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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

JUSTIÇA DO TRABALHO - 4ª REGIÃO


RIO GRANDE DO SUL
Fl. 1

1ª Vara do Trabalho de Uruguaiana

SENTENÇA
0000150-45.2015.5.04.0801 Ação Trabalhista - Rito Ordinário
Reclamante: Thais Garcia Deon
Reclamado: Fundação de Atendimento Sócio Educativo do Rio Grande do Sul -
FASE

Vistos, etc.
Thais Garcia Deon ajuíza ação trabalhista contra Fundação de
Atendimento Sócio Educativo do Rio Grande do Sul - FASE em 25.2.2015. Após
exposição fática postula as parcelas elencadas às fls. 8/10, referente aos intervalos
intrajornada; horas extras laboradas, bem como os reflexos de todas estas verbas e
indenização pela supressão abrupta do pagamento de horas extras (Súmula 291 do TS),
além de danos morais e insalubridade em grau máximo, honorários assistenciais e
assistência judiciária gratuita. Atribui à causa o valor de R$ 50.000,00. A reclamada
defende-se conforme razões das fls. 44/58, impugnando as pretensões
fundamentadamente e produzindo prova documental. É produzida prova pericial (fls.
272/276). As partes manifestam-se sobre os documentos. Ausente o reclamado (fl. 316),
é aplicada a pena de confissão ficta ao referido. Frustradas as tentativas conciliatórias
é encerrada a instrução, com razões finais remissivas pela parte presente. Os autos
vem conclusos para prolação de sentença em Secretaria no dia 20.8.2015, às 17h. É o
breve relatório.

ISSO POSTO:

Prescrição Quinquenal
Como a ação foi distribuída em 25.2.2015, restam prescritas as
pretensões relativas a direitos consumados antes de 25.2.2010, de acordo com a regra
inserta no art. 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal.

Jornada de trabalho. Horas extras e intervalos intrajornada.


A autora informa ser monitora, cargo atualmente denominado
agente sócio educador, tratando de custodiar e atender menores infratores, aludindo

D o c u m e n t o d i g i t a l m e nt e a s s i n a d o , e m 1 3 - 0 8 - 2 0 1 5 , n o s t e r m o s d a L e i 1 1 . 4 1 9 , d e 1 9 - 1 2 - 2 0 0 6 .
C o n f i r a a a u t e n t i c i d ad e d e s t e d o c u m e n t o n o e nd e r eç o w w w . t r t 4 . j u s . b r .
Identificador: 00004.80792.01015.0813 0.93019-6
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que as instalações da demandada localizam-se fora do perímetro urbano por razão de
segurança pública, distando cerca de 10 km da sua residência. Informa que não há
transporte regular para o local, e os horários disponíveis para utilização da condução
subsidiada pela ré são 7h e 19h. Descreve duas jornadas distintas de trabalho, a
primeira de janeiro de 2009 até 17.11.2011, ocasião em que declara labor de segunda
a sexta, e nos sábados ou domingos, das 13h às 19h (ou mais, por convenção da
demandada), sem intervalo, e a partir de 18.11.2011, ocasião em que afirma ter iniciado
a trabalhar das 7h às 19h (ou mais), gozando de intervalo de uma hora. Noticia
convocação para atuar em Pelotas em face de motim, sem anotação das horas extras
realizadas nos dias 2.2.2013 até 4.2.2013, permanecendo em Pelotas até dia 5.2.2013.
Informa que seu contrato é de 40 horas semanais, e realizava carga horária superior a
esse limite, entendendo inválido o regime compensatório de 12 x 36 utilizado na
demanda. Requer a aplicação do contido na Súmula 85 do TST, e parágrafo 2ª do art.
59 da CLT, com o pagamento intervalos intrajornada de 15 minutos suprimidos, e horas
extras com adicionais de 50% e 100%, dada a invalidade do regime compensatório
adotado no âmbito da ré, tudo com reflexos. Requer, também, o pagamento da
indenização prevista na Súmula 291 do TST.
A defesa impugna a jornada declinada pela trabalhadora,
afirmando que após 19.11.2012 esta passou a trabalhar das 7h às 11h, e das 13h às
19h, aos domingos, terças, quintas e sábados, e antes desta data trabalhava das 13h
às 19h, de segunda a sexta, e das 7h às 11h e das 13h às 19h aos domingos, com
intervalos de 15 minutos, folgando nos sábados. Sustenta ser válido e regular o regime
de compensação adotado, previsto em norma coletiva e também em acordo individual.
Sinala que quando eventualmente ocorreu labor em sobrejornada, este foi adimplido
corretamente, e os intervalos indicados nos controles de jornada foram cumpridos.
Foram acostados os comprovantes de jornada da ré, e declarada
a sua confissão ficta conforme ata da fl. 316. Apesar de declarada a confissão, não há
relatos na inicial de que a jornada consignada nos registros não fosse fidedigna, salvo
nos dias em que convocada para trabalhar em Pelotas. Aliás, na fl. 3 da inicial, in fine,

D o c u m e n t o d i g i t a l m e nt e a s s i n a d o , e m 1 3 - 0 8 - 2 0 1 5 , n o s t e r m o s d a L e i 1 1 . 4 1 9 , d e 1 9 - 1 2 - 2 0 0 6 .
C o n f i r a a a u t e n t i c i d ad e d e s t e d o c u m e n t o n o e nd e r eç o w w w . t r t 4 . j u s . b r .
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a autora afirma que a jornada por ela desempenhada inclusive consta dos registros, sem
qualquer insurgência em relação a veracidade dos dados contidos no referido.
O contrato de trabalho da autora (fl. 266) contém carga horária
contratual de 40h semanais, com acordo individual de prorrogação de jornada de
trabalho mediante compensação (fl. 63), conforme normas coletivas, observado o limite
máximo de dez horas diárias. Os instrumentos coletivos colacionados também prevêem
a adoção do regime compensatório.
Consoante controles de jornada acostados a partir da fl. 77,
verifico que a reclamante, no período inicial e imprescrito, iniciava sua jornada às 13h,
até as 19h, normalmente, sem qualquer registro de intervalo, tal qual aludido pela
trabalhadora. Durante um dia da semana sua jornada era das 7h às 12h e das 14h às
19h, normalmente, usufruindo cerca de 1 folga semanal. Nas oportunidades em que
trabalhava em dois turnos, foram apontados os intervalos, não havendo alegação de
que os controles não fossem fidedignos neste aspecto. Tal realidade se manteve,
segundo os registros, até outubro de 2012 (fl. 114), passando, em novembro desse ano
(fl. 115 e seguintes), a realizar sua jornada de trabalho das 7h às 12h e das 14h às 19h,
ou das 7h às 11h e das 13h às 19h, aproximadamente, sempre com duas horas de
intervalo. Do confronto com os comprovantes de pagamento do período não se observa
qualquer adimplemento a título de intervalo, até maio de 2012, ocasião a partir da qual
a autora passou a receber a rubrica ‘hora intervalo’ (fls. 228 e seguintes), na média de
5 horas ao mês, o que representa 15 minutos durante 20 dias. A partir de novembro de
2013 a autora permaneceu trabalhando no mesmo horário anterior (fls. 128 e seguintes),
e o intervalo de duas horas deixou de ser anotado, todavia na inicial a reclamante admite
que este continuava sendo usufruído. Limita-se, o pleito da inicial, aos intervalos
intrajornada de 15 minutos, tão-somente, não havendo qualquer inconformidade em
relação aos intervalos do período em que passou a trabalhar mais de 6 horas diárias.
Como dito, a prova documental indica não terem sido usufruídos
os intervalos intrajornada de 15 minutos até outubro de 2012, na média de 5 vezes por
semana (pois uma vez por semana a jornada era de 10 horas, intercalada com intervalo
de cerca de duas horas ou um pouco menos). É incontroverso que não houve

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adimplemento a tal título até maio de 2012 (ocasião a partir da qual se observa que os
valores adimplidos eram compatíveis aos intervalos suprimidos), razão pela qual acolho
a versão da inicial no sentido de que foram suprimidos os intervalos de 15 minutos sem
qualquer indenização equivalente neste interregno.
O artigo 71 da CLT preceitua que os intervalos para alimentação
e repouso, quando o trabalho contínuo exceder de seis horas, serão, no mínimo, de uma
hora e, no máximo, de duas, salvo o pactuado em acordo ou convenção coletiva, no
caso do intervalo máximo, sendo ainda de quinze minutos quando a jornada de trabalho
não exceder de seis horas mas ultrapassar quatro. Determina ainda que os intervalos
de repouso e alimentação não serão computados na duração do trabalho. Acrescente-
se, neste particular, que o lapso referente ao intervalo não gozado deve ser satisfeito
como se de efetivo serviço extra fosse, porquanto manda a lei remunerar o período
respectivo com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora
normal de trabalho (CLT, art. 71, § 4º), o que autoriza interpretar que a inobservância
do intervalo torna devido o pagamento do lapso a ele correspondente, como hora extra,
por força de ficção legal instituída justamente com a finalidade de desestimular sua
inobservância. A Súmula 437 do TST, com a nova redação ocorrida em setembro de
2012, que converteu as Ojs nº 307, 342, 354, 380 e 381 da SBDI-1, dispôs em seus
parágrafos 1º e 4º que:
I- Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não-concessão ou a concessão
parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação,
a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período
correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de,
no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada
de labor para efeito de remuneração.

(...) IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de


trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornada mínimo de uma
hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e
alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo
adicional, na forma prevista no art. 71, caput e § 4º da CLT.

Assim, não basta o pagamento do adicional de 50% sobre a


hora intervalar, mas sim o pagamento da hora intervalar acrescido do citado adicional,

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nos termos do parágrafo 4º do art. 71 da CLT e inciso IV da Súmula 437 do TST.
Ademais, não se trata do período faltante do intervalo não usufruído, mas sim a
integralidade (expressão ‘concessão parcial’), já que este não cumpriu com seu papel,
devendo ser adimplido o pagamento total do período do intervalo.
Sendo assim resta condenar a demandada ao pagamento de
intervalo intrajornada de 15 minutos suprimidos, como se fossem extra, até abril de
2012, com adicional de 50% ou 100% nas hipóteses em que ocorridos em domingos e
feriados, conforme dias trabalhados indicados nos controles de ponto, ou, na eventual
ausência destes, durante 5 dias por semana (um deles com adicional de 100%), com
fulcro no disposto no art. 71, caput, e §4º, da CLT e inciso IV da Súmula 437 do TST.
Registro serem devidos os referidos intervalos somente nos dias em que a autora
realizava jornada de 6 horas, pois nos dias em que realizava jornada superior consta
dos registros que havia fruição de intervalo de, no mínimo, uma hora. Devidas, também,
as repercussões pretendidas sobre férias acrescidas de 1/3, décimos terceiros salários,
descansos semanais remunerados e FGTS, este último a ser depositado na conta
vinculada da trabalhadora, pois o contrato de trabalho está em vigência.
Não se cogita de reflexos por conta do aumento da média
remuneratória, tendo em conta os termos da Orientação Jurisprudencial nº 394 da SDI-
I do TST1.
No que trata às pretensas horas extras em face do
extrapolamento do limite de 8 horas diárias, merece relevo a discussão acerca da
validade do regime de compensação indicado pela defesa. Como é cediço, o regime
compensatório adotado pelo réu encontra previsão em norma coletiva, sendo válido
dada a previsão inserta no art. 7º, inc. XIII, da Constituição da República, que estabelece
os limites de oito horas diárias e 44 semanais mas ressalva expressamente a situação

1
394. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO - RSR. INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS. NÃO REPERCUSSÃO
NO CÁLCULO DAS FÉRIAS, DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO, DO AVISO PRÉVIO E DOS DEPÓSITOS DO
FGTS. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)
A majoração do valor do repouso semanal remunerado, em razão da integração das horas extras habitualmente
prestadas, não repercute no cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS, sob pena de
caracterização de “bis in idem”.

D o c u m e n t o d i g i t a l m e nt e a s s i n a d o , e m 1 3 - 0 8 - 2 0 1 5 , n o s t e r m o s d a L e i 1 1 . 4 1 9 , d e 1 9 - 1 2 - 2 0 0 6 .
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em exame ao referir ‘salvo previsão em acordo ou convenção coletiva’. Tal qual indicado
na norma coletiva acima identificada, o parágrafo 2º do artigo 59 da CLT não torna
inválido o regime compensatório adotado na hipótese de realização de horas extras
acima do previsto, apenas veda que as horas trabalhadas além da 10ª hora diária ou
44ª semanal no regime em questão sejam compensadas. Assim, é compatível a adoção
do regime compensatório com o pagamento de horas suplementares, como no caso.
Portanto, a compensação de horário não impede a prestação de trabalho extraordinário,
inclusive porque decorre da própria vontade das partes consolidada nas convenções
coletivas acostadas. Note-se que era do interesse da autora a prática do regime
compensatório em questão, tanto que requer a aplicação da Súmula 291 do TST por
conta da supressão de horas extras habitualmente realizadas (letra ‘c’ da fl. 8). Registro
que mesmo que se entenda ser inviável a adoção de regime compensatório de 12 x 36
por conta do contrato da autora ser de 40 horas semanais (e tal regime representar
extrapolamento de 40 horas semanais em uma a cada duas semanas de trabalho),
consigno que em verdade a jornada desempenhada não era de 12 horas de efetivo
labor, pois o intervalo de duas horas não integra o cálculo para este fito, razão pela qual
em verdade a autora realizava apenas 10 horas em cada oportunidade, não havendo
extrapolamento do limite de 40 horas semanais. Logo, não há como entender sejam
devidas horas extras com base na ilegalidade do regime compensatório adotado na ré.
Registro, por fim, que mesmo que se presuma verdadeira a assertiva da autora de ter
realizado labor em sobrejornada nos dias em que esteve convocada para prestar apoio
na cidade de Pelotas (entre 2 até 4.2.2013), este juízo não possui autonomia para
indicar o número de horas extras realizadas nesta oportunidade, pois a autora foi omissa
neste aspecto na inicial. Além disto, presume-se que o labor em sobrejornada
mencionado nesses dias seria o mesmo que esta declara nos demais, e, não havendo
sido reconhecida a ilegalidade do regime compensatório adotado no âmbito da
demandada, de qualquer maneira não haveria reconhecimento do sobrelabor.
Por conseguinte, e dado os limites da lide, resta julgar
improcedente a pretensão de horas extras trazidas na letra ‘b’ da inicial da fl. 8.

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No que trata a pretensão de indenização prevista na Súmula 291
do TST, e do exame dos comprovantes de pagamento, não se observa tenha ocorrido
supressão no pagamento de horas extras. Muito antes pelo contrário. O último mês
cujos comprovantes vieram a colação indicam significativo adimplemento de horas
extras (R$ 957,42 + R$ 849,61, fl. 260). Aliás, sequer na inicial a reclamante logrou
indicar em que mês teria ocorrido a supressão de horas extras habituais. Ademais, em
se tratando da indenização pretendida, sequer se presta a tal fito a diminuição eventual
do número de horas extras em algum período, mas sim e tão-somente a supressão de
parcela significativa destas horas, o que tampouco se vislumbra ocorrido. A edição da
Súmula 291 é informada pelo princípio da estabilidade financeira, e, não se verificando,
no caso, supressão ou diminuição severa do pagamento de horas extras habituais,
indefiro o pleito da letra ‘c’ da inicial da fl. 8.
Para o cálculo das parcelas ora deferidas deverá ser observada
a evolução salarial da autora indicadas nos respectivos comprovantes de pagamento,
observando-se a Súmula 264 do TST2.

Indenização por danos morais.


A autora sustenta ter sido convocada, contra a sua vontade, para
prestar auxílio à unidade de Pelotas, onde ocorrido motim, no período entre 2 até
5.2.2013. Revela que foi convocada de forma arbitrária, aduzindo que as demais
unidades mandaram apenas um empregado para prestar o auxílio, e que em
Uruguaiana foram encaminhados duas pessoas. Aduz que não possuía qualquer prática
em contenção de rebeliões, e que havia pessoal com esta prática nas unidades de
Porto Alegre. Aduz ter sido ameaçada de ser colocada à disposição pelo então Diretor,
Sr. Nery Xavier Pereira Junior, caso não aceitasse a convocação. Refere não ter
recebido diárias para suportar as despesas enquanto esteve em Pelotas, tendo recebido
diárias somente após o retorno em Uruguaiana. Descreve ter dormido em colchão no
próprio local, sem lençóis, e destaca ter sido ameaçada de estupro e violências pelos

2 S ú m u l a 2 6 4 d o T S T : A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado


por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou
sentença normativa.

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menores, o que acarretou severas conseqüências, tendo retornado à Uruguaiana com
vários traumas. Aduz não ter conseguido trabalhar no seu retorno, permanecendo horas
chorando, mantida fora da ala pela colaboração das colegas, dizendo-se novamente
ameaçada pelo diretor acaso apresentasse atestado. Informa ter permanecido
menstruada por 26 dias seguidos em face do trauma, e diz ter sido atendida no dia
9.2.2013 pelo psiquiatra que fica à disposição dos menores, noticiando não conseguir
dormir, comer, com vômitos, crises de pânico, ocasião em que este a receitou Rivotril.
Refere que, apesar deste quadro, não apresentou atestado, pois temia o cumprimento
das ameaças que haviam sido feitas pelo diretor. Reclama reparação compatível ao
dano sofrido.
A reclamada é confessa em relação à matéria fática, razão pela
qual presumo verdadeira as declarações contidas na inicial. Registro, ainda, que os
controles de ponto acostados são compatíveis aos dados acima citados, confirmado o
deslocamento da autora para atuar em Pelotas nas datas supra. No mesmo sentido os
documentos das fls. 26/31, dando conta, ainda, das repercussões do fato na vida e
saúde da autora. Logo, entendo arbitrária a atitude da demandada externada pelo então
diretor da unidade, sobretudo por conta das alegações de ameaças acima noticiadas.
Não há dúvidas de que é faculdade do empregador a convocação para atuar, em caso
de necessidade, em unidade que esteja precisando de auxílio temporário, contudo é
imprescindível sejam oferecidas as mínimas condições para tanto, o que inocorreu no
caso em exame. Entendo, pois, tenham ocorrido excessos no trato com a empregada,
parte menos favorecida da relação, constituindo, a atitude do então diretor, verdadeiro
abuso de poder.
No que trata ao quantum devido a título de dano moral, tanto a
doutrina quanto a jurisprudência não estipulam critérios matemáticos, apenas aludem
que o dano moral é indenizável independentemente da maior ou menor extensão do
prejuízo, embora deva ser proporcional a ele. A quantia arbitrada não pode ser irrisória
para quem a despende e nem mesmo ensejando o enriquecimento de quem a recebe,
tendo ainda caráter satisfatório para a vítima e punitivo para o ofensor. De acordo com

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Fl. 9

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Fernando Noronha 3 : ‘a reparação de todos os danos que não sejam suscetíveis de
avaliação pecuniária obedece em regra ao princípio da satisfação compensatória: o
quantificativo pecuniário a ser atribuído ao lesado nunca poderá ser equivalente a um
‘preço’, será o valor necessário para lhe proporcionar um lenitivo para o sofrimento
infligido, ou uma compensação pela ofensa à vida ou à integridade física.’
Tecidas tais premissas, entendo razoável, para fixação do dano
moral requerido, o montante de R$ 10.500,00, valor consentâneo a extensão do dano
sofrido e o caráter punitivo-satisfativo da indenização, o que ora se condena a
demandada ao pagamento.

Adicional de insalubridade cumulado ao de penosidade.


A reclamante pleiteia o pagamento do adicional de insalubridade
em grau máximo cumulativamente ao de penosidade, que alega receber, noticiando ter
sido obrigada a firmar declaração de opção do referido em detrimento dos adicionais de
periculosidade e insalubridade, reclamando seja nulo dita opção. Noticia que
acompanha os menores em banheiro público, e que possui contato com adolescentes
e menores portadores de doença infecto-contagiosas, inclusive os acompanhando em
hospitais. A defesa foi no sentido de que a autora optou pelo pagamento do adicional
de penosidade em detrimento dos adicionais de periculosidade e insalubridade. Atenta
à origem ao direito ao adicional de penosidade, que prevê não ser este cumulativo aos
demais.
É incontroverso dos autos tenha a autora assinado termo de
opção pelo pagamento de adicional de penosidade em detrimento aos adicionais
previstos nos artigos 192 e 193 CLT, com o qual corrobora o documento da fl. 64. Cabe
aferir da validade desta imposição para pagamento da penosidade.
O direito ao adicional de insalubridade está previsto em Lei, nos
termos do art. 192 da CLT. Dessa forma, havendo labor em condições insalubres, é
assegurada a percepção do adicional de insalubridade ao trabalhador. O adicional de
penosidade, por sua vez, não tem previsão legal. Entretanto, ao que se depreende da

3 Noronha. Fernando. Direito das Obrigações. Volume I, 2003, pág. 569

D o c u m e n t o d i g i t a l m e nt e a s s i n a d o , e m 1 3 - 0 8 - 2 0 1 5 , n o s t e r m o s d a L e i 1 1 . 4 1 9 , d e 1 9 - 1 2 - 2 0 0 6 .
C o n f i r a a a u t e n t i c i d ad e d e s t e d o c u m e n t o n o e nd e r eç o w w w . t r t 4 . j u s . b r .
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SENTENÇA
0000150-45.2015.5.04.0801 Ação Trabalhista - Rito Ordinário
defesa, dito adicional foi instituído pela reclamada por intermédio de norma interna.
Assim, em que pese inexistir vedação constitucional ao recebimento, cumulativo, dos
adicionais de insalubridade e penosidade, concluo que a origem do pagamento do
adicional a autora tem por origem as normas internas mencionadas pela defesa, não
havendo notícias de outras origens. Segundo se constata pelos julgados deste Eg. TRT
em ações análogas, a norma interna da reclamada, que instituiu o adicional de
penosidade, veda expressamente a cumulação desse adicional com os adicionais de
insalubridade ou periculosidade, podendo o empregado - caso assim entenda - optar
pelo adicional de penosidade, em detrimento dos adicionais de insalubridade ou
periculosidade. Neste sentido os fundamentos do acórdão 01019-2008-016-04-00-2, da
lavra do Desembargador Milton Dutra, que bem explicou a matéria:
‘Não se trata de norma interna da demandada a revogar lei ordinária.
O direito à percepção do adicional de insalubridade não é negado ao
trabalhador, estando assegurado por disposição legal, caso
comprovado o trabalho em condições insalubres. Tampouco o acúmulo
dos adicionais de insalubridade ou de periculosidade com o adicional
de remuneração pelo exercício de atividade penosa é vedado por lei -
nem poderia ser, na medida em que o adicional de penosidade não tem
previsão legal, tendo sido instituído, in casu, por mera liberalidade da
demandada, mediante ato administrativo.
Todavia, existindo expressa previsão na norma instituidora do adicional
de penosidade de não ser este acumulável com os adicionais de
insalubridade e/ou de periculosidade, e tendo em vista que a pretensão
posta em Juízo não é de opção pelo adicional de insalubridade, mas
de acumulação dos adicionais de penosidade e de insalubridade, não
há como se acolher o pleito.
Os artigos 4ª e 5º do Ato n. 007/90 preveem, expressamente, que o
empregado deve optar pela percepção do adicional de penosidade em
detrimento do adicional de insalubridade ou periculosidade ora devido,
como expressamente optou o reclamante (ver declaração de fl. 41).
Assim, deve ser afastado o entendimento do juízo a quo quanto à
possibilidade de cumulação dos adicionais em comento, sendo
indevida a condenação ao pagamento do adicional de insalubridade.
[...]" (TRT da 4ª Região, 11a. Turma, 0001015-49.2011.5.04.0012 RO,
em 07/02/2013, Desembargador Ricardo Hofmeister de Almeida
Martins Costa - Relator. Participaram do julgamento: Desembargador
João Ghisleni Filho, Desembargador Herbert Paulo Beck)
Na esteira da Súmula 297 do TST, tendo sido adotada tese explícita a
respeito da matéria, tenho por prequestionados os dispositivos
constitucionais e legais invocados pelo recorrente.
Diante dos fundamentos expostos, nego provimento ao recurso.’

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Assim, e pelas razões expostas no citado julgamento, entendo
que a cumulação pretendida contraria a própria norma interna instituidora do direito em
questão, pois não se trata meramente de questionamento da opção realizada pela
autora (esta sim passível de eleição pela empregada), mas de pleito de cumulação
vedado na norma instituidora do adicional em exame. Dessa forma, indefiro o
pagamento cumulativo dos adicionais.
Outrossim, embora o perito tenha apontado insalubridade no
grau médio por contato com adolescentes, estes podendo ser portadores de doenças
infectocontagiosas, bem como objetos de seu uso não previamente esterilizados, não
concordo com a conclusão do perito. Isso porque o estabelecimento da ré não se trata
de estabelecimento de saúde equiparado a hospital ou posto de saúde. Na verdade, ali
ficam adolescentes infratores, em princípio saudáveis. As doenças infecto-contagiosas
são eventuais e o perito aponta que haveria exposição quando do acompanhamento na
enfermaria e em hospitais. Isso só poderia acontecer eventualmente, o que não enseja
o pagamento do adicional requerido. É de observar que não foi apontado nenhum
isolamento dos adolescentes no caso em questão, apenas acompanhamento a
hospitais, mas, de qualquer forma, não há com equiparar um estabelecimento que serve
de moradia aos adolescentes, os quais mantêm frequência escolar, com
estabelecimento voltado ao cuidado com a saúde. Nesse sentido colaciono as seguintes
decisões do TST, aplicáveis ao caso:
“RECURSO DE REVISTA. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
TRABALHO EM CENTRO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
A MENORES INFRATORES. Nos termos da Súmula nº 448, I, desta
Corte Superior, não basta a constatação da insalubridade por meio de
laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo
adicional. É necessária a classificação da atividade insalubre na
relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Na
hipótese, o Tribunal Regional, ao equiparar o local de trabalho do
reclamante (centro de atendimento socioeducativo a menores
infratores) aos estabelecimentos destinados aos cuidados com a

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saúde humana, a fim de caracterizar a insalubridade, adotou
entendimento contrário à referida Súmula. Recurso de revista
conhecido e provido.” (Processo: RR - 159-85.2012.5.15.0031 Data de
Julgamento: 05/08/2015, Relator Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 1ª
Turma, Data de publicação: DEJT 07/08/2015)

“RECURSO DE REVISTA. INTERPOSIÇÃO ANTERIOR À LEI Nº


13.015/2014. ADMISSIBILIDADE. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE.
UNIDADE DE ATENDIMENTO SÓCIO EDUCATIVO.
IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO A ESTABELECIMENTOS DE
SAÚDE.Esta Corte vem entendo que o mero contato com detentos
menores não gera o direito a adicional de insalubridade. Adotar
entendimento diverso, acarretaria discriminação, no sentido de
considerar que os referidos detentos seriam, via de regra, contagiosos,
pelo simples fato de se encontrarem em centro de atendimento
socioeducativo. O Anexo 14 da Norma Regulamentadora nº 15 da
Portaria nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego classifica
como atividade insalubre (em grau médio), as operações em contato
permanente com pacientes ou com material infecto-contagiante em
"hospitais, serviços de emergência, enfermarias, ambulatórios, postos
de vacinação e outros estabelecimentos destinados aos cuidados da
saúde humana". Violação do artigo 190 da CLT e contrariedade à
Orientação Jurisprudencial nº 4, I, configuradas. Precedentes. Recurso
de revista conhecido e provido.” (Processo: RR - 1462-
37.2012.5.15.0031 Data de Julgamento: 24/06/2015, Relator
Ministro: Emmanoel Pereira, 5ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 01/07/2015.)

Por esses motivos, indefiro o pedido.

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Assistência judiciária gratuita. Honorários advocatícios.
Honorários de assistência judiciária. Justiça Gratuita.

Pretende a demandante a concessão do benefício da


assistência judiciária. Ocorre que não foram atendidos os requisitos legais
indispensáveis ao deferimento do benefício. Ainda que se entenda dispensável a
credencial sindical conforme entendimento contido na Súmula 61 do TRT 4, e inobstante
a declaração de pobreza da fl. 12, observo das fichas financeiras que esta é contribuinte
do imposto de renda (fl. 260), possuindo, portanto, renda suficiente para pagar as custas
e despesas do presente processo, não podendo ser considerado pobre nos termos
legais. É de observar que a Lei 5.584/70 tem como parâmetro, no artigo 14, parágrafo
primeiro, que a assistência judiciária é devida ao que receber salário igual ou inferior ao
dobro do salário mínimo legal, que, no valor atual, é de R$ 788,00. A reclamante recebe
R$ 6.401,26 (fl. 260). Em face disso, não se verificando preenchidos os requisitos legais,
indefiro os pedidos.

Descontos previdenciários e fiscais.

Autorizo as retenções previdenciárias e fiscais cabíveis.

De acordo com a Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei


nº 8.620/93, no parágrafo único do artigo 43, a contribuição previdenciária incide sobre
o valor total apurado em liquidação de sentença. Nada obstante, deve ser calculada
sobre o valor do principal, mês a mês, em face do que determina o art. 276, § 4º do
Decreto n º 3.048/99, com observância da alíquota vigente às épocas próprias e
excluídas as parcelas de natureza indenizatória, e sobre as repercussões sobre FGTS,
conforme previsão do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 e art. 28 da Lei nº 8.036/90. De
acordo com o art. 28 da Lei nº 8.036/90 tampouco há incidências de contribuições fiscais
sobre o FGTS.

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Não se cogita de incidências previdenciárias ou fiscais no que
trata ao dano moral. A este respeito registre-se que a não incidência de contribuições
previdenciárias e fiscais, conforme decidiu o STJ, decorre do fato de que referida
indenização se limita a recompor o patrimônio imaterial da vítima, atingido pelo ato ilícito
praticado. O entendimento da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça do STJ
no RE nº 963387 é o de que a negativa da incidência do Imposto de Renda não se dá
por isenção, mas pelo falo de não ocorrer riqueza nova capaz de caracterizar acréscimo
patrimonial.

Quanto às demais parcelas, determino que o reclamado


comprove nos autos o recolhimento da parcela devida ao instituto de previdência,
inclusive em relação à parcela devida pelo empregador. Quanto aos descontos fiscais
deverão ser observadas as disposições legais

Critérios de correção monetária.

Os critérios de correção aplicáveis devem ser fixados no


momento oportuno, em liquidação de sentença, quando possível a verificação das
disposições legais vigentes em cada período.

Compensação.

Encerrando a condenação parcelas diferentes daquelas


inadimplidas pela ré, não há falar tecnicamente em compensação, à luz do que prevê
os artigos 368 e 369 do Código Civil. Eventuais deduções de valores pagos foram
autorizadas nos itens pertinentes, quando cabíveis.

ANTE O EXPOSTO, nos termos da fundamentação, julgo


PROCEDENTE EM PARTE a ação para condenar o FASE –Fundação de
Atendimento Sócio Educativo a pagar a Thais Garcia Deon, em valores a serem

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apurados em liquidação de sentença, com atualização monetária e juros, obedecida a
prescrição declarada, as seguintes parcelas:
a) intervalo intrajornada de 15 minutos suprimidos, como se fossem
extra com adicional de 50%, até abril de 2012, com repercussões
sobre férias acrescidas de 1/3, décimos terceiros salários,
descansos semanais remunerados e FGTS, este último a ser
recolhido na conta vinculada da trabalhadora;

b) indenização por danos morais no importe de R$ 10.500,00.

Os valores serão encontrados em liquidação, com acréscimo de


juros e correção monetária, na forma da lei, observadas as deduções autorizadas,
devendo os reflexos no FGTS ser depositados na conta vinculada. Custas de R$ 400,00,
calculadas sobre o valor de R$ 20.000,00, pelo réu, isento, nos termos do art. 790-A,
inciso. I, da CLT. Fixo os honorários periciais em R$ 788,00 pela reclamante,
autorizando a dedução de seu crédito. Autorizo as retenções previdenciárias e fiscais
cabíveis, devendo, o réu, comprovar os recolhimentos na forma supra. Publicada em
Secretaria, estando a reclamante e seu procuradores intimados. Intime-se a reclamada.
CUMPRA-SE após o trânsito em julgado. NADA MAIS.

Laura Antunes de Souza

Juíza do Trabalho

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