admittidos naquellas Povoações para civilisar
os Indios, e os animar com o seu exemplo á cultura das terras, e a bus
carem todos os meios licitos, e virtuosos de adquirir as conveniencias
Temporaes, se não desprezem de trabalhar pelas suas mãos nas terras,
que lhes forem distribuidas; tendo entendido, que á proproção do traba
lho manual, que fizerem, lhes permittirá Sua Magestade aquelas hon
ras, de que se constituem benemeritos os que rendem serviço tão impor
tante ao bem público. - - -

86 Quinta: Que deixando de observar qualquer das referidas condi


ções, serão logo expulsos das mesmas terras, perdendo todo o direito,
que tinhão adquirido, assim á propriedade dellas, como a todas as La
vouras, e plantações, que tiverem feito. -

87 Para se conseguirem pois os interessantissimos fins, a que se di


rigem as mencionadas condições, que são a paz, a união, e a concordia
pública, sem as quaes não podem as Republicas subsistir, cuidarão mui
to os Directores em applicar todos os meios conducentes para que nas
suas Povoações se extingua totalmente a odiosa, e abominavel distinc
ção que a ignorancia, ou a iniquidade de quem preferia as convenien
cias particulares aos interresses publicos, introduzia entre os Indios, e
Brancos, fezendo entre elles quasi moralmente impossivel aquella união,
e sociedade Civíl tantas vezes recommendada pelas Reaes Leis de Sua
Magestade. |-

88 Entre os meios, mais proporcionados para se conseguir tão vir


tuoso, util, e santo fim, nenhum he mais eficaz, que procurar por via
de casamentos esta importantissima união. Pelo que recommendo aos
Directores, que appliquem hum incessante cuidado em facilitar, e pro
mover pela sua parte os matrimonios entre os Brancos, e os Indios, pa
ra que por meio deste sagrado vinculo se acabe de extinguir totalmente
aquella odiosissima distincção, que as Nações mais polidas do Mundo
abominárão sempre, como inimigo commum do seu verdadeiro, e funda
mental estabelecimento.
89 Para facilitar os ditos matrimonios, empregarão os Directores to
da a eficacia do seu zelo em persuadir a todas as Pessoas Brancas, que
assistirem nas Povoações, que os Indios tanto não são de inferior quali

1757 529

dade a respeito dellas, que dignando-se Sua Magestade de os habilitar


para todas aquelas honras competentes ás graduações dos seus póstos,
consequentemente ficão logrando os mesmos privilegios as Pessoas que
casarem com os ditos Indios; desterrando-se por este modo as prejudi
cialissimas imaginações dos Moradores deste Estado, que sempre repu
tárão por infamias semelhantes matrimonios. •

90 Mas como as providencias, ainda sendo reguladas pelos dictames


da reflexão, e da prudencia, produzem muitas vezes fins contrarios, e
póde succeder, que, contrahidos estes matrimonios, degenere o vinculo
em desprezo, e em discordia a mesma união; vindo por este modo a
transformar-se em instrumentos de ruina os mesmos meios que deverão con
duzir para a concordia; recommendo muito aos Directores, que apenas fo
rem informados de que algumas Pessoas, sendo casadas, desprezão os
seus maridos, ou as suas mulheres, por concorrer nelles a qualidade de
Indios, o participem logo ao Governador do Estado, para que sejão se
cretamente castigados, como fomentadores das antigas discordias, e per
turbadores da paz, e união pública.
91. Deste modo acabarão de comprehender os Indios com toda a evi
dencia, que estimamos as suas pessoas; que não desprezamos as suas
alianças, e o seu parentesco; que reputamos, como proprias as suas u
tilidades; e que desejamos, cordial, e sinceramente conservar com el
les aquella reciproca união, em que se firma, e estabelece a sólida feli
cidade das Republicas.
92 Consistindo finalmente o firme estabelecimento de todas estas Po
voações na inviolavel, e exacta observancia das ordens, que se contém
neste Directorio, devo lembrar aos Directores o incessante cuidado, e
incansavel vigilancia, que devem ter em tão util, e interessante mate
ria, bem entendido, que entregando-lhes meramente a direcção, e eco
nomia destes Indios, como se fossem seus Tutores, em quanto se con
servão na barbara, e incivil rusticidade, em que até agora forão educa
dos; não os dirigindo com aquelle zelo, e fidelidade que pedem as Leis
do Direito natural, e Civil, serão punidos rigorosamente como inimigos
communs dos sólidos interesses do Estado com aquellas penas estabeleci
das pelas Reaes Leis de Sua Magestade, e com as mais que o mesmo
Senhor for Servido impor-lhes como Réos de delictos tão prejudiaes ao
commum, e ao importantissimo estabelecimento do mesmo Estado.
93 Mas ao mesmo tempo, que recommendo aos Directores a inviola
vel observancia destas ordens, lhes tórno a advertir a prudencia, a sua
vidade, e a brandura, com que devem executar as sobreditas ordens,
especialmente as que disserem respeito á reforma dos abusos, dos vicios,
e dos costumes destes Póvos, para que não succeda que, estimulados da
violencia, tornem a buscar nos centros dos Mattos os torpes, e abomina
veis erros do Paganismo.
94. Devendo pois executar-se as referidas ordens com todos os Indios,
de que se compõem estas Povoações, com aquella moderação, e brandu
ra, que dictão as Leis da prudencia; ainda se faz mais precisa esta obri
gação com aquelles, que novamente descerem dos Sertões, tendo ensi
nado a experiencia, que só pelos meios da suavidade he que estes mise
raveis rusticos recebem as sagradas luzes do Evangelho, e o utilissimo
conhecimento da civilidade, e do Commercio. Por cuja razão não pode
rão os Directores obrigar aos sobreditos Indios a serviço algum antes de
dous annos de assistencia nas suas Povoações; na fórma, que determi
na Sua Magestade no §. XIII. do Rºg"…"; XX
53O 1757

95 Ultimamente recommendo aos Directores, que esquecidos total


mente dos naturaes sentimentos da propria conveniencia, só empreguem
os seus cuidados nos interesses dos Indios; de sorte que as suas felicida
des possão servir de estímulo aos que vivem nos Sertões, para que aban
donando os lastimosos erros, que herdárão de seus progenitores, busquem
voluntariamente nestas Povoações Civís, por meio das utilidades Tem
poraes, a verdadeira felicidade, que he eterna. Deste modo se conse
guirão sem dúvida aquelles altos, virtuosos, e santissimos fins, que fize
rão senpre o objecto da Catholica piedade, e da Real benificencia dos
nossos Augustos Soberanos; quaes são; a dilatação da Fé; a extincção
do Gentilismo; a propagação do Evangelho; a civilidade dos Indios; o
Bem commum dos Vassallos; o augmento da Agricultura; a introducção
do Commercio; e finalmente o estabelecimento, a opulencia, e a total
felicidade do Estado. Pará 3 de Maio de 1757. = Francisco Xavier de
Mendonça Furtado.
Impresso na Oficina de Miguel Rodrigues juntamente
com o Alvará de 17 de Agosto de 1758.

# + …>># #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração, e amplia


ção virem, que sendo-Me presente em Consulta da Junta da Adminis
tração dos Depositos publicos da Corte, e Cidade de Lisboa, que com
manifesta transgressão da Lei do estabelecimento dos mesmos Depositos,
e da novissima de treze de Janeiro deste presente anno, se continuão a
fazer Depositos em mãos de pessoas particulares, e se retem alguns dos
que se achavão feitos em poder dos Depositarios extinctos: E conside
rando o grave prejuizo que recebem os Meus Vassallos de se continua
rem as sobreditas fraudes: Ordeno, que todos os Depositos, que forem
feitos em mãos de pessoas particulares, ou de Officiaes de Justiça, se
jão nullos, e de nenhum vigor para darem direito, ou prestarem impe
dimento, qualquer que ele seja: e que os Oficiaes, que os receberem,
ou nelles intervierem, percão os Oficios, que tiverem, sendo Proprie
tarios, ou o valor delles, sendo serventuarios, a favor de quem os de
nunciar, ou da Minha Real Fazenda, senão houver denunciante. Seme
lhantemente os Depositarios, que sendo passados trinta dias depois da
publicação desta, ou receberem Deposito, ou não mostrarem haver feito
entrega na Junta dos Depositos publicos, dos que antes da publicação
da sobredita Lei havião recebido; Ordeno que sejão obrigados a dar as
suas contas da Cadêa, e que della paguem o dobro do que houverem re
cebido, ou dilatado para se applicar na sobredita fórma. Assim de hu
mas como de outras das referidas transgressões, conhecerão com juris
dicção privativa os Ministros, que na referida Junta presidirem, cada
hum na sua respectiva semana: porém chegando algum delles a proceder
a Devaça contra os Transgressores das ditas Leis, ou a autuallos, o que
principiar a Devaça, ou o auto, proseguirá nos termos della, e delle,
até final sentença, dando-Me conta para lhe nomear os Adjuntos, que
bem Me parecer. E porque Fui tambem informado de que nas arrema
tações dos móveis, que costumão ir á Praça, se não procede com a lisu
ra, que he indispensavel; estabeleço que sempre, que houver leilões,
1757 531

assista a elles hum dos Deputados da referida Junta por distribuição, fa


zendo-se as vendas á porta da Casa dos Depositos, e presidindo a ellas
o respectivo Deputado; desde o principio até o fim: Para o que Hei por
bem crear mais dous Deputados do Corpo do Commercio para que sen
do devidido o trabalho da referida assistencia, seja mais toleravel. Por
obviar as dúvidas com que se Me representou, que os dous Escrivães da
Corte, e Cidade, interrompião o despacho da Junta: estabeleço, que os
ditos Escrivães lavrem os conhecimentos de todos os Depositos, por hu
ma rigorosa distribuição, e regular alternativa, sem outra alguma ordem
de Estações, ou disputas sobre ellas, sob pena de ficar suspenso o que o
contrario fizer até Minha mercê.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores da Minha Real Fazenda, Presidentes do Conselho Ultra
marino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Sup
plicação, Presidente do Senado da Camara, Desembargadores, Minis
tros, Officiaes, e mais pessoas a quem o conhecimento deste pertencer ?
o cumprão, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, sem
falta nem dúvida alguma: E valerá como Carta passada pela Chancella
ria, ainda que por ella não passe, e o seu efeito haja de durar mais de
hum anno, não obstantes as Ordenações, que dispoem o contrario, e
sem embargo de quaesquer outras Leis, ou Disposições, que se oppo
nhão ao conteúdo neste, as quaes Hei tambem por derogadas, para este
efeito sómente; ficando aliàs sempre em seu vigor; registando-se este em
todos os lugares, onde se costumão, registar semelhantes Leis; e mandan
do-se o original para a Torre do Tombo. Dado em Belém a 4 de Maio
de 1757. (i) = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist.
9 na Secretaria de Estado dos Negocios
- Q do Rei
no no avulso.
impr. Livro do Camara, e Depositos a fol. 6., e •

# #<>** 1)

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem:
que tendo consideração á utilidade de que será para reedificação da Ci
dade de Lisboa multiplicarem-se as Fabricas de Cal, Tijolo, Telha, e
Madeira, de sorte que haja huma grande abundancia destes necessarios
materiaes aos justos, e accomodados preços, que a razão, e a experien
cia mostrão, que serião incompativeis com a raridade causada pelos em
bargos, e coacções, que se fizessem aos Fabricantes, e Carreteiros dos
mesmos materiaes; porque desanimarião com geral prejuizo a todos aquel
les, que se em gregassem no trabalho de tão uteis manufacturas, e no
transporte do producto dellas; utilisando ilicitamente os Particulares que
os atravessassem, e reduzindo os mesmos materiaes a poucas mãos, pa
ra assim fazerem os monopolios, que sómente poderão cessar pela liber
dade das Fabricas, facilidade dos transportes, e concorrencia dos que
nellas, e neles se empregarem: estabeleço; que da publicação deste em
diante se não possa mais embargar, apenar, ou por qualquer outro mo
do constranger pessoa alguma das que fabricarem, fizerem fabricar,

(1) Vid. c. Decreto de 15 de Junho deste anno, e a Lei de 20 de Junho de 1774.


Xxx 2
532 "T757

transportarem, ou fizerem transportar os sobreditos materiaes, a vendel


ilos contra suas vontades; sob pena de que aquelles, que o contrario fi
zerem, sendo Oficiaes de Justiça proprietarios, perderão o oficio; sen
do serventuarios, serão condemnados no valor delle; e sendo Militares
perderão o posto, que tiverem, com o valor de hum anno de soldo; tu
do a favor das pessoas, que forem constrangidas contra o determinado
ºnesta Lei. Prohibo debaixo das mesmas penas, que os sobreditos Fabri
cantes, ou outra alguma pessoa de qualquer qualidade, e condição, que
seja, embargue ou mande embargar, matos e lenhas, das que se costu
.mão gastar nos Fornos de Cal, Tijolo, ou Telha; os quaes serão sempre
provídos á avença das partes sem coacção, ou constrangimento de pes
soa alguma. Para mais favorecer as mesmas Fabricas: Hei por bem, que
os obreiros, carros, barcos, e bestas de carga, que as servirem, em
quanto nellas andarem occupados sem dólo, nem malicia, não possão ser
embargados, ou apenados, debaixo das mesmas penas assima ordenadas.
Annullo, e Hei por de nenhum vigor, quaesquer embargos, e coacções
judiciaes, que ao tempo da publicação deste se acharem feitos a todos,
e a cada hum dos ditos respeitos; não obstante haverem sido ordenados,
e executados de preterito. Para fazer mais amplo este commum beneficio dos
moradores da referida Cidade de Lisboa: Hei outro sim por bem, que
em todos os pórtos della, e destes Reinos, onde se carregarem, ou des
carregarem, os ditos materiaes fabricados pelos Meus Vassallos, e pro
duzidos nos Meus Dominios, tenhão livre entrada, e sahida; sem serem
sujeitos a Manifestos, ou a tirarem "Bilhetes, os que nelles tratarem : e
Ordeno, que os Oficiaes, e pessoas que extorquirem direitos, pedirem
Bilhetes, ou fizerem demoras aos sobreditos, incorrão nas mesmas - pe
nas assima declaradas. E porque nem ainda com o motivo das Minhas
Reaes obras se possa transgredir, ou por qualquer modo fraudar o deter
minado nesta Lei: estabeleço, que do dia da publicação della em dian
te tudo o assima ordenado se observe igualmente a respeito de todas, e
quaesquer obras Reaes, ou sejão feitas por ordem dos Meus Ministros,
e Tribunaes, ou ainda por ordem Minha immediata, porque em todos,
e qualquer destes casos, quero que tenha lugar o conteúdo nella, sem
interpretação, ou modificação alguma qualquer, que ella seja: obrigan
do-se os Mestres, que forem empregados nestas obras do Meu Real ser
viço; a buscarem ; e chegarem os materiaes a ellas competentes.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Védo
res da Minha Fazenda Regedor da Casa da Supplicação, Desembarga
dores, Ministros, Justiças, e mais Oficiaes, e pessoas, a quem perten
eer o conhecimento deste Alvará, o cumpräo, e guardem, o fação cum
prir, e guardar, sem quebra, ou diminuição alguma, e tão inteiramen
te, como nelle se contém não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, ou
Disposições contrarias: E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
posto que por ella não passe, ainda que o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, sem embargo da Ordenação do livro segundo titulo trinta
e nove, e quarenta: e se registará em todos os lugares, onde se costu
mão registar semelhantes Leis, mandando-se o Original para a Torre
do Tombo. Dado em Belém aos 12 dias do mez de Maio de 1767.
= Com assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. no Livro do Conselho da Fazenda a fol. 61,
e impr. avulso.
1757 533

*--****#----+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presente, que no Alvará de trinta de Outubro de mil se
tecentos e cincoenta e seis, porque Fui Servido facilitar os meios de se
interessarem os Meus fiéis Vassallos na Companhia Geral do Grão Pará,
e Maranhão, se não declara, que os Administradores dos Morgados pos
são entrar na mesma Companhia com os dinheiros pertencentes aos Vin
culos, que administrão: E tendo attenção ao beneficio , que receberão
os mesmos Vinculos em se interessarem em hum tão util estabelecimen
to: Hei por bem declarar, e ampliar o sobredito Alvará de trinta de Ou
tubro de mil setecentos e cincoenta e seis, para o efeito, de que os di
nheiros pertencentes a Vinculos, Morgados, ou Capellas, destinadas pa
ra se empregarem em bens, que hajão de ser vinculados, ou para se da
rem a interesse, em quanto se não fazem os referidos empregos, possão
os Administradores dos Morgados, e Capellas entrar com elles na mes
ma Companhia, por ser hum Banco público, em que não póde recear-se
fallencia, e se não poderem dar em outra alguma parte com igual segu
rança. Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Rege
dor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Presi
dente da Meza da Consciencia, e Ordens, Desembargadores, Correge
dores, Juizes, e Justiças, e mais Pessoas de Meus Reinos, que assim
o cumprão, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar este,
como nelle se contém, sem embargo de quaesquer Leis, ou costumes em
contrario, que todas, e todos Hei por derogados, como se de cada hu
ma, e de cada hum delles fizesse expressa, e individual menção, para
este caso sómente, em que Sou Servido fazer cessar de Meu Motu pro
prio, certa sciencia, Poder Real pleno, e supremo, as sobreditas Leis,
e costumes, em attenção ao Bem público, que resulta desta providem
cia: Valendo este Alvará como Carta passada pela Chancellaria, ainda
que por ella não ha de passar; e que o seu efeito haja de durar mais de
hum anno, sem embargo das Ordenações em contrario: Registando-se
em todos os lugares, aonde se costumão registar semelhantes Leis: E
mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém aos 16
dias do mez de Maio de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a de
Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no, no livro do Registo da Companhia Geral do Grão
Pará, e Maranhão a fol. 66 vers., e impr. avulso.

% #*<>"# …+

Se, Magestade. Foi Servido ordenar por Resolução de tres do corrente,


em Consulta da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios,
que as Fazendas, cuja entrada he prohibida, e que por afectada igoran
eia das Partes se introduzião nestes Reinos, sejão admittidas a despacho,
dentro do limite, e determinado tempo de dous mezes, contados do dia
dez, em que a mesma Resolução foi participada por hum Real Decreto,
534 1757

ao Conselho da sua Real Fazenda: E para que a todos conste dos Gene
ros, que finalizado o referido termo, devem ser absolutamente prohibidos,
e comprehendidos nas penas da Real Pragmatica de 6 de Maio de 1749
se faz público o seguinte:
M A P P A.

Algibeiras, e saias acolxoadas.


Aneis de vidro com figuras, ou com qualquer outra feição de pedras Cris
taes, e Aljofares.
Bandejas de páo de magno, ou outro qualquer.
Bacias, Jarros, Cafeteiras, Chocolateiras, e Candieiros.
Baús de toda a sorte. • •
.
Boldriés.
Botas, e Çapatos.
Barretes de costura com fita, ou sobreposto, qualquer que seja.
Cabeças para cabelleiras.
Célas, e Chaireis.
Cambraias lavradas.
Caixinhas de páo para apparelhos de chá.
Camizas, Calções, Vestias, Vestidos, Meias de linha, Lençoes, e qual
quer alfaia do uso domestico, que seja obra de Alfaiate.
Chapeos para mulheres, de toda a qualidade.
Chapeos de Sol, em que haja qualquer sobreposto, ou seja de seda, ou
de couro, ou de oleado.
Cadarço de mais de huma côr.
Estofos, qualquer que seja, de seda, matizada, ou lavrada, ainda que
tenhão mistura de linho, ou cadarço.
Faqueiros.
Garça de matizes, e lavoures, preta, e de cores.
Luvas de seda com renda, e seda lavrada no alçapão.
Manguitos, ou Regalos de seda, de peles, de pennas, ou de qualquer
SOrte.

Meias de seda com quadrados borbados á agulha.


Molduras para painés, ainda que venhão nelles, ou em Estampas.
Palatinas.
Sedas para mantos.
Taboleiros para jogar.
Lisboa 24 de Maio de 1757. = João Luiz de Sousa Saião.

Impresso avulso.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem, que
por quanto no Capitulo vinte e dous do outro Alvará de treze de Novem
bro do anno proximo passado, ordenei, que no concurso dos Crédores aos
bens dos Mercadores fallidos entrem sem distincção os que o forem a sa
larios, e soldadas: E attendendo á indispensavel necessidade, que o
Commercio tem do trabalho dos Marinheiros, e mais homens do mar, e
á fadiga corporal, e risco devida, com que o prestão: Sou Servido decla
1757, • 535

rar, que não foi da Minha Real intenção comprehender no concurso, de


que se trata no sobredito Capitulo, as Equipagens dos Navios Mercan
tes, que forem proprios dos Meus Vassallos, as quaes ordeno, que sejão
preferidas para o pagamento das suas soldadas, assim as que vencerem,
como as que tiverem vencido até o tempo desta Minha Real Determina
ção; e que lhes sejão em todo o caso pagas precipuamente do monte.
maior dos bens, de cuja arrecadação se trata, sem quebra, dúvida, ou
embargo algum, qualquer que elle seja. * * *

Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Paço,


Védores da Minha Real Fazenda, Presidente do Conselho Ultramarino,
e da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Supplicação,
Presidente dô Senado da Camara, Desembargadores, Ministros, Oficiaes,
e mais Pessoas, a quem o conhecimento deste pertencer, o cumpräo, e
guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, sem falta, nem dú
vida alguma: E valerá como Carta passada pela Chancellaria, ainda que
por ella não passe, e o seu efeito hajã de durar mais de hum anno, não
obstantes as Ordenações, que dispõem o contrario, e sem embargo de
quaesquer outras Leis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo nes
te, as quaes Hei tambem por derogadas para este efeito sómente, fican
do aliás sempre em seu vigor: Registando-se este em todos os lugares,
onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando-se o original
para a Torre do Tombo. Dado em Belém aos 10 dias do mez de Junho
de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
no livro da Junta do Commercio destes Reinos, e
seus Dominios a fol. 159., e impr. na Officina de
Miguel Rodrigues.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
presente em Consulta da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, o quanto se lhe fazia preciso hum Meirinho, com seu Escrivão,
para executarem todas as Minhas Reaes Ordens que tenho encarregado
á mesma Junta, assim nos seus Estatutos, como nos Alvarás, e Decre
tos, que forão successivamente expedidos, e que ao mesmo tempo sejão
Officiaes da sua Conservatoria: Hei por bem conceder á mesma Junta o
poder nomear a serventia de Meirinho, e Escrivão da sua Vara, por tem
po de hum anno sómente prorogando-lhe a sua reformação, conforme o
seu procedimento, a cujos Oficiaes se estabelecerão os competentes or
denados, que devem sahir do cofre da Junta, attendendo-se a que pelas
referidas serventias hão de perceber os sobreditos Officiaes todos os emo
lumentos determinados pela Lei novissima que os tem regulado, para cu
jo efeito lhe permitto toda a necessaria jurisdicção.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores da Minha Real Fazenda, Presidente do Conselho Ultrama
rino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Sup
plicação, Presidente do Senado da Camara, Desembargadores, Minis
tros, Oficiaes, e mais Pessoas, a quem o conhecimento deste pertencer,
o cumprão, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, sem
536 1757

falta, nem dúvida alguma: E valerá como Carta passada pela Chancel
laria, ainda que por ella não passe, e o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, não obstantes as Ordenações, que dispoem o contrario,
e sem embargo de quaesquer outras Leis, ou Disposições, que se oppo
nhão ao conteúdo neste, as quaes Hei por derogadas, para este efeito
sómente; ficando aliás sempre em seu vigor: Registando-se este em to
dos os lugares, onde se costumão resistar semelhantes Leis: E mandan
do-se o original para a Torre do Tombo. Dado em Belém a 10 de Junho
de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de "Estado dos Negocios do Rei


no, no Livro da Junta do Commercio destes Reinos
e seus Dominios, a fol. 168 vers., e impr. na Of
ficina de Miguel Rodrigues.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
presente em Consulta da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, as repetidas contas, que á mesma Junta remettem os Recebe
dores dos quatro por cento, em que se queixão dos embargos, que pa
ra a sua arrecadação lhes fazem os Juizes das Alfandeges das Provincias;
e querendo evitar as muitas dúvidas, com que incurialmente se oppõem
os sobreditos Juizes á cobrança dos ditos quatro por cento: Sou Servido
declarar, que nas materias pertencentes á referida contribuição, se de
vem entender inhibidos os mesmos Juizes para impedir a execução das
ordens respectivas; e que sómente possão dar conta na mesma Junta,
como privativa neste caso, para se lhes determinar, no devido modo, o
que for conforme ás Minhas Reaes Resoluções, ou Decretos: e que, fal
tando-se a esta pontual observancia, possa o Desembargador Juiz Con
servador proceder com toda a Jurisdicção coactiva contra os mesmos Jui
zes, ou quaesquer outras Pessoas, que motivarem os embaraços á refe
rida cobrança, e suas dependencias.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores de Minha Fazenda, Regedor da Casa da Supplicação, De
sembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e Officiaes dellas, a
quem o conhecimento deste pertencer, o cumprão; e guardem, e o fa
ção cumprir, e guardar tão inteiramente, como nelle se contém , sem
embargo de quaesquer Leis, ou costumes contrarios, que todas, e todos
Hei por derogados para este caso sómente, ficando aliás em seu vigor: E
não passará pela Chancellaria, posto que o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, não obstanhe a Ordenação do liv. 2." titulo 39, e 40 em
contrario: Registando-se em todos os lugares, onde se costumão regis
tar semelhantes Leis: E mandando-se o original para a Torre do Tom
bo. Dado em Belém aos 10 dias do mez de Junho de 1757. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no, no Livro da Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios a fol. 160., e impr, na Officina de
, ! Miguel Rodrigues.
1757 537 …

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Hei por bem declarar, que o Alvará de 4 de Maio deste presente an


no não procede nos Inventarios, que forão feitos nas casas, em que falece
rem as pessoas, cujos bens forem inventariados, senão depois que pela
partilha se separarem para pagamento de Crédores naquella parte em que
lhe forem adjudicados, e que devendo ser vendidos, em quanto a heran
ça se achar indivisa, o seja nas sobreditas casas, aonde se houverem in
ventariado. A Meza do Desembargo do Paço o tenha assim entendido,
e faça executar. Belém 15 de Junho de 1757. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
• Regist no Cartorio dos Orfãos da Repartição do Meio,
e Bairro de Santa Justa no livro competente a fol. 313.

#=#*@º%=$

Sendº Me presente a grande vexação, que se tem feito aos Morado


res da Minha Côrte, que nella são obrigados a sustentar cavalhariças,
sendo impossibilitados para as conservarem pela grande carestia da pa
lha, e cevada, que contra as Minhas Leis, e Ordens, se anticipárão a
monopolisar neste anno os Atravessadores dos referidos generos ; in
tentando alguns delles colorar o seu dólo com as procurações, que ex
torquírão, segurando, que dellas usarião sómente para fazerem os pro
vimentos necessarios para os seus respectivos Constituintes; e compran
do muito maiores quantidades para serem por elles revendidas por preços
excessivos: Sou Servido, que todos os barcos, que chegarem carrega
dos de palha, no caso de não darem entrada na Casinha, lhes seja toma
da por perdida a carga, que trouxerem : E que dando a referida entra
da, não sejão despachados, sem que os Arraes, ou Carregadores appre
sentem attestações juradas pelas Pessoas a cuja ordem vier a dita palha.
As ditas attestações, com as guias, que devem trazer os mesmos bar
cos, ficarão na mão do Escrivão da Casinha, o qual registará em hum
livro separado todos os despachos dos barcos, que direitamente expedir,
declarando os nomes dos Arraes, que os governarem, e das Pessoas a
quem pertencerem, e dando os bilhetes da entrada depois de assignados
pelo Almotacé, para nelles se pôr o despacho na Meza da fruta, na con
formidade do que tenho ordenado ao Conselho da Fazenda por Decreto
da mesma data deste. Os Capatazes, depois de descarregarem os refe
ridos barcos, hirão jurar perante o Almotacé, e seu Escrivão o número
de pannos, que deitou cada barco; se forão todos para casa da Pessoa,
em cujo nome se despachárão, ou para outra diversa; e de tudo se po
rá logo verba de declaração ao pé do Registo do despacho de cada bar
co; precedendo notificação de todos os Capatazes das companhias dos re
feridos generos, para não conduzirem palha alguma para outras partes,
que não sejão os palheiros das pessoas, que as despacharem; e para vi
rem fazer as ditas declarações, e serem responsaveis por qualquer con
traverção, que a este respeito fizerem os homens das suas companhias;
debaixo da pena de ficarem incursos em * as que se achão estabe
yy
538 1757

lecidas contra os Atravessadores do referido genero. As palhas, e ceva


das, que chegarem para o provimento das Minhas Tropas, e para as
Minhas Reaes Cavalhariças, sendo dirigidas ao Desembargador José de
Lima Pinheiro de Aragão, e lançadas no Registo por certidão do seu
Escrivão, serão lançadas na sobredita fórma em livro separado, o qual
com todas as suas declarações, e verbas, será depois remettido ao dito
Ministro; assim como deve ser entregue ao Vereador Carlos Pery de Lin
de o outro Registo da palha, que vier para as Cavalhariças dos Morado
res de Lisboa. Aos barcos, que chegarem com palha remettida por con
ta dos Lavradores para ser vendida ao Povo , se dará despacho pelas
guias, que trouxerem nesta conformidade; e as Pessoas, que a compra
rem, declararão debaixo de juramento o número de pannos, que lhes são
necessarios. A outra palha, que os Colonos pagão de renda aos donos das
terras, se dará tambem despacho com a mesma declaração , constando
pelas guias da legitimidade das remessas, e verificando-se depois pela
declaração, e juramento dos ditos Capatazes. O mesmo se deve prati
car pelo Juiz, e Escrivão do Terreiro com as embarcações, que chega
rem com carga de cevada, praticando o dito Escrivão o mesmo, que o
da Casinha deve observar a respeito das palhas. Pelos referidos despa
chos, se não levará ás Partes emolumento algum, que não seja o mes
mo, que até agora se pagou: Expedindo-se os barcos prompta, e succes
sivamente pela mesma ordem dos tempos, em que forem chegando, sem
inversão alguma, sob pena de suspenção dos Oficiaes, e das mais, que
reservo ao Meu Real arbitrio. Porém constando, que os referidos Escri
vães tem cumprido com as suas diligencias, como são obrigados, se lhes
dará huma ajuda de custo proporcionada ao trabalho, que houverem ti
do em beneficio da utilidade pública. O Desembargador Carlos Pery de
Linde, a quem tenho encarregado dos exames, e averiguações necessa
rias para evitar as travessias dos referidos generos, o execute assim. Be
lém 15 de Junho de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no uo livro dos Decretos a fol. 135., e Impr. avulso.

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Havendº tomado na Minha Real Consideração as diferentes controver


sias, que de alguns annos a esta parte se introduzírão no Serviço da Ma
rinha, confundindo-se nelle as jurisdicções Militar, e Politica, com gra
ve prejuízo do mesmo Serviço, e das pessoas, que nelle se empregão,
e havendo feito examinar esta importante materia, com toda a pondera
ção, que era propria da gravidade della: Fui Servido resolver , que ao
Capitão General da Minha Armada Real dos Galiões de Alto Bordo do
Mar Occeano pertence propôr ao Conselho de Guerra todos os provi
mentos dos Capitães de Mar e Guerra, Capitães Tenentes, Ajudantes
das suas ordens, e mais Oficiaes Militares da Marinha, que nella se hou
verem de promover; como tambem os que nella se crearem de novo, pre
cedendo sempre ordens Minhas especiaes, para se promoverem e crea
rem os ditos Oficiaes; e consultando-se-Me depois estes pelo sobredito
Conselho de Guerra, para Eu determinar o que Me parecer convenien
te. Tambem pertence ao dito Capitão General as propostas, que imme
1757 539

diatamente Me deve dirigir pela Secretaria de Estado competente, dos


Com vandantes das Tropas dos Guardas Costas, e dos mais Navios de
Guerra; propondo-Me tres Oficiaes para cada hum dos sobreditos empre
gos, e declarando-Me a guarnição Militar de que necessita cada huma
das Náos, que se armarem, para Eu determinar o que for Servido. Da mes
ma sorte lhe compete propôr immediatamente pela mesma Secretaria de
Estado as minutas dos Regimentos, que devem ser dados aos sobreditos
Commandantes, e expedir depois em seu nome os ditos Regimentos na
fórma em que baixarem approvados por Mim. Ultimamente lhes toca man
dar publicar os bandos, e passar as ordens aos sobreditos Commandan
tes das Armadas, Comboios, e Náos de Guerra depois de se acharem
aparelhadas, para sahirem dos seus respectivos ancoradouros nos dias,
que Eu lhe houver determinado por ordem immediatamente, emanada
de Mim. Aos Conselhos da Fazenda, e Ultramarino, pertencerão as Con
sultas sobre a nomeação das Náos, que devem passar ao Estado da In
dia, e dos Oficiaes, que devem commandallas, e guarnecellas, na fór
ma que se praticou até agora. Ao Védor da Fazenda da Repartição dos
Armazens pertence dar as ordens para sahirem da amarração as referi
das Náos da India, e da mesma sorte fazer aparelhar, e provêr de tudo
o necessario todos as outras Náos de Guerra do Meu Real Serviço, e
fazellas prompas para os dias, que Eu lhe determinar, por ordens tam
bem immediatamente mandadas expedir pela Secretaria de Estado da
Marinha e Dominios Ultramarinos, para daquelle dia em que ficarem apa
relhadas em diante pertencer o governo dellas, e suas equipagens ao Ge
meral da Armada na sobredita fórma. O mesmo Conselho da Fazenda o
tenha assim entendido, e faça executar pelo que lhe pertence, não obs
tante, quaesquer Regimentos, Leis, Decretos, ou outras quaesquer Dis
posições, e Estilos contrarios, fazendo declarar á Védoria da Marinha,
que nella se devem cumprir os despachos do sobredito Capitão General
da Minha Armada Real, para se assentar por elles praça aos Officiaes
que lhe são sobordinados na mesma fórma, que a respeito das Tropas da
Terra se pratíca com os Generaes das Provincias. Belém 23 de Julho de
1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. no Conselho da Fazenda no Livro 1.° dos De


cretos e Avisos a fol. 20.

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Sendo Me presente, que sobre a expressão dos Meus Reaes Decretos


expedidos em quatro de Novembro de mil setecentos cincoenta e cinco,
para repremir os vádios, e Facinorosos, que infestavão a Cidade de Lis
boa, e suas visinhanças, se tem movido algumas dúvidas respectivas á
intelligencia da referida palavra visinhanças, e querendo remover todo o
embaraço, de que se possa seguir preplexidade na execução do que Or
denei pelos ditos Decretos em tão necessario beneficio da tranquilidade
pública dos Meus Fiéis Vassallos: Sou Servido declarar, que para os ef
feitos ordenados pelos mesmos Decretos, se entenderão sempre assim quan
to ao preterito, como ao futuro, com mettidos nas visinhanças de Lisboa,
os delictos, que se perpetrarem na distancia de cinco legoas ao redor
della, até onde se entende a jurisdicção dos Corregedores do Civel da Cor
Yyy 2
540 • 1757

te. O Duque Regedor da Casa da Supplicação o tenha assim entendido,


e faça observar nesta conformidade, sem embargo de qualquer outra Dis
posição contraria. Belém a 24 de Julho de 1757. = Com a Rubríca de
Sua Magestade.
Regist, na Casa da Supplicação no Livro XVI, dos
Decretos a fol. 65.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que por outro Alvará de trinta de Outubro do anno proximo precedente
de mil setecentos e cincoenta e seis houve por bem ordenar, que na Ci
dade de Lisboa, e Provincia da Extremadura, se não pudesse dar di
nheiro a juro, nem ainda dos Cofres das Capellas, Residuos, e Orfãos,
que excedesse a quantia de trezentos mil réis, em quanto se não achas
se completo o fundo da Companhia Geral do Grão Pará, e Maranhão,
debaixo das penas nelle conteúdas. E porque tem cessado a causa final
do dito Alvará: Sou Servido abolir a sobredita prohibição, e declarar,
que de hoje em diante se possa dar livremente a juro de cinco por cento
todas as quantias, em que as Partes se ajustarem, como se fazia antes
da publicação do dito Alvará de trinta de Outubro do anno proximo pas
sado de mil setecentos e cincoenta e seis, que nesta parte ficará sem
força, nem vigor algum.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço; Rege
dor da Casa da Supplicação; Védores da Minha Real Fazenda; Presi
dente da Meza da Consciencia, e Ordens; Desembargadores, Correge
dores, Juizes, e Justiças, e mais pessoas de Meus Reinos, que assim
o cumpräo, e guardem, como neste Alvará se contém, sem embargo da
dita prohibição em contrario: Valendo este como Carta passada pela
Chancellaria, ainda que por ella não ha de passar, e que o seu efeito
haja de durar mais de hum anno, não obstante a Ordenação do livro
segundo, titulo trinta e nove, e quarenta; registando-se em todos os lu
gares, onde se costumão registar semelhantes Leis, e mandando-se o
Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém aos 6 dias do mez de
Agosto de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
no livro 1.° da Junta da Companhia Geral do Grão
Pará, e Maranhão, e impr. na Officina de Miguel
Rodrigues.

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S………. = A Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios,


animada pela influencia da paternal Protecção, com que Vossa Mages
tade favorece os seus Vassallos, que louvavelmente procurão buscar no
seu util, e honesto trabalho, os meios de sustentarem a vida, concor
I757 • 541

rendo ao mesmo tempo para a prosperidade do Reino; e penetrada do


vivo sentimento, que no seu zelo imprimio o claro conhecimento da de
cadencia, com que a Fábrica das Sedas, estabelecida no Suburbio do
Rato com o epitheto de Real, tem de alguns annos a esta parte declina
do para a ultima ruina com huma notavel diminuição do número de Tea
res, que nella tiverão exercicio, e com a prejudicialissima deserção de
outro grande número dos muitos, e bons Artifices, que nelles se refor
marão: Representa a Vossa Magestade, que aquella importante Manu
factura se póde estabelecer por modo eficaz, para ficar permanente , e
beneficiar, não só a Corte, mas todas as Provincias, sendo Vossa Mages
tade Servido approvar, confirmar, e proteger os artigos seguintes, para
a sua inteira observancia.
I. O Governo geral da referida Fábrica será commettido á Junta,
para ser regido debaixo da sua inspecção tudo, o que a ella for perten
cente; occorrendo ao que couber no seu expediente nas materias de me
nos importancia; e consultando a Vossa Magestade as que forem dignas
da sua Real attenção; ou para a providencia, ou para o remedio.
II. E porque á mesma Junta não he possivel que possa attender com
hum particular cuidado a todos, e cada hum dos incidentes, de que de
pende o governo economico de huma Fábrica, que não póde laborar, sem
os continuos cuidados, e miudas diligencias, que são inseparaveis dos mui
tos Obreiros, que nella se devem empregar; dos muitos materiaes, com
que se lhes deve prompta, e oportunamente assistir; das muitas entra
das de materias crúas, e sahidas de fazendas fabricadas; para tudo se
reger sem as interrupções, e demoras, que são inadmissiveis em seme
lhantes Manufacturas; e com a conta, pezo, e medida, que devem ser
inalteraveis para a sua conservação: Se serve Vossa Magestade nomear
por ora de entre os Deputados da mesma Junta, e da Companhia Geral
do Grão Pará, e Maranhão, que se achão servindo nellas, quatro Direc
tores, nos quaes concorrão os requisitos necessarios para merecerem no
meação Régia. E para as futuras eleições serão propostos a Vossa Ma
gestade seis Directores por consultas de cada huma das ditas corporações,
para Vossa Magestade escolher dous de cada huma dellas.
III. Os sobreditos quatro Directores dividirão entre si o trabalho pe
las quatro incumbencias seguintes a saber: Primeira a das compras, e
empregos de tudo, o que for necessario para a Fábrica: Segunda a das
vendas, e sahidas das fazendas, que nella se obrarem, e nos seus Ar
mazens se recolherem : Terceira a do cuidado sobre a conservação , e
augmento dos Teares, Artifices, e Aprendizes, que nelles laborarem:
Quarta a da Tinturaria, e das contas miudas, de todas as pessoas, que
trabalharem fóra da mesma Fábrica em prepararem materiaes para ella:
De sorte, que ainda que estas incumbencias devem ser separadas quan
to á boa diligencia pessoal de cada hum dos nellas empregados, serão
com tudo unidas na substancia, e sujeitas ao Collegio, ou Meza de todos
os quatro Directores, para se vencer nella o melhor por pluralidade de
votos: E nos casos, em que elles não concordarem nas materias de me
nos importancia, e em todas as de maior pezo, recorrerão á referida Jun
ta, ou para decidir ou para consultar a Vossa Magestade, quando a gra
vidade da materia assim o requerer.
IV. Os sobreditos Directores poderão nomear pelos seus votos as pes
soas, que forem necessarias assim para laborar a referida Fábrica, como
para o serviço, e administração della: Recebendo da mesma sorte os Ar
tifices, e Aprendizes, que forem competentes.
542 1757

V. Cada hum dos mesmos Directores nas suas diferentes Reparti


ções dará conta no fim de cada mez na Meza da Direcção, de tudo o
que lhe for encarregado: Para que, sendo por ella approvadas as referi
das contas, passem logo aos livros que deve haver para este efeito, es
critos na mais peifeita fórma mercantil: E para que no fim de cada an
no se participem as mesmas contas á Junta na sobredita fórma; e esta
as consulte a Vossa Magestade, para assim lhe ser presente o estado da
referida Administração com o balanço da sobredita conta.
VI. Não devendo a dita administração ser perpétua, nem ainda diu
turna; proporá esta Junta, e a da Administração da Companhia Geral
do Grão Pará, e Maranhão, hum mez antes de se findar cada triennio,
aquelles dos seus Deputados, que deverem entrar de novo nos lugares
de outro igual número delles, que devem sahir logo. Semelhantemente,
hum mez antes de findar o anno proximo seguinte, se farão a Vossa Ma
gestade outras iguaes propostas para a subsistituição dos lugares dos ou
tros dous Directores antigos, que houverem ficado para instruirem os
novos com a sua experiencia. E assim se irá annual, e successivemente
praticando, de tal sorte, que sempre que sahirem os dous Directores, cu
jos lugares houverem de ser occupados, se dê conta com entrega pelos
que sahirem, e ficarem nos lugares, aos que nelles entrarem: Sem que
as referidas contas se possão dilatar debaixo de qualquer causa, ou pre
texto, por mais justa, e mais apparente que seja: Praticando se a este
respeito, para a legalidade das contas, a mesma providencia, que se a
cha estabelecida no Cap. II, §. I. e no Cap. XX. §. final da Institui
ção desta Junta.
VII. A referida Administração será isenta de toda, e de qualquer
jurisdicção civíl, e criminal, assim pelo que pertence ao Collegio della,
como ás pessoas, que nella servirem : Ficando immediatos á Junta do
Commercio, e ao seu Juiz Conservador, na mesma fórma declarada na
Institiuição da mesma Junta. E os Artifices, Obreiros, Aprendizes, e
pessoas, que se acharem no serviço da mesma Administracção sem dó
lo, nem malicia, terão por Juiz privativo o mesmo Juiz Canservador; e
não
nem poderão ser obrigadas a servir contra sua vontade, nem por mar,
por terra. • -

VIII. Ha Vossa Magestade por bem, que as Sedas fabricadas pela


mesma Administração, e que sahirem dos teares della, e dos mais, que
ella empregar; gozem de todos os privilegios, que Vossa Magestade tem
concedido ás Sedas Fabricadas do Reino: Sendo com tudo selladas nas
Alfandegas, como se acha determinado por Vossa Magestade.
IX. Da mesma sorte se serve Vossa Magestade ordenar, que nas Al
fandegas se dêm despachos livres de direitos a todas as Sedas em rama,
materiaes crús, e drogas, que entrarem sem dólo, nem malicia, para o
consumo, e serviço da referida Fabrica e sua tinturaria, como sabão,
tintas, cordas, gomas, e os mais semelhantes; constando por attestação
da Meza dos Directores approvada pela Junta do Commercio, que com
efeito são para o serviço, e consumo da referida Fabrica. •

X. Todos os teares de Sedas, que se estabelecerem na Cidade de


Lisboa, e seu Termo, formarão huma corporação com a dita Fabrica
Real: Para o que sendo numerados desde logo os teares, que trabalha
rem dentro nella, se seguirão depois com os numeros, a que se exten
derem, os outros teares de fóra: E assim se irão numerando os que fo
rem accrescendo, pela ordem dos tempos em que se levantarem; sem
distincção de que loborão dentro, ou fóra da sobredita Fabrica, para que,
1757 | 548
constituindo todos hum só corpo, gozem dos mesmos privelegios; com
prehendendo-se neles o de aposentadoria activa, e passiva: Visto, que
nem todas as casas são proprias para este trabalho: E sendo todos alis
todos em hum livro de Matricula, que haverá para este efeito.
XI. Aos ditos Artifices, que trabalharem nas suas proprias casas, e
que fizerem ver pelas suas obras, que são habeis, e dignos de favor;
precedendo exame de que assim se mostre, feito pelos Mestres da Fa
brica na presença da Meza da Direcção, á vista das obras por elles fa
bricadas; se expedirão pela Junta gratuitamente as suas cartas de incor
poração: E, por virtudes destas, poderá cada hum delles ter em sua ca
sa desde hum até quatro teares, e mais não, conforme a sciencia, e ca
pacidade, que mostrar para bem os reger : concedendo-se-lhes á mesma
proporção, que possão tomar hum Aprendiz para cada tear de lavrado.
I. Os referidos Aprendizes darão precisamente cinco annos ao of
ficio; pendentes os quaes, nem se poderão ausentar de casa de seus Mes
tres, sob pena de serem prezos em qualquer lugar, onde forem acha
dos, e remettidos á sua propria custa, e de seus fiadores, para servirem
(além dos cinco annos de ensino) dobrado tempo daquelle, em que es
tiverem ausentes; nem poderão ser despedidos pelos Mestres sem causa
legitima, e approvação da Meza dos Directores. E todos os Mestres,
que consentirem nas suas casas os ditos Aprendizes antes de ser findo o
seu tempo, pagarão dobrado a favor dos outros Mestres, cujos Aprendi
zes admittirem sem carta de examinação, a importancia dos jornaes de
todo o tempo, que lhes faltar para fazer completos os referidos cinco an
nos. E as pessoas particulares, que em suas casas recolherem os ditos
Aprendizes fugitivos, sabendo que o são, incorrerão na mesma pena.
XIII. Para que aos referidos Artifices examinados, e incorporados,
não falte o necessario para viverem do seu honesto trabalho, os Dire
ctores da Fabrica, tomando as competentes seguranças, fornecerão pe
los justos preços, que custarem, sem o menor avanço, a cada hum dos
que se approvarem, hum tear montado de tudo o necessario para prin
cipiar o seu oficio: E a todos, os que já os tiverem estabelecidos, e ne
cessitarem deste soccorro, se darão as sedas, matizes, e desenhos, que
lhes forem precisos; tomando-lhes depois as obras, que fizerem, pelos
seus competentes preços, para entrarem no Armazem geral, com o des
conto de huma quinta parte da importancia da mesma obra, para assim
se ir compensando a Fabrica dos teares, sedas, e materiaes, que houver
adiantado na sobredita fórma: O que se entenderá com tudo, sendo as
obras boas, e dignas de acceitar-se; porque, não o sendo, e constando
que o Artifice, que as appresentar, não trata de reduzir á perfeição o
que fabríca, ficará excluido do referido favor, e se cobrará delle execu
tivamente tudo, o que houver recebido; principiando-se pela penhora dos
bens, e aprehensão da pessoa a bem da arrecadação da Fabrica.
XIV. Sendo necessario que a mesma Fabrica se sujeite ao estilo do
Commercio, segundo o qual não poderia vender todas as suas manufa
cturas com dinheiro á vista, sem padecer grandes empates: E sendo por
isso indispensavel vender a credito com termos definidos para os paga
mentos: Ha Vossa Magestade por bem, que todas as dívidas, em que
for acredora, sejão cobradas executivamente; com tanto que, antes de
se proceder por elas nesta fórma, haja a Meza dos Directores faculda
de por escrito da Junta do Commercio para distinguir os casos, em que
os devedores se fizerem dignos de algum competente espaço, por haver
para isso justa causa: Que em quanto não forem cobradas as referidas
544 • 1757

dívidas, corrão impressas, como escritos da Alfandega, as obrigações del


las: E que, sendo satisfeitas antes de ser findo o termo ajustado, se re
batão a favor dos devedores com meio por cento ao mez, rateado pelo
tempo da anticipação, em beneficio de quem fizer estes rebates.
XV. Porque, ainda depois de estabelecidos, não terão os sobreditos Ar
tifices, que devem trabalhar fóra da Fabrica Real, todos os meios neces
sarios para proseguirem successivamente o seu tráfico: Porque bastaria
qualquer empate, que tivessem, para lho suspender com irreparavel pre
juizo das suas casas, e familias: E porque a necessidade de venderem
alguns a preços abatidos, não arruine os outros, que talvez pudessem es
perar: Se serve Vossa Magestade ordenar, que todas as Sedas fabricadas
nesta Corte, e seu Termo, sejão trazidas ao Armazem geral da Admi
nistração, e nelle recolhidas, e pagas por hum preço igual, vantajoso
para os Fabricantes viverem; e a mesma Fabrica as poder largar em con
ta aos Mercadores, que as hão de vender ao retalho: Servindo-se Vossa
Magestade tambem de prohibir, em beneficio dos mesmos Mercadores,
que na sobredita Fabrica, nos seus Armazens, e nas casas dos Artifices
de fóra, se possa retalhar peça alguma; e ficando sómente livre as en
commendas, que se lhes fizerem, de peças, e de córtes inteiros para
vestidos, que muitas vezes succede ordenarem-se conforme o gosto das
pessoas, que hão de usar delles: as quaes tendo ordinariamente idéas
diferentes das peças, que se fabricão para o Commerio geral, não he
justo que deixem de vestir-se conforme o seu gosto.
XVI. Para que senão dilate mais o efeito de hum estabelecimento
tanto do serviço de Deos, do de Vossa Magestade, e do Bem cummum
dos seus Vassallos: He Vossa Magestade Servido ordenar, que o edifi
cio, em que está a decadente Fabrica actual com todas as suas Ofici
mas, Armazens de dentro, e de fóra, accessorios, e annexas, e com to
dos os seus teares, instrumentos, materiaes, assim crús, e indigestos,
como já digeridos, e fabricados em parte, ou em todo; sejão logo entre
gues a esta Junta com a devída arrecadação, por inventario, e avalia
ções: Tomando ela contas em fórma mercantil pela verdade sabida,
sem figura de Juizo, e pelos Deputados, que nomear para este efeito,
com assistencia do Desembargador Juiz Conservador do Commercio do
Reino, que o ficará tambem sendo da referida Fabrica, aos actuaes Ad
ministradores della: E formando-se do líquido, que resultar da mesma
conta, hum Capital, ou todo, que rateando-se pelos acredores interes
sados na dita Fabrica, se divída por elles em Apolices respectivas ás sor
tes, que a cada hum delles pertencerem; para lhes ficarem correndo os
juros de cinco por cento das suas importancias, em quanto a mesma
Junta os não fizer embolsar dos sobreditos Capitaes; como espera que
poderá fazer sem grande dilação, preferindo sempre para os embolsos as
Acções mais antigas; e em igual antiguidade as das pessoas, em quem
concorrer maior urgencia.
XVII. , Para a arrecadação do dinheiro, que manejar esta Adminis
tracção, haverá hum cofre, guardado com quatro chaves diferentes, que
serão entregues aos sobreditos quatro Directores; ficando obrigados to
dos em geral, e cada hum in solidum a responder pelas quantias, que
nele se metterem: Recebendo-se nos dias quinze, e ultimo de cada mez,
o dinheiro das vendas : E pagando-se da mesma sorte todas as obras,
#" pelos Artifices de fóra, e mais despezas grossas, á boca deste co
I'C,

E porque na sobredita conformidade confia a Junta, que debaixo


1757 • 545

da suprema, e paternal Protecção de Vossa Magestade, poderá o zelo,


e disvelo dos Deputados, que nella servem, conduzir a referida Fábrica
aos uteis, e consideraveis fins, a que foi ordenada: Supplíca a Vossa
Magestade humilissimamente, se sirva fazer eficazes os dezesete Capitu
los destes Estatutos, com a sua Real confirmação ; assim como Vossa
Magestade os tem já honrado com a sua Augusta approvação. Lisboa 6
de Agosto de 1757. = José Rodrigues Bandeira. = João Luiz de Sousa
Saião. = João Luiz Alvares. = Manoel Pereira de Faria. = José Mou
reira Leal. = João Rodrigues Monteiro. = Pedro Rodrigues Godinho.
== Balthasar Pinto de Miranda.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no no livro da Fábrica Real das Sedas, a fol. 1.,
e impr. com o Alvará seguinte de Confirmação.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que, havendo visto, e considerado com pessoas do Meu Conselho, e ou
tros Ministros doutos, experimentados, e zelosos do serviço de Deos, e
Meu, que Me pareceo consultar, os dezesete Artigos dos Estatutos da
Real Fábrica das Sedas, estabelecida no Suburbio do Rato, conteúdo
nas oito meias folhas de papel atraz escritas, rubricadas por Sebastião
José de Carvalho e Mello, do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos
Negocios do Reino, os quaes de Meu Real conhecimento fez, e ordenou
a Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios: E porque, sen
do examinados com maduro conselho, e prudente deliberação, se achou
serem de grande utilidade para o Bem público dos Meus Vassallos: Hei
por bem, e Me praz de confirmar os ditos Estatutos, e cada hum dos
dezesete Artigos em particular, como se de verbo ad verbum fossem
aqui insertos, e declarados; e por este Meu Alvará os confirmo de Meu
Motu proprio, Sciencia certa, Poder Real, pleno, e Supremo, para que
se cumpräo, e guardem tão inteiramente como nelles se contém. E que
ro, e Mando que esta confirmação em tudo, e por tudo, seja observada
inviolavelmente, e nunca possa revogar-se; mas sempre, como firme,
valiosa, e perpétua, esteja sempre em sua força, e vigor, sem diminui
ção, nem dúvida alguma, que a ella seja posta em Juizo, nem fóra del
le: Havendo por suppridas todas as clausulas, e solemnidades de feito,
e de Direito, que necessarias forem para a sua firmeza: E derogo , e
Hei por derogadas todas, e quaesquer Leis, Direitos, Ordenações, Pro
visões, Extravagantes, e Alvarás, que em contrario forem, por qual
quer via, ou por qualquer modo; posto que sejão taes, que fosse neces
sario fazer aqui dellas especial, e expressa menção.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Rege
dor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Fazenda, Presidentes
do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, e a to
dos os Desembargadores, Corregedores, e Juizes , e Justiças de Meus
Reinos, que assim o cumpräo, e guardem, e fação cumprir, e guardar
com a mais inviolavel observancia: E Hei por bem, que este Alvará va
lha como Carta passada pela Chancellaria, posto que para ella não pas
se, e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo da
Zzz
546 1757

Ordenação em contrario. Dado em Belém aos 6 de Agosto de 1767. =


Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no, no livro da Fábrica Real das Sedas, a fol. 9.,
e impr. juntamente com os Estatutos na Officina de
Miguel Rodrigues.
# *# …>…ºk

Cºnfºrmando Me com o paragrafo II, dos Estatutos da Real Fábrica


das Sedas, sita no Suburbio do Rato: Sou Servido nomear para Direc
tores della pela Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios,
a José Moreira Leal, e João Rodrigues Monteiro: E pela Junta da Ad
ministração da Companhia Geral do Grão Pará, e Maranhão, a José Fran
cisco da Cruz, e Manoel Ferreira da Costa, para estabelecerem a so
bredita Fábrica no primeiro triennio, conforme os Estatutos della. A
mesma Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios o tenha en
tendido, e o faça executar pelo que lhe pertence. Belém 6 de Agosto
de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist, no livro da Real Fábrica das Sedas a fol. 10.,
e Impr. na Officina de Miguel Rodrigues.

# #*<>"+--+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem , que, devendo
os Directores da Real Fábrica das Sedas, cujos Estatutos Fui Servido
approvar, e confirmar por Alvará da data deste, dar a crédito aos Fabri
cantes della os materiaes crús, e aos Mercadores de retalho as Sedas já
fabricadas: Hei por bem, que nos Armazens da referida Fábrica haja
dous Livros, em que se lancem as fianças de huns, e as obrigações dos
outros: E que as cópias authenticas, que delles se extrahirem, valhão
em Juizo, e fóra delle, como se fossem Originaes, para tudo o que forem
obrigações feitas á sobredita Fábrica.
|- Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Regedor
da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Presidentes
do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, Desem
bargadores, Corregedores, Juizes, e Justiças, a quem o conhecimento
deste Alvará pertencer, o cumpräo, e guardem, e o fação cumprir , e
guardar tão inteiramente, como nelle se contém, sem diminuição, nem
dúvida alguma, não obstantes quaesquer Leis, Disposições, e costumes
contrarios, que Hei por derogados, como se de todas, e de todos fizes
se especial, e expressa menção, para este caso sómente. E valerá como
Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella não ha de passar,
e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Orde
nação em contrario: Registando-se em todos os lugares, onde se costu
mão registar semelhantes Leis, e mandando-se o Original para a Torre
1757 547

adoAssignatura
Tombo. Dadode em Beléme aaosdo 6Ministro.
ElRei, dias do mez de Agosto de 1757. = Com

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Livro da Real Fábrica das Sedas, a fol. 14., e
Impr. avulso.

# #*<>"# *

>{

Senda-Me presente o grande incommodo, e attendivel prejuizo, que


padecem os Negociantes da Praça de Lisboa pela independencia, e
falta de sujeição á Junta do Commercio destes Reinos e seus Dominios,
em que se achão alguns dos Capatazes das companhias das Alfandegas
e Casas do Despacho desta Cidade, os quaes por justos motivos não fo
rão incluidos nos Capitulos quatorze, e quinze dos Estatutos da mesma
Junta, em que Fui Servido extinguir as propriedades ainda vitalicias de
semelhantes incumbencias: E attendendo ao Bem Commum do Commer
cio, e Serviço, que deve resultar na melhor arrecadação dos Meus Reaes
Direitos: Sou Servido, que as Capatazias, de que baixa a relação assi
gnada por Sebastião José de Carvalho, e Mello, do Meu Conselho, e Se
cretario de Estado dos Negocios do Reino, sejão todos da nomeação da
referida Junta assim e do mesmo modo, que o ficarão sendo as Capata
zias declaradas no Capitulo quinze dos seus Estatutos, sem limitação,
ou inteligencia alguma. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendi
do, e o faça executar com os despachos necessarios. Belém 27 de Agos
to de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. no Conselho da Fazenda no Liv. 1." dos De


cretos, e Avisos, a fol. 20.

# #L_>s?| #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que, sendo-Me presente os abusos, que de alguns annos a esta parte
se tem introduzido na Agricultura, Manufactura, e carreto dos Vinhos
do Douro, que fizerão o objecto da Companhia Geral, estabelecida pelo
Meu Alvará com força de Lei, dado nesta Corte de Belém a 10 de Se
tembro de mil setecentos cincoenta e seis: E querendo obviar aos sobre
ditos abusos pelos grandes prejuizos, que delles se seguem ; assim aos
mesmos Lavradores, que cultivão as Vinhas, perdendo com a reputação
das suas producções a constante extracção dos frutos dellas, e a venta
gem dos melhores preços; como aos Negociantes, que commerceião no re
ferido genero, não podendo fazer os seus calculos sobre principios certos,
por serem inaveriguaveis ao tempo das compras a natureza dos Vinhos,
que lhes vendem, e a côr, com que os cobrem; nas quaes só depois de
muitos tempos vem a manifestar-se as fraudes, quando os enganos, que
dellas resultão, não são remediaveis: Sou Servido ordenar aos ditos res
peitos o seguinte. º

I. Sendo reprovado pelas regras "> da boa Agricultura lança


ZZ 2
548 1757
rem-se nas Vinhas estrumes; porque, usando delles quem os lança com
o fim de conseguir mais copiosa colheita, arruina o genero puxando pelas
vides, e fazendo que sómente produzão Vinhos fracos, e sem côr natural:
prohibo, que da publicação deste em diante, pessoa alguma, de qual
quer qualidade, ou condição que seja , possa lançar , ou fazer lan
çar nas suas Vinhas estrumes de qualquer especie que sejão dentro
nos limites das Demarcações, que tenho mandado fazer nas duas costas
do Rio Douro: Sob pena de que, obrando-se pelo contrario, e provando
se assim conforme a Direito perante o Juiz Conservador da Companhia
Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, que será privativo pa
ra todos os casos expressos nesta Lei, sendo as Vinhas, em que se hou
verem lançado os ditos estrumes, da primeira qualidade daquelles sitios des
tinados para Feitoria; pela primeira vez ficarão os donos dellas inhibidos
para venderem os Vinhos, que dellas colherem, para embarque por tem
po de cinco annos, e lhes serão tomados, e pagos os referidos Vinhos pa
ra Ramo pelo preço de dez mil e quinhentos réis: pela segunda vez lhes
serão tomados pelo mesmo preço por tempo de dez annos: E pela tercei
ra lhe serão confiscados com a propriedade, a beneficio dos Interessados
na mesma Companhia. Sendo da segunda especie, se lhes tomarão na mesma
fórma pelo preço de seis mil e quatrocentos réis. E sendo da terceira es
pecie, pelo preço do infimo.
11. Estabeleço debaixo das mesmas penas, que se não possa lançar
nos sobreditos Vinhos a baga de Sabugueiro, que, para lhes dar côr, se
inventou de alguns annos a esta parte, com os inconvenientes de que,
desamparando aquella côr estranha o vinho, pelo trato do tempo o dei
xa de outra côr diversa, e semelhante á que tem o tijôlo; além de lhe
alterar ao mesmo passo o sabor natural, de sorte, que degenera em ou
tra bebida diferente. E por tirar toda a occasião da referida fraude: Pro
hibo tambem debaixo das mesmas penas, que pessoa alguma de qualquer
qualidade, ou condição que seja, possa ter plantas dos ditos Sabuguei
ros não só em todo o Territorio, que jaz dentro nas referidas Demarca
ções; mas na distancia de cinco legoas de cada huma das duas margens
do Rio Douro: Com declaração de que as pessoas, que não tiverem vi
nhas, pagarão seis mil réis por cada planta de Sabugueiro, que for acha
da dentro nas suas terras, depois de quinze dias contados daquelle, em
que esta for publicada nas respectivas Camaras, a favor dos Officiaes de
Justiça, e pessoas, que as denunciarem.
111. Porque a mistura da uva preta com a branca arruina os vinhos,
fervendo primeiro o branco, e puxando pelo tinto, de sorte, que o faz
alterar em prejuizo da bondade de ambos: Ordeno debaixo das mesmas
penas, que daqui em diante senão possa mais praticar semelhante mis
# em commum prejuizo, e até em damno particular daquelles que a
&i ZGºtI]» •

IV. E attendendo á diminuição, que pela defeza dos estrumes ha de


precisamente haver na quantidade dos vinhos de Feitoria; e embarque;
e a que, sendo elles reduzidos á sua pureza natural, he muito conforme
á boa razão, que o excesso, que faz na qualidade, suppra de alguma
sorte a falta, que os Lavradores hão de experimentar na quantidade: Sou
Servido ampliar a disposição do paragrafo XXXIII. da Instituição da
Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, para o ef
feito de que a mesma Companhia, não obstante a disposição do dito pa
ragrafo, compre os Vinhos da primeira sorte, a que determinei os preços
de vinte e cinco, e trinta mil réis; pelos de trinta, e trinta e seis mil
1757 549

réis: E os da segunda sorte, a que determinei os preços de vinte, e vin


te e cinco mil réis; pelos de vinte e cinco , e de trinta mil réis: Com
tanto, que os Lavradores nunca possão exceder os preços desta amplia
ção nos Vinhos, que venderem.
V. Sendo informado de que os Carreiros, e Arraes, que conduzem,
e transportão os referidos Vinhos, devendo zelar, como fiéis publicos del
les, a sua conducção, e arrecadação; o fazem muito pelo contrario: Es
tabeleço, que a respeito delles se observe daqui em diante o seguinte.
VI. A Junta da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Al
to Douro fará logo hum Registo geral de todos os Arraes, que costumão
transportar Vinhos do Douro á Cidade do Porto, e seu Districto: Fazen
do examinar pelos meios mais breves, e eficazes, que couber no possivel,
nos lugares das suas habitações, se nelles concorrem as circunstancias
de boa fama, e de fidelidade, que são indispensaveis para merecerem a
approvação, que lhes deve dar gratuitamente por carta expedida pela
mesma Companhia, para poderem com ella ganhar os fretes dos seus Bar
cos; fazendo numerar ao mesmo tempo com fogo, e marcar com a mar
ca da mesma Companhia todos, e cada hum dos Barcos, que forem ap
aprovados: De tal sorte, que nenhum Barco, que não tenha approva
ção, e número, possa encarregar-se de transportar os referidos Vinhos:
Sob pena de confiscação dos Barcos, e seus aparelhos, a favor dos Offi
ciaes da Justiça, por quem forem achados os referidos transportes em
qualquer lugar onde os encontrarem : sem que, para evadirem estas pe
nas, se possão admittir outras algumas provas, que não sejão as da ef
fectiva marca, e Carta da Approvação com o nome expresso dos Arraes,
concorrendo ambas comulativamente. •

V11. Para se expedirem aos sobreditos Barqueiros, ou Arraes as refe


ridas Cartas, tomarão primeiro juramento de bem, e fielmente, servi
rem; de observarem as taxas, que lhes tenho mandado arbitrar; e de
tratarem o genero dos Lavradores, e Negociantes, como se fosse pro
prio; fazendo-se Termo do dito juramento em hum livro, que haverá
para este efeito. No caso de transgredirem os sobreditos Barqueiros, ou
Arraes o referido juramento, obrando contra elle, e contra o determina
do nesta Lei; as partes, que se sentirem gravadas, recorrendo ao Offi
cial de Justiça, que acharem mais proximo para lhe passar certidão do
número do Barco, e citar o transgressor para vêr jurar testemunhas; re
quererá com as que houverem presenciado o facto ao Juiz da Terra, que
acharem mais visinho, para que lhas pergunte, e dellas lhe faça extra
hir hum Summario. O qual sendo apresentado ao Juiz Conservador da
mesma Companhia, será julgado de plano em Relação com os Adjuntos,
que lhe nomear a pessoa, que nella presidir no impedimento do mesmo
Juiz Conservador.
VIII. Succedendo achar-se qualquer Pipa furada, ou diminuta, de
sorte, que conste que della se extrahio Vinhos, sem ser por casos fortui
tos de arrombamento casual, ou de má qualidade da Pipa: O Carreiro,
ou Arraes, em cujos Carros, ou Barcos, se fizer a referida fraude, além
de pagar todo o valor da Pipa de Vinho, que fraudar, ficará inhabilita
do para mais não ser admittido a fazer carretos, ou transportes, provan
do-se-lhes a fraude pelo acto do corpo do delicto, com justificação, que
o confirme, na fórma de Direito.
IX. Semelhantemente: A chando se ao tempo, em que as Pipas de
Vinho chegarem ao lugar do embarque, ou á Cidade do Porto; ou cons
tando depois por legitima prova; que os ditos Carreiros, ou Barqueiros

@.
550 > 1757

lançárão nellas agua, para supprirem a falta do Vinho, que beberão:


Mando que, autuando-se esta fraude pelo sobredito Juiz Conservador, e
formando della processo verbal, com citação dos Réos destes delictos;
sejão logo julgados em Relação summariamente com os Adjuntos, que
lhe nomear o Ministro, que em tal caso presidir; impondo-se aos mesmos
Réos as penas de açoutes, e de cinco annos dc Galés, que contra elles
se executarão irremissivelmente.
X. Todo o Carreiro , que, chegando de noite ao porto, confundir
as Pipas de huma A déga com as Pipas da outra, para se não saber o
carro, que as conduzio, e o lugar; onde estão : Ou detiver em sua
casa Pipas vazias, ou cheias, mais do espaço de doze horas successi
vas, e contínuas; incorrerá nas penas estabelecidas no sobredito para
grafo VI.
XI. Os Arraes dos barcos, que costumão transportar os referidos Vi
nhos, serão obrigados a carregallos tambem successiva, e indefectivel
mente, assim como forem chegando aos pórtos; sem permittirem, que
estejão nas margens do Rio expostos ao tempo, e ao descaminho , sem
entrarem nos Barcos, mais de duas horas; e sem os mesmos Arraes se
dilatarem nos pórtos, depois de terem completa a sua carga, tempo, que
exceda o espaço de vinte e quatro horas; debaixo das mesmas penas es
tabelecidas no dito paragrafo VI. Da mesma sorte serão obrigados os re
feridos Arraes, debaixo das sobreditas penas, a não se dilatarem volun
tariamente nas torna-viagens, que fizerem da Cidade do Porto com as
Pipas vazias, em qualquer lugar, que não seja o da sua destinação, com
demora, que exceda o tempo de tres horas precizas, e contínuas.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
co, Védores da Minha Real Fazenda, Regedor da Casa da Supplica
ção, Chanceller da Relação, e Casa do Porto , Junta da Companhia
Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro , Desembargadores,
Corregedores, Juizes, Justiças, e Oficiaes dellas, a quem o conheci
mento deste Alvará pertencer, o cumpräo, e guardem, e o fação cum
prir, e guardar, tão inteiramente, como nelle se contém, sem dúvida,
nem interpretação alguma, e sem embargo de quaesquer Leis, Dispo
sições, Regimentos, Ordens, costumes, e estilos contrarios, que para
este efeito Hei por derogados: como se delles fizesse especial, e expres
sa menção. E valerá como Carta passada pela Chancellaria, ainda que
por ella não ha de passar, e o seu efeito haja de durar mais de human
no, não obstante as Ordenações em contrario; registando-se em todos
os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando
se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém, aos 30 dias do
mez de Agosto de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Mi
nistro.

Regist. no Livro da Companhia Geral da Agricultura


das Vinhas do Alto Douro, a fol. 101., e impr. na
Qjicina de Miguel Rodrigues.
1757 55 1

# *<>>* *

E U ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presente, que tem vindo em dúvida, se nos casos, em qué
os Mercadores fallidos, e apresentados na Junta do Commercio destes
Reinos, e seus Dominios, forem julgados de má fé, devem ter lugar as
determinações do paragrafo dezenove com os seguintes do Alvará de tre
ze de Novembro do anno proximo passado de mil setecentos cincoenta e
seis, que mandão arrematar, e repartir os bens dos fallidos, extinctas as
preferencias: Sou Servido declarar a beneficio do Commercio, que ain
da julgando-se de má fé os Mercadores fallidos, deve proceder a sobre
dita Junta, quanto á arrecadação, e adjudicação dos bens, e acções, na
mesma fórma, que se acha determinado sómente com a separação dos dez
por cento para os que forem julgados de boa fé; na fórma declarada no
paragrafo vinte e dous do mesmo Alvará; porque deste beneficio não po
derão gozar os quebrados por dólo, e malicia.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores da Minha Real Fazenda, Regedor da Casa da Supplicação,
Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desembargado
res, Corregedores, Juizes, e Justiças, a quem o conhecimento deste Al
vará pertencer, o cumprao, e guardem, e o fação cumprir, e guardar
tão inteiramente, como nelle se contém; sem embargo de quaesquer Leis,
Disposições, Regimentos, ou estilos contrarios, que todas, e todos Hei
por derogados para este caso sómente, como se delles fizesse especial,
e expressa menção. E valerá como Carta passada pela Chancellaria, ain
da que por ella não ha de passar, e o seu efeito haja de durar mais de
hum anno, não obstantes as Ordenações em contrario: Registando-se
em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: e man
dando-se o original para a Torre do Tombo. Dado em Belém ao 1.° de
Setembro de 1737. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
mo, no livro da Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios a fol. 176. ver., e impr. avulso.

# + L_>>>K #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que, sendo-Me
presentes os grandes abusos, que se tem introduzido nas distribuições
dos Guardas, que devem entrar em todos os Navios, logo que estes
dão fundo defronte do Cáes da Alfandega, preterindo-se a devída fór
ma, e fazendo-se venaes as mesmas incumbencias, de que tanto depen
de a boa arrecadação dos Meus Reaes Direitos: Como tambem a liber
dade, que se tem arrogado os quatro Guardas Proprietarios do porto de
Belém, de nomearem pessoas, por quem fazem supprir as suas obriga
ções, precedendo para este fim particulares, e injustas convenções, de
que nécessariamente devem resultar multiplicados descaminhos: Sou Ser
vido, pelo que pertence ao porto de Lisboa, que para a distribuição das
552 • 1757 · •

referidas guardas sejão infallivelmente preferidas as quarenta pessoas,


a quem Fui Servido conceder propriedades vitalicias pelas nomeações
do Védor da Minha Real Fazenda, observando-se a Resolução de nove
de Junho de mil setecentos e cincoenta e tres, e ordem do Conselho de
dezoito do mesmo mez, e anno, sobre esta materia. E porque nas occa
siões de maior concuro de Navios, especialmente ao tempo das entradas
das Frótas, não he bastante o referido número: Sou outro sim servido
ampliar a concessão ao mesmo Védor para que possa nomear outras qua
renta pessoas, as quaes com propriedades vitalicias, e pessoaes, sem or
denado, propina, ou ajuda de custo; mas sómente com o salario devido
pela assistencia a bordo dos Navios, hajão de substituir, e entrar subsi
diariamente na falta dos quarenta, que presentemente se achão nomea
dos; observando-se em tudo a referida ordem de dezoito de Junho de mil
setecentos cincoenta e tres; menos na parte, em que a distribuição dos
Guardas se encarregava ao Guarda Mór da Alfandega; por quanto Sou
Servido, que a distribuição de huns, e outros nomeados se faça por hum
turno certo, que será regulado por duas Pautas, que haverá na Meza
grande da Alfandega, huma das quaes terá escritos os nomes dos qua
renta preferentes, e outra os dos quarenta subsidiarios; e o modo, que
nas ditas distribuições se deve observar, Mando que seja o seguinte.
Defronte de cada hum dos nomes estará lançada huma linha ori
sontal, que seguirá até o fim do papel; e serão estas linhas orisontaes
cortadas por outras perpendiculares desde os nomes até o fim da dita fo
lha; de tal modo que entre o espaço de cada huma destas linhas se faça
a travez da orisontal hum risco, pelo qual se conheça estar o Guarda em
exercicio. E logo que este acabar, terá o mesmo Guarda cuidado de se vir
apresentar na Meza, para que no espaço referido por cima do mesmo se
escreva em algarismo o dia, e em letras iniciaes, ou em abbreviatura o
mez, em que fica desoccupado, a fim de ser provído pela sua antiguida
de nos Navios que entrarem.
A mesma ordem se observará a respeito dos quarenta subsidiarios,
os quaes não serão occupados senão nas occasiões, em que ao entrar dos
Navios se achem todos os preferentes em actual exercicio: Bem enten
dido, que ainda que o acabem, e fiquem desoccupados, nem por isso se
desoccupará nenhum dos subsidiarios que estiver servindo. -

E porque ha Embarcações pequenas, em que he estilo ganharem


os Guardas tão sómente metade do salario, que vencem nas grandes: Or
deno, que não haja a respeito dellas preterição alguma, mas sejão dadas
áquelle Guarda, a quem pelo seu turno couberem; porém se quando de
pois entrarem outras Embarcações, que hajão de pagar salario inteiro,
não houverem Guardas desoccupados, mais que dos subsidiarios: Man
do , que neste caso, tirado o Guarda preferente da Embarcação, que pa
ga meio salario, seja introduzido na que novamente houver entrado, e
para o seu lugar entre o Guarda subsidiario, a quem tocava o turno.
Para que da mesma Pauta dos nomes conste quaes são os Guar
das, que estão occupados nas Embarcações de meio salario; estabeleço,
que, sendo o exercicio nestas, não passem da linha orisontal para baixo
os riscos, que hão de notar o exercicio dos ditos Guardas; e na occasião,
que forem mudados para as que novamente entrarem, se continuará com
o dito risco para baixo, ficando deste modo evitada toda a desordem, e
confusão, que não fôr voluntaria.
Pelo que pertence ao porto de Belém, o Conselho ordenará aos
quatro Guardas Proprietarios, que inteiramente cumpräo as suas obriga
1757 553

ções na fórma, que lhes foi prescripta nos Capitulos quinto, e sexto do
Foral da Alfandega, com pena de que, provando-se falta de cumprimen
to, ficará pelo mesmo facto logo suspenso o Guarda, que nella tiver in
corrido, até nova mercê Minha.
E porque os referidos quatro Guardas muitas vezes não podem sup
prir a todo o número de Navios, que entrão neste porto: Sou Servido,
que a Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios nomeie do
ze pessoas, que devem estar promptas no porto de Belém para entrarem
por distribuição successiva em todos os Navios, logo que estes surgirem
no lugar de Franquia, e forem despachados pelos Oficiaes da Saude; os
quaes doze nomeados servirão no ministerio de Guardas em propriedades
vitalicias, e pessoaes, sem que possão pertender ordenado, propina, ou
ajuda de custo; mas sómente o costumado salario pela assistencia dos
Navios a que forem distribuidos. Vagando algum dos referidos Guardas,
assim do porto de Lisboa, como de Belém, se fará outra nomeação pe
lo Védor da Minha Real Fazenda, e pela referida Junta do Commercio;
de modo, que sempre estejão completos os numeros de Guardas determi
nados neste Meu Alvará. ,

Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor


da Casa da Supplicação, Desembargadores, Juizes, Justiças, e mais
Oficiaes, a quem pertencer o conhecimento deste Alvará, o cumprão, e
guardem, e o fação cumprir, e guardar, tão inteiramente, como nelle
se contém não obstantes quaesquer Regimentos, Leis, Foraes, ou Esti
los contrarios, ficando aliàs sempre em seu vigor. E valerá como Carta
passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe, e o seu efeito
haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação do Livrô
segundo, Titulo trinta e nove, e quarenta: e se registará em todos os
lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis, mandando-se o O
riginal para a Torre do Tombo. Dado em Belém aos 3 dias do mez de
Outubro
tro.
de 1767. (1) = Com a Assignatura de ElRei, e a do Minis

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no Livro I. da Junta Commercio destes Reinos,
e seus Dominios, a fol. 187., e impr. na Officina
de Antonio Rodrigues Galhardo.

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*.

A Ttendendo a alguns justos motivos, que Me forão presentes: Hei


por bem Ordenar, que o rendimento, e Contribuição particular applica
da para Obras, que até agora se cobrava nas Alfandegas do Assucar e
Tabaco, deve entrar na Caixa dos quatro por cento, para que pela Jun
ta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, se mandem fazer to
das as Obras necessarias á decencia, e conservação das mesmas. Casas
de despacho; assim como até agora se fazião por aquelle Cofre, e haven
do Livros separados deste rendimento para que os subejos fiquem reser
vados de huns para os outros annos, e finalisada a consignação dos qua
tro por cento, se restituirá o rendimento das Obras á mesma formalida

(1) Vid, o Decreto de 3 de Março de 1761.


Aaaa
554 • 1757

de em que presentemente se acha. O Conselho da Fazenda o tenha assim


entendido, e o faça executar pela parte que lhe toca, com os Despachos
necessarios. Belém 3 de Outubro de 1767. = Com a Rubíca de Sua
Magstade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I dos De
cretos e Avisos a fol. 20, vers.

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J Oão Pacheco Pereira de Vasconcellos, Desembargador do Paço, e do


Meu Conselho, Amigo. EU ELREI vos envio muito Saudar. Sendo-Me
presente a Sentença, que em doze do corrente mez de Ontubro se pro
ferio na Alçada, a que vos mandei presidir nessa Cidade, a execução,
que a ella se deo no dia quatorze, em que se rejeitarão os Embargos dos
Réos, comprehendendo-se entre elles os sessenta e sete, que sendo con
demnados em seis mezes de prizão, se julgou, que estes devião princi
piar do dia, em que se lhes notificou a dita Sentença: Hei por bem que,
não obstante o julgado, e sentenciado, se principiem a contar os ditos
seis mezes, conforme a opinião mais benigna, dos dias das respectivas
prizões de cada hum dos sobreditos Réos. Escrita em Belém a 21 de Ou
tubro de 1767. = Com a Assignatura de ElRei. = Para João Pacheco
de Vasconcellos. "

Impr, na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

3k * * >>* }

J Oão Pereira de Vasconcellos, Desembargador do Paço, e do Meu


Conselho, Amigo, EU ELREI vos envio muito saudar. Sendo-Me pre
sente que pelo supplicio dos Réos, que nessa Cidade forão justiçados no
dia quatorze do corrente mez de Outubro, como cabeças da Sedição
nella declarada em vinte e tres de Fevereiro proximo preterito; pela con
fiscação sempre inherente a tão detestavel Crime de Lesa Magestade;
pela aversão, que nos Meus Vassallos, que habitão na mesma Cidade,
imprimio o horror daquelle delicto contra tudo o que he pertencente aos
que o perpretrárão; e tambem pelo receio, que algumas pessoas poderão
ter, de que soccorrendo os filhos, e netos dos sobreditos justiçados, se
presuma, que erão amigos, e aliados dos seus infelices ascendentes; he
certo que os mesmos filhos, e netos dos ditos condemnados á morte se
hão de achar em desamparo digno da Minha Real Clemencia no que es
ta póde ser compativel com a Minha indefectivel Justiça em hum caso,
em que a severidade das Leis se faz indispensavel: Sou Servido, que
mandando fazer logo huma exacta relação de todos os sobreditos descenº
dentes dos Réos, que forão justiçados em que se declare com separa
ção seus Pais, nomes, sexos, e idades; encarregueis á Misericordia des
sa Cidade no Meu Real Nome de fazer alimentar, e crear os que forem
innocentes, como se fossem enjeitados, com todo o cuidado, e caridade,
para que não perecão por falta do necessario; e de pôr a oficios os que
1757 555

se acharem mais adiantados em idade, e não forem ainda capazes de ga


nharem pelo proprio trabalho, o sustento: Ordenando ao mesmo tempo
aos Oficiaes da Meza, que de tudo o referido fação conta separada, pa
ra se pagar esta despeza pela Minha Real Fazenda, debaixo da inspec
ção do Chanceller, a cujo cargo está o Governo da Relação, e Casa do
Porto. Escrita em Belém, a 21 de Outubro de 1767. = Com a Assigna
tura de ElRei. = Para João Pacheco Pereira de Vasconcellos.

Imp. na Oficina de Antonio Rodrigues Gallardo.

* #LOº% #

V Édor geral da Cidade do Porto, e seu Partido. Por justos motivos,


que Me forão presentes, Sou Servido ordenar-vos, que em quanto resi
dir nessa Cidade João Pacheco Pereira de Vasconcellos, Desembargador
do Paço, e do Meu Conselho, com as dependencias da Alçada, a que
nella preside, continueis em fazer com os vossos Oficiaes debaixo das
Ordens do dito Ministro a arrecadação de tudo, o que for pertencente
aos Assentos, soldos, e Munições das Tropas, que ahí se achão de Guar
nição, da mesma sorte que se a despeza dellas fosse feita pela Minha Real
Fazenda, não obstante que se faça por conta da Cidade: Pondo tudo em
arrecadação distincta com livros separados: E entregando os originaes
delles ao sobridito Ministro, para se ajuntarem aos Autos da sua Com
missão, quando a concluir. Depois da ausencia do mesmo Ministro, fi
careis continuando debaixo das Ordens do Coronel João de Almada de
Mello, a cujo cargo está o Governo das Armas dessa Cidade, e seu Par
tido, na intendencia, e arrecadação das munições de boca do Regimen
to, e Guarnições das Fortalezas do mesmo Partido, por virtude do con
trato, que para ellas se fez ultimamente: O que executareis sem a me
nor interrupção, de que se siga detrimento ás Tropas, e sem embargo
de quaesquer Regimentos, Disposições, Ordens, ou Provisões, que se
vos tenhão expedido, ou venhão a expedir-se em contrario. Escrita em
Belém a 21 de Outubro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei. =
Para o Védor geral da Cidade do Porto, e seu Partido. ! .
Impr. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

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J Oão Pacheco Pereira de Vasconcellos, Desembargador do Paço, e do


Nleu Conselho, Amigo. EU ELREI vos envio muito Saudar. Sendo-Me
presente que na Relação, e Casa do Porto houve alguns Ministros, que com
reprehensivel leveza se atreverão a proferir, que não era Crime de Lesa
Magestade da primeira cabeça a Sedição nessa Cidade maquinada desde o
mez de Outubro do anno proximo passado, nella successivamente proseguida
pela confederação dos que a maquinárão nos muitos e repentinos conventi
culos, que para esse fim tiverão, até ultimamente ser declarada em vinte e
tres de Fevereiro deste presente anno com os atrozes insultos de se atre
verem os Réos da mesma Sedição não só a rebellar-se formalmente contra
Aaaa 2
556 1757

huma Lei Minha, qual era o Alvará de 10 de Setembro de mil setecen


tos e cincoenta e seis, concitando a esse fim o Povo, de passarem com
elle ás outras temerarias ousadias de violentarem o Presidente da Rela
ção da mesma Cidade com repetidas, e inexoraveis ameaças até o cons
trangerem a revogar a dita Lei a toque de Tambores, e de irem assal
tar a Casa da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Dou
ro, onde estavão os exemplares da referida Lei, para a romperem, e ul
trajarem, como na realidade fizerão; mas tambem a devaçarem totalmen
te, oppondo-se ás Tropas com força declarada, ás providencias, e deter
minações da referida Lei, até o excesso de chegarem a pôr Cartéis pu
blicos, para se sustentarem na Rebelião, com que por tantos modos at
tentárão directamente contra a Minha Real Authoridade, se oppozerão
ao Meu Real, e Supremo Poder, intentando invadillo, e pervalecer con
tra elle, permeditadamente como o corpo, que se tinhão formado: E sen
do os referidos factos diametralmente oppostos aos primeiros principios
da Sociedade Civil, e do socêgo público dos Estados, que são essencial
mente dependentes do inviolavel respeito da Magestade; da inalteravel su
jeição ao seu Alto, e Supremo Poder; e da veneração das Leis sempre Sa
gradas para o respeitoso culto dos Vassallos: Sou Servido Ordenar-vos, que
passando á Casa, onde se faz a Relação, e occupando nella com assistencia |
de todos os Ministro o primeiro lugar, em que o Chanceller costuma per
sidir, estranheis severamente no Meu Real Nome aos Ministros, que ti
verão aquella opinião (sem com tudo individuares os seus nomes), ha
verem-se atrevido a proferir hum absurdo tão grande, de tão pernicio
sas consequencias, e tão oppóstos até á letra da mesma Ordenação do
liv. 5." tit. 6. § 6., que devião observar, como expressa; e á disposi
ção de todos os outros paragrafos do mesmo titulo, que provão o mesmo
com a força de maior razão no caso referido. E porque não torne aquel
la opinião a vir em dúvida, ficando sujeitos a semelhantes pareceres os
fundamentos mais sólidos, e mais indispensaveis da Monarchia, e do so
cêgo público: Sou Servido outro sim Declarar por erronea, absurda, te
meraria, e nulla a dita opinião, para não ser allegada, e menos seguida
em Juizo, e Fóra delle: Declarando ao mesmo tempo que todas as ve
zes que houver confederação, ajuntamento, vozes sediciosas, e Tumul
to para se opporem os assim amotinados ás Minhas Leis, e Ordens, co
mo taes conhecidas, e ao Meu Alto, e Supremo Poder; ou pertendendo,
que se não cumpräo as ditas Leis, e Ordens, ou resistindo com vozes de
Motim aos Ministros, e Oficiaes, executores delas: se julguem estes
crimes, e qualquer delles, indubitavelmente, e sem haver disputa, se
não sobre as provas, por crime de Lesa Magestade da primeira cabeça;
e como taes sejão sentenciados; não obstantes quaesquer opiniões de Dou
tores, que sejão, ou pareção estar pelo contrario. E no mesmo acto da
Relação, em que executares o que vos deixo ordenado, fareis registar
esta no Livro dos Decretos; para que possa constar a todo o tempo esta
Minha Real Resolução. Escrita em Belém a 21 de Outubro de 1757. =
# a Assignatura de ElRei.
CC 110S.
= Para João Pacheco Pereira de Vascon

Impr, na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.


1757 557

# **@"+--+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem, que
havendo pelo Capitulo quinze, paragrafo quinto dos Estatutos da Junta
do Commercio, extinguido a Companhia de Entre portas da Alfandega,
e ordenando, que os Homens de trabalho, da Companhia do Páteo po
dessem tirar caixas, arbitrando-lhe a mesma Junta os salarios, e divi
dindo-se por hora os Homens da dita Companhia extincta, pelas quatro,
que ficavão conservadas, sem declarar expressamente quem devia fazer
a divisão referida, e passando as Ordens a ella concernentes: E atten
dendo ás razões, que sobre este particular Me forão presentes: Hei por
bem declarar, que a Minha Real intenção no dito Capitulo quinze, pa
ragrafo quinto dos Estatutos da Junta do Commercio, foi, que a distri
buição dos Homens de trabalho da Companhia de Entre portas extincta
se fizesse pela mesma Junta; como tambem que as nomeações dos Ho
mens de trabalho de todas as mais Companhias , devem ser propostas
pelos seus Capatazes á mesma Junta, a quem são sujeitos, para lhes de
terminar os que devem servir de entre os mesmos propostos; ou outros,
que bem lhe parecer; havendo por derogado o paragrafo trinta e seis no
Capitulo segundo do Alvará de Regulação de vinte e nove de Dezembro
de mil setecentos cincoenta e tres, que declarou pertencerem ao Prove
dor, e Feitor Mór da Alfandega extincto, as nomeações dos Homens de
trabalho destas Companhias. +

Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor


da Casa da Supplicação, Desembargadores , Juizes, Justiças, e mais
Oficiaes, a quem pertencer o conhecimento deste Alvará , o cumprão,
e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente, como nelle
se contém; não obstantes quaesquer Regimentos, Leis , Foraes, Or
dens, ou Estilos contrarios, ficando aliás sempre em seu vigor. E vale
rá como Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe,
e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Orde
nação do livro segundo, Titulo trinta e nove, e quarenta; e se regista
rá em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis,
mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém aos 24
de Outubro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
mo, no livro do Registo da Junta do Commercio des
tes Reinos, e seus Dominios a fol. 195., e impr.
avulso.

Por Decreto de dous de Abril do corrente anno, que baixou ao Con


selho da Fazenda, Fui Servido resolver, que todas as peças de Seda,
que fossem fabricadas nestes Reinos, constando plenariamente que o
erão, se sellassem na Alfandega, onde não pagarião Direito, ou emolu
mentos, que não fosse o da pequena despeza da imposição do mesmo sel
558 1757

lo. E attendendo ao que em consulta da Junta do Commercio deste Rei


no, e seus Dominios, Me representárão outros Fabricantes de Fitas, Pas
\
samanes, Galões, Lenços, Cintas, e toda a mais obra de Seda, que per
tendem outra igual liberdade; e querendo animar as ditas Fábricas, e
favorecer aos Meus fiéis Vassallos, que nellas se empregão, com notoria
utilidade do público: Hei por bem declarar, que a Minha Real Deter
minação do dito Decreto de dous de Abril deste anno, he comprehensi
va de toda a sorte de tecidos de Seda, fabricados no Reino, verifican
do-se que o são, com as certidões declaradas no primeiro Decreto: O
mesmo Conselho da Fazenda o tenha assim entendido; e faça expedir os
despachos necessarios, para assim se executar; não obstantes quaesquer
Regimentos, Foraes, Leis, Disposições, ou costumes contrarios. Belém
a 24 de Outubro de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem, que
a Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Me represen
tou: Que pelo Capitulo dezesete no paragrafo quarto , e seguintes dos
seus Estatutos, Fui Servido encarregar-lhe o cuidado de evitar Contra
bandos, e de fazer executar todas as Leis, Alvarás, ou Decretos, diri
gidos a este mesmo objecto: E que sendo as Denúncias hum dos meios,
que o Foral da Alfandega, conformando-se com as Leis de todos os Rei
nos, conheceo por mais eficaz para o descobrimento deste delicto, pelo
temor, que causão aos Contrabandistas: E tendo as mesmas Denúncias
o seu fundamento no particular interesse dos Denunciantes; duvidão es
tes denunciar pelo receio, que lhes resulta do paragrafo sete do dito Ca
pitulo dezesete dos mesmos Estatutos, que geralmente determina, Que
todas as fazendas apprehendidas sejão publicamente queimadas; enten
dendo, que em consequencia desta Disposição se extinguia aos mesmos
Denunciantes o Terço, que lhes toca. E querendo desvanecer esta erra
da intelligencia: Sou Servido declarar, que as fazendas comprehendidas
na Disposição do dito paragrafo quarto, que as manda publicamente quei
mar, são só as de Contrabando, prohibidas na sua mesma entrada; e
não as descaminhadas, que devendo pagar direitos, se achão sem selo:
E outro sim, que aos Denunciantes se ha de entregar sempre o seu Ter
ço, na fórma praticada antes da publicação dos Estatutos da Junta do
Commercio, sem novidade, ou alteração alguma , assim das fazendas,
que queimadas
ser são admittidas a despacho, como das de Contrabando, que devem
em Praça. •

E para que assim se execute daqui em diante: Hei por bem, que
nos casos de se apprehenderem as mercadorias pelos Oficiaes da Junta,
ou outros quaesquer, que não sejão os da Alfandega, sejão remettidas
á Casa dos Depositos publicos, precedendo as diligencias ordenadas a
este respeito sómente nos Capitulos noventa e quatro, e noventa e seis
do Foral, feitas pelo Escrivão da Receita da Junta, e assignadas pelo
Provedor della. O Auto da Tomadia será feito pelo Escrivão da Conser
vatoria da mesma Junta, para se remetter ao Juiz Conservador, na fór
ma dos seus Estatutos. Todas as fazendas apprehendidas, ainda as de
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rigoroso Contrabando, se devem avaliar, a fim de se saber a estimação


das permittidas para a sua venda; e das prohibidas para o pagamento
do Denunciante. As arrematações devem ser sempre assistidas de dous
Deputados, e do Provedor da Junta; entregando estes o producto para
se lançar em receita separada, e entrar com a mesma separação no Co
fre da dita Junta; como tambem o producto dos Dobros, Tresdobros,
e Ano veados, em que forem condemnadas as Partes.
Deste Cofre se pagarão as despezas necessarias; os Terços dos
Denunciantes; e todas as mais diligencias extraordinarias, que se man
darem fazer para o fim de evitar Contrabandos, ou segurar o cumpri
mento de outras quaesquer Ordens Minhas.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores da Minha Real Fazenda, Presidentes do Conselho Ultrama
rino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Suppli
cação, Presidente do Senado da Camara, Junta do Commercio destes
Reinos, e seus Dominios, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Jus
tiças, e mais Officiaes, e Pessoas a quem o conhecimento deste Alvará
pertencer, o cumprão, e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão in
teiramente, como nelle se contém; não obstantes quaesquer Regimentos,
Leis, Foraes, Ordens, ou Estilos contrarios, que todos Hei por deroga
dos para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor. E va
lerá como Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não ha de
passar, e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo
das Ordenações do Livro segundo, titulo trinta e nove, quarenta em con
trario: Registando-se em todos os lugares , onde se costumão registar
semelhantes Leis: E mandando-se o Original para a Torre do Tombo.
Dado em Belém aos 26 dias do mez de Outubro de 1757. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro. •

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no livro do Registo da Junta do Commercio, destes
Reinos, e seus Dominios a fol. 133 vers., e impr.
avulso.
# #*<>"+ #

Sou Servido, que no Reino do Algarve se levantem cinco Companhias


de Dragões de trinta Cavallos cada huma, ou á custa da Minha Real Fa
zenda, ou dos Particulares, que se oferecerem para as levantarem, sen
do pessoas habeis para o Meu Real serviço, e para com ellas se estipu
larem as justas condições , que são do costume em semelhantes casos:
Preferindo para a formarem os Oficiaes, que já se achão servindo na Ca
vallaria com os póstos immediatos de Tenentes, e na falta delles com os
de Alferes: constituindo as referidas Companhias hum Esquadrão, de que
será Mandante aquelle dos futuros Capitães que Eu for Servido nomear
para formar o referido Corpo: E dando tambem os mesmos Capitães pre
ferencia para os postos Subalternos de Tenentes, Alferes, e Furrieis aos
Oficiaes, que estiverem nos póstos immediatos, havendo-os , que com
elles se queirão ajustar as mesmas condições. O Conselho de Guerra o
tenha assim entendido , e faça passar os despachos necessarios. Belém
a 29 de Outubro de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Impresso avulso.
560 1757

# #*<> * #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que sen
do-Me presentes as repetidas fraudes, com que na Cidade de Lisboa,
e em outros lugares deste Reino, se costumão fazer arrendamentos de
dez, e de mais annos, para com o pretexto de que por elles se transfe
re dominio nos locatarios, efeituarem estes o dólo, e a emulação, com
que procurão o referido titulo de locação por longo tempo, com o mali
cioso, e determinado fim de incommodarem os antecedentes Locatarios,
expulsando-os das casas, e dos Prédios arrendados por menos tempo, que
o de dez annos: Attendendo ao bem, e socêgo público dos Meus Vassal
los: e por obviar os prejuizos, que se seguem aos que assim são incomo
dados, não só pela falta das habitações, donde são expulsos, mas tam
bem pelos injustos, e multiplicados pleitos, com que dolosamente são ve
xados: Estabeleço, que todos os Contratos, que não forem de aforamen
to em Fatiota, ou em Vidas, com inteira translacção do util Dominio,
ou para sempre, ou pelo menos, pelas referidas tres Vidas; se julguem
de simples locação ordinaria, sem que seja visto transferir-se por elles
Dominio algum a favor dos Locatarios para lhe dar direito de excluirem
os outros Inquilinos, ou Rendeiros anteriores, senão nos outros casos,
em que por Direito he permittido aos Locadores despedirem os seus res
pectivos Locatarios. E porque Fui informado de que estas vexações se
tem multiplicado com grande impiedade depois do Terremoto do primei
ro de Novembro do anno de mil setecentos cincoenta e cinco Declaro
por nullos, e de nenhum efeito todos os arrendamentos, que se acharem
feitos na sobredita fórma, não obstante que se fizessem de preterito , e
que se achem ajuizados, e com causas pendentes, ou Sentenças profe
ridas, nas quaes se porá perpétuo silencio. Porém aquelles Inquilinos,
ou Rendeiros, que já se acharem na efectiva habitação, e posse das
casas, ou Prédios arrendados, antes da publicação deste Alvará, não
serão por elle excluidos; com tanto que fiquem sem privilegio algum pa
ra alegarem o tal arrendamento de longo tempo; antes ficarão reputados
por simples Inquilinos para todos os outros casos, em que haverião de
ser expulsos, se taes arrendamentos de dez, ou de mais annos, não hou
vesse; ficando neste caso havidos por nullos, na sobredita fórma.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço; Védores da Minha Real Fazenda; Presidente do Conselho Ultrama
rino; e da Meza da Consciencia, e Ordens; Regedor da Casa da Suppli
cação; Presidente do Senado da Camara, Desembargadores, Ministros,
Oficiaes, e mais Pessoas a quem o conhecimento deste pertencer, o cum
prão, e guardem, e o fação cumprir, e guardar, sem falta, nem dúvi
da alguma, sem embargo de quaesquer Leis, Ordenações, Regimentos,
Disposições de Direito commum, e Opiniões de Doutores, que em con
trario sejão; as quaes todas Hei por derogadas, como se de todas, e ca
da huma dellas fizesse expressa, especifica, e individual menção. E va
lerá como Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella não ha
de passar, e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, não obstan
te a Ordenação do Livro segundo Titulo trinta e nove, e quarenta em
contrario: Registando-se este em todos os lugares , onde se costumão
registar semelhantes Leis, e mandando-se o Original para a Torre do
1757 56 |

Tombo. Dado em Belém, aos 3 de Novembro de 1757. = Com a As


signatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no livro das Consultas da Meza do Desembargo
do Paço a fol. 102 vers., e impr. na Officina de An
nio Rodrigues Galhardo.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Declaração virem,


que sendo-Me presente em Consulta da Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios, que aos Navios fabricados nos Pórtos do Brazil,
que os seus Proprietarios pertendião navegar para a Cidade de Lisboa,
se lhes duvída dar a preferencia determinada na Lei de vinte e nove de
Novembro de mil setecentos cincoenta e tres, porque se declararão os
Paragrafos primeiro, segundo, terceiro, e quarto do novo Regimento da
Alfandega do Tabaco, escrito na dita Cidade de Lisboa a dezeseis de
Janeiro de mil setecentos cincoenta e hum, em razão de os ditos Navios
não irem com as Frotas em direitura para aquelles Pórtos: Sou Servido
declarar o dito Regimento de dezeseis de Janeiro de mil setecentos cin
coenta e hum, e Lei de vinte e nove de Novembro de mil setecentos cin
coenta e tres: Ordenando, como por este ordeno, que todos os Navios,
que forem fabricados nas Capitanías do Rio de Janeiro, Bahia, e Per
nambuco, ou Paraíba, sendo pertencentes a Proprietarios moradores nos
mesmos Pórtos, sejão sempre comprehendidos na preferencia para a res
pectiva navegação de cada hum delles; e sendo de Proprietarios de fóra,
que os mandem construir aos mesmos Pórtos, sómente gozarão da prefe- .
rencia na primeira viagem, que delles fizerem para este Reino.
E este se cumprirá, e guardará inteiramente, como nelle se con
tém, não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, ou Ordens em contra
rio, ainda que requeirão especial menção, porque todas Hei por deroga
das no que a este se acharem contrarias.
Pelo que: Mando ao Meu Conselho Ultramarino, # da Ca
sa da Supplicação, Governadores da Relação, e Casa do Porto, e das
Relações da Bahia, e Rio de Janeiro, Vice-Rei, Governadores, e Ca
pitães Generaes do Estado do Brazil, Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios, Ministros, e mais Pessoas dos Meus Reinos, e
Senhorios, que o cumprão, e guardem , e fação inteiramente cumprir,
e guardar como nelle se contém. E valerá como Carta passada pela Chan
cellaria, posto que por ella não passe, e o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, sem embargo da Ordenação do Livro II. Titulo 39, e 40,
e se registará em todos os lugares, onde se costumão registar semelhan
tes Leis, mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Be
lém aos 12 dias do mez de Novembro de 1757. = Com a Assignatura
de ElRei, e a do Ministro.

Regist. no livro da Junta do Commercio destes Reinos,


e seus Dominios a fol. 203. vers., e impr. na O/fi-
cina de Antonio Rodrigues Galhardo.
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562 1757 }

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem:
Que sendo o delicto do Contrabando hum dos mais perniciosos entre os
que infestão os Estados; e dos que se fazem na Sociedade Civil mais
odiosos; porque tendo a vileza do furto, não só he commettido contra o
Erario Regio, e contra o Público do Reino, onde he perpetrado; mas
tambem quando grassa em geral prejuizo do Commercio, he a ruina do
mesmo Commercio, e o descredito dos Homens honrados, e de bem, que
nelle se empregão em commum beneficio; porque podendo os Contraban
distas, que fazem os referidos furtos, vender com huma diminuição de
preços, respectiva aos Direitos, que devião pagar; succede aos que cum
prem com a obrigação de os satisfazerem, ficarem com as suas fazendas
empatadas nas lojas, sem haver quem lhas compre; e julgar-se nelles
fraude, e ambição sinistra, pela maior carestia, que comparativamente
se encontra nos generos, que expõem para a venda: Por cujos aggra
vantes motivos são os mesmos Contrabandistas a objecção, e o desprezo
de todas as Nações Civilizadas, como inimigos communs do Erario Real,
da Patria, e do Bem público della: Para obviar mais eficazmente tão
detestavel crime, encarreguei com jurisdicção cumulativa á Junta do
Commercio destes Reinos, e seus Dominios, pelo Capitulo XVII. dos
seus Estatutos, o cuidado de evitar os Contrabandos, e de fazer execu
tar todas as Leis, Decretos, e mais disposições, até então estabelecidas,
e que depois se estabelecessem, para evitar o referido delicto; accrescen
tando a este fim as providencias expressas no sobredito Capitulo: E por
que a experiencia tem mostrado, que sendo as ditas providencias mais
amplas do que aquellas, que antes se tinhão dado sobre esta materia,
ainda não bastarão até agora para extirpar tão prejudicial crime: Sou
Servido ampliar, e declarar o sobredito Capitulo XVII, dos Estatutos da
referida Junta do Commercio na maneira seguinte. +

Ampliando a Disposição do Paragrafo V. do sobredito Capitulo:


Estabeleço, que o Desembargador Juiz Conservador Geral do Commer
cio, não só tire devaça deste caso, quando lhe for requerida pelo Pro
curador da Junta, mas que a tenha sempre continuamente aberta, sem
limitação de tempo, nem determinado número de testemunhas: Receben
do as denúncias, que se lhe derem, em segredo; que reservará para a
sua Pessoa, sem passar nem ainda á noticia do Escrivão da mesma de
Vaça: Mandando escrever nella, como corpo de delicto, o facto , que
denunciarem, depois de haver mandado fazer sequestro nos bens desca
minhados, se delles houver deposto o Denunciante: Perguntando no cor
po da devaça as testemunhas, que elle lhe tiver apontado: E separando
depois da prova feita, os depoimentos, que forem concernentes a cada
hum dos Réos denunciados, para por elles proceder, como se fosse pela
propria devaça, nos termos summarios, e de plano, que pelo sobredito
Paragrafo tenho determinado.
Ampliando da mesma sorte a Disposição do Paragrafo VI. do so
bredito Capitulo: Ordeno, que as mesmas penas nelle estabelecidas, se
jão impostas a todas as pessoas, que depois de serem passados seis me
zes, contados da publicação deste, usarem de vestidos feitos das fazen
das, cuja entrada he prohibida pelas Minhas Pragmaticas, Leis, e Re
.
1757 563

soluções, expedidas para as Minhas Alfandegas, estabelecendo, que to


dos os Ministros Criminaes das Cidades de Lisboa, do Porto, e mais Ci
dades, e Villas destes Reinos, que encontrando alguma, ou algumas pes
soas, com vestidos feitos dos referidos generos prohibidos, as não pren
derem, autuarem, e remetterem os Autos, que dellas fizerem, ao mes
mo Desembargador Juiz Conservador Geral do Commercio, percão por
este facto os lugares, e oficios, que tiverem, e fiquem inhabilitados pa
ra entrar em outros, até Minha mercê, no caso de se mostrarem livres
perante o mesmo Desembargador Juiz Conservador.
Ampliando o Paragrafo VII. do mesmo Capitulo, sobre a certa in
formação, que tive, de que alguns Ecclesiasticos, e Religiosos, costumão
recolher nas suas Casas, e Conventos, consideraveis Contrabandos; re
cebendo, e capiando os Contrabandistas que nelles se occupão: Sou Ser
vido (não por via de jurisdicção, mas sim de direcção, de necessaria de
feza dos Meus Vassallos, e de conservação do Bem Commum dos Meus
Reinos) prohibir, que nas referidas Casas, e Conventos se continue tão
abominavel crime: Tendo entendido os que o commetterem, e a elle derem
favor, e ajuda, contra o estabelecido no mesmo Paragrafo VII., que pela
primeira vez serão exterminados quarenta legoas do lugar, em que forem
achados na desobediencia desta Lei: Pela segunda, serão apartados oi
tenta legoas dos mesmos lugares: E que pela terceira os farei lançar fó
ra dos Meus Reinos, como prejudiciaes ao Bem Commum delles incorri
givelmente.
E porque o dito fim se não poderia nunca conseguir, sem a elle
se passar pelo necessario meio de se buscarem as sobreditas Casas, e Con
ventos: E nelles se não podem recolher furtos, ou Contrabandos, nem
tão pouco os criminosos, que os commettem, como pelos Senhores Reis,
Meus Predecessores, e por Mim se acha em repetidos actos declarado:
Ordeno, que não só o Desembargador Juiz Conservador Geral do Com
mercio, mas tambem qualquer Ministro Criminal, perante quem se de
nunciarem Contrabandos, ou Contrabandistas, recolhidos nos ditos luga
res isentos, entrem nelles logo a fazer apprehensão nas mercadorias des
caminhadas, e nas Pessoas dos Descaminhadores, na mesma fórma, em
que se acha estabelecido pelo Regimento do Tabaco, e pelas Ordens,
que ampliarão a sua disposição ao dito respeito. O que tudo Mando avi
zar aos Prelados Ecclesiasticos, para que assim o fação observar pelo que
lhes póde pertencer.
Havendo sido igualmente informado de que os mesmos Contrabandos,
e Contrabandistas, se recolhem, e acoutão em algumas Casas de Pessoas,
nas quaes pela distincção do seu nascimento concorrem maiores obrigações
de apartarem de si, e das suas Casas, e Familias, tão infames delictos, e
de darem mais louvaveis exemplos á exacta observancia das Minhas Leis,
e ao zelo do Bem Commum da sua Patria: Ordeno, que nestes casos se
imponha aos Transgressores deste, sendo Pessoas de maior qualidade, as
mesmas penas, que pelo Regimento do Tabaco, se achão estabelecidas
contra os Descaminhadores do referido genero: E que para das ditas Ca
sas se extrahirem as fazendas descaminhadas, e os Descaminhadores, se
possa entrar nellas a toda a hora de dia, ou de noute, sem excepção al
guma, qualquer que ele seja: Tendo entendido, que no caso não espe
rado de ser comprehendida alguma Pessoa de maior qualidade, ou nos
sobreditos crimes, ou no de resistencia ás Justiças, que forem cohibillo;
além do Meu Real desagrado, em que deve consistir a mais sensivel pe
*# do Meu Real serviço,
na para semelhantes Pessoas; ficarão logo
2
564 1757
para nelle mais não poderem entrar, ainda antes de preceder sentença
declaratoria, ficando esta supprida pela corporal apprehensão dos Contra
bandos, ou dos Contrabandistas. - _* •

No caso de serem os criminosos Militares, ou por fazerem o Con


trabando, ou pelo haverem recolhido nas Fortalezas, que lhes são con
fiadas (o que delles não espero) incorrerão, além da pena de perdimen
to de seus Póstos, nas que se achão irrogadas contra os Descaminhado
res de Tabaco. E para que nas suas Casas, Quarteis, e Fortalezas, se
possão dar as buscas necessarias: Estabeleço, que nellas não possa ha
ver neste caso asilo, ou isenção alguma, E assim o Mandei avisar aos
Governadores das Armas de todas as Provincias, e ás Pessoas por Mim
dellas encarregadas.
Por obviar á devassidão, com que algumas Pessoas passão a bor
do de Navios, que trazem fazendas para vender, a tirallas delles por al
to, sem distinguirem se são prohibidas, e sem pagarem os Direitos, que
devem: Ordeno, que da publicação deste em diante nenhuma Pessoa,
de qualquer estado, qualidade, ou condição que sejão, possa ir a bordo
de Navios, ou de quaesquer outras Embarcações, que vierem de fóra
das Barras de Lisboa, do Porto, ou de qualquer outra dos Lugares ma
ritimos destes Reinos, antes de terem descarregado inteiramente , não
sendo Official destinado, para a arrecadação da fazenda transportada pe
los mesmos Navios, sem expressa licença Minha por escrito, emanada
de Mim na sobredita fórma: Sob pena de seis mezes de cadeia, e de
dous annos de degredo para a Praça de Mazagão. E sendo Fidalgo da
Minha Casa, ou dahi para cima, terá os mesmos seis mezes de prizão
em huma das Fortalezas do Lugar, onde commetter o delicto; e fica
rá privado de vir á Minha Real Presença por tempo de hum anno. E os
Ministros, e Oficiaes, que, sabendo da transgressão desta Minha Real
Disposição, não procederem por ella para a sua efectiva execução, co
mo são obrigados, além do perdimento dos seus Lugares, e Oficios, in
correrão nas mais penas, que reservo ao Meu Real Arbitrio,
Pela informação, que tive, das repetidas prevericações, que se
tem commettido, por alguns Oficiaes, destinados para obviarem os mes
mos descaminhos, sendo para isso vantajosamente pagos pela Minha
Real Fazenda, e por isso mais reprehensivel nelles a infidelidade na arre
cadação, de que são ou Executores, ou Custodias: Ordeno que todos
os Officiaes das Alfandegas destes Reinos, que forem comprehendidos
nos crimes de fazer, ou encobrir os ditos descaminhos, e fraudes: Sen
do Nobres, percão os Oficios, que tiverem a favor de quem os denun
ciar, se forem Proprietarios; e a estimação delles, sendo Serventuarios,
além das mais penas assima ordenadas: E sendo Peões, sejão publica
mente açoutados, e condemnados em dez annos de Galés: Executando
se todas as referidas penas irremissivelmente.
Occorrendo ao reprehensivel abuso, com que com escandalo geral
das Pessoas, que despachão na Alfandega desta Corte, chamada do As
sucar, se toma por alguns Oficiaes della a liberdade de extrahir dos Cai
xões, Fardos, Pacotes, e mais Taras das Fazendas, que abrem, aquel
las peças, que bem lhes parecem, a titulo de amostras, ou de galanta
rias, devendo considerar, que sendo Oficiaes de huma Casa de Despa
cho, que como publicamente destinada por Mim, debaixo da Minha im
mediata Protecção, para a inteira segurança dos bens communs dos Ho
mens de Negocio, que nella mettem suas fazendas; tem, como Deposi
tarios publicos de tão importantes cabedaes, a mais inviolavel obrigação
1757 565
da exacta, e illibada fidelidade, que quero se observe em geral benefi
cio: Ordeno, que todo, e qualque Oficial da Abertura, e Pessas, que
a ella assistem, que extrahir qualquer genero de mercadoria, que exce
da o valor de hum tostão; além de perder qualquer Officio, de que for
Proprietario; ou o valor dele, sendo Serventuario, a favor do Denun
ciante, havendo-o, e não o havendo, a favor do Meu Fisco, e Cama
ra Real; perca tambem a Nobreza (se a tiver ) como comprehendido no
Crime de roubo: E sendo Peão, seja publicamente açoutado, e degra
dado por dez annos para o serviço de Galés. -

Prohibo debaixo das mesmas penas, que as sobreditas Pessoas,


que tem Officios, incumbencias, ou quaesquer occupações nas Alfande
gas, possão receber por titulo de gratificação, ou por qualquer outro,
por mais apparente que seja, dinheiro, ou fazenda alguma das mãos dos
Despachantes, ou seus Caixeiros, e Pessoas por elles constituidas: ou
que dentro nas mesmas Alfandegas comprem para si, ou para outrem
quaesquer Fazendas seccas, ou molhadas das que nellas costumão des
pachar-se: Para que assim cessem de huma vez as preniciosas fraudes,
que debaixo dos referidos pretextos se tem feito contra os mesmos Des
pachantes das ditas Casas; além da indecencia, em que incorre o com
mum dos bons, e honrados Officiaes dellas, vendo seu procedimento ma
culado pela particular malicia dos que commettem as sobreditas fraudes,
E para de todo extirpar estes dilictos, tão prejudiciaes, e tão es"
candalosos: Ordeno, que além da devaça, que terá sempre aberta o De
sembargador Juiz Conservador Geral do Commercio, na sobredita fór
ma; se abra logo outra pelo Administrador actual da mesma Alfandega,
e pelos que lhes succederem; a qual se conservará tambem sempre aber
ta, para nella se perguntar pelos Réos destes Crimes; e os remetter com
as culpas, que lhes resultarem, separadas do corpo da dita devaça, ao
mesmo Desembargador Juiz Conservador Geral do Commercio, para as
sentenciar na sobredita fórma. |- *

E não só dos referidos Crimes, mas tambem de todos os mais as


sima declarados, e das penas contra elles estabelecidas, será Juiz priva
tivo o mesmo Desembargador Juiz Conservador Geral do Commercio,
que por elles, e por ellas, procederá sempre summariamente, e de pla
no, na conformidade do sobredito Capitulo XVII. Paragrafo V. dos Es
tatutos. •

Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa


ço, Védores da Minha Real Fazenda, Presidente do Conselho Ultrama
rino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Sup
plicação, Presidente do Senado da Camara, Chanceller da Relação, el
Casa do Porto, Governadores das Armas das Provincias deste Reino,
Governador, e Capitão General do Reino do Algarve, Desembargador
Juiz Conservador Geral do Commercio, Administrador actual da Alfan
dega, e aos que lhe succederem no mesmo emprêgo, Desembargadores,
Corregedores, Provedores, Juizes, Justiças, e mais Oficiaes destes Rei
nos, que cumpräo, e guardem este Alvará, e o fação cumprir, e guar
dar tão exacta, e inteiramente, como nelle se contém, sem dúvida, ou
embargo algum; não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, Decretos,
Foraes, e quaesquer outras Disposições, costumes, e estilos contrarios;
e tambem quaesquer prerogativas, isensões, e preeminencias, que obs:
tem ao que se acha determinado nesta Lei; porque todas, e todos, Hei
por bem derogar para estes casos sómente, como se de tudo fizesse espe
cial, e expressa menção; ficando aliàs sempre em seu vigor: Valendo co
566 1757

mo Carta passada em Meu Real Nome, ainda que o seu efeito haja de
durar mais do hum anno; para o que dispenso nas Ordenações do Livro
segundo Titulo trinta e nove, e quarenta, em contrario... E Ordeno ao
Desembargador do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho,
e Chanceller Mór do Reino, que o faça publicar na Chancellaria; e de
pois de publicado, o mande imprimir, e remetter os Transumptos ini
pressos (que sendo assignados pelo dito Chanceller Mór, terão a mesma
fé, e credito, que o proprio Original) a todos os Tribunaes, e mais Pes
soas, a quem o conhecimento delle pertencer: E se registará em todos
os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: Mandando-se o
Original para aTorre do Tombo. Dado em Belém aos 14 dias do mez de
Novembro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino,
no Livro da Junta do Commercio, a fol. 206, vers.,
e impr. avulso.

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S Endo-Me presentes em Consulta da Junta do Commercio destes Rei


nos, e seus Dominios, as inssessantes queixas, com que os Proprieta
rios dos Navios da carreira do Brazil representárão os damnos, que lhes
causão os Contratadores do Sal do referido Estado, pedindo-lhes nelle o
dito genero por medida, ao mesmo tempo em que sem ella lho introdu
zem no porto de Lisboa, quando he embarcado; e em que se embarca
com fraude tão notoria, que mandando agora a mesma Junta hum dos
seus Deputados com os Oficiaes della esperar, e examinar alguns bar
cos do Sal, que vinha para se embarcar na Frota, que está proxima a
partir para o porto de Pernambuco, se achou pelo exame judicial nelles
feito, que em lugar de trazerem o número de moios, que os Arraes ha
vião declarado para a receita dos Mestres dos Navios, trazião outro nú
mero de moios muito mais diminuto, resultando de tudo hum prejuizo
tal, e tão intoleravel á Navegação do mesmo Estado, que não chegando
nunca nelle o Sal para inteirarem os Mestres dos Navios o número de
moios, de que são obrigados a assignar Conhecimento em Lisboa, e sen
do pela Condição quarta do Contrato constrangidos a pagarem estas per
tendidas faltas pelo preço do respectivo porto do Brazil, onde devem des
carregar, não só lhes absorvem as mesmas faltas os Fretes do Sal, que
transportão; mas são ainda obrigados a pagarem de mais geralmente
(sem excepção de algum dos ditos Navios) tão avultadas quantias, que
pelas Certidões extrahidas da descarga da ultima Frota, que chegou das
mesmas Capitanías de Pernambuco, constou por modo authentico, que
as multas, que se impuzerão a todos os vinte Navios della, importárão
não menos de cinco contos quatrocentos mil réis, que tanto perdeo a
Navegação do mesmo Estado, em huma só viagem, com prejuizo, que
a mesma Navegação não póde tolerar: para que de huma vez céssem as
referidas queixas, e o prejuizo commum dos Meus Vassallos, que com
ellas se justificou na Minha Real Presença: Sou Servido ordenar, que
os Contradores do referido genero sejão obrigados a Mandar medir á sua
custa a bordo dos Navios, todo o Sal, que carregarem para os pórtos do
Brazil; e que não o medindo na sobredita fórma em Lisboa, no tempo
17'57" 567

da entrega, o não possão de nenhuma sorte pedir por medida naquelle


Estado, ao tempo, em que se fizerem as descargas. E para que nem os
ditos Navios, e Frotas, se dilatem, excedendo o tempo determinado pa
ra a partida delles, e dellas, pelas Minhas Reaes ordens, com o motivo
de não terem ainda a bórdo o Sal da sua lotação; nem os Contratadores
falte o tempo necessario para o carregarem: Sou outro sim Servido, que
para cada Frota, se estabeleça, por convenção feita na Junta do Com
mercio entre as mesmas Partes, ao tempo, em que os Editaes forem pós
tos, hum termo certo, e determinado para se carregar o referido Sai, e
que depois de ser findo o dito termo, possão os Navios sahir sem esperar
Bilhete: Estabelecendo-se tambem para maior facilidade, e expedição
da sobredita medida hum Cubo grande, e aferido, que levando de doze,
até vinte alqueires pondo-se sobre as escotilhas, ou no lugar, que mais
commodo for, segundo a capacidade dos diferente Navios, e tendo no
fundo hum postigo de aldabra, se possa este abrir, quando o mesmo Cu
bo estiver arrazado, e se possa então descarregar por elle no Porão o re
ferido genero, sem a despeza de huma segunda baldeação. O Conselho
Ultramarino o tenha assim entendido, e nesta conformidade o faça exe
cutar, mandando expedir para este efeito os despachos necessarios, pe
lo que lhe pertence. Belém a 18 de Novembro de 1767. = Com a Ru
bríca de Sua Magestade.
Impr. na Officina de Miguel Rodrigues.

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EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará com força de Lei vi
rem, que sendo-Me presente, em Consulta da Junta do Commercio destes
Reinos, e seus Dominios, a grande desordem, e consideravel prejuizo,
que sentem os Meus Vassallos, moradores na Cidade de Lisboa, em se
concederem de pouco tempo a esta parte licenças a Estrangeiros vaga
bundos, e desconhecidos, para venderem pelas ruas, e em lojas, toda a
sorte de comestiveis pelo miudo, como tambem vinhos, aguas-ardentes,
e outras muitas bebidas; ampliando-se de tal modo esta liberdade, que
vendem pelas ruas Alfeloas, Obreas, Jarselim, Melaço, e Azeitonas,
chegando ultimamente a intrometer-se por humas novas Fabricas até no
ministerio de assarem castanhas, e outras semelhantes vendas de gene
ros desta qualidade, que são prohibidas pelas Leis deste Reino, e pos
turas do Senado da Camara, até aos mesmos Homens Nacionaes, como
exclusivamente destinadas para o exercicio honesto, e precisa sustenta
ção de muitas Mulheres pobres, Naturaes destes Reinos, que se ajuda
vão a viver, e com efeito vivião, destes pequenos tráficos, sem que Ho
mens alguns se atrevessem a perturballas nelles: E sendo tambem infor
mado, de que aos mesmos Estrangeiros vagabundos, e desconhecidos se
dão outras licenças para poderem vender em lojas volantes, Quinquilha
rias, e algumas fazendas não só contra a disposição da Pragmatica de
vinte e quatro de Maio de mil setecentos e quarenta e nove, que no Ca
pitulo Decimo oitavo prohibe, por termos expressos, assim aos Natu
raes, como aos Estrangeiros, o venderem pelas ruas, e casas, fazenda
alguma, ou ainda Quinquilharia, e contra as Posturas do Senado da Ca
mara, que prohibem o conceder licença a Estrangeiros para semelhan
tes vendas; mas tambem porque huma grande parte dos ditos Estrangei
568 1757

ros, a que se concedem as referidas licenças, se compoem de Deserto


res, e Criminosos fugidos, que não merecem a Minha Real Protecção,
para gozarem dos favores com que costumo animar os bons, e louvaveis
Commerciantes Estrangeiros, que assistem nestes Meus Reinos, mas an
tes tem mostrado a experiencia, que são receptadores de furtos, e vi
vem de contrabandos, e descaminhos dos Meus Reaes Direitos, com o
que tambem se fazem oborrecidos, e pezados aos bons Negociantes em
grosso, até das suas mesmas Nações, perturbando-lhes a igualdade ne
cessaria para o giro do verdadeiro Commercio: Sou Servido ordenar,
que o Senado da Camara desta Cidade, e Camaras de todas as outras Ci
dades, e Villas destes Meus Reinos, se abstenhão de conceder licenças
a Estrangeiros para venderem comestiveis, vinhos, ou outras quaesquer
bebidas, pelas ruas, ou em lojas, ou em tendas, estaveis, ou volantes, ou
em outra qualquer armação, havendo por nullas, e de nenhum efeito, to
das as que se houverem dado de preterito, ou vierem a dar de futuro a
semelhantes Pessoas: Declarando as tendas volentes comprehendidas na
Minha Real determinação do Capitulo dezoito da referida Pragmatica. E
para melhor cumprimento de todas estas Minhas Reaes Determinações:
Sou Servido outro sim declarar cumulativa com a do Senado da Cama
ra, a jurisdicção da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Domi
nios para os ditos efeitos, proceder contra os Transgressores deste, na
conformidade do Capitulo dezesete dos seus Estatutos, pelos quaes tam
bem lhe he encarregado o cumprimento da referida Pragmatica; e para
remetter as culpas, em huns, e outros casos ao Desembargador Juiz Con
servador da mesma Junta, para serem julgados na fórma do Capitulo de
zoito da mesma Lei, impondo-se as penas, nelle determinadas, a qual
quer dos Transgressores, pela prova da contravenção, ainda que se não
ache o corpo do delicto, assim como foi já estabelecido, e determinado
no Capitulo vigessimo da referida Pragmatica.
Pelo que: Mando ao Presidente do Desembargo do Paço, Védo
res da Minha Real Fazenda, e Presidentes do Conselho Ultramarino, e
da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Supplicação,
Presidente do Senado da Camara, e bem assim á Junta do Commercio
destes Reinos, e Dominios, e ao Juiz Conservador da mesma Junta, ao
Governador da Relação, e Casa do Porto, e a todas as Camaras das Ci
dades, e Villas de Meus Reinos, Desembargadores, Corregedores, Pro
vedores, Ouvidores, Juizes, Justiças, e Officiaes dos sobreditos Meus
Reinos, e Senhorios, que cumprão, e guardem este Alvará tão inteira
mente, como nelle se contém, sem dúvida, nem embargo algum; não
admittindo requerimento, que impida em tudo, ou em parte o seu efei
to, sem embargo de quaesquer estilos, ou costumes contrarios: E Or
deno ao Desembargador do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu
Conselho, e Chanceller Mór do Reino, que o faça publicar na Chancel
laria; e depois de publicado, o Mande imprimir, e remetter os Tran
sumptos impressos (que sendo remettidos pelo dito Chanceller Mór, te
rão a mesma fé, e credito, que o proprio Original) a todos os Tribu
maes, Ministros, e mais Pessoas, a quem o conhecimento delle perten
cer: E se registará em todos os lugares, onde se costumão registar se
melhantes Leis: Mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Da
do em Belém aos 19 de Novembro de 1757 = Com a Assignatura de
ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li
vro das Leis, a fol. 98. e impr. na Officina de Mi
guel Rodrigues,
|1757 569

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SEado-Me presente não haverem sido bastantes as penas comminadas


no Meu Real Decreto de vinte e sete de Setembro de mil setecentos
cincoenta e cinco, contra os Oficiaes do hum por cento, e mais Pes
soas encarregadas da entrega do dinheiro, e ouro, que vem do Brazil;
nem as novas providencias, que depois se accrescentárão, para fazer ces
sar de todo as queixas dos Interessados, e as prejudiciaes demoras, que
experimentão os Negociantes de Lisboa, e Reino, para conseguirem na
Casa da Moeda a entrega dos cabedaes, que se lhes remettem nas Fro
tas do Brazil, com geral prejuizo do Commercio; porque tem succedido
voltarem as mesmas Frotas para os seus respectivos Pórtos, antes que as
Partes sejão entregues de muitos dos embrulhos de dinheiro, ou produ
ctos das suas Barras: E querendo obviar o motivo de tão justas queixas,
e occorrer ao prejuizo do Commercio nesta falta de giro: Sou Servido
abolir, e extinguir a fórma, que até agora se praticava para se fazerem
as referidas entregas, e se pôrem os Conhecimentos correntes, ordenan
do, como por este Ordeno, que de hoje em diante se observe o seguinte.
Chegada que seja qualquer Frota a Lisboa, serão obrigados os
Officiaes da Náo de Guerra a vir á Casa da Moeda, no terceiro, ou quar
to dia, depois de dar fundo; e sendo abertos os Cofres pelos seus nume
ros successivos, se conferirá pelo Escrivão do hum por cento o número,
e marca de cada hum dos embrulhos; para que, achando-se certos, quan
to a esta circunstancia sómente se fará entrega das chaves dos mesmos
Cofres, que até agora pertencião aos Oficiaes de Guerra, e da Náo, a
tres Homens de Negocio da Praça de Lisboa, nomeados pela Junta do
Commercio: Os quaes com a expedição, que lhes ministra a sua expe
riencia, e a promptidão, que delles se deve esperar, não só concorre
rão para a facilidade da entrega do dinheiro, mas serão obrigados a dar
conta na mesma Junta do Commercio dos impedimentos, que para isso
encontrarem, a fim de terem execução as penas por Mim determinadas
contra os Oficiaes, que retardão as sobreditas entregas.
Os Oficiaes Militares, e das Náos, ficarão desobrigados em vir
tude da referida passagem. No caso de faltar dinheiro em algum embru
lho, se este não estiver lacrado, ou marcado, não será recebido pelos
ditos Negociantes; mas se autuará para se proceder. E achando-se com
a marca, e lacre inteiros, não serão responsaveis, nem os que o entre
garem, nem os que o receberem, pelas faltas, que nelles se considerem.
Para que nas verbas dos Conhecimentos, e suas conferencias, se
evitem as demoras da falta da legitimação das Partes, e outras seme
lhantes, se haverão as mesmas Partes por legitimas pela asserção dos re
feridos Homens de Negocio: Os quaes, achando outros impedimentos
prejudiciaes, os farão presentes á mesma Junta do Commercio, para Mos
fazer presentes, e Eu determinar o que for Servido.
E porque a referida assistencia he onorosa, e servirá de embara
ço aos sobreditos Homens de Negocio, que devem ser dos mais acredita
dos, e por isso mesmo hão de ter dependencias no seu Commercio no
tempo das entradas das Frotas: Sou outro sim Servido ordenar, que a
cada huma das Frotas assistão diversas Pessoas, e daquellas, cujo prin
cipal Negocio seja para outro Porto da ***
CCC
diverso daquelle, de
570 1757 |

cuja Frota se tratar: Ficando na sua inteira observancia todas as mais


determinações do Meu Real Decreto de vinte e sete de Setembro de mil
setecentos cincoenta e cinco, excepto sómente na parte que nelle se in
nova. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e faça executar,
expedindo para este efeito as ordens necessarias. Belém a 21 de Novem
bro de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. no Livro da Junta do Commercio na Secre
taria de Estado a fol. 13, e impr. na Officina de
Miguel Rodrigues.
+---->#t-cººk W:

ESTATUTOS DOS MERCADORES DE RETALHO.

S………. = Os Mercadores, que negoceavão em vender a Retalho por


covados, e varas, todas as fazendas de seda, e lã, nos sitios da Rua
Nova dos Ferros, Conceição Velha, e Rua dos Escudeiros; os que ven
dião as fazendas brancas de linho, algodão, e outras, que se fabricão
de varias Ervas, no seu Arruamento chamado da Fancaria; os que ven
dião varios generos nas lojas que havia no Pateo chamado da Capella;
e nas Tendas da Campainha; debaixo dos Arcos do Rocio, e Portas da
Misericordia; e os que vendião retroz, seda froxa, e mais aparelhos pa
ra vestidos, tinhão as suas lojas na Rua-Nova, e Rua dos Escudeiros;
tendo-lhes V. Magestade feito a mercê, por impulso da sua Real gran
deza, e piedade, de lhes conceder, que podessem propôr os Estatutos
para se regerem, e se evitar a desordem, e confusão, em que até ago
ra tem vivido, sem methodo, ou direcção, de que se lhes tem seguido,
e ao Bem Commum deste Reino os grandes prejuizos, que já represen
tarão a V. Magestade, prostrados agora aos Reaes pés de V. Magesta
de, oferecem os Estatutos seguintes.
C A P I T U L O I.

Da Meza, e seus Oficiaes.


§. I. Haverá huma Meza intitulada, do Bem Commum dos Mercado
res de Retalho, a qual se comporá de hum Intendente, e de doze De
putados, Quatro da classe dos Mercadores de lã, e seda: Dous dos Mer
cadores chamados da Fancaria: Dous da classe dos Mercadores de Re
troz: Dous da classe dos Mercadores chamados da Capella: E dous da
classe dos Mercadores da Porta da Misericordia, Arcos do Rocio, e Ten
das da Campainha: Haverá tambem hum Escrivão da Meza, que será
vitalicio.
§ II. Dos quatro Deputados dos Mercadores de lã, e seda serão dous
delles Procuradores da mesma classe : e em cada huma das outras será
Procurador hum dos mesmos Deputados, fazendo-se a eleição na fórma
abaixo declarada. •

§. III. O Intendente será sempre da classe dos Mercadores de lã,


e seda; e assim o primeiro Intendente como os primeiros Deputados, e
de entre elles os Procuradores, e Escrivão da Meza serão nomeados por
V. Magestade, e servirão por tempo de tres annos successivos, fazendo
se nova eleição no fim dos referidos tres annos na conformidade do Capi
I757 57 |

tulo II. S.I. dos Estatutos da Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios na parte em que for applicavel; e sendo propostos á mesma Jun
ta os Oficiaes, que no fim de cada hum anno se elegerem, para se con
sultar a V. Magestade o que parecer mais conveniente ao seu Real ser
viço, e ao Bem Commum do Commercio. A nomeação dos Procuradores,
acabado o primeiro triennio, se fará pela Meza por pluralidade de votos,
e sem que na eleição dos Procuradores de cada huma das classes tenhão
voto os seus respectivos Deputados.
§. IV. Nas referidas eleições presidirá sempre o Desembargador Juiz
Conservador Geral do Commercio, que o será tambem da referida Meza
com especial cuidado da observancia destes Estatutos, e com Jurisdicção
privativa em todas as contravenções, que a elles se fizerem. E o Intén
dente, Deputados, e Escrivão devem jurar perante o mesmo Desembar
gador Juiz Conservador guardar inteiramente estes Estatutos; e de seus
juramentos se fará termo no livro das Eleições.
§. V. O Intendente terá o seu lugar na cabeceira da Meza, e por
huma, e outra parte della se assentarão os Deputados sem ordem, ou
precedencia alguma, exceptuando aquelle que for Substituto do Intenden
te, o qual terá sempre o primeiro lugar no assento da parte direita : e
pela primeira vez será V. Magestade Servido de o nomear para o refe
rido lugar, e depois será proposto á Junta do Commercio para o consul
tar na sobredita fórma. Quando o Desembargador Juiz Conservador Ge
ral do Commercio vier á referida Meza, se lhe dará lugar em huma ca
deira de espaldar á mão direita do Intendente. O Escrivão terá o primei
ro lugar nos assentos da parte esquerda.
§. VI. Haverá hum Porteiro, ou Guarda da dita Casa, o qual será
nomeado pela Meza elegendo a pessoa que lhe pareccer mais idonea, e
digna da sua confiança, que será conservada no referido emprêgo em
quanto bem cumprir com as suas obrigações.
§. VII. Na Casa, em que a Meza fizer as suas Conferencias, terá o
seu Cartorio encarregado ao Escrivão, que será juntamente Carturario
para guardar com toda a segurança, e boa ordem os papeis pertencen
tes aos Negocios, que se tratarem na referida Meza.
§. VIII. Haverá na Meza hum livro chamado das Conferencias, no
qual fará o Escrivão termo dellas no principio de cada huma, e debaixo
do dito termo se escreverá tudo o que se ajustar na mesma Conferencia,
assignando o Intendente, e Deputados. No principio de cada huma das
ditas Conferencias lerá o Escrivão da Meza o que se houver ajustado nas
duas antecedentes, para que não esqueça a execução do que estiver de
cidido: Vencendo em todos os casos a pluralidade de votos, assignando
os que forem vencidos, sem embargo de terem votado diferentemente.
O Intendente terá voto de qualidade em todas as materias.
§. IX. O Intendente, e doze Deputados se ajuntarão na Casa da
Meza duas vezes cada semana, nas Terças, e Sextas feiras de tarde das
duas até ás cinco horas no tempo de Inverno, e das tres até ás seis no
tempo de Verão. Nestes mesmos dias darão os Procuradores conta na Me
za de tudo o que occorrer.
§. X. Sendo o segredo, que se faz no Commercio de qualquer Par
ticular, muito mais indispensavel em huma Meza, em que ha de estar
o governo das referidas cinco Corporações: Será V. Magestade Servido
ordenar, que dos papeis della se não possão pedir, nem dar certidões,
sendo pertencentes á sua interior Economía, sem especial Resolução de
V. Magestade: E que o Intendente, e "…:Oficiaes da Meza, sejão
CCC 2
572 1757

ligados com a obrigação de inviolavel, segredo a respeito do que nella


passar, debaixo da pena de privação de seus Oficios, e de inhabilidade
para entrar em quaesquer outros. • •

§. XI. O sobredito Intendente, Deputados, Escrivão, e Porteiro


vencerão á custa do cofre da contribuição dos Supplicantes os ordenados
abaixo declarados no Capitulo III. destes Estatutos.
C A P I T U L o II.

Do Regulamento dos Mercadores de Retalho, e suas obrigações.


§. I. Achando-se já determinado por V. Magestade no Capitulo
XVII. S. 2o. e 21. dos Estatutos da Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios (obviando a liberdade, e desordem, com que até ago
ra se praticou o Commercio, na venda a retalho, com grande prejuizo
do público, que não interessa em que haja muitos, mas sim em que ha
ja muitos, e bons Negociantes) que da publicação dos ditos Estatutos
em diante, nenhuma pessoa pudesse abrir lojas para nellas vender as mer
cadorias, em que os Supplicantes negoceão, sem ser examinada na pre
sença da referida Junta; comprehendendo-se na sobredita prohibição não
só as lojas, que de futuro se houvessem de abrir, mas tambem as que
já se achassem abertas, pelo grande número de Homens inhabeis para o
maneio do Commercio, que a confusão da calamidade do Terremoto ti
nha introduzido em commum prejuizo: Se servirá V. Magestade ordenal
lo assim, e confirmallo novamente por huma prohibição geral, e compre
hensiva de todos os sobreditos ramos de Commercio, que se faz a reta
lho, ou vendas por miudo, debaixo das penas declaradas no § III. des
te Capitulo.
§. II. . Porém porque nas referidas lojas, que já estão abertas por pes
soas inhabeis, sem preceder approvação da Junta, se podem achar algu
mas fazendas legaes, e daquellas cuja venda he permittida pelas Leis de
V. Magestade: Se servirá V. Magéstade ordenar, que sendo avaliadas
por pessoas, peritas, e nomeadas pela Junta, seja o valor dellas pago por
aquelle Collegio, ou Corporação, a que tocarem, segundo as suas dife
rentes qualidades, ou por rateio, ou por opção, havendo quem as tome
nesta conformidade.
§ III. Porque a experiencia tem mostrado, que de se vender a re
talho nas sobre-lojas, e outras casas de sobrado, resulta o inconveniente
de se occultarem assim com maior facilidade os Contrabandos, e fraudes
que maior prejuizo fazem ao Bem Commum do Commercio, e ao parti
cular dos Supplicantes: Se servirá V. Magestade ordenar, que da pu
blicação deste em diante, nem os mesmos Supplicantes, nem outra al
guma Pessoa, de qualquer condição, ou qualidade que seja, possa ven
der a retalho nenhum genero de fazendas em sobre-lojas, ou casas de so
brado; mas que todas as fazendas, que houverem de ser vendidas por
miudo, o sejão sempre em lojas estabelecidas no mesmo pavimento das
ruas, e como taes approvadas da sobredita fórma; debaixo da pena de
perdimento de toda a fazenda, que se achar cortada, pela primeira vez,
do dobro pela segunda; e o augmento da mesma pena pela reincidencia
dos Réos, que nella se acharem incursos.
§. IV. Para que este Commercio de retalho se possa fazer com a re
gularidade, que he nelle indispensavel, não poderá nenhum dos sobre
ditos Collegios, ou Corporações, vender aquelles generos, que forem per
1757 573

tencentes ao tráfico dos outros, debaixo das penas assima ordenadas, e


em ordem a este fim: Se servirá tambem V. Magestade de approvar a
Pauta que vai no fim destes Estatutos, como parte delles, para que as
sim
tre sisedesejão
evite toda a confusão
conservar estasque possadiversas.
classes alterar a boa armonia, que en

§. V. As Denúncias nos referidos casos se poderão dar em segredo


perante o Desembargador Juiz Conservador na mesma fórma que V. Ma
estade o tem ordenado sobre os Contrabandos, e Descaminhos pelo Ca
pitulo XVII. dos Estatutos da Junta do Commercio, e pelo Alvará de
declaração do referido Capitulo.
§. VI. Para as respectivas lojas de cada Collegio, ou Corporação dos
referidos Mercadores, se servirá V. Magestade de ordenar arruamentos,
quando o permittir o Estado presente da Cidade de Lisboa, sem que al
gum possa ter lojas fóra dos ditos arruamentos por V. Magestade orde
nados, nos quaes terão Aposentadoria activa, e passiva, tanto para as
suas lojas, como para as casas em que viverem com as suas Familias;
e havendo alguma Pessoa, que abra loja com as ditas fazendas fóra dos
arruamentos, se lhe mandará fechar, e perderá por cada vez a fazenda
que lhe for achada na loja clandestina.
§. VII. Sendo certo que a occupação de Mercadores se não póde exer
citar sem os dous necessarios requesitos, de fidelidade, e sciencia; e que
a estes fins se não póde passar se não pelos proprios, e adequados meios
da boa educação, e experiencia; os quaes só se podem conseguir se os
Caixeiros, que entrarem nas lojas tiverem bons exemplos na probidade
dos Patrões, a que assistirem, e procurarem ao mesmo passo adiantar
se nos Cálculos, e Negociações Mercantís: Se servirá V. Magestade en
carregar a Junta do Commercio do Exame dos Mancebos, que devem
entrar por Caixeiros; de sorte, que nem tenhão menos de doze annos,
nem mais de dezoito, e que saibão ao menos as quatro especies de Ari
themetica simples, ou vulgar: Que não tenhão menos de seis annos de
exercito de Caixeiros para lhes ser permittido abrirem lojas por sua con
ta: E que para este mesmo fim preceda exame de sua pericia feito pelo
Lente da Aula do Commercio, na presença da Junta: E que conste da
sua honra, e probidade por Attestação do Mercador, de cuja casa sahir,
ou justificação verbal, perante a mesma Junta de que o seu patrão lha
denéga, sem justo fundamento; e dos Deputados actuaes da sua respec
tiva classe; ou de dous Mercadores dos mais consideraveis da sua profis
são, que o julguem digno da confiança do público pela sua verdade, e
bom procedimento.
§. VIII. Os filhos dos Mercadores, que tiverem assistido nas lojas
com seus pais, ficarão isentos de mostrar a qualidade de Caixeiros por
tempo de seis annos; quando porém á noticia da Arithemetica, e mais
circunstancias declaradas no Paragrafo antecedente, serão iguaes com
outros Caixeiros, que pertenderem abrir loja de qualquer das referidas
classes
§. IX. Quando falecerem os Mercadores de todas, e qualquer das
referidas Corporações, deixando Mercadorias em ser para serem vendi
das ao público, os Juizes dos respectivos Inventarios, quando se tratar
das Avaliações, o farão saber ao Intendente, por cartas escritas pelos
seus Escrivães, para que a votos da referida Meza nomeie dous Mierca
dores, não suspeitos, da mesma Corporação do defunto, de cujo espolio
se tratar, os quaes avaliem as sobreditas Mercadorias; e no caso de não
haver quem as compre pelas avaliações, as faça a referida Meza distri
>
574 1757
A

buir, aos preços nellas declarados, pelas lojas da mesma Corporação, com
humá respectiva proporção, segundo as forças de cada huma dellas, fi
cando os Compradores sujeitos, no caso de não pagarem logo, a entrega
rem as respectivas importancias, no Deposito competente, em termo de
dous mezes, debaixo das Leis de fiéis Depositarios do Juizo; e ficando
nullas todas as avaliações feitas contra a formalidade destes Estatutos.
§. X. Querendo a Viuva de qualquer, Mercador de Retalho, ou pelo
miudo, continuar no mesmo Tráfico do defunto seu Marido, fará a sua
proposta á dita Meza do Bem Commum dos Mercadores: Declarando,
que para a continuação do seu Commercio intenta constituir por seu Ca
xeiró, ou ainda Interessado, a Fulano. E examinando-se na dita Meza
se ha cabedal competente na casa, e se ha negociação encoberta; desta
proposta, se dará conta na Junta do Commercio, quando esteja o caso
nesses termos, para se lhe conceder a licença de continuar na mesma
loja, precedendo as mais circunstancias respectivas. |-

§. XI. No referido caso ficará a Viuva continuando nos mesmos pri


vilégios de seu Marido, e será obrigada por todas as negociações concer
nentes á mesma loja, ainda que de tudo tenha feito traspasso occulto; e
sómente ficará desobrigada quando declarar na dita Meza, que dá por
acaba a sua sociedade, ou Procuração com aquelle Proposto: Sendo li
vre á mesma Viuva, se ainda se conservar neste estado, o nomear outro
Caxeiro, ou Socio, para continuar na mesma loja: E procedendo-se com
a referida formalidade nesta, e nas mais nomeações, que fizer; e em que
tambem póde entrar algum dos seus filhos, tendo as qualidades prescri
ptas por estes Estatutos.
§. XII. Fallecendo algum Mercador, sem que lhe ficasse filho, ou o
que lhe ficar não queira ou não possa continuar no mesmo Commercio, e
houver genro do mesmo Mercador defunto, que queira entrar na loja, ten
do as qualidades necessarias, será preferido assim na casa, como na com
pra das fazendas avaliadas. A mesma preferencia terá a filha do Merca
dor defunto, quanto á casa da loja, se casar com pessoa habil para este
Commercio dentro de seis mezes; e ainda para as fazendas, se casar em
tempo, que ellas estejão em ser, ou a importancia do seu valor couber
na Legitima da mesma filha, a quem será adjudicada a fazenda para seu
pagamento. A mesma ordem se observará falecendo a Viuva, que tinha
loja quando assistia pessoalmente nella, ou o Proposto na mesma loja não
era interessado nesse Commercio; porque, sendo-o, deve ser conserva
do , e preferido para a comprar: Bem visto que em todos estes casos se
ha de observar o mesmo com os filhos dos Mercadores, preferindo o de
maior idade, e deferindo-se aos segundos pela inhabilidade, ou desisten
cias dos primeiros.
§. XIII. Porque em algumas destas classes de Commercio se empre
gavão mulheres, que vendião em lojas, e não he justo que fiquem pri
vadas deste modo de ganhar a sua sustentação, se lhes concederá licen
ça pela Junta do Commercio para continuar, ou abrir as referidas lojas,
sendo restricta a liberdade das suas vendas aos generos, que vão decla
rados em Mappa separado, no fim destes Estatutos, e sendo-lhes tambem
privativa a venda dos mesmos generos.
§. XIV. Todos os Mercadores, e seus Caixeiros das referidas cinco
Corporações serão obrigados a matricular-se na Junta do Commercio pa
ra haverem de gozar dos privilegios, e liberdades, que lhe são concedi
das nestes Estatutos, comprehendendo-se nesta generalidade assim os
que de futuro quizerem entrar no número dos Mercadores de qualquer
1757 • 575

das cinco classes referidas, como os que actualmente existem nesta Ci


dade com lojas abertas, ou por caixeiros; e sem que conste desta Matri
cula não serão havidos por Mercadores, ou additos a lojas, em Juizo, ou
fóra delle.
§. XV. Haverá precisa obrigação em qualquer dos Mercadores das
referidas classes de ter livros pertencentes aos assentos, e contas neces
sarias, para a boa regulação do seu Commercio, pelos quaes darão ba
lanço ás suas lojas de dous em dous annos ao menos; sob pena de que,
fazendo a Meza destas Corporações a diligencia, a que deve ser obriga
ga, de procurar os livros de cada hum dos Mercadores, ou os balanços
em seus devidos tempos; e achando haver falta de qualquer das referi
das partes; se lhes fecharão as lojas, além das mais penas a que ficão
sujeitos, e se achão já estabelecidas pelo Alvará de treze de Novembro
de mil setecentos cincoenta e seis. Bem visto, que as rubricas dos ditos
livros devem ser feitas na fórma determinada pelo Capitulo XIV. do re
ferido Alvará. -
§. XVI. Por quanto he de grande prejuizo ao Commercio das referi
das Corporações, que huma mesma Pessoa tenha duas , ou mais lojas,
assim publicamente em seu nome, como occultamente em nome de ou
tro, que sendo verdadeiramente Caixeiro, ou Proposto, pede licença pa
ra abrir loja por sua conta, ou ainda em nome de seu filho que se con
serve em patrio poder: Será V. Magestade Servido declarar, que nenhum
dos Mercadores possa ter duas lojas de modo algum, nem ainda debaixo
dos referidos, ou outros quaesquer pretextos: E no caso de contraven
ção incorrerá hum, e outro nas penas declaradas no Paragrafo terceiro
do Capitulo I. destes Estatutos, ampliando-se esta Real determinação
para as lojas, que já estiverem abertas.
§. XVII. Todos os Mercadores das cinco Corporações referidas cumpri
rão o que por esta Meza se lhes recommendar a bem destes Ramos do
Commercio, e serão obrigados a ir á mesma Meza quando forem cha
mados por Carta. •

C A P I T U L O III.

Das Contribuições, e Cofre da Meza.


§. I. Para estabelecer rendimento cómpetente ás despezas, que se
devem fazer com as Pessoas, que hão de compor o Corpo desta Meza,
como tambem para se efeituarem as disposições, que nella se conferirem
a favor do seu respectivo Commercio: Será V. Magestade Servido orde
mar, que na Corporação dos Mercadores de lã, e seda, pague cada hu
ma loja vinte e quatro mil réis annualmente: As de Fancaria paguem a
dezenove mil e duzentos réis: As da Capella a doze mil réis: As de re
troz a nove mil e seiscentos réis; E as chamadas da Campainha, Portas
da Misericordia, e Arcos do Rocio a seis mil e quatrocentos réis.
§. II. E porque dentro de huma mesma Corporação ha lojas, que não
devem ser igualadas com as outras, pela diferença de Commercio, e
vendas, que fazem, se attenderá pela Meza a esta mesma diversidade,
diminuindo, ou accrescentando as contribuições referidas, de modo, que
cada hum pague com huma proporcionada igualdade, sem ofensa da boa
distribuição; e que sempre se venha a completar a quantia respectivá á
somma das contribuições referidas. O lançamento destas diferenças se
fará com particular attenção ás informações, e votos dos Deputados da
classe dos Mercadores, de cuja imposição se tratar.
576 1757

§. III. Para arrecadação destas Contribuições haverá hum Cofre na


Casa da Meza, o qual será guardado por seis chaves diferentes, distri
buidas pelo Intendente, e cinco Procuradores das referidas Corporações,
ficando todos, e cada hum in solidum obrigados por toda a falta do Co
fre.
§. IV. Pelo rendimento da Meza se pagarão ao Desembargador Juiz
Conservador Geral do Commercio, quatrocentos mil réis em cada hum
anno; como tambem os ordenados da Meza na maneira seguinte: Ao In
tendente quatrocentos mil réis: A cada bum dos Deputados, Procura
dores, trezentos mil réis; E duzentos e quarenta mil réis a cada hum
dos outros Deputados: Ao Escrivão trezentos e cincoenta mil réis: E ao
Porteiro se pagará a arbitrio da mesma Meza.
§. V. Dos sobejos do rendimento do Cofre se acodirá com algum pru
dente soccorro aos Mercadores, que por algum successo inculpavel tive
rem cahido em pobreza; como tambem ás Viuvas pobres, e filhas orfãs
dos Mercadores de qualquer destas classes, assim os que presentemente
existem , como os que de futuro entrarem nas mesmas Corporações: Cal
culando-se no fim de cada hum anno a importancia, que parar neste Co
fre: E participando-se á Junta do Commercio, para consultar com pru
dentre arbitrio a V. Magestade as uteis applicações, que se podem fa
zer das referidas sobras a favor das sobreditas classes.
§. VI. Haverá livros separados para o sobredito Cofre, nos quaes es
tejão lançadas pelo Escrivão da Meza todas as quantias, que nelle se fe
charem, e se extrahirem, para constar com facilidade o dinheiro, que se
acha no Cofre: E quando finalizar o primeiro Triennio, e depois annual
mente darão conta com entrega os seus Thesoureiros, que sahirem , ás
Pessoas que entrarem na Meza: Para cujo efeito, os que ficarem con
servados para o exercicio; será visto haverem findo o seu tempo, para
a conta, que, depois de approvada pela Meza, se remetterá com todos
os livros, e papeis á Junta do Commercio, para ser revista, e assigna
da, quando esteja corrente.

PAUTA dos Generos pertencentes a cada huma das Classes dos Merca
dores, comprehendidas nestes Estatutos.

DOS MERCADORES DE LÃ , E SEDA.


:Baetas.
Camelões.
Barbariscos.
Droguetes.
Pannos de toda a sorte, comprehendidas as Saragoças.
E toda a mais fazenda de lã, simples, ou com méscla, fabricada
nestes Reinos, ou nas Fabricas dos Reinos Estrangeiros, cujos la
nificios são permittidos para terem despacho.
Sedas de toda a sorte, assim as fabricadas nestes Reinos, e vindas da
Asia, sendo carregadas em Náos Portuguezes, como as de Fabri
cas Estrangeiras, a que se dá despacho.
De huma, e outra generalidade ficão exceptuadas as Branquetas, Bu
reis, Pannos, e Saragoças de varas, Picótes, e Serguilhas, que
pertencem ao Oficio de Algibebe: e os Fumos, Lós, Garças, e
outras semelhantes miudezas, que são annexas ás lojas de Capella.
1757 577

Dos MERCADORES DE LENÇARIA,


Chamados da Fancaria.

Aniagens cruas, e curadas.


Bretanhas de Alemanha, ou de França.
Bocaxins da terra, ou de fóra.
Brins de Alemanha, ou de França, crús, ou curados.
Ditos riscados, e lizos.
Cambraias finas, e ordinarias, e Cambraietas.
Chitas. {

Colchas de Arraiollos, ou Tagarro, e Cobertores, e Godrins.


Constança de toda a sorte.
Crés de Alemanha, ou de França.
Esguiões.
Grosaria de toda a sorte.
Lenços.
Linha riscadas de Hamburgo.
Lonas, e meias Lonas.
Mantas de toda a qualidade.
Olandilhas do Reino em grosso.
Pannos de Linho.
Sufoliés.
E toda a mais lençaria branca, ou de côres; das Fabricas destes Rei
nos, ou vindos da Asia pelas Náos Portuguezas, e das Fabricas
dos Reinos Estrangeiros sendo permittidas.
Desta generalidade se exceptuão as Olandas finas, e Cassas de Flores,
e listas, que são annexas ás lojas da Capella, com as quaes tam
bem será commua a venda das Escomilhas, e Cambraias finas,
Esguiões, e Lenços finos de Algodão.
DOS MERCADORES DE MEIAS DE SEDA,
Chamados da Capella.

#
engalas.
, e algibeiras, e adereços para mulheres, sendo permittidos.
# de seda, bolsas de cabeleiras.
Cambraias finas lizas.
Cassas de flores, e listadas.
Chapéos de seda. *

Esguiões, e Olandas finas.


Espadins de prata, e todas as mais pessas, e diches de prata, ou ouro
fundido, ainda que tenhão engastadas pedras finas, madre-pero
la, barro, ou esmalte.
Fitas de seda de Italia, de Castella, e de França, sendo permittidas.
Fumos finos.
Galões de seda, ou retroz.
Gravatas, e voltas feitas.
Garças, Guardapés acolxoados.
Hahitos das Ordens.
Lós.
Leques finos. • •

Lenços, e punhos bordados, sendo dos *E#" •


578 1755

Lenços de algodão finos.


Ligas de seda.
Mănguitos de retroz, e luvas, e meias de seda.
Paletinas.
Plumas de toda a qualidade.
Volantes lizos, e dos lavrados, sendo feitos no Reino.
Chifarotes, ou facas de mato da marca.
E todas as miudezas de seda, que não estiverem annexas a outras Cor
porações como tambem louça da India, chá, e café, e xarão cu
mulativamente com as lojas de louça.
MERCADORES DE MEIAS DE LÃ, CHAMADOS
da Porta da Misericordia, Arcos do Rocio, e
Campainha.
Toda a sorte de Quincalharia.
Atacadores.
Botões brancos, ou de estanho.
Barretes de lã.
Bolsas de lã.
Cordas de viola, e de arame,
Caixas de ponta de Boi, unhas de animaes, e outras semelhantes.
Espelhos pequenos.
Escôvas.
Frocos do Reino, e de fóra.
Fumos grossos para luto.
Fitas de caixas.
Fitas de lã de toda a qualidade.
Galões de lã. - •

Lenços de seda ordinarios.


Linhas.
Luvas de couro, e de lã, e Manguitos de lã.
Meias de linha, e de lã.
Nastos de linho, e Missanga.
Oculos de longa vista.
Pentes de osso, e de marfim, e de Tataruga.
Pederneiras para Espingarda.
Tinteiros.
Vidrilhos
Veronicas.

MERCADORES DAS LOJAS DE RETROZ.


Retroz de toda a qualidade. A

Seda de pêlo, Trama, e Cadarço.


Torçaes tanto de lã, como de seda.
Botões, e ligas.
Bocaxins em retalho.
Olandilhas em retalho.
Ruões em retalho.
Olandas cruas em retalho.
Pannos de pregas.
Pineiras de enchimento.
1757 579

Barbas de Baleia. · · · · ·. ; , …"; ; , ; , ,


Tafetás ordinarios. "… * …! # ! .. … ! •

E tudo o mais, que até agora se costumava vender nas ditas lojas.
* * * # * * * . * .
- - • ** . . *> * \ |-

- Declarações geraes, e particulares sobre a distribuição deste


** AMappa.

§. I. Havendo qualquer dúvida sobre a distribuição das fazendas en


tre humas, e outras Corporações, ou porque se faça duvidosa a intelli
gencia deste Mappa, ou porque seja hum genero novo, que se pertenda
vender pelos Mercadores de diversas Classes, se fará a proposta á Me
za do Bem Commum dos Mercadores, para que esta a represente com o
seu Parecer á Junta do Commercio, aonde se determinará a dúvida, ou
se consultará a V. Magestade, sendo caso de maior importancia.
§. II. Todos os generos, fabricados neste Reino, se poderão vender
pelos Fabricantes em suas casas, sendo a venda feita por sua conta, pa
ra que assim lhes fique inteira liberdade de darem consumo ás suas Ma
nufacturas; como tambem todas as pessoas, que negoceião para a India,
e mais partes da Asia, poderão vender as fazendas de sua conta, por si,
ou por seus Caixeiros, ficando com tudo sujeitos ás Denúncias, e penas
ensinuadas nestes Estatutos, no caso de não serem as fazendas de sua
propria conta. • -

§. III. Para maior, conmodo dos compradores, e facilidade de se


acharem promptamente os retrozes para o uso quotidiano, se poderá con
tinuar a vender nas tendas como sempre se praticou, sendo cortado, e
de nenhuu modo por meadas inteiras. . . . .
.… S. IV. Sendo as Mulheres excluidas das Corporações dos Mercadores
da Fancaria, Capella, e das portas da Misericordia, Campainha, e de
baixo dos Arcos do Rocio, e sendo igualmente justo, que tambem pos
são continuar, ou entrar de novo em algum commercio: Será V. Mages
tade Servido conceder-lhes a liberdade de abrirem suas lojas, nas quaes
exclusivamente se vendão alguns generos abaixo declarados, e cumula
tivamente outros, que estão permittidos ás lojas de outras Corporações no
antecedente Mappa.

Fazendas, que as Mulheres poderão vender privativamente.


Toalhas de Torres. • . . . . …

Franjas brancas de linha. |-

Coifas de linha, e de Rendas da terra.


Ataduras de panno de linho.
Assentos de punhos.
Flores de seda, e de pennas.
Tijellas de côr, e Carmim.
Pomadas.

Fazendas, que são commuas na venda com outras lojas.


Linhas de toda a qualidade feitas no Reino.
Meias de linha.
Luvas de linha. * /

Rendas feitas no Reino,


Didá º
580 • "I757

Fitas de Linho, ou de Nastro feitas no Reino.


Botões de linha. Lisboa 13 de Dezembro de 1757.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, no livro II. da Junta do Commercio , a fol.
19., e impr. na Officina de Miguel Rodrigues jun
tamente com os Estatutos antecedentes.

…#
EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de confirmação virem:
Que havendo visto, e considerado com as Pessoas do Meu Conselho, e
outros Ministros doutos, experimentados, e zelosos do serviço de Deos e
Meu, que Me pareceo consultar, os Estatutos dos Mercadores de Retal
ho, conteúdos nas treze antecedentes meias folhas de papel que baixão ru
bricadas por Sebastião José de Carvalho e Mello, do Meu Conselho, e Se
cretario de Estado dos Negocio do Reino, os quaes forão ordenados de Meu
Real consentimento: E porque, sendo examinados os mesmos Estatutos
com maduro conselho, e prudente deliberação, se achou serem de gran
de, e notoria utilidade para a conservação, e augmento do Bem público
dos Meus Vassallos, e do Commercio destes Reinos: Em consideração
de tudo: Hei por bem, e Me prazº de confirmar os ditos Estatutos, e
cada hum dos seus Capitulos, e Paragrafos em particular, como se aqui
fossem insertos, e transcriptos; e por este Alvará os confirmo de Meu
proprio Motu, certa sciencia, Poder Real supremo, e absoluto, para que
se cumpräo, e guardem tão inteiramente, como nelles se contém. E que
ro, e Mando, que esta confirmação em tudo, e por tudo, seja inviola
velmente observada, e nunca possa revogar-se: mas sempre como firme,
valiosa, e perpétua, esteja sempre em sua força, e vigor, sem diminui
ção, sem que se possa pôr dúvida alguma ao seu cumprimento em par
te, nem em todo, em Juizo, nem fóra delle: Havendo por suppridas to
das as clausulas, e solemnidades de feito, e de Direito, que necessarias
forem para a sua firmeza, e validade: E derogo, e Hei por derogadas
todas, e quaesquer Leis, Ordenações. Regimentos, Provisões, Extrava
gantes, Alvarás, e Opiniões de Doutores, que em contrario forem por
qualquer via, ou por qualquer modo, ao conteúdo nos mesmos Estatu
tos; como se de tudo fizesse expressa, e delarada menção.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores da Minha Real Fazenda, Presidentes do Conselho Ultrama
rino, e da Meza da Consciencia, e Ordens, Regedor da Casa da Suppli
cação, Presidente do Senado da Camara, Desembargador Juiz Conser
vador Geral do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desembar
gadores, Corregedores, Juizes e Justiças, que assim o cumpräo, e guar
dem, e o fação cumprir, e guardar com a mais inviolavel observancia.
E Hei outro sim por bem, que este Alvará valha como Carta, ainda que
não passe pela Chancellaria, e posto que o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, não obstantes as Ordenações do livro segundo, titulo trin
ta e nove, e quarenta em contrario. Dado em Belém aos 16 dias do mez
de Dezembro de 1757. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Minis
tro. ** =

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no livro II da Junta do Commercio, a fol. 31, e
impr, na Oficina de Miguel Rodrigues.
1757 581

*-**@"+ *}

Cºnfºrmando Me com os Paragrafos primeiro, segundo, e terceiro do


Capitulo primeiro dos Estatutos dos Mercadores de Retalho, que Fui
Servido confirmar por Alvará da mesma Data deste: Hei por bem no
mear para Intendente, Deputados, Procuradores, e Escrivão da Meza
do Bem Commum, estabelecida pelo sobredito Alvará, as Pessoas decla
radas na Relação, que baixa, assignada per Sebastião José de Carvalho
e Mello, do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios do Rei
mo: Para servirem por tempo de tres annos, que hão de começar no pri
meiro de Janeiro do anno-proximo futuro de mil setecentos e cincoenta
e oito, na conformidade dos referidos Estatutos. E este se estampará ao
pé delles com a dita Relação para constar onde necessario for. Belém
a 16 de Dezembro de 1757. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Relação das Pessoas, que Sua Magestade foi Servidº nomear para fun
darem a Meza do Bem Commum dos Mercadores de Retalho.

- Intendente
Felix Mendes Leitão, #,

Deputados pela Classe dos Mercadores de Lá, e Seda.


Antonio Alvares Esteves — Procurador. |- |-

Alberto Rodrigues de Moraes = Procurador. •

Manoel de Faria Leal. * * * *


Manoel Gomes Ribeiro. - -

e
Pela classe dos Mercadores de Lençaria.
|- ->

Dionísio Gomes de Abreu = Procurador.


Manoel Pinheiro de Lardosa.
, -

Pela Classe dos Mercadores de Retroz.

João Dias Pereira = Procurador.


Antonio Godinho Machado.

Pela Classe dos Mercadores da Capella.


João da Silva Barroso = Procurador.
Paulo da Rocha e Sousa.

Pela Classe da Porta do Misericordia, Arcos do Rocio, e Companhia.


Antonio Tavares Ferreira = Procurador.
Luiz Lopes da Silva.
Escrivão.
José da Costa Camarate.
Belém a 16 de Dezembro de 1757. = Sebastião José de Carvalho
e Mello.
Impresso na Officina de Miguel Rodrigues.
=582 1757

# >.
* * *

A… 20 dias do mez de Dezembro de 1757, na presença do Illustris


simo e Excelentissimo Senhor Dom Pedro, Duque de Lafões, e Rege
dor das Justiças, se propoz em Meza grande, perante os Dezembarga
dores dos Aggravos abaixo assignados, a dúvida, que muitas vezes se
movia na distribuição á cerca dos Feitos, que tiverão origem de Senten
ças deste Senado, em que se deixou Direito reservado para outra acção,
duvidando-se, se as Appellações, ou Aggravos interpostos de Sentença
proferida em causa, para que foi reservado Direito, devião seguir os Jui
zes daquella Sentença, em que o Direito se reservou, como certos , ou
se devião hir á distribuição, como livres. E se assentou por quasi todos
os votos, que o Direito reservado nas Sentenças do Senado não produz
certeza para as causas, que depois se movem em virtude da mesma reser
va, quando tornão ao Senado por aggravo, ou appellação; e que suppos
to algumas vezes se tenha praticado remetterem-se semelhantes Feitos
aos Juizes das Sentenças, em que ficou reservado o Direito, com tudo,
nem essa observancia foi tal que deixasse de praticar-se outras tantas,
ou mais vezes o contrario, nem podia fazer Estilo, não havendo razão
subsistente em favor da certeza; mas antes se daria lugar a grandes em
baraços na difficuldade de se verificarem os Juizes certos, que pela mu
dança das Casas, e diversidade de Serventuarios, depois de largo tem
po, se não podem facilmente certificar, além de outros inconvenientes,
que resultarião de se contrahir certeza por este modo, que, não se achan
do estabelecido por Lei, ou Costume legitimo, se não deve introduzir,
nem tambem permittir a variedade, que versava nesta materia: E para
que não viesse mais em dúvida, e os Feitos da referida natureza se dis
tribuão sempre como livres, se tomou este Assento, que o dito Senhor
assignou com os Desembargadores de Aggravos. = Duque Regedor. =
Doutor Pinheiro. = Doutor Martins. = D’antas. = Justiniano. = Guião.
= Doutor Vasconcellos. = Oliveira. = Martins. = Doutor Bernardes. =
Castro. = Doutor Cunha. = Doutor Souto. , +

Regist. no Livro 2.° da Supplicação a fol. 91., e aa


Collecção dos Assentos a fol. 351. * - - -

!
583

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A NNO DE 1758.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem, que
havendo prohibido por outro Meu Alvará de quatorze de Novembro pro
ximo passado de mil setecentos e cincoenta e sete, que alguma Pessoa
podesse hir a bordo dos Navios, que entrassem no porto de Lisboa, an
tes de serem de todos descarregados, sem Minha expressa licença; a fim
de se evitarem os muitos Contrabandos com que se procuravão fraudar
os Meus Reaes Direitos: E sendo-Me presente que a generalidade do
dito Alvará, que teve por principal objecto as fazendas secas, e merca
dorias finas, se tem extendido aos Navios, que só trazem Trigo, Ba
calháo, Madeira, Carvão, Esparto, e outros semelhantes generos molha
des, e de grosso volume, que se costumão ajustar a bordo: Hei por bem
declarar, que a Minha Real prohibição de hir a bordo dos Navios, que
estão á descarga, se não deve entender com os Navios, que trazem as
referidas cargas de Trigo, Bacalháo, Madeira, Carvão, Esparto, e ou
tros semelhantes generos de grosso volume: E nesta conformidade o Ad
ministrador da Alfandega de Lisboa, e Juizes das Alfandegas do Porto,
e do Reino do Algarve, poderão passar licenças aos Compradores, para
hirem a bordo dos referidos Navios, e para tratarem do ajuste das suas
mercadorias; ficando porém ao arbitrio regulado dos mesmos Administra
dores, e Juizes o poderem negar as ditas licenças, no caso de suspeita,
de que alguns dos mesmos Navios trazem juntamente fazendas, de con
trabando, ou capazes de descaminho; porque neste caso ficará sempre
em seu inteiro vigor a generalidade da prohibição do referido Alvará de
quatorze de Novembro proximo passado de mil setecentos e cincoenta e
sete; e as penas nelle declaradas contra aquellas Pessoas, que abusando
da Minha Real permissão, forem abordo de quaesquer dos respectivos,
Navios, sem as sobreditas licenças.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
584 1758

ço, Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda,


Presidente da Meza da Consciencia, e Ordens, e do Conselho Ultrama
rino, Presidente do Senado da Camara, Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justi
ças, e Oficiaes dellas, a quem o conhecimento deste pertencer, o cum
prão, e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente, como
nelle se contém, sem embargo de quaesquer Leis, Disposições, ou cos
tumes contrarios, que Hei outro sim por bem derogar para este caso só
mente, ficando aliás sempre em seu vigor: E não passará pela Chancel
laria, posto que o seu efeito haja de durar mais de hum anno, não obs
tantes as Ordenações do livro segundo, titulo trinta e nove, e quarenta
em contrario: Registando-se em todos os lugares, onde se costumão re
gistar semelhantes Leis; e mandando-se o original para a Torre do Tom
bo. Dado em Pancas a 9 de Janeiro de 1758. = Com a Assignatura de
ElRei, e a do Ministro.
Regist na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no, no livro II. do Registo das Consultas da Junta
do Commercio destes Reinos, e seus Dominios a fol.
36 vers., e impr. avulso.

#-- .*<>"+ #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que, sendo-Me presentes os monopólios, as vexações , e as desordens,
que se tem seguido aos Meus Vassallos, moradores em Angola, e nas
outras partes dos Meus Reinos, e Dominios que naquelle Estado fazem
o seu commercio, de ser este de muitos annos a esta parte limitado a
certas, e determinadas Pessoas, que conseguião fazello exclusivo em uti
lidade sua particular, sustentada por meios indirectos , e illicitos, com
prejuizo público: E tomando na Minha Real consideração as muitas quei
xas, e requerimentos, que com aquelles attendiveis motivos subirão á
Minha Real Presença: Para de huma vez obviar a tantos, e tão ponde
rosos inconvenientes: Fui Servido (com o parecer de muitas Pessoas do
Meu Conselho, e de outros Ministros doutos, e zelosos do serviço de Deos,
e Meu, que Me pareceo ouvir sobre esta materia) determinar, como por
este determino, que da publicação delle em diante seja livre, e franco
o referido Commercio de Angola, Congo, Loango, e Benguella, Pórtos,
e Sertões adjacentes, a todos, e cada hum dos Meus Vassallos destes
Reinos, e seus Dominios, que até agora o fizerão, e pelo tempo futuro
o quizerem fazer, debaixo da protecção das Minhas Leis : Sem que os
Governadores, Capitães Móres, Cabos, e Oficiaes de Guerra, Ministros
de Justiça, Fazenda, ou os Oficiaes das Camaras, possão impedir ás
Pessoas, que o dito Commercio fizerem, mandarem aos Sertões, e Fei
ras geraes, ao resgate dos Escravos com toda a sorte de Fazendas per
mittidas: E sem que de algumas dellas se possa fazer monopólio, ou es
tanque a favor de alguma Pessoa, de qualquer qualidade, ou condição
que seja; debaixo das penas abaixo declaradas, e das mais, que mere
cerem no caso de haverem feito monopólios. E porque tem cessado os mo
tivos, com que se havia ordenado indistinctamente que os Navios, que
vão aos referidos pórtos, não podessem sahir delles, senão pela mesma
I758 585

ordem do tempo, em que houvessem entrado: E não he justo, nem con


veniente que aquelles Navios, que primeiro se houverem feito promptos
pela vigilancia dos seus Carregadores, sejão dilatados nos pórtos sem ou
tro motivo, que o da negligencia dos que, chegando primeiro, senão
expedirem mais cedo: Estabeleço que os Navios, que houverem levado
efeitos proprios, e que carregarem Escravos por conta, e risco dos seus
respectivos Armadores, possão, e devão sahir dos referidos pórtos sem
sujeição, ou embargo algum, ao livre arbitrio dos seus Carregadores, lo
go que estiverem carregados; e sem outros despachos, que não sejão os
Bilhetes ordinarios dos Direitos, que devem pagar, na mesma conformi
dade, em que até agora os pagarão nos referidos pórtos: Cujos Oficiaes
não poderão dilatar a expedição dos sobreditos Bilhetes mais de vinte e
quatro horas, depois de se lhes notificar que os Navios se achão promp
tos para fazer viagem: Sob pena de suspensão de seus oficios, em que
incorrerão pelo mesmo facto, até Minha mercê, e de pagarem em dobro
todas as perdas, e damnos, que causarem pelas injustas demoras, que
fizerem. E para que tudo se execute na sobredita fórma: Prohibo aos
Governadores, Oficiaes das Camaras, e quaesquer outros Ministros, im
pedirem a sahida dos ditos Navios, que estiverem aviados por conta, e
risco dos seus Armadores, debaixo de qualquer côr, ou pretexto, que
seja: sob pena de se lhes dar em culpa grave nas suas Residencias, pa
ra. Eu fazer com elles as demonstrações, que for Servido; além da sobre
dita pena do dobro de todas as perdas, que causarem. No caso, em que
alguns Navios levem Provisões para preferirem, e carregarem logo: Des
de agora as declaro nullas, e de nenhum efeito; e os que as cumprirem,
por Transgressores desta Lei, salvo se forem firmadas pela Minha Real
Mão. E sendo informado, de que muitas vezes se dilatão os Navios de
Commercio nos referidos pórtos com o motivo de não terem completo o
número de Escravos, que lhes compete pela Lei das Arquiações: seguin
do-se aos Donos delles intoleraveis perjuizos pelas demoras, a que o su
jeitão pelo dito motivo: Declarando a sobredita Lei: Estabeleço que a
sua disposição se observe ainda a respeito dos Navios de frete, para que
os Mestres, delles encarregados, não possão nunca exceder na carrega
ção dos Escravos o número respectivo á Arqueação das Embarcações,
que commandarem; sem que de nenhuma sorte se entenda a dita Lei
para se lhes impedir que possão sahir com menor número de Cabeças,
quando assim lhes convier, ao seu livre arbitrio, e conforme as ordens
dos seus Constituintes. Ultimamente: Para que de huma vez cessem to
dos os pretextos, com que se impedirão as sahidas dos ditos Navios: Or
deno, debaixo das mesmas penas, que nelles não possa haver repartição
de Escravos, nem determinado número delles, para os pórtos do Brazil,
a que se dirigem: Ficando contrariamente livre a cada Mestre de Na
vio fazer viagem com os Escravos, que houverem resgatado as Pessoas,
a quem pertencerem os ditos Navios, ou seus Constituidos, ou com os que
houver recebido por frete, para os pórtos do Brazil abaixo declarados:
Com tanto, que não partão sem despachos, e pagamento dos Direitos,
que deverem, na fórma costumada; nem entrem nos pórtos, a que se
dirigem, sem se manifestarem aos Administradores, que neles tiverem
os Contratos de Angola. Pelo que pertence aos ditos Navios, que forem
carregar Escravos por frete, se observará porém inviolavelmente a pre
ferencia: De sorte, que aquelles, que chegarem primeiro, serão tambem
primeiro expedidos pela ordem do tempo, em que houverem entrado: E
que, chegando ao mesmo tempo dous N…? , seja preferido para sahir
CCC
586 1758

aquelle, que for de maior lotação. E para que os Direitos destes Navios
de frete se segurem, sabendo sempre os Oficiaes, e interessados na ar
recadação delles, o certo lugar, a que os mesmos Navios se dirigem :
Ordeno que nenhum Navio possa despachar para outros pórtos do Brazil,
que não sejão os do Rio de Janeiro, Bahia, e Pernambuco, sob pena
de confiscação do Casco, e do valor da sua carga, que se julgarão per
didos pelo facto de ter despachado para outro porto diverso dos tres as
sima referidos. •

|- Com os Navios da Companhia do Grão Pará, Maranhão, que não


são comprehendidos na denominação do Estado do Brazil, por ser diver
so delle, se ficará particando o mesmo, que se praticou até agora, assim
pelo que toca á liberdade da entrada, e sahida dos seus Navios , como
pelo que pertence á isenção dos Direitos, e mais impostos dos Escravos.
Os Navios de Lisboa, e Porto, despacharão ou para este Reino, ou pa
ra os sobreditos pórtos do Brazil.
E este se cumprirá como nelle se contém sem embargo de quaes
quer Regimentos, Extravagantes, Resoluções, Decretos, Provisões, e
outras quaesquer Disposições, e Ordens, que Hei por derogadas sómen
te no que a este forem contrarias, como se de todas, e cada huma fizes
se especial, e expressa menção, sem embargo da Lei, que assim o re
11CD. - ... , , , {

* Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Paço,


Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Pre
sidente do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia e Ordens,
Governadores da Casa do Civel, e das Relações da Bahia, e Rio de Ja
neiro, Presidente do Senado da Camara, Junta do Commercio destes
Reinos, e seus Dominios; e bem assim ao Vice-Rei, Capitães Generaes,
Governadores do Brazil, Ouvidores geraes, e a todos os Desembargado
res, Corregedores, Juizes, e Justiças de Meus Reinos, e Senhorios,
que assim o cumprão, e guardem, e fação cumprir, e guardar, sem dú
vida, nem embargo algum, não admittindo requerimento, que impida
em tudo, ou em parte o efeito deste. E para que venha á noticia de to
dos, Mando ao Desembargador Manoel Gomes de Carvalho, do Meu
Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos, o faça publicar na Chancel
laria: e depois de se registar em todos os lugares, onde se costumão re:
gistar semelhantes Leis se mandará o Original para a Torre do Tombo,
Dado em Pancas a 11 de Janeiro de 1758. = Com a Assignatura de El
Rei, e a do Ministro. . .. ? -º

«… : Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li- #

e … … …" º vro das Leis, o fol. 99; e impr. na Officina de Mi- "º
-- - - guel Rodrigues. * ** ** * **

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* * *

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem:
Que, havendo occorrido pelo outro Alvará de 11 do corrente aos mono
pólios, e vexações, que padecião os Meus Vassallos, moradores em An
gola, e nas outras partes dos Reinos, e Dominios, que naquelle Estado
fazem o seu Commercio; estabelecendo-lhes para elle huma nova fórma,
com que o possão fazer *.mais livre, e mais franco, sem os discommodos, •

\,
\
1758 |- 587

º prejuízos, que até agora experimentárão: E sendo informado de que


huma das maiores vexações, que opprime o referido Commercio; e que
mais prejudica ao mesmo tempo a Minha Real Fazenda, he a da confu
são, com que atégora se arrecadárão os Direitos dos Escravos, que sa
hem daquelle Reino, e Pórtos subordinados ao Governo delle; por se não
haver estabelecido até o presente para a sobredita arrecadação de Direi
tos huma fórma clara, certa, e invariavel, mediante a qual os despachan
tes sejão sempre seguros do que devem; e os Contratadores, e Adminis
tradores dos referidos Direitos saibão tambem com toda a facilidade, e
individuação, o que hão de cobrar; sem que huns possão fraudar, ou
embargar os outros com pretextos frivolos, e despachos inutilmente repe
tidos por diversos príncipios: Obviando a todos estes inconvenientes:
Hei por bem determinar (com parecer de alguns Ministros do Meu Con
selho, e de outras Pessoas doutas, e zelosas do serviço, de Deos, e Meu,
que Me pareceo ouvir sobre esta materia) que desde o dia 5 de Janei
ro do anno de 1760, em que ha de principiar o novo Contrato do referi
do Reino, em diante; em lugar dos Direitos Velhos, e Novos, do No
vo imposto, e das Preferencias, que actualmente pagão os Escravos,
conforme as suas diferentes qualidades, se não possão arrecadar para a
Minha Real Fazenda mais do que os Direitos seguintes. Por cada Escra
vo, ou seja macho, ou femea, que se embarcar no Reino de Angola, e
Portos da sua dependencia, excedendo a altura de quatro palmos cra
veiros da vara, de que se usa na Cidade de Lisboa, se pagará oito mil
e setecentos réis em huma só, e unica addição, e por hum só, e unico
despacho, sem que para isso se pratique outra alguma avaliação, ou di
ligencia, que não seja a referida medida, que para esse efeito está sem
pre na Provedoria da Minha Real Fazenda, e na Camara da Cidade de
Loanda, aferida com toda a exactidão. Por cada cria de pé, que tenha
de quatro palmos para baixo, se pagará na sobredita fórma ametade dos
referidos Direitos, ou quatro mil e trezentos e cincoenta réis. Sendo as
crias de peito, serão livres de todo, e qualquer imposto, fazendo huma
só cabeça com suas respectivas mãis, para por despacho destas se cobra
rem sómente os oito mil e setecentos réis assima referidos. E porque os
dous mil réis das Preferencias, que actualmente estão a cargo dos Na
vios, para os perceberem de mais no frete dos Escravos, levando por is
so oito mil réis de frete, e Preferencia, por cada hum Escravo, ficão
comprehendidos na importancia dos oito mil e setecentos réis assima de
clarados: Ordeno, que desde o sobredito dia 5 de Janeiro do anno de
1760 em diante, não possa levar cada Navio mais do que seis mil réis
por cabeça, ou cria de pé; nem delles se possão pertender as ditas Pre
ferencias, debaixo de qualquer côr, ou pretexto, por mais palliado que
seja; sob pena de perdimento dos Oficios, sendo Proprietarios os que
taes Direitos extorquirem; e do valor dos mesmos Oficios, sendo Ser
ventuarios; além de pagarem anoveado aos donos dos Navios a perda,
que lhes houverem causado, ou pela pertenção da sobredita preferencia,
ou pelo excesso dos maiores Direitos, que lhes levarem; ou pela repeti
ção, e demora dos despachos, que lhes devem expedir promptamente
em hum só, e unico contexto. Pelo que pertence ao Marfim, se cobra
rá o Direito de Quarto, e Vintena, por sahida, na fórma em que se co
brou atégora; com tanto, que os despachos se expeção tambem com a
mesma brevidade, e em hum só, e unico bilhete. E para que se possa
segurar a arrecadação dos sobreditos Direitos, devidos á Minha Real
Fazenda, que tem applicações tão jºg: e tão indispensaveis: Estabe
eee 2
588 1758

go, que os Navios, que sahirem destes Reinos, º seus Dominios para
Angola, e Pórtos da sua dependencia, sem se manifestarem, os do Rei
no á Junta do Commercio, e os dos Dominios Ultramarinos ás respectivas
Casas de Inspecção, declarando os Pórtos para onde navegão, cºm aquel
les, para os quaes hão depois dirigir as suas descargas, levando Guias
nesta conformidade; e trazendo depois Certidões, pelas quaes fação cons
tar haverem cumprido o que tiverem declarado, inceorrão na pena da
confiscação das Embarcações, e no valor de ametade dellas, os respee"
tivos Mestres, não sendo os donos do mesmo Navio. A fim de que tudo
assim se observe inviolavelmente: Ordeno , que na referida Junta do
Commercio, e nas Casas de Inspecção, se estabeleção logo Livros de
Registo para as Declarações, Guias, e Certidões das viagens, e Torna
viagens dos sobreditos Navios.
E este se cumprirá, como nelle se contém, sem embargo de quaes
quer Regimentos, Extravagantes, Resoluções, Decretos, Provisões, e
outras quaesquer Disposições, e Ordens, que Hei por derogadas sómen
te no que a este forem contrarias, como se de todas, e de cada huma
fizesse especial, e expressa menção, não obstante a Lei, que assim o
Tfº (111E T. " "" * * * * *

Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa


1
ço, Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda,
Presidentes do Conselho Ultramarino, e da Meza da Consciencia, e Or
dens, Governadores da Casa do Civel, e das Relações da Bahia, e Rio
de Janeiro, Presidente do Senado da Camara, Junta do Commercio des
tes Reinos, e seus Dominios; e bem assim ao Vice-Rei, Capitães Ge
neraes, Governadores do Brazil, Ouvidores Geraes, e a todos os Desem
bargadores, Corregedores, Juizes, e Justiças de Meus Reinos, e Se
nhorios, que assim o cumprão, e guardem, e o fação cumprir, e guar
dar, sem dúvida, ou embargo algum; não admittindo requerimento, que
impida em tudo, ou em parte, o ofeito deste. E para que venha á no
ticia de todos, Mando ao Desembargador do Paço Manoel Gomes de Car
valho, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos, que o faça
publicar na Chancellaria: E depois de se registar em todos os lugares,
onde se costumão registar semelhantes Leis, se mandará o Original pa
ra a Torre do Tombo. Dado em Salvaterra de Magos aos 25 de Janeiro
de 1758. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
• Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios da Ma- ,
•• rinha, e Dominios Ultramarinos a fol. 30 vers, , e
impr. avulso.

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Sendo Me presente, que em algumas Alfandegas, e Casas do despa


cho dos Pórtos do Téjo, se principia a transgredir a observancia dos Re
gimentos, Foraes, e Ordens, que eximem de direitos os generos , que
vem para o Meu Real serviço; pertendendo os Oficiaes dellas extorquir
diferentes impostos das madeiras, e outros materiaes, transportados pa
ra as obras do Arsenal da Cidade de Lisboa, que se está reedificando
á custa do Meu Real Erario: Sou Servido, que de todos, e quaesquer
materiaes, que se transportarem deste Reino para a dita Cidade, com
+
1758 589

guia, e declaração, de que são destinados para as minhas Reaes obras ?>
de que tenho encarregado a Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios, e com certidão do Secretario della, porque conste do núme,
ro, quantidades, e qualidades dos ditos materiaes; se não paguem del
les direitos, contribuições, impostos, ou outra pensão alguma, assim na
referida Cidade de Lisboa, como nos lugares, e Pórtos, dondé para ella
vierem remettidos. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e
mande passar ordens circulares, para que nesta conformidade inviolavel
mente se execute. Salvaterra de Magos a 28 Janeiro de 1758. = Com a
Rubríca de Sua Magestade. • •• • • • *

Impr. avulo. |- * . .

+ - - - #----}<>#---* • * *

* * *

• P oR quanto, Me foi presente, que tendo Eu ordenado pelo Alvará do


primeiro de Abril do anno proximo passado de mil setecentos cincoenta
e sete, que os Legumes, que viessem de quaesquer Pórtos deste Reino
para a Cidade de Lisboa, fossem livres e isemptos, não só de todos os
Direitos, mas ainda de quaesquer pensões, conservado sómente a respei
to dos que entrassem pela fóz do Téjo, o exame da Alfandega: Os Offi
ciaes desta Repartição, entendendo inadvertidamente, que lhes erão de
vídas Taras, e Marcas dos Legumes, que assim vem transportados para
a dita Cidade, obrigão os moradores della a pagar esta nova irregular
contribuição, em tudo opposta, e repugnante, á verdadeira intelligencia
da referida Lei, que os mesmos Oficiaes não devião nunca interpetrar,
e menos em beneficio dos seus particulares interesses: Sou Servido re
provar a dita interpetração, declarando, que a determinação do sobredi
to Alvará do primeiro de Abril do anno proximo passado de mil setecen
tos cincoenta e sete, que isempta de Direitos, e pensões os Legumes,
que vierem dos Pórtos de todo o Reino para a Cidade de Lisboa, he
comprehensiva de todas as despezas assim de Taras e Marcas, como de
quaesquer outros emolumentos, que se possão pertender, pelos Oficiaes
da mesma Alfandega. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido,
e o faça executar. Salvaterra de Magos 28 de Janeiro de 1768. = Com
a Rubrica de Sua Magestade.
*-* *

Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I. dos De


cretos e Avisos a fol. 23, vers.
* * *

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que havendo dado na Lei de tres de Dezembro de mil setecentos e cin
coenta as necessarias providencias, para se acautelarem os descaminhos
dos Quintos, que se devem á Minha Real Fazenda, de todo o ouro ex
trahido no Continente das Minas; não só. Fui Servido estabelecer as pe
nas competentes contra os que fizessem, e favorecessem os ditos desca
minhos; mas animando aos Meus bons, e fiéis Vassallos a cumprirem
590 |1758

com as suas obrigações os excitei, com promessas de gratificação pro


porcionada, a levarem ás Casas da Fundição todo o ouro, que a sua in
dustria lhes houvesse adquirido: Ordenando para este efeito no Cap. 9.
§. 4. da sobredita Lei aos Governadores das Capitanías respectivas, pas
sassem Certidões a todas as pessoas, que no espaço de hum só anno a
presentassem em alguma das Casas da Fundição oito arrobas de ouro,
ou dahi para cima; sem que fosse necessario examinar-se, se as referi
das quantidades erão proprias, ou alheias. E porque Fui informado, que
alguns dos Oficiaes das ditas Casas de Fundição, abusando da confian
ça, com que forão encarregados da arrecadação dos Quintos, e das mais
diligencias respectivas, costumão constranger as pessoas, que levão ás
ditas Casas ouro, para nella se fundir, a que fação o manifesto no nome
supposto de pessoas diversas; as quaes elles procurão habilitar com as
Certidões, que depois se lhes passão, para Me requererem as competen
tes gratificações, em grave prejuizo dos benemeritos, e contra as Mi
nhas Reaes Intenções: Sou Servido ordenar, que todo o Oficial, que
constar haver constrangido, ou suggerido a pessoa alguma, que se apre
sentar nas Casas de Fundição com ouro, para nellas se fundir, a que o
manifeste em nome diverso, do que ella voluntariamente quizer decla
rar, perca o valor do oficio, que servir, e fique desde logo suspenso; e
que os Governadores das Capitanías respectivas sejão os executores da
suspensão, fazendo-a autuar; e processar a culpa perante o Ministro,
que lhes parecer nomear; o qual a sentenciará como for justo, e dará
appellação para a Relação do districto.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
co; Regedor da Casa da Supplicação; Presidente, e Conselheiro do Con
selho Ultramarino; Governadores das Casas do Civel, e das Relações da
Bahia, e Rio de Janeiro; e bem assim ao Vice-Rei, Capitães Generaes,
e Governadores do Estado do Brazil, aos Ouvidores geraes, e a todos os
Desembargadores, Corregedores, Juizes, e Justiças de Meus Reinos, e
Senhorios, que cumprão, e guardem este Alvará, e o fação cumprir, e
guardar tão inteiramente, como nelle se contém, sem embargo de quaes
quer Leis, Regimentos, Ordens, ou Estilos contrarios. E para que ve
nha á noticia de todos, Mando ao Desembargador do Paço Manoel Go
mes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos,
que o faça publicar, e estampar na Chancellaria; e depois de se registar
em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Alvarás, se
mandará o Original para a Torre do Tombo. Dado em Salvatterra de
Magos aos 30 de Janeiro de 1768. = Com a Assignatura de ElRei, e
a do Ministro.

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no


Livro das Leis a fol. 101, impr. na Oficina de
Antonio Rodrigues Galhardo.

*-+.…>…)}=-w

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presentes: Por huma parte o grande perigo, que correm
os Navios, que buscão a Barra de Lisboa; as Costas a ella adjacentes;
as entradas da Foz do Rio Téjo, e da mesma Barra de Lisboa; da de
Setubal; Portos do Algarve, e Barras da Cidade do Porto, e Villa de
1758 59]

Vianna; por falta de Faróes, que possão servir aos Navegantes de Mars
ca, e de Guia, # se desviarem opportunamente de fazerem naufra
gio; na mesma fórma, que se pratíca util, e necessariamente nos ou
tros lugares Maritimos da Europa, onde se temem semelhantes perigos :
Por outra parte o grave prejuizo, que sentem os sobreditos Navegantes
na fórma dos despachos dos seus respectivos Navios pelo número, e di
versidade de trinta e cinco diferentes Estações, por onde são obriga
dos a tirar Bilhetes em muitos lugares distantes huns dos outros, e pe
rante diversos Ministros, e Oficiaes, que os dilatão tantos dias, que
chegão a contar a mezes, por accidentes, humas vezes necessarios, e
outras afectados: E pela outra parte as grandes vexações, qne tambem
resultão aos Homens do Mar, que navegão para os Meus Dominios Ul
tramarinos, pelos abusos, que se tem introduzido nos exames, qualifi
cações, e coações, que se lhes fazem, para delles se alistarem os que
hão de servir no Troço, que foi estabelecido pelo Alvará de quatro de
Junho de mil seiscentos setenta e sete; com os grandes inconvenientes,
que a experiencia tem mostrado, que se seguem da observancia delle:
Para que de huma vez cessem todos os sobreditos detrimentos da Neve
gação, e dos Navegantes, que tanto procuro proteger em commum benefi
cio: Ordeno, (coin parecer das Pessoas do Meu Conselho, e de outros Mi
nistros doutos, e zelosos, que Mandei ouvir sobre estas importantes mate
rias) que logo se levantem seis competentes Faróes para guia da Nave
gação das referidas Costas, e Barras, a saber: Hum nas Ilhas das Ber
lengas, e no lugar dellas, que parecer mais proprio: outro no sitio de
Nossa Senhora da Guia, ou no mesmo lugar, onde antes o houve, ou
em qualquer outro, que mais accommodado seja: outro na Fortaleza de
S. Lourenço: outro na de S. Julião da Barra: outro na costa adjacente
á Barra da Cidade do Porto, onde mais util for: e outro em fim na altu
ra da Villa de Vianna: Os quaes todos serão erigidos, e acabados com
a maior brevidade, que couber no possivel, para ficarem nas noites per
petuamente accesos com fógos taes, que sempre do alto Mar, e de lon
ge se possão distinguir, em soccorro dos referidos Navegantes. Pelo que
toca á fórma do despacho dos Navios, estabeleço: Que, conservando-se
por ora o estilo de se tirarem as Verbas da Casa da Descarga da Alfan
dega, para com ellas se pagar na Casa do Marco, como tambem o de
se tirarem Certidões do Cosmografo Mór do Reino, e do Cirurgião Mór
da Armada, (os quaes as terão feitas em papeis estampados com os cla
ros precisos, para nelles escreverem sómente os nomes dos Despachan
tes, e Navios despachados, sem maior dilação ) todos os mais despachos
se reduzão a hum só livro, e nelle a hum só Termo, e a unica somma,
que em si inclua cumulativamente todos os emolumentos, e todas as con
tribuições, que até agora forão pagas por diferentes Repartições; para
que totalmente da referida somma seja depois distribuida com a devída
proporção pelas pessoas, a quem tocarem as sobreditas contribuições, e
emolumentos; na mesma fórma, que Fui Servido determinar para o des
pacho do Tabaco pelo Regimento de dezeseis de Janeiro de mil setecen
tos cincoenta e hum. Porque os Exames pessoaes do Patrão Mór, do Es
crivão da Provedoria, e do Meirinho dos Armazens, não podem ser sup
pridos na referida fórma; e he preciso evitar aos Mestres dos Navios, e
Embarcações mercantes, o embaraço, que lhes resulta da demora des"
tas Vistorias, para as quaes os ditos Oficiaes não podem sempre estar
promptos, principalmente nas occasiões de Frótas, pelas muitas incum
bencias, com que hoje se achão gravados os seus oficios: Hei por bem
592 1758

aliviallos dos sobreditos Exames, e Vistorias; salvos com tudo os sala


rios, que por ellas lhe são devidos; os quaes serão cobrados na sobredi
ta fórma. E Mando, que a obrigação das mesmas Vistorias, e Exames
passe para a Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, e que
esta nomeie annualmente os dous Deputados, que julgar mais idoneos,
ou da sua mesma Corporação, ou de fóra della, para examinarem o esta
do dos cascos, e os apparelhos, e sobrecellentes dos Navios, e Embar
cações mercantes, na fórma do Regimento dos Armazens, que Sou Ser
vido, que somente se observe daqui em diante nesta parte, na referida
fórma; revogando-o no que a ella for contrario; e ordenando, que os di
tos despachos se reduzão aos precisos termos do papel, que baixa assig
nado pelo Secretario de Estado Sebastião José de Carvalho e Mello. E
pelo que pertence ao referido Troço: Annullando, e cassando o Alvará,
que o estabeleceo: Ordemo, que da publicação deste em diante, se não
proceda mais por elle, para se obrigarem os Marinheiros, e mais Ho
mens do Mar dos Navios mercantes, a servirem no referido Troço, pe
lo modo, que se praticou até agora, nem se lhes possão embargar as suas
soldadas nas mãos dos Mestres dos Navios, nem tão pouco receber-se
destes, ou dos ditos Marinheiros, Grumetes, e Moços, qualquer #
ficação em dinheiro, ou generos, por mais moderada, que seja: Sob pe
na de que os Oficiaes, que os constrangerem, sem especial ordem Mi
nha, firmada pela Minha Real Mão, ou delles receberem a titulo de pre
sente, gratificação, ou qualquer outro, por mais especioso que seja,
cousa que exceda o valor de hum tostão, percão os oficios, se forem
Proprietarios, ou o valor delles sendo Serventuarios, e fiquem inhabili
tados para entrarem em qualquer outro oficio de Justiça, ou Fazenda.
Para que o serviço, que até agora se fez na Ribeira das Náos pelo mi
misterio do referido Troço, se possa continuar como he conveniente: Or
deno, que nelle se pratique o mesmo, que se observava antes do sobre
dito Alvará revogado: Recebendo o Provedor dos Armazens, por jor
maes, e soldadas, os Marinheiros, e Homens de trabalho, que necessa
rios forem para apparelhar, desapparelhar, crenar, e concertar as Náos;
assim como se pratíca com os Artifices, e Homens de trabalho, que se
empregão na construcção dellas: Tendo sempre com tudo hum número
de Homens competente ao trabalho, que he indispensavel quotidiana
mente, addidos ao referido serviço, com o vencimento de jornaes nos
Domingos, e Dias Santos: Accrescentando, e diminuindo o número dos
outros, que as conjuncturas do tempo fizerem ou necessarios, ou super
fluos, conforme a exigencia das mesmas conjuncturas: E observando tu
do o referido em tal fórma, que os jornaes, e soldadas destes Marinhei
ros, e Homens destinados á conservação, e apparelho, e desapparelho
das Náos, e embarcações da Minha Real Coroa, sejão pagos indispensa
velmente nos Sabbados de cada Semana, com indisputavel preferencia
a toda, e qualquer outra despeza, em quanto Eu não for Servido dar so
bre esta materia outra mais ampla providencia. E para que não faltem os
meios, que se fazem precisos para a erecção, e conservação dos sobre
ditos Faróes, dos Oficiaes, que os hão de governar, e dos fógos, que
nelles se devem acender em todas as noites perpetuamente pelo tempo
futuro, em occasião, na qual a Minha Real Fazenda tem tantas, e tão
urgentes applicações: Estabeleço, que todos os Navios, e embarcações,
que entrarem nos pórtos destes Reinos, em cada vez, que nelles entra
rem, paguem por cada huma das respectivas tonelladas, que constitui
rem a sua lotação, duzentos réis, sendo os ditos Navios arqueados pela
1758 593

medida de Lisboa, que se deve communicar para este efeito a todos os


outros pórtos dos referidos Reinos; cobrando-se esta contribuição ao tem
po, em que os sobreditos Navios despacharem nas respectivas Alfande
gas, pelos Commissarios, que nellas tiver a Junta do Commercio; e re
mettendo-se o producto della com huma inteira separação ao Deposito
público da Corte, e Cidade de Lisboa, para delle se applicar em geral
beneficio dos Navegantes, e da Navegação, na fórma assima declarada.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda,
Presidente do Conselho Ultramarino, da Meza da Consciencia, e Ordens,
e do Senado da Camara, Chanceller da Relação, e Casa do Porto, Jun
ta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desembargadores,
Corregedores, Juizes, e Justiças, e Oficiaes delles, a quem o conheci
mento deste pertencer, o cumpräo, e guardem , e o fação cumprir , e
guardar tão inteiramente, como nelle se contém, sem embargo de quaes
quer Leis, Alvarás, Regimentos, Decretos, ou Resoluções em contra
trio, que Hei por bem derogar para este efeito sómente, ficando aliás
sempre em seu vigor. E para que venha á noticia de todos: Mando ao
Desembargador do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho,
e Chanceller Mór do Reino que o faça publicar na Chancellaria, e en
viar por cópias impressas, sob Meu Sello, e seu signal, a todos os Tri
bunaes, Ministros. e mais Pessoas, que o devem executar; registándo
se em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis ; e
mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Salvaterra de
Magos ao 1.° de Fevereiro de 1758. = Com a Assignatura de ElRei, e
a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
no Livro II. da Junta do Commercio a fol. 75., e
Impr. avulso.
>

FóRMA, QUE SUA MAGESTADE ORDENA, QUE SE


pratique no despacho de todos os Navios das Carreiras da Africa
da America, e Asia.
Todos, e cada hum dos Mestres dos Navios Mercantes, que se acha
rem para fazer viagem, se manifestarão perante o Secretario da Junta
do Commercio, a fim de que esta mande a bordo os Deputados, que
devem fazer o exame, e vestoria nos apparelhos, e sobrecellentes. E achan
do os referidos Deputados tudo no bom estado , que convém, darão ao
respectivo Mestre despacho, como até agora se praticou nos Armazens,
para se lavrar o Passaporte da Secretaria de Estado, e passar livremen
te pelas Torres. \

No mesmo acto farão os sobreditos Deputados a visita da Artilha


ria, de que até agora se tirou Bilhete da Tenencia.
Depois das referidas diligencias, passarão os sobreditos Mestres
a tirar as Verbas da Alfandega, que nella lhes serão expedidas com pre
ferencia a todo, e qualquer outro despacho, pelo favor de que se faz di
gna a Navegação do Reino, para com ellas irem á Casa do Marco ; a
qual, para maior facilidade, ordena Sua Magestade, que seja estabele
cida junto da mesma Alfandega ; e para na referida Casa pagarem não
só o direito da Cidade pela lotação do Navio, trazendo carga; e nada,
no caso em que a não tragão; mas tambem todos os outros emolumentos,
Ffff
594 |- 1758 |

ou esportulas, que até agora pagarão: Fazendo-se de tudo huma só Re


ceita, para depois se entregar a quem toca, por quarteis de tres em tres
mezes cada hum.
A sobredita Receita será de quatorze mil e vinte réis para se re
partirem na maneira seguinte: Pelo Bilhete da Tenencia quatrocentos e
oitenta réis: Para o Escrivão da Conservatoria do Tabaco duzentos e
quarenta réis: Para a Junta do Commercio mil e quinhentos réis: Pa
ra o Patrão Mór, Escrivão da Provedoria, e Meirinho dos Armazens,
quatro mil e oitocentos réis: Para a Irmandade de S. Roque na Igreja
do Carmo, quatro mil e oitocentos réis: Para o Guarda Mór do lastro,
trazendo-o, dez tostões: Para o Escrivão do Guarda Mór da Casa da In
dia, duzentos e quarenta réis: Para o Escrivão da Executoria do Con
selho Ultramarino, quatrocentos e oitenta réis: Para o Escrivão, que
fizer o Termo na Casa do Marco, quatrocentos e oitenta réis.
Ao mesmo tempo apresentarão os sobreditos Mestres na referida
Meza o Termo da lotação, que ee lhes houver feito para por ella paga
rem a contribuição do Marinheiro da India: Declarando tambem o nú
mero das pessoas da sua Equipagem, para pagarem na mesma receita
geral a esmola da Igreja de Nossa Senhora da Piedade das Chagas.
Juntamente apresentarão na mesma Meza os Despachantes dos
Navios a Certidão feita, e jurada pelo Capellão, e assignada pelo Mes
tre, pela qual conste ser o dito Capellão o mesmo que vai no Navio: ou
tra Certidão do Cirurgião Mór da Armada, para fazerem constar, que
o Cirurgião do Navio he o mesmo, que foi por elle approvado ; e huma
Cesrtidão do Cosmografo Mór, para fazerem constar, que he examinado
o Piloto, que deve navegar: Fazendo-se de todos os sobreditos despa
chos hum Termo, o qual para maior facilidade deve estar impresso na
maneira seguinte.
» A os de • de F. Mestre
» do Navio que vai para fornecido
» com os apparelhos , e com os sobre
» cellentes de despachou, e pa
» gou as contribuições, e emolumentos; e declarou, que não he devedor
» nos Armazens de Sua Magestade de Enxarcia alguma, nem trouxe fa
» zenda para a Casa da India, e se obrigou por Termo a não trazer Ta
» baco algum fóra do seu Manifesto, e a dar as buscas necessarias no
» seu Navio, na fórma das ordens do mesmo Senhor, como tambem a
» que o Padre Capellão que vai no mesmo Na
» vio, e tambem assignou este Termo debaixo das obrigações costuma
» das, haja de voltar nelle para este porto de Lisboa, ou em falta a pa
» gar a quantia de cem mil réis: E não constou de impedimento algum
» por parte do Thesoureiro do Conselho Ultramarino, nem do Escrivão
» dos Degrados, nem do Contratador do Sal; De que tudo fiz este Ter
» mo, que o mesmo Mestre assignou. E eu Fuão &c.
Para o mesmo fim da brevidade, e maior expedição dos Despachan
tes, haverá na referida Meza hum livro de Registo dos sobreditos Ter
mos, no qual se achem as fórmulas delles assima indicadas, tambem im
pressas com letra de estampa, sómente com os claros, que constão da
referida fórmula, para se encherem com as datas do dia, mez, e anno
do despacho, com as declarações dos apparelhos, e sobrecellentes, e com
os
se nomes dos Mestres, e Capelães dos Navios, e dos Pórtos para onde
despacharem. •

Com o referido Termo expedido pela Meza do Marco, passarão os


1758 595

referidos Mestres; por huma parte a requerer o Passaporte Real na Se


cretaria de Estado, pagando aos Oficiaes della os emolumentos costuma
dos; e pela outra parte a apresentar os ditos papeis ao Governador da
Torre do Registo, pagando tambem nella os emolumentos do costume,
para lhe dar livre passagem.
E para que nem ao Thesoureiro do Conselho de Ultramar faltem
os transportes para os generos, que houver de remetter por conta da Fa
zenda Real, nem o Escrivão dos Degradados tenha falta de Navios pa
ra transportarem os Réos, que houverem de ir cumprir os seus degredos,
nem os Oficiaes da Enxarcia velha deixem de fazer a devída arrecada
ção della: He Sua Magestade servido, que todos os sobreditos mandem
fazer as suas respectivas declarações na referida Meza do Marco, quan
do tiverem generos, ou prezos, que remetter, ou Enxarcia, que arreca
dar, para que se não entregue aos Mestres o sobredito Termo, sem te
rem cumprido com as suas obrigações. O mesmo impedimento poderá op
por o Contratador do Sal na sobredita Meza, quando os Navios houverem
faltado em receber as competentes lotações do referido genero.
No despacho dos Navios, que navegarem para os Pórtos da Euro
pa, he Sua Magestade Servido, que se pratique a mesma formalidade
nas partes que lhes são applicaveis.
Salvaterra de Magos o 1.° de Fevereiro de 1758. = Sebastião Jo
sé de Carvalho e Mello.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Livro II da Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Domínios a fol. 78., e impr. avulso, junta
mente com o Alvará antecedente.

*# #«Oººk …}

…"

Por justos motivos, que Me forão presentes, e muito mais por hum ef
feito da Minha Real clemencia: Hei por bem, que assim as Fazendas,
que se achão na Alfandega do Assucar sem despacho, por serem prohi
bidas pelo Meu Real Decreto de dez de Maio, e Alvará de quatorze de
Novembro, proximos pretéritos, como todas as mais que se acharem na
primeira, ou na segunda mão, despachadas em iguaes circunstancias,
possão ser reexportadas para fóra destes Reinos, e snas Conquistas, pre
cedendo os exames, e attestações necessarias da Junta do Commercio,
e sem que das referidas Fazendas se paguem Direitos alguns nas Alfan
degas, ou no Consulado da sahida: Tomando-se as cautelas, que se to
mão sobre a exportação do Tabaco, para constar, que com efeito forão
desembarcadas nos Paizes Estrangeiros, a que se dirigirem: Mandan
do-se relações dellas a todas as Alfandegas dos Pórtos maritimos destes
Reinos, com a declaração das pesssas a quem pertencerem, e dos Na
vios em que forem, para não tornarem a ser introduzidas: E assignando
termo os que as despacharem, de que no caso, em que as tornem a met
ter nestes Reinos, ou não fação constar, que com efeito as desembar
carão nos Paizes Estrangeiros, que houverem declarado, pagarão anovia
do o valor das que introduzirem depois de haverem sido absolutas dos
Direitos: Para o que se haverá por provada a identidade, logo que cons
tar, que as Fazendas são da mesma qualidade daquellas, das quaes se
Ffff 2
596 • I758

houverem restituido os Direitos; e executando-se esta pena cumulativa


mente com as mais estabelecidas pelas Leis, que se houverem transgre
dido. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e o faça execu
tar. Salvaterra de Magos a 3 de Fevereiro de 1758. = Com a Rubríca
de Sua Magestade.
Impresso avulso.

# #*<>"}} {

Sendº Me presente o intoleravel abuso, com que os Oficiaes da Alfan


dega do Rio de Janeiro obrigão, pela negação dos despachos, aos Capi
tães dos Navios da carreira do Brazil alhes pagarem vinte e quatro mil
réis por cada Navio, em que arbitrarão algumas gratificações voluntarias,
que os ditos Capitães lhes fazião, a titulo de refresco; e as injustas, e
escandalosas contribuições, que os referidos Oficiaes tem de mais intro
duzido, com o pretexto de Marcas sobre os Navios, que sahem daquel
le Porto, extorquindo ordinariamente aos ditos Capitães dez até trinta
mil réis por cada Pataxo, e trinta e cinco até oitenta mil réis quando
os Navios são de msior lotação; comprehendendo nestas extorções até os
Navios, que voltão em lastro, simulando a esse fim despachos de que
vem com carga, sem na realidade a trazerem : Sou Servido ordenar, que
os sobreditos Oficiaes da dita Alfandega do Rio de Janeiro se abstenhão
de perceber, e ainda de pedir o Donativo dos ditos vinte e quatro mil
réis por cada hum dos Navios que entrarem naquelle Porto, e tambem
de levarem Marcas de sahida dos mesmos Navios: sob pena de que os
que forem comprehendidos na transgressão desta Minha Real Ordem, ou
por esta causa negarem, ou demorarem culpavelmente os despachos dos
ditos Navios, sejão autuados, e prezos; percão os seus Oficios, sendo
Proprietarios, ou o valor delles, se forem Serventuarios; e fiquem inha
beis para entrar em quaesquer outros oficios de Justiça, ou Fazenda. E
Sou Servido outro sim, que não entre mais em dúvida esta materia; e
que nos Autos, que sobre ella pendem na Casa da Supplicação, se po
nha perpétuo silencio, em quantos os referidos Oficiaes não exhibirem na
Minha Real, e immediata presença os titulos, que tem para levarem os
sobreditos Donativos. O Conselho Ultramarino o tenha assim entendido,
e o faça executar pelo que lhe pertence, mandando publicar este por
Editaes na Cidade do Rio de Janeiro, para que venha á noticia de to
dos, e se não possa alegar ignorancia. Salvaterra de Magos a 3 de Fe
vereiro de 1758. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

X. #«…>…} *

Sendo informado do arrombamento, que se fez na Cadeia do Limoeiro


desta Corte por muitos dos Réos, que nella se achavão, por haverem
commettido delictos de grande atrocidade, e que depois daquelle escan
daloso insulto se tem perpetrado outros igualmente atrozes nas estradas
Públicas, e montes da Provincia de Além-Téjo, com grave prejuizo do
1758 597

Commercio, e do socego público dos Meus Vassallos moradores na dita


Provincia, da qual passarião a grassar nas outras estes perniciosos cri
mes, se não fossem obviados pela Minha Real Providencia com eficaz
remedio: Sou Servido, que desde o dia da participação desta, e em quan
to Eu não mandar o contrario, não só fique cumulativa a jurisdicção de
todos os Ministros das terras destes Meus Reinos, para que huns possão
proseguir, e prender nos districtos dos outros aquelles Réos dos crimes
do dito arrombamento, de homicídios voluntarios, e roubos feitos nas di
tas estradas, e ermos, de que tiverem informação, ainda que seja para
os Ministros da Minha Real Coroa entrarem nas terras da jurisdicção dos
Ministros de Donatarios, e os destes respectivamente nas terras da ju
risdicção dos Ministros da Coroa; mas tambem, que todos os particula
res, que tiverem noticia dos Réos dos referidos delictos, possão logo lançar
mão delles, e segurallos, com tanto, que immediatamente os levem via recta
ao Ministro Letrado da terra, que lhe ficar mais vizinha com a declara
ção da prova, que tiverem contra as pessoas, que apprehenderem. Pra
ticando o mesmo com todos, e cada hum dos vagabundos desconhecidos,
que se lhes fizerem suspeitosos, ou até se legitimarem , ou para que,
não se legitimando pela informação de pessoas fidedignas, que attestem
do seu procedimento, sejão levados aos Magistrados mais vizinhos para
os remetterem á cadeia da Cabeça da Comarca, onde os respectivos Cor
regedores, ou Provedores examinarão as vidas, e costumes, e dos mais
prezos, que lhes forem levados, ou para os soltarem , achando-os sem
culpa; ou para darem conta pela Secretaria de Estado dos Negocios do
Reino daquelles, que acharem culpados; e sendo o nos sobreditos crimes,
serão logo enviados com toda a segurança á Cadeia do Limoeiro desta
Corte com as culpas, que tiverem. E as pessoas, que prenderem os so
breditos Réos do crime de arrombamento da dita Cadeia, serão recom
pensadas com o prémio de duzentos mil réis por cada hum delles, que
entregarem prezo. A Meza do Desembargo do Paço o tenha assim enten
dido, e o faça executar, expedindo ordens circulares a todos os Corre
gedores, e Provedores deste Reino, ordenando-lhes, que logo que rece
berem as mesmas ordens, as fação afixar por editaes, para que chegue
á noticia de todos. Salvaterra de Magos a 8 de Fevereiro de 1758. =
Com a Rubríca de Sua Magestade.
• Impresso avulso.

+ #u…>>}} #

A Sua Magestade fiz presente a conta, que v. m. deo sobre as doen


ças, que nesta quadra do anno costumão grassar nas Cadeias do Limoei
ro, e que já se tem nella manifestado. O mesmo Senhor, conformando-se
com o parecer de v. m., he Servido ordenar, que se diminua o número
dos prezos das ditas Cadeias, como já se praticou no anno de 1746, mu
dando-se os enfermos, que estiverem por culpas leves, para o Hospital
Real, para S. João de Deos, e para o Tronco; ficando só a Enfermaria
do Limoeiro para os prezos do Summario. Tambem ordena S. Magesta
de, que v. m., proceda logo a Visita, em que sejão soltos os que coube
rem no possivel: outros se livrem seguros: e os que estiverem por dividas,
que se soltem sobre fiançaa, havendo-as: e não as havendo, assignarão
termo de pagarem em certo espaço de tempo, e logo que chegarem a
598 I758

melhor fortuna: e que os que padecem a sarna, de que faz menção o


Carcereiro, se devem pôr em lugar separado, onde estejão juntos, para
que a não communiquem aos outros. Ao Marquez de Tancos manda o
mesmo Senhor ordenar pelo Aviso da Cópia inclusa, que faça pôr sen
tinellas aos prezos, que se hão de recolher no Hospital Real, em S. João
de Deos, e nos mais lugares, que v. m. apontar. Deos guarde a v. m.
Paço de Belém, a 21 de Fevereiro de 1758. = Sebastião José de Car
valho e Mello. = Senhor José Cardoso Castello.

Impr, avulso.

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I Llustrissimo, e Excellentissimo Senhor. = Sua Magestade mandou


ordenar ao Ministro, que serve de Regedor, que faça mudar os prezos,
que no Limoeiro se achão enfermos, para o Hospital Real, para o de S.
João de Deos, e para o Tronco. E he o mesmo Senhor Servido, que V.
Excelencia maude pôr sentinellas assim nos referidos lugares, como nos
mais, que a pontar o dito Ministro, para que os prezos doentes sejão
guardados com segurança, e restituidos á prizão, logo que experimen
tem melhoria. Deos guarde a V. Excelencia. Paço de Belém 21 de Fe
vereiro de 1758. = Sebastião José de Carvalho e Mello. = Senhor Mar
quez de Tancos.
Impr, avulso

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E LREI Nosso Senhor, esperando do zelo, e fidelidade dos Soldados


empregados no seu Real serviço, que voluntariamente o irão continuar
no Estado da India, para nelle buscarem a gloria, que he inseparavel
das acções, que naquelle Estado se obrão em serviço de Deos, e do mes
mo Senhor: Manda declarar, que os Soldados, e Oficiaes de Infantaria,
que, sem serem constrangidos, se embarcarem na presente Monção, se
rão permiados com as gratificações seguintes.
I. » Não serão obrigados a servir na India mais que seis annos; e,
acabados elles, não necessitarão de licença alguma para dar baixa:
nem poderá o Vice-Rei, ou Governadores daquelle Estado, retellos por
: mais tempo no serviço contra suas vontades, por qualquer causa, ou
pretexto que seja.
II. » A volta da India se lhes fará o transporte nas Náos de Sua
Magestade, á custa da Real Fazenda: e no caso, que escolhão outra
commodidade para se recolherem, não lhes será posto impedimento al
» gum.
III. » Acabando o dito tempo, se lhes será livre tornar para o Rei
» no, ou ficar na India, ou no Brasil, ou passar ás Minas, ou a qual
» quer outra parte dos Dominios de Sua Magestade, conforme mais lhes
» agradar.
I758 | 599

IV. » Em qualquer das ditas partes ficará a seu arbitrio tornar a


incorporar-se nas Tropas, ou não; sem que mais possão ser obrigados
ao Serviço contra a sua vontade: E, querendo incorporar-se, entrarão
: na mesma graduação, que houverem tido no serviço da India, e nos
Póstos, quando houver cabimento.
» Concorrendo a pertender Póstos, serão preferidos em igual
» graduação a quaesquer outros, que não tenhão servido na India.
VI. » Antes do embarque se dará a cada hum cinco mezes de Sol
» do dobrado, e por ajuda de custo quatro mezes de Soldo singello. »
E todo o Militar, que tomar tão louvavel resolução, se apresen
te na Sala dos Generaes das Provincias da Extremadura, e Além-Téjo,
R# serem alistados, e se remetterem as Listas á Real Presença de Sua
agestade. Dado em Belém aos 27 de Fevereiro de 1758. = Thomé
Joaquim da Costa Corte Real.

Impr. avulso.

} #*<>"+ #

Tº……… na Minha Real Consideração os inconvenientes, que se po


dem seguir ao Meu Real Serviço, e á boa administração da Justiça, de
serem consultativos, e regulados por antiguidade os Lugares de Chan
celler da Casa da Supplicação, e de Procuradores da Coroa, da Fazen
da, e do Ultramar: Sou Servido reservar os sobreditos quatro Lugares
á Minha Real e immediata Nomeação, para nelles prover os Ministros,
que bem Me parecer; attendendo máis ao bom Serviço dos mesmos Lu
gares, do que á antiguidade e graduação dos que forem nelles provídos;
os quaes sahindo da Casa da Supplicação para quaesquer Tribunaes, não
poderão conservar os ditos Lugares, sem nova mercê Minha. O Duque
Regedor o tenha assim entendido. Belém o 1.° de Março de 1768. =
Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI. a fol.
83 UCT.

*--*<>*--*

Poa justas causas, que Me forão presentes; Sou Servido declarar,


que
o Ouro, e Dinheiro, que tem vindo, e vier do Grão Pará e Maranhão,
pertencendo á Companhia do mesmo Estado, não deve pagar os Direi
tos de hum por cento do Cofre; e pertencendo a particulares, o deve pagar
na mesma fórma, que até agora se praticou. O Conselho da Fazenda o
tenha assim entendido, e o faça executar com as ordens necessarias. Be
lém a 9 de Março de 1758. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda uo Livro I, dos De
cretos e Avisos a fol. 110. vers.
600 1758

# # LOo% #

A os 9 dias do mez de Março de 1858, nesta Cidade do Porto, e Ca


sa, que serve de Relação, em Meza grande, presidindo o Senhor Fran
cisco José da Serra Crasbeck de Carvalho, Chanceller, que serve de Go
vernador da mesma Relação, se moveo dúvida por alguns Desembarga
dores de Aggravos, sobre se conhecer, ou não, de hum Aggravo de Pe
tição, que foi interposto, do Desembargador Corregedor do Crime sus
tentar a pronúncia feita pelo Juiz de Fóra da Villa de Gouvêa, em duas
devaças a hum Réo do districto da mesma Villa, que veio remettido em
Leva para a India, com summario de vadio, e com as culpas, que lhe
resultárão das ditas devaças, que vierão remettidas com o dito Réo pre
zo: o qual, sendo sentenciado em Relação pelo mesmo Desembargador
Corregedor do Crime, e Adjuntos, que se lhes nomeárão, foi por Acor
dãe da Relação absoluto hir para a India, e mandado livrar das culpas,
que lhe resultavão das ditas devaças; fundando-se a dúvida movida pelos
Desembargadores na formalidade do dito Acordão; porque ainda que re
conheça poder-se aggravar dos Corregedores do Crime sustentarem as
pronúncias feitas pelos inferiores, e dever-se conhecer de semelhantes
aggravos, parecia, que no presente caso não podia ter lugar o dito ag
gravo; e que delle senão, devia tomar conhecimento, por estar determi
nado por Acordão da Relação, que se livrasse, e se não poder aggravar
dos Acordãos proferidos na Relação com Adjuntos, accrescendo mais paº
ra a corroboração da dúvida o terem-se já proferido alguns Acordãos, em
que senão tinha com o predito fundamento tomado conhecimento de dous
aggravos identicos, interpostos por outros Réos: e proposta assim a di
ta dúvida, mandou o dito Senhor Chanceller Governador, que todos os
Desembargadores, que actualmente servem de Aggravos, e os mais, que
se achavão na Casa, e tinhão sido Aggravistas de propriedade, votas
sem sobre ella ; e por todos os abaixo assignados foi votado , que
se devia conhecer do dito aggravo, não obstante o dito Acordão, por
razões; a primeira, porque o mandar-se por Acordão da Relação, que o
Réo se livrasse das culpas, que lhe resultavão daquellas devaças, não
privava ao mesmo Réo do remedio de aggravar da injusta pronúncia, ou
da sustentação della, por ser este meio especie de livramento, e se não
impugnar, nem encontrar com elle o dito Acordão; e a segunda, por
que o Despacho, em que se mandou, que o Réo se livrasse das ditas cul
pas, devia ser conforme o Estilo desta Relação proferido pelo Desembar
gador Corregedor do Crime, por si só sem Adjuntos. E nestes termos,
sendo, como foi, proferido em Relação, não privava ao Réo de usar do
meio de aggravo, de que podia usar, se o dito despacho fosse proferido
pelo Desembargador Corregedor do Crime, por si só, como devia ser,
na conformidade do Estilo desta Casa: e para não vir mais em dúvida,
se mandou fazer este Assento, que todos assignárão. Porto, dia e anno,
ut supra. Como Governador = Crasbeck. = Sant-Iago. = Alvares da
Silva. = Campello. = Franco. = Barroso. = Barreto. = Lobo. = Fi
gueiredo. = Mourão. &c. •

Regist. no Livro, dos Assentos da Relação do Porto


a fol. 108 vers.; e na Collecção dos Assentos a fol.
332.
1758 601

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SE… Me presentes as repetidas transgressões, que se tem feito do


Decreto de sete de Maio de mil setecentos e oitenta, e do Aviso de vin
te e seis de Junho de mil e setecentos trinta e nove, que prohibírão o
uso das Solas, e Atanados, que não fossem fabricados nestes Reinos, e
nas suas Conquistas: E que applicando a Junta do Commercio destes
Reinos, e seus Dominios todas as diligencias, que lhe encarreguei no
Capitulo dezesete, paragrafo oito dos Estatutos, para promover a obser
vancia da dita prohibição, se achou, que nas Alfandegas se lhes dava
despacho aos referidos generos prohibidos, debaixo da escusa de se lhes
não haver participado a prohibição delles: Sou Servido, que esta se ob
serve nas mesmas Alfandegas, para nellas se não dar entrada aos sobre
ditos generos, debaixo da pena de suspensão dos Oficiaes, que os des
pacharem pela primeira vez, e da privação dos oficios pela segunda, em
que incorrerão pelo mesmo facto do despacho, a beneficio de quem os
denunciar, não sendo os mesmos culpados, ou pessoa com elles interes
sada na mesma denúncia. O Conselho da Fazenda o tenha assim enten
dido, e faça executar com as ordens necessarias, as quaes mandará re
gistar nas respectivas Alfandegas, para que nellas se não possa mais al
legar ignorancia. Belém a 8 de Abril de 1758. = Com a Rubríca de Sua
Magestade. •

Impresso avulso.
*-+vor, ºk-\;

Sou Servido confirmar os Capitulos das Instrucções geraes, e commuas


para os Oficiaes das Mezas da Arrecadação da contribuição dos Faroes,
e Lotadores dos Navios, formadas pela Junta do Commercio destes,Rei
nos, e seus Dominios para o despacho dos Navios Portuguezes, que vão.
para os Pórtos da Europa; para os da carreira da America, Asia, e Afri
ca; e para o despacho dos Navios Extrangeiros, que baixão escriptas em
quatro meias folhas de papel, rubricadas por Sebastião José de Carvalho
e Mello do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios do Rei
no: E Mando, que por ellas se proceda em Juizo, e fóra delle sem em
bargo de quaesquer Leis, Regimentos, ou Disposições contrarias. Belém
a 24 de Abril de 1758. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Instrucções Geraes, e Commuas para os Oficiaes das Mezas da Arreca
dação das contribuições dos Faróes, e para os Lotadores dos Navios.
Todas as Embarcações, que houverem entrado no porto, em que
pedem o despacho, antes do dia dous de Março proximo passado, devem
ser isentas da contribuição dos Faróes, e pagar os mais emolumentos de
vidos, fazendo-se declaração na Receita de que não pagou a contribuição
pelo referido motivo, que devem fazer constar por certidão na devida fórma.
Aos Navios, que sahirem com carga de frutos destes Reinos, e
das suas Conquistas para Reinos Extrangeiros, se lhes abaterão tres par
tes da contribuição respectiva das suas lotações. Levando metade até tres
partes da carga, se lhes abaterá metade da mesma contribuição, e levan
do huma quarta parte, ou dahi para sima, com pouca diferença, se lhes
abaterá huma quarta parte.
Gggg
602 I758

Os Lotadores farão exame nos Navios, que pedirem despacho, pas


sando-lhes as certidões necessarias para apresentar na Meza destas con
tribuições; e nesta se fará declaração, á margem da Receita, da razão,
porque se fez este abatimento. - -

Porque póde acontecer, que alguns Navios hajão de sahir em las


tro para outros pórtos do Reino, e carregar dos referidos frutos ; e seria
inutil este abatimento, havendo já contribuido no porto, donde sahírão
para esse em que hão de carregar, poderão os Mestres dar fiança na Me
za respectiva do porto donde sahem, pela qual se obriguem a remetter
certidão dentro de dous mezes, de como carregárão em todo, ou emº par
te, em outro porto do Reino, ficando assim em suspenso o pagamento das
tres quartas
te, que partes
em todo da sua
o caso he lotação,
devída. e cobrando-se sómente a quarta par•

Instrucção para o Despacho dos Navios Extrangeiros.


Logo que o Navio se apresentar, pedindo despacho, deve mostrar
a certidão do Marco, e deve pagar os 200 réis por tonelada, fazendo-se
a conta pela certidão dos Oficiaes nomeados pela Junta, sahindo fóra
com a quantia. Deve pagar 1 3980 das contribuições , a saber, 13500
da contribuição da Junta, e 480 réis dos Oficiaes desta arrecadação. Pa
ra o Guarda
levando, 400 Mór
réis. do lastro, levando-o, deve pagar 13000 réis, e não o
|- •

Feita assim a Receita, se lhe deve dar a certidão para com as ver
bas da Alfandega pedir o Passaporte.
Instrucção para o Despacho
- •
dos da
Pórtos Navios Portuguezes, que vão para os
Europa. •

, Logo que se apresentar qualquer Navio, ou Hiate a despacho, se


lhe pedirá certidão do Marco, e a da sua lotação, passada pelos Oficiaes
nomeados pela Junta do Commercio, para as lotações dos Navios; decla
rando esta tambem, que o Navio vai apparelhado. Pela certidão da sua
lotação se lhe fará a conta a duzentos réis por tonelada, sahindo fóra com
a conta no Livro da Receita. Depois se fará a averiguação do lastro pe
lo bilhete do Marco; e levando-o, se lhe carregarão mil réis para o Guar
da Mór, sahindo fóra com esta addição debaixo do seu titulo; e não o le
vando, com quatrocentos réis. Deve pagar mais oito mil e quatrocentos
e sessenta réis, a saber, quatro mil e oitocentos para o Patrão Mór, Es
crivão da Provedoria, e Meirinho dos Armazens. Quatrocentos e oitenta
réis mais para o dito Escrivão. Quatrocentos e oitenta réis para o Secre
tario do Mestre de Campo General. Quatrocentos e oitenta réis para a
Repartição da Tenencia. Duzentos e quarenta réis para o Escrivão da Ca
sa da India. Mil e quinhentos réis para a Junta do Commercio, e quatro
centos e oitenta réis para os dous Oficiaes desta arrecadação, sahindo
fóra com esta sobredita quantia de 8,546o no Livro da Receita debaixo
do titulo Emolumentos. Deve apresentar certidão da lotação do Marinhei
ro da India, ou de como o tem já satisfeito; e multiplicando as tonela
das a 120 réis, se deve sahir fóra com esta quantia debaixo do seu titulo,
Feita assim a Receita, se lhe fará assignar o termo respectivo, e
depois se lhe entregará a sua certidão para com as verbas da Alfandega
requerer o seu Passaporte. -

Nos Barcos, e Lanchas ha a diferença de que sómente pagão a


/
I758 6O3

sua lotação pela referida certidão, e de emolumentos 15980 a saber,


1850o para a Junta, 480 réis para os Oficiaes. Quanto ao lastro, deve
se fazer a referida diferença, e satisfeito, se lhe entrega a certidão.
Instrucção para o Despacho dos e Navios
• • Africa.da carreira da America, Asia,

Logo que se apresentar qualquer Embarcação a despacho, se lhe


pedirá a certidão feita, e jurada pelo Padre Capellão, e assignada pelo
Mestre, pela qual conste ser o dito Padre Capellão o mesmo que vai no
Navio: Outra certidão do Cirurgião Mór da Armada para constar, que
o Cirurgião do Navio he o mesmo que vai, e foi por ele approvado: Ou
tra certidão do Cosmografo Mór para constar, que o Piloto he examina
do; e sendo por esta parte corrente, se passará a pedir a certidão do
Marco, e a da sua lotação, que deve ser assignada pelos GOfficiaes no
meados pela Junta para as lotações dos Navios, como tambem o bilhete
dos mesmos Officiaes, por que conste, que o Navio está aparelhado, e
nos termos de fazer viagem.
Pela certidão da lotação, que se fez, se ha de formar a conta a
duzentos réis por cada huma tonelada, com a qual se ha de sahir no Li
vro da Receita.
Depois se deve averiguar se o Navio leva lastro, o que consta do
bilhete do Marco; e levando-o se devem cobrar mil réis para o Guarda
Mór, enchendo assim o cifrão, que está debaixo do titulo Lastro, no mes
mo Livro da Receita; e quando o não leve, pagará quatrocentos réis só
mente, para o mesmo Guarda Mór, declarando-o assim no referido Livro.
Deve pagar mais 133020 réis dos emolumentos, com a qual quantia se
ha de sahir no Livro da Receita, debaixo deste titulo Emolumentos. De
ve mais apresentar a certidão do Escrivão das Lotações para a contribui
ção do Marinheiro da India, e multiplicar-se o número das toneladas por
cento e vinte réis, sahindo com a quantia, que der , debaixo do titulo
Marinheiros da India. Tambem se deve averiguar a esmola da Igreja
das Chagas, pela qual deve pagar o Capitão 800 réis, o Mestre 400 réis,
e o mesmo o Piloto, e outro tanto o Contra-Mestre. Os Marinheiros a 20 o
réis, e os Moços a 100 réis; do que tudo se ha de fazer huma somma,
com que se sahe no Livro, debaixo do titulo Esmola da Igreja de Nossa
Senhora da Piedade das Chagas.
• Feita assim a Receita, se lhe fará assignar o termo no Livro del
les, e depois se lhe entregará a sua certidão para com as verbas da Al
fandega requerer o Passaporte, ficando todas os certidões em linhas se
paradas, exceptuando as do Marco, que se darão aos Mestres; e haven
do qualquer impedimento por ordem do Conselho Ultramarino, Escrivão
dos Degradados, ou Oficiaes da Enxarcia velha, se não dará este des
pacho. Lisboa a 29 de Março de 1758. (1)
Rubricadas pelo Secretario de Estado dos Negocios do
Reino = Sebastião José de Carvalho e Melo, e impr.
na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.
(1) As primeiras duas Instrucções são commuas a todas as Mezas de despacho dos
Navios, e contribuições dos Faróes assim nesta Cidade, como em todos os mais Pór
tos do Reino.
As mais Instrucções são em parte particulares para a Meza do despacho dos Na
vios, e contribuição dos Faróes desta Cidade, e se devem tambem observar em todos
os mais Pórtos do Reino, na parte sómente, em que lhes forem applicaveis.
Gggg 2
6O4 • • 1758

EU ELREI Faço saber aos que este Álvará com força de Lei virem,
que por quanto o Santo Padre Benedicto XIV. ora Presidente na Uni
versal Igreja de Deos pela Constituição de vinte de Dezembro do anno
de mil setecentos quarenta e hum, reprovando todos os abusos, que se
tinhão feito da liberdade dos Indios do Brazil, com transgressão das Leis,
Divinas, e Humanas, condemnou debaixo das penas Ecclesiasticas, na
mesma Constituição declaradas, a escravidão das pessoas, e usurpação
dos bens dos sobreditos Indios: E por quanto pelos Meus Alvarás dados
nos dias seis, e sete do mez de Junho do anno de mil setecentos cincoen
ta e cinco, conformando-Me com a mesma Constituição Apostolica, e ex
citando eficazmente a observancia de todas as Leis, que os Senhores
Reis, Meus Predecessores havião ordenado aos mesmos uteis, e necessa
rios fins do serviço de Deos, e Meu, e do Bem commum dos Meus Rei
nos, e Vassallos delles; estabeleci inviolavelmente a liberdade das Pes
soas, e bens, assim de raiz, como semoventes, e móveis a favor dos In
dios do Maranhão, e o independente exercicio da Agricultura, que por
elles for feita, e do commercio, a que se applicarem; dando-lhes huma
fórma de governo propria para civilizallos, e attrahillos por este unico,
e adequado meio ao Gremio da Santa Madre Igreja: Considerando a maior
utilidade, que resultará a todos os sobreditos respeitos de fazer as refe
ridas duas Leis geraes em beneficio de todo o Estado do Brazil: E decla
rando, e ampliando o conteúdo nellas: Ordeno, que a sua disposição se
estenda aos Indios, que habitão nos Meus Dominios em todo aquelle con
tinente, sem restricção alguma, e a todos os seus bens, assim de raiz,
como semoventes, e móveis, e á sua lavoura, e com mercio, assim , e
da mesma sorte, que se acha expresso nas referidas Leis, sem interpre
tação, restricção, ou modificação alguma, qualquer que ella seja: por
que em tudo, e por tudo quero, que sejão julgados, como actualmente
se julgão os das Capitanías do Grão Pará, e Maranhão; ficando a todos
communs as sobreditas Leis, que serão com esta para a sua devida ob
servancia, debaixo das mesmas penas, que nellas se achão declaradas.
Pelo que: Mando ao Vice-Rei do Estado do Brazil; Governado
res, e Capitães Generaes; Chancelleres da Bahia, e Rio de Janeiro; Of
ficiaes de Justiça, e Guerra; e das Camaras do mesmo Estado do Brazil;
Ouvidores, e mais Pessoas delle de qualquer qualidade, e condição, que
sejão, a todos em geral, e a cada hum em particular, cumpräo, e guar
dem esta Lei, que se registará nas Camaras do dito Estado, e por ella
Hei por derogadas todas as Leis, Regimentos, e Ordens, que haja em
contrario ao disposto nesta, que sómente quero que valha, e tenha for
ça, e vigor como nella se contém, sem embargo de não ser passada pela
Chancellaria, e das Ordenações do livro segundo titulo trinta e nove,
quarenta, quarenta e quatro, e Regimentos em contrario. Belém a 8 de
Maio de 1758. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios da Ma
rinha, e Dominios Ultramarinos no livro do Regis
to das Leis, e Alvarás a fol. 7., e impr. avulso.
I758 605

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que contemplando as grandes ventagens, de que seria para os meus Rei
mos, e Estados a reedificação da Capital delles por hum novo Plano re
gular, e decoroso: Houve por bem resolver, que a Cidade de Lisboa fos
se promptamente reedificada com os limites declarados no Meu Real De
creto de tres de Dezembro do anno de mil setecentos cincoenta e cinco,
para que nos Bairros, cujos Edificios forão abrasados, e demolidos, se
alinhem as Ruas com a rectidão, e largura competentes á commodidade
dos seus Habitantes, e ao serviço dos que por ellas passão; e que nos
outros Bairros cujos Edificios ficarem no estado de admittirem concerto
se melhorem as Ruas aos ditos respeitos quanto possivel for. E para que
huma obra tão util, e necessaria para o Bem commum; nem padeça as
demoras, que nella serião intolleraveis; nem se faça com prejuizo dos
Particulares, que seja attendivel: Sou Servido ordenar o seguinte.
I. Assim nos referidos Bairros, cujos Edificios forão abrazados, e
demolidos, como nos Terrenos das casas dos outros Bairros, que forão
inteiramente arruinadas; querendo os Donos dos respectivos solos edifi
car na conformidade do sobredito Plano; e obrigando-se eficazmente a
darem as obras acabadas no termo de cinco annos, successivos, e con
tados do dia em que assignarem a obrigação; o poderão livremente fazer.
E sendo os ditos Terrenos enfiteuticos, preferirão neste direiro de edifi
car os Enfiteutas dos Prazos aos senhores directos delles.
II. Não querendo porém, ou não podendo os Donos dos referidos Ter
renos edificar na sobredita fórma; no caso de serem as Propriedades del
les allodiáes, se adjudicarão pelos Ministros, que Eu for Servido nomear
para este efeito, ás Pessoas que se obrigarem a edificar na mesma com
formidade, e dentro no referido termo: Pagando aos Donos dos Terre
nos o justo valor delles, e dos materiaes, que nelles se acharem: Sendo
tudo avaliado com assistencia dos respectivos Ministros, e citação das
Partes, por Louvados nomeados na fórma de Direito, e do costume pra
ticado em semelhantes casos: E preferindo sempre para edificarem os
Visinhos confrontantes das respectivas Propriedades.
III. Quando as mesmas Partes se considerarem gravadas nas avalia
ções dos Bens allodiáes, e enfiteuticos, que se fizerem na sobredita fór
ma, excedendo a Propriedade o valor de trezentos mil réis no juizo dos
Louvados, ou conforme o parecer de alguns delles, recorrerão á Casa da
Supplicação com o Processo verbal do arbitramento de que interpuzerem
o recurso, o qual será nella tambem verbalmente julgado pelos Juizes, e
Adjuntos, que nomear o Regedor; preferindo sempre o despacho dos so
breditos recursos á expedição de todo, e qualquer outro negocio; sem
que com tudo se suspenda, em quanto os taes recursos se julgarem, na e
dificação, ou reedificação, que se houver de fazer nos Terrenos de cujas
avaliações se tratar.
IV. Nas edificações, e reedificações, que se fizerem nas Proprieda
des sujeitas a Morgados, ou Capellas, preferirão sempre semelhante
mente os respectivos Administradores para fazerem por sua conta as re
feridas obras, parecendo-lhes, e podendo a isso obrigar-se na sobredita
fórma. Porém quando eles não quizerem, ou não poderem obrigar-se ef
6O6 1758

ficaz, e efectivamente, se adjudicarão os Terrenos das taes Proprieda


des a outras Pessoas, que queirão, e bem possão obrigar-se a edificar na
conformidade dos respectivos Planos, e dentro do referido termo de cin
co annos: Com tanto, que ao mesmo tempo se obriguem a pagar aos Ad
ministradores dos Morgados; e Capellas, a que os Terrenos pertence
rem, a titulo de Prazo fatiozim perpétuo, com o laudemio de vintena, a
pensão annual, que lhes for imposta por arbitrio da Meza do Desembar
go do Paço: e que lhes fação titulo nesta conformidade no caso de não
haver renitencia da parte dos sobreditos Administradores; porque haven
do-a ficarão as adjudicações, que se fizerem dos taes Terrenos, servindo
de titulos communs.
V. Porque ao mesmo tempo podem concorrer muitas Pessoas a que
rer edificar em hum só Terreno vinculado, estabeleço, que neste caso
fique livre aos Administradores dos Morgados, ou Capellas, darem a pre
ferencia ao que melhor lhes parecer entre os dous visinhos confrontantes,
que o forem ao tempo em que se tratar da preferencia. E não concorren
do visinho confrontante, poderão preferir qualquer outra Pessoa, que lhes
seja mais grata: Bem visto, que em qualquer destes dous casos hão de
ser os emprazamentos approvados pela Meza do Desembargo do Paço na
sobredita fórma: e que em quanto á natureza dos Prazos, e quantidade
das pensões annuaes, e laudemios, não poderão os Administradores al
terar por algum modo o que tenho assima ordenado.
VI. Considerando, que não seria conforme á equidade natural que os
Proprietarios dos Terrenos, que hão de ficar sitos nas Ruas, que devem
alinhar-se com a rectidão, e largura, que tenho estabelecido; recebendo
os beneficios, do menos perigo nos Terremotos, e incendios; da maior
claridade da luz; da maior liberdade do ar; da maior facilidade nas con
ducções; da maior frequencia na passagem; e do maior valor, que por
todas estas ventagens, e pelos Privilegios abaixo declarados, ha de ac
crescer ás suas Propriedades assim na estimação dos Capitáes dellas co
mo nos alugueres; se locupletem com o prejuizo dos outros Proprieta
rios, cujos Terrenos se hão de devaçar para serem incluidos nas taes
Ruas: Mando, que estes Terrenos perdidos sejão avaliados na sobredita
fórma: que o tal valor delles seja rateado pelas varas das frentes dos dous
lados de cada huma das sobreditas Ruas: E que seja pago repartidamen
te pelos primeiros dos referidos Proprietarios pagando cada hum delles a
favor dos segundos á proporção das varas que tiverem as frentes dos seus
respectivos Edificios.
VII. Achando-se que os referidos Terrenos perdidos pertencem a Ca
pellas, ou Morgados, se porá o seu valor em deposito para se empregar
em bens capazes de nelles sobsistirem os vinculos. O mesmo se pratica
rá a respeito dos Terrenos, que já são enfiteuticos para que com o pre
ço delles sejão inteirados os respectivos Prazos.
VIII. Fazendo-se porém de novo alguma Praça pública, ou amplian
do-se as que hoje existem, não serão os Particulares donos das Proprie
dades, que presentemente estão situadas nas mesmas Praças, e que nel
las ficarem conservadas, obrigados a pagar cousa alguma pelos Terrenos,
que para a sua ampliação se comprarem, os quaes serão avaliados na so
bredita fórma, e pagos a seus donos conforme as providencias, que Eu
for Servido dar segundo a exigencia dos casos.
IX. Para que não haja demoras, nem nas sobreditas avaliações, nem
nas eleições das Pessoas, que houverem de ser preferidas para edificarem
por falta de assistencia das Partes interessadas, ordeno que estas sejão
I758 • 607

notificadas por Editos; ou a bem da Justiça para as avaliações; ou á ins


tancia das Pessoas, que pertenderem edificar no Terreno livre, ou vin
culado; para que per si, ou por seus bastantes Procuradores venhão as
sobreditas Partes assistir á avaliação, ou declaração das Pessoas de que
fazem eleição; a saber achando-se presentes na Cidade de Lisboa, ou no
Termo della dentro de dez dias; e achando-se absentes dentro de trinta
dias; todos contados contínua, e successivamente; com pena de que fin
dos elles se procederá á revelia na maneira assima declarada.
X. Para mais facilitar os meios necessarios de beneficiar os Meus
Vassallos, com as ventagens, que a todos elles se hão de seguir das so
breditas edificações, ou reedificações, estabeleço que as Pessoas que em
prestarem dinheiro, ou concorrerem com materias, ou mãos de Obrei
ros para se edificar, ou reedificar dentro do recincto da Cidade de Lis
boa, que foi expresso no Meu sobredito Decreto de tres de Dezembro do
anno proximo passado, fiquem não só com Real Hypotheca em concor
rente quantia nos Edificios, ou Bemfeitorias, que nelles se fizessem em
todo, ou em parte, mas tambem com preferencia a todos, e quaesquer
outros crédores ainda hypothecarios, que fizerem penhoras posteriores ás
edificações, ou reedificações, como se os Mutuantes tivessem penhoras
filhadas anteriores, e feitas em execução de sentenças havidas em Juizo
contencioso com plenario conhecimento de causa: O que se executará
posto que os outros credores sejão privilegiados; ou ainda, que seja a
Minha Real Fazenda, porque a todos os outros Privilegios Ordeno, que
se prefira sempre o dos sobreditos Mutuantes.
XI. Formando-se concurso sobre os Bens de qualquer Reedificante,
ou Edificante, o Juiz deste concurso conhecendo breve, e summaria
mente da verdade da dívida procedida da edificação, ou reedificação to
tal, ou parcial, faça logo pagar ao credor della pelo producto das Lojas,
Casas, ou Armazens reedificados, eximindo-o assim da longa disputa dos
mais Preferentes, e de esperar a final decisão de todo o concurso ordi
Ilall'1O.

* XII. Determino, que havendo de ter administração ordinaria, ou


extraordinaria a Pessoa, Casa, ou Bens do que houver tomado de em
prestimo, e empregado dinheiro na sobredita fórma, não possão ter os
taes Edificios, e Bemfeitorias, que com elle se fizerem, outro Adminis
trador, que não seja o mesmo crédor, que houver feito o emprestimo,
ou concorrido com os seus materiaes, ou mãos de Obreiros: ao qual cre
dor será dada neste caso a administração dos referidos Edificios, e Bem
feitorias, para por elles, por ellas haver seu pagamento; debaixo da o
brigação de dar contas a Juiz competente dos rendimentos das Casas,
que tiver na sua administração, e do que pelos productos dellas embol
çar annualmente até o seu inteiro pagamento.
XIII. Contemplando especialmente ao mesmo tempo sobre as gran
des despezas a que hão de ser obrigados os Proprietarios dos Terrenos,
e Cass, que fizerem as sobreditas edificações, ou reedificações, em be
neficio da utilidade pública, e do decóro da Capital dos Meus Reinos,
o muito que importa favorecer Eu quanto possivel for o Commercio, as
manufacturas, e as Pessoas que nelle, e nellas se empregão: Sou Servi
do eximir absolnta, e perpetuamente de Aposentadoria activa, e passi
va as Praças, e Ruas, que tenho destinado para Bolsa do Commercio,
e para habitação dos Homens de negocio, Mercadores, e Traficantes,
que nelle se empregão, as quaes são as seguintes: Nos Bairros de Al
fama, do Limoeiro, Rua-Nova, e do Rocio, tudo o que jaz das Portas
608 | • 1758

do Chafariz de dentro até S. Pedro de Alfama; desta Igreja até á de S.


João da Praça; e della pelas Cruzes da Sé, e pelo Arco da Consolação
até á Igreja da Magdalena; com tudo o mais, que está situado da Rua
das Pedras negras até o Beco, que sahe defronde da Igreja dos Tornei
ros; do Largo que fica por de traz da Igreja de S. Nicoláo; da Rua das
Arcas até á extremidade meridional do Rocio; e della pelas Ruas dos
Odreiros até á Calcetaria. Nos referidos Bairros do Rocio, Rua-Nova dos
Remolares tudo o que jaz da boca da Rua-Nova de Almada, do largo da
Santa Igreja Patriarcal, da Porta da Campainha, da Tannoaria, do Cor
po Santo, da Cruz de Catequefaraz, do largo de São Paulo, da Boa-vis
ia, do Poço dos Negros, e da Esperança para a mesma banda do mar;
incluindo-se sempre ambos os dous lados das referidas Ruas em todos os
assima declarados. O mesmo se observará nos arruamentos, que Eu for
Servido determinar para habitação dos Artifices no Plano da Cidade as
sima referido. Porém nos outros Bairros, e Ruas, que não forem do Com
mercio, e dos arruamentos dos Artifices, mas da habitação dos outros
Moradores sómente se observará o sobredito Privilegio de isempção de
Aposentadoria por tempo de trinta annos a favor dos Proprietarios da
qüelles Edificios, que forem, ou de novo edificados, ou reedificados des
de os fundamentos.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Védores da Fazenda, Regedor da Casa da Supplicação, Governador
da Relação, e Casa do Porto, e Ministros, Oficiaes, e Pessoas destes
Reinos, que cumprão, e guardem , e fação inteiramente cumprir, e guar
dar este Meu Alvará, como nelle se contém, sem embargo de quaesquer
outras Leis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo nelle, as quaes
Hei por derogadas para este efeito sómemte ficando aliás em seu vigor.
E Mando ao Desembargador Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Con
selho, Chanceller Mór do Reino, que faça publicar este na Chancella
ria, e remettello aos lugares onde se costumão remetter, registando-se
nos livros onde se registão semelhantes Leis, e mandando-se o Original
para a Torre do Tombo. Escrito em Belém a 12 de Maio de 1758. (1)
= Com a Assignatura de ElRei, ea do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino,
no Livro I, dae Cartas, e Alvarás a fol. 21. , e im
pr, avulso.

# *…?-->
:

Hel por bem estabelecer aos Ministros, e Oficiaes da Junta dos Con
tos, e Chancellaria da Minha Casa, e Estado do Infantado, por onde
tambem se administrão as rendas dos Meus bens pessoaes, os ordenados,
que abaixo se declarão, extinguindo os que ao presente tinhão, e tudo o
mais, que por qualquer titulo percebião com os seus cargos, e Oficios,
na fórma expressada neste Decreto.

(1) Vid, o Alvará de 15 de Junho de 1769; o Decreto, e Plano de 12 de Junho


deste anno; Alvará de 21 de Janeiro de 1766; o de 23 de Fevereiro de 1771; e o De
creto de 7 de Dezembro de 1772.
I758 • 609

§. I.

1 O Meu Secretario haverá de seu ordenado quatrocentos mil réis,


em que entrão quarenta mil réis para o seu Oficial. \

2 O Deputado da Junta mais antigo, que he, e sempre será Chan


celler da Casa, por ambos os cargos trezentos e cincoenta mil réis.
3 Cada hum dos mais Ministros deputados trezentos mil réis.
4 O Desembargador Procurador de Minha fazenda trezentos mil réis.
5 O Ouvidor geral, e Juiz da justificações por ambos os empregos
duzentos mil réis. -

6 O Escrivão da fazenda trezentos e oitenta mil réis.


7 O Escrívão da Camara do Estado, Mercês, e Chancellaria por tu
do trezentos e oitenta mil réis, e das Camaras a propina, que lhe toca.
8 O Thesoureiro geral das rendas da dita Casa, e Chancellaria, Ex
ecutor, que tambem he da sua receita, duzentos e oitenta mil réis: e
em que quanto servir o dito Oficio José Elias de Campos, e de Thesou
reiro do rendimento dos bens pessoaes, haverá por esta occupação os du
zentos mil réis, que já lhe concedi; porém cessando a sua serventia, fi
cará a dita Thesouraria unida á da Casa, e Chancellaria com hum só
ordenado de trezentos e oitenta mil réis. -

9 O Escrivão da Thesouraria da Casa do Infantado, e das execuções,


que o Thesoureiro faz, terá de ordenado duzentos mil réis, e o proprie
tario actual, que tambem o he do Oficio de Escrivão da Thesouraria dos
bens pessoaes, por esta haverá os cem mil réis, que Fui Servido conce
der-lhe em sua vida, depois da qual ficará tudo unido em hum só Ofi
eio com duzentos e cincoenta mil réis de ordenado na folha da Casa do
Infantado. • +

10 O Official maior da Casa da Fazenda duzentos e setenta mil réis.


11 Cada hum dos dous Oficiaes menores cento e noventa mil réis,
lavrando ambos igual número de folhas juntas ás repartições, as dos Al
moxarifados
vão daslhes
da fazenda terras pertencentes aos bens pessoaes, que tudo o Escri
destribuirá. *_ • |-

12 O Official papelista da repartição das Justiças, e Chancellaria


haverá por tudo cento e oitenta mil réis, e pelas Camaras as propinas,
que nellas lhe concedi.
13 O Porteiro da Junta, e Chancellaria por ambos os Oficios du
zentos e dez mil réis, fazendo á sua custa toda a casta de limpeza das
casas, e tinteiros da Junta, e Casa da fazenda, arrumação, e preparo.
14 O Escrivão da Ouvidoria geral, justificações, e executoria dos
Contos por todos estes empregos cento e vinte mil réis.
16 O Inqueredor, que tambem he solicitador das causas, e execu
ções da Casa, e bens pessoaes, por tudo duzentos e quarenta mil réis.
16 O Meirinho da Junta cento e quarenta e dous mil réis, com obri
gação de fazer todas as diligencias do Junta, suas estações, e as mais
de Meu serviço por qualquer repartição.
mo17cargo,
O Escrivão do dito Meirinho cento e vinte mil réis, com o mes

18 O Contínuo da Junta cem mil réis, fazendo por ella, e pelos Con
tos o que lhe for ordenado.
19 O Fiel do Thesoureiro da Casa, Chancellaria, e bens pessoaes
por tudo cento e oitenta mil réis.
20 Os dous Praticantes, que pela Junta fadmittidos á prática da
6]O 1758

fazenda, servindo nella continuamente, terão vinte mil réis de ordenado


cada hum, que cobrarão com certidão do Escrivão da fazenda de terem
cumprido com o que se lhes encarrega, e servirão igualmente nos impe
dimentos dos Oficiaes, na vacatura dos quaes entrarão conforme o seu
merecimento, que se Me consultará; e não se admittão outros Pratican
tes em tempo algum para a dita Casa, e os ditos dous o não ficarão sen
do dos Contos.
§. II.

1 O Superintendente, e Provedor dos Contos por ambos os cargos


terá de ordenado trezentos e quarenta mil réis.
2 O segundo Provedor Superintendente supranumerario, que tambem
he Contador, por tudo terá de ordenado o mesmo, que o Superintenden
te Provedor assima referido; e vagando os ditos lugares pelo actual pro
#", só se proverá o de Contador com duzentos mil réis de orde
Da GlO,
* O Executor dos Contos, e dívidas da Casa duzentos e trinta mil
TClS.

- 4 O Contador , que tambem he Escrivão da Superintendencia, por


ambos os Oficios, e suas intendencias trezentos mil réis.
5 O outro Contador duzentos mil réis.
6 Cada hum dos tres Escrivães dos Contos cento e cincoenta mil réis.
7 O Praticante, que Fui Servido aposentar por mercê especial em
o lugar de Escrivão, haverá em quanto for vivo cento e dez mil réis.
8 Cada hum dos tres Oficiaes do Registo terá oitenta mil réis.
9 Cada hum dos seis Praticantes do número quarenta mil réis de or
denado, que cobrarão, mostrando por certidão dos seus Contadores te
rem satisfeito
tembro de milássetecentos
obrigaçõese declaradas
cincoenta enosete.
aviso de vinte e hum de Se

10 , Vencerá cada hum dos mais Praticantes, que pelo dito aviso Fui
Servido conservar nos Contos, oito mil réis por anno, havendo por es
cusos os que, abusando da dita graça, deixarem de continuar o exerci
cio da prática; e para só se metterem em folha os que tiverem actual
residencia, destes dará o Superintendente huma relação no principio de
cada anno ao Escrivão da fazenda.
11 O Porteiro, que tambem he Guarda livros dos Contos, por ambas
as occupações terá cento e quarenta mil réis de ordenado, fazendo á sua
custa toda a casta de preparação, arrumação, e limpeza dos tinteiros,
cartorio, e Casa dos Contos.
§, III.
1 Far-se-ha assentamento no livro delle dos ordenados aqui constitui
dos, pondo se verbas de extinção nos assentos dos antecedentes, que Hei
por derogados: passando-se de tudo certidões nos Alvarás, e Cartas, a
que se referem, para titulo do que ficão vencendo os Ministros, e Offi
ciaes, que serão pagos pelas folhas da Thesouraria geral aos quarteis de
Janeiro do presente anno em diante, em quanto Eu não mandar o con
trario; e por estar já o Thesoureiro pagando pela folha deste dito anno
os ordenados antigos, o Provedor Antonio Feliciano de Andrade liquida
rá tudo o que se tiver recebido, e do resto para inteirar os novos, porá
verbas nas adicções da mesma folha, para e Thesoureiro na fórma refe
rida lhes ir satisfazendo.
2 Os ditos Ministros, e Oficiaes não levarão mais propinas da Mi
1758 6|1

nha fazenda, ou dos arrematantes dos contratos, nem ajuda de custo por
motivo algum, nem folhinhas em dinheiro, ou em especie, cera, papel,
ramalhetes, rúbricas de livros, nem as ordinarias , que o Escrivão dá
fazenda, e seus Oficiaes tinhão por fazerem as folhas, ou outra alguma
cousa, que até ao presente vencessem, ou queirão innovar; porque tudo
Hei por extincto, e nullo pela reducção aos novos ordenados, que só,
e o mais, que neste Decreto lhes concedo, haverão á custa de Minha
fazenda: e nem das partes cobrarão mais do que os emolumentos, e as
signaturas, que direiramente por Lei, ou Regimento lhes pertencerem
dos papeis, que lavrarem. |-

3. Todas as semanas haverá huma Junta, ainda que o dito de quar


ta feira seja feriado; e havendo negocios, que na mora de sua decisão
possão ter prejuizo, se farão as mais Juntas precisas: e os Officiaes além
dos dias das Juntas, irão ás Casas da fazenda, e Contos nos dias, em
que nellas tiverem que fazer, para cujo efeito os Porteiros terão tudo
prompto nos dias, que não forem feriados.
4 Por Minha fazenda se farão as despezas de papel, e mais cousas
precisas para o expediente do Tribunal, e ditas estações , e panos das
mezas, que servindo nellas tres annos, ficarão ás pessoas, que os costu
mão vencer; não se mandando pagar as taes despezas, sem constar por
certidões do Oficial maior da fazenda, e do Escrivão da Superintenden
cia dos Contos terem-se feito pelas suas repartições.
5 Quando Eu por resolução Minha conceder propina extraordinaria,
levará o Meu Secretario quinze mil réis, Deputados, e Procurador da
fazenda a doze mil réis, e cada hum dos mais Ministros, e Oficiaes a
maior, que ao presente vencia, conforme o emprego, que servir: os Of
ciaes do registo a quatro mil réis, e os Praticantes do número dos Con
tos, e os da Casa da fazenda a tres mil réis; e mandando dar lutos, ca
da hum terá o computo de tres das referidas propinas: com declaração,
que cada pessoa não veu cerá mais que hum luto, e huma propina, ain
da que sirva, ou seja proprietario de diversos cargos, ou Oficios. -

6 Por despachos da Junta se dará por huma só vez em cada doença,


de que haja sangria, ou outro remedio maior, ajuda de custo, ao Meu
Secretario de quarenta e cinco mil réis, aos Deputados, e Procurador
da fazenda de quarenta mil réis, e aos mais o computo de tres propinas
declaradas assima no número quinto, e aos Praticantes supranumerarios
quatro mil réis, não se repetindo ajuda de custo á mesma pessoa pela
mesma, ou diversa doença, sem passar hum anno, para averiguação do
que se registarão os despachos na Casa da fazenda antes de se entrega
rem ás partes, donde tirarão certidões as que quizerem requerer : e aos
Padres, e familia da Real Capella da Bemposta, que tambem nas occa
siões de doentes se lhes davão quatro mil réis de ajuda de custo, se lhes
continuarão na dita fórma, em quanto Eu não mandar o contrario.
7 Os Ministros, e Oficiaes, que servirem nos impedimentos de ou
tros, farão suas (como he concedido em varios Alvarás de Regimentos)
as assignaturas, esportulas, e emolumentos das partes, e não os impe
didos, os quaes só cobrarão por inteiro os seus ordenados, até os serven
tuarios completarem quarenta dias de serventia, e dahi em diante terão
quatro partes do ordenado, e a quinta parte o serventuario, a qual es
te, não havendo proprietario, desde que servir vencerá; e sendo serven
tia de Oficio de provimento, de que pague direitos na Chancellaria, es
tando a propriedade vaga, terá o ordenado por inteiro: e de tudo junta
rão certidões para a Junta lhes"###" 2
sem duplicação de des
6 12 1758

peza por Minha fazenda, e nada por ella haverão , nem das partes os
filhos dos proprietarios, que servirem por seus pais, ainda que para o
haverem tenhão concessão Minha, o que annullo, e ficará na fórma dos
mais Tribunaes, só o pai vencendo tudo o que toca ao seu Officio, po
dendo cobrar per si, ou por seu filho o seu ordenado.
8 Por ser incompativel, que os Escrivães dos Contos sirvão pelos Con
tadores sem largarem o exercicio dos seus Oficios, supprirão nos impe
dimentos delles alternativamente por nomeação do Superintendente, e
na mesma fórma em seus lugares os Officiaes do registo, e nos destes os
Praticantes do número pela ordem, com que forão nomeados no aviso de
sua creação, e cada hum dos ditos Oficiaes, e Praticantes servirá até
o espaço de hum mez, findo o qual, lhe succederá outro na mesma, ou
diversa serventia, para todos terem igual exercicio, e prática, perceben
do os emolumentos do lugar, que servirem, mas com o seu proprio orde
nado; e faltando algum culpavelmente ás suas obrigações, de sorte, que
seja preciso prover-se o seu lugar, ou por vacatura, a Junta Me consul
tará para Escrivães os Oficiaes do registo, para estes os Praticantes do
número, e para nelle entrarem os supranumerarios , preferindo os que
melhor Me tiverem Servido, sem total desattenção ás antiguidades, ha
vendo semelhante merecimento, e extinctos os ditos supranumerarios,
pessoas idoneas para o número, e os deste supprirão huns nos impedi
mentos justos dos outros, por ser bastante para tudo o número de seis,
que tenho determinado só haja nos Contos; porém em quanto ha supra
numerarios, poderão estes pelas suas antiguidades seguir a referida al
ternativa na substituição delles.
9 Não pagarão os arrematantes de Minhas rendas hum por cento,
dous por milhar, ou outra alguma propina de suas arrematações, fican
do só obrigados aos pagamentos do preço principal, importancia das fo
lhas dos Almoxarifados, e mais encargos, segundo suas condições.
10. As pensões impostas em alguns Oficios, continuarão em quanto
durarem as causas, por que forão concedidas, declarando-se o seu im
porte nas adicções dos novos ordenados, para por elles serem pagas as
pessoas, a quem tocarem.
11 Os Oficios, que não vão contemplados neste Decreto, fiquem na
fórma, em que se achão estabelecidos.
12 Hei por derogadas as graças, que tenho feito, e tudo o mais,
que encontre estas determinações, as quaes a Junta da Casa do Infanta
do fará cumprir. Belém 13 de Maio de 1758. (1) = Com a Rubríca do
Serenissimo Senhor Infante D. Pedro.
**

---- Impresso na Officina de Miguel Manescal.

# -***@"+ +

A… 23 de Maio de 1758, em Lisboa, na Meza grande da Relação,


e na presença do Senhor Pedro Gonçalves Cordeiro Pereira, do Conse
lho de Sua Magestade, Deputado da Meza da Consciencia, e Ordens,
Dezembargador do Paço, e Chanceller desta Casa da Supplicação, que
"(1) Vid... o Decreto de 23 de Dezembro de 1790.
I758 6 13

serve de Regedor, foi proposta a dúvida, que ha sobre o recurso, de


que deve usar-se nas Sentenças proferidas sobre reformas de autos per
didos, ou queimados, julgando huns, que da sentença, que julgava re
formados, ou não reformados, só tinha lugar aggravo de petição, ou ins
trumento; outros, que só cabia o meio de appellação, ou aggravo ordi
nario; e outros distinguindo, no caso de julgar reformados os autos, ca
bia aggravo de petição, ou instrumento; e de julgar não reformados, ca
bia appellação, ou aggravo ordinario: O que sendo por todos os Dezembar
gadores de Aggravos ouvido, se assentou pela maior parte dos votos dos
Ministros abaixo assignados, distinguindo dous casos, a saber, se os au
tos se perdêrão, ou quimárão, antes de haver nelles Sentença definitiva,
haja sómente aggravo de petição, ou instrumento das Sentenças, qué
os julgão, ou não, reformados; e se nos autos, quando se perderão, ha
via Sentença definitiva, ou está já posta em execução, haja das Senten
ças da sua reforma appellação, ou aggravo ordinario na fórma da Lei;
sendo a razão de diferença no primeiro caso, o esperar-se ainda Senten
ça definitiva no ponto principal, em que podia attender-se a algum de
feito na reforma, e tambem não ser justo houvesse nos ditos autos duas
Sentenças definitivas, huma na reforma, e outra sobre o ponto principal:
e no segundo caso, por se não esperar, depois da Sentença da reforma,
outra difiniva, e resultar daquella a qualquer dos litigantes damno irre
paravel, que só póde emendar-se por meio de appellação, ou aggravo or
dinario, na fórma da Lei do Reino Liv. 3º Tit. 69. S. 1. E para não
vir mais em dúvida, e cessar a variedade no julgar, se fez este Assento,
que assignárão com o dito Senhor Chanceller. = Como Regedor, Cordei
ro. = Mendes. = Martins = Doutor Bermudes. = Torel. = Doutor Se
queira. = Castro. = Moura. = Leite. = Carvalho. = Leitão. = Gama.
= Doutor Novaes. = Franco.

Regist, na Casa da Supplicação no Livro II. fol. 92;


e na Collecção dos Assentos a fol. 354.

# #<>*?) *-*#

Sendº Me presente, que aos Ministros nomeados para Inspectores dos


Bairros da Cidade de Lisboa se lhe não declarou Jurisdicção alguma; e
por essa causa se achão retidos na prizão alguns Réos indiciados de La
drões, sem se lhe fazerem judiciaes preguntas, e sem se lhe dar o me
recido castigo: Sou Servido conceder aos sobreditos Inspectores, toda a
precisa jurisdicção para procederem contra os referidos Réos, assim co
mo os que actualmente se achão prezos, como os que ao diante pren
derem na fórma de direito, até os sentenciarem em Relação com os Ad
juntos, que lhe nomear o Duque Regedor. O mesmo Duque, ou quem
seu Cargo servir, o tenha assim entendido e o faça executar. Belém a
7 de Junho de 1758. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro dos Decre
tos a fol. 101, vers. +
614 1758

{ #LOº# #

Sou Servido abolir, e annullar as origens, e graças, por onde forão con
cedidos os ordenados, propinas, e mais ordinarias, que até o presente
vencião os cargos, e Oficios abaixo declarados da Meza Prioral do Meu º
Grão Priorado do Crato, reduzindo-lhes tudo aos ordenados seguintes.
§. I.

1 Quando houver por bem nomiar o Meu lugar Tenente, haverá de


seu ordenado oitocentos mil réis, em que se incluem as ordinarias de tri
go, cevada, palha, e legumes, que costumavão receber seus antecesso
ICS,

2 O Meu Secretario terá duzentos mil réis de ordenado, e cobrará


os seis moios de cevada, e setenta e dous panos de palha triga á cus
ta dos rendeiros, na fórma, que até o presente lhe pagavão nas parcel;
las respectivas aos seus contratos.
3 O Meu Provizor, e Vigario Geral das terras do Priorado, e Con
servador geral da Religião duzentos e vinte mil réis; e pela folha do Al
moxarifado da Commenda de São Bras tres moios de cevada.
4 O Ouvidor Geral da Fazenda, e os mais Deputados da Meza, ha
verá cada hum, de seu ordenado, duzentos mil réis. -

5. O Dezembargador Antonio Freire de Andrade Encerrabodes, que


servia os cargos de Deputado, Procurador da Fazenda , e Chanceller,
na fórma da mercê, que lhe fiz em dous de Janeiro de mil e setecentos
quarenta e oito, vencerá duzentos, e noventa mil réis; e o mesmo terá
sempre de ordenado o Procurador da Fazenda , que juntamente será
Chanceller, e Deputado; porém em quanto servir os ditos cargos o De
zembargador José Ricalde Pereira de Castro, haverá mais os setenta e
dous mil réis, que lhe tenho concedido.
6 O Secretario da Meza Prioral, e Escrivão da Fazenda della, tre
zentos das
préço e trinta mil réis,
rematações dosem que entra o hum por cento, que cobrava do
contratos. •

7 O Thesoureiro, e Executor Geral de todas as dívidas, e rendas


duzentos e oitenta mil réis; entrando dezaseis mil réis para o seu fiel,
ematações.
a parte, que costumava vencer nos dous por milhar do preço das re

8 O Escrivão da Thesouraria, setenta e cinco mil réis.


9 O Escrivão da Provizórias, e visitas das terras do Priorado, e Re
ligião, cincoenta mil réis.
10 . Nomeio para Oficial papelista da Fazenda, e Secretaria da Me
za a Antonio de Castro de Oliveira com trinta mil réis de Ordenado; e
por vacatura, o dito Oficio, se proverá em quem Eu for Servido.
11 O Escrivão da Chancellaria, Porteiro, e Page dos papeis, cento
e dez mil réis; e na folha do Almoxarifado da Commenda de São Bras
hum moio de trigo.
12 O Continuo da Meza, cincoenta e seis mil réis; cumprindo tam
bem tudo, o que se lhe determinar pela Contadoria.
, 13 . O Agente Fiscal dos negocios do Priorado , cincoenta e seis mil
réis; incluindo-se tudo, o que vencia, e os oito mil réis, que levava pe
1758 6I 5

la folha do Almoxarifado da Commenda de São Bras, pela qual só ven


cerá os dous moios de trigo, e trinta alqueires de cevada, que nella lhe
vão lançados.
14. Cada hum dos Advogados das causas do Priorado terá dezaseis
mil réis de ordenado.
15 O Meirinho da Provizória, Meza Prioral, e Contadoria, quaren
ta e quatro mil réis; fazendo todas as diligencias, que pelas ditas partes
lhe forem carregadas.
16 O Escrivão do dito Meirinho; trinta e quatro mil réis, com as
ditas obrigações.
- §. II.

l O Superintendente, e Provedor da Contadoria, por ambos os em


prêgos, duzentos mil réis.
2 O Contador da dita Contadoria, noventa mil réis.
3 O seu Escrivão, setenta mil réis.
4 Cada hum dos dous Praticantes do expediente da Meza da Supe
rintendencia, e do registo, quarenta mil réis.
, 5 Os dous Praticantes, que hão de servir na Meza do Contador, te
rá cada hum vinte mil réis de ordenado. •

6 Por nomiação do Superintendente servirão os ditos Praticantes no


expediente da Meza, registro, e nos impedimentos de Contador, e Es
crivão, conforme entender mais conveniente a Meu Real serviço; e pa
ra succederem nos Oficios, que vagarem na Contadoria, a Meza Me
consultará em primeiro lugar, o que melhor Me tiver servido, sem to
tal desatenção ás antiguidades em igual merecimento, não se accrescen
tando em tempo algum o número dos referidos quatro Praticantes; e fal
tando algum culpavelmente ás suas obrigações, ou por vacatura, será
provido o seu lugar em pessoa idonea por proposta do Superintendente,
que a Meza Me consultará.
§. III.
1 O Almoxarife do Almoxarifado da Commenda de São Bras terá de
ordenado, pela folha do mesmo Almoxarifado, cincoenta mil réis, em
que entra tudo, o que percebia pela Thesouraria Geral; e assim mais te
rá dous moios de trigo, e trinta alqueires de cevada.
: 2 O Escrivão do Almoxarifado da Commenda de São Bras, que tam
bem he Escrivão da Ouvidoria, Tombos, Executoria Geral, e Tabellião,
por tudo levará de ordenado, na folha da Thesouraria, noventa mil réis;
e na folha do dito Almoxarifado hum moio de trigo, e tres moios de ce
vada.
§. IV.
I No livro do Assentamento se assentarão os ditos ordenados, extin
guindo-se por verbas os assentos dos antecedentes, de que se passarão
certidões nos titulos por onde os percebião os referidos Ministros, e Of
ficiaes, os quaes pelas folhas da Thesouraria Geral, e do Almoxarifado
da Commenda de São Bras, cobrarão, o que por cada huma dellas lhe
fica pertencendo, na fórma das suas addicções, desde o dia de São João
Baptista do presente mez em diante, em quanto Eu o houver por bem,
e não mandar o contrario. +

2 Nada mais vencerão por Minha Fazenda, nem das rematações dos
Contractos os ditos Ministros, e Oficiaes, por annullar, e extinguir as
6 16 1758

propinas, ajudas de custo, rubricas de livros, hum por cento, e dous


por milhar das rematações, e tudo o mais, que por qualquer Titulo fôs
se estilo levarem, ou pertendão innovar, e só pelos papeis, que lavra
rem terão das partes os emolumentos, e assignaturas, que por Lei, ou
Regimento lhes tocarem. •

3 Na tarde do Sabado, de cada semana haverá Meza, a qual se po


derá transferir para outro dia da mesma semana, quando o dia de Saba
do for de guarda, ou feriado; de sorte que nella sempre haja a dita Me
za para a expedição das partes; e além das ditas tardes, os Oficiaes da
Contadoria irão a ella, quando o Superintendente lhes determinar.
4 O Porteiro da Meza á sua custa fará a limpeza da casa, e tintei
ros, tendo tudo preparado nos dias, em que se fizer, e nos das Assem
bleas, a que assistirá, e o Continuo, Meirinho, e seu Escrivão nos seus
lugares competentes.
5 O papel, e mais couzas precisas para o expediente do Tribunal, e
Contadoria, e panos das Mezas, se pagarão á custa de Minha Fazenda,
seguindo se o estilo até o presente praticado. •

6 Quando Eu por resolução Minha conceder propina extraordinaria,


levarão o Meu lugar Tenente, Secretario, e mais Ministros, e Oficiaes,
a maior propina, que ao presente vencião; e ao Oficial da Fazenda, e
Praticantes da Contadoria, a tres mil réis; e mandando dar lutos, ca
da hum terá o computo de tres propinas; com declaração, que cada pes
soa não vencerá mais que hum luto, e huma propina, ainda que sirva,
ou seja proprietario de diversos cargos, ou oficios.
7 Por despachos da Meza se dará por huma só vez em cada doença,
de que haja sangria, ou outro remedio maior, ajuda de custo, de sessen
ta mil réis ao Lugar Tenente, de quarenta mil réis a cada hum dos car
gos, a que já estavão concedidos, e aos mais Oficiaes o computo de tres
propinas assima declaradas no número sexto; não se repetindo ajuda de
custo á mesma pessoa pela mesma, ou diversa doença, sem passar hum
anno; para averiguação do que, se registarão os despachos no livro do
registo do expediente da Meza, antes de se entregarem ás partes, de
donde tirarão certidões, as que quizerem requerer.
8 Nos justos impedimentos, em que os Ministros, e Oficiaes sirvão
huns pelos outros, farão os serventuarios suas proprias as assignaturas,
e emolumentos das partes, levando por inteiro os impedidos os seus or
denados; porém, sendo por vacatura, vencerá o serventuario a quinta
parte do ordenado em todo o tempo, que servir até se prover a proprie
dade; o que não se entende a respeito das serventias, em que se pro
vém pessoas de fóra; porque sendo de Oficio, que tenha proprietario na
fórma da Lei do Reino, lhe pagará a terça parte o Serventuario, e de
Oficio vago vencerá elle o ordenado por inteiro.
9 Os filhos dos proprietarios, servindo nos impedimentos de seus Pais,
nada vencerão pela Minha Fazenda, ou das partes; e só poderão cobrar
o proprio, que toca a seu Pai, sem dupplicação de ordenados, ou emo
lumentos. • •

lo Não pagarão os rematantes de Minhas rendas hum por cento, dous


por milhar, ou outra alguma propina de suas rematações; ficando só obri
gados aos pagamentos do preço principal, importancia das folhas dos Al
moxarifados, e mais encargos, segundo suas condições.
11 As penções impostas em alguns Oficios, continuarão, em quanto
durarem as cauzas, porque forão concedidas; declarando-se o seu impor
te nasquem
soas, addicções dos novos ordenados, para por elles serem pagas as pes
tocarem. •
1758 | 617

e 12 Os Oficios, que não vão contemplados neste Decreto, fiquem na


fórma, em que se achão estabelecidos. +

13 A Méza Prioral fará cumprir, tudo o que nestas determinações


se contém. Belém 10 de Junho de 1758. (1) = Com a Rubríca do Se
remissimo Senhor. Infante D. Pedro. -

Impr na oficina de J. da Silva da Natividade.


2 - *. * …

Plano que Sua Magestade Mandou remetter: ao Duque Regedor, para se


regular o alinhamento das Ruas, e reedificações das casas, que se hão
de erigir nos terrenos, que jazem entre a Rua Nova do Almada, e Pa
daria, e entre a extremidade Septentrional do Rocio, ate o Terreiro
do Paço exclusivamente. , , " " ... <>
… … - - -

*"" . * * * … , º

< 1 A ntes de tudo Manda Sua Magestade


retificar as prohibições dos
Editaes que mandou publicar, para prohibir, que se edificasse dentro
nos limites, que o mesmo Senhor determinou para a Cidade de Lisboa,
antes de baixarem os Planos della: suspendendo, e fazendo cessar a di
ta prohibição por ora, sómente a respeito do alinhamento das Ruas, e
Edificios, que se edificarem nos terrenos assima confrontados, determi
nando a respeito, das referidas Ruas o seguinte.…
2. A Rua larga de S. Roque, formando-se huma Praça com a regu
laridade possivel entre o adro da dita Igreja, e as casas de D. João de
Lancastre: e sahindo della huma Rua de cincoenta e quatro palmos de
largo, até acabar na porta travessa da Igreja do Loreto, formando-se
para as casas hum prospecto uniforme em simetria, e altura, como o que
abaixo se refere. • • •• •

3 A Rua das Portas de Santa Catharina, principiando no largo do


Loreto com cincoenta e quatro palmos que tem, até o largo onde se se
parão os caminhos para a Calçada de Paio Navaes, e para a Rua Nova
do Almada: principiando-se a adoçar proporcionalmente o declivio des
de o dito largo do Loreto, até o outro assima declarado, de sorte que
quando chegar a elle tenha menos que vencer na descida do Chiado.
. 4 Em segundo lugar se deve continuar da mesma sorte, e com a mes
ma largura, desde o Chiado até á Calcetaria, levantando se nesta com
entulhos, o que possivel for, e der a livelação para ficar mais impercep
tivel o declivio. -

5 No meio desta obra ficão duas cousas dignas de attender-se: pri


meira, o largo irregular, e torpe, assima referido: segunda, a chama
da Calçada de Paio Novaes, indigna de ser Rua de huma Côrte ainda
no estado antecedente. E para que fique tudo reduzido a termos decoro
sos, resolveo S. Magestade, que se continue no referido largo a mesma
Rua de cincoenta e quatro palmos, largando-se o mais aos vizinhos, e
rompendo-se até o fim da Rua dos Espingardeiros, e angulo, que fica na
extremidade Meridional do Rocio; ou onde mais conveniente for, para
ficar mais esta communicação ampla, e decorosa entre o Bairro Alto, e
a Cidade baixa.

e (1) Vid, o Alvará de 18 de Dezembro de 1790. . .


Iiii
618 1758

6 E a figura da referida mudança se acha bem distincta na Planta


num.
util.
5, configuração 10, no caso de não haver outra, que pareça mais
/** •

7 Quanto aos prospectos destas duas Ruas, parecem competentes por


nobres, e por simplices, os que se contém na configuração 7, com estas
declarações: a saber.
8 Primeira, que as casas das referidas Ruas, que houverem de ter
cocheiras, e estribarias, as terão nas Travessas.
9 Segunda, que fica prohibido fazerem-se de armação as casas do ter
ceiro andar; ordenando-se pelo contrario, que sejão os tectos de esteira,
e os vigamentos embarbados nos frexaes, e os mesmos frexaes nos centros
das paredes, ganhando-se tambem assim approveitarem-se os vãos das
elevações dos madeiramentos, para a guarda dos móveis, e para a com
petente accommodação das familias. •

10 Terceira, que nas aguas furtadas se hão de configurar, e fazer


trapeiras, que não só dão luz, e ar para conservação das madeiras, e
móveis, e para a claridade, e respiração dos que nellas habitão, mas
ao mesmo tempo servem de ornato ao prospecto da Rua: figurando nos
edificios mais hum andar de casas, para o que se costumão nas outras
Cortes chegar estas trapeiras, á face dos edificios, o mais que he possi
vel. : : : • - -

11 Quarta, que na Rua, larga de S. Roque, e na das Portas de San


ta Catharina, em que ha casas nobres, parece necessario imitar se o
prospecto das casas do Rocio; figurando-se de porção em porção de ter
teno hum portico de logem, que seja entrada decente para as ditas ca
sas nobres. - • -

12 Em segundo lugar, como os edificios nobres, e sumptuosos, que


se fazem no lado Septentrional do Terreiro do Paço, he justo, e neces
sario, que para se lograr a sua formosura, e servirem de ornato á Cor
te, fiquem por todas as partes manifestos, e principalmente pela banda
do Norte; já se vê, que tudo isto he incompativel com a conservação
da torpe Rua, que antes se chamava Confeitaria: e que todos os pros
pectos destes edificios devem cahir sobre huma Rua larga, e principal,
que póde ser a Rua Nova, conservando-se nesta o nome da antiga; e
discorrendo desde o principio da Calcetaria, onde entra nella a Rua No
va do Almada, até a extremidade Meridional da Rua dos Ourives da
Prata: ficando nella ao Norte a dita Rua dos Ourives; ao Sul, a parte
della, que se continuar pelo largo do Pelourinho, até entrar na outra
Rua, que vem do Terreiro do Paço para a Ribeira.
13 E como esta bella Rua não deve ter pela banda do Nascente, on
de precisamente acaba, hum termo tão torpe, como he a obliqua, e es
treita passagem, que vai do Mal Cozinhado, e das Carneçarias por de
traz da Misericordia para entrar na Ribeira: He S. Magestade Servido,
que se mascare esta passagem com hum portico, não de edificio público,
mas sim particular, por onde sómente se communiquem os que forem de
pé em serventia do povo miudo, como se acha praticado nas outras Cor
tes em casas semelhantes: evitando se tambem assim dous inconvenien
tes tão grandes, como são: primeiro, a devassidão de huma grande par
te do terreno da Misericordia: segundo, o de não haver entre a Rua,
que viesse da Rua Nova, e entre a que sahe do Terreiro do Paço para
a Ribeira, o espaço competente para o concurso de ambas aquelas Ruas,
sem que na parte Occidental da Ribeira fizessem grande deformidade.
14 O prospecto desta Rua, parece que seja da mesma elevação dos
| 758 619
Y

edificios do Terreiro do Paço, mas com diferente simetria: compondo-se


do número de andares, que couberem na sua altura, sendo as lojas de
dezaseis palmos de pé direito; da mesma proporção os primeiros anda
res; e repartindo-se o que resta para encher a altura, com proporção pe
los outros andares, que couberem : com tanto, que as portas das lojas
sejão iguaes nas medidas; as janellas do primeiro andar de sacada, as
do segundo de peitoril hum pouco mais pequenas; e as dos mais anda
res da mesma sorte; mas diminuindo sempre com proporção nos andares
mais altos.
15 A largura desta Rua deve ser de sessenta palmos: divididos de
sorte, que quarenta delles fiquem livres no meio para as carruagens:
tendo no meio a sua cloaca de dez palmos de largo, e quatorze de
alto, e que por cada lado fiquem dez palmos para a passagem da gen
te de pé, com seus colunellos em justa proporção entre a Rua, e as di
tas passagens para impedir que nellas entrem as carruagens, como se
acha praticado em Londres.
16 E como estas cloacas não só servem para a expedição das aguas
do monte, que entrão na Cidade; mas tambem para por elas se evacua
rem as immundicies das casas dos habitantes dos dous lados das Ruas,
que assim conseguem a limpeza contínua das suas casas, e tambem evi
tarem as despezas, que com ella fazião na Cidade antiga: a elles, e não
á
daCidade
hum nacompete a edificação,
sua respectiva e conservação das mesmas cloacas, ca
testada. • -

17 Em terceiro lugar as duas Ruas nobres, que sahem do Terreiro


do paço para o Rocio pela Rua dos Ourives do Ouro, e pela dos Odrei
ros devem
a Rua ser em
Nova, larguras,
pelas mesmesprospectos,
razões, quee fórma de edificação iguaes com
ficão ponderadas. •

18 Em quarto lugar as Ruas, que devem cortar as que ficão assima


apontadas, ou Travessas, que são indispensavelmente necessarias para
a serventia da Cidade, e para a liberdade do ar, e da luz, até dos mes
mos habitantes das Ruas principaes, basta que sejão allinhadas com a
largura de quarenta palmos, a saber, vinte delles livres para as carrua
gens, e dez por cada banda para a gente de pé; sendo nos prospectos
destas Ruas as janellas de peitoril em todos os andares, e formando-se
nellas as cocheiras, e cavalharices, de quem as houver mister para a
sua accommodação.
19 Em quinto lugar restão neste Plano da Cidade baixa tres porções
de terreno, em que ao mesmo tempo se deve edificar necessariamente,
os quaes são: primeiro, o que jaz entre a Rua Nova do Almada, a Cal
cetaria, a Rua dos Ourives do Ouro, e Rocio, e voltando delle pela Rua
dos Espingardeiros, Ascensão, Crucifixo, até entrar outra vez na Calce
taria: segundo, o outro intervallo, que jaz entre a Rua dos Ourives do
Ouro, Rua Nova, Lagar do Sebo, e Rocio: terceiro, o que jaz entre a
dita Rua do Lagar do Sebo, e a Praça da Palha, Beco da Comedia, Rua
das Arcas, Largo de S. Nicoláo, Correaria, até sahir defronte da Igreja
da Magdalena.
20 No primeiro dos ditos terrenos não he necessaria alguma Praça
em razão de ficar vizinho ao Rocio, e ao Terreiro do Paço, e de estar
pelo Nascente, e Poente entre as duas bellas, e largas Ruas do Alma
da , e dos Ourives do Ouro. ,
21 Donde resulta, que tudo o que ha que fazer neste terreno, são
duas cousas, a saber: primeira, cortallo com as Travessas, que se vem
na configuração 10 do alinhamento da c" ou outras
lll 2
semelhantes,
620 1758
tendo cada hum a largura de quarenta palmos, e não mais, divididos na
fórma assima declarada: segunda cortar a Rua, que se acha delineada
entre as duas assima referidas, passando da Rua da Calcetaria ao Cruci
fixo, e delle á Victoria em huma linha recta; e dando-se aos Padres Con
gregados o angulo entrante, que está no largo do dito Crucifixo, em lu
gar de algum pedaço que se lhe tome em cima para romper a Calçada
de Paio Navaes, na fórma que fica declarada. •

22 No outro intervallo, que jaz entre a Rua dos Ourives do Ouro,


Rua Nova, Lagar do Sebo, e Rocio, tambem não ha outra cousa, que
fazer, mais do que cortar com Travessas de quarenta palmos de huma
para a outra das referidas Ruas na maneira assima declarada o referido
terrenO.
23 E porque nelle se comprehende a Igreja de S. Julião: Ha Sua Ma
gestade por bem, que esta se possa mudar para o largo da antiga Patriar
cal, fundando-se em parte do terreno, que era da referida Igreja, na
conformidade do Breve, que o mesmo Senhor impetou de Sua Santida
de para este efeito. •

24 E no terceiro, e ultimo intervallo do terreno, que jaz entre o La


gar do Sebo; a Praça da Palha, o Beco da Comedia, Rua das Arcas,
Correaria, até sahir defronte da Igreja da Magdalena, tambem não ha
verá nada mais que fazer, do que cortar o mesmo terreno com Traves
sas da mesma largura em justas proporções.
25 E porque nelle se comprehende a Igreja Paroquial da Conceição
Nova, se deve esta mudar da mesma sorte para o largo da Santa Igreja
Patriarcal, na fórma da referida faculdade Pontificia, tendo alli situação
mais decorosa, e terreno para ae accommodar competentemente, como
se vê da Planta, que tem feito Eugenio dos Santos de Carvalho para as
Ruas, que sahem do Terreiro do Paço.
26 A mesma mudança se póde praticar com a Igreja da Conceição
Velha, ou dos Freires, para o referido largo da Santa Igreja Patriarcal,
ou
da para
Praçao do
meio de qualquer
Rocio, dosmais
onde será douspropria.
lados Septentrional, ou Meridional

27 Em sexto, e ultimo lugar, pelo que pertence ás compensações dos


terrenos, que se devem devassar para alargar as Ruas, e Travessas, re
solveo Sua Magestade, que se procedesse na maneira seguinte.
Rua larga de S. Roque até o Loureto.
28 Tendo esta Rua em muitas partes huma disforme largura, e ex
cedendo em todas as mais partes os cincoenta e quatro palmos, que se
lhe hão de dar para ficar em proporção com a Rua das Portas de Santa
Catharina: e devendo alargar-se as Travessas , que vão por hum lado
para a Igreja da Trindade, e pelo outro para a Rua das Gáveas: se po
dem indemnizar os donos dos terrenos, que forem devassados, compen
sando-se-lhes palmo por palmo naquelles terrenos excessivos, o que se
lhes tomar nos que são necessarios; e permittido-se-lhes, se avencem até
ás extremidades da nova Rua, que se deve fundar com cincoenta e qua
tro palmos de largura sómente.
1 .

Rua direita das Portas de Santa Catharina.

29 Nesta Rua não ha que compensar, porque fica com a largura, que
tem actualmente: sendo porém necessario alargar as Travessas, que nel
1758 621
la desembocão, se deve ratear por todos os moradores dos lados, donde
ficarem as referidas Travessas, e dos que tiverem casas em ambos os la
dos, o valor dos terrenos devassados, em beneficio seu, na conformida
de da Lei de 12 de Maio proximo precedente.
Chiado, e Rua Nova do Almada.

30 Nestas Ruas, e Travessas, que dellas houverem de sahir, se de


ve praticar o mesmo, que fica estabelecido a rospeito da Rua direita das
Portas de Santa Catharina.

Calçada de Paio de Navaes. *

31 O Terreno, que se devassar desde o largo, que está no Chiado,


até sahir á nova Rua, que Sua Magestade tem determinado, até o Pla
no do Rocio; se ha de compensar em parte com a parte do terreno do
referido largo, que não for necessario para a dita Rua. E não sendo bas
tante, se deve ratear o mais valor pelos visinhos confrontantes, que fi
carem nas frentes da referida Rua, como aquelles, que nella se interes
são, tirando as suas Propriedades de hum Beco precipitado, para fica
rem situadas em huma Rua larga na fórma da disposição da referida Lei.
Terreno, que jaz entre a Rua Nova do Almada, Rua dos Ourives do Ou
ro, Calcetaria, e Rocio; voltando delle pela Rua dos Espingar
deiros, Ermida da Ascensão, e Crucifixo, até entrar
outra vez na Calcetaria.

32 Sendo certo, que as casas, que se achavão situadas na Rua dos


Ourives do Ouro, e della até á Rua dos Escudeiros, tinhão muito maior
valor incomparavelmente, do que as ontras casas, que estavão situada
nos Becos estreitos, sordidos, e escuros, que jazião no centro do terre
no assima confrontado: E pedindo por isso a equidade, de que Sua Ma
gestade he sempre Supremo Protector, e as Leis, e Ordens estabeleci
das pela Real Providencia do mesmo Senhor, para se observar a este
respeito a mesma equidade, que os Proprietarios dos terrenos, situados
na sobredita fórma, fiquem lucrando, ou perdendo, cada hum á propor
ção do estado, em que se achava no calamitoso dia primeiro do Novem
bro de 1755: Resolve Sua Magestade. •

33 Que regulando-se pelos Tombos, que se fizerão em virtude de De


creto de 29 de Novembro do mesmo anno, as Propriedades, que tinhão
a sua frente nas ditas Ruas largas, as fiquem conservando na mesma fór
ma, nas que de novo se fizerem.
34 Que os outros donos das Propriedades, que as tinhão nos referi
dos Becos, as fiquem conservando nas novas Travessas, em quanto for
possivel.
35 Que todos sejão compensados com terrenos palmo por palmo, de
frente, e de fundo, em quanto o premittirem os terrenos das Ruas, e
dos Becos, que antes erão publicos, e o espaço, que antes havia no lar
go, que estava no fim da Rua dos Ourives, ou na dos Escudeiros; a fa
vor de cuja compensação está serem os Becos muitos, e muito menos as
Travessas, que se hão de deixar.
36 Que os terrenos pertencentes a particulares, que se houverem de
devassar nestas circunstancias, por não bastarem o dito largo, e Becos,
622 |- 1758

para se completar o novo alinhamento, sejão sempre tomados nos mes


mos Becos, e não nas Ruas que antes erão largas; porque sendo menor
o valor destes terrenos situados em Becos, haverá tambem por este prin
cipio menos, que ratear pelos Proprietarios das Ruas, e Travessas, a
cujo favor se devassarem.
37 E que em fim a assignação, demarcação, e adjudicação destes
novos terrenos, se faça de tal sorte, que as sobreditas propriedades fi
quem situadas pela mesma ordem, em que o estavão antes do Terremoto;
isto he, ficando mais visiuha da Calcetaria pela banda do Sul, da Rua
dos Ourives do Ouro pela do Nascente, da Rua Nova do Almada pelo
Poente, e do Rocio pelo Norte, as propriedades, que assim estavão si
tuadas antecedentemente.


Terreno, que jaz entre a Rua
Lagar dos Ourives
do Sebo, e Rocio.do Ouro, Rua Nova,

38 Neste intervallo de terra manda Sua Magestade praticar o mes


mo, que fica prevenido debaixo do paragrafo proximo precedente em
todas as suas partes, para ficarem com a frente na Rua dos Ourives do
Ouro, dos Escudeiros, do Lagar do Sebo, e do Rocio, as Propriedades,
que antes estavão situadas naquellas Ruas largas com preferencia ás que
jazião dentro dos Becos, e Ruas mais estreitas.
Terreno, que jaz entre o Lagar do Sebo, Praça da Palha Beco da
Comedia, S. Nicoláo, Correaria, e lado Occidental da Rua
dos Ourives da Prata.

39 Tambem no alinhamento das Ruas, demarcação, e adjudicação


dos terrenos particulares, sitos no sobredito intervallo, Manda Sua Ma
gestade praticar as mesmas equidades, que ficão referidas debaixo do
paragrafo 28, e especialmente para ficarem nas Ruas direitas, e de maior
passagem, e a mais distantes, ou mais perto do mar, as casas que an
tes estavão situadas nesta conformidade.

Terreno, gue confina pela banda do Sul com os edificios do lado Septen
trional do Terreiro do Paço, pela banda do Poente com os mesmos
edificios, pela banda do Norte com a Rua Nova dos Mercadores, Rua
dos Ourives da Prata, Carneçarias, e Mal-cosinhado; e pela do Nas
cente com a Casa da Misericordia, propriedades, que estão nas cos
tas della.

40 Neste espaço de terra são muito limitados os solos de cada huma


das Propriedades, que nelle se contém; vendo-se pelo Tombo a peque
nhez das frentes, e dos fundos, que as ditas Propriedades occupavão ao
tempo, em que forão arruinadas pelo Terremoto, e abrazadas pelos in
cendios, que depois delle se seguírão.
41 Sendo porém as ditas Propriedades tão uteis pelos avultados rendi
mentos, que produzião aos seus respectivos donos ainda naquella peque
nhez, se fazem nellas mais dignas de attenção as compensações dos ter
renos, que se devassar para as Ruas publicas, e Travessas, que as hão
de cortar para as serventias, luzes, e ar livre das casas, que no mesmo
espaço se hão de edificar. E o que Sua Magestade resolveo a este res
peito, he o seguinte
1758 623
42 Em primeiro lugar: devendo a antiga Rua Nova dos Ferros, e
antiga Rua da Confeitaria ser ruduzidas a huma só, e unica Rua, com
a denominação de Rua Nova de ElRei: nos terrenos, que antes occupa
vão as referidas duas Ruas; pareceo, que ou haverá o espaço, que bas
te, ou não faltará muito para se alinhar a nova Rua, que deve contar
se com a largura de sessenta palmos por fóra edificios, que formarem o
lado Septentrional do Terreiro do Paço na fórma assima declarada.
43. Em segundo lugar: devendo tambem sahir do Terreiro do Paço
actual tres Ruas da mesma largura de sessenta palmos; a saber: as duas,
que vão ao Rocio, e a terceira, que vai metter-se na que hoje se chama
dos Ourives da Prata: Manda Sua Magestade compensar os terrenos das
referidas duas primeiras Ruas, em que sómente se póde considerar agul
ma falta, primeiro com os terrenos publicos, que antes occupavão as duas
passagens, dos Arcos dos Pregos, e dos Barretes, e com os que occupa
vão tambem os Beccos, que havia naquelle sitio pertencentes ao público;
e depois onde não chegarem as ditas passagens; e Becos; com o chão, que
no largo do Pelourinho, e do Veropezo ficar livre da Rua, que por elle
deve passar para se meter na dos Ourives da Prata; sendo escusado o
dito largo do Pelourinho em tanta visinhança do Terreiro do Paço, e das
bellas, e largas Ruas, que ficão apontadas.
44. Em terceiro lugar: no caso de se achar (depois de se haverem
feito as ditas computações de terrenos) que nas referidas Ruas, Arcos
de passagem, e Becos de Cidade antiga, sobeja alguma porção de ter
reno, depois de se haver adjudicado a cada hum dos respectivos Proprie
tarios o mesmo espaço de chão, que antes tinhão, computado palmo por
palmo, na fórma que fica declarada debaixo do paragrafo 28; se dê conta
a Sua Magestade para applicar o mesmo terreno accrescido como lhe pare
cer justo: e no caso de faltar algum espaço para se fazer completo o alinha
mento das referidas Ruas, se devem preferir para serem devassados aquel
les chãos, que não tinhão Proprietarios certos, e que erão communs, por
pertencer o solo a huma pessoa, e o ar delle a diferente dono: avalian
do-se estes terrenos communs pelo que rendião antes do Terremoto com
o abatimento da ruina, que tiverão: e rateando-se o valor delles por to
dos os que edificarem no espaço de terra, que se contém debaixo deste
titnlo na fórma da Lei de 12 de Maio proximo precedente, em razão do
maior valor, a que pelo dito alinhamento hão de subir as suas casas. E
no caso de não chegarem ainda os terrenos communs, se devem devas
sar antes os livres, do que os de Morgados, ou Capellas.
45 Em quarto, e ultimo lugar: dando-se caso, no qual algum, ou al
guns dos Becos, que actualmente existem no sobredito terreno, ou com
sahida, ou sem ella, pertencendo os edificios, que nelles se achavão a
hum, ou muitos moradores (podendo conservar-se da mesma sorte, em
que antes estavão sem deformidade do prospecto das Ruas; e obrigan
do-se os que nelles quizerem edificar a mascarallos de sorte, que sem de
turparem, nem desfiguarem o dito prospecte exterior, fiquem no inte
rior dos mesmos Becos conservando a luz, e o ar, de que necessitarem
para o seu particular commodo, por fórma de pateo, ou saguão) se lhe
poderá premitir nestes habeis termos, que assim o pratiquem, e até que
tapem a sahida dos referidos Becos em tal caso; quando não for de pre
cisa necessidade pública para serventia da gente de pé a passagem, que
por elles se fizer. Belém a 12 de Junho de 1768. = Sebastião José de
Carvalho e Mello.
Impr. avulso.
624 1758

{ 3ktoºk +

Fui Servido ampliar, por Decreto da data deste, a jurisdicção, que


desde a calamidade do Terremoto do primeiro de Novembro de 1755,
conferi ao Duque de Lafões, Meu muito amado, e prezado Primo, pa
ra ordenar os Tombos, desentulhos, e segurança pública das Ruas, e
edificios da Cidade de Lisboa, e o mais concernente a estas materias,
extendendo-lhe agora a mesma jurisdicção a tudo, o que pertencer á ex
ecução das Leis, e Ordens, que tenho mandado expedir para a reedifi
cação da dita Cidade; e commettendo-lhe a Inspecção das Obras, que
nella se fizerem, para o alinhamento das Ruas, e simetria das casas. A
cujos fins nomeará para cada Bairro hum Ministro da Casa da Supplica
ção, que lhe parecer mais proprio, para nelle executar as suas ordens,
respectivas ao qne tenho determinado pela Lei de 12 de Maio proximo
recedente, e houver de determinar ao dito respeito; e encarregará tam
{# ao mesmo tempo quaesquer outros Ministros subalternos, que lhe
parecerem necessarios para mais prompta expedição das diligencias, que
se houverem de fazer, assim para a boa, e facil preparação dos terrenos -
em que se ha de edificar, na conformidade da sobredita Lei, como pa,
'ra o alinhamento das Ruas, e regularidade dos propectos das casas, se
gundo for por Mim determinado nos diferentes Planos, e Providencias,
que forem baixando para se edificar, conforme o estado, e circunstancias
de cada hum dos terrenos, em que se houverem de levantar os edificios.
Pelos mesmos Ministros Inspectores dos Bairros, em que se for edifican
do, se expedirão todas as diligencias necessarias para as preparações, e
avaliações dos referidos terrenos, ou sejão livres, e enfiteuticos, ou se
jão vinculados: em cujos casos de pertencerem a Prazos, ou a vinculos,
se farão por elles as informações para a Meza do Desembargo do Paço,
e para onde mais direito for: Quando as partes se considerarem grava
das em algumas das referidas avaliações, ou se houverem de interpor
quaesquer Aggravos, dependentes dellas, e das preparações dos terre
nos, ou de outro algum acto pertencentes ás ditas reedificações: Orde
nei ao mesmo Duque, que os sobreditos Ministros Inspectores (cada
hum delles pelo que pertence ao seu Bairro ) como mais instruidos pela
experiencia, que hão de ter nestas materias da sua incombencia, fossem
Relatores certos na Casa da Supplicação para sentenciarem os ditos
Aggravos verbalmente (como tenho ordenado) com os Adjuntos, que
elle lhe nomear, achando-se na Casa, ou o Ministro, que no seu lngar
presidir ao tempo, em que se houverem de julgar os sobreditos Aggra
vos: e tudo, não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, Disposições,
Resoluções, ou Ordens em contrario; e sem embargo da Constituição
Zenoniana, e Opiniões de Doutores, que permitem annunciação das mo
vas obras, quando impedem a vista do mar: porque quero, que perfira,
como deve preferir, ao interesse particular das ditas nunciações a utili
dade pública da regularidade, e formosura da Capital destes Reinos em
todas as Ruas, cujos edificios forão, arruinados pelo Terremoto, e abra
zados com os incendios, que a elle se seguírão; e naquellas, que se re
duzirem a huma regular simetria. A Meza do Desembargo do Paço o
1758 | 625

tenha assim entendido, e o faça executar pelo que lhe pertence. Belém
a 12 de Junho de 1768. (1) = Com a Rubrica de Sua Magestade. _-

* * Impr. avulso,
#=-k*<>"#--+

I PARA o DU a UE REGED o R. J
T Llustrissimo e Excelentissimo SENHOR. = Sua Magestade Manda re
metter a V. Excellencia o Decreto incluso, para fundar, e extender á
jurisdicção de V. Excelencia a todas as materias concernentes á reedifi
cação da Cidade de Lisboa, e á nomeação dos Ministros, que devem ex
pedir as muitas diligencias, que fará precisas huma obra tão grande, e
tão digna da grandeza do animo do mesmo Senhor, e do exemplar zelo,
e completo acerto, com que V. Excelencia se emprega no Serviço Real.
. . . Tambem Sua Magestade Manda passar ás mãos de V. Excellen
cia o Plano, que vai com o mesmo Decreto, em que vão decididas pelo
mesmo Senhor todas as dúvidas, que se propozerão nas ultimas Confe
rencias sobre a reedificação da parte da Cidade, que jaz desde o largo
de S. Roque até o Chiado, da Rua Nova do Almada até á Padaria, e
da extremidade Septentrional do Rocio até o Terreiro do Paço: para
que V. Excelencia mande alinhar, e abrir as Ruas, e Travessas, de
que trata o mesmo Plano, na conformidade do que nelle se acha resoluto
por S. Magestade: e para que depois destas diligencias possão estabele
cer-se sobré principios certos quaesquer Decretos, ou Resoluções, que V.
Excelencia ache, que são necessarios ao dito respeito, para remover nos
casos occorrentes quaesquer dúvidas, que necessitem da especial, e im
mediata Providencia do dito Senhor.
Fico ainda expedindo o Plano do Rocio, para o enviar da mesma
sorte a V. Excelencia com a participação das Providencias, que S. Ma
gestade deu a respeito della, e das Ruas, que hão de desembocar pela
banda do Nascente, Norte, e Poente, naquella bella Praça.
+ E sempre V. Excelencia me achará para executar as suas ordens
com a mais fiel, e obsequiosa promptidão. Deos guarde a V. Excellen
cia. Belém a 16 de Junho de 1758. = Mais obsequioso, e fiel cativo, de
V. Excellencia. = Sebastião José de Carvalho e Mello: *1 * *

Impr, avulso juntamente com o Plano antecedente.


* * ** *

- - " -** * * - * # #*<>$ $ * ,


|-
, º
• -

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem : Que, por quanto
no preambulo do Capitulo sexto do outro Alvará, e Regimento dos Or
denados do Presidente, Deputados, e mais Ministros da Repartição da
Meza da Consciencia, e Ordens, publicado em vinte e tres de Março de
mil setecentos e cincoenta e quatro, Ordenei, que querendo o Provedor,
e Administrador das Capellas do Senhor Rei Dom Afonso IV. nomear
(1) Para o Senado da Camara desta Cidade se passou outro Decreto semelhante com
a mesma data de 12 de Junho de 1758. - **

Kkkk .
626 1758

Ouvidor, como lhe estava permittido, lhe pagaria á sua custa: E tem
mostrado a experiencia, que os Ministros da graduação de que sempre
forão os referidos Ouvidores, a qual nunca foi menor, do que a de De
sembargador da Casa da Supplicação, se não conformão a receber Orde
nado, que não seja pago pela Minha Real Fazenda: Hei por bem, que
os Ouvidores, que forem nomeados pelo dito Provedor, tenhão, e hajão
de seu Ordenado hum moio de trigo, e outro de cevada, com que a mes
ma Ouvidoria foi creda, para lhes ser annualmente pago pelas rendas
das ditas Capellas; além dos cento e noventa e dous mil réis, que Fui
Servido determinar ao dito Provedor; não obstante o mesmo Regimento,
que Hei por derogado nesta parte, e quaesquer disposições contrarias:
E levarão mais os sobreditos Ouvidores todas as Assignaturas, e emolu
mentos, que direitamente lhes pertencerem, á custa das Partes. -

Pelo que: Mando ao Presidente, e Deputados da Meza da Cons


ciencia, e Ordens, ao Provedor, e Administrador das referidas Capel
las, e a todos os mais Ministros, e Pessoas, a quem o Conhecimento
deste pertencer, o cumpräo, e guardem, e o fação cumprir, e guardar,
sem dúvida alguma, e tão inteiramente, como nelle se contém. E vale
rá como Lei, ou Carta, feita em Meu Nome, por Mim assignada, e
passada pela Chancellaria, ainda que por ella não passe, e o seu efeito
haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Ordenações em con
trario. Dado eme Belém
ra de ElRei, aos 21 de Junho
a do Ministro. . . de 1758. = Com a Assignatu

Regist. no Livro da Chancelaria das Capellas do Se


nhor Rei Dom Affonso o IV., a fol. 16°, e impr.
avulso.

*-*****-*
-

º -

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presente, que de annos a esta parte se tem transportado
das Ilhas da Madeira, e dos Açores para estes Reinos tão grande núme
ro de pessoas de ambos os sexos, que em menos de hum anno excedêrão
o número de mil: E tendo consideração aos gravissimos damnos, que in
dispensavelmente hão de resultar, se não restringir pela Minha Real Pro
videncia aos Naturaes, e Habitantes das mesmas Ilhas, a liberdade, de
que tanto tem abusado, passando-se para estes Reinos, sem mais causa,
que a viciosa repugnancia do trabalho, porque fogem dos necessarios ex
ercicios servis, e da louvavel applicação da Agricultura, em que se po
dem empregar em commum beneficio: Accrescendo a estes outros ain
da maiores inconvenientes, como são o de se diminuirem as Povoações,
e o de se dificultarem os transportes dos casaes para as Colonias, que
tenho mandado estabelecer nos Meus Dominios Ultramarinos: Por todos
estes justissimos motivos, Sou Servido prohibir, que pessoa alguma de
hum, e outro sexo, de qualquer qualidade, e condição que seja, possa
sahir das Ilhas da Madeira, e dos Açores para estes Reinos, e suas Con
quistas, e para os Paizes Estrangeiros, sem Passaporte passado pelo Go
vernador, e Capitão General da Ilha da Madeira, ou quem seu cargo
servir, e pelas Pessoas encarregadas do Governo das mais Ilhas adjacen
tes: Precedendo as Justificações necessarias das justas causas, porque
1758 627

são obrigadas a viajar, ou mudar de domicilio perpétua, ou interinamen


te. E para que em materia de tanta importancia se evitem as contraven
ções, que se poderão maquinar contra a exacta observancia deste Alva
rá: Hei outro sim por bem, que o sobredito Governador, e Capitão Ge
neral da Iha da Madeira, e as mais Pessoas encarregadas do Governo das
Ilhas dos Açores, mandem por pessoas da sua confiança fazer as diligen
cias mais exactas, no tempo immediato ao da partida de todas, e quaes
quer embarcações, assim Portuguezas, como Estrangeiras, que das di
tas Ilhas houverem de fazer viagem para os diferentes Pórtos do seu des
tino: e achando a bordo dellas algumas Pessoas determinadas a ausen
tar-se sem o necessario Passaporte; as mandem prender, e deter nas
Cadeias públicas das Cidades, e Villas, por tempo de dous mezes pela
primeira vez, e de quatro nos casos de reincidencia. Na mesma pena de
prizão, e de cem mil réis pagos da Cadeia, ametade para o denuncian
te, e a outra ametade para as obras das Fortificações das sobreditas Ilhas,
incorrerão os Mestres das Embarcações, assim Portuguezas, como Es
trangeiras, que legitimamente constar terem concorrido expressa, ou ta
citamente, para o claudestino transporte dos Naturaes, e Habitantes das
Ilhas para fóra dellas sem Passaporte. E logo que chegarem a quaesquer
Pórtos destes Reinos, serão obrigados a dar conta dos Passageiros, que
trazem, e a apresentar o Passaporte de cada hum delles no Porto de Lis
boa ao Ministro, que Eu tiver nomeado para fazer as visitas dos Navios,
que chegarem dos Pórtos do Brazil: no do Porto ao Chanceller da Rela
çãn da mesma Cidade; e nos mais Pórtos ao Corregedor da Comarca res
pectiva, e na sua ausencia ao Juiz de Fóra da Cidade, ou Villa mais vi
sinha: suspendendo-se o desembarque de todas as Pessoas, que nas re
feridas embarcações se transportarem, em quanto não forem visitadas
pelos ditos Ministros, e na mesma fórma, que se pratíca com as do Bra
zil: com penas
mesmas a communicação de proceder contra os transgressores com as
assima estabelecidas. •

Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa


ço, Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda,
Chanceller da Relação, e Casa do Porto, Governador, e Capitão Gene
ral da Ilha da Madeira, ás Pesoas encarregadas do Governo das Ilhas dos
Açores, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e mais Oficiaes
dellas destes Reinos, e Ilhas adjacentes, a qne pertencer o conhecimen
to deste Alvará, que o cumprão, e guardem, e fação cumprir, e guar
dar tão exacta, e inteiramente, como nelle se contém, sem dúvida, ou
embargo algum, não obstante quaesquer Leis, Regimentos, Disposi
ções, Costumes, ou estilos contrarios. E para que venha á noticia de
todos Mando ao Desembargador do Paço Manoel Gomes de Carvalho,
do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos, que o faça publicar
na Chancellaria, e enviar por Cópias impressas a todos os Tribunaes,
Ministros, e mais Pessoas, que o devem executar; registando-se em to
dos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Alvarás, e man
dando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém a 4 de Ju
lho de 1758. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios da Ma
rinha, e Dominios Ultramarinos no livro do Regis
to das Leis, e Alvarás a fol. 10., e impr. avulso.

Kkkk 2
628 1758

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem : Que Sendo-Me
presente, que nas casas, que a Junta do Commercio destes Reinos, e
seus Dominios tem alugadas no sitio da Cotovia para as suas Conferen
cias, ha competentes accommodações, para nellas se recolherem as fa
zendas apprehendidas por tomadias, não sendo das que devem ser leva
das á Alfândega do Assucar da Cidade de Lisboa: E que resultaria des:
ta nova providencia não sómente a melhor conservação das ditas fazen
das, por haver alli armazens muito mais espaçosos do que aquelles, que
actualmente tem o Deposito público; mas ainda a facilidade das vendas
pela maior frequencia do povo, que concorre naquelle sitio, onde se po
dem fazer os Leilões com mais socego, e maior expedição do que na Pra
ça do referido Deposito: Hei por bem Ordenar que, em quanto Eu não
mandar o contrario, todas as mercadorias, qne do dia da publicação des
te Alvará em diante se apprehenderem pelos Oficiaes da dita Junta do
Commercio, ou por quaesquer outros, que não forem os da sobredita
Alfandega, sejão levadas aos armazens das casas, em que a mesma Jun
ta tem as suas Conferencias, e que delles se fação as vendas, e as arre
matações das fazendas apprehendidas, com assistencia de dous Deputa
dos, e do Provedor della junto das mesmas casas; sem embargo das Dis
posições dos Alvarás de treze de Novembro de mil setecentos cincoenta
e seis, e de vinte e seis de Outubro do anno proximo passado de mil se
tecentos cincoenta e sete, e de quaesquer outras Leis, Regimentos, Fo
raes, Ordens, ou Estilos contrarios, que Sou Servido derogar nesta par
te, ficando aliás sempre em seu vigor; e conservando-se a fórma da ar
recadação do producto das referidas vendas, que se acha ordenada no
sobredito Alvará de vinte e seis de Outubro do anno proximo preceden
te de mil setecentos cincoenta e sete.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Dosembargo do Pa
ço, Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda,
Presidentes do Conselho Ultramarino, da Meza da Consciencia e Ordens,
e do Senado da Camara, Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e mais
Officiaes, e Pessoas, a quem o conhecimento deste pertencer, o cumpräo,
e guardem sem dúvida alguma, e tão inteiramente como nelle se contém.
E valerá como Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella não
passe, e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, não obstantes
as Ordenações em contrario: Registando-se em todos os lugares, onde
se costumão registar semelhantes Leis: Mandando-se o Original para a
Torre do Tombo. Dado em Belém aos 11 dias do mez de Julho de 1758.
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
no Livro II da Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios a fol. 125 vers., e impr, na Impres
são Régia.
1758 629

Sendo Me presentes os notorios erros de facto, e de Direito, com que


por parte de Antonio José da Costa, se embargou a nomeação, que o
Guarda Mór da Torre do Tombo Manoel da Maia, fez de João Francis
co Sande para o lugar de Guarda Livros daquelle Archivo, pertendendo,
que fôsse Oficio sujeito ao Direito consuetudinario o sobredito Lugar
contra a sua matnreza, sendo na realidade huma simples incumbencia,
que ainda na supposição de ser Oficio, bastaria ser daquelles, que por
si nomeia o dito Guarda Mór, para que como Donatario não melitasse
nelle o Direito consuetudinario: Sou Servido que a sobredita nomeação
se cumpra, e que o Alvará de mantimento passado em virtude della,
passe pela Chancellaria, sem embargo dos ditos embargos, e do despa
cho que os havia mandado remetter ao Juizo dos feitos da Fazenda. O
Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e faça executar, mandan
do separar dos Autos, e entregar á Parte o sobredito Alvará; e fican
do na inteligencia (para mais não vir em dúvida) de que os dous Guar
das Livros, os dous Oficiaes da reformação, o Porteiro, e o Barredor do
dito Archivo, são meras incumbencias, não só da livre nomeação do mes
mo Guarda Mór, mas tambem ao seu arbitrio amoviveis, como pessoas
da sua approvação, e confiança em lugar de tanto recato e importancia
para o Meu Real Serviço, e bem Coumum de Meus Vassallos. Belém 14
de Julho de 1758. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Liv. 1.° dos De
cretos, e Avisos, a fol. 28.

Sendº Me presente em Consulta da Junta do Commercio destes Reinos


e seus Dominios, que mandei vêr por Ministros de Letras, Doutos, e
Timoratos, com cujo parecer, Fui Servido conformar-Me, que os Réos
condemnados a Gallés e ao trabalho das Obras públicas, se tem repeti
das vezes amotinado, usando de facas, e outras armas, e instrumentos
ofensivos, com que chegarão a ferir gravemente os Soldados , que se
achavão de guarda no Arsenal da Ribeira das Náos, aggravando aquel
le os mais insultos precedentes com as sublevações, que ultimamente fi
zerão na Praça que se acha destinada para o Bolça do Commercio con
tra o Mestre João Ferreira Cangalhas debaixo de cujo Governo se acha
vão, pertendendo matallo, e clamando em altas vozes, que morresse, co
mo haveria succedido, a não o soccorrerem contra os sobreditos Béossu
blevados, que a experiencia de muitos actos da mesma natureza tem
mostrado incorregiveis por efeito das penas extraordinarias com que fo
rão castigados, sem dellas resultar a necessaria emenda em hum delicto
de tão perniciosas consequencias: Sou Servido, que o Doutor Manoel
José da Gama e Oliveira, Desembargador da Casa da Supplicação, to
mando este Decreto por corpo de delicto, e inquerindo sobre elle deva
çamente as Testemunhas necessarias, para constar dos referidos insul
63O 1758

tos e seus authores; logo que se acharem provados pelo número de teste
munhas, que parecer competente, proponha os Autos em Relação, e nel
la os sentenceie summaria, e verbalmente com os adjuntos, que lhe no
mear o Regedor, ou quem seu cargo servir, procedendo de plano na con
formidade dos Meus Reaes Decretos de quatro de Novembro de mil se
tecentos e cincoenta e cinco, impondo a pena ordinaria aos Cabeças das
ditas duas ultimas sedicções até ao número de seis, e aos que o excede
rem entre os principaes Réos as de presenciarem as execuções, e serem
depois dellas açoutados á vista do Patibulo: A referida pena ordinaria
será imposta daqui em diante irremissivelmente a todos aquelles dos di
tos Réos condemnados ao serviço das Obras e ministerios publicos, que
fizerem semelhantes sedições contra as pessoas, que os applicarem ao
trabalho público, a que forem destinados, ou concorrerem para as ditas
sublevações, ou guardarem nas casas em que se recolhem, ou fóra dellas
qualquer arma prohibida pelas Minhas Leis; conservando-se sempre aber
ta a referida Devaça para por ella se proceder privativamente pelo sobre
dito Ministro, e na referida conformidade em todos os casos occorrentes:
O Duque Regedor, ou o Ministro que seu cargo servir o tenha assim en
tendido, e faça executar, mandando afixar este por Edital, que se con
servará sempre nos lugares publicos, e portas do Arsenal; e ordenando,
que no mesmo Edital se declare especificamente quaes são as armas, cu
jo uso terá a sobredita pena, para que chegue á noticia de todos; e exe
cutando-se tudo o referido, não obstante, quaesquer Leis, Disposições,
ou Costumes contrarios. Belém a 18 de Julho de 1758. = Com a Ru
bríca de Sua Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI. dos


Decretos a fol. 15.

# #«…>…ºk.--+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presentes em Consulta da Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios, que Mandei vêr por Pessoas do Meu Conselho,
Doutas, e Timoratas, com cujos pareceres Fui Servido conformar-Me,
as notorias obrepções, subrepções, e falta de informação, com que foi
expedido o Alvará de vinte de Fevereiro de mil setecentos quarenta e
oito, que derogou, e declarou os de vinte de Março de mil setecentos
trinta e seis, e de vinte e cinco de Abril de mil setecentos trinta e no
ve, que havião permittido navegarem-se para o Brazil mil caixas em dous
Navios da Ilha da Madeira, outras mil em outros dous Navios da Ilha
Terceira; quinhentas em hum da Ilha de São Miguel; e outras quinhen
tas em outro da Ilha do Faial: Sou Servido cassar, e revogar, para que
da publicação deste, em diante, fique sem efeito o dito Alvará de vin
te de Fevereiro de mil setecentos quarenta e oito, permittindo sómente,
que os Moradores das ditas Ilhas, em lugar de cada hum dos Navios de
quinhentas caixas, que devião navegar, possão expedir tres, ou quatro
de menos porte, para maior facilidade daquella navegação; com tanto,
que vão das sobreditas Ilhas em direita viagem para os pórtos do referi
do Estado carregados dos generos, que ellas produzem, e nellas se fabri
cão, e não de outra sorte.
1758 * 631

- . Pelo que : Mando aos Provedores da Minha Fazenda das ditas


Ilhas, e a todas as Pessoas, a quem pertencer, cumprão, e guardem
este Meu Alvará, e fação cumprir, e guardar como nelle se contém,
que será registado nos livros das ditas Providencias, e das Camaras, e
nas mais partes costumadas. Belém a 20 de Julho de 1758. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist., na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
- e no Livro da Junta do Commercio destes Reinos, e
seus Dominios a fol. 126 vers., e impr. avulso.
+

* *

#--Neonºr #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que havendo-se-Me representado pela Junta da Administração da Com
panhia geral do Grão Pará, e Maranhão, que em razão de ter esta Com
panhia a honra de ser por Mim fundada, e de girar debaixo da Minha
immediata Protecção o seu Commercio, se fazia de huma indispensavel
necessidade, que nelle resplandecessem as Minhas Paternaes intenções
com a providencia, e com a prática de huma exuberante boa Fé em to
dos os Pórtos, a que o mesmo Commercio se extende, e em todas as
Pessoas, que o manejão em nome da dita Companhia; de sorte, que en
chendo com o seu zelo, e fidelidade as obrigações de Administradores
públicos dos cabedaes da dita Companhia, estabelecida para o serviço de
Deos, e Meu, e para o Bem Commum dos Meus Vassallos das referidas
Capitanías; fação notoriamente vêr em todos os seus procedimentos,
que trabalhão sem outros fins, que não sejão os de tão necessarios, e pro
veitosos objectos: e procurando em ordem a elle obviar tudo, o que pos
sa: ser interesse, e negociação particular dos ditos Administradores dos
Pórtos, onde a mesma Companhia faz, ou fizer o seu commercio; e tu
do, o que póde ser prevaricação em tão dilicados exercicios: Estabele
ço, que da publicação deste em diante, os Administradores, Feitores,
Caixeiros, ou quaesquer outras Pessoas, que servirem a sobredita Com
panhia em qualquer dos Pórtos do Ultramar, não possão per si, ou por
interpostas pessoas, directa, ou indirectamente, por qualquer via, mo
, ou maneira, que seja, fazer Commercio algum particular, ou inte
ressar-se, com as Pessoas, que o fizerem, em quanto forem Administra
dores; Feitores, ou Officiaes pagos, ou constituidos para o manejo do
Commercio Geral da dita Companhia; para as vendas, e compras das
fazendas seccas, ou molhadas, a ella pertencentes; ou ainda para are
cadação, e custodia das mesmas fazendas: E tudo debaixo das penas de
nullidade dos Contratos, que os ditos Administradores , Feitores, ou
Oficiaes fizerem, depois de haverem transgredido, a observancia desta
Lei; não só pelo que pertence ás contravenções della; mas tambem a to
dos, e quaesquer outros Contratos, celebrados em seu beneficio, os quaes
ordeno, que não produzão efeito, nem possão prestar impedimento em
Juizo, nem fóra delle; de ficarem inhabilitados para Commerciarem , e
para receberem qualquer honra Civil, ou Militar; e de pagarem anovia
do, ametade a favor de quem os delatar, e outra ametade a beneficio dos
interessados na mesma Companhia, todo o valor das fazendas, e gene
ros, com que houverem traficado; e de serem irremissivelmente açouta
632 I758

dos pelas ruas públicas dos lugares, onde se commetterem os delictos:


Incorrendo os nelles comprehendidos em todas as sobreditas penas cum
mullativamente. E porque as perniciosas consequencias, de que serião
tão reprehensiveis crimes contra o crédito, e interesses da mesma Com
panhia, e contra o Bem Commum do Estado, que faz o seu objecto, re
querem de sua natureza toda a mais exacta precaução para não ficarem
impunidos os que os commetterem: Ordeno outro sim, que as denúncias
delles se possão dar, e tomar em inviolavel segredo, que será sempre
guardado, como segredo de Justiça; com tanto, que as contravenções,
que forem denunciadas, se justifiquem depois pela corporal apprehensão
das fazendas: Sendo Juizes privativos nestes casos os Provedores da Mi
nha Real Fazenda, que forem Ministros de letras, os quaes depois de
prepararem os processos, os sentencearão em Junta, com os tres Minis
tros de letras, que lhe ficarem mais vizinhos, na presença do Governa
dor do Estado, que terá nestes casos voto de qualidade: Procedendo-se
verbalmente, e de plano, guardados sómente na defeza dos Réos os ter
mos substanciaes, que são de Direito natural: E executando-se sem ou
tra appellação, ou aggravo, o que se vencer pela pluralidade dos votos
E este se cumprirá tão sem dúvida alguma, e tão inteiramente como nel
le se contém, sem embargo de quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás,
Disposições, Ordens, ou estilos contrarios, que Hei por bem derogar pa
ra este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor. E para que
chegue á noticia de todos, e se não possa alegar ignorancia: Mando,
que seja afixado annualmente por Editaes nas portas das Alfandegas ao
tempo das chegadas das Frotas; e que logo seja mandado registar nos
livros
tanías.das Camaras de todas as Villas dos Territorios das roferidas Capi
• • * ** # ** *

Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Paço,


Regedor da Casa da Supplicação, Védores da Minha Real Fazenda, Pre
sidente do Conselho Ultramarino, Vice-Rei, e Capitão General do Es
tado do Brazil, e a todos os Governadores, e Capitães Móres delle; co
mo tambem aos Governadores das Relações da Bahia, e Rio de Janeiro,
e Desembargadores dellas; e a todos os Provedores, Ouvidores, Juizes,
Justiças, e mais Pessoas, a quem o conhecimento deste pertencer , o
cumpräo, e guardem, e o fação cumprir, e guardar, como dito he... E
ordeno ao Desembargador do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu
Conselho, e Chanceller Mór do Reino, que o faça publicar na Chancel
laria, e remetter os transumptos delle impressos, na fórma do estilo, a
todos os Tribunaes, e Ministros; registando-se nos livros, onde se cos
tumão registar semelhantes Leis, e mandando se o Original para a Torº
re do Tombo. Dado em Belém aos 29 de Julho de 1758. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro. º •
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Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino ….


no livro da Companhia Geral do Grão Pará, e Ma- … .
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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem:


Que sendo-Me presente por parte da Junta da Administração da Com
1758 633

panhia Geral do Grão Pará e Maranhão, que sobre a intelligencia do


Paragrafo dezoito da Instituição da mesma Companhia se tem movido dif
ferentes questões naquelle estado entre os Ministros de Justiça delle, e
os Commandantes das Frotas: Pedindo-Me, que para cessar toda a dúvi
da, e se conservar sempre huma perfeita harmonia entre os ditos Otli
ciaes Militares, e Ministros Civís, houvesse por bem declarar a Minha
Real intenção-, para se observar o sobredito Paragrafo no seu verdadei
ro, e genuino sentido: Sou Servido declarar, que a isenção, estabele
cida pelo mesmo Paragrafo, se deve entender, para não poderem as Pes
soas nelle conteúdas ser embargadas, constrangidas, ou molestadas pelos
Governadores, e Ministros Politicos, Civís, ou Criminaes dos Pórtos, a
que se dirigem: E para que no caso de deserção das Náos, e Navios,
ou de crimes pertencentes á Navegação, e disciplina da Marinha, sejão
os Réos castigados pelos Commandantes das Frotas, sem dúvida algu
ma: Porém nos outros casos de commetterem nos Pórtos, onde se acha
rem, ou nas terras delles, quaesquer outros crimes prohibidos pelas Mi
nhas Leis, cujo castigo dependa da jurisdicção contenciosa; serão sujei
tos os mesmos Réos a todos, e quaesquer Ministros Civís, ou Crimi
naes, quanto á prizão, e á Autuação dos delictos: Com tanto, que de
pois de prezos os Réos, e de formados os Autos das suas culpas, os re
mettao immediatamente, sem delles tomarem outro conhecimento, aos
Juizes Conservadores da mesma Companhia, a quem toca processallos,
dar-lhes livremento,
parecer, que he justo.e sentenciallos, como por suas culpas, e defezas
• - - lhes

Pelo que: Mando ao Presidente do Conselho Ultramarino, ao Vi


ce-Rei, e Capitão General do Estado do Brazil, e a todos os Governa
dores, e Capitães Móres delles; como tambem os Governádores das Re
lações da Bahia, e Rio de Janeiro, e Desembargadores d llas; e a todos
os Provedores, Ouvidores, Juízes, Justiças, e mais Pessoas, a quem o
conhecimento deste pertencer, o cumprao, e guardem, e o fação cum
prir, e guardar tão inteiramente, como nelle se contém, sem embargo
de quaesquer Leis, Regimentos, Disposições, Ordens, ou estilos con
trarios, que Hei por bem derogar para este efeito sómente, ficando aliàs
sempre em seu vigor. E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
posto que por ella não passe, e o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstante as Ordenações em contrario: Registando-se em to
dos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandan
do-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém no 1.° de A
gosto de 1758. = Com a Assignatura de ElRei, ea do Ministro... …
t Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino,
no Livro da Companhia Geral do Grão Pará, o Ma …,
ranhão, a fol. 118., e impr, avulso. • •

* * * • .

** {

E… 8 de Agosto de 1758, em Lisboa, na Meza grande da Relação,


e na presença do Senhor Pedro Gonçalves Cordeiro Pereira, do Conse
lho de Sua Magestade, Deputado da Meza da Consciencia e Ordens,
Desembargador do Paço, e Chanceller desta Casa da Supplicação, que
serve de Regedor, foi posto em dúvida, se ºq………
}
do Liv. 6.” Tit.
634 1758

115. §. 25., que ordena se proceda por devaça contra os Passadores de


Gados para fóra do Reino, comprehendia tambem os que fazião Carnei
radas, Chibarradas, Boiadas, e varas de Porcos, na fórma dos $$. 22,
e 23. do mesmo Tit. aonde se estabelecem a estes as mesmas penas or
denadas contra os Passadores, como se lê nos versiculos: E fazendo o
contrario, incorrerá em pena de Passador; e; e não o cumprindo assi,
incorrerão na pena de Passadores: de que parece que sendo as penas as
mesmas, deve tambem preceder o mesmo meio de devaça. E sendo por
todos os Desembargadores de Aggravos ouvido, foi por elles uniforme
mente assentado, que a referida Ordenação não tinha lugar nos que fa
zião Carneiradas, Chibarradas, Boiadas, e Varas de Porcos: por não ser
bastante, para o procedimento de devaças, estabelecer-se contra estes
as mesmas penas ordenadas contra os Passadores de Gados para fóra do
Reino; sendo a razão principal não se ordenar expressamente na dita Or
denação, ou em outros lugares della o procedimento de devaça contra
es que fazem Carneiradas &c., assim como se ordenou contra os Passa
dores, e prohibir a Ordenação do Liv. 1.º Tit. 65, §. 68. o tirar devas
sas de casos, que se não acharem declarados nella, ou em outras Orde
nações, anmullando as ditas devaças, de outro modo tiradas; e ser outro
sim o negocio de materia penal, que não admitte por Direito extensão:
E para não vir mais em dúvida, se fez este Assento, que assignárão com
o dito Senhor Chanceller. Como Regedor. = Cordeiro. = Mendes. =
Castro. = Boroa. = Mourão. = Carvalho. = Lemos. = Franco. =
Leite. = Torel. = Martins. = Mesquita. = Barros. =Doutor Sequei
ra. = Doutor Souto. = Oliveira. = Doutor Bermudes. = D’antas. =
Doutor Martins.

Regiu, no Livro II da Supplicação a fol. 93., e na


Collecção a fol. 365.

# # td>"}}=*#

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de confirmação virem:


Que sendo-Me presente o Regimento, que baixa incluso, e tem por ti
tulo: Directorio, que se deve observar nas Povoações dos Indios do Pa
rá, e Maranhão, em quanto Sua Magestade não mandar o contrario =
deduzido nos noventa e cinco Paragrafos, que nelle se contém, e publi
cado em tres de Maio do anno proximo precedente de mil setecentos e
cincoenta e sete por Francisco Xavier de Mendonça Furtado, do Meu
Conselho, Governador, e Capitãó General do mesmo Estado, e Meu
Principal Commissario, e Ministro Plenipotenciario nas Conferencias so
bre a Demarcação dos Limites Septemtrionaes do Estado do Brazil: E
que sendo visto, e examinado com maduro conselho, e prudente delibe
ração por Pessoas doutas, e timoratas, que Mandei consultar sobre esta
materia se achou por todas uniformemente, serem muito convenientes,
para o serviço de Deos, e Meu, e para o Bem Commum, e felicidade da
quelles Indios, as Disposições conteúdas no dito Regimento: Hei por
bem, e Me praz de confirmar o mesmo Regimento em geral, e cada hum
dos seus noventa e cinco Paragrafos em particular, como se aqui por ex
tenso fossem insertos, e transcriptos: E por este Alvará o confirmo de
Meu proprio Motu, certa Sciencia, Poder Real, e absoluto; para que
I758 635

por ele se governem as Povoações dos Indios, que já se achão associa


dos, e pelo tempo futuro se associarem, e reduzirem a viver civilmente.
Pelo que: Mando ao Presidente do Conselho Ultramarino, Rege
dor da Casa da Supplicação, Presidente da Meza da Consciencia, e Or
dens; Vice-Rei, e Capitão General do Estado do Brazil, e a todos os
Governadores, e Capitães Generaes delle; como tambem aos Governa
dores das Relações da Bahia, e Rio de Janeiro; Junta do Commercio
destes Reinos, e seus Dominios; Junta da Administração da Companhia
Geral do Grão Pará, e Maranhão; Governadores das Capitanías do Grão
Pará, e Maranhão, de S. José do Rio Negro, do Piauhi, e de quaes
quer outras Capitanías; Desembargadores, Ouvidores, Provedores, In
tendentes, e Directores das Colonias; e a todos os Ministros, Juizes,
Justiças, e mais Pessoas, a quem o conhecimento deste pertencer, o
cumprão, e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente,
como nelle se contém; sem embargo, nem dúvida alguma; não obstan
tes quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás, Provisões, Extravagantes,
Opiniões, e Glossas de Doutores, costumes, e estilos contrarios: Por
que tudo Hei por derogado para este efeito sómente, ficando aliás sem
pre em seu vigor. E Hei outro sim por bem, que este Alvará se regis
te com o mesmo Regimento nos livros das Camaras, onde pertencer,
depois de haver sido publicado por Editaes: E que valha como Carta
feita em Meu Nome, passada pela Chancellaria, e selada com os Sel
los pendentes das Minhas Armas; ainda que pela dita Chancellaria não
faça transito, e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem em
bargo das Ordenações em contrario. Dado em Belém aos 17 dias do mez
de Agosto de 1758. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
no Livro da Companhia Geral do Grão Pará, e
Maranhão, a fol. 100., e impr. na Oficina de Mi
guel Rodrigues juntamente com o Diretorio de 3 de
Maio de 1757.

*——ºk.…ºk-—}

Srs…M. presente, que pela grande extracção dos Assucares, que se


tem transportado para fóra destes Reinos, depois da chegada das ultimas
Frotas, se acha este genero reduzido a huma diminuição tal, que todos
os Assucares, que por exame constou estarem recolhidos nos armazens
da Cidade de Lisboa, apenas poderão bastar para o ordinario consumo
dos Habitantes della: E sendo ao mesmo tempo informada dos deshuma
nos monopólios, que no anno proximo precedente se fizerão do referido
genero, com a occasião de outras semelhantes extracções, que devendo
fazer-se sómente do superfluo, se extenderão desordenadamente até ao
mesmo Assucar, que era necessario: Sou Servida prohibir o embarque,
e a sahida de todos os Assucares brancos, que se acharem na terra;
comprehendendo ainda aquelles que já estiverem vendidos, e despacha
dos para fóra do Reino; exceptuando sómente os que até o dia da data
deste, estiverem efectivamente a bordo dos Navios, que devem trans
portallos; debaixo da pena de perdimento de todos os que se occultarem,
ou embarcarem depois desta Minha Real F"#", a favor dos Offi
2
636 * * 1758

ciaes, ou pessoas, que os denunciarem. E Sou Servida outro sim, pro


hibir debaixo da mesma pena, e das mais, que por Direito se achão es
tabelecidas contra os que fazem monopólios, que do dia da publicação
deste em diante, se possa vender qualquer Assucar por preço, que ex
ceda aquelle, que actualmente corre, sem o menor accrescentamento,
por minimo que seja; como tambem que pessoa alguma ouse comprar
partidas do mesmo genero em groço, para tornar a vender tambem em
groço; debaixo das sobreditas penas. E para que tudo o referido se pos
sa observar com a exactidão, que he necessaria para o Bem commum
dos Meus Vassallos; Ordeno que a Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios, proceda logo a fazer huma exacta Relação de todos os
Assucares, que se achão na Cidade de Lisboa, e seu districto, assim
nos Armazens publicos, como nos particulares; e que delles não possão,
sahir sem guia da mesma Junta, em que se declare, as mãos a que pas
são as partidas, que forem vendidas do referido genero, para que a to
do o tempo conste com certeza, dos lugares onde o deve achar quem
delle tiver necessidade. Nas mesmas penas incorrerão as pessoas, que oc
cultarem o referido genero, e o não derem ao manifesto assima orde
nado. •

Sou Servida outra sim, que o Desembargador Conservador da


mesma Junta, seja Juiz privativo de todas as denúncias, e causas per
tencentes á execução deste: E que as julgue na Relação de plano, em
huma só instancia, com os Adjuntos, que lhe nomear o Regedor , ou
quem seu cargo servir, não obstantes quaesquer Disposições contrarias.
A sobredita Junta do Commercio o tenha assim entendido, e faça exe
cutar pelo que lhe pertence, mandando logo afixar este por Edital, pa
ra que chegue á noticia de todos. Belém a 14 de Setembro de 1758. =
Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.
{
+---+"<>"+ }

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem, que
sendo-Me presente, de que sem embargo de que no Capitulo sexto, Pa
ragrafo primeiro do Alvará de tres de Dezembro de mil setecentos e
cincoenta, em que houve por bem annullar, cassar, e abolir a Capita
ção, com que naquelle tempo contribuião os moradores das Minas Ge
raes, excitando, e restabelecendo no lugar della o Direito Senhorial dos
Quintos, se acha literalmente expresso, de que em todo o ouro descami
nhado, e na importancia da pena, em que incorrem os descaminha
dores delle, pertence ametade, não só aos que denuncião, mas tam
bem aos que descobrem o sobredito descaminho; ainda assim se movem
dúvidas sobre a sua intelligencia; controvertendo-se, se o beneficio do
referido prémio se deve restringir sómente aos que descobrem os contra
bandos por acto voluntario, e livre; ou se deve extender-se igualmente
aos que achão, e descobrem o mesmo contrabando, quando o buscão, e
descobrem por obrigação do seu ministerio, e oficio; como succede (por
exemplo) aos Soldados das patrulhas, e Oficiaes, de Justiça: Sou Servi
do declarar, que o sobredito beneficio deve comprehender igual, e indis
tinctamente ambos os referidos casos, de ser o descobrimento feito vo
luntariamente por pessoas particulares, ou pelas pessoas, que o buscão,
e achão por obrigação dos seus ministerios, e oficios, como os sobredi
1758 • 637

tos Soldados, e Oficiaes de Justiça: comprehendendo-se nesta Declara


ção, não só os casos futuros, mas tambem os preteritos,
E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém. E que
ro que tenha força de Lei, e valha como Carta; posto que o seu efeito
haja de durar mais de hum, anno; sem embargo da Ordenação em con
trario, e de quaesquer outras Leis, as quaes Hei por derrogadas para
este efeito sómente, eomo se dellas fizera especial menção.
• Pelo que: Mando ao Regedor da Casa da Supplicação, ao Con
selho Ultramarino, Governador da Relação, e Casa do Porto, Vice-Rei
do Estado do Brazil, Governadores, e Capitães Generaes de todos os
Meus Dominios Ultramarinos, Desembargadores das Relações da Bahia,
e Rio de Janeiro, Oficiaes, e Pessoas destes Meus Reinos, e Senhorios,
que o cumprão, e guardem, e fação cumprir, e guardar tão inteiramen
te, como nelle se declara. E Mando ao Doutor Manoel Gomes de Car
valho, do Meu Conselho, e Chanceller Mór dos mesmos Meus Reinos,
e Senhorios, que o faça publicar na fórma costumada, e enviar os exem
plares delle onde he costume, para que seja a todos notorio. E se regis
tará em todos os lugares, em que se costumão registar semelhantes Leis;
remettendo-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Belém a 3
de Outubro de 1758. = Com a Assignatura de Sua Magestade, e a do
Ministro. :: …
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li
vro das Leis, o fol. 110 ; e impr. na Officina de Mi
guel Rodrigues.

+=#*@º#A-+--+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Declaração, e Amplia


qão virem, que por quanto no Regimento, com que novissimamente re
gulei os emolumentos dos Ministros, e Oficiaes de Justiça do Estado
do Brazil, Fui Servido ordenar, que os Carcereiros possão levar cento
e vinte réis cada dia pelo sustento dos Escravos, que são prezos nas suas
respectivas cadeias; e Sou informado de que os ditos Carcereiros além
de reduzirem o sustento dos referidos Escravos a huma pequena porção
de milho cozido, em que só fazem de gasto vinte réis, cada dia; costu
mão servir-se delles, mandando-os, contra a disposição das Minhas Leis,
sahir das prizões, mettidos em correntes para irem aos matos, e cam
pos buscar-lhes lenha, e capím, para venderem; seguindo-se daquella
deshumanidade na falta do sustento, e da transgressão, com que fazem
sahir os mesmos Escravos das cadeias, fugirem estes das correntes, e
ficarem assim perdendo-os seus donos, e a Justiça sem satisfação, quan
do os mesmos Escravos tem commettido crimes: Mando, que logo que
este for publicado, em execução delle cada hum dos Ouvidores das res
pectivas Comarcas forme hum arbitramento para o sustento dos mesmos
Escravos, no qual computando os generos, que servem de alimento aos
mesmos Escravos, pelos preços das terras, determine as porções, que
os Carcereiros hão de dar a cada hum dos sobreditos prezos, em quan
tidades, e qualidades certas ; quaes serão sempre impreteriveis; de tal
sorte, que, faltando em concorrer com ellas os referidos Carcereiros, se
rão pela primeira vez suspensos por tempo de tres mezes; pela segunda,
por tempo de seis mezes; e pela terceira, privados do Oficio , e inha
638 1758

bilitados para servirem qualquer outro de Justiça, ou Fazenda. Para que


assim se observe inviolavelmente: Ordeno, que os referidos Ouvidores
tirem no mez de Janeiro de cada hum anno huma exacta devassa sobre
esta materia, ainda no caso, em que não haja queixas; porque, haven
do-as, serão logo autuadas, para se proceder por ellas na sobredita fór
III a. -

Nas mesmas devassas annuaes, e nas que se tirarem nos casos


occurentes, se inquirirá igualmente, se os sobreditos Carcereiros ordenão
ou permittem, que os Escravos sejão extrahidos das cadeias, onde forem
prezos, sem ordem dos Ministros, que tiverem jurisdicção para os man
darem soltar. E achando-os por legitimas provas incursos neste crime:
Mando, que sejão logo suspensos do oficio, pronunciados, prezos, e
condemnados em privação dos mesmos oficios, para nelles mais não en
trarem sem nova mercê Minha, além das outras penas, que por Minhas
Leis se achão estabelecidas contra os Carcereiros, que abusão da fideli
dade, com que devem ter em segurança os prezos, que lhes são confia
dos. |-

E este se cumprirá tão inteiramente, como nelle se contém: E


quero que tenha força de Lei, e valha como Carta, posto que o seu ef
feito haja de durar mais de hum anno, sem embargo da Ordenação em
contrario, e de quaesquer outras Leis, as quaes Hei por derogadas pa
ra este efeito sómente, como se dellas fizesse especial menção.
Pelo que: Mando ao Regedor da Casa da Supplicação, ao Con
selho Ultramarino, Governador da Relação e Casa do Porto, Vice-Rei
do Estado do Brazil, Governadores , e Capitães Generaes de todos os
Meus Dominios Ultramarinos, Desembargadores das Relações da Bahia,
e Rio de Janeiro, Oficiaes, e Pessoas destes Meus Reinos, e Senhorios,
que o cumprão, e guardem, e fação cumprir, e guardar tão inteiramen
te como nelle se declara. E Mando ao Desembargador Manoel Gomes
de Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller Mór dos mesmos Meus Rei
nos, e Senhorios, que o faça publicar na fórma costumada, e enviar os
exemplares delle onde he costume, para que seja a todos notorio. E se
registará em todos os lugares, em que se costumão registar semelhan
tes Leis; remettendo-se o Original á Torre do Tombo. Dado em Belém
a 3 de Outubro de 1758. = Com a Assignatura de Sua Magestade , e *
a do Ministro. -

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis, a fol. 111, e impr. avulso.
* * *

# #«.<> } \:

4
Sendº Me presente, que da liberdade, e isenção de direitos, que no
Meu Real Decreto de quinze de Janeiro do anno proximo passado Fui
Servido conceder á louça da Tanoaria concertada, se tem feito conside
ravel abuso por alguns Mestres do Oficio de Tanoeiro, os quaes não du
vidão afirmar, ainda debaixo de juramento, na Meza do Paço da Ma
deira, que huma grande parte das Aduélas, recolhidas nas suas Ofici
nas, forão empregadas em concertos da referida louça, diminuindo por
este modo a importancia dos direitos que devião pagar das Aduélas, com
que havião fabricado toda a louça nova, em prejuizo dos filhos da folha
1758 • 639

daquella repartição: Sou Servido declarar, e restringir o sobredito Meu


Real Decreto na parte, em que concede a isenção dos direitos á louça
de Tanoaria concertada, para que do primeiro dia do mez de Janeiro
Proximo futuro em diante se não faça abatimento algum aos Mestres,
ou a qualquer outro Oficial de Tanoeiro, na conta da Aduéla pertencen
te ao referido anno, e a todos os mais seguintes; ficando os referidos Ta
noeiros obrigados a pagar indistincta, e geralmente os direitos de toda
a Aduéla, que faltar na conta da que se achar nas suas Oficinas no prin
eipio de cada hum anno successivo ao de mil setecentos cincoenta e no
ve, na mesma fórma declarada no sobredito Meu Real Decreto, que em
tudo mais terá a sua devida execução, exceptuada sómente a distincção
# nelle se fazia de louça concertada, e louça nova, a qual distincção
ca, abolida, e de nenhum efeito, para que indistinctamente se paguem
os direitos de huma, e outra Aduéla na sobredita fórma. O Conselho da
Fazenda o tenha assim entendido, e o faça executar com as ordens ne
eessarias. Belém 27 de Outubro de 17á8. = Com a Rubsíca de Sua Ma
gestade. •

… . . Impresso avulso.

+---+"<"#--** . . . :

Por quanto sendo exemplarissima a religião, com que os Vassallos da


Minha Coroa, cultivando sempre como inviolaveis, e como sacrosanctos,
º respeito, o amor, e a fidelidade, a seus Reis, e naturaes Senhores,
fizerão com que os Portuguezes em todos os seculos se distinguissem, e
assignalassem entre as mais Nações da Europa no escrupuloso, e delica
do desempenho destas impreteriveis obrigações: E porque não obstante
Me haverem dado os Meus fiéis Vassallos por huma experiencia sucessi
sivamente continuada desde os principios do Meu Governo atégora ad
mais estimaveis, e concludentes provas do seu geral reconhecimento aos
muitos, e grandes beneficios, que tem recebido da Minha paternal, e
infatigavel providencia: Houve ainda assim infelizmente entre os natu
raes destes Reinos alguns particulares, que barbaramente esquecidos
daquelles antigos, e nunca excedidos exemplos, e daquelles honrosos, e
indispensaveis vinculos de gratidão, e de fidelidade; sem que repremis
sem a sua atrocissima cubiça nem a formosura daquellas bem cultivadas
virtudes; nem a torpeza dos enormissimos delictos em que hião precipi
tar-se; nem o incomportavel pezo da restituição, em que fidarião as suas
depravadas consciencias á utilidade pública destes Reinos, e á honra
commua de todos os Vassallos delles, que não podia deixar de padecer
a mais sensivel québra em quanto delles senão separassem os Réos de
hum tão horroroso attentado, se atreverão a machinar entre si com dia
bolicos intentos huma conjuração tão sacrilega, e tão abominavel, que
depois de haver procurado suggerir, e espalhar clandestina, e malicio
samente (por modo que se fingia misterioso para com ele abuzar da sin
ceridade das pessoas de animo mas pio, em quem podião fazer mais im
Pressão aquellas suggestões) que a Minha Real vida não podia ser de
grande duração, ouzando até lemitar o prazo della, ao mez de Setem
bro proximo precedente, depois de haver a mesma conjuração prepara
do os animos com aquelas malignas predicções, passou á maior temeri
dade de as verificar pelo horroroso insulto, com que no dia tres do refe
640 • 1758 -

rido mez de Setembro proximo passado pelas onze horas da noite, ao


tempo em que Eu sahia da porta da Quinta chamada a do Meio, para
passar pelo pequeno campo que a separa deste Palacio da Minha resi
dencia, a recolher-me nelle; haveudo-se passado Tres dos ditos Conju
rados montados a cavallo perto da referida porta, encobertos com as ca
sas que a ella se seguem, descarregarão com infame , e exacranda alei
vosia sobre ósespaldar da carruágem, que Me transportava, Tres baca
martes, ou roqueiras tão fortementente carregadas de grossa munição,
que, ainda errando hum delles fogo, forão bastantes os dous, que o to
marão, para não só fazerem no dito espaldar duas brechas esfericas de
disforme grandeza; mas tambem além dellas o geral estrago com que des
pedaçando todo dito espaldar, não deixarão ao juizo humano modo algum
de comprehender á vista delle como a Minha Real Pessoa se pudesse
salvar em tão pequeno espaço como da referida carruagem no meio de
tantas, e tão grandes ruinas, só com o damno das graves feridas que al
li recebeo, se a Minha Real Vida não houvesse sido positivamente pre
servada por hum visivel milagre da mão Omipotente entre os estragos
daquelle horrorosissimo insulto. E porque achando-se por elle barbara, e
sacrilegamente ofendidos todos os principios mais sagrados dos direitos,
Divino, Natural, Civil, e Patrio, com hum tão geral horror da Reli
gião, e da humanidade, se faz tanto mais indispensavel a reparação do
mesmo insulto, quanto maior, e mais pungente he o escandalo que del
le tem resultado á fidelidade Portugueza, cujos louvaveis sentimentos de
honra, de amor, e de gratidão á Minha Real Pessoa, não poderião num
ca tranquilizar-se sem a moral certeza de que aquella exacranda Conju
raçãÓ se acha arrancada pelas suas venenosas raizes; e de que entre os
Meus fiéis Vassallos não anda algum dos horriveis monstros que conspi
rarão para tão abominaveis crimes: Estabeleço que todas as pessoas, que
descubrirem (de sorte que verefiquem o que declararem ) qualquer, ou
quaesquer dos Réos da mesma infame Conjuração; sendo os declarantes
Plebeios serão logo por Mim criados Nobres; sendo nobres lhes manda
rei passar Alvarás dos fóros de Moço fidalgo, e de Fidalgo Cavaleiro
com as competentes moradias; sendo Fidalgos dos sobreditos fóros, lhes
farei mercê dos Titulos de Visconde, ou de Condes conforme a gradua
<ão: em que se acharem; e sendo Titulares os accrescentarei aos outros
Titulos que immediatamente se seguirem aos que já tiverem: Além de
cujas mercês farei aos sobreditos Declarantes as outras mercês nteis, as
sim pecuniarias, como de Oficios de Justiça, ou fazenda, e de bens da
Coroa, e Ordens, que reservo a Meu Real arbitrio regular conforme a
qualidade, e a importancia do serviço que cada hum dos ditos Decla
rantes Me fizer. O que Hei outro sim por bem que tenha lugar ainda
quando as declarações forem feitas por alguns dos cumplices da mesma
Conjuração; os quaes Hei desde logo por perdoados; com tanto que não
sejão dos principaes Cabeças della. Aos Ministros, que aprehenderem os
Réos deste delicto farei as mercês de honras, e de accrescentamentos
que forem proporcionadas á importancia do serviço que ao dito respeito
Me fizerem, além das mais assima referidas no caso de serem Declaran
tes. Para que ninguem possa occnltar por ignorancia tão perniciosos
Réos pela falsa apprehensão de que os Denunciantes são pessoas abje
etas: Advirto aº todos os Meus Vassallos que este reparo, que se cos
tuma vulgarmente fazer nas materias que dizem respeito á fazenda; não
só não tem lugar nestes crimes de Conjuração contra o Principe Supre
mo; e de alta traição; mas que nelles muito pelo contrario o silencio, e
{ 1758 64 |

a taciturnidade dos que, sabendo de semelhantes crimes, os não delatão


em tempo opportuno, tem annexas as mesmas penas, e a mesma infa
mia, a que são condemnados os Réos destes perneciosissimos delictos;
de sorte que nem os Pais são relevados encobrindo os filhos; nem peló
contrario os filhos encobrindo os Pais; porque prevalece a obrigação an
terior da conservação do seu Rei, e da sua Patria, que tambem são Pais
communs, quando se trata de crimes de tanta atrocidade, e prejuizo
público. E porque hum tão horrivel caso faz indispensavelmente néces
saria toda a maior facilidade, que couber no possivel, para a prizão dos
Réos: Sou Servido fazer commulativas todas as jurisdicções dos Magis
trados destes Reinos, sem excepção de alguma das terras da Minha Co
roa, e das de Donatarios, por mais privilegiadas que sejão; de tal sor
te que nestas possão entrar sem nova ordem os Ministros da Coroa, e
naquellas os Ministros dos referidos Donatarios pelo que pertencer á cap
tura dos Réos deste delicto: Os quaes Sou Servido outro sim que pos
são ser apprehendidos até pelas pessoas particulares que delles tiverem
noticias, e os forem por ellas seguindo; fazendo as capturas em qual
quer lugar em que os encontrarem; com tanto que, depois de haverem
sido prezos, os levem logo via recta á presença de Ministro de Vara bran
ca, que lhes ficar mais vizinho, para os transportar a esta Corte com
toda a segurança. O Doutor Pedro Gonçalves Cordeiro Pereira do Meu
Conselho, Desembargador do Paço, Deputado da Meza da Consciencia,
e Ordens, e Chanceller da Casa da Supplicação, que nella serve de Re
gedor, e a quem tenho nomeado Juiz da Inconfidencia, o execute assim
pelo que lhe pertence, fazendo afixar este Decreto por edital em todos
os lugares publicos da Cidade de Lisboa, e seu Termo; e renuettendo-o
debaixo do seu nome a todas as outras Cidades, e Villas destes Reinos;
porque os exemplares que forem por ele assignados, Mando que tenhão
o mesmo crédito deste proprio Original, sem embargo de quaesquer
Leis, Disposições, ou costumes cóntrarios, ainda sendo daquellas, ou
daquelles que necessitao de especial derogação. Belém a 9 de Dezembro
de 1758. = Com a Rubríca de Sua Magestade. -

- Impresso avulso.
# *#* @"+ * • •

A ttendendo a serem sete os Réos que se achão no Oratorio da Cadeia


da Corte condemnados á ultima pena, e treze os que estão condemnados
em outras graves penas, e a serem todos julgados em hum só processo
com cincoenta e oito appensos: Hei por bem e por graça, que não po
derá ser allegada por exemplo, moderar neste caso especial o rigor do
Decreto de quatro de Novembro de mil setecentos cincoenta e cinco,
sómente para efeito de se prorogar aos sobreditos Réos o termo de tres
dias, que principiarão a correr contínua e successivamente do dia de
amanhã pelas sete horas da manhã para que no referido termo improro
gavel possão allegar os sobreditos Réos por via de embargos a defeza,
que lhe competir, no caso em que a tenhão. O Regedor da Casa da Sup
plicação, ou o Ministro, que seu cargo servir, o faça assim observar. Be
lém em 11 de Dezembro de 1758. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação a fol. 125 no Livro 16 -


dos Decretos, •

Mmmm
642 1758

Aºs 22 dias do mez de Dezembro de 1758, pelo Senhor Francisco Jo


sé da Serra Crasbeclk de Carvalho, Chanceller Governador desta Rela
cão, forão convocados a ella todos os Ministros, e lido perante elles o
Decreto, e Edital de nove do corrente, assignado pelo Desembargador
Pedro Gonçalves Cordeiro Pereira , do Conselho de Sua Magestade, e
seu Desembargador do Paço, e Juiz da Inconfidencia , em o qual Sua
Magestade Fidelissima manda fazer notorio o execrando e abominavel
insulto, com que na noute de Septembro a tres do dito, pelas onze ho
ras da noute, recolhendo-se para o Palacio da sua residencia de Belém,
foi acommettida a Sua Real Pessoa por tres traidores de cavallo, que dis
parando na sege, em que vinha, barbara, e sacrilegamente duas roquei
ras, pela outra errar fogo, por altissima Providencia de quem he Senhor
da vida, e da morte, livrou desta, ferido gravemente, o que encheoes
te Reino de horror, e espanto, penetrando vivamente o coração dos seus
fiéis Vassallos, que professão de vêr tanto amor aos seus Reis, que sem
pre, com inveja dos mais da Europa, os tiverão em conta de filhos; or
denando o mesmo Senhor por Decreto de dezaseis do corrente, assigna
do pela Sua Real Mão, ao Senhor Chanceller fizesse pela pluralidade de
votos dos Ministros desta Relação, tomar nella Assento das providencias,
e meios, que se ponderassem mais proficuos para a averiguação dos Réos
deste atrocissimo delicto nesta Cidade, e em todo o districto da Relação.
E sendo com zelo mais ardente ponderadas as circunstancias pelos Mi
nistros abaixo assignados, deste medonho caso, sem exemplo neste Rei
no; e que providencias serião conducentes, e proficuas para o referido
fim: desejando anciosamente o acerto, não só como fiéis Vassallos, mas
honrados com o caracter de huma Toga, que no Senado os faz reputar
partes do Seu Real corpo, se assentou por pluralidade de votos, que o
Senhor Chanceller Governador nomeasse logo hum dos Corregedores do
Crime, para abrir nesta Cidade huma devassa de Inconfidencia, servin
do para formalizala a cópia do referido Decreto, e deste Assento; proce
dendo nella exactissimamente, fazendo as averiguações, que julgar pre
cisas dentro, e fóra da Cidade, com o exame no modo possivel das pes
soas, que por terra, ou por mar suspeitosas podem entrar, e sahir del
la, nomeando-se tambem outro Ministro do corpo da Relação, para Es
crivão da devassa; não despresando qualquer especie de prova, que pos
sa resultar contra algum Réo, pela atrocidade do delicto, primeiro dos
exceptos; admittir toda, ainda de testemunhas defectuosas, singulares,
e socios; e constando-lhe indiciariamente haver destes alguma correspon
dencia pelo Correio, dará parte ao Senhor Chanceller, que poderá puxar
as cartas delle, e fazer nellas as averiguações conducentes ao desejado
fim. Assentarão mais, que todos os Ministros da Relação com Jurisdição
cumulativa, e já ordenada no Decreto, fizessem na Cidade as diligen
cias, que julgassem uteis, para averiguação deste delicto, e a que achas
sem conveniente, participarião ao Ministro da devassa; remettendo tam
bem algum Réo indiciado, que chegarem a prender, valendo-se para isso
de todos, e quaesquer Oficiaes de Justiça desta Cidade; além do que o
mesmo Senhor Chanceller destinará a cada hum dos Ministros rua, ou
bairro da Cidade distincto, no qual devem examinar as pessoas desco
1758 643

nhecidas ou estrangeiras, que possão entrar ou sahir delles, ou tiverem


entrado á quatro mezes a esta parte, aproveitando-se no exame de qual
quer indicio, que as faça suspeitosas. Assentarão outro sim, que o Se
nhor Chanceller ordenaria a todos os Ministros de Vara branca das tres
Provincias desta Relação, para que, além do que se lhes faculta no mes
mo Decreto, faça cada hum nas suas jurisdicções respectivas todas as
extraordinarias diligencias, que possão conduzir á averiguação dos trai
dores, tanto nos povos, como nos portos do Mar, que comprehendem as
duas Provincias da Beira e Minho; e tambem nos portos seccos, que con
finão com o Reino de Castella; o que devem praticar os Ministros confi
nantes com o pleno exame das pessoas, que possão sahir do Reino, ou
entrar nelle, suspeitas , ou tiverem entrado pelo tempo dos sobreditos
quatro mezes; e tanto que chegarem aprender, ou embargar algumas,
por alguma maneira indiciadas, ou tiverem indicios contra elas de qual
quer sorte provados, remetterão tudo com as suas particulares informa
ções ao Ministro da devassa; advertindo-se-lhes devem sem concurso de
Escrivão, por letra propria, formalizar as perguntas, e depoimentos, que
tomarem; e que esta ordem deve só ser executada no caso de se não en
contrar com as que possão ter recebido de Sua Magestade, tendo enten
dido os Ministros, a quem se decretão as referidas diligencias, que nel
las podem proceder em qualquer hora do dia, ou noute, e ainda nos fe
riados in honorem Dei, quando a urgencia do caso, e segredo o preci
sar; e que para os Réos deste abominavel, e execrando crime de leza
Magestade de primeira cabeça, e alta traição não ha refugio, nem lu
gar immune, donde não possão ser extrahidos, segundo as disposições de
Direito Civil, e Canonico. E estas forão as providencias uteis, e preci
sas, que occorrêrão presentaneamente; de que tudo o Senhor Chanceller
mandou fazer este Assento, que assignárão. Porto, dia, e anno, ut su
pra. Como Governador. = Crasbeclk. = Sá. = Ferreira; = Salter. =
Vieira. = Barrozo. = Sá Lopes. = Lobo. = Campello = Seabra. = Lo
bo. = Gama. = Teixeira. = Barreto = Velho. = Castro = Doutor Dias.
= Menezes. = Mello. etc.

Regist. no Livro dos Assentos da Relação do Porto fol.


109. e na Collecção dos Assentos o fol. 357,

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644

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A NNO D E 1759.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração, e amplia


ção virem, que considerando o que importa para a boa ordem, e decóro
de Minha Corte, que nella se evite tudo o que póde ser incoherencia,
e conflicto de precedencias, guardando se huma respectiva proporção nos
lugares, e tratamentos, e observando-se nelles huma regra certa, e cla
ra, que faça cessar todas as questões: Hei por bem declarar, e ampliar
a ultima Lei promulgada por ElRei Meu Senhor, e Pai, que santa glo
ria haja, sobre esta materia, para que além do que ella dispõe se obser
ve daqui em diante o seguinte.
Pelo que pertence ao exercicio do emprêgo de Mordomo Mór, se
observará com os Gentis-Homens da Camara, que o exercitarem nas fun
ções ceremoniaes da Corte, e fóra della, o mesmo, que se acha estabe
lecido pelo Regimento da Minha Real Casa, ainda naquelles casos, em
que os ditos Gentis-Homens da Camara não forem titulados.
Os mesmos Gentis-Homens da Camara não titulados terão sempre
o tratamento de Excellencia, da mesma sorte, que se dá aos Titulos
sem alguma diferença; em justa coherencia do que se acha estabeleci
do a respeito das Damas da Rainha Minha sobre todas muito amada, e
presada mulher: E em todas as funções da Corte, em que se costumão
assentar os Titulos, terão com elles assento depois de Conde mais mo
derno, exceptuando aquelle, que exercitar como Mordomo Mór, o qual
na sua semana gozará da precedencia, que pelo sobredito Regimento lhe
foi determinada.
A todos os Ministros, que tiverem o Titulo do Meu Conselho,
se dará o tratamento de Senhoria. E do mesmo tratamento gozarão os
Sargentos Móres da Batalha dos Meus Exercitos; dando-se o de Excel
lencia aos Mestres de Campo Generaes.
E este se cumprirá como nelle se contém, e valerá como Carta
I759 645

passada pela Chancellaria, posto que por ella não ha de passar, e que o
seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Ordena
ções, e quaesquer outras Leis, Regimentos, ou Disposições, que sejão
em contrario. •

Pelo que: Mando que assim se observe em tudo, e por tudo, e


se registe em todos os lugares, que necessario for. Dado neste Palacio
de Nossa Senhora da Ajuda aos quinze de Janeiro de 1759. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, no Livro I. das Cartas, e Alvarás a fol. 33. e
impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

# +->$ ---+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me pre
sente em Consulta do Conselho Ultramarino a dúvida, que muitas vezes
se tem movido sobre dever-se admittir Appellações, ou Aggravo da Sen
tença, que julga por livre alguma pessoa, a quem se controverte a liber
ade; e porque supposto esta não possa ter avaliação, com tudo póde es
ta ter lugar, quando da Sentença se segue sómente o prejuízo do valor
do Escravo, de que fica privado o que pertendia ser seu Senhor; sendo
porém a causa sobre a liberdade que pela sua natureza não admitta es
timação para ser em todo o caso appellavel a Sentença, conforme muitas
opiniões de A.A., que derão causa ao Assento, que se tomou na Casa
da Supplicação, de que se póde appellar, ou aggravar, ou seja a Sen
tença proferida contra a liberdade, ou o favor da mesma: sem embar
go do qual Assento a Relação da Cidade da Bahia julgou caber na sua
Alçada huma causa, em que foi sentenciada por livre huma mulher, que
o pertendia ser; e attendendo Eu ao favor, de que se faz digna a liber
dade: Fui Servido, em Resolução da dita Consulta, conformar-Me com
a opinião, que seguio a dita Relação da Bahia no caso, de que se
tratava; e que por esta se fique sentenciando em todos os casos seme
lhantes, sem embargo do Assento, e opiniões, que estão em contrario:
e Hei por bem daqui em diante sempre que se proferir alguma Senten
ça a favor da liberdade de alguma pessoa, se avalie a causa para efeito
de se admittir, ou não admittir a Appellação, ou Aggravo, que se in
terpozer, conforme a Alçada, que tiver quem proferir a Sentença.
Pelo que: Mando ao Regedor da Casa da Supplicação, Governa
dor da Relação, e Casa do Porto; Vice-Rei do Estado do Brazil, Go
vernador, e Capitão General da Capitanía do Rio de Janeiro, Desem
bargadores das Relações do Reino, e Conquistas, e a todos os Correge
dores, Provedores, Ouvidores, Juizes, e Justiças de Meus Reinos, e
Senhorios, cumpräo, e gnardem este Meu Alvará de Lei, e o fação cum
prir, e guardar. E ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Con
selho, e Chanceller Mór destes Reinos, Ordeno o faça publicar na Chan
cellaria, e delle se enviarãe Cópias aos Tribunaes, Ministros, e Pessoas,
que o devem executar. E se registará nos livros do Conselho Ultramari
no, nos do Desembargo do Paço, nos da Casa da Supplicação, nos das
Relações do Porto, Bahia, e Rio de Janeiro, e nas mais partes, onde
semelhantes se costumão registar; e este proprio se lançará na Torre do
646 1759

Tombo. Dado em Lisboa aos 16 dias de Janeiro de 1769. = Com a As


signatura de Sua Magestade.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Livro das Leis a fol. 112., e impr. avulso.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que, sen
do-Me presente a Sentença, que em doze do corrente mez de Janeiro se
proferio na Junta da Inconfidencia, para o castigo dos Réos do barbaro,
e execrando desacato, que na noite de tres de Setembro do anno proxi
mo precedente se cometteo contra a Minha Real Pessoa; e que entre as
penas, que na mesma Sentença se impozerão aos sobreditos Réos, se
comprehendeo o da efectiva reversão, e actual incorporação na Minha
Real Coroa de todos os bens vinculados, que por elles erão administra
dos, e possuidos, naquellas partes, em que houvessem sido constituidos
em bens da mesma Coroa, ou que della tivessem sahido por qualquer
modo, maneira, ou titulto, que fosse, como o forão por exemplo os bens
declarados nas Doações da Casa de Aveiro, e os mais bens da mesma
natureza, que erão possuidos, ou administrados pelos sobreditos Réos: E
que o mesmo se observasse pelo que pertence aos prazos de qualquer na
tureza que fossem: Sou Servido approvar, ratificar, e confirmar as so
breditas Decisões; não em fórma commua; mas sim em fórma eficaz, e
especifica de Meu Motu proprio, certa Siencia, Poder Real, Pleno, e
Supremo; para que as mesmas Decisões, em tudo, e por tudo se cum
prão, e guardem como nellas se contém, sem embargo da Ordenação do
livro quinto, titulo sexto, paragrafo quinze das clausulas das Doações, e
Instituições por mais exuberantes, e irritantes que sejão; e de quaes
quer Disposições de Direito, ou Opinião de Doutores, que sejão em
contrario, as quaes todas, e cada huma dellas Hei neste por expressas
como se dellas fizesse especial menção, para as derogar, como derogo,
tirando-lhes toda a força, e vigor para como revogadas, e nullas não po
derem mais produzir efeito, ou prestar impedimento algum em Juizo,
ou fóra delle. Estabeleço, que não só se observe assim no caso preterito
declarado pela dita Sentença, não obstante haver sido a pena imposta
depois do delicto, e sem embargo das Disposições contrarias; mas tam
bem que o mesmo se pratique pelo tempo futuro, no castigo de todos os
crimes de Leza Magestade de primeira Cabeça. E Mando a Manoel da
Maia Mestre de Campo General de Meus Exercitos, e Guarda Mór da
Torre do Tombo, que nella faça cassar, averbar, e trancar todas as
Doações, e Titulos, que nella se acharem lançados sendo pertencentes
a bens da Coroa, que hajão sido possuidos, ou administrados pelos Réos,
que forão condemnados por aquelle exacrando delicto, para que dos mes
mos Titulos como cassados, e annullados se não possão mais extrahir Có
pias, e que assim se fique praticando daqui em diante nos casos, em
que se commetter crime de Leza Magestade de primeira Cabeça. Os
treslados das referidas Doações, e Titulos, que já se acharem extrahi
dos em mãos de Pessoas particulares, Ordeno que não possão ter fé, ou
credito algum em Juizo, ou fóra delle, e que se não possão alegar, e
menos attender; mas que antes pelo contrario, logo que forem appare
1759 647

cendo, os Magistrados, a quem se apresentarem, ou que delles tiverem


noticia, os remettão, ou denunciem ao Procurador da Minha Coroa pa
ra os enviar á Torre do Tombo, e serem nella lacerados, e rotos, como
Titulos nullos, e reprovados. O mesmo estabeleço, que se observe a res
peito dos Prazos de qualquer natureza, que sejão, assim como agora foi
julgado, para se praticar pelo tempo futuro na sobredita fórma, com a
providencia dada em beneficio dos Direitos Senhorios pela Ordenação do
livro quinto, titulo primeiro, paragrafo primeiro. E sómente pelo que
pertence aos outros Morgados constituidos em bens Patrimoniaes dos Ins
tituidores, que os fundárão, permitto que se observe, e fique observan
do, o que se acha determinado pela outra Ordenação do livro quinto, ti
tulo sexto, paragrafo quinze.
E este se cumprirá como nelle se contém, com as clausulas de
rogatorias assima referidas, e com as mais que Hei por expressas, ao
fim de que em tudo, e por tudo seja firme, e eficaz. Pelo que: Mando
ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, Desembarga
dor do Paço, e Chanceller Mór do Reino, que o faça publicar, e passar
pela Chancellaria, e remetter os exemplares delle a todas as Cabeças de
Comarcas. E ordeno ao Presidente do Desembargo do Paço, Regedor da
Casa da Supplicação, Governador da Casa do Porto, Védores da Minha
Real Fazenda, e Presidentes da Meza da Consciencia, e Ordens, Con
selho Ultramarino, ov aos Ministros, que seus cargos servirem, Desem
bargadores das ditas Relações, e mais Ministros, e Officiaes de Justiça,
e Pessoas de todos os Meus Reinos, e Senhorios, e que assim o execu
tem, e observem sem dúvida, ou embargo algum : Registando-se este
nos lugares onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando-se
o Original para a Torre do Tombo. Dado neste Meu Real Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda, aos 17 de Janeiro de 1759. = Com a Assi
gnatura de ElRei, e a do Ministro,
Regist, na Chancellaria Mór da Corte , e Reino no Li- .
vro das Leis a fol. 111, e impr, na Officina de An
tonio Rodrigues Galharda.

*—****—*

Sou Servido, que todos os Capitáes, e rendimentos dos bens, que pe


la Sentença proferida na Junta da Inconfidencia em doze do corrente
mez de Janeiro forão confiscados aos Réos do barbaro e sacriligo desa
cato, que contra a Minha Real Pessoa se havia comettido, em tres de
Setembro do anno proximo precedente, sejão recolhidos em Cofre separa
do, debaixo da inspecção e privativa jurisdicção do Doutor Pedro Gon
çalves Cordeiro Pereira do Meu Conselho, Desembargador do Paço , e
Juiz da Inconfidencia; o qual com a mesma jurisdicção privativa, e ex
clusiva de toda e qualquer outra jurisdicção, não só porá em arrecada
ção distincta todos os sobreditos bens assim da Coroa como Patrimoniaes,
e todos os seus rendimentos, mandando fazer as arrematações em sua
Casa, ou nos lugares, que forem competentes; mas tambem conhecerá
de todas as acções, ou sejão activas, ou passivas pertencentes aos ditos
bens confiscados com todas as suas dependencias, quaesquer que ellas
sejão, sentenciando-as summariamente em Relação com os Adjuntos,
648 1759

que lhe parecer nomear em cada hum dos incidentes e Decisões que se
oferecerem; e nomeando semelhantemente para Escrivão dos Depositos,
e Causas concernentes ao sobredito Fisco, a pessoa, que lhe parecer mais
idonêa, a qual no caso de não ser Oficial público, dará juramento de se
gredo nas materias, que o requererem, e de bem e fielmente servir o
dito emprêgo de Escrivão: Sou Servido, outro sim nomear para Deposi
tario dos mesmos bens e seus rendimentos a Antonio dos Santos Pinto,
com o qual se continuarão os termos necessarios para a arrecadação del
les se fazer em fórma mercantil. O mesmo Doutor Pedro Gonçalves Cor
deiro Pereira, como Juiz da Inconfidencia, e como Chanceller da Casa
da Supplicação, que serve de Regedor della, o execute e faça assim exe
cutar na sobredita fórma, não obstante , quaes Leis, Disposições , ou
Estilos, que sejão em contrario. Palacio de Nossa Senbora da Ajuda em
18 de Janeiro de 1759. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI. dos


Decretos a fol. 130.

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A ttendendo á grande urgencia, que constitue a reedificação da Cida
de de Lisboa, e ao muito, que importa ao Bem Commum dos seus Ha
bitantes aproveitar-se o opportuno tempo da Primavera proxima, para
se fabricarem com maior commodidade os Edificios, de que a mesma Ci
dade se hade compor , e decorar: Sou Servido, que o Desembargador
Pedro Gonçalves Cordeiro Pereira, do Meu Conselho, e Chanceller da
Casa da Supplicação, que nella serve de Regedor, faça promptamente
executar todas as ordens, e Instruções, que tenho mandado expedir pa
ra a sobredita reedificação na fórma em que se achão compiladas no Li
vro intitulado: Memorias das principaes providencias, que se derão no
Terremoto, que padeceo a Corte de Lisboa no anno de mil setecentos
cincoenta e cinco, desde a pagina trezentas e dezoito em diante. O mes
mo Ministro o Execute assim na fórma das sobreditas ordens usando de
toda a ilimitada Jurisdicção, que necessaria lhe for ao dito respeito.
Pancas a 13 de Fevereiro de 1759. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI dos De
cretos a fol. 131 vers.

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Senda-Me presente, que das diligencias, que mandou fazer a Junta


do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, depois do Meu Real De
creto de quatorze de Setembro do anno proximo passado, porque Fui
Servido prohibir o embarque, e sahida de todos os Assucares brancos,
que se acharem na terra, constou haver maior número de Caixas de As
sucar branco, não só bastante para o consumo ordinario até ao mez de
Abril, em que deve chegar a Frota de Pernambuco, mas superabundan
te em mais de quatrocentas Caixas, tendo-se augmentado com o que
1759 649

veio de Pernambuco, Maranhão, e Bahia, além do que mais se espera,


o que tudo faz cessar em parte o motivo da prohibição; e attendendo ao
prejuizo, que póde resultar aos interessados na negociação do dito gene
ro: Hei por bem conceder Licença aos ditos interessadós, para poderem
embarcar até ao número de setecentas Caixas de Assucar branco º ra
teando-se este número por todos os que forão declarados no manifesto, e
as que depois tem entrado até ao presente; sendo permittido o fazer ca
da hum cessão da parte, que lhe tocar no mesmo rateio, a favor dos ou
tros Carregadores, ou estes sejão dos que tem partidas, ou dos que de
novo as comprarem debaixo da faculdade de as transportar conseguida
por sessão das partes, com tanto, que de tudo se faça declaração na
Junta do Commercio destes Reinos e seus Dominios, para que se lhes
passem as guias, que devem preceder aos despachos da Alfandega na
fórma do referido Decreto; e que entrando outras algumas partidas, pos
sa, a mesma Junta continuar o proporcionado rateio até á chegada da
primeira Frota, em que deve cessar de todo a dita prohibição. O Con
selho da Fazenda o tenha assim entendido, e o faça executar pela parte
que lhe pertence. Paço de Nossa Senhora da Ajuda a 2 de Março de
1769. = Com a Rnbríca de Sua Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I dos
Decretos e Avisos a fol. 38. vers.

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P oR Decreto de vinte e sete de Agosto de mil setecentos cincoenta e


sete, que baixou ao Conselho da Fazenda, Fui Servido, que as seis Ca
patasias declaradas da Relação, que baixou com elle, assignada por Se
bastião José de Carvalho e Mello, do Meu Conselho, e Secretario d’Es
tado dos Negocios do Reino, fossem todas da nomeação da Junta do Com
mercio destes Reinos e seus Dominios, assim e do mesmo modo, que o
ficarão sendo as Capatasias declaradas no Capitulo quinze dos seus Es
tatutos, sem limitação, ou inteligencia alguma. E porque Me foi pre
sente, que a referida Relação se achou depois deminuta, por não haver
comprehendido a Capatasia dos Homens de trabalho da Alfandega do
Tabaco, e a dos Colleitores da Alfandega do Assucar, em que Pedro
Caetano de Brum, Feitor da Descarga dizia ter direito pelo Alvará de
vinte e quatro de Novembro de mil seiscentos setenta e sete, concedido
a seu Avô Antonio de Brum Pimentel, confirmado por outro de quinze
de Julho de mil setecentos cincoenta e seis: Sou Servido declarar, que
as duas referidas Capatasias, pertencem tambem á nomeação da Junta,
assim, e do mesmo modo, qne lhe pertencem as Capatasias declaradas
nos Estatutos da mesma Junta, e na sobredita Relação; e que igual
mente seja da sua nomeação os Homens de Trabalho das ditas Capata
sias, como geralmente se acha determinado, pelo Alvará de vinte e cin
co de Outubro de mil setecentos cincoenta e sete; o que se executará
sem embargo da Determinação do Alvará de Regulação de vinte e nove
de Dezembro de mil setecentos cincoenta e tres, no Capitulo trinta e
oito, e do referido Alvará de Confirmação de quinze de Julho, de mil
setecentos cincoenta e seis passado a favor de Pedro Brum, ou qualquer
outra Resolução em contrario. O Conselho # Fazenda o tenha assim en
I]]] Il
650 1759
tendido, e o faça executar com os Despachos necessarios. Paço de Nossa
Senhora da Ajuda a 12 de Março de 1769. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I, dos De
cretos e Avisos a fol. 40. vers.

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Sesos-M- presente que a nova regularidade, que fui Servido dar á


Real Fabrica das Sedas estabelecida no sitio do Rato, tem de tal
modo, accrescentado o número dos bons Fabricantes, que alguns delles,
devendo já passar á graduação, e exercicio de Mestres, o não podem
conseguir por falta de Teares, e outros pelo mesmos motivo, trabalhão
em Aprendizes depois de estarem habeis para Oficiaes de Tecidos: E
tendo consideração á grande utilidade, de que he para estes Meus Rei
nos, o augmento destas manufacturas; o qual, com tudo, se não póde
conseguir sem que haja Edificios na visinhança da mesma Real Fabrica
positivamente construidos com as commodidades proprias para este tráfi
co: Sou Servido, que no Bairro das Aguas Livres, e no Terreno, que
confina pelo Sul com a Rua, que corta pela parte Septentrional da Quin
ta de José Ribeiro: Pelo Nascente com a Rua, que passa pela Quinta
dos Padres da Congregação do Oratorio para S.Sebastião da Pedreira:
pelo Norte com outra Rua, que corta pela extremidade Meridional da
Quinta do Vestimenteiro, e della, pelo meio das terras, e Quinta de Ma
noel da Cunha Tavares, e pelo Poente com a Rua, que vem de S. João
dos Bem-Casados para o largo do Mosteiro do Rato; se edifiquem só
mente Casas proporcionadas ao uso dos Teares de Seda, e á commoda
habitação dos Fabricantes, e das suas familias, na fórma da Planta do
referido Bairro, que com este baixa, assignada por Sebastião José de
Carvalho e Mello do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Nego
cios do Reino. Para a referida construcção de Edificios terão preferen
cia, em todo o caso, os Proprietarios, ou Foreiros do Sollo, e na falta
delles poderá edificar qualquer outra Pessoa fazendo-se-lhe o aforamento
do chão na fórma da Lei das edificações, e com avaliação do foro pelo
que as terras rendião, ou poderião render antes da calamidade do pri
meiro de Novembro de mil setecentos cincoenta e cinco: Em nenhuma
das referidas moradas de Casas se poderá exceder o aluguel de quarenta
e oito mil réis de renda em cada hum anno, e para os seus arrendamen
tos terão sempre preferencia os Artifices de Sedas de Matizes, incorpo
rados na mesma Real Fabrica; sem que, muito menos, possão ser del
las expulsos, nem ainda pelos Proprietarios, em quanto não constar, que
tem faltado aos pagamentos devidos: E porque alguma parte do referido
Terreno se acha occupada com Edificios, indiscretamente, construidos,
depois das cominações do Edital afixado nos lugares publicos em trinta
de Dezembro do referido anno, e da ampliação do outro Edital de dez
de Fevereiro de mil setecentos e cincoenta e seis: Ordeno, que nos mes
mos Edificios se executem as Disposições dos referidos Editaes, e mais
Ordens com elas coherentes, sem reserva, ou distincção alguma, em
quanto for necessario para a construcção das habitações destinadas para
os Fabricantes de Seda: Pelo que toca ás licenças para a construcção
1759 65l

destes Edificios, ou demarcação do Terreno, como tambem para os afo


ramentos, e todas as mais dependencias das mesmas edificações, pode
rão as Partes recorrer ao Desembargador Pedro Gonsalves Cordeiro Pe
reira do Meu Conselho, que serve de Regedor, e pelo que pertence á
formalidade dos Edificios, alinhamento das Ruas, e situação das Praças,
que devem haver no referido Bairro, servirá de governo a Planta, que
Mandei fazer pelo Tenente Coronel Engenheiro Carlos Mardel, a quem
Sou Servido nomear para Director, e Inspector das referidas Obras, e
em cuja Casa se fará pública a demarcação, e Planta do referido Ter
reno. Exceptuo porém da geral liberdade de edificar em qualquer dos
sitios, que nelle vão comprehendidos, as Ruas, que fazem frente ao Por
tico, e largo das Aguas Livres, nas quaes tenho ordenado aos Directo
res da Real Fabrica das Sedas, que fação construir sessenta moradas de
Casas por couta da mesma Real Fabrica, para habitação dos Artifices,
e estabelecimento de Teáres do mesmo genero. O Desembargador Pedro
Gonsalves Pereira do Meu Conselho que serve de Regedor, o tenha assim
entendido, e o faça executar mandando afixar este nos lugares publicos
da Cidades de Lisboa, e seus Suburbios, para que chegue á noticia de
todos, procedendo nas dúvidas, que se oferecem nos aforamentos na
conformidade do Meu Alvará de doze de Maio do anno proximo passado,
e mais determinações, que Fui Servido tomar sobre esta materia. Nossa
Senhora da Ajuda a quatorze de Março de 1759. = Com Rubríca de
Sua Magestade. • -

Regist. no Livro da Fabrica da Seda, a fol. 20.


vers., e impr. avulso.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem, que
por quanto Fui Servido por Alvará de quatorze de Abril de mil setecem
tos cincoenta e sete, estabeler o preço do frete, que se devia pagar por
cada hum dos couros em cabello, ou sem elle, por cada atanado, e por
cada meio de sola, que dos Pórtos da Bahia, Rio de Janeiro, ou Per
nambuco viessem para qualquer dos Pórtos do Reino, por evitar as gran
des dúvidas, e desordens, que tinha havido entre os Carregadores des
tes generos, e os Mestres dos Navios, determinando, que se não podes
se levar de frete por cida hum couro em cabello, ou sem elle, mais de
trezentos réis, por cada hum atanado quatrocentos réis, e por cada meio
de sola, duzentos réis: E por Me ser presente, que antes da referida
Regulação se abatião no frete convencionado pelas partes oito réis por
cada hum couro, atanado, ou meio de sola, cujo abatimento se fazia aos
Navios, por ser esta a parte, que por estilo se lhes havia destribuido no
direito de Comboi, que pagão os despachantes dos referidos generos; e
que sobre a intelligencia da dita Regulação se tem questionado entre os
donos dos Navios, e os Proprietarios dos couros, e sola, se no preço re
gulado pelo dito Alvará, se deve, ou não fazer abatimento do Comboi:
Hei por bem declarar, que a Minha Real Intenção no Alvará de quator
ze de Abril de mil setecentos cincoenta e sete, foi fazer efectivos aos
Proprietarios dos Navios os preços de quatrocentos réis por cada atana
do, trezentos réis por cada couro em
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e…#
, e duzentos réis por cada
N InnUI 2
652 1759

hum meio de sola, sem abatimento algum de Comboi: E que os descon


tos que se houverem feito nos fretes dos mesmos generos, carregados de
pois da publicação do referido Alvará nos Pórtos do Brazil, como in
justamente percebidos contra a formalidade praticada no pagamento dos
fretes dos Assucares, e Tabacos, em que só ha diferença de haverem
sido regulados com precedencia de tempo; e com huma interpretação
incompetente, e sinistra; devem ser restituidos aos Mestres, e donos dos
Navios, em cujo prejuizo se fizerão os taes abatimentos.
Pelo que: Mando aos Védores da Minha Real Fazenda, Regedor
da Casa da Supplicação, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, Desembargadores, Juizes, Justiças, e mais Oficiaes, a quem
pertencer o conhecimento deste Alvará o cumprão, guardem, e o fação
cumprir, e guardar inteiramente, como nelle se contém, não obstante
quaesquer Regimentos, Leis, Foraes, Ordens, ou estilos contrarios,
ficando aliás sempre em seu vigor. E valerá como Carta, passada pela
Chancellaria, posto que por ella não passe, e o seu efeito haja de durar
mais de hum anno, sem embargo da Ordenação do livro segundo, titu
lo trinta e nove, e quarenta; e se registará em todos os lugares onde se
costumão registar semelhantes Leis, mandando-se o Original para a Torre
do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda aos 28 de Mar
ço de 1759. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. no Livro II, da Junta do Commercio destes
Reinos, e seus Dominios a fol. 76. vers., e impr.
avulso.

# **<>"# #

P oR justos motivos,que Me forão presentes: Sou Servido, que na Ca


sa da Moeda da Cidade de Lisboa senão pague o Direito de hum por
cento de todos os Cabedaes pertentes á Thesouraria Geral da Bulla da
Cruzada, que vierem remettidos dos Dominios Ultramarinos nos Cofres
das Náos de Guerra. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido,
e faça executar. Belém 7 de Abril de 1769. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I. dos De
cretos e Avisos a fol. 45. vers.

#*#* @nk #

SUA MAGESTADE Foi Servido mandar publicar em 30 de Dezem


bro de 1755., e 10 de Fevereiro de 1766., os dous Editaes cujo teor he
o seguinte.
» Manda ElRei Meu Senhor, que nenhuma pessoa de qualquer
» estado, ou condição, que seja, edifique propriedade alguma de casas
» nos Bairros desta Cidade, que padecêrão a ruina do incendio depois
» do dia primeiro de Novembro passado; e do mesmo modo reedifiquem
m as que forão queimadas, até que se concluão os Tombos, e medição
1759 • 653

- das mesmas propriedades, determinados por Decreto de 29 do mesmo


mez, com o fim de evitar pleitos em beneficio público. A mesma pro
hibição extende Sua Magestade, ainda aos outros Bairros, cujas ca
sas não padecerão total destruição, pelo que pertence a novas obras de
pedra, e cal, até segunda Ordem do mesmo Senhor: bem entendido,
que por esta segunda prohibição se não comprehendem os concertos pre
cisos para reparação, e conservação das propriedades, que os Terre
motos deixarão em estado de poderem servir a seus donos. No caso de
contravenção ordena Sua Magestade, que as propriedades sejão man
dadas demolir á custa das partes, a quem se imporão, além deste cas
tigo, as mais penas, que o mesmo Senhor reserva ao seu Real arbitrio.
Lisboa a 30 de Dezembro de 1755.
» ELREI meu Senhor tem mandado delinear plano para cada hum
dos Bairros de Lisboa, os quaes se publicarão com brevidade, assignan
se nelles a largura, e a direcção das Ruas ; a estructura exterior , e
elevação dos Edificios, os quaes devem ser uniformes tudo quanto com
modamente poder observar-se. Nesta consideração recebi a Ordem de
fazer publicar hum Edital com a data de 30 de Dezembro do anno pas
sado; e o mesmo Senhor me Manda annunciar, e declarar novamente
o seguinte.
» Que todas as casas, que depois do referido Edital de 30 de De
» zembro, e daquelle tempo em diante, se acharem fabricadas de pare
» des de pedra, e cal, frontaes, ou tabiques, que no acto da demarca
» cão que se fizer, se acharem contrarias aos referidos planos serão no
» mesmo acto demolidas á custa de seus donos, sem outra alguma
» figura de Juizo. Lisboa a 10 de Fevereiro de 1756. = Duque Rege
» dor. =
E porque havendo o mesmo Senhor (em beneficios da reedificação,
e decóro da Cidade de que actualmente se está tratando) mandado ob
servar os referidos dous Editaes com o embargo das Obras de pedra, e
cal, em que com transgreção daquella util providencia se trabalha na
mesma Cidade: Chegou á Real presença a informação de que os Oficiaes
da Justiça, que fizerão os referidos embargos, excederão nelle as ditas
Reaes Ordens ; fazendo-as geraes, e absolutas sem distinção alguma,
quando devião excluir dos referidos embargos, todas as Obras, que o pri
meiro dos ditos Editaes mandou exceptuar nas literaes palavras = Bem
entendido, que por esta segunda prohibição, se não comprehendem con
certos precisos, para a reparação, e conservação das propriedades, que
os Terremotos deixarão em estado de poderem servir a seus donos:
He Sua Magestade Servido, que Vossa Senhoria mande afixar lo
go por Edital este Aviso, para que chegue á noticia de todos os interes
sados: Primó, que de nenhuma sorte se achão prohibidos os concertos,
e reparações assima referidas; mas sim, e tão sómente as reedificações
das propriedades, que forão, ou queimadas, ou reduzidas a ruinas totaes:
Secundó, que isto se entende naquellas Ruas, que o mesmo Senhor or
denou, que novamente se alinhassem para o maior decóro da Cidade,
e melhor serventia, e commodidade dos seus Habitantes; Tertió, e que
para remover toda a dúvida sobre a questão de quaes sejão as Ruas, que
novamente se hão alinhar entre aquellas de que atégora não sahirão os
alinhamentos, e prospectos se deve recorrer a Vossa Senhoria, para que
debaixo das necessarias informações possa dar as licenças para se edificar
naquelles lugares, em que as mesmas Ruas não podem commodamente
melhorar-se. Deos guarde a Vossa Senhoria. Paço de Nossa Senhora da
654 1759

Ajuda a 20 de Abril de 1759. = Sebastião José de Carvalho e Mello.


= Senhor Pedro Gonçalves Cordeiro Pereira.
Impresso na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem:
Que tendo sido Servido por outro Alvará de treze de Novembro de mil
setecentos e cincoenta e seis, determinar tempo certo para se fazerem
os Inventarios dos Mercadores falidos; ordenando tambem se procedes
se logo ao pagamento dos Crédores por hum justo rateio: Porque a ex
periencia mostra, que a multiplicidade dos Apresentados, a falta dos
lançadores nos bens de raiz, a difficuldade das cobranças, e a demora
dos mesmos Crédores nas justificações das suas dívidas, costuma emba
raçar os ditos rateios: E por Me ser presente, que havendo-se expedido
alguns dos de maior importancia, se entrou na dúvida, se aos Crédores,
cujas dívidas vencião juros por estipulação, se devião contar os mesmos
juros até o dia sómente da apresentação do Falido, ou se os ficavão ven
cendo até o dia do pagamento, e efectivo rateio: Hei por bem declarar,
que supposto que, por via da regra, os juros convencionaes se não ex
tingão sem o efectivo pagamento: com tudo, como pela apresentação,
e sequestro dos Falidos, os seus bens ficão sendo communs dos Crédores;
e como a Minha Real intenção foi introduzir a possivel igualdade entre
todos os ditos Crédores, extinguindo para este fim as preferencias assim
de Direito commum, como do particular destes Reinos: Estabeleço, que
se não possa contar juros, ainda estipulados, senão até o dia da apresen
tação dos Falidos, e sequestro feito nos seus bens; sem embargo de qual
quer Lei, Disposição, ou costume contrario, que todos Hei por deroga
dos para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselhos da
Minha Real Fazenda, e do Ultramar, Casa da Supplicação, Meza da
Consciencia, e Ordens, Senado da Camara, Junta do Commercio des
tes Reinos, e seus Dominios, Desembargadores, Corregedores, Juizes,
Justiças, e Oficiaes dellas, a quem o conhecimento deste pertencer,
que assim o cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guar
dar, como nelle se contém. E ordeno ao Doutor Manoel Gomes de Car
valho, do Meu Conselho, Desembargador do Paço, e Chanceller Mór
do Reino, que fazendo publicar este Alvará na Chancellaria, remetta
os transumptos delle impressos aos Tribunaes, e Ministros, na fórma cos
tumada: Registando-se nos lugares, onde se costumão registar semelhan
tes Leis: e mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no
Palacio de Nossa Senhora da Ajuda aos 17 de Maio de 1759. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Seeretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no livro II. do Registo das Consultas da Junta
do Commercio destes Reinos, e seus Dominios a fol.
219., e impr. na Officina de Antonio Rodrigues Ga
lhardo.
I759 + 655

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de confirmação virem,


que, havendo visto, e considerado com pessoas do Meu Conselho, e ou
tros Ministros doutos, experimentados, e zelosos do serviço de Deos, e
Meu, e do Bem commum dos Meus Vassallos, que Me pareceo consul
tar, os Estatutos da Aula do Commercio, que forão ordenados de Meu
Real consentimento pela Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, e se contém nos dezanove paragrafos escriptos em seis meias fo
lhas de papel, que baixão com este rubricadas por Sebastião José de Car
valho e Mello, do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios
do Reino: E porque, sendo examinados os mesmos Estatutos com madu
ro conselho, e prudente deliberação, se achou serem de grande, e no
toria utilidade para a conservação, e augmento do Bem público dos Meus
Vassallos, e do Commercio: Em consideração de tudo: Hei por bem, e
Me praz de confirmar os ditos Estatutos, e cada hum dos seus Paragra
fos em particular, como se verbo ad verbum fossem aqui insertos, e de
clarados; e por este Meu Alvará os confirmo de Meu proprio Motu, cer
ta sciencia , . Poder Real, Supremo, e absoluto, para que se cum
prão, e guardem tão inteiramente como nelles se contém. E quero , e
Mando, que esta confirmação em tudo, e por tudo seja inviolavelmente
observada, e nunca possa revogar-se; mas sempre como firme, valida,
e perpetua esteja em sua força, e vigor, sem diminuição, e sem que se
possa pôr dúvida alguma a seu cumprimento em parte, nem em todo,
em Juizo, nem fóra delle; e se entenda sempre ser feita na melhor fór
ma, e no melhor sentido, que se possa dizer , e entender a favor dos
mesmos Estatutos, e conservação delles: Havendo por suppridas (como
se fossem expressas neste Alvará) todas as clausulas, e solemnidades de
facto, e de Direito, que necessarias forem para a sua firmeza: E dero
go, e Hei por derogadas todas, e quaesquer Leis, Direitos, Ordena
ções, Capitulos de Cortes, Provisões, Extravagantes, e outros Alvarás,
e Opiniões de Doutores, que em contrario dos mesmos Estatutos, e de
cada hum dos seus paragrafos, possa haver por qualquer via, ou por qual
quer modo, posto que taes sejão, que fosse necessario fazer aqui dellas
especial, e expressa relação de verbo adverbum, sem embargo da Orde
nação do livro segundo, titulo quarenta e quatro que dispoem não se en
tender ser por Mim derogada Ordenação alguma, se da substancia del
la senão fizer declarada menção: E terá este Alvará força de Lei, pa
ra que sempre fique em seu vigor a confirmação dos ditos Estatutos, e
paragrafos, sem alteração, nem diminuição alguma.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Regedor da
Casa da Supplicação, Conselhos da Minha Real Fazenda, e do Ultramar,
Meza da Consciencia e Ordens, Senado da Camara, Junta do Commer
cio destes Reinos, e seus Dominios, Desembargadores , Corregedores,
Juizes, Justiças, e Oficiaes dellas, a quem o conhecimento deste per
tencer, que assim o cumpräo, e guardem, e lhe fação dar a mais intei
ra, e plenaria observancia. E valerá como Carta, ainda que não passe
pela Chancellaria, e posto que o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, não obstantes as Ordenações em contrario. Dado em Nossa Se
656 1759

nhora da Ajuda aos 19 de Maio de 1759. = Com a Assignatura de El


Rei, e a do Ministro.

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Livro II. da Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios a fol. 97.

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ESTATUTOS DA AULA DO COMMERCIO ORDENADOS POR


ELREI Nosso Senhor, no Capitulo dezaseis dos Estatutos, da Jun
ta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios.

A Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, havendo con


siderado que a falta de formalidade na distribuição, e ordem dos livros
do mesmo Commercio, he huma das primeiras causas, e o mais eviden
te principio da decadencia, e ruina de muitos Negociantes; como tam
bem, que a ignorancia da reducção dos dinheiros, dos pezos, das medi
das, e da intelligencia dos cambios, e de outras materias mercantís, não
podem deixar de ser de grande prejuizo, e impedimento a todo, e qual
quer negocio com as Nações extrangeiras; e procurando, quanto pede
a obrigação do seu Instituto, emendar esta conhecida desordem, propoz
a Sua Magestade no Capitulo dezaseis dos Estatutos da mesma Junta,
que se devia estabelecer huma Aula, em que presidissem hum, ou dous
Mestres, e se admittissem vinte Assistentes do número, e outros super
numerarios, para que nesta pública, e muito importante Escola se en
sinassem os principios necessarios a qualquer Negociante perfeito, e pe
la communicação do methodo Italiano, aceito em toda a Europa, nin
guem deixasse de guardar os livros do seu Commercio com a formalida
de devida.
1 . A geral aceitação do projecto fez conhecer bastantemente que to
dos desejavão emendar esta falta, e que ela procedia da difficuldade de
encontrar as lições, e não de applicar os estudos: A commua expecta
ção, com que, publicados os mesmos Estatutos, se tem feito sensivel a
necessaria demora para o exercicio da Aula, he huma segunda, e mais
segura prova desses bem louvaveis desejos: Pelo que a mesma Junta,
que na mediação deste tempo não cessou de dispôr, e dirigir á maior
utilidade do Bem commum do Commercio este novo estabelecimento,
em cujos acertados principios consistem os seus progressos, e a sua per
petuidade, faz publicos estes Estatutos, que hão de servir de governo
á_referida Aula, debaixo da Real approvação, e confirmação de Sua
Magestade.
2. A determinação de hum, ou dous Mestres, para a presidencia da
Aula, foi deixada ao prudente arbitrio da Junta no referido Capitulo de
zaseis dos seus Estatutos; e nesta conformidade poderá a mesma Junta
nomear hum sómente, como agora tem feito, porque assim pareceo con
veniente, e bastante; ou, quando a experiencia mostre que hum só Mes
tre não póde comprehender a inspecção, e encargos, que lhe são com
mettidos, poderá nomear dous, distribuindo-lhe os dias, e as materias
como se entender necessario.
1759 657

- 3 O lugar de Lente da Aula he de tão importante consideração pela


utilidade, que delle resultar ao Bem commum destes Reinos, que, por
si mesmo, se faz recommendavel para a eleição de pessoa, que bem o
possa servir: e porque os nomeados para o referido emprego se devem
suppôr de tal modo desembaraçados de outras dependencias, que não te
nhão prejuízo em serem perpetuados nesse mesmo exercicio, se lhes con
tinuarão os Provimentos da Junta, reformando-os em cada hum dos Trién
nios, em quanto o mesmo Lente se achar habil para o cumprimento das
suas obrigações, e com tanto, que, tenha requerido na Junta a refórma
do Provimento findo. •

4. Na fórma do mesmo Capitnlo dezaseis dos Estatutos da Junta de


vem ser vinte os Assistentes numerarios da referida Aula, e a estes se
deve contribuir com o emolumento, que se julgar bastante para animar
os que tiverem meios, e sustentar os que delles carecerem para a sua
subsistencia: fica porém livre á nomeação da Junta o provimento dos su
pernumerarios, com tanto, que não excedão de trinta, porque não póde
abranger a mais de cincoenta Discipulos o cuidado de hum só Mestre,
ou Lente; e que na sua eleição se observem as condições determinadas
no mesmo Capitulo, e as mais, que se declarão nestes Estatutos.
5 . Porque a falta das primeiras disposições, ou elementos em alguns
dos Assistentes seria motivo de impedir os progressos de outros, e de
embaraçar a uniformidade de estudos, que deve haver na Aula, onde as
materias, que se hão de dictar, suppõem como necessaria a suficiente
expedição em ler, escrever, e contar, ao menos nas quatro especies,
pelo modo mais ordinario: não se poderá passar Provimento a pessoa al
guma, sem que seja examinada pelo Lente da Aula, o qual, debaixo
do encargo de sua consciencia, declare; que o pertende está habil pa
ra ser admittido, quanto a esta parte.
6 Ainda que os pertendentes, com a qualidade de filhos, ou netos
de Homens de Negocios, devem ser preferidos, em iguaes circunstan
cias, para Praticantes, ou Assistentes do número: com tudo, porque
esse mesmo meio da sua subsistencia não seja o fim ultimo da sua per
tenção, ficará em suspenso a nomeação dos Assistentes, que devem en
trar no número; e passado o primeiro anno de exercicio, se farão exa
mes, na presença da Junta, para que conforme os merecimentos, se ha
jão de prover os referidos lugares, contando-lhes os emolumentos desde
o dia da abertura da Aula: Bem visto, que os filhos de Homens de Ne
gocio Portuguezes, em igualdade de termos, assim de sciencia, como de
procedimento, devem ser attendidos para a preferencia: O mesmo se de
ve practicar em todas as aberturas da Aula.
7 Passado o tempo competente para que se possa conhecer a capaci
dade, e applicação dos Assistentes da Aula, mandará a Junta fazer,
e repetir exames na presença de dous Deputados, que darão parte na
mesma Junta; e achando-se que não tem aproveitado á proporção do tem
po, serão logo despedidos, ou lhes será dado espaço para a sua emenda,
procedendo-se, em huma, e outra parte, com tal consideração, que nem
se diminúa, ou abata o crédito da Aula, pela negligencia, ou incapa
cidade dos seus Assistentes; nem delles se pertenda mais, que huma
competente disposição para Negociantes perfeitos.
8 Porque nem os Estudos, ainda promovidos pela consideração dos
exames, nem as esperanças em ser admittido ao número, poderão sup
prir o defeito causado pela pouca idade, não se poderá passar No
meação para Praticante, ou Assistente da &#"
00Q
em quanto não cons
Y
658 1759

tar que o pertendente tem quatorze annos completos: Não se limita o


termo, quanto aos annos, de que não devem passar; porém no concur
so de muitos pertendentes, em iguaes circunstancias, sempre devem
ser admittidos os de menos idade, porque mostra a experiencia, que es
tes são mais aptos para o ensino, e se devem suppôr mais desimpedidos
para a assistencia, e Estudos.
9 Sendo huma das principaes vantagens nos Estudos das Aulas o pra
ticar-se continuamente nellas, a materia das actuaes applicações de to
dos os Assistentes, o que se não poderia conseguir sem que todos con
corressem em hum mesmo ponto: Não se devem repetir as Nomeações
para Praticantes da Aula do Commercio, sem que finalize entre cada hu
ma abertura o termo de tres annos, que he o tempo necessario para se
dictarem, conhecerem, e praticarem os principaes objectos dos Estudos
desta mesma Escola; vagando porém alguns lugares dentro dos primei
ros seis mezes, se poderão prover em pessoas que tenhão conhecimento
das materias, que já se houverem dictado.
10 Em todas as manhãs terá exercicio a Aula do Commercio, prin
cipiando as lições, de Inverno, pelas oito horas, e acabando pelo meio
dia; e de Verão pelas sete, e acabando pela onze : e os Escriturarios,
ou Praticantes da Contadoria da Junta, serão obrigados, por turno, a
fazer o ponto em cada hum dos mezes, para que na mesma Junta se fa
ça certo, que os Praticantes assistem.
1.1 A Arithmetica, como fundamento, e principio de todo, e qual
quer commercio, deve ser a primeira parte da lição da Aula, ensignan
do-se aos seus Praticantes, sobre o methodo commum, e ordinario das
quatro principaes especies, os motivos, e diversos modos, com que mais
facil, e promptamente se achão hoje as sommas, se fazem as diminui
ções, e multiplicações, se abrevia a repartição, e se lhes tirão as pro
vas: conseguida a perfeição nesta parte, se deve passar ao ensino da
conta de quebrados, regra de tres, e todas as outras, que são indispen
saveis a hum Commerciante, ou Guarda livros completo; procurando sem
pre, que se não passe de humas a outras materias, e ainda dentro del
las, de humas a outras partes, sem que em todos haja hum geral conhe
cimento do que já for dictado.
12 Ao ensino da Arithmetica perfeita se deve seguir a noticia dos
pezos em todas as Praças do Commercio , especialmente aquellas com
que Portugal negocêa; como tambem das medidas, assim de varas, e
covados, como de palmos, e pés, cubicos, e singelos, e do valor com
mum das moedas no Paiz, em que correm, até que qualquer dos Assis
tentes da Aula possa reduzir, por exemplo, as varas de Hespanha , as
Jardas de Inglaterra, ou os Palmos de Genova á medida de Portugal,
ou de outro Reino, e o custo, e despeza da fazenda, na Praça extran
geira, ao dinheiro da outra Praça, para que se fez o transporte.
13 Porque o referido conhecimento não seria bastante para adquirir
a certeza do custo das fazendas sem a noticia dos cambios; visto que
nesta imaginária passagem da moeda se não attende sómente ao seu va
lor real; mas tambem á maior, ou menor necessidade de dinheiros em
cada huma das Praças, pela qual se augmenta, ou diminúe o valor ar
bitrario dessa mesma moeda, será esta importante materia huma parte
do principal cuidado no ensino dos Assistentes da Aula; pois ainda que
a sciencia dos cambios se não possa inteiramente comprehender nas ida
des respectivas dos ditos Assistentes, e em tão limitado espaço de tem
po, especialmente considerado o cambio como hum particular, e sepa
1759 | 659
do ramo do Commercio; com tudo se formarão as primeiras, e suficien
tes disposições para que, com a prática, e diversidade dos casos occur
'rentes, se hajão de alcançar as mais necessarias noticias, e não falte es
ta parte, ao menos, como integrante, para todo, e qualquer commer
ClO. • • • • •

14 Os Seguros com as suas distinções de loja a loja, ou de ancora a


ancora; de modo ordinario, ou de pacto expresso, e a noticia das apo
lices, assim na Praça de Lisboa, como em todas as mais da Europa;
como tambem a formalidade dos fretamentos, a prática das commissões,
e as obrigações, que dellas resultão, devem ser todas tratadas, ao me
nos, para o suficiente conhecimento de cada huma das partes, com o
qual se adquirão as disposições para chegar á perfeição em seu tempo. ,
* 15 Ultimamente se passará a ensinar o methodo de escrever os livros
com distincção do Commercio em grosso, e da venda a retalho, ou pe
lo miudo, tudo em partida dobrada, ainda que com diferença dos dous
referidos commercios; e depois se fará huma recopilação de todas estas
partes, figurando aos Assistentes alguns diversos casos em themas, ou
propostas, em que se possa conhecer, por huma só partida, se elles tem
conseguido a competente perfeição da Arithemetica, a noticia da reduc
ção dos pezos, e das medidas, o valor dos dinheiros, a variedade dos
cambios, a importancia dos seguros, e das commissões, até dar entra
da onde devem nos livros do seu Commercio.
16 Completos os tres annos, se dará Certidão aos Assistentes, que
houverem frequentado a Aula; e com este documento será visto o deve
rem infallivelmente preferir em todos os Provimentos da nomeação da
Junta, assim da Contadoria, como da Secretaria, e ainda de quaesquer
emprêgos, em que não estiver determinada outra preferencia. A mesma
attenção se haverá com os ditos Assistentes da Aula nos Provimentos,
que se mandarem passar pela Direcção da Real Fábrica das Sedas, e
em todas as mais da Inspecção da Junta.
17 Aos Caixeiros das lojas das cinco classes de Mercadoles, he Sua
Magestade Servido conceder, dispensando nesta parte sómente, a dis
posição do §. 7. do Cap. 2 dos Estatutos da Meza do Bem commum dos
mesmos Mercadores, que, havendo frequentado a Aula pelo tempo dos
tres annos, possão abrir lojas por sua conta, com o exercicio de cinco
annos em lugar dos seis, que estão determinados nos mesmos Estatutos.
18 Tambem Sua Magestade he Servido extender a disposição do Cap.
4. dos Estatutos da Junta, em quanto se determina, que todos os Ofi
ciaes, ou quaesquer outras pessoas, que nos mesmos Estatutos perten
cem á nomeação da Junta, tenhão por Juiz privativo ao Desembarga
dor Conservador geral do Commercio, para os Assistentes da Aula, du
rante o tempo do seu exercicio sómente, e havendo Certidão da sua as
sistencia.
19 As diligencias, disposições, e zelo da Junta na Instituição desta
nova Aula devem merecer a todos os Assistentes o concurso da sua ap
plicação, para que se consigão aquelles ultimos fins, que podem resultar
aos mesmos Assistentes, e ás Casas de Negocio, que delles se servirem
na conducta do seu Commercio, e para que ao tempo dos seus exames
não passem pela sensivel reprovação, e despedida, que vai comminada
nestes. Estatutos a todos os negligentes; porém mais, que todos esses mo
tivos, deve promover ao exercicio, e aproveitamento dos Assistentes a
Real confirmação, e protecção de Sua Magestade, que foi Servido apro
var, e mandar fazer publicos estes E…"; , havendo por muito recom
OOO 2
660 1759

mendada a sua execução. Lisboa a 19 de Abril de 1559. = José Fran


cisco da Cruz. = João Rodrigues Monteiro. = Manoel Dantas de Amo
rim. = João Luiz de Sousa. = Anselmo José da Cruz. = Ignacio Pe
dro Quintella. = João Henriquez Mártins.
Impr. na Qficina de Antonio Rodrigues Galhardo
juntamente com o Alvará antecedente.

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P oR quanto os Armazens, e Terra contigua a elles no sitio da Jun


ueira, forão comprados em Meu Nome e para o Meu Real Serviço, á
iscondeça de Barbacena por Thomé Joaquim da Costa Corte Real, do
Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Nogocios da Marinha, e Do
minios Ultramarinos pelos poderes, que Fui Servido conceder-lhe
Decreto de treze de Maio do corrente anno, não só para assignar a #
critura de compra, mas para celebrar e assignar a Escritura de Subro
gação de quinze mil réis, que pagava de foro a Antonio Saldanha d'Al
buquerque Coutinho Mattos e Neronha, pelos ditos Armazens, e terra
contigua a elles: Hei por bem, que se junte á dita quantia de quinze
mil réis de foro o rendimento do computo de dous Laudemios a vinte por
milhar, que tudo somma trinta e sete mil quinhentos réis; e Mando,
que pelo Conselho da Minha Real Fazenda se passe Padrão de Juro sem
condição de retro, ou de tença annual perpétua com vencimento, e anti
# de treze de Maio do corrente anno, para vencer do dito dia por
iante; ficando pelo dito juro ou Tença subrogada não só o foro, mas
tambem todo o direito dominical, que compete aos Administradores do
dito Morgado das Caldas nos ditos Armazens e terra contigua a elles;
e será assentado o dito Padrão de juro, ou tença no rendimento da Al
fandega grande da Cidade de Lisboa, e tambem na Alfandega do Ta
baco, para que não tendo cabimento em parte, ou em todo na dita Al
fandega grande, se pague nos subejos dos rendimentos da Alfandega do
Tabaco, entendendo-se por subejos tudo o que crescer, pagos e extin
ctos os filhos da folha, que de presente ha na dita Alfandega do Taba
co; na qual sempre os ditos Administradores do Morgado hão de ter
preferencia aos filhos da folha posteriores ao dito dia do vencimento e
antiguidade deste Juro, ou Tença, e além das ditas Alfandegas, em que
se hade fazer assento, Mando lhe fique subsidiariamente obrigado o ren
dimento dos efeitos Ultramarinos, para que no caso, que em algum an
no não possa este Juro, ou Tença ter cabimento em todo ou parte nas
sobreditas Alfandegas, tudo o que ficar por cobrar nesse anno, será pa
go aos ditos Administradores do Morgado pelo rendimento dos efeitos
do Conselho Ultramarino em que tambem se lhe hade fazer Assento pe
la mesma preferencia e antiguidade deste Juro, ou Tença, que da mes
ma sorte hade vencer nos efeitos do dito Conselho, tudo, o que delle
não couber em cada hum anno nas sobreditas Alfandegas com certidão
de que não teve cabimento em todo, ou em parte; e outro sim: Hei bem,
e Mando, que no Padrão se declare, que além das sobreditas Alfande
gas, e efeitos do Conselho Ultramarino, em que se hade fazer assento,
ficão subsidiarimente obrigados ao pagamento deste Juro, ou Tença, to
dos os Almoxarifados prohibidos tanto de dinheiro, como de pão, para
1759 661
que no caso, que em algum annº n㺠possa ter cabimento nas ditas
Alfandegas, nem nos efeitos do Conselho Ultramarino em todo, ou em
parte, tudo o que ficar por cobrar nesse anno, se lhe pague em qualquer
dos outros Almoxarifados prohibidos, aonde o dito Antonio de Saldanha
Albuquerque Coutinho Mattos Noronha o requerer, ou seus successores,
pela antiguidade que este Juro, ou Tença hade vencer nos Almoxarifa
dos prohibidos subsidiariamente obrigados, ainda que senão assente nel
les: e Mando, que em todos os Juros, e Tenças, posteriores, que nos
taes Almoxarifados se assentarem, se entenda sempre a tacita condição,
de que preferirá este Juro, ou Tença nos casos, que lhe competir o re
gresso subsidiario para os taes Almoxarifados pela antiguidade de seu
vencimento; posto, que nos Padrões dos taes Juros, ou tenças não vá
expressa a dita condição; porém o dito Antonio de Saldanha Albuquer
que Coutinho Mattos e Noronha, não poderá cobrar o dito Juro, ou Ten
ça, sem primeiro mostrar certidão, de que o dito Padrão fica vinculado
em Juizo competente ao Morgado das Caldas, a que era vinculado o fo
ro dos ditos Armazens e terra contigua a elles, fazendo-se assim a su
brogação efectiva. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e
faça executar pela parte, que lhe toca, mandando passar o dito Padrão
com as clausulas referidas, e do Decreto sobredito; e se farão os assen
tos necessarios, tudo á custa da Minha Real Fazenda, sem que o dito
Antonio de Saldanha Albuquerqne Coutinho Mattos e Noronha, faça
despeza alguma, nem por este Juro, ou Tença, pague direitos na Chan
cellaria, nem novos direitos, para o que derogo por esta vez, e para es
te efeito sómente o regimento dos Novos Direitos, e o Capitulo penul
timo delle. Belém a 20 de Maio de 1769. = Com a Rubrica de Sua Ma
gestade.

Regist. no Conselho da Fazenda no Liv. I. dos De


cretos, e Avisos, a fol. 121. vers.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que havendo-Me representado a Junta do Commercio destes Reinos, e
seus Dominios, que se faz necessario, em algumas circunstancias, co
nhecer-se com averiguação, e exame maior, que o extrajudicial, do pro
cedimento dos Homens de Negocio Fallidos, e apresentados na mesma
Junta, """ á declaração dos seus bens, e acções, e aos motivos para
a sua fallencia, por quanto, havendo suspeitas, ou presumpção de que
algum dos mesmos Fallidos tinha sonegados cabedaes, ou obrigações a
ctivas, ou tenha sido doloso por outro qualquer modo; e sendo errado,
mas estabelecido conceito de entre os Acredores, que lhes he injurioso o
denunciar desses seus Devedores; não se póde chegar ao verdadeiro co
nhecimento dos factos, por outro algum modo, que não seja o de deva
ças; pelo que lhe parecia necessario, qne Eu fosse Servido permittir,
que havendo dúvida sobre o procedimento, e verdade de alguns dos ditos
Fallidos, se possa ordenar ao Solicitador da mesma Junta, que requeira
devaça no Juizo da Conservatoria geral do Commercio, para que, com
certeza juridica, se possa conhecer da boa, ou má fé dos mesmos Falli
dos; dando Eu a jurisdicção necessaria ao Desembargador Conservador
662 1759

geral do Commercio para proceder a devaça nos referidos termos. E con


siderando a importancia de que he para o Commercio dos meus Vassal
los remover-se delle toda a fraude, ainda presumida, e consolidar a boa
fé, que deve ser sempre inseparavel dos verdadeiros Commerciantes: Sou
Servido ampliar a jurisdicção do Juiz Conservador geral do Commercio,
assim existente, como os que ao diante o forem, para que, a requeri
mento do Solicitador da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, sendo ele para isso authorisado pela mesma Junta, possa deva
çar dos Homens de Negocio Fallidos, e apresentados, quanto á declara
ração dos bens, e acções, e todos os mais procedimentos, em que pos
sa conhecer a boa fé, com que se tem havido nas suas apresentações;
procedendo contra os culpados na conformidade do Capitulo dezoito do
Alvará de treze de Novembro de mil setecentos e cincoenta e seis, que
determinou a fórma de julgar, e proceder em semelhantes casos; e man
dando passar certidões ao mesmo Solicitador, no caso de não haver obri
gado a devaça, para que na referida Junta se possa julgar a quebra co
mo for justiça.
- Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Regedor da Casa da Supplicação, Conselhos da Minha Real Fazen
da, e do Ultramar; Meza da Consciencia, e Ordens; Senado da Camara;
Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desembargado
res, Corregedores, Juizes, Justiças, e Pessoas de Meus Reinos, e Se
nhorios, a qnem o conhecimento deste pertencer, que assim o cumpräo,
e guardem, e e fação inteiramente cumprir, e guardar, como nelle se
contém; sem embargo de quaesquer Leis, ou Costumes, em contrario,
que todos, e todas Hei por derogadas, como se de cada huma, e cada
hum delles, fizesse expressa, e individual menção, para este caso só
mente, em que sou Servido fazer cessar de Meu Motu proprio, certa
sciennia, Poder Real, Pleno, e Snpremo, as sobreditas Leis, e cos
tumes, em attenção ao Bem público, que resulta desta providencia: Va
lendo este Alvará como Carta passada pela Chancellaria , ainda que
por ella não hade passar, e que o seu efeito haja de durar mais de hum
anno, sem embargo das Ordenações em contrario: Registando-se em to
tos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandan
do-se o Original para a Torre do Tombo. Dado em Nossa Senhora da
# a 30 de Maio de 1769. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
1n1Stro. •

Regist na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no Livro II. da Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios a fol. 99., e impr. na Ofici
na de Antonio Rodrigues Galhardo.

E LREI Nosso Senhor Manda entregar os Terrenos das Ruas, que


antes se chamavão dos Ourives do Ouro, dos Douradores, e dos Escu
deiros, as quaes todas se ãchão actualmente incluidas na Rua denomi
nada Augusta, que discorre desde o meio da Praça do Commercio até á
do Rocio, com sessenta palmos de largo: Para que os Interessados nos
mesmos Terrenos possão dar principio á reedificação das Propriedades,

1759 663

que neles perdèrão, conformando-se com disposições da Lei de doze de


Maio de mil e setecentos cincoenta e oito, Instrucções, e Decreto de
doze de Junho do mesmo anno, e com as mais ordens emanadas da Pa
ternal, e Inexhaurivel Providencia do mesmo Senhor em beneficio com
mum dos seus Vassallos: Adjudicando-se a cada huma das pessoas, que
tinhão casas nas referidas tres Ruas, as mesmas porções de Terreno,
que antes tinhão em frentes, e em fundos, e pela mesma ordem dos lu
gares, em que as mesmas Propriedades estavão situadas no dia primei
ro de Novembro de mil e setecentos cincoenta e cinco: O que se enun
cia pelo presente Edital, ao fim de que todos, e cada hum dos Interes
sados possão comparecer por si, ou por seus Procuradores, nas casas de
morada do Desembargador João Caetano Thorel, pelo que pertence ao
Bairro da Rua Nova; e do Desembargador Manoel José da Gama e Oli
veira, pelo que pertence ao Bairro do Rocio; para lhes determinar os
dias, e horas, em que hão de hir fazer as referidas Adjudicações, e
dar-lhes, no acto dellas, posse, e faculdade para edificarem, com assis
tencia dos Oficiaes encarregados desta diligencia, e das avaliações, e
demarcações a ella pertencentes: Aos que se acharem na Cidade de Lis
boa, e seu Termo, se assigna o espaço de dez dias; e o de trinta dias
aos que se acharem fóra do referido Termo; debaixo da pena de se pro
ceder á revelia, findos os sobreditos dias, contados, contínua, e succes
sivamente, do da publicação deste, na fórma da sobredita Lei, em uti
lidade pública da reedificação da Capital do Reino. Lisboa, a 12 de Ju
nho de 1799. = Com a Assignatura do Chanceller servindo de Regedor.
Impr. avulso.

* **<>$ $

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Ampliação, e Decla


ração com força de Lei virem, que por quanto pelo outro Alvará de Lei
dado em doze de Maio do anno proximo passado de mil setecentos cin
coenta e oito, estabeleci os direitos publicos da edificação da Cidade de
Lisboa por hum plano decoroso, digno da Capital dos Meus Reinos, e
commodo, e util aos Meus Vassallos, que nella habitarem: E por quan
to tenho mandado, que os Terrenos, em que se devem fabricar os edi
ficios da mesma Cidade, se principiem logo a entregar, e se continuem
successivamente a adjudicar aos Donos, a quem pertencerem: Para que
as ruas da mesma Cidade, e os edificios, que nellas se erigirem, sejão
regulados, e conservados com a policia, que se faz tão recommendavel
em commum beneficio: Sou Servido ampliar, e declarar a dita Lei, e
as Instrucções,
cução e Ordens,
do seu conteúdo, que depois
na maneira della determinei para a boa exe
seguinte. •

1 Nas Ruas principaes, que pelo novo alinhamento tiverem na sua


largura cincoenta palmos, e dahi para cima, se não devem attender pa
ra a conservação do Dominio dos seus antigos Donos aquelas proprieda
des, que constar pelos Tombos, que não tem pelo menos vinte e seis pal
mos completos nas suas frentes: Antes pelo contrario, aquelles Terrenos,
que tiverem menos da referida frente, serão adjudicados pelo seu justo
valor a qualquer dos dous visinhos confrontantes, na conformidade dos
Paragrafos segundo, e terceiro da sobredita Lei de doze de Maio de mil
664 1759
setecentos cincoenta e oito: O que porém cessará no caso de compra
rem os Donós dos referidos Terrenos alguma porção de outro immedia
to, para assim se alargarem, e conformarem com a planta da Rua, de
que se tratar, sem ofensa do prospecto da mesma Rua, que para o de
córo da referida Cidade se faz indispensavel.
2 Para que nas sobreditas Ruas nobres, e de novo abertas, havendo
qualquer incendio na casa de hum visinho, se não communique o fogo ás
habitações dos outros visinhos confrontantes; E para que pelos telhados
não devassem huns as Familias dos outros: Estabeleço, que entre duas
propriedades de diferentes Donos não possa haver divisão de frontaes;
mas sim, e tão sómente de paredes mestras, ou separadas, e particula
res naquelles lugares, em que acharem conveniente os Donos das mesmas
propriedades apartallas humas das outras, para receberem luz, e para
outros fins da sua utilidade; ou pelo menos por paredes commuas aos dous
visinhos confrontantes; as quaes paredes em todo o caso serão elevadas
até subirem oito palmos, pelo menos, assima dos frechaes, descendo
daquella maior elevação por modo de empena até á face da Rua, á por
porção do declivio dos telhados.
3 Em beneficio da mesma formosura da Cidade, e da commodidade
pública dos seus habitadores, prohibo, que em cada huma das Ruás no
vas della, se edifiquem casas com altura maior, ou menor, ou com sym
metria diversa daquella, que for estabelecida nos prospectos, que Man
do publicar para a regularidade dos mesmos edificios, e que não pode
rão nunca ser alterados, sem especial dispensa Minha.
4 Semelhantemente prohibo, que nas sobreditas Ruas haja angulos
entrantes, ou salientes, que dem lugar a serem nelles surprehendidos
insidiosamente os que de noite passarem pelas ditas Ruas.
5 Prohibo igualmente, que nas mesmas Ruas, ou nas paredes, e no
ar livre dellas, se fabriquem poiaes por fóra, degraos, ou escadas, cór
tes, ou entradas para lojas, ou oficinas subterraneas, releixos, cachor
radas, e galarias, em prejuizo do prospecto, e da passagem pública.
6 Prohibo da mesma sorte, que nas janellas, ou em qualquer outro
lugar sobre as Ruas publicas, se fação alegretes, parteleiras, ou qual
quer outra estancia, ordenada a se porem nella craveiros, ou cousas se
melhantes.
7 Prohibo da mesma sorte, que nas janellas das casas, situadas. em
Ruas, que tenhão quarenta palmos de largo, e dahi para cima, haja ró
tulas, ou gelosias, que além de deturparem o prospecto das Ruas, tem o
perigo de se communicarem por ellas os incendios de huns a outros edi
ficios: Exceptuando sómente as lojas, e casas terreas, que se acharem
no andar das Ruas, expostas á devassidão dos qne por ellas passão.
8 Prohibo tambem, que á face das Ruas nobres, e principaes, que
tiverem cincoenta palmos de largo, e dahi para cima, se edifiquem ca
valharices, cocheiras, e palheiros; ou se fixem argolas nas paredes, pa
ra nellas se prenderem bestas, ou outros animaes, que incommodem as
pessoas, que por ellas passarem : Edificando-se, e pondo-se as referidas
cavalhoriças, cocheiras, palheiros, e argolas, nas Travessas, onde menos
deformidade, e discommodo causem ; e sendo em todo o caso os sobre
ditos palheiros cobertos de abobeda, para que no caso, em que nelles
haja alguns incedios, fiquem sempre preservados os edificios principaes,
em beneficio de seus Donos, e dos Inquilinos, que nelles habitarem.
9 Determino aos Ministros actuaes Inspectores dos Bairros da mes
ma Cidade, e aos que ao diante o forem, que não consintão, que por
1759 665

modo, ou pretexto algum, se edifique, ou faça obra, que seja contraria


ás Providencias, que tenho estabelecido pela sobredita Lei de doze de
Maio de mil setecentos cincoenta e oito; pelas Instrucções dadas no dia
doze de Junho do mesmo anno; e por este presente Alvará, ou contra
qualquer das ditas Providencias: E que nos casos não esperados", em
que succederem as referidas transgressões, fação logo verbalmente , de
plano, e sem figura de Juizo, autuar aquella, ou aquellas, que lhes fo
rem presentes, ou ex oficio, ou a requerimento de qualquer Pessoa do
Povo, fação demolir, ou desmanchar as obras reprovadas, que acharem
nos autos de vistorias , a que procederão á custa das Pessoas, que as
houverem feito, condenando-as de mais nos salarios das mesmas vistorias;
e fação restituir tudo aos precisos termos desta Lei, e á observancia
do mais, que tenho assima ordenado; deixando nos casos, em que o pre
juizo das partes exceder a trezentos mil réis, sempre salvo ás partes seu
direito, para ser determinado tambem verbalmente em Relação, na con
formidade da sobredita Lei de doze de Maio de mil setecentos cincoenta
e oito;
das e sem
obras por isso dilatarem a demolição, ou desmancho das referi
prohibidas. •

E este se afixará por Edital, para que chegue á noticiaº de to


dos, e se cumprirá, como nelle se contém.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselho da
Fazenda, Ministro, que serve de Regedor da Casa da Supplicação, Go
vernador da Relação, e Casa do Porto, e Ministros, Oficiaes, e Pes
soas destes Reinos, que cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cum
prir, e guardar este Meu Alvará, como nelle se contém, sem embargo
de quaesquer outras Leis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo
nelle, as quaes Hei por derogadas para este efeito sómente, ficando
aliás sempre em seu vigor. E Mando ao Doutor Manoel Gomes de Car
valho, do Meu Conselho, Desembargador do Paço, e Chanceller Mór
do Reino, que faça publicar este na Chancellaria; e remettello aos lu
gares, onde se costumão remetter; registando-se nos livros, onde se re
gistão semelhantes Leis, e mandando-se o Original para a Torre do Tom
bo. Escrito no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 15 de Junho de
1759. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro,

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


• no, no Livro das Cartas, Alvarás, e Patentes a fol.
- 47., e impr. avulso.

# #*Cº?k=}

SUA MAGESTADE Manda remetter a Vossa Senhoria a Instrucção


inclusa, para que Vossa Senhoria a faça passar ás mãos do Desembarga
dor Manoel José da Gama e Oliveira, Inspector do Bairro do Rocio, ao
fim de dirigir na fórma das Leis, e Ordens do mesmo Senhor com toda
a equidade, que sempre he do Real animo de Sua Magestade, a reedi
ficação daquella nobre Praça, e das Ruas a ella adjacentes: A proveitan
do-se para as obras, que nellas se devem fazer, da estação presentes an
tes que mais se avance para o Inverno, no qual se não póde bem edifi
qar, principalmente naquelles Terrenos baixos, e como taes alagadiços.
Nesta consideração he o mesmo Senhor outro sim Servido, que,
Pppp
666 1759

Vossa Senhoria Mande entregar sem perda de tempo ao dito Ministro o


Tombo do Bairro da sua Inspecção, e Cópia do Termo, que devem fa
zer no livro ultimamente ordenado os donos dos Terrenos ao tempo, em
que lhes forem entregues para edificarem: Praticando Vossa Senhoria o
mesmo com o Desembargador João Caetano Thorel da Cunha Manoel,
Inspector do Bairro da Rua Nova: ordenando a ambos os ditos Ministros,
que logo convoquem os Oficiaes de Infantaria com exercicio de Enge
nheiros, que nos referidos Tombos se achão assignados, para que com
a sua assistencia, e com o maior conhecimento, que elles tem dos Ter
renos, que demarcárão, se possão fazer as adjudicações delles com a ex
pedição, e brevidade, que são tão necessarias, e que o mesmo Senhor
he Servido que prefirão a todo, e qualquer outro negocio de que os mes
mos Ministros se achem encarregados.
Com os mesmos motivos he tambem o dito Senhor Servido , que
os Escrivães das ditas diligencias sejão os mesmos, que autuárão os re
feridos Tombos, ou os que servirem os lugares daquelles que já não exis
tirem.
Para que se consiga a mesma brevidade, manda Sua Magestade
preventº a Vossa Senhoria, que ordene ao Desembargador Manoel José
da Gama e Oliveira, que principie a entrega dos Terrenos, que perten
cem ao seu Bairro, pela banda do Rocio: E ao Desembargador João Cae
tano Thorel da Cunha Manoel, que principie pela banda da Rua Nova,
ou da Praça do Commercio: Porque desta sorte poderão trabalhar am
bos ao mesmo tempo, sem que hum seja obrigado a esperar pelo outro
em prejuizo das partes, que desejão ganhar tempo para madeirarem os
seus Edificios antes de os embaraçarem as chuvas do Inverno.
Ultimamente para maior clareza, e expedição das referidas entre
gas, ordenará Vossa Senhoria aos mesmos Ministros que ao tempo, em
que estas se forem fazendo, as vão averbando nas margens dos Tombos,
em que se achão descriptos os mesmos Terrenos, com a declaração das
pessoas a quem forão adjudicados, e das folhas do livro novo, onde fo
rem lavrados os Termos de entrega: para que, depois de se haverem
adjudicado todos os Terrenos das Ruas principaes, se passe mais facil
mente á adjudicação dos outros Terrenos, que se achárão sitos nas Ruas
estreitas, e escuras, os quaes devem agora passar para as Travessas,
com as preferencias, e formalidades declaradas na Lei de doze de Maio
de mil setecentos cincoenta e oito, e dos paragrafos 32, 33, 34, 35,
36, 37, 44, e 45 da Instrucção de doze de Junho do dito anno.
Deos guarde a Vossa Senhoria. Paço de Nossa Senhora da Ajuda
a 19 de Junho de 1759. = Conde de Oeiras. = Senhor Pedro Gonçal
ves Cordeiro Pereira.
Impresso avulso.

$ #«…>… # *

Instrucção sobre as dúvidas, que se devem evacuar, para se dar prin


cipio á Praça do Rocio.

I Se devem avaliar pelo estado antecedente na fórma da Lei de 12


de Maio de 1758 os chãos sitos por de traz do lado Occidental do Rocio,
f
1759 667

que antes existião no Beco antes chamado = Val-Verde, para se adju


dicarem pelo valor, que tinhão no primeiro de Novembro de 1755, aos
Proprietarios que antes tinhão as casas no Rocio á proporção das fren
tes de cada huma dellas.
Feita a dita avaliação, se deve propôr aos que tem os seus Ter
renos na dita Praça do Rocio huma alternativa que consiste: Ou em pa
gar cada hum no Beco de Val-Verde o Terreno, que corresponder á sua
frente : Ou de se pôrem Editaes, para que quem quizer comprrar os re
feridos Terrenos de Val-Verde, e Rocio, se lhe adjudiquem na fórma
da mesma Lei, por huma avaliação respectiva ao dia do Terremoto: Em
fórma que, para edificar sejão sempre preferidos nos termos habeis, as
sima indicados, os Proprietarios, que antes tinhão as suas casas na Pra
ça do Rocio. • •

2 Se deve computar no outro lado Septentrional da mesma Praça o


Terreno, que se toma da Inquisição: O qual comprehende o lado do Pa
lacio dos Estáos, que olhava para o Rocio, e huma parte do pateo: Dan
do-se em compensação delle o Quadro, que fica ao Norte do actual Ter
reno da Inquisição: Examinando-se logo quem sejão os seus, donos: E
avaliando-se para se lhes pagar.
- No mesmo Terreno da Inquisição se deve fechar a Rua, que se
parava os dous Terrenos della, cortando-os do Norte ao Meio Dia: E
se lhes deve deixar sómente huma entrada de sessenta palmos de fundo
da banda do Rocio, para simetrizar com a outra Rua fronteira, que sa
he no lado Meridional da mesma Praça.
3_ Se deve dar ao Senado, e á Casa de Braz da Silveira, o pedaço
do Terreno, que a Planta mostra avançado da fronteira das mesmas ca
sas para a Praça; em compensação do outro pedaço, que se toma no la
do Oriental das mesmas casas de D. Braz para o alinhamento da Rua,
que vai para as Portas de Santo Antão.
4 Se deve demarcar, e abrir logo a Rua que sahe da mesma Praça
pelo lado Septentrional do Convento de S. Domingos na fórma que se
acha delineada na Planta; sem attenção a que seja o Terreno e o A dro
dos Padres: Por quanto em compensação delle se lhes dá o que a baixo
se declara. - • |-

5 Se deve na mesma Rua larga delinear hum Portico no lado Meri


dional della, que sirva de passagem para a Rua Nova da Palma, e pa
ra a Rua dos Canos antiga; sem prejuizo da formosura, e prospecto da
dita Rua larga.
6 Se deve demarcar, e abrir a mesma Rua larga pelo lado Septen
trional della: Servindo de compensação aos donos dos Terrenos a vanta
gem de lhes ficarem situadas em huma Rua magnifica, e entre duas Pra
ças, as casas, que até agora tinhão em huma Rua estreita, immunda,
C @SCUIT2 •

7 Se deve tambem demarcar, e abrir o largo oitavado, que fica no


centro da Rua Nova da Palma: Avaliando-se o Terreno, que for para
elle necessario, e rateando-se por todos os vizinhos confrontantes, em
cujo beneficio cede, na conformidade da Lei de 12 de Maio de 1758.
8 Se deve cortar a Rua, que fica no lado Oriental do Terreno dos
Religiosos de S. Domingos; separando-os da outra # de Terreno do
Hospital Real; De sorte, que entre hum, e outro Terreno, fique huma
Rua de quarenta palmos de largo.
9 No lado Oriental da mesma Praça do Rocio se devem tambem logo
demarcar, e abrir a Rua de quarenta palmos; que dividindo o Terre
Pppp 2
668 1759

no dos ditos Religiosos do outro Terreno do Hospital Real, deve sahir á


Rua direita, que vai do Poço do Burratem para as Portas da Mouraria.
1o Para compensar o pouco, que se corta pelo Terreno dos ditos Re
ligiosos, que fica de interesse: 1." A porção de Terreno , que avanção
para a Praça no angulo Occidental, e Meridional do seu Terreno. 2. A
outra porção, que se lhes larga no outro angulo Septentrional, o Occi
dental do mesmo Terreno: deixando-se-lhes hum bom Adro, e a Igreja
livre. 3." O grande rendimento, que tirarão das lojas, que devem fazer
no lugar, onde antes estavão os Arcos do Rocio, na frente de mais de
trezentos e oitenta palmos. 4." A outra frente de mais de seiscentos pal
mos na boa Rua nova, que se abre no lado Meridional do seu Terreno.
5." A outra frente, que se lhes dá para o mesmo uso na outra boa Rua,
que se abre em distancia de mais duzentos palmos no lado Oriental do
seu dito Terreno.
11 Para compensar o Senado, servirá: 1.° O Terreno, que se lhe
permitte, que avance para a mesma Praça do lado Septentrional della.
2." A facq/dade que Sua Magestade lhe dá para aforar as casas, que
tinhão no mesmo lado Septentrional; em razão de que se lhe mandão fa
zer casas para as suas Sessões na Praça do Commercio.
12 Para compensar o Hospital, lhe fica: 1." O grande Terreno, que
avança para a parte do Rocio. 2." As frentes preciosas que ganha na Rua
nova, que se abre entre elle, e Terreno de S. Domingos : e a outra
Rua, que corta pelo lado Meridional do mesmo Terreno do Hospital os
sórdidos Becos da Roda dos Engeitados, e Bitesga.
13 Para compensar quaesquer pequenos Terrenos que se tomem nes
ta Rua, que corta a Bitesga, se deve ratear o seu valor pelos vizinhos
confrontantes, na conformidade da referida Lei de 12 de Maio de 1758.
14 Para compensar a Inquisição, lhe fica: 1." A restituição, que se
lhe deve fazer da reedificação do Palacio dos Estáos na frente do Rocio,
com seu pateo, que seja competente ao que perde agora. 2.° O Terreno,
que lhe accrescenta no lado Septentrional, na fórma, que fica declara
da no § 2.
15 Para compensar os donos das Propridades sitas na Rua nova, que
se abre ao Occidente do Rocio, se devem regular as cousas na maneira
seguinte.
16 Os que tem frentes da banda do Rocio, querendo passar á outra
Rua nova, devem comprar os Terrenos a seus donos. Sendo os Edifican
tes os mesmos donos dos Terrenos antigos, por onde se abre a sobredita
Rua, ficão superabundantemente compensados com a Rua nova, que se
abre em seu beneficio para lhes dar maior ás suas casas, na conformida
de da referida Lei de 12 de Maio de 1753. No caso de serem communs
aos Proprietarios de ambos os lados da referida Rua os mesmos Terrenos,
não haverá compensação; porque ambos ficão com igual utilidade na so
bredita fórma. E só no outro caso de serem os mesmos Terrenos parti
culares, deste, ou daquelle dono, se devem avaliar, e pagar por rateio
pelos dous visinhos confrontantes, na conformidade da referida Lei. O
que tudo se entende pelo que pertence á meia porção da referida Rua,
que corre do Norte ao Sul.
17 Pelo que pertence á outra meia porção della, cortando esta o cen
tro dos Edificios, que vão até o Largo oitavado, que fica no angulo Me
ridional da Inquisição, se deve compensar o que se toma para a dita Rua,
com as porções de Terreno, que estes Edificios podem avançar para a
Praça do Rocio, os quaes vão indicados na Planta com côr amarella.
I759 . 669

18 Ultimamente se deve advertir que, não obstante que os Terrenos


para a nova edificação se devem entregar pela mesma ordem dos luga
res onde estavão situados: Com tudo esta ordem pede a equidade; e or
dena Sua Magestade, que seja interrompida a respeito daquelles donos
de Terrenos, que antes tinhão as suas casas com frentes em duas Ruas,
para que agora não fiquem entalados, e se conservem no modo possiveí
como antes estavão; passando-se, para os angulos das Ruas, travessas,
que lhes ficarem mais visinhas. Palacio de Nossa Senhora da Ajnda 13
de Junho de 1759. = Conde de Oeiras.
Impresso avulso.
# #*<>"#=}}

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo-Me presente a grande desordem, que ha nos Juizos dos Or
fãos desta Cidade, tanto na facção dos Inventarios, intrometendo-se nel
les os Partidores a fazerem oficio de avaliadores, e os Juizes a arbitrar
lhes salarios exorbitantes, com o erroneo fundamento de só o terem es
tabelecido por Lei do Reino os Partidores, como taes, e não os Avalia
dores; com ignorancia culpavel das repetidas Resoluções, que nesta ma
teria tem havido, especialmente do Decreto de dous de Junho de mil
seiscentos noventa e cinco, dirigido ao Regedor da Casa da Supplicação,
e do Alvará de vinte e cinco de Junho do mesmo anno; como tambem
no pouco cuidado, com que os ditos Juizes zelão os bens dos Orfaos, de
tal sorte, que ainda aquelles, que se reduzem a dinheiro, para se guar
darem nos Cofres, se achão em tão má arrecadação, que se encontrão
varias sahidas de dinheiro sem descarga, e talvez tenha havido o mes
mo descuido na carga da receita: seguindo-se de tudo irreparaveis pre
juizos aos miseraveis Orfãos, pela froxidão dos Juizes, destreza, e máo
procedimento de alguns de seus Oficiaes; devendo todos concorrer com
a maior actividade em beneficio dos ditos Orfãos, que merecem pelo seu
desamparo a Minha Régia Piedade, e efectiva Protecção: Sou Servi
do, pelo que respeita a facção dos Inventarios, excitar o que está man
dado nos ditos Decretos, e Alvará assima enunciados: A saber, que ne
nhum Juiz dos Orfãos, da publicação deste em diante, consinta sejão os
Partidores os mesmos Avaliadores, tendo entendido, que ao oficio de
Partidor só pertence fazer partilha, e divisão dos bens, depois delles es
timados, e avaliados por perítos, nomeados pelo Juiz do Inventario que
devem ser os Juizes dos Oficios ( que annualmente forem, ou tiverem
sido) das cousas, e generos, que os tiverem, ou pessoas práticas, e
intelligentes, tratando-se das cousas, e generos, que não tenhão Jui
zes do Oficio: E a huns, e outros Avaliadores sómente se pagará por
dias, sem que pela razão do trabalho da avaliação lhes possa ser ar
bitrado outro salario: E os Partidores, valendo os bens de trinta mil
réis até cem, levarão por seu salario seiscentos réis para ambos: Va
lendo de cem até quatrocentos mil réis, levarão mil réis: Valendo
de quatrocentos mil réis até dous mil cruzados levarão mil e seiscen
tos réis : Valendo de dous mil cruzados até cinco mil cruzados, le
varão dous mil e quatrocentos: Valendo de cinco até dez mil cruza
dos, levarão quatro mil e oitocentos ; e dahi para cima, seis mil e
quatrocentos, e nada mais, nem a titulo de arbitramento, ou espórtu
la: Sem embargo da Ordenação livro primeiro, titulo oitenta e oito,
paragrafo cincoenta e hum , que Hei por revogada, em quanto de
670 1759

termina menor salario aos Partidores. E sendo os Inventarios feitos de


outra sorte, incorrerão os Juizes transgressores na pena de suspensão do
lugar, que occuparem, e de inhabilidade para servirem outros; e os Par
tidores, e Escrivães, que nesses Inventarios escreverem, e partirem,
scndo Proprietarios, no perdimento do Oficio; e sendo Serventuarios,
na de suspensão, e perdimento do valor do Oficio para o Denunciante,
ficando inhabeis para servirem outro algum Oficio de Fazenda, ou Jus
tiça: E os ditos Escrivães, e Partidores; Proprietarios, ou Serventua
riós, incorrerão mais na pena de cem mil réis, toda para quem os de
nunciar. O que tudo observarão debaixo das mesmas penas quaesquer
Juizes, que o forem de quaesquer Inventarios, ainda entre maiores.
E para pôr em boa ordem o importante negocio da arrecadação dos
bens dos Orfãos, e occorrer aos descaminhos, tantas vezes experimenta
dos, pela má administração, que até agora tem havido: Fui Servido ex
tinguir para sempre os cofres dos Juizes dos Orfãos desta Cidade, e seu
Termo, e substituir em seu lugar o Deposito Geral da Corte, e Cidade
r Alvará de treze de Janeiro de mil setecentos cincoenta e sete, que
R# se observe inteiramente, guardando-se mais, para maior clareza,
e segurança, as providencias seguintes.
Além dos livros, que para a arrecadação, e administração ha de
haver no dito Deposito Geral, haverá mais hum em cada repartição dos
Orfãos rubricado pelo Juiz privativo, no qual breve, e summariamente
registará o Escrivão do Juizo, que cada hum delles nomear, as entra
das, e sahidas, que houver no dito cofre, dos bens pertencentes aos Or
fãos, pondo no corpo do livro os Assentos das entradas, e ahí mesmo na
margem as verbas das sahidas.
Todos os Conhecimentos das cousas depositadas, que passarem para o
dito Deposito Geral, se devem apresentar aos Escrivães dos Orfãos a
quem pertencerem, os quaes só depois de os registarem no livro, e de
porem nos mesmos Conhecimentos a cautela, e verba do registo, os jun
tarão aos Inventarios, e Autos; e não o fazendo assim, incorrerão nas
penas assima cominadas. E os precatorios de entrega, que os Juizes man
darem fazer, serão primeiro apresentados aos ditos Escrivães a quem to
carem, para os descarregarem no Livro, e porem nos mesmos """
rios cautela, ou verba da descarga, sem a qual não os cumprirão os De
putados., e o Tutor, Arrematante, ou qualquer que deve metter no Co
fre dos Orfãos algum dinheiro, não ficará desobrigado, em quanto não
fizer juntar aos Autos do Inventario, ou onde dever ajuntar-se, o Conhe
cimento do dito Deposito Geral.
O Escrivão dos Orfãos não levará mais que quarenta réis por ca
da registo, ou verba de entrada, ou sahida: com declaração, que não ha
de dividir as verbas para multiplicar despezas, observando nesta parte o
disposto a respeito dos Escrivães do Deposito Geral no Capitulo sexto,
paragrafo
Os segundo do dos
seu Orfãos,
Regimento.
• ditos bens dinheiro, peças de ouro, ou prata,
joias, e pedras preciosas, pagarão sómente hum quarto por cento, dedu
zido do capital no tempo da entrada. E o mesmo quarto por cento só
mente se levará dos Depositos voluntarios, que fizerem outras quaesquer
Pessoas no dito Cofre da Cidade, sem embargo do Capitulo quinto, pa
ragrafo segundo do Regimento do Deposito Geral, que Hei nesta parte
por revogado; bem entendido, que hum, e outro quarto por cento ha
de ter a mesma applicação, que aos outros Direitos do Deposito se des
tina no dito Regimento.
I759 67 |

Sendo ponto controverso entre os Doutores, se o dinheiro dos Or


fãos se póde dar a juro; e havendo opiniões contrarias sobre esta mate
ria, ao mesmo tempo, em que a experiencia mostra por huma parte, que
muito do dito dinheiro, dado a interesse, se costuma perder; e pela ou
tra parte, que os Orfãos recebem muitas vezes utilidade de que o di
nheiro, que lhes pertence, se dê a juro: Sou Servido ordenar, que o re
ferido dinheiro se possa dar a juro sómente para se metter em algumas
Companhias de Commercio por Mim confirmadas; dando-se, na fórma
que tenho doterminado, para passar immediatamente do dito Deposito
para os cofres das referidas Companhias. E sendo assim os Accionistas
desobrigados de darem fianças; porque nenhuma poderião dar, que igua
lasse o credito das mesmas Companhias, e a segurança, com qítê se acha
estabelecida a guarda dos cabedaes a ellas pertencentes. Com declaração
porém, que não se poderá dar a juro o dito dinheiro no sobredita fórma,
sem approvação do Provedor dos Orfãos, e Capellas, a quem as Partes
devem recorrer, depois de havido o consentimento do Juiz dos Orfãos:
sem a qual approvação não serão cumpridos os Precatorios pelos Deputa
dos do Deposito Geral. E o dito Provedor, examinando as hypothecas of
ferecidas para segurança do dinheiro, deferirá como for justiça; tendo
entendido, que não menos lhe toca zelar as Pessoas, e bens dos Orfãos,
e prover nos descuidos, que a este respeito houver, fazendo correição
como he obrigado por seu Regimento.
Tudo o que fica disposto a respeito da arrecadação do dinheiro, e
bens dos Orfãos, Ordeno se observe a respeito do dinheiro, e bens das
Capellas, e Residuos, cujo Thesoureiro Fui tambem Servido extinguir pelo
dito Meu Alvará de treze de Janeiro de mil setecentos cincoenta e se
te; havendo hum livro em cada hum dos Juizos das Capellas, e Resi
duos, conforme ao que hão de ter os Escrivães dos Orfãos, o qual esta
rá em poder do Escrivão, que o era do Thesoureiro extincto, e nelle es
creverá as entradas, e sahidas do dinheiro, e mais bens do cofre perten
centes ao seu Juizo; observando em tudo, ainda no salario, o que está
ordenado a respeito dos Escrivães dos Orfãos, sem o que, nem os Escri
vães dos referidos Juizos juntarão aos Autos os Conhecimentos do Depo
sito, debaixo das penas impostas aos Escrivães dos Orfãos, nem os De
putados cumprirão os Precatorios de entrega.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselhos da
Fazenda, e Ultramar, Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Ca
mara, Ministro, que serve de Regedor da Casa da Supplicação, Gover
mador da Relação, e Casa do Porto, Junta da Administração do Depo
sito Geral, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e Offi
ciaes dellas, cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guar
dar este Meu Alvará, como nelle se contém, sem embargo de quaesquer
outras Leis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo nelle, as quaes
Hei por derogadas para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu
vigor. E Mando ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Con
selho, Desembargador do Paço, Chanceller Mór do Reino, que faça pu
blicar este na Chancellaria, remettello aos lugares onde se costumão re
metter, registando-se nos livros, onde se registão semelhantes Leis, e
mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda aos 21 de Junho de 1769. = Com a Assigna
tura de ElRei, e a do Conde de Oeiras.
Regist na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino
no Livro do Registo da Junta dos Depositos Publi
cos a fol. 24., e impr. avulso.
672 1759

# *# …>,3% *

M ANDANDo ver, e ponderar com a mais séria reflexão por muitos


Mi
nistros do Meu Conselho, e Desembargo as Consultas, que a Junta
dos Tres Estados Me fez em vinte e seis de Julho de mil setecentos cin
coenta e oito, de desesseis de Março deste presente anno, sobre o mo
do de darem as suas contas os Thesoureiros, e Almoxarifes, que pelos
estragos do Terromoto se achassem impossibilitados para apresentarem
os Papeis correntes, que os Regimentos determinão, de sorte, que nem
a Minha Real Piedade faltasse aos verdadeiramente impossibilitados,
para os soccorrer com toda a possivel providencia; nem o mesmo Terre
moto ficasse servindo de pretexto aos que delle não receberão prejuizo,
ara fraudarem a Minha Real Fazenda em huma Repartição, de cujo
#io depende a subsistencia das Tropas, a conservação das Praças, e
por necessaria consequencia, o Meu Real decóro, a segurança dos Meus
Reinos, e a protecção, e defensa dos Meus fiéis Vassallos: E confor
mando-Me com o uniforme parecer dos sobreditos Ministros: Sou Servi
do, que os ditos Thesoureiros, e Almoxarifes, que intentarem justifica
car qnaesquer pagamentos, que pertendão haver feito, apresentem as
suas petições ao Doutor Pedro Gonçalves Cordeiro Pereira, Chanceller
da Casa da Supplicação, que nella serve de Regedor: E que este as fa
ça dirigir por huma regular destribuição aos Doutores Bartolomeu José
Nunes Giraldes, e José Carvalho de Andrade, Desembargadores da
mesma Casa; para que nella com os Adjuntos, que lhe forem nomea
dos pelo sobredito Chanceller nos casos occorrentes, defirão as mesmas
petições summaria, e verbalmente , e de plano, sem outros termos ju
diciaes, que não sejão aquelles, que forem necessarios para produzi
rem os ditos Thesoureiros, e Almoxarifes as suas provas, para as susten
tarem, e para sobre ellas responder por parte da Minha Real Fazen
da o Procurador Fiscal da mesma Junta: Reduzindo-se as referidas pro
vas: Primo: A justificação da ruina, que o Terremoto houver, ou não
houver causado aos sobreditos Almoxarifes; e Thesoureiros, como funda
mento indispensavel para gozarem do beneficio desta Minha benigna Pro
videncia. Secundo: As Certidões dos Registos dos livros das Camaras,
e Cabeças de Comarcas, donde se houverem remettido os dobros das Si
zas, Quatro e meio por cento, Real d'agua, &c. Tertio: No caso, em
que se allegue que faltão as ditas Certidões, por não serem do costume
de algumas das referidas Camaras, e Cabeças de Comarcas; a conclu
dente prova de que com efeito não havia mellas o dito costume. Quarto:
Certidões dos livros, em que nos Correios do Reino se registão os Co
nhecimentos do dinheiro, que por elles se remette. Quinto: Na falta dos
ditos documentos, prova de testemunhas, que justifiquem, conforme a
Direito, que o dinheiro, de que se trata, se costumava remetter por al
gum Recoveiro, ou Almocreve conhecido; o qual com as mais Pessoas,
que disso noticia tiverem, deponhão perante algum Ministro de Vara
branca, a quem se passe Carta para as perguntar, que com efeito se
fez pelo tal Recoveiro, ou Almocreve, a remessa de que for a questão,
e a quantia della, verificando a Pessoa, ou Cofre, a quem, e onde a en
tregarão; sendo certo, que nunca o entregão no Thesouro, sem recebe
rem premio, ou quitação, Sexto: Os depoimentos dos Oficiaes da Con
1759 673

tadoria, e Thesouro, que poderem haver as Partes para coadjuvarem as


suas provas com aquella fé, que merecem conforme o Direito: usando, a
respeito de todas as referidas provas, os sobreditos Juizes daquelle regu
lado arbitrio, que lhes compete nas provas, para na contingencia dos
casos occurrentes lhes darem o maior, ou menor credito, que merecerem
as que não consistirem em documentos authenticos, segundo a maior,
ou menor probidade das Pessoas dos referidos Almoxarifes, e Thesourei
ros; segundo os costumes, e verosimilidade, ou inverosimilidade das tes
temunhas, e seus depoimentos; e segundo a qualidade, e combinação
dos Papeis, que as Partes produzirem para se conjuntarem, quando se
parados não fizer cada hum delles per si a necessaria prova. Fazendo-a
porém de sorte, que satisfação á consciencia dos sobreditos Juizes, se
lhes expedirão suas sentenças de justificação das quantias, que prova
rem, para com elas requererem na Junta dos Tres Estados, que se
lhes mande fazer a conta, e se Me consulte na conformidade da Minha
Real Resolução de vinte e dous de Março de mil setecentos cincoenta e
seis, e Decreto de vinte e dous de Maio do mesmo anno, para Eu or
denar: que sejão os Justificantes descarregados das quantias, que Me
constar legitimamente haverem satisfeito. O mesmo Doutor Pedro Gon
çalves Cordeiro Pereira, Chanceller da Casa da Supplicação, o tenha as
sim entendido, e faça executar pelo que lhe pertence. Palacio de Nossa
Senhora da Ajuda a 23 de Junho de 1769. " = Com a Rubríca de Sua
Magestade. •

Regist. no Livro da Relação a fol. 152. , e impr.


avulso.
*

# #Rººººk – 4

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que tendo consi
deração a que da cultura das Sciencias depende a felicidade das Monar
chias, conservando-se por meio dellas a Religião, e a Justiça na sua pu
reza, e igualdade; e a que por esta razão forão sempre as mesmas Sci
encias o objecto mais digno do cuidado dos Senhores Reis Meus Prede
cessores, que com as suas Reaes Providencias estabelecêrão, e animá
rão os Estudos publicos, promulgando as Leis mais justas, e proporcio
nadas para que os Vassallos da Minha Coroa podessem fazer á sombra
dellas os maiores progressos em beneficio da Igreja, da Patria: Tendo
consideração outro sim a que sendo o estudo das Letras Humanas a base
de todas as Sciencias, se vê nestes Reinos extraordinariamente decahi
do daquelle auge, em que se achavão, quando as Aulas se confiárão aos
Religiosos Jesuitas, em razão de que estes com o escuro, e fastidioso
Methodo, que introduzírão nas Escolas destes Reinos, e seus Dominios;
e muito mais com a inflexivel tenacidade, com que sempre procurárão
sustentallo contra a evidencia das solidas verdades, que lhe descobrírão
os defeitos, e os prejuizos do uso de hum Methodo, que, depois de se
rem por elle conduzidos os Estudantes pelo longo espaço de oito, nove,
e mais annos, se achavão no fim delles tão illaqueados nas miudezas da
Grammatica, como destituidos das verdadeiras noções das Linguas Lati
ma, e Grega, para nellas fallarem; e escreverem sem hum tão extraor
dinario desperdicio de tempo, com a mesma facilidade, e pureza, que
Qqqq
674 1759 |
se tem feito familiares a todas as outras Nações da Europa, que abolí
rão aquelle pernicioso Methodo; dando assim os mesmos Religiosos cau
sa necessaria á quasi total decadencia das referidas duas Linguas; sem
nunca já mais cederem, nem á invencivel força do exemplo dos maiores
Homens de todas as Nações civilisadas; nem ao louvavel, e fervorosoze
lo dos muitos Varões de eximia erudição, que (livres das preoccupações,
com que os mesmos Religiosos pertendêrão allucinar os meus Vassallos,
distrahindo-os na sobredita fórma, do progresso das suas applicações, pa
ra que, criando-os, e prolongando-os na ingnorancia, lhes conservassem
huma subordinação, e dependencia tão injustas, como perniciosas ) cla
márão altamente nestes Reinos contra o Methodo; contra o máo gosto;
e contra a ruina dos Estudos; com as demonstrações dos muitos, e gran
des Latinos, e Rhetoricos, que antes do mesmo Methodo havião floreci
do em Portugal até o tempo, em que forão os mesmos Estudos arranca
dos das mãos de Diogo de Teive, e de outros igualmente sabios, e eru
ditos Mestres: Desejando Eu não só reparar os mesmos Estudos para que
não acabem de cahir na total ruina, a que estavão proximos; mas ainda
restituir-lhes aquelle antecedente lustre, que fez os Portuguezes tão co
nhecidos na Republica das Letras, antes que os ditos Religiosos se in
tromettessem a ensinallos com os sinistros intentos, e infelices succes
sos, que logo desde os seus principios forão previstos, e manifestos pela
desapprovação dos Homens mais doutos, e prudentes nestas uteis Dis
ciplinas, que ornárão os Seculos XVI., e XVII., os quaes comprehen
dêrão, e predicerão logo pelos erros do Methodo a futura, e necessaria
ruina de tão indispensaveis Estudos; como forão por exemplo o Corpo da
Univcrsioade de Coimbra ( que pelo merecimento dos seus Professores
se fez sempre digna da Real attenção ) oppondo-se á entrega do Collegio
das Artes, mandada fazer aos ditos Religiosos no anno de mil e quinhen
tos e cincoenta e cinco; o Congresso das Cortes, que o Senhor Rei D.
Sebastião convocou no anno de mil e quinhentos e sessenta e dous, re
querendo já então nelle os Póvos contra as acquisições de bens tempo
raes, e contra os Estudos dos mesmos Religiosos; a Nobreza, e Povo
da Cidade do Porto no Assento, que tomárão a vinte e dous de Novem
bro de mil seiscentos e trinta contra as Escolas, que naquelle anno a
brírão na dita Cidade os mesmos Religiosos, impondo por elles graves
penas aos que a ellas fossem, ou mandassem seus filhos estudar: E at
tendendo ultimamente a que, ainda quando outro fosse o Methodo dos
sobreditos Religiosos, de nenhuma sorte se lhes deve confiar o ensino, e
educação dos Meninos, e Moços, depois de haver mostrado tão infaus
tamente a experiencia por factos decisivos, e exclusivos de toda a ter
giversão, e interpretação, ser a Doutrina, que o Governo dos mesmos
Religiosos faz dar aos Alumnos das suas Classes, e Escolas, sinistramen
te ordenada á ruina não só das Artes, e Sciencias, mas até da mesma
Monarchia, e da Religião, que nos mesmos Reinos, e Dominios devo
sustentar com a Minha Real, e indefectivel protecção: Sou Servido pri
var inteira, e absolutamente os mesmos Religiosos em todos os Meus Reinos,
e Dominios dos Estudos, de que os tinha mandado suspender: Para que
do dia da publicação deste em diante sê hajão, como efectivamente Hei,
por extinctas todas as Classes, e Escolas, que com tão perniciosos, e fu
nestos efeitos lhes forão confiadas aos oppostos fins da instrucção, e da
edificação dos Meus fiéis Vassallos: abolindo até a memoria das mes
mas Classes, e Escolas, como se nunca houvessem existido nos Meus
Reinos, e Domiuios, onde tem causado tão enormes lesões, e tão gra
I759 - 675
ves escandalos. E para que os mesmos Vassallos pelo proporcionado meio
de hum bem regulado Methodo possão com a mesma facilidade, que ho
je tem as outras Nações civilisadas; colher das suas applicações aquelles
uteis, e abundantes fructos, que a falta de direcção lhes fazia até agora,
ou impossiveis, ou tão difficultosos, que vinha a ser quasi o mesmo: Sou
Servido da mesma sorte ordenar, como por este Ordeno, que no ensino
das Classes, e no estudo das Letras Humanas haja huma geral refórma,
mediante a qual se restitua o Methodo antigo, reduzido aos termos sim
plices, claros, e de maior facilidade, que se pratíca actualmente pelas
Nações polidas da Europa; conformando-Me, para assim o determinar,
com o parecer dos Homens mais doutos, e instruidos neste genero dé
erudições. A qual refórma se praticará não só nestes Reinos, mas tam
bem em todos os seus Dominios, á mesma imitação do que tenho man
dado estabelecer na Minha Corte, e Cidade de Lisboa; em tudo o que
for applicavel aos lugares, em que os novos estabelecimentos se fizerem,
debaixo das Providencias, e Determinações seguintes.

Do Director dos Estudos.

1 Haverá hum Director dos Estudos, o qual será á Pessoa, que Eu


for Servido nomear: Pertencendo-lhe fazer observar tudo o que se con
tém neste Alvará : E sendo-lhe todos os Professores subordinados na ma
neira abaixo declarada.
2 O mesmo Director terá cuidado de averiguar com especial exacti
dão o progresso dos Estudos para Me poder dar no fim de cada anno hu
ma relação fiel do estado delles; ao fim de evitar os abusos, que se fo
rem introduzindo: Propondo-Me ao mesmo tempo os meios, que lhe pa
recerem mais convenientes para o adiantamento das Escolas.
3 Quando algum dos Professores deixar de cumprir com as suas obri
gações, que são as que se lhe impoem neste Alvará, e as que ha de re
ceber nas Instrucções, que mando publicar; o Director o advertirá, e
corrigirá. Porém, não se emendando, Mo fará presente, para o castigar
com a privação do emprego, que tiver, e com as mais penas, que forem
competentes.
4 E por quanto as discordias provenientes na contrariedade de opi
niões, que muitas vezes se excitão entre os Professores, só servem de
distrahillos das suas verdadeiras obrigações, e de produzirem na Moci
dade o espirito de orgulho, e discordia; terá o Director todo o cuidado
em extirpar as controversias, e de fazer que entre elles haja huma per
feita paz, e huma constante uniformidade de Doutrina; de sorte, que
todos conspirem para o progresso da sua profissão, e aproveitamento dos
seus Discipulos.
Dos Professores de Grammatica Latina.
5 , Ordeno, que em cada hum dos Bairros da Cidade de Lisboa se es
tabeleça logo hum Professor com Classe aberta, e gratuita para nella en
sinar a Grammatica Latina pelos Methodos abaixo declarados, desde No
minativos, até Construição inclusivè; sem distincção de Classes, como
até agora se fez com o reprovado, e prejudicial erro, de que, não per
tencendo a perfeição dos Discipulos ao Mestre de alguma das diferentes
Classes, se contentavão todos os ditos Mestres de encherem as suas o
Qqqq 2
676 1759

brigações em quanto ao tempo, exercitando-as perfunctoriamente quan


to aos Estudos, e ao aproveitamento dos Discipulos,
6 Ao tempo, em que crescer a povoação da dita Cidade, se a exten
são de algum dos Bairros della fizer necessario mais de hum Professor,
darei sobre esta materia toda a opportuna providencia. E porque a de
sordem, e irregularidade, com que presentemente se achão alojados os Ha
bitantes da mesma Cidade, não permitte aquelle ordenada divisão de
Bairros: Determino, que se estabeleção logo oito, nove, ou dez Classes
repartidas pelas partes, que parecerem convenientes ao Director dos Es
tudos, a quem por ora pertencerá a nomeação dos ditos Professores de
baixo da Minha Real approvação. Para a subsistencia delles tenho tam
bem dado toda a competente providencia.
7 Nem nas ditas Classes, nem em outras algumas destes Reinos, que
estejão estabelecidas, ou se estabelecerem daqui em diante, se ensina
rá por outro Methodo, que não seja o Novo Methodo da Grammatica La
tina, reduzido a Compendio para uso das Escolas da Congregação do O
ratorio, composto por Antonio Pereira da mesma Congregação: Ou a
Arte da Grammatica Latina reformada por Antonio Felix Mendes, Pro
fessor em Lisboa. Hei por prohibida para o ensino das Escolas a Arte
de Manoel Alvares, como aquella, que contribuio mais para fazer diffi
cultoso o estudo da Latinidade nestes Reinos. E todo aquelle, que usar
na sua Escola da dita Arte, ou de qualquer outra, que não sejão as duas
assima referidas, sem preceder especial, e immediata licença Minha,
será logo prezo para ser castigado ao Meu Real arbitrio, e não poderá
mais abrir Classes nestes Reinos, e seus Dominios.
8 Desta mesma sorte prohibo que nas ditas Classes de Latim se use
dos Commentadores de Manoel Alvares, como Antonio Franco; João Nu
mes Freire; José Soares, e em especial de Madureira mais extenso, e
mais inutil;
se usou para eo de todos,
ensino da eGrammatica.
cada hum dos Cartapacios, de que até agora

9 Os ditos Professores observarão tambem as Instrucções, que lhe


tenho mandado estabelecer, sem alteração alguma, por serem as mais
convenientes, e que se tem qualificado por mais uteis para o adiantamento
dos que frequentão estes Estudos, pela experiencia dos Homens mais ver
sados nelles, que hoje cenhece a Europa.
10 Em cada huma das Víllas das Províncias se estabelecerá hum, ou
dous Professores de Grammatica Latina, conforme a menor, ou maior
extensão dos Termos, que tiverem; Applicando-se para o pagauento
delles o que já se lhes acha destinado por Provisões Reaes, ou Disposi
ções particulares, e o mais que Eu for Servido resolver: E sendo os
mesmos Professores eleitos por rigoroso exame feito por Commissarios
deputados pelo Director geral, e por ele consultados com os Autos das
eleições, para Eu determinar o que Me parecer mais conveniente, se
gundo a instrucção, e costumes das Pessoas, que houverem sido propos
1as.
1I Fóra das sobreditas Classes não poderá ningnem ensinar, nem públi
ca nem particularmente, sem approvação, e licença do Director dos Estu
dos. O qual para lha conceder, fará primeiro examinar o pertendente por
dous Professores Regios de Grammatica, e com a approvação destes lhe
concederá a dita licença: Sendo Pessoa, na qual concorrão cumulatatimen
te os requisitos de bons, e provados costumes; e de sciencia, e pruden
cia: E dando-se-lhe a approvação gratuitamente, sem por ella, ou pela
sua assignatura se lhe levar o menor estipendio.
*

1759 677

12 Todos os ditos Professores gozarão dos Privilegios de Nobres, in


corporados
De em Direito
Professoribus, commum, e especialmente no Código, Titulo =
et Medicis. •

Dos Professores do Grego,


13 Haverá tambem nesta Corte quatro Professores de Grego, os
quaes se regularáo pelo que tenho disposto a respeito dos Professores de
Grammatica Latina, na parte que lhes he applicavel; e gozarão dos mes
mos Privilegios.
14 Semelhantemente ordeno que em cada huma das Cidades de Coim
bra, Evora, e Porto haja dous Professores da referida Lingua Grega. E
que em cada huma das outras Cidades, e Villas, que forem Cabeça de
Comarca, haja hum Professor da referida Lingua; os quaes todos se go
vernarão pelas sobreditas Direcções, e gozarão dos mesmos Privilegios de
que gozarem os desta Corte, e Cidade de Lisboa. "
15 Estabeleço que, logo que houver passado anno e meio depois que
as referidas Classes de Grego forem estabelecidas, os Discipulos dellas,
que provarem pelas attestações dos seus respectivos Professores, passa
das sobre exames publicos, e qualificadas pelo Director geral, que nes
tas estudárão hum anno com aproveitamento notorio, além de se lhe le
var em conta o referido anno na Universidade de Coimbra para os Estu
dos maiores, sejão preferidos em todos os concursos das quatro Facul
dades de Theologia, Canones, Leis, e Medicina, aos que não houverem
feito aquelle proveitoso estudo, concorrendo nelles as outras qualidades
necessarias, que pelos Estatutos se requerem.
Dos Professores da Rhetorica. .

16 Por quanto o estudo da Rhetorica, sendo tão necessario em to


das as Sciencias, se acha hoje quasi esquecido por falta de Professores
publicos, que ensinem esta Arte segundo as verdadeiras regras: Haverá
na Cidade de Lisboa quatro Professores publicos de Rhetorica; dous em
cada huma das Cidades de Coimbra, Evora, e Porto: e hum em cada
huma das outras Cidades, e Villas, que são Cabeça de Comarca; e to
dos observarão respectivamente o mesmo, que fica ordenado para o go
verno dos outros Professores de Grammatica Latina, e Grego; e gozarão
dos mesmos Privilegios,
17 E porque sem o estudo da Rhetorica se não podem habilitar os que
entrarem nas Universidades para nellas fazerem progresso; ordeno que,
depois de haver passado anno e meio contado dos dias, em que se esta
belecerem estes Estudos nos sobreditos lugares, ninguem seja admittido
a matricular-se na Universidade de Coimbra em alguma das ditas qua
tro Faculdades maiores, sem preceder exame de Rhetorica feito na mes
ma Cidade de Coimbra perante os Deputados para isso nomeados pelo
Director, do qual conste notoriamente a sua applicação, e aproveita
ImentO.
18 Todos os referidos Professores se regularão pelas Instrucções, que
Mando dar-lhes para se dirigirem, as quaes quero que valhão como Lei,
assim como baixão com este assignadas, e rubricadas pelo Conde de Oei
ras do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios do Reino,
para terem a sua devida observancia. Mostrando porém a experiencia ao
Director dos Estudos, que he necessario accrescentar-se alguma Provi
}
678 1759

dencia ás que vão


Eu determinar expressas
o que nas ditas
Me parecer Instrucções, Me consultará para
conveniente. • |-

E este se cumprirá como nelle se oontém, sem dúvida, ou embar


go algum, para em tudo ter a sua devida execução, não obstantes quaes
#…"
TOC à CIOS.
de Direito Commum, ou deste Reino, que Hei por de

8 Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço; Conselho da


Fazenda; Regedor da Casa da Supplicação, ou quem seu cargo servir;
Meza da Consciencia, e Ordens; Conselho Ultramarino; Governador da
Relação, e Casa do Porto, ou quem seu cargo servir; Reitor da Uni
versidade de Coimbra; Vice-Reis, e Governadores, e Capitães Gene
raes dos Estados da India, e Brazil; e a todos os Corregedores, Prove
dores, Ouvidores, Juizes, e Justiças de Meus Reinos, e Senhorios, cum
prão, e guardem este Meu Alvará de Lei, e o fação inteiramente cum
prir, e guardar, e registar em todos os livros das Camaras das suas res
pectivas Jurisdicções, com as Instrucções, que nelle irão incorporadas,
e ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chancel
ler Mór destes Reinos, Ordeno o faça publicar na Chancellaria, e delle
enviar os Exemplares a todos os Tribunaes, Ministros, e Pessoas, que
o devem executar; registando-se tambem nos livros do Desembargo do
Paço, do Conselho da Fazenda, da Meza Consciencia e Ordens, do Con
selho Ultramarino, da Casa da Supplicação, e das Relações do Porto,
Goa, Bahia, e Rio de Janeiro, mas mais partes onde se costumão regis
tar semelhantes Leis: E lançando-se este proprio na Torre do Tombo.
Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajnda aos 28 de Junho de 1759.
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regtst. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no, no livro I. do Registo das Ordens expedidas pa
ra a reforma, e restauração dos Estudos destes Rei
nos, e seus Dominios, a fol. 1., e impr. na Offici
na de Antonio Rodrigues Galhardo.

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Por quanto na regularidade, que Fui Servido determinar por Decreto


de vinte e hum de Novembro de mil setecentos cincoenta e sete , para
as entregas do dinheiro, que vem nos Cofres dos Comboios das Frotas,
se não deu providencia a respeito dos Manifestos do ouro, que vem fó
ra dos referidos Cofres, e se costumão entregar a huma determinada pes
soa com o titulo de Thesoureiro, o qual, depois da mediação de hum,
ou dous dias, o recebe dos Moedeiros, que acompanhão os Ministros
nas visitas das mesmas Frotas; vindo por este modo a faltar a necessaria
arrecadação, assim pelo que pertence á referida passagem, como na
obrigação, e confiança de hum só Depositario, ou Recebedor: E tendo
consideração a que os cabedaes do Commercio, e de todos os Meus Vas
sallos, não devem ser expóstos ao evidente perigo, que facilmente póde
resultar das mencionadas desordens: Sou Servido abolir, e extinguir a
fórma que até agora se praticava na arrecadação, e passagem dos Ma
nifestos do ouro; e Ordeno, que a Junta do Commercio destes Reinos, e
seus Dominios, nomeie no principio de cada hum anno os Homens de
1759 679

Negocio, que na fórma do referido Decreto devem assistir ás entregas


do ouro de cada huma das Frotas, para que os mesmos nomeados, logo
que elas entrarem neste Porto de Lisboa, ou chegarem quaesquer Náos
de Guerra vindas dos pórtos da America, vão á # da Moeda, onde
se achará hum Cofre determinado, com diferentes chaves, para que nel
le se fechem os Manifestos, os quaes devem ir de bórdo em direitura
para a mesma Casa, acompanhando-os o Ministro, que houver feito as
Visitas das respectivas Náos, ou Navios mercantes; e ficando responsa
vel por toda a falta da entrega no Cofre não só o Moedeiro, mas tam
bem o mesmo Ministro. Para que se não demorem as visitas dos Navios
com o pretexto de chegar a horas competentes de se fazer a referida en
trega , nem os dinheiros, ou ouro fiquem fóra do Cofre por qualquer
acontecimento, se depositarão os referidos Manifestos na Casa do Cunho,
ou em outra qualquer da mesma Casa da Moeda, onde se acharão promp
tos os sobreditos Homens de Negocio até á huma hora depois de noute,
que he o tempo proporcionado para aportarem os Ministros, e Moedeiros,
que hão de fazer as entregas, as quaes quanto ás Partes, a quem per
tencerem, serão feitas com a mesma qualificação, e formalidade , que
actualmente se pratíca, excepto na parte, que se acha innovada por es
te Meu Decreto. E porque esta Minha Real Determinação deve tambem
comprehender as Frotas do Rio de Janeiro, º Bahia de todos os Santos,
que se esperão no presente anno: Sou outro sim Servido, que a referida
Junta nomeie desde logo os Homens de Negocio, que hão de assistir ás
entregas do ouro das sobreditas Frotas, para que nellas tenha lugar a
mesma providencia, e formalidade de entrega. A Junta do Commercio
destes Reinos, e seus Dominios o tenha assim entendido, e o faça exe
cutar pela parte que lhe pertence. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda
a 28 de Junho de 1759. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Seeretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no livro II. do Registo da Junta do Commercio
destes Reinos, e seus Dominios a fol. 204 vers., e
impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

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Por justos motivos, que Me forão presentes: Sou Servido abolir, e cas
sar a Minha Real Determinação de vinte e quatro de Dezembro de mil
setecentos cincoenta e hum, pela qual foi ordenado, que o Thesoureiro
do Hum por cento do Ouro fôsse Depositario dos restos, que ficassem
nos Cofres de cada huma das Frotas, depois do tempo determinado para
as entregas; e dando providencia á referida arrecadação; Ordeno, que
os Homens de Negocio nomeados pela Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios, para as entregas dos dinheiros das mesmas Fro
tas, na fórma dos Meus Reaes Decretos de vinte e hum de Novembro
de mil setecentos cincoenta e sete, e de vinte e oito de Junho deste pre
sente anno, sendo completos os quatro mezes determinados pelo Decre
to de nove de Agosto de mil setecentos cincoenta e dous para as entre
gas dos embrulhos, que vierem nos Cofres, passem logo a abrir os em
brulhos, a que não apparecerem Donos, e que em presença do Escrivão
do Hum por cento do Ouro se contem, e tirada delles a importancia do
68O I759

mesmo Tributo, se faça relação de todos, e cada hum dos mesmos em


brulhos, com declarações das Marcas, Numeros, Náos, e Cofres, em
que vierão, para que a sobredita Relação, depois de ser lançada em li.
vro separado, e assignada pelos referidos Homens de Negocio, e Escri
vão do Hum por cento, se remetta com o líquido dos mesmos embrulhos
ao Deposito público da Corte, no qual se passará conhecimento de en
trega, com as mesmas declarações: e este se registará pelo sobredito
Escrivão do Hum por cento no livro, em que se houver feito a declara
ção, e lembrança desta mesma passagem; com o que se haverão por de
sobrigados os sobreditos Homens de Negocio, e se porão as verbas neces
sarias á margem de suas Receitas: Pelo que pertence ás entregas dos
referidos embrulhos, se farão estas pela Junta dos Depositos publicos,
com a mesma formalidade, e emolumentos, que se fazem as de quaes
quer outros Depositos, excepto pelo que toca aos Precatorios, por quan
to os pagamentos se devem requerer á mesma. Junta dos Depositos pu
blicos, e qualificar as pessoas perante os Ministros de letras, que nella
presidem, aos quaes sou outro sim Servido conceder Jurisdicção para
mandarem informar, e responder os Oficiaes da Casa da Moeda, quan
do for necessario para maior certeza da legitimidade das pessoas, que
requererem os seus pagamentos: Havendo-se completado hum anno, de
pois de qualquer das referºlas passagens , e não apparecendo pessoas,
que requeirão a entrega de alguns dos embrulhos, que estiverem no mes
mo Deposito, se Me fará presente a relação das quantias, a que não
apparecem Donos, para que Eu resolva o que mais convier ao Meu
Real serviço. E pelo que toca aos Depositos, que devem ter entrado no
Cofre do Hum por cento, assim por execução, como por falta de Partes,
que requeressem as entregas, o Conselho da Fazenda mande logo for
mar huma exacta relação, que Me fará presente, para Eu dar a pro
videncia, que for Servido: O mesmo Conselho da Fazenda o tenha as
sim entendido, e o faça executar pela parte, que lhe pertence. Nossa
Senhora da Ajuda a 30 de Junho de 1759. = Com a Rubríca de Sua
Magestade. -

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Livro II da Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios a fol. 207., e impr. avulso.

# ****—*

Sendº presente a Sua Magestade as divisões, que ultimamente se de


lineárão, para as adjudicações dos Terrenos da Cidade de Lisboa aos
seus diferentes Proprietarios na conformidade do Plano, que baixa com
este Aviso: E considerando o mesmo Senhor que na irregularidade de
algumas das porções, que a cada hum dos referidos interessados perten
cia, e tendo na frente por exemplo quarenta, ou cincoenta palmos, e
no fundo quinze, vinte, ou trinta; não ha possibilidade para os Edificios
se fabricarem de sorte, que todos os interessados nelles fiquem gozando
dos beneficios das separações, luzes, e ductos particulares, por onde se
devem evacuar as superfluidades das casas para as Cloacas principaes.
He o mesmo Senhor Servido que as sobreditas adjudicações de Terre
nos se fação de sorte que, entregando-se a cada hum dos donos delles
o mesmo número de palmos superficiaes, que antes tinha em figura dis
1759 681

forme, em outra, figura regular de Quadro, ou Paralelogramo, se fique


assim conseguindo o commum beneficio de todos os sobreditos interessa
dos; e o regular prospecto, e a boa serventia das Ruas da Cidade, e de
seus moradores. O que participo a Vossa Senhoria, para que ordene lo
go aos Ministros Inspectores, Oficiaes Engenheiros, e Arquitectos en
carregados das referidas obras, que assim o executem, observando em
tudo o mais as Leis, e Ordens de Sua Magestade, só com esta nova
declaração, e sem alteração do que está por elas determinado. Deos guar
de a Vossa Senhoria. Paço a 30 de Junho de 1759. = Conde de Oei
ras. = Senhor Pedro Gonsalves Cordeiro Pereira.

Impresso avulso.
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* * * * * , - …"

T…» resoluto, que o Palacio da Minha Residencia seja edificado na


elevação do Terreno superior ao Téjo, e á Cidade de Lisboa, que jaz
entre o Largo de S. João dos Bem-Casados, e o caminho, que vai do
Senhor Jesus da Boa-Morte para o Rato: Demarcando-se no rumo do Nor
te pelo Largo da mesma quinta de S. João dos Bem-Casados até aos Ar
cos das Aguas Livres, na parte, em que por elles desce a Estrada, que
vai para a quinta do Sargento Mór, e se termina na Ribeira de Alcan
tara: No do Poente, pela mesma Ribeira descendo do ponto, onde se
termina a sobredita Estrada, até ao fim da quinta do Loureiro: No do
Sul, pela Estrada, e Rua que se deve abrir em linha recta da sobredi
ta Ribeira para Nossa Senhora dos Prazeres; ficando ao Norte della as
Terras de Bartholomeu Domingues, e quinta chamada do Baúto até á ou
tra Rua nova, que tambem Mando demarcar para sahir por linha recta
ao dito Aqueducto das Aguas Livres: e no rumo do Nascente pela ul
tima Rua assima indicada. Porque no espaço do referido Terreno se com
prehendem diferentes Propriedades de Partes, que devem passar para os
proprios da Minha Real Fazenda sem prejuizo dos seus possuidores, aos
quaes não he da Minha Real intenção prejudicar: Sou Servido que o
Doutor Monoel José da Gama e Oliveira, Desembargador da Casa da
Supplicação proceda logo á avaliação, e demarcação de todo o sobredi
to Terreno, e Propriedades nelle comprehendidas, com os Oficiaes de
Infantaria com exercicio de Engenheiros, Carlos Mardel, e Elias Sebas
tião Pope: Nomeando para cada huma das ditas avaliações hum Lou
vado por parte da Minha Real Fazenda: Admittindo outro pela parte
dos Interessados: E nomeando terceiro para o desempate no caso de dis
cordia. Das vendas das sobreditas Propriedades se celebrarão Escrituras
com os mesmos Interessados nellas; para serem pagos, ou a dinheiro de
contado, ou em Padrões de juro, qual mais convier aos mesmos Interes
sados, sendo as Propriedades livres; ou á natureza dos bens, no caso
de serem de Morgado: Fazendo-se as ditas Escrituras na Secretaria de
Estado dos Negocios do Reino: E assignando nellas por Minha parte o
Conde de Oeiras, do Meu Conselho, a quem para este efeito dou por
este mesmo Decreto todo o necessario poder: Attendendo ao mesmo tem
po a que pelo estabelecimento do Meu Palacio naquelle novo Bairro, e
pela residencia, que a Nobreza, e Pessoas occupadas no Meu Real Ser
viço devem fazer nas visinhanças delle, como he natural, e costumado
Rrrr
682 1759
mas outras Cortes da Europa; se faz justo, e necessario, que as Ruas
do mesmo Bairro sejão regulares, decorosas, e como taes, decentes pa
ra por ellas passarem os Cortejos nas funções mais celebres da Corte, e
para o Prospecto della, e commodidade das Pessoas, que devem alojar
se no dito Bairro: Tenho mandado formar hum Plano, e alinhamento
de todo o Terreno, que jaz pela banda do Nascente desde o Mosteiro
do Rato até S. Bento da Saude: Pela banda do Sul desde o principio
da Calçada de S. Bento caminhando por ella assima até ao Largo do
Senhor Jesus da Boa-Morte: Pela banda do Poente desde o dito Largo
do Senhor Jesus da Boa-Morte, caminhando pela Rua, que delle sahe
até ao Armazem, onde se enxuga a Polvora: E pela banda do Norte,
desde o Aqueducto das Aguas-Livres, e sitio onde estão os Arcos, que
cortão a Estrada, que vai pelo Arco do Carvalhão para a quinta do Sar
gento Mór, até ao dito Largo de S. João dos Bem-Casados. E Sou outro
sim Servido, que o sobredito Ministro, e Oficiaes Engenheiros, logo que
houverem demarcado o Terreno do Meu dito Palacio na sobredita fór
ma, passem a delinear, e abrir as Ruas, que a elle devem sahir, e a
formar os Prospectos dellas, para se publicarem, ao fim de que os donos
dos Terrenos possão edificar nelles, na conformidade dos mesmos. Ali
nhamentos, e Prospectos, e das Disposições das outras Leis, e Ordens,
que tenho estabelecido sobre esta materia: As quaes em tudo, e por
tudo se observarão aos ditos respeitos em quanto a elles forem applica
veis. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 2 de Julho de 1759. = Com
a Rubríca de Sua Magestade. r

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no livro dos Decretos a fol. 79 vers., e Impr..
avulso.

*#=#«Oº#A_=#

S……Me presente, que na Relação pelo Juiz Comissario de Belém


com Adjuntos se sentenciarão os sacrilegos delictos dos roubos feitos nas
Igrejas da Cidade de Lisboa, e seus suburbios: e que entre os Réos
culpados, e sentenciados por ultima sentença, o fóra tambem Zamberto
Belanger, o qual alegando assim por Advocatoria, como nos autos a im
competencia de Juizo com o fundamento de ter por Juiz privativo com in
hibição de todos os mais o Conservador da Companhia Geral do Grão Pará
e Maranhão, cujo privilegio lhe competia, por ter entrado com dez Ac
ções na mesma companhia, lhe forão despresadas as ditas Excepções, e
se procedera contra o mesmo a final Sentença de Açoutes, e Gales; e ,
que embargando-a com os mesmos fundamentos lhe forão despresados os
embargos, de sorte que se achava em termos de se executar a dita Sen
tença, á qual se opunha directamente o privilegio concedido pelo Alva
rá de dez de Fevereiro de mil setecentos cincoenta e sete , e ao para
grafo setimo da instituição da Companhia, em que concedi Jurisdicção
ao Conservador, para sentenciar os privilegiados em Relação com os Ad
juntos que lhe nomiasse o Regedor, ou quem seu cargo servisse, e ain
da para lhe passar Cartas de seguro, ficando desta sorte com igualac
qões aos Corregedores do Crime da Côrte, cujo privilegio senão acha ain
da derogado , antes observado em tudo, por ser concedido em utilidade
*

1759 • 683

pública, e augmento daquelles Estados; nem o Meu Decreto porque Fui


Servido conceder Jurisdicção ao Juiz Commissario de Belém, para sen
tenciar em Relação com os Adjuntos os delinquentes dos furtos cometti
dos nas Igrejas derogou o privilegio concedido á Companhia Geral do
Grão Pará e Maranhão, por não fazer delle menção, como era necessa
rio; nem nos Meus Reaes Decretos passados sobre os processos verbaes
pertendi derogar o dito privilegio, pelo Juiz Conservador os poder tam
bem fazer nos casos occurentes, como os fazem os Inspectores dos Bair
ros, por huns e outros despacharem em Relação com Adjuntos: em con
sideração de tudo: Sou Servido, que anulada a Sentença, que se pro
ferio contra o dito Zamberto Bolanger, se remetta a culpa ao Juiz Con
servador, que a sentenciará em Relação com os Adjuntos, que o Rege
dor ou quem seu cargo servir, lhe nomear; e observando os Meus Reaes
Decretos conforme a qualidade da culpa: E a Sentença que se proferir
se dará á execução. O Chanceller da Casa da Supplicação, que serve de
Regedor, o tenha assim entendido e faça observar. Palacio de Nossa Se
nhora da Ajuda aos 3 de Julho de 1759. = Com a Rubríca de Sua Ma
gestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI. dos
Decretos a fol. 145.

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\,

Mandandº vêr, e ponderar com a mais séria reflexão por muitos Mi


nistros do Meu Conselho, e Desembargo, os embaraços, que a prática
foi mostrando, que retardavão a necessaria execução do Meu Real De
creto de vinte e dous de Março de mil setecentos cincoenta e seis, da
Resolução de vinte e dous de Maio, e do outro Decreto de treze de Ju
lho do mesmo anno, expedidos ao Conselho da Fazenda sobre o modo de
darem as suas contas os Thesoureiros, e Almoxarifes, que pelos estra
gos, que seguirão o Terremoto do primeiro de Novembro de mil sete
centos cincoenta e cinco, se achassem impossibilitados para apresenta
rem os papeis correntes, que os Regimentos determinão: De sorte que
nem a Minha Real Piedade faltasse aos verdadeiramente impossibilita
dos, para os sóccorrer com toda a possivel providencia; nem o mesmo
Terremoto ficasse servindo de pretexto aos que delle não receberão atten
divel damno, para fraudarem a Minha Real Fazenda, que constitúe ao
mesmo tempo o público Erario, de que depende a conservação da Minha
Authoridade Régia; a subsistencia dos Tribunaes, e Ministros empre
gados no Meu Real Serviço; e a principal parte da sustentação dos Meus
fiéis Vassallos, que levão Juros, Tenças, e Ordinarias nas Folhas
dos referidos Thesoureiros, e Almoxarifes : E conformando-Me com
o uniforme parecer dos sobreditos Ministros: Sou Servido , que todos
aquelles, que entre os mesmos Almoxarifes, e Thesoureiros intentarem
justificar alguns pagamentos, que pertendão haver feito, sem delles te
rem os papeis correntes, que os Regimentos determinão, apresentem as
suas Petições aos respectivos Ministros, que se achão por Mim encarre
dos da Inspecção das Contas da Minha Real Fazenda, pela dita Resolu
ção de vinte e dous de Maio de mil setecentos cincoenta e seis : Para
que os mesmos Ministros, cada hum # sua repartição, com os Adjun
ITT 2
684 1759
tos, que lhes forem nomeados pelo Chanceller da Casa da Supplicação,
que nella serve de Regedor, defirão ás mesmas. Petições summaria, ver
balmente, e de plano, sem outros termos judiciaes, que não sejão aquel
les, que necessarios forem, para os sobreditos Thesoureiros, e Almoxa
rifes produzirem as suas provas, para as sustentarem, e para sobre elas
responderem por parte da Minha Real Fazenda os Procuradores Fiscaes,
que tenho nomeado para este efeito: Reduzindo-se as referidas Provas
subsidiarias. Primo: A justificação da ruina, que o Terremoto houver,
ou não houver causado aos sobreditos Almoxarifes, e Thesoureiros; co
mo fundamento indispensavel para gozarem do beneficio desta Minha be
nigna Providencia. Secundò: A's Certidões dos Registos dos Livros das
Cabeças de Comarcas, e Camaras do Reino, donde se houverem remet
tido as sommas, que se pertender justificar, que entrão nos Cofres. Ter
tió: No caso, em que se alleguem, que as ditas Certidões se não produ
zem por não serem do costume os Registos nas sobreditas Camaras, e
Cabeças de Comarcas, a concludente prova de que com efeito não ha
via o dito costume. Quarto: Certidões dos Livros, em que nos Correios
do Reino se registão os conhecimentos do dinheiro, que por elles se re
mette aos Cofres da Minha Real Fazenda. Quinto: Os conhecimentos de
recibo, reformados com salva pelas Pessoas, que nos diferentes Almo
xarifados, e Thesourarias levavão Ordenados, Juros, Tenças, Ordina
rias. Sexto: Na falta dos ditos documentos; prova de Testemunhas, que
justifiquem conforme a Direito, que o dinheiro, que se disser mettido
nos Cofres, se costumava remetter por alguns Recoveiros, ou Almocre
cres conhecidos; os quaes deponhão perante algum Ministro de Vara
branca, e de boa opinião, a quem se passe Carta para os perguntar, que
com efeito se fizerão por elles as remessas , de que for a questão, e a
quantia dellas; verificando a Pessoa, ou Cofre, a quem, ou onde fizerão
as entregas; sendo certo, que nunca as fazem de dinheiro algum, sem
receberem prémio, e quitação, que levão para sua descarga. Septimo:
A mesma Prova de Direito Commum por Testemunhas perguntadas na
referida fórma, pelo que pertence aos pagamentos, que se houverem fei
to aos Filhos das Folhas, que delles duvidarem : Sendo estes, no caso
de dúvida, sempre perguntados, para se lhes dar o crédido, que mere
cerem conforme a direito. Oitavo: Os depoimentos judiciaes, dados pe
los Officiaes dos Contos perante os mesmos Ministros, Juizes destas Cau
sas, para tambem se lhes dar o crédito, que merecerem conforme a Di
reito. A respeito de todas, e cada huma das referidas Provas, uzarão os
sobreditos Ministros daquelle regulado arbitrio, que néllas lhes compete,
para na contingencia dos casos occurrentes lhes darem o crédito, que
merecerem as que não consistirem em documentos publicos; segundo a
maior, ou menor probidade das Pessoas dos referidos Almoxarifes, e The
soureiros; segundo os costumes, e verosimilidade , ou inverosimilidade
das Testemunhas, e seus depoimentos; e segundo a qualidade, e com
binação das Provas, que as Partes produzirem , para se conjuntarem,
quando separadas não merecer cada huma dellas per si o necessario cré
dito. Quando porém fizerem prova tal, que seja bastante para satisfazer
á consciencia dos sobreditos Juizes, se lhes expedirão suas sentenças de
Justificação das quantias, que provarem, para com ellas requererem no
Conselho da Minha Real Fazenda, que se tem ajustado a sua conta; e
Me consultar o mesmo Conselho o que lhe parecer sobre as ditas sentem
ças de Justificação, na conformidade do dito Decreto de vinte e dous
de Março de mil setecentos cincoenta e seis; para Eu então ordenar, que
1759 685

sejão descarregados os Justificantes das quantias, que Me constar legi


timamente haverem satisfeito. E porque a utilidade pública, que consti
túe a necessidade de restituir a Arrecadação da Minha Real Fazenda,
depois da confusão, que causou o dito Terremoto á clareza, e methodo,
que fizerão os objectos dos sobreditos Decretos de vinte e dous de Mar
ço, e treze de Julho de mil setecentos cincoenta e seis, e Resolução de
vinte e dous de Maio do mesmo anno, faz indispensavel obviar a todas
as fraudes, e subterfugios, com que nas Conferencias, que se tiverão so
bre esta materia, constou, que se costumavão impedir, e de facto esta
vão impedindo os Ajustamentos das referidas contas: conformando-Me
tambem a este respeito com o parecer dos sobreditos Ministros, e com
a prática das Cortes mais illuminadas da Europa na materia da Admi
nistração dos Erarios Reaes, que são ao mesmo tempo Erarios publicos; não
podendo sem elles subsistir não só os Reinos, mas nem ainda os mesmos
Particulares, que os habitão: Sou Servido outro sim determinar sobre es
te importante ponto o seguinte. Sendo certo, que os Procuradores Fis
caes, e seus Solicitadores nada provão, nem podem provar de modo or
dinario; dividindo as suas applicações, e diligencias por tantos negocios,
quantos costumão opprimir as suas Repartições; quando pelo contrario
cada hum dos particulares devedores se emprega todo no negocio, que
trata, para exonerar-se: Estabeleço, que a Minha Real Fazenda entre
sempre em Juizo com a sua intenção fundada, ou com a assistencia de
Direito; para transferir o encargo da Prova nos Almoxarifes, Thesourei
ros, Recebedores, Rendeiros, e Administradores: Aos quaes se farão
as suas cargas quanto aos Contratos, Arrendamentos, e Folhas, que ti
verem Titulos, pelo que constar delles: E quanto ás Rendas eventuáes,
e incertas, de que não houver Folhas, nem Titulos; pelo que cada hu
ma dellas houver produzido nos cinco annos proximos precedentes ao do
referido Terremoto: Accumulando-se tudo o que elles som marem ; e re
partindo-se depois com igualdade pelo número de cinco ; para assim se
haver desde logo por líquido o que der a referida Repartição, sem a de
pendencia de outra alguma Prova, em quanto á Receita; ficando a car
go dos que derem as contas as Provas das suas despezas, na maneira as
sima declarada. Sendo cousa trivial, e commua naquelles, que retêm in
justamente em si a Fazenda Real, maquinarem Aggravos, e Litigios,
para fazerem dúvidas contenciosas, mediante as quaes declinão a jurisdic
ção voluntaria, e a via executiva dos Tribunaes, e Ministros da Arreca
dação da Fazenda, para o Juizo dos Feitos della, onde eternizando as
Causas, vem a fraudar as dívidas, porque os executão; sem que os Mi
nistros possão obviar a ellas nos meios ordinarios: Sou Servido, que to
dos os Processos, de que se ajuntarem Certidões aos Autos das Contas,
que tenho Mandado tomar, para se allegar litispendencia, ou quantia il
liquida, sejão logo avocados de qualquer Juizo, onde penderem, para o
dos Ministros, ante os quaes as ditas Certidões se produzirem; e por el
les, e seus Adjuntos, julgados, e sentenciados summariamente, verbal
mente, e de plano, com o negocio principal da Conta, que se estiver
tomando: Reservando-se as materias, que de sua natureza requererem
de maior indagação, ou de provas extrinsecas para se sentenciarem pelos
mesmos Juizes, donde os Autos se tiverem avocado; sem prejuizo das
Contas, de que se trata hos outros Juizos summarios , e da Execução,
que por ellas se houver de fazer: salvo, aos que tiverem depois melho
ramento, o Direito de repetirem as quantias que lhes forem julgadas na mes
ma Repartição, onde as houverem pago, com preferencia a todos os Fi
686 I 759

lhos das respectivas Folhas, que dellas se houverem utilisado antes. Cons
tando tambem, que alguns dos referidos Almoxarifes, Thesoureiros, e
Recebedores, se tem escusado de dar as suas Contas com o motivo de
não poderem cobrar dos Contratadores, Rendeiros, e outros devedores;
em razão de se acharem estes munidos com Moratorias, e Remissões sus
pensivas: E devendo prevalecer a tudo a urgencia de se restituir ao seu
natural estado a Administração das Rendas, que constituem o Meu Real
Erario, e o systema da Administração delas: Sou Servido outro sim,
pelo que pertence ao Ajustamento das referidas Contas, e estabeleci
mento do referido systema, haver por cassadas, e de nenhum vigor a
quellas das ditas Moratorias, e Remissões com efeito, que obstarem pa
ra se consolidarem, e fazerem efectivas as Providencias, que tenho da
do sobre esta materia. Considerando, que os Escrivães dos Contos do
Reino, e Casa, que tem trabalhado nestes negocios com os Ministros
encarregados delles, na conformidade do referido Decreto de treze de
Julho de mil setecentos cincoenta e seis, são os mais proprios para es
creverem nos Processos verbaes, que tenho ordenado; achando-se mais
instruidos nas contas de que nelles se deve tratar: Sou Servido outro
sim, que escrevão nos mesmos Processos; para o que: Mando, que se
lhes dê toda a fé pública; havendo por bem, que venção os salarios da
Escripta, Termos, Actos, e mais diligencias, que fizerem: Regulando
se os ditos salarios pelos que costumão levar os Escrivães dos Feitos da
Fazenda nos Processos por elles autuados. Para que todas as sobreditas
Providencias tenhão o seu devido, e consummado efeito: Sou Servido
outro sim conceder a todos, e cada hum dos ditos Juizes Commissarios
jurisdicção extensiva a todas as Execuções das Sentenças por elles profe
ridas; e a todas as suas dependencias, e negocios annexos, e connexos,
até realmente serem ou os devedores absolutos, ou a Minha Real Fazen
da embolçada: Cedendo em beneficio dos mesmos Ministros, Juizes des
tas causas, pelas execuções, que fizerem, os salarios, que a favor dos
Juizes Executores se achão determinados. Para remover todas as dúvi
das, que se tem suscitado sobre quaes sejão os Officiaes de Recebimen
to, que devem dar as snas Contas perante os sobreditos Juizes Commis
sarios; e quaes os que as devem dar nos Contos do Reino, e Casa: Sou
Servido outro sim declarar, que todos os Officiaes de Recebimento, que
o erão no dia primeiro de Novembro de mil setecentos cincoenta e cinco,
devem dar as suas Contas assim do tempo preterito, como do presente, e
ainda futuro, ante os referidos Ministros Juizes Commissarios; até lhes
apresentarem quitação assignada por Minha Real Mão: E que os outros
Oficiaes, que entrárão depois do dito dia primeiro de Novembro a exer
citar de novo pela sua propria Pessoa, devem dar as descargas do seu
recebimento nos Contos do Reino, e Casa. O que porém não terá lugar
nos Recebedores, e quaesquer outros Substitutos, ou subrogados dos di
tos Almoxarifes, e Thesoureiros; que como taes representarem as Pes
soas daquelles, em cujo lugar se subrogarão. O mesmo militará nos Her
deiros dos sobreditos Almoxarifes, Thesoureiros, Recebedores, Admi
nistradores, e Rendeiros, para darem as suas contas ante os ditos Mi
'nistros Juizes Commissarios. E attendendo a que não podem caber no
expediente ordinario as defezas, e respostas, que por parte da Minha
Real Fazenda se devem fazer nos referidos Processos verbaes, e summa
rios: Sou Servido outro sim, que nelles respondão como Procuradores da
RMinha Real Fazenda os Doutores João Ignácio Dantas Pereira, Grego
rio Dias da Silva, Eusebio Tavares de Sequeira, e Innocencio Alvares
I759 • 687
*>

da Silva. A saber: O primeiro nas Causas, de que forem Juizes os Dou


tores José da Costa Ribeiro, e João Alberto de Castello-Branco: O se
gundo nas que julgarem os Doutores Ignacio Ferreira Souto (o qual Hei
por bem substituir no lugar do Doutor José de Lima Pinheiro de Ara
gão, falecido), e João Antonio de Oliveira: O terceiro nas que julga
rem os Doutores Bartholomeu Gomes Monteiro, e Manoel José da Ga
ma e Oliveira: E o quarto nas que julgarem os Doutores Francisco Xa
<,
vier da Silva, e Antonio Alvares da Cunha e Araujo. O Doutor Pedro
Gonçalves Cordeiro Pereira do Meu Conselho, Chanceller da Casa da Sup
plicação, que nella serve de Regedor, o tenha assim entendido, e faça
executar pelo que lhe pertence, não obstantes quaesquer Leis, Regi
mentos, Alvarás, Decretos, ou Disposições contrarias; que todas Hei
por derogadas para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vi
gor; e sem embargo do que sejão passadas pela Chancellaria, e este ha
ja de valer sem ella; e as Ordenações, que o contrario determinão : No
meando em quanto for possivel para Adjuntos dos sohreditos Juizes Com
missarios aquelles, que entre eles ficarem livres dos Processos, que fo
rem propostos, para que, communicando-se assim todos os diferentes
negocios das suas respectivas Inspecções, se possão prestar mutuos soc
corros para a averiguação da verdade, e administraçao da Justiça, que
sempre fazem os impreteriveis objectos das Minhas Regias, e Paternaes
Providencias.
& Palacio
Com a Rubríca dede Nossa
Sua Senhora da Ajuda a 14; de
Magestade. , Julho de 1759, •

- -

Regiu na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino +


* no Livro II, do Registo dos Decretos a fol. 83, , … * .
º
|-

vers, , e imprº avulso. -

+t+º+-+-+-+ - * *

DoM José por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,


d'aquem e d’além, Mar em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &e.
Faço saber aos que esta Minha Carta virem, que Eu Fui Servido Man
dar passar o Alvará do theor seguinte: = EU ELREI Faço saber aos
que este Meu Alvará virem, que considerando Eu a situação natural,
Povoação, e circunstancias, que concorrem na Villa de Aveiro, e nos
seus Habitantes; e folgando pelos ditos respeitos, e por outros, que in:
clinárão a Minha Real Benignidade, de lhes fazer honra, e mercê, Hei
por bem, e Me praz que a dita Villa de Aveiro do dia da publicação
deste em diante fique erecta em Cidade, e que tal seja denominadá, e
haja todos os privilegios, e liberdades de que devem gozar, e gozão as
outras Cidades deste Reino, concorrendo com elas em todos os actos pu
blicos, e usando os Cidadãos da mesma Cidade de todas as distinções,
e preeminencias de que usão os de todas as outras Cidades. Pelo que:
Mando a todos os Tribunaes, Ministros, Oficiaes, Pessbas a quem es
ta for mostrada, que daqui em diante hajão a sobredita Villa de Aveiro
por Cidade, assim a nomeem, e lhe guardem, e a seus Cidadões, e Mo
radores della, todos os privilegios, franquezas, e liberdades, que tem
as outras Cidades destes Reinos, e os Cidadões, e Moradores dellas, sem
irem contra elles em parte, ou em todo, porque assim he Minha vonta
688 1759

de, e mercê. E quero, e Mando, que este Meu Alvará se cumpra, e


guarde inteiramente como nelle se contém, sem dúvida, ou embargo al
gum; e por firmeza de tudo o que dito he, Ordeno á Meza do Dezem
bargo do Paço lhe mande passar Carta em dous diferentes exemplares,
que serão por Mim assignados, passados pela Chancellaria, e selados
com o selo pendente della: a saber, hum delles para se guardar no Ar
chivo da mesma Cidade para seu titulo; outro para se remetter á Torre do
Tombo. E para que venha á noticia de todos, Mando ao Desembargador
do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller
Mór destes Reinos, que faça estampar a dita Carta logo que passar pela
Chancellaria, e envie cópias della aos Tribunaes, e Ministros a quem
se costumão remetter as Minhas Leis para se observarem. Dado no Pa
lacio de Nossa Senhora da Ajuda aos 11 de Abril de 1769. = Com a
Assignatura de ElRei, e a do Ministro. = E em observancia do dito
Meu Alvará, pelos respeitos nelle declarados, e por fazer honra, e
mercê aos Moradores da dita Villa : Hei por bem , e Me praz que do
dia da publicação desta em diante fique erecta em Cidade a dita Vil
la de Aveiro, e que tal seja denominada, e haja todos os privile
gios, e liberdades de que devem gozar, e gozão as outras Cidades des
te Reino, concorrendo com ellas em todos os actos publicos, e usan
do os Cidadões da mesma Cidade de todas as distincções, e preemi
mencias de que usão os de todas as outras Cidades. Pelo que: Mando
a todos os Meus Tribunaes, Ministros, Oficiaes, e Pessoas, a quem
esta Minha Carta for mostrada , que daqui em diante hajão a sobre
dita Villa de Aveiro por Cidade; e assim a nomeiem, e lhe guardem, e
a seus Cidadões, e Moradores della todos os privilegios, franquezas,
e liberdades, que tem as outras Cidades destes Reinos, e os Cidadões,
e Moradores dellas, sem irem contra elles em parte, ou em todo, por
que assim he minha vontade, e mercê: e Quero, e Mando, que esta Mi
nha Carta se cumpra, e guarde inteiramente como nella se contém, sem
dúvida, ou embargo algum; e por firmeza de tudo a mandei passar, por
Mim assignada, passada pela Minha Chancellaria, e sellada com o sel
lo pendente della; a qual se remetterá á Torre do Tombo; e do theor
desta se passou outra para se guardar no Archivo da mesma Cidade pa
ra seu titulo; e para que venha á noticia de todos, Mando ao Desembar
gador do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chan
celler Mór destes Meus Reinos, que a faça estampar logo que passar
pela Chancellaria, enviando as cópias della aos Tribunaes, e Ministros
a quem se costumão remetter as Minhas Leis para se observarem, na
conformidade do dito Meu Alvará; e á margem do registo deste se po
rá a verba necessaria; e esta Carta se registará nos livros da Camara
da dita Cidade de Aveiro, e nos da Correição da mesma Comarca. Da
da na Cidade de Lisboa aos 25 dias do mez de Julho. Anno do Nasci
mento de Nosso Senhor JESUS Christo de 1769. = Com Assignatura de
Sua Magestade. A°14

Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reno no


Livro das Leis a fol. 126., e impr. avulso.
1759 689

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|- J • -

DoM JOSE por graça de Deos Rei de Portugal e dos Algarves, d'a-
quem, e d’além, Mar em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista, Na
vegação, Commercio de Etiopia, Arabia, Persia, e da India, &c. Fa
ço saber aos que esta Lei virem, que considerando a gravidade do deli
cto, que commettem os que tirão prezos do poder da Justiça , ou dão
para isso favor, ou ajuda, e que as penas estabelecidas na Lei do Rei
no, não erão bastantes para impedir hum acto tão ofensivo do Meu Real
respeito, e da boa administração da Justiça Fui Servido por Alvará em
fórma de Lei de vinte e oito de Julho de mil setecentos cincoenta e hum
augmentar as penas proporcionadas a tão abominavel delicto: E porque
Me foi presente, que depois da dita resolução ainda se animavão algu
mas pessoas, com escandalosa liberdade, a commetter o mesmo delicto,
fiadas sem dúvida em os dilatados meios para se descobrirem, e castiga
rem os malfeitores: Hei por bem fazer caso de Devaça especial o di
to crime, sem diferença alguma, ou respeito á qualidade dos Minis
tros, ou Oficiaes, que levarem os prezos na fórma, que se declara no mes
mo Alvará, que tambem se observará inviolavelmente quanto ás penas
nelle impostas. -

Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa


ço, Regedor da Casa da Supplicação, Governador do Porto, Desembar
gadores, das ditas Casas, Governadores, e Desembargadores das Rela
qões das Conquistas, e a todos os Corregedores, Ouvidores, Juizes, e
mais Justiças, a que o conhecimento disto pertencer, cumpräo, e guar
dem esta Minha Lei, como nella se contém. E outro sim Mando ao Dou
tor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, Desembargador do
Paço, e Chanceller Mór do Reino, a faça publicar na Chancellaria, a
qual se imprimirá, e enviará por elle assignada á Casa da Supplicação,
Relação do Porto, e a todos os Julgadores de Meus Reinos, e Senho
rios, para que procedão na fórma della, e se registará nas partes, onde
se costumão registar semelhantes Leis; e esta propria se mandará para
a Torre do Tombo. Lisboa 3 de Agosto de 1769. = Com a Assignatu
ra de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
livro das Leis, a fol. 127., e impr. avulso.

- #-+vo}-x?

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
presentes em Consultas da Meza do Desembargo do Paço, do Conse
lho da Fazenda, e do Senado da Camara de Lisboa, as successivas, e
incorrigiveis quebras, com que, a pezar de todas as Leis penaes esta
belecidas sobre esta materia, havião faltado de credito todos os Thesou
reiros, que recebião os cabedaes de Partes, com escandalo geral, e pre
juizo público: Houve por bem extinguir os Oficios de Thesoureiros dos
Depositos da Corte, e Cidade; do Juizo de
\,
'gl:
, e Mina; da Ouvido
SSS
690 1759

ria da Alfandega; da Sacca da Moeda; da Conservatoria da mesma Moe


da; das Capellas da Coroa; dos Direitos das Sete Casas; das Capellas
particulares; dos Residuos; e da Aposentadoria Mór; reduzindo todas
as referidas Thesourarias ao Deposito Público da Corte, e Cidade; e á
segura, e permanente fórma, que para elle estabeleci pelos Meus Alva
rás de vinte e hum de Maio de mil setecentos e cincoenta, e hum, tre
ze de Janeiro, e quatro de Maio de mil setecentos e cincoenta e sete. E
porque entre as referidas Thesourarias públicas, destinadas á Arrecada
ção de cabedaes de Partes, se faz tão digna de huma especial conside
ração a dos Defuntos, e Ausentes, pelas grandes sommas, que no Co
fre della se costumão guardar: Sou Servido comprehender a mesma The
souraria na disposição de todos os referidos Alvarás, e das mais Ordens,
e providencias, que até agora dei, e houver de dár sobre o referido De
posito Público, sem restricção alguma, qualquer que ela seja: Haven
do desde a hora da publicação deste por extincta a sobredita Thesoura
ria: E ordenando mais a respeito della o seguinte.
I. A Meza da Consciencia, e Ordens ordenará, que os Conhecimen
tos de todo o dinheiro, ouro, generos, e todas as letras, que forem di
rigidas pelos Provedores dos Dominios Ultramarinos para serem entre
gues, e pagas ao Cofre geral dos Defuntos, e Ausentes; logo que forem
lançadas no Livro da Ementa da sua Secretaria, avise o Secretario, a
quem pertence, o Ministro Presidente do Deposito Público com a Rela
ção dos referidos dinheiros, Letras, e Conhecimentos, escrita com toda
a distinção, para que a Junta da Administração do referido Deposito no
meie dous Deputados, que venhão receber á Secretaria do mesmo Tri
bunal da Meza os efeitos declarados na sobredita Relação; assignando
no Livro da Ementa como os recebêrão; na mesma fórma, que se pra
ticava com o Thesoureiro extincto: E transportando logo tudo á mesma
Junta do Deposito geral para fazer lançar em Receitas os ditos cabe
daes, e efeitos, nos livros competentes.
II. Logo que as ditas Receitas forem assim lançadas nos livros do
Deposito geral, nomeará a Junta delle outros dous Deputados para tra
tarem da Arrecadação do dinheiro, e outro da cobrança das Letras a
seus devidos tempos; e de beneficiarem as remessas, que vierem do Ul
tramar em generos: Dos quaes Mando, que se fação Relações impres
sas, em que se declarem as suas diferentes especies, quantidades, e
qualidades, para informação do Público; como se pratica na Companhia
do Grão Pará, e Maranhão: E que com esta prévia, e pública noticia,
sejão
ta emvendidos á porta da casa, onde se fazem as Sessões da mesma Jun
público leilão. •

III. Assim que se houver feito o recebimento da Casa da Moeda, e


que as letras forem cobradas, e os generos vendidos; mandando a Jun
ta do mesmo Deposito geral liquidar toda a importancia, que sommar
o producto de cada huma das ditas Relações; deduzirá delle a saber:
Dous por cento a beneficio dos emolumentos, e despezas da referida Jun
ta; hum por cento, que mandará pagar da remessa da Casa da Moeda
para a Minha Real Fazenda; cinco quartos por cento, que mandará en
tregar ao Escrivão da Camara da Meza da Consciencia, para se repar
tirem nella na conformidade das Minhas Reaes Ordens; e hum e meio
por cento para o Escrivão dos mesmos Defuntos, e Ausentes.
IV. As faltas, que se acharem nas remessas; as misturas do ouro,
e diferenças do toque; e às letras não aceitas, serão expedidas, e pro
testadas na fórma do Regimento, e estilo Mercantil nos Nomos particu
1759 |- 69 I

lares dos mesmos Deputados, que o Deposito Público houver nomeado


para estes Recebimentos, na sobredita forma; como antes o praticava o
Dhesoureiro exctinto. • -

V. Na mesma conformidade se expedirão pelo Tribunal da Meza da


Consciencia, e Ordens todos os negocios pertencentes ao embolso das
Partes interessadas nos cabedaes dos referidos Defuntos, e Ausentes. E
porque sou informado, de que nesta materia tem havido grandes frau
des, fingindo-se Pessoas estranhas legitimos herdeiros, e fazendo-se Pa
peis falsos, e fabricados para se extrahirem cabedaes deste Cofre: Or
deno, que daqui em diante todas as habilitações, que se fizerem no Jui
zo da India, e Mina, excedendo o interesse dellas a quantia de oitenta
mil réis; sejão appelladas, ainda sem requerimento de Parte, para o di
to Tribunal da Meza da Consciencia, e Ordens, e nelle examinadas, e
julgadas ( respondendo sempre como Fiscal o Procurador geral das Or
dens) pelo merecimento dos Autos: Nos quaes se não admittirão Papeis,
que não sejão Originaes; havendo-se ainda os primeiros traslados delles
por nullos, e de nenhum efeito.
VI. Depois que as ditas habilitações forem assim julgadas, e que as
Partes houverem ajuntado Certidões do referido Deposito Público, por
que conte existir nelle o dinheiro, de cujo embolso se tratar: Preceden
do resposta do mesmo Procurador geral das Ordens; se mandará por Des
pacho do sobredito Tribunal, que os Papeis sejão entregues á parte ha
bilitada por legitima, para com elles requerer onde Direito for, o paga
mento da quantia, que lhe houver sido julgada. E fazendo a mesma Par
te Petição á Junta do sobredito Deposito com os referidos Papeis Origi
naes; e constando ser a mesma Parte, a cujo favor se expedirão; se lhe
lavrará na mesma Junta Conhecimento de recibo pelo Escrivão, a quem
toca, para assim haver seu pagamento. •

VII. Considerando, que no mesmo Deposito geral ha toda a inteira


segurança, que até agora faltou nos Thesoureiros particulares: Prohibo,
que daqui em diante passe para o Cofre dos Cativos o dinheiro, que até ago
ra passava para elle por falta de opportunas habilitações dos herdeiros legi
timos: Ordenando, que o Thesoureiro, que o for da Redempção ao tem
po, em que se houver de preparar o dinheiro para se fazer o Resgate;
requerendo á Junta do Deposito Público, que lhe faça passar por Cer
tidão authentica a importancia do dinheiro, que se achar empatado por
falta de habilitações, e produzindo-a na Meza da Consciencia, e Ordens;
se Me consulte por ella o que parecer, para Eu dar a necessaria provi
dencia; de sorte, que nem se falte á Obra Pia dos Resgates; nem fique
o mesmo cofre destituido de alguns meios para supprir quaesquer con
tingentes regressos a favor das Partes, que houverem sido impedidas pa
ra requererem no tempo habil os seus respectivos pagamentos.
VIII. Estabeço, que a Custodia do Cabedal, e Arrumação das Re
ceitas, e Despezas, assim da mesma Thesouraria extincta como, do di
nheiro, que della costumava até agora passar para a dos Cativos, sejão fei.
tas em Cofres, e livros separados, na mesma fórma determinada para os
Depositos da Corte, e Cidade pelo Capitulo terceiro paragrafo oitavo do
sobredito Alvará de vinte e hum de Maio de mil setecentos e cincoenta
e hum: Escrevendo os Termos, e Verbas de Entradas, e Sahidas o mes
mo Escrivão dos Defuntos, e Ausentes, na mesma fórma, que se acha
estabelecido pelo Capitulo quarto do referido Alvará da Fundação do De
posito Público: e indo a elle o dito Escrivão dous dias em cada Sema
na para este efeito: sob pena de que faltando nestes dias, não parará
Ssss 2
692 1759

por isso o Expediente das Partes; mas antes substituirá o seu lugar qual
quer dos dous Escrivães assistentes, vencendo o emolumento dos Conhe
cimentos, que expedir, e Verbas, que lançar.
. IX. Tudo o que tenho assima ordenado, militará igualmente na The
souraria dos Defuntos, e Ausentes do Estado da India Oriental. A qual
Thesouraria Hei tambein por extincta, unindo-a ao mesmo Deposito ge
ral na sobredita fórma.
X. Attendendo ao muito, que importa, que na Capital dos Meus
Reinos não se falte aos Habitantes della a com modidade de terem ( nas
eccasiões de jornadas, e ainda nas mesmas residencias, que depois do
Terremoto do primeiro de Novembro do anno de mil setecentos e cinco
enta e cinco ficárão tão expostas) hum Erario, no qual sem fazerem des
pezas possão guardar os seus cabedaes com toda a segurança: E haven
do respeito, a que pela união das duas Thesourarias dos bens dos De
funtos, e Ausentes, accrescem os salarios dellas a favor dos emolumen
tos, e despezas do dito Deposito Público, para se dividirem na fórma
das Minhas Reaes Ordens; e que fica assim a Junta do mesmo Deposi
to com mais esta utilidade: Ordeno, que todo o Dinheiro, Ouro, Joias,
e Prata, que voluntariamente for levado pelos Habitantes da mesma Ci
dade de Lisboa, e Pessoas nella residentes, para ser guardado; não só
seja no mesmo Deposito gratuitamente recebido, sem o menor emolu
mento; mas que seja em hum inviolavel segredo recolhido em Cofre, e
livros separados, com Arrecadação distincta, em commum beneficio dos
Meus fiéis Vassallos. •

Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, aos Conse


lhos da Minha Real Fazenda, e dos Meus Dominios Ultramarinos, Me
za da Consciencia, e Ordens, Casa da Supplicação, Senado da Gama
ra, Junta da Administração do Deposito Público, Desembargadores,
Corregedores, Juizes, Justiças, e mais Oficiaes dellas, a quem o co
nhecimento deste pertencer, o cumpräo, e guardem, e o fação cum
prir, e guardar tão inteiramente, como nelle se contém, sem dúvida,
ou embargo algum, não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, Alva
rás, Disposições, e estilos contrarios: Porque todos, e todas Hei por de
rogadas para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor.
E valerá como Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não ha
de passar, e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embar
go das Ordenações em contrario: E registando-se em todos os lugares,
onde se constumão registar semelhentes Leis, se mandará o Original pa
ra a Torre do Tombo. Dado em Nossa Senhora da Ajuda aos 9 dias do mez
de Agosto de 1759. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino, :
no Livro dos Depositos publicos, a fol. 29., e impr.
avulso. - * *

* ºk… +--+
*

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que attendendo
ás clamorosas, e repetidas queixas, com que os Fabricantes de pannos
das tres Comarcas, da Guarda, Castello-Branco, e Pinhel, supplicárão
na Minha Real Presença, que os provesse de opportuno, e ellicaz reme

1759 693

dio, contra as intoleraveis oppressões, que lhes fazião os Assentistas ar


rematantes dos fardamentos do Meu Exercito; por cujos monopolios, e
fraudes, se achavão reduzidos á ultima ruina sem terem com que se ali
mentar, e as suas familias: E tendo feito na Minha Benigna Clemencia
huma sensivel impressão os successivos clamores de Vassallos tão mere
cedores da Minha Régia Protecção, para os soccorrer na urgente ne
cessidade, que Me representárão: Hei por bem excitar a exacta obser
vancia do Regimento da Fabrica dos panos, promulgado por ElRei Meu
Senhor, e Avô, em sete de Janeiro de mil seiscentos e noventa, orde
nando mais ao mesmo respeito o seguinte.
1. Para que o sobredito Regimento, e o mais que neste determino,
tenhão toda a sua devida execução: Sou Servido crear de novo hum Su
perintendente, e Juiz Conservador das mesmas Fabricas, com toda a
Jurisdicção, e Alçada, nas Pessoas, e cousas a ellas pertencentes, que
pela Ordenação do Reino he concedida aos Corregedores das Comarcas,
sem restricção alguma; e só com a declaração, de que os Aggravos, e
Appellações, que do mesmo Snperintendente, e Juiz Conservador se in
terpozerem, serão sempre remettidos á Casa da Supplicação, para del
les ser Juiz privativo, o Desembargador Conservador geral da Junta do
Commercio, o qual os sentenceará, sendo ouvido o Procurador Fiscal da
mesma Junta, com os Adjuntos, que pelo Regedor lhe forem nomeados.
* 2 Sendo informado, de que as fraudes dos referidos Assentistas de
rão causa, e exemplo, a se deslizarem tambem os Creadores, e Rega
1ões de Lãs, em outras fraudes muito perniciosas aos referidos Fabrican
tes; fazendo as tosquias em Terrenos molhados; mettendo terra dentro
dos vélos para os fazerem pezados; e molhando-os nas passagens dos Rios;
de sorte que cada arroba de lã bruta, comprada nos referidos vélos, não
deita mais de doze, até vinte arrates, quando muito: Ordeno, que da
publicação deste em diante, não possa Pessoa alguma, de qualquer Es
tado, ou condição que seja , comprar lã pelas casas das referidas tres
Comarcas, debaixo da pena de perdimento da lã, ou do seu valor pela
primeira vez, e do dobro pela segunda, com degredo de cinco annos pa
ra fóra da Comarca; tudo cumprido da prizão: Que nas mesmas penas
incorrão as Pessoas, que comprarem lãs para as revenderem: E que os
Creadores sejão obrigados debaixo das mesmas penas a vender per si mes
mos, os seus Feitores, e criados as lãs que recolherem; ou na Praça pú
blica da Villa da Covilhã, ou pelo menos nas Praças das outras Villas dos
seus respectivos Districtos; determinando-se-lhes dias certos, e oppor
tunos para as referidas vendas, pelo sobredito Superintendente, e Con
servador; cujas ordens cumprirão inviolavelmente os Juizes de Fóra, e
Ordinarios das ditas tres Comarcas, em tudo o que for pertencente ás
mesmas Fabricas e suas dependencias, sem dúvida, ou dilação alguma,
debaixo da pena de suspensão de seus Oficios até Minha mercê:
3 O mesmo Juiz Conservador ordenará aos referidos Juizes de Fóra,
e Ordinarios, que lhes mandem Relações auquaes de todas as lãs, que
produzirem os seus respectivos Districtos: Declarando nellas os nomes
dos Creadores; o número do gado, que cada hum delles tiver; e a quan
tidade de arrobas de lã que recolher, para assim se calcular sempre so
bre principios certos, a maior, ou menor abundancia deste importante
material, ao fim de se regularem os preços delle em commum benefi
ClO.

4 Para evitar que os mesmos preços sejão tão baixos, que desanimem
os Creadores, ou tão altos, que impossibilitem os Fabricantes: Estabe
694 1759

leço, que a lã, nem exceda o preço de dous mil e quatrocentos réis por
arroba, nos annos menos férteis; nem se venda por menos de dous mil
réis na maior abundancia; sendo primeiro aberta, e examinada, de sor
te que se exclúa toda a fraude da parte dos Vendedores. O que com tu
do se entende, sendo a dita lã posta na Praça da Villa da Covilhã , á
custa dos mesmos Creadores; porque vindo de outros lugares; se rebate
rá no sobredito preço, o que porjusto cálculo importar o custo dos trans
portes, segundo a maior, ou menor distancia dos lugares.
5 Attendendo igualmente aos descaminhos, em que da mesma sorte
se tem facilitado os Escarduçadores, Cardadores, Fiandeiras, e Tece
lões: Estabeleço, que os Obreiros dos ditos oficios que venderem lã bru
ta, ou fiada per si, ou por interpostas pessoas, sejão prezos, e castiga
dos, como se as sobreditas lãs, fios, ou obras dellas, e delles, fossem
furtos provados; e que nas mesmas penas incorrão as Pessoas que lhes
comprarem as referidas lãs, fios, e obras delles: Devaçando annualmen
te destes descaminhos o mesmo Superintendente, e Juiz Conservador;
dando livramento aos culpados nos sobreditos crimes; e sentenceando-os
conforme o Direito.
6 Tendo mostrado a experiencia, que nas eleições dos Védores de
pannos se proceda com menos circunspecção, do que requerem tão neces
sarias incumbencias, resultando do erro das escolhas prevaricações per
niciosas: Determino que as sobreditas eleições se fação com assistencia
do Juiz Conservador na Comarca da Guarda, e dos Corregedores na de
Castello-Branco, e Pinhel, na conformidade do Capitulo oitenta e tres
do Regimento, e que na Covilhã, e outras Villas onde houver hum nú
mero de Teares consideravel, sejão dous os Védores; repartindo-se a
cada hum delles os Teares que houverem de ficar a seu cargo; e ficando
sempre no Juiz Conservador a obrigação de visitar os Padrões, Sellos,
Ferros», Livros, e Casas dos Artifices; para assim segurar, que os refe
ridos Védores cumpräo com as suas obrigações; ou para devaçar delles
nos casos de negligencia, ou prevaricação, que delles não espero.
7 Pela informação que tive, de que não só nas referidas tres Comar
cas, mas ainda nas mais partes de fóra dellas, onde os rebanhos costu
mão pastar, se tem introduzido hum prejudicial monopolio de ervagens,
havendo pessoas, que as comprão por menos, para depois as revenderem
aos Creadores, por preços excessivos: Estabeleço, que toda a Pessoa
de qualquer Estado, qualidade, e condição que seja, que fizer este re
provado Commercio, comprando quaesquer pastos para os revender, in
corra na pena de pagar pela primeira vez o tresdobro do valor por que
comprar os referidos pastos; pela segunda vez pagará o mesmo valor sex
1avado, depois de haver tido dous mezes de cadeia; e pela terceira vez
anoveado, com degredo de dez annos para a Praça de Mazagão. Nas
mesmas penas incorrerão as pessoas, que venderem as pastagens aos que
não forem Creadores de gados; e ainda os mesmos Creadores, que as
comprarem para as revenderem, ou para nellas metterem gados alheios,
com os proprios: E tudo o referido terá lugar contra os Vereadores, e
Oficiaes das Camaras que venderem pastos a ellas pertencentes, contra
o determinado por esta Minha Real prohibição.
8 Porque a mudança dos tempos tem feito huma alteração tal no es
tado das cousas, que hoje serião insignificantes as penas pecuniarias,
que forão estabelecidas pelo dito Regimento, para cohibirem as prevari
cações por elle reprovadas: Ordeno, que o mesmo Juiz Conservador pos
sa dobrar, treplicar, e quatropear as referidas penas pelo primeiro lapso;
1759 695

e aggravallas, e reaggravallas na segunda, e terceira reincidencia á més


na proporção, conforme o arbitrio prudente lho ditar; e ainda passar a
impôr quaesquer outras penas de prizão, e degredo nos casos que o me
recerem, com tanto que nelles dê à appellação, e aggravo, * compe
tirem, na fórma declarada no paragrafo primeiro deste Alvará.
º Porque havendo Eu estabelecido para as lãs, hum preço regular,
he coherente que tambem o tenhão os pannos, que hão de servir aos far
damentos das Tropas; de sorte que os Fabricantes delles fiquem arre
zoadamente pagos do trabalho de suas mãos; e os negociantes que lhos
comprarem, possão nelles tirar hum competente lucro: Ordeno que os
pannos destinados para os sobreditos fardamentos, sejão sempre dos ochea
nos, ou ordidos com mil e oitocentos fios da mesma grossura, tecedura;
e boa fabrica do Padrão, que será com este Alvará; sem que na ordi
dura, tecedura, fabrica, e largura dos referidos pannos, se possa fazer
a menor alteração, sob pena de se tomarem por perdidos (ametáde a
favor de quem os denunciar; e outra ametade para as despezas do Con
selho, ) todos os pannos que se acharem fabricados contra a Lei do refe
rido Padrão. Sendo-o porém na fórma delle, serão sempre pagos aos so
breditos Fabricantes pelo preço tambem inalteravel de quatrocentos e oi
tenta réis por cada covado, liquido, e livres de todo o encargo para os
mesmos Fábricantes de tal sorte que qualquer Pessoa que os comprar
por menos do referido preço, a titulo de haver adiantado alguma quan
tia de dinheiro, ou debaixo de outro pretexto qualquer que elle sejá;
pagará anoveado da cadeia o valor dos rebates que houver feito no refe
rido preço, ou seja para si, ou a beneficio de terceira Pessoa.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, aos Conse
lheiros da Minha Real Fazenda, e dos Meus Dominios Últramarinos,
Meza da Conseiencia, e Ordens, Casa da Supplicação, Senado da Ca
mara, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Junta do
Deposito público, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças,
e mais Oficiaes dellas, a quem o conhecimento deste pertencer o cum
prão, guardem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente como
nelle se contém sem dúvida, ou embargo algum , não obstantes quaes
quer Leis, Regimentos, Alvarás, Disposições, e estilos contrários, que
todas, e todos Hei por derogados para este efeito sómente, ficando aliás
sempre em seu vigor. E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
posto que por ella não ha de passar, e o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, sem embargo das Ordenações em contrario: E registan
do-se em todos os lugares onde se costumão registar semelhantes Léis,
se mandará o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio da Aju
da em 11 de Agosto de 1759. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
Ministro.
Impresso avulso.

4–4 e é—#

Instituição da Companhia de Pernambuco, e Paraíba.

S………. = Os Homens de Negocio das Praças de Lisboa, do Porto,


e de Pernambuco, abaixo assignados, em seu nome, e dos mais Vassal
696 1759

los de Vossa Magestade, havendo conhecido, e experimentado quanto


a Real Grandeza de Vossa Magestade favorece, protege, e promove os
communs interesses do Commercio: E esperando, que será do Real Agra
do o novo estabelecimento de huma Companhia geral para as Capitanías
de Pernambuco, e Paraíba, com a qual, muito consideravelmente , se
augmentem os lucros, que se pódem tirar daquelle Commercio; sendo
elle regulado pelas direcções competentes, que ordinariamente se não en
contrão em Commercios livres: Tem convindo em formar a referida Com
panhia, havendo Vossa Magestade por bem de a sustentar com a con
cessão, e confirmação dos Estatutos, e Privilegios seguintes.
l A dita Companhia constituirá hum Corpo politico composto de hu
ma Junta, e duas Direcções para o seu Governo. A Junta será estabe
lecida em Lisboa com hum Provedor, e dez Deputados, hum Secretario,
e tres Conselheiros. As duas Direcções se formarão na Cidade do Porto,
e em Pernambuco, com hum Intendente, e seis Deputados cada huma:
Sendo todos qualificados na maneira abaixo declarada. O governo, e dis
posição geral será sempre da Junta, que expedirá as Ordens para as duas
Direções, as quaes nas materias, e negocios de maior importancia, que
não forem do seu expediente, darão conta na Junta para obrarem na fór
ma, que lhes for ordenado.
2 A sua denominação será = Companhia geral de Pernambuco, e
Paraíba. = Os papeis de Officio, que della emanarem, serão sempre
expedidos em nome do Provedor, e Deputados da mesma Companhia;
e terá esta hum Sello distincto, em que se veja na parte superior á Ima
gem de Santo Antonio Padroeiro daquella Capitanía, e em baixo huma
estrella com a letra = Ut luceat omnibus; = do qual Sello poderá usar
como bem lhe parecer.
3 Os sobreditos Provedor, e Deputados da Junta, e os Intendentes,
e Deputados das Direcções do Porto, e Pernambuco, serão Commercian
tes, Vassallos de Vossa Magestade, naturaes, ou naturalizados, mora
dores nas tres respectivas Cidades, que tenhão dez mil cruzados, ao
menos, de interesse na mesma Companhia: Os Conselheiros terão as
mesmas qualidades; mas será livre a eleição em quaesquer interessados,
pelo que pertence ao número das Acções, com que houverem entrado na
Companhia.
4 O Provedor, Intendentes, e Deputados serão nomeados por Vos
sa Magestade nesta Fundação para servirem por tempo de tres annos;
findos os quaes darão conta com a entrega aos que forem eleitos nos seus
lugares, os quaes lha tomarão da mesma sorte, que se pratíca na Com
panhia geral do Grão Pará, e Maranhão. Aos nomeados por Vossa Ma
gestade para a creação da Companhia dará juramento o Juiz Conserva
dor, de bem, e fielmente administrarem os Cabedaes da mesma Com
panhia, e de guardarem ás Partes o seu direito: e aos que pelo tempo
futuro se elegerem dará o mesmo juramento, nas Mezas da Companhia,
o Provedor, ou Intendente, que acabar, lançando-se o termo em hum
Livro separado, que haverá para este efeito.
5 As Eleições do Provedor, Deputados, e Conselheiros, que se fize
rem depois de expirar o referido termo, se farão sempre na Casa do Des
pacho da Companhia pela pluralidade de votos dos Interessados, que nel
la tiverem cinco mil cruzados de Acções, e dahi para cima. Aquelles,
\,
que menos tiverem, se poderão com tudo unir entre si para que, prefa
zendo a sobredita quantia, constitúão hum só voto em nome de todos na
pessoa, que bem lhes parecer. Semelhantemente as Eleições dos Inten-,
1759 697

dentes, e Deputados da Cidade do Porto, e de Pernambuco, e Paraíba,


se farão pelos Interessados moradores nos respectivos Districtos; porém
nunca terão efeito em quanto não forem approvadas pela Junta da Com
panhia; para o que lhe serão propostas duas pessoas, ao menos, para
cada hum dos lugares; e em Pernambuco se fará a primeira Eleição ao
tempo da partida da terceira Frota da Companhia; para que seja appro
Vada em Lisboa, e principiem a ter exercicio os novos Intendentes, e
Deputados, ao tempo da entrada da seguinte Frota naquella Capitanía.
O mesmo se praticará em todas as mais Eleições. > } •

6 Não obstante que os nomeados por Vossa Magestade para servirem


pela primeira vez, hajão de exercitar por tempo de tres annos; com tu
do os que depois forem eleitos pelos votos dos Interessados, não poderão
servir por mais de dous annos; sem que se possa fazer reconducção de
hum para outro biennio, a menos que não concorrão duas partes dos vo
tos pelo menos; e que Vossa Magestade assim o resolva em Consulta da
mesma Junta. Ao mesmo tempo se elegerão na referida fórma entre os
Deputados hum Vice-Provedor, e hum Substituto em Lisboa, e hum
Vice-Intendente na Meza da Cidade do Porto, outro em Pernambuco,
para occuparem gradual, e successivamente, o lugar de Provedor, e
Intendente, nos casos de impedimento, ou morte.
7. Todos os negocios, que se propuzerem na Junta da Companhia, e
ainda nas Direcções subalternas, nos termos enunciados no paragrafo pri
meiro desta Instituição, se vencerão por pluralidade de votos; e a tudo
o que por huma, e outras se ordenar nas materias pertencentes a esta
Companhia, se dará inteiro crédito, e terá sua plenaria, e devida exe
cução, da mesma sorte, que se usa nos Tribunaes de Vossa Magestade;
com tanto, que nas ditas disposições se não encontrem as Leis, e Re
gimentos, que não estiverem expressamente derogados por esta Institui
ção. Os sobreditos Provedor, e Deputados, em Lisboa, elegerão os Of
ficiaes, que julgarem necessarios para o bom governo desta Companhia,
e sobre elles terão plenaria jurisdicção para os suspenderem, privarem,
e fazerem devaçar, provendo outros de novo nos seus lugares. Todos
servirão em quanto a Companhia os quizer conservar, e lhes tomará con
1as dos seus recebimentos, e dará quitações firmadas por dous Deputa
dos, e selladas com o Sello da Companhia, depois de serem vistas, e
examinadas na sua Contadoria, e approvadas pela Junta. Os Oficiaes,
que hão de servir nas Direcções da Cidade do Porto, Pernambuco , e
Paraíba, serão semelhantemente nomeados pelo Intendente, e Deputa
dos, que darão parte na Direcção geral, e esta os mandará despedir,
quando lhe parecer necessario, ordenando, que se passe á eleição de ou
tros; bem entendido, que a mesma jurisdicção terá qualquer das duas
Direcções subalternas nos seus Oficiaes respectivos.
8 Terá esta Companhia hum Juiz Conservador em Lisboa, com Or
denado de trezentos mil réis por anno; o qual, com jurisdicção privati
va, e inhibição de todos os Juizes, e Trihunaes, conheça de todas as
Causas contenciosas, em que forem Authores, ou Réos o Provedor, De
putados, Secretario, e mais pessoas do serviço da Companhia , a que
se passarem nomeações; ou as ditas Causas sejão Civeis, ou Crimes; tra
tando-se entre os ditos Oficiaes da Companhia, e pessoas de fóra della.
O qual Juiz Conservador fará avocar ao seu Juizo, nesta Cidade de Lis
boa por Mandados, e fóra della por Precatorios, as ditas Causas, e te
rá Alçada per si só até cem cruzados, sem appellação, nem agggravo»
assim nas Causas Civeis, como no Crime, e nas penas por elle impostas:
Tttt
%
698 I759

porém nos mais casos, e nos que provados merecerem pena de morte,
despachará em Relação, em huma só instancia, com os Adjuntos, que
lhe nomear o Regedor, ou quem seu cargo servir; e na mesma fórma ex
pedirá as Cartas de seguro, nos casos, em que só devem ser concedidas,
ou negadas em Relação. Na Cidade do Porto haverá outro Juiz Conser
vador da Companhia, com Ordenado de cem mil réis por anno, e juris
dicção semelhante á do Juiz Conservador de Lisboa, o qual terá por Ter
ritorio as Provincias da Beira, Minho, e Tras os Montes. Em Pernam
buco haverá tambem outro Juiz Conservador, com cem mil réis de Or
denado, e hum Escrivão, e Meirinho, os quaes todos serão nomeados
pela Junta da Companhia, e confirmados por Vossa Magestade, sem em
bargo da Ord. liv. 3, tit. 12., e das mais Leis até agora publicadas so
bre as Conservatorias. Haverá tambem na Cidade de Lisboa hum Procu
rador fiscal, com Ordenado de duzentos mil réis; sendo a nomeação da
Junta geral da Companhia; e pedindo-se a confirmação a Vossa Mages
tade na referida fórma.
9 Este mesmo Privilegio de Juiz privativo, se servirá Vossa Mages
tade extender a respeito desta Companhia, na conformidade da graça,
que tem feito, por Alvará de dez de Fevereiro de 1757., á Companhia
geral do Grão Pará, e Maranhão, para efeito de que o Provedor, In
tendentes, Deputados, e Secretario, e todos os Accionistas, que se inte
ressarem nesta com dez mil cruzados, e dahi para cima, gozem do mesmo Pri
vilegio por toda a sua vida, preferindo este a outro qualquer, ainda que
seja incorporado em Direito, como o dos Moedeiros; e exceptuando-se
sómente aquelles, que forem fundados em Tratados publicos, ou os es
tabelecidos pela Ord. liv. 2. tit. 59.
10 Não se comprehenderão nas jurisdições dos sobreditos Juizes Con
servadores as questões, que se moverem entre as pessoas interessadas
nesta Companhia sobre os Capitaes, ou lucros della, e suas dependencias,
porque estas serão propostas nas Mezas da Administração, e nellas de
terminadas verbalmente em fórma Mercantil, e de plano pela verdade
sabida, sem fórma de Juizo, nem outras allegações, que as dos simples
factos, e das regras, usos, e costumes do Commercio, e da Navega
ção, commumente recebidos; sendo a isso presente o Juiz Conservador,
e o Procurador fiscal. Não excedendo as Causas a quantia de trezentos
mil réis, não haverá appellação, nem aggravo da Junta da Companhia:
Porém das Direcções subalternas se poderá recorrer como por appellação,
para a Direcção de Lisboa: E excedendo a Causa de trezentos mil réis,
se consultará a Vossa Magestade a materia da dúvida pela Junta da Com
panhia, não querendo as Partes estar pelo acôrdo della, para que Vos
sa Magestade se sirva de nomear Juizes, os quaes julgarão na mesma
conformidade, sem que das suas determinações se possa interpor outro
algum recurso ordinario, ou extraordinario, nem ainda a titulo de Re
vista: E tudo isto sem embargo de quaesquer Disposições de Direito,
e Leis, que o contrario tenhão estabelecido.
11 Passarão os sobreditos Conservadores por Cartas feitas no Real
Nome de Vossa Magestade as Ordens, que lhes forem determinadas pe
la Junta da Companhia, e requeridas pelas Direcções subalternas, as
sim para o bom governo da Companhia, como para tomar Embarcações,
e fazer carretos; podendo cortar madeiras onde forem necessarias, pagando
se a seus donos pelos preços que valerem; e para obrigar Trabalhadores,
Barqueiros, Taverneiros, e todos os Artifices, que sirvão a Companhia,
Pagando lhes os seus salarios: E se lhe não poderão tomar, nem ainda
1759 690

para serviço dos Arsenaes, Marinheiros, Grumetes, e mais homens, que


estiverem occupados nas suas Frotas, ou outras expedições; antes, sen
do-lhe necessarios outros, se pedirão aos Ministros, a que tocar , para
lhos mandarem fazer promptos. Para o referido, e tudo o mais , neces
sario ao bom governo da Companhia, poderá esta emprazar os Ministros
de Justiça, que não derem cumprimento ás suas Ordens, para a Rela
ção nas Cidades de Lisboa, e do Porto, e para o Governador com os
Ministros adjuntos, em Pernambuco, onde respectivamente irão respon
der, ouvidos os Juizes Conservadores, os quaes virão á Junta da Com
panhia, e Mezas da Direcção todas as vezes, que se lhes fizerem avi
zos, tendo nellas assento decorozo. •

12 Sendo esta Companhia formada do Cabedal, e substancia propria


dos Interessados nella, sem entrarem Cabedaes da Real Fazenda; e sen
do livre a cada hum dispôr dos seus proprios bens como lhe parecer mais
conveniente: Serão a dita Companhia, e governo della immediatos á
Real Pessoa de Vossa Magestade, e independentes de todos os Tribu
naes maiores, e menores, de tal sorte, que por nenhum caso, ou acci
dente se intromettão nella, nem nas suas dependencias, Ministro , ou
Tribunal algum de Vossa Magestade, nem lhe possão impedir, ou encon
trar a administração de tudo, o que a ella tocar, nem pedirem-se-lhe
contas do que obrarem, porque essas devem dar os Deputados, que sa
hirem, aos que entrarem, na fórma do seu Regimento: E isto com in
hibição a todos os ditos Tribunaes, e Ministros, e sem embargo das suas
reºpectivas jurisdicções; porque, ainda que pareça que o manejo dos ne
gocios da Companhia respeita a estas, ou aquellas jurisdicções, como
elles não tocão á Fazenda de Vossa Magestade, senão ás pessoas , que
na dita Companhia mettem seus Cabedaes, por si os hão de governar
com a jurisdicção separada, e privativa, que Vossa Magestade lhes
concede. Querendo porém algum Tribunal saber das Mezas desta Ad
ministração alguma cousa concernente ao Real serviço, fará escrever,
pelo seu Secretario, ao da referida Junta em Lisboa, ou a qualquer dos
Deputados na Cidade do Porto, e em Pernambuco, os quaes proporão
a Carta em Meza, para que esta lhes ordene o que devem responder.
Quando seja cousa, a que não convenha deferir, o Tribunal, que hou
ver feito a pergunta, poderá consultar a Vossa Magestade , para que,
ouvindo a Junta da Companhia, resolva o que mais for Servido. E suc
cedendo falecerem nos Districtos de Pernambuco, e Paraíba, ou em ou
tra qualquer parte, ainda nas viagens, os Administradores, e Feitores
da Companhia, como tambem os Capitães, e Mestres dos Navios, e ge
ralmente todas as pessoas, que deverem dar contas á Companhia , não
poderão, por nenhum modo, intrometter-se na arrecadação dos seus li
vros, e espolios, os Juizes dos Orfãos, nem o Juizo dos defuntos, e au
sentes, ou outro algum, que não seja o da Administração da Companhia
nos respectivos Districtos, a qual arrecadará os referidos livros, e espo
lios, e delles dará conta á Meza da sua Repartição, para que esta a re
metta á Junta da Companhia, que, separando o que lhe pertencer, com
preferencia a quaesquer outras acções, mandará então entregar os rema
necentes aos Juizos, ou partes, onde, e a quem pertencer: O que se
entenderá tambem a respeito dos Administradores, e Caixas desta
Corte, com os quaes ajustará a Companhia contas na sobredita fórma,
até o tempo do seu falecimento, ouvidos os herdeiros, sem que a estes
passe o Direito da Administração, que será sempre intransmissivel.
-. 13 Sendo indispensavelmente
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que a Companhia tenha ca
2
7OO 1759

sas, e armazens suficientes para o seu despacho, guarda dos seus cofres,
e arrecadação das fazendas; e não sendo possivel, que tudo isto se fabri
que com a brevidade necessaria: Ha Vossa Magestade por bem mandar,
que se lhe tomem por aposentadoria todas as casas, e armazens, cober
tos, e descobertos, que lhe forem precisos; pagando a seus donos os alu
gueis, em que se ajustarem, ou se arbitrarem por Louvados a contento
das partes; e derogando Vossa Magestade para este efeito quaesquer
Privilegios de aposentadorias, que tenhão as pessoas, a quem se toma
rem, ou que nelles tenhão recolhido suas fazendas. Tambem Vossa Ma
gestade he servido conceder-lhe a praia immediata á Casa da Moeda pe
Ja parte do Poente; os armazens, que estão encostados ao muro do pa
tio da mesma Casa, e os mais, que lhe ficão defronte, de que até ago
ra se servia a Ribeira das Náos, para que a Companhia possa fazer edi
ficar Estaleiros para os Navios, e recolher o que a elles for pertencente,
entregando-se-lhe as casas, que se achão no Terreno, que jaz entre os
referidos armazens ; e fazendo-se a necessaria separação entre os ditos
Estaleiros, e Casa da Moeda, com portas separadas. Em Pernambuco
se serve tambem Vossa Magestade conceder á mesma Companhia o uso
da Casa do Ouro, e os seus armazens, como tambem aquella parte de
Marinha que for mais accommodada para a construcção, e concertos dos
seus Navios, e máis Embarcações necessarias, ordenando por este ca
pitulo ao Governador daquella Capitanía, e mais pessoas, a quem toca,
que de tudo lhe fação entrega sem dúvida, nem contradicção alguma.
14 Além do sobredito concede Vossa Magestade licença á Companhia
para fabricar os Navios, que quizer fazer, assim mercantes, como de
Guerra, em qualquer outra parte das Marinhas desta Cidade, e Reino,
onde houver com modidade: Como tambem para cortar madeiras no dis
tricto da Cidade do Porto, Alcacer do Sal, ou outra qualquer parte que
não seja Coutada, participando, pela via, a que tocar, a determinação
do número, e qualidade das madeiras, que intenta fazer cortar , para
que se lhe avaliem, não havendo preços estabelecidos, e se paguem com
toda a brevidade; e para o córte lhe manda Vossa Magestade dar todo
o favor, e promptidão, e ainda preferencia a todas as obras, que não
forem da Fabrica de Vossa Magestade.
15 Poderá a sobredita Companhia, mediante a licença de Vossa Ma
gestade, mandar tocar caixa, e levantar a gente de Mar, e Guerra que
lhe for necessaria para guarnição das suas Frotas, e Náos, assim nesta
Cidade, Reino, e lIhas; como nas Capitanías de Pernambuco, e Paraí
ba, a todo o tempo, que lhe convier, fazendo-lhe as pagas, e ventagens,
que acordar com elles. E succedendo que na mesma occasião mande Vos
sa Magestade fazer levas de gente, precedendo as do Serviço Real, se
seguirão logo, immediatamente, as da Companhia; porém havendo ur
gente necessidade della, consultará a Vossa Magestade para que sirva
de lhe dar a necessaria providencia.
16 E porque para commandar, e dirigir Frotas de tanta importan
cia, se devem eleger pessoas de grande satisfação, e confiança: He Vos
sa Magestade servido permittir, que a Companhia escolha os Comman
dantes, Capitães de Mar, e Guerra, e mais Officiaes, que lhe parecer,
para o governo, e guarnição das Náos, que armar: Propondo a Vossa
Magestade por Consulta da Junta, e Direcção principal , duas pessoas
para cada posto, para que Vossa Magestade se sirva de eleger huma del
las: Dando Vossa Magestade licença aos que estiverem occupados em
seu Serviço, para exercitarem os ditos cargos: Havendo Vossa Magesta
1759 7o1
tade lassim a elles, como os Soldados, aos serviços, que nas ditas
Náos fizerem; como se fossem feitos na sua Real Armada, ou Fronteiras
do Reino, para lhos remunerar conforme as fés de Oficios, e Certidões
que apresentarem; o que se entende, ajuntando Certidão da Companhia,
de como nella derão conta da obrigação do seu cargo; e sem a dita Cer
tidão não poderão requerer a Vossa Magestade nem os seus adiantamen
tos, nem o despacho dos ditos Serviços.
17 Depois de confirmadas por Vossa Magestade as pessoas que a Jun
ta da Companhia eleger para os ditos postos, lhes passará o Secretario
della suas Patentes, com a Vista de dous Deputados na volta, para se
rem assignadas pela Real Mão de Vossa Magestade. Os Regimentos,
que se derem aos Commandantes, e Capitães de Mar, e Guerra, serão
primeiro consultados a Vossa Magestade pela Companhia: E sendo Ser
vido de os approvar, os fará o Secretario della no Real Nome de Vossa
Magestade, para que, com Vista de dous Deputados, sejão assignados
pela sua Real Mão: Com declaração, que os ditos Regimentos , depois
de firmados, tornarão á Junta da Companhia, para os entregar aos ditos
Commandantes, e Capitães, fazendo eles termo, ao pé do Registo, de
darem na dita Companhia conta de tudo, o que obrarão: E dos excessos,
que fizerem, e devaças, que dos seus procedimentos tirar o Juiz Conser
vador, se dará vista ao Procurador Fiscal, que a Companhia constituir,
e Vossa Magestade confirmar, para lhe dar cargos, os quaes serão de
pois sentenciados na Casa da Supplicação pelo Conservador, e Adjun
tos, que se lhe nomeareñº, na fórma assima dita.
18 Sendo notorio a Vossa Magestade, que de presente não ha Náos
de Guerra competentes, que a Companhia possa comprar, nem de fóra
se poderião mandar vir com a brevidade necessaria; e não lhe sendo oc
cultos nem os encargos, que a mesma Companhia toma sobre si, exone
rando a Coroa de Comboios das Frotas daquella Capitanía, e da Guarda
das suas Costas; nem os grandes gastos, despezas, que a mesma Com
panhia será obrigada a fazer nestes principios, assim em Navios, e apres
tos delles, como nas suas cargas: Se serve Vossa Magestade fazer mer
cê, e Doação á mesma Companhia, por esta vez sómente, de duas Fra
gatas de Guerra para os seus Comboios, e successivo serviço. E como a
Companhia ha de fazer as despezas com os mesmos Comboios, e he a
mesma, que, debaixo da Real Protecção de Vossa Magestade, presta
segurança aos seus Cabedaes, se serve Vossa Magestade de que ella não
pague hum por cento de Ouro, ou dinheiro, que lhe vier de Pernambu
co nos Comboios das Frotas do mesmo porto, sendo proprio da mesma
Companhia.
19 Todas as prezas, que as Náos da dita Companhia fizerem aos ini
migos desta Coroa, assim á hida, como á vinda, ou por outro qualquer
titulo, que seja, pertencerão sempre á mesma Companhia, para dellas
disporem os seus Deputados como bem lhes parecer, e por nenhum mo
do tocará á Fazenda de Vossa Magestade cousa alguma dellas,
2o Nenhum dos Navios da Companhia se lhe tomará para o Real ser
viço, ainda que seja em casos de urgente necessidade: Acontecendo po
rém, o que Deos não permitta, que esta Coroa tenha inimigos, que com
poderosa Armada venhão infestar as Costas deste Reino , ou invadir os
seus Portos, e Barras, de modo, que sejão necessarios os ditos Navios,
para que a Armada de Vossa Magestade lhe possa fazer opposição com
o reforço delles, neste caso lho mandará Vossa Magestade fazer a saber,
para que o Provedor, e Deputados, com todas as suas forças acudão ao
702 1759

necessario do dito soccorro, como bons, e leaes Vassallos: Com tal de


claração porém, que os custos, que fizerem, sahindo fóra do dito Por
to, no apresto do dito soccorro, pagas, e mantimentos da gente de Mar,
e Guerra, que constarão por Certidões dos seus Oficiaes, a que se dará
inteiro credito; e qualquer Navio, que no caso de batalha, ou de risco
do mar se perca, lho mandará Vossa Magestade pagar em dinheiro de
contado, da chegada dos ditos Navios a seis mezes: e não se lhe pagan
do, findo o dito termo, se descontarão nos direitos dos primeiros gene
ros, que vierem de Pernambuco, e isto pelo grande damnno, que a Com
panhia receberá de qualquer interrupção no curso das suas viagens; po
rém se os ditos Navios, não sahirem deste Porto a peleijar, não lhe pa
gará cousa alguma a Fazenda de Vossa Magestade.
21 Ainda que a Companhia, attendendo ao transporte das safras,
deve mandar annualmente as suas Frotas, no tempo opportuno, para
transportarem a este Reino os fructos recentes da producção das sobre
ditas Capitanías: Com tudo, attendendo Vossa Magestade a que no Com
mercio da mesma Companhia cessão todas as razões das Leis, e Ordens,
que justissimamente estabelecêrão para o Commercio livre, e vago as
Frotas annuaes, e regulares: Ha Vossa Magestade por bem, que a mes
ma Companhia, além dos Navios, que navegarem nas Frotas, posssa
mandar ás mesmas Capitanías, e fazer voltar dellas, os mais Navios sol
tos, que necessarios forem em beneficio do seu Commercio, e Navega
ção, e da extracção, e intraducção dos generos, da producção, e pro
vimento das mesmas Capitanías. ,º -

22 Os Governadores, e Capitães Generaes, e os Capitães Móres, e


Ministros das Capitanías de Pernambuco, e Paraíba, ou de outra qual
quer do Estado do Brazil, ou deste Reino, não terão alguma jurisdic
ção sobre a gente de Mar, e Guerra da dita Companhia, assim no mar,
como na terra, porque esta jurisdicção será sómente dos Commandan
tes, salvos porém os casos, em que estes pertendão na fórma das carre
gações alterar as Leis, e Ordens de Vossa Magestade. E para alojamen
to das mesmas gentes do Mar, e serviço da Companhia: He Vossa Ma
gestade Servido conceder-lhe em Pernambuco o Hospital da gente mari
tima, que fica sem uso; com declaração, que, apportando Náos da Co
roa naquelle Recife, se lhe dará preferencia na alojação referida: Em
qualquer outro Porto se lhes mandarão dar accommodações competentes
pelos Governadores, e Capitães Generaes, ou Ministros, a quem forem pe
didas no caso de arribada, por causa de tormenta, ou outro accidente.
23 Por quanto a dita Companhia ha de ter algumas Embarcações pe
quenas para lhe servirem de avisos, em nenhum caso poderão os Gover
nadores, e Capitães Generaes daquella Capitanía, despachar para o Rei
no Embarcação alguma fóra da Conserva das referidas Frotas. E haven
do algum successo, que seja precisamente necessario avisar-se a Vossa
Magestade, o poderão fazer nas Embarcações da Companhia. Porém
quando estas faltarem, e for preciso virem outras, virão sempre de va
sio, porque assim se evitão os damnos, que do contrario se seguirião á
mesma Companhia. E vindo carregados ou em todo, ou em parte, se
perderão os cascos, e a carga, a favor da pessoa, ou pessoas, por quem
forenº denunciados, pagando os taes Denunciantes á Companhia a ava
ria, que parecer competente. No caso, que seja necessario mandarem
se transportar madeiras para os Armazens de Vossa Magestade, será
feito o transporte nos Navios da Companhia, pagando-se-lhe prompta
mente o frete. Bem entendido, que no Páo Brazil se ha de conservar
em tudo a disposição do seu Regimento.
1759 7'O3

24 Chegando as Náos de Guerra desta Companhia a formarem Es


quadra, levarão as Armas de Vossa Magestade nas bandeiras da Capi
tânia, e Almirante, e a devisa, e empreza della será huma bandeira á
quadra com a Imagem de Santo Antonio sobre a estrella, que constitúe
as Armas, que Vossa Magestade he Servido dar á dita Companhia: Os
estilos, que os Commandantes destes Navios hão de guardar quando se
encontrarem com a Armada Real, ou Esquadras de Vossa Magestade, e
Náos da India, irão declarados no Regimento, que se lhes dér, assigna
do pela Real Mão de Vossa Magestade.
25 Para esta Companhia se poder sustentar, e ter algum lucro com
pensativo das despezas, que deve fazer, e do serviço, que tambem faz a
Vossa Magestade, e ao bem commum destes Reinos: He Vossa Magesta
de servido conceder-lhe o Commercio exclusivo das duas Capitanías de Per
nambuco, e Paraíba com todos os seus Districtos, para que nenhuma
pessoa possa levar, ou mandar ás sobreditas duas Capitanías, e seus Por
tos, nem delles extrahir, mercadorias, generos, ou fructos alguns, mais
do que a mesma Companhia; exceptua-se porém o Commercio de Per
nambuco, e Paraíba para os Pórtos do Sertão, Alagôas, e Rio de S.
Francisco do Sul, o qual será livre a todas, e quaesquer pessoas como
até agora o tem sido.
26 Tambem Vossa Magestade ha por bem concederá mesma Compa
nhia o privilegio exclusivo para ela só fazer o Commercio, que até ago
ra se fez, vaga, e livremente das referidas Capitanías de Pernambuco,
e Paraiba para a Costa de Africa, e Portos della, para os quaes até ago
ra navegárão os Navios das sobreditas duas Capitanías: Com tanto, que
a Navegação da dita Companhia não embarace a que para os mesmos
Pórtos de Africa se faz da Bahia, e Rio de Janeiro; antes pelo contra
rio, se coadjuvarão reciprocamente a Companhia, e as referidas duas Pra
ças, para que o Commercio de huma não embarace o das outras. Da
mesma sorte se entenderá este privilegio sem prejuizo da Navegação, e
Commercio da outra Companhia do Grão Pará, e Maranhão. E porque
ao tempo, em que esta concessão se publicar em Pernambuco, se pode
rão achar alguns Navios expedidos, outros carregados, e outros com as
cargas já promptas, e as despezas dellas feitas; e não he da Real inten
ção prejudicar aos que se acharem nos referidos desembolsos: He Vossa
Magestade servido, que o dito privilegio exclusivo da Navegação de Per
nambuco, e Paraíba, para a Costa de Africa, só principie a ter o seu
efeito quatro mezes depois de se publicar a presente Instituição, a res
peito dos Navios, que houverem de partir: E que os outros Navios, que
se acharem despachados ao tempo da referida publicação, serão descar
regados quando voltarem, ainda que cheguem depois de serem findos os
quatro mezes assima declarados. A

27 Nas fazendas seccas, exceptuando farinhas, e comestiveis seccos,


não poderá a Companhia vender por mais de quarenta e cinco por cen
to, em cima do seu primeiro custo em Lisboa, quando as fazendas fo
rem pagas com dinheiro de contado; e sendo as fazendas vendidas a cre
dito, se accrescentará o juro de cinco por cento ao anno, rateando-se
pelo tempo, que durar a espera: E isto em attenção a que os Fretes,
Seguros, Comboios, Direitos de entrada, e sahida, empacamentos, car
retos, commissões, e mais despezas com as ditas fazendas, hão de ser
por conta da Companhia; com tanto, que na palavra = Direitos = só
mente seja visto entender-se os da Dizima, que só pagavão as fazendas
no Grão Pará, e Maranhão, ao tempo em que se contratou aquella Com
704 1759

panhia: E que todos os outros direitos, que excederem, se augmenta


rão a favor da mesma Companhia, que os desembolsar, para que assim
se observe toda a devida igualdade.
28 Nas fazendas molhadas, farinhas, e mais comestiveis, que forem
seccos, e de volume, não poderá tambem vender por mais de dezeseis
por cento, livres para a Companhia de despezas, fretes, direitos, e mais
gastos de compras, embarques, entradas, e sahidas; attendendo-se ás
perdas que a experiencia da dita Companhia do Grão Pará, e Mara
nhão tem mostrado, que ha nestes generos comestiveis, pela facilidade,
com que huns se corrompem , outros se avarião.
29 E para justificar as suas vendas, e que cumpre com a exactidão
dos ditos preços, serão obrigadas a Direcção geral de Lisboa, e a Direc
ção do Porto, a mandarem aos seus respectivos Feitores, pela Direcção
de Pernambuco, em fórma authentica, assignadas por todos os Depu
tados, e munidas com o sello da Companhia, para assim fazerem paten
tes ao Povo, as carregações, e contas do custo das fazendas, que levar
cada Frota, ou Navio de aviso; para que cada hum dos compradores
possa examinar o verdadeiro valor dos generos, que tiver apartado,
sem nelles poder suspeitar a menor fraude. Para que esta fique por
todos os modos excluida, se declara que o Provedor, e Deputados da
Junta da Companhia em Lisboa, e o Intendente, e Deputados da Di
recção do Porto, levarão dous por cento de Commissão sobre os em
pregos, e despezas, que se fizerem nos seus respectivos Districtos com
a expedição das Frotas, ou Navios da Companhia, e outros dous por
cento no producto dos retornos, e despezas, que vierem, e se fizerem
em cada hum dos referidos dous portos: Em Pernambuco levarão o In
tendente, e Deputados, dous por cento sómente, das vendas em bruto,
que se fizerem nas Capitanías de Pernambuco, e Paraíba; sem que ti
rem commissão das remessas para este Reino. Porém se as sobreditas
fazendas forem permutadas a troco dos generos daquellas Capitanías nes
te caso, ficará o ajuste á avença das partes. •

30 Porque não seria justo nem que os habitantes das mesmas Capi
tanías quizessem reputar tanto os seus generos, que causassem prejuizo
á Companhia, nem que esta os abatesse de sorte, que, em vez de ani
mar a Agricultura, e manufacturas, impossibilitasse os Lavradores, e
Fabricantes para as proseguirem: Nesta Consideração, quando as ditas
vendas, e permutações senão poderem concordar á avença das partes,
ficará sempre livre aos senhores dos generos fazellos transportar por sua
conta a estes Reinos; o que se entende porém nos generos, e fructos,
que cultivarem, e fabricarem; consignando-os á mesma Companhia, pa
ralhos beneficiar nesta Corte, ou na Cidade do Porto. E sendo devedo
res á Companhia, se lhes aceitarão os pagamentos em letras sobre os mes
mos efeitos para ficarem desobrigados ao tempo do embolso da mesma
Companhia; a qual será obrigada a receber os referidos generos nos seus
Navios, pagando-se-lhe pelo transporte delles o frete costumado; a trazel
los tão seguros, e bem acondicionados, como os que lhe forem proprios; e
não os vender por preços menores daquelles, em que regular os seus pro
prios generos, pagando-se da Commissão sómente, e do Seguro, no ca
so, em que pareça ás partes segurar.
31 Porque nas sobreditas Capitanías se achão ainda os productos de
algumas remessas de Commerciantes particulares assim de Lisboa, co
mo da Praça do Porto: He Vossa Magestade Servido, que fique livre a
todas, e quaesquer pessoas, o carregar os generos da producção, e ma
1759. • 705

nufacturas das mesmas Capitanías, na primeira Frota, que se expedir


para o Reino, consignando-os livremente a quem bem lhes parecer; po
rém na segunda Frota, e nas mais successivas, não poderá carregar ge
neros outra alguma pessoa, que não sejão os Feitores da Direcção da
Companhia, ou os Lavradores, e Fabricantes, que os cultivarem nas
suas terras, e manufacturas; carregando cada hum o que verdadeira
mente for da sua Lavoura, e Fabrica , sem dólo, nem malicia; porque,
fazendo compras simuladas para carregarem nos seus nomes os generos
alheios, e para assim fazerem travessia , e contrabando ao Commercio
exclusivo da Companhia, logo que estes dólos forem descobertos, e pro
vados, incorrerão os que delles usarem na pena da perda da Carregação
em tresdobro, de que se dará o terço ao Denunciante, se o houver, ce
dendo o mais a favor da dita Companhia. . . . .
32 No caso em que, depois da partida da sobredita primeira Frota,
fiquem ainda aos actuaes interessados no Commercio das referidas Capi
tanías dívidas, que hajão de cobrar em generos da terra; consignando-os
á Companhia, será esta obrigada a tomallos pelo preço corrente do es
tado da Praça; e a pagar-lhos logo ou em dinheiro á vista, ou com letras
seguras, sobre a caixa geral da Junta de Lisboa; qual os vendedores
acharem mais util para os seus interesses. .." - - -

33 Porque tambem não seria justo, que a mesma Companhia preju


dicasse tanto aos Negociantes destes Reinos, e daquelas Capitanías,
que vendem por miudo, que, não lhes fazendo conta o seu tráfico, vies
sem a ser necessitados a largallo, faltando-lhes com elle os meios para
sustentarem as suas casas, e familias: Não poderá nunca esta Compa
panhia vender pelo miudo, mas antes o fará sempre em grossas partidas
por si, e seus Feitores: E as vendas neste Reino não poderão nunca ser
menores de duzentos mil réis, nem de cem mil réis nas Capitanías de
Pernambuco, e Paraíba: Fazendo-se sempre as ditas vendas nos Arma
zens da Companhia, e nunca em Tendas, ou casas particulares: E não
se podendo intrometter os Corretores por qualquer modo, ou debaixo de
qualquer titulo, ou pretexto, nas sobreditas vendas em grosso, que sem
pre serão feitas pelo simples, e unico ministerio dos Feitores da mesma
Companhia. , , … ", ; | - -

34 . Nenhuma pessoa de qualquer qualidade, ou condição, que seja,


poderá mandar, levar, ou introduzir as sobreditas fazendas seccas, ou
molhadas, nas ditas Capitanías; nem tão pouco extrahir os generos da
sua producção, a menos, que não seja na fórma assima referida; sob pe
na de perdimento das fazendas, e generos, e de outro tanto, quanto
importar o seu valor; sendo tudo applicado a favor dos Denunciantes,
que poderão dar suas denúncias em segredo, ou em publico; neste Rei
no diante dos Juizes Conservadores de Lisboa, e do Porto; e em Per
nambuco diante do Juiz Conservador da mesma Companhia; os quaesto
dos farão notificar as denunciações aos Procuradores da Companhia, pa
ra serem partes nellas; tudo debaixo das penas assima declaradas.
35 Ha Vossa Magestade outro sim por bem, que nos generos, e Ma
nufacturas de Pernambuco, e Paraíba, que forem navegados pela Com
panhia, se observe daqui em diante o seguinte, quanto aos direitos: Os
que forem transportados para o consumo dos Reinos de Portugal, e dos
Algarves, e que delles se navegarem para quaesquer Dominios de Vossa
Magestade, pagarão os direitos grossos, e miudos, que até agora pagá
rão. Os Assucares, ainda sendo navegados para Reinos estrangeiros, pa
garão os direitos na fórma, que pº…"; se cobrão: Porém usou
VVV
706 1759

tros generos não pagarão mais, que ametade dos direitos, sendo extra
hidos para os Paizes estrangeiros. E querendo a Companhia fazellos trans
portar por baldeação, o poderá livremente fazer, assim, e da mesma sor
te, que se houvessem entrado em Navios estrangeiros, e fossem nos seus
respectivos Paizes produzidos: Pagando neste caso sómente, quatro por
cento, e os emolumentos dos Oficiaes. A importancia dos referidos di
reitos será paga na fórma dos espaços concedidos pelo Foral da Alfande
ga de Lisboa: Para o que ha Vossa Magestade, desde já, por abonado
para assignante aquelle Deputado, que huma, e outra Direcção nomear
para assignar os despachos desta Companhia. Quanto ás Madeiras, as
sim as que forem proprias para edificios, como outras quaesquer, serão
livres de todos os direitos, e ainda de dar entradas na Meza do Paço
da Madeira, na conformidade do Alvará de dez de Maio de 1757.
36 . Os Navios do Commercio da Companhia, despachando por saida
nas Mezas costumadas; e pagando nellas o que deverem, segundo as
suas lotações; como actualmente se pratíca; serão despachados prompta
mente, e com preferencia a quaesquer outros Navios; sob pena de sus
pensão dos Oficiaes, que o contrario fizerem, até nova mercê de Vossa
Magestade. O que porém não terá lugar nos Navios de Guerra, que co
mo taes forem armados pela Companhia; porque estes gozarão dos pri
vilegios, de que gozão as Náos de Vossa Magestade, não sendo sujeitos
a outros despachos, que não sejão os mesmos, com que costumão sahir
as Náos da Coroa. Nos despachos por entrada, e fórma das descargas,
haverá a mesma preferencia, e tambem a liberdade de descarregar todo
o número de barcos, que couber no tempo de cada hum dia, e toda a
quantidade de caixas, atanados, couros, e sola , que couber em cada
hum barco, sem embargo das ordens em contrario. -

37 - Para o provimento das Náos de Guerra da Companhia , ha outro


sim Vossa Magestade por bem de lhes mandar dar nos Fórnos de Val de
Zebro, e Moinhos da banda dalém, os dias competentes para moerem
os seus trigos, e cozerem os seus biscoutos, debaixo da privativa Inspec
ção dos Officiaes, que a Companhia deputar para este efeito. E sendo
caso, que no mesmo tempo concorra fabrica para as Armadas de Vossa
Magestade, e para as Náos da Companhia geral do Grão Pará, e Ma
ranhão, repartirá o Almoxarife os dias de tal sorte, que juntamente se
possão fazer todos. •

38 Da mesma sorte: Ha Vossa Magestade, por bem que os vinhos,


que forem necessarios para o provimento das Náos da Companhia, paguem
só os direitos de entrada, e sahida, que costumão pagar á Fazenda de Vos
sa Magestade os que vem para aprestos das suas Armadas; regulando-se
esta franqueza em cada humanno pelas lotações dos Navios de Guerra, que
expedir a mesma Companhia. A qual outro sim poderá mandar ao Além
Téjo e quaesquer outras partes destes Reinos, comprar trigos, vinhos,
azeites, e carnes para os seus provimentos, e carregações Ultramarinas;
podendo-os conduzir pelo modo que lhe parecer; e sendo obrigadas as
Justiças a darem-lhe barcos, carretas, e cavalgaduras, para a conducção
dos referidos generos, pagando tudo pelos preços correntes. No que se
entenderão sempre salvos os casos de Esterilidade, e de travessia para
revender neste Reino os sobreditos frutos; de tal modo, que nenhum dos
Provedores, Intendentes, Deputados, e Oficiaes da Companhia, pode
rá negociar nos sobreditos generos em Portugal, ou nos Algarves; sob
pena de perdimento das acções, com que tiver entrado, a favor dos De
núnciantes; de inhabilidade perpétua para todo o emprego público; e
"I759 • 707

de cinco annos de degredo para a Praça de Mazagão; e sendo Oficial


Subalterno, perderá o Oficio, que tiver, para mais não entrar em algum
outro; e será condemnado em dous mil cruzados para quem o denunciar,
e degradado por outros cinco annos para Angola: Bem visto, que para
tudo hão de preceder legitimas provas, ou a real apprehensão dos gene
ros vendidos. . - - - - |- * . * . - - - •

39 Quando na chegada das Frotas succeder não caberem os seus ef


feitos nos Armazens da Alfandega, permitte Vossa Magestade que a
Companhia os possa metter em outros Armazens, de que os Oficiaes de
Vossa Magestade terão as chaves, para lhe serem despachados conforme
a occasião, e a necessidade o pedirem. ,
40 Querendo a Companhia fabricar por sua conta a polvora, que lhe
for necessaria, se lhe darão nas Fahricas Reaes, os dias competentes pa
ra à fabricar: E della, e dos materiaes, que a compoem, e da bala, mur
rão, armas, madeiras, e materiaes para a construcção, e aprestos dos Na
vios, não pagará direitos alguns á Fazenda de Vossa Magestade ; com
tanto, que esta franqueza não exceda os generos necesssarios para pro
vimento da mesma Companhia; a qual em nenhum caso os poderá ven
der a terceiros ; nem nelles negociarem os seus Administradores; sob
pena de que, fazendo o contrario, e constando assim, pela real appre
hensão das cousas vendidas, as pessoas, que as venderem, pagarão o
tresdobro da sua importancia, ficarão inhabilitadas para mais não servi
remMazagão.
de na Companhia, e serão degradadas por cinco annos para a Praça
• • * * * * •

41. Os fretes, avarias, e mais dívidas, de qualquer qualidade que


sejão : Ha Vossa Magestade por bem, que se cobrem a favor da Com
panhia pelos seus Juizes Conservadores, como Fazenda de Vossa Mages
1ade, fazendo os seus Ministros as diligencias: O que tambem se enten
derá nas penhoras dos fiadores dos homens do mar , na fórma do Regi
mento dos Armazens., - - ",

42 Ha outro sim Vossa Magestade por bem, que todas as pessoas


de Commercio, de qualquer qualidade que sejão, e por maior privilegio,
que tenhão, sendo chamadas á Meza da Companhia para negocio da Ad
ministração della, terão obrigação de hir; e não o fazendo assim, os Jui
zes Conservadores procederão contra elles como melhor lhes parecer... ..
º 43 Todas as pessoas, que entrarem nesta Companhia com dez mil
cruzados, e dahi para cima, usarão, em quanto ella durar, do Privile
gio de Homenagem na sua propria casa, naquelles casos, em que ella se
costuma conceder: E os Oficiaes actuaes della serão isentos dos Alardos,
e Companhias de pé, e de cavallo, levas, e mostras geraes, pela occu
p ação que hão de ter. E o Commercio, que nella se fizer, na sobredita
fórma, não só não prejudicará á Nobreza das Pessoas, que o fizerem,
no caso, em que a tenhão herdada, mas antes pelo contrario, será meio
proprio para se alcançar a Nobreza adquirida: De fórma que as pessoas,
que entrarem com dez acções, e dahi para cima, nesta Companhia, go
zarão do Privilegio de Nobres, não só para o efeito de não pagarem ra
ções, outavos, ou outros encargos pessoaes das fazendas, que possuirem
nas terras, onde, pelos Foraes os Peões, sómente, são obrigados a pa
gar os referidos encargos, mas tambem para que, sem dispensa de me
canica, recebão os Habitos das Ordens Militares; com tanto, que ao
tempo, em que os houverem de receber, não tenhão exercicios incom
pativeis com a Nobreza; e que esta graça seja pessoal a favor dos Ac
cionistas originarios sómente, sem "y delles possão passar aos que, por
VVV 2
708 I759

venda, cessão, ou outro qualquer titulo lhes succederem nas ditas ac


Göes.
44. Ao Provedor, Secretario, Intendentes, e Deputados, assim os
que estiverem em actual exercicio, como os que houverem servido, e a
todos os Oficiaes que estiverem no serviço da Companhia, concede Vos
sa Magestade em qualquer parte destes Reinos, e seus Dominios Apo
sentadoria passiva; e todos os Interessados em dez mil cruzados, e da
hi para cima, gozarão do mesmo Privilegio; como tambem não poderão
ser obrigados, em quanto exercitarem empregos da Companhia, ainda
que nella não sejão interessados, a servir contra suas vontades Oficio al
gum de Justiça, ou Fazenda, nem cargos dos Conselhos, nem ainda a
cobrar fintas, imposições, tributos, ou quaesquer outros direitos, nem
a ser depositarios delles.
45 As ofensas, que fizerem a qualquer dos Oficiaes da Companhia,
por obra, ou palavra, sobre materia do seu oficio, serão castigadas pe
los Vossa
de Juizes Magestade.
Conservadores, como se fossem feitas aos Officiaes de Justiça
• •

46 Porque ás pessoas, que entrarem nesta Companhia, se acha lan


çado o quatro, e meio por cento, e maneio, e mettem nella o cabedal
de que o pagão, não poderá vir nunca em consideração pedir-se o dito
quatro, e meio por cento, e maneio, á dita Companhia; e assim o ha
Vossa Magestade por bem: Não permittindo que a respeito dos Interes
sados nella, ou dos fundos, que cada hum tiver, se faça alteração nos
maneios, e quatro, e meio por cento nas pessoas, que entrarem na mes
ma Companhia com cinco mil cruzados, e dahi para cima: E ordenando,
por onde toca, que todas sejão conservadas ao dito respeito no estado,
em que se acharem nas suas respectivas Freguezias ao tempo em que
fizerem a referida entrada, pelo que a ella pertencer. Só os Oficiaes,
a quem se fizerem Ordenados de novo, pagarão delles quatro e meio por
cento á Fazenda Real.
47 Sendo antigo estilo da Portagem , e costume, fundado no Regi
mento: lealdarem-se nella os Homens de negocio no mez de Janeiro de
cada hum anno, dando onze seitis pelo lealdamento: Ha Vossa Mages
tade outro sim por bem, que a dita Companhia se possa lealdar na sobre
dita fórma; representando em nome de todos os Interessados huma só
*** particular; e mandando Vossa Magestade, que o Escrivão dos
ealdamentos abra titulo, em que se lealde a dita Companhia como de
ve fazer aos mais moradores de Lisboa.
48. Succedendo não ser necessario que a Companhia envie aos Pórtos
de Pernambuco, e Paraíba todos os Navios Mercantes, e de Guerra,
que tiver, e ser-lhe conveniente applicar algum, ou alguns delles, a ou
tros efeitos, em beneficio do serviço de Vossa Magestade, melhora do
Reino, e accrescentamento da Companhia, o poderá esta fazer com li
cença de Vossa Magestade; consultando-lho primeiro, para Vossa Ma
gestade resolver o que achar, que mais convém ao seu Real serviço, e
bem commum da mesma Companhia.
49 Ainda que a Companhia determina obrar tudo, o que tocar á fa
brica, aprestos, e despacho das suas Frotas, e expedições, com toda a
suavidade, e sem usar dos meios do rigor; com tudo, como póde ser
necessario valer-se dos Ministros da Justiça: He Vossa Magestade Ser
vido, que para o sobredito efeito possão as Mezas pelos seus Juizes Con
servadores enviar recados aos Juizes do Crime, e de Fóra, e aos Alcai
des, para que fação o que se lhes ordenar. Os serviços, que nisso fize
1759 709

rem, lhe haverá Vossa Magestade como se fossem feitos a bem da Ar.
mada Real, para por elles serem remunerados por Vossa Magestade em
seus despachos, apresentando os ditos Juizes para isso Certidão das di
tas Mezas: E pelo contrario, se não acudirem a esta obrigação, lhes se
rá extranhado, e lhes será dado em culpa nas suas Residencias.
60 Sendo necessario á Companhia fazer algumas carnes nesta Cida
de, ou na do Porto, e em Pernambuco, as poderá mandar fazer da mes
ma sorte, que se fazem para os Armazens de Vossa Magestade, pagan
do os direitos, que dever, e pedindo-as aos Ministros de Vossa Mages
tade sem prejuizo do Povo.
51 Faz Vossa Magestade mercê ao Provedor, Secretario, Intenden
tes, Deputados, e Conselheiros da Companhia, que não possão ser pre
zos em quanto servirem os ditos cargos, por ordem de Tribunal, Cabo
de Guerra, ou Ministro algum de Justiça, por caso Civel, ou Crime,
salvo se for em flagrante delicto, sem ordem do seu Juiz Conservador:
E que os seus Feitores, e Oficiaes, que forem ás Provincias, e outros
lugares fóra da Corte, fazer compras, e executar as commissões, de que
forem encarregados, possão usar de todas as armas brancas, e de fogo,
necessarias para a sua segurança, e dos cabedaes, que levarem, assim
nestes Reinos, como nas Capitanías de Pernambuco, e Paraíba; com
tanto, que, para o fazerem, levem cartas expedidas pelos Juízes Con
servadores da Companhia no Real Nome de Vossa Magestade.
52 E porque haverá muitas cousas no decurso do tempo, que de pre
sente não podem occorrer, para se expressar: Concede Vossa Mages
tade licença á dita Companhia para as poder consultar nas occasiões,
que se oferecerem, para Vossa Magestade resolver nellas o que mais
convier ao seu Real serviço, Bem commum dos seus Vassallos, e da
mesma Companhia.
33 O fundo, e capital desta Companhia, será de tres milhões, e qua
trocentos mil cruzados, repartidos em tres mil e quatrocentas acções,
de quatrocentos mil réis cada huma dellas; podendo a mesma pessoa ter
muitas acções; e podendo tambem diferentes pessoas unirem-se para
constituirem huma acção; com tanto, que entre si escolhão huma só Ca
beça, que arrecade, e distribua pelos seus Socios os lucros, que lhes a
contecerem: Bem visto, que a Companhia, pela descarga com este, fi
cará desobrigada de dar contas aos outros.
54 O valor das referidas acções se acceitará não sómente em dinhei
ro, mas tamhem em generos pelo seu preço corrente, e em Navios com
petentes, para o serviço da Companhia. Sendo o Accionista senhor in
solidum do Navio, se lhe acceitará todo, querendo entrar com todo o
valor do mesmo Navio. No caso de querer entrar com parte, se lhe fará
compra do resto, pagando-lhe conforme o ajuste. Não sendo porém o
Accionista senhor in solidum, mas tendo nelle metade, ou mais de in
teresse, se lhe aceitará a entrada; obrigando-se os interessados, ma fór
ma praticada, a que, ou larguem as suas partes pelo respectivo valor,
ou comprem á ºp"> pelo mesmo preço, a que lhe foi traspassada
pelo Accionista. E tendo este menos de metade de interesse, sómente
se lhe aceitará quando os outros Interessados ou quizerem entrar com as
suas partes na Companhia, ou vendellas.
55 Para evitar toda a dúvida, que possa acontecer: He Vossa Ma
gestade Servido declarar, que nas referidas entradas com o todo, ou par
te dos Navios, não ha venda, de que se devão direitos ao Paço da Ma
deira, ou outra qualquer Estação, mas sómente huma subrogação do
7IO I759

Commercio, que o dono do mesmo Navio antes fazia com ele pela sua
propria pessoa, e depois pela Corporação da mesma Companhia.
56 Para receber as sommas competentes ás referidas acções, estará
a Companhia aberta: A saber, para esta Cidade, e para o Reino todo,
por tempo de tres mezes: Para as Ilhas dos Açores, e Madeira, por tem
po de seis mezes: E para toda a America Portugueza, por hum anno:
Correndo estes termos, do dia, em que os Editaes forem postos, para
que venha á noticia de todos: Com declaração, que das acções, com que
cada hum entrar no tempo competente, bastará que dê metade nos refe
ridos termos, huma quarta parte dahi a seis mezes; outra parte seme
lhante ao tempo de se completar o anno da Abertura da Companhia: O
que com tudo se deve entender das entradas do Reino; porque as das
Ilhas serão feitas em dous pagamentos; o primeiro dentro dos referidos
seis mezes; e o segundo ao tempo de se completar o anno da publicação
do Edital. Nas entradas da America não haverá mais tempo, que o so
bredito de hum anno; de fórma, que dentro delle se completem os pa
gamentos de todas as entradas; e passando os referidos termos, ou se
antes delles se findarem, for completo o referido Capital de tres milhões,
e quatrocentos mil cruzados, se fechará a Companhia para nella não po
der mais entrar pessoa alguma.
67 As pessoas, que entrarem com as sobreditas acções, ou sejão Na
cionaes, ou Estrangeiras, poderão dar ao preço dellas aquella natureza,
e destinação, que melhor lhes parecer, ainda que seja de Morgado,
Capella, Fideicommisso temporal, ou porpétuo, Doação inter vivos, ou
causa mortis; e outros semelhantes, fazendo as vocações, e usando das dis
posições, e clausulas, que bem lhes parecerem. As quaes todas Vossa Ma
gestade ha por bem approvar, e confirmar desde logo, de seu Motu proprio,
certa sciencia, Poder Real, pleno, e Supremo, não obstantes quaesquer
disposições contrarias, ainda que de sua natureza requeirão especial men
ção; assim, e da mesma sorte, que se as ditas disposições fossem escri
tas em Doações feitas por titulo onoroso; ou em Testamentos, confirma
dos pela morte dos Testadores. E não só aos cabedaes, com que se entrar
nesta Companhia, se poderá dar a natureza de vinculo, mas tambem he
Vossa Magestade servido extender a Real determinação do Alvará de
16 de Maio de 1757 para esta Companhia geral de Pernambuco, e Pa
raíba, declarando que os dinheiros pertencentes a Vinculos, Morgados,
ou Capellas, destinados para se empregarem em bens, que hajão de ser
vinculados, ou para se darem a interesse, em quanto se não fazem os
referidos empregos, possão os Administradores de Morgados, e Capel
das, entrar com elles nesta Companhia, sem que a isto se lhes ponha al
gum impedimento, com tanto, que passem via recta do cofre, onde pa
rarem, para o da dita Companhia.
58 O dinheiro, que nesta Companhia se metter, se não poderá tirar
durante o tempo della, que será o de vinte annos contados do dia em que
partir a primeira Frota, por ella despachada; os quaes annos se poderão
com tudo prorogar por mais dez; parecendo á Companhia supplicallo as
sim; e sendo Vossa Magestade servido concedellõ. Porém, para que as
pessoas, que entrarem com os seus Cabedaes, se possão valler delles,
poderão vender as suas Apolices em todo, ou em parte, como se fossem
padrões de juro pelos preços em que se ajustarem. Para o que haverá hum
livro, em que se lancem estas Sessões, sem algum emolumento; e nelle
se mudarão de humas pessoas para outras, prompta, e gratuitamente,
assim como lhes forem pertencendo pelos legitimos titulos, que se apre
1759 7] I

sentarão na Meza da dita Companhia para mandar fazer huns assentos,


e riscar outros; de que se lhes passarão suas Cartas na fórma do Regi
mento para lhes servirem de Titulo: O que tudo se entende em quanto
a dita Companhia se conservar com o governo mercantil, e com os Pri
vilegios, que Vossa "Magestade ha por bem conceder-lhe na maneira as
sima declarada; porque, alterando-se a fórma do dito governo mercantil;
ou faltando o cumprimento dos mesmos Privilegios; será livre a cada hum
dos Accionistas o poder pedir logo o capital da sua acção com os interes
ses, que até esse dia lhe tocarem: Confirmando-o Vossa Magestade as
sim com as mesmas clausulas, para se observar literal, e inviolavelmen
te, sem interpretação, modificação, ou intelligencia alguma, de feito,
ou de Direito, que em contrario se possa considerar.
59 Qualquer dos Accionistas poderá representar em particular, de
palavra, ou por escrito, ao Provedor, ou Intendentes da Junta, e das
Direcções, tudo o que lhe parecer, que deve accrescentar, ou emen
dar, para melhor governo, e maior utilidade da Companhia nos seus res
pectivos Districtos: No qual caso os ditos Provedor, ou Intendentes,
darão conta na Meza, com inviolavel segredo no nome do Accionista,
para se determinar o que for mais util, e decoroso á mesma Companhia.
60 Os interesses, que produzir esta Companhia, se repartirão na fór
ma seguinte: Desde o dia da entrada de cada hum dos Accionistas lhe
ficará correndo o respectivo juro a razão de cinco por cento ao anno, o
qual lhe será pago annualmente, até o tempo da primeira repartição dos
lucros; na qual se fará desconto do que cada hum houver recebido, pa
ra se diminuir no todo dos mesmos lucros: Por fórma , que sendo este
or exemplo, de vinte e quatro por cento nos tres annos, e havende o
# recebido quinze por cento nos referidos juros, deve perce
ber nove por cento, sómente ao tempo da partilha. Semelhantemente se
hirá continuando com os ditos juros, e com as partilhas dos lucros, das
quaes a primeira deve ser feita depois de tres mezes, contados do tempo
da entrada da terceira Frota desta Compannhia, e as outras se conti
nuarão depois, de dous em dous annos na sobredita fórma.
61 As acções, e interesses, que se acharem depois de serem findos
os vinte annos, que constituem o prazo da Companhia, ou o termo pelo
qual ella for prorogada, tendo a natureza de Vinculo, Capella, Fidei
commisso temporal ou perpétuo, ou sendo pertencentes a pessoas ausen
tes; se passarão logo dos cofres da Companhia para o Deposito geral da
Corte, ou Cidade, onde serão guardados com a segurança, que de si
tem o mesmo Deposito, para delle se empregarem , e applicarem, ou
entregarem conforme as disposições das pessoas, que os houverem gra
vado, ao tempo em que os mettêrão na Companhia. Porém naquellas ac
ções, que não tiverem semelhantes encargos, e forem allodiaes, e livres,
se não requererá, nem pedirá para a entrega das suas importancias, ou
tra alguma legitimação, que não seja a Apolice da mesma acção, entre
gando-se o dinheiro a quem a mostrar, para ficar no cofre servindo de
descarga da sobredita acção.
62 Tudo isto se extenderá aos Estrangeiros, e pessoas, que viverem
fóra destes Reinos, de qualquer qualidade, e condição que sejão. E sen
do caso que, durante o referido prazo de vinte annos, ou da prorogação
delles, tenha esta Coroa guerra (o que Deos não permitta ) com qual
quer outra Potencia, cujos Vassallos tenhão mettido nesta Companhia os
seus cabedaes; nem por isso se fará neles, e nos seus avanços aresto,
embargo, sequestro, ou reprezalia, antes ficarão de tal modo livres,
7 12 I759

isentos, e seguros como se cada hum os tivera na sua propria casa: Mer
cê, que Vossa Magestade faz a esta Companhia pelos motivos, que se
lhe tem representado no augmento deste Commercio, de que se segue
serviço á Coroa, e utilidade a todos os seus Vassallos..
63 E porque Vossa Magestade ouvindo os Supplicantes, foi servido
nomear os abaixo declarados para o estabelecimento, e governo desta
Companhia nos primeiros tres annos. Todos elles assigmão este papel em
nome do dito Commercio; obrigando per si os Cabedaes, com que en
trão nesta Companhia, e em geral os das pessoas, que nella entrarem,
tambem pelas suas entradas sómente: Para que Vossa Magestade se sir
va de confirmar a dita Companhia com todas as clausulas, preeminen
cias, mercês, e condições conteúdas neste papel, e com todas as firme
zas, que para a sua validade, e segurança forem necessarias. Lisboa a
30 de Julho de 1759. = Conde de Oeiras. = José Rodrigues Bandeira.
= José Rodrigues Esteves. Policarpo José Machado. = Manoel Dantas
Amorim. = Manoel Antonio Pereira. = Ignacio Pedro Quintella. =
Anselmo José da Cruz. = João Xavier Telles. = José da Silva Leque.
= João Henriques Martins. = Manoel Pereira de Faria.
Impresso com o Alvará seguinte da suaConfirmação na
Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

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#--Rººk-k

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Confirmação virem:


Que, havendo visto, e considerado com as Pessoas do Meu Conselho,
e outros Ministros doutos, experimentados, e zelosos do serviço de Deos,
e Meu, e do Bem commum dos Meus Vassallos, que Me pareceo con
sultar, os sessenta e tres Capitulos dos Estatutos da Companhia geral
de Pernambuco, e Paraíba, feitos, e ordenados com o Meu Real Con
sentimento, e conteúdos nas dezeseis meias folhas escritas de papel retro,
que baixão assignadas, e rubricadas pelo Conde de Oeiras, do Meu Conse
lho, e Secretario de Estado dos Negocios do Reino: E porque, sendo
examinadas com prudente, e madura deliberação, e conselho, se achou
serem muito convenientes ao Meu Real serviço, e de grande, e notoria
utilidade para os Meus Vassallos, e para o Commercio, e Agricultura das
referidas Capitanías: Hei por bem, e Me praz Confirmar todos os ditos
sessenta e tres Capitulos em geral, e cada hum delles em particular,
como se aqui fossem transcriptos, e declarados: E por este Meu Alva
rá os Confirmo de Meu Moto proprio, certa Sciencia, Poder Real ple
no, e Supremo, para que se cumpräo, e guardem tão inteiramente, co
mo nelles se contém. E Quero, e Mando, que esta confirmação em tu
do, e por tudo seja observada inviolavelmente, e nunca possa revogar
se: mas que como firme, valiosa, e perpétua, esteja sempre em sua for
ça, e vigor, sem alteração, diminuição, ou embargo algum, que seja
posto ao seu cumprimento em parte, ou em todo; e se entenda sempre
ser feita na melhor fórma, e no melhor sentido, que se possa dizer, e
interpretar a favor da mesma Companhia geral, em Juizo, e fóra delle:
Havendo por suppridas todas as clausulas, e solemnidades de feito, e de
Direito, que necessarias forem para a sua firmeza, e validade. E derogo,
e Hei por derogadas por esta vez sómente todas, e quaesquer Leis, Di
1759 7 13

reitos, Ordenações, Regimentos, Alvarás, e quaesquer outras Disposi


ções, que em contrario dos sobreditos Capitulos, ou de cada hum delles,
possa haver por qualquer via, e por qualquer modo, e maneira, posto
que sejão taes, que dellas, e delles, se houvesse de fazer especial, e
expressa menção. E para maior firmeza, e irrevocabilidade desta Con
firmação, Prometto, e Seguro de assim o cumprir, e fazer cumprir; sus
tentando os Interessados na mesma Companhia geral de Pernambuco, e
Paraíba na conservação della, e das preeminencias, Mercês, Condições,
e Privilegios, e de tudo o mais, que nos referidos sessenta e tres Capi
tulos dos Estatutos da sobredita Companhia geral se contém.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, aos Conselhos
da Minha Real Fazenda, e dos Meus Dominios Ultramarinos, Casa da
Supplicação, Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Camara, Chan
celler da Relação, e Casa do Porto; e bem assim aos Governadores, e
Capitães Generaes, e aos Capitães Móres do Estado do Brazil; e a to
dos os Desembargadores, Corregedores, Provedores, Juizes, Justiças,
e mais Pessoas destes Meus Reinos, e seus Dominios, a quem o conhe
cimento delle pertencer, que assim o cumprão, e guardem, e o fação
cumprir, e guardar com a mais inviolavel, e inteira observancia: E va
lerá como Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não ha de
passar, e o seu efeito haja de durar mais de hum anno, não obstantes
as Ordenações em contrario. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Aju
da, aos 13 dias do mez de Agosto de 1759. = Com a Assignatura de
ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no , no Livro da Companhia geral de Pernambuco,
e Paraíba, a fol. 19., e impr. na Oficina de An
tonio Rodrigues Galhardo.

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DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'aquém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber que havendo sido infatigaveis a constantissima benignidade,
e a Religiosissima Clemencia, com que desde o tempo em que as ope
rações, que se praticárão para a execução do Tratado de Limites das
Conquistas; sobre as informações, e provas mais puras, e authenticas;
e sobre a evidencia dos factos mais notorios, não menos do que a tres
Exercitos; procurei applicar todos quantos meios a Prudencia, e a Mo
deração podião suggerir, para que o governo dos Regulares da Compa
nhia denominada de Jesus, das Provincias destes, Reinos, e seus Do
minios, se apartasse do temerario, e façanhoso projecto, com que havia
intentado, e clandestinamente proseguido a usurpação de todo o Esta
do do Brazil; com hum tão artificioso, e tão violento progresso, que,
não sendo prompta, e eficazmente atalhado, se faria dentro no espaço
de menos de dez annos inaccessivel, e insuperavel a todas as forças da
Europa unidas: Havendo (em ordem a hum fim de tão indispensavel
necessidade) exhaurido todos os meios, que podião caber na união das
Supremas Jurisdicção, Pontificia, e

Régis por huma parte reduzindo os
XXX
714 7519

sobreditos Regulares á observancia do seu Santo Instituto por hum pro


prio, e natural efeito de Reforma á Minha Instancia ordenada pelo San
to Padre Benedicto XIV. de feliz recordação; e pela outra parte apar
tando-os da ingerencia nos negocios temporaes; como erão, a adminis
tração secular das Aldêas; e o dominio das Pessoas, Bens, e Commer
cio dos Indios daquelle continente; por outro igualmente proprio, e na
tural efeito das saudaveis Leis, que estabeleci, e excitei a estes urgen
tissimos respeitos: Havendo por todos estes modos procurado que os so
breditos Regulares, livres da contagiosa corrupção , com que os tinha
contaminado a hidropica sede dos governos profanos, das aquisições de
terras, e estados, e dos interesses mercantis, servissem a Deos, e apro
veitassem ao Proximo, como bons, e verdadeiros Religiosos, e Ministros
da Igreja de Deos; antes que pela total depravação dos seus costumes,
viesse a acabar necessariamente nos mesmos Reinos, e seus Dominios,
huma Sociedade, que nelles entrára dando exemplos, e que havia sem
pre sido tão distinctamente protegida pelos Senhores Reis Meus Glorio
sissimos Predecessores, e pela Minha Real, e successiva Piedade: E ha
vendo todas as Minhas sobreditas diligencias ordenadas á conservação
da mesma Sociedade sido por ella contestadas, e invalidados os seus pios,
e naturaes efeitos por tantos, tão estranhos, e tão inauditos attentados,
como forão por exemplo; o com que á vista, e face de todo o Universo
deolarárão, e proseguírão contra Mim nos Meus mesmos Dominios Ul
tramarinos, a dura, e aleivosa guerra, que tem causado hum tão geral
escandalo; o com que dentro no Meu mesmo Reino suscitárão tambem
contra Mim as sedições intestinas, com que armárão para a ultima rui
na da Minha Real Pessoa os Meus mesmos Vassallos, em quem achárão
disposições para os corromperem, até os precipitarem no horroroso insul
to perpetrado na noite de tres de Setembro do anno proximo preceden
te, com abominação nunca imaginada entre os Portuguezes; e o com
que depois que errárão o fim daquelle exacrando golpe contra a Minha
Real Vida, que a Divina Providencia preservou com tantos, e tão de
cisivos milagres, passárão a attentar contra a Minha Fama á cara des
coberta, maquinando, e difundindo por toda a Europa em causa com
mua com os seus socios das outras Regiões, os infames aggregados de
disformes, e manifestas imposturas, que contra os mesmos Regulares
tem retorquido a universal, e prudente indignação da mesma Europa:
Nesta urgente, e indispensavel necessidade de sustentar a Minha Real
Reputação, em que consiste a Alma vivificante de toda a Monarchia,
que a Divina Providencia Me devolveo, para conservar indemne, e il
leza a authoridade, que he isseparavel da sua independente soberania;
de manter a paz pública dos Meus Reinos, e Dominios; e de conservar
a tranquilidade, e interesses dos Meus fiéis, e louvaveis Vassallos; fa
zendo cessar nelles tantos, e tão extraordinarios escandalos; e protegen
do-os, e defendendo-os contra as intoleraveis lesões de todos os sobreditos
insultos, e de todas as funestas consequencias, que a impunidade delles
não poderia deixar de trazer a poz de si: Depois de ter ouvido os Pare
ceres de muitos Ministros doutos, religiosos, e cheios de zelo da hon
ra de Deos, do Meu Real serviço, e decóro, e do Bem commum dos
Meus Reinos, e Vassallos, que houve por bem consultar, e com os quaes
Fui Servido conformar-Me: Declaro os sobreditos Regulares na referida
fórma corrompidos; deploravelmente alianados do seu Santo Instituto; e
manifestamente indispostos com tantos, tão abominaveis, tão invetera
dos, e tão incorregiveis vicios para voltarem á observancia delle; por
1759 7] 5

Notorios Rebeldes, Traidores, Adversarios, e Aggressores, que tem si


do, e são actualmente, contra a Minha Real Pessoa, e Estados, contra
a paz pública dos Meus Reinos, e Dominios, e contra o Bem commum
dos Meus fiéis Vassallos: Ordenando, que como taes sejão tidos, havidos,
e reputados: E os Hei desde logo em efeito desta presente Lei por des
naturalisados, proscriptos, e exterminados: Mandando que efectivamen
te sejão expulsos de todos os Meus Reinos, e Dominios, para nelles mais
não poderem entrar: E estabelecendo debaixo de pena de morte natu
ral, e irremissivel, e de confiscação de todos os bens para o Meu Fisco,
e Camara Real, que nenhuma Pessoa de qualquer estado, e condição
que seja, dê nos mesmos Reinos, e Dominios entrada aos sobreditos Re
gulares ou qualquer delles, ou que com elles junta, ou separadamente,
tenha qualquer correspondencia, verbal, ou por escrito, ainda que ha
jão sahido da referida Sociedade, e que sejão recebidos, ou Professos em
quaesquer outras Provincias, de fóra dos Meus Reinos, e Dominios; a
menos que as Pessoas que os admittirem , ou praticarem; não tenhão
para isso immediata, e especial licença Minha. Attendendo porém a que
aquella deploravel corrupção dos ditos Regulares (com diferença de to
das as outras Ordens Religiosas, cujos communs se conservárão sempre
em louvavel, e exemplar observancia) se acha infelizmente no Corpo,
que constitúe o governo, e o commum da sobredita Sociedade: E ha
vendo respeito a ser muito verosimil que nella possa haver alguns Par
ticulares Individuos daquelles, que ainda não havião sido admittidos á
Profissão solemne, os quaes sejão innocentes; por não terem ainda feito
as provas necessarias para se lhes confiarem os horriveis segredos de tão
abominaveis conjurações, e infames delictos: Nesta consideração, não obs
tantes os Direitos communs da Guerra, e da Represelia, universalmen
te recebidos, e quotidianamente observados na praxe de todas as Na
ções civilisadas; segundo os quaes Direitos, todos os Índividuos da so
bredita Sociedade, sem excepção de alguns delles, se achão sujeitos aos
mesmos procedimentos, pelos insultos contra Mim, e contra os Meus
Reinos, e Vassallos, e comettidos pelo seu pervertido governo: Com tu
do reflectindo a Minha benignissima Clemencia, na grande aficção,
que hão de sentir aquelles dos referidos Particulares, que, havendo igno
rado as maquinações dos seus Superiores, se virem proscriptos, e expul
sos, como partes daquelle Corpo infesto, e corrupto: Permitto que to
dos aquelles dos digos Particulares que houverem nascido nestes Reinos,
e seus Dominios, ainda não solemnemente Professos, os quaes apresen
tarem Dimissorias do Cardeal Patriarca Visitador, e Reformador Geral
da mesma Sociedade, porque lhes relaxe os Votos Simplices que nella
houverem feito; possão ficar conservados nos mesmos Reinos, e seus Do
minios, como Vassallos delles, não tendo aliás culpa pessoal provada,
que os inhabilite. E para que esta Minha Lei tenha toda a sua cumpri
da, e inviolavel observancia, e se não possa nunca relaxar pelo lapso do
tempo em commum prejuizo huma tão memoravel, e necessaria disposi
ção: Estabeleço que as transgressões della, fiquem sendo casos de De
vaça para dellas inquirirem presentemente todos os Ministros Civís, e
Criminaes nas suas diversas jurisdicções: Conservando sempre abertas as
mesmas Devaças, a que agora procederem, sem limitação de tempo, e
sem determinado número de testemunhas: Perguntando depois de seis
em seis mezes pelo menos o número de dez testemunhas: E dando con
ta de assim o haverem observado, e do que resultar das suas inquirições,
ao Ministro Juiz da Inconfidencia, sem * aos sobreditos Magistrados
XXX 2
716 I759

se possão dar por correntes as suas residencias, em quanto não apresen


tarem certidão do referido Juiz da Inconfidencia.
E esta se cumprirá como nella se contém. Pelo que: Mando á
Meza do Desembargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação; ou
quem seu cargo servir, Conselheiros da Minha Real Fazenda, e dos Meus
Dominios Ultramarinos; Meza da Consciencia, e Ordens; Senado da Ca
mara, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Junta do
Deposito Público, Capitães Generaes, Governadores, Desembargadores,
Corregedores, Juizes, e mais Oficiaes de Justiça, e Guerra, a quem o
conhecimento desta pertencer, que a cumpräo, e guardem, e fação cum
prir, e guardar tão inteiramente, como nella se contém, sem dúvida,
ou embargo algum, e não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, Al
varás, Disposições, ou Estilos contrarios, que todas, e todos Hei por
derogados, como se delles fizesse individual, e expressa menção, para
este efeito sómente; ficando aliás sempre em seu vigor: E ao Doutor
Manoel Gomes de Carvalho, Desembargador do Paço, do Meu Conse
lho, e Chanceller Mór destes Meus Reinos Mando que a faça publicar
na Chancellaria, e que della se remettão Cópias a todos os Tribunaes,
Cabeças de Comarcas, e Villas destes Reinos: Registando-se em todos
os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando-se
o Original para a Torre do Tombo. Dada no Palacio de Nossa Senhora
da Ajuda aos 3 de Setembro de 1759. = Com a Assignatura de ElRei
e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, no Livro das Cartas, Alvarás, e Patentes a fol.
52., e impr. na Officina de Antonio Rodrigues Ga
lhardo.

+=#«… : #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que por muitas
informações judiciosas, e concludentes Me tem sido presente, que sen
do inverosimel que o governo dos Regulares da Companhia denominada
de Jesus deixasse de comprehender que para iludir a credulidade das
Pessoas prudentes, que vivem neste Seculo, lhe serião inúteis os disfor
mes, aggregados de mal inventadas calumnias, que contra a mesma Com
panhia tem retorquido a indignação geral de toda a Europa; em razão
da fisica impossibilidade, que para fazer pelos menos apparentemente
criveis as sobreditas calumnias, lhes resultava de serem dia metralmen
te oppostas a factos tão manifestos, e de notoriedade tão pública, como
a guerra feita pelos mesmos Regulares nos fins do Estado do Brazil, na
presença de tres Exercitos, e de toda a America, e com a Conjuração,
que abortou o horroroso insulto de tres de Setembro do anno proximo pre
cedente, que contém factos igualmente publicos, e notorios a toda esta
Corte, e nella julgados sobre irrefragaveis, e concludentes provas, por
Sentença definitiva de hum Tribunal composto de todos os outros Tri
bunaes Superiores deste Reino: Sendo ainda mais inverosimel que os so
breditos Regulares, não lhes podendo faltar este prévio conhecimento,
se sujeitassem a pezar delle á censura pública, e aos outros inconvenien
tes, que erão necessarias consequencias das referidas calumnias por el
I759 717

les maquinadas, e difundidas contra as verdades mais authenticas, e con


tra a authoridade da Soberania sempre inviolavel; sem que para se pre
cipitarem nestes temerarios absurdos, se lhes propozesse hum objecto de
grande interesse: Sendo manifestos pelas historias impressas, e anecdo
tas os repetidos factos, com que muitos Varões de eximia erudição , e
provadas virtudes reprovárão, e procurárão cohibir nos ditos Regulares
o successivo, e notorio costume de escreverem calumnias em hum Secu
lo, para as fazerem valer nos outros Seculos futuros, quando os testemu
nhos dos viventes já não podião contestallos: e sendo assim provavelmen
te certo, ou pelo menos evidentemente verosimel, que as sobreditas ca
lumnias agora espalhadas contra a Minha Real Pessoa, e Governo, ti
verão, e tem aquelle mesmo doloso, e temerario objecto, que sempre ti
verão as outras referidas calumnias, que por elles se maquinárão, nos
casos semelhantes, qual foi o de as depositarem nos seus reconditos Ar
chivos, e particulares Collecções, para as fazerem valer depois com o
tempo nos Seculos futuros, quando faltarem as testemunhas vivas, que
agora os convencerião insuperavelmente; e quando pelo meio das suas
clandestinas, costumadas diligencias, houverem apagado, e extincto as
vivas memorias, e os authenticos documentos, a que presentemente não
podem resistir contra a notoriedade pública, e contra a authoridade de
cousa julgada na sobredita Sentença proferida em Juizo contradictorio,
com pleno conhecimento da causa, e com repetidas Audiencias dos Réos,
dando-se-lhes cópias de todas as suas abominaveis culpas ao fim de res
ponderem a ellas pelo Doutor Eusebio Tavares de Sequeira Desembarga
dor dos Aggravos da Casa da Supplicação, que Fui Servido nomear , e
constranger por Decreto firmado pela Minha Real Mão, para que confe
rindo com os sobreditos Réos as suas culpas allegasse tudo quanto em de
feza delles pudesse considerar-se, assim de feito, como de Direito, não
obstante que a notoriedade das provas das mesmas abominaveis culpas,
e as confissões dellas excluião per si mesmas toda a defeza, e toda a es
cusa: Nesta justa, e necessaria consideração, para que as authenticas
certezas de tão memoraveis atrocidades, e de tão inauditos, e perniciosos
insultos, em nenhum tempo se pudessem reduzir a confusão, ou esque
cimento; de sorte, que contra as mesmas authenticas certezas venhão a
prevalecer, por falta de lembrança, a malicia, e o engano com prejuizo
irreparavel dos vindouros: Mandei compilar, e estampar na Minha Se
cretaria de Estado os Papeis de Oficio que della sahírão, e a ella vie
rão, desde a primeira representação, que em oito de Outubro do anno
de mil setecentos cincoenta e sete fiz ao Santo Padre Benedicto XIV. de
feliz recordação, até o dia de hoje. E Ordeno que a referida Collecção,
sendo cada hum dos documentos, que nella se contém, assignado por
qualquer dos Secretarios de Estado, ou pelo Ministro Juiz da Inconfiden
cia, tenha a mesma fé, e crédito dos Originaes de donde os Mandei ex
trahir; e sejão logo remettidos os Exemplares della á Torre do Tombo,
a todos os Tribunaes, Cabeças de Comarcas, e Camaras de todas as Ci
dades, e Villas destes Reinos, e seus Dominios, para em todos os refe
ridos lugares serem guardados os sobreditos Exemplares em Cofres de tres
chaves, das quaes terá sempre huma a Pessoa que presidir, e as duas
as que depois della forem mais graduadas: A fim de que sempre se con
servem para perpétua memoria os referidos Exemplares authenticos; sob
pena de se proceder contra os que os descaminharem, ou alterarem co
mo perturbudores do socego público, e fautores dos Rebeldes, e Adver
sarios da Minha Real Pessoa, e Estado,
718 1759

E este se cumprirá como nelle se contém. Pelo que: Mando a


Meza do Desembargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, ou
quem seu cargo servir, Conselheiros da Minha Real Fazenda, e dos
Meus Dominios Ultramarinos, Meza da Consciencia, e Ordens, Sena
do da Camara, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios,
Junta do Deposito público, Capitães Generaes, Governadores, Desem
bargadores, Corregedores, Juizes, e mais Oficiaes de Justiça, e Guer
ra, a quem o conhecimento deste pertencer, que o cumprão, guardem,
e fação cumprir, e guardar tão inteiramente, como nelle se contém,
sem dúvida, ou embargo algum, e não obstantes quaesquer Leis, Re
mentos, Alvarás, Disposições ou Estilos contrarios, que todas, e todos
Hei por derogados, como se delles fizesse individual, e expressa men
ção, para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor. E ao
Doutor Manoel Gomes de Carvalho, Desembargador do Paço, do Meu
Conselho, e Chanceller Mór destes Meus Reinos, Mando que o faça publi
car na Chancellaria, e que delle se remettão Cópias a todos os Tribunaes,
Cabeças de Comarcas, e Villas destes Reinos: Registando-se em todos
os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando-se
o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora
da Ajuda aos 3 de Setembro de 1759. = Com a Assignatura de ElRei,
e a do Ministro.

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Lvro das Cartas, Alvarás, e Patentes a fol. 62.
vers. , e impr. avulso.

* *kwoº+ }

Carta, que Sua Magestade Fidelitsima mandou ao Eminentissimo Car


deal Patriarcha, na qual ha por expulsos dos seus Reinos e Domi
nios os Padres da Companbia, e os justos motivos, que para
isso o obrigárão.

ILiuti…imº e Reverendissimo em Christo Padre, Cardeal Patriarcha


de Lisboa, Reformador Geral da Companhia de Jesus nestes Reinos e
seus Dominios, Meu, como Irmão, muito amado. EU D. JOSE”, por
graça de Deos Rei de Portugal e dos Algarves, d'aquem, e d’além,
mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista, Navegação, e Com
mercio da Etiopia, Arabia, Persia, e da India, &c., vos envio muito
saudar, como aquelle, que muito amo e preso. Por haver considerado,
que ainda em hum caso tão horroroso, tão insolito e tão urgente, como
o que constituio a Decisão da Sentença, que a Junta de Inconfidencia
}^* nesta Côrte em 12 de Janeiro deste presente anno, não podia
aver attenção, que fosse demasiada a respeito do Pai commum da par
te de hum Filho, que, como Eu, teve sempre por inviolaveis principios
a veneração, e a defensa da authoridade da Cabeça visivel da Igreja Ca
tholica: Mandei suspender com os Regulares da mesma Companhia,
comprehendidos naquelle infame e escandaloso attentado, não só as de
monstrações, a que como Rei (que no Temporal não deve reconhecer,
nem reconhece na Terra Superior), Me achava necessitado; assim pe
1759 • 7 19
los Direitos Divino, Natural e das Gentes; como pelos exemplos dos
Monarchas mais pios da Europa, e dos Senhores Reis, Meus Religiosis
simos Predecessores; mas tambem ordenei, que ao mesmo tempo fos
sem sobstados até aquelles mesmos procedimentos, de que se não devem
dispensar nem ainda os mesmos Particulares, que são Pais de Familias,
para expulsarem fóra das suas casas todo aquelles, que perturbão o so
cego e a economia dos moradores delas: Em efeito desta Minha obse
quiosa condescendencia e Filial veneração, dirigi ao Santissino Padre
Clemente XIII., ora Presidente na Universal Igreja de Deos, a Carta,
firmada pela Minha Real Mão em 20 de Abril proximo precedente, e a
Deducção e Papeis, que serão com esta; para informar o Santissimo Pa
dre ao dito respeito, em quanto aquelle urgentissimo negocio se achava
re integra. Depois de se haverem expedido para Roma aquellas Minhas
condescendentes informações, accrescêrão ainda no Meu conhecimento
os mais fortes motivos, que podião concorrer, para que Eu (não só, co
mo Monarcha, duas vezes responsavel a Deos; pelo decóro da Mages
tade, que de Mim confiou; e pela conservação da paz pública, em que
devo manter os Meus Reinos; mas tambem, como Pai, e como indefecti
vel Protector dos Meus fiéis Vassallos) antepozesse a toda e qualquer
outra contemplação a das indispensaveis urgencias, que tão apertada
mente Me instavão, para efectivamente cohibir tantas atrocidades inau
ditas, e nunca até agora esperadas, quantas forão e são ainda hoje as
maquinações temerarias e as sacrilegas calumnias, que desde o referido
mez de Abril até agora se forão accumulando contra Minha Real Au
thoridade na Curia de Roma, e em outras muitas Cidades de Italia, pe
los ditos Regulares da Compaukia com tal desenvoltura, como até pelos
Papeis Publicos tem sido manifesto em todas as Côrtes da Europa. Na
da bastou com tudo, para que Eu permittisse, que fosse alterada a sus
pensão dos justos e necessarios procedimentos, que tinha ordenado, em
quanto não soube com inteira certeza, que as minhas sobreditas infor
mações havião efectivamente chegado á presença de Sua Santidade; e
que nella se tinha consummado pelo conhecimento do Santíssimo Padre
o Meu exuberante e reverente obsequio. Agora porém, que pela certe
za de haver cumprido com aquella Minha Filial e reverente attenção na
presença de Sua Santidade, tem cessado o justo motivo da dita suspen
são, se faz indispensavel, que Eu não dilate por mais tempo a indefecti
vel defeza, com que devo sustentar o Meu Real decóro; a authoridade
da Minha Coroa; e a segurança dos Meus Reinos e Vassallos; contra
as intoleraveis lesões, que lhes tem inferido, e cada vez procurão infe
rir com mais façanhosa ousadia em causa commua os ditos Regulares:
Quando os das Provincias destes Reinos se achavão mais redundantes
dos beneficios e das honras, que tinhão recebido, e estavão profusamen
te recebendo da Munificencia dos Senhores Reis, Meus Gloriosissimos
Predeccessores, e da Minha Real benignidade; se achavão arbitros da
educação dos Meus Vassallos; se achavão Directores geraes das suas
consciencias; e se achavão mais chegados ao Meu Regio Throno, do que
quaesquer outros Religiosos; então he que maquinárão as clandestinas e
Violentas usurpações, que tinhão feito no Norte e no Sul do Brazil, não
só dos Meus Dominios, mas tambem da liberdade e da honra e fazenda
dos Habitantes delles: Quando vírão, que as ditas usurpações não podião
deixar de ser descobertas pela execução do Tratado de limites, passárão
logo (para invalidallo, e se manterem a si nas mesmas usurpações) a ani
mar contra a Minha Real Pessoa e Governo alguns Principes Soberanos,
72O 1759 * *

com quem Eu sempre havia conservado a mais cordeal intelligencia e a


mais fina e sincera amisade: Quando estes reciprocos afectos descon
certárão aquelle iniquissimo projecto de discordia externa, passárão os
mesmos Regulares a declarar-Me nos Meus mesmos Dominios Ultrama
rinos a dura e aleivosa Guerra, que tem cheio de escandalo e de horror a to
do o Universo: Quando souberão, que havião sido em grande parte der
rotados os Exercitos e os tumultos de Indios enganados, que na Ameri
ca tinhão sublevado com rebelião e superstição abominaveis, passárão a
suscitar dêntro no Meu mesmo Reino sedições intestinas, e armar por
elas contra Mim os Meus mesmos Vassallos, em quem achárão disposi
ções para os corromperem ; até os precipitarem no horroroso absurdo,
com que na noite de 3 de Setembro do anno proximo passado attentárão
contra a Minha Real Pessoa, com infidelidade e infamia, nunca imagi
nadas entre os Portuguezes: Quando finalmente errárão aquelle abomi
navel golpe contra a Minha Real Vida, que a Divina Providencia pre
servou com tantos e tão decisivos milagres; não lhes restando já outra
barbaridade, a que a cegeira da sua cruel e insaciavel cubiça podesse
recorrer; passárão a tentar contra a Minha Alta Reputação á cara des
coberta; maquinando e difundindo os Jesuitas Romanos e os seus Ad
herentes, e fazendo espalhar por toda a Italia, para fazerem odioso o
Meu Real Nome, os infames aggregados de disformes e manifestas im
posturas, que contra os mesmos # Regulares tem retorquido a
universal indignação de toda a Europa: Vendo o crime descarado na
presença da Justiça fallar tão livre e sacrilegamente: Vendo a calumnia
sem pejo, e sem achar a menor verosimilidade, para disfarçar as suas
impusturas, blasfemando contra as verdades mais authenticamente pu
blicas e notorias: Vendo o respeito, devido ás Potencias Soberanas, bar
baramente violado sem acordo e sem medida por huns Homens, que ti
verão e devem ter por Instituto e por unica força a Santa Humildade:
E vendo finalmente assim excedidos pelos Juizuitas Romanos todos os
execrandos attentados dos Jesuitas Portuguezes; pois que havendo estes
conspirado contra os Meus Estados e contra a Minha Real Vida, passá
rão aquelles a attentar tão disformemente contra a Minha Real Reputa
ção, em que consiste a Alma vivificante de toda a Monarchia, que a
mesma Divina Providencia Me devolveo, para conservar indemne e il
leza a authoridade, que he inseparavel da sua Soberania: Nestas indis
pensaveis circunstancias tenho pois determinado, que os sobreditos Re
gulares corrompidos; deploravelmente alienados do seu Santo Instituto;
e manifestamente indispostos por tantos, tão abominaveis e tão invete
rados vicios, para voltarem á observancia delle; como notorios Rebeldes,
Traidores, Adversarios e Aggressores, que tem sido e são actualmente
da Minha Real Pessoa e Estados, e da paz publica e bem commum dos
Meus fiéis Vassallos, sejão prompta e efectivamente extreminados, des
naturalisados, proscritos e expulsos de todos os Meus Reinos e Domi
mios, para nelles mais não poderem entrar: Ordenando, que debaixo da
pena de morte natural e irremissivel nenhuma pessoa, de qualquer esta
do e condição que sejao lhes dê entrada nos mesmos Reinos e Dominios,
ou com elles tenha qualquer correspondencia, ou communicação verbal,
ou por escrito; ainda que aos mesmos Reinos e Dominios venhão em habi
tos diversos; e que hajão passado a qualquer outra Ordem Religiosa; a me
nos que para isso não tenhão immediata e especial licença Minha os que
assim os admitirem, ou praticarem. O que Me pareceo participar-vos,
não só para que, como Reformador e Superior Delegado dos sobreditos
I759 72 |

Regulares pelo Breve Apostolico de Vossa Commissão, fiqueis na intelli


gencia da Religiosissima observancia, que tenho praticado com a Santa
Sé Apostolica, em tudo o que podia dizer respeito á sua authoridade;
mas tambem para que, como Prelado Diocesano, possais exhortar os vos
sos Subditos do Estado Ecclesiastico, a fim de que, como bons e leaes
Vassallos, hajão de dar exemplos de fidelidade e de zelo aos Seculares,
para a melhor e mais exacta observancia da Minha sobredita Real e in
dispensavelmente necessaria Determinação e providencia, que com ella
tenho dado até agora (pelo que pertence á Temporalidade) ao socego
público dos Meus Reinos e Dominios; e ao repouso commum dos Meus
leaes Vassallos. Porque porém aquella deploravel corrupção dos ditos Re
gulares (com diferença de todas as outras Ordens Religiosas, cujo com
mum se conservou sempre em louvavel e exemplar observancia ) se acha
no Corpo, que constitue o governo e o commum da sobredita Sociedade:
Sendo verosimil, que nella possa haver alguns Particulares Individuos
daquelles, que ainda não havião sido admittidos á Profissão solemne, os
quaes sejão innocentes, por não terem ainda feito as provas necessarias,
para se lhes confiarem os horriveis segredos de tão abominaveis conjura
ções, e infames delictos: Nesta consideração, não obstantes os Direitos
communs da Guerra e da Represalia, universalmente recebidos e quo
tidianamente observados na praxe de todas as Nações civilizadas, que
vivem mais religiosamente; Direitos, segundo os quaes todos os Indivi
duos da sobredita Sociedade, sem excepção de alguns delles, se achão
sujeitos aos mesmos procedimentos, pelos insultos, contra Mim e contra
os Meus fiéis Vassallos commettidos pelo seu pervertido governo : Com
tudo reflectindo a Minha benignissima Clemencia na grande aflição, que
hão de sentir aquelles dos referidos Particulares, que, havendo ignora
do as maquinações dos seus Superiores, se virem proscriptos, como par
tes daquelle Corpo infecto e corrupto: Hei por bem permittir, que todos
aquelles dos ditos Particulares, ainda não solemnemente professos, que
a Vós houverem recorrido, para lhes relaxardes os Votos simplices; e
que appresentarem Dimissorias Vossas; possão ficar conservados nestes
Reinos e seus Dominios, como Vassallos delles, não tendo aliás culpa
pessoal provada , que os inhabilite. Illustrissimo e Reverendissimo em
Christo Padre, Cardeal Patriarcha de Lisboa, e Reformador Geral da
Companhia de Jesus nestes Reinos e seus Dominios, Meu, como Irmão,
muito amado: Nosso Senhor haja a Vossa Pessoa em sua Santa guarda.
Escrita no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda aos 3 de Setembro de
1759. = Com a Assignatura de Sua Magestade.

Impr. na Collecção da Universidade por J. I. de Fr.

# *kº-Oºk *

{
Sendo Me presente, que o Real Decreto de trinta e hum de Outubro
de mil setecentos e dezoito de ElRei Meu Senhor, e Pai, que está em
Gloria, da cópia, que baixa com este assignada pelo Conde de Oeiras
do Meu Conselho, e Secretario de Estado dos Negocios do Reino, para
se lhe dar tanto crédito, como ao Original; se consumio, e os seus Re
gistos no incendio, que se seguio ao fatal Terremoto do primeiro de No
vembro de mil setecentos cincoenta e cinco: Sou Servido, que o sobre
Yyyy
722 1759

dito Decreto se observe, e cumpra inteiramente em tudo e por tudo da


mesma sorte, que nelle se declara. O Conselho da Fazenda o tenha as
sim entendido, e faça executar. Nossa Senhora da Ajuda a 25 de Setem
bro de 1759. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Cópia a que se refere o Decreto antecedente.

R epresentando-Me o Cardeal Bispo Inquisidor Geral, do Meu Conse


lho de Estado, que os Inquisidores, Deputados, Promotores, e mais of
ficiaes das Inquisições deste Reino, senão podião sustentar decentemen
te com os ordenados, que lhe forão consignados, quando se estabelecerão
as referidas Inquisições, por se achar tudo ao presente mais caro; Fui
Servido resolver, que a cada hum das ditas Inquisições se augmentassem
quinhentos mil réis por anno, os quaes o mesmo Cardeal repartirá pelos
mesmos Ministros, e officiaes na fórma, que lhe parecer, conforme as suas
graduações; e este augmento se pagará pelo rendimento do Contracto do
Tabaco, ou Alfandega delle. O Conselho da Fazenda o tenha assim en
tendido, e lhe mandará fazer assentamento no dito augmento, com o ti
tulo e natureza de Tença. Lisboa Occidental 31 de Outubro de 1718.
= Com a Rubríca de Sua Magestade = Conde de Oeiras.

Regist. no Conselho da Fazenda no Livro dos Decre


tos e Avisos a fol. 106.
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A tendendº á grande utilidade, que se segue á Provincia da Beira,


de se fazerem as conducções dos seus fructos, e generos, ao porto de
Villa-Velha do Rodão, para delle serem transportados pelo Téjo á Cida
de de Lisboa: Hei por bem que, por tempo de dez annos proximos fu
turos, paguem só meios direitos os fructos, e generos das Comarcas de
Castello-Branco, e da Guarda, que se embarcarem na dita Villa para
a Cidade de Lisboa: constando por Certidão dos Juizes, e Vereadores
das Comarcas das Terras, donde sahirem os referidos fructos, que forão
nellas produzidos. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e o
faça executar. Nossa Senhora da Ajuda a 19 de Outubro de 1759. = Com
a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


a fol. 22, e impr. avulso.

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Tendo consideração aos graves inconvenientes, que ao serviço de Deos,


e Meu, á boa administração da Justiça, e ao commodo Pessoal dos Mi
nistros, que devem administralla; se seguem de estarem por muito tem
po vagos os lugares de letras, e de se accumularem muitos de gradua
1759 • 723

ções diferentes para serem provídos; padecendo os que os pertendem dis


pendiosas dilações na Corte em quanto se fazem as diligencias, que são
indispensaveis para a expedição de tão importantes despachos: Sou Ser
vido, que todos os lugares de letras de qualquer graduação, que sejão,
que vagarem por morte, remoção, ou passagem , Me sejão immediata
mente consultados, precedendo os Editaes do estilo, assim como forem
vagando, sem que huns esperem pelos outros. E Sou Servido outro sim,
que desde o fim do triennio dos lugares, que ultimamente forão por Mim
provídos, se ponhão os Editaes para as opposições delles, principiando
pelos lugares de primeiro banco. Depois que estes baixarem despachados,
se porão Segundos Editaes para as opposições das Correições , e Prove
dorias Ordinarias, Auditorias, e Superintendencias. Depois , que estas
baixarem tambem despachadas, se porão immediatamente Te.ceiros Edi
taes, para o provimento dos lugares de Juizes de Fóra de Cabeça de Co
marca, ou segunda intrancia. E quando estes baixarem despachados, se
porá então o Quarto, e ultimo Edital, para se proverem as Judicaturas
de primeira intrancia. Sem que os sobreditos Editaes se possão nunca
accumular, nem sejão alteradas a respeito delles a graduação e ordem
assima estabelecidas. A Meza do Desembargo do Paço o tenha assim en
tendido, e o faça executar, sem embargo de quaesquer Leis, Disposi
ções, Decretos, Ordens, ou estilos contrarios; mandando passar Provi
sões para este ser registado em todas as Cabeças das Comarcas. Palacio
de Nossa Senhora da Ajuda a 23 de Outubro de 1759. = Com a Ru
bríca de Sua Magestade. •

Impresso avulso.

Sendº Me presente, o prejuizo, que se segue de parar o exercicio da


Junta do Deposito público no caso de estarem doentes, ou totalmente
impedidos, algum , ou ambos os Desembargadores, que nella Mandei
servir, hum do Senado da Camara por parte da Cidade, e outro da Ca
sa da Supplicação por parte da Corte: Sou Servido, que o Regedor das
Justiças, ou o Ministro, que em seu Lugar servir, possa no referido
caso nomear hum Desembargador da Casa da Supplicação, para substi
tuir o sobredito Lugar, sendo primeiro informado e certificado do impe
dimento. O mesmo Regedor, ou quem seu cargo servir, o tenha assim
entendido, e faça executar. Nossa Senhora da Ajuda a 25 de Outubro
de 1759, = Com a Rubríca de Sua Magestade. -

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI, dos


Decretos a fol. 104 vers.

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ANNO D E 176O.

1.° EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que, ten
do attenção ao que repetidas vezes Me foi representado por parte do Di
rector Geral dos Estudos sobre os Exames dos Professores publicos, e
particulares nesta Corte, e Reino, e sobre os dos Estudantes, que per
tendem matricular-se na Universidade de Coimbra em alguma das qua
tro Faculdades maiores de Theologia, Canones, Leis, ou Medecina:
Fui Servido approvar as providencias, que o sobredito Director Geral tem
praticado, e mandado praticar a este respeito, em quanto por falta do
competente número dos Professores habeis se não tinha chegado ao ter
mo de se pôr na sua inteira observancia tudo o que houve por bem or
denar na Lei, e Instrucções de sete de Julho de mil setecentos cin
coenta e nove, publicadas para a restauração dos Estudos das Letras
humanas. E conformando-Me com as mesmas providencias : Sou Ser
vido, declarar os Paragrafos onze, e dezeseis, e dezesete da dita Lei,
na maneira seguinte.
2." Os Exames para as Cadeiras da Rhetorica se farão sempre daqui
em diante por Professores Regios da referida. Arte, que tenhão cartas
assignadas pelo Director Geral, passadas pela Chancellaria, e tomado
juramento em casa do Chanceller Mór do Reino, de bem cumprirem a
sua obrigação, a saber: Na Cidade de Lisboa por tres dos referidos Pro
fessores na presença do Director Geral: Na Cidade de Coimbra pelos
dous Professores da Rhetorica, que Fui Servido nomear para a mesma
Cidade, em presença do Commissario em quem delegar o Director Ge
ral os seus poderes. O qual deve remetter ao mesmo Director Geral os
autos summarios dos Exames, na fórma das Instrucções, que particular
mente lhe houver dado: Praticando se o mesmo nas Cidades do Porto,
e de Evora, logo que nellas se estabelecerem os seus respectivos Pro
fessores. * • • •

* *-
I76O • 725

3." Os Exames para as Cadeiras de Grammatica Latina desta Corte,


se farão nella da mesma sorte por cinco Professores Regiosperante o Direc
stor Geral, que ao seu arbitrio poderá meter neste número algum Profes
sor Régio de Rhetorica, parecendo-lhe. Para as de Coimbra se farão pe
los Professores Regios de Rhetorica, e de Grammatica, estabelecidos na
quella Cidade , perante o Commissario Delegado do sobredito Director.
E o mesmo se praticará nas outras Cidades do Porto, e de Evora. |-

4." Tanto que em cada huma das referidas Cidades houver o número
de tres Professores, dos quaes hum seja de Rhetorica, poderão ser por
elles examinados os oppositores ás Cadeiras das Cidades, e Villas das
respectivas Provincias, a que prezidirão os Delegados do Director Ge
ral, sem que os referidos oppositores tenhão o incommodo de virem á Cor
te para este fim.
º 5. Pelo que respeita aos Exames dos que pertendem ensinar parti
cularmente em suas casas, ou nas das pessoas, que lhes quizerem con
fiar a educação de seus filhos, bastará que se fação por dous Professores
Regios de Grammatica Latina, a quem o Director Geral, ou seus Com
missarios os remetterem na conformidade do Paragrafo onze da dita Lei
de vinte e oito de Junho de mil setecentos cincoenta e nove: Concorren
do nos ditos Professores a qualidade de terem cartas passadas pela Chan
cellaria na sobredita fórma.
6." E por quanto nos Paragrafos dezeseis, e dezesete da referida Lei
se persuade a utilidade, e necessidade do Estudo da Rhetorica em todas
as sciencias: Para evitar as dúvidas, que pódem mover-se sobre a sua
intelligencia, de sorte que embaracem os justissimos fins, que fazem o
seu objecto em beneficio público: Sou Servido ordenar, que o dito Para
grafo dezesete se observe sem interpretação, ou modificação alguma : E
que depois que houver decorrido anno e meio, contado do tempo do es
tabelecimento das Cadeiras, mas quatro Cidades assima referidas; assim
como respectivamente se forem nellas estabelecendo; nenhuma pessoa de
qualquer qualidade, estado, e condição que seja, possa ser admittida a
matricular-se na Universidade de Coimbra em alguma das quatro Facul
dades maiores, sem para isso ser habilitada por Exame feito pelos dous
Professores Regios de Rhetorica da Universidade, com assistencia de
Commissario do Director Geral ainda que tenha passe, bilhete, ou escri
to de outro qualquer Professor Régio desta Corte, com quem estudasse,
ou aprendesse; e ainda que tenha hum , ou mais annos de Logica , os
quaes o não escusarão de se habilitar por meio do dito Exame da Rhe
torica, como Arte precisamente necessaria para o progresso dos Estudos
maiores.
E este se cumprirá como nelle se contém , sem dúvida, ou em
bargo algum, para em tudo ter a sua devída execução, não obstantes
quaesquer
por Disposições de Direito commum, ou deste Reino, que Hei
derogados. •

Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselho da


Fazenda, Regedor da Casa da Supplicação, ou quem seu cargo servir,
Meza da Consciencia, e Ordens, Conselho Ultramarino, Governador da
Relação, e Casa do Porto, ou quem seu cargo servir, Reitor da Univer
sidade de Coimbra, Vice-Reis, e Governadores, e Capitães Generaes
dos Estados da India, e Brazil, e a todos os Corregedores, Provedores,
Ouvidores, Juizes, e Justiças de Meus Reinos, e Senhorios, cumpräo,
e guardem este Meu Alvará de Lei, e o fação inteiramente cnmprir, e
guardar, e registar em todos os livros das Camaras das suas respectivas
726 1760

jurisdicções; e ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conse


Iho, e Chanceller Mór destes Reinos, Ordeno o faça publicar na Chan
cellaria, e delle enviar os exemplares a todos os Tribunaes, Ministros,
e Pessoas, que o devem executar; registando-se tambem nos livros do
Desembargo do Paço, do Conselho da Fazenda, da Meza da Conscien
cia, e Ordens, do Conselho Ultramarino, da Casa da Supplicação, e das
Relações do Porto, Goa, Bahia, e Rio de Janeiro, e nas mais partes
onde se costumão registar semelhante Leis: e lançando-se este proprio
na Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda aos
11 do mez de Janeiro de 1760. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
Ministro.

Regis, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no Livro I do Registo das Ordens expedidas para
a reforma, e Restauração das Estudos destes Rei
nos, e seus Dominios, e impr. avulso.

#--+von}} 23

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo informado de que, applicando a Junta do Commercio destes
Reinos, e seus Dominios, todas as possiveis diligencias para evitar as
Transgressões do Alvará de seis de Bºžº de mil setecentos cinco
enta e cinco, em que Fui Servido prohibir aos Commissarios Volantes, a
continuação do seu desordenado commercio para o Brazil, tão prejudi
cial ao Bem commum; tem mostrado a experiencia, que fraudão a refe
rida prohibição, por mais que se procurem cohibir, já negando a alguns
dos ditos Commissarios as Attestações ordenadas no Capitulo dezesete,
Paragrafo terceiro dos seus Estatutos; já fazendo-os denunciar no Juizo
da Conservatoria aquelles Negociantes, que passárão ao Brazil sem li
cença, ou conseguindo-a com falsas, e apparentes causas, voltárão na
mesma Frota: Porque conhecendo huns, e outros, que não incorrem em
outra alguma pena mais, que a da confiscação da fazenda; e que esta só
se manda impôr, quando as denúncias se verefiquem pela apprehensão
corporal; procurão evadir esta facilmente; ou carregando as mesmas fa
zendas em diversos nomes; ou não vindo as suas remessas em efeitos,
mas em dinheiro, e ouro. E porque usando os ditos Commissarios Vo
lantes de huns, e outros Subterfugios, continuão no seu irregular, e pro
hibido. Commercio; sendo de dificil averiguação este contrabando por
meio de Devaça, pela falta de noticia da maior parte dos Delinquentes,
para se fazer a denúncia, que só tem lugar de certas, e determinadas
pessoas: Procurando obviar abusos de tão prejudiciaes consequencias ao
Commercio: Sou Servido ordenar, que nas Mezas da Inspecção dos Pór
tos do Brazil se estabeleça a mesma formalidade das Attestações, que
se passão pela Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios,
sem as quaes se não lavrarão Passaportes para este Reino; remettendo
se das mesmas Mezas para a dita Junta a relação das Attestações, que
se houverem passado. Pelo que toca ás averiguações em Lisboa, o Con
servador geral do Commercio terá huma Devaça aberta desde a entrada
até á sahida de qualquer das Frotas; perguntando tambem as pessoas,
que lhe parecer, ainda sem denúucia; procedendo contra os Commissa.
176O 727

rios Volantes, e contra todos os Negociantes, que não estiverem inclui


dos na relação referida; prendendo-os, e sendo conservados na prizão
até que sejão passados seis mezes, e hajão satisfeito a condemnação de
oitocentos mil réis, em que devem ser condemnados: Para cujos efeitos
Hei por revogada a Determinação do sobredito Alvará de seis de De
zembro de mil setecentos cincoenta e cinco; assim quanto á necessidade
dehaver corporal apprehensão; como pelo que toca á pena de confiscação
de todas as fazendas, porque nesta podem ser gravemente prejudicados
os Crédores do Delinquente. Semelhantemente se praticará nos Pórtos
do Brazil, procedendo os Juizes competentes á mesma Devaça, e pe
nas, applicando-se estas em qualquer parte na fórma determinada pelo
sobredito Alvará de seis de Dezembro de mil setecentos cincoenta e
cinco.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço; Conselhos de
Minha Real Fazenda, e do Ultramar; Casa da Supplicação; Meza da
Consciencia, e Ordens; Senado da Camara; Junta do Commercio des
tes Reinos, e seus Dominios; Governadores da Relação, e Casa do Por
to, e das Relações da Bahia, e Rio de Janeiro; Vice-Rei do Estado do
Brazil; Governadores, e Capitães Generaes; e quaesquer outros Gover
nadores do mesmo Estado, e mais Ministros, Oficiaes, e Pessoas delle,
e deste Reino, que cumprão, e guardem, e fação inteiramente cum
prir, e guardar este Meu Alvará, como nelle se contém; o qual valerá
como Carta passada pela Chancellaria, posto que por ella não passe, e
ainda que seu efeito haja de durar mais de hum anno, não obstante as
Ordenações, que dispoem o contrario, e sem embargo de quaesquer ou
tras Leis, ou Disposições, que se opponhão ao conteúdo neste, as quaes
Hei tambem por derogadas para este efeito sómente, ficando aliás sem
pre em seu vigor; e este se registará em todos os lugares, onde se cos
tumão registar semelhantes Leis, mandando-se o Original para a Torre
do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda aos 7 de Mar
ço de 1760. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no Livro II. da Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios a fol. 229. vers., e impr. na
na Officina de Miguel Rodrigues.

+-+v_># }

E U ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem, que
havendo feito o objecto essencial do outro Alvará, que mandei publicar
em treze de Novembro de mil setecentos cincoenta e seis, o restabele
cimento, e consolidação da boa fé, e a remossão de todas as fraudes no
Commercio dos Meus Vassallos; estabelecendo, por huma parte, as pe
nas, que justamente merecem os dolosos, e, pela outra parte, a favor
de que se fazem dignos aquelles Negociantes, que, sem culpa, chegão
a falir de crédito, por accidentes que não cabe na sua possibilidade ob
viar. E porque sendo o crédito público do mesmo Commercio de tanta
importancia não póde nunca haver providencia, que a respeito delle seja
demasiada, e não foi, nem he da Minha Real Intenção, que o beneficio
dos dez por cento, que no mesmo Alvará estabeleci para soccorro dos
728 1760

Negociantes, que legitimamente commerceião, se extenda aos Particu


lares, que sem fundos proprios, e sem regras, se animão temerariamen
te a encarregar-se dos cabedaes alheios: Sou Servido declarar, que en
tre os Fallidos, que se apresentarem na Junta do Commercio, e forem
mellas julgados de boa fé, sómente devem gozar do sobredito premio de
dez por cento, aquelles, que havendo exhibido os seus livros escritura
dos com clareza, na fórma do Paragrafo quatorze do dito Alvará, prova
rem, que ao tempo, em que houverem principiado o negocio mercantil,
em que falirem, tinhão de fundo, e cabedal seu proprio, pelo menos,
huma terça parte da total importancia da somma com que quebrarem,
ou faltarem de crédito; porque não o provando assim lhes não poderá ser
contado o referido premio.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço; Ministro,
que serve de Regedor da Casa da Supplicação; Conselho da Minha Real
Fazenda, e do Ultramar; Meza da Consciencia, e Ordens; Senado da
Camara; Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desem
bargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e Pessoas de Meus Reinos,
e Senhorios, que assim cumprão, e guardem, e fação inteiramente cum
prir, e guardar este Meu Alvará, como nelle se contém, sem embargo
de quaesquer Leis, ou costumes em contrario, que todos, e todas Hei
por derogadas, como se cada huma, e de cada hum delles, fizesse ex
pressa, e individual menção: para este caso sómente, em que Sou Ser
vido fazer cessar de Meu Motu Proprio, certa sciencia, Poder Real,
Pleno, e Supremo, as sobreditas Leis, e costumes, em attenção ao Bem
público, que resulta desta Providencia. E valerá este Alvará como Car
ta passada pela Chancellaria, ainda que por ella não ha de passar, e que
o seu efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Ordena
ções em contrario: Registando-se em todos os lugares, onde se costu
mão registar semelhantes Leis : E mandando-se o Original para a Tor
re do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda aos 12 de
Março de 1760. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Seeretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no livro II. do Registo da Junta do Commercio
destes Reinos, e seus Dominios a fol. 232 vers., e
impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

+ #*<>"# #

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração virem,


que querendo animar as Fabricas das Sedas, estabelecidas nestes Rei
nos, e favorecer aos Meus fiéis Vassallos, que nellas se empregão com
utilidade do público; Fui Servido ordenar por Meus Reaes Decretos de
dous de Abril, de mil setecentos cincoenta e sete, e de vinte e quatro
de Outubro, do mesmo anno, dirigidos ao Conselho de Minha Fazenda,
que todas as pessas de Seda, Fitas, Passamanes, Galões, Lenços, Cin
tas, e todas as mais obras de Seda, que se fabricão nas manufacturas
destes Reinos, constando plenamente, que o erão, se sellassem na Al
fandega, sem pagarem algum Direito, ou Emolumento, que não fosse o
da pequena despeza da imposição do mesmo Sello: E sendo-Me presen
te, que na Alfandega da Cidade do Porto, se está praticando a cobran
I760 729

ça de tres réis por pessa, além dos quatro réis permittidos pela imposi
ção do Sello; com o fundamento de que os referidos tres réis, forão con
cedidos aos Guardas, por Alvará de vinte e quatro de Março , de mil
seiscentos e noventa e cinco: Hei por bem ordenar, que os sobreditos
Meus Reaes Decretos, de dous de Abril, de mil setecentos e cincoenta
e sete, e quatro de Outubro do mesmo anno, sejão inviolavelmente ob
servados, como nelles se contém, não obstante o Alvará de vinte e qua
tro de Março, de mil seiscentos noventa, e cinco, que Hei por deroga
do, em quanto possa ser contrario aos sobreditos Decretos.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, ao Conselho
da Fazenda, e do Ultramar, á Meza da Consciencia, e Ordens, á Ca
sa da Supplicação, ao Senado da Camara, ao Governador da Relação,
e Casa do Porto, á Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios,
aos Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e mais Oficiaes,
e Pessoas, a quem o conhecimento deste Alvará, pertencer, o cump äo,
e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente como nelle se
contém, não obstantes quaesquer Regimentos , Leis, Foraes, Ordens,
ou Estilos contrarios, que todos Hei por derogados para este efeito só
mente, ficando aliás sempre em seu vigor. E valerá como Carta passada
pela Chancellaria, posto que por ella não ha de passar, e o seu efeito
haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Ordenações do livro
segundo titulo trinta e nove e quarenta em contrario: Registando-se em
todos os lugares onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandan
do-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Se
nhora da Ajuda aos 30 de Abril de 1760. = Com a Assignatura de El
Rei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Livro 3.° da Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios a fol. 12 vers., e impr. avulso.
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CARTA QUE DE ORDEM DE SUA MAGESTADE ESCREVEO


o Secretario de Estado D. Luiz da Cunha ao Cardeal Acciaiolli
para sahir da Corte de Lisboa.

Eminenti…imº, e Reverendissimo Senhor. = Sua Magestade, usando


do Justo, Real, e Supremo Poder, que por todos os Direitos lhe compe
te, para conservar illesa a sua Authoridade Régia, e preservar os seus
Vassallos de escandalos prejudiciaes á tranquilidade pública dos seus Rei
nos: Me manda intimar a Vossa Eminencia, que logo immediatamente
á appresentação desta Carta haja Vossa Eminencia de sahir desta Corte
para a outra banda do Téjo; e haja de sahir via recta destes Reinos no
precizo termo de quatro dias.
Para o decente transporte de Vossa Eminencia se achão promptos
os Reaes
nencia.
Escaleres na praia fronteira á Casa da habitação de Vossa Emi

E para que Vossa Eminencia possa entrar nelles, e seguir a sua


viagem, e Caminho, sem o menor receio de insultos contrarios á protec
ção, que Sua Magestade quer sempre que em todos os casos ache em
Zzzz
730 1760

seus Dominios a immunidade do Caracter, de que Vossa Eminencia se


acha revestido: Manda o dito Senhor ao mesmo tempo acompanhar a Vos
sa Eminencia até a fronteira deste Reino, por huma decorosa, e compe
tente Escolta militar.
Fico para servir a Vossa Eminencia com o maior obsequio. Deos
guarde a Vossa Eminencia muitos annos. Paço a 14 de Junho de 1760.
= De Vossa Eminencia, obsequiozissimo servidor. = D. Luiz da Cu
nha. (1)

(1) Com este Aviso se imprimio juntamente a Informação que se Mandou a Fran
cisco de Almada de Mendonça Ministro Plenipotenciario de S. M. F. na Curia de
Roma, para # ao Papa a noticia do procedimento, que Sua dita Magestade
havia ordenado que se tivesse com o Cardeal Acciaiolli, a qual he nos termos seguintes
= Os factos referidos na Dedução, e nas Promemorias, que ElRei Fidelissimo dirigio em
29 de Maio proximo preterito a Francisco de Almada de Mendonça seu Ministro Pleni
potenciario na Curia de Roma, para os fazer presentes a Sua Santidade; ao fim de cha
mar sem perda de tempo da Corte de Lisboa ao Cardeal Acciaiolli; testeficão irrefraga
velmente a extremosa contemplação, com que o dito Monarca, havia extendido naquel
les oficios o obsequio ao Santissimo Padre, e a attenção á purpura Cardinalicia, até
o ponto de suspender a natural, e indispensavel defeza, a que se achava urgentissima
mente obrigado pelos Direitos Divino, Natural, e das Gentes para obviar aos clandes
tinos, temerarios, e sediciosos procedimentos do mesmo Cardeal Acciaiolli ; fazendo-o
Sua Magestade sahir sem maior dilação da Corte de Lisboa pelas mesmas vias de fac
to, de que Sua Eminencia se estava servindo com nunca visto abuso. -
Aquelle obsequio, e aquella attenção, que ElRei Fidelissimo devia esperar que
admirassem, e cohibissem de alguma sorte o mesmo Cardeal, em quanto o Santissimo
Padre (de acordo com o dito Monarca) dava sobre a clandestina, e sediosa Conduta
de Sua Eminencia aquellas providencias, que de sua natureza requerião abusos tão dis
formes; produzirão porém o contrario efeito de animarem cada dia mais livremente o
dito Cardeal a accumullar absurdos a absurdos, passando dos particulares aos publicos»
até em fim tomar a liberdade de romper não só com a authoridade Régia do mesmo
Monarca dentro na sua Corte mas com todos, e cada hum de seus fiéis Vassallos.
Com o faustissimo motivo do matrimonio celebrado entre a Serenissima Senhora
Princeza do Brazil, e o Serenissimo Senhor Infante D. Pedro no dia seis do corrente
mez de Junho, ordenou Sua Magestade a todos os seus Tribunaes, e Vassallos da Sua
Corte puzessem luminarias nos tres dias proximos successivos; como com efeito puzerão: fa
zendo todo o Povo de Lisboa as demonstrações de alegria mais universaes, e mais si
gnificantes da sua fidelidade, e zelo conhecido,
Não se avisando para fazerem a mesma demonstração plausivel aos Embaixado
res, e Ministros Estrangeiros; porque seria cousa muito irregular; ainda assim não hou
ve entre elles algum, que não tivesse a attenção de illuminar a sua Casa com todo o
primor concorrendo naquella demonstração de júbilo com a alegria geral da Corte , e
do Reino.
Sómente se singularisou o dito Cardeal; fechando em todas as referidas tres noi
tes de alegria as janellas, e portas das Casas da sua habitação, sem que se vissem sa
hir ainda as luzes do interior dellas, que costumavão reverberar pelas vidraças: Vedan
do-se as ditas janellas, e portas com tal afectação, e com silencio tão profundo que a
Casa do Nuncio de Sua Santidade parecia huma casa deserta, e abandonada pelos seus
habitantes, nas referidas noites.
A arrogancia daquella resolução do Cardeal Nuncio, se adiantou ainda mais
pela pública declaração, que elle fez de que havia tomado a mesma resolução com o
motivo de lhe não ter Sua Magestade Fidelissima feito participar immediata, e formal
mente, a conta do Augusto matrimonio, que deu assumpto áquella pública, e geral
festividade.
E isto como se o referido Cardeal Nuncio não soubesse, nem que se conhecia
qual tem sido a sua reprovada conducta na Corte de Lisboa; nem que depois della se
ter manifestado, lhe não passou mais oficio algum a Secretaria de Estado de Sua Ma
gestade Fidelissima : Como se ignorasse que o mesmo Monarca dirige ha muitos tempos
pelo seu Ministro Plenipotenciario na Curia de Roma immediatamente a Sua Santida
176O 731

# #*<>"#= %

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que dictando a razão, e tendo-se manifestado por huma longa, e decisi
va experiencia, que a Justiça contenciosa, e a Policia da Corte, e do
Reino, são entre si tão incompativeis, que cada huma dellas pela sua
vastidão se faz quasi inaccessivel ás forças de hum só Magistrado: Ha

de tudo, o que tem que representar ao Santissimo Padre; da mesma sorte que agora o
praticou com a conta, que no mesmo dia do dito matrimonio mandou participar a Sua
dita Santidade: E como em fim se a falta do referido comprimento com o pessoal del
le referido Cardeal Nuncio o pudesse authorizar para entrar com Sua Magestade Fide
lissima dentro na Capital dos seus Reinos em huma desacordada competencia de Pes
soa a Pessoa; e para em efeito da mesma competencia fazer pelo seu particular, e pro
prio arbitrio (sem ordem, que o legitimasse) huma tão pública desattenção á authori
dade Régia do mesmo Monarca; a toda a sua Corte em geral; e em particular a cada
hum dos seus fiéis, e zelosos Vassallos.
O escandalo, que todos recebêrão, haveria rompido logo naquellas tres noites,
depois dellas contra a Casa, e Pessoa do mesmo Cardeal Nuncio nos excessos do res
sentimento, a que foi, e se acha provocado o Povo de Lisboa, se a Religiosissima pro
videncia de Sua Magestade, não tivesse precavido com grande vigilancia todos os meios
de evitar tumultos populares.
Não podendo porém ElRei Fidelissimo nestas urgentes circunstancias, nem pre
caver bastantemente as consequencias futuras, que contra a Pessoa, e authoridade do
mesmo Nuncio podia ter a sua presença nas ruas de Lisboa sendo exposta á vista de
hum Povo por sua natureza fiel, e zeloso do respeito dos seus Soberanos: Nem tão pou
co retardar, á sua authoridade Régia a prompta reparação, que só podia em tal caso
fazer cessar o referido escandalo: Foi o mesmo Monarca necessitado a mandar, como
mandou, sahir logo da sua Corte, e Reino o dito Cardeal Nuncio; como unico meio
proprio para aquelles uteis, e necessarios fins.
O mesmo Monarca tem por certo que o illuminado descernimento de Sua San
tidade fará toda a devida, e justa reflexão na grande diferença, que Sua Magestade
Fidelissima considerou entre os attentados, que o dito Cardeal Acciaiolli foi accumu
lando ha tantos tempos na Corte de Lisboa, com alguma tal, ou qual apparencia de
obrar debaixo do pretexto do seu Ministerio: E entre estes ultimos excessos, que ago
ra publicou como particular, pelo seu proprio, e pessoal arbitrio, sem a menor possi
bilidade para os pretextar com as ordens, que notoriamente se vê que não podia ter
da sua Corte a respeito de hum facto tão repentino, e tão innopinado. •

Differença, a qual no caso em que se acha o referido Nuncio, he tão essencial


que nelle não costumão formalisar-se os Soberanos dos actos de natural defeza necessa
riamente praticados contra os seus Embaixadores, e Ministros publicos, quando estes,
sahindo fóra dos lemites das suas ordens, e das funções do seu caracter, commettem in
sultos voluntarios como particulares: O que he justamente o mesmo que praticou o di
to Cardeal Acciaiolli; não contra qualquer pessoa particular sómente, que era o que
bastava; mas sim contra Sua Magestade Fidelissima, dentro na sua Corte; á vista de
todos os seus Vassallos; e de todas as Nações da Europa. •

Finalmente a mesma Magestade # sobre esta certeza, não hesitou,


nem por hum só momento em que Sua Santidade, logo que for informado do referido
caso, conhecerá clarissimamente, que os attentados pessoaes, com que o mesmo Car
deal Acciaiolli se deliberou a forçar pelo seu particular arbitrio o procedimento do dito
Monarca, o fez tão indispensavelmente necessario com o pessoal do mesmo Prelado,
como he distincto, e separado da perenne, e indefectivel veneração a Sua dita Santi
dade, e á Santa Séde Apostolica com que Sua Magestade Fidelissima presiste, e pre
sistirá sempre em proteger, e sustentar nos seus Reinos, e Dominios o decoro do Mi
misterio Pontificio, e a immunidade dos Ministros da Igreja, em tudo o que o Direi
to Divino, Natural, e das Gentes, poderem permittillo.
Zzzz 2
732 176O

vendo resultado da união de ambas em huma só Pessoa a falta de obser


vancia de tantas, e tão santas Leis, como são as que os Senhores Reis
Meus Predecessores promulgárão em doze de Março de mil seiscentos e
tres; em trinta de Dezembro de mil seiscentos e cinco; em vinte e cin
co de Março de mil setecentos quarenta e dous; para regularem a Poli
cia da Corte, e Cidade de Lisboa; dividindo-a pelos seus diferentes Bair
ros; distribuindo por elles os Ministros, e Officiaes, que parecerão com
petentes; e dando-lhes as Instrucções mais sábias, e mais uteis para co
hibirem, e acautelarem os insultos, e mortes violentas, com que a tran
quillidade pública era perturbada pelos vadios , e facinorosos; sem que
com tudo se pudessem até agora conseguir os uteis, e desejados fins, a
que se applicavão os meios das sobreditas Leis; por não haver hum Ma
gistrado distincto, que privativamente empregasse toda a sua applicação,
actividade, e zelo a esta importantissima materia; promovendo a execu
ção daquellas saudaveis Leis, e applicando todo o cuidado a evitar des
de os seus principios, e causas os damnos, que se pertenderão acaute
lar em beneficio público: Succedendo assim nesta Corte o mesmo, que
com o referido motivo havia succedido em todas as outras da Europa,
que por muitos seculos accumulárão as repetidas Leis, e Editos, que fo
rão publicando em beneficio da Policia, e paz pública sem haverem sor
tido o procurado efeito em quanto a jurisdicção contenciosa, e politica
andárão accumuladas, e confundidas em hum só Magistrado; até que so
bre o desengano de tantas experiencias vierão nestes ultimos tempos a
separar, e distinguir as sobreditas jurisdicções com o successo de colhe
rem logo dellas os pertendidos frutos da paz, e do socego público: E por
quanto não ha cousa que seja mais propria do Meu Régio, e Paternal cui
dado, do que fazer gostar aos Meus fiéis Vassallos aquelles uteis, e sau
daveis frutos; de sorte que cada hum delles possa viver á sombra das Mi
nhas Leis, seguro na sua casa, e pessoa: Conformando Me com os exem
plos do que ao dito respeito se tem praticado nas referidas Cortes mais
polidas, e com o parecer dos Ministros do Meu Conselho, e Desembar
go, que ouvi sobre esta meteria: Sou Servido ordenar o seguinte.
1 Hei por bem crear hum lugar de Intendente Geral da Policia da
Corte, e do Reino, com ampla, e ilimitada jurisdicção, na materia da
mesma Policia sobre todos os Ministros Criminaes , e Civís para a elle
recorrerem, e delle receberem as ordens nos casos occorrentes; dando
lhe parte de tudo o que pertencer á tranquilidade pública; e cumprindo
inviolavelmente seus mandados, na maneira abaixo declarada.
2. Para exercitar esta ampla jurisdicção deve ser sempre nomeado hum
Ministro de caracter maior com o titulo do Meu Conselho, e com toda a
Graduação, Authoridade, Prerogativas, e Privilegios, de que gozão os
Desembargadores do Paço, que seja pessoa digna da Minha Real con
fiança, e de reger com ella hum tão util, e importante emprego. O qual
ordeno que seja sempre incompativel com todo, e qualquer outro lugar,
sem excepção de algum, para que assim possa applicar o Ministro, que
for
aos promovido
importantesa este emprego,
negocios da suatodo o seu cuidado, zelo, e vigilancia,
Inspecção. • -

3 O mesmo Ministro se empregará muito principalmente em fazer ob


servar os Regimentos, e Leis assima indicadas, as quaes Sou Servido
excitar, para que tenhão a sua inteira, e cumprida execução em tudo o
em que não forem por esta alteradas. E posto que na maior parte fossem
estabelecidas para a Policia da Corte, e Cidade de Lisboa: Mando que
tenhão observancia em todo o Reino: E que o Ministro Intendente Ge

1760 733

ral da Policia as faça geralmente executar naquelles termos, em que fo


rem applicaveis a cada huma das Cidades, e Villas das Provincias; dan
do-Me immediatas contas , , pela Secretaria de Estado dos Negocios
do Reino, de tudo quanto achar que he necessario para a mais facil ex
ecução das referidas Leis, e para a melhor regulação da Policia, e se
gurança pública. . -

4 Ficarão debaixo da Inspecção do mesmo Intendente Geral todos os


Crimes de armas prohibidas, insultos, conventiculos, sedições, ferimen
tos, latrocinios, mortes; e bem assim todos os mais delictos, cujo co
nhecimento por Minhas Ordenações, e Leis Extravagantes, pertence
aos Corregedores, e Juizes do Crime dos Bairros de Lisboa: Para pro
mover aos ditos Corregedores, e Juizes do Crime a cumprirem sum
maria, e diligentemente com as suas obrigações, preparando os Proces
sos, e deferindo ás Partes, ou remettendo os Autos para a Casa da Sup
plicação, nos casos em que assim o deverem fazer na fórma abaixo de
clarada. - -

5 Logo que os ditos Corregedores, e Juizes do Crime derem parte


ao mesmo Intendente Geral de qualquer delicto commetido na Corte,
e receberem delle as Instrucções, e Ordens necessarias para o procedi
mento, que devem ter na averiguação, e captura dos Réos do delicto que
se houver commettido; passarão (em beneficio do socego público da Cor
te, que deve prevalecer a toda, e qualquer outra contemplação particu
lar) ao exame, e prizão dos mesmos Réos, autuando-os em processos
simplismente verbaes, sem limitação de tempo, e sem determinado nú
mero de testemunhas, sómente até constar da verdade de facto: A qual
averiguada, se farão os Autos conclusos ao Intendente Geral, para que,
achando-os nesses termos, lhes ordene que os remettão aos Corregedo
res do Crime da Corte, para serem immediatamente sentenciados em
Relação, na conformidade dos Meus Reaes Decretos de quatro de No
vembro de mil setecentos, e cincoenta e cinco: Admittindo-se com tu
do os Réos a embargarem com o termo de vinte e quatro horas por hu
ma vez sómente: E executando-se as Sentenças, logo que for passado o
referidó tempo.
6 Cada hum dos Ministros dos respectivos Bairros terá hum livro de
registo, ou matricula em que descreva todos os moradores do seu Bai
ro, com exacta declaração do oficio, modo de viver, ou subsistencia de
cada hum delles: Tirando informações particulares quando for necessa
rio, para alcançar hum perfeito conhecimento dos homens ociosos, e le
bertinos, que habitarem no districto da sua Jurisdicção: E fazendo del
les separado registo no fim da matricula assima ordenada.
7 Os mesmos respectivos Ministros entregarão ao Intendente Geral
da Policia as cópias dos registos assima ordenados: Escrevendo particu
larmente da sua propria letra as declarações das pessoas suspeitas, que
não forem manifestamente nocivas á tranquilidade pública, pela boa ra
zão, que concorre, para serem guardadas em segredo estas informações
até se concluir a verdade, ou insubsistencia dellas, sem prejuizo de ter
ceiro, que seja attendivel. } -- * * * *

8 Nenhuma pessoa, de qualquer qualidade, e condição que seja, po


derá alugar casas a homens vadios, mal procedidos, jogadores de Ofii
cio, aos que não tiverem modo de viver conhecido, ou aos que forem de
costumes escandalosos; sobpena de perder o valor do aluguer das casas
de hum anno, pela primeira vez; e de pagar pela segunda vez da Cadeia e
tresdobro a favor de quem o denunciar. Na mesma pena incorrerão as que
734 • 176O

alugarem debaixo do seu nome casas para introduzirem nellas algum dos
sobreditos Inquilinos do procedimento reprovado, ou dellas lhe fizerem
cessão, ou recolherem na sua companhia.
9 Todos os Inquilinos, de qualquer estado, qualidade, e condição
que sejão, que pertenderem mudar-se das casas que habitarem, devem
dar parte ao Ministro do Bairro, não só de que se mudão, mas tambem
do lugar para onde fizerem a mudança; para se por verba no Livro do
Registo, com a declaração do morador mudado, e da casa para onde fez
a sua mudança. A qual poderá fazer sem mais formalidade que a de hum
simples Bilhete do respectivo Ministro que faça constar da sua interven
ção. E todos aquelles, que assim o não observarem, serão condemnados
pela primetra vez em ametade do rendimento annual da casa para onde
fizerem a mudança, pela segunda vez no dobro; e pelas outras reinci
dencias se irá sempre dobrando a pena á dita proporção.
10 Semelhantemente prohibo debaixo das mesmas penas, que pes
soa alguma entre em casa de novo, sem se apresentar no termo de tres
dias ao Ministro do Bairro para onde se mudar, com o Bilhete do Mi
nistro do outro Bairro donde houver sahido, e com a declaração das pes
soas da sua Familia, e serviço, ou que na sua casa se acharem hospe
dadas.
11 . Todas as pessoas de qualquer qualidade, estado, e condição, ou
sejão Nacionaes, ou Estrangeiras, que vierem á Minha Corte, e Cidade de
Lisboa, serão obrigadas a apresentar-se, ou anunciar-se no termo de
vinte quatro horas, ao Ministro Criminal do Bairro para onde vierem as
sistir: declarando-lhe os seus nomes, e profissões; o lugar donde vem;
o lugar por onde entrarão neste Reino; o tempo da sua entrada; e o nú
mero, e qualidade das pessoas da sua comitiva: Para que o referido Mi
mistro participe logo tudo por escrito ao Intendente Geral: E isto sob
pena de que as pessoas, que não fizerem a sobredita apresentação, ou
annunciação, dentro no referido termo, serão mandadas sahir da mesma
Corte no espaço de outras vinte e quatro horas, não havendo outra 1a
zão, que as sujeite a maior procedimento.
12 Semelhantemente todos os Estalajadeiros, Taverneiros, Vendei
ros, ou outras quaesquer pessoas, que alojarem nas suas Casas de pas
to, Estalajens, Tavernas, ou Vendas, alguma, ou algumas pessoas Na
cionaes, ou Estrangeiras, serão obrigadas a fazer hum Diario dos que
chegarem ás sobreditas casas, e nellas se houverem recolhido, no qual
escreverão os nomes das mesmas pessoas, os lugares donde vem, as suas
profissões, o número, e qualidade das pessoas das suas comitivas, e das
que forem visitar os referidos adventicios: Entregando de tudo huma re
lação diaria ao Ministro Criminal do Bairro; para a participar ao Inten
dente Geral: E continuando em tratar nella das visitas, de cada hum
dos referidos adventicios em quanto o dito Ministros Criminal do Bair
ro lhe não mandar suspender as sobreditas declarações: Sobpena, de
que não o executando assim em parte, ou em todo, lhes serão fechadas
as Casas de pasto, Estalajens, Tavernas, e Vendas; ficando inhabilita
dos para abrirem outras; além de serem responsaveis por todo o damno
que fizerem as pessoas, cujas declarações houverem sido omittidas, ou
afectadas por cada hum dos sobreditos.
13 Os Mestres de Navios Nacionaes, ou Estrangeiros, que entrarem
de Barra em fóra no Porto de Lisboa, serão obrigados a declarar na Tor
re do Registo o número, qualidade, e profissão dos Passageiros, que
trouxerem, aos quaes não permittirão desembarcarem em quanto para
1760 735

isso não receberem ordem do Intendente Geral da Policia, ou de algum


dos Commissarios por elle deputados para este efeito: Os quaes sobre a
noticia de serem chegados os sobreditos Passageiros, expedirão logo as
ordens necessarias para virem á sua presença fazer as declarações abai
xo ordenadas para os que entrão pela via da Terra, e para serem ou re
cebidos no caso de se legitimarem; ou mandados sahir do Reino nas mes
mas Embarcações que os trouxerem, no caso de serem Vadios, e Vaga
bundos sem legitimação. O que se executará inviolavelmente sobpena de
que os Mestres, que deixarem desembarcar Passageiros, sem preceder
a sobredita licença, serão prezos, e os seus Navios, e Embarcações em
bargadas até darem conta com entrega dos mesmos Passageiros. E suc
cedendo occultallos ao tempo da entrada, serão castigados com a pena
da confiscação do casco da Embarcação; mas de nenhuma sorte das fa
zendas por ella transportadas.
14 Todas as pessoas, que entrarem neste Reino pelas suas Frontei
ras, serão obrigadas a manifestar-se no primeiro lugar onde chegarem
perante o Magistrado delle: Apresentando-lhes os Passaportes, ou Car
tas de legitimação das suas pessoas: E declarando-lhes os seus verdadei
ros nomes, e appellidos; as Terras donde vem; as suas profissões; os
Lugares, e pessoas, a que vem dirigidas; e os certos caminhos, que
devem seguir para chegarem aos sobreditos lugares da sua distinação: E
isto para que sobre as referidas declarações lhes possão dar os mesmos
Magistrados os seus Bilhetes de entrada, em que ellas sejão expressas
para poderem assim seguir o seu caminho com toda a segurança; apre
sentando os mesmos Bilhetes nos lugares, onde se lhes ordenar que os
exhibão; ou para acharem favor, e hospitalidade, sendo pessoas taes que
a mereção; ou para serem aprehendidos no caso contrario de não pode
rem legitimar as suas pessoas na sobredita fórma.
16 Aquelles dos referidos Viandantes que forem, ou achados sem Bi
lhete de entrada; ou extraviados do caminho, que houverem declarado
que querem seguir; ou com diferença dos nomes, ou profissões por elles
manifestados na entrada; serão prezos, e remettidos, ou á sua propria
custa, tendo bens; ou não os tendo, de Conselho em Conselho, até á
Cabeça da Comarca onde forem aprehendidos; recolhendo-se na Cadeia
della á ordem do Intendente Geral, ou até se legitamarem para pode
rem sahir, ordenando-o assim o mesmo Intendente sobre as informações
que se lhe devem fazer ao dito respeito; ou até se concluir com a impos
sibilidade da sua legitimação; para que tornando a voltar prezos de Con
selho em Conselho, possão ser expulsos do Reino pela Fronteira, que fi
car mais visinha; debaixo do termo, e da pena de que, sendo achados
no mesmo Reino outra vez, serão condemnados ao serviço público por
tempo de cinco annos com calceta, não tendo outra culpa maior que os
sujeite á pena de Galés, ou ordinaria. •

16 Ordeno, que a Lei publicada em seis de Dezembro de mil seis


centos e sessenta contra as pessoas que vão para fóra destes Reinos sem
permissão, ou passaporte, se observe daqui em diante em toda a sua
força: Com tal declaração, que os Passaportes bastará a respeito das
pessoas de maior graduação, que sejão assignados pelos Secretarios de
Estado, ou pelo Intendente Geral da Policia, nesta Corte; e nas outras
Terras das Provincias pelos Commissarios do mesmo Intendente: . Os
quaes poderão tambem dentro na Corte conceder nos seus respectivos
Bairros os Bilhetes, que lhes requererem as pessoas que não tiverem o
Foro de Fidalgo da Minha Casa, e as que forem dahi para baixo, cons
tando-lhe da legitima causa que tiverem para sahir destes Reinos.
736 | 1760

17 Para que estas uteis, e necessarias providencias tenhão toda a sua


devida execução: Estabeleço que toda, e qualquer pessoa particular,
que for inspirada pelo zelo do bem commum, que resulta da extirpação
dos Vagabundos, e homens ociosos sem legitimação, possa livremente
perguntar nas Villas, e Lugares por onde passarem os Viandantes que
se lhes fizerem suspeitosos, pelos Bilhetes de entrada, ou licenças de
sahida: E que, não os apresentando os ditos Viandantes, possão os so
breditos particulares aprehendellos pela sua authoridade propria convo
cando a gente necessaria, e remettellos ao Magistrado mais visinho, o
qual os fará recolher na Cadeia para nella serem retidos em quanto se
não legitimarem.
18 Tendo mostrado a experiencia aos perniciosos abusos, que de mui
tos tempos a esta parte fizerão os Vadios, e os Facinorosos, das virtu
des da caridade, e devoção muito louvaveis nos Meus fiéis Vassallos,
para nutrirem os vicios mais prejudiciaes ao socego público, e ao bem
commum, que resulta sempre aos Estados, do honesto trabalho dos que
vivem sem ociosidade: Estabeleço, que em nenhuma casa pia, ou Mi
sericordia deste Reino, se possa dar Carta de Guia a pessoa alguma,
que não apresentar para isso Bilhete do Intendente Geral da Policia,
com que se legitime: e que com as ditas Cartas de Guia, que se lhe pas
sarem, sejão obrigados a trazer sempre o referido Bilhete para o apre
sentarem quando lhe for pedido: Sobpena de serem prezos, remettidos,
e castigados como Vadios, na fórma assima declarada.
19 Porque os Pobres mendigos, quando pela sua idade, e forças cor
poraes podem servir o Reino, são a causa de muitas desordens, e o es
candalo de todas as pessoas prudentes: Excitando o que a respeito del
les está determinado pelo Alvará de nove de Janeiro de mil e seiscen
tos e quatro, e pelo Meu Real Decreto de quatro de Novembro de mil
setecentos cincoenta e cinco: Mando, que nenhuma pessoa Nacional,
ou Estrangeira, possa pedir esmolas nesta Corte sem licença expressa
do Intendente Geral da Policia, e nas outras Cidades, e Villas das Pro
vincias, sem faculdade tambem expressa, e escrita dos respectivos Com
missarios, que para este efeito deputar o mesmo Intendente. As sobre
ditas licenças, que se concederem ás pessoas, que conforme a razão, e
Direito podem pedir esmolas, serão sempre concedidas por tempo de
seis mezes até hum anno, que depois poderão ser prorogadas, se para is
so concorrer justa causa; procedendo sempre para ellas certidão do Pa
raco da Freguezia onde viverem os sobreditos pobres, pela qual conste
que se confessarão, e satisfizerão ao preceito da Igreja na Quaresma pro
xima precedente. E todas as pessoas, que forem achadas pelos Oficiaes
da Policia pedindo esmolas sem as ditas licenças por escrito, serão le
vadas nesta Corte perante o Intendente Geral da Policia, e nas Cidades
das Provincias, perante os Commissarios constituidos nas Cabeças das
Comarcas, os quaes ouvindo verbalmente os Réos, sem outra ordem,
nem figura de Juizo, lhes imporão as penas estabelecidas pela referida
Lei de nove de Janeiro de mil seiscentos e quatro, e Decreto de quatro
de Novembro de mil setecentos cincoenta e cinco, fazendo-as executar.
na fórma por elles ordenada. E porque entre os referidos Mendigos aquel
les, que forem cegos, e impossibilitados para todo o trabalho, se fazem
dignos de Minha Real Piedade, Ordeno que o mesmo Intendente Geral
faça formar huma relação delles em cada Freguezia pelos Ministros dos
respectivos
]lt CCSSal'1a.
Bairos, para que Eu possa dar a este respeito a providencia

I76O 737

2o Pela informação que tive de que huma das causas que até agora
impedírão a exacta, e necessaria observancia das Leis estabelecidas pa
ra a paz pública da Minha Corte, consistio em serem as mesmas Leis
entendidas, especulativamente pelas opiniões dos Doutores Juristas, as
quaes são entre si tão diversas como o costumão ser osjuizos dos homens:
E para que a segurança dos Meus Vassallos não fique vacillando na in
certeza das sobreditas opiniões: Ordeno que esta Lei, e as mais que por
ella tenho excitado, se observem literal, e exactamente como nellas se
contém sem interpretação, ou modificação alguma, quaesquer que ellas
sejão; porque todas prohibo, e annullo. E quando haja casos taes, que
pareça que nelles conteria a dita literal, observancia rigor incompativel
com a Minha Real, e pia equidade; tomando-se, sobre elles assento, se
Me farão presentes pelo Regedor das Justiças, ou quem seu cargo ser
vir, para Eu determinar o que-Me parecer justo.…… re. . . ………..…………
-"21 - E este Alvará de Lei se cumprirá tão inteiramente, como nel
se contém não obstantes quaesquer outras Leis, Direitos, Ordenações,
Capítulos de Cortes, Extravagantes, e outros Alvarás, Provisões, e
Opiniões de Doutores, que todas, e todos Hei, por derogados, como se
delles fizesse especial, e expressa menção, posto que sejão, taes, que ne
cessitem irem aqui insertos de verbo ad verbum, sem embargo da Orde
nação livro segundo, titulo quarenta e quatro, ficando aliás tudo o referi
do sempre em seu vigor. ; ; …", … . : |- ..… …….… " "
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Regedor da
Casa da Supplicação, Conselhos da Minha Real Fazenda, e do Ultra
mar, Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Camara, Junta do
Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desembargadores , Corre
gedores, Juizes, Justiças, e Oficiaes, a quem o conhecimento deste per
tencer, que assim o cumpräo, e guardem, e lhe fação dar a mais intei
ra, e plenaria observancia. Valerá como Carta, posto que o seu efeito
haja de durar mais de hum anno, não obstantes as, Ordenações em con
trário. E para que venha á noticia de todos, Mando ao Doutor Manoel
Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos,
e Senhorios, o faça publicar na Chancellaria, e envie os exemplares del
le sob Meu Sello, e seu signal, aos Corregedores das Comarcas, e Qu
vidores das Terras dos Donatarios; registando-se este nos livros da Me
za do Desembargo do Paço, Casa da Supplicação, Relação do Porto; e
remettendo-se o proprio para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda aos 25 de Junho de 1760. = Com a Assigna
tura de ElRei, e a do Ministro.… . . …; … … : " …" ?… º q º
: - : ; , …, ….… ; ; ; : ;# º , … … … … - - …" (º .…… :::
-- … , Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li-. .
- " " " … º vro das Leis a fol. 26, e impr. na Officina de An-. . .
--. … …… … tonio Rodrigues Galhardo...::: ... , , , , , , , , ,
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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que por quanto pela outra Lei, que estabeleci na mesma data desta pa
ra, a Policia, e conservação da tranquilidade pública da Minha Corte,
tenho mandado cessar os procedimentos ordinarios, com que até agora se
protelavão os livramentos dos Criminosos, com formalidades, e delongas,
Aaaaa
738 1760

que só servião de animar os delictos, e de accumularem nas Cadeias nu


merosos prezos, com inevitavel prejuizo da saude dos que nella se reco
lhião, e da boa, e prompta administração da Justiça: Ordenando, que
os delictos commettidos na mesma Corte sejão autuados em processos sim
plesmente verbaes, sem limitação de tempo, e sem determinado núme
ro de Testemunhas, sómente até constar da verdade do facto; e sejão
remettidos aos Corregedores do Crime da Corte para serem immediata
tamente sentenciados em Relação, na conformidade dos Meus Reaes De
cretos de quatro de Novembro de milo setecentos e cincoenta e cinco:
Porque cessando nestes termos grande parte dos Emolumentos necessa
rios para a subsistencia dos Corregedores, Juizes do Crime, e Escrivães
dos Bairros, e das Correições da Corte, se faz preciso, que os referidos
Magistrados, e Escrivães tenhão os meios competentes para viverem das
assignaturas, e honesto trabalho dos seus lugares, e oficios : E conside
rando, que hum dos modos de evitar os delictos consiste nas custas, pe
cuniarias dos Processos; porque ha muitos Homens que se animão a de
}inquir por falta de condemnações competentes para os reportarem: Sou
Servido ordenar a todos os sobreditos respeitos o seguinte:
Nos delictos, a que pela Lei está imposta a pena de morte natu
ral, ou civil, ou de cortamento de parte do corpo, haverá o Escrivão
do Crime seis mil réis; o Corregedor, ou Juiz do Crime tres mil réis;
o Escrivão da Correição da Corte, a quem tocar por distribuição, tres
mil réis. |- .… … .. ... ;

Nos outros delictos, que tem pena extraordinaria expressa, e de


clarada na mesma Lei, haverá o Corregedor, ou Juiz do Crime dez tos
tões; o Escrivão, que perante elle escrever, quatro mil réis; e o Escri
vão da Correição da Corte dous mil réis. +

E nas acções, que se processarem dos Crimes de pena arbitraria,


haverá o Juiz, ou Corregedor do Crime oitocentos réis; o Escrivão, que
perante elle escrever, tres mil réis; e o Escrivão da Correição da Corte
mil e seiscentos réis. " " *

. Os referidos Emolumentos serão todos pagos aos sobreditos Minis


tros, e Escrivães pelos bens dos Réos, que forem processados, ou sejão
condemnados, ou sejão absolutos, no caso, em que não tenhão parte,
que haja de pagar as custas, e serão sempre líquidos, e contados, além
da escrita, e inqueridorias. " " ; - **

E este Alvará de Lei se cumprirá tão inteiramente, como nelle


se contém, não obstantes quaesquer outras Leis, Direitos, Ordenações,
Capitulos de Cortes, Extravagantes, e outros Alvarás, Provisões, e Opi
niões de Doutores, que todas, e todos Hei por derogados, como se del
les fizesse especial, e expressa menção, posto que sejão taes, que neces
sitem irem aqui insertos de verbo ad verbum, sem embargo da Ordena
ção, livro segundo, titulo quarenta e quatro, ficando aliás tudo o refe
rido sempre em seu vigor.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço; Regedor da
Casa da Supplicação; Conselhos da Minha Real Fazenda, e do Ultramar;
Meza da Consciencia, e Ordens; Senado da Camara; Junta do Commer
cio destes Reinos, e seus Dominios; Desembargadores, Corregedores,
Juizes, Justiças, e Oficiaes, a quem o conhecimento deste pertencer,
que assim o cumprão, e guardem, e lhe fação dar a mais inteira, e pla
maria observancia. Valerá como Carta, posto que o seu efeito haja de
durar mais de hum anno não obstantes as Ordenações em contrario. E
para que venha á noticia de todos, Mando ao Doutor Manoel Gomes de
1760 • 739

Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes Reinos, e Senho


rios, o faça publicar na Chancellaria, registando-se este nos livros da
Meza do Desembargo do Paço, e Casa da Supplicação; e remettendo
se o proprio para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senho
ra da Ajuda aos 25 de Junho de 1760. = Com a Assignatura de ElRei,
e a do Ministro. -

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Livro de Registo geral da Policia., e impr. na
Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

A os 28 dias do mez de Junho de 1760, nesta Cidade do Porto, e Ca


sas, que servem de Relação, estando em Meza grande todos os Minis
tros abaixo assignados, pelo Senhor Francisco José da Serra Crasbeck
de Carvalho, Chanceller, que serve de Governador desta Relação foi pro
posto, que havendo-lhe ElRei Nosso Senhor feito a saber por Carta as
signada pela Sua Real Mão, o felicissimo Matrimonio celebrado entre a
Serenissima Senhora Princeza do Brazil, Sua muito amada, e presada
Filha, e o Senhor Infante, Seu muito amado, e presado Irmão, recom
mendando-lhe por este motivo, tanto de seu gosto, e utilidade destes
Reinos, toda a demonstração de alegria; assim a tinha patenteado nes
ta Meza, para que se executasse, como pedia huma occasião que pelas
circunstancias, de que se reveste, excede todas as expressões de gosto,
e porque na demonstração, que disto fizerão todos os Ministros actuaes
desta Casa na acção pública, a que assistirão com o luzimento, a que
os incitou hum motivo tão plausivel, e que devião estimar com distinção,
propria do caracter, de que se revestem, se tinha satisfeito ao sempre
estimavel e Real preceito; e em tais termos, sendo costume antiquissi
mo, que a respeito desta Relação se não acha ainda alterado, dar-se aos
Ministros por semelhantes occasiões huma propina, efeito da Real Gran
deza, com que o dito Senhor costuma retribuir ainda aos que se empre
gão nos obsequios, que como Vassallos estão obrigados; e não havendo
producto das Despezas, para delle sahir a mesma propina, cujo pagamen
to era inquestionavel na vontade do dito Senhor em huma occasião tan
to do seu gosto, parecia, que observando-se o antigo costume, de que
he testemunha este mesmo Livro, se devia recorrer ao meio de se tirar
por emprestimo do dinheiro, que se acha applicado para as obras da Re
lação, o que fosse necessario para se pagar a dita propina, com a clau
zula de que não o havendo assim por bem o mesmo Senhor , o que não
devia esperar-se da Sua Real Grandeza, sempre incomparavel, e muito
mais em tal caso, se restituir o emprestimo pelo dinheiro das Despezas,
havendo-o, ou por cada hum daquelles, em cujo favor cedia o mesmo
emprestimo; tomando-se para esse fim Assento, depois de votarem todos
o que lhe parecia nesta materia, tudo na fórma , que se praticava nas
occasiões passadas: e ouvida a proposta do dito Senhor Governador, vo
tando todos os Ministros, que presentes estavão, uniformemente se as
sentou, se usasse do dito emprestimo com as ditas condições supposto se
ter assim já praticado, e se obrigavão cada hum por este Assento a res
s",
tituir o que delle cobrasse, caso que Magestade o não houvesse as
aaaa 2
740 1760

sim por bem, não havendo assim prompto dinheiro nas despezas, com
ue se satisfizesse: de que tudo mandou o dito Senhor Governador fazer
este Assento, que assignou com os Ministros, que a elle estiverão pre
sentes. Porto, era, ut supra. = Como Governador, = Crasbeclk. = Fer
reira. = Vieira. = Sá Lopes. = Seabra. = Gama. = Abreu. = Doutor
Sequeira. = Moniz. = Cardoso. = Barreto. = Doutor Dias. = Barrozo.
= Lobo. = Miranda. etc.,
Regist,
i14; no Livro
e na dos Assentos
Colleção da Relação
dos Assentos a fol. do Porto fol.
361. •

CIRCULAR A TODOS OS CORREGEDORES, E OUVIDORES


das Comarcas do Reino.

Sua Magestade tem mandado remetter a Vossa Mercê pela Chancella


ria Mór a Lei da creação do lugar de Intendente Geral da Policia da
Corte, e do Reino, em que se acha provído o Desembargador Ignacio
Ferreira Souto, que actualmente está exercitando. E para que se haja
de conseguir o fim da paz, e socego público, he o mesmo Senhor Servi
do que Vossa Mercê faça logo registar nos livros de todas as Camaras
da sua Comarca a referida Lei mandando-Me certidões, pelas quaes cons
te haverem-se feito os sobreditos Registos em todas as Camaras da juris
dicção de Vossa Mercê.
Ao mesmo tempo expedirá Vossa Mercê ordens circulares ás refe
ridas Camaras para que nellas se tome razão em todos os dias das Pes
soas Forasteiras, que a ellas vierem: accrescentando-se particularmente
ás declarações Ordenadas pela sobredita Lei a das feições do rosto , es
tatura do corpo, e mais signais das ditas Pessoas Forasteiras: as quaes
relações se devem logo mandar a Vossa Mercê para as remetter inalte
ravelmente em todos os correios ao dito Intendente Geral. O que se en
tende porém sómente a respeito daquelles, que entre os referidos Foras
teiros vierem dirigidos a esta Corte; para constar dos dias, em que fo
rão registados; ao fim de que quando chegarem se possão fazer algumas
combinações, que são indispensaveis para a boa ordem da Policia.
Tambem Vossa Mercê deve encarregar aos Juizes, e Oficiaes das
referidas Camaras, que tenhão o mais exacto cuidado na observancia do
§, 16 para não permittirem, que Pessoa alguma, que não seja munida
de Passaporte expedido em data do tempo competente para chegar ao lu
gar, onde fôr encontrada, possa adiantar-se para sahir do Reino.
Pelo que pertence á observancia do §. 17 he preciso, que Vossa
Mercê faça comprehender a todos os Magistrados da sua Comarca, que
devem dar aos Moradores dos seus respectivos districtos huma idéa cla
ra, do interesse, que cada hum delles tem na extirpação dos Vagabun
dos, e dos Ociosos, e na prizão dos que fogem do Reino; a fim de que
todos cooperem geralmente para evitar estas desordens, usando da facul
dade, que a referida Lei permitte aos Particulares para embargarem, e
prenderem os Viandantes, que forem suspeitosos.
Ultimamente manda Sua Magestade intimar a Vossa Mercê, que
1760 741 |
deve pôr o mais especial cuidado na pontual observancia de todas as or
dens, que lhe forem expedidas pelo referido Ministro Intendente Geral
da Policia, para que se estabeleça, e pratique em toda a sua força,
mandando registar este Aviso nos livros dessa Cabeça de Commarca im
mediatamente depois da Lei que faz o seu objecto, para que os Succes
sores de Vossa Mercê possão sempre ter presentes as ordens nelle con
teúdas para as executarem : E tendo Vossa Mercê entendido que das in
formações do sobredito Intendente Geral da Policia ha de depender em
grande parte o conceito que o mesmo Senhor houver de fazer do servi
4ço de Vossa Mercê, para os seus despachos,
Deos guarde a Vossa Mercê sitio de Nossa Senhora da Ajuda a 7
de Julho de 1760. = Conde de Oeiras.
Impr. avulso.

> º * *-+…+-lº

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que por parte dos Erectores das Fabricas de Sola em Atanados nas Ca
pitanías do Rio de Janeiro, e Pernambuco, Me foi representado que
os Povos das visinhanças das referidas Capitanías, e das de Santos, Pa
raíbas, Rio Grande, e Seará, cortão, e arrazão as arvores chamadas
Mangues, só a fim de as venderem para lenha, sendo que a casca das
mesmas arvores he a unica no Brasil, com que se póde fazer o curtimen
to dos Couros para Atanados, e que pelo referido motivo, se achão já
em excessivo preço as referidas cascas, havendo juntamente o bem fun
dado receio de que dentro de poucos annos falte totalmente este simples,
necessario, e indispensavel para a continuação destas utilissimas Fabri
cas: E querendo Eu favorecer o Commercio, em commum beneficio dos
Meus Vassallos, especialmente as manufacturas, e Fabricas, de que re
sultão augmentos á Navegação, e se multiplicão as exportações dos ge
neros: Sou Servido ordenar, que da publicação desta em diante, se não
cortem as arvores de Mangues, que não estiverem já descascadas, debaixo
da pena de cincoenta mil réis, que será paga da cadeia, onde estarão
os culpados por tempo de tres mezes, dobrando-se as condemnações, e
o tempo da prizão pelas reincidencias; e para que mais facilmente se ha
jão de conhecer, e castigar as contravenções, se aceitarão denúncias em
segredo, e farão a favor dos Denunciantes as referidas condemnações,
que no caso de não os haver, se applicarão para as despezas da Camara: Pe
lo contrario Sou outro sim Servido que assim aos Fabricantes dos Atana
dos, seus Feitores, ou Commissarios, como a todas, e quaesquer Pes
soas, que levarem a vender as Cascas de Mangues para estas Manufa
cturas, seja livremente permittido o descascarem as referidas arvores,
sem distinção de lugar, ou Comarca, e sem dúvida nem contradicção
alguma; no caso porém que ás referidas Pessoas se faça algum embara
ço poderão recorrer aos Intendentes das Mezas da Inspecção respectivas
para que lhes fação executar, e cumprir esta Minha Real Determina
ção; assim, e do mesmo modo que nella se contém, para o que Sou Ser
vido conceder-lhes toda a Jurisdicção necessaria.
- Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço; Regedor da
Casa da Supplicação; Conselho de Minha. Real Fazenda, e do Ultra
mar; Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Camara; Junta do
Commercio destes Reinos, e seus Dominios; Vice-Rei do Estado do Bra
742 1760

zil, Governadores, e Capitães Generaes, Desembargadores, Corregedo


res, Juizes, Justiças, e Pessoas de Meus Reinos, e Senhorios, a quem
o conhecimento deste pertencer, que assim o cumprão, e guardem, e
fação inteiramente cumprir, e guardar como melle se contém, sem em
bargo de quaesquer Leis, ou costumes em contrario; que todos, e to
das Hei pôr derogadas, como se de cada huma, e cada hum delles fizes
se expressa, e individual, menção valendo este Alvará como Carta pas
sada pela Chancellaria, ainda que por ella não da de passar, e que e seu
efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Ordenações
em contrário: Registando-se em todos os lugares, onde se costumão re
istar semelhantes Leis, E mandando-se o Original para a Torre do
#o Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 9 de Julho de
1760. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no Livro II. da Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios a fol. 19. e impr. avulso.
*-**@º+-+
*

Para o Presidente e Deputados da Meza da Inspecção da Bahia.

EU ELREI Faço saber a vós Presidente, e Deputados da Meza da


Inspecção da Bahia, que sendo-Me presente, que as muitas, e impor
tantes dependencias da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do
minios, e da Sua Administração se achão detidas, ou desamparadas na
America, por falta de quem promova o cumprimento das Leis, e de
quem execute as ordens, e dê conta das vexações, e prejuizos, que se
fazem aos negociantes: E que, tendo-se encarregado a varios Procura
dores, ou Agentes, a execução, e cobrança das dívidas activas, que
nos pórtos do Brazil, e Minas se estão devendo aos homens de negocio,
e mercadores que se tem apresentado na Junta, se não experimentou até
agora adiantamento algum, sem aproveitar o privilegio de execução
rompta, como de Fazenda Real, que por Alvará de treze de Novem
! # de mil setecentos cincoenta e seis Fui Servido conceder ás dívidas
activas dos fallidos. E querendo evitar estas desordens: Sou Servido en
carregar-vos assim a correspondencia com a sobredita Junta sobre todas
as dependencias do Commercio, como o cuidado, e obrigação de fazer
executar as dívidas dos fallidos. E porque estas diligencias são todas a
favor dos crédores, ou tãobem dos fallidos, que deverem perceber os dez
por cento, determinados no sobredito Alvará: Sou Servido outro sim orde
nar que das cobranças feitas dentro dessa Cidade, e seu termo, se dedu
zão, para se repartirem por essa Meza da Inspecção, dous por cento do líqui
do que for arrecadado em cofre, sendo a cobrança prompta. Sendo porém
feita por execução, a qual se deve entender viva, e não a simples cita
ção, ou penhora, se repartão pela mesma Meza da Inspecção quatro por
cento do líquido, que for arrecadado. Nas cobranças de fóra da Comar
ca se deduzirão semelhantemente dous por cento para o Ministro, e seus
Oficiaes, a quem for remettida a executoria, sendo a cobrança prompta;
e quatro por cento, quando for a cobrança por execução: E do líquido
das remessas feitas de fóra da Comarca para essa casa da Inspecção, re
1760 743

cebereis vós Presidente, e Deputados, dous por cento, ou sejão as co


branças feitas por promptos pagamentos, ou por execução viva: sem que
em nenhum dos referidos casos se tire outra alguma commissão de renues
sas, as quaes se deverão fazer ao Provedor, e Deputados da Junta do
Commercio destes Reinos, e seus Dominios, com a devída distincção,
assim pelo que toca ás despezas respectivas a cada huma das addições,
como pelo que pertence á cobrança de cada hum dos fallidos: Tendo hu
ma mutua correspondencia com a mesma Junta sobre as referidas mate
rias. O que Me pareceo avisar-vos, para assim o terdes entendido, e fa
zerdes executar sem embargo de quaesquer Leis, Regimentos, Disposi
ções, Ordens, ou Estilos contrarios. Escrita no Palacio de Nossa Senho
ra da Ajuda a 14 de Julho de 1760. = Com a Assignatura de Sua Ma
gestade. •

Impressa na Qficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

*#*#*GPº#*#

P oR quanto ElRei Meu Senhor, e Pai, que Santa Gloria haja, com os
motivos da defeza, e indemnidade da sua Authoridade Régia, que fo
rão manifestos, expedio a cinco de Julho do anno de mil setecentos e
vinte e oito o Decreto cujo theor he o seguinte.
» Sendo tão notorias como justificadas as causas que Me moverão
" a mandar sahir da Corte de Roma, e Estados do Papa os Meus Minis
º tros, que nelles residião: Hei por bem pelas mesmas causas, que os
" Meus Vassallos, tanto Seculares, como Ecclesiasticos, e Regulares
” de qualquer condição, dignidade, ou Ordem, que se acharem na mesº
º ma Corte, e terras, ou que de hoje em diante chegarem a ellas, saião
das referida Corte, e terras deutro de seis mezes, que correrão do dia
em que for publicada nesta Corte esta Minha Resolução, e todos os
que assim não o cumprirem, sendo Seculares serão desnaturalisados,
e confiscados os seus bens, que tiverem nestes Meus Reinos, e Senho*
rios, em qualquer tempo que forem achados; e sendo Ecclesiasticos,
ou Regulares de qualquer condição, Dignidade, ou Ordem, serão des
naturalisados; e Mando outro sim, que todos os Vassallos do Papa Se
culares, Ecclesiasticos, ou Regulares, de qualquer condição, Digni
dade, ou Ordem, que se acharem nestes Meus Reinos, e Senhorios,
saião dos ditos Reinos, e Ilhas adjacentes dentro de dous mezes, que
começarão nesta Corte do dia em que se publicar esta Resolução; e
nas Provincias, e Reino do Algarve, e Ilhas adjacentes, do em que
se fizer notoria por Editaes nas Cabeçás das Counarcas; e pelo que res
peita aos mais Senhorios, Ordeno que saião delles no termo, que Man
do declarar ao Conselho Ultramarino, e se dentro dos referidos ter
» mos não tiverem sahido dos ditos Meus Reinos, e Senhorios, serão ex
» pulsos pelas Minhas Justiças, e incorrerão os que forem Seculares na
» confiscação de todos os seus bens, que em qualquer tempo forem acha- .
» dos : E esta Minha Resolução Ordeno se pratique com as Pessoas Ex
e trangeiras, Seculares, Ecclesiasticas, ou Regulares, de qualquer con
» dição, Dignidade, ou Ordem que se acharem nestes Meus Reinos, e
» Senhorios, ou a elles vierem daqui em diante, que de algum modo ser
" virem, ou tiverem cargos, ou occupações pertencentes de qualquer sor*
744 1760
» te ao serviço do Papa, ou seus Dominios, ou da Curia Romana: E
» pelo que respeita aos Meus Vassallos assim Seculares, como Ecclesias
» ticos, Regulares de qualquer condição, Dignidade, ou Ordem, em
» que concorre qualquer das sobreditas circunstancias, incorrerão os Se
º culares em pena de desnaturalisamento, e confiscação de todos os seus
» bens, que em qualquer tempo forem achados; e serão desnaturalisados
» os Ecclesiasticos, ou Regulares sobreditos, se logo que esta Resolu
ção for publicada nesta Corte, ou nas Cabeças das Comarcas em que
viverem, não dimittirem qualquer dos referidos Cargos, ou occupações,
ou daqui em diante os aceitarem, ou exercerem : Hei outro sim por
bem declarar, que todos os Vassallos do Papa, de qualquer qualidade,
Estado, ou condição assima referidas, que vierem a estes Reinos, ou
Senhorios delles depois desta Minha Resolução, não sejão admittidos;
e se de facto forem nelles achados se pratique com os taes o mesmo,
que por este Decreto tenho resolvido, a respeito dos quaes ao presen
te se achão nos ditos Meus Reinos, e Senhorios. A Meza do Desem
bargo do Paço o tenha assim entendido; e nesta conformidade o faça
executar, mandando pôr Editaes nesta Corte, e em todas as Comar
cas do Reino, e Ilhas adjacentes, para que se pratiquem com os trans
- gressores as penas, e procedimentos, que Ordeno; e pelo que respeita
ás Conquistas Mando declarar ao Conselho Ultramarino o que deve ex
» cutar. Lisboa Occidental 5 de Julho de 1728. = Com a Rubrica de
» Sua Magestade. - * * * * * * - - , -

E por quanto presentemente concorrem ( com grande desprazer


1Meu ) não só a referida causa, mas as outras muito mais aggravantes, e
urgentes que tem sido manifestas para fazerem indispensavelmente neces
sarias aquellas temporalidades, e a prompta, e immediata execução del
las: Sou Servido, que logo se ponhão Editaes em tudo conforme ao so
bredito Decreto sem restricção alguma, que não seja a de que as Pes
soas que devem sahir da Curia de Roma sejão obrigadas a se pôrem fó
ra della até o ultimo dia do mez de Setembro proximo seguinte, na fór
ma em que lhes tenho ordenado. A Meza do Desembargo do Paço o te
nha assim entendido, e faça executar com expedição dos sobreditos Edi
taes, em que este será sempre inserto. Nossa Senhora da Ajuda a 4 de
Agosto de 1760. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

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* **
-

Pon quanto ElRei Meu Senhor, e Pai, que Santa Gloria haja com
os motivos da defeza, e indemnidade da Sua Authoridade Régia, que
forão manifestos, expedio a cinco de Julho do anno de mil setecentos e
vinte e oito o Decreto cujo theor he o seguinte. • -

# º Sendo conveniente ao Meu Serviço que nenhum Vassallo Meu


º vá á Corte de Roma, e Estados do Papa, nem mande dinheiro á di
º ta Corte, e Estados, ou impetre do Papa, ou de seus Tribunaes, ou
” Ministros, Bullas, Breves, Graças, ou quaesquer outros Despachos
º sem expressa licença Minha: Hei por bem, e Mando, que sem pre
” ceder a dita licença expedida pela Secretaria de Estado nenhuma pes
º soa Secular, Ecclesiastica, ou Regular dos Meus Reinos, e Senho
1760 745

rios, de qualquer condição, Dignidade, ou Ordem possa ir á Corte


de Roma, ou terras do Papa; e tambem sem preceder a mesma licença
nenhuma das ditas Pessoas, nem qualquer Communidade Secular, Ec
clesiastica, ou Regular mande requerer na dita Corte quaesquer Bul
las, Breves, Graças, ou Despachos, nem ponhão, mandem pôr na
mesma Corte, ou terras dinheiro algum, ou seja extraido destes Rei
nos, ou Senhorios em moeda, ouro, ou prata (no qual caso se obser
vará irremissivelmente, o que dispoem a Ordenação do Reino) ou por
letras, tanto sendo passadas em direitura para Roma, ou terras do Pa
pa, como para outras partes, de sorte que hajão de ir a Roma, ou ás
: ditas terras: E todos os que depois da publicação deste Decreto faltarem
á observancia delle, incorrerão, sendo Seculares, na pena de confisca
ção de todos os seus bens, que em qualquer tempo forem achados, e de
serem desnaturalisados de Meus Reinos, e Senhorios; e sendo Ecclesias
ticos, ou Regulares de qualquer condição, Dignidade, ou Ordem, se
rão desnaturalisados delles; e sendo alguma Communidade Secular,
Ecclesiastica, ou Regular, ficará no Meu arbitrio mandar proceder na
fórma sobredita contra aquellas Pessoas dellas, que Me parecer: E Hei
outro sim por bem, e ordeno, que nenhuma das referidas Communida
des, ou Pessoas Seculares, Ecclesiasticas, ou Regulares de qualquer
condição, Dignidade, ou Ordem dos Meus Reinos, e Senhorios usem
de Bulla, Breve, Graça, ou Despacho do Papa, ou de seus Tribunaes,
ou Ministros, de qualquer sorte concedidos sem primeiro os appresen
tarem na Secretaria de Estado para os mandar examinar, e Me serem
presentes, e se lhes dar reposta por escrito pelo Secretario de Estado,
e os que fizerem o contrario, e tambem os Juizes, que derem á execu
ção as taes Bullas, Breves, Graças, ou Despachos sem primeiro se
haverem appresentado na dita Secretaria, e se lhe dar reposta por es
crito pelo dito Secretario de Estado, incorrerão os Seculares na pena
de confiscação, e de serem desnaturalisados ; e os Ecclesiasticos, ou
Regulares sobreditos serão desnaturalisados: E Hei por bem, que es
te Decreto, e prohibições nelle feitas comprehendão a todas as Com
munidades, e Pessoas Estrangeiras, Seculares, Ecclesiasticas, ou
Regulares de qualquer condição, Dignidade, ou Ordem , que vi
vem ou residem nos Meus Reinos, e Senhorios, ou a elles vierem , e
os que faltarem á observancia delle, sendo Ecclasiasticos, ou Regula
res, sejão expulsos de Meus Reinos, e Senhorios; e sendo Seculares
além da expulsão, incorrão em pena de confiscação de seus bens, que
em qualquer tempo forem achados; e mandando dinheiro, ouro, ou
prata se guardará irremissivelmente o que dispoem a Ordenação ; e
outro sim Hei por bem declarar, que nesta Resolução ficão compre
hendidos todos os Regulares de Meus Reinos, e Senhorios, Naturaes,
e Estrangeiros, para não recorrerem por modo algum aos Prelados Su
periores, que assistirem em Roma,, ou em terras do Papa, nem a seus
Commissarios Delegados, ou Subdelegados em qualquer parte residen
tes, sem Minha especial licença, nem aceitarem, ou usarem da Gra
ça, Ordem, Disposição, ou Despacho algum sem serem appresentados
na Secretaria de Estado, para Me serem presentes, e se lhe dar re
posta por escrito pelo Secretario de Estado; e que fazendo o contrario,
se praticará com elles, e com quaesquer Juizes, e Executores, assim
: Ecclesiasticos, como Regulares de qualquer condição, Dignidade, ou
33
Ordem que sejão, que pelas ditas Graças, ou Ordens de algum modo
};
procederem, o mesmo, que por este Decreto
Bbbbb
ordeno a respeito dos Ec
746 7560

» clesiasticos, e Regulares, que recorrem a Roma sem licença Minha ou


» usarem sem ella de Bullas, e Graças de qualquer modo concedidas.
37 A Meza do Desembargo do Paço o tenha assim entendido, e faça exe
cutar; e para a publicação desta Resolução, mandará pôr Editaes com
o theor della nesta Corte, e nas Comarcas dos Reinos, e Ilhas adja
centes, para que venha á noticia de todos, e se cumpra inviolavelmen
te, e se executem nos transgressores as penas, e procedimentos nella
estabelecidos, e pelo que pertence ás Conquistas, o Mando declarar
ao Conselho Ultramarino, para que a faça publicar, e executar nellas.
Lisboa Occidental a 5 de Julho de 1728. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
E por quanto presentemente concorrem (com grande desprazer
Meu não só a referida causa; mas as outras muito mais aggravantes, e
urgentes que tem sido manifestas : Sou Servido, que logo se ponhão
Editaes em tudo conformes ao sobredito Decreto sem restricção alguma,
que não seja a de que as Pessoas que devem sahir da Curia de Roma
sejão obrigadas a se pôrem fóra della até o ultimo dia do mez de Setem
bro proximo seguinte, na fórma em que lhes tenho ordenado. A mesma
Meza do Desembargo do Paço o tenha assim entendido, e faça executar
com a expedição dos sobreditos Editaes em que este será sempre inserto.
Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 4 de Agosto de 1760. = Com a
Rubríca de Sua Magestade. - - -

Impresso avulso.

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Por quanto ElRei Meu Senhor, e Pai, que Santa Gloria haja, com os
motivos da defeza, e indemnidade da sua Authoridade Régia, que fo
rão manifestos, expedio a cinco de Julho do anno de mil setecentos e
vinte e oito o Decreto cujo theor he o seguinte.
» Tenho resolvido, que todos os Vassallos do Papa, que se acha
rem ao presente em Meus Reinos, e Senhorios, saião delles dentro do
tempo, que lhes mandei prescrever; e que daqui em diante não sejão
admittidos nelles os que de novo vierem, por ser assim conveniente ao
Meu Serviço; e porque tambem o he que nos mesmos Reinos, e Se
nhorios não se admittão fazendas, ou generos alguns da Corte de Ro
ma, e terras do Papa, nem se lhes dem despachos nas Alfandegas:
Sou Servido que do dia desta Resolução fiquem prohibidas as ditas fa
zendas, e generos, e se lhes não dê despacho nas Alfandegas, ou ve
nhão em nome dos Vassallos do Papa, ou de quaesquer Pessoas de ou
tra Nação, e ainda que venhão em nome dos Meus Vassallos, e se pra
tique com os ditos generos, e fazendas o mesmo, que com as fazendas,
e generos de contrabando, e as fazendas, e generos, que já estiverem
nas Alfandegas, se entreguem sem se despacharem ás Pessoas a quem
» pertencerem fazendo termo de as tirarem, e remetterem para fóra do
» Reino dentro de seis mezes; e não o cumprindo assim, ficarão logo
» perdidas para a Minha Fazenda; e quanto ás fazendas, e generos que
» já estiverem despachadas, e tiradas das Alfandegas em poder de par
33
ticulares para as venderem, serão obrigados a manifestallas ás Minhas
º Justiças, dentro de dez dias da publicação desta Minha Resolução, e
1760 • 747

º fazer inventario dellas, e dispor das taes fazendas, e generos assim


» inventariados dentro de hum anno que lhes concedo para o seu consu
» mo; e não as manifestando, e faltando a fazer o inventario dentro do
» dito termo de dez dias, ficarão logo perdidas, para a Minha Fazenda
» as taes fazendas, e generos de que se dará a terça parte a quem as
» denunciar; e da mesma sorte ficarão irremissivelmente perdidas, com
» applicação da terça parte para o Denunciante todas as ditas fazendas,
» e generos, assim inventariados que passado o anno de seu consumo se
» achar em para vender , em poder de quaesquer Pessoas naturaes,
º ou Estrangeiras, e Seculares, Ecclesiasticas, ou Regulares. O Con
» selho da Fazenda o tenha assim entendido, e nesta conformidade o fa
»rá executar nestes Reinos, e Ilhas adjacentes, e publicar por Editaes
º nesta Corte, e Comarcas delles, e das ditas Ilhas; e pelo que toca ás
» Conquistas, o Mando declarar ao Conselho Ultramarino, para o fazer
» executar nellas. Lisboa Occidental a 5 de Julho de 1728. = Com a
» Rubríca de Sua Magestade.
E por quanto presentemente concorrem (com grande desprazer
Meu) não só a referida causa; mas as outras muito mais aggravantes,
e urgentes, que tem sido manifestas para fazerem indispensavelmente
necessarias aquellas temporalidades, e a prompta, e immediata execu
ção dellas: Sou Servido, que logo se ponhão Editaes em tudo conformes
ao sobredito Decreto sem restricção alguma. O Conselho da Fazenda o
tenha assim entendido, e faça executar com a expedição dos sobreditos
Editaes, em que este será sempre inserto. Palacio de Nossa Senhora da
Ajuda a 4 de Agosto de 1760. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulsa.

* . . é=#*<>"+ #

TE U ELREI Faço saber aos que este Alvará de Declaração virem, que
devendo a Minha Lei de vinte e einco de Junho deste presente anno,
em que Fui Servido astabelecer a segurança pública da Minha Corte,
e Reinos, ser observada literalmente, sem as interpretações, que por
ella se achão prohibidas: E sendo informado de que sobre a expedição
dos Passaportes, e Guias, com que os Viandantes devem sahir da mes
ma Corte, e Comarcas destes Reinos, se tem movido algumas dúvidas
dignas da Minha Real consideração: Para occorrer a ellas, fazendo-as
cessar em commum beneficio: Sou Servido ordenar o seguinte:
1 Todas as pessoas, que quizerem sahir da Corte, e Cidade de Lis
boa, serão obrigadas a tirar Passaportes, que lhes mandarão passar os
Ministros dos Bairros, em que morarem, pelos seus respectivos Escri
vães, os quaes levarão dous vintens pelo trabalho de encherem os cla
ros dos mesmos Passaportes, sem que levem os ditos Ministros da assi
gnatura delles algum emolumento. O mesmo se praticará em todas as
Comarcas destes Reinos com as pessoas, que houverem de sahir dellas
para fóra.
2 Não serão porém necessarios os ditos Passaportes no districto da
Corte, nem ás pessoas, que forem para as suas fazendas, e quintas; nem
aos que forem trabalhar pelos seus Oficios, e Artes; nem aos Almocre
ves, Regatões, e pessoas que vivem cinco "#" redor da mesma Cor
2
748 I760

te, e costumão trazer para ella mantimentos, e todos os mais generos


necessarios ao uso das gentes, como por exemplo lenha, carvão, madei
ras, e outros semelhantes, fazendo os transportes por terra.
3 Aquelles que porém os fizerem pelo Rio abaixo, ou de alguns dos
Pórtos da outra banda delle, serão obrigados a tirar hum só Passaporte
cada anno, no qual se qualifiquem, e descrevão com distinctos signaes
as suas pessoas, para poderem commerciar livremente pelo anno da sua
duração; trazendo porém sempre comsigo o dito Passaporte, passado pe
lo Escrivão da Camara, e assignado pelo Juiz de Fóra, onde cada hum
fer morador, para assim justificarem sempre que são os mesmos identi
cos, a quem se houverem passado os ditos Passaportes.
4 O mesmo se observará com os Mercadores, e Tendeiros, que an
dão pelas Feiras vendendo, e comprando, e com os Marchantes, que vão
ás Provincias buscar gados para a Corte, os quaes tirarão hum Passapor
te para cada Provincia, que lhes valerá por hum anno sómente.
5 As pessoas, que nas Comarcas destes Reinos fizerem jornadas pa
ra lugares, que fiquem dentro nellas, sendo regularmente pessoas conhe
cidas: Hei por bem escusallas da obrigação de tirarem os ditos Passa
POrtes. E este Alvará de Lei se cumprirá tão inteiramente , como nelle
se contém, não obstante quaesquer outras Leis, Direitos, Ordenações,
Capitulos de Cortes, Extravagantes, e outros Alvarás, Provisões, e Opi
niões de Doutores, que todas, e todos Hei por derogados, como se del
les fizesse especial menção, posto que sejão taes, que necessitem irem
aqui insertos de verbo ad verbum, sem embargo da Ordenação, livro
segundo, titulo quarenta e quatro, ficando aliás tudo o referido sempre
em seu vigor. •

Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Regedor da


Casa da Supplicação, Conselhos da Minha Real Fazenda, e do Ultra
mar, Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Camara, Junta do
Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desembargadores, Corre
gedores, Juizes, Justiças, e Officiaes, a quem o conhecimento deste
pertencer, que assim o cumprão, e guardem, e lhe fação dar a mais in
teira, e plenaria observancia. Valerá como Carta, posto que o seu efei
to haja de durar mais de hum anno, não obstantes as Ordenações em
contrario. E para que venha á noticia de todos, Mando ao Doutor Ma
noel Gomes de Carvalho , do Meu Conselho, e Chanceller Mór destes
Reinos, e Senhorios, o faça publicar na Chancellaria, e invie os Exempla
res delle sob Meu Sello, e seu signal, aos Corregedores, e Ouvidores
das terras dos Donatarios, registando-se este nos livros da Meza do De
sembargo do Paço, Casa da Supplicação, Relação do Porto, e remet
tendo-se o proprio para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa
Senhora da Ajuda aos 13 de Agosto de 1760. = Com a Assignatura de
ElRei, e a do Ministro. - " *, - + #
* • - - • • • - - * - * * *

# , Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


i no livro I. do Registo da Intendencia Geral da Po-2:
licia., e impr. na Officina de Miguel Rodrigues.
# ••

-
I760 749 -

#…}}*Cº?k=# … : • - -

Pos quanto, não foi da Minha Real Intenção, que pelo novo Metho
do, que determina para o despacho das Causas Crimes a Minha Lei
de vinte e cinco de Junho proximo precedente, fosse a Meza Grande da
Casa da Supplicação, gravada com os feitos por sua natureza ordinarios,
que como taes se despacharão na Meza dos Corregedores do Crime da Cor
te: com os Desembargadores Estravagantes, que lhes erão nomeados por
Adjuntos; nem que na referida Meza por passarem os sobreditos feitos
de ordinarios a summarios perdessem os Juizes delles as assignaturas,
que levavão até ao tempo da promulgação da mesma Lei: Sou Servidó
declarar quanto a esta parte; ordenando, que os feitos por sua natureza
ordinarios, que como taes se despachárão na Meza dos Corregedores do
Crime da Corte, se fiquem despachando nella, sem embargo de serem
summarios, e que nelles venção os Relatores, e Adjuntos Estravagan
tes as mesmas assignaturas, que até agora vencião. O Arcebispo Rege
dor o tenha assim entendido, e faça observar. Palacio de Nossa Senho
ra da Ajuda aos 19 de Agosto de 176o. = Com a Rubríca de Sua Ma
gestade.

Regist, na Casa da Supplicação no Lvro XVI, dos


Decretos a fol. 168 vers. *** * , ,
… , , >"" …}

*-+.…<>}} ??

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
presente que os Siganos, que deste Reino tem hido degradados para o
Estado do Brazil, vivem tanto á disposição da sua vontade, que usando
dos seus prejudiciaes costumes, com total infracção das Minhas Leis,
causão intoleravel incommodo aos moradores, comettendo continuados
furtos de cavallos, e escravos, e fazendo-se formidaveis por andarem
sempre incorporados, e carregados de armas de fogo pelas estradas, on
de com declarada violencia praticão mais a seu salvo os seus perniciossi
simos procedimentos; e considerando que assim para socego público, co
mo, para correcção de gente tão inutil, e mal educada, se faz preciso
ºbrigallos pelos termos mais fortes, e eficazes a tomar a vida civil: Sou
Servido ordenar, que os rapazes de pequena idade filhos dos ditos Siga
nos se entreguem judicialmente a Mestres, que lhes ensinem os oficios,
e artes mecanicas, e aos adultos se lhes assente praça de Soldados, e
por alguns tempos se repartão pelos Presidios, de sorte que nunca este
jão muitos juntos em hum mesmo Presidio, ou se fação trabalhar nas
obras publicas, pagando-se-lhe o seu justo salario, prohibindo-se a todos
poderem commerciar em bestas, e escravos, e andarem em ranchos:
Que não vivão em Bairros separados, nem todos juntos, e lhes não seja
permittido trazerem armas, não só ao que pelas Minhas Leis são prohi
bidas, que de nenbuma maneira se lhes consentirão, nem ainda nas via
gens; mas tumbem aquellas, que lhes poderião servir de adorno: E que
as mulheres vivão recolhidas, é se occupem naquelles mesmos exercicios,
750 I760

de que usão as do Paiz; e Hei por bem, que pela mais leve transgres
são do que neste Alvará Ordeno, o que for comprehendido nella, seja
degradado por toda a vida para a Ilha de S. Thomé, ou do Principe,
sem mais ordem, e figura de Juizo, nem por meio de Appellação, ou
Aggravo, do que o conhecimento summario, que resultar do juramento
de tres testemunhas, que deponhão perante quaesquer dos Ministros Cri
minaes respectivos aos districtos, onde fizerem a transgressão, e prova
da quanto baste, se execute logo a sentença do exterminio, sem que
della possa ter mais recurso. Pelo que: Mando ao Presidente, e Conse
lheiros do Meu Conselho Ultramarino, ao Vice-Rei, e Capitão General
de mar, e terra do Estado do Brazil, e a todos os Governadores, e Ca
pitães Móres delle, aos Governadores das Relações da Bahia, e Rio de
Janeiro, Desembargadores dellas, e a todos os Ouvidores, e mais Minis
tros, e Oficiaes de Justiça do dito Estado executem, e fação observar
sem dúvida este Meu Alvará, como nelle se contém, o qual se publica
rá, e registará na Minha Chancellaria Mór do Reino; e para que venha
á noticia de todos, e se não possa alegar ignorancia, será tambem pu
blicado nas Capitanias do Estado do # e em cada huma das suas
Comarcas, se registará nas ditas Relações, e nas mais partes, onde se
melhantes se costumão registar, lançando-se este proprio na Torre do
Tombo. Lisboa 20 de Setembro de 1760. = Com a Assignatura de Sua
Magestade.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li
vro das Leis, a fol. 163; e impr. na Officina de An
tonio Rodrigues Galhardo.

*=+tom+ #

Sesºs-M E presentes os peccaminosos, e prejudiciaes abusos que se tem


feito das chamadas Barracas, ou Casas de madeira, que com o justo
motivo da calamidade do Terremoto do primeiro de Novembro de mil se
tecentos cincoenta e cinco, se levantárão então nos Terrenos publicos,
assim da Marinha, e Praças da Cidade de Lisboa, como em outros Ter
renos particulares, e alheios; para interino, e indispensavel reparo dos
Habitantes da mesma Cidade, sómente em quanto a urgencia daquella
calamidade não permittia, que se praticasse a ordem natural de usar ca
da hum do seu, sem prejuizo de Terceiro; e muito menos do público da
mesma Cidade; e de viverem as familias com a devida separação humas
das outras: Resultando dos referidos abusos não só huma illicita, e re
provada comixtão de pessoas de diferentes familias, e sexos dentro nas
mesmas Barracas, e na contiguidade, e facil addito a ellas; de que se
tem seguido universal escandalo; e não só causarem a mesma comixtão",
e contiguidade de tantas Casas de madeiras velhas, e inflammaveis os
repetidos incendios, que em diferentes occasiões tem posto em perigo
as Alfandegas, e outros Edificios publicos, e particulares da mesma Ci
dade, depois de haverem sido reparados, e reedificados com grande des
peza de seus Donos; mas tambem animarem-se com outro grande escan
dalo diferentes pessoas a converter em negociação, e utilidade sua par
ticular a referida calamidade pública; e edificando humas vezes debaixo
do Pretexto de licenças reprovadas pelas Minhas Leis, e Ordens; e ou
1760 75 |

tras sem faculdade alguma nos Terrenos das referidas Praças, e Mari.
inha; e nos de Terceiras pessoas, Barracas, ou Casa de Taboados, e
Frontaes, não para se repararem a si, e ás suas familias das injúrias do
tempo, como devia ser; mas sim para as arrendarem a terceiros por pre
ços excessivos: Sou Servido cassar, annullar, e haver por de nenhum ef
feito todas, e quaesquer licenças, ou faculdades, que contra as Minhas
Reacs Ordens, e Providencias especiaes estabelecidas depois do referi
do Terremoto; se hajão concedido sem immediata Resolução Minha, pa
ra a erecção de Casas de madeiras, Barracas, ou quaesquer outros se
melhantes Edificios, nos sobreditos lugares publicos; como tambem to
dos os arrendamentos, e contratos celebrados verbalmente, ou por escri
to sobre os alugueres, habitação, ou translação dos sobreditos Edificios;
para que por taes licenças, ou contratos dellas emanados, se não possa
fazer Obra alguma em Juizo, ou fóra delle: Ordenando, que os Proprie
tarios, e Inquilinos dos referidos Edificios sejão obrigados a evacuar del
les os ditos Terrenos publicos, e alheios até o ultimo dia do mez de De
zembro proximo futuro: E que não o fazendo assim até o referido dia se
fação as demolições, e evaçuações dos materiaes que dellas resultarem
(à custa das pessoas a quem pertencerem os mesmos Edificios) pelos
Ministros Inspectores dos Bairros verbalmente de plano, e sem figura de
Juizo, na conformidade dos Editaes de trinta de Dezembro de mil sete
centos cincoenta e cinco; dez de Fevereiro de mil setecentos cincoenta e
seis; e dos Avisos expedidos para a demolição das Casas, e Barracas, que
se havião levantado nas Marinhas da Boa-Vista, e da Ribeira da mesma Ci
dade de Lisboa. Por hum efeito da Minha exuberantissima Clemencia per
mitto que os Donos dos sobreditos Edificios possão perceber os alugueres
delles até o referido dia ultimo de Dezembro proximo futuro, não obstante
a nulidade dos contratos por elles feitos, a qual ficará sempre em seu
vigor para surtir daquelle dia em diante todos os seus referidos efeitos.
E para que as referidas Praças possão servir ao uso público, a que são
destinadas: Hei por bem que nellas determine o Senado da Camara lu
gares para a venda dos comestiveis, que a ellas costumão vir, assim do
mar, como da terra, com tanto que nellas senão edifique Casa alguma
de madeira, frontal, ou outra materia, que seja fixa, ou estavel; mas
sim, e tão sómente Cabanas amoviveis, e volantes, que com qualquer
nova Ordem se possão levantar, e mudar para onde não embaracem as
obras publicas, e particulares, que tenho determinado nas referidas Pra
ças: Regulando o mesmo Senado as pensões, que dos ditos lugares se
houverem de pagar, pelas que antes se pagavão dos semelhantes lugares
do Rocio, e Ribeira: Dando a cada hum dos sobreditos lugares deter
minada, e impreterivel medida, que os iguale a todos: Guardando no
estabelecimento das mesmas pensões huma inteira igualdade de sorte, que
hum não pague mais do que o outro: Procedendo-se logo ás ditas medi
ções, e arbitramentos livre, e gratuitamente sem o menor emolumento,
em huma materia do Meu Real Serviço, e do Bem commum dos Meus
Vassallos: E consultando-Me, o que se arbitar sobre as referidas pen
sões, e medidas dos lugares de venda, para Eu resolver o que for Servi
do, e Me parecer mais conforme á utilidade pública. -

O Arcebispo Regedor da Casa da Supplicação, a quem por es


te concedo toda a ampla jurisdicção, e inspecção conteúdas nas Minhas
Reaes Ordens insertas nas providencias sobre o referido Terremoto, o
tenha assim entendido, e faça executar pelo que lhe pertence, sem em
bargo de quaesquer Leis, Disposições, Ordens, ou intelligencias em
752 1760
contrario: Mandando afixar este por Edital, para que chegue á neticia
de todos. Mafra a 8 de Outubro de 1760. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
Publicado em Edital do Regedor de 14 deste mez; e
impresso avulso.

E U ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará com força de Lei vi
rem, que havendo sido da Minha Real Intenção, que as disposições, e pe
mas prescriptas, e declaradas nos Paragrafos sexto e setimo dos Estatutos
da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, para se sentem
ciarem, e castigarem os descaminhos das fazendas, e os contrabandos, fos
sem igualmente observadas, e executadas, assim nestes Reinos, como
em todos os Meus Dominios Ultramarinos: Me foi representado pela mes
ma Junta, que nas Provedorias da Fazenda Real do Brazil, se senten
ceião os referidos delictos, pelo modo, e com as penas sómente, que se
achavão determinadas antes da publicação dos sobreditos Estatutos, re
sultando desta desigualdade, que os Réos de hum mesmo crime sejão
mais favorecidos, ou menos castigados no Brazil, que no Reino; porque
perdendo sómente a fazenda aprehendida, ou sendo-lhes imposta a pena
do tresdobro nos casos, em que ella se incorre, não ficão inhabilitados
para servirem oficios de Justiça, ou de Fazenda, e para mais negocia
rem por si, ou por interposta pessoa, nem contra os mesmos Réos tem
a Minha Real Fazenda a sua intenção fundada, como, para arrancar as
raizes de tão prejudicial declito, foi por Mim determinado nos mesmos
Estatutos. E porque a Minha Real Providencia, á qual tem recorrido a
mesma Junta por parte dos communs interesses do Commercio, não deve
permittir, que se continue o abuso, com que até agora se tem procedido
em tão importante materia: Sou Servido, em confirmação, e declaração
dos referidos Estatutos, e de todas as Leis, e Foraes, até agora pro
mulgados a este mesmo respeito, ordenar o seguinte.
A Disposição do Capitulo dezesete, Paragrafo quinto dos Esta
tutos da Junta do Commercio, que concede a jurisdicção privativa ao De
sembargador Conservador geral da mesma Junta para se sentenciar os
delictos dos descaminhos dos Meus Reaes Direitos, e dos Contrabandos,
promovendo nas mesmas causas o Desembargador Procurador Fiscal, se
deve entender comprehensiva de todos, e quaesquer descaminhos, e con
trabandos, apprehendidos, ou denuneiados, não só em Lisboa, e seu
Termo, como por afectada, ou indisculpavel ignorancia, se tem algumas
vezes entendido, mas tambem em todas, e quaesquer jurisdicções deste
Reino; com a distincção sómente, de que o processo verbal, que con
siste no Auto da Tomadia, e da Denúncia, será ordenado em Lisboa pelo
Desembargador Conservador geral, excepto o caso de serem as apprehen
sões, ou Denúncias feitas pelos Officiaes da Alfandega, como se determi
na no referido Paragrafo; e em todas as mais Cidades, e Villas, ou Luga
res do Reino, serão os sobreditos processos ordenados pelos Ministros de
Letras do lugar mais visinho, e remetidos com as fazendas, e os Réos
aº referido Desembargador Conservador geral da Junta, para serem sen
tenciados na fórma ordenada pelos Estatutos da mesma Junta, de cujo
I76O 753

respectivo cofre, serão pagas todas as despezas, que se houverem feito


com as referidas remessas, como tambem os terços aos Denunciantes.
E porque se não poderia observar a Disposição do referido Para
grafo, pelo que pertence ás denúncias, e apprehenções feitas nos Meus
Dominios Ultramarinos : Sou Servido , que nas Provedorias da Minha
Real Fazenda, ou em falta, perante os Ministros de Letras do lugar
mais visinho sejão dadas, e recebidas as denúncias destes delictos, e nas
mesmas Provedorías, ou Auditorios, se formem os processos verbaes as
sima referidos, os quaes serão remettidos ao Desembargador Ouvidor ge
ral do Crime do respectivo destricto para que, como Juiz privativo, os
sentenceie em Relação com dous Adjuntos, procedendo em tudo na fór
ma ordenada nos Paragrafos sexto, e setimo dos referidos Estatutos, as
sim a respeito dos Réos, como das Fazendas: Bem entendido, que só
mente devem ser queimadas as que forem de contrabando, quaes são
as que pelas Minhas Leis, e Pragmaticas estão prohibidas na sua entra
da, e não as que sendo admittidas a despacho se achão descaminhadas,
como declarando os mesmos Estatutos, Fui Servido determinar por Al
vará de vinte e seis de Outubro de mil setecentos cincoenta e sete; e
que as fazendas de contrabando extrahidas dos Navios Estrangeiros, a
que nos sobreditos Meus Dominios Ultramarinos se houver concedido a
hospitalidade, não devem ser queimadas, mas remettidas ao Juiz Con
servador geral do Commercio, não obstante o que foi ordenado por Re
solução de cinco de Outubro de mil setecentos e quinze.
As fazendas apprehendidas serão em todos os casos entregues na
Provedoria respectiva, a cujo cargo ficará a diligencia de mandar quei
mar na Praça do Commercio as que forem assim sentenciadas; e nas mes
mas Provedorías se estabelecerão cofres com tres chaves diversas, nos .
quaes se arrecadem os productos das tom adias, que não houverem de ser
queimadas, como tambem os dobros, e tresdobros das mesmas tomadias
as quaes hão de ser arrematadas com assistencia do Provedor, e do seu
Escrivão, sem prejuizo dos seus emolumentos; e em todos os annos ao
tempo da partida da respectiva Frota, se farão exames nos mesmos co
fres, dando-Me os Provedores conta pela Junta do Commercio destes Rei
nos, e seus Dominios das importancias, que nelles entrarão, e de como
forão despendidas, ou do que se acha em deposito, para Eu determinar
o que for Servido. •

Deste cofre se pagarão as despezas necessarias, e tambem as ex


traordinarias, que se mandarem fazer para o fim de evitar os contraban
dos; e se pagarão os terços aos Denunciantes, os quaes sempre devem
ser remunerados com o referido prémio, ainda que as fazendas denuncia
das, e apprehendidas hajão de ser queimadas, ou remettidas para este
Reino; a cujo fim se fará avaliação de todas as tomadias, ou as fazendas
sejão de descaminho, no qual caso a avaliação fica servindo de governo
para as arrematações, ou sejão de contrabando, para se vir no conheci
mento do terço, que pertence aos Denuciantes, como tambem foi por
Mim declarado no referido Alvará de vinte e seis de Outubro de mil se
tecentos cincoenta e sete. - • -

E por quanto Me foi presente, que nos casos,, em que os Réos


destes delictos, sendo condemnados em penas pecuniarias, se achão des
1ituidos dos meios para as satisfazerem, não ha determinação de outra
alguma pena, em que sejão commutadas as que lhe estão impostas: Sou
outro sim Servido, que na mesma sentença condemnatoria se declare,
que passados seis mezes depois da Paulº…? da sentença, e não estan
CCCC
754 1760

do paga a condemnação, sejão os Réos degradados por tempo determi


nado, e para estes, ou aquelles lugares, a arbitrio do Desembargador
Conservador geral, e dos Ministros Adjunctos em Lisboa, e do Desem
bargador Ouvidor geral do Crime , e Ministros Adjuntos na America;
regulando assim os tempos, como os lugares para os degredos, conforme
a maior, ou menor gravidade do crime.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Regedor da
Casa da Supplicação, Conselho da Minha Real Fazenda, e do Ultramar,
Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Camara, Junta do Commer
cio destes Reinos, e seus Dominios, Vice-Rei do Estado do Brazil, Go
vernador, e Capitães Generaes, Desembargadores, Corregedores, Jui
zes, Justiças, e Pessoas de Meus Reinos, e Senhorios, a quem o conhe
cimento deste pertencer, que assim o cumpräo, e guardem, e fação in
teiramente cumprir, e guardar, como nelle se contém, sem embargo
de quaesquer Leis, ou costumes em contrario: que todos, e todas Hei
por derogadas, como se de cada huma, e de cada hum delles fizesse ex
pressa e individual menção: Valendo este Alvará como Carta passada
pela Chancellaria, ainda que por ella não tenha passado; e que o seu
efeito haja de durar mais de hum anno, sem embargo das Ordenações
do livro segundo, titulo trinta e nove, e quarenta em contrario. Regis
tando-se em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis,
e mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda aos 15 de Outubro de 1760. = Com a Assigna
tura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no li


vro das Leis a fol. 143., e impr. avulso.

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{

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que havendo-Me
sido presentes por Consultas do Conselho da Fazenda, e outros Tribu
naes, os inconvenientes, que a experiencia tem mostrado na prática da
cobrança dos dez por cento, estabelecidos a favor dos Juizes Executo
res, e mais Oficiaes da Arrecadação da Minha Real Fazenda para se
rem deduzidos de todas as dívidas, que por execução viva se cobrassem
dos devedores morosos; tendo-se conhecido, que aquelle meio, além de
oneroso, não tem produzido o efeito, a que foi ordenado: Hei por bem
reduzir os ditos emolumentos a cinco por cento sómente, pagos á custa
dos sobreditos devedores morosos, que o forem da data deste em diante,
além de hum por cento, que da mesma sorte deve pertencer aos Solici
tadores dos Feitos da mesma Fazenda: Para que de todas as quantias,
que por execução viva se cobrarem, paguem os devedores delas mais
seis por cento em compensação, e pena da injusta retensão, e demora
dos Cabedaes do Meu Erario Régio: Repartindo-se os sobreditos cinco
por cento pelos Juizes Executores, e mais Oficiaes das Executorías por
hum justo rateio: E pertencendo sempre o referido hum por cento aos
Solicitadores dellas. Antes de se lhe contarem os referidos emolumentos,
serão os Autos continuados aos Procuradores Fiscaes das respectivas re
partições da Minha Real Fazenda, para que pelos termos delles exami
nem se os sobreditos Executores, os seus Oficiaes, tiverão negligencia
1760 755

em despachar, ou promover as ditas Execuções; e para que, declarando


por despachos seus, proferidos nos mesmos Autos, que se achão corren
tes, se possão contar os referidos emolumentos. Porém no caso de acha
rem os mesmos Procuradores Régios algum , ou alguns dos sobreditos
Executores, ou os seus Oficiaes, em negligencia, mora, ou culpa, ao
dito respeito, declararão nos mesmos Autos as culpas, em que acharem
aquelles, que houverem delinquido ao dito respeito por omissão, ou co
missão; não só para lhe não ser contado algum emolumento, e para ac
crescer a parte a elles pertencente a favor dos outros Oficiaes, que hou
verem cumprido as suas obrigações; mas tambem para que, extrahindo
se logo as referidas culpas dos Autos, onde se acharem, sejão remettidas
ao Juizo dos Feitos da Minha Coroa, e Fazenda, para nelle se senten
ciarem, como direito for por qualquer dos Juizes delles, com os Adjun
tos, que lhe nomear o Regedor da Casa da Supplicação , ou quem seu
cargo servir. Pelo que respeita aos devedores preteritos , e presentes,
não terão lugar as referidas Disposições antes de serem , como devem
ser, logo notificados para pagarem no termo de seis mezes (contínuos,
successivos, e contados do dia da notificação) aquelles, que se acharem
já processados, sob pena de se dar em culpa, para por ella se proceder
na sobredita fórma, aos Escrivães, que não fizerem as referidas notifica
ções, no termo de dez dias tambem contínuos, successivos, e contados
da publicação deste: e só dopois de serem findos os referidos seis mezes
de espaço, se contarão os ditos seis por cento aos Executores, e seus
Oficiaes a respeito das dívidas , que se achão ajuizadas na sobredita
fórma. •

E este se cumprirá, como nelle se contém, sem dúvida, ou em


bargo algum, para em tudo ter a sua devida execução, não obstantes
quaesquer Disposições de Direito Commum, ou deste Reino, que Hei
por derogados.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselho da
Fazenda, Arcebispo Regedor da Casa da Supplicação, ou quem seu car
go servir, Meza da Consciencia, e Ordens, Conselho Ultramarino, Go
vernador da Relação, e Casa do Porto, ou quem seu cargo servir ; e a
todos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, e Justiças de
Meus Reinos, e Senhorios, cumprão, e guardem este Meu Alvará, e o
fação inteiramente cumprir, e guardar, como nelle se contém; e ao Dou
tor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller Mór
destes Reinos, ordeno o faça publicar na Chancellaria, e delle enviar
os Exemplares a todos os Tribunaes, Ministros, e Pessoas, que o devem
executar; registando-se nos Livros do Desembargo do Paço , do Conse
lho da Fazenda, da Meza da Consciencia, e Ordens, do Conselho Ultra
marino, da Casa da Supplicação, e da Relação, e Casa do Porto, e nas
mais partes, onde se costumão registar semelhantes Alvarás, e lançan
do-se este proprio na Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Se
nhora da Ajuda aos 18 do mez de Outubro de 1760. = Com a Assigna
tura de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, no Livro I do Registo das Cartas, Alvarás, e
Patentes a fol. 81 vers., e impr. avulso.

Ccccc 2
756 176o
\

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E LREI MEU SENHOR Manda entregar os Terrenos, que antes exis


tião na Praça do Rocio, os quaes todos se achão actualmente incluidos
no lado do Occidente, e no do Sul da mesma Praça, que fica com a
mesma denominação: Juntamente todos aquelles Terrenos, que antes
se achavão no lado do Norte da Praça do Terreiro do Paço, cujo domi
nio pertencia a hum só dono, os quaes ficão accommodados no extremo
Meridional, de hum, e outro lado, da Rua denominada Bella da Rai
nha, que discorre do lado Septemtrional da Praça do Commercio, até
aonde antes se chamava Bitesga: Para que os interessados nos mesmos
Terrenos possão dar principio á reedificação das propriedades, que nel
les perderão, conformando-se com as disposições da Lei de 12 de Maio
de 1758., Instrucções, e Decreto de 12 de Junho do mesmo anno, e com
as mais Ordens emanadas da Paternal, e inexhaurivel Providencia do
mesmo SENHOR em beneficio commum dos seus Vassallos: Adjudicando
se a cada huma das pessoas, que tinhão casas nas referidas Praças. Jun
queira 28 de Outubro de 1760. = D. João Arcebispo Regedor.
Impresso avulso. *
/

% #*Cº#=…}} •

Em 4 de Novembro de 1760, em Lisboa, na Casa da Supplicação,


e na presença do Ekcellentissimo e Reverendissimo Senhor Dom João
de Nossa Senhora da Porta, Arcebispo d'Evora, do Conselho de Estado,
e Regedor das Justiças, veio em dúvida, se os Desembargadores Ex
travagantes, que se achão, ou acharem ausentes desta Casa da Suppli
cação, não sendo occupados no Real Serviço de Sua Magestade, havião
vencer as braçagens igualmente com os que se achão presentes. E assen
tou-se por todos os Desembargadores de Aggravos abaixo assignados, que
os Desembargadores Extravagantes ausentes por causa voluntaria não
venção braçagens em todo o tempo da ausencia, por se deverem sómente
aos interessantes por exercicio pessoal, em que não podem entrar os que
voluntariamente se ausentão: E pelo que respeita aos ausentes por cau
sa de molestias, que possão vencer as mesmas braçagens, em quanto
lhes durar a molestia, que lhes dá legitimo impedimento, para serem res
tituidos ao exercicio da dita Casa; o que não terá lugar, quando a mo
lestia for superveniente, e a ausencia tiver principio em causa volunta
ria. E quanto ás braçagens, que se vencem nos dous mezes das Férias,
que as devem vºncer, tanto os interessantes como os ausentes nas refe
ridas Férias; por ser este o Estillo da Casa, e lhes ser permittida a au
sencia no referido tempo por Edital do Senhor Regedor: E por não vir
mais em dúvida, se fez este Assento, que assignarão com o ditto Se
nhor Regedor. = Arcebispo Regedor. = Mendes. =Doutor Bermudes. =
Castro. =Boroa. = Silva Freire. =Doutor Sequeira=Leite. = Carva
lho, = Moura. = Franco. =Mesquita.
Regist, no Livro 2.° da Supplicação a fol. 94., e na
Collecção dos Assentos a fol. 363.
176O 757

H avendo mandado considerar, e calcular com todo o exame, madure


za, e exactidão, as distribuições mais commodas, que se podião fazer
das Ruas que se achão abertas na Cidade de Lisboa; de sorte que os
Proprietarios dos Terrenos, que nellas estão sitos, podessem reedificar
mais utilmente as suas propriedades, sobre a certeza dos usos a que são
destinadas; e que os Commerciantes, e os Artifices se arruassem de mo
do que, não obstante se darem aos primeiros os arruamentos mais esti
maveis, e proximos ás Alfandegas, como sempre tiverão, se houvesse ao
mesmo tempo respeito aos segundos; contemplando-se juntamente, além
da commodidade dos compradores, que entrão, e sahem pelo Téjo, aquel
las especies de oficios que menos podessem deturpar o prospecto de hu
ma tão nobre entrada da Minha Corte, como he a que jaz entre as Pra
ças do Commercio, e a do Rocio; sem que com tudo deixasse de se at
tender, a que se faltaria ao commodo dos mesmos Habitantes de tantas,
e tão dilatadas Ruas, se em todo o districto dellas se não estabeleces
sem vendas dos quotidianos misteres: E reservando a distribuição das
outras lojas daquelles oficios, que devem ter arruamentos, e agora não
poderão caber nas Ruas, que se achão abertas, para os determinar nas
que tenho mandado alinhar, e abrir immediatamente, para complemen
to do Plano da parte baixa da referida Cidade: Sou Servido , pelo que
pertence ao sobredito Terreno sito entre as Praças do Rocio, e do Com
mercio, e ás Ruas que nelle se achão alinhadas, e desempedidas, Orde
mar que os arruamentos sejão logo, e fiquem estabelecidos, na conformi
dade do Plano, que será com este assignado pelo Conde de Oeiras. O
Arcebispo Regedor da Casa da Supplicação o tenha assim entendido, e
faça executar, não obstantes quaesquer Regimentos, Disposições , ou
Ordens em contrario, que todos, e todas Hei por derogadas para estes
efeitos sómente. E mandando passar aos respectivos Inspectores as or
dens necessarias, faça afixar por Editaes o presente Decreto, para que
chegue á noticia de todos, o que por elle tenho estabelecido. Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda a 5 de Novembro de 1760. = Com a Rubríca
de Sua Magestade.

Plano, e distribuição das Ruas, qne estão abertas no Terreno, que jaz
entre as Praças do Commercio, e do Rocio mandado estabelecer pelo
Decreto de Sua Magestade, expedido a 5 do corrente mez de Novem
vro de 1760.

RUA NO V A D E EL R E I.

Nella se devem arruar os Mercadores da classe da Capella, appli


cando-se as lojas, que delles sobejarem para as vendas dos outros Mer
cadores de louça da India, de Chá, e das mais fazendas do seu tráfico.
RUA AUGUST A.

Nella se devem alojar os Mercadores de lã, e seda, applicando


758 1760

se-lhes onde não chegarem as lojas desta Rua, as mais, que necessarias
forem na Rua de Santa Justa, como vai abaixo declarado.
R UA. A U R E A.

Nella se accommodarão os Ourives do ouro, alojando-se nas ac


commodações, que delles sobejarem os Relojoeiros, e Volanteiros.
R.U.A BEL LA DA R A IN H A.

Nella se accommodarão os Ourives da prata, e nas lojas, que del


les sobejarem, se alojarão os Livreiros, que antes vivião na sua visi
ehança.
R U A NOVA DA PR IN C E Z A.

Nella se accommodarão os Mercadores de Lençaria, ou Fancaria;


destinando-se os sobejos della, se os houver, ás lojas de Quincalheria,
além da distribuição, que lhe vai abaixo determinada.
R U A D O S D O U R A D O R E S.

Esta Rua, que he immediata á Rua Bella da Rainha cortando ao


nascente della, se distribuirá para os sobreditos Douradores; para os Ba
tefolhas; e para os Latoeiros de Lima; ficando livres as lojas, que nel
la sobejarem para Tendas, Tavernas, e outros semelhantes misteres.
R U A D O S C O R R I E IR O S.

Esta Rua he a que fica entre a Rua Bella da Rainha, e a Rua


Augusta, e nella terão arruamento os Officios de Corrieiro, de Selleiro,
e de Torneiro.

RUA DOS Q A PATEIROS.


Esta Rua he a que medeia entre a Rua Augusta, e a Rua Au
rea. Em hum lado della se devem arruar os Qapateiros, porque só cos
tumão arruar-se os que servem a Plebe; e outro lado se deve deixar li
vre para os misteres do Povo assima referidos.
RUA DE S. JULIÃO.
Assim se denominará a primeira das seis Travessas, que cortão
as sobreditas Ruas, principiando da banda do nascente, e nella se de
vem accommodar os Algibebes.

RUA DA CONCEIÇÃO.
Assim se denominará a segunda das referidas seis Travessas, e
nella se accommodarão os Mercadores de lojas de retroz.
RUA DE S. Nico LÁo.
Assim se denominará a terceira das ditas Travessas, e nella se
1760 759

accommodarão as lojas de Quincalheria, que couberem, passando as mais


para a Rua seguinte.
RUA DA VICTORIA.

Assim se denominará a quarta das referidas Travessas; e nella se


accommodarão as lojas, que restarem dos referidos Mercadores de Quin
calheria. As*

RUA DA ASSUMPÇA O.

Assim se denominará a quinta das sobreditas Travessas, e nella


se arruarão os Cerigueiros assim de chapeos, como de agulha.
RUA DE SANTA JUSTA.
• Assim se denominará a sexta, e ultima das referidas Travessas,
e nella se alojarão os Mercadores de lã, e seda, que não tiverem bastanté
accommodação na Rua Augusta. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a
6 de Novembro de 1760. = Conde de Oeiras.

Publicado em Edita do Arcebispo Regedor de 15 de


Novembro, e impr. na O/ficina de Miguel Rodri
gues.

$ **<>"#-- {

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que, tendo com
sideração a Me haver sido representado por parte da Meza do Bem Com
mum dos Mercadores das cinco classes, em que se acha dividido o Com
mercio, que se faz por miudo na Cidade de Lisboa, haver mostrado a
experiencia, que as Minhas Reaes Providencias, dadas no Capitulo se
gundo dos Estatutos dos mesmos Mercadores, e nas mais Leis, e De
terminações, que tenho ordenado a consolidar o crédito dos mesmos Mer
cadores, e evitar as quebras, e contrabandos tão prejudiciaes ao mesmo
crédito, e giro do Commercio, se achavão fraudados por diferentes Cai
xeiros desencaminhados das casas dos seus respectivos Patrões, e por ou
tras pessoas, que fingindo os cabedaes proprios, que não tem, conse
guem Alvarás para abrirem lojas, e as abrem efectivamente para ven
derem fazendas alheas, ou fiadas; sem conhecimento do seu verdadeiro
valor, e sem fundo de cabedal para responderem ao pagamento dellas nos
seus devidos tempos; donde vem a seguir-se os gravissimos inconvenien
tes de barateamentos prejudiciaes ao commum do Commercio, e de que
bras nocivas ao crédito dos homens bons das referidas Classes: E tendo
attenção a se haverem verificado na Minha Real Presença as referidas
fraudes, e os sobreditos inconvenientes, que dellas resultão, por Con
sulta da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, e por ou
tros pareceres de Ministros prudentes, e experimentados, que houve por
bem ouvir sobre essa materia: Ordeno, que da publicação deste em
diante as penas estabelecidas nos Estatutos da Meza do Bem Commum
dos referidos Mercadores contra os que tem duas, ou mais lojas, ou ven
dem por miudo, se imponhão contra todos os Propostos, que tiverem
760 1760
menos de ametade de todos os lucros nas vendas da loja, onde fizerem
as vendas; sendo além disto de nenhum vigor, e efeito, não só os Con
tratos, pelos quaes se lhes derem a crédito as fazendas, que houverem
de vender de outra sorte; mas tambem qualquer Escrito, ou Convenção
particular, que for dirigida a diminuir a referida meia parte de todos os
lucros respectivos em qualquer sociedade, para a qual entre socio Mer
cador com a sua assistencia na loja, que for aberta em seu nome; sem
que taes Contratos, ou Escritos, e Convenções particulares possão pro
duzir algum efeito, ou prestar algum impedimento em Juizo, ou fóra
delle: Antes aquelles, que os houverem feito, ficarão cumulativamente
condemnados de mais na outra pena de inhabilidade para mais não abri
rem loja de alguma das referidas cinco Classes nestes Reinos, e todos
os seus Dominios: Registando-se na Junta do Commercio, e na Meza
do Bem Commum as Sentenças contra elles proferidas, para a todo o
tempo constar a inhabilidade, em que forem incursos.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço, Regedor da Casa da Supplicação; Védores de Minha Real Fazen
da, Presidentes do Conselho Ultramarino, da Meza Consciencia, e Or
dens; e do Senado da Camara; Chanceller da Relação, e Casa do Por
to, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desembarga
dores, Corregedores, Juizes, Justiças, e Officiaes dellas, a quem o Co
nhecimento deste pertencer, o cumpräo, e guardem, e fação cumprir,
e guardar, tão inteiramente como nelle se contém, sem embargo de
quaesquer Leis, Alvarás, Regimentos, Decretos, ou Resoluções em
contrario, que Hei por bem derogar para este efeito sómente, ficando
aliàs sempre em seu vigor. E para que venha á noticia de todos: Mando
ao Desembargador do #º Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Con
selho, e Chanceller Mór do Reino, que a faça publicar na Chancella
ria, enviar Cópias impressas sob Meu Sello, e seu signal, a todos os
Tribunaes, Ministros, e mais Pessoas, que o devem executar: Regis
tando-se em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes
Leis, e mandando o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio
de Nossa Senhora da Ajuda a 15 de Novembro de 176o. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro.
Regis. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no Livro III, do Registo das Consultas da Junta do
Commercio destes Reinos, e seus Dominios a fol.
62. vers., e impresso avulso.

# #…»*--*

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que o Provedor,
e mais Irmãos da Irmandade de Santa Cecilia dos Cantores desta Cor
te, de que sou Protector, Me representárão por sua petição o decadente
estado a que se acha reduzida a dita Irmandade, e os Professores da Ar
te da Musica tão necessaria para o culto Divino, em razão de se intro
metterem a exercitar nas Festas muitas Pessoas, que não são Professo
res da Musica, nem sabem cousa alguma della: Recorrendo á Minha
Real Protecção para obviar os ditos inconvenientes: E attendendo ao seu
justo requerimento: Ordeno, que nenhuma Pessoa possa exercitar por
I760 • 76 |

qualquer estipendio, por modico que seja, ou se pague em dinheiro, ou


em generos, ou ainda a titulo de presente, a referida Arte da Musica,
sem ser Professor della, e Irmão da dita Confraria, sob pena de doze
mil réis por cada vez pagos da cadeia, ametade para o Hospital Real de
todos os Santos, e a outra ametade para as despezas da Meza da mesma
Irmandade. , , , , - , ," " . . ……. "

E este se cumprirá muito inteiramente, como nelle se contém,


como se fôra Carta feita em Meu Nome, e passada pela Chancellaria, ain
da que por ella não haja de passar, e que o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, sem embargo da Ordenação Livro segundo, Titulos trin
ta e nove e quarenta em contrario. Dado no Palacio de Nossa Senhora
da
e a Ajuda a 15 de Novembro de 1760. = Com a Assignatura de ElRei,
do Ministro. • |-

Regist na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Lvro I. das Cartas, Alvarás, e Palentes a fol. .
… : 83,, e impr. avulso... - -

*{ *<>"# #
,, ,, , … • * .* * **
* * *

-
* . * . * * -

* -* . * *

A os 20 dias do mez de Novembro de 1760, nesta Cidade do Porto,


e Casa, que serve de Relação, presidindo o Senhor Francisco José da
Serra Crasbeck de Carvalho, Chanceller, que serve de Governador, em
Meza grande, perante todos os Ministros abaixo assignados, forão pro
postos os Autos de requerimentos do Medico André Alvares Carneiro, e
Domingos de Freitas Mendes, sobre os salarios, que devião levar pelos
exames dos livramentos dos culpados, por haverem procedido varios ar
bitrios proferidos por Acordãos desta Relação, pelos quaes tambem
se havia determinado, que os Escrivães do Crime desta Cidade fos
sem notificados, para que não fizessem conclusos Autos alguns de li
Vramento, sem os exames necessarios nos casos, em que a Lei os requer,
nem se admittirem outros peritos, que não fossem os do partido da mes
ma Relação, havendo tambem requerimento posterior junto aos mesmos
Autos de parte, que impugnava assim o excesso dos salarios arbitrados
com a simultanea concorrencia de Medico, e Cirurgião para qualquer
caso de ferimento simples, por se multiplicarem, salarios, e custas aos
culpados, de que se seguia grande prejuizo ao público, nem se confir
mar este Estilo com o da Corte, e Cidade de Lisboa, aonde se observa
assistir sómente hum Cirurgião nos casos de feridas leves, e não mor
taes, para se fazerem os exames; e sómente he convocado Medico, quan
do ao Julgador parece indispensavel a sua assistencia pela qualidade, e
gravidade do caso, sem que em contrario podessem dar direito aos Sup
plicantes Medico, e Cirurgião os Acordãos, em que se fundavão pela
prática, que em contrario se observava assim na dita Corte de Lisboa,
como em todo o Reino: o que sendo tudo assim proposto, e ponderado,
mandou o dito Senhor Chanceller Governador, que todos os Desembar
gadores, que presentes estavão, votassem sobre esta materia, e por to
dos foi assentado, que quando os feridos não estivessem prezos, se de
via sempre fazer o exame em casa do Ministro Juiz da causa, ou fosse
Corregedor do Crime da Corte, ou o Doutor Juiz de Fóra do Crime; e
e sendo o caso de ferimento leve, em que # ditos Ministros parecesse
dddd
762 1760

se poderia supprir com hum só Cirurgião, chámarião para o dito exame


a qualquer, que tem o partido desta Relação, que estivesse mais prompto,
para com o Escrivão dos Autos se expedir; porém sendo o caso tal, que
pela gravidade das feridas, ou por outra circunstancia, parecesse ne
cessario aos ditos Juizes chamar dous Cirurgiões, ou hum delles com as
sistencia de Medico, então ficaria a seu arbitrio o mandar chamar o Me
dico do mesmo Partido por dever sempre preferir, na fórma do antigo
costume; levando este pela assistencia deste acto salario dobrado, pela
graduação da sua gravidade, que arbitrarão na quantidade de quatrocen
tos e oitenta, e o Cirurgião pelo mesmo acto em qualquer dos Juizos a
quantia de duzentos e quarenta, sem embargo do que se achava decidi
do por Acordãos antecedentes, que por serem proferidos sem contradi
ctor, nem podião produzir efeito inalteravel, nem tambem ser atten
dido qualquer Estilo anterior, por se mostrar vário, e não uniforme: de
que tudo mandou o dito Senhor Chanceller Governador fazer este As
sento. Porto, era, ut supra. = Como Governador, Crasbeck. = Leite.
= Cardoso. = Ferreira. = Vieira = Moniz. = Sá Lopes. = Gama.
= Abreu. = Sequeira. = Doutor Dias. = Camello e Sá. = Azevedo.
= Salter.

Regist. no Livro dos Assentos da Relação do Porto fol.


116. vers., e na Collecção dos Assentos a fol. 364.

+-+vor, é-+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que considerando, que depois de haver estabelecido a regularidade, e
a boa fé do Commercio dos Vinhos do Alto Douro, assim na pureza del
les, como na commodidade dos seus preços; mostrou a experiencia, que
os Lavradores do mesmo genero não tinhão no consumo ordinario das
Tavernas toda a necessaria sahida para os Vinhos inferiores, que ficão
redundando nas Adegas por não poderem gastar-se: Tendo attenção ao
que o dito respeito Me foi #*#*# não só por parte dos mesmos
Lavradores do Douro, mas pelos das Tres Provincias da Beira, Minho,
e Traz dos Montes, e até pelos Negociantes da Cidade do Porto, e por
outras pessoas zelosas do Bem Commum: Attendendo ao mesmo tem
á grande necessidade que ha nos Meus Reinos, e Dominios de nelles
segurar para o seu consumo o necessario provimento de Aguas ardentes
de boa Lei, e puras: e sendo informado de que depois do Meu Alvará
de dez de Setembro de mil setecentos cincoenta e seis, em que reduzi
ao termo de tres legoas ao redor da Cidade do Porto o districto em que
sómente seria lícito á Companhia, e seus Feitores vender vinho a Ra
mo, se tem continuando, e continúa em commetter algumas das mes
mas fraudes, e abusos, que prohibo no dito Alvará , pela contiguidade
de alguns lugares visinhos ao dito Terreno, da qual se tem abusado con
tra a Minha sobredita Lei, para por elles se fraudar assim o Genero,
como o Privilegio exclusivo da mesma Companhia: Sou Servido ordenar
a todos os sobreditos respeitos o seguinte.
I. Determino que a Junta da Companhia Geral da Agricultura das
Vinhas do Alto Douro mande logo estabelecer todas as Fabricas de A
guas ardentes, que necessarias forem, naquelles sitios das referidas tres
176O 768
Provincias, que se achar que são mais proprios para as referidas Fabri
C3S.

II. . Para que as mesmas Fabricas possão subsistir sempre em com


mum beneficio, prohibo que Pessoa alguma, de qualquer qualidade, ou
condição que seja, possa nas referidas Provincias fundar, ou ter Fabri
cas de Aguas ardentes, mais que a Junta da referida Companhia, ou
quem seus poderes, ou faculdades tenha: Exceptuando sómente aquel
les Lavradores que tiverem lambiques proprios para nelles queimarem os
Vinhos arruinados, ou borras da sua propria lavra: sob pena de serem
confiscadas (ametade a favor da mesma Companhia, e outra ametade a
favor dos Denunciantes) todas as Aguas ardentes, que forem fabricadas
contra a referida prohibição. *

III. Como em todos os annos não ha a mesma commodidade para se


destillarem Aguas ardentes; não se podendo estas fabricar naquelles em
que a esterilidade dos Vinhos apenas deixa os que são precisos para o
uso das Tavernas; do que resulta subirem muitas vezes as Aguas arden
tes finas ao preço de setenta e cinco, oitenta e dous, noventa e seis, cen
to e doze, e cento e quinze mil réis, e o mesmo á proporção nas Aguas ar
dentes de prova redonda, e outras inferiores de Ramo: Para que os Com
pradores, e os Fabricantes se possão reger sobre principios certos, sem
que estes pertendão tirar das vendas lucros prejudiciaes ao Commer
cio , nem aquelles no barateio das compras deste genero possão ar
ruinar aos Fabricantes: Estabeleço que as Aguas ardentes, que se fa
bricarem, se reduzão todas ás tres qualidades: A Primeira será daquel
las Aguas ardentes mais finas, a que chamão de Prova de Azeite, ou de
Escada: A Segunda das que são de Prova redonda: A Terceira das que
são totalmente inferiores, e só servem para se venderem a Ramo em Ta
vernas. As Aguas ardentes da primeira qualidade nunca se venderão por
maior preço, que o de oitenta e sete mil réis cada pipa; As da segun
da qualidade não excederão o preço de sessenta e cinco mil réis: E as
da terceira o de quarenta e sete mil réis: Podendo os Vendedores di
minuir destes preços o que lhes parecer conveniente em beneficio do con
sumo deste genero, e do proprio interesse.
IV. Todas as Aguas ardentes, que se venderem por grosso na Cida
de do Porto, e nas referidas tres Provincias da Beira, Minho, e Traz
dos Montes, serão vendidas pela mesma Companhia, exceptuando só
mente as que os Lavradores fabricarem por sua conta em Lambiques
proprios na fórma assima declarada; todas porém serão remettidas, e
transportadas com Guias pela direcção da Junta, ou seus Feitores, e
Administradores. As Aguas ardentes porém, que se embarcarem para
Lisboa, por conta da Companhia, ou dos Lavradores; e as que se trans
portarem para fóra do Reino, assim pela Junta da Companhia, como pe
los Lavradores, ou outros quaesquer Negociantes; levarão as marcas das
suas diferentes qualidades, que a Junta lhe mandará pôr na mesma fór
ma praticada com os Vinhos, para assim se evitar toda a fraude.
V. Os Vinhos, que se destinarem para serem queimados em Lam
biques, serão sempre comprados á avença das Partes em todos os refe
ridos sitios; sem que a Companhia por si, ou seus Feitores os possa de
nenhuma sorte tomar por preços definidos, ou contra a livre vontade de
seus Donos.
VI. Ampliando a disposição do Paragrafo vinte e oito da Instituição
da referida Companhia: Determino, que as tres legoas, nelle cencedi
das, fiquem da publicação deste em "###" 2
a quatro legoas
764 }760

em circuito da Cidade do Porto, para que dentro nellas se não possa


vender Vinho algum atavernado, senão por conta da referida Companhia
na conformidade do sobredito Paragrafo vinte e oito.
VII. Attendendo a que a fundação, e manutenção das referidas Fá
bricas obrigará necessariamente a Companhia a grandes despezas além
das diminuições, e empates a que são sujeitas as Aguas ardentes, que,
custando tanto mais a fabricar, não tem sahida tão prompta como os
Vinhos: E ampliando a disposição do Paragrafo dez da mesma Compa
nhia: Ordeno que ao capital della já estabelecido de hum milhão, e du
zentos mil cruzados, se accrescente a quantia de mais seiscentos mil cru
zados, com os quaes se poderão novamente interessar quaesquer Pessoas:
Excitando para este fim a observancia da Minha Real Determinação de
vinte e sete de Setembro de mil setecentos e cincoenta e seis.
VIII. Semelhantemente excito a exacta observancia das Leis, Dis
posições, e Ordens, que prohibem a introducção nestes Reinos, e seus
HDominios de Aguas ardentes fabricadas nos Paizes Estrangeiros: Orde
mando que todas as referidas Leis, e Ordens se observem inviolavelmen
te a fim de que nas Alfandegas destes Reinos se não dê entrada a Aguas
ardentes algumas, que não sejão fabricadas nos mesmos Reinos, e Ilhas
adjacentes; e que não sejão dirigidas ás Alfandegas, onde houverem de
dar entrada com as respectivas guias: A saber, vindo pelos Rios Mi
nho, Douro, Vouga, e Mondego, da Companhia Geral dos Vinhos do
Alto Douro: Vindo pelo Téjo, das Camaras dos Lugares donde sahirem,
havendo nellas Juiz de Vara branca; porque não o havendo, virão as mes
mas guias tambem corroboradas pelo Ministro de Vara branca mais visi
nho: E vindo do Algarve, ou Ilhas adjacentes, serão as guias espedi
das nesta mesma conformidade.
* IX. Tendo já prohibido em commum beneficio todas as confeições,
e misturas, que se fazião nos Vinhos incapazes, para serem vendidos
como bons; e havendo nas Aguas ardentes as mesmas, e ainda maiores
confeições, e misturas, adulterando-se com Herva doce, Agua natural,
e diversos ingredientes, com que as pervertem com prejuizo da saude
dos que bebem semelhantes mixtos, e com ruina da reputação do gene •

ro, e Lavradores delle: Semelhantemente prohibo que Pessoa alguma,


de qualquer qualidade, ou condição que seja, possa misturar, ou adul
terar para vender as sobreditas Aguas ardentes, assim nas que forem
vendidas por grosso, como nas que se venderem por miudo, quando fo
"rem vendidas como taes Aguas ardentes, com fraude encuberta: E isto
com pena de perdimento das ditas Aguas ardentes, que serão lançadas por
terra pela primeira vez, e de seis mezes de Cadeia: Pela segunda vez do do
bro: E pelas mais reincidencias, á mesma proporção: Sendo sempre ava
liadas as ditas Aguas ardentes, que assim se verterem, para aquelles,
em cujo poder forem achadas, pagarem de mais cumulativamente huma
"terça parte do valor dellas a favor dos Denunciantes, e outra terça par
te a favor dos Oficiaes, que fizerem as diligencias: Dando-se as denún
cias em segredo, com tanto que depois se verefiquem pela corporal ap
prehensão: A saber, na Cidade de Lisboa ante o Conservador Geral da
Junta do Commercio: Na Cidade do Porto ante o Juiz Conservador da
Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro: Nas outras
terras, onde os houver, ante os Corregedores das Comarcas: E naquel
das, que distarem mais de duas legoas dos sobreditos Corregedores, ante
os Juizes de Vara branca mais visinhos. E para o consumo das Aguas arden
tes adulteradas, que de presente se achão nestes Reinos, concedo o tempo
1760 765

de quatro mezes depois da publicação desta; findo o qual, incorrerão nas


sobreditas penas aquelles, em cujo poder forem achadas. - - -

X." E para que esta necessaria prohibição se observe inviolavelmente


em commum beneficio, cessando as fraudes com que Sou informado que
até agora se illudírão as sobreditas Leis, e Ordens: Estabeleço, que a
Junta da mesma Companhia Geral possa ter em todas as Alfan egas des
tes Reinos os Inspectores, que julgar necessarios para examinar as fa
zendas de Arco que nellas se costumão despachar por Estiva; dando-se
lhes lugares competentes nas mesmas, Alfandegas; e não se despachan
do sem assignatura sua no mesmo Bilhete do Despacho, as referidas fa
zendas; sob pena de suspensão de todas, e quaesquer Pessoas, que ti
verem empregos nas mesmas Alfandegas, até nova mercê Minha, e das
mais penas que reservo a Meu Real arbitrio, sendo as ditas Pessoas da
quellas, que costumão intervir nestes Despachos.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
ço; Regedor da Casa da Supplicação; Védores da Minha Real Fazenda;
Presidente do Conselho Ultramarino; Meza da Consciencia, e Ordens,
e do Senado da Camara; Chanceller da Relação, e Casa do Porto; Jun
ta da Commercio destes Reinos, e seus Dominios; Junta da Companhia
Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, Desembargadores, Cor
regedores, Juizes, e mais Justiças, a quem o conhecimento deste per
tencer; o cumpräo, e guardem, e o fação cumprir, e guardar tão intei
ramente como nelle se contém, sem embargo de quaesquer Leis, Al
varás, Regimentos, Decretos, ou Resoluções em contrario , que Hei
por bem derogar para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu
vigor. E para que venha á noticia de todos: Mando ao Desembargador
do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller
IMór do Reino, que o faça publicar na Chancellaria, e inviar por Cópias
impressas sob Meu sello, e seu signal, a todos os Fabricantes, Minis
tros, e mais Pessoas, que o devem executar: Registando-se em todos os
lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis; e mandando-se o
Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da
Ajuda a 16 de Dezembro de 1760. = Com a Assignatura de ElRei , e
a do Ministro.

Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no, no Livro I. da Companhia Geral da Agricul
tura das Vinhas do Alto Douro, a fol. 211. , e
impr. avulso.

*-*…>…ºk----$

Sendº presente a ElRei meu Senhor, que ainda se achão por entregar
tís Partes interessadas diferentes Terrenos, em que se achão dispostas a
edificar nas ruas novas, que se abrírão entre a Praça do Commercio,
Rocio, Rua nova do Almada, e Rua nova da Princeza; ao mesmo tem
po, em que se achão ha muito promptos os alinhamentos divisorios nas
diferentes Propriedades que se devem fabricar, e tambem expedidos os
prospectos, que devem regular a simetria das mesmas ruas: He o mes
ino Senhor Servido, que os Ministros Inspectores, a quem pertence, de
soccupando-se de toda, e qualquer outra diligencia, passem a fazer im
766 | 7560

mediata, e successivamente a adjudicação dos sobreditos Terrenos aos


seus Proprietarios, ou a quem nelles houver de edificar, na conformida
de da Lei de 12 de Maio de 1753, declarando-lhes, que em casa do Te
nente Coronel Carlos Mardel acharão os prospectos de que necessitarem
para se dirigirem; e tambem que ElRei Meu Senhor tem dado, e dará
as providencias necessarias para se fazerem as cloacas geraes das referi
das ruas, que as necessitarem, e isto a fim de que os donos das Proprie
dades possão mandar fabricar nellas os conductos, por onde devem eva
cuar as superfuidades das casas para as mesmas cloacas.
E para que chegue á noticia de todos, Mando que este seja afi
xado nos lugares públicos de Lisboa. Junqueira a 19 de Dezembro de
1760. = D. João Arcebispo Regedor. •

Impresso avulso.

4=#*Oººm=$

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo a exacta observancia das Leis mercantis, e a boa fé do Com
mercio as duas bazes em que se sustentão a reputação, e o interesse das
Companhias de negocio: E tendo a da Agricultura das Vinhas do Alto
Douro por objecto principal a conservação da Lavoura, sem a qual, mos
trou a experiencia, que não podião subsistir as tres Provincias da Beira,
Minho, e Traz os Montes, para sobre esta certa consideração se faze
rem mais necessarias aquella exacta observancia, e indispensavel boa fé;
de sorte que a respeito dellas não póde haver providencia, e precaução
que não seja justa, e necessaria: Sou Servido que o Juiz Conservador
da mesma Companhia (ou quem seu cargo servir no tempo presente, e
futuro) no mez de Fevereiro de cada hum anno proceda a huma exacta
devaça, que depois de se tirar pela primeira vez ficará sempre aberta:
Inquirindo nella sem limitação de tempo, e sem determinado número de
testemunhas todas as que julgar que são melhor informadas, e necessa
rias forem para constar da verdade dos factos (a qual sómente será atº
tendida nestes casos) contra os transgressores, assim da Instituição da
mesma Companhia, e do Alvará de trinta de Agosto de mil setecentos
e cincoenta e sete; como das mais Leis que até agora estabeleci, e de
futuro se estabelecerem a beneficio da mesma Companhia; e especialmen
te contra os que distrairem para fins particulares os dinheiros communs
que lhes forem entregues para o serviço da mesma Companhia, paga
mentos dos Lavradores; soccorro daquelles, entre elles necessitados, a
quem se adiantão dinheiros para cultivarem as suas Vinhas; fretes, ou
jornaes dos Feitores, Barqueiros, Serventes, ou Homens de trabalho;
e contra os que subornarem os Compradores , e Provadores de Vinhos
para qualificarem com simulação, e ventagem os que forem dos seus pa
rentes, amigos, e patrocinados: Procedendo-se contra os culpados como
forjustiça na sobredita fórma, e sentenciando-se na Relação em huma só ins
tancia pelo sobredito Juiz Conservador com os Adjuntos, que lhe nomear
o Governador da Relação, e Casa do Porto, ou quem seu cargo servir.
Pelo que: Mando ao Presidente da Meza do Desembargo do Pa
co; Regedor da Casa da Supplicação; Védores da Minha Real Fazenda;
Presidente do Conselho Ultramarino; Meza da Consciencia, e Ordens;
e do Senado da Camara; Chanceller da Relação, e Casa do Porto; De
1760 767

sembargadores, Corregedores, Juizes, e mais Justiças, a quem o co


nhecimento deste pertencer, que assim o cumprão, e guardem, e o fa
ção cumprir, e guardar, tão inteiramente como nelle se contém , sem
embargo de quaesquer Leis, Alvarás, Regimentos, Decretos, ou Reso
luções em contrario, que Hei por bem derogar para este efeito sómente,
ficando aliás sempre em seu vigor. E para que venha á noticia de todos:
Mando ao Desembargador do Paço Manoel Gomes de Carvalho, do Meu
Conselho, Chanceller Mór do Reino, que o faça publicar na Chancellaria,
e enviar por Cópias impressas sob Meu Sello, e seu signal, a todos os
Ministros, e mais Pessoas, que o devem executar: Registando-se em
todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis; e man
dando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nos
sa Senhora da Ajuda aos 30 de Dezembro de 1760. = Com a Assigna
tura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no, no livro I. do Registo da Companhia Geral da
Agricultura das Vinhas do Ato Douro, a fol. 115.,
e impr. na Officina de Miguel Rodrigues.
768

–=_>$30ê>|$$$#%$#@_=--

ANNO DE 1761.

S……Me presente, que na Casa da India se achão algumas Fazendas


de Contrabando, que forão julgadas por boa tomadia por Sentença do
Juiz Conservador da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Domi
mios: Sou Servido, que o Conselho da Fazenda ordene ao Provedor da
dita Casa, que sendo-lhe apresentada a Sentença, porque se julgarão
por boa tomadia as referidas Fazendas de Contrabando, as mande logo
entregar ao Solicitador, ou ao Fiel das tomadias da mesma Junta, ten
do ordem della para se lhe fazer esta entrega; e que assim se fique pra
ticando em todas as occasiões semelhantes, sem para isso se necessitar
de novas Resoluções Minhas, ou de outro qualquer despacho. O mesmo
Conselho o tenha assim entendido, e faça executar. Nossa Senhora da
Ajuda a 5 de Janeiro de 1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I a
fol. 168.

+ +"<>"}.…#

Sendº Me presente a grande falta que ha de obras vasadas de esta


nho, latão, e outros metaes, como fivelas, botões, ponteiras, molduras,
e tudo o mais, que pertence á quincalharia nas manufacturas de Pichi
leiro, e Latoeiro de lima, como tambem não haver Artifices Portugue
zes, que fação candieiros de pés de estanho com copos de vidro, em gra
ve prejuizo do Público: Sou Servido permittir, que a todas e quaesquer
pessoas assistentes nesta Corte, ou em qualquer dos Lugares deste Rei
no, que houverem conseguido licença da Junta do Commercio destes
1761 769

Reinos, e seus Dominios, para trabalharem nas referidas obras sejão ex


pedidas pelo Senado da Camara as licenças necessarias, sem que por el
le, ou seus Oficiaes se lhes faça o menor impedimento; e só ficará pro
hibido de trabalhar nas ditas obras áquelles, que não sendo examinados,
depois de haverem dado aos referidos Oficios os annos do costume, se
não mostrarem qualificados pela referida Junta do Commercio na fórma
sobredita. O mesmo Senado da Camara o tenha assim entendido, e faça
executar. Salvaterra de Magos a 9 de Fevereiro de 1761. (1) = Com
a Rubríca de Sua Magestade. •

No Tom.4 do Systema dos Regim, pag. 181.

#=#von}--~~

Sendº-M- presente, que Francisco Antonio do Trimoul havendo feito


Sociedade com Luiz Nicolini, e outras pessoas ausentes em diferentes
Paizes da Europa, por Escritura de 23 de Abril de 1757 debaixo da con
dição expressa, de que logo que algum dos Socios extrahisse da Caixa
commua da Sociedade (além de tres mil cruzados annuaes para seus ali
mentos) quantia que excedesse a quatrocentos e oitenta mil réis , fica
ria a Sociedade pelo mesmo facto revogada, e extincta em qualquer tem
po em que constasse da referida extracção; não só havia desencaminha
do clandestinamente, por ter a Caixa em sua casa, a referida quantia
de 4808 réis; mas sim a maior somma de mais de quarenta contos de
réis, que vierão a constar do balanço da Caixa com os livros da Socie
dade; e isto além de haver o mesmo Francisco Antonio do Trimoul con
trahido por escritos particulares, e letras tambem clandestinas, diversas
outras dívidas sem consentimento, ou noticia de algum dos seus Socios;
e de haver sobre tudo maquinado com Roque Guizelli, e hum seu Guar
da livros, diferentes letras de Cambio falsas, e fabricadas com artificio
sa imitação, e fingimento, não só das firmas dos Passadores, mas tam
bem das de diferentes Acceitantes, que simulou as tinhão endossado;
causando com estas falsidades prejuizos na Praça de Lisboa que serião
nella muito mais consideraveis, e de difficillimo remedio , se a Minha
Real providencia não houvesse, opportunamente, occorrido ao progresso
de huma tão perneciosa prática em commum beneficio de todos os que
na sobredita Praça negoceão com boa fé, debaixo da Minha Protecção:
E tendo consideração aos damnos, e atrocidades destes casos, e aos pre
juizos que delles tem resultado, (e resultarião não havendo sido obvia
dos) aos bons, e verdadeiros Negociantes, que como taes se fazem di
gnos da Minha Real Attenção, devendo achar nella, ainda os ausentes,
a Justiça que não requerem, nem podem requerer: Sou Servido, que o
Doutor Bento de Barros Lima Desembargador dos Aggravos da Casa da
Supplicação, e Conservador geral do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios, pelo que toca á sobredita Sociedade resoluta, e extincta , e
aos bens della, que com arrecadação forão entregues a Luiz Nicollini,
conservando este na Administração delles pela parte que lhe toca, lhe dê
por Adjuntos, pelas outras partes que tocão aos Socios Ausentes, dous
Homens bons da Praça de Lisboa que sejão perítos, e nomeados pela Jun
(1) Vid, o Dec. de 18 de Abril deste anno,
Eeeee
770 1761

ta do Commercio, os quaes tendo cada hum sua chave da Caixa, e igual


disposição no Escriptorio, formem aos Interessados todo o bom conceito
de huma completa segurança, e justa Administração nas vendas dos ef
feitos que devem fazer com todo o zelo de acordo commum, na cobran
ça das Letras, e dívidas activas; e no pagamento das que forem passi
vas; pelos productos das vendas que fizerem dos mesmos efeitos existen
tes, e dívidas, e letras que cobrarem, suspendendo-se no entretanto as
execuções, para que sem as delongas, e despezas que trazem comsigo
os meios ordinarios, possa cada hum haver o que seu for por modo bre
ve, e mercantil, livre da segunda aflicção de hum, ou muitos pleitos
depois de hum caso tão insolito, como o referido: Pelo que pertence aos
outros bens proprios, e particulares dos sobreditos Francisco Antonio do
Trimoul, Roque Guizelli, seu Guarda livros, e de quaesquer outras Pes
soas, que venhão a ser comprehendidas nas referidas maldades: Sou Ser
vido outro sim que o mesmo Conservador procedendo a Devaça, e toman
do por principio della todos os papeis que tem havido sobre esta materia
(os quaes deve advocar de qualquer parte onde estiverem) e proceden
do contra os culpados como direito for; tome conta separada pelos mes
mos dous Homens de Negocio nomeados pela Junta; não só dos referidos
bens que já se acharem sequestrados; mas tambem das Mercadorias dos
correspondentes de fóra, para as fazerem entregar a quem pertencerem;
e da cobrança das dívidas, e acções para a prompta satisfação dos cré
dores na sobredita fórma mercantil para maior beneficio, e comodidade
das Partes interessadas. Os sobreditos Homens de Negocio nos casos du
vidosos, recorrerão á sobredita Junta do Commercio, para que com as
sistencia do mesmo Conservador , e Procurador Fiscal lhe dê as Ins
trucções necessarias, assignando-lhes as commissões competentes ao tra
balho que tiverem. Na mesma fórma se determinarão tambem verbal, e
mercantilmente todas as causas pertencentes a este Negocio, e suas de
pendencias pelo mesmo Juiz Conservador na fórma do Meu Alvará de
13 de Novembro de 1756, e da Ordenação nelle incorporada; a fim de
que os productos dos referidos bens, sejão mais promptamente adjudica
dos, ou em todas as quantias das dívidas, ou por justo rateio não che
gando, sem embargo da Lei das preferencias, e de quaesquer outras
Ordenações, e Disposições contrarias que Ordeno que cessem neste ca
so insolito, e nos mais semelhantes. A mesma Junta do Commercio o
tenha assim entendido, e faça executar. Salvaterra de Magos 14 de Fe
vereiro de 1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

* * #*#*<>$=#
+

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que por quanto
Pela Minha Lei dada no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda em tres
de Setembro de mil setecentos cincoenta e nove, e publicada na Chan
cellaria Mór do Reino em tres de Outubro do mesmo anno, declarei os
Regulares da Companhia denominada de JEsus, habitantes nos Meus
Reinos, e todos os seus Dominios, por notorios Rebeldes, Traidores,
Adversarios, e Aggressores, que tinhão sido, e erão ainda então actual
mente contra a Minha Real Pessoa, e Estados, contra a paz pública dos
176.I. 77 |

Meus Reinos, e Dominios, e contra o bem commum dos Meus fiéis Vas
sallos: Ordenando que como taes fossem tidos, havidos, e reputados: Ha
vendo-os desde logo em efeito da mesma Lei por desnaturalisados, pros
criptos, e exterminados: E mandando que efectivamente fossem, como
forão, expulsos de todos Meus Reinos e Dominios para nelles mais não
poderem entrar: E porque pelas sobreditas, desnaturalisação, proscrip
ção, exterminio, e total expulsão dos mesmos Regulares, ficárão vagos
nos Meus Reinos, e Dominios, todos os bens temporaes consistentes em
móveis (não dedicados immediatamente ao Culto Divino) em mercado
rias de com mercio, em fundos de terras, e casas, e em rendas de dinhei
ro, de que os mesmos Regulares tinhão dominio, e posse como livres,
sem serem gravados com os encargos de Capellas, ou algumas outras
Obras pias: E tendo ouvido sobre esta materia muitos Ministros Theolo
gos, e Juristas do Meu Conselho, e Desembargo, muito doutos, e zelo
sos do serviço de Deos, e Meu, com o parecer dos quaes Me conformei:
Sou Servido, que todos os bens da referida natureza, como bens vacan
tes, sejão logo incorporados no Meu Fisco, e Camara Real, e lançados
nos livros dos Proprios da Minha Real Fazenda. E conformando-Metam
bem com os mesmos pareceres: Sou Servido outro sim declarar reverti
dos á Minha Real Coroa todos os outros bens, que della havião sahido
para os sobreditos Regulares proscriptos, e expulsos com os seus Padroa
dos. Pelo que toca aos outros bens por sua natureza Seculares, que se
achão gravados com os encargos de Capellas, suffragios, e semelhantes
Obras pias: Sou Servido outro sim (conformando-Me tambem com os mes
mos pareceres) ordenar, que delles se faça logo huma Relação, em que
distinctamente se declarem os que forem pertencentes á disposição de.
cada hum dos Testadores, ou Doadores com as penções nelles impostas;
para Eu lhes dar Administradores, que conservem os referidos bens, e
bem cumpräo com os encargos delles, de sorte que não pereção por es
1árem vacantes.
E este se cumprirá em tudo, e por tudo como nelle se contém.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Regedor da Casa da
Supplicação, Conselheiros da Minha Real Fazenda, e dos Meus Domi
nios Ultramarinos, Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Cama
ra, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios; Junta do De
posito público; Capitães Generaes , Governadores, Desembargadores,
Corregedores, Juizes, e mais Oficiaes de Justiça, e Guerra a quem o
conhecimento deste pertencer, que o cumpräo, e guardem, e fação cum
prir, e guardar tão inteiramente como nelle se contém, sem dúvida, ou
embargo algum, e não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás,
Doações, Disposições, ou estilos contrarios, que todas, e todos Hei por
derogados, como se delles fizesse individual, e expressa menção , para
este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor. E ao Doutor
Manoel Gomes de Carvalho Desembrargador do Paço, do Meu Conselho,
e Chanceller Mór destes Meus Reinos, Mando que o faça publicar na
Chancellaria, e que delle se remettão cópias a todos os Tribunaes, Ca
beças de Comarcas, e Villas destes Reinos: Registando-se em todos os
lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando-se o
Original para a Torre do Tombo. Dado em Salvaterra de Magos a 25
de Fevereiro de 1761. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist., na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no li.
vro das Leis a fol. 154., e impr. avulso.
Eeeee 2
772 176 |

+--Yºoººk-k

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que pela Junta
do Commercio destes Reinos, e seus Dominios Me representárão alguns
dos Fabricantes de sedas da Cidade do Porto; que havendo estabelecido
os seus Teares em casas alugadas, os inquietavão, e pertendião expul
sar dellas outros alugadores, com o titulo de alguns Privilegios, de que
se lhes seguia muito consideravel prejuizo, obrigando-os a despejar as
casas depois de armada a fabrica das suas Officinas, pedindo-Me lhes con
cedesse a graça do Privilegio da Aposentadoria passiva para todos os Fa
bricantes das mesmas Manufaturas. E sendo o objecto que moveo a Mi
nha Real Grandeza, e Paternal Providencia o augmento destas utilissi
mas Fábricas; em beneficio dos Meus fiéis Vassallos; de que não só de
vem gozar os Fabricantes da Cidade de Lisboa, e seu Termo, aos quaes
pelo Paragrafo decimo dos Estatutos da Real Fabrica das sedas Fui Ser
vido conceder o referido Privilegio; mas tambem os da Cidade do Porto,
e de todas as Provincias: Hei por bem declarar, que todos os Fabrican
tes de sedas, em cujas Oficinas se acharem dous Teares ao menos, se
jão privilegiados com a Aposentadoria passiva para efeito de não serem
expulsos das casas alugadas, em que houverem estabelecido os referidos
Teares. Cujo Privilegio prevalecerá a outro qualquer por mais exuberan
te que seja, menos contra os Proprietarios das casas alugadas, os quaes
jurando que as pedem para seu uso na fórma da Lei , ou mostrando
que se lhes não tem feito os pagamentos devidos, poderão obrigar os Fa
bricantes ao rigoroso despejo, usando dos meios ordinarios, que lhes ficão
permittidos para estes casos sómente. * ** *** * *

Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselho da


Fazenda , Regedor da Casa da Supplicação, Meza da Consciencia, e
Ordens, Conselho Ultramarino, Senado da Camara, Governador da Re
lação, e Casa do Porto; Junta do Cammercio destes Reinos, e seus Do
minios, Corregedores, Provedores, Juizes, e mais Justiças, a quem o
conhecimento deste pertencer, que assim o cumpräo, e guardem, e fação
inteiramente cumprir, e guardar como nelle se contém, sem embargo
de quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás, Disposições, ou Ordens em
contrario, que todos, e todas Hei por derogadas, como se de cada hu
ma, e de cada hum delles fizesse expressa, e individual menção: Valen
do este Alvará como Carta passada pela Chancellaria, ainda que por el
la não tenha passado, e que seu efeito haja de durar mais de hum an
no, sem embargo da Ordenação, Livro segundo, Titulo trinta e nove,
e quarenta em contrario. Registando-se em todos os lugares, onde se cos
tumão registar semelhantes Leis: E mandando-se o Original para a Tor
re do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 3 de Mar
ço de 1761. = Com a Assignatura de Sua Magestade. #

Impresso avulso.
} }-
176 | 773

# *<>"+ #

S……M. presente as controversias, que tem havido entre os Guardas


da Alfandega de Lisboa, e os do porto de Belém; sobre serem conserva
dos os segundos na guarda dos Navios, em quanto estes não subirem de
Marcos para cima, ou estiverem de Marcos abaixo; Sou Servido orde
nar, que os Navios, a que se concederem franquias, fiquem assistidos,
e vigiados pelos Guardas, que lhe forem destinados no porto de Belém;
conservando-se estes, em quanto os mesmos Navios não subirem de Mar
cos para cima; abolindo o contrario costume de se proverem estes Navios
com Guardas de Lisboa, como opposto á disposição da verdadeira intelli
gencia do Capitulo setimo in fine do Foral da Alfandega: Em tudo o mais
Mando se observe porém o costume presentemente praticado na mesma
Alfandega, a respeito de huns, e outros Guardas, para que césse o con
tinuado conflicto das duas Repartições. O Desembargador Conselheiro
da Fazenda, e Administrador da Alfandega, o tenha assim entendido :
e faça executar. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda aos 3 de Março de
1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

# ** Orººk…}} * *

/
DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,
d'aquem e d’além Mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber a todos os que esta Carta virem, que havendo Eu considera
do que da boa, e regular instrucção da Mocidade he sempre tão depen
dente o bem Espiritual, e a felicidade Temporal dos Estados; para a
propagação da Fé, e augmento da Igreja Catholica; epara o serviço dos
Soberanos, e utilidade pública dos Póvos, que vivem debaixo do seu Go
verno; como nestes Reinos testificárão os Gloriosos, e fecundos progressos,
com que por efeitos dos Estudos, e da Companhia, que o memoravel In
fante Dom Henrique estabeleceo, e fundou na Villa de Sagres, e na Cida
de de Lagos, para a Astronomia, Geografia, Navegação, e Commercio
maritimo, se formárão os muitos Sabios, e famozos Varões, que, depois
de haverem dilatado com os seus illustres feitos os Dominios desta Coroa
na Africa Occidental, os achou o Reinado do Senhor Rei Dom Manoel
tão graduados, e tão experimentados; não só naquellas utilissimas disci
plinas; mas tambem na mais sã, e mais sólida Politica Christã, com que
em poucos annos por mares até então desconhecidos descubrírão, e Con
quistárão duas tão grandes porções da Azia, e da America : Havendo
tambem considerado que a Religião, o Zelo, e a Providencia do mesmo
Senhor Rei Dom Manoel, seguidas pelo Senhor Rei Dom João III., co
nhecendo sobre aquellas decisivas experiencias, que os referidos Estudos
se farião mais ferteis quando fossem cultivados em Collegios, nos quaes
a regularidade das horas, e a virtuosa emulação dos Estudantes concor
ressem para elles se adiantarem nas suas profissões com maior brevida
774 176 |

de, forão convocando com a sua Régia munificencia muitos Sabios da


Universidade de Pariz, e de outras da Europa, famosos pelas suas eru
dições; e forão promovendo, e erigindo tão recommendaveis estabeleci
mentos deste genero, como forão os dous Collegios, de São Miguel, e
de todos os Santos, que no anno de mil quinhentos quarenta e sete se
fundárão na Cidade de Coimbra para Fidalgos, e Nobres; o outro sump
tuoso Collegio das Escolas menores das Linguas, e das Artes, que o
mesmo Rei Dom João o III. fundou naquella Cidade com Professores tão
distinctos, como os Principaes André de Gouvea; os dous Irmãos Mar
çal, e Antonio de Sousa, Edmundo Rosset, Vicente Fabricio, Anto
nio Caiado, Pedro Margalho, Ayres Barbosa, André de Resende, Pe
dro Nunes, Diogo de Teive, e outros, que com a instrucção da moci
dade Portugueza derão hum tão grande credito á Nação, e tão grande
lustre á Nobreza, como foi manifesto pelas heroicas acções, e pelos po
lidos Escritos, que naquele seculo derão á luz do Mundo tantos Capi
tães, e tantos Escritores das Familias mais Nobres, e mais recommen
daveis: E porque tendo ouvido muitos Ministros do Meu Conselho, e
Desembargo de grandes Letras, experiencias, e zelo do serviço de Deos,
e Meu (com cujo parecer Me conformei) por huma parte sobre a cau
sa com que depois daquelles tempos se forão reduzindo os sobreditos Es
tudos, e Collegios á grande decadencia, em que cada dia se precipitá
rão com maior acceleração, até chegarem á ultima ruina, em que os achei
ao tempo, em que succedi na Coroa destes Reinos; e pela outra parte
sobre o remedio mais prompto, e eficaz, com que poderia reparar hum
tão deploravel estrago; se assentou uniformemente que a causa com que
os Collegios de instrucção da mocidade não forão desde então até agora
tão fecundos em sugeitos doutos, e bem morigerados, como o ficarão
sendo, e são presentemente os outros Collegios de Theologia, e os de
Direito Civil, e Canonico, que illustrão a Universidade de Coimbra, se
manifestava por huma serie de factos successivos, que consistio em que
os segundos dos referidos Collegios se ficárão governando pelos seus res
pectivos Estatutos debaixo da Minha immediata Protecção, e da direc
ção do Reitor da mesma Universidade; quando os primeiros delles forão
entregues no anno de mil quinhentos cincoenta e cinco com obrepticia,
e subrepticia expulsão do insigne Principal Diogo de Teive aos Regula
res da Companhia chamada de Jesus, os quaes logo achárão os meios, e
modos de opprimirem com o dito Principal todas as outras Pessoas, que
com elle região o Collegio, de desacreditarem os antigos Professores; e de
vexarem o grande número de Porcionistas das primeiras Familias da Cor
te, e da principal Nobreza do Reino, que então se educavão naquella
Cidade; de sorte que não só obrigárão a todos os sobreditos a que suc
cessivamente fossem desertando, e viessem a desamparar de todo aquel
le Collegio ( de que hoje apenas existe a memoria ) até que sendo em
fim transferido para o terreno, em que presentemente se acha, foi im
mediatamente occupado, e absorbidas as suas accommodações pelos so
breditos Regulares, e por elles convertido em Casa de Noviços; mas
tambem se servião aos mesmos máos fins dos outros reprovados meios de
perturbarem o Corpo Academico dos Estudos maiores com afectadas
questões de jurisdicção, e de fazenda ; de prohibirem ao Reitor da
Universidade que visitasse o referido Collegio para não conhecer as
usurpações, as desordens, e os erros de methodo, que nelle tinhão in
troduzido; e de pertenderem desmembrar rendas da dita Universidade
para engrossarem as suas ao mesmo tempo em que se tinhão oferecido a
176I - 775

ensinar de graça; de tal sorte que já nos Reinados dos Senhores Reis Dom
Sebastião, e Dom Henrique, não só chegarão a extinguir de todo aquelle
Collegio, mas passárão com os sobreditos abusos a pôr em consternação
toda a Universidade de Coimbra: E por quanto o commum sentimento
dos referidos Ministros, com que Me conformei, foi que o meio de res
taurar de tantas, e tão deploraveis ruinas hum Estabelecimento tão util,
e tão indispensavel, não podia ser outro que não fosse o de excitar os
Estatutos, e a fórma do governo do sobredito Collegio de Escolas meno
res de Linguas, e de Artes, e de os fazer observar como antes se pra
ticavão em tudo o que fosse applicavel ao """ presente: Havendo res
peito ao referido, e desejando quanto em Mim he restituir aos Meus fiéis,
e amados Vassallos as irreparaveis perdas, que por mais de dous Seculos
tiverão na falta daquelles uteis, e fructuosos Estudos, que antes havião
florecido com tanto credito da Nação, e com tanto augmento da Igre
ja, e utilidade pública do Reino: Hei por bem restabelecer na Minha
Corte, e Cidade de Lisboa hum Collegio com o titulo de Collegio Real
dos Nobres, para nelle se educarem cem Porcionistas: O qual quero que
se conserve sempre no Meu inteiro Dominio, e na Minha privativa, e im
mediata Protecção, para delle, ou della não poder mais sahir debaixo de
qualquer côr, pretexto, ou motivo por mais apparente, ou especioso que
seja, dando-lhe logo para o seu governo os Estatutos seguintes.
T I T U L O I.

Das obrigações dos Collegiaes em ordem á Religião.


1 Por quanto o principio de toda a sabedoria he o temor de Deos, e
a observancia dos seus preceitos, e da sua Igreja, não bastando que no
Collegio floreção as Bellas Letras se com elas se não aprenderem, e cul
tivarem os bons costumes, Ordeno que os sobreditos Collegiaes com o
Vice-Reitor assistão em todos os dias ao Santo Sacrificio da Missa, mas
horas que para isso lhe serão determinadas. •

2 Nos Domingos, e dias Santos se lhes ensinará a Doutrina Chris


tão, tambem nas horas que pelo Reitor do Collegio lhe forem assigna
das; e depois as obrigações da vida civil. •

3 Nos Sabbados de tarde irão com o mesmo Vice-Reitor, e Capel


lães recitar devotamente a Ladainha de Nossa Senhora com a Antifona
da Conceição, e a Oração Pro Rege. |- -

4. Em cada anno antes de começarem os Estudos, terão tres dias de


exercicios Espirituaes, e no fim delles se confessarão, e commungarão,
os que tiverem idade. No principio de cada hum dos outros mezes fre
quentarão os mesmos dous Santos Sacramentos. -

à No dia de Nossa Senhora da Conceição Padroeira do Reino, e de


baixo de cuja Santissima Protecção instituo o mesmo Collegio, se ce
lebrará annualmente na Igreja delle huma Festa com Missa cantada, e
Sermão, á qual assistirão todos os Ministros, Professores, e Collegiaes
com exemplar devoção.
* T I T U L O II, , …
# … Do Reitor. •

1 - Haverá hum Reitor que tenha a seu cargo o governo do Collegio;


sendo Pessoa de Letras, e Virtudes, em quem concorra tambem a cir
776 1761 |

cunspecção necessaria, para se revestir de huma authoridade tal, que


lhe concilie, e conserve o respeito de tantos Collegiaes distinctos pelo
seu nascimento. •

2 O mesmo Reitor residirá sempre no Collegio. E não poderá per


moitar fóra delle, sem negocio grave, e urgente, dando primeiro parte
ao Director Geral dos Estudos, se for obrigado a separar-se da sua re
sidencia por mais de hum dia. - -

3 Deve cuidar muito seriamente na paz, socego, boa ordem dos Por
cionistas, e direcção de todo o Collegio; fazendo observar exactamente
os Estatutos, assim pelo que toca á Religião, e bons costumes, como
pelo que pertence aos Estudos, e ás Artes.
4 Visitará as Aulas com frequencía, e sem determinadas horas, ven
do as lições dellas; para assim animar os Applicados louvando-os publica
mente, e admoestando os Negligentes para se emendarem.
5 Fará castigar os excessos que os Collegiaes commetterem contra os
Estatutos, ou contra o socego do Collegio até a pena de reclusão pelo
tempo que lhe parecer justo. Quando porém a culpa requerer de castigo
mais forte, informará della o Director Geral, para este ou dar as provi
dencias que lhes parecerem justas cabendo no seu expediente, ou Me in
formar sendo caso que necessite de maior providencia. •

6 Nenhum Collegial poderá sahir fóra sem licença do Reitor, ou do


Vice-Reitor na sua falta. Todos os que forem para férias, levarão licen
ça do Reitor por escrito, e sellada com o Sello do Collegio. E o Colle
gial que sahir, ou para as mesmas férias, ou por alguns dias com urgen
te negocio, que assim o requeira; será obrigado a deixar outro Bilhete
nas maos do Reitor, que para esses casos os terá prevenidos nas mãos
dos Pais, dos Tutores, ou legitimos Administradores dos Collegiaes, que
houverem de sahir, para que deste modo não vão sem approvação de to
dos os sobreditos.
7 Não poderá o mesmo Reitor aceitar Collegiaes posto que a elle se
devem dirigir as Petições dos que houverem de entrar, as quaes deve
expôr ao Director Geral para Me serem Consultadas, e Eu resolver so
bre ellas o que parecer justo. Assim nas Petições, como nas Consultas,
que se Me fizerem, se devem declarar os Pais, Patrias, idades, e cos
tumes dos Pertendentes.
8 Haverá sempre hum livro de Registo rubricado, e encerrado pelo
mesmo Reitor, no qual se escreverão o dia, mez, e anno da entrada, e
sahida dos Collegiaes, com as mesmas declarações dos Pais, Patrias, Ida
des, Profissões, e Actos que fizerem em quanto residírão no Collegio.
9 Não poderá o mesmo Reitor fazer sem especial ordem Minha al
gum novo Estatuto, ou Regulação, ou Reforma, nem tambem interpre
tar os Estatutos por Mim estabelecidos. Mostrando porém a experiencia
que nelles faltão algumas cousas necessarias, ou se fazem duvidosas ou
tras que já sejão expressas; deve informar o Director Geral para que es
te Mas consulte; e Eu determine o que Me parecer conveniente. •

10 . No fim de cada anno literario, depois de haver conferido com o


Perfeito dos Estudos, e com os respectivos Professores, dará huma comº
ta ao Director Geral de todos, e cada hum dos Collegiaés: Referindo se
cretissimamente os Estudos, os Progressos, e as Composições, que cada hum
delles houver, ou não houver feito, para tudo subir á Minha Real Pre
sença pela Secretaria de Estado dos Negocios do Reino em consulta
igualmente reservada, que o mesmo Director Geral Me deve fazer an
nualmente sobre esta materia. •
1761 777
T I T U L O III.

Do Vice-Reitor.

1 . O Vice-Reitor, que será tambem Pessoa séria, e de exemplar gra


vidade, excitará em tudo, e por tudo o governo do Collegio, na faíta,
ausencia, ou impedimento do Reitor, e não de outra sorte: Observan
do em quanto servir tudo o que no Titulo II. deixo determinado.
2. Ao seu oficio pertencerá vigiar cuidadosamente sobre os passos dos
Collegiaes: Tendo cuidado de os visitar repetidas vezes inesperadamen
te para os ter sempre cuidadosos, e applicados; e observando se estudão,
e estão em socego nas horas competentes.
3 Assistirá com os Collegiaes á Missa; a todos os Exercicios Espiri
tuaes, á Meza, aos Divertimentos ordinarios, e ás Recreações Extraor
dinarias, para assim acautelar todo o disturbio que se podesse temer do
concurso de tanta mocidade.
*

T I T U L O IV,

Do Prefeito dos Estudos.


1 Haverá hum Prefeito dos Estudos, no qual devem concorrer além
dos exemplares costumes, que são indispensaveis, as qualidades de ser
bem instruido nas Bellas Letras, e de escrever com pureza, e com ele
gancia em Latim.
2 No primeiro dia do Anno Literario, recitará publicamente huma
Oração Latina, da qual Me dará parte o Director Geral, para Eu poder
honrar aquelle Acto com a Minha Real Presença quando Me parecer.
3 Será o mesmo Prefeito obrigado a examinar, e rever com os res
pectivos Professores as composições, que os Collegiaes houverem feito no
tempo das férias, para de todo se não esquecerem dos Estudos; como
tambem todas as que elles houverem de recitar nos exercicios, que hão
de ter pelo decurso do Anno, como vão adiante declarados. -

4 Tambem assistirá a todos os exercicios, e Actos Literarios, que


os referidos Professores são obrigados a fazer nas suas respectivas Aulas,
em observancia da Lei, e Instrucções, que tenho estabelecido para a
Reforma Geral dos Estudos.
6 De tudo o que observar nos referidos Actos, exercicios, compo
siçõos, e visitas, que nas Aulas, e fóra dellas fizer, fará huma exacta,
e individual lembrança que communicará ao Reitor nas occasiões, que
elle lhe pedir informação para a conta que no fim do anno deve dar ao
Director Geral: Fazendo hum Extracto da mesma lembrança com indivi
duação dos progressos que houverem feito os Collegiaes que mais se dis
tinguirem, o qual Extracto lerá no ultimo dia do Anno Literario em
presença de todo o Collegio, para incentivo dos Collegiaes applicados, e
estímulo dos que houverem feito menor applicação.
T I T U L O V.

Dos Vice-Prefeitos.

1 Como não he possivel que o Reitor, e Vice-Reitor possão ao mes


mo tempo vigiar em toda a parte do c…………… o Reitor delle
778 1761
pela sua authoridade alguns Vice-Prefeitos de entre os Collegiaes: Es
colhendo sempre os de mais annos, melhor procedimento, e mais estu
diosos: Removendo-os ao seu arbitrio quando lhe parecer justo: E subs
tituindo na mesma fórma outro no seu lugar.
- 2 Nas Sallas grandes haverá dous Vice-Prefeitos pelo menos; e hum
em cada huma das pequenas. Todos vigiarão cuidadosamente os seus
Companheiros: Fazendo-os cumprir com as suas obrigações : Compelin
do-os a que estejão socegados nos seus respectivos lugares: E não os dei
xando sahir delles sem saberem para onde, e o verdadeiro fim a que vão
dirigidos. |- •

, 3 Não só darão conta do que tiverem observado ao Reitor, Vice-Rei


tor, e Prefeito, todas as vezes que por elles for pedida; mas sobrevin
do algum caso que necessite de providencia, irão logo immediatamente
dar parte ao Reitor sob pena de serem por elle castigados pelas ommis
sões que tiverem aos ditos respeitos, e de responderem pelas desordens
resultantes dos factos, que encobrirem. - -*

4 Os referidos Vice-Prefeitos terão sempre o primeiro lugar nas fun


ções publicas, precedendo nellas os seus Subalternos: E serão preferidos
para os lugares do Conselho que se ha de congregar em todas as Sema
nas para o Governo economico do Collegio, na fórma abaixo declarada.
- - - T I T U L o VI.
• - - * Dos Collegiaes.

* 1 Todos os Collegiaes que houverem de ser admittidos, se devem


primeiro qualificar com Foro de Moço Fidalgo pelo menos, sem o qual
não poderão ser de nenhuma sorte recebidos: Preferindo nos casos de
Concurso os que houverem tido exercicio do sobredito Foro.
2. Quando houverem de entrar requererão por escrito ao Reitor do
Collegio; instruindo o requerimento que fizerem, com a declaração dos
nomes de seus Pais; com o Alvará do seu Foro; e com a certidão do seu
Baptismo. O mesmo Reitor fará presentes os sobreditos Requerimentos
ao Director
mesmo Geral
Reitor para
o que poreste
MimMos
forConsultar,
resoluto aoe dito
fazerrespeito.
executar depois pelo •

- 3 Os que houverem de ser admittidos no dito Collegio, saberão lêr,


e escrever; não tendo menos de sete annos, nem mais de treze; e de ou*
tra sorte Me não serão consultados os seus Requerimentos.
4. Nas occasiões da entrada dos Collegiaes, virá o Reitor com o Cor
po do Collegio recebellos á porta da Rua com todas as demonstrações de
attenção, que permitte a gravidade em semelhantes actos.
5 Cada hum dos Collegiaes, que houver de ser recebido, pagará de
pensão ao Collegio cento e vinte mil réis em cada hum anno, vencendo
se estes sempre adiantados em dous quarteis: isto he sessenta mil réis
no dia da entrada; e outros sessenta no dia seguinte ao em que se com
pletarem os seis mezes, e semelhantemente nos mais Annos seguintes:
Fazendo seus Pais, Tutores, ou Administradores huma efectiva consi
gnação em tal Propriedade, Juro, ou Tença, que sempre se segurem os
referidos cento e vinte mil réis annuaes, e pagos na sobredita fórma:
Passando-se as Ordens, pondo-se as verbas necessarias em nome do Col
legio onde pertencer, para elle cobrar pelo seu proprio Nome as sobre
ditas Consignações, as quaes Quero que fiquem isentas de todos, e ques
quer embargos supervenientes, ou penhoras futuras, por mais privilegia
* *
1761 #* 779

das que sejão, em quanto no mesmo Collegio residir o Collegial nelle a


limentado: e sem precederem as referidas diligencias, não poderá ser
recebido algum Collegial, posto que aliás se ache habilitado para poder
entrar. Semelhantemente não poderão ser conservados fallindo as consi
gnações, que se houverem feito na sobredita fórma; a menos que no ter
mo de quinze dias contínuos, successivos, e peremptorios não fação ef
fectiva seus Pais, Tutores, ou Administradores outra igual consignação
prompta, e livre de todo o embaraço. -

6 Ainda que os Collegiaes poderão ir ter as férias a casa de seus


Pais, ou Parentes na fórma assima ordenada; sempre com tudo serão pre
cisamente obrigados a entrar para o Collegio no ultimo dia do mez de
Setembro para assistirem a abertura dos Estudos.
7 Porque entre os mesmos Collegiaes se deve conservar a mais cons
tante, e perfeita armonia, se tratarão todos com huma reciproca, e fra
ternal igualdade, sem que lhe seja permittido arrogarem-se alguma distin
ção, on preeminencia com o pretexto do maior nascimento; e menos
moverem práticas, ou disputas com semelhante motivo: Salvo sómente
a cada hum delles os tratamentos, que pelas Minhas Leis se achão esta
tabelecidos; os quaes nunca se poderão alterar para mais, ou para me
nos debaixo de algum pretexto qualquer que ele seja pelas pessoas que
no mesmo Collegio residirem; sobpena de lhe ser estranhado pela pri
meira vez; de oito dias de Carcere pela segunda; de irremissivel expul
são pela terceira.
8 A mesma igualdade se observará nos vestidos. Em casa usarão to
dos (sem excepção nem ainda do Reitor ) do vestido Tallar, a que se
chama vulgarmente Granacha. Quando sahirem fóra do Collegio pode
rão os Primogenitos usar de casacas, e vestidos de Panno, ou quaesquer
outros Estofos que não sejão de seda. Os que forem filhos segundos, ou
terceiros, usarão de vestidos chamados de Abbatina, Tallares, ou de
capa curta conforme as occasiões. E todos usarão de Hahito distincto,
pendente, e uniforme, no qual haverá de huma parte a Imagem de Nos
sa Senhora da Conceição, e da outra a Inscripção do Collegio.
9 Attendendo porém a que o vestido de Granacha não he accom
modado para os exercicios de montar a cavallo, de jogar a espada, e
dançar: Permitto que os Collegiaes nas occasiões, em que se exercita
rem naquellas Artes, possão usar do vestido competente; com tanto que
o larguem immediatamente que se findarem as Lições, para vestirem as
referidas Granachas.
10 As conversações familiares serão sempre, ou na Lingua Portu
gueza, ou na Franceza, Italiana, ou Ingleza, como os Collegiaes acha
rem que he mais conforme aos diferentes genios, e applicações, que ca
da hum delles fizer a estas Linguas vivas. Não poderão porém nunca
conversar em Latim, por ser o uso familiar desta lingua morta mais pro
pria para os ensinar a barbarisar, do que para lhes facilitar o conheci
mento da mesma lingua.
11 Nenhum Collegial poderá em quanto durarem as horas de Estudo
sahir do lugar, que lhe for para ele assignado. E os que interromperem
o socego, e o silencio, que se fazem tão necessarios nestas horas, serão
castigados a arbitrio do Reitor do Collegio.
12 Nelle serão os ditos Collegiaes alojados pelo mesmo Reitor em a
posentos accommodados ás diferentes idades de cada hum dos Aposen
tados; de modo que todos estejão com decencia, asseio, e cuidado. Em
ordem a cujos fins se lhes darão Familiares,
- •
#"2sirvão de dia, e Pes
780 176 |

soas de capacidade, e zelo, que de noite lhes assistão em cada huma


das respectivas Camaras, além dos Vice-Prefeitos que para ellas forem
determinados. - - ,

13 No caso porém que haja alguma falta da parte dos sobreditos Fa


miliares, nem ainda nesse caso terão os Collegiaes alguma authoridade
para os reprehender, e menos para os castigar; mas achando que os re
feridos Familiares merecem reprehensão, ou castigo, o devem represen
tar ao Reitor, a quem sómente pertence a correcção do Collegio.
14 Em todas as occasiões, que os Collegiaes se encontrarem com o
Reitor, Vice-Reitor, Prefeito, ou Professores, assim dentro no Collegio,
como fóra dele, praticarão com elles aquella obsequiosa attenção, que
sempre he louvavelmente observada pelos Discipulos a respeito dos seus
Mestres: Isto he não só parando para os acompanharem, mas acompa
nhando-os com efeito em quanto os não despedirem.
15 Para as visitas, e conversações com as Pessoas de fóra, tenho es
tabelecido no Collegio huma Salla commua, na qual receberão os mes
mos Collegiaes as visitas, que se lhes fizerem nas horas opportunas pre
cedendo para isso licença do Reitor, ou do Vice-Reitor na sua ausencia.
Nas horas das Aulas, ou de qualquer exercicio da Communidade do Col
legio, não poderão porém receber visita de Pessoa alguma por mais gra
duada que seja. Antes pelo contrario se no tempo da visita se tocar a
qualquer dos Exercicios do Collegio, logo pedirão licença á visita com
quem estiverem para a deixarem, e logo acodirão promptamente a cum
prir com a obrigação que os chamar. •

16 No primeiro dia de Outubro devem todos os Collegiaes achar-se


no Collegio: Porque neste dia, não só se abrirão sempre os Estudos pe
la Oração Latina, que tenho de terminado no Titulo do Prefeito; mas
tambem fará o Reitor a Matricula dos Collegiaes; distribuirá os lugares
de cada huma das Camaras de aposentadoria; e nomeará os Vice-Pre
feitos, Familiares, e mais Assistentes para ellas.
17 A distribuição das horas de Estudo se fará na maneira seguinte.
18 No Inverno , ou desde o primeiro de Outubro até á Pascoa, se
tocará pelas seis horas e tres quartos: A's sete estarão vestidos os Colle
giaes: Das sete até ás sete, e tres quartos estudarão: Desde este tem
po até ás oito e meia ouvirão Missa, e almoçarão: Das oito e meia até
ás dez e meia terão Aula: Das dez e meia até ás onze e hum quarto des
cançarão: Dahi até o meio dia jantarão os Collegiaes com o Vice-Reitor,
e Prefeito, que estarão promptos a esta hora; ficando só livre ao Reitor,
e Professores jantarem quando lhes fôr mais com modo: Do meio dia até
huma hora terão recreação: Depois della até ás duas horas Estudo: Das
duas até ás quatro e meia Aula: Das quatro e meia até ás cinco e meia
recreação: A's cinco e meia irão com o Prefeito, ou Vice-Reitor á Igre
ja tomar a benção a Nossa Senhora: Das seis até ás oito e hum quarto,
Estudo: Delle até ás nove, Cea: Das nove até ás nove e meia, tempo
livre: E ásindispensavelmente.
Collegiaes nove e meia se devem recolher a dormir todos os referidos

19 No Verão, ou desde a Pascoa até o ultimo de Julho, e Agosto se


levantarão da Cama pelas cinco horas e tres quartos: Das seis até ás se
te e hum quarto estudarão: Dahi até ás oito, Missa, e Almoço : Das
oito até ás dez e meia, Aula: Das dez e meia até ás onze, tempo livre:
Das onze até os tres quartos para o meio dia, jantar: Delle até á huma
hora e hum quarto recreação ou festa: Da huma e hum quarto até ás
duas e meia, Estudo: Dahi até ás cinco, Aula: Das cinco até ás sete
"1761 78I
e meia exercicios de dança, picaria, esgrima &c.: A's sete horas e meia
hirão á Igreja tomar a benção a Nossa Senhora: Das oito até ás nove e
hum quarto, Estudo. Dahi até ás dez, Cea: Das dez até ás dez e meia,
tempo livre: E ás dez e meia se devem todos recolher indispensavelmen
te a dormir. -

20 No ultimo dia do mez de Julho se fecharão as Aulas da Lingua


Grega, Rhetorica, Filosofia, e só a da Lingua Latina, e os Estudos das
outras Linguas vivas se fecharão no ultimo de Agosto: Para todas se
abrirem no primeiro de Outubro, como assima tenho de terminado.
21. Os dias feriados no decurso do Anno serão os que se achão decla
rados nas Instrucções que tenho estabelecido para a Reforma dos Estu
dos: Além daquelles dias de Suéto, se accrescentarão sómente os dias
de Galla que vem declarados na Folhinha do Anno para os Beijamãos da
Corte. E todos serão expressos em huma Tabella, que o Director Geral
dos Estudos mandará fazer, e conservar sempre pendente no Collegio
para a todos ser notorio.
T I T U L o VII.
Dos Professores da Lingua Latina , Grega, Rhetorica, Poetica, Logi
• ca, e Historia.

1 . Estes Professores regulando-se em tudo o mais pelas Instrucções,


que lhes tenho estabelecido na Lei da Reforma geral dos Estudos, ob
servarão pelo que pertence ao tempo das Aulas o que se acha ordenado
pelos presentes.
laridade Estatutos, para que de nenhuma sorte se altere a regu
do Collegio, • -

2 Além do que tenho exposto na sobredita Lei, será obrigado o Pro


fessor da Rhetorica a dar aos seus Discipulos quando se tratar da Inven
Qão hum Compendio Historico, e Critico das diferentes seitas dos Filo
sofos; e huma tambem compendiosa, e succinta Noção da util, e verda
deira Logica: explicando sómente os principios elementares della, e as
regras claras, precisas, e indispensavelmente necessarias para quem de
zeja ter hum perfeito conhecimento da Eloquencia, e dos meios de ar
gumentar solidamente, e de persuadir com concludencia.
3 Haverá hum Professor de Historia, o qual da mesma sorte dê hu
ma ideia geral da Chronologia, Geografia, e da Historia antiga, e mo
derna; e com mais especificação da destes Reinos, e seus Dominios; e
do seu Governo Ecclesiastico, Civil, e Militar: Ensignando historica,
e compendiosamente os principios, e progressos das Artes, e das Facul
dades, a que os Collegiaes depois se houverem de applicar.
T I T U L O VIII,

Dos Professores das Linguas Franceza, Italiana, e Ingleza.

1 Não sendo conveniente que os Collegiaes antes de acabarem a Rhe


torica, e de se acharem preparados com as Noções que deixo ordenadas,
se embaracem com diferentes applicações; nem que sejão privados da
grande utilidade, que podem tirar dos muitos, e bons livros, que se achão
escritos nas referidas Linguas: Ordeno que o Collegio pague tres Pro
fessores para as ensignarem: E que os Collegiaes depois de haverem pas
sado as Classes da Rhetorica, Logica, e Historia, aprendão pelo menos
782 1761

as Linguas Franceza, e Italiana; ainda que será muito mais util aos que
forem mais capazes, e estudiosos procurarem possuir tambem a Lingua
Ingleza.
2 As Lições serão pela maior parte de viva voz, sem que os ditos
Professores carreguem os Discipulos com multidão de preceitos desneces
sarios em Linguas que são vivas, e que se aprendem muito mais facil
mente, e melhor, lendo, conferindo, e exercitando em repetidas práti
cas. Os livros para estas applicações serão sempre correctos, uteis, e
agradaveis; e os Professores de louvaveis costumes, ainda que não de
vem assistir dentro no Collegio, mas sim virem a elle dar as suas lições
nas horas, que para isso lhe vão determinadas.
T I T U L O IX.

Dos Professores de Mathematica.

1 Porque o Estudo da Mathematica, e das diferentes partes, que a


constituem, he não só util, mas indispensavelmente necessario a todos
os que aspirarem a servir-Me na Milicia, ou por Mar, ou por Terra:
Ordeno que no Collegio hajão tres Professores desta proveitosa sciencia.
2 O primeiro delles ensinará a Arithmetica ; a Geometria; a Trigo
nomitria, os Theoremas de Archimedes, alguns Elementos da Geografia;
os primeiros seis Livros de Euclides; o undecimo, e duodecimo dos só
lidos para a Geometria Elementar. E podendo expedir-se muito facil
mente em oito mezes tudo o referido, empregará o Professor o restante
do Anno em ensinar aos Collegiaes o uso prático dos principios em que os
houver instruido: Exercitando-os com as soluções de alguns Problemas,
que lhes proponha, respectivos ás Lições que lhes houver dado.
3 Com os referidos Estudos passarão para os da Architectura, Dese
nho, e mais exercicios nobres abaixo declarados, aquelles Collegiaes que
não tiverem genio, vocação, ou objecto de profundarem a Mathematica
bastando-lhes sómente iniciarem-se nella na sobredita fórma.
4 A quelles porém que aspirarem a saber profundamente a mesma
sciencia passarão para o segundo Professor. O qual lhes explicará metho
dicamente a Algebra; a sua applicação á Geometria; a Annalys dos in
finitos; e o Cálculo Integral. E porque tambem estas Lições se expedi
rão facilmente dentro em oito mezes, se empregarão os quatro que falta
rem para se completar
na Idrostatita, este Anno segundo na Mecanica, na Estatica,
e na Hidraulica. •

5. No terceiro Anno se ensinarão pelo competente Professor a Optica;


a Dioptrotica; a Catroptica ; os principios da Astronomia; a Geografia
completa; e a Nautica.
6 Posto que o referido não bastará para fazer de cada hum dos Col
legiaes hum Mathematico perfeito; será com tudo o necessario para habi
litallos de sorte, que por meio das suas proprias applicações possão vir
a fazer grandes progressos nesta sciencia sem o soccorro alheio.
T I T U L O X.

Dos Professores de Architectura Militar; de Architectura Civil; e de


Desenho. |-

1 Ainda que o estudo destas Artes seja pertencente á Mathematica,


I76I 783

e nella tenhão todas o seu fundamento; para maior proveito dos Colle
giaes, e mais facil expedição das suas applicações, Ordeno que tenhão
Professores distinctos, e unica, e privativamente destinados a estes Exer.
"ClClOS,

2 O Professor da Architectura Militar ensinará as Regras geraes da


Fortificação; os diversos methodos regulares, e irregulares de fortificar
as Praças; os modos de fazer, e defender hum sitio; as Fortificações
dos Campos, e Exercitos: E para que os Collegiaes possão comprehen
der com maior facilidade tudo o referido, os irá costumando ao Desenho,
pondo-lhes diante dos olhos as Lições, que lhes, der executadas em pe.
quenos modelos de madeira, á vista dos quaes lhes mostrará o uso, e a
necessidade de cada huma das partes que os constituirem. •

3 O Professor da Architectura Civil, depois de haver ensinado as


regras, e os principios mais simples, e mais essenciaes desta Arte, pas
sará a expor pelo modo mais claro, e mais perceptivel as razões das pri
cipaes medidas, e proporções; para que da Combinação de tudo o refe
rido tirem os Collegiaes hum fundamental, e sólido conhecimento desta
Arte.
4. O Professor do Desenho ensinará semelhantemente as principaes
medidas, e as respectivas proporções, que constituem os fundamentos
desta Arte; de sorte que della dêm huma cabal Noção aos Collegiaes.
5 . E para que estes se appliquem com ordem a estes uteis exercicios,
os sobreditos Professores da Architectura Militar, e Civil, farão as suas
lições de manhã per si sómente nos dias competentes; e nas tardes del
les com o concurso do Professor, que insinar, e exercitar a Arte do De
senho; para que concorrendo assim a especulação, e a prática , possão
formar sobre ambas os ditos Collegiaes as idéas mais claras, e distinctas
do que se lhes ensina. • •

T I T U L O XI.

Do Professor da Fysica.

1 Determino que haja no mesmo Collegio hum Professor de Fysica:


O qual depois de haver dado huma breve, e substancial noticia da His
toria da Fysica antiga, e moderna, sem a idéa de ostentar, mas sim, e
tão sómente com a de instruir, passará a ensinar esta utilissima parte da
Filosofia; tratando só do que nella ha de sólido, e de proveitoso: Dictam
do só o que for demonstravel pela Geometria; e pelo Cálculo, ou qua
lificado por experiencias certas: Em ordem a este fim fará repetidas con
ferencias de experimentos, nas quaes faça ver aos Discipulos demostra
tivamente
Instrumentosas provas
que paradoelles
que tenho
lhes ensinar;
mandadousando nestes exercicios dos
fazer promptos. •

T I T U L o XII,

Dos Professores das Artes de Cavallaria, Esgrima, e Dança,


1 Para os Exercicios destas Artes liberaes, determino que hajão tam
bem tres Professores habeis, e bem morigerados, os quaes vão ao Colle
gio dar as suas lições nos dias, e horas competentes.
2 Porque no Inverno não ha tempo algum que fique livre para estes
exercicios, para elles escolherá o Reitor do Collegio neste tempo dous
dias em cada semana; mandando fechar as Escolas de manhã em hum
784 1761

dos referidos dias, e no outro de tarde: O que com tudo se entende só


mente para os Collegiaes, que forem occupados em algum dos mesmos
exercicios.
3 Ao da Dança se applicarão os Collegiaes sómente da idade de no
ve annos em diante; ao de montar a cavallo depois que houverem com
pletado treze annos; e ao de jogar a Espada só depois que houverem cum
prido a idade de quatorze annos.
4 Estabeleço que nos ultimos dias do Anno Literario haja sempre exer
cicios publicos de montar a cavallo, jogar a Espada, e dançar: Dando
Me parte o Director Geral dos dias que se determinarem aos mesmos
exercicios para Eu os presenciar quando Me parecer conveniente.
5 O mesmo Director Geral poderá convidar para os referidos exerci
cios as Pessoas distinctas da Corte que bem lhe parecer.
T I T U L o XIII.
Dos Coadjuctores do Reitor, e Vice-Reitor.
1 Attendendo a que os Vice-Prefeitos, que tenho determinado pelo
Titulo V. destes Estatutos, posto que cumprão com as suas obrigações,
como dos seus nascimentos se deve esperar; sendo de idades pouco mais
adiantadas, do que os dos subalternos que devem cohibir; poderão algu
mas vezes não achar nelles toda aquella sujeição, que he preciza para a
tranquilidade, e bom Governo do Collegio: Determino que o Reitor del
le escolha de entre os Capelães do mesmo Collegio para seus Coadjuto
res aquelles que achar que são de mais provada capacidade, e de mais
exemplares costumes, em número competente para que no topo de cada
huma das Sallas de aposentadoria dos Collegiaes tenhão o seu leito, e
nelle fiquem todas as noites indispensavelmente, desde a hora em que
se forem recolher os ditos Collegiaes, até os vêr partir para os exerci
cios das Aulas: Observando sempre se os Vice-Prefeitos cumprem com
o que lhes pertence como são obrigados; se os seus subalternos os atten
dem como
falta lhes aos
que haja determino: E dando conta ao mesmo Reitor de qualquer
ditos respeitos. •

T I T U L O XIV.

Dos Familiares do Collegio. \

1 Para que os Collegiaes sejão sempre servidos com decencia, cuida


do , e asseio; e porque não seria conveniente que para tratarem delles
fossem admittidos criados de fóra no Collegio: Mando que nelle haja vin
te Familiares, cada hum dos quaes tenha a seu cargo o cuidado, e o as
seio de cinco dos referidos Collegiaes.
2 Para serem recebidos os ditos Familiares, farão seu requerimento
por escrito ao Reitor, o qual tirando exactissimas informações dos seus
procedimentos; e verificando que são de louvaveis costumes, dará con
ta ao Director Geral dos Oppositores que se lhe oferecerem, propondo
Jhos segundo a graduação dos merecimentos que tiverem, para ele po
der escolher os que achar que são mais proprios. O mesmo se praticará
nos casos em que houver boa razão para serem despedidos alguns dos di
tos Familiares.
3 Considerando que as occupações destes cessão nas horas dos Es
I76 | 785

tudos: E desejando fazer-lhes mercê: Permitto que possão assistir nas


Aulas, e aproveitar-se do beneficio dellas em banco separado; conforme
os seus diferentes genios, e exercicios, a que se destinarem : Vencen
do além das rações, e alojamentos, os ordenados, que lhes assignarei na
Regulação das despezas do Collegio.
T I T U L O XV.

De algumas disposições geraes pertencentes á boa ordem das Aulas,


e do Collegio.
1 As Aulas de Grammatica Latina, Grega, e de Rhetorica se abri
rão todas na mesma hora, e na fórma assima declarada: Tendo todas
dous Guardas, que cuidem na limpeza dellas, e executem os castigos que
necessarios forem. *\ ,

2 As outras Aulas de Mathematica, Fysica, Archithectura Militar,


e Civil, se abrirão sempre de manhã, e no tempo das outras Aulas. As
de Historia, de Desenho, e das Linguas, Italiana, Franceza, e Ingle
za, serão sempre de tarde: Tudo na fórma assima declarada.
3 Nellas não poderá ser admittido Estudante algum, que não seja do
número dos Collegiaes, Capelães, ou Familiares domesticos, sobpena
de privação do Professor, que os admittir na sua Aula. •

4 Semelhantemente prohibo que da primeira Casa da Portaria do Col


legio para dentro, e muito menos nas Camaras, ou ainda nas Aulas da
aposentadoria, e educação dos Collegiaes, entrem Pessoas algumas de
fóra; sob pena de serem despedidos os Oficiaes do Collegio, que as vi
rem, se logo não informarem o Reitor para as fazer expulsar; de hum
mez de cadeia aos que sem licença do mesmo Reitor houverem entrado
no Collegio; e das mais penas que reservo ao Meu Real arbitrio: Por
que só permitto que os sobreditos Collegiaes recebão na sala a todos com
mua as suas visitas na fórma assima # •

5 Porque a experiencia tem mostrado que da diversidade dos metho


dos, que cada Professor inventa, e pertende estabelecer conforme o seu
genio; e da eleição tambem vaga, e arbitraria dos Livros, a que os Es
1udantes se devem applicar; resultou sempre huma perplexidade, e con
fusão muito prejudicial á mocidade, que se procura instruir; além das
altercações, e discordias nocivas aos Estudos, que sempre costumão suc
ceder, onde não ha methodo certo, e Livros invariaveis para o ensino, e
applicação dos Estudantes; quando pelo contrario onde concorre a con
formidade no methodo, e na escolha dos Livros se conserva sempre a
paz, e a união, que he tão necessaria entre os Professores; e se adian
tão sempre os seus Discipulos com regulares, e seguros progressos: De
termino que os Professores da Logica, da Historia, da Mathematica,
da Architectura Militar, e Civil, do Desenho, da Fysica, e das Artes,
da Cavallaria, Esgrima, e Dança formem cada hum delles na sua dife
rente Profissão huma Minuta na qual se contenha: Primeiramente huma
idéa clara do methodo pelo qual pertende ensinar: Em segundo lugar
hum Catalogo dos Livros por onde intenta que os seus respectivos Dis
cipulos hajão de estudar: Em terceiro, e ultimo lugar, outro Catalogo,
que sirva de soccorro de estudo áquelles, que entre os sobreditos Disci
pulos se acharem capazes de passar das Lições das Escolas a exercitar
se pela sua propria applicação nas Faculdades, que antes houverem a
prendido: conferindo-se as referidas Minutas depois de assim serem for
Ggggg
786 176 |

madas com o Reitor, e Professores, que ao mesmo Reitor, e Professo


res, parecer convocar para a conferencia: . E sendo os Autos della re
mettidos ao Director Geral para Mos consultar, e Eu resolver sobre el
les o que achar que he mais util ao adiantamento, e boa ordem dos Estu
dos.
T I T U L O XVI.

Dos Privilegios, Prerogativas do Collegio.


1 Os Professores, Collegiaes, Familiares, e Pessoas do Collegio,
que nelle exercitarem, e assistirem, ou nele tiverem occupação de en
sinar, gozarão respectivamente de todos os Privilegios, Indultos, e Fran
quezas, de que gozão os Lentes, e Estudantes da Universidade de Co
imbra, sem diferença alguma, ainda a respeito daquellas Graças, e
Franquezas, que requerem especifica, e declarada expressão, porque
ainda estas Quero que sempre se entendão, e julguem comprehendidas.
2 Terão sempre por Juiz conservador para as suas causas, e obser
vancia dos seus Privilegios, o Corregedor do Civel da Corte, o Proprie
tario, ou Serventuario, da primeira Vara.
3 Havendo já tomado o mesmo Collegio na Minha immediata Protec
ção, e Dominio, para della, e delle se não poder mais separar: Hei por
bem, e Me praz que goze tambem cumulativamente de todos os Privi
legios, Isenções, Franquezas, de que nestes Reinos gozão as Misericor
dias, e Hospitaes, que da mesma sorte são da Minha immediata Pro
tecção.
4 Nos principios, e fins do Anno Literario Hei por bem que o Col
legio em Corpo venha á Minha Real Presença, além das outras occasiões
do Beija-mão, que são geraes para toda a Minha Corte.
5 Todos os Estudantes do Collegio, que forem para a Universidade de
Coimbra, levando Carta assignada pelo Director Geral dos Estudos, com
que se legitimem, serão admittidos ás Matriculas, e aos Estudos das
Sciencias maiores, sem a dependencia de outro algum exame. O que com
tudo se entenderá no caso de constar das referidas Cartas que os sobre
ditos Collegiaes, a cujo favor se expedirem, cumprirão com os seus Es
tudos de modo que por elles merecêrão a approvação dos seus respecti
vos Mestres.
6 Hei outro sim por bem que a todos aquelles dos referidos Estudam
tes, que nos utilissimos Estudos da Eloquencia, e da Mathematica fize
rem progressos, taes que mereção que se lhes passe Carta na sobredita
fórma de haverem sahido do Collegio com aproveitamento conhecido, se
lhes leve em conta na mesma Universidade hum Anno de mercê.
7 Os Collegiaes do mesmo Collegio, que nelle se conduzirem regular
mente, serão por Mim attendidos com especialidade para os Empregos,
e Lugares publicos; e tanto mais quanto maior for a distinção com que
se houverem assignalado nas suas diferentes Profissões.
8 Para evitar os abusos que do contrario se podião seguir: Prohibo
que Collegial algum debaixo do pretexto de Propina, Presente, Gratifi
cação, ou qualquer outro nome por mais especioso, ou paliado que seja,
possa dar cousa alguma, desde que entrar no mesmo Collegio, até sa
hir delle, directa, ou indirectamente, per si, ou por interposta Pessoa,
a qualquer dos Ministros dos Professores, dos Familiares, ou quaesquer
das Pessoas do Collegio, ou do serviço delle: e isto sobpena de irremes
sivel
Real expulsão,
desagrado assim dos queterderem,
que devem como
por mais dos que receberem, e do Meu
sensivel. •
1761 • 787

T I T U L o XVII.
Da Junta da Administração das Rendas, e da Economia da
Collegio.

l Por quanto já tenho mandado edificar casas, nas quaes se possa


congregar decentemente a Junta, que Hei por bem crear para a Admi
mistração das Rendas, e Economia do Collegio: Ordemo que esta seja
composta do Reitor que sempre servirá de Presidente prepétuo; do Pre
feito dos Estudos; de dous Professores annualmente chamados pelos tur
nos das suas antiguidades ; e de tres Collegiaes dos mais antigos, e mais
habeis: Para todos servirem por tempo de hum Anno, findo o qual, da
rá o mesmo Reitor conta ao Director Geral dos Estudos, para lhe assignar o
dia da nova Eleição de Conselheiros, e presidir a ella.
· 2 Nas ditas Eleições annuaes votarão todos os Conselheiros actuaes, e
todos
Geral os Professores
voto quecaso
decisivo no residirem dentro no Collegio; tendo o Director
de empate. •

3 O referido Conselho deve ter as suas Sessões em todas as Semanas


na tarde do dia feriado; e nelle se tratarão os negocios concernentes á
conservação da Fazenda do Collegio; se deliberará a respeito dos provi
mentos economicos da Casa; e se examinarão as despezas que se houve
rem feito da Semana antccedente com as contas a ella pertencentes. /
. 4 Para tudo se expedir em termos competentes, haverá hum Guarda
Livros, que sirva de Secretario do Conselho, com hum Escriturario que
faça o Oficio de Escrivão da Receita, e Despeza: Ambos terão sempre
as contas do Collegio em dia escrituradas nos Livros que são do costume, \

para que possa constar dellas em todo o tempo sem a menor dúvida ou
demora. * * *
5 O dinheiro pertencente á Receita, e Despeza do mesmo Collegio;
se guardará sempre em Cofre de tres Chaves; das quaes terá huma o
Reitor; outra o mais antigo entre os Conselheiros Professores; e a ter
ceira o que tambem tiver maior antiguidade dos tres Collegiaes.
6 Para receber, e pagar, se nomeará sempre o dia, que fica orde
nado para as Sessões Semanarias do Conselho. Em cada huma dellas se
extrahirá do Cofre, e entregará ao Mordomo do Collegio o dinheiro ne
cessario para a despeza, que se houver de fazer na Semana seguinte: As
signando Conhecimento da sua importancia: Participando quotidianamen
te ao Guarda Livros a despeza, que houver feito para se lançar no Livro
Diario: E dando conta com entrega no fim da Semana do dinheiro, que
houver recebido, para se lhe fazer descarga delle; sem a qual se achar
lançada, e approvada pelo Conselho, não poderá este dar-lhe outra algu
ama quantia por modica que seja, • •

7. No fim de cada mez se fará hum balanço geral do Cofre com os


Livros na presença de todos os Vogaes. No fim do Anno, ou na vespe
ra, ou no mesmo dia da Eleição dos novos Conselheiros, se fará outro
balanço geral na mesma conformidade com a assistencia do Director Ge
ral: Para que achando este as Contas bem ajustadas, e saldadas, as pos
sa rubricar para se assignarem, ou dê a providencia que lhe parecer ne
cesssaria. Nº caso de encontrar descaminho da Fazenda do Collegio, Me
consultará o que achar desencaminhado com o seu parecer, para Eu sobre
elle tomar a Resolução que Me parecer conveniente. E posto que taes
descaminhos não hajão, sempre Me consultará no fim do Anno o estado
Ggggg 2
788 1761
das Rendas, e Contas do Collegio, para Eu ser dellas completamente in
formado. - * - - * •

T I T U L o XVIII.
Do Cartorario, e Cartorio do Collegio.
1 Na mesma Contadoria haverá huma casa separada, que sirva de
Archivo para mella se guardarem os Titulos, e Papeis pertencentes ao
Collegio, e seus bens, rendas, e privilegios: Commettendo-se a arruma
ção, e Custodia dos mesmos Titulos, e Papeis a hum Cartorio, que sem.
pre os tenha em boa ordem, e segurança para os ministrar á Junta da
Fazenda em todas as occasiões, que lhe for por ella ordenado.
2 Para este lugar de Cartorario serão eleitas pela pluralidade dos vo
tos da mesma Junta da Fazenda tres Pessoas que entre as do serviço do
Collegio parecerem mais idoneas: Propondo as em Primeiro, Segundo,
e Terceiro lugar ao Director Geral, para que este escolha entre os pro
postos o que julgar que he mais apto; ficando sempre o mesmo Cartorio,
e Archivo debaixo da jurisdicção, e direcção da sobredita Junta da Fa
zenda; para esta visitar o Cartorio, e examinar o estado delle huma vez
pela menos em cada hum dos mezes do Anno; e para ordenar tudo o que
lhe parecer necessario para a boa custodia, arrumação, e ordem dos Li
vros, e Papeis. • -

T I T U- L O XIX.
Dos Bibliothecarios, Livraria, e laboratorio do Collegio. •

1 Ordeno que no Collegio haja huma Livraria propria, e competen


te aos Estudos que nelle tenho estabelecido: Servindo nella de Bibliothe
cario aquelle dos Professores de Rhetorica, Logica, ou Historia, que
parecer mais proprio pelo genio, o qual será tambem proposto pela Jun
ta da Fazenda ao Director Geral, e por elle nomeado na fórma que as
sima tenho determinado sobre a eleição do Cartorario,
· 2 O mesmo Bibliothecario escolherá de entre os Familiares do Colle
gio os dous em que achar maior prestimo, ou propensão, para cuida
rem: no asseio da Livraria, e boa custodia, e conservação dos Livros
della, os quaes prohibo que possão sahir da mesma Livraria para fóra,
ou sejalicença
ceder para o immediatamente
uso do mesmo Collegio,
Minha. ou para se emprestarem sem pre•

3 Na contiguidade da mesma Livraria haverá huma Casa propria pa


ra a custodia, para o uso dos Instrumentos Mathematicos; sendo en
carregado da Inspecção sobre elles o Professor desta sciencia mais anti
go para os fazer alimpar, e conservar sempre capazes de servirem: E
dando-se-lhe hum Ajudante que se empregue no asseio, e conservação
dos mesmos Instrumentos. -

T I T U L O XX.

Do Agente do Collegio, e seu Solicitador.


- 1 Mando que haja hum Agente para arrecadar as Rendas, e procu
rar todos os Negocios do interesse do Collegio; que se tratarem da por
1761, 789

ta delle para fóra: O qual será proposto e nomeado na fórma que fica
declarada no Titulo XVIII., ou de entre os Commensaes do mesmo Col
legio, ou das Pessoas de fóra delle; e terá hum Solicitador, para expe
dir por elle as diligencias, e requerimentos, que se houverem de fazer
nas Audiencias, e nos outros lugares onde não poder tratallas com decó
ro o sobredito Agente: Sendo assim este como o seu Solicitador em tudo,
e por tudo subordinados á Junta da Fazenda: E dando nella conta em
todas as semanas de tudo o que obrarem aos ditos respeitos., º
* T I T U L o XXI. ,
Do Mordomo do Collegio, e seu comprador. -


• •

1 Para correr com os provimentos assim miudos como grossos, que se


fizerem para o Refeitorio, Cozinha, Dispensa , º Enfermaria, pagamento
de Ordenados, e mais despezas do Collegio, se elegerá pela Junta da
Fazenda delle em cada Anno hum dos seus Commensaes, com a denomi
nação de Mordomo na fórma que tambem deixo ordenado no Titulo
, 2 O que for escolhido para este lugar terá hum exacto cuidado em
que os provimentos grossos se fação nos tempos opportunos; e em que os
miudos não faltem nas horas que necessarios forem: Examinando todos
per si mesmo antes de serem recolhidos na Dispensa; ou de passarem á
cozinha; para os enjeitar se não forem bons, e de receber de sorte que
sejão os mais proprios para o alimento, e conservação da saude dos Col
legiaes: Tendo debaixo das suas ordens hum. Comprador eleito na con
formidade do mesmo Titulo XVIII. : E dando conta das suas gestões na
sobredita Junta, e Contadoria da Fazenda como tenho assima ordenado.

T I T U L o XXII.
… Dos Cozinheiros, O SÉRIS Ajudantes. {

1 Ordeno que o Collegio tenha dous Cozinheiros, e quatro Moços da


cozinha escolhidos, e nomeados pela pluralidade dos votos da Junta da
Fazenda, a qual não só os poderá nomear, mas tambem despedir quan
do pelo Mordomo (a quem todos os sobreditos Cozinheiros, e Moços se
rão inteiramente subordinados) tiver informação de que elles não cum
prem com as suas obrigações; assim no cuidado do bom tempero, e lim
peza dos guizados; como do asseio da cozinha; e da fidelidade ao serviço
do Collegio. • • - -

• ! ..."

T I T U L o XXIII. E
* , ,
º
+ +

Do Dispenseiro.

1 Para a guarda, e arrecadação de tudo o que for pertencente á Dis


pensa do Collegio, haverá nelle hum Dispenseiro nomeado da mesma sor
te pela Junta da Fazenda: A qual o poderá despedir quando achar que
não cumpre com as obrigações de zelo, e fidelidade que na sua incum
bencia se fazem sempre necessarias.
790 756I.

, , ' T I T U L O XXIV. · , !

* * * * * ** * # … Dos Porteiros.
• * ; "" ) • * *

1 Ordeno que na Portaria da escada principal do Collegio hajão dous


Porteiros que sirvão ás semanas, ou aos dias de vinte em vinte e quatro
horas, como parecer melhor, para que a referida Portaria se ache sem
pre assistida de modo, que nella não haja alguma falta. 1
2 Os sobreditos Porteiros sendo propostos pela Junta da Fazenda ao
Director Geral, e por elle escolhidos na fórma , que fica declarado no
Titulo XVIII. hão de ter as obrigações seguintes.
3 Primeiramente terão o cuidado de tanger todos os dias o sino ás
horas a que se devem levantar os Collegiaes dando recado ao Familiar
que deve espertallos, e dar luz aos que a quizerem tomar. … I
4 Item mais tangerão ás horas das Missas , Aulas, e mais actos da
economia do Collegio, ordenados pelos presentes Estatutos. -

5 Item terão sempre as portas fechadas com a chave, não as poden


do desamparar nunca por mandado de Pessoa alguma por mais graduada
que seja: E quando por necessidade natural for algum constrangido a
separar-se da porta, deixará substituto que nella assista até á sua vinda,
o qual será precisamente o Familiar abaixo declarado. }

a 6 . Item vindo alguem visitar qualquer Collegial, o Porteiro que se


achar em excercicio dará recado a hum Familiar que ordeno que em ca
da semana esteja pelos turnos da sua antiguidade, ou idade no alto da
escada, e casa das visitas para participar ao Collegial a Pessoa que o
busca, e este haver licença do Reitor para poder falar-lhe. O mesmo
Familiar tomará os recados para espertar os Collegiaes pela manhã. .
- 7 Item nas horas do almoço, do jantar, e da cêa não deixará entrar
Pessoa alguma no Collegio sem licença do Reitor, ou do Vice-Reitor em
SU13 a UlS6°IlCl3. + … - - - - - -
8. Item sem alguua das sobreditas licenças por escrito, não deixará
sahir do Collegio algum Collegial: E quando estes sahirem com as ditas
licenças será obrigado a notar as horas a que sahirem, e as a que se re
colherem; escrevendo tudo ao pé das licenças; e guardando-as para cum
prir com o que vai abaixo declarado.
9 . Item será obrigado a trazer ao Reitor ás nove horas da noite as cha
ves das portas do Collegio; e os Bilhetes das licenças dos Collegiaes,
que houverem sahido: Para que assim lhe conste o tempo, que estiverão
fóra, e as horas a que se recolhêrão. •

c. 10 Item será obrigado a ter barridas cada dia as entradas de fóra das
portas, a Portaria, e a principal escada que della sóbe ao Collegio.
| | | Item não poderá permittir nem que na Portaria se ajuntem Pes
soas de fóra a conversar sem que tenhão negocio com algum dos Minis
tros, ou Commensaes do Collegio; nem menos poderá per si, ou por in
terposta Pessoa comprar livros, escrivaninhas, móveis, ou vestidos dos
Collegiaes;
seja. nem receber delles gratificação alguma, qualquer que ella •

- 12 E sendo caso que não cumprão com o que fica assima ordenado se
rão multados pela primeira vez em tres dias de salario; pela segunda em
seis; e pela terceira serão expulsos irrimissivelmente. •

13 Determino que na Porta do Carro haja outro Porteiro para dar ser
ventia por ela á Picaria, Cozinha, Dispensa, e mais Oficinas do Colle
gio, e seus Serventes.
1761 79 |

14 Não poderá porém permittir, que pela dita Porta haja de entrar,
ou sahir algum Collegial, ou qualquer outra Pessoa das que se exercita
rem no Collegio; nem que pela mesma Porta entre Pessoa alguma de fó
ra a fazer visitas, ou ter conversações com os sobreditos; sobpena de ex
pulsão irrimissivel, e das mais que reservo a Meu Real arbitrio.
T I T U L O XXV.

Do Refeitorio, e seus Ministros.

1 Ordeno com especial recomendação ao Reitor, e Conselheiros da


Junta do Collegio, que ponhão todo o necessario cuidado em que os man
timentos com que se alimentarem os Collegiaes, e mais Pessoas do mes
mo Collegio
em sejão
cada huma dassempre os de melhor
suas diferentes qualidade, e os mais saudaveis
especies. * •

2 Os referidos Collegiaes com as mais Pessoas que com elles devem


concorrer na Meza como tenho determinado pelo Titulo VI. §. 18. des
tes Estatutos, comerão na primeira Meza em Communidade fazendo an
tes de entrarem, e depois de sahirem, os actos da Religião, que são do
oostume em semelhantes casos: Depois de haverem almoçado segundo o
que permittirem as Estações do Anno, ao arbitrio do Reitor, Vice-Rei
tor, e Prefeito dos Estudos, terão aojantar, e á cêa os pratos seguintes.
3 Nos dias de Carne terão ao jantar hum prato de sopa; outro de Va
ca; outro de assado; ou guizado, alternativamente; outro de Arroz ; e
queijo, ou fruta para sobremeza conforme o permittir o tempo.
4 Nas cêas dos mesmos dias de Carne se lhes darão dous ovos aos
maiores; hum aos mais pequenos; hum prato de sellada, ou de esparre
gado; hum de assado, ou guizado, que sempre será de Ave de petina;
e fruta, ou queijo, conforme a estação do Anno.
5 Nos dias de Peixe terão para jantar hum prato de sopa; outro de
Peixe cozido, outro de Peixe assado, ou guizado; outro de ervas espar
regadas, outro seja de Arroz, ou de Legumes conforme parecer ao Rei
tor ; e sempre queixo, ou fruta para a sobremeza.
6 Nos mesmos dias de Peixe terão para a cêa dous ovos cada hum
dos maiores, e humosº mais pequenos; hum prato de Peixe miudo , ou
frito, ou guizado; hum prato de ervas esparregadas; e a sobremezas co
mo nos outros dias. -

7 Nos dias das Festas maiores do Anno; da Festa de Nossa Senhora


da Conceição; dos Meus annos, e da Rainha Minha sobre todas muito
A mada, e Prezada Mulher; e nos outros dias em que houver Orações,
ou exercicios publicos; terão os referidos Collegiaes ao jantar mais hum
prato de massa. ** } • |-

8 Esta primeira Meza será sempre servida pelos Familiares do Colle


gio, de entre os quaes nomeará o Reitor dous cada mez para terem a
seu cargo o asseio do Refeitorio, e das roupas, e mais alfaias do serviço
do mesmo Collegio ; de sorte que tudo ande sempre com a maior lim
peza.
9 O mesmo Reitor nomeará tambem ás Semanas os Familiares que
houverem de assistir á sua Meza, e á dos Professores que comerem sepa
rados na fórma assima declarada.
10 E depois passarão todos os sobreditos Familiares para a segunda
Meza, que Mando se lhes estabeleça em casa separada, como parecer
ao Reitor, e Conselheiros da Junta da fazenda.
792 1761

1 I Sobre tudo mais previno ao Reitor, que confiando-se-lhe tantos


Collegiaes das Familias mais distinctas em idades tão tenras; deve de
sempenhar esta confiança que delle fizerem os Pais , Tutores, e Admi
nistradores dos mesmos Collegiaes; para lhes evitar quanto possivel for
tudo o que possa prejudicar-lhes na saude: Mandando pelos seus Coad
jutores, e Vice-Prefeitos precaver que os mesmos Collegiaes recebão pre
sentes de fóra do Collegio; que fação comprar, e tenhão nos seus arma
rios, e quaesquer outros lugares reservados, alguns comestiveis de que
possão fazer abuso fóra do Refeitorio, que lhes seja nocivo: E castigan
do as Pessoas da sua jurisdição, que taes abusos fizerem, ou para elles
concorrerem ; e não informarem delles logo que lhes forem presentes, pa
ra se cohibirem.
12 E porque a observancia dos sobreditos Estatutos será de tanta glo
ria de Deos, e de tanto serviço Meu, e utilidade pública, e Bem com
mum dos Meus Vassallos: Hei por bem, e Me praz que se cumpräo, e
guardem em tudo, e por tudo, e valhão como Lei, e tenhão força de
tal, estabelecendo-o assim de Motu Proprio, certa Sciencia, Poder Real,
Pleno, e Supremo. E Quero, e determino que os mesmos Estatutos se
jão observados em tudo, e por tudo sem alteração, diminuição, ou em
bargo algum, que seja posto ao seu cumprimento em parte, ou em todo;
e se entendão sempre serem feitos na melhor fórma, e no melhor sentido a
favor do dito Collegio, e seus Collegiaes, e mais Pessoas delle: Haven
do por suppridas todas as clausulas, e solemnidades de feito, e de Di
reito, que necessarias forem para a sua firmeza. E derogo, e Hei des
de logo por derogadas para os sobreditos fins sómente todas, e quaesquer
Leis, Ordenações, Regimentos, Alvarás, Direitos, Doações, ou quaes
quer outras Disposições, que em contrario dos sobreditos Estatutos, ou
de cada hum delles haja por qualquer via, modo, ou maneira, posto que
sejão taes, que na fórma da Ordenação, que tambem derogo nesta par
te, se houvesse de fazer delles especial menção.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço; aos Conselhos
da Minha Real Fazenda; e dos Meus Dominios Ultramarinos; Regedor
da Casa da Supplicação; Meza da Consciencia e Ordens, Reitor da Uni
versidade de Coimbra, como Protector que della Sou, Director Geral dos
Estudos, Senado da Camara, Chanceller da Rel$ção, e Casa do Porto;
e bem assim a todos os Desembargadores, Corregedores, Provedores,
Juizes, Justiças, e mais Pessoas destes Meus Reinos, e Dominios a quem
o conhecimento desta pertencer , que a cumprão , e guardem , e fação
cumprir, e guardar com inteira , e inviolavel observancia: E a mesma
resente Carta valerá como se fosse passada pela Chancellaria posto que
por ella não ha de passar, e ainda que o seu efeito haja de durar mais
de hum, e muitos annos , não obstantes as Ordenações em contrario,
que Hei outro sim por derogadas para este efeito. Dada no Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda a 7 de Março de 1761. = Com a Assignatura
de ElRei, e a do Ministro.
Impresso na Officina de Miguel Rodigrues.
+ 1761) \ 793

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/

M anda ElRei Nosso Senhor, que nenhuma embarcação, carruagem,


ou cavalgadura de aluguer, ou de emprestimo possa sahir da Cidade de
Lisboa, e tres legoas ao redor della sem passaporte do Ministro Inten
dente Geral da Policia, sobpena de açoutes, e dez annos de galés irre
omessiveis,
contrario. observando-se
Belém a 31 deassim emdequanto
Março 1761. Sua Magestade
= Conde não mandar
de Oeiras. •

Impresso avulso.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem :
Que havendo tido certa informação, de que depois que a influencia dos
Regulares da Companhia chamada de Jesus contaminou a Politica, e
Economia do Estado da India; empregando nelle o espirito de sedição,
e de discordia , com que por principio costumou sempre aquella infesta
Sociedade alienar, não só os Estados destes Reinos huns dos outros ; e
não só dentro em cada hum dos mesmos Estados as Corporações, que os
constituem ; mas até as mesmas familias particulares: Para que inter
pondo as suas artificiosas maquinações no meio destas geraes discordias;
E enfraquecendo com ellas (debaixo da apparencia de as pacificarem)
as forças naturaes dos mesmos Estados, Corporações, e Familias , en
groçassem assim o desmedido poder, que chegárão a arrogar-se nestes
Reinos, e todos seus Dominios: De sorte, que servindo-se os sobreditos
Regulares daquelle pernicioso artificio, vierão a conseguir, que entre os
Meus Vassallos naturaes destes Reinos e entre os quaes são nascidos no
Estado da India, se viessem a introduzir diferenças, aversões, despre
zos, e até inhabilidades dos segundos dos mesmos Vassallos, com afec
tado esquecimento, e manifesta transgressão das pias Leis, e louvaveis
costumes, que tiverão unidos desde a primeira idade todos os Meus Vas
sallos daquelle Estado, com os que a elle passão deste Reino, em huma
causa commua de honras, consanguinidades, e interesses; sem que nel
le para os empregos, Matrimonios, e civilidades se fizessem outras algu
mas diferenças, que não fossem aquellas, com que as Virtudes, as Le
tras, as Acções recommendaveis, e os cabedaes licitamente adquiridos
pelo decurso dos tempos, vão constituindo as diversas Classes, que den
tro na mesma identica Nação, distinguem os diferentes Estados; e den
tro em cada hum delles as diferentes Classes; os diferentes Gremios, de
que se compoem as bem ordenadas Monarquias. E tendo ouvido sobre es
te importante negocio muitos, Ministros do Meu Conselho, e Desembar
go, com cujos pareceres Me conformei, em ordem aos fins, de obviar a
tão perniciosas transgressões; e de extinguir todos os abusos, que dellas
resultarem: Sou Servido excitar eficazmente a observancia de todas as
sobreditas Leis, e de todos os sobreditos usos, e costumes louvaveis: Or
denando, que todos os Meus Vassallos nascidos na India Oriental, e Do
minios, que tenho na Asia Portugueza; "# "… baptizados; e
lll
794 1761 •

não tendo outra inhabilidade de Direito, gozem das mesmas honras, pree
minencias, prerogativas, e privilegios, de que gozão os naturaes destes
Reinos, sem a menor diferença; havendo-os desde logo, não só por ha
belitados para todas as Honras, Dignidades, Empregos, Póstôs, Officios,
e Jurisdicções delles; mas recommendando muito seriamente aos Vice
Reis do mesmo Estado, e Ministros, e Oficiaes delle, que para as so
breditas Honras, Dignidades , Empregos 2. Póstos, e Oficios attendão
sempre nos concursos com preferencia aos Naturaes das respectivas ter
ras, mostrando-se capazes; sob pena de que do contrario Me darei por
muito mal servido, e lhe estranharei, como achar justo, conforme a exi
gencia dos casos. Item: Estabeleço que qualquer pessoa de qualqueres
tado, ou condição que seja que desprezar, ou distinguir no tracto, e na
civilidade os sobreditos Naturaes da India, ou seus filhos, ou descenden
tes; chamando-lhes Negros, ou Mistiços; ou applicando-lhes outras seme
lhantes antonomasias odiosas, e de ludribio; ou pertendendo com aquel
les pretextos inhabilitallos para as Honras, Dignidades, Empregos, Pós
tos, Oficios, e Jurisdicções, a que conforme as suas diferentes gradua
ções, serviços, e prestimo estiverem a caber; Sendo pessoa que tenha o
Fôro de Fidalgo da Minha Casa, perca o Fôro, que nella tiver, além das
mais penas, que reservo a Meu Real arbitrio: Sendo Nobre perderá a
Nobreza, que tiver, ficando reduzido á ordem dos peões, com a multa
de duzentos pardáos para a parte ofendida, e quatro mezes de prizão
debaixo de chave na Cadeia pública, dobrando , e triplicando todas as
referidas penas cumulativamente á proporção das reincidencias da sobre
dita culpa: Sendo Cavalleiro de qualquer das Ordens Militares, Mando,
(como Grão Mestre, e perpétuo Governador dellas) que além das sobre
ditas penas em todas as partes, que lhe são aplicaveis, seja suspenso do
uso do Habito, que tiver, até se Me dar conta, para Eu determinar o
que Me parecer justo: E sendo Peão, será condemnado nas mesmas pe
nas pecuniarias, e de prizão, da qual irá degradado para Moçambique
por tempo de cinco annos pela primeira vez; e se lhe aggravarão as pe
nas pelas outras reincidencias na sobredita fórma. Item: Prohibo , que
aos Naturaes da mesma India, que forem Christãos baptizados, se não
conservem contra suas vontades os Cognomes das Familias, donde hou
verem sahido, ou dos Oficios, e Ministerios delles: Ordenando que a to
dos os sobreditos se conceda o uso dos sobrenomes, e Appelidos, de que
usão as Familias destes Reinos, como nelles se está praticando sem dif
ferença alguma. — E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se
contém, sem dúvida, ou embargo algum. Pelo que: Mando ao Vice-Rei,
e Capitão General do Estado da India; Chanceller, Desembargadores da
Relação delle; Ouvidores, Juizes, Justiças, e mais Pessoas, a quem o
conhecimento deste pertencer, o eumpräo, guardem , e fação cumprir,
e guardar inteiramente, como nelle se contém, não obstante quaesquer
Leis, Regimentos, Extravagantes, Provisões, Opiniões, e Glozas, de
Doutores, que sejão em contrario, que todas, e todos Hei por derogados
para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor: Hei outro
sim por bem, que este Alvará se Registe nos Livros das Camaras de Gôa,
Bardez, Salsete, Diu, Damão, e mais lugares aonde pertencer, depois
de haver sido publicado, e afixado nos lugares publicos da mesma Cidade
de Gôa, Diu, e Damão: E Mando, que valha como Carta feita em Meu
Nome, passada pela Chancellaria, e Sellada com os Sellos pendentes das
Minhas Armas, posto que pela dita Chancellaria não ha de fazer transito;
e ainda que o seu efeito haja de durar mais de hum , e muitos annos;
1761 795

e isto tudo sem embargo das Ordenações, que determinão o contrario,


as quaes derogo tambem nesta parte. Dado no Palacio de Nossa Senho
ra da Ajuda aos 2 de Abril de 1761. (1) = Com a Assignatura de Sua
Magestade, e a do Ministro.
Regist, na Casa da Supplicação no Livro XVI.

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Por Decreto de 9 de Fevereiro do corrente anno, que baixou ao Sena


do da Camara, Fui Servido permittir que todas, e quaesquer pessoas as
sistentes nesta Corte, ou em qualquer dos lugares deste Reino, que hou
vessem conseguido licença da Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios para trabalharem nas obras vazadas de Estanho, Latão, e ou
tros metaes, lhes fossem expedidas pelo mesmo Senado as licenças neces
sarias; sem que por elle, ou pelos Oficiaes da sua jurisdicção se lhes fi
zesse o menor impedimento. E attendendo a que o adiantamento das Ar
tes mecanicas neste Reino se poderá conseguir facilitando aos Artifices
estrangeiros as licenças que pedirem: Hei outro sim por bem extender a
mesma permissão a todos, e quaesquer Artifices insignes, ou sejão na
cionaes, ou estrangeiros, para que, apresentando licenças da sobredita
Junta para trabalharem em obras de nova invenção , ou de conhecida
utilidade do Reino, lhes mande expedir o Senado as licenças necessarias.
O mesmo Senado da Camara o tenha assim entendido, e faça executar.
Nossa Senhora da Ajuda a 13 de Abril de 1761. = Com a Rubríca de
Sua Magestade.

Regist. no livro da Junta do Commercio destes Reinos,


e seus Dominios a fol. 117, e impr. avulso.

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A ttendendo aos inconvenientes, que resultão de não haver disposição


que regule as distinções, de que nos seus uniformes devem usar os Ge
neraes, e Oficiaes Militares: Sou Servido, que da publicação deste De
creto em diante, o Capitão General dos Galeões da Minha Armada Real
de alto bordo; os Mestres de Campo Generaes, que tiverem Patente,
ou exercicio de Governadores das Armas nas suas respectivas Provincias,
usem de alamares de ouro nas casacas, com galão de tres dedos de largura
á borda; e nas vestias de hum galão da mesma largura tambem á bórda,
com guarnição nos bolsos, sendo tudo guarnecido com casas de ouro, e
botões de metal dourado: os Mestres de Campo Generaes, ou se achem
com exercicio dos seus postos, ou sem elle, usarão sómente de dous ga
lões de ouro lavrados, e abertos, hum delles da largura assima referida,
que se porá direito, sem outra alguma figura, que não seja a que requer
a guarnição dos bolsos, e o outro mais estreito á borda; sendo as vestias
na mesma fórma, e os botões, e casas como assima tambem fica decla

(1) Vid. a Carta Régia de 15 de Janeiro de 1774.


Hhhhh 2
796 1761

rado: os Sargentos móres de Batalha usarão de hum só galão tambem la


vrado, e aberto, e assentado na mesma conformidade em casacas, e ves
tias com abotuaduras iguaes ás sobreditas: os Brigadeiros, e Coroneis do
mar, usarão em casacas, e vertias das mesmas abotoaduras com hum ga
lão á borda, lizo, e fechado, que tenha dous dedos e meio de largura:
os Coroneis das Tropas de terra, e Capitães de Mar, e Guerra, usarão
de hum galão liso de ouro, ou de prata, segundo os seus respectivos
uniformes, de dedo e meio de largura, posto á borda com casas da côr
da farda, e botões de metal. Todos os outros Oficiaes de Patente usa
rão de hum só galão estreito á borda na vestia, sendo lavrado, e aberto
o dos Tenentes Coroneis, Capitães Tenentes, e Sargentos móres; e liso
o dos Capitães: os Ajudantes de Campo, que forem do Capitão General
da Minha Armada, e dos Generaes, que governarem Exercito, ou ti
verem a seu cargo os governos das Provincias, usarão nos seus unifor
mes da guarnição, que, segundo a Patente que tiverem, lhe competir,
pelo que neste Meu Decreto tenho determinado: Sou Servido outro sim
dispensar a Pragmatica para os sobreditos efeitos sómente, ficando aliás
em seu vigor. E considerando que nenhum vestido póde haver mais no
bre, nem mais digno de entrar na Minha Corte, do que os uniformes
Militares: Ordeno, que depois das ordens expedidas em execução des
te, nenhum General, Official de Patente, Subalterno, e Soldado, ou
pessoa de qualquer qualidade, ou condição que seja, com exercicio nas
Minhas Tropas, ou sem elle, vencendo soldo militar, possa vir á Minha
presença nas funções publicas, ou audiencias com outros vestidos, que
não sejão os seus respectivos uniformes, ou fardas, sob pena de perdi
mento do posto, ou praça, que tiverem até nova mercê Minha. Excep
tuo as pessoas, que em razão dos seus empregos politicos Me acompa
nharem nos dias em que forem chamados, e isto sómente quando nos
avisos, que lhes forem feitos para esse fim, se lhes declarem os vesti
dos; com que devem assistir-Me, posto que sejão Militares. O Conselho
de Guerra o tenha assim entendido, e faça expedir nesta conformidade
as ordens necessarias. Nossa Senhora da Ajuda, a 27 de Abril de 1761.
= Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

R epresentando-Me a Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão, os


embaraços que lhe resultão, de não poder per si, ou pelas Pessoas por
ela constituidas, assignar na Alfandega em nome de toda a Companhia,
os Despachos dos Direitos das fazendas pertencentes á mesma Compa
nhia, sem prestar as fianças, que costumão dar as Pessoas particulares,
quando a estes deve prevalecer o crédito da dita Companhia: Sou Ser
vido conceder-lhe a graça, de poder a mesma Junta pelas Pessoas por
ella constituidas com Procuração bastante, assignar na Alfandega de Lis
boa todos e quaesquer Despachos dos direitos, que devem pagar as fa
zendas pertencentes á sobredita Companhia, sem que lhe seja necessa
rio prestar as fianças, que precedem ás habilitações das Particulares;
não obstante a disposição do Foral da Alfandega, e de qualquer Lei,
Regimento, ou Disposição em contrario, em que Hei por bem dispensar
1761 797

para este efeito sómente. O Conselho da Fazenda o tenha assim entem


dido, e mande passar os Despachos necessarios. Nossa Senhora da Aju
da a 4 de Maio de 1761. = Com Rubríca de Sua Magestade.

Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I. a fol.


186. verS.

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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que tendo consi
deração aos inconvenientes que resultão ao Commercio, que os Meus
Vassallos fazem no Porto de Moçambique, do Estanque, ou monopolio
do Vellorio, ou Missanga que nelle se acha estabelecido: E desejando
promover as utilidades do mesmo Commercio a favor dos que nelle se
empregão em commum beneficio: Hei por bem abolir o sobredito Es
tanque, ou monopolio eom todos os Administradores, e Oficiaes que pa
ra elle se tinhão nomeado como se nunca houvesse existido: Reservando
sómente para a Minha Real Fazenda aos Direitos de vinte por cento de
entrada do referido genero computados pelo commum preço das primei
ras vendas; os Direitos que delle se devem pagar por sahida como actual
mente pagão as fazendas que de Moçambique se navegão para os Pórtos
da Costa Oriental de Africa, e Ilhas adjacentes. Observando-se em tu
do o mais os Direitos de entrada, e sahida da Alfandega de Moçambi
que o que actualmente se pratíca em quanto Eu não estabelecer nova
Pauta sobre as informações que tenho mandado fazer sobre esta materia.
No caso de existir algum Vellorio ou Missanga pertencente á Minha
Real Fazenda daquelles sortimentos para o sobredito Estanque: Deter
mino que em quanto o mesmo Vellorio, ou Missanga existente não for ,
exportado, se suspenda a liberdade que por este Alvará tenho estabele
cido a favor dos particulares em commum. Querendo porém estes divi
dir entre si o referido Vellorio existente comprando-o pelo seu justo, e
costumado preço; se repartirá entre elles por hum igual rateio, e sem
monopolio a favor de alguns com prejuizo do Commercio commum dos
referidos particulares: Os quaes ficarão neste caso gozando desde logo da
plena
guma.liberdade de commerciarem no referido genero sem restricção al
• •

E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém, sem


dúvida, ou embargo algum, e valerá como Carta passada pela Chancel
laria posto que por ella não ha de passar, e ainda que o seu efeito haja
de durar mais de hum anno, ou muitos annos, não obstantes as Orde
nações, e todas as mais Leis, Alvarás, Provisões, Disposições, ou cos
tumes contrarios. Pelo que: Mando ao Conselho Ultramarino, Junta do
Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Vice-Reis, e Capitães Ge
neraes dos Estados da India, e Brazil, Governadores, e Capitães Gene
raes do Rio de Janeiro, Pernambuco, Grão Pará, e Maranhão, Ango
la, e Moçambique; Relações dos mesmos Estados da India, e Brazil,
Governadores, Capitães Móres, e mais Ministros, e Oficiaes de Justi
ça, e Guerra, a que o conhecimento deste Meu Alvará pertencer, que
o cumpräo, e guardem, e que o fação cumprir, e guardar como nelle se
contém; registando-se nas sobreditas Relações, e mais lugares onde se
798 176]

costumão registar semelhantes Leis. Dado no Palacio de Nossa Senho


ra da Ajuda a 7 de Maio de 1761. = Com a Assignatura de Sua Ma
gestade. •

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios da Mari


nha, e Dominios Ultramarinos, a fol. 27., e impr.
na Regia Typografia Silviana.

# *kuoºk #

Tesº consideração ao que Me foi representado por parte dos Tenen


tes Coroneis, Capitães, Capitães Tenentes da Minha Armada, e os Offi
ciaes Subalternos tanto de Infantaria, como de Cavallaria, e Dragões a
respeito dos seus Uniformes: Sou Servido ordenar, que além do que por
Mim foi determinado no Decreto de vinte e sete de Abril do presente
anno: Os Tenentes Coroneis, e Capitães Tenentes tragão nos seus Uni
formes á borda dos Canhões das Casacas hum galão igual do das Ves
tias; e os Officiaes Subalternos a saber Ajudantes, Tenentes, e Alferes
trarão á borda das Vestias hum galão lizo, e de largura de menos de hum
dedo; para o que Sou tambem Servido dispensar na Lei da Pragmatica
de vinte e quatro de Maio de mil setecentos quarenta e nove. O Conse
lho de Guerra o tenha assim entendido, e faça expedir nesta conformi
dade as ordens necessarias. Nossa Senhora da Ajuda a 30 de Maio de
1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

—…—º

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará virem, que por par
te de Luiz Alazard, e Filippe de Napoles, Negociantes nesta Praça de
Lisboa, e naturalisados nestes Meus Reinos, Me foi representado, que el
les Supplicantes havião intentado estabelecer nesta Cidade huma Fabrica
de Gommas para Polvilhos, obrigando-se a prover o Reino do referido ge
nero, e não exceder de mil setecentos réis no preço de cada humu ar
roba das mesmas Gommas. Porém como a execução do sobredito inten
to seria de grande despeza, e para segurar o producto da mesma manu
factura se lhes fazia necessaria a concessão do Privilegio exclusivo por
tempo de dez annos; Me pedião lhe fizesse mercê de conceder o sobre
dito Privilegio; como tambem a Aposentadoria activa, e passiva para a
mesma Fabrica. E mandando consultar o Requerimento dos Supplicantes
pela Junta do Commercio destes Reinos e seus Dominios, e por Minis
tros do Meu Conselho, com cujos pareceres Fui Servido conformar-Me:
Hei por bem, que mostrando os Supplicantes, ou seus Successores, na
referida Junta dentro no termo de seis mezes, contados do dia da data
deste, que tem estabelecido a nova Fabrica de Gommas para Polvilhos
com tanta abundancia, que seguramente baste para supprir o ordinário
consummo do referido genero nestes Meus Reinos; e precedendo tam
bem o exame, de que conste que das mesmas Gommas assim pelo que
toca ás qualidades exteriores, como pelo que pertence á saude pública,
1761 799 |

tem igual, ou maior bondade que as que vem de fóra; e mostrando-se


assim por certidão do Secretaria da sobredita Junta do Commercio em
que conste, que por Ordem da Junta se fizerão os referidos exames; lhes
seja, por este mesmo Alvará declarado o Privilegio exclusivo por tempo
de dez annos: no qual tempo se não possão introduzir de fóra Gommas
para Polvilhos, e ainda das fabricas no Reino, sómente se possão ven
der as da Fabrica dos Supplicantes: para a qual: Sou outro sim Servido
conceder-lhes Aposentadoria passiva; ficando com tudo livre a todas, e
quaesquer pessoas o venderem as Gommas, que já estiverem introduzi
das ao tempo em que tiver principio a prohibição, e as Gommas que vie
rem dos Pórtos dos Meus Dominios da America, as quaes se não devem
entender incluidas na prohibição referida; e semelhantemente o fazerem
uso nas suas proprias casas das Gommas, que nellas fabricarem para o
seu uso sem excesso ou dólo. E porque do honesto trabalho de reduzir
Gommas a Polvilhos costumão sustentar-se algumas pessoas pobres, e re
colhidas, qne não devem ser privadas do lucro, que lhes resulta desta
manufactura, se não poderá vender na referida Fabrica, ou ainda em
lojas que a ella pertenção, per si, ou por interpostas pessoas, pelos re
feridos Fabricantes, a Gomma reduzida a Polvilhos, mas sómente em
groço a razão de mil e seiscentos réis a arroba, pena de que, provando
se o contrario, lhes ficará por essa contravenção annulado o Privilegio
exclusivo, que só para as referidas vendas em groço lhes permitto na so
bredita fórma e debaixo da dita Condição.
Pelo que Mando á Meza do Desembargo do Paço Conselho da Fa
zenda, Regedor da Casa da Supplicação, Meza da Consciencia e Ordens,
Conselho Ultramarino, Senado da Camara, Governador da Relação e
Casa do Porto, Junta do Commercio destes Reinos e seus Dominios, e
a todos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, e Justiças,
dos Meus Reinos, e Senhorios, cumpräo, e guardem este Meu Alvará,
e o fação inteiramente cumprir, e guardar como nelle se contém, sem
dúvida alguma, e não obstantes quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás
e Ordens em contrario: E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
posto que por ella não faça transito. Dado no Palacio de Nossa Senhora da
Ajuda a 9 de Junho de 1761. = Com a Assignatura de ElRei, e a do
Ministro. }

• • • Regist, na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no Livro III. da Junta do Commerco destes Rei
nos , e seus Dominios a fo. 127. e impr. na Regia
Typografia Silviana,

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Lei virem, que re
presentando-Me a Junta da Administração da Companhia Geral do Grão
Pará, e Maranhão, os prejuizos que resultavão á mesma Companhia das
vendas que fazem as pessoas, que comprão Escravos sobre crédito, com
o destino de os empregarem na Agricultura, e Fabricas daquelle Esta
do: vendendo depois os mesmos Escravos antes de estar a Companhia
inteiramente paga, para satisfazerem outras dividas, ou anteriores, ou
posteriores, em fraude da mesma Companhia: E concorrendo tambem
SOO 1761

para a fraudar as penhoras, e execuções, que nos mesmos Escravos fa


zem os Crédores, a que se julga a preferencia pela prioridade das pe
nhoras, sem que seja facil evitar estes damnos, por não caber mas occu
pações dos Administradores, nem occorrer ás sobreditas fraudes, nem
examinar com a opportunidade necessaria o destino, que os referidos
Compradores dão aos ditos Escravos, e conhecer o estado do crédito de
todos os Compradores: E isto ao mesmo tempo, em que no caso de que
rerem segurar as vendas, fazendo-as a dinheiro, serião poucos os Escra
vos que se vendessem, e por consequencia viria naquelle Estado a falta
remos obreiros mais precisos para a Agricultura com grande decaden
cia do mesmo Estado. Para obviar huns, e outros prejuizos, e fraudes:
Sou Servido ordenar, que no Estado do Grão Pará, e Maranhão se não
possa fazer venda, penhora, embargo, sequestro, ou execução nos Es
cravos, que a dita Companhia vender, sem preceder attestação dos seus
Administradores, pela qual conste, que a mesma Companhia se acha in
teiramente paga do preço porque forão vendidos: E que todas as vendas
judiciaes, e extrajudiciaes, que se fizerem sem attestação dos ditos Ad
ministradores da Companhia na referida fórma, sejão nullas, e de ne
mhum efeito: Estabelecendo, que em todos os sobreditos casos, e quaes
quer outros que possão occorrer, sempre a Companhia haja de preferir a
todos os Crédores dos seus devedores, para ser embolçada do que se lhe
dever por conta da venda dos Escravos que fiar, pelo producto das exe
cuções, que nelles se fizerem com preferencia aos sobreditos Crédores
particulares. •

E este se cumprirá tão inteiramente, como nelle se contém, não


obstantes quaesquer Leis, e Disposições contrarias, que todas Hei por
derogadas para este efeito sómente, ficando aliàs sempre em seu vigor;
e que valha como Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella
não ha de passar.
Pelo que: Mando ao Governador, e Capitão General do Estado
do Grão Pará, e Maranhão, e a todos os Governadores delle, aos Ouvi
dores, Provedores da Minha Real Fazenda, Juizes, Justiças, e mais
pessoas a quem o conhecimento deste pertencer, o cumpräo, e guar
dem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente, como nelle se con
tém , e registar em todos os lugares onde se costumão registar semelhan
tes Leis, para constar a todo o tempo, e se não poder allegar ignoran
cia. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 9 de Junho de 1761.
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Seeretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no Livro da Companhia Geral da Junta da Ad
ministração do Grão Pará, e Maranhão a fol. 157.,
e impr. na Régia Typografia Silviana.

",
# #*Cººk # º

Co…………… o muito, que convem ao regular serviço da Marinha,


que nelle haja educação de Oficiaes, que se fação dignos pela sua ins
trucção, e prestimo, de subirem aos postos maiores, e de nelles cumpri
rem com as suas obrigações como espero: Hei por bem crear por ora
vinte e quatro Guardas Marinhas, que terão a graduação de Alferes de
1761 801

Infantaria, e os mesmos soldos, e insignias uniformes respectlvos na côr


aº corpo, em que hão de servir; observando-se na fórma das suas qua
lificações, para serem admitidos a assentarem praça, o que tenho esta
belecido por Alvará de dezeseis de Março de mil sétecentos cincoenta e
sete sobre as qualidades dos Cadetes das Tropas da terra, no que lhe
for applicavel; e praticando-se quanto á fórma dos seus exercicios, e ser
Viço o que tenho determinado a D. João Meu muito amado, e prezado
Primo, Capitão General dos Galeões da Minha, Armada Real do Alto
bordo do mar Oceano. Quanto ao provimento dos sobreditos Guardas
Marinhas se observará o mesmo, que se está observando no dos Capi
tães Tenentes. E declaro que não he da Minha Real intenção excluir os Of.
ficiaes da mesma Marinha, que no serviço della houverem dado, e de
rem provas certas, indubitaveis, e notorias de sciencia, prestimo, e pro
pensão para tão importante serviço, de serem promovidos aos postos, a
que estiverem a caber segundo as suas diferentes graduações. O Conse
lho de Guerra o tenha assim entendido, e faça observar pelo que lhe per
tence.
ca Nossa
de Sua Senhora da Ajuda a 2 de Julho de 1761. = Com a Rubrí
Magestade. + • •

' . . … " . Impresso avulso.


+

. * . .. } .
* - *--*Loºk-*-*#

\ Atendendº a Me representar Diogo de Souza e Gouvêa, que no Se


nado da Camara, se achavão paradas por falta de Ministros daquelle
Tribunal, duas Causas, que a elle havião ido por Appellação, huma em
que contendia com Antonio Pedroso, e com o Sindico do mesmo Senado,
e outra com o sobredito Antonio Pedroso, e Francisco Joaquim de Bar
ros e Vasconcellos: Fui Servido nomear para Juizes Adjuntos das mes
mas Causas os Desembargadores da Casa da Supplicação, Bartholomeu
José Nunes Cardozo Giraldes, e Innocencio Alves da Silva, para irem
ao Senado no dia em que forem avisados. O Arcebispo Regedor, o tenha
assim, entendido. Nossa Senhora da Ajuda 24 de Julho de 1761. = Com
a Rubríca de Sua Magestade. " *
• } -

Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI.


a fol. 206.

*—***** —º
- **
, º
+
1° - * * . ** … . . .{ … .. … --

EU ELREI Façosaber aos que este Álvará de Declaração virem, que


havendo-Me representado a Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios, que as penas estabelecidas pela disposição do Capitulo segun
do, paragrafo terceiro dos Estatutos da Meza do Bem commum dos Merca
dores, para cohibir as contravenções dos mesinos Estatutos, se achão sem
applicação determinada ; em cujos termos se devia seguir neste caso a
disposição geral a respeito das Tomadias, a qual he nesta materia o Al
vará de vinte e seis de Outubro de mil se tecentos e cincoenta e sete,
que havia precedido aos Estatutos dos Mercadores, e tratando das mes
umas Tomadias, ordena sem distincção "s", que as llll
arrematações de
802 1761
vem ser sempre assistidas de dous Deputados da Junta, entregando es
tes o producto, para selançar em Receita separada, e entrar com º mesº
na separação no cofre da Junta, como tambem o producto dos dºbras,
tresdobros, e annoveados, em que forem condemnadas as partes. E que
havendo esta disposição clara, geral, e não derogada até agora, se de
vião fazer as applicações do producto das Tomadias para o cofre da mes"
ma Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, do qual se far
zem todas as despezas uteis ao Bem commum do mesmo Commerciº: E
querendo que nesta materia se proceda sobre principios certos, e clarºs,
que evitem toda a preplexidade, e interpretação contraria: Sou Servido
declarar que o producto das Tomadias, que tiverem origem na contrar
venção aos Estatutos da Meza do Bem commum dos Mercadores, se der
vem applicar ao cofre da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Do"
minios, na mesma fórma determinada no Alvará de vinte e seis de Qu
tubro de mil setecentos e cincoenta e sete, sem a menor diferença ; e
que assim se fique observando daqui em diante. . -

Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço; Conselhos da


Fazenda, e do Ultramar; Meza da Consciencia, e Ordens; Casa da Sup
plicação; Senado da Camara, Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios, Junta da Administração da Companhia Geral de Pernambu
co, e Paraíba, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e mais
Officiaes, e Pessoas a quem o conhecimento deste Alvará pertencer, o
cumprão, e guardem, e fação cumprir, e guardar tão inteiramente co
mo nelle se contém; não obstantes quaesquer Regimentos, Leis, Foraes,
Ordens, ou estilos contrarios, que todos Hei por derogados para este ef
feito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor. E valerá como Carta
passada pela Chancellaria, posto que por ella não ha de passar, e o seu
efeito haja de durar mais de humanno, sem embargo das Ordenações
do livro segundo, titulo trinta e nove, e quarenta em contrario; regis
tando-se em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes
Leis: E mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no Pa
lacio de Nossa
Assignatura deSenhora
ElRei, edaa Ajuda aos 29 de Julho
do Ministro. * * **
de* *1761.
*
=. …Com
"
a •

|-
* - - - - - * * * * * ** * * * * * |- !, - --

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino . -


no Livro III. da Junta do Commercio a fol. 140, e
\ V_- é impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.
… *.*

# *kºoººk *

* - --- # > >> ………… - +

Pºr justos motivos que Me forão presentes: Sou Servido haver por susr
penso ao Provedor da Casa da Moeda, Mathias Aires Ramos, até segun
da Ordem Minha; e que no entretanto sirva de Provedor da mesma Ca:
sa com toda a jurisdicção de Provedor o Thesoureiro della Manoel José
de Perelonge, como antes se tinha, praticado, ordenando-lhe, que para
a prompta expedição das partes, e regularidade das Fabricas, em quan
to Eu não der outra mais especial providencia, faça exactamente obser
var as disposições do Regimento, principalmente pelo que toca aos Es
crivães da Receita, da conferencia, e dos manifestos; aos Juizes da Ba
lança; aos fundidores; aos Ensaiadores; aos Fiéis do ouro, e prata;
aos guardas do Cunho; aos moedeiros, e mais Oficiaes, como tambem
* *
1761 803

o Meu Real Decreto de quinze de Janeiro de mil setecentos cincoenta


e cinco: E Sou Servido outro sim, que além das sobreditas Disposições,
se observe por hora, a de se receber o ouro, e prata pelo sobredito The
soureiro em Cofres separados, dos quaes irão passando para a fundição,
as porções que necessarias forem, sendo primeiro ensaiadas em fôrma,
para ficar authenticado o toque de cada huma das referidas porções an
tes de se fundirem, e para que sendo outra vez ensaiadas depois de fundi
das fique constando legalmente se ha diferença entre aquelles dous esta
dos, antes que os referidos metaes passem a ser ligados, e possa logo fi
car assim a conta feita ao metal da Liga. O Conselho da Fazenda a te
nha assim entendido e faça executar com os despachos necessarios. Nos
sa Senhora da Ajuda em o 1.° de Agosto de 1761. = Com a Rubríca
de Sua Magestade.

Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I a


fol. 198.

*—*****--*

Tendº consideração ao que Me representárão os Coroneis dos Regimen


tos das Ordenanças desta Corte, e Cidade de Lisboa, os Mestres de
Campo dos Terços Auxiliares destes Reinos, Sargentos Móres delles, e
dos sobreditos Regimentos; como tambem os das Comarcas, e os Ajudan
tes do número dos mesmos Terços Auxiliares: Sou Servido ordenar, que
hajão de usar Uniformes competentes á graduação dos seus respectivos
Póstos, na fórma declarada nos Meus Decretos de vinte e sete de Abril,
e trinta de Maio do presente anno; para o que Sou outro sim Servido dis
pensar a Pragmatica de vinte e quatro de Maio de mil setecentos e qua
renta e nove, conformando-se os sobreditos Oficiaes, nas cores dos seus
Uniformes, com as de que se usa no Meu Exercito. E por quanto se tem
introduzido haver mais dos Ajudantes nos referidos Terços Auxiliares,
chamados Supras: Ordeno, que a respeito delles se não entenda esta
Minha Real Determinação, nem os sobreditos Decretos ; não obstante
haverem os mesmos Ajudantes Supras soldo, por Resolução do anno de
mil setecentos e trinta e cinco , o qual soldo Ordeno que se lhe conti
tinue, não podendo tornar a serem provídos os ditos Póstos, tanto que
vagarem; por quanto desde logo para então os Hei por extinctos: e quan
do succeder vagar nos referidos Terços algum Posto de Ajudante do nú
mero, será nelle provído o Ajudante Supra que existir no mesmo Terço,
não podendo assentar-se Praça nas Védorias desta Corte, e das Provin
cias, a outra alguma Pessoa, de Ajudante do número Auxiliar, em quan
to em cada Terço não forem accommodados os Ajudantes Supras, que
hoje nelles existem; e aos Védores Geraes que assim o não executarem
o haverei em culpa. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido, e
nesta conformidade faça passar as Ordens necessarias. Nossa Senhora da
Ajuda a 6 de Agosto de 1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

Iiiii 2
804 1761

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#

DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar


ves, d'aquém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber aos que esta Lei virem, que por quanto a experiencia tem
mostrado os grandes inconvenientes, que se seguem á conservação, e ao
augmento da principal Nobreza dos Meus Reinos, não só de se dividirem
por iguaes porções, ou legitimas, as heranças dos Fidalgos entre os seus
Filhos varões, e Filhas femeas; tirando-se assim aos Primeiros os meios
para se empregarem no serviço da Minha Coroa; e para accrescentarem
nelle o esplendor das suas respectivas Familias; mas tambem de se cons
tituirem ás Filhas femeas illimitados dotes para seus casamentos, de sor
te que nas faculdades das casas, nas quaes concorrião muitas Filhas, não
cabia dar-lhes o estado do matrimonio sem se arruinarem inteiramente
com a constituição de tantos dotes; seguindo-se delles tambem prejuizo
grande ás outras casas que os recebião; já pela difficuldade de os segu
rarem; já porque, entrando nellas em alfaias, e móveis corruptiveis,
sahião depois por despendiosos pleitos, e execuções efectivas em moeda
corrente, ou bens sólidos, e estaveis; e não sendo menos dignos da Mi
nha Real Providencia os attendiveis damnos, que até agora padecerão
ainda as mesmas Dotadas, porque nos casos de ficarem viuvas lhes ac
crescia sobre os descommodos indispensaveis no seu estado vidual, e di
gno de todo o favor, e compaixão, o de fazerem, e proseguirem muitos
pleitos, esperarem as delongas, e fins incertos delles, para se alimenta
rem dos seus dotes, e arras; os quaes ordinariamente, ainda depois de
restituidos por aquelles onerosos meios, não erão competentes para a con
grua, e decorosa sustentação das Pessoas da sua qualidade: Tendo con
sideração a estes, e outros motivos dignos da Minha Real, e Pia atten
ção: E mandando vêr, e considerar esta materia pelos do Meu Conse
lho, e por outros Ministros dos de maior graduação, e de mais experi
mentada prudencia, com cujo parecer Me conformei: Houve por bem
estabelecer por esta Lei aos ditos respeitos o seguinte.
1 Determino que as heranças das Pessoas, que tiverem o Foro de
Moço Fidalgo da Minha Casa, e dahi para cima, e que com ele possui
rem bens vinculados, e da Coroa, e Ordens, que juntos excedão a tres
contos de réis de renda annual; e nos bens das mesmas heranças , que
na fórma de Direito são partiveis entre Filhos, e Filhas; da publicação
desta Lei em diante se devidão sómente pelos primeiros, sem dos referi
dos bens se adjudicar cousa alguma as segundas; ou seja por titulo de
legitima, ou de dote, ou debaixo de qualquer outra denominação, por
mais especiosa que seja.
2 Para que com tudo não succeda carecerem as sobreditas Filhas dos
meios necessarios para se alimentarem em quanto viverem com seus Ir
mãos, e Parentes nas casas dos Pais, ou Avós communs, serão os mes
mos Irmãos, ou Parentes obrigados a alimentallas com decencia; ou pe
las quotas partes dos rendimentos das legitimas, que lhes tocarião por o
Direito, havendo-as, as quaes serão sempre adjudicadas por rateio com
este encargo Real; ou pelos bens dos Morgados dos referidos Pais, ou
Avós communs onde não chegarem os bens allodiaes, que pela sobredi
ta fórma se houverem repartido pelos Filhos varões.
1761 805

3 Querendo as mesmas Filhas mudar de estado, se lhes assistirá nes


ta mesma conformidade com o que lhes for necessario para a sua ac
commodação, segundo as faculdades dos Irmãos, ou Parentes, que as
tiverem a seu cargo.
4 Se o referido estado for o do matrimonio: Ordeno que para elle não
possa exceder a despeza, que se fizer com as sobreditas Filhas a do seu
enxoval de roupa branca, despendendo-se nelle até a quantia de quatro
mil cruzados; sem que, além do referido enxoval de roupa branca redu
zido á sobredita quantia, se possa dar, ou doar ás futuras Esposas outra
alguma cousa a titulo de dote; ou debaixo de qualquer outra denomina
ção; ou seja em bens de raiz; ou em dinheiro; ou em joias; ou em ou
tras alfaias diferentes; sobpena de nullidade dos Contratos; de perdi
mento dos bens por elle transferidos, ametade a favor do Cofre da Re
dempção dos Captivos, outra ametade a favor do Hospital Real de todos
os Santos; e de perdimento dos Oficios dos Tabelliães, que taes Con
tratos estipularem, sendo Proprietarios, ou do valor dos mesmos Oficios,
sendo Serventuarios, a favor das Partes que os denunciarem.
5 O mesmo Ordeno que se pratique tanto a respeito da quantia dos
dotes, e do excesso delles, como das penas assima estabelecidas; ainda
no outro caso de não haver nas heranças bens livres para a sobredita reser
va; e de serem as Esposas dotadas pelos proprios bens de seus Pais, e Ir
mãos; porque ainda neste caso melitarão as mesmas Disposições, sem a
menor diferença.
6 Da sobredita Disposição geral exceptuo sómente dous casos a sa
ber: Primeiro o de serem as Esposas Damas da Rainha Minha sobre to
das muito amada, e prezada Mulher; porque sendo taes, poderão fazer
nos seus Contratos matrimoniaes declarada menção dos despachos, que
lhe pertencerem pelos serviços que houverem feito: Segundo o de serem
as mesmas Esposas ou herdeiras das suas Casas, ou chamadas para suc
ceder em quaesquer outras Casas de seus Parentes por consanguinidade,
ou afinidade, ou ainda por afecto de amizade; porque, casando como
herdeiras em qualquer destes casos, poderão dotar-se livremente com os
bens que tiverem, e fazerem delles as reversas abaixo declaradas.
7 Occorrendo ao decente ornato das sobreditas Esposas no tempo que
passarem ao estado do Matrimonio; e á congrua sustentação que para o
estado vidual lhes devem fazer segura as casas onde entrarem para con
tinuallas: Determino em quanto ao referido ornato, que este se faça por
conta dos Esposos sendo maiores, ou se forem menores, por seus Pais,
Tutores, ou administradores; consistindo os mesmos ornatos nupciaes,
sómente em hum vestido de galla para o dia do casamento; em dous ves
tidos mais para os dous dias proximos successivos a elle; e em humas
arrecadas; em huma peça, ou joia da garganta; em hum anel; e em hum
relogio de algibeira; sem que os ditos ornatos se possão exceder de mo
do algum, sobpena de perdimento de todas as peças, que excederem ás
sobreditas, para serem applicadas na referida fórma: E em quanto, á
congrua sustentação das mesmas Esposas nos casos da viuvez, estabele
ço que, ficando estas por morte de seus Maridos na posse civilissima de
todos os bens do Casal, assim Patrimoniaes, como da Minha Coroa, e
das Ordens, em que se achar que ha vidas já concedidas, se conservem
nella até que pelo Oficio dos Juizes, a quem pertencer, se lhe separe
precipua a decima parte dos rendimentos annuaes de todo o monte maior
das rendas das respectivas Casas, a qual decima parte lhes será tambem lo
go adjudicada a titulo de Apanagio, ou de Alimentos pelas rendas mais lí
8O6 176 |

quidas, e sólidas que houver no Casal; ou sejão provenientes de bens


allodiaes; ou, na falta delles, dos bens de Morgados, e Capellas; ou,
no defeito destes, dos bens da Coroa, e Ordens, em que houver vidas;
para o que tudo Hei desde logo por concedidas todas as necessarias fa
culdades, e todas as precisas dispensas não só como Rei, mas tambem
como Grão Mestre das Ordens Militares, sem a dependencia de outro
algum despacho: E se conservarão na referida posse com os privilegios
de preferencia, e com todos os mais que por Direito se achão estabeleci
dos a favor dos bens dotaes, cuja natureza ordeno que fiquem tendo os
fobreditos Apanagios : Fazendo-se esta adjudicação de plano , pela
verdade sabida, sem mais ordem judicial, do que a dos termos que ne
cessarios forem para se computar a totalidade das rendas das respectivas
Casas na sobredita fórma : E ficando as Viuvas assim alimentadas con
servadas igualmente depois da dita divisão na posse dos ditos alimentos,
e bens a elles pertencentes, para todo o tempo da sua vida em quanto
existirem no estado Vidual, para que ao tempo, em que falecerem, ou
passarem a segundas nupcias, cesse por qualquer dos mesmos factos a
posse dos ditos alimentos, e voltem tambem logo com os bens a elles o
brigados ás Casas, donde houverem sahido na sobredita fórma.
8 Nos dous casos, assima contemplados, de serem as Esposas Da
mas da Rainha Minha sobre todas muito amada, e prezada Mulher; ou
de serem herdeiras: Ordeno pelo que pertence ás primeiras, que, além
da decima das rendas dos bens do Casal em que Viuvarem, lhes fiquem
precipuas as suas tenças por todo o tempo que lhes durar a vida, sem
que se lhes possa diminuir em razão dellas cousa alguma dos Apanagios,
ou Alimentos assima ordenados: E pelo que toca ás segundas, que co
mo senhoras das suas Casas possão estipular com seus respectivos Espo
sos, assim para a vida, como para a morte, as reservas, e condições,
que bem lhes parecer, como até agora se praticou sem a menor dife
rença.
9 E esta se cumprirá tão inteiramente como nella se contém, não ob
stantes quaesquer Leis, Disposições de Direito, Patrio, ou Commum,
ainda que sejão daquellas que requerem especial derogação, e sem em
bargo de quaesquer Opiniões de Doutores; porque todas Hei por dero
gadas para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor. E
Mando ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho do Meu Conselho, e Chan
celler Mór destes Reinos, e Senhorios, a faça publicar na Chancellaria,
para que a todos seja notoria; e enviar logo Cartas com o traslado del
la, sob Meu Sello, e seu signal, a todos os Corregedores, Ouvidores das
Comarcas destes Reinos, e aos Ouvidores dos Donatarios, em cujas ter
ras os Corregedores não entrão por Correição; a qual se registará nos Li
vros do Desembargo do Paço, e nos da Casa da Supplicação, e Relação
do Porto, onde semelhantes Leis se costumão registar; e esta propria
se lançará na Torre do Tombo. Dada no Palacio de Nossa Senhora da
Ajuda a 17 de Agosto de 1761. = Com a Assignatura de ElRei, e a
do Ministro.

Regist. na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis a fol. 154., e impr. avulso.
s 1761 soz
ir: #2: 22 - a ***… º riº e º ºuro " 3 "b 2.0 .…. : " o : " … p os
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La U ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que não havendo sido bastantes as repetidas Leis que em diversos tem
pos forão estabelecidas pelos Senhores Reis Meus Predecessores para ob
viarem, nem ás superfluas, e dispendiosas ostentações dos casamentos
publicos com as quaes (contra o costume das Cortes mais polidas da Eu
ropa) humas vezes se tem arruinado inteiramente, outras se tem dete
riorado muito as Casas da Nobreza na mesma occasião, em que se tra
tava de as continuar; nem aos extraordinarios excessos com que no nô
jo, e luto das Viuvas, e Pessoas distinctas se tem praticado os abusos de
se fecharem inteiramente as janellas de todas as casas, e de serem as
mesmas Viuvas reduzidas ao canto de huma casa escura com a cama no
pavimento della, e de não sahirem de tão funesta habitação antes de ser
Passado hum anno, e de haverem no decurso delle contrahido muitos, e
muito graves achaques, os quaes de modo ordinario lhes ficão durando
toda a vida: Tendo consideração ao referido: Depois de ter consultado
sobre esta materia os do Meu Conselho, e outros Ministros dos mais gra
duados, e de mais experimentada prudencia, com cujos pareceres Me
conformei: Hei por bem declarar, e ampliar aos ditos respeitos as Leis,
e Pragmaticas antecedentes na maneira seguinte. . .
1: Prohibo que do dia da publicação desta em diante se faça na Mi
nha Corte pelas Pessoas della, que tiverem o Foro de Moço Fidalgo da
Minha Casa, e dahi para cima, com tres contos de réis de renda an
nual em bens vinculados, e da Coroa, e Ordens, ou dahi para cima, al {

gum casamento, que seja público ; assim na assistencia para a celebra \


ção do Matrimonio , como no acompanhamento dos Noivos; e na rece
pção destes em sua Casa: E que nas referidas funções concorrêrão por
convite, ou sem elle Pessoas algumas ( além dos Padrinhos, e Madri
nhas) que não sejão os Parentes no primeiro gráo, como Pais, e Irmãos
dos Contrahentes: E tudo debaixo das penas do Meu Real desagrado, e
do perdimento das carruagens, e bestas, em que forem; ametade a fa
Vor do Cofre da Redempção dos Captivos; e a outra ametade a favor do
Hospital Real de todos os Santos; e a cujos Procuradores Ordeno que
promovão pelas transgressões desta Minha Lei até serem executadas as
Penas nella estabelecidas." • • |- - -

> 2. Igualmente prohibo debaixo das mesmas penas, que os sobreditos


Contrahentes daquella qualidade possão pernoitar dentro na Cidade de
Lisboa, ou em distancia menor de duas legoas della no dia em que se
receberem: Antes pelo contrario Ordeno, que sejão obrigados a passa
rem logo a qualquer casa de Campo, que pelo menos exceda o referido
espaço para nella se dilatarem o tempo que as suas obrigações, e depen
dencias domesticas poderem permi1tir-lho; não seudo em nenhum caso a
sobredita ausencia da Corte de menos de dez dias, nos quaes se lhes não
Poderão fazer, nem serem por elles recebidas outras visitas, que não se
Jao as dos Parentes no primeiro gráo assima declarados. . •

3 Da mesma sorte prohibo que as Viúvas da publicação deste em di


ante, sejão encerradas em Camaras escuras, e privadas do uso decente
dos seus leitos, ou reclusas ainda em todas as casas das suas respectivas
habitações por tanto tempo como até agora se tem praticado: Ordenan
sos 1761
do que logo no mesmo dia do falecimento de seus Maridos, se retirem
para qualquer outra casa da Corte, ou do Campo, tendo para isso com
modidade: E que no caso de a não terem, e de ficarem por isso nas
mesmas casas da sua residencia, se não possão nellas fechar as janellas,
nem extender-se o nôjo a mais de oito dias; nem o enserro em casa a
mais de hum mez; nem se possão servir de luzes, e camas aos cantos
das casas, ou no chão; porque todas estas ceremonias declaro por abu
sos, e corruptellas, e como taes as reprovo, e Hei por abolidas debaixo da
mesma pena do Meu Real desagrado, e de dous mil cruzados repartidos
na sobredita fórma, e pagos ametade pelas mesmas Viuvas, e a outra
ametade pelos Donos das casas, ou Cabeças de Familias, que os sobre
ditos abusos praticarem, ou a elles derem o seu consentimento. +

4 O mesmo Ordeno tambem que se observe nos enserros, e nôjos dos


Parentes no primeiro gráo, por todas as outras pessoas de ambos os se
xos, em tudo o que for applicavel a cada huma dellas,
E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém, não
obstantes quaesquer Leis, Disposições de Direito, Patrio, ou Commum,
ainda que sejão daquelas que requer especial derogação; e sem embar
go de quaesquer opiniões de Doutores; porque todas Hei por derogadas
para este efeito sómente; ficando aliás sempre em seu vigor: E Mando
ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e Chanceller
Mór destes Reinos, e Senhorios, o faça publicar na Chancellaria, para
que a todos seja notorio; e enviar logo Carta com o traslado delle, sob Meu
Sello, e seu signal, a todos os Corregedores, Ouvidores das Comarcas des
tes Reinos, e aos Ouvidores dos Donatarios, em cujas terras os Correge
dores não entrão por Correição; o qual se registará nos livros do Desem
bargo do Paço, e nos das Casa da Supplicação, e Relação do Porto, onde
semelhantes Alvarás se costumão registar; e este proprio se lançará na Tor
re do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 17 de A
gosto de 1761. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist, na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no
Divro das Leis a fol. 162., e impr. avulso. -
• - 1}

*--*****-*
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A TTENDENDo ao que Me foi representado pela Junta do Commercio


destes Reinos, e seus Dominios: E querendo favorecer os Commercian
tes deste Reino e suas Conquistas, e facilitar a sahida para fóra do Rei
no das Sollas, e Atanados: Sou Servido, que os Atanados, e Couros
que se embarcarem para fóra do Reino, sejão isemptos dos Direitos de
entrada, e sahida em quanto Eu o houver por bem, e não mandar o con
trario, permittindo, que para maior facilidade do mesmo transporte se
possão huns e outros Couros baldear, assim do mesmo modo quanto, á
formalidade, que no Alvará de vinte e sete de Janeiro de mil setecentos
cincoenta e hum foi concedido a favor dos Assucares. O Conselho da Fa
zenda o tenha assim entendido, e faça executar com os Despachos ne
cessarios.deNossa
Rubrica Senhora da Ajuda a 21 de Agosto de 1761. = Com a
Sua Magestade. - •

- -
Regist, no Conselho da Fazenda no Livro I. a fol.
197. vers, •
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1761 • 809

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Em razão dos felizes successos do Nascimento, e Baptizado do Principe


da Beira, Meu sobre todos muito Amado, e Prezado Neto: E desejando
conresponder com os efeitos da Minha Real Benignidade, no que póde
ser compativel com a Justiça, e com a Caridade ao Amor, que todos
os Meus Vassallos, e particularmente os Moradores da Cidade de Lis
boa, tem manifestado ao Meu serviço nas demonstrações, com que ap
plaudirão estas felicidades: Hei por bem fazer mercè aos Prezos, que es
tiverem por causas crimes nas Cadeias publicas da Cidade de Lisboa,
e seus districtos de cinco legoas, não tendo parte mais que a Justiça,
de lhes perdoar livremente, por esta vez, todos , e quaesquer crimes,
pelos quaes assim estiverem prezos, exceptuando os seguintes pela gra
vidade delles, e convir ao serviço de Deos, e bem da Républica , que
não se isentem das Leis: Blasfemias de Deos, e de seus Santos, incon
fidencia, moeda falsa, testemunho falso, matar, ou ferir, sendo de pro
posito com arcabuz, ou espingarda, dar peçonha, ainda que morte se
não siga, morte commettida atraiçoadamente , quebrantar prizões por
força, pôr fogo acintemente, forçar mulher, fazer, ou dar feitiços, sol
tarem prezos os Carcereiros, por vontade, ou peita, entrar em Mostei
ros de Freiras com proposito deshonesto, fazer damno, ou qualquer mal,
terimento de qualquer Juiz, ou pancadas, posto que pedâneo, ou vinte
nario seja, sendo sobre seu oficio; ferir alguma pessoa tomada ás mãos,
furto que passe de hum marco de prata; ferida pelo rosto com tenção
de a dar, se com efeito se deu, em Carcereiros da Corte de Lisboa,
Cidades de Evora, Coimbra, Porto, Aveiro, Tavira, Elvas, Béja,
Funchal, Ponte delgada, Angra; e das Villas de Santarem, Setuval,
Montemór o novo, # , e outro sim Carcereiros das Cadeias das
Correições das Comarcas, e Ouvidorias dos Mestrados, e Priorados do
Crato, e das Cadeias das Alçadas, e outro sim, ladrão formigueiro, a
terceira vez, nem condemnações de açoutes, sendo por furto. He a Mi
nha Vontade, e Mente, que, excepto estes crimes aqui declarados, que
ficarão nos termos ordinarios da Justiça, todos os mais fiquem perdoados;
e as pessoas, que por elles estiverem prezas na dita Cidade de Lisboa,
e seus districtos de cinco legoas ao redor, não tendo parte mais que a
Justiça, como assima fica dito, o que se entenderá tendo perdão dellas,
ainda que a não accuzem, ou não apparecendo, por constar que as não
ha para poderem accuzar, ficando sempre o seu direito salvo ás ditas
Partes, neste segundo caso para accuzarem os Réos perdoados, quando
appareção, e o queirão fazer; porque a Minha tenção he perdoar sómen
te aos ditos Réos a satisfação da Justiça, e não prejudicar as ditas Par
tes no direito, que lhes pertence. E para serem os ditos criminosos aqui
perdoados, serão vistas as suas culpas pelos Juizes a que lhes tocar, pa
ra se haver este perdão por conforme a ellas, na fórma ordinaria; e es
te mesmo perdão que concedo aos Prezos pelos crimes nas Cadeias des
ta Cidade, e seus districtos de cinco legoas: Hei outro sim por bem se
entenda na mesma fórma a respeito dos Prezos da Cadeia do Porto, e
seu Termo, por alli rezidir hum Supremo Tribunal da Justiça para os
crimes. Pela Meza do Desembargo do Paço, se dêm as Ordens necessa
rias para este Meu Decreto se publicar, e vir á noticia de todos , e se
Kkkkk
810 17611

executar como nele se contém. Nossa Senhora da Ajuda a 28 de Agos


to de 1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

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1. | * * # : ; ; J

Em parte do devido reconhecimento aos beneficios, com que a Mão


Omnipotente tem abençoado na feliz successão da Princeza do Brazil Mi
nha sobre todas muito amada e presada Filha a todos estes Reinos: Hou
ve por bem mandar perdoar por Decreto da mesma data deste aos Pre
sos, que a Justiça, e a caridade podia permittir que fossem soltos, sem
escandalo, e prejuizo público: E por outro signal do mesmo reconheci
mento: Hei outro sim por bem , que todos os Presos, que até ao dia de
hoje se acharem retidos nas Cadeias do Tronco, Limoeiro, e Castello
por dívidas Civeis, que accummuladas não excedão de duzentos mil réis,
a respeito de cada hum delles; sejão da mesma sorte soltos; e que as dí
vidas porque até á sobredita quantia se achào obrigados, sejão pagas
por conta da Minha Real Fazenda por Despachos do Arcebispo Regedor
das Justiças pelo Deposito, que á sua Ordem se acha prompto para es
te efeito: O mesmo Arcebispo Regedor o tenha assim entendido, e fa
ça executar, com a vereficação da verdade das dívidas nos mesmos au
tos dellas, nos quaes passarão as suas quitações judiciaes as Partes in
teressadas. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 28 de Agosto de 1761.
= Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. na Casa da Supplicação no Livro XVI. a
fol. 211. •

H ei por bem nomear ao Doutor José Francisco Ribeiro Medico appro


vado pela Universidade de Coimbra no Partido das Torres de São Julião
da Barra, do de São Lourenço, e dos Fortes das Maias, e Paço de Ar
cos com o ordenado de cincoenta mil réis por anno, e com a obrigação
de assistir ás guarnições das mesmas Torres, e suas familias, e de ser
morador em huma das Villas de Oeiras, ou Carcavellos: Cujo ordenado
lhe será pago pela folha dos Armazens de Guiné, e India com Certidões
de que reside em huma das ditas Villas. O Conselho da Fazenda o te
nha assim entendido, e lhe mande passar o despacho necessario. Nossa
Senhora da Ajuda a 11 de Setembro de 1761. = Com a Rubríca de
Sua Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I. a fol.
200 verSe
1761 8] |

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E U ELREI Faço saber aos que este Alvará com força de Lei virem,
que sendo informado dos muitos, e grandes inconvenientes, que resultão
do excesso, e devassidão, com que contra as Leis, e costumes de ou
tras Cortes polidas se transporta annualmente da Africa, America, e Asia,
para estes Reinos hum tão extraordinario número de Escravos Pretos,
que, fazendo nos Meus: Dominios Ultramarinos huma sensivel falta para
a cultura das Terras, e das Minas, só vem a este Continente occupar
os lugares dos moços de servir, que ficando sem commodo, se entregão
á ociosidade, e se precipitão nos vicios, que della são naturaes conse
quencias: E havendo mandado conferir os referidos inconvenientes, e
outros dignos da Minha Real providencia, com muitos Ministros do Meu
Conselho, e Desembargo , doutos, timoratos, e zelosos do serviço de
Deos, e Meu, e do Bem Commum, com cujos pareceres Me conformei:
Estabeleço, que do dia da publicação desta Lei nos pórtos da America,
Africa, e Asia; e depois de haverem passados seis mezes a respeito dos
primeiros, e segundos dos referidos pórtos, e hum anno a respeito dos
terceiros, se não possão em algum delles carregar, nem descarregar nes
tes Reinos de Portugal, e dos Algarves, Preto, ou Preta alguma: Orde
mando, que todos os que chegarem aos sobreditos Reinos, depois de ha
verem passado os referidos Termos, contados do dia da publicação desta,
fiquem pelo beneficio della libertos, e forros, sem necessitarem de outra
alguma Carta de manumissão, ou alforria, nem de outro algum Despa
cho, além das Certidões dos Administradores, e Officiaes das Alfande
gas dos lugares onde portarem, as quaes Mando que se lhes passem lo
go com as declarações dos lugares donde houverem sahido, dos Navios
em que vierem, e do dia, mez, e anno em que desembarcarem; vencen
do os sobreditos Administradores, e Officiaes os emolumentos das mes
mas Certidões, quatropeados, á custa dos Donos dos referidos Pretos,
ou das Pessoas, que os troxerem na sua companhia. Dilatando-se-lhes
porém as mesmas Certidões por mais de quarenta e oito horas, contí
nuas, e successivas contadas da em que derem entrada os Navios, in
correrão os Oficiaes, que as dilatarem, na pena de suspensão até Mi
nha mercê: E neste caso recorrerão os que se acharem gravados aos Jui
zes, e Justiças das respectivas Terras, que nellas tiverem jurisdicção
ordinaria, para que qualquer delles lhes passe as ditas Certidões com os
mesmos emolumentos, e com a declaração das dúvidas, ou negligencias
dos sobreditos Administradores, ou Officiaes das Alfandegas; a fim de
que, queixando-se delles as Partes aos Regedores, Governadores das
Justiças das respectivas Relações, e Jurisdicções, fação logo executar
esta de plano, e sem figura de Juizo, e declarar da mesma sorte as pe
nas assima ordenadas. Além dellas Mando , que a todas, e quaesquer
Pessoas, de qualquer estado, e condição, que sejão, que venderem, com
prarem, ou retiverem na sua sujeição, e serviço, contra suas vontades,
como Escravos, os Pretos, ou Pretas, que chegarem a estes Reinos, de
pois de serem passados os referidos Termos, se imponhão as penas, que
por Direito se achão estabelecidas, contra os que fazem carceres priva
dos, e sujeitão a Cativeiro os Homens, que são livres. Não he porém da
Minha Real intenção, nem que a respeito
|-
#""
2
, e Pretas, que já
812 1761

se achão nestes Reinos, e a elles vierem dentro dos referidos Termos,


se innove cousa alguma, com o motivo desta Lei; nem que com o pre
texto della desertem dos Meus Dominios Ultramarinos os Escravos, que
nelles se achão, ou acharem; antes pelo contrario Ordeno, que todos os
Pretos, e Pretas livres, que vierem para estes Reinos viver, negociar,
ou servir, usando da plena liberdade, que para isso lhe compete, tragão
indispensavelmente Guias das respectivas Camaras dos lugares donde sa
hirem, e pelas quaes conste o seu sexo, idade, e figura; de sorte, que
concluão a sua identidade, e manifestem , que são os mesmos Pretos,
forros, e livres: E que vindo alguns sem as sobreditas Guias na referi
da fórma, sejão prezos, e alimentados, e remettidos aos lugares donde
houverem sahido; á custa das Pessoas em cujas companhias, ou Embar
cações vierem, ou se acharem.
E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém. Pelo
que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselhos da Minha Real
Fazenda, e do Ultramar, Casa da Supplicação, Meza da Consciencia,
e Ordens, Senado da Camara, Junta do Commercio destes Reinos, e seus
Dominios, Governadores da Relação, e Casa do Porto, e das Relações
da Bahia, e Rio de Janeiro, Vice-Reis dos Estados da India, e Brazil,
Governadores, e Capitães Generaes, e quaesquer outros Governadores
dos mesmos Estados, e mais Ministros, Oficiaes , e Pessoas delles, e
destes Reinos, que cumpräo, e guardem, e fação inteiramente cumprir,
e guardar este Meu Alvará, sem embargo de quaesquer outras Leis, ou
Disposições, que se opponhão ao seu conteúdo, as quaes Hei taubem por
derogadas para este efeito sómente, ficando aliás sempre em seu vigor.
E Mando ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, e
Chanceller Mór destes Reinos, e Senhorios, o faça publicar, e registar
na Chancellaria Mór do Reino: E da mesma sorte será publicada nos
Meus Reinos, e Dominios, e em cada huma das Comarcas delles, para
que venha á noticia de todos, e se não possa alegar ignorancia: Regis
tando-se em todas as Relações dos Meus Reinos, e Dominios, e nas mais
partes onde semelhantes Leis se costumão registar , e lançando se este
mesmo Alvará na Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senbora
da Ajuda a 19 de Setembro de 1761. = Com a Assignatura de ElRei,
e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino


no Livro I. a fol. 105, e impr. avulso.

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Por justos motivos, que Me forão presentes, Sou Servido, que no Jui
zo da Coroa, se não tome conhecimento de Recurso algum, que para
ele se enterponha do Juiz Executor das Bullas, e Indultos de Santa Igre
ja de Lisboa, em quanto Eu não mandar o contrario: E que achando-se
já entrepostos, e ainda julgados alguns dos sobreditos Recursos, senão
proceda por elles, nem pelas Sentenças que se houverem proferido: O Ar
cebispo Regedor o tenha assim entendido, e faça executar. Nossa Senho
ra da Ajuda 28 de Setembro de 1761. = Com a Rubríca de Sua Mages
tade.
Regist, na Casa da Supplicação no Livro XVI, a fol.
212 vers.
1761 813

| Kuomik…#

Tendº tomado na Minha Real consideração que a escala mais propria,


que podem fazer as Náos, e mais Embarcações, que voltarem da Índia
Oriental, he a do porto da Cidade de S. Paulo da Assumpção, Capital
do Reino de Angola, assim para se concertarem, como para se proverem
de tudo o necessario: Fui Servido determinar que todas as Náos, que
na monção de Março do anno proximo seguinte, e nas mais futuras par
tirem para o Estado da India, venhão ao dito porto: Permittindo, em
beneficio do Commercio geral dos Meus Vassallos, que os Oficiaes das
sobreditas Náos, e as mais pessoas interessadas nas carregações, que el
}as transportarem, possão descarregar, e vender na referida Cidade de
S. Paulo da Assumpção todas as fazendas, que lhes parecer ; pagando
na Alfandega, que mando estabelecer na mesma Cidade, dez por cen
to dos preços, em que forem avaliadas; e dando fiança pelos Direitos,
que devem pagar na Casa da India da Cidade de Lisboa, na fórma do
Regimento della: para o que tenho mandado expedir as ordens necessa
rias. A Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios o tenha as
sim entendido; e faça publicar esta Minha Real determinação, mandan
do afixar Editaes, para que chegue á noticia de todos. Nossa Senhora
da Ajuda a 17 de Novembro de 1761. = Com a Rubríca de Sua Ma
gestade.
Impresso avulso.

*-****-*

EU LREI Faço saber aos que este Alvará virem, que os Homens de
Negocio da Cidade do Porto Me fizerão a representação cujo theor he o
seguinte. = SENHOR. — Os Homens de Negocio da Praça do Porto, re
flectindo nos muitos, e emineutes riscos, a que vão expostas as Esqua
dras, que da mesma Cidade se dirigem para as do Rio de Janeiro, e
Bahia, não só pela incessante preseguição de toda a sorte de Mouros,
que continuamente navegão nas Costas do Continente destes Reino, e
Hlhas, mas tambem pelos saltos (muitas vezes acontecidos) de alguns
Piratas, que as abordão em Mar largo, roubando-lhes do mantimento,
que levão, e generos que conduzem, tudo quanto apetece sua obstina
da, e insaciavel ambição, e ponderando, que destes insultos resultão as
consideraveis perdas, que experimentão, e o temor de muitos Negoci
antes, que abandonão o Commercio; para que os damnos se evitem, e
o mesmo Commercio floreça, recorrem á paternal, e inextinguivel be
nificencia de Vossa Magestade, para que lhes permitta a licença de fa
bricarem duas Fragatas de vinte e quatro até trinta Peças cada huma,
para que estas, Armadas em Guerra, acompanhem as Esquadras, que
da mesma Cidade sahirem para qualquer dos Pórtos da America, para
onde lhes he permittida a negociação, e voltem com as mesmas associa
das ás Frotas de Lisboa, e debaixo das Ordens do seu Commandante,
até áquelle ponto, em que conforme ás Reaes Determinações de Vossa
Magestade se mandão separar as Esquadras, Comboiando as desta Cida
8|4 1761,

de, até serem nella competentemente recolhidas. E como para a cons


trucção das ditas duas Fragatas, seu annual costiamento, escolha de Ca
pitães de Mar, e Guerra, e mais Oficiaes que a Vossa Magestade se
nomearem, para com a sua Régia approvação se lhes passarem as Pa
tentes, ordenarem os Regimentos, e prestarem as Ordens, se faz pre
ciso huma Corporação respeitavel, e na mesma Cidade do Porto, ha a
da Junta de Administração da Companhia Geral da Agricultura das Vi
nhas do Alto Douro, a quem Vossa Magestade tem enriquecido de Pri
vilegios, e prerogativas, que a fazem distincta entre as mais do Reino,
formando ella mesma huma grande parte do Commercio da referida Ci
dade; a esta pertendem os Supplicantes constituir toda a livre, e geral
Administração das ditas duas Fragatas para o expressado fim de Com
boiarem as Esquadras. E a Vossa Magestade supplicão seja Servido, in
cumbir-lhes a referida Administração, com os mesmos Privilegios, e
prerogativas que Vossa Magestade pela Sua incomparavel Grandeza con
cedeo á Companhia de Pernambuco, ou pela fórma que Vossa Magesta
de for Servido encarregar-lha. Reconhecem os Supplicantes que para se
fabricarem, e conservarem as ditas duas Fragatas sempre preparadas e
promptas para o ministerio, que as faz precisas, recommenda huma mui
to avultada despeza, daqual só deve ser responsavel o Corpo do Commer
cio, que dellas se utilisa, e nesta consideração oferecem os Supplican
tes para o seu estabelecimento por entrada, e por sahida de todas as
das Fazendas que pagão Direitos ao Consulado da Alfandega da dita Ci
dade, feita a avaliação para a referida Contribuição, pela Pauta do mes
mo Consulado, como tambem dous por cento da importancia dos Fretes
Fazendas, que se embarcarem por sahida nos Navios que compose
rem as ditas Esquadras, visto que as mesmas Fazendas despachadas, e
os ditos Fretes são o primeiro objecto da segurança, e utilidade, que pro
mette o estabelecimento das mencionadas Fragatas: Bem entendido,
que sendo oferecida para a subsistencia destas, as mesmas Contribuições
se deverá conservar, em quanto elas existirem , e forem empregadas
naquelles usos, para os quaes os Supplicantes pertendem seja Vossa Ma
gestade Servido estabelecellas. Para que esta Contribuição se cobre com
a exacção que ella mesma recommenda, as partes não sintão detrimen
to, e a Vossa Magestade seja patente o uso da sua importancia, para
dar-lhe providencia no caso de extravio della, a mesma Junta do Alto
Douro, a cujo cargo pertendem os Supplicantes se encarregue a Admi
nistração das duas Fragatas, nomeará a Vossa Magestade duas Pessoas
que huma sirva de Escrivão, e outra de Thesoureiro da mencionada Con
tribuição, a quem a Junta arbitrará os ordenados, satisfazendo-lhes pe
lo rendimento da dita Contribuição, sem levarem dinheiro, ou premio
algum ás partes que despacharem as Fazendas: Oficios que Vossa Ma
gestade pela sua Real Grandeza creará de novo para o referido ministe
rio. Terá o Escrivão hum Livro rubricado pelo Provedor da Junta em
que se lancem por Verbas os nomes das Pessoas, que despachão as Fa
zendas, declarando nellas as Fazendas despachadas, e a importancia de
seus respectivos Direitos, e pela firma do Thesoureiro á margem de ca
da huma das Verbas se fará certa a sua cobrança, tomando-lhe a Junta
no fim de cada mez pelo mesmo Livro, a conta com entrega do seu re
cebimento, dinheiro que se guardará na Casa da mesma Junta em hum
Cofre de tres chaves, das quaes terá huma o Provedor, e as duas os dous
Deputados, que para isso forem eleitos pela mesma Corporação; e no
dito Cofre haverá hum Livro de Receita, e Despeza da Contribuição,
761 815

Riº qual no fim de cada anno se extrahirá conta corrente para a Vossa
Magestade ser manifesto o uso daquella dinheiro, que andará sempre in
teiro e totalmente separado do do fundo, e interesses da negociação da
Companhia. Os Militares que forem precisos para as ditas duas Fraga
tar (menos os Capitães de Mar, e Guerra, e Oficiaes, que a Junta pro
porá, sendo Vossa Magestade Servido conceder-lhe essa Graça ) se tiº
rarão dos Corpos dos dous Batalhões, que guarnecem a Cidade do Porto,
permittindo Vossa Magestade á Junta a licença de pedillos por Carta
ao Governador das Armas do mesmo Partido, e ordenado-lhe a elle os
aprompte na mesma fórma e tempo que a Junta lhos pedir; satisfazen
do-lhes a Camara os seus soldos da Contribuição estabelecida para o seu
pagamento, visto que a não defendem menos na Guarda dos interesses,
que substancialisão o Corpo que os conserva no seu Presidio; e tanto
embarcadas, como em terra lhes correrá o tempo, e contarão os Servi
ços para o adiantamento de seus póstos, como se estivessem encorpora
dos nos seus respectivos Batalhões. E os soldos dos Capitães de Mar, e
Guerra, e Officiaes que por Vossa Magestade hão de ser confirmados se
satisfarão pelo rendimento da Contribuição. Com a mais resignada obe
diencia, e profundo acatamento, poem na Presença de Vossa Mages
tade esta súpplica, para que pela incomprehensivel benevolencia Pater
nal amor, e tão magnanimo, como piedoso Coroação, attenda á cons
ternação em que se achão estes obedientes, fiéis Vassallos de Vossa Ma
gestade nella, assignados. Porto a dezoito de Outubro de mil setecentos
sessenta e hum. = Antonio de Araujo Gomes. = Manoel Gomes Lei
tão. = Francisco Rodrigues da Silva Praça. = Manoel da Costa Sant
Iago. Antonio Gonçalves Serra. = Pedro Martins Gonçalves. = Vicen
te de Noronha Leone Cernache. = João de Basto Maia Pereira. = João
Ferreira de Sampaio. = Manoel Ferreira Velho. = Antonio Rodrigues
da Silva Praça. = Manoel de Figueirôa Pinto. = José Pereira Barros.
= Pedro Podrosim da Silva. = Manoel Francisco Monteiro. = Ma
noel Rodrigues Braga. = José de Sá Carvalho. = Manoel Vaz Camello.
r= Manoel Lopes da Costa. = José de Pinho e Sousa. = José Pinto
Vieira. = Amaro Francisco Guimarães. = João de Sousa e Mello. =
Manoel Alvares de Sousa. = João Ribeiro Lima. = José Carneiro de
Sampaio. = Braz d' Abreu Guimarães. = Luiz Antonio Souto. = Pe
dro Gomes d'Abreu. = José Pinto de Meirelles. = Francisco Barbo
sa dos Santos. = João Pereira de Carvalho. = Ventura Fernandes de Mei
relles. = Gaspar Barbosa Carneiro. = Antonio José da Cunha. = Do
mingos Francisco Guimarães. — E attendendo ao louvavel zelo dos Sup
plicantes: Hei por bem acceitar, e confirmar o voluntario Donativo por
elles oferecido: E que se estabeleça, regule, arrecade, e administre na
mesma fórma por elles apontada, só com as diferenças de que, as duas
Fragatas serão, huma de trinta, outra de trinta e seis Peças, e de que
a construcção dellas se regulará pelas fórmas que forem remettidas do Ar
senal Real de Lisboa, e assignados pelo primeiro Constructor delle, em
quanto Eu não mandar o contrario. E este se cumprirá como nelle se
contém, sem dúvida, ou embargo algum, não obstante quaesquer Leis,
Regimentos, ou Disposições de Direito Commum, ou Patrio; valendo
como Carta passada pela Chancellaria, ainda que por ella não ha de pas
sar, e posto que seu efeito haja de durar mais de hum e muitos annos,
sem embargo das Ordenações que estão em contrario, porque todas as
ditas Leis, Regimentos, Disposições, e Ordenações, Hei por deroga
das para este efeito sómente, como se de cada huma fizesse especial
816 1761

menção, ficando aliás sempre em seu vigor. Pelo qué: Mando aos Gor
vernadores da Relação, e Casa do Porto, e das Armas daquelle Parti
do, ou quem seus Cargos servir, ao Provedor, e Deputados da Compa
nhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, Ministros e Of
ficiaes de Justiça, Guerra, e Fazenda, e mais Pessoas destes Meus Rei
nos, a quem o conhecimento deste pertencer, que o cumpräo, e guar
dem, e fação inteiramente, cumprir e guardar, como nelle se contém,
impondo aos que fraudarem o referido voluntario, e necessario imposto,
que os mesmos Supplicantes estabelecem para a sua defeza as mesmas
penas, que se achão innovadas por Minhas Leis, Regimentos, e Ordens,
contra os descaminhadores dos Direitos que são devidos á Minha Real
Coroa. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 24 de Novembro
de 1761. = Com a Assignatura de ElRei, e a doMinistro.
Regist, no Livro II. da Companhia Geral da Agri- , ,
cultura das Vinhas do Douro. a fol. b2. vers. se- , :

gundo os manuscritos de M. Antonio da Fonseca. }

• *-+vº"#-* • #

• }

DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algar.


ves, d'aquém, e d’além mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquis
ta, Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India &c.
Faço saber aos que esta Minha Carta de Lei virem, que tendo o Esta
belecimento, conservação, e augmento das Monarchias (depois da Ben
ção da Mão Omnipotente) huma essencial, e indispensavel dependencia
da regular, e exacta arrecadação das Rendas, que constituem o Erario
público; porque sem se fazer efectiva, e prompta a entrada das sobre
ditas Rendas, para serem com o mesmo efeito, e promptidão applicadas
ás suas respectivas destinações; nem a Authoridade Régia se póde sus
tentar com o esplendor, qüe he inseparavel da Magestade; nem os Mi
nistros, de que se compoem os Tribunaes, e Auditorios de Graça, e Jus
tiça, podem manter decorosamente a dignidade, e a independencia das
suas Pessoas, e sustentação das suas Familias; nem os Militares, que
constituem a força, e o respeito dos Soberanos, e a segurança dos Pó
vos, se podem conservar; nem os Benemeritos, que em remuneração dos
seus distinctos serviços forão respondidos com Tenças, e outras semelhan
tes Mercês, podem colher os frutos dos seus merecidos prémios em be
neficio das suas Casas, e obrigações; nem os Proprietarios de Padrões
de juros, que per si, e seus Antecessores assistírão á Coroa nas urgen
cias do Reino com os seus cabedaes, podem experimentar fallencias nos
réditos delles, que não sejão, sobre illicitas, tambem indecorosas: E ha
vendo constituido todas estas publicas, e urgentes causas aquella indis
pensavel necessidade, com que desde que houve Policia estabelecêrão
as Leis de todas as Nações do Mundo (antigas, e modernas) os exube
rantes Privilegios do Fisco, ou Erario, que, chamando-se Régio, he na
realidade público, e commum; porque delle depende não só a conserva
cão da Monarchia em geral, mas até o diario alimento de cada hum dos
Estados, e Pessoas principaes della no seu particular: Sem que com tu
do houvessem bastado todas aquellas Leis, e todos aquelles exuberantes
Privilegios, para se conseguir o fim a que forão ordenados; em quanto
1761 817
as Cortes polidas da Europa, depois de haverem nestes ultimos tempos
sido desenganadas por muitas, e muito funestas experiencias, não só de
que a divisão, e dislaceração das suas Rendas separadas em muitos, e
muito diferentes Ramos, e em muitas, e muito diversas Repartições,
só servia de as anniquilar, evaporando-lhes toda a força por mais quan
tiosas que fossem; mas tambem de que a sujeição, em que a arrecada
ção das mesmas Rendas se achava aos meios ordinarios dos Processos,
e delongas dos pleitos, havião reduzido as mesmas Cortes á impossibili
dade fisica, e per si manifesta; de que sendo todas as entradas dos seus
Erarios letigiosas, e diferidas para termos tão insertos como o são sem
pre os fins dos pleitos; e sendo as sahidas dos mesmos Erarios tão promp
tas, e efectivas, como o são necessariamente os pagamentos das des
pezas quotidianas do Paço; os Ordenados dos Ministros, Soldados, e mu
nições das Tropas, e outros semelhantes, que de sua natureza tem trac
to successivo, que não admitte a menor suspensão; era preciso que des
ta desigualdade resultassem no meio da mesma abundancia muito frequen
tes faltas em commum prejuizo: Principalmente accrescendo nestes Rei
nos a tudo o referido os frequentes abusos, que hum grande número de
Almoxarifes, Thesoureiros, e mais Recebedores publicos, tem, feito da
quellas divisões, e delongas, para que occultando na multidão, e no es
Paço dellas as suas prejudiciaes, e dolosas prevaricações, se animassem
aos descaminhos dos muitos milhões, com que tantos delles tem quebra
do com tão graves damnos do Meu Real Erario, e do Bem commum dos
Meus Vassallos, que nelle são tão indispensavelmente interessados para
a sua subsistencia: Tendo consideração a tudo o referido, e ao que so
bre esta importante materia Me foi consultado por muitos Ministros dou
tos, de sã consciencia, e zelosos do Bem commum, com cujos pareceres
Houve por bem conformar-Me: E havendo resoluto fazer gozar os Meus
fiéis Vassallos do mesmo beneficio de que actualmente estão gozando os
das outras Monarchias da Europa aos sobreditos respeitos: Sou Servido
estabelecer em ordem a elles o seguinte: |-

* - " " • _j = * …"

, , T I T U L O I.
Do Thesouro Geral.

1 Hei desde logo por extinctos, e acabados, como se nunca houves


sem existido, o emprego de Contador Mór, e os Contos do Reino, e Ca
sa, com todos os Oficios, e Incumbencias, com todas as fórmas de ar
recadação, que nelles se exercitárão, e praticárão até agora, e com to
dos os Cofres, e Depositos de Entrada, e Custodia, em que até o pre
sente paravão os Direitos, e Rendas da Minha Real Fazenda separados
pelas diferentes Repartições, em que ella andava dividida, sem excep
ção alguma. E Mando, que da publicação desta Lei em diante todos os Con
tratadores, Rendeiros, Álmoxarifes, Thesoureiros, Recebedores, Exacto
res, e mais Pessoas, a quem pertencer a cobrança dos sobreditos Direi
tos, e Rendas, sejão indispensavelmente obrigados a trazer ao Thesou
ro Geral, que por esta Minha Carta de Lei institúo, e a entregarem ao
Thesoureiro Mór delle todos os productos, e efeitos dos seus Recebimen
tos, na fórma, e nos tempos ao diante declarados, sem demora, ou di
minuição alguma, debaixo das penas: A saber, pelo que pertence aos
Contratadores, e Rendeiros de ficarem logo pelo mesmo lapso de tempo,
ou diminuição de pagamento removidos; de serem executados por todo
Lllll
818 | I76 |

o preço de seus Contratos; e de serem estes logo póstos a lanços para se


arrematarem, fazendo por conta dos sobreditos todo o prejuizo, e dimi
nuição, que houver nestas arrematações: E pelo que toca aos ditos Al
moxarifes, Thesoureiros, Recebedores, Exactores, ou quaesquer outras
Pessoas, que tenhão as lincumbencias de cobrarem os Direitos , e Ren
das da Minha Real Coroa, de ficarem pelos mesmos factos do lapso do
tempo, e diminuição de pagamentos, suspensos dos seus Officios para se
rem por Mim provídos immediatamente em Pessoas, que bem os sirvão,
e de serem executados em suas Pessoas, e bens pelas quantias que por
omissão, ou commissão sua não houverem entrado a seus devidos tempos
no referido Thesouro público, o qual Ordeno que tenha para estas exe
cuções de entrada jurisdicção privativa, e exclusiva de toda, e qualquer
outra jurisdicção na maneira abaixo declarada. •

T I T U L O II.

Do Inspector Geral do Thesouro, e sua jurisdicção.


1 Posto que aos Tribunaes encarregados da Administração da Minha
Real Fazenda ficão pertencendo, como até agora pertencêrão, as arre
matações dos Contratos, com que são arrendados os Bens, e Direitos da
*Minha Coroa, e com que se estipulão os Assentos do Reino, e do Esta
do do Brazil, e outros semelhantes: Devendo agora todos os sobreditos
Almoxarifes, Thesoureiros, e Exactores entregar os productos dos seus
recebimentos, e rendas no Thesouro Geral na sobredita fórma: E não
podendo por isso constar em outra parte o que os referidos houverem pa
go, e o de que forem devedores: Determino, que cessando ao dito res
peito (das Ordens executorias, que se expedirem para as entradas) as
jurisdicções de todos os ditos Tribunaes de Fazenda, e a jurisdicção de
todos os Almoxarifes, que até agora forão Executores das suas receitas,
fiquem estes sendo simples Recebedores, e Pagadores, e passe tambem
a jurisdicção, que elles exercitavão, para o referido Thesouro, e Inspec
tor Geral novamente creado para nelle presidir no Meu lugar como Te
nente Meu, immediato á Minha Real Pessoa.

# Do Thesoureiro Mór.
• T I T U L O III.

, 1 Sou Servido crear hum Thesoureiro Mór, o qual será Pessoa digna
de confiança, não só pela sua fidelidade, e intelligencia, mas tambem
pela exacta vigilancia, que deve ter em que os Chefes das Repartições
abaixo declaradas tenhão sempre os seus Livros, e Contas delles em
dia, para dellas se extrahirem nos Sabbados de cada semana (ou nas
sextas feiras se forem feriados) os resumos, que devem passar ao Livro,
que Ordeno se estabeleça para elles: Dando no mesmo dia conta do que
constar do mesmo Livro ao Inspector Geral para Me fazer presente em
todas as semanas o estado do Thesouro, e das Receitas, e Despezas,
que nelle se fizerem. •

2. O mesmo Thesoureiro Mór terá a primeira chave do Cofre, em que


se deve guardar o dinheiro do expediente de cada mez; e as chaves dos
outros Cofres onde tambem estiver o outro dinheiro de reserva; pois que
1761 S} 9

-deve dar conta de todos os cabedaes, que entrarem no Thesouro, e del


de sahirem por despeza. . . , ,… … º - º : . :
- | , , !

T I T U L o IV. -

Do Escrivão do Thesoureiro Mór.

1. Todas as sobreditas Receitas, e Despezas, serão carregadas ao re


ferido Thesoureiro Mór, pelo Escrivão, que Hei por bem crear para os
ditos efeitos, ordenando que seja tambem Pessoa, em quem concorrão
as qualidades de fidelidade, intelligencia, e vigilancia para bem cumprir
com as obrigações de que o encarrego.….… * * * * * *

e, 2 Logo que tomar posse lhe entregará o Inspector Geral hum Livro por
ele numerado, rubricado, e enserrado; para no mesmo acto em que qual
quer Rendeiro, Almoxarife, Thesoureiro, Recebedor, ou outras Pessoas
semelhantes entregarem á boca do Cofre (onde sempre devem ser feitas
as entradas, e sahidas do Thesouro) qualquer quantia de dinheiro, a
lance immediatamente na pagina esquerda do referido Livro, com a da
ta do dia na margem: Declarando dentro na referida pagina por palavras
curtas, e resumidas, assim a Pessoa, que entregou a quantia de que se
tratar, como o de que procedeo a tal quantia: E conferindo as ditas Par
tidas
de quequotidianamente
as recebeo. com o Thesoureiro Mór para este assignar em fé
• • " * * * * * •

... 3. O mesmo observará o dito Escrivão inviolavelmente, sem alguma


diferença, pelo que pertence ás Partidas de despeza, que deve lançar
na pagina direita do referido Livro na sobredita fórma.
· 4 . Ao dito Escrivão pertencerá a guarda da segunda chave do Cofre
geral na fórma assima declarada no Titulo do Thesoureiro Mór.
- * T I T U L o v. , .
Dos Contadores Geraes.

1 Estabeleço para Chefes das Repartições, em que Mando dividir o


sobredito Thesouro, quatro Contadores Geraes, cujos lugares serão pro
vídos em Pessoas que tenhão a indispensavel sciencia do cálculo mercân
til, que bem entendão, e pratiquem a arrumação dos Livros por Parti
das dobradas, e que sejão de fidelidade, que os faça dignos das impor
tantes incumbencias de que os encarrego. • …"

3.2 O primeiro será encarregado de fazer entrar no Thesouro todos os


dinheiros, que devem pagar, e entregar todos os Corregedores, Prove
dores, Juizes, Almoxarifes, Thesoureiros, Recebedores, e Contratado
res das Rendas, e Direitos Reaes desta Corte, e Provincia da Estrema
dura. . * 1 . , ,
3 O segundo será encarregado de fazer entrar da mesma sorte os Di
reitos, e Rendas das Correições, Provedorias, Thesourarias, Recebedo
rias, e Contratos das Provincias destes Reinos, e Ilhas dos Açores, e
Madeira. • |- … * … . ",

4 . O terceiro será encarregado de fazer entrar as Rendas pertencen


tes ás Provedorias, Thesourarias, Recebedorias, e Contratos da Africa,
do Maranhão, e das Comarcas do Territorio da Relação da Bahia, e Go
vernos que nelle se comprehendem. -

5 O quarto será encarregado de fazer #"


llll 2
todos os productos das Pro
820 176f
vedorias, Thesourarias, Recebedorias, e Contratos do Territorio da Re
lação, e Governos do Rio de Janeiro, da Africa Oriental, e da Asia
Portugueza.
, → , ' '-
T I T U L o vi.
Dos Escriturarios.
1 Cada hum dos sobreditos Contadores Geraes terá debaixo das suas
ordens quatro Escriturarios, que sejão tambem Pessoas dignas de con
fiança, e instruidas pelo menos na fórma, com que se escreve limpa, e
ordenadamente nos Livros mercantís pelo referido methodo de Partidas
dobradas, posto que se não achem consumados na Arte de arrumação
dos mesmos Livros; porque bastará que tenhão a referida aptidão para
com o exercicio, e direcção dos seus respectivos Superiores, se forº
marem perítos, e habeis para lhes succederem- +

- - T I T U L o viI.
, , . -- • Do Porteiro do Thesouro.
• |- #

,,1 Determino que haja hum Porteiro, o qual tenha a seu cargo as
chaves do Thesouro, o cuidado de abrir, e fechar as portas nos seus de
vidos tempos, e o de visitar quotidianamente as casas antes que as por
tas se fechem, para que dellas para dentro não possa ficar pessoa algu
ma escondida: O que se entende pelo que toca ás chaves, que não fo
rem da casa forte, e da Guarda dos Cofres, porque desta casa só terá
a primeira chave o Thesoureiro Mór, a segunda o seu Escrivão , e a
terceira o Contador Geral das Rendas, e Direitos Reaes desta Corte, e
Provincia da Estremadura. ; v | -

T I T U L O VIII.

rs ! , , ! ... Dos Fieis do Thesouro. , , ,


# " …

- 1 Estabeleço que para a maior expedição das Partes, e dos Paga


mentos, que lhes devem ser feitos, haja no referido Thesouro quatro
Fieis nomeados pelo Thesoureiro Mór, a quem toca responder pela sua fi
delidade no exercicio das suas. Incumbencias. E porque estas são orde
nadas sómente á expedição das Partes nos pagamentos, que lhe hão de
ser feitos, não poderão os sobreditos Fieis ter outro algum exercicio fó
ra do Thesouro, sobpena de privação das mesmas Incumbencias. * *

T I T U L o IX.
A : Dos contínuos do Thesouro. , . #

1, Ordeno que no referido Thesouro haja quatro Contínuos, que


na Salla delle assistão sempre de manhã, e de tarde em quauto durar o
despacho, para fazerem as intimações, e notificações, que lhes forem de
terminadas, nas quaes Sou Servido que tenhão fé pública em Juizo, e
fóra dele, para se dar inteiro credito ás Certidões, que devem passar
das mesmas diligencias ao tempo em que por elles forem feitas.
1761 821
- - • . . ) . • • : * - - • :

T I T U L O X. . . ?
|- Da Guarda dº Thesouro. - • -

1 Determino que para a segurança do mesmo Thesouro entre nelle


de guarda huma Companhia de Infantaria completa no número dos seus
Oficiaes, e Soldados, posto que seja composta de destacamentos de dif
ferentes Córpos: E que os Capitães, que forem mandados fazer as refe
ridas guardas, em quanto nellas se acharem, executem o que no Meu
Real Nome lhes for mandado pelo Inspector Geral, achando-se presen
te, ou pelo Thesoureiro Mór, na sua ausencia. |-
• = º , ,

T I T U L O XI. … . . 1. " ": ' '

Da natureza dos Empregos, e Incumbencias dº Thesouro.


- 1 Prohibindo que os Empregos, Lugares, e Incumbencias do refe
rido Thesouro possão ser considerados para algum efeito, como Oficios
sujeitos ao Direito que chamão consuetudinario: Ordeno que todos te
nhão a natureza de méras serventias triennaes (de que não tirarão Car+
tas, nem pagarão direitos de Chancellaria as Pessoas, que Eu nomear
para elles) as quaes, não obstante que sejão nomeadas por tres annos,
ficarão sempre amoviveis ao Meu Real Arbitrio; exceptuando os Con
tínuos, que poderão ser despedidos pelo Inspector Geral, e os Fieis,
que o poderão ser pelo Thesoureiro Mór, e quando bem lhes parecer.
2 As mesmas Pessoas, que occuparem os sobreditos Empregos, e
Incumbencias, vencerão os ordenados, que para a sua decente susten
tação tenho estabelecido, sem levarem das Partes algum emolumento,
propina, ou qualquer outra gratificação por modica que seja, sobpena de
privação irremissivel das serventias em que se acharem, e das mais pe
nas quecasos
da dos reservo a Meu Real Arbitrio,
occorrentes. : ,segundo a exigencia - não- espera
• - -

3 Por obiar a toda a contemplação, ou voluntaria preferencia, de que


possão resultar disputas, que alterem o silencio, gravidade, e boa or
dem, que se fazem indispensaveis em huma Administração de tanta im
portancia, e de tão gránde, e frequente concurso: Mando que nella se
estabeleça por principio impreterivel despacharem-se as Partes pela mes
ma ordem do tempo, em que cada huma *# sem excepção de Pes
soa alguma qualquer que ella seja: E que chegando ao mesmo tempº
duas, tres, ou mais Partes, sejão despachadas pela ordem alfabetica da
primeira letra do Nome que cada hum tiver: E tudo sobpena de suspen
ção dos que obrarem o contrario.
T I T U L O XII.

Do methodo da arrecadação do Thesoureiro, e Eivros delle.

1 Porque a arrecadação das grossas quantias de Receitas, e Despe"


zas, que hão de entrar no Thesouro Geral, e sahir delle, não deve ficar ar
bitraria, e sujeita a fórmulas diversas, e dependentes do mºdo de imagi
nar de cada hum dos Chefes, que Eu agora nomear, e forem nomeados
pelo tempo futuro: Determino, que o methodo da sobredita arrecadação
822 1761
seja o mercantil, e nelle o da escritura dobrada, e actualmente segui
da por todas as Nações polidas da Europa, como a mais breve, a mais
clara, e a mais concludente para se reger a administração das grandes
sommas, sem subterfugios, nos quaes a malicia ache lugar para se esconder.
2 Assim na Repartição do Contador Geral da Corte, e Provincia da
Estremadura, como nas de cada huma das outras tres Contadorias Ge
raes haverá primeiramente hum Diario, haverá hum Livro Mestre, e ha
verá além delles hum Livro Auxiliar para cada huma das Casas de Ar
recadação da Minha Real Fazenda, para cada hum dos Contratos della,
para cada huma das Rendas da Minha Coroa, e para cada hum dos Di
reitos, ou Impostos, que se arrecadarem debaixo da Inspecção, dos Cor
regedores, Provedores, Almoxarifes, Thesoureiros, Recebedores, ou
quaesquer outros Administradores, na fórma da Relação, que Mando
baixar com esta Lei, como parte della para se observar: e isto a fim de
que a qualquer hora, em que os sobreditos chegarem ao Thesouro, se
ache nelle sem a menor perda de tempo a conta líquida, e corrente do
Debito, e Credito de cada hum dos sobreditos. |-

3. Os referidos Livros Diarios, Mestres, e Auxiliares, serão nume


rados, rubricados, e enserrados: A saber, os Livros Mestres, e Diarios
pelo Inspector Geral, e os Auxiliares pelos Contadores Geraes, cada
hum na Repartição de outro, em fórma que nenhum delles numere, ru
brique, e enserre os Livros, que houverem de servir na sua propria Re
partição.
4. Os sobreditos Livros Diarios, e Mestres, serão compostos do pa
el grande de Hollanda, encadernados em pasta de Bezerro, e os outros
#### Auxiliares serão compostos do papel mais ordinario, e encader
nados em pasta de pergaminho: E terão todos os mesmos Livros Auxi
liares seu titulo, e número nos lombos para que com maior facilidade se
possão achar nos casos occorrentes.
5 Ordeno que os referidos Livros conteúdos na sobredita Relação se
jão inalteraveis, e que se não possão diminuir, ou accrescentar sem se
Me fazer presente por Consulta do Inspector Geral a necessidade, que
houver das referidas diminuição, ou accrescentamento.
{
• • T I T U L o XIII.
• Das Entradas do Thesouro.

1 Porque sendo diferentes as naturezas, e as fórmas de arrecadação


dos Bens, e Rendas da Minha Coroa, não permittem estas diversida
des, que para a entrada dos productos de todos os referidos Bens, e
Rendas haja huma mesma regra certa, e uniforme: Determino ao dito
respeito o seguinte:
2 Pelo que pertence aos Bens, e Rendas, que na fórma da Lei, que
na mesma data desta tenho mandado publicar, se devem receber debai
xo da Inspecção dos Corregedores, Provedores, e quaesquer outros Mi
nistros de letras temporaes, ou pela administração de Almoxarifes, The
soureiros, Recebedores, Exactores, e quaesquer outras Pessoas, que em
todos estes Reinos, e seus Dominios tiverem a seu cargo administrações,
ou recebimentos da Minha Real Fazenda, Ordeno que tudo o que na
Bepartição de cada hum delles se vencer na conformidade da sobredita
Lei, e nos termos por ella prescriptos, seja por eles remettido, e entre
gue nos seus devidos tempos ao Thesoureiro Mór do Thesouro Geral da
1761. 823
Minha Coroa, sem dúvida, ou demora alguma; e que havendo nelles ne
gligencia, retardando as ditas remessas, e entregas além dos termos es
tabelecidos na referida Lei, se expessão logo no Meu Real Nome con
tra elles pelo Inspector Geral as necessarias ordens de suspensão dos
lugares, sequestros, prizões, e mais diligencias, que forem opportunas
para se segurar a Minha Real Fazenda, e se fazerem promptas, e efe
ctivas as entradas, que constituirem os objectos das referidas ordens. "
3 Item Ordeno, que o mesmo se observe inviolavelmente pelo que
pertence aos pagamentos, que na fórma da sobredita Lei se vencerem
desde o primeiro de Janeiro proximo futuro, nas Rendas que na fórma
da mesma Lei tenho mandado, que se arrematem por Contratos, depois
de os
ra serem findos os
pagamentos. espaços, que pela mesma Lei tenho estabelecido pa
• f

4 E para que sempre constem juridicamente no Thesouro assim os


ditos Contratos, como os principios, e fins delles, e os tempos em que
os pagamentos por elles estipulados se vencerem: Mando que o Corre
tor da Fazenda, logo que qualquer Renda for Contratada, leve ao refe
rido Thesouro Geral hum Exemplar authentico, e assignado por dous
Ministros do Tribunal onde a arrematação for feita, das Condições com
que se estipulou: Para que incorporando-se no mesmo Thesouro as refe
ridas Condições, com as que a elas forem succedendo, vá sempre fieando
nele hum registo completo dos Titulos das entradas, que deve promover,
e fazer efectivas. O que se observará debaixo das penas de suspensão
até Minha mercê do Corretor da Fazenda, se dentro em dez dias conta
dos da hora da arramataçao não houver exibido no Thesouro as ditas
Condições; e de serem mullos, e de nenhum efeito os Alvarás de cor
rer aos Contratadores, em quanto não justificarem por Certidão do Con
tador Geral da Repartição, a que pertencer o Contrato, que nelle forão
efectiva, e authenticamente exibidas as Condições com que houver si
do arrematado. / – •

5 Item Ordemo, que o mesmo se pratique a respeito de todos, e


quaesquer outros bens, que para pagamento da Minha Real Fazenda fo
rem executados, sobpena de privação dos Oficiaes, e de nullidade das
Cartas de Arrematação, não levando incorporada Certidão, de que a
Cópia do Auto della foi exibida no Thesouro perante o Contador Geral
da Repartição a que pertencer. • • • ! #

6 Não bastando porém as sobreditas ordens de suspensão, sequestro,


e prizão expedidas pelo Inspector do Thesouro Geral, e executadas na
fórma por ellas ordenada, para que de facto, e sem outra figura de Jui
zo se fação efectivas no mesmo Thesouro as entradas de cujos pagamen
tos se tratar: Neste caso mandará o mesmo Inspector extrahir dos Li
vros, a que tocar, huma conta corrente dos alcances, em que se acha
rem os sobreditos Executados, assignada pelo Contador Geral da Repar
tição a que pertencer, com a domonstração Arithmetica da quantia lí
quida, que os mesmos Executados deverem; e fazendo ajuntar a ella os
mais Papeis de suspensões, ou prizões, que houverem precedido na so
bredita fórma para a segurança da Minha Real Fazenda: fará remetter:
tudo em maço fechado, e lacrado, ao Procurador della; Para que propon
do este no Conselho, a sobredita Conta, e Papeis a ella concernentes no.
primeiro dia de Despacho; e distribuindo-se ao Conselheiro, a quem to
car, se prosiga nas execuções na fórma que pela Minha Lei novissiana
tenho determinado.
824 1761

T I T U L O XIV.

Das sahidas do mesmo Thesouro.

1 Porque entrando no Thesouro Geral, que estabeleço, todas as Ren


das da Minha Coroa, he preciso que consequentemente hajão de sahir
delle todas as despezas, que até agora se fizerão separadas pelas dife
rentes Repartições, em que a Minha Real Fazenda andava dividida com
tão grave prejuizo do Meu Real Erario, e do Bem Commum dos Meus
Vassallos: Mando, que a este respeito se observe daqui em diante o se
gninte:
Pelo que pertence á Minha Real Casa,
2 O Thesoureiro da Casa Real, Guarda Tapeçaria, Mantieiro. Guar
da Resposta, e Thesoureiro das Moradias, terão cada hum delles hum
Livro numerado, rubricado, e enserrado na sobredita fórma pelo Mor
domo Mór, ou quem seu cargo servir: No qual Livro lançarão separada
mente: A saber, primeiro em huma só partida resumida a importancia
dos ordenados, e soldos, que em cada quartel do primeiro de Janeiro
proximo futuro em diante constar pelas folhas, que apresentarem, que
se vencerem nas suas diferentes Repartições: Em segundo lugar por ou
tra addição semelhante a importancia das compras, que no mesmo quar
tel se houverem feito por cada huma das mesmas Repartições, na con
formidade das ordens que exibirem: E em terceiro lugar, e na mesma
conformidade quaesquer despezas miudas, que se houverem feito pelos so
breditos: Apresentando todas as folhas, e papeis das despezas, de que
pedirem pagamento: E vindo as mesmas folhas, e papeis approvados
pelo sobredito Mordomo Mór em quanto á verificação das despezas: Pa
ra que apresentando-se na sobredita fórma ao Inspector Geral do The
souro; e mandando delles dar vista aos Contadures Geraes, a que tocar,
para serem examinados em quanto á exactidão do cálculo, lhes dê os des
pachos necessarios para serem pagas as quantias, que sommarem as fo
lhas, e papeis, que trouxerem os sobreditos Thesoureiros: Lançando-se
lhes em credito na pagina direita do mesmo Livro assima ordenado, que
cada hum delles receber, com as especificações da causa, com que se fi
zer o pagamento, e do dia, mez, e anno em que for feito: E ficando
os papeis das despezas no Thesouro cortados á vista dos mesmos The
soureiros com dous golpes de tisoura no alto de todas as suas folhas, pa
ra assim se guardarem no Archivo, que tenho determinado para este ef
feito.
3 . Os sobreditos Thesoureiros, ao tempo em que forem cobrar os se
gundos quarteis, serão obrigados a exibir no Thesouro os conhecimen
tos de recibo das Partes interessadas nos pagamentos dos primeiros quar
teis; mostrando assim que estes forão efectivamente feitos, sem dimi
nuição, ou rebate algum, sobpena de que não apresentando todos os so
breditos conhecimentos na referida fórma para serem guardados com os
papeis a que tocarem; ficarão desde logo suspensos até exibição dos co
nhecimentos que faltarem, e serão por Mim nomeados outros Thesourei
ros, que recebão os quarteis, que havião de reccber os impedidos; con
tinuando-se as contas com os seus substitutos, e vencendo estes todo o
crdenado do quartel, ou quarteis, em que entrarem a exercitar; porque
1761 | 825

em qualquer delles em que haja a referida omissão se observará sempre


a mesma disposição assima estabelecida. -

4 Para cada hum dos referidos Thesoureiros, Ordemo que haja no


Thesouro Geral hum duplicado dos mesmos Livros que para elles Man
do estabelecer; a fim de que sempre estejão vivas no mesmo Thesouro
as contas de cada hum dos sobreditos Thesoureiros, aos quaes no fim do
primeiro quartel do segundo anno se passarão quitações para sua descar
ga assignadas pelo Contador Geral da sua Repartição, e approvadas pe
lo Inspector Geral, com as quaes se lhes haverão as suas contas por fin
das, e acabadas; e a elles por quites, e livres para todos, e quaesquer
efeitos, que requeirão de contas ajustadas.
6 O mesmo observará em tudo, e por tudo o Thesoureiro da Consi
gnação Real pelo que pertence ás despezas da Guarda-Roupa, da Ucha
ria, e da folha da sua Incumbencia, fazendo de cada huma das referidas
tres Repartições hum Livro separado, authentico, e escripturado na so
bredita fórma. E considerando, que em cada huma daquellas Reparti
ções ha despezas quotidianas com trato successivo, que de sua natureza
requererem dinheiro prompto, não podendo esperar de hum para o outro
dia: Mando, que o referido Thesoureiro recorra no primeiro dia de ca
da mez ao Thesoureiro Geral; e que nelle lhe sejão anticipadas as quan
tias, que forem competentes para com o desconto dellas se fazer com
pleto o inteiro pagamento das despezas das mesmas Repartições no ulti
mo dia de cada hum quartel.
6 Item: Mando, que com o Pagador dos Criados das Cavalhariças,
e dos Artifices, que trabalhão para as Cocheiras, como são Corrieiros,
Selleiros, Entalhadores, Pintores, Ferreiros, e outros semelhantes, se
pratique identicamente o mesmo, que assima tenho ordenado a respeito
o Thesoureiro da Casa Real, só com as diferenças de que serão nume
ràdos, rubricados, e enserrados pelo Estribeiro Mór os Livros desta Re
partição, os quaes devem ser dous: A saber, hum para se lançarem as
Receitas, e Despezas dos ordenados dos criados, e mais Pessoas, que
os vencem, na folha do sobredito Pagador, o outro para se lançarem os
jornaes, e despezas dos Artifices, e materiaes desta Repartição assima
declarados.
7 Item: Mando, que o mesmo se observe identicamente com o The
soureiro da Guarda Real, em tudo o que for applicavel, sendo os seus
Livros numerados, rubricados, e enserrados pelo Capitão, que entre os
da mesma Guarda tiver maior antiguidade.
8 Item: semelhantemente Mando, que o mesmo se pratique em tu
do, e por tudo no que for applicavel pelo Thesoureiro da Provedoria dos
mantimentos das Minhas Reaes Cavalhariças, sendo os Livros numera
dos, rubricados, e enserrados pelo Mordomo Mór, ou quem seu cargo
servir, e sendo os seus pagamentos regulados de sorte que os mesmos
provimentos se fação com as devídas opportunidades, e sem detrimento
das partes, a quem forem comprados.

Pelo que pertence aos ordenados, juros, e tenças, que se achão es


tabelecidos, e assentados nos Almoxarifados destes Reinos.
9 Para maior expedição das Partes, e clareza das Contas do The
souro: Hei por bem crear tres Thesoureiros Geraes: A saber, hum pa
ra a Receita, e Despeza dos sobreditos ordenados: Outro para a Recei
ta, e Despeza dos juros: Outro para a Receita, e Despeza das tenças.
Mmmmm
826 1761:

E Mando que coherentemente se lavrem para cada Thesouraria, e Al


moxarifado de recebimento tres folhas diferentes, A saber: Primeira dos
ordenados, ou propinas, que prefirirão sempre aos juros, e tenças: Se
gunda dos juros, que preferem ás tenças: E terceira das tenças, que
sómente preferem entre si pelas suas antiguidades: E Mando outro sim,
que os Tribunaes, e Ministros, a quem pertencer, no principio de ca
da anno enviem as referidas tres folhas aos respectivos Thesoureiros Ge
raes, a quem tocarem, lavradas em tudo o mais na mesma fórma, e com
a mesma graduação de preferencias, com que se expedírão até agora,
sem alguma diferença. - \

10 Logo que os referidos Thesoureiros receberem as sobreditas fo


lhas, as apresentarão no Thesouro público para nelle se lançarem pelos
Oficiaes a que tocar, e para se proceder ao pagamento dellas na manei
ra abaixo declarada: Observando-se a respeito destes Thesoureiros na
fórma de arrecadação de dinheiro que se lhes entregar, dos Livros das
Contas que hão de ter, e das pagas, e quitações que se lhes devem ex
pedir, tudo o que deixo estabelecido para os Thesoureiros da Minha Real
Casa, em tudo o que for applicavel, e Eu nesta Lei não mandar o con
trario.
11 Havendo louvavelmente estabelecido o costume de receberem os
Ministros dos Meus Tribunaes, e outros Magistrados, e Oficiaes de Jus
tiça, e Fazenda os seus ordenados aos quarteis, porque constituem os
alimentos para se sustentarem, os quaes de sua natureza não admittem
demora: Ordeno que no dito Thesouro se entregue ao Thesoureiro Ge
ral desta Repartição no primeiro mez de cada quartel a somma do que
importar a folha delle em dous pagamentos, A saber: No primeiro dia
do mez huma ametade da importancia do respectivo quartel, segundo o
que constar da folha delle: E no decimo quinto dia do referido mez (mos
trando pela folha haver pago tantos ordenados, quantos forem competen
tes á sobredita primeira ametade, que se lhes houver entregue no The.
souro) se lhe entregará então nelle a outra ametade, que faltar para se
fazer completo o pagamento do quartel.
12 O mesmo se praticará successiva, e inalteravelmente em todos os
outros quarteis, que se seguirem , com tanto porém que nunca este
Thesoureiro Geral receba o dinheiro de hum quartel na primeira parte
assima referida, sem mostrar que tem pago inteiramente o outro quar
tel, que houver precedido; de sorte que, até o fim do primeiro mez de
cada hum dos ditos quarteis, fiquem pagos todos os sobreditos ordena
dos, sobpena de suspensão do mesmo Thesoureiro, pelo facto da simples
demora; e de caso vencerá o quartel em que entrar, ou continuar a ser
vir em lugar do suspenso, e das mais penas que reservo a Meu Real Ar
bitrio, segundo a exigencia dos casos.
13 Por quanto os reditos dos Padrões de Juros se devem pela sua
mesma natureza, e pelo costume estabelecido nestes Reinos pagar an
nualmente; porque nem se vencem antes de ser findo o anno, nem se
podem pagar em quanto se não receberem as Rendas a elles applicadas;
e Quero que nestes pagamentos se observe toda a exactidão; Ordeno
que as folhas dos diferentes Almoxarifados, e Thesourarias, em que os
mesmos Padrões estão assentados, se apresentem no Thesouro público
pelo Thesoureiro desta Repartição no primeiro dia de despacho, que se
seguir ao dia de Reis do anno proximo seguinte ao em que forem ven
cidos os reditos dos referidos juros: Em que no mesmo dia (cabendo no
tempo) se lhe entregue huma quarta parte da total importancia dos so
1761 827

breditos reditos, para pagar por todo o mez de Janeiro ( até onde che
gar o dinheiro) aos Proprietarios, a que pertencer, pela mesma ordem,
que forem chegando, e não pela da folha, a qual estará sempre patente
aos Interessados, que a quizerem ver: Que no dia sete de Fevereiro a
presentando o mesmo Thesoureiro os titulos dos pagamentos, que hou
ver feito na fórma assima declarada, se lhe entregue outra quarta parte
da importancia annual dos mesmos reditos para satisfazer na mesma con
formidade até onde chegar: Que, apresentando os Titulos deste segun
do pagamento, se lhe entregue no dia sete de Março outra quarta parte
da mesma annual importancia, para continuar em satisfazer aos Filhos
desta Folha: E que, apresentando igualmente em sete de Abril os Ti
tulos do terceiro pagamento, so lhe entregue a outra quarta, e ultima
parte da sobredita importancia annual para acabar de fazer completo o
pagamento da referida folha: ao tempo, em que vier cobrar a primeira
quarta parte do segundo anno, se ajuste com o mesmo Thesoureiro Ge
ral a sua conta do anno precedente, ou para ficar suspenso, não haven
do cumprido com ella: ou para se dar por quite, e livre havendo cumpri
do com as suas obrigações, tudo na fórma assima ordenada. -

14 Considerando que no vencimento das Tenças milita a mesma ra


zão, e o mesmo costume, que concorre nos reditos dos Padrões de juro,
pelo que pertence ao pagamento annual dellas; pois que não he possivel,
que as ditas tenças sejão pagas antes de se vencer, e de entrar no The
souro o dinheiro a ellas applicado: E attendendo tambem a que não ca
beria no expediente dos Ministros, e Oficiaes do Thesouro expedir com
as devidas arrecadações, e numerações de dinheiros todos os referidos
tres Thesoureiros de ordenados, juros, e tenças, se concorressem no
mesmo Thesouro cumulativamente: Estabeleço, que praticando-se com
o Thesoureiro Geral das referidas tenças (em quanto á fórma das entre
gas de dinheiro, e arrecadações delle) o mesmo identicamente, que Te
nho determinado a respeito do Thesouroiro Geral dos Juros, se lhe faça
entrega no anno proximo successivo ao do vencimento: A saber: Da
primeira quarta parte delle no primeiro de Março: Da segunda no pri
meiro do Maio: Da terceira no primeiro de Julho: E da quarta, e ulti
ma, no primeiro de Outubro: Para assim ficarem reguladas, de sorte que
depois fique sempre correndo regularmente o pagamento dellas nas con
correntes quantias, em que couberem nos Almoxarifados dos seus As
Sentamentos.
16 Obviando a todas as questões, que se possão mover sobre a fór
ma, em que os sobreditos Thesoureiros Geraes hão de fazer os seus res
pectivos pagamentos: Determino que todos tenhão os seus Cofres na Ca
sa da Moeda, tendo huma chave delles, e a outra os seus respectivos
Escrivães: E que todos paguem ás Partes, ou a seus bastantes Procura
dores, á boca dos referidos Cofres inalteravelmente, sem excepção de
Pessoas quaesquer que ellas sejão.
16 Para os referidos exercicios terá cada hum dos referidos tres The
soureiros Geraes hum Escrivão da sua Receita, e Despeza: O qual la
vrará tambem os conhecimentos de recibos das Partes, vencendo á cus
ta dellas os emolumentos, que por Minhas Leis se achão estabelecidos
a favor dos Escrivães dos Contos do Reino, e Casa, que Mando extin
guir.

Mmmmm 2
828 1761

Pelo que pertence ao pagamento das Tropas, e mais despezas do


JExercito.

17. Ao Thesoureiro Mór da Junta dos tres Estados se entregarão no


Thesouro Geral aos quarteis adiantados nos primeiros dias dos mezes de
Janeiro, Abril, Julho, e Outubro, não só a importancia total do que
actualmente som mão as consignações, que pelo Regimento de vinte e
nove de Dezembro de mil setecentos e vinte e hum se achão applicadas
aos seis Cofres das Receita, e Despeza do Meu Exercito, (com o oba
timento dos ordenados conteúdos na folha da Junta dos tres Estados,
Contadoria, e Védoria Geral desta Corte, e Provincia, que sahem das
sobreditas consignações) mas tambem os accrescimos que houver nas
mesmas consignações, e os productos das outras consignações, que de
pois que os dous Regimentos da Armada passárão para a Védoria des
ta Corte, e Provincia Tenho peterminado, e de futuro determinar que
sejão destinadas á mesma util, e necessaria applicação do pagamento,
e provimento das Minhas Tropas. •

18 E para que os referidos quarteis se possão anticipar com propor


* , e regularidade, de sorte que nunca se achem vasios os referidos seis
ofres: Ordeno que o Inspector Geral mande fazer no principio de cada
anno hum orçamento do que ha de entrar no Thesouro das sobreditas
consignações: a fim de que, fazendo-Me presente para Eu combinar a
Receita com a Despeza das Tropas dos respectivos annos, possa dar a
providencia, que necessaria for, para que os quarteis, que se entregárão
ao sobredito Thesoureiro Mór da Junta dos tres Estados, sejão sempre
os competentes á despeza, que deve sahir dos Cofres da sua Inspec
ção.
19 Sendo que o referido Thesoureiro Mór dá as contas da sua despe
za na Junta dos tres Estados, a qual na fórma do Titulo sete, Paragra
fo nove do mesmo Regimento de vinte e nove de Dezembro de mil sete
eentos e vinte e hum Me deve Consultar no mez de Fevereiro de cada
hum anno tudo o que pertence á satisfação das applicações, a que os re
feridos seis Cofres se achão destinados: Ao tempo em que resolver a so
bredita Consulta, conferindo-a com orçamento, que houver subido do
Thesouro Geral, lhe mandarei ordenar as quantias dos quarteis, que nos
respectivos annos houver de entregar ao sobredito Thesoureiro Mór da
Junta dos tres Estados, havendo necessidade de accrescentamento, ou
#" nos quarteis,
ente.
que se tiverem pago no anno proximo prece

Pelo que pertence aos Armazens de Guine, e India, e despezas da


• - Marinha.

20 Sendo as urgencias do pagamento dos Officiaes, e mais Pessoas,


que Me servem na Marinha, e os provimentos dos Armazens, e expe
dições das Náos da Minha Coroa da mesma natureza de não admittirem
a menor dilação: Ordeno que o Inspector Geral do Thesouro faça nelle
pagar semelhantemente em quarteis adiantados na sobredita fórma ao
Thesoureiro Geral dos Armazens, e Tenencia a somma do que por jus
to orçamento importão as consignações, que até agora se recebêrão por
aquellas Repartições para as despezas dellas; assim como tambem os ac
crescimos, que houver nas Rendas, e Direitos applicados ás sobreditas
761 829

consignações, e as mais que Eu de futuro applicar á Marinha, se neces


sario for: Para que desta sorte não faltem nunca em huma tão conside
ravel Thesouraria os meios competentes para cumprir com as despezas,
que estão a seu cargo: E tudo bem entendido, que para se computarem
os referidos quarteis se deve primeiro deduzir do monte maior das sobre
ditas consignações a importancia dos ordenados, que dellas tirarão sem
pre annualmente, e que agora devem ser pagos pelo outro Thesoureiro
Geral a quem pertence.
21 Para o mesmo Thesoureiro haverá no Thesouro Geral hum Livro
formulado na maneira assima declarada, do qual elle tenha outro Livro
duplicado para o Debito, e Credito de tudo o que se lhe entregar, e el
le despender, na mesma conformidade do que por esta Lei Mando pra
ticar com os Thesoureiros da Minha Real Casa, em tudo o que for a es
te applicavel, e muito especialmente pelo que pertence ao ajustamento
das contas no fim de cada anno, e ás quitações dellas. ** *

Pelo que pertence á Intendencia das dívidas antigas dos mesmos Ar


* * mazens de Guiné, e India.

22 Para o pagamento das dívidas antigas dos Armazens de Guiné, e


India, que Mando continuar até serem as referidas dívidas extinctas :
Ordeno que o mesmo Inspector Geral do Thesouro mande passar em ca
da hum anno para o Cofre da Intendencia das mesmas dívidas as som
mas, que importarem a consignação, que tenho estabelecido na Alfan
dega do Tabaco para este efeito, e os productos do Páo Brazil, e hum
por cento do ouro, pago aos quarteis o que a cada hum delles tocar por
hum justo rateio. E porque o Intendente desta Repartição dá tambem as
suas contas no Tribunal della, pelo qual Me he o estado dellas presen
te, se lhe continuarão os quarteis na sobredita fórma, sem outra forma
lidade, que a do Livro de Debito, e Credito, que deve haver para cla
reza, e regularidade da arrecadação do Thesouro, e guarda do sobredi
to Intendente.
- T I T U L O XV. : { -
Dos Balanços, que se devem fazer, e verificar no mesmo Thesouro.
- - • *_ .*

1 O Inspector Geral do Thesouro ordenará aos quatro Contadores Ge


raes delle, que cada hum na sua Repartição faça, e lhe entregue dous
Balanços em cada anno: A saber: Hum desde o primeiro até o dia dez
de Julho; o outro desde o primeiro até o dia dez de Janeiro do anno que
proximamente se seguir; manifestando por elles o que se recebeo, e des
pendeo em cada huma das suas respectivas Contadorias, e o que nellas
se acha existente em Caixa: E isto inalteravelmente debaixo da pena de
suspensão até Minha Mercê. * * , * * * *

2 Logo que o Inspector Geral houver recebido os sobreditos Balan


ços, convocando o Thesoureiro Mór, e o seu Escrivão, fazendo sommar
o Livro da Caixa; saldando-o, e conferindo o saldo delle com a impor
tancia remanecente dos quatro sobreditos Balanços; e mandando fazer
de tudo hum Termo pelo referido Escrivão: Passará na companhia del
le, e do Thesoureiro Mór á Casa dos Cofres onde fará contarina sua pre
sença o dinheiro pelos fiéis, a fim de que, achando tudo certo, mande
lavrar outro semelhante Termo, o qual subirá á Minha Real Presença
por Consulta do Inspector Geral para obter a confirmação das sobreditas
83O 1761

contas, a qual fique no fim de cada anno servindo ao Thesoureiro Mór


de quitação plenaria, e authentica para em Juizo, e fóra delle se haver
por quite, livre, e desobrigado pelo tal anno, sem a isso se lhe pôr dú
vida alguma por qualquer via, ou modo, como Ordeno, que seja obser
vado.
- Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço ; Regedor da
Casa da Supplicação; Conselheiros da Minha Fazenda, e dos Meus Do
minios Ultramarinos; Meza da Consciencia, e Ordens; Junta dos tres
Estados; Junta do Tabaco; Inspector Geral do Erario público; Gover
nador da Relação, e Casa do Porto; Capitães Generaes , Governado
res, Desembargadores, Corregedores, Provedores, Juizes de Fóra, Su
perintendentes, e mais Magistrados, Oficiaes de Justiça, Guerra, ou
Fazenda, a quem o conhecimento desta pertencer, a cumpräo, guar
dem, e fação inteiramente # como nella se contém, sem dúvida,
ou embargo algum, e não obstantes quaesquer Leis, Ordenações , Re
gimentos, Alvarás, Provisões, ou Estilos contrarios, que todos, e todas
para estes efeitos sómente Hei por derogadas do Meu Motu proprio, cer
ta sciencia, Poder Real, Pleno, e Supremo, como se de todos, e cada
hum delles fizesse especial, e expressa menção; ficando aliás sempre em
seu vigor: E ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, Desembargador do
Paço, e Chanceller Mór destes Reinos, Mando que a faça publicar na
Chancellaria, e que della se remettão Cópias a todos os Tribunaes, Ca
beças de Comarcas, e Villas destes Reinos: Registando-se em todos os
Lugares, onde se costumão registar semelhantes Leis: E mandando-se
o Original para a Torre do Tombo. Dada no Palacio de Nossa Senhora
da Ajuda, a 22 de Dezembro de 1761. = Com a Assignatura de ElRei,
e a do Ministro. | |-

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no Livro I. do Thesouro Geral, e impr. avulso.

RELAÇAO DOS LIVROS AUXILIARES, QUE SUA MAGESTA


de manda estabelecer para a regular Administração do seu Real Era
rio pelo Titulo XII, da Lei de 22 de Dezembro de 1761, que deter
minou a Instituição do sobredito Erario. >
>

Para a Contadoria Geral da Corte, e Provincia da Estremadura.

Num. 1. Livro para o Rendimento da Casa da Moeda.


Num. 2. Livro para o Rendimento do Contrato do Tabaco.
Num. 3. Livro para o Rendimento da Casa da India.
Num. 4. Livro para o Rendimento da Alfandega do Assucar.
Num. 5. Livro para o Rendimento da Alfandega do Tabaco.
Num. 6. Livro para os Rendimentos dos Pórtos Seccos, e Casa dos
Cinco.
Num. 7. Livro para os Rendimentos do Paço da Madeira, e Portagem.
Nº; #
Pescado.
Livro para os Rendimentos da Casa das Carnes, e Sisas do
Num. 9. Livro para os Rendimentos da Imposição dos Vinhos, e Ca
- sa da Fruta.
176} 831

Num. "10. Livro para os Bendimentoa dos Consulados da Casaoda India,


AIfandega, e Paço da Madeira. .onin: À dº a 2
Num. Il. ; Livro para os Rândimentos das Azeites, Sabão preto, Ca
- valgaduras, e Pelourinho... e5 oitº inibae i o # "t,ºvi …"
Num. 12. Livro para os Rendimentos do Páo Brazil, e hum percento
do Ouro, : " " .....……" A ob o com ibrio $i o R fºi ouvi I .8 1 .….. /
Num. 13,5 Livro para os Rendimentos, das Herdades desta. Gidade, e
e seu Termo, e das Sisas do Termo. ºtipº_º" ogi º 2
#Num, 14. *Livro para os Rendiamentos dos Contradoso do Sal, das Caf
tas de jogar, e Solimão. º inou º
*Num.i15. Livro para os Rendimentos klas Chaneellarias, Mór do Rei
no, dos Contos da Cidade, e da Casa da Supplicação, .gººººl oi
JNum. 16.9: Livro para oosfRendimentosidos Almoxarifados dos Frutos de
Alges, e Malveira. . …!
Num. 47., Livro para os Rendimentos dos quatro e meio por cento, e
dos bens confiscados, e ausentes de Castella, " … .……...…… ;) .. ';
Num.. 18. "Livro para o Rendimento do Mestrado da Ordem. de Christo.
Num. 19. Livro para o Rendimento do Mestrado dá Ordem de Sant
º Iago. ...…ouri" of o!… …I o , , ; o se º ou ,"" .…
Num. 20. Livro para o Rendimento do Mestrado da Ordem de Avís.
1Yum. 21. "Livro
Salvaterra, para os
Barrocas da Rendimentos dos Almoxarifados
Redinha, e Paulo da Asseca..… ,dos
"i"…Frutos de •

TNum. 22. Livro para os Rendimentos dosuAlmoxarifados dos Frutos de


Azambuja, e Alcoelha. .., … … . .
Num. 23. Livro para o Rendimento das Jugadas de Santarem. .
Num: 24. "Livro para o Almoxarifado das Sisas de Santarem, e Impo
sições da mesma Villa. " " ..., * # 2 … :* * * * * * * * * * * * * , , "," | "," "

Num. 25. Livro para o Rendimento do Almoxarifado de Leiria.


Num. 26. Livro para o Rendimento do Almoxarifado de Cintra.
Num. 27. __ Livro para o Rendimento do Almoxarifado de Alemquer, e
Torres Vedres. # . ') … . . . . *… "

Num. 28. Lívro para o Rendimento do Almoxarifado de Thomar. - …


… * **** * ** } /* 2 ** * !# |- -

Para a Contadoria Geral das eProvincias


• Madeira. do Reino,
º .
e Ilhas dos Açores,
. . . -

-
* *
|- | … …

Num. 1. Livro para os Rendimentos da Alfandega, Pescado, Casa dos


Cinco, bum por cento em lugar da Saca, e obriga, e Consulado, tu
do na Cidade do Porto. … " "
PNum. 2. Livro para o Rendimento do Almoxarifado do Porto, e Villa
de Conde. O - - - -

Num. 3. Livro para os Rendimentos da Alfandega, e Almoxarifado de


Vianna. • • -- - - "

Num. 4. Livro para os Rendimentos dos Almoxarifados de Ponte de


Lima, e Guimarães. |- … * ** * * * •

Nuun. 5. Livro para os Rendimentos do Almoxarifado de Coimbra,


Num: 6. Real.
e Villa Livro para os Rendimentos dosvº,Almoxarifados de Moncorvo,
• - f = "", "º

Nºki, #… para os
C | [] [1C1.
Rendimentos dos Almoxarifados de Miranda,
} :

Num. 8. Livro para os Rendimentos do Almoxarifado da Guarda.


Num. 9. Livro para os Rendimentos dos Almoxarifados de Viseu, e
Castello-Branco. - * * -. … " : " " -
832 [761

Num, -io, Livro pára os Rendimentos do Almoxarifado, Alfandega, e


Sal de Aveiro. .* . " …" … .….…… "
Num. "11. Livro para o Rendimento do Almoxarifado de Lamego. …!
Num. 12. Livro para o Rendimento da Alfandega de Buarcos, e Fi
ºlºgueira. and e . "Rei 3 oi 1 e' ao se aiba… … " …; … * * * . * .
Num, 13. Livro para o Rendimento do Almoxarifado de Evora.….
<Num. 14. "Livro para os Rendimentos dos Almoxarifados de Béja, e
Campo de Ourique. , * _*
.…… , , , , , … # 2... : - . : :
-Num. "15,
Extremoz.1 Livro-para os Rendimentos
- •
dos Almoxarifados
-
de
- -
Elvas,
- -
e*;

Num:', 16. Livro para os Rendimentos dos Almoxarifados das Sisas de


Portalegre, e Abrantes." "5 * * * * * * * * * * * * *
*Num, "17:"Livro para os Rendimentos do Sal, e Almoxarifado de Setu
bal. • • º .
"Num. º 18. Livro para os Rendimentos da Tabola de Setubal, e Alfan
dega Consulado, e Pórtos Seccos da dita Villa. . . : - º
Num "19. Livro para os Rendimentos das Alfandegas de Lagos, Faro,
Villa Nova de Portimão, e Tavira. ...... … … ! .
Num. 20. Livro para o Rendimento do Almoxarifado das Sisas, e ou
tras Rendas do Reino do Algarve, º : "... o
Num. 21. º Livro para os Rendimentos das Almadravas, "Armação de
Farroubilhas, Armação do Medo das Cascas da Cidade de Tavira,
* Contrato de Santo Antonio de Arnelhão de Monte-Gordo, e Consula
do do Algarve. - -

Num. 22. Livro para o Rendimento das Terças do Reino.


Num. 23. Livro para o Rendimento do Almoxarifado da Alfandega da
Ilha Terceira, Dizimos, e Meunças da Cidade de Angra.
Num. 24. *Livro para o Réndimento do Almoxarifado de Dizimos, e
Meunças, e Alfandega na Villa da Praia na Ilha Terceira.
Num. 25. Livro para o Rendimento do Almoxarifado dos Dizimos, e
Meunças, e Alfandega da Ilha do Pico.
Num. 26. Livro para o Rendimento do Almoxarifado dos Dizimos, e
Meunças, e Alfandega da Ilha de São Jorge.
Num. 37. Livro para o Rendimento do Almoxarifado dos Dizimos, e
Meunças, e Alfandega da Ilha Graciosa. •

Num. 38. Livro para o Rendimento do Almoxarifado dos Dizimos, e


Meunças, e Alfandega da Ilha do Fayal. . \
Num. 29. Livro para o Rendimento do Almoxarifado dos Dizimos, e
Meunças, Alfandega, e dous por cento da Ilha de São Miguel.
Num. 3o. Livro para o Rendimento do Almoxarifado dos Dizimos, e
Meunças, Alfandega, e outros Rendimentos da Ilha da Madeira.
Num. 31. Livro para o Rendimento do Almoxarifado dos Dizimos, e
Meunças, e Alfandega das Villas de Machico, e Santa Cruz na Ilha
da Madeira. •

Num. 32. Livro para o Rendimento do Almoxarixafo dos Dizimos, e


Meunças da Ilha de Porto Santo.
Para a Contadoria Geral da Africa occidental, do Maranhão, e das
Comarcas do Territorio da Relação da Bahia, e Governos, que
nelle se comprehendem.
Numero 1. Livro para os Rendimentos dos Direitos velhos, e novos dos
Escravos, e do Marfim do Reino de Angola. |-
# C 1761 833

Num. . 2. Livro para o Rendimento dos Dizimos do Pará.. -

Num... 3. Livro para os Rendimentos da Dizima da Alfandega do


Pará, das Chancellarias , e Novos Direitos dos Oficios da mesma Ca
pitanía. - - - - - * * * * ** ** * * * * * * *

Num. , 4. Livro para os Rendimentos do Pesqueiro, e do Imposto nas


Canôas do Pará. , -_ - * : ,

Num. 6. Livro para os Rendimentos dos Dizimos de fóra, e de den


2. tro, e do Subsidio do Maranhão, e Piauhy, , , , , , , º .
Num... - 6._Livro para os Rendimentos da Dizima da Alfandega do Ma
ranhão, Direitos da Chancellaria, e terças partes dos Oficiós.
**i a Illa,
7. Livro para os Rendimentos da Alfandega, e Dizimos da
Num; º 8. Livro para os Rendimentos da Dizima do Tabaco, Agua
º ardente, e mais generos, que sahem por mar, e dos Direitos da Agua
ardente da terra, Vinho, e de Mel, tudo na Bahia. •

Num. 9. Livro para o Rendimento dos Direitos dos Escravos, que


o vão para as Minas, e dos dous Direitos de 3 3 600 réis, e 1 3 000 réis
por Escravo na Entrada, tudo na Bahia.
Num. 10. Livro para os Rendimentos do Donativo das Caixas, e Rol
los, que se embarcão, e subsidio dos.Vinhos, Aguas-ardentes, e A
zeite doce na Bahia. * * * * ** * ** * * * •

Num. 11. Livro para o Rendimento do Contrato das Baleas da Bahia.


Num. 12. Livro para os Rendimentos das Passagens para as Minas do
Rio das Contas, e Jacobina, e das Entradas para os mesmos lugares
o na Bahia. * , , - •

Num. 13. Livro para o Rendimento da Casa da Moeda da Bahia.


Num. . 14. Livro para os Rendimentos dos Direitos da Chancellaria, e
Novos Direitos dos Oficios da Bahia. -

Num. . 15. Livro para os Rendimentos dos Dizimos de Pernambuco,


e da Paraíba. |- . * *

Num. 16. ^ Livro para os Rendimentos das Alfandegas de Pernambu


co, e da Paraíba. * * « : : :
Num. 17. Livro para os Rendimentos do Subsidio dos Vinhos, e A
º guas-ardentes, do Tabaco, Garapas, Pensões dos Engenhos, Aguas
ardentes da Terra, e Vintena do Peixe de Pernambuco... .
Num. 18. Livro para os Rendimentos do Subsidio das Carnes, Impo
º nambuco.
sição de 480 réis por Caixa de Assucar, e 240 réis por Feixo de Per
- - - - •

Num. 19. Livro para o Rendimento do Subsidio do Assucar, e Fóros


das Sesmarias em Pernambuco."
Num. 2o. Livro para os Rendimentos dos Direitos dos Escravos, que
sahem para as Minas, e dos dous Direitos de 33 600 réis, e 1 3 000
réis por cada Escravo na entrada de Pernambuco... , : •

Num. 21. Livro para os Rendimentos dos Novos Direitos dos Officios,
e Direitos da Chancellaria de Pernambuco. • • •

Num. 22. Livro para os Rendimentos do Trapiche da Alfandega de


Pernambuco, Alugueis das Casas da Ponte da Villa do Recife, e Ar
mazem no Forte dos Matos. • *

Num.
da, e23 Livrodepara
Jouzeiro os Rendimentos das Passagens dos Rios Janga
Pernambuco. • • * *

Num. 24. Livro para os Rendimentos do Subsidio das Carnes, Novos


Direitos dos Oficios, e pensões, que pagão as Caixas de Assucar da
- Paraíba. - • •• •

Nnnnn
834 1761

Num. 25. . Livro para os Rendimentos dos Dizimos, e Meunças da Ilha


de Itamaraca, e do Subsidio do Assucar, e Tabaco da mesma Ilha.
Num. 26. Livro para os Rendimentos dos Dizimos dos Gados, e Meun
ças do Rio Grande do Norte. |-

Num. 27. Livro para os Rendimentos dos Dizimos, e Meunças do Sea


rá, e Subsidio das Carnes de Goyana.
Para a contadoria Geral do Território da Relação do Rio de Janeiro,
- Africa Oriental, e Asia Portugueza.

Numero 1. Livro para o Rendimento da Casa da Moeda do Rio de Ja


Il ClI'O.

Num. 2. Livro para o Rendimento da Alfandega do Rio de Janeiro.


Num. 3. Livro para o Rendimento dos Dizimos da Capitanía do Rio
de Janeiro, e Direitos do Azeite doce.
Num. 4. Livro para os Rendimentos dos Direitos dos Escravos, que
vão do Rio para as Minas, e dos 800 réis por Escravo, que entra no
Rio de Janeiro.
Num. 6. Livro para os Rendimentos dos Direitos da Chancellaria,
- e Novos Direitos dos Oficios, e Cartas de Seguro, do Rio de Janeiro.
Num. , 6. Livro para os Rendimentos do Subsidio grande dos Vinhos,
. Subsidio pequeno dos ditos, Subsidio da Agua-ardente de Geribita,
º que se consome na Terra, e sahe para fóra; e Subsidio das Aguas
º ardentes, que vão do Reino, e das Ilhas, tudo do Rio de Janeiro.
Num., 7. Livro para o Rendimento do Contrato das Baleas do Rio
de Janeiro, São Sebastião, São Paulo, e Santos..
Num. 8. Livro
dos Oficios para os Rendimentos
da Capitanía de São Paulo.dos Dizimos, e Novos Direitos

Num. __ 9, Livro para os Rendimentos dos Dizimos, Alfandega, e No


vos Direitos dos Oficios da Capitanía de Santos.
Num. 10, º Livro para os Rendimentos do Subsidio dos Molhados, e
&#
Santos.Imposto, Imposto no Sal, e varias Passagens da Capitanía de
• • • • • , ' *

Num. 11. Livro para os Rendimentos dos Dizimos do Rio Grande, e


Ilha de Santa Catharina.
Num. - 12. Livro para o Rendimento do Estanco do Sal no Brasil.
Num. 13. Livro para os Rendimentos dos Dizimos das Comarcas do
Ouro Preto, Sabará, Rio das Mortes, e Serro do Frio.
Num. 14. Livro para os Rendimentos das Entradas em todas as Mi
nas, e dos Registos de Viamão, e Curutiva.
Num. 15. Livro para os Rendimentos das Passagens dos Rios Paraí
__ba, e Paraíbuna, para as Minas Geraes, e do Rio das Mortes.
Num. _16. Livro para os Rendimentos das Passagens do Rio Grande
mas Minas Geraes, do Rio Verde, e dos Rios de São Francisco, Pa
racatú, e outras annexas.
Num. 17. Livro para o Rendimento do Contrato dos Diamantes.
ENum. 18. Livro para o Rendimento dos Quintos do Ouro.
Num... 19. Livro para os Rendimentos dos Novos Direitos dos Oficios,
e Direitos da Chancellaria das Minas.
Num. 20. Livro para os Rendimentos dos Dizimos, Quintos, Entra
das: "Terças partes dos Oficios, e mais Direitos Reaes da Capitanía
do Goyaz.
Num. 21. Livro para os Rendimentos dos Dizimos, Quintos, Entra

I761 835

das, Terças partes dos Oficios, e mais Direitos Reaes das Capitanías
do Cuyabá, e Mato Grosso.

Nossa Senhora da Ajuda a 22 de Dezembro de 1761. = Conde


de Oeiras.

Impresso juntamente com a Carta de Lei antecedente.

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/
DoM JOSE por Graça de Deos Rei de Portugal, e dos Algarves,
d'aquem e d’além Mar, em Africa Senhor de Guiné, e da Conquista,
Navegação, Commercio da Ethiopia, Arabia, Persia, e da India, &c.
Faço saber aos que esta Minha Carta de Lei virem, que por quanto por
outra Lei dada no mesmo dia de hoje obviando com os indispensaveis
motivos nella expressos aos inconvenientes, que tinhão resultado de serem
os bens, e rendas da Minha Real Coroa arrecadados pelas muitas repar
tições, em que até agora andarão divididos; estabeleci hum Thesouro
Geral; reduzindo nelle a hum só, e unico Cofre todos os recebimentos,
e pagamentos do Meu Real Erario: Porque os mesmos motivos de inte
resse commum, e utilidade pública fazem coherente, justo, e necessario,
que assim como as Receitas, e Despezas dos sobreditos bens, e rendas
# que toca aos Cálculos, e procedimentos de facto, forão reduzidas a
um só, e unico Thesouro; da mesma sorte as materias concernentes á
administração, e arrecadação do Meu Real Patrimonio, que necessitão
do exercicio das jurisdicções voluntaria, ou contenciosa, e que por isso
não podem ser determinadas senão por Ministros professores de Letras,
se reduzão tambem a huma só, e unica jurisdicção privativa, certa, e
invariavel; que fazendo cessar todos os conflictos de jurisdicções distin
ctas; determine, e sentenceie os casos pertencentes ás sobreditas duas
jurisdicções; cumprindo com o Meu Real serviço; guardando ás partes
seu direito; e tudo por termos, que, sendo em si simplices, claros, e
superiores a toda a justa dúvida, sejão ao mesmo tempo tão breves, que
a decisão dos negocios desta natureza se faça compativel com as urgen
cias publicas, que em semelhantes negocios não admittem dilações, que
não sejão de muito perniciosas consequencias: E havendo tambem ouvi
do sobre esta importante materia muitos Ministros de sã consciencia,
de consumada literatura, e experiencia, e de conhecido zelo, com cujos
pareceres Me conformei: Sou Servido reduzir a huma só, e unica juris
dicção todos os requerimentos, causas, e dependencias pertencentes á
cobrança, e arrecadação, e pagamento das rendas dos bens da Minha
Coroa, que forem dependentes das sobreditas jurisdicções, voluntaria,
ou contenciosa, com total exclusiva de todas as outras jurisdicções, que
até agora se exercitárão ; e tudo isto na maneira abaixo declarada.
T I T U L O I.

Do Conselho da Fazenda, e sua jurisdicção exclusiva.


1 Estabeleço que todos os requerimentos, causas, e dependencias,
que verterem sobre a arrecadação das Nnnnn

rendas de
2 todos os direitos, e bens
836 1761

da Minha Coroa, de qualquer natureza que sejão, fiquem da publicação


, desta em diante pertencendo privativamente ao Conselho da Minha Real
Fazenda com total exclusiva de todos, e quaesquer outros Tribunaes, e
Magistrados; para de tudo conhecer o mesmo Conselho em huma só ins
tancia; e para tudo determinar diffinitivamente sem outro recurso que
não seja o de consulta á Minha Real Pessoa nos casos, que o mesmo
Conselho achar que são dignos de se Me consultarem.
2 E attendendo aos grandes inconvenientes, e extraordinarios prejui
zos, que ao Meu Real Erario, e ao Bem commum dos Meus Vassallos,
resultarão de andar separada do mesmo Conselho a jurisdicção conten
ciosa: Mando que daqui em diante use della da mesma sorte que até a
gora usou da jurisdicção voluntaria ; unindo nelle ambas as sobreditas
jurisdicções na fórma assima ordenada.
3 Tudo o que forem requerimentos, e negocios pertencentes á mes
ma jurisdicção voluntaria, serão expedidos pelos Escrivães da Fazenda;
e pelos Oficiaes a que tocárão até o presente. Porém tudo o que for con
cernente á jurisdicção contenciosa, se atuará, e processará pelos dous
Escrivães dos Feitos do Juizo da Coroa, e Fazenda, como se praticou
até agora.
4 E porque accrescendo aos Ministros do mesmo Conselho o encar
go de sentenciarem as referidas causas no Foro contencioso, he justo
que tenhão alguma compensação deste trabalho: Hei por bem que nas
causas desta natureza, que julgarem, levem as mesmas assignaturas, e
emolumentos, que actualmente estão por Mim concedidas aos Desembar
gadores dos Aggravos, e Juizes da Coroa da Casa da Supplicação.
6 Para que os negocios pertencentes a cada huma das sobreditas ju
risdicções se possão expedir com regularidade: Mando que os que forem
pertencentes á jurisdicção voluntaria, sejão expedidos nas segundas,
quartas, e sextas feiras; e os que pertencerem á jurisdicção contenciosa,
se despachem nas terças, quintas, e Sabbados de cada semana inaltera
velmente.

T I T U L O II.

Do que se observará no mesmo Conselho para o despacho dos negocios


pertencentes á jurisdicção voluntaria. .*

H A, B I L I T A Ç Ó E S.
1 Sendo tão importante entre os negocios, de que até agora se achou
encarregado o Conselho, o das Habilitações das Pessoas, que se pertem
dem legitimar com sentenças de justificação; ou para succederem a ou
tras Pessoas que tem mercês da Minha Coroa de juro, e herdade, ou
em vidas; ou para Me requererem a satisfação de serviços de terceiros;
ou para outros efeitos de attendiveis consequencias: E havendo mostra
do huma longa, e qualificada experiencia, que tantos, e tão importan
tes negocios daquella gravidade, quantos são os que a multiplicação das
Gentes, e a multiplicidade das Mercês da Coroa, e dos outros interes
ses particulares tem accumulado depois de alguns annos a esta parte, se
não podem despachar opportuna, e competentemente pelo expediente de
hum só Ministro, que sendo o mais antigo do Conselho, era preciso que
fosse o mais gravado de annos, e de occupações: Sou Servido abolir, e
Hei desde logo por abolido o emprego de Juiz das Justificações do Rei
1761. 837

no com o ordenado que lhe pertencia: E Mando que os papeis que até
agora se despacharão in solidum pelo dito Juiz, sejão daqui em diante
repartidos por huma igual, e rigorosa distribuição entre todos os Minis
tros do mesmo Conselho: No qual aquelles, em quem cahir o turno ser
virá de Relator para propôr os papeis, e escrever o que for vencido pela
pluralidade dos votos dos Ministros, que se acharem presentes; com tan
to que sempre haja tres votos conformes: Recolhendo-se em hum Cofre
os emolumentos que o Juiz das Justificações extincto levou até agora das
Partes; para que no fim de cada quartel sejão repartidos por todos os so
breditos Ministros levando cada hum delles huma igual porção.
Antiguidades, Graduações das Tenças, e seus Assentamentos.
2 Para desterrar os abusos, que Fui informado de que se tem intro
duzido nas antiguidades, e graduações das Tenças assentadas nos Al
moxarifados da Minha Real Fazenda, em grave prejuizo della, e dos Fi
lhos das respectivas Folhas; humas vezes conservando-se nas mesmas fo
lhas Tencionarios falecidos por dilatados annos, depois dos seus faleci
mentos; outras vezes impondo-se aos filhos, netos, e bisnetos de outros
Tencionarios os mesmos nomes delles para se simular debaixo da identi
dade dos nomes, a outra identidade das Pessoas, sendo em si diversas:
Ordeno que o Conselho da Minha Real Fazenda reparta igualmente as
diferentes Estações, em que se achão as referidas Tenças assentadas
pelos Ministros, que constituem o dito Tribunal; para examinarem o que
nellas passa ao dito respeito: Que ao mesmo tempo mande pôr Editaes
nos lugares publicos da Cidade de Lisboa; e nas Cabeças de Comarca
de todos estes Reinos, e seus Dominios, para que todas as pessoas que
houverem assentado Tenças nas sobreditas Estações, fação exibir os seus
Padrões Originaes ante os respectivos Conselheiros a quem tocar com as
suas Certidões de baptismo para nelles se examinarem as verbas dos seus
assentamentos: Que os termos dos referidos Editaes sejão de trinta dias
para os que estiverem nesta Corte, e na distancia de vinte legoas del
la; de sessenta dias para os que viverem dentro no Continente destes
Reinos, fóra da referida distancia de vinte legoas; de seis mezes para os
que viverem nas Ilhas dos Açores, Madeira, e Cabo Verde; e de dous
annos para os que viverem na Africa, America, e Asia; comminando
se a todos a pena de perderem as Tenças que tiverem, e de se tirarem
os seus nomes das folhas no caso de não haverem comparecido nos refe
ridos termos; porque assim o Mando: Que assim como forem chegando
os referidos Padrões, se dê huma ressalva gratuita aos que os apresenta
rem para sua defeza, e os vá combinando em sua casa o Conselheiro a
quem tocar com os seus respectivos assentamentos: Que de tudo o que
resultar destas combinações vá fazendo cada hum dos sobreditos Conse >

lheiros huma Relação assignada por elle, pelo Escrivão da Fazenda a


quem tocar, e pelo Oficial do Assentamento a que pertencer: Que as
sobreditas Relações com os papeis, e Livros donde forem extrahidas se
jão depois propostas em pleno Conselho, e sendo nelle qualificadas, e ap
provadas por pluralidade de votos, se rubriquem por dous Ministros em
cada huma das suas folhas, e se lancem no fim dellas despachos assigna
dos por todos os Conselheiros, nos quaes, reprovando-se individualmen
te cada hum dos Tencionarios, que se acharem em termos de serem ex
cluidos, se mandem fazer novos Assentamentos aos que estiverem nes
ses termos: Que se fação Livros novos para os referidos Assentamentos,
838 1761
+

nos quaes indispensavelmente se exprimão; o nome, e todos os cognomes


que tiverem os Tencionarios; as suas idades, e Freguezias onde houve
rem sido baptizados; e os nomes, e cognomes dos pais, e mãis de cada
hum delles: E que finalmente assim se fique observando em todo o tem
po futuro; não se podendo fazer assentamento algum sem precederem a
exibição da dita Certidão de baptismo, ante o Conselho da Minha Real
Fazenda, e despacho delle para se lavrarem os Assentamentos com to
das as sobreditas declarações; debaixo das penas de nullidade dos Assen
tos, que forem lavrados em outra fórma, e de perdimento dos oficios
dos Oficiaes que os lavrarem, sendo proprietarios, ou do valor delles
sendo serventuarios.
3 Estabeleço que as sobreditas folhas novas, e todas as mais que pe
lo tempo futuro se lavrarem sejão lavradas pela rigorosa ordem chronolo
gica das antiguidades dos juros, e das antiguidades das tenças, sem já
mais se poderem escrever antes os nomes dos Proprietarios de juros, e
Tencionarios, que forem mais modernos, para depois delles virem escri
ptos os mais antigos, com huma inversão, e preposteração de ordem das
quaes resultão confusões na graduação dos cabimentos, e prejuizos das
partes: E Mando que a sobredita ordem regular se observe pelos Ofi
ciaes a que pertencer debaixo da mesma pena de perdimento assima de
clarada. • •

4 Attendendo a algumas justas razões, de que Fui informado, esta


beleço, que os Livros do Assentamento (que sempre se devem conser
var na Custodia do Conselho, sem della poderem sahir em caso algum
para as casas dos respectivos Oficiaes) posto que sejão, e devão ser sem
pre de segredo para todas as Pessoas estranhas, o não fiquem sendo da
qui em diante para os Filhos das respectivas Folhas; antes os Oficiaes
a quem pertencer ficarão obrigados a exibir aos Tencionarios, que não
tiverem cabimento, os referidos Livros todas as vezes que os quizerem
ver para combinarem nelles as suas antiguidades com as dos outros Ten
cionarios, que estiverem preferindo; e a dar-lhes as Certidões, que dos
mesmos Livros requererem do que nelles apontarem a bem de sua justi
ça pagando aos referidos Oficiaes na fórma dos Regimentos as Certi
dões, que passarem na sobredita fórma. .
5 Item : estabeleço que nos requerimentos, que se fizerem para as
Justificações, com que as Tenças assentadas na Minha Real Fazenda
houverem de passar de Pessoa a Pessoa, sejão sempre indispensavelmen
te insertas as Certidões dos Assentamentos dos seus immediatos anteces
sores, extrahidas pelo Official, a que pertencer, sobpena de nullidade
dos processos da Justificação; das sentenças que nelles se proferirem; e
dos Assentamentos que por efeito dellas se fizerem.
6 Sendo certo que nem no Thesouro Geral se devem pagar Ordena
dos, Juros, ou Tenças por Mandados, ou quaesquer outros papeis de fóra
com irregularidade que preverteria toda a harmonia de huma tão importan
te arrecadação; nem os interessados nas referidas folhas devem padecer
o prejuizo de se lhes dilatarem os seus pagamentos, além dos termos,
que para elles tenho estabelecido na Lei que Mando promulgar na mes
ma data desta; nem os Oficiaes, que fazem as referidas folhas as de
vem reservar para serem lavradas no fim do anno com prejuizo do Meu
Real serviço, e Bem commum das partes: Determino, debaixo das mes
mas penas assima declaradas, que cada hum dos sobreditos Oficiaes na
sua repartição seja obrigado a ter promptas para subirem á Minha Real
Presença até o fim do mez de Setembro de cada hum anno as folhas que
1761 839

houverem de servir no anno proximo seguinte, para baixarem por Mim


assignadas até ao fim do anno em que subirem. |-
=+
|-

- 7 E para que as referidas folhas não sejão embaraçadas com os novos


Assentamentos, e obitos, que accrescerem desde que se principiarem
até se acabarem de lavrar na sobredita fórma: Ordeno que todos os or
denados, juros, e Tenças, que accrescerem, ou vagarem depois do dia
altimo do mez de Junho de cada hum anno, fiquem reservados para se
lançarem nas folhas do anno proximo successivo, sem prejuizo da expe
dição das folhas, e dos pagamentos, e arrecadações do Thesouro Geral
nos annos occorrentes. • … o "º ' .. '' : ;
8 Em ordem aos mesmos fins, estabeleço que todas as despezas or
dinarias ou extraordinarias, que por conta da Minha Real Fazenda se
costumão fazer até agora pelos referidos Mandados, e papeis de fóra, se
fação daqui em diante por folhas lavradas de sorte que só venhão na fo
lha de cada anno as despezas que se houverem feito até o ultimo de Ju
nho do mesmo anno: Reservando-se as dos outro seis ultimos mezes para
a folha do anno proximo seguinte na sobredita fórma. E quando as refe
ridas despezas forem de tanta urgencia que não admittão aquella dilação,
se Me consultará o que occorrer a respeito dellas, para Eu dar as oppor
tunas providencias, que achar conveniente segundo a exigencia dos Ca
SOS. • - - .… *

Administrações, e rendas em que se devem praticar. |-

9 . Por justos motivos, que Me forão presentes, prohibo, que em tem


po algum sejão contratados, ou arrendados daqui em diante os Direitos
da Casa da India; e das Alfandegas do Assacar, e Tabaco; como todas
as mais Alfandegas destes Reinos, e suas Conquistas; o hum por cento
do ouro que vem á Casa da Moeda ; os Novos Direitos da Chancellaria
Mór da Corte; os Direitos da Casa dos Cinco de Lisboa; as Sizas que
se pagão na Casa das Herdades da Cidade de Lisboa; o rendimento da
Tabola Real de Setuval; os Direitos do Sal da mesma Villa; as Sizas
singelas, que por Cabeções Me pagão as Camaras destes Reinos; o do
bro das mesmas Sizas destinadas ao pagamento das Tropas; e as Terças
dos mesmos Reinos destinadas para as Fortificações delle: Ordenando
que todas as sobreditas rendas se arrecadem pelos Administradores, e
Thesoureiros, que Eu for servido nomear: E que estes passem ao The
soureiro Geral os seus recebimentos na fórma abaixo declarada.
. 10 Os Thesoureiros da Casa da India, e Alfandegas do Assucar, e
do Tabaco mandarão nos primeiros cinco dias de cada mez ao Thesou
reiro Geral ( com guia dos Provedores, e do Administrador, e Certidão
do que as referidas Casas de Despacho tiverem rendido no mez proximo
precedente) todo o recebimento que nelle houverem feito, tanto em di
nheiro líquido, como em escritos, ou creditos a vencer onde até agora
os houve. - *

11 Os Direitos da Casa dos Cinco, que, constituindo huma parte inº


tegrante dos que são pertencentes á Alfandega do Assucar, e arrecadan
do-se por isso dentro mella, se conservárão até agora com manifesto abu
so em huma Repartição diversa com Almoxarife, e Oficiaes diferentes:
Determino que daqui em diante sejão arrecadados debaixo da Inspecção
do Administrador da mesma Alfandega, e seus Oficiaes; e sejão rece
bidos pelo mesmo Thesoureiro della; sem outras diferenças que não se
jão: Primeira, a de serem lançados os referidos Direitos em Livro se
, parado no qual se conservem no estado de pagarem o que pagão presen"
840 1761.

temente, não obstante serem despachados na Meza grande: Segunda,


a de se lavrar para elles huma distincta folha: Para o que Hei desde lo
go por abolida a sobredita Casa chamada dos Cinco, com todos os Offi
cios a ella concernentes da mesma sorte, que se nunca houvessem exis
tido : E Mando que o sobredito Thesoureiro da Alfandega faça entrar
tambem todos os mezes estes Direitos no Thesouro Geral em conta se
parada, observando em quanto ao mais o que tenho assima ordenado so
bre os outros pagamentos que deve fazer no Thesouro Geral o mesmo
Thesoureiro. |- - - º - • - -

12 Item: Mando que os outros Thesoureiros das Alfandegas das Pro


vincias destes Reinos sejão obrigados a fazer entrar no Thesouro Geral
aos quarteis os seus respectivos recebimentos com a espera de trinta dias
contínuos, successivos, e improrogaveis, de tal sorte que passados elles,
ficarão pelo mesmo facto do lapso do tempo incursos nas penas abaixo
declaradas: E para que as suas remessas se não possão retardar com o
motivo de falta de Letras, ou de Portadores seguros: Ordeno que todas
sejão feitas pelos Correios das Cabeças das Comarcas ao Correio Mór
desta Corte, pagando-se-lhe hum por cento do seu transporte pelo peri
go delle; pagando os respectivos Correios do referido premio as Guardas
de Militares, que Mando lhe sejão dadas pelos Oficiaes a quem as pedi
rem; e vencendo
hum tostão nellas
se forem oito vintens
Auxiliares, por dia
ou das cada Soldado de Cavallo; e
Ordenanças. •

13. Item: Mando que os Thesoureiros de todas as Alfandegas de Meus


Dominios Ultramarinos observem tudo o referido nas partes, em que lhe
for applicavel, entregando todos os mezes os productos dos seus recebi
mentos na sobredita fórma nos Thesouros publicos, que em cada huma
das Capitaes dos mesmos Dominios Ultramarinos tenho mandado estabe
lecer para estes efeitos.
14 Item: Mando que o Administrador da Casa das Herdades (que
nelas servirá tambem do Thesoureiro, para o que Hei por exctincto o
Oficio que até agora houve de Thesoureiro desta Gabella); e os Thesou
reiros do Hum por cento do Ouro, que vem á Casa da Moeda; dos No
vos Direitos da Chancellaria Mór; da Tabola Real de Setuval, dos Di
reitos do Sal; e da Alfandega da mesma Villa; observem o mesmo que
deixo estabelecido a respeito dos Thesoureiros da Casa da India, e das
Alfandegas, do Assucar, e Tabaco. * • |-

16 Havendo mostrado a experiencia, que todos os meios, que até


agora se applicarão á cobrança das Sizas das Comarcas destes Reinos,
forão invalidados pelas negligencias, e dolos, com que a referida cobran
ça se illudio em consideraveis sommas: E attendendo á grande impor
tancia de que he para o Meu Erario, e Bem commum dos Interessados
nelle, que esta porção do Meu Real Patrimonio se faça exigivel, e
prompta a seus devidos tempos: Determino, que do primeiro de Janeiro
proximo futuro em diante, fique a cargo dos Corregedores das Comar
cas destes Reinos, ou dos Ministros que seus cargos servirem, a cobram
ça das referidas Sizas: Concedendo para as execuções a ella concernen
tes a cada hum dos ditos Corregedores nas suas respectivas Comarcas
toda a necessaria, e cumprida jurisdicção: Ordenando que com ela pro
cedão a efectiva arrecadação das ditas Sizas na conformidade dos para
grafos, quatro, cinco, seis, e sete, do Alvará de cinco de Junho de mil
setecentos cincoenta e dois, em que abolli todos os Almoxarifes, e Exe
cutores particulares; e Dei a fórma com que se devia fazer nas Cidades, e
Villas destes Reinos, e Cabeças das Comarcas delles, a sobredita co
176 | 841

brançasómente.
feito pelos Provedores,•
cuja jurisdicção Hei por extineta para este ef>
• •

16 Ordeno, que os mesmos Corregedores sem permettirem que par


cella alguma de dinheiro pare nas mãos dos Recebedores particulares das
Cidades, e Villas das suas Comarcas, ou que nelles haja negligencia em
receberem as Sizas, como devem, sejão obrigados a fazer entrar ate o
fim de Janeiro de cada hum anno, nos Cofres das Cabeças das suas Co
marcas toda a importancia dos Cabeções das Cidades, e Villas dellas,
que se heuverem vencido no anno proximo precedente: Fazendo inteirar
summaria, verbalmente, e de plano pelos Vereadores das respectivas
Camaras, o que por omissão, ou commissão faltar nos opportunos, e
integraes pagamentos dos Recebedores, que pelas mesmas Camaras são
nomeados, e affiançados na conformidade do sobredito Alvará. -

º 17. Consequentemente Mando, que os mesmos Corregedores tenhão


a obrigação indispensavel de fazerem passar para o Thesouro Geral des
ta Corte (e não para o Thesoureiro a quem até agora se remetterão, o
qual Sou Servido extinguir com o seu Escrivão ) as sobreditas sommas
até o fim de mez de Fevereiro proximo seguinte ao mez de Janeiro em
que na referida fórma devem ter prompto o dinheiro nos Cofres das Ca
beças das suas respectivas Comarcas, fazendo as remessas na conformi
dade do paragrafo dezesete do sobredito Alvará de cinco de Junho de mil
setecentos cincoenta e dous, e do outro Alvará de declaração do referi
do paragrafo, dado em trinta de Março de mil setecentos cincoenta e
tres; só com a diferença de que devendo agora ser todo o dinheiro re
mettido, sem excepção alguma de Pessoas, ao dito Thesouro Geral; de
todo se deve pagar o premio de hum por cento ao Correio Mór quando
as remessas forem aos seus Oficiaes encarregadas. •

18 - Derogando em tudo o mais o sobredito Alvará de cinco de Junho


de mil setecentos cincoenta e dous: Estabeleço, que sendo passado o
mez de Fevereiro de cada hum anno, sem que os sobreditos Corregedo
res, ou Ministros que seus cargos servirem, tenhão feito entrar no The
souro Geral na fórma assima ordenada a total importancia das Sizas das
suas respectivas Comarcas, se lhe expeção pelo Inspector do mesmo The
souro as ordens necessarias para se lhes declararem as suspenções em que
desde agora os Hei por incursos nesse caso por esta mesma Lei; para
se fazer sequestro, e execução nos proprios bens delles Corregedores,
deixando-se-lhe com tudo regresso para haverem executivamente pelos
Vereadores, ou Recebedores das Camaras o que por elles houverem paº
go; e para ficarem inhabilitados para tornarem a entrar no Meu Real'
serviço em quanto se não mostrarem inteiramente quites das sommas,
que não houverem entrado no sobredito Thesouro. No qual ordeno que
annualmente se lhes passem gratuitamente as suas Cartas de quitação pe
los Contadores Geraes a que tocar; e que indo por elles assignadas, e
legalisadas com a vista do Inspector Geral, lhes valhão em juizo, e fóra
delle paraalgum.
todos, e quaesquer efeitos, sem a isso se lhes pôr dúvida, ou
embargo '' '+ r • |-

19 Aos mesmos Corregedores encarrego a cobrança, e arrecadação


dos dobros das Sizas, que são destinados ao pagamento das Tropas: Os
quaes Mando que sejao cobrados pelas Camaras, e seus Recebedores na
mesma fórma em que cobrao as Sizas singelas: Que sejão tambem do
mesmo modo remettidos, assim pelas referidas Camaras, e seus Rece
dores aos Cofres das Cabeças das Comarcas, como delles para o Thesou
1o Geral debaixo da Inspecção dos sobreditos Corregedores: Praticando-se
Ooooo
842 1761

a respeito dos referidos dobros todos os procedimentos, e penas que dei


xo assima estabelecidas, para a arrecadação das Sizas singelas; só com
duas diferenças, a saber: Primeira, que os Recebedores das Cidades,
e Villas vencerão de seus ordenados meia parte mais do que até agora
Vencerão pela cobrança das Sizas singelas: Segunda, que as remessas
dos sobreditos dobros se farão sempre ao Thesouro Geral em contas se
paradas, e Relações diferentes das que devem acompanhar os productos
das outras Sizas, que tem applicações diversas.
20 Havendo-Me sido presente, que as Terças dos bens dos Conse
lhos; as quaes já quando se compilárão as Ordenações destes Reinos se
achavão de tempo então muito antigo applicadas ao reparo dos Muros,
e Castellos; e que por Mim, e pelos Senhores Reis Meus Predecesso
res forão sempre consignadas para as fortificações, a que pertencem por
sua natureza; se tem distrahido com extraordinarios excessos; já por
conflictos de jurisdicções diferentes; já por fallencias de Rendeiros; já
por quebras de Depositarios; de sorte que pouco tem sido, a respeito da tor
talidade dos productos annuaes das mesmas Terças, o que dellas tem entra
do no Cofre das referidas fortificações: Havendo, como Hei por extinctas a
Thesouraria, e Executoría das referidas Terças do Reino, Mando que
os Provedores das Comarcas a quem pelo seu Regimento pertence a co
brança das mesmas Terças, em todos, e cada hum dos lugares onde fo
rem tomando ás Camaras as contas das suas rendas; e antes de sahirem
das Villas onde as taes contas tomarem; vão fazendo remetter as Terças
dellas ao Cofre público, que Sou servido crear em cada Cabeça de Co
marca para estes recebimentos: E isto em tal fórma que quando os so
breditos Provedores acabarem de fazer as Correições das suas respectivas
Comarcas se achem nos Cofres das Cabeças dellas recolhidas todas as Ter
Qas, sem diminuição, ou quebra alguma qualquer que ela seja; para se
rem pelos mesmos Provedores remettidas ao Thesouro Geral na con
formidade, e nos termos que, deixo assima ordenados para as remessas
das Sizas do Reino, e suas quitações pelos Corregedores; e debaixo das
mesmas, penas que a respeito delles tenho estabelecido nesta Lei. >

- 21 Para que nos sobreditos Cofres das Cabeças das Comarcas haja
sempre a arrecadação, e segurança que convem : Mando, que as Cama
ras nomeiem para elles Recebedores pelos quaes fiquem obrigadas na con
formidade do que tenho determinado a respeito dos Recebedores das Si
2as; vencendo os que tiverem a seu cargo o recebimento das Terças nas
Cabeças das Comarcas emolumentos iguaes aos que vencem os sobredi
tos Recebedores das Sizas: E guardando o dinheiro em Cofres de tres
chaves; das quaes terão huma os mesmos Recebedores; outra os Juizes
de fóra, ou quem seus cargos servir; e a terceira os Escrivães da Cama
ra, que o serão da Receita, e Despeza dos mesmos Recebedores, as
quaes se farão sempre á boca dos referidos Cofres indispensavelmente. ,
* 23 , Attendendo a que todas as providencias estabelecidas no Regimen
to, e todas as que depois delle estabelecêrão os Senhores Reis Meus Pre
decessores, para a opportuna cobrança dos quatro e meio por cento, que
forao oferecidos pelos Meus Vassallos para o pagamento das Tropas, que
constituem a defeza do Reino, não bastarão até agora para que huma
tão necessaria contribuição deixasse de padecer atrazos, e fallencias in
compativeis com as applicações, que fizerão os seus objectos: Determi
no que o Superintendente Geral desta Corte, e seu termo estabeleça lo
go em sua casa hum Cofre de duas chaves, do qual ele tenha huma, e
outra o Escrivão do seu cargo: Que no referido Cofre faça entrar pelos
"… - - -
1761 - 843

Thesoureiros das respectivas Freguezias todos os rendimentos dellas na


fórma do Regimento em duas pagas iguaes; das quaes huma se faça até
o fim de Junho ; e a outra até o fim de Dezembro de cada hum ánno:
Que na mesma conformidade vá expedindo aos sobreditos Thesoureiros
Conhecimentos de recibo por elle assignados, e lavrados pelo seu Escri
vão do que metterem no Cofre, os quaes lhe ficarão servindo de descar
ga, e quitação plenaria, sem a dependencia de outra alguma formalida
de: Que os sobreditos Superintendentes sejão obrigados a fazer entrar
no Thesouro Geral os referidos dous pagamentos; a saber o que for ven
cido no mez de Junho, até o fim de Julho do mesmo anno; e o que se
vencer no mez de Dezembro até o fim de Janeiro do anno proximo se
guinte: Que havendo demora nos referidos pagamentos, e fórma delles
assima ordenada pela ommissão dos Ministros, e Officiaes que os tem a
seu cargo, proceda o dito Superintendente Geral contra elles verbal, e
executivamente para haver por seus bens as faltas, ou diminuições em
que se acharem : Que não o fazendo assim os mesmos Superintendentes
Geraes, de sorte que o dinheiro entre nos Cofres do Thesouro na fórma
assima declarada; o Inspector Geral mande expedir contra os ditos Supe
rintendentes ordens de execução na mesma conformidade, e com as mes
mas penas que deixo assima estabelecidas a respeito dos Corregedores,
Provedores, e Recebedores das Comarcas: E que não bastando as refe
ridas ordens executorias para se efectuarem os pagamentos; e vindo a
ser necessario conhecimento de causa para estas execuções; se decidão
todas ellas, e suas dependencias no Conselho da Minha Real Fazenda
com assistencia do Procurador Fiscal da Junta dos tres Estados: O qual
a respeito desta, e de todas as outras causas concernentes ás consigna
ções destinadas ao pagamento, e provimentos das Tropas, exercitará
sempre o seu Emprego de Procurador da Fazenda daquellas causas, co
mo até agora o exercitou na Casa da Supplicação, sem a menor dife
rença.
23 O mesmo ordeno, que se observe em tudo o que for applicavel pe
los Superintendentes, e Juntas das Cabeças das Comarcas debaixo das
mesmas penas, que serão executadas contra todos em geral , e cada
hum em particular dos que forem nesta arrecadação empregados pelos
Ministros que constituem as referidas juntas, e contra ellas, como pare
cer ao Inspector Geral do Thesouro, que mais convem á arrecadação
deste Subsidio; ficando aos que pagarem pelos outros, regresso contra
elles pela mesma via executiva, pela qual houverem satisfeito o dito
Subsidio. • •

24 Porém para estas remessas das Cabeças das Comarcas do Reino


concedo mais o termo de hum mez peremptorio, contínuo, e imperoga
vel, em cada pagamento: E permitto que as importancias delles possão
ser remettidas pelos Correios com o seu competente premio na fórma as
sima ordenada: Bem entendido, que os Lançamentos se hão de fazer nos
mezes, que estão destinados para se evitar a vexação das partes; nas co
branças inesperadas, e repentinas; e nas violencias dos Meirinhos; pre
cavidas no Decreto de ElRei Meu Senhor, e Pai, que santa Gloria ha
ja, expedido a vinte de Janeiro de mil setecentos e vinte e dous, o qual
confirmo, e Mando que tenha a sua exacta observancia.
25. E para que o mesmo Decreto se observe, mais inviolavelmente;
ordeno que os sobreditos lançamentos (na conformidade de outro Decre
to do mesmo Senhor Rei expedido a vinte e nove de Dezembro de mil
#
setecentos e vinte e hum, que tambem OOOO 2 da mesma sorte) se

844 | 1761

achem feitos até o fim do mez de Fevereiro de cada hum anno: E que
delles se remettão annualmente Relações ao Inspector Geral do Thesou
ro para neste constarem as importancias, que devem entrar nelle.
Arrendamentos dos Bens, e Direitos, que devem ser arrematados por
Contratos.

26 Os recebimentos de todas as outras rendas dos Bens, e Direitos,


que a Minha Coroa tem nestes Reinos, e seus Dominios, serão arrema
tados (quando Eu por especial ordem Minha não mandar o contrario )
pelos mesmos Tribunaes por onde até agora o forão.
27 Não poderão porém ser nelles estipuladas condições relativas de
outras condições antecedentes, como se praticou até agora com tão gra
ve prejuizo do Meu Real Erario: Antes se não tornarão a escrever se
melhantes condições relativas: As quaes no caso em que se escrevão con
demno desde logo por nullas, e de nenhum efeito; e aos Ministros, que
as assignarem, e Oficiaes que as lavrarem na pena de ficarem privados dos
seus empregos, e oficios pelo mesmo facto, e inspecção delle sem ne
cessidade de outra alguma prova. E Mando ao Procurador da Minha
Real Fazenda promova contra todos os sobreditos.
28 Da mesma sorte prohibo, que nos sobreditos Contratos de arre
matação se escrevão palavras susceptiveis de interpretações scientificas,
e de intelligencias de Doutores; das quaes palavras resultem questões,
e dúvidas Forenses, e como taes incompativeis com a simplicidade dos
termos a todos claros, e preceptíveis, que em semelhantes Contratos re
quer, e costuma praticar a boa fé das Cortes polidas, e dos que com el
las contratão ao dito respeito: Reprovando, e condemnando como nullas
as sobreditas interpretações, e intelligencias: E ordenando que os refe
ridos Contratos se concebão em termos tão claros, e perceptiveis, que
aos Arrematantes não fique dúvida alguma sobre o que estipularem; e
que as clausulas das sobreditas arrematações se entendão sempre no sen
tido literal, e as palavras dellas na significação vulgar, pratica, e com
mua; e não de outra fórma, ou de qualquer outro modo, ou maneira:
De sorte que escrevendo-se nas arrematações; ou interpretando-se nas
Sentenças as sobreditas clausulas, e palavras em outra fórma que não se
ja a que tenho assima ordenado; incorrerão os que as escreverem, rati
habirem, ou interpretarem nas mesmas penas estabelecidas no paragra
fo proximo precedente.
29. Item: Prohibo que daqui em diante se arremate Contrato algum
da Minha Real Fazenda por virtude de Editaes postos pelo Corretor del
la sómente nas portas dos diferentes Tribunaes por onde se costumão fa
zer as arrematações. E ordeno, que o sobredito Corretor seja obrigado
a enviar no mez de Janeiro de cada hum anno á Junta do Commercio
destes Reinos, e seus Dominios o número de trezentas Relações impres
sas nas quaes declare especificamente cada hum dos Contratos, que se
houverem de arrematar naquele anno por cada huma das Repartições,
por onde os mesmos Contratos houverem de ser arrematados; declarando
tambem a respeito de cada hum delles os dias precisos em que se houve
rem de pôr a lanços, e o em que se houverem de arrematar, que nunca
será antes das onze horas da manhã, ou das quatro da tarde: Para que
a mesma Junta do Commercio faça repartir as sobreditas Relações pº
Negociantes, que costumão lançar nestes Contratos: Nos quaes Mando,
que vá sempre inserta a Certidão do Secretario da referida Junta, em
1761 845

que gratuitamente atteste que nella forão recebidas as ditas Relações;


sobpena de insanavel nullidade dos Contratos; de privação dos Oficiaes
que os lavrarem; e do Corretor da Fazenda no caso de omittir a remes
sa das ditas Relações no tempo assima declarado.
30 Item : Prohibo que daqui em diante se arrematem os referidos
Contratos a Pessoas, que nelles lancem para terceiros vulgarmente cha
madas: Testas de ferro; obviando assim aos muitos inconvenientes, que
tem resultado de semelhantes arrematações feitas a homens desconheci
dos e sem credito proprio que os legitimasse. E Mando que todos os Lan
ços, e Contratos feitos por semelhantes homens, sejão nullos, e elles cas
tigados com as penas estabelecidas contra os que fazem collusões nos
Contratos da Minha Real Fazenda.
31 Item: Attendendo á impossibilidade, que ha de que se possão se
gurar por Cabedaes de Fiadores particulares as Rendas dos Bens, e Di
reitos do Meu Real Erario; e aos embaraços que dos sobreditos Fiado
res se tem seguido tanto nas arrematações dos Contratos como nas exe
cuções para os pagamentos dos preços delles: Prohibo que daqui em di
ante se estipulem os sobreditos Contratos com fianças: Ordenando que
sem elas se fação: Consistindo a segurança da Minha Real Fazenda em
primeiro lugar nas qualidades dos Arrematantes, ou de serem todos Pes
soas conhecidas abonadas, e de notorio credito: Em segundo lugar em
ficarem todos os seus Socios presentes, e futuros, e os que com elles ti
verem interesse obrigados cada hum in solidum á Minha Real Fazenda,
posto que não assignem os Contratos, porque a qualidade de Interessa
dos os constituirá sempre fiadores legaes na sobredita fórma: E em ter
ceiro, e ultimo lugar em se lhe regularem, e pedirem os pagamen
tos de sorte que nem se vexem os Contratadores, nem parem nas suas
mãos quantias tão grossas que excedão as suas faculdades na fórma que
abaixo será determinado: E Hei desde logo por nullos, e de nenhum ef
feito todos os Contratos celebrados contra o que tenho disposto
ao dito respeito. •
…º}

32 Ítem : Considerando, que aos Ministros, e Pessoas, que houve


rem de fazer as ditas arrematações póde causar justo reparo tomarem so
bre si, a approvação dos Arrematantes sem fianças: Prohibo da mesma
sorte, que da publicação desta em diante sobpena de nulidade se faça
arrematação alguma de rendas dos bens, e direitos da Minha Coroa, que
exceda a quatrocentos mil réis annuaes sem preceder Consulta, na qual
se Me declarem individual, e especificamente todos os Lançadores que
houver, e os preços, que cada hum delles oferecer: Para Eu então pre
ferir aquelle que julgar mais idoneo.
33 - Item: . Tendo consideração ao favor, que merecem os que arre
matão Contratos da Minha Real Fazenda para que bem possão cumprir
com os pagamentos dos preços em que os arrematão, sem que nas sol
luções delles padeção vexação: Prohibo que da publicação desta em di
ante se estipule nos sobreditos Contratos outra fórma de pagamentos,
que não sejão, A saber: para os Contratos, que, tendo recebimento
diario, he este arrecadado pelos Thesoureiros, ou Recebedores das suas
repartições (quaes são os que vão descriptos na Relação que será com
esta Lei debaixo do Número Primeiro) se estipulará que os mesmos Re
cebedores levem ao Thesouro Geral todos os mezes na fórma que tenho
ordenado tudo o que cobrarem, até inteira satisfação do que o Contrata
dor se houver obrigado a pagar: Para os outros Contratos em que os
Contratadores recebem na sua casa o dinheiro ( quaes são os que vão
846 | I76 |

descriptos na outra Relação, que vai tambem junta a esta Lei debaixo
do Numero Segundo) se estipulará que paguem hum quartel sobre ou
tro: E para os outros Contratos, que se celebrarem sobre frutos da ter
ra, em que as colheitas, e vendas delles são sempre annuaes (quaes são
os descriptos na outra Relação que tambem vai junta debaixo do Núme
ro Terceiro ) se estipularão os pagamentos divididos em duas iguaes por
ções, huma pelo São João, outra pelo Natal; dando-se aos Contratado
res para cada hum dos sobreditos dous pagamentos sessenta dias de es
pera, contínuos, successivos, e improrogaveis, e no fim dos quaes se
procederá contra elles a remoção, e execução, na fórma que tenho or
denado.
34 Item: Attendendo a que os atrazos, e distracções dos pagamem
tos das Rendas da Minha Real Coroa pelas maliciosas alegações, com
que muitos Contratadores dellas procurárão iludir as suas obrigações,
debaixo dos pretextos de perdas, e de casos furtuitos, erão já escanda
losos ao tempo em que se publicárão; o Capitulo cento e cincoenta e
quatro das Ordenações da Fazenda dadas em dezesete de Outubro de
mil quinhentos e dezeseis, que só permittio as encampações nos dous ca
sos nelle expressos; o Alvará de quatorze de Julho de mil quinhentos e
vinte e quatro, que, confirmando o mesmo Capitulo cento e cincoenta e
quatro, extendeo os dous casos nelle declarados á remissão, ou quita;
e outro Alvará de vinte e seis de Março de mil quinhentos e oitenta e
dous, que, defendendo geralmente as encampações, e remissões, com
clausulas mais exuberantes, determinou que em nenhum caso furtuito,
ordinario, ou extraordinario; sólito, ou insólito, nem ainda naquelles
dous casos, que havião exceptuado os Senhores Reis D. Manoel, e D.
João o III.; não só se não admittisse encampação, ou remissão aos Ren
deiros, e Contratadores das Rendas Reaes; mas antes estes se entem
desse sempre haverem contratado com renunciação de todos os sobredi
tos casos para ainda nelles ficarem obrigados, e os não poderem alegar,
como escusa para retardarem as execuções que contra elles fizessem: E
sendo informado com a mesma certeza de que todas as referidas Leis fo
rão, e se achão ainda frustradas por interpretações de Direito commum,
que o não he, nem deve ser contra os casos expressos nas Disposisões
das Leis particulares desta Monarquia: Para que de huma vez cesse hum
abuso de tão perniciosas consequencias: Prohibo da mesma sorte , que
da publicação desta Lei em diante se possa fazer arrematação, ou Con
trato algum sobre Rendas dos Bens, e Direitos da Minha Coroa, sem
que estipule por clausula literalmente expressa, que os sobreditos Ren
deiros, e Contratadores renuncião todos os casos, furtuitos, ordinarios,
ou extraordinarios, e todos os casos sólitos, ou insólitos; cogitados, ou
não cogitados; e que em todos, e cada hum delles ficarão sempre obriga
dos sem delles se poderem valer, nem os poderem allegar em tempo al
gum, e para algum efeito qualquer, que elle seja: A qual clausula conven
cional se cumprirá sempre na sobredita fórma literalmente assim como for
estipulada, sem que já mais se possa controverter em Juizo, ou fóra del
le a sua validade; não obstantes quaesquer Disposições de Direito com
mum; Decisões; ou Opiniões de Doutores, assim Reiniculas, como es
tranhos, que todas Hei por derogadas, e invalidas ao dito respeito.
35 Porque porém póde haver entre os sobreditos casos alguns que se
fação dignos da Minha Religiosa, e indefectivel clemencia; reservo pa
ra o Meu immediato conhecimento a decisão dos casos em que concor
rem aquelas circunstancias; para nelles mandar proceder como achar que
1761 847

he mais justo; sem que com tudo este remedio extraordinario possa ser
vir de impedimento aos meios ordinarios, com que na fórma desta Lei
se proseguirem a execuções; em quanto não houver juninediata, e espe
Rial Ordeu Miuba para nellas se obstar, em todo, ou em parte.
. • T I T U L o III.
Do que se deve observar no mesmo Conselho para o despacho dos
negocios pertencentes á Jurisdicção contenciosa.»

- 1 A Jurisdicção contenciosa, que por esta Lei fica pertencendo pri


vativa, e exclusivamente ao Conselho de Minha Real Fazenda para pro
cessar, e decidir as execuções, que do Thesouro Geral lhe foreiu remet
tidas, será exercitada na maneira seguinte.
2. Logo que as Contas correntes com os alcances que elas fizerem
líquidos, e com os papeis que as acompanharem, foreu recebidas pelos
respectivos Procuradores da Minha Fazenda cada hum na Repartição,
que lhe tocar; as mandará ao Escrivão do Juizo dos Feitos da Coroa, e
Fazenda, a quem pertencerem, para as autuar, e fazer conclusas ao so
bredito Conselho da Minha Real Fazenda no termo de tres dias contí
nuos, successivos, e improrogaveis, debaixo das penas, de privação do
9íficio, e de seis mezes de cadeia, em que incorrerão pelo lapso do re
frido termo os ditos Escrivaes, se por mais tempo dilatarem as sobre
ditas continuações, e conclusões. Nas mesmas penas incorrêrao pelas
moras, que fizerem nos mais termos abaixo declarados.
2.3 E para que conste quando os referidos termos tem principio, e fim:
Mando que cada hum dos sobreditos Meus Procuradores tenha hum Li
*rº, ou Portocollo, no qual fação lançar os dias em que os papeis, e Au
tvs forem para os ditos Escrivaes, e os em que eles os fizerem conclu
sos ao Conselho: Mandando cada hum dos Meus ditos Procuradores á
Minha Real presença nos mezes de Junho, e Dezembro de cada anno
huma Relação espeficica das Execuções, que por elles correrem; do
tempo em que principiarem; e do estado em que se acharem. . . . .
- 4 Em todas as causas das referidas Execuções se procederá verbal,
º mercantilmente, de plano, e pela verdade sabida; assim pelo que per
tence á Minha Real Fazenda; como pelo que toca á defeza das Partes;
na fórma abaixo declarada. - 1 - - : : :…" … ………"; "… … t.
: 6 Com as contas correntes, que forem extrahidas do Thesouro Geral
(na sobredita fórma) entrará sempre a Minha Real Fazenda com a sua in
tensão fundada, e liquidada, assim de facto, como de Direito, sem ne:
cessitar de outra alguma prova. • i , , , ,, ,!
6 Nesta certeza assim como as referidas Contas correntes, e papeis
a ellas concernentes, se propozerem no Conselho, se assignarão por des
pacho do Juiz Relator dez dias contínuos, successivos, e peremptorios,
que serão logo intimados aos Executados nas suas Pessoas; ou na de
qualquer dos seus Socios, ou Procuradores; ou por Editaes de dez dias,
não estando na Corte, nem tendo nella Procurador, ou Socio; para no
termo dos sobreditos dez dias assignados ajuntarem os documentosº que
tiverem para a sua defeza: E cobrando o Escrivão os autos com os referidos
documentos, e declarações do que nelles se convier, e do que com elles
se pertender provar; os continuará ao mesmo Juiz Relator. O qual achan
do que paro isso concorre justa causa, poderá ainda conceder aos mes
mos. Executados os dias que lhe parecerem competentes (com tantº que • •
* * * * * * +
848 1761

não excedão de dez) para sustentarem os referidos documentos, e alle


garem o que fizer a bem da sua justiça contra a execução. Porque tam
bem estes dias devem ser contínuos, successivos, e improrogaveis; tan
to que elles forem findos, cobrará o Escrivão os autos, e os continuará
sem esperar outro despacho, ao Procurador Fiscal a quem tocarem; o
qual tambem sem outra formalidade os levará com a sua resposta ao Con
selho; para nelle serem distribuidos, e entregues ao Conselheiro, que se
achar no Turno; e para que sendo o mesmo Conselheiro Relator, se sen
tenceie em conferencia o que for justiça a bem de Minha Real Fazenda,
e das partes. -

7 Attendendo a que ou os mesmos Procuradores Fiscaes, ou os Exe


cutados, poderão ainda ter em alguns casos justa causa para pedirem al
guma declaração das Sentenças, que se proferirem na sobredita forma:
Ordeno que logo que ellas forem proferidas, sejão notificadas no termo
de vinte e quatro horas; ou ás mesmas Partes, ou a qualquer dos seus
Socios, ou Procuradores com a intimação de que lhe ficão correndo cin
co dias tambem contínuos, e improrogaveis, e contados da hora da in
timação, para poderem embargar, parecendo-lhes; ou dentro do referido
termo; ou na parte delle que restar, quando forem entregues os Em
bargos. Os quaes sendo pelo Escrivão remettidos no mesmo dia, em
que os receber aos respectivos Procuradores da Fazenda, os trarão estes
ao Conselho: E entregando-os nele ao Juiz Relator; serão julgados na
sobredita fórma pelos mesmos Ministros , que houverem proferido a
Sentença, sem a falta de algum dos que houverem sido Juizes na mes
ma Sentença; e sem que entrem nos embargos outros de novo; a menos
que não seja por morte, ou mudança para outros Tribunaes: Para que
sendo os embargos julgados por provados, mandem suspender, e annul
lar as Execuções, que houverem feito aos Embargantes: E para que
sendo os mesmos embargos rejeitados, se mandem extrahir dos referi
dos Processos verbaes as Cartas Executorias, com que se devem prose
guir as execuções até se ajuntar aos autos conhecimento authentico de
haverem sido as quantias dellas entregues no Thesouro Geral.
8 Será sempre Juiz Executor destas Sentenças o Conselheiro da Fa
zenda que Eu for servido nomear: Vencendo este á custa das Partes (a-
lém das assignaturas) dous por cento das quantias que por efeito das
sobreditas Executorías, e procedimentos que dellas se seguirem, entra
rem no Thesouro Geral: Havendo Eu, como Hei desde logo por extin
ctos todos os outros Executores Letrados que até agora exercitarem
nesta Corte nas diferentes Repartições da Minha Real Fazenda.
9 - Havendo esta entrado com a sua intensão liquidada, e fundada de
facto, e de Direito na fórma assima estabelecida: E devendo por isso os
devedores vir tambem a Juizo preparados com as suas defezas, que só
podem consistir em quitações, e pagas: Mando que a respeito delles se
observe o seguinte.
10 Apresentando os mesmos devedores quitações líquidas, e puras de
pagamentos que hajão feito no Thesouro Geral, ainda depois de terem
sido prezos, ou sequestrados, lhes serão logo recebidas, e elles absolutos
nas concorrentes quantias das sobreditas quitações: De sorte que extin
guindo-se com ellas as dívidas na sua total importancia não pagarão mais
custas do que aquelas que necessarias forem para se lhes expedirem as
suas Sentenças de absolvição: E havendo os ditos pagamentos sido feitos
sómente em parte, se continuará a execução pela outra parte, que res
tar para se pagarem os dous por cento, e as mais custas que forem com
petentes ás quantias porque se continuarem as execuções.
I761 849

11 Considerando que as execuções, e sequestros que se fazem pelas


dívidas da Minha Real Fazenda se costumão impedir muito frequente
mente com embargos de terceiros, senhores, e possuidores, os quaes
por huma parte são muito attendiveis quando são bem fundados, porque
não poderia haver cousa mais incompativel com a Minha constante Jus
tiça, e religiosa clemencia do que pagarem os terceiros, senhores, e
possuidores dostaes bens por erro, ou engano, o que na realidade só de
vem os outros terceiros Contratadores, Thesoureiros, ou Executores ne
gligentes, ou dolosos; e que pela outra parte quando são maliciosamen
te maquinados os referidos embargos, não cabe na razão que produzão
efeito, nem possão prestar impedimento a tão indispensaveis execuções;
Ordeno a respeito destes embargos o seguinte.
12 Sendo certo, que em todo, e qualquer juizo, ou seja ordinario,
ou summario, ou ainda daquelles em que se procede de plano, como te
nho ordenado, que nestes casos se deve proceder, não póde Pessoa al
guma ser admittida, sem se legitimar antes de tudo: E sendo igual
mente certo que os sobreditos embargos de terceiro, senhor, e possui
dor contém por sua natureza hum remedio meramente possessorio no qual
sempre se ajuntão os titulos ainda que se não trate, senão de justificar
com elles a posse: Ordeno que os embargantes exibão logo com os seus
embargos todos os titulos que tiverem para legitimar-se: E Mando, que
logo que os ditos embargos forem oppostos, sejão immediatamente remetti
dos pelo Executor ante o qual se oppozerem ao Escrivão, que houver ex
pedido á executoria para os fazer conclusos ao Conselho da Fazenda: Que
nele se assignem aos embargantes dez dias contínuos, successivos, pe
remptorios, e improrogaveis para exibirem os mais titulos, e mais pro
vas da sua legitimidade para poderem embargar: Que findos eles se co
brem os autos para se continuarem pelo Escrivão competente ao Procu
rador da Fazenda: Que este os traga com a sua resposta ao Conselho,
sem mais conclusão para serem julgados: Que achando-se que os bens
com efeito são dos taes embargantes, sejão estes absolutos, e as execu
ções que se lhes houverem feito levantadas: Que porém achando-se que
os mesmos embargantes se não legitimão: sejão logo excluidos in limine;
e se mandem continuar as execuções; condemnando-se os sobreditos em
bargantes nas custas em dobro; e na dizima da importancia dos bens a
favor do Contrato da Chancellaria Mór, por onde as outras Dizimas se
cobrão.
13 Attendendo na mesma fórma aos embaraços, que tem resultado
á arrecadação da Minha Fazenda do concurso, ou labyrintho dos crédo
res particulares, e das preferencias fundadas na Ordenação do Reino,
que as tem graduado pela prioridade das penhoras; com os graves incon
venientes, que a experiencia tem mostrado; e de que Me tem sido pre
sentes os gravames: Mando que da publicação desta em diante se não
possão mais graduar as preferencias pela prioridade das penhoras, nem
ainda a respeito dos crédores particulares: E que ainda entre estes cré
dores particulares prefirão os que tiverem hypothecas especiaes anterio
res, provadas por Escrituras publicas; e não de outra sorte; nem por
outra maneira alguma qualquer que ella seja: E que a respeito da Mi
nha Real Fazenda se proceda na fórma abaixo declarada.
14 Logo que qualquer crédor pertender entrar em concurso com o
Meu Real Erario se legitimará antes de tudo verbal, summariamente,
e de plano; produzindo ante o Juiz Executor todos os titulos, e razões
com que intentar preferir: Para o mesmo fazer autuar estes requerimen
PPPPP
850 1761
tos pelo Escrivão a que tocar, o qual continuará delles vista immediata
mente ao Procurador Fiscal a que pertencer: E para que o tal Procura
dor com a sua resposta leve os papeis em que a lançar ao mesmo Con
lho, para nele se decidirem pela pluralidade dos votos: de sorte que achan
do-se os taes preferentes em algum dos dous casos em que devem pre
ferir; os quaes são: Primeiro, o de terem hypothecas especiaes provadas
por Escrituras publicas, e anteriores aos Contratos dos Rendeiros da Mi
nha Fazenda, e ás posses dos Magistrados, ou aos provimentos dos The
soureiros, e Oficiaes obrigados á mesma Fazenda: Segundo, o de te
rem sentenças tambem anteriormente alcançadas contra os sobreditos,
com pleno conhecimento da causa, e não de preceito; ou fundadas na
confissão das Partes: Em qualquer destes dous casos se mandem suspen
der as execuções, e se proceda ao levantamento dellas; e dos seques
tros, ou penhoras, que se houverem feito. •

15 Achando-se porém que as hypothecas ainda provadas por Escri


turas publicas são sómente geraes, ou posteriores; ou que as sentenças,
vendas, doações, dotes, legados, ou alheações em que os taes Preferen
tes intentarem fundar-se; são posteriores aos Contratos Reaes, ou aos
Provimentos dos Thesoureiros, ou Officiaes que tem a seu cargo a ar
recadação da Minha Fazenda, ou ás posses dos Magistrados que tem o
mesmo encargo; logo serão os pertensos preferentes excluidos in limine,
como inhabeis, e como ilegitimos contraditores para serem admittidos a
concurso com o Meu Real Erario; e se darão logo despachos para se a
juntarem aos autos das Execuções a fim de nellas se proseguir até inte
gral pagamento da mesma Real Fazenda.
T I T U L O IV.

Da natureza dos Oficios da Fazenda Real.

1 Sendo indispensavel obviar ao abuso, que com geral escandalo, e


grave prejuizo da arrecadação da Minha Real Fazenda, e da expedição,
e Direito das Partes, se introduzio nestes ultimos tempos; procurando
se os Oficios não para cada hum se occupar no Meu serviço, e no Pú
blico do Bem commum dos Meus Vassallos, mas sim para neles se cons
tituirem patrimonios dos que os accumulárão, ou para inteiramente a
bandonarem as obrigações delles, ou para entregarem o desempenho del
las a Pessoas abjectas, e improprias: Ordeno primeiramente que todos
os Oficios da Minha Real Fazenda, que Eu for servido prover daqui em
diante tenhão a natureza de meras serventias, as quaes não obstante que
sejão vitalicias, ou triennaes, ficarão sempre amoviveis a Meu Real ar
bitrio: Em segundo lugar que assim se observe em todas as proprieda
des de Oficios desta qualidade, que succeder vagarem, os quaes sendo
por Mim provídos, será sempre visto serem os provimentos delles na fór
ma assima declarada, e sem que neles possa ter lugar o Direito com
mumente chamado Consuetudinario: Em terceiro lugar, que nenhum Of,
ficial de Carta possa accumular em si dous Officios da Minha Real Fa
zenda, nem dous ordenados nas folhas della; delarando-os, como decla
ro por incompativeis, e prejudiciaes á Paternal clemencia com que pro
curo que os efeitos da Minha Real benignidade cheguem ao maior mú
mero de necessitados benemeritos que couber no possivel: Em quarto,
e ultimo lugar, que os sobreditos Officiaes mandem fazer as suas pes
soaes obrigações por substitutos, que por Mim não forem approvados:
176 | 851

E tudo
para debaixo
entrar da pena de perdimento dos Oficios, e de inhabilidade
em outros. •

Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Regedor da Ca


sa da Supplicação, Conselheiros da Minha Fazenda, e dos Meus Domi
mios Ultramarinos, Meza da Consciencia e Ordens, Junta dos Tres Es
tados, Inspector Geral do Erario público, Junta do Tabaco, Governa
dor da Relação, e Casa do Porto, Junta do Commercio destes Reinos,
e seus Dominios, Capitães Generaes, Governadores, Desembargadores,
Corregedores, Provedores, Juizes de Fóra, Superintendentes, e mais
Magistrados, Oficiaes de Justiça, Guerra, ou Fazenda, a quem o Co
nhecimento desta pertencer a cumprão, e guardem, e fação inteiramen
te guardar como nella se contém, sem dúvida, ou embargo algum, e
não obstantes quaesquer Leis, Ordenações, Regimentos, Alvarás, Pro
visões, ou Estilos contrarios, que todos, e todas para estes efeitos só
mente Hei por derogados de Meu Motu proprio, certa sciencia, Poder
Real, Pleno, e Supremo; como se de todos e cada hum delles fizesse es
pecial, e expressa menção, ficando aliás sempre em seu vigor. E ao Dou
tor Manoel Gomes de Carvalho, Desembargador do Paço, e Chanceller
Mór destes Reinos, Mando que a faça publicar na Chancellaria, e que
della se remettão Cópias a todos os Tribunaes, Cabeças de Comarcas,
e Villas destes Reinos: Registando-se em todos os Lugares onde se cos
tumão registar semelhantes Leis: E mandando-se o Original para a Tor
re do Tombo. Dada no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 22 de De
zembro de 1761. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.

Regist., na Chancellaria Mór da Corte, e Reino no Li


vro das Leis a fol. 284., e impr. na Oficina de An
tonio Rodrigues Galhardo.

N U M E R O I.

Relação dos Contratos que tem recebimento Diario, o qual he arrecada


r | do pelos Thesoureiros, ou Recebedores. ! #

O Contrato dos Azeites.


O Contrato do Paço da Madeira.
O Contrato da Casa das Carnes.
O Contrato dos Pórtos Seccos.
O Contrato da Fruta.
O Contrato do Pescado Fresco.
O Contrato do Sal. |-

O Contrato do Consulado da Alfandega da Cidade de Lisboa.


O Contrato do Consulado da Casa da India.
O Contrato dos Vinhos.
O Contrato das Sizas do Termo.
O Contrato da Chancellaria dos Contos, e Cidade.
O Contrato do Consulado da Alfandega do Porto.
Nossa Senhora da Ajuda a 22 de Dezembro de 1761. = Conde de
Oeiras.

Ppppp 2
852 · 176 |

NUM E R O II.

Relação dos Contratos, cujo rendimento


dores. cobrão por si os Contrata

O Contrato do Tabaco, que dcve ser satisfeito o seu respectivo rendi


mento segundo as condições do mesmo Contrato.
O Contrato do Sabão.
O Contrato das Cartas de Jogar.
O Contrato da Saca, e Obriga da Cidade do Porto.
O Contrato do Pescado da mesma Cidade.
O Contrato das Dizimas da Chancellaria da Cidade de Lisboa.
O Contrato dos Cinco da Alfandega do Porto.
O Contrato das Sizas das Cavalgaduras da Cidade de Lisboa.
O Contrato da Mixilhoeira, e Albufeira do Reino do Algarve.
O Contrato da Chancellaria da Cidade do Porto.
O Contrato do Pelourinho, e A dellas da Cidade de Lisboa.
O Cuntrato das Armações da Farrobilhas do Reino do Algarve.
O Contrato da Armação do Medo dos Cascos do Reino do Algarve na
Cidade de Tavira, :

O Contrato de Santo Antonio de Arnilhas, e Monte Gordo do Reino do


Algarve.
O *# do Rendimento do Consulado do Algarve.
O Contrato da Alfandega da Ilha de São Miguel. -

O Contrato do Rendimento dos dous por cento da dita Ilha.


O Contrato do Rendimento da Alfandega da Ilha Terceira.
O Contrato do Rendimento da Alfandega da Ilha da Madeira.
O Contrato do Rendimento da llha do Faial.
N U M E R O III.

Relação dos Contratos dos frutos da terra em que as colheitas, e ven


- da delles são annuues.

O Contrato do Rendimento dos Quintos de Magrecija, e Paradas de


Fonte Arcada. •

Contrato do Rendimento da Casa de Baião.


Contrato do Rendimento da Casa de Redondo.
Contrato do Rendimento, e Fóros da Casa de Sarzedas.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Ilha do Faial.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Ilha do Pico.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Ilha Graciosa.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Ilha da Madeira.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Cidade de Angra.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Ilha de S. Jorge.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Ilha da Praia.
Contrato dos Dizimos, e Meunças da Ilha de São Miguel.
Contrato do Rendimento da Casa de Assentar,
Contrato do Rendimento do Reguengo de Algés.
O Contrato do Rendimento do Alunoxarifado da Malveira.
O Contrato do Rendimento dos frutos do Almoxarifado da Azambnja.
O Contrato do Rendimento da Tulha de Thomar.
I76 | 853

O Contrato do Rendimento dos Celleiros do Almoxarifado de Alcoelha.


O Contrato dos Sobejos do Almoxarifado de Benavente.
O Contrato dos Frutos do Celleiro de Alvioveira, e Junceira.
O Contrato do Rendimento do Almoxarifado das Jugadas de Salvaterra.
O Contrato do Rendimento do Almoxarifado das Barrocas da Redinha.
O Contrato do Rendimento do Paul de Asseca.

Nossa Senhora da Ajuda a 22 de Dezembro de 1761. = Conde de


Oeiras.

Impresso com a Carta de Lei antecedente na Officina


de Antonio Rodrigues Galhardo.

# kººk #

Pos quanto pela extinção dos Contos do Reino e Casa ficão abolidos
os Oficiaes de Guarda Mór dos mesmos Contos, e de Thesouro dos de
positos, de que he proprietario Antonio Vás Coimbra, e de Escrivães das
Execuções de que são proprietarios Antonio de Araujo e Silva, e Bar
tholomeu Gomes Leiria; e posto que as Cartas dos Oficiaes de Justiça
e fazenda sempre são por sua natureza expedidas com expressa Condi
ção, de que nos casos de se extinguirem os mesmos Officios, não fica
obrigada a cousa alguma a Minha Fazenda; com tudo por hum acto da
Minha Real Clemencia, e por Graça especial, que não fará exemplo:
Fui Servido mandar gratificar a cada hum dos sobreditos pela Thesoura
ria Geral com dez annos dos Ordenados, que actualmente vencem; pa
ra os poderem applicar em beneficio de suas Casas e familias. O Conse
lho da Fazenda o tenha assim entendido, e na Consulta que Me deve
fazer dos Oficiaes dos Contos, que ficarão desoccupados para Eu os pre
ferir nos Officios que Vagarem, não comprehenderá os sobreditos Anto
mio Vás Coimbra, Antonio de Araujo e Silva, e o Bartholomeu Gomes
Leiria, e fará lançar seus Nomes na folha por onde até agora vencêrão
os Ordenados competentes aos mesmos Oficios. Nossa Senhora da Aju
da 29 de Dezembro de 1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I. a fol.
214 UC/"S»

Poa quanto a extinção dos Contos do Reino, e Casa determinada pe


la Minha Lei de vinte e dous do corrente mez de Dezembro, he justo,
e necessario, que se execute sem prejuizo das contas dos Almoxarifes,
Thesoureiros, e Recebedores, que actualmente estão exercitando; sem
o menor damno das partes interessadas nas diferentes Repartições da
Minha Real Fazenda; e sem descaminho dos Papeis, porque até agora
se fez a arrecadação della, na conformidade dos Regimentos que Tenho
derogado: Sou Servido, que com todos os sobreditos Almoxarifes, The
soureiros, e quaesquer outros Recebedores da Minha Real Fazenda, se
854 176 |

proceda logo a ajustamento, e conclusão final das suas contas debaixo


da direcção do Inspector Geral do Meu Real Erario: Nomeando para os
sobreditos ajustamentos os Provedores, Contadores, Escrivães dos ines
mos Contos, e quaesquer outros Officiaes, e Pessoas, que julgar neces
sario que assistão: E podendo consultar-Me, para serem reconduzidos
como Recebedores na fórma da sobredita Lei, aquelles dos referidos
Thesoureiros, e Almoxarifes, que fizerem mais expeditos os ajustamen
tos das suas contas. O que se executará a respeito das contas, que ti
verão o seu principio depois do Terremoto do primeiro de Novembro de
mil setecentos cincoenta e cinco; porque as antecedentes ao mesmo Ter
ramoto, se concluírão nesta Corte (debaixo da direcção do mesmo Ins
pector Geral) pelos Ministros que Tenho nomeado para os respectivos
Cofres: E as de fóra da Corte na fórma das outras providencias, que a
respeito dellas Tenho dado. Sou Servido outro sim, que de todos os Livros
Papeis, Linhas, e quaesquer outros Documentos, que se achão nos sobre
ditos Contos do Reino e Casa, se faça hum exacto Inventario, ou a sepa
ração das Repartições, a que tocão: Para debaixo desta arrecadação passa
tem para o referido Thesouro, e Archivo que nelle Tenho determinado:
Bem entendido; que no caso de se acharem algumas contas principiadas, e
não findas nas mãos de alguns Contadores, ou Provedores; passarão es
tes com ellas para o referido Thesouro ainda que já nelle se achem oc
cupadas: Comprehendendo-se sempre estas contas pendentes no referi
do Inventario debaixo de separado Titulo: E sendo o mesmo Inventario
feito debaixo da Inspecção do Conselheiro Antonio Alvares da Cunha e
Araujo, com a assistencia de José Gomes Baptista, e de Antonio Feli
ciano de Andrade, que até agora servirão nos referidos Contos. E Sou
Servido outro sim, que os sobreditos Almoxarifes, Thesoureiros, e Re
cebedores, que até agora exercitárão, recebão todas as Rendas venci
das até o fim do presente anno; e que pagando consequentemente a to
dos os Filhos das suas Folhas, na fórma que por ellas Ordenei, entreguem
os remanescentes, e alcances, em que forem achados, no Cofre separa
do que para elles Mandei estabelecer no referido Thesouro, ao Thesou
reiro Mór delle, para serem lançados nos Livros tambem distinctos, que
Tenho mandado estabelecer para os referidos alcances, e productos de
todas as dívidas preteritas. E ao Inspector Geral Mando ordenar, que
assim o faça executar nos casos occorrentes; consultando-Me os paga
mentos, que forem feitos na sobredita fórma, por alcances, e dívidas
preteritas, para Eu mandar expedir aos que os fizerem, as suas Quita
ções na fórma que Me parecer determinar, segundo a exigencia dos ca
sos. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e faça executar
pelo que lhe pertence. Nossa Senhora da Ajuda a 30 de Dezembro de
1761. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.
—=_>$3$$$$$#%$#@_=–

A NNO D E 1762.

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de Declaração virem, que
por justas razões do Meu Real serviço, e boa administração de Minha
Fazenda: Fui Servido, por Alvará de dez de Maio de mil setecentos e
quarenta e sete, fazer Mercê aos Estrangeiros, que viessem á Villa de
Setubal a carregar de Sal, que pudessem trazer todas as mercadorias,
que quizessem, para dellas darem entrada na Alfandega da dita Villa,
e pagarem os Direitos das fazendas, que por sua livre vontade quizes
sem deixar na mesma Villa; e que as mais poderião trazer para a Cida
de de Lisboa, dando as fianças na fórma do Regimento, para na Alfan
dega della pagarem os direitos, que devessem, na fórma declarada no
mesmo Alvará. E attendendo ao que sobre esta materia Me foi presente
em Consulta da Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios:
E querendo facilitar o Commercio deste genero em commum beneficio:
Hei por bem declarar, que a Minha Real Determinação do Alvará de
dez de Maio de mil setecentos quarenta e sete, he comprehensiva de to
dos os Hiates, ou outras quaesquer Embarcações Portuguezas, que fo
rem carregar de Sal á Villa de Setubal, para assim se ficar daqui em
diante observando.
Este Alvará se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém.
Pelo que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Conselho da Fazen
da, e Ultramar, Meza da Consciencia, e Ordens, Casa da Supplicação,
Senado da Camara, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Domi
nios, e a todos os Corregedores, Provedores, Ouvidores, Juizes, e Jus
tiças dos Meus Reinos, e Senhorios cumprão, e guardem este Alvará,
e o fação inteiramente cumprir, e guardar como nelle se contém, sem
dúvida alguma, e não obstante quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás,
e Ordens em contrario: E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
posto que por ella não faça transito. Dado no Palacio de Nossa Senhora
856 1762

da Ajuda a 5 de Janeiro de 1762. = Com a Assignatura de ElRei, e


a do Ministro.

Regist na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no Livro III. da Junta do Commerco destes Rei
nos , e seus Dominios a fol. 219, e impr. avulso.

} #*<>"+ #

Pon quanto pela Publicação das duas Leis de vinte e dois de Dezem
bro do anno proximo passado ficárão os Almoxarifes, que até agora fo
rão Juizes dos Direitos Reaes, e Executores das suas Receitas, sendo
simplices Recebedores, que como taes fazem desnecessarios os outros Re
cebedores separados que houve até ao presente: E por que nos referidos
termos se faz tambem preciso occorrer á expedição dos cazuaes inciden
tes, que na cobrança dos Almoxarifados da Casa das Carnes, Siza da
Fructa, Pescado Fresco, Meza dos Vinhos, das Tres Casas, do Paço da
Madeira, Meza do Sal, Consulados da Alfandega, Casa da India, Pór
tos Secos, e outras semelhantes, se costumão presentar, como são por
exemplo, Denúncias, Tomadias, e outras contingencias deste genero:
Fui Servido Ordenar aos ditos respeitos ( para mais facil execução das
referidas Leis ), que nos Almoxarifados, ou Thesourarias, em que ha
Almoxarifes, ou Thesoureiros Proprietarios, fiquem extinctos os Rece
bedores separados, que houve até agora, e os Ordenados que elles ven
cião: Que nas outras repartições, onde os Recebedores, forem Proprie
tarios, passem estes para Recebedores na fórma das sobreditas Leis, fi
cando extinctos os Oficios que elles até aqui exercitárão: E que todos
os referidos incidentes de Denúncias, Tomadias, e outras semelhantes
occorrencias sejão da Jurisdicção privativa do Juiz de India e Mina, o
qual Mando que conheça das referidas materias verbalmente de plano,
e pela verdade sabida, sem guardar nos Processos os termos ordinarios,
mas sim, e tão sómente aquelles, que necessarios forem para o desco
brimento da verdade, e defeza das Partes, conforme o Direito Natural,
e Divino, dando Aggravo para o Conselho da Minha Real Fazenda, co
mo dos Corregedores do Civel da Cidade, que tem igual graduação se
entrepoem para a Casa da Supplicação, vencendo á custa das Partes as
mesmas assignaturas, que os sobreditos Corregedores vencem actualmen
te: E sendo processados os Autos pelos mesmos Escrivães, que delles o
forão até agora. O Arcebispo Regedor da Casa da Supplicação, o tenha
assim entendido. Nossa Senhora da Ajuda em 16 de Janeiro de 1762. =
Com a Rubríca de Sua Magestade.
Regist, na Casa da Supplicação no Livro XVI. a fol.
2 l 7 VC7"S,

# §uo? K H}

Sesºs-Me presente o embaraço, que faria no Tribunal do Conselho da


Fazenda a demora do pagamento das despezas ordinarias, e extraordi
1762 | 857

narias, que se costumão expedir quotidianamente, se houvesse a espera


dos seis mezes declarados no §. 8.° do Tit. 2.° da Lei de 22 de Dezem
bro de 1761, na qual Fui Servido reduzir á unica, privativa, e inva
riavel jurisdicção do mesmo Conselho todas as materias concernentes a
ella, principalmente pertencendo ordinariamente os pagamentos das mes
mas despezas a pessoas, que pela sua pobreza necessitão de que se lhes
fação mais promptos, e efectivos os ditos pagamentos: Sou Servido or
denar, que no principio de cada mez se qualifiquem no mesmo Conselho
todos os papeis de despezas que se fizerem no mez antecedente; e que
mandando-se proceder á conta de toda a importancia da mesma despe
za por Oficial competente, lavre este huma relação especifica das sobre
ditas despezas, deduzida por numeros com os papeis a ella concernen
tes, tambem distinctos com os respectivos numeros das partidas a que
servirem de prova: e que ao pé da mesma relação lavre outro sim hu
ma Folha, em que declare ser necessaria a quantia de tanto para paga
mento das sobreditas despezas, cuja Folha será assignada pelo referido
Official, e por hum dos Escrivães da Minha Fazenda; e que dando-se
della vista ao Procurador da Fazenda do mesmo Conselho, depois de ap
provada por despacho final, se remetta á Secretaria de Estado dos Ne
gocios do Reino, para Eu dar a providencia necessaria, para ser paga
ao Oficial que houver de satisfazer as ditas despezas, no Meu Erario Re
gio. O mesmo identicamente se praticará na Alfandega do Assucar, e
na Casa da India só com a diferença de que os papeis serão qualificados
pelos seus respectivos Administrador, e Provedor, e que depois de fei
ta a relação, lavrada a Folha, e assignada pelo Administrador da Alfan
dega do Assucar, e pelo Provedor da Casa da India, venha ao Conse
lho o ultimo despacho de approvado, e se remetterá á Secretaria de Es
tado. O mesmo Conselho da Fazenda o tenha assim entendido, e nesta
conformidade o faça executar. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda em
12 de Março de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
* .. Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I a fol.
220., vers. •

*-*…>…}} }}

EU LREI Faço saber aos que este Alvará virem, que attendendo ao
excesso, a que tinha chegado na Minha Corte o luxo das Carruagens;
transgredindo-se com elle de tempos a esta parte as Leis, e costumes,
que louvavelmente se tinhão estabelecido: Para obviar a esta desordem
com beneficio público: Ordeno, que da publicação deste em diante, ne
nhuma Pessoa de qualquer condição, que seja, possa andar na Cidade
de Lisboa, e dentro na distancia de huma legoa della, em Carruagem
de mais de duas bestas: sobpena de perdimento da Carruagem, e bes
tas, que nella forem; e de hum anno de degredo para fóra da mesma
Corte na distancia de vinte legoas, sendo os transgressores Moços Fi
dalgos da Minha Casa, ou dahi para cima; e para o Presidio de Maza
gão, sendo de menor Foro: Exceptuando sómente os Coches de Minha
Real Casa: E declarando, que não he da Minha Real Intensão compre
hender nesta Prohibição os Coches dos Embaixadores, e Ministros Pu
blicos das Cortes da Europa; nem os dos Cardeaes, dos Patriarchas, e
Qqqqq
858 1762

dos Arcebispos, e Bispos, que andarem na Minha dita Corte; posto que
será muito mais conforme ao seu estado, que nella dêm antes exemplos
de moderação, do que de fausto.
E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém. Pelo
que: Mando á Meza do Desembargo do Paço, Regedor da Casa da Sup
licação, Conselheiros da Minha Real Fazenda, e dos Meus Dominios
{## , Meza da Consciencia, e Ordens, Senado da Camara, Junº
ta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Junta do Deposito
Público, Desembargadores, Corregedores, Juizes, e mais Oficiaes de
Justiça, e Guerra, a quem o conhecimento deste pertencer; que o cum
prão, e guardem, e fação cumprir, e guardar tão inteiramente, como
nelle se contém, sem dúvida, ou embargo algum; e não obstantes quaes
quer Leis, Regimentos, Alvarás, Disposições; ou Estilos contrarios,
que todas, e todos Hei por derogados, como se delles fizesse individual,
é expressa menção, para este efeito sómente: ficando aliàs sempre em
seu vigor. E ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho,
Desembargador do Paço, e Chanceller Mór destes Meus Reinos, Man
do, que o faça publicar na Chancellaria; e que delle se remettão, Có
pias a todos os Tribunaes: Registando-se em todos os lugares, onde se
costumão registar semelhantes Alvarás: E mandando-se o Original para
a Torre do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 2 de
Abril de 1762. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Chancellaria Mór da Corte e Reino no Li
vro das Leis a fol. 208., e impr. avulso.

{ #*<>"+ #

A TTENDENDo ao embaraço, que causão nos Exercitos as muitas baga


gens, que se fazem necessarias aos que nelles pertendem viver como na
casa propria, com igual apparato de baixellas de prata, e de batarias
para o serviço das cópas, e cosinhas, e para com ellas sustentarem me
zas de fastosa ostentação no exercicio militar, em que o desembaraço
de semelhantes impedimentos habilita mais os Meus Vassallos para se
empregarem melhor no Meu Real serviço, e na defeza da sua Patria,
em que consiste o mais bem entendido ponto da honra, com que se adi
anta a estimação dos que a sabem adquirir, e conservar: E desejando
ao mesmo tempo evitar aos que se empregão em tão nobre exercicio as
despezas, e competencias nellas, que pelos sobreditos motivos se fazem,
não só superfluas, mas prejudiciaes na Campanha: Sou Servido orde
nar, que nella, e nos Quarteis, em que estiverem as Tropas juntas, ou
separadas, só seja permittido ao General, que commandar em chefe o
Exercito, dar meza aos Generaes, e Militares, que podem, e costumão
ir a ella: com tal declaração porém, que ainda na meza do mesmo Ge
neral não poderá haver nem mais de vinte pessoas, nem mais de huma
coberta de vinte pratos sorteados da cosinhas; e outra coberta respecti
va de fruta, e de doce; nem peça alguma de prata, que não sejão co
lheres, garfos, facas, e cafeteiras; nem louça alguma da China: E tu
do debaixo da pena do Meu Real desagrado ao sobredito General em
chefe, e de perdimento dos póstos contra todos, e cada hum dos Mili.
tares, que achando a dita meza servida em outra fórma, ou excedida no
1762 859

número dos commensaes se assentarem para comer, ou nella, ou ainda


em outra meza separada. Na mesma pena incorrerão todos os Generaes,
e Militares, desde Mestre de Campo General, até Capitão inclusiva
mente, que no referido Exercito, ou Quarteis das Tropas derem mezas,
que não sejão, a saber: os Mestres de Campo Generaes, e Sargentos
Móres de Batalha aos seus Ajudantes de Campo, e Oficiaes de Ordens,
que estiverem de dia sem excederem, hum prato de sopa, outro de co
zido, outro de assado, e outro de guisado, pelo que toca á cosinha; e
outros quatro pratos de doce fruta, e queijo, pelo que pertence á cópa.
E isto sómente no caso, que assim lhes pareça. O Conselho de Guerra
o tenha assim entendido, e mande expedir, com a Cópia deste, Ordens
circulares a todas as Provincias. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a
2 de Abril de 1762. = Com a Rubrica de Sua Magestade.

Impresso avulso.

# #«…»º: #

S……Me presente a confusão, e falta de Ordens, que ha nas Forta


lezas das Barras destes Reinos respectivas ás Salvas, que devem rece
ber, e corresponder as Náos da Minha Armada Real, para cessar por
huma vez todo o embaraço, que poderia acontecer a este respeito: Sou
Servido estabelecer o seguinte. Que quando passar pelas ditas Fortalezas
fNáo, que leve a insignia de que nella vai Capitão General da Armada,
se lhe faça a Salva com quinze tiros de canhão, antes da mesma Náo
salvar, a qual deve receber a Salva com outro igual número de tiros.
Que todas as mais Náos devem salvar primeiro as Fortalezas: com decla
ração, que as que tiverem Bandeira quadrada no Tópe do Mastro de
Proa, ou da Mezena, se lhe deve receber a Salva com número de peças
iguaes ás com que as mesmas Náos salvarem. Que as que tiverem Cor
netas, se lhe receberá a Salva com dous tiros menos, aos com que sal
varem. E que todas as que levarem Galhardetes, serão recebidas as Sal
vas com quatro tiros menos, como presentemente se pratíca. O Conse
lho de Guerra o tenha assim entendido, e nesta conformidade passe as
Ordens para assim se observar. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 2
de Abril de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

# #«.2"# $

Ar………… á urgente necessidade que ha de seremontar, e comple


tar a Cavallaria do Meu Exercito, e á justa representação, que se Me
fez sobre a exorbitancia a que os donos dos Cavallos subírão o preço del
les, abusando da necessidade dos Capitães, que pertendem comprallos:
Sou Servido, que nesta Corte e Provincia, e em todas as mais deste Rei
no, e no Reino do Algarve, se comprem por conta da Minha Real Fazen
da, e por avaliação de Mestres Alveitares, nomeados a contento das
partes, e pelos Generaes que governarem as Armas, no caso de discor
Qqqqq 2
860 1762 |
dia dos sobreditos louvados, todos os Cavallos que tenho mandado alis
tar, sem excepção de pessoa, ou de Privilegio algum, qualquer que elle
seja; porque a todos deve prevalecer a causa pública, com tanto que ne
nhum dos referidos Cavallos possa avaliar-se em mais de oitenta mil réis:
E Sou Servido outro sim, que os referidos Cavallos, depois de serem
comprados na sobredita fórma, sejão cedidos pelo mesmo preço que cus
tarem, aos Capitães da Cavallaria, que os pedirem para as suas Compa
nhias. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido, e mande logo ex
pedir a todas as Provincias as Ordens necessarias. Palacio de Nossa Se
nhora da Ajuda a 2 de Abril de 1762. = Com a Rubríca de Sua Mages
tade.
*- Impresso avulso.

*-+.…>, ºk-k

Sºsnº coherente, e justo, que assim como desde que o Meu Exercito
foi arregimentado, se conformárão nas denominações os Póstos delle até
Brigadeiro inclusivamente, com o que ao dito respeito observão todas
as outras Nações da Europa, se pratique o mesmo com os outros Póstos
de mais superior graduação: Sou Servido, que os Sargentos Móres de
Batalha se fiquem daqui em diante denominando Marechaes de Campo;
os Mestres de Campo Generaes, Tenentes Generaes; os que entre elles
forem provídos no Governo da Infantaria, Generaes de Infantaria; pra
ticando-se o mesmo a respeito dos que Eu prover nos Governos da Ca
vallaria, e Artilheria: e que aos outros Generaes, a quem se passavão
até agora Patentes de Governadores das Armas, se expeção daqui em
diante com a denominação de Marechaes dos Meus Exercitos. O Conse
lho de Guerra o tenha assim entendido, e faça observar. Palacio de Nos
sa Senhora da Ajuda a 6 de Abril de 1762. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
Impresso avulso.

*-+venºk-->

EU ELREI Faço saber aos que este Meu Alvará virem, que sendo
Me presente a irregularidade com que no Castello de São Jorge, e nos
Presidios de Beirollas, Fortalezas da Marinha, e Barra de Lisboa, Guar
nições dellas, e das Náos, e seus aprestos, se faz o serviço da Artilha
ria, e dos Oficiaes, e Soldados, que no Corpo della, nas Guarnições dos
sobreditos Presidios, e outros exercicios da sua obrigação, se empregão
na fórma antiga das Ordenanças chamadas de Pé de Castello, e de Tro
go; em razão de que conservando-se os ditos Oficiaes, e Soldados em
hum estado equivoco, entre Militares, e Paizamos; e não fazendo por
isso o serviço com a decencia, e boa ordem, com que o fazem as Tro
pas regulares; se tem seguido daquela indiferença muitos, e muito
grandes inconvenientes tão prejudiciaes ao mesmo serviço, como á esti
mação dos que nelle se empregão na sobredita fórma: E obviando a es
tes attendiveis, inconvenientes em commum beneficio: Estabeleço que
os sobreditos Pes de Castello, Presidios; e Troço de Artilheiros, fiquem
1762 861

desde o dia da appresentação deste Alvará abolidos, e extinctos, como


se nunca houvessem existido; erigindo desde logo para se fazerem todos
os referidos serviços hum Regimento de dous Batalhões, com setecentas
e vinte praças cada hum incluidos os seus Oficiaes; e com o número de
“quatorze Companhias de sessenta praças em cada Batalhão , tambem in
cluidos os Capitães, Tenentes, Alferes, Sargentos, e mais Subalternos:
Os quaes todos vencerão os respectivos soldos, pão de munição, e far
damento, que pelas Minhas Ordenanças, e Ordens vencem as outras Tro
pas de Infantaria, e Artilharia; só com as diferenças de que aos Solda
dos, que forem casados se lhes pagará em dinheiro o seu pão pelo preço,
que correr nos Assentos desta Corte, e Provincia da Estremadura; e de
que com os da Guarnição da Fortaleza de São Lourenço da Barra se pra
ticará o mesmo que se está praticando com os que se embarcão; dando
se-lhes baixa no mantimento, quando forem para a dita Guarnição; e sen
do provídos pelos Armazens até o dia, em que sahirem della, na fórma
costumada. Mando que o sobredito Regimento novamente levantado te
nha o seu alojamento principal nos Quarteis da praça de São Julião da
Barra, e da Feitoria a ella pertencente, para delles sahirem por Desta
camentos para as Guarnições de todas as Fortalezas da Marinha, Cas
tello de São Jorge, Presidio de Beirollas; Guarnições das Náos da Mi
nha Real Armada, aparelhos dellas, fainas, e mais trabalhos a ellas per
tencentes. Todos os Póstos do referido Regimento serão provídos, como
os mais do Meu Exercito por Consultas do Conselho de Guerra feitas so
bre as Propostas do General desta Corte, e Provincia, como se pratíca
com todos os outros Regimentos do Meu Exercito, quando Eu não no
mear immediatamente: Preferindo para assentarem praça nas Compa
nhias do mesmo Regimento, e Póstos dellas, os moradores dos Termos
de Cascaes, Carcavellos, e Oeiras; dando-se tambem entre estes prefe
rencias aos casados, sendo habeis; e conservando-se os que se acharem
actualmente servindo, sendo tambem idoneos. Ordeno, que os Condes
taveis Móres sejão provídos nos Póstos de Alferes; que os simples Con
destaveis passem a Sargentos do número; e os segundos Condestaveis a
Sargentos supras. Determino que todas as diferentes Repartições, por
onde até agora se administrarão as ditas Fortalezas, e se provêrão os
Póstos; Almoxarifados, e arrecadação dellas, fiquem desde logo cessan
do para se praticar pelo que pertence ao provimento dos Póstos, e Pre
sidios, o que deixo assima ordenado; e pelo que pertence á administra
ção, e arrecadação de Minha Real Fazenda, que seja tudo expedido pe
la Junta dos Tres Estados ; e pela Vedoria desta Corte, e Provincia;
debaixo da sua inspecção: Cessando todas as consignações, que se acha
vão applicadas para os referidos Pes de Castello; Troço, e seus respec
tivos Oficiaes : E reduzindo-se tudo aos mesmos termos da arrecadação
dos outros Regimentos, e Praças do Meu Exercito: E pela repartição
da mesma Junta darei providencia para se pagarem os soldos do sobre
dito Regimento a seus devidos tempos. Ordeno, outro sim, que, fican
do extinctos todos os outros Almoxarifados, não haja daqui em diante
mais do que hum unico Thesoureiro Geral das receitas, e despezas de
todas as Fortalezas, desde Beirollas até o Cabo da Roca inclusivamen
te, em ambos os lados do Rio Téjo, e da Barra: Tendo o mesmo The
soureiro Geral a sua residencia, e Armazens communs, na referida Tor
re da São Julião da Barra para della prover todas as outras Fortalezas:
E encarregando-se aos Oficiaes das guardas, que entrarem nelas a cus
todia dos Armamentos, e Munições, que nellas se acharem. Porque o
862 1762

sobredito Regimento, e a despeza, que com ele se fizesse serião menos


uteis se os Oficiaes, que se houverem de empregar no exercicio da Ar
tilharia, não fossem instruidos na sua importante profissão: Determino
que na mesma Fortaleza de São Julião da Barra se estabeleça logo hu
ma Aula, na qual se dictem lições, e fação exercicios práticos da Ar
tilharia tres dias em cada semana, hora e meia de manhã, e meia ho
ra de tarde: Sendo o Lente della o Tenente Coronel, ou o Sargento
Mór do Regimento por Consultas da Junta dos Tres Estados, e nomea
ções Minhas, quando Eu não nomear immediatamente, e em quanto não
mandar o contrario. O sobredito Lente, além do seu soldo, haverá co
mo Mestre da Aula o mesmo que vence o da Praça de Estremoz; com
tal declaração que nem poderá vencer a referida maioria, sem que cons
te haver feito efectivas as ditas lições, e exercicios; nem os que servi
rem no mesmo Regimento poderão nelle occupar os Póstos de Sargento
supra para cima, sem Certidão de exame feito publicamente por Professo
res da mesma Artilharia na presença do General desta Corte, e Pro
VII]Cl3 º

E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém, sem


dúvida, ou embargo algum; Pelo que Mando aos Conselhos de Guerra,
e Fazenda, e Junta dos Tres Estados, cumpräo, e guardem este Meu
Alvará, e o fação inteiramente cumprir, e guardar como nelle se contém,
sem dúvida alguma; não obstantes quaesquer Leis, Alvarás, Regimen
tos, Disposições, e Ordens, que sejão em contrario, porque todas, e to
dos Hei por derogados para os referidos efeitos sómente , ficando aliás
sempre em seu vigor. E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
posto que por ella não ha de passar, e o seu efeito haja de durar mais
de hum anno; sem embargo das Ordenações do Livro segundo, titulo trin
ta e nove e quarenta em contrario: Registando-se em todos os lugares dos
sobreditos Tribunaes, onde se costumão registar semelhantes Alvarás:
E mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda a 9 de Abril de 1762. = Com a Assignatura
de ElRei, e a do Ministro.

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no Livro do Registo das Cartas, Alvarás; e Pa
tentes a fol. 113., e impr. avulso.

# #*Gº#=#

Sou Servido, que os Generaes, que Eu houver, por bem encarregar


do Governo da Infantaria, Cavallaria, e Artilheria dos Meus Exercitos,
sobre o uniforme de Tenentes Generaes, usem de huma Dragona de cor
dão de ouro. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido, e faça exe
cutar. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 14 de Abril de 1762. =
Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.
1762 - 863
|- •

* - - - - ** * ( - -

Sou Servido mandar augmentar o número das Minhas Tropas, tanto


de Infantaria, como de Cavallaria: Ordenando, que as Companhias de
todos os Regimentos de Infantaria, e Artilheria do Além-Téjo se ponhão
no número de cincoenta e cinco homens cada huma, comprehendidos os
Oficiaes dellas; e as Companhias de Cavallaria , e Dragões no número
de quarenta e dous homens, comprehendidos tambem os seus Oficiaes.
O Conselho de Guerra o tenha assim entendido. Nossa Senhora da Aju
da a 16 de Abril de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

Sou Servido mandar augmentar os Regimentos de Cavallaria, e Dragões


desta Corte, e Provincia, como tambem das mais Provincias do Reino,
de quatro Companhias em cada hum dos sobreditos Regimentos, e que
a elles sejão aggregadas, logo que se acharem formadas, e municiadas de
todo o necessario. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido. Nos
sa Senhora da Ajuda a 16 de Abril de 1762. = Com a Rubríca de Sua
Magestade.
Impresso avulso.

# -*-+"<>"#=+

Seu Servido mandar augmentar o número das Companhias de cada hum


dos Regimentos de Infantaria desta Corte, e Provincia , como tambem
das mais Provincias do Reino, e do Algarve, e o Regimento da Arti
lheria da Provincia de Além-Téjo, de oito Companhias por cada hum dos
Regimentos, de que serão aggregadas quatro a cada hum dos dous Ba
talhões, de que até agora se compunhão os ditos Regimentos. O Conse
lho de Guerra o tenha assim entendido. Palacio de Nossa Senhora da Aju
da a 16 de Abril de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
N - Impresso avulso.

#=}*<>*# *

Sendº Me presente, que nas formaturas, e reclutas dos Terços Auxi


liares, e das Ordenanças, que Mandei restabelecer na Provincia da Bei
ra, e Partido do Porto, se tem achado o embaraço de haver alguns dos
referidos Terços, que tendo Companhias em ambos os dous Governos das
Armas da mesma Provincia, e Partido, e ficando assim dislacerados, e
\
864 • K762

divididos entre jurisdicções diferentes, não podem formar corpo , nem


ter por isso a consistencia, que a conjunctura presente faz tão indispen
savelmente necessario, que haja em todas as Tropas dos Meus Reinos:
Sou Servido declarar, que os Terços, cujos Mestres de Campo residem
actualmente dentro do territorio da Provincia da Beira, pertenção ao Go
verno das Armas da mesma Provincia, ainda a respeito das Companhias,
e seus Officiaes, que forem moradores no territorio do Partido do Porto:
E que o mesmo se pratique reciproca, e identicamente a respeito dos
outros Terços, cujos Mestres de Campo residem presentemente no Par
tido do Porto, para pertencerem inteiramente ao Governo das Armas del
le, e exercitar este a sua jurisdicção, ainda a respeito das Companhias,
e seus Oficiaes, que tiverem a sua habilitação no territorio da Provin
cia da Beira. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido, e faça exe
cutar, mandando expedir a Cópia deste aos referidos dous Governos das
Armas, com a Ordem de se registar nas Védorias delles esta Minha Real
Determinação, para se ficar sempre observando no futuro o conteúdo nel
le, Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 19 de Abril de 1762. = Com
a Rubríca de Sua Magestade. • • •

Impresso avulso.

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Tendº consideração ao número em que Fui Servido mandar pôr os Re


gimentos de Infantaria dos Meus Exercitos, tanto de Companhias, co
mo de Soldados, e achando-se já completo o número destes, tanto no
Regimento da guarnição do Porto, de que he Coronel D. Antonio de
Lancastre, como o da guarnição da Praça de Chaves, de que he Coro
nel João de Sá Pereira, e o da guarnição da Praça de Bragança, de que
he Coronel Francisco Luiz Pequeno: Sou Servido mandar dividir os di
tos tres Regimentos, formando-se dos segundos Batalhões delles tres no
vos Regimentos, para os quaes Sou outro sim Servido nomear por Coro
neis a Jorge Francisco Machado, Tenente Coronel que he do Regimen
to da guarnição da Cidade do Porto, para Coronel do segundo Regimen
to, que se deve formar do segundo Batalhão delle: para Coronel do se
gundo Regimento da guarnição da Praça de Chaves a Francisco José de
Moraes Pimentel, Tenente Coronel que he do dito Regimento: e para
Coronel do segundo Regimento, que da mesma fórma se deve formar do
da guarnição da Praça de Bragança, a Bento José de Figueiredo , Te
nente Coronel que he do mesmo Regimento. O Conselho de Guerra o
tenha assim entendido, e faça executar, mandando passar as Ordens ne
cessarias para esta Minha Real Resolução haver o seu devido efeito. Pa
Jacio de Nossa Senhora da Ajuda a 20 de Abril de 1762. = Com a Ru
bríca de Sua Magestade.
- - - - , Impresso avulso.

# *—***** #

H avendo mandado accrescentar quatro Companhias a cada hum dos


dez Regimentos de Cavallaria, que nestes ultimos annos se achavão exis
1762 865

tentes: E fazendo todas as novamente accrescentadas o número de qua


renta Companhias, das quaes se achão levantadas nesta Corte, e Provin
cia da Estremadura doze, e se andão levantando oito na Provincia da
Beira, seis no Partido do Porto, seis na Provincia de Traz os Montes,
quatro no Além-Téjo, e quatro na Provincia do Minho: Sou Servido,
que das referidas quarenta Companhias novamente formadas, se consti
tuão quatro Regimentos do mesmo número de Companhias, e de Praças,
que tenho ordenado para os Regimentos actualmente existentes, qual he
o de quarenta e duas Praças por Companhia, incluidos os seus Oficiaes;
e de dez Companhias em cada Regimento. O primeiro delles terá o titu
lo de Regimento de Dragões de Campo Maior: o segundo, de Regimen
to de Dragões de Penamacor: o terceiro, o de Regimento ligeiro de Cas
tello-Branco: o quarto, o de Regimento ligeiro da Villa de Vianna do
Minho. O primeiro dos sobreditos Regimentos Ordeno, que seja logo for
mado de seis das Companhias, que já se achão levantadas em Lisboa,
e das quatro que se formarem na Provincia do Além-Téjo: o segundo,
das outras seis Companhias, que restão das formadas em Lisboa, e de
quatro das se que andão levantando na Provincia da Beira: o terceiro, das
seis Companhias, que se levantão em Traz os Montes, e das quatro da
Provincia do Minho: o quarto, das seis Companhias, que se levantão na
Cidade do Porto, e das quatro que tambem se levantão na Provincia da
Beira. E porque não seria conveniente, que os sobreditos quatro Regi
mentos se constituissem de Oficiaes, e Soldados inteiramente novos: Sou
Servido outro sim, que para cada huma das ditas Companhias novas se
jão passados por sortes de dados oito Soldados, e dous Cabos de Esqua
dra dos respectivos Regimentos, a que as mesmas Companhias forão ac
crescentadas: E que introduzindo-se em cada hum dos mesmos Regimen
tos velhos as quatro Companhias novamente formadas, se fação sahir del
les outras quatro veteranas, com todos os seus Soldados, e Oficiaes pa
ra a constituição dos novos Regimentos: para que assim fiquem todos ha
beis, e no estado de Me servirem com a mesma boa disciplina; que mui
to confio da honra, e do zelo dos Commandantes delles. O Conselho de
Guerra o tenha assim entendido, e faça executar com os despachos ne
cessarios, não obstantes quaesquer Disposições, ou Ordens em contrario.
Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 21 de Abril de 1762 = Com a
Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso,

# -* *@"+ *

A ttendendo á maior commodidade, que os Oficiaes da Cavallaria do


Meu Exercito podem ter em Me servir naquelles Regimentos, que tive
rem os seus Quarteis mais visinhos dos lugares dos seus respectivos do
micilios, dos quaes alguns delles poderão ficar mais remotos depois das
passagens das Companhias velhas, e introducção das novas, que fez in
dispensavelmente necessaria a constituição dos quatro Regimentos, que
por Decreto da mesma data deste tenho mandado levantar: Hei por bem,
que por tempo de hum anno contado da data deste, todos os Oficiaes dos
sobreditos Regimentos já creados, e que ultimamente mandei agora eri
gir, possão trocar huns com os outros de Regimento para Regimento, e
de Provincia para Provincia, como por …… entre
TTIT
elles ajustarem
866 1762

conforme as suas respectivas commodidades: E que apresentando os seus


contratos celebrados em fórma probante, se lhes fação por despachos do
Conselho de Guerra as passagens, que houverem ajustado livre, e espon
taneamente, sem a dependencia de Me serem consultadas, ou de algu
ma nova Resolução Minha. O mesmo Conselho de Guerra o tenha assim
entendido, e faça observar, não obstantes quaesquer Regimentos, Dis
posições, ou Ordens em contrario. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda
a 21 de Abril de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

#…+ …>…}} #

H avendo prohibido por Decreto de dous de Abril proximo preceden


te, em utilidade do Meu Real serviço, e dos que nelle louvavelmente
se empregão, o uso das Baxellas de prata, e das Mezas, mas marchas,
Quarteis, e campamentos das Minhas Tropas, com os justos motivos,
que no mesmo Decreto são expressos: E concorrendo além delles o exem
plo das Nações, que nestes ultimos tempos reduzírão a maior perfeição,
e facilidade a Arte Militar; as quaes, com os objectos, de evitarem des
pezas inuteis; de não multiplicarem carros, e bestas de bagagens; de pou
parem assim os mantimentos para as Tropas; e de facilitarem com esta
economia as marchas, e subsistencia dos Exercitos; não admittem na
º fórma das Barracas dos Oficiaes diferença alguma desde Coronel até
Alferes inclusivamente: Dando a cada Coronel, Tenente Coronel, Sar
gento Mór, e Capitão de Infantaria, huma Barraca separada; a cada
dous Tenentes huma; o mesmo a cada dous Alferes; e hum Barraquim
para cada cinco Soldados, dos quaes só quatro se costumão servir delle,
em razão de se achar sempre o quinto em exercicio: Não se permittindo
aos sobreditos Oficiaes, nem que, fazendo maiores Barracas, as possão
conduzir com a bagagem do Exercito; nem que com ellas occupem os
campamentos: Sou Servido ordenar, que o mesmo assima declarado se
observe nos Abarracamentos dos Meus Exercitos, assim na fórma, e re
partição das Barracas, como nos transportes, comboios, e campamentos,
sem diferença alguma. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido,
e faça executar, mandando expedir logo ordens circulares, com a cópia
deste, não só para o Exercito, mas tambem para todos os Governadores
das Armas destes Reinos. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 5 de
Maio de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.

#--Roºk-R

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem, que sendo-Me
representado por parte dos Meus Vassallos, que se achão ausentes des
tes Reinos por crimes, que, havendo Eu perdoado aos criminosos pre
zos no Limoeiro por Decreto de vinte e oito de Agosto de mil setecen
tos sessenta e hum, seria muito conforme á Minha Real Benignidade,
1762 • 867

que com elles exercitasse tambem a mesma Clemencia, em quanto ajus


tiça, e a decencia o podem permittir: E attendendo benignamente á
sobredita representação: Hei por bem que todos os Meus Vassallos, que
por crimes estiverem ausentes dos Meus Reinos, e que a elles se reco
lherem no termo de tres mezes contados da publicação deste: Tendo par
tes, que appareção, e contra elles requeirão seu direito (ao qual não he
da Minha Real Intenção prejudicar) se livrem como seguros sem ficarem
sujeitos á prizão: E não tendo, ou não apparecendo partes prejudicadas,
que contra elles requeirão, ou aquelles, que no caso de as terem, mos
trarem perdão dellas; fiquem absolutos da satisfação da Justiça: Servin
do todos nas Minhas Tropas Regulares, ou Navios de Guerra com soldo,
e vencimento de tempo pelo de cinco annos tendo para isso aptidão; ou
dando no seu lugar outras pessoas, aquelles que por annos, ou achaques
se acharem impossibilitados para Me servirem na sobredita fórma. Ex
ceptuo porém deste geral perdão os crimes atrocissimos, que pela sua
enormidade se não podem isentar da disposição das Leis, e sem ofensa
de Deos, escandalo, e prejuizo público: Quaes são: Blasfemeas de Deos,
e dos seus Santos: Inconfidencia: Moeda falsa: Propinação de veneno,
ainda que morte se não seguisse: Prejurio, ou testemunho falso em Jui
zo: Homicidio commettido de proposito atraiçoadamente contra quaesquer
pessoas indefezas; ou ainda por diante, e por modo visivel, se fosse com
mettido com faca, ou qualquer outra arma occulta, e aleivosa, de fogo,
ou de mão. Tambem exceptuo do beneficio deste perdão geral aquelles
dos Meus ditos Vassallos ausentes, que deixarem passar o referido ter
mo, sem se recolherem aos Meus Reinos, e se apresentarem nelles pe
rante os Corregedores das suas respectivas Comarcas; porque nesse caso,
além de ficarem privados do referido beneficio, ficarão pelo mero lapso do
tempo desnaturalisados, e os seus bens serão incorporados no Meu Fisco,
e Camara Real. Em todos os outros casos, he porém Minha Vontade, e
Mente que este perdão geral tenha o seu efeito na sobredita fórma em
beneficio dos criminosos ausentes destes Reinos. E Mando á Meza do
Desembargo do Paço que assim o execute, e faça logo publicar por Edi
taes em todos os lugares costumados desta Corte, e Cidade de Lisboa,
e Comarcas destes Reinos; para que chegue á noticia de todos, e tenha
o seu cumprido efeito, não obstantes quaesquer Leis, ou Disposições,
que em contrario sejão. E valerá como Carta passada pela Chancellaria,
posto que por ella não ha de passar, e o seu efeito haja de durar mais
de hum anno, sem embargo das Ordenações do Livro 2.° Tit. 39, e 40
em contrario: Registando-se em todos os lugares, onde se costumão re
gistar semelhantes Leis: E mandando-se o Original para a Torre do Tom
bo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 5 de Maio de 1762.
= Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
no no livro de Leis, e Alvarás a fol. 115 vers., e
impr. avulso.

# #«…!!--*

A… 18 dias do mez de Maio de 1762, nesta Cidade do Porto, e Ca


sas da Relação, estando presente o Senhor Francisco José da Serra Cras
Rrrrr 2
868 1762

beck, que serve de Governador das Justiças, por elle foi proposto a to
dos os Ministros desta Relação, que se achavão presentes, que sendo
no dia de hontem 17 do corrente pelo General das Armas deste Partido
insinuado aos Ministros Subalternos desta Cidade, debaixo de cuja juris
dicção estavão os Cofres della, devião com toda a cautela segurallos, por
haver justo receio, de invadirem os Castelhanos, nossos inimigos, que
se achão conquistando a Província de Traz dos Montes; por cujo moti
vo se fazia tambem preciso ponderar, que pelo alto respeito, que con
servava este Tribunal na representação do Principe Soberano, ficaria
exposto ao indecoroso ultrage, que se podia recear dos inimigos, verifi
cada a invasão delles, fazendo-se necessario buscar meio opportuno pa
ra evitar este successo, por todos os motivos o mais sensivel: pelos Mi
nistros abaixo assignados foi votado, que elle Governador sem perda de
tempo, supposta a distancia, em que se acha o bloqueio de Provincia de
Traz dos Montes, daria conta a Sua Magestade Fidelissima, para o di
to Senhor resolver o destino, que havia de seguir o Corpo desta Relação,
no caso de se augmentar, e fazer evidente o perigo; a fim de que a Sua
Real Authoridade não experimente a falta daquelle religioso respeito, que
sempre lhe tributárão os seus fiéis Vassallos; e pelo que toca aos Cofres,
e Archivo da mesma Relação, se posessem promptos com todo o segre
do, para poderem logo transportar-se a lugar seguro, havendo maior
urgencia. Porto, era, ut supra. = Como Governador, Crasbeck. = Lei
te. = Barrozo. = Cardozo. = Ferreira. = Sá Lopes. = Barreto. = Dou
tor Sequeira. = Miranda. = Campello. = Abreu. = Moniz.
Impresso na Colleção dos Assentos da Supplicação a
qual dá este na Relação do Porto no liv. competen
te a fol. 119.

*# #*Gºk-$

Por quanto pelos Oficios do Embaixador de Castella Dom José Torre


ro em causa commua, com o Ministro Plenipotenciario de França Dom
Jacob O Dunne, e pelas respostas, que sobre elles mandei fazer, como
se contém na Collecção, que baixa com este Decreto, se manifesta,
que hum dos projectos contratados entre as referidas duas Potencias no
Pacto de Familia, que entre si estipulárão, consistio no inaudito acor
do, com que dispozerão destes Reinos, como se fossem proprios, para
os invadirem, occuparem, e usurparem debaixo do incompativel pretexto
de o auxiliarem contra Inimigos, por ellas suppostos sem nunca haverem
existido: Por quanto successivamente por diferentes Generaes de ElRei
Catholico se afixárão desde o dia trinta de Abril proximo passado em
diante diferentes Carteis dentro nos Meus Dominios, prescrevendo-se
nelles Leis, e Sancções aos Meus Vassallos: Invadindo-se ao mesmo tem
po com hum Exercito devidido em diferentes Corpos as Minhas Provin
cias: Attacando-se as Minhas Praças: Perpetrando-se tudo o referido
com o outro nunca visto abuzo de se fingir para se iludirem os Povos,
que todas as sobreditas hostillidades se dirigião a fins uteis, e gloriosos
á Minha Coroa, e Vassallos della, como o mesmo Rei Catholico Me ti
nha representado: E omittindo-se com outro manifesto abuzo as decisi:
vas respostas, que pela Minha parte se havião feito sobre o referido Pro
1762: 869 A

jecto em todas as tres occasiões, em que se Me fez presente, pelos di


tos Embaixador, e Plenipotenciario: E por quanto por todos estes con
traditorios, e nunca vistos factos, se Me tem declarado, e feito huma
Guerra ofensiva, e contraria a toda a boa fé, pelos referidos dous Mo
marchas de acordo commum; e o tenho assim mandado fazer notorio a
todos os meus Vassallos, para terem os Violadores da independente Sobe
rania da Minha Coroa, e Invasores do Meu Reino por Aggressores, e
Inimigos declarados, e publicos: Para que daqui em diante em natural
defeza, e necessaria retorsão os tratem como taes Aggressores, e Ini
migos declarados, em tudo, e por tudo: E para que contra elles, suas
Pessoas e bens usem os Militarés, e Pessoas, que para isso tiverém fa
culdade Minha, de todos os meios de facto, que nestes casos são autho
risados por todos os Direitos: E para que assim os mesmos Militares,
como todas, e quaesquer outras Pessoas, de qualguer qualidade, e con
dição, que sejão, se apartem inteiramente de toda a communicação dos
mesmos Inimigos, sem com elles terem correspondencia, ou communi
cação alguma, debaixo das penas estabelecidas por Direito contra os Re
beldes, e Traidores: Sou Servido, que todos os Vassallos das Monar
chias de França, e Castella, que se acharem nesta Corte, e Reinos de
Portugal, e do Algarve, sejão obrigados a sahir delle no preciso termo
de quinze dias contínuos, e contados da publicação deste, debaixo da
cominação de serem tratatados como Inimigos, e seus bens confiscados,
achando-se dentro nos mesmos Reinos, depois de ser passado o referido
termo: Que todos os bens, que nos mesmos Reinos se acharem dos Vas
sallos das mesmas duas Coroas, ou a elles vierem, sejão póstos em ar
recadação, e represalia: E que por todos os Pórtos seccos, e molhados
cesse toda a communicação, e commercio com as referidas Monarchias
de França, e de Castella, e seus Vassallos: Ficando ao mesmo tempo
Prohibido debaixo das penas de contrabando a entrada, venda, e uso de
todos os fructos, generos, e manufacturas das Terras, e Fabricas das
mesmas duas Monarchias, e seus Dominios. A Meza do Desembargo do
Paço o tenha assim entendido, e faça executar, mandando afixar este
por Edital, e remetter a todas as Comarcas para que chegue á noticia
de todos: Pela Intendencia Geral da Policia tenho dado as Ordens ne
cessarias, para se expedirem Passaportes a todos os sobreditos, que nes
te Reino houverem entrado na boa fé, que nem ainda neste caso Quero
que deixe de os patrocinar para sahirem delle. Palacio de Nossa Senho
ra da Ajuda a 18 de Maio de 1762. = Com a Rubríca de Sua Mages
tade.
Publicado em Edital impresso do Desembargo do Pa
go de 23 de Maio deste unno.

# *«… *-*

A TTENDENDo a algumas justas razões, que Me forão presentes, e por


querer favorecer a todas aquelas pessoas, que na presente occasião se
desejão naturalisar por Meus Vassallos: Hei por bem que a todos os o
breiros, jornaleiros, trabalhadores de qualquer sorte de trabalho, que se
ja, criados de escada abaixo, e moços de serviço, e de recados; se lhes
passem livremente suas Cartas de Naturalisação sem pagarem direitos,
ou emolumentos alguns nas Repartições, onde até a presente se lhes lº
870 1762

vavão. O Conselho da Fazenda o tenha assim entendido e faça executar


pela parte que lhe toca; não obstante quaesquer Leis, Regimento, ou
Desposições contrarias. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 2 de Ju
nho de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

Regist. no Conselho da Fazenda no Livro I. a fol.


222 verS,

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F UI Servido mandar levantar dous Batalhões de Tropas Suissas na con


formidade das Condições, que baixão, aceitas, e assignadas por Gabriel
Thormam, e Marcos Saussure, os quaes tenho feito Mercê dos Póstos
de Coroneis dos ditos Batalhões. O Conselho de Guerra o tenha assim
entendido, e faça observar; mandando registar as ditas Condições onde
pertence, e que na Védoria Geral se formem as Listas dos ditos Bata
lhões na fórma do costume, e do Artigo vinte e seis das ditas Condi
ções. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 27 de Junho de 1762. =
Com a Rubríca de Sua Magestade.

CONDIÇOES, COM AS QUAES SUA MAGESTADE FIDELIS


SIMA. Ha por bem mandar levantar dous Batalhões de Tropas Suis
sas, havendo Oficiaes e Soldados da mesma Nação, e que tomem
partido no Seu Real serviço.
A R T I G O I.

Cada hum dos ditos Batalhões será composto, a saber: na primeira


Plana de hum Coronel, hum Tenente Coronel, hum Sargento Mór, hum
Quartel Mestre, hum Auditor, ou Grande Prevoste, hum Ajudante,
hum Capellão, hum Cirurgião Mór, e hnm Tambor Mór: E quanto ao
mais, de quatro Companhias de duzentas praças cada huma, comprehen
didos os Oficiaes, tendo cada huma dellas hum Capitão Tenente, hum
Tenente, hum segundo Tenente, hum Alferes, quatro Sargentos, hum
Furriel, hum Pagem da Bandeira, hum Capitão das Armas, ou de Cam
panha, hum Pequeno Prevoste, hum Secretario, hum Cirurgião, seis
Primeiros
bré, Cabos de
que servem ao Esquadra, seis Cabos
Capitão, quatro de Fila,
Tambores, quatro
e hum Moços de li
Pifano. •

A R T I G O II.

Sua Magestade fará adiantar dous contos novecentos e sessenta mil


réis á Caixa do Regimento para o levantamento, armamento, e farda
mento de cada huma das sobreditas quatro Companhias. No caso em que
o mesmo Senhor mande fornecer os ditos armamentos, e fardamentos por
conta da Sua Real Fazenda (como neste primeiro estabelecimento se faz
indispensavel) será rebatida a importancia delles na referida somma. E
por quanto presentemente se acha já feito hum grande número de recru
tas por conta da mesma Real Fazenda; por cada huma destas, que se
entregar, serão da mesma sorte rebatidos quatro niil réis da sobredita
SOlllllla.
1762 871

A R T I G O III.

Da sobredita somma, que for adiantada pela Real Fazenda, será es


ta embolsada em ametade da sua importancia, paga no tempo de vinte
mezes nas porções, que a cada hum delles couberem por justo rateio. O
que porém se entende depois que as Companhias gozarem de todas as
suas gratificações, na fórma abaixo declarada, - *

A R T I G O IV.

A outra ametade do referido dinheiro adiantado ficará cedendo a fa


vor da Caixa, para os gastos das levas, recrutas, e outras semelhantes
despezas.
A R T I T G o V.
Pelo que pertence aos soldos, Sua Magestade não será obrigado a
pagar mais do que os seguintes: Ao Coronel em tempo de guerra, qua
trocentos noventa e cinco mil réis; e trezentos setenta e hum mil e du
zentos e cincoenta réis no tempo da paz em cada mez: ficando a cargo
do mesmo Coronel o pagamento do Tenente Coronel, Sargento Mór, e
mais Oficiaes da primeira Plana com todos os mais Subalternos assim de
clarados; exceptuando sómente os Soldados, pelos quaes pagará a Fazem
da Real a razão de quatro mil quinhentos e trinta e sete réis e meio por
cada mez, sem outro vencimento, que não seja o pão de munição, que
devem receber diariamente. E além dos sobreditos soldos não poderá o
Coronel pedir algum accrescentamento, nem ainda no caso, em que Sua
Magestade lhe ordene augmentação de maior número de Batalhões, ou
de Companhias para o seu serviço. Em cujo caso serão os Coroneis obri
gados a fazer os augmentos, que lhes forem determinados, sem por isso
pedirem novo contrato, ou maior pagamento.
A R T I G O VI.

Será obrigada a Caixa do Regimento a pagar por sua conta a todos


os Oficiaes, e Subalternos de cada huma das suas Companhias, os ven
cimentos dos soldos da maneira seguinte : Ao Capitão Tenente vinte
e sete mil duzentos e oitenta e cinco réis; ao primeiro Tenente vinte mil
duzentos noventa e cinco réis; ao segundo Tenente dezeseis mil e qui
nhentos réis, ao Alferes doze mil trezentos e setenta e cinco réis; aos
dous primeiros Sargentos a razão de seis mil e seiscentos réis cada hum;
aos dous segundos Sargentos a razão de cinco mil trezentos e sessenta
réis cada hum; ao Furriel, Pagem da Bandeira, Capitão das Armas, e
pequeno Prevoste a razão de quatro mil novecentos e cincoenta réis ca
da hum; aos Cabos de Fila e Moços de libré, Tambores, e Pifano tres
mil setecentos e doze réis cada hum.

A R T I G o VII.
Para a ordinaria economia do Regimento, e para que os Capitães
das Companhias possão ter os meios necessarios para as recrutas, nos ca
sos de morte, ou deserção; ficarão na Caixa mil duzentos e trinta e sete
réis cada mez do vencimento de cada Soldado. E dos tres mil e trezen
872 1762

tos réis restantes, pagarão os Capitães a cada Soldado quinhentos e do


ze réis cada semana para o seu prê: e fornecendo as mais miudezas de
çapatos, meias, &c. lhes entregarão o resto em dinheiro.
A R T I G O VIII.

Posto que as Companhias devem ser de duzentas praças cada huma;


e que tal he a obrigação do Coronel, para as fazer completas; com tu
do, querendo Sua Magestade reduzir até o número de cento e vinte e
cinco praças; ou se achem completas, ou reduzidas ao sobredito núme
ro; sempre em qualquer destes casos vencerá o Regimento por cada hu
ma das ditas Companhias trinta praças de Soldado por gratificação.
A R T I G O IX. \,

Mas achando-se a Companhia com menos de cento e sessenta ho


mens, pela não haver recrutado o Capitão, nesse caso não poderá ven
cer mais que ametade da gratificação. E se o mesmo Capitão deixar en- -
fraquecer a sua Companhia de sorte que tenha menos de cento e cinco
enta homens; não poderá nesse caso vencer gratificação alguma. O lº
se entende não sendo as ditas diminuições provenientes de perda de ho
mens feita em acções militares, porque nesse caso não se fará rebate al
gum das ditas praças de gratificação, antes de serem passados quatro
mezes, que Sua Magestade concede para se completarem as praças va
gas na referida fórma.
A R T I G O X.

Cada hum dos ditos Regimentos depois que huma vez for estabele
lecido, ficará contratado por tempo de seis annos: sem que antes de ser
findo o referido termo, contado do dia, em que se fizer completo, possa
ser reformado. #

A R T I G O XI.

Depois que expirar o referido termo, parecendo a Sua Magestade


escusar do seu serviço ou hum Regimento inteiro, ou algumas Compa
nhias, lhes mandará pagar tres mezes de soldo para as despezas da sua
viagem, soccorrendo-lhes além delles gratuitamente os navios necessarios
para os transportarem a Hollanda, ou Genova.
A R T I G O XII.

As referidas Tropas Suissas não poderão ser obrigadas a servirem


por mar.

A R T I G O XIII.

Para o provimento de cada Companhia, que vagar, proporá o Coro


nel a Sua Magestade os dous mais antigos Capitães Tenentes, e o mes
mo Senhor escolherá delles o que achar mais proprio, e lhe mandará pas
sar Patente do referido posto.
1762 873

A R T I G O XIV.

A nomeação dos Oficiaes da primeira Plana pertencerá sempre a


Sua Magestade, para promover a elles entre os Capitães do Regimento
os que achar mais habeis para o seu serviço. O que porém se entende
depois de formado o Regimento nos póstos, que nelle vierem a vagar.
A R T I G o XV.
Porém a nomeação dos Subalternos pertencerá sempre ao Coronel
na fórma do costume. Tambem lhe pertencerá a eleição das côres, e di
visas para os uniformes.
A R T I G O XVI.

Sua Magestade se servirá de mandar fornecer gratuitamente todas


as munições de guerra necessarias para o serviço do Regimento: Orde
nando que a cada Batalhão forneção duas peças com trinta ballas, e vin
te cartuxos para cada huma dellas, com as palamentas, carretas, bestas
muares, e cocheiros necessarios para o transporte das referidas peças.
Ficando porém por conta do Commandante do Regimento pôr seis Sol
dados, e hum Subalterno para o serviço de cada peça, e hum Oficial
além disso em cada Batalhão; os quaes nos dias das acções não terão ou
tro emprêgo, que não seja o do serviço da mesma Artilheria.
A R T I G O XVII.

A Caixa do Regimento receberá no principio de cada mez adianta


do o pagamento de cada Companhia, sem demora alguma em qualquer
lugar, em que se ache o dito Regimento.
A R T I G o XVIII.
A mesma Caixa receberá tres mezes de soldos de cada Soldado, que
falecer ou em conflictos, ou das feridas, que neles houver recebido, pa
ra, com este dinheiro se encherem com bons Soldados os lugares dos que
faltarem na sobredita fórma.
• *

A R T I G o XIX.
Tomando as sobreditas Companhias em tempo de guerra as forra
gens, que lhe forem necessarias, nos Armazens de Sua Magestade, se
as não poderem achar em outra parte, não pagarão por ellas maior pre
ço, do que pagarem as Tropas Portuguezas. * . -

A R T I G. O XX.

. A mesma igualdade se praticará a respeito do pão de munição, dos


Hospitaes dos enfermos, e dos Invalidos, para se praticar com eles tudo
o que se pratíca com os Oficiaes, e Soldados Portuguezes.
*) - } 5 * * • , º |- |- |- -

Sssss
874 1762.

A R. T.I G O XXI.

Nas guarnições se darãopor conta de Sua Magestade os Quarteis


necessarios ás referidas Tropas; e na falta delles, alojamentos, onde as
mesmas Tropas se conservarem na maior união, e visinhança dos seus
Oficiaes, que couber no possivel; dependendo destes dous pontos a boa
ordem, e disciplina, que são indispensaveis nos Corpos Militares.
A R T I G O XXII.

Pelo que pertence ás licenças para os Oficiaes, e Soldados sahirem


das ditas guarnições; serão todos sujeitos ás Ordenanças, e Disposições,
que se achão estabelecidas para as Tropas de Sua Magestade. E no ca
so, em que algum Official, ou Soldado tenha negocio urgente, que o o
brigue a ir á sua Patria; supplicará a Sua dita Magestade que lhe con
ceda a permissão necessaria com aquelle termo, que ao mesmo Senhor
Parecer que he justo. . º , , >
**

-
. A R T I e o XXIII.
- } * #; •

– As referidas Tropas gozarão, pelo que toca á Religião, da mesma


liberdade, de que gozão as que se achão empregadas no serviço de El
Rei de Sardenha, e que tem neste Reino todas as outras Nações refor
madas, que nelle estão vivendo na fórma dos Tratados, com tanto, que
evitem toda a acção externa, que possa causar ao Povo estranheza.
• • * • " - -

A R T I G O XXIV.
- • , " , -

. Sua Magestade, para que a Disciplina Militar se conserve na sua


observancia, e informado da justiça, com que se procede nos Conselhos
de Guerra da Nação Suissa: Ha por bem conceder-lhes toda a necessa
ria jurisdicção, para que, segundo as Ordenanças Militares deste Rei
no, sejão sentenceados os delinquentes de crimes Militares, e as Sen
tenças dos mesmos Conselhos executadas até a morte inclusivamente:
Reservando Sua Magestade aliàs aos seus Magistrados os conhecimentos
dos casos Civeis na fórma do costume.

A R T I G O XXV.
- • " …- : \

Ainda que presentemente seja impraticavel que qualquer dos Bata


lhões se forme de Soldados Suissos, e por isso seja necessario admittirem
se alguns estrangeiros: com tudo qualquer dos Commandantes delles se
rão obrigados a tellos completos no termo de seis mezes, com ametade
de Suissos pelo menos, e a outra ametade de Alemães, ou de Hunga
TOS•

A R T I G. O XXVI.

. O Commandante de cada Batalhão, que se formar, logo que cada


Companhia for completa, será obrigado a mandar a Lista della ao Ge
meral da Provincia, em que se achar, para passary ou mandar passar
mostra de revista a cada huma das ditas Companhias, e Batalhões, a
que pertencem: e para mandar tomar de tudo razão nos livros da Vé
1762 875
doria, como he costume. As mesmas relações se repetirão no principio
de cada mez firmadas com juramento; declarando-se nellas os ausentes,
e impedidos, para por ellas se lhes passar mostra ao tempo, em que se
lhes fizer o pagamento, como he do costume. ->"
. .* *
* •

A R T I G o XXVII, º
- Será permettido a cada Companhia ter hum Vivandeiro, para dar
casa de pasto aos Officiaes, e prover do necessario aos Soldados; com
prando tudo pelos preços correntes; sem que estes se lhes possão aug
mentar. Com tanto porém, que se lhes será defendido venderem cousa
alguma a pessoas estranhas das suas Companhias, debaixo da pena de se
rem castigados como Monopolistas. ** , !
*

A R T I G o XXVIII,
No caso, em que qualquer Batalhão venha a ser reformado depois
de haver servido os seis annos estipulados nestas Condições; querendo
os Oficiaes entrar nas Tropas de Sua Magestade, serão nellas recebidos
nos póstos competentes ás graduações, em que se acharem : e em quan
to nao houver póstos vagos, em que sejão provídos, gozarão de meio sol
do para o seu sustento. - - }

A R T I G O XXIX.
\
* *

Nas marchas de cada hum dos ditos Batalhões se lhes fornecerão as


mesmas bestas, e carros de bagagens, que se fornecerem ás Tropas de
Sua Magestade na proporção de iguaes córpos, sem por isso se lhes pe
dir aluguer, como se pratíca nas Tropas Nacionaes. {

Aceito as Condições expressadas nesta presente Capitulação, e pro


metto executalla promptamente. Em Lisboa a 12 de Junho de 1762. =
Gabriel Thormam. - …" " º -

Aceito as Condições na mesma fórma, no mesmo dia assima. =*


M. Saussure. •

, ,

| Impressas avulso juntamente com o Decreto. , ;

*=+"<>"#=#

-
|- }
Pos quanto sendo passado o tempo determinado para a arrematação
dos Assentos das munições de boca dos Meus Exercitos, não houve até
agora Pessoas, que nelles lançassem: E attendendo a que nem a indis
pensavel necessidade da defeza destes Reinos póde já permittir a dila
ção de se esperar, que a dita arrematação se faça pelos meios ordina
rios; nem isso seria praticavel nas circunstancias da Guerra actual; por
que se o provimento dos ditos Exercitos se confiasse a hum só Assentis
ta Geral, faltando este em cumprir com as suas obrigações, seria a sua
falta no cumprimento dellas de irreparavel prejuizo, ou contra as mes
mas Tropas, ou contra a defeza do Reino; e confiando-se a Assentistas
- Sssss 2
876 | 1762

Provinciaes a incerteza do maior, ou menor número de Tropas, que se


gundo os movimentos dos Inimigos, será preciso, que marchem de hu
mas para outras Provincias, faria com que, além de não poder nenhum
dos referidos Assentistas regular as quantidades de mantimentos para os
seus Contratos, se reduziriao todos á confusão, em que a experiencia
mostra que se achão presentemente pelo dito principio: Sou Servido,
que por ora, (e em quanto Eu não mandar o contrario) o Inspector Ge
ral do Meu Real Erario, pelo Thesoureiro Mór, Escrivão, e Contado
res Geraes delle, mande fornecer, e administrar, desde o primeiro do
mez de Setembro proximo futuro em diante, por conta da Minha Real
Fazenda todos os provimentos de munições de boca, que necessarios fo
rem para a subsistencia de todas as Tropas destes Reinos, pela fórma
seguinte. As contas, e correspondencias epistulares pertencentes a esta
administração, Ordeno, que sejão repartidamente encarregadas aos qua
tro Contadores Geraes, a saber: Nas Tropas da Corte, e Provincia da
Estremadura, ao Contador Geral della Antonio Caetano Ferreira: Nas
da Provincia do Além-Téjo, e Reino do Algarve, ao Contador Geral
Manoel Pereira de Faria: Nas da Provincia da Beira, e Partido do Por
to, ao Contador Geral Luiz José de Brito: E nas das Provincias do Mi
mho, e Traz os Montes, ao Contador Geral Balthazar Pinto de Miran
da: Declarando lhes o mesmo Inspector Geral a todos, que pela experi
encia, que tenho do zelo, e prestino, com que Me servem; e pela con
fiança, que faço em que se empregarão com o maior desvelo na presente
conjunctura, os encarrego de hum negocio tão grave, e importante, para
melle lhes haver por serviço, tudo o que espero Me fação a Meu contenta
mento. A eleição dos Feitores, Obreiros, e mais pessoas necessarias pa
ra a Administração, preparação, e pontual entrega das sobreditas mu
nições, e materias a elas concernentes, serão determinadas em Junta do
Presidente, com os seis Ministros do mesmo Real Erario, fazendo as ve
zes do mesmo Presidente, quando se não puder achar presente, o The
soureiro Mór na conformidade do que tenho ordenado pela Lei do esta
belecimcnto do mesmo Thesouro Geral. Nas Conferencias da mesma
Junta se determinarão as quantidades, e qualidades dos mantimentos,
que se devem comprar, embargar, e accumular em cada huma das di
tas Provincias, e os lugares, em que se hão de estabelecer os Armazens
geraes, e particulares, assim como as Oficinas a elles pertencentes,
conforme as Relações Secretissimas, que Ordeno aos Generaes dos Meus
Exercitos mandem expedir pelos Védores Geraes em tempo opportuno
ao mesmo Thesouro debaixo do Nome do Inspector Geral delle: Para que
ordene a todos, e a cada hum dos Contadores Geraes, que nas suas Re
partições tenhão sempre os Armazens provídos com a antecipação conve
niente das munições, que lhe forem ordenadas pelo sobredito Inspector
Geral. Em ordem a este indispensavel fim: Determino, que todas as
Ordens, que forem expedidas pelo sobredito Inspector para as compras,
embargos, transportes de mantimentos, e mais cousas concernentes a
esta importante administração, sejão promptamente executadas por to
dos os Ministros, e Oficiaes de Justiça, e Fazenda, debaixo das penas
de suspensão, privação dos seus oficios, e das mais que merecerem se
gundo a gravídade do caso; sem que para esses efeitos se faça necessaria
outra alguma Providencia Minha concedida em mais especificos termos.
As entregas do pão de munição, e da cevada, e palha serão feitas em quau
to ao peso, e medida, na fórma costumada, e até agora estabelecida pe
los Contratos dos Assentos: E em quanto ao modo, nos seus devidos
1762 877

tempos, em que se vencerem na fórma do costume; sem que de nenhu


ma sorte se possão antecipar pelos Feitores, ou receber pelos Oficiaes
de Guerra antes de se vencerem, sobpena de privação dos seus Póstos con
tra os segundos; e de serem despedidos das suas incumbencias, e paga
rem anoveadas as munições que anticiparem os primeiros. Nos casos nao
esperados, em que succeda não serem as referidas munições da boa qua
lidade, que tenho Ordenado para o mais saudavel sustento das Tropas;
os Oficiaes a quem tocar, precedendo os necessarios exames, darão con
ta da falta, que acharem, ao mesmo Inspector Geral do Meu Real Era
rio, para que este mande proceder contra os Feitores, que se acharem cul
pados, e dar as mais providencias, que forem convenientes. Todo o dinhei
ro preciso para as compras dos mantimentos, fabricas, transportes, e
mais despezas concernentes á mesma administração, será pago pelo The
soureiro Mór do mesmo Real Erario, e pelas Consignações, que tenho
applicado, e for Servido applicar para estas despezas: Levando-se em
conta ao mesmo Thesoureiro Mór as quantias, que pagar, procedidas
de generos, pelos recibos dos vendedores, rubricados pelos Contadores
Geraes das Repartições, a que tocar, e procedendo Despacho do Inspe
ctor Geral, com o qual se haverão por legitimos os ditos pagamentos,
sem a dependencia de outra alguma Ordem Minha. Para as contas, qué
os Feitores devem dar nas respectivas Contadorias, por onde forem no
meados: Ordeno, que os Védores Geraes no fim de cada mez fação Re
lações exactas das Livranças, que lhe forem apresentadas pelos ditos
Feitores, sem mais formalidade que a do Conhecimento de serem as di
tas Livranças legitimas, e passadas pelos mesmos Oficiaes, que nellas
se acharem assignados, nas concurrentes quantias dos seus vencimentos,
sem excesso deles, na fórma assima declarada: E isto de plano, pela
verdade sabida, e sem outra fórma de processo, ou dilação alguma; de
sorte que nos primeiros oito dias de cada mez se achem expedidas as
ditas Relações com as Livranças, a que se referirem, rubricadas, e ar
rumadas por numeros successivos, sobpena de suspensão, e das mais que
reservo a Meu Real Arbitrio. Mando, que a sobredita administração se
ja inteiramente dirigida pelo simples, e claro methodo mercantil, e que
mas contas della, que no fim de cada anno devem subir balanceada á
Minha Real Presença, se abonem ao Thesoureiro Mór, ao Escrivão, e
aos Contadores do Thesouro Geral, dous por cento sobre a total impor
tancia das despezas, que fizerem, para compensação das diminuições,
que costuma haver nos pagamentos, e distribuições feitas por parcellas
miudas. Aos Feitores, e mais Pessoas occupadas nesta administração
por Provimentos da Junta della, ficará competindo Aposentadoria acti
va, e passiva, para se lhes darem tanto para a sua habitação pessoal,
como para os Celleiros, Armazens, e Oficinas, todas as casas que lhe
forem precisas; gozando além disso cumulativamente de todos os outros
Privilegios, que até agora forão concedidos aos Assentistas, aos Ren
deiros das Minhas Rendas Reaes, e aos Contratadores do Tabaco; por
que a tudo (deve prevalecer a necessidade pública do sustento, e con
servação das Minhas Tropas, e defeza do Reino. O Conde Inspector Ge
ral do mesmo Real Erario o tenha assim entendido, e faça observar pe
lo que lhe pertence. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda ao 1.° de Ju
lho de 1762. (1) = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

. (1) Na mesma conformidade se dirigírão Decretos de participação ao Conselho de


Guerra, e á Junta dos Tres Estados.
878 1762

P oR quanto havendo os Meus Vassallos habitantes na Cidade do Porto


louvavelmente estabelecido, com faculdade Minha, algumas Fragatas
de Guerra, para cobrirem aquella Costa, e protegerem o commercio da
mesma Cidade, contra os insultos que frequentemente padecião; he justo,
e necessario, que ao mesmo tempo se criem Oficiaes com educação pa
ra aquelle importante serviço, como os sobreditos Me representárão: Hei
por bem crear doze Tenentes do mar, e dezoito Guardas Marinhas, pa=
ra servirem nas referidas Fragatas, com Aula, e Residencia na mesma
Cidade do Porto, e pagos pela mesma Repartição por onde se fazem as
mais despezas das referidas Fragatas: Os quaes ficarão em tudo, e por
tudo provídos, igualados, e graduados com os que Fui Servido crear
por Decretos de dous de Julho de mil setecentos sessenta e hum, e de
vinte e hum de Março do presente anno. O Conselho de Guerra o tenha
assim entendido, e faça observar pelo que pertence. Palacio de Nossa
Senhora da Ajuda, a 30 de Julho de 1762. = Com a Rubríca de Sua
Magestade. * * -
- -
* *

Impr. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo. |

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Cº…………… a grande decadencia a que nestes Reinos se reduzio a


Theorica, e a Prática da Artilheria, em que presentemente consiste a
principal força das Monarchias; e a indispensavel necessidade, que por
isso ha de conservar com sciencia, e exércicio os Córpos que se achão
estabelecidos para aquelle util, e necessario serviço: Ordeno, que não
só os Officiaes, mas nem ainda os Soldados dos Regimentos, e Córpos
da Artilheria possão passar para outros Regimentos, ou Córpos, sem
preceder Decreto Meu, ou Resolução tomada em Consulta do Conselho
de Guerra: E em havendo nos outros Regimentos alguns Soldados habeis,
e como taes qualificados por exame, e approvação dos Lentes das respe
ctivas Aulas da Artilheria, possão passar para os Regimentos, e Cór
pos della, fazendo-se-lhes as passagens por despacho dos respectivos Ge
neraes, sem outra formalidade alguma. O Conselho de Guerra o tenha
assim entendido, e faça executar, não obstante quaesquer ordens con
trarias. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 30 de Julho de 1762. =
Com a Rubríca de Sua Magestade. -

Impr. na Officina de Antonio Rodrigues Galhardo.


* ** * . * . +

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… -- * •

- , ,> . * …" #

C…………… a attenção, de que se faz digna a subsistencia dos Of


ficiaes, e Soldados, que com ardente, e louvavel zelo estão servindo nos
1762 | 879

Meus Exercitos: E procurando facilitar-lhes a brevidade, e promptidão


na cobrança dos seus respectivos soldos: Sou Servido, que o pagamen
to dos Oficiaes se faça no fim de cada dous mezes em mostras geraes,
como se praticárão até agora; passando nellas em revista todos os Regi
mentos, para todos os fins, que fizerão os objectos do estabelecimento
das referidas mostras: Exceptuando sómente o pagamento dos soldos dos
Soldados, Cabos de Esquadra, e Sargentos; porque estes serão feitos de
dez em dez dias, na conformidade das Minhas novissimas Ordens decla
radas no Papel, que baixa assignado por D. Luiz da Cunha, Ministro,
e Secretario de Estado dos Negocios da Guerra; as quaes determino qué
valhão, como se fossem neste Decreto incorporadas; sem embargo de
quaesquer Leis, Regimentos, Alvarás, Disposições, ou Estillos contra
rios, que todas, e todos Hei por derogados para este efeito sómente;
ficando aliás sempre em seu vigor. O Conselho de Guerra o tenha assim
eutendido, e faça executar pelo que lhe pertence. Nossa Senhora da A
juda a 31 de Julho de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.

JPAPEL, QUE SUA MAGESTADE ORDENOU QUE BAIXAS.


- ... se com o seu Real Decreto de trinta e hum de Julho de mil se
tecentos sessenta e dous, ao Conselho de Guerra.

S UA Magestade havendo resoluto que as Tropas do seu Exercito sejão


pagas de tal fórma, que aos Oficiaes se satisfação os seus soldos no fim
de cada dous mezes, e aos Soldados, Sargentos, e Cabos de Esquadra
no fim de cada dez dias: Ordena que para maior brevidade, e prompti
dão dos referidos pagamentos, se proceda na maneira seguinte.
Foi até agora a prática que se observou nos soccorros do pão de muni
ção, da cevada, e da palha, mandar cada hum dos Capitães o seu Sar
gento, ou Furriel despachar em cada semana, ou cada quinze dias a sua
Companhia: Extrahindo huma livrança formada do número das Praças
existentes para receberem por ella o competente mantimento.
Seguindo-se pois agora este mesmo methodo, determina Sua Ma
gestade, que as referidas livranças de mantimentos, que até agora se
extrahírão cada semana, cada quinze dias, e ás vezes só depois de hum
mez, sejão daqui em daqui tiradas de dez, em dez dias: Mandando
es Capitães indispensavelmente no dia nono os seus Furrieis, ou Sar
gentos, pôr correntes as suas Companhias, não só para os soccorros do
pão, cevada, e palha, como até agora fizerão, mas tambem para o re
cebimento dos soldos. " º : i . . * *

* Para se lhe expedirem as sobreditas livranças de mantimentos, e de


soldos, apresentarão os sobreditos Sargentos, e Furrieis certidões, ju
radas, e assignadas pelos seus respectivos Capitães, nas quaes declarem
em papeis separados o número existente de praças de soldo, de palha,
e cevada: Para que se não confunda o pagamento dos soldos com o das
munições de boca, devendo correr em contas separadas.
Os Commissarios de mostras, ou Escrivães dos mantimentos, pe
rante os quaes devem ser exhibidas as ditas certidões, puxando pela lis
ta de cada huma das Companhias de que se trata, antes de passarem a
outra diligencia, averiguarão as praças que por ella constar, que são naquel
le-dia existentes, para se lhes abonar soldo, e mantimento. E sobre esta
880 1762

averiguação
bilhete lhe farão
na maneira o despacho da Companhia de que se tratar por hum
seguinte: •

Regimento do Coronel. F. _*

Companhia do Capitão F. |-

Despachada para receber o soldo de dez dias de tantos


até tantos de tal mez, em que servírão tantos Soldados
a tanto por dia, a saber:
.... 3.... para tantos Sargentos. -

..... #Á ....
.... para
para tantos
tantos Cabos de Esquadra.
Soldados #### à tanto
*

cada hum.
.... # .... aoou
Soldado F., órc.
sete dias, que só venceo v. g., seis •

Somma tanto, de que se lhes deo este despacho, para ha


ver o pagamento do Pagador Geral, na fórma das Or
dens de Sua Magestade.

Logo que qualquer Commissario de mostras houver feito o sobredi


to despacho, deve fazer na Lista hum Termo de declaração por elle as
signado, na maneira seguinte:

Em tantos de tal mez despachou o Capitão F. a sua


Companhia com tantas praças existentes para receberem :

o soldo de dez dias, para o que se lhe deo despacho da


quantia de tanto; óc.
No dia decimo, tendo os Capitães de cada Regimento os despachos
das suas Companhias expedidos na sobredita fórma, os entregarão ao Fur
riel Mór com recibos ao pé, em que digão o seguinte:
Recebi do Pagador Geral F., a quantia de tanto, que
importa o pagamento dos Soldados, Sargentos, e Cabos
de Esquadra, que existem servindo na minha Compa
nhia, nos dez dias que corrérão de tantos ate tantos do . -
presente mez, como consta do despacho assima, é c.
A vista dos referidos despachos, e recibos, entregará indispensa
velmente o Pagador Geral, ou quem suas vezes fizer, aos Furrieis Mó
res a importancia dos Soldos de cada hum dos seus respectivos Regimen
tos, na sobredita fórma. * * * * .

Ao tempo em que os ditos Furrieis Móres chegarem com o dinhei


ro para o pagamento dos Soldados, se ajuntarão os Coroneis, Tenentes
Coroneis, e Sargentos Móres, e perante eles com os Regimentos for
mados se entregarão aos Capitães as porções de dinheiro, que forem res
pectivas ás suas Companhias, para no mesmo acto as repartirem aos Sol
dados, Cabos, e Sargentos, a quem tocarem, • * **

Para evitar demoras, e outros inconvenientes, prohibe Sua Mages


tade, que nas certidões de vencimento, que devem passar os Capitães,
e nas livranças, que em virtude dellas se lavrarem, se incluão os Sol
dados doentes nos Hospitaes, ou ausentes, e outros, cujos soldos por
qualquer outras causas, se hajão de pôr em deposito: Havendo o mesmo
Senhor dado providencia para os Hospitaes: E ordenando que aos Sol
\
1762 88 |

dados, que por qualquer causa deixarem de receber os seus soldos, achan
do-se depois que lhe devem ser abonados, se lhes abonem nos despachos
seguintes, com declaração da causa que para isso houve.
Em ordem ao mesmo fim da maior expedição dos Commissarios de
mostras, Oficiaes que com elles servem, Pagadores Geraes, e por con
sequencia do maior desembaraço, e brevidade dos pagamentos dos refe
ridos soldos: Determina Sua Magestade, que os ditos pagamentos se abo
nem, e sejão levados em conta pelos recibos dos Capitães expedidos na
sobredita fórma, sem a dependencia de outra alguma formalidade, ou
processo, que não seja conferencia dos mesmos recibos com os Termos
das Listas assima ordenados. •

• Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 31 de Julho de 1762. =


Dom Luiz da Cunha.

Impr. com o Decreto antecedente na Officina de Anto


nio Rodrigues Galhardo.
*-+"<>"# *#

Tendº consideração a não haverem sido incluidos no Meu Real Decre


to de vinte e sete de Abril do anno proximo passado de mil setecentos
e sessenta e hum, porque Fui Servido regular os uniformes dos Oficiaes
das Minhas Tropas, os que com Patentes assinadas pela Minha Real Mão
occupão os Póstos dos Terços Auxiliares, e Ordenanças: Hei por bem
ampliar a graça, que aos sobreditos Oficiaes permitti pelo referido De
creto, aos ditos Oficiaes dos Terços Auxiliares, e Ordenanças, para que
possão usar dos mesmos uniformes, que pela graduação das suas Paten
tes lhes competirem na conformidade do referido Decreto, dispensando
para este efeito a Pragmatica. O Conselho de Guerra o tenha assim en
tendido, e faça expedir nesta conformidade as ordens necessarias. Pala
cio de Nossa Senhora da Ajuda a 24 de Agosto de 1762. = Com a Ru
bríca de Sua Magestade.
Impr. na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.

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Nao tendo sido da Minha Real Intenção alterar a ordem regular das
antiguidades do Exercito com prejuizo daquelles Oficiaes, que se acha
vão na quasi posse dellas por legitimos titulos, ao tempo em que outros
passárão por ordem Minha a occupar maiores Póstos: Sou Servido orde
nar, que as antiguidades de todos os Oficiaes do Meu Exercito se regu
lem pelo que determina o Decreto de trinta de Abril de mil setecentos
e trinta e cinco; a Minha Real Resolução de trinta de Janeiro de mil se
tecentos e cincoenta e quatro; e Aviso, que mandei fazer ao Meu Con
selho de Guerra em vinte de Maio do referido anno. O mesmo Conselho
de Guerra o tenha assim entendido, e faça executar. Palacio de Nossa
Senhora da Ajuda a 25 de Agosto de 1762. <= Com a Rubríca de Sua
Magestade. •

. . . Impr. na Oficina de Antonio #"Galhardo.


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882 1762

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Sendo informado dos grandes incovenientes, que tem resultado ao Meu


Real serviço dos conflictos de Jurisdicção entre os Oficiaes de menor Pa
tente, que com especial commissão forão encarregados da defeza das Pra
ças; e entre os mais graduados, em quem faltando os Governadores, re
cahião os governos das mesmas Praças: quando por huma parte he tão
difficultoso achar Oficiaes com todos os requisitos necessarios para desem
penharem tão importantes commissões; e pela outra parte o recahir o go
verno neste, ou naquelle Oficial, não depende mais do que da méra con
tingencia, a cuja casualidade não deve de nenhuma sorte estar sujeita a
defeza das Praças, de que depende a do Reino: Conformando-Me com
o que a este respeito se pratíca nos outros serviços militares da Europa:
Ordeno que todos, e quaesquer Officiaes, que por especial ordem, e com
missão Minha, ou dos Generaes em Chefe dos Meus Exercitos, se achão,
e acharem encarregados pessoalmente da defeza das Praças, em tudo o
que tocar á ordem do serviço, guarda das Fortificações, e á defeza del
las, possão, e devão commandar os Oficiaes mais graduados, sem que
nelles hajão de recahir as disposições, e ordens aos ditos respeitos, se
não naquelles casos em que não houver Oficiaes especialmente nomea
dos para ellas. Porém a economia, e disciplina interior de cada Regimen
to, ficarão sempre pertencendo aos Chefes delles sem dúvida alguma, e
e sem que nellas se possão ingerir os sobreditos Oficiaes encarregados
especialmente da direcção, e guarda das Fortificações, e defeza das Pra
cas. O Conselho de Guerra o tenha assim entendido, e faça executar,
não obstantes quaesquer Disposições, ordens, ou costumes contrarios,
que todos, e todas Hei por declarados na sobredita fórma, para que as
sim se fique observando inviolavelmente. Palacio de Nossa Senhora da
Ajuda a 11 de Setembro de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

# #*<>$ $

EU ELREI Faço saber aos que este Alvará virem: Que sendo tão no
torias as invasões, e estragos, que os Exercitos de Castella tem feito
neste Reino, como as Extraordinarias despezas, com que desde os prin
cipios do presente anno tenho esforçado as faculdades do Meu Real Era
rio, assim no nunca visto número de Tropas, que constitue os Meus
Exercitos, como nas tambem nas não vistas quantidades de Armamentos,
Artilharias, e de toda a sorte de Munições de Guerra, e de boca, que
a indispensavel necessidade pública da natural defeza da Dignidade , e
segurança da Minha Coroa, e da Liberdade, e Protecção dos Meus Fiéis
Vassallos fez necessario accumular, e accrescentar de dia em dia, cada
vez mais, á proporção, que se forão manifestando as forças, com que os
Meus Reinos tem sido, e se achão acommettidos, e hostilisados: E sendo
igualmente notorio que, não obstante conhecer Eu que a dita indispen
savel necessidade pública de huma tão natural, e instante defeza, por
1762 883

todos os Direitos, Divino, Natural, e das Gentes, havia constituido


aquella Lei suprema, que, sendo superior a todas as outras Leis, e Pri
vilegios, faz com que a urgente causa da saude pública só se contemple
exclusivamente em semelhantes casos para fazer regra impreterivel; na
da bastou com tudo até agora para a Minha Paternal Clemencia estabe- -
lecer novas exacções, e impostos sobre os Meus Vassallos; ao mesmo
tempo, em que por huma parte Me achei sempre constituido na certeza
do amor, zelo, e fidelidade exemplares, com que todos se oferecerão,
e dispozerão desde a primeira hora em que se Me rompeo esta escandalo
sa Guerra, a derramarem a ultima gota do seu sangue, e a dispenderem
todos os seus cabedaes sem reservar alguma para Me sustentarem, até
extinguir a mesma escandalosa Guerra pelo meio de huma vigorosa defe
za; e em que pela outra parte Fui com igual certeza informado das exor
bitantes, e excessivas contribuições, e nunca de antes praticadas Col
lectas, que o Governo de Castella tem imposto sobre todos os bens, e
rendas dos seus Vassallos, não para defender-se, mas sim para proseguir
com maior violencia a dita Guerra meramente voluntaria, e manifesta
mente ofensiva. Porém não podendo já em tão urgentes, e extremosas
circunstancias, deixar de fazer uso dos sobreditos Direitos, e do Supre
mo Poder, que nellas Me authorisa; e menos deixar de Me servir da
quelle amor, zelo, e fidelidade dos Meus Leaes Vassallos; sem faltar ás
obrigações, que devo á Minha Coroa, e que Me impõe a protecção dos
mesmos Vassallos; quando ambas estas obrigações são indissoluvelmente
inherentes á Minha Real Pessoa: Procurando ainda em tal caso gravar
os mesmos Vassallos o menos que cabe no possivel, quanto a Mim está:
E havendo considerado, que a Decima dos bens, e rendas, mandada
arrecadar pelo Regimento de nove de Maio de mil seiscentos e cincoen
ta e quatro, não sendo contribuição nova, e desusada, foi antes por sua
natureza estabelecida para as despezas da Guerra; e foi aquella, que por
prudentes combinações, e provadas experiencias se julgou mais igual, e
menos onerosa aos Póvos, nos quaes paga cada pessoa á proporção do que
tem sómente de dez hum, e lhe ficão livres nove para se sustentar ; ao
mesmo tempo, em que nos outros Reinos da Europa são tanto mais ex
cessivas as Collectas, que em muitos delles estão actualmente pagando
os Vassallos o Quinto, o Quarto, e Terço de todas as suas rendas: Sou
Servido que do primeiro do mez de Outubro proximo futuro em diante,
em lugar do Quatro e meio por cento, que até agora se arrecadou a fa
vor do Exercito, se cobre a Decima de todas as rendas, tratos, maneios,
e ordenados, que se contém no Regimento de nove de Maio de mil e
seiscentos e cincoenta e quatro, na conformidade delle, e da fórma que
dei para a cobrança desta Collecta nas Minhas Leis de vinte e dous de
Dezembro do anno proximo passado de mil setecentos e sessenta e hum
com as declarações seguintes. Primeira: Que por quanto por hum abuso
contrario á mesma Lei se não lança presentemente Quatro e meio por
cento ao dinheiro dado a juro, por Escritos particulares, ou Escrituras
publicas: Se pagará daqui em diante a Decima dos referidos juros parti
culares, como de todas as outras rendas, sem excepção alguma. Segun
da : Que a sobredita Decima, em quanto durarem as despezas da Guer
ra actual, se deve pagar inteiramente de todos os bens, rendas, ordena
dos, maneios, e oficios declarados no sobredito Regimento de nove de
Maio de mil seiscentos e cincoenta e quatro, sem diminuição, sem ex
cepção, sem diferença, e sem Privilegio algum, qualquer que elle seja;
porque os não póde haver para

dºis… "f" tttt 2inde fezo em quanto du
884 + 1762

rar a presente Guerra; finda a qual, e a indispensavel necessidade, que


ella tem constituido, darei providencia para que aquelles, que entre os
ditos Privilegios forem dignos de especial attenção, sejão restituidos á
sua observancia. Terceira: Que cada hum pague completamente a deci
ma parte da renda, ou interesse, que tiver, sem dolo, ou engano: Evi
tando-se os abusos, e desigualdades, que ha sobre esta materia; como
por exemplo, pagarem os que tem juros, tenças, e ordenados pelas Fo
lhas delles tudo o que na verdade devem; quando hum dono de proprie
dades de Casas, de Quintas, ou Fazendas, que rendem duzentos, ou
trezentos mil réis, e mais, só paga dous, ou tres mil réis pelas lucrosas
contemplações dos Lançadores; quando pelas dos Escrivães ficão de fóra
muitas das ditas propriedades; e quando hum Negociante, que maneia
cincoenta, ou cem mil cruzados de cabedal, em que lucra vinte, ou mais
por cento ao anno, sómente paga doze, ou dezeseis tostões por efeito
das mesmas contemplações. Quarta: Que os Superintendentes desta ar
recadação antes de procederem aos lançamentos, dem o juramento a to
dos os donos das Casas, e Fazendas, ou seus Procuradores, e aos que
pagão maneio, para declararem a totalidade das suas respectivas rendas,
e lucros na presença dos mesmos Superintendentes, e para a esse respei
to se proceder depois aos referidos Lançamentos: Os quaes pelo que to
ca aos Prédios urbanos das Cidades, e Villas, serão feitos por Mestres
Pedreiros, e Carpinteiros perítos: Pelo que toca aos Prédios rusticos, se
rão feitos por Fazendeiros: E pelo que toca aos maneios, serão feitos por
Pessoas de cada huma das Profissões dos Collectados. Quinta: Que da
publicação deste em diante se não possa dar, nem receber dinheiro aju
ro, sem se manifestar perante o Superintendente do Bairro, ou Districto,
a que pertencer, para o lançar em hum Livro de Manifesto, que have
rá para este efeito, debaixo das penas de que a Pessoa, que tal dinheiro
der, não terá acção para o repetir em juizo, ou fóra delle; e de mais per
derá outra tanta quantia como houver dado, ametade para quem o de
latar, e outra ametade para as despezas dos Hospitaes do Exercito: E
isto com tal declaração, que os ditos Livros de Manifesto serão guarda
dos pelos Superintendentes em inviolavel segredo dentro nas suas casas,
e gravetas, sem delles poderem passar as mãos dos Escrivães. Sexta:
Que os Manifestos dos Dinheiros, que ao tempo da publicação deste se
acharem dados a juro para pagarem a Decima do primeiro de Outubro
em diante, se farão com o mesmo segredo até o ultimo de Dezembro pro
ximo seguinte, debaixo das mesmas penas assima declaradas. Setima:
Que semelhantemente os donos dos Prédios, ou urbanos, ou rusticos,
declarando que elles tem menos rendimento do que tiverem na realidade,
não poderão pedir em juizo, nem fóra delle aos Inquilinos, ou Rendei
ros, os preços dos seus arrendamentos; antes serão por elles perdidos com
as mesmas applicações assima ordenadas: E havendo cobrado os mesmos
rendimentos adiantados, serão obrigados a repollos executivamente como
se cobrão as dívidas da Minha Real Fazenda, no caso de se achar en
gano.
- E este se cumprirá tão inteiramente como nelle se contém, sem
dúvida, ou embargo algum. Pelo que: Mando á Junta dos Tres Estados,
Inspector, e Lugar-Tenente do Meu Real Erario, Meza do Desembar
go do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Conselheiros da Minha
Fazenda, e do Conselho Ultramarino, Meza da Consciencia, e Ordens,
Junta do Tabaco, Senado da Camara, Governador da Relação, e Casa
do Porto, Junta do Commercio destes Reinos, e seus Dominios, Desem
1762 885

bargadores, Corregedores, Provedores, Juizes de fóra, e mais Magis


trados, Officiaes de Justiça, ou Fazenda, a quem o conhecimento deste
pertencer, o cumpräo e guardem, e fação inteiramente guardar, como
nelle se contém, não obstantes quaesquer Leis, Ordenações, Regimen
tos, Alvarás, Provisões, ou Estilos contrarios, que todos, e todas para
estes efeitos sómente Hei por derogados como se de todos, e cada hum
delles fizesse especial, e expressa menção, ficando aliàs sempre em seu
vigor. E ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Conselho, De
sembargador do Paço, e Chanceller Mór destes Reinos Mando, que o
faça publicar na Chancellaria, e que delle se remettão Cópias a todos os
Tribunaes, Cabeças de Comarca, e Villas destes Reinos; registando-se
em todos os lugares, onde se costumão registar semelhantes Alvarás, e
mandando-se o Original para a Torre do Tombo. Dado no Palacio de
Nossa Senhora da Ajuda aos 26 de Setembro de 1762. = Com a As
signatura de ElRei, e a do Ministro. *

Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei


no no Livro I, das Cartas, Alvarás; e Patentes a
fol. 116. vers., e impr. na Officina de Antonio Ro
drigues Galhardo. -

#=#*<>"#=#

S…nº informado de que sobre a execução do Alvará de vinte e seis de


Setembro proximo passado, no qual com o justo motivo da Guerra de
fensiva, a que Me acho obrigado, e das nunca até agora vistas despe
zas, que ella trouxe comsigo, Mandei restabelecer o Subsidio Militar
da Decima, que requer huma arrecadação tão prompta como são im
prorogaveis as urgencias dos Meus Exercitos, se tem oferecido aos Mi
nistros Executores do mesmo Alvará muitas dúvidas cuja decisão sendo
reduzida a termos ordinarios, seria incompativel com a brevidade, que
requerem de sua natureza as applicações a que o mesmo Subsidio se a
cha necessariamente destinado: Havendo mandado conferir as sobreditas
dúvidas por Ministros do Meu Conselho, e Desembargo muito doutos,
e zelosos do Decóro, e segurança da Minha Coroa, e do bem commum
dos Meus Vassallos: E tendo-Me conformado com o que Me foi por el
les consultado para a decisão das referidas dúvidas nas Instrucções, que
baixão com este assignadas pelo Conde de Oeyras, Ministro, e Secre
tario de Estado dos Negocios do Reino: Sou Servido que as mesmas Ins •
trucções tenhão força de Lei, e se observem literalmente como se neste
Decreto fossem incorporadas, sem dúvida, restricção, embargo, ou in
terpretação alguma qualquer que ella seja; e não obstante quaesquer Leis,
Regimentos, Alvarás, Decretos, Resoluções, ou Disposições contrarias,
que Hei por derogados para este efeito sómente ficando aliás sempre em
seu vigor. A Junta dos Tres Estados o tenha assim entendido, e faça
observar pelo que lhe pertence, Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a
18 de Outubro de 1762. (1) = Com a Rubríca de Sua Magestade.

(1) Na mesma conformidade baixou Decreto ao Conselho da Fazenda, para o exe


cutar pela Parte que lhe toca. •
886 1762

INSTRUCÇÕES, QUE SUA MAGESTADE MANDA EXPEDIR


aos Ministros Executores da Lei de vinte e seis de Setembro deste
*

presente anno, que restabeleceo a cobrança do Subsidio


Militar da Decima.

Quanto a Lisboa, e seus suburbios. * * *

Havendo mostrado a experiencia que as nomeações do abreviado


número de Lançadores que forão estabelecidos pelo Regimento; a cer
teza delles continuarem por muitos annos; a facilidade de serem escu
sos; e a fórma de arrecadação, que ultimamente se tem introduzido;
derão causa a abusos incompativeis com a necessidade pública, que faz
indispensavel a regular prestação deste Subsidio: Deo Sua Magestade
aos ditos respeitos as provideucias seguintes.
PRIMEIRA PR o VI D E N C I A.
1 Cada hum dos Superintendentes particulares dos Bairros, ou Fre
guezias depois de haver tomado muito cuidadosa, e diligentemente to
das as informações possiveis para qualificar as Pessoas de maior intelli
gencia, probidade, e zelo dos seus respectivos districtos, escolherá as
seis Pessoas, que achar mais idoneas de cada huma das tres profissões
abaixo declaradas, e remetterá os seus Nomes, e qualidades em carta
fechada á Real Presença de Sua Magestade pela Secretaria de Estado
dos Negocios do Reino para o mesmo Senhor esolher entre os propostos
os tres, que lhe parecerem mais idoneos em cada huma das ditas Pro
fissões; e para fazer logo baixar Decretos de nomeação delles expedidos
immediatamente aos mesmos Superintendentes particulares: Os quaes
lhes tomarão os necessarios juramentos; e entrarão logo a fazer com el
les os Lançamentos, sem demora, ou interrupção alguma na fórma a
baixo ordenada.
2 O mesmo Senhor mandará participar á Junta dos Tres Estados, e
Superintendencia Geral os Decretos das sobreditas nomeações: Com tal
declaração, que estes Lançadores nomeados por Sua Magestade não pos
são ser suspensos, desobrigados, ou substituindo-se sem preceder Consul
ta da mesma Junta, e Resolução Régia.
* * S E G U N. D,A P R O V I D E N C I A.

3 Os referidos Lançadores serão nove em cada Repartição a saber:


Tres Negociantes pelo que pertence ao Commercio: Tres Mestres de
obras dos Oficios de Pedreiro, e Carpinteiro pelo que pertence ás pro
priedades de Casas, e predios urbanos: E tres Artifices da Casa dos
vinte e quatro pelo que pertence aos maneios dos Oficios da mesma Ca
sa; accrescentando-se
bredita Lei para obviarhum
aos Lançador
empates. aos que forão determinados na so

4 E havendo mostrado a experiencia os prejuizos, que se tem segui


do á Fazenda Real, e ás partes da nomeação dos Thesoureiros particu
lares nomeados, e abonados pelos Lançadores: He Sua Magestade Ser
vido abolir os ditos Thesoureiros, e absolver os Lançadores do referido
encargo, Ordenando, que desde logo por huma parte se estabeleça na
1762 | 887

casa de cada hum dos Superintendentes particulares hum Cofre com tres
chaves das quaes ele tenha huma; outra o Escrivão do seu cargo; e a
terceira aquelle dos Lançadores, que sahir por sorte entre os nove: Pe
la outra parte, que as receitas, e despezas se fação sempre á boca dos
referidos Cofres em dias, e horas para isso determinados, que não serão
menos de tres tardes cada semana em quanto durar a cobrança de cada
Semestre: E pela outra parte em fim que os livros dos Lançamentos, e
descargas se conservem sempre dentro nos mesmos Cofres sem dellespo
derem sahir de modo algum para as mãos de terceiras pessoas quaesquer
que ellas sejão.
T E R C E IR A P R O V I D E N C I A.
5 Para que cessem todas as fraudes com que humas vezes por vin
gança se tem lançado a algumas partes muito mais do que devem; ou
tras se tem ommittido propriedades inteiras, por muitos, e successivos
annos; outras se tem lançado em quantias insignificantes, enormissima
mente lesivas dos fins com que se estabeleceo este Subsidio para ficar
inutil: He Sua Magestade Servido, que no Lançamento delle; obser
vando-se o disposto no Regimento de nove de Maio de mil seiscentos e
cincoenta e quatro, em quanto á substancia, se proceda em quanto ao
modo da arrecadação na maneira seguinte.
6 Todos os Lançamentos de prºpriedades de Casas se farão pessoal
mente pelas ruas da Cidade, e seus suburbios debaixo da inspecção oc
cular dos respectivos Superintendentes, e Lançadores: Principiando pe
lo lado direito de cada rua: Descrevendo, e numerando especificamen
te cada propriedade debaixo de separado Titulo: Continuando-se sem in
terpolação pela ordem successiva, e rigorosa dos numeros, que forem se
guindo, os quaes serão tantos, quantas forem as propriedades: E obser
vando-se depois o mesmo pelo lado esquerdo de cada huma das referidas
ruas: Tudo na mesma conformidada do que se praticou na calamidade
do Terremoto para se conservar a distincção das propriedades dos dife
rentes donos, em commum beneficio dos que as possuião.
7 Consistindo alguma, ou algumas das mesmas propriedades em di
versas habitações occupadas por diferentes Inquilinos, se comprehende
rão todas debaixo da mesma denominação do dono a quem pertencerem ;
e debaixo do mesmo identico Titulo: Principiando-se pelas lojas com a
declaração de quantas são; do preço em que andão de renda, ou de af
foramento; das profissões das Pessoas, que as occupão, sendo daquelas
que devem maneio na conformidade do Titulo II. do Regimento da De
cima: Passando-se na mesma conformidade aos primeiros andares: Del
les aos segundos, terceiros, e quartos, se os houver: E escrevendo-se
as importancias das sobreditas rendas por letra, e não por algarismo.
8 Os ditos Arruamentos se farão em hum Livro, que haverá em ca
da Freguezia para este efeito rubricado, e enserrado pelos respectivos
Superintendentes, e sujeito á Inspecção, e Correição do Superintenden
te Geral, que o ficará sendo daqui em diante, não só do Termo, mas
tambem da Cidade. |-

9 - Assim como os ditos Arruamentos se forem lançando no referido


Livro, se irão fazendo por elle, e pela mesma ordem da sua letra em
Livro separado os Lançamentos da Decima em casa dos respectivos Su
perintendentes com assistencia dos competentes Lançadores: Declaram
do-se tudo por termos formulados na maneira seguinte.
888 1762

Rua chamada N. pelo lado direito. > }

+ J - |-

1o º Número I. Propriedade de N. que consta de tantas lojas ar


» rendadas cada huma dellas em preço de tanto; tantos primeiros anda
» res a preço de tanto cada hum; tantos segundos andares óc., que to
» dos sommão a total importancia de tanto, como consta do Livro do Ar
» sabe
» ruamento
: a fol. De cuja quantia
• - «".
• •
vem á Decima tanto com que se
• • •

">

continuando se assim nas mais propriedades: E procedendo-se na mesma


fórma em todas as outras Ruas, e Casas adjacentes a ellas até o fim de
cada Freguezia. _ * * * * . . - -

11 O primeiro Lançamento, que se fizer agora para este primeiro


quartel da Decima, ficará servindo para todo o anno proximo seguinte;
e ficará sempre existindo, e servindo de cabeça de receita para as con
tas da referida Decima como systema certo, e inviolavelmente fixo para
a sua arrecadação. • +

12 Com tal declaração porém que mudando de Donos algumas pro


priedades, se averbarão nas margens dos seus assentos para constar dos
outros Donos a quem passarem: Havendo accrescimo nas rendas se lan
çarão em conta addicional, e separada no fim de toda a importancia do
rendimento de cada Freguezia, como partidas de receita: E havendo de
minuições, ou descontos justificativos, se lançarão na mesma conta ad
dicional, e separada, como partidas de despezas; com tanto que para es
tas diminuições, ou descontos, ou para os abatimentos, que por elles se
devem fazer, procedão informações dos respectivos Lançadores: repos
tas do Superintendente da Freguezia a que tocar; e despachos do Supe
rintendente Geral, que (por ora em quanto Sua Magestade não mandar
o contrario) bastariào para livrar as partes dos descommodos de maiores
delongas.
13 Para os maneios, haverá outro Livro distincto rubricado, e enser
rado na sobredita fórma. Nelle pela mesma ordem de letra dos Arrua
mentos, se lançará o que a cada hum pertencer do trato da sua negocia
ção, oficio, ou salario, pelo justo arbitramento dos Lançadores: Lan
çando-se para cada pessoa hum termo na maneira seguinte. -

Rua de N.

14 º Número I. N. Homem de Negocio pelo seu maneio, por exem


» plo, cinco, dez, quinze, vinte mil reis, ou o que na verdade
» for de mais, ou de menos com que se sabe, ó c. 5
15 º Número II. N. Mestre, ou Oficial de tal Officio tanto com
» que se sabe, ó c. • 3
16 º Número III. N. Caixeiro, ou Moço, é c. como assima. 3
Q U A R T A P R O V I D E N CIA.
17 Para livrar as partes das repetições de pagamentos, e multiplici
dade de diligencias a que tem dado causa as Quitações, que lhe davão
os Oficiaes subalternos, em bocadinhos de papel de facil distracção, pe
las insignificantes parcellas, que das mesmas partes cobravão por rateios:
He Sua Magestade Servido, que daqui em diante se fação as cobran
ças, e se dêm as descargas dellas na maneira abaixo declarada.
1762 889

18 No dia sete de Janeiro proximo seguinte se porão Editaes nas por


tas das Freguezias com o termo prefixo, que lhes for assignado para irem
as partes pagar á boca do Cofre as quotas que deverem pelo presente
Quartel. O mesmo se ficará depois praticando para os pagamentos dos
Semestres que se forem seguindo. Em tal fórma, que para o pagamento,
que houver de fazer cada hum dos ditos proprietarios de Casas, e mais
Predios urbanos em cada Freguezia, se extrahirá do Livro dos Lançamen
tos della huma exacta, e integral Relação do que cada hum houver de
pagar por todas as propriedades da mesma Freguezia com a distincção
-das partidas, e declaração das Folhas do Livro do Lançamento donde se
extrahirem; e com a somma final da inteira importancia de todas: Para
que pagando o Collectado a dita importancia no termo dos Editaes; por
huma parte se lhes passem gratuitamente, por bem do serviço Real seus
conhecimentos em fórma com que fiquem desobrigados; e pela outra par
te se declare na margem dos seus assentos, que tem pago por verbas ru
-bricadas pelos tres clavicularios assima referidos.
19 Porém não pagando os mesmos Collectados no referido termo: E
devendo-se por isso fazer execução: Se não fará esta pela via de rateio,
“como se praticou até agora, nem por outra alguma maneira , que não
seja a de se fazer a dita execução na renda de hum Inquilino que baste
-para comprehender as dívidas de todos, ou em dous, não bastando hum
para completar a importancia da dívida: Entregando-se nesse caso ao
Inquilino executado o conhecimento em fórma do que houver pago para
lhe servir de descarga com o Proprietario originalmente devedor.
20 : Para os Lançamentos dos juros particulares haverá outro Livro se
parado no qual se lançarão os Nomes dos devedores dos mesmos juros em
cada Freguezia por ordem Alfabetica com termos lavrados na maneira se
"g uinte.
21 º N. morador em tal Rua, ou lugar, tem a razão de juro a tan
» to por cento de N. por escritura celebrada nas Notas de N. , em tan
º tos de tal Mez, e Anno a quantia de tanto da qual deve de Decima do
º referido juro tanto com que se sahe +--

22 O pagamento da referida Decima será sempre feito pelos devedo


res dos juros para os descontarem aos Acrédores delles, como se pratíca
com os juros Reaes; Fallando sempre os Editaes com os primeiros: E
fazendo-se as execuções em seus bens nos casos de não pagarem a seus
devidos tempos. •

23 Devendo a importancia deste Subsidio remetter-se ao Erario Ré


gio donde sahe a despeza das Tropas, e Exercitos , a que he applicado
o mesmo Subsidio: Ordena Sua Magestade, que cada hum dos ditos Su
perintendentes mande até o fim do presente anno ao Thesoureiro Geral
do mesmo Erario huma cópia completa, e authentica dos tres Livros dos
Lançamentos dos Predios urbanos, maneios, e juros particulares, para
de tudo se tomar razão no sobredito Erario.
24. Sua Magestade manda declarar, que não he da sua Real inten
ção alterar a disposição do Regimento das Decimas na parte em que man
da que os Lançamentos das rendas das Casas se fação com o abatimen
to de dez por cento para concertos dellas.
Quanto ao Termo de Lisboa, e Predios, que nelle se comprehendem.
25 . Porque a experiencia tem mostrado, que na fórma dos Lançamen
tos dos referidos Pradios tem havido os mesmos, e ainda maiores abu
Vvvvy
89C) 1762
sos, que se praticárão nos Predios urbanos não obstante as bem conside
radas providencias, que nos Titulos II., e III. do sobredito Regimento
de nove de Maio de mil seiscentos, e cincoenta e quatro se estabelecêrão
para a regular prestação deste Subsidio: E para que reduzindo-se esta
a termos mais simples, e menos sujeitos a arbitrios particulares possão
cessar os referidos abusos quanto possivel for: Determinou o mesmo Se
nhor a este respeito o seguinte, º -

26 - Nos Lançamentos das Casas dos lugares do Termo, maneios, e


dinheiros de juros, se observará o mesmo que fica estabelecido para a Ci
dade de Lisboa sem diferença alguma, pelos respectivos Superintenden
tes particulares, que o mesmo Senhor manda encarregar deste estabe
lecimento. º |-

27 Nas Quintas, e mais fazendas, que se acharem arrendadas a di


nheiros se praticará tambem o mesmo, que se acha determinado pela Lei
de vinte e seis de Setembro proximo passado, e pela presente Instrucção,
com o desconto de dez por cento para os concertos das Casas , e Ofici
nas deduzidos dos preços, que por escrituras publicas, ou por escritos
razos feitos com boa fé, constar que rendem as ditas propriedades. . ,
28 Nas rendas de Cazaes, e terras de pão que forem certas, e pro
vadas na sobredita fórma sem dolo, ou engano se fará a conta a razão
de tres tostões por alqueire de trigo, ou farinha, e de cento e cincoen
ta réis por cada alqueire de cevada, milho, e mais segundas: Para a es
te respeito pagarem a Decima com o mesmo abatimento de dez por cen
to para os concertos das Casas onde as houver. |

29 Nas Quintas, que, consistindo em pomares de espinho, ou caro


ço, e em vinhas, e hortas, andarem por conta de seus donos; fazendo
se a conta ao que renderem nos cinco annos proximos precedentes, pa
ra delles se deduzir o preço medio na fórma do Regimento; se lançará Deci
ma sómente a ametade do referido rendimento medio, ficando a outra a
metade para as Fabricas, e amanhos das referidas Quintas.
30 Nas terras, que andarem da mesma sorte por conta de seus do
nos se lançará a Decima aos alqueires de trigo, ou segunda, que ellas
costumão produzir, sómente pelas semeaduras, que levarem, sem outro
algum acerescimo, ou abatimento; estimando-se os ditos fructos pelos pre
e
ços assima declarados. … .. … * * * * *

31. Nas, rendas das Azenhas de Agua, e Moinhos de Vento, que an


darem arrendados; fazendo os concertos por conta dos Moleiros, se aba»
terão sómente dez por cento, para os concertos das Casas: Se porém fi
zerem por conta de seus donos se lhe abaterão trinta por cento para con
certos dos engenhos, e levadas, e mais despezas ordinarias.
32 Nos Olivaes, que andarem arrendados a dinheiro se lançará a De
cima sem desconto algum. Se andarem a Azeite, a razão de dez tostões
por cada almude sem desconto algum. E se andarem por conta de seus
Donos, se arbitrará o que póde render sem excesso, ou diminuição con
sideravel por Louvados, dos quaes hum seja nomeado pelas partes inte
ressadas; outro por conta da Fazenda Real; e hum terceiro para desem
pate, tirado por sortes entre seis dos quaes escolherão tres os Superin
tendentes, e os outros tres as partes interessadas. O preço que se deci
dir na sobredita fórma ficará fazendo regra inalteravel para por elle se
pagar a Decima, com o abatimento de ametade da sua importancia para
as despezas dos amanhos, e colheitas. E o preço do referido Azeite fica
rá tambem logo liquido a dinheiro pela estimação dos dez tostões por al
mude na fórma assima declarada. , ,, º … »:
* * * *
{1762 |- 891 |

: ' 33 Os Superinténdentes" particulares, que Sua Magestade nomear


para as Freguezias do Termo, serão da mesma natureza, e terão a mes
uma jurisdicção, que tem os das Freguezias da Cidade de Lisboa; só com
a diferença de que para os Lançamentos das Quintas, Cazaes, Olivaes,
e terras proporão ao dito Senhor seis homens fazendeiros com as qualida
dessassima declaradas para delles nomear os tres, º que lhe parecerem :
"Estabelecendo cada hum dos ditos Superintendentes cofre em sua casa
na sobredita fórma, e rubricando, e enserrando os Livros, que com elles
servirem debaixo da inspecção, e Correição do Superintendente Geral.
* 34 - Assim estes Superintendentes do Termo como os da Cidade serão
obrigados a apresentarem ao dito Superintendente Geral até o fim de Ja
neiro proximo seguinte os Conhecimentos em fórma de entrega na The
souraria Mór do Erario Régio das importancias do Quartel que finda no
ultimo de Dezembro deste presente anno: e dahi por diante de seis em
seis mezes, na conformidade do Paragrafo vinte e dous do Titulo II. da
-Lei dada em vinte e dous de Dezembro do anno proximo, passado sobre
a fóruma da arrecadação da Fazenda Real, e privativa jurisdicção para
se descidirem as dúvidas que a respeito della occorrerem. . . . . **
3. ^ * * * ". ",, , , •
- *

• •

… … ….… …

Quanto ás Provincias
- *
do Reino.
- - - + \
- -

-
** *
-

rº 35 . Em cada cabeça de Comarca será sempre Superintendente Geral


o Corregedor, ou Ouvidor della em quanto. Sua Magestade assim o hou
ver por bem, e não mandar o contrario: Nas terras, que forem Cabeças
das mesmas Comarcas, e nas que não tiverem Juizes de Fóra farão os
mesmos Corregedores ossLançamentos, os quaes nas o terras de Donata
- rios serão
zenda feitos pelos Provedores
Real.. "; das Comarcas,
o . . comora"
Contadores
• , ,,
• , … da Fa

e º 36. Nas Cidades, e Villas de cada huma das ditas Comarcas, e seus
suburbios, se farão os Lançamentos com a mesma arrecadação de Livro,
e com a mesma formalidade, que fica, assima estabelecida para a Cida
de de Lisboa, e seu Termo, em tudo o que forem.applicaveis. Porém
as propostas dos Lançadores se farão ás Juntas das Cabeças das mesmas
Comarcas compostas do Corregedor, do Provedor , do Juiz de Fóra, ou
dos que seus cargos servirem; de hum Nobre, e de hum do Povo; elei
tos pelas Camaras, para dos seis que lhe forem propostos de cada profis
são escolherem os tres, que lhe parecerem mais idoneos, ou mandarem
proceder a segundas propostas; no caso em que não achem habeis os que
nas primeiras vierem nomeados. * * … " ….…º
. .} * *

37. Pelo que pertence á ordem das precedencias, e eleições de The


soureiros, e Escrivães da referida Junta, se observará o disposto no Pa
vagrafo quarto do Titulo primeiro do dito Regimento de nove de Maio de
mil seiscentos cincoenta e quatro. Pelo que toca aos cofres, dos Superin
tendentes particulares das Villas, se praticará o que fica determinado a
respeito dos Superintendentes das Freguezias da Corte, e Cidade de Lis
boa. E pelo que respeita ás cobranças, e remessas, se observará o que
se acha determinado na sobredita Lei de vinte e dous de Dezembro do
A
anno proximo passado Titulo II. S. 22, 23, 24, e 25.
38 Sendo inapplicaveis ás ditas Provincias do Reino os preços dos
mantimentos de primeira, e segunda especie, e de outros generos; as
sim como tambem as avaliações das terras, que em muitas partes, nem
valem a semeadura, nem se costumão semear em grande parte annual
mente: E sendo a Real intenção de Sua Magestade evitar ás partes tu
VVVVV 2
892 1762

do o que póde ser excesso, e procurar-lhes antes todo o favor possivel:


Ordena aos ditos respeitos o seguinte.
39 Na Provincia do Além-Téjo será estimado cada alqueire de trigo
pelo valor de dous tostões; cada alqueire de segundas pelo valor de hum
tostão; e cada almude de Azeite pelo valor de oitocentos réis.
4o Nas Erdades, que andarem de renda se observará o que fica assi
ma ordenado. Porém nas que se fabricarem por conta de seus Donos se
procederá logo a exame do que produzirão nos cinco annos proximos pre
cedentes, para do cumullo delles se deduzir huma estimação media da
qual se deduzirá ametade para as despezas da lavoura , e colheita para
avirem a pagar
dinheiro pelosa preços
Decimaassima
sómente da outra ametade, que restar reduzida
declarados. •

41 Pelo que toca aos maneios dos gados, lãs, colmeias, e mais gran
gearias se observará pelo arbitramento dos Lançadores, o que a este res
peito se acha ordenado.
42 Na Provincia da Estremadura se praticará o mesmo no que for ap
plicavel, só com a diferença de que o milho se reputará a oito vintens
por cada alqueire, como todos os legumes, e sementes, que não forem
trigo: Ao qual se dará o valor a respeito de duzentos e quarenta réis
cada alqueire; e ao azeite o mesmo preço de oitocentos réis que fica es
tabelecido para a Provincia do Além-Téjo.
43 Nas Provincias da Beira, e Traz os Montes se observará tambem
o mesmo no que for applicavel, com a diferença de que por ora atten
dendo Sua Magestade ás vexações, que nellas tem feito os inimigos, se
avaliará sómente por hum tostão cada alqueire de centeio, e por oito vin
tens o milho, feijão, e mais legumes; e por duzentos réis o alqueire de
trigo. •

44. Na Provincia do Minho, e Partido do Porto, se praticará tambem


o mesmo no que for applicavel, com a diferença do maior preço, que
alli costumão ter sempre os referidos generos para se avaliar a dezoito
vintens cada alqueire de trigo, e a nove vintens cada alqueire de milho,
feijão, e mais legumes.
45 . No Reino do Algarve se praticará semelhantemente o mesmo a
respeito das fazendas, que andarem de renda a dinheiro certo. Porém
pelo que pertence aos preços das que andarem arrendadas a generos, se
arbitrará cada alqueire de trigo a dezoito vintens; cada alqueire de se
gunda a dous tostões; cada almude de azeite da terra a seis tostões; ca
da arroba de figos a tres tostões; cada arroba de passa de uva a cruzado;
cada arroba de amendoa a doze tostões; cada arroba de sumagre a cru
zado. E pelo que toca aos maneios, e lucros, se observará o que fica as
sima ordenado.
Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 18 de Outubro de 1762. =
Conde de Oeiras.

Impr na Oficina de Antonio Rodrigues Galhardo.


*--*#«>}--+
* * * * -
* * |-

<? • (A)

sUPPLEMENTO AS INSTRUCÇÕES DE 18 DE OUTUBRO


: ; • de 1762. -

Formula para os Termos, que se devem lançar na conformidade


"… - do §. 27 das Instrucções.
NUM ER o TANTos.

Qui… de Fulano, que consiste no casco de Pumares, Vinhas, ou o


que na verdade for, que costumão produzir tanto por Anno commum,
ou preço medio: De tantas Vinhas, huma em tal parte, outra em tal parte,
que costumão produzir tanto por Anno commum, ou preço medio: De
tantos Olivaes neste, e naquelle sitio, que costumão produzir tanto por
Anno commum, ou preço medio: De tantas Terras de Pão, neste, e
naquelle lugar, que costumão produzir tanto por Anno commum, ou pre
ço medio: O que tudo anda arrendado a Fulano por Escritura celebrada
nas Notas de Fulano em tantos de tal mez, ou por Escrito raso celebra
do em tantos, e julgado conforme a boa fé, que a Lei determina, em
preço de tanto a dinheiro, de que vem á Decima tanto, ou em taes fru
tos; que regulados pelos preços determinados na Instrucção Régia vem
á Decima tanto com que se sahe.
Formulas para os Termos, que se devem lançar na conformidade
., º . ' : ' dos §§. 28, 29, 30, 31 , e 32.
Devem ser concebidos nos mesmos Termos mutatis mutandis, se
*gundo as diferentes especies dos bens de que se trata.
Impresso avulso.

#-->#conºk-+

S……M. presente a indispensavel necessidade, que ha da nomeação


de Ministros, que interinamente, e em quanto Eu não mandar o con
trario dêm á execução nas Freguezias do Termo de Lisboa a Lei de vin
te e seis de Setembro proximo passado, respectiva á cobrança da Deci
ma, applicada para o Subsidio Militar, e despezas do Exercito; e as Ins
trucções, que na data de hoje baixárão á Junta dos Tres Estados, para
facilitarem a execução da mesma Lei, por não ser possivel que hum só
Ministro faça os Lançamentos, e as cobranças desta contribuição em
tantas, e tão distantes Freguezias, sem grave prejuizo da applicação, a
que he destinado o producto do dito Subsidio Militar: Sou Servido no
mear para Superintendentes das referidas Freguezias do Termo com a
mesma jurisdicção, que tem os da Cidade de Lisboa , a saber: Para a
de Nossa Senhora dos Olivaes, Nossa Senhora da Purificação de Saca
vem, São João da Talha, Santa Iria, e Nossa Senhora da Assumpção
de Via-Longa, o Bacharel Luiz Sanches Pereira: Para a de Nossa Se
894 “1762
*#
nhora da Purificação de Bucellas, São Sebastião da Granja de Alpriatê,
Galegos, San-Iago dos Velhos, e São Lourenço de Arranhol, o Bacha
rel Manoel Nicoláo Esteves Negrão: Para a de Nossa Senhora da Pie
dade de Santo Quintino, Santo Estevão das Galles, São Saturnino de
Fanhões, e Santo Antão do Tojal, o Bacharél-Antonio Claudio Correa
da Fonseca: Para a de São Julião do Tojal, Nossa Senhora da Purifica
ção da Çapataria, São Miguel do Milharado, e São Pedro de Louza Pe
quena, o Bacharel Antonio Bernardo Xavier Porcille: Para a de Santa
Maria de Loures, Santo Adrião da Povoa, São Julião, e Santa Basili
sa de Friellas, e São Silvestre de Unhos, o Bacharel João Salgado da
Silva: Para a de Nossa Senhora da Incarnação da Appellação, Sant-Iago
de Camarate, São Bartholomeu da Charneca, e Nossa Senhora da Incarna
ção da Ameixoeira, o Bacharel Balthazar Ignacio de Santa Barbara Ferrei
ºra de Moura: Para o do Menino Jesus de Odivellas, São João Baptista do
Lumiar, Reis do Campo Grande, e São Lourenço de Carnide, o Bacha
e re! Manoel José de Faria: "E para a de Nossa Senhora do Amparo de
- Bemfica, São Romão de Carnechide, São Pedro de Barcarena, e Nos
"sa Senhora da Appresentação de Oeiras, o Bacharel José Amaro da Cu
<nha e Laguar: A mesma Junta dos Tres Estados o tenha assim enten
- dido, e faça executar. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 18 de Ou
º tubro
• ..". de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade. "… … o },: º 21
+ • • • •

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Impresso avulso. …
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EU ELREI Faço saber aos que este Alvará de declaração, e amplia


ção virem: Que attendendo a Me representar a Junta da Admistração
da Companhia Geral do Grão Pará, e Maranhão, que não obstantes as
providencias com que até o presente se tem procurado obviar as fraudes,
travessias, e contrabandos prejudiciaes ao Commercio exclusivo, que Fui
Servido conceder á mesma Companhia pelo Paragrafo vinte e dous da
sua Instituição; para que nenhuma pessoa possa mandar, ou levar ás Ca
pitanías do Grão Pará, e Maranhão, nem dellas extrahir mercadorias,
generos, ou frutos alguns, º mais do que a mesma Companhia; se tem
obstinado alguns particulares em commetter os referidos contrabandos,
como se tem experimentado neste Reino em varias tomadias, que pela
Casa da India se fizerão nos annos proximos passados, e proximamente
em huma, que se fez de grande número de saccas de Cacáo, que forão
achadas em huma das Tercenas, sitas na Praia adjacente ás Freguezias
de Santos: Que o mesmo descaminho tem achado os Administradores
da Companhia naquelle Estado, fazendo-se-lhe manifesto pelas avultadas
remessas que delle vem: E querendo evitar a continuação de semelhan
tes fraudes: Determino, que os Juizes Conservadores da mesma Com
panhia nesta Cidade de Lisboa, e nas de Belém do Grão Pará, e de S.
Luiz do Maranhão, gozando da mesma jurisdicção, que compete ao Con
- servador da Junta do Commercio pelo Capitulo dezesete dos seus Esta
tutos, e pelos Alvarás de vinte e seis de Outubro, e quatorze de No
vembro de mil setecentos e cincoenta e sete, que o declarárão, e am
pliárão, pratiquem em tudo o que forem applicaveis as mesmas Provi
dencias, que se contém nos referidos Estatutos, e Alvarás: Devaçando,
I764 895 |
e teado huma Devaça sempre, e continuadamente aberta dos Contra
bandos, e Travessias, que se fizerem contra a Companhia: É procedem
do contra os que os commetterem, nos termos summarios, e de plano,
com as penas de perdimente dos generos, e mercadorias, que lhes forem
apprehendidas, e de outro tanto, quanto importar o valor dellas; ame
tade a favor dos denunciantes, em premio do seu zelo; e a outra ame
tade a favor da mesma. Companhia em compensação dos prejuizos, que
lhe resultão dos referidos Contrabandos, e Travessias; praticando-se a
este respeito com a mesma Companhia Geral do Grão Pará, e Mara
nhão o mesmo que Fui Servido determinar a favor do Companhia Geral
da Agricultura das Vinhas do Alto Douro no Paragrafo vinte e quatro da
sua Instituição. Determino outro sim, que os generos e mercadorias
apprehendidas por quaesquer Guardas e Oficiaes, que sejão serão sempre
vendidas neste Reino pela Junta da Administração da mesma Compa
nhia : e no Estado do Grão Pará, e Maranhão pelos Administradores da
dita Companhia; ficando estes, e a sobredita Junta obrigada a pagar á
Minha Real Fazenda os direitos devidos nas respectivas Alfandegas, e
Casas de Despacho; e aos Denunciantes a ametade do líquido da venda
dos generos, e mercadorias apprehendidas, e da sua importancia, no ca
so em que a cheguem a cobrar pelas execuções, que se fizerem aos cul
pados nos ditos Contrabandos.
E este se cumprirá como nelle se contém. Pelo que : Mando á Me
za do Desembargo do Paço, Conselho da Fazenda, Regedor da Casa da
Supplicação, Desembargadores, Corregedores, Juizes, Justiças, e Ofi
ciaes dellas a quem o conhecimento deste pertencer, o cumpräo, e guar
dem, e o fação cumprir, e guardar tão inteiramente como nelle se con
tém, sem embargo de quaesquer Leis, ou costumes contrarios, que to
das, e todos Hei porºderogados para este efeito sómente, ficando aliás
em seu vigor: E ao Doutor Manoel Gomes de Carvalho, do Meu Con
selho, Desembargador do Paço, e Chanceller Mór destes Reinos mando,
que o faça publicar na Chancellaria, e que delle se remettão cópias a to
dos os Tribunaes: Registando-se em todos os lugares, onde se costumão
registar semelhantes Alvarás: E mandando-se o Original para a Torre
do Tombo. Dado no Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 25 de Outu
bro de 1762. = Com a Assignatura de ElRei, e a do Ministro.
Regist., na Secretaria de Estado dos Negocios do Rei
*, * * no no Livro I. da Companhia Geral do Grão Pa
· · · · rá, e Maranhão a fol. 164, vers., e impr. avulso.

- * * ** * - - ? - - - +-+von? --**** …". .* . * . .


+
* - -} * .. . * *** … * *

* * * < - • e

E U ELREI Faço saber aos que este Alvará virem: Que havendo-se
efferecido a Junta do Commercio destes, Reinos, e seus Dominios,
para se empregar na execução do Alvará de vinte e seis de Setembro
proximo passado, cobrando, e fazendo prompto por semestres, o Subsi
dio Militar da Decima pelos meios de huma quota certa de vinte e qua
tro contos de réis annuaes; de huma Derrama particularmente feita pe
la mesma Junta entre os Negociantes da Praça de Lisboa, naturaes, e
naturalisados, em quanto for necessario para se prefazer, a referida quota
annual durante as despezas da presente guerra; se Eu houvesse por bem
sob 1762

mandar receber a sobredita quota em lugar da Decima dos lucros do Com


mercio, vulgarmente chamada Maneio, e da Decima dos dinheiros to
mados a juro, e interesse pelos Negociantes da Praça de Lisboa, con
teúdos nas Relações, que serão com este, assignadas pelo Conde de Oei
ras, Ministro, e Secretario de Estada dos Negocios do Reino, para se
-communicarem aos Superintendentes nesta parte, para mais facilmente
cumprirem com as outras obrigações da sua Inspecção; e exonerando tam
bem ao mesmo tempo os Commerciantes do incommodo, que lhes daria
o ministerio de Lançadores, e das opiniões, a que os sujeitaria a diver
sidade dos pareceres, a que costumão expôr-se os que exercitão seme
lhantes empregos: quando a reputação, e boa fé de hum verdadeiro Ne
gociante, deve ser illibada, e isenta de opiniões na commua estimação
das gentes: Em attenção a tudo o referido: Hei por bem aceitar o ze
-loso oferecimento da mesma Junta, e encarregalla da execução do so
bredito Alvará de vinte e seis de Setembro proximo precedente, na so
bredita fórma: para os efeitos de se receberem por semestres no Meu
Real Erario os vinte e # contos de réis da quota annual, que fica
declarada, em lugar da Decima do Maneio, e dos juros das dívidas pas
sivas dos Commerciantes, cujos nomes vão descriptos nas ditas Rela
-ções; para o de commetter á mesma Junta a authoridade necessaria ao
# de fazer de acordo com os ditos Negociantes a Derrama particular,
que deve constituir a referida quota; e para o outro efeito de desobri
gar os mesmos Negociantes do encargo dos Lançamentos, que ficão ces
sando; e aos Ministros Superintendentes dos Bairros da eleição de Lan
çadores do corpo do Commercio: Com tanto, que sempre descrevão os
seus nomes, e habitações, nos livros dos Arruamentos, com a declara
cão da qualidade, que os exime da Decima do Maneio, e das dívidas
# pois que aliás ficão sempre sujeitos, em quanto Cidadões, á
-Decima dos bens de raiz, que possuirem, e dos juros das dívidas acti
vas, a que forem crédores a Pessoas, que não sejão comprehendidas nas
ditas Relações. - |-

{ E este se cumprirá tão inteiramente, como nelle se contém, sem


dúvida, ou em embargo algum. Pelo que: Mando á Junta dos Tres Es
itados, Inspector, e Lugar-Tenente do Meu Real Erario, Meza do De
sembargo do Paço, Regedor da Casa da Supplicação, Conselheiros da
Minha Fazenda, e do Conselho Ultramarino, Meza da Consciencia, e
Ordens, Junta do Tabaco, Senado da Camara, Junta do Commercio
destes Reinos, e seus Dominios, e mais Magistrados, Oficiaes de Jus
tiça, ou Fazenda, a quem o conhecimento deste pertencer, o cumprão,
e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar como nelle se con
tém, não obstantes qnaesquer Leis, Ordenações, Regimentos, Alvarás,
Provisões, ou Estilos contrarios; que todos, e todas para estes efeitos só
mente Hei por derogados; como se de todos; e cada hum delles fizesse
especial, e expressa menção, ficando aliás sempre em seu vigor. E man
do, que se registe em todos os lugares, onde se costumão resgistar seme
lhantes Alvarás; e que valha como Carta passada pela Chancellaria, pos
to que por ella não passe, e o seu efeito haja de durar mais de human
mo, sem embargo das Ordenações em contrario. Dado no Palacio de Nos
sa Senhora da Ajuda, a 30 de Outubro de 1762. = Com a Assignatura
de ElRei, e a do Ministro. * #* * • •

• Regist. na Secretaria de Estado dos Negocios do Reino,


* . no no Livro IV. da Junta do Commercio a fol. 15,
*- - - ---- e impr. avulso. - -- …. " " ……- - - - - - - - - - - - - º
:

1762 + 897

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>{

S……M. presente o embaraço, que faria a todos os Ministros das


terras destes Reinos, e aos mais Oficiaes de Justiça, e Fazenda, o vi
rem, ou mandarem cobrar no Thesouro Geral os seus ordenados; onde
pela Minha Lei de vinte e dous de Dezembro do anno proximo passado
no titulo primeiro, Tenho ordenado, que todos os Contratadores, Ren
deiros, Almoxarifes, e Thesoureiros, Recebedores, Exactores, e mais
pessoas, a quem pertencer a cobrança dos Direitos, e Rendas da Mi
nha Real Fazenda, fossem obrigados a trazer ao Thesouso Geral, e a
entregarem ao Thesoureiro Mór delle todos os productos, e efeitos dos
seus recebimentos: Principalmente sendo os referidos pagamentos de mo
dicas quantias, e pertencendo ordinariamente a pessoas, que pela sua
pobreza necessitão de que se lhe fação mais promptos, e efectivos: E
querendo evitar estes descommodos em beneficio dos Meus fiéis Vassal
los, que louvavelmente se empregão no Meu Real serviço, e na arreca
dação dos Direitos, e Rendas da Minha Real Fazenda: Sou Servido de
clarar, que todos os Thesoureiros, Almoxarifes, Rebedores, e mais pes
soas encarregadas da cobrança das Minhas Reaes Rendas nas Provincias
destes Reinos, e fóra da Corte, e Cidade de Lisboa, onde ha Thesou
reiro Geral, paguem todos os Ordenados; que forem lançados nas suas
folhas, assim como sempre se praticou antes da sobredita Lei de vinte e
dous de Dezembro do anno proximo passado, que nesta parte declaro,
ficando em tudo o mais sempre em seu vigor : com mais declaração po
rém, que ao tempo das remessas, que se devem fazer ao Real Erario
em observancia da mesma Lei, se enviarão ao Thesoureiro Mór delle os
conhecimentos authenticos do que houverem pago, para nelle serem le
vadas em conta como dinheiro líquido as quantias dos Ordenados, por
elles despendidas. O Inspector Geral do Meu Real Erario o tenha assim
entendido, e faça executar. Palacio de Nossa Senhora da Ajuda a 22 de
Novembro de 1762. = Com a Rubríca de Sua Magestade.
Impresso avulso.

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