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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 440.556 - MT (2018/0057032-3)


RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS
IMPETRANTE : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO E OUTRO
ADVOGADOS : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO - SP103048
ANA PAULA MINICHILLO DA SILVA ARAUJO - SP246610
IMPETRADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1A REGIÃO
PACIENTE : ATILA AUGUSTO MESTRE (PRESO)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO RIBEIRO DANTAS (Relator):

Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, com pedido de


liminar, impetrado em favor de ATILA AUGUSTO MESTRE, em que aponta como autoridade
coatora o Tribunal Regional Federal da Primeira Região.
Na origem, prisão preventiva e denúncia em desfavor do paciente pela suposta
prática dos crimes dos arts. 33, caput, c/c art. 40, incisos I e V, por duas vezes, e 35, c/c art. 40,
incisos I e V, da Lei n. 11.343/2006, na forma dos arts. 29, caput, e 69 do Código Penal.
Cumpre destacar que a prisão preventiva ocorreu no bojo da "Operação “Hybris”,
que investiga um grupo de indivíduos que atuaria com características típicas de organização
criminosa, a princípio, voltado ao tráfico internacional da substância conhecida vulgarmente como
cocaína, e estaria atuando a partir do município de Pontes e Lacerda/MT e circunvizinhanças, de
onde, em tese, enviaria, de forma reiterada, carregamentos da referida substância ilícita, oriunda
da Bolívia, para outros estados da federação, entre os quais destacam-se São Paulo, Minas
Gerais, Maranhão, Goiás, Pará e Maranhão.
Durante as investigações, também restou apurado que o sucesso da empreitada
criminosa dependia da prática reiterada de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de
Lavagem de Capitais, visto que era necessária a conversão dos reais em dólares americanos
para que os investigados pudessem adquirir o entorpecente dos fornecedores bolivianos. Nesse
enfoque, com proveito econômico advindo do tráfico de entorpecentes, os investigados passavam
a realizar as atividades tendentes a ocultar a origem ilícita dos recursos angariados.
Irresignada com a prisão preventiva, a defesa impetrou habeas corpus para o
TRF1, que denegou a ordem em decisão assim ementada:

"PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE


DROGAS. LEI 11.343/2006, ARTIGOS 33 E 40. PRISÃO PREVENTIVA.
CPP, ARTIGO 312. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE
AUTORIA. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS PRESENTES. EXCESSO
DE PRAZO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INOCORRÊNCIA.
NULIDADE PROCESSUAL SANADA. CONCESSÃO PARCIAL DA
ORDEM.
1. Busca-se com o presente HC o reconhecimento de nulidade na instrução
da ação penal originária do presente writ (consistente na inquirição de
testemunhas de acusação sem presença do réu, ora paciente) e de excesso
de prazo da prisão preventiva (prisão efetivada em 2/5/2016).
2. Considerando sua natureza excepcional, somente se verifica a
possibilidade da imposição e manutenção da prisão preventiva quando
evidenciado, de forma fundamentada em dados concretos, o
preenchimento dos pressupostos e requisitos previstos no art. 312 do
Código de Processo Penal - CPP. Levando-se em conta, ainda, os
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princípios da presunção da inocência e a excepcionalidade da prisão
antecipada, a custódia cautelar somente deve persistir em casos em que não
for possível a aplicação de medida cautelar diversa, de que cuida o art. 319
do CPP.
3. No caso, o paciente foi denunciado pela prática dos crimes previstos nos
artigos 33, caput, c/c art. 40, incisos 1 e V por duas vezes e 35, c/c art.
40, incisos I e V da Lei n° 11.343/2006 (Lei de Tóxicos), na forma dos
artigos 29, caput, e 69 do Código Penal. Os delitos imputados ao paciente
têm, em seu conjunto, pena superior a 04 (quatro) anos, atendendo à
exigência do art. 313, I, do CPP.
4. O paciente está preso preventivamente desde 2/5/2016 em decorrência
de decisão na qual o juízo a quo registra que o acusado, num curto espaço
de tempo, negociou a aquisição de pelo menos 971 (novecentos e setenta e
um) quilogramas de cocaina, justificando o temor de que, posto em
liberdade, possa atentar contra a ordem pública, voltando a delinquir.
5. O impetrante sustenta a ocorrência de nulidade do processo, ante o fato
de a audiência de inquirição de testemunha haver se realizado sem a
presença do réu, apontando concreto prejuízo para a defesa.
6. Segundo a melhor jurisprudência, inclusive no STF, a ausência dos réus
presos à audiência para oitiva de testemunhas da acusação constitui
nulidade absoluta, independentemente da aquiescência do defensor e da
matéria não ter sido tratada em alegações finais.
7. No caso, houve expressa demonstração de prejuízo, na medida em que,
por ocasião da realização da audiência de inquirição de testemunha de
acusação, realizada em 5/6/2017, a defesa manifestou discordância quanto
à realização do ato sem a presença do réu, tendo alegado que a defesa se via
prejudicada por não ter acesso ao réu para questioná-lo sobre o que a
testemunha estaria dizendo para poder formular as perguntas adequadas.
8. É o caso de se decretar a nulidade do processo desde a realização da
audiência de inquirição das testemunhas de acusação, devendo ser refeito o
ato com a presença do acusado. Tal fato, todavia, não autoriza a liberdade
do paciente, pois remanesce a higidez da decisão que, proferida 1/7/2015,
decretou a prisão preventiva do paciente, até mesmo porque não
impugnada no presente writ.
9. 0 juízo a quo prestou informações afirmando que a decisão monocrática
que deferiu parcialmente a liminar foi cumprida, tendo sido determinado o
reinicio da instrução criminal com a designação de audiência de inquirição
de testemunhas e de interrogatórios dos réus.
Especificamente quanto ao paciente, seu interrogatório foi designado para o
dia 1° de fevereiro de 2018.
10. 0 alegado excesso de prazo na prisão não está caracterizado. O
processo originário segue seu curso regular. Não se vislumbra excesso de
prazo a justificar a revogação da prisão cautelar, ante a ausência de
indicativo concreto de eventual desídia dos órgãos de persecução penal.
11. Ordem de habeas corpus concedida em parte, confirmando o que
decidido em sede liminar".

Nesta Corte, os impetrantes sustentam, em suma, inidoneidade do decreto


prisional, por ausência de fundamentação e por excesso de prazo.
A liminar foi indeferida.
As informações foram prestadas.
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O Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento da ordem.
É o relatório.

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HABEAS CORPUS Nº 440.556 - MT (2018/0057032-3)
RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS
IMPETRANTE : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO E OUTRO
ADVOGADOS : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO - SP103048
ANA PAULA MINICHILLO DA SILVA ARAUJO - SP246610
IMPETRADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1A REGIÃO
PACIENTE : ATILA AUGUSTO MESTRE (PRESO)
EMENTA

PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


ORDINÁRIO. INADEQUAÇÃO. ASSOCIAÇÃO E TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. SUPERVENIÊNCIA DA
SENTENÇA CONDENATÓRIA. NÃO PREJUDICIALIDADE.
NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. REITERAÇÃO
DELITIVA. EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA.
PREJUDICIALIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
CARACTERIZADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de
que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a
hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada
a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
2. A sentença penal condenatória superveniente, que não permite ao réu recorrer
em liberdade, somente prejudica o exame do habeas corpus quando contiver
fundamentos diversos daqueles utilizados na decisão que decretou a prisão
preventiva, o que não ocorreu no caso dos autos.
3. Havendo prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, a prisão
preventiva, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, poderá ser
decretada para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência
da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal.
4. A prisão preventiva está suficientemente fundamentada, na garantia da ordem
pública, em face da gravidade concreta da conduta do agente, responsável pela
compra e distribuição da droga, bem como pelo pagamento dos fornecedores,
circunstâncias que justificam a medida cautelar para se evitar a reiteração
criminosa. Segundo consta nos autos, o paciente foi responsável pela aquisição de
971 kg de cocaína, em curto espaço de tempo.
5. Em razão da natureza das atividades ilícitas praticadas (tráfico internacional de
drogas) e das conexões internacionais existentes, o decreto deve ser mantido para
se evitar a fuga do paciente para o exterior, garantindo aplicação da lei penal.
6. "Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência desta Corte, acompanhando o
entendimento do Supremo Tribunal Federal, é assente na perspectiva de que se
justifica a decretação de prisão de membros de associação ou organização
criminosa como forma de diminuir ou interromper as atividades do grupo,
independentemente de se tratar de bando armado ou não" (RHC 79.103/RS, rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe
7/4/2017).
7. Prejudicado o alegado exame do excesso de prazo na formação da culpa pela
superveniência da prolação de sentença condenatória.
8. Habeas corpus não conhecido.

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO RIBEIRO DANTAS (Relator):

Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de


que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese,
impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de
flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado.
Preliminarmente, cumpre destacar que, de acordo com a jurisprudência desta
Quinta Turma, a sentença penal condenatória superveniente, que não permite ao réu recorrer em
liberdade, somente prejudica o exame do habeas corpus quando contiver fundamentos diversos
daqueles utilizados na decisão que decretou a prisão preventiva (RHC 56.073/MG, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe de
25/08/2015; HC 307.754/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
28/04/2015, DJe de 21/05/2015). No caso, a negativa do recurso em liberdade não inovou nas
razões utilizadas para justificar a manutenção da custódia provisória, permanecendo inalterados
os fundamentos da decisão objeto desta impetração.
O paciente foi condenado, nos autos da Ação Penal n.
0000756-46.2016.4.01.3601, à pena de 14 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática dos
crimes dos arts. 33, caput c/c art. 40, inciso I da Lei 11.343/06, por duas vezes, e no artigo 35,
caput, c/c artigo 40, inciso I, todos da Lei nº 11.343/2006, na forma do art. 29, caput, e 71 do
Código Penal, e, nos autos da Ação Penal n. 0001972-42.2016.4.01.3601, foi condenado à pena
de 14 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática do crime do art. art. 33, caput c/c art.
40, inciso I da Lei 11.343/2006.
Passo, portanto, à análise do habeas corpus.
Havendo prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, a prisão
preventiva, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, poderá ser decretada para
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal.
A prisão preventiva foi decretada nos seguintes termos:

"O investigado ÁTILA AUGUSTO MESTRE, usuário dos BBM´s 29af7efc


e 2831de91 com o nickname “Kurama”, residente no Estado de São Paulo,
se mostrou um grande comprador e distribuidor de entorpecentes do grupo
criminoso investigado. No período de monitoramento, Átila adquiriu cargas
de expressivas quantidades de entorpecentes que foram transportadas e
entregues pelos investigados EDSON BARBOZA (“Piquet”) e FERNANDO
FERREIRA (“Cigano”). Além disso, efetuou tratativas relativas à aquisição
de drogas e os respectivos pagamentos aos investigados WILMAR BEARIZ
(“Sthel”) e FLÁVIO BEARIZ (“RAFALE”), bem como para EANES
MOTA (“Anão”), parceiro na traficância do investigado RICARDO
COSME.
Em relação a este investigado, constatou-se no tópico anterior que há
fundados indícios da participação de ÁTILA AUGUSTO MESTRE na
apreensão de 84,5 KG (oitenta e quatro quilos e quinhentas gramas) de
cocaína, na cidade de São José do Rio Preto/SP, ocasião em que foi preso,
em flagrante delito, o investigado Fernando Ferreira (evento – 28);
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apreensão, no dia 11/08/2013, de 80 kg (oitenta quilos) de cocaína, na
cidade de Lins/SP (evento 29); Apreensão, no dia 21/11/2013, de 697 kg
(seiscentos e noventa e sete quilos) de pasta base de cocaína, na cidade de
Araraquara/SP (evento 35); Apreensão, no dia 20/07/2014, de 110 kg de
pasta base de cocaína transportada por Djalma França, na cidade de
Cáceres/MT (evento 36).
A prisão preventiva somente pode ser decretada quando houver prova da
existência do crime (materialidade), indícios suficientes da autoria e quando
presentes pelo menos um dos fundamentos que a autorizam: garantia da
ordem pública e econômica, conveniência da instrução criminal e garantia
da aplicação da lei penal.
A materialidade dos delitos supostamente praticados por ÁTILA
AUGUSTO MESTRE restou comprovada no tópico 2.1 desta decisão,
sendo que, no mesmo tópico, observou-se que há fundados indícios de sua
participação nos crimes mencionados.
Sobre as condutas praticadas por Átila Augusto Mestre, constata-se que o
mesmo, num curto período de tempo, negociou a aquisição de pelo menos
971 kg (novecentos e setenta e um quilos) de substância entorpecente
conhecida como cocaína. Este investigado se mostrou de fato um grande
adquirente de substância entorpecente, vez que, além de ter negociado a
compra de expressivas quantidades de pasta base de cocaína com o grupo
investigado, sobretudo Ricardo e os irmãos Beariz, os índices
demonstraram que o mesmo interagiu e adquiriu, com outros grupos,
também em quantidades expressivas de substância entorpecente, o que
evidencia o poder que exerce nas atividades relacionadas ao tráfico.
Neste contexto, o requisito da ordem pública, apto a autorizar a decretação
da prisão preventiva, está completamente demonstrados nos autos, seja pela
gravidade concreta dos delitos praticados, onde o investigado negociou a
aquisição de pelo menos 971 kg (novecentos e setenta e um quilos de
substância entorpecente conhecida como cocaína, praticando, para tanto,
pelos menos 04 (quatro) crimes de tráfico de drogas. Do mesmo modo, o
modus operandi do grupo integrado por Átila, que se utilizava de aeronaves
para importar o entorpecente da Bolívia, bem como grande quantidade de
veículo, de passeio e caminhões, todos com compartimento oculto para
acondicionar entorpecente, inúmeros integrantes, cada qual com sua
função pré-estabelecida (transportadores, agentes operacionais, batedores,
doleiros), ou seja, atuação típica de organização criminosa intrincada,
estável e com muitos recursos financeiros; a reiteração delitiva, afinal, há
fundados indícios de que Átila cometeu 04 (quatro) delitos no período
investigado, t ornam indubitável o preenchimento do requisito da ordem
pública.
Ainda em relação à ordem pública, o Desembargador Federal do TRF1
Olindo Menezes, no julgamento do HC 0043943-48.2013.4.01.0000/RR,
salientou que “a existência de elementos concretos que indiquem a
probabilidade de reiteração criminosa, aferida em face do número de
entradas recentes da paciente no país e da quantidade de droga apreendida,
permite a conclusão legítima, por ora, de que, em liberdade, poderá voltar a
traficar, o que autoriza a decretação da prisão preventiva, uma vez que
caracteriza ofensa à ordem pública”.
A prisão preventiva de Átila Augusto Mestre é essencial para o
desmantelamento da organização criminosa investigado, vez que o grupo irá
perder um poderoso adquirente de drogas, o que certamente irá lhe trazer
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complicações de ordem financeiras.
A prisão preventiva também deve ser decretada para garantir a aplicação da
lei penal, já que há indícios concretos nos autos de que o investigado Átila,
caso suspeite de que há uma investigação contra si, iria empreender fuga.
Tais indícios foram obtidos depois da apreensão de 697 kg (seiscentos e
noventa e sete quilos) de pasta base de cocaína, quando, em conversa com
Wilmar Beariz, Atila afirmou que caso suspeitasse de investigação, sumiria
com tudo a seu redor.
(...)
Portanto, a prisão preventiva também deverá ser decretada para garantir a
aplicação da lei penal.
Diante do exposto, considerando a necessidade de se prevenir a ordem
pública, diante da reiteração delitiva e do modus operandi que revela
periculosidade suficiente para se abalar a ordem pública, bem como em
razão da concreta possibilidade de fuga do investigado para Bolívia, faz-se
imperioso decretar a prisão preventiva".

A prisão preventiva está suficientemente fundamentada, na garantia da ordem


pública, em face da gravidade concreta da conduta do agente, responsável pela compra e
distribuição da droga, bem como pelo pagamento dos fornecedores, circunstâncias que justificam
a medida cautelar para se evitar a reiteração criminosa. Segundo consta nos autos, o paciente foi
responsável pela aquisição de 971 kg de cocaína, em curto espaço de tempo.
Em razão da natureza das atividades ilícitas praticadas (tráfico internacional de
drogas) e das conexões internacionais existentes, o decreto deve ser mantido para se evitar a
fuga do paciente para o exterior, garantindo a aplicação da lei penal.
"Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência desta Corte, acompanhando o
entendimento do Supremo Tribunal Federal, é assente na perspectiva de que se justifica a
decretação de prisão de membros de associação ou organização criminosa como forma de
diminuir ou interromper as atividades do grupo, independentemente de se tratar de bando armado
ou não" (RHC 79.103/RS, rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, DJe 7/4/2017).
A propósito:

"HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO


CABIMENTO. TRÁFICO DE DROGAS. NEGADO O DIREITO DE
RECORRER EM LIBERDADE. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO.
NATUREZA E QUANTIDADE DAS DROGAS APREENDIDAS.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. RÉU
QUE PERMANECEU PRESO DURANTE A INSTRUÇÃO DO
PROCESSO. REGIME INICIAL, SUBSTITUIÇÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS E
DETRAÇÃO DO TEMPO DE PRISÃO CAUTELAR. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS
CORPUS NÃO CONHECIDO.
1. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso próprio, a
impetração não deve ser conhecida, segundo orientação jurisprudencial do
Supremo Tribunal Federal e do próprio Superior Tribunal de Justiça.
Contudo, considerando as alegações expostas na inicial, razoável a análise
do feito para verificar a existência de eventual constrangimento ilegal que
justifique a concessão da ordem de ofício.
2. Em vista da natureza excepcional da prisão preventiva, somente se
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verifica a possibilidade da sua imposição quando evidenciado, de forma
fundamentada e com base em dados concretos, o preenchimento dos
pressupostos e requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo
Penal - CPP. Deve, ainda, ser mantida a prisão antecipada apenas quando
não for possível a aplicação de medida cautelar diversa, nos termos
previstos no art. 319 do CPP.
No caso dos autos, a prisão preventiva foi adequadamente mantida na
sentença, a qual indeferiu o direito de recorrer em liberdade com base em
elementos concretos, a gravidade concreta da conduta e a periculosidade
do agente, evidenciadas pela natureza e elevada quantidade das drogas
apreendidas (177 porções de 'cocaína', com peso de 40,36g e 01 uma
porção de 'maconha', com peso de 23,59g), o que denota a necessidade da
prisão para resguardar a ordem pública, não havendo falar em existência de
evidente flagrante ilegalidade.
3. Tendo o paciente permanecido preso durante toda a instrução
processual, não deve ser permitido recorrer em liberdade, especialmente
porque, inalteradas as circunstâncias que justificaram a custódia, não se
mostra adequada sua soltura depois da condenação em Juízo de primeiro
grau.
4. Os temas relativos à fixação de regime prisional menos gravoso,
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e
aplicação da detração do tempo de prisão cautelar sequer foram apreciados
pelo Tribunal de origem, o que impede esta Corte de analisar os pedidos,
sob pena de incidir em indevida supressão de instância.
Habeas corpus não conhecido"
(HC 393.308/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA
TURMA, julgado em 20/3/2018, DJe 6/4/2018).

"HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.


FUNDAMENTOS. GRAVIDADE CONCRETA. GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PARECER
ACOLHIDO.
1. A prisão preventiva constitui medida excepcional ao princípio da não
culpabilidade, cabível, mediante decisão devidamente fundamentada e com
base em dados concretos, quando evidenciada a existência de
circunstâncias que demonstrem a necessidade da medida extrema, nos
termos do art. 312 e seguintes do Código de Processo Penal.
2. No caso, a prisão cautelar foi decretada para a garantia da ordem
pública, com base na gravidade concreta do delito, evidenciada pela
quantidade e natureza da droga apreendida (170 invólucros plásticos,
contendo cocaína, pesando 68,1 g e 20 invólucros plásticos contendo
maconha, pesando 40,5 g), aliada às circunstâncias em que se deu a prisão
em flagrante.
3. É consabido que eventuais condições subjetivas favoráveis ao paciente
não são impeditivas à decretação da prisão cautelar, caso estejam presentes,
como na hipótese, os requisitos autorizadores da referida segregação.
4. Ordem denegada"
(HC 425.704/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 27/2/2018, DJe 8/3/2018).

Por fim, é manifesta a superveniente ausência de interesse de agir que atingiu


esta impetração quanto ao alegado excesso de prazo, em face da superveniência da prolação de
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sentença condenatória.
Desse modo, não se verifica ilegalidade apta a justificar a concessão da ordem
por esta Corte.
Ante o exposto, não conheço do habeas corpus.
É como voto.

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