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iiiningos Armani
" a riè π a" é uma palavra chave para a
Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente
(ΛΜ EIMCAR). Com 20 anos de experiência, a
entidade coloca-se como parceira de pessoas
tísicas, empresas e organizações não
governamentais de cooperação nacional e
Inlernacional - comprometidas com a
solidariedade e os valores humanos - para
mobiliżar recursos em benefício dos pequenos
brasileiros em situação de risco social ou
pessoal.
Mediante um termo de parceria, a AM EN CAR
repassa estes recursos a uma rede de 100
instituições distribuídas em 80 municípios
brasileiros e que atendem a mais de 30 mil
meninos e meninas. Estas entidades também
têm a sua disposição assessoria especializada
em planejamento estratégico, projeto
educacional, gestão e políticas públicas, entre
COMO
outros temas capazes de qualificar o
atendimento.
A Associação desenvolve iniciativas de
ELABORAR
capacitação dos trabalhadores da área, como
cursos, seminários, congressos e encontros. PROJETOS?
Promove, também, a integração dos educandos
através de mostras de arte, assembléias infanto-
juvenis e torneios olímpicos. Para qualificar
ainda mais o trabalho, a AM EN CAR nutre sua Guia Prático para Elaboração e Gestão
rede com estudos e pesquisas sobre infância e
adolescência e promove campanhas de defesa de Projetos Sociais
desta fatia da população.
0 apoio financeiro pode beneficiar os educandos
individualmente ou os programas de apoio às
instituições conveniadas de modo geral ou
através dos projetos especiais. Entre estes,
destacam-se: combate à seca e desenvolvimento
agrocomunitàrio no sertão do Nordeste;
geração de emprego e renda; profissionalização
de adolescentes; reingresso, permanência e
sucesso escolar.
Amencar Sul
Rua André Ebling, 234 - Bairro Santo André
93042-320 São Leopoldo / RS
Telefone: 51 588 2222 Telefax: 5 1 5 8 8 2368
Amencar Nordeste
Rua Barão de Beberibe, 235 - Bairro Viagem
51030-560 Recife/PE
Telefone: 8 1 3 3 4 1 5 1 4 6 Telefax: 8 1 3 3 4 1 6 5 1 9
Amencar Sudeste/Centro-Oeste
Rua Goitacazes, 333 - Sala 1101 - Bairro Centro Porto Aiegre, 2009
30190-911 Belo Horizonte/MG
Telefone: 3 1 3 2 1 3 5585 Telefax: 313213 5606
© do autor
I a edição 2000
2a impressão 2001
3a impressão 2002
■vr Coleção AMENCAR
4a impressão 2003
5a impressão 2004
6a impressão 2005
7a impressão 2006
8a impressão 2008
9a impressão 2009
Desde o final do regime militar e da promulgação da Constitui Outro desafio importante a ser vencido é a crença de que é
ção de 1988, verifíca-se urna grande ampliação da ação social autó possível, efetivamente, resolver problemas sociais através de proje
noma na sociedade civil brasileira. Pelo menos dois fatores contribu tos específicos. Os projetos podem contribuir com o enfrentamento
em para isso: o primeiro é o fato de que os avanços, em termos de dos problemas, mas não solucioná-los por si só. Há várias formas de
democratização política, não estão sendo acompanhados da redução os projetos contribuírem para a resolução dos problemas sociais: eles
da pobreza e das desigualdades sociais; muito pelo contrário, as opor podem trazer certas questões para o conhecimento e o debate públi
tunidades e as necessidades de ações sociais só têm crescido; o se co; eles podem promover a experimentação e a inovação metodoló
gundo fator é a crescente transferência de responsabilidades de par gica; podem fortalecer organizações comunitárias e a participação
te do governo federal para as organizações da sociedade civil no na vida política e social; eles podem também ajudar na recuperação
tocante ao enfrentamento da problemática social. da auto-estima e da dignidade humana de setores sociais excluídos;
Uma parte relevante desse novo protagonismo tem sido materi podem ainda contribuir para a defesa de direitos adquiridos ou para a
alizado através de projetos sociais. Com isso, cresce, a cada dia, o criação de novos direitos e assim por diante. Mas, para que proble
número de organizações sociais que realizam sua ação e obtêm re mas sociais tenham solução efetiva, é necessário mais do que bons
cursos através de projetos. Mesmo a ação social no âmbito gover projetos: precisa-se também de políticas públicas adequadas, com
namental vem, cada vez mais, sendo projetada e gerenciada através recursos suficientes, e da consciência e do posicionamento da opi
de projetos e programas. Cresce também o número de instituições nião pública frente a eles.
que financiam projetos, oferecem capacitação e prestam assessoria Este guia prático mostra como os projetos sociais, se bem
na área. Por outro lado, o próprio nível de exigência geral quanto à elaborados e realizados, podem se tornar instrumentos importantes
qualidade da ação social é, hoje, maior do que nunca. É notável tam para a organização da ação cidadã, capazes de aumentar as chances
bém o interesse recente da opinião pública e da mídia sobre progra de êxito de uma intervenção social. Nesse sentido, os projetos são
mas e projetos sociais. Por isso tudo, torna-se fundamental, para ati um recurso técnico útil e necessário para qualificar a ação social
vistas sociais, técnicos de ONGs, acadêmicos e demais interessados, organizada em prol da elevação da qualidade de vida e do fortaleci
conhecer de perto formas de elaborar, gerenciar e avaliar os proje mento da cidadania dos setores excluídos da sociedade brasileira.
tos. Considerando a limitada bibliografia de enfoque prático sobre
Não obstante o fato de que se tem verificado inúmeros avanços projetos sociais disponível no Brasil, este guia é uma contribuição
no âmbito da elaboração e gestão de projetos nos últimos anos, há nesse sentido. Talvez sua maior “novidade” seja a difusão da meto
muitos desafios no horizonte. Um deles é superar a visão ainda muito dologia do Marco Lógico como instrumento para a elaboração e a
difundida de que projeto é aquele documento formal que serve fun gestão de projetos.
damentalmente para contratar relações de financiamento. Nessa vi Este Guia Prático está organizado em três seções temáticas: na
são, o conteúdo de tal documento não tem necessariamente uma re seção 3, apresentam-se a definição, as vantagens e os limites dos
lação direta com a forma como a ação será pensada e desenvolvida. projetos sociais. Já na seção 4, destaca-se a importância dos fatores
Somente com a recente disseminação das técnicas de planejamento tie cultura e estilo institucional, do planejamento estratégico e da par-
estratégico e dos debates sobre o impacto do trabalho social e as I icipação para a qualificação da ação social através de projetos. Nes
dificuldades para sua avaliação é que se começa a encarar o projeto sa seção, apresentam-se ainda o Marco Lógico e as fases do ciclo de
como instrumento metodológico para fazer da ação social uma inter um projeto. Por fim, a longa seção 5 apresenta os passos necessários
venção organizada com melhores possibilidades de atingir seus obję para a elaboração de um bom projeto, sugerindo, inclusive, um roteiro
li vos. para a redação do documento de apresentação do mesmo.
16 - Como Elaborar Projetos?
Domingos Armani
Porto Alegre, junho de 2000.
O que é, afinal,
um Projeto Social?
Segundo o “Aurelio”, projeto é uma “idéia que se forma de Há inúmeras vantagens em atuar através de projetos sociais.
executar ou realizar algo no futuro; plano, intento, desígnio”; um “em Dentre elas, destacam-se:
preendimento a ser realizado dentro de determinado esquema”; “re • Ações sociais seriamente formuladas, com objetivos e ativida
dação ou esboço provisorio de um texto” ou, ainda, “esboço ou risco des bem definidos, gerenciadas de forma sistemática e parti
de obra a se realizar”2. É interessante observar que projeto é tudo cipativa têm muito mais chance de “funcionarem”. É o que
isso ao mesmo tempo. Isto é, um projeto (social) nasce de uma idéia, chamamos de eficácia.
de um desejo ou interesse de realizar algo, idéia esta que toma forma, • Ações desse tipo mobilizam mais gente para participar, promo
se estrutura e se expressa através de um esquem a (lógico), o qual, vem parcerias e motivam o grupo participante, facilitando a
no entanto, é apenas esboço (sempre) provisório, já que sua imple administração mais racional e transparente dos recursos. É o
mentação exige constante aprendizado e reformulação. É assim que que chamamos de eficiência.
vamos abordar os projetos sociais neste Guia. • As ações sociais através de projetos com melhores resultados
a menores custos geram confiança por parte da sociedade. E
Basicamente, um projeto é uma ação social planejada, es
truturada em objetivos, resultados e atividades baseados o que chamamos de legitimidade e credibilidade.
em uma quantidade limitada de recursos (humanos, m ate • Uma contínua e progressiva reflexão coletiva sobre a experi
riais e financeiros) e de tempo. ência durante a sua execução é condição importante para o
seu êxito. Dessa forma, podem-se testar, de forma sistemáti
Projetos, no entanto, não existem isolados. Eles só fazem senti ca, hipóteses sobre a temática em questão, produzindo-se co
do na medida em que fazem parte de programas e/ou políticas mais nhecimento relevante para este e outros projetos similares. E
amplas. Isto é, tanto no setor público como no setor não-governa isso que chamamos de produção coletiva de conhecimento a
mental, podem-se identificar três níveis de formulação da ação soci partir da sistematização de experiências.
al: (a) o nível dos grandes objetivos e eixos estratégicos de ação (a • Ações sociais planejadas e estruturadas favorecem a partici
política), (b) um nível intermediário em que as políticas são “traduzi pação efetiva de todos os setores envolvidos com a ação,
das” em linhas mestras de ações temáticas e/ou setoriais (progra especialmente daqueles que serão beneficiados, na medida em
mas) e (c) o nível das ações concretas, delimitadas no tempo, no que exige objetivos, metas e critérios de avaliação bastante
espaço e pelos recursos existentes, que possam realizar os progra claros. Surge, então, espaço para expressão de interesses e
mas e as políticas, ou seja, os Projetos. visões diferentes e de negociação e construção de consensos,
A grande utilidade dos projetos é o fato de eles colocarem em assim como o fortalecimento do protagonismo dos setores
prática as políticas e programas na forma de unidades de intervenção excluídos. A esse processo chamamos de empoderamento (ou
concretas. Os projetos ainda são a melhor solução para organizar ações “empowerment”);
sociais, uma vez que eles “capturam” a realidade complexa em peque • Por fim, ações sociais desenvolvidas através de projetos têm
nas partes, tornando-as mais compreensíveis, planejáveis, manejáveis. maior consistência técnica, aumentando a chance para parce
Um projeto não é apenas aquele documento formal enviado aos rias e o envolvimento organizado dos beneficiários, resultando
potenciais financiadores como instrumento para captação de recur em mudanças mais duradouras e sustentáveis. A isso chama
sos. Muito mais do que isso, é uma das soluções técnicas mais difun mos de impacto.
didas para que as pessoas e as organizações possam contribuir com o
enfrentamento de problemas sociais de uma forma organizada, ágil e Mas, apesar do grande apelo exercido pelos projetos enquanto
prática. instrumentos para implementação de políticas e programas de desen-
20 Comi» Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? -2 1
vi il vu nr uto Mirini, a sua adequação a processos sociais complexos Mesmo reconhecendo-se suas limitações, os projetos ainda são,
iriu ‘.uli i , π μm in u e n te debatida. E, aqui, deparamo-nos com os e tudo indica que continuarão a sê-lo por um bom tempo, a forma
limites de sta "ferramenta”: mais adequada para promover a viabilidade e o êxito de ações sociais
As limitações mais importantes dos projetos são3: transformadoras. O fato de que projetos sociais necessitam de apoio
• Ικ-qüentemente, a gestão de projetos tem expresso maior pre financeiro de terceiros, a quem devem prestar contas, e o desafio de
ocupação com eficiência e controle do que com efetividade, desenvolverem credibilidade junto à opinião pública forçam os proje
flexibilidade e aprendizado; tos a serem organizados de forma séria e responsável. Por isso, o
• a intervenção via projetos é útil para gerenciar iniciativas de projeto é também uma espécie de contrato entre quem implementa e
desenvolvimento de caráter mais técnico (construção de es quem apoia e/ou financia uma ação social. Promover um projeto so
tradas, escolas, etc.), mas bem menos apropriada para inicia cial é também assumir uma responsabilidade pública.
tivas mais complexas baseadas na alteração de relações soci
ais (redução do trabalho infantil ou a geração de ocupação e
renda para famílias de baixa renda, por exemplo);
• é preciso levar em conta que o enfoque de projetos tende a
assumir que o “futuro” pode ser previsto e definido com um
razoável grau de precisão (definição de objetivos e resulta
dos), o que tende a impor uma grande rigidez aos processos
que, ao contrário, podem gerar resultados que não se esperam
dada a natureza dinâmica e complexa das relações sociais;
• os projetos impõem limitações de ordem temporal (prazos) e
financeira (orçamento total e cronograma de desembolsos) ao
fluxo da intervenção, o que não tem relação direta com os
tempos, ritmos e processos reais vividos pelos envolvidos no
bojo de processos de mudança social;
• os projetos introduzem um desequilíbrio entre “resultados tan
gíveis” (de curto prazo), por um lado, e “mudanças de rela
ções sociais” (mais duradouras), por outro, com tendência fa
vorável aos primeiros em função das expectativas dos finan
ciadores e, por fim,
• no atual contexto brasileiro, em que está em curso uma redu
ção relativa no papel do Estado em garantir direitos sociais
universais, há um risco muito grande de as organizações da
sociedade civil caírem na armadilha de encarar os projetos
como substitutos à ação social do Estado; nesse caso, eles
poderiam, no máximo, criar uma “rede de proteção social mí
nima”, mas não contribuir para a resolução efetiva dos proble
mas.
Os projetos na vida
das organizações
do-a ao processo anual de planejamento (P), monitoramento (M) e --------------- Para refletir----------------- -
avaliação (A), criando um ciclo P, M & A e S. Com isso, pode-se
• Você diria que sua entidade é uma organização “apren
criar um fluxo de comunicação entre as várias dimensões do fazer
dente”, isto é, todos nela aprendem muito com o que fa
institucional.
zem?
Recomenda-se que cada organização selecione, no momento
» Sua organização tem experiências sistematizadas e di
do planejamento anual, pelo menos uma experiência concreta para
vulgadas? Quais são os benefícios disso para a organiza
ser sistematizada. E que o processo de sistematização seja ele tam
ção?
bém planejado. Alguns passos metodológicos para realizar a sistema
• As reuniões do processo de P, M & A são preparadas e
tização são5:
realizadas de forma a fomentar o aprendizado contínuo e
• um ponto de partida definido: aqueles que vão participar da
progressivo acerca da problemática em questão? Por quê?
sistematização tomaram parte na experiência e existem regis
1Seus principais parceiros e aliados, inclusive os que fi
tros dela?;
nanciam o trabalho, têm uma atitude que estimula e dá
• uma definição clara da experiência a ser sistematizada:
espaço à flexibilidade e à inovação? Vocês já discutiram
Qual o objetivo da sistematização? Qual experiência de traba
essa questão com eles? Por quê?
lho será sistematizada? Que aspectos centrais dessa experi
ência mais nos interessa explorar?;
• a recuperação do processo vivido: reconstruir o processo
real conforme foi vivenciado, usando as informações registra 4.1.2 Planejamento estratégico institucional
das de forma a ter-se uma periodização do processo segundo
as questões que mais nos interessam; O fato de uma organização orientar suas ações a partir do pla
• uma reflexão crítica sobre os porquês da experiência: nejamento estratégico institucional é outro fator que pode reduzir em
responder perguntas-chave, tais como: Porque as coisas acon muito os problemas e simplificações inerentes à promoção de mu
teceram de certa forma e não de outra? Quais as tensões e danças sociais via projetos.
contradições reais do processo que ajudam a compreendê-lo? O planejamento estratégico provê a organização de uma base
Quais as causas diretas e as mais profundas/estruturais dos sólida em termos de análise de contexto, das forças e fraquezas da
fenômenos observados? Quais os fatores que favoreceram e organização, da viabilidade e dos riscos de diferentes alternativas de
quais os que dificultaram nossa ação? ação e, acima de tudo, de um marco estratégico global orientador de
• um ponto de chegada: saber formular conclusões em relação (odas as atividades institucionais.
aos pontos que nos interessam na sistematização, procurar Assim, todos os projetos específicos devem ser expressão do
comunicá-los a outros atores interessados e tirar consequên plano estratégico. Nessa situação, os projetos já nascem com certo
cias concretas para a vida institucional e para a gestão dos grau de maturação, a partir da interseção de uma boa análise de
projetos. contexto com a visão estratégica da organização.
Em caso de a organização não ter realizado o planejamento
estratégico, recomenda-se que o faça antes de elaborar quaisquer
projetos específicos. Se isso não for possível, sugere-se que os pro-
ecdimentos do planejamento estratégico sejam aplicados ao processo
ile elaboração do projeto6.
2H - Como Elaborar Projetos?
Como Elaborar Projetos'! - 29
4.2 As fases do ciclo de um projeto Na prática, a relação entre estas fases não é tão linear quanto o
esquema possa fazer crer e pode ser definida em 3 tópicos:
“Penso que existe um tempo para melhorar, 1) A elaboração de um projeto nunca cessa, uma vez que a reflexão
para se preparar e planejar: sistemática durante o processo de implementação (monitoramento
igualmente existe um tempo para & avaliação + sistematização) leva sempre a reformulações signi
partir para a ação, mesmo que não ficativas de objetivos, estratégias, resultados e atividades.
se esteja totalmente preparado. ” 2) A aprovação ou decisão acerca de recursos para o projeto
muitas vezes já está definida quando o grupo reúne-se pela
Os projetos também têm seu ciclo de vida - eles nascem, cres primeira vez para começar a discutir a sua formulação.
cem, tomam forma, modificam-se e, eventualmente, morrem. A isso 3) Embora uma fase de avaliação propriamente dita seja colo
denomina-se o “ciclo do projeto”. cada no final do período (final do ano, final do triénio, final do
O ciclo expressa os principais momentos e atividades da vida projeto), avaliações acontecem continuamente ao longo da
de um projeto - a identificação, a elaboração, a aprovação, a imple implementação, como parte do sistema de Monitoramento &
mentação (com Monitoramento & Avaliação), a avaliação e o repla- Avaliação do projeto, sendo essencial como base de referên
nejamento, como se pode ver no diagrama abaixo8. cia para as avaliações maiores e mais profundas, via de regra
O processo de elaboração do projeto não é a mesma coisa com participação externa, de final de períodos marcantes.
do que redigir o documento de apresentação do mesmo.
Ou seja, a implementação de um projeto deve dar-se no bojo de
Redigir o “projeto” é, em verdade, apenas o último passo
um processo cumulativo de aprendizado coletivo a partir da prática
do processo de elaboração.
concreta ao longo de uma espiral onde ação e reflexão se desafiam e
complementam de forma progressiva. A cada novo ciclo, devem-se
produzir mudanças significativas nas condições materiais de vidae
ih »aprendizado dos beneficiários, na sua capacidade organizativa e
Ciclo de um Projeto ih»fortalecimento de seu poder de influenciar o contexto mais amplo.
Esse ciclo de conquistas e de lições da experiência concreta pode ser
i llamado de “a curva do aprendizado”9.
Elaboração
Avaliação
Implementação Aprovação
^ M&A
32 - Como Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? - 33
As atividades do ciclo do projeto formam um todo integrado e Cìlari ivos Específicos do projeto, de acordo com a estratégia de
coerente, no qual os diferentes momentos representam etapas sucessi imn venção definida.
vas e interligadas, necessárias para levar o projeto a cabo. À medida, • pela proposição de Resultados Imediatos
porém, que o projeto avança, o ciclo do projeto vai se transformando di Oliando são propostos Resultados a serem alcançados a
urna mera sucessão de etapas em uma verdadeira curva (espiral) de futió prazo, os quais são condição indispensável para o alean
ação - reflexão em que a distinção entre planejamento, monitoramen te ,1, >s (Objetivos do Projeto.
to, avaliação e sistematização vai se tomando cada vez mais difícil. » pela indicação de Atividades e Ações
Os objetivos e atividades relativas a cada momento do ciclo de Quando são formuladas Atividades-chave necessárias à
um projeto são: produção dos Resultados, assim como as ações que compõem
tiulu Atividade.
■ Fase de Identificação • pela análise da lógica da intervenção
A fase de identificação é caracterizada: Quando é realizada urna análise crítica de ações - Ativida-
• pela identificação da oportunidade da intervenção tU Resultados, Objetivo do Projeto e Objetivo Geral, de for-
Essa é a hora de identificar a oportunidade da interven Mnt ,f checar os vínculos de necessidade e suficiência desses ele-
ção, delimitándose o seu objeto e o seu âmbito, identificando ■i. nh>s do projeto. Isto é, há que checar se as ações listadas são
se hipóteses explicativas preliminares sobre a situação-proble- ] ftç, r \sá rias e suficientes para realizar as Atividades-chave defi-
ma a ser enfrentada e identificando-se as eventuais limitações tii, /. j ·. assim também com as Atividades em relação aos Resulta-
institucionais que devam ser levadas em conta. di- Imediatos e desses com os Objetivos do Projeto e desses, por
• pelo exame preliminar da sustentabilidade da idéia | ii(í tr/, com o Objetivo Geral. Mais uma vez, percebe-se como
Nesse momento, realiza-se uma análise preliminar da viabi mulu se encadeia.
lidade da idéia, de forma a só seguir-se à frente se tal análise • pela identificação dos fatores de risco
indicar que a idéia é, de fato, promissora. Os testes mais impor Definindo como a intervenção será feita, é imprescindível que
tantes aqui são o exame da sustentabilidade política, da susten I , proceda à análise das Premissas e/ou dos fatores de risco do
tabilidade técnica e da sustentabilidade financeira. Β π ’/γΜ, deforma a poder mantê-los, quanto possível, sob controle.
• pelo diagnóstico da problemática - pela definição dos Indicadores, Meios de Verificação e
Uma vez que a oportunidade da intervenção esteja clara pi e, r dimentos de Monitoramento & Avaliação
mente definida e a análise preliminar da sustentabilidade seja I sse é o momento de formular ao parâmetros pelos quais o
positiva, passa-se ao estudo da problemática em questão, condi Wfi/V/o será continuamente monitorado e avaliado. Parte-se, en-
ção fundamental para a análise da situação-problema e dos atores p 0í puni a elaboração dos Indicadores e dos respectivos Meios de
envolvidos e para a formulação adequada de objetivos, estrate WêHfu dção. Os Indicadores são os padrões ou sinais que nos indi
gias, resultados e atividades. tum .w alcançamos nossos propósitos, enquanto os Meios de Verifi-
WttÇÕo são as fontes de dados/informações e a forma de sua coleta
■ Fase de Elaboração $ registro. Aqui, definem-se também os procedimentos concretos do
A fase de elaboração é caracterizada: i : niuiiio do sistema de M&A: além de Indicadores e Meios de Veri-
•pela formulação do objetivo do projeto Ł (Huo, define-se a sistemática de registro de informações, crono-
Quando definem-se, com base nas possibilidades e limitu de reuniões, responsabilidades específicas, formas departi-
ções indicadas na fase de identificação, o Objetivo Geral e os ï I■ifuii un de beneficiários e/ou outros atores envolvidos, etc.
34 - Conto Elaborar Projetos?
Como Elaborar Projetos? ■ 35
• pela análise da sustentação lógica do projeto
vos estipulados. Durante a implementação, ocorrem também ativida-
Procede-se então à análise do Marco Lógico (confira defi
dr·, de monitoramento e avaliação.
nição na seção 4.3) para se ter certeza de que a equação lògica
na qual se sustenta o projeto é, de fato, plausível e adequada.
■ Fase de Avaliação
Esse é o momento em que a relação entre Recursos - Atividades
A fase de avaliação propriamente dita corresponde ao mo-
- Resultados Imediatos - Objetivos do Projeto - Objetivo Geral
nviito de avaliação do projeto após um certo período de tempo (no
- Indicadores e Premissas (fatores de risco) é analisada, poden
linai de cada ano, por exemplo, ou no final de um triénio) ou mesmo
do levar a revisões de partes do projeto.
no momento da avaliação quando o projeto muda de natureza ou se
• pela montagem do Plano Operacional
encerra. É quando nos perguntamos pelos efeitos e impactos de todo
Uma vez que se tenha segurança da qualidade do projeto e de
i >esforço e recursos investidos. Essa avaliação distingue-se da ava-
sua sustentabilidade, procede-se à montagem do Plano Operacio
Ij.ição contínua que ocorre durante a execução do projeto (Monitora-
nal, pelo qual definem-se os Resultados, com suas Atividades e ações
me ηIo & Avaliação) por ser um evento que ocorre a espaços maio-
e seus respectivos prazos, responsáveis e recursos necessários.
i es de tempo, ao final de períodos marcantes para o projeto e, gemi
• pela determinação dos custos e da viabilidade financeira
nante, com participação de avaliadores externos.
Nesse momento, quando o projeto está elaborado, passa-
se então ao cálculo dos custos necessários para a sua imple
■ Fase de Replanejamento
mentação, devendo-se identificar os custos segundo o crono-
Com base na avaliação, entra-se na fase de replanejamento,
grarna de atividades (Plano Operacional).
buscando rever objetivos, resultados, premissas/fatores de risco e
• pela redação do projeto
atividades em função das lições do período de implementação e das
Finalmente, chega a hora de redigir o documento de apre
i (inclusões da avaliação. É a hora de planejar novamente, só que
sentação do projeto, sistematizando as principais definições da
i i. sta vez tendo a vantagem da experiência transcorrida.
intervenção, de forma a justificar solidamente a iniciativa para
que quem vá analisar a relevância do projeto tenha em mãos
todas as informações necessárias.
ç---------------- Para refletir ~ >
4.3 O Marco Lógico como instrumento As maiores vantagens da utilização da metodologia do Marco
de elaboração e gestão de projetos 1.ógico são n :
• Garantia de que as questões-chave são levantadas e consis
tentemente respondidas, de forma a oferecer mais informa
ções e maior transparência a todo/as os envolvidos.
O pecado maior num projeto não está na
• Ela promove uma análise lógica e sistemática dos elementos-
apresentação: está na objetividade.
”
chave para a satisfatória elaboração de um projeto, ao mesmo
O Marco Lógico é um instrumento muito útil para a elabora- tempo em que exige a formulação antecipada dos seus parâ
çao, analise e gerenciamento de projetos. Sua maior contribuição na metros de monitoramento e avaliação (indicadores).
elaboraçao de um projeto está em que ele oferece uma sucessão de • O planejamento melhora, uma vez que são identificados fato
passos lógicos encadeados, ao final da qual se tem um projeto bem res de risco, fora do controle do projeto, mas que são íunda-
estruturado nas suas relações de causa e efeito. A “equação” básica mentais para o seu êxito; o planejamento também se qualifica
dessas relações é então resumida numa matriz de 16 células chama porque é centrado em objetivos e não em atividades.
da de M arco Lógico. O Marco Lógico é utilizado especialmente pe • Há maior facilidade de comunicação e compartilhamento de
las organizações da cooperação internacional bilateral (órgãos de conceitos dentre todos os atores envolvidos, de beneficiários a
governo) e multilateral (instituições globais, como UNICEF, Banco técnicos e financiadores.
Mundial, BID, União Européia), além de muitas agências não-gover • A utilização do Marco Lógico reforça as chances de continui
namentais, como instrumento de análise da qualidade de projetos so dade de enfoque quando há mudanças na equipe executora.
ciais
O M arco Lógico é ainda hoje um dos mais completos instru Uma limitação importante do Marco Lógico, já indicada nos
mentos para o gerenciamento de projetos. Ele combina sofisticação limites da intervenção social via projetos (ver seção 3), é que ele
tecnica na elaboração e gestão de projetos com uma relativa facilida enfatiza relativamente mais o controle de resultados, efeitos e impac
de de manuseio, que não requer matemática nem computadores. Assim tos, e bem menos a compreensão do porquê das mudanças observa
como neste Guia, ele normalmente é integrado a outros instrumentos das. Daí a importância de se complementar a gestão de um projeto
de planejamento, como a “análise dos problemas” e a “análise dos via Marco Lógico com a sistematização da experiência, a qual enfa
atores envolvidos”, procedimentos integrantes do método ZOPP de tiza justamente os aprendizados do processo.
planejam ento11. Visando a facilitar a compreensão, apresenta-se a seguir a ma
O M arco é bastante útil como método de construção coletiva triz de 16 células (4 linhas e 4 colunas) que ilustra graficamente o
dos principais parâmetros de um projeto - Objetivos Gerais, Objetivo Marco Lógico de um projeto:
do Projeto, Resultados Imediatos, Atividades, Indicadores e Premis
sas (fatores de risco). Acompanhe os passos para se trabalhar
com a matriz do Marco Lógico:
O Marco Lógico é recomendável pois baseia-se no método
científico de pesquisa social, estruturando os projetos so 1) Começa-se pela definição da primeira coluna, de cima para
bre uma cadeia de hipóteses acerca de relações de causa e
baixo, isto é, primeiro define-se o Objetivo Geral, depois o Objetivo
efeito envolvidas no enfrentamento da problemática em
questão. do Projeto, para então formular os Resultados e as Atividades. As
sim, o Marco estabelece uma “hierarquia lógica” entre esses ele-
Jfi - Como Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? - 39
m rn,os· a qual deve ser válida e coerente o suficiente para que o 4) Por fim, com base nesses elementos, monta-se um sistema
l,|,)i(·lo seja viável. de gerenciamento do projeto (Monitoramento e Avaliação) com base
2) Λ seguir, passa-se para a identificação das Premissas ou nos Indicadores e Meios de Verificação e calculam-se os recursos
l,lí<>fes de risco do projeto (4a coluna), em cada um dos níveis hori necessários para a implementação do projeto.
zontais da matriz.
2) Então, chega o momento de formular Indicadores e seus ---------------- Para refletir ~
Me ios de Verificação específicos para cada nível horizontal da Ma
ti iz (2 e 3a colunas). • No projeto em que você está envolvido/a, costuma-se
distinguir as Atividades a serem desenvolvidas dos Re
sultados esperados? E esses Resultados dos Objetivos
Descrição Indicadores Meios de Premissas
Sumária Verificáveis Verificação (fatores de risco) do Projeto?
• O projeto é gerenciado (monitorado e avaliado) tendo
Objetivo G eral ; Indicadores de Fontes de dados e por base Indicadores?
Objetivo hierarqui Impacto: informações e
camente superior Evidenciam até meios de coleta/ • As Premissas (fatores de risco) do projeto são explicita
para o qual o que ponto c como registro para o
objetivo do projeto o projeto contribui Indicador de das?
contribui para o alcance do Impacto.
Objetivo Geral.
Objetivo do
Indicadores de Fontes de dados e Premissas sobre
Projeto·. Objetivo
específico do
Efetividade: informações e fatores externos, 4.4 Os fatores de êxito de um projeto social
Evidenciam o grau meios decolent/ que podem
projeto. Sua de realização do registro para o
finalidade. condicionar o
Objetivo específi Indicador de alcance do “Os segredos dos projetos brilhantes estão
co do Projeto. Efetividade. Objetivo Geral. exatamente em encontrar soluções óbvias e
Resultados simples. Essas soluções são as mais difíceis.
Imediatos:
Indicadores de Fontes de dados e Premissas sobre
Desempenho: informações e fatores externos,
Situações, serviços Evidenciam em meios de coleta/ Para ser considerado exitoso, um projeto social deve satisfazer
produtos a serein fora do controle do
que medida os registro para os projeto, mas que
produzidos pelo Resultados foram Indicadores de as seguintes condições:
projeto, como podem condicionar
produzidos. Desempenho. o alcance dos • realizar as atividades e produzir os resultados esperados den
condição para
Objetivos do tro do padrão de qualidade, do cronograma e do orçamento
realizar o Objetivo Projeto.
do Projeto. definidos.;
• atingir de forma substancial os objetivos de médio prazo estabe
Atividades:
Indicadores Ope As fontes de Premissas sobre lecidos, gerando mudanças concretas na qualidade de vida, na
Conjunto de ações- racionais: informações e
chave necessárias fatores externos,
Evidenciam a meios de verifica que podem capacidade organizativa e no poder de influenciar processos
para alcançar os realização das ção dos Indicado
Resultados. condicionara mais amplos dos setores sociais definidos como beneficiários,
Atividades/Ações res Operacionais produção dos
(Cronograma) e a são o Orçamento • proporcionar uma genuína apropriação do projeto por parte de
Resultados.
provisão de e o Cronograma. seus principais beneticiários diretos, de forma a que eles se tor
Recursos nem seus sujeitos e não apenas seus beneficiários passivos;
(Orçamento).
• gerar conhecimentos reconhecidamente novos e metodologi-
40 - Como Elaborar Projetos'!
Esta seção tem por objetivo apresentar os passos sucessivos e • exame da sustentabilidade técnica: a organização promotora e
os instrumentos utilizados no processo de elaboração de um projeto, seus potenciais aliados na iniciativa detêm os recursos técni
utilizando-se o instrumento do Marco Lógico como parâmetro orien cos e a capacidade (know-how) necessários?
tador básico. . exame da sustentabilidade financeira: qual a dimensão de re
cursos financeiros necessários? Quão provável e que os re
cursos sejam captados? Em que condições? Quando.
5.1 Identificação da oportunidade
para uma ação social estratégica
5.3 Diagnóstico
A oportunidade da intervenção pode emergir tanto da avaliação “O vento que não se respeita
de projetos existentes, de desafíos resultantes do planejamento estra é sempre um obstáculo.
tégico institucional ou ainda por delegação de instância superior ou
mesmo por sugestão de agências financiadoras. Com a oportunidade da intervenção definida e a analise prelimi
nar da sustentabilidade positiva, é hora de avançar na compreensão da
Nessa fase inicial, é fundamental: problemática em questão. Assim, pode-se partir para a formulação e
• certificar-se de que a idéia do projeto é coerente com a mis objetivos, estratégias, resultados e atividades através do diagnostico.
são e o planejamento institucionais,
• foi mular hipóteses explicativas básicas sobre a situação pro 5.3.1 Orientações gerais
blemática, e
piorno ver a sensibilização dos atores sociais relevantes sobre Importante: o diagnóstico não é neutro - ele é conduzido e
a questão e a mobilização de órgãos e instituições potencial estruturado pela visão político-ideológica da situação-problema e pe
mente aliados. las hipóteses preliminares sobre a estrutura e dinâmica da problema-
tica, estabelecidos na fase de identificação.
O diagnóstico deve promover:
5.2 Sustentabilidade preliminar • O levantamento detalhado de dados e informações que pos
sam caracterizar as condições de vida dos potenciais bene i-
(...) ficou claro c¡ue não era nada
ciários da intervenção, obtendo-se, assim, uma visão da situ
impossível fazer uma linda viagem sem esse ação inicial” dos potenciais beneficiários. E a partir dela que
circo de problemas. Mas para isso era os progressos do projeto serão avaliados no futuro.
preciso estar preparado. ” . A identificação das dinâmicas sócio-políticas, econômicas e
culturais que explicam a situação-problema (ver seções 5 ...
Passa-se então a analisar de forma preliminar as chances de
e 5.3.3 a seguir). . .
êxito do projeto, de acordo com três fatores-chave: . A identificação e avaliação das iniciativas similares relevan
exame da sustentabilidade política: haverá apoio suficiente à tes sejam elas de caráter público ou privado.
iniciativa dentre os potenciais beneficiários, dentre outros ato- . A identificação das percepções, das experiências e das expec
ies relevantes e mesmo dentro da organização promotora? tativas dos potenciais beneficiários em relaçao a problematica.
44 - Como Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? - 45
• Sintetizar um problema central (o “tronco” da árvore), o qual senso de apropriação do projeto (compartilhamento de sua re
eleve ser chave para mudar a situação problemática e, ao
levância e de seus objetivos);
mesmo tempo, ser passível de mudança pela ação do grupo • ajuda na escolha dos momentos e formas mais adequadas
promotor do projeto. para viabilizar a participação de diferentes atores nos sucessi
• Identificar as principais causas do problema central escolhido vos estágios do projeto. Os atores envolvidos num projeto po
(também chamadas de “nós-críticos”), as quais explicam me dem ser de três tipos 16:
lhor o porquê da situação problemática. * atores diretamente envolvidos na promoção do projeto: ins
• Definir linhas de ação estratégicas relacionadas àquelas cau tituições executoras, potenciais beneficiários, instituições de
sas principais que estejam ao alcance da ação direta do grupo apoio e assessoria, etc.;
em questão. Tais linhas de ação podem vir a se tornar projetos * pessoas, grupos e associações diversas presentes no con
específicos ou diferentes objetivos em um único projeto, ou texto no qual o projeto se desenvolve, mas sem envolvimen
ainda diferentes resultados de um mesmo projeto. to direto com o mesmo; e
Lembre-se: A análise da problemática em questão e de suas * outros grupos e instituições, não envolvidos com o projeto, mas
causas deverá subsidiar a elaboração da lógica vertical
atuantes no mesmo contexto no qual o projeto é desenvolvido.
do Marco Lógico: Objetivo Geral - Objetivo do Projeto - Não esqueça: No processo de planejamento, todos os ato
Resultados Imediatos Atividades.
- res diretamente envolvidos com o projeto devem tomar p a i
te. Mesmo a análise do envolvimento deve ser o mais par
ticipativa possível. Entretanto, e importante atentar para o
5.3.3 Análise dos atores envolvidos 15 fa to de que a análise dos atores envolvidos pode mexei
com questões sensíveis ou delicadas. Nesses casos, é bom
A análise dos atores envolvidos caracteriza-se pelo levantamento pensar bem antes de decidir ir adiante na explicitação dos
dos indivíduos, grupos e instituições que têm algo a perder ou a ga interesses em jogo.
nhar com determinado projeto social. Isto é, a análise deve levar à
identificação dos seus interesses e do grau de risco que estes podem O processo de análise dos atores envolvidos tem quatro mo
trazer à viabilidade do projeto. As conclusões da análise dos atores mentos básicos:
envolvidos deve ser integrada ao Marco Lógico do projeto, seja como Γ - listam-se todos os atores com algum grau de envolvimento/
atividade, seja como Premissa (fatores de risco). interesse no projeto;
A utilidade da análise dos atores envolvidos está em que: 2o—identificam-se os interesses, as expectativas, os medos, etc.
• explicita os interesses dos potenciais beneficiários em relação desses atores em relação ao projeto e/ou às questões que ele
à situação-problema em questão contribuindo para a elabora toca;
ção de objetivos e resultados o mais consensuais possíveis; 3o - avalia-se a importância de cada ator para o sucesso do
• possibilita a identificação de conflitos de interesse entre dife projeto e do seu relativo poder de influência, assim como o
rentes atores envolvidos num mesmo projeto, levando à expli provável impacto do projeto sobre eles;
citação de fatores de risco (Premissas); 4o - identificam-se os riscos para o projeto, alguns dos quais
• contribui para a identificação das relações e percepções en serão integrados no desenho do projeto (com atividades e re
tre os atores envolvidos, facilitando iniciativas de aproxima sultados específicos) enquanto outros serão explicitados na
ção, acordos e alianças, contribuindo ainda para aumentar o coluna das Premissas da matriz.
48 - Como Elaborar Projetos?
Como Elaborar Projetos? ■ 49
A listagem dos atores pode ser feita listando-se todos os atores Lembramos novamente que a definição desses parâmetros deve
relevantes, identificando-se, para cada um deles, seus interesses em ser feita com a maior participação possível de todos os atores institu
relação aos problemas/desafios a serem enfrentados pelo projeto e cionais potencialmente envolvidos e/ou afetados pelo projeto, em es
os seus objetivos. A seguir, deve-se identificar o grau e tipo de im pecial, seus supostos beneficiários diretos.
pacto provável de seus interesses sobre o projeto e, então, definir A definição do Objetivo Geral, dos Objetivos do Projeto, dos Resul
uma priorização dos atores envolvidos em termos de que interesses o tados Imediatos e das Atividades preenche a primeira coluna da Matriz
projeto deve assegurar. Lógica, denominada de “Descrição Sumária”. Tais elementos formam
A análise de cada ator pode ser feita da seguinte forma: uma “hierarquia de objetivos”, em que uns devem levar aos outros.
1. Quais são as expectativas de cada ator em relação ao proje As perguntas a serem respondidas aqui são:
to?
• Qual o objetivo mais geral para o qual o projeto quer contribuir?
2. Quais são os prováveis beneficios/prejuizos do projeto para • Para que tal contribuição possa se efetivar, qual deve(m) ser
cada ator?
então o(s) objetivo(s) específico(s) do projeto?
3. Que recursos cada ator tenciona (ou não) disponibilizar para • Para atingir tal objetivo(s), quais as situações e os resultados
o projeto?
essenciais a serem produzidos?
4. Que outros interesses têm os atores que podem entrar em • Para produzir tais resultados, que atividades devem ser desen
conflito com o projeto?
volvidas?
5. Como cada ator envolvidos percebe/considera os demais • Para realizar essas atividades, que tipo e volume de recursos
atores listados?
devem ser disponibilizados?
O resultado da análise deve levar a: (a) integração de novos objeti Para facilitar a compreensão da metodologia da matriz do
vos do Projeto, Resultados e Atividades, quando for possível contornar Marco Lógico, utilizaremos daqui para a frente o exemplo de
os riscos identificados, integrando novas ações ao projeto e (b) integra um projeto concreto na área do atendimento a crianças de rua,
ção dos fatores de risco na coluna das Premissas no Marco Lógico, de o “Projeto Travessia”.
forma a indicar-se a necessidade de monitoramento de tais fatores.
ocasiões, o Objetivo Geral já está definido (por outros níveis da insti Como formular Resultados?
tuição), quando se começa a elaborar o projeto. Cada Objetivo específico do Projeto requererá um pequeno nú
mero de Resultados correspondentes. Além dos Resultados diretamente
Projeto Travessia relacionados ao alcance do Objetivo do Projeto, pode-se também in
cluir um ou mais Resultados específicos para a fase de implantação do
OBJETIVO GERAL: O Projeto Travessia pretende contri
buir de forma significativa para a melhoria das condi
projeto e outro ainda relativo às Atividades de gerenciamento do proje
ções de vida dos setores mais excluídos da sociedade to. A proposição de Resultados deve partir do diagnóstico da situação-
no município de Capela, fazendo parte do Programa problema e de suas relações de causa e efeito mais importantes, de
Promoção da Cidadania.
l'orma a satisfazer as exigências colocadas pelo Objetivo do Projeto
RESULTADOS:
5.4.2 Objetivo do Projeto Curto prazo (seis m eses):
1. Serviços de acompanhamento e assistência (médi
ca, psicológica, legal e de arte, esporte & lazer) a par
A formulação do Objetivo específico do Projeto responde às per
tir de uma Casa de Apoio e de educadores na rua
guntas: Para que, afinal, o projeto vai ser implementado? Que efeitos instalados.
duradouros junto aos beneficiários são esperados do projeto? Via de Médio prazo (18 a 24 m eses):
regra, esses efeitos dizem respeito a mudanças de relações sociais, de 2. Laços familiares e comunitários retomados.
3. Reinserção na escola efetivada.
situações de poder e de comportamentos por parte dos beneficiários. 4. Auto-estima recuperada e habilitação para gerar
renda regularmente conquistada.
O Objetivo do Projeto é a referência central para dimensio
nar seu êxito ou fracasso. Recomenda-se que os projetos te
nham o menor número possível de objetivos específicos, de 5.4.4 Atividades
preferência um único, para facilitar o seu gerenciamento.
O que são?
OBJETIVO DO PROJETO: O Projeto Travessia tem como
Atividades são agrupamentos de ações concretas, de forma que
objetivo criar as condições para que as crianças/ado- um conjunto de ações deve ser realizado para viabilizai cada Atividade.
lescentes de Capela deixem de viver e trabalhar nas
ruas, contribuindo para o desenvolvimento de um
Como elaborar Atividades e ações?
(novo) projeto de vida, baseado nos seus direitos de
cidadania. O que deve ser feito e de que modo para que os Resultados
venham a ser alcançados? Em projetos mais simples e com poucos
Resultados Imediatos previstos, as ações podem ser listadas direta
5.4.3 Resultados Imediatos mente na matriz. Mas, nos outros casos, é recomendável que as princi
pais ações sejam agrupadas por similaridade e coerência segundo Ati
O que são? vidades-chave necessárias para produzir os almejados Resultados.
A definição de Resultados imediatos (ou metas) diz respeito à É com base na definição precisa das Atividades e ações que se
proposição de “produtos” e/ou situações concretas e tangíveis a serem procederá ao cálculo dos custos do projeto e à definição de um cro
produzidas pelo projeto, com base na realização das Atividades (e ações). nograma.
52 - Como Elaboren· Projet ox? Como Elaborar Projetos? - 53
ATIVIDADES (segundo Resultados e sem detalha das vantagens do uso do ML é justamente que ele exige a explicitação
mento de ações respectivas): dessas relações, sempre presentes nos projetos, mas nem sempre defini
das. A maior ou menor validade dessas relações lógicas será determina
1.1 Definir proposta pedagógica, organização e coor da pela qualidade do diagnóstico, pela qualidade do conhecimento da
denação do trabalho e programa de atividades do
Centro de Apoio.
problemática pela equipe do projeto e pela sua experiência acumulada.
1.2 Selecionar e capacitar educadores de rua e profis Para proceder a essa análise, deve-se responder às seguintes
sionais nas áreas médica, psicológica, legal e de es- perguntas:
porte, arte & lazer afinados com os objetivos do pro • As ações listadas são necessárias e suficientes para realizar
jeto.
1.3 Estabelecer convenios com prefeitura e institui as Atividades?
ções de assistência social. • As Atividades previstas conduzem necessariamente à produ
1.4 Reformar a casa na qual vai funcionar a Casa de ção dos Resultados definidos?
Apoio.
• Os Resultados indicados, uma vez produzidos, têm que chan
2.1 Estabelecer acompanhamento individual à crian ces de levar ao alcance do Objetivo do Projeto?
ça na rua e na Casa de Apoio.
2.2 Localizar, diagnosticar e contatar a comunidade
• O alcance do Objetivo Específico do Projeto tem que probabi
de origem e a família. lidade de contribuir de forma relevante para um Objetivo Ge
2.3 Visitar regularmente a família. ral superior ao projeto?
3.1 Identificar e contatar escola apropriada à inserção
da criança. O diagrama abaixo ilustra essa cadeia de hipóteses (possibilidades):
3.2 Realizar oficinas de formação dos professores e
pais da escola sobre inserção de crianças de rua.
3.3 Ministrar aulas de preparação e reforço escolar na
Casa de Apoio. Objetivo
3.4 Acompanhar regularmente as crianças na escola e Geral
os seus professores.
4.1 Elaborar cursos técnicos apropriados (informáti SE Objetivo do Projeto, ENTÃO Objetivo Geral
ca, desenho arquitetônico, música e dança, artesana
to, etc.) em conjunto com SENAC, SENAI e outras ins
tituições. Objetivo
4.2 Realizar diversos cursos técnicos na Casa de Apoio. do Projeto
4.3 Estabelecer convênios com agências de estágios e
empresas dispostas a oferecer empregos. SE Resultados, ENTÃO Objetivo do Projeto
Resultados
5.4.5 Análise da lógica da intervenção
SE Atividades, ENTÃO Resultados
Uma vez formulados o Objetivo Geral, o Objetivo do Projeto, os
Resultados e as Atividades (e ações), passa-se à análise da consistência
da lógica de intervenção do projeto, sintetizada na Descrição Sumária Atividades
da matriz, ou seja, checar a validade das relações de causa e efeito. Uma
54 - Como Elaborar Projet os?
Como Elaborar Projetos? - 55
Lógica da Intervenção: O projeto Travessia baseia-se Isso acontece porque, à medida em que “subimos” na lógica
em algumas hipóteses fundamentais: Acredita-se que vertical da Descrição Sumária do projeto (A - R - OP - OG), mais
a realização do conjunto de Atividades de implanta (’ mais fatores políticos, econômicos, institucionais e culturais interfe-
ção (curto prazo) e de desenvolvimento da primeira
fase do projeto (18 a 24 meses) sejam condições ne Icm na passagem de um nível ao outro.
cessárias para se alcançar os Resultados propostos; É fundamental que, desde a primeira elaboração do pro
acredita-se ainda que, uma vez atingidos os 4 Resul
tados propostos - atraindo-se a criança/adoiescente
jeto, as Premissas ou fatores de risco sejam devidamente
para atividades regulares na Casa de Apoio, retoma identificados (4a coluna do ML).
da dos laços comunitários e familiares, retomada da
escolarização da criança/adoiescente e a conclusão As Premissas indicam as condições externas (aquelas que con
de cursos profissionalizantes - a criança/adoiescente
terá condições de deixar a vida na rua e iniciar um di buem também para o grau de incerteza) que afetam o desenvol
novo ciclo na sua vida (realização do Objetivo do vimento do projeto e que estão fora do controle direto de quem o
Projeto); por fim, aposta-se que a saída das crianças implementa.
da rua e o início de uma nova trajetória pessoal con
tribuirá para minorar a exclusão social em Capela e
para a melhoria da qualidade de vida dos setores Exemplos de premissas:
marginalizados no município. • Fatores climáticos num projeto de agricultura sustentável
• Fatores político-eleitorais em projetos com forte envolvimento
de órgãos públicos.
5.5 Premissas e fatores de risco • Provisão de certas condições ou serviços por parte de outros
projetos ou instituições.
“Sempre existe uma parcela de risco, e em As premissas podem representar também a previsão de possí
alguns casos essa parcela é muito importan veis problemas no desembolso dos recursos necessários ao projeto
te. Independentemente da vontade, de uma nos prazos planejados ou, finalmente, e muito importante, fatores que
boa preparação e do bom senso, há situa têm relação com a disposição de outros atores, inclusive os benefici
ções que são realmente imprevisíveis. ”
ários, de se envolverem conforme esperado nas atividades do proje
to. O nível de importância e a maior ou menor probabilidade de que
As relações entre Objetivo Geral, Objetivo do Projeto, Resulta ocorram definem o grau de risco de um projeto e, portanto, a sua
dos e Atividades são relações que possuem certo grau de incerteza:
sustentabil idade.
isto é, não temos garantias de que as Atividades, mesmo que bem A relação lógica entre A - R - OP - OG fornece-nos as con
desenvolvidas, levarão necessariamente aos Resultados almejados; dições necessárias para a realização do projeto, enquanto as Premis
da mesma forma, nada nos garante que a produção de tais Resulta
sas nos indicam as condições suficientes.
dos nos conduza inequivocamente ao alcance do Objetivo do Projeto;
e finalmente, ter atingido o Objetivo do Projeto não representa garan
tia de que ele exerça uma contribuição relevante a um Objetivo Geral 5.5.1 Monitorando as premissas
superior a ele. À medida em que passamos de Atividades para Re
sultados, destes para o Objetivo do Projeto e deste para o Objetivo As Premissas de um projeto devem ser constantemente moni
Geral, o grau de incerteza só faz aumentar, diminuindo, portanto, nos toradas e reatualizadas ao longo da sua implementação de forma a
so “controle” sobre essas relações causais. tentar minimizarem-se eventuais conseqüências negativas oriundas
56 - Como Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? - 57
da evolução não desejada de certos fatores de risco. Projetos exito 5.5.2 A importância dos fatores externos
sos, muitas vezes, são obrigados a devotar uma quantidade de tempo
razoável para “garantir” que as premissas evoluam de forma favorá No processo de elaboração do projeto, deve-se identificar os
vel ao alcance dos seus objetivos. Evita-se, assim, desgaste desne fatores externos relevantes para realizar os Resultados, o Objetivo
cessário de energia institucional, de tempo e de recursos. dò Projeto e o Objetivo Geral. Se um determinado fator externo é
Com o preenchimento da Ia e da 4a colunas da matriz, temos, muito importante para o êxito do projeto, deve-se procurar colocá-lo
então, um encadeamento lógico um pouco mais complexo, represen no processo, transformando-o em Resultado a ser perseguido. Se isto
tado no diagrama abaixo: não for possível, tal fator externo converte-se então numa Premissa,
sendo indicado na 4a coluna do ML. Por outro lado, se um fator exter
no for essencial para o projeto e tiver grande probabilidade de com
1a Coluna 4a Coluna portar-se de forma contrária aos interesses do projeto, recomenda-se
mudar completamente a estratégia de intervenção do projeto.
tura corporal como indicação de doença, isso não nos faz acreditar
• Para quê? Definir a variável específica a ser avaliada.
que a febre seja a causa da doença, menos ainda que seja a própria Ex.: “nível de associativismo”.
doença 18.
• O quê? Indicar concretamente o que se vai avaliar.
Variação do índice de sindicalização dos trabalhadores
empregados na comunidade São Benedito.
5.6.3 Tipos de Indicadores
• Quanto? Quantificar a variação esperada.
Há dois tipos básicos de Indicadores - os quantitativos e os Aumento de 20% da sindicalização nas categorias profissi
qualitativos. onais melhor organizadas e de 10% nas menos organizadas em
- Quantitativos : são aqueles capazes de expressar varia relação à situação inicial (começo do projeto, conforme conclu
ções quantificáveis, utilizando, para isso, unidades de medida sões do diagnóstico).
tais como: número de pessoas, percentuais, volume de recursos,
etc. • Quem? Definir o grupo social de referência.
- Qualitativos : são aqueles que expressam variáveis ou di Trabalhadores empregados que moram na comunidade.
mensões que não podem ser expressas apenas com números, como
participação, valores e atitudes, articulação, liderança, auto-estima, • Quando? Indicar a partir de quando e por quanto tempo.
etc. Verificar variações no índice de sindicalização a cada ano.
No contexto de projetos de desenvolvimento social, os Indica
dores qualitativos tenderão a expressar mudanças nas relações de • Onde? Indicar a localização geográfica de referência.
poder existentes. Comunidade São Benedito e comunidade vizinha para
O uso de Indicadores quantitativos e/ou qualitativos será de controle (Santa Clara).
term inado pelos objetivos do projeto. Projetos com Objetivos e
•Como? Indicar os Meios de Verificação.
Resultados mais tangíveis - isto é, mais facilmente observáveis e
Consulta regular aos sindicatos selecionados e preenchi
mensuráveis - tenderão a usar relativam ente mais Indicadores
mento de ficha respectiva pelo grupo comunitário responsável
quantitativos do que outros projetos. Já nos projetos com dimen
pelo Monitoramento dessa variável do projeto.
sões mais intangíveis - mais difíceis de captar objetivamente, como
“recuperação da auto-estim a” ou “mudança nas relações de gê
Para se saber se um Indicador é apropriado ou não, deve-se
nero”, por exemplo - , tenderão a predominar os Indicadores qua
litativos. lazer o teste da sua viabilidade e da validade:
• Indicadores de Efetividade: Indicam os efeitos que o uso • Utilizar um número de Indicadores adequado para o projeto, o
dos Resultados pelos beneficiarios geraram. Usualmente, indicam que é determinado pelo equilíbrio entre ter-se informações e
mudanças na qualidade de vida, no comportamento e em atitudes e/ dados em excesso e não se ter informações suficientes para
ou na forma de funcionamento de organizações. Sua definição é julgar o progresso das ações19.
bem mais difícil do que a dos Indicadores Operacionais e de De • Fazer com que o processo de seleção e definição dos Indi
sempenho. A função-chave desses Indicadores é demonstrar até cadores seja o mais participativo possível, envolvendo to
que ponto os Objetivos do Projeto foram alcançados. Dado que a dos os principais atores envolvidos no Projeto, a começai
tendência é levar um certo tempo para que o conjunto dos Resulta pelos seus beneficiários. Um bom sistema de indicadores é
dos surta Efeitos junto aos beneficiarios, é recomendável avaliar a aquele que é reconhecido por todos como válido, adequado
Efetividade depois de transcorrido um certo tempo (alguns meses a e viável.
um ano, pelo menos) a partir da produção dos Resultados. Sugere- • Realizar discussões regulares entre os atores envolvidos no
se, ainda, que os Indicadores de Efetividade não sejam mais do que projeto, de forma a poder-se captar Resultados e/ou Efeitos
um ou dois, o que ajuda a focalizar o Monitoramento & Avaliação não previstos, sejam eles positivos ou negativos.
do projeto. • Integrar não apenas Indicadores Objetivamente Verificáveis
(IOVs), mas também questões abertas relativas a cada nível
• Indicadores de Impacto: São aqueles que indicam os bene do Marco Lógico de forma a estimular a reflexão e o apren
fícios mais amplos e de mais longo prazo gerados pela realização dos dizado acerca do progresso do projeto, sem ficar refém dos
Objetivos do Projeto. Os Indicadores de Impacto referem-se à con íOVs.
tribuição do Objetivo do Projeto para alcançar um Objeto Geral hie • Explicitar os Meios de Verificação, assim como a indicação
rarquicamente superior, de maior alcance e mais complexo (o objeti da responsabilidade pela coleta, registro e análise dos dados.
vo de um programa setorial, por exemplo). Por isso, eles normalmen • Ser enxuto em termos de uso de recursos e relativamente
te são indicadores indiretos, os quais evidenciam metas que estão fácil de entender e operacional izar.
fora do alcance direto do projeto. Isto é, os Indicadores de Impacto • Buscar ao máximo dados e informações já existentes ou de
dão evidência de que o projeto contribuiu efetivamente para o Obje fácil produção para economizar recursos e tempo.
tivo Geral mais amplo e de mais longo prazo.
Indicadores e (Meios de Verificação) no
Marco Lógico:
5.6.6 Critérios de um bom sistema de Indicadores
• Indicadores de Impacto: a) aumento da renda
mensal média dos jovens envolvidos no projeto 24
Um bom sistema de Indicadores de Monitoramento & Avalia meses após terem saído da rua [pesquisa de acompa
ção deve: nhamento dos egressos]; b) manutenção de pelo
• Ter mais Indicadores na base do Marco Lógico, nos níveis da menos 70% das crianças e jovens na escola 24 meses
após terem saído da rua [consulta às escolas].
Atividades/Recursos e dos Resultados e menos no topo, nos
níveis de Objetivo do Projeto e do Objetivo Geral. Tende-se a • Indicadores de Efetividade: a) redução de pelo
reduzir a dois ou três os Indicadores de Efetividade e a apenas menos 40% no número de crianças/jovens que vivem
um Indicador de Impacto, o qual pode ser desdobrado em su - e trabalham nas ruas de Capela após 24 meses do
projeto [levantamento realizado pelos educadores
bindicadores mensuráveis. de rua do Projeto e pesquisa da Prefeitura e Universi-
68 - Como Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? - 69
ções do Monitoramento. Por isso, trata-se ambos como uma unidade, 5.7.2 Para elaborar um sistema de M&A
expressa na sigla M & A 20.
Em resumo, o M&A do projeto é a observação e revisão cons Ainda na fase de elaboração do projeto, deve-se form ular o
tantes das informações, análises e hipóteses nas quais o projeto se seu sistema de gerenciamento, pelo qual definem-se atividades, pro-
baseia, a partir de: cediínentos e responsabilidades específicas no acompanhamento do
• mudanças na realidade concreta ao longo da execução; projeto. Isto é tanto mais essencial quanto mais complexo for o
• evolução do próprio projeto e projeto e quanto maior for o número de grupos e instituições com
do avanço da leflexao e do aprendizado individual e coletivo21. ele envolvidos.
As despesas previstas para pôr em marcha o sistem a de
O M&A do projeto vai, então, realizar o acompanhamento do M&A de um projeto devem ser incluídas no seu orçamento, já que
projeto, tendo por base três instrumentos: o M&A é tão importante que é considerado uma parte do projeto.
Marco Lógico, através do qual se controla a lógica geral do Em geral, aceita-se que o custo específico do sistema de M&A
projeto e o grau de alcance de Resultados e Objetivos; de um projeto consuma até 5% do orçam ento total. Em casos
Plano Operacional, com o qual se controla a realização de excepcionais, pode-se tentar negociar um custo de 5 a 10% do
Atividades e ações de acordo com prazos, responsáveis e re total do projeto22.
cursos necessários e, ainda, O sistema de M&A, para gerenciar um projeto social, deve
orçamento do projeto, com o qual se deve buscar que o uso atender às seguintes orientações:
dos recursos pelo projeto esteja de acordo com a oferta de
recursos prevista originalmente. • A equipe executora do projeto deve ter a responsabilidade
principal pelo seu controle, assim como deve ter participação
O M&A de um projeto tem um caráter de duplo controle: a) efetiva na análise das informações do M&A e nas decisões
controle da equipe responsável pelo projeto sobre o seu andamento e sobre o projeto.
b) controle daqueles com poder de decisão final sobre o projeto (gerên • É importante manter um fluxo de informações regular sobie o
cias superiores, diietorias da instituição, consórcio de organizações, etc ) andamento do projeto para o público interno da(s) organiza
em lelação à equipe executora do projeto. Nesse último sentido, o M&A ção (ões) envolvida(s).
tem uma função de responsabilização e de transparência. • Deve-se analisar os sistemas de M&A das instituições envol
Mas o M&A do projeto tem um papel que vai muito além do vidas no projeto e sua cultura institucional de forma a cons-
controle, o qual diz respeito ao espaço de reflexão crítica e de aprendi truir-se um sistema de M&A que funcione e seja reconhecido
zado por parte da equipe executora, condição fundamental para o êxito como adequado.
de qualquer pi ojeto. Para que isso possa de fato ocorrer, é fundamental • Deve-se definir com clareza e transparência como o projeto
que a equipe tenha autonomia suficiente, ao mesmo tempo em que se estrutura e como são tomadas as decisões. Isto é, deve-se
assume sua responsabilidade perante as instâncias superiores. indicar quais são os grupos, equipes e instâncias responsáveis
Resumindo: os mecanismos de M&A devem tentar equili pela execução do projeto, assim como as instâncias que to
brar esses dois objetivos - promover o controle sobre o mam decisões no projeto (quem delas participa, sobre que
alcance dos resultados e objetivos e uso dos recursos (res questões tomam decisões, qual o fluxo de informações, quais
ponsabilização) , mas também a garantia de espaços de as competências específicas, etc.)-3.
autonomia e reflexão própria da equipe executora.
MARCO LÓGICO D O PROJETO TRAVESSIA
■
S S E lg íS
-\*ί
ATIVIDADES (segundo Resultados, e sem detalhamento Indicadores Operacionais: a) Ficha de Registro de a) Prefeitura aberta à convênio
de ações respectivas): a) Pelo menos 80% das Atividades (e ações) são reali Atividades e Controle do com Projeto, e sintonia
1.1 Definir proposta pedagógica, organização e zadas conforme cronograma e orçamento,- Orçamento; entre Objetivos do Projeto e
coordenação do trabalho e programa de ativida b) Pelo menos 70% das Atividades desenvolvidas o b) Ficha de Avaliação de política social municipal;
des do Centro de Apoio. são com qualidade Alta, e não mais do que 30% Atividades; b) disponibilidade de SENAI,
1.2 Selecionar e capacitar educadores de rua e delas realizadas com qualidade Satisfatória-, c) Controle orçamentário e SENAC, etc. a estabelecimen
profissionais nas áreas médica, psicológica, legal c) Pelo menos 80% dos recursos necessários à reali Relatórios financeiros e por to de parceria;
e de esporte, arte & lazer afinados com os zação das atividades foram acessados e disponibili Atividades/Resultados. c) sensibilidade e abertura de
objetivos do projeto. zados no tempo e na forma apropriada. escolas e pais e mestres
1.3 Estabelecer convênios com prefeitura e institui para inserção de crianças de
ções de assistência social. rua;
1.4 Reformar a casa na qual vai funcionar a Casa de d) Famílias existem e são
O Plano Operacional é a apresentação detalhada dos principais N° Atividades Ações Prazo Responsável Recursos Obs.
elementos do projeto, indicando resultados, atividades, ações, prazos,
responsabilidades e recursos necessários. Ele serve como instrumento
de orientação e controle cotidiano do desenvolvimento do projeto para
todos os envolvidos.
Dependendo da amplitude e complexidade do projeto, o Plano
Operacional do Projeto pode ser subdividido em planos específicos
por Resultado a ser alcançado. O Plano pode ainda ser formulado RESULTADO N° 02:
para períodos específicos de tempo.
Recomenda-se elaborar um novo Plano Operacional no início de cada N° Atividades Ações Prazo Responsável Recursos Obs.
ano a partir da avaliação ereplanejamento do ano anterior. O Plano deve ser
elaborado por um pequeno grupo de trabalho após ter-se terminado de for
mular o Marco Lógico do projeto de forma participati va e consensual.
• a caracterização, o mais específica possível, dos beneficiari çar o seu Objetivo. Indicar Resultados segundo os respective prazos
os do projeto, tanto em termos socioeconómicos, como geo de realização quando for o caso. Apresentar os Indicadores qc M&A
gráficos, de idade, de género, etc., quanto em termos de suas a serem utilizados.
percepções e interesses em relação à temática tratada. Indi
car de forma aproximada o total de beneficiários diretos e • Atividades
indiretos; Descrever as atividades a serem desenvolvidas para produzir
• a indicação da existência de outras iniciativas (públicas ou cada um dos resultados indicados. Indicar distintas fases ou períodos
não-governamentais) na área, mostrando a contribuição espe do projeto, de acordo com o cronograma. Apresentaros indicadores
cífica do projeto (grau de inovação). de M&A a serem utilizados.
• Proposta de financiamento
Indicar claramente, qual o montante de recursos finance, os
solici ados à'agênciaem questão, citando apoios ja garantidos e/ou
em negociação. Apresentar a quantidade de recursos propnos do
projeto. Nunca solicitar o total do orçamento.
■ Anexos
• Marco Lógico
Anexar o Marco Lógico do projeto.
• Plano Operacional , ,
Apresentar o Plano Operacional para o primeiro ano/penodo do
projeto.
1 Todas as epígrafes foram extraídas de livros de Amyr K link- 12. Conforme ODA ( 1995, p. 13); tradução do autor. [37]
Paratii (Cia. Das Letras, 1992), Cem Dias Entre o Céu e o 13. Ver especialmente ODA ( 1995), Fowler ( 1997), Brose (1999),
Mar (José Olympio, 1988) - e de trechos de sua entrevista para
IPEA ( 1996) e Matus (1989). [40]
Sergio Almeida publicada em Gestão de Sonhos: risco e opor
tunidades (Casa da Qualidade, 1999). [5] 14. Os métodos de diagnóstico rápido participativo (DRP) têm inú
meras denominações - Diagnóstico Rural Participativo (DRP),
2. Conforme Novo Dicionário Aurelio da Língua Portuguesa, 2a
Diagnóstico Rápido Participativo de Agroecosistemas (DRPA),
edição revista e ampliada, Editora Nova Fronteira, Rio de Janei Diagnóstico Rápido e Participativo Urbano (DRPU), Aprendi
ro, 1986. [18] zagem e Ação Participativas (Participatory Learning and Acti
3. Em parte baseado em Fowler (1997, pp. 16-18) e Rondinelli on), todos tendo surgido a partir do Rapid Rural Appraisal (RRA)
(1993, pp. 5-20). [20] e do Participatory Rural Appraisal (PRA). Para uma visão mais
detalhada do DRP, ver EMATER/RS ( 1999). [44]
4. Conforme Holliday (1996, pp. 47-50). [25]
15. Referida na literatura internacional como “stakeholder analy
5. Sobre a metodologia da sistematização, ver Holliday (1996) e
sis”. Esse procedimento foi desenvolvido como parte do plane
CESE (1999). Os passos aqui sugeridos foram retirados de
jamento estratégico empresarial nos anos 70 e, a partir daí,
Holliday ( 1993, pp. 81 -110). [26]
migrou para o campo do planejamento de ações sociais. Essa
6. Sobre orientações práticas para realizar planejamento estratégi seção é baseada especialmente em ODA (1995). [46]
co ver especialmente Brose ( 1993) para o método ZOPP, For
16. Segundo Bolay/GTZ(l 993, p. 18). [47]
tes (1998) para o PES-Planejamento Estratégico Situacional, e
Silva ( 1999) para uma combinação de ambos. [27] 17. Neste Guia, adota-se Resultado como expressão de um “ponto
de chegada” genérico, enquanto o Indicador dará uma dimen
7. Baseado em Fowler (1997, pp. 98-100). [28]
são mais concreta para tal ponto. Isto é, neste Guia, as metas
8 O ciclo aqui apresentado é inspirado em Comisión de las Comuni estão de fato integradas nos Indicadores. Há organizações que
dades Europeas (1993), Brose/GTZ (1993) e ODA (1995). [30] preferem integrar as metas nos Resultados e deixar aos Indica
9. Adaptado de Fowler (1997, p. 102). [31] dores apenas a indicação dos padrões de medida. Ambos os
procedimentos são aceitos como válidos. [51]
10. A metodologia do Marco Lógico foi criada em 1969 por urna
empresa de consultoria norte-americana (“Practical Concepts 18. Exemplo extraído de Valarelli (1999, p.2). [62]
Inc. - PCI, Washington, D.C.), a partir da avaliação do sistema 19. INTRAC ( 1999). [67]
de análise de projetos da USAID (Agência norte-americana para
o Desenvolvimento Internacional) e, logo a seguir, incorporada 20. Para um aprofundamento da questão do M&A de projetos soci
ais, ver especialmente Monitoria e Avaliação de Projetos:
à promoção do desenvolvimento social pelas principais agências
orientações para o trabalho em grupo , de Kressirer & Salzer
de cooperação internacional. [36]
/GTZ (1993). [70]
11. O ZOPP - Planejamento Orientado por Objetivos é um método
21. Conforme indicado por Fortes (1998, p.21). [70]
de planejamento criado no início dos anos 80 pela GTZ (Socie
dade Alemã de Cooperação Técnica). Para uma introdução ao 22. A GTZ (Sociedade Alemã de Cooperação Técnica) aceita um
ZOPP, ver Brose (1993) eBolay (1993). [36] teto de até 10% do total do projeto; já o Banco Mundial indica uma
faixa de variação de 4 a 10%; conforme Kressirer & Salzer/GTZ
(1993, p.57). [71]
23. Conforme indicado por Kressirer & Salzer/GTZ (1993). [71]
24. Conforme sugerido no Manual ’’Gestión del Ciclo de un Proyec
to” da Comissão das Comunidades Europeias ( 1993,pp. 39-40).
[74]
25. Baseado em Comissão das Comunidades Europeias (1993, p.40).
[75]
26. Modelo de Plano Operacional adaptado de Kressirer & Salzer /
GTZ(1993,p.45). [77]
27. Este roteiro é uma adaptação baseada em várias alternativas
existentes, especialmente o manual da Comunidade Europeia
(Comisión de las Comunidades Europeas, 1993). [77]
90 - Como Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? - 91
Atores envolvidos: são todos os indivíduos, grupos ou instituições (para o controle dos Resultados), Indicadores de Efetividade (para
sociais que têm algum interesse em jogo em relação a um projeto avaliar o alcance do Objetivo do Projeto) e Indicadores de Impac
determinado. Alguns tipos básicos de atores envolvidos podem to (para avaliar o quanto o projeto contribuiu para mudanças soci
ser: a(s) organização(ões) promotora(s) do projeto, seus benefici ais mais amplas e duradouras). Os indicadores são um dos princi
ários diretos (público-alvo do projeto), os beneficiários indiretos, pais instrumentos do gerenciamento de um projeto.
os indivíduos ou pessoas que podem ser desfavoravelmente afeta Marco Lógico: metodologia de elaboração, análise e gestão de pro
dos pelo projeto, os que apoiam o projeto (parceiros e aliados) e jetos baseada numa matriz de 4 linhas e 4 colunas. Foi criada nos
aqueles que o financiam. Estados Unidos no início dos anos 70 e disseminada internacional
Atividades: São o conjunto de ações concretas desenvolvidas por mente a partir de então. O Marco Lógico trata um projeto como
uma organização durante a implementação de um projeto. um conjunto de hipóteses e de relações de causa e efeito, tornan
Avaliação: é a atividade de analisar o quanto um projeto foi capaz de do explícitas as relações entre as Atividades, os Resultados, os
produzir os efeitos e impactos a que ele se propôs. Há dois mo Objetivos do Projeto e o Objetivo Geral ao qual ele quer contribuir.
mentos básicos em que a avaliação ocorre: durante a execução do O Marco exige ainda a explicitação dos fatores de risco do projeto
projeto, dentro da dinâmica de Monitoramento & Avaliaçao, e ao (Premissas).
final de um período determinado (um ano, um trienio ou mesmo o Meios de Verificação: são os dados, as informações e os meios de
final do projeto), quando tende a ser mais profunda e se beneficiar coleta e registro necessários para verificar como variaram os In
de participação externa. dicadores de um projeto.
Beneficiários: conjunto de pessoas e grupos aos quais sao dirigidos Monitoramento: atividade de observação, coleta e registro de in
os benefícios produzidos por um projeto social e cuja situação os formações durante a execução de um projeto, tendo por objetivo o
projetos sociais pretendem melhorar. Quando participam da ela controle da realização das Atividades, do uso dos recursos e a
boração e do gerenciamento de um projeto, conferem-lhe maiores produção dos Resultados Imediatos esperados.
chances de êxito e sustentabilidado. Objetivos do Projeto: são os Efeitos (ou mudanças sociais) que o
Diagnóstico: é o estudo do contexto em que o projeto vai se desen projeto pretende produzir ao longo de sua existência em relação a
volver, devendo oferecer informações úteis para a sua elaboraçao grupos sociais beneficiários. Expressam a razão de ser do projeto.
e monitoramento & avaliação. Objetivo Geral: é o objetivo superior ao projeto ao qual ele preten
Efeitos: são as mudanças concretas provocadas poi um piojeto du de contribuir. Normalmente, é o objetivo de um programa do qual
tante ou logo após sua vida útil. Expressam o alcance dos Objeti- o projeto faz parte. Ele expressa as mudanças mais profundas e
vos do Projeto. duradouras que o projeto pretende influenciar, mais além de seus
Impacto: são as mudanças mais profundas e de mais longo prazo objetivos específicos.
que um projeto pretende influenciar. São mudanças sociais mais Participação: é o envolvimento efetivo na elaboração e no desen
amplas do que aquelas geradas no âmbito do projeto junto aos volvimento de um projeto de seus potenciais beneficiários diretos
grupos beneficiários (Resultados e Efeitos). e de todos os grupos e instituições que podem contribuir com seu
Indicadores: são os parâmetros ou “sinais” utilizados para avaliar o êxito.
andamento de um projeto. Eles podem indicar mudanças de quan Plano Operacional: é a apresentação resumida das principais Ati
tidade ou de qualidade ramo às metas estabelecidas. Na metodo vidades de um projeto, contendo seu prazo de realização, a(s)
logia do Marco Lógico, utilizam-se Indicadores Operacionais (paia pessoa(s) responsável(eis), os recursos necessários e os apoios
o controle de Atividades e recursos), Indicadores de Desempenho envolvidos.
92 - Como Elaborar Projetos? Como Elaborar Projetos? - 93
11( )l .LIDAY, O. J. Para Sistematizar Experiencias. Recife: UFPB, 1996. Outras publicações da Tomo Editorial
INTERNATIONAL NGO TRAINING AND RESEARCH CENTRE. The
Evaluation of Social Development: Report of the Latin-American Este livro aprofunda temas apresentados no
workshop (Nicaragua), Oxford: INTRAC, 1999, mimeo. XXV Congresso da ALAS (Associação Latino
Americana de Sociologia), analisando os pro
KRESSIRER, R., SALZER, W. Monitoria e Avaliação de Projetos: ori
cessos produtores e reprodutores da pobreza
entações para o trabalho em grupo. Recife: GTZ, 1993. na América Latina e o modo como são teoriza
MATUS, Carlos. Adeus, Senhor Presidente: planejamento, antiplaneja- dos no pensamento social latino-americano. A
mento e governo. Recife: Litteris, 1989. preocupação central dos autores foi contribuir
teórica e metodologicamente para uma me
OVERSEAS DEVELOPMENT ADMINISTRATION. The Logical Fra lhor compreensão do fenômeno da persistên
mework: a tool for better Project Cycle Management. ODA (UK). cia da pobreza. Para tanto, são apresentadas
1995, (Série “Project Mentor Workshop”). análises sobre a desconstrução do mundo do
trabalho e o aumento do desemprego, as cons
OVERSEAS DEVELOPMENT ADMINISTRATION. Guidance Note On
truções discursivas, as instituições do Estado e
How To Do Stakeholder Analysis of Aid Projects and Programmes. as políticas governamentais que, longe de tra
ODA - Social Development Department, 1995. zerem soluções para as populações vulnerá
RONDINELLI, Dennis A. Development projects as policy experiments: veis, reforçam as desigualdades.
an adaptive approach to development administration. Londres/Nova
Iorque: Routledge, 1993.
Produção de pobreza e desigualdade na América Latina
SILVA, Marcos José Pereira da. Onze passos do Planejamento Estraté
organizadores: Alberto D. Cimadamore e Antonio David Cattaui
gico Participativo. São Paulo: CDHEP, 1999. 240 páginas ISBN: 978-85-86225-50-5
TENORIO, Fernando (org). Gestão de ONGs: principais funções ge
renciais. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1997. Convite à reflexão sobre as coisas da cultura,
o livro é ideal para quem tem antropologia no
TENORIO, Fernando (Coord.), BERTHO, H. e CARVALHO, H.F. Ela currículo, mesmo que não pretenda ser antro
boração de Projetos Comunitários: abordagem prática. São Paulo: pólogo. E também uma excelente escolha para
Loyola/CEDAC, 1995. quem quer conhecer a antropologia como
complemento à sua formação ou para deci
VALARELLI, Leandro Lamas. Indicadores de resultados de projetos
dir-se por ela. Com linguagem clara e aborda
sociais. Rio de Janeiro, 1999, mimeo. gem leve, sem fazer concessões em relação à
complexidade dos conteúdos, o autor apre
senta, neste primeiro volume da série P ara
quem não v a i ser, os principais elementos da
antropologia, suas correntes e conceitos fun
damentais, formando um painel que explica
como essa forma de conhecimento se consti
tuiu, como se atualiza constantemente, con
tribuindo para a compreensão das questões
sociais.
iiiningos Armani