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O BRILHO DA MORTE: RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


AOS INDIVÍDUOS EXPOSTOS AO CÉSIO-137, EM GOIÂNIA – GO

FARIAS, Gabriela Moreira de1


MELO, Kadimila Costa de Melo2
ROCHA, Francielle Cristina Guimarães3

Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar o acidente radioativo ocorrido em
Goiânia/GO com o material Césio-137, apontando suas principais consequências ao meio
ambiente e abordando, ao final, os aspectos da responsabilidade civil do Estado em relação ao
dano ambiental decorrente das atividades nucleares.

Palavras-chave: Acidente radioativo em Goiânia/GO. Responsabilidade Civil do Estado.


Degradação Ambiental.

1. INTRODUÇÃO

O acidente radioativo ocorrido em setembro de 1987, na cidade de Goiânia, estado de


Goiás, promovido pela ruptura de um aparelho radioterápico abandonado e o manuseio
incorreto da cápsula contendo césio-137, trouxe sérios problemas ambientais que perduram até
os dias atuais (FUINI, 2012).
De acordo com FUINI (2012, p. 41, apud International Atomic Energy Agency, 1988,
p. 14), apurou-se à época dos fatos que em torno de 112.000 pessoas foram envolvidas no
acidente, incluindo familiares, vizinhos e agentes públicos.
De igual modo, ficou evidenciado que o episódio ocorrido com o material radioativo
Césio-137 demonstrou o baixo grau de instrução por parte da população em relação ao meio
ambiente, não se restringindo apenas aos catadores e seus familiares, mas também aos médicos,
membros da defesa civil e técnicos que em sua maioria deixaram potencializar a situação
vivenciada (NOGUEIRA, 2007).

1 Graduanda do Curso de Direito da Faculdade de Jussara - FAJ, gabriela_mcg1997@hotmail.com


2 Graduanda do Curso de Direito da Faculdade de Jussara - FAJ, kadimilacosta@gmail.com
3 Graduanda do Curso de Direito da Faculdade de Jussara - FAJ, franrocha010@gmail.com
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Em conformidade com o artigo 225, §3º, da Constituição Federal todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, sujeitando, assim, os infratores das condutas e
atividades lesivas a reparação dos danos causados (BRASIL, 1998).
Entretanto, in casu verificou-se que o governo concebeu indenização somente a uma
parcela da população afetada, deixando outrora de reconhecer as vítimas que manifestaram
sintomas posteriormente aos fatos, mesmo que devidamente comprovado o nexo causal entre a
conduta e o resultado (FAUNI, 2012).
Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo demonstrar os efeitos ambientais
advindos do acidente radiológico com o material Césio-137, em Goiânia-GO, bem como
ponderar a necessidade da responsabilidade civil do Estado aos indivíduos expostos ao material
radioativo.

2. A RADIOATIVIDADE E O CÉSIO-137

De acordo com VALVERDE (2010) a radiação é uma forma de energia em


movimento que se propaga no espaço ou em meio natural sob a forma de ondas
eletromagnéticas ou de partículas subatômicas.
Ademais, FAUNI (2012), também, esclarece que as radiações ionizantes, como é o
caso do césio- 137, são aquelas que possuem energia suficiente para liberar elétrons da camada
orbital de um átomo podendo, inclusive, alterar a estrutura da mólecula de DNA dos seres vivos.
Lado outro, em que pese o temor da população com a utilização de elementos
radioativos, após os acidentes nucleares de Tchernobil e Césio-137 em Goiânia, devemos
inicialmente ponderar que apesar de repercurtir efeitos negativos se utilizados de maneira
incorreta, as radiações ionizantes são essenciais na contemporaneidade, seja para a produção de
energia em larga escala ou tratamentos ambulatóriais e diagnosticos médicos
(CAPANEZ,2006).
Nesse sentido, com o intuito de proporcionar maior compreensão sobre o tema e
demistificar a história narrada, o presente artigo demonstrará a seguir que o principal transtorno
com o material césio 137, não foi o elemento radioativo e nem a ação dos catadores, mas sim a
omissão do poder público em dar a devida finalidade ao equipamento radioterapico e a ausência
de providências imediatas para contenção da radiação (CAPANEZ,2006).
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3. HISTÓRIA DO ACIDENTE RADIOATIVO COM CÉSIO-137

Em 1972, o Instituto Goiano De Radioterapia - IGR, devidamente autorizado pela


Comissão Nacional De Energia Nuclear, Estado de Goiás - CNEN, adquiriu em São Paulo-SP
uma bomba de Césio 137, de fabricação italiana, a fim de utilizá-la na prestação de serviços
radiológicos (BERNARDES, 2000).
No final de 1985, pressionado pela Santa Casa de Misericórdia, o Instituto Goiano de
Radioterapia transferiu sua sede para novas instalações e deixou no antigo endereço, sem
comunicar o fato à CNEN ou à Secretaria Estadual de Saúde, um aparelho de radioterapia
considerado obsoleto para utilização, cuja fonte radioativa era o Césio-137 (BERNARDES,
2000).
Destaca-se que nos três anos em que permanecera abandonada, a cápsula de Césio-137
não fora objeto de nenhum ato de fiscalização da Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN), a qual possuía, na época do acidente, as atribuições fiscalizar Energia Nuclear,
conforme disposto na Lei 6.189/74, em seus artigos 1º e 7º, vejamos:

Art. 1º A União exercerá o monopólio de que trata o artigo 1º, da Lei nº 4.118, de 27
de agosto de 1962:
I - Por meio da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, como órgão superior
de orientação, planejamento, supervisão, fiscalização e de pesquisa científica[...].
Art. 7º A construção e a operação de instalações nucleares ficarão sujeitas à licença,
à autorização e à fiscalização da CNEN, na forma e condições estabelecidas nesta Lei
e seu Regulamento.
§ 1º A licença para a construção e a autorização para a operação de instalações
nucleares ficarão condicionadas a:
I - Prova de idoneidade e de capacidade técnica e financeira do responsável;
II - Preenchimento dos requisitos de segurança e proteção radiológica estabelecidos
em normas baixadas pela CNEN;
III - Adaptação às novas condições supervenientes, indispensáveis à segurança da
instalação e à prevenção dos riscos de acidentes decorrentes de seu funcionamento[...].
§ 3º A CNEN poderá suspender a construção e a operação das instalações nucleares
sempre que houver risco de dano nuclear.

Em 04 de maio de 1987, iniciou-se a demolição da construção, a mando do ex-sócio


do IGR, Amaurillo Monteiro de Oliveira, culminando com a destruição quase total do prédio
original, que o deixou sem telhado, portas ou janelas (BERNARDES, 2000).
No dia 13 de agosto de 1987, dois catadores de papel adentraram nos escombros e
levaram consigo, dentre outros objetos, a bomba abandonada. Em seguida, com o objetivo de
vender peças para o ferro velho, o objeto radioativo foi partido em duas peças, uma maior
pesando 300 quilos e outra de 120 quilogramas. A peça menor foi transportada até a casa de
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Roberto Santos Alves, onde foi violada à base de marretadas, até atingir-se a janela de irídio,
dentro da qual estava armazenada a substância radioativa (BERNARDES, 2000).
No dia 14 de agosto de 1987, outras duas pessoas foram até os escombros da antiga
sede do IGR, local em que levaram a peça maior, posteriormente vendida ao "ferro velho"
de propriedade de Devair Alves Ferreira, que após perceber que a substância emitia no escuro
um brilho azulado no escuro, passou a distribuí-la entre os parentes e amigos que iriam lhe
visitar (FAUNI, 2012).
As pessoas que tiveram contato com o material radioativo apresentaram, desde o
início, náuseas, vômitos, diarreia, tonturas e lesões do tipo queimadura na pele, entretanto, as
que buscaram assistência médica em hospitais locais receberam diagnóstico de possível
intoxicação, fato este que corroborou com a ampliação do acidente radioativo (FAUNI, 2012).
De igual modo, mesmo após devidamente identificado pela Vigilancia Sanitária,
somente dezesseis dias após a retirada da fonte de césio foram tomadas as primeiras
providências, com a comunicação à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que
notificou a International Atomic Energy Agency (IAEA) e demais instituições que se
incorporaram ou auxiliaram a chamada “Operação Césio-137” (GOIÁS, 2017).

4. RESPONSABILIDADE DO ESTADO COM ACIDENTES NUCLEARES

De acordo com FIORILLO (1999) a responsabilidade objetiva nas atividades


nucleares esta tipificada na Constituição Federal, em seu artigo 225, §3°, o qual estabelece que
“as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados”.
A proêmio, extrai-se referido artigo que a magna carta não vinculou a culpa como
sendo elemento determinante para o dever de reparar o dano causado ao meio ambiente, logo,
o regime aplicado para a reparação por danos ambientais é o da responsabilidade objetiva
(FIORILLO, 1999).
Ademais, em consonância, com o disposto acima o artigo 21, inciso XXIII, alínea “d”,
da Constituição Federal, determina que: “a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa” (BRASIL, 1998).
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Nesse sentido, necessário se faz mencionar o entendimento de MACHADO (2002), in


verbis:

A responsabilidade pode ser tanto de pessoa física, como jurídica, e incide sobre o
operador ou explorador da atividade nuclear, e se houver mais de um explorador, a
responsabilidade será solidária e coletiva. O Estado, ou seja, a União, tem
responsabilidade civil sobre todas as atividades exercidas pelo regime de monopólio,
então ele terá responsabilidade sobre as atividades nucleares de uma Usina geradora
de energia. (MACHADO, 2002, p. 177-178).

Destaca-se, ainda, que no que diz respeito à responsabilidade civil por dano
ambiental, o entendimento do STJ é que a responsabilidade por dano ambiental é objetiva,
sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade
do ato (BARRETO, 2014).
A esse propósito, faz-se mister trazer à colação o entendimento jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, vejamos :

A responsabilidade objetiva fundamenta-se na noção de risco social, que está


implícito em determinadas atividades, como a indústria, os meios de transporte de
massa, as fontes de energia. Assim, a responsabilidade objetiva, calcada na teoria do
risco, é uma imputação atribuída por lei a determinadas pessoas para ressarcirem os
danos provocados por atividades exercidas no seu interesse e sob seu controle, sem
que se proceda a qualquer indagação sobre o elemento subjetivo da conduta do agente
ou de seus prepostos, bastando a relação de causalidade entre o dano sofrido pela
vítima e a situação de risco criada pelo agente. Imputa-se objetivamente a obrigação
de indenizar a quem conhece e domina a fonte de origem do risco, devendo, em face
do interesse social, responder pelas consequências lesivas da sua atividade
independente de culpa (STJ, 2014 on-line).

No entanto, ressalta-se que na ação civil pública proposta em face do acidente


radioativo com Césio-137 em Goiânia/GO (processo nº 95.8505-4), apesar de vigente, não fora
possível a aplicação das regras constitucionais previstas nos artigos 21, inciso XXIII, e 225,
§3º, eis que os fatos danosos ocorreram em setembro de 1987, enquanto que a Constituição
Federal foi promulgada em 1988.
Nesse sentido, vejamos o entendimento disposto na r. Sentença proferida na ação civil
pública do acidente radioativo Césio-137, in verbis:

Nesse sentido, analisando o disposto no §6º do art. 37 da CF/88: O art. 37, §6º, da CF,
que dispõe sobre a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica de direito privado
prestadora de serviço público, pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiro é norma de eficácia imediata e não tem efeito retroativo,
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inaplicável a fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. Isso porque as


Constituições não têm, de ordinário, retro eficácia. (BERNARDES, 2000).

Não obstante, os fatos narrados acima, ressalta-se que no caso dos entes de direito
público, vigorava à época dos fatos a responsabilidade objetiva inserida no disposto no art. 107
da Emenda Constitucional nº 01 de 1969, bem como o art. 14, §1º, da Lei 6.938/81, os quais
estabeleciam que a obrigação de indenizar e reparar o meio ambiente era objetiva, vejamos:

Portanto, segundo esse texto, o poluidor é obrigado a indenizar ou reparar danos que
causar ao meio ambiente, e a terceiros, desde que tanto o meio ambiente como os
terceiros deverão se afetados por sua atividade. Tudo isso sem indagação da
existência ou não de culpa do poluidor.
Verifica-se, assim, que o que empenha a responsabilidade do poluidor é a sua
atividade lesiva ao meio ambiente e a terceiros. Fica, portanto, de fora desse quadro
qualquer atividade que não possa ser debitada ao poluidor, tais como a ação de
terceiros, vítima ou não, e, evidentemente, nesse rol, ainda se poderia colocar o caso
fortuito (evento causado pela ação humana de terceiros) e a força maior (evento
causado pela natureza).
Conclui-se, assim, com base nesses raciocínios jurídicos, à semelhança do que ocorre
no âmbito da responsabilidade objetiva do Estado, que no Direito positivo pátrio, a
responsabilidade pelos danos ambientais é a da modalidade do risco criado (admitindo
as excludentes da culpa da vítima, da força maior e do caso fortuito), nos exatos e
expressos termos do §1º do art. 14 da Lei Federal nº 6.938/81 - Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente.

Dessa forma, percebe-se que, já na época da ocorrência do acidente, contemplava o


direito positivo a responsabilidade objetiva por dano ambiental, tornando dispensável a
perquirição em torno da culpa do poluidor, bastando a demonstração do dano e do nexo.

5. EFEITOS AMBIENTAIS DO ACIDENTE RADIOATIVO COM O CÉSIO-137

O acidente radiológico com Césio-137, ocorrido em Goiânia/GO, constitui-se em um


evento responsável por diversas transformações em âmbito regional e nacional, nas diferentes
áreas de nossa sociedade (FAUNI, 2012).
De acordo com FAUNI (2012), a “Operação Césio-137” resultou no monitoramento
de aproximadamente 112.000 pessoas, e evacuação de 41 residenciais, sendo demolidas 7, o
que gerou 3.500m³ de lixo radioativo, este acondicionado em containeres concretados na cidade
de Abadia de Goiás, sendo, localizada, a 23 km de Goiânia (GOIÁS, 2017).
Ademais, além das consequências prévias demonstradas alhures, ressalta-se que
estudos veem apontando que, a contar das doses recebidas, as consequências da radiação com
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material radioativo, aparecem de modo tardio à contaminação, a exemplo disso o câncer, um


dos problemas mais associados à radiação (PIRES, 2011).
Nesse sentido, a fim de diagnosticar os efeitos retardatários com a população de
radioacidentados, vários estudos têm sido realizados, principalmente, em relação aos aspectos
físicos, dentre eles se destaca-se o acompanhamento da população afetada pelo C.A.R.A
(Centro de Assistência aos Radioacidentados) em que os radioacidentados são classificados em
grupos, sendo o grupo I, composto por indivíduos que sofreram a Síndrome Aguda da Radiação
e/ou irradiação com valores maiores que 0,2 gy (Grays = unidade de medida de dose absolvida),
e/ou com contaminação interna maiores que 50 μCi 50% (μC i= microCurie, unidade de
atividade de radionuclídeos, LIA = limite de incorporação anual), Grupo II, de irradiado com
valores maiores que 0,1 Gy e menores que 0,2 Gy, sem contaminação interna e Grupo III, de
indivíduos sem contaminação comprovada por mensuração, que trabalharam na assistência aos
Grupos I e III (GOIÁS, 2017).
Assim, compreende-se que o Grupo I foi composto pela população que continha níveis
elevados de contaminação com o material radioativo, seja de maneira externa e/ou interna, já o
Grupo II comportava os indivíduos com níveis de absolvição radioativa mediana e que não
possuíam contaminação interna e, por fim, o Grupo III era formado pelas pessoas que
trabalharam na assistência aos Grupos I e III, mas que não contiveram contaminação
comprovada por mensuração (GOIÁS, 2017).
Quanto aos estudos realizados pelo C.A.R.A, note-se que as radiodermites foram os
primeiros sintomas apresentados pelas vítimas do radioacidente, no entanto, os transtornos
crônicos de saúde mais incidentes no período de agosto de 2012 a julho de 2017 foram as
doenças cardiovasculares e os transtornos psíquicos, conforme planilha a seguir:

Tabela 1 – Transtornos crônicos de saúde no período de Ago/2012 a Jul/2017


Transtornos Grupo Frequência
G1 28
G2 17
Doenças G3 431
Cardiovasculares FG1 3
FG2 1
G1 17
G2 6
Diabetes G3 159
FG1 7
FG2 9
G1 5
8

G2 5
Neoplasia G3 55
FG1 3
FG2 1
Transtornos Psíquicos G1 11
G2 8
G3 120
FG1 0
FG2 2
Fonte: (GOIÁS, 2017).

Destaca-se, ainda, que a maioria dos estudos relacionados aos efeitos psicossociais em
acidentes radioativos encontrados concentrou-se na pesquisa dos efeitos físicos nas vítimas,
entretanto, ficou demontrado que o acidente radioativo, de maneira indireta, trouxe à população
afetada transtornos psíquicos (GOIÁS, 2017).
Nesse aspecto, Helou et al. (1995) realizaram uma pesquisa de opinião pública com
684 indivíduos para verificar a percepção acerca das consequências psicossociais decorrentes
do acidente com o césio-137, em Goiânia, sendo evidenciado que o surgimento de doenças
psíquicas, provém do desconhecimento por parte da população acerca dos efeios da
radioatividade.
Dessa forma, diante o explanado, compreende-se que as principais consequências
advindas com o acidente radioativo em Goiânia/GO, são os transtornos mentais, os quais
surgiram com o receio da população afetada com o surgimento de debilitadades em decorrência
da exposição à radiação, bem como em consonância com a ausência de informações, fazendo
com que os radioafetados, como bem explanado por Kastembaum e Aisemberg, se sentirem
“carregar a morte dentro de si”(KASTEMBAUM e AISEMBERG, 1983).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, o presente artigo procurou analisar as questões relevantes sobre o acidente


radioativo ocorrido em Goiânia/GO, com o material Césio-137. Demonstrando a historicidade
dos fatos e a responsabilidade civil dos envolvidos pelos atos praticados, principalmente, o
Estado de Goiás e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), esta que possuía à época
as atribuições de fiscalizar Energia Nuclear.
Ademais, ficou evidenciado que o entendimento jurisprudencial e legislativo a
respeito da aplicação da responsabilidade civil por dano ambiental continua similar a
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concepção do julgamento da ação civil pública pelo acidente radioativo ocorrido em 1887,
em que fora aplicado a responsabilidade objetiva aos infratores, a qual inexige a demonstração
de culpa por parte dos envolvidos.
Ressalta-se, ainda, que o baixo grau de instrução por parte da população em relação ao
meio ambiente corroborou com a potencialização da situação vivenciada, bem como tornou-se
um dos principais efeitos do acidente radioativo, tendo em vista que a população afetada
conforme acompanhamento do C.A.R.A apresenta como principais consequências indiretas da
exposição ao elemento radioativo, a depressão, esta advinda da ausência de informações.
Nesse sentido, conclui-se com o presente artigo que a forma mais eficaz para combater
os transtornos psíquicos advindos do sentimento de angustia pela exposição ao Césio-137 e o
surgimento de novos acidentes ambientais pelo manuseio incorreto de equipamentos
radioterápicos é a educação ambiental aplicada de maneira eficaz em todos os níveis de ensino.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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