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A Galinha Perdida
I
Esta galinha tinha-se distraído e avançara para longe do pátio do quintal. Bica aqui, bica
acolá, à cata do escaravelho cascudo ou da minhoca tenra, perdera-se das companheiras e ai que
desceu a noite.
Por prudência, não se aventurou por descaminhos, ao calhar, apesar de a Lua prometer
boa companhia.
– Mais depressa chegarei amanhã, à primeira luz do alvorecer – disse de si para si a
galinha.
– Ainda se tivesse pintos à minha espera, arriscava, mas como os últimos que tive já
cantam de galo, não me ralo.
Procurou poleiro num ramo alto de uma árvore e, lá chegada, aninhou-se, nem que
estivesse em casa.
Ela a fechar os olhos de sono, quando sentiu uma restolhada, na base do tronco. Por
prudência, saltou para um ramo mais acima e esperou, de olhinho alerta.
Era a raposa, que farejava presa de apetite.
– Senhora galinha, onde está que não a enxergo?
– Estou onde estou e bem muito obrigada – respondeu a galinha, que não estava para
conversa.
– O seu estado põe-me em cuidado – persistia a velhaca.
– Com esta aragem da noite, ainda apanha um resfriamento.
– Não se preocupe e vá à sua vida, senhora raposa.
– Preocupo-me e muito. Anda tanta humidade no ar, que não há melhor abrigo do que a
capoeira. Quer que lhe indique o caminho?
A galinha nem respondeu. Teimava a raposa:
– Além do mais há o perigo das cobras… Se fosse a si descia donde está.
A galinha nem tugiu.
– O que mais me aflige é a sua saúde. Aí em cima, parada ao frio, constipa-se, engripa-se,
ganha febre… Não terá já?
– Sou capaz de ter – disse a galinha, só para dizer qualquer coisa.
– Então desça que eu lhe tiro a temperatura e ausculto e examino a garganta. Tenho estudos
de medicina veterinária, não sabia?
– Desculpe, senhora raposa, mas eu só me consulto com o meu médico – disse a galinha,
rindo-se por dentro.
– E quem é que a assiste, pode-se saber?
– É o Fiel, o cão da quinta, que eu mandei chamar e está aí não tarda.
A raposa alarmou-se:
– E ele virá?
– Já o oiço - disse a galinha.
– Sendo assim, vou-me embora eu, que não gosto de fazer concorrência a colegas de
profissão.
E a raposa fugiu, de rabo entre as pernas.
Mais sossegada, a galinha escondeu a cabeça na asa e adormeceu. Nem sempre a raposa é
a mais matreira…
António Torrado
In “História do Dia”
II
Depois de teres lido com atenção o texto, responde às perguntas de forma correcta e
completa.
1- Indica:
a) o autor do texto:___________________________________________________
b) o título do texto:___________________________________________________
b) no espaço:_______________________________________________________
III
Responde, agora, ao que te é pedido sobre o funcionamento da Língua Portuguesa.
a)- depressa:_________________________
b)- aragem:__________________________
c)- prudência:__________________________
a)- desceu:____________________________
b)- frio:__________________________
c)- escondeu:_____________________________
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5- Retira do texto um ditongo oral e um ditongo nasal.
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IV
Produção de Texto