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Fı́sica III - Circuitos de corrente contı́nua

Prof. Dr.José Roberto Duarte

1 Introdução
Para que se estabeleça uma corrente elétrica em um circuito é necessário que haja uma
diferença de potencial aplicada. Essa d.d.p realiza trabalho sobre os portadores de carga.
Mas é necessário que haja um dispositivo que mantenha essa d.d.p fornecendo uma fem(força
eletromotriz, ε). Tal dispositivo, por exemplo, é uma bateria. Este dispositivo realiza traba-
lho sobre um elemento de carga dq para forçá-lo a se mover. Desta forma, a definição de fem
é dada por

dW
ε= . (1)
dq

Figura 1: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

A fem é o trabalho realizado por unidade de carga ao mover a carga de um potencial mais
baixo para o potencial mais alto. No SI, a unidade é o J/C ou o Volt(V ).

Tipos de dispositivos de fem:

Dispositivo ideal de fem: é aquele que não oferece qualquer resistência interna ao movi-
mento de cargas de um terminal a outro.

Dispositivo real de fem: é aquele que oferece resistência interna ao movimento das cargas.

1
2 Cálculo da corrente elétrica
2.1 Método da energia
A partir da seguinte equação :

P = i2 R, (2)

vemos que em um intervalo de tempo dt, uma quantidade de energia dada por i2 Rdt
aparece no resistor sob a forma de energia térmica. Neste intervalo, dt, uma carga dq = idt
se desloca através da bateria que terá realizado um trabalho igual a

dW = εdq, (3)

esta é a quantidade de trabalho em termos do potencial elétrico, V = W/q. Usando


dq = idt, temos

dW = εidt. (4)

Da definição de potência, energia por tempo, como segue

dE
P = , (5)
dt
e sabendo que E = W , temos

dW dW
P = → = i2 Rdt
dt dt
P = i2 Rdt (6)

igualando as duas expressões obtidas para o trabalho, temos

εidt = i2 Rdt
ε = iR. (7)

A fem é a energia por unidade de carga transferida pela bateria às cargas em movimento.
A grandeza iR é a energia transferida, pelas cargas em movimento, ao resistor sob a forma
de energia térmica,

ε
i= . (8)
R

2
2.2 Método do potencial
A partir de qualquer ponto em um circuito, ao somar as diferenças de potencial, aoo
retornar ao ponto inicial devemos encontrar o mesmo valor da diferença de potencial fornecida
pela fonte. Isto é válido também para qualquer circuito fechado formado por muitas malhas.

Regra da malhas:

Também chamada de regra de Kirchoff. A soma algébrica das variações de potencial


encontradas ao longo de uma malha fechada de qualquer circuito deve ser nula.
Como exemplo, vamos aplicar a regra de Kirchoff em um circuito de malha única composto
apenas por uma bateria e um resistor.

Figura 2: Circuito de malha única. Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos


de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed. LTC.

Percorrendo-se no sentido horário, temos:

Va + ε − iR = Va
ε − iR = 0 → i = ε/R. (9)

No sentido oposto, temos

−ε + iR = 0
i = ε/R. (10)

Regra da resistência: percorrendo-se um resistor no sentido da corrente, avariação do


potencial é -iR; no sentido oposto é +iR.

Regra da fem:percorrendo-se um dispositivo ideal de fem no sentido da seta da fem, a


variação no potencial é +ε; no sentido oposto é −ε.

Resistência interna

3
Aplicando a regra de Kirchoff, no sentido horário e partindo do ponto a, temos

ε − ir − iR = 0
ε
i= . (11)
R+r

Figura 3: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

3 Diferenças de potencial entre dois pontos


Para calcular diferenças de potencial entre dois pontos em um circuito, aplicando a regra
de Kirchoff entre os pontos a e b, temos:

Vb − iR = Va . (12)

Figura 4: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

Verificamos um decréscimo no potencial percorrendo uma resistência no sentido da cor-


rente.

4
Vb − Va = iR. (13)

Combinando com o resultado, da seção anterior eq.(11), da corrente elétrica, temos

εR
Vb − Va = . (14)
R+r
No sentido oposto, partindo de b, temos:

Vb + ir − ε = Va
Vb − Va = ε − ir.

Substituindo a eq.(11), obtemos:

εR
Vb − Va = . (15)
R+r

4 Associação de resistores
4.1 Resistores em série
Uma combinação de resistências está em série quando a diferença de potencial aplicada é
a soma das diferenças de potencial resultantes através de cada uma das resistências.

Figura 5: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

ε − iR1 − iR2 − iR3 = 0


ε
i= .
R1 + R2 + R3
Então ,

5
Req = R1 + R2 + R3 .

Extentendo à n resitências:

n
X
Req = Rj (16)
j=1

A corrente elétrica é

ε
i= .
Req

4.2 Resistores em paralelo


Uma combinação de resistências está em paralelo quando a diferença de potencial resul-
tante através de cada uma das resistências é igual à diferença de potencial aplicada através
da combinação .

Figura 6: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

ε ε ε
i1 = ; i2 = ; i3 = .
R1 R2 R3
Aplicando a regra dos nós no ponto a, temos

 
1 1 1
i = i1 + i2 + i3 = ε + + .
R1 R2 R3
Fazendo V = ε, a corrente é dada por

V
i= .
Req

6
Então , a resistência equivalente do circuito é igual a

1 1 1 1
= + + .
Req R1 R2 R3

Para o caso especı́fico de apenas duas resistências em paralelo, temos

R1 R2
Req = . (17)
R1 + R2
Para n resistências,

n
1 X 1
= . (18)
Req j=1
Rj

5 Circuitos de malhas múltiplas

Regra dos nós: A soma das correntes que chegam a qualquer nó deve ser igual à soma
das correntes que saem daquele nó. é uma regra decorrente da conservação da carga.

Figura 7: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

Considere o nó d:

i2 = i1 + i3 . (19)

Aplicando a regra de Kirchoff, percorrendo-se a malha da esquerda no sentido anti-horário,


partindo do ponto b, temos

ε1 − i1 R1 + i3 R3 = 0. (20)

7
Para a malha da direita, também partindo do nó b, temos

−i3 R3 − i2 R2 − ε2 = 0. (21)
Para determinar a corrente i1 , usamos as equações 19, 20 e 21, respectivamente. A partir
da equação 19, temos:

i1 = i2 − i3 . (22)
E da equação 20, obtemos

i1 R1 − ε1
i3 = . (23)
R3
Da equanção 21, obtemos

−i3 R3 − ε2
i2 = . (24)
R2
Substituindo as equações 23 e 24 na equação 22, temos

−i3 R3 − ε2 i1 R1 − ε1
i1 = − . (25)
R2 R3
Resolvendo para i1 , obtemos

−i3 R3 − ε2 R3 − i1 R1 R2 + ε1 R2
i1 = . (26)
R2 R3
Usando a expressão encontrada para i3 :

 
i1 R1 − ε1
i1 (R2 R3 + R1 R2 ) = ε1 R2 − ε1 R2 − ε2 R3 − R3 R3
R3
ε1 (R2 + R3 ) − ε2 R3
i1 = . (27)
R1 R2 + R2 R3 + R1 R3
De forma análoga, as correntes i2 e i3 são encontradas:

ε1 R3 − ε2 (R1 + R3 )
i2 = , (28)
R1 R2 + R2 R3 + R1 R3

−ε1 R2 + ε2 R1
i3 = . (29)
R1 R2 + R2 R3 + R1 R3
Vemos que a corrente i3 tem sinal negativo. O sentido correto desta corrente é oposto
ao mostrado na figura (7). As correntes i1 e i2 podem ter qualquer sentido dependendo dos
valores numéricos.

8
6 Instrumentos de medidas elétricas
6.1 Amperı́metro
Usado para medir a corrente elétrica. Deve ser ligado em série no circuito. Sua resistência
interna(RA ) deve ser muito baixa.

RA << r + R

Figura 8: Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky - Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

6.2 voltı́metro
Usado para medir diferença de potencial. Deve ser ligado em paralelo com o dispositivo
no circuito. Sua resistência interna(RV ) deve ser alta.

RV >> R

Figura 9: (a)Voltı́metro em um circuito para medir a d.d.p no elemento do circuito. (b)Uso


simultâneo do voltı́metro e do amperı́metro. Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky
- Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

9
7 Circuitos RC
7.1 Carga do capacitor

Figura 10: Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky - Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

Verificaremos como a corrente i varia no circuito RC. Vamos aplicar a lei de Kirchoff.

q
ε − iR − = 0
C
q
iR + = ε. (30)
C
Como i = dq/dt, então :

dq q
R + = ε. → equação de carga (31)
dt C
Vamos resolver a equação para q:

dq q
R = ε−
dt C
1 q
dq = ε− dt
R C
1
dq = − (q − εC)dt (32)
RC
dq 1
= − dt. (33)
(q − εC) RC

Onde Cε = q0 é a carga máxima que aparecerá no capacitor. Para resolver a equação


acima devemos integrá-la:

Z q=Q Z t
dq 1
=− dt,
q=0 q − Cε RC t=0

10
Z q=Q
dq t
=− .
q=0 q − Cε RC
A integral do primeiro membro é resolvida por substituição de variáveis:

u = q − cε,
du = dq.
O que nos leva à solução do capacitor carregando:

q(t) = Cε(1 − exp (−t/RC)). (34)


derivando este resultado, podemos determinar a corrente:

d(t) ε
i(t) = = exp (−t/RC). (35)
dt R
Para determinar a diferença de potencial no capacitor:

q(t)
Vc (t) = → Vc (t) = ε(1 − exp (−t/RC)). (36)
C
Podemos determinar, também, a diferença de potencial no resistor:

VR (t) = i(t)R → VR (t) = ε exp (−t/RC). (37)

Figura 11: Gráfico de carga do capacitor. Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky -
Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

O produto RC é a constante de tempo capacitiva, representada por τC ,

τC = RC. (38)
A constante de tempo capacitiva é igual ao tempo necessário para que a carga do capacitor
atinja uma fração (1 − exp (−1)), ou seja, 63% de seu valor final.

11
7.2 Descarga do capacitor
Neste caso, ε = 0, e a equação de descarga é escrita como:

dq q
R + = 0. → equação de descarga (39)
dt C

Figura 12: Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky - Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

Cuja solução é dada por

q(t) = q0 exp (−t/RC). (40)

Para encontrar a corrente durante a descarga, derivamos q(t)

dq(t) q0
i(t) = → i(t) = − exp (−t/RC),
dt RC
i(t) = −i0 exp (−t/RC). (41)

Figura 13: Gráfico de descarga do capacitor. Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky
- Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

12
No instante τC = RC, a carga se reduzirá a Cε exp (−1) ou 37% de sua carga inicial.

8 Exercı́cio proposto

Figura 14: Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky - Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

1.Uma torradeira de 1800W , uma frigideira elétrica de 1, 3kW e uma lâmpada de 100W
são ligadas no mesmo circuito de 20A e 120V . (a) Qual é a corrente que atravessa cada
dispositivo e qual é a resistência de cada um deles? (b) Essa combinação fará o fusı́vel
queimar?

Referências
[1] Raymond A.Serway, Princı́pios de fı́sica, Vol.3, Cengage Learning, 2009.

[2] Halliday, Walker, Fundamentos de fı́sica, Vol.3, 8th Edition,ed. LTC, 2009.

[3] Tipler, Moska, Fı́sica - vol 2, 5a Edicao,ed. LTC, 2009.

[4] Young, Freedman, Sears and Zemansky - Fı́sica III, 12a Edicao,ed. Pearson, 2010.

13
Fı́sica III - Campo magnético
Prof. Dr.José Roberto Duarte

1 Introdução
Antes de realizar uma discussão quantitativa sobre a indução magnética, consideremos
alguns fatos históricos sobre o magnetismo:
• Muitos historiadores acreditam que a bússola já era utilizada na China no século XIII
A.C., acredita-se que sua invenção seja de origem indiana ou árabe.
• O fenômeno do magnetismo era conhecido pelos gregos em aproximadamente 800
a.C.. Os gregos descobriram que certas pedras, feitas de magnetitas (F e3 O4 ), atraı́am
pedaços de ferro.
• Em 1269, Pierre de Maricourt mapeou as linhas de campo magnético de um ı́mã per-
manente esférico que passam através de dois pontos diametralmente opostos, os quais
ele denominou de pólos. Experiências subsequentes mostraram que ı́mãs de qualquer
forma apresentam sempre dois pólos, chamados de norte e sul.
• Em 1600, William Gilbert estendeu estas experiências ao estudo do campo magnético
terrestre.
• Em 1750, John Michell(1724-1793) usou uma balança de torção para demonstrar que
os pólos magnéticos exerciam forças repulsivas e atrativas entre si e essa forças variam
com o inverso do quadrado da distância entre eles.
• Ainda sobre as experiências de John Michell verificou-se dois fatos importantes: As
cargas elétricas podem ser isoladas. Mas os pólos magnéticos sempre aparecem aos
pares na natureza.
• Em 1819, Hans Oersted decobriu que uma corrente em um fio defletia uma agulha
de uma bússola próxima. Foi a primeira evidência da relação entre a eletricidade e o
magnetismo.
• Andre-Marie Ampère (1755-1836) deduziu leis quantitativas da força magnética en-
tre condutores com corrente. Sugeriu, ainda que, correntes circulares de dimensões
moleculares são responsáveis por todos os fenômenos magnéticos.
• Na década de 1820, Michael Faraday e Joseph Henry, independentemente identificaram
conexões entre a eletricidade e o magnetismo. Eles descobriram que uma corrente era
produzida num fio ao mover um ı́mã próximo ao circuito. Ou seja, campo magnético
variável produz um campo elétrico.
• Alguns anos mais tarde, o trabalho teórico de James Clerk Maxwell mostrou que o
reverso também é verdadeiro. Ele ainda formulou a teoria eletromagnética.

1
2 Campo magnético
Quando uma carga elétrica q move-se com velocidade ~v em um campo magnético B, ~ há
a atuação de uma força proporcional à q e ~v , esta é a força magnética sobre uma carga em
movimento:

F~ = q~v × B.
~ (1)

Seu módulo é

F = qvB sin θ, (2)

onde F~ é perpendicular à ~v e B.
~ A direção de F~ é dada pela regra da mão direita.

Figura 1: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

A unidade SI do campo magnético é o Tesla(T).

1N/C
1T = = 1N/A · m.
1m/s

Mas esta unidade é muito grande. Os campos nas proximidades de ı́mãs permanentes
muito fortes são da ordem de 0, 1T a 0, 5T . Uma unidade bastante usada, do sistema CGS,
é o Gauss(G). Em Tesla é expresso como

1G = 10−4 T.

2
2.1 Linhas de campo magnético
A figura 2 mostra as linhas de campo magnético nas proximidades de um ı́mã em formato
de barra. Todas as linhas passam pelo interior do ı́mã e são fechadas. O campo magnético ex-
terno possui maior intensidade nas proximidades das extremidades do ı́mã, onde a densidades
de linhas de campo magnético é maior.

Figura 2: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

As linhas de campo saem pelo pólo norte e entram pelo pólo sul do ı́mã. Assim, o
ı́mã possui dois pólos magnéticos, pólo norte e pólo sul; e desta forma constitui um dipolo
magnético. Pólos magnéticos iguais se repelem e pólos magnéticos opostos se atraem.

3 Movimento de uma carga puntiforme em um campo


magnético
A força magnética atuando sobre uma partı́cula carrregada que se move em um campo
magnético é sempre perpendicular à velocidade da partı́cula. A força magnética que atua
sobre a carga muda sua direção mas não muda seu módulo. Assim, o campo magnético não
realiza trabalho sobre uma partı́cula carregada e não altera sua energia cinética.
No caso em que a velocidade da partı́cula é perpendicular ao campo magnético uniforme
e constante, a partı́cula descreve uma órbita circular.

3
Figura 3: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

A força magnética proporciona a força centrı́peta necessária para que haja a aceleração
centrı́peta v 2 /r. Aplicando a segunda lei de Newton podemos determinar o raio da órbita r
com a velocidade v e o campo magnético B. ~

v2
F = ma = m
r
mv 2
qvB =
r
mv
r = . (3)
qB
O perı́odo do movimento circular em função da velocidade é dado por

2πr
T = . (4)
v
Substituindo r da equação anterior, obtemos o perı́odo em termos do campo magnético,
da carga e da massa:

2π(mv/qB) 2πm
T = = , (5)
v qB
este é o perı́odo de cı́clotron. A frequência de cı́clotron é

1 qB
f= →f = . (6)
T 2πm

4
3.1 Movimento de partı́culas carregadas no campo magnético da
Terra
A Terra possui um campo magnético produzido no interior do planeta por um mecanismo
ainda pouco conhecido. Podemos perceber este campo magnético na superfı́cie com o auxı́lio
de uma bússola, constituı́da por um pequeno ı́mã em forma de barra(uma agulha), e aponta
na direção norte-sul porque o pólo norte do ı́mã é atraı́do para o norte geográfico. Isto
significa que o pólo norte geográfico é o pólo sul magnético. A figura 5 mostra um esboço
das linhas do campo magnético terrestre.

Figura 4: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

A consequência da presença deste campo é sua interferência no movimento de partı́culas


carregadas que atingem nosso planeta. Constantemente, nosso planeta é atingido por elétrons,
prótons e muitas outras partı́culas carregadas emitidas pela atividade solar. Quando essas
partı́culas atingem a Terra o campo magnético terrestre faz com que essas partı́culas execu-
tem trajetórias helicoidais como mostra o esboço da figura 4.

5
Figura 5: Fonte: Young, Freedman; Sears and Zemansky - Fı́sica III; Ed. Pearson; 12ed.

Como isto ocorre? No caso da velocidade de uma partı́cula possuir uma componente
paralela a um campo magnético uniforme, ela se deslocará numa trajetória helicoidal cujo
eixo é a direção do campo. Figura 6.a mostra a velocidade de uma partı́cula com uma
componente paralela ao campo e outra parpendicular ao campo.

v = v cos φ e v⊥ = v sin φ.

A componente paralela ao campo determina a distância entre as espiras sucessivas, figura


6.b. A velocidade da partı́cula e o raio da hélice determinam a componente perpendicular.

6
Figura 6: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

A figura 6.c mostra uma partı́cula carregada se movendo em uma espiral em um campo
magnético não -uniforme. O espaçamento menor das linhas de campo nas extremidades
significa que o campo é mais intenso nessas regiões . Se o campo for suficientemente alto em
uma das extremidades, a partı́cula é “refletida” de volta para o centro da região . Quando
uma partı́cula é refletidas nas duas extremidades dizemos que ela está aprisionada numa
“garrafa magnética”.
Partı́culas carregadas são aprisionadas desta maneira no campo magnético terrestre, for-
mando os cinturões de radiação de Van Allen, localizados muito acima da atmosfera, entre
os pólos norte e sul.
Quando uma erupção solar injeta partı́culas carregadas nos cinturões de radiação um
campo elétrico é gerado na região onde as partı́culas são refletidas. Esse campo elimina a re-
flexão permitindo que as partı́culas penetrem na atmosfera colidindo com átomos e moléculas
do ar fazendo, assim, emitir luz. Esta luz constitui as auroras boreal e austral que são as luzes
observadas a uma altitude de 100km. Os átomos de oxigênio emitem luz verde e moléculas
de nitrogênio emitem luz rosa, e muitas vezes podem ser fracas e parecerem brancas.

7
Seletor de velocidades:

A força magnética que atua sobre uma partı́cula carregada em movimento em um campo
magnético uniforme pode ser equilibrada por uma força elétrica de módulo e direção apro-
priados.

Figura 7: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

Para isto, usamos a força de Lorentz, na qual representa a força eletromagnética através
dos termos das força elétrica e magnética:

F~ = q E
~ + q~v × B.
~ (7)

Há equilı́brio no caso em que qE = qvB, daı́ temos

E
v= . (8)
B
Há equilı́brio de forças para partı́culas que tenham a velocidade dada pela equação acima.
Qualquer partı́cula, independente de sua carga e massa, atravessa a região dos campos cruza-
dos sem sofre deflexão . Esta montagem é um filtro de velocidades, apenas podem atravessar
as partı́culas com velocidades que possuam módulo dado por v = E/B.

4 Relação carga-massa do elétron


O uso dos campos elétrico e magnético cruzados foi fundamental para a experiência de J.J.
Thomson em 1897. Nesta experiência foi mostrado que um tubo de raios catódicos podiam
ser desviados pelos campo elétrico e magnético, e por isso são constituı́dos por partı́culas
carregadas. Ao medir o desvio das partı́culas, Thomson mostrou que todas tinham a mesma
razão entre a carga e a massa, q/m. Estas partı́culas constituintes do material investigado,
eram os elétrons.

8
Figura 8: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

O tempo necessário para que o elétron atravesse a região dos campos cruzados é

x1
t1 = .
v0
A componente vertical da velocidade do elétron ao sair da região dos campo cruzados é

qEt1 qEx1
vy = at1 = = .
m mv0
A deflexão do elétron na região entre as placas é

 2
1 1 qE x1
∆y1 = at21 = .
2 2m v0

O elétron ao atravessar a região x2 (fora dos campos cruzados), sem qualquer campo, até
atingir a tela. O tempo necessário é

x2
t2 = .
v0
O desvio vertical adicional é

qE x1 x2
∆y2 = vy t2 = ,
m v0 v0
e o desvio total é

 2
1 qE x1 qE x1 x2
∆y = ∆y1 + ∆ = + .
2m v0 m v02

A medida de ∆y nos leva à determinação da razão q/m. Se considerarmos a região entre


as placas apenas, a relação será dada por

9
 2
qE x1
∆y1 = ,
2m v0
daı́,

m Ex21
= ,
q 2∆y1 v02
como v = E/B, então , temos

m B 2 x21
= . (9)
q 2∆y1 E

5 Força magnética sobre um fio com corrente


Quando um fio condutor possui uma corrente elétrica e está em um campo magnético,
há uma força sobre o fio que é a soma vetorial das forças magnéticas sobre os portadores de
carga que percorrem o fio. Esta força é dada por

F~ = (q v~d × B)nAL.
~ (10)

Figura 9: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

Onde v~d é a velocidade dos portadores de carga, L é o comprimento do fio, A é a seção


transversal do fio e n é o número de cargas por unidade de volume Al. A corrente no fio
condutor é

i = nqvd A. (11)

Então , a força é dada por

F~ = iL
~ × B,
~ (12)

10
onde L~ é o vetor cujo módulo é o comprimento do condutor e cuja direção coincide com
a da corrente.

Figura 10: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

Foi admitido um condutor retilı́neo e o campo constante e uniforme. Pode-se generalizar


a equação imaginando um segmento infinitesimal do condutor dL ~ e exprimindo o elemento
~
de força dF .

dF~ = idL
~ × B.
~ (13)

Figura 11: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

Existem duas diferenças entre as linhas de campo elétrico e linhas de campo magnético:

• As linhas de campo elétrico têm a direção da força elétrica sobre uma carga positiva.
As do campo magnético são perpendiculares à força magnética sobre uma carga em
movimento

• As linhas do campo elétrico se originam nas cargas positivas e terminam nas cargas
negativas(ou no infinito). As linhas do campo magnético são fechadas. Aparentemente,

11
não existem pólos magnéticos isolados, não há pontos no espaço onde as linhas do campo
magnéticos iniciam ou terminam.

Exemplo 1:
Considere um fio condutor de meia circunferência de raio R, no plano xy. Este fio é
~ = bk̂. Calcule a força
percorrido por uma corrente i, entre a e b. Há um campo magnético B
magnética sobre este fio.

Figura 12: Exemplo 1. Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica,


vol.3; 4ed; Ed. LTC.

Solução :
Usamos a equação abaixo para determinar a força:

dF~ = idL
~ × B.
~

Onde,

~ = −dL sin θı̂ + dL cos θ̂,


dL
dL = Rdθ,
~ = B k̂.
B

Substituindo, temos:

dF~ = (−dL sin θı̂ + dL cos θ̂) × B k̂

dF~ = iRB sin θdθ̂ + iRB cos θdθı̂

Os limites de integração : θ = 0 até θ = π.

Z π Z π
F~ = iRB̂ sin θdθ + iRBı̂ cos θdθ
0 0
F~ = 2iRB̂

12
Assim, o módulo desta força é

F2 = 2iRB

Em cada trecho reto do fio, a força é

F1 = F3 = iLB

A força resultante sobre todo o fio será

F = F1 + F2 + F3 = iLB + 2iRB + iLB


F = 2iB(L + R)

6 Torque sobre uma bobina de corrente


Em um campo magnético uniforme, uma espira portadora de uma corrente elétrica não
está somente sujeita a uma força resultante, mas a um torque que tende a provocar a sua
rotação . A orientação da espira é dada pelo vetor normal n̂. As forças F2 e F4 são iguais a

F2 = F4 = iaB.

Figura 13: Fonte: Serway, Jewett; Physics for Scientists and Engineers; 6th ed; Ed. Thomson
Brooks/Cole; 2004.

O módulo do torque é

τ = F2 b sin θ = iabB sin θ = iAB sin θ,

onde a área da espira é dada por A = ab. No caso da espira ter N voltas, o torque tem
módulo

13
τ = N iAB sin θ.
~
Esse torque faz a espira girar ficando com o plano perpendicular à B.

Figura 14: Fonte: D. Halliday, R. Resnick, J. Walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; Ed.
LTC.

Podemos escrever o torque em termos do momento de dipolo magnético ou momento


magnético, definido como

µ
~ = N iAn̂. (14)

A unidade SI do momento magnético é o Ampère-metro quadrado(Am2 ). Em termos


deste momento magnético, o torque sobre uma espira é dado por,

~τ = µ ~
~ × B. (15)

O dipolo magnético tem energia potencial magnética que depende da orientação do dipolo
no campo. Analogamente ao caso do dipolo elétrico, podemos escrever tal energia como

~
U (θ) = −~µ · B. (16)

Assim, o dipolo magnético é máximo quando o momento magnético tem sentido oposto
ao campo magnético.

Referências
[1] Raymond A.Serway, Princı́pios de fı́sica, Vol.3,3a ed., Ed. Cengage Learning, 2009.

[2] Halliday, Walker, Fundamentos de fı́sica, Vol.3, 8a ed,ed. LTC, 2009.

[3] Tipler, Moska, Fı́sica - vol 2, 5a Eedição , Ed. LTC, 2009.

[4] Young, Freedman, Fı́sica III, 12 edição , Ed. Pearson, 2010.

14
Fı́sica III - Lei de Ampère
Prof. Dr.José Roberto Duarte

1 Introdução

Figura 1: Fonte: Tipler, Mosca; Physics for scientists and engineers; 5th ed.

Quando uma carga puntiforme q está se movendo com uma velocidade ~v , ela produz um
~ no espaço dado por
campo magnético B

~ = µ0 q~v × r̂ ,
B (1)
4π r2
onde r̂ é o vetor unitário que liga a carga q ao ponto P . O termo µ0 é a permeabilidade
do espaço livre ou constante de parmeabilidade, seu valor é igual a

µ0 = 4π × 10−7 T m/A = 4π × 10−7 N/A2 . (2)

2 A lei de Biot-Savart
~ é dado por
O campo magnético produzido por um elemento de corrente idL

~ × r̂
µ0 idL
~ =
dB . (3)
4π r2

Campo magnético produzido por um fio reto:

Consideremos o fio reto mostrado na figura 2, no qual uma corrente i em um elemento de


comprimento ds produz um campo magnético dB em um ponto próximo do fio.

1
Figura 2: (a)Um fio com corrente produz um campo magnético em P . (b)Regra da mão
direita para um fio com corrente. Fonte: Halliday, Resnick, Walker; Fundamentos de Fı́sica,
vol.3; 8a ed; Ed LTC.

Então , a lei de Biot-Savart se escreve como

µ0 ids sin θ
dB = , (4)
4π r2
onde, de acordo com a figura 2, temos

R
sin θ = sin(π − θ) = √ ,
s + R2
2

r = s2 + R 2 .

Para determinar o campo no ponto P , devido à corrente no fio, devemos integrar sobre o
comprimento do fio:

µ0 i ∞ sin θds
Z Z
B = dB =
2π 0 r2
Z ∞
µ0 i R
B = p ds
2π 0 (s2 + R2 )3/2
 ∞
µ0 i s
B =
2πR (s2 + R2 )1/2 0
µ0 i
B =
2πR

2
Campo magnético produzido por uma espira com corrente

Figura 3: Fonte: Serway, Jewett; Physics for scientists and engineers with modern physics;
Cengage Learning; 9th edition; 2014

µ0 ids sin θ
dB = ,
4π r2

θ = 90o .

µ0 i R 2
Z
B = dB = H ds,

µ0 2iπR
B =
4π R2

µ0 i
B= (5)
2R

3 Campo magnético produzido por um solenóide


Um solenóide é um fio enrolado em hélice formando uma série de espiras muito juntas. É
usado para produzir um campo magnético intenso e homegêneo.

3
Figura 4: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8a ed; Ed. LTC, 2008.

Figura 5: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8a ed; Ed. LTC, 2008.

Exemplo 1:
Considere um solenóide de comprimento L formado por N espiras percorridas por uma
corrente i. Escolhemos o eixo do solenóide como o eixo dos x. A extremidade esquerda em
x = −a e extremidade direita x = +b. Calcule o campo B ~ na origem.
Solução :
O número de espiras por unidade de comprimento é n, n = N/L; s = 2πR e r2 = x2 + R2 .

4
µ0 ids sin θ
dB =
4π r2
di = nidx
R
sin θ = √
x2 + R 2
µ0 2πRnidx R
dB = √ √
4π x2 + R2 x2 + R2
µ0 2πR2 nidx
dB =
4π (x2 + R2 )3/2
µ0 R2 ni b
Z
dx
B = 2 2 3/2
2 −a (x + R )
b
µ0 R2 ni

x
B = √
2 R2 x2 + R2 −a
 
1 b a
B = µ0 in √ +√
2 b2 + R 2 a2 + R 2
Fazendo a = 0 e b >> R, temos

a b
√ =0 e √ ≈1
a2 + R 2 b2 + R 2
Daı́, obtemos

1
B = µ0 in. (6)
2
~ nas extremidades do solenóide é aproximadamente a metade do valor
A intensidade de B
~ em um ponto interno afastado das extremidades.
de B

4 Força magnética sobre um fio com corrente


Um fio percorrido por uma corrente sofre a ação de uma força magnética associada a um
campo magnético externo dada por

F~ = iL
~ × B~ext , (7)

onde B~ext é o campo magnético externo e como o fio é percorrido po ruma corrente, ele
possui um campo magnético intrı́nseco, B~int .

5
Figura 6: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.4; 4a ed; ed. LTC.

4.1 Dois condutores paralelos


Dois fios longos e paralelos, percorridos por correntes, exercem forças uns sobre os outros.

Figura 7: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.4; 8a ed; ed. LTC.

µ0 i a
Ba =
2πd
Fba = ib LBa sin 90o
µ0 Lib ia
Fba =
2πd
Correntes paralelas se atraem e correntes antiparalelas se repelem.
A força que atua entre as correntes em fios paralelos é a base para a definição da unidade
Ampère:
“O Ampère é a corrente constante que, se mantida em dois condutores retos e paralelos,
de comprimento infinito e de seção circular desprezı́vel, e postos a 1m de distância um do

6
7
outro no vácuo, produziria em cada um desses condutores uma força igual a 2, 0 × 10− N
por metro de comprimento.

5 Lei de Gauss do magnetismo


Como as linhas de campo magnético são fechadas, se envolvermos uma das extremidades
de um ı́mã em forma de barra com uma superfı́cie fechada, veremos que o número de linhas
de campo que entram na superfı́cie é o mesmo das linhas que saem desta superfı́cie. Sendo
assim, o fluxo total é nulo,

I
Φm = Bn dA = 0. (8)
s

Esta é a lei de Gauss do magnetismo a qual afirma que não podemos detectar um monopólo
magnético isolado na natureza.

6 A lei de Ampère
A lei de Ampère pode ser usada para obter uma expressão para o campo magnético em
situações onde existam um alto grau de simetria. A lei de Amère é escrita na seguinte forma

I
~ · d~s = µ0 i.
B (9)
c

A lei de Ampère é válida para qualquer curva c fechada. Uma aplicação simples da lei de
Ampère é o cálculo da campo magnético produzido por um fio reto e longo, percorrido por
uma corrente.

Figura 8: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.4; 8a ed; ed. LTC.

7
I
vecB · d~s = µ0 i
c I
B ds = µ0 i
B(2πr) = µ0 i

µ0 i
B= . (10)
2πr

Exemplo 2:
~ externo
Um fio reto, de raio R possui uma corrente i0 uniforme. Determine o campo B
ao fio e em seu interior.

Figura 9: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.4; 8a ed; ed. LTC.

Pontos externos(r > R):


I
~ · d~s = µ0 i0
B
c
µ0 i0
B =
2πr
Pontos internos(r < R):

πr2
i = i0 2
I πR
~ · d~s = µ0 i
B
c
πr2
B(2πr) = µ0 i0
πR2
µ0 i0
B = r
2πR2
8
Figura 10: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.4; 8a ed; ed. LTC.

Exemplo 3:
Campo gerado por um solenóide.

I Z b Z c Z d Z a
~ · d~s =
B ~ · d~s +
B ~ · d~s +
B ~ · d~s +
B ~ · d~s
B
I a b c d

~ · d~s = Bh + 0 + 0 + 0
B

Figura 11: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.4; 8a ed; ed. LTC.

A corrente lı́quida i englobada pela curva amperiana é

i = i0 (nh).

9
Então , temos

Bh = µ0 i0 nh
B = µ0 i 0 n

Exemplo 4:
Campo magnético gerado por um toróide.

Figura 12: Fonte: Halliday, Resnick; Fundamentos de Fı́sica, vol.4; 8a ed; ed. LTC.

I
~ · d~s = µ0 i
B
c
B(2πr) = µ0 iN
µ0 iN 1
B = .
2π r

7 Bobina de corrente e suas propriedades de dipolo


magnético
Analisaremos o campo magnético produzido por uma bobina de corrente. Uma bobina se
comporta como um dipolo magnético, quando exposta à um campo magnético externo, sofre
a ação de um torque dado por

~τ = µ ~
~ × B, (11)

onde µ
~ é o momento de dipolo magnético cujo módulo é iN A.
O campo magnético gerado por uma de suas espiras é

10
µ0 iR2
B(z) = . (12)
2(R2 + z 2 )3/2

Para pontos axiais muito afastados da bobina, temos z >> R, então temos

µ0 iR2
B(z) ≈ , (13)
2z 3
mas uma bobina é formada por N espiras, cada uma tendo área A = πR2 . Podemos
escrever a equação como

µ0 N iA
B(z) = . (14)
2π z 3
Como o momento de dipolo magnético é µ = N iA, podemos substituir esta expressão na
equação anterior, a qual na forma vetorial é

~ µ0 µ
~
B(z) = . (15)
2π z 3
Assim, uma bobina sofre a ação de um torque quando é colocada em um campo magnético
externo.

Referências
[1] Raymond A.Serway, Princı́pios de fı́sica, Vol.3, Cengage Learning, 2009.

[2] Halliday, Walker, Fundamentos de fı́sica, Vol.3, 4ed,ed. LTC.

[3] Tipler, Moska, Fı́sica - vol 2, 5a Edicao,ed. LTC, 2009.

11
Fı́sica III - Lei da Indução de Faraday
Prof. Dr.José Roberto Duarte

1 Introdução
Existem duas experiências que facilitam a compreensão da lei de indução de Faraday,
conforme mostradas na figura 1.

Figura 1: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; ed LTC.

Em cada experiência surge uma corrente induzida a uma fem induzida.


Uma fem é induzida apenas quando “algo” está variando. Em uma situação estática e de
corrente constante não surge uma fem induzida.
O “algo” que deve variar para induzir uma fem é o número de linhas de campo magnético.

2 A lei da indução de Faraday


Consideremos uma superfı́cie limitada por uma espira condutora fechada. O número de li-
nhas de campo magnético que atravessam essa superfı́cie é representado pelo fluxo magnético,
ΦB , definido por

Z
ΦB = ~ · dA,
B ~ (1)

~ é um elemento diferencial de área da superfı́cie.


onde dA

1
Figura 2: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 4ed; ed LTC.

No caso do campo magnético ter o mesmo módulo B por toda a superfı́cie plana da área
A e ser perpendicular a esta superfı́cie, o fluxo magnético é igual a

ΦB = BA. (2)

A unidade SI para o fluxo magnético é o Tesla-metro quadrado e equivale ao Weber,

1 Weber = 1W b = 1T m2 .

O enunciado da lei de Faraday diz:


“ A fem induzida numa espira condutora é igual ao negativo da taxa em que o fluxo
magnético através da espira está variando com o tempo”.
Assim, a lei da indução de Faraday se escreve como

dΦB
ε=− . (3)
dt
O sinal negativo está relacionado com o sentido da fem induzida.
Se o fluxo magnético varia numa bobina de N espiras, a fem induzida é dada por

dΦB
ε=− . (4)
dt

3 A lei de Lenz
Esta lei é útil para a determinação no sentido de uma corrente induzida numa espira
condutora fechada.
Uma corrente induzida surgirá numa espira fechada com um sentido tal que ele se oporá
à variação que a produziu.

2
Figura 3: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; ed LTC.

A lei de Lenz se refere a correntes induzidas e não a fem’s induzidas. Só podemos aplicá-la
diretamente à espiras condutoras fechadas. Se não for fechada pensarı́amos com se fosse uma.

4 Estudo quantitativo da indução


Tomemos como um tratamento quantitativo a determinação da taxa de transferência de
energia em uma espira que se desloca com velocidade ~v , constante, em um campo magnético
que aponta para dentro do plano da página. A taxa de realização de trabalho é

P = F~ · ~v , (5)

onde a força F é intensidade da força para puxar a espira. Desejamos encontrar uma
expressão da potência em função do campo magnético.

3
Figura 4: Fonte: Tipler, Mosca; Fı́sica, vol.2; 5ed; ed LTC.

Para determinar a fem, vamos aplicar a lei de Faraday. Na figura, x é o comprimento da


espira que ainda está no campo magnético. A área da espira imersa no campo é Lx. Então
, o fluxo é

ΦB = BLx. (6)

Com a diminuição do fluxo, uma fem é induzida na espira. Abandonando o sinal negativo,
temos

dΦB d(BLx) x
ε = = = BL
dt dt dt
ε = BLv.

Para determinar a corrente induzida vamos aplicar o método da energia

ε BLv
i= = . (7)
R R
Sobre os três segmentos da bobina imersos no campo magnético, atual forças dadas por

F~ = iL
~ × B.
~

Essas forças são F~1 , F~2 e F~3 . As forças F~2 e F~3 se cancelam. Resta apenas F~1 contrária à
força aplicada, F~ . Determinando para o segmento da esquerda

F~ = F~1
usando os módulos das forças:
F = F1 = iLB sin 90o = iLB.

4
Substituindo nesta equação o resultado da corrente, eq. 7, obtemos a seguinte expressão
para a força:

B 2 L2 v
F = . (8)
R
A taxa de realização de trabalho, potência(P = F v), é então

B 2 L2 v 2
P = . (9)
R
A taxa de energia térmica, P = i2 R, é escrita como

2
B 2 L2 v 2

BLv
P = R→P = , (10)
R R
que é igual à taxa de realização de trabalho. Assim, o trabalho realizado ao puxar a
espira através do campo magnético, aparece como energia térmica na espira, manifestando
como um pequeno aumento em sua temperatura.

5 Campo elétrico induzido


Colocando um anel de cobre de raio r em um campo magnético externo e aumentando
a intensidade deste campo com uma taxa constante, pela lei de Faraday, uma fem induzida
aparecerá no anel. Havendo uma corrente no anel, um campo elétrico deve existir no interior
do anel e este foi produzido pela variação do fluxo magnético. Este é o campo elétrico
induzido. Podemos, então , concluir que um campo magnético variável produz um campo
elétrico.

Figura 5: Fonte: Serway, Jewett; Prinı́pios de Fı́sica, vol. 3; 3a ed; Ed. Cengage.

5
Considere uma carga teste q0 movendo-se ao redor do caminho circular. O trabalho W
realizado pelo campo elétrico é

W = εq0 . (11)

da definição de trabalho, temos

Z
W = F~ · d~s = (q0 E)(2πr). (12)

Igualando a eq. 11, temos

εq0 = (q0 E)(2πr) → ε = 2πrE. (13)

Em um caso mais geral,

I
ε= ~ · d~s.
E (14)

~ · d~s, por meio de integração


Podemos ver que uma fem induzida é a soma das grandezas E
ao redor de um caminho fechado. Combinando este resultado com a lei de Faraday,

dΦB
ε=− ,
dt
obtemos

I
~ · d~s = − dΦB .
E (15)
dt
Esta é a forma integral da Lei de Faraday.

6
Figura 6: Fonte: Halliday, Resnick, Walker; Fundameentos de Fı́sica, vol.3; 8a ed; Ed. LTC.

Vemos na eletrostática o campo elétrico produzido por cargas estáticas. Neste caso, vemos
o campo elétrico gerado pela variação do fluxo magnético. Mas, neste último caso podemos
notar uma diferença, as linhas de campo elétrico são fechadas, sempre. Esta diferença pode
ser estabelecida da seguinte forma:
“O potencial elétrico só tem significado para campos elétricos gerados por cargas estáticas;
ele não tem significado para campos elétricos produzidos por indução ”.
No caso das linhas de campo gerado por cargas estáticas estas não são fechadas, pois se
originam em cargas positivas e terminam em cargas negativas.

Referências
[1] Tipler, Moska; Fı́sica - vol 2; 5a ed.; Ed. LTC; 2009.

[2] Young, Freedman; Fı́sica III - Sears and Zemansky; 12a ed.; Ed. Pearson; 2012.

[3] Halliday, Walker; Fundamentos de fı́sica; Vol.3; 4a ed; ed. LTC.

[4] R. A.Serway, J. Jewett Jr; Princı́pios de fı́sica; Vol.3; Cengage Learning; 2009.

7
Fı́sica III - Indutância
Prof. Dr.José Roberto Duarte

1 Indutores e indutância
O indutor é um dispositivo útil para produzir um campo magnético em uma determinada
região .
A indutância em um indutor é dada por

N ΦB
L= . (1)
i
A unidade no S.I da indutância é o Tesla-metro-quadrado por Ampère e é equivalente ao
Henry(H),

1Henry = 1H = 1T.m2 /A. (2)

Exemplo 1: Indutância de um solenóide.

Considere um solenóide longo com uma seção transversal de área A. Qual é a indutância,
por unidade de comprimento, próximo de seu centro? Dados: l é o comprimento do solenóide.
n é o número de espiras por unidade de comprimento.
A indutância é


L=
i
N Φ = nlBA

Usando o campo magnético do solenóide

B = µ0 in
nlµ0 inA
L=
i
L = µ0 n2 lA

Então , a indutância por unidade de comprimento é dada por

L
= µ0 n2 A
l
1
Exemplo 2: Indutância de um toróide.

Figura 1: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 4ed; ed LTC.

A partir do campo magnético gerado por um toróide dado por

µ0 iN
B= ,
2πr
determinamos o fluxo magnético Φ sobre a seção transversal do toróide. Este fluxo é
determinado por integração .

Z Z b Z b
~ · dA~= µ0 iN
Φ = B Bhdr = hdr
a a 2πr
µ0 iN h b dr
Z
Φ =
2π a r
µ0 iN h b
Φ = ln
2π a
Como a indutância dependo do fluxo,


L=
i
aplicamos este resultado na expressão da indutância. Então temos,

µ0 N 2 b
L= 2π ln .
h a

2
2 Auto-indução
Se duas bobinas estiverem próximas uma da outra, uma corrente i numa bobina criará
um fluxo magnético na segunda bobina. Se este fluxo variar, uma fem induzida aparecerá na
segunda bobina.
Este processo é a auto-indução , a fem que aparece é a fem auto-induzida.

Figura 2: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 4ed; ed LTC.

Para qualquer indutor

N Φ = Li. (3)

Pela lei de Faraday, temos


εL = − . (4)
dt
Combinando as duas equações anteriores, obtemos a expressão da fem auto-induzida

di
εL = −L . (5)
dt
Devido a presença do indutor aparece uma fem auto-induzida εL , que pela lei de Lenz
se opœao aumento da corrente, implicando numa polaridade oposta à da bateria. O resistor
fica submetido à ação de duas fem’s.

3
Figura 3: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 4ed; ed LTC.

3 Circuitos RL
Vimos um circuito RC no qual a carga do capacitor não atinge seu valor final imedia-
tamente mas se aproxima exponencialmente. Ocorre um fenômeno análogo no aumento ou
decréscimo de uma corrente elétrica em um circuito RL.

Figura 4: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 4ed; ed LTC.

Com a chave S fechada em a a corrente no resistor começa a aumentar. Se o indutor não


estivesse presente a corrente atingiria rapidamente um valor estacionário ε/R.
Devido ao indutor uma fem auto-induzida εL aparece no circuito; esta fem se opœao
aumento da corrente. Isto significa que sua polaridade é oposta à fem da bateria. O resitor
fica sujeito à diferença entre estas duas fem’s.
Enquanto a corrente auto-induzida estiver presente a corrente i no resistor será menor
que ε/R.

4
Figura 5: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 4ed; ed LTC.

Aplicando a lei das malhas

di
−iR − L + ε = 0, (6)
dt
obtemos a equação de carga do circuito RL dada por

di
iR + L = ε. (7)
dt
Esta é uma equação diferencial de primeira ordem envolvendo i(t). Rearranjando os
termos podemos separar as variáveis e reescrevê-la da seguinte forma

di R
ε = dt. (8)
R
−i L

Devemos integrar ambos os membros

Z Z
di R
ε = dt, (9)
R
−i L

o que nos dá

ε  R
− ln − i = t + c1 . (10)
R L
Cálculo de c1 . No instante inicial a corrente é nula

t=0⇒i=0

temos

5
ε
c1 = − ln . (11)
R
Retornando à equação 10 e substituindo c1

ε  ε R
ln − i − ln = − t (12)
R R L
equivale à
 
ε/R − i R
ln =− t (13)
ε/R L
 
ε ε R
− i = exp − t . (14)
R R L
E finalmente

ε
i(t) = (1 − e−(R/L)t ). (15)
R
A razão L/R é a constante de tempo indutiva,

L
.
τL = (16)
R
Assim, escrevemos o aumento de corrente em termos de τL

ε
i=(1 − e−t/τL ). (17)
R
De forma análoga ao circuito RC, a razão L/R tem as dimensões de tempo. Quando
τ = L/R a corrente atinge 63% de seu valor máximo, ou valor final de equilı́brio, fig....

Figura 6: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; ed LTC.

6
Se a chave S do circuito for aberta, o efeito é a retirada da bateria, ou seja, ε = 0, e
aplicando a lei das malhas teremos

di
L + iR = 0. (18)
dt
Cuja solução é dada por

ε −t/τL
i(t) = e = i0 e−t/τL , (19)
R
que descreve o decréscimo da corrente no circuito, o indutor está descarrregando. Neste
caso, quando t = τL a corrente atinge 37% de seu valor inicial.

4 Energia armazenada em um campo magnético


Tomando novamente o circuito com a chave fechada, reescrevemos a lei das malhas como
segue

ε = iR − εL (20)

ou

di
ε = iR + L . (21)
dt
Multiplicando esta equação por i, temos

di
εi = i2 R + Li , (22)
dt
esta equação representa uma equação de energia onde cada termo pode ser interpretado
em termos de trabalho e energia.
No primeiro termo i = dq/dt, temos que εi = εdq/dt, onde εdq = dW . Assim, εi = dW/dt,
representa a taxa de variação temporal da energia fornecida ao circuito pela fem, ou potência
fornecida ao circuito.
No segundo termo, i2 R, representa a potência dissipada por efeito Joule ou energia térmica
dissipada sobre o resistor.
No terceiro termo, Lidi/dt, representa a variação da energia armazenada no campo-
magnético do indutor.
Baseada na interpretação do terceiro termo, deduz-se que a taxa de energia acumulada
no campo magnético do indutor será:

dUB di
= Li . (23)
dt dt

7
Simplificando temos,

dUB = Lidi, (24)

e integrando ambos os membros

Z Z t
dUB = Lidi. (25)
0

Finalmente, temos

1
UB = Li2 . (26)
2
Esta equação representa a energia magnética armazenada por um indutor.

4.1 Densidade de energia num campo magnético


A energia de um indutor está associada ao campo magnético do indutor. Definimos
assim a densidade de energia como sendo a distribuição de energia por unidade de volume.
Consideremos um solenóide de comprimento l, e o seu volume associado será então Al. Sendo
o campo magnético uniforme no interior de um solenóide, dizemos que

UB
uB = . (27)
Al
Subsituindo a equação da energia magnética (*), temos

(L/l)i2
uB = . (28)
2A
Para um solenóide L/l = µ0 n2 A. Substituindo na equação anterior, obtemos

1
uB = µ0 n2 i2 . (29)
2
Como o campo magnético em um solenóide é µ0 in, obtemos a densidade de energia
magnética

B2
uB = . (30)
2µ0
Esta equação é válida para todas as configurações do campo magnético.

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5 Indução mútua
Quando dois ou mais circuitos estão próximos uns dos outros, o fluxo magnético através
de um circuito depende não apenas da corrente dele mesmo, mas também da corrente nos
circuitos da vizinhança.

Figura 7: Fonte: Halliday, Resnick, walker; Fundamentos de Fı́sica, vol.3; 8ed; ed LTC.

Quando a corrente i varia com o tempo, uma fem aparece na segunda bobina. Este
processo é a indução . Para sugerir a interao mútua de duas bobinas e para distinguı́-la da
auto-indução (somente uma bobina envolvida) chamamos este processo de indução mútua.
Indutância mútua M21 é definida como

N 2Φ21
M21 = . (31)
i1
Podemos reescrevê-la como

M21 i1 = N 2Φ21 . (32)

Variando-se, por meios externos, a corrente i1 com o tempo, temos

di1 dΦ21
M21 = N2 (33)
dt dt
di1
ε2 = −M21 . (34)
dt
Podemos concluir que M21 = M12 = M , daı́

di1
ε2 = −M , (35)
dt
9
e

di2
ε1 = −M . (36)
dt
Assim, como para L, a unidade S.I para M é o Henry.

Referências
[1] Tipler, Moska; Fı́sica - vol 2; 5a ed.; Ed. LTC; 2009.

[2] Young, Freedman; Fı́sica III - Sears and Zemansky; 12a ed.; Ed. Pearson; 2012.

[3] Halliday, Walker; Fundamentos de fı́sica; Vol.3; 4a ed; ed. LTC.

[4] R. A.Serway, J. Jewett Jr; Princı́pios de fı́sica; Vol.3; Cengage Learning; 2009.

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