Sei sulla pagina 1di 4

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO


1ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL
PROCESSO: 0010001-32.2016.5.19.0001

Aos 03 dias do mês de março do ano dois mil e dezessete, às 13:40 horas, estando aberta
a audiência da 1ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL, na sala de audiências da
respectiva Vara, sito à AV. DA PAZ 1994, CENTRO, com a presença do(a) Sr(a) Juiz(a)
Titular de Vara do Trabalho GUSTAVO TENÓRIO CAVALCANTE, foram por ordem
do(a) Sr(a) Juiz(a) do Trabalho apregoados os litigantes: ADELMY LYRA LIMA
FILHO, EMBARGANTE, ESPOLIO DE RUI AGRA, EMBARGADO e MACEIO
INVEST CONSULTORIA E CONSTRUCAO LTDA, LITISCONSORTE. Pelo Juiz foi
dito que passa a proferir a seguinte decisão:

Vistos etc.

I. RELATÓRIO.

ADELMY LYRA LIMA FILHO, qualificado na inicial, ajuizou embargos de terceiro


contra ESPÓLIO DE RUI AGRA e MACEIÓ INVEST CONSULTORIA E
CONSTRUÇÃO LTDA, sob a alegação de que é proprietário do imóvel penhorado na
Reclamação Trabalhista n. 596/1993.
Os embargados contestaram.
O embargante apresentou réplica.
É o relatório.

II. FUNDAMENTAÇÃO.

O art. 675 do NCPC prevê o prazo de cinco dias para os embargos de terceiro depois da
adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes
da assinatura da respectiva carta, e não da arrematação, daí a tempestividade da ação
incidental em destaque, vez que não ocorreu qualquer assinatura de carta. Preliminar de
intempestividade, suscitada na defesa, que rejeito.
Quanto à nulidade processual agitada pelo embargante, pela inexistência de decisão
desconsiderando a personalidade jurídica da empresa executada, pela penhora efetivada
sem ciência do proprietário do imóvel e pela realização de hasta pública sem intimação

03/03/2017 13:38:57 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 1/ 4


PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO

do mesmo, assim como seu argumento de ilegitimidade de parte, são temas de fundo,
considerando que partem do pressuposto de que o imóvel penhorado lhe pertence, não
podendo ser enfrentado em preliminar.
Superados os aspectos preliminares da demanda, passo a enfrentar os pleitos do autor
propriamente ditos.
Sustenta o embargante que o sítio denominado "COSTA BRAVA" nunca pertenceu à
executada, e sim ao seu pai, que se retirou da empresa em 1992, antes do ingresso da ação
principal. Ressalta que seu genitor sequer consta como executado naquele processo (de n.
596/1993). Acrescenta que em 2003 adquiriu legalmente o bem, daí os embargos de
terceiro, para desconstituir a penhora realizada nos autos principais sobre o mesmo.
Não vinga.
E a razão é simples: o embargante não é, nem nunca foi, materialmente falando, o
proprietário do imóvel penhorado e em seguida arrematado.
Conquanto conste formalmente no registro imobiliário o nome do embargante, vejo, ao
compulsar os autos cuidadosamente, que o bem, em verdade, pertencia (até a
arrematação) à executada.
A conclusão decorre das sucessivas operações de crédito, no total de nove, todas muito
anteriores à própria ação principal (proposta em 06/04/1993) e devidamente averbadas na
matrícula do imóvel objeto destes embargos (certidão de f. 38/41). Nesses negócios o pai
e a mãe do autor davam o sítio como garantia de empréstimos da executada. A
habitualidade em usar o bem exclusivamente para assegurar a concessão de crédito para a
executada mostra que, no fundo, o mesmo, há muito, saiu da propriedade dos genitores
do autor e ingressou, em cheio, severamente amarrado, na esfera patrimonial da
executada.
Numa expressão: os antigos donos integralizaram informalmente o imóvel no capital
social da executada. Faltou, só e apenas, o registro cartorário, que certamente foi omitido
para evitar a perda definitiva do imóvel, em função das enormes dívidas que rodeavam a
executada e que acabaram por fechar suas portas.
Se é certo que os pais do autor não mais tinham como dispor do bem, porque naquela
altura, depois de nove operações de crédito, a rigor já estava inserido no patrimônio da
executada, certo é também que o instrumento de transferência entre eles, dos genitores ao
filho, datado de 2003, reveste-se de vício insanável. É o que se extrai da certidão de f.
38/41. Ali consta que a compra e venda, dos pais ao autor, foi consumada por escritura
pública que omitiu os nove gravames que pairavam sobre o imóvel. Só seis anos depois,
em 2009, é que apareceram os nove ônus. A escritura fora lavrada, portanto, sem a

03/03/2017 13:38:57 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 2/ 4


PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO

exigência legal de apresentação da certidão negativa de ônus ou então acompanhada da


certidão positiva de ônus com a aquiescência/assinatura dos respectivos credores. Trata-
se, como anunciado, de vício insanável, que infirma a tentativa de alienar o bem para o
filho, ora embargante. Significa, em resumo, que o próprio título aquisitivo, no que o
autor se louva para se dizer dono do imóvel, não tem valor. Para ser mais claro: a
propriedade alegada pelo autor não chegou validamente a se constituir.
O próprio autor admite isso, porque, como inventariante, no processo de inventário dos
bens deixados por sua mãe, declarou, em 2006, que parte desse patrimônio pertencia a
ela, embora estivesse registrado no nome dos filhos, inclusive fez referência específica,
nas primeiras declarações, a uma suposta posse pela sua genitora do sítio aqui discutido
(f. 194/199). Ou seja: na Justiça do Trabalho o autor sustenta a propriedade do sítio, mas
lá, na Justiça Estadual, traz outra versão, contradição que naturalmente lhe retira a
credibilidade e assenta, ainda mais, a ideia de que o imóvel pertencia, sim, à executada
até a arrematação, não obstante a tentativa grosseira de retirá-lo do alcance dos credores,
especialmente do reclamante, ora embargado.
Por outro lado, a mesma escritura, mencionada na certidão de f. 38/41, traz outro detalhe
para confirmar a propriedade do imóvel pela executada: quem assinou, como procurador
da mãe do autor, uma das supostas vendedoras, foi Sebastião Antônio Teixeira Nogueira,
coincidentemente sócio da pessoa jurídica executada. Quer dizer: além das nove
operações de crédito que tiveram o bem como garantia e tinham como devedora a
reclamada, foram dois dos seus sócios, o pai do autor e Sebastião Antônio Teixeira
Nogueira, quem formalizaram o instrumento de alienação do mesmo. Os fatos reafirmam
que o imóvel objeto destes embargos eram mesmo de propriedade da executada, até
quando foram arrematados.
A propósito do senhor Sebastião Antônio Teixeira Nogueira, consta nos autos o
documento de f. 215 (correspondência dirigida ao Ministério da Fazenda), por ele
assinado em 2001, como diretor da executada, desmanchando a alegação constante dos
embargos de que dito sócio e o pai do autor se retiraram da executada em 15/02/1992.
A bem da verdade, resta claro nestes fólios que a executada, por alguns dos seus
representantes, tentou se livrar das dívidas contraídas, com o artifício de esconder parte
do patrimônio e alterar formalmente o quadro societário, porém deixou rastros e violou
exigências legais, tornando em vão a sua pretensão.
Concluo, pois, que a propriedade do imóvel em destaque nunca foi do autor, mas sim da
executada, até a arrematação, não havendo qualquer ilegalidade na execução, que
culminou com a alienação judicial.

03/03/2017 13:38:57 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 3/ 4


PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO

E, não sendo o autor o dono do bem, cai no vazio seus argumentos de ilegitimidade de
parte e de nulidade do processo principal pela inexistência de decisão desconsiderando a
personalidade jurídica da empresa executada, pela penhora efetivada sem ciência do
proprietário do imóvel e pela realização de hasta pública sem intimação do mesmo.
Indefiro, em consequência, os pedidos do embargante.

III. CONCLUSÃO.

Posto isso, julgo improcedentes os pedidos dos embargos de terceiro.


Custas de R$ 44,26 pelo embargante, nos termos do art. 789-A, V, da CLT.
Intimem-se as partes
E para constar, foi lavrada a presente ata, que vai assinada na forma da lei.

_________________________________________________
GUSTAVO TENÓRIO CAVALCANTE - Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho
_________________________________________________
JOSÉ GIOVANI RODRIGUES VENTURA- Diretor(a) de Secretaria

03/03/2017 13:38:57 Sistema de Acompanhamento de Processos em 1ª Instância pág. 4/ 4

Potrebbero piacerti anche