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25, nº 3, 1317-1328
DOI: 10.9788/TP2017.3-18Pt
Resumo
São perceptíveis as consequências graves que perpassam o bullying, sendo importante conhecer variá-
veis que possam predizer este padrão de comportamento entre escolares. O presente estudo objetivou
conhecer em que medida os valores humanos predizem o bullying, testando o papel moderador
das variáveis sexo e idade. Participaram 300 crianças (M = 11,07; DP = 1,31) de escolas públicas
e particulares, as quais responderam a Escala de Comportamentos de Bullying, o Questionário dos
Valores Básicos – Infantil e perguntas demográficas. Os resultados indicaram que os valores das
subfunções interativa (β = -0,21, B = -0,14, IC95% = -0,23/-0,06, p < 0,001) e realização (β = 0,32,
B = 0,14, IC95% = 0,09/0,20, p < 0,001) predisseram comportamentos de bullying. Posteriormente,
verificou-se que estas relações não foram moderadas por sexo e idade das crianças. Conclui-se que os
valores humanos são uma variável importante para compreender este tipo de comportamento agressivo
entre pares, favorecendo intervenções que venham a reduzir este problema nas escolas.
Palavras-chave: Bullying, valores humanos, crianças, escola.
1
Endereço para correspondência: Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras
e Artes, Departamento de Psicologia, João Pessoa, PB, Brasil 58.051-900. Fone: + 55(83)32167856; Fax:
+55(83)32167064. E-mail: vvgouveia@gmail.com
Agradecimentos: Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e
ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em razão de bolsas concedidas
ao primeiro (Doutorado em Psicologia Social) e último (Produtividade em Pesquisa) autores.
1318 Monteiro, R. P., Medeiros, E. D., Pimentel, C. E., Soares, A. K. S., Medeiros, H. A., Gouveia, V. V.
extent human values predict bullying, testing the moderating role of gender and age. Participants were
300 children (M = 11.07; SD = 1.31) from public and private schools, who answered the Bullying Beha-
viors Scale, the children version of Basic Values Survey and demographic questions. Results showed
that values from the interactive (β = -.21, B =-.14, IC95% = -.23/-.06, p < .001) and promotion (β = .32,
B = .14, IC95% = .09/.20, p < .001) subfunctions predict bullying behavior. We found that these rela-
tionships were not moderated by the children’s gender or age. It may be concluded that human values
are an important variable to understand this aggressive behavior among peers, promoting interventions
that may reduce the problem at schools.
Keywords: Bullying, human values, children, school.
Envolver-se em episódios de bullying pode sua defesa (Baldry & Farrington, 2000; Olweus,
acarretar prejuízos diversos, indo desde idea- 1993; Salmivalli, 2010; Smith & Morita, 1999).
ção suicida e uso de substâncias até retaliações Percebe-se que a intencionalidade do agressor e
violentas das vítimas (Geel, Vedder, & Tanilon, a assimetria de forças entre perpetrador e vítima
2014; Reed, Nugent, & Cooper, 2015; Roh et al., são atributos centrais do fenômeno (Farrington,
2015). Apesar de tais consequências, são cres- 1993).
centes os relatos de bullying em ambientes esco- Apesar de a literatura apresentar definições
lares, denotando que este tipo de agressão entre e formas específicas de estimar o bullying, a
pares vem se transformando em um problema de identificação do comportamento corresponden-
saúde pública (Craig et al., 2009; Hertz, Donato, te por parte de pais, responsáveis e profissionais
& Wright, 2013; Kim, Koh, & Leventhal, 2005), ainda é deficitária. De fato, estes agentes comu-
sendo, portanto, relevantes os intentos de conhe- mente caracterizam as agressões sofridas pelas
cer seus antecedentes. vítimas como parte do processo de socialização,
Em termos conceituais, o bullying confi- isto é, encara-se o problema como algo natural
gura-se como um subtipo de comportamento (Blank & Liberal, 2005; Lopes, 2005). Tal natu-
agressivo, onde são praticadas, repetidamente e ralização do fenômeno contrasta com seus danos
sem justificativa, agressões físicas, verbais e/ou severos.
psicológicas, onde o vitimizado se encontra em Considerando o anteriormente indicado, há
uma relação desigual de poder, impossibilitando que dizer que entre os participantes dos atos de
Valores Humanos e Bullying: Idade e Sexo Moderam essa Relação? 1319
.
bullying, os agressores (bullies) tendem a apre- Lee, 2009). Além disso, estima-se que o sexo e
sentar comportamentos antissociais, como o uso a idade dos escolares são características indivi-
de drogas lícitas e ilícitas, além de serem poten- duais que podem ter influência no envolvimento
ciais pessoas em conflito com a lei (Bender & em episódios de bullying (Lee, 2009).
Lösel, 2011; Farrington & Ttofi, 2011; Oliveira Concretamente, verifica-se a prevalência
et al., 2016); as vítimas são propensas a estarem de homens tanto na categoria de vítima como
insatisfeitas com a vida, podendo apresentam de agressor (Carlyle & Steinman, 2007; Lucia,
tendências depressivas e suicidas (Costa, Xavier, 2016; Malta et al., 2014; Sourander, Hestelä,
Andrade, Proietti, & Caiaffa, 2015; Fleming & Helenius, & Piha, 2000). Por exemplo, Malta
Jacobsen, 2009; Geel et al., 2014; Klomek, Sou- et al. (N = 109.104 escolares brasileiros) ve-
rander, & Gould, 2010; Roh et al., 2015); víti- rificaram que 7,9% dos homens e 6,5% das
mas/agressores tendem a apresentar baixos ín- mulheres envolveram-se em bullying no papel
dices de comportamento pró-social, frequentes de vítima, ao passo que 26,1% dos homens e
dificuldades acadêmicas e predisposição para 16% das mulheres o fizeram no papel de agres-
o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos sores. Ressalta-se, ainda, que a intensidade do
(Arseneault et al., 2006; Kim et al., 2005; Per- bullying pode variar de acordo com a idade dos
ren & Alsaker, 2006; Sourander et al., 2007). escolares, sendo que no início da adolescência
Os efeitos do bullying sobre as testemunhas va- há um pico na busca por popularidade, onde a
riam de acordo com o envolvimento destes; por prática do bullying pode ser usada para refor-
exemplo, pode ir da quase extinção de compor- çar ou aumentar o próprio status (LaFontana
tamentos relacionados com solidariedade e co- & Cillessen, 2010). A propósito, em revisão
operação até sofrimento vivenciado por aqueles sistemática, Álvarez-García, García e Núñez
que se identificam com a vítima (Ribeiro, 2007). (2015) observaram que a prática do bullying
Percebe-se, portanto, que a participação em e a idade possuem um padrão de correlações
comportamentos de bullying pode trazer pre- curvilinear, ou seja, a probabilidade de praticar
juízos aos envolvidos, algo que aponta para a bullying aumenta seguidamente até os 14 anos,
necessidade de conhecer variáveis que possam sendo que a partir desta idade, a probabilidade
predizê-los. De fato, alguns estudos têm identi- de agredir os pares diminui. Portanto, conside-
ficado variáveis que podem explicar a predispo- rar variáveis demográficas pode ser importante
sição para se envolver em situações de bullying para o entendimento do bullying, conjeturando
no papel de agressor (e.g., agressividade, raiva, que sua interação pode mudar as relações entre
baixa agradabilidade e baixo autocontrole) e ví- uma variável preditora e os comportamentos
tima (e.g., crenças negativas sobre si, baixa ha- de bullying.
bilidade social, isolamento e clima escolar ruim; Diante do exposto, parece pertinente conhe-
Cook, Willians, Guerra, Kim, & Sadek, 2010; cer preditores potenciais do envolvimento em
Fossati, Borroni, & Maffei, 2012; Lucia, 2016; comportamentos de bullying, seja no papel de
Melander, Hartshorn, & Whitbeck, 2013; Salmi- agressor ou vítima. Não obstante, ressalta-se que
valli, 2010; Tani, Greenman, Schneider, & Fre- no presente estudo o foco são as pessoas envol-
goso, 2003). vidas em bullying no papel de agressor. A propó-
Logo, nota-se que os estudos vêm tendo em sito, estudos apontam que este grupo apresenta
conta uma miríade de variáveis para compreen- deficiências empáticas, desempenho acadêmico
der a predisposição de crianças e adolescentes insatisfatório e que avaliam negativamente o cli-
para serem perpetradores ou vítimas de bullying, ma escolar, além de serem expostos a múltiplas
não se limitando àquelas mais individuais, como formas de violência doméstica (Del Rey et al.,
os traços de personalidade, tendo em conta igual- 2016; Lucas, Jernbro, Tindberg, & Janson, 2015;
mente a importância do contexto para a prática Nansel et al., 2001). Ademais, praticar bullying
e desenvolvimento do bullying (Bowes et al., na infância está relacionado a graves problemas
2009; Lam, Law, Chan, Wong, & Zhang, 2014; na adultez, como personalidade antissocial, abu-
1320 Monteiro, R. P., Medeiros, E. D., Pimentel, C. E., Soares, A. K. S., Medeiros, H. A., Gouveia, V. V.
colegas; e ter poder para decidir as coisas; Con- ção de Pearson, e análise de regressão múltipla
vivência. Conviver bem com familiares e vizi- para verificar em que medida os valores estão
nhos; ter amigos(as) no colégio ou no bairro; relacionados e predizem os comportamentos de
e participar de atividades e brincadeiras com bullying; a análise de regressão hierárquica foi
os(as) colegas). Os itens são respondidos em es- também empregada com o fim de testar o papel
cala de cinco pontos (1 = Nenhuma importân- moderador do sexo e da idade dos participantes.
cia a 5 = Máxima importância), e distribuídos Com o software R, por meio do pacote la-
em seis fatores ou subfunções valorativas. Nesta vaan (Rosseel, 2012), verificou-se a adequação
ocasião, a estrutura fatorial apresentou índices das medidas utilizadas, empregando o estimador
de ajuste adequados (CFI = 0,96; TLI = 0,95; Weighted Least Squares Means and Variance
RMSEA = 0,04), sendo observado os seguintes Adjusted (WLSMV), considerando os seguintes
coeficientes do alfa de Cronbach: experimenta- índices de ajuste: Comparative Fit Index (CFI),
ção (α = 0,55), realização (α = 0,59), existência Tucker-Lewis Index (TLI) e Root Mean-Square
(α = 0,48), suprapessoal (α = 0,40), interativa (α Error of Approximation (RMSEA). Para conside-
= 0,51) e normativa (α = 0,51). rar o modelo aceitável, os valores de CFI e TLI
devem ser acima de 0,90, preferencialmente aci-
Procedimento ma de 0,95 (Kline, 2016) e o RMSEA abaixo de
0,08 (Brown, 2006; Kline, 2016).
Após parecer favorável do comitê de ética
em pesquisa da Universidade Federal do Piauí
Resultados
(CAAE: 0193.0.045.000-11), entrou-se em con-
tato com os responsáveis pelas instituições de
Inicialmente, calcularam-se correlações de
ensino com o intuito de solicitar a autorização
Pearson com o fim de conhecer em que medi-
para a realização da coleta dos dados. Por se
da e direção as seis subfunções valorativas se
tratar de uma amostra composta por menores,
correlacionariam com as formas de expressão
após a autorização dos diretores das escolas, foi
do bullying e sua pontuação total (Tabela 1).
enviado aos pais e responsáveis um termo de
Avaliando o padrão de correlações (p < 0,05),
responsabilidade, onde deveriam dar ciência do
observa-se que os valores de realização se corre-
estudo, expressando sua autorização a que o me-
lacionaram positivamente com os quatro tipos de
nor fizesse parte do estudo. A coleta dos dados
bullying, ao passo que a subfunção interativa o
foi realizada em ambiente coletivo (sala de aula),
fez negativamente com três formas de expressão
mas os questionários foram respondidos de for-
do bullying (físico, relacional e cyberbullying).
ma individual. No momento da coleta, contou-se
Além destas subfunções, a suprapessoal, que
com a colaboração de dois aplicadores, devida- como a anterior representa um motivador hu-
mente aptos a dirimir quaisquer dúvidas sobre o manitário, idealista, também se correlacionou
instrumento. Destaca-se que a todos foi informa- inversamente com duas dimensões da medida
do que a participação seria anônima e voluntária, de bullying (relacional e cyberbullying). A pon-
não implicando qualquer dano ao participante, tuação total da ECB se correlacionou com as
que poderia desistir da pesquisa a qualquer mo- subfunções realização (r = 0,28; p < 0,01), in-
mento, sem prejuízos. Em média, foram neces- terativa (r = -0,14; p < 0,01) e suprapessoal (r =
sários 30 minutos para concluir a participação no -0,12; p < 0,05).
estudo. Passo seguinte, por meio de análise de re-
gressão múltipla (método stepwise), verificou-
Análise dos Dados -se quais subfunções valorativas prediriam os
Os dados foram analisados por meio dos comportamentos de bullying. Considerou-se a
pacotes estatísticos PASW (versão 18) e R (R pontuação total da ECB como variável critério
Core Team, 2015). Com o primeiro calcularam- por conta das dimensões específicas do bullying
-se estatísticas descritivas, análises de correla- se correlacionarem de forma consistente com
Valores Humanos e Bullying: Idade e Sexo Moderam essa Relação? 1323
.
Tabela 1
Correlações e Regressão Hierárquica das Subfunções Valorativas e Fatores de Bullying
Correlações Comportamentos de Bullying
as subfunções realização e interativa, tal como zindo a interação entre ambas no segundo passo
hipotetizado, além destes fatores de bullying es- desta análise. Não se verificou qualquer predição
tarem relacionados entre si, justificando o côm- significativa do termo de interação, descartando
puto de um fator geral. Os resultados reforçaram a possível moderação. Testou-se ainda se a idade
os papéis preditores dos valores das subfun- moderaria a relação entre a subfunção interativa
ções realização (β = 0,32, B = 0,14, IC95% = e os comportamentos de bullying, seguindo-se o
0,09/0,20, p < 0,001) e interativa (β = -0,21, B procedimento anteriormente descrito. No caso,
= -0,14, IC95% = -0,23/-0,06, p < 0,001). Estas apenas a subfunção interativa predisse os com-
duas subfunções apresentaram R = 0,37, expli- portamentos de bullying, mas não o termo de in-
cando conjuntamente 14% (R2) da variância das teração. Deste modo, não se configurou o papel
pontuações da medida de bullying (p < 0,001). moderador da idade.
Posteriormente, realizaram-se análises de Buscou-se verificar se o sexo moderaria a
regressão hierárquica para verificar se a idade e o relação entre a subfunção realização e os com-
sexo moderariam as relações supracitadas (valo- portamentos de bullying. No caso, seguindo o
res predizendo bullying; Tabela 1). Inicialmen- procedimento de Miles e Shevlin (2001) para um
te, seguindo o procedimento de Miles e Shevlin preditor contínuo e uma moderadora categórica,
(2001) para preditores contínuos, padronizou-se centralizou-se a variável realização, multipli-
(z) a variável realização e a idade, multiplicando cando-a pelo sexo para criar o termo de intera-
uma pela outra, computando-se assim o termo de ção. Logo, entrou-se com as variáveis realização
interação. Em seguida, entrou-se com a subfun- e sexo no primeiro passo na regressão hierárqui-
ção realização e a idade padronizadas no pri- ca e o termo de interação no segundo passo. No
meiro passo da regressão hierárquica, introdu- entanto, não se verificou predição significativa
1324 Monteiro, R. P., Medeiros, E. D., Pimentel, C. E., Soares, A. K. S., Medeiros, H. A., Gouveia, V. V.
deste termo. Portanto, o sexo não moderou a re- harmonia das relações interpessoais, promoven-
lação entre realização e bullying. Realizou-se o do condutas de respeito mútuo (Gouveia, 2003,
mesmo procedimento para verificar a moderação 2013; Medeiros et al., 2012). Neste sentido, tais
do sexo na relação entre a subfunção interativa e valores agem como um fator de proteção para os
os comportamentos de bullying, não sendo veri- comportamentos de bullying, inibindo-os. Deste
ficada predição do termo de interação, o que des- modo, parece relevante incentivar a transmissão
carta o papel moderador do sexo neste contexto. destes valores por parte de pais e professores.
Diante deste cenário, parece evidente a
Discussão importância da teoria funcionalista dos valores
humanos (Gouveia, 2003, 2013; Gouveia et al.,
O presente estudo teve como objetivo co- 2014) para compreender os principais resulta-
nhecer em que medida e direção os valores dos deste estudo. Como pode ser predito a par-
humanos se correlacionariam e prediriam os tir da descrição de suas subfunções teorizadas,
comportamentos de bullying, checando o papel crianças que já desde tenra idade se orientam
moderador das variáveis sexo e idade dos res- por êxito, poder e prestígio são mais propensas
pondentes. Confia-se que este objetivo tenha a envolverem-se em situaçoes de bullying no
sido alcançado. Concretamente, foi possível ve- papel de agressores ou estariam mais dispostas
rificar que os valores foram preditores de com- a fazer valer seus interesses pessoais, impondo-
portamentos típicos do bullying, algo congruente -se aos demais, o que pode acarretar em com-
com os resultados encontrados em estudos pré- portamentos de bullying nas escolas. Não se está
vios (Knafo, 2003; Knafo et al., 2008; Menesini afirmando categoricamente que estas pessoas
et al., 2013). seriam bullies, mas que a importância atribuída
Pareceu evidente, pois, que os perpetradores a esta subfunção agiria como um fator de risco
deste tipo de agressão são orientados pela busca para tais comportamentos. Portanto, aqueles que
de reconhecimento e poder, provavelmente pro- buscam realizações materiais e preferem agir de
curando se impor por meio da agressão, em uma modo prático ao tomarem decisões e expressa-
tentativa de serem respeitados por seus pares, rem comportamentos estão mais predispostos a
assumindo uma posição de destaque e liderança se envolverem em comportamentos discrimina-
(Benish-Weisman, 2015; LaFontana & Cilles- dores, em que o bulying é um dos tipos. Con-
sen, 2010; Schumann et al., 2014). Crianças e trariamente, conferir importância aos valores hu-
adolescentes que praticam bullying são perce- manitários, sobretudo de orientação social, como
bidos por seus pares como populares, portanto, os interativos, promovem a aceitação do outro,
a agressão pode ser uma forma utilizada para sendo menos discriminador, além de evitar pro-
alcançar status e uma posição social dominante mover condutas que depreciem os demais. Por-
(de Bruyn, Cillessen, & Wissink, 2010; Mora- tanto, parece claro o importante papel que os va-
les, Yubero, & Larrañaga, 2016; Pouwels et al., lores cumprem para o entendimento do bullying,
2016). Deste modo, há que demandar algum cui- explicando, nesta ocasião, 14% de sua variância,
dado em promover descontextualizadamente os valor superior ao de outros preditores de cunho
valores de realização, fazendo perceber a impor- individual (e.g., internalização [1,44%], exter-
tância também das relações interpessoais. nalização [11,5%] ou performance acadêmica
A propósito do anteriormente comentado, [4,41%]; Cook et al., 2010).
verificou-se que aquelas crianças que se orien- Fica evidente que as duas hipóteses deste
tam pela subfunção interativa, representada pe- estudo foram corroboradas. Entretanto, é im-
los valores específicos afetividade, apoio social portante assinalar que as relações entre valores
e convivência, foram menos prováveis de se en- e comportamentos de bullying não foram mo-
volverem em comportamentos de bullying. Estes deradas pelas variáveis sexo e idade dos parti-
valores representam necessidades de pertença, cipantes, como poderia ser inicialmente conje-
amor e afiliação, proporcionando a manutenção e turado a partir de estudos empíricos que citam
Valores Humanos e Bullying: Idade e Sexo Moderam essa Relação? 1325
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