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WBA0203_v1.

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Princípios e Pronunciamentos
Contábeis
Princípios e Pronunciamentos Contábeis
Autoria: Martha Regina Meira Bianchi
Como citar este documento: BIANCHI, Martha Regina Meira. Princípios e Pronunciamentos Contábeis.
Valinhos: 2016.

Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: Princípios contábeis 06
Assista a suas aulas 21
Unidade 2: Princípios Contábeis segundo o CFC 28
Assista a suas aulas 46
Unidade 3: Registro pelo Valor Original 53
Assista a suas aulas 72
Unidade 4: Comitê de pronunciamentos contábeis 79
Assista a suas aulas 95

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Princípios e Pronunciamentos Contábeis
Autoria: Martha Regina Meira Bianchi
Como citar este documento: BIANCHI, Martha Regina Meira. Princípios e Pronunciamentos Contábeis.
Valinhos: 2016.

Sumário
Unidade 5: Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques 102
Assista a suas aulas 118
Unidade 6: Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado 126
Assista a suas aulas 144
Unidade 7: Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível 151
Assista a suas aulas 168
Unidade 8: Pequenas e médias empresas 175
Assista a suas aulas 190

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Apresentação da Disciplina

Esta disciplina apresenta os Princípios Con- mentos.


tábeis, pilares conceituais que abrangem a Além disso, serão abordados os princípios
análise, interpretação e a escrituração dos fundamentais elencados na Resolução CFC
fatos contábeis tão necessários para di- 750/93 e alguns dos Pronunciamentos Con-
vulgação de informação aos usuários da tábeis emitidos pelo CPC, com aplicação
informação contábil. Também serão apre- em empresas grandes, empresas de capital
sentados os Pronunciamentos Contábeis, aberto e, também, em pequenas e médias
emitidos pelo CPC, criado em 2005, evi- empresas.
denciando a importância da padronização
e convergência da contabilidade brasileira O entendimento da contabilidade e dos
às normas internacionais. Nesta disciplina, princípios e normas que a regem são de
você será levado a entender os princípios extrema importância para quem trabalha
que regem a estrutura conceitual da con- diretamente com as informações con-
tabilidade brasileira e internacional, verifi- tábeis e escrituração dos atos e fatos con-
car a importância dos Princípios de Contab- tábeis, pois sua não observância pode gerar
ilidade emitidos pelo CFC – Conselho Fed- punição por meio dos órgãos reguladores.
eral de Contabilidade e conhecer a criação O conhecimento não está restrito à classe
do CPC e as aplicações de seus Pronuncia- profissional dos contadores: todos aqueles

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que utilizam as informações contábeis em preender os Princípios, a importância dos
suas atividades e que estiverem familiariza- Pronunciamentos para a correta escritu-
dos com a forma e os princípios nos quais ração das informações contábeis e suas
são baseadas estas informações têm um aplicações práticas. Assim, você poderá vi-
grande diferencial profissional. O conhec- sualizar a contabilidade de maneira mais
imento dos Princípios e Pronunciamentos fluida e informativa, uma vez que saberá
Contábeis é vital para as funções relaciona- todos os pressupostos para a confecção da
das à auditoria e perícia, pois é possível ver- informação transmitida pela contabilidade.
ificar e/ou desvendar quaisquer desvios por
erros, omissões ou má-fé.
Para administradores, economistas, inves-
tidores e qualquer profissional que embase
suas decisões em informações contábeis,
esse conhecimento permite entender a for-
ma com que aquela informação é transmit-
ida e permite a correta decodificação das
informações e demonstrações contábeis.
Esta disciplina capacitará você a com-
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Unidade 1
Princípios contábeis

Objetivos

1. Apresentar a importância dos Princí-


pios Contábeis relacionados aos obje-
tivos e objeto da contabilidade.
2. Entender o conceito da essência sobre
a forma.
3. Apresentar as principais linhas de
Princípios Contábeis no Brasil.

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Introdução
A palavra princípio tem a origem no latim, 1. Contabilidade baseada em
principium, que significa início ou momento princípios
em que uma ação passa a existir. A partir da
origem da palavra, já é possível desprender Iudícibus (2010) descreve que o grande
a importância dos Princípios Contábeis para objetivo da contabilidade é o de prover aos
entender a informação contábil: os princí- usuários o maior número de informações
pios são a base de todo o início da transfor- possível acerca do patrimônio de uma enti-
mação dos números em informações con-
dade. Essas informações só terão utilidade
tábeis.
se puderem exprimir informações a todos
Antes mesmo de a informação contábil os tipos de usuários de informações, não li-
existir, os princípios exigidos para sua con- mitada apenas à figura do contador.
fecção já devem estar em mente do conta-
dor que elabora suas demonstrações. E qual
a importância desses Princípios? Como fo-
ram escolhidos? Neste tema, você conhece-
rá a teoria por trás dos Princípios Contábeis,
bem como sua importância para o estudo
do principal objeto da contabilidade: o pa-
trimônio.
7/198 Unidade 1 • Princípios contábeis
comparar informações contábeis, seja da
Para saber mais mesma empresa ao longo do tempo, seja
de empresas diferentes de um mesmo se-
Sérgio de Iudícibus é Professor Emérito da USP
tor, para ter ideia de desempenho histórico,
e um grande teórico da contabilidade no Brasil.
comparativo, entre outras importantes in-
Possui diversos livros publicados nas áreas de
formações necessárias para administrar o
Teoria da Contabilidade, Contabilidade Societá-
negócio e gerir seus investimentos.
ria, Gerencial, entre outras. Ele foi responsável
pela primeira minuta realizada sobre os Princípios Se cada profissional escolhesse qual cri-
Contábeis através da deliberação n.º 29/86, rea- tério lhe fosse mais conveniente, ou ainda
lizada pela CVM – Comissão de Valores Mobiliá- pudesse alterar os princípios pelos quais as
rios – em conjunto com a IBRACON (atualmente, informações contábeis são realizadas nas
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil). demonstrações contábeis, não seria possí-
vel a comparação dos valores e a contabi-
lidade perderia sua finalidade: controlar o
Para uniformizar o modo como as informa- Patrimônio da empresa.
ções deverão ser transmitidas, faz-se ne-
cessário seguir um conjunto de princípios Padronizar as informações contábeis tem
e postulados. Assim, é possível verificar e sido um desafio no mundo dos negócios,

8/198 Unidade 1 • Princípios contábeis


principalmente neste contexto de globali- outro. O Brasil participa desse processo de
zação e empresas multinacionais. Não fo- convergência às normas internacionais, e
ram poucos os casos que, ao traduzir as de- você verá de que modo foram recepciona-
monstrações contábeis de um país para ou- das estas normas no 4º módulo do curso.
tro, com diferentes regras de contabilização
dos fatos contábeis, empresas que apresen-
tavam lucros no país de origem passaram a
amargar prejuízos na simples tradução de
seus balanços.
Tendo esses problemas em mente, em 2001,
foi constituído o IASB, um Conselho em que
Para saber mais
participam representantes de vários países O IASB é composto por 12 experts em Contabi-
no intuito de elaborar normas internacio- lidade, de vários lugares do mundo. O brasileiro
nais de contabilidade. Essas normas, de- Amaro Gomes é o representante da América do
nominadas IFRS, são de adesão voluntária Sul desde 2009, com término de seu mandato
dos países e permitem uma base comum de em 2019.
normas contábeis para facilitar a leitura das
demonstrações contábeis de um país para
9/198 Unidade 1 • Princípios contábeis
variação estará sujeita ao Princípio, muito
Link mais geral e abrangente do que uma regra
rígida.
Conheça os demais membros do IASB. Disponí-
vel em: <http://www.ifrs.org/About-us/IASB/
Members/Pages/Members-of-the-IASB.
aspx>. Acesso: 30 nov. 2016. Link
TREANOR, J. Calvinist on a clean-up quest: Sir Da-
A ideia de que a contabilidade deveria ser vid Tweedie, Chairman IASB. The Guardian, 29
regida por Princípios, e não puramente por jun. 2002. Disponível em: <https://www.the-
Regras, foi defendida por Sir David Tweedie, guardian.com/business/2002/jun/29/worl-
primeiro presidente do IASB. Em uma entre- dcom>. Acesso em: 30 nov. 2016.
vista ao jornal inglês The Guardian, ele afir-
mou que, se a contabilidade for baseada em
regras rígidas, em poucos instantes se des- 2. Essência sobre a forma
cobrirá alguma pequena variação nas con-
A importância dos Princípios Contábeis está
dições propostas que não estarão cobertas
ligada à relevância econômica que a infor-
pela regra. Contudo, se a contabilidade for
mação contábil deve exprimir. Padoveze,
baseada em Princípios, qualquer pequena
Benedicto e Leite (2012) ressaltam que os
10/198 Unidade 1 • Princípios contábeis
princípios contábeis são a base conceitual cos pela compra do bem.
de sustentação das teorias contábeis e de Ao final do contrato, é facultada ao arren-
seus eventos. Para que a contabilidade ex- datário a compra desse bem por um valor
prima a realidade econômica nas quais es- simbólico, com a consequente transferên-
tas entidades se encontram, a essência de- cia de titularidade para o nome da empresa.
verá prevalecer sobre a forma. Oras, se o profissional se basear na simples
Um exemplo clássico da aplicação da essên- propriedade jurídica do bem (ou seja, pela
cia sobre a forma é o arrendamento mer- forma), esse bem deveria constar no balan-
cantil. O arrendamento mercantil financei- ço patrimonial do banco, e não da empresa!
ro, conforme exemplifica Iudícibus (2010), é Apesar de não possuir a propriedade jurídi-
uma operação em que o banco (arrendador) ca do bem, a empresa já exerce a proprieda-
empresta o valor para a empresa (arrenda- de de fato, inclusive com o recebimento de
tária) comprar um bem, mas, até o paga- benefícios econômicos advindos com sua
mento do arrendamento, o bem fica em compra e com cláusulas contratuais que
nome do banco, como garantia da opera- a responsabilizam por qualquer avaria ou
ção. Contudo, a empresa é responsável pela roubo do bem adquirido. Com a prevalência
guarda, manutenção, segurança e, inclusi- da essência, o contador deve registrar essa
ve, desfruta dos possíveis ganhos econômi- operação como uma compra de equipa-
11/198 Unidade 1 • Princípios contábeis
mento financiada pelo banco. sabilidade. Isto porque, muitas vezes, o pro-
O conceito da essência sobre a forma é fissional, como, por exemplo, o contador,
fundamental para a transparência nas in- tem certa discricionariedade para escolher
formações contábeis, com a transmissão de que forma transmitirá a informação nas
de informações corretas que embasem os demonstrações contábeis. O conhecimen-
usuários da informação a tomar suas deci- to dos Princípios Contábeis é fundamental
sões e conhecer a real situação da empresa, para que o julgamento realizado nas esco-
mesmo sem participar e acompanhar suas lhas do profissional não esbarre em nenhu-
atividades. É a transparência nas informa- ma ilegalidade.
ções que permite o desenvolvimento do
mercado de capitais e a possibilidade de fi-
nanciamento às empresas a um custo mais
baixo, bem como o desenvolvimento sadio
de toda a economia.
Essa transparência exigida pelos usuários e
a prevalência da essência sobre a forma faz
com que o papel do contador tenha desta-
que nas empresas, e também maior respon-
12/198 Unidade 1 • Princípios contábeis
3. Princípios contábeis no brasil Princípios Contábeis, apesar de que esses es-
tão presentes em toda a estrutura concei-
O Brasil, ao aceitar o desafio de internacio- tual.
nalização das normas contábeis, tem rea-
lizado grandes esforços para traduzi-las
e adequá-las à realidade local, com ampla
consulta aos interessados em um processo
transparente.
Com a adoção das normas internacionais e
Para saber mais
a edição dos Pronunciamentos Contábeis, A Lei 6.404/76, conhecida como a Lei das S.A.,
com a consequente alteração das leis bra- é extremamente importante para o exercício da
sileiras que regem as sociedades por ações Contabilidade no Brasil. Nessa, encontram-se
(Lei n.º 11.638/07, que alterou a lei nº as regras para empresas de capital aberto e as
6.404/76), os Pronunciamentos agora são demonstrações financeiras obrigatórias, dentre
o pilar que regem as demonstrações das in- outras informações.
formações contábeis (desde que dispostos
nas leis brasileiras). Contudo, nesses Pro-
nunciamentos, não há menção explícita aos
13/198 Unidade 1 • Princípios contábeis
tulados, Princípios Contábeis propriamente
Link ditos e Convenções Contábeis.

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976.


Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Dispo-
nível em: <http://www.planalto.gov.br/cci-
vil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso Link
em: 30 nov. 2016. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Delibe-
ração CVM n.º 29, de 05 de fevereiro de 1986.
A CVM e o CFC, antes mesmo da criação do Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/le-
CPC, dispuseram os princípios contábeis gislacao/deli/deli029.html>. Acesso em: 30
explicitamente para que houvesse a obser- nov. 2016.
vância desses princípios pelos responsáveis
pela escrituração da Contabilidade e para Entidade e Continuidade, postulados defi-
conhecimento aos usuários de informação. nidos pela Deliberação, são os axiomas da
A CVM listou os Princípios Contábeis atra- contabilidade: a Entidade trata da obriga-
vés da Deliberação n.º 29/86 e classificou toriedade de não confundir o patrimônio
hierarquicamente estes princípios em Pos- dos sócios e quotistas com o patrimônio da

14/198 Unidade 1 • Princípios contábeis


empresa. A Continuidade refere-se à conta- tábeis, de observância obrigatória no exer-
bilidade ser realizada, partindo do pressu- cício da profissão de contador. Inclusive,
posto que a entidade realizará suas ativida- sua inobservância é considerada infração e
des continuamente. pode gerar punições, até mesmo pelo Códi-
Os Princípios Contábeis propriamente ditos go de Ética Profissional do Contador, como
por essa deliberação são: custo como base de afirma Crepaldi (2013).
valor, denominador comum monetário, reali-
zação da receita e confronto com as receitas,
com as despesas e com os períodos contábeis.
Já as Convenções contábeis são definidas
como objetividade, materialidade, conserva- Link
dorismo e consistência. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Re-
O CFC, considerando a necessidade de pro- solução n.º 750 de 29 de dezembro de 1993.
ver fundamentação apropriada para inter- Disponível em: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/
pretação e aplicação das normas brasilei- docs/RES_750.doc>. Acesso em: 30 set 2016.
ras de contabilidade, publicou a Resolução
750/93, que apresenta os Princípios Con-

15/198 Unidade 1 • Princípios contábeis


Essa Resolução, que sofreu atualizações
em 2010 pela nova Resolução de n.º 1282,
é importante para o exercício da profissão
contábil no Brasil, e ainda dialoga com os
Princípios dispostos na Deliberação da CVM
e a Estrutura Contábil apresentada pelo
CPC.

16/198 Unidade 1 • Princípios contábeis


Glossário
Axiomas: verdades inquestionáveis universalmente válidas; a sua comprovação é dispensável.
CFC: Conselho Federal de Contabilidade.
CPC: Comitê de Pronunciamentos Contábeis.
Discricionariedade: palavra comumente usada no universo jurídico, indica quando um agente
pode escolher dentre várias possibilidades igualmente legais a que melhor se adéqua à situa-
ção.
IASB: International Accounting Standards Board (Conselho de Normas Internacionais de Conta-
bilidade).
IFRS: International Financial Reporting Standard (Normas Internacionais de Relatório Financei-
ro).

17/198 Unidade 1 • Princípios contábeis


?
Questão
para
reflexão

Imagine que você faça parte do corpo executivo de uma


empresa e perceba que o Diretor Executivo esteja reti-
cente em aceitar as orientações do setor contábil para
registrar um equipamento financiado através de leasing
financeiro no patrimônio da empresa. “Afinal, o equipa-
mento ainda não nos pertence legalmente!”, afirma o di-
retor. De que lado você ficaria? Quais argumentos você
usaria para convencer a parte contrária?

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Considerações Finais

• A contabilidade baseada em Princípios permite uma melhor abrangência de


seus postulados e, com o esforço da convergências às normas internacionais,
a existência de princípios comuns diminuem a discrepância das informações
contábeis e aumenta sua capacidade informativa;
• a Essência sobre a Forma é um pressuposto fundamental para que a informa-
ção contábil represente a situação econômica da empresa de maneira mais
fidedigna;
• no Brasil, a deliberação CVM n.º 29/86 e a Resolução CFC n.º 750/93 expõe
os Princípios Contábeis de maneira taxativa. Na Estrutura Conceitual abor-
dada pelo CPC, estes Princípios também estão presentes, apesar de não es-
tarem explícitos nos Pronunciamentos.

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Referências

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
IUDÍCIBUS, Sergio de, coord. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
IUDÍCIBUS, Sergio de. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

20/198 Unidade 1 • Princípios contábeis


Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Princípios contábeis. Bloco I Aula 1 - Tema: Princípios contábeis. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
788fdeb5e8df7268d382e9f742471051>. d36ad5f1ba5ead19dcb40e3df98456d2>.

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Questão 1
1. Os Princípios Contábeis são fundamentais para o estudo do objeto da
Contabilidade. O(s) objeto(s) de estudo da contabilidade é(são):

a) as partidas dobradas;
b) o Lucro;
c) o Patrimônio;
d) o Ativo;
e) o Prejuízo.

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Questão 2
2. A contabilidade baseada por Princípios, ao invés de baseada em
regras, é considerada:

a) mais abrangente;
b) menos abrangente;
c) não há diferença entre ambos;
d) inócua;
e) de difícil aplicação por trazer muito detalhamento das operações.

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Questão 3
3. A prevalência da essência sobre a forma na contabilidade é importante
para:

a) seguir estritamente a regra contábil, mesmo com divergências em relação à realidade da


empresa;
b) o contador basear apenas em seu instinto, ignorando os Princípios Contábeis;
c) dificultar a transparência das informações contábeis;
d) exprimir corretamente a realidade econômica da empresa;
e) diminuir a responsabilidade do contador pelas informações contábeis.

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Questão 4
4. A CVM publicou os Princípios Contábeis através da:

a) Lei 6404/76
b) Resolução 750/93
c) Deliberação 29/86
d) Resolução 1282/10
e) Lei 11738/07

25/198
Questão 5
5. O CFC atualizou os Princípios Contábeis através da:

a) Lei 6404/76
b) Resolução 1282/10
c) Deliberação 29/86
d) Resolução 750/93
e) Lei 11738/07

26/198
Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: D.

O objeto de estudo da Contabilidade é o Pa- As informações contábeis devem exprimir


trimônio das entidades, sendo que seu ob- a realidade econômica da empresa, e para
jetivo também está ligado ao patrimônio: isso a essência deverá prevalecer sobre a
prover aos usuários o maior número de in- forma.
formações acerca do patrimônio da entida-
de estudada. 4. Resposta: C.

2. Resposta: A. A CVM publicou os Princípios através da de-


liberação CVM 29/86.
Com o exemplo dado na entrevista pelo pri-
meiro presidente do IASB, fica intuitivo ve- 5. Resposta: B.
rificar que um princípio é mais abrangente
que a regra. Inicialmente, o CFC publicou os Princípios
Contábeis pela resolução CFC 750/93, que
foi atualizada pela resolução CFC 1282/10.

27/198
Unidade 2
Princípios Contábeis segundo o CFC

Objetivos

1. Conhecer os Princípios Contábeis


elencados na Resolução CFC n.º
750/93.
2. Compreender o significado de cada
Princípio Contábil.
3. Visualizar a aplicação desses Princí-
pios na prática.

28/198
Introdução

O entendimento e aplicação dos Princípios 1. Resolução CFC Nº 750/93:


na escrituração dos fatos contábeis são observância e conceituação
extremamente importantes não só para o
contador, mas a todos aqueles que queiram Dada a importância da adoção dos Princí-
interpretar corretamente as informações pios para a prática contábil, a Resolução CFC
contábeis disponíveis nas demonstrações nº 750/93 dispõe, em seu primeiro artigo,
financeiras das empresas. Neste tema, você da observância obrigatória deles no exercí-
conhecerá os seis Princípios dispostos pelo cio da profissão, sendo essa uma condição
CFC para a prática contábil e entenderá a de legitimidade das NBC. Essa obrigatorie-
aplicabilidade de cada um destes Princípios. dade consta na Resolução CFC nº 803/96 e
Com exceção do princípio “Registro pelo alterações, que dispõem sobre o CEPC.
valor original”, você verá exemplos práticos
de aplicação de cada Princípio. Assim, terá
uma maior compreensão de que forma eles
afetam a confecção e interpretação da con-
tabilidade no Brasil.

29/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Link
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Re-
solução n.º 803 de 10 de outubro de 1996.
Disponível em: <http://www2.cfc.org.br/
Para saber mais sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codi-
O CEPC possui vários artigos acerca da obrigato- go=1996/000803&arquivo=Res_803.doc>.
riedade de observância dos Princípios Contábeis Acesso em: 30 nov. 2016.
como dever do profissional. No art. 5º há menção
expressa de dever ao contador que atuar como
perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, de A Lei nº 6.404/76, a “Lei das S.A.”, também
assinalar divergências ou equívocos na aplicação ressalta, em seu artigo 177, a obrigatorie-
dos Princípios Contábeis. dade de se seguir os Princípios Contábeis
Geralmente Aceitos:

30/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros perma-
nentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e
aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar mé-
todos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações
patrimoniais segundo o regime de competência (BRASIL, 1976).

Para saber mais


Os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos no Brasil também são conhecidos por BR GAAP. GAAP são
todas as convenções, regras e procedimentos necessários para a prática contábil no país (PADOVESE et
al., 2012).

O art. 2º da Resolução traduz conceitos importantes para definição dos Princípios da Ciência
Contábil e de seu objeto de estudo:

31/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Art. 2º Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutri-
nas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendi-
mento predominante nos universos científico e profissional de nosso País.
Concernem, pois, à Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência
social, cujo objeto é o patrimônio das entidades. (Redação dada pela Re-
solução CFC nº. 1.282/10) (CFC, 1993, grifo nosso).
Pode-se desprender desse artigo que os Princípios tentam refletir a teoria contábil disposta no
país e alinhar à prática contábil. Ainda estabelece que a contabilidade é uma ciência social cujo
objeto é o patrimônio das entidades.
A essência sobre a forma, conceito já discutido, também é evidenciado no § 2º do primeiro artigo
da Resolução. Esse parágrafo, que foi acrescido pela Resolução CFC n.º 1282/10, está alinhado
com a expectativa de que a informação contábil deve transmitir a realidade econômica da en-
tidade, conceito que também consta nas normas internacionais de Contabilidade trazidos pelo
CPC.

32/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


2 PRINCÍPIOS CONTÁBEIS SEGUNDO CFC N.º 750/93

O CFC, através da Resolução nº 750/93, elencou os Princípios Fundamentais de Contabilidade, que,


através da Resolução nº 1282/10, passaram a ser chamados apenas de Princípios da Contabilidade.
Os Princípios estão elencados no artigo 3º da Resolução, com a seguinte redação:

Art. 3º São Princípios da Contabilidade: (redação dada pela Resolução CFC n.º
1282/10)
I) o da ENTIDADE;
II) o da CONTINUIDADE;
III) o da OPORTUNIDADE;
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução CFC nº.
1.282/10)
VI) o da COMPETÊNCIA; e
VII) o da PRUDÊNCIA. (CFC, 1993).

33/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Antes da atualização dos Princípios pela Resolução CFC nº 1282/10, os Princípios Contábeis
eram 7. Com a nova resolução, a atualização monetária deixou de ser um Princípio e foi absorvi-
da pelo registro pelo valor original.
Você verá agora cada Princípio Contábil (com exceção do registro pelo valor original, que será
abordado no próximo módulo) e seu significado.

2.1 Entidade

O Princípio da Entidade, abordado no art. 4º, tem a seguinte redação:

Art. 4º O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da


Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da dife-
renciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios exis-
tentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de
pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade,
com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimô-
nio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no
caso de sociedade ou instituição (CFC, 1993)
34/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC
Esse Princípio é fundamental para entender
que, na Contabilidade, o patrimônio da En-
tidade não se confunde com o patrimônio
Para saber mais
de seus sócios. Ou seja, a partir do momento O princípio da entidade visa proteger tanto o
em que se constituiu a sociedade e determi- patrimônio da entidade como o patrimônio de
nados bens foram comprados ou alocados a seus sócios. No Direito, é conhecido por Princípio
ela, seus sócios não podem usufruir desses da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, e
bens a seu bel-prazer, apenas em serviço à impossibilita, por exemplo, que o patrimônio dos
sociedade criada. Um exemplo prático seria sócios responda por dívidas da sociedade, como
um dos sócios utilizar o veículo em nome da estipulado no art. 1.024 do Código Civil.
sociedade para fins pessoais, ou utilizar o
caixa da empresa para pagar suas despesas
pessoais. Isto fere o princípio da Entidade. Link
BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002.
Institui o Código Civil. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
L10406.htm>. Acesso em: 30 nov. 2016.

35/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


2.2 Continuidade

O Princípio da Continuidade, disposto no art. 5º da Resolução CFC 750/93, traz a seguinte reda-
ção:

Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará


em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos
componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.
Esse princípio apregoa que a empresa irá manter suas atividades durante um período indefinido
e, por conta disso, a escrituração deverá ser realizada com base nesta continuidade indetermi-
nada. Quando uma empresa está em liquidação, ou tem sua dissolução antecipada em casos de
pedido de falência, a mensuração do valor de seus bens é alterada. Pressupondo a continuidade,
a Entidade registra o valor de um ativo pelo preço de aquisição e registra as depreciações do va-
lor do bem com o passar do tempo. No caso de uma empresa em liquidação, isso já não faz mais
sentido: o valor de seus bens será o valor que a empresa conseguirá recuperar.
Assim, pelo princípio da Continuidade, é presumido que a Entidade não tem a intenção de entrar

36/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


em liquidação, nem reduzir seu nível de operações, o que é razoável supor na criação da socie-
dade (afinal, ninguém espera que uma sociedade seja criada para ser liquidada). Caso haja uma
intenção de liquidar ou encerrar as operações, as demonstrações contábeis deverão ser realiza-
das em uma base diferente, tal como afirma Crepaldi (2013).

2.3 Oportunidade

O art. 6º traz o conceito do Princípio da Oportunidade:

Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração


e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações
íntegras e tempestivas (CFC, 1993).
Esse princípio está relacionado à relevância econômica que a escrituração contábil deve trazer.
Se a informação contábil não for registrada tempestivamente, ela pode não representar correta-
mente a realidade da empresa, ou ainda pode perder sua importância.
Você já entende que a essência deverá prevalecer sobre a forma para representar a realidade eco-

37/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


nômica da empresa, mas também o registro contábil depende da ponderação entre oportunida-
de e confiabilidade da informação. O contador deverá registrar as informações de forma a trans-
parecer sua importância econômica, mas desde que haja essa razoável certeza da ocorrência do
evento, e se esse for tecnicamente estimável (CREPALDI, 2013). Essa ponderação entre oportuni-
dade e confiabilidade consta no parágrafo único do art. 6 da Resolução CFC 750/93.

2.4 Competência

O princípio da Competência é explicitado no art. 9º da Resolução CFC 750/1993:

Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transa-


ções e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem,
independentemente do recebimento ou pagamento.
Esse princípio revela a obrigatoriedade de utilização do regime de competência na escrituração
contábil no Brasil, em contraposição à utilização do regime de caixa. Para entender esse princí-
pio, você deverá entender a diferença entre esses dois regimes.

38/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Um exemplo prático é a escrituração do con- em que ocorre o fato, independentemente
sumo de luz no mês de janeiro/20X1, com do desembolso financeiro.
vencimento para fevereiro/20X1. Pelo regi- A escrituração do consumo de luz, pelo
me de caixa, o profissional registra a despe- regime de competência, no mês de janei-
sa apenas no momento de seu efetivo pa- ro/20X1 seria:
gamento, ou seja, no momento em que você
D – Despesa com energia elétrica $XXX
paga a conta e há o desembolso financeiro.
Para o regime de caixa, essa despesa seria C – Contas a pagar $XXX
reconhecida apenas em fevereiro/20X1. Em fevereiro/20X1, com o pagamento efe-
Já no regime de competência, a despesa é tivo do consumo, não será mais necessário
reconhecida no período de ocorrência da lançar a despesa, pois ela já foi lançada de
despesa, independente de se o pagamento acordo com seu fato gerador. O pagamento
ocorrer meses depois (ou até mesmo antes). do consumo de energia elétrica no mês de
Seguindo o princípio da competência, a des- fevereiro/20X1 seria contabilizado da se-
pesa seria lançada no mês de janeiro/20X1, guinte forma:
mesmo que o pagamento seja feito ape-
D – Contas a pagar $XXX
nas em fevereiro/20X1. Conforme Iudícibus
(2010), o regime de competência leva em C – Caixa $XXX
conta o fato gerador, ou seja, o momento Esse mesmo raciocínio é utilizado para o re-
39/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC
conhecimento de receitas: mesmo que o valor ainda não tenha sido recebido, a receita é consi-
derada no momento do fato gerador, dependendo do tipo de atividade empresarial. No caso de
prestação de serviços, por exemplo, a receita é reconhecida no ato da efetiva prestação, mesmo
que tenha sido negociado um prazo para seu recebimento.
O princípio da Competência também consta no art. 177 da Lei 6.404/76, como regime obrigató-
rio das escriturações contábeis no Brasil.

2.5 Prudência

No art. 10º da Resolução CFC 750/93, tem-se o conceito do princípio da Prudência:

Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor


para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre
que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação
das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido (CFC, 1993).
Esse princípio está atrelado a algum grau de incerteza presente nos negócios, muitas vezes
relacionado a valores estimados. No parágrafo único desse princípio, fica estabelecido que o
propósito consiste em não superestimar o valor do ativo e subestimar o valor do passivo, uma
40/198
vez que2 isso
Unidade poderia
• Princípios causar
Contábeis um resultado
segundo o CFC artificial nas contas de resultado. Este conservadoris-
mo está presente também em diversos pro-
nunciamentos contábeis, em que se espera
que o contador informe o valor de uma de-
terminada conta, dentre algumas opções de
mensuração disponíveis, a que resultar no
menor valor. Esse é o caso da mensuração Link
de Estoques, conforme disposto no item 9 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
do CPC 16. Pronunciamento Técnico CPC 16 (R1) - Estoques.
Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=47>. Acesso em: 30 nov.
2016.

41/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Glossário
CEPC: Código de Ética Profissional do Contador.
GAAP: General Accepted Accounting Principles (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos).
NBC: Normas Brasileiras de Contabilidade.
Regime de caixa: regime contábil que reconhece despesas e receitas no momento em que fo-
ram pagas/recebidas, independente do momento em que foram realizadas.
Regime de competência: regime contábil que reconhece as despesas e receitas no momento
em que foram realizadas, independente do momento em que foram pagas/recebidas.

42/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


?
Questão
para
reflexão

Imagine que você faça parte do corpo executivo de uma


empresa e ainda não tenha conseguido convencer o di-
retor executivo de que um bem adquirido através de lea-
sing financeiro deve ser registrado como propriedade da
empresa. O diretor, que leu superficialmente os princípios
contábeis emitidos pelo CFC, diz que segue o princípio da
prudência, ou seja, não registra o bem que não pertence
juridicamente à empresa como propriedade. O diretor está
correto? Qual é o objetivo desse Princípio?

43/198
Considerações Finais

• Os Princípios Contábeis, de observância obrigatória aos profissionais


da área, são conceitos que tentam aliar a teoria à prática contábil e
determinam os elementos a serem observados na escrituração das
informações contábeis;
• apesar de os Princípios delimitarem a atuação do contador, o julga-
mento e bom senso do profissional é esperado, tais como nos princí-
pios de Oportunidade e Prudência, uma vez que é permitido um grau
de arbitrariedade em suas aplicações;
• a correta observância dos Princípios Contábeis para escrituração e
padronização é prevista não apenas na Resolução do CFC, mas tam-
bém em Lei Federal, ressaltando a importância da padronização da
contabilidade para toda a sociedade.

44/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750 de 29 de dezembro de 1993.
Dispõe sobre os Princípios de Contabilidade. Disponível em <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/
RES_750.doc>. Acesso em: 30 set. 2016.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
IUDÍCIBUS, Sergio de, coord. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

45/198 Unidade 2 • Princípios Contábeis segundo o CFC


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: Os princípios contábeis segundo Aula 2 - Tema: Os princípios contábeis segundo
o CFC. Bloco I o CFC. Bloco II
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1d/2a3e8cc84a856cd8d128f0b246a40cf7>. fac1b3bc5cde9670dc47b8b44539446e>.

46/198
Questão 1
1. O Princípio Contábil que prevê a autonomia patrimonial, para que o patri-
mônio da sociedade criada não se confunda com o de seus sócios, é:

a) o da Entidade;
b) o da Oportunidade;
c) o da Competência;
d) o da Prudência;
e) o da Continuidade.

47/198
Questão 2
2. Esse Princípio pressupõe precaução em caso de necessidade de estimati-
vas em certas condições de incerteza. Falamos do Princípio da:

a) Entidade
b) Oportunidade
c) Competência
d) Prudência
e) Continuidade

48/198
Questão 3
3. O Princípio da Atualização Monetária, revogado pela Resolução CFC
1282/10, foi absorvido pelo Princípio:

a) da Entidade;
b) da Oportunidade;
c) do Registro pelo Valor Original;
d) da Prudência;
e) da Continuidade.

49/198
Questão 4
4. O regime contábil que reconhece despesas e receitas no momento em que
foram pagas/recebidas, independente do momento em que foram realizadas, é
o Regime:

a) da Entidade;
b) da Competência;
c) do Registro pelo Valor Original;
d) da Prudência;
e) de Caixa.

50/198
Questão 5
5. O regime contábil que reconhece as despesas e receitas no momento em
que foram realizadas, independente do momento em que foram pagas/re-
cebidas, é o Regime:

a) da Entidade;
b) da Competência;
c) do Registro pelo Valor Original;
d) da Prudência;
e) de Caixa.

51/198
Gabarito
1. Resposta: A. sorvido pelo Princípio do Registro pelo Valor
Original.
O Princípio que prevê a autonomia patrimo-
nial, visando à diferenciação do patrimônio 4. Resposta: E.
particular dentre os demais existentes, é o
da Entidade. O regime contábil que reconhece despesas e
receitas no momento em que foram pagas/
2. Resposta: D. recebidas, independente do momento em
que foram realizadas, é o Regime de Caixa.
O Princípio da Prudência pede cautela para
que os ativos não sejam superestimados e 5. Resposta: B.
os passivos, subestimados, dando maior
confiabilidade na mensuração. O regime contábil que reconhece as despe-
sas e receitas no momento em que foram
3. Resposta: C. realizadas, independente do momento em
que foram pagas/recebidas, é o Regime de
O Princípio da Atualização Monetária, revo- Competência.
gado pela Resolução CFC 1282/10, foi ab-

52/198
Unidade 3
Registro pelo Valor Original

Objetivos

1. Conhecer os fundamentos do Princí-


pio do Registro pelo Valor Original.
2. Entender o conceito de custo histórico
e suas variações.
3. Reconhecer o conceito de fair value.

53/198
Introdução

O registro do valor das operações, bens, di- tuguês) e sua importância na estimação de
reitos e obrigações é elemento fundamen- ativos e instrumentos financeiros pelo valor
tal para a Contabilidade e para a represen- de mercado.
tação fidedigna do objeto contábil: o pa-
trimônio da Entidade. Para isso, faz-se ne- 1. Registro pelo valor original
cessário conhecer e entender de que forma pela resolução CFC nº 750/93
é possível realizar o correto registro desses
valores, pois nem sempre o valor é atribuído Uma vez que o grande objetivo da Conta-
de forma objetiva: as preferências pessoais bilidade é prover aos usuários da informa-
e outros componentes subjetivos também ção contábil o maior número de referências
afetam o valor. Neste tema, você conhece- e dados acerca do patrimônio da Entidade
rá o Princípio Contábil que rege o registro (IUDÍCIBUS, 2010), precificar corretamente
de valores do patrimônio de uma entidade os elementos contidos nesse patrimônio é
segundo a Resolução CFC 750/93 e demais indispensável. Partir de um “denominador
implicações contidas nesta Resolução, jun- comum” para valorar as informações contá-
tamente com alguns dos Pronunciamentos beis é fundamental para padronizar os nú-
emitidos pelo CPC. Você também conhecerá meros e, assim, poder compará-los. Afinal,
o conceito de fair value (valor justo, em por- esse é o objetivo dos Princípios Contábeis:

54/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


estipular regras comuns para possibilitar uma comparação entre balanços da mesma empresa,
empresas concorrentes, e até mesmo de outros países, dado o esforço de internacionalizar as
normas de contabilidade.
O Princípio do Registro pelo Valor Original está descrito no art. 7º da Resolução CFC 750/93,
que apresenta a seguinte redação:

Art. 7º O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os compo-


nentes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores ori-
ginais das transações, expressos em moeda nacional. (CFC, 1993)

Para saber mais


O Princípio do Registro pelo Valor Original foi atualizado pela Resolução CFC 1282/10, em sintonia com os
conceitos dispostos na Estrutura Conceitual Contábil emitida pelo CPC. A Estrutura Conceitual, conhecida
como CPC 00, traz a mensuração dos elementos das demonstrações em seus itens 4.54 a 4.56.

55/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


Link
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00 (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Di-
vulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documen-
tos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 30 nov. 2016.

Através dessa definição, percebe-se que há a preocupação de registrar os elementos patrimo-


niais pelo valor original. O artigo da resolução traz o conceito de custo histórico e de variações
aceitas neste custo para registrar os componentes do patrimônio da Entidade. A definição de
custo histórico consta no inciso I do parágrafo 1º do art. 7º:

I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a se-


rem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recur-
sos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos
são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca
da obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou
equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no
curso normal das operações; [...] (CFC, 1993)
56/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
O valor original da transação é o custo histó- Agora, suponha que essa empresa receba,
rico do valor pago, ou a ser pago, como ocor- por meio de doação de um de seus sócios,
re quando o fato gerador já ocorreu, mas uma obra de arte. Nesse caso, o registro
ainda não houve a contrapartida financei- será feito pelo valor de mercado desse bem,
ra, tal como visto ao apresentar o regime de ou seja, seu valor justo. O valor justo seria o
Competência. Aqui também é trazida a pos- valor de troca do bem entre compradores e
sibilidade de se registrar o valor justo como vendedores, sem que nenhuma das partes
custo histórico. tenha vantagem na negociação. O valor jus-
to, de uma maneira simplista, seria o valor
Veja exemplos de aplicação prática do cus- de mercado do bem.
to histórico: quando uma empresa mercan-
til compra bens para posterior revenda a um 2. Variações no custo histórico
valor superior, ela deve registrar em seu es-
segundo CFC nº 750/93
toque o valor pago ou a ser pago. Padoveze
(2014) afirma que, quando o contador de- Também foram incluídas nesse Princípio
para-se com diferentes valores de custo e possibilidades de variações ao valor históri-
de mercado pelo mesmo bem, deve ser re- co, após a integração do bem/direito/obriga-
gistrado o que for menor. ção ao patrimônio da entidade.

57/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


As variações ao custo histórico estão dispostas no inciso II do parágrafo 1º do art. 7º do CFC n.º
750/93:

II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os com-


ponentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decor-
rentes dos seguintes fatores:

a) Custo corrente. [...];

b) Valor realizável. [...];

c) Valor presente. [...];

d) Valor justo. [...]; e

e) Atualização monetária. [...]. (CFC, 1993)

Para saber mais


No CPC 00, tanto o custo histórico quanto suas variações compõem um número variado de bases de men-
suração. Essas bases incluem o custo histórico, custo corrente, valor realizável e valor presente.

58/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


Você verá de que forma são possibilitadas O custo corrente seria o custo de reposição,
essas variações constantes no Princípio a isto é, o valor que a Entidade teria de de-
seguir. sembolsar no período das demonstrações
contábeis para adquirir aquele bem que ela
2.1 Custo corrente possui, ou para liquidar a obrigação. Se uma
empresa mantém estoque de uma determi-
Segundo a Resolução, os ativos são reco- nada matéria-prima, que foi adquirida por
nhecidos pelos valores em caixa ou equiva- $100, e, no fechamento do balanço, a mes-
lentes de caixa, os quais teriam de ser pa- ma matéria-prima, em condições idênticas
gos se esses ativos ou ativos equivalentes à de posse da empresa, poderia ser adquiri-
fossem adquiridos na data ou no período da por $90, pelo custo corrente haveria uma
das demonstrações contábeis. Os passivos diferença de $10. Esta diferença monetária
são reconhecidos pelos valores em caixa deve ser contabilizada como despesa na
ou equivalentes de caixa, não descontados, conta de resultados e também como redu-
que seriam necessários para liquidar a obri- ção da conta do ativo (conta retificadora do
gação na data ou no período das demons- ativo de natureza credora) que contabiliza
trações contábeis. essa matéria-prima.

59/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


2.2 Valor realizável

A variação do custo histórico pelo valor realizável apresenta a seguinte redação:

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equi-


valentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma
ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes
de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as
correspondentes obrigações no curso normal das operações da Entidade
(CFC, 1993, grifo nosso).
Os conceitos de custo corrente e valor realizável, à primeira vista, parecem muito próximos. Con-
tudo, no valor realizável, os ativos são avaliados pelo valor de venda, e os passivos, pelo valor que
se espera liquidar no curso normal das operações. No custo corrente, o valor deverá ser baseado na
data das demonstrações contábeis, enquanto que não há referências de datas para base de valor
no caso de se utilizar o valor realizável como mensuração.
Na estrutura conceitual emitida pelo CPC (CPC 00), o valor realizável também é chamado de valor
da realização ou de liquidação. Isso porque os ativos devem ser mantidos pelos valores que po-
60/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
dem ser obtidos pela sua venda, ou seja, pela sua realização, e os passivos deverão ser mantidos
pelos valores que se espera para liquidar a obrigação.

2.3 Valor presente

As instruções para a base de mensuração através do valor presente estão dispostas no item c,
inciso II do parágrafo 1º do art. 7º:

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado


do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo
item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são man-
tidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de
caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal
das operações da Entidade (CFC, 1993).

61/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


O CPC emitiu um Pronunciamento tratando O valor presente busca trazer a informação
apenas do ajuste a valor presente. Esse Pro- de quanto vale na data da mensuração o va-
nunciamento, chamado CPC 12, ressalta a lor de um ativo ou passivo da entidade, ge-
importância dessa variação para incremen- ralmente ligado a operações de longo prazo.
tar o valor preditivo da Contabilidade. De fato, os elementos do ativo decorrentes
de operações de longo prazo, ou perten-
centes ao passivo não circulante deverão
ser ajustados com base no valor presente
de forma mandatória, conforme estipulado
Link nos artigos 183 e 184 da lei 6.404/76 (BRA-
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. SIL, 1976).
CPC 12 – Ajuste a Valor Presente. Disponível em: O conceito de valor presente é trazido da
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documen- matemática financeira, visto a necessidade
tos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronuncia- de se conhecer qual o valor atual que seria
mento?Id=43>. Acesso em: 30 nov. 2016. equivalente a um determinado valor que se
optou por receber (ou pagar) no futuro, des-
contada uma taxa de juros. O CPC 12 esti-
pula que a taxa de desconto a ser utilizada é
62/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
a que mais coaduna com o risco da entidade, que deve ser cuidadosamente estipulada, pois, uma
vez definida a taxa, ela não se altera no decorrer do tempo para ajuste do valor presente. Essa
taxa pode ser comparada ao custo de oportunidade da empresa, isto é, o valor dos usos alterna-
tivos do fluxo monetário que a empresa postergou.

2.4 Valor justo

O valor justo tem sua descrição no item d, inciso II do parágrafo 1 do art. 7º do CFC 750/93:

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo
liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação
sem favorecimentos (CFC, 1993).
O valor justo, ou Fair Value em sua nomenclatura nas normas internacionais de contabilidade,
surgiu da necessidade de se atribuir valor a todos os elementos que possam afetar o patrimônio
da empresa. Muitos instrumentos financeiros não eram contabilizados no balanço patrimonial,
mas eles poderiam ter impactos significativos no resultado e no patrimônio das empresas. Com
a introdução do conceito de valor justo, todos os ativos financeiros deverão ser reconhecidos e
63/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
divulgados ao valor justo (PADOVEZE et al.,
2012).
A Lei 6.404/76 reconhece e impõe a utili- Para saber mais
zação do valor justo no inciso I do art. 183 A inclusão de avaliações do ativo seguindo o cri-
para as aplicações em instrumentos finan- tério de valor justo foi trazida pela Lei 11.941/09.
ceiros, inclusive derivativos, e em direitos e
títulos de créditos, classificados no ativo cir-
culante ou no realizável a longo prazo (BRA-
SIL, 1976). A obrigatoriedade de se utilizar o
valor justo na mensuração inicial de ativos e
Link
passivos financeiros também consta no Pro- COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC
nunciamento CPC 38. 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e
Mensuração. Disponível em: <http://www.cpc.
org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronun-
ciamentos/Pronunciamento?Id=69>. Acesso
em: 30 nov. 2016.

64/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


O CPC traz um pronunciamento específico
sobre o valor justo, através do Pronuncia- Link
mento CPC 46. A definição trazida neste COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC
pronunciamento é a de que o valor justo é 46 – Mensuração do Valor Justo. Disponível em:
uma mensuração baseada em mercado, e <http://www.cpc.org.br/CPC/Documen-
não uma mensuração específica da Enti- tos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronuncia-
dade. Podem-se desprender algumas dife- mento?Id=78>. Acesso em: 30 nov. 2016.
renças das variações anteriores: enquanto
que, no custo corrente, o valor é o custo de
reposição para a entidade, no valor realizá- valor justo utilizando as mesmas premissas
vel é o valor de realização em uma possível que os participantes do mercado utilizaram
venda (descontados os custos e as despesas para avaliar o ativo ou passivo, supondo que
referentes a esta venda), no valor presente, esses ajam em seu melhor interesse econô-
a empresa estipula uma taxa de desconto, mico. Isso significa que essa avaliação deve
e finalmente no valor justo é o mercado que ser baseada em um ambiente de livre mer-
determina o valor do elemento patrimonial cado, sem imposições ou influências, tal
em questão. como também descreve a Resolução CFC
750/93.
Para o CPC 46, a entidade deve mensurar o
65/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
A mensuração dos itens patrimoniais pelo seu valor justo está intrinsecamente ligada à essência
sobre a forma: o intuito é refletir a posição patrimonial de modo que a avaliação reflita a essência
patrimonial e não meramente as formalidades, como o valor de face de um contrato, sem levar
em conta juros, riscos e demais itens que são precificados pelo mercado.

2.5 Atualização monetária

A atualização monetária, antes um Princípio Fundamental que foi revogado pela Resolução CFC
nº 1282/10, foi incorporada ao Princípio de Registro pelo Valor Original com a seguinte redação:

e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da


moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis median-
te o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patri-
moniais. (CFC, 1993)
Em 1993, o CFC havia estabelecido a atualização monetária como princípio dada a preocupação
com os índices inflacionários até então. Em 1990, por exemplo, o país vivenciou uma inflação de
mais de 1.800%. Com o esforço desprendido pelo Plano Real, em 1994, em estabilizar a econo-
66/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
mia, não houve mais momentos de hiper-
inflação como se viu nas décadas anteri-
ores. Contudo, a inflação, mesmo que sem
a característica hiperinflacionária, afeta os
preços e, consequentemente, o patrimô-
nio das Entidades. A inflação em 2015, por
exemplo, superou 10% em muitos índices
utilizados em sua medição. Mesmo sem sta-
tus de Princípio, a atualização monetária é
relevante para traduzir a variação do pod-
er aquisitivo da moeda nacional em dado
período.
O CFC, em sua resolução, ressalta que a at-
ualização monetária não representa uma
nova avaliação para os elementos patrimo-
niais atualizados, mas apenas manter os va-
lores das demonstrações contábeis ao val-
or real da moeda utilizada como medida de
valor.
67/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original
Glossário
Custo de oportunidade: corresponde ao valor que se deixou de receber dada a alocação dos
bens/disponibilidades a uma determinada finalidade em detrimento de outra.
Valor justo: preço que seria recebido pela venda de um ativo ou pago pela transferência de um
passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data da mensura-
ção.
Valor presente: instrumento trazido da Matemática Financeira, permite determinar o valor pre-
sente de desembolsos/recebimentos futuros a uma dada taxa de juros.

68/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


?
Questão
para
reflexão

Suponha que você continue na diretoria executiva da empresa,


que sempre tem muitos debates sobre a correta contabilização
de seus bens. O diretor executivo realizou um investimento de
longo prazo em um fundo de ações, adquirindo 1.000 cotas a
um valor de mercado de $100. Na elaboração das demonstra-
ções contábeis, o valor de mercado de cada cota subiu para
$110, mas o diretor acha que não é conveniente alterar, em
razão da volatilidade da aplicação em ações. Você concorda?
Qual deve ser a base de mensuração para esta conta?

69/198
Considerações Finais

• Além dos Princípios e Pronunciamentos Contábeis, o profissional sempre


deve estar atento ao disposto na Lei 6.404/76. Em seus artigos 183 e 184,
são trazidos os critérios de avaliação do Ativo e do Passivo, que devem ser
observados na elaboração das demonstrações contábeis;
• o valor justo pode se assemelhar ao custo corrente, ao valor realizável e ao
valor presente, pois em muitos casos o valor de mercado é o mesmo do que
o valor de reposição, de realização ou valor presente;
• a atualização monetária é imprescindível, uma vez que a moeda, apesar de
ser uma medida universal de reserva de valor, não é constante ao longo do
tempo.

70/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750 de 29 de dezembro de 1993. Dis-
ponível em: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_750.doc>. Acesso em 30 set. 2016.
IUDÍCIBUS, Sergio de (Coord.). Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de Contabilidade Básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

71/198 Unidade 3 • Registro pelo Valor Original


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Aula 3 - Tema: Registro pelo valor original. Blo- Aula 3 - Tema: Registro pelo valor original. Blo-
co I co II
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d09701f7328d6fa6b9ed33abff7c44aa>. 1d/0b2523b53c9db0a8d9079c113b3205cd>.

72/198
Questão 1
1. Segundo o CFC nº 750/93, os ativos registrados pelo custo histórico de-
vem corresponder aos valores:

a) que foram recebidos em troca da obrigação;


b) atualizados monetariamente à data do recebimento;
c) pagos ou a serem pagos em caixa (ou equivalente) ou ainda seu valor justo na data da aqui-
sição;
d) de liquidação da obrigação;
e) em moeda estrangeira, em caso de multinacionais.

73/198
Questão 2
2. O Princípio de Atualização Monetária foi revogado pelo(a):

a) Resolução CFC nº 1282/10


b) Resolução CFC nº 750/93
c) Resolução CFC nº 1282/93
d) Deliberação CVM nº 29/86
e) Pronunciamento CPC 00

74/198
Questão 3
3. Segundo o CFC nº 750/93, os passivos registrados pelo custo histórico de-
vem corresponder aos valores:

a) dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação;


b) atualizados monetariamente à data do recebimento;
c) de liquidação da obrigação antecipada;
d) pagos ou a serem pagos em caixa (ou equivalente) ou ainda seu valor justo;
e) em moeda estrangeira, em caso de empresas com filiais no exterior.

75/198
Questão 4
4. A variação no custo histórico que equivale ao custo de reposição é o:

a) valor presente
b) valor realizável
c) valor de atualização monetária
d) valor justo
e) custo corrente

76/198
Questão 5
5. A variação do custo histórico que preza por representar um valor de troca
na qual um ativo possa ser trocado, sem favorecimentos, é o:

a) valor presente
b) valor realizável
c) valor de atualização monetária
d) valor justo
e) custo corrente

77/198
Gabarito
1. Resposta: C. para liquidar o passivo no curso normal das
operações”.
A Resolução CFC nº 750/93 define que “os
ativos são registrados pelos valores pagos 4. Resposta: E.
ou a serem pagos em caixa ou equivalentes
de caixa ou pelo valor justo dos recursos que O custo corrente refere-se ao valor em caixa
são entregues para adquiri-los na data da que teriam de ser desembolsados para ad-
aquisição”. quirir os ativos na data das demonstrações
contábeis.
2. Resposta: A.
5. Resposta: D.
A Resolução CFC nº 1282/10 revogou o
Princípio de Atualização Monetária. O valor justo é a variação no custo histórico
que tenta aproximar-se do valor de merca-
3. Resposta: A. do.

A Resolução CFC nº 750/93 define que “os


passivos são registrados pelos valores dos
recursos que foram recebidos em troca da
obrigação [...], os quais serão necessários
78/198
Unidade 4
Comitê de pronunciamentos contábeis

Objetivos

1. Conhecer o histórico do esforço à internacio-


nalização das normas contábeis no mundo.
2. Entender a importância da criação do CPC para
a convergência às normas internacionais.
3. Conhecer o trâmite que valida e adéqua as nor-
mas internacionais à realidade brasileira.

79/198
Introdução

A contabilidade, segundo Padoveze et al. e centralização da emissão das normas no


(2012), pode ser vista como a linguagem fi- Brasil. Neste módulo, você acompanhará o
nanceira universal do mundo dos negócios. esforço para internacionalizar as normas da
E, para que essa comunicação ocorra de Contabilidade no mundo e no Brasil, através
forma efetiva e sem ruídos, a harmonização do CPC.
de suas normas é imperiosa para que pos-
sam ser compreendidas em diferentes paí- 1. Internacionalização das
ses, com sistemas legais, aspectos culturais normas contábeis – Histórico
e sociais diversos. Desde a criação do IASC
(Comitê de Normas Contábeis Internacio- Com o advento da globalização e existência
nais) em 1973, vários países estão empe- de um número cada vez maior de empresas
nhados em formular e criar um novo padrão multinacionais que operam no mundo todo,
de normas contábeis que pudesse ser acei- inclusive com ações negociadas em bolsas
to universalmente. de valores em diferentes países, logo surgiu
a necessidade de se universalizar as nor-
No Brasil, tal esforço resultou na criação do
mas contábeis. Isso porque a globalização
Comitê de Pronunciamentos Contábeis –
evidenciou o problema de cada país apre-
CPC, que, desde sua criação em 2005, bus-
sentar sua norma contábil: na tradução de
ca a convergência internacional das normas
80/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
seus balanços, com a adequação de normas dos países participantes.
contábeis locais, muitos resultados positi-
vos passaram a apresentar prejuízos. Para saber mais
Em 1973, um grupo de 10 países, liderado A convergência de normas e conciliação de di-
por representantes dos órgãos contábeis ferentes interesses e lobbys envolvidos tiveram
da Austrália, Canadá, França, Alemanha, Ja- muitos percalços e desafios. O histórico do IASC e
pão, México, Holanda, Reino Unido/Irlanda sua evolução para o IASB é contado por Stephen
e Estados Unidos, criou o IASC com o obje- Zeff, em um artigo publicado na Revista de Con-
tivo de formular e criar um novo padrão de tabilidade & Finanças, da USP.
normas contábeis que pudesse ser aceito
no mundo todo.
A intenção do IASC era editar normas con-
tábeis para adesão aos países participantes,
as IAS (Normas Internacionais de Contabili-
dade). Contudo, conciliar interesses de vá-
rios países não é fácil e o IASC apresentou
diversos problemas em combinar interesses

81/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


das normas internacionais de relatórios fi-
Link nanceiros e de contabilidade. Com a criação
do IASB, foi criado o IFRIC (IFRS – Comitê
ZEFF, Stephen A. A Evolução do IASC para o IASB de Interpretação de IFRSs) em substituição
e os Desafios Enfrentados. Revista Contabilida- ao SIC (Comitê Permanente de Interpreta-
de e Finanças, São Paulo, v. 25, ed. “História da ções), órgão responsável por interpretar as
Contabilidade”, p. 300-320, 2014. Disponível aplicações de IFRS e IAS existentes (normas
em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/ produzidas na existência do IASC) e prover
view/98018>. Acesso em: 30 nov. 2016. auxílio em questões não abordadas pelas
IFRSs, ou pela sua estrutura conceitual.
Com o apoio da IOSCO (Organização Inter- O Conselho do IASB é composto por até 16
nacional das Comissões de Valores Mobiliá- membros selecionados pelas áreas geográ-
rios), a partir de 1995, o IASC recuperou o ficas que representam (Ásia/Oceania, Euro-
fôlego e aumentou o número de países en- pa, América do Norte, África e América do
volvidos, até que, em 2001, foi criado o IASB. Sul). Esse esforço de abarcar profissionais
O IASB torna-se o responsável por promo- de vários países na elaboração das normas
ver a harmonização internacional da conta- tem apresentado bons resultados: Padoveze
bilidade por meio da elaboração e emissão et al. (2012) afirmam que mais de 100 paí-
82/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
ses já adotaram as normas internacionais
de Contabilidade, entre eles vários países Link
da União Europeia e Brasil. IFRS FOUNDATION. Constitution Revised and
approved by the Trustees. Disponível em: <http://
Para saber mais www.ifrs.org/The-organisation/Governan-
O Conselho do IASB admite até 16 membros di- ce-and-accountability/Constitution/Docu-
vididos por suas regiões geográficas, mas, se não ments/IFRS-Foundation-Constitution-Ja-
for possível o conjunto completo de membros, nuary-2013.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2016.
seus trabalhos não serão invalidados, conforme
consta na Constituição da IFRS Foundation (docu-
mento em inglês). De fato, em 2016, o conselho 2. Adoção das normas
foi composto por 12 membros. contábeis no brasil e criação do
CPC

Antes da criação do CPC e da convergência


das normas brasileiras às normas interna-
cionais, as entidades que se manifestavam
acerca das normas e procedimentos contá-
83/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
beis no Brasil eram o CFC, a CVM e o IBRACON • APIMEC Nacional: Associação de Ana-
(antigo Instituto Brasileiro de Contadores, listas e Profissionais de Investimento
hoje Instituto dos Auditores Independentes do Mercado de Capitais;
do Brasil). Contudo, muitas vezes havia di- • BM&FBOVESPA: Bolsa de Valores,
vergências entre essas regulamentações. Mercadorias e Futuros;
Dado o interesse e a necessidade do Brasil • CFC;
em aderir às normas contábeis internacio-
• FIPECAFI: Fundação Instituto de Pes-
nais, representantes de vários órgãos re-
quisas Contábeis, Atuariais e Finan-
guladores, do universo acadêmico, de as-
ceiras; e
sociações e representantes dos usuários
de informações contábeis constituíram o • IBRACON.
Comitê de Pronunciamentos Contábeis em Sempre serão convidados a participar os
outubro de 2005. seguintes órgãos:
O CPC é composto por dois representantes • BACEN: Banco Central do Brasil;
de cada entidade a seguir:
• CVM;
• ABRASCA: Associação Brasileira de
• Secretaria da Receita Federal; e
Companhias Abertas;

84/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


• SUSEP: Superintendência de Seguros Privados.
O CPC foi criado pela Resolução CFC n.º 1055/05, sendo seu objetivo disposto no art. 3º:

Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) tem por objetivo


o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre pro-
cedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natu-
reza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasilei-
ra, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção,
levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos
padrões internacionais (CFC, 2005).
Uma vez que a contabilidade também depende da adequação das leis nacionais, no que tange
à obrigação de demonstrações contábeis, bases de mensuração, entre outros, os legisladores
também realizaram esforços com auxílio de profissionais da área para aprovar alterações na lei
6.404/76. Essas alterações foram essenciais para que, em 2010, o Brasil estivesse totalmente
convergido às normas contábeis do IASB. A Lei 11.638/07 criou condições para harmonizar a
contabilidade brasileira às normas internacionais, e a Lei 11.941/09 possibilitou, dentre outras
providências, um Regime Tributário de Transição para minimizar os impactos fiscais na adoção
das novas normas.
85/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
3 FUNCIONAMENTO DO CPC

O CPC emite seus Pronunciamentos, Orientações e Interpretações de acordo com as IFRS (ou IAS,
se produzida durante o funcionamento do IASC), fazendo, inclusive, menção à norma internacio-
nal a qual se refere. As atribuições do CPC estão dispostas no art. 4º da Resolução CFC 1055/05:

Art. 4º É atribuição do Comitê de Pronunciamentos Contábeis - (CPC) estudar, pes-


quisar, discutir, elaborar e deliberar sobre o conteúdo e a redação de Pronuncia-
mentos Técnicos.

§ 1º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis – (CPC) poderá emitir Orientações


e Interpretações, além dos Pronunciamentos Técnicos, sendo que todos poderão
ser consubstanciados em Norma Brasileira de Contabilidade pelo CFC e em atos
normativos pelos órgãos reguladores brasileiros, visando dirimir dúvidas quanto à
implementação desses Pronunciamentos Técnicos (CFC, 2005).

86/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


É possível perceber que, apesar de o órgão
ser o responsável por emitir os pronuncia- Para saber mais
mentos, ele não afasta as competências
Através dessas audiências e consultas disponibili-
do CFC, CVM e demais órgãos reguladores
zadas pelo CPC, os profissionais de contabilidade,
brasileiros. A cada pronunciamento, o CPC
usuários da informação e público em geral podem
publica um Termo de Aprovação, o qual re-
realizar sugestões e comentários nos pronun-
comenda que o documento seja referenda-
ciamentos. Disponível em: <http://www.cpc.
do pelas entidades reguladoras brasileiras,
org.br/CPC/Audiencias-e-Consultas/CPC>.
visando sua adoção. Após o termo, o docu-
Acesso em: 23 dez. 2106.
mento é firmado através de deliberações da
CVM, resoluções do CFC, circular do BACEN
e agências reguladoras, aprovando o con- A cada pronunciamento emitido, é atribuí-
teúdo do pronunciamento emitido. do um número e, em seguida, o título de seu
O CPC também realiza periodicamente a pronunciamento. Se o pronunciamento em
revisão de seus pronunciamentos, com su- questão já foi revisado, ele apresenta após
gestões recebidas através de audiências este número a letra R, seguida do número
disponibilizadas em seu site. de revisões realizadas, com esta informação
entre parênteses. Um exemplo é o CPC 02
87/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
(R2) – Conversão de demonstrações contá- 2008, a CVM emitiu a Deliberação CVM n.º
beis. O “R2” entre parênteses significa que 539/2008, revogando sua antiga delibera-
ele fora revisado 2 vezes. Também é refe- ção CVM nº 29/86, que trazia a Estrutura
renciado sobre qual norma internacional o Conceitual Básica da Contabilidade, com os
CPC é correlacionado. No caso do CPC 02, postulados, princípios de convenções.
ele está correlacionado ao IAS 21.

4. Pronunciamentos contábeis
Link
COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Delibera-
e princípios contábeis segundo
ção CVM n.º 539, de 14 de março de 2008. Dis-
CFC nº 750/93
ponível em: <http://www.cvm.gov.br/legis-
Você deve lembrar que, no primeiro módu- lacao/inst/inst539.html>. Acesso em: 30 nov.
lo, foi dito que não há menção explícita aos 2016.
Princípios Contábeis nos Pronunciamentos
emitidos pelo CFC. De fato, com a emissão
da primeira versão do CPC 00 – Estrutu-
ra Conceitual para Elaboração e Divulga-
ção de Relatório Contábil-Financeiro, em

88/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Já o CFC optou por não revogar a Resolu- • a Prudência, Princípio segundo o CFC,
ção CFC nº 750/93 e a atualizou através da foi retirada pelo CPC 00 por ser con-
Resolução CFC nº 1282/10, em consonân- siderada inconsistente com a neutra-
cia com a estrutura conceitual emitida pelo lidade. Segundo o pronunciamento, a
CPC, em 2008. Contudo, entre a Resolução informação deve representar a reali-
CFC nº 750/93 e os Pronunciamentos emi- dade econômica da empresa, sem su-
tidos pelo CPC, há algumas diferenças de bavaliações de ativos ou superavalia-
nomenclatura importantes para enfatizar: ções de passivos.
• No CPC 00, a essência sobre a forma Apesar de no CPC 00 haver a retirada ex-
foi retirada, uma vez que foi conside- pressa da prudência, convém ressaltar que,
rada redundância com a exigência da em outros pronunciamentos, existe ainda
informação contábil ter representação menção à prudência das demonstrações
fidedigna; contábeis quando na ausência de pronun-
• o Princípio da Oportunidade é trazido ciamento que se aplique especificamente a
pelo CPC 00 como característica qua- uma transação, tal como no CPC 23 – Po-
litativa de melhoria, com o nome de líticas Contábeis, Mudança de Estimativa e
tempestividade; Retificação de Erro. Em vários Pronuncia-
mentos, também há menção de se avaliar
89/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis
um ativo pelo menor valor, quando são pos- Os conceitos embutidos nos princípios da
síveis duas formas de mensuração, como no Entidade, da Continuidade, da Competên-
CPC 16. cia e do Registro pelo Valor Original per-
meiam os Pronunciamentos emitidos pelo
CPC, apesar de não serem chamados de
Link Princípios.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
CPC 32 – Políticas Contábeis, Mudança de Es-
timativa e Retificação de Erro. Disponível em:
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documen-
tos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronuncia-
mento?Id=54>. Acesso em: 30 nov. 2016.

90/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Glossário
IASC: Internacional Accounting Standards Committee – Comitê de Normas Contábeis Internacio-
nais.
IAS: International Accounting Standards – Normas Internacionais de Contabilidade, emitidas pelo
IASC.
IFRIC: IFRS Interpretation Committe – Comitê de Interpretação de IFRSs.
IOSCO: International Organization of Securities Commissions – Organização Internacional das Co-
missões de Valores Mobiliários.
SIC: Standing Interpretation Committe – Comitê Permanente de Interpretações.

91/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


?
Questão
para
reflexão

Imagine que você está cada vez mais envolvido nas ati-
vidades contábeis da empresa em que trabalha e, apesar
de trabalhar na gestão da empresa, está sempre atento
à produção e escrituração das informações contábeis.
Contudo, nem todos os seus colegas se preocupam com
a forma e o impacto de uma mudança na legislação ou
uma nova orientação emitida pelo CPC pode ter sobre
as informações contábeis. O que diria para chamar a
atenção dos colegas?
92/198
Considerações Finais

• A contabilidade é afetada por diversos órgãos, uma vez que é de interesse


de investidores, empresários e até mesmo para fins fiscais e arrecadatórios
por parte do Estado. A atualização dos novos Pronunciamentos, Orienta-
ções e Interpretações emitidos pelo CPC e atenção à alteração de leis são
essenciais para o trabalho do profissional da área contábil;
• como a contabilidade é uma ciência social, deve estar atenta a mudanças
exigidas pelas diferentes formas de negócios e valores que eventualmente
surjam, sempre na tentativa de trazer dados mais apurados sobre o patrimô-
nio das entidades. O IASB e o CPC estão em constante busca para aperfei-
çoar as normas contábeis, em um processo transparente incluindo audiên-
cias públicas e consultas, a fim de aprimorar a mensuração do patrimônio e
acompanhar a evolução da sociedade;
• apesar de os Princípios não estarem explicitamente na estrutura concei-
tual e demais pronunciamentos do CPC, pode-se perceber que os Princípios
Contábeis emitidos pelo CFC coadunam com a estrutura conceitual.
93/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução n.º 750 de 29 de dezembro de 1993.
Dispõe sobre os Princípios de Contabilidade. Disponível em: <http://cfc.org.br/sisweb/sre/docs/
RES_750.doc>. Acesso em: 30 set. 2016.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC n.º 1055 de 07 de outubro de 2005.


Cria o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e dá outras Providências. Disponível em:
<http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2005/001055>. Acesso em: 13
out. 2016.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

94/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: Comitê de pronunciamentos Aula 4 - Tema: Comitê de pronunciamentos con-


contábeis. Bloco I tábeis. Bloco II
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a5c70369ef5915a484f9c3ebcda3396a>. 011060779b508e69e73c172d574dc>.

95/198
Questão 1
1. As normas internacionais criadas pelo IASC são conhecidas pelas siglas:

a) IASB
b) IAS
c) IFRS
d) CPC
e) IOSCO

96/198
Questão 2
2. No CPC 00, a essência sobre o valor original foi retirada do texto. Essa
mudança ocorreu em virtude de:

a) na nova estrutura conceitual, a realidade econômica não precisa se sobrepor à forma;


b) não representar mais uma bandeira insubstituível nas normas do IASB;
c) ser trocada pela representação fidedigna, que também exprime que a realidade econômica
sempre deva transparecer sobre sua forma;
d) ser um conceito ultrapassado aos usuários de informação;
e) prejudicar o balanço patrimonial da empresa.

97/198
Questão 3
3. A edição de duas leis foi essencial para que houvesse a convergência
das normas contábeis brasileiras à internacionais. Assinale a lei que tra-
tava de um regime transitório de tributação a fim de diminuir o possível
impacto fiscal com a edição das novas normas.

a) Lei 6.404/76
b) Lei 11.638/07
c) Resolução CFC 1282/10
d) Deliberação CVM 539/08
e) Lei 11.941/09

98/198
Questão 4
4. Antes da criação do CPC, outros órgãos eram responsáveis por mani-
festarem a respeito dos Princípios Contábeis Geralmente Aceitos no Brasil
– BR GAAP. Assinale a alternativa que contenha um desses órgãos:

a) Secretaria da Receita Federal


b) BM&FBOVESPA
c) ABRASCA
d) CFC
e) SUSEP

99/198
Questão 5
5. As normas internacionais emitidas pelo IASB são conhecidas pelas si-
glas:

a) IAS
b) IASB
c) CPC
d) IFRS
e) IOSCO

100/198
Gabarito
1. Resposta: B. 4. Resposta: D.

Durante a existência do IASC, as normas Os BR GAAP eram emitidos e discutidos pelo


contábeis internacionais eram chamadas CFC (resposta correta), e também pela CVM.
de IAS – International Accounting Standards.
5. Resposta: D.
2. Resposta: C.
As normas emitidas pelo IASB são chama-
A essência sobre a forma foi substituída por das IFRS – International Financial Reporting
representação fidedigna, que também busca Standard.
retratar a realidade econômica da empresa.

3. Resposta: E.

A Lei 11.941/09 tratava sobre o Regime


Transitório de Tributação – RTT.

101/198
Unidade 5
Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques

Objetivos

1. Conhecer a definição de estoques e a


abrangência do CPC 16.
2. Entender a forma de mensuração do
custo dos estoques.
3. Analisar os diferentes critérios de va-
loração do estoque permitidos pelo
CPC 16.

102/198
Introdução

Você pôde acompanhar no tema anterior 1. CPC 16 (R1) – Estrutura


como são produzidos os Pronunciamentos e correlação às normas
Contábeis emitidos pelo CPC, com a preo- internacionais
cupação da convergência das normas in-
ternacionais à realidade brasileira, e com a Os Pronunciamentos Contábeis são com-
realização de consultas e audiências públi- postos pelo Termo de Aprovação, o Pronun-
cas que resultem na transparência da edi- ciamento propriamente dito, o Sumário e o
ção dos Pronunciamentos. Até outubro de Relatório de Audiência Pública. No site do
2016, o CPC já havia publicado 45 Pronun- CPC, estão disponibilizados todos esses do-
ciamentos, 17 interpretações e 8 orienta- cumentos, separados por Pronunciamen-
ções. Neste e nos próximos 3 temas, você to, com acesso livre e gratuito. Lá também
conhecerá alguns desses pronunciamen- constam as aprovações endossadas pelos
tos e explorará a estrutura dos documentos órgãos reguladores brasileiros.
emitidos pelo CPC.

103/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


Link
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Docu-
mentos-Emitidos/Pronunciamentos>. Acesso em: 30 nov. 2016.

O Pronunciamento Contábil CPC 16 – Estoques foi elaborado a partir da norma internacional IAS
2 – Inventories. Esse Pronunciamento, que já foi revisado uma vez (representado pelo R1), esta-
belece o tratamento contábil para os estoques e seu objetivo apresentado no sumário é:

[...] determinar a forma de avaliação dos estoques adquiridos para revenda,


dos mantidos para consumo ou utilização industrial ou na prestação de
serviços, dos em processamento e dos produtos acabados prontos para a
venda (CPC, 2012).

Para saber mais


É possível, mediante a realização de cadastro, ter acesso aos documentos referentes às normas interna-
cionais de contabilidade no site do IFRS Foundation. Há também opções pagas do serviço.

104/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


o custo das mercadorias vendidas e, conse-
Link quentemente, a apuração do resultado bru-
to do período.
IFRS FOUNDATION. Disponível em: <http://
www.ifrs.org/IFRSs/Pages/IFRS.aspx>. Aces-
so em: 30 nov. 2016.

A importância da mensuração dos estoques


Para saber mais
está relacionada ao reconhecimento das re- O resultado bruto de empresas que trabalham
ceitas. Você já sabe que o reconhecimento com comercialização de mercadorias, ou seja, o
de um evento está relacionado à ocorrên- resultado com mercadorias (RCM), é o equivalen-
cia do fato gerador, independentemente do te monetário da receita de vendas (RV) subtraído
recebimento do correspondente monetá- o custo das mercadorias vendidas (CMV), ou seja:
rio. Outro conceito relevante, relacionado (IUDICIBUS, 2010).
à mensuração dos estoques, é a confronta-
ção das despesas com as receitas. Os valo-
res contidos nos estoques são fundamen-
tais para essa confrontação e apuração do
resultado do período, pois eles impactam
105/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
Esse Pronunciamento busca trazer orientações sobre a determinação do custo dos estoques e,
ainda, orientações sobre o método a ser utilizado para valorar os estoques.

2. Definição e mensuração do estoque segundo CPC 16


2.1 Conceito de estoques

Segue a definição de Estoques, segundo o CPC 16 (R1):

Estoques são ativos:

(a) mantidos para venda no curso normal dos negócios;

(b) em processo de produção para venda; ou

(c) na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transfor-


mados no processo de produção ou na prestação de serviços. (CPC, 2009).

106/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


Contudo, o tratamento dado aos Estoques 2.2 Mensuração
pelo CPC 16 (R1) não é aplicável a estoques
específicos relacionados à produção em Os estoques tratados pelo CPC 16 devem
andamento provenientes de contratos de ser mensurados pelo valor de custo ou va-
construção (regido pelo CPC 17 – Contratos lor realizável líquido, dentre os dois valores
de Construção), instrumentos financeiros o menor. Segundo Yamamoto et al. (2011),
(dispostos nos CPC 38 e CPC 39 – Instru- esse tratamento é realizado com o objetivo
mentos Financeiros) e, ainda, ativos bioló- de eliminar dos estoques os valores de cus-
gicos relacionados com a atividade agríco- tos não recuperáveis com a venda.
la e o produto agrícola no ponto da colhei- A mensuração dada pelo Pronunciamen-
ta (tratado pelo CPC 29 – Ativo Biológico to CPC 16 (R1) não é válida para produto-
e Produto Agrícola). Essa diferenciação é res agrícolas e florestais, de produtos após
feita, principalmente, em virtude da neces- a colheita, de minerais e produtos minerais,
sidade de tratamento diferenciado das re- à medida que sejam mensurados pelo valor
ceitas e despesas que ocorrem em períodos realizável líquido de acordo com a prática
contábeis diferentes, ou, ainda, na forma de do setor. Os comerciantes de commodities
mensuração singularizada desses ativos es- que mensurem seus estoques pelo valor
pecíficos. justo também estão excluídos do tratamen-
107/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
to dado pelo CPC 16 (R1). Nesses casos, as seus custos indiretos. Os custos diretos são
alterações nesses valores deverão ser reco- aqueles diretamente relacionados às uni-
nhecidas no resultado do período em que dades produzidas, seja matéria-prima con-
tenha sido verificada a alteração. sumida na fabricação ou mão de obra. Já os
custos indiretos são aqueles que, quando
Os custos devem incluir todos os custos de
não é possível identificar separadamente e
aquisição, transformação e outros incor-
alocá-los diretamente na produção (como
ridos para trazer os estoques à condição em fábricas que produzem mais de um pro-
e localização atuais. Isso inclui o preço de duto e dividem o espaço produtivo), devem
compra, os impostos (exceto aqueles recu- ser atribuídos em uma base racional e con-
peráveis junto ao fisco), custos de transpor- sistente.
te, seguro, manuseio, outros valores direta-
Existem várias metodologias para apro-
mente atribuíveis à aquisição de produtos
priação de custos, tais como custeio por
acabados, materiais e serviços. Para apura-
absorção, custeio variável, custeio basea-
ção do custo, devem ser deduzidos os des-
do em atividades, entre outros. Contudo, o
contos comerciais, abatimentos e outros custeio por absorção é o mais adotado pela
itens semelhantes. Contabilidade Financeira, segundo Martins
Nos custos de transformação, estão os cus- (2010). Isto porque ele é mais aceito pela le-
tos diretos de fabricação e a alocação de gislação fiscal.
108/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
de quanto deveriam ser seus custos, dados
Para saber mais níveis normais de utilização dos materiais
e bens de consumo. Já o método de varejo,
A contabilidade de custos é uma importante
utilizado no setor de varejo para mensurar
ferramenta de uso não só para elaboração das
estoque de grandes quantidades de itens
demonstrações exigidas pela legislação, mas
que mudam rapidamente, é determinado
também para a gestão do negócio. Inicialmen-
pela redução do seu preço de venda a uma
te, ela foi originada para resolver problemas de
percentagem de margem de lucro.
mensuração dos estoques, mas logo se percebeu
o potencial para uso como instrumento de admi-
nistração. Muitos métodos de custeio existentes
2.3 Critérios de valoração do
foram elaborados com o propósito de gerenciar estoque
os custos de produção.
Os critérios de valoração do estoque rela-
cionam-se às formas de atribuir valores aos
Outras formas para a mensuração do custo
itens mantidos no estoque e às mercadorias
permitidas pelo CPC 16 (R1) são o custo-pa-
vendidas, para obter o custo de mercado-
drão e o método de varejo, se esses resul-
rias vendidas no cálculo da receita. Os prin-
tados se aproximarem do custo real. O cus-
cipais critérios utilizados são o custo espe-
to-padrão é o valor estimado pela empresa
109/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques
cífico, PEPS, UEPS e custo médio ponderado Contudo, na maior parte das vezes, a em-
(YAMAMOTO et al., 2011). presa realiza a compra de diversos mate-
O CPC 16 preconiza o uso do custo específi- riais em datas diversas, por preços diferen-
co em casos de projetos cujos itens não são tes. Para esses itens intercambiáveis, o CPC
intercambiáveis. Neste caso, os custos de- permite a utilização dos métodos PEPS e
vem ser atribuídos pelo uso da identificação custo médio ponderado.
específica dos seus custos individuais. Po- O item 27 do CPC 16 (R1) traz os conceitos
de-se citar o exemplo de aquisição de ma- do critério PEPS e custo médio ponderado:
téria-prima exclusivamente para uso numa
determinada ordem de produção ou enco-
menda.

110/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


27. O critério PEPS (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair) pressupõe que os itens
de estoque que foram comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos
em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que permanecerem em
estoque no fim do período sejam os mais recentemente comprados ou
produzidos. Pelo critério do custo médio ponderado, o custo de cada item
é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhan-
tes no começo de um período e do custo dos mesmos itens comprados
ou produzidos durante o período. A média pode ser determinada em base
periódica ou à medida que cada lote seja recebido, dependendo das cir-
cunstâncias da entidade.
O critério PEPS, segundo a definição, faz com que os estoques mais antigos sejam vendidos em
primeiro lugar. Esse critério é aceito pelas Normas Internacionais e pela legislação tributária bra-
sileira ao invés do UEPS, pois leva em conta possíveis forças inflacionárias na compra de esto-
ques novos. Geralmente, os estoques adquiridos em um período anterior apresentarão valores
menores do que aqueles adquiridos mais recentemente, principalmente quando os estoques não
possuem alta rotatividade.

111/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


tentes, após cada evento que altera a quan-
Para saber mais tidade de estoque.
O método UEPS (último que entra é o primeiro
que sai) não é aceito para fins fiscais, tampouco 3. Divulgação
pelas normas internacionais de contabilidade.
As principais informações que devem cons-
Esse método consiste em avaliar o custo de mer-
tar nas demonstrações contábeis exigidas
cadorias pelas compras mais recentes e o esto-
pelo CPC 16 (R1) estão relacionadas:
que remanescente pelas compras mais antigas, o
que geralmente reduz o lucro contábil. • às políticas contábeis adotadas na
mensuração dos estoques, com a ex-
Já no critério pelo custo médio ponderado, pressa menção das formas e critérios
o custo das mercadorias é calculado de for- utilizados para valoração deles;
ma dinâmica, já que se altera a cada compra
• aos valores do total e subgrupos dos
de novas unidades por um preço unitário di-
estoques de mercadorias e produtos;
ferente do preço médio na data da compra.
O valor médio é calculado com a divisão do • ao valor dos estoques escriturados
custo total do estoque pelas unidades exis- pelo valor justo menos seus custos es-
timados de venda;

112/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


• ao valor dos estoques reconhecidos saiba quais critérios foram utilizados para
como despesas (CMV) no período; a valoração do estoque. Estas informações
• ao valor de redução ou reversão de re- devem constar nas Notas Explicativas,
dução do valor dos estoques reconhe- que fazem parte do conjunto completo das
cida no período; demonstrações contábeis, conforme CPC
26 (R1) – Apresentação das Demonstrações
• às circunstâncias que levaram à rever- Contábeis.
são de redução de estoques no perío-
do;
• ao montante escriturado de estoques
dado como garantia de passivos.
Perceba que nem todas essas informações
Link
ficam claras ao usuário de informação ape- COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
nas pela observação do saldo total das CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações
contas disposto no balanço patrimonial. Contábeis. Disponível em: <http://www.cpc.
As políticas contábeis utilizadas pela enti- org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronun-
dade, por exemplo, precisam ser descritas ciamentos/Pronunciamento?Id=57>. Acesso
para que o usuário da informação contábil em: 30 nov. 2016.

113/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


Glossário
Commodities: produtos de baixo valor agregado, correspondente ao seu estado in natura, sem
transformação. Seus preços são determinados pela oferta e procura internacional.
Notas explicativas: notas que incluem descrições ou análises mais detalhadas dos itens apre-
sentados nas demonstrações contábeis da entidade.
PEPS (primeiro que entra é o primeiro que sai): critério de valoração de estoque, em que os
estoques mais antigos são contabilizados como custo de mercadorias vendidas (também co-
nhecido por First in – First out – FIFO).
UEPS (último que entra é o primeiro que sai): critério de valoração de estoque, em que os es-
toques mais novos são contabilizados como custo de mercadorias vendidas (também conheci-
do por Last-in – First out – LIFO).
Valor realizável líquido: preço de venda estimado no curso normal dos negócios deduzidos os
custos estimados para sua conclusão e os gastos estimados para a conclusão da venda.

114/198 Unidade 5 • Pronunciamento técnico CPC 16 – estoques


?
Questão
para
reflexão

Na empresa em que trabalha, há um sistema de gerenciamento


de estoques muito eficiente, que permite que a diretoria execu-
tiva possa acompanhar sua evolução, saldo, vendas etc. Em uma
consulta de rotina, você percebeu que um lote grande de maté-
rias-primas não constava no sistema. Quando foi questionar o
porquê, o setor responsável optou por não registrar, afinal, daqui
a pouco seriam registrados os produtos já acabados. Esse posi-
cionamento está correto? Quais os problemas que podem ocorrer
com a ausência da informação correta e tempestiva?

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Considerações Finais

• Os estoques são ativos importantes para a maioria das empresas. A correta


mensuração e a escolha dos critérios de valoração impactam no resultado
do período;
• as orientações contidas no CPC 16 indicam quais os possíveis tratamentos
contábeis dos estoques, principalmente relacionados à mensuração, crité-
rios de valoração e divulgação;
• os critérios utilizados pela Entidade relacionados à mensuração do custo e
valoração dos estoques devem estar disponíveis nas demonstrações contá-
beis, através das Notas Explicativas.

116/198
Referências

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 16 (R1) – Es-


toques. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronun-
ciamentos/Pronunciamento?Id=47>. Acesso em 14 out.2016.

IUDÍCIBUS, Sergio de, coord. Contabilidade Introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012
YAMAMOTO, Marina Mitiyo; PACCEZ, João Domiraci; MALACRIDA, Mara Jane Contrera. Funda-
mentos da Contabilidade: A nova Contabilidade no contexto global. São Paulo: Saraiva, 2011.

117/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: CPC 16 - Estoques. Bloco I Aula 5 - Tema: CPC 16 - Estoques. Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/86b-
1d/8adc00835c65abf4b21a549af93229a9>. 7d6e234d9de318dc68ddd17e1dd86>.

118/198
Questão 1
1. O Pronunciamento Contábil, que traz informações sobre o tratamento
contábil dos estoques, emitido pelo IASB é:

a) CPC 16
b) CPC 26
c) IAS 16
d) IFRS 2
e) IAS 2

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Questão 2
2. Assinale a alternativa que contenha um tipo de estoque que não é
disciplinado pelo CPC 16:

a) Mercadorias destinadas à venda.


b) Ativos biológicos relacionados a atividades agrícolas.
c) Matérias-primas a serem utilizadas no processo de produção.
d) Commodities.
e) Mercadorias em processo de produção.

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Questão 3
3. O Pronunciamento Contábil que traz informações sobre o tratamento
contábil dos estoques emitido pelo CPC é:

a) CPC 16
b) CPC 26
c) IAS 16
d) IFRS 2
e) IAS 2

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Questão 4
4. Segundo o CPC 16 (R1), os estoques devem ser mensurados:

a) pelo valor de custo ou valor realizável líquido, o que for maior:


b) pelo valor justo;
c) pelo valor de custo ou valor realizável bruto, o que for menor;
d) pelo valor de custo ou valor realizável líquido, o que for menor;
e) pelo valor de custo ou valor realizável bruto, o que for maior.

122/198
Questão 5
5. A mensuração dos estoques pelo CPC 16 (R1) pode ser relacionada
com um Princípio Contábil presente na Resolução CFC º 750/93. Falamos
do Princípio:

a) da Entidade
b) da Continuidade
c) da Prudência
d) da Atualização Monetária
e) da Oportunidade

123/198
Gabarito
1. Resposta: E. 3. Resposta: A.

O pronunciamento emitido pelo IASB acer- O pronunciamento emitido pelo CPC acerca
ca dos estoques é IAS 2 – Inventories. dos estoques é o CPC 16 (R1) – Estoques.

2. Resposta: B. 4. Resposta: D.
O tratamento dado aos Estoques pelo CPC Segundo item 9 do CPC 16 (R1), os estoques
16 (R1) não é aplicável a estoques especí- devem ser mensurados pelo valor de custo
ficos relacionados à produção em anda- ou pelo valor realizável líquido, dos dois o
mento provenientes de contratos de cons- menor.
trução (regido pelo CPC 17 – Contratos de
Construção), instrumentos financeiros (dis- 5. Resposta: C.
postos nos CPC 38 e CPC 39 – Instrumentos
Financeiros), e ativos biológicos relacionados A mensuração dos estoques, segundo CPC
com a atividade agrícola e o produto agrícola (R1), deve ser realizada pelo valor de cus-
no ponto da colheita (tradado pelo CPC 29 – to ou pelo valor realizável líquido, o que for
Ativo Biológico e Produto Agrícola). menor. Isso significa atribuir um valor me-
nor, dentre os possíveis, a uma conta do
124/198
Gabarito
ativo. Isso corresponde ao princípio da Pru-
dência, que “determina a adoção do menor
valor para os componentes do ATIVO e do
maior para os do PASSIVO”.

125/198
Unidade 6
Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado

Objetivos

1. Conceitualizar ativo imobilizado se-


gundo CPC 27 e a legislação brasileira.
2. Entender a forma de reconhecimento
e mensuração dos ativos imobiliza-
dos.
3. Analisar os diferentes critérios de de-
preciação possíveis dentro do CPC 27
e os permitidos pelos órgãos fiscaliza-
dores do Brasil.

126/198
Introdução
Os Ativos são considerados recursos con- mensurados e, ainda, as diferenças entre
trolados pela Entidade dos quais se espera a aplicação das instruções e orientações
que fluam futuros benefícios econômicos, contidas no Pronunciamento CPC 27, bem
segundo a Estrutura Conceitual trazida pelo como as exigências impostas pelas leis bra-
CPC. Os bens, equipamentos e instalações sileiras.
de longa permanência destinados ao uso e
atividades operacionais da empresa consti- 1. Ativo imobilizado segundo
tuem um subgrupo do ativo: o ativo imobi-
lizado. Esse subgrupo representa os ativos
CPC 27 e lei 6.404/76
corpóreos que, apesar de não serem desti-
O ativo imobilizado é uma conta pertencen-
nados à revenda ou investimentos, são de
te ao ativo não circulante, relacionada às
extrema importância ao funcionamento e
atividades de longo prazo da Entidade, ou
continuidade da Entidade, com a expecta-
ainda, àquelas em que não se espera reali-
tiva de futuros benefícios econômicos. Má-
quinas, equipamentos, edifícios, veículos, zar, vender ou transacionar no mesmo ciclo
ferramentas e instalações são exemplos de operacional.
ativos imobilizados. O CPC 27, elaborado a partir da norma in-
Você conhecerá as definições de ativo imo- ternacional IAS 16 – Property, Plant and Equi-
bilizado, de que forma são reconhecidos e pment, traz a definição de ativo imobilizado:
127/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
Para saber mais
A Lei 11.941/09 atualizou a Lei 6.404/76 (Lei das S.A.) no que se referem às contas do balanço patrimonial:
no ativo, as contas são divididas em ativo circulante e ativo não circulante. O ativo não circulante, rela-
cionado a operações de longo prazo da Entidade, é composto pelos subgrupos realizável a longo prazo,
investimentos, imobilizado e intangível.

Ativo imobilizado é o item tangível que:


(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços,
para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e
(b) se espera utilizar por mais de um período.
Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à
manutenção das atividades da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive
os decorrentes de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e o con-
trole desses bens. (CPC, 2009)

128/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


A Lei 6.404/76 traz a classificação de ativos
imobilizados, atualizada pela Lei 11.638/07, Para saber mais
como “os direitos que tenham por objeto As operações que transferem benefícios, riscos
bens corpóreos destinados à manutenção e controle dos bens, trazidas tanto no CPC 27
das atividades da companhia ou da empre- quanto na Lei 6.404/76, referem-se, principal-
sa ou exercidos com essa finalidade, inclusi- mente, ao arrendamento mercantil financeiro. O
ve os decorrentes de operações que trans- Pronunciamento CPC 06 (R1) – Operações de Ar-
firam à companhia os benefícios, riscos e rendamento Mercantil trata especificamente do
controle desses bens”. registro dessas operações.
Perceba que as definições trazidas pelo Pro-
nunciamento emitido pelo CPC e pela Lei
são muito similares e se complementam.
Link
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
CPC 06 (R1) – Operações de Arrendamento Mer-
cantil. Disponível em: <http://www.cpc.org.
br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronuncia-
mentos/Pronunciamento?Id=37>. Acesso em:
30 nov. 2016.

129/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


O tratamento dado pelo CPC 27 não se apli- • direitos sobre jazidas e reservas mine-
ca a: rais.
• ativos imobilizados mantidos para
2. Reconhecimento, mensura-
venda pelo CPC 31 – Ativo Não Circu-
ção e depreciação do ativo imo-
lante Mantido para Venda e Operação
Descontinuada;
bilizado
• ativos biológicos relacionados com a 2.1 Reconhecimento
atividade agrícola, tratado pelo CPC
29 – Ativo Biológico e Produto Agríco- O CPC 27, item 7, trata do reconhecimento
la; do ativo imobilizado:
• reconhecimento e mensuração de ati-
vos de exploração, e avaliação de re-
cursos minerais, que será disciplinado
pelo CPC 34 – Exploração e Avaliação
de Recursos Minerais, ainda não edi-
tado;

130/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


7. O custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como
ativo se, e apenas se:

(a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item flui-
rão para a entidade; e

(b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente (CPC, 2009).


Perceba que o item “a” é o próprio conceito de Ativo definido pela Estrutura Conceitual CPC 00.
A expectativa de benefícios econômicos em virtude da propriedade do bem é a essência do con-
ceito de Ativo.
Bens como peças de reposição, sobressalentes, ferramentas e equipamentos de uso interno tam-
bém são considerados ativos imobilizados quando é esperado que a Entidade os use por mais de
um período ou ciclo contábil.

2.2 Mensuração

A mensuração dos ativos imobilizados diferencia-se quando realizadas no reconhecimento e


após o reconhecimento.
131/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
• Mensuração no reconhecimento: O método do custo exige que o ativo seja
Segundo CPC 27, um item do ativo imobili- mensurado pelo valor de custo menos qual-
zado que atenda aos critérios de reconheci- quer depreciação e perda por redução ao
mento deve ser mensurado pelo seu custo. valor recuperável. Na Lei 6.404/76, o artigo
O custo do ativo imobilizado engloba o pre- 183, em seu item V, especifica que os direi-
tos classificados no imobilizado serão ava-
ço de aquisição, quaisquer custos atribuí-
liados pelo custo de aquisição, deduzido do
veis diretamente para que ele possa entrar
saldo da respectiva conta de depreciação,
em funcionamento e a estimativa inicial dos
amortização ou exaustão.
custos de desmontagem e remoção do item
e de restauração do local no qual esse está A reavaliação de ativos não é permitida no
localizado. Brasil, porém, na adoção inicial das normas
internacionais contábeis e dos CPCs, foi
• Mensuração após o reconhecimen- permitido um ajuste no valor inicial de seus
to: ativos que estivessem reconhecidos no ba-
Após o reconhecimento, a Entidade pode lanço por valor consideravelmente inferior
mensurar o ativo imobilizado pelo método ou superior ao seu valor justo (IUDÍCIBUS
do custo ou, quando a Lei permitir, pelo mé- et al., 2013). A prática mais adequada para
todo de reavaliação. reavaliação é empregar o valor justo como
custo atribuído (deemed cost) e quaisquer
132/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
ajustes nos saldos iniciais, tanto positivos
como negativos, devem ser registrados na
conta Ajustes de Avaliação patrimonial. O
Link
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
uso do custo atribuído consta no Pronun-
CPC 37 (R1) – Adoção Inicial das Normas Interna-
ciamento CPC 37 (R1) – Adoção Inicial das
cionais de Contabilidade. Disponível em: <http://
Normas Internacionais de Contabilidade.
www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emi-
tidos/Pronunciamentos/Pronunciamen-
to?Id=68>. Acesso em: 30 nov. 2016.
Para saber mais
Pelo CPC 27, quando o ativo é mensurado pelo
método de Reavaliação, ele deve ser feito perio- 2.3 Depreciação
dicamente caso sofram mudanças significativas
A depreciação, segundo o CPC 27, inicia-se
em seu valor justo. Contudo, no Brasil, essa práti-
quando o bem está disponível para uso e se
ca só pode ser realizada na adoção inicial às nor-
encerra quando o ativo é classificado como
mas internacionais. A IAS 16 permite o método de
mantido para venda ou na data que o ativo
reavaliação após o reconhecimento inicial de um
é baixado, o que ocorrer primeiro. A depre-
ativo imobilizado.
ciação deve ser realizada considerando a
133/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
vida útil econômica do ativo em questão. A definição de depreciação dada pelo CPC 27 é:

A depreciação, entendida como a alocação sistemática do valor depre-


ciável de um ativo ao longo da sua vida útil econômica para a entidade,
corresponde à parcela pertencente ao período do total da diferença entre
o valor do custo do ativo (ou outro valor que substitua o custo) menos o
valor residual esperado ao final de sua utilização.
Pela Lei 6.404/76, a diminuição dos elementos do ativo imobilizado deverá ser registrada nas
contas de depreciação, amortização e exaustão. A depreciação está relacionada à perda de valor
de bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsoles-
cência. A amortização já está relacionada à perda do valor do capital aplicado na aquisição de
direitos da propriedade com existência ou exercício de duração limitada (mais relacionada a ati-
vos intangíveis). Já a exaustão é aplicada à perda do valor de direitos cujos objetos sejam recursos
minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.
Os principais critérios contábeis para depreciação de ativos, segundo Padoveze (2012), são:

134/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


• A depreciação deve ser ajustada no como o método das quotas constan-
resultado; tes (Depreciação = valor depreciável÷
• a vida útil do ativo deve ser revisada; vida útil).

• o método de depreciação deve refletir • Método dos saldos decrescentes: re-


o padrão de consumo pela Entidade sulta em uma despesa de depreciação
dos benefícios econômicos futuros; decrescente durante a vida útil, como
o método da soma dos dígitos dos
• o método de depreciação deve ser re- anos.
visado periodicamente.
• Método das unidades produzidas: re-
Existem vários métodos de depreciação que
sulta em uma depreciação baseada
podem ser utilizados para apropriar o valor
no uso ou produção esperados (De-
depreciado do ativo ao longo de sua vida
preciação = unidades produzidas no
útil. Os métodos citados pelo CPC 27 são:
período ÷ unidades estimadas de pro-
• Método da linha reta: resulta em uma dução durante a vida útil).
despesa constante de depreciação Contudo, há de se ressaltar que o trata-
durante a vida útil do ativo, caso o va- mento das depreciações, para fins fiscais, é
lor residual do mesmo não se altere, diferente. No Brasil, o Regulamento do Im-

135/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


posto de Renda traz uma tabela com a taxa
anual de depreciação e o tempo de vida útil
de bens depreciáveis, desde que utilizados
em condições normais e turnos de oito ho-
ras diárias. Em caso de turnos maiores, é Para saber mais
possibilitada uma aceleração na deprecia-
Pelo Regulamento do Imposto de Renda 3000/99,
ção de bens móveis, em função do número
não são depreciáveis: terrenos (também consta
de horas diárias da operação.
esta vedação no CPC 27), prédios ou construções
não alugadas nem utilizadas pelo proprietário na
produção dos seus rendimentos ou destinados a
revenda e bens que normalmente aumentam de
valor com o tempo, como obras de arte ou anti-
guidades.

136/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


Esse Pronunciamento, em consonância com
Link a norma IAS 36 – Impairment of Assets, im-
plica no dever da Entidade em verificar se há
BRASIL. Decreto n.º 3000 de 26 de março de 1999. alguma indicação de que seus ativos perde-
Regulamenta a tributação, fiscalização, arreca- ram representatividade econômica, deven-
dação e administração do Imposto sobre a Ren- do efetuar uma avaliação e reconhecer con-
da e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível tabilmente a desvalorização dos ativos.
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/d3000.htm>. Acesso em nov. 2016. A redução ao valor recuperável dos ativos
busca garantir que os ativos não estejam
registrados contabilmente por um valor
superior ao de sua recuperabilidade, seja
2.4 Redução ao valor através de uso, ou de sua venda. A análise
recuperável de redução ao valor recuperável é obrigató-
ria aos itens dispostos nos ativos imobiliza-
O CPC 27 apregoa que, quando um item do dos e intangíveis pela legislação brasileira.
ativo está com parte de seu valor irrecu- A Lei 6.404/76, no artigo 183, §3º, ressalta
perável, deverá ser aplicado o CPC 01(R1) a obrigatoriedade de a empresa efetuar pe-
– Redução ao Valor Recuperável de Ativos. riodicamente análise sobre o valor recupe-
137/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado
rável dos ativos. 3. Divulgação
O Pronunciamento define valor recuperável
O CPC 27 determina que nas demonstra-
como o maior valor entre o preço líquido de
ções contábeis devem constar as seguintes
venda do ativo e o seu valor em uso. Caso
informações, para cada classe de ativo imo-
um desses valores exceda o valor contábil
bilizado:
do ativo, não haverá desvalorização nem
necessidade de estimar o outro valor. Po- a) os critérios de mensuração utilizados
rém, se o valor contábil do ativo for superior para determinar o valor contábil bru-
ao seu valor recuperável, a Entidade reduz to;
o ativo a esse valor por meio da conta Per- b) os métodos de depreciação utilizados;
das estimadas por redução ao valor recu-
perável” ou “perdas por Impairment” (conta c) as vidas úteis ou as taxas de depre-
redutora do Ativo) e reconhece a perda re- ciação utilizadas;
ferente à parcela não recuperável no resul- d) o valor contábil bruto e a depreciação
tado do período (IUDÍCIBUS et al., 2013). acumulada (mais as perdas por re-
dução ao valor recuperável acumula-
das) no início e no final do período; e

138/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


e) a conciliação do valor contábil no in-
ício e no final do período.

139/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


Glossário
Ativo: recurso controlado pela Entidade como resultado de eventos passados e do qual se es-
pera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade.
Ciclo operacional: o período que a empresa leva para produzir, vender e receber a venda dos
produtos, sendo o mínimo um ano.
Impairment: declínio no valor de um ativo ou dano econômico.
Tangível: bem corpóreo, que se pode tanger ou tocar.
Valor depreciável: valor reconhecido do ativo menos seu valor residual.
Valor residual: valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as
despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim
de sua vida útil.

140/198 Unidade 6 • Pronunciamento técnico CPC 27 – ativo imobilizado


?
Questão
para
reflexão

Analisando as demonstrações contábeis dos últimos anos da


empresa em que trabalha, você percebeu que está sendo uti-
lizada a mesma taxa de depreciação dos bens para fins fiscais
no balanço da empresa. Quando questionou se esses valores
estariam corretos, logo lhe foi dito que isso seria benéfico a to-
dos, pois a empresa não teria de se preocupar com avaliações
e outros métodos de depreciação e que isso gera economia de
custos. Você concorda? O balanço da empresa está conseguin-
do retratar a sua situação econômica de fato?

141/198
Considerações Finais

• Neste tema, você pôde perceber a importância das leis 11.738/07 e


11.941/09 para a convergência das normas internacionais através da con-
ceitualização dos itens que compõem o balanço patrimonial à luz das nor-
mas internacionais, ainda que com algumas diferenças pontuais;
• a reavaliação de ativos, apesar de adotada pelas normas internacionais de
contabilidade e constar no CPC 27, é vedada por Lei no Brasil, exceto pela
adoção inicial das normas internacionais de Contabilidade;
• os testes para aplicação do Impairment são essenciais para que os valores
contábeis de fato reflitam a realidade econômica de seus itens e da Entida-
de.

142/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 27 – Ativo Imo-
bilizado. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pro-
nunciamentos/Pronunciamento?Id=58>. Acesso em: 14 out. 2016.

IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo. Manual
de Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
PADOVEZE, Clóvis Luis; BENEDICTO, Gideon Carvalho de; LEITE, Joubert da Silva Jerônimo. Manu-
al de contabilidade internacional: IFRS, US Gaap e Br Gaap: teoria e prática. São Paulo: Cengage
Learning, 2012.

143/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: CPC 27 – Ativo imobilizado. Blo- Aula 6 - Tema: CPC 27 – Ativo imobilizado. Bloco
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144/198
Questão 1
1. O Pronunciamento Contábil que traz informações sobre o tratamento
contábil dos ativos imobilizados e emitido pelo IASB é:

a) CPC 27
b) IAS 36
c) IAS 16.
d) IFRS 16
e) IAS 2

145/198
Questão 2
2. O método de depreciação que resulta em uma despesa constante de
depreciação durante a vida útil do ativo é o:

a) método das unidades produzidas;


b) método da linha reta;
c) método dos saldos decrescentes;
d) método da soma dos dígitos dos anos;
e) método da taxa anual.

146/198
Questão 3
3. Assinale o item considerado como ativo imobilizado:

a) Imóvel adquirido para revenda.


b) Prédio-sede da Entidade.
c) Estoque.
d) Material de escritório.
e) Patente.

147/198
Questão 4
4. A depreciação de um ativo é realizada com base em seu valor deprecia-
do. O valor depreciado é calculado:

a) pelo valor do ativo mais seu valor residual;


b) pelo valor justo;
c) pelo valor residual;
d) pelo valor de custo ou valor realizável líquido, o que for menor;
e) pelo valor do ativo menos seu valor residual.

148/198
Questão 5
5. A perda por Impairment é reconhecida quando:

a) o valor contábil é superior ao seu valor de uso e valor de venda;


b) o valor contábil é superior ao seu valor de uso ou valor de venda;
c) o valor contábil é inferior ao seu valor de uso e valor de venda;
d) o valor contábil é superior ao seu valor de uso ou valor de venda;
e) o valor contábil é idêntico ao seu valor recuperável.

149/198
Gabarito
1. Resposta: C. 4. Resposta: E.

O IAS 16 – Property, Plant and Equipment se O valor depreciável de um ativo é seu valor
refere ao tratamento de ativos imobilizados. menos o valor residual.

2. Resposta: B. 5. Resposta: A.

O método da linha reta resulta em uma des- A perda por Impairment é reconhecida quan-
pesa constante de depreciação durante a do o valor contábil é superior ao seu valor de
vida útil do ativo, caso o valor residual dele uso e valor de venda. Perceba que, se o valor
não se altere. de uso ou de venda exceder o valor contá-
bil do ativo, não haverá desvalorização nem
3. Resposta: B. necessidade de estimar o outro valor. Ou
seja, para registrar a perda por valor recu-
O prédio-sede da Entidade é um exemplo de perável, o valor contábil deve superar am-
ativo imobilizado. bos os valores.

150/198
Unidade 7
Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível

Objetivos

1. Conceitualizar ativo Intangível segun-


do CPC 04 e a legislação brasileira.
2. Entender os critérios que devem ser
satisfeitos a fim de enquadrar o item
como ativo intangível.
3. Conhecer de que forma os ativos in-
tangíveis são mensurados inicialmen-
te e após seu reconhecimento inicial.

151/198
Introdução
Os ativos intangíveis são um subgrupo per-
1. Ativo intangível segundo CPC
tencente ao ativo não circulante, cuja defini-
ção pelo CPC 04 (R1) – Ativo Intangível – é
04 e lei 6.404/76
dada como ativos não monetários identi- O CPC 04 (R1) – Ativo Intangível foi emiti-
ficáveis sem substância física. Os ativos in- do com base no IAS 38 – Intangible Assets e
tangíveis compreendem itens como marcas, contém o tratamento contábil a ser aplica-
patentes, fundos de comércio, direitos auto- do aos ativos intangíveis, exceto:
rais, softwares, concessões públicas, entre
outros, que estão diretamente relacionados
às atividades da Entidade dos quais se espe-
ra que resultem benefícios econômicos futu-
ros para a Entidade. Neste tema, você sabe-
rá da importância em atribuir valor a esses
itens incorpóreos no balanço patrimonial da
Entidade, quais são os itens que podem ser
considerados intangíveis e, ainda, entender
como são realizados o reconhecimento e a
mensuração desses ativos.

152/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


(a) ativos intangíveis dentro do alcance de outro Pronunciamento Técnico;

(b) ativos financeiros, conforme definidos no Pronunciamento Técnico


CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação;

(c) no reconhecimento e mensuração de ativos advindos da exploração e


avaliação de recursos minerais (ver Pronunciamento Técnico CPC 34 – Ex-
ploração e Avaliação de Recursos Minerais, quando emitido);

(d) gastos com desenvolvimento e extração de minerais, óleo, gás natural


e recursos naturais não renováveis similares (CPC, 2009, p. 3)
O CPC 04 permite o tratamento de ativos intangíveis com algum grau de generalidade, porém,
antes de realizar os procedimentos contábeis, faz-se necessário verificar se existe uma norma
mais específica a ser aplicada no caso.
A Lei 6.404/76 classifica os ativos intangíveis como “os direitos que tenham por objeto bens
incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusi-
ve o fundo de comércio adquirido” (BRASIL, 1976). Essa definição, trazida pela Lei 11.638/07,
revela duas importantes características sobre os ativos intangíveis: devem ser incorpóreos e re-
153/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
lacionados às atividades/manutenção da
companhia. Link
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
Para saber mais ICPC 10 – Interpretação sobre a Aplicação Inicial
ao Ativo Imobilizado e à Propriedade para Inves-
Os bens tangíveis e intangíveis não usados nas
timento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27,
atividades da empresa são reconhecidos e lista-
28, 37 e 43. Disponível em: <http://www.cpc.
dos no subgrupo Investimentos. Existe, inclusive,
org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Inter-
uma interpretação emitida pelo CPC, o ICPC 10,
pretacoes/Interpretacao?Id=19>. Acesso em:
sobre aplicação inicial ao ativo imobilizado e pro-
30 nov. 2016.
priedade para investimento.

Para serem classificados no ativo intangí-


vel, os bens devem ser incorpóreos, confor-
me definição do CPC e da lei das SA. Porém,
cabe aqui uma distinção quanto à classifi-
cação de softwares contida no CPC 04 (R1):
quando esse software é indissociável de
154/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
uma máquina ou equipamento, como um software operacional, ele deverá ser classificado no
ativo imobilizado. Agora, quando o software não é parte integrante do hardware, como os soft-
wares de gestão, eles são considerados ativos intangíveis.

2. Reconhecimento, mensuração e amortização do ativo intangível


2.1 Identificação

Para serem reconhecidos como ativos intangíveis, eles devem ser identificáveis, controlados e ge-
radores de benefícios econômicos. A identificação, segundo CPC 04 (R1), deverá satisfazer aos
seguintes critérios:

(a) for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido, li-
cenciado, alugado ou trocado, individualmente ou junto com um contrato, ativo ou
passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade; ou
(b) resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independentemente de
tais direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e
obrigações. (CPC, 2009)

155/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


Iudícibus et al. (2013) trazem como exemplo
de intangível não identificável o goodwill. O Para saber mais
goodwill gerado internamente não deve ser O CPC 15 (R1) – Combinação de Negócios traz
reconhecido como ativo, pois não é um re- maiores detalhamentos no reconhecimento e
curso identificável ou separável controlado mensuração do goodwill no caso de combinação
pela Entidade. de negócios. Inclusive, essa é uma das exceções
Já o goodwill gerado em uma combinação de aplicação do CPC 04 (R1), pois está dentro do
de negócios que estão inseridos no preço alcance de outro Pronunciamento.
de aquisição pago por um negócio e pu-
derem ser tecnicamente identificados são
contabilizados em separado pelo valor justo Link
e registrados no ativo intangível apenas no COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
balanço consolidado. CPC 15 (R1) – Combinação de Negócios. Dis-
ponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/
Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=46 >. Acesso em: 18 out.
2016.

156/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


Já o controle está relacionado à capacidade da entidade em restringir o acesso a terceiros aos
benefícios econômicos gerados pelo ativo intangível. Um bom exemplo está relacionado a dire-
tos legais e autorais obtidos pela Entidade, tal como marcas e patentes.
A geração de benefícios econômicos está relacionada à geração de receitas ou redução de cus-
tos. Um exemplo dado pelo CPC 04 (R1) é do uso de propriedade intelectual no processo produ-
tivo que possa reduzir seus custos de produção.

2.2 Reconhecimento e mensuração

O CPC 04 (R1) determina que um ativo intangível só deve ser reconhecido se:

(a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuí-


veis ao ativo serão gerados em favor da entidade; e

(b) o custo do ativo possa ser mensurado com confiabilidade (CPC, 2009).
O custo de ativo intangível adquirido em separado pode normalmente ser mensurado com con-
fiabilidade quando o valor é pago em dinheiro ou com outros ativos monetários, em casos de
157/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
aquisição separada. Nesse caso, o seu cus- cialmente ao valor justo o ativo, ela deve re-
to inclui seu preço de compra, acrescido de conhecer o ativo inicialmente ao valor no-
impostos de importação e impostos não re- minal (o outro tratamento permitido pelo
cuperáveis sobre a compra, depois de dedu- Pronunciamento Técnico CPC 07) acrescido
zidos os descontos comerciais e abatimen- de quaisquer gastos que sejam diretamente
tos e qualquer custo diretamente atribuível atribuídos à preparação do ativo para o uso
à preparação do ativo. pretendido.
Os custos dos ativos intangíveis gerados
através da aquisição como parte de combi- Já os ativos intangíveis gerados interna-
nação de negócios deverão ser calculados
pelo seu valor justo na data de aquisição, de
Link
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS.
acordo com o Pronunciamento CPC 15 (R1)
CPC 07 (R1) – Subvenção e Assistência Governa-
– Combinação de negócios.
mentais. Disponível em: <http://www.cpc.org.
A aquisição de intangíveis por meio de sub- br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronuncia-
venção ou assistência governamental (tais mentos/Pronunciamento?Id=38>. Acesso
como concessões, licenças etc.) deve ser em: 30 nov. 2016.
reconhecida inicialmente ao valor justo. Se
uma entidade optar por não reconhecer ini-
158/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
mente, muitas vezes, são mais difíceis de reconhecer, pois devem atender às exigências de iden-
tificação, controle e geração de benefícios futuros. O CPC 04 (R1) faz uma distinção entre itens
desenvolvidos na fase de pesquisa e na fase de desenvolvimento. Na fase de pesquisa, os custos
decorrentes dessas atividades deverão ser registrados como despesas, pois a Entidade não está
apta a demonstrar a existência de ativos que possam gerar possíveis benefícios econômicos. Já
o ativo intangível resultante da fase de desenvolvimento poderá ser reconhecido se a Entidade
puder demonstrar:

(a) viabilidade técnica para concluir o ativo intangível de forma que ele seja dispo-
nibilizado para uso ou venda;
(b) intenção de concluir o ativo intangível e de usá-lo ou vendê-lo;
(c) capacidade para usar ou vender o ativo intangível;
(d) forma como o ativo intangível deve gerar benefícios econômicos futuros. [...]
(e) disponibilidade de recursos técnicos, financeiros e outros recursos adequados
para concluir seu desenvolvimento e usar ou vender o ativo intangível; e
(f) capacidade de mensurar com confiabilidade os gastos atribuíveis ao ativo intan-
gível durante seu desenvolvimento (CPC, 2009, p. 14).
159/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
Os gastos incorridos com o ativo intangível
reconhecidos inicialmente como despesas Para saber mais
não devem ser reconhecidos como parte do A reavaliação de ativos pela adoção inicial
custo do ativo intangível em data subse- às normas internacionais foi possibilitada apenas
quente. para itens dispostos no ativo imobilizado e pro-
priedade para investimento, sendo vedada pelas
2.3 Amortização práticas contábeis brasileiras e pelo CPC o uso de
custo atribuído para ativos intangíveis, investi-
A mensuração dos ativos intangíveis após
mentos em controladas, controladas em conjun-
seu reconhecimento inicial deverá ser efe-
to, coligadas ou outros ativos que não os ativos
tuada pelo método do custo ou por sua rea-
imobilizados e propriedade para investimento.
valiação, tal como os ativos imobilizados.
Contudo, você já sabe que a Lei 6.404/76
veda a reavaliação de ativos no Brasil. Por-
O método de custo define que, após o reco-
tanto, no Brasil, é possível apenas utilizar o
nhecimento inicial, o ativo intangível deve
método de custos.
ser valorado pelo custo menos a eventual
amortização acumulada e a perda acumu-
lada. A amortização do ativo intangível é
160/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
dependente da vida útil do bem: se ele pos- similares aos métodos de depreciação, tais
suir uma vida útil definida, estará susce- como método de linha reta, o método dos
tível à amortização. Se o item não possuir saldos decrescentes e o método de unida-
vida útil definida, ele não é amortizável e des produzidas.
as variações em seu custo inicial serão fei- Na escolha do método de amortização ade-
tas através de testes de recuperabilidade do quado, a entidade pode determinar o fator
bem, de acordo com CPC 01 (R1) – Redução limitante predominante que é inerente ao
ao Valor Recuperável de Ativos, similar ao ativo intangível. Esse fator limitante pode
tratamento de ativos imobilizados visto no ser o número de anos da concessão de um
módulo anterior. serviço público, obtenção de um limite de
O valor amortizável do ativo intangível com receita, ou ainda expectativa de obter re-
vida útil definida, segundo CPC 04 (R1), ceita com o ativo. A identificação do fator
deve ser apropriado sistematicamente ao limitante predominante pode servir de pon-
longo de sua vida útil estimada. A amorti- to de partida para a identificação da base
zação deve cessar na data em que o ativo adequada da amortização, mas outra base
é classificado como mantido para venda ou pode ser aplicada se refletir de forma mais
na data em que ele é baixado, o que ocorrer próxima o padrão esperado de consumo de
primeiro. Os métodos de amortização são
161/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
benefícios econômicos. cada exercício. Caso a vida útil prevista do
O valor amortizável dos ativos intangíveis, ativo seja diferente de estimativas anterio-
tal como nos ativos imobilizados, é seu va- res, o prazo de amortização deve ser devi-
lor subtraído de seu valor residual. Contudo, damente alterado. Qual seja o critério de
é de se esperar que o valor residual de um amortização adotado, esse deve constar nas
ativo intangível seja zero, ou seja, os bene- notas explicativas e o valor da amortização
fícios econômicos findam com sua extinção dos ativos intangíveis deve ser lançado em
ou esgotamento. Contudo, o valor residual despesas operacionais e estar destacado
do ativo intangível não será nulo se (i) hou- na demonstração do resultado do exercício
ver compromisso de terceiros para comprar (IUDÍCIBUS et al., 2013).
o ativo ao final de sua vida útil, e (ii) existir
mercado ativo para ele e seu valor residual 3. Divulgação
possa ser determinado nesse mercado e for
O CPC 04 (R1) traz, dos itens 118 ao 128, as
provável que esse mercado continue a exis-
informações obrigatórias e recomendadas
tir.
que devem ser disponibilizadas aos usuários
O período e o método de amortização de da informação. As principais informações a
ativo intangível com vida útil definida de- serem divulgadas estão concentradas no
vem ser revisados pelo menos ao final de item 118, transcrito a seguir:
162/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível
118. A entidade deve divulgar as seguintes informações para cada classe de ati-
vos intangíveis, fazendo a distinção entre ativos intangíveis gerados internamen-
te e outros ativos intangíveis:

(a) com vida útil indefinida ou definida e, se definida, os prazos de vida útil ou
as taxas de amortização utilizados;

(b) os métodos de amortização utilizados para ativos intangíveis com vida útil
definida;

(c) o valor contábil bruto e eventual amortização acumulada (mais as perdas


acumuladas no valor recuperável) no início e no final do período;

(d) a rubrica da demonstração do resultado em que qualquer amortização de


ativo intangível for incluída;

(e) a conciliação do valor contábil no início e no final do período (...) (CPC, 2009).

163/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


Glossário
Fundo de Comércio adquirido: goodwill obtido pela combinação de negócios; ativo intangível
da adquirida independentemente do ativo intangível ter sido reconhecido pela adquirida antes
da aquisição da empresa.
Goodwill: o ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura.
Vida útil indefinida: o ativo não pode ter seu período de geração de benefícios econômicos fu-
turos estimados com confiabilidade pela empresa.

164/198 Unidade 7 • Pronunciamento técnico CPC 04 – ativo intangível


?
Questão
para
reflexão

A empresa em que você trabalha está tentando ampliar o seu merca-


do, pois suas atividades estão baseadas somente na região Sudeste
no Brasil. Um dos entraves à busca de novos mercados consumido-
res são os custos logísticos e a falta de know-how do mercado em
outras regiões do Brasil. Um dos diretores propôs a compra de algu-
ma unidade fabril com atividades semelhantes em uma região dife-
rente, pois assim seria mais fácil superar os entraves iniciais a essa
expansão. Você, como membro da diretoria, foi chamado a fornecer
seu parecer técnico. O que deveria ser levado em conta para aceitar a
proposta? Qual seria o valor justo dessa transação?

165/198
Considerações Finais

• Os ativos intangíveis estão intrinsecamente ligados à geração de valor que


ocorre em empresas atuais, tais como propriedade da marca, imagem co-
mercial, patentes etc.;
• a onda de fusões e incorporações ocorridas nos anos 2000 ressaltou a im-
portância do valor dos ativos intangíveis a empresas, pois, em muitas dessas
fusões realizadas, o valor contábil físico da empresa era facilmente supera-
do pelo seu valor de venda;
• os ganhos de sinergia com a combinação de negócios geram interesse em
fusões e aquisições, em função do goodwill esperado.

166/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 04 (R1) – Ativo
Intangível. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pro-
nunciamentos/Pronunciamento?Id=35>. Acesso em: 17 out. 2016.

IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo. Manual
de Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

167/198 Unidade 4 • Comitê de pronunciamentos contábeis


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Aula 7 - Tema: CPC 04 – Ativo intangivel. Bloco I Aula 7 - Tema: CPC 04 – Ativo intangivel. Bloco II
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1d/86b3a764c3d59d5d05e9350a525e9e5f>. a148813556d2333d6a90491f3b89e5f3>.

168/198
Questão 1
1. O Pronunciamento Contábil CPC 04 deve ser aplicado a todos os ativos
intangíveis, exceto:

a) Softwares de gestão.
b) Máquinas e equipamentos.
c) Ativos intangíveis gerados em fase de desenvolvimento, com todos os itens de reconheci-
mento demonstrados.
d) Ativos intangíveis dentro do alcance de outro Pronunciamento Técnico.
e) Direitos autorais.

169/198
Questão 2
2. O período e o método de amortização de ativo intangível com vida útil
definida devem ser revisados:

a) somente na venda do ativo;


b) ao final de cada exercício, pelo menos;
c) o período de vida útil nunca deve ser revisado;
d) o método de amortização, uma vez definido, não pode ser alterado;
e) apenas por solicitação dos acionistas.

170/198
Questão 3
3. A amortização do ativo intangível cuja vida útil é indefinida deve ser
feita pelo método:

a) da linha reta;
b) das unidades produzidas;
c) dos saldos decrescentes;
d) a depender de seu fator limitante;
e) não deve ser amortizado.

171/198
Questão 4
4. Para serem reconhecidos como ativos intangíveis, eles devem:

a) ser identificáveis, controlados e geradores de benefícios econômicos futuros;


b) ser apenas geradores de benefícios econômicos;
c) identificáveis, controlados e geradores de benefícios econômicos passados;
d) possuir vida útil limitada;
e) possuir vida útil ilimitada.

172/198
Questão 5
5. A(s) principal(is) característica(s) para um ativo ser definido como intan-
gível é (são):

a) resultar em benefícios econômicos futuros;


b) ser bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finali-
dade;
c) sua destinação à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade;
d) os itens a, b e c são corretos;
e) apenas sua tangibilidade.

173/198
Gabarito
1. Resposta: D. 4. Resposta: A.
Caso haja um Pronunciamento técnico mais O reconhecimento dos ativos intangíveis
específico, esse deverá ser observado em está relacionado à sua identificação, con-
detrimento do CPC 04. trole e geração de benefícios econômicos
futuros.
2. Resposta: B.
5. Resposta: D.
O período e o método de amortização de
ativo intangível com vida útil definida de- O item E está incorreto, pois, quando um
vem ser revisados pelo menos ao final de item, mesmo que intangível, não for utiliza-
cada exercício. do nas atividades da empresa, é considera-
do um item de Investimento. Não é apenas
3. Resposta: E. a tangibilidade que define sua classificação.

Os ativos intangíveis de vida útil indefinida


não são amortizados.

174/198
Unidade 8
Pequenas e médias empresas

Objetivos

1. Conhecer os critérios para enquadra-


mento em pequenas e médias empre-
sas.
2. Abordar a Norma Brasileira de Conta-
bilidade TG 1000, de aplicação a pe-
quenas e médias empresas.
3. Identificar diferenças de adoção das
normas Full IFRS e IFRS for SME.

175/198
Introdução

A convergência das normas brasileiras às entre PMEs e empresas de grande porte.


normas internacionais apresentou impacto
significativo em empresas de grande por- 1. Enquadramento de PMEs
te, de capital aberto e empresas financei-
ras. Contudo, o maior número de empresas A primeira definição legal de pequenas em-
existentes no Brasil está concentrado nas presas ocorreu nos EUA, no ano de 1948. As
Pequenas e Médias Empresas – PMEs. Como características das empresas de pequeno
a internacionalização das normas contábeis porte, para que assim fossem enquadradas,
não tem como foco apenas empresas multi- seriam:
nacionais, e sim um objetivo maior de gerar
mais informatividade nas demonstrações
financeiras, fez-se necessário criar normas
para também abarcar estas empresas. Nes-
te tema, você conhecerá os critérios para
classificação de uma empresa em pequena e
média, tanto nas leis brasileiras quanto nas
normas brasileiras de contabilidade, e verá
as semelhanças nos tratamentos contábeis

176/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


a) não poderiam ter posição dominante no comércio;

b) não poderiam contratar mais do que 500 funcionários;

c) teriam que ser possuídas e operadas de forma independente (SILVA et


al., 2013, p. 3).
No Brasil, o critério mais adotado para definição de microempresas e empresas de pequeno por-
te (EPP) é através de seu faturamento, definido na Lei Complementar 123/06, em que especifica
que são consideradas microempresas aquelas que auferiram receita bruta até R$ 360.000,00
e as EPPs, as que obtiveram receita bruta superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$
3.600.000,00.

Para saber mais


A LC 123/06 é a lei que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte
e, também, estabelece o regime de tributação diferenciado – Simples Nacional. Os valores para en-
quadramento em microempresas e EPP sofreram atualização através da Lei Complementar 139, de
2011.

177/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


ceitualização definida para empresas de
Link porte médio, mas pode-se considerar
aquelas que ainda não atingiram valores
Lei 123/06. Disponível em: <http://www.planal- para serem consideradas de grande porte,
to.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm>. porém superam os valores de EPP definidas
Acesso em: 30 nov. 2016. na Lei Complementar 123/06.

Já a Lei 11.638/07 define o conceito de em-


presas de grande porte, sendo que essas, Para saber mais
mesmo que não sejam constituídas sob a
As empresas de porte médio seriam aquelas que
forma de sociedade por ações, são obriga-
apresentam receita bruta acima de R$ 360.000,00
das a realizarem as escriturações fiscais e
(LC 123/06), mas inferior a R$ 300.000.000,00,
demonstrações financeiras, e submetem-
desde que não totalizem em seu Ativo o valor de
-se a auditorias independentes, tais quais
R$ 240.000.000,00 (Lei 11.638/07).
as sociedades por ações. São empresas que
obtiveram no exercício social anterior ativo
total acima de R$ 240.000.000,00 ou recei-
ta bruta de R$ 300.000.000,00.
Pela legislação brasileira, não há uma con-
178/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
2 CPC para PME

Entendendo a diferente realidade de em-


presas de pequeno e médio porte, o IASB
publicou, em 2009, o IFRS for SMEs (small and
medium entities), e, tão logo sua publicação, Para saber mais
o CFC publicou a Resolução nº 1255/2009 O CPC traduziu as normas contidas no IFRS for SMEs
com a aprovação da Norma Brasileira de através do CPC PME, que, por sua vez, foi aprova-
Contabilidade TG 1000 (NBC TG 1000) – do pelo CFC através da Resolução nº 1255/2009.
Contabilidade para Pequenas e Médias Em- Contudo, as normas internacionais para peque-
presas. O CPC também aprovou o pronun- nas e médias empresas são mais referenciadas
ciamento e esse mesmo documento consta pela sigla NBC TG 1000 do que CPC PME.
em seu site como CPC PME – Contabilidade
para pequenas e médias empresas.

179/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


empresas como empresas que:
Link • não têm obrigação pública de presta-
CPC PME (R1). Disponível em: <http://www.cpc. ção de contas; e
org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronun- • elaboram demonstrações contábeis
ciamentos/Pronunciamento?Id=79>. Acesso para fins gerais para usuários exter-
em: 30 nov. 2016. nos. Exemplos de usuários externos
Resolução CFC nº 1255/2009, Disponível em: incluem proprietários que não estão
<http://www1.cfc.org.br/sisweb/sre/deta- envolvidos na administração do ne-
lhes_sre.aspx?Codigo=2009/001255>. Aces- gócio, credores existentes e poten-
so em: 30 nov. 2016. ciais e, ainda, agências de avaliação
de crédito.
Essa Norma foi realizada no intuito de fa- A obrigação pública de prestação de con-
cilitar a linguagem, excluir alguns procedi- tas está vinculada, principalmente, à emis-
mentos não necessários às PMEs e também são de ações ou de dívidas transacionadas
a simplificação de alguns processos. em mercado de balcão e bolsa de valores.
Essas empresas, como captam no merca-
A NBC TG 1000 define Pequenas e médias
do aberto, têm a obrigação de publicar suas

180/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


demonstrações contábeis, inclusive em jor- sua plenitude.
nais de grande circulação, para conheci-
mento do público em geral e de potenciais 3. Demonstrações contábeis para
investidores. pmes segundo NBC TG 1000
Já as sociedades por ações de capital fecha-
A obrigatoriedade por lei das demonstra-
do e demais sociedades que não possuem
ções contábeis no Brasil difere-se de acor-
obrigações públicas de prestação de con-
do com o tipo de sociedade. Uma norma de
tas são consideradas de pequeno e médio
cunho geral é trazida pelo Código Civil Bra-
porte por ocasião da NBC TG 1000, desde sileiro, instituído pela Lei 10.406/2002. O
que não se enquadrem como empresas de Código Civil informa, em seu artigo 1179,
grande porte pela lei 11.638/07 (empresas que o empresário e a sociedade empresária
que obtiveram no exercício social anterior são obrigados a seguir um sistema de con-
ativo total acima de R$ 240.000.000,00 ou tabilidade e a levantar anualmente o balan-
receita bruta de R$ 300.000.000,00). As ço patrimonial e o de resultado econômico.
sociedades que têm obrigação pública de
prestação de contas e empresas de grande
porte devem seguir o Full IFRS, ou seja, os
pronunciamentos publicados pelo CPC em
181/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
monstração dos fluxos de caixa para com-
Link panhias abertas ou as de capital fechado
com patrimônio líquido maior que R$ 2 mi e
Código Civil. Disponível em: <http://www.pla- a demonstração do valor adicionado, obri-
nalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.ht- gatória apenas para companhias abertas.
m#tituloii>. Acesso em: 30 nov. 2016.
Você pode perceber que as exigências para
aquelas sociedades que possuem obriga-
A Lei 6.404/76, que rege as sociedades por
ção pública de prestação de contas é maior
ações, tanto as de capital aberto ou fecha-
do que para aquelas sociedades por ação
das, institui que todas deverão realizar as
fechadas e outras sociedades. Contudo, a
seguintes demonstrações financeiras:
NBC TG 1000 traz como conjunto completo
1. Balanço patrimonial. das demonstrações contábeis aplicáveis às
2. Demonstração dos lucros ou prejuízos PMEs as seguintes demonstrações:
acumulados.
3. Demonstração do resultado do exer-
cício.
A lei também cita a obrigatoriedade da de-

182/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


1. Balanço patrimonial ao final do perío- A NBC TG 1000 admite que as PMEs, muitas
do. vezes, produzam demonstrações contábeis
2. Demonstração do resultado do perío- apenas para o uso de proprietários-admi-
do de divulgação. nistradores ou apenas para o uso de autori-
dades fiscais ou outras autoridades gover-
3. Demonstração do resultado abran-
namentais. Contudo, a Norma estimula a
gente do período de divulgação.
adoção das demonstrações contábeis para
4. Demonstração das mutações do pa- fins gerais que atendam às necessidades
trimônio líquido para o período de di- informacionais de qualquer usuário externo
vulgação. e, assim, aumentem a informatividade das
5. Demonstração dos fluxos de caixa demonstrações.
para o período de divulgação.
6. Notas explicativas, compreendendo o 4 FULL IFRS X NBC TG 1000
resumo das políticas contábeis signi-
ficativas e outras informações expla- Apesar dos Pronunciamentos completos
natórias. emitidos pelo CPC serem bem mais exten-
sos daqueles direcionados às PMEs, as dif-
erenças de conteúdo são poucas, afinal

183/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


os princípios contábeis para a elaboração dos Pronunciamentos específicos emitidos
das demonstrações não são alterados. Os para empresas com obrigação pública de
princípios contábeis até então aqui trat- prestação de contas. Por exemplo, se a PME
ados são adotados em sua integralidade, possuir derivativos ou outros instrumen-
inclusive com ênfase na Prudência: na NBC tos financeiros complexos que não estejam
TG 1000, há menção expressa de se atribuir apresentados nas seções 11 e 12 da NBC TG
valores aos ativos e passivos com cautela, 1000, ela deverá seguir as orientações con-
para não superestimar ativos e subestimar tidas nos Pronunciamentos Full IFRS.
passivos. Existem algumas diferenças pontuais com
Os Pronunciamentos CPC 09 – Demon- relação aos Pronunciamentos e a NBC TG
stração do Valor Adicionado, CPC 21 – 1000. Você verá as diferenças contidas den-
Demonstração Intermediária, CPC 22 – In- tre os Pronunciamentos estudados na disci-
formação por Segmento e CPC 41 – Resul- plina: CPC 16, CPC 27 e CPC 04, para exem-
tado por ação não possuem seção corre- plificação.
spondente na NBC TG 1000, uma vez que O CPC 16 – Estoques está tratado na seção
não são aplicáveis a PMEs. Porém, em alguns 13 da NBC TG 1000 e não possui diferenças
casos não tratados pela norma, a pequena de tratamento entre o Pronunciamento e a
e média empresa deverá procurar a adoção norma para PMEs.
184/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas
Você estudou no módulo referente a ativos NBC TG 1000. Para as PMEs, todos os ativos
imobilizados que as empresas poderiam intangíveis devem ser considerados finitos.
reavaliar seus ativos imobilizados se per- Caso a entidade seja incapaz de fazer uma
mitido por lei (o que a legislação brasileira estimativa confiável da vida útil de ativo in-
não permite), conforme disposto no CPC tangível, presume-se que a vida útil seja de
27. Contudo, essa possibilidade não é vis- dez anos. Os ativos gerados internamente
lumbrada pela NBC TG 1000: na seção 17, a pelas PMEs, em qualquer hipótese, tam-
mensuração após o reconhecimento do ati- bém deverão ser considerados despesas do
vo imobilizado consta apenas o custo menos período, diferentemente das orientações
sua depreciação ou redução ao valor recu- previstas no Pronunciamento CPC 04. Pelo
perável. O método de depreciação também pronunciamento, a Entidade poderá recon-
não precisa ser revisto anualmente, como hecer os custos como ativos intangíveis des-
previsto no CPC 27, e sim apenas quando de que atendessem a critérios relacionados
existir indicação relevante de alteração. à identificação, ao controle e pudessem es-
Existem também algumas diferenças timar a geração de benefícios econômicos
com relação à amortização dos ativos in- futuros, o que não é facultado às PMEs.
tangíveis pelo CPC 04 e pela seção 18 da

185/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


Glossário
EPP: empresas de pequeno porte.
Full IFRS: adoção do conjunto completo de Pronunciamentos Contábeis.
ME: microempresas.
Simples Nacional: Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devi-
dos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, instituído pela LC 123/06.

186/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


?
Questão
para
reflexão
Imagine que um amigo seu buscou conselhos para tratar da con-
tabilidade de sua pequena empresa, pois sabe que você trabalha
em uma grande corporação com influências significativas na as-
sistência financeira. Ele busca novos investidores e se questiona
o motivo que ninguém tem botado fé em seus projetos, uma vez
que a empresa dele já está há alguns anos no mercado. Ao ver as
demonstrações contábeis, você verificou que a única preocupa-
ção de seu amigo era relacionada à tributação, e ele não trazia
nenhuma informação adicional que não fosse exigida pela Recei-
ta Federal. Que conselhos você daria a este amigo? Apresentar
demonstrações contábeis de propósito geral poderia ajudá-lo?

187/198
Considerações Finais
• O IASB e o CPC, ao publicarem orientações às Pequenas e Médias empresas,
dão um importante passo na internacionalização das normas contábeis,
uma vez que essas empresas são de maior número em qualquer país;
• as diferenças entre Full IFRS e IFRS for SME não são de grande impacto, uma
vez que o maior interesse é o de simplificar a adoção das normas internacio-
nais por essas empresas que nem sempre têm uma estrutura contábil inter-
na à sua disposição;
• lembre-se sempre de que os Princípios da Contabilidade valem para qual-
quer escrituração contábil, pois eles estão relacionados à base conceitual
da contabilidade e não ao tamanho de empresa e outras características es-
pecíficas.

188/198
Referências

BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 29 set. 2016.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC PME (R1) - Contabilidade para Pequenas e
Médias Empresas com Glossário de Termos. CPC: 2009. Disponível em: <http://www.cpc.org.
br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=79>. Acesso em: 17 out.
2016.
IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo. Manual
de Contabilidade Societária. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
SILVA, Antonio Carlos Ribeiro da; MARION, Jose Carlos. Manual de Contabilidade para Pequenas
e Médias Empresas. São Paulo: Atlas, 2013.

189/198 Unidade 8 • Pequenas e médias empresas


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f921679e90f1cbf145851e9abf91fb5e>. 8999cbd47a187b6306ce38c3f244b>.

190/198
Questão 1
1. A lei brasileira que trata sobre o enquadramento de microempresas e em-
presas de pequeno porte é:

a) Lei 6.404/76
b) LC 123/06
c) Lei 11.638/07
d) Lei 10.404/02
e) Lei 11.941/09

191/198
Questão 2
2. A definição de empresas de grande porte, contida na Lei 11.638/07, com-
preende as empresas:

a) com ativo total acima de R$ 300.000.000,00 ou receita bruta de R$ 240.000.000,00;


b) com ativo total acima de R$ 240.000.000,00 ou receita bruta de R$ 300.000.000,00;
c) com receita total acima de R$ 3.600.000,00;
d) não enquadradas pela LC 123/09;
e) apenas de capital aberto.

192/198
Questão 3
3. Assinale, dentre as alternativas a seguir, apenas aquele item que con-
tém as demonstrações financeiras obrigatórias a todas as sociedades por
ação, pela Lei 6.404/76:

a) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do


resultado do exercício e demonstração de fluxo de caixa.
b) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração do
resultado do exercício, demonstração de fluxo de caixa e demonstração do valor adicionado.
c) Balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração de fluxo de
caixa e demonstração do valor adicionado.
d) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados, demonstração de
fluxo de caixa e demonstração do valor adicionado.
e) Balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados e demonstração do
resultado do exercício.

193/198
Questão 4
4. A NBC TG 1000 traz como conjunto completo das demonstrações con-
tábeis aplicáveis às PMEs as seguintes demonstrações, exceto:

a) Demonstração do valor adicionado.


b) Demonstração do resultado do período de divulgação.
c) Balanço patrimonial ao final do período.
d) Demonstração das mutações do patrimônio líquido para o período de divulgação.
e) Demonstração dos fluxos de caixa para o período de divulgação.

194/198
Questão 5
5. Os ativos intangíveis gerados internamente pelas PMEs devem ser con-
tabilizados:

a) no ativo, desde que identificáveis, controlados e geradores de benefícios;


b) como despesa ou no ativo, a depender da fase de pesquisa ou desenvolvimento;
c) de acordo com a vida útil esperado do ativo;
d) como despesa do período;
e) estes ativos não são compatíveis com PMEs.

195/198
Gabarito
1. Resposta: B. superior a R$ 2 mi e companhias abertas, e a
DVA, apenas para companhias abertas.
A lei brasileira que trata sobre o enquadra-
mento de microempresas e empresas de pe- 4. Resposta: A.
queno porte é a Lei Complementar 123/06.
A DVA não faz parte das demonstrações
2. Resposta: B. previstas pela NBC TG 1000, nem está con-
tida na NBC TG 1000.
Empresas de grande porte são definidas
pela lei 11.638/07 como as que obtiveram 5. Resposta: D.
no exercício social anterior ativo total acima
de R$ 240.000.000,00 ou receita bruta aci- Os ativos intangíveis gerados internamente
ma de R$ 300.000.000,00. pelas PMEs sempre devem ser contabiliza-
dos como despesa no período em que são
3. Resposta: E. incorridos, independentemente de sua fase
de pesquisa ou desenvolvimento.
O BP, DLPA e DRE são obrigatórios a todas
as sociedades por ações. A DFC é obrigató-
ria às empresas de capital fechado cujo PL é

196/198

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