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DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO CIVIL
OBRIGAÇÕES
Não é possível a cumulação da perda das arras
com a imposição da cláusula penal compensatória
Importante!!!
Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a
cláusula penal compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem.
Ex: João celebrou contrato de promessa de compra e venda com uma incorporadora
imobiliária para aquisição de um apartamento. João comprometeu-se a pagar 80 parcelas de
R$ 3 mil e, em troca, receberia um apartamento. No início do contrato, João foi obrigado a
pagar R$ 20 mil a título de arras. No contrato, havia uma cláusula penal compensatória
prevendo que, em caso de inadimplemento por parte de João, a incorporadora poderia reter
10% das prestações que foram pagas por ele. Trata-se de cláusula penal compensatória.
Suponhamos que, após pagar 30 parcelas, João tenha parado de pagar as prestações. Neste
caso, João perderá apenas as arras, mas não será obrigado a pagar também a cláusula penal
compensatória. Não é possível a cumulação da perda das arras com a imposição da cláusula
penal compensatória. Logo, decretada a rescisão do contrato, fica a incorporadora autorizada
a apenas reter o valor das arras, sem direito à cláusula penal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.617.652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613).
ARBITRAGEM
O árbitro e a instituição de arbitragem não têm legitimidade
para figurarem no polo passivo de eventual ação anulatória
A instituição arbitral, por ser simples administradora do procedimento arbitral, não possui
interesse processual nem legitimidade para integrar o polo passivo da ação que busca a sua
anulação.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.433.940-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 26/09/2017 (Info 613).
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA
Devedor pode ajuizar ação de prestação de contas contra a instituição financeira com
o objetivo de se conhecer o resultado da alienação extrajudicial do bem apreendido
Mesmo antes do advento da Lei nº 13.043/2014, que deu nova redação ao art. 2º do Decreto-
Lei nº 911/69, já era cabível o ajuizamento de ação de prestação de contas relativas aos
valores auferidos com o leilão extrajudicial de veículo apreendido em busca e apreensão.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.678.525-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 05/10/2017 (Info 613).
USUCAPIÃO
A decretação da falência do proprietário do imóvel interrompe o
prazo para que o possuidor possa adquirir este bem por usucapião
USUCAPIÃO
Se o juízo criminal decretou a perda do imóvel que está sendo pleiteado em ação de usucapião,
esta decisão produzir a efeitos no juízo cível, devendo a ação ser extinta por perda do objeto
Há perda de objeto da ação de usucapião proposta em juízo cível na hipótese em que juízo
criminal decreta a perda do imóvel usucapiendo em razão de ter sido adquirido com
proventos de crime.
João praticou um crime. Com o dinheiro obtido com o delito, ele comprou uma casa. No
processo criminal, o juiz decretou, em março/2012, o sequestro da casa comprada. João fugiu
e abandonou o imóvel. Em abril/2012, Pedro invadiu a casa e passou a morar lá. Em
maio/2017, após mais de 5 anos morando no imóvel, Pedro ajuizou ação de usucapião (art.
1.240 do CC). A ação de usucapião estava tramitando até que, em outubro/2017, transitou em
julgado a sentença do juiz condenando João pela prática do crime. Como efeito da condenação,
o magistrado determinou o confisco da casa (art. 91, II, “b”, do CP). A ação de usucapião perde
o objeto, considerando que este tema foi definido no juízo criminal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.471.563-AL, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/09/2017
(Info 613).
DIREITO DO CONSUMIDOR
RESPONSABILIDADE CIVIL
Lanchonete não tem o dever de indenizar consumidor vítima de roubo ocorrido
no estacionamento externo e gratuito do estabelecimento
Importante!!!
A Súmula 130 do STJ prevê o seguinte: a empresa responde, perante o cliente, pela reparação
de DANO ou FURTO de veículo ocorridos em seu estacionamento.
Em casos de roubo, o STJ tem admitido a interpretação extensiva da Súmula 130 do STJ, para
entender que há o dever do fornecedor de serviços de indenizar, mesmo que o prejuízo tenha
sido causado por roubo, se este foi praticado no estacionamento de empresas destinadas à
exploração econômica direta da referida atividade (empresas de estacionamento pago) ou
quando o estacionamento era de um grande shopping center ou de uma rede de hipermercado.
Por outro lado, não se aplica a Súmula 130 do STJ em caso de roubo de cliente de lanchonete
fast-food, se o fato ocorreu no estacionamento externo e gratuito por ela oferecido. Nesta
situação, tem-se hipótese de caso fortuito (ou motivo de força maior), que afasta do
estabelecimento comercial proprietário da mencionada área o dever de indenizar.
Logo, a incidência do disposto na Súmula 130 do STJ não alcança as hipóteses de crime de roubo a
cliente de lanchonete praticado mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo, ocorrido
no estacionamento externo e gratuito oferecido pelo estabelecimento comercial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.431.606-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 15/08/2017 (Info 613).
CURADOR ESPECIAL
Curador especial pode apresentar reconvenção
Importante!!!
O curador especial tem legitimidade para propor reconvenção em favor do réu cujos
interesses está defendendo.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.088.068-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 29/08/2017 (Info 613).
RECURSOS
Se a decisão proferida pelo juiz induzir a parte a interpor o recurso errado, deve-se reconhecer
que houve dúvida objetiva, que justifica o princípio da fungibilidade
EXECUÇÃO
Penhora de valores depositados em conta bancária conjunta
Importante!!!
Se forem penhorados valores que estão depositados em conta-corrente conjunta solidária, o
cotitular da conta, que não tenha relação com a penhora, pode tentar provar que a totalidade
do dinheiro objeto da constrição pertencia a ele.
Se conseguir fazer isso, o numerário será integralmente liberado.
Se não conseguir, presume-se que os valores constantes da conta pertencem em partes iguais aos
correntistas, de forma que se mantém penhorada apenas a parte do cotitular que tenha relação
com a penhora (cotitular devedor/executado).
Ex: João ingressou com execução contra Luciana. Foram penhorados R$ 100 mil da conta
conjunta solidária. Pedro, marido de Luciana, apresentou embargos de terceiro afirmando
que os valores penhorados pertenciam exclusivamente a ele. Se ele tivesse conseguido provar
isso, teria todo o dinheiro liberado. Como não conseguiu fazer essa prova, o juiz deverá
considerar que apenas metade da quantia pertence a ele, liberando R$ 50 mil.
Assim, em se tratando de conta-corrente conjunta solidária, na ausência de comprovação dos
valores que integram o patrimônio de cada um, presume-se a divisão do saldo em partes
iguais, de forma que os atos praticados por quaisquer dos titulares em suas relações com
terceiros não afetam os demais correntistas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.510.310-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/10/2017 (Info 613).
STJ. 4ª Turma. REsp 1.184.584-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/4/2014 (Info 539).
DIREITO PENAL
CRIMES NO ECA
Se a infração penal envolveu dois adolescentes, o réu deverá ser condenado
por dois crimes de corrupção de menores (art. 244-B do ECA)
Importante!!!
A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo à condenação por dois
crimes de corrupção de menores.
Ex: João (20 anos de idade), em conjunto com Maikon (16 anos) e Dheyversson (15 anos),
praticaram um roubo. João deverá ser condenado por um crime de roubo qualificado e por
dois crimes de corrupção de menores, em concurso formal (art. 70, 1ª parte, do CP).
STJ. 6ª Turma. REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/10/2017 (Info 613).
CRIME AMBIENTAL
Art. 56 da Lei 9.605/98 é crime de perigo abstrato e dispensa prova pericial
O crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de perigo abstrato, sendo dispensável
a produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos
transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
REMIÇÃO
É possível a remição pela participação em coral musical
Importante!!!
O reeducando tem direito à remição de sua pena pela atividade musical realizada em coral.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.666.637-ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017 (Info 613).
DIREITO TRIBUTÁRIO
PIS/PASEP E COFINS
Lei 10.865/2004 autorizou que decreto reduzisse ou restabelecesse as alíquotas
do PIS/PASEP e COFINS, de forma que o Decreto nº 8.426/2015 é válido