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Apresentação ............................................................................................................................................................... 3
Aula 01 - Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos – quais os princípios? ......... 5
Aprofundando o olhar sobre a transição: resíduos sólidos para recursos sólidos .................................................... 15
Os Acordos Setoriais – implementando a Responsabilidade Compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos
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Apresentação
Olá! É um prazer imenso ter você aqui, no segundo módulo de nosso curso.
Vamos começar mais um módulo do curso, trazendo alguns conceitos importantes para entendermos
a GRS.
VALE SEMPRE LEMBRAR que, para atingir os objetivos deste módulo e do curso, você deve estar
atento(a) a alguns pontos relacionados à forma de participação nas atividades propostas:
3) A relevância do conhecimento construído aqui será maior na medida em que você exercitar o diálogo
entre os temas que estamos vendo e a sua realidade de Gestão de Resíduos Sólidos.
Ao longo das aulas do Módulo 01, falamos sobre gestão de resíduos, a PNRS, a Educares e outras
políticas que se articulam com a GRS.
A partir de agora, com as aulas do Módulo 02, vamos apresentar conceitos-chave para a gestão de
resíduos, partindo da abordagem da Educares.
Vejamos, a seguir, quais são os objetivos deste módulo.
Objetivos Específicos
Apresentar a estrutura de temas multiplicadores e temas geradores trazida pela Educares;
Discutir a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
Refletir sobre a relação entre conceitos e valores culturais;
Apresentar conceitos relacionados à transição de resíduos para recursos sólidos.
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O papel das mudanças de conceitos na transformação cultural necessária à Gestão de Resíduos
Sólidos.
Os conceitos geradores adotados pela Educares e seus temas correlatos:
De resíduos sólidos para recursos sólidos;
Da irresponsabilidade para a responsabilidade compartilhada;
Da fragmentação à unidade na diversidade;
Da atitude consumidora para atitude cidadã.
Na próxima aula, vamos começar o Módulo 02 falando sobre responsabilidade compartilhada pelo
ciclo de vida dos produtos, seus princípios e a forma como é tratada pela Educares. Teremos, então, os seguintes
tópicos:
Definição da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos na Educares;
Conceitos multiplicadores.
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Aula 01 - Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos – quais os princípios?
Olá! Começaremos a Aula 01, do segundo módulo, falando um pouco mais sobre responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, seus princípios e a forma como é tratada pela Educares.
Já sabemos até agora que a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é um
conceito central na PNRS, dialogando com vários outros princípios e conceitos que essa Política traz, tais como:
logística reversa, gestão integrada de resíduos, entre outros. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos faz parte do novo conceito de cidadania, global e sustentável: a cidadania ambiental.
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Vamos, então, aprofundar um pouco mais o olhar sobre esse tema partindo da relação da
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos com todo o processo de gestão de resíduos,
passando pela forma como é conduzida pelos diversos setores da sociedade.
Ao trazer a responsabilidade compartilhada para seu eixo central, a PNRS busca atingir sete pontos:
Fabricantes, distribuidores, importadores e comerciantes são chamados a assumir o seu papel nos
processos de desenvolvimento, fabricação, distribuição de produtos, divulgação sobre redução, reciclagem,
eliminação de resíduos, recolhimento de produtos e resíduos, estruturação de sistemas de logística reversa,
dentre outras atividades especificadas com mais detalhes na PNRS.
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Leia o PNRS, recomendo os trechos das páginas 1-37.
Fonte: BRASIL. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política nacional de
resíduos sólidos [recurso eletrônico]. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados,
Edições Câmara, 2012. (Disponível na plataforma digital do curso).
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos prevê ações para todos os
envolvidos na GRS, no entanto, autoridades públicas, sociedade, empresas e os catadores de materiais recicláveis
e reutilizáveis têm um papel diferenciado por conta das características de sua atuação. Veja abaixo uma
comparação entre as responsabilidades antes e depois da PNRS para os setores:
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Na figura abaixo, temos outro esquema que traz o tipo de gerador de resíduos e as atividades que lhe
cabem dentro do exercício da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
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• Qual a interpretação de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos que é aplicada no seu contexto?
• Quais são os setores ativos nesta prática na sua realidade?
Fazemos aqui uma pausa para esclarecer que na Educares, encontramos o uso do termo
responsabilidade compartilhada, enquanto que na PNRS o termo aplicado é responsabilidade compartilhada
pelo ciclo de vida dos produtos. Embora diversos, fica claro na Educares que seu foco é o mesmo da Política.
Por conta disso, nesta aula, ao falarmos da Educares, estaremos resgatando o termo responsabilidade
compartilhada, para nos mantermos sintonizados com a nomenclatura dessa estratégia.
Como já vimos no Módulo 01, a Educares equaciona o desafio da GRS, valendo-se das contribuições
da EA e da CS. Partindo de uma visão ampliada de sustentabilidade, a Educares trabalha com a Gestão da Mente
Sustentável como pilar-chave, que inclui na sustentabilidade a dimensão cultural ligada aos valores pessoais.
Podemos ilustrar a proposta de sustentabilidade pela figura abaixo:
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A abordagem de gestão da mente sustentável viabiliza a implementação dos três ideais, promovendo
uma integração que resulta em ações aplicáveis.
Orientada pela visão quaternária da gestão da mente sustentável, a Educares estabelece conceitos e
ações operativas de caráter integrador, gerador, multiplicador e operador. No momento, estamos interessados
em entender o que é o conjunto de Conceitos Multiplicadores, pois eles são a base prática da responsabilidade
compartilhada, funcionando como princípios.
Os Conceitos Multiplicadores são aqueles capazes de irradiar guias que orientem ações efetivamente
integradas e estruturantes, englobando princípios transformadores da cultura vigente. Dito de outra forma, os
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conceitos multiplicadores são aqueles que promovem valores sem os quais a responsabilidade compartilhada
não acontece.
Foram identificados 12 conceitos multiplicadores, 12 atitudes a serem construídas e mantidas na
cultura de resíduos sólidos. São os listados abaixo:
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compartilhada e que devem trazer os demais conceitos à medida em que o exercício da responsabilidade
amadurece.
Caro(a) cursista, chegou o momento de rever os temas tratados nesta aula e consolidar alguns
aprendizados. Reflita sobre as questões a seguir, pensando em como aplicá-las em sua realidade ou no processo
de gestão de resíduos sólidos que você está estudando. Escolha algum aspecto da GRS de seu interesse e,
partindo daí, responda as questões a seguir.
Muito bem! Nesta aula, vimos que a responsabilidade compartilhada é um pilar-chave para a gestão
de resíduos da forma como é vista na PNRS. Ela também se desdobra em princípios que, quando aplicados,
tornam possível a prática do compartilhamento de responsabilidades.
Trouxemos também a forma como a PNRS e a Educares abordam a responsabilidade compartilhada,
destacando que, embora usem termos diferentes, o foco é o mesmo.
Vimos a definição de Conceitos Multiplicadores que integram a estrutura da Educares e que
englobam a responsabilidade compartilhada.
Na próxima aula, vamos falar sobre a transição lixo –> resíduo –> recurso, por meio do conceito de
transição de resíduos sólidos para recursos sólidos, e dos desdobramentos a partir desse conceito. Teremos
também uma visão mais detalhada do que vem a ser um conceito gerador.
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Aula 03 - De resíduos sólidos para recursos sólidos
Nesta aula, falaremos um pouco mais sobre outra estrutura da Educares - os Conceitos Geradores,
começando pelo conceito de transição de resíduos sólidos para recursos sólidos.
No Módulo 01, vimos o conceito de GIRS adotado pela PNRS. Trazemos aqui um lembrete sobre este
conceito, pois vamos utilizá-lo ao longo desta aula.
RELEMBRANDO...
De acordo com a PNRS, a GIRS é um conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os
resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com
controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2012b, p. 11).
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Na figura abaixo, vemos o conjunto de conceitos e seus temas relacionados. Ao longo do curso,
estaremos falando mais dos conceitos, alguns de seus subtemas e a forma como eles se relacionam e se
complementam.
Na aula passada já falamos um pouco sobre Conceitos Multiplicadores, e, de agora até o final deste
módulo, os Conceitos Geradores serão o foco.
Os conceitos geradores indicam quatro trânsitos culturais* necessários para que a PNRS saia do
papel e entre no cotidiano dos setores público, privado e da sociedade em geral.
Trânsitos culturais são mudanças de valores que compõem uma cultura, seja ela um saber pessoal ou um saber coletivo. A
transformação da cultura nasce da mudança de valores, que vão se refletir na cultura, que ao mudar transita de um conceito pa ra outro.
A Educares aponta quatro trânsitos desejáveis para uma Gestão de Resíduos Sólidos coerente com a visão ampliada de
sustentabilidade, focada na Gestão da Mente Sustentável. Essa abordagem inclui na sustentabilidade a dimensão cultural ligada aos
valores pessoais.
DICA!
Retorne à Aula 01 e reveja o conceito de sustentabilidade trazido pela Educares e sua abordagem da
Gestão da Mente Sustentável.
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O grupo de conceitos geradores atua como vetores de força e de transformação social ao chamarem
atenção para conceitos necessários à mudança de cultura que a GRS demanda. Os conceitos geradores dão
suporte para que a GIRS, da forma como é colocada na PNRS, seja possível.
Para aprofundarmos a reflexão sobre os temas geradores, escolhemos para o curso uma série de
subtemas derivados. Todos os subtemas que reunimos aqui, a partir de um Conceito Gerador, possuem de fato
uma forte relação e dependência em si. Essa relação ficará visível em vários momentos, a partir deste
ponto, nos materiais obrigatórios e sugeridos que estarão sendo trazidos.
Realizar a mudança de percepção do resíduo para recurso é uma tarefa de todos nós, afinal de contas,
todos somos consumidores e, inevitavelmente, produtores de resíduos. Isso nos coloca em um papel central na
transformação desses em recurso. A PNRS nos convoca a assumir nossa responsabilidade no ciclo produção-
consumo-descarte, e nos tornarmos corresponsáveis pelo gerenciamento dos resíduos.
O caminho para a transição desejada é gradual, começando por entendermos que lixo passa a ser
resíduo, com a finalidade de se transformar em recurso em vários sentidos: natural, econômico, social e cultural.
Para provocar a reflexão sobre uma nova abordagem para Recurso, trazemos o trecho a seguir:
Trazemos aqui o entendimento de recurso no seu conceito mais amplo, capaz de provocar reflexões
sobre os mais variados pontos de vista. Trata-se de um sentido que extrapola a visão da economia, em que
recurso significa apenas dinheiro, e adota a visão de recurso no sentido da transformação (que pode ser
transformado em outra coisa).
Em primeiro lugar, qualquer resíduo vem de um recurso natural e essa informação é transformadora,
pois deve nortear a relação com o que se consome. No entanto, essa relação, na maior parte do tempo, não é
percebida pela sociedade. Lixo não é recurso. É simplesmente lixo. [...]. No Brasil, mudar essa relação é um
desafio, pois entre as características sociais e comportamentais que compõem o cenário atual há, por exemplo,
cada vez mais pessoas na classe C que querem e têm o direito de consumir, acessar o conforto que nunca
tiveram, adquirir o carro sonhado, comprar um equipamento eletrônico e assim por diante. Como explicar para
essas pessoas que elas precisam repensar seu padrão de consumo? Em contrapartida, temos no Brasil um
público com padrão de consumo igual ou superior ao consumidor de alto padrão dos Estados Unidos, que
sequer considera repensar seus padrões de consumo, que de maneira indireta e nem sempre tão consciente
associam o ato de consumir a status, poder e posição social (BRASIL, 2013c, p. 41 e 42).
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Construir um olhar para o recurso, da forma como foi colocado anteriormente, demanda, entre outras
coisas, que se identifique com clareza o que é o nosso popular lixo.
Entender melhor a diferença entre os diversos materiais que compõem o lixo é preciso para que se
identifique o que pode se tornar recurso e de que forma isso é possível.
O primeiro aspecto que destacamos é a diferença entre Resíduo e Rejeito, segundo a PNRS:
RESÍDUOS SÓLIDOS
[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a
cuja destinação final se procede, propõe-se proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou
economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2012b, p. 11).
REJEITOS
[...] resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por
processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada (BRASIL, 2012b, p. 11).
Quanto do “lixo” que você gera é realmente rejeito e não pode ser
destinado de outra forma? De que maneira você pode aumentar a parcela
de recurso e reduzir a porção de rejeito no seu “lixo”?
Como se distribui a porção entre rejeito e resíduo no seu contexto de
atuação? Quais as alternativas ao alcance para minimizar a parcela de
rejeito no volume de resíduos gerados?
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Sair do olhar superficial da questão dos resíduos sólidos é essencial para qualificar o entendimento
técnico dessa temática e implementar ações consistentes e efetivas. Um passo importante é desconstruir o
conceito de lixo, que reúne e mistura materiais em estados distintos de valor e potencial de aproveitamento.
Daí nasce à relevância de divulgar a diferença entre resíduo e rejeito, como apresentamos anteriormente.
Outra ação que contribui para qualificar o olhar sobre os resíduos é a sua classificação, que permite
reunir elementos com características comuns, facilitando a gestão e o gerenciamento. A PNRS adota uma
classificação com base na origem e na periculosidade dos resíduos.
ORIGEM
Resíduos domiciliares;
Resíduos de limpeza urbana;
Resíduos sólidos urbanos (resíduos domiciliares + resíduos de limpeza urbana);
Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços;
Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico;
Resíduos industriais;
Resíduos de serviços de saúde;
Resíduos da construção civil;
Resíduos agrossilvopastoris;
Resíduos de serviços de transportes;
Resíduos de mineração.
PERICULOSIDADE
Uma boa caracterização e classificação dos resíduos é a base para o êxito dos processos de tratamento.
Fazer a transição de resíduo para recurso implica também nos processos e tratamentos dos resíduos sólidos.
Mais uma vez, esse tema é amplo e dialoga com várias frentes nos aspectos legal, técnico e social.
Os processos e tratamentos têm interface, por exemplo, com o Saneamento Básico, que trata do
abastecimento de água potável, do esgotamento sanitário, da drenagem e manejo das águas pluviais urbanas,
além da limpeza urbana e do manejo dos resíduos sólidos.
Podemos citar também a interface com a temática Mudança do Clima, que coloca a necessidade de
tecnologias limpas e uma redução da emissão de GEE, que têm nos resíduos sólidos uma de suas fontes. O Plano
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Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) estabelece metas para ampliação do tratamento e reciclagem dos
resíduos sólidos.
Esses são alguns exemplos de áreas afins com a GRS, e é importante ter tal conhecimento para
identificar pontos de apoio e fortalecimento para enfrentar o desafio que a gestão nos coloca.
Outro aporte de fortalecimento que a PNRS trouxe está ligado às tecnologias limpas*. A PNRS tem
como um de seus objetivos a adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologia limpas como
forma de minimizar impactos ambientais. Com isso, busca reduzir os impactos ambientais e fortalecer o
desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial que qualifiquem processos produtivos,
promovam o reaproveitamento de resíduos sólidos, recuperação e aproveitamento de energia.
*Tecnologias Limpas: as práticas que previnem ou minimizam problemas ambientais, tais como o elevado consumo de
insumos, a poluição e a geração de resíduos. A principal diferença destas em relação às tecnologias que visam corrigir os problemas
ambientais (de “controle corretivo” ou “fim-de-tubo”) está em trazer benefícios econômicos concomitantes aos ganhos ambientais, uma
vez que atuam para prevenir ou reduzir a poluição ainda na fonte geradora e concentram esforços na racionalização do uso de recursos
naturais (CEBRI, 2013, p. 5, on-line).
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As tecnologias limpas e tratamentos de resíduos têm crescido, evidenciando a importância de sua
aplicação e enriquecendo o repertório de possibilidades de ferramentas, estruturas e tecnologias. No entanto,
o papel do gestor é ser realista quanto à viabilidade e praticidade da tecnologia de tratamento de Resíduos
Sólidos selecionada. Em uma breve pesquisa, é possível encontrarmos muitos casos de gestão de resíduos que
falharam por adoção de soluções inadequadas.
Para os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), um grupo significativo de resíduos, em geral podem ser
aplicadas as seguintes tecnologias para tratamento e disposição final:
Triagem e Reciclagem
Tratamento Biológico: Compostagem ou Biodigestão (Digestão Anaeróbia)
Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR)
Coprocessamento
Aterros Sanitários
Trazemos na figura abaixo algumas questões que auxiliam na escolha das tecnologias e tipos de
tratamento dos resíduos.
Implementar as medidas de tratamento de resíduos tem seus desafios, mas um fator positivo é que,
segundo pesquisa do Ibope, essa é a quarta maior preocupação dos brasileiros. Abaixo, temos um esquema
com as maiores preocupações dos brasileiros em relação ao meio ambiente.
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Por fim, construímos até aqui um panorama geral dos resíduos sólidos no Brasil. Com essa
informação, fechamos o quadro do desafio posto, conceitos úteis para sua superação e algumas alternativas
tecnológicas para colocar tais ideais em prática.
Caro(o) cursista, vamos ao encerramento desta aula e convidamos você a refletir sobre os temas
tratados, buscando sempre uma relação com a sua realidade. Para ajudá-lo(a) nessa tarefa, trazemos algumas
provocações que você pode responder, sempre pensando em como aplicá-las em sua realidade ou no processo
de GRS que você esteja estudando.
Vamos refletir!
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Nesta aula, falamos um pouco sobre conceitos que impulsionam a transição da percepção de resíduo
para recurso. Vimos vetores de transição lixo –> resíduo -> recurso.
Olhamos com mais detalhe para Conceitos Geradores e a Educares, rejeito e resíduos sólidos,
classificação dos resíduos segundo a PNRS, processos, tipos de tratamento e tecnologias limpas.
Na próxima aula, teremos como foco os temas que emergem do conceito gerador Da
irresponsabilidade para a responsabilidade compartilhada: Ciclo de vida dos produtos; Acordo Setorial;
Logística Reversa e Catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
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Aula 03 - Da irresponsabilidade para a responsabilidade compartilhada
Caro(a) cursista, gostaríamos de lembrá-lo(a) de que os Conceitos Geradores são vetores de força e
de transformação social. Assim, começamos a aula querendo saber a sua opinião sobre o Conceito Gerador
Da irresponsabilidade para a responsabilidade compartilhada e seus desdobramentos.
De uma forma resumida, podemos dizer que o ciclo de vida dos produtos engloba desde a etapa de
projeto do produto, o processo de obtenção da matéria-prima, as etapas de produção, disponibilização ao
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consumidor, consumo, descarte, tratamento e manejo dos resíduos. Ou seja, desde sua concepção, consumo e
pós-consumo.
A PNRS estabelece que a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (lembra
de nossa Aula 02?) tem como um dos seus objetivos o estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida
do produto.
Na PNRS, ciclo de vida do produto refere-se à série de etapas que envolvem o desenvolvimento do
produto, a obtenção de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final.
Entender o que é o ciclo de vida de um produto e a avaliação desse ciclo de vida é um passo importante
para delinear a GRS. Na figura abaixo, temos uma visão geral do ciclo de vida e suas relações.
Outra abordagem convergente com a que apresentamos anteriormente traz o conceito de Pensamento
do Ciclo de Vida, que olha para a gama de impactos do produto ao longo de sua vida útil, seja ele um bem ou
um serviço. Veja abaixoum esquema do pensamento do ciclo de vida:
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O olhar do pensamento do ciclo de vida implica na avaliação desse ciclo, que vai quantificar e analisar
emissões, recursos consumidos e as pressões sobre a saúde e o ambiente sob impacto da existência de um
produto.
A GRS beneficia-se no momento em que aplica o pensamento da avaliação do ciclo de vida dos
produtos para ponderar prós e contras de uma situação específica, em um processo de tomada de decisão
política. É possível orientar essa análise partindo de algumas questões trazidas pelo material elaborado pela
Abrelpe (2013, p. 83, on-line):
É melhor reciclar o lixo ou recuperar energia a partir dele?
É melhor substituir aparelhos por novos modelos mais eficientes em termos energéticos ou
continuar usando os antigos e evitar a geração de resíduos?
Em outra abordagem convergente, temos o conceito de avaliação do ciclo de vida que, quando em
diálogo com as tecnologias limpas, é tida como uma postura preventiva e entra no contexto da produção mais
limpa. Veja a seguir uma definição para avaliação do ciclo de vida dos produtos:
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Método usado para quantificar a sobrecarga de um produto, processo ou atividade por meio de um
inventário de impactos ambientais da extração de matérias-primas até a sua disposição final (ou a subsequente
reutilização ou reciclagem, conforme definido no escopo do estudo). Impactos sobre saúde ocupacional e meio
ambiente incluem o consumo de matérias-primas, água e energia e os resíduos sólidos, emissões atmosféricas
e efluentes líquidos (SENAI RS, 2003, p. 41).
Unir as duas abordagens apresentadas anteriormente, que definiram Avaliação do Ciclo de Vida e
Pensamento da avaliação do ciclo de vida dos produtos, gera resultados positivos para a gestão de resíduos.
Esse processo de análise do ciclo de vida dos produtos também dialoga com o ecodesign e com a
Série ISO 14.000 (normas que determinam diretrizes para que determinada empresa, pública ou privada,
pratique a gestão ambiental), dois pontos relevantes do setor produtivo.
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A Logística Reversa
Pelo instrumento da logística reversa, fica estabelecido um caminho de volta para os produtos após
sua venda e consumo. Abre-se aqui uma oportunidade de desenvolvimento econômico ligado ao
reaproveitamento dos materiais no ciclo produtivo original ou em outros ciclos.
A logística reversa é a via adotada pela PNRS para que as empresas assumam a sua responsabilidade
pelo ciclo de vida dos produtos, e é considerada como um marco da política de resíduos sólidos brasileira. Na
prática, fica estabelecido que, quando um produto chega ao final de sua vida útil, ele é devolvido ao fabricante
ou ao importador para reciclagem ou outra destinação apropriada.
De acordo com a PNRS, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de alguns produtos
devem estruturar e implementar sistemas de logística reversa, prevendo o retorno de produtos após o uso pelo
consumidor. A figura abaixo ilustra os produtos sujeitos à logística reversa.
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Na PNRS (BRASIL, 2012c, p. 29-30, on-line), temos ainda um detalhamento de cada categoria de
produto ilustrado anteriormente:
I – agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o
uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei
ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas
técnicas.
II – pilhas e baterias.
III – pneus.
IV – óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens.
V – lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista.
VI – produtos eletroeletrônicos e seus componentes.
Na imagem abaixo, você verá a evolução dos setores que são obrigados a implantar sistemas de
logística reversa.
Perceber que a ideia de lixo é insustentável é o primeiro passo para transformar o problema do impacto
nefasto que as coisas que consumimos e descartamos exerce sobre o planeta e seus moradores. Adotar a ideia
de recurso é um segundo passo necessário e um pouco mais maduro, mas é possível melhorar mais ainda e
entender que muitos dos resíduos descartados são, na verdade, recursos, que podem gerar renda e afetar
positivamente a qualidade de vida de grupos da sociedade.
No momento em que você passa a pensar dessa forma, está materializando mais um aspecto da
transição da irresponsabilidade para a responsabilidade compartilhada, aqui, neste caso, afetando o ciclo
do produto e pessoas que se envolvem com a coleta de materiais reutilizáveis e recicláveis.
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Como temos falado, a PNRS tem vários aspectos de inovação e sensibilidade socioambiental. No que
se refere aos catadores, temos o Decreto nº 7.404/2010, que determina que:
A questão dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis aparece em vários trechos da PNRS. A
integração desses trabalhadores nas ações de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos
é um dos objetivos da Política.
Já a criação e desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de
materiais reutilizáveis e recicláveis é um dos instrumentos da PNRS. Para tornar isso realidade, é necessário
viabilizar economicamente a implantação de infraestrutura física e aquisição de equipamentos para cooperativas
ou outras formas de associação de catadores. Essa demanda é prevista na PNRS, que menciona a necessidade
de criar medidas indutoras e linhas de financiamento para atender, prioritariamente, algumas iniciativas, entre
elas a questão de infraestrutura e equipamentos para os catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Os catadores têm uma relação direta com a coleta seletiva nos municípios. A PNRS traz que o sistema
de coleta seletiva de resíduos sólidos priorizará a participação de cooperativas ou de outras formas de
associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis constituídas por pessoas físicas de baixa renda.
Como já vimos, a GRS tem, na PNRS, seu marco principal, mas outras políticas públicas dialogam com
essa temática. Um importante exemplo é a Lei Federal nº 8.666, de 21/06/1993, que institui normas para
licitações e contratos da Administração Pública, a qual aborda a questão da coleta seletiva e dos catadores.
A lei detalha situações onde é dispensável a licitação em contratos da Administração Pública (Art. 24):
XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores
de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
saúde pública (BRASIL, 2012a, p. 19, on-line).
Para uma inclusão efetiva dos catadores, é necessário saber quem são essas pessoas, como se
organizam, com quem dialogam, se há presença de ONGs ou do poder público. Essa visão dos catadores e do
processo de inclusão social demanda a construção de indicadores de acompanhamento dos resultados das
políticas, a formalização do papel dos catadores de materiais recicláveis e participação social nos programas de
coleta seletiva.
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De forma prática, a participação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis pode se dar por
meio da Coleta Seletiva Solidária, que é a coleta dos resíduos recicláveis descartados, separados na fonte
geradora, para destinação às associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Quanto melhor
for esse processo de separação na fonte, maior o valor agregado aos materiais que são coletados, e mais fácil é
seu encaminhamento garantido para as cooperativas ou associações de catadores.
Já mencionamos em aulas passadas que a PNRS destaca-se por seu caráter inovador que trouxe para o
corpo da Política abordagens técnicas e sociais de grande impacto, o que é necessário dada a complexidade
dos desafios da gestão de resíduos sólidos. A inclusão dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis no
processo de gestão é um desses aspectos inovadores e se reflete em vários momentos do texto da PNRS. Temos
por exemplo um título (Título V)*, no Decreto 7.404/2010 (que regulamenta a PNRS) dedicado exclusivamente
à participação dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. O Título V dispõe sobre:
O Título V detalha os meios de formalização para as ações ligadas à dispensa de licitação, capacitação, incubação,
fortalecimento institucional de cooperativas, pesquisa voltada para sua integração nas ações que envolvam a responsabilidade
compartilhada. São reconhecidos contratos, convênios ou outros instrumentos de colaboração com pessoas jurídicas de direito público
ou privado, que atuem na criação e no desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de mater iais
reutilizáveis e recicláveis.
O Título V detalha os meios de formalização para as ações ligadas à dispensa de licitação, capacitação,
incubação, fortalecimento institucional de cooperativas, pesquisa voltada para sua integração nas ações que
envolvam a responsabilidade compartilhada. São reconhecidos contratos, convênios ou outros instrumentos de
colaboração com pessoas jurídicas de direito público ou privado, que atuem na criação e no desenvolvimento
de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis
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A definição de programas e ações para a participação dos grupos interessados, em especial das
cooperativas ou outras formas de associação de catadores nos Planos Municipais de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos.
A descrição, nos planos de gerenciamento de resíduos, das ações desenvolvidas pelas cooperativas ou
outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
A melhoria das condições de trabalho e oportunidades de inclusão social e econômica dos catadores
de materiais reutilizáveis e recicláveis por meio do programa da União.
Chegou o momento de rever os temas tratados nesta aula e consolidar alguns aprendizados. Pense no
processo de GRS que você participa ou que esteja estudando e responda as questões a seguir.
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Muito bem! Nesta aula, falamos um pouco sobre o Conceito Gerador Da irresponsabilidade para a
responsabilidade compartilhada e seus temas derivados: Ciclo de vida dos produtos; Acordo setorial; Logística
reversa e Catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
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Aula 04 - Da fragmentação à unidade na diversidade
Saneamento básico;
Mudança do Clima;
Fontes de financiamento, custos e mecanismos de cobrança.
Antes de avançarmos nos temas pedimos que você tenha sempre em mente a seguinte provocação: de
que forma o que está sendo visto se relaciona com a transição “Da fragmentação à unidade na
diversidade”?
Vamos retomar essa conversa lá no final da aula. Fique atento(a)!
Você deve lembrar que a PNRS é articulada com algumas políticas setoriais, entre elas a Política
Federal de Saneamento Básico. Isso porque a relação entre saneamento e gestão de resíduos é extremamente
relevante. Por conta disso, vamos falar um pouco sobre saneamento e suas implicações na gestão de resíduos.
A relação entre os setores saneamento e gestão de resíduos, conforme já citamos em aulas passadas,
ocorre em diversos pontos da PNRS. Destacamos os seguintes:
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Os serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos deverão ser
prestados em conformidade com os planos de saneamento básico.
Na prática, grande parte dos recursos da GRS é direcionada a pastas de saneamento ambiental. De fato,
os Planos de Saneamento constituem-se em uma ferramenta importante na gestão dos serviços de
saneamento local/regional, afetando a gestão de resíduos.
A Lei Federal de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) aborda, entre outros componentes do
saneamento, diretrizes para limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos. A legislação destaca a importância
de que:
A Lei Federal de Saneamento Básico articula-se com a lei que estabelece a dispensa de licitação, Lei
nº 8.666/93, para a contratação e remuneração de associações ou cooperativas de catadores, o que beneficia a
PNRS. Por ter a questão da coleta e limpeza urbana em seu escopo, a dispensa facilita o cumprimento da Lei de
Saneamento, fortalecendo a capacidade de gestão, trazendo sustentabilidade aos serviços, otimização dos
recursos humanos, técnicos e financeiros, aliviando as dificuldades da maioria dos municípios. Esse fato permite,
por exemplo, a prestação regionalizada dos serviços de saneamento básico, ampliando a escala na gestão dos
resíduos sólidos e a existência de equipes técnicas permanentes e capacitadas.
Outra estrutura compartilhada pelo saneamento ambiental e a GRS são as unidades de triagem. Já
falamos um pouco sobre elas ao vermos os processos e tratamentos dos resíduos na Aula 2 deste módulo. As
unidades de triagem participam da cadeia da reciclagem de resíduos, são uma etapa intermediária entre a coleta
seletiva e a reciclagem propriamente dita e encaminham às indústrias recicladoras um resíduo segregado, limpo
e beneficiado, aumentando a eficiência dos processos.
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Mudança do Clima e a Gestão de Resíduos Sólidos
O Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC/2008) e a Política Nacional de Mudança do Clima
(Lei nº 12.187/09) são outros exemplos de políticas de apoio à implementação da PNRS.
O processo de degradação e aterramento de rejeitos e resíduos orgânicos emite em grande escala
o gás metano (CH4) com potencial de aquecimento global 21 vezes maior que o do gás carbônico (CO 2). Os
aterros de resíduos possuem alta geração do biogás, um gás cujo principal componente é o metano, um dos
GEEs. Medidas possíveis de redução das emissões dos GEEs e, portanto, de combate ao aquecimento global,
envolvem tanto as políticas do clima como de gestão de resíduos sólidos.
De fato, a Política Nacional sobre Mudança do Clima estabelece como um de seus objetivos a redução
das emissões de GEEs oriundas das atividades humanas, nas suas diferentes fontes. São também definidas metas
de recuperação do metano em instalações de tratamento de resíduos sólidos urbanos e ampliação da reciclagem
de resíduos sólidos.
Na PNRS, por sua vez, encontramos a adoção, desenvolvimento e o aprimoramento de tecnologias
limpas como forma de minimizar impactos ambientais e minimizar os desafios ligados à temática de mudança
do clima.
O arcabouço jurídico-institucional que surge da convergência das políticas sobre mudança do clima,
da PNRS e da política de saneamento fortalece o desenvolvimento sustentável e chama estados e municípios
para ações responsáveis para implementar essas políticas.
Na dimensão mais prática, as diretrizes e estratégias dos Planos de Gestão de Resíduos incluem
soluções para redução da disposição dos rejeitos ricos em matéria orgânica nos aterros, reduzindo a geração
de gases nocivos. Isso ocorre por meio da implementação de alternativas que minimizem os impactos do
transporte de resíduos em geral (reduzindo a emissão de CO 2 nesse quesito) e que primem por reduzir a
disposição final dos resíduos com elevada porcentagem de matéria orgânica, como os resíduos sólidos urbanos
e os agrossilvopastoris.
É certo que um dos grandes desafios para os atores envolvidos com a gestão dos resíduos ao
implementar a PNRS está ligado à dimensão financeira dos recursos que transformam as intenções em ações.
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Embora aqui estejamos falando de algo tão concreto e quantificável quanto o dinheiro, chamamos atenção para
a dependência direta que existe entre o financeiro, a capacidade dos agentes envolvidos e as interações entre
eles.
A realidade de escassez de recursos que a maioria dos municípios vivencia só poderá ser superada com
o exercício da cooperação, da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Não é à toa que
este é um dos grandes pontos da PNRS, demandando uma ação articulada entre empresas, cidadãos e governo,
cada um ciente de seu papel e responsabilidades.
Veja um esquema das relações entre os atores da gestão de resíduos na figura abaixo.
Na figura anterior, temos um cenário ideal onde as interações necessárias ao tratamento e destinação
dos resíduos estão estabelecidas. As cores das setas que ligam os diferentes atores representam o desafio
mapeado para que a interação aconteça de forma eficiente.
Por exemplo, para que o tratamento e a destinação final ocorram corretamente, existe um desafio
ligado à viabilidade econômica da reciclagem e à inclusão de catadores que envolve o Agente executor
do tratamento e destinação final e as Cooperativas de catadores. O desafio é como viabilizar o envio dos
resíduos triados às cooperativas de catadores. Sem a superação dessa questão, a destinação final fica
incompleta. A mesma leitura cabe para os demais elementos do diagrama. Os desafios indicados pelas cores
que se estabelecem na relação entre os integrantes são fruto de uma pesquisa realizada com especialistas sobre
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os obstáculos à gestão integrada de resíduos sólidos nos municípios. Esses dados foram sistematizados em
2014.
Por exemplo, para que o tratamento e a destinação final ocorram corretamente, existe um desafio
ligado à viabilidade econômica da reciclagem e à inclusão de catadores que envolve o Agente executor
do tratamento e destinação final e as Cooperativas de catadores. O desafio é como viabilizar o envio dos
resíduos triados às cooperativas de catadores. Sem a superação dessa questão, a destinação final fica
incompleta. A mesma leitura cabe para os demais elementos do diagrama. Os desafios indicados pelas cores
que se estabelecem na relação entre os integrantes são fruto de uma pesquisa realizada com especialistas sobre
os obstáculos à gestão integrada de resíduos sólidos nos municípios. Esses dados foram sistematizados em
2014.
A gestão de resíduos envolve valores financeiros altos que são gastos em processos de coleta,
transporte, tratamento, disposição, recursos humanos, operação, manutenção, processos de redução de impacto
ambiental, entre outros.
Para implementar a PNRS, o município necessita ter clareza de vários aspectos. Destacamos os
seguintes:
• O custo mensal para uma prestação adequada dos serviços de destinação dos resíduos sólidos e de
disposição final dos rejeitos.
• Quais serviços podem ser cobrados.
• Quais as formas de cobrança possíveis.
Para responder esse questionamento, é preciso avaliar a prestação dos serviços públicos pela
Prefeitura, pois ela é responsável:
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A legislação permite que a Prefeitura cobre por serviços públicos de coleta, remoção e tratamento
ou destinação de resíduos sólidos provenientes de imóveis e veta a cobrança de taxas de serviços de
conservação e limpeza de logradouros e bens públicos.
Podemos pensar, então, que uma forma de abordar os desafios financeiros da gestão de resíduos é
reuni-los em quatro grandes grupos, que são:
Grupo 1
Arrecadação/planejamento do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos.
Grupo 2
Criação de consórcios/acesso a financiamento.
Grupo 3
Viabilidade econômica da reciclagem/inclusão dos catadores.
Grupo 4
Necessidade de engajamento/mobilização da sociedade.
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Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS)
PROGRAMA RESÍDUOS SÓLIDOS. (Disponível em:
http://acesso.mte.gov.br/ecosolidaria/programa-economia-solidaria-em-desenvolvimento/)
Banco do Brasil
FINAME EMPRESARIAL.
FCO EMPRESARIAL.
CARTÃO BNDES.
PROGER URBANO EMPRESARIAL.
PROGER URBANO COOPERFAT.
LEASING.
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Para terminarmos esta aula, reúna suas energias para refletir sobre os temas tratados, buscando sempre
uma relação com a sua realidade.
Lembramos que essa ação final aumenta suas possibilidades de melhor aproveitar o curso,
estabelecendo um diálogo entre a teoria e os desafios, descobertas e acertos que você vivencia em seu cotidiano
como participante da GRS.
Para ajudá-lo(a) nessa tarefa, trazemos algumas provocações que você pode responder, sempre
pensando em como aplicá-las em sua realidade ou no processo de GRS que você esteja estudando.
Muito bem! Nesta aula, falamos um pouco sobre conceitos que impulsionam a transição da
fragmentação à unidade na diversidade e seus temas derivados: saneamento básico, mudanças do clima, fontes
de financiamento, custos e mecanismos de cobrança.
Ao final desta aula, você percebeu a relação dos temas trabalhados com a transição da fragmentação
à unidade na diversidade? Fica a provocação!
Na próxima aula vamos falar sobre a transição Da atitude consumidora para a atitude cidadã,
abordando o tema Produção e consumo sustentável/consciente/responsável.
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Aula 05 -Da atitude consumidora para a atitude cidadã
Olá! Vamos começar mais uma aula, na qual veremos conteúdos novos neste Módulo 02. Na última
aula, falamos sobre o Conceito Gerador Da fragmentação à unidade na diversidade e os temas correlatos:
Saneamento Básico, Mudanças Climáticas e fontes de financiamento, custos e mecanismos de cobrança.
Nesta aula, veremos um pouco mais sobre Produção e consumo
sustentável/consciente/responsável como forma de abordar o Conceito Gerador Da atitude consumidora
para atitude cidadã.
Esta é a última aula do Modulo 02. Por conta disso, vamos trazer uma visão geral sobre a nossa
caminhada até aqui. Para fechar este módulo, faremos alguns exercícios de revisão e, por fim, a avaliação final.
Como temos falado ao longo do curso, refletir, questionar e mudar o ciclo de produção-consumo é
vital, no sentido de ser essencial à vida presente e futura em nosso planeta limitado. Também já vimos que a
PNRS contribui e busca essa transformação, abrindo-se para articulação com outras políticas e ações com focos
que interferem na GRS. Aqui, nesta aula, estaremos olhando para a interseção com a temática produção,
consumo e suas variantes: consumo sustentável/consciente/responsável.
Na raiz dessa conversa, temos uma crise civilizatória que começa a perceber os limites do processo de
produção organizado de forma sequencial única, da matéria-prima ao descarte final do produto, passando por
todo o processo de produção como se não existissem interconexões. Temos percebido que essa visão é
insustentável, pois exaure os recursos do planeta e gera, ao final da linha, um enorme volume de lixo, que, em
tal estado, é nocivo à vida e ao ambiente.
No Brasil, uma das ações adotadas pelo Governo Federal para reverter esse quadro foi a adoção do
Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), elaborado pelo MMA, com o objetivo de
direcionar o país para padrões mais sustentáveis de produção e consumo. Fazem parte do Plano ações focadas
no aumento da reciclagem, educação para o consumo sustentável, agenda ambiental na administração pública
(A3P), compras públicas sustentáveis, varejo e construções sustentáveis.
Vejamos abaixo uma definição de um dos termos que trouxemos aqui: o consumo sustentável.
Consumo Sustentável é “[...] o uso de bens e serviços que atendam às necessidades básicas,
proporcionando uma melhor qualidade de vida, enquanto minimizam o uso dos recursos naturais e materiais
tóxicos, a geração de resíduos e a emissão de poluentes durante todo ciclo de vida do produto ou do serviço,
de modo que não se coloque em risco as necessidades das futuras gerações”. Processo de Marrakesh - Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (2003). (BRASIL, 2014a, p. 35).
Se você interessar-se e for aprofundar-se mais nesse movimento ligado ao consumo sustentável,
poderá encontrar algumas variações do termo tais como: consumo consciente, consumo verde e consumo
responsável. Essas nuances refletem diferentes dimensões do consumo.
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Neste momento, chamamos atenção para o que nos traz o termo consumo consciente, por ser este
amplo e de fácil aplicação cotidiana. O consumo consciente é uma das formas de dar concretude à transição Da
atitude consumidora para atitude cidadã, trazendo a dimensão de sustentabilidade. Isso é feito voltando-se
para a forma como consumimos, alterando nossas escolhas de compra, privilegiando produtos e empresas
responsáveis que tenham, por exemplo, um processo produtivo que economize água e energia.
Adotar uma postura cidadã e pôr em prática o consumo sustentável é uma responsabilidade individual,
mas também de todos. Nesse sentido, aparecem os conceitos:
Produção sustentável
Produção Mais Limpa e Produção e Consumo Sustentável
Licitação sustentável
Construção sustentável
Compras verdes
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Como vimos nas aulas anteriores, os assim chamados resíduos surgem quando o ciclo de vida útil de
algum material termina, e isso pode ocorrer no desenvolvimento de produtos, na obtenção de matérias-primas,
durante a produção e, por fim, como fruto de seu consumo (cabe aqui questionar: quais seriam as sementes do
consumo?).
Sob o olhar sistêmico (que foca todo o ciclo de causas e consequências), tornam-se explicitas as
relações entre necessidades de consumo, suas raízes (quais valores as alimentam e dão origem?) e seus efeitos.
Chegaremos à conclusão de que é preciso mudar o atual modelo dominante de produção/consumo. No
momento, ainda predomina um modelo e um paradigma/visão de mundo insustentáveis, valores confusos e
contraditórios, políticas que precisam ser melhoradas e fortalecidas, e recursos financeiros que necessitam
redirecionamento, reavaliação e um uso eficiente.
Para a atual configuração, as perspectivas não são otimistas, muito por conta da rapidez dos processos
e amplitude dos impactos negativos que a GRS necessita equacionar. É possível dizer que existem soluções
técnicas para muitos dos desafios, mas não para todos. Como exemplo disso, citamos o caso dos resíduos de
processos radioativos ou outros que desencadeiam processos de contaminação (químicos e físicos), cujo
correto manejo ainda foge do alcance da humanidade.
Hoje em dia, mesmo as iniciativas com bons resultados, que não podem e nem devem ser esquecidas
(vide os exemplos nacionais reunidos na Plataforma Educares, SINIR, Observatório da PNRS e tantas outras
fontes nacionais e internacionais), ainda não atingiram a escala necessária para cruzar o ponto de mudança e
reversão do cenário atual e futuro onde os impactos do processo de produção/consumo são nocivos a toda vida
no planeta.
O momento atual reflete uma transição de formas de ver o mundo (paradigmas), e, consequentemente,
é preciso reconhecer e valorizar algumas boas sementes nessa dimensão coletiva/política. Iniciativas
importantes e estruturantes já são realidade em todos os setores da sociedade. Empresas, governos, sociedade
civil e os mais diversos arranjos entre esses atores preconizam vias de mudança na relação produção/consumo
com resultados poderosos.
Alimentar estas “boas plantas” é estratégico, e aqui entra o grande poder da política pública, por sua
natureza de amplitude de ação e da educação ambiental como suporte à gestão. No Brasil, a PNRS e os esforços
para sua implementação e materialização nas esferas federal, estadual e municipal são exemplo de ações a
serem fortalecidas e ampliadas. Consideramos que traçar intervenções no presente e planejar um futuro
desejável deve partir da soma de forças da PNRS, das políticas com as quais se articula e da Educares.
Este é o caminho para intervir em todo o ciclo de vida da produção/consumo, ampliando o semear do
que está em consonância com a vida, cultivando os valores, conhecimentos e ações que vão frutificar numa
verdadeira sustentabilidade.
Agora, chegou o momento de rever os temas tratados nesta aula e consolidar alguns aprendizados.
Reflita sobre as questões a seguir, pensando em como aplicá-las em sua realidade ou no processo de GRS que
você esteja estudando. As questões colocadas visam ajudar a estabelecer a relação entre os conteúdos
trabalhados durante esta aula e o processo de gestão de resíduos que ocorre na prática. Escolha algum aspecto
da gestão de resíduos sólidos de seu interesse e, partindo daí, responda as questões a seguir.
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1) Você sabe de alguma conexão entre o processo de gestão em seu local, a
temática, ações e políticas ligadas ao Consumo Sustentável e suas
variações?
2) Você identifica alguma ação de instituições que reflitam o consumo
sustentável?
3) De que forma pode ser promovida a aproximação entre a gestão de
resíduos em seu local e as ações que derivam do Plano de Ação para
Produção e Consumo Sustentáveis?
Chegamos, então, à metade do curso, e te convidamos a refletir de que forma você percebe a relação
entre os conteúdos trabalhados e os temas geradores da Educares (de resíduos sólidos para recursos sólidos;
da irresponsabilidade à responsabilidade compartilhada; da fragmentação à unidade na diversidade; da atitude
consumidora para a atitude cidadã).
Se você não tem feito o exercício de aplicar os conteúdos trabalhados aqui para solucionar desafios de
seu cotidiano de gestor(a), sugerimos, fortemente, que reserve um tempo para fazer isso agora!
Até lá!
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