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DERMATOFITOSE EM CÃES E GATOS:


REVISÃO DE LITERATURA

VITÓRIA
2016
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DERMATOFITOSE EM CÃES E GATOS:


REVISÃO DE LITERATURA

Trabalho apresentado para o cumprimento de atividades


referentes ao Módulo 06 do curso de Especialização Lato sensu
em Clínica Médica e Cirúrgica em Pequenos Animais – UCB.
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VITÓRIA
2016
DERMATOFITOSE EM CÃES E GATOS: REVISÃO DE LITERATURA

Elaborado por
Aluna do Curso de Pós-Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica
de Pequenos Animais

Analisado e aprovado com grau:________________

Vitória, ______ de _________________de _________

________________________________________________
Membro

________________________________________________
Membro

_______________________________________________
Professor Orientador
Presidente
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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado forças e iluminado meu caminho para que pudesse
concluir mais uma etapa da minha vida.
Ao meu pai, Osias, por todo amor e dedicação que sempre teve comigo. Meu
eterno agradecimento pelos momentos em que esteve ao meu lado, me apoiando e me
fazendo acreditar que nada é impossível.
A minha mãe, Silvânia, por ser tão dedicada, amiga e batalhadora, por ser a
pessoa que mais me apóia e acredita na minha capacidade. Meu agradecimento pelas
horas em que ficou ao meu lado não me deixando desistir e me mostrando que sou
capaz de chegar onde desejo, sem dúvidas foi quem me deu o maior incentivo para
conseguir concluir esse trabalho e que abriu mão de muitas coisas para me
proporcionar a realização desse sonho.
Ao meu irmão, Nésio, que sempre esteve comigo, me apoiando em todos os
momentos, enfim por todos os conselhos e pela confiança em mim depositada, meu
imenso agradecimento.
Ao meu noivo, Wilhan, que com amor, carinho, paciência, apoio, incentivo,
parceria, brincadeiras e compreensão, me fez uma pessoa mais forte quando eu
precisava, e me faz uma profissional cada vez melhor.
Ao meu orientador, pelo ensinamento e dedicação dispensados no auxílio à
concretização desse trabalho e nortear seguramente meu caminho.
A todos os profissionais, pela paciência, dedicação e ensinamentos
disponibilizados nas aulas. Cada um de forma especial contribuiu para a conclusão
desse trabalho e, conseqüentemente, para minha formação profissional.
Por fim, gostaria de agradecer aos meus familiares e amigos, em especial a
Equipe Pet Shop Bicho de Luxo, pelo carinho e pela compreensão nos momentos em
que a dedicação aos estudos foi exclusiva. A todos que contribuíram, diretamente ou
indiretamente, para que esse trabalho fosse realizado, meu eterno MUITO OBRIGADA!
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“Se você está percorrendo o caminho de seus sonhos,


comprometa-se com ele. Assuma seu caminho, mesmo
que precise dar passos incertos, mesmo que saiba que
pode fazer melhor o que está fazendo. Se você aceitar
suas possibilidades no presente, com toda certeza vai
melhorar no futuro. Enfrente seu caminho com
coragem, não tenha medo da crítica dos outros. E,
sobretudo, não se deixe paralisar por sua própria
crítica. Deus estará com você nas noites insones, e
vi

enxugará as lágrimas ocultas com seu amor. Deus é o


Deus dos valentes.” (Paulo Coelho)
. Dermatofitose em cães e gatos: Revisão de Literatura. Curso de pós-graduação
em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. 23 fls. Universidade Castelo
Branco, Vitória, 2016.

RESUMO

As dermatopatias representam a maior parte dos atendimentos na rotina clínica, dentre


elas pode-se destacar as dermatofitoses. A frequência dessa doença fúngica é
favorecida pelo clima nos países tropicais e subtropicais. A infecção desse agente
geralmente ocorre através de transmissão direta ou indireta de conídios que germinam
em um hospedeiro suscetível, principalmente em imunocomprometidos. Animais de
pelo longo são mais predispostos. A cultura fúngica é o teste diagnóstico mais
confiável. O tratamento é dispendioso e prolongado, assim, o diagnóstico correto e
prévio torna-se essencial para o sucesso da terapia. A descontaminação do ambiente é
essencial. Felinos são considerados como potenciais reservatórios e disseminadores
de fungos patogênicos para o homem. O objetivo deste trabalho foi abordar os
aspectos clínicos, epidemiológicos, o diagnóstico, o tratamento e as medidas
preventivas específicas em cães e gatos através de uma revisão de literatura.

Palavras-chave: Dermatopatias. Dermatófitos. Controle. Zoonose.


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Dermatofitose em cães e gatos: Revisão de Literatura. Curso de pós-graduação em


clínica médica e cirúrgica de pequenos animais. 23 fls Universidade Castelo Branco,
Vitória, 2016.

ABSTRACT

The skin diseases account for most of the care in clinical practice among them, we can
highlight the dermatophytoses. The frequency of this fungal disease is favored by the
climate in tropical and subtropical countries. Infection of this agent usually occurs
through direct or indirect transmission of conidia that germinate on a susceptible host,
especially in immunocompromised. Animal by long are more likely. Fungal culture is the
most reliable diagnostic test. The treatment is expensive and extended; thus, the correct
and early diagnosis becomes essential to the success of the therapy. The
decontamination of the environment is essential. Cats are considered as potential
reservoirs and multipliers for the pathogenic fungi of humans. The objective was to
address the clinical, epidemiology, diagnosis, treatment and specific preventive
measures in dogs and cats.

Key-words: Skin Diseases. Dermatophytes. Control. Zoonosis.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................09

2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................10


2.1 CONCEITO E FISIOPATOGENIA DAS DERMAFITOSES..................................10
2.2 AGENTE ETIOLÓGICO........................................................................................10
2.3 EPIDEMIOLOGIA .................................................................................................11
2.4 PATOGENIA..........................................................................................................13
2.5 SINAIS CLÍNICOS................................................................................................13
2.6 DIAGNÓSTICO.....................................................................................................15
2.7 TRATAMENTO E CONTROLE.............................................................................16
2.8 PROGNÓSTICO....................................................................................................20
2.9 ASPECTO ZOONÓTICO......................................................................................20

3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÃO......................................................................22

REFERÊNCIAS ..........................................................................................................23

1. INTRODUCÃO
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Os problemas de ordem dermatogênica são frequentes entre os animais de companhia. Dentre


as casuísticas mais comuns a dermatofitose ocupa posição de destaque. Esse trabalho constitui-se uma
revisão na qual se buscou discutir a respeito do papel dos animais domésticos na transmissão de
dermatofitose para humanos e também se apresenta como uma ferramenta útil aos profissionais que
lidam com clínica de pequenos animais.
A investigação do histórico e a relação dos aspectos epidemiológicos constituem um ponto
importante a ser considerado para a obtenção do diagnóstico correto. Na prática, nem sempre as lesões
observadas estão estabelecidas dentro de determinado padrão, porém existe uma dinâmica de evolução
das alterações que devem ser minuciosamente avaliadas e, portanto, é papel importante para determinar
a verdadeira casuística de dada afecção e para determinar a terapia adequada.
Por constituir-se uma importante zoonose, serão relacionados nesse trabalho os diversos
aspectos responsáveis pela disseminação do agente entre os animais domésticos e os contactantes.
Por isso, o objetivo do presente trabalho é abordar os aspectos clínicos e epidemiológicos, o
diagnóstico e o tratamento e as medidas preventivas.

2. REVISÃO DE LITERATURA
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2.1 Conceito e fisiopatogenia das dermafitoses


A incidência de doenças cutâneas fúngicas nos animais e seres humanos é favorecida
principalmente pelo clima, nos países tropicais e subtropicais. (BENTUBO et al., 2006).
Nesse contexto, as dermatofitoses ou tinhas estão entre as mais frequentes. Essas afecções
caracterizam-se por ser, primariamente, uma doença folicular e seus sinais clínicos são essencialmente
reflexos do dano causado ao folículo piloso e a subsequente inflamação. (BENTUBO et al., 2006).
A infecção dos tecidos queratinizados é geralmente causada por uma das três espécies de
dermatófitos: Microsporum, Trichophyton e Epidermophyton; esses organismos são queratinofílicos,
portanto, invadem e estabelecem-se dentro dos pêlos, unhas ou pele. A maioria das infecções nos cães
e gatos é causada pelo Microsporum canis, M. gypseum e Trichophyton mentagrophytes. (BENTUBO et
al., 2006).
A infecção ocorre por transmissão direta ou indireta de conídios que germinam em um
hospedeiro susceptível; que incluem animais domésticos de qualquer idade, sexo ou raça, embora seja
mais comum entre animais mais jovens, debilitados e velhos. (LEWIS et al, 2008).
Há relatos sobre a maior susceptibilidade de alguns indivíduos de uma família ou raça à
dermatofitose, sugerindo predisposição genética ao seu desenvolvimento. Entre os gatos, destacam-se
os de pelos longos, especialmente os persas, mais predispostos, provavelmente porque entre esses
animais a infecção é de caráter predominantemente crônico e recorrente. Já entre os cães, observa-se
maior incidência e cronicidade na raça Yorkshire terrier. (KIELSTEIN, 1999).
Temos que levar em consideração que alguns cães e gatos podem ser portadores
assintomáticos do fungo, isto é, eles possuem o fungo e esporos mas não manifestam clinicamente a
doença. Desse modo, estes animais servem como reservatórios da doença e participam ativamente no
processo de contaminação do ambiente e demais contactantes, devendo ser considerados ao
estabelecer o protocolo de tratamento.
Quanto ao diagnóstico, a cultura fúngica é o teste mais confiável e é empregada para o
monitoramento da terapia que consiste em tratar o animal enfermo e todos os seus contactantes, além
de promover a descontaminação do ambiente. Por se tratar de uma zoonose, essa afecção merece
atenção especial, assim, em casos de suspeita clínica, o diagnóstico e tratamento de todos os animais
acometidos tornam-se obrigatórios. (SCOOT et al., 1996; BEALE, 2008).

2.2 Agentes etiológicos


Os dermatófitos que mais frequentemente infectam os animais domésticos são Microsporum e
Trichophyton. Esses gêneros podem ser divididos em três grupos com base no habitat natural: geofílico,
zoofílico e antropofílico. (SCOTT et al., 1996; BEALE, 2008).
Os dermatófitos geofílicos, como o Microsporum gypseum, habitam, normalmente, no mesmo
solo que se decompõem em debris ceratinosos. No entanto, esse organismo constitui a segunda causa
mais comum de dermatofitose nos cães nos Estados Unidos, e infecta ocasionalmente gatos. As lesões
são comumente observadas em áreas com contato significativo com o solo, tais como pés e focinho. Os
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dermatófitos zoofílicos, como o Microsporum canis, Microsporum distortum e Microsporum Trichophyton


equinum tornaram-se adaptados aos animais e raramente são encontrados no solo. Já os dermatófitos
antropofílicos, como o Microsporum audounii, são adaptados aos humanos e não vivem no solo. Os
dermatófitos zoofílicos frequentemente causam menos reação inflamatória nos animais do que os fungos
geofílicos ou antropofílicos. Três fungos causam a grande maioria dos casos clínicos de dermatofitose
em cães e gatos: Microsporum canis, Microsporum gypseum e Trichophyton mentagrophytes. (SCOTT et
al., 1996).
O Microspurus canis é o principal agente causados de dermatofitose em cães e gatos, com
porcentagem de 87,2% e 50%, respecitivamente (KHOSRAVI et al, 2003), sendo responsável por cerca
de 15% das afeccções dermatofíticas em seres humanos (MACIEL et al, 2005). Estima-se que 10 a 15%
da população humana poderá ser infectada, pois estes microrganismos no decorrer de sua vida.
(MAZÓN et al., 1997)

2.3 Epidemiologia
A dermatofitose é uma doença infecto contagiosa de caráter crônico. (CORRÊA e CORREA,
1992). É também definida como uma infecção micótica superficial dos tecidos ceratinizados da pele, ou
seja, a camada celular córnea da epiderme, que acomete pelos, unhas, cascos e chifres nas diferentes
espécies. (STANNARD, 1993).
Em geral, o Microsporum canis é responsável por 50 a 70% da doença em cães e 90 a 98%
dos casos de dermatofitose felina (ZAROR et al., 1986). Acreditava-se que os gatos portadores serviam
como reservatório para Microsporum canis; no entanto, estudos recentes demonstraram que ele é
isolado raramente a partir de gatos de estimação saudáveis . (SCOTT et al, 1996; MACIEL e VIANNA,
2005; BEALE, 2008).
Entretanto, é considerado que 50% das pessoas que convivem com gatos infectados,
apresentando sintomatologia clínica, adquirem essa afecção. (TUZIO et al., 2005).
A incidência e a prevalência da dermatofitose variam com o clima e os reservatórios naturais.
(CORNEGLIANI et al, 2009; SCOTT et al., 1996). Em clima quente e úmido, observa-se uma incidência
mais elevada do que em clima frio e seco. Trata-se, no entanto, de uma enfermidade de distribuição
mundial sendo uma das mais importantes micoses cutâneas. Em relação aos reservatórios a incidência
de dermatófito em felídeos silvestres é considerada baixa . (BENTUBO et al, 2006).
Conforme relata a literatura, a incidência de dermatofitose no Hemisfério Norte em gatos ocorre
da seguinte forma: Microsporum canis varia pouco durante todo o ano; Microsporum gypseum e
Trichophyton mentagrophytes são raramente relatados em gatos, mas pode ocorrer um ligeiro aumento
durante os meses de verão e outono. (SCOTT et al., 1996).
Estudos estatísticos demonstram que nos Estados Unidos, aparecem infectados pelo
Microsporum canis 45% dos felinos examinados, a maior parte dos quais com idades inferiores há um
ano. O grau de infecção dos caninos é semelhante – 60% dos doentes estão afetados pelo Microsporum
canis, 24% pelo Microsporum gypseum e 10% pelo Trichophyton mentagrophytes. (KIELSTEIN, 1999).
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Animais de qualquer idade, sexo ou raça são susceptíveis à infecção, assim também se sugere
uma predisposição genética para seu desenvolvimento. (MACIEL e VIANNA, 2005; CORNEGLIANI et al,
2009).
Além disso, exposição prévia, o ambiente, o contato com outros animais, deficiências
nutricionais e doenças debilitantes favorecem a infecção (BRUM et al, 2007). Outros autores consideram
os fatores mais importantes a idade do animal e a falta de prévia exposição ou infecção, exposição à
radiação ultravioleta, fatores físico-químicos de grande relevância (STANNARD, 1993; OGAWA et al,
1998).
Outros aspectos são abordados, como as diferenças nas propriedades bioquímicas da pele e
secreções cutâneas (especialmente sebo), o crescimento e a reposição do pelo e o estado fisiológico do
hospedeiro relacionado à idade devem também ser considerados. Fatores locais, como a barreira
mecânica da pele intacta e a atividade fungistática do sebo, conferida pelo conteúdo rico em ácido graxo,
são dissuasórias da invasão fúngica. (SCOTT et al, 1996).
Os dermatófitos são transmitidos por contato direto, animal a animal, e pode ser indireto
através do solo, fômites e instalações contaminadas, e também apresentam caráter iatrogênico, através
do manejo de animais com e sem lesões cutâneas; compreendendo fontes potenciais de infecção e
reinfecção. (CORREA e CORREA, 1992; SCOTT et al., 1996).
Conforme descrito na literatura, em criações com fins comerciais, a promiscuidade favorece
grande morbidade e endemicidade das dermatofitose. (CORREA e CORREA, 1992).
A fonte de infecção pelo M. canis geralmente é o gato infectado. Já as infecções por
Trichophyton spp. geralmente são adquiridas direta ou indiretamente pela exposição a hospedeiros
reservatórios, estando a maioria destas infecções associada à exposição a roedores. (SCOTT et al.,
1996).
Segundo ZAROR et al. (1986), a possibilidade de cães e gatos comportarem-se como
carreadores assintomáticos de dermatófitos em sua pelagem é relatada, favorecendo a disseminação da
doença a homens ou animais com os quais mantenham contato, trata-se de uma das afecções mais
comumente transmitida do felino para o homem por contato direto. Isso ocorre entre 6,5 a 100% dos
felídeos para Microsporum canis em gatos. (SCOOT et al, 1996).
Os felinos apresentam maior predisposição à contaminação ambiental por M. canis que cães e,
os gatos que convivem com proprietários com dermatofitose apresentam-se mais susceptíveis que cães.
(MANCIANTE et al., 2003). Em humanos com Tinea corporis, que conviviam com felinos, foi observado
53% de positividade para esses animais e em cães, 36% apresentaram-se positivos, evidenciando os
gatos como importantes veiculadores para o homem. (CAFARCHIA et al, 2006).
Por constituir-se em agente veiculador de importantes zoonoses para humanos, o convivio de
gatos com humanos suspeitos de imunocomprometimento deve ser interrompido. (BURTON, 1989;
SPENCER, 1992). Em felinos, as pulgas são as responsáveis pela difusão dos esporos fúngicos por todo
o corpo do animal. (KIELSTEIN, 1999).
2.4 Patogenia
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Segundo SCOTT et al. (1996) e KEENAN (2007), a infecção estabelecida ocorre com a ruptura
mecânica do estrato córneo que é importante para facilitar a penetração e a invasão dos folículos pilosos
anagênicos. O pelo é invadido tanto nas infecções ectotrix como nas endotrix.
O fungo ectotrix produz massas de artrósporos na superfície das hastes do pêlo, ao passo que
os fungos endotrix, não. O período de incubação após a infecção natural é de 7 a 28 dias, quando então,
as hifas invadem a queratina e, a partir dessas, há a formação de cadeias de artrósporos. (KIELSTEIN,
1999).
O material produzido pelos dermatófitos causa uma irritação da derme e lesão na epiderme. O
produto liberado do interior dos queratinócitos lesados provoca hiperplasia acompanhada de reação
inflamatória. As células inflamatórias migram dos vasos superficiais até as camadas invadidas pelos
dermatófitos. Ocorre então a formação de crostas e abscessos intracorneais. A exocitose das células
inflamatórias provoca uma foliculite e com sua destruição, furunculose. Lesões macroscópicas e
microscópicas são variáveis, podem apresentar-se de forma nodular eruptiva, denominada quérion e é
pouco descrita a ocorrência em felinos. (CORNEGLIANI et al., 2009).
A formação de pseudomicetoma e onicomicose pode ocorrer; nessa última, as unhas estão
malformadas, friáveis, quebradiças ou até desprendendo-se dos dígitos, infecções assintomáticas sem
lesões também são constatadas. (HARGIS, 1998). Mas segundo BEALE (2008) a onicomicose, no
entanto, é rara em felinos.
Há resolução espontânea na fase telogênica dos pelos ou no processo inflamatório. As
infecções dermatofíticas em cães e gatos sadios são frequentemente autolimitaNtes. Ao contrário, a
fraca resposta inflamatória em felinos pelo M. canis contribui para a persistência nessa espécie. (SCOTT
et al., 1996).

2.5 Sinais Clínicos


A infecção é quase sempre folicular em cães e gatos, tendo como sinal manchas circulares de
alopecia com formação variável de seborreia. Alguns acidentes desenvolvem a lesão clássica em anel
com halo central sadio e pápulas foliculares finas e crostas na periferia. Entretanto, os sinais são
altamente variáveis e dependem da interação hospedeiro e fungo e do grau da inflamação. O prurido
geralmente é mínimo ou ausente; esporadicamente é acentuado, quando há infecção bacteriana
secundária. (SCOTT et al., 1996; BRUM et al., 2007).
A dermatofitose felina apresenta áreas irregulares de alopecia, com ou sem descamação, e
hiperpigmentadas. A hiperceratose folicular pode resultar em aberturas exageradas dos folículos pilosos
ou formação de comedões. (SCOTT et al, 1996; BRUM et al, 2007). Nos felinos, as lesões estabelecem-
se nas extremidades e na cabeça, nas vibrissas e patas. As lesões são muito mais marcadas no canino,
no qual podem ser encontrados focos de até 2,5 cm difundidos por todo o corpo. (KIELSTEIN, 1999;
BRUM et al., 2007).
Dentre os sinais mais frequentes observa-se lesão clássica ou ringworn, alopecia focal com
pelos fraturados, eritema, prurido e escoriação, pigmentação de pelos e/ou pele, foliculite papulopuspular
localizada ou generalizada, com prurido variável, quérion dermatofítico, seborréia seca focal ou
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generalizada, pseudomicetoma dermatofítico, que geralmente apresenta forma granulomatosa,


onicomicose e/ou paroníquia. (CAVALCANTI et al., 2002; BRUM et al., 2007; BEALE, 2008).
A dermatofitose felina também pode apresentaR-se sob a forma de dermatite miliar, pruriginosa
e papulocrostosa, no entanto, é rara sua relação com M. canis. (BRUM et al., 2007).
É questionado se M. canis pertence à microbiota normal dos felinos, uma vez que o número de
gatos com culturas fúngicas positivas para M. canis é superior ao de animais que, de fato, exacerbam as
manifestações clínicas. O gato, assim, é considerado um importante agente no ciclo epidemiológico do
patógeno. (SCOTT et al., 1996; MACIEL e VIANNA, 2005).
Desta forma, é relatado que gatos portadores transitórios de M. canis podem apresentar
culturas negativas para esse dermatófito poucos dias depois de serem transferidos de zonas
contaminadas para zonas livres. (MACIEL e VIANNA, 2005).
Gatos que apresentam alto risco de infecção vivem em gatis ou em abrigos de animais,
frequentam exposições ou tem livre acesso à rua constituindo o maior número de carreadores
assintomáticos. Isso sugere que esses animais que portam o agente são apenas carreadores.
(KIELSTEIN, 1999).
Por esse motivo, a dermatofitose é super diagnosticada, quando o diagnóstico é baseado
apenas nos sinais clínicos (SCOTT et al., 1996; BRUM et al., 2007). Lesões oriundas especialmente de
foliculite estafilocócica e de demodiciose mimetizam a lesão de dermatofitose principalmente em cães,
não se deve, portanto, basear-se apenas nos sinais para diagnosticar. (BEALE, 2008).
As lesões frequentes de áreas alopécicas com hiperceratose em graus variáveis, às vezes
pequenas vesículas e reação eritematosa, principalmente periférica, com ou sem prurido, levam a
suspeita clínica para essa afecção. (CORREA e CORREA, 1992).
O aspecto mais importante da dermatofitose em cães e gatos é o acometimento dos folículos
pilosos e, por consequência, o sinal clínico mais frequente é a ocorrência de uma ou mais zonas
alopécicas. Outra característica comum é a lesão do tipo escamosa, apesar de variar em intensidade e
aspecto, de acordo com fatores relacionados a gênero e espécie envolvidos e à natureza da resposta
imune inflamatória individual. (BRUM et al., 2007; KEENAN, 2007).
O aspecto microscópico das lesões, muitas vezes, não é visualizado na rotina histológica. No
entanto, as alterações presentes condizem com espessamento do estrato córneo, hipertrofia da
epiderme (em casos graves) acompanhada por congestão e infiltração linfocítica da derme subjacente e
destruição do folículo piloso resultado em inflamação na derme (JONES et al, 2000). Não existem
padrões patognomônicos da dermatofitose. (CARLOTTI e PIN, 2002).

2.6 Diagnóstico
Os testes fúngicos são amplamente empregados na rotina para o diagnóstico da dermatofitose
e incluem: exame com a lâmpada de Wood, o exame microscópico do pelo (tricograma) cultura fúngica
ou biópsia de pele. (KEENAN, 2007).
No exame da lâmpada de Wood, a ocorrência de falso-positivos é frequente, devido ao fato de
escamas, pomadas, cremes e foliculite bacteriana emitirem fluorescência sob a lâmpada; no entanto não
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apresentam a fluorescência verde-maçã típica da haste pilosa observada em casos de infecção com M.
canis (HNILICA et al., 2006; CORNEGLIANI et al, 2009). Portanto não se deve usar fluorescência
positiva sozinha para confirmar uma infecção ou monitorar a terapia. Além do exposto, menos de 50%
dos pelos infectados com M. canis fluorescem. (QUINN et al., 2005; LUCAS, 2008).
O tricograma é realizado retirando-se os pelos da periferia da lesão, essa amostra deve ser
tratada com hidróxido de potássio (KOH) a 10% para descolorir o pelo e demonstrar a presença de hifas
e conídios (SPENCER, 1992). Não é possível diferenciar a espécie de dermatófito presente no
hospedeiro, e o exame negativo não descarta a presença da doença. (BRUM et al., 2007).
Os pelos infectados aparecem inchados, desgastados, irregulares ou encrespados no
delineamento, e já não existe definição clara entre cutícula, córtex e medula. Também é importante
lembrar que os dermatófitos não foram macroconídios no tecido e sim, artroconídios. Todo macroconídio
visto representa saprófitas e não possui significado clínico conhecido. Conídios fúngicos não-
patogênicos e pólen vegetal são confundidos frequentemente com dermatófitos; essas estruturas são
hipercorados, enquanto os dermatófitos não o são. (BEALE, 2008).
A cultura fúngica dos pelos é o teste mais confiável, possibilitando a identificação da espécie do
dermatófito. A coleta da amostra pode ser feita escovando a pelagem do animal com uma escova de
dente estéril (método de MacKenzie), pela simples extração de pelos da lesão, ou por meio do raspado
de pele. Os meios de culturas mais usados incluem o ágar dextrose Sabouraud e o meio específico para
dermatófitos (DTM - Dermatophyle test médium). As culturas são incubadas por até 21 dias e checadas
diariamente para constatar o crescimento fúngico. (BRUM et al., 2007).
Para o diagnóstico, deve-se coletar material da superfície das colônias suspeitas e visualizar
sua morfologia microscópica com o auxílio do corante azul de algodão. A identificação do gênero e da
espécie infectante é feita por meio da visualização dos conídios e do crescimento micelial, que possui
estruturas de reprodução assexuada como macroconídeos e microconídeos. (BRUM et al., 2007).
Nas lesões caracterizadas como quérion, quando o diagnóstico apresenta resultados falso-
negativos, e há suspeita, deve-se fazer um imprint de exsudado para aumentar a sensibilidade do teste
(CORNEGLIANI et al., 2009).
Em situações nas quais o verdadeiro significado de um isolamento de cultura for questionado, a
demonstração do micro-organismo nas amostras de biópsia é a prova definitiva da verdadeira infecção.
O exame histopatológico é mais útil nas formas nodulares de dermatofitose – o quérion e o
pseudomicetoma. (SCOTT et al., 1996; CORNEGLIANI et al., 2009).
Atualmente técnicas moleculares, como o PCR, vêm sendo estudadas com intuito de identificar
especificamente o patógeno causador da dermatofitose, essa determinação auxiliará o clinico na
instituição da terapia mais adequada para aquele agente específico (CAFARCHIA et al., 2004;
BRILLOWSKA-DABROWSKA, 2013).
O diagnóstico diferencial deve incluir a foliculite bacteriana, a demodiciose, o pênfigo
(eritematoso e foliáceo), as disqueratoses primárias e secundárias, os distúrbios nutricionais, a dermatite
por Pelodera, a hipersensibilidade à picada de pulgas, a dermatite seborréica, a dermatose pustular
xvi

subcorneal e várias foliculites eosinofílicas estéreis. As lesões nodulares devem ser diferenciadas de
granulomas de outras etiologias e de neoplasias. (BRUM et al., 2007).
Tendo em vista que a maioria das infecções é folicular, os diagnósticos diferenciais primários
são a foliculite estafilacócica e a demodiciose. Em cães, a foliculite estafilocócica é muito mais comum
do que a dermatofitose. Nos gatos, entretanto, a dermatofitose é mais frequente que as demais
afecções. (SCOTT et al., 1996).
A dermatofitose em cães sadios e em gatos de pelos curtos quase sempre sofre remissão
espontânea em quatro meses, em contrapartida, nos gatos de pelos longos, as lesões podem regredir
entre um e meio a quatro anos.

2.7 Tratamento e controle


Os objetivos do tratamento no paciente são: maximizar a capacidade do paciente de responder
à infecção pelo dermatófito (corrigindo os desequilíbrios nutricionais e doenças concomitantes, e
evitando o uso de antiinflamatórias e imunossupressoras); reduzir as fontes de contágio e apressar a
resolução da infecção. (SCOTT et al., 1996).
A conduta terapêutica em casos de dermatofitose consiste em tratar do animal enfermo, todos
os contactantes e o ambiente. (KEENAN, 2007).
Todo caso confirmado de dermatofitose deve receber tratamento tópico, para minimizar a
contaminação ambiental, o contágio de contactantes e o tempo de terapia sistêmica (SCOTT et al, 1996;
BRUM et al, 2007). O pelo é cortado deixando ampla margem (6 cm) rodeando todas as lesões, e deve
ser feito delicadamente com tesouras ou lâmina de cortador elétrico nº. 10, de forma a evitar o
traumatismo da pele e disseminação da infecção. Os gatos sintomáticos de pelos longos devem ser
tricotomizados inteiramente. (SCOTT et al., 1996).
Os cremes e pomadas estão disponíveis para lesões focais e devem ser usados a cada 12
horas. Segundo GUAGUÉRE e BENSIGNOR (2005), recomenda pomada, creme ou gel, a base de
derivados de Azoloados é igualmente possível. Os rinses (banhos em que o produto seca sobre o
animal) e xampus antifúngicos são indicados nos casos de lesões multifocais ou generalizados, e são
utilizados duas vezes por semana. (BRUM et al., 2007).
Os rinses podem ser aplicados diariamente, o que aumenta o tempo e o comprometimento
econômico do proprietário e a probabilidade de ressecamento ou irritação excessiva da pele do animal,
no entanto, uma aplicação a cada cinco a sete dias em geral é suficiente. Enxofre sodado, enilconazol,
clorexidine e iodopovidona são agentes antifúngicos tópicos rapidamente eficazes contra M. canis. O
cetoconazol e o hipoclorito de sódio também são eficientes, no entanto, demoram muito tempo para
produzir resultados negativos de cultura. Os pelos tratados com captano nunca se tornam negativos à
cultura. Os medicamentos tópicos continuam por duas semanas após a cura clínica ou até que as
culturas fúngicas sejam negativas. Iodo-povidona e hipoclorito de sódio não são recomendados para uso
diariamente em gatos por causa de irritação frequente de pele. (SCOTT et al., 1996).
Os cães e gatos que não respondem ao tratamento tópico após duas a quatro semanas devem
receber tratamento sistêmico. A griseofulvina é a droga de escolha. Os protocolos de dosagem e
xvii

frequência variam amplamente, em função também severidade. Os efeitos colaterais são raros em cães;
podem ser mais comuns e graves em gatos, especialmente persas, himalaios, siameses e abissínios. A
severidade dessas reações adversas pode ser observada em gatos com infecção pelo vírus da
imunodeficiência felina (VIF), de forma que a griseofulvina provavelmente deve ser evitada nesses gatos.
A griseofulvina, por ser teratogênica, não deve ser prescrita para animais nos primeiros dois terços da
prenhes (SCOT et al., 1996). Já outros autores relatam com maior frequência em gatos, outros efeitos
como febre, vômitos, depressão, ataxia e supressão da medula óssea, ou seja, pancitopenia. (BRUM et
al., 2007).
Em estudo conduzido, comparou-se a eficácia da griseofulvina e da terbinafina na terapia das
dermatofitoses em cães e gatos. A griseofulvina na dose de 50mg/kg foi eficaz em 100% dos casos, sem
acarretar efeitos colaterais, com média de tempo para cura de 41 dias, enquanto a terbinafina na dose
de 5 mg/kg apresentou eficácia de 81,8%, sem induzir efeitos colaterais e com êxito terapêutico em 21
dias. A dose de 20mg/kg de terbinafina demonstrou a mesma eficácia que a dose de 5mg/kg, porém com
efeitos colaterais observados em 16,6% dos animais tratados, com tempo médio para cura de 33 dias
(BALDA et al., 2007).
Pode-se concluir neste estudo que a terbinafina é uma droga eficaz e relativamente segura no
tratamento das dermatofitose em cães e gatos e economicamente viável aos proprietários. Porém,
confirmou-se novamente que a griseofulvina na dose de 50mg/kg ainda permanece como droga de
escolha nas infecções dermatofíticas por se mostrar uma droga bastante efetiva, desprovida de efeitos
colaterais e de custo bastante acessível aos proprietários. (BALDA et al., 2007).
O cetoconazol é muito eficiente no tratamento de dermatofitoses em cães e gatos, porém é
recomendada para aqueles casos nos quais se encontra resistência à griseofulvina, ou quando o
paciente não pode tolerá-la ou mesmo quando há contra indicação (SCOTT et al., 1996).
De acordo com dados da literatura, o cetoconazol pode ser utilizado na dose de 10mg/kg/dia,
sem ultrapassar a dose de 200mg/cão. Seus efeitos colaterais incluem hepatotoxicidade, supressão de
hormônios adrenais e gonadais, anorexia, vômitos e também teratogenicidade. (KEENAN, 2007).
O itraconazol segundo é considerado eficiente para o tratamento das dermatofitoses de cães e
gatos. Esse fármaco pode ser útil quando há resistência ou toxicidade à griseofulvina ou quando
observado tolerância ao cetoconazol (SCOTT et al., 1996). Este fármaco é mais bem tolerado pelos
gatos do que o cetoconazol; além de constituir a droga de escolha em gato com VIF- positivos. (BEALE,
2008). É importante, no entanto, salientar que possui efeito teratogênico em altas doses.
É importante lembrar que o tratamento antifúngico sistêmico não reduz rapidamente o contágio
e sempre é utilizado em conjunto com a tricotomia e agentes antifúngicos tópicos. Os agentes
antifúngicos sistêmicos são administrados por duas semanas após a cura clínica, ou até que a cultura
fúngica seja negativa, ou seja, após quatro a 20 semanas. O tratamento para casos com onicomicose
deve ser de no mínimo seis a 12 meses ou mesmo, deve-se proceder a oniquectomia. O
pseudomicetoma dermatofítico em gatos é difícil de tratar uma vez, que após a excisão cirúrgica, pode
haver recidiva das lesões, e a griseofulvina e o cetoconazol frequentemente são ineficazes. (SCOTT et
al., 1996)
xviii

Os casos crônicos e recidivantes de dermatofitose geralmente estão associados ao tratamento


inadequado, à droga e a dosagem erradas, duração inadequada do tratamento, falha na medicação
tópica, na tricotomia da pelagem, no tratamento de contactantes e do ambiente; também pode ter
relação com enfermidades como: hiperadrenocorticalismo, diabetes mellitus, infecção pelo vírus da
leucemia felina (VLF), infecção pelo vírus da leucemia felina (VIF) ou câncer; ou tratamento com droga
imunossupressora (SCOTT et al., 1996).
Em um estudo conduzido em felinos, comprovaram-se a eficácia do lufenuron no tratamento da
dermatofitose causada por Microsporum canis. O efeito da droga foi avaliado em 46 animais (30 com
lesões cutâneas e 16 portadores assintomáticos). Os animais foram tratados com 120mg/kg de
lufenuron, a cada 21 dias (quatro doses), a droga mostrou-se eficaz no tratamento de 29 dos 30 felinos
que apresentaram a forma clínica da dermatofitose. Essa droga apresenta como vantagens: maior
margem de segurança, não ser contra indicada para filhotes e fêmeas prenhes e a não necessitar
administrações diárias, portanto apresenta maior praticidade e comodidade e, como desvantagem o
custo um pouco mais elevado do que o com cetoconazol. (RAMADINHA et al., 2010).
O tratamento tópico com iodo polivinilpirrolidona a 10% apresenta-se eficaz para auxilio no
tratamento dessa afecção. (CORNEGLIANI et al., 2009).
Segundo BOTTEON (2015), estudos tem demonstrado que a terapia tópica associada a
terapia sistêmica, além de acelerar a resolução da sintomatologia clínica também, auxilia na cura
micológica. Entre os princípios ativos citados na literatura estão o enilconazol, cetoconazol, miconazol ou
a combinação de clorexidine e miconazol. Apesar do cetaconazol também ser uma opção terapêutica, as
formulações de xampus contendo miconazol sozinho ou associado com clorexidine são mais seguras e
eficazes, uma vez que o miconazol tem baixíssima absorção oral, caso ingestão acidental ocorra ou
simplesmente caso o animal se lamba.
Em um trabalho realizado por MASON et al. ( 2000) foi demostrado que o uso do clorexidine
em combinação com o miconazol (ambos 2% de concentração) resultou em melhores resultados quando
comparado as formulações de miconazol (concentração 2%) sozinho. Neste mesmo estudo, o
clorexidine (concentração 2% como terapia solo, teve resultado ineficaz. Recomenda-se a terapia tópica
com banhos 2-3 vezes por semana juntamente com a terapia sistêmica.
Recentemente a vacina Biocon M® (vacina inativada com Microsporum Canis) passou a ser
uma alternativa interessante para o tratamento e/ou prevenção da dermatofitose de cães e gatos. Esta
pode ser utilizada á partir dos três meses de idade do paciente. Sua via de administração é injetável
sendo a aplicação intramuscular para cães e subcutânea para gatos. A dose para amos é de 1 ml,
sendo recomendada a aplicação da primeira dose no dia 0, a segunda dose no dia 14 e a terceira dose
24 dias após a aplicação da segunda dose (TECNOP, 2008).
No entanto, a vacina Biocan M é uma ótima alternativa terapêutica em detrimento aos
tratamentos via oral, especialmente para animais que não toleram o mesmo. Além disso, a praticidade e
segurança da vacina são pontos favoráveis em relação aos tratamentos via oral com antifúngicos, dada
a baixa aderência por partes dos proprietários a estes protocolos devido ao longo curso de tratamento e
xix

aos riscos relacionados ao uso desta categoria de medicações. Desde então, o tratamento conjunto
ambiental, tópico e a vacinal estão apresentando grande eficácia. (BOTTEON, 2015)
O propósito da desinfecção ambiental é evitar a reinfecção dos felinos e contactantes. Os
esporos do M. canis permanecem viáveis no ambiente até por 18 meses, portanto todas as superfícies
devem ser desinfetadas com clorexidine ou o hipoclorito de sódio (diluição a 1:10 em alvejante
doméstico). Faz-se necessário destruir todas as camas, tapetes, escovas, pentes e similares. Em
criações comerciais de gatos, todos os aparelhos de ar-condicionado ou aquecedores devem receber
aspiração com sucção de alta potência por uma empresa especializada. Os filtros de aquecedores
devem ser trocados semanalmente. As jaulas devem ser desinfetadas diariamente (BEALE, 2008;
SCOTT et al, 1996). A desinfecção das instalações é essencial em gatis e são importantes para que haja
eliminação de fontes de recontaminação do meio. (HNILICA et al., 2006).
Entretanto, em um estudo mais recente realizado por MORIELLO et al. (2013), os autores
demonstraram que a amônia quaternária, em concentração 0,22% e 0,3% quando mantidas em contato
com os esporos por 10 minutos, foi eficaz em inativar o mesmo. Deve-se levar em consideração que as
amônias quaternárias são inativadas por matérias orgânicas e por sabões e detergentes, tendo sua
eficácia comprometida. A amônia quaternária não substitui o uso do hipoclorito de sódio, mas pode ser
um auxiliar na limpeza ambiental ou em locais aonde não e possível o uso do hipoclorito.

2.8 Prognóstico
A evolução e o prognóstico das dermatomicoses do canino e do felino dependem da
predisposição individual, pertinácia das lesões cutâneas e da virulência do fungo. As curas espontâneas
somente são produzidas após um longo sofrimento da doença (KIELSTEIN, 1999). O prognóstico é
considerado bom, pois os medicamentos atuais são bastante eficientes (CORREA e CORREA, 1992). O
tratamento em animais por quatro a oito semanas resulta em cura clínica em casos de dermatofitose
nodular. (CORNEGLIANI et al.., 2009).

2.9 Aspectos zoonóticos


As doenças causadas por fungos, geralmente, não assumem uma grande escala de
distribuição, porém deve-se salientar que a dermatofitose é considerada a enfermidade fúngica mais
frequente. Os dermatófitos são os grupos de fungos mais isolados em laboratórios de micologia e a
dermatofitose é considerada o terceiro distúrbio de pele mais frequente em crianças menores de 12 anos
e o segundo em adultos. Os principais locais de lesão são o couro cabeludo, causada por Tinea capitis,
na região abdominal e superfície medial do antebraço o agente envolvido é a Tinea corporis. (MACIEL e
VIANNA, 2005).
Na etiologia das dermatofitoses humanas existe uma predominância das espécies
antropofílicas sobre as zoofílicas, o que representa o perfil provável da flora dermatofítica urbana,
admitindo-se que a dermatofitose por espécies antropofílicas está, direta ou indiretamente, associada a
diversos fatores, entre os quais não se inclui o contato com cães e gatos domésticos. Entretanto, os
dermatófitos zoofílicos ou geofílicos e o homem pode se constituir em uma fonte de reinfecção para
xx

animais, o que pode justificar a predominância de dermatófitos em animais domiciliados. Entretanto, é


rara a infecção animal por dermatófitos antropofílicos – zoonose reversa, que dificilmente regridem na
cadeia ecológica. (MACIEL e VIANNA, 2005).
M. canis é apontado como agente causal de cerca de 30% de todos os casos de microsporose
e 15% de todos os casos de dermatofitose (tinha) sendo a vasta maioria dessas infecções adquiridas
dos gatos. Aproximadamente 50% de humanos expostos a gatos infectados, sintomáticos ou
assintomáticos, adquirem a infecção. Em cerca de 30 a 70% de todas as criações com gatos infectados,
no mínimo uma pessoa contactante torna-se infectada. (SCOTT et al., 1996).
Pacientes com dermatopatias são aconselhados por seus médicos a se desfazerem de seus
animais de estimação, mesmo sem a confirmação laboratorial do diagnostico etiológico da doença, que é
essencial na conduta profilática das dermatofitoses humana. Assim, a interação entre médicos e médicos
veterinários é necessária para a preservação tanto da saúde humana quanto da saúde animal,
viabilizando a relação entre o ser humano e os animais domésticos sem prejuízo do equilíbrio social e
ecológico do meio urbano. (MACIEL e VIANA, 2005).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
xxi

As dermatofitoses de carnívoros domésticos constituem-se em antropozoonozes contumazes e


facilmente transmissíveis aos contactantes humanos.
Em relação aos aspectos da predisposição etária e racial dos espécimes caninos e felinos,
observa-se que, em ambos, existe apenas uma nítida predisposição etária, abaixo de 12 meses de vida.
Todavia, ao se considerar uma suposta predominância sazonal de ocorrência de dermatofitoses em cães
e gatos, verifica-se que inexistem diferenças sazonais na ocorrência de dermatofitoses entre a espécie
felina e canina. Nos raros trabalhos publicados no Hemisfério Norte, nos Estados Unidos, evidenciou-se
que, nos cães, o M. canis é prevalente nos meses de outono e inverno e que, nos gatos, não existe
variação sazonal. O M. gypseum seria mais comumente isolado nessas duas espécies, no decurso do
verão e do outono, enquanto o Trichophyton mentagrophytes seria o mais comum, ambas as espécies,
no outono.
A magnitude de ocorrência e o fato dessas dermatopatias constituírem antropozoonoses de alta
incidência em pacientes humanos, sobretudo nas primeiras faixas etárias, levaram ao estudo
pormenorizado de aspectos clínico epidemiológicos das dermatofitoses tanto na medicina veterinária
quanto na medicina humana.
Mais estudos sobre a frequência de dermatófitos devem ser realizados entre felinos, observa-
se muitos estudos determinando a microfauna de pelos de cães, porém os felinos tem demonstrado
serem os principais carreadores desses agentes para o homem.
Para a valorização do plantel de gatis e canis, testes diagnósticos para dermatofitose deveriam
ser imprescindíveis. Essa medida seria responsável não só pela valorização comercial dos animais, mas
pela garantia que animais provenientes desse estabelecimento são livres de dermatófitos. Essa proposta
contribuiria para que o risco dessa zoonose diminuísse a possibilidade de ocorrer, além de diminuir os
focos de propagação desses agentes entre os animais domésticos.
Desde então, a chave de sucesso para obtenção de cura da dermatofitose é a aderência do
proprietário ao tratamento, portanto uma boa explicação por parte do veterinário sobre o caráter
zoonótico da doença, conscientizando-o, ainda, sobre ser o oneroso e longo, exigindo paciência e
perseverança. É preciso seguir os padrões de diagnósticos adequados, já que doenças dermatológicas
podem se manifestar com lesões similares entre si, e assim a falta de um diagnóstico adequado poderá
resultar em falhas terapêuticas.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
xxii

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