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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE ÚNICA
MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR............................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
HISTÓRIA DA TERAPIA FAMILIAR.................................................................................................. 9
CAPÍTULO 2
TERAPIA FAMILIAR.................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 3
ESCOLAS E TERAPIA PÓS-MODERNA........................................................................................ 24
CAPÍTULO 4
CONSTRUCIONISMO SOCIAL E TERAPIAS NARRATIVAS.............................................................. 32
CAPÍTULO 5
TERAPIA FAMILIAR E TRANSGERACIONALIDADE......................................................................... 38
CAPÍTULO 6
GENOGRAMA NO ESPAÇO TERAPÊUTICO................................................................................ 41
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 53
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
O Assistente Social, no exercício de suas atribuições, possui a necessidade do conhecimento
dos Modelos de Terapias Familiares. Por isso, torna-se relevante a obtenção de informações
sobre a existência dos diversos Modelos de Terapias Familiares, tais como: as pós-modernas, as
narrativas e o modelo trigeracional.
Este Caderno, portanto, tem o objetivo de proporcionar informações acerca dos Modelos de
Terapias Familiares, com o compromisso de orientar os profissionais da área de Serviço Social,
para que possam desempenhar suas atividades com eficiência e eficácia.
Objetivo
»» Conhecer os diversos Modelos de Terapia Familiar.
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MODELOS DE UNIDADE ÚNICA
TERAPIA FAMILIAR
CAPÍTULO 1
História da Terapia Familiar
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Segundo Bloch e Rambo (1998), o descontentamento com esse modelo teve origem
em alguns pontos, sendo os principais: o caráter limitado do modelo freudiano de
desenvolvimento psicológico feminino; as mudanças dos paradigmas nas ciências
sociais e naturais, o que inclui a física pós-einsteiniana, a Teoria da Informação,
a Cibernética, a Linguística e a Teoria Geral dos Sistemas; a consciência dos limites
das noções de saúde mental; e a tomada de consciência em relação à importância do
contexto, o que, segundo os críticos, estaria em desacordo com a psicanálise, já que esta
teria seu enfoque voltado para a história passada, na experiência interna do indivíduo,
expressa em sequências intrapsíquicas.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Na década de 1930, foi desenvolvida, por Ludwig Bertalanffy, a Teoria Geral dos
Sistemas, tendo por objetivo desenvolver leis que explicassem o funcionamento de
sistemas gerais, independentes de sua natureza. Era, também, uma tentativa de aplicar
princípios organizacionais a sistemas biológicos e sociais (RAPIZO, 1996). Junto a um
biomatemático e um fisiologista, Bertalanffy criou o Centro de Estudos Superiores das
Ciências do Comportamento, que mais tarde se tornou a Sociedade de Pesquisa Geral
dos Sistemas, com o objetivo de desenvolver estudos sobre sistemas teóricos que fossem
aplicáveis a mais de uma das disciplinas tradicionais da ciência.
De acordo com essa teoria, existiam princípios e leis que se aplicam aos sistemas em
geral, independentemente de seu tipo particular, da natureza de seus elementos e das
relações que atuam entre eles. A busca por princípios universais aplicáveis aos sistemas
em geral, obteve como resultado três propriedades que estariam presentes em sistemas.
De acordo com Ponciano (1999), para definir essas propriedades, essa teoria operou o
deslocamento da ênfase no conteúdo para a estrutura.
A palavra Cibernética vem do grego kybernetes, que significa piloto, condutor. Tal
palavra foi escolhida pelos criadores da Cibernética, Wiener, Rosenblueth e Bigelow,
para nomear o campo do conhecimento que se ocupa da teoria do controle e da
comunicação na máquina e no animal. Ao escolherem esse nome, gostariam que fosse
associado às máquinas que pilotam os navios, por estas serem as primeiras e mais bem
desenvolvidas formas de feedback, conceito central de sua teoria. À medida que suas
ideias foram apresentadas, outros cientistas interessaram-se e perceberam claramente
a analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o funcionamento das máquinas
de computação. Com o desenvolvimento de pesquisas e sua importância para a guerra,
visto que a construção de máquinas computadoras era essencial naquele momento
histórico, em 1946, aconteceu a primeira de uma série de conferências dedicadas
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
família se organiza e opera, quais os significados que são ou não compartilhados por
seus membros.
No Brasil, podemos destacar como grandes nomes da Terapia Familiar, entre outros:
Marilene Grandesso, Maria José Esteves, Terezinha Féres, Rosa Macedo, Sandra
Fedulo, Roberto Faustino (Recife), Rosana Rapizzo e Luiz Carlos Prado.
É importante ressaltar que a Terapia Familiar dos dias atuais tem seus paradigmas
baseados na Ciência Pós-Moderna e se apoia nos seguintes conceitos.
A Teoria Sistêmica nos ensina a olhar como a vida das pessoas é moldada pelas interações
tanto com seus familiares quanto pelos contextos nos quais estão inseridos. O contexto
familiar é compreendido de forma menos objetiva e mais complexa, no qual se vai em
busca dos diversos significados dos membros familiares e da família como um todo. O
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
terapeuta familiar deverá atuar como um facilitador, ajudando nesse processo de curar
feridas e, também, de mobilizar talentos e recursos.
Para tal, é preciso que, ao trabalhar no processo terapêutico familiar, o terapeuta possa
se aprofundar nos seguintes pontos significativos.
»» Contexto relacional.
»» Processos de comunicação.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
entre família e terapeuta, voltando o olhar à família também como recurso, e não
só dificuldade.
»» Sabendo que não existe apenas uma realidade, o terapeuta precisa estar
consciente das suas ideias que tem acerca das patologias, estruturas
disfuncionais, seus preconceitos, das suas demandas, para que, colocando
tudo isso em parênteses, possa estar aberto para visões alternativas.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Refletindo sobre o panorama atual da Terapia Familiar, podemos considerar que sua
consistência decorre de uma epistemologia unificadora pós-moderna, apoiada numa
hermenêutica contemporânea construída na intersubjetividade, envolvendo a pessoa
do terapeuta como coconstrutor das realidades com as quais trabalha. A prática dessas
terapias ditas pós-modernas envolve um trânsito do terapeuta entre teoria e prática de
modo epistemologicamente coerente, de acordo com os meios que se lhe apresentem
mais úteis e despertem seu entusiasmo e sua criatividade enquanto interlocutor
qualificado.
Enquanto uma prática social transformadora, essa terapia se organiza a partir dos
contextos locais e das histórias culturais de distintas comunidades linguísticas. O
respeito pela diversidade e multiplicidade de contextos com seus saberes locais implica
numa terapia construída a partir da aceitação da responsabilidade relacional do
terapeuta, legitimando os direitos humanos de bem-estar e de exercício da livre escolha.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Terapia Familiar
A Teoria Geral dos Sistemas é um modelo abstrato com um nível de generalização tal
qual se pode aplicar a diferentes ciências. O que os psicoterapeutas familiares fizeram
foi tomar os seus conceitos básicos e utilizá-los ao campo da Terapia Familiar.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
A Terapia Familiar, muitas vezes, está associada à sua variante de terapia de casal, e
conhecida como Terapia Familiar Sistêmica, devido à sua origem no seio do modelo
sistêmico. É um tipo de terapia que se aplica a casais ou famílias, em que os membros
possuem algum nível de relacionamento. A Terapia Familiar Sistêmica tende a
compreender os problemas em termos de sistemas de interação entre os membros de
uma família. Desse modo, os relacionamentos familiares são considerados como fator
determinante para a saúde mental, e os problemas familiares são vistos mais como um
resultado das interações sistêmicas do que como uma característica particular de um
indivíduo.
Para se pensar de forma sistêmica, é necessário ter uma nova forma de olhar o mundo
e o homem. Além disso, também é exigida uma mudança de postura por parte do
cientista, postura esta que propicia ampliar o foco e entender que o indivíduo não é o
único responsável por ser portador de um sintoma, mas, sim, que existem relações que
mantêm esse sintoma.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
O terapeuta familiar pode oferecer uma melhora das interações no interior do sistema
familiar e fazer um processo de recodificação de mensagens, possibilitando maior
compreensão nas suas comunicações. Também pode facilitar uma busca e descoberta
de novos caminhos de relação sistêmica, incitar a todos para atuarem e descobrirem
onde convém introduzir mudanças, para favorecer uma evolução e um amadurecimento
ao paciente identificado e em todo sistema.
Na área “psi”, podemos ressaltar algumas postulações teóricas de autores que colaboram
para o surgimento da Terapia Familiar. Um importante precursor, sem dúvida, foi Adler,
que enfatiza, em sua Teoria do Desenvolvimento da Personalidade, a importância dos
papéis sociais e as relações entre esses papéis na etiologia da patologia. Influenciado
pelas teorias de Adler, Sullivan coloca que a doença mental tem origem nas relações
interpessoais perturbadas e que um entendimento mais completo do indivíduo só
pode ser alcançado no contexto de sua família e de seus grupos sociais. Sullivan coloca,
assim, a patologia na relação, na dimensão interacional. Paralelamente a Sullivan,
Frieda Fromm-Reichman estuda a relação mãe-filho como possível fonte de patologia e
formula o conceito de mãe esquizofrenogênica, para explicar, em termos etiológicos, a
relação do paciente esquizofrênico com sua mãe.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Essa situação postergou a divulgação do trabalho clínico inicial com famílias e tornou
a pesquisa, nesse período, o modo mais facilmente aceitável de se atenderem famílias,
facilitando a aprendizagem sobre seu funcionamento e sobre as possibilidades
terapêuticas de atendimento conjunto. Assim, os primeiros autores importantes na
área da Terapia Familiar produziram conceitos teóricos relevantes sobre estrutura e
dinâmica da família, ao longo do desenvolvimento de grandes projetos de pesquisa.
Essa pesquisa inicial foi realizada com a população esquizofrênica, tendo em vista ser a
esquizofrenia uma doença frequente, de longa duração, com alto índice de reincidência,
e muito resistente aos métodos terapêuticos vigentes. O problema social dela decorrente
justificou a aplicação de verbas públicas na investigação dessa patologia, o que ocorreu,
nesse momento, sobretudo nos Estados Unidos e na Inglaterra.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Enfoque Sistêmico
A família é vista como um sistema equilibrado. O que mantém esse equilíbrio são
as regras do funcionamento familiar. Quando, por algum motivo, essas regras são
quebradas, entram em ação meta-regras, para restabelecer o equilíbrio perdido.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
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CAPÍTULO 3
Escolas e Terapia Pós-Moderna
Escola Estrutural
Na década de 1950, a Teoria Estruturalista tornou visível o conflito entre as Teorias
Clássicas e das Relações Humanas. A primeira considerava a organização formal sob
uma visão de que, para as empresas serem eficientes, deveriam ter o foco na estrutura e
na forma. Já a última valorizou a teoria informal, as pessoas e os grupos internos.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Conceito de Estruturalismo
O conflito nas organizações pode ser decorrente tanto dos atributos estratégicos,
estruturais, processuais e ambientais quanto de desempenho. Fatores como origem,
educação, experiência e treinamento moldam cada empregado em uma personalidade
única com um conjunto particular de valores. O resultado é que as pessoas podem ser
vistas pelas outras como ríspidas, indignas de confiança, difíceis, estranhas de lidar.
Essas diferenças pessoais podem estimular o conflito.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
As escolas anteriormente estudadas tinham visão parcial dos elementos que compunham
uma organização. E é impróprio considerarmos que o Estruturalismo constitui por si
só um corpo teórico com inovações conceituais sobre a administração, mas não o é
considerá-lo a forma organizada de analisar os mesmos problemas já abordados de
maneira fragmentada.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Escola Estratégica
A Escola Estratégica (HALEY, 1985; MADANES, 1984) é um modelo pragmático voltado,
essencialmente, para a clínica. Sua preocupação é com a solução do problema e com
a identificação dos comportamentos que mantêm o problema. Para cada resolução de
problema, são traçadas estratégias específicas. Há um plano geral que inclui a primeira
entrevista, a qual tem lugar muito importante, pois, além de explorar o problema,
estabelece as metas e as atribuições que cabem a todos. Progressivamente, vão sendo
planejadas intervenções que requerem cooperação de todos, até o estágio de resolução
do problema, e uma fase posterior de manutenção dos ganhos obtidos.
Escola de Milão
Refere-se à Escola da Psicoterapia Sistêmica, desenvolvida pelos psiquiatras e
psicanalistas milaneses Mara Selvini Palazzoli, Luigi Boscolo, Gianfranco Cecchin e
Giuliana Prata. Esse grupo de estudiosos afastou-se da psicanálise na década de 1970
e dava ênfase ao tratamento da família como um todo, priorizando a observação do
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
“jogo” intrafamiliar, ou seja, das regras internas e implícitas que regem a família − e
que, normalmente, servem de apoio à sintomática.
A neutralidade é a posição de que o sistema deve ser visto em todas as suas partes,
e todas têm a mesma importância na sua expressão. Na prática, é fazer aliança com
todos os membros da família. Além do valor da equipe como um importante recurso
no atendimento, a Escola de Milão trouxe questionamentos sobre o intervalo entre as
sessões como outro recurso terapêutico (BOSCOLO; CECCHIN; HOFFMAN & PENN,
1993). Nichols & Schwartz (2006/2007) consideram que a Escola de Milão pode ser
vista como estratégica (na origem de seus conceitos e prescrições) e com ênfase na
adoção de rituais, que são ações prescritas para dramatização da conotação positiva.
Escola Construtivista
No final da década de 1970, utilizando os conceitos da Cibernética de Segunda Ordem e de
sua aplicação aos sistemas sociais, surge a Escola Construtivista. A partir da concepção
de retroalimentação evolutiva de Prigogine (1979), considera-se que a evolução de um
sistema ocorre por meio da combinação de acaso e história, em que, a cada patamar,
surgem novas instabilidades que geram novas ordens, e assim sucessivamente. Nessa
perspectiva em que os sistemas vivos são considerados como hipercomplexos e
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
A Terapia Sistêmica de Família mudou juntamente com o mundo, que já não é mais o
mesmo. As ideias pós-modernas, com contribuições dos aportes filosóficos, abordando
as questões da linguagem, as teorias sobre a construção conjunta de significado, as
questões de gênero, a ética, as contribuições da nova física e os novos conhecimentos
sobre o funcionamento do cérebro e da mente formaram um pano de fundo para o
surgimento de novas escolas de Terapia de Família.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
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CAPÍTULO 4
Construcionismo Social e Terapias
Narrativas
Construcionismo Social
O Construcionismo Social considera o discurso sobre o mundo não como um reflexo
ou mapa do mundo, mas como um artefato de intercâmbio social. O Construcionismo
constitui-se um desafio significativo à compreensão convencional, sendo uma orientação
tanto em relação ao conhecimento quanto ao caráter dos constructos psicológicos.
Embora suas raízes possam ser rastreadas há bom tempo nos debates entre as escolas de
pensamento empirista e racionalista, o Construcionismo busca ultrapassar o dualismo
com o qual as duas teorias estão comprometidas e situar o conhecimento no interior dos
processos de intercâmbio social. Ainda que o papel da explicação psicológica se torne
problemático, o Construcionismo plenamente desenvolvido pode oferecer um meio
para compreender o processo da ciência e convidar para que se desenvolvam critérios
alternativos para a avaliação da investigação psicológica.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Tampouco as teorias têm sido capazes de resolver o dilema cartesiano de explicar como
a “matéria mental” pode influenciar ou ditar diferentes movimentos corporais.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
O Construcionismo tem sido uma alternativa atraente por causa de sua ênfase nas
bases sociais do conhecimento, seus processos de interpretação e sua preocupação com
os fundamentos valorativos das descrições científicas. As feministas têm sido, portanto,
pioneiras no emprego de estratégias interpretativas de pesquisa, documentando a
construção científica de gênero, demonstrando os usos pragmáticos da investigação
construcionista (SASSEN, 1980) e explorando os fundamentos da metateoria
construcionista. (UNGER, 1983)
Terapias Narrativas
A Terapia Narrativa é, às vezes, conhecida por envolver a “reautoria” ou a “renarração”
das conversas. Como esses relatos sugerem, as histórias são centrais para a compreensão
de formas narrativas de trabalho.
Elas se distinguem das outras abordagens terapêuticas na forma como olham para o
discurso das pessoas (suas narrativas). Enquanto as outras abordagens veem o discurso
das pessoas como meio para chegar aos fenômenos psicológicos relevantes, ou seja,
olham por meio da narrativa, as terapias narrativas veem esse discurso como sendo o
próprio fenômeno psicológico relevante. Essa abordagem se desenvolveu, após a década
de 1970, a partir dos trabalhos Michael White e David Epston, da Nova Zelândia, e
entende que as pessoas são os maiores especialistas em suas próprias vidas e, por isso,
o olhar sobre as histórias que elas contam sobre si mesmas passa a ser priorizado.
Há muitos temas diferentes que poderiam caracterizar o que ficou conhecido como
“Terapia Narrativa”, e cada terapeuta trabalha essas ideias de maneira diversa. Quando
você ouve alguém se referindo à “Terapia Narrativa”, elas podem estar se referindo a
formas peculiares de compreender as identidades das pessoas. Ainda como alternativa,
elas poderiam estar se referindo a certas maneiras de compreender problemas e seus
efeitos nas vidas das pessoas. Elas também poderiam estar falando sobre formas
singulares de conversar com as pessoas sobre suas vidas e sobre os problemas pelos
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
A Terapia Narrativa busca ser uma abordagem respeitosa, sem tentar achar culpados
para realizar os aconselhamentos e trabalhos com a comunidade, e que centra as pessoas
como especialistas em suas próprias vidas. Ela examina os problemas como situações
separadas das pessoas e pressupõe que as pessoas têm diversas habilidades, diversas
competências, diversas crenças, diversos valores, diversos compromissos e diversas
habilidades que irão ajudá-las a reduzir a influência dos problemas em suas vidas.
Dessa forma, conversas narrativas são guiadas e dirigidas pelos interesses daqueles que
estão consultando o terapeuta.
suas vidas e seus relacionamentos, seus efeitos, seus significados e o contexto no qual
elas foram formadas e criadas.
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CAPÍTULO 5
Terapia Familiar e Transgeracionalidade
Enfocaremos um terapeuta que baseia a sua prática em uma posição narrativa, que
considera que os sistemas humanos são geradores de linguagens e sentidos, (incluindo
o sistema terapêutico), os quais são construídos socialmente dialogicamente, em uma
troca de mão dupla, na qual novos sentidos são criados. O terapeuta passa a ser um
observador-participante que exercita a sua “arte” ao fazer perguntas terapêuticas,
a partir de uma posição de não saber, que objetiva a criação dialógica de uma nova
narrativa, que dá um novo sentido para a vida. (MCNAMEE; GERGEN, 1998)
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
proporciona uma visão do quadro geracional de uma família e de seu movimento por
meio do ciclo de vida: “Os genetogramas são retratos gráficos da história e do padrão
familiar, mostrando a estrutura básica, a demografia e os relacionamentos da família”
(CARTER; MCGOLDRICK, 1985, p.144). As informações reunidas pelo Genograma
incluem nomes e idades de todos os membros da família; datas exatas de nascimentos,
casamentos, separações, divórcios, mortes, abortos e outros acontecimentos
significativos; indicações datadas das atividades, ocupações, doenças, lugares de
residência e mudanças no desenvolvimento vital; e as relações entre os membros da
família.
Por meio dos Genogramas, ao acessar os principais mitos e as principais crenças que
norteiam a vida da família atendida, que a acompanham há gerações e determinam
os padrões de relacionamentos, é possível a criação de hipóteses sobre o problema
clínico da família. Com isso, é possível fazer determinadas predições sobre os processos
futuros que a família vivenciará, baseando-se na utilização do Genograma. De acordo
com Bowen (apud WENDT; CREPALDI, 2007), passado e presente são examinados
para se obter possíveis informações sobre o futuro.
Outro método é impeli-los para frente, em direção às novas gerações. Ao supor que os
sintomas têm continuidade pelas gerações, é possível acessar o rico mundo simbólico
que percorre a família extensiva. Sequências comportamentais que formam padrões se
tornam organizadas em torno de temas que, frequentemente, servem como metáforas
para o tipo de sintoma que é escolhido. A palavra tema quer dizer uma questão específica
emocionalmente carregada, em torno da qual há um conflito periódico. Visto que há
muitos temas em toda família, o terapeuta procura aquele que é mais relevante para
o sintoma. O entendimento dessas crenças e temas serve de base para a intervenção
terapêutica (PAPP, 1992). A compreensão das crenças e dos temas é deduzida, por meio
da escuta da linguagem metafórica, no rastreamento de sequências comportamentais.
“O interesse primário do terapeuta é com o uso do comportamento e em como a
função de uma parte do comportamento está ligada com a função de outra parte do
comportamento, a fim de preservar o equilíbrio familiar”. (PAPP, Op. cit. p.22)
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
A ação terapêutica pode ser considerada ritual que provoca uma estrutura espacial e
rítmica aos encontros e pode prescrever rituais singulares adaptados a cada contexto
familiar, os quais permitem que sejam abordadas situações que seriam explosivas, se
abordadas de frente. A ritualização terapêutica poderá apoiar-se em diversos suportes
mediáticos, bem como em suas hibridações recíprocas, tais como palavras, desenhos,
cartas, “objetos metafóricos”, equipamentos técnicos, registros, sala equipada com um
espelho unidirecional, pessoas dos terapeutas, jogos relacionais, jogos interinstitucionais
etc. (SELVINI apud MIERMONT, 1994)
Culturalmente, na época em que os pais eram crianças, não havia uma proteção social
em relação às crianças como existe hoje, acumulando neles, então, sofrimentos e
experiências destrutivas para a construção de um eu positivo, em meio a muita solidão.
É necessário que terapeuta fale sobre esse tema, para proteger a criança maltratada que
existe dentro do adulto. O adulto que comete uma violência é responsável por seus atos
e, ao mesmo tempo, uma vítima que tem urgente necessidade de proteção e respeito. O
terapeuta deve saber como proteger a criança, vítima atual, sem maltratar, mais uma
vez, o adulto e sua criança interna.
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CAPÍTULO 6
Genograma no Espaço Terapêutico
Estudar família, hoje em dia, surge não só como uma necessidade de compreender
melhor as diversas formas como elas se organizam, mas, antes de tudo, é poder visualizar
as varias lentes que podem ser utilizadas, em busca do entendimento e da ampliação
das conversações entre os membros de uma família. Neste capítulo, temos por objetivo
compreender a família, relacionando-a com o Genograma no Espaço Terapêutico.
O Genograma pode ser definido como um desenho gráfico da vida em família, sendo
um instrumento de avaliação e intervenção que proporciona uma aproximação com o
tecido de transmissão familiar tramado de geração em geração. O Genograma, inserido
na conversação terapêutica, transcende suas origens funcionalistas, para transformar-se
num recurso de compreensão colaborativa.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Pode-se considerar, então, que a função limitadora dos sistemas sociais, por um lado,
contribui para o senso de continuidade dos indivíduos e comunidades, por meio do
reconhecimento do familiar, do sentimento de pertencer, de fazer parte. Por outro, em
função de não conseguir dar conta de significar todas as contingências que aparecem
na vida das pessoas, propicia o aparecimento de lacunas e inconsistências que geram
as contradições, por meio das quais os sujeitos inventam e reinventam suas histórias
(WHITE, 1994), atualizando, também, as histórias que suportam a existência dos
sistemas sociais dos quais esses sujeitos participam.
O Genograma pode ser algo mais, embora pareça ser simples, se olharmos apenas um
aspecto. Um dos principais objetivos de sua realização é possibilitar uma (re) conexão
com a família de origem de cada um, revendo ou resgatando histórias perdidas ao
longo do tempo. Oferece um efeito especial, quando realizado conjuntamente com mais
membros da família junto com um profissional.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
O Genograma é como uma foto que foi tirada há algum tempo e que, nesse momento,
revela-se, dando oportunidade de falar do momento que a “foto” foi tirada e que
significado ela traz agora.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
num formato (uso de cartaz ou lousa) de representação não habitual, permite que a
família converse decida o que fazer com elas para as gerações seguintes.
Não é incomum, ao fazer o Genograma, surgirem vazios, como dúvidas sobre a ordem
de irmãos, sobre os casamentos ou sobre o fato de saber mais sobre um dos lados da
família o paterno ou o materno. O significado desses “vazios” ou dessas dúvidas pode
proporcionar uma “ida” à família de origem. Abrem-se, assim, outras possibilidades
de entendimentos do que se vive no aqui e agora. O foco daquilo que era problema, até
então, pode se dissolver, ao compreender que um aspecto se repete há muitas gerações e
que há importância de explorá-lo, nem tanto para confirmar o fato em si, mas para criar
uma abertura e gerar negociações para modificar o preestabelecido. Ao reencontrar
o “álbum de fotografia” no domínio de um ou de outro, temas proibidos podem sair
da clandestinidade, segredos transformam-se em revelações, e comportamentos, até
então com causalidade desconhecida, passam a ter sentido, e daí sim, se for o caso,
transformados.
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Pode-se considerar, então, que a função limitadora dos sistemas sociais, por um lado,
contribui para o senso de continuidade dos indivíduos e das comunidades, por meio do
reconhecimento do familiar, do sentimento de pertencer, de fazer parte. Por outro, em
função de não conseguir dar conta de significar todas as contingências que aparecem
na vida das pessoas, propicia o aparecimento de lacunas e inconsistências que geram
as contradições, por meio das quais os sujeitos inventam e reinventam suas histórias
(WHITE, 1994), atualizando, também, as histórias que suportam a existência dos
sistemas sociais dos quais esses sujeitos participam.
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Assim como a família se apresenta ao diálogo, trazendo consigo suas intenções, também
o terapeuta se coloca como alguém que deseja compreender o sistema de significados
que emerge nessa conversação dialógica. Terapeuta e família vão construindo
caminhos para inserirem-se no domínio de compreensão criado por eles, ou seja,
buscam transformar em familiar o não familiar. Na relação dialógica que se estabelece,
a linguagem da família e seus significados são precedentes à linguagem do terapeuta, o
que quer dizer que a linguagem da família é o substrato no qual os novos significados
serão gerados por meio do diálogo. Nesse sentido, pode-se pensar que o terapeuta se
insere na conversação como um aprendiz. (ANDERSON, 2005)
O Genograma tem sido definido como um desenho gráfico da vida familiar com o
objetivo de levantar informações sobre os seus membros e suas relações, através de
gerações, constituindo-se numa ferramenta de avaliação muito utilizada pela Terapia
Sistêmica de Família. A Teoria Sistêmica aborda os problemas humanos, considerando o
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Desde muitos anos, o Genograma tem sido amplamente utilizado na área da Saúde
como auxiliar na elaboração de hipóteses diagnósticas. Somente na década de
1980, Murray Bowen (1978) e Jack Medalie (1987) viriam a definir, de forma mais
estruturada, os símbolos do Genograma, que são amplamente utilizados na atualidade.
Os traçados básicos do Genograma, identificados inicialmente por Gerson e McGoldrick
(1993), foram definidos utilizando figuras que representam as pessoas e linhas que
descrevem suas relações. As primeiras referem-se a símbolos para representação de
gênero (masculino e feminino), datas de nascimento e falecimento, gravidez e abortos
(espontâneo e provocado), conforme pode ser visualizado na Figura 1.
A Figura 2 mostra como esses símbolos estão conectados por meio de linhas que indicam
as relações de parentesco. A conexão por linha horizontal contínua, com a figura masculina
à esquerda e a figura feminina à direita, indica indivíduos casados. Quando essa linha
aparece tracejada, indica união estável. A ruptura do vínculo conjugal é representada por
dois traços paralelos e inclinados sobre a linha horizontal. Acima dessa linha, coloca-se a
letra “M”, com a data de casamento/união, e a letra “S” ou “D”, com a data da separação
ou divórcio. A idade das pessoas é colocada dentro das figuras; e o nome, na parte inferior.
Os filhos são representados numa linha abaixo, conectados com o traço horizontal do
casamento por linhas verticais, sendo o mais velho à esquerda. A representação é distinta
para os filhos adotivos, com linhas pontilhadas, e para filhos gêmeos, cujo ponto de
conexão é um só. As diversas gerações, ascendentes e descendentes, são representadas
cada uma em um nível horizontal da figura, podendo-se distinguir, ao olhar, a geração
dos avós, dos pais, dos netos, entre outras. A linha pontilhada em torno de alguns
símbolos representa os membros da família que moram numa mesma casa e são de
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
Gerson e McGoldrick (1993) propõem que a construção do Genograma seja realizada por
meio de entrevistas, cujo fluxo obedeça a uma dimensão temporal e a uma dimensão de
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MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR│ UNIDADE I
Vitale (2004) lembra, também, que a introdução de vivências familiares anteriores pode
trazer consigo outras formas de encarar os problemas, abrindo possibilidades de novos
entendimentos sobre as experiências familiares, assinalando novas possibilidades
para o futuro. Para White (1994), “as pessoas vivem as suas vidas de acordo com as
histórias que contam. Essas histórias têm efeitos reais e estruturam a vida das pessoas”
(p. 29). Quando uma família recorre ao trabalho terapêutico, traz consigo uma história
para contar, que é uma seleção de aspectos (vividos) que se podem verbalizar e de
outros aspectos (vividos) que permanecem não ditos. A possibilidade de ajuda está,
sem dúvida, em criar um espaço para o não dito (ANDERSON, 2001). A experiência
presente de contar a história num contexto diferente (num Espaço Terapêutico) abre
a possibilidade de incluir aquelas partes do relato que haviam sido deixadas para trás.
Nesse sentido, o trabalho com o Genograma pode proporcionar um contexto estético
original para a família. Ver-se por meio de uma história desenhada graficamente, num
espaço constituído entre o narrador e a história narrada, produz um estranhamento
capaz de abrir possibilidades para explorar outras ideias sobre si mesmo, podendo
incorporar novidades a suas vidas. Ao localizar elementos de suas histórias que foram
deixados para trás, abrem-se portas para “territórios alternativos” (WHITE, 1994, p.
35), revelando narrativas que estavam marginalizadas.
Com base nas ideias expostas, este trabalho apresenta o Genograma como um recurso
terapêutico que auxilia na construção de um ambiente propício à introdução de novas
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UNIDADE I │MODELOS DE TERAPIA FAMILIAR
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Para (não) Finalizar
Essas duas concepções teóricas e as práticas delas decorrentes não podem deixar de
considerar que a família e o casal são grupos organizados, autorreguladores, com
linguagem própria, regras próprias de funcionamento e mitos próprios.
Nicolló (1988) fala de um rigor elástico, quer dizer, de uma atitude que requer,
nas disciplinas psicológicas, a intuição, a subjetividade do observador, que são
insubstituíveis para o conhecimento, quando discute a possibilidade de articulação dos
enfoques sistêmico e psicanalítico em Terapia Familiar.
Lemaire (1984) ressalta a necessidade de uma tríplice chave de leitura no trabalho com
família e casal, que passa pelo intrapsíquico, pelo sistêmico-interacional e pelo social.
Para ele, o fato, por exemplo, de o terapeuta conjugal compreender psicanaliticamente
os fenômenos inconscientes das identificações projetivas que estão na base da colusão
narcísica do casal, não deve impossibilitá-lo de lançar mão de desenvolvimentos
teórico-técnicos das teorias sistêmicas. Ele pode, ao mesmo tempo, trabalhar sobre a
comunicação, as expressões paradoxais, os duplos-vínculos, sem ser impedido de levar
em conta processos arcaicos inconscientes que estão em jogo desde o estabelecimento
da relação amorosa.
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PARA (NÃO) FINALIZAR
Neste Caderno, procuramos fazer com que você tenha um conhecimento sobre a atuação
do Assistente Social e esperamos que esteja apto a identificar a relevância dos Modelos
de Terapias Familiares para a área de Serviço Social.
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Referências
BATESON, G.; FERREIRA, A.J.; JACKSON, D.D.; LIDZ, T.;WEAKLAND, J.; WYNNE,
L.C.; ZUK, H. Interacción familiar. Buenos Aires: Ediciones Buenos Aires, 1980.
BLOCK, D.A.; RAMBO, A. O início da terapia família: temas e pessoas. In: ELKAIN, M..
Panorama das terapias familiares. São Paulo: Summus, 1998.
ELKAÏM, Mony. Panorama das terapias familiares. São Paulo: Summus, 1998.
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REFERÊNCIAS
WHITE, M. Guias para uma terapia familiar sistêmica. Barcelona: Paidós, 1994.
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