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Processo: 0029435-78.2012.8.16.0001
Classe Processual: Usucapião
Assunto Principal: Usucapião Extraordinária
Valor da Causa: R$8.000,00
Autor(s): ALCIR SILVA JUNIOR (CPF/CNPJ: 305.367.747-49)
Rua Cascavel, 270 CASA 16 - Boqueirão - CURITIBA/PR - CEP: 81.670-180
Réu(s): ESPOLIO DE ROBERTO GOMES (CPF/CNPJ: Não Cadastrado)
DESCONHECIDO, S/N - CURITIBA/PR
I – Relatório
Em deliberação de mov. 1.2 (fl. 22), tendo em vista que após diversas
diligências não foram localizados eventuais herdeiros do réu falecido, foi determinada a citação
destes por edital (fl. 64 – seq. 1.2), sendo nomeado curador especial, ante ao decurso in albis da
citação editalícia (cf. mov. 2.1 e mov. 4.1). Assim, ato contínuo, ao mov. 8.1 fora oferecida defesa
na forma de contestação por negativa geral.
É o relatório.
DECIDO.
II – Fundamentação
Mérito
11. Produzida a prova necessária e reconhecido o direito com a sentença judicial, o juízo
deverá determinar a expedição de mandado próprio, para efeito de registro nos órgãos
competentes.
12. Na hipótese específica, apesar de a recorrente ter a posse direta do bem, terá
que elidir a cadeia sucessória dos antigos proprietários, além dos sucessores
do proprietário constante dos registros do DETRAN, para exercer a
propriedade plena do veículo em questão.
13. Sob esse prisma, a ação de usucapião poderá ser utilizada para o fim
pretendido, mormente porque há notícia nos autos de falecimento do antigo
proprietário constante do registro, o que inviabiliza a transferência
administrativa do veículo no órgão de trânsito.” (grifei)
Assim, sigo tal entendimento e, deste modo, concluo que mesmo que pela
tradição a parte autora tenha adquirido a propriedade plena do bem descrito na exordial,
quando, a priori, se poderia argumentar a inexistência de interesse de agir quanto a necessidade
de declaração de domínio buscada por intermédio da presente demanda, no caso sub judice,
tendo em vista a inviabilidade de pleno exercício do direito de propriedade, o ajuizamento da
demanda de usucapião, a fim de ter reconhecida a propriedade para fins de regularização do
registro de propriedade junto ao departamento de trânsito, é plenamente viável.
Pois bem.
Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.
Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião,
independentemente de título ou boa-fé.
Art. 1.262. Aplica-se à usucapião das coisas móveis o disposto nos arts. 1.243 e 1.244.
“No primeiro plano está, pois, a posse. Não é qualquer posse, repetimos; não basta o
comportamento exterior do agente em face da coisa, em atitude análoga à do
proprietário; não é suficiente a gerar aquisição, que se patenteie a visibilidade do
domínio.
A posse ‘ad usucapionem’, assim nas fontes como no direito moderno, há de ser rodeada
de elementos, que nem por serem acidentais, deixam de ter a mais profunda significação,
pois a lei a requer contínua, pacífica ou incontestada, por todo o tempo estipulado, e com
intenção de dono. (...)
Requer-se, ainda, a ausência de contestação à posse, não para significar que ninguém
possa ter dúvida sobre a ‘conditio’ do possuidor, ou ninguém possa pô-la em dúvida, mas
para assentar que a contestação a que se alude é a de quem tenha legítimo interesse, ou
seja da parte do proprietário contra quem se visa a usucapir.
A posse ad usucapionem é aquela que se exerce com intenção de dono - com animo
domini. Este requisito psíquico de tal maneira se integra na posse, que adquire tônus de
essencialidade"
Conforme se extrai das provas anexas aos autos não há prova cabal quanto a
posse anterior e seu período, a qual sustenta o requerente ter sido exercida pelo Sr. Sinval
Perfeito (terceiro à lide), há, de fato, a declaração firmada por este e anexa à peça exordial (fl. 12
– mov. 1.1) em conjunto com a declaração da própria parte autora.
Contudo, ressalta-se que a testemunha trazida pelo autor declara que não
presenciou as negociações relatadas pela parte requerente, isto é, a tradição do bem efetuada
pelo proprietário registral do veículo ao Sr. Sinval Perfeito, tampouco o negócio firmado entre a
parte autora e este terceiro (mov. 49.3).
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou
extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão.
III - Dispositivo
Oportunamente, arquivem-se.
Juíza de Direito
[1] Direito Civil: Direitos Reais. 15ª Ed. São Paulo: Atlas, 2015. fl. 264
[3] Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos
antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas
sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé.