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Este documento descreve um caso de habeas corpus impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça para um homem preso preventivamente. O Tribunal Regional Federal negou a ordem alegando que havia indícios de autoria e materialidade dos crimes de tráfico internacional de drogas. O STJ analisou o caso e concluiu que não havia constrangimento ilegal caracterizado e negou o pedido de habeas corpus.
Este documento descreve um caso de habeas corpus impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça para um homem preso preventivamente. O Tribunal Regional Federal negou a ordem alegando que havia indícios de autoria e materialidade dos crimes de tráfico internacional de drogas. O STJ analisou o caso e concluiu que não havia constrangimento ilegal caracterizado e negou o pedido de habeas corpus.
Este documento descreve um caso de habeas corpus impetrado perante o Superior Tribunal de Justiça para um homem preso preventivamente. O Tribunal Regional Federal negou a ordem alegando que havia indícios de autoria e materialidade dos crimes de tráfico internacional de drogas. O STJ analisou o caso e concluiu que não havia constrangimento ilegal caracterizado e negou o pedido de habeas corpus.
RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS IMPETRANTE : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO E OUTRO ADVOGADOS : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO - SP103048 ANA PAULA MINICHILLO DA SILVA ARAUJO - SP246610 IMPETRADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1A REGIÃO PACIENTE : ATILA AUGUSTO MESTRE (PRESO)
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO RIBEIRO DANTAS (Relator):
Trata-se de habeas corpus substitutivo de recurso ordinário, com pedido de
liminar, impetrado em favor de ATILA AUGUSTO MESTRE, em que aponta como autoridade coatora o Tribunal Regional Federal da Primeira Região. Na origem, prisão preventiva e denúncia em desfavor do paciente pela suposta prática dos crimes dos arts. 33, caput, c/c art. 40, incisos I e V, por duas vezes, e 35, c/c art. 40, incisos I e V, da Lei n. 11.343/2006, na forma dos arts. 29, caput, e 69 do Código Penal. Cumpre destacar que a prisão preventiva ocorreu no bojo da "Operação “Hybris”, que investiga um grupo de indivíduos que atuaria com características típicas de organização criminosa, a princípio, voltado ao tráfico internacional da substância conhecida vulgarmente como cocaína, e estaria atuando a partir do município de Pontes e Lacerda/MT e circunvizinhanças, de onde, em tese, enviaria, de forma reiterada, carregamentos da referida substância ilícita, oriunda da Bolívia, para outros estados da federação, entre os quais destacam-se São Paulo, Minas Gerais, Maranhão, Goiás, Pará e Maranhão. Durante as investigações, também restou apurado que o sucesso da empreitada criminosa dependia da prática reiterada de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e de Lavagem de Capitais, visto que era necessária a conversão dos reais em dólares americanos para que os investigados pudessem adquirir o entorpecente dos fornecedores bolivianos. Nesse enfoque, com proveito econômico advindo do tráfico de entorpecentes, os investigados passavam a realizar as atividades tendentes a ocultar a origem ilícita dos recursos angariados. Irresignada com a prisão preventiva, a defesa impetrou habeas corpus para o TRF1, que denegou a ordem em decisão assim ementada:
"PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE
DROGAS. LEI 11.343/2006, ARTIGOS 33 E 40. PRISÃO PREVENTIVA. CPP, ARTIGO 312. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS PRESENTES. EXCESSO DE PRAZO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. INOCORRÊNCIA. NULIDADE PROCESSUAL SANADA. CONCESSÃO PARCIAL DA ORDEM. 1. Busca-se com o presente HC o reconhecimento de nulidade na instrução da ação penal originária do presente writ (consistente na inquirição de testemunhas de acusação sem presença do réu, ora paciente) e de excesso de prazo da prisão preventiva (prisão efetivada em 2/5/2016). 2. Considerando sua natureza excepcional, somente se verifica a possibilidade da imposição e manutenção da prisão preventiva quando evidenciado, de forma fundamentada em dados concretos, o preenchimento dos pressupostos e requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal - CPP. Levando-se em conta, ainda, os Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 1 de 9 Superior Tribunal de Justiça princípios da presunção da inocência e a excepcionalidade da prisão antecipada, a custódia cautelar somente deve persistir em casos em que não for possível a aplicação de medida cautelar diversa, de que cuida o art. 319 do CPP. 3. No caso, o paciente foi denunciado pela prática dos crimes previstos nos artigos 33, caput, c/c art. 40, incisos 1 e V por duas vezes e 35, c/c art. 40, incisos I e V da Lei n° 11.343/2006 (Lei de Tóxicos), na forma dos artigos 29, caput, e 69 do Código Penal. Os delitos imputados ao paciente têm, em seu conjunto, pena superior a 04 (quatro) anos, atendendo à exigência do art. 313, I, do CPP. 4. O paciente está preso preventivamente desde 2/5/2016 em decorrência de decisão na qual o juízo a quo registra que o acusado, num curto espaço de tempo, negociou a aquisição de pelo menos 971 (novecentos e setenta e um) quilogramas de cocaina, justificando o temor de que, posto em liberdade, possa atentar contra a ordem pública, voltando a delinquir. 5. O impetrante sustenta a ocorrência de nulidade do processo, ante o fato de a audiência de inquirição de testemunha haver se realizado sem a presença do réu, apontando concreto prejuízo para a defesa. 6. Segundo a melhor jurisprudência, inclusive no STF, a ausência dos réus presos à audiência para oitiva de testemunhas da acusação constitui nulidade absoluta, independentemente da aquiescência do defensor e da matéria não ter sido tratada em alegações finais. 7. No caso, houve expressa demonstração de prejuízo, na medida em que, por ocasião da realização da audiência de inquirição de testemunha de acusação, realizada em 5/6/2017, a defesa manifestou discordância quanto à realização do ato sem a presença do réu, tendo alegado que a defesa se via prejudicada por não ter acesso ao réu para questioná-lo sobre o que a testemunha estaria dizendo para poder formular as perguntas adequadas. 8. É o caso de se decretar a nulidade do processo desde a realização da audiência de inquirição das testemunhas de acusação, devendo ser refeito o ato com a presença do acusado. Tal fato, todavia, não autoriza a liberdade do paciente, pois remanesce a higidez da decisão que, proferida 1/7/2015, decretou a prisão preventiva do paciente, até mesmo porque não impugnada no presente writ. 9. 0 juízo a quo prestou informações afirmando que a decisão monocrática que deferiu parcialmente a liminar foi cumprida, tendo sido determinado o reinicio da instrução criminal com a designação de audiência de inquirição de testemunhas e de interrogatórios dos réus. Especificamente quanto ao paciente, seu interrogatório foi designado para o dia 1° de fevereiro de 2018. 10. 0 alegado excesso de prazo na prisão não está caracterizado. O processo originário segue seu curso regular. Não se vislumbra excesso de prazo a justificar a revogação da prisão cautelar, ante a ausência de indicativo concreto de eventual desídia dos órgãos de persecução penal. 11. Ordem de habeas corpus concedida em parte, confirmando o que decidido em sede liminar".
Nesta Corte, os impetrantes sustentam, em suma, inidoneidade do decreto
prisional, por ausência de fundamentação e por excesso de prazo. A liminar foi indeferida. As informações foram prestadas. Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 2 de 9 Superior Tribunal de Justiça O Ministério Público Federal opinou pelo não conhecimento da ordem. É o relatório.
Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 3 de 9
Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS Nº 440.556 - MT (2018/0057032-3) RELATOR : MINISTRO RIBEIRO DANTAS IMPETRANTE : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO E OUTRO ADVOGADOS : ELISEU MINICHILLO DE ARAÚJO - SP103048 ANA PAULA MINICHILLO DA SILVA ARAUJO - SP246610 IMPETRADO : TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1A REGIÃO PACIENTE : ATILA AUGUSTO MESTRE (PRESO) EMENTA
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO
ORDINÁRIO. INADEQUAÇÃO. ASSOCIAÇÃO E TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. PRISÃO PREVENTIVA. SUPERVENIÊNCIA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. NÃO PREJUDICIALIDADE. NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. REITERAÇÃO DELITIVA. EXCESSO DE PRAZO PARA FORMAÇÃO DA CULPA. PREJUDICIALIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CARACTERIZADO. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. A sentença penal condenatória superveniente, que não permite ao réu recorrer em liberdade, somente prejudica o exame do habeas corpus quando contiver fundamentos diversos daqueles utilizados na decisão que decretou a prisão preventiva, o que não ocorreu no caso dos autos. 3. Havendo prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, a prisão preventiva, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, poderá ser decretada para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. 4. A prisão preventiva está suficientemente fundamentada, na garantia da ordem pública, em face da gravidade concreta da conduta do agente, responsável pela compra e distribuição da droga, bem como pelo pagamento dos fornecedores, circunstâncias que justificam a medida cautelar para se evitar a reiteração criminosa. Segundo consta nos autos, o paciente foi responsável pela aquisição de 971 kg de cocaína, em curto espaço de tempo. 5. Em razão da natureza das atividades ilícitas praticadas (tráfico internacional de drogas) e das conexões internacionais existentes, o decreto deve ser mantido para se evitar a fuga do paciente para o exterior, garantindo aplicação da lei penal. 6. "Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência desta Corte, acompanhando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é assente na perspectiva de que se justifica a decretação de prisão de membros de associação ou organização criminosa como forma de diminuir ou interromper as atividades do grupo, independentemente de se tratar de bando armado ou não" (RHC 79.103/RS, rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 7/4/2017). 7. Prejudicado o alegado exame do excesso de prazo na formação da culpa pela superveniência da prolação de sentença condenatória. 8. Habeas corpus não conhecido.
Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 4 de 9
Superior Tribunal de Justiça
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO RIBEIRO DANTAS (Relator):
Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de
que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. Preliminarmente, cumpre destacar que, de acordo com a jurisprudência desta Quinta Turma, a sentença penal condenatória superveniente, que não permite ao réu recorrer em liberdade, somente prejudica o exame do habeas corpus quando contiver fundamentos diversos daqueles utilizados na decisão que decretou a prisão preventiva (RHC 56.073/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe de 25/08/2015; HC 307.754/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/04/2015, DJe de 21/05/2015). No caso, a negativa do recurso em liberdade não inovou nas razões utilizadas para justificar a manutenção da custódia provisória, permanecendo inalterados os fundamentos da decisão objeto desta impetração. O paciente foi condenado, nos autos da Ação Penal n. 0000756-46.2016.4.01.3601, à pena de 14 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática dos crimes dos arts. 33, caput c/c art. 40, inciso I da Lei 11.343/06, por duas vezes, e no artigo 35, caput, c/c artigo 40, inciso I, todos da Lei nº 11.343/2006, na forma do art. 29, caput, e 71 do Código Penal, e, nos autos da Ação Penal n. 0001972-42.2016.4.01.3601, foi condenado à pena de 14 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática do crime do art. art. 33, caput c/c art. 40, inciso I da Lei 11.343/2006. Passo, portanto, à análise do habeas corpus. Havendo prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, a prisão preventiva, nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal, poderá ser decretada para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. A prisão preventiva foi decretada nos seguintes termos:
"O investigado ÁTILA AUGUSTO MESTRE, usuário dos BBM´s 29af7efc
e 2831de91 com o nickname “Kurama”, residente no Estado de São Paulo, se mostrou um grande comprador e distribuidor de entorpecentes do grupo criminoso investigado. No período de monitoramento, Átila adquiriu cargas de expressivas quantidades de entorpecentes que foram transportadas e entregues pelos investigados EDSON BARBOZA (“Piquet”) e FERNANDO FERREIRA (“Cigano”). Além disso, efetuou tratativas relativas à aquisição de drogas e os respectivos pagamentos aos investigados WILMAR BEARIZ (“Sthel”) e FLÁVIO BEARIZ (“RAFALE”), bem como para EANES MOTA (“Anão”), parceiro na traficância do investigado RICARDO COSME. Em relação a este investigado, constatou-se no tópico anterior que há fundados indícios da participação de ÁTILA AUGUSTO MESTRE na apreensão de 84,5 KG (oitenta e quatro quilos e quinhentas gramas) de cocaína, na cidade de São José do Rio Preto/SP, ocasião em que foi preso, em flagrante delito, o investigado Fernando Ferreira (evento – 28); Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 5 de 9 Superior Tribunal de Justiça apreensão, no dia 11/08/2013, de 80 kg (oitenta quilos) de cocaína, na cidade de Lins/SP (evento 29); Apreensão, no dia 21/11/2013, de 697 kg (seiscentos e noventa e sete quilos) de pasta base de cocaína, na cidade de Araraquara/SP (evento 35); Apreensão, no dia 20/07/2014, de 110 kg de pasta base de cocaína transportada por Djalma França, na cidade de Cáceres/MT (evento 36). A prisão preventiva somente pode ser decretada quando houver prova da existência do crime (materialidade), indícios suficientes da autoria e quando presentes pelo menos um dos fundamentos que a autorizam: garantia da ordem pública e econômica, conveniência da instrução criminal e garantia da aplicação da lei penal. A materialidade dos delitos supostamente praticados por ÁTILA AUGUSTO MESTRE restou comprovada no tópico 2.1 desta decisão, sendo que, no mesmo tópico, observou-se que há fundados indícios de sua participação nos crimes mencionados. Sobre as condutas praticadas por Átila Augusto Mestre, constata-se que o mesmo, num curto período de tempo, negociou a aquisição de pelo menos 971 kg (novecentos e setenta e um quilos) de substância entorpecente conhecida como cocaína. Este investigado se mostrou de fato um grande adquirente de substância entorpecente, vez que, além de ter negociado a compra de expressivas quantidades de pasta base de cocaína com o grupo investigado, sobretudo Ricardo e os irmãos Beariz, os índices demonstraram que o mesmo interagiu e adquiriu, com outros grupos, também em quantidades expressivas de substância entorpecente, o que evidencia o poder que exerce nas atividades relacionadas ao tráfico. Neste contexto, o requisito da ordem pública, apto a autorizar a decretação da prisão preventiva, está completamente demonstrados nos autos, seja pela gravidade concreta dos delitos praticados, onde o investigado negociou a aquisição de pelo menos 971 kg (novecentos e setenta e um quilos de substância entorpecente conhecida como cocaína, praticando, para tanto, pelos menos 04 (quatro) crimes de tráfico de drogas. Do mesmo modo, o modus operandi do grupo integrado por Átila, que se utilizava de aeronaves para importar o entorpecente da Bolívia, bem como grande quantidade de veículo, de passeio e caminhões, todos com compartimento oculto para acondicionar entorpecente, inúmeros integrantes, cada qual com sua função pré-estabelecida (transportadores, agentes operacionais, batedores, doleiros), ou seja, atuação típica de organização criminosa intrincada, estável e com muitos recursos financeiros; a reiteração delitiva, afinal, há fundados indícios de que Átila cometeu 04 (quatro) delitos no período investigado, t ornam indubitável o preenchimento do requisito da ordem pública. Ainda em relação à ordem pública, o Desembargador Federal do TRF1 Olindo Menezes, no julgamento do HC 0043943-48.2013.4.01.0000/RR, salientou que “a existência de elementos concretos que indiquem a probabilidade de reiteração criminosa, aferida em face do número de entradas recentes da paciente no país e da quantidade de droga apreendida, permite a conclusão legítima, por ora, de que, em liberdade, poderá voltar a traficar, o que autoriza a decretação da prisão preventiva, uma vez que caracteriza ofensa à ordem pública”. A prisão preventiva de Átila Augusto Mestre é essencial para o desmantelamento da organização criminosa investigado, vez que o grupo irá perder um poderoso adquirente de drogas, o que certamente irá lhe trazer Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 6 de 9 Superior Tribunal de Justiça complicações de ordem financeiras. A prisão preventiva também deve ser decretada para garantir a aplicação da lei penal, já que há indícios concretos nos autos de que o investigado Átila, caso suspeite de que há uma investigação contra si, iria empreender fuga. Tais indícios foram obtidos depois da apreensão de 697 kg (seiscentos e noventa e sete quilos) de pasta base de cocaína, quando, em conversa com Wilmar Beariz, Atila afirmou que caso suspeitasse de investigação, sumiria com tudo a seu redor. (...) Portanto, a prisão preventiva também deverá ser decretada para garantir a aplicação da lei penal. Diante do exposto, considerando a necessidade de se prevenir a ordem pública, diante da reiteração delitiva e do modus operandi que revela periculosidade suficiente para se abalar a ordem pública, bem como em razão da concreta possibilidade de fuga do investigado para Bolívia, faz-se imperioso decretar a prisão preventiva".
A prisão preventiva está suficientemente fundamentada, na garantia da ordem
pública, em face da gravidade concreta da conduta do agente, responsável pela compra e distribuição da droga, bem como pelo pagamento dos fornecedores, circunstâncias que justificam a medida cautelar para se evitar a reiteração criminosa. Segundo consta nos autos, o paciente foi responsável pela aquisição de 971 kg de cocaína, em curto espaço de tempo. Em razão da natureza das atividades ilícitas praticadas (tráfico internacional de drogas) e das conexões internacionais existentes, o decreto deve ser mantido para se evitar a fuga do paciente para o exterior, garantindo a aplicação da lei penal. "Nessa linha de raciocínio, a jurisprudência desta Corte, acompanhando o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é assente na perspectiva de que se justifica a decretação de prisão de membros de associação ou organização criminosa como forma de diminuir ou interromper as atividades do grupo, independentemente de se tratar de bando armado ou não" (RHC 79.103/RS, rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 7/4/2017). A propósito:
"HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO
CABIMENTO. TRÁFICO DE DROGAS. NEGADO O DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. NATUREZA E QUANTIDADE DAS DROGAS APREENDIDAS. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. RÉU QUE PERMANECEU PRESO DURANTE A INSTRUÇÃO DO PROCESSO. REGIME INICIAL, SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS E DETRAÇÃO DO TEMPO DE PRISÃO CAUTELAR. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. Diante da hipótese de habeas corpus substitutivo de recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do próprio Superior Tribunal de Justiça. Contudo, considerando as alegações expostas na inicial, razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual constrangimento ilegal que justifique a concessão da ordem de ofício. 2. Em vista da natureza excepcional da prisão preventiva, somente se Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 7 de 9 Superior Tribunal de Justiça verifica a possibilidade da sua imposição quando evidenciado, de forma fundamentada e com base em dados concretos, o preenchimento dos pressupostos e requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal - CPP. Deve, ainda, ser mantida a prisão antecipada apenas quando não for possível a aplicação de medida cautelar diversa, nos termos previstos no art. 319 do CPP. No caso dos autos, a prisão preventiva foi adequadamente mantida na sentença, a qual indeferiu o direito de recorrer em liberdade com base em elementos concretos, a gravidade concreta da conduta e a periculosidade do agente, evidenciadas pela natureza e elevada quantidade das drogas apreendidas (177 porções de 'cocaína', com peso de 40,36g e 01 uma porção de 'maconha', com peso de 23,59g), o que denota a necessidade da prisão para resguardar a ordem pública, não havendo falar em existência de evidente flagrante ilegalidade. 3. Tendo o paciente permanecido preso durante toda a instrução processual, não deve ser permitido recorrer em liberdade, especialmente porque, inalteradas as circunstâncias que justificaram a custódia, não se mostra adequada sua soltura depois da condenação em Juízo de primeiro grau. 4. Os temas relativos à fixação de regime prisional menos gravoso, substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos e aplicação da detração do tempo de prisão cautelar sequer foram apreciados pelo Tribunal de origem, o que impede esta Corte de analisar os pedidos, sob pena de incidir em indevida supressão de instância. Habeas corpus não conhecido" (HC 393.308/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 20/3/2018, DJe 6/4/2018).
"HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTOS. GRAVIDADE CONCRETA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PARECER ACOLHIDO. 1. A prisão preventiva constitui medida excepcional ao princípio da não culpabilidade, cabível, mediante decisão devidamente fundamentada e com base em dados concretos, quando evidenciada a existência de circunstâncias que demonstrem a necessidade da medida extrema, nos termos do art. 312 e seguintes do Código de Processo Penal. 2. No caso, a prisão cautelar foi decretada para a garantia da ordem pública, com base na gravidade concreta do delito, evidenciada pela quantidade e natureza da droga apreendida (170 invólucros plásticos, contendo cocaína, pesando 68,1 g e 20 invólucros plásticos contendo maconha, pesando 40,5 g), aliada às circunstâncias em que se deu a prisão em flagrante. 3. É consabido que eventuais condições subjetivas favoráveis ao paciente não são impeditivas à decretação da prisão cautelar, caso estejam presentes, como na hipótese, os requisitos autorizadores da referida segregação. 4. Ordem denegada" (HC 425.704/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 27/2/2018, DJe 8/3/2018).
Por fim, é manifesta a superveniente ausência de interesse de agir que atingiu
esta impetração quanto ao alegado excesso de prazo, em face da superveniência da prolação de Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 8 de 9 Superior Tribunal de Justiça sentença condenatória. Desse modo, não se verifica ilegalidade apta a justificar a concessão da ordem por esta Corte. Ante o exposto, não conheço do habeas corpus. É como voto.
Documento: 90244624 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 9 de 9