Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Pode ocorrer que a obrigação não seja cumprida em razão de atuação culposa
(lato sensu) ou de fato não imputável ao devedor:
- Se decorreu de desídia, negligência, imprudência ou dolo do devedor,
estaremos diante de uma situação de inadimplemento culposo no cumprimento da
obrigação, que determinará o consequente dever de indenizar a parte prejudicada.
OBS: Deve-se observar que o legislador de 2002 optou corretamente por inserir
a referida norma no capítulo dedicado às disposições gerais do Título IV (“Do
Inadimplemento das Obrigações”), e não no capítulo específico sobre a mora,
como fazia a legislação revogada, uma vez que as obrigações negativas não dão
ensejo a mora, mas somente ao inadimplemento absoluto.
Quem infringe dever jurídico lato sensu fica obrigado a reparar o dano causado.
Esse dever passível de violação pode ter, assim, como fonte, tanto uma obrigação
imposta por um dever geral do direito ou pela própria lei quanto por um negócio
jurídico preexistente.
E quais as diferenças básicas entre essas duas formas de responsabilização?
Três elementos diferenciadores podem ser destacados:
1 Como regra especial, registre-se a previsão do art. 392 do CC, pela qual nos “contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a
quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça; nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as
exceções previstas em lei”.
Fatos da natureza ou atos de terceiro poderão prejudicar o pagamento, sem a
participação do devedor, que estaria diante de um caso fortuito ou de força maior.
Exemplo: Um sujeito se obrigou a prestar um serviço, e, no dia convencionado, é vítima
de um sequestro.
2 Em algumas situações, mesmo havendo termo ou prazo certo, a lei ou até mesmo o contrato podem exigir a interpelação judicial para
constituir o devedor em mora. Nesse particular, duas importantes súmulas merecem ser citadas: “ STJ 72 - A comprovação da mora é
imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente” e “STJ 76 - A falta de registro do compromisso de compra e venda de
imóvel não dispensa a prévia interpelação para constituir o devedor em mora”. (Na promessa de compra e venda, ainda que haja dia certo para o
pagamento, em caso de inadimplemento relativo, o DL 745/69 obriga a prévia interpelação para constituir o devedor em mora)
c) a culpa do devedor - não há mora sem a concorrência da atuação culposa
do devedor. Mesmo se afirmando que o retardamento já firma uma presunção juris
tantum de culpa, o fato é que, sem esta, o credor não poderá pretender responsabilizar o
devedor (art. 396 do CC)3.
OBS: Os juros moratórios referidos no artigo citado não devem ser confundidos
com os compensatórios. Estes remuneram o credor pela disponibilização do
capital ao devedor, ao passo que aqueles traduzem a compensação devida por
força do atraso no cumprimento da obrigação, e são contados desde a citação
(art. 405 do CC e art. 219, caput, do CPC).
3 “AGRAVO DE INSTRUMENTO. BUSCA E APREENSÃO. DEPÓSITO. É possível arredar a ‘mora solvendi’ se demonstrado, com fundamentos
relevantes, que o credor fiduciário está cobrando encargos ilegais. Permanecendo o devedor fiduciante como depositário judicial do bem, a
garantia do credor fica reforçada. Agravo provido” (TJRS, j. 5-11-1998).
4 “CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO - MORA DO DEVEDOR. A mora do devedor não lhe retira o direito de saldar seu débito, devendo o credor
receber, desde que o pagamento se faça com os encargos decorrentes do atraso e a prestação ainda lhe seja útil. A recusa injustificada de
receber configura ‘mora accipiendi’, autorizando a consignatória” (3ª T., REsp 39.862/SP, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 30-11-1993).
referida norma legal. Entretanto, se provar que o dano sobreviria mesmo que a
prestação fosse oportunamente desempenhada, como na hipótese de a enchente
também haver invadido os pastos do credor, de maneira que afogaria o animal ainda
que já estivesse sob a guarda do seu proprietário, cessará a obrigação de indenizar.
Embora menos comum do que a mora do devedor, nada impede que o próprio
sujeito ativo da relação obrigacional, recusando-se a receber a prestação no tempo, lugar
e forma convencionados, incorra em mora.
Quanto aos efeitos da mora do credor, conforme dispõe o art. 400 do CC:
Por parte do devedor, a purgação da mora efetiva-se com a sua oferta real,
devendo abranger a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do
atraso (juros de mora, cláusula penal, despesas realizadas para a cobrança da dívida
etc.). Tratando-se de prestação pecuniária deverá ser corrigida monetariamente, caso
seja necessário (art. 401, I, CC).
Finalmente, é bom que se diga que o Código Civil atual, contornando uma
impropriedade do Código anterior, suprimiu o inc. III do revogado art. 959, o qual fazia
referência à purgação da mora de ambos os contraentes, quando houvesse renúncia
recíproca por parte dos sujeitos da relação jurídica obrigacional. Certa a conclusão de
SÍLVIO VENOSA no sentido de que, nesse caso, “estando ambos em mora, elas se
anulam, já que as partes se colocam em estado idêntico e uma nada pode imputar à
outra”. É como se os efeitos da mora simultânea de uma parte e de outra se
eliminassem reciprocamente, não havendo que se cogitar de renúncia.
A doutrina moderna entende que não, em razão da função social dos contratos, que
faz da possibilidade de emenda da mora uma norma de ordem pública
3. Perdas e danos
5 Algumas leis que admitem a emenda ou purgação da mora: art. 3º, § 1º, do Decreto-Lei 911/69 (alienação fiduciária), art. 62, III, e parágrafo
único da Lei n. 8.245/91 (locação), 1.071, § 2º, do CPC, art. 14 do Decreto-Lei 58/37 (promessa irretratável de compra e venda), etc.
Pagar “perdas e danos”, afinal de contas, significa isto: indenizar aquele que
experimentou um prejuízo, uma lesão em seu patrimônio material ou moral, por
força do comportamento ilícito do transgressor da norma.
Por tudo isso, deixando de lado, por ora, aspectos mais delicados de
responsabilidade civil, fixemos a premissa de que as perdas e danos traduzem o
prejuízo material ou moral, causado por uma parte à outra, em razão do
descumprimento da obrigação. Acrescente-se ainda o fato de que também o
inadimplemento relativo (mora), que se caracteriza quando a prestação, posto
realizável, não é cumprida no tempo, lugar e forma devidos, também obriga ao
pagamento das perdas e danos, correspondentes ao prejuízo derivado do
retardamento imputável ao credor ou ao devedor.
Essa regra, que deve ser lida em sintonia com a norma prevista no art. 393 do
CC - que exige a atuação culposa do devedor para que possa ser responsabilizado -,
não explica o que se entende por “perdas e danos”
.
Como visto, essa expressão traduz o prejuízo ou dano material ou moral,
causado por uma parte à outra, em razão do descumprimento da obrigação. O CC, a
despeito de não defini-la com precisão, definiu os seus contornos, delimitando o seu
alcance, consoante se depreende da leitura do seu art. 402 do CC. Em outras palavras,
as perdas e danos devidas ao credor deverão compreender o dano emergente (o que
efetivamente perdeu) e o lucro cessante, (o que razoavelmente deixou de lucrar).
6 Em geral, havendo inadimplemento relativo, a parte morosa compensa a outra pagando os juros da mora, não havendo óbice de que as partes
pactuem ainda uma cláusula penal moratória, estudada alhures.
razoavelmente, admitir que houve lucro cessante (ideia que se prende à existência
mesma de prejuízo). Ele contém uma restrição, que serve para nortear o juiz acerca da
prova do prejuízo em sua existência, e não em sua quantidade. Mesmo porque,
admitida a existência do prejuízo (lucro cessante), a indenização não se pautará
pelo razoável, e sim pelo provado”.
Além disso, seguindo esta linha de raciocínio, não é demais lembrar que,
segundo o nosso direito positivo, mesmo a inexecução obrigacional resultando de dolo
do devedor, a compensação devida só deverá incluir os danos emergentes e os lucros
cessantes diretos e imediatos, ou seja, só se deverá indenizar o prejuízo que decorra
diretamente da conduta ilícita (infracional) do devedor, excluídos os danos remotos.
Nesse sentido, o art. 403 do CC/2002. A referência à lei processual significa que a
condenação no ônus da sucumbência (custas processuais, honorários de advogado) tem
tratamento autônomo, na legislação adjetiva.
Vale mencionar ainda que todo e qualquer dano, para ser considerado
indenizável, deverá conjugar os seguintes requisitos:
Por fim, vale destacar que, de acordo com o caput do art. 404 do CC, as
“perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos,
abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena
convencional”.
Enunciado 159 do CJF: “Art. 186: O dano moral, assim compreendido todo
o dano extrapatrimonial, não se caracteriza quando há mero aborrecimento
inerente a prejuízo material.”
4. Juros.
O STJ na Súmula 121 afirma somente ser possível a capitalização dos juros se
houver norma legal que excepciona a proibição estabelecida na Lei da Usura. No
mesmo sentido o REsp. 63.372-9/PR.
Nos termos do art. 407 do CC “ainda que não se alegue prejuízo, é obrigado o
devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às
prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por
sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as partes”.
5. Cláusula Penal
Esses limites legais para a cláusula penal são de ordem pública, devendo a
redução ser determinada de ofício pelo juiz. Tratando-se de norma de ordem pública,
também não cabe a sua exclusão por força de pacto ou contrato, uma vez que a
autonomia privada encontra limitações nas normas cogentes de ordem pública.
A parte que descumpriu o contrato perde o sinal dado (ou devolve o sinal
recebido mais o equivalente, conforme o caso) para a parte inocente. Além disso, a
parte inocente pode:
Não se exige prova do prejuízo real. Por outro lado, não se admite a cobrança
de outra verba, a título de perdas e danos, ainda que a parte inocente tenha sofrido
prejuízo superior ao valor do sinal. O sinal constitui, pois, predeterminação das
perdas e danos em favor do contratante inocente.