Sei sulla pagina 1di 15

ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2014, Vol.

22, nº 4, 901-915
DOI: 10.9788/TP2014.4-17

Repercussões da Exposição à Violência Conjugal


nas Características Emocionais dos Filhos:
Revisão Sistemática da Literatura

Naiana Dapieve Patias1


Tatiele Jacques Bossi
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Débora Dalbosco Dell’Aglio
Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Resumo
Este estudo teve como objetivo revisar a produção científica sobre as repercussões da exposição direta
e indireta à violência conjugal nas características emocionais dos filhos, com idades de zero a 12 anos.
Foram selecionados 14 artigos empíricos publicados nos últimos 12 anos (2002-2014), sendo um nacional
e 13 internacionais indexados em diferentes bases de dados, a partir da combinação de descritores sobre
o tema investigado. Os resultados sugerem uma diversidade de repercussões da exposição à violência
no desenvolvimento dos filhos a curto, médio e longo prazo, principalmente relativas a problemas de
comportamentos internalizantes e externalizantes acessados, na sua maioria, através do relato da mãe e/ou
da própria criança. Quanto aos aspectos metodológicos dos artigos incluídos na seleção final, todos eles
são quantitativos e a maioria transversal. Discute-se sobre a necessidade de novas investigações sobre
o tema, principalmente no Brasil. As limitações dos estudos investigados são destacadas, sugerindo-se
novos trabalhos sobre essa temática, que possam dar mais visibilidade ao fenômeno.
Palavras-chave: Violência conjugal, infância, características emocionais, revisão sistemática da
literatura.

Repercussions of the Exposure to Marital Violence on Emotional


Characteristics of Children: A Systematic Review of the Literature

Abstract
This study aimed to review scientific production about the effects of direct and indirect exposure to
marital violence on emotional characteristics of children aged 0-12 years (2002-2014). Based on a com-
bination of descriptors on the subject, 14 empirical papers published in the last 12 years, one national
and 13 international indexed in different databases were selected. The results suggest a variety of effects
related to the exposure to violence on development of children in short, medium and long term, espe-
cially concerning externalizing and internalizing behavior problems that were mostly accessed by the
report of the mother and /or the child himself. Regarding methodological aspects of the articles included
in the final selection, all of them are quantitative and most of them are cross-sectional. The need for
additional research on this theme, mainly in Brazil, is also discussed. The limitations of the investigated

1
Endereço para correspondência: Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 115, Bairro Santa Cecília, Porto Alegre, RS,
90035-003. E-mail: naipatias@hotmail.com
902 Patias, N. D., Bossi, T. J., Dell’Aglio, D. D.

studies are pointed out and new researches on this subject are suggested in order to give more visibility
to this phenomenon.
Keywords: Marital violence, childhood, emotional characteristics, sistematic review.

Repercusiones de la Exposición a la Violencia Doméstica


en las Características Emocionales de los Niños:
Revisión Sistemática de la Literatura

Resumen
Este estudio tuvo como objetivo revisar la literatura científica sobre los efectos de la exposición directa
e indirecta a la violencia doméstica sobre las características emocionales de los niños de 0 a 12 años de
edad. Fueron seleccionados 14 artículos empíricos publicados en los últimos 12 años (2002-2014), uno
nacional y 13 internacionales indexados en diferentes bases de datos, a partir de la combinación de des-
criptores sobre el tema investigado. Los resultados sugieren una diversidad de efectos de la exposición a
la violencia en el desarrollo de los niños en el corto, mediano y largo plazo, principalmente relacionados
con los problemas de internalización y externalización de conductas a los cuales se tuvo acceso princi-
palmente a través del informe de la madre y / o del propio niño. En cuanto a los aspectos metodológicos
de los artículos incluidos en la selección final, todos son cuantitativos y la mayoría es transversal. Se
discute acerca de la necesidad de más investigación sobre el tema, especialmente en Brasil. Las limita-
ciones de los estudios investigados son resaltadas, sugiriéndose nuevos trabajos en este tema que puedan
dar más visibilidad a este fenómeno.
Palabras clave: Violencia conyugal, la infancia, las características emocionales, revisión de la literatura.

A violência tem sido considerada um pro- me funções parentais, dirigida a outro membro,
blema de saúde pública que pode gerar consequ- mesmo sem laços de consanguinidade (World
ências inestimáveis à saúde como um todo, po- Health Organization, 2002). Essa violência pode
dendo, inclusive levar a morte (Minayo, 2006). ocorrer no espaço doméstico ou fora desse, e diz
Mais especificamente, a violência que ocorre no respeito às relações entre vítimas e perpetradores
contexto da família é entendida como um proble- da violência, mais do que ao espaço físico onde
ma social que afeta a todas as camadas socioeco- ocorre. Esse conceito diferencia-se da violência
nômicas, interferindo no sistema familiar como doméstica, pois essa se refere ao espaço físico
um todo e atingindo, principalmente, mulheres, privado, mais do que às relações de afeto, po-
crianças e adolescentes (Araújo, 2002). Dessa dendo acontecer entre pessoas que ali convivem,
forma, tornou-se uma das principais preocupa- como empregados, por exemplo (Ministério da
ções dos profissionais da área da saúde, pelo fato Saúde, 2001).
de não ser esperado que a família – contexto de Dentro do contexto da violência intrafami-
proteção e primeiro ambiente de desenvolvimen- liar, pode ocorrer a violência de pais contra seus
to humano – seja um ambiente violento (Abran- filhos, de forma direta, através da violência fí-
ches & Assis, 2011; Araújo, 2002; Ministério da sica, psicológica, sexual ou negligência. Neste
Saúde, 2001). mesmo contexto, a violência conjugal, consi-
Considerada como toda ação ou omissão derada uma forma de violência indireta aos fi-
que prejudique o bem-estar, integridade física lhos (Benetti, 2006; Ministério da Saúde, 2001),
e psicológica, bem como o desenvolvimento de também pode estar presente. Segundo Colossi
membros da família, a violência intrafamiliar é e Falcke (2013), a violência conjugal pode ser
cometida por um membro ou pessoa que assu- compreendida a partir de duas concepções teóri-
Repercussões da Exposição à Violência Conjugal nas Características Emocionais dos Filhos: 903
Revisão Sistemática da Literatura.

cas que, embora complementares possuem focos Lei, 11.340 de 7 de agosto de 2006 criou meca-
diferentes: (a) perspectiva feminista; e (b) pers- nismos para coibir a violência doméstica contra
pectiva sistêmica. A primeira considera a vio- mulheres estabelecendo medidas de proteção e
lência conjugal a partir da diferença de gênero e assistência às vítimas.
subversão feminina ao masculino, ainda presen- Pela perspectiva sistêmica, quando a violên-
te na sociedade atual. Dessa forma, a violência cia conjugal ocorre, toda a família sofre as con-
conjugal é um fenômeno unidirecional – homem sequências da violência, mesmo que de modo
(agressor) e mulher (vítima), de forma que o indireto. A respeito dessa vitimização indireta
atendimento e a proteção devem ser realizados dos filhos, através do testemunho da violência
com a mulher e a punição com o homem. Por conjugal sofrida, geralmente, pela mulher, estu-
outro lado, não excludente, mas complementar dos brasileiros são realizados, mas em menor nú-
à perspectiva feminista, a segunda abordagem, mero se comparados com estudos que enfatizam
sistêmica, considera a violência conjugal como a exposição direta de crianças e adolescentes à
um fenômeno da conjugalidade – da relação do violência (Araújo, 2002; Braga & Dell’Aglio,
casal. Assim, a mulher também está implicada 2012; Marasca, Colossi, & Falcke, 2013). No
na relação violenta de forma a fazer parte de sua entanto, presenciar ou testemunhar violência,
manutenção. Essa abordagem não tenta culpa- principalmente no contexto da família, tem sido
bilizar a mulher, mas compreende a violência preocupação constante de pesquisadores interna-
como um fenômeno circular e como um modelo cionais, já que não apenas a exposição direta à
de relação do casal. Essa percepção influencia a violência como vítima, mas também a exposição
forma como são orientados os casos que, geral- indireta, como testemunha da violência, resulta
mente, podem ser submetidos à terapia de casal em consequências ao desenvolvimento humano
(Colossi & Falcke, 2013). (Almeida, Miranda, & Lourenço, 2013; Harda-
Em uma perspectiva feminista, considera- way, McLoyd, & Wood, 2012; Ho & Cheung,
-se que a violência pode ocorrer da mulher para 2010; Mrug & Windle, 2010), como por exem-
o homem, mas sendo mais comum ocorrer do plo: problemas de comportamento internalizan-
homem contra a mulher (Cortez, Cruz, & Sou- te (depressão e ansiedade; Hanson et al., 2008;
za, 2013; Oliveira & Gomes, 2011; K. Santos et Hardaway et al., 2012; Margolin, Vickerman,
al., 2014). Nessa abordagem, a violência conju- Oliver, & Gordis, 2010; Mrug & Windle, 2010),
gal é considerada uma das principais causas de problemas de comportamento externalizante
morte de mulheres no Brasil, ocupando a sétima (agressão e comportamento antissocial; Harda-
posição no ranking internacional de homicídios way et al., 2012; Ho & Cheung, 2010; Williams
femininos pela violência sofrida (Waiselfisz, & Stelko-Pereira, 2008), Transtorno de Estres-
2012). De fato, dados de estudos brasileiros se Pós-Traumático (Benetti, Pizetta, Schwartz,
(Bhona, Lourenço, & Brum, 2011; Brum, Lou- Hass, & Melo, 2010; Williams, D’Affonseca,
renço, Gebara, & Ronzani, 2013; Waiselfisz, Correia, & Albuquerque, 2011), suicídio (Hay-
2012) estimam que, no Brasil, uma a cada cinco nie, Petts, Maimon, & Piquero, 2009) e sintomas
mulheres sofrem de alguma forma de violência somáticos (Hart, Hodgkinson, Belcher, Hyman,
durante a vida, tendo como principais agressores & Cooley-Strickland, 2012). Resultados nega-
maridos ou companheiros. Outros estudos, tam- tivos em termos educacionais, também são en-
bém nacionais, estimam uma prevalência maior contrados: evasão escolar (Haynie et al., 2009),
de violência – uma para cada três mulheres (Mi- problemas de comportamento na escola e me-
randa, Paula, & Bordin, 2010; Vieira, Perdona, nor desempenho escolar (Brancalhone, Fogo, &
& Santos, 2011). Segundo o mapa de homicídios Williams, 2004).
de mulheres no Brasil, de 1980 a 2010 a taxa de Devido às preocupações em relação à viti-
mortes aumentou em 217,6%, havendo um de- mização direta e indireta à violência, por parte
créscimo em 2007, no primeiro ano de vigência das crianças, este artigo teve como objetivo revi-
da Lei Maria da Penha (Waiselfisz, 2012). Essa sar a produção científica nacional e internacional
904 Patias, N. D., Bossi, T. J., Dell’Aglio, D. D.

sobre as repercussões da exposição à violência (quatro artigos), escritas em outros idiomas que
conjugal nas características emocionais dos fi- não os destacados nos critérios de inclusão (12
lhos, com idades de zero a 12 anos. Foram consi- artigos), revisões de literatura (87 artigos), te-
deradas as repercussões da exposição à violência ses, dissertações e outros tipos de trabalhos que
na infância, tendo em vista a importância desse não eram artigos empíricos (65 documentos).
período, já que diversos autores, principalmen- Além disso, foram excluídos os artigos que não
te de base psicanalítica (Bowlby, 1989; Mah- tinham como participantes ou foco da pesquisa
ler, Pine, & Bergman, 1975/1977; Winnicott, crianças de zero a 12 anos (404 artigos), que não
1945/2000), consideram as experiências iniciais apresentavam como foco de estudo a violência
e aquelas que ocorrem na infância como as mais conjugal (124 artigos) e que não abordavam as
importantes no desenvolvimento emocional e repercussões da exposição à violência conjugal
saúde mental. nas características emocionais dos filhos (18
artigos). A partir dessa primeira seleção, foram
Método considerados 22 artigos, que foram lidos na ín-
tegra por duas das autoras. Após a leitura, outros
A busca dos artigos foi realizada através artigos foram retirados da amostra por apresen-
das bases de dados eletrônicas: (a) SciELO tarem simultaneamente participantes crianças e
(Scientific Eletronic Library Online); (b) PeP- adolescentes, sem diferenciar resultados por ida-
SIC (Periódicos Eletrônicos em Psicologia); (c) de (oito artigos). Ao final, 14 artigos foram con-
MEDLINE (Pubmed); e, (d) PsycINFO. Para a siderados para o presente estudo, sendo lidos e
busca de artigos, foram utilizados os seguintes classificados por consenso por duas das autoras.
descritores combinados com operadores boole-
A Figura 1 apresenta o fluxo de seleção dos arti-
anos: (psychol*effect OR effect OR impact OR
gos, a partir dos critérios de inclusão e exclusão.
consequence) AND (domestic violence OR intra-
As informações dos estudos selecionados são
famil* violence OR marital violence) AND (pa-
apresentadas na Tabela 1.
rents OR child* OR adolescen*)2, selecionando
como período de busca os anos de 2002 a 2014
Resultados
(até maio de 2014).
Ao todo, foram encontrados 736 documen-
Os artigos foram classificados em quatro
tos, distribuídos entre as bases de dados, da se-
grandes categorias temáticas, definidas a priori,
guinte forma: 20 na base SciELO, nenhum na
a saber: (a) Caracterização das amostras; (b) Ca-
PePSIC, 458 na Medline (PubMed) e 258 na
racterísticas metodológicas; (c) Características
PsycINFO. Os artigos encontrados foram classi-
emocionais infantis; e, (d) Repercussões da ex-
ficados a partir dos seguintes critérios de inclu-
posição à violência conjugal nas características
são: (a) artigo empírico nacional e internacional
emocionais infantis. A seguir serão destacadas
escrito em inglês, português ou espanhol; (b)
cada uma das categorias e ilustradas a partir dos
ter como participantes, ou como foco do estu-
artigos considerados neste estudo.
do crianças de zero a 12 anos; (c) estudos cujo
foco principal foram as repercussões da expo-
sição à violência conjugal nas características Caracterização das Amostras
emocionais dos filhos. Foram excluídas aquelas Nesta categoria foram descritas as caracte-
referências repetidas entre as bases de dados rísticas dos participantes dos estudos. Observou-
-se que na maior parte dos artigos (A13, A3, A5,
A6, A9, A10, A11, A12, A13, A14) a amostra
2
Quando o asterisco (*) foi incluído no radical da
palavra significa que, na busca, foram considera-
das palavras com o mesmo radical. Por exemplo, 3
Os artigos estão elencados em ordem numérica
em adolescen* foram incluídos adolescence e segundo Tabela 1 e serão apresentados dessa for-
adolescent, ampliando a busca. ma no decorrer do artigo.
Repercussões da Exposição à Violência Conjugal nas Características Emocionais dos Filhos: 905
Revisão Sistemática da Literatura.

Total de artigos gerados pela busca:


(n=736)
n=458
MEDLINE (n=438)
PsycINFO (n=258) Artigos excluídos
SciELO (n=20) Motivos:
PePSIC (n=0) - Artigos repetidos (n=4)
- Artigos em outro idioma (n=12)
- Artigos de revisão (n=87)
-Teses, dissertações e outros documentos (n=65)
-Participantes adolescentes ou adultos (n=404)
-Foco não era violência conjugal (n=124)
-Não abordava repercussões da violência (n=18)

Seleção final – 14 artigos


n=8
Artigos excluídos após a classificação (n=7)
Repercussões da exposição à Motivo:
violência conjugal nas - Apresentavam, como participantes, além de
características emocionais crianças de zero a 12 anos, adolescentes, sem
das crianças de zero a 12 diferenciar resultados por idades.

Figura 1. Diagrama do fluxo de seleção dos artigos.

Tabela 1
Informações dos Artigos Selecionados em Termos de Título, Autores, Ano de Publicação e
Objetivos do Estudo (N=14)

Ano de
Título do artigo Autores Objetivo
publicação

A1 - The impact of domestic Levendosky, 2003 Examinar o papel da relação mãe-criança


violence on the maternal-child Huth-Bocks, como um mediador dos efeitos da
relationship and preschool-age Shapiro, violência nas crianças
children’s functioning & Semel
A2 - Marital violence, co- Katz & Low 2004 Compreender a relação entre violência
parenting, and family-level doméstica, coparentalidade e processos
processes in relation to children’s familiares e sua relação com o ajustamento
adjustment psicológico infantil
A3- Siblings in domestically Skopp, Manke, 2005 Examinar se irmãos expostos à violência
violent families: Experiences McDonald, conjugal diferem na experiência desse
of interparent conflict and & Jouriles conflito, e se as diferenças estão associadas
adjustment problems ao ajustamento emocional
A4 - Domestic violence, emotion Katz & 2006 Examinar opiniões e sentimentos dos pais
coaching, and child adjustment Windecker-Nelson em contexto de violência doméstica quanto
a conversas com os filhos
A5- The mediating role of Owen, Kaslow, 2006 Examinar o papel do estresse parental
parenting stress in the relation & Thompson materno na relação entre violência
between intimate partner violence conjugal e problemas emocionais e
and child adjustment comportamentais nos filhos
A6- Variations in parenting stress Hughes 2007 Examinar variações no estresse parental de
in African-American battered & Huth-Bocks mulheres expostas à violência por parceiro
women: Implications for children’s íntimo e relações entre funcionamento
adjustment materno e das crianças
906 Patias, N. D., Bossi, T. J., Dell’Aglio, D. D.

A7 - Domestic violence and Rigterink, Katz, 2010 Examinar a relação entre exposição à
longitudinal associations with & Hessler violência doméstica e habilidades infantis
children’s physiological regulation para regular sua excitação fisiológica ao
abilities longo do tempo
A8 - Repercussão da exposição à Durand, Schraiber, 2011 Analisar a associação entre a exposição
violência por parceiro íntimo no França, & Barros à violência por parceiro íntimo contra a
comportamento dos filhos mulher com desajustes comportamentais e
problemas escolares entre os filhos
A9- Physically abused women’s Spiller, Jouriles, 2012 Examinar se a violência física e sexual
experiences of sexual victimization McDonald, experimentada pela mulher através de seu
and their children’s disruptive & Skopp parceiro está associada a problemas de
behavior problems comportamento disruptivo nos filhos
A10 - Interparental violence, Sturge-Apple, 2012 Examinar as especificidades da violência
maternal emotional unavailability Davies, Cicchetti, conjugal, indisponibilidade emocional
and children’s cortisol functioning & Manning materna e funcionamento fisiológico da
in family contexts criança nos relacionamentos interparentais
e entre pais-filhos.
A11- Exposure to maternal and Harding, Morelen, 2013 Relação entre violência perpetrada
paternal perpetrated intimate Thomassin, por parceiro íntimo e sintomatologia
partner violence, emotion Bradbury, de internalização e externalização em
regulation, and child outcomes & Shaffer crianças.
A12- Child involvement in Jouriles, Rosenfield, 2013 Examinar se o envolvimento das
interparental conflict and McDonald, crianças em conflitos interparentais
child adjustment problems: A & Mueller prediz problemas de comportamentos
longitudinal study of violent de internalização e externalização nas
families crianças.
A13- PTSD symptoms in young Levendosky, Bogat, 2013 Verificar associações entre violência por
children exposed to intimate & Martinez-Torteya parceiro íntimo e sintomas de TEPT em
partner violence crianças e suas mães.
A14- Longitudinal impact of Schnurr 2013 Verificar como a exposição à violência
toddlers’ exposure to domestic & Lohman doméstica na infância inicial pode
violence aumentar a exposição a problemas na
infância média.

constituiu-se pelas mães ou cuidadoras (por ex.: nais, e em instituições assistenciais que atendem
avós, etc) e seus filhos, que responderam sobre a pessoas que sofrem violência. Alguns estudos
ocorrência ou não de violência conjugal. Já em (A3, A6, A12) utilizaram amostras específicas
três estudos (A2, A4, A7) os participantes foram relacionadas à violência conjugal, recrutadas em
o casal (pai ou padrasto, e mãe ou madrasta), e instituições de proteção a vítimas de violência.
seus filhos. Por fim, um estudo (A8) teve como
participantes somente as mães, vítimas de vio- Características Metodológicas
lência conjugal, que foram solicitadas a relatar Nesta categoria são descritas, de forma bre-
sobre os comportamentos de seus filhos, sem ve, as características metodológicas dos estudos.
que esses também se configurassem como parti- Dos 14 artigos, apenas um (A8) é um estudo na-
cipantes do estudo. cional, sendo todos os outros internacionais. Em
Ressalta-se que a maioria dos estudos (A1, relação ao delineamento, verificou-se que todos
A2, A4, A5, A7, A8, A9, A10, A11, A13, A14) os estudos possuíam método quantitativo. Sobre
contou com amostras selecionadas em diferen- a coleta de informações, em sua maioria, os es-
tes ambientes comunitários, tais como escolas, tudos coletaram dados somente em um momento
hospitais, clínicas pediátricas, anúncios em jor- específico tendo sido estudos de corte transver-
Repercussões da Exposição à Violência Conjugal nas Características Emocionais dos Filhos: 907
Revisão Sistemática da Literatura.

sal (A1, A2, A3, A4, A5, A6, A8, A9, A10 e interação mãe-criança pela técnica da Situação
A11) e apenas quatro (A7, A12, A13, A14) apre- Estranha de Ainsworth, bem como uma observa-
sentaram delineamento longitudinal, coletando ção da interação mãe-criança em jogo livre. Po-
informações em diferentes momentos. de-se perceber que as características emocionais
A coleta de informações deu-se, em sua investigadas estão relacionadas a aspectos do de-
maioria, através de instrumentos ou testes padro- senvolvimento emocional infantil. No entanto,
nizados, mas também por questionários, entre- isso não fica explicitado nos artigos devido, em
vistas, observações, e procedimentos para avalia- certa medida, às dificuldades em definir o que é
ção de aspectos do funcionamento fisiológico da e ao que se refere o desenvolvimento emocional.
criança. O instrumento mais utilizado, em nove A frequência, a gravidade e a exposição à
dos 14 estudos, foi o Child Behavior Checklist violência conjugal foram acessadas por diferen-
– CBCL, respondido pela mãe, para acessar os tes instrumentos nos estudos. A maior parte dos
problemas de comportamento internalizantes e artigos utilizou o instrumento Conflict Tactics
externalizantes nos filhos. Além deste, a obser- Scale – CTS que foi respondido por ambos os
vação da interação familiar (mãe, pai e filhos), sujeitos do casal (A2, A4, A7), ou apenas pela
bem como a observação da interação da criança mulher (A6, A9, A10, A11, A12, A14). Em ou-
com pares foi utilizada em um estudo (A2). Em tros três estudos (A1, A5 e A8), somente a mu-
outro (A1), além do CBCL, também foi utilizado lher respondeu a instrumentos sobre a violência
o Attachment Q-set, respondido pelas mães, para conjugal, sendo o Severity of Violence Against
acessar o padrão de apego estabelecido entre Women Scales – SVAWS (A1, A13), o Index
mãe-criança, bem como a observação do com- Spousure Abuse – ISA-30 (A5), e um questioná-
portamento infantil pelo Eyberg task. Em outros rio padronizado para o estudo em questão (A8).
três estudos (A3, A6, A11) também foi utilizado Apenas em um estudo (A3) os respondentes fo-
o Child Depression Inventory – CDI e o Revised ram os filhos expostos à violência conjugal, sen-
Child Manifest Anxiety Scale – RCMAS (A3), do acessados pelo The Children’s Perceptions of
ambos respondidos pelas crianças. Interparent Conflict Scale – CPIC.
Cabe ressaltar ainda que um dos estudos Com relação ao subtipo de violência, a
(A9) utilizou a entrevista estruturada segundo o maior parte dos estudos investigou somente a
DSM-IV para acessar os comportamentos dis- agressão física (A2, A4, A7, A10, A12) como
ruptivos infantis. Já outro (A8) utilizou-se de indicador de violência conjugal. Neste intuito,
questionário padronizado para a pesquisa em esses estudos consideraram para análise apenas
questão. Em ambos os casos, os instrumentos a subescala de agressão física do Conflict Tac-
foram aplicados somente às mães. Por fim, dois tics Scale – CTS. Outro estudo (A11) utilizou as
estudos avaliaram aspectos fisiológicos infantis subescalas do CTS: violência física, ferimentos
(A7, A10), sendo que o primeiro, de Rigterink causados por agressão, coerção sexual e nego-
et al. (2010) utilizou eletrodos para medir a va- ciação. Já no estudo (A14) foram realizadas mo-
riação no espectro dos batimentos cardíacos e dificações na versão original do CTS, inserindo
respiratórios de crianças expostas a violência mais tipos de violência física e psicológica nas
conjugal, em uma atividade de laboratório. Foi subescalas. Outros estudos destacaram os sub-
considerada a linha de base tônus vagal, relacio- tipos de violência física e sexual (A9); atos e
nada ao funcionamento do sistema nervoso cen- ameaças de violência física e abuso sexual (A1);
tral responsável pelo controle emocional, para física e não física (A5); física, sexual e psicoló-
acessar a capacidade de regulação emocional gica (A6, A8); e sem especificação dos subtipos
infantil. Já o estudo (A10) de Sturge-Apple et al. de violência investigados (A3).
(2012) utilizou a coleta da saliva da criança para Em nove estudos (A1, A3, A5, A6, A8, A9,
medir os níveis de cortisol no organismo, que se A12, A13, A14) foi dada atenção à violência
relaciona à vivência de situações estressantes. sofrida pela mulher e perpetrada pelo compa-
Além disso, também realizou a observação da nheiro, sem considerar a possibilidade de este
908 Patias, N. D., Bossi, T. J., Dell’Aglio, D. D.

também ser vítima. Ressalta-se que nos estudos conflito interparental e se tal percepção estava
que utilizaram o Conflict Tactics Scale – CTS associada a diferenças no ajustamento emocio-
(A6, A9), o instrumento por si já prevê o relato nal das crianças, considerando problemas de
sobre violência cometida pelo entrevistado con- comportamento internalizantes e externalizan-
tra o cônjuge, assim como a violência sofrida tes. Além dos problemas de comportamento des-
pelo entrevistado. Mesmo assim, a definição do tacados, dois estudos (A1, A5) também inves-
instrumento contida nos estudos mencionados, tigaram as repercussões da violência conjugal
destacou que as mulheres respondiam sobre a no apego mãe-criança (A1) e na interação mãe-
violência cometida contra elas (e não por elas). -criança (A5).
Já outros estudos (A2, A4, A7, A10, A11) con- Já outro estudo (A8) ressaltou a associação
sideraram a agressão entre o casal e ressaltaram entre violência conjugal contra a mãe com com-
tanto a mulher quanto o homem como possíveis portamentos internalizantes e externalizantes
vítimas e autores da violência. Por exemplo, (agressividade contra a mãe ou pares, urinar na
estudo (A2) de Katz e Low (2004) utilizou o cama, chupar o dedo, ter pesadelos frequentes,
Conflict Tactisc Scale – CTS para acessar a vio- retraimento e fuga de casa) além de problemas
lência conjugal, sendo que o marido e a mulher escolares (abandono/interrupção ou repetência)
responderam sobre os atos violentos cometidos nos filhos expostos a essa violência. Outro es-
por eles contra o(a) companheiro(a) nos últimos tudo (A9) investigou a presença de comporta-
12 meses. mento disruptivo em crianças expostas a violên-
Sobre a forma de exame dos dados dos estu- cia conjugal, conforme os critérios do DSM-IV
dos selecionados, em todos os artigos foram rea- para diagnóstico de transtorno de conduta ou
lizadas análises estatísticas, por meio de análises transtorno desafiador opositivo. Por fim, dois
descritivas, caracterizando o perfil da amostra estudos (A7, A10) investigaram as reações fi-
(idade, sexo, classe socioeconômica) e análises siológicas infantis relacionadas à exposição à si-
inferenciais, buscando observar os preditores tuação estressante de violência conjugal e suas
ou as consequências da violência na mulher e repercussões para a capacidade da criança de
nos filhos. Também foram utilizadas análises de regular suas emoções. Estudo (A7) de Rigterink
modelagem de equações estruturais com vistas et al. (2010) examinou a relação entre exposição
a propor modelos explicativos para a violência à violência conjugal e habilidades infantis para
conjugal e suas consequências. regular sua excitação fisiológica ao longo do
tempo. Os autores partiram do pressuposto de
Características EmocionaisInfantis que crianças expostas à situação estressante de
Nesta categoria foram descritas, a partir dos violência conjugal tenderiam a ter sua capacida-
objetivos dos estudos, bem como dos aspectos de de regular emoções afetada, como dificulda-
teóricos e metodológicos, as características emo- des para se acalmarem sozinhas e maior neces-
cionais infantis que podem ser afetadas pela ex- sidade de um suporte externo para a regulação
posição direta e/ou indireta à violência conjugal. emocional. Na mesma direção, o estudo (A10)
Constatou-se que a maior parte dos estudos (A1, de Sturge-Apple et al. (2012) examinou as espe-
A2, A3, A4, A5, A6, A11, A12, A14) conside- cificidades da violência conjugal, da indisponi-
rou, no seu foco de pesquisa, as características bilidade emocional materna e do funcionamento
emocionais infantis relacionadas principalmente fisiológico (resposta ao estresse) da criança nos
aos problemas de comportamento internalizan- relacionamentos interparentais e entre pais-
tes e externalizantes que poderiam ser agravados -filhos. Já o estudo (A13) de Levendosky et al.
ou gerados pela exposição à violência conjugal. (2013) considerou os sintomas de Transtorno de
Pode-se ressaltar o estudo (A3) de Skopp et al. Estresse Pós Traumático (TEPT), e sua relação
(2005), que examinou se irmãos expostos à vio- com os mesmos sintomas apresentados pelas
lência conjugal diferiam na sua percepção do mães que sofriam violência pelo parceiro.
Repercussões da Exposição à Violência Conjugal nas Características Emocionais dos Filhos: 909
Revisão Sistemática da Literatura.

Repercussões da Exposição sentimentos de ameaça e culpa em relação à vio-


à Violência Conjugal nas lência conjugal tenderam a experienciar maiores
Características Emocionais Infantis problemas de ajustamento emocional, de modo
Nesta categoria foram investigadas as re- que a percepção da gravidade da violência, e o
percussões da exposição à violência conjugal se sentir ou não responsável por ela, pareceram
nas características emocionais dos filhos com influenciar no desenvolvimento infantil.
idades entre zero e 12 anos, a partir dos aspectos Já o estudo (A6) de Hughes e Huth-Bocks
metodológicos, dos resultados e das discussões (2007) teve por objetivo examinar se existiam
dos artigos. Todos os estudos utilizaram método variações significativas no estresse parental en-
quantitativo, sendo que através das análises des- tre mulheres expostas à violência por parceiro
critivas e inferenciais foram acessados efeitos íntimo e se esses padrões relacionavam-se com
significativos ou moderados da exposição à vio- diferenças em outras áreas do funcionamento
lência conjugal no desenvolvimento dos filhos. materno e da criança. Participaram 172 díades
maior parte dos estudos destacou a exposição da mãe-criança e foi considerada, como foco do es-
criança ao evento de violência entre os pais (tes- tudo, a exposição indireta da criança à violência
temunhar a violência); outros estudos, além dis- conjugal, a partir dos danos psíquicos maternos
so, destacaram a exposição sofrida pelos agravos e na relação mãe-filho. Os dados apontaram que
psicológicos causados no progenitor vítima da as mães apresentavam altos níveis de estresse
violência e sentida pela criança na interação com que repercutiam no exercício dos seus papéis pa-
esse. Para fins de apresentação serão ressaltados, rentais e nas interações com a criança. As mães
primeiramente, os resultados dos estudos com- experienciavam sentimentos de incompetência
postos por amostras de mulheres que, em função quanto à capacidade de ser mãe e consideravam
da agressão, viviam em instituições de proteção, as interações com os filhos como desagradáveis
e em um segundo momento, daqueles que utiliza- e estressantes. As mães que obtiveram altos ní-
ram amostras recrutadas em outros locais, como veis de estresse foram as que perceberam maio-
escolas, hospitais, clínicas pediátricas, anúncios res problemas de comportamento e emocionais
em jornais, e em outras instituições assistenciais nos filhos, sendo que 40% das crianças foram
que atendem pessoas que sofrem violência. classificadas como apresentando problemas de
Referente aos três estudos (A3, A6, A12) internalização (timidez, retraimento) e 52% pro-
que utilizaram como amostra mulheres e filhos blemas de externalização (maior agressividade).
que viviam em instituições de proteção a vítimas Com relação aos estudos que utilizaram
de violência, pode-se ressaltar que foram encon- amostras recrutadas em diferentes contextos co-
trados efeitos significativos entre exposição à munitários (escolas, hospitais, abrigos, anúncios
violência conjugal e características emocionais em jornal, subamostras de outros estudos maio-
infantis investigadas. Por exemplo, o estudo res sem especificação, etc; A1, A2, A4, A5, A7,
(A3) de Skopp et al. (2005) investigou a percep- A8, A9, A10, A11, A13, A14), os efeitos da ex-
ção de irmãos sobre a violência conjugal ao qual posição à violência conjugal nas características
eram expostos, e o quanto isso se relacionava a emocionais infantis investigadas foram encon-
diferenças no ajustamento emocional entre eles. trados. No entanto, a severidade da violência ten-
Para isso, 112 pares de irmãos (com médias de deu a ser menos grave e o efeito da violência no
idade de dez e 12 anos) e suas mães fizeram par- desenvolvimento infantil foi mais moderado que
te do estudo. Os resultados revelaram que 21% a dos estudos em que mães e crianças estavam
das crianças apresentavam sintomatologia de- acolhidas em instituições de proteção às vítimas
pressiva moderada a grave, 24% problemas de de violência. Por exemplo, estudo (A2) de Katz e
ansiedade moderada a grave, 38% problemas de Low (2004) investigou a relação entre violência
comportamento externalizante, e 40% proble- doméstica, coparentalidade e processos familia-
mas de comportamento internalizante. Aqueles res, e sua relação com o ajustamento psicológico
irmãos que relataram níveis mais elevados de infantil, em 130 famílias com filhos em idade
910 Patias, N. D., Bossi, T. J., Dell’Aglio, D. D.

pré-escolar. Nesse estudo, a violência conjugal anos, e o segundo momento quatro anos após o
foi relacionada a outras dinâmicas de funciona- primeiro encontro, havendo perda de muitos par-
mento dentro da família, como a coparentalida- ticipantes e finalizando o estudo com 68 famí-
de, definida pelos autores como as maneiras pe- lias. Os dados revelaram que a gravidade da vio-
las quais os parceiros apoiam-se mutuamente no lência doméstica testemunhada pelas crianças
seu papel conjunto como líderes da família. Os foi baixa, já que os atos violentos predominantes
dados indicaram que casais violentos tenderam foram o empurrar, o agarrar ou o jogar algo no
a exercer uma coparentalidade mais conflituosa, parceiro. Tanto homens quanto mulheres relata-
sendo que ao invés de esses casais apoiarem uns ram os atos violentos perpetrados por si contra o
aos outros nos seus papéis parentais, acabavam cônjuge, o que coloca ambos como possíveis ví-
mais suscetíveis a envolver o outro na relação de timas e autores da violência. Foram encontradas
uma forma mais negativa e crítica. Por sua vez, a evidências de diferenças na trajetória do tônus
violência conjugal esteve relacionada com níveis vagal ao longo do tempo, sendo que as crianças
mais elevados de não cumplicidade da criança expostas à violência conjugal apresentaram au-
ao interagir com seus pares e com dificuldades mentos menores na linha de base tônus vagal
em regular suas emoções para interagir social- do que as não expostas, indicando que a expo-
mente. Da mesma forma, a coparentalidade mais sição à violência conjugal afeta negativamente
hostil mediou a relação entre violência conjugal o desenvolvimento de capacidades reguladoras
e ansiedade/depressão nas crianças, o que sugere emocionais internas. Isso sugere que a violência
que em lares maritalmente violentos, a coparen- conjugal pode ter consequências negativas não
talidade tende a ser mais crítica e hostil, colo- só a curto prazo, mas também prejudicar o fun-
cando os filhos em risco de desenvolver maior cionamento emocional ao longo do tempo.
sintomatologia depressiva e ansiosa.
No estudo longitudinal (A10) de Rigterink Discussão
et al. (2010) foi examinada a relação entre expo-
sição à violência conjugal e habilidades infantis A maioria dos artigos selecionados para
para regular a excitação fisiológica ao longo do este estudo não explicitou uma clara definição
tempo. Para isso, participaram da pesquisa 68 de violência conjugal. No entanto, os autores
famílias, nas quais as crianças eram submetidas investigaram diversas formas de violência (físi-
a um exame por eletrodos para medir a frequên- ca, sexual e psicológica) a que foram expostos
cia cardíaca e respiratória frente a uma ativida- mulheres, crianças e/ou casais dos estudos. Cabe
de em laboratório (escutar histórias por fone de ressaltar que a maior parte das formas de violên-
ouvido). Essa atividade buscou avaliar a regu- cia descritas foram aquelas que incluem agres-
lação emocional infantil frente a uma situação sões físicas, embora três estudos tenham incluído
estressante, medida pela linha de base tônus va- a violência psicológica. Destaca-se a dificuldade
gal, indicador do funcionamento do sistema ner- de identificação da violência psicológica, que in-
voso parassimpático. O estudo iniciou com 130 clui, entre outras formas de violência, a agressão
famílias, sendo que em metade delas as crianças verbal, chantagens, ameaças e humilhações, ao
foram classificadas como apresentando proble- contrário da violência física que resulta em mar-
mas de conduta, avaliados pelo Eyberg Child cas corporais (Ministério da Saúde, 2001). Esse
Behavior Inventory, e a outra metade classifica- fato pode fazer com que nem sempre as vítimas
da como sem problemas de conduta, formando percebam o ato como uma forma de violência
dois grupos distintos de análise. Ainda havia (Brum et al., 2013), embora a violência psicoló-
subdivisão dentro dos grupos, classificando gica geralmente ocorra concomitantemente com
aquelas crianças expostas e não expostas à vio- outros tipos de violência estando, portanto, qua-
lência conjugal. Essas famílias foram acessadas se sempre presente (Ministério da Saúde, 2001).
em dois momentos, sendo o primeiro quando as Nos estudos investigados, a exposição à
crianças estavam com idades entre quatro e seis violência conjugal foi considerada a partir das
Repercussões da Exposição à Violência Conjugal nas Características Emocionais dos Filhos: 911
Revisão Sistemática da Literatura.

agressões sofridas pela mulher em relação ao as causas e manutenção da violência conjugal


parceiro, embora alguns artigos tenham mencio- (Colossi & Falcke, 2013; Marasca et al., 2013;
nado a violência conjugal ocorrida entre os par- Santos & Moré, 2011).
ceiros. Considerou-se, dessa forma, a violência No que tange às repercussões da exposição
que é sofrida pelo homem, e não somente pela à violência, verificou-se que essa tende a apre-
mulher. Em uma perspectiva sistêmica, a violên- sentar repercussões no desenvolvimento, seja de
cia é considerada como um continuum em que forma direta, em relação à criança vítima, seja de
a exposição de um membro familiar à violência forma indireta, a partir dos danos psicológicos
acaba interferindo de forma direta ou indireta, provocados à mãe agredida e que afetam a rela-
em todas as relações (Bhona et al., 2011; Colossi ção mãe-criança, por exemplo. Teorias clássicas
& Falcke, 2013; Preto & Moreira, 2012), embora consideram que as relações estabelecidas com
apenas um dos estudos analisados embase expli- os cuidadores primários, em especial a mãe, re-
citamente sua discussão nessa perspectiva (A12). verberam ao longo do ciclo vital (Bowlby, 1989;
Por outro lado, mesmo que o casal não agrida Mahler et al., 1975/1977; Winnicott, 1945/2000).
seus filhos, o fato da criança testemunhar a vio- Dessa forma, relações afetivas mais empobreci-
lência tende a repercutir negativamente no desen- das entre mãe-criança, prejudicadas pelos efei-
volvimento infantil, de acordo com estudos que tos da violência, tendem a afetar o desenvolvi-
buscam uma visão mais ampliada do fenômeno mento e saúde mental dos filhos. Nesse sentido,
(Hardaway et al., 2012; Mrug & Windle 2010). todos os artigos investigados demonstraram que
Com isso, pode-se destacar que a violência a violência conjugal, mesmo isolada, repercute
tende a influenciar todos os membros da famí- nos outros membros da família, em especial nos
lia, seja de forma direta (ser a pessoa agredida) filhos, mesmo que não deixem claro se as crian-
quanto indireta (testemunhar a agressão), poden- ças, além de testemunharem a violência conju-
do causar consequência a curto, médio e logo gal, também eram vítimas da violência. Tendo
prazo. A fim de compreender as consequências em vista que em ambientes violentos, essa tende
para o desenvolvimento de crianças de zero a 12 a ser estendida para outros membros da família e
anos, este estudo considerou os aspectos meto- não se centrar apenas no casal, é importante que
dológicos, resultados e discussões dos artigos a violência conjugal seja compreendida de forma
que remetiam às repercussões da exposição à mais ampla, já que o impacto dessas situações
violência conjugal nas características emocio- ultrapassa as relações agressor/agredido (Baldry,
nais infantis. A ausência de uma teoria de base 2007; Bhona et al., 2011; Hunter & Graham-
e de definições mais claras sobre o desenvolvi- -Bermann, 2013; Preto & Moreira, 2012).
mento emocional colaborou, em certa medida, A predominância de estudos quantitativos
para as dificuldades em se investigar esse con- permitiu observar se a exposição à violência
ceito nos estudos empíricos selecionados. Dessa conjugal exerce impacto significativo no desen-
forma, os estudos ficaram centrados em aspectos volvimento infantil, principalmente relacionado
mais objetivos de comportamento, de presença a características emocionais. No entanto, as me-
ou ausência de sintomas que indicavam proble- todologias utilizadas nos estudos selecionados
mas de comportamentos internalizantes e exter- não permitiram aprofundar aspectos subjetivos
nalizantes, conflitos nas relações mãe-criança, que perpassam essa violência e que possibilita-
dentre outros. Além disso, apenas um estudo riam uma maior compreensão da dinâmica fami-
(A12) contemplou os aspectos transgeracionais liar em contexto de violência conjugal. Para fu-
da violência, de forma a analisar as histórias de turos estudos, sugere-se considerar a abordagem
violência do casal ou como essa violência con- qualitativa ou mista para uma maior compreen-
jugal atual poderá repercutir no comportamento são do fenômeno.
violento dos filhos em suas relações posteriores Outro fator observado foi a predominância
– relação já estudada por alguns autores sen- de estudos transversais que permitem acessar o
do um aspecto importante ao considerarem-se dado naquele momento e contexto de desenvol-
912 Patias, N. D., Bossi, T. J., Dell’Aglio, D. D.

vimento infantil. Estudos longitudinais permiti- cessidade de estudos que permitam o aprofun-
riam entender, de maneira mais aprofundada, o damento e compreensão da violência conjugal,
efeito da exposição à violência conjugal ao lon- definindo de forma explícita o que os autores en-
go do desenvolvimento da criança, considerando tendem por violência na relação do casal e como
as especificidades que são inerentes a cada idade. esta influencia o desenvolvimento dos filhos.
Ressalta-se que essa revisão de literatura No que diz respeito às características emocio-
aponta para a escassez de estudos que conside- nais, também foi observada uma falta de teori-
ram as vítimas indiretas da violência, ou seja, zação acerca desse conceito e uma dificuldade
aquelas que não são agredidas, mas testemu- de conceituá-lo. Os autores nem sempre deixa-
nham a agressão entre os pais e, por esse motivo, ram claro o que entendem por desenvolvimento
também sofrem suas consequências. Na seleção emocional, dificultando a análise dos dados e a
final, apenas um estudo nacional e 13 interna- compreensão das repercussões da exposição à
cionais foram analisados. Esse dado demonstra violência conjugal.
a necessidade de novos estudos sobre as reper- De maneira geral, os estudos destacaram as
cussões da exposição à violência conjugal no repercussões da exposição à violência conjugal
desenvolvimento dos filhos, já que há uma alta nas características emocionais dos filhos, de-
prevalência desse fenômeno nas famílias brasi- monstrando que a violência, além de repercutir
leiras e no mundo (Ministério da Saúde, 2001; de maneira negativa no casal – e, principalmente
Waiselfisz, 2012). No entanto, ressalta-se que na mulher (foco da maior parte dos artigos) – tam-
os descritores e as bases de dados utilizadas na bém implica em consequências importantes para
busca podem ter restringido o número de artigos outros membros da família, como as crianças.
encontrados sobre o tema. Assim, sugere-se que Dessa forma, as intervenções em famílias
em novos estudos possam ser utilizadas outras expostas à violência devem abarcar a compreen-
bases de dados, como Web of Science e Scopus, são da dinâmica familiar, de forma a assegurar
por exemplo. primeiramente, a segurança do(s) filho(s) e da
Ainda, os estudos demonstraram, a partir de vítima direta da violência conjugal – geralmente
seus resultados, a necessidade e a importância de a mulher. Os serviços de saúde e proteção têm
acompanhar todos os envolvidos em um lar vio- como dever garantir o acolhimento e atendimen-
lento, e não somente as vítimas diretas (aquelas to das vítimas da violência, com base em acom-
que são agredidas). Em uma compreensão sistê- panhamento médico, psicológico e social, assim
mica, toda a família sofre as consequências da como a proteção da pessoa agredida. Além dis-
violência conjugal, sendo que vítima e agressor so, o atendimento aos agressores também deve
podem ocupar ambos os papéis. Da mesma for- ocorrer, sem que isso signifique a não responsa-
ma, torna-se importante investigar as consequ- bilização pelo ato violento (Ministério da Saúde,
ências da exposição à violência conjugal em ou- 2010). Em uma visão sistêmica, a violência con-
tras áreas do desenvolvimento não mencionadas jugal é considerada um problema da dinâmica
nos artigos em questão, como as relações mais relacional do casal sendo, portanto, necessárias
conflitivas entre os próprios irmãos, as dificul- intervenções junto à díade, buscando a resolução
dades em estabelecer amizades, os problemas de de conflitos e relações familiares mais saudáveis.
aprendizagem em decorrência de fatores emo- Trabalhar na prevenção da violência tam-
cionais, a transferência da agressividade viven- bém é uma prática importante, visto que no Bra-
ciada em casa para o ambiente escolar, dentre sil, há histórica e culturalmente uma banalização
outros aspectos. da violência, principalmente em relação às mu-
lheres e as crianças. A disseminação de conhe-
Considerações Finais cimentos sobre as repercussões da violência no
desenvolvimento das crianças, adolescentes e
A partir da revisão sistemática realizada, da família, é essencial, sobretudo porque ainda
percebeu-se, em termos metodológicos, a ne- há uma naturalização de tais práticas violentas.
Repercussões da Exposição à Violência Conjugal nas Características Emocionais dos Filhos: 913
Revisão Sistemática da Literatura.

Ampliar o olhar sobre a violência conjugal é Avaliação do desempenho acadêmico. Psicolo-


“tornar visível o invisível”, em uma tentativa de gia: Teoria e Pesquisa, 20(2), 113-117. Recu-
romper e desnaturalizar a história de violência perado em http://www.scielo.br/pdf/ptp/v20n2/
a03v20n2
no contexto familiar.
Brum, C., Lourenço, L., Gebara, C., & Ronzani, T.
Referências (2013). Violência doméstica e crenças: Interven-
ção com profissionais da atenção primária em
Abranches, C., & Assis, S. (2011). A (in)visibili- saúde. Psicologia em Pesquisa, 7(2), 242-250.
dade da violência psicológica na infância e na doi:10.5327/Z1982-1247201300020012
adolescência no contexto familiar. Cadernos Bowlby, J. (1989). Uma base segura: Aplicações
de Saúde Pública, 27(5), 843-854. doi:S0102- clínicas da teoria do apego. Porto Alegre, RS:
-311X2011000500003 Artes Médicas.
Almeida, A., Miranda, O., & Lourenço, L. (2013). Colossi, P. M., & Falcke, D. (2013). Gritos do si-
Violência doméstica/intrafamiliar contra crian- lêncio: A violência psicológica no casal. Psico,
ças e adolescentes: Uma revisão bibliométrica. 44(3), 310-318. Recuperado em http://revistase-
Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, letronicas.pucrs.br/fabio/ojs/index.php/revistap-
6(2), 298-311. Recuperado em http://pepsic. sico/article/view/11032
bvsalud.org/pdf/gerais/v6n2/v6n2a11.pdf
Cortez, M., Cruz, G., & Souza, L. (2013). Violência
Araújo, M. F. (2002). Violência e abuso sexual conjugal: Desafios e propostas para a aplica-
na família. Psicologia em Estudo, 7(2), 3-11. ção da Lei Maria da Penha. Psico, 44(3), 499-
Recuperado em http://www.scielo.br/pdf/pe/ 507. Recuperado em http://revistaseletronicas.
v7n2/v7n2a02.pdf pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/
Baldry, A. C. (2007). “It does affect me”: Disruptive view/11542
behaviors in preadolescents directly and indi- Durand, J. G., Schraiber, L. B., França, I., Jr., & Bar-
rectly abused at home. European Psychologis, ros, C. (2011). Repercussões da exposição à
12(1), 29-35. doi:10.1027/1016-9040.12.1.29 violência por parceiro íntimo no comportamento
dos filhos. Revista de Saúde Pública, 45(2), 355-
Benetti, S. P. C. (2006). Violência conjugal: Impac-
364. doi:10.1590/S0034-89102011005000004.
to no desenvolvimento psicológico da crian-
Recuperado em http://www.scielo.br/pdf/rsp/
ça e do adolescente. Psicologia: Reflexão e
v45n2/1940.pdf
Crítica, 19(2), 261-268. doi:10.1590/S0102-
79722006000200012 Hanson, R., Self-Brown, S., Borntrager, C., Kilpat-
rick, D., Saunders, B., Resnick, H., & Amstadter,
Benetti, S. P. C., Pizetta, A., Schwartz, C. B., Hass,
A. (2008). Relations among gender, violence ex-
R. A., & Melo, V. L. (2010). Problemas de saúde
posure and mental health: The national survey of
mental na adolescência: Características familia-
adolescents. American Journal of Orthopsychia-
res, eventos traumáticos e violência. Psico-USF,
try, 3, 313-321. doi:10.1037/a0014056
15(3), 321-332.
Haynie, D., Petts, R., Maimon, D., & Piquero, A.
Bhona, F., Lourenço, L., & Brum, C. (2011). Vio-
(2009). Exposure to violence in adolescence
lência doméstica: Um estudo bibliométrico. Ar-
and precocious role exits. Journal Youth Ado-
quivos Brasileiros de Psicologia, 63(1), 87-100.
lescence, 38, 269-286. doi:10.1007/s10964-008-
Recuperado em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ 9343-2
arbp/v63n1/v63n1a10.pdf
Hardaway, C., McLoyd, V., & Wood, D. (2012).
Braga, L. L., & Dell’Aglio, D. D. (2012). Exposição à Exposure to violence and socioemotional ad-
violência em adolescentes de diferentes contex- justment in low-income youth: An examination
tos: Família e instituição. Estudos de Psicologia of protective factors. American Journal Com-
(Natal), 17(3), 413-320. doi:10.1590/S1413- munity Psychology, 49, 112-126. doi:10.1007/
294X2012000300009. Recuperado em http:// s10464-011-9440-3
www.scielo.br/pdf/epsic/v17n3/09.pdf
Harding, H., Morelen, D., Thomassin, K., Bradbury,
Brancalhone, P., Fogo, J. C., & Williams, L. C. L., & Shaffer, A. (2013). Exposure to mater-
(2004). Crianças expostas à violência conjugal: nal and paternal perpetrated intimate partner
914 Patias, N. D., Bossi, T. J., Dell’Aglio, D. D.

violence, emotion regulation, and child out- Levendosky, A., Huth-Bocks, A., Shapiro, D., &
comes. Journal Family Violence, 28, 63-72. Semel, M. (2003). The impact of domestic vi-
doi:10.1007/s10896-012-9487-4 olence on the maternal-child relationship and
preschool-age children’s functioning. Jour-
Hart, S., Hodgkinson, S., Belcher, H., Hyman, C.,
nal of Family Psychology, 17(3), 275-287.
& Cooley-Strickland, M. (2012). Somatic
doi:10.1037/0893-3200.17.3.275
symptoms, peer and school stress, and family
and community violence exposure among urban Mahler, M., Pine, F., & Bergman, A. (1977). O nas-
elementary school children. Journal Behavioral cimento psicológico da criança. Rio de Janei-
Medicine, 15, 1-8. ro, RJ: Zahar Editores. (Original publicado em
1975)
Ho, M. Y., & Cheung, F. M. (2010). The differen-
tial effects of forms and settings of exposure to Marasca, A., Colossi, P., & Falcke, D. (2013). Vio-
violence on adolescents’ adjustment. Journal lência conjugal e família de origem: Uma revisão
of Interpersonal Violence, 25(7), 1309-1337. sistemática da literatura de 2006 a 2011. Temas
doi:10.1177/0886260509340548 em Psicologia, 21(1), 221-243. doi:10.9788/
TP2013.1-16
Hughes, H., & Huth-Bocks, A. (2007). Variations
in parenting stress in African-American Margolin, G., Vickerman, K., Oliver, P., & Gordis, E.
battered women: Implications for children’s B. (2010). Violence exposure in multiple inter-
adjustment. European Psychologist, 12(1), 62- personal domains: Cumulative and differential
71. doi:10.1027/1016-9040.12.1.62 effects. Journal of Adolescent Health, 47, 198-
Hunter, E., & Graham-Bermann, S. (2013). Intimate 205. doi:j.jadohealth.2010.01.020
partner violence and child adjustment: Modera- Minayo, M. C. (2006). Contextualização do debate
tion by father contact? Journal Family Violence, sobre violência contra crianças e adolescentes.
28, 435-444. doi:10.1007/s10896-013-9517-x In Ministério da Saúde (Ed.), Violência faz mal
Jouriles, E., Rosenfield, D., McDonald, R., & Muel- à saúde (pp. 13-16). Brasília, DF: Ministério da
ler, V. (2013). Child involvement in interpa- Saúde.
rental conflict and child adjustment problems: Ministério da Saúde. (2001). Violência intrafamiliar:
A longitudinal study of violent families. Jour- Orientações para a prática em serviço. Cadernos
nal of Abnormal Child Psychology, 42, 1-12. de Atenção Básica, 8(131), 1-100. Recuperado
doi:10.1007/s10802-013-9821-1. em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
Katz, L. F., & Low, S. M. (2004). Marital violence, cd05_19.pdf
co-parenting, and family-level processes in rela- Ministério da Saúde. (2010). Linha de cuidado para
tion to children’s adjustment. Journal of Family atenção integral à saúde de crianças, adoles-
Psychology, 18(2), 372-382. doi:10.1037/0893- centes e suas famílias em situação de violências:
3200.18.2.372 Orientação para gestores e profissionais da saú-
Katz, L. F., & Windecker-Nelson, B. (2006). de. Brasília, DF: Autor. Recuperado em http://
Domestic violence, emotion coaching, and child bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/linha_cui-
adjustment. Journal of Family Psychology, dado_criancas_familias_violencias.pdf
20(1), 56-67. doi:10.1037/0893-3200.20.1.56 Miranda, M. P. M., Paula, C. S., & Bordin, I. A.
Lei N 11.340, de 07 de agosto de 2006. (2006, 08 (2010). Violência conjugal física contra a mu-
ago.). Cria mecanismos para coibir a violência lher na vida: Prevalência e impacto imediato na
doméstica e familiar contra a mulher. Diário saúde, trabalho e família. Revista Panamericana
Oficial da União. Recuperado em http://www. de Salud Publica, 27(4), 300-308. doi:10.1590/
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/ S102049892010000400009
lei/l11340.htm Mrug, S., & Windle, M. (2010). Prospective effects
Levendosky, A., Bogat, A., & Martinez-Torteya, of violence exposure across multiple contexts on
C. (2013). PTSD symptoms in young chil- early adolescents’ internalizing and externali-
dren exposed to intimate partner violence. zing problems. Journal of Child Psychology and
Violence Against Women, 19(2), 187-201. Psychiatry, 51(8), 953-961. doi:10.1111/j.1469-
doi:10.1177/1077801213476458 7610.2010.02222.x
Repercussões da Exposição à Violência Conjugal nas Características Emocionais dos Filhos: 915
Revisão Sistemática da Literatura.

Oliveira, K., & Gomes, R. (2011). Homens e violên- Sturge-Apple, M., Davies, P., Cicchetti, D., & Man-
cia conjugal: Uma análise de estudos brasileiros. ning, L. (2012). Interparental violence, maternal
Ciência & Saúde Coletiva, 16(5), 2401-2413. emotional unavailability and children’s cortisol
doi:10.1590/S141381232011000500009 functioning in family contexts. Developmen-
tal Psychology, 48(1), 237-249. doi:10.1037/
Owen, A., Kaslow, N., & Thompson, M. (2006). The
a0025419
mediating role of parenting stress in the relation
between intimate partner violence and child ad- Vieira, E. M., Perdona, G. S. C., & Santos, M. A.
justment. Journal of Family Psychology, 20(3), (2011). Fatores associados à violência física por
505-513. doi:10.1037/0893-3200.20.3.505 parceiro íntimo em usuárias de serviços de saú-
de. Revista de Saúde Pública, 45(4), 730-737.
Preto, M., & Moreira, P. (2012). Auto-regulação da
doi:10.1590/S0034-89102011005000034
aprendizagem em crianças e adolescentes filhos
de vítimas de violência doméstica contra mulhe- Waiselfisz, J. J. (2012). Mapa da violência 2012: Ho-
res. Psicologia: Reflexão e Crítica, 25(4), 730- micídio de mulheres no Brasil. Rio de Janeiro,
737. doi:10.1590/S0102-79722012000400012. RJ: Cebela.
Recuperado em http://www.scielo.br/pdf/prc/ World Health Organization. (2002). Version of the
v25n4/12.pdf introduction to the world report on violence and
Rigterink, T., Katz, L., & Hessler, D. (2010). Domes- health. Geneva, Switzerland: Author. Retrieved
tic violence and longitudinal associations with from http://www.who.int/violence_injury_pre-
children’s physiological regulation abilities. vention/violence/world_report/en/introduction.
Journal of Interpersonal Violence, 25(9), 1669- pdf
1683. doi:10.1177/0886260509354589 Williams, L. C. A., D’Affonseca, S. M., Correia, T.
Santos, A., & Moré, C. (2011). Impacto da vio- A., & Albuquerque, P. P. (2011). Efeitos a longo
lência no sistema familiar de mulheres ví- prazo de vitimização na escola. Gerais: Revista
timas de agressão. Psicologia: Ciência e Interinstitucional de Psicologia, 4(2), 187-199.
Profissão, 31(2), 220-235. doi:10.1590/S1414- Recuperado em http://www.laprev.ufscar.br/
98932011000200003 documentos/arquivos/artigos/2011-williams-e-
daffonseca.pdf
Santos, K., Santos, L., Lima L., Brito, L, Silva, Y.,
Williams, L. C. A., & Stelko-Pereira, A. C. (2008).
& Gonçalves, H. (2014). A violência doméstica
A associação entre violência doméstica e violên-
contra a mulher por companheiro e a Lei Maria
cia escolar: Uma análise preliminar. Educação:
da Penha. Cadernos de Graduação – Ciências
Teoria e Prática, 18(30), 25-35. Recuperado em
Humanas e Sociais, 1(2), 79-86. Recuperado em
http://www.ppgees.ufscar.br/a-associacao-en-
https://periodicos.set.edu.br/index.php/caderno-
tre-violencia-domestica-e-violencia-e-scolar-
humanas/article/view/1259/706
-uma-analise-preliminar
Schnurr, M., & Lohman, B. (2013). Longitudinal
Winnicott, D. W. (2000). Desenvolvimento emo-
impact of toddlers’ exposure to domestic vio-
cional primitivo. In D. W. Winnicott (Ed.), Da
lence. Journal of Aggression, Maltreatment &
pediatria à psicanálise (pp. 218-232). Rio de Ja-
Trauma, 22, 1015-1031. doi:10.1080/10926771
neiro, RJ: Imago. (Original publicado em 1945)
.2013.834019
Skopp, N., Manke, B., McDonald, R.., & Jouri-
les, E. (2005). Siblings in domestically violent
families: Experiences of interparental conflict
and adjustment problems. Journal of Family
Psychology, 19(2), 324-333. doi:10.1037/0893-
3200.19.2.324
Spiller, L., Jouriles, E., McDonald, R., & Skopp, N.
(2012). Physically abused women’s experiences
of sexual victimization and their children’s dis- Recebido: 03/02/2014
ruptive behavior problems. Psychology of Vio- 1ª revisão: 28/05/2014
lence, 2(4), 401-410. doi:10.1037/a0028912 Aceite final: 11/06/2014

Potrebbero piacerti anche