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Caderno do Aluno
UNIDADE III – RACIONALIDADE
ARGUMENTATIVA
E FILOSOFIA
Lógica proposicional
P Q R P ∨ Q, P → R, R ↔ ¬Q =| P ∧ Q )
1. As proposições simples são aquelas em que não estão
presentes quaisquer operadores. Por exemplo: «António V V V V V F F F F
é árbitro.» As proposições complexas são aquelas em que V V F V F V F F F
está presente um operador ou mais do que um. Por V F V V V V V V V
exemplo: «António é árbitro ou Joaquim é pintor.»
V F F V F F V V V
F V V V V F F F F
2.
a) Não sabemos se a proposição é verdadeira ou falsa, F V F V V V F F F
porque o operador «acredita que» não é verofuncional. F F V F V V V F V
b) Verdadeira. F F F F V F V F V
c) Falsa. O argumento é inválido na medida em que há pelo
d) Não sabemos se a proposição é verdadeira ou falsa, menos uma circunstância em que as premissas são todas
porque o operador «admite a possibilidade de» não é verdadeiras e a conclusão é falsa.
verofuncional.
7. Modus ponens:
3. Se estudo, então sou inteligente.
a) V f) F Estudo.
b) F g) V Logo, sou inteligente.
c) V h) V
d) V i) F Modus tollens:
e) V j) F Se estudo, então sou inteligente.
Não sou inteligente.
Logo, não estudo.
4.
Crucigrama
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X R R
P 4 P A R A L O G I S M O
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Horizontais 1. EXPLÍCITA
4. PARALOGISMO 2. PROPOSIÇÃO
7. PREMISSA 3. RACIOCÍNIO
9. ARGUMENTO 5. TERMO
12. CONCLUSÃO 6. INDUTIVO
13. INFORMAL 8. ANTECEDENTE
15. FALÁCIA 10. FORTES
16. ENTIMEMA 11. CONCEITO
17. DISJUNTIVAS 14. SÓLIDO
19. DEDUTIVO 18. SOFISMA
20. JUÍZO
Verticais
2. Argumentação e retórica
Questões de escolha múltipla
1. B 5. C 9. A 13. B
2. A 6. C 10. D 14. A
3. C 7. A 11. A 15. A
4. A 8. B 12. C 16. C
Questões de
verdadeiro/falso
1. F 6. F 11. V 16. F
2. F 7. V 12. V 17. V
3. V 8. V 13. V 18. F
4. V 9. F 14. F 19. F
5. V 10. F 15. V 20. V
uma vez que se dirige a indivíduos em relação aos quais
se procura obter a adesão. Como tal, a argumentação é
Exercícios de aplicação contextualizada e situada, exigindo um contacto entre
sujeitos, entre o orador e os auditores.
1. É referido neste excerto que, ao nível da demonstração,
Por sua vez, a demonstração, uma vez que visa mostrar a
os signos utilizados são, «em princípio, desprovidos de
relação necessária entre a conclusão e as premissas, não
qualquer ambiguidade». Isto decorre da finalidade da
se ocupa da adesão do auditório à verdade das proposições
demonstração, que consiste em conduzir alguém a uma
em causa. Sendo do domínio da evidência, da
conclusão que resulte necessariamente das premissas.
necessidade, do constringente, a demonstração é impessoal
Neste processo, torna-se imperioso usar uma linguagem
ao nível da prova, e a validade que apresenta não
unívoca, obedecendo aos critérios objetivos da lógica formal.
depende em nada da opinião do orador nem das influências
Por sua vez, a argumentação desenrola-se «numa língua
do auditório. Sendo assim, e ao contrário da argumentação,
natural, cuja ambiguidade não se encontra previamente
ela é isolada de todo o contexto, não sendo influenciada
excluída». Com efeito, o objetivo da argumentação é
pelas reações do auditório.
conduzir alguém a uma conclusão apenas verosímil,
plausível, preferível e razoável. Para isso, é importante
4. O texto refere-se à promessa que a televisão constituiu,
seguir os critérios da retórica, os quais assentam na
nomeadamente para a publicidade. A televisão é «um
equivocidade própria da linguagem natural, permitindo uma
meio de transmissão tremendamente poderoso, super-
pluralidade de interpretações. A fim de provocar a adesão do
-rápido, supersuficiente e razoavelmente económico»,
auditório a uma determinada tese, importa usar uma
sendo capaz de levar os anúncios publicitários aos mais
linguagem persuasiva e convincente, seja ao nível do estilo,
diversos auditórios. O discurso publicitário é dirigido a
seja ao nível do conteúdo.
auditórios específicos, tentando responder a necessidades
e, ao mesmo tempo, criando-as.
2. De acordo com a afirmação, argumentar é encontrar-se
A televisão facilita amplamente este processo, introduzindo
numa “situação de comunicação”, a qual implica «parceiros
«ideias na mente do público», o que, no caso do
e uma mensagem, uma dinâmica própria». Ora o contexto
discurso publicitário, se traduz em mensagens curtas,
de receção faz parte dessa dinâmica. Ele refere-se
sedutoras, dirigidas à sensibilidade e à emoção, baseadas
ao conjunto das opiniões, valores e juízos que um dado
em promessas e em associações que são captadas pelo
auditório partilha. Estes antecedem o ato argumentativo,
inconsciente. Em simultâneo, este tipo de discurso acaba
desempenhando um importante papel na receção dos
por propor, de forma condensada, uma visão do mundo,
argumentos apresentados pelo orador.
um sistema de valores.
Uma vez que o objetivo principal do orador é convencer
e persuadir o auditório, levando-o a aceitar a tese que lhe
5. O discurso da propaganda política é dirigido a vários
é proposta, então é necessário que ele conheça o auditório,
auditórios particulares, procurando seduzi-los e sendo,
as suas opiniões, valores e juízos, para adaptar a sua
muitas vezes, manipulador e demagógico. Utilizando
mensagem a esse contexto de receção, o qual é
como técnicas discursivas as interrogações retóricas, as
determinante no grau de adesão à mensagem. Se o orador
expressões ambíguas e as repetições, este tipo de discurso
ignorar tal contexto, há uma maior probabilidade de a sua
reforça opiniões prévias. Sendo apoiado pelos
tese ser rejeitada.
meios de comunicação social, ele dá forma à opinião
pública, embora, em menor grau, também seja formado
3. A argumentação visa provocar a adesão de um
por ela.
determinado auditório às teses que lhe são colocadas pelo
orador. Sendo do domínio do verosímil, do plausível, do
6. Embora persuadir e convencer sejam conceitos
preferível, do provável, toda a argumentação é pessoal,
sinónimos, Perelman distingue-os: persuadir constitui o
objetivo do discurso dirigido a um auditório particular, o f) Indução por generalização.
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Horizontais
2. OBJETO DE ACORDO Verticais
4. AD HOMINEM 1. ARGUMENTO CIRCULAR
6. ORADOR 3. LOGOS
7. DEMONSTRAÇÃO 5. ADESÃO
8. TESE 9. UNIVOCIDADE
10. OPINIÃO PÚBLICA 12. RETÓRICA
11. PREFERÍVEL 16. ETHOS
13. PUBLICITÁRIO 17. AUDITÓRIO
14. INFORMAIS
15. GENERALIZAÇÃO
18. VEROSÍMIL
19. PERSUADIR
20. PREVISÃO
3. Argumentação e Filosofia
Questões de escolha múltipla
1. A 5. A 9. C 13. B
2. B 6. D 10. C 14. A
3. C 7. C 11. D 15. C
4. D 8. D 12. A
Questões de verdadeiro/falso
1. V 6. V 11. V 16. V
2. F 7. F 12. V 17. F
3. V 8. V 13. V 18. V
4. V 9. V 14. F 19. V
5. F 10. F 15. V 20. F
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Horizontais Verticais
2. SOFISTAS 1. FILÓSOFO
5. SÓCRATES 3. APARÊNCIA
7. PLURAL 4. GÓRGIAS
8. VERDADE 6. PLATÃO
10. CIDADÃO 9. EFICÁCIA
12. PERSUASÃO 11. VEROSÍMIL
13. PROTÁGORAS 14. RETÓRICA NEGRA
15. ATENAS
16. AMÁLGAMA
17. RELATIVISMO
18. MANIPULAÇÃO
19. DEMAGÓGICO
20. RETÓRICA BRANCA
UNIDADE IV – O CONHECIMENTO
E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA
E TECNOLÓGICA
Questões de verdadeiro/falso
1. V 8. V 15. V 22. F
2. F 9. F 16. V 23. V
3. V 10. V 17. F 24. V
4. F 11. F 18. V 25. V
5. F 12. V 19. F
6. F 13. F 20. V
7. F 14. F 21. F
Exercícios de aplicação
1. Encarado como atividade, o conhecimento é – Conhecimento por contacto: Gertrudes conhece
essencialmente o fruto de uma interação entre sujeito e diretamente
objeto. Roma, porque visitou esta cidade.
Com efeito, não existe de um lado o sujeito abstrato e, do
outro, uma realidade que ele irá conhecer objetivamente. 3. De acordo com o autor do texto, a conceção platónica
O sujeito interage com a realidade, e é desse processo do pensamento como sendo «um silencioso diálogo interior
que o conhecimento emerge. Isto significa que representar
o objeto é também, em certa medida, construí-lo e da alma com ela mesma» assenta na perspetiva
integrar novos elementos no conjunto de significações e segundo a qual existe «uma consubstancialidade entre a
de referências que fazem parte de uma determinada linguagem e o pensamento». Essa perspetiva estabelece
visão do mundo. uma íntima articulação entre as palavras, as ideias e os
Cada sujeito tem as suas experiências, vivências, reflexões, conceitos. Tal significa que a utilização da linguagem e o
que constituem modos de pensar, sentir, agir e exercício do pensamento são indissociáveis, constituindo
conhecer distintos dos de outro sujeito. Ao adquirir mais uma unidade e não podendo nenhum deles manifestar-
conhecimento, o sujeito vai ampliando o seu mundo, o -se de uma forma pura. Nessa interdependência, a
que significa, como é dito no texto, que «vai possuindo, linguagem (nomeadamente a linguagem verbal) surge, ao
de algum modo, as coisas que conhece» e que se vai mesmo tempo, como uma capacidade de comunicação/
«tornando ontologicamente mais rico, quer dizer, vai sendo expressão e de organização/estruturação do pensamento.
mais». Esta indissociabilidade linguagem/pensamento reflete-
-se, obviamente, ao nível do conhecimento. É através da
2. linguagem que o conhecimento é expresso, transmitido e
– Saber que: é o nosso conhecimento da proposição organizado. A linguagem está, assim, diretamente implicada,
expressa por «Gertrudes, conduzindo o seu carro, visitou não só no processo de pensamento, como também
Roma». (e consequentemente), no processo do conhecimento do
– Saber-fazer: é o conhecimento que Gertrudes possui mundo, da reflexão sobre o conhecimento e da comunicação
ligado à sua competência para conduzir um carro. dos seus resultados.
4. É no diálogo Teeteto, de Platão, que se encontra a
definição clássica de conhecimento como «crença 7.
verdadeira justificada». O conhecimento inclui, então, essas – Juízo analítico: «Uma bicicleta verde é dotada de cor.»
três componentes: a crença ou opinião, a verdade e a – Juízo sintético: «Os cravos são vermelhos.»
justificação. – Juízo sintético a priori: «20 + 15 = 35.»
Tal significa que, embora seja uma condição necessária 8. O racionalismo e o empirismo são duas teorias filosóficas
para o conhecimento, a crença não é uma condição que procuram responder ao problema da origem do
suficiente. Para haver conhecimento é necessário não só conhecimento. Segundo os racionalistas, a razão é principal
que uma pessoa acredite em algo, como também que fonte do conhecimento (conhecimento universal e
isso seja verdadeiro, pelo que a verdade é também uma necessário). Só através da razão é que se pode encontrar
condição necessária do conhecimento. No entanto, o um conhecimento seguro, o qual é totalmente independente
conhecimento não se reduz à união da crença e da verdade. da experiência sensível, apoiando-se em princípios claros e
Ninguém possui conhecimento se não justificar a distintos. Tomando como modelo o conhecimento
sua crença, através de provas, razões ou evidências. Por matemático, os racionalistas, como Descartes, defendem a
conseguinte, a justificação é também uma condição existência de ideias inatas, que se descobrem por intuição
necessária do conhecimento. intelectual e a partir das quais se pode deduzir o
5. Trata-se, de facto, à luz da perspetiva de E. Gettier, de conhecimento da realidade, havendo uma correspondência
um contraexemplo à definição tradicional de conhecimento. entre esta e o pensamento. Os racionalistas não
De acordo com esta definição, herdada de Platão, negam a existência do conhecimento empírico. Esse
para que haja conhecimento é necessário que estejam conhecimento existe, mas não pode ser considerado um
satisfeitas três condições necessárias – as quais, tomadas conhecimento universal e necessário. O empirismo, por sua
conjuntamente, constituem condição suficiente à existência vez, recusando a existência de ideias inatas, é uma teoria
de conhecimento: a crença, a verdade e a justificação. segundo a qual a experiência é a origem principal de todo o
Ora, no exemplo dado, essas três condições estão conhecimento. Sendo assim, todas as ideias têm uma base
satisfeitas e, apesar disso, o leitor não está na posse de empírica, não havendo ideias inatas. O entendimento
conhecimento, uma vez que a justificação que suporta a sua assemelha-se, como dizia Locke, a uma página em branco
conclusão não se ajusta devidamente à crença em causa. A onde, antes de qualquer experiência, nada se encontra
crença que tem é, de facto, verdadeira, mas a justificação escrito. É na experiência que o conhecimento tem o seu
que a suporta é-lhe estranha. É verdade que a bebida que fundamento e, naturalmente, os seus limites. Embora
a Júlia tem na mão está drogada (e, logo, a crença do leitor neguem os conhecimentos inatos, os empiristas não negam
é verdadeira), mas está-o não porque o barman, a necessariamente o conhecimento a priori. Para David Hume,
pedido da Magda, a drogou – tal como pensa o leitor –, por exemplo, esses conhecimentos existem, só que nada
mas porque o Leonel, sem que a Magda soubesse, já a nos dizem acerca do mundo.
tinha drogado (e esta é que é a verdadeira justificação 9. As crenças básicas são aquelas que, de acordo com os
por que a bebida da Júlia está drogada, que é, no fundacionalistas, suportam o sistema do saber. Trata-se
entanto, desconhecida pelo leitor). Os supostos “criminosos” de crenças que não necessitam de uma justificação
(a Magda e o barman, que com ela foi conivente) não fornecida por outras crenças, uma vez que se justificam a si
têm, portanto, culpa nenhuma. Só o Leonel a tem: é ele o mesmas, permitindo evitar a regressão infinita da
efetivo “criminoso”. O leitor bem poderia tentar salvar a justificação. As crenças não básicas, por sua vez, são
Júlia, e estaria certo ao fazê-lo, mas se fizesse declarações aquelas que são justificadas por outras crenças.
às autoridades para que se identificasse(m) o(s) autor(es) 10. O conceito de «dogmatismo» pode ser entendido,
do crime – ou a sua mera tentativa –, cedo se perceberia pelo menos, em quatro sentidos: como a perspetiva
que não sabia o que julgava saber, e ter salvado a Júlia típica do realismo ingénuo, em que não há um exame crítico
tinha sido, afinal, uma feliz coincidência. O(s) inocente(s) das aparências; como a confiança absoluta de que a
seria(m) incriminado(s) e o culpado safar-se-ia. razão pode atingir a certeza e a verdade; como a completa
Conclui-se, com este contraexemplo, que a crença, a submissão, sem exame pessoal, a uma autoridade
verdade e a justificação não são, consideradas ou a determinados princípios que dela provêm, e, por
conjuntamente, condição suficiente para que haja fim, como o exercício da razão, em domínios metafísicos,
conhecimento. sem uma crítica prévia da sua capacidade, sendo esta
6. Os juízos a priori, cuja verdade é conhecida mediante a aceção evidenciada por Kant.
razão, independentemente de qualquer experiência, são 11.
universais – no sentido em que não admitem qualquer 11.1. Pirro, fundador do ceticismo absoluto ou radical,
exceção, sendo verdadeiros sempre e em toda a parte – e defende que é impossível ao sujeito apreender o objeto,
necessários – são verdadeiros em quaisquer circunstâncias, não sendo, por conseguinte, possível qualquer
e negá-los implicaria entrar em contradição. Já os conhecimento. De acordo com os céticos radicais, há várias
juízos a posteriori, cuja verdade só pode ser conhecida razões para a dúvida sistemática e para a consequente
através da experiência, não são estritamente universais – suspensão do juízo. Por exemplo, existem opiniões
porque admitem exceções, podendo não ser verdadeiros divergentes a respeito da existência dos deuses e não temos
sempre e em toda a parte – e, não sendo necessários, são forma de obter um consenso sobre tal assunto. Logo, a
contingentes – são verdadeiros, mas poderiam ser falsos, dúvida sistemática é a única postura aceitável. Mesmo
e negá-los não implica entrar em contradição.
que as nossas crenças a respeito dos deuses (e das coisas verdade: a clareza e distinção das ideias. Enquanto primeira
em geral) sejam verdadeiras, não possuímos para elas verdade, o cogito surge-nos como crença fundacional ou
justificações suficientes. básica: serve de alicerce a todo o sistema do saber.
11.2. O ceticismo metódico é inerente ao espírito crítico e Mostrando como a existência é indissociável do próprio
autónomo, constituindo um meio para alcançar a verdade pensamento, o cogito permite-nos perceber qual a natureza
e não uma confissão explícita de que a não podemos do sujeito: esta consiste no pensamento, ou alma, e
encontrar. Descartes, usando a sua dúvida metódica, equivale a toda a atividade consciente.
exprimiu um ceticismo deste género, traduzido na 14.
«recusa daquilo que poderíamos chamar as certezas 14.1. O argumento ontológico é uma prova da existência
demasiado fáceis, demasiado apressadas e demasiado de Deus que parte «da definição do conceito de Deus».
certas». Este ceticismo metódico opõe-se à atitude Assim, admitindo que na ideia de ser perfeito estão
característica do ceticismo sistemático. Neste último caso, a compreendidas todas as perfeições, e que a existência é
dúvida aparece como um princípio definitivo, algo que se uma dessas perfeições, então Deus, que é o ser perfeito,
instala sem deixar qualquer margem para a possibilidade existe. A existência de Deus é inerente à sua essência,
de alcançar o conhecimento. apresentando um carácter necessário e eterno.
12. 14.2. Se procurarmos a causa que faz com que a ideia de
12.1. As regras do método de Descartes são as seguintes: ser perfeito se encontre em nós, percebemos que tal
a regra da evidência, que consiste em nunca aceitar algo causa não pode ser o sujeito pensante. De facto, essa
como verdadeiro sem o conhecer evidentemente como ideia representa uma substância infinita. Nesse sentido, o
tal, ou seja, de um modo indubitável, claro e distinto, sem sujeito pensante, sendo finito, não é a causa da realidade
qualquer margem para dúvidas; a regra da análise, que objetiva de tal ideia. O nada ou qualquer ser imperfeito
consiste em dividir cada uma das dificuldades nas parcelas também não podem ser a sua causa. Por isso, a causa da
necessárias para as resolver; a regra da síntese, que ideia de Deus só pode ser o próprio Deus, realidade que
consiste em conduzir por ordem os pensamentos, possui todas as perfeições representadas na ideia de ser
começando pelo mais simples e fácil de compreender e perfeito.
subindo, gradualmente, para o mais complexo; a regra da 15. A teoria cartesiana do erro põe em evidência o papel
enumeração, que consiste em fazer enumerações tão da vontade em todo este processo. Com efeito, se é verdade
completas e revisões tão gerais, que se tenha a certeza de que na formação de juízos o entendimento tem um
que nada foi omitido. papel fundamental, é a vontade que dá o consentimento
12.2. A dúvida cartesiana constitui um momento importante aos juízos que o entendimento formula. Sendo livre, é ela
do método. Descartes decide «rejeitar como absolutamente quem decide dar (ou não) o assentimento aos juízos, pelo
falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a que o erro se verifica quando há um uso indevido da
menor dúvida», a fim de ver se, depois disso, restaria liberdade, ou seja, quando a vontade se precipita e dá o
alguma coisa que fosse absolutamente indubitável. consentimento a juízos que não são evidentes.
Deste modo, a dúvida é um instrumento da luz natural ou 16. Hume distingue implicitamente, no texto, dois tipos
razão e é posta ao serviço da verdade. Na busca dos de perceções: as impressões, que são as perceções que
princípios fundamentais e indubitáveis, é necessário colocar apresentam maior grau de força e vivacidade, e as ideias,
tudo em causa, evitando igualmente os juízos precipitados ou pensamentos, que são as representações das
e os preconceitos. Se alguma crença resistir à dúvida, impressões, as suas imagens enfraquecidas. Há uma
então ela poderá ser a base ou o fundamento para as grande diferença entre sentir «a dor de um calor excessivo»
restantes. Por outro lado, uma vez que os sentidos nos – impressão – e trazer à memória a sensação respetiva ou
enganam, uma vez que não dispomos de um critério que antecipá-la mediante a imaginação – ideia.
permita discernir o sonho da vigília, uma vez que alguns 17. Segundo Hume, a ideia de Deus não deriva diretamente
indivíduos se enganaram nas demonstrações matemáticas, de qualquer objeto da experiência sensível. Trata-
e admitindo ainda a hipótese de haver um deus enganador, -se de uma ideia complexa, que representa um Ser
ou um génio maligno, que nos ilude a respeito da infinitamente inteligente, sábio e bom, e que tem por base
verdade, então a dúvida é absolutamente fundamental, ideias simples que a mente e a vontade compõem, elevando
assumindo uma função catártica e libertadora, no processo sem limite as qualidades de bondade e sabedoria.
de reconstrução, com fundamentos sólidos, do edifício 18. No contexto da filosofia de Hume, as verdades próprias
do saber. das relações de ideias são necessárias, isto é, são
13. Escreve Descartes que a «proposição Eu sou, eu existo, sempre verdadeiras, em quaisquer circunstâncias e negá-
sempre que proferida por mim ou concebida pelo espírito, -las implica contradição. Por exemplo, «3 + 9 = 12». Já as
é necessariamente verdadeira». Deste modo, o filósofo verdades próprias das questões de facto são contingentes,
acaba por fornecer uma primeira característica do isto é, poderiam ter sido falsas e negá-las não implica
cogito – ou «Penso, logo existo»: trata-se de considerar o contradição. Por exemplo, «Fernando Pessoa foi um poeta
cogito uma afirmação indubitável da existência do português».
sujeito, existência apreendida intuitivamente no próprio 19. Segundo Hume, há três princípios de associação de
ato de pensar e de duvidar. Sendo uma afirmação evidente, ideias: a semelhança – um autorretrato de Rembrandt
uma certeza inabalável, obtida de modo inteiramente
racional e a priori, o cogito servirá de paradigma para as
várias afirmações verdadeiras, traduzindo o critério de
remete para o rosto do pintor –, a contiguidade no tempo que seja distinta delas e exterior a elas é injustificável. Em
e no espaço – se pensamos numa ponte, lembramo-nos rigor, não sabemos de onde procedem as impressões.
do rio, dos peixes, etc. – e a causalidade (relação de causa 22. Segundo David Hume, o conhecimento deriva
e efeito) – pensar que alguém se feriu leva a pensar na fundamentalmente da experiência, tendo todas as crenças e
eventual dor que se seguirá (a ferida é a causa, a dor é o ideias uma base empírica, até as mais complexas. As
efeito). ideias derivam das impressões, não havendo ideias inatas.
20. Uma vez que só a partir da experiência é que se pode Daí o empirismo defendido pelo filósofo.
conhecer a relação entre a causa e o efeito, sendo este Ora, uma vez que a realidade a que temos acesso se
um conhecimento a posteriori e não a priori, então não reduz às perceções, a crença na existência de algo para lá
podemos concluir que esta relação traduza uma conexão dos fenómenos, da experiência e da observação carece
necessária, mas sim uma conjunção constante entre factos de fundamento (ceticismo metafísico). Além disso, a
e fenómenos. capacidade cognitiva do entendimento humano reduz-se
O nosso conhecimento dos factos restringe-se às ao âmbito do provável, em virtude das limitações das
impressões atuais e às recordações de impressões nossas capacidades cognitivas e da nossa propensão para
passadas. Uma vez que não dispomos de impressões o erro (ceticismo mitigado). Estamos assim perante um
relativas ao que acontecerá no futuro, pode-se dizer que não empirismo cético.
possuímos um conhecimento rigoroso dos factos futuros. 23. No comentário a estas afirmações, espera-se que o
Apesar disso, há muitos factos que esperamos que se aluno:
verifiquem no futuro, o que pressupõe inferências de – reconheça a importância atribuída por Descartes ao
carácter indutivo. Sendo assim, este conhecimento é apenas método para a conquista da verdade;
uma suposição ou probabilidade, assente numa – conheça as operações fundamentais da razão humana –
expectativa. a intuição e a dedução – e o papel da dúvida em todo o
A certeza de que um facto (efeito) sucederá ao outro processo de busca do conhecimento;
(causa) tem apenas um fundamento psicológico: o hábito – reflita sobre o significado das ideias inatas e do
ou costume. É o hábito de constatarmos que um facto conhecimento claro e distinto;
sucede a outro – que sempre, até agora, existiu uma – avalie a importância do cogito e da existência de Deus
conjunção entre eles – que nos leva à crença de que tal no processo de fundamentação do conhecimento.
conjunção sempre se há de verificar. O hábito é um guia – exponha os principais aspetos do empirismo de Hume:
imprescindível da vida prática, mas não constitui um a experiência é a fonte principal do conhecimento, as
princípio racional. ideias derivam das impressões;
21. Segundo Hume, as impressões constituem a única – compreenda a noção de «causalidade» como exprimindo
realidade acerca da qual dispomos de alguma certeza. uma relação que se encontra na base das nossas
Deste modo, as únicas inferências válidas que podemos inferências acerca de factos futuros;
produzir devem ser baseadas na relação de causa e efeito – avalie o entendimento habitual da relação de causa e
estabelecida apenas entre as impressões. Ora só podemos efeito como sendo uma conexão necessária, e a
considerar real um hipotético mundo exterior se as contestação, por parte de Hume, dessa perspetiva: não
coisas forem independentes das nossas impressões. O dispomos de qualquer impressão relativa à ideia de conexão
problema é que não temos experiência ou impressão de necessária entre fenómenos; o que se verifica é uma
tal realidade exterior. Só temos acesso às nossas perceções conjunção constante entre eles;
(impressões e ideias). Logo, a crença de que existe – exponha o seu ponto de vista pessoal sobre as duas
uma realidade que seja a causa das nossas impressões e teorias estudadas.
Crucigrama
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E E A A
Horizontais Verticais
1. CAUSALIDADE 2. DOGMATISMO
3. LINGUAGEM 5. INTUIÇÃO
4. PROPOSICIONAL 6. COGITO
7. FUNDACIONALISMO 8. ANALÍTICO
9. JUSTIFICAÇÃO 10. IDEIAS
13. HÁBITO 11. CERTEZA
14. EXPERIÊNCIA 12. HIPERBÓLICA
16. SUJEITO 15. ATARAXIA
18. OBJETO 17. LOCKE
19. INATAS 20. SÍNTESE
2. Estatuto do conhecimento científico
Questões de escolha múltipla
1. B 7. C 13. A 19. B
2. D 8. B 14. A 20. A
3. A 9. A 15. D 21. B
4. B 10. B 16. A 22. A
5. C 11. D 17. C 23. C
6. D 12. B 18. C
Questões de verdadeiro/falso
1. V 7. V 13. F 19. V
2. F 8. F 14. V 20. F
3. V 9. F 15. F 21. F
4. V 10. V 16. V 22. F
5. V 11. F 17. F 23. V
6. F 12. V 18. V 24. V
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Horizontais Verticais
2. VERIFICABILIDADE 1. FALSIFICACIONISMO
3. HIPÓTESE 4. INCOMENSURABILIDADE
6. OBJETIVIDADE 5. FACTO-PROBLEMA
7. BIOLOGIA 11. ANOMALIAS
8. INDUTIVISMO 13. EPISTEMOLOGIA
9. MÉTODO 16. REVISÍVEL
10. PARADIGMA 17. POPPER
12. CIÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
14. SUPERFICIAL
15. VEROSIMILHANÇA
18. OBSTÁCULO EPISTEMOLÓGICO
19. LEI
20. CORROBORADA
UNIDADE V – DESAFIOS E HORIZONTES
DA FILOSOFIA
1. A Filosofia e os outros saberes
Questões de escolha múltipla
1. B 4. A 7. A 10. D
2. A 5. C 8. C
3. C 6. D 9. A
Questões de verdadeiro/falso
1. F 4. V 7. V 10. V
2. F 5. F 8. V
3. V 6. V 9. F
Exercícios de aplicação
1. A verdade como coerência equivale, por um lado, à 6. A existência de múltiplas conceções de realidade e de
consistência lógica ou ausência de contradição lógica e, verdade constitui uma prova de que o modo como eram
por outro, ao facto de existirem relações inferenciais tradicionalmente encarados esses conceitos foi posto em
entre as crenças de um dado sistema – as crenças devem causa: As conceções contemporâneas de «realidade» –
estar relacionadas entre si de forma relevante. encarada como multidimensional e em devir – e «verdade» –
encarada como plurívoca, relativa, subjetiva, mutável, sujeita
2. A verdade como utilidade diz respeito à possibilidade
à cultura e de carácter probabilístico – conduzem ao
de produzir um efeito que se deseja, ao serviço de um
reconhecimento dos diferentes saberes como narrativas,
objetivo prático qualquer. Assim, a verdade equivale à
cada uma das quais apresentando níveis de realidade e
eficácia e à funcionalidade.
verdade diferentes. Deste modo, tornam-se equivalentes
3. Entender a verdade como consenso é entendê-la como (embora cada um com a sua própria especificidade) saberes
negociação intersubjetiva e como efeito de convencimento como a ciência, a filosofia, a arte, a religião, a poesia e a
dos vários discursos de verdade. Os consensos literatura.
constituem, assim, formas de nos aproximarmos da verdade
7. Edgar Morin propõe um conhecimento complexo que
em si. Já no âmbito da verdade como perspetiva se
rompe com as fronteiras entre as diversas disciplinas, pois
admite que cada sujeito tem uma perspetiva sobre o real.
entende a realidade como um tecido complexo.
Assim, a conceção perspetivista de verdade admite a
Considerando que a ciência clássica assenta sobre três
existência de múltiplas verdades, as quais parecem
pilares fundamentais – a ordem, a separabilidade e a lógica
excluir a verdade em si.
–, ele propõe uma total reforma do pensamento que é, ao
4. Hegel discorda da conceção que entende a verdade mesmo tempo, uma proposta de ação.
como algo eterno e imutável. Na sua perspetiva, a verdade Antes de mais, Morin propõe que o estudo de qualquer
resulta de um processo contínuo em que se vão objeto respeite a sua complexidade, e tal significa que
manifestando os diferentes aspetos da verdade não se devem estabelecer divisões analíticas artificiais,
(contraditórios entre si, mas reunidos numa síntese). A pois o complexo está para além das suas partes.
verdade é encarada como processo. Heidegger, por sua vez, Em segundo lugar, os estudos do complexo devem abdicar
entende a verdade como desvelamento do ser que acontece da previsibilidade e ser capazes de, face à incerteza,
pela e na linguagem enquanto «casa do ser». A verdade utilizar meios de lidar com ela, por exemplo através da
é encarada como desvelamento. estatística.
Em terceiro lugar, os estudos devem abandonar a
5. Nas conceções tradicionais, a realidade é entendida
racionalidade fechada, submetida ao rigor das regras da
como unidimensional (apresenta apenas uma dimensão)
lógica, e abrir os seus horizontes de racionalidade para
e imutável, isto é não sofre em si mesma qualquer tipo de
conseguir compreender «as paixões, a vida, a carne dos
mudança. Se a realidade sobre a qual a verdade versa é
seres humanos».
imutável e unidimensional, então a verdade é unívoca,
Trata-se, em suma, de romper com as velhas fronteiras
absoluta, universal, necessária, imutável e não sujeita ao
das disciplinas científicas, tornando o conhecimento
espaço nem ao tempo. Além disso, ela é indivisível: não
transdisciplinar, incluindo nele até saberes não científicos,
há qualquer grau intermédio entre a verdade e a ausência
como a arte, a literatura ou a religião.
de verdade.
8. A racionalidade prática pluridisciplinar e transdisciplinar além disso, que existem vários níveis da realidade, cada
pressupõe, antes de mais, uma racionalidade aberta e um dos quais regendo-se por diferentes lógicas e cuja
não apenas uma racionalidade ao serviço da lógica, complexidade está acima de qualquer pretensão analítica.
compartimentada por diferentes áreas disciplinares. Em consequência, admitem-se várias verdades e
Pressupõe ainda uma reconciliação das ciências naturais revalorizam-se os aspetos tradicionalmente excluídos da
com as sociais e humanas e com os outros saberes, racionalidade – por estarem demasiado conotados com a
reconhecendo-se que cada perspetiva poderá dar o seu subjetividade –, como a intuição, o imaginário e a
contributo para o estudo do mesmo objeto. Reconhece-se, sensibilidade.
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A
Horizontais Verticais
2. CONSISTÊNCIA LÓGICA 1. VERDADE
4. WILLIAM JAMES 3. TRANSDISCIPLINARIDADE
6. DISCIPLINAR 5. ESPECIALIZAÇÃO
9. INTERDISCIPLINARIDADE 7. CORRESPONDÊNCIA
10. PLURIDISCIPLINARIDADE 8. UNIDIMENSIONAL
16. REALIDADE 11. PLURÍVOCA
18. COMPLEXIDADE 12. DESVELAMENTO
19. INTUIÇÃO 13. MACROSCÓPIO
20. ARTE 14. UTILIDADE
15. PERSPETIVA
17. CLÁSSICA
2. A Filosofia na cidade
Questões de escolha múltipla
1. D 4. D 7. C 10. C
2. D 5. D 8. A 11. C
3. C 6. B 9. A
Questões de verdadeiro/falso
1. V 5. F 9. V 13. F
2. F 6. F 10. V
3. V 7. F 11. F
4. V 8. F 12. F
Exercícios de aplicação
pode resumir-se da seguinte maneira: se ser tolerante
1. Foi no contexto da democracia grega que a filosofia
significa aceitar a diferença, então devemos permitir a
política iniciou o seu percurso. A palavra «política» deriva
expressão da diferença, mesmo aos que são intolerantes.
de polis, significando originariamente «gestão dos assuntos
No entanto, permitir que o intolerante expresse a sua
ou negócios da polis».
diferença é aceitar a sua intolerância e, com toda a
A democracia permitiu o reconhecimento da igualdade
probabilidade, permitir que o intolerante destrua a tolerância.
de todos os cidadãos perante a lei, chamando-os a participar
Assim, não podemos ser tolerantes com o intolerante.
nas decisões dos interesses comuns. Na polis, onde
as questões antropológicas adquirem agora primazia, 4. A coexistência de diferentes convicções (religiosas,
trava-se uma batalha entre filósofos e sofistas. Estes, não culturais, ou outras) no seio das sociedades implica
obstante as críticas que lhes são feitas, permitem que o naturalmente a existência de conflitos. Apesar do
cidadão participe nas decisões da polis democrática e reconhecimento da tolerância como princípio fundamental e
incentivam o diálogo e a discussão de ideias. regulador do pluralismo cultural, nem sempre é fácil, para
Os filósofos, todavia, não podem aceitar que a todos uma sociedade plural, democrática e tolerante, definir
caiba o papel de gerir a polis. Platão escreve a obra A para cada situação de conflito aquilo que é aceitável e
República para indicar quem deve governar. Contudo, é tolerável e aquilo que é inaceitável e intolerável. Neste
apenas com Aristóteles que surge o conceito de «filosofia sentido, o diálogo assume uma função crucial na resolução
política» como disciplina ou ramo do saber. Este filósofo dos conflitos e na definição dos limites para a própria
lança as perguntas a que a nova ciência política irá procurar tolerância. Enquanto «modo humano de ser humano»
responder, como a questão da soberania e do seu (L. Araújo), o diálogo é o melhor instrumento que temos
fundamento. para responder aos problemas e às exigências da própria
condição humana.
2. As ideias do texto remetem-nos para o domínio da
ética e da política e refletem não só a sua necessária 5. Na redação desta síntese, deverá o aluno ter em conta
articulação, como a sua importância. Assim, por exemplo, a os seguintes aspetos:
questão da legitimidade (ética) da violação ou desobediência – a existência de uma pluralidade de convicções admissíveis
à lei significa a necessidade de pensarmos no no seio das sociedades democráticas atuais (direito à
cidadão – portador de direitos e de deveres cívicos – diferença);
como um agente ou sujeito moral que intencionalmente – a distinção entre tolerância e intolerância;
escolhe agir de acordo com o que considera ser o bem, o – a possibilidade/impossibilidade de estabelecer limites à
correto ou o mais justo, embora pondo em causa a tolerância;
legitimidade da lei. – a relação entre diálogo e tolerância – a sua importância
O objetivo da política é permitir a convivência social, a enquanto instrumentos de construção da cidadania e
organização do espaço comum, de modo a garantir que enquanto valores a promover em favor da humanidade.
todos e cada um possam exercer os seus direitos e cumprir
6. Instaurada pelos gregos, a democracia surge como o
os seus deveres. No fundo, a reflexão ético-política
regime político promotor do diálogo, do debate, da discussão
resulta da necessidade de responder aos problemas que
de ideias. Na democracia, encontraram os gregos a melhor
derivam dessa relação entre o domínio privado e o
forma de gerirem os assuntos comuns e, na cidadania, a
público, entre as exigências individuais e as exigências da
expressão da liberdade e da igualdade.
coletividade, no sentido de assegurar as melhores condições
No seio das sociedades democráticas atuais valorizamos a
(de justiça) para todos.
diversidade cultural, encontramos uma pluralidade de
3. O paradoxo da tolerância, formulado por Popper, reflete convicções admissíveis e reconhecemos o direito à
a dificuldade que encontramos ao definir a fronteira entre diferença, à liberdade de expressão, à identidade cultural,
o que é tolerável e o que não é tolerável e ao propor os entre outros valores. A democracia não significa a
limites possíveis para a tolerância. Com efeito, o paradoxo inexistência de conflitos e de problemas no interior das
sociedades que a adotam. Significa,
consensos e de eleger o diálogo (em detrimento da 8. As afirmações do autor do texto suscitam
violência) como via de resolução dos conflitos. Neste necessariamente a reflexão sobre o papel do cidadão
sentido, a maioria dos países atuais, e dos seres humanos contemporâneo. Com efeito, os exemplos apresentados
em geral, entende que é na democracia que podemos conduzem-nos a reconhecer que atualmente não existe
encontrar a possibilidade de construir uma sociedade mais qualquer justificação para não nos envolvermos em
justa e melhor. questões que dizem respeito a todos os seres humanos,
sobretudo quando os seus direitos fundamentais são postos
7. De inspiração kantiana, a «ética do discurso» pretende em causa. A cidadania atual não pode mais ser encarada
ser universal embora centrada na intersubjetividade própria como estando circunscrita ao direito do cidadão de participar
da comunicação. Parte-se da ideia de uma situação ideal de nos assuntos públicos da cidade, do seu país. Ela
comunicação cujos intervenientes partilham de iguais ganha hoje um novo significado, ela implica também
condições de diálogo e, dessa forma, conseguem entender- deveres cívicos e uma responsabilidade ética que deve
se. Isso equivale à possibilidade (teórica) de estabelecer a ser pensada à escala planetária. O cidadão contemporâneo
validade de normas morais (comuns). Mas, como uma tem, pois, o direito e o dever de participar, enquanto
«comunidade ideal de fala» não é o mesmo que uma cidadão no mundo, na construção de uma sociedade
comunidade real, a maior parte das vezes só será possível mais justa, de promover a paz (privilegiando o diálogo) e
atingir consensos provisórios ou estabelecer compromissos a solidariedade, cumprindo com as suas responsabilidades
negociados. face ao presente e ao futuro da humanidade.
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Horizontais Verticais
2. HANNAH ARENDT 1. RESPONSABILIDADE
7. NATUREZA HUMANA 3. DEMOCRACIA
9. CONSENSO 4. INTOLERANTE
10. CIDADANIA 5. ÉTICA DO DISCURSO
11. TOLERÂNCIA 6. CONVICÇÕES
12. PÚBLICO 8. ARISTÓTELES
13. POLIS 14. JOHN RAWLS
16. ISONOMIA 15. DIÁLOGO
17. JOHN LOCKE
18. PESSOAL
19. FAMÍLIA
20. FIM DA HISTÓRIA
3. A Filosofia e o sentido
Questões de escolha múltipla
1. D 4. D 7. C 10. A
2. C 5. B 8. B 11. C
3. C 6. A 9. B 12. D
Questões de verdadeiro/falso
1. F 5. F 9. F 13. V
2. V 6. V 10. V 14. F
3. V 7. F 11. F 15. F
4. F 8. V 12. V 16. V
Exercícios de aplicação
1. Os filósofos existencialistas veem o ser humano como A síntese do tempo objetivo e do tempo subjetivo
um ser livre. Isso exclui o determinismo, embora eles não realiza-se pelo tempo antropológico, que está associado
deixem de reconhecer o carácter condicionado e situado aos diversos ritmos sociais, religiosos, culturais,
do indivíduo. Estar «condenado a ser livre» equivale, para económicos, etc.
o ser humano, a não ter uma natureza ou essência, algo
5. Perante o absurdo da existência, Camus não defende a
que o defina e lhe seja dado à partida. Ele é «invenção»
resignação, muito menos o suicídio. Pelo contrário, ele
da sua liberdade e inteiramente responsável pelas suas
sublinha a preferência pela vida, mesmo sem ilusões,
ações.
pelo confronto com o absurdo, recusando a atitude passiva
Ao mesmo tempo, esta afirmação da liberdade significa
e a consolação religiosa, e pela vivência lúcida do instante,
que o indivíduo não se encontra encerrado em si mesmo:
a fim de conquistar mais liberdade e dominar
é uma realidade imperfeita e aberta, ligada ao mundo,
melhor a injustiça.
em comunicação com os outros e alguém que se vai
construindo como pessoa. Original, irredutível e único, 6. O problema do sentido da existência humana encontra-
ele escolhe livremente os seus valores, compromete-se se diretamente ligado à questão da inevitabilidade da
nos seus projetos, procurando dar sentido à sua vida e à morte. Alguns filósofos, mas sobretudo grande parte das
realidade. religiões, defendem a perspetiva de que existe vida após
a morte e que, inclusive, somos possuidores de uma alma
2. O sentido prático, funcional ou instrumental é o tipo de
imortal. Em geral, consideram que a vida terrena só tem
sentido que se relaciona com as tarefas quotidianas, as
sentido se houver vida depois da morte. Há, no entanto,
atividades e os comportamentos ligados à utilidade e à
quem coloque objeções a esta perspetiva, sustentando
satisfação das necessidades da vida individual e coletiva.
que, se a vida humana não tiver sentido no caso de não
Por exemplo, tem sentido estudar para tirar um curso ou
sobrevivermos à morte, não o ganha necessariamente se
beber água para matar a sede. Já o sentido incondicionado
lhe sobrevivermos ou, inclusive, se formos imortais.
ou absoluto diz respeito à justificação última da vida e do
sentido prático. Trata-se do sentido associado à explicação 7. Os estádios do processo de memória são os seguintes:
da finalidade da vida como um todo. Assim, perguntar pelo a codificação, ou aquisição da informação através de um
«sentido da vida» equivale a perguntar se a vida tem um determinado código; o armazenamento, ou conservação
propósito ou finalidade e se esse propósito tem algum valor. da informação de modo mais ou menos permanente; e,
por fim, a recuperação, ou atualização de determinada
3. Tais situações são: a experiência da dor e da infelicidade,
informação, por recordação ou reconhecimento.
que pode roubar ou toldar significativamente o sentido da
existência; a experiência do supérfluo e do excesso, 8. De acordo com Susan Wolf, uma vida terá sentido se for
associada a uma total satisfação das necessidades e dos marcada pela entrega ativa a projetos de valor, projetos
desejos, o que torna insípida a existência; e, por fim, a que não dependem da mera atração subjetiva, antes
certeza da morte, ou a tomada de consciência de que a equivalem a algo objetivamente valioso, e que, pelo
prossecução dos fins e objetivos do existir quotidiano será menos parcialmente, têm êxito. Isso equivale a amar
definitivamente interrompida. objetos merecedores de amor, a entregar-se a eles de
maneira positiva, a interessar-se, como diz a afirmação,
4. O tempo subjetivo equivale à temporalidade vivida
«de um modo razoavelmente profundo por uma coisa ou
através das mudanças sucessivas dos estados consciência.
coisas». Ao invés, uma vida não terá sentido se for marcada
O tempo objetivo equivale ao tempo medido e calculado
pelo «tédio ou alheamento» em relação a todas ou
de um modo rigoroso, sendo um tempo quantitativo,
quase todas as ações.
homogéneo e universal, mas não absoluto.
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Horizontais Verticais
3. IMORTALIDADE 1. TEMPO
6. DOR 2. PRÁTICO
8. SENTIDO 4. INCONDICIONADO
11. EXISTENCIALISMO 5. ANGÚSTIA
12. POPPER 7. MORTE
13. NATUREZA 9. RESPONSABILIDADE
15. INTRANSMISSÍVEL 10. VIDA
17. EPICURO 14. PREOCUPAÇÃO
18. EPISÓDICA 16. MEMÓRIA
20. ABSURDO 19. CAMUS