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HERCULANO, Alexandre. Eurico, o presbítero. 7ed. São Paulo : Ática, 1988 (Bom Livro).
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EURICO, O PRESBÍTERO
Alexandre Herculano
Prólogo do autor
O Monasticon é uma intuição quase profética do passado, às vezes intuição mais dificultosa
futuro. que a do
Sabeis qual seja o valor da palavra monge na sua origem remota, na sua
forma primitiva? É o de - só e
triste.
Por isso na minha concepção complexa, cujos limites não sei de antemão
crônica-
assinalar,poema, lenda
dei cabida à ou o que quer que seja do presbítero godo: dei- lha,
também, porque
pensamento dela ofoi despertado pela narrativa de certo manuscrito gótico,
afumado
dos e gasto
séculos, do roçarpertenceu a um antigo mosteiro do Minho.
que outrora
O Monge de Cister , que deve seguir- se aEurico, teve, proximamente, a mesma origem.
I - OS VISIGODOS
Monge de Silos
Chronicon
- , c. 2.
Álvaro de Córdova,
Vida de Santo Elógio
, c. 1.
III - O POETA
Muitas vezes, pela tarde, quando o sol, transpondo a baía de Cartéia, descia
Melária,
afogueado dourando
para a banda com os de últimos esplendores os cimos da montanha
piramidal
longo do Calpe,
da praia vestido viacom
- seaaoflutuante estringe o presbítero Eurico,
encaminhando-se
aprumados à beira-mar. para osOsalcantis
pastores que o encontravam, voltando ao
passarem por ele
povoado, diziam que, ao e ao saudarem-no, nem sequer os escutava, que dos seus
lábios
trêmulossemi-rompia abertos
um esussurro de palavras inarticuladas, semelhante ao ciciar
selva. Os que
da aragem pelaslheramas
espreitavam
da os passos, nestes largos passeios da tarde,
viam-no
Calpe, chegar
trepar aosàsprecipícios,
raízes do sumir- se entre os rochedos e aparecer, por fim,
lá ao longe,
algum píncaro imóvel sobre pelos sóis do estio e puído pelas tempestades do
requeimado
as amplasAo
inverno. pregas
lusco-dafusco,
estringe de Eurico, branquejando movediças à mercê do
vento, eram
ele estava lá;oe,sinal
quando de quea lua subia às alturas do céu, esse alvejar de roupas
sempre,
trêmulas durava, quase da saudade se atufava nas águas do Estreito. Daí a
até que o planeta
poucas
habitanteshoras, os
de Cartéia que se erguiam para os seus trabalhos rurais antes do
alvorecer, olhando
prebistério, para o dos vidros corados da solitária morada de Eurico, a
viam, através
que esmorecia,
luz da lâmpada desvanecendo-
noturna se na claridade matutina. Cada qual tecia
crenças
abominável
misterioso
percebia
Mas
estender-
misturassem
todos
que
horas
cla ramente
aEurico
Providência
eram
deda que
íntima
sedo
superstição
filhos.
que
era
vida
para
com
apresbitero.
inteligência
como
oagonia,
passada,
olágrimas
cristianismo
lhe
Todas
lugar
um
confiara,
popular:
esmagado
onde
as
Oanjo
e,de
do
condições
povo
até,
alheias
poeta
atutelar
se
todos
artes
aflição
arude
resume
loucura,
oprecisa
seu
criminosas,
para
dos
desventuras.
se
desecoração
livelavam
Cartéia
em
amargurados.
assentava;
ele
tudo
deuma
eram
viver
serviu
não
trato
pela
palavra
Servo
onde
irmãos.
num
nunca
podia
soberba
com
sucessivamente
Nunca
ele
ou
mundo
-oentender
Sacerdote
os
homem
aparecia;
fraternidade.
espírito
dos
seus
a sua
mais
homens,
olhos
livre,
mão
esta
mau,
do
amplo
para
então sua novela ajudado pelas
penitência
explicar
vida
do
sociedade
benéfica
recusaram
liberto
porque,
Cristo,
Eurico
Sabia
que
deque
ou
percebera,
ensinado
esse
exceção,
pai
odeixou
patrono,
otraçou
proceder
de
lágrimas
comum
aevangelho
uma
quede
pelas
porque
tão
aenfim,
para
daqueles
que
mesquinhos
largas
éele
se
não
um limites.
protesto, ditado por Deus para os séculos, contra as vãs distinções que a força
eneste
o orgulho
mundoradicaram
de lodo, de opressão e de sangue; sabia que a única nobreza é a
entendimentos que buscam erguer-se para as alturas do céu, mas que essa
dos corações e dos
superioridade real
exteriormente é e singela.
humilde
Desde então ninguém mais lhe seguiu os passos. Assentado nos alcantis do
campinas vizinhas pelas
Calpe, vagabundo ou embrenhado pelas selvas sertanejas, deixaram-no
tranqüilo embalar-
pensamentos. se nos
Na conta deseus
inspirado por Deus, quase na de profeta, o tinham
ele as horas que
as multidões. Nãolhegastava
sobejavam do exercício de seu laborioso ministério numa
obra do esses
deviam Senhor? Não
hinos da soledade e da noite derramar-se como um perfume ao
pé dos altares?
completava Nãoa sua missão sacerdotal, revestindo a oração das
Eurico
colhidas
harmonias pordoele noestudadas
céu, silêncio e ena meditação? Mancebo, o numeroso clero das
paróquias
considerava vizinhas
- o como o mais venerável entre os seus irmãos no sacerdócio, e
sua fronte,procuravam
os velhos quase sempre na carregada e triste, e nas suas breves mas eloqüentes
palavras o segredo
inspirações dasda sabedoria.
e o ensino
IV - RECORDAÇÕES
Haverá paz no túmulo? Deus sabe o destino de cada homem. Para o que aí
repousa
terra sei eu que há na
o esquecimento!
Não eram assim os godos do oeste quando, ora arrastando por terras as
águias
com romanas,
o seu braço ora segurando
de ferro o império que desabava, imperavam na Itália, nas
Gálias e nas Espanhas,
moderadores e árbitros entre o Setentrião e o Meio- dia:
Era, pois, numa destas noites como a que desceu do céu depois do desbarato
destas noites
dos hunos; eraem que a terra, envolta no seu manto de escuridade, se povoa de
numa
terrores incertos;
o sussurro em éque
do pinhal como um coro de finados, o despenho da torrente
assassino, o grito dadeave noturna como uma blasfêmia do que não crê em
como um ameaçar
Deus.
Nessa noite fria e úmida, arrastado por agonia íntima, vagava eu às horas
escalvados
mortas pelosdas ribas do mar, e enxergava ao longe o vulto negro das águas
alcantis
balouçando-
que o Senhorselhes
no deu
abismo
para perpétua morada.
Por cima da minha cabeça passava o norte agudo. Eu amo o sopro do vento,
como o rugido do mar:
Porque o vento e o oceano são as duas únicas expressões sublimes do verbo
de
da Deus, escritasainda
terra quando na face
ela se chamava caos.
Este é o acordar do poeta. Depois disso, nos abismos da sua alma só há para
mandarde
sorriso aosdesprezo
lábios um
em resposta às palavras mentidas dos que o cercam, ou
uma voz de maldição
desabridamente sincera para julgar as ações dos homens.
É então que para ele há unicamente uma vida real - a intima; unicamente
do
umabramido do mar
linguagem e do rugido
inteligível - a dos ventos; unicamente uma convivência não
travada de perfídia - a da
solidão.
Tal era eu quando me assentei sobre as fragas; e a minha alma via passar
diante dee si
vaidosa má,esta
quegeração
se crê grande e forte, porque sem horror derrama em lutas
civis o sangue de seus
irmãos.
V - A MEDITAÇÃO
Mais de sete séculos são passados depois que tu, ó Cristo, vieste visitar a
terra.
E as tuas palavras foram escutadas pelos indomáveis filhos da Gótia, e eles
ajoelharam aos pés da cruz.
Era que nessas palavras divinas havia uma poesia celeste, a qual as almas
rudes mas virgens
Setentrião sentiam do
casar-se com as suas primitivas virtudes.
Dantes, nos conselhos dos prelados, dos nobres, dos homens livres as leis
iam buscare aaferir-
sabedoria sanção seda
pela utilidade comum. Lá o rei sabia que o poder lhe
vinha de Deus
dos godos, queeoda vontade
cetro era cajado de pastor, não cutelo de algoz, e a coroa
auréola de vanglória.
uma carga pesada, não uma
Hoje, a espada substituiu o conselho dos prelados, dos nobres e dos homens
conquista, a leiévontade
livres: a coroa uma do desonrado vencedor de pelejas domésticas, a
liberdade palavra mentida.
Império de Espanha, império de Espanha! por que foram os teus dias
contados?
3
O sol oriental que ora bate ridente no pavimento da igreja aflige a minha
alma, porque
alumiando esta meterra
parece que,
condenada, se assemelha a homem cruel que viesse dar
do
umamoribundo.
risada junto ao leito
Por
Pela
É
passar
então
que
escuridão
ante
que
te havia
siele
eda
estampa
dá
colige
eunoite,
movimento
de as
amar,
nos
nas
suassombras
lugares
ó recordações;
sol,
e vida
seermos
que
aos
tu és
openhascos,
erodeiam
oune,
às
inimigo
horas
parte,
um
mortas
voz
dos
transmuda
universo
sonhos
e entendimento
do alto
transitório,
do
as imagens
silêncio,
às
imaginar;
arealidade,
mais
selvas
gemem
das
mas
fantasia
existências
para
ardente
que
à ele
mercê
do
se
eseatu
real.
homem
emeneiam
realidade
robusta.
nos
que
da brisa
chamas
viu
é eé noturna.
tãoà triste?
E é belo esse mundo de fantasmas aéreos, por entre cujos lábios descorados
não transpiram
perjúrio nem e a cujos olhos sem brilho não assoma o reflexo de
nem dobrez,
ânimos pervertidos.
Aí há o repouso, a paz e a esperança que desapareceram da terra; porque o
mente
mundopura do poeta:
das visões elao dá
cria- a corpo e vulto ao que já só é ideal, e o passado,
deixandoergue
sudário, cair o-se
seuemimenso
pé e, pondo- se diante do que medita, diz-lhe: - aqui
estou eu!
E este o compara com o presente e recua de involuntário terror:
VI - SAUDADE
Eugênio Toledano,
Opúsculos - XI.
Saltei na barca; o ruído que fiz despertou Ranimiro. - "Ao largo" - disse-
lhe eu. Empunhou os remos, e
partimos.
Era feliz neste momento, porque repousava de amarguras. Olhei para a barca:
novo à proa.
Ranimiro Repousavam
adormecera de bem perto um do outro a matéria e o espírito.
Por que não adormeço eu, como o rude barqueiro, ao murmúrio das vagas
brisa do norte?
sonolentas, ao sussurro da
Porque mulher bárbara não entendeu o que valia o amor de Eurico; porque
sabia
velho mais um nome
orgulhoso de avós do que eu, e, porque nos seus cofres havia mais
e avaro
alguns
do que punha dos de ouro
nos meus.
Não eras tu emanação e reflexo do céu? Por que não ousaste, pois, volver os
abismo do omeu
olhos para amor? Verias que esse amor do poeta é maior que o de
fundo
nenhum como
imenso, homem; porque
o ideal, queé ele compreende; eterno, como o seu nome, que
nunca perece.
Hermengarda, Hermengarda, eu amava - te muito! Adorava - te só no
santuário do
enquanto meu coração,
precisava de ajoelhar ante os altares para orar ao Senhor. Qual era o
templos?
melhor dos Foidois
depois que o teu desabou, que eu me acolhi ao outro para
sempre.
Por que vens, pois, pedir -me adorações quando entre mim e ti está a cruz
quando a mão inexorável
ensangüentada do calvário;do sacerdócio soldou a cadeia da minha vida às
lájeas frias passo
o primeiro da igreja;
alémquando
do limiar desta será a perdição eterna?
Mas, ai de mim! esta imagem que parece sorrir- me nas solidões do espaço
estáminha
na estampada
alma eunicamente
reflete-se no céu do oriente através destes olhos perturbados
que
pelalhes
febrequeimou as lágrimas.
da loucura,
A isto chama prudência o mundo estúpido e ambicioso; a isto, que não é mais
do que umasacrilegamente
abençoada prostituição perante as aras sacrossantas.
Oh, quantas vezes esse pensamento repugnante me tem feito vaguear louco
pelas montanhas,
como uivando
o lobo esfaimado e tentando despedaçar os rochedos com as mãos,
donde me goteja o sangue!
E tu folgas e ris! Oxalá nunca saibas quão imenso e atroz é o meu tormento,
homens
que devodebaixo de aspecto
velar diante dos tranqüilo, como se, em vez de martírio, ele fosse
um abominável crime.
4
Asluz
Tens
A
apagar-se
Mas minhas
orazão,
brilhante
sol,então,
apenas
paixões
consciência!
decomo
nasceu
afeições
nãoapodiam
lâmpada
Quando
para
e esperanças
mim,
morrer,
aos
do logo
templo
pésporque
ado
desapareceu
queao
venerável
vivia
eram
amanhecer;
eimensas,
que
no
Siseberto
ocaso,
me
porque
povoava
e oeoque
os
gardingo
euque
éo me
E quem
Eurico
abandonava
coração
avoltava-
crêem
pensam
imenso te disse,
luz doalumiado
jurou
éque
de
Senhor.
me
eterno. presbítero,
felicidade
para
vivo
oque
mundo,
mal
oemcéu,
trevas!
devia
devia que
buscando o teu amor não era um crime?
despir as paixõ es que do mundo trouxera.
E assim, nem ouso pedir a paz do sepulcro; porque para mim
não haveria paz, senão no aniquilamento.
O aniquilamento! Que mal te fiz eu, ó meu Deus, para não me deixares cá
dentro mais
risonha, maisque
queuma
um idéia
desejo capaz de encher o abismo da minha desventura?
Queesse
que mal desejo,
te fiz euessa
paraidéia seja a que unicamente resta ao precito que se
angústias?
revolve em perpétuas
Mas para mim, como para ele, tal pensamento é vão e mentido! Eternidade,
eternidade,
homem estáaencerrada
alma do e cativa no ilimitado do teu império!
VII - A VISÃO
Código Visigótico - 1 - 1 - 2.
O sono ou a vigília, que me importa esta ou aquele? As horas da minha vida são quase todas dolorosas
porque
do a imaginação
homem não pode dormir.
Esta foi para mim uma noite cruel. Ainda o suor frio que me corria na fronte
se não secou;
coração pareceainda o
mal caber no peito, e o pulso bate desordenado e violento.
Terribilíssimos
Diz-
Eram as
ossos me voz
o vento
horasfrio íntima
das da foram
trevas
noite, queosesse
sonhos
profundas. doloroso
e parecia-me
Sem queque
saber Deus
espetáculo
oscomo,
membros mandou
achava-me ameao
hirtos seno que
visoprebístero;
assistiu
haviam
mais alto dominha
pregado mas,
topoalma
Calpe:
no da é,
porventura,
ósignificação.
dos
E Espanha,
esta
teus
foidestinos.
traspassava-me
penedia. a oavisão:
mais
mistério
medulaterrível
dos é a sua 2
Olhava fito ante mim, e os meus olhos rompiam a escuridão do horizonte,
como se a luz do sol o
iluminasse.
Eis o que eu vi nessa hora de agonia, depois de estar ali alguns não sei se
instantes ou séculos.
O mar cessou de agitar- se e rugir, semelhante ao metal fervente destinado
colossal que resfriasse
para a feitura de estátuade súbito em vasta caldeira.
Tudo a meus pés era um plano uniforme, ermo, afogueado, como a atmosfera
que pesava
dele: e, além,em cima
jazia o cadáver do mar.
Subitamente, naquele vasto horizonte, até então puro na sua luz horrenda, dois castelos de nuvens
cerradas e negras
começaram a alevantar-se, um da banda da Europa, outro do lado de África.
Já as nossas praias foram visitadas por eles, e para os repelir cumpriu que
desembainhasse
ilustre Teodomiro,a espada
o último o guerreiro, talvez, que mereça o nome de neto dos
godos.
Terra em que nasci, se o teu dia de morrer é chegado, eu morrerei contigo. Na
de África
procela deixarei
que submergir o meu débil esquife, sem que a esses gemidos
se alevanta
que ouvi
meus. seme
Que vãoimporta
ajuntar aosvida ou a morte, se o padecer é eterno?
VIII - O DESEMBARQUE
DO PRESBÍTERO DE CARTÉIA
AO DUQUE DE CÓRDUBA
Duque de Córduba - não creias que o meu espírito se volte hoje para as
misérias
uma tardiadasaudade.
terra, impelido
Não! De porque me serviriam o ouro, o poder e a grandeza?
desse lodo não
Para tomar um se curvaria o presbítero. O único afeto eterno, que, talvez,
punhado
resta fogo
pelo a estedacoração
desdita,depurado
o amor da pátria, sentimento confuso e indefinido, mas
indelével, é quem
Eurico a dizer- te oobriga
lugar em que veio coar gota a gota as horas aborridas da
sua tormentosa existência.
Teodomiro! Teodomiro! Um dia tremendo se aproxima, em que a Espanha
goda.
deve serEmosonhos
túmuloantevida raçaesse dia, e, após os sonhos, a medonha realidade aí
se me alevanta
olhos. Cartéia estádiante dos como as demais povoações vizinhas. Apenas eu
deserta,
ouso demorar-me
imediações do Calpe;nas porque sei, passo a passo, todas as veredas que guiam
tendo-as
ao topo dos regado muitas vezes com lágrimas, tendo- lhes muitas mais
desfiladeiros,
confiado
agonias. As a história
cidadesdas minhas
despovoam-se, e, como elas, os campos convertem-se
sorriam no vicejar
em ermos. Embora ainda das searas, no florescer dos pomares, no murmurar das
fontes:
consterna;semelhante
porque osorrir homem desapareceu no meio desta cena formosa, e o
ruído
em da vidadeconverteu-
silêncio morte. - Os se árabes! - eis o único grito que o interrompe; e
peste quandomaldita
esta palavra passa: seguem-
é como ana o susto e o desacordo. A vileza do coração
todatrês
paterno.
Há
Estreito:
Cartéia
soldados
reconheceram
pelas
amplas
quandoaarmaduras
hediondez
vestiduras
dias,
eanoiteceu,
Cada
vinham
que
algumas
ao
tinham
qual
logo
romper
pesadas,
do
dodos
entestaram
as
busca
os
lado
seu
ajudado
faldas
trajos
filhos
da
aspecto.
de
salvar-se
pelos
manhã,
da
Septum.
edo
acom
as
montanha
repelir
largos
Oriente.
armas
Oum
aaterror
Ilha
si
Corremos
ferros
os
grande
próprio.
dos
Daí
Verde.
primeiros
apareceram
acabou
árabes.
dos
anú
pouco,
àOs
Via
franquisques
mero
praia.
com
netos
Entre
assaltos
-se
alumiadas
toda
os
de
Dentro
distintamente
dos
mais
estes,
velas
ados
frota
nobres
esantos
de
porém,
pelas
africanos
por
velejou
poucas
muitos
godos
afetos
o nas
humano surge após ela em
e, atéocom
converteram-
desprezível
branquejavam
horas
reluzir
costas
divisavam-
estringes
para
fachos.
desembarcado.
entraram
de
lado
das
Osmais
Espanha
oarmas,
árabes
do
se
de
amor
se
muitos
sobre
curtas
Calpe,
covardes
nanum
tinham
efilial
baía
vários
as
que
bando
godos,
e,de
águas
eegoístas.
as do
A ansiedade era indizí vel. Demudadas as faces, olhávamos uns para os
pela sorte
outros. datremiam
Eles Espanha.por
Massi; por
eu que entre esses que pareciam inimigos se
achava
de tãoEsta
godos? avultado número
pergunta significava a nossa derradeira esperança.
Era alta noite quando cheguei à montanha. Subindo pelas que bradas,
salvando
com precipícios,
as fragas cosendo-me
tortuosas, descendo pelos leitos das torrentes, cheguei a um
que das raízes
rochedo da serrania
contíguo à planícievai morrer no rolo do mar, na costa oriental da
baía. Era aí queaos
desamparando árabes,
frota, se haviam acampado. Comprimindo o alento,
uma tenda mais
aproximei- vasta, alevantada
me insensivelmente dejunto do penhasco a que eu chegara sem ser
percebido.
fenda Por uma as telas mal unidas do pavilhão, descortinei o que se
que deixavam
passava
tochas queno tinham
interiornas
à luz das dois etíopes, cujos rostos negros contrastavam
mãos
roupas. Assentado
com a brancura dasno chão, com os braços cruzados, um árabe mancebo
suas
parecia escutar
um guerreiro atentamente
godo que, em pé no meio dos outros dois, tinha as costas
espanto
voltadasepara
ao mesmo
mim. Comtempo com alegria, percebi que se exprimia em romano
rústico,vio que
pouco, qual,odaí
moçoa árabe falava como se fosse a própria linguagem.
Comecei então a escutar
atentamente.
- Váli dos cristãos! quem te fez crer que Tárique podia ser vencido? Vi em
que me odisse:
sonhos profeta- "a
deEspanha
Deus, curvar-se-á ao Alcorão" - e Maomé não mente!
Ainda sem
arrojado ti, eu
sobre me teria godo, e a minha lança o faria cair a meus pés
o império
moribundo,
tivesse quando
fechado Sebta quando
as portas; me todos vós os godos estivésseis unidos
Maomé o seuDeus
contra mim. profeta!
é grande, e
DO DUQUE DE CÓRDUBA
AO PRESBÍTERO DE CARTÉIA
Vives ainda, Eurico! Perto de Córduba, onde existia o seu antigo irmão de
armas, o herói
cantábrica da teve
nunca guerra
um impulso de afeto que o levasse a revelar o mistério
do seu retiro,
enviasse uma em que de consolação para a saúde fraterna. Acusas de
palavra
Espanha,
egoísmo eefereza
caíste os
na filhos
mesmadaculpa: foste egoísta e cruel. Não podias crer, por
certo, queesquecido
houvesse eu me de ti: larga experiência te ensinou que as minhas afeições
profundas. Mas eaquele que te amou tanto; aquele que poria a vida para salvar
são duradouras
a tua; que nuncaouteve
contentamento mágoa que fosse para ti segredo, trataste-o com o mesmo
desprezo
nobre com que,
orgulho no teu
de desgraçado, trataste o resto do mundo; e do limiar do
mesmo adeus de lhe,
templo disseste- ódiotalvez,
e despeito
o que disseste ao resto do gênero humano.
É nos dias em que se abre para a pátria uma longa carreira de desventuras,
que
como tuasurge, gardingo,
lembrança querida dos formosos dias da nossa mocidade; é na
véspera
vai de uma
resolver se háluta, em livre
de ser que se ou serva a terra dos godos; em que mil
assaltam
cogitações o espírito
tristemente e mesolenes
obrigam mea não me afastar de Córduba, onde
ajuntar
cativo,
Sim,
ameaçam
cingirás
aEurico
deixou
ebriedade
que
devida
uma
aígardingo!
dos
passaram,
achará
que
um
os
vida
dederribar
da
valentes
combates
nome
novo
dede
glória
bom
umhumildade
-aoque
Hoje
ângulo
adeposta
alívio
companheiros
número
que
cruz
em
nãoque
te
defesa
erguida
eda
morrerá
espera,
econforto
dos
oabnegação.
Bética
esquecida
império
da
seus
no
de
porventura,
enquanto
pátria
me
que
cimo
antigos
nossas
éespada.
dizes
abalado
vejo
Esta
e das
daglórias
durar
guerreiros,
teres
glória
fé,
-nossas
achará
eu
Emnos
aceitarão
avivo!
buscado
de
Córduba,
memória
será
seus
catedrais;
ooutrora;
teu
etanto
-fundamentos;
os
Embora!
com
pobre
debalde
mais
onde
do
maior,
éjúbilo
hoje,
desbarato
quando
coração,
ousados
seJá
nos
tu
quanto
ajuntam
para
que
que
a é
incessantemente trabalho por
vozas
não
serás
os
despirás
já
mancebos,
seu
dos
despedaçado
braços
certo
pagãos
capitão
vascônios
do
me
tiufadias
tude
que
dever
éque
adado
nunca
uma
de
estringe
que
ovirás
África
pelas
me
homem
da
epiedade
buscar-te,
ora
francos.
otem
Bética,
lançar-
sacerdotal
paixões
encetam
como
que
austera,
Na
te nose braços do teu amigo.
império godo se viu tão perto da sua última ruína, e que nunca foram postos a
tão dura prova
e a lealdade doso seus
esforço
filhos.
As novas que me dás da traição do bispo de Híspalis são assaz graves: mas
circunspeção
são necessáriase aa prudência. Os teus ouvidos podem ter-te enganado. Se essa
trama horrível
estender- se-ia existisse,
por toda a Espanha. Sabes que Opas é tio dos moços Sisebuto
e Ebas,são
coroa cujas pretensões
conhecidas, à
pretensões que os benefícios de Roderico ainda, por
esquecer.
certo, lhesDiz-se que o rei dos godos lhes confiará o mando de uma das alas
não fizeram
do exército àcom
encaminha que Este
Bética. se procedimento generoso obstaria a que rebentasse a
agora de satisfazer
conjuração. Não se ódios
trata de parcialidades civis: trata- se de salvar o império.
Foratem
não mais que imolar
nome infâmia;a Espanha no altar de ambiciosa vingança. Não.
Embora estejamos
exemplo do conde decorruptos:
Septum onão será entre nós seguido.
Vem, Eurico, para que reverdeçam os louros da tua glória. Ouves a voz da
Vem combater
pátria? portesalvar-me,
É ela que brada: - tu, o mais valente dos meus filhos!
DO PRESBÍTERO DE CARTÉIA
AO DUQUE DE CÓRDUBA
Eurico a Teodomiro, saúde!
Não alcançaste, duque de Córduba, quão fundo é o abismo cavado neste
coração
me pela
queixo dedesventura. Nãoa ti, nem a ninguém é dado concebê-lo. Medes o
ti; porque nem
meu espírito
humanos; maspelos afetosnão sabes como ele saiu depurado do crisol de
é porque
padecer infernal.
Glória! Que me importa a mim a glória?
Já me teria assentado a esse frenético banquete nas guerras civis, se ainda não
vivesse em moral,
sentimento mim o sentimento irreflexivo, último, todavia, que se desvanece
anos viveu
naquele quevida
por pura de crimes. Mas, sem crime, se pode assentar a ele um
largos
desgraçado
chamar por como eu aono meio de um grande perigo, a terra de que somos
nós todos,
filhos.
Teodomiro, breve virá, talvez, o dia em que vejas que o braço do gardingo
não enfraqueceu
das roupas debaixo em que ele te prove que a mortiça cor de uma negra
do presbítero;
bela ao solpode
armadura das batalhas
ser tão como as couraças e os elmos resplandescentes de
nobres guerreiros;
franquisque quede
grosseiro o um obscuro soldado pode contribuir para a vitória
capitão
como a famoso. Oxalá de
perícia militar que entretanto, seja verdade o que dizes! - Oxalá que
eu me enganasse,
traição e que a inúteis a inteligência e o braço do homem para
não tenha tornado
salvar as Espanhas!
IX - JUNTO DE CRISSUS
sretumbavam
Em
Poucos Híspalis,
tiufadias
recebeu-o
presbítero,
de
costumes
Hípalis
seguido
clientes
obrinhos,
Septum
dias
viam-se
àoele
daquela
hoste
bando
com
quase
eahaviam
se
contra
quem nas
como bigornas
demonstrações
encaminhara
do
chegar
dos
se
época,
bispo
Roderico
os por
desvaneceram.
passado
mancebos
demais
todos todos
guerreiro,
tinha
para
depois
dera
os
godos
de
depostocom
Sisebuto
dias os
Híspalís,
alegria
deque
Na
que
que
os
feito ruído
ângulos
linguagem
oprometia
parentes
oetentavam
tais,
báculo
duque
oEbas
seguindo
mando
que incessante:
ede
de da
acompanhar
que,
as
do
unidos
pastor
supremo
Opas
Córduba
as Espanha,
suspeitas
sacerdote
pela
margens
e,para
com
maior
por
de açacalavam-se
recebera
ode
cingir
os
parecia
rei
uma
isso,
do os
Teodomiro,
parte,
bárbaros,
godo
Bétis.
das
de Aomartelos
aaespada
reverberar-se
última
Vítiza,
viviam
com
alas
assolar
Rodrigodo
chegar
suscitadas,
um
de
carta
cujo
longe as
exército
esquadrãodos
guerreiro,
airmão
do
de
armas,
àindignação
terra
da
antiga
infeliz
corte,
malgrado
que
natal.
este
emais
Toledo:Rômula,
aos
Eurico.
era.
Opaços
seu,
DasOs o Coisas de Esp. L. 3.º
Afundidores
puliam-
bispo
pelas
profunda
metropolita,
epis
nobres
ajuntavam
lustroso
congregara
frente
copais se
revelações
Opas
que
que
das
contra
os eToletum.
tinham
de
emsuas provavam-se
segundo
oseus
de armeiros
odo
seus
conde
servos
os e as
armaduras; e os corcéis rápidos e robustos da Bética e da Lusitânia,
impacientes
em roda dos nas tendas
muros alevantadas
da cidade, mordiam os freios brilhantes e pareciam
um dia de que
adivinhar combate.
estavaOs servos e os libertos, em competência com os homens
próximo
livres eos
rodear nobres,
pendõescorriam a
da independência da pátria, e o sangue generoso dos godos
mais
comoardente e cheio de vigor ao grito da guerra santa, depois de uma
que se despertava
sonolência
antiga secular,
ousadia em sinais
só dera que à desuavida nas lutas sem glória das dissensões
intestinas.
E toda esta energia, todo este recordar-se da rica herança de esforço, legado
pelos conquistadores
setentrionais a seus netos da Ibéria, dir-se- ia que eram suscitados pela
monarquia
Providênciagótica, porque
para salvar a de tudo isso ela carecia para resistir aos invasores.
Desde que
destes, o exército
semelhante a serpe monstruosa, tinha cingido estreitamente a
montanha
passara umdoúnico
Calpe,dianão
em se que não se fortalecesse e engrossasse. As encostas
despenhadeiros
do Ábila e os do Atlas, os vales da Mauritânia e os areais de Saara e de
Barcaa de
para contínuo
Europa, arrojavam
através do Estreito, os seus filhos tostados ao sol fervente de
militar, estesperícia
África. Sem bárbaros são todavia temerosos nas pelejas, porque os capitães
experimentados
os dirigem e movem da Arábia
como lhes apraz, e, porque sectários de uma religão
nova, crédulos
inferno, buscammártires do
os embusteiros e torpes deleites que, além da morte, lhes
Iatribe, arremessando-se
prometeu o profeta de com um valor que se creria de desesperados diante
do ferro dos
contrários seus
e contentando- se de acabar, contando que sobre os seus cadáveres
estandarte do Islame.
se hasteie vitorioso o
A esta gente bruta e indomável, cujo esforço vem das crenças da outra vida,
de cavaleiros
se ajuntam os sarracenos
esquadrõesque vagueiam pelas solidões da Arábia, pelas
planícies
da Síria, do Egito
e que, e pelos vales
montados nas suas éguas ligeiras, podem rir -se do pesado
acometendo
franquisque dos e fugindo
godos,para acometerem de novo, rápidos como o
pensamento,
seus inimigos,volteando
falsando-aolhes
redor dos pela juntura das peças, cerceando-lhes
as armas
os membros
desguarnecidos, quase sem serem vistos, e apesar da sua incrível destreza,
frente a frente,
pelejando, quandodescarregando
cumpre, tremendos golpes de espada, topando em cheio
com a os
como lança no riste,da Europa, e assaz robustos para, muitas vezes, os
guerreiros
recontros
fazerem voarviolentos:
da selahomens,
nestes enfim, que sem orgulho, se podem crer os
primeiros
campo de do mundo
batalha, num
pelo valor e pela ciência da guerra. É esta cavalaria
irresistível
da hoste dosque constitui o enervo
muçulmanos em que funda todas as suas esperanças o
impetuoso Tárique.
Pouco depois da chegada de Teodomiro a Híspalis, um dia ao romper do sol,
banda
viu-se das serranias
ao longe paraaoa norte do Bétis resplandecerem as cumeadas das
montanhas,
incêndio como seasum
devorasse grandee os carvalhais antigos que povoavam as
brenhas
quebradas
hoste do reidasdosserras.
godos,Era a saindo de Oreto, se encaminhava por Ilipa e
que,
direita
Itálica, do rio, para
seguindo a antiga capital da Bética. Daqui, engrossando com as
a margem
tiufadias
com os que de seguiam
Teodomiro e
o pendão de Opas, o exército de Roderico devia marchar
epara
entregar à sorte
acometer os árabesdas batalhas os futuros destinos da Espanha.
Havia dois dias que nenhum incógnito atravessava o Críssus para falar a sós
com Juliano
Estes passavam e Tárique.
horas inteiras vagueando nas alturas vizinhas do
do oriente. Dalipelo
acampamento olhavam
lado dopara a montanha
meio- dia e em cujo cimo campeava a antiga
povoação
depois de adeexaminarem
Asta, e, por largo espaço, voltavam ao campo ou corriam às
multiplicavam
atalaias, que secontinuamente. Depois, tudo recaía no silêncio e na escuridão;
porque as noturnas,
fogueiras almenarasqueou eram de uso entre os árabes, haviam inteiramente
cessado
noite emdesde a primeira
que estes assentaram as tendas perto da beira do rio.
Quando o sol, rompendo detrás dos outeiros de Segôncia, veio com o seu
clarão avermelhado
as veigas do Críssus,inundar
o espetáculo que elas ofereciam era variado e sublime.
árabes
De um derramadas
lado as tendas pelas
dosraízes dos montes e pelos cimos dos outeiros,
podiam comparar-se
acampamento ao do deserto, que, emprazadas à voz do profeta se
das tribos
houvessem
ponto únicoajuntado numonde vagueiam. Diante desta cidade imensa e
das solidões
muçulmanos, divididos por
movediça, os esquadrões dosfamílias e raças, estavam firmes e cerrados em
frente
os de seus
alferes, pendões,
montados emque
ginetes possantes, sustinham erguidos na retaguarda
matutinos faziam
de cada tribo. alvejar os turbantes e cintilavam nos ferros das lanças que
Os raios
os cavaeleiros
punho, tinham
os leves em orbiculares, que os compridos saios de malha
escudos
pareciam
embaraçadostornar inúteis,
já para o combate, brilhavam com as suas cores vivas e
romper do dia.
variadas à claridade serena do
X – TRAIÇÃO
-leiro
como
tremer
exércitos
cavalos.
duas
assonância
extensas
respirando
relampaguear
ferro
são
oumCristo
combate
brado
dirigidas,
nuvens
godo,
edois
eumeEssa
vergar
ribas,
fileiras:
vai-se
avante!
retumba
bulcões
converteu-se
concerto
um
ehorrenda
deos
não
distância
rápido
alento
as
debaixo
pó.
dois
gradualmente
cruzam-nas
lanças
pelos
-por
enovelados,
Desapareceu!
bradaram
diabólico
contendores
de
dos
fumegante.
cima
entre
mil
sons
num
do
cruzadas
frapeso
gemidos,
do
nquisques,
as
articula
duelo
espantados
os
de
confundindo
estrupido:
que,
duas
daquela
godos:
blasfêmias,
esquecem-se
Não
Como
ferem
imenso
em
muralhas
dos,
sobreleva
seoevez
quase
odistingue
os
tempestade
cintilar
os
mas
são
estourar
ou,
num
ginetes
de
esquadrões
de
os
pelos
de
aantes,
correrem
ao
pragas,
um
som
capitães
passageiro
ferro
tudo
som
naquele
do
sem
tempo
gestos
de
único,
em
rolo
quanto
estreita-se,
cavo
de
homens.
donos,
de
pela
milhares
que
injúrias
de
oceano
nos
de
Roderico
ao
dos
que
atmosfera
buscam
mar
ódio
ospasso
escudos,
nitrindo
elmos
O
tiram
rodeia:
encapelado,
de
estreita-se!
agitado
em
eruído
desesperação
precipitaram-se
duelos.
que
ordenar
romano
as
de
de
nas
nos
são
abafado
armaduras
obronze;
mais
terror
chão
asas
arneses,
dois
Cada
É
as
etombando
que
apenas
em
da
intermé
batalhas.
einimigos,
enão
de
dos
cavaleiro
bem
procela,
árabe,
obatendo
nos
ao
cólera,
fuzilar
se
que
uma
encontro
distinto
dio
capacetes.
ouve,
de
Debalde!
inteligíveis
as
cujo
súbito
rolam
faixa
árabe
se
com
na
trêmulo
proferem.
senão
embebe
terra.
ódio
dodos
asnaAs
Umo
muçulmanos.
terra,
mover
debaixo
tortuosa
sobre
longo
Baralham-se
crinas
das
tinir
para
De
fileiras
travou-se
nasceu
vez
espadas,
do
aqueles
que
os
gemido,
eriçadas
dos
etêm
em
ferro
dos
lançada
alcantis
encaneceu
com
parece
dois
quando,
rareado:
pés
oaas
no
São
quem
um
e dos
entre
decava- as
num mo mento, e num momento esse rancor é intenso quanto o fora, se por largos dias se acumulara
sem poder
Firmes, os resfolegar.
guerreiros cristãos vibram a pesada acha de armas que tomaram dos francos, ou jogam a
espada curta
antigos e larga
romanos, dos as lanças voaram em rachas tanto das mãos dos godos, como das dos árabes.
porque
Estes, curvados sobre
os colos dos cavalos e cobertos com os leves escudos, volteiam em roda dos adversários, e, quase ao
mes mo tempo,
acometem os e por outro lado, tão rápido é o seu perpassar. Nesta luta da força e da destreza, ora o
por um
duro neto dos
visigodos, deslumbrado pelo incessante dos golpes, esvaído pelas muitas feridas, sufocado pelo peso da
armadura,
cai, como ovacila e gigante; ora o ligeiro Agareno vê coriscar em alto o franquisque e logo o sente, se
pinheiro
ainda sente,
embargar-lhe o último grito na garganta, até onde rompeu, partindo-lhe o crânio, e sulcando-lhe o rosto.
Assim,
dos doisosexércitos
centros semelham o tigre e o leão no circo, abraçados, despedaçando-se, estorcendo-se
enovelados,
possível semoque
prever seja da luta, mas tão-somente que, ao adejar a vitória sobre um dos campos, terá
desfecho
descido
outro sobre o e o repouso do aniquilamento.
o silêncio
O recontro dessa ala foi semelhante em tudo ao do grosso das duas hostes,
encontrava
salvo que aíno ar o franquisque, a injúria de godos respondia à injúria
o franquisque
proferida
as por bocas
imprecações de godos,
do ódio e se com maior violência ainda. Teodomiro
trocavam-
combatiaonde
tiufadias à frente
maisdasaceso
suasia ser o travar da batalha, sem, todavia, esquecer o
isto;
ofícioera
deocapitão.
exemploEra que tornava invencíveis os seus soldados. Guiando os
cavaleiros tingitanos,
também rompera Juliano
primeiro adiante dos árabes. Os dois antigos companheiros
topado em cheio,
de combates haviam e as lanças voaram-lhes das mãos em rachas. Os cavaleiros
passaram
como um pelo outro
relâmpagos, para logo tornarem a voltar arrancando das espadas.
Neste momento, por uma das pontes já desertas lançadas na noite antecedente
um
sobrecorrer de cavalo
o Críssus soavaà rédea solta. Alguns soldados que andavam mais perto
da
lá osmargem
olhos. volve ram parade estranho aspecto era o que assim corria. Vinha
Um cavaleiro
negros o elmo,
todo coberto deanegro:
couraça e o saio; o próprio ginete murzelo: lança não a
trazia.
sela umaPendia
grossa-lhe da direita
maça ferradadade muitas puas, espécie de clava conhecida
pelo nomea de
esquerda armaborda, e da dos godos, a bipene dos francos, o destruidor
predileta
encosta de onde
franquisque. SubiuRoderico
rápido atendia
a aos sucessos da batalha. Parou um
momento
outro lado,e,endireitou
olhando para um e para o lugar onde flutuavam os pendões das
a carreira
um rochedo
tiufadias pendurado
da Bética. Como sobre as ribanceiras do mar, que, estalando, rola pelos
despenhadeiros
abrindo um abismo,e, se atufa nas águas, assim o cavaleiro desconhecido,
rompendo por
precipitou- entreonde
se para os godos,
mais cerrado em redor de Teodomiro e Muguite
fervia o pelejar.
Juliano tinha- se aproximado no entanto do esforçado duque de Córduba,
combater
que, feridocom o destroae feroz renegado, a custo se poderia defender dos
e obrigado
ogolpes
ódio edoa conde, golpes que
cólera dirigiam. Alguns cavaleiros da Bética voaram a socorrer
Teodomiro;
com que andavammas ostravados
árabes tinham-nos seguido de perto e, rodeando
socorro
Muguite,dos cavaleiros
haviam tornado cristãos.
inútil Oo apertado revolver das armas formava uma
selva de ferros
dos dois capitãeseminimigos,
volta através da qual debalde o conde de Septum
caminho para ferir
buscara multas Teodomiro,
vezes abrir até que finalmente, galgando por cima de um
árabe derribado,
vibrar um golpe. pudera
O elmo do nobre godo restrugira, e o guerreiro vacilara. A
última página
parecia escritada nosua vida
livro dos destinos. Os dois adversários do duque de
que aindaiam
Córduba lhe tingir
restavam em branco.
de negro as
Roderico viu isto e exultou. O sol inclinava -se para o ocaso e o centro do
exércitoTárique,
achava árabe, onde se firme; mas os cla mores do triunfo, que já soavam na
estava
começavam
ala esquerda ados espalhar a incerteza entre os soldados do profeta. Foi então que
cristãos,
ào sua
rei dos godos ordenou
ala direita descesse contra os berberes e, dispersando- os, acometesse os
que pareciam
esquadrões dehaver lançado raízes no solo ensangüentado do campo da
Tárique,
batalha.
Um qüingentário partiu à rédea solta para levar a ordem fatal aos filhos de
soldados
Vítiza. A os doisdos
frente irmãos
seus falavam a sós com Opas e contemplavam o combate.
Apenas ouviram
lhes ordenava, o que see Ebas, voltando-se para os esquadrões que lhes
Sisebuto
"vingança!” - Este brado
obedeciam, clamaram: - foi repetido por Opas e pelos nobres que o
seguiam.selva
espessa Então,
de no meiorepercutiu
lanças daquela um grito que respondia aos dos capitães: -
"Glóriaaoaotraidor
Morte rei Sisebuto!
Roderico!"
XI - DIES IRAE
O chão pareceu afundir -se com o encontro daquelas duas mós enormes de
dos botesarmados,
homens das lanças e onos
ecoescudos convexos e nas armas sonoras dos
cavaleiros
fronteiras erepercutiu
desvaneceu- nasseencostas
ao longe, murmurando entre as quebradas. Desde
o primeiro
mais embate,distinguir
fora possível não os exércitos travados como dois lutadores
indelineável,
furiosos. Era um monstruoso,
vulto só, imenso, cujo topo ondeava, semelhante ao de
cujos
nenúfares
espadas
regos
das
muitos
misericórdia:
de
O
soubesse
desconhecido
cavaleiro
sangue,
pancadas
contornos
nas
cavaleiros
sarracenas
dizer
fileiras
sobre
serpeando
negro,
violentas
oecomo
punhal
das
indecisos
marnel
árabes,
combatiam
ao
cruzavam-
suas
ou
por
cessar
acabava
dos
revolto
onde
quase
eentre
se
os
manguais
aagitavam,
membros
ase
batalha
se
incríveis
as
pé.
pelo
oescondera.
com
que
duas
Desgraçado
despenhar
da
oas
do
hostes
torciam,
ossudos
franquisque
façanhas,
peonagem
espadas
diaSó
antecedente,
enredadas
Teodomiro
das
do
dos
alargavam,
godas:
os
que,
torrentes.
mourisca.
ou
peões
tiufados
aferido,
aecimitarra
cateia
desaparecera
lusitanos
salpicando
parecia
diminuíam,
Nuvens
eMuitos
caía
qüingentários
teutônica
não
começara.
em
e de
ginetes
as
oterra;
do
setas
ia,
canavial movido pelo vento
oscilavam,
sibilavam
zumbindo,
cantabros
vagueavam
porque
Dir
frontes
descarnadas
campo,
ignorar;
que -se-ia
em epara
sem
volta
porque,
corpos,
que
estouravam
nos
abrir
como
sem
ele
que
edele
os
ares:
rotas
não
fundos
donos;
ao
ninguém
regatos
eram
tapetes
falarem
as
daquele
havia
debaixo
as de
veias
do
grande vulto, coleando na derradeira agonia.
esperavam o romper da manhã e o recomeçar da peleja, o duque de Córduba
buscara sempre
conversação mudar de carregando- se-lhe o semblante de tristeza: - "É,
ou respondera,
desgraçado
porventura, que procura o repouso da morte, e para o homem que resolveu
algum
morrer,
será que feito de
i mpossível? Se valor
ele não quer deixar na terra nem o eco vão de um nome
desejos, porquerespeitai-
glorioso, profundolhe
deve
os ser o abismo da sua desventura".
Como na véspera, o sol inclinava -se das alturas do céu para o ocaso, e ainda
a batalha
se é que oestava
terror indecisa,
que incutia o cavaleiro negro no lugar onde pelejava não
fazia pender
balança um dos
do lado pouco a De repente, um grito agudo partiu do mais
godos.
este gritorevolver
espesso gigante,do indizível,
combate;de íntima agonia, era o brado uníssono de muitos
homens;
doloroso era o anúncio
de um sucesso tremendo. O cavaleiro negro, que, impelido pela
semelhante
ebriedade doa sangue,
rochedoeque se despenha pelo pendor da montanha, ia
derramandodo
esquadrões a morte
Islame, através
volveudos
os olhos para o lugar onde soara o bramido
retumbante
no centro dodaexército
multidão. EraAs tiufadias vergavam em semicírculos para a
godo.
açude
banda minado
do Críssus,pelacomo
torrente,
o a ponto de desprender-se das margens, oscila e se
curva,
veia bojando
inferior dassobre
águas.a A muralha de ferro que, posta entre o islamismo e a
profeta
Europa,de Iatribe
dizia - não do
à religião passarás daqui - vacila, como a quadrela de cidade
fortificada
dias batidademuitos
por vaivém inimigos. Por fim, aqueles vastos maciços de homens
ligados pela cadeia
da disciplina, do pudorfortíssima
militar e do esforço, derivam rotos ante os turbilhões
derramam-se na
dos árabes, ondeam e campina. Pelo boqueirão enorme aberto no centro da hoste
goda
ondasprecipitam-se
dos cavaleirosasmaometanos, e, após eles, a turba dos berberes, com um
Debalde as alas tentam ajuntar- se, travar- se uma com a outra, soldar os
bramido bárbaro.
membrosPassa
ibérico. despedaçados do leão corrente dos netos de Agar que envolve e
por lá a impetuosa
arrasta os
vadeá- la. que
Deuspretendem
contara os dias do império de Leovigildo, e o sol do último
para
delesoera
ocidente!
o que descia já
O cavaleiro negro vira a fuga das batalhas godas, advertido pelo clamor que a
precedera.
rédeas do seu Voltando
murzelo, as esporeou- o para aquela parte. Levava lançado às
costas
dos o escudo,
arqueiros onde osciciavam,
africanos tiros como a saraiva no inverno batendo nos
Pendia
troncos-lhe da esquerda
despidos do arção a borda ensangüentada, da direita
do roble.
na fúria
voragem
muçulmanos.
parou,
sua
Esse
conversação
naquele
gemido
Mas
fugitivos,
repreensão,
voz
aos
brado
e,imenso
soava
da
grito,
ouvidos
olhando
aberta
forcejando
carreira,
devia
ora
doAo
conjunto
nocom
da
bramido
nas
de
chegar
meio
emnatureza
fileiras
açoitando
Teodomiro
opor
roda
exemplo,
da
inexplicável
longe,
àdos
obrigá
batalha,
confluência
por
cristãs,
quando
mares
os
umreboando
não
-oares
los
duque
momento,
earevoltos
luta
podia
ade
qual
acom
única
daquelas
voltar
cólera
consigo
de
como
como
chegar
asCórduba
palavra
eouviu-
ocrinas
do
erosto
ode
que
encontradas
mesma
rugir
atrovão.
dor,
voz
que
ondeantes
tragava
se-
contra
combatia
das
havia
do
lhe
lhe
no
Dir
ventanias
desconhecido.
um
passar
os
saiu
uns
torrentes
-se-
uma
árabes,
emui
grande
após
atirando-se
da
iadalonge
boca
que
pelas
outros
de
ora
brado.
ofoi o
franquisque. O ginete tresfolegava
ao esquadrões
os
homens
Era
nome
cavaleiro
fragas
semelhança,
tempestade.
Arrastado
com
dele.
meio
apalavras
Em
primeira
de
das
armados,
da
Teodomiro.
vão
estava
pelos
serras;
espécie
uma
ode
vez
cavaleiro
turbilhões
habituado
amarga
porque
harmonia
oque
de
guerreiro
a de àcom o
negro lhe repetia o nome: era inútil este chamar e, apenas, servia para atrair
os golpes dos
vitoriosos. As agarenos
achas de armas, as cimitarras, os dardos faziam centelhar a
desconhecido,
armadura e o escudoque, toma
do do, ao que parecia, de um pensamento doloroso,
alongava
parte os olhos
em busca de por toda a Com um gemido de desalento, o cavaleiro
Teodomiro.
torpor que o da
saiu, enfim, tornava imóvel
espécie de ante o espetáculo de tanta desventura, e o seu
despertar foi
Erguendo emtremendo.
alto a maça de armas e vibrando-a furiosamente em volta de si,
ecomeçou
a abolaraarmaduras.
partir espadas
Em breve, ao redor dele, no meio dos muçulmanos
os ânimos, como
vencedores, na invadia
o terror véspera, como nesse mesmo dia, se espalhara por toda a
parte onde
reluzido as haviam
puas da sua ensangüentada borda ou o ferro do seu cortador
franquisque.
Apenas, à força de golpes, o cavaleiro negro abriu no meio dos muçulmanos
vencedores
cla uma largao ginete, lançou-se para o lado em que os godos
reira, esporeando
espadas do Islame.
desordenados No espaço
se retraíam ante intermédio
as entre os fugitivos e os árabes
flutuava
do duquesem recuar o pendão
de Córduba. Em volta desse pendão tremulavam as signas das
cercadas porBética,
tiufadias da todos os lados, resistiam ainda ao embate dos sarracenos. No
que,
meio, porém, dos
abandonavam que o campo da batalha nem uma única bandeira se
vilmente
hasteava;
das armas,mas pelo esplêndido
o guerreiro conheceu aqueles que não ousavam resgatar com a
Eram
vida a honra das Espanhas. de Roderico; era a brilhante cavalaria que ele
os soldados escolhidos
próprio capitaneava!
indignação trasbordouAda alma do guerreiro:
- Rei dos godos, rei dos godos! - exclamou ele - és covarde! Embora vás
esconder
muros de aToletum.
tua ignomínia
Ainda nos
neste campo de batalha restam homens valentes:
não
aindapor teu trono combate,
Teodomiro desonrado, mas pela terra de nossos pais. Foge tu com os
que nãoque
pátria; sabem morrer pela
nas margens do Críssus ficam os que hão de perecer com ela!
foge parao ser
Maldito godoservo!
e cristão que
Mas, por que parou ele, sofreando subitamente o ginete? Que há aí, nessa
homens de guerra,
extensa seara ceifada quedepossa atrair os olhos do mais incansável dos
segadores?
estava, poucas No horas
sítio em quehasteada
antes, parou a signa real: era o centro da hoste goda;
masládos
uns vãoque
aoaílonge
pelejavam,
precipitar- se no abismo da ignomínia; outros, os mais
último
felizes,sono no regaçono
adormeceram daseu
pátria. O guerreiro fitou os olhos no chão: a foice
cerceara
explicação
mas
desfaria
às
dele
Mas
nações
concluíra
enfim,
margens
retalhado
apouco
esperança,
desconjuntando-se
germânicas
aos
aaderradeira
do
sua
tardou
do
golpes
terror
de
Críssus,
obra,
golpes;
eacom
estabelecidas
do
ser
que
eesperança
machado
oeis
geral
ase
edifício
mas
eesperança
oapossara
desabando,
que
asem
rota;
do
dos
restava
da
nas
vida!
império
monarquia
porque
árabes.
de
dera
diversas
tantos
oJá
do
fervor
em
não
de
último
pouco
Umterra
províncias
homens
Teodorico.
seria
gótica,
dos
cetro
tardou
oreivermes
debaixo
esforço
sem
dos
valentes.
ainda
romanas.
O
agodos!
dono
espalhar-se
espetáculo
que
dos
rico
de Fugiam:
seus
em
ânimos
de
Com
AToletum
pés
aque
mais
sua
quese
da morte, passando por ali,
lhe
eoRoderico,
morte
robustos.
ignoravam
aquela
bastara
corrupção
majestade
interiormente
mais
trono
antolhava
fenecera
um
nova
para
daAs
porém,
exterior,
dos
Espanha
cadáver
este
aniquilar
fatal.
alas
era
oúltimos
ao
triste
roiam.
aestava
Um
redor
junto
mostrara,
se
mpério
acontecimento
odia
tempos
Ai aí!
cruz,que durante
e porquatro
isso pelejavam
séculos fora ainda.
o mais poderoso e civilizado entre as
derribada com ele, só devia tornar a hastear- se triunfante em todos os
ângulos
combaterdadeEspanha depois do
oito séculos.
Uma parte do exército godo ainda pudera salvar- se atravessando o rio: mas
véspera
as pontestinham
lançadaspornafim estalado, derivando pela corrente debaixo do peso
dos fugitivos,
devoravam e as águas
muitos que o ferro havia poupado. Teodomiro, que não perdera o
ânimo no meio
desventura, daquela
alcançara fazer passar à margem oposta as relíquias dos soldados
muitas
da Béticatiufadias de outras
e os restos de províncias. Nos arraiais, os árabes, senhores do
campo,
com o som saudavam a vitória bárbaros, e com clamores de alegria que iam
dos instrumentos
vales e campos,
sussurrar ao longedesertos
pelos dos seus moradores. Um homem só combatia ainda
daquele
rio. Era olado à beiranegro.
cavaleiro do Cercavam- no muitos sarracenos, mas de longe,
porque os quedele
aproximar-se ousavam
caíam a seus pés moribundos. Às vezes, como que tentava
inimigos,
romper pormas eraos
entre tentar o impossível. No volver dos olhos inquietos para um
e para outro
buscar lado,alguma
descobrir pareciacoisa naquele vasto campo onde só descortinava os
os vultos ferozes
cadáveres dos vencedores.
dos vencidos e Por fim, voltando o rosto para a margem
oposta,
uma viu flutuar
eminência sobre de Teodomiro. Uma expressão fugitiva de
o pendão
contentamento lhe assomou
ao gesto. Despedindo entãoa borda ensangüentada, que sibilou por meio
das mãos
volta, o guerreiro
dos árabes apinhadosarrojou-
em se à torrente. A luz do sol que se punha, viu-se-lhe
umas
reluzirpoucas
o elmo,dealongando-se
vezes pela superfície das águas e desaparecendo por
que já desciam
largos espaços. densas,
As trevas,e a impetuosidade da corrente que o arrastava não
permitiram
seria prever-
a sua sorte. se qual
Eurico era a última e tenuíssima esperança que bruxuleava
nos horizontes
godo: do império
como estrela cadente que se imerge nos mares, aquele esforço
escuridão
brilhante se que tingia as águas
desvanecera na do Críssus!
XII - O MOSTEIRO
IsidoroChronicon.
de Beja:
O mosteiro da Virgem Dolorosa estava situado numa encosta, no topo da extrema ramificação oriental
das que a dilatada
cordilheira dos Nervásios estende para o lado dos Campos góticos. A pouca distância do vale onde se
viam as ruínas caminho
Augustóbriga, de de Légio, no meio de uma solidão profunda, aquela silenciosa morada de
virgens inocentes
achava-se convertida em praça de guerra. Edifício suntuoso, construído no tempo de Recaredo, as suas
grossas muralhas
mármore pareciam, dena verdade, quadrelas de castelo roqueiro; porque na arquitetura dos godos a
elegância romana
modificada era excessiva do edificar germânico ou saxônico, que os rudes visigodos do tempo
pela solidez
de Teodorico
Ataúlfo haviam e de
introduzido no meio-dia da Europa. Os restos dispersos das tiufadias da Galécia
tinham-se
todas encerradoeem
as povoações lugares fortificados ou por qualquer modo defensáveis, e os habitantes dos
povoados, acolhendo-se
com eles, deixavam desertas aí as suas moradas, incertos do dia em que veriam reluzir ao longe as lanças
dos agarenos,o que
devastavam nortejáda Lusitânia e parecia encaminharem-se para o lado de Tude. Os muros fortíssimos
daquele
edifício, vasto
as suas portas tecidas deexterior
ferro eerguia
carvalho, as estreitas frestas, que um
apenas lhe deixavam penetrar
Nobrenhas
cantos
cercanias
na sua
centro
duvidosa,
defensão.
acolhido
serras
cobiça
feracíssimas
nas
os
mosteiro
que ecinta
de de
mármore,
do de
Légio.
imenso
estreitasNo
arrancados
e,edifício
celas as das
do
vestiduras
templo,
pedreiras
a- saco
se oeascom
templo
severas
do inesgotáveis
omeio omonástico:
das
de monjas,
aque
vastopeça
se
eocuja
pátio
estendem
oração
que odee
no quenãodas
se
dos
interiorpodiam
aí,
derramavam
Com
Astúrias,
osas
árabes.
eintratáveis
uma da
tetos
cateias
com
algumas
Bética,
ser
luzameados
Entretidos
ele
ainda
derribadas
e um
por
frechas
eda
decanias
frias
livres,
grande
Lusitânia,
estas
em
da
finalmente,
despedidas
pelos
partes;
Atanagildo
Galécia,
submeter
número
de veteranos
manguais
e da
mas,
Cartaginense
dos
eos
de
eda
cria
contra
fossos
pôr
entre
mais
Cantábria?
que
brutescos,
que as
no
abastados
esses,
profundos
oameias
meio
mosteiro
únicas
eram
Seriam,
opulentas
do
que
habitantes
que
terror
de
sol
seria
armas
lhe
apenas,
sobra
quase
cidades
circundavam,
cingiam
pudera
sempre
dos
daqueles
osafricano
alguns
tiros
broncos
ajuntar,
do
inexpugnável
fronte,
meio-dia,
de
troços
contornos.
que
tudo
catapulta
seminus
qüingentário
como
as
odos
aquecia,
tornava
contentes
barreira
inquietos
aProtegido
arrojados
coroa
que
quadrangular,
desde
rodeava,
contínua,
acomodado
Atanagildo
pela
contra
com
viriam
selvagens
das
um
montanheses
rei
torres osdo
vizinhança
asagigante,
eles
veigas Nervásios
viam-
violênciaquer
berberes
buscar
havia
paradoedaseconstruída
em
se negrejar
Atlas.
larga
-se comum
até asde grossos
no santuário, quer na solidão das suas breves moradas, só era interrompida
por
sobre sono curto,
a dura dormido
enxerga da penitência. Esta parte do mosteiro era a que elas
alguns dias. ocupavam
unicamente Os seus claustros
havia pacíficos e saudosos, onde nunca soara o ruído
tormentoso
nunca da vida,realidades
as dolorosas onde do mundo haviam penetrado, salvo nos sonhos
de algum coração
passageiros mais ardente, restrugiam com o bater das armas, com o
e dourados
oamontoar dasque
carpir dos provisões, com os seus lares, com a violenta e brutal
abandonavam
linguagem
meio da vasta
daquela soldadesca.
mole deNopedra, em que os sons discordes reboavam,
eecoando
corredores profundos,
soturnos o templo, aonde se acolhera a quietação monástica
nas arcadas
era como eum
frondoso oásis pelos seus palmares no meio do deserto que o sopro
abrigado
fazendo redemoinhar
infernal do nos ares aquele oceano de areia fervente.
simum revolve,
A esta hora duvidosa entre a claridade e as trevas, uma nume rosa cavalgada
fundo do vale
atravessava e encaminhava
o ribeiro no -se para o mosteiro da Virgem Dolorosa. Dez
cavaleiros,
alvas cujas sobre
lhes caíam barbaso peito, saindo por baixo das redes de ferro que lhes
serviam deuma
rodeavam gorjal
dama cujo rosto ocultava o comprido véu que, pendente do he descia sobre o
alvo amículo,
retíolo, l mas cujos meneios airosos e talhe esbelto revelavam nela o
viço e asSeguiam-na
juvenil. graças da idade
alguns pajens desarmados, cujos rostos imberbes já o
pintavam
temor e o em todos os
desalento quesemblantes
se nesta época desastrada haviam sulcado de
rugas. Vadeado
cavalgada o rio, a se por uma senda tortuosa que ia dar à entrada do
encaminhou-
mosteiro,desejavam
parecia, aonde, aochegar
que antes que de todo se fechasse a noite. Ao
vigias conheceram
aproximar- se aquelaque eram godos
comitiva, os (provavelmente alguns desgraçados que
vinham buscar
daqueles murosofortificados)
abrigo e as grossas portas não tardaram a abrir -se para
pobres fugitivos.
recolherem mais esses
"Foi Cristo, o teu filho querido. A tua justiça condenava à dor o gênero
nos conquistou
humano ainda nopara a felicidade
berço: ele no meio dos tormentos da cruz.
"E depois, que o gênero humano se prostre e adore nela a redenção que nos
Neste
se
gonzos,
doloroso
As houvesse
vozes
momento
eque
confusas
umposto
por
velho
aquelas
tantos
odos
ostiário
selovigias,
milhares
vozes
da morte.
viera
misturadas
harmoniosas
de
cair
Abocas
porta
de bruços
com
diariamente
docessaram,
templo,
o sobre
tinir do
aberta
as
se
como
ferro,
lájeas
repetia
com
seresponderam,
do
dena
violento
súbito
Espanha:
nos
trouxe o Ungido de Deus.
"A"Os
lábios
impulso,
-pavimento,
como
palavras
cruz
uivar
árabes!"
detriunfará
do
rangera
todas
soltando
de
ostiário:
feras,
asnos
eterna."
monjas
as
oàs grito
faces pálidas das virgens empalideceram ainda mais.
A alvorada começava a repintar na terra a claridade do sol escondido ainda
no oriente.
as armas nasOsmãos,
godos, com
coroavam as ameias. Do alto de uma das torres
eAtanagildo
a fronte entenebrecia
observava a-se- lhe com um véu de tristeza.
campanha,
Era esta triste profecia dos fugitivos que se tinha verificado ao romper da
da torreAtanagildo,
manhã. principal, vira
do ao
altolonge um vulto negro que descia dos outeiros, onde
já alumiava
matutina. tudo
Esse a luzassemelhava -se a serpe monstruosa que, rolando-se do
vulto
monte para a planície
colos tortuosos, se lheemrefletissem nas duras conchas os raios solares; porque
havia um continuo
naquele corpo gigante e rápido cintilar. Atanagildo percebera o que era, e por
isso a tristeza lhe obscurecia
a fronte.
Estes aproximaram- se, enfim. Por seu aspecto e trajo via- se que na maior
parte eram
espadas nasgodos. Com
bainhas, as
pareciam vir em som de paz: também, por isso, nem
uma frecha
contra só se
eles dos disparou
muros.
- Mandai
Pouco
principal
olhando
Ao ouvir
antes
para
daquele
aquela
descer
de
aschegarem
muralhas,
voz,
apequeno
ponte
o qüingentário
eao
onde
dai
esquadrão,
fosso
passagem
reluziam
profundo
empalideceu:
adiantando-
franca
imóveis
queacircundava
esse
as
com
selanças
aos
cavaleiro
visível
demais,
dos
o edifício,
ansiedade,
cristãos,
que
veio
proferiu
topar
um
cavaleiro
-com
chamou:
voltou-
oque
unicamente
meu
Atanagildo!
estava
a entrada
nome;
seque
para
junto
a mas
ele!
parecia
da
um
dele,
ponte
acentenário
ele,
oe e,
disse- lhe:
O centenário obedeceu. Daí a pouco as armas do guerreiro tiniam pelas
escadas da torre.
ao terrado, Apenas subiu
encaminhou-se para Atanagildo e, estendendo-lhe a destra,
exclamou:
- Meu irmão!
- Atanagildo teve um irmão; mas esse morreu para ele; porque entre ele e
aos pés dos
Suintila estápagãos; está o céu e o inferno. A minha herança é a ignomínia do
a cruz quebrada
vencimento,
escravo os ferros dede Cristo: a tua as riquezas, a vitória e a maldição de
e as promessas
Deus. Não
nossos troco nem
destinos, os quero a amizade do precito. Arrepende-te, abandona os
Atanagildo te apertará ao peito e te dará aquele nome tão suave da nossa
infiéis, e então
infância, o santo nome de
irmão.
- Estás louco! - replicou - Suintila - ... Porém, não foi para disputar
contigo que vim
salvar. Olha paraaqui: vim
o vale: para te
àquela hoste numerosa que lá vês poucas horas
mal guarnecidos. Abdulaziz,
poderão resistir estes muros o invencível filho do amir de África, é quem a
capitaneia: Légiopoder,
ontem em nosso caiu e de parte nenhuma podes ser socorrido. O bispo de
Septum,
Híspalis eque vêm conosco,
o conde de oferecem- te o mando de um dos seus esquadrões.
Os árabes
godos que pedem aos fidelidade ao estandarte do califa, não à crença do
os seguem
Islame:
Eis o quepodes guardar
Suintila, tua fé.a teu favor. Estas velhas muralhas e as donzelas
alcançou
claustros,
encerradasque Abdulaziz soube serem pela maior parte formosas e que ele
nestes
destina
Cairuão,para
são enviar a
o vil preço da tua salvação. Suintila aconselha -te que o
injúrias,
entregues;ainda se não
porque, esqueceu
apesar das de que é irmão de Atanagildo. Resolve e
responde.
Juliano e aQue
Opas,devo dizer supliquei
a quem a para ser mandado aqui?
A campa do mosteiro bateu três pancadas com largos intervalos: é o sinal que
capítulo.
convoca as Para lá se encaminham.
monjas a A donzela que nessa noite chegara
acompanha
Entraram. As- as, também,
pesadas aí. da casa capitular rangem nos gonzos cerrando-
portas
interiores reboa
se, e o correr dosaoferrolhos
longe pelos corredores monásticos. Ao mesmo tempo a
ponte que
fosso levadiça
rodeia caiassobre o do vasto edifício; um cavaleiro se arroja
muralhas
sozinho
do ao que
Islame, meiojádos esquadrões
subiram a encosta, e pede para falar com o conde de
Dentro
Septumde empoucos
nome de instantes ei-lo que volta, e os muçulmanos param a curta
Atanagildo.
distância.
número deEntão um grande
crianças, de velhos e de mulheres, saindo, como torrente
do mosteiro, atravessam
comprimida, por meio das duas fileiras de soldados de Juliano e
do portal profundo
de guerreiros
vieram colocar-árabes
se aos que
lados da ponte. Esta multidão desordenada ondeia,
separa-se,
para tornarapinha -se dese,
a espalhar- novo,
até que desaparece ao longe, caminho das
seus saios deApós
montanhas. malha,ela,mas sem armas,
cobertos dos os soldados de Atanagildo seguem com
gesto melancólico
mesmas trilhas poras onde se vai escoando a turpa, até que também, como esta,
densas dos montes
se derramam e pelos barrancos escarpados que, retalhando os
pelas selvas
Nervásios,
deles para asdão passagem
regiões através da Espanha.
setentrionais
Uma das monjas saiu de entre as outras e veio ajoelhar aos pés da abadessa:
as suas companheiras
ajoelharam também voltadas para o altar; e o hino que Suintila ouvira ao
murmurou
descer parade novo naquelas curvas abóbadas.
a cripta
- A tua constância, filha, na dura prova de agonia por que tens passado, te
purificou.
monjas da Sê uma das
Virgem Dolorosa e vai com tuas irmãs receber a coroa de mártir.
O ferro, porém, que descia sobre o colo da donzela foi cair com a mão de
Cremilde
gigante doaos pésUm
altar. da cruz
revés do alfanje de Abdulaziz lha cerceara: as sólidas
despedaçadas.
grades estavam
Tais foram as novas que os cavaleiros enviados aos vales além de Légio
já os esperava
deram ao moçoimpaciente
guerreiro, em
queuma das gargantas do Vínio. Cheio de tristeza,
aPelágio voltouselvática,
sua morada então parapara o esconderijo pelo qual havia tanto tempo
trocara
esplêndidaos paços
Tárraco.paternos da muitas horas, no meio do denso nevoeiro
Durante
pelas
acamadosendas
sobretortuosas das montanhas, os cavalpiros que seguiam o duque de
as encostas,
Cantábria
quebrar- lhe nãoo ousaram
doloroso silêncio. Apenas, pela calada da noite negra e fria,
Sália,
soava de cujas
lá ao margens
longe o ruídopor
dovezes se aproximavam. O sussurrar, porém, da
corrente,em
quando amortecido
quando pela de distância confundia-se com o ramalhar nas sarças do
lobo querugir
brando fugia e com
dos o balouçados pela bafagem do vento. Estes sons
pinhais,
ao tropear
vagos dos ginetes,
e confusos galgando as serras ou descendo lentamente e
respondiam
enfileirados
precip ícios. àOborda dos mergulhando-se nestes branqueava-lhes os seios e
nevoeiro,
deixando
revelava aentre uns e outros como uma fita tortuosa e escura que ia morrer
sua existência,
mui perto no
horizonte, breve pela cerração e pelas trevas.
encurtado
Tarde, já bem tarde, uma luz baça e duvidosa bruxuleou sem brilho adiante
rodeado
medonha.
prumo
que
pendurava-
Seguindo
de
roda.
rapidamente
cintilava
serras,
parecia
Ade
luz
as
noruja
ouma
Pelo
montanhas,
que
se
curso
vir
dorso
e sombra
em
era
eda
contrário
parecia
dedo
orvalho
já
banda
daoutra
um
ribeiro,
corrente.
gigante
fazendo
guiar
grande
da
de
parte
naluz
outros
aos
barba
seria
cavalgada
Um
da
que
um
clarão,
cavaleiros,
estreita
lugares
grito
espessa
largo
fácil
se via
que
de
perceber,
chegou,
semicírculo.
passagem.
em
que
aesculca
refletia
dos
princípio
distância,
tinham
guerreiros
por
apesar
pelos
veio
Por
fim,
Naquele
atravessado,
duvidosa,
equebrar
meio
penhascos,
da
oaenevoeiro,
um
nos
cerração,
dela
momento
vale
cabelos
otênue,
silêncio
sentia-
aqui
visíveis
mais
cada
a quem
as
quese
dos cavaleiros, que haviam
transpunham
oserras
vez
lhes
ombros,
amplo,
olhasse
sumindo-
para
dos
durante
ruído
mais
caminhantes,
ondeavam
um
erguiam-
mas
de
atentamente
tantas
esaindo
cerrado,
se
outro
torrente
também
auma
espaços,
horas
pelos
de
se
lado,
que
garganta
quase
sob
caudal,
não
em
rodeado
eos
crescia
tinham
aelmos.proferido uma única sílaba.
As palavras - Covadonga e Pelágio! - repetidas pelos cavaleiros da frente
esculca, que em
responderam pé edoquedo sobre um outerinho, os deixou passar avante. Em
à voz
breve
da suachegaram
viagem. Oaovaletermo
findava em extensa penedia cortada a pique. À direita
talhada na pedra
uma subida viva, conduzia a um arco irregular aberto nas rochas. Era a
íngreme,
claridadedele
debaixo do fogo
a queaceso
se derramava no vale e que ainda ia alumiar frouxa mente
o passo estreito
cavaleiros haviam queatravessado.
os Encostadas aos rochedos e dispersas junto à
altíssima, estavam
raiz daquela muralha derramadas muitas choupanas, grosseiramente construídas
de mal acepilhados
troncos e cobertas de ramos e colmo. Em frente de várias delas ainda
noturnas
fumegavadaquela
o brasidoespécie de arraial, onde ciciava o respirar compassado dos
das fogueiras
que dormiam.
primeira e maisAo pé da choupana, Pelágio descavalgou; os mais seguiram o
extensa
seu exemplo.
- Gutislo! - bradou um dos cavaleiros, cujo elmo se distinguia dos demais,
porque eranegra
superfície o único em cuja
e baça não reverberava o clarão avermelhado dos carvões
de umaque
acesos grande
aindafogueira,
restavamjunto da subida íngreme que guiava à caverna.
- Tê -la -ia, talvez, se conhecesse a história da vossa vida: mas vós a cobris
de impenetrável mistério.
- Porque é o segredo mais santo da minha alma - interrompeu com
veemência
que o cavaleiro;
esta boca - segredo
nunca revelará na terra.
- Oh! quanto a isso, dir- vo- lo-ei - atalhou de novo o guerreiro, pondo a
mão sobre oeupunho
Foi porque o criada
umespada.
anjo de- virtude e esforço, e ele era apenas um
pactuou
homem! com os muçulmanos,
Foi porque a paz que honrosa aos olhos do vulgo, era, a meus olhos,
infâmia.
infiel? AoPaz com só
cristão o cabe fazê -la quando dormir ao lado dele sono perpétuo
no campoaodelado
quando, batalha;
um do outro, esperarem ambos que as aves do céu venham
cadáveres. Antes
banquetear-se emdisso
seus não a compreendo. Disse- lho, sem cólera, sem
injúrias, ao abandoná
sempre. Nesse momento -lo algumas
para lágrimas correram destes olhos; porque a
última
alma deem que morava
Teodomiro erauma afeto que respondesse aos meus: era o último
templo em que me sorria a
esperança!
E as lágrimas que ele dizia haver derramado nessa triste separação corriam,
de novo,
pelas quatro
faces a quatro
do guerreiro.
- Entendo- te: é morta! Nunca mais te verei, minha pobre irmã! - murmurou
o mancebo,
rosto entre asescondendo
mãos. o
- Não; não é morta! Mas, porventura, ainda o seu fado é mais horrível. Jaz
cativa
Não me emfoipoder
dadodos infiéis.
salvá -la, e não quis morrer sem vos dar esta nova cruel.
Agora...
Um brado de Pelágio atalhou as palavras do bucelário sufocadas pelo choro.
- Quem o ordena? - bradou Pelágio, com toda a energia que esta inesperada
resistência despertara
subitamente nele.
Breviário
Hino
Gótico:
de S. Gerôncio.
Pela calada, porém, da alta noite e no meio das trevas que cobrem, como
amplo manto,
turbilhão aquele de guerra, descansando então para ao romper do sol
de homens
vê -sede
rugir ainda,
novoatravés das telas mal unidas de uma tenda mais vasta, reverberar
impetuoso,
vivo
rir clarão,
alegre, e ouve -se
o altercar, o argentino das taças; todos indícios, enfim, de que
o tinir
a orgia
até maissetarde.
prolongou aí da tenda jazem por terra, com os alfanjes nus junto a
Ao redor
guarda de soldados
si, alguns Abdulaziz,dacomposta dos guerreiros mais temidos do exército, os
negros do Nos
Açudane. remoto país de
ouvidos deles restruge debalde o alto ruído que soa do interior
também,
do pavilhão.profundamente,
Dormem, e apenas à porta da tenda um deles vela imóvel
encostado à acha de armas.
A tenda era, de feito, a do esforçado filho de Muça. A mesa do banquete
das
aindaiguarias:
vergavaoscom brandões já gastos e os candeeiros mortiços derramavam uma
os restos
claridade
aposento. suave pelo sobre um almadraque coberto de preciosa alcatifa do
Reclinado
mais moço
oriente, dos escutava
o amir xeques queo estavam junto dele, o qual, ora cantava os versos
voluptuosos
que acendiamdea Zohéir
imaginação do jovem guerreiro, ora lhe repetia os antigos
poemas licenciosos
satíricos de Ibn-Hagiare que ele aplaudia com estrondosas risadas.
- E que nos importam as suas almas tisnadas - replicou Abdalá - se eles nos
ajudam
santo a sujeitar
profeta à lei dode Andaluz? Sem Deus e sem pátria, deixai-lhes ao
o império
menos a sua bruteza.
O Bispo de Híspalis percebeu que falavam dele e dos outros godos, porque os xeques haviam volvido
para lá os olhos.
Erguendo-se então com a taça em punho, exclamou em arábico:
- Filha dos cristãos - disse em língua romana o amir - os dois dias que me
cativeiro passaram.
pediste para choraresResolveste,
o teu finalmente, a ser a mais amada entre as
mulheresdas
invejada de Abdulaziz;
donzelas doser a
oriente e quase a rainha das províncias de Andaluz,
porque acima
Abdulaziz de homens existem na terra, o amir de Almogrebe, aquele que
só dois
descendente
me gerou, e odo profeta, o que rege todo o império dos crentes?
- Aquele que eu cria viesse em meu socorro - tornou com voz firme a cativa
dia emseque
- não estiverem
esconderá deem volta dele todos os seus irmãos em esforço e amor
ti no
da terra
nesse dianatal: porque vinganças vê -lo- ás face a face. Muitas vezes os teus
das grandes
dele; muitas
guerreiros vezes
têm o incêndio
fugido diante dos arraiais pagãos tem ajudado o incêndio das
nossas
as cidades
trevas a alumiar
da noite, e a sua mão foi a que lançou o facho sobre a tenda do
agareno. Esse, ao menos,
ainda se esconde, não é por se temor de ti, nem dos teus cavaleiros, que, tantos
dobro, muitas
por tantos vezes
e ainda emtem visto fugir.
- Entendo- te, altiva filha dos godos - replicou Abdulaziz. - Falas do que
vós outros
que chamais
só de noite ousaPelágio,
sair dasesolidões das suas montanhas para acometer as
tribos deassento
fizeram Almogrebe que
no conquistado Garbe ou para assassinar os cavaleiros do
Saracusta e Tarracuna
deserto transviados. vissem flutuar sobre as suas muralhas os estandartes
Apenas
do
dosIslam, eu iria arrancá-lo
seus esconderijos para o punir. Mas tu abreviaste os dias do foragido
seu cadáver servirá
nazareno. Dentro de pouco de pastooàs aves do céu porque amou aquela que eu
escolhi.
- Deus defenderá meu irmão - disse titubeando a donzela, cuj a firmeza
receando
começavaver cumprida-la,
a abandoná a ameaça do amir.
-jura-
Irmã
Por
Nem
Fora
me
que
inútil
de
asque
promessas,
finges
Pelágio?!
negar
és aignorá-lo?
irmã
oOh,
que
nem
derepete-o,
eu
Pelágio,
osOs
própria
tormentos
velhos
mil
e confessei.
elevezes!
cavaleiros
poderá
puderam
São
O
esquivar,
meu
que
as
tirar
prisões
me
nome
dese
acompanhava
suas
quiseres,
do
é Hermengarda:
bocas
sangueoo teu
que
seu
m ete
unem
dos
que
no
nome
otremendo
Favila,
duque
mosteiro
crentes?
comigo
eaofoi
ade
cruel
tua
destino.
meu
Cantábria,
foram
que
jerarquia.
inimigo
pai,
profanaste
cativos
e Pelágio
Masjá éo oterão
filhorevelado.
e sucessor de Favila.
O amir ficou alguns momentos calado com o braço de Hermengarda preso na
mão
sentiarobusta
trêmulaquecom elao tumultuar dos afetos que agitavam o coração do árabe.
Este, por fim, exclamou:
- Pelo precursor do santo profeta: por Iça, Hermengarda, que, se amas teu
tua. Estas
irmão, mepalavras
digas: euoserei
farão senhor da mais rica província do Andaluz, daquela
que elecomo
reinar escolher
amir:para
os guerreiros que o seguem serão os vális das suas cidades,
os alcaides
castelos: dosdos
meusseustesouros metade será dele. As escravas que muito hei
sorrir-
amado lhes
não omais
rosto de seu senhor. Tu serás rainha do meu coração; rainha sem
verão
rival;
sobre senhora
quanto se deestende
tudo o poder de Abdulaziz, do filho querido do invencível
palavras, e a sorte
Muça. Profere de Pelágio será invejada pelos nossos mais ilustres
só essas
guerreiros!...
No gesto do agareno todos os vestígios da cólera tinham desaparecido: só
amor
nele seimenso que precisa,
lia a ansiedade mais que do gozo brutal, de um sentimento acorde
de um
com os próprios
sentimentos.
Este pensamento passou fugitivo e confuso pelo espírito dos guerreiros, que
olhavam como
petrificados para a cena de morte que tinham ante si, a qual, de um lado, era
lua nascente
alumiada pelae,luz
do débil
outro,dapelo clarão avermelhado e ainda mais frouxo do
incêndio
de cavalosao que
longe. Um correr
subiam ligeiros a encosta da banda do arraial lhes divertiu a
os olhos.Volveram
atenção. Três vultos montados
para lá se dirigiam para ali. Dois, cobertos de armas
escuras, ladeavam
terceiro, cujas roupas o alvejavam ao luar. Os corredores transfretanos
adiantaram- se se,
aproximarem- para eles.que
viram Ao o vulto branco era de mulher e que os outros
traziam
trajavamachas
saiosde armas.eEram em tudo semelhantes aos guerreiros de
e elmos
Açudane
guarda doque compunham a
amir.
- Aquele homem é godo! - Nenhum árabe fala assim a língua romana: muito
menos os broncos
guerreiros de Açudane. Por minha fé, que são inimigos!
- Somos
Os
sucedia
com acontecimentos
queno operseguidos!
desconhecido
arraial, ainesperados
rapidez
- disse
falara
com
em
não
dessa
que
voz
haviam
se
noite,
baixa
passara
dado
aaquele
incerteza
esta
lugar
que
cena
àem
ficara
reflexão
e,que
sobretudo,
junto
seeachavam
às
da a
osTens
audácia
suspeitas.
-soldado
Os
donzela
comesculcas
três,
os razão,
vigias.
que
eenquanto
foram
oMas
sobre
tom
jábucelário
iam
para
asimperativo
opalavras
oaque
todos
outro
meia
- falava
um
atalhou
encosta,
do raio ode
ouviram
capitão
luz: da multas
decania.
vozes- Fazei-
clamar:os"Esperai!
parar. "
- Está salva! - respondeu o companheiro, que parecia ter concentrado todos
os seus cuidados
pensamento num
único, a fuga de Hermengarda.
- Partamos!
XV - AO LUAR
Mas uma e outra coisa duraram apenas rápido instante. Com a voz rouca e
afogada, o árabe rugia:
- Segui-o! segui o infiel!... As suas armas são negras e semelhantes às dos
melhor cidade
guerreiros do Garbe eAa mais bela das minhas escravas a quem mo
de Açudane...
trouxer vivo
trazei- mo aqui.Prestes,
vivo! Todos!... Ide, vális, alcaides, cavaleiros do profeta!
xeques,
assassino!
Prestes! correi após o meu
Alguns dos xeques iam já a sair da tenda para executar as ordens do amir.
Umparar.
fez brado súbito deste os
- Quem és tu? - disse um dos capitães das decanias, dirigindo o cavalo para
otu,vulto negro. -enganar
que ousaste Quem és os atalaias do campo de Abdulaziz, os guerreiros do
conde de Septum?
- Sou um homem que ainda não renegou nem da cruz, nem da Espanha; um
homem
ouro dosque não aceitou
bárbaros o o assassino covarde de seus irmãos.
para ser
Mas os que expiraram não ficarão sem vingança. Os cabos das decanias,
fugitivos,
iam
conde
mutuamente
seguimento
filho
de
extermí
descanso
inesperado
que
no
dejunto
fosse
alcance
nio
Muça
nem
tinham
dos
destes
dos
de
ele
setréguas
na
Abdulaziz.
godos
daqueles
explicavam.
fugitivos.
osua
enviado
desconhecido.
seria
própria
das
atéfácil
aoAstúrias,
um
Na
A
quem
cativarem.
Os
sua
empresa.
tenda,
idéia
bucelário
esquadrões
narração
irrefletidamente
Colhendo-
de
bastaria
osque
Assim,
Sendo
capitães
que
esómais
oque
relatasse
oPelágio
que
assaz
os
àsdo
obem
mãos
melhores
haviam
se
grosso
exército
numerosos
passara
apodia
encavalga
antes
Juliano
do
dado
almogaures
muçulmano
ter
exército
na
depassagem.
oaudácia
para
tenda
sedos
que
unir
foram
os
doaos
não
amir
O
antes de seguirem os
sucedera
bucelário
eram
despedidos
bastante
duvidaram
seus
deviam
resistirem
seguisse
que amontanheses,
dois
vitória
persegui-
para
de
na
fora
fatos
aum
logo
perto
qualquer
atalaia
fosse
vir
encontrar
momento
que
em
acometer
para
loindubitável
oesem
como
recontro
fazer
o oelese completa.
Uns após outros, os esquadrões dos almogaures desciam já dos outeiros: o
ruído do combate
das armas e o brilho
serviam-lhes de guia. Pareciam rolar pela encosta e, cegos na
que estalava
carreira, debaixo dos
atufavam-se leves pés dos ginetes árabes. O cavaleiro viu-os e
no mato,
pensou. Esperar
milhares a pénão
de homens firmeera esforço, era loucura. Além disso, os seus
embrenhado
companheirosnas selvaster-se
deviam com ajáirmã de Pelágio. Até aí não fizera mais do que
defender- se dos
transfretanos quesoldados
o cercavam; mudando, porém, da defensão para o
cometimento,
seus arrojou-se
adversários, contrainstantes
e em poucos os os que não caíram ante a acha de
fugir,
armasbuscando amparar-se ano meio dos esquadrões que se aproximavam.
foram constrangidos
Então o cavaleiro deu volta. A senda alvacenta que se estirava por entre o
amato até a floresta
embeber- começoudos pés do ginete. À vista, assemelhava -se a um
se- lhe debaixo
rolo de fita,
retesado porestendido
momentos, e que solto, busca, volvendo-se de novo, a sua
corrida eraanterior.
curvatura quem oApodia salvar:
rapidez da a dianteira dos almogaures árabes hesitara
vendo recuar
homens diantetantos
de um homem só; porém, ao retroceder do cavaleiro,
ele para o alcançarem
lançavam-se antes que
despeadamente apóschegasse ao bosque.
- Por que voltastes sem vo- lo eu ordenar, vós os que tinheis jurado
irmã de Pelágio?
obedecer- me em tudo? Onde está a
Ei- los vão! Endireitando a carreira para o lado do norte, dirigem- se após
Hermengarda, enquanto
almogaures árabes, os pelo ruído dos ginetes, os cerram de perto. Os
guiados
selva, assemelhavam-
esquadrões, penetrandosenaa uma serpe disforme, que se desenrolava, coleando
earvoredo,
estirando-se
e quepor
deentre o
momento a momento ameaçava tragar os fugitivos, os
uma
quaispequena distância
mal podiam entre si e os seus implacáveís perseguidores.
conservar
A lua passava então nas alturas do céu. O ar, posto que frio, estava manso e
noite de inverno;
diáfano: Era uma mais formosa que as sossegadas noites do estio. As árvores,
formosa
na maior parte
desfolhadas, deixavam o luar, por entre os ramos despidos e tortuosos,
estranhas
desenhar no quechão
vacilavam
figuras indecisas: os robles nodosos e calvos, misturados
com os
dais, querochedos pirami- irregulares e fantásticos nas arestas das encostas
se alevantavam
íngremes, nasdas
penhascosas lombadas
serras, pareciam fileiras de demônios caminhando de roldão
vales ou dançandonos
a despenharem-se nos visos das alturas. Os cavaleiros, correndo à rédea
solta, involuntário
veias sentiam coar-lhes
terror,nas
aumentado pelo estrupido soturno da cavalaria
morrer a grande
sarracena, distância
que soava e ia num quase imperceptível sussurro.
E por aquela dilatada chã os onze esforçados largam rédeas aos ginetes e
ensangüentam-lhes
com o ventreo ruído do próprio correr já não o sentem;
o esporear incessante:
confundem-
esquadrão deseárabes
no estrupido do perto os segue. A vingança vai-lhes no
que de mais
atrás os olhos,
encalce; aquelevolve
e, se algum turbilhão enovelado que rola após eles, negro, rápido,
tortuoso,
centenarescomposto
de vultos,decujos olhos afogueados reluzem nas trevas, cujos dentes
javali
alvejamirritado,
como os assemelha-
do se-lhes a uma legião de demônios, e a um rir
infernal o tinir
resfolegar das espadas,
dos cavalos, o
e o murmurar dos cavaleiros, que parece entoarem-
lhes já o hino da morte.
Na extensa chapada, tanto a fuga como a perseguição eram um frenesi, um
delírio. Cristãos
muçulmanos e
desapareciam por entre as sarças cobertas de orvalho, e o ar,
zumbia
dividido-lhes em roda, como um gemido contínuo. Cristãos e muçulmanos
violentamente,
punham o nesta
diligência extremo da tentativa. Além da planura, os alcantis e as selvas
última
gigantes eram a esperança
uns, o desalento de outros. deAli, os precipícios cortavam subitamente os
nas
caminhos abertos pelas feras fundo os rochedos fechavam imprevistamente a
balças, e ao cabo de vale
saída: aqui,
tortuosa a sendana torrente; lá, a torrente em catadupa. Os godos afeitos
ia morrer
sabiam-no; os árabes
àqueles desvios adivinhavam- no ao descortinarem o espetáculo que
alpestres,
tinham
de caos ante si, essa
nascido das espécie
grandes convulsões do globo na sua vida de muitos
séculos,
da que a baça
noite tornava claridade
ainda mais fantástico.
Valério Bergidense:
Explanações.
Foi justamente ao tingir -se o céu da faixa avermelhada que precede o surgir
do sol, queaodois
galgaram cavaleiros
galope a ladeira que dava acesso para as ruínas do castro
romano.
cavalgandoNotambém
meio deles,
um alazão ágil e ao mesmo tempo robusto, uma dama
mal poder já manter- se na sela, segurando- se umas vezes ao arção, outras às
vestida de branco parecia
crinas
valenteflutuantes do Hermengarda e os seus dois guardadores que
animal. Eram
do Sália. Pouco
chegavam, devia tardar
finalmente, o instante em que a formosa irmã de Pelágio
às margens
achasse,edepois
perigos de abrigo
terrores, tantos e paz nos rudes paços de seu esforçado irmão.
"Os ginetes não podem passar além. Ide e lançai- os para o lado oriental da
trilho acimaeles
montanha: dasbuscarão
fontes dooSália e descerão a Covadonga."
Hermengarda não tinha ouvido ainda ao cavaleiro negro senão os sons quase
de guerra: agora,
inarticulados porém,
do seu gritoestas palavras proferidas em tom enérgico, mas com
voz ouvidos,
nos trêmula, troaram- lhe à voz de alguém que na vida conhecera e que o
semelhantes
sepulcro
tragara. Oprovavelmente
terror que lhe tolhia os membros redobrou com esta voz: por um
desesperação
ímpeto convulso encaminhou-
e se, todavia, com passos incertos para a ponte
fatal;
recuou.mas, ao chegar
Tinha abaixadoa ela,
de novo os olhos para a torrente, e de novo a torrente,
diabólico, a havia fascinado.
como um sortilégio
Todos calaram de novo; mas aqui não houve silêncio: ouvia -se já o ruí do
bem de perto, no
dos corredores fundo do vale.
sarracenos,
Viram-no atravessar, lento como sombra; como sombra, lento, hirto, solene,
internar- se com
Hermengarda na selva da outra margem.
Cristãos e infiéis fizeram silêncio: era uma destas situações em que a voz
viver
expiraparece quase paralisar-
na garganta; porque o se.
Os árabes que enchem o recinto das ruínas recuam diante de tão horroroso
espetáculo:
enviam-lhesosuma
godos
risada feroz de insulto e desaparecem na espessura das
raízes
brenhasdas montanhas
que se dilatamdeaté
Auseba,
às onde deve ser o termo da sua viagem.
Sebast. de Salamanda:Chronicon .
aceso,
O
sucessos
do
lareira,
esuperiores,
claridade
numeroso
de
peles
desalinho
abrasados
espetáculo
Cantábria,
cativeiro
de
assentado
próxima
animais
das
brilhante
dos
tropel
ardiam
até
de
margens
que
travando
trajos
Hermengarda;
àda
de
bravios,
em
medula,
oferecia
alguns
de
entrada
guerreiros
faziam
escabelo
do
cinco
das
Sália
dez
davam
cepos
aarmas,
da
antes
caverna
oucavaleiros,
tosco
gruta
que
era
-seis
de
espetáculo
apenas
lembrar
apenas
mui
naquela
carvalho,
fachos,
eede
com
asemelhante
Covadonga
que
uma
que
se
oamemorável
encostados
jazer
servia
semelhante,
cabeça
viam
que,
no
chama
seu
de
repassados
agora,
de
ao
na
encostada
cadáveres,
profundo
tênue
chaminé
dessa
noite
pelas
noite
mas
estendidos
eoutra
imediata
azulada,
se
paredes
personagens,
de
ao
sono,
uma
que
tinham
fogo
braço
noite
larga
onos
no
àquela
cujo
durante
em
queparte,
em
fenda
longa
fraco
irregulares
erguido
grosseiros
transfigurado
repousar
firmado
seesplendor
Pelágio
noite
dos
despediu
ànuma
de
diversas.
voz
rochedos
leitos
da
de
vivos.
recebera
gesto
do
caverna.
anfractuosidade
novembro
se
com
formados
moço
perdia
Perto
Na
e os
anovasta
nova
Do
duque
do
nadas
lar
do rochedo, via- se, também adormecido, um guerreiro em cujo rosto os
sulcos dasdavam,
das faces rugas eporventura,
o cavado mostra de mais dilatada vida do que, na
parecia nele
realidade, eraunicamente
a sua. O sonoo entorpecimento das forças físicas exaustas e não o
repouso de
porque, do quando
espírito;em quando, os membros se lhe agitavam por estremeção
descerravam
violento, ou se oslhe
olhos, e moviam os lábios, como se tentasse falar: mas
sussurrava apenas
inarticulados, e calaalguns sonsem torpor, que não tardava em ser outra vez
de novo
interrompido.
da gruta, formadoNumpelosrecesso
ressaltos das rochas e que servia como de câmara ao
foragidos,
jovem capitãoparecia
dos também jazer um vulto sobre telas mais delicadas que os
despojos
silvestres,deasanimais
quais eram, talvez, ainda restos do anterior luxo dos paços de
passada
Tárraco;grandeza dos duques
talvez, vestígios da de Cantábria e da antiga civilização gótica. Um
pano
de de pendia
ouro púrpuradafranjado
abóbada natural, preso nas estalactites seculares que dela
desciam, semelhantes
pendurões do teto de um aostemplo normando-árabe. A luz dos fachos mal
afastado;
alumiava masaquelenessa meia - claridade branquejavam roupas alvas de mulher,
recanto
que sonhos
por tambémdolorosos,
parecia agitada
se é que o seu gemer de espaço a espaço, o soluçar
instante
contínuo,a oinstante
agitar-senãodeeram antes indícios dessa modorra febril, dessa
hesitação
vigília, entre o dormir
semelhante e a do moribundo que já perdeu a consciência da
ao arquejar
vida
meioque vaicena
desta fugindo. No
de duvidosa quietação uma personagem velava. Era o moço
atravessando
Pelágio, que, a caverna a passos lentos e cautelosos, de um para outro lado,
ora aplicava oirrequietos
movimentos ouvido aose ao respirar agitado do vulto branco, ora parava à
olhos
entradanadaescuridão exterior
gruta, fitando os e escutando com todos os sinais de impaciência
de quem
que tarda.espera
Depois, alguém
dirigia -se para o lado do vermelho brasido e, cruzando os
braços, punha-
contempla se a aspecto do cavaleiro do escabelo com um olhar de
r o torvo
misturado
simpatia e do que quer que fosse de admiração e de terror involuntário.
compaixão,
XVIII - IMPOSSÍVEL!
Apenas Pelágio transpôs o escuro portal da gruta, Eurico alevantou-se. Aspirava com ânsia, como se
aquele não
tépido ambiente
bastasse a saciá -lo. O desgraçado resumia num pensamento devorador, numa síntese atroz,
odoloroso
seu longe e
passado e o seu torvo e irremediável futuro. Como voltara àquele lugar? Como, sem lhe
vergarem
tinha os joelhos,
ele descido das alturas do Vínio com Hermengarda nos braços? Que tempo durara essa carreira
deliciosa e ao mesmo
tempo infernal? Não o sabia. Imagens confusas de tudo isso era apenas o que lhe restava, - do sol, que
poucoalumiar
viera a poucooslhe passos, dos ribeiros que vadeara, das penedias agras, dos recostos dos montes, das
selvas que recuavam
para trás dele, dos cabeços negros que, às vezes, lhe parecera debruçarem-se no cimo dos
despenhadeiros,
verem correr. Nocomomeio para o recordações incertas e materiais, outras passavam íntimas, ardentes,
destas
voluptuosas, negras,
desesperadas. Por horas, que haviam sido para ele uma eternidade de ventura, o respirar daquela que
amava comocom
se misturara insensato
o seu alento; por horas sentira o ardor das faces dela aquecer as suas, e o coração
bater-lhe Depois,
coração. contra oavultavam-lhe
seu no espírito a imagem veneranda de Sisberto e o altar da sé de Híspalis,
junto do qual vestira
a pura estringe de sacerdote, e Cartéia, e o presbitério e as noites de agonia volvidas nos ermos do
Calpe. dizia,
contra E tudoseisto se se condenava, o amor pelo sacerdócio, o sacerdócio pelo amor, o futuro pelo
repelia,
passado; e aquela alma,
dilacerada no combate destes pensamentos, quase cedia ao peso de tanta amargura.
E pelo céu tão plácido e melancólico; pelo céu, que ele às vezes se punha a
contemplar às horas mortas
no pobre presbitério de Cartéia ou assentado em algum promontório, a sua
imaginação
desvios voou
do sul, atélágrimas
e as os de saudades começaram a rolar- lhe
mansamente pelas
desventurado tinhafaces.
saudadesO das tristezas do ermo, porque já não podia ter
Engolfado
olhos
Senhor.
pensamento
murmuravam
era
nenhuma
os
Providência,
A
suavizar
morte;
anjos
essa
cravados
desejos
humanos. As
oração
compreendem:
oesta
escritura
dosmartírio
naquelas
lágrimas
da
que
idéia,
com
morte.
nos
que
aspoderiam
cicio
daquela
astros
todos
tremenda,
acumula
cogitações
correram-
contentamentos Insensivelmente
gemido
quase
nós
cintilantes,
alma
representar:
ou
sabemos
indiferente
imperceptível.
lhe
dolorosas,
dissipa,
enérgico
atribulada,
então
que
no
ajoelhou
sabe
mais
oração
de
pareciam
ou
omomento
guerreiro
todas
como
formosa,
pesar
Era
abundantes,
eque
aas
estendeu
em
nas
sorrir
ação
de
émisérias
conservou-
estio
segundo
um
balanças
suprema
de-lhe
mistério
eardente
alma,
as
o terrenas,
ecoração
mãos
achamá
agonia
da
vida
se
férvida,
entre
justiça
as
para
por
é-lo
cuja
e oque
e
algum
para
parecia
firmantento:
procelosa,
nenhumas
Deus
intensidade
da
risonha,
grossas
piedade
oeseio
tempo
odilatar-
águas
pálida
homem
palavras,
que
divinas.
imenso
só
os
imóvel
da
aos
ou
se-
seus
trovoada
enegra,
agitava:
lhe
que
dolábios
e com
nem
veio
oos
refrigeram a terra, que estua sob os raios aprumados do sol. Tinha- a
buscado;
horrível dabuscado com a placidez
desesperança; como um remédio de cuja eficácia a consciência da
duvidar. Seriaonão
imortalidade faziamais do que ir deitar- se em leito de dores externas?
Talvez:
ser mas a tanto
refrigério: mudança podiaA morte parecia, contudo, fugir a ele para que
bastava.
lhe
nemcumprisse.
este últimoHouve
desejoumse instante em que lhe ocorreu o pensamento de subir
ao pináculo
Auseba escarpado do
e despenhar-se no vale. Refugiu desta idéia, porque era covarde.
Eurico,
não o sacerdote
devia soldado,
fenecer ímpia e vilmente; devia depor o peso intolerável da vida no
pelejadas
campo dasem nome da cruz e da Espanha. E no recontro daquele dia, uma voz
batalhas
íntima lhe murmurava
que o havia de obter.
Este anelar pela morte era uma bem triste cobiça! E quando se lembrava de
que essa
jazia mulher
a poucos que aídele; essa mulher, em cuja adoração concentrara todos
passos
formosos
os afetos dosdiasmais
da vida; cuja imagem sonhada nas solidões do Calpe,
desenhada
olhos da sua dealma,
contínuo diante
gravada dosum selo de saudade e de amargura em todas
com
mulher que, pouco havia,
as suas cogitações; essa por horas de delicioso delírio, apertara contra o
peito, eloque
torná- pudera,
o mais felizoutrora,
dos ho mens; quando se lembrava de que sobre isso
tudo ele deixara
de bronze cair a campa
do sacerdócio, que ninguém podia erguer, o desgraçado sentia
todas
estalarem-lhe uma a uma e fugir- lhe do seio um grito semelhante ao que
as fibras do coração,
rebenta
condenado dosao lábios do do potro, no primeiro movimento da mão pesada do
suplício
algoz.
E, como se quisesse ainda mais saciar- se de dor, encaminhou- se para o lado
onde Hermengarda
repousava. Ao clarão da tocha que espargia uma luz mortiça, o guerreiro
inquieto
contemplou-adormir. Era bela; mais bela que nos tempos da primeira mocidade! O
naquele
seu gesto angélico,
desbotado pela palidez, emagrecido pelos pesares e terrores, ganhara em
íntimos
expressão, pensamentos
em reflexoodos que perdera em viço e em toques de inocência.
Bonina desabrochada
campos da vida, brilhara noscom todas as pompas do seu vicejar à luz da manhã;
o ardor intenso
meio-dia a fizeradopender; a viração da tarde lhe traria, talvez, ainda frescor e
fragrância
viveza; masperdia-
a sua se nas auras que passavam; nas suas cores harmoniosas
revia- se,
Aquela apenas,
alma fugiaosolitária
céu! pela terra num viver incompleto e volveria aos
conhecer
abismos da o mais
criaçãoprofundo
sem e enérgico dos afetos huma nos, o amor, que une
dois espíritos
fragmentos decomo dois os quais a Providência separou ao lançá- los na terra,
um todo,
eunir-se,
que devem buscar- se,
completar-se, até irem, depois da morte, formar, talvez, uma só
Deus.
existência de anjo no seio de
Mas quando Eurico se lembrou de que, porventura, isto era sonho; de que
podia serna
passasse quevidaessatãoalma
vazia nãoe solitária como ele julgava, e que esse coração,
que poucas
pulsara horasdo
tão perto antes
seu, batia, acaso, por outrem, sentiu o suor frio manar-
elhe fúnebre que A
da fronte. mal alumiava
tocha baça a irmã de Pelágio pareceu- lhe retinta em sangue;
e,
porcomotufãocedro arrancado
repentino, foi encostar-se à rocha lateral, cuja superfície irregular
O vê -Ia despertara
lhe escondia Hermengarda. todo o delírio do seu primeiro amor, e aquela idéia
intolerável,
atormentaraque nas tantas
solidõesvezes o
do Calpe, espremia- lhe agora o coração com
redobrado furor.
E assim ficou por alguns momentos mudo, anelante, aniquilado. Quem era,
ali,céu
De
voz
leito,
truncadas,
palavras
o-redobrava
rosto
Sempre
repente,
não
dedemudado
oHermengarda.
para
orgulho
oconfusas
saberia
ele!
de
o um
oguerreiro
violência,
lado,
sempre
ai
com
odizer.
se
comprimido
gesto,
como
começaram
que
Aproximou-
conheceu
esta
Os
aorepeliste
equem
passo
pensamentos
visão
comveio
tentava
oque
de
que
asusto
ocoordenar
seremorso!
acordá-lo
gardingo...
um
omanso
seu
pintado
afastar
revolviam-se-
sonho
respirar
eem
-daquela
manso,
mau
visão
murmurou
Perdoe-te
no
períodos
olhar,
se
atão
agitava,
ia
de
espécie
lhe
tornando
medonha.
modo
aointeligíveis.
na
Hermengarda.
irmã
céu
mente,
até
de
que
ode
torpor
haveres-me
que,
cada
Pelas
Pelágio
ela
como
O
vez
não
suas
- as
o
onde estava, por que viera
ondaspai,
marítimo,
doloroso.
visse.
estendia
palavras
inteirame
pular
mais
meu
obrigado
imperceptível.
do
Assentada
num
os
coração
incoerentes
meu
aEstremeceu.
nte
tempestuosos,
sacrificar
sorve
braços
desperta,
pai!sobre
de
douro
Perdoe-te
voltando
Eurico
eaos
Era
oessas
rápidos
a e indistintos.
pés desse orgulho o sentimento de amor que se ale vantara neste coração.
Nós ambos assassinamos
desgraçado; mas a puniçãoocaiu inteira sobre mim! Embora. Eu não te
filha nunca te óacusará
amaldiçoarei, anteAotua
meu pai! supremo juiz.
Depois, ficou por alguns instantes calada, com os olhos fitos no rochedo
fronteiro, em
escabrosa as cuja facepareciam dançar e agitar- se à luz da tocha que ardia a
sombras
curta distância,
aragem e que perceber
movia. Crera a perto de si um gemido abafado, cortando
noturno.
fugitivo o grande silêncio
- Vai-te, vai- te! - prosseguiu ela. - Que posso eu fazer-te, infeliz?... Bem
longo e atroz
martírio, porquetemainda
sido onãomeu
achei no mundo alma com quem me fosse dado
repartir o cálix
infortúnio; do houvesse de contar os tormentos que há tanto tempo me
a quem
sorrir.
varreramSe vivesses,
dos lábiosseria
o tua; tua esposa, tua escrava!... mas a bênção nupcial
não pode
túmulo e adescer entre o meu pai!... diante do trono do Senhor, onde são
vida. Favila!...
jura-
iguaislhe que tuae filha
o duque repeliu o seu amor por obedecer-te: dize -lhe que o
o gardingo,
prantoacorreu
ouvir nova da destes olhos ao
sua morte. Oh, dize- lhe, dize -lhe que não fui eu que o
assassinei.
E aqui, deixando pender a cabeça sobre o peito, pareceu voltar ao sentimento
da realidade
espécie mas febril,
de terror aquelaque lhe haviam gerado no espírito os transes, qual
sucessivamente
mais doloroso, por passara,
que tornou a apossar- se dela. Favoreciam- no o lugar, a
hora, o silêncio.
Hermengarda alevantou de novo os olhos desvairados e, firmando-se no
rochedo, tentava erguer- se.
- Era Eurico! - murmurou ela. - Depois de dez anos, bem conheci a sua
voz!
tantasMais
vezestriste, só: triste
a tenho ouvido como
nos meus sonhos de remorsos! Bem conheci o
carregado, só: pálido
seu gesto! Mais pálidoe ecarregado, como tantas vezes tem surgido do sepulcro
para vir me
acusar- mudamente
silencioso e quedo ante mim, por longas e não dormidas noites.
Era ele!...
coração euum espectro
sentia bater,cujo
cujos braços me apertaram por cima do abismo
pelos recostos
revolto, atravésdas serranias. Dos seus olhos caiu sobre o meu seio uma
da floresta,
lágrima!queimam...
mortos As lágrimas dos a vida; porque bem sinto a morte chamar- me...
devoram
- Era... era o teu, Eurico!... Mas que pode haver comum entre o guerreiro e o
um nome...Que
sacerdote? umaimporta
palavra?... que...
Depois ergueu-se, vestiu a sua negra armadura, cingiu a espada, lançou mão
rompendo por entre
do franquisque e, o tropel, que fize ra silêncio ao vê -lo, desapareceu
através da porta
rochas tingia corda
degruta,
sanguecujas
a dourada vermelhidão da aurora.
XIX - CONCLUSÃO
Da morte às trevas,
Imortal, te diriges!
O ardil de Pelágio para resistir com vantagem aos muçulmanos, cem vezes
mais numerosos
cristãos, surtira oque os
desejado efeito. Ainda que muito a custo, os cavaleiros
enviadosà em
floresta cilada das
esquerda paragargantas
a de Covadonga puderam chegar aí sem
se
seremhaviam aproximado
sentidos maisque
dos árabes, cedo do que o fizera crer a narração do velho
Vélido.
nas bordas Os doinfiéis
Deva,pararam
no sítio em que rompia do vale, e os seus almogaur es
avante. Os cavaleiros
tinham ousado penetrarda cila da, que a pouca distância passavam manso e
manso, ouviram
tamente o tropel distin-
dos ginetes inimigos.
Mas, quando, ao primeiro alvor da manhã, Pelágio se encaminhava com o
aseu
garganta
pequeno dasesquadrão
serras, já para
os árabes rompiam por ela e começavam a espraiar-
se, como
saindo deribeira que,
leito apertado, se dilata pela campina. Os cristãos recuaram, e os
esta fuga
infiéis, simulada,aoprecipitaram-
atribuindo temor se após eles. Pouco a pouco, o duque de
Cantábria
entrada daatraiu-os
gruta de para a
Covadonga. Chegado ali, pondo à boca a sua buzina,
tirou um som prolongado.
Imediatamente os cimos dos rochedos, que pareciam inacessíveis, cobriram-
frecheiros,
se de fundibuláriosnuvem
e uma e de tiros choveu de toda a parte sobre os africanos e
sobre os renegados
Vacilaram; godos.
mas o desejo da vingança levou-os a apinharem-se, esquadrões
da
apóscaverna, onde,àfinalmente,
esquadrões, entrada encontravam desesperada resistência. Então,
comograndes
céu, se despegassem
rochedos do começaram a rolar sobre eles dos cimos do precipício
que lhes ficava
sobranceiro. Mãos invisíveis os impeliam. Cada rocha traçava no meio
oscilava, naquela
daquele vulto vastaque
informe planície de alvos turbantes e de capacetes reluzentes,
uma escura amancha,
semelhante chaga horrível. Eram dez ou vinte guerreiros, cujos membros
triturados,
esmagados,cujo cujossangue
ossosconfundido espirravam por cima das frontes dos seus
companheiros.
medonho! Era a esse espetáculo se ajuntava o grito de raiva de
- porque
desesperação
feroz e agudo,dos pelejadores,agrito
só comparável bramido de cem leoas a quem os caçadores
ausência delas, roubado
do Atlas houvessem, na os seus cachorrinhos.
Fora no momento em que Pelágio penetrava, na sua fingid a fuga, sob o vasto
cavaleiro negro que
portal da gruta, saía.oO jovem guerreiro viu- o e estremeceu. Eurico tinha as
faces encovadas,
pálido o rosto
e transtornado, e havia em todo o seu gesto uma tão singular expressão
de tranqüilidade
fazia que os cristãos defendiam a entrada ele esteve quedo, como
terror. Enquanto
mas, logo que
indiferente, ao os árabes, acometidos já pelas costas, principiaram a recuar; e
combate;
que Pelágio
combater napôde
planície, o cavaleiro, abrindo caminho com o franquisque ,
inimigos. Desde
desapareceu no meio esse dos
momento, debalde, o duque de Cantábria o buscou:
nem
o viu.ele, nem ninguém mais
Era quase ao pôr do sol. Seguindo a corrente do Deva, a pouco mais de duas
Auseba,
onde
Em
atravessava
nas
aquele
-Chegados
trair-
perseguir-
Nazareno,
suas
frente
sobre
nos.
apertado
dilatava
mil
Estávamos
àda
nos.
dois
aclareira,
voltas,
ofereceste-
tosca
selva
Porém
rochedos
carreiro.
- se
ponte
e,
para
este
nessa
nas
passando
o silêncio
nos
as
Pelos
parou
de
mãos
aprumados
época
bandas
pedras
a salvação,
traios
dos
de
pela
tenaz
denso
repente
da
brutas
soldados
clareira,
assentava
eGalécia.
que
armas,
se
bosque
lançadas
e,
te
tens
de
voltando-se
continuava
seguíssemos:
conhecia
Quatro
guardado
um
Pelágio,
de carvalhos,
sobre
terceiro.
cavaleiros,
-se
epor
com
gera
ofoi
fiamo-
rio,
que
Era,
meio
no
aaspecto
em
uma
um
eram
meio
amim
nos
dos
aceno
pé
senda
três
em
do
e em
teu
ti,
milhas das encostas do
qualcaminhavam
provavelmente,
estreita
outeiros
fio,
cristãos
carregado
disse-lhe:
porque
que
graves
eles
se suspeitas.
não
abria
eevizinhos,
cessaram
tortuosa
um
para
precisava
vasta
sarraceno.
um
uma
Quem
por
dirigindo-
de
clareira,
dos
ara
s três,
de
és
céltica.
tu?se,
Cumpre que sejas sincero, como nós. Sabes que tens diante de ti Muguite, o
amir da cavalaria
Juliano, árabe,
o conde de Septum, e Opas, o bispo de Ríspalis.
- Sabia- o - respondeu o cavaleiro: - por isso vos trouxe aqui. Queres saber
um sacerdote
quem sou? Umdesoldado
Cristo! e
- A ti, que não eras nosso irmão pelo berço; que tens combatido lealmente
aconosco, inimigos
ti, que nos da tua
oprimes, fé; nos venceste com esforço e à luz do dia, foi
porque
parateteconduza
que ensinar um
em caminho
salvo às tendas dos teus soldados. É por ali!... A estes, que
pátria,
venderamqueacuspiram
terra da no altar do seu Deus, sem ousarem francamente renegá
-lo, quea ganha
trevas vitóriaram nas da sua perfídia, é para lhes ensinar o caminho do
maldita
segui-o!
inferno... Ide, miseráveis,
É que nós conhecemos a vida pública dos visigodos e não a sua vida íntima,
Espanha
enquantorestaurada
os séculosrevelam-nos
da a segunda com mais individuação e verdade
que a primeira.
godos restam- nosDoscódigos, história, literatura, monumentos escritos de todo
gênero, mas
literatura sãoos códigosmais
reflexos, e a ou menos pálidos, das leis e erudição do império
desconhece
romano, e a ohistória
povo. O goticismo espanhol, ao primeiro aspecto, parece
mover-se.
estátua de Palpamo-
mármore, lo:fria,é imóvel,
uma hirta. As portas das habitações dos cidadãos
do Apocalipse:
cerram-nas são selos
os sete a campa da família. A família goda é para nós como se
nunca existira.
Não cabe numa nota o fazer sentir esse não- sei-quê de majestade escultural
visigótica,
que conserva porsempre
mais que tentemos galvanizá -la, nem o contrapor- lhe as
a raça
gerações
reação nascidas
contra durante aque surgem e agitam-se e vivem quando lhes
o islamismo,
misteriosa
aplicamos aque, partindo
corrente da imaginação,
elétrica e vai despertar os tempos que foram,
do seu calado sepulcro.
Desta diferença, que é mais fácil sentir que definir, nasce a necessidade de
nas formas literárias
estabelecer aplicadas às diversas épocas da antiga Espanha, a
uma distinção
romano-
moderna.germânica, e a
Tive eu esse instinto? - É mais provável o não que o sim. - Se a arte fora
possuí- Ia todos
fácil para não nos
os faltariam
que tentamartistas!
2- Hesitei muito tempo sobre se conviria usar dos nomes próprios, quer de
pessoas
como quer de lugares,
as sucessivas alterações da linguagem na Espanha os foram
deles se acharema ponto
transformando, hoje totalmente
de muitosdiversos do que eram na sua origem. Destas
mudanças,
apenas aquelasno
consistiam queaumento ou diminuição de uma letra, ou na diversidade
das desinências,
talvez, podiam,
ser admitidas sem darem um aspecto anacrônico ao livro. Outros
sobretudo nas designações
nomes, porém, havia, corográficas, tão completamente alterados, que
me repugnava
moderno o substituir
ao antigo. Assim,oToletum, Emérita seriam sem dificuldade
Mérida; mas, como
representados substituir,
por Toledo e sem anacronismo na expressão, Sevilha a
Híspalis, Leão
Guadalete a Légio,
a Críssus, e, finalmente, Burgos a Augustóbriga, quando, como
neste caso,
moderna até a não
cidade situação da
é exatamente a da antiga povoação? Preferi, portanto,
primitivos, os quais,
conservar os nomes não influindo de modo algum na ordem e cla reza da
narrativa,
encontrar-sepodem facilmente
em qualquer dicionário ou tratado de geografia antiga.
Quanto ao cargo de tiuphado ou tiufado, deve saber- se que o exército godo se dividia em corpos de mil
homens, e estes em companhias e esquadras de cem e de dez. Abaixo do thiud , ou
theod
povo,
homens,
conhecida
ou de outra
espécie
pelos
cor modesta,
romanos.
de majorporque
dos
O clero
regimentos
o usava
havia, deste
até,
modernos,
cor
trajo,
de púrpura,
como
ou, segundo
os oseculares,
usooutros,
da qual
com
etiufado
fath,
milenário
substituto
semelhante
centenário
a4-
era
aos
palavras
O
(conduzir, ou, segundo outra derivação,
diferença
severamente
sacerdotes.
vestido
Stringes,
(da
do
,de
aos
ecivil
tiufado
aetimologia
ser
Veja-
de
nossos
proibido
dos
branco
Strigio.
dezou
se
visigodos
(decania)
tenentes-coronéis.
Masdeu,
latina era
por
mille
Hist.
uma
um
) estava
espécie
decano.
Crít.
A companhia
ode ,taihunda
qüingentário,
de
Esp.
túnica
t. II,
de p.
cem , homens
chamada
63 mil,
segundo e )uns,
e 197, eque,
(fath também,
Ducange
capitão
Stringe
centúria se
) eraeregida
de chamava
Carpentier
ouquinhentos
, já
Strigio
por
d'antes
um
às
5- A igreja goda empregava oito ministros na celebração do culto: o Ostiário,
1 º que abria e fechava o
templo, cuidava da conservação dos objetos do culto e vigiava que não
assistissem
hereges ao sacrifício 2o Acólito,
ou excomungados; º
que iluminava os altares e tinha na mão um candelabro en-
quanto se lia o evangelho; 3o Exorcista, a quem incumbia o expulsar o demônio dos possessos; 4oº
º
6- Poetas célebres hispano- godos do século V. - De Dracôncio resta- nos o Carmen dee Deo
uma
epístola dirigida a Guntrico, rei dos vândalos. De Merobaude subsiste um Poema de
fragmento
Cristo. De do
Orêncio, tão elogiado pelo poeta Fortunato e por Sidônio Apolinário,
pequena poesia
apenas na Bibliotheca
resta uma Veterum Patrum .
8- A célebre batalha dada por Teodoro, rei dos visigodos, e pelo general
feroz Átila
romano nos Campi
Aécio, Catalaunici
seu aliado, (planícies de Châlons- sur- Marne) é o mais célebre entre os terríveis
ao
combates que custou à Europa no V século a dissolução do grande cadáver
Jornadas e no Panegírico
romano. Podem ver- se emde Avito por Sidônio Apolinário as particularidades deste sucesso.
9- Aljeziras. Este nome foi posto pelos árabes ao lugar onde Tárique aportara
saindo dedeCeuta
conquista para aO ilhéu, hoje chamado das
Espanha. Pombas
, fica a um tiro de espingarda daquela
povoação, à qual passou o nome que os árabes tinham dado à ilhota, vendo- a
verdejarAlcadra
Jazira ao longe:(ilha
- verde). Ignorando- lhe o nome antigo, supus que essa denominação de
origem
arábica era anterior e que já os godos lha atribuíam. O anacronismo é, a meu
ver, assaz desculpável.
10- O amículo, que entre os romanos era próprio das mulheres de baixa esfera, tornou-se
trajo comum das em maisEspanha
honestas e nobres: era uma espécie de manto, com que
cobriam asOs
inferiores. vestiduras
cabelos, encerravam-nos numa como coifa, denominada retíolo
. Veja- se Masdeu,
Hist.
Crít. , t. II, p. 6.
Estremadura
chamada Transfretana:
Prefeito,
Espanhola.
. Juliano
caudilho
cabia
Daí,era,
-lhe
contraída
principal,
segundo
por isso
agovernador
menor
parece,
entre os
território,
oárabes
governador
de proví
oveio
título
ncia,
da
a de província
general
Váli. degótica
exército.
de além do
11-nome
denominação
12
Alg.
Sebta
do
13-
quem-Os
O
Nom.
Váli:
éosvisigodos
afrankisk
godos
de
corrupção
Árabes
Conde,
Septum,
daa terra
tomaram.
tinham
ou
Estreito,
arábica
corrupção
de
frankiska
Campos.
dado
era
Consulte-
uma
em
de especial
espécie
onde
se os
Masdeu,
de
onossos
nome
machadinha
antigos
Hist.
de Crít. formaramCepta
de dois
, Campi
t. II,gumes,
p. gothici
52àsusada
-e,
planícies
e depois
Ducange,
pelosde
Ceuta
francos,
Declar.
Francisca
Leão
vb.. e.de
da
A
cateia, de que adiante se há de falar, era uma lança curta ou dardo, a origem, talvez ascuma
dos
temposdaposteriores.
14- Sevilha no tempo dos romanos tinha dois nomes - Romula e Hispalis
. Este último veio a
prevalecer, enfim. Veja- seFlores, Esp. Sagr. , t. 9, p. 87.
15 - Mafoma era natural de Medina. Esta cidade chamava- se latribe. Foi ele
Medina
quemAnabi -Cidade
lhe pôs o nomedodeProfeta . (N. A.)
17- Islam em árabe, o islamismo ou religião do Alcorão. Significa, propria mente, esta
palavra em Deus.
resignação; resignação
20- Deus só é grande! era para os árabes a voz de acometer, como, depois, foi
de para os cristãos o grito
Santiago!
21 - A ephippia era uma espécie de sela de lã que os godos haviam imitado da cavalaria
romana.
22– “As armas deles (dos berberes e árabes africanos) quase se limitam a paus
compridos
prendem a que toros
pequenos se atados pelo meio, que no combate descarregam
as mãos."
sobre Alcatibe,Pleni-Lunii
os inimigos com ambas Splendor , em Casiri, t. 2, p. 258.
aditos
com
denominação
- No
seus
,àsisto
império
famílias
amos
é, atribui
o eancião,
godo
patronos.
poderosas,
com
ostomou
bucelários
preferência
A por
obrigação
entre
quem
vinham
oso eram
sarracenos
erudito
maisapatrocinados
importante
ser
Canciani
oamesmo
significação
do
(Barbar.
e,que
bucelário
talvez,
osde
Leg.
clientes
senhor
parece
Ant.,dos
ou chefe
23–romanos,
línguas
Xeque
24
sustentados,
Masdeu
(migalha
ter
militar:Si
vol.
da palavra
consistido
4,
Como
de
p.vulgares
e117)
uma
de
ei...
oescandinava
aseu,
homens
pão).
se,
palavra
no
tribo.
arma
derivando-a
como
nesta
das
serviço
O dederit
Código
livres
nações
latina
.pretende
parte,
É bukIar
pormodernas,
Visigótico
quase
isso
senior
(o(o
que
mais
tradutor
escudo),
seo(Liv.
velho)
meRomey,
afigura
principal,
5,
transformada
veio
tit.
) estabelece
3aomais
significar
nome
ºo provável
senhor
noosidioma
no
deveres
, assim
buccellarius
latim
a etimologia
germânico
ebárbaro
arelações
palavra
que
lhes;
eem
no
árabe
destes
aeprovinha
romance
semelhante
nas
bukel
buccella
(homens
línguas
Cheik,
Chek
ou
de
),
modernas em bukIer, bouclier, broquel . Neste caso bucelário corresponderia ao armígero
escudeiro
ou
dos séculos XII e XIII, que, significando na sua origem o que trazia as armas
senhor ou amo,
ou o escudo veio a tomar- se por um homem de armas de certa distinção,
do seu
a quem,
grau todavia, faltava o
de cavaleiro.
25- O fato narrado neste capítulo é histórico. O lugar da cena e a época é que
as são inventados.
monjas de NossaForam
Senhora do Vale, junto de Ecija, que, em tempos
heróico, parapraticaram
posteriores, se esquivarem à sensualidade brutal dos árabes. Parece que o
este feito
procedimento
Ecija foi imitadodasem
freiras de outras partes. Consulte-se Berganza, Antiguidades de España
muitas , t. I, p. 139,
e Morales, Cron. Gener ., t. III, p. 105.
26- Segundo Lembke, cuja opinião assenta no testemunho de lbn Saide e de
Ahmede
árabes Almacari,
conheciam os
a Espanha, antes da conquista, pelo nome de Andalôs ou, Andalúz
nome que, depois,
aplicaram em especial ao território entre o Wadi-AI- Kebir e o Wadi-Ana
(Guadalquivir
isto é, à modernae Guadiana),
Andaluzia. O nome de AI-Gharb (o ocidente) que,
para a distinguir
igualmente, deramdaàMauritânia
Península (AI-Moghreb) veio, também, a contrair- se à
nossa província do
Algarve.
27- Alfaqui. É o título que os africanos dão aos seus sacerdotes e sábios da lei. Moura,
Vestíg. da Líng.
Árab., p. 38.
28- As grandes divisões da Espanha, segundo a geografia árabe, eram quatro - oAlgarbe
ocidente;
Axarque o oriente; Alquibla o meio -dia; oAliufe
norte. Era esta, por isso, a designação dos territórios
cristãos das Astúrías e Cantábria.
29- O aripennis, arapenis, agripennis ou arpentum , donde veio a palavra francesa , era arpent
uma
medida de extensão igual à metade do jugerum
, donde tomamos a palavra geira. O aripene media- se
em quadro e tinha de cada lado 12 ,pérticas
medida que equivalia a dois palmos. Masdeu afirma que o
aripene era medida especial da Bética, o que é inexato; porque ela se acha
mencionada em
documentos, nãomuitos
só de outras províncias de Espanha, mas também de
ver em Ducange,
diversos à palavraArapennis
países, como se pode .
30- Nas mil tradições diversas, quer antigas, quer inventadas em tempos mais
modo como sesobre
modernos, constituiu
o a monarquia das Astúrias procurei cingir -me, ao
menos no desenho
que passa por mais geral, ao
proximamente histórico. Todavia, cumpre advertir que
das as probabilidades
Pelágio viveu, segundo emto-tempos um pouco posteriores à conquista árabe, e
que a morte
Juliano de Opas
na batalha de eCangas
de de Onis, sucesso narrado por alguns escritores,
tem sobrado
fabulosa. caracteres
A minha de porém, foi, como já notei, pintar os homens da
intenção,
digamos
época de assim, dos tempos heróicos da história moderna para o período da
transição,
cavalaria, brilhante ainda,
mas já de dimensões ordinárias. O meu herói do Críssus é como o último
terra;
semideus que combateCovadonga
os foragidos de na são os primeiros cavaleiros da longa,
patriótica
Península econtra
tenaz os
cruzada da Deste modo, sendo hoje dificultoso separar,
sarracenos.
em relação
histórico doàquelas eras,
fabuloso, o
aproveitei de um e de outro o que me pareceu mais
apropriado ao meu fim.
FIM