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Valoração de Danos ao Meio

Ambiente
Annelise Monteiro Steigleder
Responsabilidade civil
ambiental
• Arts. 225, caput, e §3º, CF/88, e 14, §1º, Lei
6938/81.
• Princípios: prevenção, precaução e
poluidor-pagador

• Funções: reparatória, compensatória da


coletividade, preventiva e pedagógica
Dimensões do dano ambiental
• Material

• Extrapatrimonial (Dano moral coletivo)


Dano extrapatrimonial
• Art. 1º, Lei 7347/85
• Reconhece os valores imateriais associados
aos bens ambientais e culturais
• Tutela da qualidade de vida, do bem estar,
dos valores afetivos
Ouro Preto
Incêndio do Pilão
TJSC - Ap. Cível 2005.013455-7
• “Apelação cível. Tombamento. Dever de manutenção e
resguardo do bem pelo proprietário.Imóvel parcialmente
destruído. (...) A doutrina pacificou o entendimento acerca
da possibilidade de reconhecimento da indenização por
dano moral coletivo, quando decorrente de agressões ao
patrimônio ambiental, com respaldo, após 1994, no art. 1º
da Lei da ACP. O dano moral coletivo será cabível quando
gerar uma grave comoção em toda a comunidade
envolvida, todavia a indenização somente persistirá
quando inviável a reparação do prédio tombado”.
Valoração
• Arbitramento pelo juiz
– Princípio da razoabilidade
– Eqüidade
– Livre convencimento motivado
Critérios para o arbitramento do
dano extrapatrimonial
• Gravidade do dano, tanto em termos materiais como
jurídicos
• Irreversibilidade dos bens ambientais e serviços lesados
• Perda de bem-estar da comunidade, analisando-se a
abrangência de pessoas afetadas, sua possibilidade de
busca por recursos alternativos
• Tempo durante o qual a comunidade ficará privada do
bem-estar.
• Intensidade do risco criado: periculosidade inerente à
atividade causadora do dano, bem como seus potenciais
efeitos para o meio ambiente, vida e saúde humanas.
Danos materiais ao bem
cultural
• Reversíveis: prioridade da restauração do
bem degradado

• Irreversíveis: Indenização
Dificuldades da restauração
• Alta especialização dos profissionais
• Diferentes concepções teóricas sobre o que
é restauração
• Resguardo da autenticidade do bem
• Favorecer o uso sustentável do bem cultural
sem descaracterizar os valores artísticos e
de antiguidade
Complexidade da reparação de
danos a bens histórico-culturais

Museu do Oratório
Ouro Preto/ MG
Princípios jurídicos da
restauração de bens culturais
• Adoção do princípio do poluidor-pagador

• Implementar a função reparatória da


responsabilidade civil, reintegrando-se o
bem jurídico lesado
• Restauro deve ser precedido por estudos
arqueológicos/históricos do bem
• Respeito à integridade estética, histórica e
material dos bens culturais
• Substituições devem ser harmonizadas com
o todo, mas ao mesmo tempo ser
identificáveis
• Intervenção mínima no bem cultural
• Registro das etapas da restauração
Fonte Talavera
Porto Alegre- RS
Fonte Talavera após restauro
E se o dano for irreversível?
TRF - 4ª AC 200104010225886/SC

• “ACP. Aterramento de área de mangue. (...)


• Quanto à indenização, correta a sentença
em determinar a apuração dos danos
causados ao meio ambiente em liquidação
de sentença no valor de mercado dos
2.450m2 aterrados”.
TRF 3ª AC 98030675460
• Ambiental. ACP. Vazamento de óleo. Responsabilidade
objetiva. Indenização devida (...).
• A indenização a ser arbitrada deve obedecer ao princípio
da razoabilidade, sempre com vistas a desestimular a
transgressão das normas ambientais.
• Á míngua de melhor critério, nada impede que o juiz adote
critérios estabelecidos em trabalho realizado pela CETESB
relativo ao derramamento de petróleo e derivados, desde
que atentando para o princípio da razoabilidade. A fixação
de indenizações desmesuradas ao pretexto de defesa do
meio ambiente configura intolerável deturpação da ‘mens
legis’, não podendo no caso em tela o Estado valer-se do
silêncio da lei para espoliar o poluidor a ponto de tornar
inviável o empreendimento.
TJMG - AC 1002404520885-
7/001
• ACP. Dano ambiental. Quantum indenizatório.
Fixação. Critérios. Na ação civil pública ajuizada
pelo MP para apurar danos causados ao meio
ambiente, diante da ausência de critérios objetivos
para a fixação do quantum indenizatório, tal como
prova pericial judicial, o valor deve ser arbitrado
com base no princípio da razoabilidade, atentando-
se sempre para a condição financeira do causador
do dano.
TJRS - AC 70003962628
• ACP. Queimadas em pastagens nativas.
Responsabilidade civil. Indenização devida, com
modificação do valor....
• “...a composição dos custos conduziria a valores
que oscilam entre R$90,00 a R$ 165,00 por
hectare, entendo de que o valor médio é que deve
ser acolhido para sua fixação, ou seja R$ 127,05
por hectare, que multiplicados por 80 hectares, dão
um cálculo final de R$ 10.164,00”.
Desafios
• Como superar a “discricionariedade”
judicial na fixação de valores
indenizatórios?
• Como garantir o princípio da reparação
integral do dano?
• Haverá uma metodologia capaz de captar
todos os valores reconhecidos pelo Direito?
• Haverá cientificidade nessa metodologia?
Art. 216, CF/88
• Constituem patrimônio cultural brasileiro,
os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto,
portadores de referência à:
– Identidade
– Ação
– Memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira
Valor Cultural
“Capacidade de atender a uma necessidade
humana - qualquer necessidade - , servindo
de intermediação e impregnando-a com os
atributos de sentido, significado”
(Ulpiano Bezerra de Meneses)
Características do valor
cultural
• Não é inerente às coisas, mas instituído
pelas pessoas, em sociedade.
• Mutabilidade e heterogeneidade
• Subjetividade
• Conflituosidade entre os diversos valores
associados ao bem (religioso, turístico, etc.)
• Apreciação técnica
Valores atribuídos aos bens
culturais
• Valor de antiguidade
• Valores de testemunho e cognitivo
• Valor de uso
• Valor artístico-formal
• Valores morais ou afetivo-espirituais
• Valores de singularidade/raridade
Bens Arquitetônicos
(Nicolau de Curtis e Nestor Torelly)

1. 1. VALOR ARQUITETÔNICO
Constatado em um edifício com
notáveis detalhes estéticos em sua
concepção.

Ouro Preto - MG
4. VALOR DE USO ATUAL
Presente em uma edificação do passado
que dispensa adaptações para um uso atual.

Mercado Público - Florianópolis

Pelourinho
5. VALOR DE ACESSIBILIDADE
COM VISTAS A REVITALIZAÇÃO

Quando o acesso viário é facilitado


e permite uma boa integração com o
equipamento de lazer e cultura.

Pelourinho - Salvador
6. VALOR DE CONSERVAÇÃO
O bom estado de conservação, apesar
da idade da construção, permite sua
ocupação sem grandes intervenções.

Porto Alegre - RSRS

7. VALOR DE RECORRÊNCIA
REGIONAL
Blumenau - SC
Edificação que reflete a manifestação de
uma cultura regional.
8. VALOR DE RARIDADE FUNCIONAL
Presente em uma edificação cuja função
tenha se tornado incompatível com as condições
da vida atual.

São Luiz - MA

9.VALOR DE RISCO DE
DESAPARECIMENTO
Atribuído a uma edificação situada em setor
urbano onde se permita substituí-la por uma nova
edificação com maior área construída.
10. VALOR DE ANTIGÜIDADE
Apesar de não ser um prédio com características
notáveis, se destaca como uma das construções mais
antigas do local.

Triunfo - RS

11. VALOR DE COMPATIBILIZAÇÃO


COM A ESTRUTURA URBANA
Usina do GasômetroRS
Presente naquele prédio que é possível
preservar porque não impede reformulações
urbanas como alargamentos de via, etc.
Obras de Arte
• Interesse Artístico

• Autor

• Técnica

• Materiais
Valoração Econômica dos Danos
Irreversíveis ao Bem Cultural
• Valor, para a Economia, corresponde ao
valor monetário de um bem em relação a
outros bens e serviços disponíveis no
mercado

• Ampara-se na disposição do consumidor a


pagar pelo bem ou serviço
Valores associados ao dano
• Valor de uso (direto e indireto)

• Valor de opção

• Valor de existência (não-uso)


VERA= Valor de Uso (Direto e
Indireto) + Valor de Opção + Valor
de Existência
Quadro de valores
• Valor de uso direto • Valores cognitivo,
pragmático, religioso,
turístico, científico,
recreativo, de uso atual, de
• Valor de uso indireto acessibilidade, de
compatibilização
• Valor de risco de
• Valor de opção desaparecimento, raridade
• Valor de existência • Valores formais, afetivo,
de antiguidade, evocativo,
testemunhal
Decreto Federal nº 4339/02
2. A Política Nacional da Biodiversidade
reger-se-á pelos seguintes princípios:
(...)
XIV - o valor de uso da biodiversidade é
determinado pelos valores culturais e inclui
o valor de uso direto e indireto, de opção de
uso futuro e, ainda, o valor intrínseco,
incluindo os valores ecológico, genético,
social, econômico, científico, educacional,
cultural, recreativo e estético”.
Premissas
• Indenização não consegue captar todos os
valores associados ao bem cultural, que o
direito reconhece

• Subjetivismo das metodologias

• A fixação do valor sempre deverá ser


precedida de uma avaliação técnica do bem
e do dano, capaz de identificar a sua
complexidade
ABNT NBR 14653 - Parte 7
• Avaliação técnica:
• Identificação do bem
• Conhecimento da documentação relativa à
propriedade e às exigências decorrentes do
tombamento
• Vistoria
• Caracterização dos elementos históricos e
artísticos:
Elementos a serem avaliados
• Características singulares do bem:
– estilo, época e autoria
– raridade em termos geográficos e de quantidade
– impacto em termos de interesse
– marcos artísticos, históricos e culturais
• Localização
– acessibilidade (quantidade e qualidade), meios
de transporte (frequência e custo)
– nível de urbanização (envolvente, próxima ou
remota)
– harmonia estética do entorno
– segurança pública
– identificação dos efeitos multiplicadores, sua
qualidade físico-química, comportamento
mecânico, facilidade de preservação,
substituição ou reprodução, conforme o caso.
• Materiais e técnicas originais utilizados
• Estado de conservação, preservação e
condições de uso
• Integridade do bem
• Funcionalidade e adaptação a usos
alternativos
• Presença de elementos artísticos
• Condições de comercialização
Critérios gerais - ABNT
• Preferência do método comparativo direto de
dados do mercado, sempre que os bens
apresentarem um mercado consumidor.
– Ex: Obras de arte
• No caso de imóveis, observar os dados de mercado
utilizados: localização, zoneamento e uso legal,
tipo de proteção, proximidade de outras
propriedades tombadas, estilo e época
arquitetônica, custos de preservação, restauração,
adaptação e reconstrução de bens semelhantes
• Se o imóvel apresentar possibilidade para
exploração econômica, pode ser utilizado
método da capitalização de renda (ABNT
NBR 14653-4)

• Se o imóvel não dispuser de valor de


mercado, a avaliação pode ser feita com
base no custo de reedição ou substituição
(ABNT NBR 14653-2)
Custo de reprodução
• Estima os custos incorridos para se
reproduzir um bem cultural

• A depreciação do imóvel, nesse caso, deve


ser calculada por levantamento do custo de
recuperação do bem cultural, no todo ou em
parte, para deixá-lo no seu estado original
• Quando o melhor aproveitamento possível
do imóvel for sua adaptação, a avaliação é
uma combinação do custo de reedição
(parte a preservar) com o custo de
substituição (parte a remodelar).

• Para obras de arte, considerar custos de


reedição, preços apurados em leilões
NBR 14653-7
• Avaliação contingente
• Pesquisas de opinião, criando mercados
hipotéticos, onde as pessoas exprimem, de
forma direta, suas preferências
• Avalia a disposição a pagar pela fruição do
bem cultural e a receber em troca da
tolerância aos impactos
• Ex: valor do sossego, da paisagem, da
memória, etc.
• Custo de Viagem (Pearce)
• Avalia bens culturais com base no valor
gasto para a utilização destes com
atividades turísticas
• Calcula-se o quanto um indivíduo gasta
para usufruir da área
• Não mede o valor de opção e de existência
• Baseia-se na teoria da demanda do
consumidor
Limitações
• Metodologias não avaliam o dano, mas
identificam apenas a disposição a pagar
pelo bem
• Salvo a avaliação contigente, as demais
técnicas não identificam o valor de
existência
• Avaliam o bem-estar das pessoas através da
utilidade que os bens culturais
proporcionam
• Difícil operacionalização por parte do MP

• Dependem da sensibilidade humana

• Não resolvem o problema do


desconhecimento/ falta de percepção da
população sobre:
– importância histórica, cultural, dos bens.

– potencial de uso futuro dos bens culturais


Conclusões
• Aperfeiçoamento das metodologias é
imprescindível para redução da
discricionariedade judicial e efetividade do
princípio da reparação integral do dano

• Metodologias devem buscar a interiorização


das externalidades negativas
• Custos com prevenção, custos com
reparação, investimentos não feitos devem
compor o cálculo da indenização, ainda que
combinados com outros critérios

• Consideração dos preços dos bens, quando


houver, mas não como critério isolado
Muito obrigada!

annelise@mp.rs.gov.br

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