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QUEDA

“Eis o problema fundamental da raça humana: nós estamos afastados de Deus.”

Os cinco primeiros versículos de Gênesis 3 são um relato da tentação da mulher. O


versículo 1 nos informa que a serpente, a mais astuta das alimárias, foi usada por
Satanás como o agente da tentação (Apocalipse 12:9; 20:2). Confrontando Eva, o
Diabo lança uma pergunta perscrutadora: “É assim que Deus disse: Não comereis
de toda a árvore do jardim?”. A serpente/Satanás não apenas testa o conhecimento
da mulher a respeito da palavra de Deus, como também busca difamar o caráter
divino ao sugerir sutilmente que Deus é mesquinho em Suas provisões para o
homem. Nos versos 2 e 3 a mulher responde recitando o mandamento
originalmente dado por Deus (Gênesis 2:16-17). Ela acrescenta, contudo, que o
fruto proibido não deveria sequer ser tocado, e muito menos comido, para que eles
não morressem. Assim, será que Eva foi a primeira legalista? Numa tentativa de
persuadir a mulher a seguir seu próprio percurso revoltoso, a serpente/Satanás
nega categoricamente a afirmação divina de que a desobediência resultaria em
morte. Ele prossegue nessa sua negação assegurando que o comer da árvore
proibida não resultaria em morte, antes transformaria o homem e a mulher em
verdadeiros deuses. Eles poderiam fazer o que lhes aprouvesse, viver em liberdade
da forma como lhes agradasse. Infelizmente a mulher acredita em tais mentiras, e
convence seu marido a se unir a ela naquela insurreição contra o Criador.

Naquele momento tudo mudou. Uma nova consciência passou a dominá-los. Eles
perderam a inocência e descobriram a vergonha. O pecado atingiu o ponto mais
íntimo de sua humanidade, na sua sexualidade. Eles tentaram cobrir sua nudez
com folhas de figueira. As trágicas consequências de sua autoafirmação orgulhosa
seguiram-se imediatamente. O restante de Gênesis 3 descreve essas consequências
na forma de quatro separações e três maldições.

Primeiramente, os seres humanos são separados de Deus (Gênesis 3:8-9). Quando


o SENHOR veio habitualmente ao cair da tarde para fazer companhia ao homem e
sua esposa, a reação do casal agora caído é a seguinte: eles “se esconderam da
presença do SENHOR Deus, entre as árvores do Jardim” (Gênesis 3:8). Ao invés de
irem jubilosamente ao encontro de seu Criador, eles agora se escondem,
embaraçosamente distantes. Eles estão envergonhados, não apenas entre si, mas
também perante Deus. O propósito para o qual Deus criou esse primeiro casal é
frustrado – é separado do Autor da vida. Desse modo, devido ao pecado, o
problema fundamental da raça humana é, essencialmente, espiritual e teológico:
nós estamos afastados de Deus. Agora passamos a adorar os ídolos. Humpty
Dumpty sofreu uma grande queda.

A segunda separação: os homens estão separados de e dentro de si mesmos


(Gênesis 3:10). O afastamento de Deus tem repercussões internas diretas. Quando
o SENHOR indagou ao homem onde se encontrava, ele respondeu em palavras que
revelam um estado interior radicalmente alterado: “Ouvi a tua voz soar no jardim,
e temi, porque estava nu, e escondi-me.” (Gênesis 3:10). O medo, a vergonha e a
culpa estilhaçaram o sentimento de integralidade e bem-estar que o homem
anteriormente possuía. A linha divisória entre o bem e o mal atravessa o coração
de todos os seres humanos, como Solzhenitsyn observou. Em razão do pecado,
portanto, a humanidade tem sofrido um dano interior significativo; estamos
profundamente dilacerados por dentro. Assim, buscamos inutilmente a felicidade e
a completude por conta própria, em uma vida de pura imanência debaixo do sol.
Em terceiro lugar, os seres humanos foram separados uns dos outros (Gênesis
3:11-13). Quando Deus indagou ao homem a respeito de sua nudez, e se ele havia
comido ou não o fruto proibido, ele imediatamente buscou se defender e culpar a
outrem por seu erro. “A mulher”, diz ele, “que Tu me destes, ela me deu do fruto
da árvore, e eu comi” (Gênesis 3:12, ênfase acrescentada). Este episódio marca o
início não apenas da batalha dos sexos, mas também das profundas divisões dentro
da comunidade humana. Nossa alienação teológica e psicológica tiveram
repercussões sociais significativas. O pecado não apenas nos separa de Deus e de
nós mesmos, mas também uns dos outros. Humpty Dumpty sofreu uma grande
queda. Nesse ponto da narrativa, Deus anuncia uma série de maldições: sobre a
serpente, cuja humilhante derrota “com a cara na poeira”[7] é profetizada; sobre a
mulher, que sofrerá arduamente como mulher e mãe; e, por último, sobre o
homem, que deve suar abundantemente para ter domínio sobre a terra. Para,
depois de tudo isso, morrermos.

Tendo sido estes três julgamentos outorgados, uma separação final é descrita no
final de Gênesis 3. Deus expulsa o primeiro casal humano do Jardim, e coloca um
batalhão angélico na entrada leste, com o intuito de evitar que os homens entrem
novamente (Gênesis 3:20-24). Nós trocamos a graça e a benção do Éden pelo caos
e confusão de um mundo alquebrado. Desde então, buscamos reconquistar nossa
felicidade por meio de nossos próprios esforços “utópicos”, individual ou
coletivamente.

Usando as palavras de Francis Schaeffer, Gênesis 3 conta a narrativa da Queda


histórica espaço-temporal e seus resultados[8]. No cerne deste episódio estava a
busca humana equivocada por liberdade, autonomia, autolegislação e
independência. Os resultados dessa busca foram ignorância e o mau desejo. Os
efeitos noéticos e afetivos do pecado desestruturaram nossas vidas de modo
horrível. As quatro separações, juntamente com as três maldições, convergem na
morte. O mundo é, agora, um cemitério cósmico, gemendo em desespero, ansiando
por libertação[9]. “Humpty Dumpty” sofreu uma grande queda. O que pode nos
livrar desta morte? O que pode nos salvar dessa queda?
REDENÇÃO

A restauração da criação exigirá um trabalho inspirado pelo Espírito Santo de


construção de instituições de cuidado e de hábitos revitalizantes.

Que amor é esse que assume tais riscos?

O Deus do pacto de Israel e Pai de Jesus Cristo é um Criador pródigo e inventivo,


que – no que pode nos parecer quase loucura – confiou o cuidado e o
desenvolvimento[1] da criação a nós, Suas criaturas, comissionadas como
portadoras de Sua imagem.

Comissionados e dotados de forma a cumprir essa missão de cultivo da imagem de


Deus, nós trabalhamos e descansamos, fazemos amor e arte, cultivamos a terra e
transformamos seu fruto no pão nosso de cada dia ao mesmo tempo em que
concretizamos nossos sonhos mais extravagantes em catedrais e arranha-céus.
Essa criação da cultura de portador da imagem [de Deus] será mais frutífera
quando tomar para si a responsabilidade do grão do universo – isto é, quando
nosso trabalho e lazer forem semeados nos “sulcos” das normas vivificantes de
Deus.

Portanto, a criação vem acompanhada de uma missão e uma vocação. Sermos


portadores da imagem de Deus é uma tarefa e uma responsabilidade confiada às
criaturas. Se Deus criou a partir do e para o amor, então Ele também nos criou com
o convite para amar o mundo e, desse modo, promover o seu – e o nosso –
florescimento.

Contudo…

Nós confessamos – e muito frequentemente experienciamos – uma ruptura nessa


alegre visão do amor criativo. Embora o amor autossacrificial de Deus nos tenha
confiado o cuidado e cultivo de Sua criação, a humanidade tomou posse disso como
se fosse um direito seu, ao invés de recebê-lo como uma dádiva. Dessa forma,
nossa missão de desenvolver o potencial latente na criação acabou assumindo a
forma de um invencionismo irrestrito ao invés da co-criação normatizada. Embora
esse impulso criacional pela poeisis[2] não poderia ser suprimido ou apagado, o
bom impulso criacional de fazer foi distorcido e mau direcionado: ao invés
de fazer amor, fizemos guerra (e mesmo agora quando fazemos amor, estamos
propensos a fazê-lo de formas que vão contra aquilo que é, de fato, bom para nós).
Longe de cultivarmos a terra, nós criamos sistemas inteiros que a espoliam
avidamente. Longe da criação normatizada, a humanidade se encontra propensa à
transgressão licenciosa. Falhamos em conduzir adiante a missão que fora confiada
a nós como portadores da imagem de Deus.

Mas ainda assim…

Nosso bom Criador não nos abandonou aos nossos próprios planos. Apesar de
termos rompido a plenitude do amor criativo, nosso Deus complacente também
rompeu nosso céu de bronze, juntamente com nosso desejo de nos fecharmos na
imanência, ao manifestar-Se na carne – a nossa carne – como a imagem do Deus
invisível. Jesus de Nazaré apresentou-Se como o segundo Adão, sendo nosso
modelo daquilo que significa cumprir a missão original de cultivo da imagem [de
Deus]. A Palavra se fez carne, não para salvar nossas almas de um mundo caído,
mas, sim, para nos restaurar como amantes deste mundo – para nos (re)habilitar a
cumprir aquela comissão criativa. De fato, Deus nos salva para que – novamente,
numa espécie de loucura divina[3] – possamos salvar o mundo, para que possamos
(re)fazer o mundo corretamente. E o amor redentor de Deus transborda em seus
efeitos cósmicos, dando esperança à essa criação que geme em angústias.

Portanto, nossa redenção não é uma espécie de suplementação ao ser humano; na


verdade, a redenção é o que possibilita que alguém seja realmente humano, e
assim cumprir a missão que nos caracteriza como portadores da imagem de Deus.
Irineu de Lyon apreende essa questão de forma sucinta: “A glória de Deus é um ser
humano vivendo em plenitude” [4]. A redenção não acrescenta descabidamente
uma espécie de anexo espiritual, nem nos liberta da condição humana a fim de
alcançarmos um estado angelical. Pelo contrário, a redenção é a restauração de
nossa humanidade, e a nossa humanidade está inseparavelmente ligada à nossa
missão de sermos os criadores de cultura, sendo co-criativos juntamente com
Deus.

Embora a redenção de Deus seja cósmica, e não simplesmente antropocêntrica,


não obstante, ela opera de acordo com aquele “escândalo” criacional original
mediante o qual a humanidade é comissionada como embaixadora, e mesmo como
co-criadora, para o bem do mundo. Agora, também por meio de um “escândalo”,
nós somos comissionados como co-redentores.

Embora não seja uma questão semelhante a: “salve a líder de torcida, salve o
mundo” [5], a controversa economia da redenção, contudo, também não sugere:
“salve a humanidade, salve o mundo”.

Uma das palavras utilizadas no Novo Testamento para se referir à salvação


(soteria) traz consigo tanto a ideia de livramento e liberação quanto de saúde e
bem-estar. Portanto, a salvação é libertação de nossa desordem e também
restauração para a saúde e florescimento. Não consigo imaginar uma imagem
melhor a esse respeito do que os tipos de práticas salutares que Wendell Berry
apresenta e celebra em sua recente coleção intitulada “Bringing It To The Table: On
Farming and Food” [6]. Considere, por exemplo, o elogio que Berry faz aos
agricultores Amish que vivem no nordeste do estado de Indiana, que estão
“trabalhando para restaurar os solos que foram exauridos anteriormente por outras
pessoas”. Esta é uma versão compacta de nosso chamado para redimirmos o
mundo. Sistemas, instituições e práticas falharam crassamente em cuidar do solo
(e dos animais que viviam dele), sugaram-no e espoliaram a terra sem restaurá-la.
O erro – sim, o pecado – desses lucros ilícitos há de se revelar brevemente, pois
tais sistemas e práticas vão contra o grão do universo. A própria criação nos diz
que estamos fazendo as coisas de modo errado. Nesse caso, a redenção é tangível
e concreta: a saber, na rotação de culturas, na fertilização do solo e na atenção
àquilo que o solo “está querendo nos dizer”. O trabalho feito para se restaurar o
solo exaurido está situado dentro de um estilo de vida – de fato, é um estilo de
vida.

Graças sejam dadas a Deus, pois tal remissão, revitalização e labor cultural não
estão apenas sob a responsabilidade dos cristãos. Embora a Igreja seja, de fato, o
povo que foi regenerado e revestido de poder pelo Espírito Santo para as boas
obras da criação da cultura, o antegosto da vinda do Reino não está confinado à
Igreja. O Espírito Santo é pródigo em espalhar sementes de esperança[7]. Assim,
nós experimentamos avidamente antegostos onde quer que encontremos essas
sementes. O Deus criador e redentor apresentado nas Escrituras tem prazer na
literatura judaica que alcança as profundezas do potencial da linguagem, no
mercado muçulmano que coloca em ação o grão do universo, e nos casamentos
estruturados de agnósticos e ateus. Nós também podemos ter essa iniciativa de
Deus e celebrar essas mesmas coisas.

Mas com o que a redenção se assemelha? Na maior parte das vezes, você a
reconhece quando a vê, uma vez que ela é semelhante ao florescimento. A
redenção é semelhante a uma vida bem vivida. É semelhante ao modo como as
coisas deveriam ser de fato; é semelhante a um pomar bem cultivado, carregado
de frutos produzidos por antigas raízes; é semelhante ao trabalho que edifica a
alma e traz deleite; é semelhante a um marido e sua esposa, já anciãos, rindo de
maneira hilária com seus bisnetos. É semelhante a uma bailarina que alonga seu
corpo até o limite, encarnando, assim, uma estonteante beleza nos músculos e
tendões que se retesam com devoção. É semelhante ao aluno de graduação
debruçado sobre um microscópio, explorando nichos e recantos naquela
microcriação engendrada por Deus, e, desse modo, buscando maneiras de desfazer
a maldição. É semelhante à abundância para todos.

A redenção soa como as surpreendentes cadências de um concerto de Bach, cujo


ritmo parece fazer a alma se expandir. A redenção é semelhante a um escritório
onde todos cantarolam com um senso de harmonia naquela missão, por vezes
pontuado por risadas colaborativas. É semelhante aos grunhidos e gritos de um
jogador de tênis, cujas técnicas “blistering serve” e “liquid forehand” são
decretos[8] de coisas que não poderíamos jamais sonhar. A redenção soa como as
questões de uma aluna da terceira série, cujo professor se interessa
suficientemente pelo seu bem-estar de modo a instigar sua curiosidade, dando
espaço para uma curiosidade santificada a respeito deste mundo bom criado por
Deus. E soa até mesmo como o debate espirituoso de um jovem casal que está
discernindo quais as implicações do fato de que seu casamento é uma amizade que
representa a comunidade que Deus deseja (e que Ele é).

A redenção cheira como o tom de carvalho de um vinho Chardonnay produzido no


vale de Napa que nos dá anseios nas papilas gustativas. Cheira como a terra
debaixo de nossas unhas após plantarmos peônias e gérberas. Cheira a uma
cozinha de inverno, repleta de vapor, onde uma família reunida está se preparando
para a ceia. Cheira à sabedoria ancestral de um livro herdado de um avô, ou àquele
“cheiro de rua” que o cachorro da família rescende nos meados de Novembro.
Cheira ao ato de ir de bicicleta ao trabalho numa manhã nevoenta de primavera.
Cheira até mesmo à salgada pungência do trabalho duro e àquele singular leque de
odores que banha o nascimento de uma criança.

A redenção tem o gosto de uma colheita de outono que deu frutos, não obstante o
labor afetuoso e o cuidado atencioso para com o solo e a plantas. Tem o gosto de
um peru do Dia de Ações de Graças, cuja “natureza própria de peru” ganha vida a
partir de seu próprio deleite animal ao ar livre. A redenção tem gosto da deliciosa
amargura do lúpulo de uma bebida compartilhada com os amigos de um pub da
vizinhança. Tem até mesmo o gosto de comer seus brócolis porque sua mãe te ama
o suficiente para querer que você se alimente bem.

Portanto, a redenção se assemelha à poesia corporal de Rafael Nadal e o sorriso de


menino de Brett Favre numa noite agradável; soa como as amáveis risadas de Paul
e Julia Child, e cheira à cozinha desta; a redenção reverbera como as profundas
performances de Yo-Yo Ma em seu violoncelo; parece com o verso frenético da
poesia de Auden ou o deleite vivo dos versos leves de Updike; é semelhante ao
cuidado compassivo de Paul Farmer ou Madre Teresa. A redenção pode se
manifestar de forma espetacular, fabulosa e (quase) triunfante.

Mas na maior parte do tempo, a redenção delegada pelo Espírito Santo é


semelhante àquilo que Raymond Carver chama “um coisinha boa” [9]. É
semelhante ao nosso trabalho cotidiano bem-feito por amor, em ressonância com o
desejo de Deus para Sua criação – contanto que nosso “trabalho pé-no-chão”
esteja instalado como parte de uma contribuição para os sistemas e estruturas de
desenvolvimento. A redenção é semelhante à realização de nosso dever de casa, ao
preparar as merendeiras das crianças, à construção feita com qualidade e com a
devoção de um artesão, e é também semelhante à elaboração de um orçamento
municipal que discirna o que realmente importa e que, assim, contribui para o bem
comum. Certamente que a redenção é o fim do apartheid, mas também as
amizades, antes impossíveis, que foram forjadas nas circunstâncias que se
seguiram. É um assento vago no ônibus para quem quer que seja[10], mas é
também travar relações com meus vizinhos que são diferentes de mim. É nada
menos do que tentar mudar o mundo, todavia isso começa em nossas casas, em
nossas igrejas, em nossos bairros e escolas.

Não deveríamos ficar surpresos pelo fato de que a redenção nem sempre
manifestar-se-á de modo triunfante. Se Jesus vem como o segundo Adão que
molda o desenvolvimento da cultura redentiva, então, neste nosso mundo
devastado, esse labor cultural apresentará uma forma cruciforme. Todavia, também
assemelhar-se-á à esperança que tem fome da alegria e deleite [Jeremias 15:16].

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