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RUDOLF OTTO

O MÉTODO FENOMENOLÓGICO
OTTO nasceu em Piene, Alemanha, em 1869. Foi professor da Universidade de Gottingen, pastor, filósofo e teólogo.
Tornou-se conhecido com a obra O Sagrado – Um estudo do elemento não racional na ideia do divino e sua relação
com o racional, publicada em 1917. Essa obra de Otto tornou-se um clássico da literatura teológica e da filosofia da
religião. Foi um filósofo que sofreu a influência do neokantismo, principalmente de Fries, além do teólogo romântico
Schleiermacher.
Nos anos de 1901 a 1907, foi colega de Husserl na universidade de Göttingen, período em que Husserl publicou
Investigações Lógicas. Apesar do contato com Husserl, não podemos afirmar que atto pertenceu a algum círculo
fenomenológico. Entretanto, temos na obra O Sagrado .um exemplo muito claro do método fenomenológico, apesar
de atto não conhecer categoricamente o método sistemático de Husserl. "Este dado biográfico é importante, pois
queremos mostrar que Otto utiliza veladamente a fenomenologia, embora em sua obra não faça nenhuma referência
ao método" (BIRCK, 1993, p. 9).
Rudolf Otto, mesmo sem se referir à fenomenologia de Husserl, fez aplicações veladas de alguns pressupostos
fenomenológicos, como, por exemplo: a descrição "fenomenológica" da experiência religiosa; a relação do não-racional
com o racional; e o a priori como pré-reflexivo na vivência religiosa. Com Otto, acreditou Husserl, houve "um começo
para uma fenomenologia do religioso" (BELLO, 1998, p. 106). A obra de Otto deve ficar como uma pedra fundamental,
tanto na filosofia da religião como na fenomenologia da religião. Ainda Husserl disse numa carta a um amigo: "Otto faz
uma aplicação magistral do método fenomenológico ao religioso" (BIRCK, 1993, p. 9), como veremos na análise a seguir.

A obra O Sagrado tem como tese central o tema do racional e do não-racional na ideia de Deus. "Trata-se de saber se
na ideia de Deus o elemento racional supera o elemento não-racional ou até se o exclui completamente, ou se é o
contrário que acontece” (OTTO, 1992, p. 11). Otto sintetizou o conteúdo específico da experiência religiosa, deixando
de lado as implicações totalizadoras da razão. Esclareceu como podemos realizar um estudo do elemento não-racional
na ideia do divino e de sua relação com o racional. É nesse contexto que surge a experiência do sagrado, na
procedência do exame categorial do sagrado. Assim, o sagrado mostra-se como uma categoria constitutiva de dois
elementos: o racional (predicador) e o não-racional (numinoso).
No racional temos todo elemento apreendido pelo pensamento racional, isto é, possível a conceituações claras e
precisas, como: espírito, onipotente, consciência de si, razão e outros. Otto diz: Se chamamos de racional a um objeto
que pode ser claramente compreendido pelo pensamento conceitual, a essência da divindade descrita por estes
predicados é racional e uma religião que os aceita e afirma é, de igual modo, uma religião racional (OTTO, 1992, p. 9).
Mas a religião sempre exprimiu um outro conhecimento que não estava expresso no âmbito da razão, ou seja, há um
conhecimento que não está na ação de predicar o divino, mas sim em apreender seu sentido originário. Portanto,
"estamos diante do segundo elemento categorial especial do sagrado, o elemento não-racional. Este é percebido na
experiência religiosa, mais especificamente pelo sentimento numinoso (sensus numinis)"(BIRCK, 1993, p. 15).
É compreendendo esse novo elemento que a experiência do sagrado aparece, não sendo mais entendida no caminho
da conceituação, mas como uma experiência que está envolta no numinoso, isto é, o divino manifestando-se no
sentimento religioso. O numinoso é o indefinível, aquilo que não podemos conceituar ou predicar, porém pode-se
tornar presente à consciência das pessoas e assim ser conhecido pelo sentimento. O numinoso é algo vivo, presente
em todas as religiões e apreendido pelo sentimento, diferenciando-se do conceito de "sentimento de dependência" do
teólogo Schleiermacher.
Afirma Otto: “Forma, por isso, a palavra: o numinoso. Se omen pôde servir para formar o minoso, de numen pode
formar-se numinoso. Falo de uma categoria numinosa como de uma categoria especial de interpretação e de avaliação
e da mesma maneira de um estado de alma numinoso que se manifesta quando esta categoria se aplica, isto é, sempre
que um objeto se concebe como numinoso” (OTTO, 1992, p. 15).
O aspecto importante, para salientarmos, é que o sagrado manifesta-se pelo sentimento numinoso, porém esse
sentimento não deve ser entendido como simples emoção e sim como um estado afetivo. Esse estado afetivo é a
condição de sermos "tocados" pelo sagrado, por algo indefinível, incondicionado e indizível. Por esta abertura que o
homem possui é que podemos apreender a dimensão transcendental. Otto, então, procurou: "um nome para este algo
mais e chamou-lhe: o sentimento do estado de criatura, o sentimento da criatura que se abisma no seu próprio nada e
desaparece perante o que está acima de toda a criatura" (OTTO, 1992, p. 19).
Assim Otto desenvolveu sua problemática na descrição do elemento não-racional, essencial na constituição de
qualquer religião. Seja como for, esta crítica é um estímulo salutar, incita-nos a observar que a religião não se esgota
nos seus enunciados racionais e a esclarecer a relação entre os seus elementos, de tal modo que claramente ganha
consciência de si própria. É o que procuramos fazer, examinando a categoria especial do sagrado (OTTO, 1992, p. 12).
A partir desta breve introdução a “O Sagrado”, vamos mostrar como Otto aplicou, mesmo que veladamente, o método
fenomenológico na descrição do sagrado.
Apesar de Rudolf Otto ainda utilizar conceitos neokantianos como categoria ou o entendimento do a priori, veremos
como esses conceitos, de certa maneira, direcionaram-se também para uma interpretação fenomenológica.
1 - A fenomenologia do religioso
Quando Otto afirmou existir um elemento, além do racional, na religiosidade, identificou um outro tipo de
conhecimento que não poderia jamais ser expresso pelo conceito. A esse elemento, chamou de não-racional, devendo
ser apreendido diferentemente do racional.
Enquanto o elemento racional é conhecido pela razão e fundamentado como ideia, o não-racional é compreendido
pela e na experiência religiosa. Contudo, a experiência não se configurou para Otto como uma simples empiria do
mundo, no sentido da apreensão dos dados sensíveis. A experiência religiosa só existe como sentimento numinoso.
Desse modo, só podemos falar de uma religiosidade a partir da experiência religiosa que se encontra como experiência
vivida.
Vejamos:“Convidamos o leitor a fixar a atenção num momento em que experimentou uma emoção religiosa profunda
e, na medida do possível, exclusivamente religiosa. Se não for capaz ou se até não conhece tais momentos, pedimos-
lhe que termine aqui sua leitura” (OTTO, 1992, p. 17).
Só podemos falar da religião pela experiência numinosa, ou seja, a descrição ou entendimento da religião não vem a
partir da razão, mas sim da vivência religiosa. Assim, somente pelo numinoso é que chegamos à essência originária da
religião. É, neste ponto, que podemos veri ficar como Otto abandonou, de certo modo, o neokantismo e aproximou-se
da fenomenologia. Afastou-se de Kant quando identificou o elemento não-racional como possibilidade de
conhecimento (Kant impossibilitou o acesso da razão às vivências subjetivas) e aproximouse da fenomenologia, por
mostrar como o conhecimento das essências só ocorre na vivência.
A experiência numinosa só ocorre por estar fundada em uma categoria especial do sagrado, ou seja, no numinoso. A
categoria é entendida por Otto, como em Kant, como função do entendimento. Contudo, o que difere é que, em Kant,
as categorias são funções pertencentes es pecificamente ao entendimento. Enquanto para Otto, o numinoso é uma
categoria especial a priori, mas não racional, ou seja, está fora dos processos racionais. Assim, "Otto confunde as
categorias de compreensão com as ideias da razão em Kant" (BIRCK, 1993, p.21).
O numinoso será, então, uma categoria a priori, porém não conceitual. Foi assim que ele se aproximou mais do método
fenomenológico de Husserl do que do neokantismo ou até mesmo do criticismo kantiano.
- Qual a relação do não-racional com o método fenomenológico?
A experiência religiosa para Otto está fundada no numinoso, que é uma categoria especial a priori que possibilita
compreender nosso sentimento religioso ou numinoso. Assim, só poderemos ter um sentimento religioso pela e na
experiência do sagrado. Esta ideia de experiência religiosa se aproxima do que Husserl chamou de vivência (vivido).
A experiência religiosa para Otto está fundada no numinoso, que é uma categoria especial a priori que possibilita
compreender nosso sentimento religioso ou numinoso. Assim, só poderemos ter um sentimento religioso pela e na
experiência do sagrado. Esta ideia de experiência religiosa se aproxima do que Husserl chamou de vivência (vivido).
Como vimos, Husserl entendeu por vivência "aquilo que se vive", isto é, atos característicos da interioridade do homem
que são estruturais e constitutivos da consciência. Os atos intencionais ou atos conscientes são as possibilidades das
ciências eidéticas de descreverem as essências da vivência. A experiência numinosa, então, só pode ser descrita, pois
está fundada na vivência. E é pela vivência do numinoso que chegamos à essência das religiões: o sagrado. Foi isso que
Otto realizou no seu estudo do sagrado nas religiões, sem conhecer a terminologia da fenomenologia.
Rudolf Otto descreveu a experiência numinosa e não a conceituou ou reduziu-a a preceitos morais, como os
neokantianos. O não-racional deve ser descrito e compreendido "existencialmente", pois se for entendido ou
conceituado passa à ordem do racional. A experiência numinosa tem sua categoria especial, sendo do âmbito do não-
racional. "A experiência religiosa é sui generis, original e fundamental. Por isso, Otto entendeu a categoria do sagrado
como interpretação e avaliação do que existe no domínio exclusivamente religioso" (BIRCK, 1993, p. 24).
Desse modo, a experiência do numinoso pode ser entendida estritamente como uma experiência exclusiva da religião.
O numinoso, sendo uma experiência exclusivamente religiosa, só pode ser descrito na vivência. O numinoso nunca
poderá ser conceituado, pois ele não é definível nem racionalizado. Só poderá ser vivido, pois provoca no homem o
sentimento numinoso ou um estado de alma. É por esse motivo que se exige a descrição como método de investigação,
porque "poderemos falar de Deus a partir de uma descrição e análise dos sentimentos correspondentes por ele
provocados, nas profundezas de nossa alma" (BIRCK, 1993, p. 31). O sagrado não é entendido nas suas propriedades ou
no esclarecimento racional, seja ele metafísico ou moral, só é compreendido no sentimento que nos é provocado.
E disso advém que, ao se falar das coisas humanas, diz-se que é preciso conhecê-las primeiro para então amá-las, o que
se transformou em provérbio. Os santos, ao contrário, dizem, ao falar das coisas divinas, que é preciso amá-las para
conhecê-las e que só se penetra na verdade por meio da caridade, o que é uma das sentenças mais úteis.
2 - A descrição fenomenológica do numinoso: mysterium tremendum et fascinans
O teólogo de Göttingen fez, a partir da vivência religiosa, a descrição de alguns elementos numinosos que se
manifestam por sentimentos religiosos. Essa descrição apresenta-se de forma fenomenológica, porque sempre
estabelece a relação do homem com o sentido da religião na experiência originária, sem recorrer a deduções ou
induções racionais.
A descrição da experiência numinosa que Otto realizou em sua obra ocorreu de forma fenomenológica. Não temos em
O Sagrado uma descrição com a intenção de obter dados ou de adequar a observação existente e o observado, a partir
da empiria sensível. Mas uma descrição no sentido fenomenológico, ou seja, uma descrição exaustiva do fenômeno e
aos invariantes detectados nas diferentes descrições, de modo que a reflexão sobre tais invariantes, baseada na
inteligibilidade do que permitem compreender, nos conduzisse à essência do fenômeno investigado. E a essência
desvela isto que existe pelo modo que existe.
A proposta de Rudolf Otto foi, ao descrever a experiência numinosa em diversas religiões, de encontrar e fundamentar
o sagrado na ordem do não-racional, sem assim conceituá-lo numa categoria do entendimento. Assim, só seria possível
descrevê-lo fenomenologicamente.
A descrição fenomenológica é o melhor método para explicitar de forma não-conceitual um fenômeno, porque se
limita em descrever o visto, o sentido ou o vivido do sujeito, sem entrar no mérito do julgamento ou das avaliações.
Entretanto, descrever não é o suficiente para chegarmos à essência do fenômeno, apesar de ser o melhor caminho. A
descrição não se esgota como método de investigação, mas precisamos recorrer à interpretação daquilo que é
vivenciado. Dessa maneira, temos a descrição expressa por uma linguagem, está sendo interpretada segundo seu
sentido. Assim, completa-se o esquema da descrição como: coisa percebida/ percepção/ explicitação do percebido; e o
da hermenêutica: símbolo (ou sinal/ significado/ significante/ contexto cultural). Assim, a fenomenologia torna-se
hermenêutica para ampliar a descrição nos seus aspectos mais originários e significativos.
Rudolf Otto realizou uma descrição fenomenológica, nesse sentido apresentado, porque percebeu que só pela
descrição, partindo do originário, poderíamos falar do sagrado, desviando-se assim da conceituação ou da
categorização. Em seguida, procurou fundamentar estas vivências religiosas em elementos essenciais que se
demonstram invariáveis, garantindo, com isso, o rigor da análise. Por último, deixou a esfera do sagrado no panorama
da linguagem, ou seja, na ordem da hermenêutica, respeitando o simbolismo religioso e não esgotando a sua
interpretação.
Partindo da descrição, não encontramos o sagrado em si mesmo, ou seja, a presença de uma entidade estruturada e
totalmente definida ou categorizada, mas sim de modos ou "estados" que são reações quando o sagrado se manifesta.
A vivência numinosa não deve ser entendida como o sagrado em si, mas como estados de ânimo que o homem se afina
com o mundo da transcendentalidade. Essas "disposições" religiosas manifestam-se como o sentimento de criatura,
mysterium tremendum et fascinans.
O homem, no momento em que entra em contato com o sagrado, não se identifica por uma dependência, como
pensava Schleiermacher, porém vivencia um sentimento de estado de criatura, ou seja: "Um sentimento de criatura
que se abisma no seu próprio nada e desaparece perante o que está acima de toda a criatura" (OTTO, 1992, p. 19). O
misterioso (mistério) é o objeto do numinoso e, no sentido geral, apresenta-se como algo secreto e estranho, que nos
causa espanto. "O espanto, no sentido próprio da palavra, é um estado de alma que, em primeiro lugar, pertence
exclusivamente ao domínio do numinoso [...]" (OTTO, 1992, p. 38).
Otto define: mas tal realidade, o misterioso em sentido religioso, o verdadeiro mirum, é, para empregar o termo que é
a sua expressão mais exata, "totalmente outro", aquilo que nos é estranho e nos desconcerta, o que está
absolutamente fora do domínio das coisas habituais, compreendidas, bem colocadas e, por conseguinte, "familiares"; é
o que se opõe a esta ordem de coisas e, por isso, nos enche de espanto e paralisa (OTTO, 1992, p. 39).
Assim, o mistério é tudo aquilo que aparece de mais estranho e que ao mesmo tempo nos remete a uma "dimensão"
existencial diferente das vivências habituais. É por isso que a experiência numinosa se diferencia de qualquer outra
experiência, por proporcionar o sentimento de criatura diante desta estranheza que nos paralisa.
Do mesmo modo, o mistério não pode ser apreendido em si mesmo ou categorizado racionalmente. A todo momento
está intencionado, ou seja, correlacionado a um sentimento como um ato consciente. O mistério tem sempre um
correspondente na consciência, tem necessariamente um predicado que o acompanha. Não podemos descrever o
sagrado em si mesmo, só podemos descrever o conteúdo numinoso que é "tocado" pelo sagrado. Assim, então, temos
associados ao mistério dois predicados essenciais: o tremendum e o fascinans.
O mysterium tremendum não é o medo de algo que me ameaça, mas sim um "terror" que surge no momento em que o
homem está diante do sagrado, ou seja, um mistério que faz tremer. O mysterium tremendum é o temor místico ou
religioso, que nos faz tremer diante de alguma coisa sobrenatural, porém que não pode ser confundido com um temor
nos seus aspectos psicológicos. O estado psíquico de medo, angústia ou temor, por exemplo, está sempre vinculado
com algo que sabemos o que é. Quando temos medo, temos medo sempre de algo que já encontramos antes, este
medo é sempre medo de alguma coisa. O mysterium tremendum é o temor de algo misterioso, sobrenatural e
inacessível, algo que não podemos ter acesso racional, apenas vivenciá-lo como algo que nos abisma.
Deste "terror", na sua forma bruta, que apareceu originariamente como o sentimento de alguma coisa de "sinistro" e
que surgiu como uma estranha novidade na alma da humanidade primitiva é que procede todo o desenvolvimento
histórico da religião (OTTO, 1992, p. 24).
Assim, teremos diversas vivências que explicitam o elemento de "terror" diante do misterioso, tais como: no Antigo
Testamento, o temor de Deus; entre os gregos o panicon, que significa o pânico provocado pelo misterioso, entre
outros. Por exemplo, citamos: "não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temeis antes aqueles
que podem fazer perecer no inferno a alma e o corpo" (Mt. 10,28); ou "Quão terrível é cair nas mãos do Deus vivo" (Hb.
10,31).
Outro modo de sentirmos a presença do mistério é o mysterium fascinans (mistério fascinante). Este outro elemento
da experiência numinosa tem a qualidade de atrair, cativar e fascinar, fazendo com que a face do tremendum entre
numa harmonia contrastante. Otto disse: "Por outro, e ao mesmo tempo, é algo que exerce uma atração particular,
que cativa, fascina e forma o elemento repulsivo do tremendum, uma harmonia de contraste" (OTTO, 1992, p. 49). Isso
pode ser constatado em toda a história das religiões, pois quanto mais o mistério toma forma de terrível ou
"demoníaco", mais se torna atraente, justamente pela qualidade de ser maravilhoso.
Do mesmo modo que o tremendum, o fascinans se configura como um elemento não-racional, expresso por
sentimentos de amor, compaixão, piedade que são despertados e acompanham a experiência numinosa do fascinante.
Assim: Estes não podem esgotar seu conteúdo, apenas relacionam-se analogicamente. Assim, a beatitude religiosa é
muito mais que ser consolado, ter confiança, felicidade presente no amor. A felicidade religiosa não se esgota em
elementos naturais elevados à perfeição do sentimento. Esta experiência inclui elementos profundamente não-
racionais (BIRCK, 1993, p. 46).
Também encontramos relatos vivenciais do mysterium fascinans nas religiões, tais como: no cristianismo, relatos de
experiências de graça e regeneração, no budismo encontramos o nirvana de Buda. Mesmo nos relatos expressos
negativamente, temos presente o conteúdo positivo do fascinante. O estado de alma, de estar maravilhado,
normalmente vem expresso por imagens ou fórmulas negativas. Estas imagens ou fórmulas negativas são noções que
se relacionam, apenas analogicamente, ao conteúdo positivo do elemento fascinante, que é captado pelo sentimento.
Exemplo destas formas negativas, para expressar um conteúdo positivo, encontramos nas palavras do apóstolo Paulo:
"O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para
aqueles que o amam" (I Cor 2,9) (BIRCK, 1993, p. 47).
Concluindo, temos então dois modos ou elementos da experiência numinosa descrita na vivência, ou seja, como
mysterium tremendum et fascinans. Assim: a categoria do sagrado de Otto, na verdade, não é uma categoria de
compreensão, mas uma intuição categorial. A categoria do sagrado não tem uma função lógica de compreensão de
algo já percepcionado. A categoria do sagrado é a intuição da essência divina. O numinoso pode ser captado,
identificado, significado. [...] O numinoso só é captado enquanto experiência viva. [...] O sagrado, tal como Otto o
descreve, não é um conceito formal, mas descrição fenomenológica do fato primeiro da religião. É a descrição do
numen tal como se manifesta na consciência religiosa (BIRCK, 1993, p. 159-160).

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