Sei sulla pagina 1di 9

Álvaro Vieira Pinto e o ISEB

29/10/2015

1 – O ISEB

O Instituto Superior de Estudos Brasileiros – ISEB – foi criado em 1955,


através do Decreto nº 37.608, durante o Governo de Café Filho. Conforme o
art. 2º deste decreto, o ISEB tinha por finalidade “o estudo, o ensino e a
divulgação das ciências sociais, notadamente da sociologia, da história, da
economia e da política, especialmente para o fim de aplicar as categorias e os
dados dessas ciências à análise e à compreensão critica da realidade brasileira,
visando à elaboração de instrumentos teóricos que permitam o incentivo e a
promoção do desenvolvimento nacional.”.
Nascido de um esforço de vários intelectuais das ciências sociais atuantes
principalmente em duas organizações diferentes, a Liga de Emancipação
Nacional e o Grupo Itatiaia, o ISEB tinha como característica principal “a
convicção de que somente com o debate e o confronto das ideias seria
possível formular um projeto ideológico comum para o Brasil.”
(RODRIGUES).
Esses dois grupos tinham características bem diferentes. A Liga era integrada
principalmente comunistas; que tinha por finalidade, conforme o art 1º de seu
estatuto, “cultivar as tradições de independência e civismo e pugnar pela
ampla e real emancipação do Brasil.” (PENNA). O Grupo Itatiaia, por sua
vez, era formado por intelectuais de várias vertentes; que tinham como foco
inicial o debate teórico-filosófico com “desejo de impulsionar um pensamento
genuinamente brasileiro.” (BARIANI JUNIOR), este grupo também formou,
em 1953, o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (IBESP).

2 – O contexto

“Vale lembrar que o ISEB nasce num contexto conturbado. Na década de


1950, o Brasil vivia transformações econômicas, sociais e políticas
decorrentes da implementação da industrialização. No âmbito internacional,
acontecia a Guerra Fria, golpes na América Latina, revolução cubana… O
primeiro momento do ISEB foi bastante institucionalizado, e os intelectuais
elaboravam projetos para o Estado. Num segundo momento, já no governo
João Goulart, o ISEB – em conjunto com o PCB – foi uma das principais
instituições que deram o tom da esquerda política no Brasil nos anos 1950 e
1960.” (RODRIGUES).

3 – Álvaro Vieira Pinto e sua atuação no ISEB

Álvaro Viera Pinto, foi levado à chefia do Departamento de Filosofia do ISEB


em 1955 e, por entender que “a cultura, no sentido de um conjunto de
manifestações artística, conjuntamente com a atividade educacional, pudesse
aproximar a massa da população a realidade do país”, defendia “o
engajamento cultural como mecanismo de transformação da realidade
brasileira.”. (MARTINI). Foi nesse período, enquanto chefe do Departamento
de Filosofia, que desenvolveu seu livro Consciência e Realidade Nacional
(publicado em 1960).
Uma excelente tomada cronológica de sua atuação no ISEB encontra-se na
página <http://www.alvarovieirapinto.org/>, mantida por um grupo de pesquisa
em Tecnologia da UTFPR e reproduzida abaixo em sua quase totalidade.

1955 Começa a chefiar o Departamento de Filosofia do ISEB

“Por aproximadamente cinco anos atuou na Universidade do Brasil e, com a criação do


ISEB, em 1955, foi convidado por Roland Corbisier para assumir o Departamento de
Filosofia uma vez que já fazia parte do conselho consultivo do mesmo órgão.” (FÁVERI,
2014, p.96)
(…) depois que seu nome foi aprovado para o conselho consultivo quando da criação do
ISEB. Aproximadamente um ano depois, em 14/05/56, inaugura o primeiro curso regular,
escreve e profere o discurso “Ideologia e Desenvolvimento Nacional”, que o próprio
Instituto viria a publicar como um dos seus primeiros escritos sobre o assunto. Permanece
no cargo até assumir a diretoria executiva, sendo substituído por Wanderley Guilherme dos
Santos.” (FÁVERI, 2014, p.97, adição nossa)
“Em 1955, preterindo ao projeto de confecção de uma enciclopédia brasileira de filosofia
com Euralo Canabrava (…) Vieira aceita o convite de Roland Corbisier para chefiar o
Departamento de Filosofia do recém-criado Instituto Superior de Estudos Brasileiros”.
(CÔRTES, 2003, p.318)
“A atividade de docência [de Vieira Pinto] foi marcada por duas etapas distintas: (…) A
segunda etapa é aquela que coincide com sua permanência como docente no ISEB. Foi
nesse período que organizou as análises que compõe sua vasta e importante contribuição
para a organização do pensamento filosófico brasileiro. (…) no tempo do ISEB, podia
dedicar-se aos princípios filosóficos gerais para fundamentar sua análise da realidade do
país, à qual dedica todos os seus estudos dali para frente. Podemos dizer que Vieira Pinto é
um filósofo que empreende uma dinâmica de pensamento dialético aplicado à realidade
concreta do Brasil para compreendê-la e propor alguma perspectiva de superar as
problemáticas inerentes à sua época.” (FÁVERI, 2014, p.96–97, adição nossa)

1955- Trabalho no ISEB

“Essa relação [entre Maria Aparecida Fernandes e Álvaro Vieira Pinto] iniciou-se no
ISEB
“Vieira Pinto — Depois entra outro período [de atividade de docência para Álvaro Vieira
Pinto], que é o do aparecimento do ISEB, e o convite casual que recebi de Roland
Corbisier, para ser professor de Filosofia no ISEB. Isto em 1955. Com a entrada para o
ISEB fui mudando aos poucos de orientação, fui tomando uma orientação mais objetivista,
menos idealista e deixando de lado toda aquela forma clássica de ensinar História da
Filosofia, que era puramente repetir o que o outro disse. Passei a fazer uma exposição
sobre o autor e depois a crítica, o que me dava oportunidade de alargar mais o meu campo
de pensamento, embora sem jamais ter chegado a impor a ninguém qualquer idéia
extremista, ou qualquer idéia que julgava tal, que fosse considerada indevida num
currículo de Filosofia. Na Faculdade [anterior] de Filosofia jamais saí da linha puramente
ortodoxa do ensino da Filosofia; o que fazia era seguir os autores, naturalmente que se o
autor dissesse alguma coisa com a qual eu não concordava tinha que dizer o mesmo,
porque a minha obrigação era ensinar, não o que eu pensava, mas o que os outros
pensavam. Então eu tinha que repetir, resumir, repetir e depois fazer alguma crítica, mas
muito pouco elaborada, porque senão eu perderia muito tempo na crítica e acabava não
podendo adiantar a matéria.
Saviani — O senhor assumiu a perspectiva existencialista?
Vieira Pinto — Realmente, nessa época, como estava numa transição rápida, eu assumi
muitas das posições existencialistas que não conhecia até então, e assim tive oportunidade
de sentir o que havia de verdade nelas, não apenas no sistema que apresentavam, mas nos
conceitos que se podiam aproveitar e procurava formular por mim novas maneiras de
expor certas idéias de ordem humanista, de ordem historicista e nacionalista; e acabou
sendo o oposto do próprio existencialismo, mas que tinha tirado do existencialismo, no
sentido de que via a realidade do homem passando por aquela situação e chegando a
outras conclusões. Depois, quando fecharam o ISEB, fui para o exílio.” (Álvaro Vieira
Pinto em entrevista concedida a Dermeval Saviani, 1981 In. VIEIRA PINTO, 2010, p.18-
19)

1956 Ministra a aula inaugural do ISEB e Ministra aulas no Paraguai

“Em maio de 1956, através do Itamaraty e a convite do embaixador do Brasil no Paraguai,


Negrão de Lima, Álvaro Vieira Pinto leciona na Universidade Colombiana e também na
Universidade Nacional do Paraguai, onde recebe o título de doutor honoris causa.”
(CÔRTES, 2003, p.319)
“Em 14 de maio de 1956, no auditório do prédio do MEC, com a presença do presidente
Juscelino Kubitschek, proferiu a aula inaugural do ISEB: “Ideologia e desenvolvimento
nacional”.” (CÔRTES, 2003, p.319)

1957 Publicação de Filosofia Acual

“Em maio de 1956, através do Itamaraty e a convite do embaixador do Brasil no Paraguai,


Negrão de Lima, Álvaro Vieira Pinto leciona na Universidade Colombiana e também na
Universidade Nacional do Paraguai, onde recebe o título de doutor honoris causa. Por
iniciativa da missão cultural brasileira, as anotações de seus alunos em Assunção foram
publicadas no ano seguinte sob o título Filosofia Actual. Revista e aprovada pelo autor,
esta apostila é uma notável exposição da fenomenologia, do existencialismo e das
principais idéias de Kierkergaard, Heidegger, Sartre e Karl Jaspers.” (CÔRTES, 2003,
p.319)
“No mês de abril de 1957, como resultado de um curso dado por Vieira Pinto sobre
Filosofia em Assunción, batizado como Missión Cultural Braisliana, foram publicadas, por
José Maria Rivarola Matto, anotações de aulas, composto de 145 páginas, como título
Filosofia actual, que se encontra na língua espanhola, ainda inédito no Brasil.” (FÁVERI,
2014, p.99)
“Álvaro Vieira Pinto estava totalmente envolvido por esse revival historicista-
fenomenológico-existencialista. Em 1956, meses antes de assumir a chefia do
Departamento de Filosofia do ISEB, ofereceu um curso na Universidade de Assunção sobre
a Filosofia Atual, onde deu aulas sobre esse percurso filosófico que vai de Kant a Jaspers.
Os temas dessas lições de Assunção ressurgem quando ele traduz e publica, pelo ISEB,
Razão e anti-razão de Karl Jaspers (o primeiro título da coleção Textos de Filosofia
Contemporânea que o Insituto pretendia editar, mas não chegou a ir adiante); também
serão retomados em 1960, em Consciência e realidade nacional, e continuarão presentes
em Ciência e Existência, que escreveu em 1967 no Chile, já no exílio.” (CORTES, 2006,
p.298-299)
1958 Publica a tradução o livro Razão e anti-razão de Jaspers e escreve a Introdução
deste.

“Além de traduzir o livro, escreveu a “Introdução” Razão e anti-razão em nosso tempo, de


Karl Jaspers, publicado pelo ISEB em 1958. Assim, iniciava a coleção Textos de Filosofia
Contemporânea do ISEB, cujo plano editorial pretendia traduzir os pensadores mais
representativos das correntes filosóficas então em voga — Gabriel Marcel, Sartre, Ortega y
Gasset, A. J. Ayer, Lucaks, Lefevre e outros.” (CÔRTES, 2003, p.320, grifo da autora)
“Em 1956, meses antes de assumir a chefia do Departamento de Filosofia do ISEB,
ofereceu um curso na Universidade de Assunção sobre a Filosofia Atual, onde deu aulas
sobre esse percurso filosófico que vai de Kant a Jaspers. Os temas dessas lições de
Assunção ressurgem quando ele traduz e publica, pelo ISEB, Razão e anti-razão de Karl
Jaspers (o primeiro título da coleção Textos de Filosofia Contemporânea que o Insituto
pretendia editar, mas não chegou a ir adiante); também serão retomados em 1960, em
Consciência e realidade nacional, e continuarão presentes em Ciência e Existência, que
escreveu em 1967 no Chile, já no exílio.” (CORTES, 2006, p.298-299)
“Vieira Pinto apresentou a coleção e a intenção de publicar posteriormente os mais
representativos pensadores das principais correntes filosóficas do período, isto é, a
filosofia da existência (em seu diálogo com), o marxismo e, finalmente, a filosofia analítica.
O plano editorial não chegou a ser realizado, mas estavam previstos os lançamentos de
livros de Gabriel Marcel, Jean Paul Sartre, A. J. Ayer, Ortega y Gasset, Lefêvre e Lukács.”
(CÔRTES, 2006, p.299)

1959 Prefacia livro de Michel Lebrun

“Em 1959, ainda como chefe do departamento de Filosofia, prefacia, a convite de Michel
Lebrun, a obra de duzentas e oitenta quatro páginas de sua autoria intitulada “Ideologia e
realidade”, publicada pelo ISEB, no Rio de Janeiro, no mesmo ano.” (FÁVERI, 2014, p.99)

1960 Encontra-se com Jean-Paul Sartre

“Ontem, pela manhã, conversaram no bar do Hotel Miramar, em Copacabana, com o


filósofo Jean-Paul Sartre, os Professores Rolan Corbisier, Álvaro Vieira Pinto e Cândido
Mendes de Almeira. A conversa, que durou mais de três horas, versou sobre nacionalismo e
colonialismo.” (ÚLTIMA HORA, 30 de agosto de 1960)

1960-1961 Escreve Consciência e Realidade Nacional

“Na chefia do Departamento de Filosofia do Instituto, inicia a confecção de “Gênero e


formas da consciência nacional”. Publicado em dois grandes volumes — o primeiro em
setembro de 1960 e o segundo em junho de 1961 — sob o título de Consciência e realidade
nacional (…) Motivo de rápida reação do público especializado, entre maio de 1962 a abril
do ano seguinte, CRN foi objeto de vários comentários críticos.” (CÔRTES, 2003, p.320,
grifo da autora)
Nos meses de setembro e outubro de 1960, foi impresso, na cidade do Rio de Janeiro, pela
Escola Técnica Nacional, do Ministério da Educação e Cultura, para o ISEB, responsável
pela publicação da obra composta por dois volumes, Consciência e realidade nacional, de
autoria de Álvaro Vieira Pinto. O primeiro volume foi impresso e publicado no mês de
setembro de 1960, composto de quatrocentas e trinta páginas; o segundo volume foi
impresso e publicado no mês de junho de 1961, composto de seiscentas e trinta nova
páginas.” (FÁVERI, 2014, p.99)
1961 Assume a diretoria executiva do ISEB

“(…) no período em atuou como diretor do ISEB (1961-1964)” (LIMA, 2015, p.101)
“assume o posto de diretor executivo [do ISEB] no lugar de Roland Corbisier” (FÁVERI,
2014, p.99, adição nossa)
“Nesta mesma ocasião, Roland Corbisier foi eleito deputado estadual constituinte pelo
Partido Trabalhista Brasileiro, deixando vaga a direção executiva do ISEB. O Ministro da
educação indicou Álvaro Vieira Pinto para ocupar cargo. Ao assumir o Instituto, Vieira
enfrentou graves problemas financeiros somados a uma feroz campanha difamatória
incessantemente movida por grupos de direita e pela imprensa.” (CÔRTES, 2003, p.320)
“(…) desde 1961 as verbas para o Instituto tinham sido cortadas, deixando todo o
projeto vulnerável.” (LOVATTO, 2010, p.97)
‘SODRÉ (1978) ao referir-se a essa campanha de difamação promovida contra o ISEB fala
do corte de verba: “Em 1961, o ISEB ficaria privado de sua verba orçamentária, era
excluído do orçamento. Ocorrera na Câmara, tão simplesmente, a subtração, nas folhas do
Ministério da Educação, do item referente ao ISEB; a rubrica ISEB desaparecera. Quando,
ao iniciar os seus trabalhos, em 1961, o ISEB planejou suas atividades, a administração
deparou a extraordinária singularidade: não dispunha de verba para coisa alguma. (…)
Com redobrado esforço e sacrifício dos professores, foram impulsionados os cursos
extraordinários, os seminários, as conferências, no ISEB ou fora dele. Nunca trabalhamos
tanto” (SODRÉ, 1978: 64).’ (em LOVATTO, 2010, p.97)
“Permanece no cargo [de Diretor de Filosofia] até assumir a diretoria executiva, sendo
substituído por Wanderley Guilherme dos Santos.” (FÁVERI, 2014, p.97, adição nossa)
“O papel do ISEB foi fundamental porque o instituto tinha passado por mudanças
significativas no início dos anos 1960. Depois de uma fase marcada pelo nacional-
desenvolvimentismo, o último ISEB, como ficou conhecido, passou à direção de Álvaro
Vieira Pinto, a partir de 1962. Essa fase correspondeu às lutas pelas Reformas de Base e a
conseqüente radicalização política do período. Outro nome marcante desta fase do instituto
foi Nelson Werneck Sodré. O primeiro propôs o projeto que originou os Cadernos do povo
brasileiro e o segundo propôs a coleção História Nova do Brasil. Estes aspectos serão
aprofundados adiante.” (LOVATTO, 2010, p.92)

1961-1962 Publica “A questão da universidade” e “Por que os ricos não fazem greve?”

“Este livro [A Questão da Universidade] de Álvaro Vieira Pinto foi escrito no alvorecer da
década de 60 e publicado pela editora da UNE (União Nacional de Estudantes).
Seu conteúdo é a expressão viva da coragem e idoneidade intelectual do autor. De forma
serena e refletida constitui, no entanto, um libelo de certo modo violento ao elitismo,
conservadorismo, arcaísmo e alienação das estruturas universitárias a serviço da
dependência cultural imposta pelos interesses dos grupos que dominam economicamente e,
por consequência, impõem seu poder ao conjunto da sociedade.” (Introdução de Demerval
Saviani escrita em dez. 1985 apud VIEIRA PINTO, 1986, p.5, adição nossa)
“É importante situar e datar o livro [A questão da Universidade]. Escrito em 1961, situa-se
no bojo do processo que então se caracterizava como pré-revolucionário. Esta situação
demarca as lutas da época. A sociedade tendia a se polarizar entre os que se colocavam a
favor do objetivo revolucionário empenhando-se em tornar realidade a tendência em curso
e aqueles que se colocavam contra, procurando preservar a ordem vigente e se utilizando
de todos os recursos disponíveis para frustrar os intentos transformadores.” (Introdução de
Demerval Saviani escrita em dez. 1985 apud VIEIRA PINTO, 1986, p.5, adição nossa)
“Em 1962, fez publicar dois livros: A questão da universidade e Por que os ricos não fazem
greve? O primeiro resulta de conferências feitas em Belo Horizonte, publicadas pela
Editora Universitária, formada por lideranças estudantis ligadas à União Metropolitana e
à UNE, enquanto o último é uma publicação da série Cadernos do Povo Brasileiro, cuja
coordenação Vieira Pinto assumiu a convite de Ênio Silveira.” (CÔRTES, 2003, p.320,
grifos da autora)
“No início dos anos 60, época das grandes mobilizações de massa para as reformas de
base, entre elas a do ensino, Vieira Pinto produz a obra A questão da universidade,
originária de uma conferência proferida em Belo Horizonte e publicada naquele ano pela
UNE. A obra é composta por cento de duas páginas e mais tarde publicada pela Editora
Cortez. Parece que essa obra foi produzida em 1962.” (FÁVERI, 2014, p.99)
“Nesse mesmo ano [1992], Vieira Pinto produz e publica, pela editora Civilização
Brasileira, Por que os ricos não fazem greve, composta de centro e dezoito páginas, obra
que faz parte da coleção Cadernos do Povo Brasileiro.” (FÁVERI, 2014, p.99, adição
nossa)
“[…] aquele livro [A questão da Universidade] foi uma conferência que fiz em Belo
Horizonte e depois a diretoria da antiga UNE me pediu para publicar.” (Álvaro Vieira
Pinto em entrevista concedida a Dermeval Saviani, 1981 In. VIEIRA PINTO, 2010, p.22,
adição nossa)

1962 Assina documento “Por que votar contra o parlamentarismo no plebiscito?” para o
ISEB

“Representando a Congregação de Professores e Alunos do ISEB, Álvaro Vieira Pinto


ficou responsável por redigir, publicar e divulgar amplamente no Brasil, o documento
composto de trinta e uma páginas intitulado “Por que votar contra o parlamentarismo no
plebiscito?”, publicado em nome do e pelo ISEB, em 19 de outubro de 1962, no Rio de
Janeiro.” (FÁVERI, 2014, p.99)
“Por iniciativa do Ministério da Educação, cujo titular era Darcy Ribeiro, o ISEB,
entidade ligada à burocracia do ministério, foi encarregado de confeccionar um panfleto
para o convencimento do público quanto à necessidade de reversão ao sistema
presidencial. O resultado foi Por que votar contra o parlamentarismo no plebiscito?,
assinado por Álvaro Vieira Pinto, diretor da entidade. O panfleto foi aprovado pela
congregação de professores do ISEB no dia 24 de outubro. Quando começou a circular
com mais vigor, em dezembro, gerou protestos de setores conservadores no Congresso”
(MELO, 2009, p.162)
“Mas, antes de tais declarações, o panfleto isebiano foi também alvo de campanha
difamatória dos jornais conservadores. No início de dezembro, O Globo estampou a
manchete “Dinheiro da Nação custeia propaganda comunista do ISEB”, e em reportagem
afirmou tratar-se de um “manifesto vazado em termos perfeitamente harmônicos com a
doutrina comunista”. Dando sequência à campanha difamatória contra o ISEB, O Globo
publicou uma pequena reportagem, que vale a pena ser reproduzida:” (MELO, 2009,
p.162)
“O diretor do ISEB, sr. Álvaro Vieira Pinto, declarou ontem a O GLOBO que a entidade se
reserva o direito de não revelar a origem de sua brochura Por que votar contra o
parlamentarismo no plebiscito?, que foi impressa sob encomenda do Ministro da
Educação, Darcy Ribeiro.
A publicação está vazada em dialética tipicamente comunista, e tem sido amplamente
distribuída em órgãos públicos, organizações estudantis, entidades e ao público em geral.
Inquirido a respeito do custo da publicação, de que verba saiu o pagamento e se há outros
trabalhos encomendados, disse o sr. Álvaro Vieira Pinto que, sendo o ISEB um órgão
diretamente subordinado ao Ministro da Educação, a este competia a divulgação de fatos
referentes à vida e atividades da entidade.”
(Jornal O Globo, 5 de dezembro de 1962, p.7 apud MELO, 2009, p.163)
“Mas ao lado deste tipo de campanha ideológica, também tiveram vez ações mais
extremadas contra o panfleto do ISEB e os próprios diretores da entidade, como as do
governador da Guanabara, Carlos Lacerda, e do DOPS local. Segundo O Semanário, o
panfleto isebiano foi objeto de perseguição da Polícia Política da Guanabara. (…) Tanto
Lacerda como os agentes do DOPS tentaram negar a prisão de Álvaro Vieira Pinto e a
tentativa de apreensão do panfleto, mas o advogado de defesa do diretor do ISEB
reafirmou a existência da ação arbitrária e a invasão da Gráfica Lux (onde foi impresso o
panfleto), onde se tentou “apreender centenas de exemplares que lá se encontravam, bem
como as matrizes tipográficas”. Tal ocorrido motivou o órgão da Frente Parlamentar
Nacionalista a publicar em primeira mano todo o panfleto. “Em primeira mão na impressa
do país o folheto proibido do ISEB”, assim noticiou O Semanário na capa de sua edição de
número 315.” (MELO, 2009, p.163)
“Segundo a pesquisadora Alzira Alves Abreu, o mesmo [panfleto, Por que votar contra o
parlamentarismo no plebiscito?] foi na verdade redigido pelo chefe do Departamento de
História do ISEB, Osny Duarte Pereira* — um jurista nacionalista, identificado com as
campanhas pelo petróleo e colaborador permanente de O Semanário —. sendo sua
assinatura por Álvaro Vieira Pinto (diretor do ISEB) talvez uma estratégia para reafirmar
que seu conteúdo era aprovado por todo o instituto. Trata-se de um documento dividido em
trinta e seis pontos, iniciando com uma reflexão histórica sobre as formas de governo,
desde a Antigüidade clássica, passando logo em seguida pela China imperial, onde,
segundo o autor, teria tido origem a idéia de divisão de poderes. Em seu conjunto, o
panfleto se divide em argumentos antiparlamentarisrtas que envolvem uma justificativa ou
razão histórica, uma razão jurídica e uma razão política na orientação do voto do leitor.”
(MELO, 2009, p.164-165, adição nossa) (* em nota de rodapé consta: (ABREU, Alzira
Alves. “Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb).” In. FERREIRA & AARÃO REIS,
As esquerdas no Brasil. op. cit., p.409-432, a informação está na página 430)

1963 Publica “Indicações metodológicas para a definição de subdesenvolvimento”

“Em julho de 1963, publica, pela Revista Brasileira de Estudos Sociais do Departamento
de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais, o artigo “Indicações
metodológicas para a definição de subdesenvolvimento”.” (CÔRTES, 2003, p.320-321,
grifos da autora)
“Em meio a essa mobilização nacional populista, em 1963, desencadeia-se uma campanha
anti-isebiana através dos meios de comunicação e, em meio a esta agitação social, Álvaro
Vieira Pinto, escreve um artigo de vinte sete páginas, em julho de 1963, publicado na
Revista Brasileira de Ciências Sociais, de publicação quadrimestral, no vol. III de julho de
1963 – n.2, p.242-279, com o título “Indicações metodológicas para a definição do
subdesenvolvimento”, para responder às críticas de leitores e estudiosos contrários a sua
concepção de subdesenvolvimento.” (FÁVERI, 2014, p.99-100)

1963-1964 ISEB e a imprensa

“No Rio, o jornal O Globo mantém acesa campanha contra o ISEB. Em fins de janeiro de
1963, respondendo a uma solicitação do Centro de Portugueses do Ultramar, Vieira Pinto
se recusa a receber no Instituto “qualquer agente de propaganda da tirania salazarista”.
Meses depois, esse episódio serve de estopim para uma avalanche de insultos e acusações
publicados na imprensa carioca. A Última Hora e o Diário de Notícias se lançam na defesa
de Vieira Pinto e o proclamam um “democrata militante a serviço do povo e da causa de
sua emancipação” (UH, 15/8/63) ” (CÔRTES, 2003, p.321, grifos da autora)
“Depois que assumiu a diretoria executiva do ISEB, de modo especial no segundo semestre
de 1963 e início de 1964, devido uma campanha massiva desencadeada nos meios de
comunicação de massa com a intenção de difamar o instituto como baderneiro e comunista,
para vinculá-lo aos movimentos de esquerda marxistas, Vieira Pinto sofreu uma
perseguição implacável para ser preso, julgado e responsabilizado por atos de que era
acusado no órgão que dirigia. Não tendo outra alternativa, pediu exílio na Iugoslávia e,
com o apoio de seu irmão Arnaldo, escapou ao cerco dos policiais e embarcou para o
exterior. Muitos livros foram incinerados e alguns manuscritos incompletos que o filósofo
estaria escrevendo também desapareceram, segundo Mariza Urban.” (FÁVERI, 2014,
p.94)
“A grande maioria dos isebianos compartilhava a mesma postura de Vieira Pinto nos
compromissos da instituição e nos discursos, mas, na prática, quando se ratava de
articular e defender publicamente a autenticidade ideológica do Instituto, muitos colegas
não davam apoio à Vieira Pinto, acusando-o de traidor dos objetivos e da filosofia
primeira a que se propunha o ISEB, no ato de sua criação. Basta ler a depoimento de
Jaguaribe, quando perguntado sobre Vieira Pinto. Roland Corbisier, também, não deu
apoio a Álvaro e ao ISEB. Mesmo ocupando uma cadeira no legislativo, não se esforçou em
angariar recursos para ajudar o Instituto a sair da crise, por exemplo. E assim fizeram
outros isebianos que movidos por diversos motivos, abandonaram o ISEB, quando esse não
vinha ao encontro de seus interesses pessoais e profissionais. Somente Werneck Sodré
continuou apoiando Álvaro, às vésperas do golpe.” (FÁVERI, 2014, p.100)

1964 Golpe militar no Brasil, extinção do ISEB e Casamento com Maria Aparecida
Fernandes

“Com o golpe militar, o ISEB foi invadido e seu acervo, biblioteca e móveis inutilizados,
espalhados pelos jardins da casa na Rua das Palmeiras, Botafogo. Em 13 de abril de 1964,
o governo decreta a extinção do Instituto. Logo em seguida, é instaurado o IPM no qual
são arroladas mais de 50 pessoas entre os professores, os Ministros da Educação Clóvis
Salgado, Paulo de Tarso e Oliveira Brito, vários deputados e três Presidentes da
República— JK, Jânio e João Goulart.” (CÔRTES, 2003, p.321, grifos da autora)
“Nelson Werneck Sodré, Alex Vianni, Álvaro Vieira Pinto e eu descemos os trinta andares
da Rádio Nacional pela escada de serviço, correndo. O golpe já estava dado, a UNE estava
sendo incendiada, o jornal Última Hora tinha sido invadido e empastelado. Dirigi-me para
a embaixada da Iugoslávia, cujo embaixador era um querido amigo. Chegamos na
embaixada e a encontramos fechada (…) Assim que abriu entramos e ocupamos a
embaixada como um asilo provisório. O embaixador chegou depois e confirmou que a
situação estava mesmo ruim. Pedi para ficarmos lá por um tempo, umas horas, até que se
definisse a situação. Ficamos vinte e quatro horas na embaixada da Iugoslávia, sem
formalizar pedido de asilo; depois cada um foi para o seu destino.” (Ênio Silveira apud
CÔRTES, 2003, p.321)
“Em 12 de junho de 1964, casou-se com Maria Aparecida Fernandes, que passou a ser
chamada pelo mesmo nome, acrescido de Vieira Pinto. Essa relação iniciou-se no ISEB,
onde ela ocupava o cargo de secretária, desde sua criação junto com a irmã Lourdes que
era escrituária do mesmo órgão. Segundo parentes mais próximos, o casamento foi
oficializado com separação de bens, em virtude da idade dos nubentes, acima dos
cinquenta e cinco anos, antes de Álvaro sair do país às pressas. Segundo o que apuramos
junto aos seus parentes, a decisão de casar deveu-se aos fato de ambos se sentirem mais em
segurança, quando das adversidades que iriam passar no exílio, e a busca de um apoio
legal útil frente à mudança radical de vida devido à perseguição militar que sofriam. Assim
que se realizou o matrimônio, imediatamente abandonaram o país. Desse casamento não
houve descendência.” (FÁVERI, 2014, p.94)

1964 Refúgio em Minas Gerais e pedido de asilo


“Cassado, Vieira se refugia. Em companhia de sua esposa, D. Maria, esconde-se no
interior de Minas Gerais. Durante este período, por motivos de segurança adota o
pseudônimo de Francisco Guimarães — um dos nomes fictícios com que mais tarde
assinará diversas traduções para a Editora Vozes. Em setembro de 1964, ajudado
novamente por Ênio Silveira, pediu formalmente asilo à Iugoslávia.” (Ênio Silveira apud
CÔRTES, 2003, p.322)
“Não tendo outra alternativa, pediu exílio na Iugoslávia e, com o apoio de seu irmão
Arnaldo, escapou ao cerco dos policiais e embarcou para o exterior.” (FÁVERI, 2014,
p.94)
“Soubemos, então, que o professor Vieira Pinto partiu para o exílio em setembro de 1964.”
(Dermeval Saviani, 1982 In. VIEIRA PINTO, 2010, p.11)

1964-1965 Exílio na Iugoslávia

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

BARIANI JUNIOR, Edison. Uma intelligentsia nacional: Grupo de Itatiaia,


IBESP e os Cadernos de Nosso Tempo. Sociedade Brasileira de Sociologia,
2005, GT 13. Disponível em
<http://www.sbsociologia.com.br/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_do
wnload&gid=385&Itemid=171&gt;. Acesso em 18 de out. de 2015.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Decreto nº 37.608, de 14 de Julho de


1955. Disponível em <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1950-
1959/decreto-37608-14-julho-1955-336008-publicacaooriginal-1-pe.html>. Acesso
em 17 out. de 2015.

MARTINI, Renato Ramos – Os intelectuais do iseb, cultura e educação


nos anos cinqüenta e sessenta. Revista Aurora, ano III, número 5 –
DEZEMBRO DE 2009. Disponível em
<http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/Aurora/MARTINI.pdf>.
Acesso em 17 de out. de 2015.

PENNA, Lincon de Abreu – Caminhos da soberania nacional: os


comunistas e a criação da Petrobrás. E-papers, 1ª edição, 2005.

RODRIGUES, Robson. – Nacionalismo, desenvolvimento e ideologia.


Revista sociologia. Editora Escala, edição 29. Disponível em
<http://sociologiacienciaevida.uol.com.br/ESSO/edicoes/29/artigo176117-1.asp>.
Acesso em 17 de out. de 2015.

Potrebbero piacerti anche