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GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

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NBR 5410
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ABNT NBR 5410:2004


Instalações elétricas de baixa tensão

Sumário

1 Histórico 014
2 Objetivos, campo de aplicação e abrangência 014
3 Origem da instalação 014
4 Aspectos gerais de projeto 015
13
5 Iluminação 022
6 Proteção contra choques elétricos 031
7 Proteção contra efeitos térmicos (incêndios e queimaduras) 035
8 9Proteção contra sobrecorrentes 037
9 9Proteção contra sobretensões 037
10 Proteção contra mínima e máxima tensão, falta de fase e inversão de fase 057
11 Proteção das pessoas que trabalham nas instalações elétricas de baixa tensão 057
12 Serviços de segurança 058
13 Seleção e instalação dos componentes 060
14 Linhas elétricas 069
15 Dimensionamento de condutores 090
16 Aterramento e equipotencialização 105
17 Seccionamento e comando 116
18 Circuitos de Motores 117
19 Conjuntos de proteção, manobra e comando (quadros de distribuição) 120

20 Verificação final 121


NBR 5410

21 Manutenção e operação 125


22 Qualidade da energia elétrica nas instalações de baixa tensão 127
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• A qualquer linha elétrica (ou fiação) que não seja especificamente


1 Histórico
coberta pelas normas dos equipamentos de utilização;
A norma ABNT NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa • As linhas elétricas fixas de sinal, relacionadas exclusivamente à
tensão tem a seguinte cronologia: segurança (contra choques elétricos e efeitos térmicos em geral) e à
compatibilidade eletromagnética.
1914 - É publicado o Código de Instalações Elétricas da extinta
Inspetoria Geral de Iluminação, situada na Cidade do Rio de Entretanto, a norma não se aplica a:
Janeiro, então Capital Federal;
1941 - Com a contribuição de especialistas da época, o Código de • Instalações de tração elétrica;
1914 foi aperfeiçoado e transformado em uma norma publicada • Instalações elétricas de veículos automotores;
pelo Departamento Nacional de Iluminação e Gás, sob o título • Instalações elétricas de embarcações e aeronaves;
de Norma Brasileira para Execução de Instalações Elétricas com • Equipamentos para supressão de perturbações radioelétricas, na
abrangência em todo o País; medida que não comprometam a segurança das instalações;
1960 - O documento de 1941 foi substituído pela norma NB- • Instalações de iluminação pública;
3, baseada na norma NFPA-70 – National Electrical Code, dos • Redes públicas de distribuição de energia elétrica;
Estados Unidos, tendo sido publicado neste ano pela Associação • Instalações de proteção contra quedas diretas de raios. No entanto,
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); esta Norma considera as conseqüências dos fenômenos atmosféricos
1980 - A NB-3 foi substituída pela primeira edição da NBR 5410, sobre as instalações (por exemplo, seleção dos dispositivos de
baseada na norma IEC 60364 e na norma francesa NF C 15-100. proteção contra sobretensões);
1990 - 2ª revisão da NBR 5410; • Instalações em minas;
1997 - 3ª revisão da NBR 5410; • Instalações de cercas eletrificadas.
2004 - 4ª revisão da NBR 5410.
No momento da publicação deste guia, A NBR 5410 é
2 Objetivos, campo de aplicação e abrangência complementada pelas normas NBR 13570 - Instalações Elétricas
em Locais de Afluência de Público: Requisitos Específicos e NBR
A NBR 5410 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão é a norma 13534 - Instalações Elétricas em Estabelecimentos Assistencias de
aplicada a todas as instalações elétricas cuja tensão nominal é igual ou Saúde: Requisitos para Segurança.
14 inferior a 1.000 V em corrente alternada ou a 1.500 V em corrente contínua. Ambas complementam ou substituem, quando necessário, as
A NBR 5410 fixa as condições a que as instalações de baixa prescrições de caráter geral contidas na NBR 5410, relativas aos
tensão devem atender, a fim de garantir seu funcionamento adequado, seus respectivos campos de aplicação.
a segurança de pessoas e animais domésticos e a conservação de bens. A NBR 13570 aplica-se às instalações elétricas de locais como
Aplica-se a instalações novas e a reformas em instalações existentes, cinemas, teatros, danceterias, escolas, lojas, restaurantes, estádios,
entendendo-se, em princípio, como ‘reforma’ qualquer ampliação de ginásios, circos e outros locais indicados com capacidades mínimas
instalação existente (como criação de novos circuitos e alimentação de ocupação (no de pessoas) especificadas.
de novos equipamentos), bem como qualquer substituição de A NBR 13534, por sua vez, aplica-se a determinados locais como
componentes que implique alteração de circuito. hospitais, ambulatórios, unidades sanitárias, clínicas médicas, veterinárias
A norma trata praticamente de todos os tipos de instalações de e odontológicas etc., tendo em vista a segurança dos pacientes.
baixa tensão, dentre as quais: A terminologia de instalações elétricas de baixa tensão
utilizada na NBR 5410 é proveniente da norma NBR IEC 50
• Edificações residenciais e comerciais em geral; (826) - Vocabulário Eletrotécnico Internacional — Capítulo 826 —
• Estabelecimentos institucionais e de uso público; Instalações Elétricas em Edificações.
• Estabelecimentos industriais;
• Estabelecimentos agropecuários e hortigranjeiros; 3 Origem da instalação
• Edificações pré-fabricadas;
• Reboques de acampamento (trailers), locais de acampamento De acordo com 3.4.3 da NBR 5410 (ver Figura 1), a norma
(campings), marinas e locais análogos; aplica-se a partir do ponto de entrega, definido como o ponto de
• Canteiros de obras, feiras, exposições e outras instalações temporárias. conexão do sistema elétrico da empresa distribuidora de eletricidade
com a instalação elétrica da(s) unidade(s) consumidora(s) e que
A norma aplica-se também: delimita as responsabilidades da distribuidora, definidas pela
autoridade reguladora (ANEEL).
• Aos circuitos internos de equipamentos que, embora alimentados Além disso, a NBR 5410 indica em 1.6 e 1.7 que a sua aplicação
por meio de instalação com tensão igual ou inferior a 1.000 V em não dispensa o respeito aos regulamentos de órgãos públicos aos
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corrente alternada, funcionam com tensão superior a 1.000 V, como quais a instalação deve satisfazer. As instalações elétricas cobertas
é o caso de circuitos de lâmpadas de descarga, de precipitadores pela norma estão sujeitas também, naquilo que for pertinente, às
eletrostáticos etc.; normas para fornecimento de energia estabelecidas pelas autoridades
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reguladoras e pelas empresas distribuidoras de eletricidade. determinada por cargas ou por grupo de cargas e, geralmente,
Desta forma, as prescrições estabelecidas em regulamentações baseia-se nos dados conhecidos de outras instalações similares.
federais, estaduais e municipais podem ser aplicadas nas instalações No que diz respeito às cargas deve-se considerar para um
elétricas de baixa tensão sem causar conflitos legais com o texto da equipamento a sua potência nominal dada pelo fabricante ou
norma brasileira. Por exemplo, prescrições específicas do Corpo de calculada a partir dos dados de entrada (tensão nominal, corrente
Bombeiros sobre iluminação de emergência, bombas de incêndio, nominal e fator de potência), ou calculada a partir da potência de
etc., podem ser acomodadas no projeto elétrico sem conflitos. Da saída, caso seja conhecido o rendimento do equipamento (Figura 2).
mesma forma, apesar de a NBR 5410:2004 incluir os componentes
do padrão de entrada da concessionária, uma vez que ela tem origem
de aplicação no ponto de entrega, o item 1.7 mantém a autoridade Equipamento de utilização
da empresa distribuidora de energia elétrica em definir como será
construído esse padrão de entrada.
UN, IN, PN (P N)
cos Φ N
η
(Entrada) (Saída)

Dispositivo de proteção Equipamento monofásico  PN = UN . IN . cos θN


Equipamento trifásico  PN = √3 . UN . IN . cos θN

Rendimento  η = PN / PN

Figura 2 – Determinação da potência nominal de um equipamento

Figura 1: Origem da instalação conforme a NBR 5410/2004 (inclui o padrão de


entrada da concessionária) 4.1.1 Potência de iluminação

4.1.1.1 Locais não residenciais


4 Aspectos gerais de projeto
Conforme 4.2.1.2.2 da NBR 5410, as cargas de iluminação e 15
4.1 Potência de alimentação tomadas em locais não destinados à habitação (estabe-lecimentos
comerciais, industriais, institucionais, etc.) são as seguintes:
Em 4.2.1 da NBR 5410 prescreve-se que, na determinação
da potência de alimentação de uma instalação ou de parte de uma A quantidade e potência de pontos de iluminação devem ser
instalação, devem-se prever os equipamentos a serem instalados, determinadas como resultado da aplicação dos níveis mínimos de
com suas respectivas potências nominais e, após isso, considerar iluminância da NBR 5413 e calculados pelos métodos dos lúmens, ponto
as possibilidades de não simultaneidade de funcionamento destes a ponto ou cavidade zonal, etc.
equipamentos (fator de demanda), bem como capacidade de reserva
para futuras ampliações. Para as luminárias que utilizam lâmpadas com equipamentos
É importante observar que o texto da norma refere-se às auxiliares (reatores, ignitores, etc.), a potência total da luminária deve ser
potências nominais dos equipamentos e não às potências médias a soma das potências das lâmpadas com a dos equipamentos auxiliares,
absorvidas por eles. Isso significa que não é possível a aplicação do incluindo suas perdas, fator de potência e distorções harmônicas (ver
chamado fator de utilização no cálculo da potência de alimentação. capítulo 5 deste guia).
Lembre-se que o fator de utilização é aquele que multiplica a
potência nominal de um aparelho para se obter a potência média 4.1.1.2 Locais residenciais
absorvida por ele durante sua operação. Esse é geralmente o caso
de motores, sendo tipicamente considerado, nesta situação, um A seção 9.5.2 da NBR 5410 trata de aspectos relacionados à previsão
fator de utilização da ordem de 0,75. No entanto, reitera-se que a de carga de iluminação em instalações residenciais, conforme descrito a
prescrição da norma não permite a utilização de tal fator no cálculo seguir.
da potência de alimentação. A norma estabelece que, em cômodos com área igual ou inferior
A determinação do fator de demanda exige um conhecimento a 6 m2 deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA e com área
detalhado da instalação e das condições de funcionamento dos superior a 6 m2 deve ser prevista uma carga mínima de 100 VA para
equipamentos de média tensão a ela conectados. Sua determinação os primeiros 6 m2, acrescida de 60 VA para cada aumento de 4 m2
deve ser realizada a partir de um estudo muito detalhado, pois, caso não inteiros.
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seja adequadamente avaliado, o valor final da potência de alimentação Por exemplo, em uma sala de 4 m x 5 m, ou seja, com área de 20 m2
pode resultar em subdimensionamento dos circuitos elétricos. (20 = 6 + 4 + 4 + 4 + 2), a potência de iluminação mínima a ser atribuída
Conforme o caso, a potência de alimentação deve ser a este cômodo será de 100 + 60 + 60 + 60 = 280 VA.
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de uso geral em quantidade nunca inferior a um ponto de tomada para


4.1.2 Potência de tomadas cada 30 m2, ou fração, não consideradas as tomadas para a ligação
de lâmpadas, tomadas de vitrines e tomadas para a demonstração de
4.1.2.1 Locais não residenciais aparelhos.
A potência a ser atribuída aos pontos de tomadas de uso geral em
Conforme 4.2.1.2.3 da NBR 5410, deve ser feita a seguinte previsão escritórios comerciais, lojas e locais similares não deverá ser inferior a
de pontos de tomadas: 200 VA por ponto de tomada.

• Em halls de serviço, salas de manutenção e salas de equipamentos, tais Sugestão 2: conforme indicado no livro Instalações elétricas industriais,
como casas de máquinas, salas de bombas, barriletes e locais análogos, de João Mamede Filho
deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada de uso geral, e aos Para escritórios comerciais ou locais similares com área ≤ 37 m2,
circuitos termi-nais respectivos deve ser atribuída uma potência de no a quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada pelo
mínimo 1.000 VA. critério, dentre os dois seguintes, que conduzir ao maior número:
• Quando um ponto de tomada for previsto para uso específico,
deve ser a ele atribuída uma potência igual à potência nominal do • Um ponto de tomada para cada 3 m, ou fração, de perímetro.
equipamento a ser alimentado ou à soma das potências nominais • Um ponto de tomada para cada 4 m2, ou fração, de área.
dos equipamentos a serem alimen-tados. Quando valores precisos
não forem conhecidos, a potência atribuída ao ponto de tomada deve Para escritórios comerciais ou locais análogos com área > 37 m2, a
seguir um dos dois seguintes critérios: (1) a potência ou soma das quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada com base
potências dos equipamentos mais potentes que o ponto pode vir a no seguinte critério: 8 pontos de tomadas para os primeiros 40 m2 e 3
alimentar; (2) a potência deve ser calculada com base na corrente de pontos de tomada para cada 37 m2, ou fração, de área restante.
projeto e na tensão do circuito respectivo. Em lojas e locais similares, devem ser previstos pontos de tomadas de
uso geral em quantidade nunca inferior a um ponto de tomada para cada
- Os pontos de tomada de uso específico devem ser localizados no 37 m2, ou fração, não consideradas as tomadas para a ligação de lâmpadas,
máximo a 1,5 m do ponto previsto para a tomadas de vitrines e tomadas para a demonstração de aparelhos.
localização do equipamento a ser alimentado.
- Os pontos de tomada destinados a alimentar mais de um equipamento 4.1.2.2 Locais residenciais
16 devem ser providos com a quantidade
adequada de tomadas. A seção 9.5.2 da NBR 5410 trata de aspectos relacionados à previsão
de carga de tomadas em instalações residenciais, conforme descrito a
A NBR 5410 não tem prescrições específicas sobre previsão de seguir.
quantidade de pontos de tomadas em locais não residenciais. Um ponto de tomada é um ponto de utilização de energia elétrica em
Seguem-se algumas recomendações baseadas em literaturas: que a conexão dos equipamentos a serem alimentados é feita por meio
de tomada de corrente. Um ponto de tomada pode conter uma ou mais
Locais industriais tomadas de corrente.
A norma define o número mínimo de pontos de tomadas que devem
A quantidade e a potência das tomadas em locais industriais ser previstos num local de habitação, a saber:
dependem do tipo de ocupação dos diversos locais e devem ser • em banheiros deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada
determinadas caso a caso. próximo ao lavatório;
• em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais
Escritórios comerciais e locais similares análogos deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada para cada
3,5 m, ou fração, de perímetro. E acima da bancada da pia em cozinhas,
Sugestão 1: conforme indicado no livro Instalações elétricas, de Ademaro copas e copas-cozinhas devem ser previstas no mínimo duas tomadas de
Cotrim corrente, no mesmo ponto de tomada ou em pontos distintos (Figura 3);
Para escritórios comerciais ou locais similares com área ≤ 40 m2,
a quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada pelo
critério, dentre os dois seguintes, que conduzir ao maior número:

• Um ponto de tomada para cada 3 m, ou fração, de perímetro.


• Um ponto de tomada para cada 4 m2, ou fração, de área.
Para escritórios comerciais ou locais análogos com área > 40 m2, a
quantidade mínima de tomadas de uso geral deve ser calculada com base
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no seguinte critério: 10 pontos de tomadas para os primeiros 40 m2 e 1


ponto de tomada para cada 10 m2, ou fração, de área restante.
Em lojas e locais similares, devem ser previstos pontos de tomadas Figura 3 – Pontos de tomada acima da bancada em cozinha
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de segurança e de funcionamento de uma instalação elétrica,


constituindo-se em um dos pontos mais importantes de seu projeto e de
sua montagem.

4.2.1 Aterramento de proteção

O aterramento de proteção consiste na ligação à terra das massas


e dos elementos condutores estranhos à instalação e tem o objetivo de
limitar o potencial entre massas, entre massas e elementos condutores
estranhos à instalação e entre os dois e a terra a um valor seguro sob
condições normais e anormais de funcionamento. Além disso, deve
proporcionar às correntes de falta um caminho de retorno para terra de
Figura 4 – Potência atribuída a um ponto baixa impedância, de modo que o dispositivo de proteção possa atuar
• em varandas deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada, adequadamente.
admitindo-se que este ponto de tomada não seja instalado na própria
varanda, mas próximo ao seu acesso, quando a varanda, por razões 4.2.2 Aterramento funcional
construtivas, não comportar o ponto de tomada, quando sua área for
inferior a 2 m2 ou, ainda, quando sua profundidade for inferior a 80 cm; O aterramento funcional, que é a ligação à terra de um dos
• em salas e dormitórios deve ser previsto um ponto de tomada para cada condutores vivos do sistema (em geral, o neutro), tem por objetivo
5 m ou fração de perímetro; definir e estabilizar a tensão da instalação em relação à terra durante o
• para os demais cômodos não tratados especificamente nos itens funcionamento; limitar as sobretensões devidas a manobras, descargas
anteriores, a norma estabelece que seja previsto, pelo menos, um ponto atmosféricas e contatos acidentais com linhas de tensão mais elevada; e
de tomada, se a área do cômodo ou dependência for igual ou inferior a 6 fornecer um caminho de retorno da corrente de curto-circuito monofásica
m2. Quando a área do cômodo ou dependência for superior a 6 m2, vale ou bifásica à terra ao sistema elétrico.
a regra de um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração, de perímetro. Os aterramentos funcionais podem ser classificados em diretamente
Uma vez determinada a quantidade de pontos de tomada, é preciso aterrados; aterrados através de impedância (resistor ou reator); ou não
atribuir as potências para estes pontos. aterrados.
De um modo geral, a potência a ser atribuída a cada ponto de tomada 17
é função dos equipamentos que ele poderá vir a alimentar (Figura 4). 4.2.3 Tipos de esquemas de aterramento
Caso não sejam conhecidas as potências dos equipamentos, a norma
então estabelece os seguintes valores mínimos: Os aterramentos funcional e de proteção nas instalações de baixa
tensão devem ser realizados conforme um dos três esquemas de
• em banheiros, cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, aterramento básicos, classificados em função do aterramento da fonte
lavanderias e locais análogos, deve-se atribuir no mínimo 600 VA por de alimentação da instalação (transformador, no caso mais comum, ou
ponto de tomada, até 3 pontos, e 100 VA por ponto para os excedentes, gerador) e das massas, e designados por uma simbologia que utiliza duas
considerando-se cada um desses ambientes separadamente. Quando letras fundamentais:
o total de tomadas, no conjunto desses ambientes, for superior a 6
pontos, admite-se que o critério de atribuição de potências seja de, no 1a letra: indica a situação da alimentação em relação à terra:
mínimo, 600 VA por ponto de tomada, até 2 pontos, e 100 VA por ponto
para os excedentes, sempre considerando cada um dos ambientes • T: um ponto diretamente aterrado;
separadamente. • I: nenhum ponto aterrado ou aterramento através de impedância
Vejamos dois casos para ilustrar esta regra: razoável.
2a letra: indica as características do aterramento das massas:
• em uma cozinha há a previsão de 5 pontos de tomadas: a potência • T: massas diretamente aterradas independentemente do eventual
mínima a ser considerada é de 600 + 600 + 600 + 100 + 100 = 2000 VA; aterramento da alimentação;
• em uma cozinha há a previsão de 7 pontos de tomadas. a potência • N: massas sem um aterramento próprio no local, mas que utilizam o
mínima a ser considerada é de 600 + 600 + 100 + 100 + 100 + 100 + aterramento da fonte de alimentação por meio de um condutor separado
100 = 1700 VA. (PE) ou condutor neutro (PEN);
• I: massas isoladas, ou seja, não aterradas.
- nos demais cômodos ou dependências, no mínimo 100 VA por ponto
de tomada. Outras letras: especificam a forma do aterramento da massa,
utilizando o aterramento da fonte de alimentação:
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4.2 Esquemas de aterramento


• S: separado, isto é, o aterramento da massa é feito por um condutor
Os aterramentos devem assegurar, de modo eficaz, as necessidades (PE) diferente do condutor neutro;
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• C: comum, isto é, o aterramento da massa do equipamento elétrico é


feito com o próprio condutor neutro (PEN). 4.2.3.2 Esquema TT

A partir dessas designações, são definidos os esquemas TT, TN e IT, No esquema TT, o ponto da alimentação (em geral, o secundário
descritos a seguir. do transformador com seu ponto neutro) está diretamente aterrado e
as massas da instalação estão ligadas a um eletrodo de aterramento
4.2.3.1 Esquema TN (ou a mais de um eletrodo) independentemente do eletrodo de
aterramento da alimentação (Figura 6).
No esquema TN, um ponto da alimentação, em geral, o neutro, é
diretamente aterrado e as massas dos equipamentos elétricos são ligadas
a esse ponto por um condutor metálico (Figura 5).

UC

RF RM
Uc

Figura 6 - Esquema TT.

RF De acordo com a figura, RF é a resistência do aterramento da


fonte de alimentação e RM é a resistência do aterramento da massa
Figura 5 - Esquema TN. do equipamento elétrico.
Trata-se de um esquema em que o percurso de uma corrente
Esse esquema será do tipo TN-S, quando as funções de neutro e proveniente de uma falta fase-massa (ocorrida em um componente
18 de proteção forem feitas por condutores distintos (N e PE), ou TN- ou em um equipamento de utilização da instalação) inclui a terra e
C, quando essas funções forem asseguradas pelo mesmo condutor que a elevada impedância (resistência) desse percurso limite o valor
(PEN). Pode-se ter ainda um esquema misto TN-C-S. da corrente de curto-circuito.
O esquema é concebido de modo que o percurso de uma corrente No esquema TT, a corrente de curto-circuito, depende da qualidade
de falta fase-massa seja constituído por elementos condutores do aterramento da fonte e da massa. Se o aterramento não for bom,
metálicos e, portanto, possua baixa impedância e alta corrente de a proteção pode não atuar ou demorar muito para atuar, colocando
curto-circuito. Neste caso, uma corrente de falta direta fase-massa é em risco a segurança das pessoas. Neste esquema de aterramento, é
equivalente a uma corrente de curto-circuito fase-neutro. obrigatório o uso de dispositivo diferencial-residual no seccionamento
No sistema TN, a corrente de curto-circuito não depende do automático da alimentação (ver capítulo 6 deste guia).
valor do aterramento da fonte (RF), mas somente das impedâncias As correntes de falta direta fase-massa são de intensidade
dos condutores pelas quais o sistema é constituído. Por isso, ela inferior à de uma corrente de curto-circuito fase-neutro.
é elevada e a proteção é fortemente sensibilizada provocando sua Uma das possíveis utilizações do esquema TT é quando a fonte
atuação. de alimentação e a carga estiverem muito distantes uma da outra.
Deve-se dar preferência ao sistema TN-S porque, na operação
normal do sistema, todo o condutor PE está sempre praticamente no 4.2.3.3 Esquema IT
mesmo potencial do aterramento da fonte, ou seja, com tensão zero
ou quase zero em toda sua extensão. No esquema IT, não existe nenhum ponto da alimentação diretamente
No entanto, no sistema TN-C, a tensão do condutor PEN junto à aterrado; ela é isolada da terra ou aterrada por uma impedância (Z) de
carga não é igual a zero, porque existem correntes de carga (incluindo valor elevado. As massas são ligadas à terra por meio de eletrodo ou
harmônicas) e de desequilíbrio retornando pelo neutro, causando eletrodos de aterramento próprios (ver Figura 7).
assim quedas de tensão ao longo do condutor PEN. Portanto, as Nesse esquema, a corrente resultante de uma única falta fase-
massas dos equipamentos elétricos não estão no mesmo potencial massa não possui, em geral, intensidade suficiente para fazer a
do aterramento da fonte. Neste caso, sempre há uma diferença de proteção atuar, mas pode representar um perigo para as pessoas que
potencial entre a mão e o pé do operador que toca o equipamento tocarem a massa energizada, devido às capacitâncias da linha em
elétrico. Outro perigo do sistema TN-C é no caso de perda (ruptura) relação à terra (principalmente no caso de alimentadores longos)
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do condutor neutro (N), em que, instantaneamente, o potencial do e à eventual impedância existente entre a alimentação e a terra.
condutor de fase passa para a massa da carga, colocando em risco a Somente em dupla falta fase-massa, em fases distintas, a corrente
segurança das pessoas. de curto-circuito poderá provocar a atuação da proteção.
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b) Os pontos de iluminação não devem ser alimentados, em


sua totalidade, por um só circuito, caso esse circuito seja comum
(iluminação + tomadas); e
c) Os pontos de tomadas, já excluídos os indicados em 9.5.3.2,
não podem ser alimentados, em sua totalidade, por um só circuito,
caso esse circuito seja comum (iluminação + tomadas).

Uc Dessa forma, é importante dizer que a regra para a divisão de


circuitos é sempre a separação das cargas de iluminação e tomadas,
ficando a exceção com alguns casos na área residencial. E mesmo
Z
nessa área, a junção de iluminação e tomadas no mesmo circuito é
RM
opcional.
Cabe lembrar que, nos casos em que iluminação e tomadas
Figura 7 - Esquema IT. são separadas, um circuito de iluminação deve ter seção mínima
de 1,5 mm2 e um circuito de tomada deve ter seção mínima de 2,5
Muitas indústrias, em alguns setores, utilizam o sistema IT, no mm2, sendo evidente que, quando juntamos estas cargas no mesmo
qual a impedância (Z) é constituída de uma reatância projetada para circuito, este deve ter seção mínima de 2,5 mm2.
que a corrente de curto-circuito, para a primeira falta fase-massa, Para finalizar as prescrições de divisões de circuitos em locais
seja limitada a um valor pequeno (por exemplo, 5 A). Essa corrente de habitação, tem-se:
de curto-circuito sinaliza apenas a existência da primeira falta, a) Em 9.5.3.1, está prescrito que todo ponto de utilização previsto
sem necessidade de desligar o circuito, acionando apenas a equipe para alimentar, de modo exclusivo ou virtualmente dedicado,
de manutenção, que não precisa corrigir a falha imediatamente, a equipamento com corrente nominal superior a 10 A deve constituir
produção do setor industrial continua normalmente e a equipe de um circuito independente; e
manutenção pode programar seu serviço no horário mais adequado. b) Em 9.5.3.2, os pontos de tomada de cozinhas, copas, copas-
Neste esquema de aterramento é obrigatório o uso de cozinhas, áreas de serviço, lavanderias e locais análogos devem ser
dispositivos supervisores de isolamento. atendidos por circuitos exclusivamente destinados à alimentação de
tomadas desses locais.
4.3 Divisão da instalação 19

A divisão da instalação em circuitos conforme a NBR 5410.


Uma vez determinadas as cargas a serem alimentadas em uma
instalação elétrica, podemos planejar a distribuição destas cargas
pelos diversos circuitos. Vejamos a seguir as regras da ABNT NBR
5410 sobre o assunto.

Pontos de iluminação e tomadas

Em 4.2.5.1, temos: “A instalação deve ser dividida em


tantos circuitos quantos necessários, devendo cada circuito
Figura 8 - Circuitos terminais separados
ser concebido de forma a poder ser seccionado sem risco de
realimentação inadvertida através de outro circuito”. E, em
4.2.5.5, é dada a sentença: “Os circuitos terminais devem ser Conforme 4.2.5.6 da NBR 5410, as cargas devem ser
individualizados pela função dos equipamentos de utilização distribuídas entre as fases, de modo a obter-se o maior
que alimentam. Em particular, devem ser previstos circuitos equilíbrio possível.
terminais distintos para pontos de iluminação e para pontos Quando a instalação comportar mais de uma alimentação
de tomada”. Juntas, estas duas prescrições obrigam a (rede pública, geração local, etc.), a distribuição associada
separação de iluminação e tomadas nas instalações em geral especificamente a cada uma delas deve ser disposta
(Figura 8). separadamente e de forma claramente diferenciada das demais
No caso particular de locais de habitação, em 9.5.3.3 admite- (Figura 9).
se que, em algumas situações, pontos de iluminação e tomadas Em particular, não se admite que componentes vinculados
possam ser alimentados por circuito comum, desde que respeitadas especificamente a uma determinada alimentação compartilhem, com
algumas condições: elementos de outra alimentação, quadros de distribuição e linhas,
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incluindo as caixas dessas linhas, salvo as seguintes exceções:


a) A corrente de projeto do circuito comum (iluminação +
tomadas) não deve ser superior a 16 A; a) circuitos de sinalização e comando, no interior de quadros;
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b) conjuntos de manobra especialmente projetados para efetuar Em geral, quanto maior o número, mais severa é a intensidade
o intercâmbio das fontes de alimentação; daquela determinada influência.
c) linhas abertas e nas quais os condutores de uma e de outra
alimentação sejam adequadamente identificados. Na NBR 5410, há três tipos de tabelas de influências
externas diretamente relacionadas entre si, conforme indicado
na Figura 11.
A partir dos conceitos anteriores, cabe ao projetista classificar
as influências externas predominantes na instalação elétrica
de média tensão, observando-se que nem todas as influências
precisam estar presentes numa instalação ou, às vezes, mesmo
presentes, elas podem ser desprezadas.
Para efeito de exemplo de aplicação das tabelas indicadas
na Figura 10, suponha-se que tenha sido verificado que, no local
Figura 9 – Compartilhamento de linhas elétricas onde será instalado um barramento blindado de baixa tensão,
existe uma rede de sprinklers instalada sobre o barramento
4.7 Influências externas blindado. Neste caso, pode-se adotar um dos três procedimentos
descritos a seguir (Figura 11):
A classificação das influências externas sobre a instalação
de baixa tensão deve ser realizada nas fases de elaboração e • (A) Considerando-se que não seja colocado nenhum anteparo
execução das instalações elétricas, sendo fundamental para a entre o barramento blindado e a rede de sprinklers, o barramento
correta seleção e utilização dos componentes e para a garantia estará sujeito a uma “chuva” de água após uma eventual atuação
da segurança e funcionamento da instalação. da rede de sprinklers. Neste caso, a influência externa sobre o
Conforme 4.2.6 da NBR 5410, cada condição de influência barramento é AD4 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em
externa é designada por um código que compreende sempre um grupo um grau de proteção mínimo do barramento IPX4;
de duas letras maiúsculas e um número, como descrito a seguir: • (B) Considerando-se que seja colocado m anteparo entre o
barramento blindado e a rede de sprinklers, o barramento não
• Primeira letra: indica a categoria geral da influência externa: estará sujeito a uma “chuva” de água após uma eventual atuação
20 A = meio ambiente; da rede de sprinklers. Neste caso, a influência externa sobre o
B = utilização; barramento é AD1 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em
C = construção das edificações. um grau de proteção mínimo do barramento IPX0;
• Segunda letra (A, B, C,...) indica a natureza da influência • (C) Considerando-se que não seja colocado nenhum anteparo
externa. entre o barramento blindado e a rede de sprinklers, e que o
• Número (1, 2, 3,...) indica a classe de cada influência externa. projetista avalie que a atuação dos sprinklers não é uma situação
NBR 5410

Figura 10 – Relação entre as tabelas de influências externas


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usual na vida da instalação (podendo então desprezá-la na


análise). Neste caso, a influência externa sobre o barramento é
AD1 (conforme Tabela 4 da norma), resultando em um grau de
proteção mínimo do barramento IPX0. No entanto, é preciso que
seja feito um alerta para que, após uma eventual atuação da rede
de sprinklers, seja feita uma verificação no estado do barramento
blindado, uma vez que, com o grau IPX0 poderia haver a
penetração de água no invólucro, o que poderia comprometer
seu adequado e seguro funcionamento sem a devida manutenção.
Entre as três alternativas apresentadas, a única que resolve o
assunto de modo permanente é a primeira opção, pois o barramento
blindado estaria protegido de modo permanente e seguro contra
a presença de água em seu interior, no caso de acionamento da
rede de sprinklers. A desvantagem desta opção é o custo maior de
um equipamento IPX4 em comparação com o IPX0. Na segunda
alternativa, embora o custo do barramento seja menor do que no
primeiro caso, é preciso acrescentar o custo do anteparo antes
de comparar o custo total com a alternativa (A). Além disso, é
importante considerar que o anteparo poderá ser removido de
propósito ou acidentalmente sem que seja recolocado, o que
anularia todo o raciocínio que justificou essa opção. A opção (C) é
a de menor custo inicial, porém deve ser pesado na decisão final o
risco de molhar o interior do barramento e o consequente custo de
parada e manutenção do equipamento.
A Tabela A.2, cuja fonte é a norma NBR 13570, fornece
as classificações de algumas influências externas relativas a
diversos locais de afluência de público. Figura 11 – Exemplo de análise das influências externas

21
Tabela A.2 – Classificação das influências externas de locais de afluência de público
Item Local AD AH BB BC BD BE
01 Auditórios, salas de conferência/reuniões, cinemas hotéis, motéis e
similares, locais de culto, estabelecimentos de atendimento ao público, -*) -*) -*) 3**) 3 ou 4 2
bibliotecas, arquivos públicos, museus, salas de arte
Teatros, arenas, casas de espetáculos e locais análogos:
02 - palco 4 2**) 3 3**) 3 2
- demais locais -*) -*) -*) -*) 3 2
03 Salas polivalentes ou modulares, galpões de usos diversos e usos -*) -*) -*) -*) 3 ou 4 2
sazonais
04 Lojas de departamentos -*) -*) -*) 3**) 3 ou 4 2
Restaurantes, lanchonetes, boates, cafés e locais análogos: 4 -*) -*) 3 3 2
05 - cozinha
- demais locais -*) -*) -*) 3**) 3 2
06 Supermercados e locais análogos -*) -*) -*) 3 3 2
07 Circulações e áreas comuns em centros comerciais, -*) -*) -*) 3 3 2
shopping centers
08 Danceterias, salões de baile, salões de festas, salões de -*) 2**) -*) 3 3 ou 4 2
jogos , boliches, diversões eletrônicas e locais análogos
09 Estabelecimentos de ensino -*) -*) -*) 3 3 2
10 Estabelecimentos esportivos e de lazer cobertos -*) 2**) -*) 3 3 ou 4 2
11 Estabelecimentos esportivos e de lazer ao ar livre, estádios -*) 2**) 3 3**) 3 ou 4 2
12 Locais de feiras e exposições ao ar livre, parques de diversões, circos -*) 2**) 3 4**) 3 2
13 Locais de feiras e exposições cobertos, mercados -*) 2**) -*) 3 3 2
cobertos com boxes
14 Estruturas infláveis -*) -*) -*) -*) -*) 2
NBR 5410

15 Estações e terminais de sistemas de transporte -*) -*) -*) 3 3 2


*) A classificação desta influência deve ser determinada de acordo com a aplicação específica do local.
**) Pode ser que existam neste local áreas onde se aplique uma classificação diferente.
NOTA - Exemplos de aplicação da tabela A.2: o palco de um teatro tem a seguinte classificação mínima de influências externas: AD4, AH2, BB3, BC3, BD3 e BE2.
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Tabela 2: Primeiro numeral - penetração de objetos sólidos e acesso às partes vivas


Primeiro GRAU DE PROTEÇÃO
Numeral
Característico Descrição Sucinta Detalhes Breves dos Objetos a serem “excluídos” do invólucro
0 Não protegido. Nenhuma proteção especial.
1 Protegido contra objetos sólidos maiores que 50 mm. Uma grande superfície do corpo, como uma mão (mas sem proteção contra o acesso deliberado).
Objetos sólidos com diâmetro superior a 50 mm.
2 Protegido contra objetos sólidos maiores que 12 mm. Dedos ou objetos similares não excedendo 80 mm de comprimento.
Objetos sólidos excedendo 12mm de diâmetro.
3 Protegido contra objetos sólidos maiores que 2,5mm. Ferramentas, fios etc. de diâmetro ou espessura maior que 2,5 mm.
Objetos sólidos com diâmetro superior a 2,5mm.
4 Protegido contra objetos sólidos maiores que 1,0 mm. Fios ou fitas de espessura maior que 1,0 mm. Objetos sólidos
com diâmetro não superior a 1,0mm.
5 Protegido contra pó. O ingresso de pó não é totalmente prevenido, mas o pó não entra em quantidade
suficiente para interferir com a operação satisfatória do equipamento.
6 Hermético a pó. Sem ingresso de pó

Tabela 3: Segundo numeral - Proteção contra penetraçnao de liquidos


Segundo GRAU DE PROTEÇÃO
Numeral
Característico Descrição Sucinta Detalhes do tipo de proteção fornecida pelo invólucro
0 Sem proteção. Sem proteção especial.
1 Protegido contra gotejamento de água. Gotejamento de água (quedas de gotas verticais) não deve ter efeito nocivo.
2 Protegido contra gotejamento de água, quando inclinado até 15°. Gotejamento vertical de água não deve ter efeito nocivo quando o invólucro
é inclinado até um ângulo de 15°, a partir de sua posição normal.
3 Protegido contra água pulverizada. Água pulverizada caindo com um ângulo de até 60° com a vertical não deve ter efeito nocivo.
4 Protegido contra água borrifada. Água borrifada contra o invólucro, de qualquer direção, não deve ter efeito nocivo.
5 Protegido contra jatos de água. Água projetada por um bico sob pressão contra o invólucro,
de qualquer direção, não deve ter efeito nocivo
6 Protegido contra ondas de grande porte. Água de ondas de grande porte, ou água projetada em jatos potentes,
não deve penetrar no invólucro em quantidades prejudiciais.
22 Protegido contra os efeitos da imersão de água. O ingresso de água em quantidade prejudicial não deve ser possível, quando o invólucro é
7
imerso em água em condições definidas de pressão e tempo.
8 Protegido contra submersão. O equipamento é adequado para submersão contínua em água,
sob condições que devem ser especificadas pelo fabricante.

indústria, ensino, esporte, entre outras. A Tabela 4 fornece alguns


4.8 Graus de proteção valores extraídos da NBR 5413.
Estes valores de iluminância são utilizados como referência para
Os invólucros dos equipamentos elétricos são classificados o dimensionamento dos sistemas de iluminação das instalações. A
por graus de proteção, definidos pela norma NBR IEC 60529 norma estabelece três valores médios para cada atividade (mínimo,
- Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos médio e máximo) e as características para a determinação de qual
(código IP). valor médio deve ser considerado, de acordo com as características
A representação mais comum do grau de proteção é feita pelas da tarefa e do observador (idade, velocidade e precisão da tarefa e
letras ‘IP’ seguidas usualmente por dois algarismos (Tabelas 2 e 3), refletância do fundo da tarefa).
sendo o primeiro relativo à proteção contra a penetração de objetos De maneira geral é recomendado que se adote o valor médio.
sólidos e acesso às partes vivas e o segundo relativo à proteção O maior valor das iluminâncias deve ser utilizado quando:
contra a penetração de líquidos.
• A tarefa se apresenta com refletâncias e contrastes bastante baixos;
5 Iluminação • Os erros são de difícil correção;
• O trabalho visual é crítico;
5.1 Projeto luminotécnico • Alta produtividade ou precisão são de grande importância; e
• A capacidade visual do observador está abaixo da média.
A NBR 5410 estabelece em 4.2.1.2.2.a) que as cargas de
iluminação devem ser determinadas como resultado da aplicação O menor valor pode ser usado quando:
da norma NBR 5413.
NBR 5410

A NBR 5413 - Iluminância de interiores estabelece os valores de • As refletâncias ou contrastes são relativamente altos;
iluminâncias médias mantidas em serviço para iluminação artificial • A velocidade e/ou precisão não são importantes;
em interiores, para diversas atividades e tarefas, como comércio, • A tarefa é executada ocasionalmente.
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Tabela 4 – Valores de iluminância da NBR 5413


Classe Iluminância (lux) Tipo de atividade
A 20 -30 -50 Áreas públicas com arredores escuros
Iluminação geral para áreas 50 - 75 - 100 Orientação simples para permanência curta
usadas interruptamente ou com tarefas 100 -150 -200 Recintos não usados para trabalho contínuo; depósitos
visuais simples 200 -300 -500 Tarefas com requisitos visuais limitados, trabalho bruto de maquinaria, auditórios
B 500 -750 -1000 Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de maquinaria, escritórios
Iluminação geral para área de trabalho 1000 -1500 -2000 Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria de roupas.
C 2000 -3000 -5000 Tarefas visuais exatas e prolongadas, eletrônica de tamanho pequeno
Iluminação adicional para tarefas 5000 - 7500 - 10000 Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica
visuais difíceis 10000 -15000 -20000 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia

Além do nível de iluminância, a NBR 5413 estabelece


as condições gerais de projeto, tais como plano de trabalho, 5.2 Desempenho das luminárias
uniformidade e iluminação suplementar. Nestes assuntos, a norma
define: O desempenho de uma luminária pode ser considerado como
o resultado de uma combinação dos desempenhos fotométrico,
• O plano de referência como sendo o campo de trabalho e quando mecânico e elétrico.
este não for definido, um plano horizontal a 0,75m do piso;
• A iluminância no restante do ambiente não deve ser inferior 5.2.1 Desempenho fotométrico
a 1/10 da adotada para o campo de trabalho, mesmo que haja
recomendação para valor menor; O desempenho fotométrico está relacionado à eficiência com
• A uniformidade da iluminância (relação entre o menor valor de que a luminária direciona luz ao plano desejado. É determinado
iluminância do campo de trabalho e o valor médio) deve ser no pelas propriedades fotométricas da lâmpada e da luminária. No
mínimo 0,7; e projeto luminotécnico, quando são conhecidas as dimensões
• No caso de ser necessário elevar a iluminância em limitado campo do ambiente e as refletâncias do teto, das paredes e do piso, o
de trabalho, possibilita a utilização de iluminação suplementar. desempenho fotométrico pode ser analisado pelo Fator de Utilização
da luminária (U). 23
A NBR 5413, vigente desde 1992, na época da publicação
deste guia era obsoleta em relação às normas internacionais, pois 5.2.2 Desempenho mecânico
estabelece apenas as iluminâncias recomendadas em serviço. A
norma internacional ISO 8995-1: Lighting of work place, elaborada O desempenho mecânico descreve o comportamento da
pela ISO em conjunto com a CIE - Comissão Internacional de luminária sob estresse, podendo incluir condições extremas de
Iluminação, trata de diversos parâmetros que contribuem para temperatura, jatos d’água, vedação a pó, choques mecânicos e
a qualidade da iluminação no ambiente, além de ampliar a proteção contra fogo. Estas condições são consideradas na NBR
abrangência dos tipos de atividades especificados na NBR 5413. IEC 60598-1 - Luminárias. Requisitos gerais e ensaios.
A ISO 8995-1 define e estabelece parâmetros para a iluminância As luminárias devem ser especificadas nos projetos de acordo
de tarefa e do entorno imediato (zona de, no mínimo, 0,5 m de com o uso e característica da instalação. Atenção especial deve ser
largura ao redor da área da tarefa dentro do campo de visão), e considerada para as áreas molhadas ou úmidas. Conforme item
estabelece recomendações para a distribuição da uniformidade e 6.5.5.2.1 da NBR IEC 60598-1, não é permitido que a água se
iluminância, direcionamento da luz, uso da iluminação natural e acumule nos condutores, porta-lâmpadas ou outras partes elétricas.
manutenção do sistema. De acordo com o tipo de proteção contra a penetração de pó,
Além das iluminâncias para cada tarefa e ambiente, a ISO 8995- objetos sólidos e umidade, as luminárias são classificadas conforme
1 estabelece o indicador de controle de ofuscamento para evitar o o grau de proteção IP (ver 4.8 - Tabelas 2 e 3 deste guia).
desconforto visual (UGR) e o índice de reprodução de cor mínimo
recomendado da fonte luminosa (Ra ou IRC). 5.2.3 Desempenho elétrico
Para o dimensionamento do sistema de iluminação e a
determinação das cargas de iluminação utilizam-se métodos de O desempenho elétrico descreve a eficiência com que a
cálculo luminotécnico, como o Método dos Lumens e o Método luminária e seus equipamentos auxiliares produzem luz e o
ponto a ponto, amplamente difundidos e disponíveis em softwares comportamento elétrico dos mesmos, tais como fator de potência,
de cálculo. distorção harmônica e interferências eletromagnéticas.
Estas metodologias levam em consideração os desempenho das Desta forma, a eficiência da luminária é determinada também
NBR 5410

luminárias, lâmpadas e dos equipamentos auxiliares, como reatores pela eficiência da lâmpada e dos equipamentos auxiliares (reatores,
para lâmpadas de descarga, os transformadores para as lâmpadas transformadores e controladores). No dimensionamento dos
halógenas e os controladores (drivers) para os leds. sistemas de iluminação é necessário conhecer os dados relativos ao
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fluxo luminoso das lâmpadas e ao fator de fluxo luminoso do reator.


A NBR 5410, no item 4.2.1.2.2.b), determina que, para os
aparelhos fixos de iluminação de descarga, a potência nominal a
ser considerada deve incluir a potência das lâmpadas, as perdas e o
fator de potência dos equipamentos auxiliares.
Para cálculo das cargas de iluminação, a potência nominal
ou aparente (VA) pode ser calculada a partir dos dados elétricos
fornecidos pelos fabricantes.
Para se determinar a potência nominal (VA) do conjunto
luminária-lâmpadas-equipamentos, considera-se:

Figura 12- Considerações para cálculo pelo Método do Ponto a Ponto


PN = U x I ou P N = P ativa / FP
I
E=
Onde: d2
P N: potência nominal ou aparente (VA)
para luz incidindo perpendicularmente ao plano do objeto, e:
P ativa: potência ativa (W)
U: tensão (V)
Iα x cos3α
I: corrente (A) E=
FP: fator de potência h2

para luz que não incide perpendicularmente ao plano do objeto.


Quando os dados dos fabricantes não são conhecidos ou os
equipamentos não estão definidos, considera-se que:
I - intensidade luminosa (vertical), em cd
E - iluminância no ponto, em lx
• A potência da lâmpada é dada em W (assume-se que W = VA);
d - distância da fonte luminosa ao objeto
• As perdas dos reatores podem ser consideradas aproximadamente
α - ângulo de abertura do facho
15% a 20% da potência da lâmpada;
h - distância vertical entre a fonte de luz e o plano do objeto
Iα - intensidade luminosa no ângulo α, em cd
24 Assim, por exemplo, a potência nominal de uma luminária
com 2 lâmpadas de 32 W cada + 1 reator eletromagnético duplo é
A iluminância (E) em um ponto é o somatório de todas
calculada por:
as iluminâncias incidentes sobre esse ponto provenientes de
diferentes pontos de luz dada pela equação:
Paparente = 2 x 32 + (2 x 32 x 0,15) = 73,6 VA

5.2.4 Métodos de cálculos luminotécnicos


E=
I1
h2
+Σ ( Iα x cos3α
h2
)
Neste método não são consideradas as refletâncias das
A seguir são apresentados o Método do Ponto a Ponto e o
superfícies (teto, paredes e piso), sendo que, para isso,
Método dos Lumens, metodologias de cálculo mais utilizadas para
devem ser empregados algoritmos mais complexos, tais como
determinação da quantidade de luminárias necessárias para um
“radiosidade” e “ray tracing”, utilizados em softwares de
determinado ambiente ou a iluminância obtida com determinada
cálculo luminotécnico.
luminária.

5.2.4.2 Método dos Lumens


5.2.4.1 Método do Ponto a Ponto

Este é o método mais simples de cálculo e considera


Pode-se calcular a iluminância pelo Método Ponto a Ponto
ambientes retangulares, com superfícies difusas e com um único
quando a distância “d” entre a fonte de luz e o objeto a ser
tipo de luminária.
iluminado for, no mínimo, cinco vezes a dimensão da fonte de luz
Para início dos cálculos, é necessário o levantamento das
(Figura 13).
seguintes características do local:
Este método é recomendado para os casos de fontes
pontuais, para a determinação da iluminância obtida com
• Características construtivas da instalação: dimensões dos
lâmpadas de dimensões pequenas e de fachos de luz bem
ambientes e classificação de acordo com uso para determinação da
definidos (lâmpadas dicróicas, por exemplo), alguns tipos de
NBR 5410

iluminância requerida conforme norma NBR 5413;


luminárias de LEDs, entre outros.
• Refletâncias das superfícies: teto, paredes, piso;
Aplicam-se as seguintes equações para determinar as
• Frequência de manutenção e condições de limpeza do ambiente:
iluminâncias:
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para estimar o fator de manutenção (FM) ou fator de perdas adequados para as atividades desenvolvidas no local, pois, quanto
luminosas (FPL) mais eficiente for o conjunto luminária-lâmpada-equipamento
auxiliar, maior será a economia de energia obtida no sistema de
Etapa 1- Cálculo do Índice do local (K) iluminação proposto.

O índice do local (K) é uma relação definida entre as dimensões Etapa 3 - Determinação do Fator de Utilização (U)
(em metros) do local (Figura 14), calculado conforme as seguintes
equações: O fator de utilização (U) indica o desempenho da luminária no
ambiente considerado no cálculo, sendo apresentado em tabelas dos
Iluminação direta Iluminação indireta
fabricantes de luminárias. Para determinar o fator de utilização, basta
cxl 3xcxl cruzar o valor do índice do local (K) calculado anteriormente (dado
K= Ki =
h x(c + l) 2 x h x (c + l) na horizontal), com os dados de refletância das superfícies do teto,
parede e piso (dado na vertical), conforme indicado na Tabela 5.
c - comprimento do ambiente
l - largura do ambiente Tabela 5: Exemplo para determinação do Fator de Utilização de luminárias

h - altura do ambiente TETO (%) 70 50 30 0


h’ - distância do teto ao plano de trabalho PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
pd - pé-direito PISO (%) 10 10 10 0

hs - altura de suspensão K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)


0,60 32 28 26 31 28 26 28 26 25
ht - altura so plano de trabalho
0,80 38 34 31 37 34 31 33 31 30
1,00 42 39 36 41 38 36 38 36 35
1,25 46 4 40 45 42 40 42 40 39
1,50 48 46 44 48 45 43 45 43 42
2,00 52 60 48 51 49 48 49 47 46
2,50 54 53 51 53 52 50 51 50 49
3,00 56 54 53 55 53 52 53 52 50
4,00 57 55 55 56 55 54 54 54 52
5,00 58 56 56 57 56 55 55 55 53
25
Etapa 4 - Determinar o Fator de Manutenção (FM)

A iluminância diminui progressivamente durante o uso do


sistema de iluminação devido às depreciações por acúmulo de
poeira nas lâmpadas e luminárias, pela depreciação dos materiais
da luminária, pelo decréscimo do fluxo luminoso das lâmpadas e
pela depreciação das refletâncias das paredes.
O dimensionamento dos sistemas de iluminação deve considerar
um fator de manutenção (FM) ou fator de perdas luminosas (FPL)
em função do tipo de ambiente e atividade desenvolvida, do tipo de
luminária e lâmpada utilizada e da freqüência de manutenção dos
Figura 13: Definição das alturas para cálculo do índice K
sistemas.
A Tabela 6 sugere valores de fatores de manutenção conforme
Etapa 2 - Definição dos componentes
período de manutenção e condição do ambiente. Valores mais
precisos, conforme tipo de luminária e lâmpadas podem ser obtidos
A definição dos componentes deve levar em consideração
em publicações da CIE (Comissão Internacional de Iluminação) e/
as características fotométricas das luminárias, desempenho das
ou através de fabricantes de luminárias.
lâmpadas e características elétricas dos equipamentos auxiliares.
As principais características a serem consideradas são: Tabela 6: Fatores de manutenção recomendados
Ambiente
• Luminárias: curva de distribuição de intensidade luminosa, 2500 h 5000 h 7500 h

rendimento, controle de ofuscamento; Limpo 0,95 0,91 0,88


Normal 0,91 0,85 0,80
• Lâmpadas: eficiência luminosa (lm/W), fluxo luminoso, vida útil,
Sujo 0,80 0,66 0,57
depreciação luminosa;
NBR 5410

• Equipamentos auxiliares: potência consumida, fator de potência, Para reduzir a depreciação da luminária, deve-se adotar uma
fator de fluxo luminoso, distorção harmônica. manutenção periódica dos sistemas através da limpeza de lâmpadas
Recomenda-se o emprego de componentes mais eficientes e e luminárias e substituição programada de lâmpadas.
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Etapa 5 – Determinar o Fator de Fluxo Luminoso • Recomenda-se que as distâncias “a” e “b” entre luminárias sejam
o dobro da distância entre estas e as paredes laterais;
O fator de fluxo luminoso (FFL), ou fator de reator, é o fator • Recomenda-se sempre o acréscimo de luminárias quando
que irá determinar o fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas com a quantidade resultante do cálculo não for compatível com a
reatores eletrônicos. É a razão do fluxo luminoso emitido por uma distribuição desejada.
lâmpada de referência, funcionando com reator comercial, pelo
fluxo luminoso emitido pela mesma lâmpada quando funcionando
com o reator de referência.
Assim, quando:

• FFL=1,0: o fluxo luminoso das lâmpadas é o nominal;


• FFL=1,1: o fluxo luminoso das lâmpadas é 10% superior ao
nominal;
• FFL=0,95: o fluxo luminoso das lâmpadas é 5% inferior ao
nominal.

Este fator é obtido nos catálogos dos fabricantes de reatores


eletrônicos, e é um valor específico para cada modelo de reator.
Para reatores eletromagnéticos e, quando não informado pelo
fabricante, adota-se FFL=1,0.

Etapa 6 - Dimensionamento Figura 14: Distribuição de luminárias

O cálculo do número de luminárias necessárias para um


Exemplo de aplicação do Método dos Lumens
determinado ambiente segue a seguinte equação:

Emed x A O exemplo a seguir tem dois objetivos:


N=
26 n x φn x U x FM x FFL
• Mostrar a aplicação do Método dos Lumens em um local de
Onde: habitação; e
• Comparar a potência de alimentação (VA) obtida neste método
N: número necessário de luminárias com a potência indicada no item 9.5.2.1 da NBR5410 (VA em
Emed: iluminância média (lux) função da área do cômodo).
A: área do ambiente (m2)
n: número de lâmpadas em cada luminária No exemplo, são comparados três diferentes tipos de lâmpadas:
φn : fluxo luminoso de cada lâmpada (lm) incandescente, fluorescente compacta e lâmpada de led.
U: fator de utilização A Tabela 7 ilustra as iluminâncias recomendadas para ambientes
FM: fator de manutenção residenciais conforme a norma NBR 5413.
FFL: fator de fluxo luminoso do reator
Tabela 7: Níveis de iluminância recomendados para residência
Quando o número de luminárias é conhecido, a iluminância
Residência Mínimo Médio Máximo
média pode ser calculada por: Salas de estar
N x n x φn x U x FM x FFL Geral 100 150 200
N= Local (leitura, escrita, bordado, etc.) 300 500 750
A Cozinha
Geral 100 150 200
Etapa 7 - Distribuição das luminárias
Local (fogão, pia, mesa) 200 300 500
Quartos de dormir
Após definida a quantidade total de luminárias necessárias
Geral 100 150 200
para atender os níveis de iluminância e as condições requeridas
Local (espelho, penteadeira, cama) 200 300 500
de projeto, deve-se distribuí-las adequadamente no recinto (Figura Hall, escadas, despensas, garagens
14). Para tanto, valem as seguintes observações: Geral 75 100 150
Local 200 300 500
NBR 5410

• Deve-se distribuir as luminárias uniformemente no recinto; Banheiros


• Deve-se obter valores próximos de “a” e “b”, sendo a > b, desde Geral 100 150 200
que respeitando a curva de distribuição luminosa da luminária; Local (espelhos) 200 300 500
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a)Determinação da iluminância requerida conforme norma Tabela 8: Comparação de dados medidos das amostras de lâmpadas incandescentes,
fluorescentes compactas e de leds
NBR 5413
Caso 1: Caso 2: Caso 2:
Lâmpadas Incandescente Fluorescente Fluorescente
Tomando-se como exemplo uma sala de estar de 10m2 (2,5 m compacta compacta
de largura x 4,0 m de comprimento x 2,75 m de pé direito), verifica- Potência 60W 15W 12W
se na Tabela 7 (em destaque) que a iluminância média geral varia Amostra 1 2 3 4 5 6
Tensão (V) 127V 127V 127V 127V 127V 127V
de 100 a 200 lux. Nos cálculos a seguir será adotado o valor médio
Temperatura de cor (K) 2830 2842 2816 2861 2678 2673
de 150 lux.
Indice de reprodução de cor (Ra) 100 100 83 82 81 81
Fluxo (lm) 796 825 973 911 827 822
b) Escolha da luminária
Eficiência luminosa (lm/W) 13,5 13,8 66,6 66,0 64,5 65,5
Tensão medida (V) 127 127 127 127 127 127
No exemplo será considerado um mesmo modelo de luminária Corrente medida(A) 0,456 0,468 0,186 0,177 0,1 0,1
para duas lâmpadas base E27 (Figura 16), que pode acomodar Fator de potência medido 1,00 1,00 0,62 0,61 0,127 0,124
lâmpadas incandescentes de 60 W (caso 1), fluorescentes compactas Distorção harmônica tensão 1,7% 2,7% 2,1%
de 15 W (caso 2) ou lampleds (lâmpadas de leds) de 12 W (caso 3). Distorção harmônica corrente 2,0% 109,0% 70,0%
Potência ativa (W) 59 60 15 14 13 13
Economia potência ativa (%) - 76% 79%
Potência aparente (VA) 59 60 24 23 16 16
Economia (%) - 61% 73%

distorção de corrente. Neste caso, a lâmpada led apresentou menor


distorção harmônica em comparação com a lâmpada fluorescente
compacta (Figuras 16, 17 e 18).

27
Figura 16: Luminária utilizada no exemplo

c) Lâmpadas

Embora as lâmpadas possam ser facilmente trocadas na mesma Voltage


luminária, pois a base E27 é a mesma, cada lâmpada possui uma Resolution: 181.41 V/div
Crest Value: 181.41 V
distribuição luminosa e características fotométricas e elétricas
específicas. Current
A Tabela 8 ilustra a comparação de dados reais obtidos em Resolution: 2.001 A/div
ensaios de laboratório entre três produtos encontrados no mercado. Crest Value: 4.002 A
As características não refletem dados gerais das famílias de Figura 16: Curva de tensão e corrente de uma lâmpada incandescente de 60W
lâmpadas, mas dos modelos específicos em análise (foram ensaiadas
duas amostras de cada tipo de lâmpada).

Comentários sobre os valores da Tabela 8:

• Em relação ao fluxo luminoso, as lâmpadas fluorescentes


compactas são as mais fortes dentre os modelos analisados,
apresentando também as maiores eficiências luminosas.
• Quando se analisa os potenciais de economia de energia tomando-
se a lâmpada incandescente como base, a solução em led apresentou
melhor potencial, com economia de 73% considerando a potência Voltage
Resolution: 183.09 V/div
aparente e 79% considerando a potência ativa.
Crest Value: 183.1 V
• A lâmpada de led apresentou fator de potência maior em relação à
NBR 5410

lâmpada fluorescente compacta. Resolution: 1.591 A/div


• Não há muita diferença entre a distorção harmônica de tensão Crest Value: 3.183 A
entre os três tipos de lâmpadas, mas ela é significativa no caso da Figura 17: Curva de tensão e corrente de uma lâmpada fluorescente compacta de 15W
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

três lâmpadas, onde se verifica que, embora as temperaturas


de cor (aparência da cor) sejam semelhantes, elas apresentam
características espectrais e de reprodução de cor diferentes
conforme o comprimento de onda da luz.

spectrum 1.0-125.194mW/nm
1.2

1.0

0.8
Voltage
0.6
Resolution: 178.94 V/div
Crest Value: 178.9 V 0.4

Current 0.2

Resolution: 0.926 A/div


0.0
Crest Value: 1.852 A 300 400 500 600 700
Wavelength (nm)

Figura 18: Curva de tensão e corrente de uma lâmpada de led de 12W Figura 21: Distribuição espectral de uma lâmpada de led 12 W – 3000 K

• A partir da Tabela 8, pode-se concluir que as temperaturas de d) Dados fotométricos da luminária


cor das diferentes lâmpadas são muito próximas, entre 2673
K e 2861 K. O índice de reprodução de cor (Ra) é semelhante Para realização do cálculo luminotécnico é necessário analisar os
para lâmpadas de led e compactas, considerados adequados para dados fotométricos da luminária com cada fonte luminosa em seu interior.
iluminação interior da maior parte dos ambientes (Ra > 80). O fator de utilização e a curva de distribuição luminosa,
As figuras 19, 20 e 21 ilustram os diagramas espectrais das fornecidos pelos fabricantes de luminárias são informações muito
importantes para análise do desempenho fotométrico.
Comparando-se os dados fotométricos da luminária em questão
28
spectrum para cada tipo de lâmpada (figuras 22, 23 e 24), conclui-se que as
1.2
1.0-26.351mW/nm curvas de distribuição luminosa são bem semelhantes. No entanto,
o fator de utilização das luminárias muda significantemente, pois
1.0
cada lâmpada possui uma distribuição luminosa diferente e a
0.8 luminária em análise, por possuir um difusor jateado, difunde a luz
emitida pelas lâmpadas também de forma diferente.
0.6
Observa-se nas figuras que, embora a luminária para lâmpadas
0.4 incandescentes possua a menor eficiência luminosa (relação lm/W),
0.2 ela apresenta os maiores fatores de utilização em função do tipo da
distribuição da luz da lâmpada incandescente na luminária em questão.
0.0
300 400 500 600 700
Wavelength (nm) e) Cálculo luminotécnico

Figura 19: Distribuição espectral de uma lâmpada incandescente de 60 W – 2700 K


Considera-se no exemplo:

spectrum
1.0-125.194mW/nm • Dimensões da sala: 2,5 m de largura x 4,0 m de comprimento x
1.2
2,75 m de pé direito;
1.0
• Plano de trabalho a 0,75 m do piso;
0.8 • Refletâncias de teto 70%, paredes 50% e piso 10%;
• Ambiente normal e manutenção periódica de 7500 horas
0.6

0.4
Etapa 1- Cálculo do Índice do local (K)

cxl
0.2
K=
h x(c + l)
NBR 5410

0.0
300 400 500 600 700
Wavelength (nm)
4 x 2,5
Figura 20 - Distribuição espectral de uma lâmpada fluorescente compacta 15 Ki = = 0,77
W – 3000 K 2 x (4 + 2,5)
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 23 19 17 23 19 16 19 16 15
0,80 28 24 21 27 24 21 23 21 19
1,00 32 28 25 31 27 25 27 24 23
1,25 36 32 29 35 31 29 30 28 26
1,50 39 35 32 37 34 32 33 31 29
2,00 43 40 37 41 39 36 37 35 34
2,50 45 43 40 44 41 39 40 39 37
3,00 47 45 43 46 43 42 42 41 39
4,00 49 48 46 48 46 45 46 43 41
5,00 51 49 48 49 48 46 46 45 43

Figura 22: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas incandescentes de 60 W

TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 17 14 12 16 14 12 14 12 11
0,80 21 18 15 20 17 15 17 15 14
1,00 24 21 19 23 20 18 20 19 17
1,25 26 23 21 26 23 21 22 20 19
1,50 28 26 23 27 25 23 24 23 21
29
2,00 31 29 27 30 28 26 27 26 25
2,50 33 31 29 32 30 29 29 28 27
3,00 34 33 31 33 32 30 31 30 28
4,00 36 35 33 35 34 32 33 32 30
5,00 37 36 35 36 35 34 34 33 31

Figura 23: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas compactas de 15 W

TETO (%) 70 50 30 0
PAREDE(%) 50 30 10 50 30 10 30 10 0
PISO (%) 10 10 10 0
K FATOR DE UTILIZAÇÃO (X0.01)
0,60 19 16 13 18 15 13 15 13 12
0,80 23 19 17 22 19 17 18 16 15
1,00 26 23 20 25 22 20 21 19 18
1,25 29 26 2 28 25 23 24 22 21
1,50 31 28 26 30 27 25 27 25 23
2,00 34 32 30 33 31 29 30 28 27
2,50 36 34 32 35 33 31 32 31 29
3,00 38 36 34 36 35 33 34 32 31
4,00 39 38 35 38 37 36 36 35 33
5,00 41 39 38 39 38 37 37 36 34
NBR 5410

Figura 24: Fator de utilização e curva de distribuição luminosa da luminária com 2 lâmpadas de led de 12 W
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Etapa 2 - Definição dos componentes Tabela 9: Comparação de dados das luminárias e resultados
do Método dos Lumens

Caso 1 Caso 2 Caso 3


A definição dos componentes (características fotométricas das Luminária Incandescente Fluorescente Led
luminárias, desempenho das lâmpadas e características elétricas compacta
dos equipamentos auxiliares) já foi realizada nos itens b), c) e d) Quantidade de lâmpadas 2 2 2
anteriores. Rendimento 54% 40% 43%
Classe de ofuscamento sem controle sem controle sem controle
Imax 170cd/1000lm 125cd/1000lm 135cd/1000lm
Etapa 3 - Determinação do Fator de Utilização (U)
Fluxo medido das lâmpadas 1620,8 1884,2 1649,4
Imax (cd) 275 235 226
Para determinação do fator de utilização (U), devem ser interpolados
Potência medida(W) 119 28 25
os valores das tabelas 22, 23 e 24, obtendo-se
Fator de utilização 0,26 0,20 0,22
Quant. Luminárias (150lux, 10m2, K=0,77) 4,45 4,98 5,17
U= 0,26 para caso 1 (incandescente); Quantidade de luminárias 6 6 6
U= 0,20 para caso 2 (fluorescente compacta); Emédio (lux) 202 181 174
U= 0,22 para caso 3 (led). Potência ativa (W) 714 174 156
Potência aparente (VA) 714 282 192
Etapa 4 - Determinar o Fator de Manutenção (FM)

Considerando-se o ambiente normal e manutenção periódica,


foi adotado FM=0,80 para todas as opções como base para Os valores de potência ativa referem-se a valores medidos
comparações. e consideram a potência total de cada equipamento, incluindo-
se as perdas dos equipamentos auxiliares (reator da lâmpada
Etapa 5 – Determinar o Fator de Fluxo Luminoso compacta e controlador do led).

O fator de fluxo luminoso para as três condições é igual a 1,0, f) C álculo da previsão de potência de iluminação para

uma vez que está sendo adotado o fluxo luminoso medido das locais residenciais conforme a NBR 5410
lâmpadas analisadas.
30 Conforme tratado em 4.1.1.2 deste guia, em 9.5.2 da NBR
Etapa 6 - Dimensionamento 5410 determina-se que, em cômodos com área igual ou inferior
a 6 m2, deve ser prevista uma carga mínima de iluminação de
Para determinação da quantidade de luminárias utiliza-se a 100 VA e com área superior a 6 m2 deve ser prevista uma carga
fórmula: mínima de 100 VA para os primeiros 6 m2, acrescida de 60 VA
Emed x A para cada aumento de 4 m2 inteiros.
N=
n x φn x U x FM x FFL No exemplo em questão, onde a sala tem 10 m2 (6 + 4), a
Onde: potência de iluminação mínima a ser atribuída a este cômodo
será de 100 + 60 = 160 VA.
N: número necessário de luminárias
Emed: 150 lux g) C onclusão
A: 10 m2
N: 2 Comparando-se os valores de potência aparente da Tabela
φn : fluxo luminoso de cada lâmpada (lm) 9 (714, 282 e 192 VA), respectivamente, para lâmpada
U: fator de utilização (definido na etapa 3) incandescente, fluorescente compacta e led) calculados pelo
FM: 0,8 (definido na etapa 4) Método dos Lumens conforme iluminância média da NBR
FFL: 1,0 (definido na etapa 5) 5413 com o valor de 160 VA calculado de acordo com o item
9.5.2.1 da NBR 5410, verifica-se uma grande diferença.
A Tabela 9 resume os dados fotométricos das luminárias e os O exemplo em questão considerou um cômodo específico,
resultados do cálculo luminotécnico pelo Método dos Lumens para mas o resultado obtido pode ser estendido a outros locais da
os três casos em análise. residência. Desta forma, mesmo com o amparo técnico da
Embora 5 luminárias atendam as condições de projeto para a prescrição da NBR 5410, recomenda-se que o projetista avalie
sala considerada, para melhor distribuição espacial foi considerada criteriosamente a sua utilização em determinados projetos.
a instalação de 6 (seis) luminárias no ambiente. Assim, o nível de Por existir uma norma específica sobre o tema de iluminação,
sempre que possível seria recomendável realizar o projeto
NBR 5410

iluminância resultante deve ser calculado pela fórmula:


luminotécnico do ambiente conforme a NBR 5413 de forma
N x n x φn x U x FM x FFL
N= a obter o melhor desempenho luminotécnico e a previsão de
A carga de iluminação mais adequada.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Por exemplo, uma pessoa de 70 kg, tem 0,5% de probabilidade


6 Proteção contra choques elétricos
de sofrer fibrilação ventricular, se percorrida durante 5 segundos
por uma corrente elétrica de 50 ou 60 Hz de intensidade igual a
6.1 I ntrodução
(70 / 0,453) x 0,49 = 76 mA. Já no caso de uma criança de 7 kg, a
corrente será de apenas 7,6 mA.
A proteção contra choques elétricos é tratada na NBR 5410 nos
itens indicados na Tabela x.
• Para determinar a corrente (mA) que, circulando por 5 segundos,
tem 99,5% de probabilidade de causar uma fibrilação ventricular,
Tabela 10: Itens da NBR 5410 sobre proteção contra choques elétricos.
multiplicar o peso da pessoa (em libras; 1 lb = 0,453 kg) por 1,47 .
Prescrições Medidas de Seleção e
fundamentais proteção instalação
4.1.1 5.1 6.3.3 Por exemplo, uma pessoa de 70 kg, tem 99,5% de probabilidade
de sofrer fibrilação ventricular, se percorrida durante 5 segundos
por uma corrente elétrica de 50 ou 60 Hz de intensidade igual a
As pessoas e os animais devem ser protegidos contra choques (70 / 0,453) x 1,47 = 227 mA. Já no caso de uma criança de 7 kg, a
elétricos, seja o risco associado a contato acidental com parte corrente será de apenas 22,7 mA.
viva perigosa, seja a falhas que possam colocar uma massa Em corrente contínua, o limiar de corrente para soltar o
acidentalmente sob tensão. condutor vivo é menor e, para durações de choques maiores do
Vejamos algumas descobertas sobre os efeitos das correntes que o período do ciclo cardíaco, o limiar de fibrilação permanece
elétricas no corpo humano em frequências de 50 e 60 Hz, que são consideravelmente maior do que para a corrente alternada. A
as mais usuais nas instalações elétricas em todo o mundo. principal diferença entre os efeitos das correntes CA e CC no corpo
O “liminar de percepção” da passagem da corrente elétrica pelo humano está relacionada às variações da intensidade da corrente,
corpo depende de diversos parâmetros, tais como a área do corpo especialmente quando se fecha e abre o circuito. Para se produzir
que está em contato com o condutor de eletricidade, se a pele está os mesmos efeitos de excitação celular, a intensidade da corrente
molhada ou seca, sua temperatura, as condições psicológicas do contínua deve ser 2 a 4 vezes maior do que a corrente alternada.
indivíduo (calmo, estressado), etc. Em geral, um valor de 0,5 mA é A publicação IEC/TS 60479-1 define quatro zonas de efeitos
considerado como o limiar de percepção. para correntes alternadas de 50 ou 60 Hz e leva em consideração
Uma vez que os impulsos nervosos do cérebro para os músculos pessoas que pesam 50 kg e um trajeto de corrente entre as
que comandam os movimentos são também de natureza elétrica, há extremidades do corpo (mão/pé), mostradas na Figura 25. 31
um ponto além do qual a corrente elétrica que flui através do corpo Na Zona 1 não ocorre nenhuma reação; na Zona 2, não ocorre
provoca um estímulo do nervo e uma pessoa que está em contato nenhum efeito fisiológico perigoso; na Zona 3, não acontece, em
com um condutor vivo não é mais capaz de soltá-lo (tetanização). geral, nenhum dano orgânico, mas, para tempos longos ocorrem
Este limiar, chamado de “limite de largar” também depende de contrações musculares, dificuldade de respiração e perturbações
diversos fatores, situando-se, nas frequências de 50 e 60 Hz, entre reversíveis no coração. Na Zona 4, além dos efeitos da Zona 3,
6 e 14 mA (média 10 mA) em mulheres, entre 9 e 23 mA (média 16 a probabilidade de fibrilação ventricular aumenta muito, podendo
mA) em homens. Para corrente contínua, o valor médio é de 51 mA levar ao óbito.
em mulheres e 76 mA em homens. t (ms)
O limiar da fibrilação ventricular depende igualmente de vários 10.000

fatores próprios de cada indivíduo, assim como de parâmetros 5.000

elétricos (duração e caminho da corrente, tipo de corrente CA ou 2.000

CC, etc). No caso de correntes alternadas de 50 e 60 Hz, há uma 1000

considerável redução neste limiar de fibrilação quando a corrente 500


I II III IV
circula por mais de um ciclo cardíaco. Nestes casos, os músculos 200

cardíacos começam a vibrar muito rapidamente e o resultado é que 100

o coração não é mais capaz de bombear sangue para o organismo, 50

reduzindo a pressão arterial para zero, provocando desmaio e parada 20

respiratória, quase sempre fatal. Experiências práticas têm mostrado 10


0,2 0,5 1 2 5 10 20 30 50 100 200 500 1000 2000 Ic(mA)
que correntes de 5 mA provocam choques desconfortáveis e, nos
Figura 25 - Zonas de efeito de corrente alternada (de 15 a 100 Hz) entre mão
casos de crianças e pessoas em mesas de operação, esta corrente e pé sobre as pessoas
pode causar sérios desconfortos e complicações até mesmo fatais.
De acordo com publicação da Lawrence Livermore National 6.2 Princípio fundamental da proteção contra choques elétricos
Laboratory, University of California:
O princípio fundamental da NBR 5410 para que uma instalação
NBR 5410

• Para determinar a corrente (mA) que, circulando por 5 segundos, seja segura em relação à proteção contra choques elétricos. Tal
tem 0,5% de probabilidade de causar uma fibrilação ventricular, princípio determina que partes vivas perigosas não devem ser
multiplicar o peso da pessoa (em libras; 1 lb = 0,453 kg) por 0,49. acessíveis e que massas não devem oferecer perigo em condições
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normais e no caso de falhas. Em outros casos, pode-se prover a isolação básica em campo como,
Partes vivas são condutores destinados a serem energizados por exemplo, recobrindo-se uma emenda de condutores com fita
em condições de uso normais (condutores de fase), incluindo isolante ou recobrindo-se um barramento com uma manta, tubo ou
também o condutor neutro. luva isolante. Ou então isolando as extremidades dos condutores com
Massa é uma parte condutora que pode ser tocada e que conectores de torção, conforme Figura 27.
normalmente não é viva, mas pode tornar-se viva em caso de
falha da isolação. São exemplos de massa as carcaças metálicas 6.4 Barreira
dos equipamentos eletroeletrônicos, dos quadros, dos motores, dos
transformadores, etc. Barreira é um elemento que assegura proteção contra contatos
Para atender a este princípio, as medidas mais usuais a serem diretos de uma pessoa com partes vivas em todas as direções usuais
implementadas, em conjunto, nas instalações elétricas são as de acesso. É o caso, por exemplo, de uma tampa colocada sob a
seguintes: porta dos quadros elétricos que impede o contato das pessoas com
os barramentos vivos no interior do quadro (Figura 28).
• Prover as partes vivas com uma isolação básica;
• Usar barreiras ou invólucros apropriados para manter as partes
vivas inacessíveis;
• Aterrar e equipotencializar a instalação; Porta

• Prover seccionamento automático da instalação como um todo ou


de circuitos específicos. Tampa

Além destas medidas, podem ser utilizadas:

• Isolação dupla;
• Separação elétrica;
• Limitação de tensão (SELV e PELV).
Figura 28: Quadro com porta e tampa
6.3 I solação básica

32 6.5 I nvólucro
Em muitos casos, a isolação básica já vem no produto de fábrica
como, por exemplo, a isolação dos fios e cabos elétricos (Figura 26). Invólucro é um elemento que assegura proteção contra
contatos diretos em qualquer direção. É um conceito semelhante
ao da barreira, porém mais amplo, uma vez que o invólucro deve
“envolver” completamente o componente, impedindo o acesso
direto as suas partes vivas partindo de qualquer e todas as direções.
Condutor
É o caso, por exemplo, de uma caixa de ligação de tomadas,
interruptores ou motores provida de tampa (Figura 29).

Isolação básica

Figura 26: Exemplo de isolação básica provida de fábrica: condutor isolado

Figura 29: Alguns invólucros


Conector de torção

6.6 A terramento e equipotencialização das instalações


NBR 5410

elétricas de baixa tensão

Numa instalação elétrica de baixa tensão, o aterramento e


Figura 27: Exemplo isolação básica provida no campo: conectores de torção
(cortesia 3M) a equipotencialização são partes fundamentais para a garantia
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

do funcionamento adequado dos sistemas de proteção contra choque elétrico consiste em desligar automaticamente toda
choques elétricos, sobretensões, descargas atmosféricas, descargas instalação ou parte dela para que o perigo seja eliminado e a
eletrostáticas, além de ajudar a garantir o funcionamento adequado pessoa protegida.
dos equipamentos de tecnologia de informação (computadores, Para compreender melhor este tema, vamos observar a
centrais telefônicas, modems, controladores lógicos, etc.). O figura 31.
capítulo 15 deste guia trata o assunto em detalhes. Ocorrendo em qualquer ponto uma falta de impedância
desprezível entre um condutor de fase e o condutor de proteção
6.7 Tipo de tomada para instalações residenciais e análogas ou uma massa, conforme indicado na Figura 31, um dispositivo
de seccionamento automático deve desligar o circuito em um
A NBR 5410 estabelece em 5.1.2.2.3.6 que todo circuito deve tempo bastante reduzido e seguro.
dispor de condutor de proteção, em toda sua extensão. E acrescenta No esquema TN, a equipotencialização via condutores
em 6.5.3.1 que todas as tomadas de corrente fixas das instalações de proteção, conforme 5.1.2.2.3, deve ser única e geral,
devem ser do tipo com contato de aterramento (PE), sendo que as envolvendo todas as massas da instalação, e deve ser
tomadas de uso residencial e análogo devem ser conforme NBR interligada com o ponto da alimentação aterrado, geralmente
NM 60884-1 e NBR 14136. o ponto neutro. Recomenda-se o aterramento dos condutores
A NBR NM 60884-1 é a norma que testa as tomadas em geral, de proteção em tantos pontos quanto possível. Além disso, em
qualquer que seja o seu desenho (configuração) e a NBR 14136 é a construções de porte, tais como edifícios de grande altura, a
norma que padroniza o formato das tomadas para uso residencial e realização de equipotencializações locais, entre condutores de
análogo até 20 A – 250 V (Figura 30). proteção e elementos condutivos da edificação, cumpre o papel
de aterramento múltiplo do condutor de proteção;
No esquema TN, as características do dispositivo de
proteção e a impedância do circuito devem ser tais que, ocor-
rendo em qualquer ponto uma falta de impedância desprezível
entre um condutor de fase e o condutor de proteção ou uma
massa, o seccionamento automático se efetue em um tempo no
máximo igual ao especificado na tabela 25 da norma.

Considera-se a prescrição atendida se a seguinte condição 33


for satisfeita:

Zs . Ia ≤ Uo
Figura 30: Tomada padrão NBR 14136 onde:
Desta forma, de acordo com a norma, é obrigatório
distribuir o condutor de proteção (PE) em todos os circuitos Zs é a impedância, em ohms, do percurso da corrente de falta,
e utilizar todas as tomadas de corrente com o contato de composto da fonte, do condutor vivo, até o ponto de ocorrência
terra disponivel. Consequentemente, em todas as caixas de da falta, e do condutor de proteção, do ponto de ocorrência da
derivação e passagem deverá estar disponibilizado o condutor falta até a fonte;
de proteção (verde ou verde-amarelo) em seu interior. Ia é a corrente, em ampères, que assegura a atuação do dispositivo
de proteção num tempo no máximo igual ao especificado na
6.8 S eccionamento automático da alimentação elétrica tabela 25 da norma, ou a 5 s, nos casos previstos na alínea c)
de 5.1.2.2.4.1;
O seccionamento automático da instalação no caso da Uo é a tensão nominal, em volts, entre fase e neutro, valor
ocorrência de uma situação que possa resultar em perigo de eficaz em corrente alternada.

No esquema TN, desde que a condição anterior seja


atendida, podem ser usados para o seccionamento automático
visando proteção contra choques elétricos tanto os dispositivos
de proteção a sobrecorrente (disjuntores ou fusíveis), quanto
os dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual
(dispositivos DR).
Como medida de proteção adicional, a NBR 5410 prescreve
o uso de dispositivos de proteção a corrente diferencial-residual
NBR 5410

com corrente diferencial-residual nominal IΔn igual ou inferior


a 30 mA como proteção adicional contra choques elétricos nos
Figura 31 – Seccionamento automático da alimentação em alguns locais. A proteção adicional provida pelo uso de
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Figura 32: Formas de ligação dos DRs

dispositivo diferencial-residual de alta sensibilidade visa casos concebidos em esquema IT, visando garantir continuidade
com os de falha de outros meios de proteção e de descuido de serviço, quando essa continuidade for indispensável à
ou imprudência do usuário. No entanto, é importante destacar segurança das pessoas e à preservação de vidas, como, por
que a utilização desses DRs de alta sensibilidade nestes locais exemplo, na alimentação de salas cirúrgicas ou de serviços de
não é reconhecida como constituindo em si uma medida de segurança.
proteção completa e não dispensa, em absoluto, o emprego de • Quando o risco de desligamento de congeladores por atuação
uma das outras medidas de proteção descritas (principalmente intempestiva da proteção, associado à hipótese de ausência
o uso do condutor de proteção em todos os circuitos) prolongada de pessoas, significar perdas e/ou conseqüências
34 Os locais que são objeto da medida de proteção adicional sanitárias relevantes, recomenda-se que as tomadas de
por uso de DR de alta sensibilidade são os seguintes: corrente previstas para a alimentação de tais equipamentos
sejam protegidas por dispositivo DR com característica de
• Nos circuitos que, em locais de habitação, sirvam a pontos alta imunidade a perturbações transitórias, que o próprio
de utilização (iluminação e força) situados em cozinhas, copas- circuito de alimentação do congelador seja, sempre que
cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais possível, independente e que, caso exista outro dispositivo DR
dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a a montante do de alta imunidade, seja garantida seletividade
lavagens. Há uma exceção a esta regra unicamente para os de entre os dispositivos (sobre seletividade entre dispositivos DR.
pontos de iluminação situados a mais de 2,50 m do piso; Alternativamente, porém menos comum de se utilizar na
• Nos circuitos que, em edificações não-residenciais, sirvam prática, ao invés de dispositivo DR, a tomada destinada ao
a pontos de tomada situados em cozinhas, copas-cozinhas, congelador pode ser protegida por separação elétrica individual,
lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais dependências recomendando-se que também aí o circuito seja independente e
internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens; que caso haja dispositivo DR a montante, este seja de um tipo
• Nos circuitos que, em qualquer tipo de edificação, sirvam a imune a perturbações transitórias.
pontos de utilização (iluminação e força) situados em locais Os dispositivos DRs podem ser individuais por circuitos,
contendo banheira ou chuveiro; ou por grupos de circuitos ou pode ainda ser usado um único
• Nos circuitos que, em qualquer tipo de edificação, sirvam a DR protegendo todos os circuitos de uma instalação (Figura
tomadas de corrente situadas em áreas externas à edificação 32).
ou tomadas de corrente situadas em áreas internas mas que Em 6.3.3.2.6, a norma lembra que os DRs devem ser
possam vir a alimentar equipamentos no exterior da edificação. escolhidos e os circuitos devem ser divididos de tal modo que a
soma das correntes de fuga à terra que podem circular pelo DR
Em relação a estas prescrições, valem as seguintes durante o funcionamento normal das cargas não seja suficiente
observações gerais: para provocar a atuação do dispositivo.
Como as normas de DRs indicam que eles já podem atuar
• No que se refere a tomadas de corrente, a exigência de a partir de 50% de sua corrente de disparo nominal, é preciso
NBR 5410

proteção adicional por DR de alta sensibilidade se aplica às conhecer com bastante detalhe as cargas que serão alimentadas
tomadas com corrente nominal de até 32 A. por um único DR. Por exemplo, um DR de corrente nominal
• A exigência não se aplica a circuitos ou setores da instalação de disparo de 30 mA pode disparar a partir de correntes de
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fuga à terra maiores ou iguais a 15 mA. E dependendo da Tabela 11: correntes nominais de DRs

natureza das várias cargas ligadas a um único DR de 30 mA, IΔn (atuação) In (A)
25
este valor (15 mA) pode ser facilmente atingido, resultando
40
em constantes desligamentos da instalação e causando enorme
30 mA, 100 mA, 63
desconforto aos usuários. Uma solução que pode conciliar
300 mA e 500 mA 80
custo com continuidade de operação é o uso de um DR para um
100
determinado grupo de circuitos. 125
Os tipos mais usuais de DRs encontrados no Brasil
são aqueles para instalação em quadros e geralmente são Em 6.3.3.2.5, a norma determina que o circuito magnético do
comercializados nas versões bipolares e tetrapolares (Figura DR deve envolver todos os condutores vivos do circuito ou grupo
33 e Tabela 11). Devem atender as normas NBR NM 61008-1e de circuitos protegidos, inclusive o neutro, mas não pode envolver
NBR NM 61008-2-1. o condutor de proteção, o qual deve passar “por fora” do DR.
Podem ainda ser na versão Interruptor DR (IDR) ou A Figura 34 mostra exemplos de ligação de dispositivos DR em
Disjuntor DR (DDR): no primeiro caso, o dispositivo atua um circuitos terminais típicos.
apenas para seccionar o circuito no caso de correntes de fuga
à terra, enquanto que no segundo caso, atua adicionalmente na 7 Proteção contra efeitos térmicos
proteção do circuito contra sobrecargas e curtos-circuitos. (incêndios e queimaduras)

Conforme 4.1.2 da NBR 5410, instalação elétrica deve ser


concebida e construída de maneira a excluir qualquer risco
de incêndio de materiais inflamáveis, devido a temperaturas
elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em serviço normal,
não deve haver riscos de queimaduras para as pessoas e os
animais
O conceito das prescrições da norma em relação a este
assunto baseia-se na limitação da temperatura máxima que os
componentes da instalação podem atingir em regime normal de
funcionamento. A partir do conhecimento destas temperaturas, 35
a norma lembra que devem ser observadas distâncias mínimas
Figura 33 - DR bipolar e tetrapolar
entre estes componentes e os demais materiais adjacentes a
eles para evitar incêndios. As temperaturas máximas também
Geralmente são comercializados nas seguintes combinações de são fixadas para partes dos componentes que são manuseadas
correntes nominais (A) e correntes nominais de atuação (mA): pelos operadores de forma a evitar queimaduras.

NBR 5410

Figura 34: Exemplos de circuitos terminais protegidos por dispositivos DR


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7.1 Proteção contra incêndio

7.1.1 G eral

Os componentes elétricos da instalação não devem apresentar


perigo de incêndio para os materiais vizinhos. Para tanto, os
componentes fixos, cujas superfícies externas possam atingir
temperaturas que venham a causar perigo de incêndio a materiais
adjacentes devem ser montados sobre materiais ou contidos no
interior de materiais que suportem tais temperaturas e sejam
de baixa condutância térmica, tais como invólucros metálicos
Dique de
(Figura 35). contenção de óleo

Figura 36 – Tanque de contenção de óleo em sala de grupo gerador

atingidas pelos componentes, assim como as temperaturas


suportadas pelos materiais e elementos adjacentes à instalação de
média tensão. Além disso, é importante conhecer as características
principais dos materiais combustíveis que possam estar adjacentes
aos componentes elétricos, notadamente suas condutâncias
térmicas.
Os componentes da instalação que contenham líquidos
inflamáveis em volume significativo (≥ 25 litros) devem ser
objeto de precauções para evitar que, em caso de incêndio, o
36 líquido inflamado, a fumaça e gases tóxicos se propaguem para
outras partes da edificação. Nestes casos, que seriam aplicáveis
principalmente aos transformadores e aos grupos geradores, deve
ser construído um fosso de drenagem, para coletar vazamentos do
líquido e assegurar a extinção das chamas, em caso de incêndio
Figura 35: Invólucro de material de baixa condutância térmica
(Figura 36). O local deve ter soleiras, ou outros meios, para
Outra alternativa é separar os componentes dos elementos da evitar que o líquido inflamado se propague para outras partes da
construção do prédio por materiais que suportem tais temperaturas edificação. Além disso, os equipamentos devem ser instalados
e sejam de baixa condutância térmica. Ou, finalmente, os num compartimento resistente ao fogo, ventilado apenas por
componentes da instalação devem ser montados de modo a permitir atmosfera externa. Para volumes inferiores a 25 litros, é suficiente
a dissipação segura do calor, a uma distância segura de qualquer apenas que se evite o vazamento do líquido para áreas externas
material em que tais temperaturas possam ter efeitos térmicos (soleira, por exemplo). Para detalhes sobre o assunto, ver parte 19
prejudiciais, sendo que qualquer meio de suporte deve ser de baixa deste guia.
condutância térmica.
Além disso, os componentes fixos que apresentem efeitos de 7.1.2 Proteção contra incêndio em locais BD2, BD3 e BD4
focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância
suficiente de qualquer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo Para proteção contra incêndio das linhas elétricas nestes locais,
a não submetê-los, em condições normais, a uma elevação perigosa ver capítulo 14 deste guia.
de temperatura. Nos locais BD3 e BD4, os dispositivos de manobra e de
Os materiais dos invólucros que sejam dispostos em torno proteção devem ser acessíveis apenas às pessoas autorizadas. Isso
de componentes elétricos durante a instalação devem suportar a implica em localizá-los em áreas de acesso restrito a estas pessoas
maior temperatura susceptível de ser produzida pelo componente. ou, quando isso não for possível, instalar, por exemplo, cadeados
Materiais combustíveis não são adequados para a construção destes nas portas dos quadros de distribuição. Quando situados em áreas
invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra de circulação, os dispositivos devem ser alojados em gabinetes ou
a ignição, tais como o revestimento com material incombustível ou caixas de material incombustível ou de difícil combustão.
NBR 5410

de combustão difícil e de baixa condutância térmica. Nas instalações elétricas de locais BD3 ou BD4 e em saídas
Para atender às prescrições anteriores, fica evidente que é de emergência é terminantemente proibido o uso de componentes
fundamental conhecer previamente as temperaturas máximas contendo líquidos inflamáveis.
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Não devem ser considerados os valores indicados na Tabela


7.1.3 Proteção contra incêndio em locais BE2 12 nos casos em que existirem normas específicas que limitem
as temperaturas nas superfícies dos componentes elétricos no que
Os locais BE2 são aqueles que apresentam maior risco de concerne a proteção contra queimaduras.
incêndio devido à presença de substâncias combustíveis em Tabela 12 - Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipamentos
quantidade apreciável. elétricos dispostos no interior da zona de alcance normal

Os equipamentos elétricos devem ser limitados aos que o local Partes acessíveis Material das Temperaturas
partes acessíveis máximas °C
exige, para as atividades aí desenvolvidas.
Alavancas, volantes ou punhos Metálico 55
Os dispositivos de proteção, comando e seccionamento devem
de dispositivos de manobra Não-metálico 65
ser dispostos fora dos locais BE2, a menos que eles sejam alojados
Previstas para serem tocadas, Metálico 70
em invólucros com grau de proteção adequado a tais locais, no
mas não empunhadas Não-metálico 80
mínimo IP4X. Não destinadas a serem Metálico 80
Quando as linhas elétricas não forem totalmente embutidas tocadas em serviço normal Não-metálico 90
(imersas) em material incombustível, devem ser tomadas
precauções para garantir que elas não venham a propagar
chama. Em particular, os condutores e cabos devem ser não- 8 Proteção contra sobrecorrentes
propagantes de chama. Os condutores PEN não são admitidos
nos locais BE2, exceto para circuitos que apenas atravessem As medidas de proteção contra sobrecorrentes da NBR 5410
o local. foram incluidas no guia no capitulo 16
Os motores comandados automaticamente ou a distância,
ou que não sejam continuamente supervisionados, devem ser
protegidos contra sobreaquecimento por sensores térmicos.
9 Proteção contra sobretensões
As luminárias devem ser adequadas aos locais e providas de
A proteção contra sobretensões é tratada na NBR 5410 nos itens
invólucros que apresentem grau de proteção no mínimo IP4X. Se o
indicados na Tabela 13.
local oferecer risco de danos mecânicos às luminárias, elas devem
ter suas lâmpadas e outros componentes protegidos por coberturas
Tabela 13: Itens da NBR 5410 sobre proteção contra sobretensões
plásticas, grelhas ou coberturas de vidro resistentes a impactos,
Prescrições Características Medidas de Seleção e
com exceção dos porta-lâmpadas (a menos que comportem tais 37
fundamentais geraisv proteção instalação
acessórios). 3.3 4.1.5 5.4 6.3.5
Para limitar os riscos de incêndio suscitados pela circulação
de correntes de falta, é bastante recomedável que o circuito Em função de sua origem, as sobretensões que podem ocorrer em
correspondente deva ser: uma instalação elétrica de baixa tensão e que são abordadas na NBR
5410 são classificadas em temporárias e transitórias.
a) protegido por dispositivo a corrente diferencial-residual
(dispositivo DR) com corrente diferencial-residual nominal de 9.1 Sobretensões temporárias
atuação de no máximo 500 mA; ou
b) supervisionado por um DSI (dispositivo supervisor de isolamento) Uma sobretensão temporária ocorre quando existe uma falha de
ou por um dispositivo supervisor a corrente diferencial-residual, isolamento para outra instalação de tensão mais elevada ou quando
ajustados para sinalizar a ocorrência de falta em bases no máximo acontece a perda do condutor neutro em esquemas de aterramento TN
equivalentes àquelas da alínea anterior. e TT.
As sobretensões causadas por falhas do isolamento em instalação
7.2 Proteção contra queimaduras de tensão mais elevada acontecem nas seguintes situações:

De acordo com 5.2.3 da NBR 5410, as partes acessíveis de • Quando ocorre uma falta para terra no lado da instalação de tensão
equipamentos elétricos que estejam situadas na zona de alcance mais elevada;
normal não devem atingir temperaturas que possam causar • Quando um condutor do circuito de tensão mais elevada
queimaduras em pessoas e, para tanto, devem atender aos limites acidentalmente entra em contato com outro condutor do circuito de
de temperatura indicados na tabela 29 da norma (Tabela 12 deste tensão mais baixa;
guia). Além disso, todas as partes da instalação que possam, em • Quando ocorre defeito interno no transformador como, por exemplo, o
serviço normal, atingir, ainda que por períodos curtos, temperaturas contato entre os enrolamentos de alta e de baixa tensão ou, o que é mais
que excedam os limites dados na Tabela 12, devem ser protegidas comum, o contato por rompimento da isolação entre o enrolamento de
contra qualquer contato acidental. Isso pode ser conseguido, por alta tensão e a carcaça.
NBR 5410

exemplo, pela colocação fora de alcance ou pela instalação de Esses casos são chamados de sobretensão “à frequência industrial”
barreiras ou obstáculos que impeçam o contato acidental com as ou “temporária”, porque colocam os circuitos de tensão mais elevada
superfícies quentes.
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e mais baixa praticamente no mesmo potencial a partir do ponto de os componentes devem possuir uma tensão nominal de isolamento de,
contato. pelo menos, 380 V (valor entre fases). Como exemplos da aplicação
Se a instalação de tensão mais baixa não tiver condutor neutro deste requisito, um condutor elétrico isolado para 450/750 V (suporta
diretamente aterrado, seu potencial atingirá quase que instantaneamente 450 V entre fase-neutro e 750 V entre fases) atende ao requisito da
o potencial da instalação de tensão mais elevada. Por outro lado, se norma, assim como um disjuntor 460 Vca e quadro elétrico 750 V, etc.
a instalação de tensão mais baixa tiver condutor neutro diretamente Em particular, nas instalações com esquema TT, deve-se verificar
aterrado, muito embora circule uma corrente elétrica de maior se as sobretensões temporárias provocadas pela ocorrência de falta
intensidade no circuito (corrente de falta), a tensão transferida será à terra na média tensão são compatíveis com a tensão suportável à
menor do que o caso anterior. frequência industrial dos componentes da instalação BT. O item 5.4.1.2
Para reduzir a possibilidade da ocorrência de sobretensões da norma indica as condições para se fazer essa verificação.
temporárias nas instalações elétricas de baixa tensão que possuem A tensão nominal de isolamento que é mencionada no texto
circuitos operando em tensões diferentes, o item 6.2.9.5 da NBR 5410 da NBR 5410 é a tensão suportável à frequência industrial dos
prescreve que os condutores de faixas de tensão diferentes (Faixa I e componentes da instalação de baixa tensão, definida (NBR 5460)
II definidas no Anexo A da norma) não utilizem os mesmos condutos como o valor eficaz da tensão à frequência nominal do sistema que
fechados ou que sejam instalados em compartimentos separados em um equipamento elétrico pode suportar. Apesar da clara definição do
condutos abertos. termo, esse valor é indicado nos catálogos dos fabricantes através
Apesar de esta prescrição indicar a separação de circuitos apenas de diferentes termos, tais como “tensão nominal”, “tensão nominal
entre os dois grandes grupos (faixas) de tensão (faixa I até 50 Vca e de serviço”, “tensão de isolamento” ou “classe de isolação”, dentre
faixa II acima de 50 Vca até 1000 Vca), é muito recomendável que outros. Exemplos: condutor isolado 450/750 V; disjuntor 460 Vca;
sejam separados eventuais circuitos que operam em tensões diferentes quadro elétrico 750 V, etc.
dentro da faixa II. Por exemplo, caso existam na mesma cseparados
fisicamente de outros que operam em 220/380 V, e assim por diante. 9.2 Sobretensões transitórias
Embora a NBR 5410 seja omissa, é óbvio que essa recomendação é
mais adequada ainda no caso da separação física entre circuitos de 9.2.1 Conceitos
baixa tensão (até 1000 Vca) e circuitos de tensões acima de 1000 Vca.
Seguindo-se o conceito de separação física (por meio de barreiras As principais origens das sobretensões transitórias são aquelas
ou invólucros) dos circuitos, é mais provável que a ocorrência de devidas às descargas atmosféricas, descargas oriundas do acúmulo de
38 sobretensões temporárias fique restrita ao caso de falhas internas do eletricidade estática entre pontos diferentes da instalação e manobras
transformador que, embora possíveis, não são muito usuais quando se (chaveamentos) de circuitos (Figura x).
utilizam equipamentos de boa qualidade. As sobretensões provenientes das descargas atmosféricas que
Além da medida de proteção por separação física dos circuitos, a incidem diretamente nas edificações, em redes aéreas de alimentação
NBR 5140 trata, em 5.4.1.1, especificamente das situações que podem da instalação, ou muito próximo a elas, produzem tensões conduzidas
submeter os circuitos fase-neutro às sobretensões que podem atingir o e induzidas com impulsos caracterizados por seu valor de crista. Na
valor da tensão entre fases. Com isto, a NBR 5410 é omissa em relação prática, as sobretensões transitórias são aquelas que podem causar
aos casos que podem submeter os circuitos a sobretensões temporárias danos mais severos às instalações elétricas de energia e de sinal, aos
acima de 1000 Vca mencionadas anteriormente. equipamentos por elas servidos e aos seus usuários.
As situações que podem submeter os circuitos fase-neutro às As sobretensões causadas por manobra decorrem do seccionamento
sobretensões que podem atingir o valor da tensão entre fases são: rápido (brusco) da corrente elétrica em um circuito de indutância
elevada (com baixo fator de potência). O valor da sobretensão depende
• Falta à terra envolvendo qualquer dos condutores de fase em um da variação da intensidade da corrente seccionada e do tempo efetivo
esquema IT. de seccionamento (U = L di/dt). Esse valor pode chegar a quatro ou
Neste caso, os componentes da instalação elétrica devem ser cinco vezes a tensão nominal para tempos inferiores a 1ms, como
selecionados de forma a que sua tensão nominal de isolamento seja os obtidos com a atuação de disjuntores de abertura rápida ou com
pelo menos igual ao valor da tensão nominal entre fases da instalação dispositivos fusíveis.
(6.1.3.1.1 da norma). Se o condutor neutro for distribuído, os
componentes ligados entre uma fase e o neutro devem ser isolados para 9.2.2Tipos de surtos
a tensão entre fases.
• Perda do condutor neutro em esquemas TN e TT, em sistemas Para efeito de aplicação das medidas de proteção da NBR 5410,
trifásicos com neutro, bifásicos com neutro e monofásicos a três os surtos são divididos em induzidos (ou diretos) e conduzidos (ou
condutores. indiretos).
Neste caso, os componentes da instalação elétrica devem ser
selecionados de forma a que sua tensão nominal de isolamento seja 9.2.2.1 Surtos induzidos (ou indiretos)
NBR 5410

pelo menos igual ao valor da tensão nominal entre fases da instalação


(6.1.3.1.1 da norma). Os surtos induzidos ocorrem quando as descargas
Por exemplo, em uma instalação com tensão nominal 220/380 V, atmosféricas atingem as linhas de transmissão e distribuição de
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Figura 37 - Forma aproximada dos surtos de tensão quando comparados com a onda fundamental.

energia, incidem diretamente em árvores, estruturas ou no solo


as ondas eletromagnéticas originadas pela corrente elétrica que 9.2.2.2 Surtos conduzidos (ou diretos)
circula no canal da descarga atmosférica se propagam pelo meio
(geralmente o ar) induzindo corrente elétrica nos condutores Os surtos conduzidos acontecem quando uma descarga atmosférica
metálicos que estiverem em seu raio de alcance (Figura 39). incide diretamente sobre um componente da instalação, a edificação, ou
Estima-se essa distância em campo aberto da ordem de um a três sobre pontos muito próximos a eles. Nessa situação, todos os elementos
quilômetros. metálicos ali existentes e o eletrodo de aterramento ficam, por frações de
As manobras realizadas na rede elétrica de energia (chaveamentos segundo, submetidos a níveis diferentes de potencial (Figura 39).
para abertura ou fechamento de circuitos de transmissão e distribuição) Essas diferenças de potencial vão gerar correntes de surto
também geram impulsos de tensão na rede elétrica. Esses impulsos são que circularão por diversos pontos da estrutura, inclusive, e neste
chamados de “surtos de manobra” e, do ponto de vista da proteção, seus caso, principalmente, pela instalação elétrica. Podem ocorrer ainda
efeitos devem ser tratados da mesma forma que os surtos induzidos diferenças de potencial entre eletrodos de aterramento de estruturas
39
causados pelos raios. diferentes, como, por exemplo, o eletrodo do prédio e o(s)

ETI
NBR 5410

Figura 38 – Surtos produzidos pelos efeitos indiretos dos raios


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ETI

Figura 39 – Surtos de tensão e corrente produzidos pelos efeitos diretos dos raios

eletrodo(s) de aterramento do(s) serviços públicos (concessionárias correntes circulantes indesejáveis em muitos componentes que tenham
de energia, TV a cabo, telefonia, etc.). suas partes condutoras de eletricidade integradas a duas ou mais dessas
Quando chega à terra, por incidência direta ou através de condutores linhas com potenciais diferentes.
aterrados, a corrente elétrica das descargas atmosféricas flui pelo solo. Se uma instalação elétrica de energia e de sinal (dados, voz,
Ao encontrar resistência (oposição) à sua passagem, ela dá origem às vídeo, etc.) possuem vários eletrodos de aterramento diferentes e
linhas de potencial assimétricas e com intensidades diferentes. Essas independentes haverá circulação dessas correntes indesejáveis entre
40 linhas têm ponto de origem no local de incidência da corrente na terra e os equipamentos servidos pela instalação podendo causar danos
podem manter valor significativo, embora decrescente, a distâncias que significativos e até definitivos aos mesmos. Assim, não é concebível a
variam conforme a intensidade do raio, as influências do solo e outros existência de eletrodos de aterramento distintos para servir componentes
elementos enterrados. As diferenças de potencial no solo podem gerar diferentes de uma instalação na mesma edificação (Figura 40).

Energia SPDA
Sinal PABX
Reforço do CPD
ΔV Aterramento ΔV ΔV
NBR 5410

ΔV
Figura 40 – Forma INCORRETA de instalação de eletrodo de aterramento em uma edificação (eletrodos de aterramento separados)
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QDP
L1 L1
Vdif PEN PE Vcom Vdif
PE
N
Vdif Vcom
DGS SINAL
Vcom
BEP N TAT

Vdif = Tensão causada por surto de modo diferencial


Vcom = Tensão causada por surto de modo comum

Figura 41 – Os surtos modo comum e modo diferencial

Assim, surtos de modo comum podem provocar danos diretos


9.2.2.3 Surtos de modo comum e diferencial à instalação, componentes e, dependendo da qualidade da proteção
instalada, às pessoas. Por sua vez, os surtos de modo diferencial
Independentemente de sua origem, se pelos efeitos diretos ficam quase restritos aos danos materiais, podem ser responsáveis
ou indiretos dos raios, os surtos de tensão se apresentam de duas por perda de produção e queima de componentes (Figura 41).
formas na instalação:
9.2.3 Seleção dos componentes da instalação sob o critério de 41
• Surto de modo comum: se quando da ocorrência do evento as sua suportabilidade às sobretensões transitórias

diferenças de potencial acontecerem entre condutores vivos


e o aterramento em suas mais variadas formas (condutor PE, Em 5.4.2.3, a NBR 5410 prescreve que os componentes da
condutor de equipotencialização, massas metálicas ou eletrodo instalação devem ser selecionados de modo que o valor nominal de
de aterramento), denomina-se essa sobretensão de surto de modo sua tensão de impulso suportável não seja inferior àqueles indicados
comum. O surto de modo comum, portanto, está relacionado com a na tabela 31 da NBR 5410, reproduzida na Tabela 14 deste guia.
tensão impulsiva de isolamento; A tensão de impulso suportável caracteriza o nível de
• Surto de modo diferencial: caso as diferenças de potencial sobretensões transitórias que a isolação de um produto é capaz
ocorram entre condutores vivos (fase-fase, fase-neutro, fase-sinal, de suportar, sem sofrer danos. Esse valor deve ser informado pelo
sina-/sinal), denomina-se essa sobretensão de de surto de modo fabricante e deve ser igual ou superior ao prescrito pela norma do
diferencial. O surto de modo diferencial, portanto, está relacionado produto em questão. Os valores mínimos indicados na tabela 14 são
com a tensão de imunidade dos equipamentos. os valores referenciais dados pela IEC 60664-1.

Tabela 14 - Suportabilidade a impulso exigível dos componentes da instalação

Tensão nominal de Instalação (V) Tensão de Impulso suportável requerida (kV) Categoria do produto

Produto a ser utilizado na Produto a ser utilizado em circuitos Produtos especialmente Equipamentos
Sistemas entrada da instalação de distribuição e circuitos terminais protegidos de utilização
Sistemas trifásicos monofásicos
Categoria de suportabilidade a impulso
com neutro
IV III II I
120/208 115/230 4 2,5 1,5 0,8
127/220 120/240
127/254
220/380 6 4 2,5 1,5
NBR 5410

230/400
277/480
400/690 8 6 4 2,5
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As quatro categorias indicadas na tabela 14 representam em algum ponto da instalação fixa ou entre a instalação fixa e o produto,
suportabilidade ao impulso decrescente na seguinte ordem: limitando as sobretensões transitórias a um nível especificado.

• Categoria IV: são componentes utilizados na entrada da instalação Como visto, a suportabilidade à sobretensão impulsiva de um
ou próximo da entrada, a montante do quadro de distribuição componente está relacionada com a coordenação de isolamento
principal. Exemplos: medidores de energia, dispositivos gerais entre regiões distintas na baixa tensão. Essa coordenação tem
de seccionamento e proteção e outros itens usados tipicamente na como referência a norma IEC 60664-1 e as regiões, chamadas de
interface da instalação elétrica com a rede pública de distribuição; “lightning protection zones” (zona de proteção contra raios – ZPR),
estão definidas na IEC 62305-4.
• Categoria III: são componentes da instalação fixa propriamente O conceito da ZPR é basicamente o mesmo dos níveis de
dita e outros produtos dos quais se exige um maior nível de proteção (categorias dos produtos) adotados pela NBR 5410 quando
confiabilidade. Aqui podem ser citados, como exemplo, quadros de trata da proteção contra surtos, porém é mais completo, pois , além
distribuição, disjuntores, linhas elétricas (o que inclui condutores, da parte interna da instalação, abrange também a parte externa da
barramentos, caixas de derivação, interruptores e tomadas de edificação (Figura 42).
corrente) e outros elementos da instalação fixa, bem como produtos ETI é um equipamento de tecnologia da informação concebido
de uso industrial e equipamentos, como motores elétricos, que com o objetivo de receber dados de uma fonte externa (por
estejam unidos à instalação fixa através de uma conexão permanente. exemplo, via linha de entrada de dados ou via teclado); processar os
dados recebidos (por exemplo, executando cálculos, transformando
• Categoria II: são produtos destinados a serem conectados ou registrando os dados, arquivando-os, triando-os, memorizando-
à instalação elétrica fixa da edificação. São, essencialmente, os, transferindo-os); e fornecer dados de saída (seja a outro
equipamentos de utilização como aparelhos eletrodomésticos, equipamento, seja reproduzindo dados ou imagens).
aparelhos eletroprofissionais, ferramentas portáteis e cargas análogas. Esta definição abrange uma ampla gama de equipamentos,
como, por exemplo: computadores; equipamentos transceptores,
• Categoria I: também são produtos destinados a serem conectados a concentradores e conversores de dados; equipamentos de
uma instalação fixa de edificação, mas providos de alguma proteção telecomunicação e de transmissão de dados; sistemas de alarme contra
específica, que se assume externa ao equipamento e situada, portanto, incêndio e intrusão; sistemas de controle e automação predial, etc.

42

ZPR-0A

ZPR-0B

ZPR-1
EGM EGM
ZPR-2

DPS ETI
ZPR-0B Classe 3 ZPR-0B
BEL
DPS DPS
Classe 1 Classe 2
Alimentação
BEP

ZPR0A - Zona susceptível a incidência direta de raios (zona 0A);


NBR 5410

ZPR0B - Zona protegida pelo SPDA (zona 0B);


ZPR1 - Zona onde se encontra o QDP da edificação, onde está instalado o BEP (zona 1);
ZPR2 - Zona onde se encontram QDs ou ETIs (zona 2).
Figura 42 – As zonas de proteção contra raios
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externo. Nessas condições, é obrigatória a instalação da proteção


9.2.4 Proteção contra surtos contra surtos causados por efeitos diretos.
- Ndc ≤ 10-5 (um dano a cada 100.000 anos): é uma frequência de
Conforme 5.4.2.1 da NBR 5410, a proteção contra sobretensões danos causados por impacto direto de raio na edificação considerada
transitórias em linhas de energia deve ser provida nos seguintes aceitável pela NBR 5419. Nessas condições, não é obrigatória a
casos: instalação da proteção contra surtos causados por efeitos diretos.
- O intervalo 10-5 ≤ Ndc < 10-3 é mencionado na NBR 5419
a) quando a instalação for alimentada por linha total ou parcialmente como sendo motivo de estudo caso a caso em função da ocupação,
aérea, ou incluir ela própria linha aérea, e se situar em região utilização, construção e localização da edificação, da instalação e
sob condições de influências externas AQ2 (mais de 25 dias de seus componentes. Sendo assim, a necessidade e o tipo de proteção
trovoadas por ano). Essa condição refere-se à proteção contra surtos contra surtos dependerão de decisão específica tomada quanto à
induzidos (indiretos) e, por conta disso, a NBR 5410 refere-se a ela instalação ou não do SPDA no local.
frequentemente por “efeito indireto”.
b) quando a instalação se situar em região sob condições de Embora a correlação entre a necessidade da existência de SPDA
influências externas AQ3. Essa condição refere-se à proteção contra e a condição para proteção da instalação contra surtos provenientes
surtos conduzidos (diretos) e, por conta disso, a NBR 5410 refere- dos efeitos diretos dos raios seja considerada tecnicamente viável,
se a ela frequentemente por “efeito direto”. é importante desenvolver o cálculo da análise de risco toda vez
que se for estudar a necessidade da aplicação de DPS na instalação
O conjunto de medidas de proteção da instalação elétrica contra elétrica, independentemente da existência do SPDA, principalmente
sobretensões transitórias consiste na existência de um eletrodo se o estudo para determinar essa necessidade da proteção for
de aterramento eficiente, na presença das ligações equipotenciais desenvolvido em um momento diferente da instalação do SPDA.
locais que garantam a menor diferença de potencial possível entre Um exemplo dessa situação pode ser o caso de uma edificação
os componentes envolvidos (aqui incluída a instalação de pararraios que já possui um SPDA, mas, com o passar do tempo, outras
de linha e de DPS do tipo comutador de tensão), assim como a edificações mais altas são construídas no seu entorno. Isso resulta
diminuição das tensões induzidas que adentram a instalação, que a edificação acaba se situando dentro do volume de proteção
realizadas através de DPS do tipo atenuador de tensão. contra raios imposto pelo novo conjunto de estruturas ao seu redor.
Os parâmetros considerados para determinação da necessidade Uma análise precipitada e simplista da situação, analisando apenas
de proteção contra surtos devem fornecer as condições necessárias a existência do SPDA externo (que agora é desnecessário), levaria 43
para que o projetista defina se a proteção a ser instalada no primeiro ao superdimensionamento da proteção contra surtos.
nível de proteção da instalação será apenas contra surtos causados Numa outra situação, a edificação não possui originalmente um
por efeitos indiretos, apenas contra surtos causados por efeitos SPDA por conta da análise realizada, mas uma torre para sustentação
diretos ou por ambos. de antenas de telefonia celular foi instalada no seu teto. Neste caso,
se fosse analisada apenas a inexistência inicial do SPDA, o estudo
• Necessidade de proteção contra efeitos indiretos levaria ao subdimensionamento da proteção contra surtos.
É preciso apenas determinar se a instalação é alimentada por
linha total ou parcialmente aérea, ou incluir ela própria linha aérea, 9.2.5 Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS)
e se situar em região sob condições de influências externas AQ2.
Basta apenas uma destas condições ser atendida para que esteja 9.2.5.1 Especificações
configurada a obrigatoriedade da existência da proteção contra
surtos causados por efeitos indiretos. Segundo a NBR IEC 61643-1, o DPS é um dispositivo destinado
a limitar as sobretensões transitórias (chamado atenuador de tensão
• Necessidade de proteção contra efeitos indiretos ou supressor de surto) ou a desviar correntes de surto (chamado
Para a análise da necessidade da existência da proteção contra comutador de tensão ou curto-circuitante).
efeitos diretos, deve ser verificada a necessidade da instalação de Para uma correta análise e comparação de produtos por parte do
proteção contra descargas atmosféricas diretas (sistema de proteção projetista, os fabricantes devem fornecer as seguintes informações
contra descargas atmosféricas – SPDA externo). O roteiro para essa relativas ao DPS:
verificação é encontrado na NBR 5419 e também na parte 4 do Guia
da NBR 5419 desta publicação. • Nome do fabricante ou marca comercial e modelo;
Em resumo, essa verificação está relacionada com a frequência • Método de montagem ou modo de proteção, preferencialmente
provável de danos causados por impacto direto na estrutura ou acompanhado de croqui orientativo de posicionamento na instalação
edificação (Ndc), conforme segue: que poderá ser comparado à figura13 da NBR 5410, reproduzida na
Figura 43 deste guia;
NBR 5410

- Ndc ≥ 10-3 (um dano a cada 1000 anos): é uma frequência de • Tensão máxima de operação contínua UC, que é o equivalente a
danos causados por impacto direto de raio na edificação considerada tensão nominal do DPS, um valor para cada modo de proteção e
inaceitável pela NBR 5419, sendo obrigatória a instalação do SPDA frequência nominal;
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A linha elétrica
de energia que chega Sim
à edificação inclui
neutro?
O neutro
será aterrado no
barramento de Não
equipotencialização
principal da edificação?
(BEP, ver 64.2.1)
Dois
Não esquemas
de conexão são
possiveis
Sim

ESQUEMA DE CONEXÃO 1 ESQUEMA DE CONEXÃO 2 ESQUEMA DE CONEXÃO 3


Os DPSs devem ser ligados: Os DPSs devem ser ligados: Os DPSs devem ser ligados:
- a cada condutor de fase, - a cada condutor de fase, - a cada condutor de fase,
de um lado, e de um lado, e de um lado, e
- ao BEP ou à barra PE do - ao BEP ou à barra PE do - ao condutor neutro, de
quadro, de outro (ver nota a) quadro, de outro (ver nota b) outro
e ainda: e ainda:
- ao condutor neutro, de - ao condutor neutro, de
L1 L1 um lado, e um lado, e
L2 L2 - ao BEP ou à barra PE do - ao BEP ou à barra PE do
L3 L3 quadro, de outro quadro, de outro
(ver nota a) (ver nota a)

PE PEN PEN L1
BEP BEP L1 L2
L2 L3
L1 L1 L3
44 L2 L2
L3 L3 N

PE
BEP
PE PE PE PE
BEP
BEP BEP N

Figura 43 – Formas de instalação ou modos de proteção do DPS

• Classificação de ensaio (classe I, II ou III) e parâmetros de descarga;


• Corrente máxima IMAX (kA), parâmetro da onda em que o DPS 9.2.5.2 Tipos de DPS
foi ensaiado;
• Corrente de impulso IIMP (kA) e carga Q (A.s), para o DPS classe • DPS comutador de tensão ou curto-circuitante
I (valor para cada modo de proteção); Dispositivo que tem a propriedade de mudar bruscamente
• Corrente de descarga nominal IN (kA), para o DPS classe II o valor de sua impedância, de muito alto para praticamente
(valor para cada modo de proteção – modo comum ou modo desprezível em função do aparecimento de um impulso de
diferencial); tensão em seus terminais. Em 3.4 da NBR IEC 61643-1 o DPS
• Nível de proteção de tensão UP (valor para cada modo de proteção); comutador de tensão é definido como: “um DPS que apresenta
• Suportabilidade a sobretensões temporárias; uma alta impedância quando nenhum surto está presente, mas
• Suportabilidade a correntes de curto-circuito no ponto de que pode ter uma mudança brusca de impedância, para um valor
instalação. baixo, em resposta a um surto de tensão. Exemplos comuns de
componentes usados como dispositivos comutadores de tensão são
Os parâmetros mínimos do DPS que devem constar das centelhadores, tubos a gás, tiristores (retificadores controlados de
especificações de projeto são os seguintes: silício) e triacs. Estes DPS, às vezes, são chamados tipo curto-
circuitantes (“tipo crowbar”).”
NBR 5410

• DPS Classe I: UC, UP, IMAX, IIMP, Q e curva “T1/T2” de ensaio;


• DPS Classe II: UC, UP, IMÁX, IN e curva “T1/T2” de ensaio; • DPS atenuador ou limitador de tensão (supressor de surto)
• DPS Classe III: UC, UP, UOC, IMÁX, IN. Dispositivo que tem a propriedade de mudar paulatinamente o valor
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de sua impedância, de muito alto para praticamente desprezível, quando Analogamente o DPS comutador de tensão tende a “esvaziar” a
do aparecimento de um impulso de tensão em seus terminais. Em 3.5 da maior parte do surto para o aterramento de uma só vez (Figura 46).
NBR IEC 61643-1, o DPS limitador ou atenuador de tensão é definido
como: “um DPS que apresenta uma alta impedância quando nenhum
surto está presente, mas a reduz continuamente com o aumento do surto
de corrente e tensão. Exemplos comuns de componentes usados como
dispositivos não lineares são varistores e diodos supressores. Estes DPS
às vezes são chamados tipo não curto-circuitantes (“tipo clamping”)”.

• DPS combinado
Incorpora no mesmo dispositivo as propriedades dos DPSs
comutadores e dos atenuadores de tensão. Em 3.6 da NBR IEC
61643-1 o DPS combinado é definido como: “um DPS que incorpora
ambos os tipos de componentes comutadores e limitadores de tensão
podendo exibir limitação, comutação ou ambos os comportamentos Figura 46 – Gráfico que estabelece a analogia para DPS comutador de tensão
de tensão, dependendo das características da tensão aplicada.”
Com a mesma configuração anterior, faz-se agora vários furos
Para melhor entender o funcionamento dos dispositivos são no recipiente 2 de forma que a água proveniente do recipiente 1
utilizados dois exemplos a seguir: escoe esvaziando-o lentamente sem que o nível de desequilíbrio
Tomam-se dois recipientes desnivelados. O número 1, seja atingido no recipiente 2 (Figura 47).
cheio de água, sobre uma superfície plana e o número 2, vazio,
equilibrado sobre um rolete. Posiciona-se o recipiente 2 de forma
que este permaneça em equilíbrio enquanto a água não atingir um
determinado nível (no desenho representado pela linha). Libera-se
a água do recipiente 1 para o 2 (Figura 44).
1

1 Nível de
desequilíbrio
45

2
Nível de
desequilíbrio

2
Figura 47 - Analogia para DPS atenuador ou limitador de tensão.

Analogamente, o DPS atenuador ou limitador de tensão é


sensibilizado antes pela tensão impulsiva e tende a “esvaziar”
a maior parte do surto de forma mais suave para o aterramento
Figura 44 - Analogia para DPS comutador de tensão. Momento inicial.
(Figura 48).
Quando a água ultrapassar o “nível de equilíbrio”, o rolete se movi­
menta entornando toda a água do recipiente 2 de uma só vez (Figura 45).

1
2

NBR 5410

Figura 48 – Gráfico que estabelece a analogia para DPS atenuador ou limitador


Figura 45 - Analogia para DPS comutador de tensão. Momento final. de tensão.
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Up

URES

DPS

Aterramento

Figura 49 – Tensões impulsivas em um DPS

classificação deste DPS é a carga (Q), em Ampére por segundo,


9.2.5.3 Características do DPS dessa forma pode-se conhecer a energia que o DPS suportará ao
dissipar a corrente impulsiva.
Um DPS de energia é caracterizado por diversos parâmetros
conforme indicado a seguir. 9.2.5.4 Classificação dos DPSs

46 • Nível de proteção de tensão do DPS (UP): Valor que é caracterizado Segundo a NBR IEC 61643-1, um DPS é classificado conforme
pela limitação de tensão do DPS entre seus terminais. É a porção as especificações de construção do fabricante e, principalmente,
do surto que o DPS “deixa passar” para a instalação à jusante função dos parâmetros de ensaio a que é submetido:
(Figura 49);
• Tensão residual do DPS (URES): Valor do pico da tensão entre • Classe I: DPS ensaiado em condições de corrente que melhor
os terminais do DPS devido à passagem da corrente de descarga simule o primeiro impacto da descarga atmosférica, IIMP (kA) sob
gerada pela atuação do DPS (Figura 49); carga Q (A.s) (efeitos diretos do raio). A IEC 62305-1 e 4 adota
• Tensão de operação contínua do DPS (UC): Máxima tensão que como forma de onda que melhor simula o impulso para este tipo
pode ser aplicada continuadamente ao modo de proteção do DPS de ensaio aquela que tem tempo de frente (T1) de 10 µs ao atingir
sem comprometer seu funcionamento. É o equivalente a tensão 90% da corrente máxima do ensaio e tempo de cauda (T2) de 350 µs
nominal do DPS; para atingir 50% da mesma corrente. Daí curva 10/350 (Figura 50).
• Modo de proteção do DPS: Cada possibilidade de ligação de • Classe II: DPS ensaiado em condições de correntes que melhor
um DPS na instalação (entre: fase / fase, fase / neutro, fase / terra, simulem os impactos subsequentes das descargas atmosféricas e as
neutro / terra e outras combinações); condições de influências indiretas nas instalações, IN (efeitos indiretos
• Corrente máxima do DPS (IMÁX): Valor de crista de um impulso dos raios e manobras). Forma de onda para ensaio com tempo de frente
utilizado na forma de onda tempo x corrente para ensaio do DPS; de 8 µs e de cauda de 20 µs. Daí curva 8/20 (Figura 50);
• Corrente nominal do DPS (IN): Fração do valor de crista de um • Classe III: por ser um dispositivo atenuador de ajuste de tensão,
impulso cuja forma de onda tempo x corrente representa o mais utilizado em níveis internos de proteção este DPS é ensaiado com
fielmente possível o impulso gerado pelos surtos induzidos. É forma de onda combinada, isto é, com um “gerador combo” que
utilizada para ensaio e classificação de DPS classe II. A NBR IEC
61643-1 utiliza o parâmetro IN também para determinar a vida útil
do DPS. O mesmo deve suportar, pelo menos, 15 a 20 surtos com
o valor de IN;
• Corrente de impulso do DPS (IIMP): Fração do valor de crista
(IMAX) de um impulso cuja forma de onda tempo x corrente
NBR 5410

representa o mais fielmente possível o primeiro impacto de uma


descarga atmosférica. Esta é utilizada para ensaio e classificação
de DPS classe I. Outro parâmetro importante a ser considerado na Figura 50 –Formas de onda adotadas para os ensaios dos DPSs classe I e II
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com circuito aberto, aplica no DPS um impulso de tensão (UOC) Valor mínimo de Uc exigível do DPS, em função do esquema
de 1,2/50 µs, e um impulso de corrente (IN) de 8/20 µs, em curto de aterramento. (Tabela 49 da NBR 5410)
circuito. Desta relação de valores aplicados (V, I) obtêm-se um
resultado conhecido como impedância fictícia (Zf) que segundo a Exemplo:
NBR IEC 61643-1 não pode ultrapassar a 2 Ω.
- Tensão da instalação: 127 / 220 V;
Definidas as classificações dos DPSs, conhecendo sua forma de - Esquema de aterramento empregado: TN-S;
operação e aplicação, há como desenvolver as seguintes associações - Modo de proteção do DPS: Entre os condutores de Neutro e PE.
de conceitos:
UC = U0 = 127 (V)
• Riscos de danos provenientes dos efeitos indiretos causados pelas
descargas atmosféricas nas linhas de alimentação que adentrem A especificação do DPS deve ser no valor comercialmente
a edificação  surtos induzidos  DPS Classe II instalado no 1º disponível de UC imediatamente superior ao calculado. Para este
nível de proteção. caso, 150 ou 155 V, são opções tecnicamente viáveis.
A proteção contra riscos causados pelos efeitos indiretos deve
ser feita, basicamente, com DPS de característica atenuador de • Determinação da corrente de impulso (IIMP) para DPS classe I e
tensão (supressores de surto) ou combinado. Vale lembrar que nominal (IN) para DPSs classes II:
este tipo de proteção também é eficaz para os efeitos dos surtos de
tensão causados por manobras na rede. A NBR 5410 fornece parâmetros mínimos para a especificação do
• Riscos de danos provenientes do efeito direto causados pelas conjunto de DPS no primeiro nível de proteção da instalação e determina
descargas atmosféricas no SPDA, em outros componentes da que seja realizado o estudo de necessidade de proteção nos demais níveis
instalação ou muito próximo a ela  surtos conduzidos  DPS baseado nos valores de suportabilidade a tensões impulsivas. Esse estudo
Classe I instalado no 1º nível de proteção. deve ser feito comparando-se UP do DPS escolhido com os demais
A proteção contra riscos causados pelos efeitos diretos deve níveis de proteção da tabela 16 deste guia. Após a comparação deverão
ser feita, basicamente, com DPS de característica comutador de ser instalados tantos conjuntos de DPS quantos forem necessários para
tensão (descarregador de corrente) ou combinado, minimizando o atingir os valores descritos naquela tabela.
surto através do escoamento de uma parcela da corrente impulsiva Há também dados que constam da IEC 62305-4 e que fornecem
diretamente para a terra ou para os condutores de alimentação os valores das correntes de primeiro raio para as condições de 47
da instalação (concessionárias e redes de serviços públicos), correntes de impulso provocadas pelos efeitos diretos dos raios,
dependendo do esquema de aterramento no local. função do nível de proteção (classe) atribuído ao SPDA a ser
instalado no local. Esses valores permitem dimensionar com maior
9.2.5.5 Seleção dos DPSs: precisão a corrente IIMP para o DPS classe I.
Tabela 16 – Parâmetros da corrente do primeiro raio, segundo a IEC 62305-1 e 4
A correta seleção de um DPS depende da definição dos seguintes Nível de proteção para o SPDA
parâmetros: Parâmetros de corrente
I I II III E IV
Corrente de pico 200 200 150 100
• Tensão de operação contínua do DPS (UC) Tempo de frente (T1) 10 10 10 10
Tempo de 50% da cauda (T2) 350 350 350 350
Para determinação do valor de UC basta conhecer do modo de Carga para as condições de 1o raio (Qs) 100 100 75 50
proteção e o esquema de aterramento da instalação e então aplicar Energia específica (W/R) 10 10 5,6 2,5
essas informações na Tabela 15:
A NBR 5419 define os níveis de proteção considerando:
Tabela 15 - Determinação de Uc
estrutura, utilização, localização, topologia e outros.
DPS conectado entre Esquema de aterramento
Para os casos de dano provocados por impacto direto na
Fase Neutro PE PEN TT TN-C TN-S IT com IT sem instalação devem ser considerados os seguintes parâmetros:
neutro neutro
distribuido distribuido - Nível I: 200 kA (10/350) µs;
X X 1,1 Uo 1,1 Uo 1,1 Uo - Nível II: 150 kA (10/350) µs;
X X 1,1 Uo 1,1 Uo √3 Uo U - Níveis III e IV: 100 kA (10/350) µs.
X X Uo
X X Uo Uo Uo A IEC 62305-4 convenciona que a corrente elétrica da descarga
atmosférica se divide ao longo do SPDA, sendo que ao chegar ao nível do
NBR 5410

Notas
1 Ausência de indicação significa que a conexão considerada não se aplica ao esquema de aterramento.
2 Uo é a tensão fase-neutro.
solo metade dessa corrente se dispersa pelo eletrodo de aterramento e a outra
3 U é a tensão entre fases. metade retorna para a instalação, função da diferença de tensão que aparece
4 Os valores adequados de Uc podem significativamente superiores aos valores mínimos da tabela
entre os aterramentos da edificação e da fonte de alimentação (Figura 51).
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1/2 1/2

1/2
1/2

1/2 1/2
1/6
1/6
1/6 1/2 1/2
1/2 1/4 1/4 1/4
1/4
1/4
1/4

Figura 51 – Exemplo da divisão da corrente elétrica do raio


48
Conforme apresentado nota-se que somente com o SPDA - Corrente do surto conduzido ao interior da instalação:
externo instalado, os níveis de corrente e tensão dos surtos que ISURTO = I/2 = 100 kA, (10/350) µs (na instalação)
circulam na instalação elétrica desprovida de SPDA interno e
DPS, aumentam descontroladamente no momento da ocorrência - Numero de condutores metálicos, externos, que adentram na
da descarga atmosférica, fator que eleva a probabilidade da edificação:
ocorrência de danos à mesma, portanto pode-se concluir que apenas N = 4 (3 fases + PEN)
a existência do SPDA externo não protege a instalação elétrica tão
pouco seus componentes dos danos causados por surtos de tensão, - Corrente de surto imposta a cada condutor:
muitas vezes atuando inversamente à essa falsa expectativa. ISURTO COND = ISURTO / N = 100/4 = 25 kA
Retomando o dimensionamento de IIMP, o SPDA - embora
passando a maior parte de sua “vida” sem conduzir corrente elétrica A corrente IIMP especificada para o DPS deve ter valor
deve, por definição, estar eletricamente vinculado à instalação elétrica comercialmente encontrado igual ou imediatamente superior a
através do barramento de equipotencialização principal (BEP), ISURTO COND.
tornando-se parte integrante dessa instalação, assim, ao se calcular Vale comentar que este cálculo se mostra bastante conservador
a proteção local contra impacto direto de descargas atmosféricas, quando desconsidera outros elementos
pode-se estimar o valor da corrente atribuído ao nível de proteção condutores (dutos metálicos e linhas elétricas de sinal) que adentrem
adotado para aquela edificação e dividir a metade deste numero pela a edificação.
quantidade de condutores metálicos que adentrem a mesma. A NBR 5410 estabelece limites mínimos de IIMP para cada
situação:
Exemplo:
• IIMP= 12,5 kA, por modo de proteção; e
Para uma edificação de uma indústria que esteja em situação de • IIMP = 25 kA para DPS de neutro* em ligações monofásicas;
risco confinado (nível I de proteção) que seja alimentada por uma • IIMP = 50 kA para DPS de neutro* em ligações trifásicas.
rede trifásica com esquema de aterramento TN-C:
NBR 5410

* Tanto para IIMP quanto para IN, o DPS de neutro é assim denominado por ter
características de suportabilidade diferentes dos DPS utilizados em outros
- Corrente da descarga atmosférica:
modos de instalação.
I = 200 kA, (10/350) µs
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Para o cálculo de IN visando a proteção da instalação contra • IN = 5 kA, por modo de proteção e
os efeitos indiretos dos raios (surtos induzidos), onde o foco é • IN = 10 kA para DPS de neutro* em ligações monofásicas;
minimizar surtos já atenuados pela impedância das linhas ou por • IN = 20 kA para DPS de neutro* em ligações trifásicas.
DPS classe I instalado a montante pode-se utilizar o método do
nível de exposição à sobretensões indiretas, provenientes das É importante ressaltar que no caso de instalar DPS classe
descargas atmosféricas. II no primeiro nível de proteção da instalação é prudente que IN
tenha valores maiores daqueles que constam da NBR 5410. Esta
F=Td (1,6 + 2LBT + δ) afirmação tem o objetivo de garantir a efetiva coordenação com
outros possíveis DPSs instalados a jusante e com a durabilidade
Onde: do conjunto (DPS x Instalação), pois a vida útil do DPS classe
F - Nível de exposição a surtos provenientes das descargas II, construído com componente(s) semicondutor(es), tipicamente
atmosféricas, varistor(es), está diretamente ligada a IN. Então, quanto maior IN,
Td - Índice ceráunico, em relação ao valor inicialmente dimensionado, maior será a vida
LBT - Comprimento, em km, da linha aérea de alimentação da útil provável do DPS. Outro fator de grande importância é a relação
instalação, e custo x benefício: a diferença de valor entre um DPS com corrente
δ - Posicionamento, situação e topologia da linha aérea e da nominal IN= 10 kA e outro com IN = 20 kA é muito pequena se
edificação: considerarmos as mesmas condições de exposição e atuação. Então
os parâmetros determinantes nessa comparação serão o valor da
Sendo: mão de obra para instalação do DPS, o provável tempo de parada
δ = 0 - para linha aérea e edificação completamente envolvidas por para troca dos dispositivos e o numero de trocas.
outras estruturas,
δ = 0,5 - para linha aérea e edificação com algumas estruturas 9.2.5.6 Instalação e coordenação
próximas ou em situação desconhecida,
δ = 0,75 - para linha aérea e edificação em terreno plano ou Determinação do nível de proteção de tensão (UP)
descampado,
δ = 1 - para linha aérea e edificação sobre morro, em presença de Particularizando um trecho da tabela 31 da NBR 5410 (Figura
água superficial e área montanhosa. 52) pode-se exemplificar como definir o valor UP para um DPS
e ainda entender o conceito do estabelecimento dos níveis de 49
Comparando o resultado obtido com os padrões estabelecidos, tem- proteção.
se uma referência para o valor IN: Ao considerar-se que cada segmento de em uma instalação
elétrica deve ter sua característica de suportabilidade a impulso
- F ≤ 40  IN = 5 kA previamente definido pode-se estabelecer que o nível de proteção
- 40 < F ≤ 80  IN = 10 kA esteja localizado no ponto de transição entre categorias.
- F > 80  IN = 20 kA No caso da rede externa, quando para proteção dos efeitos
diretos causados pelo raio, o primeiro nível de proteção está
As correntes nominais mínimas normalizadas pela NBR 5410 são: localizado exatamente no ponto onde os condutores adentram

Tensão nominal Tensão nominal suportável requerida


da Instalação kV
V Categoria do produto
Produto a ser
Produto a ser utilizado em Produtos
Sistemas utilizado na entrada circuitos de Equipamentos especialmente
trifásicos da instalação distribuição e de utilização protegidos
circuitos
terminais
Categoria de suportabilidade a impulso
IV III II I

220/380
6 4 2,5 1,5
NBR 5410

Tabela 52– Caso particular da tabela 1


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Tensão nominal Tensão nominal suportável requerida


da Instalação kV
V Categoria do produto
Produto a ser
Produto a ser utilizado em Produtos
Sistemas utilizado na entrada circuitos de Equipamentos especialmente
trifásicos da instalação distribuição e de utilização protegidos
circuitos
terminais
Categoria de suportabilidade a impulso
IV III II I
UP U RES UP U RES UP U RES UP U RES
220/380 6 4 2,5 1,5

1º Nível 2º Nível 3º Nível 4º Nível


Figura 53 – Determinação de UP e coordenação a suportabilidade de tensão impulsiva

50 a edificação, o segundo nível de proteção estará localizado onde • O DPS classe II também pode ser instalado no 1º nível de
iniciar-se a distribuição dos circuitos, geralmente o quadro de proteção da instalação quando o objetivo for o da proteção contra
distribuição principal (QDP), o terceiro nível junto a outros quadros os efeitos indiretos causados pelos raios ou no 2º e demais níveis
de distribuição secundários (QDS) e assim sucessivamente. de proteção da instalação, quando o objetivo for o da proteção
Se a proteção visa mitigar efeitos indiretos causados pelos contra os efeitos diretos causados pelos raios, e existir um DPS
raios, o primeiro nível de proteção estará situado diretamente no classe I já instalado no 1º nível de proteção.
QDP, o segundo nível no QDS, etc. Em geral, não há linearidade • O DPS classe III funciona como “atenuador local” que regula
espacial na determinação dos níveis de proteção. Uma edificação e praticamente restabelece as condições normais de tensão.
terá tantos primeiros níveis de proteção quantos locais em que Comparado como um “ajuste fino” na proteção está sempre
conjuntos de condutores metálicos adentrarem a mesma, bem como instalado nos últimos níveis de proteção, ou seja, exatamente
poderá ter mais de um determinado nível de proteção (2o, 3o, etc.) antes do equipamento, algumas vezes embutido no mesmo.
repetido, dependendo da localização dos circuitos, componentes e
equipamentos a serem protegidos. Para a coordenação por tempo considera-se que cada DPS
Como o nível de proteção deve obedecer às tensões impulsivas tem um tempo de resposta (atuação) função dos componentes
normalizadas e a característica de UP em um DPS é determinada pela que foram utilizados em sua construção (Figura 54). Geralmente
tensão que aparecerá a jusante do ponto onde este estiver instalado adota-se a seguinte correlação: DPSs com maior capacidade de
deduz-se que o DPS deve ter UP igual à categoria de suportabilidade dissipação de energia levam mais tempo para “sentir” o surto. Essa
a impulso subsequente ao seu ponto de instalação (Figura 53). característica exige que o projetista coordene adequadamente os
A nota 1 contida em 6.3.5.2.4 da NBR 5410 estabelece que dispositivos na instalação para que o DPS mais robusto sempre
quando for instalado um único conjunto de DPSs, no primeiro atue primeiro.
nível de proteção da instalação, este possua UP compatível com a Para que haja coordenação efetiva os fabricantes adotam
categoria II para qualquer tensão ou sistema de distribuição. distâncias mínimas de condutores entre os níveis de proteção.
Os conceitos de nível de proteção da instalação e classe do Quando não existir esta distância mínima recomendada há
DPS não devem estar diretamente atrelados, por exemplo: necessidade da inserção no circuito de um elemento que “atrase”
o surto, geralmente indutores ou termistores, a fim de fazer com
NBR 5410

• O DPS classe I sempre deve ser instalado no 1º nível de proteção que o DPS instalado no 1º nível de proteção “sinta” o surto e
da instalação quando o objetivo for o da proteção contra os efeitos atue antes do DPS instalado no 2º nível de proteção e assim
diretos causados pelos raios; sucessivamente.
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Surto Centelhador Varistor Diodo Supressor

KV 10 V 800 V 800 V 800

600 600 600

5 400 400 400

200 200 200

0 0 0 0
0 20 40 60μs 0 1 2μs 0 100 20ns 0 100 20ps

Indutor Indutor

UN =24V

500ns 25ns 10ns


10 KA 2 KA 0,2 KA
Figura 54 – Coordenação entre DPSs por tempo de atuação

Posicionamento dos DPSs no 1º nível de proteção da instalação na linha externa de alimentação ou contra surtos causados por
manobra): os DPSs devem ser instalados junto ao ponto de entrada
Seguindo a classificação das influências externas e análise de da linha na edificação ou no QDP, localizado o mais próximo
riscos, a NBR 5410 divide em duas as possibilidades de instalação possível do ponto de entrada. Simplificando: para a proteção contra
do conjunto de DPS no primeiro nível de proteção: os efeitos indiretos é correto instalar os DPSs sempre no QDP 51
• Proteção contra os efeitos indiretos dos raios (surtos induzidos (Figura 55);

Para surtos induzidos, atenuados


por classe I a montante ou em quadros
após QDP da instalação e outras linhas
de sinais que não de telecomunicações
CLASSE II

QDP DGS

BEP
TAT - NBR 14306
BEP

PEN

Infraestrutura de aterramento
NBR 5410

Figura 55 – Posicionamento do DPS classe II, primeiro nível para surtos induzidos ou no segundo nível com DPS classe I instalado a montante, na rede elétrica de energia
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Entrada de energia, desde para


edificação unifamiliar e que este
ponto não esteja situado a mais de 10m
do BEP. Aterramentos conectados
pelo PEN. - item 6.3.5.2.1, nota 2
CLASSE II

QDP

N PE DGS PE

BEP TAT

PEN

Aterramento pela fundação

Figura 56 – DPS classe II próximo à medição

É admitida apenas uma exceção a essa regra, quando há edificações • Proteção contra sobretensões provocadas por descargas
de uso unifamiliar, atendidas pela rede pública de distribuição em baixa atmosféricas diretas sobre a edificação ou próximo a ela, surtos
52 tensão, a barra PE utilizada na caixa da medição deve ser interligada ao conduzidos: os DPSs devem ser instalados especificamente no
BEP, além de essa caixa de medição não distar mais de 10 m do ponto de ponto de entrada da linha na edificação (Figuras 57 e 58).
entrada da instalação na edificação. Nessas condições os DPSs podem O ponto de entrada da instalação na edificação é definido pela NBR
ser instalados junto ao barramento na caixa de medição (Figura 56). 5410 como o ponto em que o condutor penetra (adentra) a edificação.

SPDA

No QDP, se este estiver nas


proximidades do ponto de entrada:
descarga direta/ equipotencialização
CLASSE I

QDP DGS

BEP
TAT - NBR14306

PEN
NBR 5410

Infraestrutura de aterramento

Figura 57 – Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP no ponto de entrada.
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SPDA

No ponto de entrada:
Descarga direta / equipotencialização
CLASSE I

QDP DGS

BEP
BEP
TAT - NBR14306

PEN

Infraestrutura de aterramento

Figura 58 – Posicionamento do DPS classe I, primeiro nível, na rede elétrica de energia. QDP fora do ponto entrada.

quadro de modo a existir excesso de condutores, as famosas “folgas”,


9.2.5.7 Conexões entre DPS e a instalação: poderão ocorrer seguintes situações de mau funcionamento:
53

O comprimento dos condutores para a conexão do DPS deve ser o • Excesso de cabo a montante do DPS: atraso no tempo de atuação
mais curto possível, sem curvas ou laços (Figuras 59 e 60). No primeiro do dispositivo fazendo com que uma parcela maior de surto passe
nível de proteção o comprimento total do condutor de ligação (entre para o próximo nível de proteção ou para a instalação;
condutor vivo, DPS e BEP) não deve exceder 0,5 m. A justificativa • Excesso de cabo a jusante do DPS: dificuldade na dissipação
dada para a coordenação por tempo pode ser utilizada para explicar esta da corrente do surto elevando a energia dissipada (calor) no DPS
prescrição. Se nas condições de instalação o DPS for posicionado no chegando, em situação extrema, a explodir o dispositivo.

NBR 5410

Figura 60 – Alternativa de aproveitamento do comprimento do condutor de


Figura 59 – Comprimento do condutor de interligação do DPS interligação do DPS
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A seção nominal mínima do condutor para interligação do DPS alimentação do circuito. Cuidados especiais com a coordenação
à instalação deve seguir as seguintes prescrições: devem ser considerados, pois dependendo do caso o condutor de
interligação do DPS terá seção inferior ao do alimentador do circuito;
• Proteção contra os efeitos indiretos causados pelos raios: No
mínimo 4 mm2 em cobre ou equivalente;
• Proteção os efeitos diretos causados pelos raios: No mínimo 16 ICC
mm2 em cobre ou equivalente.

9.2.5.8 Proteção adicional contra sobrecorrentes:

Ao atingir o final de sua vida útil ou por falha interna, há a


possibilidade do DPS entrar em curto-circuito permanentemente
criando uma falta à terra no ponto de sua instalação no circuito .
Prevendo este tipo de situação a NBR 5410 prescreve que o circuito
do DPS deverá ser provido de proteção contra curto-circuito
instalada a montante.
As alternativas de arranjos para instalação desses dispositivos
podem permitir, na hipótese de falha do DPS, priorizar a Figura 62 – DP em série com o carga. Risco de desligamento intempestivo.
continuidade do serviço ou a continuidade da proteção.
Então, os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes podem • Uma repetição da primeira situação com redundância da proteção.
estar posicionados: Embora de maior custo esta alternativa minimiza a possibilidade de
perda de proteção contra surto em caso de dano em um dos DPSs
• Em série com a linha de conexão do DPS, esse dispositivo de (Figura 63). Para esta situação os dispositivos devem ter as mesmas
proteção também pode ser um desligador interno que, eventualmente, características técnicas.
integre o dispositivo, mas que não deve ser confundido com o
desligador automático existente nos DPSs à base de varistores que
visa prevenir outros danos causados pela “corrente de avalanche” E/I
54 (Figura 61). Deve-se verificar se a capacidade de interrupção
(suportabilidade à corrente de curto circuito) desse desligador é
compatível com a corrente de curto circuito presumida no ponto de
DP 1 DP 2
instalação do DPS. Essa ligação assegura continuidade de serviço,
mas significa ausência de proteção contra qualquer novo surto que
venha a ocorrer antes da troca do DPS;
DPS 1 DPS 2

Figura 63 – Redundância na proteção

O dispositivo de proteção contra sobrecorrentes a ser instalado


deve possuir corrente nominal compatível à indicada pelo fabricante
do DPS. A capacidade de interrupção (suportabilidade à corrente de
curto circuito) deve ser igual ou superior à corrente de curto-circuito
presumida no ponto de instalação.
A seção nominal dos condutores destinados a conexão entre
o dispositivo de proteção contra sobrecorrentes especificamente
previsto para eliminar um curto-circuito aos condutores de fase do
circuito deve ser dimensionada levando em conta a máxima corrente
Figura 61 – DP em série com o DPS. Inexistência de proteção caso
não haja manutenção preventiva efetiva de curto-circuito possível no local.

• No circuito ao qual está conectado o DPS, corresponde geralmente 9.2.5.9 Condições para coordenação entre DPS e dispositivos DR
NBR 5410

ao próprio dispositivo de proteção contra sobrecorrentes do circuito


(Figura 62). Afeta a continuidade do serviço, uma vez que a atuação • Para prevenir desligamentos intempestivos do DR causados por
do dispositivo de proteção, devido à falha do DPS, interrompe a correntes de fuga inerentes ao DPS, especificamente aqueles que
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DR L1
L2
L3
N

DR não é
DPS sensibilizado
ETI

PE

Figura 64 – Coordenação entre DR e DPS – Em caso de falha do DPS o DR não sentirá a corrente de fuga.

utilizem componentes semicondutores, quando situados no mesmo sinal (vídeo, dados, telefonia) há algumas prescrições a serem
nível de proteção, o DPS deve ser instalado a montante do dispositivo acrescidas àquelas feitas para linhas de energia, porém o vínculo
DR (Figura 64). com os barramentos de equipotencialização é fundamental e
deve ser mantido:
• Quando, por qualquer razão, o DPS for posicionado a jusante do • Linha originária da rede pública de telefonia: deve ser
dispositivo DR, seja ele instantâneo ou temporizado, deve também instalado um DPS por linha. Os DPSs devem ter características
possuir imunidade a correntes de surto de, no mínimo, 3 kA (8/20). curto-circuitante e estar localizados no distribuidor geral de
DR tipo “S” (Figura 65). sinal (DGS) da edificação onde está o terminal de aterramento 55
de telecomunicações (TAT), como determina a norma NBR
9.3 Proteção em linhas de sinal 14306. O TAT será ligado ao aterramento através do BEP. O
DGS deve estar situado o mais próximo possível do BEP;
9.3.1 Localização • Linha externa originária de outra rede pública que não a de
telefonia: o DPS, instalado para cada linha de sinal, deve ser
Em 6.3.5.3 da NBR 5410, para a proteção de linhas de localizado junto ao BEP;

DR L1
L2
L3
N

S
DPS
NBR 5410

PE

Figura 65 – Coordenação entre DR e DPS – DR com imunidade a surtos (Tipo S)


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Instalar 01 DPS
por linha de sinal
(TV, dados, etc.)

QDP
ETI
FONE DGS
Instalar 01 DPS
PEN por linha de sinal
BEP TAT (Telefonia)

Figura 66 – Indicação do posicionamento dos DPSs de sinal no 1o nível de proteção.

56 ETI ETI

Figura 67 - Proteção de sinal para comunicação entre edificações.

A Figura 66 ilustra as duas prescrições anteriores. DPSs destinados à proteção de linhas de telefonia em par trançado:
• O DPS deve ser do tipo comutador de tensão, simples ou
• Linha que se dirija a outra edificação, a estruturas anexas ou no combinado (com limitador de sobretensão em paralelo);
caso de linha associada à antena externa ou outras estruturas no • Tensão de disparo c.c.: O valor da tensão de disparo c.c. deve ser
topo da edificação: o DPS deve ser localizado junto ao BEP, ao de no máximo 500 V e, no mínimo, 200 V, quando a linha telefônica
BEL, ou ao terminal “terra”, o que estiver mais próximo em cada for balanceada ou 300 V, quando a linha telefônica não for aterrada
edificação ou estrutura (Figura 67) (flutuante);
• Tensão de disparo impulsiva: O valor da tensão de disparo
Os DPSs sempre devem ser conectados na linha de sinal com impulsiva do DPS deve ser de, no máximo, 1 kV;
a referência de equipotencialização mais próxima. Dependendo do • Corrente de descarga impulsiva:
posicionamento do DPS, a referência de equipotencialização mais •No mínimo, 5 kA, quando a blindagem da linha telefônica for
próxima pode ser o BEP, o TAT, o BEL, o condutor PE ou, caso o DPS aterrada, e
seja instalado junto a algum equipamento, o terminal conectado à massa • No mínimo 10 kA quando a blindagem não for aterrada.
desse equipamento. O eletroduto por onde passará o condutor do sinal • Para condições onde a proteção seja contra os efeitos diretos dos
deve ser metálico, ter continuidade elétrica garantida e suas extremidades raios, recomenda-se a comparação dos valores de correntes de
interligadas aos eletrodos de aterramento de cada edificação. primeira descarga atmosférica possíveis (já demonstrada para DPS
de energia) e a adoção do maior valor.
9.3.2 Seleção dos DPSs de telefonia • Corrente de descarga c.a: O valor da corrente de descarga c.a. do
NBR 5410

DPS deve ser de, no mínimo, 10 A.


Assumindo que o DPS venha a ser instalado no DGS da • Protetor de sobrecorrente:
edificação são especificadas a seguir as características exigíveis dos • In do protetor entre 150 mA e 250 mA para a linha telefônica
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aterrada (balanceada); Para proteção contra subtensões ou faltas totais de tensão


• In do protetor (opcional) entre 150 mA e 250 mA para quando a podem ser usados, por exemplo, relés ou disparadores de subtensão
linha telefônica for flutuante (não aterrada). (função ANSI 27) atuando sobre contatores ou disjuntores; ou
• Interligação direta da blindagem ou capa metálica de um cabo de contatores providos de contato auxiliar de autoalimentação.
sinal a equipotencialização ou à massa de um equipamento: A atuação dos dispositivos de proteção contra subtensões e
• Quando a blindagem ou capa metálica de uma linha de sinal for faltas de tensão pode ser temporizada, se o equipamento protegido
conectada ao BEP, TAT ou à massa de um equipamento através de puder admitir, sem inconvenientes, uma falta ou queda de tensão de
DPS, este deve ter as seguintes características: curta duração. Se forem utilizados contatores, a temporização na
abertura ou no fechamento não deve, em nenhuma circunstância,
• Tipo comutador de tensão; impedir o seccionamento instantâneo imposto pela atuação de
• Tensão disruptiva c.c. entre 200 V e 300 V; outros dispositivos de comando e proteção.
• Corrente de descarga impulsiva de no mínimo 10 kA (8/20 µs); Quando o religamento de um dispositivo de proteção for
• Corrente de descarga c.a. de no mínimo 10 A (60 Hz / 1 s). suscetível de causar uma situação de perigo, esse religamento não
deve ser automático.
9.3.3 Seleção dos DPSs para outros tipos de sinais
11 Proteção das pessoas que trabalham nas
Os critérios para a seleção de DPS destinados à proteção de instalações elétricas de baixa tensão
outros tipos de linha de sinal devem ser compatibilizados com os
fabricantes dos DPSs e dos equipamentos a serem protegidos. Em Em relação à proteção e segurança das pessoas que trabalham
alguns casos há necessidade de casamento de impedâncias e/ou nas instalações elétricas de baixa tensão, devem ser observadas
freqüências. as exigências da norma regulamentadora NR-10, do Ministério
do Trabalho e Emprego (ver parte deste guia sobre a NR-10). É
9.3.4 Falha do DPS de sinal importante saber que, sob o ponto de vista legal, a aplicação da
NR-10 se sobrepõe à NBR 5410.
O DPS deve ser do tipo “falha segura”, isto é, deve incorporar Como regra geral, os trabalhadores devem utilizar
proteção cuja atuação provoque curto-circuito da linha de sinal equipamentos de proteção individual que são, no mínimo, os
para a terra. capacetes, óculos de segurança, luvas, detector de tensão e botas.
Além disso, os equipamentos de baixa tensão devem ser 57
10 Proteção contra quedas e faltas de providos de meios que permitam, quando necessário, o seu
tensão isolamento da instalação e devem permitir que a instalação
completa ou partes da instalação possam ser isoladas, dependendo
A proteção contra quedas e faltas de tensão é tratada em 5.5 da das condições operacionais. Isto pode ser realizado, por
NBR 5410. exemplo, desligando-se seccionadores ou removendo-se elos ou
O termo “queda de tensão” nesta parte da norma refere-se à interligações.
caída (diminuição) de tensão em tempos relativamente curtos, É importante observar que a instalação completa ou partes das
chamados de subtensão, e não deve ser confundido com a queda instalações que possam ser energizadas por várias fontes devem
de tensão nos circuitos causada pela impedância dos componentes ser dispostas de forma que todas as fontes possam ser isoladas.
da instalação. Tanto a subtensão quanto a falta total de tensão Nos casos em que os terminais de neutro de vários equipamentos
são problemas importantes relativos à qualidade de energia nas estiverem ligados em paralelo, deve ser possível isolá-los
instalações elétricas (ver parte 22 deste guia). individualmente.
Devem ser tomadas precauções para evitar que uma subtensão Para evitar graves choques elétricos, devem ser providos
ou uma falta total de tensão, associada ou não ao posterior meios para descarregar os equipamentos que ainda possam
restabelecimento desta tensão, venha a causar perigo para as transferir potencial elétrico mesmo após a sua desconexão da
pessoas ou danos a uma parte da instalação, a equipamentos instalação, como, por exemplo, capacitores. É preciso atenção
de utilização ou aos bens em geral. Em particular, os motores no procedimento de descarregar os capacitores, pois eles podem
elétricos trifásicos de baixa tensão podem ter seu funcionamento ser danificados se descarregados pela colocação em curto-circuito
bastante prejudicado no caso de redução significativa ou falta total dos terminais, antes de decorrido um intervalo (geralmente da
de tensão em uma de suas fases. ordem de 1 minuto) após a retirada do potencial. Deve-se sempre
O uso de dispositivos de proteção contra subtensões e faltas utilizar resistores de valores apropriados para realizar a descarga
totais de tensão pode não ser necessário se os danos a que a com segurança para o pessoal e o equipamento.
instalação e os equipamentos estão sujeitos, nesse particular, Para eliminar o risco de reenergização indevida que possa
representarem um risco aceitável e desde que não haja perigo para colocar as pessoas em situações perigosas, sempre que partes
NBR 5410

as pessoas. Essa avaliação de risco deve ser feita pelo projetista removíveis, como, por exemplo, os fusíveis, são utilizadas para a
em conjunto com o responsável pela obra para que sejam (ou não) desconexão da instalação completa ou parte dela e são substituídas
aplicadas as medidas de proteção necessárias. por coberturas ou barreiras, estas devem ser montadas de tal
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forma que a sua remoção somente possa ser executada com o uso uma fonte, por circuitos, chamados de circuitos de segurança,
de ferramenta apropriada. que vão até os terminais dos equipamentos de utilização e, em
Os equipamentos que são operados manualmente devem certos casos, incluem os próprios equipamentos alimentados
permitir o uso de dispositivos de travamento mecânico, tais como (Figura 68).
cadeados, para evitar o seu religamento indevido. Os sistemas de alimentação elétrica de reserva, opcionais, são
As pessoas que trabalham nas instalações elétricas devem possuir e previstos para manter o funcionamento da instalação ou de partes
saber utilizar dispositivos (fixos ou portáteis) para a verificação do estado da instalação no caso de interrupção da alimentação normal, por
de desenergização em todos os pontos onde o trabalho for realizado. razões outras que a segurança das pessoas. São casos nos quais
Cada parte de uma instalação que possa ser isolada de outras a interrupção da alimentação elétrica pode causar situações de
partes deve possuir dispositivos que permitam o seu aterramento e desconforto ou prejudicar atividades comerciais e industriais,
curto-circuito, evitando assim os riscos de choques elétricos para como por exemplo, equipamentos de processamento de dados,
os operadores. Além disso, equipamentos como, por exemplo, comunicação, ar-condicionado, equipamentos industriais, etc.
transformadores e capacitores devem ser providos de meios para A NBR 5410 não inclui prescrições sobre sistemas de
seu aterramento e curto-circuito no ponto de sua instalação. alimentação de reserva.

12 Serviços de segurança 12.2 Fontes de segurança

Os serviços de segurança são tratados na NBR 5410 nos itens Nas instalações de segurança e de reserva, podem ser usados
indicados na Tabela 17. como fontes:
Tabela 17: Itens da NBR 5410 sobre serviços de segurança
Prescrições Medidas de Seleção e (a) baterias: são utilizadas na alimentação de equipamentos
fundamentais proteção instalação
de potência relativamente pequena, por tempos relativamente
3.5 4.1.6 / 4.2.4 6.6
curtos. É o caso, por exemplo, da utilização em sistemas de
iluminação de segurança (emergência).
12.1 Definições
(b) geradores independentes da alimentação normal: são usados
Pode-se definir sistema de alimentação elétrica para na alimentação de equipamentos de segurança de maior potência,
58 serviços de segurança como um sistema de alimentação previsto por tempos relativamente longos. São os casos, por exemplo,
para manter o funcionamento de equipamentos e instalações de bombas de incêndio, elevadores para brigada de incêndio e
essenciais à segurança das pessoas, à salubridade e/ou quando bombeiros, sistemas de alarme, sistemas de exaustão de fumaça,
exigido pela legislação, para evitar danos significativos ao meio equipamentos médicos essenciais, dentre outros.
ambiente ou a outros materiais .
São exemplos de serviços de segurança: a iluminação de (c) ramais separados da rede de distribuição, efetivamente
segurança (iluminação de emergência), bombas de incêndio, independentes da alimentação normal: trata-se de um ramal da
elevadores para brigada de incêndio e bombeiros, sistemas de rede de distribuição da concessionária, totalmente separado física
alarme, como os de incêndio, fumaça, CO e intrusão, sistemas e eletricamente do ramal normal de alimentação da instalação.
de exaustão de fumaça, equipamentos médicos essenciais. A separação visa a minimizar as possibilidades de interrupções
As instalações de segurança devem observar também, simultâneas. As entradas dos dois ramais devem ser separadas
no que for pertinente, a legislação referente a edificações, os e sua alimentação deve provir de transformadores separados ou
códigos de segurança contra incêndio e pânico e outros códigos mesmo de subestações diferentes.
de segurança aos quais a edificação e/ou as atividades nela
desenvolvidas possam estar sujeitas. (d) sistemas especiais: são os chamados sistemas de energia
Um sistema de alimentação de segurança é constituído por ininterrupta, também designados pela sigla UPS (Uninterruptible
NBR 5410

Figura 68 - Componentes de um sistema de segurança


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Power Supply), ou ainda conhecido no Brasil por “no-breaks”.


Devem ser utilizados em alimentações críticas como, por 12.3 Circuitos de segurança
exemplo, centros cirúrgicos, UTIs, torres de controle de vôo,
centros de processamento de dados, nos sistemas de controle de Nas instalações de segurança, os circuitos devem ser
processos industriais contínuos, etc. independentes física e eletricamente dos circuitos ‘normais’
da instalação. Isso significa que nenhuma falta, intervenção
As fontes de segurança e as de reserva devem ser ou modificação em circuito não pertencente aos serviços de
adequadamente selecionadas em função do serviço a que se segurança deve afetar o funcionamento do(s) circuito(s) dos
destinam e das características dos equipamentos de utilização a serviços de segurança. Para tanto, pode ser necessário separar
serem alimentados, uma vez que deverão manter a alimentação os circuitos dos serviços de segurança dos demais circuitos,
pelo tempo necessário à eliminação do problema surgido com a mediante materiais resistentes ao fogo, condutos e/ou percursos
fonte normal. distintos.
Devem ser instaladas como equipamentos fixos, em locais As linhas elétricas contendo circuitos de serviços de
acessíveis apenas a pessoas advertidas (BA4) ou qualificadas segurança não devem atravessar locais com riscos de incêndio
(BA5) e de tal modo que não sejam afetadas por falha de fonte (BE2), a menos que elas sejam resistentes ao fogo. As linhas não
normal. Observe que o local de instalação das fontes deve ser devem atravessar, em nenhuma hipótese, locais com riscos de
suficientemente ventilado, de maneira a evitar que gases ou explosão (BE3).
fumos delas provenientes possam penetrar em áreas ocupadas Os cabos elétricos devem ser considerados componentes
por pessoas. críticos de uma instalação de segurança, uma vez que são os
Uma fonte de segurança só pode ser utilizada para outros responsáveis pela alimentação dos equipamentos de segurança
serviços que não os de segurança se isso não comprometer sua que ficam espalhados pela obra. Desta forma, é fundamental que
disponibilidade para os serviços de segurança. os cabos mantenham seu funcionamento mesmo sob condições
As alimentações das instalações de segurança, segundo a de incêndio. Não há sentido em ter uma fonte de segurança que
NBR 5410, podem ser: alimenta a instalação por, digamos duas horas, se os cabos não
resistirem a um incêndio por mais de três ou quatro minutos.
• não automáticas, quando sua ligação é realizada por um Numa situação como esta, todos os equipamentos que deveriam
operador, e permanecer em operação para garantir a segurança das
• automáticas, quando sua ligação não depende da intervenção pessoas deixaria de funcionar, apesar da fonte ter capacidade 59
de um operador. de alimentá-los. Desta forma, embora não obrigatório pela
norma, deveria ser considerada a possibilidade do emprego nos
Preferencialmente, as instalações de segurança devem ser circuitos de segurança dos chamados cabos para circuitos de
alimentadas automaticamente. segurança, que suportam os efeitos da exposição ao fogo, por
As alimentações automáticas podem ser classificadas em um tempo adequado, sem perder suas propriedades elétricas,
função da duração da comutação, como segue: mantendo a continuidade da alimentação dos equipamentos de
segurança. Os cabos para circuito de segurança devem atender
• sem interrupção: quando a alimentação pode ser garantida de a norma NBR 10301.
modo contínuo, nas condições especificadas durante o período
de transição, por exemplo, no que diz respeito às variações de 12.4 Proteções
tensão e freqüência;
• com interrupção muito breve: quando a alimentação fica Os circuitos de segurança devem ser protegidos contra
indisponível em até 0,15 segundo; corrente de curto-circuito, podendo ser omitida a proteção contra
• com interrupção breve: quando a alimentação fica indisponível correntes de sobrecarga, se a perda da alimentação representar
em até 0,5 segundo; um perigo maior do que a perda do circuito. Por exemplo, numa
• com interrupção médio: quando a alimentação fica indisponível situação de incêndio, é mais importante manter o circuito de
em, no máximo, 15 segundos; alimentação da bomba de incêndio funcionando, mesmo que em
• com interrupção longo: quando o tempo de comutação é sobrecarga, do que interromper o funcionamento da bomba pelo
superior a 15 segundos. desligamento da proteção.
No que se refere à proteção contra choques elétricos, a parte
Para os serviços de segurança destinados a funcionar em da instalação representada pelos serviços de segurança (fontes,
condições de incêndio (bomba de incêndio, iluminação de linhas e equipamentos alimentados) deve ser, preferencialmente,
emergência, etc.), deve ser selecionada uma fonte de segurança objeto de medida que não implique seccionamento automático
que possa manter a alimentação pelo tempo adequado e todos os da alimentação na ocorrência de uma falta. Se os serviços de
NBR 5410

componentes do sistema devem apresentar adequada resistência segurança forem concebidos, eletricamente, como um esquema
ao fogo, seja construtivamente, seja por meio de disposições IT, o conjunto deve ser provido de dispositivo supervisor de
equivalentes quando de sua instalação. isolamento (DSI).
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componentes ligados entre uma fase e o neutro devem ser isolados


13 Seleção e instalação dos componentes
para a tensão entre fases.
Em relação à corrente, os componentes devem ser escolhidos
Na seção 6 da NBR 5410 são apresentadas inúmeras prescrições
considerando-se a corrente de projeto (valor eficaz em corrente
relativas à seleção e instalação dos mais diversos componentes
alternada) que possa percorrê-los em serviço normal. Deve-se
de uma instalação elétrica de baixa tensão, que são estruturadas
igualmente considerar a corrente suscetível de percorrê-los em
conforme indicado na Figura 69.
condições anormais (sobrecarga e curto-circuito), levando-se em
conta a duração da passagem de uma tal corrente, em função das
características de funcionamento dos dispositivos de proteção.
Caso a frequência tenha alguma influência sobre as características
dos componentes, então a frequência nominal do componente
deve corresponder à frequência da corrente no circuito pertinente.
Atenção especial deve ser dada à presença acentuada na instalação
de frequências harmônicas que possam causar perturbações.
Sobre a potência, obviamente os componentes devem ser
adequados às condições normais de serviço, considerando os
regimes de carga que possam ocorrer durante a operação.
Em 6.1.3.1.5, a norma indica que os componentes devem ser
escolhidos de modo a não causar, em serviço normal, quaisquer
efeitos prejudiciais, quer aos demais componentes, quer à rede de
alimentação, incluindo condições de manobra. Cuidados específicos
em relação à oxidação devem ser observados no caso do emprego
de condutores de alumínio.
Figura 69 - Estrutura da NBR 5410 para prescrições de seleção e instalação
de componentes
13.1.3 Influências externas
13.1 Prescrições comuns a todos os componentes da instalação
De acordo com 6.1.3.2.1, os componentes devem ser
60 13.1.1 Normas técnicas selecionados e instalados de acordo com as prescrições da tabela 32
da norma, aqui reproduzida como Tabela 18. Esta tabela indica as
A escolha do componente e sua instalação devem permitir que características dos componentes em função das influências externas
sejam obedecidas as medidas de proteção para garantir a segurança, a que podem ser submetidos, as quais são determinadas, seja por
as prescrições para garantir um funcionamento adequado ao uso da um grau de proteção, seja por conformidade com ensaios.
instalação e as prescrições apropriadas às condições de influência Quando um componente não possuir, por construção, as
externas previsíveis, conforme 4.7 deste Guia. características correspondentes às influências externas do local,
Todos os componentes da instalação de média tensão devem ele pode ser utilizado sob a condição de que seja provido, por
satisfazer as normas brasileiras da ABNT que lhes sejam aplicáveis ocasião da execução da instalação, de uma proteção complementar
e, quando elas não existirem, devem atender as normas IEC e apropriada. Esta proteção não pode afetar as condições de
ISO. Conforme 6.1.2.2 da NBR 5410, quando não houver normas funcionamento do componente protegido. Dentre muitos exemplos
NBR, IEC e ISO, os componentes devem então ser selecionados desta proteção complementar, citam-se a instalação de barreiras ao
através de acordo entre o projetista e o instalador. Nestes casos é redor dos componentes ou abrigá-los em invólucros adequados,
comum a utilização de normas regionais (MERCOSUL, COPAN, usar ventilação, refrigeração ou aquecimento forçados de ar no
CANENA, CENELEC, etc.) ou estrangeiras, tais como normas local onde o componente está instalado, etc.
americanas (NEMA, UL, ANSI, IEEE, etc.), alemãs (DIN, VDE, Na prática, em todas as instalações, existem diferentes
etc.), francesas (NF C), italianas (CEI), dentre outras. influências externas se produzem simultaneamente, sendo que seus
efeitos podem ser independentes ou influenciar-se mutuamente.
13.1.2 Condições de serviço Nestes casos, os graus de proteção devem ser escolhidos de modo a
satisfazer todas as condições.
Em relação às condições de serviço (operação) da instalação Na leitura da Tabela 18 (tabela 24 da norma), a palavra
elétrica de baixa tensão, a norma estabelece requisitos sobre a “normal” que figura na terceira coluna significa que o componente
escolha adequada dos componentes em relação à tensão, corrente, deve satisfazer, de modo geral, as Normas Brasileiras aplicáveis ou,
frequência, potência e compatibilidade entre eles. na sua falta, as normas IEC e ISO ou outras que foram acordadas
No caso da tensão, em 6.1.3.1.1 é prescrito que os componentes entre o projetista e o instalador.
NBR 5410

devem ser adequados à tensão nominal (valor eficaz em corrente As características dos componentes necessárias para atender
alternada) da instalação, acrescentado que, se numa instalação aos requisitos da Tabela 18 devem constar das informações técnicas
que utiliza o esquema IT o condutor neutro for distribuído, os fornecidas pelos fabricantes.
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Tabela 18 - Características dos componentes da instalação em função das influências externas

Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes

A - Condições ambientais (4.2.6.1)


AA - Temperatura ambiente (4.2.6.1.1)
Faixas de temperatura
Limite Limite
inferior °C superior °C
AA1 -60 +5 Componentes projetados especialmente para a aplicação ou medidas
AA2 -40 +5 adequadas1)
AA3 -25 +5
AA4 -5 +40 Normal (em certos casos podem ser necessárias precauções especiais)
AA5 +5 +40 Normal
AA6 +5 +60 Componentes projetados especialmente para a aplicação
ou medidas adequadas1)
AA7 -25 +55 Componentes projetados especialmente para a aplicação ou medidas
AA8 -50 +40 adequadas1)

AB - Condições climáticas do ambiente (4.2.6.1.2)


Temperatura Umidade Umidade
do ar °C relativa % absoluta g/m2
superior

superior

superior
inferior

inferior

inferior
Limite

Limite

Limite

Limite

Limite

Limite

AB1 -60 +5 3 100 0,003 7 Requer medidas adequadas ²)


AB2 -40 +5 10 100 0,1 7 Requer medidas adequadas ²)
AB3 -25 +5 10 100 0,5 7 Requer medidas adequadas ²)
AB4 -5 +40 5 95 1 29 Normal
AB5 +5 +40 5 85 1 25 Normal
AB6 +5 +60 10 100 1 35 Requer medidas adequadas ²)
AB7 -25 +55 10 100 0,5 29 Requer medidas adequadas ²)
AB8 -50 +40 15 100 0,04 36 Requer medidas adequadas ²)
61
AC - Altitude (4.2.6.1.3)
AC1 ≤ 2 000 m Normal
Podem ser necessárias precauções especiais, como a aplicação de fatores
AC2 > 2 000 m de correção
NOTA Para certos componentes podem ser necessárias medidas especiais
a partir de 1000 m)
AD - Presença de água (4.2.6.1.4)
AD1 Desprezível IPX0
AD2 Gotejamento IPX1 ou IPX2
AD3 Precipitação IPX3
AD4 Aspersão IPX4
AD5 Jatos IPX5
AD6 Ondas IPX6
AD7 Imersão IPX7
AD8 Submersão IPX8
AE - Presença de corpos sólidos (4.2.6.1.5)
AE1 Desprezível IP0X
AE2 Pequenos objetos (2,5 mm) IP3X
AE3 Objetos muito pequenos (1 mm) IP4X
AE4 Poeira leve IP5X caso a penetração de poeira não prejudique o
funcionamento do componente
AE5 Poeira moderada IP6X caso a poeira não deva penetrar no componente
AE6 Poeira intensa IP6X
AF - Presença de substâncias corrosivas ou poluentes (4.2.6.1.6)
AF1 Desprezível Normal
NBR 5410

AF2 Agentes atmosféricos Conforme a natureza dos agentes


AF3 Intermitente Proteção contra corrosão definida pelas especificações dos componentes
Componentes especialmente concebidos, conforme a natureza dos agentes
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Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes
AF4 Permanente Normal. Por exemplo, componentes
para uso doméstico e análogo
AG - Choques mecânicos (4.2.6.1.7)
AG1 Fracos Normal. Por exemplo, componentes IEC 60721-3-3:2002,
para uso doméstico e análogo classes
3M1/3M2/3M3 e
IEC 60721-3-4:1987,
classes
4M1/4M2/4M3
AG2 Médios Componentes para uso industrial, IEC 60721-3-3:2002,
quando aplicável, ou proteção reforçada classes
3M4/3M5/3M6 e
IEC 60721-3-4:1987,
classes
4M4/4M5/4M6
AG2 Severos Proteção reforçada IEC 60721-3-3:2002,
classes 3M7/3M8 e
IEC 60721-3-4:1987,
classes 4M7/4M8
AH - Vibrações (4.2.6.1.7)
AH1 Fracas Normal
AH2 Médias Componentes projetados especialmente para a aplicação, ou
AH3 Severas medidas adequadas1)
AK - Presença de flora ou mofo (4.2.6.1.8)
AK1 Desprezîvel Normal
AK2 Prejudicial Proteções especiais, tais como:
- grau de proteção aumentado (ver AE)
- componentes especiais ou revestimentos protegendo os invólucros
62
- medidas para evitar a presença de flora
AL - Presença de fauna (4.2.6.1.9)
AL1 Desprezîvel Normal
A proteção pode compreender:
- grau de proteção adequado contra a penetração de corpos sólidos (ver AE)
AL2 Prejudicial - resistência mecânica suficiente (ver AG)
- precauções para evitar a presença da fauna (como limpeza, uso de pesticidas)
- componentes especiais ou revestimentos protegendo os invólucros
AM - Influências eletromagnéticas, eletrostáticas ou ionizantes (4.2.6.1.10)
AM1 - Harmônicas e inter-harmônicas (4.2.6.1.10)

AM1-1 Nível controlado Devem ser tomadas precauções para que a situação controlada não Inferior à tabela 1 da
seja prejudicada IEC 61000-2-2:2002
De acordo com a
AM1-2 Nível normal tabela 1 da
Medidas especiais no projeto da instalação, tais como filtros IEC 61000-2-2:2002
Localmente superior
AM1-3 Nível alto à tabela 1 da
IEC 61000-2-2:2002
AM2 - Tensões de sinalização (4.2.6.1.10)
AM2-1 Nível controlado Circuitos de bloqueio, por exemplo Inferior aos espe­ci­
ficados abaixo
Nível médio Sem requisitos adicionais IEC 61000-2-1 e
AM2-2 IEC 61000-2-2
AM2-3 Nível alto Requer medidas adequadas
AM3 - Variações de amplitude da tensão (4.2.6.1.10)
AM3-1 Nível controlado
NBR 5410

AM3-2 Nível normal Ver 5.4 e 5.5


AM4 - Desequilíbrio de tensão (4.2.6.1.10)
AM4 Nível normal De acordo com a
IEC 61000-2-2
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Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes
AM5 - Variações de freqüência (4.2.6.1.10)
AM5 Nível normal ± 1 Hz de acordo
com a IEC 61000-2-2
AM6 - Tensões induzidas de baixa freqüência (4.2.6.1.10)
AM6 Sem classificação Ver 5.4.3 - Alta suportabilidade dos sistemas de sinalização e comando de ITU-T
dispositivos de manobra
AM7 - Componentes contínuas em redes c.a. (4.2.6.1.10)
AM7 Sem classificação Medidas para limitar seu nível e duração nos equipamentos de utilização ou
em suas proximidades
AM8 - Campos magnéticos radiados (4.2.6.1.10)
AM8-1 Nível médio Normal Nível 2 da
IEC 61000-4-8:2001
AM8-2 Nível alto Proteção por medidas adequadas, tais como blindagem e/ou separação Nível 4 da
IEC 61000-4-8:2001
AM9 - Campos elétricos (4.2.6.1.10)
AM9-1 Nível desprezível Normal
AM9-2 Nível médio Ver IEC 61000-2-5 IEC 61000-2-5
AM9-3 Nível alto Ver IEC 61000-2-5
AM9-4 Nível muito alto Ver IEC 61000-2-5
AM21 - Tensões ou correntes induzidas oscilantes (4.2.6.1.10)
AM21 Sem classificação Normal IEC 61000-4-6
AM22 - Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do nanossegundo (4.2.6.1.10)
AM22-1 Nível desprezível Requer medidas de proteção (ver 4.2.6.1.10) Nível 1 da
IEC 61000-4-4:2004
AM22-2 Nível médio Requer medidas de proteção (ver 4.2.6.1.10) Nível 2 da
IEC 61000-4-4:2004
AM22-3 Nível alto Equipamento normal Nível 3 da
IEC 61000-4-4:2004
63
AM22-4 Nível muito alto Equipamento de alta imunidade Nível 4 da
IEC 61000-4-4:2004
AM23 - Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do micro ao milissegundo (4.2.6.1.10)
AM23-1 Nível controlado Suportabilidade a impulsos dos componentes e proteção contra 4.2.6.1.12, 5,4.2 e
AM23-2 Nível médio sobretensões, levando-se em conta a tensão nominal da instalação e a 6.3.5
AM23-3 Nível alto categoria de suportabilidade, de acordo com 5.4.2
AM24 - Transitórios oscilantes conduzidos (4.2.6.1.10)
AM24-1 Nível médio Ver IEC 61000-4-12 IEC 61000-4-12
AM24-2 Nível alto Ver IEC 60255-22-1 IEC 60255-22-1
AM25 - Fenômenos radiados de alta freqüência (4.2.6.1.10)
AM25-1 Nível desprezível Nível 1 da
IEC 61000-4-3:2002
AM25-2 Nível médio Normal Nível 2 da
IEC 61000-4-3:2002
AM25-3 Nível alto Nível reforçado Nível 3 da
IEC 61000-4-3:2002
AM31 - Descargas eletrostáticas (4.2.6.1.10)
AM31-1 Nível baixo Normal Nível 1 da
IEC 61000-4-2:2001
AM31-2 Nível médio Normal Nível 2 da
IEC 61000-4-2:2001
AM31-3 Nível alto Normal Nível 3 da
IEC 61000-4-2:2001
AM31-4 Nível muito alto Reforçada Nível 4 da
IEC 61000-4-2:2001
AM41 - Radiações ionizantes (4.2.6.1.10)
NBR 5410

Proteções especiais, tais como distanciamento da fonte, interposição de


AM41-1 Sem classificação blindagens, invólucro de materiais especiais
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Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes
AN - Radiação solar (4.2.6.1.11)
AN1 Desprezível Normal IEC 60721-3-3
AN2 Média Requer medidas adequadas ²) IEC 60721-3-3
Requer medidas adequadas ²), tais como:
AN3 Alta – componentes resistentes à radiação ultravioleta IEC 60721-3-4
– revestimento de cores especiais
– interposição de anteparos
AQ - Descargas atmosféricas (4.2.6.1.12)
AQ1 Desprezíveis Normal
AQ2 Indiretas Ver 5.4.2 e 6.3.5
Ver 5.4.2 e 6.3.5
AQ3 Diretas Quando aplicável, a proteção contra descargas atmosféricas
deve ser conforme ABNT NBR 5419
AR - Movimentação do ar (4.2.6.1.13)
AR1 Desprezível Normal
AR2 Média Requer medidas adequadas ²)
AR3 Forte Requer medidas adequadas ²)
AR - Movimentação do ar (4.2.6.1.13)
AS1 Desprezível Normal
AS2 Médio Requer medidas adequadas ²)
AS3 Forte Requer medidas adequadas ²)
B - Utilização (4.2.6.2)
BA - Competência de pessoas (4.2.6.2.1)
BA1 Comuns Normal
BA2 Crianças Componente com grau de proteção superior a IP2X Componentes com
temperaturas de superfície externa superiores a 80oC (60oC para creches e
locais análogos) devem ser inacessíveis
BA3 Incapacitadas Conforme a natureza da deficiência
64
BA4 Advertidas Componentes não protegidos contra contatos diretos admitidosapenas
BA5 Qualificadas em locais de acesso restrito a pessoas devidamente autorizadas
BB - Resistência elétrica do corpo humano (4.2.6.2.2)
BB1 Alta Normal
BB2 Normal Normal
BB3 Baixa Medidas de proteção adequadas (ver 5.1 e seção 9 e anexo C)
BB4 Muito baixa Medidas de proteção adequadas (ver 5.1 e seção 9 e anexo C)
BC - Contatos das pessoas com o potencial da terra (4.2.6.2.3)
BC1 Nulo Condição excepcional, não considerada, na prática, para seleção dos
componentes.
BC2 Raros Componentes classes I, II e III IEC 61140:2001
BC3 Freqüente Componentes classes I, II e III
BC4 Contínuo Medidas especiais
BD - Fuga das pessoas em emergências (4.2.6.2.4)
BD1 Normal Normal
BD2 Longa
BD3 Tumultuada Ver 5.2.2.2
BD4 Longa e tumultuada
BE - Natureza dos materiais processados ou armazenados (4.2.6.2.5)
BE1 Riscos desprezíveis Normal
Componentes constituídos de materiais não-propagantes de chama.
BE2 Riscos de incêndio Precauções para que uma elevação significativa da temperatura
ou uma centelha no componente não possa provocar incêndio
externamente 5.2.2.3
BE3 Riscos de explosão Componentes adequados para atmosferas explosivas
Medidas adequadas, tais como:
NBR 5410

BE4 Riscos de contaminação – proteção contra fragmentos de lâmpadas e de outros objetos frágeis
– anteparos contra radiações prejudiciais, como infravermelhas e
ultravioletas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Código Influências externas Características exigidas para seleção e Referências


instalação dos componentes

C - Construção das edificações (4.2.6.3)


CA - Materiais de construção (4.2.6.3.1)
CA1 Não-combustíveis Normal
CA2 Combustíveis Ver 5.2.2.4
CB - Estrutura das edificações (4.2.6.3.2)
CB1 Riscos desprezíveis Normal
CB2 Sujeitas a propagação de incêndio NOTA Componentes constituídos de materiais não-propagantes de 5.2.2.5
chama, inclusive de origem não elétrica. Barreiras corta-fogo
CB3 Sujeitas a movimentação NOTA Podem ser previstos detectores de incêndio.
Juntas de contração ou de expansão nas linhas elétricas
CB4 Flexíveis ou instáveis (em estudo)

1) Podem ser necessárias precauções suplementares (por exemplo, lubrificação especial).


2) Medidas especiais devem ser acordadas entre o projetista da instalação e o fabricante do componente, por exemplo, componentes especialmente concebidos para a aplicação.

Os dispositivos de proteção devem estar dispostos e


13.1.4 Identificação dos componentes identificados de forma que seja fácil reconhecer os respectivos
circuitos protegidos. As posições de “fechado” e “aberto” dos
A identificação dos componentes de uma instalação elétrica equipamentos de manobra de contatos não visíveis devem ser
é uma das exigências da Norma Regulamentadora NR-10 (vide indicadas por meio de letras e cores, devendo ser adotada a
item 3.4.6 do Guia NR-10). Esse assunto também é tratado em seguinte convenção:
6.1.5 da NBR 5410, ao prescrever que, genericamente, as placas
indicativas ou outros meios adequados de identificação devem I (ou L) – vermelho: contatos fechados;
permitir identificar a finalidade dos dispositivos de comando O (ou D) – verde: contatos abertos.
e proteção, a menos que não exista qualquer possibilidade de
confusão. Se o funcionamento de um dispositivo não puder ser Embora o assunto não seja tratado na NBR 5410, para evitar
observado pelo operador e disso puder resultar perigo, uma placa enganos que podem colocar as pessoas e as instalações sob risco,
indicativa, ou um dispositivo de sinalização, deve ser colocado é conveniente convencionar-se que, nas as chaves seccionadoras,
em local visível ao operador. a posição da alavanca ou punho de manobra para baixo deve 65

I (ou L)

O (ou D)

Figura A - Convenção da posição da alavanca

(B) - Convenção da posição


dos cabos e barramentos
NBR 5410

Figura 70 – Convenção da posição de entrada dos cabos ou barramentos


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 71 – Identificação dos dispositivos de proteção

corresponder ao equipamento desligado (Figura 70 a). Nos demais (BA4 ou BA5), devem ser entregues acompanhadas de um
componentes, é conveniente convencionar que os cabos ou manual do usuário, redigido em linguagem acessível a leigos,
barramentos provenientes do lado da fonte devem estar conectados que contenha, no mínimo, os seguintes elementos:
sempre nos bornes superiores de entrada (Figura 70 b).
a) esquema(s) do(s) quadro(s) de distribuição com indicação dos
13.1.5 Identificação dos dispositivos de proteção circuitos e respectivas finalidades, incluindo relação dos pontos
alimentados, no caso de circuitos terminais;
Os dispositivos de proteção devem ser dispostos e b) potências máximas que podem ser ligadas em cada circuito
66 identificados de forma que seja fácil reconhecer os respectivos terminal efetivamente disponível;
circuitos protegidos (Figura 71).
c) potências máximas previstas nos circuitos terminais deixados
13.1.6 Documentação da instalação como reserva, quando for o caso;

A documentação de uma instalação elétrica é uma das d) recomendação explícita para que não sejam trocados, por
exigências da Norma Regulamentadora NR-10 (vide item 2 tipos com características diferentes, os dispositivos de proteção
do Guia NR-10). Esse assunto também é tratado em 6.1.8 da existentes no(s) quadro(s).
NBR 5410, que determina que a instalação de baixa tensão deve São exemplos de tais instalações as de unidades residenciais,
ser executada a partir de projeto específico e deve conter no de pequenos estabelecimentos comerciais, etc.
mínimo a seguinte documentação: plantas; esquemas (unifilares A seguir é apresentado, apenas como exemplo, um modelo de
e outros que se façam necessários); detalhes de montagem, manual do usuário de um suposto apartamento tipo. É importante
quando necessários; memorial descritivo; especificação lembrar que a linguagem do manual deve ser básica, possível de
dos componentes: e uma descrição sucinta do componente, ser entendida por leigos em eletricidade. Por exemplo, mesmo
características nominais e normas a que devem atender; com o prejuízo da perda de rigor técnico, devem ser evitadas
parâmetros de projeto (correntes de curto-circuito, queda de palavras tais como potência aparente, potência reativa, fator
tensão, fatores de demanda considerados, temperatura ambiente de potência, corrente de curto-circuito presumida, corrente
etc.). diferencial-residual, etc.
Para facilitar a operação e manutenção, é imprescindível
que, depois de concluída a instalação, toda a documentação Manual do Usuário de Instalações Elétricas
indicada anteriormente seja revisada de acordo com o que foi doApartamento Tipo
executado (projeto “como construído” ou “as built”).
1. Identificação da obra e responsáveis:
Manual do usuário
Obra: Edifício X
NBR 5410

De acordo com 6.1.8.3, as instalações para as quais não Endereço: Rua ...........
se prevê equipe permanente de operação, supervisão e/ou Construtora: YYYY
manutenção, composta por pessoal advertido ou qualificado Instaladora: ZZZ
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Projetista Elétrico: WWWW do equipamento a uma tensão inadequado pode provocar seu
Manual do Usuário elaborado por: RRRR mau funcionamento, não funcionamento ou eventualmente
sua destruição. Por isso, sempre se assegure que a tensão de
2. Apresentação: funcionamento do equipamento é compatível com a tensão
disponível na instalação.
Este Manual de Instalações Elétricas, doravante designado
por Manual, é parte integrante da documentação da instalação • Corrente elétrica: também conhecida por “amperagem”, é
exigida pela norma NBR 5410 publicada pela Associação a grandeza que representa o movimento de eletricidade dentro
Brasileira de Normas Técnicas. de um componente ou equipamento elétrico. Ela é medida em
Este Manual tem por objetivo prover ao usuário da “ampères”. Por exemplo, existem disjuntores elétricos de 10
instalação elétrica identificada no item anterior as informações ampères, 20 ampères, 50 ampères, etc. Assim como tomadas de
e recomendações essenciais relativas à operação e manutenção 10 ampères e 20 ampères.
da instalação de forma a garantir o adequado, eficiente e seguro
funcionamento da mesma, preservando assim a segurança das • Potência elétrica: é o número resultante da multiplicação de
pessoas e animais domésticos, bem como a conservação dos uma tensão elétrica por uma corrente elétrica. Ela é medida em
bens e integridade do patrimônio. “watts”. Por exemplo, um equipamento ligado em uma tensão
de 127 volts pela qual circula uma corrente elétrica de 10
3. Advertências: ampères, tem uma potência elétrica de 127 x 10 = 1270 watts.
Consequentemente, se uma lâmpada de 100 watts for ligada em
Antes de utilizar a instalação elétrica deste apartamento 127 volts, a corrente elétrica que circulará por ela será de 100
pela primeira vez, realizar qualquer intervenção na mesma / 127 = 0,79 ampère.
ou ligar novos aparelhos e equipamentos eletroeletrônicos,
consulte este Manual. Em caso de dúvida, consulte sempre um • Capacidade máxima de um circuito elétrico: a potência
profissional de instalações elétricas devidamente habilitado e máxima possível de ser ligada a um circuito elétrico de uma
qualificado. instalação é o produto da tensão daquele circuito pela corrente
Tenha sempre em mente que cada componente elétrico e, por nominal do disjuntor daquele circuito. Assim, por exemplo,
conseqüência, a instalação elétrica como um todo, tem limites a potência máxima de um circuito com tensão 127 volts que
máximos de potência de utilização. Quando ultrapassados estes possui um disjuntor de 10 ampères é de 127 x 10 = 1270 watts. 67
limites, os componentes em geral podem apresentar alterações Procure identificar e respeitar a capacidade máxima dos
de funcionamento e aquecimentos excessivos, os quais reduzem circuitos da instalação elétrica do seu apartamento utilizando
significativamente a vida útil dos componentes e, em certas as informações que serão apresentadas a seguir neste Manual.
condições, podem acarretar sua destruição, colocando todo o
meio ao seu redor em situação de risco de incêndios, explosões, 5. Aspectos gerais da instalação elétrica do apartamento
choques elétricos, queimaduras, etc. Para evitar estes problemas,
ou minimizá-los substancialmente, a instalação elétrica conta Os principais componentes da instalação elétrica do
com dispositivos de proteção tais como disjuntores, dispositivos apartamento são os seguintes:
DRs, condutores de proteção (fio terra) e outros que, em hipótese
alguma, devem ser substituídos por outros de características • quadro de distribuição, dentro do qual estão os disjuntores e
diferentes ou removidos sem a aprovação de um profissional de os dispositivos de proteção contra choques elétricos (DRs);
instalações elétricas devidamente habilitado e qualificado. • condutores elétricos que formam os circuitos que interligam
o quadro de distribuição até as cargas (lâmpadas, tomadas,
4. Grandezas elétricas fundamentais aquecedores, aparelhos de ar condicionado, etc.);
• interruptores, tomadas e luminárias.
Para a correta compreensão de algumas informações
contidas adiante neste Manual, é importante identificar algumas O quadro de distribuição é o centro de distribuição de toda
grandezas elétricas fundamentais que estão presentes nas a instalação elétrica. Ele recebe os fios que vêm do medidor de
instalações elétricas, a saber: energia elétrica da concessionária, é nele que se encontram os
dispositivos de proteção contra sobrecargas, curtos-circuitos e
• Tensão elétrica: também conhecida por “voltagem” é choques elétricos e é dele que partem os circuitos (condutores)
uma espécie de força que provoca a circulação de corrente que vão alimentar diretamente as lâmpadas, tomadas e aparelhos
elétrica pelos componentes da instalação. Ela é medida em elétricos e eletrônicos. Numa instalação elétrica existem diversos
“volts”. Cada equipamento eletroeletrônico deve ser ligado circuitos que levam energia para grupos de lâmpadas, grupos
NBR 5410

em um tensão especificada pelo fabricante, sendo que em de tomadas de uso geral e para equipamentos específicos. É
alguns casos o equipamento funciona em mais de uma tensão possível o usuário ligar e desligar individualmente os circuitos,
(às vezes chamados de equipamentos “bi-volt”). A ligação sem necessidade de, por exemplo, desligar toda a instalação
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

apenas para a troca de uma lâmpada da cozinha. O esquema • Nunca inutilize os dispositivos DR.
do quadro elétrico indicado na Figura 1 representa como estão • Nunca troque a fiação elétrica por outra diferente da
divididos os circuitos do seu apartamento. Desta forma, por originalmente projetada sem antes consultar um profissional
exemplo, para a realização de uma intervenção na tomada do habilitado e qualificado.
quarto do casal, basta desligar o disjuntor identificado como • Evite o uso de extensões soltas pelo piso ou presas a paredes.
“3” e para a troca da resistência elétrica do chuveiro deve ser É preferível consultar um profissional habilitado e qualificado
desligado o disjuntor “6”. para avaliar a possibilidade de instalar uma fiação permanente
No interior do quadro de distribuição existem alguns dentro da tubulação embutida existente ou usar canaletas
disjuntores que têm a função de proteger os condutores elétricos aparentes apropriadas para esta finalidade.
contra aquecimentos indevidos (chamados de sobrecargas e • O uso de “benjamins” ou “tês” deve ser evitado, preferindo-se
curtos-circuitos). Os disjuntores automaticamente desligam os a instalação de tomadas múltiplas dentro da caixa de ligação.
circuitos quando da ocorrência de uma sobrecarga ou curto- Caso o emprego destas peças seja indispensável, respeite a
circuito. A escolha do disjuntor adequado para a proteção dos capacidade das mesmas (corrente elétrica máxima).
condutores é feita através de critérios técnicos específicos e • Nunca inutilize o fio terra dos equipamentos elétricos e
UM DISJUNTOR NUNCA DEVE SER TROCADO por outro de eletrônicos.
capacidade diferente daquela originalmente projetada. • Sempre desligue o disjuntor do circuito no qual se pretende
Um outro componente presente no interior do quadro de fazer uma intervenção qualquer, tais como troca de lâmpadas,
distribuição é o dispositivo DR que tem a função de proteger troca de tomadas, etc.
as pessoas contra os perigos resultantes de um choque elétrico. • Substitua imediatamente qualquer componente da instalação
O desligamento automático do dispositivo DR indica que elétrica ao menor sinal de deterioração, tais como ressecamento,
existe alguma anormalidade na instalação elétrica que pode trincamento, rachaduras, alteração significativa de coloração,
colocar os usuários em risco de choque elétrico. Portanto, enegrecimento, ruídos estranhos, etc. Recorra a um profissional
NUNCA RETIRE OU TROQUE um dispositivo DR por outro de habilitado e qualificado para realizar esta substituição.
características diferentes daquele originalmente projetado.
Os condutores da instalação elétrica devem ter a seção
(bitola) compatível com a energia elétrica que irão transportar
do quadro de distribuição até as cargas. NUNCA SUBSTITUA
68 um condutor elétrico por outro de bitola inferior àquela que foi
originalmente projetada.
6. Recomendações gerais para uso e manutenção adequados
da instalação elétrica do apartamento.

• Nunca molhe o quadro de distribuição.


- Mantenha o quadro de luz sempre limpo, ventilado e
desimpedido.
• Nunca remova a tampa do quadro de distribuição expondo as
suas partes energizadas.
• Nunca substitua os disjuntores e dispositivos contra choques
elétricos (DR) por outros de características diferentes da
originalmente projetada sem antes consultar um profissional
Figura 72: Esquema do quadro de distribuição do apartamento e indicação de
habilitado e qualificado. circuitos e suas respectivas potências máximas
Tabela
CIRCUITO FINALIDADE TENSÃO (VOLTS) POTÊNCIA MÁXIMA (WATTS)
1 Iluminação da sala, dormitório 1, dormitório 2, banheiro e hall dos dormitórios 127 620
2 Iluminação da copa, cozinha, área de serviço e quintal 127 460
3 Tomadas de uso geral da sala, dormitório 1 e hall dos dormitórios 127 900
4 Tomadas de uso geral do banheiro e dormitório 2 127 1000
5 Tomadas de uso geral da copa 127 1200
6 Tomadas de uso geral da copa 127 700
7 Tomadas de uso geral da cozinha 127 1200
8 Tomadas de uso geral da cozinha 127 1200
9 Tomadas de uso geral da área de serviço 127 1200
NBR 5410

10 Tomadas de uso geral da área de serviço 127 1200


11 Chuveiro elétrico 220 5600
R Reserva 127 1200
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cilíndrica e de comprimento muito maior que a sua maior dimensão


14 Linhas elétricas
transversal, utilizado para transportar energia elétrica ou transmitir
sinais elétricos.
A NBR 5410 traz uma série de prescrições relativas às
• condutor isolado é o fio ou cabo dotado apenas de isolação, sendo
instalações de baixa tensão, que incluem os tipos de linhas
que essa pode ser constituída por uma ou mais camadas.
elétricas admitidas, as características dos cabos de baixa tensão
• eletrocalha: elemento de linha elétrica fechada e aparente,
e seus acessórios, além dos barramentos blindados, a escolha das
constituído por uma base com cobertura desmontável, destinado a
linhas elétricas de acordo com as influências externas, aspectos de
envolver por completo condutores elétricos providos de isolação,
conexões elétricas e diversas considerações sobre as instalações
permitindo também a acomodação de certos equipamentos elétricos.
propriamente ditas dos cabos.
As calhas podem ser metálicas (aço, alumínio) ou isolantes (plástico);
As linhas elétricas são tratadas na NBR 5410 nos itens indicados
as paredes podem ser lisas ou perfuradas e a tampa simplesmente
na Tabela 19.
encaixada ou fixada com auxílio de ferramenta.
Tabela 19 - Itens da NBR 5410 sobre linhas elétricas
• eletroduto: elemento de linha elétrica fechada, de seção circular ou
Prescrições Medidas de Seleção e
fundamentais proteção instalação não, destinado a conter condutores elétricos providos de isolação,
3.4 5.1.2.3 / 5.2.2.2 6.1.5.2 / 6.2 permitindo tanto a enfiação como a retirada destes. Na prática, o termo
se refere tanto ao elemento (tubo), como ao conduto formado por
diversos tubos. Os eletrodutos podem ser metálicos (aço, alumínio)
14.1Terminologia ou de material isolante (PVC, polietileno, fibro-cimento etc.). São
usados em linhas elétricas embutidas, subterrâneas ou aparentes.
A terminologia adotada para as linhas elétricas está baseada na • escada ou leito para cabos: suporte de cabos constituído por uma
NBR IEC 60050 (826):1997 - Vocabulário eletrotécnico brasileiro base descontínua, formada por travessas ligadas rigidamente a duas
- capítulo 826: Instalações elétricas em edificações, e alguns termos longarinas longitudinais, sem cobertura.
definidos na própria NBR 5410. • espaço de construção: espaço existente na estrutura ou nos componentes
de uma edificação, acessível apenas em determinados pontos.
• armação de um cabo: é o elemento metálico que protege o cabo • fio: é um produto metálico, maciço e flexível, de seção transversal
contra esforços mecânicos. invariável e de comprimento muito maior que a sua seção transversal.
• bandeja: suporte de cabos constituído por uma base contínua, com Os fios, geralmente de forma cilíndrica, podem ser usados diretamente
rebordos e sem cobertura, podendo ser perfurada ou não (lisa). como condutores elétricos (com ou sem isolação) ou para a fabricação 69
• bloco alveolado: bloco de construção com um ou mais furos que, de ‘condutores encordoados’.
por justaposição, formam um ou mais condutos. • galeria: corredor cujas dimensões permitem que pessoas transitem
• cabo multiplexado: é um cabo formado por dois ou mais condutores livremente por ele em toda a sua extensão, contendo estruturas de
isolados ou por cabos unipolares, dispostos helicoidalmente, sem cobertura. suporte para os condutores e suas junções e/ou outros elementos de
• cabo multipolar: é constituído por dois ou mais cabos isolados e linhas elétricas.
dotado, no mínimo, de cobertura. • linha (elétrica): conjunto constituído por um ou mais condutores,
• cabo unipolar: é um cabo isolado dotado de cobertura. com os elementos de sua fixação e suporte e, se for o caso, de
• cabo: é o conjunto de fios encordoados, isolados ou não entre si, proteção mecânica, destinado a transportar energia elétrica ou a
podendo o conjunto ser isolado ou não. transmitir sinais elétricos.
• caixa de derivação: é uma caixa utilizada para passagem e/ou • linha aberta: linha em que os condutores são circundados por ar
ligações de condutores entre si e/ou dispositivos nela instalados. ambiente não confinado.
Espelho é a peça que serve de tampa para uma caixa de derivação ou • linha aérea: linha (aberta) em que os condutores ficam elevados
de suporte e remate para dispositivos de acesso externo. em relação ao solo e afastados de outras superfícies que não os
• canaleta: elemento de linha elétrica instalado ou construído no respectivos suportes.
solo ou no piso, ou acima do solo ou do piso, aberto, ventilado ou • linha aparente: linha em que os condutos ou os condutores não estão
fechado, com dimensões insuficientes para a entrada de pessoas, mas embutidos.
que permitem o acesso aos condutores ou eletrodutos nele instalados, • linha em parede ou no teto: linha aparente em que os condutores
em toda a sua extensão, durante e após a instalação. Uma canaleta ficam na superfície de uma parede ou de um teto, ou em sua
pode ser parte, ou não, da construção da edificação. proximidade imediata, dentro ou fora de um conduto; considera-se
• cobertura de um fio ou cabo: é um invólucro externo não metálico e que a distância entre o conduto ou o cabo e a parede ou teto seja
contínuo, sem função de isolação, destinado a proteger o fio ou cabo inferior a 0,3 vezes o diâmetro externo ou a maior dimensão externa
contra influências externas. do conduto ou cabo, conforme o caso.
• condulete: é uma caixa de derivação para linhas aparentes, dotada • linha embutida: linha em que os condutos ou os condutores estão
de tampa própria. são encerrados localizados nas paredes ou na estrutura do prédio da
NBR 5410

• conduto elétrico: elemento de linha elétrica destinado a conter edificação, e acessível apenas em pontos determinados.
condutores elétricos. • linha pré-fabricada: é uma linha elétrica constituída por peças em
• condutor elétrico: é o produto metálico, geralmente de forma tamanhos padronizados, contendo condutores de seção maciça com
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Figura 73 – Tipos de cabos elétricos

proteção mecânica, que se ajustam entre si no local da instalação. todos os pavimentos da edificação.
Os barramentos blindados (busways) são exemplos de linhas pré- • prateleira para cabos: suporte contínuo para condutores, engastado
fabricadas. ou fixado em uma parede ou teto por um de seus lados, e com uma
• linha pré-fabricada: linha constituída construída por peças em de borda livre.
tamanhos padronizados, contendo condutores de seção maciça com • suportes horizontais para cabos: suportes individuais espaçados
proteção mecânica, que se encaixam ajustam entre si no local da entre si, nos quais é fixado mecanicamente um cabo ou um eletroduto.
instalação.
• linha subterrânea: linha construída com cabos isolados, enterrados 14.2 Tipos de linhas elétricas
diretamente no solo ou instalados em condutos subterrâneos
enterrados no solo; Os tipos de linhas elétricas admitidos pela NBR 5410 estão
70 • moldura: conduto aparente, fixado ao longo de superfícies, indicados na tabela 33 da norma.
compreendendo uma base fixa, com ranhuras para a colocação de Na tabela 33 da norma, os cabos elétricos são divididos
condutores e uma tampa desmontável. Quando fixada junto ao ângulo em três famílias, conforme Figura 74: condutores isolados,
parede/piso, a moldura é também denominada “rodapé”. cabos unipolares e cabos multipolares (ver definição em 14.1
• perfilado: eletrocalha ou bandeja de dimensões transversais deste guia).
reduzidas. Um dos tipos mais comuns de perfilados tem a dimensão Os condutos são divididos em duas famílias, conforme Figura
38 x 38 mm. 74: condutos abertos e condutos fechados (ver definição em 14.1
• poço: espaço de construção vertical, estendendo-se geralmente por deste guia).
NBR 5410

Figura 74 – Tipos de condutos


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O resumo da tabela 33 da NBR 5410 é que os condutores isolados Os condutores isolados, cabos unipolares ou veias de cabos
(providos unicamente de isolação) devem ser instalados unicamente multipolares de baixa tensão devem ser identificados conforme essa
dentro de condutos fechados, ao passo que cabos unipolares e função por anilhas, etiquetas ou outro meio indelével qualquer. Em
multipolares (que possuem cobertura) podem ser utilizados em caso de identificação por cor, devem ser usadas as cores indicadas
condutos abertos, condutos fechados, diretamente fixados, etc. na Tabela 20.
A lógica desta regra é que a cobertura dos cabos unipolares e
multipolares oferece uma proteção adequada da isolação contra 14.4 Cabos elétricos de baixa tensão
as influências externas normais (sobretudo sob o ponto de vista
mecânico), enquanto que, nos condutores isolados, não há nenhum 14.4.1 Construção
tipo de proteção para a isolação. Neste caso, após a instalação, a
isolação deverá ser protegida pelos condutos fechado (é como se A construção típica de condutores elétricos de baixa tensão é
o conduto fechado no caso do condutor isolado fizesse o papel da aquela mostrada na Figura 76.
cobertura nos cabos unipolares e multipolares). A única exceção a
essa regra acontece, sob certas condições muito específicas, com Condutor Condutor
canaletas e perfilados sem tampa (condutos abertos), que são tratados isolado Isolação
mais adiante neste guia.

14.3 Identificação das linhas elétricas Condutor


Cabo
unipolar
Em 6.1.5.2, a NBR 5410 prescreve que as linhas elétricas devem
Isolação
ser dispostas ou marcadas de modo a permitir sua identificação
quando da realização de verificações, ensaios, reparos ou Cabo
multipolar Cobertura
modificações da instalação. Isso pode ser conseguido, por exemplo,
pela padronização das cores da tubulação para cada tipo de linha
(média tensão, baixa tensão, comando, etc.) ou pela instalação em Figura 76 – Construção típica de cabos de baixa tensão

condutos (leitos, eletrocalhas, etc.) colocados em diferentes níveis


(alturas), conforme Figura 75. Condutor
71
O cobre e o alumínio são os dois metais mais utilizados na
fabricação de condutores elétricos, tendo em vista suas propriedades
elétricas e mecânicas, bem como seu custo. Ao longo dos anos, o cobre
tem sido o mais usado em condutores providos de isolação, enquanto
que o alumínio é mais empregado em condutores nus para redes aéreas.
Segundo as normas técnicas de condutores elétricos, o cobre
utilizado deve ter pureza de cerca de 99,99%, enquanto que a
pureza do alumínio é em torno de 99,5%.

Isolação

As isolações de todos os cabos de baixa tensão são


Figura 75 – Disposição das linhas elétricas conforme 6.1.5.2 da NBR 5410 constituídas por materiais sólidos termoplásticos (cloreto de

Tabela 20 - Cores de identificação de cabos elétricos

Função Cor Observação


A veia com isolação azul-clara de um cabo multipolar pode ser usada para outras
Neutro Azul-claro funções, que não a de condutor neutro, se o circuito não possuir condutor neutro
ou se o cabo possuir um condutor periférico utilizado como neutro.
Condutor de proteção (PE) Verde-amarelo ou verde Na falta da dupla coloração verde-amarela, admite-se o uso apenas da cor
verde.
Condutor de proteção Com identificação verde-amarela nos pontos visíveis ou acessíveis, na veia
Azul-claro
combinado com neutro (PEN) do cabo multipolar ou na cobertura do cabo unipolar.
NBR 5410

Qualquer cor, exceto azul-claro, Por razões de segurança, não deve ser usada a cor de isolação
Fases verde-amarelo ou verde exclusivamente amarela onde existir o risco de confusão com a dupla
coloração verde-
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polivinila e polietileno) ou termofixos (borracha etileno-propileno presença de fauna (roedores, cupins – AL), radiação solar (NA), e
e polietileno reticulado). condição de fuga das pessoas em emergência (BD)
Entre as características comuns a todos os materiais isolantes O PVC é o material de cobertura mais econômico e com
sólidos estão: resistência suficiente para o uso corrente na maioria das aplicações,
porém emite uma quantidade apreciável de fumaça, gases tóxicos
• Homogeneidade da isolação e boa resistência ao envelhecimento e corrosivos quando queima. O polietileno (pigmentado com negro
em serviço; de fumo para torná-lo resistente à luz solar) é frequentemente
• Ausência de escoamento; utilizado nas instalações em ambientes com alto teor de ácidos,
• Insensibilidade às vibrações; bases ou solventes orgânicos, assim como em instalações sujeitas às
• Bom comportamento ao fogo. intempéries. Nas aplicações onde são necessárias as características
de baixa emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos são
A seguir são apresentadas as características específicas de cada utilizados os materiais não halogenados na cobertura dos cabos de
um dos materiais isolantes sólidos mencionados. média tensão.
Em algumas situações, dependendo das influências externas
• Cloreto de polivinila (PVC): sua rigidez dielétrica é elevada, (particularmente para proteção mecânica), pode ser necessário
porém menor do que a de outros isolantes; suas perdas dielétricas incluir no cabo de baixa tensão uma proteção metálica adicional
são elevadas, principalmente acima de 20 kV; sua resistência aos com função de armação. As armações mais usuais são compostas
agentes químicos em geral é muito boa; tem boa resistência à água; por fitas planas de aço, aplicadas helicoidalmente; ou fitas de aço
não propaga a chama, mas sua combustão emite grande quantidade ou alumínio, aplicadas transversalmente, corrugadas e intertravadas
de fumaça, gases corrosivos e tóxicos. (interlocked). As armações com fios de aço são recomendadas
• Borracha etileno-propileno (EPR): excelente rigidez dielétrica; quando se deseja atribuir ao cabo resistência aos esforços de tração.
sua flexibilidade é muito grande, mesmo a temperaturas baixas;
apresenta uma resistência excepcional às descargas e radiações 14.4.2 Tensão nominal dos cabos de baixa tensão
ionizantes, mesmo a quente; suas perdas (no dielétrico) são
baixas nas misturas destinadas aos cabos de média tensão; A tensão de isolamento nominal de um cabo é uma característica
possui uma resistência à deformação térmica que permite relacionada com o material isolante, com a espessura da isolação
temperaturas de 250 °C, durante os curtos-circuitos; possui boa e com as características de funcionamento do sistema (instalação)
72 característica no que diz respeito ao envelhecimento térmico, em que o cabo vai atuar. É indicada por dois valores de tensão
o que permite conservar densidades de corrente aceitáveis separados por uma barra, designados por Uo/U, onde Uo refere-se à
quando os cabos funcionam em temperatura ambiente elevada; tensão fase-terra e U à tensão fase-fase, em volts.
apresenta baixa dispersão da rigidez dielétrica e é praticamente Os valores normalizados de tensão de isolamento nominal na
isento do treeing (fenômeno de formação de arborescências baixa tensão são: 300/300 V; 300/500 V; 450/750 V; 0,6/1 kV.
no material, provocando descargas parciais localizadas e sua
consequente deterioração); 14.4.3 Normas técnicas dos cabos de baixa tensão
• Polietileno reticulado (XLPE): excelente rigidez dielétrica;
apresenta uma resistência à deformação térmica bastante satisfatória Todos os condutores devem ser providos, no mínimo, de
em temperaturas de até 250 °C; a reticulação do polietileno permite isolação, a não ser quando o uso de condutores nus ou providos
a incorporação de cargas minerais e orgânicas utilizadas para apenas de cobertura for expressamente permitido.
melhorar o comportamento mecânico, a resistência às intempéries As normas técnicas dos cabos admitidos pela NBR 5410 estão
e, sobretudo, o comportamento ao fogo; apresenta dispersão indicados na Tabela 21.
relativamente alta da rigidez dielétrica, bem como o fenômeno do Tabela 21 - Tipos de cabos admitidos pela NBR 5410
treeing com alguma frequência (mas isso pode ser contornado com Sem Isolação Isolação Isolação Cabo não
revestimento em PVC em EPR em XLPE halogenado
misturas especiais de XLPE).
Condutores
de cobre sem
Cobertura
isolação (fios
e cabos nus ou NBR 6524 ---x--- ---x--- ---x--- ---x---
Os cabos unipolares e multipolares de baixa tensão são com cobertura
protegidos com uma cobertura de PVC, polietileno, neoprene, protetora)
polietileno clorossulfonado, material não halogenado (com baixa
emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos), dentre outros Condutor ---x--- NBR ---x--- ---x--- NBR
materiais. isolado NM 247-3 13248
A escolha do tipo de material da cobertura é função das Cabo unipolar ---x--- NBR 7288 NBR 7286 NBR 7287 NBR
NBR 5410

influências externas (ver 13.1.3 deste guia) a que o cabo estará ou multipolar (formato redondo) NBR 7285 13248
NBR 8661
submetido, principalmente no que se refere à presença de água
(formato plano)
(AD), substâncias corrosivas (AF), solicitações mecânicas (AG),
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exemplo, que um condutor fabricado com sucata de cobre, com


14.4.4 Condutores de cobre ou alumínio? metade da condutividade ideal, deveria ter o dobro da seção
de um condutor puro, para que ambos conduzissem a mesma
14.4.4.1 Aspectos técnicos corrente elétrica. Essa colocação é apenas um alerta, uma vez
que é proibido, por norma, fabricar condutores elétricos com
As três principais diferenças técnicas entre o cobre e purezas inferiores às indicadas.
o alumínio no que diz respeito à fabricação de condutores
elétricos são: condutividade elétrica, peso e conexões. Peso

C ondutividade elétrica A densidade do alumínio é de 2,7 g/cm3 e a do cobre de 8,9


g/cm3. Calculando-se a relação entre o peso de um condutor de
A grandeza que expressa a capacidade que um material tem cobre e o peso de um condutor de alumínio, ambos transportando
de conduzir a corrente elétrica é chamada de condutividade a mesma corrente elétrica, verifica-se que, apesar de o condutor
elétrica. Ao contrário, o número que indica a propriedade que de alumínio possuir uma seção cerca de 60% maior, seu peso é
os materiais possuem de dificultar a passagem da corrente é da ordem da metade do peso do condutor de cobre.
chamado de resistividade elétrica. A partir dessa realidade física, estabeleceu-se uma divisão
Segundo a norma “International Annealed Copper clássica entre a utilização do cobre e do alumínio nas redes
Standard” (IACS), adotada em praticamente todos os países, elétricas. Quando o maior problema em uma instalação
é fixada em 100% a condutividade de um fio de cobre envolver o peso próprio dos condutores, prefere-se o alumínio
de 1 metro de comprimento com 1 mm 2 de seção e cuja por sua leveza. Esse é o caso das linhas aéreas em geral, onde
resistividade a 20 oC seja de 0,01724 W.mm 2/m (a resistividade as dimensões de torres e postes e os vãos entre eles dependem
e a condutividade variam com a temperatura ambiente) . diretamente do peso dos cabos por eles sustentados. Por outro
Dessa forma, esse é o padrão de condutividade adotado, o que lado, quando o principal aspecto não é peso, mas é o espaço
significa que todos os demais condutores, sejam em cobre, ocupado pelos condutores, escolhe-se o cobre por possuir um
alumínio ou outro metal qualquer, têm suas condutividades menor diâmetro. Essa situação é encontrada nas instalações
sempre referidas a aquele condutor. A Tabela 22 ilustra essa internas, onde os espaços ocupados pelos eletrodutos,
relação entre condutividades. eletrocalhas, bandejas e outros são importantes na definição da
arquitetura do local. 73
Tabela 22 – Condutividades elétricas relativas do cobre e alumínio
Deve-se ressaltar que, embora clássica, essa divisão entre a
Material Condutividade relativa IACS (%) utilização de condutores de cobre e alumínio possui exceções,
cobre mole 100,0 devendo ser cuidadosamente analisada em cada caso.
cobre meio-duro 97,7 Conexões
cobre duro 97,2 Uma das diferenças mais marcantes entre cobre e alumínio
alumínio 60,6 está na forma como se realizam as conexões entre condutores
ou entre condutor e conector.
O cobre não apresenta requisitos especiais quanto ao
A Tabela 22 pode ser entendida da seguinte forma: o assunto, sendo relativamente simples realizar as ligações dos
alumínio, por exemplo, conduz 39,4% (100 - 60,6) menos condutores de cobre.
corrente elétrica que o cobre mole. Na prática, isso significa No entanto, o mesmo não ocorre com o alumínio. Quando
que, para conduzir a mesma corrente, um condutor em exposta ao ar, a superfície do alumínio é imediatamente
alumínio precisa ter uma seção aproximadamente 60% maior recoberta por uma camada invisível de óxido, de difícil
que a de um fio de cobre mole. Por exemplo, um condutor de remoção e altamente isolante. Assim, em condições normais,
10 mm2 de cobre tem seu equivalente em alumínio com seção se encostarmos um condutor de alumínio em outro não haveria
aproximadamente 10 x 1,6 = 16 mm2. um adequado contato elétrico entre eles.
Essa equivalência é aproximada porque a relação entre as Nas conexões em alumínio, um bom contato somente
seções não é apenas geométrica e também depende de alguns será conseguido se rompermos essa camada de óxido, o
fatores que consideram certas condições de fabricação do que é conseguido apenas com a utilização de ferramentas e
condutor, tais como eles serem nus ou recobertos, sólidos ou conectores específicos e mão de obra treinada. Além disso,
encordoados, etc. quase sempre são empregados compostos que inibem a
Para que o cobre apresente as condutividades indicadas na formação de uma nova camada de óxido, uma vez removida
Tabela 22, é fundamental que sua pureza seja de, no mínimo, a camada anterior. Como visto a seguir, é por causa desta
99,99% e o alumínio de 99,5%. Qualquer tipo de contaminação necessidade de materiais específicos e pessoal altamente
NBR 5410

do metal, como aquela presente nas sucatas, causa uma qualificado para lidar com as conexões em alumínio que a
queda significativa na sua condutividade. Em certos casos, NBR 5410 impõe várias restrições ao uso de fios e cabos
essa redução pode chegar quase à metade. Isso implica, por elétricos com este condutor.
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Aspectos normativos elétricas em áreas descobertas das propriedades, externas


às edificações. Isto deixa claro que as redes externas, tais
Inicialmente, é importante notar que, em 6.2.2.3 da NBR como aquelas destinadas à iluminação, força, alimentadores
5140 indica-se que as linhas pré-fabricadas (barramentos de quadros, bombas, etc., também estão sujeitas às mesmas
blindados) devem atender à NBR IEC 60439-2, ser instalados de restrições ao uso de alumínio que as redes internas das
acordo com as instruções do fabricante e atender às prescrições edificações.
de 6.2.4, 6.2.7, 6.2.8 e 6.2.9. Com isto, fica claro que todas É o caso, por exemplo, de um sítio de lazer, onde o padrão
as prescrições do item 6.2.3 Condutores não se aplicam aos de entrada da concessionária está a 200 metros do quadro geral
barramentos blindados (busways), ficando restritas aos fios e e uma linha elétrica, aérea ou subterrânea, precisa ser levada
cabos elétricos isolados, unipolares e multipolares. da caixa de medição situada na divisa do terreno com a rua até
Desta forma, encontram-se referências ao uso dos dois o quadro situado no interior da casa (Figura 77). Por se tratar
metais em 6.2.3.7 da NBR 5410, que prescreve que os de uma propriedade residencial, a NBR 5410 terminantemente
condutores utilizados nas linhas elétricas devem ser de cobre proíbe o uso de fios ou cabos elétricos com condutor de
ou alumínio, porém o texto da norma prossegue sem restrições alumínio. Note que, se uma rede aérea for utilizada neste
ao cobre, porém traz as seguintes restrições ao emprego do caso, ela deverá ser com condutores de cobre, ao contrário da
alumínio: maioria das redes aéreas usuais que utilizam alumínio.

• Em 6.2.3.8.1 diz-se que somente podem ser utilizados Aspecto econômico

condutores de alumínio em estabelecimentos industriais desde


que a seção dos cabos seja maior ou igual a 16 mm2, exista uma Entendidas as diferenças técnicas entre os dois metais e
subestação ou fonte própria e a instalação e manutenção sejam atendidas as prescrições normativas anteriormente descritas,
realizadas por pessoal qualificado (BA5). naqueles casos em que ambos os metais forem possíveis de ser
• Em 6.2.3.8.2 diz-se que somente podem ser utilizados utilizados, resta ao especificador fazer um estudo econômico
condutores de alumínio em estabelecimentos comerciais desde comparativo entre fios e cabos em cobre e alumínio, concluindo
que a seção dos cabos seja maior ou igual a 50 mm2, os locais então, sob este aspecto, qual a melhor escolha no caso específico.
sejam exclusivamente BD1 e a instalação e manutenção sejam
realizadas por pessoal qualificado (BA5). 14.5 Escolha das linhas elétricas de acordo com as

74 • Em 6.2.3.8.3, concluem-se as restrições com a proibição total influências externas

do uso de alumínio em locais BD4 (concentração de público).


14.5.1 G eral
Embora não esteja explícito, o texto deixa evidente
a proibição total do uso de condutores de alumínio em Em 6.2.4, a NBR 5410 trata da escolha das linhas elétricas
instalações residenciais (casas e edifícios), uma vez, como em função das influências externas significativas presentes na
vimos anteriormente, apenas permite, com restrições, o uso instalação.
deste metal em estabelecimentos industriais e comerciais. A tabela 34 da NBR 5410 (Tabela 23 deste guia) apresenta
Adicione-se a estas informações o requisito de 1.2.1, que várias influências externas e suas respectivas exigências
estabelece que a NBR 5410 aplica-se também às instalações específicas em relação aos cabos e aos condutos.
NBR 5410

Figura 77 - Exmplo de proibição de uso de condutor de alumínio


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Tabela 23 - Características dos componentes da instalação em função das influências externas

Código Classificação Seleção e instalação das linhas


A - Condições ambientais (4.2.6.1) AA = Temperatura ambiente (4.2.6.1.1)

AA1 - 60°C + 5°C Sob temperaturas inferiores a - 10°C, os condutores ou cabos com
AA2 - 40°C + 5°C isolação e/ou cobertura de PVC, bem como os condutos de PVC não
AA3 - 25°C + 5°C devem ser manipulados nem submetidos a esforços mecânicos, visto
AA4 - 5°C + 40°C que o PVC pode tornar-se quebradiço
AA5 + 5°C + 40°C Quando a temperatura ambiente (ou do solo) for superior aos valores
AA6 + 5°C + 60°C de referência (20°C para linhas subterrâneas e 30°C para as demais),
AA7 - 25°C + 55°C as capacidades de condução de corrente dos condutores e cabos
AA8 - 50°C + 40°C isolados devem ser reduzidas de acordo com 6.2.5.3.3
AC - Altitude (4.2.6.1.3) (sem influência)
AD1 Desprezível O uso de molduras em madeira só é permitido em AD1
AD2 Gotejamento Nas condições AD3 a AD6 só devem ser usadas linhas com
AD3 Precipitação proteção adicional à penetração de água, com os graus IP
AD4 Aspersão adequados, em princípio sem revestimento metálico externo
AD5 Jatos Os cabos uni e multipolares dotados de cobertura extrudada
AD6 Ondas podem ser usados em qualquer tipo de linha, mesmo com
AD7 Imersão condutos metálicos
Cabos uni e multipolares com isolação resistente à água (por
exemplo, EPR e XLPE)
AD8 Submersão Cabos especiais para uso submerso
AE - Presença de corpos sólidos (4.2.6.1.5)
AE1 Desprezível Nenhuma limitação
AE2 Pequenos objetos Nenhuma limitação, desde que não haja exposição a danos mecânicos
AE3 Objetos muito pequenos Nenhuma limitação
AE4 Poeira leve Podem ser necessárias precauções para evitar que a deposição de
AE5 Poeira moderada poeira ou outras substâncias chegue ao ponto de prejudicar a
75
AE6 Poeira intensa dissipação térmica das linhas elétricas. Isso inclui a seleção de um
método de instalação que facilite a remoção da poeira
AF - Presença de substâncias corrosivas ou poluentes (4.2.6.1.6)
AF1 Desprezível Nenhuma limitação
AF2 Atmosférica As linhas devem ser protegidas contra corrosão ou contra agentes
AF3 Intermitente químicos; os cabos uni e multipolares com cobertura extrudada são
considerados adequados; os condutores isolados só podem ser
usados em eletrodutos que apresentem resistência adequada aos
agentes presentes
AF4 Permanente Só é admitido o uso de cabos uni ou multipolares adequados aos
agentes químicos presentes
AG - Choques mecânicos (4.2.6.1.7)
AG1 Fracos Nenhuma limitação
AG2 Médios Linhas com proteção leve; os cabos uni e multipolares usuais são
considerados adequados; os condutores isolados podem ser usados
em eletrodutos que atendam às ABNT NBR 5624 e ABNT NBR 6150
Linhas com proteção reforçada; os cabos uni e multipolares providos
AG3 Severos de armação metálica são considerados adequados; os condutores
isolados podem ser usados em eletrodutos que atendam às
ABNT NBR 5597 e ABNT NBR 5598
AH - Vibrações (4.2.6.1.7)
AH1 Fracas Nenhuma limitação
AH2 Médias Podem ser necessárias linhas flexíveis
NBR 5410

AH3 Severas Só podem ser utilizadas linhas flexíveis constituídas por cabos
uni ou multipolares flexíveis ou condutores isolados flexíveis em
eletroduto flexível
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Código Classificação Seleção e instalação das linhas


AK - Presença de flora ou mofo (4.2.6.1.8)
AK1 Desprezível Nenhuma limitação
AK2 Prejudicial Deve ser avaliada a necessidade de se utilizar:
- cabos providos de armação, se diretamente enterrados
- condutores isolados em condutos com grau de proteção adequado
- materiais especiais ou revestimento adequado protegendo cabos
ou eletrodutos
AL - Presença de fauna (4.2.6.1.9)
AL1 Desprezíve Nenhuma limitação
AL2 Prejudicial Linhas com proteção especial. Se existir risco devido à presença
de roedores e cupins, deve ser usada uma das soluções:
- cabos providos de armação
- condutores isolados em condutos com grau de proteção adequado
- materiais especialmente aditivados ou revestimento adequado
em cabos ou eletrodutos
AN - Radiação solar (4.2.6.1.11)
AN1 Desprezível Nenhuma limitação
AN2 Média Os cabos ao ar livre ou em condutos abertos devem ser
AN3 Alta resistentes às intempéries. A elevação da temperatura da
superfície dos condutores ou cabos deve ser levada em conta nos
cálculos da capacidade de condução de corrente
B –– Utilizações
BA - Competência das pessoas (4.2.6.2.1) (sem influência)
BB - Resistência elétrica do corpo humano (4.2.6.2.2)

BB1 Alta Nenhuma limitação


76 BB2 Normal
BB3 Baixa Ver 5.1 e seção 9
BB4 Muito Baixa
BC - Contato das pessoas com o potencial da terra (4.2.6.2.3)
BC1 Nulo Nenhuma limitação
BC2 Raro
BC3 Frequente Ver 5.1 e seção 9
BC4 Contínuo
BD - Fuga das pessoas em emergência (4.2.6.2.4)
BD1 Normal Nenhuma limitação
BD2 Longa
BD3 Tumultuada Ver 5.2.2.2
BD4 Longa e tumultuada
BE - Natureza dos materiais processados ou armazenados (4.2.6.2.5)
BE1 Riscos desprezíveis Nenhuma limitação
BE2 Riscos de incêndio Ver 5.2.2.3
BE3 Riscos de explosão Linhas protegidas por escolha adequada da maneira de instalar
BE4 Riscos de contaminação (para BE3, ver ABNT NBR 9518)
C - Construção das edificações
CA - Materiais de construção (4.2.6.3.1)

CA1 Não-combustíveis Nenhuma limitação


CA2 Combustíveis Ver 5.2.2.4
CB - Estrutura das edificações (4.2.6.3.2)
CB1 Riscos desprezíveis Nenhuma limitação
NBR 5410

CB2 Sujeitas à propagação de incêndio Ver 5.2.2.5


CB3 Sujeitas a movimentação Linhas flexíveis ou contendo juntas de dilatação e de expansão
CB4 Flexíveis Linhas flexíveis
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Tabela 24 - Condições de fuga das pessoas em emergências

Código Classificação Características Aplicações e exemplos1)


BD1 Normal Baixa densidade de Edificações residenciais com altura inferior a 50 m e edificações
ocupação Percurso de fuga breve nãoresidenciais com baixa densidade de ocupação e altura inferior a 28 m
Baixa densidade de ocupação Edificações residenciais com altura superior a 50 m e edificações
BD2 Longa Percurso de fuga longo nãoresidenciais com baixa densidade de ocupação e altura
superior a 28 m
Alta densidade de ocupação Locais de afluência de público (teatros, cinemas, lojas de
BD3 Tumultuada Percurso de fuga breve departamentos, escolas, etc.); edificações nãoresidenciais
com alta densidade de ocupação e altura inferior a 28 m
Locais de afluência de público de maior porte (shopping
centers, grandes hotéis e hospitais, estabelecimento de ensino
BD4 Longa e Alta densidade de ocupação ocupando diversos pavimentos de uma edificação, etc.);
tumultuada Percurso de fuga longo edificações nãoresidenciais com alta densidade de ocupação e
altura superior a 28 m
NOTA As aplicações e exemplos destinam-se apenas a subsidiar a avaliação de situações reais, fornecendo elementos mais qualitativos do que quantitativos. Os códigos locais de segurança contra
incêndio e pânico podem conter parâmetros mais estritos. Ver também ABNT NBR 13570.

ser considerado linha elétrica embutida quando possuir grau


14.5.2 A s linhas elétricas e a proteção contra incêndios de proteção IP5X, no mínimo, for acessível somente através
do uso de chave ou ferramenta e observar os requisitos de
Nos locais classificados como BD2, BD3 e BD4 (tabela 21 6.2.9.6.8 da norma (ver 14.6.5 deste guia).
da NBR 5410 reproduzida na Tabela 24 deste guia), estabelece- Nesses locais, no caso das linhas aparentes e as linhas no
se em 5.2.2.2.2 que as linhas elétricas (embutidas e aparentes) interior de paredes ocas ou de outros espaços de construção
não devem ser dispostas em rota de fuga, a menos que a devem atender a uma das seguintes condições:
linha elétrica não venha a propagar e nem contribuir para a
propagação de um incêndio e que a linha elétrica não venha a) no caso de linhas constituídas por cabos fixados em paredes
a atingir temperatura alta o suficiente para inflamar materiais ou em tetos, os cabos devem ser não-propagantes de chama,
adjacentes. Se aparente, a linha deve ser posicionada fora da livres de halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases 77
zona de alcance normal ou possuir proteção contra os danos tóxicos;
mecânicos que possam ocorrer durante uma fuga. b) no caso de linhas constituídas por condutos abertos, os cabos
Em 5.2.2.2.3, prescreve-se que, em áreas comuns, em devem ser não-propagantes de chama, livres de halogênio e
áreas de circulação e em áreas de concentração de público, em com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos. Já os condutos,
locais BD2, BD3 e BD4, as linhas elétricas embutidas devem caso não sejam metálicos ou de outro material incombustível,
ser totalmente imersas em material incombustível. Para efeito devem ser não-propagantes de chama, livres de halogênio e
desta prescrição, um poço (espaço de construção vertical) pode com baixa emissão de fumaça e gases tóxicos (Figura 78);

NBR 5410

Figura 78 – Locais BD com condutos abertos


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Figura 79 – Locais BD com condutos abertos

c) no caso de linhas em condutos fechados, os condutos que não escolas, etc., são locais “BDX”, os quais possuem áreas privadas,
sejam metálicos ou de outro material incombustível devem ser não- sem acesso ao grande público (escritório, cozinha, lavanderia,
propagantes de chama, livres de halogênios e com baixa emissão de camarins, etc.) e áreas comuns, de circulação e de concentração de
fumaça e gases tóxicos. Na primeira hipótese (condutos metálicos público (Figura 80). No primeiro caso valem as regras gerais da
ou de outro material incombustível), podem ser usados condutores NBR 5410 e no segundo caso é onde de fato valem as prescrições
e cabos apenas não-propagantes de chama; na segunda, devem ser específicas acima.
usados cabos não-propagantes de chama, livres de halogênio e com Para efeito de escolha dos condutores, o item 6.2.3.5 da
78 baixa emissão de fumaça e gases tóxicos (Figura 79). NBR 5410 esclarece que os cabos não-propagantes de chama,
Note-se que o texto menciona algumas “áreas” em “locais livres de halogênio e com baixa emissão de fumaça e gases
BD2, BD3 e BD4”. Ou seja, hospitais, hotéis, teatros, cinemas, tóxicos devem atender a NBR 13248.
NBR 5410

Figura 80 - Exemplo de local BD4


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voz, e sinais em geral (Faixa II), alguns comandos e controles em


14.6 Instalação de cabos elétricos de baixa tensão 12, 24 ou 48 V (faixa II).
As exceções a essa regra são os casos de, em condutos abertos
As diversas condições de instalação dos cabos elétricos de baixa ou fechados, quando todos os condutores são isolados para a
tensão são tratadas em 6.2.9, 6.2.10 e 6.2.11 da NBR 5410. tensão mais elevada presente; ou, quando os condutores com
isolação apenas suficiente para a aplicação a que se destinam
14.6.1 Travessias de paredes forem instalados em compartimentos separados de um conduto ser
compartilhado (usando-se septos de separação, por exemplo).
Nas travessias de paredes, as linhas elétricas devem
ser providas de proteção mecânica adicional, exceto se sua 14.6.4 B arreiras corta - fogo

robustez for o suficiente para garantir a integridade nos trechos


de travessia. Quando uma linha elétrica atravessar elementos da construção
Como se observa, a preocupação neste caso é garantir a tais como pisos, paredes, coberturas, tetos etc., as aberturas
integridade das linhas elétricas, permitindo qualquer tipo de remanescentes à passagem da linha devem ser obturadas de modo a
linha elétrica desde que ela seja robusta o suficiente para resistir preservar a característica de resistência ao fogo de que o elemento
aos esforços mecânicos que possam resultar da travessia das for dotado (Figuras 82 e 83). Essa prescrição aplica-se também às
paredes. Isso é conseguido, em geral, pela utilização de condutos linhas elétricas pré-fabricadas, tais como os barramentos blindados.
metálicos ou, quando não metálicos, com elevada resistência
mecânica a deformações.

14.6.2 Linhas elétricas x Linhas não-elétricas

Em 6.2.9.4.1, a distância entre as superfícies externas das linhas


elétricas e não-elétricas deve ser tal que as intervenções em uma
linha não danifiquem a outra (Figura 81).
A norma não indica nenhuma medida em particular, ficando a
critério do projetista/instalador determinar a distância que, a seu
critério, seja a mais adequada. Na falta de um melhor parâmetro, o 79
valor de 3 cm indicado na versão de 1997 da NBR 5410 poderia ser
uma boa sugestão. Figura 82 – Obturação em travessia de pisos
Em 6.2.9.4.3 está prescrito que não se admitem linhas elétricas
no interior de dutos de exaustão de fumaça ou de dutos de ventilação,
sendo que tais dutos são aqueles construídos em chapas. Os espaços
de construção utilizados como “plenuns” não são cobertos por esta
prescrição.
A norma não proíbe a convivência de linhas elétricas e não-
elétricas em nenhum local, mas oferece os critérios para que esta
convivência seja a mais segura possível.

Figura 83 – Obturação de travessia de paredes

Toda obturação deve atender às seguintes prescrições:


Figura 81 – Linhas elétricas x Linhas não elétricas

a) deve ser compatível com os materiais da linha elétrica com os


14.6.3 Linhas elétricas x Linhas elétricas quais deve ter contato;
b) deve permitir as dilatações e contrações da linha elétrica sem que
Como regra geral, circuitos sob tensões que se enquadrem isso reduza sua efetividade como barreira corta-fogo;
uma(s) na faixa I (tensão entre fases ≤ 50 Vca) e outra(s) na faixa II c) deve apresentar estabilidade mecânica adequada, capaz de
NBR 5410

(50 Vca < tensão entre fases ≤ 1000 Vca) definidas no anexo A da suportar os esforços que podem sobrevir de danos causados pelo
norma não devem compartilhar a mesma linha elétrica. São os casos fogo aos meios de fixação e de suporte da linha elétrica. Essa
das linhas de energia (faixa II), linhas de telefonia, dados, internet, prescrição é considerada atendida se a fixação da linha elétrica
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for reforçada com grampos, abraçadeiras ou suportes, instalados a


não mais de 750 mm da obturação e capazes de suportar as cargas 14.6.5 Espaços de construção e galerias
mecânicas esperadas em consequência da ruptura dos suportes
situados do lado da parede já atingido pelo fogo e de tal forma Nos espaços de construção (poços/shafts, forros falsos,
que nenhum esforço seja transmitido à obturação. Ou então, se a pisos elevados, etc.), e nas galerias, devem ser tomadas
concepção da própria obturação garantir uma sustentação adequada, precauções adequadas para evitar a propagação de um
na situação considerada. incêndio.
As obturações devem poder suportar as mesmas influências Conforme a Tabela 32 da norma – Características dos
externas a que a linha elétrica está submetida e, além disso, devem componentes da instalação em função das influências externas,
ter uma resistência aos produtos de combustão equivalente à dos na classificação CB2, os componentes elétricos (e não elétricos)
elementos da construção nos quais forem aplicadas. Em geral, instalados em espaços de construção e galerias devem ser
devem ter uma resistência à chama direta de 750 °C por três horas constituídos de materiais não propagantes de chama ou devem
consecutivas. ser previstas barreiras corta-fogo (Figura 84) ou ainda podem ser
Devem ainda apresentar um grau de proteção contra penetração previstos detectores de incêndio.
de água pelo menos igual ao requerido dos elementos da construção Além disso, na Tabela 34 – Seleção e instalação de linhas
nos quais forem aplicadas e, finalmente, devem ser protegidas, tanto elétricas em função das influências externas, no caso de situações
quanto as linhas, contra gotas de água que, escorrendo ao longo CB2 (sujeitas à propagação de incêndio), as linhas elétricas em
da linha, possam vir a se concentrar no ponto obturado, a menos particular devem atender ao item 5.2.2.5, o qual reforça que
que os materiais utilizados sejam todos resistentes à umidade, devem ser tomadas precauções para que as instalações elétricas
originalmente e/ou após a finalização da obturação. não possam propagar incêndios (por exemplo, efeito chaminé),
Existem no mercado materiais específicos para a finalidade de podendo ser previstos detectores de incêndio que acionem
obturação (algumas “espumas”) ou, em certos casos, a aplicação de medidas destinadas a bloquear a propagação do incêndio como,
concreto magro ou de gesso como elemento de obturação podem por exemplo, o fechamento de registros corta-fogo (“dampers”)
ser consideradas. No entanto, é preciso reconhecer que obturação em dutos ou galerias.
de passagens não é especialidade de pessoas com formação na área Em particular, o item 6.2.9.6.8 da NBR 5410 prescreve que,
elétrica e, neste sentido, sempre deve ser consultado um especialista no caso de linhas elétricas dispostas em poços verticais (shafts)
no tema para definir a maneira mais adequada e os materiais mais atravessando diversos níveis, cada travessia de piso deve ser
80 apropriados para realizar a obturação. obturada de modo a impedir a propagação de incêndio.

Obturação de poço
NBR 5410

Figura 84 - Obturação de poço vertical


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14.6.6 Disposição dos condutores – aspectos gerais

As prescrições a seguir, baseadas em 6.2.10 da NBR 5410,


aplicam-se genericamente aos condutores e linhas elétricas.
Mais adiante serão tratados de casos de algumas linhas elétricas
específicas.

• Os condutos fechados (eletrodutos, eletrocalhas, canaletas com


Figura 85 – Não é permitido somente um cabo de média tensão unipolar em conduto
tampas, etc.) podem conter condutores de mais de um circuito, metálico
quando as três condições seguintes forem simultaneamente
atendidas: comprimento), a variação de impedância entre os cabos em paralelo
fica por conta da reatância indutiva (indutância própria + indutância
a) os circuitos pertencerem à mesma instalação, isto é, se mútua). A indutância própria também é aproximadamente a mesma
originarem do mesmo dispositivo geral de manobra e proteção, entre os cabos em paralelo, já que depende apenas da geometria
sem a interposição de equipamentos que transformem a corrente do cabo propriamente dita. No entanto, a reatância mútua depende
elétrica. do arranjo, ou seja, da forma como os cabos são instalados e da
b) as seções nominais dos condutores fase estiverem contidas distância entre eles.
dentro de um intervalo de três valores normalizados sucessivos. Por Quando são utilizados cabos tripolares em paralelo por fase,
exemplo, é permitido instalar no mesmo eletroduto (ou eletrocalha obtém-se uma geometria muito simétrica entre os condutores das
ou canaleta com tampa) cabos de média tensão de seções 50, 70 e diferentes fases que formam cada perna do conjunto em paralelo.
95 mm2, mas não é permitido instalar cabos 50, 70 e 120 mm2. Isso faz com que a distribuição de correntes entre os diversos cabos
c) os cabos tiverem a mesma temperatura máxima para em paralelo na mesma fase seja muito boa.
serviço contínuo. Assim, por exemplo, podem compartilhar O problema de distribuição desigual de corrente ocorre quando
o mesmo conduto fechado diferentes cabos isolados em PVC se utilizam cabos unipolares, uma vez que o arranjo dos cabos
(classe 70 ºC), assim como podem utilizar o mesmo conduto influencia de modo significativo a reatância mútua. Neste caso,
fechado cabos isolados em EPR e XLPE, pois ambos são classe sem realizar cálculos complexos de indutância mútua, as maneiras
90 ºC. No entanto, não se admite misturar no mesmo conduto práticas de conseguir a distribuição de corrente mais uniforme são 81
fechado cabos isolados em PVC e EPR ou XLPE, pois possuem aquelas indicada na Figura 86.
temperaturas de serviço diferentes.
14.6.7 Requisitos específicos para instalação eletrodutos
• Não é permitida a instalação de um único cabo unipolar no interior
de um conduto fechado de material condutor (metálico) (Figura 85). A instalação de condutores elétricos em eletrodutos deve atender
• Quando vários cabos forem reunidos em paralelo, eles devem ser a alguns requisitos particulares da NBR 5410 que dizem respeito,
reunidos em tantos grupos quantos forem os cabos em paralelo, com principalmente, ao número máximo de cabos em seu interior e à
cada grupo contendo um cabo de cada fase ou polaridade. Os cabos quantidade máxima permitida de curvas sem a instalação de caixas
de cada grupo devem estar instalados na proximidade imediata uns de passagem.
dos outros. Em particular, no caso de condutos fechados de material
condutor, todos os condutores vivos de um mesmo circuito devem 14.6.7.1Especificação
estar contidos em um mesmo conduto.
A NBR IEC 50(826) de 1997 define eletroduto como “elemento
Essa prescrição da norma visa obter o melhor equilíbrio de linha elétrica fechada, de seção circular ou não, destinado a
possível de corrente entre os diversos cabos, evitando assim que conter condutores elétricos providos de isolação, permitindo tanto
alguns sejam percorridos por mais correntes do que outros. Quando a enfiação como a retirada destes”.
isso acontece, há o risco de alguns cabos entrarem em sobrecarga, Em relação às normas técnicas brasileiras, encontram-se
enquanto que outros funcionarão com carga reduzida. Nas situações publicadas no momento da publicação deste guia os se-guintes
em que a proteção contra sobrecarga de todos os cabos em paralelo documentos mais importantes para eletrodutos:
é realizada por um único dispositivo, ele não irá atuar por conta
de sobrecargas em cabos individuais, uma vez que ele “enxerga” • NBR 5597:1995 - Eletroduto rígido de aço-carbono e acessórios
somente a corrente total do circuito. com revestimento protetor, com rosca ANSI/ASME B1.20.1 -
Desta forma, deve-se buscar uma divisão de corrente igual ou Especificação
muito próxima entre os cabos ligados em paralelo. Isso é conseguido • NBR 5598:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono com
NBR 5410

quando as impedâncias dos cabos em paralelo são aproximadamente revestimento protetor, com rosca NBR 6414 - Especificação
iguais. Como a resistência elétrica será praticamente a mesma • NBR 5624:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono, com costura,
em todos os condutores (todos tem a mesma seção nominal e com revestimento protetor e rosca NBR 8133 – Especificação
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Figura 86 - Arranjos práticos de cabos unipolares em paralelo por fase

• NBR 13057:1993 - Eletroduto rígido de aço-carbono, com costura, Conforme 6.2.11.1.2 da norma, somente são admitidos,
zincado eletroliticamente e com rosca NBR 8133 em instalações aparentes e embutidas, eletrodutos que não
• NBR 15465:2007 - Sistemas de eletrodutos plásticos para propaguem chama. É importante notar que esta prescrição
82 instalações elétricas de baixa tensão - Requisitos de desempenho é geral, independentemente do tipo de local, influências
• NBR15701:2009 - Conduletes metálicos roscados e não roscados externas, etc. Obviamente, eletrodutos metálicos atendem
para sistemas de eletrodutos naturalmente a esta exigência, porém o mesmo não ocorre
com todos os tipos de eletrodutos não metálicos. Desta
No que tange a especificação dos eletrodutos, o item 6.2.11.1 da forma, especificadores, compradores e instaladores devem
norma indica que é vedado o uso, como eletroduto, de produtos que prestar especial atenção a este requisito quando forem utilizar
não sejam expressamente apresentados e comercializados como eletrodutos não metálicos.
tal. Esta proibição inclui, por exemplo, produtos caracterizados por
seus fabricantes como “mangueiras”. 14.6.7.2 Número máximo de condutores no interior de um
Um modo de atender a este item da norma é utilizar nas obras eletroduto

apenas aqueles produtos que indiquem a norma técnica que rege sua
fabricação e ensaios. Essa informação pode fazer parte do material A NBR 5410 admite, em 6.2.10.2, que os condutos fechados
informativo do produto (catálogo impresso, catálogo virtual, em geral, e os eletrodutos em particular, contenham condutores
folhetos, etc.) assim como deve vir gravado sobre a superfície do de mais de um circuito se as seções nominais dos condutores de
eletroduto a identificação da norma que lhe é aplicável. Somente fase estiverem contidas dentro de um intervalo de três valores
com estas informações claramente disponibilizadas, o profissional normalizados sucessivos, tais como 1,5, 2,5 e 4 mm², ou 6, 10
ou consumidor poderão ter elementos para fazer a escolha que e 16 mm² ou 35, 50 e 70 mm², e assim por diante. Desta forma,
julgar mais adequada. por exemplo, pode-se colocar dentro de um eletroduto cabos com
Como até o momento da publicação deste guia não há certificação seções de 1,5, 2,5 e 4 mm², mas não se podem colocar juntos num
compulsória de eletrodutos no âmbito do INMETRO, o fornecimento eletroduto cabos com seções 1,5, 6 e 10 mm².
das informações mencionadas está sob a responsabilidade primária Em 6.2.11.1.6, determina-se que a quantidade máxima de
do fornecedor/fabricante do produto. No caso de eletrodutos vendidos condutores dentro de um eletroduto de modo a se deixar uma boa
em lojas, cabe também ao revendedor do produto disponibilizar as área livre no interior do eletroduto para facilitar a dissipação do
informações técnicas para os profissionais que especificam, compram calor gerado pelos condutores e para faci-litar a enfiação e retirada
e instalam os eletrodutos. E, acima de tudo, como força propulsora dos cabos. Para tanto, é necessário que os condutores ou cabos não
NBR 5410

deste assunto, cabe a estes profissionais exigirem por escrito as ocupem uma porcen-tagem da área útil do eletroduto superior a
informações que atestem que os produtos que serão utilizados como 53% para um condutor, 31% para dois condutores e 40% para três
eletrodutos são de fato eletrodutos. ou mais condutores.
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Com base nesta prescrição, a maneira de calcular a quantidade curvas, o limite de 15 m e o de 30 m devem ser reduzidos em 3 m
máxima de condutores é resumida em comparar a área interna de para cada curva de 90°. Em cada trecho de tubulação entre duas
um eletroduto com a área total de condutores. Da geometria, a área caixas, ou entre extremidades, ou ainda entre caixa e extremidade,
útil de um eletroduto (AE) é dada por: só devem ser previstas, no máximo, 3 curvas de 90°, ou seu
equivalente até, no máximo, 270°, não devendo ser previstas curvas
π
AE = (de – 2e)2 com deflexão superior a 90°. Ver figura 87.
4 Desta forma, por exemplo, um trecho de tubulação situada
no interior de uma obra, contendo 2 curvas não poderá ter um
onde: de é o diâmetro externo do eletroduto e e a espessura da comprimento superior a 15 – (2 x 3) = 9 m.
parede do eletroduto. Tais valores podem ser obtidos, por exemplo,
no catálogo do fabricante.

A área total de um cabo isolado (Ac) deve ser calculada por:

π
Ac = de2
4
sendo: d o diâmetro externo do cabo isolado, valor que é obtido no
catálogo do fabricante.
Figura 87: regra sobre instalação de caixas em eletrodutos

Desta forma, o número máximo (N) de cabos isolados, de


14.6.7.4 Diâmetro interno e tamanho nominal
mesma seção, que pode ser instalado em um eletroduto, é dado por:
toc . AE
As normas de eletrodutos indicam seu tamanho nominal, um
N=
número adimensional. No entanto, historicamente, na prática,
Ac
os eletrodutos são especificados por seu diâmetro interno em
onde: toc = 0,53 para um condutor, 0,31 para dois condutores e
polegadas. Desta forma, apresentam-se a seguir as equivalências
0,40 para três ou mais condutores a serem instalados no interior do
entre as duas designações.
eletroduto.
Eletroduto rígido – aço carbono
83
Tamanho nominal Diâmetro interno (Designação
Vejamos um exemplo: quantos condutores isolados 450/750 V de da rosca) (polegadas)
seção nominal 2,5 mm2 podem ser instalados dentro de um eletroduto
rígido em PVC classe A – tamanho nominal 20 (3/4”) – tipo roscável? 10 3/8

De um catálogo de cabos, obtemos que o diâmetro nominal de 15 1/2

um cabo 2,5 mm2 é de = 3,7 mm e de um catálogo de eletroduto 20 3/4


25 1
rígido em PVC classe A – tamanho nominal 20 – tipo roscável
32 1 1/4
(NBR 15465), encontramos de = 21,1 ± 0,3 mm; e = 2,5 mm.
40 1 1/2
Recomenda-se utilizar no cálculo a menor dimensão permitida do
50 2
eletroduto, ou seja, de = 21,1 - 0,3 = 20,8 mm
65 2 1/2
80 3
Então, aplicando-se as equações anteriores:
90 3 1/2
100 4
AE = 196 mm2;
125 5
150 6
Ac = 11 mm2;
Eletroduto rígido - PVC
toc . AE 0,4 . 196 Tamanho nominal Diâmetro interno (Designação
N= = = 7 cabos isolados. da rosca) (polegadas)
Ac 11
16 1/2

14.6.7.3 Quantidade máxima permitida de curvas em um 20 3/4

eletroduto 25 1
32 1 1/4

Em 6.2.11.1.6, a norma determina que os trechos contínuos 40 1 1/2


50 2
de tubulação, sem interposição de caixas ou equipa-mentos, não
NBR 5410

60 2 1/2
devem exceder 15 metros de comprimento para linhas internas
75 3
às edificações e 30 metros para as li-nhas em áreas externas às
85 3 1/2
edificações, se os trechos forem retilíneos. Se os trechos incluírem
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Tabela 26 – Volume equivalente de condutores isolados dentro de uma caixa

14.6.7.5 Caixas de derivação e de passagem Seção Nominal do condutor isolado (mm2) Volume equivalente (cm3)
1,5 32,9
Localização 2,5 39,4
4 44,6
A localização das caixas deve ser de modo a garantir que elas 6 46,8
sejam facilmente acessíveis. Elas devem ser providas de tampas 10 58,8
ou, caso alojem interruptores, tomadas de corrente e congêneres,
fechadas com os espelhos que completam a instalação desses Essa tabela é aplicável a condutores isolados apenas, não sendo
dispositivos. As caixas de saída para alimentação de equipamentos válida para cabos unipolares ou multipolares. Assim, se a caixa
podem ser fechadas com as placas destinadas à fixação desses deverá conter apenas condutores isolados (sem emendas, conexões
equipamentos. ou ligações a tomadas de corrente), então se pode simplesmente
dividir os volumes da Tabela 25 pelos da Tabela 26 e obter-se assim
Tampas a quantidade máxima de condutores isolados admissível em cada
caixa, como mostra a Tabela 27.
A NBR 5410 admite a ausência de tampa em caixas de
Tabela 27 – Quantidade máxima de condutores isolados dentro de uma caixa
derivação ou de passagem instaladas em forros ou pisos falsos,
desde que essas caixas efetivamente só se tornem acessíveis com Tipo de Quantida máxima de condutores isolados
a remoção das placas do forro ou do piso falso, e que se destinem caixa 1,5 mm2 2,5 mm2 4 mm2 6 mm2 10 mm2

exclusivamente à emenda e/ou derivação de condutores, sem 100 x 50 mm 6 5 5 5 4


100 x 100 mm 12 10 9 8 7
acomodar nenhum dispositivo ou equipamento. Esta prescrição
vem atender, por exemplo, aqueles casos de instalação de linhas de
eletrodutos aparentes fixados no teto que contêm os circuitos para Agora, se a caixa conterá, além de condutores isolados, outros
alimentação de luminárias montadas nas placas do forro falso. componentes como emendas, conectores, interruptores e tomadas
de corrente, o NEC indica as seguintes regras:
Ocupação
1) cada condutor isolado que terminar na caixa ou nela for emendado
84 A ocupação das caixas de derivação e conduletes não raro deve ser contado uma vez, de acordo com a Tabela 26;
se revela um problema. Uma situação típica, neste particular, é a
existência de caixas com uma quantidade de condutores tal que é 2) cada condutor isolado que passar pela caixa, sem emenda ou
quase impossível fechá-las, colocar suas tampas. É possível evitar conexão, deve ser contado uma vez, de acordo com a Tabela 26;
esse problema, definindo de antemão uma caixa cujas dimensões
sejam compatíveis com a ocupação pretendida? 3) cada laço de condutor com comprimento da ordem de 30 a 40 cm
A norma de instalações norteamericana, o NEC, estabelece um deve ser contado duas vezes, de acordo com a Tabela 26;
método para tal, que contempla tanto a hipótese de caixas apenas
com condutores quanto o caso de caixas contendo condutores e 4) as conexões ou emendas no interior da caixa, independentemente
outros componentes. de sua quantidade ou natureza (pré-fabricadas ou não), são contadas,
Cabe lembrar que as dimensões das caixas de derivação usadas para efeito de ocupação, como equivalentes ao condutor de maior
no Brasil atendem a norma NBR 5431. A partir das dimensões seção nominal existente, de acordo com a Tabela 26;
padronizadas pela norma, pode-se deduzir que o volume interno
mínimo das duas versões de caixa de derivação mais usadas são 5) cada corpo de tomada (simples ou dupla) ou interruptor (simples,
como indica a tabela 25. duplo, paralelo ou intermediário) instalado na caixa deve ser
computado como equivalente a duas vezes o condutor de maior seção
Tabela 25 – Volume interno mínimo das caixas de derivação conforme a NBR
nominal conectado ao dispositivo, de acordo com a Tabela 26;
Tipo de caixa Volume interno mínimo da caixa
100 x 50 mm 212 cm3 6) por fim, se a caixa acomodar também algum elemento de
100 x 100 mm 392 cm3 fixação — de luminária ou de ventilador de teto —, este deve ser
considerado equivalente a uma vez o condutor de maior seção
O método do NEC cuida, primeiramente, de estabelecer uma nominal existente na caixa, conforme Tabela 26.
correlação entre a seção nominal do condutor e o volume que ele
ocuparia no interior da caixa. Esta correlação é fruto da experiência. Vejamos um primeiro exemplo. Calcular o volume interno
Não se resume ao cálculo do volume do condutor, mas leva em mínimo de uma caixa que terá, no seu interior, dois condutores
NBR 5410

consideração também a disposição do condutor dentro da caixa. isolados de 2,5 mm2, três condutores isolados de 4 mm2 e, ainda, um
Tomando como base a tabela do NEC e procurando manter a corpo de tomada dupla, ao qual serão conectados os condutores de
relação entre áreas e volumes ali indicados, foi elaborada a tabela 26. 4 mm2.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

De acordo com a regra 1, também é considerado espaço de construção as passagens formadas


pela justaposição de blocos alveolados (blocos furados que, quando
• volume de dois condutores isolados com seção de 2,5 mm2: colocados justapostos formam “canais” no interior das paredes).”
2 x 39,4 cm3 = 78,8 cm3; Uma análise detalhada de todas as influências externas a que
• volume de três condutores isolados com seção de 4 mm2: as linhas elétricas no interior do espaço de construção vão estar
3 x 44,6 cm3 = 133,8 cm3 submetidas é uma grande ferramenta para se decidir pela melhor
forma de selecionar e instalar os condutos e condutores ou as linhas
No caso da tomada, aplica-se a regra 5: um corpo de tomada pré-fabricadas. Particularmente falando de aspectos de incêndio nos
dupla: 2 x 44,6 cm3 = 89,2 cm3 espaços de construção, a seção 5.2.2.2 “Proteção contra incêndio em
Assim, o volume total mínimo interno da caixa fica: locais BD2, BD3 e BD4” impõe algumas regras às linhas aparentes
78,8 + 133,8 + 89,2 = 301,8 cm3 e às linhas no interior de paredes ocas ou de outros espaços de
Logo, como se observa na tabela 25, neste caso deve ser usada construção, com destaque para as exigências de não-propagação de
uma caixa de 100 x 100 mm. chama, de não-geração de halogênios e de baixa emissão de fumaça
Por fim, vejamos um segundo exemplo. Calcular o volume e gases tóxicos por parte dos condutos e/ou condutores.
interno mínimo de uma caixa que terá, no seu interior, quatro
condutores isolados de 1,5 mm2, três condutores isolados de 2,5 mm2 14.6.8.2 Cabos sob piso elevado
e um corpo de interruptor simples, ao qual serão conectados os condutores
de 1,5 mm2. A convivência entre cabos de energia (potência) e de sinal
em geral (dados, telefonia, etc.) diretamente sob o piso elevado é
De acordo com a regra 1, tratada no item 6.2.9.5 da NBR 5410.
Cabe lembrar que o vão sob o piso elevado é considerado
• volume de quatro condutores isolados com seção de 1,5 mm2 : pela NBR 5410 um espaço de construção onde linhas elétricas e
4 x 32,9 cm3 = 131,6 cm3 de sinais são instaladas de acordo com a tabela 33 da norma. Se
• volume de três condutores isolados com seção de 2,5 mm2: os cabos são lançados diretamente sobre a superfície do espaço de
3 x 39,4 cm3 = 118,2 cm3 construção, tem-se, especificamente, o método de instalação 21 da
referida tabela.
A ocupação correspondente a um corpo de interruptor simples, Desta forma, juntando-se as prescrições de 6.2.9.5 com as
de acordo com a regra 5, será: 2 x 32,9 cm3 = 65,8 cm3 considerações citadas anteriormente, conclui-se que é permitida 85
Logo, o volume interno mínimo, total, será: a convivência entre cabos de energia (por exemplo, condutores
131,6 + 118,2 + 65,8 = 315,6 cm3 isolados 450/750 V e cabos unipolares e multipolares 0,6/1 kV) e
De acordo com a Tabela 25, também neste caso deve ser usada cabos de sinais (por exemplo, UTP) sob o piso elevado, instalados
uma caixa de 100 x 100 mm. em condutos abertos ou fechados, ou mesmo lançados diretamente
sobre a superfície do piso, desde que não compartilhem a mesma
14.6.8 Requisitos específicos para instalação em espaços de linha elétrica.
construção A norma é explícita ao não permitir a convivência entre
circuitos de energia e dados na mesma linha elétrica, mas é omissa
14.6.8.1 Geral em relação à convivência entre linhas elétricas de energia e de sinal
no mesmo espaço de construção. Por exemplo, de acordo com
Conforme 6.2.11.5 da NBR 5410, nos espaços de construção 6.2.9.5 não é permitido instalar no mesmo eletroduto um cabo de
podem ser utilizados condutores isolados e cabos unipolares ou energia isolado para 1 kV e um cabo de sinal UTP, pois ambos estão
multipolares conforme os métodos de instalação 21, 22, 23, 24 e 25 na mesma linha elétrica (eletroduto), porém possuem tensões de
da tabela 33 da norma, desde que os condutores ou cabos possam isolamento diferentes.
ser instalados ou retirados sem intervenção nos elementos de Finalmente, é preciso esclarecer que, embora a NBR 5410 não
construção do prédio. proíba a convivência entre os cabos soltos sob o piso elevado, isto
Vale sempre lembrar que espaço de construção não é um tipo não significa que a boa prática de engenharia não deva ser utilizada.
de linha elétrica, mas é um local onde linhas elétricas dos mais Ou seja: os cabos de energia e de sinal devem ser agrupados
variados tipos podem ser instaladas. conforme sua função e, apenas, se necessário, separados por uma
Conforme a NBR IEC 60050 (826), um “espaço de construção distância determinada em função de aspectos de interferência
é um espaço existente na estrutura ou nos componentes de uma eletromagnética — que não são abordados na NBR 5410 e, portanto,
edificação, acessível apenas em determinados pontos. Na prática, devem ser calculados caso a caso.
são considerados espaços de construção todas as cavidades nas Em outras palavras, não se recomenda que os cabos sejam
estruturas da obra, tais como poços (“shafts”) e galerias, os pisos “jogados” de qualquer maneira sob o piso. Isto, além de complicar
NBR 5410

técnicos (vão livre, onde cabe uma pessoa, situada entre dois a operação e manutenção do sistema, pode acarretar problemas
pavimentos), os pisos elevados, os forros falsos e os espaços de compatibilidade eletromagnética, que afetam o funcionamento
internos existentes em certos tipos de divisórias. Além desses, do sistema de sinal. A propósito, a NBR 5410 traz algumas
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recomendações genéricas em 5.4.3.5 relativas à disposição dos Vmatcomb = (π / 4) x {[dc + 2 x (ei + ecob)]2 – dc2]} x 10-3
cabos de energia e de sinais em geral (isto é, não se refere apenas
aos espaços de construção). A Tabela 28 apresenta alguns valores obtidos em catálogos de
fabricantes de um cabo unipolar 0,6/1 kV categoria BF e o respectivo
14.6.9 Requisitos específicos para instalação em bandejas cálculo do volume de material combustível para cada seção nominal.
A última coluna da tabela indica quantos cabos daquela respectiva
Sob o ponto de vista da instalação dos condutores elétricos em seção podem ser instalados numa bandeja, respeitando-se o limite
bandejas, diferentemente do que ocorre com cabos instalados em de 3,5 dm3 por metro linear de material (para obter essa quantidade,
eletrodutos, a NBR 5410 não estabelece uma ocupação máxima basta dividir 3,5 pelo volume da respectiva seção de cabo).
de x% da área útil da bandeja pelos cabos. A única restrição à
Tabela 28 - volume e número de cabos unipolares em bandeja
quantidade de cabos na bandeja é dada em 6.2.11.3.5.
Seção (mm²) Vmatcomb (dm³/m) Num. Cabos cat BF

Nas bandejas, leitos e prateleiras, preferencialmente, os cabos 1,5 0,0176 199


2,5 0,0198 177
devem ser dispostos em uma única camada. Admite-se, no entanto,
4 0,0283 124
a disposição em várias camadas desde que haja uma limitação de
6 0,0320 109
material combustível (isolações, capas e coberturas), de modo a
10 0,0364 96
evitar a propagação de incêndio. Para tanto, o volume de material
16 0,0427 82
combustível deve ser limitado a:
25 0,0599 58
35 0,0672 52
a) 3,5 dm3 por metro linear, para cabos de categoria BF da NBR 6812;
50 0,0874 40
70 0,1004 35
b) 7 dm3 por metro linear, para cabos de categoria AF ou AF/R da
95 0,1311 27
NBR 6812.
120 0,1430 24
150 0,1758 20
Para aplicar essa prescrição, deve-se conhecer o volume de 0,2132 16
185
material combustível que está contido nos cabos no interior da 240 0,2649 13
bandeja e limitá-lo aos valores de 3,5 dm3 ou 7 dm3 conforme o caso. 300 0,3180 11
86 Em geral, os cabos unipolares ou multipolares disponíveis no
mercado enquadra-se na categoria BF, o que faz com que seja possível Exemplo: uma bandeja contém 12 cabos unipolares de 70 mm2,
instalar, no máximo, 3,5 dm3 por metro linear de material combustível. 6 cabos 120 mm2, e 3 cabos 150 mm2.
O cálculo do volume de material combustível (Vmc) em um O volume de material combustível total instalado na bandeja,
metro de cabo pode ser feito a partir da Figura 88. Os materiais a conforme dados da Tabela 1 é dado por :
serem considerados no cálculo são os que compõem a isolação e a
cobertura do cabo uni ou multipolar. Vmatcomb = 12 x 0,1004 + 6 x 0,1430 + 3 x 0,1758 = 2,59 dm3/m ≤
3,5 dm3/m.

Isso implica que essa quantidade de cabos atende à prescrição


da NBR 5410.

14.6.10 Requisitos específicos para instalação em


canaletas e perfilados

Conforme 6.2.11.4.1 da NBR 5410, nas canaletas instaladas


sobre paredes, em tetos ou suspensas e nos perfilados, podem
ser instalados condutores isolados, cabos unipolares e cabos
multipolares.
Os condutores isolados só podem ser utilizados em canaletas ou
perfilados de paredes não-perfuradas e com tampas que só possam
ser removidas com auxílio de ferramenta. No entanto, admite-se o
Figura 88 - Dimensões de um cabo uso de condutores isolados em canaletas ou perfilados sem tampa ou
com tampa desmontável sem auxílio de ferramenta, ou em canaletas
Nos catálogos de cabos é possível obter os valores (em mm) ou perfilados com paredes perfuradas, com ou sem tampa, desde que
NBR 5410

do diâmetros do condutor (dc), e da espessuras da isolação (ei) e estes condutos sejam instalados em locais só acessíveis a pessoas
da cobertura (ecob). O volume de material combustível (Vmatcomb), advertidas (BA4) ou qualificadas (BA5); ou sejam instalados a uma
expresso em dm3 por metro linear, pode ser calculado por: altura mínima de 2,50 m do piso (Figura 89).
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Figura 89 – Instalação de condutor isolado em perfilado sem tampa

14.6.11 Requisitos específicos para instalação em linhas Figura 90 – Instalação de eletrodutos enterrados
enterradas

Como prevenção contra os efeitos de movimentação de terra,


Conforme 6.2.11.6.1 da NBR 5410, em linhas enterradas os cabos devem ser instalados, em terreno normal, pelo menos
(cabos diretamente enterrados ou contidos em eletrodutos a 0,70 m da superfície do solo. Essa profundidade deve ser
enterrados), só são admitidos cabos unipolares ou multipolares aumentada para 1 m na travessia de vias acessíveis a veículos,
(Figura 90). Adicionalmente, em linhas com cabos diretamente incluindo uma faixa adicional de 0,50 m de largura de um lado
enterrados desprovidas de proteção mecânica adicional só são e de outro dessas vias (Figura 91). Essas profundidades podem
admitidos cabos armados. ser reduzidas em terreno rochoso ou quando os cabos estiverem
Admite-se o uso de condutores isolados em eletroduto protegidos, por exemplo, por eletrodutos que suportem sem danos
enterrado se, no trecho enterrado, não houver nenhuma caixa de as influências externas presentes.
passagem e/ou derivação enterrada e for garantida a estanqueidade Deve ser observado um afastamento mínimo de 0,20 m entre
do eletroduto. duas linhas elétricas enterradas que venham a se cruzar ou entre uma 87
Os cabos devem ser protegidos contra as deteriorações causadas linha elétrica enterrada e qualquer linha não elétrica cujo percurso
por movimentação de terra, contato com corpos rígidos, choque de se avizinhe ou cruze com o da linha elétrica. Esse afastamento,
ferramentas em caso de escavações, bem como contra umidade e medido entre os pontos mais próximos das duas linhas, pode ser
ações químicas causadas pelos elementos do solo. reduzido se as linhas elétricas e as não elétricas forem separadas

NBR 5410

Figura 91 – Profundidades mínimas em instalações com cabos diretamente enterrados


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Os barramentos blindados devem atender a NBR IEC 60439-2


– Conjunto de manobras e controle de baixa tensão – Parte
2: Requisitos particulares para linhas elétricas pré-fabricadas
(sistemas de barramentos blindados), e ser instalados conforme as
instruções do fabricante

Fita de advertência 14.7.1 Construção

Os barramentos blindados empregados em instalações


elétricas são conjuntos de barras chatas condutoras de eletricidade,
geralmente de cobre ou de alumínio, com cantos arredondados,
elaborados para transmitir e distribuir correntes elétricas elevadas,
principalmente, de 100 A a 6.000 A. Eles são recobertos, em geral,
por invólucros metálicos retangulares, que comumente podem ser
de aço carbono zincado ou de alumínio.
Figura 92 – Exemplo de fita de advertência
Essas barras condutoras ficam suportadas nos isoladores –
por meios que proporcionem uma segurança equivalente. isoladas umas das outras e do invólucro. Os materiais isolantes
As linhas elétricas enterradas devem ser sinalizadas, ao longo de podem ser diversos, como fitas especiais, resina epóxi, plástico
toda a sua extensão, por um elemento de advertência (por exemplo, reforçado, fibra de vidro, cerâmica, etc.
fita colorida) não sujeito a deterioração, situado, no mínimo, a 0,10 Os barramentos de baixa tensão, até 1 kV, têm, em geral, o
m acima da linha (Figura 92). tamanho padrão de três metros de comprimento e são divididos
em dois tipos mais comuns: os barramentos blindados de barras
14.6.12 Requisitos específicos para instalação em linhas aéreas separadas e os de barras coladas.
externas Nos barramentos de barras separadas, as barras condutoras
estão dispostas paralelamente, de forma a manter uma isolação
Conforme 6.2.11.8.1 da NBR 5410, nas linhas aéreas externas entre elas. Este é o tipo mais comum para fazer derivação de
podem ser utilizados condutores nus ou providos de cobertura corrente, também popularmente conhecido como barramentos
88 resistente às intempéries, condutores isolados com isolação destinados a usar plugin. Isso porque os barramentos têm, com
resistente às intempéries, ou cabos multiplexados resistentes às espaçamentos regulares, tomadas pré-determinadas de conexão
intempéries montados sobre postes ou estruturas. rápida, chamadas de plugins. Eles são elementos de contatos, nas
Os condutores nus devem ser instalados de forma que seu ponto quais podem ser ligados equipamentos como máquinas e motores
mais baixo observe as alturas mínimas em relação ao solo indicadas ou ser transferida a corrente para outro caminho por cabos, por
na Figura 93. exemplo. Um barramento padrão de três metros tem, em geral, seis
tomadas de derivação rápida.
14.7 Linhas elétricas pré-fabricadas (barramentos blindados) Esses barramentos podem ser usados em aplicações industriais,
de baixa tensão residenciais e comerciais. Nos últimos anos, as linhas elétricas pré-
fabricadas deram um salto em popularidade e utilização. Isso se
A NBR 5410 prescreve que os invólucros ou coberturas das deve, especialmente, ao mercado de construção civil, que passou a
linhas pré-fabricadas devem assegurar proteção contra contatos empregar esses produtos.
acidentais com partes vivas e possuir grau de proteção no mínimo Os condutores são constituídos de barras de cobre eletrolítico,
IP2X. com cantos redondos, de pureza 99,5% ou barras de alumínio

3,5 m 4,5 m 5,5 m


NBR 5410

Passagem exclusiva Tráfego de Tráfego de


de pessoas veículos leves veículos pesados
Figura 93 - Alturas mínimas de redes aéreas externas com condutores nus
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com 99,5% de pureza. Nas extremidades dos barramentos são o comprimento do percurso, ou a outros equipamentos, como
estampados furos para permitir uma fácil conexão na montagem transformadores ou painéis. Outro tipo de elemento de conexão é o
no local da obra. Além disso, as barras podem estar revestidas de elemento de dilatação, também conhecido como junta de dilatação.
prata ou estanho para melhorar a resistência de contato e diminuir Esta peça permite a dilatação térmica, compensando a diferença
as perdas joule. Dependendo da corrente no circuito, são instaladas de dilatação térmica dos diferentes materiais que compõem a
uma ou mais barras em paralelo por fase. instalação.

14.7.2 Tipos 14.7.5 Instalação

Em edifícios residenciais, os barramentos são dispostos na Os barramentos blindados são equipamentos que se tornam
vertical, no espaço de construção, do qual é derivada a energia economicamente compensatórios quando utilizados para
para os andares e de onde será distribuída a eletricidade para cada transportar grandes correntes, além de agregar outros benefícios
apartamento e, na horizontal, desde o quadro de proteção até a como a flexibilidade de alteração da instalação e da rapidez de
base da prumada. Barramentos na horizontal podem ser também instalação (Figura 94).
encontrados em indús-trias e comércios, como shoppings centers,
para facilitar a distribuição da energia para cada loja abaixo da
linha elétrica.
Os barramentos blindados de baixa tensão podem ainda ter
as barras coladas uma à outra, sem espaço de isolação. Nesse
caso, é comum que os fabricantes façam o isolamento com fita,
encapsulando as barras. Este tipo de barra-mento é mais utilizado
para transmissão de energia. Na distribuição de energia, apesar de
possível, não é usual, dada a complexidade apresentada, pois, para
derivar corrente no tipo barra colada, é preciso separar as barras
antes de acoplar uma caixa plugin que irá distribuir energia. Isso
torna o processo mais caro também.

14.7.3 Grau de Proteção (IP) 89

Figura 94 – Instalação de barramentos blindados


As influências externas relativas a uma certada aplicação devem
ser bem conhecidas para que seja determinado adequadamente o
grau de proteção IP de um barramento blindado. Em particular, a Conforme a norma NBR IEC 60439-2, os barramentos
presença de água (AD) e a presença de corpos sólidos são duas blindados têm que ser instalados seguindo certos cuidados para
das influências externas mais importantes a serem consideradas. que o produto seja bem adequado e não apresente problemas.
Os barramentos blindados podem ser especificados nas versões A atenção deve-se, principalmente, devido ao grande emprego
que vão desde completamente desprotegidos até protegidos contra do produto fora da indústria, em que há muitos usuários
submersão, de acordo com norma NBR IEC 60529. Em geral, o operando na instalação sem serem efetivamente especialistas
grau de proteção mais usual dos invólucros para barramentos em eletricidade.
blindados é o IP55. Para evitar problemas no barramento devido a uma má
instalação ou conservação incorreta do produto, muitos
14.7.4 Elementos fabricantes indicam equipes de instalação ou realizam eles
mesmos a instalação do barramento.
A distribuição de energia por derivações é feita em barramentos Algumas regras básicas de manuseio e instalação incluem:
de baixa tensão. Além das caixas de derivação, ou caixas plugins,
os barramentos blindados podem ter uma série de outros elementos • Instalar o barramento apenas no momento, de modo que ele
que vão além das próprias barras, como a caixa de alimentação ou não fique exposto em obra;
de ligação. Como o barramento não existe sozinho e ele precisa ser • Manter a integridade da embalagem e do local de
alimentado, a função dessas caixas é mandar a energia de um ponto armazenamento;
para outro. • Manusear o equipamento com cuidado, evitando as
As linhas elétricas pré-fabricadas podem ter ainda acessórios interferências nos trechos horizontais e impedindo a penetração
como cotovelos, “tês” (T), “xis” (X) e desvios. São elementos de objetos durante a instalação;
adicionais para mudança de percurso, mas o seu emprego depende • Verificar a integridade mecânica antes dos testes elétricos
NBR 5410

também da destinação do barramento. finais;


Há ainda os chamados elementos de conexão, que podem • Medir a resistência de isolamento e fazer um ensaio de tensão
ligar um dado barramento a outros, conectando e aumentando aplicada a 60 Hz e antes de colocar o equipamento em serviço.
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Tabelas de capacidade de corrente


15 Dimensionamento de condutores
A corrente transportada por qualquer condutor, durante
Este capítulo trata do dimensionamento de cabos elétricos e de
períodos prolongados em funcionamento normal, deve ser tal que
barramentos blindados de baixa tensão.
a temperatura máxima para serviço contínuo dada na Tabela 30
Numa instalação elétrica devem ser dimensionados os
não seja ultrapassada. Essa condição é atendida se a corrente nos
condutores de fase, o condutor neutro (quando existir) e os
cabos não for superior às capacidades de condução de corrente
condutores do sistema de aterramento (ver capítulo 16 deste guia).
adequadamente escolhidas nas tabelas 36 a 39 da NBR 5410
afetadas, se for o caso, dos fatores de correção dados nas tabelas 40
15.1 Dimensionamento de cabos elétricos de baixa tensão
a 45 da norma.
Tabela 30 - Temperaturas características dos
15.1.1Condutores de fase condutores (Tabela 35 da NBR 5410)

Tipo de isolação Temperatura máxima para


Conforme 6.2.6.1.2 da NBR 5410, a seção dos condutores serviço contínuo (condutor) °C
de fase deve ser determinada de forma a que sejam atendidos, no Cloreto de polivinila (PVC) até 300 mm2 70
mínimo, todos os seguintes critérios: Cloreto de polivinila (PVC) maior que 300 mm2 70
Borracha etilenopropileno (EPR) 90

a) as seções mínimas indicadas em 6.2.6.1.1; Polietileno reticulado (XLPE) 90

b) a capacidade de condução de corrente dos condutores deve


As tabelas 36 a 39 da norma fornecem as capacidades de
ser igual ou superior à corrente de projeto do circuito, incluindo
condução de corrente para os métodos de referência A1, A2, B1, B2,
as componentes harmônicas, afetada dos fatores de correção
C, D, E, F e G descritos em 6.2.5.1.2, que são aplicáveis a diversos
aplicáveis (ver 6.2.5);
tipos de linhas, conforme indicado na tabela 33 da NBR 5410.
c) os limites de queda de tensão, conforme 6.2.7;
Para entender a estrutura das tabelas 36 a 39, suponha-se um
d) a proteção contra sobrecargas, conforme 5.3.4 e 6.3.4.2;
circuito que será chamado de “circuito 1”, trifásico (3 condutores
e) a proteção contra curtos-circuitos e solicitações térmicas,
carregados), com corrente de projeto IB = 48 A, condutor de cobre
conforme 5.3.5 e 6.3.4.3.
isolado em PVC, instalado sozinho em um eletroduto aparente
(método de referência B1) e temperatura ambiente 30 ºC. Como se
A cada critério corresponde uma seção, sendo que a seção
90 trata de condutor isolado em PVC instalado no método B1, a tabela
técnica dos condutores de fase de um determinado circuito será a
a ser utilizada é a 36. A partir dessa escolha, a sequência de setas na
maior dentre elas.
Figura x indica o caminho que deve ser seguido até se obter a seção
nominal de 10 mm2 para este circuito. Note-se que deve ser escolhida
15.1.1.1 Critério da seção mínima
na tabela a corrente IZ imediatamente superior ao valor de IB.
Em todos os casos em que as dimensões dos arranjos diferem
Nas instalações fixas, a seção dos condutores de fase não deve
das condições indicadas na Tabela 33, recomenda-se consultar o
ser inferior ao valor pertinente dado na Tabela 29.
fabricante de cabos para o cálculo dos fatores de correção adequados
Tabela 29 – Seções mínimas de condutores de fase ou calcular diretamente as capacidades de condução de corrente
Tipo de linha Utilização do circuito Seção mínima do para qualquer arranjo pela aplicação da norma NBR 11301.
condutor mm2 - material
A NBR 11301, baseada na IEC 60287-1-1 - Electric cables
Circuitos de iluminação 1,5 Cu
- Calculation of the current rating - Part 1-1: Current rating
16 Al
Condutores equations (100 % load factor) and calculation of losses – General,
Circuitos de força 2,5 Cu
e cabos refere-se ao funcionamento contínuo em regime permanente (fator
isolados 16 Al
Instalações de carga 100%), em corrente contínua ou em corrente alternada com
Circuitos de sinalização 0,5 Cu
fixas em frequência de 60 Hz. Essa é a condição normalmente considerada
e circuitos de controle
geral nos projetos usuais de instalações de edificações residenciais,
Circuitos de força 10 Cu
comerciais e industriais de baixa tensão
Condutores 16 Al
Não há norma NBR para dimensionamento de cabos
nus Circuitos de sinalização 4 Cu
elétricos de baixa tensão com regimes de operação cíclicos.
e circuitos de controle
Nestes casos, deve-se utilizar a norma IEC 60853-1 -
15.1.1.2 Critério de capacidade de condução de corrente Calculation of the cyclic and emergency current rating of
cables. Part 1: Cyclic rating factor for cables up to and
O objetivo deste critério de dimensionamento é garantir a vida including 18/30 (36) kV.
satisfatória aos cabos elétricos submetidos aos efeitos térmicos Tanto as IEC 60287-1-1 quanto a IEC 60853-1 são normas
NBR 5410

produzidos pela circulação de correntes de valores iguais às de difícil aplicação, pois contém numerosos cálculos complexos,
capacidades de condução de corrente respectivas, durante períodos somente possíveis de realizar em tempos razoáveis por meio de
prolongados em serviço normal. uso de softwares específicos. Há alguns poucos softwares para
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Exemplo: IB = 48 A; 3F ; condutor cobre/PVC ; eletroduto aparente ; θa = 30ºC

2
1
3

4
Figura 95 – Sequência para determinação da seção nominal do condutor nas tabelas 36 a 39

estes dimensionamentos disponíveis no mercado, tais como o pelas tabelas 36 a 39 são sempre referidos a uma temperatura
CYMCAP - Cable Ampacity Calculation, cuja versão original ambiente de 30°C para todas as maneiras de instalar, exceto as linhas
foi desenvolvida em conjunto pela Ontario Hydro (Hydro One), enterradas, cujas capacidades são referidas a uma temperatura (no
McMaster University e CYME International, com o apoio da solo) de 20°C.
Canadian Electricity Association. Desta forma, se os condutores forem instalados em ambiente
cuja temperatura seja diferente das indicadas, sua capacidade de
91
Fator de correção de temperatura ambiente condução de corrente deve ser determinada, usando-se as tabelas 36
a 39, com a aplicação dos fatores de correção de temperatura dados
O valor da temperatura ambiente a utilizar no dimensionamento na tabela 40 da norma.
é o da temperatura do meio que envolve o condutor quando ele não É importante considerar que, no caso de instalações sujeitas a
estiver carregado. intempéries, os fatores de correção da tabela 40 não consideram
Os valores de capacidade de condução de corrente fornecidos o aumento de temperatura devido à radiação solar ou a outras

Exemplo: IB = 48 A; 3F ; condutor cobre/PVC ; eletroduto aparente ; θa = 40ºC

2
X
3

1
NBR 5410

θa = 30ºC IZ = 50 A
θa = 40ºC IZ = 50 . 0,87 = 43,5 A

Figura 96 – Sequência para aplicação do fator de correção de temperatura da Tabela 40


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1
2

Figura 97 – Sequência para aplicação do fator de correção de agrupamento da Tabela 42

radiações infravermelhas. Quando os condutores forem submetidos carregados que se encontra indicado em cada uma de suas colunas.
a tais radiações, as capacidades de condução de corrente devem ser Para linhas elétricas contendo um total de condutores superior às
calculadas pelos métodos especificados na ABNT NBR 11301. quantidades indicadas nas tabelas 36 a 39, a capacidade de condução
Para entender a aplicação do fator de correção de temperatura, de corrente dos condutores de cada circuito deve ser determinada,
92 considera-se o “circuito 1” anteriormente utilizado, porém com usando-se as tabelas 36 a 39, com a aplicação dos fatores de correção
temperatura ambiente 40 ºC. A Figura 96 apresenta as tabelas 36 pertinentes dados nas tabelas 42 a 45 (fatores de agrupamento).
e 40 lado a lado e a sequência de setas indica o caminho que deve Os condutores para os quais se prevê uma corrente de projeto
ser seguido até se obter a nova capacidade de corrente da seção não superior a 30% de sua capacidade de condução de corrente,
nominal de 10 mm2 referida a 40 ºC. Note-se que o valor obtido já determinada observando-se o fator de agrupamento incorrido,
(IZ = 43,5 A) é menor do que a corrente de projeto IB = 48 A e, podem ser desconsiderados para efeito de cálculo do fator de
portanto, a seção do condutor deverá ser aumentada. correção aplicável ao restante do grupo. São os casos, por exemplo,
de condutores que tiveram sua seção nominal aumentada em
Fator de correção de resistividade térmica do solo decorrência do atendimento ao critério de queda de tensão.
Os fatores de agrupamento foram calculados admitindo-se todos
Nas tabelas 36 e 37, as capacidades de condução de corrente os condutores vivos permanentemente carregados com 100% de
indicadas para linhas subterrâneas (método de referência D) são sua carga. Caso o carregamento seja inferior a 100%, os fatores de
válidas para uma resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W. correção podem ser aumentados, porém a norma não traz nenhuma
Quando a resistividade térmica do solo for superior a 2,5 K.m/W, indicação de quais fatores devem ser utilizados. Neste caso, a
caso de solos muito secos, os valores indicados nas tabelas devem aplicação da NBR 11301 não é possível, pois ela trata apenas de
ser adequadamente reduzidos, a menos que o solo na vizinhança circuitos com 100% de carga e deve-se, a partir da determinação
imediata dos condutores seja substituído por terra ou material do ciclo de carregamento do cabo, utilizar a norma IEC 60853-1já
equivalente com dissipação térmica mais favorável. A tabela 41 da mencionada.
norma fornece fatores de correção para resistividades térmicas do Os fatores de correção da tabela 42 da norma são aplicáveis a
solo diferentes de 2,5 K.m/W. condutores agrupados em feixe, seja em linhas abertas ou fechadas
O procedimento para aplicação do fator de correção para (os fatores pertinentes são os da linha 1 da tabela 42), e a condutores
resistividade do solo é semelhante àquele explicado para o fator de agrupados num mesmo plano e numa única camada (demais linhas da
correção de temperatura. tabela). Por sua vez, os fatores de correção da tabela 43 são aplicáveis
a agrupamentos consistindo em mais de uma camada de condutores.
Fator de correção para agrupamento de circuitos Assim, no caso de agrupamento em camadas, os fatores de
NBR 5410

correção aplicáveis são os da tabela 42, quando a camada for única, ou


Os valores de capacidade de condução de corrente fornecidos os da tabela 43, quando houver mais de uma camada. E os fatores de
pelas tabelas 36 a 39 são válidos para o número de condutores agrupamento da tabela 44 devem ser aplicados aos cabos diretamente
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4
2

4 circuitos
1

3 camadas

Figura 98 – Sequência para aplicação do fator de correção de agrupamento da Tabela 43

enterrados e os da tabela 45 a linhas em eletrodutos enterrados. condições mais desfavoráveis encontradas.


A Figura 97 indica através das setas o procedimento para O exemplo da Figura 99 mostra um caso onde houve a mudança
determinação do fator de correção por agrupamento a ser utilizado do método de instalação dos condutores de perfilado perfurado
no caso de uma bandeja não-perfurada que contém quatro circuitos (método C) para eletroduto aparente (método B1). 93
trifásicos com cabos unipolares em camada única.
A Figura 98 indica através das setas o procedimento para 15.1.1.3 Critério de queda de tensão
determinação do fator de correção por agrupamento a ser utilizado
no caso de uma bandeja não-perfurada que contém quatro circuitos
Conforme 6.2.7 da NBR 5410, para o cálculo da queda de
trifásicos com cabos unipolares em três camadas.
tensão num circuito, deve ser utilizada a corrente de projeto
do circuito (IB), incluindo as correntes harmônicas. No caso de
Variações das condições de instalação num percurso
motores, a corrente de projeto deve incluir o fator de serviço (se
existir), conforme capítulo 18 deste guia.
Quando forem identificadas, ao longo do percurso previsto
Em qualquer ponto de utilização da instalação, a queda de tensão
de uma linha elétrica, diferentes condições de resfriamento
verificada não deve ser superior aos valores dados em relação ao
(dissipação de calor), as capacidades de condução de corrente
valor da tensão nominal da instalação, conforme indicado a seguir:
dos seus condutores devem ser determinadas com base nas

a) 7%, calculados a partir dos terminais secundários do


transformador MT/BT, no caso de transformador de propriedade da
unidade consumidora (Figura 100);
b) 7%, calculados a partir dos terminais secundários do
transformador MT/BT da empresa distribuidora de eletricidade,
quando o ponto de entrega for aí localizado (Figura 100);
c) 5%, calculados a partir do ponto de entrega, nos demais casos
de ponto de entrega com fornecimento em tensão secundária de
distribuição (Figura 101);
d) 7%, calculados a partir dos terminais de saída do gerador, no
caso de grupo gerador próprio (Figura 100).
NBR 5410

Nos casos das alíneas a), b) e d), quando as linhas principais


Figura 99 – Mudança de maneiras de instalar um cabo ao longo do percurso da instalação tiverem um comprimento superior a 100 metros, as
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quedas de tensão podem ser aumentadas de 0,005% por metro de


linha superior a 100 m, sem que, no entanto, essa suplementação
seja superior a 0,5%. Por exemplo, uma linha com 500 metros, pode
ter um acréscimo de 0,005 / 100 x 400 = 0,02% no limite de queda
em relação aos valores indicados acima.
Para a queda de tensão durante a partida nos circuitos de

Figura 101 – Queda de tensão máxima em instalação BT – fornecimento


em tensão secundária
motores, ver o capítulo 18 deste guia.
Em nenhum caso a queda de tensão nos circuitos terminais
pode ser superior a 4%.
Para o cálculo das quedas de tensão devem ser consideradas
as impedâncias dos transformadores ou geradores (se for o caso)
94 e dos cabos de baixa tensão, todos disponíveis nos catálogos dos
Figura 100 – Queda de tensão máxima em instalação BT – transformador ou
gerador próprio fabricantes (Figura 102).
NBR 5410

Figura 102 – Circuito simplificado para cálculo de queda de tensão


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Sendo
15.1.1.4 Critério de proteção contra corrente de sobrecarga α = 1,9 IN para fusíveis com IN ≤ 10 A;
α = 1,75 IN para fusíveis com IN < 10 ≤ 25 A;
Condições de proteção α = 1,6 IN para fusíveis com 25 < IN < 1000 A

Todo circuito deve ser protegido por dispositivos que


interrompam a corrente nesse circuito quando ela ultrapassar o
valor da capacidade de condução de corrente nominal em pelo
menos um de seus condutores, podendo provocar uma deterioração
da instalação caso permaneça por tempo prolongado.
A interrupção da corrente de sobrecarga deve acontecer em um
tempo suficientemente curto para que os condutores não atinjam os
valores de temperatura especificados na Tabela 31.

Tabela 31 - Temperaturas limites de sobrecarga


dos condutores (Tabela 35 da NBR 5410)
Figura 103 – Condição de proteção contra sobrecargas
Tipo de isolação Temperatura limite de
sobrecarga (condutor) °C
Localização dos dispositivos que asseguram proteção contra
Cloreto de polivinila (PVC) até 300 mm2 100
sobrecargas
Cloreto de polivinila (PVC) maior que 300 mm2 100
Borracha etilenopropileno (EPR) 130
Em 5.3.4.2, a norma estabelece que devem ser providos
Polietileno reticulado (XLPE) 130
dispositivos que assegurem proteção contra sobrecargas em
todos os pontos onde uma mudança (por exemplo: de seção, de
natureza, de maneira de instalar ou de constituição) resulte em
Para que a proteção dos condutores contra sobrecargas fique redução do valor da capacidade de condução de corrente dos
assegurada, as características de atuação do dispositivo destinado a condutores.
provê-la devem ser tais que (Figura 103): No caso da Figura 104, se os Alimentadores 1, 2 e 3 tiverem
a mesma seção nominal, então não é necessário instalar nenhum 95
a) IB ≤ IN ≤ Iz ; e dispositivo de proteção contra sobrecargas no ponto onde é
realizada a emenda de derivação.
b) I2 ≤ 1,45 Iz

Onde:

IB é a corrente de projeto do circuito;


Iz é a capacidade de condução de corrente dos condutores, nas
condições previstas para sua instalação;
IN é a corrente nominal do dispositivo de proteção (ou corrente de
ajuste, para dispositivos ajustáveis), nas condições previstas para
sua instalação;
I2 é a corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou
corrente convencional de fusão, para fusíveis.

Tendo em vista as características dos disjuntores e fusíveis Figura 104 – Circuitos com mesma seção nominal

definidas em suas respectivas normas no que diz respeito às No entanto, se houver seções diferentes, a regra geral
correntes e tempos de atuações, as duas condições anteriores podem determina que deve ser instalado um dispositivo na emenda.
ser simplificadas conforme a seguir: Pode-se imaginar uma situação como esta se o Alimentador
1 tem seção 35 mm2, o Alimentador 2 tem seção 25 mm2 e
Disjuntores o Alimentador 3 tem seção 10 mm2. Neste exemplo, cada
alimentador deverá ter um dispositivo de proteção que atenda
IB ≤ IN ≤ Iz as prescrições de 5.3.4.1 da norma. Poderia ser o caso de o
Alimentador 1 ser protegido contra sobrecargas por um
NBR 5410

Fusíveis disjuntor de 125A, o Alimentador 2 por um disjuntor de 100A


e o Alimentador 3 por um disjuntor de 50A, conforme indicado
IN ≤ 1,45 Iz / α na Figura 105.
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Figura 105 – Circuitos com seções nominais diferentes

Deslocamento do dispositivo de proteção distribuição for menor do que três metros, o dispositivo de
proteção contra sobrecargas poderá estar situado no interior do
Em 5.3.4.2.2, prescreve-se que o dispositivo destinado a quadro.
proteger uma linha elétrica contra sobrecargas pode não ser A situação prevista em (a), seria aquela em que, por exemplo,
posicionado exatamente no ponto de derivação, mas deslocado existiria um dispositivo de proteção contra curtos-circuitos
ao longo do percurso da linha, se a parte da linha compreendida (disjuntor ou fusível) instalado no quadro geral (QG) que atuaria
entre a mudança de seção e o dispositivo de proteção não no caso da ocorrência de um curto-circuito em qualquer ponto
possuir nenhuma derivação, nenhuma tomada de corrente e entre a derivação e o quadro de distribuição (alimentadores 2 ou 3
atender a pelo menos uma das duas condições seguintes: (a) da Figura 106). Como indicado, nesta condição seria dispensada
96
estar protegida contra curtos-circuitos ou (b) seu comprimento a instalação do dispositivo de proteção contra sobrecargas em
não exceder 3 m, ser instalada de modo a reduzir ao mínimo o qualquer ponto dos alimentadores 2 e 3 do exemplo.
risco de curto-circuito e não estar situada nas proximidades de Em todos os casos, a norma indica que deve ser reduzido
materiais combustíveis. ao mínimo o risco de curto-circuito nas derivações. Isto pode
A Figura 106 ilustra o caso (b), onde se verifica que, se o ser atendido pela escolha adequada do tipo de linha elétrica em
comprimento do condutor entre a derivação e o quadro de função das influências externas existentes no local da instalação.
NBR 5410

Figura 106 – Deslocamento do dispositivo de proteção


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Omissão da proteção contra sobrecargas Tabela 32 – Temperaturas limites de curto-circuito dos condutores
(Tabela 35 da NBR 5410)
Tipo de isolação Temperatura limite de
As prescrições a seguir não são válidas para locais com riscos curto-circuito (condutor) °C
de incêndio (BE2) ou explosões (BE3) previstas na Tabela 22 da Cloreto de polivinila (PVC) até 300 mm2 160
NBR 5410. Assim, ao invés de instalar dispositivos de proteção Cloreto de polivinila (PVC) maior que 300 mm2 140
contra sobrecargas na derivação (Figura 105) ou em algum ponto Borracha etilenopropileno (EPR) 250
deslocado ao longo da linha elétrica (Figura 106), existem três Polietileno reticulado (XLPE) 250
situações em que simplesmente estes dispositivos de proteção
podem nem existir, a saber: No estudo da proteção contra correntes de curto-circuito devem,
em princípio, ser determinadas as correntes de curto-circuito
(a) Quando o circuito de derivação (alimentadores 2 e 3 nos presumidas simétricas em todos os pontos julgados necessários.
exemplos anteriores) for protegido a montante (atrás) por dispositivo O dispositivo destinado a proteger os condutores vivos de um
contra sobrecargas. Seria o caso, por exemplo, de existir no QG das circuito deve estar adequadamente coordenado com os condutores.
figuras anteriores um dispositivo de proteção que atuasse quando Para isso, a NBR 5410 impõe duas condições (Figura 107):
da ocorrência de uma sobrecarga no Alimentador 2 ou 3. Para que
isso ocorresse, as condições de 5.3.4.1 da norma deveriam ser • A capacidade de interrupção do dispositivo (ICN) deve ser no
atendidas, o que é muito raro acontecer na prática quando se tratam mínimo igual à corrente de curto-circuito presumida (Ik) no ponto
de condutores com seções nominais muito diferentes. onde for instalado (Figura 107). Só se admite um dispositivo com
capacidade de interrupção inferior, se houver, a montante, outro
(b) Quando o circuito de derivação não estiver sujeito à circulação dispositivo com a capacidade de interrupção necessária que deve
de correntes de sobrecarga, estiver protegido contra curtos- ser coordenado com o anterior;
circuitos e não possuir derivação ou tomada de corrente. Esta • A integral de Joule que o dispositivo deixa passar deve ser
também é uma situação pouco usual na maioria das instalações inferior ou igual à integral de Joule necessária para aquecer o
elétricas, principalmente no que diz respeito a não existir a condutor desde a temperatura máxima para serviço contínuo até a
possibilidade de circulação de correntes de sobrecarga. Além temperatura limite de curto-circuito (Figuras 107, 108 e 109), o que
disso, deveria existir um dispositivo de proteção contra curtos- pode ser indicado pela seguinte expressão:
circuitos (disjuntor ou fusível) instalado no quadro geral (QG) que
atuaria no caso da ocorrência de um curto-circuito em qualquer ∫ i 2 t dt ≤ K 2 S 2 97
ponto entre a derivação e o quadro de distribuição (alimentadores
2 ou 3 da Figura 106). onde:

(c) Podem ser omitidos dispositivos de proteção contra sobrecargas ∫ i 2 t dt é a integral de Joule (energia) que o dispositivo de proteção
em todas as derivações de linhas de sinal, incluindo circuitos de deixa passar, em ampères quadrados-segundo;
comando. K2 S2 é a integral de Joule (energia) capaz de elevar a temperatura do
condutor desde a temperatura máxima para serviço contínuo até a
Proteção contra sobrecargas de condutores em paralelo temperatura de curto-circuito, supondo-se aquecimento adiabático.

As condições de proteção contra sobrecargas de condutores em O valor de K é indicado na tabela 30 da NBR 5410 e S é a seção
paralelo são tratadas em 5.3.4.5 e no Anexo D.2 da NBR 5410. do condutor, em milímetros quadrados.

15.1.1.5 Critério de proteção contra corrente de curto-


circuito

Condições de proteção

Conforme 4.1.3.2 da NBR 5410, todo circuito deve ser protegido


por dispositivos que interrompam a corrente nesse circuito quando
pelo menos um de seus condutores for percorrido por uma corrente
de curto-circuito.
A interrupção da corrente de curto-circuito deve acontecer
em um tempo suficientemente curto para que os condutores não
atinjam os valores de temperatura especificados na Tabela 32.
NBR 5410

As características dos dispositivos de proteção dos cabos


elétricos de baixa tensão contra curto-circuito podem ser vistas no
capítulo 15 deste guia. Figura 107 – Condição geral de proteção contra curto-circuito
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onde:

I é a corrente de curto-circuito presumida simétrica, em ampères, valor


eficaz (Ik);
t é a duração do curto-circuito, em segundos.

Localização dos dispositivos que asseguram proteção contra curto-


circuito

Deslocamento do dispositivo de proteção

Em 5.3.5.2, a norma estabelece que devem ser providos dispositivos


que assegurem proteção contra curtos-circuitos em todos os pontos onde
uma mudança (por exemplo, redução de seção) resulte em alteração do
Figura 108 – Condição de proteção contra curto-circuito de um disjuntor valor da capacidade de condução de corrente dos condutores.
No caso da Figura 1, se os Alimentadores 1, 2 e 3 tiverem a mesma
seção nominal, então não é necessário instalar nenhum dispositivo de
proteção contra curtos-circuitos no ponto onde é realizada a emenda de
derivação.
No entanto, se houver seções diferentes, a regra geral determina que
deve ser instalado um dispositivo na emenda.
Pode-se imaginar uma situação como esta se pensarmos que o
Alimentador 1 tem seção 35 mm2, o Alimentador 2 tem seção 25 mm2
e o Alimentador 3 tem seção 10 mm2. Neste exemplo, cada alimentador

98

Figura 109 – Condição de proteção contra curto-circuito de um fusível

Para curtos-circuitos de qualquer duração em que a assimetria da


corrente não seja significativa, e para curtos-circuitos assimétricos de
duração 0,1 s ≤ t ≤ 5 s, pode-se escrever:

Figura 110 – Circuitos com mesma seção nominal


I2 . t ≤ K2 S2
NBR 5410

Figura 111 – Circuitos com seções nominais diferentes


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Figura 112 – Deslocamento do dispositivo de proteção

deverá ter um dispositivo de proteção que atenda as prescrições de do condutor entre a derivação e o quadro de distribuição for menor do
5.3.5.5.2 da norma. Sem entrar em muitos detalhes, poderia ser o caso de que três metros, o dispositivo de proteção contra curtos-circuitos poderá
o Alimentador 1 ser protegido contra curtos-circuitos por um disjuntor de estar situado no interior do quadro de distribuição (QD-1 e QD-2).
125 A, o Alimentador 2 por um disjuntor de 100 A e o Alimentador 3 por A norma indica que deve ser reduzido ao mínimo o risco de curto-
um disjuntor de 50 A, conforme indicado na Figura 111. circuito nas derivações. Isto pode ser atendido pela escolha adequada do
tipo de linha elétrica em função das influências externas existentes no
Deslocamento do dispositivo de proteção local da instalação.
99
Ainda conforme a prescrição de 5.3.5.2.2, alínea b), em alternativa
Em 5.3.5.2.2, prescreve-se que o dispositivo destinado a proteger à situação descrita anteriormente, é possível não instalar um dispositivo
uma linha elétrica contra curtos-circuitos pode não ser posicionado de proteção no ponto de derivação caso o condutor de seção reduzida
exatamente no ponto de derivação, mas deslocado ao longo do percurso estivesse garantidamente protegido contra curtos-circuitos por um
da linha, se a parte da linha compreendida entre a redução de seção dispositivo de proteção localizado a montante da derivação. Isso está
e a localização pretendida para o dispositivo de proteção atender ilustrado na Figura 4, onde o dispositivo de proteção instalado no
simultaneamente aos seguintes três requisitos: (a) não exceder 3 m, (b) QG estaria protegendo contra curtos-circuitos simultaneamente os
ser instalada de modo a reduzir ao mínimo o risco de curto-circuito e, (c) Alimentadores 1, 2 e 3. Para que isso seja possível, é preciso que os
não estar situada nas proximidades de materiais combustíveis. requisitos de 5.3.5.5.2 da NBR 5410 relativos à integral de Joule dos
A Figura 112 ilustra o caso (a), onde se verifica que, se o comprimento dispositivos e dos condutores sejam atendidos.

NBR 5410

Figura 113 – Deslocamento do dispositivo de proteção


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Omissão da proteção contra curtos-circuitos Exemplo:

Nos três casos mencionados a seguir é possível não existir a) circuito com tensão fase-neutro 127 V, seção dos condutores
nenhum dispositivo de proteção contra curtos-circuitos instalado 2,5 mm2 e comprimento 25 m, têm-se a seguinte corrente de curto-
na derivação ou deslocado ao longo da linha, desde que a linha circuito mínima presumida:
elétrica seja instalada de modo a reduzir ao mínimo o risco de
curto-circuito e não esteja situada nas proximidades de materiais Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
combustíveis: = 0,8 (127) (2,5) / (1,00) (0,027) 2 (25) = 188 A

(d) Em linhas que ligam geradores, transformadores, retificadores b) circuito com tensão fase-neutro 127 V, seção dos condutores
e baterias aos seus quadros correspondentes, desde que existam 25 mm2 e comprimento 25 m:
dispositivos de proteção instalados dentro dos quadros.
Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
(e) Em circuitos onde o desligamento automático seja perigoso, tais = 0,8 (127) (25) / (1,00) (0,027) 2 (25) = 1.882 A
como circuitos de excitação de máquinas rotativas, de alimentação
de eletroímãs para elevação de cargas, circuitos secundários de Fica evidente nos exemplos a influência da seção dos
transformadores de corrente e circuitos de motores usados em condutores (de fase e neutro) no valor da corrente mínima.
bombas de incêndio, extração de fumaça, etc. O primeiro caso (2,5 mm 2) é típico de circuitos terminais de
força e iluminação, enquanto que o segundo caso (25 mm 2) é
(f) Em circuitos de medição. mais encontrado em circuitos de distribuição e alimentação
de quadros em geral. A reduzida seção dos condutores
utilizados geralmente nos circuitos terminais contribui
Corrente de curto-circuito mínima presumida significativamente para a redução da corrente de curto-
circuito mínima presumida.
Na NOTA 2 de 6.4.3 (Seleção dos dispositivos de proteção
contra curtos-circuitos), informa-se que “para efeito de verificação 15.1.1.6 Natureza dos dispositivos de proteção contra
das condições especificadas em 6.3.4.3.1 e 6.3.4.3.2, considera- sobrecorrentes

100 se a corrente de curto-circuito mínima presumida como aquela


correspondente a um curto-circuito de impedância desprezível que Dispositivos capazes de prover simultaneamente proteção
ocorre no ponto mais distante da linha protegida”. contra correntes de sobrecarga e contra correntes de curto-circuito
Geralmente, esta corrente mínima corresponde a uma falta fase- Esses dispositivos de proteção devem poder interromper
fase ou fase-neutro na extremidade de cada circuito analisado, seja qualquer sobrecorrente inferior ou igual à corrente de curto-circuito
ele um circuito de distribuição ou terminal. presumida no ponto em que o dispositivo for instalado e podem ser
Seu cálculo simplificado é bem conhecido, sendo determinado dos seguintes tipos (Figura 114):
com boa aproximação pela seguinte expressão que tem origem na
norma francesa NF C 15100: a) disjuntores conforme NBR 5361, NBR IEC 60947-2, NBR NM
60898 ou IEC 61009-2.1.
Ikmin = 0,8 U S / r ρ 2 l
Após a publicação da NBR 5410 em 2004, a norma NBR 5361
Sendo: foi cancelada pela ABNT e substituída, para disjuntores de uso
residencial até 63 A, pelo Regulamento do Inmetro RTQ 243;
Ikmin - corrente de curto-circuito mínima presumida [A];
U – tensão nominal entre fase-neutro ou fase-fase, conforme o caso b) dispositivos fusíveis tipo gG, conforme NBR IEC 60269-1 e
considerado [V]; NBR IEC 60269-2 ou NBR IEC 60269-3;
S – seção nominal do condutor [mm2];
r – fator dado pela Tabela 33; c) disjuntores associados a dispositivos fusíveis, conforme
ρ - resistividade do cobre = 0,027 Ω mm2/m; NBR IEC 60947-2 ou NBR NM 60898.
l – comprimento do circuito [m].
Dispositivos capazes de prover apenas proteção contra
Tabela 33 – fator “r” correntes de sobrecarga
r S [mm2]
1,00 ≤120
Tais dispositivos geralmente possuem característica de atuação
NBR 5410

1,15 150
a tempo inverso e podem apresentar uma capacidade de interrupção
1,20 185
inferior à corrente de curto-circuito presumida no ponto de
1,25 240
instalação.
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Fusível NH Disjuntor Fusível Diazed


Figura 114 – Alguns tipos de dispositivos usuais de proteção contra sobrecorrente

Dispositivos capazes de prover apenas proteção contra sobrecorrentes. Ora, na prática, garantir o atendimento a estas
correntes de curto-circuito três condições não é nada fácil e, conseqüentemente, reduzir a
seção do condutor neutro deve ser uma decisão tomada somente
Tais dispositivos podem ser utilizados quando a proteção contra após uma análise muito criteriosa do caso. Note que a norma
sobrecargas for provida por outros meios ou nos casos em que se não obriga a redução do condutor neutro, mas apenas deixa uma
admite omitir a proteção contra sobrecargas). Esses dispositivos possibilidade para que esta redução aconteça.
devem poder interromper qualquer corrente de curto-circuito
inferior ou igual à corrente de curto-circuito presumida. Podem ser Condutor neutro pode ser igual ao condutor de fase
dos seguintes tipos:
Em 6.2.6.2.3 e 6.2.6.4, admite-se que, respectivamente, num
a) disjuntores conforme NBR 5361, NBR IEC 60947-2, circuito trifásico com condutor neutro e num circuito de duas fases
NBR NM 60898 ou IEC 61009-2.1; com condutor neutro, a seção do condutor neutro pode ser igual à
seção do condutor de fase desde que a taxa de terceira harmônica
b) dispositivos fusíveis com fusíveis tipo gG, gM ou aM, conforme (e suas múltiplas) presentes no circuito seja maior ou igual a 15% e
NBR IEC 60269-1 e NBR IEC 60269-2 ou NBR IEC 60269-3. menor ou igual a 33%. 101

15.2 Dimensionamento do condutor neutro Condutor neutro pode ser maior que o condutor de fase

Em 6.2.6.2, são feitas considerações sobre o dimensionamento Em 6.2.6.2.5, admite-se que num circuito trifásico com
do condutor neutro em função da taxa de terceira harmônica condutor neutro ou num circuito com duas fases com condutor
(THD3) e suas múltiplas presentes no circuito. neutro, a seção do condutor neutro pode ser maior que a seção do
Desta forma, são consideradas três situações: taxa inferior condutor de fase desde que a taxa de terceira harmônica (e suas
a 15%, taxa entre 15% e 33% e taxa superior a 33%, conforme múltiplas) presentes no circuito seja maior ou igual a 33%. Tais
indicado na Tabela 34. taxas são muito comuns em circuitos que alimentam, por exemplo,
computadores e outros equipamentos de tecnologia de informação.
Tabela 34 - Taxa de 3ª harmônica x seção do condutor neutro
De acordo com o anexo F da norma NBR 5410, a seção do
THD3 e 15% ≤ THD3 e THD3 e múltiplas
múltiplas < 15% múltiplas ≤ 33% > 33% condutor neutro nestas condições pode ser determinada calculando-
Condutor neutro Condutor neutro pode Condutor neutro se a corrente por:
pode ser menor que o ser igual ao condutor pode ser maior que o
condutor de fase de fase condutor de fase IN = fh IB

Onde IN é a corrente no condutor neutro considerando a


Condutor neutro pode ser menor que o condutor de condutor presença das harmônicas de 3a ordem e suas múltiplas, fh é um fator
de fase obtido na Tabela 35 (Tabela F.1 da NBR 5410) e IB é a corrente
de projeto no condutor de fase (incluindo todas as harmônicas)
Em 6.2.6.2.6, admite-se que num circuito trifásico com calculada por (1).
condutor neutro, onde os condutores de condutor de fase tenham A norma faz uma observação que é muito útil na prática
seção maior que 25 mm2, a seção do condutor neutro pode ser e que resulta num dimensionamento a favor da segurança:
menor que a do condutor de condutor de fase, limitada aos na falta de estimativa mais precisa da taxa de 3ª harmônica,
NBR 5410

valores da tabela 48 da referida norma, desde que (1) o circuito recomenda-se a adoção dos maiores fatores da tabela, ou seja,
seja equilibrado, (2) a taxa de 3ª harmônica e múltiplas seja 1,73 e 1,41, respectivamente, para circuitos trifásicos e com
menor que 15% e (3) que o condutor neutro seja protegido contra duas fases.
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TABELA 35 - Fator para a determinação da corrente no neutro da forma energeticamente mais eficiente e ambien-talmente
fh mais amigável possível desde a fonte até o ponto de utilização.
Taxa de 3ª harmônica Circuito trifásico Circuito com duas No entanto, devido à sua resistência elétri-ca, o cabo dissipa, na
com neutro fases e neutro
33% a 35% 1,15 1,15
forma de calor (perda joule), uma parte da energia transportada,
36% a 40% 1,19 1,19
de forma que uma eficiência de 100% não é obtida neste processo.
41% a 45% 1,24 1,23 Em consequência, essa perda irá requerer a geração de uma energia
46% a 50% 1,35 1,27 adicional que contribuirá para o acréscimo da emissão de gases de
51% a 55% 1,45 1,30 efeito estufa na atmosfera.
56% a 60% 1,55 1,34 A energia dissipada por estes cabos precisa ser paga por alguém,
61% a 65% 1,64 1,38 transformando-se assim em um acréscimo nos custos operacionais
≥ 66% 1,73 1,41 do equipamento que está onde alimentado e da instalação elétrica
como um todo. Esta sobre-carga financeira se estende por toda a
Exemplo: sendo I1 = 110 A, I3 = 57 A e I5 = 29 A, circuito vida útil do processo envolvido. O custo da energia tem um peso
trifásico com neutro, segue-se: cada vez mais importante nos custos operacionais das edificações
comerciais e industriais. Neste sentido, todos os esforços possíveis
IB = √1102 + 572 + 292 = 127 A devem ser feitos para conter gastos desnecessários.
Os aspectos ambientais e conservacionistas relacionados com a
THD3 = 100 x 57 / 110 = 52% energia desperdiçada também são importantes fato-res, cada vez mais
ressaltados. Estudos revelam que, ao longo do ciclo de vida dos fios e
Entrando com 52% na tabela F.1 fh = 1,45 cabos elétricos, as mais significativas emissões de CO2 (gás do efeito
estufa) são produzidas quando os condutores estão sendo utilizados
Então, IN = fh IB = 1,45 x 127 = 184 A no transporte de energia elétrica, onde relativamente pequenas na fase
de fabricação e descarte desses produtos. Essas emissões de CO2 são
Proteção contra sobrecorrentes do condutor neutro resultantes da geração extra de energia necessária para compensar
as perdas joule na condução da corrente elétrica pelo circuito. Desta
Nos esquemas TN e TT, quando a seção do condutor neutro forma, mantidas todas as demais características da instalação, a
for pelo menos igual ou equivalente à dos condutores de fase, não maneira mais adequada de reduzir as perdas joule nos fios e cabos, e
102 é necessário prever detecção de sobrecorrente no condutor neutro, consequentemente, as emissões de CO2, é aumentar a seção nominal
nem dispositivo de seccionamento nesse condutor. dos condutores elétricos.
Quando a seção do condutor neutro for inferior à dos condutores Teoricamente, seria possível reduzir a perda de energia
de fase, é necessário prever detecção de sobrecorrente no condutor (joule) e a consequente emissão de CO2 a valores insignifi-cantes,
neutro, adequada à seção desse condutor. Essa detecção deve aumentando-se a seção do condutor. No entanto, como isto
provocar o seccionamento dos condutores de fase, mas não significa aumentar o custo inicial do cabo, seus acessórios, linhas
necessariamente do condutor neutro. No entanto, admite-se omitir a elétricas e mão de obra de instalação, tende-se a anular a economia
detecção de sobrecorrente no condutor neutro, se as duas condições conseguida pela melhoria da eficiência na distribuição. Neste caso,
seguintes forem simultaneamente atendidas: é interessante encontrar um compromisso entre estas duas variáveis
(redução nas perdas x aumento do custo inicial da instalação).
a) o condutor neutro estiver protegido contra curtos-circuitos pelo A melhor ocasião para se considerar a questão das perdas joule
dispositivo de proteção dos condutores de fase do circuito; e emissão de CO2 numa instalação elétrica é na etapa de projeto,
b) a corrente máxima suscetível de percorrer o condutor neutro em quando custos adicionais são marginais. É fácil compreender que,
serviço normal for claramente inferior ao valor da capacidade de após sua instalação, é muito mais difícil e caro incorporar melhorias
condução de corrente desse condutor. a um circuito. A questão central neste assunto é identificar uma seção
de condutor que reduza o custo da energia desperdiçada, sem incorrer
Considera-se esta condição satisfeita se a potência transportada em custos iniciais excessivos de compra e insta-lação de um cabo.
pelo circuito for distribuída tão uniformemente quanto possível entre Os critérios de dimensionamento econômico e ambiental
as diferentes fases. Por exemplo, se a soma das potências absorvidas apresentados a seguir são aplicáveis a todos os tipos de instalações
pelos equipamentos de utilização alimentados entre cada fase e o elétricas de baixa e média tensão, sejam nas instalações prediais,
neutro for muito inferior à potência total transportada pelo circuito comerciais e industriais ou nas redes públicas de distribuição de
em questão. Um valor prático usual para esse desequilíbrio é de 10%. energia elétrica.
Existem algumas situações onde o emprego de tais critérios é
15.3-Dimensionamento econômico e ambiental de condutores particularmente mais interessante, tais como aquelas que envolvem
circuitos com cargas relativamente elevadas, que funcionam por
NBR 5410

elétricos
longos períodos durante o dia. São os casos de alimentadores de
15.3.1 Introdução quadros de distribuição, quadros de luz, alimentação de motores
A função de um cabo de potência é conduzir a energia elétrica elétricos, torres de resfriamento, ar condicionado, dentre outros,
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

facilmente encontrados, por exemplo, em shopping centers, θ = temperatura máxima nominal do condutor para o tipo de cabo
indústrias em geral, hospitais, edifícios comerciais e públicos, considerado [ºC];
portos, aeroportos, estádios e ginásios esportivos, dentre ou-tros. θa = temperatura ambiente média [ºC].
A = componente variável do custo por unidade de comprimento
15.3.2 Dimensionamento técnico e econômico de condutores conforme seção do condutor [$/m.mm2]
elétricos conforme a norma NBR 15902 Np = número de condutores de fase por circuito;
Nc = número de circuitos que levam o mesmo tipo e valor de carga;
15.3.2.1 Seção Econômica T = tempo de operação com perda joule máxima [h/ano];
P = custo de um watt-hora no nível da tensão pertinente [$/W.h]
A Seção Econômica (Sec) de um condutor elétrico pode ser D = variação anual da demanda [$/W.ano];
determinada pela expressão [1] que utiliza parâmetros calculados Q = quantidade auxiliar;
pelas expressões [2] a [5]. i = taxa de capitalização para cálculo do valor presente [%];
yp = fator de proximidade, conforme IEC 60287-1-1;
ys = fator devido ao efeito pelicular, conforme IEC 60287-1-1;
[1]
λ1 = fator de perda da cobertura, conforme IEC 60287-1-1;
λ2 = fator de perda da armação, conforme IEC 60287-1-1;
r = quantidade auxiliar;
[2] N = período coberto pelo cálculo financeiro, também referido como
“vida econômica” [ano];
a = aumento anual da carga (Imax) [%];
[3] b = aumento anual do custo da energia, sem incluir efeitos da
inflação [%].

[4]
15.3.2.2 Aspectos econômicos

Para combinar os custos iniciais de compra e instalação com os


[5] custos de perdas de energia que surgem durante a vida econômica
de um condutor elétrico, é necessário expressá-los em valores 103
econômicos comparáveis, que são os valores que se referem ao
onde: mesmo ponto no tempo.
É sabido que, quanto menor a seção nominal de um condutor
Sec = seção econômica do condutor [mm2] elétrico, menor é o seu custo inicial de aquisição e instalação e
Imax = corrente de projeto máxima prevista para o circuito no maior é o seu custo operacional durante a sua vida útil.
primeiro ano, [A]; Multiplicando-se o valor obtido em [1] pelo preço do Wh
F = quantidade auxiliar; cobrado pela distribuidora de energia (ou calculado para a fonte de
ρ20 = resistividade elétrica do material condutor a 20 °C [Ω m]; geração própria), obtém-se o custo da perda de energia (operacional)
B = quantidade auxiliar; do condutor elétrico.
α20 = coeficiente de temperatura para a resistência do condutor a Deste modo, o custo total de instalar e operar um cabo durante
20 ºC [K-1]; sua vida econômica, expresso em valores presentes, é calculado
θm = temperatura média de operação do condutor [ºC]; conforme a seguinte equação:

S Custo Total

Custo Inicial

Valor mínimo

Custo de operação
(perdas)

mm2
NBR 5410

ST SE

SE > ST corresponde ao custo total mínimo

Figura 115 - Custo inicial e custo operacional dos cabos em função da seção nomial
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Custo total = CT = CI + CJ [6] para sua fabricação. Os itens 6.2 e 6.3 a seguir apresentam os
onde: modos de calcular as emissões de CO2 evitadas e realizadas.

CI é o custo inicial de um comprimento de cabo instalado, [$]; Redução das emissões de CO 2 na geração de energia pelo
CJ é o custo operacional equivalente na data em que a instalação aumento da seção
foi adquirida, ou seja, o valor presente, das perdas joule durante a
vida considerada, [$]. Quando os condutores dimensionados pelo critério
técnico (de menor seção) são substituídos por condutores
A Figura 115 apresenta as curvas típicas do custo operacional dimensionados pelo critério econômico (de maior seção), a
(CJ) e custo inicial de uma instalação (CI) em função da seção quantidade anual de redução de emissões de CO2 é dada pela
nominal dos condutores. seguinte fórmula:
Na Figura 115, somando-se ponto a ponto as duas curvas (custo
inicial e custo operacional), tem-se , para cada seção nominal, o Z 1 = Σ [Np Nc I2 (R1 – R2) 10-3 T l K1] [9]
custo total daquele condutor ao longo de sua vida referido a um
valor presente. onde:
Conforme a Figura 115, a curva relativa ao custo total apresenta
um ponto de valor mínimo ($) para uma dada seção (mm2). Z1 = quantidade anual de redução de emissões de CO2 [kg-CO2];
Denomina-se como seção econômica (Sec) de um circuito N p = número de condutores de fase por circuito;
aquela seção que resulta no menor custo total de instalação e N c = número de circuitos que levam o mesmo tipo e valor de
operação de um condutor elétrico durante sua vida econômica carga;
considerada. I = corrente de projeto, [A];
De acordo com a NBR 15920, o custo total (CT) pode ser l = comprimento do cabo, [km];
calculado por: R1 = resistência do condutor por unidade de comprimento
CT = I2max R l F [$] [7] dimensionado pelo critério técnico (menor seção), [Ω/km] –
onde: calculada conforme equação [8];
Imax = carga máxima no cabo durante o primeiro ano, [A]; R 2 = resistência do condutor por unidade de comprimento
l = comprimento do cabo, [m]; dimensionado pelo critério econômico (maior seção), [Ω/km]
104 F = calculado pela equação [2]; – calculada conforme equação [8];
R = resistência c.a. aparente do condutor por unidade de comprimento, T = tempo de operação por ano [h/ano];
levando em conta os efeitos pelicular e de proximidade (yp, ys) e as K 1 = emissões de CO 2 no momento da geração por unidade de
perdas em blindagens metálicas e armações (λ1, λ2), [Ω/m]. energia elétrica, [kg-CO 2/kWh]. Este valor varia conforme
a característica da matriz energética de cada país, sendo
O valor de R em função da seção padronizada S do condutor maior nos casos onde fontes primárias de energia são mais
deve ser considerado na temperatura média de operação do condutor poluentes (combustíveis fósseis) e menor onde as fontes
(θm) e calculado pela seguinte expressão: primárias são mais limpas e renová-veis (hidráulica, solar,
eólica, etc.). No caso do Brasil, dados de 2010 indicam um
ρ 20 •
B[1 + α 20 • (θm - 20)] [8] valor de K 1 = 0,089 kg-CO 2/kWh.
R(S) = • 10 6
S
Aumento das emissões de CO 2 na fabricação de condutores

15.3.2.3 Dimensionamento ambiental de condutores elétricos pelo aumento da seção

Ao longo do ciclo de vida dos fios e cabos elétricos, as O aumento da seção dos condutores quando dimensionados
mais significativas emissões de CO2 (gás do efeito estufa) pelo critério econômico tem como consequência direta o
são produzidas quando os condutores transportam a energia aumento nas emissões de CO2 no processo completo de
elétrica, sendo relativamente pequenas na fase de fabricação e fabricação dos cabos elétricos, desde a fase de extração do
descarte desses produtos. Essas emissões de CO2 são resultantes metal condutor na mina até o descarte do produto após sua
da geração extra de energia necessária para compensar as utilização (ciclo de vida do produto). Isso se deve ao fato de que
perdas joule na condução da corrente elétrica pelo circuito. seções maiores utilizam mais materiais e, consequentemente,
Como visto nas seções anteriores, é possível reduzir a perda mais energia é consumida na fabricação e demais etapas da
de energia (joule) e a consequente emissão de CO2 através vida do produto.
do aumento da seção do condutor pela aplicação do critério O principal aumento nas emissões de CO2 devido ao
de dimensionamento econômico. Assim, é fácil concluir aumento da seção ocorre na produção do cobre, desde a mina
NBR 5410

que haverá um ganho ambiental sempre que, num período até a fabricação do elemento condutor do cabo. O aumento
considerado, as emissões de CO2 evitadas durante a operação anual das emissões de CO2 neste caso é dado pela seguinte
do cabo forem menores do que as emissões de CO2 realizadas expressão:
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Z2 = Σ [(W2 – W1) l K2] [10] • O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a
onde: correta seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção
contra curto-circuito que irá proteger o barramento blindado ou
Z2 = quantidade anual de aumento de emissões de CO2 [kg-CO2]; indicar diretamente o dispositivo de proteção contra curto-circuito
W1 = peso do condutor por unidade de comprimento dimensionado que deve ser utilizado;
pelo critério técnico (menor seção), [kg/km] • O fabricante deve declarar os valores de resistência elétrica,
W2 = peso do condutor por unidade de comprimento dimensionado reatância e impedância do sistema de barramento blindado nas
pelo critério econômico (maior seção), [kg/km]; condições de montagem especificadas a fim de permitir os cálculos
l = comprimento do cabo, [km]; das correntes de curto-circuito e de falta em qualquer ponto de uma
K2 = emissões de CO2 no momento da produção do cobre por instalação elétrica que inclua o barramento blindado;
unidade de cobre, [kg-CO2/kg-Cu]. Este valor varia conforme a • O dispositivo de proteção do barramento blindado deve ter a
característica da matriz energética de cada país e do processo de capacidade de interrupção contra curto-circuito igual ou superior
extração e fabricação do metal, sendo maior nos casos onde fontes à corrente de curto-circuito presumida no ponto onde o dispositivo
primárias de energia são mais poluentes (combustíveis fósseis) for instalado;
e menor onde as fontes primárias são mais limpas e renováveis • O fabricante deve declarar os limites de queda de tensão no
(hidráulica, solar, eólica, etc.). No caso do Brasil, onde a maioria sistema de barramento blindado.
do cobre utilizado nos condutores elétricos é importada do Chile,
recomenda-se utilizar K2 = 4,09 kg-CO2/kg-Cu que é aquele
correspondente à produção do catodo de cobre eletrolítico realizada
naquele país. 16 Aterramento e equipotencialização
O resultado do dimensionamento ambiental de condutores
elétricos pode ser determinado por Z 1 – Z 2. Na condição de 16.1 Generalidades
Z 1 – Z 2 > 0, as reduções nas emissões de CO 2 obtidas pelo
uso de cabos de maiores seções durante a vida eco-nômica O aterramento, que é tratado em 6.4.1 na NBR 5410, tem
considerada compensaram os aumentos nas emissões de CO 2 como função principal garantir a segurança das pessoas em relação
devidas ao processo de fabricação dos cabos com maiores às tensões de passo e toque, além do correto funcionamento das
seções. Em outras palavras, Z 1 – Z 2 representa o ganho instalações elétricas e dos equipamentos por elas servidos.
ambiental obtido pela redução das emissões de CO 2 devido ao Um sistema de aterramento é o conjunto de todos os eletrodos, 105
dimensionamento econômico dos condutores. barramentos, massas e elementos condutores estranhos à instalação
elétrica interligados direta ou indiretamente entre si por meio dos
15.3.2.4 Software condutores de aterramento, de proteção e de equipotencialização
(Figura 116).
O Instituto Brasileiro do Cobre, Procobre, disponibiliza um Um sistema de aterramento pode ser dividido em duas partes
software que realiza o dimensionamento econômico e ambiental de principais, a saber:
condutores elétricos no site www.leonardo-energy.org.br.
• A primeira parte, que fica enterrada (no solo), é denominada
15.4 Dimensionamento de barramentos blindados “eletrodo de aterramento”, sendo assim definido nas normas
mencionadas anteriormente: elemento ou conjunto de elementos
Uma vez que as características elétricas dos barramentos do sistema de aterramento que assegura o contato elétrico com o
variam entre fabricantes, o dimensionamento de um barramento solo e dispersa a corrente de defeito, de retorno ou de descarga
blindado de baixa tensão e suas proteções deve seguir as instruções atmosférica na terra.
do fabricante. Esse dimensionamento deve levar em consideraração • A segunda parte abrange todo o complexo de condutores
os seguintes aspectos gerais: (rabichos de aterramento, condutores PE, condutores para
referência de sistemas e de equipotencialização) e massas
• A corrente nominal do barramento blindado (In) deve ser igual metálicas (carcaças de equipamentos, estruturas e outros
ou superior à corrente de projeto do circuito (IB), incluindo as elementos) situadas acima do nível do solo e que deverão estar
componentes harmônicas; convenientemente interligados e aterrados;
• A corrente nominal do sistema de barramento blindado deve ser
declarada pelo fabricante para uma determinada temperatura de 16.2 Eletrodo de aterramento
referência do ar ambiente;
• O fabricante deve fornecer as informações necessárias para a O eletrodo de aterramento deve ser construído de tal forma a
correta seleção e dimensionamento do dispositivo de proteção desempenhar sua função causando a menor perturbação possível,
NBR 5410

contra sobrecarga que irá proteger o barramento blindado ou indicar na forma de tensões superficiais no solo sobre o mesmo e em
diretamente o dispositivo de proteção contra sobrecarga que deve seus arredores ou através do retorno de correntes impulsivas
ser utilizado; para a instalação elétrica.
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Quanto ao aspecto construtivo, um eletrodo de aterramento (“pés-de-galinha”); ou,


pode ser: d) no mínimo, uso de anel metálico enterrado, circundando o
perímetro da edificação e complementado, quando necessário,
• Natural: que não é instalado especificamente para este fim, por hastes verticais e/ou cabos dispostos radialmente (“pés-de-
mas que apresenta as condições necessárias para desempenhar a galinha”).”
função, em geral as armaduras de aço das fundações;
• Convencional: que é instalado com este fim, como por exemplo, Assim elimina-se a possibilidade de vários eletrodos de
os condutores em anel, as hastes verticais ou inclinadas e os aterramento distintos serem instalados para aterrar componentes
condutores horizontais radiais em forma de malha. de instalações diferentes (SPDA, telefonia, energia, dados, etc.)
situados na mesma edificação.
Em 6.4.1.1.1, a NBR 5410 determina que toda edificação
deve dispor de uma infraestrutura de aterramento, denominada 16.2.1 Eletroduto de aterramento natural
“eletrodo de aterramento”, sendo admitidas as seguintes opções:
O uso do eletrodo de aterramento pelas fundações, técnica
a) preferencialmente, uso das próprias armaduras do concreto utilizada há décadas no exterior, baseia-se na constatação de
das fundações (ver 6.4.1.1.9); ou que o conjunto formado pelo ferro imerso em concreto em
b) uso de fitas, barras ou cabos metálicos, especialmente contato com o solo apresenta resistividades muito baixas, da
previstos, imersos no concreto das fundações (ver 6.4.1.1.10); ordem 30 a 50 Ω.m a 20 ºC. Além disso, a massa de material
ou condutor representada pelas toneladas de aço nas fundações é
c) uso de malhas metálicas enterradas, no nível das fundações, muito superior à quantidade de material metálico utilizado nos
cobrindo a área da edificação e complementadas, quando eletrodos convencionais, reduzindo significativamente o valor
necessário, por hastes verticais e/ou cabos dispostos radialmente da resistência de aterramento (Figura 117).

Quadro

106
9
1 Eletrodo de aterramento 10
(infraestrutura de ater-ramento)
2 Condutor de aterramento
3 BEP (Barramento de
Equipotencialização Principal) 7
4 Condutor de equipotencialização 8
principal
5 Condutor de proteção principal 8
6 Condutor de equipotencialização
suplementar 6 6
7 Condutor de proteção 7 10
8 BEL (Barramento de
Equipotencialização Local)
9 Elemento condutor estranho
à instalação elétrica
10 Massa
5 Equipamento
Elétrico

Neutro da
9 Concessionária
3
4 9
4
NBR 5410

Figura 116 - Principais componentes do sistemas de aterramento e equipotencialização


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16.2.2 Eletroduto de aterramento convencional

A seleção e instalação dos componentes formadores do


eletrodo de aterramento convencional devem observar as seguintes
condições:

• O projeto do eletrodo de aterramento deve considerar o


possível aumento da resistência de aterramento dos eletrodos
devido à corrosão. Deve considerar também a resistência às
solicitações térmicas, termomecânicas e eletromecânicas, ou
seja, o dimensionamento dos condutores do eletrodo deve seguir
os métodos de relacionados a proteção contra choques elétricos,
correntes de curto-circuito e corrosão, inclusive eletrolítica. A seção
Figura 117 - Ferragens da fundação mínima admissível é mostrada na Tabela 36.
Tabela 36 - Seção mínima dos condutores para aterramento

Nos casos em que a infraestrutura de aterramento da edificação Seções mínimas de condutores de aterramento enterrados no solo
for constituída pelas próprias armaduras embutidas no concreto das Protegido contra Não protegido contra
fundações (armaduras de aço das estacas, dos blocos de fundação danos mecânicos danos mecânicos
e vigas baldrames), pode-se considerar que as interligações Protegido contra corrosão Cobre: 2,5 mm2 Cobre: 16 mm2

naturalmente existentes entre estes elementos são suficientes para Aço: 10 mm 2


Aço: 16 mm2

se obter um eletrodo de aterramento com características elétricas Não protegido contra corrosão Cobre: 50 mm (solos ácidos ou alcalinos)
2

adequadas, sendo dispensável qualquer medida suplementar Aço: 80 mm2

(Figura 118).
• O tipo e a profundidade de instalação dos elementos do eletrodo
de aterramento devem suprir as mudanças nas condições do solo,
por exemplo: umidade, para que a resistência ôhmica do conjunto
(eletrodo/solo) não varie acima do valor parametrizado em 107
projeto.
• Devem ser seguidas medidas apropriadas de instalação visando
garantir proteção mecânica adequada para que os materiais e
conexões possam suportar as condições de influências externas
(movimentação do solo, compressão, etc.) (Tabela 37). Neste
sentido, devem ser tomados os devidos cuidados com a execução
das soldas, aperto das conexões mecânicas com torque adequado e,
em alguns casos, pode ser necessário envelopar os condutores em
uma mistura de cimento e areia.
• Não é admitida na composição do eletrodo de aterramento a
utilização de tubulações metálicas de serviços (água, esgoto, etc.)
ou outros elementos que possam ser periodicamente retirados
Figura 118 - Interligações entre elementos da armadura
para manutenção, porém estes devem estar conectados a ele para
cumprir as medidas prescritas de equipotencialização;
Nas fundações em alvenaria, a infraestrutura de aterramento • O eletrodo deve possuir distribuição espacial conveniente, além de
pode ser constituída por fita, barra ou cabo de aço galvanizado apresentar valor de impedância (resistência ôhmica) de aterramento
imerso no concreto das fundações, formando um anel em todo o condizente com as condições de topologia, dimensões e do solo que
perímetro da edificação. A fita, barra ou cabo deve ser envolvido o envolve a fim de minimizar as tensões superficiais (toque e passo)
por uma camada de concreto de no mínimo 5 cm de espessura, a que possam surgir. Uma das possibilidades neste caso é dispor o
uma profundidade de no mínimo 0,5 m. eletrodo de forma a que ele fique posicionado abaixo da edificação
Para que não haja falsas expectativas ou utilização indevida ou estrutura a ser aterrada , estendendo-o a pelo menos 1 m de
dos componentes estruturais, deve-se deixar claro que, em 6.4.1.1.1 barreiras da divisa (muro, cercas, etc.);
a), está explícita a permissão para utilização das armaduras de • Preferencialmente o eletrodo de aterramento convencional deve
fundação. Portanto, as conexões descritas em 6.4.1.2.3 não devem constituir no mínimo, um anel (fechado) circundando o perímetro
NBR 5410

ser executadas indiscriminadamente ao logo da edificação. Neste da edificação (Figura 119). Portanto não se deve construir um
sentido, por exemplo, armaduras dos pilares não podem substituir eletrodo de aterramento distante do local onde o mesmo deverá
os condutores PE. prover a infra-estrutura de aterramento;
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Tabela 37 - Materiais apropriados e suas especificações

Dimensões mínimas

Material Superfície de Forma Diâmetro mm Seção mm Espessura do Espessura média do


material mm revestimento
Aço Zincada a quente 1)
Fita 2)
15 100 3 70
ou inoxidável Perfil 1 120 3 70
Haste de seção circular 3)
25 70
Cabo de seção circular 15 95 50
Tubo 15 2 55
Capa de cobre Haste de seção circular 3)
2000
Revestida de cobre por eletrodeposição Haste de seção circular 3)
254
Cobre Fita 1,8 (cada veio) 50 2
Nu 1)
Cabo de seção circular 20 50
Cordoalha 50
Tubo 2
Zincada Fita 2)
50 2 40

1) Pode ser utilizado para embutir no concreto


2) Fita com cantos arredondados.
3) Para eletrodo de profundidade.

“Relação entre a tensão medida entre o eletrodo, o terra remoto e


a corrente injetada no eletrodo.”
A obsessão pela busca de um baixo valor de resistência ôhmica
em um sistema de aterramento tem motivos técnicos ligados à
diminuição dos valores das tensões superficiais e à proteção contra
choques elétricos, especialmente para os esquemas TT (ver parte
6 deste guia). Porém esse motivo tem sido distorcido desde o
108 principio do conceito até o absurdo de serem exigidos valores de
forma indiscriminada sem sequer conhecer-se os dados primários
do solo no qual o eletrodo está ou será construído contrariando a
premissa básica de que o valor da resistência ôhmica do eletrodo
de aterramento deve ser o mais baixo possível considerando, no
mínimo, o tipo de terreno no qual o mesmo está ou será instalado.
Com uma simples leitura da definição percebe-se que o valor
Figura 119 – Trecho de um eletrodo em anel
em questão é fruto do ensaio de, basicamente, dois componentes
• A eficiência de qualquer eletrodo de aterramento depende das principais: o eletrodo e o solo que o envolve, portanto é conveniente
condições locais do solo. Devem ser selecionados um ou mais tipos, esclarecer que a medição da resistência ôhmica do eletrodo do
formas e topologias de instalação dos eletrodos de aterramento visando aterramento não é o ensaio correto para definir a integridade física
adequar o conjunto às condições do solo e ao valor da resistência de do mesmo.
aterramento exigida em função do esquema de aterramento adotado Este valor mesmo quando obtido através de ensaio devidamente
para que haja eficiência na proteção contra choques elétricos, realizado, fornece as condições de funcionamento do conjunto
notadamente para esquemas IT e TT. Uma possível escolha neste (eletrodo + solo) e dependendo da situação (por exemplo, no caso
caso é selecionar um eletrodo em anel ou malha com um perímetro de um solo em condições ótimas de condutividade que abrigue
aumentado, o que aumenta sua eficiência. Em casos extremos, pode-se uma malha de aterramento com alguns condutores dos módulos
construir um anel por fora do inicial, interligado a ele, para diminuir o rompidos) pode apresentar resultados que serão mal interpretados e
valor da resistência (sempre em função da resistividade do solo); não ajudarão na detecção das falhas existentes.
• O eletrodo deve estar disposto de tal forma a prover pontos de A NBR 5410 não estabelece valores mínimos, tão pouco
acessibilidade em cada local onde haja entrada de condutores, recomenda valores de referência para resistência ôhmica do
serviços de utilidades e em outros pontos que forem necessários eletrodo de aterramento, privilegiando a equipotencialização e a
para satisfazer à equipotencialização; correta utilização de dispositivos de proteção.
Os métodos de medição da resistência ôhmica do eletrodo que
16.2.3 Resistência do eletrodo de aterramento constam do anexo J da NBR 5410 têm utilização bastante limitada
NBR 5410

em função do aumento do numero de construções, confinando


A resistência de aterramento de um eletrodo está definida em 3.15, instalações e elementos metálicos enterrados de tal forma que
3.9 e 3.15 das NBRs 5419, 15749 e 15751, respectivamente, como: haja influência mutua entre esses componentes. Essa característica
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restringe a execução desses ensaios a poucas áreas onde haja espaço Conexões com solda de estanho não asseguram resistência
livre de interferências. A própria NBR 5410 recomenda que nesses mecânica adequada e, portanto, não devem ser utilizadas para
casos seja realizado o ensaio do anexo K relacionado com medição esta finalidade.
da impedância do percurso da corrente de falta. Há ainda a opção
da utilização dos métodos descritos na NBR 15749 ou o ensaio de 16.4 Condutor de proteção (PE)
continuidade elétrica descrito na NBR 5419.
Os condutores de proteção, ou PE, são tratados em diversos
16.3 Condutor de aterramento trechos do texto da NBR 5410, pois sua função é de importância
fundamental para o funcionamento de vários dispositivos de
O condutor de aterramento principal é o condutor de proteção proteção em uma instalação elétrica.
que liga o barramento de aterramento principal ao eletrodo de O condutor PE é utilizado para conduzir correntes de fuga ou
aterramento. de falta para o eletrodo de aterramento, bem como promover a
A conexão de um condutor de aterramento ao eletrodo de equipotencialização entre massas metálicas e a instalação elétrica.
aterramento embutido no concreto das fundações (a própria armadura Segundo a NBR 5410, podem ser usados como condutores de
do concreto ou, então, fita, barra ou cabo imerso no concreto) deve proteção:
ser feita garantindo-se simultaneamente a continuidade elétrica, a
capacidade de condução de corrente, a proteção contra corrosão, a) veias de cabos multipolares;
inclusive eletrolítica, e adequada fixação mecânica. b) condutores isolados, cabos unipolares ou condutores nus em
Essa conexão pode ser executada, por exemplo, recorrendo-se a conduto comum com os condutores vivos;
dois elementos intermediários, conforme descrito a seguir: c) armações, coberturas metálicas ou blindagens de cabos;
d) eletrodutos metálicos e outros condutos metálicos, sob certas
a) o primeiro elemento, que realiza a derivação do eletrodo para condições;
fora do concreto, deve ser constituído por barra de aço zincada, com e) invólucros metálicos de barramentos blindados, sob certas
diâmetro de no mínimo 10 mm, ou fita de aço zincada de 25 mm x 4 condições.
mm e ligada ao eletrodo por solda elétrica. A barra ou fita deve ser
protegida contra corrosão; É terminantemente proibido o uso como condutor de proteção,
b) o segundo elemento, destinado a servir como ponto de conexão do mas sem prejuízo na interligação para garantir a equipotencialização,
condutor de aterramento, deve ser constituído por barra ou condutor dos seguintes elementos metálicos: 109
de cobre, ligado ao primeiro elemento por solda exotérmica (Figura
120) ou processo equivalente do ponto de vista elétrico e da corrosão. a) tubulações de água;
b) tubulações de gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis;
No caso de o eletrodo ser a armadura do concreto, essa armadura c) elementos de construção sujeitos a esforços mecânicos em
deve ter, no ponto de conexão, uma seção maior ou igual a 50 mm2 e serviço normal;
um diâmetro de preferência maior ou igual a 8 mm. d) eletrodutos flexíveis, exceto quando concebidos para esse fim;
e) partes metálicas flexíveis;
f) armadura do concreto (vigas, colunas, etc.);
g) estruturas e elementos metálicos da edificação (vigas, colunas, etc.);
h) massas de equipamentos.

Os condutores PE de uma instalação devem ser ter continuidade


elétrica garantida, devem estar adequadamente protegidos contra
deterioração, esforços eletrodinâmicos e térmicos. Suas conexões
devem ser acessíveis para verificações e ensaios (exceto se
encapsuladas ou em emendas moldadas).
É proibida a inserção de dispositivos de comando ou manobra
no condutor PE.

16.5 Condutor PEN

Figura 120 – Solda exotérmica A utilização do condutor PEN (o neutro aterrado) é admitida
em instalações fixas e sua seção mínima, relacionada a questões
Em alternativa às soldas elétrica e exotérmica, podem ser mecânicas, deve ser de 10 mm2 (cobre).
NBR 5410

utilizados conectores adequados, instalados conforme instruções O condutor PEN deve ser um condutor isolado e a tensão de
do fabricante e de modo a assegurar uma conexão equivalente, sem isolação deve ser compatível com a maior tensão a que ele possa ser
danificar o eletrodo nem o condutor de aterramento. submetido na instalação.
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Toda vez que um condutor PEN adentrar uma edificação o para a proteção contra choques elétricos, mas insuficiente
mesmo deverá ser conectado direta ou indiretamente ao BEP. sob o ponto de vista da proteção contra perturbações
Uma regra que deve ser sempre lembrada está em 6.4.3.4.3 eletromagnéticas.
da NBR 5410: se, em um ponto qualquer da instalação, as funções Deve-se entender equipotencialização como um conceito,
de neutro e de condutor de proteção forem separadas, com a um conjunto de medidas a serem tomadas em uma instalação
transformação do condutor PEN em dois condutores distintos, um elétrica visando minimizar o surgimento de tensões perigosas
destinado a neutro e o outro a condutor de proteção, não se admite provenientes das mais variadas fontes (rompimento do
que o condutor neutro, a partir desse ponto, venha a ser ligado isolamento, raios, indução, etc.) e que não possam ser
a qualquer ponto aterrado da instalação. Por isso mesmo, esse suportadas pelas instalações elétricas, equipamentos e pessoas
condutor neutro não deve ser religado ao condutor PE que resultou por elas servidas.
da separação do PEN original. Partindo desse principio, a NBR 5410 estipula cada medida
Isto significa que após a separação, o condutor de neutro passa relacionada a uma causa da diferença de potencial a ser
a exercer sua função específica de conduzir correntes elétricas de mitigada. Em grande parte dos casos o atendimento de algumas
retorno, de desequilíbrio de fases, ou mesmo as correntes harmônicas, recomendações resulta no cumprimento de outras.
enquanto o condutor PE continua como componente para interligação Assim como no aterramento, cujo eletrodo deve ser
de elementos metálicos, normalmente desenergizados, ao eletrodo de único para todos os componentes a serem aterrados em uma
aterramento. Reconectar o neutro ao PE após a separação, significa edificação, a equipotencialização tem por principio reunir,
transferir as correntes elétricas já mencionadas para esse condutor. direta ou indiretamente, todos os elementos metálicos
existentes nessa edificação em um único ponto. Esse conceito
16.6 Equipotencialização é denominado “equipotencialização principal”.
Cada edificação deve possuir uma equipotencialização
A NBR 5410 define equipotencialização, em 3.3.1como: principal e tantas equipotencializações suplementares quantas
“Procedimento que consiste na interligação de elementos forem necessárias.
especificados, visando obter a equipotencialidade necessária Em 6.4.2.1.1, a NBR 5410 especifica que em cada edificação
para os fins desejados. Por extensão, a própria rede de deve ser realizada uma equipotencialização principal, reunindo
elementos interligados resultante. A equipotencialização é os seguintes elementos (Figura 121):
um recurso usado na proteção contra choques elétricos e na
110 proteção contra sobretensões e perturbações eletromagnéticas. a) as armaduras de concreto armado e outras estruturas
Uma determinada equipotencialização pode ser satisfatória metálicas da edificação (Figura 123);

3.d

Detalhe A (**)
3
EC
BEP

BEP = Barramento de equipotencialização


EC principal.
5 EC = Condutores de equipotencialização.
1 = Eletrodo de aterramento
4.a (embutido nas fundações).
4 EC 2 = Armaduras de concreto armado e outras
3 estruturas metálicas da edificação.
EC
3 = Tubulações metálicas de utilidades,
4.b bem como os elementos estruturais
3.a 3.b metálicos a elas associados:
3.a = água;
EC 3.b = gás;
2
(*) = luva isolante
3 (*) 3.c = esgoto;
3.d = ar-condicionado.
4 = Condutos metálicos, blindagens,
3.c armações, coberturas e capas
metálicas de cabos.
4.a = Linha elétrica de energia.
4.b = Linha elétrica de sinal.
NBR 5410

5 = Condutor de aterramento principal


1

Figura 121 – Equipotencialização principal


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b) as tubulações metálicas de água, de gás combustível, de


esgoto, de sistemas de ar condicionado, de gases industriais,
de ar comprimido, de vapor, etc., bem como os elementos
estruturais metálicos a elas associados;

c) os condutos metálicos das linhas de energia e de sinal que


entram e/ou saem da edificação;

d) as blindagens, armações, coberturas e capas metálicas de


cabos das linhas de energia e de sinal que entram e/ou saem
da edificação;

e) os condutores de proteção das linhas de energia e de sinal


que entram e/ou saem da edificação;

f) os condutores de interligação provenientes de outros Figura 123 – Detalhe de ligação equipotencial da armadura do concreto
eletrodos de aterramento porventura existentes ou previstos no
entorno da edificação; Em um local onde haja várias edificações, por exemplo, em
indústrias, condomínios horizontais ou verticais, clubes, etc., deve
g) os condutores de interligação provenientes de eletrodos de haver tantas equipotencializações principais quantas forem as
aterramento de edificações vizinhas, nos casos em que essa edificações existentes. Ou seja, cada edificação deve ter sua própria
interligação for necessária ou recomendável; equipotencialização principal.
Atendendo não só aos requisitos de equipotencialização, mas
h) o condutor neutro da alimentação elétrica, salvo se não proteção contra choques, sobrecorrentes e também para fins de
existente ou se a edificação tiver de ser alimentada, por compatibilidade eletromagnética todos os circuitos, inclusive
qualquer motivo, em esquema TT ou IT ; trifásicos sem o condutor de neutro, devem ser providos de
condutor PE.
i) os condutores de proteção principais da instalação elétrica A equipotencialização principal de uma instalação tem como
principio a união direta ou indireta de massas metálicas a um
111
(interna) da edificação.
único ponto e deste ponto parte então a interligação para o eletrodo
A Figura 122 mostra a maneira de realizar a de aterramento. Esse ponto chama-se BEP – Barramento de
equipotencialização em função do esquema de aterramento. Equipotencialização Principal.

N PE PE PE PE N PE PE PE

Quadro de Quadro de
distribuição distribuição
principal principal

barra PE barra PE

Detalhe A Detalhe A

BEP
BEP

PEN N
NBR 5410

Esquema TN Esquema TT

Figura 122 – Detalhe de como realizar a equipotencialização em função do esquema de aterramento.


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Local

Suplementar
Principal

BEL Barra
Suplementar

BEP
Infraestrutura de aterramento

Figura 124– Exemplo para equipotencialização principal, local e suplementar

Em instalações extensas, nem sempre é possível ligar


diretamente todas as massas ao BEP, sendo necessário então 16.7 Condutores de equipotencialização
112 recorrer a barramentos mais próximos das cargas, chamados
de BEL – Barramento de Equipotencialização Local ou o BES - Segundo 6.4.4.2 da NBR 5410, não podem ser utilizados como
Barramento de Equipotencialização Suplementar. condutores de equipotencialização, porém devem integrar a mesma,
A Figura 124 ilustra os conceitos de BEP, o BEL e o BES. quaisquer massas que possam ser parcial ou totalmente removidas
O BEP deve ser posicionado prioritariamente no ponto de da instalação por questões alheias às da própria instalação
entrada da instalação (onde os condutores das linhas externas (manutenção, alteração de leiaute, etc.), tais como:
adentrem a edificação), permitindo assim a interligação direta ou
indireta (via DPS) com os mesmos. a) elementos de construção sujeitos a esforços mecânicos em
Em alternativa e, dependendo das condições exigíveis de serviço normal;
equipotencialização para proteção contra os efeitos diretos causados b) tubulações de água;
pelos raios, o BEP pode ser posicionado no quadro de distribuição c) tubulações de gases ou líquidos combustíveis ou inflamáveis;
principal – QDP (ver parte 9 deste guia). d) partes metálicas flexíveis;
O BEL e o BES geralmente são posicionados em quadros de e) eletrodutos flexíveis, exceto quando concebidos para esse fim.
distribuição ou específicos para esses fins. Estas equipotencializações
também a visam proteção contra choques, contra surtos e outros 16.8 Dimensionamento dos componentes que compõem os
efeitos ligados a prevenção contra perturbações eletromagnéticas, sistemas de aterramento e equipotencialização

porém de forma localizada.


Quando em fase de projeto, é importante prever que todas as 16.8.1 Condutor de proteção
entradas dos serviços para aquela edificação que possuam condutos
ou condutores metálicos convirjam para um mesmo ponto. Caso A seção mínima dos condutores de proteção deve ser calculada
essa prática não seja possível, há que se criar um BEL para suprir as de acordo com 6.4.3.1.2 da NBR 5410, ou selecionada de acordo
exigências da equipotencialização no(s) local(ais). Este BEL deverá com 6.4.3.1.3.
estar conectado ao BEP sempre de forma a proporcionar ligações de A seção do condutor PE pode ser calculada pela expressão:
baixa impedância.
A Figura 125 ilustra as localizações do BEP, BEL e BES. l2 t
NBR 5410

S=
As ligações aos barramentos de equipotencialização devem ser onde: k
feitas através de conexões mecânicas apropriadas e individualmente e
devem ser providas de sinalização, segundo 6.4.2.1.5 da NBR 5410. S é a seção do condutor (mm2), em milímetros quadrados;
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SPDA

Local específico

Massas
metálicas

Equipotencialização Principal Elementos


metálicos
L1 Condutores PE
L2
PEN Equipotencialização Suplementar
DPS
T PE
N PE

TAT
BEP

Aterramento
Figura 125 – Posicionamento preferencial do BEP e dos demais barramentos de equipotencialização.

I é o valor (eficaz) da corrente de falta que pode circular pelo condutor de fase. Nesta situação, o dispositivo de proteção do
dispositivo de proteção, para uma falta direta (A); circuito em questão estará protegendo contra esta sobrecorrente
t é o tempo de atuação do dispositivo de proteção, em segundos; (falta fase-PE) dois condutores de seções diferentes (por exemplo, 113
k é o fator que depende das temperaturas iniciais e finais e do SFASE = 120 mm2 / SPE = 70 mm2). Naturalmente, estes condutores
material: do condutor de proteção, de sua isolação e outras partes. suportam energias diferentes e, desta forma, seria possível,
teoricamente, haver danos ao condutor de proteção mesmo com a
As tabelas 53 a 57 da NBR 5410 dão os valores de k para existência de um dispositivo que atue no caso de corrente de falta.
condutores de proteção em diferentes condições de uso ou serviço. Isto porque, via de regra, existe apenas um dispositivo de proteção
Para a aplicação desta expressão com o objetivo de contra sobrecorrentes em cada circuito, o qual é responsável pelas
determinação a seção do condutor de proteção é necessário, dentre atuações em sobrecarga e curto-circuito (entre fases e fase-PE).
outras condições, conhecer o valor da corrente de falta presumida Como alternativa ao cálculo indicado, a seção do condutor de
(I) entre fase e condutor de proteção. Mas aqui há um problema proteção pode ser determinada por uma simples consulta à tabela 58
de ordem prática, uma vez que para a determinação da corrente da norma (Tabela 38 deste guia), que relaciona a seção do PE com
de falta é imprescindível conhecer as impedâncias que fazem a seção do condutor de fase correspondente. Os valores da Tabela
parte do caminho desta corrente, o que, necessariamente, inclui a x são válidos apenas se o condutor de proteção for constituído do
impedância do condutor de proteção. No entanto, esta impedância mesmo metal que os condutores de fase. Caso não seja, sua seção
é função da seção do condutor de proteção, que é exatamente o deve ser determinada de modo que sua condutância seja equivalente
elemento que se quer determinar com o uso da expressão anterior. à da seção obtida pela tabela.
Assim sendo, o requisito de 6.4.3.1.2 tem pouca ou nenhuma
Tabela 38 - Seção mínima do condutor de proteção
aplicação prática na determinação da seção do condutor de proteção.
Seção dos condutores de fase S Seção mínima do condutor de proteção
A utilidade da expressão pode estar apenas na determinação do mm2 correspondente mm2
tempo de atuação (t) do dispositivo de proteção responsável pelo S ≤ 16 S
seccionamento automático, uma vez conhecidos os valores de S, I 16 < S ≤ 35 16
e k. Desta forma, é possível verificar se o dispositivo de proteção S > 35 S/2

que provoca o seccionamento do circuito num caso de falta fase-


PE irá atuar num tempo tal que o condutor de proteção suporta tal Mais do que uma alternativa, o uso da Tabela 38 é o único modo
solicitação. direto de escolher a seção do condutor de proteção. O conteúdo da
NBR 5410

Esta verificação, raramente feita nos projetos, é particularmente Tabela 38 é recorrente nas várias edições da norma e sua aplicação
importante nos casos em que a seção do condutor de proteção é é imediata nos casos em que cada circuito tem seu próprio condutor
menor (em geral, aproximadamente a metade) do que a seção do de proteção (Figura 126).
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Figura 126: caso em que cada circuito tem seu próprio condutor de proteção (PE)

Figura 127: caso em que cada o condutor de proteção (PE) é comum a mais de um circuito

Nos casos previstos em 6.4.3.1.5 da norma, é permitido que Tabela 39 – Correntes suportadas por condutores isolados em PVC em 1 ciclo
Tabela x - Correntes suportadas por condutores isolados em PVC em 1 ciclo
um condutor de proteção seja comum a dois ou mais circuitos, S (mm2) I (kA)

desde que esteja instalado no mesmo conduto que os respectivos 1,5 1,7

condutores de fase. Nestes casos, indica-se que a seção do condutor 2,5 2,8
4 4,4
114 PE deve ser selecionada conforme a Tabela 38, com base na maior
6 6,6
seção de condutor de fase desses circuitos. (Figura 127).
10 11,1
Embora não esteja tratado de modo explícito no texto da norma, nos
16 17,7
casos em que um dado circuito é composto por cabos em paralelo por
25 27,7
fase, sob o ponto de vista elétrico pode se considerar cada conjunto de
35 38,8
condutores vivos (ABCN) como um circuito independente para efeito de
50 55,4
aplicação da prescrição de 6.4.3.1.5. Assim, por exemplo, se um circuito
70 77,5
tem 3 cabos por fase 120 mm2, considera-se como se 3 circuitos de 120
95 105,2
mm2 estivessem instalados no mesmo conduto, sendo então 120 mm2
120 132,9
a maior seção de condutor de fase desses circuitos, resultando em um 150 166,2
condutor de proteção de 70 mm2 de seção nominal (120 / 2 = 60 mm2). 185 204,9
É importante entender que, ao permitir o compartilhamento do 240 265,8
condutor de proteção por mais de um circuito e determinar que se
considere a maior seção do condutor de fase dentre esses circuitos, 21 são elevadas, o que demonstra que a seleção destes condutores
a norma pressupõe que a pior falta fase-PE ocorrerá entre apenas pelo uso da tabela resulta num dimensionamento bastante adequado.
um condutor de fase de maior seção e o PE, sem a possibilidade Por exemplo, um condutor PE de 16 mm2 isolado em PVC suporta
de ocorrência de duas faltas ou mais entre fases e o condutor de por 1 ciclo uma corrente de falta fase-PE de 17,7 kA. Mesmo nos
proteção. Na prática, esta suposição é bastante real e razoável. casos das seções menores (abaixo de 10 mm2), as correntes ainda
Para verificar se a tabela 21 indica valores adequados, pode-se são altas considerando-se que, provavelmente, tais condutores
fazer um exercício simples, verificando-se os valores de corrente de servem a circuitos terminais, que possuem naturalmente uma
falta que seriam suportados pelos condutores de proteção isolados elevada impedância com conseqüentes correntes de falta reduzidas.
em PVC e protegidos por dispositivos de proteção que atuassem
no caso de faltas fase-PE em tempos de 1 ciclo (DRs, fusíveis e 16.8.2 Condutor de aterramento
disjuntores operam geralmente abaixo deste tempo). Assim, usando
a expressão de 6.4.3.1.2, com t = 1/60 s (1 ciclo) e k = 143 (isolação O condutor de aterramento deve ser dimensionado conforme
NBR 5410

em PVC), tem-se os resultados da Tabela 39. as mesmas prescrições do condutor de aterramento, porém a seção
Note-se nos valores da tabela que as correntes de falta fase-PE resultante deve ser maior ou igual à seção indicada na Tabela 52
suportadas pelos condutores de proteção dimensionados pela tabela (Tabela 40 deste guia).
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Tabela 40 - Seção mínima dos condutores para aterramento


Seções mínimas de condutores de aterramento enterrados no solo
Protegido contra Não protegido contra
danos mecânicos danos mecânicos
Protegido contra corrosão Cobre: 2,5 mm2 Cobre: 16 mm2
Aço: 10 mm 2
Aço: 16 mm2
Não protegido contra corrosão Cobre: 50 mm (solos ácidos ou alcalinos)
2

Aço: 80 mm2

Figura 129 - exemplo de dimensionamento de condutor de equipotencialização


16.8.3 Condutores de equipotencialização principal entre uma massa e um elemento condutor estranho à instalação elétrica

c) em qualquer dos casos anteriores a) ou b) anteriores, o condutor


Os condutores de equipotencialização principal devem ser
de equipotencialização suplementar deve atender ao estabelecido
dimensionados conforme 6.4.4.1.1 da NBR 5410. Suas seções
em 6.4.3.1.4. Este, por sua vez, trata da seção mínima de condutores
nominais não devem ser inferior à metade da seção do condutor de
de proteção que não façam parte do mesmo cabo multipolar ou não
proteção de maior seção da instalação, com um mínimo de 6 mm2 e
estejam contidos no mesmo conduto fechado que os condutores de
um máximo de 25 mm2, em cobre.
fase. Esta é, por sinal, uma situação muito usual de instalação do
Por exemplo, supondo-se que o maior condutor de proteção
condutor de equipotencialização suplementar.
da instalação tenha seção nominal 70 mm2, então metade da seção
é 35 mm2, porém, pela regra acima, a seção nominal de todos os
Desta forma, a norma estabelece a seção mínima de 2,5 mm2 em
condutores de equipotencialização principal pode ser 25 mm2.
cobre para o condutor de equipotencialização suplementar, se for provida
proteção ao condutor contra danos mecânicos (com sua instalação em
16.8.4 Condutores de equipotencialização suplementar
eletroduto ou eletrocalha, por exemplo); ou uma seção mínima de 4 mm2
em cobre para o condutor de equipotencialização suplementar, se não for
Os condutores de equipotencialização suplementar devem ser
provida proteção ao condutor contra danos mecânicos.
dimensionados conforme 6.4.4.1.2 da NBR 5410. Neste caso, a
norma prevê duas situações: condutor interligando duas massas e
16.8.5 BEP (Barramento de Equipotencialização Principal):
condutor interligando uma massa e um elemento condutor estranho
115
à instalação.
O BEP é um conceito, mais do que um componente físico
da instalação. Ele é um “ponto de encontro” dos condutores da
a) o condutor em cobre ou alumínio destinado a interligar
equipotencialização principal e do condutor de aterramento. Não
(equipotencializar) duas massas deve ter uma seção igual ou
é determinado na NBR 5410 nenhum formato para o BEP. No
superior à do condutor de proteção de menor seção ligado a essas
entanto, na prática, a maneira mais usual de executar o BEP tem
massas (Figura 128);
sido através do uso de uma barra geralmente de cobre.
Neste caso, é natural que, por coerência, a capacidade de
condução de corrente desta barra (e sua seção por conseqüência)
não deve ser inferior à capacidade de condução de corrente do
condutor de aterramento.
O comprimento (L) e largura (h) do BEP devem ser tais que
seja fisicamente possível realizar todas as ligações necessárias dos
condutores de equipotencialização principais existentes. O número
de ligações e a seção dos condutores a serem ligados ao BEP variam
de projeto para projeto (Figura 130).

Figura 128 - Exemplo de dimensionamento de condutor de equipotencialização


entre duas massas

b) o condutor em cobre ou alumínio destinado a interligar


(equipotencializar) uma massa e um elemento condutor estranho à
instalação elétrica deve ter uma seção igual ou superior à metade da
do condutor de proteção ligado à massa (Figura 129).

No caso do exemplo da figura 3, se o PE da massa tem seção


NBR 5410

6 mm2, então SPE/2 = 3 mm2 e, portanto, a seção mínima do


condutor de equipotencialização será 4 mm2 que é a seção nominal Figura 130: As dimensões físicas de um BEP na forma de barra dependem de
padronizada mais próxima. cada projeto
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Um conjunto de circuitos pode compartilhar um dispositivo


16.8.6 BEL (Barramento de Equipotencialização Local) de seccionamento comum desde que as condições de serviço
permitam essa solução. Essa medida não anula a obrigatoriedade
Valem os mesmos comentários feitos para o BEP, exceto que deve de cada circuito possuir seu próprio dispositivo de seccionamento.
ser verificada a capacidade de condução de corrente dos condutores O seccionamento comum de vários circuitos é utilizado quando
de equipotencialização ao invés dos condutores de aterramento. se deseja permitir o desligamento geral de uma instalação ou de
setores de uma instalação a partir de um quadro de distribuição,
17 Seccionamento e comando por exemplo (Figura 131).
Não é admitida a utilização de dispositivos a semicondutores
As prescrições da NBR 5410 sobre seccionamento e comando como dispositivos de seccionamento uma vez que não é garantida
são tratadas nos itens indicados na Tabela 41. a separação física dos contatos nestes dispositivos.
Tabela 41: Itens da NBR 5410 seccionamento e comando Os dispositivos de seccionamento devem ser projetados
Características Medidas de Seleção e e instalados de modo a impedir qualquer restabelecimento
gerais proteção instalação
inadvertido. Essas precauções podem incluir uma ou mais das
3.4 5.6 6.3.7
seguintes medidas: travamento do dispositivo de seccionamento
com cadeado; afixação de placas de advertência; instalação em
17.1 Seccionamento local ou invólucro fechado a chave (Figura 132). Como medida
suplementar, as partes vivas podem ser curto-circuitadas e
Seccionar é o ato de desligar completamente um dispositivo aterradas.
elétrico ou circuito de outros dispositivos ou outros circuitos,
provendo afastamentos adequados que assegurem condições de 17.2 Comando funcional
segurança especificadas em relação a quaisquer circuitos vivos.
A NBR 5410 prescreve que sempre devem existir meios de Comando é a ação humana ou de dispositivo automático que
seccionar a alimentação da instalação elétrica, seus circuitos modifica o estado ou a condição de determinado equipamento
e seus equipamentos para fins de manutenção, verificação, elétrico.
localização de defeitos e reparos. Comando funcional é a ação destinada a garantir o
Qualquer que seja o esquema de aterramento, o condutor de desligamento, a ligação ou a variação da alimentação de energia
116 proteção não deve ser seccionado, incluindo o condutor PEN dos elétrica de toda ou de parte de uma instalação, em condições
esquemas TN-C. de funcionamento normal. Um exemplo clássico de comando
Cada circuito, sem exceção, deve ter seu próprio dispositivo funcional é ligar e desligar uma lâmpada por meio de um
de seccionamento que seccione todos os condutores vivos (fases interruptor ou ligar, desligar e variar a intensidade luminosa da
e neutro). Há uma exceção em relação ao seccionamento do lâmpada por meio de um variador de luminosidade (“dimmer”).
neutro em esquema de aterramento TN-S, que, conforme 5.6.2.2, A NBR 5410 determina que todo circuito ou parte de circuito
não é necessário ser seccionado. que necessite ser comandado independentemente de outras

SECCIONAMENTO
INDIVIDUAL

INTERRUPTOR DR
PROTEÇÃO DR 63A/30MA
63A 16A
ABC ABC A
6 TOMADAS GARAGEM ILM. BANHO
#2.5
16A
16A
C 7 TOMADA GARAGEM 2P+T
1 ILUMINAÇÃO GARAGEM #2.5
60HZ - ICC=60KA
3F + N - 220/127V

#2.5 50A
16A A
B 8 CHUVEIRO ELÉTRICO
SECCIONAMENTO 2 ILUMINAÇÃO GARAGEM #10.0
#2.5 50A
COMUM 16A
A 9 CHUVEIRO ELÉTRICO
3 ILUMINAÇÃO GARAGEM
#2.5 #10.0
63A 16A
VEM DO QDC ABC C R
DO CONDOMÍIO
4 ILUMINAÇÃO VIGIA
# 16.0 # 16.0 #2.5
16A
B R
5 ILUMINAÇÃO BOX
3F + N + - 220/127V

#2.5
60HZ - ICC=60KA

16A
AC SENSORES DE PRESENÇA QUADRO DE
10 PTO FORÇA PORTÃO ELETRÔNICO NA PLANTA
#2.5 CONTATORES
10A
BA 9 k1
NBR 5410

CIRC.11 A

#1.0 #1.0

Figura 131 - Seccionamento comum e individual em um quadro de distribuição


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

Figura 133 – Em geral, o dispositivo de comando não precisa desligar todos os


condutores vivos

Todo equipamento de utilização deve ser provido de


dispositivo de comando funcional, que poderá ou não vir
de fábrica já incorporado ao equipamento. Caso não venha
incorporado, o dispositivo deve ser provido na instalação.
Um mesmo dispositivo de comando funcional pode comandar
vários equipamentos destinados a funcionar simultaneamente,
como é o caso, por exemplo, de um interruptor que comanda
várias lâmpadas.
Plugues e tomadas podem ser empregados como dispositivos
Figura 132 – Exemplos de travamentos e bloqueios
de comando funcional, desde que sua corrente nominal não seja
superior a 20 A.
partes da instalação deve ser provido de dispositivo de comando
funcional. 18 Circuitos de motores
Conforme 5.6.6.1.2, os dispositivos de comando funcional
não precisam seccionar necessariamente todos os condutores 18.1 Introdução 117
vivos do circuito. No entanto, se em algum caso houver
qualquer possibilidade de danos para as pessoas, componentes As prescrições da NBR 5410 sobre circuitos de motores
e equipamentos, então todos os condutores vivos devem ser são apresentadas em 6.5.1 e tratam especificamente de circuitos
seccionados. que alimentam motores em aplicações industriais e similares
Um caso que ilustra esta prescrição é o uso de interruptores normais.
de iluminação paralelos (“three ways”) em circuitos bifásicos São consideradas aplicações industriais e similares normais
(Figura 133). Normalmente, este interruptor possui três contatos aquelas que envolvem motores de indução com rotor de gaiola,
para comandar uma fase, sendo que precisaria ter seis contatos de potência nominal unitária não superior a 150 kW, operados
no caso de se desejar seccionar as duas fases em um circuito em regime de serviço S1, excluídas as aplicações de motores
bifásico! Pela aplicação de 5.6.6.1.2, fica dispensado o uso com potência não superior a 1,5 kW que acionem aparelhos
desse interruptor com seis terminais. Uma questão que pode ser eletrodomésticos e eletroprofissionais.
levantada neste caso é a segurança de alguém que vá trocar uma Desta forma, os circuitos de pequenos motores de uso
lâmpada em um circuito bifásico, cujo comando (interruptor) residencial para aparelhos eletrodomésticos e eletroprofissionais
desligou apenas uma das fases. Neste caso, poderia haver o risco devem ser tratados pelas regras gerais da norma (ver capítulo 15
de contato da mão com o condutor vivo ainda energizado ligado deste guia).
ao porta-lâmpada. Ocorre que, até mesmo a simples tarefa de Para efeito de utilização das prescrições da norma, assume-
trocar uma lâmpada deve ser realizada com o seccionamento se que as características dos motores, bem como do regime S1,
do circuito e não apenas com o desligamento feito por meio são aquelas definidas na NBR 7094.
do comando. Em outras palavras, deve-se seccionar o circuito Regime de serviço é a freqüência à qual o motor é submetido
na sua origem, no quadro de distribuição, antes de realizar a a uma determinada carga. Diz respeito, portanto, ao número
troca da lâmpada. Esse procedimento é necessário até mesmo de partidas do motor em um determinado intervalo de tempo,
porque não há nenhuma garantia que, ao queimar a lâmpada, o à natureza da carga mecânica (constante ou variável) e à
interruptor tenha ficado na posição “desligado”. intensidade da carga. A NBR 7094 define 10 regimes de partida
É proibida a instalação de dispositivo de comando unipolar (S1 até S10) que podem ser divididos em três tipos: regime
NBR 5410

no condutor neutro. Portanto, quando for necessário comandar o contínuo, regime de curta duração e regime intermitente.
neutro de um circuito por qualquer razão funcional, devem ser Os motores normalmente são projetados para suportar o
utilizados dispositivos multipolares. regime S1, que é aquele no qual o motor é submetido a uma
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

carga constante por um período de tempo suficiente para atingir que o motor possa trabalhar com ligação em dupla tensão, por
o equilíbrio térmico. exemplo, 220/380 V, 380/660 V ou 440/760 V. Além disso, os
O regime de serviço deve ser cuidadosamente observado na motores deverão ter, no mínimo, seis bornes de ligação.
especificação do motor, pois implica diretamente na temperatura Na ligação estrela, a corrente fica reduzida em cerca de 25%
de operação do motor e consequentemente na integridade do a 33% da corrente de partida na ligação triângulo e a curva do
sistema de isolamento. conjugado também é reduzida na mesma proporção. Por isso, a
partida estrela-triângulo normalmente é indicada para uso com
18.2 Limitação das perturbações devidas à partida de motores motor de conjugado elevado, em partidas em vazio, com carga
parcial, ou com aplicação da carga mecânica somente depois de
Durante a partida direta dos motores usuais, a corrente no ter sido atingida a rotação nominal.
circuito elétrico aumenta significativamente (da ordem de 5 a
10 vezes a corrente nominal) e, por conta disso, o motor pode Chave compensadora
provocar perturbações nas redes elétricas, sejam internas do
consumidor ou na rede da concessionária. Diferentemente da chave estrela-triângulo, a chave
Assim, os equipamentos a motor não devem, durante sua compensadora pode ser usada para a partida de motores sob
partida, causar perturbações inaceitáveis na rede de distribuição, carga. Ela reduz a corrente de partida, deixando, porém, o motor
na instalação propriamente dita e nos demais equipamentos. com um conjugado suficiente para a partida e aceleração.
Algumas destas perturbações incluem afundamentos de tensão A tensão na chave compensadora é reduzida através de um
e flicker (ver parte 22 deste guia). autotransformador que possui normalmente tapes de 50, 65 e
Em particular, devem ser consultadas as concessionárias 80% da tensão nominal.
sobre as condições de fornecimento de energia no caso da
partida direta de motores com potência acima de 3,7 kW (5 cv), Sistema eletrônico de partida suave (soft-starter)
em instalações alimentadas por rede pública em baixa tensão.
Caso a partida escolhida seja direta, a plena tensão, ela é O sistema eletrônico de partida suave (“soft-starter”) é um
feita por meio de um dispositivo de comando, geralmente um dispositivo formado basicamente por uma ponte de tiristores
contator. Existem conjuntos pré-montados, para a partida direta (SCR) que controlam a corrente de partida de motores de
de motores, que reúnem no mesmo invólucro o dispositivo de corrente alternada trifásica. Através da variação do ângulo de
118 comando (por exemplo, contator tripolar), o dispositivo de disparo dos SCRs da ponte, consegue-se variar progressivamente
proteção contra correntes de sobrecarga (por exemplo, relé o valor da tensão eficaz aplicada nos terminais do motor. Assim,
bimetálico) e o dispositivo de proteção do circuito terminal pode-se controlar muito bem a corrente de partida do motor,
contra correntes de curtos-circuitos (por exemplo, dispositivo proporcionando uma “partida suave”, de forma a minimizar os
fusível). Esses dispositivos são chamados de chaves de partida distúrbios.
direta de motores. As principais aplicações de soft-starters incluem as bombas
Durante a partida de motores de potência mais elevada, centrífugas, ventiladores, exaustores, sopradores, compressores de ar,
quando a corrente no circuito aumenta muito, a queda de misturadores, aeradores, centrífugas, serras e plainas, transportadores
tensão nos demais pontos de utilização da instalação não deve de carga, escadas rolantes, esteiras de bagagem, etc.
ultrapassar os valores indicados pela NBR 5410 e apresentados
no capítulo 15 deste guia. 18.3 Dimensionamento dos circuitos de motores
Para minimizar as perturbações em geral e reduzir a queda
de tensão durante a partida, recorre-se à utilização de sistemas O dimensionamento de um circuito de motor de acordo com
de partida de motores. Uma vez que os dispositivos de partida, a NBR 5410 inclui os elementos indicados na Figura x:
independentemente do tipo, alteram a tensão e a corrente
elétrica durante o tempo de partida, afetando assim o torque • Condutores do circuito terminal;
do motor, a escolha do sistema de partida mais adequado para • Dispositivo de proteção do circuito terminal contra correntes
uma determinada aplicação deve levar em conta o tipo de carga de curto-circuito (geralmente um dispositivo fusível);
mecânica a ser acionada. Também devem ser considerados os • Dispositivo de seccionamento para desligar o circuito terminal,
tempos de aceleração e de rotor bloqueado quando se utiliza a o dispositivo de comando e o motor. Em geral, são usados chaves
partida com tensão reduzida. seccionadoras e interruptores;
• Dispositivo de comando para partir e parar o motor (geralmente
Os tipos mais utilizados de dispositivos de partida indireta
um contator);
são os seguintes:
• Dispositivo de proteção do motor contra correntes de sobrecarga
NBR 5410

(geralmente um relé bimetálico);


Chave estrela-triângulo
• Condutores do circuito de distribuição;
Para a partida com chave estrela-triângulo é fundamental • Proteção de retaguarda que protege o circuito de distribuição
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(terminais e de distribuição) que alimentam motores, deve ser


levado em conta que as quedas de tensão nos terminais dos
motores e nos demais pontos de utilização não devem ultrapassar
os valores indicados no capítulo 15 deste guia.
Durante a partida de um motor, a queda de tensão nos
terminais do dispositivo de partida não deve ultrapassar 10%
da tensão nominal do motor, observados os limites indicados no
capítulo 15 deste guia para os demais pontos de utilização da
instalação.
O cálculo da queda de tensão durante a partida do motor
deve ser efetuado considerando a corrente de rotor bloqueado
e, na falta de um valor mais preciso, pode ser considerado um
fator de potência igual a 0,3. O valor da corrente de partida varia
conforme o tipo e potência do motor e, portanto, deve ser obtida
no catálogo do fabricante.

13.3.3 Proteção contra corrente de sobrecarga

Conforme 6.5.1.4, a proteção contra correntes de sobrecarga


dos circuitos que alimentam motores pode ser provida por
Figura 134 – Elementos de um circuito de motor dispositivos de proteção integrados ao motor, sensíveis à
temperatura dos enrolamentos ou por dispositivos de proteção
externos ao motor, sensíveis à corrente do respectivo circuito.
contra corrente de curto-circuito (geralmente um dispositivo Quando for utilizado um dispositivo externo (geralmente um
fusível). relé térmico bimetálico acoplado a um contator), sua corrente
nominal ou de ajuste deve ser igual à corrente nominal do motor
multiplicada pelo fator de serviço, se existir. Como a série de
13.3.1 Capacidade de condução de corrente correntes nominais dos dispositivos apresenta incrementos 119
discretos, admite-se, na prática, uma diferença de até 12% entre
Conforme 6.1.5.3.1, os condutores do circuito terminal, as duas correntes.
que servem a um único motor, devem ter uma capacidade de
condução de corrente (IZ) não inferior à corrente nominal do 13.3.4 Proteção contra corrente de curto-circuito
motor (IM) multiplicada pelo fator de serviço (fS), se existir.
O fator de serviço de um motor é um multiplicador que pode Conforme 6.5.1.5, quando os condutores dos circuitos que
ser aplicado à potência que este pode fornecer sob tensão e alimentam motores forem protegidos contra correntes de
frequência nominais sem comprometer o limite de elevação de sobrecarga por dispositivos que se limitem a essa proteção, como
temperatura do enrolamento. relés térmicos, a proteção contra correntes de curto-circuito
pode ser assegurada por dispositivo de proteção exclusivamente
Iz ≥ fS . IM contra curtos-circuitos, que podem ser:

Quando um motor possuir característica nominal com mais • Disjuntores equipados apenas com disparadores de
de uma potência e/ou velocidade, o condutor a ser escolhido sobrecorrente instantâneos, com corrente de disparo magnético
deverá ser o que resulte em maior seção, quando considerada maior que a corrente de rotor bloqueado do motor, porém não
individualmente cada potência e velocidade. superior a 12 vezes a corrente nominal do motor; ou
Os condutores que alimentam dois ou mais motores devem • Dispositivos fusíveis com característica gM ou aM, com
ter capacidade de condução de corrente não inferior à soma das corrente nominal inferior ao valor obtido multiplicando-se a
capacidades determinadas para cada motor mais as correntes corrente de rotor bloqueado do motor pelo fator indicado na
nominais das outras cargas (IL) eventualmente alimentadas pelo Tabela 42.
mesmo circuito.
Tabela 42 - Fator para a determinação da corrente nominal
máxima de fusíveis tipo ‘gM’

Iz ≥ ∑ fS . IM + ∑ IL Corrente de rotor bloqueado (IP) Fator a aplicar no cálculo do fusível


(A)
NBR 5410

13.3.2 Queda de tensão IP ≤ 40 0,50


40 < I P ≤ 500 0,40

Conforme 6.1.5.3.2, no dimensionamento dos circuitos 500 < IP 0,30


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podem ser chamados de TTA, desde que não tenham modificações


19 Conjuntos de proteção, manobra e em seu projeto que possam resultar em alterações do desempenho
comando – Quadros de distribuição do quadro nos ensaios de tipo. Mudanças de dimensionamento de
barramentos, afastamentos entre partes vivas e entre partes vivas e
19.1 Normalização aterradas, por exemplo, podem implicar em alteração no desempenho
nos ensaios. Por outro lado, a mudança na cor de acabamento ou no
As normas brasileiras em vigor sobre quadros elétricos no número de circuitos do quadro são exemplos de alterações que não
momento da publicação deste guia são: alteram o desempenho.
A norma NBR IEC 60439-1 define os seguintes ensaios de tipo:
• NBR IEC 60439-1 - Conjuntos de manobra e controle de baixa
tensão Parte 1: Conjuntos com ensaio de tipo totalmente testados a) verificação dos limites de elevação da temperatura;
(TTA) e conjuntos com ensaio de tipo parcialmente testados b) verificação das propriedades dielétricas;
(PTTA). Esta norma aplica-se aos quadros de distribuição em que c) verificação da corrente suportável de curto-circuito;
a tensão nominal não exceda 1000 Vca, a freqüências que não d) verificação da eficácia do circuito de proteção;
excedam 1000 Hz, ou 1 500 Vcc; e) verificação das distâncias de escoamento e de isolação;
• NBR IEC 60439-3 - Conjuntos de manobra e controle de baixa f) verificação do funcionamento mecânico;
tensão - Parte 3: Requisitos particulares para montagem de acessórios g) verificação do grau de proteção.
de baixa tensão destinados a instalação em locais acessíveis a
pessoas não qualificadas durante sua utilização - Quadros de 19.2.2 PTTA (Partially Type Tested Assembly) – Quadro de
distribuição. Esta Norma fornece requisitos adicionais para quadros distribuição com ensaios de tipo parcialmente testados
de distribuição, seus invólucros, contendo dispositivos de proteção
e que são destinados a serem utilizados para uso interno, para uso Um quadro é chamado de PTTA quando utiliza projeto, materiais e
em aplicações domésticas ou em outros locais onde pessoas não montagem similares ao de um quadro TTA, porém possui “pequenas”
qualificadas têm acesso à sua utilização. Os dispositivos de controle alterações em relação ao quadro TTA que comprovadamente não
e/ou sinalização também podem ser incluídos. Eles são destinados a alteram o desempenho do quadro nos ensaios de tipo.
ser usados em corrente alternada com uma tensão nominal fase-terra Para comprovar que o desempenho é similar ao do projeto
que não exceda 300 V. Os circuitos de saída contêm os dispositivos original, a NBR IEC 60439-1 aceita que sejam feitos cálculos ou
120 de proteção contra curtos-circuitos, cada um com uma corrente inferências, dispensando assim a realização de todos os ensaios de
nominal que não exceda 125 A, com uma corrente total de entrada tipo (daí a designação de “parcialmente” testados). Os ensaios que
que não exceda 250 A. podem ser substituídos por cálculos ou inferências são os de elevação
de temperatura e corrente suportável de curto-circuito, sendo
Conforme a norma NBR IEC 60439-1, um conjunto de manobra obrigatória a realização dos demais ensaios mencionados em 19.2.1.
de baixa tensão é a combinação de um ou mais dispositivos O conceito de quadro PTTA surgiu por conta do longo tempo
e equipamentos de manobra, controle, medição, sinalização, e alto custo de se testar todas as variações possíveis que podem
proteção, regulação, etc., completamente montados, com todas as existir em um quadro elétrico devido às diferentes necessidades de
interconexões internas elétricas e mecânicas e partes estruturais aplicações práticas. O conceito de PTTA permite que os fabricantes
sob a responsabilidade do fabricante. Essa definição é semelhante desenvolvam alguns projetos típicos (padronizados), submeta-os aos
àquela que a norma NBR IEC 50(826) apresenta para quadro de ensaios de tipo (para que sejam TTA) e, a partir daí, façam repetições
distribuição. Neste sentido, pode-se utilizar indiferentemente uma ou idênticas desta montagem (quadros TTA) ou construam pequenas
outra terminologia. variantes daquele modelo (quadros PTTA).
Uma conclusão evidente sobre o assunto é que somente pode
19.2 TTA e PTTA existir um quadro PTTA a partir da existência prévia de um quadro
TTA. É preciso cautela em relação aos quadros elétricos que
A partir da introdução das normas indicadas em 19.1, surgiram as “orgulhosamente” ostentam o rótulo de “PTTA” sem que o fabricante
denominações TTA e PTTA, muito utilizadas no mercado, mas, por jamais tenha produzido uma peça sequer de um quadro TTA!
assim dizer, pouco conhecidas em seus significados.
19.3 Especificação
19.2.1 TTA (Type Tested Assembly) – Quadro de distribuição com
ensaios de tipo totalmente testados
A especificação mínima de um quadro de distribuição a ser
indicada em projeto deve conter os seguintes parâmetros:
Admita-se que um quadro foi projetado, montado e submetido aos
ensaios de tipo da norma NBR IEC 60439-1, tendo sido aprovado. A • Tensão nominal (V)
NBR 5410

esse quadro é dado o nome de TTA, por ter sido totalmente testado • Corrente nominal (A)
em relação aos ensaios de tipo. A partir deste ponto, todos os demais • Capacidade de curto-circuito (kA)
quadros produzidos a partir do projeto original do quadro TTA também • Grau de proteção – IP
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• Tipo de montagem (sobrepor ou de embutir) choques elétricos. Os condutores flexíveis de alimentação


• Tipo de invólucro dos componentes e instrumentos fixados nas portas ou tampas
devem ser dispostos de tal forma que os movimentos das portas
19.4 Prescrições da NBR 5410 ou tampas não possam causar danos a esses condutores.
Embora não seja obrigatório nem pelas normas
19.4.1 Montagem NBR IEC 60439-1 e 60439-3, nem pela NBR 5410, deve-se
atentar para a eventual utilização de componentes internos do
A NBR 5410 trata especificamente de quadros elétricos em quadro com características de não propagação de chama, baixa
6.5.4. Na época da publicação da NBR 5410, em 2004, somente emissão de fumaça, gases tóxicos e corrosivos (materiais não
havia sido publicada a NBR IEC 60439-1, daí a prescrição halogenados). Quando da queima de componentes internos
da norma de instalações fazer a indicação de que os quadros que são fabricados com materiais halogenados (PVC, por
montados em fábrica devem atender à norma NBR IEC 60439-1. exemplo), eles emitem gases corrosivos que podem facilmente
Com certeza, a próxima revisão da norma irá indicar a existência destruir contatos metálicos dos dispositivos de seccionamento,
da NBR 60439-3 e a necessidade de seu atendimento no caso de comando, proteção, alarme, controle, sinalização, medição,
manuseio por pessoas não qualificadas. etc. instalados no interior do quadro. Isso implica na
No caso em que os quadros sejam montados em obra, o item interrupção do funcionamento de toda a instalação, parte dela
6.5.4 determina que eles devam apresentar segurança e desempenho ou apenas de um determinado circuito, com consequências
equivalentes aos montados em fábrica, ou seja, devem atender às que podem ser desprezíveis ou muito sérias, dependendo do
normas citadas. Embora a norma permita a montagem em obra, grau de importância da operação dos equipamentos ligados.
dada a complexidade da realização em campo dos ensaios indicados Essa recomendação é particularmente importante nos casos
em 19.2.1, essa opção é praticamente inviável. dos condutores elétricos e canaletas existentes no interior
dos quadros, que são, geralmente, os componentes com maior
19.4.2 Espaços volume de material combustível nestes locais.

Devem ser previstos espaços de reserva no interior dos quadros 19.4.4 I nstalação e graus de proteção

visando a futuras ampliações. O espaço mínimo a ser deixado no


quadro está indicado na Tabela 59 da norma (Tabela x neste guia). Os quadros devem ser instalados em locais de fácil
Tabela 43: espaço de reserva em quadros acesso, sem objetos que obstruam a sua abertura, longe de 121
Quantidade de circuitos Espaço mínimo destinado a botijões e pontos de gás. A menos que sejam especificamente
efetivamente disponível reserva (em número de circuitos) construídos para esta finalidade, os quadros não devem ser
N instalados em locais frequentemente molhados ou com muita
Até 6 2 umidade, tais como no interior de banheiros com chuveiros
7 a 12 3
ou em saunas.
13 a 30 4
O grau de proteção do quadro deve ser compatível com
N > 30 0,15 N
as influências externas previstas. Em geral, as influências
externas mais importantes para um quadro elétrico são AD
Por exemplo, um quadro com 10 circuitos, não importando (presença de água) e AE (presença de corpos sólidos).
se são circuitos monofásicos, bifásicos ou trifásicos, deve
possuir, no mínimo, 3 espaços destinados a futuros circuitos. 20 Verificação final
Uma boa prática de engenharia, neste caso, é prever para
cada um dos 3 circuitos o maior espaço possível, ou seja, O planejamento da verificação final da instalação elétrica
se existirem circuitos trifásicos no quadro, então podem de média tensão deve levar em consideração os níveis de
ser previstos espaços para 3 futuros circuitos trifásicos. Se tensão presentes, as maneiras de instalar os componentes,
existirem circuitos bifásicos e não trifásicos, então se prevêem as disposições e o acesso às linhas elétricas, aos quadros de
3 espaços para circuitos bifásicos e o mesmo no caso de apenas distribuição, os tipos de equipamentos e materiais, dentre
existirem circuitos monofásicos. outras características. Devem ainda ser conhecidas todas as
É muito importante lembrar ainda que os quadros devem normas técnicas necessárias para a realização do serviço.
prever espaços para a instalação imediata ou futura de O procedimento da inspeção deve ser documentado de
dispositivos protetores de surto (DPS), além dos dispositivos forma a garantir transparência e imparcialidade a todos os
diferenciais residuais praticamente obrigatórios. envolvidos no processo de comissionamento. A sequência de
trabalho, as diretrizes principais e seus limites de atuação são
19.4.3 M ontagem elementos indispensáveis para sua caracterização e definição
NBR 5410

antes de começar o trabalho. Além disso, a definição clara dos


Os quadros elétricos devem possuir, além da porta (externa), níveis de qualificação e responsabilidade dos profissionais
uma tampa interna que serve de barreira na proteção contra envolvidos na inspeção é fundamental.
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

verificação da instalação elétrica;


20.1 Prescrições gerais • Identificação dos profissionais responsáveis pelo projeto e
pela execução da instalação elétrica;
A verificação final, que é tratada na Seção 7 da NBR 5410, • Identificação do profissional responsável pela verificação da
deve ser realizada em todas as instalações novas e nas partes instalação elétrica;
da obra que sofreram reformas têm por objetivo avaliar a • Data da verificação da instalação elétrica;
conformidade da instalação com as prescrições da norma. • Relação dos desenhos e demais documentos da instalação
Preferencialmente, essa verificação, que é composta por utilizados na verificação;
inspeção visual e ensaios, deve ser feita durante a execução • Relação dos equipamentos e instrumentos utilizados na
da obra, permitindo assim que os materiais da instalação que verificação;
futuramente venham a ficar fora de vista também possam ser • Descritivo com o registro das verificações e conclusões
inspecionados. Além disso, eventuais alterações na instalação (conforme; não conforme; não aplicável) e resultados (ensaios)
elétrica decorrentes de não conformidades apontadas durante a obtidos em cada item, acompanhados, quando necessário, de
verificação podem ser mais fácil e rapidamente corrigidas e com observações ou comentários;
custos menores. Caso a verificação não tenha ocorrido por etapas • Conclusão da verificação indicando se a instalação está ou
ao longo da execução da obra, ela pode ser realizada quando não em conformidade com a NBR 5410.
concluída, porém antes de ser colocada em serviço pelo usuário.
Durante a realização da inspeção e dos ensaios, que devem 20.2 I nspeção visual
ser realizados a partir da documentação como construído
(as built), é necessário que sejam tomadas precauções para Conforme 7.2, a inspeção visual deve preceder os
garantir a segurança das pessoas e evitar danos à propriedade ensaios, deve ser realizada com a instalação desenergizada
e aos equipamentos instalados. Para atender as prescrições da e tem por objetivo confirmar se os componentes elétricos
norma, alguns ensaios elétricos são realizados com aplicação de permanentemente conectados estão em conformidade com
tensões que podem chegar a alguns milhares de volts. Nestes os requisitos de segurança das normas aplicáveis e se estão
casos, é fundamental atender as exigências da NR-10 relativas corretamente selecionados e instalados de acordo com a norma
ao comissionamento de instalações elétricas que, além de e o projeto da instalação. Além disso, a inspeção visual permite
outros cuidados, indica que tais atividades somente podem avaliar se os componentes não estão danificados, de modo a
122 ser realizadas por trabalhadores que atendam às condições de restringir sua segurança, e se estão desimpedidos de restos
qualificação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas de materiais, ferramentas ou outros objetos que venham a
naquela NR (ver parte deste Guia relativa à NR-10). Além da comprometer seu isolamento.
qualificação do pessoal, os ensaios devem ser realizados por A inspeção visual deve incluir no mínimo a verificação dos
meio de equipamentos e instrumentos adequadamente aferidos seguintes pontos, quando aplicáveis:
e comprovadamente seguros.
A partir desta verificação, um profissional devidamente a) Medidas de proteção contra choques elétricos, incluindo
habilitado deve elaborar um laudo que certifique a conformidade medição de distâncias relativas à proteção por barreiras ou
da instalação em relação aos requisitos da NBR 5410. invólucros, por obstáculos ou pela colocação fora de alcance.
Longe de um “está bom” ou “não está bom”, o resultado da Essa inspeção visa à preservação das distâncias de segurança
verificação se traduz em um relatório técnico de conformidade mínimas necessárias para a operação e manutenção segura das
que atesta o atendimento da instalação aos requisitos da NBR instalações elétricas de baixa tensão.
5410. Não há um formato padronizado para este relatório, mas,
ele deve conter a maior quantidade possível de informações, b) Medidas de proteção contra efeitos térmicos, verificando,
detalhes, resultados e imagens. Deve conter a condição real das por exemplo, a presença de barreiras contra fogo e outras
instalações em uma determinada data, apontando de forma clara precauções contra propagação de incêndio indicadas no projeto
e inequívoca as não conformidades encontradas. Exceto se o elétrico. Além de verificar a presença propriamente dita das
contrato entre as partes assim prever, não cabe ao relatório da barreiras e dos outros elementos, é importante conferir suas
verificação da instalação elétrica emitido para efeito de atender dimensões, afastamentos e condições de instalação (robustez,
a Seção 7 da NBR 5410 indicar um programa de trabalho ou um estabilidade, materiais utilizados, etc.);
conjunto de ações corretivas que devem ser utilizados para que a
instalação fique conforme as prescrições da norma. c) Seleção e instalação das linhas elétricas: devem ser comparadas
Independentemente do formato final de um relatório, as especificações e maneiras de instalar dos condutores e das
ele deve conter, no mínimo, os seguintes elementos que são linhas elétricas indicadas no projeto com a situação encontrada
indispensáveis para garantir o registro adequado da verificação: em campo. Incluem-se nesta verificação a identificação da seção
NBR 5410

nominal, tensão nominal e norma técnica dos cabos elétricos e


• Identificação da instalação/obra: nome, endereço; barramentos blindados utilizados, assim como as especificações
• Identificação do responsável pela contratação do serviço de dos materiais de linhas elétricas e acessórios empregados;
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d) Seleção, ajuste e localização dos dispositivos de proteção: de identificação clara e indelével dos componentes elétricos e
as características nominais e os eventuais ajustes de todos os a sua correspondência com o projeto elétrico. Por exemplo, os
dispositivos de proteção determinados em projeto devem ser projetos costumam identificar nos esquemas os quadros, circuitos,
cuidadosamente verificados uma vez que, inadvertidamente, dispositivos e equipamentos por nomes, letras e/ou números
eles podem ser alterados durante a execução da instalação. (conforme Figura 135), os quais devem ser marcados nos
Em particular, nos casos de dispositivos de proteção respectivos componentes instalados em obra. Essa identificação é
multifuncionais, deve-se verificar também se o ajuste indicado fundamental para a realização segura, ágil e eficaz das atividades
no projeto está aplicado no dispositivo adequado, pois é possível de manutenção e operação da instalação elétrica.
que, de forma acidental, sejam invertidos os parâmetros de
ajustes entre diferentes funções de um mesmo relé. Outro h) presença das instruções, sinalizações e advertências requeridas:
ponto de atenção é com relação à verificação da capacidade de a verificação desse item garante que os documentos e esquemas
interrupção nominal dos dispositivos de proteção instalados, sejam mantidos à disposição do pessoal de operação e manutenção
que deve ser a mesma indicada em projeto; da instalação, além de autoridades que vierem a fiscalizar a obra.
Em relação apenas ao atendimento da NBR 5410, a documentação
e) Presença dos dispositivos de seccionamento e comando, mínima que deve estar permanentemente disponibilizada
sua adequação e localização: essa verificação tem por objetivo no local, na versão “as built”, é aquela indicada em 6.1.8 da
principal avaliar as condições de montagem dos dispositivos norma, que é a seguinte: plantas; esquemas (unifilares e outros
em relação à posição, condições de acesso, ventilação, que se façam necessários); detalhes de montagem; memorial
afastamentos e demais aspectos relativos ao correto emprego descritivo; especificação dos componentes: descrição sucinta
dos componentes. do componente, características nominais e normas a que devem
atender. Embora não seja obrigatório para efeito de verificação
f) adequação dos componentes e das medidas de proteção às da conformidade conforme a Seção 7 da NBR 5410, pode ser útil
condições de influências externas existentes: após a montagem, que o comissionamento solicite (ou faça um alerta), além dos
mesmo que ela tenha sido fiel ao projeto executivo original, e documentos anteriores, aqueles que são solicitados na NR-10
ainda que tenha passado pelo crivo do “as built”, é possível que relativos ao chamado “Prontuário de instalações elétricas” (ver
existam condições externas que possam afetar o funcionamento, item 2 na parte deste Guia relativa à NR-10).
desempenho e vida útil dos componentes. Dessa forma, além de
conferir as especificações dos componentes e suas adequadas i) execução das conexões: o profissional encarregado da 123
instalações conforme previsto no projeto, a verificação verificação deve avaliar visualmente se as conexões de
em questão deve estar atenta a outras influências externas cabos elétricos a barramentos, terminações, buchas ou entre
importantes presentes no local que não foram consideradas. barramentos e isoladores, etc. estão adequadamente executados.
Sempre que necessário deve-se recorrer às instruções de
g) identificações dos componentes: deve ser verificada a existência montagem dos fabricantes.

PROTEÇÃO DR
63A 16A
ABC ABC A
6 TOMADAS GARAGEM ILM. BANHO
#2.5
16A
16A
C 7 TOMADA GARAGEM 2P+T
1 ILUMINAÇÃO GARAGEM #2.5
60HZ - ICC=60KA
3F + N - 220/127V

#2.5 50A
16A A
B 8 CHUVEIRO ELÉTRICO
SECCIONAMENTO 2 ILUMINAÇÃO GARAGEM #10.0
#2.5 50A
COMUM 16A
A 9 CHUVEIRO ELÉTRICO
3 ILUMINAÇÃO GARAGEM
#2.5 #10.0
63A 16A
VEM DO QDC ABC C R
DO CONDOMÍIO
4 ILUMINAÇÃO VIGIA
# 16.0 # 16.0 #2.5
16A
B R
5 ILUMINAÇÃO BOX
3F + N + - 220/127V

#2.5
60HZ - ICC=60KA

16A
AC SENSORES DE PRESENÇA QUADRO DE
10 PTO FORÇA PORTÃO ELETRÔNICO NA PLANTA
#2.5 CONTATORES
10A
BA 9 k1
CIRC.11 A
NBR 5410

#1.0 #1.0

Figura 135 - Identificação dos circuitos


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j) acessibilidade: essa verificação tem por objetivo principal e 24 V, sendo que a corrente de ensaio deve ser de, no mínimo 0,2
avaliar as condições de acesso e operação dos dispositivos A. Usualmente são utilizados instrumentos de medição específicos
em relação aos espaçamentos mínimos e áreas de circulação para a finalidade (chamados de terrômetros) com configuração a
necessárias para garantir a segurança dos trabalhadores e o quatro fios (dois para corrente elétrica e dois para tensão). Essa
correto manuseio dos componentes. configuração diminui ou evita o erro provocado pela resistência
própria dos cabos utilizados no ensaio e de seus respectivos
20.3 Ensaios contatos. Podem ser utilizados também miliohmimetros ou
microohmimetros de quatro terminais. No caso de utilização
Conforme 7.3, os ensaios da instalação devem ser de instrumentos independentes, deve-se atentar para a corrente
realizados com valores compatíveis aos valores nominais mínima que eles podem injetar.
dos equipamentos utilizados e o valor nominal de tensão da
instalação. No caso de não-conformidade em qualquer dos b) R esistência de isolamento da instalação elétrica
ensaios, este deve ser repetido, após a correção do problema,
bem como todos os ensaios precedentes que possam ter sido Por definição, resistência de isolamento é o valor da
influenciados. resistência elétrica entre duas partes condutoras separadas por
A NBR 5410 apresenta algumas sugestões de métodos de materiais isolantes.
ensaio, porém outros procedimentos podem ser utilizados, A resistência de isolamento deve ser medida entre os
desde que, comprovadamente, produzam resultados confiáveis condutores vivos, tomados dois a dois e entre cada condutor
e acordados entre as partes envolvidas no processo de vivo e a terra. Em geral, os instrumentos que medem essa
comissionamento da instalação. No caso de se utilizar métodos grandeza são chamados de “megômetro”, em português ou
de ensaios diferentes daqueles indicados na NBR 5410, “megger” em inglês, porque os valores obtidos são sempre da
recomenda-se que as justificativas que levaram a essa escolha ordem de megaohms.
sejam incluídas no relatório final. As medições devem ser realizadas com corrente contínua e
Deve-se destacar que o ensaio de partes da instalação o equipamento de ensaio deve ser capaz de fornecer a tensão
ou de componentes em separado não substitui a realização de ensaio especificada na tabela 60 da norma (Tabela 44 deste
dos ensaios listados anteriormente, os quais abrangem a guia) com uma corrente de 1 mA.
instalação elétrica completa. Com efeito, já foram verificadas Quando o circuito incluir dispositivos eletrônicos, o ensaio
124 situações em que, apesar dos equipamentos ainda não ligados à deve se limitar apenas à medição entre a terra, de um lado, e
instalação possuírem níveis de isolamento adequados ou dentro a todos os demais condutores interligados, de outro, a fim de
de limites e tolerâncias, após a sua montagem em posição final evitar danos aos dispositivos eletrônicos.
e a realização das interligações ao sistema elétrico, o resultado Quando se mede resistência de isolamento, não é
desse nível de isolamento se mostrou precário ou abaixo dos conveniente usar um multímetro comum, pois a sua tensão
limites estabelecidos. . interna é muito baixa, resultando em erros grosseiros de
Os ensaios indicados na norma visam também a detectar (e medição.
sanar) uma situação comum que é a ocorrência de problemas A resistência de isolamento é considerada satisfatória se
durante o transporte dos equipamentos até a obra, ocasionando o valor medido no circuito sob ensaio, com os equipamentos
danos internos não detectados numa inspeção visual, mas que de utilização desconectados, for igual ou superior aos valores
ficam evidenciados quando da realização dos ensaios. Podem mínimos especificados na Tabela 44.
acontecer também problemas na montagem, esquecimento de Tabela 44 - Valores mínimos de resistência de isolamento
ferramentas no interior do equipamento ou até mesmo danos Tensão nominal do Tensão de ensaio Resistência
circuito V (V em corrente de isolamento
à isolação ou partes internas e móveis dos acionamentos e contínua) MW
mecanismos. SELV e extrabaixa tensão funcional, quando o 250 ≥ 0,25
circuito for alimentado por um transformador de
Para efeito de conformidade com a NBR 5410, os ensaios
segurança (5.1.2.5.3.2) e atender aos requisitos
mínimos a serem realizados são os seguintes: de 5.1.2.5.4

Até 500 V, inclusive, com exceção do caso acima 500 ≥ 0,5


a) Continuidade elétrica dos condutores de proteção e das

ligações equipotenciais principais e suplementares Acima de 500 V 1000 ≥ 1,0


O ensaio de continuidade dos condutores de proteção Existem alguns fatores apresentados a seguir que podem
deve verificar se o aterramento principal, os trechos de influenciar o valor da resistência de isolamento de forma acentuada,
conexão entre equipamentos e malhas de terra, as ligações de e que deverão ser levados em conta para uma correta interpretação
equipotencialização previstas no projeto existem e se estão dos testes.
NBR 5410

ligados eletricamente entre si.


A norma menciona que o ensaio de continuidade deve ser • Estado da superfície
realizado com uma fonte de tensão que, em vazio, tenha entre 4 V Materiais condutores estranhos, tais como pó de carbono,
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quando depositados sobre a superfície dos isolantes e superfícies Os anexos H, J, K e L da norma fornecem explicações sobre
não isoladas, como conectores, coletores, etc. reduzem a estes procedimentos.
resistência de isolamento superficial. Por outro lado, materiais não
condutores podem fazer-se condutores quando mesclados com e) ensaio de tensão aplicada
óleos e graxas. Isto alcança importância especial nas máquinas de
coletor, devido à grande quantidade de material condutor exposto. O ensaio de tensão aplicada deve ser realizado nos quadros de
Por esta razão o dielétrico deverá estar perfeitamente limpo, antes distribuição construídos ou montados no local, sendo o valor da
da realização dos testes. tensão de ensaio aquele indicado nas normas aplicáveis ao conjunto
ou montagem, como se fosse um produto pronto de fábrica.
• Umidade superficial Na ausência de Norma Brasileira e IEC, as tensões de ensaio
Indiferentemente da limpeza, quando o dielétrico estiver a uma devem ser as indicadas na tabela 61 da norma (Tabela 45 neste
temperatura inferior ao ponto de orvalho, será formado um filme guia), para o circuito principal e para os circuitos de comando e
de umidade condensada sobre a superfície, que será absorvida auxiliares. Quando não especificado diferentemente, a tensão de
pelos materiais isolantes, devido às suas higroscopias (capacidade ensaio deve ser aplicada durante 1 min. Existem fontes de alta
de absorver umidade do ar ou de outros elementos por simples tensão disponíveis no mercado especificamente fabricadas para a
exposição ou contato). A condensação será mais agressiva no caso realização de ensaios de tensão aplicada, usualmente conhecidas
em que os materiais se encontrem com a superfície suja. Neste caso, por “Hipot”, em inglês.
o valor da resistência de isolamento será muito pequena. Durante o ensaio não devem ocorrer arcos nem falhas da
isolação.
• Temperatura Tabela 45 - Ensaio de tensão aplicada - Valores da tensão de ensaio (V)
A resistência de isolamento varia extraordinariamente com U1) Isolação Isolação Isolação
a temperatura. Nas máquinas rotativas, por exemplo, pode ser (V eficaz) básica suplementar reforçada

considerado que, a cada 5 ºC de elevação da temperatura, a 50 500 500 750

resistência de isolamento se reduz à metade. Para poder comparar 133 1 000 1 000 1 750

os valores de resistência de isolamento ao longo da vida útil dos 230 1 500 1 500 2 750

equipamentos é necessário que os resultados dos diferentes testes 400 2 000 2 000 3 750

sejam corrigidos para o mesmo valor de temperatura. Para cada 690 2 750 2 750 4 500

tipo de componente, existem tabelas nas suas normas técnicas que 1 000 3 500 3 500 5 500
125
fornecem estes fatores de correção.

f) ensaios de funcionamento
c) resistência de isolamento das partes da instalação objeto de

SELV, PELV ou separação elétrica As montagens tais como quadros, acionamentos, controles,
intertravamentos, comandos etc. devem ser submetidas a um ensaio
A isolação básica e a separação de proteção, implícitas no uso de de funcionamento para verificar se o conjunto está corretamente
SELV ou PELV (conforme 5.1.2.5 da norma) e no uso da separação montado, ajustado e instalado em conformidade com a norma e o
elétrica individual (conforme 5.1.2.4), devem ser verificadas por projeto.
medição da resistência de isolamento. Os valores de resistência de Neste caso, devem ser simuladas todas as possíveis combinações
isolamento devem ser medidos da mesma forma que no caso b) de operação previstas no projeto, tais como desligamento e
anterior, e os valores obtidos devem ser iguais ou superiores aos transferência de cargas, atuação de relés e alarmes, etc. de modo a
valores mínimos especificados na Tabela x. verificar o correto funcionamento do conjunto.
Durante a realização dos ensaios de funcionamento do conjunto,
d) seccionamento automático da alimentação
pode ser necessário avaliar o comportamento de alguns dispositivos
de proteção individualmente para verificar se estão corretamente
No caso do esquema de aterramento TN, essa parte da inspeção instalados e ajustados.
compreende a medição da impedância do percurso da corrente de
falta, a verificação visual das características nominais do dispositivo de 21 Manutenção
proteção associado e o ensaio de funcionamento do dispositivo DR .
A medição da impedância pode ser substituída pela medição Os aspectos gerais de manutenção das instalações elétricas de
da resistência dos condutores de proteção, mas tanto a medição baixa tensão são tratados na seção 8 da NBR 5410, que estabelece
da impedância do percurso da corrente de falta quanto a medição as diretrizes básicas para as equipes de manutenção e operação.
da resistência dos condutores de proteção podem ser dispensadas, Entende-se por manutenção as ações que venham a contribuir
se os cálculos da impedância do percurso da corrente de falta para prever, evitar ou corrigir desvios de operação e continuidade
NBR 5410

ou da resistência dos condutores de proteção forem disponíveis de trabalho apresentado por uma instalação ou equipamento. Nos
e a disposição da instalação for tal que permita a verificação do casos de ausência da ação corretiva, é possível que haja a diminuição
comprimento e da seção dos condutores. ou perda de desempenho e funcionamento de um equipamento ou
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do todo, o risco de parada de um processo e, principalmente, pode As rotinas de inspeção básicas para equipamentos elétricos
haver um risco a integridade física dos profissionais ou pessoas em operação normal envolvem, de uma forma geral, avaliar o
que venham a ter contato direto ou indireto com essa instalação aquecimento dos equipamentos elétricos e a sua limpeza. No caso
defeituosa. das máquinas elétricas rotativas, também é interessante verificar-se
vibrações e ruídos anormais, temperatura dos mancais, superfície
21.1 Condições gerais de manutenção do estator e do rotor (inspeção visual para determinar a presença de
alguma contaminação ou ferrugem, bem como lascas, borbulhas e
Sempre que aplicável, a instalação a ser verificada deve ser arranhões).
desenergizada. Os casos em que não seria aplicável a desenergização A NBR 5410 determina que devem ser inspecionados o estado
podem estar relacionados com aspectos operacionais complexos dos cabos e seus respectivos acessórios, assim como os dispositivos
ou custos elevados de paradas de produção e indústrias, centros de fixação e suporte, observando sinais de aquecimento excessivo,
de processamento de dados, áreas de segurança, etc. Além disso, rachaduras, ressecamento, fixação, identificação e limpeza.
podem existir questões de segurança e saúde das pessoas afetadas Deve ainda ser verificada a estrutura do conjunto de manobra e
por essa parada do equipamento, como em instalações assistenciais controle (quadros), observando seu estado geral quanto à fixação,
de saúde, por exemplo. A NR-10 traz uma série de medidas para danos na estrutura, pintura, corrosão, fechaduras e dobradiças.
segurança dos trabalhadores que executam serviços de manutenção Deve ser verificado o estado geral dos condutores e dispositivos de
em redes energizadas (ver parte deste Guia relativa à NR-10). aterramento. No caso de componentes com partes internas móveis,
A NR-10 prescreve que, após a manobra de desenergização, devem ser inspecionados, quando o componente permitir, o estado
caso ela ocorra, todas as partes vivas devem ser ensaiadas quanto à dos contatos e das câmaras de arco, sinais de aquecimento, limpeza,
presença de energia mediante dispositivos de detecção compatíveis fixação, ajustes e aferições. Se possível, devem ser realizadas
ao nível de tensão da instalação. algumas manobras no componente, verificando seu funcionamento.
Todo equipamento e/ou instalação desenergizado deve ser No caso de componentes fixos, deve ser inspecionado o estado
aterrado, lembrando-se que, antes de proceder ao aterramento, deve- geral, observando sinais de aquecimento, fixação, identificação,
se garantir que não haja carga residual ou cumulativa, efetuando-se ressecamento e limpeza.
primeiro a sua descarga elétrica (pode ser o caso de aterramento A análise de temperatura é a técnica de medições térmicas para
de capacitores). Após a desenergização, toda instalação e/ou todo levantamento da temperatura de operação de equipamentos, buchas,
equipamento desenergizado deve ser bloqueado e identificado. conexões e conectores, etc. As técnicas termográficas (termografia e
126 Os dispositivos e as disposições adotados para garantir termovisão) servem para identificar pontos quentes em instalações
que as partes vivas fiquem fora do alcance podem ser retirados elétricas e detecção de falhas em isolamentos térmicos.
para uma melhor verificação, devendo ser impreterivelmente A NBR 5410 prescreve que, na atividade de manutenção
restabelecidos ao término da manutenção. Além disso, deve-se preventiva, devem ser efetuados os ensaios de continuidade dos
garantir a confiabilidade dos instrumentos de medição e do ensaio, condutores de proteção, incluindo as equipotencializações principal
calibrando-os conforme orientação do fabricante. e suplementares; ensaio de resistência de isolamento; verificação
Os acessos de entrada e saída aos locais de manutenção devem do funcionamento dos dispositivos de proteção; e os ensaios de
ser desobstruídos, sendo obrigatória a inclusão de sinalização funcionamento. Todos estes procedimentos seguem as prescrições
adequada que impossibilite a entrada de pessoas que não sejam BA4 indicadas em 20.3 deste guia.
e BA5, chamadas, respectivamente, de capacitadas e habilitadas na
NR-10. Manutenção corretiva
A NR-10 prescreve que é obrigatório o uso de EPC (equipamentos
de proteção coletiva) e EPI (equipamentos de proteção individual) A manutenção corretiva é aquela que é efetuada após a
apropriados, em todos os serviços de manutenção das instalações ocorrência de uma pane, destinada a recolocar um item em
elétricas de baixa tensão e os envolvidos no serviço devem ter condições de executar uma função requerida.
conhecimento dos procedimentos que vierem a ser executados. Toda instalação ou parte dela, que por qualquer motivo coloque
em risco a segurança dos seus usuários, deve ser imediatamente
21.2 Condições específicas de manutenção desenergizada, no todo ou na parte afetada, e somente deve ser
recolocada em serviço após reparação satisfatória. O atendimento
Periodicidade aos procedimentos para realização de serviços indicados na NR-10
garantem o atendimento desta prescrição da NBR 5410 (ver parte
A periodicidade da manutenção deve adequar-se a cada tipo deste Guia relativa à NR-10).
de instalação, considerando-se, entre outras, a sua complexidade e Toda falha ou anomalia constatada nas instalações,
importância, as influências externas e a vida útil dos componentes. componentes ou equipamentos elétricos, ou em seu funcionamento,
Manutenção preventiva deve ser comunicada à pessoa qualificada (BA5), para fins de
NBR 5410

A manutenção preventiva é aquela efetuada em intervalos reparação, notadamente quando os dispositivos de proteção contra
predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada a reduzir sobrecorrentes ou contra choques elétricos atuarem sem causa
a probabilidade de falha ou a degradação do funcionamento de um item. conhecida.
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• Variações de amplitude da tensão (AM3)


22 Qualidade da energia elétrica nas
• Desequilíbrio de Tensão (AM4)
instalações de baixa tensão
• Variações de freqüência (AM5)
• Tensões induzidas de baixa freqüência (AM6)
22.1Introdução
• Componentes contínuas em redes c.a. (AM7)
A NBR 5410 apresenta em seu desenvolvimento as prescrições • Campos magnéticos radiados (AM8)
relacionadas ao projeto, cuidado nas especificações de componentes, • Campos elétricos (AM9)
aspectos de dimensionamento e recomendações de montagens de
instalações e sistemas elétricos de baixa tensão. Conforme tabela 11, os fenômenos eletromagnéticos de alta
O desenvolvimento do tema “qualidade da energia elétrica em freqüência conduzidos, induzidos ou radiados (contínuos ou
instalações de baixa tensão” tem naturalmente uma forte dependência transitórios) a serem considerados são os seguintes:
e até mesmo como premissa que as instalações estejam adequadas
às prescrições da NBR 5410 (notadamente no caso dos esquemas • Tensões ou correntes induzidas oscilantes (AM21)
de aterramento, dimensionamento de condutores, proteções a • Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do nanossegundo
sobrecorrentes e sobretensões entre outros requisitos, além de (AM22)
outras características que não estão presentes no texto da norma, • Transitórios unidirecionais conduzidos, na faixa do micro ao
como o comportamento das fontes que alimentam a instalação (seja milissegundo (AM23)
a concessionária em baixa, média ou alta tensão, fontes de geração • Transitórios oscilantes conduzidos (AM24)
própria, de emergência ou mesmo de contingência). • Fenômenos radiados de alta freqüência (AM25)
Outros pontos de atenção são as cargas não lineares que são
alimentadas por estas instalações; os capacitores que nelas são No item 4.2.7.1 da NBR 5410, indica-se que devem ser
instalados, o comportamento das harmônicas devido à presença das tomadas medidas apropriadas quando quaisquer características dos
cargas não lineares em diversas situações e outras situações como componentes da instalação forem suscetíveis de produzir efeitos
as cargas que operam em regime extremante variável e mesmo os prejudiciais em outros componentes, em outros serviços ou ao bom
efeitos das partidas de motores. funcionamento da fonte de alimentação.
Essas características dizem respeito, por exemplo, a novos
22.2 Itens da NBR 5410 relativos à qualidade de energia fenômenos relacionados à qualidade de energia, a saber:
sobretensões transitórias; variações rápidas de potência; correntes 127
Na seção 4 da norma, “Princípios fundamentais e de partida; correntes harmônicas; componentes contínuas;
características gerais”, especificamente no item 4.1.12, apresenta- oscilações de alta freqüência; correntes de fuga.
se a necessidade de que os componentes a serem instalados não
venham a interferir na boa operação da instalação como um todo, 22.3 Principais causas de problemas de qualidade de energia nas
não causando efeitos danosos em outros componentes existentes, instalações elétricas

numa clara alusão a incompatibilidade entre componentes numa


mesma instalação. Este tipo de ocorrência é muito comum, por As principais situações que ocorrem em uma instalação elétrica
exemplo, na compensação de energia reativa e correção do fator que afetam a qualidade de energia são as seguintes:
do potência e os efeitos de ressonância; correntes de partida de
equipamentos e os efeitos em queda de tensão associados, efeitos • Cargas não lineares nas instalações elétricas e as influencias na
das harmônicas na operação e dimensionamento de componentes, tensão de alimentação; aspectos de ressonância harmônica. As
além dos desequilíbrios de correntes e tensões entre fases causados harmônicas nas instalações elétricas;
por capacitores defeituosos. • Regulação de tensão, afundamentos e cintilação (“Flicker”).
O item 4.2.6.1.10 da NBR 5410 apresenta, nas tabelas 10 e Cargas variáveis e correntes de “in-rush”;
11 as características das influências externas devido às influencias • Desbalanceamento de tensão;
eletromagnéticas, eletrostáticas ou ionizantes, que também tem • Operação das cargas com fontes diversas (além da concessionária);
relação com a qualidade de energia nas instalações elétricas. As geradores de substituição ou emergência, geração distribuída,
duas tabelas fazem referências à série de normas IEC 61000, que incompatibilidade entre geradores e capacitores.
são normas de compatibilidade eletromagnética (IEC 61000-2-2,
IEC 61000-4 e IEC 61000-2-5). As soluções típicas para esses problemas incluem:
Conforme tabela 10 da NBR 5410, os fenômenos
eletromagnéticos de baixa freqüência (conduzidos ou radiados) a • Uso de fontes de contingencias e fontes de energia ininterrupta
serem considerados são os seguintes: (UPS);
• Aplicação de capacitores e a compensação de energia reativa em
NBR 5410

•Harmônicas e inter-harmônicas (AM1) instalações de baixa tensão com sistemas antirressonantes;


•Tensões de sinalização (tensões sobrepostas para fins de • A compensação de energia reativa tempo real;
telecomando) (AM2) • Acionamentos, filtros e outras ações corretivas.
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Espectro das harmônicas de corrente e tensão


A cio n am en to 6 p u ls o s
C o m p o r ta m e n to d a s te n s õ e s h a r m ô n ic a s
L1 L2 L3 M in M ax A cio n am en to 6 p u ls o s

500 100

75

V o lt s
Amperes

250
50

0 25

400 H a r m o n ic s 3 5 7 9 11 13
C u rren tL1 2 4 ,9 1 ,7 1 7 7 ,1 1 ,7 5 4 ,8 1 ,2 7 ,0 1 ,2 1 5 ,5 0 ,9 2 ,5
Volts

C u rren tL2 3 7 ,1 1 ,8 1 6 8 ,5 2 ,0 4 1 ,4 1 ,4 1 4 ,3 0 ,6 2 6 ,6 0 ,4 4 ,0
C u rren tL3 3 3 ,7 1 ,9 1 5 9 ,5 0 ,8 4 8 ,4 0 ,9 1 9 ,3 0 ,1 2 3 ,2 0 ,8 3 ,0
200 M in 1 7 ,7 0 ,1 1 5 1 ,8 0 ,1 3 3 ,4 0 ,1 1 ,1 0 ,1 8 ,8 0 ,0 0 ,1
Max 7 2 ,8 1 5 ,6 1 8 3 ,2 1 0 ,9 7 2 ,1 7 ,4 2 8 ,8 8 ,2 3 6 ,2 5 ,3 9 ,8
L 1 2 V o lta g e 3 ,1 0 ,4 2 7 ,2 0 ,6 1 2 ,8 0 ,2 0 ,8 0 ,2 5 ,5 0 ,4 1 ,2
L 2 3 V o lta g e 2 ,5 0 ,4 2 6 ,4 0 ,2 1 1 ,8 0 ,4 3 ,6 0 ,3 8 ,1 0 ,4 1 ,5
L 3 1 V o lta g e 2 ,0 0 ,3 2 9 ,5 0 ,3 1 2 ,3 0 ,1 2 ,9 0 ,5 6 ,6 0 ,2 1 ,0
0
H a rm o n ic s M in 1 ,2 0 ,0 2 4 ,5 0 ,0 7 ,7 0 ,0 0 ,3 0 ,0 4 ,2 0 ,0 0 ,3
1 3 5 7 9 11 13 15 M a1 x7 4 ,2 1 ,1 3 2 ,1 1 ,1 1 5 ,6 1 ,2 5 ,8 1 ,2 9 ,7 0 ,7 1 ,9
C u rre n t L 1 5 0 7 ,7 2 ,5 2 4 ,9 1 ,7 1 7 7 ,1 1 ,7 5 4 ,8 1 ,2 7 ,0 1 ,2 1 5 ,5 0 ,9 2 ,5 0 ,1 0 ,6 0 ,5 0 ,5 0 ,1
C u rre n t L 2 4 8 4 ,5 3 ,3 3 7 ,1 1 ,8 1 6 8 ,5 2 ,0 4 1 ,4 1 ,4 1 4 ,3 0 ,6 2 6 ,6 0 ,4 4 ,0 0 ,2 1 ,3 0 ,2 1 ,2 0 ,2
C u rre n t L 3 4 1 5 ,2 3 ,9 3 3 ,7 1 ,9 1 5 9 ,5 0 ,8 4 8 ,4 0 ,9 1 9 ,3 0 ,1 2 3 ,2 0 ,8 3 ,0 0 ,2 1 ,1 0 ,3 1 ,1 0 ,3
M in 3 8 7 ,7 0 ,0 1 7 ,7 0 ,1 1 5 1 ,8 0 ,1 3 3 ,4 0 ,1 1 ,1 0 ,1 8 ,8 0 ,0 0 ,1 0 ,0 0 ,1 0 ,0 0 ,1 0 ,0
M ax 5 2 0 ,2 3 4 ,7 7 2 ,8 1 5 ,6 1 8 3 ,2 1 0 ,9 7 2 ,1 7 ,4 2 8 ,8 8 ,2 3 6 ,2 5 ,3 9 ,8 4 ,4 4 ,3 4 ,3 3 ,7 3 ,3
L 1 2 V o l ta g e 4 3 2 ,0 0 ,2 3 ,1 0 ,4 2 7 ,2 0 ,6 1 2 ,8 0 ,2 0 ,8 0 ,2 5 ,5 0 ,4 1 ,2 0 ,2 0 ,5 0 ,1 0 ,3 0 ,2
L 2 3 V o l ta g e 4 2 4 ,3 0 ,4 2 ,5 0 ,4 2 6 ,4 0 ,2 1 1 ,8 0 ,4 3 ,6 0 ,3 8 ,1 0 ,4 1 ,5 0 ,1 0 ,5 0 ,3 0 ,4 0 ,4
L 3 1 V o l ta g e 4 2 4 ,6 0 ,4 2 ,0 0 ,3 2 9 ,5 0 ,3 1 2 ,3 0 ,1 2 ,9 0 ,5 6 ,6 0 ,2 1 ,0 0 ,3 0 ,0 0 ,3 0 ,1 0 ,5
M in 4 2 3 ,6 0 ,0 1 ,2 0 ,0 2 4 ,5 0 ,0 7 ,7 0 ,0 0 ,3 0 ,0 4 ,2 0 ,0 0 ,3 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0 0 ,0
M ax 4 3 3 ,7 1 ,0 4 ,2 1 ,1 3 2 ,1 1 ,1 1 5 ,6 1 ,2 5 ,8 1 ,2 9 ,7 0 ,7 1 ,9 0 ,7 1 ,1 0 ,6 1 ,0 0 ,8

Figura 136 – Histograma que representa o espectro das harmônicas de corrente de um acionamento de 6 pulsos e comportamento das tensões harmônicas no
ponto de ligação. No detalhe o espectro da distorção de tensão.

seja especificada adequadamente, considerando se a medição será


22.3.1-Cargas não lineares nas instalações elétricas e a instantânea ou do perfil de carga; por quanto tempo, ainda qual o
influência na tensão de alimentação resolução e o intervalo de integração. Aliás, recomenda-se sempre
cuidado especial na especificação de medições elétricas, seja para
22.3.1.1 Medições qual for o objetivo (harmônicas, afundamentos, desbalanceamento,
flicker e outros); caso contrário corre-se o risco de aplicar medidas
De uma forma geral, as cargas não lineares podem ser definidas corretivas não adequadas com graves consequências.
como aquelas em que durante sua operação, a corrente elétrica de A Figura 136 apresenta a medição instantânea (com máximas
seus circuitos de alimentação pode ser decomposta em correntes e mínimas acumuladas) das componentes harmônicas de corrente
128
elétricas com componentes em outras frequências alem da e tensão na alimentação de um inversor de frequência aplicado no
frequência fundamental (no Brasil 60 Hz). acionamento de um motor.
Um dos casos mais típicos são os acionamentos de motores de
indução, compostos por inversores de frequência construídos, por 22.3.1.2 Influência na tensão de alimentação causada pelas
exemplo, com 6 pulsos com a presença de correntes em 60 Hz (frequência cargas não lineares

fundamental), 300 Hz (5ª harmônica), 420 Hz (7ª harmônica), 660 Hz


(11ª harmônica), e outras frequências com menor intensidade. A alimentação de cargas não lineares por uma fonte 60 Hz com
A identificação da presença destas correntes harmônicas em impedância típica e conhecida poderá em função desta impedância
uma instalação só é possível mediante a medição com instrumentos (função direta da potência de curto circuito) e do volume das cargas
específicos. Da mesma forma que a medição clássica de variáveis distorcidas distorção em sua tensão de alimentação. Este fenômeno
elétricas em frequência fundamental, é importante que esta medição ocorre como resposta da fonte devido a circulação das correntes
que necessariamente devera incluir as harmônicas dos circuitos harmônicas em sua impedância interna característica, em outras

Sc op e
L 1 /L 1 2 L 2 /L 2 3 L 3 /L 3 1

500
M a in L N [A ]

Forma de onda
0
distorcida de corrente
-5 0 0

Forma de onda
500
distorcida de tensão
250
L L [v ]

-2 5 0
NBR 5410

-5 0 0

45° 90° 135° 180° 225° 270° 315° 360°

Figura 137 – Formas de onda distorcidas de corrente e tensão


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Tabela 46 – Níveis de compatibilidade para tensões harmônicas individuais em redes de baixa tensão (valores r.m.s. como percentual do valor r.m.s. da componente fundamental)

Harmônicas ímpares não múltiplas de 3 Harmônicas ímpares múltiplas de 3 Harmônicas pares

Ordem da harmônica h Tensão harmônica% Ordem da harmônica h Tensão harmônica% Ordem da harmônica h Tensão harmônica%
5 6 3 5 2 2
7 5 9 1,5 4 4
11 3,5 15 0,4 6 0,5
13 3 21 0,3 8 0,5
17 ≤ h ≤ 49 2,27 x (17h) -0,27 21 < h ≤ 45 0,2 10 ≤ h ≤ 50 0,25 x (10/h) + 0,25

palavras as cargas não lineares causam a distorção da tensão das e de distribuição de energia elétrica; os consumidores de energia
fontes que as alimentam. elétrica conectados ao sistema de distribuição, em qualquer classe
No detalhe da Figura 136, observa-se a medição de valores da de tensão; as cooperativas de eletrificação rural; e os importadores
ordem de 28 a 30 V na 5ª harmônica e 12 V na 7ª harmônica, alem ou exportadores de energia elétrica conectados ao sistema de
de outros valores com menor significância, resultados da circulação distribuição.
das correntes harmônicas, da ordem de 170 A na 5ª harmônica é O Módulo 8 do Prodist – Qualidade de energia, estabelecer os
50A na 7ª harmônica. procedimentos relativos à qualidade da energia elétrica, abordando
Como se pode esperar, o comportamento da forma de onda a qualidade do produto e a qualidade do serviço prestado.
da tensão de alimentação apresenta distorção, e quanto maior A Tabela 47, que reproduz tabela 3 do Módulo 8, apresenta
for a carga, maior a distorção de tensão, até valores limítrofes como referência valores de até 10% de distorção total de tensão em
recomendados pelas normas específicas, a partir de onde algumas baixa tensão no ponto de acoplamento comum.
medidas corretivas devem ser implantadas.
Tabela 47 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (em
A Figura 137 apresenta formas de onda de corrente e tensão, porcentagem da tensão fundamental)

onde devido a distorção de corrente da carga, pode-se observar a Tensão nominal do Distorção Harmonica Total
Barramento de Tensão (DTT) [%]
distorção de tensão relativa.
VN ≤ 1kV 10
1kV < VN ≤ 13,8kV 8
22.3.1.3 Limites 13,8kV < VN ≤ 69kV 6
69kV < VN ≤ 138kV 3

Algumas normas apresentam limites aplicáveis para 129


harmônicas em instalações elétricas. Normalmente estes limites A Tabela 48 reproduz a tabela 4 do Módulo 8 do Prodist e
são estabelecidos no ponto de acoplamento comum entre a apresenta valores de referência, nas tensões menores que 1 kV e
concessionária e o consumidor, nem sempre bem interpretado ou de o que se observa é uma tolerância maior em relação as tensões
difícil acesso de medição. Algumas vezes os equipamentos a serem superiores.
alimentados por redes elétricas apresentam restrições de operação,
e neste caso espera-se que as instalações estejam adequadas a IEEE 519- IEEE recommended practices and requirements for
prover condições operacionais desejáveis aos mesmos em seus harmonic control in electric power systems

pontos de conexão a estas redes elétricas, independente do ponto de


acoplamento com a concessionária. A IEEE 519, talvez a norma mais aplicada em limites de
Norma IEC 61000-2-2- Electromagnetic compatibility (EMC) distorção harmônica, apresenta uma distorção total de tensão
- Part 2-2: Environment - Compatibility levels for low-frequency (THDV) máxima de 3% para sistemas especiais (aeroportos,
conducted disturbances and signalling in public low-voltage power hospitais, etc.) e de 5% para sistemas elétricos em geral.
supply systems
A Tabela 46 reproduz a tabela 1 da IEC 61000-2-2 relativa aos 22.3.2 - Instalação de capacitores e compensação de energia
níveis de tensões harmônicas admitidos nas redes de baixa tensão. reativa em instalações de baixa tensão -aspectos de ressonância

harmônica

Prodist Módulo 8
A maioria dos sistemas de compensação de energia reativa,
No Brasil, o Prodist - Procedimentos de Distribuição (Prodist), é isto é, capacitores fixos, semi-automáticos ou mesmo os bancos
um documento emitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica, de capacitores automáticos, presentes nas instalações elétricas de
composto de oito módulos, elaborados para regular as atividades de baixa tensão se devem a promover a isenção de pagamento de
distribuição de energia elétrica. energia reativa excedente junto às concessionárias que suprem estas
O Prodist visa garantir segurança, eficiência, qualidade e instalações. Este, portanto tem sido o principal fator motivador
confiabilidade aos sistemas de distribuição. Além disso, prevê, para a aplicação destes componentes. Contudo, historicamente e
NBR 5410

entre outros pontos, que seja dado tratamento igual a todos os muito antes do inicio da cobrança desta energia reativa por parte
agentes do setor. Estão sujeitos ao Prodist as concessionárias, das concessionárias de energia, os capacitores já vinham sendo
permissionárias e autorizadas dos serviços de geração distribuída aplicados na melhoria da regulação de tensão destas instalações,
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Tabela 48 - Nîveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão (em percentagem da tensão fundamental)

Distorção Harmônica Individual de Tensão [%]


Ordem Harmônica
V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV V n ≤ 1 kV
5 7.5 6 4.5 2.5
7 6.5 5 4 2
11 4.5 3.5 3 1.5
13 4 3 2.5 1.5
Ímpares não múltiplas de 3
17 2.5 2 1.5 1
19 2 1.5 1.5 1
23 2 1.5 1.5 1
25 2 1.5 1.5 1
>25 1.5 1 1 0.5
3 6.5 5 4 2
9 2 1.5 1.5 1
Ímpares múltiplas de 3 15 1 0.5 0.5 0.5
21 1 0.5 0.5 0.5
<21 1 0.5 0.5 0.5
2 2.5 2 1.5 1
4 1.5 1 1 0.5
6 1 0.5 0.5 0.5
pares 8 1 0.5 0.5 0.5
10 1 0.5 0.5 0.5
12 1 0.5 0.5 0.5
>12 1 0.5 0.5 0.5

ou seja, a correta aplicação de capacitores em uma instalação é, função da potência reativa e impedância dos capacitores.
elétrica impõe significativo incremento na qualidade de energia de Caso uma das correntes harmônicas presentes nesta instalação
alimentação das cargas. possuir frequência característica que esteja próxima a esta frequência
130 Nas últimas décadas novos tipos de cargas surgiram nas de ressonância, ocorrerá o fenômeno chamado de ressonância.
indústrias e outras considerações adicionais devem ser levadas Nesta situação as correntes que circulam nos circuitos de rede e dos
em conta quando da especificação de um sistema de compensação capacitores serão incrementadas, causando sobrecorrentes, além da
de energia reativa ou de correção de fator de potência. A análise queima dos próprios capacitores e fenômenos indesejados como
cuidadosa de cada um dos pontos envolvidos deve merecer especial sobre tensão e aumento da distorção de tensão na rede entre outros.
atenção nas etapas de projeto, especificação e manutenção das A ressonância ocorre quando a impedância do capacitor é
instalações. De outra forma a queima dos capacitores e destruição similar (em módulo) a impedância da rede de alimentação (fonte).
ou má operação de equipamentos associados será inevitável. Note- O valor da impedância da fonte pode ser estimado através da
se que capacitores operando sob as condições nominais podem impedância do transformador (ou gerador) do circuito.
sobreviver mais de 15 anos. A expressão (1) é uma boa estimativa para o cálculo da
Na sequência são apresentados alguns pontos de atenção a serem frequência de ressonância.
analisados quando da implementação de sistema de compensação
reativa e correção do fator de potência. Independente de o sistema hr = (MVAcc/ Mvar cap)
de compensação ser fixo, semi-automatico, automático, ou tempo
real, outros cuidados, tais como o fenômeno da ressonância, devem Onde:
sempre ser levados em consideração.
hr= frequência harmônica de ressonância
22.3.2.1 Ressonância harmônica MVAcc = Potencia de curto circuito da fonte em MVA
Mvar cap= Potencia do capacitor em Mvar
A instalação de capacitores em sistemas elétricos que alimentam
cargas não lineares como os acionamentos em corrente alternada Como em qualquer circuito elétrico, as correntes circularão
ou contínua, retificadores, sistemas de iluminação, fornos, prensas, conforme as impedâncias das fontes e cargas; portanto a análise
sistemas de soldas, cargas de informática (TI) entre outras, deve ser quantitativa destas correntes harmônicas que circularão na rede e nos
precedida de uma analise do comportamento desta rede quando da capacitores dependerá da divisão de corrente que será estabelecida
instalação dos capacitores, uma vez que a implantação de capacitores no circuito (capacitor e rede), levando-se em conta a análise do
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em uma rede elétrica tipicamente indutiva incorrerá em uma sistema elétrico em cada uma das frequências consideradas, que são
frequência de ressonância que é função da potência de alimentação normalmente aquelas frequências presentes no espectro de corrente
(impedância da fonte) e da potência reativa a ser implementada, isto da carga. O circuito da Figura 9 ilustra o modelo típico.
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Deve-se considerar que a circulação das correntes nos Portanto a circulação de corrente nos capacitores não
capacitores não ocorrerá somente na frequência de ressonância, ocorre somente na situação exata do ponto da ressonância
mas este é o ponto onde teoricamente a penetração das correntes calculada, mas nas circunvizinhanças deste ponto. A Figura
harmônicas no capacitor é a máxima e limitada somente pela 138 ilustra um circuito típico de compensação reativa na
componente resistiva do circuito. presença de capacitores. No caso apresentado, a existência
Em medições efetuadas verificaram-se circulação de correntes da ressonância ocorrerá se a frequência de ressonância (rede
harmônicas em capacitores em situações em que as frequências de e capacitores) ocorrer próximo aquelas relativas as 5ª e 7ª
ressonância calculadas do sistema não são exatamente iguais aquelas das harmônicas ( 300 e 420 Hz). O gráfico indica a impedância
correntes harmônicas presentes (mas apenas próximas) nas cargas e que equivalente com ocorrência de ressonância na 5ª harmônica.
circulam em parte pelos capacitores. Esta ocorrência é justificada pela Portanto, para a situação apresentada ocorrerá ressonância na
divisão das correntes harmônicas da carga para a rede e para os capacitores 5ª harmônica.
em função de suas impedâncias (modelo de divisor de corrente). A Figura 139 ilustra os efeitos na tensão de alimentação
k
de ressonância registrada. Observa-se o sensível incremento
da distorção total de tensão (THDV), bem como a elevação
N crescente N decrescente
de tensão em valores alem dos previstos simultaneamente
a conexão dos capacitores e injeção da energia reativa, ou
seja, no instante próximo as 11h35min, os capacitores foram
manobrados para a compensação do reativo, ocorrendo a
ressonância registrada, podendo-se verificar os efeitos da
mesma (observando-se os incrementos de tensão e THDV).
n
1 2 3 4 5 6 7 8

Ponto de Ponto de
ressonância (7ª)
22.3.2.2 T ransientes de manobra de capacitores
ressonância (5ª)

Os transientes elétricos gerados por manobra de


capacitores é um dos mais conhecidos e documentados.
A condição de manobra conhecidas por “back to back” é
reportada na citada norma IEEE 1159 e ilustrada nas Figura
Z Trafo C 15 17 l1
140. 131
A inserção de capacitores instalados em bancos, na
condição em que algumas células já estejam energizadas gera
correntes de “in rush” elevado causando severos efeitos na
tensão de alimentação deste sistema.
Figura 138 – Circuito típico ressonante e gráfico da impedância em função da
frequência.

R esson ân cia
L1 L2 L3 A v g/T ot

390
Vptp [V]

380
100

50
Q [kVAr]

6 Notas sobre o gráfico:

• THDV aumenta de 3% para


THD[%] Vptp

4 6% com capacitores
• Aumento da tensão de 4%
(o dobro do esperado)
1 1 :3 1 :5 5

1 1 :3 2 :0 4

1 1 :3 2 :1 3

1 1 :3 2 :2 3

1 1 :3 2 :3 2

1 1 :3 3 :0 0

1 1 :3 4 :0 9

1 1 :3 4 :3 2

1 1 :3 5 :5 4

1 1 :3 7 :1 6

1 1 :3 8 :2 0

1 1 :3 8 :3 0

1 1 :3 9 :0 7

1 1 :3 9 :1 6

1 1 :3 9 :2 5

1 1 :3 9 :3 4

NBR 5410

Tim e [H H :M M :SS]

Notas
Figura 139 – Registro sobre o gráfico:
de ressonância harmônica e efeitos na tensão
THDV aumenta de 3% para 6% com capacitores
Aumento da tensão de 4% (o dobro do esperado)
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750 2.0
I(A) U(V)
500 1.5

VOLTAGE (V XX)
CURRENTE (A )
250 1.0
0 0.5
-250 0
-0.5
-500
-1.0
-750 -1.5
8 10 12 14 0 20 40 60 80 100
TIME (ms) TIME (ms)

Figura 140 – Registro de ressonância harmônica e efeitos na tensão

22.3.2.3- R egulação de tensão , afundamentos e a em regime permanente os valores são integrados em períodos de 10
cintilação ( flicker ) - C argas variáveis e correntes de “I n - minutos (no caso do Módulo 8), em curta duração são estudados em
rush ” intervalos de tempo bem menores
A tabela 3 do Módulo 8, aqui reproduzida como Tabela
A regulação de tensão tem fundamental importância nas 49 apresenta a classificação das tensões de leitura em regime
instalações, uma vez que existe uma forte dependência da permanente em relação a tensão nominal aqui considerada em
qualidade do processo industrial em relação a qualidade de energia 220/127V.
de alimentação das cargas. Controles e acionamentos micro A tabela 9 do mesmo documento, reproduzida como Tabela
processados nas cargas industriais e de informática (TI), ou ainda 50 apresenta a classificação dos valores de tensão na classificação
aquelas associadas a transformação da energia e qualidade do da variações de tensão de curta duração. Uma outra definição
produto final dependem da qualidade de energia de alimentação para afundamentos poder ser encontrada na IEEE 1159, onde
e devem prever redes elétricas com bons índices de qualidade de os afundamentos (tratados por “voltage sags” na literatura
energia, notadamente com relação a regulação de tensão e isenção internacional) ocorrem em tempos desde ½ ciclo (8 ms) a 1 minuto
de afundamentos e transientes. com variações da tensão desde 0,1 a 0,9 pu;
Apesar da regulação de tensão poder ser definida como Tabela 49 – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (220/127)
o desvio de uma tensão medida em relação a um valor nominal Tensão de Atendimento (TA) Faixa de Variação da Tensão de Leitura
em Relação à Tensão Nominal (Volts)
132 ou contratual, nem sempre os procedimentos e regulamentos de
Adequada (201 TL 231)/(116 TL 133)
medição consideram o fenômeno em curtos intervalos de tempo;
Precária (189 TL<201 ou 231<TL 233)/
não se trata de impor ao sistema elétrico alto níveis de exigência, (109 TL<116 ou 133<TL 140)
mas simplesmente entender que cargas podem deixar de operar, Crítica (TL<189 ou TL>233)/(TL<109 ou TL>140)
caso durante alguns ciclos (dezenas ou centenas de milissegundos),
os valores de tensão foram reduzidos a valores abaixo de limites Afundamentos podem ser causados por razões internas e
toleráveis por estas cargas. externas

O Módulo 8 do Prodist é um importante avanço na legislação


brasileira na relação entre concessionárias e consumidores, os Os afundamentos de tensão podem ser causados por razões
critérios lá estabelecidos, contudo podem não ser suficientes para internas das instalações (comportamento da própria carga) ou por
manter as cargas em suas especificações adequadas de alimentação, razões externas, como por exemplo, no circuito de alimentação da
portanto o assunto merece ser pesquisado nas instalações de forma concessionária.
pontuais. A análise deve considerar não somente as condições no No primeiro caso (razões internas) a operação de cargas
ponto de acoplamento entre concessionária e consumidor, mas nos com alto consumo de energia reativa na partida ou regime
diversos barramentos de uma instalação típica. de operação. Algumas cargas que possuem características
A avaliação das tensões deve considerar (e o Módulo 8 considera de consumo considerável de energia reativa durante o ciclo
também esta abordagem), a avaliação do comportamento da tensão típico de operação (além da energia reativa consumida na
em regime permanente e as variações de curta duração. Enquanto partida) são, por exemplo, aquelas de transporte vertical e

Tabela 50 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

Classificação Denominação Duração da Variação Amplitude da tensão (valor eficaz)


em relação à tensão de referência
Variação Momentânea Interrupção Momentânea de Tensão Inferior ou igual a três segundos Inferior a 0,1 p.u
de Tensão Afundamento Momentâneo de Tensão Superior ou igual a um ciclo e inferior ou igual a três segundos Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 p.u
Elevação Momentânea de Tensão Superior ou igual a um ciclo e inferior ou igual a três segundos Superior a 1,1 p.u
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Interrupção Temporária de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Inferior a 0,1 p.u
Variação Temporária Afundamento Temporário de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 p.u
de Tensão Elevação Temporária de Tensão Superior a três segundos e inferior ou igual a um minuto Superior a 1,1 p.u
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horizontal como os elevadores, guindastes, esteiras e pontes da instalação não ser adequada (redes fracas de baixa potência
rolantes; equipamentos eletromédicos (raio X, ressonância de curto são susceptíveis a estes fenômenos), pode ser a injeção
e outros), equipamentos industriais como as injetoras, controlada da energia reativa evitando ou atenuando o fenômeno,
extrusoras, trefilas, misturadores, prensas, estações de soldas tratado mais adiante.
principalmente as de solda a ponto, fornos, compressores e A Figura 141 ilustra o afundamento independente da carga
outros equipamentos. e a Figura 142 ilustra o afundamento causado pela carga,
Nota-se nestes casos o afundamento da tensão, impossibilitando sua partida, na sequência com a injeção de
simultaneamente com o consumo da energia reativa. A solução reativos por manobra estática o afundamento é compensado e a
para estes afundamentos no caso da potência de curto circuito operação do sistema é estabelecida.

Cycle-cycle trend view

550

500
I (A )

450

60

50
Q (k V A r)

40

30

365
U L (V )

360

355

350 133
1 3 :5 4 :2 1 :3 2 8 1 3 :5 4 :3 1 :1 4 1 1 3 :5 4 :4 0 :9 5 4 1 3 :5 4 :5 0 :7 6 7 1 3 :5 5 :0 0 :5 8 0 1 3 :5 5 :1 0 :3 9 3

Estim ated tim e

Figura 141 - Afundamento independente da carga (causas externas)

L1 L2 L3 A v g/T ot
475

450
Vptp [V]

425

400

250
P [kW]

500
Q [kVAr]

250

0
1 6 :2 2 :2 3

1 6 :2 2 :4 8

1 6 :2 3 :1 3

1 6 :2 3 :4 0

1 6 :2 4 :0 5

1 6 :2 4 :3 1

1 6 :2 4 :5 8

1 6 :2 5 :2 4

1 6 :2 5 :4 9

1 6 :2 6 :1 4

1 6 :2 6 :4 0

1 6 :2 7 :0 6

1 6 :2 7 :3 2

1 6 :2 7 :5 9

1 6 :2 8 :2 6

1 6 :2 8 :5 3

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Tim e [H H :M M :SS]

Figura 142 - Afundamento decorrente do consumo instantâneo de energia reativa impossibilitando a operação da carga e solução com compensa-ção estática de energia
reativa reduzindo o afundamento
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Cycle-cycle trend view


60

50
Cycle-cycle trend view
250
40
kV A r

245
30
240
20
235
10
0

V L -L
230

260 225

250 220

240 215
V L -L

230 210

220 1 6 :1 6 :0 3 :8 5 8 1 6 :1 6 :4 0 :5 1 9 1 6 :1 7 :1 9 :9 0 5 1 6 :1 8 :1 4 :3 9 1 1 6 :1 9 :0 7 :6 1 7 1 6 :2 0 :0 0 :8 4 3

Estim ated tim e

210
3 minutos
1 6 :0 6 :2 5 :8 0 1 1 6 :0 9 :5 3 :2 2 7 1 6 :1 3 :2 0 :2 8 9 1 6 :1 6 :0 5 :7 3 8 1 6 :1 9 :3 7 :6 4 2

Estimated time

Figura 143 - Registro de consumo de reativo e tensão

O Módulo 8 do Prodist também trata o assunto na tabela 7 A solução é a correção do problema com substituição de
(Tabela 51 deste guia) estabelecendo limites de “Plt” (flicker de células ou grupo de capacitores queimados ou fusíveis, alem da
longo tempo) e “Pst” (flicker de curto tempo). A medição do flicker pesquisa das razões do defeito, e ainda introduzindo técnicas
é efetuada com instrumentos específicos. conhecidas a fim de evitar que o fenômeno volte a ocorrer.
A Figura 144 ilustra esta situação em medição tomada
Tabela 51 - Limites de Pst e Plt
no ponto de acoplamento comum da concessionária com o
134 Valor de Referência PstD95% PltS95%
Adequado < 1 p.u. / FT < 0,8 p.u. / FT
consumidor.
Precário 1 p.u. – 2 p.u. / FT 0.8 – 1.6 p.u. / FT Queima de capacitores e fusíveis de proteção dos mesmos
Crítico > 2 p.u. / FT > 1,6 p.u. / FT não devem ser considerados como ocorrência rotineira e
merecem pesquisa de possível ressonância ou outro fenômeno.

22.3.2. 5 Desbalanceamento de Tensão

O desbalanceamento de tensão é um dos pontos importantes,


quando se consideram os aspectos de perdas elétricas.
A determinação do desbalanceamento, conforme prescrições
da IEC e do Prodist é definida pela relação das componentes
de sequências negativa e positiva ou ainda a relação das
componentes de sequência zero e de sequência positiva.
Definições anteriores que relacionavam o desbalanceamento
de tensão para diferenças entre leituras de tensões eficazes
registradas entre fases e a média entre elas, não são mais
aplicáveis e devem ser evitadas.
Como referencia de valores limites, o que se observa
na literatura consultada é que valores acima de 1,0% de
desbalanceamento de tensão passam a merecer cuidados
especiais.
Uma das causas importantes da ocorrência do Figura 144 – Registro de tensão eficaz em sistema com células de
capacitores queimadas 
desbalanceamento de tensão, além da existência de cargas
monofásicas e ligadas entre fases e neutro em sistemas estrela a A Figura 145 ilustra a medição de um ponto de acoplamento
quatro fios, é a queima de células capacitivas de forma desigual entre concessionária e consumidor, onde pode-se observar a
NBR 5410

entre as fases e a queima de fusíveis de proteção dos bancos de monitoração continua além das tensões de linha, das variáveis
capacitores. O que acaba ocorrendo é a injeção não uniforme desbalanceamento de tensão (relação das tensões de sequência
de reativos entre as fases, causando o desequilíbrio de tensão. negativa e positiva), Plt e distorção total de tensão.
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135

Figura 145 - Relatório de monitoração de ponto de acoplamento (concessionária e consumidor)

relação da potência de curto-circuito (ou da impedância) desta


22.3.2.6 Operação das cargas com fontes diversas fonte e da solicitação ou comportamento da carga a cada instante.
A cada variação da carga haverá uma resposta da fonte, traduzida
O uso de geradores como fonte de energia em instalações pelo comportamento da tensão. Casos mais extremos produzem
(fonte principal ou fonte de substituição e emergência - “back afundamentos de tensão que podem atingir níveis não tolerados
up”) tem se popularizado em função da importância que a energia pelas próprias cargas, produzindo efeitos imediatos como a má
elétrica assumiu nos processos de produção e administrativos operação ou desligamento das mesmas.
e também nas oportunidades apresentadas pelos sistemas de Este efeito é bastante perceptível quando da partida (e seus
cogeração largamente utilizados. Desta constatação valem algumas transientes associados) ou variação de cargas acionadas por
observações importantes. motores como os elevadores, bombas, ventiladores, compressores,
guindastes. No caso de geradores aplicados como fonte de “back
Comportamento das fontes na variação da carga up”, o que se nota é que o comportamento do sistema piora
NBR 5410

sensivelmente quando o mesmo assume o lugar da fonte principal


O comportamento das fontes e, consequentemente, da tensão (transformador), geralmente por conta da menor potência de curto
do sistema que a mesma alimenta as cargas, será dependente da circuito do primeiro em relação o segundo.
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Cycle-cycle trend view


60

50

40
kVAr

30

20

10
0

260

250

240
V L-L

230

220

210

1 6 :0 6 :2 5 :8 0 1 1 6 :0 9 :5 3 :2 2 7 1 6 :1 3 :2 0 :2 8 9 1 6 :1 6 :0 5 :7 3 8 1 6 :1 9 :3 7 :6 4 2

Estimated time
Figura 146 – Comportamento da tensão de gerador com o consumo de energia reativa de elevador

136
Existe uma relação direta entre o comportamento da tensão tensão com a mudança de fonte (transformador para gerador) para
do sistema e a energia reativa consumida pela carga, esta situação uma carga industrial.
é tanto mais perceptível quanto menor for a relação da potência
de curto circuito da fonte em relação a carga consumidora de Limitação dos geradores - a curva de capabildade
significativa quantidade de energia reativa; a tensão tende a “cair”
causando os conhecidos afundamento de tensão. A Figura 146 Os geradores apresentam uma característica de operação
apresenta o comportamento da tensão do gerador com a operação fortemente dependente da energia reativa consumida (indutiva) ou
de um elevador e a Figura 147 apresenta o comportamento da fornecida (capacitiva) pela carga.
NBR 5410

Figura 147 – Comportamento da tensão com fonte principal (transformador) e de “back-up” (gerador)
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Reactive Capability
Operating Chart

Leading Lagging
1.2
0.8PF 1.0PF 0.8PF

1.0

0.8 Engine Limit


kW/Rated kVA

0.6PF 0.6PF
A
0.6

0.4PF 0.4PF
0.4

B
0.2PF 0.2 0.2PF

-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

kVAr/Rated kVA
Figura 148 - Curva de capabilidade (fonte: Caterpillar) 137

A Figura 148 apresenta esta curva de capabilidade, onde se observa 250 kvar (750 kvar (carga)-500 kvar(capacitor)), e a relação
o regime de operação normal limitado pelas curvas azul e vermelha. citada será portanto de 250/1500=0,17. A relação kW/kVA será
Analisando-se esta curva, nota-se que na “região capacitiva” (faixa de 1000/1500= 0,67. Este ponto é representado no diagrama da
de valores negativos no eixo das abscissas (x)) existe uma importante Figura 148 como ponto “A” e está na faixa adequada de operação.
restrição de operação em relação à região chamada de “indutiva” • Se em um segundo instante a carga variar sem que o banco de
Observa-se ainda na curva, que o mesmo eixo das abscissas capacitores acompanhe esta variação, pela própria inércia e tempo
define a relação da potência reativa instantânea da carga pela de resposta do sistema, e que esta variação de carga seja reduzida
potência nominal do gerador; a potência reativa negativa seria em 60%, as novas relações serão:
aquela fornecida por carga capacitiva ou capacitor e a positiva - Nova situação da carga: 400 kW; 80%; 300 kvar
aquela consumida pela carga. O eixo das ordenadas (y) apresenta - Injeção de energia reativa mantida em 750 kvar
a relação da potência ativa instantânea da carga pela potência - Novo balanço de energia reativa: – 450 kvar
nominal do gerador. (energia reativa injetada)
Tomando-se para exemplo o caso de um grupo de motores com - kvar/kVA= - 450/1500 = -0,3; kW/kVA=0,26
1000 kW, fator de potência de regime de 80%; potência reativa da • Esta segunda situação que é ilustrada como o ponto B na curva da
ordem de 750 kvar, alimentado por um gerador de 1500 kVA, e Figura 148, é uma situação limítrofe de operação do gerador, isto
um sistema de compensação de energia reativa de 500 kvar que é, caso a carga fosse reduzida para valores ainda mais reduzidos
corrigiria o fator de potência para 97%; observa-se: que 60% do valor original sem o consequente acompanhamento do
banco de capacitores, o gerador seria desligado pelo seu sistema de
• A relação kvar/kVA do eixo das abscissas poderá assumir proteção de excitação. A situação é ainda mais crítica nas situações
diversos valores, em função da potência reativa injetada pelos em que o sistema de compensação reativa é composto por bancos
capacitores em relação aquela consumida pelos motores. O valor fixos. Portanto, caso o sistema de compensação de energia reativa
a se utilizar será, portanto o balanço de reativos (a diferença dos não tenha velocidade para acompanhar a variação da carga, deve
NBR 5410

valores consumidos pelos motores e injetados pelos capacitores) ser desligado quando o gerador assume a carga se aplicado como
em relação a potência nominal do gerador. No caso da situação fonte de contingencia, caso a situação possa não atender os limites
de máxima demanda, o reativo fornecido pelo gerador será de estabelecidos pela curva de capabilidade.
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Mudança da frequência de ressonância cargas de tecnologia de informação (apesar de aplicação industrial


em processos críticos como químicos e farmacêuticos, alem de
A instalação de capacitores em redes indutivas como aquelas alimentação da instrumentação) em escritórios, data centers, bancos
típicas em que as fontes são transformadores ou geradores, acaba e aplicações similares e são utilizados como fontes de contingencia
por definir uma frequência de ressonância. O circuito ressonante (ou “back up”). A configuração de UPS dupla conversão é ilustrada
apresenta valores diferentes em função de: na Figura 149.
• Potencia de curto circuito da rede com transformador A principal função do UPS (ou conjunto de UPSs) é manter
• Idem porem com gerador as cargas em operação em qualquer tipo de anormalidade da fonte
• Qual o valor da energia reativa injetada (em bancos automáticos, “normal” de alimentação.
cada estagio deve ser considerado independentemente) Existem inúmeras configurações de montagens dos UPS, bem
Assumindo-se transformador de 1500 kVA como fonte principal, como do arranjo entre estes equipamentos, de forma a se obter
com impedância de 5% e gerador de 1500 kVA com reatância melhores indicadores de confiabilidade e disponibilidade.
subtransitória de 15% como fonte de “back up” e banco de Como principal atributo, os UPS possuem em geral baterias
capacitores de 750 kvar, obtém-se: como fonte de energia adicional e com autonomia suficiente para
• Harmônica de ressonância para operação pelo transformador: 6,3 atender o suprimento de energia às cargas, durante a transferência
(ou 378 Hz em rede 60 Hz) da fonte principal da concessionária para o gerador. Alguns casos
• Idem porem para o gerador: 3,6 (ou 220 Hz em rede 60 Hz) quando não existem fontes auxiliares como geradores, os UPSs
O que se nota é que dependendo do conteúdo harmônico da alimentam a carga até que as baterias atinjam seus limites de carga
carga, e da concepção do banco de capacitores a simples mudança (autonomia).
de fonte poderá causar o indesejável efeito de ressonância A configuração com baterias não é a única possível dos UPS.
harmônica. Sistemas conhecidos como dinâmicos e outros semelhantes
As conclusões são evidentes e chamam a atenção para a conhecidos como “fly-whell”, possuem topologias que mantêm
necessidade de analise em separado do comportamento do sistema a carga alimentada com fontes redundantes baseado em energia
elétrico, seja ele de que aplicação for, em função de trocas de fontes cinética e acoplamentos específicos de novas fontes em geradores
e em especial aplicação de geradores como fontes de contingencia que são mantidos alimentando as cargas durante todo o ciclo de
ou de “back up” na presença de sistemas de compensação de operação.
energia reativa. Estes por sua vez devem atender as expectativas de De uma forma geral, os UPSs tem como principal função manter
138 operação do sistema em todo o ciclo, inclusive sob os aspectos de a tensão de alimentação das cargas de tecnologia de informação que
ressonância harmônica. são especialmente sensíveis à variação da tensão de alimentação,
no intervalo permitido pela curva ITIC ilustrada na Figura 150,
22.4 Soluções aplicáveis aos problemas de qualidade de energia preservando assim a operação normal das cargas, evitando a perda
nas instalações elétricas de dados, informações, processamento e mesmo a integridade física
dos equipamentos de tecnologia de informação.
22.4.1UPS (Uninterruptible Power Source) Esta curva ITIC apresenta o envoltório de zona permitida (de
cor branca), que limita os valores de tensão e tempos de ocorrência
Os UPS, também conhecidos no Brasil como “no-breaks”, permitidos na alimentação destas cargas. Caso ocorram registros
são equipamentos normalmente alimentados pelas fontes fora da zona permitida, as cargas estarão sujeitas á má operação,
convencionais (concessionária e geradores) para alimentação das como os pontos ilustrados de ocorrência na Figura 150.
NBR 5410

Figura 149– UPS com dupla conversão


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Figura 150 – Curva ITIC e registros

de indutores e capacitores sintonizados em uma frequência de


22.4.2 Soluções para adequação da distorção harmônica de ressonância característica. Podem também ser construídos em
tensão (presença de cargas não lineares) nas redes elétricas. conjuntos de forma a serem sintonizados em várias frequências
desejáveis simultaneamente. A função dos filtros passivos é a
As soluções para os casos onde devido às altas concentrações de absorver as correntes harmônicas da carga, impedindo que
de cargas não lineares com distorção de corrente, a tensão atinge as mesmas circulem pela rede. Devido a própria construção,
valores acima dos limites são as seguintes: também injetam energia reativa na rede, enquanto as harmônicas
são absorvidas (em geral a absorção das harmônicas não é total,
• Distribuição de cargas em outras fontes mas uma parcela daquelas geradas pela carga). Caso a carga seja
Nesta situação, cargas não lineares são realocadas na instalação variável, a construção destes filtros deve prever o arranjo em grupos 139
de modo a reduzir os valores de distorção de tensão nos barramentos de filtros de forma a adequar a operação dos mesmos à variação da
onde as mesmas são conectadas. carga, evitando sobre compensação de energia reativa.

• Aumento da potência das fontes A Figura 151 apresenta o registro da distorção harmônica de
O aumento da potência reduz a impedância de curto circuito a tensão em um barramento onde um filtro passivo com manobra
montante da carga, reduzindo as distorções de tensão nos barramentos. estática , com tempo de resposta de 16 ms e composto por 6 grupos
de 100 kvar foi instalado.
• Especificação de cargas com controle de emissão Neste caso todos os grupos estão sintonizados em frequência
A IEC 61000-3-2 apresenta limites para as harmônicas de corrente dos próxima à 5ª harmônica. Há uma relação de compromisso muito
equipamentos monofásicos de até 16 A. Os equipamentos são classificados importante na construção deste filtro, visto que operam em paralelo
em A, B,C e D e para cada um deles existem restrições aplicáveis, cujo e buscam a injeção de energia reativa em intervalos muito curtos,
objetivo é restringir a circulação de correntes harmônicas nas instalações e filtrando a 5ª harmônica simultaneamente. A distorção de tensão é
como consequência evitar os efeitos de perdas e aquecimentos associados, reduzida de valores médios de 8% para 5%.
além de controlar a distorção de tensão nos barramentos.
• Filtros Ativos
• Instalação de filtros Os filtros ativos, apesar de terem a mesma função dos passivos são
A instalação de filtros de harmônicas é outra possibilidade para concebidos por equipamentos eletrônicos que injetam correntes
adequação dos valores registrados de distorção de tensão. De uma harmônicas defasadas daquelas geradas pelas cargas, de modo
forma geral os filtros evitam que as harmônicas circulem pelas que ao se somarem se cancelem. Enquanto os filtros passivos
fontes, reduzindo, portanto as tensões harmônicas a montante e são normalmente dependentes e especificados pelos valores dos
por consequência reduzindo também as distorções de tensão nos indutores, capacitores e elementos de manobra que os compõe, os
barramentos de baixa tensão. Os filtros mais comumente aplicáveis filtros ativos são especificados pelos ampères que irão filtrar.
são os filtros passivos e filtros ativos e estão descritos na seqüência.
A Figura 152 apresenta o registro da distorção harmônica de
NBR 5410

• Filtros passivos tensão em um barramento onde um filtro passivo com manobra


estática , com tempo de resposta de 16 ms e composto por 6 grupos
Os filtros passivos são normalmente compostos por conjuntos de 100 kVar foi instalado.
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Libra Terminais - Start up - PT02


Ação Engenharia e Instalações Ltda

1 7 ,5
Distorção total de tensão (THDV)
1 5 ,0 Antes 8% depois 5%

1 2 ,5
THD[%] Vptp

1 0 ,0

7 ,5

5 ,0

2 ,5

1 3 :3 2 :5 0 1 3 :3 3 :2 5 1 3 :3 4 :0 0 1 3 :3 4 :3 5 1 3 :3 5 :1 1 1 3 :3 5 :4 9 1 3 :3 6 :2 3 1 3 :3 6 :5 5 1 3 :3 7 :3 0 1 3 :3 8 :0 3 1 3 :3 8 :3 7 1 3 :3 9 :1 0 1 3 :3 9 :4 2 1 3 :4 0 :1 6 1 3 :4 0 :5 1 1 3 :4 1 :2 6
T im e [H H :M M :S S ]

Figura 151 – comportamento da distorção harmônica de tensão no barramento sem e com filtro

140

Figura 152 – Diagrama de instalação de filtro ativo e comportamento das formas de onda de corrente

• Filtros antirressonantes – solução para evitar ressonante, pode-se fazer uso da norma IEEE 519 que estabelece
ressonância em capacitores limites de distorção de tensão a serem atendidos, isto é, mesmo
na presença de cargas altamente deformantes, nem sempre se faz
Sistemas antirressonantes, ou filtros antirressonantes, são necessário a aplicação de filtro sintonizado. O que definirá será
filtros passivos como os acima apresentados, porém cuja sintonia a resposta do sistema elétrico existente (fontes e outras cargas)
não é próxima às frequências presentes na corrente das cargas, alem das cargas deformantes na presença dos capacitores a serem
mas em outra faixa. Esta aplicação é bastante comum e econômica instalados.
quando se deseja proteger os capacitores e evitar que os mesmos A injeção de reativos com filtro anti-ressonante (indutor e
provoquem ressonância harmônica em redes que suportam capacitor) reduz a corrente fundamental na proporção da relação
a presença de cargas não lineares e não se deseja a redução da do fator de potência original e o corrigido (após a injeção dos
distorção de corrente. reativos). É de se esperar um natural aumento da distorção de
Os indutores antirressonantes adequadamente dimensionados corrente (THDI) e redução da distorção de tensão (THDV),
elevarão a impedância do ramo do capacitor de forma a controlar por conta de circulação de parte das correntes harmônicas
NBR 5410

as correntes harmônicas que circularão nos capacitores e na rede, pelos capacitores. A aplicação de filtros sintonizados em
conforme ilustrado na Figura 153. frequências existentes no sistema reduzirá a distorção de tensão
Para a decisão entre utilização de filtro ressonante ou anti- significativamente.
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adequados e de boa procedência quando da presença das harmônicas.


Analise de condições de ressonância e respostas do sistema elétrico
k

em todas as condições de operação.


• Sistemas que possuam adequados dispositivos de manobra
associados aos capacitores ou conjuntos capacitores e reatores.
Atualmente são disponíveis modernos sistemas que manobram os
capacitores por tiristores, com tempos de resposta extremamente
curtos compatíveis aos períodos de operação de cargas
n
extremamente variáveis.
1 2 3 4 5 6 7 8 • A isenção de transientes de manobra de capacitores também
Ponto de Ponto de tem sua implementação viabilizada com a manobra efetuada com
ressonância (5ª) ressonância (7ª)
dispositivos semi-condutores.

Algumas soluções paliativas têm sido introduzidas. Contudo


Impedância do C 1.1 C 1. N
a solução definitiva é a aplicação de manobra dos capacitores
na condição chamada de “zero crossing” isto é, os capacitores
transformador

são desligados do sistema elétrico quando suas correntes passam


L1 Motor DC

por zero e a conexão também é efetuada em condição específica


(Fonte de problemas)

L 2 .1 L 2. N
isentando a rede dos transientes nas duas condições de manobra.
Esta possibilidade é típica de manobra de capacitores por tiristores,
e aplicada nos equipamentos de compensação de energia reativa
Figura 153 – Implementação de reatores antirressonantes e comportamento
da impedância em função da frequência. tempo real, que possuem manobra por elementos semi-condutores,
com precisão na manobra e tempo de comutação bastante reduzidos.
Outra condição a ser considerada e nem sempre possível de ser
Incremento da tensão, esperado pela presença de capacitores em evitada é a possibilidade de manobra acidental de capacitores pré-
instalações elétricas carregados ou energizados, com danos aos dispositivos de manobra
eletromecânicos.
Normalmente em sistemas industriais sem ressonância, e Cuidados complementares devem ser tomados com relação à 141
com injeções típicas de reativos, este incremento de tensão não sensibilidade de capacitores á condições operacionais diferentes
ultrapassa valores da ordem de 1% a 2%. Caso a tensão se eleve das nominais com redução dramática de vidas úteis, notadamente
acima destes valores é grande a possibilidade de ressonância e o limites de tensão de operação e temperatura ambiente.
caso merece investigação
A expressão a seguir fornece uma estimativa do incremento Eficiência energética e redução das perdas elétricas.
de tensão devido à injeção de potência reativa na ausência de
ressonância: A redução das correntes elétricas das cargas nos circuitos e
transformadores com a correta inserção de capacitores reduz na
% V= Qcap (kvar) . Ztr (%) / Ptr (kVA) proporção quadrática da corrente as perdas por efeito Joule nos
mesmos.
Onde: Manutenção de sistemas em regime capacitivo, além de elevar
a tensão aumentam as correntes circulando pelos circuitos elevando
%V: Variação percentual de tensão esperada as perdas elétricas.
Qcap: Potência reativa injetada (kvar) A manutenção da tensão operacional próxima da nominal reduz
Ztr(%): Impedancia do transformador em % a perda nos circuitos magnéticos, e já é um método de melhoria do
Ptr: Potência do Transformador (kVA) fator de potência.

Pontos importantes para uma compensação de energia reativa Aumento da capacidade da instalação
adequada

Do ponto de vista de otimização de investimentos de


A solução para os fenômenos acima descritos deve atender os implementação e de operação a potência aparente (kVA) de uma
pontos: instalação deve ser tão próximo quanto possível da potência ativa
(kW). Numa situação ideal kW=kVA.
• Criteriosa medição que atenda as premissas de analise do perfil de
NBR 5410

carga, incluindo as harmônicas com período de avaliação adequado • Cargas com ciclos curtos de operação, cargas extremamente
bem como quanto a resolução da medição. variáveis - a compensação de energia reativa tempo real.
• Implementação de sistemas antirressonantes com reatores A instalação dos capacitores deve considerar de preferência a
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inserção dos mesmos no sistema elétrico, somente quando a carga • Equivalência entre as potencias ativa e aparente: Pode-se assumir
associada estiver operando sob o risco de sobrecompensação de que a potência aparente (kVA) e a potência ativa (kW) serão
reativos e fenômenos associados (sobretensões e outros). Caso a iguais durante todo o tempo de operação da carga; desde que o
carga possua ciclo de operação variável ou ainda extremamente compensador reativo seja dimensionado para tal.
variável (ordem de ciclos), será necessário adequar a manobra dos • Compensação de flicker: A compensação instantânea de energia
capacitores ao ciclo de operação da carga. O atendimento a esta reativa confere ao sistema competência para compensar o flicker;
premissa atende com folgas as condições previstas na portaria 414 cintilação causada por afundamentos de tensão provocados em
da ANEEL quanto a tarifação do excedente de energia reativa. geral por cargas que consomem consideráveis quantidade de energia
Os sistemas de compensação tempo real têm sido instalados em reativa em curtos intervalos de tempo e em ciclos repetitivos.
inúmeras cargas consideradas como criticas tais como solda a ponto
(Figura x), injetoras, equipamentos eletromédicos, guindastes, A Figura 155 ilustra um equipamento instalado para
cargas de refrigeração, sistemas ferroviários, prensas, nas citadas compensação de energia reativa consumida em guindaste portuário
plantas de geração eólica entre outros. e a Figura 156 apresenta o comportamento da potência reativa
consumida pela carga e aquela injetada pelo compensador estático.
O que se observa é praticamente um espelho, onde em intervalos
285 de dezenas de milissegundos o sistema de compensação se adequa
a situação da carga, praticamente anulando o reativo fornecido pela
voltages

280

275 rede da concessionária.


Without the equalizer With the equalizer
1000
currents

500

600
kVAs

300
0

30 7 97-21 33 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 00 02 04 06 08
Time

Figura 154- compensação tempo real em sistema de solda a ponto


142
As restrições apontadas nos modelos apresentados podem ser
minoradas com a injeção de energia reativa com a aplicação de
elementos estáticos de manobra de capacitores (ou conjuntos LC),
também chamada de compensação tempo real, devido à rápida
comutação dos componentes é outra forma de compensação do
fator de potência, notadamente quando o ciclo da carga é muito
rápido impedindo a especificação dos sistemas convencionais.
As principais características do sistema de compensação
estática são:

• Tempos de manobra desde 16 ms, aplicados em cargas “rápidas”


como prensas, sistemas de solda a ponto ilustrados na Figura 154,
cargas de industria ), fornos a arco, guindastes, elevadores, sistemas
de geração eólica, injetoras, equipamentos para indústria gráfica
Figura 155 - Equipamento de compensação de energia reativa tempo real
e de papel, eletromédicos, centrífugas para industria de açúcar e instalado 430 kvar/480V
outras cargas que apesar de tratadas por “especiais”, estão cada vez
mais presentes em todos os processos. • Partida de motores – redução da corrente de partida e
• Isenção de transientes de manobra: A característica conhecida redução de afundamentos

como “zero crossing” da manobra estática, permite compensação A redução de corrente de partida de motores é um dos mais
reativa com isenção de transiente de manobra. tradicionais métodos de evitar afundamentos de tensão devido as
• Possibilidade de compensação reativa monofásica: Cargas ligadas correntes de “in–rush” (ou de partida) dos motores.
entre 2 fases ou entre fase e neutro como soldas a ponto podem
ter sua energia reativa compensada com a inserção de capacitores Após as chaves compensadoras e as chaves estrelas triângulo
ligados da mesma forma que as cargas, promovendo injeção reativa aplicadas à exaustão e ainda presentes em grande quantidade nas
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adequada. instalações elétricas no Brasil, devido à popularização da eletrônica


• Eficiência na regulação de tensão: Quanto mais rápida for a de potência, os dispositivos mais aplicados na atualidade para
compensação melhor a regulação de tensão este fim são os equipamentos “soft starter” ou partida suave e os
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200

150

100

50
Q [kVAr]

-5 0

-1 0 0

-1 5 0

1 3 :3 8 :4 1 1 3 :3 9 :1 9 1 3 :3 9 :5 8 1 3 :4 0 :3 7 1 3 :4 1 :1 6 1 3 :4 1 :5 5 1 3 :4 2 :3 2 1 3 :4 3 :1 2 1 3 :4 3 :4 8 1 3 :4 4 :2 7 1 3 :4 5 :0 4 1 3 :4 5 :4 3 1 3 :4 6 :2 0 1 3 :4 6 :5 7 1 3 :4 7 :3 3 1 3 :4 8 :1 4
T im e [H H :M M :S S ]

Figura 156 – Potência reativa consumida pela carga e injetada pelo compensador

inversores de frequência que possuem função de operação também • Uso de compensadores estáticos de energia reativa na
durante o período de operação normal da carga (regime síncrono). regulação de tensão e nos afundamentos na partida de motores.
A Figura 23 apresenta o conceito de operação dos soft A partida de motores assíncronos apesar de ser um
starters, onde sistemas equipados com acionamentos estáticos assunto bastante estudado ainda causa controvérsias, pois
(controle estático) controlam a tensão de alimentação, controlando nem sempre os dispositivos de partida especificados atendem
por consequência a corrente absorvida da rede pelos motores. seus propósitos. O objetivo deste trabalho é apresentar a 143
Eventualmente os soft starters não podem ser aplicados em função possibilidade de se efetuar a compensação da energia reativa
de restrições de conjugado e escorregamento. Neste caso devem consumida no período de partida de grandes motores ou de
ser aplicados os inversores de frequência que possuem maiores um grupo de motores, como ferramenta para compensação dos
recursos de ajuste ou a injeção de energia reativa controlada durante afundamentos de tensão associados e efeitos indesejáveis.
a partida, conforme exposto na sequência. Correntes de partida de motores apresentam importantes
componentes reativas, fazendo com que estas correntes atinjam
valores desde 3 a 8 vezes os valores nominais da situação de
regime, por um período típico da ordem de dezenas a centenas
de ciclos. Da mesma forma que nos transformadores, estas
correntes são independentes da carga e assumem estes altos
valores em função do modelo da impedância, no caso do motor.
Como consequência desta corrente, o barramento e a
instalação onde o motor está ligado, será submetido a um
afundamento de tensão, cuja severidade dependerá justamente
da potência de curto circuito (da fonte) e do ponto de conexão.
De forma a atenuar este fenômeno, umas das possíveis
soluções é a injeção de energia reativa através de compensadores
estáticos, no mesmo instante em que o motor está partindo;
em outras palavras, a energia reativa consumida pelo motor,
durante a partida pode ser fornecida não só pela fonte (causando
o afundamento de tensão), mas também por fonte de reativos
externa, no mesmo instante e em proporção controlada, de forma
a reduzir o efeito do afundamento de tensão citado. Quanto maior
for a parcela do reativo injetado pelo compensador, menor será
NBR 5410

o afundamento de tensão experimentado. O equipamento pode


não se tratar de um compensador de energia reativo clássico,
Figura 157 – controle de corrente e tensão por soft starter que opera fundamentalmente durante o regime da carga, mas
GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

um equipamento especialmente desenhado para operar durante


a partida de cargas que demandam consideráveis valores de
energia reativa, nada impedindo que os dois equipamentos
possam operar simultaneamente.
Os efeitos destes afundamentos são os mais indesejáveis
possíveis, como a interferência operacional em outras cargas,
queima e má operação de equipamentos e a ainda a inibição da
partida da própria carga que está tentando colocar em operação,
pois a tensão pode atingir valores suficientemente baixos
para que a bobina do contator seja “desatracada”, causando a
abertura do mesmo em regime de partida, com alta possibilidade
de danificação. O mesmo pode ocorrer caso algum outro
acionamento eletrônico esteja associado a partida do motor.
A construção do compensador de partida é semelhante
àquela do compensador estático de energia reativa (clássico), Figura 158 – esquema de ligação típico de compensador de partida
isto é, capacitores associados a reatores (filtros) manobrados
por elementos estáticos em tempos de resposta da ordem de 1
ciclo de rede e protegidos por fusíveis. A operação é também
semelhante, tomando-se informação do comportamento
da carga e da rede, através de transformadores de corrente
adequadamente instalados, como ilustrado na Figura 158, ou
na Figura 159 com o uso de transformador para injeção de
reativo em tensões superiores.
Apresenta-se a seguir um exemplo de aplicação num
sistema de bombeamento em empresa de saneamento na
Colômbia, com a partida de 3 bombas de 500 cv.
Observa-se na Figura 160 que as duas primeiras bombas
144 Figura 159 – esquema de ligação para compensação em média tensão
NBR 5410

Figura 160 - TENTATIVA DE PARTIDA DA TERCEIRA BOMBA (COM FALHA)


GUIA O SETOR ELÉTRICO DE NORMAS BRASILEIRAS

conseguem partir, mas a terceira bomba encontra problemas. de tensão registrado é tolerado pelo acionamento da bomba.
A Figura 161 detalha o comportamento da tensão e corrente Como conclusão, observa-se que a técnica apresentada é uma
no instante da tentativa da partida desta terceira bomba. boa ferramenta para partida de motores de media a alta potência,
A Figura 162 apresenta o comportamento da partida da em baixa ou média tensão inclusive na situação em que as fontes
terceira bomba, (por diversas vezes), com a injeção de energia são geradores em sistemas isolados cuja potência de curto-circuito
reativa pelo compensador estático, neste caso o afundamento possam não ser favoráveis.

Figura 161 – DETALHE DO COMPORTAMENTO DA TENSÃO E CORRENTE NA TENTATIVA DE PARTIDA DA TERCEIRA BOMBA

145

NBR 5410

Figura 162 – PARTIDA BEM SUCEDIDA DA TERCEIRA BOMBA COM COMPENSAÇÃO DE ENERGIA REATIVA
CAPACIDADEDE
CONDUÇÃODECORRENTE
PARA CABOS DE BAIXA TENSÃO

O dimensionamento de uma instalação elétrica alimentada sob tensão nominal igual ou inferior a 1000V, em corrente alternada é a 1500V
em corrente contínua, deve cumprir com todas as prescrições da norma NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão: E uma forma
de garantir a segurança de pessoas e animais, o funcionamento adequado da instalação e a conservação dos bens.

A seção dos condutores deve ser determinada de forma que sejam atendidos, no mínimo, todos os seguintes critérios:
a) a capacidade de condução de corrente dos condutores deve ser igual ou superior à corrente de projeto do circuito, incluindo as componentes
harmônicas, afetada dos fatores de correção aplicáveis;
b) a proteção contra sobrecargas;
c) a proteção contra curtos-circuitos e solicitações térmicas;
d) a proteção contra choques elétricos por seccionamento automático da alimentação em esquemas TN e IT, quando pertinente;
e) os limites de queda de tensão;
f) as seções mínimas dos condutores de acordo com a utilização do circuito (tabela 47 da NBR 5410)

Os valores de capacidade de condução de corrente para os cabos de baixa tensão apresentados a seguir foram determinados de acordo com a IEC 60364-5-52 – Electrical
Installations of Buildings – Part 5-52: Selection and Erection of Electrical Equipment – Wiring Systems, da International Electrotechnical Commission (IEC) e são os mesmos
retratados nas tabelas da NBR 5410.

TABELA 1
Os métodos de referência são os de instalação indicados na NBR - 5410

A1 condutores isolados em eletroduto de seção circular embutido em parede termicamente isolante;


A2 cabo mulitpolar em eletroduto de seção circular embutido em parede termicamente isolante;
B1 condutores isolados em eletroduto de seção circular sobre parede de madeira;
B2 cabo multipolar em eletroduto de seção circular sobre parede de madeira;
C cabos unipolares ou cabo multipolar sobre parede de madeira;
D cabo multipolar em eletroduto enterrado no solo;
E cabo multipolar ao ar livre;
F cabos unipolares justapostos (na horizontal, na vertical ou em trifólio) ao ar livre;
G cabos unipolares espaçados ao ar livre.

NOTAS:
1) Nos métodos A1 e A2, a parede é formada por uma face externa estanque, isolação térmica e uma face interna em madeira ou material
análogo com condutância térmica de no mínimo 10W/m2.K. O eletroduto, metálico ou de plástico, é fixado junto à face interna (não
necessariamente em contato físico com ela).

2) Nos métodos B1 e B2, o eletroduto, metálico ou de plástico, é montado sobre uma parede de madeira, sendo a distância entre o
eletroduto e a superfície da parede inferior a 0,3 vez o diâmetro do eletroduto.

3) No método C, a distância entre o cabo multipolar, ou qualquer cabo unipolar, e a parede de madeira é inferior a 0,3 vez o diâmetro do
cabo.

4) No método D, o cabo é instalado em eletroduto (seja metálico, de plástico ou de barro) enterrado em solo com resistividade térmica
de 2,5K.m/W, à profundidade de 0,7m.

5) Nos métodos E, F e G, a distância entre o cabo multipolar ou qualquer cabo unipolar e qualquer superfície adjacente é de no mínimo
0,3 vez o diâmetro externo do cabo, para o cabo multipolar, ou no mínimo uma vez o diâmetro do cabo, para os cabos unipolares.

6) No método G, o espaçamento entre os cabos unipolares é de no mínimo uma vez o diâmetro externo do cabo.

A 01
TABELA 2

As tabelas 3, 4, 5 e 6 apresentam as capacidades de condução de corrente dos cabos listados abaixo para as maneiras de
instalar indicadas na Tabela 1. Estas tabelas não se aplicam aos cabos Flexonax Flex para Inversor de Frequência, uma vez que
estes cabos têm sua capacidade de corrente afetada pela blindagem metálica, composta por fios e fitas de cobre sobre as veias
isoladas. A tabela 7 apresenta capacidades de condução de corrente para estes cabos.

Grupo Nome

25125 Cabo Atox Flex 750V


25402 Fio Foreplast BWF
25404 Cabo Foreplast BWF Flexível
Tabela 3 25403 e 25552 Cabo Foreplast BWF
25556 Cordão Foreplast
32687 Cabo PP
25125 Cabo Atox Flex 750V
25402 Fio Foreplast BWF
Tabela 4 25404 Cabo Foreplast BWF Flexível
25403 e 25552 Cabo Foreplast BWF
25556 Cordão Foreplast
32687 Cabo PP
42351 e 13451 Cabo Flexonax
45960 e 17059 Cabo Forex
Tabela 5 e 6 45980 e 45983 Cabo Flexonax Flex 90
26380 e 01958 Cabo Forex Sem Cobertura
50810 Cabo Atox Flex 0,6/1kV
Tabela 7 46001, 46002 e 46003 Cabo Flexonax Flex 90 para Inversor de Frequência

NOTAS:
1) Os Cabos PP e Cordão Foreplast, em conformidade com a ABNT NBR 13249, não são admitidos nas maneiras de instalar previstas
na tabela 1, tendo em vista que tais cabos destinam-se tão somente à ligação de equipamentos.

2) Os Cabos Forex Sem Cobertura são considerados cabos unipolares. Embora, desprovidos de cobertura, tais condutores apresentam
uma isolação espessa o suficiente para garantir resultado equivalente ao de uma dupla camada, isolação mais cobertura.

A 02
TABELA 3

Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D da Tabela 1

Condutores: cobre e alumínio


Isolação: PVC
Temperatura no condutor: 70°C
Temperaturas de referência do ambiente: 30°C (ar), 20°C (solo)

Métodos de referência indicados na Tabela 1

Seção
A1 A2 B1 B2 C D
Nominal Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
Cobre
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13)
0,5 7 7 7 7 9 8 9 8 10 9 12 10
0,75 9 9 9 9 11 10 11 10 13 11 15 12
1 11 10 11 10 14 12 13 12 15 14 18 15
1,5 14,5 13,5 14 13 17,5 15,5 16,5 15 19,5 17,5 22 18
2,5 19,5 18 18,5 17,5 24 21 23 20 27 24 29 24
4 26 24 25 23 32 28 30 27 36 32 38 31
6 34 31 32 29 41 36 38 34 46 41 47 39
10 46 42 43 39 57 50 52 46 63 57 63 52
16 61 56 57 52 76 68 69 62 85 76 81 67
25 80 73 75 68 101 89 90 80 112 96 104 86
35 99 89 92 83 125 110 111 99 138 119 125 103
50 119 108 110 99 151 134 133 118 168 144 148 122
70 151 136 139 125 192 171 168 149 213 184 183 151
95 182 164 167 150 232 207 201 179 258 223 216 179
120 210 188 192 172 269 239 232 206 299 259 246 203
150 240 216 219 196 309 275 265 236 344 299 278 230
185 273 245 248 223 353 314 300 268 392 341 312 258
240 321 286 291 261 415 370 351 313 461 403 361 297
300 367 328 334 298 477 426 401 358 530 464 408 336
400 438 390 398 355 571 510 477 425 634 557 478 394
500 502 447 456 406 656 587 545 486 729 642 540 445
Alumínio
16 48 43 44 41 60 53 54 48 66 59 62 52
25 63 57 58 53 79 70 71 62 83 73 80 66
35 77 70 71 65 97 86 86 77 103 90 96 80
50 93 84 86 78 118 104 104 92 125 110 113 94
70 118 107 108 98 150 133 131 116 160 140 140 117
95 142 129 130 118 181 161 157 139 195 170 166 138
120 164 149 150 135 210 186 181 160 226 197 189 157
150 189 170 172 155 241 214 206 183 261 227 213 178
185 215 194 195 176 275 245 234 208 298 259 240 200
240 252 227 229 207 324 288 274 243 352 305 277 230
300 289 261 263 237 372 331 313 278 406 351 313 260
400 345 311 314 283 446 397 372 331 488 422 366 305
500 396 356 360 324 512 456 425 378 563 486 414 345

A 03
TABELA 4

Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência E, F e G da Tabela 1

Condutores: cobre e alumínio


Isolação: PVC
Temperatura no condutor: 70°C
Temperaturas de referência do ambiente: 30°C

Métodos de referência indicados na Tabela 1


Cabos Multipolares Cabos Unipolares (1)
Dois Três Dois condutores Três condutores Três condutores carregados no mesmo plano
condutores condutores carregados, carregados, Espaçados
carregados carregados justapostos em trifólio Justapostos
Seção Horizontal Vertical
Nominal dos método E método E método F método F método F método G método G
Condutores
mm2
ou ou
De
De

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)


Cobre
0,5 11 9 11 8 9 12 10
0,75 14 12 14 11 11 16 13
1 17 14 17 13 14 19 16
1,5 22 18,5 22 17 18 24 21
2,5 30 25 31 24 25 34 29
4 40 34 41 33 34 45 39
6 51 43 53 43 45 59 51
10 70 60 73 60 63 81 71
16 94 80 99 82 85 110 97
25 119 101 131 110 114 146 130
35 148 126 162 137 143 181 162
50 180 153 196 167 174 219 197
70 232 196 251 216 225 281 254
95 282 238 304 264 275 341 311
120 328 276 352 308 321 396 362
150 379 319 406 356 372 456 419
185 434 364 463 409 427 521 480
240 514 430 546 485 507 615 569
300 593 497 629 561 587 709 659
400 715 597 754 656 689 852 795
500 826 689 868 749 789 982 920
Alumínio
16 73 61 73 62 65 84 73
25 89 78 98 84 87 112 99
35 111 96 122 105 109 139 124
50 135 117 149 128 133 169 152
70 173 150 192 166 173 217 196
95 210 183 235 203 212 265 241
120 244 212 273 237 247 308 282
150 282 245 316 274 287 356 327
185 322 280 363 315 330 407 376
240 380 330 430 375 392 482 447
300 439 381 497 434 455 557 519
400 528 458 600 526 552 671 629
500 608 528 694 610 640 775 730
(1) ou ainda, condutores isolados, quando o método de instalação permitir.
TABELA 5

Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D da Tabela 1

Condutores: cobre e alumínio


Isolação: EPR ou XLPE
Temperatura no condutor: 90°C
Temperaturas de referência do ambiente: 30°C (ar), 20°C (solo)

Métodos de referência indicados na Tabela 1


A1 A2 B1 B2 C D
Seção
Nominal Número de condutores carregados
mm2
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
Cobre
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13)
0,5 10 9 10 9 12 10 11 10 12 11 14 12
0,75 12 11 12 11 15 13 15 13 16 14 18 15
1 15 13 14 13 18 16 17 15 19 17 21 17
1,5 19 17 18,5 16,5 23 20 22 19,5 24 22 26 22
2,5 26 23 25 22 31 28 30 26 33 30 34 29
4 35 31 33 30 42 37 40 35 45 40 44 37
6 45 40 42 38 54 48 51 44 58 52 56 46
10 61 54 57 51 75 66 69 60 80 71 73 61
16 81 73 76 68 100 88 91 80 107 96 95 79
25 106 95 99 89 133 117 119 105 138 119 121 101
35 131 117 121 109 164 144 146 128 171 147 146 122
50 158 141 145 130 198 175 175 154 209 179 173 144
70 200 179 183 164 253 222 221 194 269 229 213 178
95 241 216 220 197 306 269 265 233 328 278 252 211
120 278 249 253 227 354 312 305 268 382 322 287 240
150 318 285 290 259 407 358 349 307 441 371 324 271
185 362 324 329 295 464 408 395 348 506 424 363 304
240 424 380 386 346 546 481 462 407 599 500 419 351
300 486 435 442 396 628 553 592 465 693 576 474 396
400 579 519 527 472 751 661 628 552 835 692 555 464
500 664 595 604 541 864 760 718 631 966 797 627 525
Alumínio
16 64 58 60 55 79 71 64 64 84 76 73 61
25 84 76 78 71 105 93 84 84 101 90 93 78
35 103 94 96 87 130 116 103 103 126 112 112 94
50 125 113 115 104 157 140 124 124 154 136 132 112
70 158 142 145 131 200 179 156 156 198 174 163 138
95 191 171 175 157 242 217 188 188 241 211 193 164
120 220 197 201 180 281 251 216 216 280 2454 220 186
150 253 226 230 206 323 289 248 248 324 283 249 210
185 288 256 262 233 368 330 281 281 371 323 279 236
240 338 300 307 273 433 389 329 329 439 382 322 272
300 387 344 352 313 499 447 377 377 508 440 364 308
400 462 409 421 372 597 536 448 448 612 529 426 361
500 530 468 483 426 687 617 513 513 707 610 482 408

A 05
TABELA 6

Capacidades de condução de corrente, em ampères, para os métodos de referência E, F e G da Tabela 1

Condutores: cobre e alumínio


Isolação: EPR ou XLPE
Temperatura no condutor: 90°C
Temperaturas de referência do ambiente: 30°C

Métodos de referência indicados na Tabela 1


Cabos Multipolares Cabos Unipolares (1)
Dois Três Dois condutores Três condutores Três condutores carregados no mesmo plano
condutores condutores carregados, carregados, Espaçados
carregados carregados justapostos em trifólio Justapostos
Seção Horizontal Vertical
Nominal dos método E método E método F método F método F método G método G
Condutores
mm2
ou ou
De
De

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8)


Cobre
0,5 13 12 13 10 10 15 12
0,75 17 15 17 13 14 19 16
1 21 18 21 16 17 23 19
1,5 26 23 27 21 22 30 25
2,5 36 32 37 29 30 41 35
4 49 42 50 40 42 56 48
6 63 54 65 53 55 73 63
10 86 75 90 74 77 101 88
16 115 100 121 101 105 137 120
25 149 127 161 135 141 182 161
35 185 158 200 169 176 226 201
50 225 192 242 207 216 275 246
70 289 246 310 268 279 353 318
95 352 298 377 328 342 430 389
120 410 346 437 383 400 500 454
150 473 399 504 444 464 577 527
185 542 456 575 510 533 661 605
240 641 538 679 607 634 781 719
300 741 621 783 703 736 902 833
400 892 745 940 823 868 1085 1008
500 1030 859 1083 946 998 1253 1169
Alumínio
16 91 77 90 76 79 103 90
25 108 97 121 103 107 138 122
35 135 120 150 129 135 172 153
50 164 146 184 159 165 210 188
70 211 187 237 206 215 271 244
95 257 227 289 253 264 332 300
120 300 263 337 296 308 387 351
150 346 304 389 343 358 448 408
185 397 347 447 395 413 515 470
240 470 409 530 471 492 611 561
300 543 471 613 547 571 708 652
856

46
400 654 566 740 663 694 792
500 756 652 856 770 806 991 921
(1) ou ainda, condutores isolados, quando o método de instalação permitir.
TABELA 7

Capacidades de condução de corrente, em ampères, para cabos instalados ao ar e na sombra.

Condutor: cobre
Isolação: EPR
Temperatura no condutor: 90°C
Temperaturas de referência do ambiente: 30°C

Seções
Nominais
dos condutores 3 condutores carregados Código do produto
mm2
3 x 2,5 33 46002.003.377
3x4 43 46002.003.380
3x6 55 46002.003.382
3 x 10 75 46002.003.384
3 x 16 103 46002.003.386
3 x 25 137 46002.003.388
3 x 35 169 46003.003.390
3 x 50 206 46003.003.392
3 x 70 257 46003.003.394
3 x 95 314 46003.003.396
3 x 120 367 46003.003.398
3 x 150 418 46003.003.400
3 x 185 480 46003.003.401
3 x 240 565 46003.003.402
(*) a capacidade de condução de corrente foi calculada considerando-se temperatura ambiente de 30ºC. Temperatura
de operação no condutor de 90ºC, cabos instalados ao ar, na sombra e três condutores carregados.

A 07
FATORESDECORREÇÃO
DACAPACIDADE
DE CONDUÇÃO DE CORRENTE

Os valores de capacidade de condução de corrente para os cabos que operam em baixa tensão foram calculados adotando-se os tipos de
instalação mais usuais. No caso das condições reais serem diferentes dos tipos adotados, torna-se necessário a aplicação de fatores de
correção sobre os valores de capacidade de corrente indicados.
Em geral, são suficientes os seguintes fatores de correção:
FT – fator de correção para temperatura ambiente diferente da considerada – Tabela 8
FR – fator de correção para linhas subterrâneas em solo com resistividade térmica diferente de 2,5 K.m/W – Tabela 9
FA – fator de correção devido ao agrupamento de cabos – Tabelas 10, 11, 12 e 13

TABELA 8
Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30°C para linhas não-subterrâneas e de 20°C (temperatura do
solo) para linhas subterrâneas.

Temperatura Isolação
ºC PVC EPR ou XLPE
Ambiente
10 1,22 1,15
15 1,17 1,12
20 1,12 1,08
25 1,06 1,04
35 0,94 0,96
40 0,87 0,91
45 0,79 0,87
50 0,71 0,82
55 0,61 0,76
60 0,50 0,71
65 - 0,65
70 - 0,58
75 - 0,50
80 - 0,41
Solo
10 1,10 1,07
15 1,05 1,04
25 0,95 0,96
30 0,89 0,93
35 0,84 0,89
40 0,77 0,85
45 0,71 0,80
50 0,63 0,76
55 0,55 0,71
60 0,45 0,65
65 - 0,60
70 - 0,53
75 - 0,46
80 - 0,38

TABELA 9
Fatores de correção para linhas subterrâneas em solo com resistividade térmica diferente de 2,5 km/W

Resistividade térmica K.m/W 1 1,5 2 3


Fator de correção 1,18 1,1 1,05 0,96
NOTAS:
1) Os fatores de correção dados são valores médios para as seções nominais abrangidas nas tabelas 3 e 4, com uma dispersão,
geralmente, inferior a 5%.
2) Os fatores de correção são aplicáveis a cabos em eletrodutos enterrados a uma profundidade de até 0,8m.
3) Os fatores de correção para cabos diretamente enterrados são mais elevados para resistividades térmicas inferiores a 2,5K.m/W e
podem ser calculados pelos métodos indicados na ABNT NBR 11301.
TABELA 10

Fatores de correção aplicáveis a condutores agrupados em feixe (em linhas abertas ou fechadas) e a condutores agrupados
num mesmo plano, em camada única.

Número de circuitos ou de cabos multipolares Tabela dos


Ref. Forma de agrupamento
métodos
dos condutores de referência
1 2 3 4 5 6 7 8 9 a 11 12 a 15 16 a 19 _> 20
Em feixe: ao ar livre ou 3a6
1 sobre superfície; embutidos; 1,00 0,80 0,70 0,65 0,60 0,57 0,54 0,52 0,50 0,45 0,41 0,38 (métodos
em conduto fechado A a F)
Camada única sobre parede,
2 piso, ou em bandeja não 1,00 0,85 0,79 0,75 0,73 0,72 0,72 0,71 0,70
perfurada ou prateleira 3e4
(método C)
3 Camada única no teto 0,95 0,81 0,72 0,68 0,66 0,63 0,63 0,62 0,61

Camada única em bandeja 1,00 0,88 0,82 0,77 0,75 0,73 0,73 0,72 0,72
4 5e6
perfurada
(métodos
5 Camada única sobre leito, E e F)
1,00 0,87 0,82 0,80 0,80 0,79 0,79 0,78 0,78
suporte, etc.

NOTAS:
1) Esses fatores são aplicáveis a grupos homogêneos de cabos, uniformemente carregados.
2) Quando a distância horizontal entre cabos adjacentes for superior ao dobro de seu diâmetro externo, não é necessário aplicar
nenhum fator de redução.
3) O número de circuitos ou de cabos com o qual se consulta a tabela refere-se:
- à quantidade de grupos de dois ou três condutores isolados ou cabos unipolares, cada grupo constituindo um circuito
(supondo-se um só condutor por fase, isto é, sem condutores em paralelo), e/ou
- à quantidade de cabos multipolares que compõe o agrupamento, qualquer que seja essa composição (só condutores isolados,
só cabos unipolares, só cabos multipolares ou qualquer combinação).
4) Se o agrupamento for constituído, ao mesmo tempo, de cabos bipolares e tripolares, deve-se considerar o número total de cabos
como sendo o número de circuitos e, de posse do fator de agrupamento resultante, a determinação das capacidades de condução de
corrente nas tabelas 3 a 6 deve ser então efetuada:
- na coluna de dois condutores carregados, para os cabos bipolares e;
- na coluna de três condutores carregados para os cabos tripolares
5) Um agrupamento com N condutores isolados ou N cabos unipolares, pode ser considerado composto tanto de N/2 circuitos com
dois condutores carregados quanto de N/3 circuitos com três condutores carregados.
6) Os valores indicados são médios para a faixa usual de seções nominais, com dispersão geralmente inferior a 5%.

TABELA 11
Fatores de correção aplicáveis a agrupamentos consistindo em mais de uma camada de condutores
- Métodos de referência C (tabelas 3 e 4), E e F (tabelas 5 e 6)

Quantidade de circuitos trifásicos ou de cabos multipolares por camada


2 3 4 ou 5 6a8 9 e mais
2 0,68 0.62 0,60 0,58 0,56
3 0,62 0.57 0,55 0,53 0,51
Quantidade
4 ou 5 0,60 0.55 0,52 0,51 0,49
de camadas
6a8 0,58 0.53 0,51 0,49 0,48
9 e mais 0,56 0.51 0,49 0,48 0,46

NOTAS:
1) Os fatores são válidos independentemente da disposição da camada, se horizontal ou vertical.
2) Sobre condutores agrupados em uma única camada, ver tabela 10 (linhas 2 a 5 da tabela).
3) Se forem necessários valores mais precisos, deve-se recorrer à NBR 11301.

A 09
TABELA 12

Fatores de agrupamento para linhas com cabos diretamente enterrados

Distâncias entre os cabos1 (a)


Números
de circuitos Nula 1 Diâmetro de cabo 0,125 m 0,25 m 0,5 m

2 0,75 0,80 0,85 0,90 0,90


3 0,65 0,70 0,75 0,80 0,85
4 0,60 0,60 0,70 0,75 0,80
5 0,55 0,55 0,65 0,70 0,80
6 0,50 0,55 0,60 0,70 0,80
1)

Cabos Multipolares Cabos Unipolares

a a a a

NOTAS:
1) Os valores indicados são aplicáveis para uma profundidade de 0,7 m e uma resistividade térmica do solo de 2,5 Km/W. São valores
médios para as dimensões de cabos abrangidas nas tabelas 3 e 4. Os valores médios arrendondados podem aparesentar erros de até
+10% em certos casos. Se forem necessários dados mais precisos deve-se recorrer à ABNT NBR 11301.

A10
TABELA 13

Fatores de agrupamento para linhas em eletrodutos enterrados (1)

Cabos multipolares em eletrodutos - Um cabo por eletroduto


Espaçamento entre eletrodutos (a)
Número
de circuitos Nula 0,25 m 0,5 m 1,0 m

2 0,85 0,90 0,95 0,95


3 0,75 0,85 0,90 0,95
4 0,70 0,80 0,85 0,90
5 0,65 0,80 0,85 0,90
6 0,60 0,80 0,80 0,80
Cabos isolados ou cabos unipolares em eletrodutos 2 - Um condutor por eletroduto
Número Espaçamento entre eletrodutos (a)
de circuitos
(grupo de dois Nula 0,25 m 0,5 m 1,0 m
ou três condutores)
2 0,80 0,90 0,90 0,95
3 0,70 0,80 0,85 0,90
4 0,65 0,75 0,80 0,90
5 0,60 0,70 0,80 0,90
6 0,60 0,70 0,80 0,80
2)

Cabos Multipolares Cabos Unipolares

a a a

NOTAS:
1) Os valores indicados são aplicáveis para uma profundidade de 0,7 m e uma resistividade térmica do solo de 2,5 Km/W. São valores
médios para as dimensões de cabos abrangidas nas tabelas 3 e 4. Os valores médios arrendondados podem aparesentar erros de até
+10% em certos casos. Se forem necessários dados mais precisos deve-se recorrer à ABNT NBR 11301.
2) Deve-se atentar para as restrições e problemas que envolvem o uso de condutores isolados ou cabos unipolares em eletrodutos
metálicos, quando se tem um único condutor por eletroduto.

A11
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Nas tabelas a seguir são dados os valores de queda de tensão, em V/A km, em sistemas monofásicos e trifásicos, considerando-se os tipos
mais usuais de instalações.
No caso dos parâmentros da instalação serem diferentes dos valores adotados, o valor da queda de tensão poderá ser calculado de acordo
com as seguintes fórmulas:

Corrente Contínua: V=2.Rcci.I

Sistema Monofásico: V=2.I(Rca.COS + XL.sen )

Sistema Trifásico: V= 3 .I.(Rca.COS + XL.sen )

Sendo:
V = queda de tensão, em V/km
I = corrente, em A
Rcci = resistência do condutor em corrente contínua à temperatura de operacão, em /km
Rca = resistência do condutor em corrente alternada, em /km
COS = fator de potência de carga
XL = reatância indutiva da linha, em /km

Cordão Foreplast Paralelo -3 00V


Sistema Monofásico
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85

Seções D
Nominais
S
mm2
S=D
0,5 79,501
0,75 53,047
1 39,816
1,5 27,199
2,5 16,368
4 10,198

Fio Foreplast BWF - 750V Fio Foreplast BWF - 750V


Sistema Monofásico Sistema Trifásico
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85 QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85

Seções D Seções D
Nominais S
Nominais S S
mm2 mm2 D

S = 13 cm S=2XD S=D S = 13 cm S=2XD S=D S=D


0,5 73,706 73,437 73,382 0,5 63,847 63,614 63,567 63,551
0,75 50,299 50,037 49,982 0,75 43,576 43,349 43,301 43,286
1 37,269 37,011 36,956 1 32,292 32,068 32,020 32,005
1,5 25,049 24,805 24,750 1,5 21,709 21,497 21,450 21,434
2,5 15,490 15,262 15,207 2,5 13,430 13,233 13,187 13,170
4 9,776 9,558 9,503 4 8,482 8,294 8,246 8,230
6 6,647 6,439 6,384 6 5,733 5,592 5,595 5,529
10 4,084 3,896 3,841 10 3,553 3,390 3,343 3,327
16 2,683 2,507 2,452 16 2,339 2,187 2,140 2,124

A13
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Foreplast BWF - 750V Cabo Foreplast BWF - 750V


Sistema Monofásico Sistema Trifásico
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85 QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85

D D
Seções Seções
Nominais S
Nominais S S
mm2 mm2 D

S = 13 cm S=2XD S=D S = 13 cm S=2XD S=D S=D


0,5 73,701 73,439 73,384 0,5 63,843 63,616 63,568 63,533
0,75 50,293 50,040 49,985 0,75 43,571 43,352 43,304 43,288
1 37,264 37,015 39,960 1 32,288 32,071 32,024 32,008
1,5 25,044 24,809 24,754 1,5 21,704 21,501 21,454 21,438
2,5 15,484 15,266 15,211 2,5 13,425 13,237 13,189 13,173
4 9,770 9,563 9,508 4 8,477 8,297 8,250 8,234
6 6,642 6,441 6,386 6 5,768 5,592 5,547 5,531
10 4,079 3,897 3,842 10 3,548 3,391 3,343 3,328
16 1,677 2,509 2,454 16 2,334 2,188 2,141 2,125
25 1,799 1,647 1,592 25 1,574 1,442 1,395 1,379
35 1,373 1,231 1,176 35 1,205 1,082 1,034 1,019
50 1,083 0,953 0,898 50 0,954 0,941 0,794 0,778
70 0,823 0,704 0,650 70 0,732 0,626 0,579 0,563
95 0,661 0,551 0,497 95 0,589 0,493 0,447 0,431
120 0,571 0,468 0,414 120 0,511 0,421 0,375 0,359
150 0,504 0,409 0,356 150 0,452 0,371 0,325 0,309
185 0,445 0,359 0,306 185 0,401 0,327 0,282 0,266
240 0,386 0,311 0,259 240 0,350 0,286 0,241 0,225
300 0,346 0,280 0,228 300 0,316 0,259 0,215 0,199
400 0,311 0,254 0,203 400 0,286 0,236 0,194 0,178
500 0,280 0,233 0,184 500 0,259 0,218 0,177 0,161

Cabo Foreplast Flexível BWF - 750V / Atox Flex 750V Cabo Foreplast Flexível BWF - 750V / Atox Flex 750V
Sistema Monofásico Sistema Trifásico
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85 QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85

Seções D D
Seções
Nominais S
Nominais S S
mm2 mm2 D
S = 13 cm S=2XD S=D S = 13 cm S=2XD S=D S=D
0,5 79,804 79,541 79,486 0,5 69,129 68,901 68,863 68,837
0,75 53,344 53,087 53,033 0,75 46,212 45,991 45,943 45,928
1 40,110 39,860 39,805 1 34,752 34,536 34,488 34,472
1,5 27,484 27,247 27,192 1,5 23,818 23,613 23,565 23,549
2,5 16,642 16,422 16,368 2,5 14,438 14,238 14,190 14,175
4 10,459 10,250 10,196 4 9,074 8,893 8,846 8,830
6 7,075 6,884 6,829 6 6,143 5,978 5,930 5,914
10 4,227 4,055 4,001 10 3,677 3,528 3,481 3,465
16 2,785 2,627 2,572 16 2,427 2,291 2,243 2,227
25 1,893 1,752 1,696 25 1,655 1,533 1,485 1,469
35 1,420 1,289 1,234 35 1,246 1,132 1,085 1,069
50 1,067 0,943 0,889 50 0,940 0,833 0,786 0,771
70 0,821 0,709 0,655 70 0,727 0,630 0,584 0,568
95 0,677 0,575 0,521 95 0,602 0,514 0,468 0,452
120 0,575 0,483 0,428 120 0,514 0,434 0,388 0,372
150 0,499 0,417 0,364 150 0,448 0,377 0,332 0,316
185 0,443 0,371 0,318 185 0,400 0,337 0,292 0,276
240 0,382 0,319 0,266 240 0,347 0,292 0,248 0,232
300 0,343 0,286 0,234 300 0,313 0,264 0,221 0,205
400 0,300 0,255 0,204 400 0,276 0,237 0,195 0,179
500 0,271 0,236 0,186 500 0,251 0,220 0,179 0,163
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Forex Sem Cobertura 0,6/1kV


Condutor de Cobre - Sistema Monofásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 2 CONDUTORES

DV
Seção D

Nominal S S
mm2
S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 26,660 26,695 26,450 26,395 -
2,5 16,474 16,508 16,272 16,217 -
4 10,386 10,420 10,192 10,137 -
6 7,053 7,087 6,867 6,812 -
10 4,323 4,357 4,157 4,102 -
16 2,831 2,865 2,675 2,620 -
25 1,896 1,930 1,752 1,607 -
35 1,443 1,447 1,308 1,253 -
50 1,135 1,169 1,010 0,955 -
70 0,862 0,897 0,747 0,693 -
95 0,687 0,721 0,581 0,527 -
120 0,592 0,626 0,496 0,442 -
150 0,520 0,555 0,432 0,378 -
185 0,458 0,492 0,376 0,322 -
240 0,396 0,430 0,323 0,270 -
300 0,354 0,388 0,291 0,238 -
400 0,317 0,352 0,261 0,210 -
500 0,285 0,319 0,238 0,188 -

Cabo Forex Sem Cobertura 0,6/1kV


Condutor de Alumínio - Sistema Monofásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES
Seção
Nominal mm2 S = 13 cm S = 20 cm S = 2D afastados S = 2D em contato

16 3,700 3,748 3,468 3,389


25 2,479 2,527 2,263 2,184
35 1,901 1,949 1,696 1,617
50 1,503 1,551 1,313 1,235
70 1,147 1,196 0,972 0,893
95 0,922 0,971 0,760 0,681
120 0,796 0,845 0,649 0,571
150 0,706 0,755 0,568 0,490
185 0,622 0,671 0,493 0,415
240 0,540 0,589 0,423 0,344
300 0,488 0,537 0,385 0,306
400 0,437 0,485 0,345 0,266
500 0,396 0,444 0,315 0,237

A15
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Forex Sem Cobertura 0,6/1kV


Condutor de Cobre - Sistema Trifásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 3 e 4 CONDUTORES
D
DV

Seção
Nominal
mm2 S S D

S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 23,104 23,134 22,922 22,859 -
2,5 14,283 14,312 14,108 14,044 -
4 9,010 9,040 8,843 8,779 -
6 6,124 6,154 5,963 5,899 -
10 3,760 3,790 3,616 3,552 -
16 2,467 2,497 2,333 2,269 -
25 1,658 1,687 1,533 1,470 -
35 1,266 1,295 1,148 1,085 -
50 0,999 1,028 0,890 0,827 -
70 0,763 0,792 0,633 0,600 -
95 0,611 0,640 0,519 0,457 -
120 0,528 0,558 0,446 0,384 -
150 0,467 0,496 0,390 0,328 -
185 0,412 0,442 0,341 0,280 -
240 0,359 0,389 0,296 0,235 -
300 0,323 0,352 0,268 0,208 -
400 0,291 0,320 0,243 0,184 -
500 0,263 0,292 0,222 0,165 -

Cabo Forex Sem Cobertura 0,6/1kV


Condutor de Alumínio - Sistema Trifásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES
Seção
Nominal mm2 S = 13 cm S = 20 cm S = 2D afastados S = 2D em contato

16 3,227 3,269 3,026 2,958


25 2,169 2,211 1,982 1,914
35 1,669 1,711 1,491 1,423
50 1,324 1,366 1,160 1,092
70 1,016 1,058 0,864 0,796
95 0,821 0,863 0,681 0,613
120 0,712 0,754 0,585 0,517
150 0,634 0,677 0,515 0,447
185 0,561 0,603 0,450 0,382
240 0,490 0,532 0,389 0,321
300 0,445 0,487 0,356 0,288
400 0,401 0,443 0,321 0,253
500 0,365 0,408 0,296 0,228

A16
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Forex 0,6/1kV


Condutor de Cobre - Sistema Monofásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 2 CONDUTORES

DV
D
Seção
Nominal S S
mm2
S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 26,660 26,695 26,464 26,409 26,360
2,5 16,474 16,508 16,285 16,230 16,185
4 10,386 10,420 10,205 10,150 10,108
6 7,053 7,087 6,877 6,822 6,783
10 4,323 4,357 4,160 4,150 4,067
16 2,831 2,865 2,677 2,622 2,589
25 1,896 1,930 1,758 1,703 1,672
35 1,443 1,447 1,313 1,259 1,230
50 1,135 1,169 1,011 0,956 0,933
70 0,862 0,897 0,750 0,696 0,674
95 0,687 0,721 0,585 0,531 0,510
120 0,592 0,626 0,497 0,443 0,423
150 0,520 0,555 0,434 0,381 0,362
185 0,458 0,492 0,380 0,326 0,309
240 0,396 0,430 0,328 0,275 0,258
300 0,354 0,388 0,294 0,242 0,226
400 0,317 0,352 0,266 0,214 0,200
500 0,285 0,319 0,244 0,193 0,179

Cabo Forex 0,6/1kV


Condutor de Alumínio - Sistema Monofásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 2 CONDUTORES

Seção D DV
Nominal S S
mm2
S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
16 4,415 4,449 4,260 4,205 4,236
25 2,892 2,926 2,754 2,699 2,697
35 2,163 2,197 2,033 1,978 1,975
50 1,665 1,699 1,540 1,486 1,483
70 1,230 1,264 1,118 1,063 1,053
95 0,951 0,985 0,849 0,794 0,784
120 0,801 0,835 0,706 0,651 0,639
150 0,690 0,724 0,605 0,551 0,538
185 0,594 0,628 0,515 0,461 0,448
240 0,500 0,534 0,430 0,376 0,363
300 0,436 0,470 0,375 0,322 0,309
400 0,381 0,415 0,329 0,276 -
500 0,338 0,372 0,294 0,242 -

A17
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Forex 0,6/1kV


Condutor de Cobre - Sistema Trifásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 3 e 4 CONDUTORES
D
DV

Seção
Nominal
mm2 S S D

S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 23,104 23,134 22,935 22,871 22,829
2,5 14,283 14,312 14,312 14,055 14,017
4 9,010 9,040 9,040 8,790 8,754
6 6,124 6,154 6,154 5,908 5,874
10 3,760 3,790 3,790 3,555 3,522
16 2,467 2,497 2,497 2,271 2,242
25 1,658 1,687 1,687 1,475 1,448
35 1,266 1,295 1,295 1,090 1,065
50 0,999 1,028 1,028 0,828 0,808
70 0,763 0,792 0,792 0,603 0,584
95 0,611 0,640 0,640 0,460 0,442
120 0,528 0,558 0,558 0,384 0,368
150 0,467 0,496 0,496 0,330 0,315
185 0,412 0,442 0,442 0,284 0,269
240 0,359 0,389 0,398 0,239 0,226
300 0,323 0,352 0,352 0,211 0,198
400 0,291 0,320 0,320 0,187 0,175
500 0,263 0,292 0,292 0,169 0,158

Cabo Forex 0,6/1kV


Condutor de Alumínio - Sistema Trifásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 3 e 4 CONDUTORES
D DV

Seção
Nominal
mm2 S S D

S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
16 3,839 3,869 3,705 3,642 3,669
25 2,520 2,550 2,401 2,338 2,336
35 1,889 1,919 1,776 1,413 1,711
50 1,457 1,487 1,350 1,287 1,284
70 1,081 1,111 0,984 0,921 0,912
95 0,840 0,869 0,751 0,688 0,680
120 0,709 0,739 0,627 0,564 0,554
150 0,614 0,643 0,540 0,477 0,467
185 0,530 0,559 0,462 0,400 0,389
240 0,449 0,478 0,388 0,326 0,316
300 0,394 0,423 0,341 0,280 0,269
400 0,346 0,375 0,301 0,240 -
500 0,309 0,338 0,271 0,211 -

A18
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Flexonax 0,6/1kV e Flexonax Flex 90


Condutor de Cobre - Sistema Monofásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 2 CONDUTORES

DV
D
Seção
Nominal S S
mm2
S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 26,660 26,695 26,474 26,419 26,735
2,5 16,474 16,508 16,294 16,238 16,198
4 10,386 10,420 10,215 10,160 10,119
6 4,053 7,087 6,887 6,832 6,793
10 4,323 4,357 4,166 4,111 4,076
16 2,831 2,865 2,683 2,628 2,596
25 1,896 1,930 1,763 1,708 1,678
35 1,443 1,477 1,318 1,263 1,235
50 1,135 1,169 1,017 0,962 0,939
70 0,862 0,897 0,745 0,699 0,678
95 0,687 0,721 0,590 0,536 0,515
120 0,592 0,626 0,501 0,446 0,427
150 0,520 0,555 0,438 0,384 0,365
185 0,458 0,492 0,383 0,330 0,312
240 0,396 0,430 0,331 0,278 0,261
300 0,354 0,388 0,298 0,245 0,229
400 0,317 0,352 0,270 0,218 -
500 0,285 0,319 0,247 0,196 -

Cabo Flexonax 0,6/1kV


Condutor de Alumínio - Sistema Monofásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 2 CONDUTORES
DV

Seção D

Nominal S S
mm2
S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
16 4,415 4,449 4,266 4,211 4,244
25 2,892 2,926 2,759 2,704 2,704
35 2,163 2,197 2,037 1,982 1,981
50 1,665 1,699 1,547 1,492 1,489
70 1,230 1,264 1,121 1,066 1,057
95 0,951 0,985 0,854 0,799 0,790
120 0,801 0,835 0,709 0,655 0,643
150 0,690 0,724 0,608 0,554 0,542
185 0,594 0,628 0,519 0,465 0,451
240 0,500 0,534 0,434 0,380 0,367
300 0,436 0,470 0,379 0,326 0,313
400 0,381 0,415 0,332 0,279 -
500 0,338 0,372 0,298 0,245 -

A19
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Flexonax 0,6/1kV e Flexonax Flex 90


Condutor de Cobre - Sistema Trifásico - temperatura do condutor = 70ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 3 e 4 CONDUTORES
D
DV

Seção
Nominal
mm2 S S D

S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 23,104 23,143 22,943 22,879 22,841
2,5 14,283 14,312 14,126 14,063 14,028
4 9,010 9,040 8,862 8,799 8,764
6 6,124 6,154 5,980 5,917 5,883
10 3,760 3,790 3,624 3,561 3,530
16 2,467 2,497 2,339 2,276 2,248
25 1,658 1,687 1,543 1,479 1,454
35 1,266 1,295 1,157 1,094 1,070
50 0,999 1,028 0,897 0,834 0,813
70 0,763 0,792 0,669 0,606 0,587
95 0,611 0,640 0,527 0,464 0,447
120 0,528 0,558 0,450 0,387 0,371
150 0,467 0,496 0,395 0,333 0,317
185 0,412 0,442 0,348 0,286 0,272
240 0,359 0,389 0,303 0,242 0,228
300 0,323 0,352 0,274 0,214 0,201
400 0,291 0,320 0,250 0,190 -
500 0,263 0,292 0,230 0,171 -

Cabo Flexonax 0,6/1kV


Condutor de Alumínio - Sistema Trifásico - temperatura do condutor = 70ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 3 e 4 CONDUTORES
D
DV

Seção
Nominal
mm2 S S D

S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
16 3,839 3,869 3,710 3,647 3,676
25 2,520 2,550 2,405 2,342 2,342
35 1,889 1,919 1,780 1,717 1,716
50 1,457 1,487 1,355 1,292 1,290
70 1,081 1,111 0,986 0,923 0,916
95 0,840 0,869 0,755 0,692 0,685
120 0,709 0,739 0,630 0,567 0,558
150 0,614 0,643 0,543 0,480 0,470
185 0,530 0,559 0,465 0,403 0,392
240 0,449 0,478 0,392 0,329 0,319
300 0,394 0,423 0,345 0,283 0,273
400 0,346 0,375 0,304 0,243 -
500 0,309 0,338 0,274 0,214 -

A20
QUEDA DE TENSÃO
PARA CABOS
DE BAIXA TENSÃO

Cabo Atox Flex 0,6/1kV


Condutor de Cobre - Sistema Monofásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 2 CONDUTORES
D

DV
Seção
Nominal
mm2 S S D

S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 26,660 26,695 26,474 26,419 26,735
2,5 16,474 16,508 16,294 16,238 16,198
4 10,386 10,420 10,215 10,160 10,119
6 7,053 7,087 6,887 6,832 6,793
10 4,323 4,357 4,166 4,111 4,076
16 2,831 2,865 2,683 2,628 2,596
25 1,896 1,930 1,763 1,708 1,678
35 1,443 1,477 1,318 1,263 -
50 1,135 1,169 1,017 0,962 -
70 0,862 0,897 0,754 0,699 -
95 0,687 0,721 0,590 0,536 -
120 0,592 0,626 0,501 0,446 -
150 0,520 0,555 0,438 0,384 -
185 0,458 0,492 0,383 0,330 -
240 0,396 0,430 0,331 0,278 -
300 0,354 0,388 0,298 0,245 -
400 0,317 0,352 0,270 0,218 -

Cabo Atox Flex 0,6/1kV


Condutor de Cobre - Sistema Trifásico - temperatura do condutor = 90ºC
QUEDA DE TENSÃO EM V/A.km FATOR DE POTÊNCIA = 0,85
CABOS UNIPOLARES CABOS COM 3 e 4 CONDUTORES
D
DV

Seção
Nominal
mm2 S S D

S = 13 cm S = 20 cm S = 2D S=D S = DV
1,5 23,104 23,143 22,943 22,879 22,841
2,5 14,283 14,312 14,126 14,063 14,028
4 9,010 9,040 8,862 8,799 8,764
6 6,124 6,154 5,980 5,917 5,883
10 3,760 3,790 3,624 3,561 3,530
16 2,467 2,497 2,339 2,276 2,248
25 1,658 1,687 1,543 1,479 1,454
35 1,266 1,295 1,157 1,094 -
50 0,999 1,028 0,897 0,834 -
70 0,763 0,792 0,669 0,606 -
95 0,611 0,640 0,527 0,464 -
120 0,528 0,558 0,450 0,387 -
150 0,467 0,496 0,395 0,333 -
185 0,412 0,442 0,348 0,286 -
240 0,359 0,389 0,303 0,242 -
300 0,323 0,352 0,274 0,214 -
400 0,291 0,320 0,250 0,190 -

A21
CORRENTE
DE CURTO CIRCUITO
NO CONDUTOR

O fator que limita a capacidade de corrente de um cabo em regime de curto circuito é a máxima temperatura que o condutor pode atingir
durante o curto circuito, sem causar danos à isolação e às conexões. A Tabela 1 apresenta as temperaturas máximas admissíveis para os
materiais isolantes e tipos de conexão mais utilizados.

TABELA1 Temperaturas máximas admissíveis

Material ou componente PVC XLPE EPR Conexões soldadas Conexões prensadas

Temperatura ºC 160 250 250 160 250

Para o cálculo da capacidade de corrente em regime de curto circuito são aplicadas duas fórmulas:

a) para condutores de cobre:

1/2
Icc = 340,1 . A . 1 . log θ1 + 234
t θ0 + 234

b) para condutores de alumínio:

1/2
Icc = 220,7 . A . 1 . log θ1 + 228
t θ0 + 228

Onde:
Icc = corrente de curto circuito em ampéres
A = seção nominal do condutor em mm2
t = tempo de duração do curto circuito em segundos
θ1 = temperatura do condutor durante o curto circuito em ºC
θ0 = temperatura do condutor em regime permanente em ºC
As equações acima, bem como os gráficos a seguir, podem ser utilizadas nas seguintes situações:
- para determinar a máxima corrente de curto circuito que o cabo suporta;
- para determinar a seção do condutor necessária para suportar uma particular condição de curto circuito;
- para determinar o tempo máximo que um cabo pode operar com uma particular corrente de curto circuito.

A 22
CORRENTE
DE CURTO CIRCUITO
NO CONDUTOR DE COBRE

Cabo Flexonax / Flexonax Flex 90


Cabo Forex / Cabo Forex Sem Cobertura
Atox Flex 1kv
Conexões Prensadas
Máxima temperatura em regime contínuo ..............90oC
Máxima temperatura do curto circuito...................250oC

200

100
90
80
70
60

7s
50

40 33 ,016
0
3s
0,0

30
7s
66
o
icl

0,0

20
1C

3s
s

33
o
icl

0,1
2C

s
67
s
Corrente de Curto Circuito - Ampéres X103

26
icl

0,0
4C

10
0s

9
o s

00

8
icl

0,5
8C

7
s 0s
os

6
67 ,000
cl
Ci

5
16
los

1,6
c

4
Ci
30

os s
icl lo

3
i c
0C 0C
610

1
0,9
0,8
0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2
1.000
400

800
185

300

500

630
150
120
1,5

2,5

10

16

35
25

50

70

95
4

0,1
1

600
30

700

900
40

100

250
20

60

200
9
5

7
8
3
2

Seção Nominal do Condutor em mm2

A23
CORRENTE
DE CURTO CIRCUITO
NO CONDUTOR DE COBRE

Cabo Flexonax / Flexonax Flex 90


Cabo Forex / Cabo Forex Sem Cobertura
Atox Flex 1kv
Conexões Soldadas
Máxima temperatura em regime contínuo ..............90oC
Máxima temperatura do curto circuito...................160oC
200

100
90
80
70
60

50

40 7s
33 016

30
0,
3s
0,0

20
7s
o

66
icl

0,0
1C
Corrente de Curto Circuito - Ampéres X103

3s
o s

33
icl

0,1
2C

10
9
s
67
os

8
00 ,026
icl

7
4C

0
0s

6
os
icl

0,5

5
8C

s 0s
s

4
67 000
clo
Ci 6 Ci

1,6 1,
1

3
s
clo
30

os s
icl iclo

2
0C 0C
10 6

1
0,9
0,8
0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2
1.000
400

800
185

300

500

630
150
120
1,5

2,5

10

16

35
25

50

70

95
4

0,1
1

600
30

700

900
40

100

250
20

60

200
9
5

7
8
3
2

Seção Nominal do Condutor em mm2

A24
CORRENTE
TABELA
DE CURTOIII
CIRCUITO
NO CONDUTOR DE ALUMÍNIO

Cabo Flexonax
Cabo Forex / Cabo Forex Sem Cobertura
Conexões Prensadas
Máxima temperatura em regime contínuo ...............90oC
Máxima temperatura do curto circuito...................250oC

200

100
90
80
70
60

50

40

30 7s
16
0,0
3s
33

20
0,0
7s
66
o

0,0
icl
1C
Corrente de Curto Circuito - Ampéres X103

3s
os

33
icl

10
0,1
2C

9
s
os

67

8
icl

26

7
4C

0,0

6
0s
os

00
icl

5
0,5
8C

0s

4
s
clo

00
Ci

1,0
16

3
s
s

67
clo

1,6
Ci
30
os

2
icl
C
60

os
icl
0C
10

1
0,9
0,8
0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2
1.000
400

800
185

300

500

630
150
120
1,5

2,5

10

16

35
25

50

70

95
4

0,1
1

600
30

700

900
40

100

250
20

60

200
9
5

7
8
3
2

Seção Nominal do Condutor em mm2

A25
CORRENTE
DE CURTO CIRCUITO
NO CONDUTOR DE ALUMÍNIO

Cabo Flexonax
Cabo Forex / Cabo Forex Sem Cobertura
Conexões Soldadas
Máxima temperatura em regime contínuo ...............90oC
Máxima temperatura do curto circuito...................160oC

200

100
90
80
70
60

50

40

7s
16
30
0,0
3s
33

20
0,0
o

s
icl

7
33 066
1C

0,
Corrente de Curto Circuito - Ampéres X103

3s
os
icl

10
0,1
2C

9
s
67

8
26
los clos

7
0,0
i
4C

6
0s

5
c

00
i
8C

0,5
s

4
s
clo

67 000
Ci

1,6 1,0
16

3
icl los clos
Ci
30

2
0 C Cic
os
10 60

1
0,9
0,8
0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2
1.000
120

400

800
185

300

500

630
150
1,5

2,5

10

16

35
25

50

70

95
4

0,1
1

600
30

700

900
40

100

250
20

60

200
9
5

7
8
3
2

Seção Nominal do Condutor em mm2

A26
RESISTÊNCIA
DO CONDUTOR
EM CORRENTE CONTÍNUA

A resistência em corrente contínua a 20ºC do condutor (Rcc20) é Onde:


calculada segundo a fórmula: - p20 = resistividade padrão em Ωmm2/km a 20ºC.
Rcc20 = p20 . K1 . K2 . K3 Para o cobre p20 = 17,241 em Ωmm2/km
A Para o cobre p20 = 17,241 em Ωmm2/km
Sendo: Para alumínio, p20 = 28,264 em Ωmm2/km
- Para condutores redondos normais:
- n = número de fios elementares que formam o condutor.
A = n . π . d2 , em mm2. - d = diâmetro dos fios elementares que formam o condutor, em mm.
4
- Para condutores redondos compactados:
A = secção nominal, em mm2.

k1 = fator que depende do diâmetro dos fios elementares, do tipo de metal e se o cobre é nu ou revestido.
k1
Diâmetro fios
Elementares mm Condutor sólido ou compactado Condutor encordoado não compactado

Cobre nu Cobre revestido ou Cobre nu Cobre revestido ou


> _ < Alumínio nu Alumínio nu
- 0,10 - - 1,07 1,12
0,10 0,31 - - 1,04 1,07
0,31 0,91 1,03 1,05 1,02 1,04
0,91 3,60 1,03 1,04 1,02 1,03
3,60 - 1,03 1,04 - -

k2 = fator que depende do tipo de encordoamento.

Tipo de encordoamento Diâmetro do fio elementar (mm) k2

Condutor sólido ou compactado - 1,00


< 60 1,02
Redondo normal
_ < 60 1,04
< 60 1,03
Flexíveis
_ < 60 1,04

k3 = fator que depende da forma de reunião das veias isoladas - cabos multipolares.

Forma de reunião k3

Cabos unipolares, ou multipolares com veias paralelas (não torcidas) 1,00


Cabos multipolares, com veias torcidas (não flexíveis) 1,02
Cabos multipolares, com veias torcidas (flexíveis) 1,05

A27
RESISTÊNCIA
DO CONDUTOR
EM CORRENTE CONTÍNUA

A resistência em corrente alternada do condutor (Rca) é calculada segundo a fórmula:

Rca = Rccl ( 1 + Ys + Yp ), em Ω/km.

Sendo: Rccl = Rcc20 [ 1 + α20 ( t-20)]

Ys = Xs4 Xs2 = 8πf 104 Ks


192 + 0,8 Xs Rccl

Para cabos unipolares ou cabos com 3 condutores:

Yp = Xp4 dc 2 0,312 dc 2 + 1,18


192 + 0,8 Xp 4 S S Xp4 + 0,27
192 + 0,8 Xp4

Para cabos com 2 condutores temos:

Yp = Xp4 dc 2 2,9
192 + 0,8 Xp 4 S

Xp2 = 8πf 10-4 Kp


RRccl

Onde: Rcct = Resistência em corrente contínua do condutor à temperatura de operação, em Ω/km.


Rcc20 = Resistência em corrente contínua a 20ºC do condutor, em Ω/km.
α20 = 0,00393 para o cobre.
α20 = 0,00403 para o alumínio.
t = Temperatura do condutor, em Cº.
Ys = Fator devido ao efeito peculiar.
Yp = Fator devido ao efeito de proximidade.
f = Frequência, em Hz.
dc = Diâmetro do condutor, em mm.
S = Distância entre eixos dos condutores, em mm.
Kp e Ks = São experimentais.
Para cabos com condutores redondos e possuindo isolação sólida extrudada: Kp = Ks = 1.

A28
INDUTÂNCIA
E REATÂNCIA INDUTIVA

a) Indutância Nos cabos elétricos a indutância depende:


A indutância L de uma linha polifásica é igual a relação existente dc = diâmetro do condutor, em mm.
entre o fluxo / que envolve um condutor e a corrente que circula
no condutor em regime polifásico equilibrado. DMG = distância média geométrica, em mm (vide alguns
Ela é um dos produtos que determina a f. e. m. induzida e exemplos abaixo).
produzida pela variação do fluxo / . KL = fator que depende do número de fios elementares que
formam o condutor. (vide tabela ao lado).
/ = LI
e = -L d l L = KL + 0,46 log 2DMG , em mH
dt Dc km

Números de fios elementares kL Distância Média Geométrica


que formam o condutor
a1
Condutor Sólido
ou Compactado 0,0500
D
7 0,0500
11 0,0588
a2
12 0,0581 DMG = a1 = D DMG = a2 = D
14 0,0571
16 0,0563 a6 a7
a4
19 0,0554
20 0,0551
24 0,0543
a5
27 0,0539 a3
28 0,0537 DMG =
3 2
a3 . a4 DMG =
3
a5 . a6 . a7
30 0,0535
32 0,0532 DV
a8 a9 a9
37 0,0528
42 0,0523
49 0,0519
50 0,0518
56 0,0516 a9
61 ou mais 0,0515 DMG = a8 = DV DMG = a9

OBS: D = diâmetro externo do cabo, em mm.


DV = diâmetro da veia isolada, em mm.
b) Reatância Indutiva: a11
XL = 2 . π . f . L . 10-3

Sendo:
XL = reatância indutiva, em Ω/km a10 a10
f = frequência do sistema, em Hz 3 2
DMG = a 10 . a11
L = indutância, em mH/km

A29
RAIO MÍNIMO
DE CURVATURA

a) CABOS PARA INSTALAÇÕES FIXAS

• Cabos sem blindagem e sem armação:

Diâmetro externo do cabo (D em mm)


Espessura do _ < _ < D_< 50,00 D 50,01
25,01
isolamento
mm Raio mínimo de curvatura
como múltiplo de D
4,00 e menores 4 5 6
4,01 até 8,00 5 6 7
8,01 e maiores - 7 8

• Cabos com blindagem a fios ou fitas:


o raio mínimo é de 12 vezes o diâmetro externo do cabo.

• Cabos com armação intertravada:


os raios mínimos de curvatura para cabos com armação intertravada, não blindados a fitas, são os estabelecidos
na tabela acima, respeitando o limite mínimo de 7 vezes o diâmetro externo do cabo.

• Cabos com armação a fitas planas ou fios:


o raio mínimo de curvatura é de 12 vezes o diâmetro externo do cabo, exceto nos casos de armação de trança,
para o qual os raios mínimos de curvatura são os estabelecidos na tabela acima, respeitando o limite mínimo de
6 vezes o diâmetro externo do cabo.

• Cabos com capa de chumbo ou liga de chumbo:


o raio mínimo de curvatura é de 12 vezes o diâmetro sobre a capa metálica.

• Cabos com capa lisa de alumínio:


o raio mínimo de curvatura é de 20 vezes o diâmetro sobre a capa metálica.

B) CABOS PARA INSTALAÇÕES MÓVEIS

O raio mínimo de curvatura para cabos móveis, durante a instalação ou manuseio em serviço, é de 6 vezes o
diâmetro externo para cabos com tensões de isolamento iguais ou inferiores a 3,6/6kV e é de 8 vezes o
diâmetro externo para cabos com tensões de isolamento superiores a 3,6/6kV. Para cabos de formato plano,
a menor dimensão é utilizada para determinar o raio mínimo.

Catálogo Baixa Tensão


“Os dados contidos neste catálogo foram baseados em normas vigentes e processos produtivos em
uso na época de sua publicação e podem sofrer pequenas variações decorrentes de melhores práticas
produtivas, mas sempre em conformidade com as normas pertinentes.”

A30

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