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ARTIGO ARTICLE 663

Uso de psicotrópicos entre universitários


da área da saúde da Universidade Federal
do Amazonas, Brasil

Use of psychoactive drugs by health sciences


undergraduate students at the Federal University
in Amazonas, Brazil

Ana Cyra dos Santos Lucas 1


Rosana Cristina Pereira Parente 2
Neila Soares Picanço 3
Denis Alvaci Conceição 1
Karen Regina Carim da Costa 1
Igor Rafael dos Santos Magalhães 1

João Cladirson Alves Siqueira 1

Abstract Introdução

1 Faculdade de Ciências A survey was conducted with 521 undergradu- O uso de substâncias psicotrópicas tem sido
da Saúde, Universidade
ate health sciences students from the Federal objeto de diversos estudos no Brasil, devido à
Federal do Amazonas,
Manaus, Brasil. University in Amazonas, Manaus, Brazil. Life- crescente preocupação com os hábitos de con-
2 Instituto de Ciências time alcohol consumption was reported by sumo de drogas lícitas e ilícitas e seus impac-
Exatas, Universidade
87.7% students, as compared to 30.7% for tobac- tos sociais, econômicos e, sobretudo, suas im-
Federal do Amazonas,
Manaus, Brasil. co, with the latter reported more frequently by plicações na saúde da população. Além disso,
3 Grupo de Pesquisa em males (39.7%). The most common illicit drugs medidas de prevenção são eficazes somente
Toxicologia, Universidade
were solvents (11.9%), marijuana (9.4%), am- quando baseadas na realidade do consumo 1,
Federal do Amazonas,
Manaus, Brasil. phetamines and anxiolytics (9.2% each), co- sendo importante a realização de pesquisas
caine (2.1%), and hallucinogens (1.2%). The nos diversos segmentos da sociedade.
Correspondência
A. C. S. Lucas
main reason for illicit drug use was curiosity. O destaque para os profissionais de saúde
Departamento de Análises Lifetime use of anabolic steroids was reported deve-se, por um lado, à sua responsabilidade
Clínicas e Toxicológicas, by 2.1% of the students. Alcohol abuse in the na identificação e encaminhamento de pacien-
Faculdade de Ciências
da Saúde, Universidade
previous 30 days was reported by 12.4% of the tes com problemas relacionados ao uso de subs-
Federal do Amazonas. students. Events following drinking included: tâncias psicotrópicas 2 e, por outro, ao fato de
Rua Com. Alexandre fights (4.7%), accidents (2.4%), classroom ab- servirem como modelo para seus pacientes 3.
Amorim 330, Manaus, AM
69053-030, Brasil. senteeism (33.7%), and job absenteeism (11.8%). Além disso, o fácil acesso e a fácil convivência
alucas@ufam.edu.br Another important finding was that 47.3% of com muitas dessas substâncias, aliados às con-
students drove after drinking. Opinions on drug dições de trabalho estressantes, tornariam esse
abuse and patterns agree with those from simi- grupo mais vulnerável ao abuso 4.
lar studies in other regions of Brazil. Os estudos realizados no Brasil sobre uso de
drogas entre estudantes universitários foram
Psychotropic Drugs; Health Occupations, Stu- feitos principalmente no Sudeste 5,6,7 e Sul 8,9
dents; Drug Abuse do país, o mesmo ocorrendo com os estudos que
enfocaram estudantes de escolas médicas 3,10,
11,12. No Amazonas, o único trabalho realizado

sobre o tema foi em Manaus, capital do Estado.


Esse, entretanto, não abordou o consumo de
drogas ilícitas, tratando apenas de uma das dro-
gas lícitas: o tabaco 13. Assim, o presente estu-

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664 Lucas ACS et al.

do, ao levantar as informações de consumo, ficado, com 77 questões, dividido em cinco par-
permite, além da comparação desse grupo de tes. A primeira explicava a pesquisa e apresen-
universitários com outros já descritos na litera- tava o convite para dela participar. A segunda
tura, fornecer subsídios aos futuros programas parte compreendia perguntas sobre dados só-
de prevenção voltados para os estudantes. cio-demográficos. Na terceira, havia o questio-
Este estudo teve como objetivos descrever namento sobre o uso de drogas, dividido em
os universitários da área da saúde quanto às questões sobre tabaco, álcool, maconha, cocaí-
características sócio-demográficas: sexo, idade na e derivados, medicamentos anfetamínicos,
e faixa etária; nível sócio-econômico; uso das ansiolíticos, anticolinérgicos, barbitúricos,
drogas psicotrópicas lícitas e ilícitas; caracte- opióides, xaropes à base de codeína, solventes,
rísticas do consumo e principais causas rela- alucinógenos, orexígenos, seguindo-se a classi-
cionadas a ele. ficação utilizada pelo Centro Brasileiro sobre
Drogas Psicotrópicas (CEBRID) 15,16,17,18. Em-
bora os anabolizantes não sejam drogas psi-
Material e método coativas, foram incluídos neste estudo devido
ao seu potencial de abuso, como também ques-
A pesquisa foi realizada nos cursos de Farmá- tões sobre o uso de drogas injetáveis. A quarta
cia, Medicina e Odontologia da Faculdade de parte do questionário consistia em um deta-
Ciências da Saúde da Universidade Federal do lhamento sobre o uso abusivo de álcool, e a
Amazonas (UFAM), em três etapas, no período quinta, na indagação sobre o relacionamento
de 2002 a 2004. A população em estudo, por- entre os pais e os estudantes entrevistados,
tanto, foram alunos matriculados nesses cur- além da opinião destes sobre o uso das drogas.
sos, assim distribuídos: alunos do 1o ao 11o pe- O grupo envolvido com a coleta dos dados
ríodo do curso de Farmácia (180 alunos), alu- foi selecionado e treinado pela coordenadora
nos do 1o ao 12o período do curso de Medicina do estudo. Fez-se prévio agendamento da tur-
(484) e alunos do 1o ao 7o do curso de Odonto- ma/disciplina sorteada e nelas, após a apre-
logia (145). sentação dos objetivos do trabalho e obtenção
Para determinação do tamanho da amostra do TCLE, os questionários eram distribuídos
foi levado em consideração: grau de confiabili- aos alunos para o preenchimento e a devolu-
dade de 95%, precisão de 1,7% e prevalência de ção era feita em uma urna à saída da sala.
“usuários de droga na vida” de 0,10%, com ba- Os questionários foram submetidos à su-
se nos resultados de uso de psicotrópicos obti- pervisão para detecção de erros de negligência
dos dos trabalhos de Andrade et al. 11, Mesqui- ou de interpretação e codificação das respos-
ta et al. 10, Boskovitz et al. 7, Barcellos et al. 9 e tas, para a inserção dos dados em planilha Ex-
Kerr-Corrêa et al. 3. A fórmula utilizada foi a de cel (Microsoft Corporation, Estados Unidos).
cálculo de tamanho de amostra para popula- Para verificar as associações entre as diver-
ção finita 14. O resultado foi uma amostra de sas variáveis, hábito de consumo de drogas psi-
418 estudantes. A distribuição de amostra para cotrópicas, sexo, idade, estado civil, trabalho
os cursos foi feita levando-se em conta a pro- remunerado e nível sócio-econômico 19, utili-
porção dos alunos de cada curso em relação ao zou-se o teste do χ2, porém, quando algum va-
total populacional. Dessa forma, deveriam ser lor esperado foi igual ou inferior a 5, optou-se
amostrados 93 de Farmácia, 250 de Medicina e pelo teste Exato de Fisher ou da razão de veros-
75 de Odontologia. similhança, segundo o caso. Para as prevalên-
A amostragem foi por conglomerados em cias também foram calculados os intervalos de
dois estágios, sendo o primeiro os cursos e o confiança 95%. O nível de significância estabe-
segundo os períodos correspondentes ao se- lecido foi de 0,05, empregando-se para a análi-
mestre de realização da pesquisa. Em cada pe- se o programa SAS versão 6.12 (SAS Institute,
ríodo sorteou-se uma disciplina e aplicou-se o Cary, Estados Unidos).
questionário aos alunos que estavam matricu- Em relação ao uso de drogas, empregou-se
lados na turma e presentes no dia da aplicação. a classificação usada pela Organização Mun-
Não tendo as disciplinas número igual de alu- dial da Saúde (OMS) 20 com relação à freqüên-
nos matriculados, decidiu-se aplicar a todos os cia de uso da droga psicotrópica: “uso na vida”
presentes que assinaram o Termo de Consenti- (quando a pessoa fez uso pelo menos uma vez
mento Livre e Esclarecido ( TCLE), resultando na vida); “uso no ano” (quando a pessoa fez uso
em uma amostra de 521 estudantes, o que di- pelo menos uma vez nos 12 meses que antece-
minuiu a margem de erro para 1,29%. deram a pesquisa); “uso no mês” (quando a pes-
O instrumento utilizado foi um questioná- soa fez uso pelo menos uma vez nos trinta dias
rio padronizado autopreenchível e não identi- que antecederam a pesquisa); “uso freqüente”

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USO DE PSICOTRÓPICOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS 665

(quando a pessoa fez uso seis ou mais vezes Tabela 1


nos trinta dias que antecederam a pesquisa); e
“uso pesado” (quando a pessoa fez uso vinte ou Distribuição dos estudantes universitários da área
mais vezes nos trinta dias que antecederam a de saúde da Universidade Federal do Amazonas,
pesquisa). segundo as características sócio-econômicas
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Éti- e sócio-demográficas, 2002/2004.
ca em Pesquisa com Seres Humanos da UFAM,
por meio do processo 019/2003, e os respon- Característica Estudantes
dentes assinaram termo de consentimento in- n %

formado, de acordo com a Resolução n. 196/96


Curso
do Conselho Nacional de Saúde.
Farmácia 162 31,1
Medicina 264 50,7
Odontologia 95 18,2
Resultados
Sexo
O total de questionários aplicados foi de 540, Masculino 188 35,8
dos quais apenas 19 foram devolvidos em bran- Feminino 337 65,7
co (3,5%), demonstrando a boa aceitação da
pesquisa. Idade (anos)
Dos alunos pesquisados, a maior represen- ≤ 18 59 11,5
tação foi de solteiros (89,1%), do sexo feminino 19-21 185 36,0
(65,7%), da faixa etária de 19 a 21 anos (36,1%), 22-24 165 32,2
sem trabalho remunerado (54,7%) e com nível ≥ 25 104 20,3
sócio-econômico A (56%) (Tabela 1).
Na Tabela 2 podem ser observados os dados Estado civil

de “uso na vida” das diversas drogas psicotró- Solteiro 464 89,0

picas, nos quais se nota que as mais utilizadas Casado 50 9,6

foram as legais. O “uso na vida” de álcool foi re- Separado 3 0,6

latado por 87,7% dos estudantes (IC: 85,34- Outros 4 0,8

90,06), não havendo diferença significativa en-


Trabalho remunerado
tre o uso por estudantes do sexo feminino e
Não 284 54,7
masculino (p = 0,202). Para o “uso na vida” de
Sim 200 38,6
tabaco, relatado por 30,7% dos estudantes (IC:
Às vezes 35 6,7
27,39-34,01), observou-se diferença significati-
va sendo maior o uso entre estudantes do sexo Nível sócio-econômico
masculino (39,67%; IC: 33,33-46,01; p = 0,001). A 269 56,0
Entre as drogas psicotrópicas ilegais, as mais B 131 27,3
“usadas na vida” foram solventes (11,9%; IC: C 72 15,0
9,57-14,23), maconha (9,4%; IC: 7,30-11,5), anfe- D 6 1,3
tamínicos (9,2%; IC: 7,12-11,28), cocaína (2,1%; E 2 0,4
IC: 1,07-3,13) e alucinógenos (1,2%; IC: 0,42-
1,98) (Tabela 2). Além disso, 2,1% dos estudan-
tes pesquisados citaram “uso na vida” de este-
róides anabolizantes. Houve diferença signifi-
cativa entre os sexos, sendo maior o “uso na vi- mico D foram os que apresentaram maior pro-
da” de maconha (p = 0,001), solventes (p = 0,001), porção de “uso na vida” para solventes, maco-
anabolizantes e cocaína (ambos com p < 0,001) nha, cocaína e ansiolíticos (todos com 16,67%).
entre os homens. A comparação da idade com que os estu-
Na Tabela 3 observa-se que os estudantes dantes usaram as drogas psicotrópicas pela
pertencentes ao nível sócio-econômico A apre- primeira vez está mostrada na Tabela 4, com os
sentaram maior proporção de uso na vida para porcentuais sobre o total de estudantes que
anfetamínicos (11,9%; IC: 3,98-19,82), com sig- havia relatado “uso na vida” dessas substân-
nificância estatística (p = 0,020). Embora sem cias. Observa-se que as faixas etárias com as
significância estatística, observou-se ainda que maiores proporções de uso inicial da droga fo-
os estudantes pertencentes ao nível sócio-eco- ram as de: 16 a 18 anos para álcool e tabaco;
nômico B apresentaram maior proporção de acima de 18 anos para ansiolíticos, solventes,
“uso na vida” para álcool (91,6%; IC: 89,37- anfetamínicos e cocaína; e para maconha foi
93,83) e os pertencentes ao nível sócio-econô- igualmente dividida entre essas duas faixas.

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Tabela 2

Distribuição dos estudantes universitários da área de saúde da Universidade Federal do Amazonas, segundo o uso na vida
de drogas psicotrópicas, segundo o sexo e as diferentes substâncias/classes farmacológicas, 2002/2004.

Droga Masculino Feminino p Total


n % IC95% n % IC95% n % IC95%

Álcool 165 90,16 87,87-92,45 290 86,31 83,67-88,95 0,202 455 87,7 85,34-90,06
Alucinógenos 4 2,17 0,00-11,93 2 0,59 0,00-5,72 0,192 6 1,2 0,42-1,98
Anabolizantes 10 5,43 0,00-16,64 1 0,3 0,00-3,00 < 0,001 11 2,1 1,07-3,13
Anfetamínicos 11 5,98 0,37-11,59 37 10,98 3,58-18,38 0,059 48 9,2 7,12-11,28
Ansiolíticos 16 8,7 2,03-15,37 32 9,5 2,56-16,44 0,763 48 9,2 7,12-11,28
Anticolinérgicos 2 1,09 0,00-13,13 0 0,0 0,00-0,00 0,124 2 0,4 0,00-0,85
Barbitúricos 2 1,09 0,00-9,60 2 0,6 0,00-6,93 0,617 4 0,8 0,16-1,44
Cocaína 10 5,49 0,00-16,75 1 0,3 0,00-3,00 < 0,001 11 2,1 1,07-3,13
Maconha 31 16,94 8,15-25,73 18 5,36 0,08-10,64 0,001 49 9,4 7,30-11,50
Opióides 2 1,09 0,00-10,92 1 0,3 0,00-5,48 0,287 3 0,6 0,05-1,15
Orexígenos 0 0,0 0,00-0,00 1 0,3 0,00-9,27 1 1 0,2 0,00-0,52
Solventes 34 18,48 10,40-26,56 28 8,33 2,57-14,09 0,001 62 11,9 9,57-14,23
Tabaco 73 39,67 33,33-46,01 87 25,82 20,15-31,49 0,001 160 30,7 27,39-34,01
Xaropes 0 0,0 0,00-0,00 1 0,3 0,00-9,27 1 1 0,2 0,00-0,52

Tabela 3

Distribuição dos estudantes universitários da área de saúde da Universidade Federal do Amazonas, segundo o uso na vida
de drogas psicotrópicas, o nível sócio-econômico e as diferentes substâncias/classes farmacológicas, 2002/2004.

Droga Nível A Nível B Nível C Nível D Nível E p


n % IC95% n % IC95% n % IC95% n % IC95% n % IC95%

Álcool 233 87,27 84,59-89,95 120 91,60 89,37-93,83 57 79,17 75,91-82,43 5 83,33 80,34-86,32 2 100 – 0,149
Alucinó- 2 0,74 0,0-7,030 3 2,29 0,00-13,26 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,492
genos
Anaboli- 6 2,23 0,00-9,89 4 3,05 0,00-11,97 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,416
zantes
Anfetamí- 32 11,90 3,98-19,82 12 9,16 2,11-16,21 1 1,39 0,00-4,25 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,02
nicos
Ansiolíticos 25 9,29 2,11-16,47 12 9,16 2,03-16,29 6 8,33 1,50-15,16 1 16,67 7,46-25,88 0 0 – 0,94
Anticoli- 0 0,00 0,00-0,00 2 1,53 0,00-15,76 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,266
nérgicos
Barbitúricos 3 1,12 0,00-11,08 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,478
Cocaína 2 0,75 0,00-5,02 5 3,85 0,00-13,36 3 4,17 0,00-14,05 1 16,67 0,00-35,10 0 0 – 0,08
Maconha 22 8,24 1,59-14,89 16 12,21 4,29-20,13 7 9,72 2,56-16,88 1 16,67 7,66-25,68 0 0 – 0,69
Opióides 1 0,37 0,00-6,12 2 1,53 0,00-13,15 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,637
Orexígenos 0 0,00 0,00-0,00 1 0,76 0,00-15,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,626
Solventes 35 13,06 5,54-20,58 13 9,92 3,25-16,59 5 6,94 1,27-12,61 1 16,67 8,35-24,99 0 0 – 0,519
Tabaco 77 28,62 22,53-34,71 46 35,11 28,68-41,54 23 31,94 25,65-38,23 2 33,33 26,98-39,68 0 0 – 0,516
Xaropes 1 0,37 0,00-10,33 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0 – 0,884

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USO DE PSICOTRÓPICOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS 667

Entre as drogas legais, encontrou-se que o Em relação ao “uso na vida” e ao convívio


“uso na vida” de tabaco foi maior (p = 0,006) com outros usuários, variável estudada para ál-
entre os estudantes que possuíam trabalho re- cool e tabaco, foi encontrada associação signi-
munerado fixo ou esporádico (39% e 28,57%, ficativa para ambas as drogas. A proporção de
respectivamente) frente aos 25,35% de “uso na “uso na vida” de tabaco foi maior (p = 0,021)
vida” entre os que não tinham trabalho remu- entre os estudantes que conviviam com outros
nerado. O mesmo ocorreu com o uso na vida fumantes na família (35,77%) que entre os que
de ansiolíticos e anabolizantes (ambos com p = não conviviam (26,37%). O mesmo ocorre com
0,049). o “uso na vida” de álcool, que é maior (p = 0,003)
Não foram encontradas associações estatis- entre os que convivem com bebedores (90,18%)
ticamente significativas em relação ao trabalho que entre os que não convivem com bebedores
remunerado e o uso na vida das demais subs- (80,15%).
tâncias pesquisadas (p variando de 0,067 a Na Tabela 5 estão apresentadas as opiniões
0,598), e tampouco para estado civil (p varian- dos estudantes pesquisados com relação ao
do de 0,062 a 0,972); quanto à idade atual dos uso de drogas psicotrópicas, divididas em ta-
estudantes, houve significativo aumento do re- baco, álcool, medicamentos sem receita médi-
lato de “uso na vida” para tabaco (p = 0,035), an- ca e as drogas ilegais. Observa-se que as maio-
fetamínicos (p = 0,034) e ansiolíticos (p = 0,034), res proporções são para a opinião de que essas
sendo maior nas faixas acima de 22 anos (da- drogas “fazem muito mal à saúde”, com exce-
dos não apresentados). ção do álcool, sobre o qual a maioria dos estu-

Tabela 4

Distribuição dos estudantes universitários da área de saúde da Universidade Federal do Amazonas, segundo a idade em que ocorreu
o uso inicial das drogas e as diferentes substâncias/classes farmacológicas, 2002/2004.

Droga Abaixo de 10 anos 10-12 anos 13-15 anos 16-18 anos Acima de 18 anos Total
n % IC95% n % IC95% n % IC95% n % IC95% n % IC95%

Álcool 11 3,70 1,91-6,83 20 6,70 4,33-9,07 77 25,80 21,65-29,95 132 44,10 39,39-48,81 59 19,70 15,93-23,47 299
Anfetamí- 0 0,00 0,00-0,00 1 2,90 0,00-7,62 2 5,90 0,00-15,01 10 29,40 16,59-42,21 21 61,80 48,13-75,47 34
nicos
Ansiolíticos 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 2 5,10 0,00-13,04 9 23,10 12,03-34,17 28 71,80 59,98-83,62 39
Barbitúricos 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 1 50,00 0,00-100,00 1 50,00 0,00-100,00 2
Cocaína 0 0,00 0,00-0,00 0 0,00 0,00-0,00 1 11,10 0,00-27,28 3 33,30 7,54-59,06 5 55,60 28,44-82,76 9
Maconha 1 2,60 0,00-2,60 1 2,60 0,00-6,78 7 17,90 0,00-42,00 15 38,50 25,72-51,28 15 38,50 25,72-51,28 39
Solventes 0 0,00 0,00-0,00 1 2,10 0,00-5,49 6 12,50 0,00-30,44 17 35,40 24,08-46,72 24 50,00 38,16-61,84 48
Tabaco 8 6,50 2,87-11,21 14 11,30 6,64-15,96 31 25,00 0,00-55,75 43 34,70 27,69-41,71 28 22,60 16,44-28,76 124

Tabela 5

Distribuição dos estudantes universitários da área de saúde da Universidade Federal do Amazonas,


segundo sua opinião sobre as diferentes drogas psicotrópicas.

Opinião Tabaco Álcool Medicamentos Outras


sem receita (drogas ilegais)
n % n % n % n %

Faz muito mal à saúde 360 69,6 190 36,8 284 55,0 434 83,9
Faz mal à saúde 135 26,1 285 55,2 194 37,6 53 10,3
Não faz mal à saúde 6 1,2 22 4,3 12 2,3 9 1,7
Não sei 16 3,1 19 3,7 26 5,0 21 4,1
Total 517 100,0 516 100,0 516 100,0 517 100,0

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dantes (55,2%) opinou que apenas “faz mal à das publicações do CEBRID, por meio da Se-
saúde”. É interessante notar que as opiniões so- cretária Nacional Antidrogas (SENAD).
bre as drogas estão igualmente distribuídas en- As drogas legais, álcool e tabaco, apresenta-
tre as opções “faz muito mal à saúde” e “faz ram respectivamente “uso na vida” de 87,7% e
mal à saúde”, exceto para as drogas ilegais que 30,7% entre os estudantes de saúde da UFAM.
mais de 83,9% dos estudantes consideraram Esses valores são semelhantes aos trabalhos
que “fazem muito mal à saúde”. com estudantes de medicina de Kerr-Corrêa et
Outras informações importantes foram ob- al. 3 e Mesquita et al. 10, que variaram de 82% a
tidas com a pesquisa, como o motivo que fez os 85,5% para o álcool e de 19,8% a 39% para o ta-
estudantes utilizarem as drogas psicotrópicas, baco. Quando comparado aos dados do recen-
com exceção de álcool e tabaco, sendo a mais te levantamento domiciliar sobre uso de dro-
relatada a curiosidade, constituindo o motivo gas do CEBRID 1, observa-se que a população
para 72,9% dos que fizeram uso na vida. Tam- de estudantes universitários não difere muito,
bém foi encontrado que 10,7% dos estudantes no “uso na vida” de álcool, da população em
usaram as drogas psicotrópicas ilegais antes e geral (68,7%), tampouco no “uso na vida” de ta-
3,1% depois de ingressar na UFAM. E apenas baco (41,1%), embora apresente percentuais
um estudante (0,2%) relatou o “uso na vida” de pouco maiores e menores, respectivamente.
droga injetável, sem indicar a substância usada. Sendo o álcool e o tabaco as drogas de uso
Do total de 521 estudantes pesquisados, mais difundido na sociedade 1, e até estimula-
249 (47,8%) relataram haver tomado bebidas do, principalmente no caso do álcool, não sur-
alcoólicas até a embriaguez em algum momen- preende alta prevalência de seu uso pelos estu-
to da vida; 32 (6,1%) o haviam feito num perío- dantes, embora estes, paradoxalmente, este-
do de 1 a 5 dias no último mês; 21 (4%), de 6 e jam conscientes dos seus efeitos prejudiciais,
19 dias no último mês e 15 (2,9%), de 20 dias ou conforme se depreende da opinião de 92% dos
mais no último mês. estudantes sobre o álcool e de 95,7% sobre o
As bebidas preferidas foram a cerveja, rela- tabaco. Esses estudantes se enquadram em um
tada por 162 estudantes (31,8%), e o vinho, rela- grupo que se sente protegido dos efeitos das
tado por 70 (13,7%) estudantes. Entre os even- drogas por possuírem conhecimento científico
tos ocorridos após beber, 4,7% do total de estu- sobre as mesmas, como sugerido por Mesquita
dantes (8) indicaram haver brigado, 2,4% (4) et al. 10, revelando a necessidade de uma maior
haviam sofrido algum acidente, 47,3% (80) ha- abordagem curricular sobre as conseqüências
viam dirigido, 33,7% (57) faltado às aulas e do uso dessas substâncias.
11,8% (20) faltado ao trabalho. A prevalência de usuários do sexo masculi-
no para o uso de tabaco, maconha, cocaína,
solventes e anabolizantes está em concordân-
Discussão cia com a maioria dos outros estudos similares,
como os de Boskovitz et al. 7 e Magalhães et al. 6,
Embora criticado por medir o “relato” e não o confirmando que a população masculina está
“consumo” verdadeiro de drogas, o emprego de mais propensa à experimentação dessas subs-
questionários para levantamento de informa- tâncias. A exceção a essa regra, também encon-
ções relacionadas ao uso de drogas ainda é o trada nos autores citados, é o “uso na vida” de
método mais usado por instituições nacionais anfetamínicos que foi maior entre estudantes
e internacionais por ser de fácil aplicação, apre- do sexo feminino (10,98%) que do masculino
sentar baixo custo, assegurar o anonimato e ter (5,98%) nesta pesquisa, embora sem signifi-
baixo índice de rejeição 20. Barros et al. 21 des- cância estatística.
tacam que essas iniciativas são vistas pelos es- Barcellos et al. 9 estudaram o padrão de uso
tudantes como mecanismo de prevenção e não de anfetaminas em universitários de várias áreas
de repressão, e que a grande aceitação de pes- das ciências e demonstraram que, além da pre-
quisas desse tipo aumenta a confiabilidade nas valência ser maior no sexo feminino, a finali-
respostas obtidas. dade do uso também difere entre os sexos: uso
Os dados compilados com uma pesquisa como estimulante e por recomendação de ami-
dessa natureza são complexos, pois permitem gos entre os homens, e como anorexígeno e re-
o cruzamento de muitas variáveis. Para facili- sultante de conversas com profissionais da
tar a análise dos resultados e a comparação saúde entre as mulheres.
com outros estudos, optou-se por destacar o Em relação às drogas psicotrópicas, com
“uso na vida” da droga, já que permite estimar exceção de álcool e tabaco, as mais usadas na
o quanto a droga permeia a sociedade e seu vida pelos estudantes da área da saúde da
potencial de uso por esta 22, seguindo o padrão UFAM são, em ordem decrescente, os solven-

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USO DE PSICOTRÓPICOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS 669

tes, a maconha, os ansiolíticos e os anfetamíni- ceto o tabaco) é totalmente inaceitável, porém


cos (empatados), a cocaína e os alucinógenos. há uma antiga tradição de usar o ópio para tra-
A curiosidade aparece como o principal moti- tar de doenças mentais, além de uso recreativo.
vo apontado para o uso. Solventes e maconha O “uso na vida” de droga injetável foi aqui
também foram relatados nessa ordem por Mes- relatado por apenas 0,2% dos estudantes, abai-
quita et al. 10 e Kerr-Corrêa et al. 3. A curiosida- xo do 1,5% encontrado por Boskovitz et al. 7,
de também é apresentada por estes como o também entre universitários. Embora com bai-
motivo principal, e ainda por Magalhães et al. 6 xo porcentual, é importante avaliar a ocorrên-
e Boskovitz et al. 7. cia deste tipo de uso, visto que são associadas a
Uma vez perguntados sobre o solvente utili- ele várias doenças sexualmente transmissíveis,
zado, os 62 estudantes que relataram “uso na vi- incluindo a AIDS.
da” citaram o lança-perfume (72,6%), a loló A literatura apresenta dados contraditórios
(19,4%), a cola-de-sapateiro (1,6%) e 6,5% não em relação à influência do ingresso na univer-
responderam. Magalhães et al. 6 já enfatizaram sidade sobre o uso de drogas. Plotnik et al. 12
que a prevalência do uso de lança-perfume e lo- citaram estudos que indicavam que o uso des-
ló pode ser devido à sua disponibilidade nas fes- sas substâncias aumenta após o ingresso no
tividades do carnaval, e que a população univer- ambiente universitário, favorecido devido ao
sitária de renda mais elevada, como é a maioria acesso mais fácil, ao menor controle social e à
no presente trabalho, apresenta menor tendên- menor censura. Entretanto, Herrería & Aranci-
cia a usar os outros inalantes (thinner, acetona bia 24 e Brenes et al. 8 encontraram que a maio-
etc.), mais associados às rendas mais baixas. ria dos universitários pesquisados havia experi-
O “uso na vida” encontrado para maconha, mentado psicotrópicos antes do ingresso, acha-
o segundo maior entre as drogas ilegais, toma do confirmado pelos presentes dados da UFAM.
grande importância devido à antiga discussão Em relação aos eventos ocorridos com os
sobre o papel dessa droga na condução ao uso estudantes após o uso de álcool, o mais citado
de outros tipos de psicotrópicos. Já foram en- foi dirigir, seguido de falta à escola, falta ao tra-
contrados dados que comprovaram que usuá- balho, envolvimento em brigas ou em algum
rios universitários de maconha tiveram signifi- acidente.
cativamente mais contato com outros tipos de Minayo & Deslandes 25 citaram estudos em
droga que os não-usuários 6. que a participação de álcool chegava a 43-51%
Quanto à faixa etária do uso inicial das dro- dos casos de agressão, 40-50% das mortes em
gas, foi encontrada como principal a faixa de acidentes de trânsito, e era a principal droga
16 a 18 anos para tabaco, álcool e maconha; e a envolvida nos cerca de 13% de atendimentos
de acima de 18 anos para anfetamínicos, sol- hospitalares emergenciais relacionados com
ventes, barbitúricos e ansiolíticos. A compara- uso de drogas.
ção desses resultados é dificultada devido a fai- Considerando essas informações, é preocu-
xas diferenciadas empregadas em outros traba- pante que um total de 12,4% dos universitários
lhos. Nota-se, porém, que pouco diferem dos da área da saúde da UFAM tenham relatado al-
encontrados por Magalhães et al. 6 e Mesquita ta freqüência no uso abusivo das bebidas al-
et al. 10, em universitários de São Paulo, que coólicas (embriaguez), nos trinta dias que an-
apontaram as faixas de 15 a 19 anos para ma- tecederam à pesquisa.
conha e solventes, e acima de 20 anos para an- Sobre a opinião apresentada pelos estudan-
siolíticos e anfetaminas. tes devemos considerar que: são alunos da área
Para álcool e tabaco os mesmos autores in- da saúde, teoricamente com acesso às infor-
dicaram a faixa de 10 a 14 anos como principal, mações científicas sobre as substâncias, e que
portanto, com uso inicial em idades mais jo- sofrem a influência da mídia sobre seus con-
vens que as encontradas no estudo em Manaus. ceitos, como a maioria da população.
Este resultado pode ser devido a diferenças cul- Segundo Noto et al. 26, a mídia brasileira é
turais, que merecem ser mais bem investigadas fonte de informações contraditórias e tenden-
entre os adolescentes dessas capitais. ciosas sobre as drogas psicotrópicas: as notí-
Um exemplo de como os costumes das so- cias veiculadas são caracterizadas por ênfase
ciedades podem influenciar o consumo de dro- emocional, particularmente nos artigos publi-
gas é apresentado por Ahmadi & Javadpour 23 cados sobre as drogas ilegais, que são em
em seu estudo sobre estudantes universitários maior número e com destaque a seus prejuízos
iranianos. Nele, foram encontrados 28% de “uso para saúde.
na vida” de tabaco, apenas 15% de álcool e 8,4% Assim, a presença de propaganda abun-
de ópio, justificando-se estes achados por fato- dante e sofisticada de estímulo ao uso de bebi-
res culturais do país: o consumo de drogas (ex- das alcoólicas, as campanhas contra o tabaco e

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670 Lucas ACS et al.

noção geral de que as drogas ilegais são mais cias da Saúde da UFAM apresentam um perfil de
danosas que as legais, justificam a maioria das “uso na vida” de drogas psicotrópicas semelhan-
opiniões encontradas neste trabalho sobre os te aos estudantes de outras regiões do Brasil.
psicotrópicos. A grande maioria conhece os Além disso, a opinião sobre as drogas e o
efeitos prejudiciais do uso de álcool, 92%, e, padrão de uso dos estudantes tampouco dife-
contraditoriamente, este é quase o mesmo per- rem muito da população em geral, o que suge-
centual de “uso na vida” para essa substância re pouco impacto da abordagem sobre o tema
(87,7%). O maior percentual de alunos acha que nos currículos acadêmicos atuais. Sendo, por-
as drogas ilegais “fazem muito mal à saúde”, tanto, necessária maior inserção do tema dro-
expressando a mesma opinião sobre o tabaco e gas na formação acadêmica desses profissio-
os medicamentos sem receita médica. Maga- nais. A visão unicamente médico-terapêutica
lhães et al. 6 também encontraram altos índi- deve ser substituída por uma perspectiva mul-
ces de desaprovação às drogas mesmo entre tidisciplinar: farmacológica, humanística e so-
estudantes que já haviam usado drogas ilegais. cial. Assim, serão formados profissionais de
saúde com maior capacidade de compreender
o fenômeno do uso de drogas e atuar adequa-
Conclusão damente na sua prevenção, diagnóstico e tra-
tamento.
Os dados encontrados neste trabalho demons-
traram que os estudantes da Faculdade de Ciên-

Resumo Colaboradores

Foi realizado um levantamento sobre uso de psicotró- A. C. S. Lucas realizou a revisão bibliográfica, planifi-
picos entre estudantes da Faculdade de Ciências da cação da aplicação do questionário, análise dos re-
Saúde da Universidade Federal do Amazonas, Ma- sultados, debates sobre os resultados e redação final.
naus, Brasil, em uma amostra de 521 alunos. O “uso R. C. P. Parente participou da planificação da aplica-
na vida” de álcool foi relatado por 87,7% dos estudan- ção do questionário, análise estatística, análise dos
tes (IC95%: 85,34-90,06) e o de tabaco por 30,7% (IC resultados, debates sobre os resultados e redação fi-
95%: 27,39-34,01), sendo o último maior entre estu- nal. N. S. Picanço e D. A. Conceição supervisionaram
dantes do sexo masculino (39,7%; IC95%: 33,33-46,01). a aplicação do questionário e realizaram crítica e di-
As substâncias ilegais mais usadas foram: solventes gitação dos dados e debates sobre os resultados. K. R.
(11,9%; IC95%: 9,57-14,23), maconha (9,4%; IC95%: C. Costa, I. R. S. Magalhães e J. C. A. Siqueira realiza-
7,30-11,50), anfetamínicos e ansiolíticos (ambos com ram revisão bibliográfica, aplicação dos questioná-
9,2%; IC95%: 7,12-11,28), cocaína (2,1%; IC95%: 1,07- rios, crítica e digitação dos dados, análise de resulta-
3,13) e alucinógenos (1,2%; IC95%: 0,42-1,98). O prin- dos e redação parcial.
cipal motivo relatado para o uso de drogas ilegais foi a
curiosidade. O “uso na vida” de esteróides anabolizan-
tes foi citado por 2,1% dos estudantes. O uso abusivo
de álcool nos últimos 30 dias foi relatado por 12,4% Agradecimentos
dos universitários. Entre os eventos ocorridos após a
ingestão de bebidas alcoólicas, os estudantes citaram
Ao Conselho Estadual de Entorpecentes do Amazo-
envolvimento em briga (4,7%), acidentes (2,4%), falta
nas, Xerox do Brasil-Amazonas e Universidade Fede-
à escola (33,7%), falta ao trabalho (11,8%) e condução
ral do Amazonas pelo apoio para a realização desta
de veículos (47,3%). A opinião sobre as drogas e o pa-
pesquisa, aos professores Francisco de Assis Costa de
drão de uso dos estudantes não diferem muito dos es-
Lima e Maria Regina Marques Marinho pela revisão
tudos semelhantes em outras regiões do Brasil.
do texto, e às acadêmicas Walquíria de Castro Lima,
Adriana Drumond Sardinha e Priscila de Almeida La-
Psicotrópicos; Estudantes de Ciências da Saúde; Abuso
go, que participaram da aplicação do questionário.
de Drogas

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USO DE PSICOTRÓPICOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS 671

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Recebido em 18/Fev/2005
Versão final reapresentada em 29/Ago/2005
Aprovado em 27/Set/2005

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(3):663-671, mar, 2006

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