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Quatro aspectos essenciais da física quântica

por Osvaldo Pessoa Jr.

Após um período fora do país, retorno a esta coluna do Vya Estelar, onde busco
apresentar de maneira didática diferentes temas relacionados com a física quântica. Não
sou um adepto da “psicologia quântica”, ou seja, não acredito que a física quântica seja
de fato relevante para entender a mente humana e sua interação com o mundo. Também
não tenho uma visão de mundo mística, teísta ou gnóstica, pois não considero que haja
inteligência fora do corpo material dos seres vivos (sou portanto “materialista”).

Porém, imagino que as breves explorações que faço da física quântica possam ser de
interesse para aqueles que queiram conhecer um pouco mais dessa fascinante teoria,
quaisquer que sejam suas posições filosóficas. É possível dialogar com visões
antagônicas a nossas, assimilar parte das ideias expostas, e traduzir outra parte para
nossa concepção pessoal.

Para reiniciarmos nossas viagens pelo mundo quântico, gostaria de examinar a seguinte
questão: qual é a diferença essencial entre física clássica e quântica?

1. Ondas de matéria

Para responder a essa questão, podemos considerar a física clássica das ondas (clique
aqui) e sua extensão para toda a matéria. Ou seja, o ponto de partida da física quântica
pode ser tomado como a tese de que tanto a matéria quanto a radiação (luz, etc.) são
regidas por uma equação de onda, como a chamada equação de Schrödinger. Para uma
única partícula, a onda associada se propaga nas três dimensões espaciais (que são
largura, altura e profundidade).

A concepção das ondas materiais, proposta por Louis de Broglie em 1924, é uma
profunda ruptura com a física clássica, mas por si só não constitui uma teoria quântica,
já que existem muitos sistemas clássicos que se comportam como onda (como as ondas
do mar, o som, a luz).

Implícito nesta tese de que a matéria é ondulatória está o “princípio de superposição”:


dados dois estados permitidos de um sistema, uma soma destes estados é sempre um
estado permitido. Este princípio não vale em algumas situações (onde se aplicariam
regras chamadas de “superseleção”). Há também teóricos que especulam que o
princípio de superposição pode não valer de maneira exata, mas apenas como uma
aproximação.

Partindo então desse primeiro ponto, de que tanto a matéria quanto a radiação devem
ser descritas como ondas, proponho que apenas três aspectos adicionais precisam ser
impostos para obtermos a física quântica (deixando de lado a teoria da relatividade, que
introduz outras complicações, como a existência de antimatéria).

2. Quantização na medição

O segundo aspecto essencial da teoria quântica pode ser chamado “quantização na


medição”. Vimos na primeira lição de física quântica (texto 4) que quando uma frente de
onda incide em uma tela detectora, o que aparecem são pontos, que surgem um a um.
Esta é uma propriedade essencialmente quântica, totalmente inesperada para a física
clássica de ondas, e descoberta (indiretamente) por Max Planck em 1900.
Vimos que há uma classe de interpretações da teoria quântica que defendem que o que
está ocorrendo neste caso é um repentino “colapso” da onda (ver texto 5), ocasionado
pela medição (que sempre envolve um aparelho macroscópico). Outra interpretação, a
da complementaridade, desenvolvida por Niels Bohr, trabalha com o conceito de
“dualidade onda-partícula” (ver texto 10). São diferentes maneiras de conciliar os
aspectos ondulatório e corpuscular da matéria e da radiação, diferentes tentativas de
explicar a aparência pontual das medições de posição, ou o fato de que medições de
energia não podem ocorrer abaixo de uma certa quantidade mínima.

Pode-se considerar também que as ondas de matéria são “ondas de probabilidade”, e


que a probabilidade de ocorrer uma medição em uma certa posição é dada pelo
quadrado da amplitude da onda naquela posição. É preciso também estipular qual é o
estado da onda após a ocorrência do colapso (usualmente descrito por um “postulado
da projeção”).

Há quem considere o princípio de incerteza (clique aqui) como um aspecto essencial


da teoria quântica. No entanto, uma versão deste princípio ocorre na física clássica de
ondas, e a novidade do caso quântico surge justamente ao se aplicar a “quantização nas
medições” para o caso em que dois observáveis incompatíveis podem ser medidos.

O mesmo comentário vale para outro efeito bastante curioso da física quântica, o
chamado “efeito túnel”, que ainda não tivemos oportunidade de explorar.

3. Não localidade quântica

No caso em que duas partículas interagem e se separam espacialmente, vimos (nos


textos Teorema de Bell para crianças clique aqui e Astrobigobaldo quer informação
instantânea - clique aqui) que podem ocorrer correlações entre medições simultâneas,
correlações essas que não podem ser explicadas por “teorias realistas locais” (este é o
famoso resultado obtido por John Stuart Bell). Essa situação tem sido chamada de “não
localidade quântica”, apesar de os aspectos filosóficos do efeito serem ainda mal
compreendidos. Outro termo que pode ser usado é “sincronicidade quântica”, já que
não se trata de um efeito causal controlável, obtido a partir da medição em uma das
partículas, gerando um efeito na outra.

A não localidade quântica só pode ser tratada a partir dos princípios 1 e 2 (definidos
acima) se as ondas materiais a serem consideradas forem descritas em um espaço de
configuração de 6 dimensões (no caso de duas partículas interagentes). Em outras
palavras, a onda que descreve o sistema de duas partículas precisa ser definida em 6
dimensões, e não nas 3 dimensões espaciais usuais!

É a não localidade quântica que é responsável pelo ganho de eficiência da computação


quântica sobre a computação clássica (clique aqui).

4. Estatísticas quânticas

Há um quarto aspecto dos sistemas quânticos, não contemplados pelos três princípios
anteriores, que está relacionado com o valor do “spin” de uma partícula (ver texto 6).
Partículas de spin inteiro (0,1, 2) são chamados “bósons”, e de spin semi-inteiro (1/2, 3/2,
etc.) são chamados “férmions”.

Tais partículas têm comportamento diferente quando um grande número delas estão
próximos. Em termos quânticos, diz-se que inúmeros bósons podem ocupar o mesmo
estado, ao passo que dois férmions nunca ocupam o mesmo estado (este é o princípio
de exclusão de Pauli). Em termos clássicos (como na teoria de David Bohm, clique
aqui), isso equivaleria a dizer que férmions se repelem, ao passo que bósons se atraem,
mas em termos modernos não se atribui uma força de interação para esse
comportamento. Fala-se que seu “comportamento estatístico” é diferente do caso
clássico, e diferente entre si (clique aqui).

Partículas materiais, como prótons, nêutrons e elétrons, são férmions, ao passo que
carregadores de interação, como um fóton de luz, são bósons. Um par de férmions pode
adquirir comportamento de bóson. Em um sistema fechado, o número de férmions se
conserva, ao passo que um sistema de bósons não tem um número bem definido de
partículas.
Exemplos de sistemas que apresentam comportamento estatístico dos bósons é a luz
laser e gases ultrafrios, que formam os chamados “condensados de Bose-Einstein”. Um
exemplo de sistema com comportamento estatístico dos férmions é o fluido de elétrons
que carrega corrente elétrica em um fio metálico.

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