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educação profissional – curso básico e técnico de piano ou O que isto que é escrito quer dizer?
2) Número de palavras (sem incluir título, resumo, palavras-chave e referências): 3.966 palavras
Pesquisa Concluída
( ) Trabalho resultante de pesquisa realizada por estudante de graduação
( ) Trabalho resultante de pesquisa realizada por estudante de especialização
( ) Trabalho resultante de pesquisa realizada por estudante de mestrado
( ) Trabalho resultante de pesquisa realizada por estudante de doutorado
( X ) Trabalho resultante de pesquisa realizada por pesquisador profissional, sem apoio de agência de fomento
( ) Trabalho resultante de pesquisa científica realizada por pesquisador profissional, com apoio de agência de
fomento
( ) Outros: especificar qual _________________________________________________________________
Relato de Experiência
( ) Relato de experiência resultante de atuação como professor (abrangendo todos os níveis de ensino)
( ) Relato de experiência docente a partir da atuação como aluno de graduação e/ou pós-graduação
( ) Outros: especificar qual _________________________________________________________________
Comunicação
Resumo: Este escrito apresenta os resultados da pesquisa sobre as peças que compõem o livro
“Estudando piano com Lúcia Uchôa”. A pesquisa teve como objetivo investigar os significados
sociais das escolhas pedagógico-musicais presentes na obra. A autora Lúcia Uchôa é professora
de piano da Escola de Música da Universidade Federal do Pará. Sua prática composicional
iniciou na disciplina Arranjo e Composição, da primeira turma do curso de Licenciatura em
Educação Artística com habilitação em Música, da Universidade do Estado do Pará. Após
concluir o curso, percebendo a carência de repertório musical de caráter local para piano,
decidiu dar continuidade à sua produção composicional criando peças para os vários níveis do
curso de piano, marcadas pela sonoridade e pela rítmica amazônidas. Esta pesquisa foi realizada
com base na metodologia da história oral, como uma via de compreensão da prática
composicional como prática social. Adotamos a técnica da entrevista e na passagem do oral
para o escrito, a transcriação. Como resultado obtivemos que o processo criador de Lúcia Uchôa
recebeu influências de experiências por ela vividas, seja em família, seja na igreja ou no
contexto escolar; que sua música apresenta forte sentido lúdico, que visa um aprendizado
prazeroso que se destaca pela forte identidade com a cultura local e nacional; e finalmente que
os elementos pedagógico-musicais de suas composições apresentam, como efeito, marcas
sociais formais e não formais.
Palavras chave: Lúcia Uchôa, obra para piano, significados sociais.
Introdução
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa realizada com base na metodologia da história oral, como
uma via de compreensão de sua prática composicional como prática social (CHADA, 2007).
Dentre as várias definições de história oral apresentadas por Meihy e Holanda (2011),
adotamos a definição que a entende como “recurso moderno usado para a elaboração de
registros, documentos, arquivamento e estudos referentes à experiência social de pessoas e de
grupos” (idem, p. 17).
Numa perspectiva mais abrangente, Queiroz (1988, p. 19) define-a como “termo amplo
que recobre uma quantidade de relatos a respeito de fatos não registrados por outro tipo de
documentação [...]”. A especificidade de relato oral recoberto por esta pesquisa consiste na
história de vida: “relato de um narrador sobre sua existência através do tempo, tentando
reconstituir os acontecimentos que vivenciou e transmitir a experiência que adquiriu”
(QUEIROZ, 1988, p. 20). Nosso interesse na história de vida de Lúcia Uchôa está em apreender
sua percepção e valorizá-la como uma possibilidade do real do qual ela faz parte; apreender a
Infância
Nasci em Macapá, no seio de uma família de músicos na qual a figura fundamental foi
meu avô Mestre Oscar Santos. Assim, minhas primeiras lembranças musicais foram formadas
Juventude
Eu estudei Harmonia primeiro com meu avô. Foi na década de 1970. Ele mandava eu
estudar Harmonia porque eu e a minha irmã Neuma tocávamos as músicas de ouvido, na igreja.
Foi nessa época que eu comecei a estudar violão na academia do meu avô. Ele me fez
tocar um método todinho de violão clássico de Mário Mascarenhas! Ele me dava o método que
tinha todos os acordes para eu treinar em casa. Nos finais de semana, ele dizia para mim: “Leva
o violãozinho para ti, para tu treinares o prático!”. O “prático” significava tocar os acordes no
violão e cantar.
Aos nove anos eu e minhas irmãs Lourdes e Neuma entramos para o Conservatório
para estudar piano. Como nós três tínhamos estudado com meu avô, e já sabíamos ler e
escrever música, fomos direto para o primeiro ano do instrumento.
Do estudo de piano no Conservatório, eu lembro que todo final de mês tinha uma
prova com banca examinadora. Ao final do ano havia a última prova que era para nós
passarmos de ano, com uma banca composta por vários professores. Esta prova acontecia no
Eu trabalhei no SESI de 1975 até 1980, quando fui indicada pelos professores da
FUNARTE, após fazer um curso com eles, para contratação como professora do Conservatório.
No Conservatório, eu ensinava Musicalização e Piano. Depois que eu voltei da
capacitação em Santa Maria (RS) – para a qual fui selecionada após um curso que o professor
Alberto Kaplan ministrou no Conservatório –, assumi a cadeira do Canto Coral. Também
ministrei o curso de Harmonia para os professores do Conservatório.
No Coral, eu dava aula para todos os alunos do Conservatório. Nós tínhamos três
corais: o coro infantil, o coro infanto-juvenil e o coral jovem que na época eles chamavam de
“coral dos adultos”.
Eu conseguia repertório por meio de cursos que eu fazia. Eu passei a vir a Belém para
fazer cursos. Às vezes, eu incluía músicas para as quais eu mesma fazia os arranjos a duas, três e
quatro vozes. Eu já fazia por intuição. Depois que eu fiz aquele curso de Harmonia com o
professor Kaplan, muita coisa esclareceu na minha cabeça, e passei a fazer os arranjos de forma
mais consciente.
Depois de certo tempo não houve mais os cursos ofertados pela FUNARTE em Macapá.
Eu só fazia algum curso quando tinha em Belém. Mas, mesmo assim, eu estava inconformada
com a minha vida profissional. Eu tinha o sonho de continuar os meus estudos de música, fazer
uma graduação em música e em Macapá ainda não havia curso superior nessa área. Foi quando
recebi um telefonema da professora Glória Caputo, presidente da Fundação Carlos Gomes, no
início do ano de 1989. Ela me fez um convite para que eu viesse para Belém, para dar aulas no
Instituto Carlos Gomes.
Na época, a minha irmã Socorro estava morando em Belém, e trabalhava no Instituto
Carlos Gomes. Ela já havia me informado antes que haveria vestibular para a então Fundação
Educacional do Estado do Pará – FEP, hoje Universidade do Estado do Pará – UEPA. Eu fiquei
enlouquecida para vir! Então eu decidi aceitar o convite da professora Glória Caputo.
Quando cheguei a Belém, fiz vestibular, fui aprovada em Licenciatura Plena em
Educação Artística com habilitação em Música. Então, eu disse ao meu marido que eu não
queria mais voltar para Macapá, e ele veio para Belém.
Composições
1
Blacking, John. How musical is Man? 2. ed. Washington: University of Washington Press, 1974.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembranças dos velhos. 3. ed. São Paulo: Companhia das
Letras, 1994.
CHADA, Sonia. A Prática Musical no Culto ao Caboclo nos Candomblés Baianos. In: III Simpósio
de Cognição e Artes Musicais, 2007, Salvador. Anais... Salvador: EDUFBA, 2007. P. 137-144.
MEIHY; José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. 2. ed.,
1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2011.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Relatos orais: do “indizível ao “dizível”. In: SIMSON, Olga de
Moraes Von. (Org.). Experimentos com histórias de vida: Itália-Brasil. São Paulo: Vértice, 1988.
(Enciclopedia Aberta de Ciências Sociais, 5). p. 14-43.
RANGEL, Sonia. Olho desarmado – objeto poético e trajeto criativo. Salvador: Solisluna Design
Editora, 2009.
SANTOS, Regina Márcia Simão Santos. A natureza da aprendizagem musical e suas implicações
curriculares. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1986.
UCHÔA, Maria Lúcia da Silva. Estudando piano com Lúcia Uchôa. Belém: PPGARTES/ICA, 2016.