Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO
Aos 03 dias do mês de março do ano dois mil e dezessete, às 13:40 horas, estando aberta
a audiência da 1ª VARA DO TRABALHO DE MACEIÓ/AL, na sala de audiências da
respectiva Vara, sito à AV. DA PAZ 1994, CENTRO, com a presença do(a) Sr(a) Juiz(a)
Titular de Vara do Trabalho GUSTAVO TENÓRIO CAVALCANTE, foram por ordem
do(a) Sr(a) Juiz(a) do Trabalho apregoados os litigantes: ADELMY LYRA LIMA
FILHO, EMBARGANTE, ESPOLIO DE RUI AGRA, EMBARGADO e MACEIO
INVEST CONSULTORIA E CONSTRUCAO LTDA, LITISCONSORTE. Pelo Juiz foi
dito que passa a proferir a seguinte decisão:
Vistos etc.
I. RELATÓRIO.
II. FUNDAMENTAÇÃO.
O art. 675 do NCPC prevê o prazo de cinco dias para os embargos de terceiro depois da
adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes
da assinatura da respectiva carta, e não da arrematação, daí a tempestividade da ação
incidental em destaque, vez que não ocorreu qualquer assinatura de carta. Preliminar de
intempestividade, suscitada na defesa, que rejeito.
Quanto à nulidade processual agitada pelo embargante, pela inexistência de decisão
desconsiderando a personalidade jurídica da empresa executada, pela penhora efetivada
sem ciência do proprietário do imóvel e pela realização de hasta pública sem intimação
do mesmo, assim como seu argumento de ilegitimidade de parte, são temas de fundo,
considerando que partem do pressuposto de que o imóvel penhorado lhe pertence, não
podendo ser enfrentado em preliminar.
Superados os aspectos preliminares da demanda, passo a enfrentar os pleitos do autor
propriamente ditos.
Sustenta o embargante que o sítio denominado "COSTA BRAVA" nunca pertenceu à
executada, e sim ao seu pai, que se retirou da empresa em 1992, antes do ingresso da ação
principal. Ressalta que seu genitor sequer consta como executado naquele processo (de n.
596/1993). Acrescenta que em 2003 adquiriu legalmente o bem, daí os embargos de
terceiro, para desconstituir a penhora realizada nos autos principais sobre o mesmo.
Não vinga.
E a razão é simples: o embargante não é, nem nunca foi, materialmente falando, o
proprietário do imóvel penhorado e em seguida arrematado.
Conquanto conste formalmente no registro imobiliário o nome do embargante, vejo, ao
compulsar os autos cuidadosamente, que o bem, em verdade, pertencia (até a
arrematação) à executada.
A conclusão decorre das sucessivas operações de crédito, no total de nove, todas muito
anteriores à própria ação principal (proposta em 06/04/1993) e devidamente averbadas na
matrícula do imóvel objeto destes embargos (certidão de f. 38/41). Nesses negócios o pai
e a mãe do autor davam o sítio como garantia de empréstimos da executada. A
habitualidade em usar o bem exclusivamente para assegurar a concessão de crédito para a
executada mostra que, no fundo, o mesmo, há muito, saiu da propriedade dos genitores
do autor e ingressou, em cheio, severamente amarrado, na esfera patrimonial da
executada.
Numa expressão: os antigos donos integralizaram informalmente o imóvel no capital
social da executada. Faltou, só e apenas, o registro cartorário, que certamente foi omitido
para evitar a perda definitiva do imóvel, em função das enormes dívidas que rodeavam a
executada e que acabaram por fechar suas portas.
Se é certo que os pais do autor não mais tinham como dispor do bem, porque naquela
altura, depois de nove operações de crédito, a rigor já estava inserido no patrimônio da
executada, certo é também que o instrumento de transferência entre eles, dos genitores ao
filho, datado de 2003, reveste-se de vício insanável. É o que se extrai da certidão de f.
38/41. Ali consta que a compra e venda, dos pais ao autor, foi consumada por escritura
pública que omitiu os nove gravames que pairavam sobre o imóvel. Só seis anos depois,
em 2009, é que apareceram os nove ônus. A escritura fora lavrada, portanto, sem a
E, não sendo o autor o dono do bem, cai no vazio seus argumentos de ilegitimidade de
parte e de nulidade do processo principal pela inexistência de decisão desconsiderando a
personalidade jurídica da empresa executada, pela penhora efetivada sem ciência do
proprietário do imóvel e pela realização de hasta pública sem intimação do mesmo.
Indefiro, em consequência, os pedidos do embargante.
III. CONCLUSÃO.
_________________________________________________
GUSTAVO TENÓRIO CAVALCANTE - Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho
_________________________________________________
JOSÉ GIOVANI RODRIGUES VENTURA- Diretor(a) de Secretaria