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Curso de Direito
MÉTODO APAC
CAMINHO PARA A RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO E SUA
REINTEGRAÇÃO À SOCIEDADE
Campo Grande – MS
Junho, 2013
2
MÉTODO APAC
CAMINHO PARA A RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO E SUA
REINTEGRAÇÃO À SOCIEDADE
Campo Grande – MS
Junho, 2013
3
TERMO DE APROVAÇÃO
A Monografia intitulada: “Método APAC – Caminho para ressocialização do condenado e sua reintegração à
sociedade” apresentada por Juliana Fabíula Furucho de Oliveira como exigência parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Direito à Banca Examinadora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
obteve nota ___________para aprovação.
BANCA EXAMINADORA
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, a quem entreguei a minha vida todos os dias, para
que me desse forças e guiasse cada passo dado em meu caminho, que está sempre ao meu
lado e por muitas vezes me carrega nos braços.
A todos aqueles que estiveram comigo, contribuindo com palavras de apoio, com a
mão amiga e com fé na minha capacidade de vencer cada batalha e que hoje comemoram
comigo mais um passo em direção ao sucesso.
6
RESUMO
Muito tem se discutido acerca da crise enfrentada pelo sistema carcerário não só Brasil
como no mundo. O tratamento dispensado aos presos, a superlotação, condições sanitárias e
estruturais levam estudiosos e defensores dos Direitos Humanos a questionar a eficácia da
segregação frente ao ideal ressocializador proposto pela execução da pena. Se o sistema
prisional brasileiro atual, não apresenta condições para oferecer aos que ali se encontram
sequer a garantia dos direitos fundamentais básicos, como poderá cumprir com a obrigação
estatal de reeducar e reinserir um individuo ao convívio social?. Para se reverter tal situação
mudanças são necessárias, não penas legislativas, mas também culturais; neste sentido, a
filosofia proposta pela APAC no cumprimento da pena privativa de liberdade surge como
uma alternativa de mudança. O presente trabalho destina-se ao estudo deste Método,
reconhecido e adotado em 17 Estados brasileiros e em diversos países do mundo e que vem
se mostrado comprovadamente eficaz em relação à reeducação e reinserção social do preso
à sociedade bem como apresentando índices mínimos de reincidência criminal em
comparação ao sistema prisional comum.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Recuperando da APAC Itaúna com a chave da cela .......................................................... 40
Figura 2 – Entrada para as celas – APAC Itaúna................................................................................. 43
Figura 3 – Oficina de panificação – APAC Itaúna .............................................................................. 49
Figura 4 – Recuperando comemorando o aniversário com a família .................................................. 54
Figura 5 – Celas APAC ....................................................................................................................... 57
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................
1 – AS PRISÕES E AS PENAS .............................................................................................................
1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PRISÕES NO MUNDO ........................................
1.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PRISÕES NO BRASIL .........................................
1.3 O SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO ......................................................................................
1.4 MUTIRÃO DO CNJ – A REALIDADE DO SISTEMA PRISIONAL NO BRASIL .....................
2 – PENAS, EXECUÇÃO PENAL E RESSOCIALIZAÇÃO ............................................................
2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS PENAS E DO DIREITO DE PUNIR ...................
2.2 IMPORTÂNCIA DA RESSOCIALIZAÇÃO DO DETENTO PARA A SOCIEDADE ...............
2.3 MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESSOCIALIZAÇÃO..........................................................
3 – O MÉTODO APAC..........................................................................................................................
3.1 O SURGIMENTO DA APAC E SUA EXPANSÃO MUNDIAL.......................................................
3.2 FINALIDADE E ELEMENTOS FUNDAMENTAIS DO MÉTODO.................................................
3.2.1 A participação da comunidade ............................................................................................
3.2.2 Recuperando ajudando recuperando .................................................................................
3.2.3 O trabalho .............................................................................................................................
3.2.4 A religião ...............................................................................................................................
3.2.5 A assistência jurídica ............................................................................................................
3.2.6 A assistência à saúde ............................................................................................................
3.2.7 A valorização humana ..........................................................................................................
3.2.8 A família ................................................................................................................................
3.2.9 O voluntário e o curso para a sua formação.......................................................................
3.2.10 Os Centros de Reintegração Social ...................................................................................
3.2.11 O mérito...............................................................................................................................
3.2.12 A Jornada de libertação com Cristo .................................................................................
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................................
9
INTRODUÇÃO
1
Noticia veiculada no site do CNJ em 05/09/2011. Disponível em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/15703-
ministro-peluso-destaca-importancia-do-programa-comecar-de-novo>. Acesso em 29/05/2013.
10
autoridades e recuperandos que tiveram contato direto com a metodologia proposta pela
APAC.
O objetivo final do trabalho é que se compreenda a situação calamitosa e de falência
em que se encontra o sistema penitenciário pátrio e se entenda como o método proposto
pela APAC pode ser uma alternativa eficaz na execução da pena privativa de liberdade no
Brasil e no mundo.
13
1. AS PRISÕES E AS PENAS
2
MELOSSI Dario e PAVARINI Massimo. Carcel Y Fabrica. Los origenes del sistema penitenciário. In:
GOMES NETO, Pedro Rates. Rondonia: Ed. Ulbra, 2000, p. 55 e 56
16
péssimas condições, tanto que, em 1856, fora definido pelo chefe de polícia da Corte como
“um protesto vivo contra o nosso progresso moral” 3.
Tal situação funesta pode ser verificada no Relatório da Comissão Inspetora da
Prisão Aljube no ano de 1828, apresentada por Evaristo de Moraes:
Foi com grande difficuldade que Commissão poude vencer a repugnância
que deve sentir todo coração humano, ao penetrar nessa sentida de todos
os vícios, neste antro infernal, onde tudo se acha confundido, o maior
fascinora com uma simples accusada, o assassino o mais inhumano como
um miserável, victima da calumnia ou da mais deplorável administração
da justiça. O aspecto dos presos nos faz tremer de horror; mal cobertos
por trapos imundos, elles nos cercam por todos os lados, e clamam contra
quem os enviou para semelhante supplicio sem os ter convencido de crime
ou delicto algum (MORAES, 1923 apud DA SILVA, 2007, p.56)4.
Com a promulgação do Código Criminal do Império em 1830, a pena de prisão
passa a ser regulamentada, ficando a pena de morte restrita aos crimes mais graves como o
homicídio, latrocínio e a insurreição de escravos (DOTTI, 1998, p. 87).
Outra novidade trazida pelo Código Criminal era a obrigação imposta ao detendo de
trabalhar durante o período de cumprimento da pena 5.
Para atender à nova exigência legal foram construídas as Casas de Correção no Rio
de Janeiro (1950) e em São Paulo (1952), embasadas no projeto de Bertham sendo que a do
3
HOLLOWAY, p.66, apud CARVALHO FILHO, P. 37
4
MORAES, Evaristo de . Prisões instituições penitenciárias no Brazil,. Rio de Janeiro
: Livraria Editora Conselheiro Candido de Oliveira, 1923. Apud DA SILVA, Fernando Laércio Alves.
Método APAC – Modelo de justiça restaurativa aplicada à pena privativa de liberdade. 2007. 178 f.
Dissertação (Mestrado em Direito). Centro Universitário Fluminense – UNIFLU – Faculdade de Direito de
Campos – Programa de Mestrado em Direito, Campos dos Goytacazes – RJ. 2007.
5
[...] Art. 44. A pena de galés sujeitará os réos a andarem com calceta no pé, e corrente de ferro, juntos ou
separados, e a empregarem-se nos trabalhos públicos da província, onde tiver sido commettido o delicto, à
disposição do Governo.[...]
[...]Art. 46. A pena de prisão com trabalho, obrigará os réos a occuparem-se diariamente no trabalho, que lhês
for destinado dentro do recinto das prisões, na conformidade das sentenças, e dos regulamentos policiaes das
mesmas prisões
19
define ainda 69 infrações de menor gravidade sendo que 50 delas prevê a pena de prisão
simples (DOTTI, 1998, p. 68 e 90).
A Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal (LEP) em sua apresentação redigida
pelo então Presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia vaticina que a LEP
[...] continua a ser um diploma moderno e abrangente, que reconhece o
preso como sujeito de direitos [...]
[...] Nesse sentido, o objetivo da Câmara dos Deputados, ao lançar esta
edição da Lei de Execução Penal, é divulgar para a sociedade os direitos e
deveres do preso, bem como os critérios para a correta aplicação da
sanção penal, de forma a possibilitar que as pessoas possam exigir dos
governantes a efetiva concretização de uma lei que, se devidamente
aplicada, contribuirá sobremaneira para a ressocialização dos condenados,
para a redução da influência do crime organizado dentro das
penitenciárias e para a efetiva diminuição da violência no país. (grifo do
autor).
Nas palavras de Falconi citando Candido Silva Oliveira:
A prisão tem sido nos últimos séculos, a esperança das estruturas formais
da sociedade em combater a criminalidade. A prisão constituía a espinha
dorsal dos sistemas penais de feição clássica, sendo tão marcante a sua
influência que passou a funcionar como centro de gravidade dos
programas destinados a prevenir e a reprimir os atentados mais ou menos
graves aos direitos da personalidade e aos interesses da sociedade e do
Estado (FALCONI, 1998 apud OLIVEIRA, 2008) 6.
No entanto, o abismo entre a letra da lei e a realidade dos presídios é gritante, as
condições precárias das penitenciárias e prisões do Brasil é algo notório não apenas aos
olhos de sociólogos, juristas ou historiadores como também de toda a população.
6
FALCONI, Romeu. Sistema presidial: reinserção social? Romeu Falconi; prefácio Dirceu de Mello. São Paulo:
Ícone. 1998, apud OLIVEIRA, Candido Silva, De condenando a recuperando: a convergência entre a LEP e o
método APAC / Candido Silva Oliveira – 2008.
21
O excesso na lotação, drogas e as armas são alguns dos fatores cruciais para a
questão penitenciária.
Nos presídios brasileiros, como pouquíssimas e honrosas exceções, o espetáculo
apresentado não pode deixar de ser dantesco. Por maior que seja o desprezo de boa parte da
sociedade brasileira para com as condições de vida e mesmo o destino do preso, ninguém
pode se revelar indiferente diante do cenário oferecido pelas prisões: às mais precárias
condições de habitabilidade e à falta de serviços de apoio, assistência e educação vêm se
associar uma violência desmedida e incontrolável, grave obstáculo a qualquer proposta de
reinserção social de quem quer que tenha algum dia, em momento qualquer, transgredido as
normas jurídicas desta sociedade e, por conseguinte, sido punido pela Justiça pública.
(VARELLA, 2001, p.85).
Não é difícil de constatar que a massa carcerária se constitui de detentos muito mais
jovens do que há décadas atrás e muito mais violentos, muitos deles sem demonstrar o
menor remorso pela hediondez cometida.
Esta violência se reproduz nos presídios sob as mais diversas formas de expressão; a
chamada “Lei do Cárcere” vigora com enorme eficiência se comparada à aplicação dos
vaticínios da LEP, manda o mais forte, obedece ao mais fraco e assim se constrói a
universidade do crime.
Mesmo diante de toda a reforma moral e legislativa ocorrida ao longo dos séculos,
com o repúdio por parte dos órgãos internacionais de defesa dos direitos humanos em
relação à pena de morte, à tortura e outros meios cruéis de degradantes; a sociedade
brasileira ainda não foi capaz de se livrar dos paradigmas do passado e encara a prisão
como um meio punitivo e não ressocializador.
Assim, livre de qualquer cobrança que deveria advir da coletividade, o Estado
demonstra pouco interesse em cumprir os ditames tanto da LEP como dos tratados
internacionais dos quais é signatário.7
7
Como exemplo podemos citar a Resolução de Genebra de 30 de agosto de 1955, no I Congresso das Nações
Unidas sobre a Prevenção do Crime e Tratamento do Delinquente, que prevê regras mínimas para tratamento
dos presos.
22
atuação correlata, podendo ainda crias grupos de trabalhos compostos por juízes, membros
do MP e por servidores.
No que diz respeito aos condenados em cumprimento de pena de privação de
liberdade provisória ou definitiva, a revisão anual terá por escopo a análise da legalidade
das prisões provisórias; do possível cabimento de benefícios da Lei de Execução Penal –
LEP nas prisões definitivas além da identificação de penas extintas.
Com relação às condições físicas das penitenciárias, assevera o art. 3º:
No curso dos trabalhos serão emitidos atestados de pena ou de medida de
internação a cumprir, serão avaliadas as condições dos estabelecimentos
prisionais e de internação, promovendo-se medidas administrativas ou
jurisdicionais voltadas à correção de eventuais irregularidades[...] (grifo
do autor).
Embasado em tais orientações, foi criado o Mutirão Carcerário do CNJ tendo como
principais objetivos: 1) garantir o devido processo legal através da revisão das prisões dos
presos definitivos e provisórios e 2) inspeção dos estabelecimentos prisionais do Brasil.
O projeto foi consagrado pelo Instituto Innovare em 2009, como umas das seis
práticas premiadas, por atender ao conceito de justiça rápida e eficaz disseminada pelo
Instituto.
Ante a grande repercussão desta iniciativa, o Mutirão Carcerário que teve inicio em
2008, antes mesmo de editada a Resolução nº 1/2009 e findo em 2011 resultou na
publicação do livro “Mutirão Carcerário – Raio-X do Sistema Penitenciário Brasileiro”,
lançado no ano de 2012.
O preâmbulo da referida obra, de pronto revela as impressões negativas do então
presidente do CNJ/STF Cezar Peluso acerca do relatório final emitido e consequentemente
das páginas que se seguirão. Intitulado “Uma realidade perversa” o ilustre ex-ministro
declara:
De mitos e fantasias alimenta-se o imaginário popular sobre as prisões.
Nossas ideias flutuam entre a existência de hotéis cinco estrelas e de
pedaços do inferno, enquanto cárceres se enchem cada vez mais de
24
Os relatos que se seguem são todos baseados nas análises e impressões dos
membros da comissão do CNJ em visita aos presídios do Brasil e registrados na obra
“Mutirão Carcerário – Raio-X do Sistema Penitenciário Brasileiro”.
O relatório emitido após a visita dos membros do Mutirão aos presídios do Norte
que recebeu o título de “Cumprindo pena no inferno amazônico”, descreve que as celas são
escuras, sujas e mal ventiladas, falta água no presídio de Francisco D’oliveira do Acre,
cidade que detém o titulo de unidade federativa do país com maior percentual de sua
população presa (um preso/200hab)8
No único presídio do Amapá, o odor de fezes e urina é constante, enquanto que no
Amazonas e no Pará 60% da população carcerária é composta por pessoas que aguardam
presas o julgamento de seus processos, sendo que nesta última unidade federativa, a
maioria dos presos provisórios suportam tal espera em celas-containers com o mínimo de
ventilação.
Na região Nordeste, muitos são os adjetivos utilizados para descrever o cenário
encontrado. No Rio Grande do Norte, alguns presídios foram comparados pelo Mutirão a
calabouços, onde até respirar é difícil por causa da falta de ventilação e do mau cheiro. No
Ceará, ruína e “selva de pedra” foram os termos utilizados, enquanto que na Bahia o pátio
de uma unidade foi comparado a um campo de concentração.
Já a violência extrema que impera nos presídios maranhenses é uma resposta dos
detentos ás más condições a que são submetidos. Em 2010 uma rebelião que durou 30 horas
teve como saldo 18 mortes, sendo 3 delas por decapitação. Em uma rebelião ocorrida em
fevereiro de 2011, seis presos foram assassinados e quatro deles tiveram suas cabeças
decepadas e penduradas nas grades das celas, além disso, um olho humano foi lançado para
fora da cela como uma forma de pressão para “negociar”.
Em Pernambuco foi relatada uma situação peculiar, o maior presídio do país, Anibal
Bruno, localizado no Recife, é descrito no relatório do Mutirão Carcerário como uma
“cidade medieval”, cercada por muros e administrada pelos próprios detentos. Com
8
CNJ – Dados emitidos pelo relatório do Mutirão Carcerário
26
capacidade para 1,4 mil presos e abrigando 5 mil, embora amontoados em condições
insalubres, os presos detêm as chaves das celas e controlam a circulação das pessoas no
recinto, o “chaveiro”, normalmente uma pessoa condenada ou acusado pela prática de
homicídio, impõe a ordem no pavilhão e recebe um salário mínimo do Estado pelo serviço,
também define o responsável pela venda de drogas dentro do presidio, geralmente, ele
mesmo.
Neste presidio, são poucas as áreas controladas pelo Estado e os agentes
penitenciários são raros, os presos administram ainda 14 cantinas em meio aos vendedores
ambulantes. “O interior da unidade, nos domingos, mais parece uma cidade em dia festivo.
Música, fumaça de churrasco, centenas, milhares de pessoas transitando livremente. Cultos,
crianças brincando, pessoas aguardando visitante que não param de chegar”, descreve o
relatório. (CNJ, 2012, p.95).
Nos relatórios emitidos para os presídios do Centro-Oeste a observação principal da
força tarefa foi “afronta aos direitos humanos na região”. Tal afronta é evidente nos
presídios do Mato Grosso, onde o Mutirão Carcerário encontrou celas metálicas e unidades
comparadas a “bombas relógio” e “depósitos humanos”, tamanha a precariedade das
instalações.
Em Goiás, a força-tarefa encontrou uma cela com capacidade para duas pessoas,
onde 35 se amontoavam umas sobre as outras e de acordo com a direção do presídio, os
internos estariam ali abrigados por determinação dos presos que dominam a unidade.
No Mato Grosso do Sul, traficantes estrangeiros contribuem de forma relevante para
com a superlotação das prisões, no Estado faltam 4,5 mil vagas para abrigar toda a
população carcerária. A superlotação das unidades sul-mato-grossenses foi classificada pelo
juiz auxiliar da Presidência do CNJ como “assustadora”.
Na região Sudeste, mais de 7 mil pessoas estão presas ilegalmente, todas com
algumas exceções, convivendo com a falta de estrutura e higiene. No Espirito Santo a
improvisação por parte das autoridades públicas levou o Brasil a ser denunciado à
Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). As
27
inspeções do CNJ revelaram pessoas cumprindo penas em celas metálicas sem nenhuma
ventilação, como animais enjaulados.
Após a visita do CNJ, as “celas-containers” capixabas foram desativadas e os
detentos transferidos para outros presídios, 26 novas unidades prisionais foram construídas
e 10.512 vagas puderam oferecer melhores condições às mais de 13 mil pessoas que
cumprem pena no Estado.
O Mutirão Carcerário realizado na Região Sul mostrou uma realidade diferente
daquela que existe no imaginário popular brasileiro, a de uma região prospera e alheia às
adversidades que afetam o restante do país. Nas inspeções realizadas, os magistrados
depararam-se muitas vezes com situações de violência e descaso das autoridades em
relação aos presidiários.
Em Santa Catarina, 1 em cada 10 presos tiveram o direito à liberdade reconhecido
pelo Mutirão do CNJ, enquanto que, no Rio Grande do Sul, o novo detento é forçado a
trabalhar para a organização à qual estiver “filiado” em troca de segurança, alimentação e
higiene.
O raio-X apresentado pelo CNJ apenas vem comprovar o colapso em que se
encontro o sistema penitenciário brasileiro, realidade muito antes conhecida por todos os
que fossem interessados pelo tema e que agora adquire visibilidade mundial, um corpo
material composto por números, relatórios e principalmente imagens que falam muito mais
do que palavras.
28
consideradas cruéis, pois previam a morte por esquartejamento ou forca, além do açoite,
desterro, banimento entre outras (MACIEL, 2006).
Com a criação do Código Criminal do Império, sancionada por D. Pedro I em 16 de
dezembro de 1930, foram instituídas penas como a de morte, galés, prisão com trabalho,
prisão simples, prisão perpétua, suspensão ou perda do emprego (FERREIRA, 2009)
No Código Criminal de 1930, a pena de morte era dada por enforcamento e de
forma pública (art. 40) enquanto que a pena de galés sujeitava o apenado a andar com
calcete nos pés, correntes de ferro e a executar trabalhos públicos (art. 44).
A partir do final do século XVIII, com a Revolução Francesa e Declaração dos
Direitos Humanos em 1948, as penas corporais e aflitivas foram paulatinamente sendo
substituídas pela pena de privação de liberdade, conforme afirma Grecco:
O ser humano passou a ser encarado como tal, e não mais como mero
objeto, sobre o qual recaía a fúria do Estado, muitas vezes sem razão ou
fundamento suficiente para a punição.
Através do raciocínio jus naturalista, passou-se a reconhecer direitos
inatos ao ser humano, que não podiam ser alienados ou deixados de lado,
a exemplo de sua dignidade, do direito a ser tratado igualmente perante as
leis, etc.[...]
[...] As penas, que eram extremamente desproporcionais aos fatos
praticados, passaram a ser graduadas de acordo com a gravidade do
comportamento, exigindo-se, ainda, que importasse na proibição ou
determinação de alguma conduta além de clara e precisa, para que
pudesse ser aplicada, deveria estar em vigor antes da sua prática
(GRECCO, 2011, p. 130).
A pena de morte, que no Brasil é admitida apenas em tempo de guerra 9, ainda é
adotada em países como Estados Unidos, Japão, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Cuba e
China (Op. cit., p. 131).
9
Constituição Federal, art. 5º, Inc. XLVII – Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada
nos termos do art. 84, XIX
31
10
Encontro realizado mediante parceria do Ministério da Justiça, Ministério da Saúde e CNJ e com o apoio da
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, da Secretaria Nacional de Articulação Social da
Presidência da República e da Pastoral Carcerária que teve como objetivo promover a qualificação e
integração das instituições comunitárias voltadas à causa carcerária e que são vinculadas aos Tribunais de
Justiça responsáveis, segundo a LEP, por garantir a participação da sociedade no processo de cumprimento de
32
Ainda há muito a fazer, o sistema prisional brasileiro não está nada bom.
Pelo contrário, temos hoje 550 mil presos. Houve um aumento de 35 mil
detentos na população carcerária entre dezembro de 2011 e junho de
2012. Nesse período o número de detentos passou de 514 mil para 550
mil, o que é um absurdo. Onde vamos parar desse jeito? Então essa
também deve ser uma preocupação dos conselhos da comunidade: o que
fazer para que tenhamos não apenas uma execução penal eficaz, mas que
nós consigamos encontrar uma forma de diminuir essa população
prisional que vem aumentando assustadoramente.
Diante de dados tão alarmantes temos que a recuperação do detento e sua efetiva
reinserção na sociedade possuem fundamental importância, não apenas para garantir a
execução penal e reduzir a superpopulação prisional, mas principalmente para proteger a
sociedade da reincidência criminal.
Nas palavras do jurista Mario Ottoboni a proteção da sociedade é
[...] fato que ocorre evidentemente com a recuperação do infrator, uma
vez que cada preso recuperado é um bandido a menos na rua. Vê-se, pois,
que se trata de uma consequência lógica, insofismável. Recuperado o
infrator, protegida está a sociedade e prevenida está a vitimização
(OTTOBONI, 2004a, p. 30 e 31).
O criminoso possui normalmente um quadro complexo, a origem de sua
delinquência quase sempre se encontra na miséria moral em que vive (OTTOBONI, 2004b,
p. 41), como afirmara Rousseau 11 somos frutos do nosso meio.
Para Ottoboni a família enferma é um dos componentes da causa da violência e do
crime, além da falta de cultura, desemprego e desigualdade social (Op. cit., p. 42), direitos
fundamentais previstos em nossa Carta Magna e que o Estado muitas vezes é incapaz de
prover.
penas e na reintegração social dos condenados . Informação obtida através do site do CNJ. Disponível em
<http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/22452:i-encontro-nacional-dos-conselhos-da-comunidade-comeca-no-dia-
6>. Acesso em: 27/05/2013.
11
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo francês, um dos escritores mais importantes do Iluminismo
33
A ressocialização surge como uma solução, capaz de dar condições dignas para o
cumprimento da pena, resgatando assim a autoestima do apenado, oferecendo-lhe
condições de educação, profissionalização e reinserção social.
Na lição de Mirabete:
Exalta-se seu papel de fator ressocializador, afirmando-se serem notórios
os benefícios que da atividade laborativa decorrem para a conservação da
personalidade do delinquente e para a promoção do autodomínio físico e
moral de que necessita e que lhe será imprescindível para o seu futuro na
vida em liberdade (MIRABETE, 2002, p. 87).
Ottoboni com propriedade argumenta que
Se a execução da pena não for voltada para a recuperação do preso, não
adianta segregá-lo.
O objetivo da reclusão é recuperar, especialmente quando se sabe que as
despesas de manutenção do preso pesam nos cofres públicos, e predomina
a certeza e que ele voltará ao convívio da sociedade pior do que quando
iniciou o cumprimento da pena.
Trata-se de uma fraude social não cuidar da socialização da pessoa que
errou e que, por isso, foi privada da liberdade. É um embuste contra a
sociedade ludibriada com o elevado índice de reincidência e como o crime
organizado nos presídios, atemorizando a polícia.
O Estado precisa ser despertado para a função social da pena, deixando de
permutar justiça social com vingança (OTTOBONI, 2004a, p.95 – 96).
É necessário conscientizar a sociedade de que o aumento da violência e da
criminalidade decorre, também, do abandono dos condenados atrás das grades, é preciso
compreender a importância de se recuperar um criminoso, de proporcionar-lhe condições
para que possa traçar novos caminhos, mais produtivos e menos tortuosos, de acreditar nas
sabias palavras de Mário Ottoboni de que “todo homem é maior do que o seu erro” (Op.
cit., p.30).
35
12
Noticia veiculada no site da SUSIPE – Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará.
DIsponivel em <http://www.susipe.pa.gov.br/?q=node/1134>. Acesso em: 29/05/2013.
13
Noticia veiculada no site do CNJ em 07/03/2013. Disponível em:
<http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/23853-programa-de-reinsercao-social-retoma-a-dignidade-perdida-diz-
detenta>. Acesso em: 28/05/2013.
14
Noticia veiculado o site da Universidade de Brasilia em 09/11/2007. Disponivel em:
<http://www.fac.unb.br/campus2007/index.php?option=com_content&task=view&id=537&Itemid=36>.
Acesso em 29/05/2013.
37
3. O MÉTODO APAC
16
Obteve para tanto autorização do Tribunal de Justiça de São Paulo por meio de Resolução
39
17
Dados obtidos através do site APAC- Perdões, informações referentes ao período 2004-2009. Disponível
em <http://www.apacperdoes.com.br/?page_id=235>. Acesso em 03/05/2013
18
Idem
41
A APAC, conforme já foi dito, é uma entidade civil sem fins lucrativos e com
personalidade jurídica própria, o que muito contribui para o sucesso de seus trabalhos, pois
tal status lhe dá capacidade jurídica para pleitear em juízo, direitos dos presos e questionar
a legalidade da execução das penas.
De acordo com a definição de seu idealizador Mário Ottoboni a APAC é
[...] uma entidade sem fins lucrativos que dispõe de “um método de
valorização humana, portanto de evangelização, para oferecer ao
condenado condições de recuperar-se, logrando, dessa forma, o propósito
de proteger a sociedade e promover a justiça (OTTOBONI, 2004a, p. 29).
Trata-se portanto de uma metodologia que se preocupa primeiramente com a
valorização humana da pessoa que cometeu um erro e que cumpre pena privativa de
liberdade, muitas vezes advindo de famílias desestruturadas as quais todas as oportunidades
de crescimento e transformação foram negadas (Op. cit., p. 31).
Sua visão: A APAC almeja contribuir com a humanidade na promoção da harmonia
social.
Seu objetivo: A APAC tem por objetivo a recuperação da pessoa que cumpre pena
privativa de liberdade, dentro de uma ampla visão de restauração de dignidade do ser
humano.
Sua Missão: A missão da APAC é despertar a sociedade para a gravidade do
problema da violência, da reincidência e da criminalidade, conscientizando-a da
inoperância do Estado para o exercício da função pedagógica da pena.
Filosofia: “Matar o criminoso e salvar o homem” (Ibidem, p. 123)
Ao contrário do sistema prisional comum, onde o Estado apenas pune o criminoso
para que sirva de exemplo á sociedade, mas não é capaz de oferecer condições de
recuperação aos condenados, na APAC a dupla função da pena não é deixada de lado. O ato
cometido não deixa de ser ilícito e por tal motivo deve ser punido como forma de
42
19
Apud COSTA Lucas e PARREIRAS Arthur. APAC – Altenativa na Execução Penal (2007). UFSC.
Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/33048-41542-1-PB.pdf>. Acesso
em: 30/05/13
43
3.2.3 O trabalho
20
GOIFMAN, Kiko. Valetes em slow motion – a morte do tempo na prisão, 1998. In: CARVALHO, Robson
A. Mata. Cotidiano encarcerado: o tempo com pena e o trabalho como “prêmio”. São Paulo: Ed. Conceito,
2011, p. 129 e 130
48
3.2.4 A religião
Para Mario Ottoboni “O homem nasceu livre, razão pela qual o confinamento
contraria sua natureza e exerce grande influência negativa no psiquismo humano”
(OTTOBONI, 2004a, p. 80).
Tal angústia não é vista nas APACs, normalmente os presos não precisam se
preocupar com a rotina de seus processos, pois sabem que existe um departamento jurídico
que lhes dá assistência. Este trabalho é realizado por advogados voluntários e estagiários do
curso de Direito, que realizam o acompanhamento dos processos de cada apenado,
prestando-lhes informações sempre que solicitadas acerca de benefícios que podem ser
pleiteados em seu favor junto ao Juízo de Execução.
Outra reclamação muito observada nos estabelecimentos penais diz respeito à saúde,
a maioria apresenta queixas relacionadas à saúde bucal, pois nunca tiveram o devido
cuidado e asseio com seus dentes, dores de cabeça são típicas da vida ociosa, problemas
estomacais devido à mudança dos hábitos alimentares, crises de abstinência pela falta de
álcool e drogas entre outros males (SILVA. R J (org),2012, p.47).
A saúde publica não consegue suprir nem mesmo as necessidades dos postos de
saúde e hospitais nas cidades como é conhecido e notório por toda a comunidade, o que há
de se dizer do atendimento nas prisões.
Nas APACs, a existência de departamentos de saúde organizada, com rotina de
atendimento médico, odontológico e psicológico permite a harmonia no ambiente, pois a
presença dos voluntários nesses setores dá força para a recuperação do preso que percebe o
esforço da comunidade e a esperança que possuem em sua recuperação (TJMG, 2009,
p.23).
52
Como já foi possível perceber, todas as ações de assistência aos presos, buscam,
sobretudo, a recuperação de sua autoestima.
Devemos nos lembrar de que o preso adentra no sistema prisional como um
marginal, sem esperanças, traz apenas a convicção de que está morto para a sociedade e que
tal status perdurará mesmo após retornar do cárcere, seguirá estigmatizado por toda a vida
(SILVA J R (org), 2012, p.48).
Nos dizeres de Mario Ottoboni:
O preso se mascara, mostra-se o “tal”, o valente, mas no fundo se sente
um lixo. Por isso, o Método APAC tem por objetivo colocar em primeiro
lugar o ser humano, e nesse sentido todo o trabalho deve ser voltado para
reformular a autoimagem do homem que errou. Chamá-lo pelo nome,
conhecer sua história, interessar-se por sua vida, visitar sua familia,
atende-lo em suas justas necessidades, permitir que ele se sente à mesa
para fazer as refeições diárias e utilize talheres: essas e outras medidas
irão ajuda-lo a descobrir que nem tudo está perdido [...](OTTOBONI,
2004a, p.85)
Nas prisões comuns, em razão da dificuldade de contato com a comunidade, a
valorização humana fica prejudicada. Por isso, mesmo com assistência educacional dentro
das celas, na maioria das vezes vigiados por agentes penitenciários, não se alcança o
objetivo idealizado pelo legislador ordinário (SILVA J R, 2012, p. 48).
Nas APACs, são realizadas reuniões em celas com a utilização de métodos
psicopedagógicos e palestras de valorização humana que visam contribuir para que o
recuperando reencontre sua autoestima e autoconfiança (OTTOBONI, 2004a, p.85).
Os voluntários são treinados para auxiliar o preso a se livrar dos males que o
fizeram chegar onde estão e se perceberem como filhos de Deus, uma pessoa que não é pior
nem melhor do que ninguém, orientam e discutem com os presos (Op. cit.).
53
3.2.8. A família
A gratuidade dos serviços oferecidos pelos profissionais das mais diversas áreas,
como psicólogos, médicos, assistentes sociais, advogados professores, se faz necessária
para que o preso sinta-se agraciado pelo trabalho realizado unicamente em nome do amor
ao próximo, pelo simples fato de fazer o bem sem esperar nada em troca. Ademais, é
importante que a sociedade esteja motivada a oferecer sua parcela de contribuição em prol
da recuperação daqueles que futuramente farão parte de seu convívio.
Como já fora dito, o voluntário que milita pela recuperação dos apenados deve estar
preparado para tal missão e com este objetivo, ele participa de um Curso de Estudos e
Formação de Voluntários, normalmente desenvolvido em 42 aulas, ministrado pela
Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados – FBAC (OTTOBONI, 2004a, p.
92). Nesse curso o voluntário conhecerá a metodologia apaquiana e desenvolverá suas
aptidões para exercer seu trabalho com eficácia e espirito comunitário (TJMG, 2009, p.25).
3.2.11. O Mérito
avaliação de seu mérito para a progressão de regime e concessão de outros benefícios (Op.
cit.).
No entendimento de Mario Ottoboni:
É importante que saibamos que, quando o mérito passa a ser o referencial,
o pêndulo do histórico da vida prisional, o recuperando que cumpre pena
privativa de liberdade passa a compreender melhor o sentido da proposta
da APAC, porque é pelo mérito que ele irá prosperar, e a sociedade e ele
próprio serão protegidos (OTTOBONI, 2004ª, p.97).
Passemos a uma breve análise da Lei de Execução Penal e seu cumprimento através
do Método APAC.
Inicialmente analisemos o art. 1º da lei em comento que vaticina “A execução penal
tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”.
Não restam dúvidas de que o método apaquiano oferece ao condenado condições
plenas para a sua ressocialização e reinserção na sociedade sem se afastar do caráter
punitivo da execução da pena, uma vez que conta com um regimento interno baseado em
disciplina, com horários rígidos e regras a serem cumpridas. (Ibidem, p. 67)
59
Além disso, os direitos dos condenados são plenamente assegurados nos presídios
da APAC, a assistência jurídica presente em todas as unidades traz tranquilidade para o
cumprimento da pena, todos são tratados de forma igualitária em relação aos seus direitos
independente de qualquer condição. Tal fato vai ao encontro do previsto no art. 3º da LEP
que preconiza que “Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não
atingidos pela sentença ou pela lei” e em seu § único “Não haverá distinção de qualquer
natureza racial, social, religiosa ou política” e ainda está em concordância com os direitos
previstos na Seção II do Capitulo IV da mesma lei.
Nas APACs o trabalho de conscientização da comunidade é constante, o sucesso se
deve em sua maior parte aos voluntários que atuam em todas as áreas, desde a assistência
profissional até a assistência espiritual e amiga, ou mesmo através de doações, garantindo
assim o que prevê o art. 4º quando afirma que “O Estado deverá recorrer à cooperação da
comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança”.
Toda a assistência prevista no art. 10 e descrita no art. 11e seções seguintes da lei
em referência são dispensados aos recuperandos das APACs, conforme explanado nos
capítulos anteriores.
O Capitulo III versa sobre o trabalho, um dos 12 elementos essenciais do Método já
apresentado, aplicado aos três regimes de cumprimento da pena de maneira diferenciada em
cada estágio no qual o preso se encontra.
Os deveres descritos na Seção I do Capitulo IV bem como a disciplina constante na
Seção III do mesmo Capitulo, são requisitos analisados para que o recuperando faça jus à
progressão de regime bem como na concessão de outros benefícios a que o mesmo tem
direito, desta forma, através da meritocracia, o recuperando busca seguir as regras não
coercitivamente, mas por saber que cabe apenas a ele lutar por sua recuperação.
Para se fazer cumprir a previsão do Titulo III, o funcionamento das APACs é
acompanhado e fiscalizado pelos Órgãos do Poder Judiciário responsáveis pela Execução
Penal.
60
24
Declaração do diretor-presidente da Agepen em 11/04/2013 ao site de noticias da Agepen. Disponível em
http://www.agepen.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=149&id_comp=1410&id_reg=201966&voltar=ho
me&site_reg=149&id_comp_orig=1410>. Acesso em: 03/05/2013
25
Informações obtidas no site do TJMS. Disponível em:
<http://www.tjms.jus.br/noticias/visualizarNoticia.php? id=23632>. Acesso em 03/05/2013.
26
Deusdete Oliveira – Diretor da Agepen
62
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AGEPEN. Agepen e Poder Judiciário estudam implantar Método APAC em MS. 11 abr. 2013. Disponível
em:<http://www.agepen.ms.gov.br/index.php?templat=vis&site=149&id_comp=1410&id_reg=201966&volta
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