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Pessoas com autismo irão perder direitos com

a nova política educacional?

Essa é a pergunta quem vem assombrando famílias inteiras, e está entre os principais
tópicos nos grupos de redes sociais relacionados à inclusão. Desde o período das eleições já era
fácil perceber o viés totalmente antagônico entra as duas perspectivas acerca do modelo ideal
de educação, partindo desde os princípios ideológicos mais básicos. Todos sabíamos que o
resultado nas urnas, levaria claramente a caminhos extremamente distintos para a educação, e
é claro afetaria diretamente os processos estruturais que sustentam a inclusão de pessoas com
deficiência na escola regular.

Polêmicas políticas à parte, a decisão foi tomada, e temos agora em mães a Nova Política
de Educação Especial, anteriormente chamada de Política de Educação Inclusiva, e ao redor
dela uma série de novos questionamentos se levanta, assim como tem assustados muitos
familiares de pessoas com deficiência e principalmente de pessoas com transtorno do espectro
autista. Uma delas é a ideia da extinção da inclusão, e de um retrocesso nesse sentido. Curiosa
que sou não poderia deixar de ler o documento na íntegra, antes de manifestar opiniões ou
reproduzir afirmativas de terceiros em redes sociais. Então vamos lá.... Uma das principais
preocupações que temos visto entre pais, professores e militantes da inclusão é a ideia de que
com o novo governo e nova política nacional de educação especial pessoas com transtorno do
espectro autista perderiam direitos fundamentais, como por exemplo o de estar na escola
regular. Será que é isso mesmo? Vamos ver alguns pontos importantes a respeito;

O documento inicia reafirmando o princípio da educação inclusiva, o que já de início


desmistifica a ideia de um novo modelo excludente para a educação pública. Para melhor
compreender alguns pontos, faz se necessário diferenciar o que é educação inclusiva e o que é
inclusão, apesar de muitas vezes compreendermos como sendo um conceito único, não é essa
a questão. De acordo com a professora Enicéia Gonçalves Mendes, doutora em Psicologia pela
USP – A radicalização do debate sobre Inclusão Escolar no Brasil: Na Inclusão a obrigatoriedade
está prioritariamente na matrícula, e a partir dessa automaticamente a inclusão aconteceria,
neste viés a rede visa oferecer cuidadores, já que o aluno deve aprender com o grupo, o ensino
deve ser direcionado pela professora regente como todo o grupo. Ou seja, o princípio da
inclusão radical parte da matrícula. Enquanto no princípio da educação Inclusiva a matrícula
ocorre mediante preparo técnico e planejado para atender as especificidades de cada aluno, ou
seja, nem sempre a necessidade é um cuidador, em muitos casos principalmente no transtorno
do espectro autista a necessidade é de suporte pedagógico especializado, o que não pode
ocorrer na inclusão radical, já que com um professor direcionado a este aluno, este não estaria
de fato “incluído”. Assim como a necessidade pode ser para além da capacidade da escola
regular, como é o caso do meu próprio filho que não se adaptou a escola regular, devido ao
severo transtorno sensorial auditivo. Seguindo o viés da inclusão radical, apesar de não
conseguir tolerar os sons comuns à escola regular ainda assim o mesmo deveria frequentar.

É muito comum em encontros e palestras ouvir a busca de professores para solucionar


problemáticas relacionadas á agressividade, e em todos os casos relacionados à agressividade
eu não posso deixar de questionar, será que pode ser identificado um estímulo aversivo com o
qual essa criança está sendo obrigada a lidar na escola, e por não identificarmos sua
incapacidade de lidar com o mesmo esta é uma criança agressiva? Como por exemplo o barulho
no caso de crianças com transtorno sensorial, ou talvez luzes, alimentos, texturas, dificuldades
de comunicação. Falamos de inclusão mas na verdade o que vemos na prática na maioria das
vezes ainda são os processos de integração. As crianças são matriculadas e a partir disso
precisam se adequar. Além é claro do conceito do “está aqui para socializar” e com esse suposto
respaldo o aluno segue série após série sem desenvolver habilidades básicas, inerentes a vida
autônoma, sem foco no aprendizado pedagógico, integrado a um sistema “inclusivo” que
considera incluir, colocar junto com os demais na sala de aula, ainda que nem sempre isso seja
o mais proveitoso para o desenvolvimento daquela criança em particular. O que leva a triste
realidade de perguntas de professores como:

“- Se estamos com a turma na quadra, e em meio ao barulho o aluno fica nervoso e


agressivo, devo leva-lo a outro ambiente? ”

Me entristece ver como o conceito de inclusão ainda é tão prematuro nas escolas, a
ponto de o professor ter dúvidas a este respeito... Se o aluno não tem condições d permanecer
no espaço, e se os estímulos ali lhe causam sofrimento, como permanecer ali poderia ser
considerado incluir?? No entanto, o conceito de que incluir é permanecer junto é fruto da ideia
da inclusão radical, que acaba por ser um tipo velado de capacitismo.

Voltando a análise do documento, de acordo com os princípios, temos ainda um ponto


importante; *um adendo: o Deputado Eduardo Barbosa apresentou em Março de 2018 – um
projeto de lei que defende a educação ao longo da vida, pois o que ocorre na educação regular
é a terminalidade específica pois não há um plano de continuidade na vida adulta para pessoas
com deficiência. Aqui a proposta não está relacionada à conteúdos mas sim a desenvolvimento
continuado de habilidades inerentes a vida social, um acompanhamento que seria diferencial
na vida de muitas pessoas com deficiência e transtorno do espectro autista, quando a situação
social familiar não permite acesso a atividades diversificadas na vida adulta. É citado ainda no
documento o direito à acessibilidade, Adriana Godoy traz a reflexão sobre a necessidade do
aparato teológico como forma de sistema de apoio, ou seja, acessibilidade! Que principalmente
em casos de pessoas com transtorno do espectro autista pode ser um diferencial poderoso não
só nos processos de desenvolvimento acadêmico mas também na vida autônoma, abrindo
precedentes para jurisprudência em casos de requerimento de direitos relacionados a
necessidade de tecnologia como forma de acesso a cidadania.

Para concluir o documento traz um panorama do senário atual, um dos dados é o de


matrículas em escolas especiais e regulares que mostram uma queda ao longo dos anos, até que
em 2008 houve uma inversão significativa. Os matriculados em escolas especiais sobem
significativamente, aparentemente pela busca de escolas especializadas no atendimento
necessário. O documento traz ainda uma taxa de aprovação e repetência, e alunos na rede
regular tem um índice de reprovação maior no ensino básico e menor no ensino médio. O que
traz a ideia de que no ensino básico o aluno que apresenta fracasso escolar ainda é retido com
objetivo de alcançar os pré requisitos básicos, enquanto no ensino médio já não se tem uma
perspectiva de alcance dos demais, levamos ainda em consideração que muitos não chegam ao
ensino médio, aqueles que chegam teriam um condicionamento comportamental, além de
outros suportes além do escolar para seguir o percurso. Aquele pequeno contingente que chega
ao ensino médio, teria portanto mais chances de obter sucesso no mesmo. Vemos então uma
diversidade de fatores, que juntamente refletem com clareza a falta sistemática para atender a
diversidade de indivíduos inseridos na rede regular.

Uma falta que muitas vezes é jogada nos professores, já que são os profissionais que estão
na ponta da lança e expostos a esta taxa, mas também são profissionais que não podem agir
sozinhos, que dependem de um sistema que os ofereça suporte ao trabalho pedagógico.

Destaco o trecho: “No entanto, mesmo com uma perspectiva conceitual que aponte para
a organização de sistemas educacionais inclusivos, que garanta o acesso de todos os estudantes
e os apoios necessários para sua participação e aprendizagem, as políticas implementadas pelos
sistemas de ensino não alcançaram esse objetivo.”

Profissionais que perpassam diversas instituições, tem contemplado na maioria dos casos
essas fragilidades do sistema dito inclusivo, por tanto creio que a palavra chave deste
documento é “prioritariamente” ou seja a rede regular permanece sendo o espaço prioritário
para a escolarização destes indivíduos que não existem na escola apenas para socializar, mas
também para aprender, se desenvolver e ampliar potencialidades enquanto seres que não serão
eternamente crianças, mas precisam ao máximo possível, dentro de suas especificidades
desenvolver sua cidadania.

“Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar a proposta


pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento aos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e em
outros, como os transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada
com o ensino comum, orientando para o atendimento desses estudantes. A educação especial
direciona suas ações para o atendimento às especificidades desses estudantes no processo
educacional e, no âmbito de uma atuação mais ampla na escola, orienta a organização de redes
de apoio, a formação continuada, a identificação de recursos, serviços e o desenvolvimento de
práticas colaborativas.”

Quando observamos as finalidades e os objetivos, o documento traz a valorização da


qualidade do ensino, assim como fala de assegurar formação profissional de educação inclusiva
aos educadores além da permanência do mesmo público alvo: “Na perspectiva da educação
inclusiva, a educação especial passa a integrar a proposta pedagógica da escola regular,
promovendo o atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e em outros, como os
transtornos funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino
comum, orientando para o atendimento desses estudantes.”

De forma que a interpretação é de que não se perdem direitos, mas se ampliam


possibilidades, a partir de uma concepção amais ampla das necessidades reais de uma educação
inclusiva, que vai muito além da matrícula e permanência na escola. Alunos com necessidades
especiais nem sempre terão a escola regular como ambiente suficientemente acolhedor e
inclusivo. Sendo essa batalha ainda uma luta interna nos processos de educação, afinal como
falar com inclusão de ponta em um país em que em muitas escolas ainda se serve biscoito e suco
no almoço não é mesmo? Continuaremos lutando, em prol dos nossos, e daqueles que ainda
virão.

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