Rivail, como afirmam as biografias tradicionais, nasceu em
1804 na cidade industrial de Lyon. Um ambiente urbano de cidade grande. E isso está correto, consta da certidão de nascimento. No entanto, ele nasceu lá porque sua mãe fez seu parto nessa cidade para ter um acompanhamento médico adequado, numa casa de aguas minerais artificiais com fins medicinais. Esse estabelecimento recebia franceses e estrangeiros que se hospedavam para tratamentos de coluna, problemas respiratórios, e também para gestações difíceis, que foi o caso de Jeanne, mãe de Hippolyte Rivail. Depois de alguns meses, porém, a família Rivail voltou para sua cidade natal, Bourg-en-Bresse, no departamento de Ain, onde o menino passou sua infância e juventude, num ambiente campestre, rico em cultura e natureza. Na obra “Revolução Espírita – a teoria esquecida de Allan Kardec” relatamos em detalhes essa história. Mas há um fato curioso sobre o tradicional povo rural dessa região, os bressans. Os bressans possuem uma rica tradição, dialeto próprio, arquitetura, móveis, hábitos, vestuários, cancioneiro, e muito mais. Ainda hoje as folclóricas “festas bressans”, preservam e relembram os costumes. Na fotografia, os trajes típicos utilizados pelas mulheres e crianças relembram o que a mãe, a avó e as demais mulheres trajavam. Era comum, pelo forte calor que faz na região, o hábito de vestir roupas escuras e um grande chapéu, formado por uma bandeja larga com um cone preto, pendendo uma túnica translúcida. Roupa preta absorve calor e o branco reflete, mas isso também acontece com o calor que exala do corpo, e o branco vai “cozinhando” por dentro. Já a roupa preta absorve o calor corporal e refresca mais, esse o motivo dos trajes negros bressans, e também explica as túnicas negras que os beduínos vestem nos desertos! Nos dias festivos em Bourg, a presença de flores, chalés bordados e um típico arranjo nos cabelos. Nesses dias especiais, o menino Rivail se vestiria como o pequeno da foto, com seus tamancos de bico, chapéu preto, gravata e casaquinho típico. Não havia ainda a fotografia e não se conhece retrato de Rivail enquanto criança. Mas se houvesse, veríamos o menino com sua roupa do dia-a-dia dos jovens bressans: o tradicional gorro (utilizado também pelos homens), a bata escura e o tamanco. Tudo pensado em refrescar, ventilar e aliviar os efeitos do quente e abafado clima da região.