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LUMINÁRIA
EDIÇÃO ESPECIAL
50 ANOS DA
FAFIUV
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
EXPEDIENTE
LUMINÁRIA EDIÇÃO ESPECIAL / 2010
ISSN 1519-745X
Realização
FAFI Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras - UVA
IEPS Instituto de Ensino, Pesquisa e Prestação de Serviços
Apoio
Fundação Araucária
DIREÇÃO DA FAFIUV
Professor Valderlei Garcias Sanchez
VICE-DIREÇÃO DA FAFIUV
Professora Leni T. Gaspari
DIREÇÃO DO IEPS
Professor Joaquim Ribas
Os Artigos presentes nesta Revista foram produzidos por Docentes desta IES e/ou convidados
especiais, sendo os textos dos mesmos de inteira responsabilidade dos seus autores.
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Segmentos médios da população das cidades gêmeas do Iguaçu, nos anos 50, influenciados
pelas transformações profundas pelas quais passava a sociedade na década de 50, em
relação ao desenvolvimento econômico e a modernidade, vários segmentos da população
urbana das cidades “Gêmeas do Iguaçu” procuravam inserir seus filhos no ensino
universitário, visando um futuro promissor.
A universidade passava a ser a principal via de acesso às profissões liberais e muitos dos
jovens deixam a cidade em busca dos títulos de “doutores” nas diferentes áreas do
conhecimento. No ensino também se fazia necessária a formação especifica para os
professores das redes pública e particular ampliando, desta forma, o universo cultural
desses professores e de jovens que pretendiam seguir o caminho da docência.
Neste contexto a sociedade local investe na criação de uma Faculdade na cidade. Um fato
peculiar da História da Educação Superior em nível local está ligado, como aponta
Fagundes (2001), ao interesse dos progenitores de algumas jovens que saíram para cursar
a Universidade e a criação da FAFI (Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de
União da Vitória) os quais, vislumbrando possibilidades de trabalho no retorno das jovens,
tornam-se os grandes incentivadores da idéia da criação de um curso superior na cidade.
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A criação da FAFI tornou-se realidade pela Lei nº 3001 de 22/12/1956. No entanto, três
anos foram necessários desde a organização e planejamento até a instalação e
funcionamento da Faculdade. E só em 25/11/1959, pelo Parecer nº 562/CNE, veio a
autorização para o funcionamento dos cursos de Pedagogia e História.
Em 28 de março de 1960 realizou-se a primeira aula inaugural proferida pelo Dr. José
Loureiro Fernandes, catedrático de Antropologia da Universidade Federal do Paraná.
COMEMORANDO O CINQUENTENÁRIO...
Numa trajetória de 50 anos a FAFI tem muitas histórias e uma grande importância no
cenário local e regional. Com seus nove cursos: História, Pedagogia, Letras (Inglês e
Espanhol), Geografia, Matemática, Ciências Biológicas, Química, Filosofia que, pela
qualidade de ensino, pelo desenvolvimento de pesquisas e pela inserção de inúmeros
projetos extensionistas na comunidade e região, a instituição comemora, com orgulho,
meio século de realizações em prol do conhecimento.
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SESSÃO SOLENE DA CONGREGAÇÃO
ACERVO: FAFI
Homenagem aos Fundadores da FAFI prestada pelo Prof.º Dr. Eloy Tonon
“Uma luz forte, como a de um farol em alto mar, ilumina, num crescente, a amplidão.
No começo essa luz atingia até o rio Iguaçu, quem sabe, mas, muitos outros feixes de luz se
uniram àquele primeiro, permitindo ver bem mais longe e melhor.
Por essa estrada luminosa o povo de União da Vitória e região foi entrando no Palácio das
Luzes, tudo muito claro, paredes de espelho, uma grandiosidade.
Ali se reuniam para partilhar seu tesouro, suas aspirações, seus sonhos, sua vida. E, no
labor silencioso de muitas noites de convivência, passavam-se os anos. A cada quatro anos,
as novas luzes se expandiam, e, como espontaneamente, novas promessas de brilho
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vinham ter com eles. Muitas gerações entraram. E saíram translúcidas, de cultura, de
amor, impregnadas de novos engenhos para bem ensinar.
Queremos, neste contexto festivo, olhar para todas as pessoas que têm, através do tempo,
construído a FAFI, de dentro para fora, com zelo e qualidade. E homenagear nossos
“encantados mestres”, dizendo baixinho, em nosso coração: “nós amamos vocês,
continuamos com gosto o que iniciaram, somos muito gratos por encontrar a FAFI a
caminho, para dela participarmos. Compartilhamos com vocês, neste dia, o lado misterioso
da vida que nos une, abrindo um pouquinho o perfume da memória:
Esta homenagem é para os que partiram para outro plano. A perda mais recente é do Prof.
Francisco Filipak que faleceu no dia 26 de março. Professor fundador e diretor da FAFI,
lingüista, pesquisador e poeta. Grande incentivador da cultura e responsável pela criação
de várias academias de Letras do Paraná. Foi membro da Academia de Letras de Curitiba
bem como da nossa Academia de Letras do Vale do Iguaçu. Abriu-se uma lacuna no mundo
acadêmico. Caros familiares dos que já não mais se encontram entre nós, sintam-se
honrados por terem partilhado da caminhada daqueles que doaram parte de sua vida à
FAFI. Oferecemos-lhe, neste momento, uma rosa com nosso abraço, reconhecimento e
carinho.
Obrigada”
“Nesta noite, tenho a honra de representar meus colegas professores que compõem o
Colegiado FAFI para prestar homenagem às pessoas que se dedicaram, de uma forma
diferenciada, para a existência da FAFI e efetivação de seu projeto para a Educação ao
longo desses 50 anos. Refiro-me aos diretores e vice diretores que assumiram a nobre
tarefa de administrar esta Instituição Pública de Ensino Superior e definir rumos para o
Ensino Superior na região. Sabemos, que esta tarefa nem sempre é fácil, exigindo muito
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desprendimento e sabedoria para a tomada de decisões adequadas aos diferentes desafios
que se apresentam no cotidiano de um diretor.
Quero, neste momento, fazer referência aos ilustres professores que abraçaram a idéia da
FAFI, não medindo esforços para o reconhecimento e mérito desta Instituição de Ensino
Superior na formação de professores no Estado do Paraná. Foram seus diretores:
Dr. Luiz Wolski – 1957 designado primeiro diretor permanecendo até 1963
Prof. João Horth – entre 1963 e 1968
Prof. Francisco Filipak – de 1968 a 1972
Prof. Aniz Domingos – entre 1972 e 1974
Professora Ivete Mazzali – nos períodos de 1974 a 1975 e 1977 a 1979
Prof. Mário Risemberg – entre 1975 e 1976
Prof. Almir Rosa – nos períodos de 1979 a 1983 e 1995 a 2000
Prof. Nelson Antonio Sicuro – entre 1983 e 1987
Prof. Cícero Laureano Leme Filho – de 1987 a 1991
Professora Delci Aparecida Hausen Christ – entre 1991 e 1995
Prof. Eloy Tonon – nos períodos de 2000 a 2004 e 2004 a 2008
Bel. Valderlei Garcias Sanches 2008 – atual
Os vice-diretores:
Prof. Joaquim Osório Ribas – vice-diretor nos períodos de 1979 a 1983 e 1995 a 2000
Prof. Paulo Meira Rocha – vice-diretor de 2000 a 2004
Profª Leni Trentim Gaspari – vice-diretora de 2004 a 2008 e 2008 – atual
Cada dirigente, no momento histórico vivido, buscou construir uma FAFI mais forte! A
FAFI que temos hoje, edificada ao longo de 50 anos! E, para encerrar esta homenagem
tomo emprestadas as palavras de Fernando Pessoa:
É o tempo da travessia...
E se não ousarmos fazê-la...
Teremos ficado... para sempre ...
À margem de nós mesmos...
OBRIGADA aos diretores e vice-diretores que nos orientaram e orientam nessa travessia
pelos caminhos do conhecimento e crescimento da FAFI.
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ACERVO: FAFI
ACERVO: FAFI
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Pensem em toda história de vida que cada pessoa carrega consigo, na rotina de acordar
todos os dias a mesma hora, dirigir-se para o local de trabalho, levantar da cama
planejando o dia de trabalho, o que priorizar, como resolver os entraves, inspirar-se, pedir
a Deus força e coragem para mais um dia de batalha com algum problema profissional. Ter
a consciência de quantas vezes a saúde foi deixada de lado para dedicar-se à profissão, por
pura responsabilidade. Quantas vezes as mulheres trabalharam com o pensamento em
casa, na família, quantas vezes os homens tiveram vontade de sumir do planeta Terra para
ver se o estresse desviava deles. Passar um dia inteiro tentando resolver um assunto no
ambiente de trabalho e ir para a casa com a sensação de que esqueceu algum detalhe, e
remoer as idéias durante a noite, e sonhar com trabalho, ou com os colegas
ACERVO: FAFI
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Agradecimentos prestados pelo Prof. Dr. José Fagundes
“Começo por agradecer a esta duodécima Diretoria da FAFI pela honrosa incumbência de
representar, neste ato, tantos ilustres aposentados.
É aqui que se pode sentir a presença e ação daqueles que percorreram e construíram os
caminhos da FAFI ao longo destes 50 anos, marcados por dificuldades, lutas, percalços,
conquistas e sucessos.
Tenho a convicção de que cada um, a seu modo e dentro das condições de possibilidade,
deixou a sua marca, a sua contribuição.
Muitos destes - que gostariam, com certeza, de vivenciar, de compartilhar este momento
de confraternização - já não estão mais de corpo presente entre nós. A eles nosso
reconhecimento e gratidão.
Outros, como eu, não estão mais na linha de frente, mas continuam acompanhando a
trajetória da FAFI e vibrando com suas conquistas. Com efeito, aqui passamos boa parte de
nossas vidas, aqui fizemos amizades duradouras, aqui trabalhamos lado a lado com
professores e funcionários que já partiram e com colegas que continuam tripulando a nave-
FAFI; a estes nossa solidariedade.
Nós, aposentados, somos passageiros do tempo, passamos; outros nos substituíram, mas
também passarão enquanto professores, funcionários, agentes transeuntes. Todavia a
FAFI, enquanto instituição, prosseguirá em sua rota desempenhando a sua função
precípua, formadora de recursos humanos, mormente de professores, para as cidades
irmãs, para a região e para o país, cumprindo sua missão de educadora das jovens
gerações.
À FAFI, muitos séculos de vida, são os votos dos aposentados neste ano de 2010”.
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ACERVO: FAFI
“Saúdo com emoção e alegria os fundadores da FAFI, diretores, professores, familiares dos
homenageados, autoridades educacionais, políticas e religiosas, comunidade em geral e a
comunidade acadêmica da FAFI 2010.
Parece que foi ontem... eu era uma aluna entre tantas do Curso de História... turma de
1974! O tempo passou e retornei à FAFI como professora. Quanto orgulho! Ensinar na
Instituição que me deu suporte para a minha vida intelectual e profissional. Poder conviver
e continuar aprendendo com meus professores e diretores, na condição de colega. Foi uma
honra e certamente me tornou uma pessoa melhor. Aprendi com vocês que a FAFI, desde
sua fundação, teve destaque especial na Educação e no Ensino Superior no Paraná.
Aprendi também que nossa responsabilidade e compromisso com esta Instituição
extrapola os interesses pessoais. Aprendi com vocês que a comunidade acadêmica da FAFI
sempre foi uma família, unida e forte, como um “feixe de varas”... talvez por estarmos
inseridos numa cidade interiorana, talvez por que era uma instituição pequena na época,
mas com certeza pelos laços de amizade, compromisso e respeito de uns para com os
outros.
A Família FAFI cresceu, estão aqui, é a vocês quero homenagear agora. Alguns, com
mais tempo de trabalho... outros, iniciando! Alguns, meus colegas de estudo... outros,
meus ex-alunos dos quais, muito me orgulho; alguns, filhos de União da Vitória e Porto
União; outros, filhos de cidades distantes, mas todos assumindo a FAFI como sua
Instituição, abraçando o compromisso assumido com seriedade, competência e união.
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E eu continuo aprendendo com os colegas da velha guarda e com os colegas jovens que
com sua impetuosidade nos impulsionam para as mudanças e a modernidade.
Somos uma grande equipe unida pelos mesmos ideais voltados ao investimento
pedagógico educacional, que é: esclarecer e orientar os nossos alunos para que possam
transitar ao longo de sua vida, procurando adequá-la aos valores positivos de modo a
respeitar o valor central que é aquele dá dignidade a pessoa humana, individuo, ou
comunidade. Imbuídos destes valores continuamos sendo um “feixe de varas”, não varas
idênticas, cada qual com suas características mas, unidas entre si, as quais ajustadas umas
as outras tornam o feixe tão resistente que ninguém as pode quebrar.
Um pensador anônimo compara a amizade com as estrelas, e aqueles que não têm
amigos com os cometas, que vem e vão, não permanecem nem iluminam. O importante
é ser como as estrelas. Permanecer! Clarear! Estar presente! Ser luz! Ser calor! Ser vida!
Ser amigo é ser estrela! E ao homenageá-los quero dizer que vocês são amigos
estrelas em minha vida. Muito obrigada!”
“Senhoras e Senhores,
Boa noite.
É com imensa satisfação, que estamos comemorando nesta noite, 50 anos de atividades em
nossa Faculdade, uma data sem dúvida nenhuma marcante, histórica, pois não é qualquer
instituição que consegue se manter durante 50 anos ininterruptos em uma atividade tão
nobre como é a de uma instituição de Ensino. Por isso que venho agradecer, de maneira
muito especial, a presença dos amigos da FAFI que aqui se encontram, amigos não só de
União da Vitória e Porto União, mas também de outros municípios, pessoas que sabem
reconhecer o papel desta tradicional Instituição de Ensino Superior, amigos que de uma
maneira ou de outra souberam contribuir para o crescimento da Instituição FAFI e assim
também contribuíram para o desenvolvimento da região, na qual a FAFI se faz
constantemente presente, seja através de professores formados por ela ou seja através de
projetos que executa em diversas áreas.
Obrigado à imprensa em geral pelo apoio, pela divulgação da FAFI, grande parcela desse
sucesso devemos a vocês, sempre seremos gratos.
Um abraço muito fraterno e nosso sincero agradecimento aos homenageados, como tenho
dito, se hoje a FAFI completa 50 anos, vocês foram os primeiros responsáveis por esse
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sucesso e por isso temos que ser eternamente gratos a vocês, muito obrigado. Vocês
merecem.
Obrigado aos responsáveis pelo sucesso da FAFI hoje, nossos professores, agentes
universitários, estagiários e demais colaboradores, hoje vocês são as peças fundamentais
para a manutenção deste sucesso e sei que podemos contar sempre com vocês, sem
exceção todos são importantes e necessários para a Instituição, obrigado pelo apoio que a
Direção tem recebido de vocês.
FAFI 50 anos: uma vida de realizações, uma vida de crescimento, enfim, uma vida, vivida
para Porto União da Vitória e região, 50 anos contribuindo para o desenvolvimento
regional, formando o que há de mais essencial para o crescimento de um povo, formando
profissionais de educação, assim é a FAFI, que já formou mais de 7000 professores, e com
certeza continuará formando muitos mais e assim continuará contribuindo para o
desenvolvimento de nossa região e nosso pais, assim é a FAFI que possui hoje 2000
acadêmicos entre graduação e pós-graduação, que possui 78 docentes, que possui 30
mestres, 09 doutores e 12 doutorandos, que possui 13 funcionários e 20 estagiários,
pessoas que atuam com seriedade e dedicação, onde todos procuram desempenhar o
melhor possível suas funções dentro das limitações tanto financeiras quanto estruturais
que enfrentamos,que não medem esforços para colaborar, participar e vibrar com a
instituição.
Dá orgulho ter gente assim, assim é a FAFI com seus acadêmicos participativos, dedicados,
empenhados, interessados em aprender em participar em colaborar não só com a FAFI
mas, com a educação como um todo, dá orgulho ter gente assim. Assim é a FAFI, ter como
parceiros todos vocês que admiram, que apóiam, que prestigiam e que gostam da nossa
Faculdade, também, dá orgulho ter gente assim. Esta é a receita para o sucesso da FAFI ter
amigos, ter bons profissionais e o mais importante ter bons alunos. E eu Valderlei Garcias
Sanches, sinto um enorme orgulho de estar como Diretor da FAFI assim, completando
cinqüenta anos de existência, então, eu também acredito que todos vocês, e nossos
municípios parceiros sentem: QUE DÁ ORGULHO TER A FAFI AQUI. Muito obrigado.”
Algumas Considerações
A comemoração dos 50 anos da FAFI foi marcada por momentos de emoção e de muita
alegria a todos que dela participaram homenageando ou sendo homenageados. Além das
homenagens, foi feito o lançamento do Selo Comemorativo dos 50 anos, com o qual são
seladas as correspondências da Instituição neste ano do cinqüentenário. Também marcou
este momento especial o Jantar de Confraternização oferecido aos professores,
funcionários e seus familiares com a participação também de professores e funcionários
aposentados desta Faculdade e, assim, passado e presente entrelaçaram-se, ora com
rememorações, ora com projeções sobre o futuro da nossa querida FAFI.
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Testemunhos orais, assim como qualquer outra fonte histórica, são dotados de
subjetividade, hoje é ponto comum na historiografia que nenhuma fonte escrita
simplesmente descreve fatos e acontecimentos de forma neutra tais quais como
aconteceram. Essa subjetividade que assombra no trabalho com fontes escritas é muito
bem vinda nas fontes orais, elementos tais quais como emoções, cotidiano e a
subjetividade é um dos méritos e dos grandes trunfos dos testemunhos orais:
A importância do testemunho oral pode estar, muitas vezes, não em seu apego
aos fatos, mas antes em sua divergência com eles, ali onde a imaginação e o
simbolismo desejam penetrar. Em suma, a história não é apenas sobre eventos,
ou estruturas, ou padrões de comportamento, mas também sobre como eles são
vivenciados e lembrados na imaginação. (THOMPSON, 1992, p. 184)
Eu fiz magistério, escola normal, escola professora Amazilia, ela existe ainda.
A minha mãe achava que eu tinha de fazer escola normal porque naquela
época professora era a profissão ideal para mulher, porque ali além de você
ser professora, aprendia também a ser dona do lar, então a formação dela,
minha mãe foi assim: a mulher foi educada para cuidar de crianças e cuidar
do lar. (MARLI B. BEZZERA)
Uma formação educacional anterior é requisito básico para o ingresso no Ensino Superior.
A educação feminina esteve por muito tempo vinculada as escolas normais ”No século XX,
as mulheres vão aumentando os níveis de escolarização, através do ingresso nas escolas
normais, que vinham se difundindo desde a segunda metade do século XIX”(CARDOSO,
2003, p.113). A maioria de nossas entrevistadas frequentaram esse tipo de escola devido
principalmente a estímulo direto da família, que viam o magistério como caminho
socialmente aceito na formação educacional feminina, ou por estímulo indireto por ter na
família outros membros que já exerciam essa profissão.
No entanto, é importante destacar que duas das entrevistadas: Iracema Lazier e Lili
Matzembacher fizeram a escola de Comércio, espaço predominantemente masculino,
rompendo assim com a lógica de que as mulheres caberia apenas o estudo na Escola
Normal. Quando não era possível romper com essa lógica tentava-se burlá-la, como no
caso de Marli:
Quando eu fui para o ginásio eu queria fazer escola técnica de comercio, eu fiz
dois anos, mas como minha mãe queria que eu fizesse escola normal, eu fiz os
dois cURSOS juntos, só que daí a escola de eu fiz só até o segundo ano porque
tava muito puxado, eu não tava conseguindo, eu não fazia bem nem um nem
outro, e daí eu comecei a gosta da escola normal e acabei desistindo da escola
de comercio.(MARLI B. BEZERRA)
O depoimento de Marli Bazzo Bezerra vem de encontro ao que nos diz Bassanezi (1997)
sobre a obediência e respeito que as moças dos anos 50 deveriam ter para com a família,
pois no primeiro momento ela só optou por fazer a Escola Normal em virtude do desejo de
sua mãe. Assim como o desejo de sua família, para as jovens da década de 50 “As
expectativas sociais faziam parte de sua realidade, influenciando suas atitudes e pesando
em suas escolhas”. (BASSANEZI, 1997, p. 608), o fato de o curso Normal ser mais bem
aceito socialmente também pesava na escolha feminina.
Fiz Faculdade não apenas para adquirir mais conhecimento, mas para eu ter
algo mais, pensando também no futuro, não por ser mulher. Naquela época
mulher não precisava tanto, mas precisava sim, então minha visão era assim:
tanto para eu ter conhecimento, mas pra eu olhar assim pro lado profissional
mais completo, uma formação profissional. (MARLI B. BEZERRA)
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A minha entrada na faculdade foi há 40 anos atrás e as moças não eram muito
de estudar, eu tenho colegas que são da minha época que não faculdade, que
lecionaram como eu que não fez faculdade, porque elas não queriam mais,
achavam que o magistério já era suficiente, a mãe não incentivava, essas
pessoas antigas que acham que mulher não precisava de muito estudo, ah!
Mas a minha vó não, minha vó era do tempo antigo mas achava que estudo
era importante.(LENIRA M. OTTO)
O ingresso no ensino superior em nossa cidade foi condicionada pelas limitações desse
grau de ensino, visto que a Faculdade até o ano de 1967 só ofertava os cursos de História e
Pedagogia. Essas limitações terminaram por condicionar as escolhas profissionais dessas
mulheres, considerando que cursar História nem sempre se mostrou desejo inicial; como
demonstra a seguir nossas entrevistadas:
Entre nossas entrevistadas que tinham desejo de ingressar em outra áreas do ensino
superior, que não as ofertadas no espaço das “cidades gêmeas”, prevalecia o desejo pela
área da saúde para Marli Bazzo Bezerra e Lenira Maia Otto que nos conta que até seus 14,
15 anos sonhava em ser enfermeira. Esses sonhos acabaram por não se concretizar por
fatores financeiros, pois ir estudar em Curitiba acarretava muitos gastos para ás famílias.
Um outro fator limitador apontado por Marli era a vigilância familiar, pois seus pais não
permitiram a jovem ir morar sozinha em outra cidade. Nem as famílias e nem a sociedade
como um todo viam com bons olhos essa situação.
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Em virtude desses fatores essas mulheres terminaram condicionando suas escolhas de
formação profissional as ofertas disponíveis na FAFI, pois estavam limitadas, sobretudo
por condições relativas á opção por outros estados ou a capital do Estado, Curitiba.
A questão econômica foi um fator limitador desse desejo. Dessa forma, as aspirantes-a-
acadêmicas, que ingressavam na FAFI, o faziam, tanto por serem os cursos oferecidos pela
Faculdade aqueles que desejavam cursar, como também em decorrência da
impossibilidade de se deslocarem para fora da cidade para seguir as carreiras que de início
aspiravam.
Nossa pesquisa aponta para a situação de que a negativa por parte das famílias em
proporcionar as filhas oportunidade de se estudar fora poderia nos levar a falsa premissa
de que a educação feminina não era vista como algo importante pelas mesmas, o que, de
acordo com a memória de nossas entrevistadas, de fato não ocorria, é o que nos diz Lili
Matzembacher, Allegra Riesemberg e Glaci Chila e Silva:
(LILI MATZEMBACHER)
Minha família dava muito valor a educação feminina, mulher tinha que
estudar, tinha que ter os mesmo direitos que os homens, agente tinha toda
liberdade pra escolher estudar o que quisesse. (ALLEGRA RIESEMBERG)
Apesar das minhas avós serem analfabetas e de minha mãe e tia terem pouco
estudo, todos incentivavam para que as mulheres de minha geração
estudassem mais. (GLACI CHILA E SILVA)
A importância dada ao estudo por essas famílias demonstram que a busca pelo
conhecimento através da educação escolar permearam a educação familiar das
entrevistadas. Esse quadro nos mostra uma mudança de mentalidade no que tange a
educação feminina, que por muito tempo foi vista como desnecessária, principalmente a
nível superior, pois a aspiração suprema da mulher deveria ser o casamento e a
maternidade. ”O sexo feminino encontrava dificuldade consideráveis de acesso ao ensino,
pois a educação formal não era considerada necessária para as funções que iriam
desempenhar na sociedade” (DEMARTINI E ANTUNES, 2002, p. 70).
Partindo dessa relação, o curso de História poderia se apresentar como opção ao caminho
“natural” da Pedagogia. Mas só isso não nos é suficiente para entendermos o porquê dessa
escolha, as pessoas como seres plurais são impulsionadas por uma gama de fatores e
desejos pessoais que a levam a fazer determinadas escolhas, qualquer tentativa de
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entendimento que não leve em consideração essa pluralidade corre o risco de ser
reducionista.
Nas falas de Allegra e Marli, nossas entrevistadas, percebemos que a escolha pelo curso de
História foi impulsionada, sobretudo por desejos e aspirações pessoais:
Eu gostava, a minha família era toda voltada a história. Eu fiz História, eu fui
criada num ambiente de História, meu pai gostava muito de História, minha
mãe também gostava. (ALLEGRA RIESEMBERG)
Minha mãe nem queria que eu fizesse História, queria que eu fizesse
Pedagogia, mas ai eu me rebelei (risos).Fiz História porque gosto bastante,
sempre gostei da parte de pesquisa e me interessava muito pelos
acontecimentos históricos do mundo todo. E eu achava que era muito mais
interessante, que eu ia me sentir muito mais realizada fazendo História do que
Pedagogia. (MARLI B. BEZERRA)
Diante disso, logo de início deixamos claro que não falamos de uma única História, de um
único curso de História, de turma a turma ele se transforma, se reinventa, se renova,
avança ou regride. A cada nova turma que inicia, para nós, é como se nascesse um novo
curso, pois acreditamos que o mesmo não se faz unicamente por programas, livros ou
textos, o fator humano, dotado de toda subjetividade que o cerca é o que lhe dá vida, é que
lhe transforma em sujeito histórico.
Diante dessa concepção plural do curso de História, comecemos pelas memórias dos(as)
aluno(as) da primeira turma. Logo na primeira turma a quantidade de mulheres, duas, era
inferior a quantidade de homens, seis. Escolher o curso onde havia uma maior presença
masculina poderia ocasionar alguma forma de preconceito contra as mulheres, o segundo
nos conta Marli, não aconteceu:
As moças que faziam faculdade eram sim bem vistas socialmente, pelo menos
com relação a mim eu nunca tive problemas nenhuma, eu sempre fui elogiada,
as pessoas assim, estimulavam a gente, nunca tive preconceito de forma
alguma. (MARLI B. BEZERRA)
Uma outra forma de preconceito que poderia vir acontecer seria por parte dos próprios
alunos, pois poderia haver alguma diferenciação entre moças e rapazes, o que também não
aconteceu:
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Ah! O relacionamento em sala de aula era perfeito por que éramos duas moças
só eu e a Lili, então nós éramos as rainhas da sala, o relacionamento era muito
bom, nós éramos muito unidos, nos encontrávamos sempre,e acho que foi um
relacionamento muito bom. Uma turma pequena porque alguns foram
desistindo, então a turma ficou pequena, mas foi muito legal, muito bom, eu
tenho muita saudade daquela época. (MARLI BAZZO)
A maioria de nossas entrevistadas disseram não ter sentido ou presenciado qualquer forma
de preconceito contra as estudantes universitárias, pelo contrário, o fato de ser
universitária sempre foi visto como motivo de orgulho pelos familiares.A respeito de
opiniões da sociedade como um todo, apenas Marli Bazzo Bezerra e Lenira Maia Otto nos
falou da recepção positiva da sociedade ao fato de ser universitária: “Nossa! Era muito
bom! Ah! Você ta na faculdade!...”, segundo a entrevistada, muito além de não ser motivo
de preconceito, essa condição lhes dava um certo status perante a sociedade.
Um fato que comum a nossas entrevistadas, com exceção de Glaci Chila e Silva, é que,
quando de seu ingresso no ensino superior nenhuma delas era casada, dessas, apenas
Marli Bazzo Bezerra se casou ainda durante a realização do curso.
Esse quadro demonstra que o casamento não se configurava mais como aspiração suprema
feminina: “Na década de 1960 o casamento deixou de representar o principal objetivo das
jovens solteiras à medida que cada vez mais mulheres construíram projetos de vida não
mais vinculados exclusivamente a esfera privada” (LIMA, 2006, p. 18).
O fato de ainda serem solteiras pode ter sido um fator determinante para que essas
mulheres não fossem alvo de preconceito. Em contrapartida, a mulher que já estava casada
quando de seu ingresso no ensino superior e aspirava conciliar a profissão, o estudo e a
família, não era bem vista socialmente, é o que nos conta nossa entrevistada:
Essa associação entre trabalho, família e educação era vista como contraditória e de difícil
conciliação, por mais que já houvessem avanços significativos, ainda existia a visão de que
“a mulher devia ser mãe em horário integral, e conciliar carreira e casamento era visto
como prática quase impossível” (CARDOSO, 2002, p. 100).Essa foi exatamente a limitação
social encontrada por Glaci Chila e Silva. Por mais que tivesse apoio de sua família para
conseguir conciliar essas esferas de atuação, a comunidade a qual ela estava inserida não
via com bons olhos o fato da mulher deixar o espaço do lar para se dedicar a uma maior
formação educacional .
Mas para burlar essa pressão social Glaci vinculava a idéia de que todo sacrifício era feito
em vista de um ganho financeiro melhor, o que tornava o discurso socialmente aceito,
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
como nos diz Rocha-Coutinho (1994, p. 55), “A opção pelo trabalho prendia-se,
principalmente, á situação econômica da mulher, não se cogitando a respeito de sua
realização profissional”. Ou seja, para ser aceita socialmente a mulher teria que ocultar o
quanto é importante em termos de realização pessoal uma maior formação educacional e
profissional.
O fato das primeiras turmas terem tido um maior apoio e um desenvolvimento mais
efetivo de pesquisas e produção de conhecimento, também pode ser vinculado ao regime
político vigente no país a partir de 1964.
A própria jovialidade do curso e da Faculdade foi remetida por nossos entrevistados como
um fator limitante, pois, por mais que houvesse estímulo por parte dos professores, a falta
de estrutura, principalmente da biblioteca, que possuía um acervo limitado, dificultava a
realização de pesquisa e a confecção dos trabalhos exigidos em sala:
Estimulo até que existia só que nós não tínhamos muita fonte de consulta. A
biblioteca, no começo nós nem tínhamos biblioteca. Então nós começamos a
trabalhar também em cima disso pra formar uma biblioteca. Mas os
professores com certeza estimularam e com o passar do tempo isso ajudou,
concretizou, agente conseguiu forma a biblioteca e os professores
incentivavam sim a gente sempre ir pra frente. (MARLI B. BEZERRA)
A pesquisa naquela tempo era só a base de livro e biblioteca, era ali que você
achava o que queria, a biblioteca não era boa, não tinha muito exemplares de
cada livro por exemplo, se o professor dava um trabalho pra gente fazer, eu
cansei de ir em Curitiba procurar livros sabe. Porque aqui não tinha ou se
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
tinha a pessoa emprestava, ia lá renova, ia lá renova e os outros ficavam na
mão, então... (LENIRA M. OTTO)
Por mais que a falta de acervo fosse um fator limitante, podemos perceber através do relato
de Lenira Maia, que à vontade e o desejo de adquirir novos conhecimentos superava essa
dificuldade, pois ela não se curvava a limitação e se deslocava até a capital Curitiba para
adquirir exemplares de livros que não tinha a disposição na biblioteca. No que diz respeito
a pesquisa, outra importante lembrança emerge na fala de nossa entrevistada:
A montagem do museu de Porto União envolveu sem dúvida uma grande atividade de
pesquisa, na qual se inseriu, de acordo com Lenira M. Otto, boa parte dos alunos da turma,
que auxiliaram, tanto doando objetos seus, como conseguindo com amigos e parentes a
doação de outros objetos.
O estímulo existente por parte dos professores citado principalmente por entrevistados das
primeiras turmas, para que o aluno se envolvesse em pesquisa, pode ser constatado através
do livro de Ata do Departamento de História. Em reunião realizada no dia 09 de maio de
1964 podemos perceber a preocupação dos professores do departamento com a formação
dos alunos, visto que foram assuntos da pauta da dita reunião: “uma melhor forma de
ampliação do aproveitamento escolar, com o fim de incentivar o estudo e a pesquisa
histórica” e também a “organização de uma exposição de valores históricos brasileiros,
principalmente regionais”.
O fato das primeiras turmas terem tido um maior apoio e um desenvolvimento mais
efetivo de pesquisas e produção de conhecimento, também pode ser vinculado ao regime
político vigente no país a partir de 1964, que segundo Glaci Chila e Silva, de alguma forma
interferiu no curso e na Faculdade como um todo:
A forma como emerge essa lembrança de Glaci Chila e Silva a respeito da formação
recebida em tempos do regime militar vem de encontro a fala de Ecléa Bosi (1994, p. 55)
que, baseada no pensamento de Halbwachs nos diz que “Lembrar não é reviver, mas
refazer, reconstruir, repensar, com imagens e idéias de hoje, as experiências do
passado”.Isso nos fica bem claro na fala de nossa entrevistada, quando ela nos diz que “só
mais tarde pode concluir, ou comprovar”, que a formação recebida era diretamente afetada
pelo regime.Ou seja, só através de experiência adquirida, de novas concepções do que seria
o regime militar, é que essa lembrança passou a ter a significação que atualmente possui.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
A influência do Regime Militar no curso de História também pode ser percebida através do
livro de Ata, pois nas reuniões de junho de 1964 e agosto de 1966 foi colocado em pauta as
atividades a serem realizadas na Semana da Pátria.
A confecção de trabalhos foi algo que marcou a memória de Marli Bazzo e Lenira Maia
Otto, que respectivamente em seus relatos fizeram referência a trabalhos escolares
realizados pelas mesmas, o que nos mostra quão significativos foi o conhecimento
adquirido na confecção desses trabalhos:
...Éramos poucos alunos, e ficou um país da América do sul pra cada aluno, e
caiu pra mim a Venezuela, eu fiz um trabalho tão lindo, e eu tirei 10 no
trabalho. O trabalho tinha tudo da Venezuela, mapa, divisão, localização, a
língua de casa região, as raças de casa região, mandei fazer um mapa da
Venezuela na capa. (LENIRA MAIA OTTO).
Nós fizemos viagem (que eu lembro) nós fomos pra Vila Velha em Ponta
Grossa, viajamos pra Palmas, pros campos de Palmas e alguns lugares por
perto. (MARLI B. BEZERRA)
Fizemos que eu me lembre uma viagem de estudo, pra São Mateus do sul pra
estudar a usina do xisto pirobituminoso , e outra pra ponta grossa lá na vila
velha, pra estudar aquelas formações rochosas, os Campos Gerais, eu fui nas
duas viagens. (LENIRA M. OTTO)
Aqui tinha um sitio arqueológico no Rio Vermelho e nós fomos, fomos assistir
nesses salões de candomblé, fomos fazer um estudo, fomos com meu pai que
era professor de história do Brasil, pra ver a influência do africano, fomos
também até Ponta Grossa lá pra Vila Velha. (ALLEGRA RIESEMBERG)
Ô... era uma coisa maravilhosa porque naquela época nos recebíamos aqui o
presidente da UNE, era muito movimentado, nós tínhamos o diretório, nós
fazíamos reuniões, dentro do nosso curso nós tínhamos o ÚNICA (união cívica
acadêmica)Então ali agente trabalhava, lutava pra ter mais cursos na
faculdade, e também pra alguns professores melhorarem, porque era o
começo. Então era difícil pra todo mundo. Fazíamos teatro, inclusive eu
participei de muito teatro, então eu acho que foi assim uma coisa muito
interessante e por ser a tanto tempo atrás, 40 anos atrás, eu acho que nós
éramos muito “pra frente”. (MARLI B. BEZERRA)
Quanto à política estudantil tenho alguma lembrança. Tive, por exemplo, dois
colegas que eram políticos – gostavam muito de política – e eram totalmente
opostos. Um tinha idéias comunistas (Hermógenes Lazier) e o outro idéias
mais liberais (Alcides Fernandes Luiz) que, alguns anos mais tarde viria a ser
Prefeito de União da Vitória. Havia Diretório Acadêmico sim. Dele participei
algumas vezes. Foi nesse período que a Biblioteca da FAFI foi organizada e,
após enquête realizada pelo Diretório Acadêmico, entre os alunos, foi-lhe dado
o nome de „Didio Augusto‟. O nome de „Dr. Alvir Riesemberg‟, dado ao
Diretório Acadêmico, também é daquele período. Lembro que, através do
Diretório Acadêmico, foram organizadas competições –campeonatos
estudantis- de futebol. Eu jogava, então, na ponta direita e o Lazier na ponta
esquerda, coincidentemente. (ULYSSES SEBBEN)
Uma mostra de como era ativa a política estudantil pode ser percebida no livro de chamada
do ano de 1961, quando no dia 28 de Abril desse ano foi anotado no livro de presença que
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
não houve aula em virtude de greve feita pelos alunos.
A lembrança das atividades desenvolvidas na política estudantil foi sem dúvida as que
despertaram maior sentimento de “saudosismo” nos nossos entrevistados detentores
dessas memórias. A atuação nesse espaço demonstra a percepção do espaço acadêmico
como privilegiado para atuação social. Através de constante atuação política, os
acadêmicos lutavam por melhorias no curso e na Faculdade, promoviam jogos, atividades
de cunho cultural e científico e intercâmbio de conhecimentos com estudantes de outras
cidades que também atuavam na política estudantil.
A ativa participação das duas mulheres da turma de 1963 nos mostra mais um aspecto de
ruptura proporcionada pela atuação no espaço acadêmico, pois a política não era um local
onde se via com grande frequência atuações femininas.
No que diz respeito as demais turmas, como dito anteriormente, acreditamos que o
contexto político nacional tenha de alguma forma colaborado para esse “desaparecimento”
da política estudantil. No entanto não possuímos elementos suficientes para apontá-lo
como único ou principal motivo. Acreditamos que essa diferença pode também estar
vinculada as divergências existentes entre uma turma e outra. Também não descartamos a
possibilidade de sua existência, talvez de uma forma diferenciada, menos ativa em virtude
do regime político, e que por isso acabou por não deixar “marcas” na memória de nossas
entrevistadas.
Já com dezessete anos eu fui nomeada, comecei a dar aulas pra crianças e
naquela época pra 1ª, 2ª e 5ª série num salão só. Mas antes mesmo de
terminar a faculdade eu comecei a dar aulas na escola normal também, e fui
secretária da escola também. (MARLI B. BEZERRA)
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Todas as mulheres que fizeram o curso normal atuavam professoras, e as duas que fizeram
a Escola Técnica de Comércio também atuavam em sua área de formação. A busca por
autonomia, inclusive financeira, impulsionou o desejo, o por vezes a necessidade de
trabalhar. No entanto, conciliar a vida de profissionais e estudantes, às vezes não se
mostrava uma tarefa fácil, como nos conta Lenira Maia Otto:
Eu fui nomeada por interior, eu dava aulas em, são 60 km daqui, não tinha
asfalto nem nada, passei no concurso do estado, mas fui nomeada pra General
Carneiro, mas ia de ônibus, daí chegava aqui,7:50,8:00hs da noite, 60 km,
saía de lá 5:00horas quando terminava a aula,pegava o ônibus, quando
chovia chegava 8:00,8:30, 9:00. Eu saí do ônibus que parava na avenida,na
principal avenida, ia ali na pastelaria que ficava em frente a Lojas Estrela,
comia um pastel e ia pra Faculdade, só chegava 11:00 horas da noite em casa,
até que eu não tava agüentando, eu ia perder a faculdade, porque eu tava
perdendo as primeiras aulas, porque a aula começa as 7:00hr e as vezes eu
chegava 7:30,8:00 horas,já perdia as primeiras aulas, então o que eu fiz, fui
falar com o inspetor, na época inspetor de ensino e pedi pra ele marcar uma
audiência pra mim com o secretario de educação, porque o secretario daquela
época dava muita prioridade pros professores que estudava, se aprimoram, eu
fui falar com ele! Ah!.. Que você vai falar com o secretario da educação em
Curitiba? Eu vou! Eu cheguei lá com a cara e a coragem, cheguei, marquei a
entrevista e na hora tava lá na frente do gabinete do secretário de educação,
entrei. O quê que traz a senhorita aqui? Ele falou pra mim. Eu me expliquei
pra ele que eu trabalhava, que eu dava aula, de manhã, aí eu ia pra General
Carneiro e daí voltava a noite, tava atrapalhando meu curso, tava perdendo
aulas e não queria perder o curso, vamos ver o que podemos fazer pela
senhora... quer ser inspetora escolar? Quer trabalha na inspetoria, eu disse, eu
quero, então a senhora vai ser inspetora auxiliar de ensino em Cruz Machado.
Eu ia uma vez por mês fazer reunião, e no fim do ano fazer prova. A turma
não acreditou quando cheguei lá com o papel, eu fui sempre decidida, quando
eu quero uma coisa eu vou atrás. (LENIRA MAIA OTTO)
No caso relatado por Lenira Maia Otto, o trabalho estava atrapalhando a realização do
curso, rompendo barreiras e indo contra o caminho mais fácil de abandonar uma das
atividades ela buscou uma saída conciliatória, recorreu a instâncias superiores e acabou
por alcançar o seu objetivo de exercer concomitantemente as duas atividades. Esse caso em
específico demonstra quão era importante a realização dessas duas atividades. De uma
maneira definitiva, a formação educacional e a profissionalização passaram a fazer parte
do cotidiano feminino.
Se o trabalho já fazia parte do cotidiano dessas mulheres, em que medida podemos dizer
que o curso de História foi importante para sua profissionalização?
A medida em que por mais que o trabalho já fizesse parte de seus cotidianos, a formação
em nível superior proporcionou a abertura de novas possibilidades, novos espaços de
atuação feminina:
Eu gostava do primário, mas eu queria dar aulas de 5ª a 8ª, até por incentivo
financeiro porque dar aula de 5ª a 8ª, você ganha por aula, e no ginásio você
pode pegar, 20,40 horas e melhorava o seu ordenado. (LENIRA M. OTTO)
O meu sonho era ser professora, mais não poderia exercer, por causa da
minha atividade, eu era funcionaria federal, e não podia ter outra atividade.
Depois de liberaram que podia eu já estava desatualizada, não podia, mas
lecionar, teria que fazer um outro curso, porque professora tem que está
sempre atualizada. Meu sonho da vida foi ser professora... Mas em todo caso o
curso me ajudou, pois eu pude fazer um concurso interno que exigia curso
superior e eu tinha. (IRACEMA LAZIER)
Depois que me formei em História fiz um concurso e passei pra dar aula de 5ª
á 8ª, Eu gostava de dar aula de 5ª a 8ª, e dar aula pra essas turmas só foi
possível graças ao curso de história. (ALLEGRA RIESEMBERG)
Lili Matzenbacher, que juntamente com Iracema, era a única a não ter feito Escola Normal
e por isso a não exercer o magistério anteriormente, depois de formada atuou como
professora inclusive dando aula na própria Faculdade, juntamente com seus colegas de
turma Marli Bazzo e Joaquim Osório.Ulysses Sebben também acabou se tornando
professor da Faculdade.
Para essas mulheres, a formação educacional e profissional que já possuíam, e que era
considerada por muitos mais que suficiente, não lhes bastava, isso fica bem claro na fala de
nossas entrevistadas:
Os depoimentos dessas duas entrevistadas são utilizados para ilustrar como todas as
mulheres participantes dessa pesquisa tinham o desejo de não se acomodar em papéis
tradicionalmente vinculados como femininos, de ir além, “Muitas mulheres acabaram por
perceber que os papéis tradicionais de esposa e mãe não davam a elas nem a realização
nem o reconhecimento que esperavam” (ROCHA-COUTINHO, 1994, p. 116).O depoimento
de Glaci Chila e Silva nos deixa claro por mais que a esfera familiar fosse importante para
essas mulheres, ela não era fator limitador, por isso a busca por novos espaços.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos reportando ao tempo e espaço ao qual se fixou a pesquisa percebemos que à abertura
da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras em União da Vitória proporcionou a
oportunidade de prolongamento de estudo para as mulheres que consideravam que a
formação a nível secundário não mais supria suas aspirações intelectuais e profissionais.
A opção de nossas entrevistadas pelo curso de História e não Pedagogia, visto que a
maioria de nossas entrevistadas haviam feito escola normal, nos dá uma dimensão de seus
desejos por novos conhecimentos, por uma formação diferenciada que lhe proporcionaria
também a oportunidade de atuar profissionalmente em novos espaços.
Ao analisarmos a trajetória de cada uma de nossa entrevistadas durante sua passagem pela
faculdade, e especialmente pelo curso de História, pudemos perceber que a formação
vivenciada por essas mulheres não foi única, variando de turma a turma. Cada uma delas
passou por experiências ímpares, mesmo as que estudaram em uma mesma turma
vivenciaram de forma diferente momentos semelhantes, e isso não nos deixa esquecer que
o coletivo é formado por uma série de individualidades.
É válido ainda ressaltar a diferença que se observou entre uma turma e outra, sendo que,
para nossa surpresa, foi nas primeiras turmas que encontramos um maior envolvimento
dos acadêmicos com a política estudantil, com a pesquisa, dentre outros temas. O que só
nos serve para reafirmar que a história não é feita por evoluções lineares.
A busca pelo ensino superior marcou a vida dessas mulheres, que indo muito além dos
papéis tradicionalmente tidos como femininos de mães, esposas e professoras primárias,
romperam barreiras e buscaram esse novo espaço de formação educacional e intelectual,
que lhes proporcionou uma atuação profissional bem mais ampla.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
REFERÊNCIAS
BASSANEZI, Carla. Mulheres nos anos dourados. In: DEL PRIORE, Mary. (org.) História
das mulheres no Brasil. 2 ed. São Paulo: contexto 1997.
BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: lembrança dos velhos. São Paulo: Companhia das
Letras. 1994.
FREITAS, Sônia Maria de. História oral: possibilidades e procedimentos. São Paulo:
Humanitas/FFLCH USP/ Imprensa Oficial do Estado, 2002.
ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. Tecendo por trás dos panos: a mulher brasileira
nas relações familiares. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.
THOMPSON, Paul, A voz do passado: História oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
“Se pude enxergar mais longe, é porque me apoiei nos ombros de gigantes” (Newton)
A realidade brasileira nos mostra que o ingresso na universidade pública é uma conquista
de poucos. Isso está ligado a vários fatores, especialmente, a formação precária obtida no
ensino fundamental e médio e as vagas limitadas oferecidas gratuitamente pelos cursos
superiores.
Escrevo este texto olhando, sentindo e participando das angústias de alunos do ensino
médio que estão prestes a tomar tal decisão. Ha se pudéssemos passar para eles um
pouquinho da sensação de escolher um curso, prosseguir nele e construir uma carreira,
uma vida toda de alegrias, frustrações e conquistas que resultaram dessa decisão.
Bom, a minha escolha, não menos cheia de dúvidas, foi pelo curso de Geografia (1999-
2002). Mas o que ela estuda?3 O que irei aprender e ensinar? Enfim, a responsabilidade de
entrar em um curso de uma instituição pública e os desafios existentes para a formação de
nossos (futuros) alunos/cidadãos, possui um peso considerável.
2 Formado em Geografia pela Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de União da Vitória.
Especialista em Geografia: gestão ambiental e desenvolvimento regional, pela mesma instituição. Mestre em
Ciências Sociais Aplicadas: desenvolvimento urbano e regional, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.
Doutorando em Sociologia: ruralidades, meio ambiente e desenvolvimento, pela Universidade Federal do
Paraná. Professor de Geografia do Instituto Federal do Paraná – campus Paranaguá.
antonio.haliski@ifpr.edu.br
3 Conforme o professor José Bueno Conti, titular do departamento de Geografia da USP, a Geografia é uma
ciência que tem como objeto de estudo o espaço geográfico em suas várias escalas. Entende-se como espaço
geográfico o espaço natural modificado permanentemente pelo homem através do seu trabalho e das técnicas
por ele utilizadas. Cabe, então à Geografia o estudo do espaço natural e sua evolução, as modificações por ele
sofridas, provocadas pelo homem, e as relações humanas existentes nesse espaço. A Geografia é uma ciência
dinâmica e se caracteriza pela interação entre as ciências naturais e humanas.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Dificilmente nos lembramos dos conteúdos que tivemos nas disciplinas, mas, isto sim, das
atitudes ou posturas de nossos professores. Pode-se citar como exemplos: a seriedade,
pontualidade e até uma formalidade das aulas dos professores Koschinski e Ozires; a
elegância da Edilamar; a interatividade das aulas do “Paulo Preto”; a complexidade em
entender o professor Marcos (não as aulas); os exemplos mirabolantes e descontraídos do
Gilberto e o desejo pelo conhecimento extrapolado pelo Sérgio. Grandes professores e,
posteriormente, colegas de colegiado quando do meu ingresso como professor colaborador
na FAFI (2003 a 2005 e de 2006 a 2008).
Quatro anos de estudos, discussões, brigas que nunca faltam em uma turma de graduação,
risadas e debates calorosos até chegarmos ao grande dia “a colação de grau”. Aí temos uma
mistura de sensações entre o dever cumprido e a certeza que poderíamos ter explorados
mais conteúdos, aprendido mais, viajado, lido mais livros, perguntado mais ao professores.
Nesse momento sentimos de fato o peso de sermos titulados professores e o que isso pode
e vai representar em nossa vida.
Por fim, não restam dúvidas que os conteúdos ministrados pelos professores nas
disciplinas, as posturas e todas as discussões geradas nas aulas, nos corredores, nos
momentos de confraternizações, nas aulas de campo, entre outros, foram e são
ingredientes importantes na minha formação assim como de meus colegas.
São várias as situações que poderiam ser descritas, nesse momento. Porém, duas
experiências foram marcantes em minha formação. A primeira é a eleição para a escolha
de uma nova direção. A mobilização dos alunos empolgados por mudanças, os debates
gerados entre os alunos mediante as propostas dos concorrentes e a euforia de podermos
decidir nosso destino acadêmico. São momentos únicos e inesquecíveis.
As expectativas geradas pela nova direção foram atendidas: ampliação do prédio, pinturas,
compra de carteiras e cadeiras, quadra coberta, ampliação e modernização da biblioteca,
entre outros, deram uma nova cara e ânimo para a instituição. Os incentivos a participação
em eventos e congressos começaram se fortalecer, porém, faltavam recursos financeiros. A
criação do Instituto de Ensino Pesquisa (IEPS) supriu, na medida do possível, essa falta de
infraestrutura e possibilitou publicações periódicas das revistas Luminária e Ensino e
Pesquisa, assim como, passou a ofertar cursos de especializações (em maior quantidade e
qualidade)4.
4 Segundo Fagundes (2005), a FAFI promove desde 1986, cursos de pós-graduação “Latu sensu”. No início os
cursos eram ofertados mediante convênios com outras instituições. A partir de 1994 a Faculdade começou a
gerir e ministrar os cursos contando com um corpo docente próprio e também de outras instituições como,
por exemplo, UFPR, UEPG, UFF, UEL, UEM, UNICAMP, USP, UNISINO, entre outras. Também pode-se
citar os cursos de mestrado em Geografia e em Métodos numéricos firmados através de parcerias com a
UFPR.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
A criação do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEPS) foi um dos marcos da “nova FAFI”. Ele
propiciou o contato dos recém formados com professores de outras instituições como a
Universidade Estadual de Ponta Grossa e Universidade Federal do Paraná, via cursos de
especialização. Essa foi a minha segunda experiência marcante pois, assim como
centenas de outras pessoas, tive acesso ao aprimoramento profissional.
Vários alunos de pós graduação despertaram para a pesquisa através desse contato com os
professores/pesquisadores que lecionaram nos vários cursos oferecidos pela FAFI. Era
quase nulo o número de professores da FAFI com mestrado ou doutorado. A chegada de
professores titulados nos despertou o desejo de aprofundarmos nosso conhecimento e
avançarmos para outras “escalas hierárquicas” do conhecimento. Foi nesse momento que
tive a sensação que podia mais, e obtive motivação para tentar o ingresso no mestrado.
Isso ocorreu naturalmente após a tentativa no Programa de Pós-graduação em Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG (2005-2007).
Aqui já se evidencia a importância que as mudanças na FAFI acarretaram na vida dos seus
acadêmicos e professores.
3.0Práticas de professor/pesquisador
A prática da pesquisa esta sendo implantada gradativamente nos cursos da FAFI. Isso
possui um grande peso na formação dos futuros professores. A parceria IEPS (via cursos
de especializações) e colegiados (Geografia, Letras, História, entre outros) viabiliza o
aperfeiçoamento de professores recém formados. Assim, temos os cursos formando o
professor (com algumas incursões a pesquisa) e as especializações encaminhando o mesmo
para ser um pesquisador.
Acreditamos que a FAFI está conseguindo essa união pesquisa-ensino, sem dualismos (ou
pelo menos busca superá-los). Os encontros de iniciação científica, mostras de pós-
graduação, revista Luminária, revista Ensino & Pesquisa, coleção Vale do Iguaçu, cursos de
especialização, cursos de mestrado, aulas práticas, entre outros, são ingredientes
indispensáveis e com valores imensuráveis para atingirmos um desenvolvimento
intelectual, social, econômico e ambiental.
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4.0 Conquistas pessoais
A formação que obtive esta propiciando várias conquistas. Inicia-se com a conclusão da
graduação; soma-se a esse feito a realização da especialização, a conclusão do mestrado e,
mais recentemente, meu ingresso no doutorado na Universidade Federal do Paraná (2009)
cuja história dispensa apresentação.
Profissionalmente posso citar meus trabalhos desenvolvidos nos colégios Nilo Peçanha,
Visão, São José; Santa Cândida e Dona Branca do Nascimento Miranda, em Curitiba; no
ensino superior, no nível de graduação: FAFI; na especialização: orientações de
monografia na FAFI e UNIGUAÇU assim como aulas ministradas, na ultima instituição;
adquiri experiência no ensino à distância lecionando nos cursos Normal Superior e
especializações em Geografia do Brasil, Epistemologia da Geografia e Tendências
Metodológicas no Ensino da Geografia, na EADCON – Sistema Educacional (possui cerca
de 200 mil alunos). Atualmente sou professor em regime de dedicação exclusiva do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná – campus de Paranaguá.
Desde que a lei 11.892 foi sancionada 31 Centros Federais de e Educação Tecnológica
(Cefets), 75 Unidades Descentralizadas de Ensino (Uneds), 39 Escolas Agrotécnicas, 7
Escolas Técnicas federais e 8 Escolas Vinculadas a universidades deixaram de existir para
formar os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
O futuro...quem sabe? Mas alguma coisa é certa, muito trabalho, dedicação e empenho não
faltarão para levar o nome da nossa instituição onde quer que eu vá. Possivelmente
firmaremos muitas parcerias voltadas à pesquisa e ao ensino continuando a trilha deixada
por nossos antecessores.
Falar da nossa casa é sempre difícil. Neste texto procurou-se trazer alguns elementos,
atores, um pouco de história e de vivência de uma experiência particular. O objetivo disso
tudo é evidenciar uma história em movimento e mostrar o peso que decisões coletivas e
individuais acarretam em nossa vida. Bem, enquanto alunos, somos moldados pela FAFI e
isso permanecerá em nós enquanto vivermos. O peso da história e da geografia são
marcantes em nossas vidas. A FAFI é o gigante que nos sustenta e nós eternos alunos,
professores e pesquisadores ancorados nessa base sólida.
Referências
O Coral FAFI iniciou suas atividades em maio de 2001, sob coordenação do Professor Ms.
Marcos Antonio Correia, do Colegiado de Geografia, da FAFIUVA. A primeira
apresentação, de caráter experimental, aconteceu em 08 de novembro de 2001 na I Mostra
Científica da FAFIUVA. A apresentação oficial ocorreu na solenidade de formatura dos
acadêmicos da FAFIUVA, nos dias 21 e 22 de dezembro do mesmo ano.
No ano de 2010, o Coral FAFI ampliou suas atividades através do projeto “A música na
escola: uma possibilidade didático-pedagógica de inclusão social”, o qual atende vinte
escolas públicas nos municípios de União da Vitória, Porto Vitória e Paula Freitas.
No decorrer da realização deste trabalho, além das atividades de ordem teórica acerca da
musica, ficaram evidentes as implicações do Coral FAFI no cotidiano dos integrantes,
como recurso motivador, capaz de atuar nas dimensões pessoais de forma positiva na
elevação da auto-estima; interpessoais, como recurso sociabilizador; e ainda como agente
integrador entre Ensino Superior e comunidade. Quanto à metodologia, foi adotada a
pesquisa de opinião exploratória, através da aplicação de entrevistas diretas semi-
estruturadas e bibliográficas para a fundamentação teórica.
O Coro é o mais antigo entre os grandes agentes sonoros coletivos. Antigos documentos, do
Egito e Mesopotâmia, revelam-nos a existência de uma prática coral ligada aos cultos
religiosos e às danças sagradas, como aponta Eduardo Fonseca (2010).
Para este autor, o termo Choros possui um sentido bastante amplo e no decorrer da
história passou por diversos significados. “Em sua origem grega, Chóros, representava
um conjunto de aspectos que, somados, iam ao encontro do ideal do antigo drama grego
5Mestre em Geografia pela UFPR, Especialista em História do Brasil pela FAFIUVA. Professora do Colegiado
de Geografia e História da FAFIUVA. soeli8@yahoo.com.br
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de Ésquilo, Sófocles, e Eurípedes. O conjunto consistia em poesia, canto e dança”.
(FONSECA, 2.010). Nos registros da história do canto coral da Liga Artística Cultural do
Alto Uruguai:
Ainda no que se refere à Grécia Antiga, o coro se apresentava como uma organização
perfeitamente estabelecida e a ele era dada importância nas funções sociais “... e diz
respeito aos grupos de cantores e dançarinos que uniam suas vozes para formar
melodias distintas entre si. Com esse povo, o coro ultrapassou os limites religiosos e
adentrou as festividades populares” (MONTTI, 2010). Neste sentido, ele tinha vida
própria, passando a ser considerado como uma das mais elevadas expressões do ser
humano.
Verifica-se que o coro cristão nasceu nas catacumbas de Roma sob o nome de
"Cantochão" (cantus planus). Fonseca (2010) ressalta que os primeiros cristãos não
conheciam uma melodia capaz de expressar a pureza de seus sentimentos, nem tão pouco,
um som que se prestasse às suas preces. Foi somente em 54 d.C quando o apóstolo Pedro
trouxe do Extremo Oriente melodias de triste beleza e casto entusiasmo, ligadas aos
cânticos sagrados dos judeus, que seu espírito penetrou de vez nas antigas melodias.
Quando o Imperador Romano Constantino se converteu ao catolicismo, a música cristã
conquistou sua liberdade.
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Cabe ainda salientar sobre a música cantada coletivamente no Ocidente, que esta foi
sistematizada pelo Papa Gregório I (590 - 604) e batizada com o nome de "Canto
Gregoriano": “A característica do canto gregoriano ou cantochão é a sua riqueza
melódica e a ausência de polifonia. É cantada uma única melodia em uníssono e tem o
ritmo livre, adaptando-se fielmente aos textos litúrgicos” (FONSECA, 2010).
De acordo com a Liga Cultural Artística do Alto Uruguai (2010), Martinho Lutero (1483-
1546), o empreender a Reforma religiosa, estabeleceu o uso do canto congregacional,
cantado pela congregação sem acompanhamento de órgão, cabendo ao coro ensiná-lo ao
povo. Entretanto, como a melodia vinha usualmente do tenor, tornava-se difícil aprendê-
la, limitando-se os fiéis pouco a pouco. Sob influência da música italiana, conferindo à
melodia lugar preponderante no conjunto de vozes, transferiu-a do tenor para o soprano,
reintegrado o coral em sua verdadeira função e permitindo sem dificuldade a prática do
canto congregacional. Nesse momento, pode-se considerar consolidado o coral, que
apresenta harmonização e ritmos próprios, texto em vernáculo e melodia no soprano.
Somente a partir do Século XV o coro começa a assumir a estrutura que tem atualmente:
“A prática antiga já estabelecia que qualquer agrupamento, por menor que fosse, tinha
que ser conduzido em unidade por alguém que mantivesse e guardasse essa unidade”
(FONSECA, 2010)
Segundo Monti (2010), a nomenclatura canto orfeônico (grupo de pessoas que cantam
juntas), foi utilizada pela primeira vez em 1833 por Bouquillon-Wilhem, professor de canto
das escolas de Paris. O termo seria uma homenagem ao Orfeu, deus músico da mitologia
grega, que está vinculado à origem mítica da música e à sua capacidade de gerar comoção
naqueles que a ouvem.
Orfeu é, na mitologia grega, poeta e músico. O deus, filho da musa Calíope, era o
mais talentoso músico que já viveu. Quando tocava sua lira, os pássaros
paravam de voar para escutar e os animais selvagens perdiam o medo. As
árvores se curvavam para pegar os sons no vento. Ele ganhou a lira de Apolo;
alguns dizem que Apolo era seu pai também representa o canto acompanhado
com a lira, ou a associação música-poesia, essa associação mitológica refere-se
também ao objetivo de transmitir valores morais e padrões de pensamento e
comportamento por meio das letras das canções. (MONTI, 2010).
No que concerne ao Brasil, o canto coletivo fez parte de forma marcante da política
educacional brasileira, ocupando um espaço significativo nas escolas, no início do século
XX, quando se acentuava a preocupação com uma produção artística de identidade
brasileira. O Brasil, mais especificamente na década de 1930/40, vivia a fase política de
Getúlio Vargas, onde os valores culturais apresentavam-se impregnados de nacionalismo.
Neste período desponta o compositor Heitor Villa-Lobos, que participou em três
movimentos do cenário musical brasileiro: “o movimento nacionalista, a divulgação da
música brasileira no exterior e o desenvolvimento da educação musical em diversos
níveis do sistema educacional.” (FUCCI AMATO, 2007, p.219).
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Ocorre o mesmo com o canto em conjunto, de perspectiva nacionalista, concebido por
Villa-Lobos, baseando-se nos elementos da cultura brasileira de sua época, visando à
formação moral, cívica e intelectual: “Nesse sentido, o compositor também desvelou a
perspectiva sócio-educativa do canto coral, que poderia do seu ponto de vista,
desempenhar papel fundamental na educação escolar, desde a infância”. (FUCCI
AMATO, 2007, p.81).
Sob iniciativa de Anísio Teixeira, então Ministro da Educação, Villa Lobos foi convidado a
conduzir os trabalhos com a música a nível nacional. Ele havia realizado no período
anterior um trabalho para a prefeitura de São Paulo, denominado de “Caravana Cultural”,
o qual levou a música por diferentes municípios do interior paulista. Nesta atividade, ele
vivenciou a necessidade de formar ouvintes brasileiros e, para tal, acreditava que o
processo deveria iniciar ainda na infância.
Ademais, para Villa-Lobos, a música era algo de grande importância nas escolas pelo fato
desta desenvolver habilidades artísticas. Sobre a questão, ele retrata este sentimento em
entrevista, concedida no ano de 1.934: “O ensino da música desde a escola primária, tem
sido feito criteriosamente, e há de concorrer para a formação, no futuro, de um público
capaz de saber julgar e apreciar os valores das obras e dos artistas” (SILVA, s.d., p. 152).
Foi superintendente do SEMA - Superintendência de Educação Musical e Artística (1932-
1941) que visava à orientação e ao planejamento do trabalho com a música nas escolas.
Neste órgão, foi responsável pela elaboração de um guia7 prático, em seis volumes, com
objetivo de orientar os trabalhos nas escolas. Coordenou a criação do “Curso de Pedagogia
da Música e Canto Orfeônico, ministrado pelo próprio Villa, surgindo daí o Orfeão dos
professores, fundado pela Sra. Constaça Teixeira Bastos” (SILVA, s.d., p. 125).
6“Entre 1930 e 1959, a partir do movimento modernista e do regime ditatorial, surgem os orfeãos e as
escolas cantaram o folclore nacional com um forte sabor de civismo e disciplina. O oposto do movimento
da Iniciação Musical que usava processos de musicalização sob a influência dos métodos ativos de
educação que estavam sendo propagados na Europa, Antonio Sá Pereira e Liddy Mignone desenvolviam
trabalhos baseados no método recreacional. Ernani Braga fundou e dirigiu o Conservatório de Música de
Pernambuco, dedicou-se ao estudo de folclore e organizou muitos festivais de corais” (OLIVEIRA, 2007,
p.54)
7No primeiro volume da obra, encontramos doze canções e marchas escolares (Meus brinquedos,Vamos
crianças, Vamos companheiros, Carneirinho de algodão, Soldadinhos, A jangada, Meu sapinho, Volta do
recreio, Ida para o recreio, Passeio, Vocalismo e Canção escolar); treze canções patrióticas (Canção cívica do
Rio de Janeiro, Meu Brasil, Brasil unido, Regozijo de uma raça, Canção do Norte, Brasil novo, Cantar para
viver, Desfile aos heróis do Brasil, Heranças da nossa raça, Meu Paíz, Tiradentes, Verde Pátria e Sertanejo do
Brasil); seis canções de ofício (O ferreiro, Canto do lavrador, Canção do operário brasileiro, Canção do
trabalho, A canção do marceneiro e Canção da imprensa); seis canções militares (Duque de Caxias, Deodoro,
Canção do artilheiro de costa, Mar do Brasil, Alerta! – canção do escoteiro e Saudação a Getulio Vargas); um
canto dos índios Parecis (Nozani-ná), O Canto do Pagé, a Canção dos artistas e o canto Dia de Alegria.
(FUCCI AMATO, 2007, p.216)
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Em relação à qualificação dos professores, em 1942 foi criado o Conservatório Nacional de
Canto Orfeônico, sendo regulamentado no ano de 1946. A partir desta regulamentação,
foram capacitados professores para trabalhar com a disciplina de música, a qual
foiincluída na grade curricular. O canto orfeônico também se difundiu em cursos
oferecidos por estabelecimentos de ensino especializados, como conservatórios musicais.
Segundo Fucci Amato (2008), os “corais constituem-se, ao mesmo tempo, como grupos de
aprendizagem musical, desenvolvimento vocal, integração e inclusão social, sendo
ambientes permeados por complexas relações interpessoais e de ensino-aprendizagem”
(FUCCI AMATO, 2008). Sob este prisma, o regente do coral necessita desenvolver uma
série de habilidades, inter-relacionadas, não apenas no que se refere ao preparo técnico
musical, mas também à condução de um grupo que busca motivação, educação musical e
harmonia como grupo pessoal.
8 Foi compositor, professor e musicólogo alemão. Mudou-se para o Brasil em 1937 e tornou-se um dos
nomes mais influentes na vida musical no país. Conheceu e ficou amigo de Heitor Villa-Lobos e Mário de
Andrade. Em 1938 começou a ensinar música no Conservatório de Música do Rio de Janeiro. Na década de
1940, ajudou a fundar a Orquestra Sinfônica Brasileira, onde foi primeiro flautista. Participou da fundação da
Escola Livre de Música de São Paulo em 1952 e da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, em
Salvador (1954).
9 Dodecafonismo é um estilo composicional, englobado na música erudita e criado na década de 1920 pelo
compositor austríaco Arnold Schoenberg . Foi introduzido no Brasil pelo compositor Hans Joachim
Koellreutter . Foi amplamente utilizado no Brasil por diversos compositores como Guerra Peixe, Edino
Krieger e Cláudio Santoro. Na música popular, um dos maiores nomes do estilo é o paranaense Arrigo
Barnabé.
(Fonte: http://angesdemusique.blogspot.com/)
10Habilidades adaptadas de FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza. Estratégias empresariais e
Na dimensão educacional, o coro, para a maioria dos coralistas, é o primeiro contato com o
conhecimento musical. Deste modo, cabe ao regente desenvolver diferentes trabalhos de
educação musical, no que se refere aos conceitos históricos, sociais e técnicos.
Nas linhas subseqüentes, direcionaremos nossa análise para o Coral FAFI, relatando
algumas atividades realizadas durante os seus nove anos de existência.
Como mérito dos trabalhos realizados ao longo dos três primeiros anos, no ano de 2003 o
Coral FAFI teve sua inscrição na Liga Cultural Artística Alto Uruguai, possibilitando, a
partir desta data, a sua participação nos festivais de corais.
Na Liga, os corais são registrados de acordo com as seguintes classes: Mista (A1, A2, A3,
B1, B2) e Universitária; já as classes sem concorrência são: folclórica, livre e infanto-
11Sua ligação com a música iniciou-se ainda na infância. O pai tocou em bandas, cantou também na rádio,
participou de orquestras e corais. Começou, nos anos de 1970, com instrumento de percussão na Banda “Lira
do Iguaçu” dirigida pelo maestro Emílio Taboada Diez. No final dos anos 70, iniciou participação na Banda
Municipal de União da Vitória (Banda Emílio Taboada Diez). Em certa ocasião, veio de Curitiba, para a
região de Porto União e União da Vitória, o Maestro Aldo A. Hasse, aplicar um projeto junto aos professores
da Rede Estadual de Ensino, com objetivo de passar alguns conceitos de música para auxiliar na prática
pedagógica. Ele [Marcos], como estava no magistério, achou interessante e fez parte do projeto. Foi
convidado para cantar. Logo passou a ser monitor (o monitor ensaia as vozes). Participou de cursos de
aperfeiçoamento e especialização em canto, regência e música em geral. Formou corais infantis nas escolas
Bernardina Schleder, Astolpho Macedo Souza e Antonio Gonzaga. Cantou em grupos vocais e corais. Foi
regente do Coral Bento Mossurunga de Porto União.
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juvenil, as quais participam de festivais. Quando um coral misto se filia à Liga, pode optar
pela classe que concorra ou não nos festivais. Caso opte pela classe que concorra,
participará inicialmente na Classe B2. Para participar na B1, o coral deverá conseguir o
primeiro ou segundo lugar no festival da classe B2 e assim sucessivamente para as classes
A3, A2 e A1. Os dois corais que obtiverem as menores notas (ou faltarem) no festival,
passarão para a classe inferior.
O Coral Universitário FAFI, na sua primeira apresentação na Liga do Auto Uruguai obteve
o primeiro lugar. Desta forma, foi subindo de classe. No festival de Coral Universitário,
realizado em Joaçaba-SC, em quatorze de outubro de 2006, o Coral FAFI apresentou-se
com as músicas: Kyrie aut desc., The lion sleeps toning - Criatore L. Arranjo Peretti Weiss,
Lata d'água - Luis Antônio e J. Junior - Arranjo - Marcos Leite, obtendo o segundo lugar,
empatando com o Coral Univille de Joinville. Em primeiro lugar ficou o Coral
Universitário da Unisul de Tubarão e em terceiro lugar o Coral Uri de Frederico
Westphalen.
No que se refere aos festivais não organizados pela Liga, numa apresentação no município
de São José, próximo a Florianópolis, o Coral FAFI obteve segundo lugar competindo com
corais de grandes cidades, como o de Joinville. Para Rosane12 (2010):
O Coral FAFI participou, no ano de 2004, do Programa Paranização, criado pelo governo
do Paraná, que tinha por objetivo incentivar a questão artística e cultural. Vieram para o
município de União da Vitória, no período de 09-10-11 de outubro e 13-14-15 de novembro,
bailarinos, inclusive uma bailarina de Nova York, preparadores vocais e maestros. Este foi
um trabalho de parceria com o Teatro Guairá de Curitiba, o IEPS-Instituto de Ensino,
Pesquisa e Prestação de Serviços e a FAFIUVA. Foi o auge do coral nestes nove anos.
Ainda sobre a viagem para Curitiba, o regente do Coral FAFI, Marcos (2.010), relata: “No
período em que nos apresentamos em Curitiba, na época do projeto paranização, saímos
para um passeio pela cidade e estávamos num local, uma espécie de caverna, com um
túnel onde circulavam as pessoas. De forma descontraída começamos a cantar. Foi
interessante porque as pessoas que passavam pelo local iam gravando, fotografando”
(CORREIA, 2010)
12 Rosane Torres é funcionária da FAFIUVA e coralista desde o ano de 2006. Ingressou quando cursava
Letras nesta mesma Instituição de Ensino Superior.
13Eroni Fátima Cordeiro é moradora de União da Vitória e coralista desde 2004. Participa ainda do Coral
Bento Mossurunga.
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Outra atividade da qual o Coral FAFI fez parte foram as gravações natalinas, realizadas
para a TV local, com repertório especial. De acordo com Regiane14 (2010):
É preciso considerar, ainda, a importância dos ensaios para o resultado final do Coral.
Sobre este aspecto, o regente ressalta a necessidade da motivação, de tornar as aulas
dinâmicas, para cativar os integrantes. Em relação a sua prática ele destaca: “Na hora das
aulas do coral eu me transformo. Eu sou assim, um tanto contido e introspectivo, mas sei
que preciso animar o tempo todo. Para ajudar o pessoal, para organizar o grupo tem que
ser animado o tempo todo. Nos ensaios a sensação no final é sempre de que está faltando
tempo, que tenho que fazer mais”. (CORREIA, 2010).
Segundo o depoimento de alguns coralistas, o resultado dos ensaios não são imediatos, há
a necessidade de persistência. Para Andréia15 (2010): “É muito difícil começar no coral.
Você não consegue alcançar os mais adiantados. Não temos a mesma experiência de
cantar como a dos veteranos. Você não tem respiração, não tem base. O resultado não é
imediato, você só vê quando faz a apresentação em público” (SILVA, 2010).
No que concerne aos pontos positivos do Coral FAFI, Andréia (2010) destaca sua
contribuição na questão de qualidade de vida, de melhoria na saúde: “Hoje o coral para
mim é lazer, é saúde, porque eu sou professora e eu sempre ficava afônica. Agora pratico
as técnicas de respiração e isto está ajudando no meu trabalho” (SILVA, 2010). Outro
ponto destacado é a percepção da música sobre outro enfoque, com certo rigor de análise,
por parte dos coralistas, como pode ser observado na fala do Ilton16 (2010): “Com a
participação no coral a gente começa em casa a prestar atenção nas músicas. A questão
da musicalidade, até o gosto pelas músicas vai mudando. A gente vai tendo outra visão,
altera a preferência musical” (GUERIOS JUNIOR, 2010)
Ao lado disso, chama atenção o fato do Coral FAFI trabalhar com a subjetividade e com a
coletividade. Nota-se que existe um auto-conhecimento a partir da interação do grupo. Por
meio da voz, são desenvolvidas questões voltadas ao emocional, ao poder da criação. Como
pode ser confirmado através de depoimentos, como este a seguir:
15 Andréia de Fátima Silva foi coralista de 2001 a 2005, retornando no ano de 2009. Quando entrou no coral,
havia iniciado o curso de Biologia na FAFIUVA. Reside em União da Vitória.
16 Ilton Miranda Guerios Junior é acadêmico do Curso de Geografia da FAFIUVA e coralista desde o início de
2009.
17 Juliano Trevisan é coralista desde 2.005.
18 Camila Cardoso ingressou no Coral Fafi no ano de 2010.
19 Roberta Cordeiro ingressou no Coral Fafi no ano de 2.010. Faz parte da Banda Marcial do Túlio de França
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adoro o coral, me sinto feliz, porque estou realizando algo que gosto. Percebo que tenho
chances de realizar meu sonho” (CORDEIRO, 2010).
Podemos afirmar, diante dos depoimentos, que o canto coral se constitui em uma
significativa ferramenta para o relacionamento afetivo, como relatado pelo regente: “Na
época do projeto Paranização, o Danilo veio do Teatro Guairá ensaiar e acabou
apaixonando-se por uma das alunas do Coral FAFI. Estão casados até hoje” (CORREIA,
2010). Neste contexto da afetividade, inclui-se a questão familiar, pois acaba aproximando
as pessoas: pai e filho, mãe e filho, todos participam do Coral FAFI. Podemos confirmar
com o seguinte relato:
Ali no coral você se entrega, a partir do momento que todos estão participando
igual. Você pode entender o que é a música, não tem como passar esse
sentimento para alguém. É uma família. Todos têm problemas, a gente sabe.
Você pode estar igual aos outros é uma coisa muito legal. Tem muita gente que
não entende isso. Eu trouxe o meu filho para o coral e ele gostou. Isso é muito
interessante, as famílias estão vindo participar. (MOURA20, 2010)
Ainda sobre o aspecto familiar, Carlos21 (2010) relata: “Quando eu venho para o
coral, eu tenho possibilidade de dar atenção ao meu filho mais novo através de todo
sábado termos um compromisso juntos”.
Neste ano de 2010, a grande maioria dos integrantes veteranos do Coral FAFI não está
participando das atividades, devido a compromissos particulares. Diante deste fato, o
maestro está realizando um trabalho de base, é a fase da renovação. A meta é atender a
FAFIUVA e região
Outro ponto a destacar para 2010 é o trabalho de extensão, realizado com a comunidade
escolar do Ensino Fundamental, através do projeto “A Música na Escola: uma
possibilidade didático-pedagógica de inclusão social22“. As vinte escolas que integram o
projeto estão localizadas nos municípios de União da Vitória, Paula Freitas e Porto Vitória.
Fazem parte do projeto os docentes da FAFIUVA: Ms. Marcos Antonio Correia, Ms.
Gilberto Luis Gonçalves, Ms. Soeli Regina Lima e acadêmicos e ex-acadêmicos do
Colegiado de Geografia: Arion Marcelo dos Santos, Flavia Daniela Dohopiati, Regiane
Scheffer, Gislaine Carneiro de Campos, Márcia Arving e Maraline Chapula.
Este projeto busca a inclusão do maior número de alunos que estiverem em situação de
risco, portanto com IDH-M abaixo do padrão recomendado. Neste sentido, a música
caracteriza-se como meio condutor para uma educação integral, pois ela, com sua
linguagem universal, trans e interdisciplinar, apresenta possibilidades didático-
pedagógicas importantes para atender, além de conteúdos clássicos e/ou tradicionais,
conteúdos “ocultos” e formadores da cidadania, provocando sentimentos de identidade
social, artístico-cultural e política.
Pereira Souto.
22 As informações sobre “A Música na Escola: uma possibilidade didático-pedagógica de inclusão social”,
Considerações finais
Diante do exposto em nossa análise, fica evidente o relevante trabalho do Coral FAFI
nestes nove anos de existência, através do seu regente Ms. Marcos Antonio Correia, nas
questões voltadas para as dimensões pessoais, interpessoais e comunitárias. Para encerrar
gostaríamos de usar das palavras de Fucci Amato (2007) que refletem este trabalho:
REFERÊNCIAS
MOURA, Maria Eloísa Dias de. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União da
Vitória-PR, 24.04.2.010.
SILVA, Francisco Pereira da. Villa-Lobos. Cajamar-SP: Editora Três Ltda., s.d. (Coleção:
A vida dos grandes Brasileiros).
SOUTO, Carlos Gilberto Pereira. Entrevista concedida à Soeli Regina Lima. União
da Vitória-PR, 22.05.2.010.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
INTRODUÇÃO
Antes do curso de Licenciatura Plena em Química ser ofertado pela FAFIUV existia o curso
de Licenciatura Curta em Ciências que teve seu início em 1980 e formou a última turma em
2002. Os Professores Valdir Vieira e Marcos Joaquim Vieira fizeram parte do corpo
docente deste, o curso de Licenciatura em Ciências, ministraram aulas na área de Química
e produziram projetos que foram essenciais para a formação do curso de Licenciatura em
Química, como é o caso do projeto "Sabões e Detergentes".
Nas aulas com forte enfoque educacional, ministradas nesta instituição, o formando
assimila que ele deve refletir de forma crítica a sua prática em sala de aula, identificando
problemas de ensino/aprendizagem. Bem como, compreender e avaliar criticamente os
aspectos sociais, tecnológicos, ambientais, políticos e éticos relacionados às aplicações da
Química na sociedade. Além de conhecer e vivenciar projetos e propostas curriculares de
ensino de Química. Desta forma, adquirir atitude favorável à incorporação, na sua prática,
dos resultados da pesquisa educacional em ensino de Química, almejando solucionar os
problemas relacionados ao ensino/aprendizagem.
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PRIMEIROS DOCENTES E OS PRIMÓRDIOS DO CURSO
As atividades iniciais deste curso foram difícieis e complicadas visto que, várias disciplinas
existiam, devendo ser ministradas e o número de docentes para tal, inferior a
necessidades. Diversas foram às tentativas de contratação de professores colaboradores
para completar o quadro de docentes, as quais muitas vezes infrutíferas devido,
principalmente, ao fato do curso ser novo e pouco conhecido. Em parte, o curso neste
momento conseguiu sobreviver pela colaboração e perseverança de acadêmicos da
primeira turma que ministravam aulas para as séries iniciais. Outra colaboração
importante foi da Técnica de Laboratório Profa. Erna Gohl que ministrava as aulas de
laboratório, fato este que persistiu até o ano de 2009.
Alguns docentes foram efetivados, caso do Prof. Ms. Álvaro Fontana e do Prof. Ms. Maico
Taras da Cunha. Este último passou de forma meteórica pelo curso, pois logo após ser
contratado como professor efetivo transferiu-se para
Vários foram os professores colaboradores que fizeram e fazem parte do corpo docente do
colegiado, sendo que os primeiros doutores em química foram contratos somente em
2009.
Até o momento, o colegiado é composto por quatro professores efetivos, quatro professores
colaboradores e uma técnica de laboratório, conforme descrito na Tabela 1.
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LUMINÁRIA ESPECIAL: 50 ANOS DA FAFIUV 2010
Recentemente, as professoras Dra Dileize Silva e a Dra Sandra Regina de Moraes que
atuam como professora colaboradoras, estão em processo de contratação como docentes
efetivas do quadro, por terem sido aprovadas no concurso público em 2009.
COLEGIADO DE QUÍMICA
• Prof. Dr. Ourides Santin Filho da Universidade Estadual de Maringá, PR, que
apresentou a palestra “Teorias da Combustão: os trabalhos de Scheele, Priestley e
Lavoisier no século XVIII”.
• Prof. Dr. Attico Chassot, do Centro Universitário Metodista (IPA), que proferiu a
palestra intitulada “Das Disciplinas à Indisciplina: Um Caminho Inverso para a
Alfabetização Científica”.
Outro evento importante realizado por docentes do Colegiado de Química foi o "VI
Encontro Paranaense de Astronomia" – VI EPAST , realizado de 20 a 23 de agosto de
2009. Neste evento a Técnica Erna Gohl e a Profa. Dra. Sandra Regina de Moraes foram
respectivamente à organizadora e a coordenadora. Neste encontro vieram participantes e
palestrantes de diferentes cidades e estados brasileiros que exaltaram as atividades do
Colegiado de Química com o apoio de diferentes órgãos municipais e estatuais do estado
do Paraná.
• Curso de Extensão em Química Nuclear ministrado pelo Prof. Esp. Marco Aurélio
Bittencourt cuja carga horária é de 30 horas. Ao final do curso os participantes farão
uma excursão até as Usinas Nucleares de Angra dos Reis;
EX-ACADÊMICOS
O Colegiado de Química formou até o momento 120 Licenciados em Química, sendo que
no ano de 2006 foram formados 28 licenciados, no ano de 2007 foram 32 licenciados, no
ano de 2008 foram 36 licenciados e no ano de 2009 foram 24 licenciados. Estes dados
podem ser observados na Figura 1, onde se percebe que durante os três primeiros anos do
curso houve sempre um aumento no número de formandos em relação ao ano anterior.
Outro fator que puderam gerar dúvidas é o fato de que a maior evasão aconteceria com
acadêmicos do período vespertino (item B da Figura 1). E que quase a totalidade dos
acadêmicos que entraram no primeiro ano do período noturno (item C da Figura 1) são
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formados no após a conclusão do quarto ano do curso. Este fato na realidade não é
verídico, visto que vários acadêmicos do período vespertino ocupam as vagas de
acadêmicos evadidos do período noturno.
A menor porcentagem de acadêmicos evadidos aconteceu no ano de 2008 com 25% dos
acadêmicos egressos e o valor médio de evasão nestes quatro anos de curso formando
acadêmicos foi de 37,5%. Acredita-se que a evasão de acadêmicos do curso de licenciatura
em química é provocada por diferentes fatores, entre eles: a situação financeira dos
acadêmicos que muitas vezes têm que parar os seus estudos para auxiliar financeiramente
a família; pedir transferência para o período noturno quando consegue algum emprego; a
falta de professores, principalmente nos primeiros anos, desmotivando assim os estudos
desses acadêmicos.
A qualidade deste curso pode ser avaliada observando que profissionais formados nele são
atualmente alunos de cursos pós-graduação de outras instituições de ensino superior.
Entre eles é possível citar a educadora Lediane
Outro exemplo é o ex-acadêmico Hélcio Marcos Vileski que atualmente cursa o Mestrado
em Química Aplicada na área de concentração Físico-Química na Universidade Estadual
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do Centro-Oeste (UNICENTRO). Tendo como orientador o Prof. Dr. Mauro Chierici Lopes
na linha de pesquisa eletroquímica.
CONCLUSÕES
O curso de Licenciatura em Química, embora ainda esteja nos seus primórdios, tem
demonstrado ser um curso necessário para a região em que está inserido. Tem formado
acadêmicos que são aproveitados pelas instituições publicas e privadas de ensino básico da
região. Outros ex-acadêmicos desejando alçar vôos mais altos procuram instituições de
ensino superior que ofertam cursos de pós-graduação.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Prof. Ms. Marcos Joaquim Vieira pelas informações e ajuda
importante no tocante aos primeiros anos do curso de Licenciatura em Química da
FAFIUV que auxiliaram muito a produção deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MEC/ SESu. Padrões, Critérios e Indicadores de Qualidade para Avaliação dos Cursos de
Graduação em Química. Versão Portarias no 640 e 641. Brasília, junho 1997.
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