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Naquele momento tudo mudou. Uma nova consciência passou a dominá-los. Eles
perderam a inocência e descobriram a vergonha. O pecado atingiu o ponto mais
íntimo de sua humanidade, na sua sexualidade. Eles tentaram cobrir sua nudez
com folhas de figueira. As trágicas consequências de sua autoafirmação orgulhosa
seguiram-se imediatamente. O restante de Gênesis 3 descreve essas consequências
na forma de quatro separações e três maldições.
Tendo sido estes três julgamentos outorgados, uma separação final é descrita no
final de Gênesis 3. Deus expulsa o primeiro casal humano do Jardim, e coloca um
batalhão angélico na entrada leste, com o intuito de evitar que os homens entrem
novamente (Gênesis 3:20-24). Nós trocamos a graça e a benção do Éden pelo caos
e confusão de um mundo alquebrado. Desde então, buscamos reconquistar nossa
felicidade por meio de nossos próprios esforços “utópicos”, individual ou
coletivamente.
Contudo…
Nosso bom Criador não nos abandonou aos nossos próprios planos. Apesar de
termos rompido a plenitude do amor criativo, nosso Deus complacente também
rompeu nosso céu de bronze, juntamente com nosso desejo de nos fecharmos na
imanência, ao manifestar-Se na carne – a nossa carne – como a imagem do Deus
invisível. Jesus de Nazaré apresentou-Se como o segundo Adão, sendo nosso
modelo daquilo que significa cumprir a missão original de cultivo da imagem [de
Deus]. A Palavra se fez carne, não para salvar nossas almas de um mundo caído,
mas, sim, para nos restaurar como amantes deste mundo – para nos (re)habilitar a
cumprir aquela comissão criativa. De fato, Deus nos salva para que – novamente,
numa espécie de loucura divina[3] – possamos salvar o mundo, para que possamos
(re)fazer o mundo corretamente. E o amor redentor de Deus transborda em seus
efeitos cósmicos, dando esperança à essa criação que geme em angústias.
Embora não seja uma questão semelhante a: “salve a líder de torcida, salve o
mundo” [5], a controversa economia da redenção, contudo, também não sugere:
“salve a humanidade, salve o mundo”.
Graças sejam dadas a Deus, pois tal remissão, revitalização e labor cultural não
estão apenas sob a responsabilidade dos cristãos. Embora a Igreja seja, de fato, o
povo que foi regenerado e revestido de poder pelo Espírito Santo para as boas
obras da criação da cultura, o antegosto da vinda do Reino não está confinado à
Igreja. O Espírito Santo é pródigo em espalhar sementes de esperança[7]. Assim,
nós experimentamos avidamente antegostos onde quer que encontremos essas
sementes. O Deus criador e redentor apresentado nas Escrituras tem prazer na
literatura judaica que alcança as profundezas do potencial da linguagem, no
mercado muçulmano que coloca em ação o grão do universo, e nos casamentos
estruturados de agnósticos e ateus. Nós também podemos ter essa iniciativa de
Deus e celebrar essas mesmas coisas.
Mas com o que a redenção se assemelha? Na maior parte das vezes, você a
reconhece quando a vê, uma vez que ela é semelhante ao florescimento. A
redenção é semelhante a uma vida bem vivida. É semelhante ao modo como as
coisas deveriam ser de fato; é semelhante a um pomar bem cultivado, carregado
de frutos produzidos por antigas raízes; é semelhante ao trabalho que edifica a
alma e traz deleite; é semelhante a um marido e sua esposa, já anciãos, rindo de
maneira hilária com seus bisnetos. É semelhante a uma bailarina que alonga seu
corpo até o limite, encarnando, assim, uma estonteante beleza nos músculos e
tendões que se retesam com devoção. É semelhante ao aluno de graduação
debruçado sobre um microscópio, explorando nichos e recantos naquela
microcriação engendrada por Deus, e, desse modo, buscando maneiras de desfazer
a maldição. É semelhante à abundância para todos.
A redenção tem o gosto de uma colheita de outono que deu frutos, não obstante o
labor afetuoso e o cuidado atencioso para com o solo e a plantas. Tem o gosto de
um peru do Dia de Ações de Graças, cuja “natureza própria de peru” ganha vida a
partir de seu próprio deleite animal ao ar livre. A redenção tem gosto da deliciosa
amargura do lúpulo de uma bebida compartilhada com os amigos de um pub da
vizinhança. Tem até mesmo o gosto de comer seus brócolis porque sua mãe te ama
o suficiente para querer que você se alimente bem.
Não deveríamos ficar surpresos pelo fato de que a redenção nem sempre
manifestar-se-á de modo triunfante. Se Jesus vem como o segundo Adão que
molda o desenvolvimento da cultura redentiva, então, neste nosso mundo
devastado, esse labor cultural apresentará uma forma cruciforme. Todavia, também
assemelhar-se-á à esperança que tem fome da alegria e deleite [Jeremias 15:16].