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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010

LUMINÁRIA
EDIÇÃO ESPECIAL

50 ANOS DA
FAFIUV

EDIÇÃO ESPECIAL FAFIUV 50 ANOS FAFIUV & IEPS - UNIÃO DA VITÓRIA, PR Página 3
LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010

LUMINÁRIA EDIÇÃO ESPECIAL


50 ANOS DA FAFIUV
FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE UNIÃO DA VITÓRIA
IEPS - INSTITUTO DE ENSINO, PESQUISA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

EXPEDIENTE
LUMINÁRIA EDIÇÃO ESPECIAL / 2010
ISSN 1519-745X

Realização
FAFI Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras - UVA
IEPS Instituto de Ensino, Pesquisa e Prestação de Serviços

Apoio
Fundação Araucária

DIREÇÃO DA FAFIUV
Professor Valderlei Garcias Sanchez

VICE-DIREÇÃO DA FAFIUV
Professora Leni T. Gaspari

DIREÇÃO DO IEPS
Professor Joaquim Ribas

COORDENAÇÃO GERAL DA REVISTA


Professor André da Silva Bueno

CAPA & DIAGRAMAÇÃO


Fernando Gohl e André Bueno

Os Artigos presentes nesta Revista foram produzidos por Docentes desta IES e/ou convidados
especiais, sendo os textos dos mesmos de inteira responsabilidade dos seus autores.

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FAFI 50 ANOS FORMANDO PROFESSORES!


Profª. Ms. Leni Trentim Gaspari

FOTO 1: FAFI Anos 1960 e 2010.

BREVE OLHAR SOBRE A HISTÓRIA DA FAFI

Segmentos médios da população das cidades gêmeas do Iguaçu, nos anos 50, influenciados
pelas transformações profundas pelas quais passava a sociedade na década de 50, em
relação ao desenvolvimento econômico e a modernidade, vários segmentos da população
urbana das cidades “Gêmeas do Iguaçu” procuravam inserir seus filhos no ensino
universitário, visando um futuro promissor.

A universidade passava a ser a principal via de acesso às profissões liberais e muitos dos
jovens deixam a cidade em busca dos títulos de “doutores” nas diferentes áreas do
conhecimento. No ensino também se fazia necessária a formação especifica para os
professores das redes pública e particular ampliando, desta forma, o universo cultural
desses professores e de jovens que pretendiam seguir o caminho da docência.

Neste contexto a sociedade local investe na criação de uma Faculdade na cidade. Um fato
peculiar da História da Educação Superior em nível local está ligado, como aponta
Fagundes (2001), ao interesse dos progenitores de algumas jovens que saíram para cursar
a Universidade e a criação da FAFI (Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de
União da Vitória) os quais, vislumbrando possibilidades de trabalho no retorno das jovens,
tornam-se os grandes incentivadores da idéia da criação de um curso superior na cidade.

As moças, ao retornarem, tornam-se professoras fundadoras da referida Instituição,


marcando, assim, uma nova conquista feminina, mostrando a influência da mulher das
“Gêmeas do Iguaçu” e o seu desempenho no campo social e cultural das cidades.

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A criação da FAFI tornou-se realidade pela Lei nº 3001 de 22/12/1956. No entanto, três
anos foram necessários desde a organização e planejamento até a instalação e
funcionamento da Faculdade. E só em 25/11/1959, pelo Parecer nº 562/CNE, veio a
autorização para o funcionamento dos cursos de Pedagogia e História.

A primeira turma do Curso de História foi constituída por um total de 16 alunos e a de


Pedagogia 35 alunos, os quais aparecem na foto abaixo.

FOTO 2: Primeira turma de academicos da FAFI, decada de 60

ACERVO: Joaquim Osório Ribas

Em 28 de março de 1960 realizou-se a primeira aula inaugural proferida pelo Dr. José
Loureiro Fernandes, catedrático de Antropologia da Universidade Federal do Paraná.

COMEMORANDO O CINQUENTENÁRIO...

Numa trajetória de 50 anos a FAFI tem muitas histórias e uma grande importância no
cenário local e regional. Com seus nove cursos: História, Pedagogia, Letras (Inglês e
Espanhol), Geografia, Matemática, Ciências Biológicas, Química, Filosofia que, pela
qualidade de ensino, pelo desenvolvimento de pesquisas e pela inserção de inúmeros
projetos extensionistas na comunidade e região, a instituição comemora, com orgulho,
meio século de realizações em prol do conhecimento.

A comemoração inicial aconteceu em março, mês do aniversário da FAFI, e continuarão no


transcorrer do ano nas Semanas Acadêmicas dos Cursos, com diversas atividades voltadas
aos 50 anos, tais como: documentários, publicações, recuperação de fotografias,
apresentação de talentos da FAFI, Coral Universitário, grupo de teatro, concursos,
exposições e muitas outras propostas encontram-se em estudos.

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SESSÃO SOLENE DA CONGREGAÇÃO

FOTO 3: Sessão Solene Festividades 50 anos. 28 /03/2010

ACERVO: FAFI

Na solenidade realizada em 29/03/2010 no Cine Teatro Luz, muitas homenagens foram


prestadas aos fundadores, ex-professores, ex-diretores e a família FAFI/2010.

Homenagem aos Fundadores da FAFI prestada pelo Prof.º Dr. Eloy Tonon

Ao homenagear os fundadores da FAFI o Prof.º Eloy Tonon enalteceu o trabalho dos


mesmos pela consolidação desta Faculdade destacando os benefícios que a mesma trouxe à
região sul do Paraná. Valorizou as iniciativas, empenho e dedicação de todos os professores
e funcionários na realização deste empreendimento cultural. Salientou a perda recente do
Professor e Historiador Francisco Filipak, pessoa ilustre que muito contribuiu para o
desenvolvimento dos cursos da FAFI.

Homenagem póstuma, prestada pela Profª. Liliam Bresciani Heinen

A FAFI completa 50 anos

“Uma luz forte, como a de um farol em alto mar, ilumina, num crescente, a amplidão.

No começo essa luz atingia até o rio Iguaçu, quem sabe, mas, muitos outros feixes de luz se
uniram àquele primeiro, permitindo ver bem mais longe e melhor.

Por essa estrada luminosa o povo de União da Vitória e região foi entrando no Palácio das
Luzes, tudo muito claro, paredes de espelho, uma grandiosidade.

Ali se reuniam para partilhar seu tesouro, suas aspirações, seus sonhos, sua vida. E, no
labor silencioso de muitas noites de convivência, passavam-se os anos. A cada quatro anos,
as novas luzes se expandiam, e, como espontaneamente, novas promessas de brilho

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vinham ter com eles. Muitas gerações entraram. E saíram translúcidas, de cultura, de
amor, impregnadas de novos engenhos para bem ensinar.

Já os primeiros mestres estavam encantados, participando indiretamente, com seus


reflexos, nos espelhos da mente e do coração, na continuidade da vida da querida casa de
ensino superior, a primeira de nossa região. E cuja obra-prima é a lapidação do ser, de
valor inestimável.

Queremos, neste contexto festivo, olhar para todas as pessoas que têm, através do tempo,
construído a FAFI, de dentro para fora, com zelo e qualidade. E homenagear nossos
“encantados mestres”, dizendo baixinho, em nosso coração: “nós amamos vocês,
continuamos com gosto o que iniciaram, somos muito gratos por encontrar a FAFI a
caminho, para dela participarmos. Compartilhamos com vocês, neste dia, o lado misterioso
da vida que nos une, abrindo um pouquinho o perfume da memória:

Ficou conosco um pouco


Do tom alto de sua voz,
De seu gosto pela música,
De sua habilidade para a pintura,
Do seu sonho,
De sua disponibilidade,
De seu sorriso ruidoso,
De suas piadas que custavam fazer rir,
De sua coragem,
De sua forte liderança,
Do amor à literatura, à história, à matemática, às crianças, à natureza
Do seu companheirismo,
De sua ternura...
Da primeira biblioteca que você montou,
Da vida que rebenta de seu olhar, na foto do painel...

Esta homenagem é para os que partiram para outro plano. A perda mais recente é do Prof.
Francisco Filipak que faleceu no dia 26 de março. Professor fundador e diretor da FAFI,
lingüista, pesquisador e poeta. Grande incentivador da cultura e responsável pela criação
de várias academias de Letras do Paraná. Foi membro da Academia de Letras de Curitiba
bem como da nossa Academia de Letras do Vale do Iguaçu. Abriu-se uma lacuna no mundo
acadêmico. Caros familiares dos que já não mais se encontram entre nós, sintam-se
honrados por terem partilhado da caminhada daqueles que doaram parte de sua vida à
FAFI. Oferecemos-lhe, neste momento, uma rosa com nosso abraço, reconhecimento e
carinho.

Obrigada”

Homenagem aos Diretores, prestada pela Profª. Márcia Stenzler

“Nesta noite, tenho a honra de representar meus colegas professores que compõem o
Colegiado FAFI para prestar homenagem às pessoas que se dedicaram, de uma forma
diferenciada, para a existência da FAFI e efetivação de seu projeto para a Educação ao
longo desses 50 anos. Refiro-me aos diretores e vice diretores que assumiram a nobre
tarefa de administrar esta Instituição Pública de Ensino Superior e definir rumos para o
Ensino Superior na região. Sabemos, que esta tarefa nem sempre é fácil, exigindo muito
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desprendimento e sabedoria para a tomada de decisões adequadas aos diferentes desafios
que se apresentam no cotidiano de um diretor.

Quero, neste momento, fazer referência aos ilustres professores que abraçaram a idéia da
FAFI, não medindo esforços para o reconhecimento e mérito desta Instituição de Ensino
Superior na formação de professores no Estado do Paraná. Foram seus diretores:

Dr. Luiz Wolski – 1957 designado primeiro diretor permanecendo até 1963
Prof. João Horth – entre 1963 e 1968
Prof. Francisco Filipak – de 1968 a 1972
Prof. Aniz Domingos – entre 1972 e 1974
Professora Ivete Mazzali – nos períodos de 1974 a 1975 e 1977 a 1979
Prof. Mário Risemberg – entre 1975 e 1976
Prof. Almir Rosa – nos períodos de 1979 a 1983 e 1995 a 2000
Prof. Nelson Antonio Sicuro – entre 1983 e 1987
Prof. Cícero Laureano Leme Filho – de 1987 a 1991
Professora Delci Aparecida Hausen Christ – entre 1991 e 1995
Prof. Eloy Tonon – nos períodos de 2000 a 2004 e 2004 a 2008
Bel. Valderlei Garcias Sanches 2008 – atual

Os vice-diretores:

Prof. Joaquim Osório Ribas – vice-diretor nos períodos de 1979 a 1983 e 1995 a 2000
Prof. Paulo Meira Rocha – vice-diretor de 2000 a 2004
Profª Leni Trentim Gaspari – vice-diretora de 2004 a 2008 e 2008 – atual

Cada dirigente, no momento histórico vivido, buscou construir uma FAFI mais forte! A
FAFI que temos hoje, edificada ao longo de 50 anos! E, para encerrar esta homenagem
tomo emprestadas as palavras de Fernando Pessoa:

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas...


Que já têm a forma do nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos
mesmos lugares...

É o tempo da travessia...
E se não ousarmos fazê-la...
Teremos ficado... para sempre ...
À margem de nós mesmos...

OBRIGADA aos diretores e vice-diretores que nos orientaram e orientam nessa travessia
pelos caminhos do conhecimento e crescimento da FAFI.

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FOTO 4: Diretor Valderlei Garcias Sanches e Ex-Diretora Prof. Delci H. Christ

ACERVO: FAFI

FOTO 5: Diretores atuais: Valderlei Garcias Sanches e Leni Trentim Gaspari

ACERVO: FAFI

Homenagem aos professores e funcionários aposentados prestada pela Profª.


Daniela Woldan

“Segunda-feira, 29 de março de 2010. Hoje estamos comemorando 50 anos de existência


desta instituição que ensina... As pessoas caminham como se quisessem alcançar mais
cedo o ano de 2011. Parte dos passos apressados demonstra certa angústia, uma incerta
busca de novo sentido para a vida. Os passos, hora tímidos e inseguros, hora firmes e
altivos, são reflexos de todos os que contribuíram para que esta instituição fosse
organizada e realizasse os outros como pessoas humanas.

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Pensem em toda história de vida que cada pessoa carrega consigo, na rotina de acordar
todos os dias a mesma hora, dirigir-se para o local de trabalho, levantar da cama
planejando o dia de trabalho, o que priorizar, como resolver os entraves, inspirar-se, pedir
a Deus força e coragem para mais um dia de batalha com algum problema profissional. Ter
a consciência de quantas vezes a saúde foi deixada de lado para dedicar-se à profissão, por
pura responsabilidade. Quantas vezes as mulheres trabalharam com o pensamento em
casa, na família, quantas vezes os homens tiveram vontade de sumir do planeta Terra para
ver se o estresse desviava deles. Passar um dia inteiro tentando resolver um assunto no
ambiente de trabalho e ir para a casa com a sensação de que esqueceu algum detalhe, e
remoer as idéias durante a noite, e sonhar com trabalho, ou com os colegas

Quantas reuniões, mobilizações, debates, seminários, salas limpas, corredores impecáveis,


lanches e cafés servidos, arquivos organizados, listas preenchidas, documentações em dia...
tudo para que hoje pudéssemos presenciar passos importantes para a valorização desta
nossa FAFI. A história sempre é reveladora. Cada passo, cada conquista é fruto de lutas.
Nos, aqui presentes e formadores do atual quadro de professores e funcionários, não
esquecemos da luta destes profissionais da educação, 17 funcionários e 31 professores
que não trabalham hoje conosco mas são parte desta nossa história

A cerimônia termina. Algumas lágrimas ou um sentimento de comoção continuam, e


nem sempre representarão tristezas, mas podem representar alegria e a convicção de que
a ousadia de lutar e a vida valem a pena.”

FOTO 6: Professores Aposentados da FAFI

ACERVO: FAFI

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Agradecimentos prestados pelo Prof. Dr. José Fagundes

“Começo por agradecer a esta duodécima Diretoria da FAFI pela honrosa incumbência de
representar, neste ato, tantos ilustres aposentados.

Colegas de trabalho e companheiros de caminhada, professores e funcionários de ontem e


de hoje, protagonistas da história desta Faculdade semi-secular; jovem instituição quando
comparada à Universidade de Bolonha na Itália com mais de 900 anos de existência. A
FAFI, enquanto instituição, é filha de seu tempo, pois resulta da ação conjunta e solidária
de seus agentes: professores, funcionários e alunos em interação com a sociedade local e
regional. Uma instituição pode configurar-se por um conjunto de instalações físicas, por
um arcabouço jurídico de normas e regulamentos, mas o que a consubstancia como uma
instituição social é a ação dos seus agentes, seiva humana que circula e vivifica todos os
seus empreendimentos.

É aqui que se pode sentir a presença e ação daqueles que percorreram e construíram os
caminhos da FAFI ao longo destes 50 anos, marcados por dificuldades, lutas, percalços,
conquistas e sucessos.

Tenho a convicção de que cada um, a seu modo e dentro das condições de possibilidade,
deixou a sua marca, a sua contribuição.

Muitos destes - que gostariam, com certeza, de vivenciar, de compartilhar este momento
de confraternização - já não estão mais de corpo presente entre nós. A eles nosso
reconhecimento e gratidão.

Outros, como eu, não estão mais na linha de frente, mas continuam acompanhando a
trajetória da FAFI e vibrando com suas conquistas. Com efeito, aqui passamos boa parte de
nossas vidas, aqui fizemos amizades duradouras, aqui trabalhamos lado a lado com
professores e funcionários que já partiram e com colegas que continuam tripulando a nave-
FAFI; a estes nossa solidariedade.

Finalizando, agradeço, mais uma vez, à Direção da FAFI pela oportunidade de


reverenciarmos os “fafianos” de ontem e de hoje, mais de uma dezena de Diretores,
centenas de professores e funcionários, milhares de alunos que por aqui passaram, cujas
marcas podem ser percebidas por toda parte e sentidas nas pessoas com as quais
compartilharam um pedaço de suas vidas.

Nós, aposentados, somos passageiros do tempo, passamos; outros nos substituíram, mas
também passarão enquanto professores, funcionários, agentes transeuntes. Todavia a
FAFI, enquanto instituição, prosseguirá em sua rota desempenhando a sua função
precípua, formadora de recursos humanos, mormente de professores, para as cidades
irmãs, para a região e para o país, cumprindo sua missão de educadora das jovens
gerações.

À FAFI, muitos séculos de vida, são os votos dos aposentados neste ano de 2010”.

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FOTO 7: Diretor Valderlei Garcias Sanches e Prof. Dr. José Fagundes

ACERVO: FAFI

Homenagem a Família FAFI 2010, prestada pela Vice-Diretora Profª Leni


Trentim Gaspari

“Saúdo com emoção e alegria os fundadores da FAFI, diretores, professores, familiares dos
homenageados, autoridades educacionais, políticas e religiosas, comunidade em geral e a
comunidade acadêmica da FAFI 2010.

Parece que foi ontem... eu era uma aluna entre tantas do Curso de História... turma de
1974! O tempo passou e retornei à FAFI como professora. Quanto orgulho! Ensinar na
Instituição que me deu suporte para a minha vida intelectual e profissional. Poder conviver
e continuar aprendendo com meus professores e diretores, na condição de colega. Foi uma
honra e certamente me tornou uma pessoa melhor. Aprendi com vocês que a FAFI, desde
sua fundação, teve destaque especial na Educação e no Ensino Superior no Paraná.
Aprendi também que nossa responsabilidade e compromisso com esta Instituição
extrapola os interesses pessoais. Aprendi com vocês que a comunidade acadêmica da FAFI
sempre foi uma família, unida e forte, como um “feixe de varas”... talvez por estarmos
inseridos numa cidade interiorana, talvez por que era uma instituição pequena na época,
mas com certeza pelos laços de amizade, compromisso e respeito de uns para com os
outros.

A Família FAFI cresceu, estão aqui, é a vocês quero homenagear agora. Alguns, com
mais tempo de trabalho... outros, iniciando! Alguns, meus colegas de estudo... outros,
meus ex-alunos dos quais, muito me orgulho; alguns, filhos de União da Vitória e Porto
União; outros, filhos de cidades distantes, mas todos assumindo a FAFI como sua
Instituição, abraçando o compromisso assumido com seriedade, competência e união.
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E eu continuo aprendendo com os colegas da velha guarda e com os colegas jovens que
com sua impetuosidade nos impulsionam para as mudanças e a modernidade.

Somos uma grande equipe unida pelos mesmos ideais voltados ao investimento
pedagógico educacional, que é: esclarecer e orientar os nossos alunos para que possam
transitar ao longo de sua vida, procurando adequá-la aos valores positivos de modo a
respeitar o valor central que é aquele dá dignidade a pessoa humana, individuo, ou
comunidade. Imbuídos destes valores continuamos sendo um “feixe de varas”, não varas
idênticas, cada qual com suas características mas, unidas entre si, as quais ajustadas umas
as outras tornam o feixe tão resistente que ninguém as pode quebrar.

Esta convicção fortalece a comunidade acadêmica da FAFI e eleva o nome da nossa


Instituição e de todos que aqui trabalham. Queridos professores, coordenadores,
funcionários, estagiários e acadêmicos recebam meu carinho e reconhecimento pela
postura de verdadeiros educadores comprometidos com um ensino público de qualidade.

Um pensador anônimo compara a amizade com as estrelas, e aqueles que não têm
amigos com os cometas, que vem e vão, não permanecem nem iluminam. O importante
é ser como as estrelas. Permanecer! Clarear! Estar presente! Ser luz! Ser calor! Ser vida!
Ser amigo é ser estrela! E ao homenageá-los quero dizer que vocês são amigos
estrelas em minha vida. Muito obrigada!”

Palavras do Diretor Valderlei Garcias Sanches

“Senhoras e Senhores,

Boa noite.

É com imensa satisfação, que estamos comemorando nesta noite, 50 anos de atividades em
nossa Faculdade, uma data sem dúvida nenhuma marcante, histórica, pois não é qualquer
instituição que consegue se manter durante 50 anos ininterruptos em uma atividade tão
nobre como é a de uma instituição de Ensino. Por isso que venho agradecer, de maneira
muito especial, a presença dos amigos da FAFI que aqui se encontram, amigos não só de
União da Vitória e Porto União, mas também de outros municípios, pessoas que sabem
reconhecer o papel desta tradicional Instituição de Ensino Superior, amigos que de uma
maneira ou de outra souberam contribuir para o crescimento da Instituição FAFI e assim
também contribuíram para o desenvolvimento da região, na qual a FAFI se faz
constantemente presente, seja através de professores formados por ela ou seja através de
projetos que executa em diversas áreas.

Obrigado à imprensa em geral pelo apoio, pela divulgação da FAFI, grande parcela desse
sucesso devemos a vocês, sempre seremos gratos.

Agradecer e dizer de nossa alegria e a importância em receber nossos amigos e


companheiros Professor Jairo Vicente Clivatti – Magnífico Reitor da UNIUV nossa co-irmã
em União da Vitória; Professor Aldo Bona vice-reitor da UNICENTRO em Guarapuava;
Professora Ana Maria Lacombe, Diretora da EMBAP, obrigado pela visita e pelo apoio que
sempre recebi de vocês.

Um abraço muito fraterno e nosso sincero agradecimento aos homenageados, como tenho
dito, se hoje a FAFI completa 50 anos, vocês foram os primeiros responsáveis por esse
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sucesso e por isso temos que ser eternamente gratos a vocês, muito obrigado. Vocês
merecem.

Obrigado aos responsáveis pelo sucesso da FAFI hoje, nossos professores, agentes
universitários, estagiários e demais colaboradores, hoje vocês são as peças fundamentais
para a manutenção deste sucesso e sei que podemos contar sempre com vocês, sem
exceção todos são importantes e necessários para a Instituição, obrigado pelo apoio que a
Direção tem recebido de vocês.

FAFI 50 anos: uma vida de realizações, uma vida de crescimento, enfim, uma vida, vivida
para Porto União da Vitória e região, 50 anos contribuindo para o desenvolvimento
regional, formando o que há de mais essencial para o crescimento de um povo, formando
profissionais de educação, assim é a FAFI, que já formou mais de 7000 professores, e com
certeza continuará formando muitos mais e assim continuará contribuindo para o
desenvolvimento de nossa região e nosso pais, assim é a FAFI que possui hoje 2000
acadêmicos entre graduação e pós-graduação, que possui 78 docentes, que possui 30
mestres, 09 doutores e 12 doutorandos, que possui 13 funcionários e 20 estagiários,
pessoas que atuam com seriedade e dedicação, onde todos procuram desempenhar o
melhor possível suas funções dentro das limitações tanto financeiras quanto estruturais
que enfrentamos,que não medem esforços para colaborar, participar e vibrar com a
instituição.

Dá orgulho ter gente assim, assim é a FAFI com seus acadêmicos participativos, dedicados,
empenhados, interessados em aprender em participar em colaborar não só com a FAFI
mas, com a educação como um todo, dá orgulho ter gente assim. Assim é a FAFI, ter como
parceiros todos vocês que admiram, que apóiam, que prestigiam e que gostam da nossa
Faculdade, também, dá orgulho ter gente assim. Esta é a receita para o sucesso da FAFI ter
amigos, ter bons profissionais e o mais importante ter bons alunos. E eu Valderlei Garcias
Sanches, sinto um enorme orgulho de estar como Diretor da FAFI assim, completando
cinqüenta anos de existência, então, eu também acredito que todos vocês, e nossos
municípios parceiros sentem: QUE DÁ ORGULHO TER A FAFI AQUI. Muito obrigado.”

Algumas Considerações

A comemoração dos 50 anos da FAFI foi marcada por momentos de emoção e de muita
alegria a todos que dela participaram homenageando ou sendo homenageados. Além das
homenagens, foi feito o lançamento do Selo Comemorativo dos 50 anos, com o qual são
seladas as correspondências da Instituição neste ano do cinqüentenário. Também marcou
este momento especial o Jantar de Confraternização oferecido aos professores,
funcionários e seus familiares com a participação também de professores e funcionários
aposentados desta Faculdade e, assim, passado e presente entrelaçaram-se, ora com
rememorações, ora com projeções sobre o futuro da nossa querida FAFI.

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O DESPERTAR DA CLIO: O CURSO DE HISTÓRIA


COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO EDUCACIONAL E
PROFISSIONAL FEMININA (FAFI 1960-1970)
Katiana Macedo Cavalcante de Paula1
1. HISTÓRIA E MEMÓRIA DAS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIAS.

Testemunhos orais, assim como qualquer outra fonte histórica, são dotados de
subjetividade, hoje é ponto comum na historiografia que nenhuma fonte escrita
simplesmente descreve fatos e acontecimentos de forma neutra tais quais como
aconteceram. Essa subjetividade que assombra no trabalho com fontes escritas é muito
bem vinda nas fontes orais, elementos tais quais como emoções, cotidiano e a
subjetividade é um dos méritos e dos grandes trunfos dos testemunhos orais:

A importância do testemunho oral pode estar, muitas vezes, não em seu apego
aos fatos, mas antes em sua divergência com eles, ali onde a imaginação e o
simbolismo desejam penetrar. Em suma, a história não é apenas sobre eventos,
ou estruturas, ou padrões de comportamento, mas também sobre como eles são
vivenciados e lembrados na imaginação. (THOMPSON, 1992, p. 184)

Quando falamos da história e memória das estudantes universitárias obtidas através de


testemunhos orais, temos claro o caráter subjetivo e seletivo da memória. Freitas (2002)
diz que toda memória é por si só seletiva e subjetiva a medida em que não somos capazes
de nem de recordarmos de tudo que vivemos, nem conseguimos descrever de uma maneira
precisa acontecimentos passados, ou seja, sempre que nos referimos a memória tratamos
com “reconstruções” de uma realidade outrora vivida, pois, “O passado não sobrevive “tal
como foi”, porque o tempo transforma as pessoas em suas percepções, idéias, juízos de
realidade e valor”(FREITAS, 2002, p. 67).

Antes de adentrarmos nas histórias e memórias de nossas entrevistadas no que tange ao


ensino superior propriamente dito, iniciamos com a relação entre sua anterior formação
educacional, e sua opção por buscar o ensino superior:

Eu fiz magistério, escola normal, escola professora Amazilia, ela existe ainda.
A minha mãe achava que eu tinha de fazer escola normal porque naquela
época professora era a profissão ideal para mulher, porque ali além de você
ser professora, aprendia também a ser dona do lar, então a formação dela,
minha mãe foi assim: a mulher foi educada para cuidar de crianças e cuidar
do lar. (MARLI B. BEZZERA)

Eu fiz escola normal Prof. Amazília. Eu já vinha de família de professores (eu


me criei com meus avós) e minha tia era professora e minha vó incentivava
muito porque naquela época a melhor profissão para mulheres era ser
professora.Nossa! Dava status, era uma profissão mais pra mulher, os antigos
achava que a profissão de professor é muito bonita, é uma profissão muito

1Graduada em História na FAFIUV.


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bonita e boa. Eu gostava, eu já trazia no sangue, eu acho, sabe?! Então eu fui
fazer magistério. (LENIRA M. OTTO)

Eu fiz o curso normal, porque eu sempre gostei de lecionar, quando pequena


eu dava aula pra minha irmã, coitada, tinha que agüentar. Minha mãe era
professora, tanto é que minha mãe veio de Ponta Grossa, (ela morava lá),pra
lecionar aqui. Na Escola Normal professora Amazília. (ALLEGRA
RIESEMBERG).

Uma formação educacional anterior é requisito básico para o ingresso no Ensino Superior.
A educação feminina esteve por muito tempo vinculada as escolas normais ”No século XX,
as mulheres vão aumentando os níveis de escolarização, através do ingresso nas escolas
normais, que vinham se difundindo desde a segunda metade do século XIX”(CARDOSO,
2003, p.113). A maioria de nossas entrevistadas frequentaram esse tipo de escola devido
principalmente a estímulo direto da família, que viam o magistério como caminho
socialmente aceito na formação educacional feminina, ou por estímulo indireto por ter na
família outros membros que já exerciam essa profissão.

No entanto, é importante destacar que duas das entrevistadas: Iracema Lazier e Lili
Matzembacher fizeram a escola de Comércio, espaço predominantemente masculino,
rompendo assim com a lógica de que as mulheres caberia apenas o estudo na Escola
Normal. Quando não era possível romper com essa lógica tentava-se burlá-la, como no
caso de Marli:

Quando eu fui para o ginásio eu queria fazer escola técnica de comercio, eu fiz
dois anos, mas como minha mãe queria que eu fizesse escola normal, eu fiz os
dois cURSOS juntos, só que daí a escola de eu fiz só até o segundo ano porque
tava muito puxado, eu não tava conseguindo, eu não fazia bem nem um nem
outro, e daí eu comecei a gosta da escola normal e acabei desistindo da escola
de comercio.(MARLI B. BEZERRA)

O depoimento de Marli Bazzo Bezerra vem de encontro ao que nos diz Bassanezi (1997)
sobre a obediência e respeito que as moças dos anos 50 deveriam ter para com a família,
pois no primeiro momento ela só optou por fazer a Escola Normal em virtude do desejo de
sua mãe. Assim como o desejo de sua família, para as jovens da década de 50 “As
expectativas sociais faziam parte de sua realidade, influenciando suas atitudes e pesando
em suas escolhas”. (BASSANEZI, 1997, p. 608), o fato de o curso Normal ser mais bem
aceito socialmente também pesava na escolha feminina.

A formação no Curso Normal proporcionava não apenas uma escolarização a nível


secundário, como também uma profissionalização, o que poderia vir a ser um fator
limitador na busca por uma formação a nível superior, o que, no caso de nossas
entrevistadas não aconteceu, o desejo por mais conhecimentos e por uma formação
profissional mais completa impulsionou a busca pelo Ensino superior, como fato imediato,
esse desejo reflete diretamente não só a maneira de pensar a vida, mas de transformá-la.

Fiz Faculdade não apenas para adquirir mais conhecimento, mas para eu ter
algo mais, pensando também no futuro, não por ser mulher. Naquela época
mulher não precisava tanto, mas precisava sim, então minha visão era assim:
tanto para eu ter conhecimento, mas pra eu olhar assim pro lado profissional
mais completo, uma formação profissional. (MARLI B. BEZERRA)
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
A minha entrada na faculdade foi há 40 anos atrás e as moças não eram muito
de estudar, eu tenho colegas que são da minha época que não faculdade, que
lecionaram como eu que não fez faculdade, porque elas não queriam mais,
achavam que o magistério já era suficiente, a mãe não incentivava, essas
pessoas antigas que acham que mulher não precisava de muito estudo, ah!
Mas a minha vó não, minha vó era do tempo antigo mas achava que estudo
era importante.(LENIRA M. OTTO)

A partir de sua anterior formação educacional podemos perceber rupturas e permanências


na vivência de nossas entrevistadas, pois a medida que a formação nas escolas normais
poderiam se caracterizar como permanências, não só educacionais, como sociais, o desejo
por se buscar um “algo mais” no ensino superior se caracteriza como uma ruptura, que está
intimamente ligada á possibilidade de ampliar os horizontes de construção do ser social.E
quando as mulheres passam a fazer parte desse ambiente, passam a produzir novas
alternativas; é um encontro com a possibilidade de construírem várias dimensões da
realidade social.

O ingresso no ensino superior em nossa cidade foi condicionada pelas limitações desse
grau de ensino, visto que a Faculdade até o ano de 1967 só ofertava os cursos de História e
Pedagogia. Essas limitações terminaram por condicionar as escolhas profissionais dessas
mulheres, considerando que cursar História nem sempre se mostrou desejo inicial; como
demonstra a seguir nossas entrevistadas:

Meu desejo era cursar Educação Física.Só havia em Porto Alegre e


Curitiba.Mas não houve condições.Naquela época eu já estava
trabalhando.Dos dois cursos oferecidos pela FAFI (História e Pedagogia)
escolhi História. Não me arrependi. Gosto de História. (LILI
MATZEMBACHER)

Eu sempre gostei de história só que na época era apenas o curso de pedagogia


e história eu tive a sorte que assim que eu saí da escola normal já abriu a
faculdade então eu não precisei esperar, e porque meu pai não permitia que eu
fosse estudar fora da cidade, a 50,40 e pouco anos atrás a situação era bem
diferente, então eu era meio presa então eu tive que optar por um desses
cursos, mas na verdade, se eu tivesse tido oportunidade, eu ia fazer qualquer
curso no ramo de saúde, nutrição, enfermagem, fisioterapia, alguma coisa
assim. Pra eles (meus pais) naquela época um filho sair daqui da cidade pra
cidade grande ia ser muito complicado, por questões econômicas. (MARLI B.
BEZERRA)

Entre nossas entrevistadas que tinham desejo de ingressar em outra áreas do ensino
superior, que não as ofertadas no espaço das “cidades gêmeas”, prevalecia o desejo pela
área da saúde para Marli Bazzo Bezerra e Lenira Maia Otto que nos conta que até seus 14,
15 anos sonhava em ser enfermeira. Esses sonhos acabaram por não se concretizar por
fatores financeiros, pois ir estudar em Curitiba acarretava muitos gastos para ás famílias.
Um outro fator limitador apontado por Marli era a vigilância familiar, pois seus pais não
permitiram a jovem ir morar sozinha em outra cidade. Nem as famílias e nem a sociedade
como um todo viam com bons olhos essa situação.

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Em virtude desses fatores essas mulheres terminaram condicionando suas escolhas de
formação profissional as ofertas disponíveis na FAFI, pois estavam limitadas, sobretudo
por condições relativas á opção por outros estados ou a capital do Estado, Curitiba.

A questão econômica foi um fator limitador desse desejo. Dessa forma, as aspirantes-a-
acadêmicas, que ingressavam na FAFI, o faziam, tanto por serem os cursos oferecidos pela
Faculdade aqueles que desejavam cursar, como também em decorrência da
impossibilidade de se deslocarem para fora da cidade para seguir as carreiras que de início
aspiravam.

Nossa pesquisa aponta para a situação de que a negativa por parte das famílias em
proporcionar as filhas oportunidade de se estudar fora poderia nos levar a falsa premissa
de que a educação feminina não era vista como algo importante pelas mesmas, o que, de
acordo com a memória de nossas entrevistadas, de fato não ocorria, é o que nos diz Lili
Matzembacher, Allegra Riesemberg e Glaci Chila e Silva:

Minha Família sempre foi a favor de que os filhos estudassem o máximo


possível. Meu pai dizia que a herança que iria nos deixar era o estudo. Todos
os sete filhos se formaram.

(LILI MATZEMBACHER)

Minha família dava muito valor a educação feminina, mulher tinha que
estudar, tinha que ter os mesmo direitos que os homens, agente tinha toda
liberdade pra escolher estudar o que quisesse. (ALLEGRA RIESEMBERG)

Apesar das minhas avós serem analfabetas e de minha mãe e tia terem pouco
estudo, todos incentivavam para que as mulheres de minha geração
estudassem mais. (GLACI CHILA E SILVA)

A importância dada ao estudo por essas famílias demonstram que a busca pelo
conhecimento através da educação escolar permearam a educação familiar das
entrevistadas. Esse quadro nos mostra uma mudança de mentalidade no que tange a
educação feminina, que por muito tempo foi vista como desnecessária, principalmente a
nível superior, pois a aspiração suprema da mulher deveria ser o casamento e a
maternidade. ”O sexo feminino encontrava dificuldade consideráveis de acesso ao ensino,
pois a educação formal não era considerada necessária para as funções que iriam
desempenhar na sociedade” (DEMARTINI E ANTUNES, 2002, p. 70).

Tendo em vista a falta de condição de ir estudar fora, restava as mulheres de nossas


cidades que desejassem o ingresso no ensino superior a premissa de optar por um dos dois
cursos ofertados pela Faculdade. O curso de Pedagogia, que desde as primeiras turmas
apresentou uma quantidade maior de mulheres em relação aos homens, poderia se
apresentar como um caminho “natural”, inclusive pelo fato de que a maioria de nossas
entrevistadas havia feito o curso normal, e o curso de Pedagogia poderia ser considerado
como uma espécie de extensão do mesmo.

Partindo dessa relação, o curso de História poderia se apresentar como opção ao caminho
“natural” da Pedagogia. Mas só isso não nos é suficiente para entendermos o porquê dessa
escolha, as pessoas como seres plurais são impulsionadas por uma gama de fatores e
desejos pessoais que a levam a fazer determinadas escolhas, qualquer tentativa de
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
entendimento que não leve em consideração essa pluralidade corre o risco de ser
reducionista.

1.1 O curso de História.

Nas falas de Allegra e Marli, nossas entrevistadas, percebemos que a escolha pelo curso de
História foi impulsionada, sobretudo por desejos e aspirações pessoais:

Eu gostava, a minha família era toda voltada a história. Eu fiz História, eu fui
criada num ambiente de História, meu pai gostava muito de História, minha
mãe também gostava. (ALLEGRA RIESEMBERG)

Minha mãe nem queria que eu fizesse História, queria que eu fizesse
Pedagogia, mas ai eu me rebelei (risos).Fiz História porque gosto bastante,
sempre gostei da parte de pesquisa e me interessava muito pelos
acontecimentos históricos do mundo todo. E eu achava que era muito mais
interessante, que eu ia me sentir muito mais realizada fazendo História do que
Pedagogia. (MARLI B. BEZERRA)

A condição limitante que impossibilitou naquele momento a inserção feminina no espaço


acadêmico por meio de cursos outrora desejados, não deve ser visto como limitante do
desejo e aspirações femininas, visto que mesmo diante de poucas alternativas, não foi
suprimido o direito de escolha, quem acabou optando pelo curso de História o fez por
desejo, vontade, escolha pessoal, impulsionado, sobretudo, por uma afinidade com o curso,
com os conhecimentos que ali poderia ter oportunidade de sorver.

Através de fragmentos de memórias de nossas entrevistadas, podemos perceber que os


mesmos espaços possuem diversas conotações e significados, que podem variar conforme a
época, ou mesmo de acordo com impressões individuais.

Diante disso, logo de início deixamos claro que não falamos de uma única História, de um
único curso de História, de turma a turma ele se transforma, se reinventa, se renova,
avança ou regride. A cada nova turma que inicia, para nós, é como se nascesse um novo
curso, pois acreditamos que o mesmo não se faz unicamente por programas, livros ou
textos, o fator humano, dotado de toda subjetividade que o cerca é o que lhe dá vida, é que
lhe transforma em sujeito histórico.

Diante dessa concepção plural do curso de História, comecemos pelas memórias dos(as)
aluno(as) da primeira turma. Logo na primeira turma a quantidade de mulheres, duas, era
inferior a quantidade de homens, seis. Escolher o curso onde havia uma maior presença
masculina poderia ocasionar alguma forma de preconceito contra as mulheres, o segundo
nos conta Marli, não aconteceu:

As moças que faziam faculdade eram sim bem vistas socialmente, pelo menos
com relação a mim eu nunca tive problemas nenhuma, eu sempre fui elogiada,
as pessoas assim, estimulavam a gente, nunca tive preconceito de forma
alguma. (MARLI B. BEZERRA)

Uma outra forma de preconceito que poderia vir acontecer seria por parte dos próprios
alunos, pois poderia haver alguma diferenciação entre moças e rapazes, o que também não
aconteceu:
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Ah! O relacionamento em sala de aula era perfeito por que éramos duas moças
só eu e a Lili, então nós éramos as rainhas da sala, o relacionamento era muito
bom, nós éramos muito unidos, nos encontrávamos sempre,e acho que foi um
relacionamento muito bom. Uma turma pequena porque alguns foram
desistindo, então a turma ficou pequena, mas foi muito legal, muito bom, eu
tenho muita saudade daquela época. (MARLI BAZZO)

A maioria de nossas entrevistadas disseram não ter sentido ou presenciado qualquer forma
de preconceito contra as estudantes universitárias, pelo contrário, o fato de ser
universitária sempre foi visto como motivo de orgulho pelos familiares.A respeito de
opiniões da sociedade como um todo, apenas Marli Bazzo Bezerra e Lenira Maia Otto nos
falou da recepção positiva da sociedade ao fato de ser universitária: “Nossa! Era muito
bom! Ah! Você ta na faculdade!...”, segundo a entrevistada, muito além de não ser motivo
de preconceito, essa condição lhes dava um certo status perante a sociedade.

Um fato que comum a nossas entrevistadas, com exceção de Glaci Chila e Silva, é que,
quando de seu ingresso no ensino superior nenhuma delas era casada, dessas, apenas
Marli Bazzo Bezerra se casou ainda durante a realização do curso.

Esse quadro demonstra que o casamento não se configurava mais como aspiração suprema
feminina: “Na década de 1960 o casamento deixou de representar o principal objetivo das
jovens solteiras à medida que cada vez mais mulheres construíram projetos de vida não
mais vinculados exclusivamente a esfera privada” (LIMA, 2006, p. 18).

O fato de ainda serem solteiras pode ter sido um fator determinante para que essas
mulheres não fossem alvo de preconceito. Em contrapartida, a mulher que já estava casada
quando de seu ingresso no ensino superior e aspirava conciliar a profissão, o estudo e a
família, não era bem vista socialmente, é o que nos conta nossa entrevistada:

[...] Eu e as demais colegas casadas tínhamos apoio dos maridos (muitos


estudavam juntos) e dos demais familiares.Mas na comunidade havia
bastante fofoca.Muitas amigas e vizinhas de nossas mães e sogras achavam
que elas não deviam cuidar de netos para as filhas saírem toda noite.Sabíamos
e até ouvíamos críticas como:” deviam cuidar melhor do marido e dos filhos”,
“não é justo dá trabalho para sua mãe, ela já criou os delas”, “não sei pra que
isso” e etc.Se a gente se fazia de vítima, que queria melhorar, ganhar mais, etc,
ainda aceitavam, tinham pena do sacrifício que fazíamos.Mas se dizíamos que
gostávamos de ir a aula, que isso nos fazia bem, que não era nenhum
sacrifício, certamente éramos criticadas. (GLACI CHILA E SILVA).

Essa associação entre trabalho, família e educação era vista como contraditória e de difícil
conciliação, por mais que já houvessem avanços significativos, ainda existia a visão de que
“a mulher devia ser mãe em horário integral, e conciliar carreira e casamento era visto
como prática quase impossível” (CARDOSO, 2002, p. 100).Essa foi exatamente a limitação
social encontrada por Glaci Chila e Silva. Por mais que tivesse apoio de sua família para
conseguir conciliar essas esferas de atuação, a comunidade a qual ela estava inserida não
via com bons olhos o fato da mulher deixar o espaço do lar para se dedicar a uma maior
formação educacional .

Mas para burlar essa pressão social Glaci vinculava a idéia de que todo sacrifício era feito
em vista de um ganho financeiro melhor, o que tornava o discurso socialmente aceito,
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
como nos diz Rocha-Coutinho (1994, p. 55), “A opção pelo trabalho prendia-se,
principalmente, á situação econômica da mulher, não se cogitando a respeito de sua
realização profissional”. Ou seja, para ser aceita socialmente a mulher teria que ocultar o
quanto é importante em termos de realização pessoal uma maior formação educacional e
profissional.

Entendemos o espaço do ensino superior como um campo constituído de liberdade de


pensamento e de expressão da produção de conhecimento. É ainda um ambiente dinâmico
a transformar nossas visões sobre o mundo, pois ao entrar em contato com novas
referências, é instaurada a ampliação das fronteiras do saber, no mundo universitário
existe a oportunidade de difundir as idéias a partir da produção, e apropriação de novos
conhecimentos.

No curso de História, a apropriação e construção de conhecimentos não aconteceu de


forma linear ou igual, as memórias são pontuadas com diferenças quanto ao período de
formação.

Podemos perceber que na da maioria das turmas do período estudado, a formação


aconteceu de forma mais restrita, vinculada quase que unicamente a um ensino livresco.
Nesse momento aparece uma das mais significativas demonstrações de que a passagem
cronológica do tempo, especialmente no caso da nossa pesquisa, não nos é sinônimo de
evolução, pois as lembranças mais significativas quanto a estimulo para produção de
conhecimento emerge da memória de estudantes da primeira turma:

Nós fazíamos muito trabalho de pesquisa, agente estudou muito os fatos


históricos pitorescos que aconteceram na nossa história como o contestado,
então nós fazíamos um trabalho muito profundo, de muita pesquisa em cima
desses acontecimentos. Nós fazíamos trabalho de restaurar placa,
monumentos. (MARLI B. BEZERRA)

O fato das primeiras turmas terem tido um maior apoio e um desenvolvimento mais
efetivo de pesquisas e produção de conhecimento, também pode ser vinculado ao regime
político vigente no país a partir de 1964.

A própria jovialidade do curso e da Faculdade foi remetida por nossos entrevistados como
um fator limitante, pois, por mais que houvesse estímulo por parte dos professores, a falta
de estrutura, principalmente da biblioteca, que possuía um acervo limitado, dificultava a
realização de pesquisa e a confecção dos trabalhos exigidos em sala:

Estimulo até que existia só que nós não tínhamos muita fonte de consulta. A
biblioteca, no começo nós nem tínhamos biblioteca. Então nós começamos a
trabalhar também em cima disso pra formar uma biblioteca. Mas os
professores com certeza estimularam e com o passar do tempo isso ajudou,
concretizou, agente conseguiu forma a biblioteca e os professores
incentivavam sim a gente sempre ir pra frente. (MARLI B. BEZERRA)

A pesquisa naquela tempo era só a base de livro e biblioteca, era ali que você
achava o que queria, a biblioteca não era boa, não tinha muito exemplares de
cada livro por exemplo, se o professor dava um trabalho pra gente fazer, eu
cansei de ir em Curitiba procurar livros sabe. Porque aqui não tinha ou se

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
tinha a pessoa emprestava, ia lá renova, ia lá renova e os outros ficavam na
mão, então... (LENIRA M. OTTO)

Por mais que a falta de acervo fosse um fator limitante, podemos perceber através do relato
de Lenira Maia, que à vontade e o desejo de adquirir novos conhecimentos superava essa
dificuldade, pois ela não se curvava a limitação e se deslocava até a capital Curitiba para
adquirir exemplares de livros que não tinha a disposição na biblioteca. No que diz respeito
a pesquisa, outra importante lembrança emerge na fala de nossa entrevistada:

Nós auxiliamos o professor Aniz Domingues que foi professor de história


antiga, e montamos o museu de Porto União na época, eu tenho coisas que eu
achei antiga e doei pro museu, que agente ajudou a montar com o professor, e
eu participei ativamente inclusive doando coisas, eu ajudei a pesquisar, doar
coisas pro museu eu pesquisei muito. (LENIRA M. OTTO)

A montagem do museu de Porto União envolveu sem dúvida uma grande atividade de
pesquisa, na qual se inseriu, de acordo com Lenira M. Otto, boa parte dos alunos da turma,
que auxiliaram, tanto doando objetos seus, como conseguindo com amigos e parentes a
doação de outros objetos.

O estímulo existente por parte dos professores citado principalmente por entrevistados das
primeiras turmas, para que o aluno se envolvesse em pesquisa, pode ser constatado através
do livro de Ata do Departamento de História. Em reunião realizada no dia 09 de maio de
1964 podemos perceber a preocupação dos professores do departamento com a formação
dos alunos, visto que foram assuntos da pauta da dita reunião: “uma melhor forma de
ampliação do aproveitamento escolar, com o fim de incentivar o estudo e a pesquisa
histórica” e também a “organização de uma exposição de valores históricos brasileiros,
principalmente regionais”.

O fato das primeiras turmas terem tido um maior apoio e um desenvolvimento mais
efetivo de pesquisas e produção de conhecimento, também pode ser vinculado ao regime
político vigente no país a partir de 1964, que segundo Glaci Chila e Silva, de alguma forma
interferiu no curso e na Faculdade como um todo:

[...] Na época não tínhamos muita noção disso. Acreditávamos que se os


professores só repassavam (geralmente ditavam) e cobravam matéria era
porque história era isso mesmo. A gente tinha que aprender para saber
transmitir os conhecimentos aos alunos, cobrar deles e pronto. Nos outros
cursos era a mesma coisa. Só mais tarde pude concluir, (ou comprovar) que a
falta de oportunidades para pesquisar, debater, questionar, formar,
compartilhar, divulgar idéias e opiniões era proposital, não interessava ao
regime. (GLACI CHILA e SILVA)

A forma como emerge essa lembrança de Glaci Chila e Silva a respeito da formação
recebida em tempos do regime militar vem de encontro a fala de Ecléa Bosi (1994, p. 55)
que, baseada no pensamento de Halbwachs nos diz que “Lembrar não é reviver, mas
refazer, reconstruir, repensar, com imagens e idéias de hoje, as experiências do
passado”.Isso nos fica bem claro na fala de nossa entrevistada, quando ela nos diz que “só
mais tarde pode concluir, ou comprovar”, que a formação recebida era diretamente afetada
pelo regime.Ou seja, só através de experiência adquirida, de novas concepções do que seria
o regime militar, é que essa lembrança passou a ter a significação que atualmente possui.
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A influência do Regime Militar no curso de História também pode ser percebida através do
livro de Ata, pois nas reuniões de junho de 1964 e agosto de 1966 foi colocado em pauta as
atividades a serem realizadas na Semana da Pátria.

Na reunião de 1964 “deliberou-se a realização de uma sessão cívica no dia 8 de setembro


como arremate a outras atividades que seriam desenvolvidas durante a semana da pátria”.
E na reunião de 1966 foi discutida a programação para a semana da pátria em conjunto
com o 5º BEC.

A confecção de trabalhos foi algo que marcou a memória de Marli Bazzo e Lenira Maia
Otto, que respectivamente em seus relatos fizeram referência a trabalhos escolares
realizados pelas mesmas, o que nos mostra quão significativos foi o conhecimento
adquirido na confecção desses trabalhos:

...Éramos poucos alunos, e ficou um país da América do sul pra cada aluno, e
caiu pra mim a Venezuela, eu fiz um trabalho tão lindo, e eu tirei 10 no
trabalho. O trabalho tinha tudo da Venezuela, mapa, divisão, localização, a
língua de casa região, as raças de casa região, mandei fazer um mapa da
Venezuela na capa. (LENIRA MAIA OTTO).

...Fizemos um trabaho sobre a fundação de Brasilia, eu e a Lili, eu sempre fui


mais prática, mas a Lili gostava muito de detalhe...o que nós sofremos pra
fazer o desenho de Brasíla,fizemos com tinta nanquim e canetinha de
pena!,ficou um trabalho bem bonito! (MARLI B. BEZERRA)

Mas nem só de confecção de trabalho, pesquisas bibliográficas e aulas expositivas se fez a


maioria dos cursos, a realização de viagens como atividade curricular aconteceu na maioria
das turmas estudadas, excetuando-se as turma de 1964 e 1967, onde de acordo com a
memória de nossos entrevistados não ocorreu nenhuma lembrança de viagem, como tido
nos próprios depoimentos de Ulisses Seben: - “Não tenho lembrança de nenhuma viagem
como atividade extra-curricular”. E Iracema Lazier: - “Acho que não, não que eu lembre”.
Em contra partida todos das demais turmas ouvidas tiveram lembranças a serem
compartilhadas:

Nós fizemos viagem (que eu lembro) nós fomos pra Vila Velha em Ponta
Grossa, viajamos pra Palmas, pros campos de Palmas e alguns lugares por
perto. (MARLI B. BEZERRA)

Fizemos que eu me lembre uma viagem de estudo, pra São Mateus do sul pra
estudar a usina do xisto pirobituminoso , e outra pra ponta grossa lá na vila
velha, pra estudar aquelas formações rochosas, os Campos Gerais, eu fui nas
duas viagens. (LENIRA M. OTTO)

Aqui tinha um sitio arqueológico no Rio Vermelho e nós fomos, fomos assistir
nesses salões de candomblé, fomos fazer um estudo, fomos com meu pai que
era professor de história do Brasil, pra ver a influência do africano, fomos
também até Ponta Grossa lá pra Vila Velha. (ALLEGRA RIESEMBERG)

As viagens revelam-se como experiência enriquecedora a nível educacional pois tornava o


conhecimento mais palpável, mais significativo. Além de proporcionar a possibilidade de
interação entre estudantes de outros lugares (como no caso de congressos).
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Nossas entrevistadas participaram de todas as viagens realizadas; pois como se tratava de
viagens pela Faculdade, com objetivos educacionais e com a supervisão de um professor, as
famílias não viam problema em liberá-las para participar, essa ação que em outra situações
poderia ser considerada subversiva à moral social estava sendo legitimada pelo status
universitário, o fato de serem universitárias dava-lhes respaldo perante a sociedade,
fazendo com que houvesse algumas rupturas aos “cuidados” comumente delegados a elas
por seus familiares.

A liberdade, o conhecimento, o desejo e a vontade de instituir mudanças, são


possibilidades apresentadas pelo espaço acadêmico, pois a academia é o lugar no qual se
encontra substância para a abrangência de argumentos. Logo o individuo é movido ao
desejo de promover mudanças.

A política estudantil, realizada principalmente através dos Centros Acadêmicos - espaço


privilegiado de atuação do corpo discente, que tinham como objetivo mobilizar os
estudantes através de diversas atividades culturais, acadêmicas e esportivas, ocorreu de
forma mais efetiva nas duas primeiras turmas de 1963 e 1964. Isso se deu em grande parte
em virtude do Regime Militar instaurado em nosso país no ano de 1964, que acabou por
reprimir várias liberdades, inclusive e de sobremaneira a universitária:

Ô... era uma coisa maravilhosa porque naquela época nos recebíamos aqui o
presidente da UNE, era muito movimentado, nós tínhamos o diretório, nós
fazíamos reuniões, dentro do nosso curso nós tínhamos o ÚNICA (união cívica
acadêmica)Então ali agente trabalhava, lutava pra ter mais cursos na
faculdade, e também pra alguns professores melhorarem, porque era o
começo. Então era difícil pra todo mundo. Fazíamos teatro, inclusive eu
participei de muito teatro, então eu acho que foi assim uma coisa muito
interessante e por ser a tanto tempo atrás, 40 anos atrás, eu acho que nós
éramos muito “pra frente”. (MARLI B. BEZERRA)

A política estudantil foi o “ponto alto”. Fundamos a ÚNICA(união cívica


acadêmica) no curso de história. Éramos apenas 8 alunos muito dedicados.A
turma de pedagogia era grande(30 alunos mais ou menos).Mas nós sempre
ganhávamos a eleição.Alguns alunos de pedagogia votavam conosco. (LILI
MATZEMBACHER)

Quanto à política estudantil tenho alguma lembrança. Tive, por exemplo, dois
colegas que eram políticos – gostavam muito de política – e eram totalmente
opostos. Um tinha idéias comunistas (Hermógenes Lazier) e o outro idéias
mais liberais (Alcides Fernandes Luiz) que, alguns anos mais tarde viria a ser
Prefeito de União da Vitória. Havia Diretório Acadêmico sim. Dele participei
algumas vezes. Foi nesse período que a Biblioteca da FAFI foi organizada e,
após enquête realizada pelo Diretório Acadêmico, entre os alunos, foi-lhe dado
o nome de „Didio Augusto‟. O nome de „Dr. Alvir Riesemberg‟, dado ao
Diretório Acadêmico, também é daquele período. Lembro que, através do
Diretório Acadêmico, foram organizadas competições –campeonatos
estudantis- de futebol. Eu jogava, então, na ponta direita e o Lazier na ponta
esquerda, coincidentemente. (ULYSSES SEBBEN)

Uma mostra de como era ativa a política estudantil pode ser percebida no livro de chamada
do ano de 1961, quando no dia 28 de Abril desse ano foi anotado no livro de presença que
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não houve aula em virtude de greve feita pelos alunos.

A lembrança das atividades desenvolvidas na política estudantil foi sem dúvida as que
despertaram maior sentimento de “saudosismo” nos nossos entrevistados detentores
dessas memórias. A atuação nesse espaço demonstra a percepção do espaço acadêmico
como privilegiado para atuação social. Através de constante atuação política, os
acadêmicos lutavam por melhorias no curso e na Faculdade, promoviam jogos, atividades
de cunho cultural e científico e intercâmbio de conhecimentos com estudantes de outras
cidades que também atuavam na política estudantil.

A ativa participação das duas mulheres da turma de 1963 nos mostra mais um aspecto de
ruptura proporcionada pela atuação no espaço acadêmico, pois a política não era um local
onde se via com grande frequência atuações femininas.

No que diz respeito as demais turmas, como dito anteriormente, acreditamos que o
contexto político nacional tenha de alguma forma colaborado para esse “desaparecimento”
da política estudantil. No entanto não possuímos elementos suficientes para apontá-lo
como único ou principal motivo. Acreditamos que essa diferença pode também estar
vinculada as divergências existentes entre uma turma e outra. Também não descartamos a
possibilidade de sua existência, talvez de uma forma diferenciada, menos ativa em virtude
do regime político, e que por isso acabou por não deixar “marcas” na memória de nossas
entrevistadas.

O mundo do trabalho fazia parte do cotidiano de nossas entrevistadas, antes mesmo de


concluir o curso, todas já exerciam as profissões adquiridas através do curso ginasial, o que
demonstra que já no inicio dos anos 60 as mulheres de nossa cidade já haviam quebrado
muitas barreiras no tocante a sua profissionalização, simultaneamente ao estudo na
faculdade, o mundo do trabalho também era um espaço solidamente estabelecido:

Quando entrei na FAFI, também comecei a trabalhar no SESI, em Porto


União, como coordenadora.Fui a primeira funcionária, organizei todo o
trabalho.Deixei como aposentada 30 anos depois, com casa própria e 22
funcionários. (LILI MATZEMBACHER)

Já com dezessete anos eu fui nomeada, comecei a dar aulas pra crianças e
naquela época pra 1ª, 2ª e 5ª série num salão só. Mas antes mesmo de
terminar a faculdade eu comecei a dar aulas na escola normal também, e fui
secretária da escola também. (MARLI B. BEZERRA)

Sempre trabalhei, eu trabalhei em empresas, mas minha vida profissional


mesmo foi na previdência social. (IRACEMA LAZIER)

Comecei a dar aulas de 1ª a 4ª série no mesmo ano que iniciei na faculdade


(GLACI CHILA e SILVA)

Eu ao mesmo tempo em que estudava na faculdade, já dava aulas. Eu peguei a


nomeação escondida do meu pai, ele não queria que eu trabalhasse, ele queria
que eu só estudasse, pra não atrapalhar os estudos, mas eu peguei escondida
porque eu gostava de lecionar (risos). ( ALLEGRA RIESEMBERG)

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Todas as mulheres que fizeram o curso normal atuavam professoras, e as duas que fizeram
a Escola Técnica de Comércio também atuavam em sua área de formação. A busca por
autonomia, inclusive financeira, impulsionou o desejo, o por vezes a necessidade de
trabalhar. No entanto, conciliar a vida de profissionais e estudantes, às vezes não se
mostrava uma tarefa fácil, como nos conta Lenira Maia Otto:

Eu fui nomeada por interior, eu dava aulas em, são 60 km daqui, não tinha
asfalto nem nada, passei no concurso do estado, mas fui nomeada pra General
Carneiro, mas ia de ônibus, daí chegava aqui,7:50,8:00hs da noite, 60 km,
saía de lá 5:00horas quando terminava a aula,pegava o ônibus, quando
chovia chegava 8:00,8:30, 9:00. Eu saí do ônibus que parava na avenida,na
principal avenida, ia ali na pastelaria que ficava em frente a Lojas Estrela,
comia um pastel e ia pra Faculdade, só chegava 11:00 horas da noite em casa,
até que eu não tava agüentando, eu ia perder a faculdade, porque eu tava
perdendo as primeiras aulas, porque a aula começa as 7:00hr e as vezes eu
chegava 7:30,8:00 horas,já perdia as primeiras aulas, então o que eu fiz, fui
falar com o inspetor, na época inspetor de ensino e pedi pra ele marcar uma
audiência pra mim com o secretario de educação, porque o secretario daquela
época dava muita prioridade pros professores que estudava, se aprimoram, eu
fui falar com ele! Ah!.. Que você vai falar com o secretario da educação em
Curitiba? Eu vou! Eu cheguei lá com a cara e a coragem, cheguei, marquei a
entrevista e na hora tava lá na frente do gabinete do secretário de educação,
entrei. O quê que traz a senhorita aqui? Ele falou pra mim. Eu me expliquei
pra ele que eu trabalhava, que eu dava aula, de manhã, aí eu ia pra General
Carneiro e daí voltava a noite, tava atrapalhando meu curso, tava perdendo
aulas e não queria perder o curso, vamos ver o que podemos fazer pela
senhora... quer ser inspetora escolar? Quer trabalha na inspetoria, eu disse, eu
quero, então a senhora vai ser inspetora auxiliar de ensino em Cruz Machado.
Eu ia uma vez por mês fazer reunião, e no fim do ano fazer prova. A turma
não acreditou quando cheguei lá com o papel, eu fui sempre decidida, quando
eu quero uma coisa eu vou atrás. (LENIRA MAIA OTTO)

No caso relatado por Lenira Maia Otto, o trabalho estava atrapalhando a realização do
curso, rompendo barreiras e indo contra o caminho mais fácil de abandonar uma das
atividades ela buscou uma saída conciliatória, recorreu a instâncias superiores e acabou
por alcançar o seu objetivo de exercer concomitantemente as duas atividades. Esse caso em
específico demonstra quão era importante a realização dessas duas atividades. De uma
maneira definitiva, a formação educacional e a profissionalização passaram a fazer parte
do cotidiano feminino.

Se o trabalho já fazia parte do cotidiano dessas mulheres, em que medida podemos dizer
que o curso de História foi importante para sua profissionalização?

A medida em que por mais que o trabalho já fizesse parte de seus cotidianos, a formação
em nível superior proporcionou a abertura de novas possibilidades, novos espaços de
atuação feminina:

Eu dei aulas na faculdade, minha matéria era Didática e Prática do Ensino de


Historia, eu atendia toda parte do estagio, de prepara o aluna para dar aulas,
tanto a parte de didática como a parte de prática, e por dois anos também eu
dei aulas de sociologia substituindo uma professor, o professor Wolf, ele
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faleceu e como não tinha professor, era muito difícil naquela época, eu dei dois
anos de sociologia, sociologia geral. Dei aulas na faculdade até me aposentar,
faz 15 anos que sou aposentada. Depois que comecei a dar aulas na faculdade
só dei aulas lá. (MARLI B. BEZERRA)

Eu gostava do primário, mas eu queria dar aulas de 5ª a 8ª, até por incentivo
financeiro porque dar aula de 5ª a 8ª, você ganha por aula, e no ginásio você
pode pegar, 20,40 horas e melhorava o seu ordenado. (LENIRA M. OTTO)

O meu sonho era ser professora, mais não poderia exercer, por causa da
minha atividade, eu era funcionaria federal, e não podia ter outra atividade.
Depois de liberaram que podia eu já estava desatualizada, não podia, mas
lecionar, teria que fazer um outro curso, porque professora tem que está
sempre atualizada. Meu sonho da vida foi ser professora... Mas em todo caso o
curso me ajudou, pois eu pude fazer um concurso interno que exigia curso
superior e eu tinha. (IRACEMA LAZIER)

Depois que me formei em História fiz um concurso e passei pra dar aula de 5ª
á 8ª, Eu gostava de dar aula de 5ª a 8ª, e dar aula pra essas turmas só foi
possível graças ao curso de história. (ALLEGRA RIESEMBERG)

Fui professora de História (e matérias correlatas) em vários colégios de Porto


União e União da Vitória. Quando me formei, fiz concurso e entrei como
professora da FAFI, no curso de História. Fiz uma pesquisa sobre
“Monumentos e Marcos Históricos de Porto União e União da Vitória com a
ajuda de alguns alunos. Foi publicada pela FAFI. (LILI MATZEMBACHER)

Todas as mulheres entrevistadas acabaram por exercer a profissão de professora, com


exceção de Iracema Lazier, que não o fez não por falta de desejo pessoal, como nos deixa
claro sua memória, mas sim por impedimento em virtude de seu trabalho.

Lili Matzenbacher, que juntamente com Iracema, era a única a não ter feito Escola Normal
e por isso a não exercer o magistério anteriormente, depois de formada atuou como
professora inclusive dando aula na própria Faculdade, juntamente com seus colegas de
turma Marli Bazzo e Joaquim Osório.Ulysses Sebben também acabou se tornando
professor da Faculdade.

Já as demais entrevistadas continuaram como professoras, só que atuando não mais na


educação infantil e sim em outros níveis de educação. Essas mudanças só foram possíveis
graças a formação no curso de História, e isso nos mostra como foi importante em níveis
profissionais essa passagem pelo ensino superior.

Para essas mulheres, a formação educacional e profissional que já possuíam, e que era
considerada por muitos mais que suficiente, não lhes bastava, isso fica bem claro na fala de
nossas entrevistadas:

A chegada na faculdade foi uma acontecimento muito importante, e eu fiquei


muito feliz porque eu saí da escola normal,já fiz o vestibular e entrei, eu não
perdi nem um ano,porque eu sempre pensava, nossa eu vou tirar escola
normal e daí? Pra onde que eu vou? Meu pai já disse que pra Curitiba
não...(MARLI BAZZO)
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Eu não queria cair na rotina de esposa, mãe, do lar, professora primária e só.
Esses papeis eram importantes para mim, mas sentia a necessidade de ser
mais livre, fazer o que gostava, demonstrar que podia “dar conta de tudo”, que
tinha personalidade” (GLACI CHILA e SILVA)

Os depoimentos dessas duas entrevistadas são utilizados para ilustrar como todas as
mulheres participantes dessa pesquisa tinham o desejo de não se acomodar em papéis
tradicionalmente vinculados como femininos, de ir além, “Muitas mulheres acabaram por
perceber que os papéis tradicionais de esposa e mãe não davam a elas nem a realização
nem o reconhecimento que esperavam” (ROCHA-COUTINHO, 1994, p. 116).O depoimento
de Glaci Chila e Silva nos deixa claro por mais que a esfera familiar fosse importante para
essas mulheres, ela não era fator limitador, por isso a busca por novos espaços.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa passagem pela Faculdade marcou de sobremaneira a vida de nossas entrevistadas,


verdadeiras pioneiras numa época em que o ensino superior ainda era pouco disseminado
em nossa região. Depois de ter terminado o curso normal essas mulheres poderiam se
acomodar, visto que até já trabalhavam na educação infantil, mas o ímpeto por buscar
mais conhecimento e uma formação profissional mais completa que lhes proporcionaria
atuar em espaços novos, lhes impulsionou na busca pelo ensino superior.A passagem pelo
ensino superior apresentou-se como oportunidade de deslocamento de vivência dessas
mulheres, caracterizou uma ruptura com os papéis e espaços tidos tradicionalmente como
femininos.

Nos reportando ao tempo e espaço ao qual se fixou a pesquisa percebemos que à abertura
da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras em União da Vitória proporcionou a
oportunidade de prolongamento de estudo para as mulheres que consideravam que a
formação a nível secundário não mais supria suas aspirações intelectuais e profissionais.

A opção de nossas entrevistadas pelo curso de História e não Pedagogia, visto que a
maioria de nossas entrevistadas haviam feito escola normal, nos dá uma dimensão de seus
desejos por novos conhecimentos, por uma formação diferenciada que lhe proporcionaria
também a oportunidade de atuar profissionalmente em novos espaços.

Ao analisarmos a trajetória de cada uma de nossa entrevistadas durante sua passagem pela
faculdade, e especialmente pelo curso de História, pudemos perceber que a formação
vivenciada por essas mulheres não foi única, variando de turma a turma. Cada uma delas
passou por experiências ímpares, mesmo as que estudaram em uma mesma turma
vivenciaram de forma diferente momentos semelhantes, e isso não nos deixa esquecer que
o coletivo é formado por uma série de individualidades.

É válido ainda ressaltar a diferença que se observou entre uma turma e outra, sendo que,
para nossa surpresa, foi nas primeiras turmas que encontramos um maior envolvimento
dos acadêmicos com a política estudantil, com a pesquisa, dentre outros temas. O que só
nos serve para reafirmar que a história não é feita por evoluções lineares.

A busca pelo ensino superior marcou a vida dessas mulheres, que indo muito além dos
papéis tradicionalmente tidos como femininos de mães, esposas e professoras primárias,
romperam barreiras e buscaram esse novo espaço de formação educacional e intelectual,
que lhes proporcionou uma atuação profissional bem mais ampla.
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REFERÊNCIAS

DEMARTINI, Zeila de Brito; ANTUNES, Fátima Ferreira. Magistério primário: profissão


feminina, carreira masculina. In: CAMPOS, Maria Christina S. S.; SILVA, Vera Lúcia
Gaspar da. (Orgs.). Feminilização do magistério: vestígios do passado que marcam o
presente. Bragança Paulista: EDUSF, 2002.

BASSANEZI, Carla. Mulheres nos anos dourados. In: DEL PRIORE, Mary. (org.) História
das mulheres no Brasil. 2 ed. São Paulo: contexto 1997.

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembrança dos velhos. São Paulo: Companhia das
Letras. 1994.

CARDOSO, Elisangela Barbosa. Múltiplas e singulares: História e memória de


estudantes universitárias de Teresina (1930-1970).Teresina:Fundação Monsenhor Chaves,
2003.

FREITAS, Sônia Maria de. História oral: possibilidades e procedimentos. São Paulo:
Humanitas/FFLCH USP/ Imprensa Oficial do Estado, 2002.

LIMA, Mariana Rodrigues. A relação mulher e família em Teresina nas décadas


de 1950-1960. Teresina: Universidade Estadual do Piauí, 2006.

ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. Tecendo por trás dos panos: a mulher brasileira
nas relações familiares. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

THOMPSON, Paul, A voz do passado: História oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

FONTES ORAIS - Entrevistas

BEZERRA, Marli Maria Bazzo. Entrevista. União da Vitória, 25 de set. 2008.

LAZIER, Iracema. Entrevista. União da Vitória, 19 de set. 2008.

MATZEMBACHER, Lili. Entrevista. União da Vitória, 10 de set. 2008.

OTTO, Lenira Maia Mira. Entrevista. União da Vitória, 25 de set. 2008.

RIESEMBERG, Allegra A. Cardoso. Entrevista. União da Vitória, 17 de set. 2008.

SEBBEN,Antonio Ulysses. Entrevista. União da Vitória, 09 de set. 2008.

SILVA, Glaci Chila. Entrevista. Curitiba, 5 de out. 2008.

FONTES MANUSCRITAS E IMPRESSAS

Arquivo documental da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória.

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS. Livro de Ata. União da Vitória,


1963.

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010

MEMÓRIAS DE UM ETERNO ALUNO, PRÁTICAS


DE UM PROFESSOR, ANSEIOS DE UM
PESQUISADOR
Antonio Marcio Haliski2

“Se pude enxergar mais longe, é porque me apoiei nos ombros de gigantes” (Newton)

1.0 O início na academia

A realidade brasileira nos mostra que o ingresso na universidade pública é uma conquista
de poucos. Isso está ligado a vários fatores, especialmente, a formação precária obtida no
ensino fundamental e médio e as vagas limitadas oferecidas gratuitamente pelos cursos
superiores.

Posteriormente ao ingresso na universidade, a dificuldade é permanecer e concluir o curso.


Bem, mas não se pode esquecer o vestibular e aquela pergunta freqüente e recorrente dos
adolescentes: qual curso escolherei? Sem isso não há cursos e formaturas.

Escrevo este texto olhando, sentindo e participando das angústias de alunos do ensino
médio que estão prestes a tomar tal decisão. Ha se pudéssemos passar para eles um
pouquinho da sensação de escolher um curso, prosseguir nele e construir uma carreira,
uma vida toda de alegrias, frustrações e conquistas que resultaram dessa decisão.

Bom, a minha escolha, não menos cheia de dúvidas, foi pelo curso de Geografia (1999-
2002). Mas o que ela estuda?3 O que irei aprender e ensinar? Enfim, a responsabilidade de
entrar em um curso de uma instituição pública e os desafios existentes para a formação de
nossos (futuros) alunos/cidadãos, possui um peso considerável.

O primeiro contato com os professores, as disciplinas, as aulas de campo, a formação de


novas amizades, e outros ingredientes do cotidiano, fazem com que ocorra uma
naturalização nas relações e certa tranqüilidade nesse momento acadêmico.

2 Formado em Geografia pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória.
Especialista em Geografia: gestão ambiental e desenvolvimento regional, pela mesma instituição. Mestre em
Ciências Sociais Aplicadas: desenvolvimento urbano e regional, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Doutorando em Sociologia: ruralidades, meio ambiente e desenvolvimento, pela Universidade Federal do
Paraná. Professor de Geografia do Instituto Federal do Paraná – campus Paranaguá.
antonio.haliski@ifpr.edu.br
3 Conforme o professor José Bueno Conti, titular do departamento de Geografia da USP, a Geografia é uma

ciência que tem como objeto de estudo o espaço geográfico em suas várias escalas. Entende-se como espaço
geográfico o espaço natural modificado permanentemente pelo homem através do seu trabalho e das técnicas
por ele utilizadas. Cabe, então à Geografia o estudo do espaço natural e sua evolução, as modificações por ele
sofridas, provocadas pelo homem, e as relações humanas existentes nesse espaço. A Geografia é uma ciência
dinâmica e se caracteriza pela interação entre as ciências naturais e humanas.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Dificilmente nos lembramos dos conteúdos que tivemos nas disciplinas, mas, isto sim, das
atitudes ou posturas de nossos professores. Pode-se citar como exemplos: a seriedade,
pontualidade e até uma formalidade das aulas dos professores Koschinski e Ozires; a
elegância da Edilamar; a interatividade das aulas do “Paulo Preto”; a complexidade em
entender o professor Marcos (não as aulas); os exemplos mirabolantes e descontraídos do
Gilberto e o desejo pelo conhecimento extrapolado pelo Sérgio. Grandes professores e,
posteriormente, colegas de colegiado quando do meu ingresso como professor colaborador
na FAFI (2003 a 2005 e de 2006 a 2008).

Quatro anos de estudos, discussões, brigas que nunca faltam em uma turma de graduação,
risadas e debates calorosos até chegarmos ao grande dia “a colação de grau”. Aí temos uma
mistura de sensações entre o dever cumprido e a certeza que poderíamos ter explorados
mais conteúdos, aprendido mais, viajado, lido mais livros, perguntado mais ao professores.
Nesse momento sentimos de fato o peso de sermos titulados professores e o que isso pode
e vai representar em nossa vida.

Por fim, não restam dúvidas que os conteúdos ministrados pelos professores nas
disciplinas, as posturas e todas as discussões geradas nas aulas, nos corredores, nos
momentos de confraternizações, nas aulas de campo, entre outros, foram e são
ingredientes importantes na minha formação assim como de meus colegas.

2.0 Experiências marcantes

São várias as situações que poderiam ser descritas, nesse momento. Porém, duas
experiências foram marcantes em minha formação. A primeira é a eleição para a escolha
de uma nova direção. A mobilização dos alunos empolgados por mudanças, os debates
gerados entre os alunos mediante as propostas dos concorrentes e a euforia de podermos
decidir nosso destino acadêmico. São momentos únicos e inesquecíveis.

A Faculdade ficou em polvorosa. O prédio mal cuidado e a precariedade de condições para


estudos geraram essa situação. Os candidatos a diretores Eloy Tonon (diretor) e Paulo
Sérgio Meira Rocha (vice-diretor) caíram nas graças dos acadêmicos e foram eleitos com
uma diferença esmagadora de votos frente aos concorrentes. Eles eram, para nós, o
símbolo da mudança.

As expectativas geradas pela nova direção foram atendidas: ampliação do prédio, pinturas,
compra de carteiras e cadeiras, quadra coberta, ampliação e modernização da biblioteca,
entre outros, deram uma nova cara e ânimo para a instituição. Os incentivos a participação
em eventos e congressos começaram se fortalecer, porém, faltavam recursos financeiros. A
criação do Instituto de Ensino Pesquisa (IEPS) supriu, na medida do possível, essa falta de
infraestrutura e possibilitou publicações periódicas das revistas Luminária e Ensino e
Pesquisa, assim como, passou a ofertar cursos de especializações (em maior quantidade e
qualidade)4.

4 Segundo Fagundes (2005), a FAFI promove desde 1986, cursos de pós-graduação “Latu sensu”. No início os
cursos eram ofertados mediante convênios com outras instituições. A partir de 1994 a Faculdade começou a
gerir e ministrar os cursos contando com um corpo docente próprio e também de outras instituições como,
por exemplo, UFPR, UEPG, UFF, UEL, UEM, UNICAMP, USP, UNISINO, entre outras. Também pode-se
citar os cursos de mestrado em Geografia e em Métodos numéricos firmados através de parcerias com a
UFPR.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
A criação do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEPS) foi um dos marcos da “nova FAFI”. Ele
propiciou o contato dos recém formados com professores de outras instituições como a
Universidade Estadual de Ponta Grossa e Universidade Federal do Paraná, via cursos de
especialização. Essa foi a minha segunda experiência marcante pois, assim como
centenas de outras pessoas, tive acesso ao aprimoramento profissional.

Vários alunos de pós graduação despertaram para a pesquisa através desse contato com os
professores/pesquisadores que lecionaram nos vários cursos oferecidos pela FAFI. Era
quase nulo o número de professores da FAFI com mestrado ou doutorado. A chegada de
professores titulados nos despertou o desejo de aprofundarmos nosso conhecimento e
avançarmos para outras “escalas hierárquicas” do conhecimento. Foi nesse momento que
tive a sensação que podia mais, e obtive motivação para tentar o ingresso no mestrado.
Isso ocorreu naturalmente após a tentativa no Programa de Pós-graduação em Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG (2005-2007).

Aqui já se evidencia a importância que as mudanças na FAFI acarretaram na vida dos seus
acadêmicos e professores.

3.0Práticas de professor/pesquisador

O fato de associarmos o professor a pesquisa é proposital. Conforme Suertegaray (2002) e


Vesentini (2002) a formação de professores sempre esteve muito associada a dualidades,
como por exemplo, bacharel versus licenciado. Segundo Suertegaray algumas dessas
dualidades caminham para a superação como é o caso ensino versus aprendizagem. Isso é
fundamental pois cremos que o professor deve instigar o aluno e despertar no mesmo,
como diria Sartre, angústias que o conduzam a buscas por respostas e, desse modo,
adquira o aprendizado.

A prática da pesquisa esta sendo implantada gradativamente nos cursos da FAFI. Isso
possui um grande peso na formação dos futuros professores. A parceria IEPS (via cursos
de especializações) e colegiados (Geografia, Letras, História, entre outros) viabiliza o
aperfeiçoamento de professores recém formados. Assim, temos os cursos formando o
professor (com algumas incursões a pesquisa) e as especializações encaminhando o mesmo
para ser um pesquisador.

O resultado, em sala de aula, é visível: aulas melhores elaboradas com fundamentação


teórica, novas práticas de ensino, discussões problematizadas de acordo com o conteúdo a
ser ministrado, (re)conhecimento das dificuldades encontradas pelos alunos em
assimilarem os conteúdos e até mesmo de estarem ali (problemas familiares, sociais,
econômicos, etc). Enfim, uma boa formação epistemológica e teórico-metodológica
fundamenta a prática de ensino do professor.

Acreditamos que a FAFI está conseguindo essa união pesquisa-ensino, sem dualismos (ou
pelo menos busca superá-los). Os encontros de iniciação científica, mostras de pós-
graduação, revista Luminária, revista Ensino & Pesquisa, coleção Vale do Iguaçu, cursos de
especialização, cursos de mestrado, aulas práticas, entre outros, são ingredientes
indispensáveis e com valores imensuráveis para atingirmos um desenvolvimento
intelectual, social, econômico e ambiental.

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
4.0 Conquistas pessoais

A formação que obtive esta propiciando várias conquistas. Inicia-se com a conclusão da
graduação; soma-se a esse feito a realização da especialização, a conclusão do mestrado e,
mais recentemente, meu ingresso no doutorado na Universidade Federal do Paraná (2009)
cuja história dispensa apresentação.

Profissionalmente posso citar meus trabalhos desenvolvidos nos colégios Nilo Peçanha,
Visão, São José; Santa Cândida e Dona Branca do Nascimento Miranda, em Curitiba; no
ensino superior, no nível de graduação: FAFI; na especialização: orientações de
monografia na FAFI e UNIGUAÇU assim como aulas ministradas, na ultima instituição;
adquiri experiência no ensino à distância lecionando nos cursos Normal Superior e
especializações em Geografia do Brasil, Epistemologia da Geografia e Tendências
Metodológicas no Ensino da Geografia, na EADCON – Sistema Educacional (possui cerca
de 200 mil alunos). Atualmente sou professor em regime de dedicação exclusiva do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná – campus de Paranaguá.
Desde que a lei 11.892 foi sancionada 31 Centros Federais de e Educação Tecnológica
(Cefets), 75 Unidades Descentralizadas de Ensino (Uneds), 39 Escolas Agrotécnicas, 7
Escolas Técnicas federais e 8 Escolas Vinculadas a universidades deixaram de existir para
formar os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

O futuro...quem sabe? Mas alguma coisa é certa, muito trabalho, dedicação e empenho não
faltarão para levar o nome da nossa instituição onde quer que eu vá. Possivelmente
firmaremos muitas parcerias voltadas à pesquisa e ao ensino continuando a trilha deixada
por nossos antecessores.

5.o Considerações finais

Falar da nossa casa é sempre difícil. Neste texto procurou-se trazer alguns elementos,
atores, um pouco de história e de vivência de uma experiência particular. O objetivo disso
tudo é evidenciar uma história em movimento e mostrar o peso que decisões coletivas e
individuais acarretam em nossa vida. Bem, enquanto alunos, somos moldados pela FAFI e
isso permanecerá em nós enquanto vivermos. O peso da história e da geografia são
marcantes em nossas vidas. A FAFI é o gigante que nos sustenta e nós eternos alunos,
professores e pesquisadores ancorados nessa base sólida.

Referências

CONTI, J. B. Introdução a ciência geográfica. In: Geografia Geral e do Brasil. (org)


Paulo Roberto Moraes. 3,Ed. São Paulo: Harbra, 2005.

FAGUNDES, J. FAFI: 45 anos a serviço da educação. União da Vitória: Kaigangue,


2005.

SUERTEGARAY,D.M.A. Pesquisa e educação de professores. In: Geografia em


perspectiva: ensino e pesquisa. (orgs) Nidia Nacib Pontuschka e Ariovaldo Umbelino
de Oliveira. São Paulo: Contexto, 2002.

VESENTINI, J.W. A formação do professor de geografia: algumas reflexões. In:


Geografia em perspectiva: ensino e pesquisa. (orgs) Nidia Nacib Pontuschka e
Ariovaldo Umbelino de Oliveira. São Paulo: Contexto, 2002.
EDIÇÃO ESPECIAL FAFIUV 50 ANOS FAFIUV & IEPS - UNIÃO DA VITÓRIA, PR Página 32
LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010

CORAL FAFI: NOVE ANOS ATUANDO COMO


POSSIBILIDADE DE SOCIALIZAÇÃO PESSOAL,
INTERPESSOAL E COMUNITÁRIA
Soeli Regina Lima5
INTRODUÇÃO

A importância do canto coral vai além da aprendizagem musical, do desenvolvimento


vocal, pois ele propicia aos integrantes a auto-motivação, tornando-os líderes deles
mesmos. Outro aspecto relevante refere-se à qualidade de vida, na perspectiva de inclusão
social, pois diferentes categorias profissionais e sociais integram-se na realização de um
mesmo trabalho.

O Coral FAFI iniciou suas atividades em maio de 2001, sob coordenação do Professor Ms.
Marcos Antonio Correia, do Colegiado de Geografia, da FAFIUVA. A primeira
apresentação, de caráter experimental, aconteceu em 08 de novembro de 2001 na I Mostra
Científica da FAFIUVA. A apresentação oficial ocorreu na solenidade de formatura dos
acadêmicos da FAFIUVA, nos dias 21 e 22 de dezembro do mesmo ano.

No ano de 2010, o Coral FAFI ampliou suas atividades através do projeto “A música na
escola: uma possibilidade didático-pedagógica de inclusão social”, o qual atende vinte
escolas públicas nos municípios de União da Vitória, Porto Vitória e Paula Freitas.

No decorrer da realização deste trabalho, além das atividades de ordem teórica acerca da
musica, ficaram evidentes as implicações do Coral FAFI no cotidiano dos integrantes,
como recurso motivador, capaz de atuar nas dimensões pessoais de forma positiva na
elevação da auto-estima; interpessoais, como recurso sociabilizador; e ainda como agente
integrador entre Ensino Superior e comunidade. Quanto à metodologia, foi adotada a
pesquisa de opinião exploratória, através da aplicação de entrevistas diretas semi-
estruturadas e bibliográficas para a fundamentação teórica.

O texto encontra-se dividido em dois momentos: o primeiro de ordem teórica, o qual


aborda, de forma sucinta, o coral no contexto histórico, e o segundo, com um recorte
específico para o Coral da FAFIUVA, apresentando sua atuação nos noves anos de
existência.

1. O Coral no contexto histórico

O Coro é o mais antigo entre os grandes agentes sonoros coletivos. Antigos documentos, do
Egito e Mesopotâmia, revelam-nos a existência de uma prática coral ligada aos cultos
religiosos e às danças sagradas, como aponta Eduardo Fonseca (2010).

Para este autor, o termo Choros possui um sentido bastante amplo e no decorrer da
história passou por diversos significados. “Em sua origem grega, Chóros, representava
um conjunto de aspectos que, somados, iam ao encontro do ideal do antigo drama grego

5Mestre em Geografia pela UFPR, Especialista em História do Brasil pela FAFIUVA. Professora do Colegiado
de Geografia e História da FAFIUVA. soeli8@yahoo.com.br
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
de Ésquilo, Sófocles, e Eurípedes. O conjunto consistia em poesia, canto e dança”.
(FONSECA, 2.010). Nos registros da história do canto coral da Liga Artística Cultural do
Alto Uruguai:

O Choros grego constava de 12 a 24 cantores que em determinada parte do palco


(orquestra) dançavam em redor da Thymelle (altar), sob a direção de chorangos
que os guiava pelo ruído dos sapatos. O canto rítmico que acompanhava a
dança, e que sempre em uníssono, auxiliado pela cítara que tocava a mesma
melodia. Os gêneros principais eram o parodos (canto de entrada), stasima
(durante a ação), e aphodos (despedida). O canto não tomava parte na tragédia
ou comédia, mas ficava como entidade que influía da ação dos atores (LIGA
ARTÍSTICA CULTURAL DO ALTO URUGUAI, 2010).

Ainda no que se refere à Grécia Antiga, o coro se apresentava como uma organização
perfeitamente estabelecida e a ele era dada importância nas funções sociais “... e diz
respeito aos grupos de cantores e dançarinos que uniam suas vozes para formar
melodias distintas entre si. Com esse povo, o coro ultrapassou os limites religiosos e
adentrou as festividades populares” (MONTTI, 2010). Neste sentido, ele tinha vida
própria, passando a ser considerado como uma das mais elevadas expressões do ser
humano.

Segundo os historiadores, a lírica coral recebeu um grande impulso de


Stesicoro, de Meauro, também conhecido como Tisias e a ele se deve a origem
do coro. A Arion se atribui a criação do dethyrambo coral artístico, do qual se
originou a tragédia. O coro era chamado de circular porque evoluía em torno da
estátua de Dioniso. Em Athenas o recrutamento, vestuário e instrução de um
coro era um serviço público imposto pelo estado a todos os cidadãos que
tivessem condições para mantê-lo. (FONSECA, 2010)

Da Grécia para Roma, o canto coletivo esteve ligado diretamente às guerras e às


conquistas. Na análise de Fonseca (2010), a cultura artística foi introduzida pelos escravos
trazidos de suas inúmeras batalhas, que foram instruídos pelos gregos, e adotaram os
princípios da estética: “Em 336 a.C. apareceu pela primeira vez em Roma as Pantominas
Etruscas, sucessoras do teatro grego, nos quais era comum a música. Aos poucos o teatro
romano adquiriu um caráter mais satírico e popular. O Coro era de grande importância
na tragédia latina” (FONSECA, 2010).

Verifica-se que o coro cristão nasceu nas catacumbas de Roma sob o nome de
"Cantochão" (cantus planus). Fonseca (2010) ressalta que os primeiros cristãos não
conheciam uma melodia capaz de expressar a pureza de seus sentimentos, nem tão pouco,
um som que se prestasse às suas preces. Foi somente em 54 d.C quando o apóstolo Pedro
trouxe do Extremo Oriente melodias de triste beleza e casto entusiasmo, ligadas aos
cânticos sagrados dos judeus, que seu espírito penetrou de vez nas antigas melodias.
Quando o Imperador Romano Constantino se converteu ao catolicismo, a música cristã
conquistou sua liberdade.

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Cabe ainda salientar sobre a música cantada coletivamente no Ocidente, que esta foi
sistematizada pelo Papa Gregório I (590 - 604) e batizada com o nome de "Canto
Gregoriano": “A característica do canto gregoriano ou cantochão é a sua riqueza
melódica e a ausência de polifonia. É cantada uma única melodia em uníssono e tem o
ritmo livre, adaptando-se fielmente aos textos litúrgicos” (FONSECA, 2010).

De acordo com a Liga Cultural Artística do Alto Uruguai (2010), Martinho Lutero (1483-
1546), o empreender a Reforma religiosa, estabeleceu o uso do canto congregacional,
cantado pela congregação sem acompanhamento de órgão, cabendo ao coro ensiná-lo ao
povo. Entretanto, como a melodia vinha usualmente do tenor, tornava-se difícil aprendê-
la, limitando-se os fiéis pouco a pouco. Sob influência da música italiana, conferindo à
melodia lugar preponderante no conjunto de vozes, transferiu-a do tenor para o soprano,
reintegrado o coral em sua verdadeira função e permitindo sem dificuldade a prática do
canto congregacional. Nesse momento, pode-se considerar consolidado o coral, que
apresenta harmonização e ritmos próprios, texto em vernáculo e melodia no soprano.

Somente a partir do Século XV o coro começa a assumir a estrutura que tem atualmente:
“A prática antiga já estabelecia que qualquer agrupamento, por menor que fosse, tinha
que ser conduzido em unidade por alguém que mantivesse e guardasse essa unidade”
(FONSECA, 2010)

Segundo Monti (2010), a nomenclatura canto orfeônico (grupo de pessoas que cantam
juntas), foi utilizada pela primeira vez em 1833 por Bouquillon-Wilhem, professor de canto
das escolas de Paris. O termo seria uma homenagem ao Orfeu, deus músico da mitologia
grega, que está vinculado à origem mítica da música e à sua capacidade de gerar comoção
naqueles que a ouvem.

Orfeu é, na mitologia grega, poeta e músico. O deus, filho da musa Calíope, era o
mais talentoso músico que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros
paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As
árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ele ganhou a lira de Apolo;
alguns dizem que Apolo era seu pai também representa o canto acompanhado
com a lira, ou a associação música-poesia, essa associação mitológica refere-se
também ao objetivo de transmitir valores morais e padrões de pensamento e
comportamento por meio das letras das canções. (MONTI, 2010).

A prática coral foi sendo desenvolvida e desligada paulatinamente do clero. Irmandades


foram surgindo no sentindo de dedicar-se à música. No início, somente a música sacra era
permitida, mas aos poucos a música profana começou a ser praticada: “No Séc. XIX, o
canto coral passa a ser disciplina obrigatória nas escolas de Paris. Nessa mesma época
surge a idéia dos Festivais de Música.” (FONSECA, 2010).

No que concerne ao Brasil, o canto coletivo fez parte de forma marcante da política
educacional brasileira, ocupando um espaço significativo nas escolas, no início do século
XX, quando se acentuava a preocupação com uma produção artística de identidade
brasileira. O Brasil, mais especificamente na década de 1930/40, vivia a fase política de
Getúlio Vargas, onde os valores culturais apresentavam-se impregnados de nacionalismo.
Neste período desponta o compositor Heitor Villa-Lobos, que participou em três
movimentos do cenário musical brasileiro: “o movimento nacionalista, a divulgação da
música brasileira no exterior e o desenvolvimento da educação musical em diversos
níveis do sistema educacional.” (FUCCI AMATO, 2007, p.219).
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Ocorre o mesmo com o canto em conjunto, de perspectiva nacionalista, concebido por
Villa-Lobos, baseando-se nos elementos da cultura brasileira de sua época, visando à
formação moral, cívica e intelectual: “Nesse sentido, o compositor também desvelou a
perspectiva sócio-educativa do canto coral, que poderia do seu ponto de vista,
desempenhar papel fundamental na educação escolar, desde a infância”. (FUCCI
AMATO, 2007, p.81).

Sob iniciativa de Anísio Teixeira, então Ministro da Educação, Villa Lobos foi convidado a
conduzir os trabalhos com a música a nível nacional. Ele havia realizado no período
anterior um trabalho para a prefeitura de São Paulo, denominado de “Caravana Cultural”,
o qual levou a música por diferentes municípios do interior paulista. Nesta atividade, ele
vivenciou a necessidade de formar ouvintes brasileiros e, para tal, acreditava que o
processo deveria iniciar ainda na infância.

Villa-Lobos coordenou, a partir de 1931, o projeto pedagógico de canto orfeônico nas


escolas do Distrito Federal, mais tarde oficializado a nível nacional, com uma mistura de
valores cívicos e artísticos, que buscava fornecer uma instrução musical “culta” à
população brasileira6. No ano de 1932, ele organiza um projeto de musicalidade para as
escolas “Iniciando a execução de um programa preestabelecido, Villa-Lobos realizou, em
apenas 5 meses de trabalho, uma exibição pública de 18 mil vozes, compreendendo
alunos de escolas primárias e secundárias, do Instituto de Educação e Orfeão de
Professores” (SILVA, s.d., p. 119).

Ademais, para Villa-Lobos, a música era algo de grande importância nas escolas pelo fato
desta desenvolver habilidades artísticas. Sobre a questão, ele retrata este sentimento em
entrevista, concedida no ano de 1.934: “O ensino da música desde a escola primária, tem
sido feito criteriosamente, e há de concorrer para a formação, no futuro, de um público
capaz de saber julgar e apreciar os valores das obras e dos artistas” (SILVA, s.d., p. 152).
Foi superintendente do SEMA - Superintendência de Educação Musical e Artística (1932-
1941) que visava à orientação e ao planejamento do trabalho com a música nas escolas.
Neste órgão, foi responsável pela elaboração de um guia7 prático, em seis volumes, com
objetivo de orientar os trabalhos nas escolas. Coordenou a criação do “Curso de Pedagogia
da Música e Canto Orfeônico, ministrado pelo próprio Villa, surgindo daí o Orfeão dos
professores, fundado pela Sra. Constaça Teixeira Bastos” (SILVA, s.d., p. 125).

6“Entre 1930 e 1959, a partir do movimento modernista e do regime ditatorial, surgem os orfeãos e as
escolas cantaram o folclore nacional com um forte sabor de civismo e disciplina. O oposto do movimento
da Iniciação Musical que usava processos de musicalização sob a influência dos métodos ativos de
educação que estavam sendo propagados na Europa, Antonio Sá Pereira e Liddy Mignone desenvolviam
trabalhos baseados no método recreacional. Ernani Braga fundou e dirigiu o Conservatório de Música de
Pernambuco, dedicou-se ao estudo de folclore e organizou muitos festivais de corais” (OLIVEIRA, 2007,
p.54)
7No primeiro volume da obra, encontramos doze canções e marchas escolares (Meus brinquedos,Vamos

crianças, Vamos companheiros, Carneirinho de algodão, Soldadinhos, A jangada, Meu sapinho, Volta do
recreio, Ida para o recreio, Passeio, Vocalismo e Canção escolar); treze canções patrióticas (Canção cívica do
Rio de Janeiro, Meu Brasil, Brasil unido, Regozijo de uma raça, Canção do Norte, Brasil novo, Cantar para
viver, Desfile aos heróis do Brasil, Heranças da nossa raça, Meu Paíz, Tiradentes, Verde Pátria e Sertanejo do
Brasil); seis canções de ofício (O ferreiro, Canto do lavrador, Canção do operário brasileiro, Canção do
trabalho, A canção do marceneiro e Canção da imprensa); seis canções militares (Duque de Caxias, Deodoro,
Canção do artilheiro de costa, Mar do Brasil, Alerta! – canção do escoteiro e Saudação a Getulio Vargas); um
canto dos índios Parecis (Nozani-ná), O Canto do Pagé, a Canção dos artistas e o canto Dia de Alegria.
(FUCCI AMATO, 2007, p.216)
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Em relação à qualificação dos professores, em 1942 foi criado o Conservatório Nacional de
Canto Orfeônico, sendo regulamentado no ano de 1946. A partir desta regulamentação,
foram capacitados professores para trabalhar com a disciplina de música, a qual
foiincluída na grade curricular. O canto orfeônico também se difundiu em cursos
oferecidos por estabelecimentos de ensino especializados, como conservatórios musicais.

Após a chegada de Hans-Joachim Koellreutter8 ao Brasil, o projeto de formação musical foi


influenciado pelo movimento da música contemporânea. Sob este aspecto, Oliveira (2010,
p.54) relata que, “a partir de 1939, com o trabalho do Grupo Música Viva (São Paulo) e
mais tarde do Grupo de Compositores da Bahia, começa a influência das tendências
vanguardistas dodecafônicas9 no ensino, principalmente no Ensino Superior
Universitário”.

Procuramos até o presente momento demonstrar algumas especificidades do canto coral


em sua trajetória histórica. Na seqüência, de nossa análise, daremos ênfase as suas
dimensões pessoais, interpessoais e comunitárias.

2. O Coral nas dimensões pessoais, interpessoais e comunitárias.

Segundo Fucci Amato (2008), os “corais constituem-se, ao mesmo tempo, como grupos de
aprendizagem musical, desenvolvimento vocal, integração e inclusão social, sendo
ambientes permeados por complexas relações interpessoais e de ensino-aprendizagem”
(FUCCI AMATO, 2008). Sob este prisma, o regente do coral necessita desenvolver uma
série de habilidades, inter-relacionadas, não apenas no que se refere ao preparo técnico
musical, mas também à condução de um grupo que busca motivação, educação musical e
harmonia como grupo pessoal.

Fucci Amato (2008) apresentou as seguintes habilidades organizacional-administrativas10,


do regente de coral, consideradas como fundamentais: de saber comunicar para
compreender, processar, transmitir informações e conhecimentos, assegurando o
entendimento da mensagem pelos outros; saber agir para ter claro o que faz e por que o
faz; saber julgar para escolher e decidir; saber liderar, estabelecendo metas e levando os
coralistas ao seu cumprimento; saber motivar atendendo aos desejos e expectativas dos
coralistas; ter visão estratégica, entendendo às atividades do coral e de seu ambiente,
identificando oportunidades e alternativa; saber assumir responsabilidades, assumindo os
riscos e as conseqüências de suas ações; saber aprender com os coralistas, estando aberto
às contribuições; aperfeiçoar-se trabalhando o conhecimento e a experiência; saber
desenvolver e propiciar o desenvolvimento dos outros; saber comprometer-se, se

8 Foi compositor, professor e musicólogo alemão. Mudou-se para o Brasil em 1937 e tornou-se um dos
nomes mais influentes na vida musical no país. Conheceu e ficou amigo de Heitor Villa-Lobos e Mário de
Andrade. Em 1938 começou a ensinar música no Conservatório de Música do Rio de Janeiro. Na década de
1940, ajudou a fundar a Orquestra Sinfônica Brasileira, onde foi primeiro flautista. Participou da fundação da
Escola Livre de Música de São Paulo em 1952 e da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, em
Salvador (1954).
9 Dodecafonismo é um estilo composicional, englobado na música erudita e criado na década de 1920 pelo

compositor austríaco Arnold Schoenberg . Foi introduzido no Brasil pelo compositor Hans Joachim
Koellreutter . Foi amplamente utilizado no Brasil por diversos compositores como Guerra Peixe, Edino
Krieger e Cláudio Santoro. Na música popular, um dos maiores nomes do estilo é o paranaense Arrigo
Barnabé.
(Fonte: http://angesdemusique.blogspot.com/)
10Habilidades adaptadas de FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza. Estratégias empresariais e

formação de competências. São Paulo: Atlas, 2000.


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engajando com os objetivos do grupo; saber estimular a criatividade do coral, promover
atividades de criação e improvisação; saber mobilizar recursos financeiros e materiais,
criando sinergia entre eles; obtendo auxílios para patrocínio, divulgação e apoio ao coral.

A partir do desenvolvimento das habilidades apresentadas, o regente torna-se um sujeito


facilitador da integração social dos integrantes do coral, visto que:

Os trabalhos com grupos vocais nas mais diversas comunidades, empresas,


instituições e centros comunitários pode, por meio de uma prática vocal bem
conduzida e orientada, realizar a integração (entendida como uma questão de
atitude, na igualdade e na transmissão de conhecimentos novos para todas as
pessoas, independente da origem social, faixa etária ou grau de instrução,
envolvendo-as no fazer o “novo”) entre os mais diversos profissionais,
pertencentes a diversas classes socioeconômicas e culturais, em uma construção
de conhecimento de si (da sua voz, de cada um, do seu aparelho fonador) e da
realização da produção vocal em conjunto, culminando no prazer estético e na
alegria de cada execução com qualidade e reconhecimento mútuos (enquanto
fazedores de arte e apreciados por tal, por exemplo, em apresentações públicas)
(FUCCI AMATO, 2007, p.77).

Através das atividades realizadas no coral, seus integrantes se auto-motivam, tornando-se


líderes deles mesmos. O coral é “uma extraordinária ferramenta para estabelecer uma
densa rede de configurações sócio-culturais com os elos da valorização da própria
individualidade, da individualidade do outro e do respeito das relações interpessoais, em
um comprometimento de solidariedade e cooperação.” (FUCCI AMATO, 2007, p.81).

Quanto às possibilidades de sociabilidade com o coral, Villa Lobos já destacava, no início


do século XX:

O canto coletivo, com seu poder de socialização, predispõe e indivíduo a perder


no momento necessário a noção egoísta da individualidade excessiva,
integrando-o na comunidade, valorizando no seu espírito a idéia da necessidade
de renúncia e da disciplina ante os imperativos da coletividade social,
favorecendo, em suma, essa noção de solidariedade humana, que requer da
criatura uma participação anônima na construção das grandes nacionalidades.
[...] O canto orfeônico é uma das mais altas cristalizações e o verdadeiro
apanágio da música, porque, com seu enorme poder de coesão, criando um
poderoso organismo coletivo, ele integra o indivíduo no patrimônio social da
Pátria (VILLA LOBOS, 1987, p. 87-88, citado por FUCCI AMATO, 2007, p.217).

Na dimensão educacional, o coro, para a maioria dos coralistas, é o primeiro contato com o
conhecimento musical. Deste modo, cabe ao regente desenvolver diferentes trabalhos de
educação musical, no que se refere aos conceitos históricos, sociais e técnicos.

Fucci Amato (2007) apresenta as seguintes ferramentas educativo-musicais, que podem


contribuir para o canto coral: inteligência vocal; informando noções de fisiologia e higiene
para a conservação da saúde vocal e praticando exercícios de propriocepção muscular;
consciência respiratória, informando conhecimentos específicos sobre o aparelho
respiratório e sobre as manobras de estratégia respiratória cantada, desenvolvendo
exercícios práticos; consciência auditiva, estudando e praticando técnicas de afinação,
consciência tonal, equilíbrio, unidade e consciência rítmica; prática de interpretação,
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corrigindo os problemas vocais (passagens difíceis da partitura) e entendendo os estilos e
períodos musicais; produção vocal em variadas formações, desenvolvendo a propriocepção
e aperfeiçoando-se, produzindo determinados repertórios em quartetos, sextetos, octetos e
outras formações vocais; recursos audiovisuais, conhecendo o repertório por meio da
audição de peças e estilos variados e comparando e discutindo a música coral a partir da
análise da interpretação de grupos corais com semelhanças e dessemelhanças e avaliando o
trabalho desenvolvido (projeção de ensaios e apresentações do próprio coro); apresentação
de pesquisas e debates, gerando interesse pela atividade coral e desenvolvendo o senso
crítico do coralista em relação aos conceitos musicais.

Diante das ferramentas educativo-musicais apresentadas, é perceptível a importância do


regente na condução de suas atividades. O mesmo tem uma gama de oportunidades para
desenvolver habilidades pessoais, interpessoais e comunitárias.

Nas linhas subseqüentes, direcionaremos nossa análise para o Coral FAFI, relatando
algumas atividades realizadas durante os seus nove anos de existência.

3.0 Coral FAFI: nove anos de integração musical, social e cultural.

A gênese do Coral Universitário FAFI está ligada ao professor do Colegiado de Geografia,


Ms. Marcos Antonio Correia11.

Ele ingressou na FAFIUVA, em junho de 1991, como docente através de um concurso.


Elaborou seu projeto T-40 com o objetivo do trabalho vocal, no sentido de fazer com que
os acadêmicos percebessem, conhecessem o uso da voz, que é algo de fundamental
importância no trabalho do magistério. Para trabalhar a voz, o melhor instrumento é a
música em forma de canto coral, questão de escala e articulações. Desta forma, aos poucos,
os integrantes do projeto foram desenvolvendo habilidades e começaram a cantar.

Em 2001, realizaram a primeira apresentação, de caráter experimental, em 08 de


novembro de 2001, na I Mostra Científica da FAFIUVA; a apresentação oficial ocorreu na
solenidade de formatura dos acadêmicos da FAFIUVA, nos dias 21 e 22 de dezembro do
mesmo ano.

Como mérito dos trabalhos realizados ao longo dos três primeiros anos, no ano de 2003 o
Coral FAFI teve sua inscrição na Liga Cultural Artística Alto Uruguai, possibilitando, a
partir desta data, a sua participação nos festivais de corais.

Na Liga, os corais são registrados de acordo com as seguintes classes: Mista (A1, A2, A3,
B1, B2) e Universitária; já as classes sem concorrência são: folclórica, livre e infanto-

11Sua ligação com a música iniciou-se ainda na infância. O pai tocou em bandas, cantou também na rádio,
participou de orquestras e corais. Começou, nos anos de 1970, com instrumento de percussão na Banda “Lira
do Iguaçu” dirigida pelo maestro Emílio Taboada Diez. No final dos anos 70, iniciou participação na Banda
Municipal de União da Vitória (Banda Emílio Taboada Diez). Em certa ocasião, veio de Curitiba, para a
região de Porto União e União da Vitória, o Maestro Aldo A. Hasse, aplicar um projeto junto aos professores
da Rede Estadual de Ensino, com objetivo de passar alguns conceitos de música para auxiliar na prática
pedagógica. Ele [Marcos], como estava no magistério, achou interessante e fez parte do projeto. Foi
convidado para cantar. Logo passou a ser monitor (o monitor ensaia as vozes). Participou de cursos de
aperfeiçoamento e especialização em canto, regência e música em geral. Formou corais infantis nas escolas
Bernardina Schleder, Astolpho Macedo Souza e Antonio Gonzaga. Cantou em grupos vocais e corais. Foi
regente do Coral Bento Mossurunga de Porto União.

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juvenil, as quais participam de festivais. Quando um coral misto se filia à Liga, pode optar
pela classe que concorra ou não nos festivais. Caso opte pela classe que concorra,
participará inicialmente na Classe B2. Para participar na B1, o coral deverá conseguir o
primeiro ou segundo lugar no festival da classe B2 e assim sucessivamente para as classes
A3, A2 e A1. Os dois corais que obtiverem as menores notas (ou faltarem) no festival,
passarão para a classe inferior.

O Coral Universitário FAFI, na sua primeira apresentação na Liga do Auto Uruguai obteve
o primeiro lugar. Desta forma, foi subindo de classe. No festival de Coral Universitário,
realizado em Joaçaba-SC, em quatorze de outubro de 2006, o Coral FAFI apresentou-se
com as músicas: Kyrie aut desc., The lion sleeps toning - Criatore L. Arranjo Peretti Weiss,
Lata d'água - Luis Antônio e J. Junior - Arranjo - Marcos Leite, obtendo o segundo lugar,
empatando com o Coral Univille de Joinville. Em primeiro lugar ficou o Coral
Universitário da Unisul de Tubarão e em terceiro lugar o Coral Uri de Frederico
Westphalen.

No que se refere aos festivais não organizados pela Liga, numa apresentação no município
de São José, próximo a Florianópolis, o Coral FAFI obteve segundo lugar competindo com
corais de grandes cidades, como o de Joinville. Para Rosane12 (2010):

Todas as apresentações que você canta são emocionantes, independente da


música, pelo fato de que você está usando a sua voz. Mas as que mais marcaram
foram todos os encontros de corais que nós fomos. Neles há uma união. Não
tem aquela coisa de eu vou ganhar, eu sou melhor. É um encontro onde às
pessoas se confraternizam. Nós cantamos juntos. Os organizadores escolhem
em cada encontro desses, uma determinada música, onde todos os corais
cantam aquela música uníssona. Isso é muito emocionante. (TORRES, 2010)

O Coral FAFI participou, no ano de 2004, do Programa Paranização, criado pelo governo
do Paraná, que tinha por objetivo incentivar a questão artística e cultural. Vieram para o
município de União da Vitória, no período de 09-10-11 de outubro e 13-14-15 de novembro,
bailarinos, inclusive uma bailarina de Nova York, preparadores vocais e maestros. Este foi
um trabalho de parceria com o Teatro Guairá de Curitiba, o IEPS-Instituto de Ensino,
Pesquisa e Prestação de Serviços e a FAFIUVA. Foi o auge do coral nestes nove anos.

Na época, aconteciam ensaios nos sábados, domingos e feriados. Estavam muito


motivados. Apresentaram-se em Curitiba, onde para Eroni13 (2.010): “A apresentação
marcante foi a de Curitiba, quando fomos cantar no Teatro Guairá. Eu tenho até hoje o
certificado de apresentação guardado. Ficamos dois dias hospedados no hotel do teatro.
Cantamos também na Ópera de Arame. Foi um momento marcante” (CORDEIRO, 2010).

Ainda sobre a viagem para Curitiba, o regente do Coral FAFI, Marcos (2.010), relata: “No
período em que nos apresentamos em Curitiba, na época do projeto paranização, saímos
para um passeio pela cidade e estávamos num local, uma espécie de caverna, com um
túnel onde circulavam as pessoas. De forma descontraída começamos a cantar. Foi
interessante porque as pessoas que passavam pelo local iam gravando, fotografando”
(CORREIA, 2010)
12 Rosane Torres é funcionária da FAFIUVA e coralista desde o ano de 2006. Ingressou quando cursava
Letras nesta mesma Instituição de Ensino Superior.
13Eroni Fátima Cordeiro é moradora de União da Vitória e coralista desde 2004. Participa ainda do Coral

Bento Mossurunga.
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Momentos do Coral Fafi em Curitiba-Projeto Paranização.

Outra atividade da qual o Coral FAFI fez parte foram as gravações natalinas, realizadas
para a TV local, com repertório especial. De acordo com Regiane14 (2010):

No ano passado eu gravei com o coral para a TV Milênio. A gravação foi


transmitida entre os dias 24 e 25 de dezembro de 2009. Foram mais ou menos
50 minutos de gravação. Não gravamos somente músicas de Natal, tiveram
outras também. Gravamos duas ou três músicas com coral do Colégio Anchieta
junto. Gravamos no Clube Apolo quando cantamos para a formatura do Colégio
Anchieta e depois viemos para o salão nobre da FAFIUVA. Ali ficamos até
01h00min para fazer todo o repertório. (SCHEEFFER, 2010).

Focalizando as dificuldades do Coral FAFI, na opinião do regente, as de ordem estrutural


estão vinculadas à questão financeira. Por meio do IEPS-Instituto de Ensino, Pesquisa e
Prestação de Serviços e da FAFIUVA o Coral FAFI recebe alguns recursos, mas de forma
restrita. Outro problema estrutural é a questão do espaço físico, não existe uma sala
própria para as atividades do coral. Por fim, outra dificuldade está na questão de manter
um grupo uniforme por um bom tempo. Uma das características do Coral FAFI está no
constante recomeçar devido à rotatividade de seus integrantes.

É preciso considerar, ainda, a importância dos ensaios para o resultado final do Coral.
Sobre este aspecto, o regente ressalta a necessidade da motivação, de tornar as aulas
dinâmicas, para cativar os integrantes. Em relação a sua prática ele destaca: “Na hora das
aulas do coral eu me transformo. Eu sou assim, um tanto contido e introspectivo, mas sei
que preciso animar o tempo todo. Para ajudar o pessoal, para organizar o grupo tem que
ser animado o tempo todo. Nos ensaios a sensação no final é sempre de que está faltando
tempo, que tenho que fazer mais”. (CORREIA, 2010).

No que se refere às possíveis falhas durante os ensaios ou mesmo durante as


apresentações, quando um integrante desafina, pode comprometer toda a execução da
obra. Para o regente: “Todos encaram bem o fato. Eu falo do assunto no geral. Tomo
14 Regiane Scheffer é acadêmica do Curso de Geografia, a qual ingressou no Coral Fafi no ano de 2009.
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cuidado para não ofender ninguém. O maestro tem que ter muito tato para essa situação.
Eu digo: - Vamos dar uma ensaiadinha... melhorar nisso....” (CORREIA, 2010)

Segundo o depoimento de alguns coralistas, o resultado dos ensaios não são imediatos, há
a necessidade de persistência. Para Andréia15 (2010): “É muito difícil começar no coral.
Você não consegue alcançar os mais adiantados. Não temos a mesma experiência de
cantar como a dos veteranos. Você não tem respiração, não tem base. O resultado não é
imediato, você só vê quando faz a apresentação em público” (SILVA, 2010).

No que concerne aos pontos positivos do Coral FAFI, Andréia (2010) destaca sua
contribuição na questão de qualidade de vida, de melhoria na saúde: “Hoje o coral para
mim é lazer, é saúde, porque eu sou professora e eu sempre ficava afônica. Agora pratico
as técnicas de respiração e isto está ajudando no meu trabalho” (SILVA, 2010). Outro
ponto destacado é a percepção da música sobre outro enfoque, com certo rigor de análise,
por parte dos coralistas, como pode ser observado na fala do Ilton16 (2010): “Com a
participação no coral a gente começa em casa a prestar atenção nas músicas. A questão
da musicalidade, até o gosto pelas músicas vai mudando. A gente vai tendo outra visão,
altera a preferência musical” (GUERIOS JUNIOR, 2010)

Ao lado disso, chama atenção o fato do Coral FAFI trabalhar com a subjetividade e com a
coletividade. Nota-se que existe um auto-conhecimento a partir da interação do grupo. Por
meio da voz, são desenvolvidas questões voltadas ao emocional, ao poder da criação. Como
pode ser confirmado através de depoimentos, como este a seguir:

Quanto aos ensaios eu uno o útil ao agradável. Gosto muito de música. É um


lugar que me sinto bem, esqueço os problemas. É melhor que ir a uma terapia
ou a psicólogos. Este é um dos motivos de estar retornando ao coral. Acho que
ele vai me ajudar muito. A minha única dificuldade é não ter tempo para
participar das apresentações. (TREVISANI17, 2010).

O participante do coral adquire habilidades referentes ao tom de voz e à percepção


auditiva. Somado a este fator, podemos acrescentar a questão espacial, de saber se
posicionar em um palco, de movimentação. Na dimensão comunitária ele possibilita a
integração da população local com a Instituição de Ensino Superior. Tomando como
exemplo o caso do “Grupo de Serenata”, que teve, por parte dos seus integrantes, no início
de sua carreira, uma passagem pelo Coral FAFI. De acordo com o regente Marcos, “Tenho
informações de outros ex-alunos do coral que hoje fazem parte de bandas, orquestras,
dão aula de canto, foram fazer curso de música” (CORREIA, 2010).

A oportunidade de contato com a música é um dos objetivos daqueles que ingressam no


coral, como relata Camila18 (2010): “Entrei no coral, porque eu quero desenvolver a
minha voz. Tenho o sonho profissional de ter uma banda e ser reconhecida. Estou
aprendendo teoria musical, quero fazer faculdade de música. Pra mim é importante
porque eu quero viver isso tudo”. Karen19 (2010) compartilha da mesma opinião: “Eu

15 Andréia de Fátima Silva foi coralista de 2001 a 2005, retornando no ano de 2009. Quando entrou no coral,
havia iniciado o curso de Biologia na FAFIUVA. Reside em União da Vitória.
16 Ilton Miranda Guerios Junior é acadêmico do Curso de Geografia da FAFIUVA e coralista desde o início de

2009.
17 Juliano Trevisan é coralista desde 2.005.
18 Camila Cardoso ingressou no Coral Fafi no ano de 2010.
19 Roberta Cordeiro ingressou no Coral Fafi no ano de 2.010. Faz parte da Banda Marcial do Túlio de França

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
adoro o coral, me sinto feliz, porque estou realizando algo que gosto. Percebo que tenho
chances de realizar meu sonho” (CORDEIRO, 2010).

Podemos afirmar, diante dos depoimentos, que o canto coral se constitui em uma
significativa ferramenta para o relacionamento afetivo, como relatado pelo regente: “Na
época do projeto Paranização, o Danilo veio do Teatro Guairá ensaiar e acabou
apaixonando-se por uma das alunas do Coral FAFI. Estão casados até hoje” (CORREIA,
2010). Neste contexto da afetividade, inclui-se a questão familiar, pois acaba aproximando
as pessoas: pai e filho, mãe e filho, todos participam do Coral FAFI. Podemos confirmar
com o seguinte relato:

Ali no coral você se entrega, a partir do momento que todos estão participando
igual. Você pode entender o que é a música, não tem como passar esse
sentimento para alguém. É uma família. Todos têm problemas, a gente sabe.
Você pode estar igual aos outros é uma coisa muito legal. Tem muita gente que
não entende isso. Eu trouxe o meu filho para o coral e ele gostou. Isso é muito
interessante, as famílias estão vindo participar. (MOURA20, 2010)

Ainda sobre o aspecto familiar, Carlos21 (2010) relata: “Quando eu venho para o
coral, eu tenho possibilidade de dar atenção ao meu filho mais novo através de todo
sábado termos um compromisso juntos”.

Neste ano de 2010, a grande maioria dos integrantes veteranos do Coral FAFI não está
participando das atividades, devido a compromissos particulares. Diante deste fato, o
maestro está realizando um trabalho de base, é a fase da renovação. A meta é atender a
FAFIUVA e região

Outro ponto a destacar para 2010 é o trabalho de extensão, realizado com a comunidade
escolar do Ensino Fundamental, através do projeto “A Música na Escola: uma
possibilidade didático-pedagógica de inclusão social22“. As vinte escolas que integram o
projeto estão localizadas nos municípios de União da Vitória, Paula Freitas e Porto Vitória.

Fazem parte do projeto os docentes da FAFIUVA: Ms. Marcos Antonio Correia, Ms.
Gilberto Luis Gonçalves, Ms. Soeli Regina Lima e acadêmicos e ex-acadêmicos do
Colegiado de Geografia: Arion Marcelo dos Santos, Flavia Daniela Dohopiati, Regiane
Scheffer, Gislaine Carneiro de Campos, Márcia Arving e Maraline Chapula.

Este projeto busca a inclusão do maior número de alunos que estiverem em situação de
risco, portanto com IDH-M abaixo do padrão recomendado. Neste sentido, a música
caracteriza-se como meio condutor para uma educação integral, pois ela, com sua
linguagem universal, trans e interdisciplinar, apresenta possibilidades didático-
pedagógicas importantes para atender, além de conteúdos clássicos e/ou tradicionais,
conteúdos “ocultos” e formadores da cidadania, provocando sentimentos de identidade
social, artístico-cultural e política.

há cinco anos e toca trompete há três anos


20 Maria Eloísa Dias de Moura é coralista há três anos. Atualmente cursa Português-Espanhol na FAFIUVA.
21 Carlos Gilberto Pereira Souto ingressou no Coral FAFI em 2.010, junto com o filho Gilberto Koderchen

Pereira Souto.
22 As informações sobre “A Música na Escola: uma possibilidade didático-pedagógica de inclusão social”,

fazem parte do projeto encaminhado à Fundação Araucária, quando da sua aprovação.


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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
A estrutura didático-pedagógica e metodológica é organizada e sistematizada,
principalmente, no ambiente de laboratório artístico (Coral FAFI) e conta com apoio do
Núcleo Regional de Educacional de União da Vitória e Prefeituras inclusas no projeto, do
qual tem participação ativa, por meio das escolas estaduais e municipais dos respectivos
municípios. As atividades nas escolas ocorrem, preferencialmente, no contra turno
favorecendo a participação dos estudantes. Com este projeto, o Coral FAFI oferece aos
alunos do Ensino Fundamental uma possibilidade de contato musical.

Considerações finais

Diante do exposto em nossa análise, fica evidente o relevante trabalho do Coral FAFI
nestes nove anos de existência, através do seu regente Ms. Marcos Antonio Correia, nas
questões voltadas para as dimensões pessoais, interpessoais e comunitárias. Para encerrar
gostaríamos de usar das palavras de Fucci Amato (2007) que refletem este trabalho:

Os trabalhos desenvolvidos dentro do coral desempenham importante papel na


criação de uma nova leitura da realidade musical, não veiculada pelos meios de
comunicação, na qual o conhecimento de novos repertórios e de uma nova
prática de lazer produz efeitos colaterais para o indivíduo criar interesse para
ouvir outros corais, assistir a concertos e participar de outros eventos de
natureza artística, redefinindo o seu papel e a sua posição na sociedade (FUCCI
AMATO, 2007, p.93).

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Camila. Entrevista à Soeli Regina Lima. União da Vitória-PR,


24.04.2.010.

CORDEIRO, Eroni Fátima. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da


Vitória-PR, 15.05.2.010.

CORDEIRO, Karen Roberta. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da


Vitória-PR, 22.05.2.010.

CORREIA, Marcos Antonio. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da


Vitória-PR, 28.05.2.010.

FONSECA, Eduardo. História do canto Coral. Disponível em:


<http://www.luteranos.com.br/101/coral/artigos4.htm>. Acesso em 24.02.2.010.

FUCCI AMATO, Rita de Cássia. Habilidades e competências na prática da regência


coral: um estudo exploratório. Revista da ABEM. Nº 19. Março, 2.008.p.15-26.

_________________________ O canto coral como prática sócio-cultural e


educativo-musica. Revista Opus.Goiânia, v. 13, n. 1, jun. 2.007. p. 75-96.

_____________________________ Villa Lobos, nascionalismo e canto


orfeônico: projetos musicais educativos no governo Vargas. Revista HISTEDBR
On-line, Campinas, n.27, set. 2.007. p.210 –220.

GUERIOS JUNIOR, Ilton Miranda. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima.


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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
União da Vitória-PR, 22.05.2010.

LEI nº 11.769. Obrigatoriedade do ensino de música no currículo escolar.


18.08.2.008.

LIGA CULTURAL ARTÍSTICA SO ALTO URUGUAI. Origem do coral. Disponível


em:<http://www.corais.mus.br/corais_e_artes/cultura_e_curiosidades/53/index_int_7.
html> Acesso em: 24.04.2.010.

MONTI, Ednardo. Origens do canto orfeônico. Disponível em:


<http://www.webartigos.com/articles/2382/1/O-CantoOrfeocircnico/pagina1.html>
Acesso em: 24.03.2.010.

MOURA, Maria Eloísa Dias de. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da
Vitória-PR, 24.04.2.010.

OLIVEIRA, Alda de Jesus. Ações em formação musical no Brasil e reflexões sobre


as relações com a cultura. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 18, out. 2.007.p. 53-63.

SCHEFFER, Regiane. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da Vitória-


PR, 24.04.2.010.

SILVA, Francisco Pereira da. Villa-Lobos. Cajamar-SP: Editora Três Ltda., s.d. (Coleção:
A vida dos grandes Brasileiros).

SILVA, Andréia de Fátima. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da


Vitória-PR, 24.04.2.010.

SOUTO, Carlos Gilberto Pereira. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União
da Vitória-PR, 22.05.2.010.

TREVISAN, Juliano. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da Vitória-


PR, 22.05.2010.

TORRES, Rosane. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da Vitória-PR,


15.05.2.010.

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010

LICENCIATURA EM QUÍMICA O PENÚLTIMO


CURSO DA FAFIUV: HISTÓRICO, RELATOS E
INFORMAÇÕES
Prof. Ms. Geronimo Wisniewski23

Dr. José Roberto Caetano da Rocha24

Profa. Dra Sandra Regina de Moraes25

INTRODUÇÃO

O curso de Licenciatura Plena em Química surgiu da necessidade de existirem


profissionais capacitados para ministrarem aulas da disciplina Química no Ensino Básico,
nas escolas públicas e privadas da Região Sul do Estado do Paraná, bem como, da Região
Norte do Estado de Santa Catarina.

Antes do curso de Licenciatura Plena em Química ser ofertado pela FAFIUV existia o curso
de Licenciatura Curta em Ciências que teve seu início em 1980 e formou a última turma em
2002. Os Professores Valdir Vieira e Marcos Joaquim Vieira fizeram parte do corpo
docente deste, o curso de Licenciatura em Ciências, ministraram aulas na área de Química
e produziram projetos que foram essenciais para a formação do curso de Licenciatura em
Química, como é o caso do projeto "Sabões e Detergentes".

A autorização de funcionamento do curso de Licenciatura em Química se deu pelo Parecer


nº 673/2002 publicado no dia 7 de agosto 2002. Em vista a Lei nº 3001 que foi publicada
no dia 22 de Dezembro de 1956 que autorizou a criação da Faculdade Estadual de Filosofia,
Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV).

Após a formação da primeira turma de Licenciados em Química o Ministério de Educação


e Cultura (MEC) oficializou o reconhecimento do curso de Licenciatura em Química. Este
fato aconteceu pela publicação no Diário Oficial da União (DOU) sob a Resolução nº
035/2007, no dia 22 de maio de 2007.

Posteriormente, o curso de Licenciatura em Química veio a ser reconhecido pelo Governo


do Estado do Paraná via o Decreto Nº 1040, publicado no dia 27 de junho de 2007.

A aprovação da proposta pedagógica do Curso de Licenciatura em Química foi fixada


segundo a Resolução nº 035/2007 da FAFIUV, na qual estão estipulados que a duração
mínima do curso será de quatro anos e a duração máxima será de sete anos. Desta forma, o
curso totaliza 3480 horas, ofertando quarenta e oito vagas anuais, via processo de seleção
por vestibular. Destas vagas, vinte quatro são no período vespertino e as vinte e quatro
restantes no período noturno (FAFIUV, 2010).

23 Professor do Curso de Licenciatura em Química da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de


União da Vitória – FAFIUV.
24 Ex-Professor do Curso de Licenciatura em Química da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de

União da Vitória – FAFIUV.


25 Professora do Curso de Licenciatura em Química da Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de

União da Vitória – FAFIUV.


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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
PERFIL PROFISSIONAL

Os profissionais formados, em particular, pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e


Letras de União da Vitória na Área de Licenciatura em Química se enquadram nas
Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Química, especificamente, nos de
Licenciatura Plena (CNE/CES, 2001) que indicam que o Licenciado em Química deve ter
formação generalista, mas sólida e abrangente em conteúdos dos diversos campos da
Química; preparação adequada à aplicação pedagógica do conhecimento e experiências
de Química; e de áreas afins, na atuação profissional como educador na educação
fundamental e média.

Ainda, baseando-se nestas Diretrizes os formandos devem assimilar os novos


conhecimentos científicos e/ou educacionais, refletir sobre o comportamento ético que a
sociedade espera de sua atuação e, de suas relações com o contexto cultural,
socioeconômico e político nas localidades onde lecionam, bem como, no país. Além de
identificar o processo de ensino/aprendizagem como um processo humano, o qual está
sempre em construção. Assim como, ter uma visão crítica com relação ao papel social da
Ciência e à sua natureza epistemológica, compreendendo o processo histórico-social de sua
construção. Associadamente deve ter habilidades que o capacitem para a preparação e
desenvolvimento de recursos didáticos e instrucionais relativos à sua prática e avaliação da
qualidade do material disponível no mercado, além de ser preparado para atuar como
pesquisador no ensino de Química.

Nas aulas com forte enfoque educacional, ministradas nesta instituição, o formando
assimila que ele deve refletir de forma crítica a sua prática em sala de aula, identificando
problemas de ensino/aprendizagem. Bem como, compreender e avaliar criticamente os
aspectos sociais, tecnológicos, ambientais, políticos e éticos relacionados às aplicações da
Química na sociedade. Além de conhecer e vivenciar projetos e propostas curriculares de
ensino de Química. Desta forma, adquirir atitude favorável à incorporação, na sua prática,
dos resultados da pesquisa educacional em ensino de Química, almejando solucionar os
problemas relacionados ao ensino/aprendizagem.

Dentre os documentos importantes usados para a análise dos formandos do curso de


Licenciatura em Química da FAFIUV aquele elaborado pela Comissão de Especialistas de
Ensino de Química, constituída pela SESu/MEC (1997) deve ter sua menção. Este tem por
objetivo estabelecer e definir padrões, critérios e indicadores de qualidade, de acordo com
os requisitos legais (LDB 9394/96 (art. 9º, inciso IX; art.88 e art.90); Decreto 2.207/97
(art. 9º) e Portarias 640 e 641/MEC/97 (art. 9º), para a criação e funcionamento dos
cursos de graduação em Licenciatura em Química, Bacharelado em Química, Químico
Industrial e Licenciatura em Ciências/Química.

Neste documento ressaltam que o Licenciado em Química ou Ciências/Química, segundo a


Portaria 399/MEC/89, pode receber registro para lecionar as disciplinas de Química e de
Física no ensino médio e de Matemática no ensino fundamental (art. 1º, III), respeitadas
algumas exigências curriculares definidas. Por este motivo, na grade curricular do curso de
licenciatura desta instituição de ensino são ministradas disciplinas que garantam a
formação mínima necessária para que estes profissionais possam atuar de forma ativa
nessas disciplinas.

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
PRIMEIROS DOCENTES E OS PRIMÓRDIOS DO CURSO

O processo de criação do curso de Licenciatura em Química foi coordenado e elaborado


pelos professores Ms. Marcos Joaquim Viera que já exercia a docência nesta instituição
desde 1986, no curso de Licenciatura em Ciências, pelo Dr. Ricardo Lopes de Almeida e
pelo Ms. Geronimo Wisniewski, o qual na época era professor do Centro Universitário
Católico do Sudoeste do Paraná (UNICS). Posteriormente, em 2006, Ms. Geronimo
Wisniewski veio a ser contratado pela FAFIUV como professor efetivo. Além destes,
participou do grupo a Profa. Dra. Maria Eunice R. Marcondes, docente do Instituto de
Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), como avaliadora da proposta do curso
realizada pelo MEC.

Em 2002, após a criação do curso de Licenciatura em Química os primeiros professores


contratados foram Profa. Adriana Contim, o Prof. Antonio Boldrini, a Profa Ms. Lutécia
Hiera da Cruz.

As atividades iniciais deste curso foram difícieis e complicadas visto que, várias disciplinas
existiam, devendo ser ministradas e o número de docentes para tal, inferior a
necessidades. Diversas foram às tentativas de contratação de professores colaboradores
para completar o quadro de docentes, as quais muitas vezes infrutíferas devido,
principalmente, ao fato do curso ser novo e pouco conhecido. Em parte, o curso neste
momento conseguiu sobreviver pela colaboração e perseverança de acadêmicos da
primeira turma que ministravam aulas para as séries iniciais. Outra colaboração
importante foi da Técnica de Laboratório Profa. Erna Gohl que ministrava as aulas de
laboratório, fato este que persistiu até o ano de 2009.

Alguns docentes foram efetivados, caso do Prof. Ms. Álvaro Fontana e do Prof. Ms. Maico
Taras da Cunha. Este último passou de forma meteórica pelo curso, pois logo após ser
contratado como professor efetivo transferiu-se para

Tabela 1. Relação dos funcionários da FAFIUV que constituem o Colegiado de Química.

Funcionário Titulação Contrato Área


Álvaro Fontana Mestre Professor Efetivo Fisico-Química
Dileize Valeriano da Silva Doutora Professor Colaborador Química Analítica
Erna Gohl Especialista Técnica de Laboratório Efetiva
Geronimo Wisniewski Mestre Professor Efetivo Educação em Química
Lutécia Hiera da Cruz Mestre Professor Efetivo Química Ambiental
Marcos Joaquim Vieira Mestre Professor Efetivo Química Inorgânica
Marcelo Rodrigo F. Especialista Professor Colaborador Química Orgânica
Echterhoff
Pablo Dornelles Scaramella Especialista Professor Colaborador Farmácia Bioquímica
Sandra Regina de Moraes Doutora Professor Colaborador Fisico-Química

A Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO).

Vários foram os professores colaboradores que fizeram e fazem parte do corpo docente do
colegiado, sendo que os primeiros doutores em química foram contratos somente em
2009.

Até o momento, o colegiado é composto por quatro professores efetivos, quatro professores
colaboradores e uma técnica de laboratório, conforme descrito na Tabela 1.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Recentemente, as professoras Dra Dileize Silva e a Dra Sandra Regina de Moraes que
atuam como professora colaboradoras, estão em processo de contratação como docentes
efetivas do quadro, por terem sido aprovadas no concurso público em 2009.

COLEGIADO DE QUÍMICA

O Colegiado de Química é o órgão da FAFIUV que delibera sobre as atividades pertinentes


ao curso de Licenciatura em Química, sendo composto pelos docentes do curso, por
representantes dos servidores administrativos da FAFIUV e por representante do corpo
discente. O primeiro coordenador deste colegiado foi o Prof. Marcos Joaquim Vieira e na
legislatura 2008/2010 o colegiado é coordenado pelo Prof. Ms. Álvaro Fontana.

Além das preocupações inerentes ao curso de Licenciatura em Química, outra


responsabilidade do colegiado é a organização dos Simpósios de Química que tem
periodicidade anual e caracteriza a Semana de Química do curso. O VI Simpósio de
Química ocorrido em junho de 2009 foi intitulado como “Ensino e Pesquisa: Aprimorando
o Profissional de Química”. Este Simpósio foi constituído de palestras de renomados
pesquisadores e de um evento paralelo realizado em uma tenda montada na Praça Coronel
Amazonas localizada em frente à FAFIUV. Todas as palestras foram realizadas no período
noturno a partir das 20h00. Enquanto, que o evento “Ciência na Praça” ocorreu nos dias
02, 03 e 04 de Junho, das 08:00 a 16:00 horas, ininterruptamente (Bittencourt, 2009).

O VI Simpósio de Química pode contar com renomados palestrantes, os quais foram


convidados e prontamente participaram:

• Profa. Dra. Karen Wohnrath da Universidade Estadual de Ponta Grossa, PR que


proferiu a palestra intitulada “Aplicação de Compostos Inorgânicos na Formação de
Filmes Finos”.

• Prof. Dr. Ourides Santin Filho da Universidade Estadual de Maringá, PR, que
apresentou a palestra “Teorias da Combustão: os trabalhos de Scheele, Priestley e
Lavoisier no século XVIII”.

• Profa. Dra. Silvana Maria de Oliveira Santin da Universidade Estadual de Maringá


que apresentou a palestra “Plantas, Insetos e seus Aromas”.

• Prof. Dr. Attico Chassot, do Centro Universitário Metodista (IPA), que proferiu a
palestra intitulada “Das Disciplinas à Indisciplina: Um Caminho Inverso para a
Alfabetização Científica”.

Outro evento importante realizado por docentes do Colegiado de Química foi o "VI
Encontro Paranaense de Astronomia" – VI EPAST , realizado de 20 a 23 de agosto de
2009. Neste evento a Técnica Erna Gohl e a Profa. Dra. Sandra Regina de Moraes foram
respectivamente à organizadora e a coordenadora. Neste encontro vieram participantes e
palestrantes de diferentes cidades e estados brasileiros que exaltaram as atividades do
Colegiado de Química com o apoio de diferentes órgãos municipais e estatuais do estado
do Paraná.

O Evento “Ciência na Praça” organizado como uma das atividades do VI Simpósio de


Química (Bittencourt, 2009) teve ótima repercussão junto à comunidade de União da
Vitória. A partir deste evento, foi possível o envio de trabalhos para o XVII Encontro de
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Química da Região Sul em Rio Grande – RS apresentando trabalhos que foram avaliados
no evento. Estes trabalhos discutiram a interação existente entre a faculdade e a
comunidade além de apresentar resultados parciais de uma análise estatítica do evento
(Narguniak, 2009a, 2009b; Wisniewski, 2009a).

Docentes deste colegiado entendendo a importância de projetos de extensão universitária


junto à comunidade sempre encaminham projetos para o Universidade Sem Fronteiras.
Programa este patrocinado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior do Governo do Estado do Paraná. Sendo que os últimos projetos apresentados
foram:

• Laboratório Itinerante de Química: Um Instrumento de Química Experimental.


Coordenado pelo Prof. Ms. Geronimo Wisniewski (2009b).

• Central comunitária de coleta e armazenamento de leite e capacitação técnica para


pequenos produtores do município de Paula Freitas. Coordenado pela Prof.a Ms.
Lutécia Hiera da Cruz.

• Capacitação de professores de ciências e química no ensino básico para o


desenvolvimento de atividades motivadoras do aprendizado. Coordenado pela Prof.a
Dr.a Sandra Regina de Moraes.

• Química e Astronomia: Uma Conjunção Interdisciplinar. Este projeto é coordenado


pela Profa. Esp. Erna Gohl. O projeto atende quatro escolas, sendo três do Ensino
Fundamental e outra escola de Educação de Jovens e Adultos (EJA);

Desde a formação do Colegiado de Química foram ofertados vários cursos de extensão


universitária, seja de atualização ou “lato sensu”. Os dois últimos cursos ofertados e que
estão em andamento são:

• Curso de Extensão em Química Nuclear ministrado pelo Prof. Esp. Marco Aurélio
Bittencourt cuja carga horária é de 30 horas. Ao final do curso os participantes farão
uma excursão até as Usinas Nucleares de Angra dos Reis;

• Curso de Especialização “Química: Aperfeiçoamento de Docentes com ênfase em


Tecnologia”, um curso promovido em dez módulos, totalizando 360 horas.

Estes cursos visam promover a atualização e o aprofundamento teórico – prático do


acadêmico ou graduado no curso de química, contribuindo para a melhoria do ensino e sua
extensão profissional.

EX-ACADÊMICOS

O Colegiado de Química formou até o momento 120 Licenciados em Química, sendo que
no ano de 2006 foram formados 28 licenciados, no ano de 2007 foram 32 licenciados, no
ano de 2008 foram 36 licenciados e no ano de 2009 foram 24 licenciados. Estes dados
podem ser observados na Figura 1, onde se percebe que durante os três primeiros anos do
curso houve sempre um aumento no número de formandos em relação ao ano anterior.
Outro fator que puderam gerar dúvidas é o fato de que a maior evasão aconteceria com
acadêmicos do período vespertino (item B da Figura 1). E que quase a totalidade dos
acadêmicos que entraram no primeiro ano do período noturno (item C da Figura 1) são
EDIÇÃO ESPECIAL FAFIUV 50 ANOS FAFIUV & IEPS - UNIÃO DA VITÓRIA, PR Página 50
LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
formados no após a conclusão do quarto ano do curso. Este fato na realidade não é
verídico, visto que vários acadêmicos do período vespertino ocupam as vagas de
acadêmicos evadidos do período noturno.

A menor porcentagem de acadêmicos evadidos aconteceu no ano de 2008 com 25% dos
acadêmicos egressos e o valor médio de evasão nestes quatro anos de curso formando
acadêmicos foi de 37,5%. Acredita-se que a evasão de acadêmicos do curso de licenciatura
em química é provocada por diferentes fatores, entre eles: a situação financeira dos
acadêmicos que muitas vezes têm que parar os seus estudos para auxiliar financeiramente
a família; pedir transferência para o período noturno quando consegue algum emprego; a
falta de professores, principalmente nos primeiros anos, desmotivando assim os estudos
desses acadêmicos.

A qualidade deste curso pode ser avaliada observando que profissionais formados nele são
atualmente alunos de cursos pós-graduação de outras instituições de ensino superior.
Entre eles é possível citar a educadora Lediane

Figura 1. Acadêmicos que se formaram no curso de Licenciatura em Química nos últimos


quatro anos, por período, sendo (B) período vespertino e (C) período noturno.

Forostecki que atualmente esta cursando o Mestrado em Educação para a Ciência e a


Matemática pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). A mestranda é orientada pelo
Prof. Dr. Ourides Santin Filho na linha de pesquisa: História, Epistemologia e Ética da
Ciência.

Outro exemplo é o ex-acadêmico Hélcio Marcos Vileski que atualmente cursa o Mestrado
em Química Aplicada na área de concentração Físico-Química na Universidade Estadual

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
do Centro-Oeste (UNICENTRO). Tendo como orientador o Prof. Dr. Mauro Chierici Lopes
na linha de pesquisa eletroquímica.

A ex-acadêmica Fabiane Kalyne Ludka cursa seu mestrado na Universidade Federal de


Santa Catarina (UFSC), na área Bioquímica: Neurociências (estudo de compostos que
atuam na neuroproteção frente à excitotoxicidade do glutamato) e é orientada pela Profa.
Dra. Carla Inês Tasca.

Atualmente, Matusael Matoso é mestrando no Instituto de Química de São Carlos da


Universidade de São Paulo (IQSc-USP), sendo que o mesmo é orientado pelo Prof. Dr.
Pedro Berci Filho na área de Físico-Química no grupo de pesquisa de fotoquímica orgânica
e da síntese de ftalimidas substituídas.

CONCLUSÕES

O curso de Licenciatura em Química, embora ainda esteja nos seus primórdios, tem
demonstrado ser um curso necessário para a região em que está inserido. Tem formado
acadêmicos que são aproveitados pelas instituições publicas e privadas de ensino básico da
região. Outros ex-acadêmicos desejando alçar vôos mais altos procuram instituições de
ensino superior que ofertam cursos de pós-graduação.

A instituição como qualquer outra em início de curso apresenta deficiências e problemas


que são sanados pelo profissionalismo de professores que estão voltados para a
problemática local. Muitas vezes estes professores não têm material suficiente para
ministrarem algumas aulas de laboratório para os acadêmicos e utilizando materiais
alternativos conseguem produzir aulas de qualidade bem como profissionais de qualidade.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Prof. Ms. Marcos Joaquim Vieira pelas informações e ajuda
importante no tocante aos primeiros anos do curso de Licenciatura em Química da
FAFIUV que auxiliaram muito a produção deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITTENCOURT, M. A. (coord.) VI Simpósio de Química – Ensino e Pesquisa:


Aprimorando o Profissional de Química. CD. União da Vitória, 2009. ISSN: 2176-9028.

CNE/CES. Parecer CNE/CES 1.303/2001 publicado no Diário Oficial da União de


7/12/2001, Seção 1, p. 25. Relator: Francisco César de Sá Barreto (Relator), Carlos Alberto
Serpa de Oliveira, Roberto Claudio Frota Bezerra.

http://www.fafiuv.br/quimica.php acesso em 26 de maio de 2010.

MEC/ SESu. Padrões, Critérios e Indicadores de Qualidade para Avaliação dos Cursos de
Graduação em Química. Versão Portarias no 640 e 641. Brasília, junho 1997.

NARGUNIAK, G. R., MORAES, S. R. de, WISNIEWSKI, G., ROCHA, J. R. C da. Ciência na


Praça: Interação da Faculdade com a Comunidade – Parte I. In. XVII Encontro de
Química da Região Sul. Rio Grande. RS, 2009a.

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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
NARGUNIAK, G. R., WISNIEWSKI, G., ROCHA, J. R. C da, MORAES, S. R. de. Ciência na
Praça: Interação da Faculdade com a Comunidade – Parte II. In. XVII Encontro de
Química da Região Sul. Rio Grande. RS, 2009b.

WISNIEWSKI, G., NARGUNIAK, G. R., ROCHA, J. R. C da, MORAES, S. R. de. Avaliação


Preliminar do Evento Ciência na Praça. In. XVII Encontro de Química da Região Sul. Rio
Grande. RS, 2009a.

WISNIEWSKI, G., GOHL, E., VIEIRA, C. P. A., SILVA, A. K. da, SANTOS, A. P. de A.,
NAGURNIAK, G. N., BORILL, K., ROBLOWSKI, M., Laboratório Itinerante de Química:
Um Instrumento de Química Experimental. In. XVII Encontro de Química da Região Sul.
Rio Grande. RS, 2009b.

EDIÇÃO ESPECIAL FAFIUV 50 ANOS FAFIUV & IEPS - UNIÃO DA VITÓRIA, PR Página 53
LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010

COLEÇÃO VALE DO IGUAÇU


Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória – PR

01-Nhá Marica, Minha Avó – Alvir Riesemberg – 1969


02-Poesias – Dídio Augusto – 1970
03-Prismas – Nelson Antônio Sicuro (Org.) – 1970
04-Desenvolvimento – Casemiro Winiarczyk – 1970
05-O Corote – Ermindo Francisco Roveda – 1971
06-O Solo e a Agricultura – Eni Ribas Bueno – 1971
07-Basic Steps in English – Francisco Boni – 1971
08-Guide of American Literature – Fahena Porto Horbatiuk – 1971
09-English Literature: Analysis of Famous Texts – Fahena Porto Horbatiuk – 1971
10-Subsídios para o planejamento Econômico e Social da Bacia do Iguaçu – Amaury Koschinski –
1971
11-Natureza Enferma – Lauro Roehring – 1971
12-A Evolução Através dos Tempos – Lauro Roehring – 1971
13-A Vegetação Brasileira – Lauro Roehring – 1971
14-Projeções Cartográfi cas – Lauro Roehring – 1971
15-An Approach to American Literature – Francisco Boni – 1972
16-A instalação Humana no Vale do Iguaçu – Alvir Riesemberg – 1973
17-Prismas (vol. II) – Nelson Antônio Sicuro (Org.) – 1973
18-Mosaico – Dante de Jesus Augusto – 1973
19-Flores de Inverno – João Túlio Marcondes de França – 1974
20-Prismas (vol. III) – Nelson Antônio Sicuro (Org.) – 1974
21-Libertação – Victório E. C. Franklin – 1975
22-Helianto Outonal – Francisco Filipak – 1976
23-Bom Senso – Manoel Claro Alves Neto – 1976. (3. ed.-1990)
24-Antologia do Vale do Iguaçu – Francisco Filipak e Nelson Antônio Sicuro – 1976
25-Prismas (vol. IV) – Nelson Antônio Sicuro (Org.) – 1976
26-Faróis Dentro da Noite – Pedro A . Grisa – 1976
27-Glossário do Vale do Iguaçu – Francisco Filipak – 1976
28-Prismas (vol. V) – Nelson Antônio Sicuro (Org.) 1977
29-Bom Ânimo – Manoel Claro Alves Neto – 1978 (3. Ed. – 1993)
30-Prismas Crônicas – (vol. VI) – Nelson Antônio Sicuro (Org.) – 1978
31-Linha Divisória – Manoel Claro Alves Neto – 1979
32-Pote de Barro: Crônicas – Emerson Rogério de Oliveira – 1979
33-O Desafi o Cristão – Manoel Claro Alves Neto – 1979
34-O Vale Mágico – Manoel Alves Neto – 1979
35-Esquina do Tempo – Manoel Claro Alves Neto – 1980
36-Valentin Filipak – Francisco Filipak – 1980 (inéd.)
37-O Centenário no Brasil da Família Filipak – Francisco Filipak – 1980
38-Segredos – Irene Rucinski – 1980
39-Como Fazer Poesia – Manoel Claro Alves Neto – 1980
40-Abelhas e Saúde – Ernesto Ulrich Breyer- 1980
41-Relíquias – Manoel Claro Alves Neto – 1981
42-Poemas Escolhidos – Manoel Claro Alves Neto - 1981
43-Tesouros do Coração – Arildo José de Albuquerque – 1981
44-Prismas Acrósticos (vol. VII) – Nelson Antônio Sicuro (Org.) – 1981
45-Manual de Orientação para Consumidores e Funcionários que Manipulam Alimentos – Leonir
Tissiani – 1982
46-Gíria Policial: Pequeno Glossário – Renato M. Filho – 1983
47-A Evasão Escolar na Região do Médio Iguaçu – Neli de O. Melo Sicuro – 1984
48-O Homem de Esperança Brasil – Ano 2000 – Neli de Oliveira Melo Sicuro – 1985
49-Monumentos e Marcos Históricos de Porto União e União da Vitória – Lili Matzenbacher –
1985
EDIÇÃO ESPECIAL FAFIUV 50 ANOS FAFIUV & IEPS - UNIÃO DA VITÓRIA, PR Página 54
LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
50-Luminária (n.º 2) – Comemorativa dos 25 Anos da Fundação – João Hort – 1985
51-Origem de Porto União da Vitória – Hermógenes Lazier – 1985
52-Líquida Pétala – Cláudio Dutra – 1985
53-Velho, Velho, Eterno Tema... – Manoel Claro Alves Neto – 1987
54-Toda Mulher – Sueli de Souza Pinto – 1987
55-A Rua, a Criança e Suas Brincadeiras – Cordovan Frederico de Melo Júnior – 1989
56-Imigração Ucraniana no Paraná – Paulo Horbatiuk – 1989
57-Geografi a do Município de União da Vitória – João Hort – 1990
58-Meus Balões Coloridos – Manoel Claro Alves Neto – 1990
59-O Precioso Tempo da Velhice – Neli de O. Melo Sicuro e Edith Vogt Breyer – 1990
60-União da Vitória: Nossa Escola – Cordovan Frederico de Melo Júnior – 1990
61-Caderno de Atividades Experimentais – Biologia – Cícero L. Leme Filho e Ernesto H. Breyer –
1991
62-Um Estudo da História de União da Vitória – Ulysses Antônio Sebben – 1992
63-Eu Sou o Verso – Yvonnich Furlani – 1992
64-Fundamentos da Linguagem Figurada – Francisco Filipak – 1992
65-Novas Trovas – Manoel Claro Alves Neto – 1993
66-Universidade e Compromisso Social – José Fagundes – 1993
67-In Memorian – Dídio Augusto – 1994
68-Vida de Adolescentes – Flávia Muller Brittes – 1994 (inéd.)
69-Biologia – Manual Prático – Cícero L. Leme Filho, Clóvis Gurski e Ernesto Dietrich H. Breyer –
1994
70-Gramática & Gramática – Nelson Antônio Sicuro – 1994
71-Luminária (n.º 3) – 1994
72-Luminária (n.º 4) – 2001
73-Monografia de Porto União – Herminio Milis - Org. José Fagundes e Joaquim Osório Ribas –
2002
74-Ecos do Contestado: A Rebeldia Sertaneja – Eloy Tonon – 2002
75-Schopenhauer e o Assassinato do desejo – Fabio Liborio Rocha – 2003
76-Luminária (n.º 5) – 2002
77-Luminária (n.º 6) – 2003
78-Fafi : 45 anos a serviço da educação – José Fagundes – 2005
79-Luminária n.º 7 (n. especial) – 2004/2005
80-Imagens Femininas nas “Gêmeas do Iguaçu” nos anos 40 e 50 – Leni Trentim Gaspari – 2005
81 - "Fragmentos de Memória, Trechos do Iguaçu: olhares e perspectivas de História Local" / orgs:
Ilton Cesar Martins, Jefferson William Gohl e Leni Trentim Gaspari /2008
82 - "Caminhos do conhecimento: trilhas e encruzilhadas" autores: Márcia Marlene Stentzler,
Roseli B. Klein, Valéria A. Schena e Ivanildo Sachinski / 2010
83 - "Pensando nas ruas" orgs: Armindo José Longhi, Samom Noyama e Renata Tavares
84 - "Ensinando a história da cidade: construindo ideias e entrelaçando práticas" autora: Leni
Trentim Gaspari /2010
85 - "Os Monges do Contestado: permanências, predições e rituais no imaginário popular" autor:
Eloy Tonon / 2010
86 – Luminária n.º 8 – 2007
87 – Luminária n.º 9 – 2008
88 – Luminária n.º 10 – 2009
89 – Luminária n.º 11 - 2010

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