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BRASIL.

M I N I S T É R I O DO IMPÉRIO
MINISTRO ( JOSÉ FERNANDES DA COSTA PEREIRA JÚNIOR )
RELATÓRIO DO ANNO DE 1887 APRESENTADO Â ASSEMBLÉA

GERAL LEGISLATIVA NA 3 a
SESSÃO DA 2 0 * LEGISLATURA.
( PUBLICADO EM 1888 )

INCLUI ANNEXOS.
R E L A T Ó R I O
APRESENTADO

Á ASSEMBLÉA GERAL LEGISLATIVA


NA.

TERCEIRA SESSÃO D A M I A LEGISLATURA


PELO

MINISTRO E S E C R E T A R I O DE E S T A D O DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO

RIO DE JANEIRO
IMPRENSA NACIONAL

1888
í n d i c e dos a r t i g o s

DO

RELATÓRIO N S I S 1 M M « « 1 liPERIO

APRESENTADO E M M A I O D E 1888

PACS.

Família Imperial 1
Conselho de Estado 3
Assembléas Provinciaes 4
Câmara Municipal da Corte 5
Negócios Eleitoraes 13
Instrucção P u b l i c a lõ
Instrucção P r i m a r i a e Secundaria:
I Instrucção Primaria 19
II Escola Normal -. 22
III Imperial Collegio de Pedro II 31
IV Curso Nocturno para o Sexo Feminino 37
V Exames Geraes de Preparatórios 38
Instrucção superior:
I Escola Polytechnica 40
II FacuLIade de Medicina do R i o de Janeiro 44
III Faculdade de Medicina da Bahia 51
IV Faculdade de Direito do Recife 56
V Faculdade de Direito de S. Paulo 60
VI Escola de Minas de Ouro Preto 61
VI
PA.08.

Asylo de Meninos Desvalidos 64


Instituto dos Meninos Cegos 65
Instituto dos Surdos Mudos 67
Academia das Bellas Artes 68
Conservatório de Musira ~1
Bibliotheca Nacional 72
Imperial Observatório do Rio de Janeiro 75
Archivo Publico 76
Academia Imperial de Medicina 77
Imperial Lyceu de Artes e Officios da Sociedade Propagadora das Bellas
Artes 78
Imperial Lyceu de Artes e Officios da Bahia 80
Museu Escolar Nacional 81
Commissão Central Brazileira de PermutaçOes Internacionaes 82
Negócios Ecclesiasticos S2
Estabelecimentos de Caridade:
Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro 86
Imperial Hospital dos Lázaros..." 87
Naíuralizações .1 88
Saúde Publica 91
Secretaria de Estado 114
Orçamento e Créditos 115
Augustos e Digníssimos Senhores És Ja lago

JO.MEADO por Decreto de 10 de março próximo findo para o cargo dc


Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império, venho c u m p r i r
>o que a lei determino, apresentando a vossa esclarecida apreciação o
Relatório do que occorreu durante o intervalloda ultima sessão legislativa
em referencia aos negócios de que estou incumbido.

FAMÍLIA IMPERIAL

Por motivo da moléstia de que foi acommetlido Sua Magestnde O Imperador,


outorgou a Assembléa Geral pela L e i n. 3318 de 28 de junho do anno próximo passado
o consentimento de que trata oart. 104 da Constituição, afim de que Aquelle A u g u s t o
Senhor Se ausentasse do Império durante o tempo preciso para tratar de Sua preciosa
saúde.
A 30 do dito mez, Suas Magestades Imperiaes e Sua Alteza o Príncipe Senhor
D. Pedro Augusto partiram para a Europa a bordo do paquete Gironde, sendo
acompanhados pelo Medico da Imperial Câmara Visconde de Motta M a i a .
-,T-

o
«

A Sun Alteza o Senhor D. Pedro Augusto foram concedidos, por Alvará de 23 do


mesmo mez, seis mezes de ücençu. Prorogou-a por igual tempo o Alvará do 1" de
dezembro do anno findo.
Chegados ;i L i s b o a com feliz viagem, Suas Magestades e Sua Alteza, depois
de curta demora, foram por terra paro Puriz c mais tarde para Badcn-Baden. Em se-
guida a conselho dos médicos, que julgaram conveniente a residência do Imperador
em Connes, ahi permaneceram algum tempo Suas Magestades, dirigindo-se depois
para Florença, onde se acham actualmente.
Com a mais viva anciedade e a expressão dos mais fervorosos votos ao Altís-
simo a Nação aguarda o regresso de Sua Magestade O Imperador.
A saúde de Sua Magestade A Imperatriz, assim como a dc Sua Alteza o Senhor
D. Pedro Augusto, não tèm soffrido alteração.
As homenagens de subida consideração e apreço prestadas pelos Chefes dos
Estados e pelas mais notáveis Instituições publicas e particulares do velho mundo
á Pessoa de Sua Magestade O Imperador, si enchem de legitimo orgulho o coração
do povo brazileiro, não menos lhe despertam cordial e perduravel reconheci-
mento.
S u a A l l e z a O Príncipe Senhor D. Augusto, promovido a Segundo Tenente da
Armada Imperial por Decreto de 17 de dezembro de 1S87, continua embarcado no
cruzador Almirante Barroso.
Os outros filhos do Senhor Duque de Saxe, os Senhores D. José e D. L u i z ,
permanecem na E u r o p a .
Tendo sido autorizado p e l o a r t . 15 da L e i n. 3349 de 20 de oitubro de 1887 a
entregar ao Senhor Duque de Saxe, segundo as cláusulas do respectivo contrato
matrimonial e as Leis n. 166 de 29 de setembro de 1840 e n . 1217 de 7 de julho
de 1S64, a quantia necessária para pagamento do dote promettido a sua fallecida
Esposa a Princeza Senhora D. Leopoldina, vae o Governo desempenhar-se desse
encargo de conformidade com o parecer das Secçües reunidas dos Negócios da F a -
zenda e do Império do Conselho de Estado, que consultaram a tal respeito, e de
acordo com o procurador bastante do mesmo Senhor Duque de Saxe. O dito pagamento
deverá effectuar-se pelo padrão monetário da L e i de 1846, subdividida a respectiva
importância, por maneira que a quota dos Príncipes brazileiros D. Pedro e D. Augusto
lhes seja entregue em apólices da divida publica, e a do usufruetodo Senhor Duque
de Saxe seja convertida em títulos de credito, cuja alienação ficará dependendo de
annuencia deste Ministério.

Acham-se terminados os trabalhos de medição, demarcação e tombamento das


terras devolutas que têm de constituir o patrimônio dotal de Suas Altezas a Sere-
nissima Princezn Imperial Senhora D. Isabel e Seu Augusto Esposo o Senhor
Conde d ' E u , faltando apenas o octo da entrega dos últimos terrenos medidos e o
levantamento da carta geral de todo o patrimônio.
Esse patrimônio, estabelecido pela L e i n. 1904 de 17 de oitubro de 1870, 6 de 93
léguas quadradas e foi localisado nas províncias de Santa Catharina e do Paraná,
de conformidade com o art. 2° § único n. 6 da L e i n. 2348 de 25 de agosto de 1873.
A pretençfio de Suas Altezas os Srs. Conde e Condessa d'Aquila, concernente ás
fazendas aue possuíam na província do P i o u h y e ás terras mencionados no respe-
ctivo contrato matrimonial, depende ainda de deliberação da Assembléa Geral, que
procederá com o costumado acerto, si resolver de prompto esta questão.

CONSELHO DE ESTADO

Continua esta importante instituição a prestar os mais valiosos serviços á


administração geral do Estado.
Quasi todos os meus predecessores tèm feito ver a necessidade de uma reforma
que separe no Conselho de Estado as attribuiçôes políticas das administrativas;
dê força decisoria e executiva ao voto desse Conselho em matéria contenciosa,
traçados com clareza os limites da respectiva jurisdicção; regule a fôrma do p r o -
cesso e julgamento dos recursos, e distribua com a possível igualdade o trabalho
entre as Secções, creando uma especial para os negócios que correm pelo Ministério
da Agricultura, Commercio e Obras Publicas.
Sem deter-me no desenvolvimento das idéas concernentes a este assumpto, o
qual tem sido largamente explanado em alguns dos Relatórios sujeitos á vossa
esclarecida apreciação, seja-me permittido insistir na urgência de dotar o Conselho
de Estado com uma s ecretaria que se encarregue do respectivo expediente ; forme
um centro onde se reunam todos os papeis de consulta ; prepare-os para o estudo
das Secções, colligindo os dados e antecedentes que possam esclarecer a matéria s u -
jeita a e x a m e ; coordene e classifique as consultas sobre questões resolvidas e dirija
a respectiva publicação. Os resultados desta providencia, ha muito solicitada no
interesse do bom andamento e regularidade do serviço, compensarão certamente a
despeza, que aliás não será avultada, si a repartição se organizar com exiguo
pessoal tirado de algumas das Secretarias de Estado.
4

O Decreto legislativo n. 3259 de 30 de maio de 1885, que ordenou a publicação dos


pareceres do Conselho de Estado, nfio teve ainda cumprimento por falta de c o n -
signação orçamentaria para occorrer á correspondente despeza.
Por actos de 14 de março ultimo foram designados: o Conselheiro Manoel Francisco
Correia, com exercício na Secção da Guerra e M a r i n h a , para servir cumulativamente
na do Império e Agricultura durante o impedimento do Conselheiro João Alfredo
Correia de Oliveira, Presidente do Conselho de Ministros, e o Conselheiro Henrique de
Beaurepaire R o h a n para ler exercício na da Guerra e Marinha durante o impedimento
do Conselheiro L u i z Antônio Vieira da Silva, que fora nomeado Ministro e Secretario
de Estado dos Negócios da M a r i n h a .
F o r Decreto de 25 do mez próximo findo foi nomeado Conselheiro de Estado
extraordinário o E r . Domingos de Andrade F i g u e i r a .

ASSEMBLÉAS PROYINCIAES

Em todas as províncias, excepto a de Matto-Grosso, funccionaram em 1887


as respectivos Assembléas Legislativas.
Não se reuniu a de Matto-Grosso, porque compareceram apenas seis de
seus membros no dia I o
de julho, marcado para a reunião, e ainda numero
insufficiente nos dias I de setembro e I de novembro, para os quaes fura successiva-
o o

mente adiada, não o tendo sido novamente por ser o mez de novembro o penúltimo
do 2 anno do biennio.
o

Também foram adiadas: por falta de numero legal na época da reunião, as


Assembléas das províncias do Pará, Piauhy, Goyaz e Santa Catharina; por m o -
tivos de ordem econômica e financeira, as da Bahia e R i o de Janeiro; e por
não estarem ainda concluídos os trabalhos da eleição dos respectivos membros, a
do R i o Grande do S u l ; occorrendo ainda, quanto a esta, a impossibilidade do
comparecimento de alguns de seus membros que também fazem parte da A s s e m -
bléa G e r a l .
As Assembléas das províncias do Maranhão e da P a r a h y b a foram adiadas
depois de alguns dias de sessão. Segundo informaram os Presidentes destas provín-
cias, foi tomada aquella providencia: quanto á primeira, por terem os membros da
minoria declarado pela imprensa que não mais compareceriam ás sessões, e não po-
derem os da maioria por si sós formar casa, declarando igualmente que d e i x a v a m
5

de comparecer; c quanto a segunda, porque, nos poucos dias em que funccionara,


nfio seoccupou dos negócios de maior importância e utilidade, t a e s c o m o a voloçfio
das leis annuas e de outras tendentes ao melhoramento do credito publico, p r e s u -
mindo o Presidente da província que o resto da sessSo seria inteiramente estéril.
P a r a a votaçSo das leis annuas e de outras importantes, foram prorogadas as
Assembléas das províncias do Amazonas, Rio Grande do Norte, Parahyba e Alagoas.
A da B a h i a , apesar de prorogada por duas vezes, encerrou-se s e m ter votado as
ditos leis.
Na província de Sergipe nenhuma lei foi votada durante o periodo da sessfio, em
que apenas se reuniram os membros da Assembléa durante tresdias, interpolados.
Suscitando-se na interpretação de vários artigos do Acto A d d i c i o n a l freqüentes
duvidas, que sSo origem de embaraços na m a r c h a regular da administraçSo dos
províncias, accenlua-se a necessidade de fixar a intelligencia de taes disposições.
Como base de estu Jo, lembro o projecto que, em 15 de j u l h o de 1870, submetteu á
consideração da Assembléa Geral um dos meus illustres predecessores.

CÂMARA MUNICIPAL DA CORTE

Esta corporação tem effectuado com regularidade as respectivas sessões.


Em oitubro de 1886 remetteu ella a este Ministério a m i n u t a do contrato que
pretendia celebrar com José Alfredo da Cunha Vieira & C o m p . , suecessores dos
proponentçs Vieira, Penfold & Comp., para abertura de uma r u a entre a da
Prainha, em frente a ladeira de Felippe Nery, e a travessa do Conselheiro Saraiva,
e para o alargamento da r u a Nova de S. Bento.
Pela cláusula 7* desse contrato, entendida de acordo com a cláusula 9 ,
a

facultava-se aos concessionários a desapropriação de todos os prédios incluídos


no plano de um e outro melhoramento, comprehendida nfio somente a parte neces-
sária para execução das obras, como também a restante área dos terrenos e suas
edificações.
O contrato autorizava a construcçâo de um caes na Praça Vinte e Oito de Setembro,
entre o A r s e n a l de Marinha e o tra piche Mauá, para o serviço de passageiros e cargas,
permittindo aos concessionários cobrar pelo desembarque destas u m a taxa mínima
previamente estipulada de acordo c o m a I l l m a . Câmara; autorizava ainda " o
estabelecimento de u m a l i n h a de carris de ferro simples ou d u p l a na r u a que se pro-
6

jectavaabrir; finalmente isentava os concessionários do pagamento do laudemio


devido pela primeira venda dos terrenos utilisados nas obras.
O Ministério do Império, por julgar que algumas desvantagens exigidos
pelos proponentes nSo eram da competência do Governo, deixou de prestar o seu
assentimento; attendendo, porém, a" reconhecida utilidade dos projectados melhora-
mentos, destinados a facilitar o transito e o movimentode cargas em uma importante
zona commercial da cidade, submetteu & consideração da Assembléa Geral todos os
papeis concernentes ao assumpto.
A portaria de 7 de junho do anno passado, que encontrareis no annexo --v, contém
os razões desta resolução.
Em 15 do mesmo mez de junho reiterou-se á Illma. Câmara a ordem expedida
por Portaria de 11 de maio dc 1836 afim de promover os meios judiciaes competentes,
solicitando do Governo as providencias que entendesse necessárias, para que ces-
sasse o abuso de permanecerem no terreno especialmente cedido para prolongamento
da rua do Dr. João Ricardo, antiga de SanfAnna, diversas casas em péssimas con-
dições hygienicas, construídas sem licença da municipalidade e com infracção m a n i -
festa das respectivas posturas. Nova ordem no mesmo sentido foi expedida a 17 de
setembro. Não se tendo, porém, levado a effeito o que, assim, reiteradas vezes fora
determinado pelo Governo, chamou este Ministério, por Portaria de 27 de a b r i l ultimo,
a attenção da I l l m a . Câmara para o assumpto, recommendando-lhe promptas e
enérgicos providencias para demolição das cosas construídas sem licença no
alludido terreno, afim de dar-se o devido alinhamento à mencionada rua do
D r . João Ricardo.
Com Aviso de 5 de julho foram remettidos á Câmara dos Srs. Deputados dois
requerimentos em que o engenheiro Tito Barreto Galvão, propondo-se rectificar
e alargar a rua Sete de Setembro, solicitou diversos favores, alguns dos quaes
foram julgados da competência da Assembléa Geral.
Tendo a I l l m a . Câmara Municipal submettido á approvação do Governo o con-
trato- que celebrara com Manoel Maria Bahiana para construcção de um tunnel,
que, partindo da rua da Prainha em frente á dos Benedictinos, devia terminar na parte
mais larga da rua da Saúde, próximo á praça de S. Francisco, foi elle approvado
por Portaria de 14 de julho, excepto quanto á cláusula 12 , que ficou dependente de
a

resolução da Assembléa Geral, por isso que, sem autorização do Poder Legislativo,
não podia o Governo decretar a desapropriação dos terrenos e prédios necessários,
com observância do processo da L e i n. 816 de 10 de julho de 1855.

Contra o referido contrato protestou o cidadão L u i z Bernardino Bittencourt


Freire como interessado no que, annos antes, celebrara a I l l m a . Câmara com
7

Antônio Domingues dos Santos Silva para flm idêntico e que fora considerado sem
effeito. Tendo a Câmara sustentado o seu ucto, recorreram dessa deliberação o
mencionado cidadão e o vereador Torquato José Fernandes Couto. O Ministério
do Império negou provimento aos recursos, decisão do qual recorreu Bittencourt
Freire, nos termos do Regulamento de 5 de fevereiro de 1842. A questão pende dc
parecer da SecçSo dos Negócios do Império do Conselho de Estado.
No A v i s o com que foi rcmettida cópia do contrato â Assembléa Geral afim
de resolver sobre a approvaçSo da cláusula 12 , informou o Ministério do Império
a

que a projectada obra é da maior conveniência, visto facilitar o movimento de


grande numero de vehiculos, que diariamente transitam por aquelles logradouros.
Por depender de favores cuja concessão compete exclusivamente ao Poder
Legislativo, declarou-se, por Portaria de 27 de setembro, não poder o Governo auto-
rizar o contrato, que a I l l m a . Câmara pretendia celebrar com a firma Costa
Ferreira & Comp., o D r . José de Góes Siqueira e Libencio Lupercio Baplista,
para construcção de duas galerias, communicando, uma a rua do Ouvidor com
a de Sete de Setembro, e outra a de Gonçalves Dias com a dos Ourives.
Por A v i s o de 27 de agosto representou o Ministério da Agricultura sobre a
urgência da desapropriação do prédio da r u a de S. Francisco de A s s i s n. 2, canto
da da Uruguoyano, por conta da companhia de carris de ferro V i l l a Isabel,
afim de cortar-se o angulo que formam as mencionadas ruas. Em relação ao
assumpto foram poraquelle Ministério expedidos os seguintes Decretos : n. 9073
de 3 de dezembro de 1SS3, que concedeu á referida companhia o direito de desapro-
p r i a r o prédio; n. 9134 de 16 de fevereiro de 1884, que approvou a planta
das obras projectadas, e n. 9597 de 5 de junho de 1886, que aceitou o re-
spectivo plano. Tendo sido remettidas á I l l m a . Câmara Municipal cópias authen-
ticas destes decretos e todos os documentos relativos ao processo determinado
pelos a r l s . 3 , 4 , 5° e 8 da Lei n. 353 de 12 de julho de 1845, declarou o Ministério
o o o

do Império, por Portaria de 2S de setembro, que, estando já praticados todos os


actos preliminares da desapropriação nos termos do citada lei, cumpria a m e s m a
I l l m a . Câmara promover sem demora o respectivo processo judicial, afim de rea-
lizar-se urna obra de ha muito exigida no interesse da segurança e commodidade
publica.

Em 19 de janeiro ultimo recommsndou-se de novo o cumprimento desta Portaria.


A ' v i s t a do que expoz a Câmara, em officio de 13 de setembro, relativamente á
conveniência de regularizar-se o alinhamento da r u a do Sacramento, alargando-a
do conto da rua do Hospício até o do Senhor dos Passos, ordenou-se-lhe, por Portaria
de 20 de oitubro, que mandasse levantar o plano da obra e a planta dos prédios nella
8

comprehenrlidos, de conformidade com o art. 2 da L e i n. 353 de 12 de j u l h o de 1S45,


o

eos rcmettesse a este Ministério, assim habilitando o Governo a resolver sobre


as desapropriações necessárias por utilidade m u n i c i p a l .
Enviados com oHicio de 25 de janeiro o plano e planta exigidos, declarou-se,
por Decreto n. 0892 de 7 de março do corrente anno, ser dc utilidade m u n i c i p a l a des-
apropriação do terreno oecupado pelas ruinas do prédio n. 226 da segunda das
mencionadas ruas, recentemente incendiado.
Por Portaria de 23 de novembro declarou-se á I l l m a . Câmara que só o Poder L e -
gislativo tinha competência para resolver sobre o requerimento que acompanhara
o seu officio de 27 dc oitubro antecedente, no qual o D r . Manoel Odorico Mendes e
José Antônio Ferreira Guimarães se propunham, mediante diversos favores, a abrir
duos ruas, partindo uma do lado scptcntrional da Casa da Moeda até a rua de
SonfAnna, em frente ú do Alcântara, e outra da rua do Riacliuelo até a do Barão de
Capanemo, em frente á do Morquez de P o m b a l .
Em 3 de janeiro foram remettidosá mesma I l l m a . Câmara Municipal, afim de
tomar na devida consideração, informando o Governo sobre o que resolvesse, cópias
de officios em que a Inspectoria G e r a l de ílygiene e o engenheiro a u x i l i a r da mesma
Inspectoria lembravam a conveniência dc aproveitar-se a opportunidade das obras
do prolongamento da antiga rua L u i z de Vasconcellos, hoje d e n o m i n a d a — d o Se-
nador Dantas — para dar maior largura á de Evaristo da Veiga, na parte correspon-
dente aos terrenos ainda não edificados que pertenceram ao convento de Nossa
Senhora da A j u d a .
Tendo a Alfândega do R i o de Janeiro informado que o trapiche da r u a da Saúde
n . 11 A não offerecia as necessárias condições em relação ú segurança publica, negou
o Ministério do Império, por Portaria de 23 de novembro, approvaçüo á licença
concedida pela I l l m a . Câmara a Mourão, Cunha & C o m p . para continuarem a
receber aguardente no dito trapiche. Desta decisão os interessados inlerpuzeram
recurso, que pende de parecer da Secção dos Negócios do Império do Conselho de
Estado.
Em officio de 18 de agosto submctleu a I l l m a . Câmara a approvaçüo do G o -
verno um acordo, proposto por alguns escrivães de paz c outros serventuários de
justiça, para serem substituídas por salários fixos as custas judiciarias a que
tivessem direito nos processos em que fosse parte n Municipalidade. Por
Portaria de 14 de janeiro declarou-se que o acordo não podia ser approvndo,
não só porque alterava a fôrma do pagamento dos salários dos serventuários
de officios de justiça, contrariando o disposto no rígimento de custas e o pre-
ceito da O r d . L . 1.°, T i t . 24, § 4 , como porque essa despeza, de natureza contin-
o
9

gente, podo ser molor ou menor, conforme n üilluencia ou escassez de processos;


outrosim, que, não podendo, por idênticas razões, subsistir ns autorizações a que
se referiam as Portarias de 27 de março de 1882 e 31 de junho de 1885, ficavam
revogados estes a c t o s convindo entretanto que a I l l m a .
; Câmara providenciasse de
modo que as custas dos processos em que decahisse fossem pagas sempre dentro dos
respectivos exercícios. E porque em petição posteriormente dirigida ao Governo, con-
siderando-se aggravados com a mencionada dccisSo, allegaram aquelles funeciona-
rios, entre outras razões aliás julgadas improcedentes, as dificuldades com que
lutavam para processar as suas contas, solicitou-se do Ministério da Justiço, por
A v i s o de 28 do dito m e z de janeiro, a adopção de providencias tendentes a sanar
quaesquer irregularidades que a t a i respeito oceorressem.
Em l i d e oilubro sujeitou ainda a I l l m a . Câmara á consideração do Governo
u m a proposta concernente a reforma do serviço dc numeração dos prédios, mediante
a nomeação de pessoal especialmente incumbido de sua execução. A ' vista do d i s -
posto no art. G°, § I , do Decreto n. -4309 de 31 de dezembro de 1868 e do parecer da
o

Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado em consulta de 27 de se-


tembro de 1882, a que se refere a Portaria de 15 de dezembro do mesmo anno, decla-
rou-se, por Portaria de 20 do dito mez, que não podia ser approvada a proposta.
P o r A v i s o de 28 de oitubro o Ministério dos Negócios da Agricultura, Commercio
e Obras Publicas solicitou a opinião do do Império sobre um officio da Inspectoria
G e r a l da illuminoção publica da Corte, no qual sc contestava á i l l m a . Câmara M u n i -
cipal o direito de aferir os medidores de gaz e cobrar os respectivos emolumentos,
sustentando-se ser tal aferição da competência da mencionada Inspectoria e de-
verem os emolumentos fazer parte da renda do Estado. Deste assumpto tratou
também a I l l m a . Câmara em officio de "0 de dezembro.
Entendendo que a aferição dos medidores deve ser feita pela Inspectoria geral
da illuminação e que o Câmara Municipal não tem meios de realizal-a como
effectua a dos pesos e medidas, por ser um serviço technico e especial, dependente
de apparelhos que só a Inspectoria possue; considerando, por outro lado, que a
Câmara sempre cobrou um imposto sobre os medidores, sem verifical-os, imposto
que, incluído nos orçamentos municipaes approvados pelo Governo, tem força de l e i ,
e, portanto, não pôde o Governo, por deliberação propf ia, applical-o á receita g e r a l
do Estado, opinou o m e u illustrado antecessor em sua resposta ao referido M i n i s -
tério, dada por A v i s o de 2 de março (annexo A . ) , que o meio de conciliar as observa-
ções da Inspectoria geral e da Illma. Câmara consistia em continuar a aferição
a cargo da Inspectoria, que ou fará a conveniente participação á Câmara, aflm de que
esta mande marcar os medidores aíeridos e tomar as necessárias notas para flsea-
IMP. 2
10

lisaçflo da cobrança do imposto, ou ficará autorizado pela Municipalidade para co-


rimbal-os. Com a relação dos medidores a s s i m verificados, fará o Inspectoria entrega
da importância arrecadada á thesouraria da Cnmnra, mediante guia em d u p l i c a t a .
Com officio de 10 de setembro tronsmittiu a Câmara Municipal diversos
papeis relativos á permissão que solicitara o Bacharel Vicente de Toledo paro,
por si ou por companhia ou empreza que organizasse, a b r i r no morro de S. Bento
um tunnel communicando as ruas do Conselheiro Saraiva e Primeiro de Março
com a praça Vinte e Oito de Setembro, e submetteu á consideração do Governo
a minuta do contrato que deliberara celebrar com o pelicionario para realizoçSo
desse melhoramento, que julgava de grande vantagem, não só para o movimento
commercial, sempre crescente, daquella parte da cidade, como para o publico
em geral.
Ouvido o Ministério da Agricultura sobre o plano da obra c sobre a cláusula
10 , concernente ao estabelecimento de u m a l i n h a de carris de ferro no interior
a

do tunnel, foi, por Portaria de 3 de março, approvada a deliberação da Câmara e


autorizado o contrato com suppressão da citada cláusula e outras alterações i n d i -
cadas pelo referido Ministério cm Aviso de 10 de fevereiro ; ficando dependente
de resolução da Assembléa Geral a cláusula 13 , que concede ao contratante o
a

direito de desapropriação pelo processo da L e i n. 816 de 10 de j u l h o de 1855.


Tendo terminado a 30 de j u n h o do anno passado o contrato de arrendamento
da Praça do Mercado da Candelária, deliberou a I l l m a . Câmara M u n i c i p a l a b r i r c o n -
currencia para novo arrendamento desse i m m o v e l e dos chalets próximos, deno-
minados - das M a r i n h a s —, e com officio de 17 de dezembro sujeitou á consideração
do Ministério do Império as propostas apresentadas dentro do prazo da concurrencia,
julgando preferível, de acordo com o parecer de suas commissões de justiça e fa-
zenda, a d e Pedro Leandro L a m b e r t i .
Em resposta declarou o m e u illuslradopredecessorque, estando o Governo resol-
vido a não approvar contrato algum de arrendamento geral dos mencionados prédios
não podia ser aceita nenhuma das propostas, pelo que cumpria que a I l l m a . Cornara,
entrando na posse da Praça do Mercado, organizasse, e submettesse com urgência á
approvação do Governo o regulamento necessário para o serviço daquelle próprio
nacional e dos chalets onnexos, de modo a concentrar a respectiva administração e
fiscalisação, que não poderiam ser indistinetamente exercidas por todos os verea-
dores. Os fundamentos desta decisão constam da Portaria de 7 de março u l t i m o
que encontra reis no onnexo A..

Na m e s m a data foi approvado o acordo que, em 19 de fevereiro, celebraram


a I l l m a . Cornara e a empreza arrendatária da Praça no intuito de restituir á M u n i -
11

cipaüdode o posse deste immovel e acabar com os pleitos judicioes existentes entre
u m a e outra, que se obrigaram a hovel-os por findos, outorgundo-se mutuu, plena e
geral quitação.
Da preferencia dada pela Câmara Municipal a proposta de Lamberti t i n h a m
recorrido a empreza arrendatária, o vereador Jose Carlos do Patrocínio e o cidadão
Felippe Nery Pinheiro. Todos esses recursos ficaram prejudicados, assim como o
que anteriormente inlerpuzera o vereador Condido Alves Pereira de Carvalho da
deliberaçSo pela qual se mandara annunciar a coneurrencia para o arrendamento
dos referidos i m m o v e i s .
Da decisão do Ministério do Império, quenagouapprovação ao projectado a r r e n -
damento, recorreu o proponente Pedro Leandro -Lamberti, invocando o R e g u l a -
mento de 5 de fevereiro de 18-42. Por sua parte reclamou a I l l m a . Câmara, s u s t e n -
tando as vantagens do contrato que pretendia celebrar e contestando alguns dos
fundamentos do acto do Governo.
Tratando-se de questão importante, que entendia com o aproveitamento dos
m a i s rendosos próprios municipoes s e m prejuízo do fim a que se destinam como
logradouros, creados para uso especial da pequena mercancia de gêneros a l i m e n -
tícios, j u l g u e i acertado ouvir o parecer da Secção dos Negócios do Império do
Conselho de Estado, á q u a l foram remettidos, a 11 de a b r i l próximo findo, todos os
popeis concernentes ao assumpto.
P o r Portaria de 7 de março foi provisoriamente approvodo, com alterações,
um projeclo dc posturo, remettido pela I l l m a . Câmara em data de 25 de feve-
reiro, regulando o transito de vehiculos nas ruas do Visconde de Itaúna e do Senador
E u s e b i o ; e com A v i s o de 3 do corrente me/, foi enviado a Câmara dos Srs. Deputados,
afim de resolver como julgasse acertado, outro projecto de postura, submettido
á approvoção provisória do Governo a 22 de fevereiro, acerca do registro de cartas de
engenheiro.
A ' solicitude do Governo oferecera a Direclorio do Instituto Polytechnico B r a z i -
leiro dois estimaveis trabalhos de seus consocios os engenheiros L u i z S c h r e i n e r e
V i r i a to Belfort Duarte sobre incêndios nos theatros e meios de prevcnil-os e
altenuar-lhes oseffeitos.
Considerando o alcance de um conjuneto systematico de medidas a tal respeito,
para que não venhamos a l a m c n l o r no paiz cataslrophes semelhantes ás que nos
últimos annos têm cnlutndo a população de diversas cidades estrangeiras, fazendo
grande numero de victimas, como os incêndios do theatro de Nice, do Ring- Theaícr
de V i e n n a , da Opera Cômica em Pariz e o recentissimo, que tão profundamente i m -
pressionou a sociedade brázileiro, do theatro Daquct no Porto, remelteu este
12

Ministério,em 27 de março u l t i m o , o s alludidos t r a b a l h o s a I l l m a . Câmara M u n i -


cipal, chamando a s u a attençfio para a necessidade do ser quanto antes formulado c
submettido á approvaçfio do Governo um projecto de postura determinando as c o n -
dições que cumpre observar na construcçao dos novos theatros e os melhoramentos
que devem ser desde já adoplados nos existentes.
Ouvida a Directoria da Estrada de Ferro D. Pedro II relativamente a algumas
alterações propostas pela Illma. Câmara M u n i c i p a l no serviço de conducçfio
da carne verde do matadouro de Santa Cruz para a Corte, e precedendo acordo entre
o Ministério da A g r i c u l t u r a e o do Império, recommendou-se, por Portaria de 17 de
a b r i l ultimo, que a Illma. Câmara, por intermédio da sua competente commissõo,
se entendesse com a mencionada Directoria, a qual para esse fim recebera as
necessárias ordens, a respeito do numero de carros indispensável para que o t r a n s -
porte se effectuasse nas condições m a i s favoráveis, b e m como em relação aos meios
de ventilar os vagões e manter nelles a conveniente temperatura e quanto ás o b r a s
precisas para melhoramento da illuminação do deposito na estação de S. Diogo.
Tendo recebido u m a representação, que me pareceu attendivel, acerca da
existência de matadouros particulares nesta cidade, chamei para o assumpto a
attenção da I l l m a . Câmara M u n i c i p a l , afim de providenciar, como lhe c u m p r i a .
P o r essa occasião recommendei-lhe que, em observância da Portaria de 3 de se-
tembro de 1886, informasse sobre a proposta, que então lhe fora enviada, relativa
á construcção, no littoral, dc um edifício destinado á matança de gado suíno e l a n i -
gcro, pela maior parte importado do estrangeiro, c em geral sobre a conveniência de
estabelecer-se m a i s próximo da Corte um matadouro para aquellas espécies e para
vitellas, mdicandoo local preferível e os meios práticos que lhe parecessem m a i s
adequados á realização deste intuito.
Por officio de 21 de março a Inspectoria Geral de Hygiene pediu a m i n h a
attenção para o modo por que se estão edificando nesta capital algumas c a s a s
particulares, em desacordo com as posturas m u n i c i p a e s e os preceitos h y g i e n i c o s .
Ligando ao objecto desta reclamação a merecida importância, recommendei á
I l l m a . Câmara que organizasse e s u b m e t t e s s e a approvação do Governo um projecto
de postura estabelecendo as condições geraes a que devem tingir-se as c o n -
strucções urbanas, sob o aspecto, nâo só da hygiene, como da segurança e fôrma
exterior.
Tendo a Câmara submettido á consideração deste Ministério a proposta que
adoptára, apresentada por um de seus membros, para creação de um entreposto
municipal destinado ao deposito de aguardente do paiz, declarou-se-lhe, p o r
Portaria de 23 de a b r i l , que não podia ser approvada a sua resolução» nfto só
13

porque a postura de 24 do março do onno passado, attinente a matérias inflamma-


veis, permitte que se deposite aquelle producto em tropiches do littoral, mediante
licença especial approvada pelo Governo, como porque a creaçfio do entreposto
contraria o espirito e ató a lettra do a r t . 66, § 11, da L e i de I de oitubro de 1828,
o

o q u a l tudo quanto concede as municipalidades, em relação aos gêneros de n a t u -


reza do de que se trata, é a faculdade de m a r c a r os logares onde devam ser v e n -
didos.
O Decreto n . 9795 de 29 de oitubro autorizou alguns dos augmentos de credito
solicitados pela I l l m a . Câmara em officio de 7 do mesmo mez para diversas rubricas
do seu orçamento no exercício de 1887, e concedeu o credito de 183:369$454, i m p o r -
tância do saldo do mesmo exercício, proveniente de excesso de renda, afim de ser
applicado ao pagamento das dividas passivas constantes de relações que foram
organizadas, tomando-se por base não só a antigüidade das m e s m a s dividas, m a s
principalmente a sua origem, de modo que pudessem ser pagos todos os credores de
pequenas sommas e contemplados outros com prestações por conta de maiores q u a n -
tias, visto não permittirem os recursos financeiros da Câmara a amortização
immediata de seu avultado debito, calculado em 776:021$264, conforme participou
em officio de 23 de janeiro, e em 786:551 $256, segundo informação prestada a 9 de
agosto seguinte.
P o r Decreto n.9825 de 23 de dezembro foi orçada a receita e fixada a despeza
da I l l m a . Câmara M u n i c i p a l para o exercício de 1888.
P o r Portaria de 30 do mesmo mez declarou-se que, no interesse da regularidade
e boa ordem da administração municipal, deve a Câmara, quando de suas delibe-
rações interpuzerem recurso, suspender a execução do acto recorrido até que o
Governo d e c i d a ; salvo tratando-se de medidas urgentes cuja demora possa
prejudicar o serviço publico, ou de pagamentos que tenham de ser feitos dentro de
prazo certo, em virtude de contratos legalmente celebrados.

NEGÓCIOS ELEITORAES

Tendo-se aberto vagas na Câmara dos S r s . Deputados com a entrada, para o


Senado, dos Conselheiros Cândido L u i z M a r i a de Oliveira, Antônio da S i l v a Prado,
Francisco Belisario Soares de Souza e T h o m a z José Coelho de A l m e i d a ; com a dos
Conselheiros Rodrigo Augusto da Silva, Carlos Frederico Castrioto e M a n o e l do
Nascimento Machado Portella para o Ministério de 20 de agosto de 1885, e c o m a do
Conselheiro Antônio Ferreira Vianna e a m i n h a p a r a o actual Ministério; l w m a s s i m
Í4

pelo f.illecimenlo dos D r s . Felinto E l y s i o L e m o s Gonzogo, Francisco Udefonso


Ribeiro de Menezes, Pedro Carneiro da Silva, Barão da V i l l a da B a r r a e Manoel
Eufrosio Correia, fizeram-se, afim de precnchel-as, novos eleições nos respectivos
districlos das províncias de Minos Geraes, S. Paulo, R i o de Janeiro, Pernambuco,
Alagoas, Bahia, Espirito Santo c Paraná, e no I districto do município do Corte.
o

Oülrosim, para preencherem-sc as vagos que deixaram, por iallecimento, os


Senadores Mortinlio Alvares <la Silva Campos, Joaquim Antão Fernandes Leão, L u i z
Carlos da Fonseca, Conde de Buependy, Antônio Pinto Chichorro da Goma e João
José rle Oliveira Junqueira fizeram-se eleições nas províncias de Minas Geraes, Rio dc
Janeiroe B a h i a . ; e, por Carlos Imperiaes de 2 c 17 dc setembro do onno passado,
c 0 de janeiro,:} cie f'vereii'0 e 18 de abril do corrente anno, foram nomeados Sena-
dores o s S r s . : Dr. Evaristo Ferreira da Veiga, Conselheiros T h o m a z José Coelho dc
A l m e i d a e João Manoel Pereira da Silva, Barão da Leopoldina c Conselheiro L u i z
Antônio Pereira F r a n c o .
Por se ter effeclnado, a 20 de a b r i l ultimo, na província de Minas Geraes n eleição
de Senador, na vaga do fallecido Conselheiro L u i z Carlos da Fonseca, não houve ainda
tempo de realizar-se a apuração geral de votos paro organização da lista tríplice c
conseqüente escolha docidadão que deve preencher aquella vaga.
P a r a execução do Decreto legislativo n . 334.) de 14 de oitubro do anno passado,
que alterou o processo da eleição dos membros das Assembléas Legislativas Pro-
vinciaes c dos Vereadores das Câmaras Municipaes, expediu este Ministério as
inslrucções que constam do Decreto n . 9790 de 17 do referido mez, publicado no
annexo a. do presente Relatório.
F o i empenho do meu illustre predecessor fazer logo executar os preceitos da
nova lei. Para este fim expediu pelo Iclegrapho as necessários coninmnicuçõcs aos
Presidentes de província e aconselhou o adiamento das clei<;Oes dos membros d a s
Assembléas nas províncias onde serio impossível que, nos dias para ellas designados,
houvesse conhecimento da dita lei em toda.-; as localidades.
Não foi baldado o empenho, pois que só na província do Amazonas deixaram de
ser postas em prático as novas disposições legislativos.
Solicito a vossa attenção para o A v i s o de 20 dc março ultimo e consulta onnexn
da Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado. Referem-se a um caso
de que não cogitou a legislação eleitoral vigente, o. vem a ser o da eleição de verea-
dores e juizes de paz que, lendo sido feito cm duplicata, deixou, por falta de r e c l a -
mação, de ser julgada pelo Poder Judicial.
Enconlrareis no mencionado annexo todos os actos deste Ministério relativos a
negócios eleitoraes e Câmaras Municipoes.
15

INSTRUCÇÃO PUBLICA

P o r tol fôrma estão fora de duvida o atrazo o o insufficiencia do nosso ensino


primário, a s s i m como a necessidade de prover á instrucção profissional e re-
mediar não só o má organizição dos estudos secundários, mas ainda os defeitos
que sc introduziram no rcgirnon d j s cursos superiores, que escusado ó deter-me
em manifestar-vos quanto urge attender a este importante assumpto, a que se
l i g a m o s m n i s v i t a e s interesses do B r o z i l .
De vossa esclarecida deliberação está dependente o projecto que, de acordo
com o Governo, foi apresentado, na sessão da Câmara dos Deputados de 2i de agosto
de 1880, paro a reforma dos nossas instituições de ensino na parte concernente á i n -
strucção p r i m a r i a , profissional c secundaria ; e bem a s s i m a proposta do Poder E x -
ecutivo attinente ás Faculdades de Direito que vos foi submettida em sessão de 15 de
j u l h o do anno próximo findo.

A organização aclual dos Faculdades de Medicino, com que se procura-


r a m aliás satisfazer os reclamações suscitadas contra a instrucção incompleta
dos candidatos á profissão medica e contra a ausência de ensino technico, tem sido
arguida de extremamente complexo, sendo considerado numerosíssimo o pessoal
docente e excessivos os dispendios que ao Estodo custa este ramo do serviço.
P a r a justificar semelhantes reparos invocam-se exemplos de poizes adeantados.
M:iis de um equivoco, porém, se tem produzido nessas allegações : o exame do
que cm toes poizes oceorre está longe de justificar a grande reducção de despezas
que se j u l g a conveniente.
No verdade, ainda considerada a differença entre o pouco que possuímos e a
multiplicidade e opuiencio dos meios com que a l l i se promove o progresso da
seiencio, verifica-se que aos nossos dispendios se avantajam os de congêneres
organizações estrangeiras, notando-se que entre nós ainda se trato de dispor os
elementos adoquodos á cultura scienlifico, ao p i s s o que naquelles poizes apen?s
se cuida de a m p l i a r c aperfeiçoar o que se acha devidamente constituído.
Em todo caso não é isto motivo para que nos despreoecupemos de reduzir as
despezas do nosso orçamento ao que seja indispensável para colher os bons
resultados que todos almejam.
No regimen de nossas Escolas superiores de instrucção profissional h a , porém,
um ponto que não carece de ulteriores verificações : refiro-me no systema de livre
16

freqüência, já condemnado pela irrecusável liçfio da experiência como antagônico á


realidade do ensino e ao aproveitamento dos meios que para os trabalhos technicos
o Estado tem facultado áquellas Escolas.
Conforme enuncio na parte.deste Relatório consagrada á Faculdade de Medicina
do R i o de Janeiro, espera o Governo obter favoráveis resultados da commissfio que
o Director da mesma Faculdade se acha desempenhando na E u r o p a , e a s s i m ficar
devidamente habilitado para melhorar a organização dos estudos médicos de acordo
com as idéas aqui manifestadas. Peço-vos, portanto, a indispensável autorização
para esse fim.
Quanto á Escola Polytechnica, n5o menos convém reorganizal-a. A despeza que
este serviço determinar será em todo o u , pelo menos, em grande parte compensada
pela economia proveniente da suppressão do curso de minas, que nunca teve
alumnos, e cuja conservação não se justifica desde que existe para esta parte
especial do ensino a Escola de Ouro Preto ; a s s i m como pelo augmento do producto
das taxas de matricula, para o q u a l muito ha de concorrer a renda da t a x a que
convém crear em relação á freqüência de laboratórios e gabinetes. Em s u m m a , o
caracter reproductivo da despeza, ponderados os benefícios da cultura scientifica
mais exacta e completa, plenamente justificará o pequeno augmento que naquelle
sentido se requer.
Devo solicitar a vossa illustrada attençSo para a conveniência, sobre que
no ultimo Relatório vos representou um dos meus predecessores, de determinar
que a validade dos diplomas que a Escola de P h a r m a c i a de Ouro Preto conferir
fique dependente das mesmos condições de habilitação que regulam a m a t r i c u l a
e approvação no curso pharmaceutico das Faculdades de Medicina.
Em virtude do Decreto n. 9647 de 2 de oitubro de 1836, o ensino nos aulas
preparatórias annexas ás Faculdades de Direito deve ser ministrado conforme
o do Imperial Collegio de Pedro II. E', portanto, indispensável estabelecer, de acordo
com o que indico no presente Relatório em relação ao dito Collegio, um
curso progressivo em que os alumnos continuem a estudar nos annos superiores
as matérias que começaram a aprender nos inferiores, não as abandonando,
como fazem hoje, á proporção que conseguem ser approvados em cada u m a
dellas.

Desfarte não trato de antecipar a reforma de que cogita o projecto a que


acima a l l u d i , a qual tem por fim converter as mencionadas aulas em cursos de
lettras segundo o typo do Imperial Collegio; m a s procuro instituir u m a ordem de
cousas congruente ás exigências regulamentares que se referem á habilitação
para a matricula nas escolas superiores.
17

A adaptação das dilas aulas aos intuitos do citado Decreto determinará


grande desenvolvimento do horário e conseguintemente maior serviço por parte
dos professores. Será, pois, equitalivo augmentar-lhes os vencimentos, cuja e x i g u i -
dadeé notória ainda mesmo em relação ao regimen vigente, em que a taes pro-
fessores incumbem encargos menos pesodos do que os que hão de vir a ter.
Entendo que o augmento indicado deve consistir na equiparação dos vencimen-
tos do pessoal docente dos aulas preparatórios aos dos professores do Collegio de
Pedro II. Paro que se possa aquilatar quanto ella se justifica, notarei que, ao
passo que nesle Collegio certas disciplinas estão repartidos por varias cadeiras,
naquellas aulas as differentes cadeiras abrangem, pelo menos, o ensino integral de
coda u m a das matérias.
Faz-se mister, portanto, que concedaes, no futuro orçamento, o credito da
quantio de 48:000$ para que os cursos annexos ás Faculdades ministrem o
ensino de harmonia com os actuaes disposições sobre os exames de prepa-
ratórios.
Melhorada a organização dos estudos secundários, não só de acordo com o
principio de que « o verdadeiro foco do ensino está nesse período intermediário que o
ulumno tem do percorrer passo a passo para tornar-se capaz e forte», m a s tombem
prescrevendo-sc os methodos e os programmos que correspondam ás justas exigên-
cias do ensino superior e aos interesses da sociedade moderna, julgo indispensável"
instituir, como condição para a matricula nas escolas superiores, o exame terminal
ou de madurezo, cujo valor e importando ficaram explanados no ultimo Relatório
deste Ministério.
Desde que os candidatos a essa matricula não encontrem nos estabelecimentos
officiacs de instrucção secundaria facilidade para abreviar os estudos e vencer
os exames sem maior esforço, e, por outro Iodo, continuem a lograr o necesso
áquellos escolas por meio da exhibiçüo de certidões de exames avulsos prestados,
á s u a escolha, onde mais fácil e provável lhes pareça o êxito, serão perdidos em
grande parle os sacrifícios do Estado para que a mocidade brazileira adquira a
cultura que somente estudos intermediários, feitos com regularidade e perseverança,
podem assegurar. E ' intuitivo que na ausência doquella medida se accentuarSo as
pretenções de habilitarem-se os estudantes percorrendo no espaço de breves mezes
pontos de programmos e textos de selectas: os institutos officioes não serão
procurados e ainda mais se desenvolverá a funesta industrio do prepuro para
os e x a m e s .
Est:is considerações m o s t r a m que a providencia mais adequada para regenerar
os estudos secundários depende de onerar-se nos estabelecimentos públicos que a
IMP. 3
18

taes estudos se destinam a conveniente transformação do ensino, e o Governo confia


que nfio retardareis, no que respeita á vossa competência, tflo importante beneficio.
Occupando-me das condições para a m a t r i c u l a nas escolas superiores, devo.
tratar da dispensa de exames gerae3 de preparatórios, feitos no Império, em relação
a candidatos que provarem habilitações equivalentes mediante documento confe-
rido por Faculdade, Escola ou Universidade estrangeira, tornando-se a s s i m esten-
siva a diversos estabelecimentos de ensino a disposição do art. 74 do Regulamento
da Escola de M i n a s de 27 de j u n h o de 1885.
Acerca deste assumpto emittiu parecer, em Consulta de 8 de março, a i l l u s t r a d a
Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado.
Quanto a conveniência da medida, opinou a Secção que sú teríamos que l u c r a r
facilitando razoavelmente a formatura de discípulos estrangeiros que procurassem
as nossas escolas superiores e a de filhos de brazileiros em serviço do Império, em
viagem ou residentes em outros paizes, que viessem completar aqui os seus estudos.
A isto accresce, segundo ella adduziu, que estudantes nacionaes podem ter neces-
sidade, por motivos de saúde, de m u d a r de c l i m a , ao tempo em que freqüentam os
cursos preparatórios; e muitos, na edade em que a observação pessoalja se acha
em condições de dar bons fruetos, e que é a mais própria para se aprenderem
as línguas vivas pelo meio efficacissimo da prática diuturna c o m quem melhor
"as falo, podem querer as vantagens do conhecimento de nações m a i s adean-
tadas.

Entende, porém, a illustrada Secçáo que a matéria, por s u a natureza, é da c o m -


petência do Poder Legislativo, o q u a l a tem affirmado por espontânea iniciativa
ou em casos a que a elle se ha recorrido; e ponderou que os precedentes em c o n -
trario neste particular, e m a i s significativamente os de algumas reformas já em
execução, não podiam d i r i m i r nem transferir o que exclusivamente compete ao
Parlamento.

Por ultimo devo pedir a vossa illustrada attenção para a conveniência de serem
adoptadas regras que resguardem os interesses do ensino nos casos de incapaci-
dade physica e m o r a l de lentes e professores que não contem 25 annos de exercício;
a s s i m como para a de fixar a incerta legislação attinente a este ramo do serviço.
19

INSTRUCÇÃO PRIMARIA E SECUNDARIA

Instrucção primaria

No anno loctivo de 1837 continuaram a funccionar nas 21 parochias'do município


da Curte 9»escolas publicas primarias do I grau, sendo 46 para o sexo masculino e
o

47 para o feminino. Matricularam-se 7.840 a l u m n o s : 2.905 nas escolas do sexo


masculino e 4.935 nas do feminino, comprehendendo-sc no ultimo destes
números o de 1.144 meninos. A s s i m o movimento escolar foi de 373,3 por freguezia
ou 84,3 por escola.
O Inspector Geral da Instrucção attribue em parte ás epidemias reinantes
naquelle período a differença para menos na freqüência, comparada com a do anno
lectivo de 18S6.
Presentemente acha-sc elevado a 94 o numero das escolas publicas em ex-
ercício, visto ter sido transferido, por Decreto n. 9796 de 3 de novembro ultimo, para
a freguezia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande, passando a funccionar
como escola de meninas, a 3 a
de meninos da parochia de S. Francisco
X a v i e r do Engenho Velho, que, por falta de alumnos, havia sido provisoriamente
fechada. Com esta transferencia ficou satisfeito o pedido que os moradores da p r i -
meira das referidas freguezios fizeram, em representação dirigida à Gamara dos
Senhores Deputados, e que, tendo sido enviada por esta ao Ministério do Império
poro informar, foi devolvido com A v i s o de 13 de setembro de 1887.
Funccionarom também no anno passado 22 escolas particulares subvencionadas
e G cursos nocturnos. Nessas escolas a freqüência media foi de 955 alumnos, dos
quaes 461 pertenciam ao sexo masculino e 494 ao sexo feminino. Quanto aos cursos,
todos para o sexo masculino, o termo médio da freqüência foi de 155 alumnos.
De taes cursos continua somente o que é mantido pela Sociedade Propagadora da
instrucção ás classes operárias da freguezia de S. JoSo Bapüsta da L a g o a . Os
outros, que se achavam estabelecidos nos parochios do Sacramento, Engenho
Novo, Campo Grande e Jacarepogua, deixaram de funccionar no corrente anno
20

lectivo, conforme resolveu o meu antecessor a vista de informação da Inspectoria


G e r a l da Instrucçfio Publico no sentido de não terem os mesmos cursos apresentado
resultados salisfactorios.
P a r a os exames a que no Mm do anno se procede nas escolas públicos de
instrucçfio primaria inscreveram-se 4 alumnos do I escola de meninas da freguezia
a

de S. José, regido pela professora A n n a America da Roclia eSouzu, e somente duas


foram approvadas.
Por Decretos de 14 de janeiro ultimo o Dr. Joaquim José de Menezes V i e i r a , que
deixara a direeção de collegio particular, foi dispensado do Conselho Director, sendo
nomeado para substituil-o o Bacharel Joaquim A b i l i o Borges. Além disto foi alterada
a composição do Conselho, delle fazendo parte, em vez do Bacharel José Joaquim do
Carmo, o Conego L u i z R a y m u n d o da Silvo Brito, que lhe succedero no corgo de
Reitor do Externato do Imperial Collegio de Pedro II.
O quadro dos Delegados da Inspectoria no município da Corte foi alterado pelas
nomeaçOes feitas, em datos de 6 dc junho, 26 de novembro do anno
findo e 25 de abril ultimo, do Bacharel A u g u s t o Cândido Ferreira L e a l paro
servir no freguezia de Santa Rita, cm substituição do l i r . L u i z A l v e s Pereiro,
que não aceitara o encargo, por ter de retirar-se da C o r t e ; de Poulino M a r t i n s
Pacheco, para servir na freguezia de Sant' A n n a , em substituição do D r . João
Pedro de M i r a n d a , exonerodo a pedido; e do Dr. Manoel de Mello Broga, para s e r v i r
na primeira destas freguezias, por haver sido concedida ao Bacharel F e r r e i r a L e a l
a exoneração que solicitara.
Por Porlaria de 8 de oitubro foi nomeado pora o cargo de Delegado do I n -
spector Geral da Instrucção na capital da província do Minas Geraes o D r . Mathias
de Vilhc-na Valladão.
No quadro dos professores cathedralicos e dos adjuntos occorreram as seguintes
alterações:
Falleceu a 15 de maio de 18S7 o professor do escola de meninos da freguezia
da Gávea Januário d c s Santos Sabino Júnior.
Obtiveram jubilação, por Decretos de 14 dn janeiro:
O professor do I a
escola de meninos da freguezia de Santa R i t a Antônio José
Marques;

O professor da 2 escola dc meninos da mesma freguezia José Bernardes M o r e i r a ;


a

O professor da I escola de meninos do freguezia de Santo Antônio Bacharel


a

Joaquim Fernandes da S i l v a ;

A professora da I a
escola de meninas da dita rreguezia de Santo Antônio
Elisa Tonner;
21

A professora da l° escola de meninas da freguezia de S. Francisco X a v i e r


do Engenho Velho Deolinda Maria do Cruz e Almeida e S i l v a .
F o r a m transferidas:
P o r Decreto de 2 de janeiro Thereza de Alcontoro da Costa Pereira, da 1° es-
cola de meninos da freguezia do Sacramento, onde servia, em virtude do Decreto
de 19 de maio anterior, deixando a I a
também de meninos da freguezia da Logôo,
para a 2 de meninos da freguezia da Gloria ;
a

Por Decretos também de 14 de janeiro:


Stella Lindheimer, que se chamava Stella Nahon quando solteira, da 3 escola a

de meninas dn freguezia do Engenho Novo poro a I , tombem de meninos, da


a

freguezia de Santo Antônio;


Maria Benedicto Lace Brandão, da 5 escola de meninas da freguezia do E n -
a

genho V e l h o para a I de meninos da de Santo Antônio;


a

Por Decreto de 27 do mesmo mez de janeiro, Florisbella Moralorio de Azambuja


Neves, da I escola de meninas para a l « de meninos da freguezia da L a g o a .
a

Attendendo a que, de conformidade com o disposto no a r t . 20 do Decreto


n. 8985 de 11 de agosto de 1883, tem de e x h i b i r diplomas de a l u m n o s formadas
pela Escola N o r m a l da Corte, no prazo improrogavel de quatro annos, contados da
data em que foram nomeadas, as professoras Angelina Sandoval Castriolo Pereira,
da 2 escola de meninas de Guarátiba; Mario José de Medina Cccli Ribeiro, da
a

escola de meninas do curato de Santa C r u z ; Catharina Mattoso Forte da S i l v a , da


de meninos de Paqucta, e Maria Amélia Fernandes, da de meninas de Inhaúma,
foi resolvido por A v i s o de 17 de janeiro que, até ulterior deliberação, tivessem ellas
exercício respectivamente n a s seguintes escolas: 5 a
de meninas do Engenho V e l h o ;
3 de meninas do Engenho N o v o ; 2 de meninos de Santa R i t a e I
a a a
de meninas
do Engenho V e l h o .
P o r Portarias de 16 de maio de 18S7 foram nomeados adjuntos interinos, á
vista da habilitação que mostraram em exames das matérias de que trata o De-
creto H . 955T de 30 de janeiro de 1886, feitos na Escola N o r m a l da Corte, Carlinda
Panasco de Araújo, Maria Brandina da Trindade e José Soares Dias.
P o r Portaria de 30 daquelle mez foi exonerada do logar de professora adjunta,
que interinamente exercio, Leopoldina R o s a de Magalhães Bastos.
E x h i b i r a m titulo de professora de instrucção p r i m a r i a do primeiro g r a u , a
que estavam obrigadas na fôrma da supradita disposição do Decreto n. 8985, as
professoras Adeiina Doyle Silva, Stella Lindheimer e Thereza de Jesus Pimentel.
Em virtude do A v i s o de 15 de novembro de 1886, pelo q u a l foram adiados os
concursos para provimento das cadeiras de instrucção p r i m a r i a que estavam vagas,
22

conforme vos deu conta um dos meus predecessores, eleva-se actualmente a 19 o


numero de escolas n5o providas, sendo 11 para o sexo masculino e 8 para
o feminino. O ensino nessas escolas tem estado em geral a cargo de professores
adjuntos.
O quadro attinente a estes professores compõe-se de 71 adjuntas, das quaes
sfio effectivas 24 e interinas 47, e de 28 adjuntos, sendo 12 effectivos e 16 interinos.
Feitas as obras que, por conta dos donativos para a u x i l i a r as despezas
com a instrucção publica, foram autorizadas para se concluir o edifício desti-
nado a escolas primarias de ambos os sexos na freguezia da Lagoa — nas quaes, por
falta de meios angariados particularmente, não tinha podido proseguir a commissSo
nomeada pelo Governo em 1882—providenciou-se afim de que p a r a a l l i s e m u d a s s e m
durante as ultimas férias duas das escolas da mesma freguezia, e à referida c o m -
missão, que, a pedido de um dos meus predecessores, se prestara a obter donativos
para alguns melhoramentos complementares no prédio e fornecimento da mobília,
manifestou o Ministério do Império confiar que ella levaria a b o m termo o seu
patriótico intuito.

II

Escola Normal

No u l t i m o Relatório deste Ministério encontram-se informações concernentes á


matricula e freqüência dos alumnos da Escola N o r m a l durante o anno próximo findo.
Devo agora accrescentar que ao numero de alumnos matriculados nas tres series que
funccionaram naquelle anno corresponderam 908 matrículas no I , 333 na 2 e 30 na
a a

3 , sendo respectivamente as do sexo feminino em numero de 630,288 e 17, e as do


a

sexo masculino nos de 278, 49 e 13.


O crescido numero de alumnos e ouvintes e x i g i u que se dividisse em tres
turmas as aulas de portuguez e de arithmetica e em duas a de calligraphia e dese-
nho linear, ficando a regência das aulas supplementares a cargo dos professores
e substitutos, s e m augmento de despeza, na conformidade do que foi decidido em
1886. E porque o professor de mathematicas elementares teve de i n c u m b i r - s e de
23

duas das turmas em que foi dividida a aula de arlthmetica, ficou a de álgebra,
geometria e trigonometria a cargo do Director da Escola, sem remuneração es-
pecial.
Em referencia aos exames occorreu o seguinte:

I a
ÉPOCA

Verificaram-se 320 inscripções para os exames das tres series, sendo 193 na I , a

134 na 2 e 2 na 3 , com o seguinte resultado :


a a

I a
SERIE

Português

Inscriptos 53.
Saio masculino Sexo feminino
3
5 12
2 5
6 6
9

18 35 53

Arithmetica

Inscriptos 29.
1 2
4
5
1 2
8 .6

10 19 29

Instrucção religiosa

Inscriptos 6.
Approvados plenamente 1 *
NSo compareceu X
~2 4 6
24

Francês

Inscriptos 13.
Sito nmeullno Seio feminino
Approvndas com distincçSo 3

Approvada plenamente 1

» simplesmente 1

Reprovados 2
Não compareceram 2
~ 9 13

Calligraphia e desenho

Inscriptos 41.
Approvados com distincçSo 1 1
» plenamente 3 16
» simplesmente 5 9
Não compareceram 2 4

11 30 41

Gynwastica

Inscriptos 51.
Approvadas com distineção 2
» plenamente 9
» simplesmente 6
Reprovadas 11
Não compareceram 12 11

12 39 51

2 a
SERIE

Portugue;
Inscriptos 12.
Approvadas com distineção 3
» plenamente 4
Approvado simplesmente 1
Não compareceram 4

1 11 12
25

Chorographia e historia do Brasil

Inscriptos 36.
S r x o :ii3Kciu-i:o S«xo foi:.nino

Approvndos com distincçilo 1 1


o plenamente 1 !>
» simplesmente 2 4
Reprovados 1 1
Nfio compareceram 1 15

G 30 36

Álgebra, geometria e trigonometria

Inscriptos 20.

A p p r o v o d a s c o m distineção 2
Approvodos plenamente 2 4
Approvado simplesmente 1
Reprovndos 2

Não compareceram 5 4
10 10 20

Musica cocai

Inscriptos 41.
Approvado c o m distineção 1
Approvodos plenomentc 1 6
Approvada simplesmente 1

Reprovadas 2

Não compareceram 7 2?

~Õ 32

Trabalhos de agulha

Inscriptos 25.
Approvodas plenamente...
Approvada s i m p l e s m e n t e , 1
1
Reprovada
Não compareceram 16

25 23

IMP. 4
26
4 *

3 a
SERIE

Calligraphia e desenho

Inscriptos 2.
Soxo maseulioo Sexo fomtoinu

Approvado plenamente 1

NSo compareceu _^
T 1 2

SYNOPSE

Inscriptos 329.
Approvados com distineção 4 17

D plenamente 14 76

» simplesmente... 11 32

Reprovados 12 23

Nao compareceram 43 97

84 245 329

2 ÉPOCA a

Effectuaram-se 247 inscripções, sendo 137 na I serie, 108 na 2 a a


e 2 na 3 , a

dando-se o seguinte resultado:

I a
SERIE

Português

Inscriptos 45.

Approvada com distineção L


Approvados plenamente . . . 1 5
D simplesmente.. 2 11
Reprovados 2 10
Nfio compareceram 3 10

S 37 45
27

Arithmetica

Inscriptos 32.
Sêxe nuenlioft Srxo teialso

Approvado com distfncçfio i


Approvados plenamente 1 7
D simplesmente 4 3
Reprovadas 5
Nfio compareceram 3 8

í> 23 32

Instrucção religiosa

Inscriptos 6.
Approvada plenamente 1
Nfio compareceram 5

6 6

Francês

Inscriptos 8.
Approvadas c o m distineção 2

Approvada plenamente 1

» simplesmente 1

Reprovadas 2

Nfio compareceram 1 1

1 7 8

Calligraphia e desenho

Inscriptos 19.
A p p r o v a d a com distincçfio — 1

Approvadas plenamente 1 1

A p p r o v a d o s simplesmente 1 2

Reprovados 1
*
Nfio compareceram 1
*

3 16 19
28

Ggmnastica

Inscriptos 27.
S o i o masculino Soio feminina

Approvodos com distineção 1


1

» plenamente 2 11

» simplesmente 1 G
4
N3o compareceram 1

5 22 27

SERIE

Português

Inscriptos 11.
Approvada com distineção 1

Approvadas plenamente 3

» simplesmente 3

Kao compareceram 1 3

~1 10 lt

Chorographia e historia do Brasil

Inscriptos 32.
Approvados com distincçüo 2
» plenamente 2
» simplesmente 2
Reprovados 1 1
Não compareceram 2 22

3 29 32

ilgebra, geometria e trigonomeiria

Inscriptos 14.
Approvado simplesmente 1
Reprovado 1
N8o compareceram 1 n

3 11 14
29

Pedagogia e methodologia elementar

Inscriptos 12.
Seio mauulino Seio famlnlio

Approvado c o m distineção 1
Approvadas plenamente 4
Approvados simplesmente 1 2
NSo compareceram 4

2 10 12

Musica cocai

Inscriptos 23.

Approvadas plenamente 3
Approvados simplesmente 2 4
Reprovado 1
NSo compareceram 3 10
6 17 23

Trabalhos dc agulha

Inscriplas 16.

Approvada com distincçüo 1


Approvados plenamente 5
A p p r o v a d a simplesmente 1

NSo compareceram 9
16 16

3 a
SERIE

Physica e chimica

Inscripta 1.

NSo compareceu *
1 1

r
30

Trabalhos de agulha

Inscripto 1.
Sexo masculino Sexo fen-inno

NSo compareceu 1

1 1

SYNOPSE

Inscriptos 2-47.
Approvados com distincçSo 3 9

» plenamente..., 4 53

» simplesmente. 12 35

Reprovados 6 19

Não compareceram 17 89

42 205 247

Concluíram o curso de instrucção primaria do 1 grau 9 alumnos, sendo 2 do sexo


masculino e 7 do sexo feminino.
No pessoal da Escola houve as seguintes alterações :
Tendo fallecido o Continuo Pedro W i l l i g , foi nomeado para substituil-o Ernesto
de Souza Graça.
Por ter sido nomeado Porteiro da Escola Polytechnica, a 23 de fevereiro ultimo,
Cyrillo Josó dos Santos, ficaram as funcções de i g u a l emprego na Escola N o r m a l a
cargo i'esse mesmo cidadão, nos termos do A v i s o de 29 de a b r i l de 1880.

Pelo art. 2 §2° da L e i n. 3314 de 16 de oitubro de 1886 foi o Governo auto-


o

rizado a reorganizar o ensino da Escola N o r m a l , não podendo, porém, despender com


o respectivo pessoal e o material mais de 60:030*000, importância inferior a que
lhes destina o orçamento vigente.
Sendo aquella quantia manifestamente insufficiente para que a Escola funccione
de modosatisfactorio, o Governo, até hoje, deixou de usar de semelhante autorização,
aguardando meios mais amplos quando a Assembléa G e r a l resolver sobre o projecto
de lei apresentado para a reorganização dos estudos.
P a r a que a Escola se converta em verdadeiro instituto de ensino profissional
é por um lado indispensável que se lhe reserve edifício próprio, com todo o material
adequado ás múltiplas exigências do ensino e com escol8sannexasem que o alumno
31

se exercite no prática do magistério; e por o j t r o lado que a formação dos a l u m -


nos mestres flque dependente de se habilitarem em um curso completo, de fre-
qüência obrigatória, organizado consoante ás nossas necessidades no que respeita
à determinação das matérias, sendo estas distribuídas e leccionudas por fôrma que
os normalistas adquiram a cultura precisa á proveitosa educação das novos
gerações.
Certo os meios actualmente disponíveis nüo permittem o preenchimento daquellas
condições quontoá parte m a t e r i a l ; nada obsta, porém, o que se faça a reforma para,
com grande vantagem immediata, promover o melhoramento e efficacia do ensino,
consignando-se aliás, cm referencia ás necessidades que nüo puderem ser desde logo
attendidos, disposições que i m p r i m a m á Escola o indispensável caracter profis-
sional, e cuja execução dependerá d e m a i s amplos recursos que ao Poder Legislativo
compete decretar.
Com este pensamento pretende o Governo usar do referida autorização.

Imperial Collegio de Pedro II

No anno de 1887 matricularam-se no Imperial Collegio de Pedro II 569 alumnos,


sendo 393 no Externato, dos quaes 144 cursaram as aulas como avulsos, e no I n -
ternato 173. O numero dos alumnos que gozaram do favor da gratuidade ascendeu
neste eslobílecimento a 52 e naquelle a 277.
Continuando a avultar a freqüência nas aulas dos dois primeiros annos do
curso do Collegio, procedeu-se á sua divisão, nas mesmas condições expostas no
anterior Relatório deste Ministério quanto ao anno de 1S86.
No Externato effecluiram-se 951 exames, sendo o resultado o seguinte:

Approvações com louvor 33


» distinetas... 143
» plenas 224
» simples.... 423
Reprovações 128
951
32

D e i x a r a m de ser prestodos 689 exames. Perderam o onno 50 alumnos e


retiraram-se -10.
No Internoto, donde no correr do anno se retiraram 30 olumnos, entre os quaes
13gratuitos, foram prestadosG09 exames, com o seguinte resultado:

Approvações com louvor 3 1

» dislinetas 118
» plenas 166
» simples 202
Reprovações

Deixaram de haver 120 exames. Perdeu o a n n o l a l u m n o .


Obtiveram prêmios 13 olumnos do Collegio e receberam o g r a u de Bacharel 12
que completaram o curso.
O pessoal do estabelecimento soffreu os seguintes alterações :
Por Decreto de 8 dc dezembro, expedido de conformidade com a Resolução de
23 do mez anterior, tomada sobre parecer da Secção dos Negócios do Império do
Conselho de Estado, declarou-se vaga a cadeira de italiano do Internuto, visto não
poder o respectivo professor Monsenhor Grego rio L i p p a r o n i r e a s s u m i r o exercício,
attento o que dispunham o s a r t s . 14 e 119 do Regulamento de 17 de fevereiro de 1854
Por Decreto de 23, também de dezembro, foijubilado, a pedido, o professor de
grego do Internato D r . Manoel Thomnz Alves Nogueira.
Foi contratado Balduino Rodrigues de Carvalho para servir de coadjuvante
do mestre de musica do Externato, em substituição do Bacharel Júlio Clemente dc
F a r i a , que pedira dispensa deste encargo.
No logar de Secretario do Externato, vago pela nomeação do Bacharelem leltras
Alexandre Soares de Mello para A m a n u e n s e d a Secretaria de Estado dos Negócios do
Império, foi provido por Decreto de 14 dc janeiro Antônio Joaquim Rodrigues Júnior.
Exonerado, por Decreto de 14 de j u l h o de 1S87, do cargo de Reitor do Internato
o professor do Externato Aureliono Pereira Corrêa Pimenlcl, foi provido no mesmo
cargo, por Decreto de 29 de fevereiro ultimo, o Conselheiro João Capistrano Bandeira
de Mello.
Por Decretos de 7 de março foi exonerado o R e i t o r do Externato Bacharel José
J o a q u i m do Carmo, sendo nomeado em seu logar o Concgo L u i z R a y m u n d o do
Silva B r i t o .

Achando-se vagos os duas cadeiras de grego do Imperial Collegio c devendo


regel-as um só professor, de conformidade com o disposto no art. 2° §1° da Lei
n. 3314 de 10 de oitubro de ISSO, propoz o Inspector Geral dc Instrucção que dn
33

indicada regência fosse incumbido o professor de allemfio do Internato Barfio de


Tautphceus, o qua! por muitos annos abi lecciondra a primeira destas disci-
plinas, e que, tendo-se exonerado, mais tarde voltou ao Collegio como professor
da u l t i m a .
O Bardo de Tautphceus já se havia prestado a reger a aula de grego do
Internato no anno lectivo de 1SS7, durante o qual o D r . THomaz Alves Nogueira
esteve no gozo dc licença e o respectivo substituto Dr. João Henrique Braune se con-
servou na regência da cadeira do Externato.
O meu illustre antecessor, d vista da mencionada proposta do Inspector Geral
da Instrucção Publica, resolveu, por A v i s o de 1° de março próximo findo, que, até
ulterior deliberação, não se procedesse a concurso para o provimento effectivo do
logar, e que, portanto, continuasse o ensino a ser dado nos mesmas condições
acima expostas.

Estava reconhecida pelas competentes autoridades do serviço de hygiene publica


a inconveniência da continuação do Internato do I m p e r i a l Collegio no edifício, de
propriedade particular, sito d rua de S. Francisco Xavier, em que de longa data
funecionava, e onde todos os annos havia que lamentar casos de febres de m a u
caracter.
Em officio de 19 de março de 1S86, dirigido ao Inspector Geral de Hygiene, um
dos membros da respectiva Inspectoria, o D r . Francisco Marques de Araújo Góes,
encarregado de proceder d desinfecção doquelle edifício, referindo-se ás causas que o
prejudicavam sob o aspecto da insalubridade, ponderava que ha muito deveria o In-
ternato ter sido removido para sitio e casa apropriados e notava que na consideração
dessas desfavoráveis condições inspiraram-se os que, em tempo.se oppuzeram a
que elle fosse alli estabelecido. Além disto o referido profissional assignalou, como
um dos mais graves defeitos do estabelecimento, a insufficiencia das dimensões do
dormitório principal e das salas de estudo.
Este parecer confirmava o que no mesma época emittira outro membro
da Inspectoria de Hygiene, o D r . Pires de A l m e i d a , sustentando ser indispensável
a mudança do Collegio.
A investigação do assumpto foi confiada pela Inspectoria a uma commissão,
composta dos seus Delegados Drs. Júlio Brandão, Dias Carneiro, Eugênio Guimarães
Rebello e Francisco Betim Paes L e m e .
No Relatório que apresentou, a commissúo não só reconheceu os indicados
inconvenientes, mas também adduziu outros que, no seu juizo, prejudicavam em
alto grau a solubridade do estabelecimento, notando, além disso, vários defeitos
IMP. 5
34

referentes ao estado de conservação e á disposição do edifício. Para o b v i a r aos


males que apontava, propoz ella se executassem obras adequados, vindo por esta
fôrma o mesmo edifício a soffrer geral reparação e sendo nflo só modificado em
suas divisões, como também augmentado.
L e m b r o u mais a commissãoque nas immediações se construísse vasta galeria
afim de canalizar uma valia que alli constituía perigosissimo foco de infecção.
Para que o collegio continuasse a funccionar onde tão m a l s e a c l i . w a estabelecido
e localisad \ seria indispensável despender sommas ovultodos com um prédio de
propriedade particular, no qual, por conta d > Estado, já haviam sido feitas obras no
valor de 200:000$, durante o período do respectivo arrendamento, que começara a
31 de dezembro de 1S56, custando desde aquella data somma superior a 140:030^000.
Em taes condições, e porque nüo se havia celebrado contrato com os novos
proprietários do prédio, entendeu o Governo ser dc máxima conveniência a m u -
dança do Internato, e para tal fim adquiriu o edifício da praça D. Pedro I pertencente
á Irmandade do SS. Sacramento da Candelária, que o preparara para servir de
asylo de meninos desvalidos.
Esse prédio, que a Irmandade teve de alienar por imperioso motivo de seu
estado financeiro, c que lhe custara a quantia de 233:392$556, foi cedido por
200:0005000, ficando o pagamento dependente da concessão de credito pelo Poder
Legislativo. Neste sentido a Directoria Geral do Contencioso do Thesouro Nacional
lavrou a respectiva escripturn de compro, com a clausula.de valer o contrato, dada
a hypothese de recusa do credito, como si fosse de arrendamento pelo prazo de
nove onnos, pagando o Estado 10:00 Ji-OOO annuaes.
Recebidas as chaves do prédio o 7 de fevereiro, providenciou-se ofim de que se
executassem us obras de que carecia para nelle eshbelecer-se o collegio, bem como
sobre a mudança dos apparelhos e outros objectos existentes no antigo prédio,
importando todas estos despezas em 2-5:260$ 100.
Realizada a mudança, verificou-se serom imprescindíveis para o serviço hygienico
do Internato mais alguns melhoramentos, pelo que foram autorizados até a i m p o r -
tância de 9:000$000.
A ' vista do exposto ser-vos-á opportunamente apresentada a proposta para
concessão do credito referido.

As aulas do Externato foram abertos este anno a 3 dc abril, afim de que se


pudessem concluir os exames de admissão e os extraordinários. Quanto ás do
Internato, começaram a funccionar no dia 16, quando o permilli í a terminação
das obras de que dependia a regularidade do serviço.
35

Pelo Decreto n. 9894 de 9 de março ultimo foram alteradas varias disposições


dos regulamentos do Imperial Collegio.
Suscitaram-se reclamações contra a disposição desse acto pela qual o Go-
verno, tendo em vista o que determinara o art. 1°, parte 7 , a
do Decreto L e g i s -
lativo n . 630 de 17 de setembro de 1851, revogou nüo só o art. 14 do Decreto n. 8051
dc 24 dc março de 18S1, que havia restabelecido, no tocante a freqüência de
aulas avulsas do Externato, a disposição do § I o
do art. 18 do Regulamento
n. 2006 de 24 de oitubro de 1857, derogado pelo art. 7° do Decreto n. 6130 do I o

de março de 1876, como também o a r t . 15 do mesmo Decreto n . 8051, que consolidara


o art. 17 do de n . 6884 de 20 de a b r i l de 1878, quanto a poderem pessoas estranhas
ao Collegio prestar exame vago de qualquer ou de todas as matérias alli e n s i -
nadas.
Deliberou o Governo que se mantivesse a novo disposição, ottendenrlo não
só aos fundamentos ocimo expostos e a s vantagens que delia adviriam a boa direc-
ção dos estudos e a regularidade do ensino do Collegio, mas ainda a que a freqüência
de aulas avulsas e a admissão a exames vagos manifestamente concorriam
para que os resultados do ensino não correspondessem ao fim da creação do esta-
belecimento.
Com relação aos alumnos que em 18S7 freqüentaram oquellos oulos permit-
t i u - s e o matriculo em anno superior desde que só lhes faltasse a approvaçüo em
u m a matéria, devendo, porém, mostrar-se habilitados nessa matéria antes de se
submetterem ao exame das dos annos que cursassem.
V e m a propósito lembrar-vos a conveniência de providenciar, na reforma dos
estudos que se scha sujeita a vossa deliberação, para que se faculte, em es-
tabelecimento official, a instrucção secundaria ás pessoas que, por não pretenderem
obter o grau de Bacharel emlettras, nem matricular-se nas escolas superiores, devam
ser dispensadas de habilitar-se no curso completo do Imperial Collegio ou de outros
institutos que com o mesmo programma se tenham de fundar sob igual re-
gimen.
O mencionado Decreto n . 9i94 dc 9 de março ultimo limitou-se a prover
a melhor administração e disciplina do Collegio e á regularidade dos c u r s o s .
Vale isto muito por certo, mas não é tudo, pois que resta ainda corrigir
graves defeitos attinentes ao plano de estudos que alli se observa.
A distribuição das matérias foi feita por tal fôrma que se lhes assigna
tempo insufficiente nos differentes annos do curso, dando-se quanto a certas d i s -
ciplinas estranhaveis lacunas no prosecução do ensino. A isto aceresce o dispen-
sável desenvolvimento de alguns programmas, e mais ainda, que nem sempre as
36

matérias são contempladas nos annos para que fora mais próprio reserval-as. F i n a l -
mente os programmas em geral nüo sfio organizados de acordo com as normas
que, segundo as idéas modernas, devem presidir ao ensino.
Para corrigir estes defeitos parece-me dc bom aviso que, emquanto nüo h a b i -
litardes o Governo a realizar uma reforma que satisfaça cabalmente aos interesses
da instrucção secundaria no Collegio de Pedro II, dando-o como modelo aos congê-
neres institutos, se altere o respectivo plano de estudos, distribuindo gradativa mente
as matérias, com attenção ao desenvolvimento intellectual do alumno, e se provi-
dencie para que o ensino de cada uma das disciplinas seja ministrado segundo um
programma bem combinado e harmônico.
Neste sentido confio que serão brevemente attendidas as exigências daquelle
serviço.
Para que, porém, possa convenientemente executar-se a projectada alteração,
acertado é que o art. 2 § 1.» da L e i n. 3314 de 16 de oitubro de 1SSG seja modificado
J

de maneira que se conserve a classe dos substitutos.


Um dos meus predecessores ponderou, no Relatório apresentado em maio
do anno próximo findo, que o preceito expresso por aquella L e i no sentido de não
serem preenchidos os lugares vagos e que vagarem de substitutos e professores de
cadeiras de qualquer dos dois estabelecimentos, havendo idênticas providas no
outro, produzirá a desorganização do ensino todas as vezes que para o de cada
matéria só houver um professor.
A hypothese, a l l i figurada, de achar-se impedido o único professor que houver para
o ensino da mesma matéria nos dois estabelecimentos — Internato e Externato — é a
m a i s próprio para firmar a inconveniência da medida, pois evidencia que as suppres-
sões de pessoal por esta determinada podem redundar em suppressão do ensino, o
que de certo não estava na mente do Poder Legislativo.
A desconformidade entre semelhante preceito e o regimen de amplitude dos estu-
dos, que se acha em vigor, e não foi congruentemente modificado, nem é possível
modificar sem desacordo com as ideas geralmente dominantes e que pelo Governo
têm sido sustentadas, ha de ser causa immediata e permanente de deficiência e con-
fusão na instrucção dos alumnos c dc obotimento do ensino. Estes moles já actuam
hoje pela carência de substitutos de algumas matérias, de modo que têm sobrevindo
difficuldades para occorrer ás substituições.

Dado que tenha de subsistir a referida disposição legislativo, quando se chegasse


ao resultado, que ella teve em miro, de só haver um professor para tudo quanto r e s -
peita ao ensino de cada matéria nos dois estabelecimentos, os males apontados se
aggravariam consideravelmente; c paraattenual-os seria inevitável retrogradar,
37

amesquinhando o plano de estudos do Collegio, e fazendo outras reformas que nfio


se coadunariam a indole e aos fins da instituição.
A ' vista do exposto, attendendo a que a prática do regimen definitivo de que
cogita o art. 2 o
§ 1° da L e i n. 3314 depende da adopçüode um complexo de p r o v i -
dencias que se caracterizam pela restricçfio dos estudos, idéa contraria á que
Câmaras e Governo tem sempre manifestado, ê de esperar que providencieis no s e n -
tido de revogar tão inconveniente preceito.

IV

Curso nocturno para o sexo feminino

No anno de 1837 matricularam-se neste curso particular 129 a l u m n a s . O numero


das que o freqüentaram manteve-se, no penúltimo e no ultimo trimestre, entre 50 e
60 nas seguintes aulas, que funccionaram durante o a n n o : religião, portuguez, i t a -
liano, francez, inglez, allemão, l a t i m , geographia e mathematicas elementares.
O resultado dos exames foi o seguinte:

Approvações distinctas 41
» plenas 33
» simples 16
Reprovações 4

Deixaram de fazer exames 57 a l u m n a s .


No dia 25 de a b r i l ultimo effectuou-se, na Presença de Sua Alteza a Princeza
Imperial Regente e de Seu Augusto Esposo, a distribuição dos prêmios, sendo
premiadas 19 a l u m n a s .
Em janeiro do corrente anno pediu o Director do curso que fosse entregue p a r a
auxiUar as respectivas despezas, durante o actual exercício, a quantia de 2:400$000,
continuando assim a subvenção anteriormente concedida.
Verificando-se que da importância total dessa subvenção restava a quantia de
1:800$00C, resolveu o meu antecessor que no exercício de 1888 corressem por conta
deste saldo as despezas a que se destina o a u x i l i o prestado pelo' Governo.
Visto pertencera direcção do curso ao Reitor do Externato do Imperial Collegio
de Pedro II, a s s u m i u - a em 21 de março ultimo o Conego L u i z R a y m u n d o da S i l v a
Brito, nomeado por Decreto de 7 do mesmo mez para exercer aquelle logar.
•4c «-88

Exames geraes de preparatórios

O quadro que vai em seguida apresenta o resultado dos e x a m e s geraes de


preparatórios a que se procedeu, a contar de novembro ultimo, na Corte e nas pro-
víncias, excepto nas do Piauhy, Ceará, Parahyba e Santa Catharina, a respeito das
quaes nfio foram ainda recebidas informações, e nas de S. Paulo e de Pernambuco,
visto que as noticias acerca dos respectivos exames se acham incluídas nos artigos
sobre as Faculdades de S. Paulo e do Recife.
Quadro de resultado dos eiames geraes de preparatórios a que se procedeu na Corte e em varias piovincias, a contar de novembro de 1887, na codermilib
do Decreto n. 9647 de 2 de oitubro de 1886

RESULTADO INSCRIPtf )ES

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Cori '. 1.178 1.191 1.870 370
95 nu 4 13 41 31 1 19 9 113 80 86 106 75,43 13 39 84 no
AUiot tu li 51 6 0 1 95
18 '7 IJ 6 0 3 1 18 4 1 1 7 17 4 II 84,00 1 1 4 13
Aaaionn
100 750 3«3 117 63 17 399 1.111 431 611 1.031 56,30 317 489 816 1.870
Bahli 75» l . l t l 1.870 10 11S 197 63 76 11
Eipiflto Santo 34 33 67 1 0 II 4 8 34 1 13 8 3 3 5 33 11 n 44 63,07 II II 13 67
10 1 1 5 1 9 1 9 10 100,00 10
OojM 1 0 1
14 36 9 4 171 4 17 13 3 18 1 76 137 54 191 77,31 St II 66 M7
Utrtahlo. 171 78 147 87 11
3 4 0 a n 3 1 I 8 14 7 4 11 30,83 15 10 K 36
Matto flroíio n 14 36
19 1 » 131 33 37 16 304 10 71 06 5 33 50 136 198 148 416 70,70 90 88 184 630
Mlnu Gertti 394 138 030
37 19 48 17 161 87 78 103 50|66 41 84 117 tn
Fort 130 161 103 3 37 47 II 13 8 130 4 37
10 3 41 44 38 61 85,41 10 4 14 n
Fartai 84 41 96 I 16 17 8 1 1 54 1 18 1
138 11 30 17 3 68 18 10 (0 15 17 70 48 18 76 55,07 M 41 61 1M
ftio Gr»nd# do NorU.i 68 70
130 039 13 130 88 13 * i • • 4 180 16 116 61 14 • • • • 41 139 M3 104 167 80,01 17 61 71 ss*
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3.377 3.400 6.867 116 963 1.010 163 407 6M 3.377 100 969 "Í49 "Í7I 317 1.063 3.490 1.113 "l.9IB 4.043 68,68 1.131 1.571 I.8M «.867
40

INSTRUCÇÃO SUPERIOR

Escola Polytechnica

Durante o anno dc 1887 freqüentaram as aulas desta escola 161 estudantes, dos
quaes somente 37 se m a t r i c u l a r a m .
Os ditos estudantes distribuem-se pela seguinte fôrma :

Curso geral 8 3

o de engenharia c i v i l 42
» » engenheiros geographos 30
» » sciencias physicas e mathematicas 2
» » artes e manufactiras 4
161

Ninguém se matriculou no curso de sciencias physicas e naturaes e no de

minas.
Realizaram-so 1.381 inscripções para e x a m e s ; mas destes apenas se effectua-
ram 777 com o seguinte resultado, em que se inclue o julgamento dos exercícios
práticos do curso geral :

Approvações distinctas 19
» plenas 356
» simples 273
Reprovações 129
777

Conferiu-se o titulo de engenheiro c i v i l a 16 alumnos e o de engenheiro geo-


grapho a 13, que concluíram os cursos.
Expediram-se 21 títulos de agrimensor, sendo 15 a candidatos que se h a b i l i -
taram perante a Escola Polylechnioa e 6 aos que o fizeram perante a Escola M i l i t a r
do Rio Grande do Sul.
41

P a r a os exames preparatórios de mathematicas elementares e de desenho geo-


métrico e elementar houve 234 inscripções. Flzeram-se 175 exames com o seguinte
resultado:

Approvações plenas 53
» simples 53
Reprovações 69
175

P a r a os exames de candidatos ao titulo de agrimensor houve 143 inscripções.


Fizeram-se, porém, somente 40 exames com o seguinte resultado :
Approvações plenas 5
» simples 11
Reprovações 24
40

Em exames de noções de mineralogia, botânica e zoologia habilitaram-se


16 alumnos.
No decurso do annolectivo realizaram-se os exercícios práticos do cuiso geral.
0 resultado do julgamento foi o seguinte :

Approvações distinctas 3
» plenas... 73
» simples.. 17
Reprovações 2
95

No período das férias procedeu-se aos exercícios práticos dos cursos especiaes,
& excepçüo dos de biologia industrial e exploràçSo de minas, por nfio ter havido
a l u m n o s matriculados nas cadeiras dessas matérias, nem estudantes inscriptos para
os respectivos e x a m e s .
O resultado do julgamento foi o seguinte :

Approvações distinctas ••• 9


» plenas , •••• 116
» simples 19
144

A o a l u m n o S a i n t Clair José de M i r a n d a Carvalho, que terminou, no anno lecüvo


findo, com m a i s distincçfio o curso geral, foi conferido o I o
prêmio — Medalha

Gomes J a r d i m .
IMP. 6
42

P o r Decreto de 4 de agosto de 1887 foi nomeado, mediante concurso, o Capitão de


Engenheiros L i c i n i o Athanasio Cnrdoso para o logar de lente da I cadeira do 2 anno
a o

do curso g e r a l .
Approvado, na t r a n s a d a sessão da Câmara dos Srs. Deputados, o addilivo
• que, no intuito de supprimir o curso de sciencias physicas e mathematicas e o de
minas, foi offerecido ao projecto de orçamento da despeza do Ministério do Império,
resolveu um dos meus predecessores, por A v i s o de 7 de j u l h o , que até ulterior d e l i -
beração se suspendessem todos os concursos para provimento dos logares do m a -
gistério que se achavam vagos.
O Senado, ao tomar conhecimento daquelle projecto, decidiu que esse a d -
dilivo, a s s i m como outro concernente ao curso de artes e monufacturas, que também
obtivera approvaçfio da referida Câmara, fos=em supprimidos paro formar pro-
jectos distinetos, e com este alvitre conformou-se o ramo temporário do Poder
Legislativo.
Em taes condições, tendo o Director da Escola representado sobre a conveniência
de continuarem os concursos, assim se determinou' por A v i s o de 24 de novembro
próximo findo.
Em execução do disposto no art. 2 ° n . 25 da L e i n. 3349 de 20 de oitubro de
1887, que rege o corrente exercício, mandou-se, por A v i s o s de 2 dc janeiro, que para
o provimento da cadeira de biologia industrial se procedesse ao concurso determinado
no art. 49 do Regulamento annexo ao Decreto n. 8903 de 3 de março 1S83,
declarando-se ao Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciorio do B r o z i l em
Poriz ficar sem effeito a incumbência, que lhe havia sido dada, de contratar um pro-
fissional estrangeiro que leccionasse a dita matéria.
O D r . José Antônio Murtinho, substituto da secção a que pertence a mencionada
cadeira, representou contra aquelle acto, por julgar-se com o direito de ser nomeado
cathedratico independentemente de concurso.
Em A v i s o de 25 do mesmo mez foi explicado que o art. 2 o
da L e i n. 3349 não
pôde deixar de ter execução, para o effeito de verificar-se por meio de concurso
o primeiro provimento da cadeira, dc acordo com o art. 49 do Regulamento de
1883, em que está consolidada a doutrina do Decreto de 28 de oitubro de 1882, na
parte em que ficou definitivamente resolvido, de conformidade com o parecer da
Secção dos Negócios do Império do Conselho dc Estado de 25 de setembro a n -
tecedente, que ao actual substituto da 2* secção do curso de sciencias physicas
enaturaesnãoseapplicao ort. 23 dos Estatutos da Escola, pois que este artigo
só se entende com as cadeiras existentes na data da reforma da mesmo Escolo,
e não com as que foram então creadas.
43

O D r . Murtinho acaba de renovar a sua representação, que será brevemente


decidida.
Continua a Escola a soffrer os embaraços que da falta de espaço do edifício em
que funcciona resultam para o desenvolvimento do ensino prático.
E ' innegavel a utilidode da despeza que se fizer para remediar tfio sensível
falta, nfio excedendo de 90 contos de réis a que neste intuito se torna necessária
no próximo exercício.
Por causa da indicada escassez de espaço e da exiguidade da consignação votada
para o custeio dos gabinetes e laboratórios, poucos melhoramentos puderam elles
receber, á excepção do de chimica industrial, que continua a desenvolver-se, tendo
concorrido valiosamente para enriquecer a respectiva collecçüo technologica os
productos naturaes remettidos por algumas províncias do Norte, em virtude da
recommendação de que se vos deu conta no ultimo Relatório deste Ministério.
Concluiu-se o interessante trabalho da organização dos catálogos das collecções
que possue o gabinete de botânica.
A bibliotheca foi freqüentada por 2.071 leitores, que consultaram 3.661 obras.
Adquiriram-se mais 186 obras, em 324 volumes, ficando a s s i m elevado o numero
de obras da bibliotheca a 5.030, em 13.658 volumes, além de 2 i assignaturas de jornaes
e revistas scientificas.

No pessoal administrativo da Escola deram-se as seguintes alterações :

P o r Portarias de 23 de fevereiro ultimo, concedida ao Alferes Ismael Marinho


Falcão a exoneração que pedira do logar de Porteiro, foi nomeado para o mesmo
logar o Continuo Cyrillo José dos Santos, e para a vaga que este deixou Emygdio
Augusto d'ütra.

Por Portaria de 3 de novembro expediram-se instrucções para os exames de


mathematicas elementares e desenho, que se fazem na Escola de conformidade com
o Decreto n. 8783 de 30 de novembro de 1832.
Por Decreto n. 9827 de 31 de dezembro regularam-se as habilitações para o
exercício da profissão de agrimensor, satisfazendo-se por tal fôrma a necessidade,
ha muito reconhecida, de obviar a disparidade entre o que neste particular se exigia
nas differentes Escolas onde se prestam os exames respectivos e de tornar aquelle
exercício dependente de provas consenlaneas á crescente importância que se liga ás
funeções de agrimensor.
Em A v i s o de 31 do mesmo mez de dezembro expediram-se instrucções p i r a a
concessão de duos medalhas de ouro instituídas pelo fallecido lente jubilado da E s -
44

cola Conselheiro Ricardo José Gomes J a r d i m , afim de se conferirem onnualmente,


como prêmio, aos dois alumnos que concluírem com m a i s dlsUncçfio o curso g e r a i .
Finalmente, por Decreto de 14 de janeiro, foi alterada, de acordo c o m o que
propuzera a Congregação, a distribuição das cadeiras dos cursos de sciencias p h y -
sicas e naturaes e de artes e manufacturas. E s t a medida, que teve por fim consultar
as dependências lógicas e didacticas das matérias, nfio contraria qualquer reforma
que para o futuro se haja de fazer no sentido de melhorar o plano de estudos da
Escola.

II

Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

Em 1887 foram admittidos- nesta Faculdade 751 estudantes, sendo 543 mediante
matricula e 208 com permissão p a r a freqüentarem os laboratórios.
Dos mencionados estudantes pertencem ao curso medico 560, ao pharmaceutico
162, ao odontologico 27 e ao obstetrico 2, a s s i m distribuídos:

CURSO MEDICO

I serie
a
92
2« » 108
3 a
» 82
4 a
» 55
5 a
» 97
6 a
» 126
560

CURSO PHARMACEUTICO

I a
serie

38 162

722
45

C U R S O ODONTOLOGICO

722
I serie
a
7
2« » 12
3 a
» 8

27

CURSO OBSTETRICO

2 serie
a
2
~75i

Dos estudantes do curso medico l i transferiram-se para a Faculdade de M e d i -


cina da Bahia, l falleceu e 32 d e i x a r a m de inscrever-se para exame.
Dos estudantes do curso pharmaceutico passaram: 1 para o curso medico, 3 para
a referida Faculdade, 2 para a Escola de P h a r m a c i a de Ouro Preto, e deixaram de
inscrever-se para exame 12.
Do curso odontologico 2 estudantes deixaram de inscrever-se para exame.
O resultado dos exames por matérias foi o seguinte:

CURSOS

Medico Pharnuceulico Odratologico Obtlttrico TOTAL

., , . 68 18 — — 86
121 15 2 1027
463 118 68 2 651
34 18 — 157
44 13 — — 57

Considerados os exames por series, ficaram habilitados:

CURSO MEDICO

Na I serie a 45
» 2° » 72
» 3 a
» 50
» 4 a
» 52
» 5° » 92
D 6 a
» 126
46

CURSO PHARMACEUTICO

437
Na I serie
a
39
» 2 a
» 50
» 3 a
» 26

115

CURSO ODONTOLOGICO

Na I serie
a
6
o 2 » a
12
» 3 »a
12
30
CURSO OBSTETRICO

Na 2 serie
a
2 2

584

Defenderam theses 127 alumnos, dos quaes foram approvados c o m distineção 16,
plenamente 93, simplesmente 12 e reprovado 1. Dos que obtiveram approvaçao
simples, 1 fora approvado nas clinicas no anno anterior.
Os 123 alumnos approvados receberam o grau de doutor em m e d i c i n a .
Deixaram de defender theses 12.
Prestaram juramento de pharmaceutico 26 alumnos approvados na 3 serie do a

respectivo curso, e foram habilitados 12 do curso odontologico e 2 do curso obste-


trico.
Dos 126 alumnos que se doutoraram 124 sfio brazileiros, 1 allemfioe 1 p o r -
tuguez.
Dos brazileiros, sao naturaes:
Do Pará 2
Do Maranhão 5
Do Piauhy 2
Do Ceará 5
Do R i o Grande do Norte 1
Da Parahyba 3
De Pernambuco 5
De Sergipe 1

24
47

24
De M i n a s Geraes 31
Do R i o de Janeiro 54
De S. Paulo 7
Do Espirito Santo 2
Do Paraná i
Do R i o Grande do Sut 5

124

Ao doutorando Luiz Theodoro Schreiner foi conferido o prêmio intitulado


« D r . Manoel Feliciano.»
Habilitaram-se para exercer s u a profissão no Império 5 médicos e 5 dentistas
formados por escolas estrangeiras.

Funccionam regularmente os diversos laboratórios. Quanto aos resultados da


freqüência dos alumnos, o Vice-Direclor da Faculdade, que se acha interinamente
na direcção do estabelecimento, declara estar convencido de que em sua
m a i o r i a os estudantes l i m i t a m - s e a assistir aos trabalhos práticos somente pelo
tempo que lhes é preciso para fazerem as preparações e obterem os attestados
de que necessitam para que sejam admittidos aos e x a m e s : «Para elles » diz aquelle
funccionario « o professor não representa talvez m a i s do que u m a entidadeefflcial
encarregada de verificar per summa capita, em certas e determinadas épocas,
os taes ou quaes conhecimentos adquiridos pela leitura dos compêndios, o mate das
vezes sem critério feito, e o laboratório é apenas o logar onde, em numero limitado
de dias, devem executar umas tantas preparações que os habilitem a fazer exame.»
Estas observações constituem mais uma autorizada contribuição para o j u l -
gamento do systema de liberdade de freqüência introduzido nos cursos superiores
pelo Decreto de 19 de a b r i l de 1879, e m o s t r a m quanto urge remover a causa
principal do abatimento dos estudos naquelles cursos.
O m u s e u anatomo-pathologico continua a ter o necessário desenvolvimento.
No laboratório de hygiene fizeram-se o anno passado 444 analyses, das quaes
foram retribuídas 152, sendo 24 solicitadas por particulares e 128 pela inspectoria
G e r a l de Hygiene, por conta do9 interessados: estas p r o d u z i r a m a quantia- de
2:0441000 e aquellas importaram em 304$000. As demais 292 analyses não ferem
retribuídas, visto se referirem a productos apprehendidos pela dita Inspectoíte, e
a s s i m se explica a diminuição da renda do laboratório, comparada adoaâftode
1887 com a do de 1886.
48

A bibliotheca foi freqüentada por 14.438 leitores, que consultaram 15.305 o b r a s .


A d q u i r i r a m - s e mais 610 obras, em 931 volumes, o 219 fasciculos; e, além de
42jornaes de assignatura, foram recebidos, mediante permuta, 31 de differentes
poizes, e theses das Faculdades da Bahia e de Bordeaux.
Publicou-se o volume correspondente oo I semestre do 4 onno da Revista dos
o o

cursos práticos e theoricos.


Recebido o legado, no valor de 2:800*330, que o Conselheiro Pedro Francisco
da Costa Alvarenga instituirá para o fim de conferir-se um prêmio annual ao
alumno que mais se distinguisse no estudo de matéria medica e therapeutica,
foi, por Aviso de 25 de oitubro, autorizada naquelle intuito a acquisiçSo de duas
apólices do valor nominal de 1:000$ cada u m a , providenciando-se não só p a r a
serem inscriptas na Caixa da Amortização, com a cláusula de inalienáveis e
recolhidas ao Thesouro Nacion.il, m a s tombem para se depositar no Banco
do B r a z i l o saldo que se verificasse, até que com os juros accumulados se
pudesse adquirir outra.

Mediante concurso foram n o m e a d o s :


Adjunto á cadeira de histologia theorica e prática, o D r . Genuíno Marques
Mancebo, por Decreto de 1S de agosto;
Adjunto á cadeira de clinica obsletrica e gynecologica, o D r . Augusto de Souza
Brandão, por Decreto de 6 de o i t u b r o ;
Preparador do laboratório de chimica orgânica e biológica, o D r . Joaquim C a -
minhoá, por Decreto de 21 do mesmo m e z ;
Preparador do laboratório de histologia n o r m a l , o D r . Eduardo Chapot Prevost,
por Decreto de 25 de março ultimo, cessando o exercício do preparador contratado
D r . Eugênio Alexandre P o n c y .
Também mediante concurso foram providos differentes logares de internos e
ajudantes de preparador.
Vaga a I cadeira de clinica medica de adultos pelo fallecimento do Conselheiro
a

Barão de Torres Homem, pediu e por Decreto de 29 de novembro obteve transferencia


para ella o lente de hygiene e historia da medicina Conselheiro Nuno de A n d r a d e .
Havendo Efisio Anedda, que mediante contrato desempenhava desde agosto de
1886 as funcçôes de preparador do museu onatomo-pathologico, manifestado a pre-
tenção de tornar dependente de maiores vencimentos a continuação de seus
serviços, e não dispondo o Governo de meios para oceorrer ao augmento de despeza,
resolveu o Ministério do Império, por Avisos de 28 de oitubro, mandar contratar
na Europa quem substituísse aquelle profissional. O Director effectivo da F a -
culdade, que já se achava a l l i , em commissão do Governo, foi incumbido de indicar
49

á Legação do Brazil em Pariz pessoa devidamente habilitada, e a 28 de fevereiro


a dita Legaçfio celebrou contrato com Georges T a l r i c h , que, tendo chegado aqui
em melado de abril, entrou logo no exercício das respectivas funcções.
No mez de j u l h o regressou du Europa o lente de chimica mineral e mineralogia
Dr. A u g u s t o Ferreira dos Santos, a quem o Governo encarregara de estudar a pro-
p h y l a x i a da hydrophobia e a bactereologia.
O Dr. Ferreira dos Santos desempenhou-se desse encargo por tal fôrma que o
eminente professor Pasteur, cujo laboratório elle freqüentara assiduamente, acompa-
nhando-lhe os trabalhos com a maior solicitude, entendeu dever prestar estas infor-
mações ao Governo do Brazil, e manifestar-lhe o juizo de que ninguém melhor de
que o nosso compatriota poderia crear e dirigir aqui um instituto destinado ao tra-
tamento dos hydrophobos.
Sendo um dos pontos do programma do Congresso internacional de sciencias mé-
dicas que se realizou em Washington no mez de setembro a origem microbiana da
febre amarella esuas inoculações preventivas, e tendo sido nomeado vice-presidente
de u m a das respectivas secções o D r . Domingos José Freire, resolveu-se, por A v i s o
do I de agosto, dispensar o dito Doutor do exercido da sua cadeira para que p u -
o

desse não sò assistirão mesmo Congresso, como também reunir-se á commissão que,
por ordem do Governo da Republica Franceza, tinha de percorrer as possessões desta
na A m e r i c a afim de applicar o indicado meio prophylactico proposto por aquelle
profissional brazileiro.

O Dr. Freire já se acha de volta, tendo reassumido o exercício a 30 de a b r i l


ultimo.
Continua na Europa, além do lente Visconde de Motta Maia, que, na qualidade
de Medico da Imperial Câmara, foi designado para acompanhar Suas Magestades
Imperiaes, o Director da Faculdade, Barão de Saboia, commissionado por Aviso
de 23 de junho afim de estudar em congêneres estabelecimentos do velho mundo
tudo quanto convenha applicar ao ensino das nossas Faculdades, e especialmente
a constituição do pessoal docente e do que se destina aos serviços que se relacio-
nam com os trabalhos práticos, assim como o systema de distribuição e fiscalização
destes e os meios a que em taes estabelecimentos se devem o interesse e aproveita-
mento dos alumnos no que respeita oos estudos anatômicos e á cultura technica.
Determinando semelhantes estudos, teve em vista o Governo ficar habilitado a
conseguir que, sem prejuízo do ensino, se restrinjam as despezas resultantes da
organização dada ás Faculdades de Medicina do Império pelos Estatutos que b a i x a -
r a m com o Decreto n . 9311 de 28 de oitubro de iS84, e que o ensino prático se torne
verdadeiramente profícuo. O assumpto é digno da m a i s séria attenção dos p o - r

IMP. 7
5Í)

deres públicos, e devo esperar que, melhorada aquell» organização e s u b s t i -


tuídas ao nctual regimen de liberdade de freqüência as normas que neste par-
ticular aconselham a experiência e ponderação dos nossos meios de ensino,
ficarão convenientemente atlendidos os interesses que se prendem aos estudos
médicos.

Cumpre-me chamar a vossa detida attenção para as construcçôes que se estavam


fazendo na praia da Saudade, destinadas em parte a Faculdade de Medicina do R i o
de Janeiro.
Conforme as informações que no anno findo se vos prestaram, o projecto
dessas construcçôes foi organizado com a idéa de collocar a l l i , á medida que o per-
mittissem as circumstancias do paiz, differentes institutos de ensino, elevando-se a
10.000:000$003 o orçamento geral de taes obras.
Encetadas estas, representou a Congregação daquella Faculdade sobre a con-
veniência de que os vários institutos e laboratórios funecionassem em edifícios
isolados, sufficientemente espaçosos, porém próximos uns dos outros. Dahi resultou
a acquisição do vasto terreno que fica na contiguidade da casa destinada ao Instituto
dos cegos e do Hospício de Pedro II.
Começaram as construcçôes pelo edifício principal, orçado em 2.300:ú00$000,
para os aulas que não dependem de laboratórios e gabinetes, assim como
porá a administração, a bibliotheca e o museu geraes, pelo que foi deno-
minado Curatorium. Quanto aos demais edifícios, não se encetou a respectiva
construcção.
A Assembléa Geral, na sua ultima reunião, tomando conhecimento do estado
em que se achavam as referidas construcçôes, resolveu que urgia s u p p r i m i r o
credito que se votava para eilas nas leis de orçamento, ficando, portanto, suspensas
até ulterior decisão.
O meu illustre antecessor, no intuito de evitar prejuízos maiores, consultou o
Conselho de Estado Pleno, nos termos do art. 20 da L e i n. 3140 de 30 de oitubro
de 1.332, sobre a abertura de um credito extraordinário de 100:000>&00 poro oceorrer,
dentro doaclual exercício, ás obras que u r g i a m afim de resguardar da acção do
tempo tão importantes construcçôes, emquanto pelo Poder Legislativo não fossem
tomadas outras medidas.
Na conferência de 18 de janeiro ultimo, em que se tratou da abertura desse cre-
dito, dividiram-se as opiniões: houve 6 votos a favor e 6 contra, fundando-se os
últimos no parecer que a tal respeito havia apresentado na Câmara dos Srs. Sena-
dores a commissão do orçamento, e'que o seu illustrado relator suslentára na sessão
de 26 de agosto de 1887.
51

Recommendou-se então no Engenheiro do Ministério do Império, que suspensas


todas as obras, procurasse quanto possível acautelal-as, applicando a este fim o d i -
minuto saldo existente nas respectivas consignações votadas para o exercício
de 188'. a 1887.
E ' de urgente necessidade a cobertura definitiva do corpo central do edifício,
pois nesta parte se acham quasi inteiramente assentados o vigamento de ferro e o d e
madeira, e um e outro, attenlo o valor que representam, nüo podem ficar expostos
aos estragos do tempo. Demais, om todo este corpo existe um systema complexo
de andaimes, que, si não forem já aproveitados, exigirão depois despeza ovultada
para que possam servir.
A despeza com os alludidos trabalhos foi orçada em 313:421*666, compre-
hendendo o orçamento todas as obras que dependem dos andaimes, taes como a
construcção até o respaldo, ao nível do frechal; o fornecimento e a collocação do t r a -
vejamento, o telhado, as calhas, os conduetores, a platibanda de cantaria e de a l -
venaria, o emboço e o reboco do exterior.

III

Faculdade de Medicina da Bahia

No anno de 1S87 fizeram exames das matérias das diversas series do curso
medico 612 estudantes e do curso pharmaceutico 93. Destes tinham-se matriculado 57
e inscripto para freqüentar os laboratórios 36; daquelles, matricularam-se 212 e fre-
qüentaram laboratórios 400.

Dos referidos estudantes 703 são brazileiros e 2 portuguezes.

Dos brazileiros são naturaes :

Do Pará 1 r\
•>

Do Maranhão 30

Do Piauhy 9

Do Ceará 29

Do Rio Grande do Norte. 15

Da Parahyba 12

108
52

108

D e Pernambuco 5 3

De Alagoas 23
D e Sergipe 5 7

Da Bahia 297
Do Espirito Santo 4
Do R i o de Janeiro 56
De S. Paulo 21
Do R i o Grande do Sul 23
De Minas Geraes 59
De Matto Grosso 2
703
O resultado dos exames por matérias foi o seguinte:

CURSOS

Medico Pharmieoatico ToUl

33 — 33
86 948
65 669
50 214

— 19

Considerados os exames por series, ficaram h a b i l i t a d o s :

CURSO MEDICO

Na 1« 61
j> 2 a
129
» 3 a
238
» 4 a
821
» 5» 312
» 6 a
438
1.499

CURSO PHARMACEUTICO

Na I a
22
» 2» 35
» 3 a
94
151

1.650
53

Referindo-se a estes resultados, diz o Director da Faculdade que eües podaefto


satisfazer os que se contentam com a instrucção superficial, que de ordinário adquire
a mocidade das nossas escolas; mas contristam aqueUes que, comparada a defi-
ciência dos meios de ensino de outr'ora com os de que boje dispomos, avaliam
quanto é relativamente inferior o grau de cultura scientifica da geração actuaL
Aquelle fuocciooario continua a considerar como uma d a s causas principaes
de semelhante abatimento a faculdade que, no regimen da liberdade de freqüência,
os estudantes têm de fazer exames das matérias de m a i s de uma serie dentro do
mesmo anno lectivo.
No decurso do anno findo muitos alumnos prestaram exames de duas
series, e não poucos os fizeram de tres, contando-se entre os últimos alguns
que foram examinados e approvados nas matérias da 3", 4» e 5* series, todos
fora da época normal, de março a oitubro. Em.relaçfio a taes factos nota o Director
que, ainda quando, por serem dotados de grande capacidade, pudessem esses
alumnos em tão curto espaço de tempo assimilar as noções theoricas relativas
áquellas matérias, é fora de duvida que a prática deixou de ser attendida, o que
tanto m a i s se deve lamentar quanto ê certo que os estudos práticos são. os m a i s
necessários ao medico
Receberam o grau de doutor em medicina 108 alumnos, sendo um do sexo fe-
minino ; e prestaram juramento para exercer a pharmacia 44. Todos concluíram o
curso no anno lectivo que findou.
Funccionaram regularmente os laboratórios de physica, chimica mineral,
botânica e zoologia, chimica orgânica e biológica, histologia normal, anatomia
descriptiva, anatomia topographica e operações e o de pharmacologia.
No corrente anno começou a funccionar regularmente o gabinete de anatomia e
physiologia pathologicas.
Inaugurar-se-á o de physiologia experimental logo que seja provido o respectivo
logar de preparador.
O de medicina legal e toxicologia ficará em condições de prestar bons ser-
viços, quando se accommodarem os respectivos apparelhos e instrumentos no local
apropriado, que se mandou dispor em um dos pavilhões em construcçSo.
Trata-se igualmente de estabelecer o laboratório de h y g i e n e .
Quanto ao de therapeutica e ao gabinete de prothese dentaria, o respectivo
estabelecimento depende da continuação d a s obras, as quaes no anno passado
ficaram paralysadas por falta de meios.
Havendo sido votado pela L e i n. 3349 de 20 de oitubro do dito anno, qne rege o
actual exercício financeiro, um credito no valor de 100:0001000 afim de ser appBcado
54

à desapropriação e obras do edifício da Faculdade, providenciou-se em 3 de fevereiro


ultimo com as necessárias ordens na Thcsouraria de Fazenda da Bahia, pelo
que este anno as obras terão o conveniente impulso.
Freqüentaram a bibliotheca 5.971 leitores, que consultaram 6.G53 obras, a s a b e r :
2.0G7 de medicina, 2.067 de cirurgia, 1.896 de sciencias accessorias e 623 de litteratura
medica. Comparados estes algarismos com os do anno antecedente, em que s u b i u
a 9.110 o numero dos leitores, os quaes consultaram 10.072 obras, vê-se quanto
diminuiu a freqüência, o que é ainda resultado da facilidade de poderem os alumnos,
com insignificante cabedal scientifico, obter approvaçao nos exames.
As acquisições feitas pela bibliotheca consistiram em 83 obras, em 111 vo-
lumes, além de 33 revistas estrangeiras, 5 mappas geographicos, e varias theses,
nüo contando as defendidos perante a Faculdade.

No ultimo Relatório informou-vos um dos meus predecessores que, tendo o


Governo julgado insuficientes as provas exhibidas pelos candidatos propostos para
o provimento dos logares de preparador de physiologia theorica e experimental e
de anatomia e physiologia pathologicas, ordenara por Avisos de 24 de julho e 18
de oitubro de 1886 se procedesse a novos concursos.
Com officio de 2 de junho ultimo enviou a Directoria da Faculdade ao Ministério
do Império o requerimento em que, representando contra aquelles actos, a maioria
da Congregação pedia fossem declarados sem effeito.
Ouvida a Secçüo dos Negócios do Império do Conselho de Estado, expoz,
em parecer constante de Consulta de 20 de setembro, que, « bem examinadas e
combinadas as disposições vigentes, verifica-se que ás Congregações só c o m -
petem actos preparatórios e consultivos quanto aos concursos, e que ao Governo
pertence julgal-os definitivamente, conhecendo da regularidade do processo e da
aptidão dos indivíduos que tem de nomear, nos termos do art. 203 dos Estatutos
annexos ao Decreto n. 9311 de 23 de oitubro de 1 8 8 o q u a l não alterou, nesta parte,
as disposições dos Estatutos das Faculdades de Direito e de Medicina a que se
referem os Decretos ns. 1386 e 1387 de 28 de a b r i l de 1854. Esta interpretação, accprde
com o que se pratica em outros paizes onde existem organizações semelhantes, ê
atteslada por diversos actos do Governo, annullando concursos, já por insufficiencia
de provas, já por não conter a proposta tres nomes. Taes exemplos esclarecem e
firmam a intelligencia que deriva da organização do nosso ensino, segundo a q u a l o
Governo, a quem incumbem o dever, os ônus e a responsabilidade da instrucção
superior, não pôde deixar de ler o direito de certificar-se, por juizo próprio, da
capacidade do professorado que houver de nomear para as nossas Faculdades, as
55

quaes são de regimen de todo differente do que tôm as universidades e escolas


autônomas e livres.»
Concluindo opinou a Secção ser claro e indubitovel o direito com que o Governo
recusara as propostas da Congregação, e que o poderia fazer, como fez, sem prévia
audiência do Conselho de Estado, porque os casos, em que o grande interesse
publico ligado a instrucçüo aconselha que se afastem das Faculdades pessoas desti-
tuídas da necessária aptidão, são muito differentes do de serem preteridas forma-
lidades essenciaes dos concursos, em que se tem de ocautelar o direito de concur-
rentes que houverem exhibidoboas provas. Em summa, o Governo, recorrendo
no primeiro caso ao juízo dos especialistas em quem confie, para poder praticar consci-
enciosamenle actos de sua competência e responsabilidade, usa de um direito e não
faz injuria a quem só cabe a attribuição legal de propor.

Tendo Sua Alteza A Princeza Imperial Regente, em Nome do Imperador, se


conformado com este parecer, por suo Immediata Resolução de 21 de oitubro, a s s i m
foi declarado á Directoria da Faculdade, por Aviso de 27 do mesmo mez, para
a devida observância em relação aos novos concursos.

Falleceram, a 8 de março, o adjunto á cadeira de pharmacologia e arte de for-


m u l a r D r . João Gualberto de Souza Gouvêa, e a 15 de abril o Conselheiro Demetrio
Cyriaco Tourinho, lente da cadeira de pathologia medica.
Por Decreto de 22 de setembro foi jubilado o lente de botânica e zoologia Conse-
lheiro Pedro Ribeiro de Aroujo.

F o r a m nomeados:

Lente da cadeira de clinica e policiinica medica e cirúrgica de crianças, por De-


creto de 6 de oitubro, mediante concurso, o D r . Frederico de Castro Rabello.
Lente da cadeira de pathologia cirurgica, porDecrelo de 26 de novembro, de
conformidade com a 2 parte do art.
a
t° do Decreto Legislativo n. 2149 de 22 de
setembro de 1875, o Dr. José Pedro de Souza Braga, substituto da secção de sciencias
cirúrgicas.
Preparador do laboratório de anatomia e physiologia pathologicas, o D r . José
Carneiro de Campos, por Decreto de 2 de janeiro, mediante concurso.
Vice-Director, por Decreto de 14 do mesmo mez, o lente D r . José O l y m p i o de
Azevedo.
Por meio de concursos foram tombem providos vários logares de internos e
ajudantes de preparador.
O Dr. Virgílio Climaco Damasio, lente da cadeira de medicina legal e toxicologia,
apresentou impresso o relatório que sobre o ensino e exercício da medicina, espe-
56

clalmente da medicina legal, em alguns paizes da Europa, havia elaborado no


desempenho da commissão de que se occupára de abril de 1883 a oitubro do anno
seguinte.
O Director da Faculdade representa sobre as vantagens que para o m e l h o r a -
mento do ensino medico, principalmente na parte prática, em que muito teriam que
aprender os nossos proflssionaes visitando as escolas e os laboratórios da Europa^
adviriam das commissões scientiflcas que para esse Um continuassem a ser c o n -
fiadas aos lentes da Faculdade.

IV

Faculdade de Direito do Rerife

Para os exames do curso superior, que se fizeram de março a m a i o de 1887, in-


screveram-se 387 estudantes, dos quaes 118 eram matriculados. O resultado foi
o seguinte:

Approvados plenamente 92
» simplesmente 177
Reprovados 74
Não compareceram, deixaram de concluir as provas ou
f i z e r a m provas nullas 4i

387

Dos approvados concluíram os estudos 38.


No referido corso matricularam-se o anno passado 858 alumnos, sendo:

No I anno o
183
0 2 0 0
188
» 3 o
» 229
» 4 0 0
140
0 5 0
» 118
858
57-

No fira do anno Inscreveram-se para os exames 751 estudantes, doa quaea


689 se tinham matriculado. O resultado foi o seguinte:

Approvados com distineção 16


» plenamente 303
» simplesmente 216
Reprovados 92
Nfio compareceram, deixaram de concluir as provas ou
fizeram provas nullas 124
751
106 dos approvados concluíram o curso.
Transmittindo ao Ministério do Império os dados acima transcriptos, expoz o
Director interino que, nfio obstante as providencias que tomara, de dar exercício
•cumulativo aos lentes e elevar ao duplo o numero de examinandos de cada
t u r m a , nfio foi possível que terminassem antes do 1° de maio de 1887 os actos da
2° época do anno lectivo anterior, pelo que tornou-se necessário adiar a abertura de
algumas das a u l a s . Este prejuízo, que sofifreu o ensino, aggravou-se pela inter-
rupção que depois determinaram os trabalhos de dois concuFsos; e, levados
em conta os feriados, as faltas dos lentes e os dias em que não houve lição
p o r falta de comparecimento dos alumnos, verificou-se terem sido explicados na
m a i o r parte das cadeiras poucos pontos do p r o g r a m m a .
Calculando em 580 o numero de candidatos que appareceriam na época de
exames já próxima, a do mez de março, ponderou o dito funccionario que, consi-
derado o período de duração dos actos do fim do anno que acabavam de realizar-se,
não poderiam os ditos exames encerrar-se antes dos últimos dias de maio cor-
rente, de sorte que, por se dever contar com as mesmas causas que interromperam
o exercício das aulas em 1887, 'ainda mais deplorável seria o resultado em 1888,
indo ao ponto de não haver verdadeiramente ensino nesse anno.
No intuito de obviar desde logo, tanto quanto possível, ao m a l de se apresentarem
aos exames avultado numero de estudantes a quem quasi sempre falta o necessário
preparo, propoz o Director interino varias medidas que importavam a alteração dp
regimen vigente em virtude das disposições do Decreto de 19 de a b r i l de 1879.
O m e u illustre antecessor entendeu, porém, que, por estarem pejadentes de r e -
solução legislativa as providencias que devem habilitar q Gojterno o fazer a conve-
niente reforma dos cursos jurídicos,, c u m p r i a manter-se esse regimen emqúanto
outra cousa nfio fosse por aquella fôrma determinada. Attendendo em todo caso
a que as vantagens que para os estudantes decorrem de tal regimen acham-se
limitadas pelas disposições regulamentares que acautelam a boa ordem dos traba-
IMP. 8 -
58

lhos lectivos e ns necessidades do ensino, e n que nfio é, portanto, admissível que a


2 época dc exames transcenda a que para o começo dos aulas marcam as m e s m o s
n

disposições, resolveu que, observados lambem a respeito dos estudantes nüo m a -


triculados os artigos r>3 e 51 do Regulamento Complementar dos Estatutos (De-
creto de 24 dc fevereiro de 1855), sejam udmiltidos a exame extraordinário no
dita 2" época somente os candidatos inscriptos durante a I , que o nüo tenham feito
a

por motivo justificado, a juizo da Congregaçüo. Na indicada conformidade expe-


diu-se á Directoria da Faculdade do Recife o A v i s o de 23 de fevereiro, que foi
também mandado observar na Faculdade de S. Paulo.
Contra este octo s u r g i r a m reclamações, dos quaes coube-me tomar conheci-
mento, formulados por estudantes da Faculdade onde oceorreram os factos lamentá-
veis que haviam determinado a indicada providencia.
Pediam taes estudantes que no corrente anno, pelo menos, não se desse e x -
ecução ao Aviso de 23 de fevereiro, ollegando que os exames podiam effectuor-se
a horas em que os aulas não funecionam.
E ' certo, porém, que estas não trabalhariam regularmente emquanto se pro-
cedesse aos actos, porque os lentes não são obrigados o leccionar e e x a m i n a r
cumulativamente.
A ' vista do fundamento daquelle Aviso, ponderada a necessidade de impedir
que tomassem ainda maiores proporções os abusos oceasionados pelo regimen
que o j a mencionado Decreto de 19 de abril de 1S79 instituirá, pareceu-me acer-
tado manter o acto do meu illustre antecessor, só permittindo, por equidade, que os
alumnos matriculados em 1887 que não tinham satisfeito a 2 prestação da taxa dc
a

matricula prestassem exame no começo do corrente; anno lectivo, realizando p r e v i a -


mente tal prestação. Nesse sentido expedi ao Director interino da Faculdade o
Aviso de 3 de abril ultimo, declarondo-lhe ao mesmo tempo que poderiam ser admit-
tidos á matricula os estudantes que não haviam-na requerido na época própria por
aguardarem o decisão do Governo quanto ao preindicado Aviso de 23 de fevereiro.
Em relação o este assumpto devo finalmente informar-vos que pelo referido
funecionario me foi participado ter a alludida providencia remediado em grande
parte os males e inconvenientes sobre que elle representara.
Dos 4 candidatos inscriptos para defeza de theses 2 deixaram dc comparecer,
1 não concluiu o acto e outro foi approvado.
Em 1887 matricularam-se no curso preparatório 235 alumnos, sendo de 165 a
freqüência média.

Para os exames geraes de preparatórios, aos quaes se procedeu em novembro


e dezembro, inscreveram-se 1.423 estudantes/O resultado, que, na phrase do Director
interino, nfio exprime o necessário rigor por parte dos commlssôes julgadoras,
foi o seguinte:

Approvados com distineção 37


» plenamente 340
» simplesmente 444
Reprovados 163
Nfio compareceram, deixaram de concluir as provas
ou fizeram provas nullas 2:35
F o r a m inhabililados para a prova oral 201
1.-Í23

Conforme pediu, foi jubilado, por Decreto do I o


de setembro, o Conselheiro João
Capistrano Bandeira de Mello, lente da I cadeira do 5
a o
onno.
P a r a a 2 cadeira do 5° anno, vaga por fallecimento do Dr. José Joaquim Tavares
a

Belforl, obteve transferencio, por Decreto dc 18 de agosto, o lente da 2 cadeira do


a

2° anno, Dr. José Joaquim Seabra, sendo nomeado para esta o substituto Dr. Joaquim
de Albuquerque Barros Guimarães, por Decreto de 15 de setembro.
P a r a a I cadeira do 5° anno foi nomeado o substituto D r . Tobias Barreto de
a

Menezes, por Decreto de 13 de oitubro.


Mediante concurso foram nomeados lentes substitutos o Dr. Manoel do Nasci-
mento Machado Portella Júnior, por Decreto tombem de 13 dc oitubro, e o Bacharel
Adolpho Tacio da Costa Cirne, por Decreto de 26 de novembro.
Por Portarias de 27 de j u n h o e de 2 de setembro declarou-se vitalício o
provimento do Concgo D r . L u i z Francisco de Araújo no logar de professor de
l a t i m , e o do D r . Joaquim de Albuquerque Barros Guimarães no de professor de
rhetorica e poética, ambos do curso annexo á Faculdade.
Para o logar de continuo foi nomeado Manoel Presciliono da Silva Brogo, por
Portaria de 23 de m o i o .
O Director interino represento que é de absoluta necessidade elevar o numero
dos contínuos fixado na lei do orçamento, assim como insto para que se augmente
a consignação destinada a ocquisiçüo de obras.
Tendo o L e i n . -3:349 de 20 de oitubro] ultimo, que rege o octual exercício finan-
ceiro, desünodo o credito de 100:00í>?000 poro accommodação desta Faculdade em
edifício apropriodo, encarreguei por Aviso de 30 de abril o Engenheiro L u i z Pucci
de proceder aos exames c estudos necessários afim de que o Governo se habilite
a resolver a tal respeito.
60

Faculdade de Direito de S. Paulo

Para os exames do curso superior, que se fizeram em março de 1887, i n s c r e v e -


ram-se 99 estudantes, dos quaes 35 eram matriculados. O resultado foi o seguinte :

Approvados pienamente 6
» simplesmente 40
Reprovados 3 6

Nfio compareceram ou deixaram de concluir as provas 17


99

No referido curso matricularam-se o anno passado 444 alumnos, sendo:.

No I annoo
77
» 2° o 139
» 3 o
» 97
» 4 o
» 62
» 5 o
» 69
' 444

No fim do anno inscreveram-se para os exames 401 estudantes, dos quaes 388 se
tinham matriculado. O resultado foi o seguinte:

Approvado com distineção 1


Approvados plenamente 191
» simplesmente 144
Reprovados • 17
Deixaram de comparecer ou nfio concluíram as provas 48
- 401

Receberam o grau de Bacharel em sciencias jurídicas e sociaes 67 estudantes.


Eleva-se a 2.535 o numero dos que desde 1828 até o anno passado têm recebido
aquelle grau.

Dos 3 candidatos inscriptos para defeza de theses um nfio a apresentou, outro


nfio concluiu o acto e o terceiro foi approvado simplesmente.
61
^^^^

Em 1887 matricohiram-se no ourso preparatório 301 alumnoe.


Paro os exames geraes de preparatórios Inscreveram-se 1.781 estudantes, dos
quaes 207 eram matriculados. O resultado foi o seguinte:
Approvados plenamente 356
i» simplesmente 703
Reprovados • 152'
NSo compareceram, deixaram de conclulras provas ou fizeram
provas nullas 408
F o r a m inhabifitados para a prova oral 160
1.781

Comparando este resultado com o que se produzira em 1886, observa o Director


que, ao passo que então somente menos de metade dos inscriptos prestava acto, e
e r a m ainda assim reprovados u m ' p o r quatro, no anno findo, em que a inscripçâo foi
m a i o r , realizaram exames mais de dois terços dos inscriptos, e foram reprovados
oxn p o r sete.
Mediante concurso foram n o m e a d o s :

Lente substituto, o Dr. Frederico José Cardoso de Araújo Abranches, por Decreto
de 2 de s e t e m b r o ;
Professores do curso annexo á F a c u l d a d e : de rhetorica e poética, o Bacharel
José Ezequiel Freire, por Decreto de 22 também de setembro; e de inglez, Jofio
Bentley, por Decreto de 21 de oitubro.
Concluiu-se a impressão do catalogo dos livros, por onde se vê que a b i b l i o -
theca é pobríssima de obras novas e nSo ofTerece auxilio para se poder acompa-
n h a r o progresso e desenvolvimento que apresentara as sciencias jurídicas.
Semelhante estado de penúria e atrazo deve felizmente desapparecer em breve,
pois no orçamento do actual exercido financeiro foi incluído credito no valor de
6:006$ para occorrer a este serviço.

VI

Escola k Minas k (kro Prô»


O resultado dos exames correspondentes ao anno lectivo de 1886 a 1887, que se
fizeram em maio ultimo, foi o seguinte:
Dos alumnos do curso geral, ficaram habilitados para a matricula no 2 anno 8 ;
o
62

no 30 onno 5, que também o ficaram para receber o titulo de ogrimensor, e no


1° anno do curso superior 4, mediante o concurso determinado no respectivo
Regulamento,
Dos alumnos do curso superior, 2 passaram para o 2° anno, 4 para o 3 , e o

tombem 4 concluíram o curso.


Actualmenle é a Escola de Minas o único dos estabelecimentos de ensino
superior dependentes do Ministério do Império em que prevalece a obrigação da fre-
qüência, e o esta circumstancia, de par com o bem entendido rigor da disciplina
que abi se observa para tornar o ensino verdadeiramente proveitoso, deve-se a t t r i -
buir o facto de ser diminuto o numero de olumnos que se matriculam no curso
especial, onde somente conseguem admissão os que se acham bem preparados.
Para os exames preparatórios necessários a matricula no I o
anno do curso
geral, a que se procedeu no mez de junho, inscreveram-se 93 estudantes, sendo
approvados 56.
Durante as férias da semana santa do anno findo, os olumnos do I o
c do 2 onno
o

do curso superior, acompanhados dos respectivos lentes, visitaram as minas da


Passagem, Morro de SanfAnna, Pitanguy c Pary, c as forjas dos arredores de
S. Miguel de Piracicaba, a s s i m como os do 3 anno estudaram os trabalhos do
o

r a m a l férreo de Ouro Preto. As férias dos mezes de junho e julho foram emprega-
das no estudo dos trabalhos da Fábrica de Ferro do Ypanema, quanto aos alumnos
do primeiro daquelles annos, e no dos diversos trechos e officinas das estradas
de Ferro D. Pedro II, Leopoldina e do Corcovado, quanto aos do segundo.
No onno lectivo de 1887 a 1885 matricularam-se no curso geral 79 alumnos e no
curso superior 10.
Referindo-se aos trabalhos escolares, que têm continuado com regularidade,
nota o Director que, si as faltas do maior numero dos olumnos não otlingem 00
algarismo máximo que pelo Regulamento do Escola determina a perda do anno,
não é com tudo a freqüência tão assídua como elle diligencia conseguir, o que sem
duvida provém da ausência de disciplina que enfraquece entre nós os estudos primá-
rios e secundários, e nos últimos tempos se estendeu aos estudos superiores.
Por isto não cessa aquelle zeloso funecionario de propor que sc torne obrigatória
a freqüência em todas as escolas de qualquer grau que sej.im, assim como, conside-
rando quanto a insufficiencia e os defeitos dos estudos secundários prejudicam o
aproveitamento dos cursos superiores, insiste em que taes estudos sejão convenien-
temente reorganizados.
Havendo terminado o 30 de junho o contrato pelo qual servia na cadeira de lavra
de minas e melallurgio o Engenheiro A r t h u r Thiré, que não quiz renoval-o, passou a
63

reger a mesma cadeira, também mediante controto, o Engenheiro Paulo F e r r n n d ,


que desde 1882 professava na Escola o ensino de mecânica applicado, e cuja c o m -
petência era afnrmada por trabalhos que dera á publicidade.
P a r a substituir o Engenheiro Paulo Ferrand no ensino da mecânica applicada foi
nomeado interinamente, por Portaria de 20 de agosto, o Engenheiro Francisco van
Erven.
Para o logar de Porteiro da Escola, vago por fallecimento de Francisco F e r -
nandes dos Santos, foi nomeado, a 17 de junho, Januário Ponciano Gomes.
O pessoal docente continua a c u m p r i r seus deveres com dedicação e a consagrar
a proveitosos trabalhos o tempo que lhe sobra das oecupações escolares. Entre
elles devo mencionar o tratado que em lingua portugueza acaba de publicar o p r o -
fessor Ferrand sobre a mecânica applicada á resistência dos materiaes, e os notáveis
estudos do Director da Escola acerca dos mineraes do B r a z i l , estudos que lhe v a -
leram ultimamente a significativa distineção do prêmio Delesse, conferido pela A c a -
demia das Sciencias de P a r i z .
Graças aos melhoramentos realizados no edifício da Escola, por conta do a u x i l i o
com que para as despezas desta contribue a província de Minas, acham-se c o n -
venientemente locnlisadas a secretaria, a bibliotheca, a sala de leitura, o gabinete de
physica, as aulas do I e 2 anno do curso geral, e diversas dependências.
o o

Até o fim do corrente anno estarão concluídas as obras, ficando satisfacto-


riamente accommodados os laboratórios de chimica geral, de docimosia e de pes-
quizas, com todas as suas dependências. Para a organização das plantas destes
laboratórios concorreram pessoas da maior competencio, como é, entre outras, o
Director do laboratório de pesquizas da Escola Normal Superior de Pariz, o sábio
Debray.
A bibliotheca [augmentou no anno passado com 443 volumes, elevando-se
a s s i m a 2.256 os que possue. Além disto recebe 34 publicações periódicas, das
quaes 16 por assignatura, e 18 mediante permuta dos Annaes da E s c o l a .
A collecção geológica teve o importante acerescimo dos fosseis mais caracteris-
ticos dos diversos terrenos, e das principaes rochas que lhe faltavam.
P a r a o estudo microscópico das rochas foi estabelecido um pequeno laboratório,
onde o Director iniciou o exame dos exemplares colhidos na província de M i n a s .
A collecção mineralogica está constituída de modo que permitte satisfazer larga-
mente as necessidades do ensino mais completo.
Acham-se sufficientemente dotadas as collecções de modelos para os cursos de
metallurgia e estereotomia, e este anno se adquirirão as que têm de servir nos de
mecânica applicada, madeiramento, architectura e geometria descriptiva.
64

O gabinete de physica e os laboratórios de c h i m i c a possuem actualmente todos


os instrumentos, apparelhos e reactivos precisos para as demonstrações e experiên-
cias e para os trabalhos práticos dos alumnos.
Continua a funccionar regularmente, sob a desinteressada direcçâo do alumno
L u i z Caetano Ferraz, o pequeno observatório annexo á Escola,' tendo sido ultima-
mente augmentado o respectivo material.
O Director da Escola nSo perde de vista o trabalho da carta geológica da pro-
víncia, e foi com esta idéa que iniciou, auxiliado pelo lente de topographia, o levan-
tamento da planta topographica do município de Ouro Preto, e trata de desenhar o
mappa geológico com a indicação das jazidas de ouro e de ferro existentes naquella
zona, assim como já recolheu numerosos documentos acerca dos municípios próxi-
mos da capital, por onde deverão começar os estudos.
A i n d a ultimamente, lembrando a conveniência de iniciarem-se os trabalhos
para aquelle grande melhoramento, o illustre professor, ponderava que a execução
da empreza pertence naturalmente á Escola de Minas de Ouro Preto, cujo fim p r i n -
cipal é formar engenheiros para o estudo das riquezas mineraes do paiz, e declarou
que aceitaria gratuitamente a direcçâo desse trabalho, como a melhor e m a i s alta
recompensa dos serviços que nos tem prestado.
Sendo este serviço da competência do Ministério dos Negócios da A g r i c u l t u r a ,
Commercio e Obras Publicas, que já em 1874 procurava organizal-o, contratando
para esse fim o illustre e mollogrado geólogo americano C. F . Hartt, a esse M i n i s -
tério transmitti de prompto as indicações do digno Director daquella E s c o l a .

A S I L O DE MENINOS DESVALIDOS

Têm funccionado regularmente as aulas e officinas deste estabelecimento,


em que os asylados recebem educação m o r a l e profissional.
Em geral os alumnos adquirem a desejável aptidüo nos misteres em que
se exercitam, e bem o mostra o facto de serem aproveitados, ao concluírem a
sua educação, para o ensino de artes e officios e para outros serviços da eco-
nomia do A s y l o .
No anno passado a renda das officinas foi de 14:521$95(>, a s s i m distribuídos:

Officina de latoeiro 7:209$810


» » encadernador e pautador 3:568$"910
» » marceneiro, lustrador e empalhador 2:152$000

12:930$720
65

12:930*720
Officina de torneiro 1:1451240
» » sapateiro 244$000
« » carpinteiro 2021000

il:521$960

P o r terem completado a idade de 21 annos, foram, no decurso do anno findo,


desligados do A s y l o , na fôrma do Regulamento, 14 alumnos.
Exonerado, a pedido, do logar de copellâo o Padre José Venerando da Graça,
foi nomeado para substituil-o o Padre Bellarmino José de Souza.
P a r a servir interinamente o logar de professor de historia e geographia, de
que pedira exoneração o Dr. Domingos Jacy 'Monteiro, que também interina-
mente o exercia, foi nomeado o Bacharel em lettras Horacio Rebello- de Vascon-
cellos, por Portaria de 28 de fevereiro.
Ao A s y l o foi feito por Antônio Godinho da Silva o legado de 10 apólices da divida
publica.

Consagrando a este estabelecimento a attençSo que merece, trato de tomar


algumas providencias tendentes a aperfeiçoar a regularidade dos seus differentes
serviços e a ampliar a instrucção profissional dos alumnos.
A enfermaria do A s y l o , que está situada no corpo do edifício, é um c o m -
partimento de acanhadas dimensões, de todo insufficiente para o tratamento
dos alumnos, e destituído das imprescindíveis condições hygienicas. Torna-se,
pois, necessário destinar-lhe conveniente local separado, c o m salas isoladas
para os doentes de moléstias infecciosas e contagiosas, e com outros recursos
indispensáveis á hygiene do estabelecimento.

INSTITUTO DOS MENINOS CEGOS

Dos 56 alumnos que no anno próximo findo havia neste estabelecimento retira-

ram-se 3 e falleceu 1.
Presentemente conta o Instituto também 56 alumnos, dos quaes 38 pertencem ao
s e x o masculino e 18 ao sexo feminino.
Na conformidade das disposições vigentes, eslfio sendo observados 5 c a n d i -
datos á m a t r i c u l a , sendo 3 do sexo masculino e 2 do sexo feminino.
IMP.. 9
«

66

O logar de repetidor da 2 classe de musica e coadjuvante do professor da bando


B

e orchestra, vago por fallecimento de Sebastião Gomes de Carvalho, tem s i d o


exercido interina e gratuitamente pelo alumno Antônio Francisco dos Santos.
No impedimento do professor de piano dos alumnos, Guilherme Lourenço
Schulze, tem servido o repetidor addido de 1" classe de musica Antônio Ferreira do
Rego.
Havendo f a l l e c i d o a i 5 d e a g o s t o o professor de hormonium, banda e orchestra,
Raphael Coelho Machado, celebrou-se contrato com Gregorio de Rezende, que desde
o I de oitubro o desempenha.
o

Por Decreto de 20 de fevereiro concedeu-se ao Conego José Gurgel do A m a r a l


Barbosa a exoneração que pedira dos cargos de capellão e professor de re-
ligião.
No dia 17 de setembro, 33° anniversario da fundação do Instituto, inaugurou-se
no salão principal do edifício o retrato a oleo do fundador do mesmo Instituto, o
finado Visconde de Bom Retiro.
O patrimônio acha-se elevado á quantia de 446:815$299.

Este estabelecimento, fundado como simples ensaio, conserva ainda hoje a o r g a -


nização primitiva, que por certo não pôde satisfazer aos fins que visam na Europa e
nos Estados Unidos as instituições congêneres. Carece elle, portanto, de reforma
que o adapte aos generosos intuitos da sua creação.
No anterior Relatório vos foram submettidas as bases de tal reforma, nas
quoes apenas se pede desde já o indispensável para obviar á imminente ruina da
instituição.
Conforme alli se disse, é de 47:000*000 o augmento de despeza necessário para
essa reforma. Em todo caso indispensável é votar desde já a quantia de 4:436$00)
nfim de poder-se melhorar o ensino de afinação de pianos, reorganizar as officinas
typographica e de encadernação, e crear o logar de dictante e copista.

Na parte do presente Relatório concernente ú Faculdade de Medicina do R i o de


Janeiro, ao tratar das construcçôes que se estavam fazendo na praia da Saudade,
expuz que foram suspensas todas as obras, inclusive, portanto, as do edifício que se
destina a este Instituto.
Segundo as informações que no anno passado vos foram p r e s h d a s , tinha s i d o
já despendida com as obras daquelle edifício a quantia de 1.054:287$836, e a sua
conclusão era orçada na de 1.30O:00O$00O, sendo que para poder estabelecer-se desde
logo o Instituto em uma parte do mesmo edifício seriam precisos i80:0CO$000.
A Câmara dos Senhores Deputados, por oecasiâo de votar, em 3 discussão, a 1
67

proposta do orçamento das despezas do Ministério do Império para o corrente ex-


ercício, resolveu que, por conta do patrimônio do Instituto, corressem as despezas
indispensáveis afim de que elle pudesse funccionar a l l i ; mas o Senado nSo adoptou
esta idéa, com o que se conformou afinal a mesma Câmara.
A referida commissão lembrou, porém, como mais adequada solução, á se-
melhança do que fez quanto ás edificações para a Faculdade de Medicina do R i o
de Janeiro, que fosse proposto o credito necessário para conclusão da parte indicada
do edifício, única que se acha adiantada.
E s s e credito não pôde ser inferior a 230:0OO$0OO, comprehendendo não somente
a referida quantia de 180:000$000, como também o mais que se faz mister para
trabalhos complementares, taes como a canalisação da agua e do gaz, o nivela-
mento e aterro do pateo central e dos terrenos lateraes, e m u r o s .

INSTITUTO DOS SURDOS MUDOS

Dos'33 alumnos que até o fim do anno passado existiam neste Instituto
retiraram-se ?, tendo 6 completado a educação.
Este anno matricularam-se 25.
As aulas encerraram-se a 29 de oitubro, porque, tendo-se manifestado no es-
tabelecimento a epidemia de varíola que grassava na cidade, e não estando ainda
feita, por falta de meios, a enfermaria projectada quando se construiu o segundo
pavimento do edifício, o Governo foi novamente obrigado a mandar fechar o
Instituto, visto nüo existirem para o tratamento dos doentes accommodaçües
separadas dos dormitórios geraes.
Havendo-se ausentado da Corte quasi todos os olumnos, deixaram de realizar-se.
os e x a m e s ; mas foi resolvido que elles não perdiam o direito ás recompensas á
vista das provas dadas no decurso do anno, e assim obtiveram prêmios os tres
que m a i s se tinham distinguido nas aulas, dispensada a solemnidade prescripta
no Regulamento por motivo daquella ausência.
Continua a ser notável o aproveitamento dos surdos mudos nas officinas
de encadernação e de sapateiro e na escola agrícola.
No onno findo, a primeira dessas officinas rendeu 7:307$660 e a segunda
654$220, o que perfaz a importância de 7:96l$880, da q u a l entraram para a
C a i x a Econômica, em cadernetas para os alumnos, 3:909$890.
68

A o s 6 surdos mudos que deixaram o estabelecimento, por terem oonduido


o curso, foram entregues as respectivas cadernetas com a quantia total de
1:0961960.
O patrimônio do Instituto recebeu dois legados de 15 apólices do valor de
m a conto de réis, sendo 10 deixadas por Antônio Godinbo da Silva e 5 pelo
Conde de Mesquita. Elevava-se portanto, até 31 de dezembro de 1887, á s o m m a
de 16&642$683,ou mais 18:760$590 do que no anno anterior.
No ultimo Relatório deste Ministério foi indicada a necessidade de que se
resente este util estabelecimento no que respeita ao ensino do sexo feminino,
a s s i m como foi submettida á vossa apreciação a questão que se refere ao
methodo que deve prevalecer no ensino dos surdos m u d o s .

ACADEMIA DAS B E L L A S A R T E S

Nas diversas aulas matricularam-se 62 alumnos e foram admittidos 25 o u -


vintes.
Dos 62 alumnos inscreveram-se p a r a exames das aulas theoricas 30, d o s quaes
compareceram apenas 19.
O resultado dos exames foi o seguinte:
Approvados com distmcçao em duas a u l a s . 2
Approvado plenamente em duas aulas 1
Approvados » em uma a u l a e simplesmente em
outra , 2
Approvados plenamente em uma aula 10
Approvado » » » » não comparecendo
em outra 1
Approvado simplesmente em u m a aula não comparecendo
em outra 1
Approvado simplesmente em uma aula e reprovado em
outra 1
Reprovado em duas aulas ... i

19
Foi premiado u m só alumno, sendo o prêmio menção honrosa..
A 15 de agosto completou o tempo de aprendizado na E u r o p a o pintor Rodolpao
Amoedo, único pensionista que o Estado mantrafea «DL Regressando ao Bnzfl,
«9

trouxe esse pintor as suas ultimas produccoes, dois grandes quadros históricos
representando o Jesus Christo em Capharnaum» e « A Narração de Phuetas.»
0 primeiro pertencia ao Estado, porque foi para executal-o que ao seu autor se c o n -
cedeu a prorogação do prazo do tirocinio, da qual se vos deu conta no ultimo
Relatório. Quanto ao segundo, composto nos intervailos da execução do primeiro,
a Academia propõe que seja adquirido para a sua pinacotheca.
Fez-se nos dias 20,21 e 22 de dezembro a exposição publica de todas as classes
da Academia, conferindo-se no ultimo dia, na presença de Sua Alteza a Princeza
Imperial Regente e de seu Augusto Esposo, o prêmio obtido por um alumno da aula
de desenho figurado.
Outras exposições houve na Academia, os quaes constaram dos trabalhos dos
pintores Antônio F i r m i n o Monteiro, Belmiro Barbosa de Almeida, Rodolpho Amoedo
e Antônio P a r r e i r a s .
O pintor João BaptistaCastagnettoe outros expuzeram producções suas nas gale-
rias particulares dos S r s . Pacheco, Vieitas, Clemeat, Dewílde, e V i u v a Moncada.
Este movimento de exposições particulares mostra a necessidade de d a r e x e -
cução ao que dispõem os Regulamentos quanto a realizar-se annualmente na
Academia u m a exposição geral de todos os trabalhos artísticos feitos na Corte e
nas províncias.
A Academia tem pedido a observância daqueUe preceito; m a s o Governo não
pode autorizar a exposição, por não dispor de meios para a despeza, que s e r a
de2KX)O$O0O.
F o r a m adquiridas pelo Estado as duas grandes telas que sobresaíam na expo-
sição dos trabalhos do pintor Antônio Parreiras, ás quaes este denominou «Depois
da Trovoada» e « A T a r d e » ; oito quadros a oleo e doze aquarellas, que formam
u m a collecção de estudos de fructas e flores, compostos pelo fallecido professor
Leoncio da Costa V i e i r a quando se preparava para o concurso em que obteve a
cadeira de paisagem da A c a d e m i a ; um pequeno quadro intitulado «ATarantella» e
dois estudos de cabeça, executados pelo e x - a l u m n o Henrique B e r n a r d e l l i ; duas
paisagens, compostas pelo alumno Antônio Raphael Pinto B a n d e i r a ; finalmente
d o i s quadros antigos, do pintor Florentino André Scacciati.
Ao Governo tem sido proposta a compra de outros quadros, pela m a i o r parte
de artistas n a d o n a e s ; mas, em razão da exiguidade dos meios votados, ainda
não puderam ser adquiridos, quando aliáB é isto conveniente p a r a a n i m a r taes
artistas.
Para a bibfiotheca foram adquiridas 24 obras em 49 volumes, e alguns fesci-
culos de grandes publicações.
70

Por Decreto de 25 de a b r i l foi concedida a jubilaçSo que pedira o professor


Francisco Joaquim Bethencourt da Silva na cadeira de architectura c i v i l .
Foram nomeados professores honorários da A c a d e m i a : da secçfio de sciencias
accessorias, o Dr. Oscar Adolpho de Bulhões Ribeiro, por Decreto de 14 de j u l h o , e
da secção de pintura, Rodolpho Amosdo, por Decreto de 29 de fevereiro u l t i m o . O
ultimo acha-se encarregado de reger a cadeira de pintura histórica durante o i m p e -
dimento do professor effectivo Victor Meirelles de L i m a , que continua na Europa
com licença do Governo, e acaba de exhibir em Bruxellas o « Panorama da cidade
do R i o de Janeiro».
Igualmente continua na Europa, com licença, o professor Pedro Américo de
Figueiredo e Mello, que se oecupava na execução do grande quadro histórico repre-
sentando a « Proclamação da Independência do Império».
Além destes, ainda se acham a l l i os professores Visconde de Motta Maia, que na
qualidade de Medico da Imperial Câmara acompanha Suas Magestades Imperiaes,
e Rodolpho Bernardelli, a quem foram concedidos seis mezes de licença.
Reconhecendo a necessidade de melhorar o ensino da Academia e cuidando de
promover a conveniente reforma neste sentido, pareceu-me acertado sobrestar
no concurso para a concessão dos prêmios de viagem á Europa, até que se
realize a dita reforma.
A s s i m procedendo, não cogitou o Governo de s u p p r i m i r os referidos prêmios,
os quaes constituem o melhor incentivo para o aperfeiçoamento dos alumnos, e,
de par com as exposições, são os meios mais efficazes para fomentar o progresso da
arte e recompensar os seus cultores. O intuito de semelhante determinação consiste
apenas em que nos concursos para a concessão de taes prêmios se observem, m e d i -
ante reforma dos Estatutos, regras mais adequadas á boa escolha dos candidatos,
O professor interino de anatomia e physiologia das paixões propoz que a C o n -
gregação representasse ao Governo sobre a conveniência de ficar a matricula na
Academia dependente da approvação em exames de portuguez e francez, obtida
perante a Inspectoria Geral da Instrucção ou pelo menos no Imperial Lyceu
de Artes e Officios.
A mesma Congregação, ao tomar conhecimento da proposta, que se funda
nas desvantagens e embaraços que para o ensino artístico resultam da falta de
preparo indispensável ao estudo das disciplinas leccionadas na secção accessoria,
deliberou solicitar a adopção dessa providencia somente quanto á matricula nas
aulas das matérias acima indicadas, e nas de historia das bellas artes, esthetica
e archeologia, - disciplinas estas que com as mathematicas puras compõem a
alludida secção.
71

A providencia suggerida tende a alterar o que octualmente vigoro, e, portanto,


o Governo tomorá o assumpto na devida consideração quando tiver de resolver sobre
a reforma dos Estatutos da Academia.

Conservatório de Musica

Em 1887 a matricula elevou-se a 181 olumnos, sendo 32 do sexo masculino e


149 do sexo feminino, e foram admitlidos49 ouvintes. Como sempre, houve maior
affluencia em relação à aula de rudimentos de musica, solfejo collectivo e i n d i -
vidual, e noções geraes de canto para o sexo feminino.
Dos 217 alumnos que freqüentaram as diversas aulas perderam o anno por
faltos 70, foi eliminada a matricula de 1, falleceram 2.
Para os exames inscreveram-se 114, dos quaes deixaram de comparecer 48.

O resultado dos exames foi o seguinte :

Sexo masca- Seiofomi-


Hno nino

Approvados com distineção— 3 21


» plenamente 2 26
» simplesmente 5 32
Inhabilitados 1 6

11 85 96

Requcreram c fizeram exame em diversas aulos 32 ouvintes, sendo 5 dò sexo

masculino e 27 do sexo feminino.

O resultado destes exames foi o seguinte


Soxo maiea- Seiofemi-
llao nino

Approvodos com distineção 3 8


» plenamente 1 13
» simplesmente 1 *
Inhabilitados 2

27 32

F o r a m premiados 15 alumnos dentre os 24 approvados com distineção. Daquelles.


um obteve Ires prêmios e tres receberam dois prêmios cada u m , subindo por isto
a 20 o numero dos prêmios.
Obtiveram diploma de habilitação 4 alumnas, sendo u m a na 2 aula de plano
a

e tres na de canto.
0 logar de Inspector do ensino continuou a ser exercido gratuitamente por Alfredo
Camarate.
Por Decretos de 1° de setembro foram nomeados para os logares que exerciam i n -
terinamente : de professor da aula de rudimentos de musica, solfejo collectivoe i n d i -
vidual, e noções geraes de conto para o sexo masculino, Henrique Alves de M e s q u i t a ;
e de professor da aula de flauta, Augusto Paulo Duque-Estrada Meyer.
Além do archivo musical do finado maestro Fiorito, o Conservatório a d q u i r i u
36 exemplares de varias obras que lhe doaram os S r s . A. Fontes Júnior, Buschmonn
e Guimarães, ArthurNapoleão, Frederico Guigon.
O patrimônio desta instituição compõe-se actualmente do prédio em que ella
funcciona, da respectiva mobília, e de 126 apólices da divida publica do valor
nominal de 1:000$003 cada u m a .

BIBLIOTHECA NACIONAL

Do I o
de maio de 1837 a 28 de fevereiro ultimo a secção de impressos desta
Bibliotheca foi freqüentado por 14.761 leitores, que consultaram 16.889 obras. Do I o

de maio de 1885 a 25 de janeiro de 1887 freqüentaram a Bibliotheca 12.413 leitores,


que consultaram 14.732 obras. Confrontando estes algarismos, vê-se que se deu para
mais a differença de 2.348 leitores e de 2.107 obras. Si compararmos o primeiro com
igual período de 1885 n 1886, verifica-se ainda mais notável augmento: a differença
em favor daquelle é de 3.938 leitores e de 4.784 obras.

Actualmente pode dizer-se que a freqüência da Bibliotheca ô de 16.00.) leitores


poranno.
As classes mais consultadas continuam a ser a de bellas-lettras e a de historia,
na secção de publicações periódicas, e depois a de mathematicas, medicina, sciencias
noturaes, jurisprudência e sciencias sociaes.
A maior parte das obras consultadas são escriptas em portuguez e em
francez.
As obras sobre mathematicas, medicina e sciencias naturaes forão p r i n c i p a l -
mente consultadas por estudantes das escolas superiores desta Corte.
73

Durante o primeiro dos períodos indicados adquiriram-se 1.501 obras em


1.702 volumes, sendo :

Compradas 70 obras em 11!) volumes


Offerecidas 993 » » 1.122 »
Remettidas pelas t y p o g r o p h i a s . . . . 43S » » -íGl »

Não se incluem neste numero os jornaes, as cartas geographicos, m u s i c a s ,


publicações avulsas, revistas nacionaes e bem assim as estrangeiras que a Repar-
tição assigna.
Entre as obras offertadas merecem especial menção 201 volumes sobre a h i s -
toria, usos, costumes e línguas dos povos da America. Estes volumes, que foram
offerecidos á Bibliotheca pelo Sr. Salvador de Mendonça, nosso Cônsul geral nos
Estados Unidos, addicionados a G00 de anteriores offertas, formam um todo de 801
volumes de obras de grande valor, que ó a l l i denominado collecçSo Salvador de
Mendonça.
São também m u i dignas de nota os obras offerecidas pelos Srs. Edmundo C h a s .
Reiss, engenheiro residente em Nova Y o r k ; J. Jouslain, Cônsul de França em B a t a -
v i a ; Conselheiro João Capistrano Bandeira de Mello, quando Presidente da província
da B a h i a ; José de Vaseoncellos, residente no Recife; Dr. Lucindo F i l h o , redactor
do Yassourense; Alfredo do Volle Cabral, chefe da secção de manuscriptos da B i b l i o -
theca ; pela Directoria da Instrucção e pela da Bibliotheca Publica da província de
Pernambuco e pelo Governo da Suissa.
Encadernaram-se 796 volumes, incluindo-se neste numero 145 da preciosa c o l -
lecção histórica de Barbosa Machado, exemplar único no mundo.
O cotalogo geral dos impressos ficou concluído a 26 de novembro.
Ao passo que organizava esse catalogo, a Bibliotheca formou outros espe-
ciaes, como os daquella collecção, opulento repositório de documentos raros sobre
a historia de Portugal e do B r a z i l ; da collecção camoneana ; de historia do B r a -
zil ; da exposição permanente dos cimelios, e o dos livros em lingua g u a r a n y .
Está publicado o volume X I I dos Annaes, o q u a l contém a biographia do
ex-Bibliothecario F r e i Camillo de Mont-serrate pelo Dr. R a m i z Golvão, antecessor
do actual Chefe da Bibliotheca.
T o m b e m saiu á luz o Boletim das acquisições mais importantes feitas durante
o 4° trimestre de 1887.

A secção de manuscriptos foi freqüentada por 529 leitores, que consultaram


1.301 documentos. Comparada esta freqüência com a dos períodos anteriores,
nota-se grande differença para mais em favor do ultimo.
IMP. 10
74

A d q u i r i u a dita secção 293 volumes, sendo:

Offerecidos 9
*
Remettidos officialmente l 9
9

Entre os volumes offerecidos sobresáem os que o foram por Sua Alteza o Príncipe
D. Pedrc Augusto e pelos Srs. Dr. Ramiz GalvSo, Valle Cabral e Dr. Floris-
bello de Oliveira Freire.
Em virtude do Aviso-circular de 1S de fevereiro de 1887, dirigido aos P r e s i -
dentes de província, com o intuito, conforme foi exposto no ultimo Relatório deste
Ministério, de completar os subsídios que possuía a. Bibliotheca acerca da geogra-
phia do paiz, receberam-se noticias descriptivas de municípios da Bahia, Maranhão,
Minas Geraes, Santa Catharina, Ceará e P i a u h y .
Em cumprimento do Aviso-circular daquella mesma data, expedido, conforme
também se vos deu conhecimento, afim de que a Bibliotheca ficasse habilitada
a tratar de trabalhos de epigraphia relativos ao B r a z i l , receberam-se inscripções
procedentes da Bahia, em numero de 106, e do R i o Grande do Sul, no de 2.
Nüo tendo o Chefe de Secção da Bibliotheca Valle Cabral podido completar, por
motivo de moléstia, a collecta de inscripções de que estava encarregado na província
da Bahia, voltou a desempenhar-se novamente desse encargo.
As inscripções trazidas pelo mencionado Chefe de Secção e as outras a que me
referi sõo provenientes das províncias da Parahyba, Alagoas, Sergipe e Espirito Santo,
além das já indicadas da Bahia, Pernambuco e R i o Grande do S u l .
A s s i m acha-se fundada na Bibliotheca a importante sub-secção de epigraphia.

Entraram para a respectiva secção 202 estampas, isto é, mais S0 do que no pe-
ríodo anterior.
O numero das classificadas eleva-se a 13.532.
A secção foi visitada por 159 pessoas.
Trata-se da completa restauração dos volumes de retratos de Dlogo Barbosa
Machado.

Continua a funccionar com regularidade a illuminação por luz electrica.

Tendo reconhecido a necessidade de obras no próprio nacional onde se acha


estabelecida a Bibliotheca afim de serem accommodados muitos dos volumes e x i s -
tentes, para os quaes não havia espaço, autorizei a despeza com este m e l h o r a -
mento.
Devo, entretanto, manifestar o meu inteiro acordo com as considerações expen-
didas em anteriores Relatórios deste Ministério sobre as vantagens que resultariam
de collocar-se a Repartição em edifício apropriado.
75

I M P E R I A L OBSERVATÓRIO DO RIO DE JANEIRO

De volta da commissão que teve de desempenhar na Europa, tomando parte


na conferência internacional celebrada em Pariz afim de estudar os meios de
proceder-se ao levantamento do mappa do céo pelos processos photographicos,
r e a s s u m i u o exercício, a 24 de agosto, o Director deste Observatório, L u i z Cruls.
A expensas de Sua Magestade o Imperador esta se construindo oi l i , nas officinas
d e G a u t i e r edel-Ienry, um grande equatorial photographico que habilitará o Obser-
vatório brazileiro a tomar parte na execução daquelle mappa, para a qual terão
de collaborar os congêneres estabelecimentos convenientemente situados nos dois
hemispherios.
O apparelho deve ficar prompto em princípios de 183P, e durante esse anno
se deverá celebrar nova conferência para solução de^algumas questões relativas aos
pormenores do processo que tem de ser empregado.
O referido apparelho necessita de uma cupola apropriada, cujo custo é de
7:0OJ!;0O3. Além disto será necessário proceder ú construcção de u m a torre para lhe
servir de base, c de um laboratório e pavilhão de estudo annexos, com o que se des-
penderão 22:700$000, elevando-se, portanto, a 29:700?0vX) a despeza para o assenta-
mento do mesmo apparelho.
As obras não poderão, porém, ser feitas no local que hoje oecupa o Imperial
Observatório, mas s i m no terreno da fazenda de Santa Cruz, cedido por Sua Magestade
O Imperador afim de estabelecer-sc convenientemente oquello Repartição, como vos
foi exposto no ultimo Relatório.
O meu illustre antecessor, durante cuja administração a Directoria do Obser-
vatório representou acerca da necessidade de fazer-se esta despeza, declarou-lhe,
por A v i s o de 7 de março, que, nüo sendo possível autorizal-a desde logo, por falta
de meios na vigente L e i do orçamento, seriam opportunamente pedidos á Assembléa
Geral os fundos precisos, sem os quaes ficará o Imperial Observatório i m p o s s i -
bilitado de associar-se aos trabalhos do levantamento do já indicado moppa.
Em relação a este assumpto cumpre-me, finalmente, informar-vos que
será indispensável dar aos astrônomos do Observatório dois ajudantes, marcando
a cada um o vencimento de 20Q$OW mensaes, e oceorrer á despeza, calculada
em 2:000$000, com a compra de utensílios e outros objectos, a s s i m como com a
impressão das provas para o levantamento do mappa, por maneira que a respectiva
verba onnual terá de ser augmentada com 6:8OOíO0O.
76

Acha-se publicado o volume dos Mnaes cm que se encontram os Relatórios das


commissões brazileiras que em 1S32 observaram n passagem de Venus. Ao apre-
sentar esse volume a Academia das Sciencias de Pariz, o illustre professor II. Faye
manifestou a opinião de que é muito solisfactorio o resultado que se obteve para o.
par.illaxe solar.
Esta lambem publicado o Ann uurio para 1SSS, c continua aapparecer a Itecista
do Observatório.
O Director do estabelecimento manifesta a carência de um circulo meridiano,
e declara não menos necessária a acquisição de nova equatorial, para a q u a l aliás se
poderiam utilizar alguns accessorios a l l i existentes.
Accrescenta o mesmo funecionario que a despeza com taes acquisições importa-
ria em 20:000$000, podendo ser distribuída por dois exercícios, visto e x i g i r m a i s de
um anno a construcção daquelles instrumentos.
Com a substituição do antigo apparelho.com que se dava á cidade e ao porto
do Rio de Janeiro o signal do meio dia, remediaram-se os defeitos deste serviço.
Pelo l y
Astrônomo Bacharel L u i z da Rocha Miranda foi doado ao Observatório
um photoheliographo, instrumento de grande valor para o estudo da constituição
physica do sol.
Tem augmentado rapidamente, nüo tanto por compra, como pelas offerlas que
a Repartição recebe em troca das suas publicações, a collecção de obras, revistas e
mappas da respectiva bibliotheca.

ARAUTO PUBLICO

Das quatro secções em que se acha dividido o Archivo Publico tres receberam
no anno de 1SS7 —12.530 documentos, a saber: a I a
(legislativa j 1,— a 2 ( adminis-
a

tratica) 12.533, — a -\ (histórica; 6. No I trimestre deste anno já se receberam


n o

11.0:3.

Concluiu-se a classificação, numeração e carimbamento de toda a correspon-


dência official do Rio Grande do Norte desde 1S08 a IS79, consistente em 2.938
documentos. Começou-se igual trabalho quanto á correspondência da P a r a h y b a .

Houve 139 ofíerlas de livros e folhetos e de alguns objectos para o museu h i s -


tórico.
Receberam-se 213 livros e folhetos.
77

F o r a m encadernados 2G7 livros e folhetos que se achavam em b r o c h u r a ; e


reencodernados 135 livros antigos.
Extrairam-se cópias de patentes de nomeação do 1G antigos Governadores do
Rio de Janeiro, sendo a mais antiga a de Salvador Corroa de Sá e Benevides, passada
a 1S de fevereiro de 1G47. Estas patentes achavam-se registradas nos livros da
Provedoria da Fazenda, do Registro Velho e nos das Ordens Regias.
Continuou-se o exlracto dos officios, cartas, bandos, portarias e outros actos
expedidos pelos Vice-Reis desde I7G3 até 1808. Está completo o trabalho em re-
ferencia ás administrações dos Condes da Cunha e de Azambuja. Falta apenas
coordenal-o chronologicamente.
T i r a r a m - s e cópias dos extraetos da correspondência do V i c e - R e i L u i z de V a s -
concellos com differentes autoridades, para serem intercaladas nos logares c o m -
petentes, quando se tratar dc organizar a relação chronologica dos actos do dito
Vice-Rei.
F o r a m nomeados 9 agentes auxiliares do Archivo Publico, sendo 2 para o m u -
nicípio da Corte e 7 para diversas províncias.
Continua a augmentar o serviço relativo a privilégios industriaes, serviço que
urge remover do Archivo Publico, pelas razões que já têm sido expendidas em
anteriores Relatórios deste Ministério.

ACADEMIA I M P E R I A L D E MEDICINA

F o r a m publicados o n. 4 do tomo 2 o
e os n s . I o
e 2° d o ' t o m o 3.° dos
Annaes da Academia de Medicina do Rio de Janeiro ; outrosim os ns. 18 a 24
do anno 2 (18SG a 1837) e n s . 1 a 12
o
do anno 3 (1887 a 183S) do
o
Boletim.
Ao D r . José Maria Teixeira conferiu-se a medalha de ouro com que a A c a -
demia j u l g o u digna de ser premiada a memória que o mesmo Doutor enviara para
o concurso correspondente ao anno acadêmico de ISSO a 1S87.
Para o anno acadêmico d e . i S S " a 1SS8 puzeram-se em concurso as se-
guintes questões:
1. Estudo das condições que têm favorecido o desenvolvimento do beriberi
a

no Brazil;
2. Das
a
causas que mais poderosamente têm promovido o decrescimento
das erysipelas no R i o de J a n e i r o ;
3. ° Das circumstancias que têm provocado o augmento das affecções cardio-
aorticas no R i o de J a n e i r o ;
78

4 . Estudo das causas da permanência da febre amarella na cidade do R i o


8

de J a n e i r o ;
5. Estudo da constituição do solo do Rio de Janeiro sob o ponto de vista
a

dos elementos morbigenicos ;


6. Chronologia histórica do exercício clinico c estudos disciplinares da m e -
a

dicina e cirurgia e organização da hygiene administrativa do Brazil desde os


tempos coloniaes.
Em virtude do legado que, para prêmio de concurso onnual, foi feito á Academia
pelo Conselheiro Pedro Francisco da Costa Alvarenga, que era membro honorário
da mesma Academia, tendo-se liquidado em favor delia a quantia de 6:389$150,
deliberou o conselho administrativo se comprassem seis apólices da divida publica,
do valor de 1:000$000 cada u m a , recolhendo-se o excesso a Caixa Econômica até
que attinja a quantia precisa para comprar-se mais u m a apólice, bem como
que na sessão anniversaria do corrente anno seja annunciado o concurso para o
prêmio— A l v a r e n g a , — o qual começará a ser conferido no anno próximo futuro.

IMPERIAL L Y C E U DE A R T E S E OFFICIOS DA SOCIEDADE


PROPAGADORA DAS B E L L A S A R T E S

Nos cursos deste estabelecimento matricularam-se o anno passado 2.144


olumnos, assim d i v i d i d o s :

CURSO PROFISSIONAL

Brazileiros 1.284
Portuguezes 167
Italianos 44
Hespanhoes 19
Francezes lõ
Allemães 7
Inglezes 3
Norte-americanos 2
Austríacos 2
Argentinos 2
Belga i

1.Õ48
7'J

1.543
Egypcio i
Marroquino 1
Oriental l
Paraguayo l
Russo 1
Suisso 1
— 1.554

CURSO COMMERCIAL

Brazileiros 11
Portuguezes 2
— 13

CURSO L I V R E

Brazileiros 181
Portuguezes 4
Francezes '. 4
Italiano 1
Hollandez 1
Hespanhol 1
Oriental 1
— 193

CURSO P A R A O S E X O FEMININO

Brazileiras 358
Portuguezas 16
Italianas 4
Argentinas 2

Chilenas 2

Franceza 1

Hespanhola * 384
2.144

Funccionaram as seguintes aulas, a cargo de 73 professores:

No curso profissional — a s de desenho elementar, de figura, de ornatos, linear-


geometrico, topographico, de machinas e de architectura c i v i l , architectura n a v a l ;
80

easde esculptura, m u s i c a , calligraphia, portuguez, geographia, francez, inglez,


allemao, arithmetica, álgebra, geometria (plano, no espaço, e descriptivo), a n a -
tomia comparada e mineralogia.
No curso commercial — as de desenho linear-geometrico, calligraphia, p o r t u -
guez, geographia, francez, inglez, allemSo, arithmetico, algebro, geometria com a p -
plicação à cstereometrin, economia política, escripturaçfio mercantil e direito c o m -
mercial.
No curso para o sexo f e m i n i n o — a s de desenho elementar, de figura e de o r n a -
tos, e a s de musica, portuguez, arithmetico, geographia, francez, calligraphia, g y m -
nastica, historia pátrio, italiano, redacção e litteratura elementar e de hygiene d o -
mestica.
Funccionaram também os cursos públicos de physica e de c h i m i c a orgânica
e inorgânico.
Aos alumnos e alumnas que mais se distinguiram conferiram-se 30 medalhas,
cuja distribuição foi feita em sessão solemne na presença de Sua Alteza a Princeza
Imperial Regente e de seu Augusto Esposo.
Por falta de espaço e de recursos pecuniários, não foi ainda possível esta-
belecer algumas aulas que concorreriam para mais estensa instrucção das classes
a que este importante e utilissimo estabelecimento se destina.

M P E R I A L L Y C E U DE A R T E S E OFFICIOS DA B A H I A

E' satisfactorio o estado deste Lyceu, conforme o Relatório apresentado a Pre-


sidência da província da B a h i a pela commissão que, a pedido do Directorio do
mesmo Lyceu, foi nomeada afim de proceder a exame na escripturaçâo e no
movimento econômico e pedagógico do estabelecimento.
Até junho do anno findo tinham-se matriculado no LyeeuTOO a l u m n o s .
As matérias que a l l i se leccionam em aulas diurnas e nocturnas, algumas
para os dois sexos e outras para cada u m , estão distribuídas por 22 cadeiras,
e vem a s e r : primeiras lettras, mathematicas elementares, portuguez, francez,
desenho de figuras e ornatos, pintura, desenho industrial, elementos de a r c h i -
tectura civil, piano e canto, musica e solfejo, musica vocal e instrumental,
tachygraphia.
Além disto funccionam, e são muito freqüentados, cursos livres de historia
da arte, chimica applicado, physica applicada e anatomia pintorica.
81

Ha no estabelecimento quatro officinas: de encadernador, esculptor, m a r -


ceneiro e dourador.
A bibliotheca, que contava, até o referido mez de junho, 1.140 volumes, presta
bom serviço ao publico, conservando-se aberta até ás 9 horas da noite nos
dias úteis, e até 11 horas da manha nos santiflcados.

MUSEU ESCOLAR NACIONAL

Durante o anno findo a Associação Mantenedora deste M u s e u continuou a esfor-


çar-se para a realização dos seus intuitos.
A bibliotheca adquiriu novos volumes de obras importantes, elevando-se o total
delles a m a i s de 6.003, classificados segundo os assumplos, em seis secções, das
quaes a primeira comprehende as obras relativas aos documentos legislativos,
administrativos e estatísticos concernentes á instrucção, com cerca de 200 v o l u m e s ;
a segunda, sob o titulo Lettras, as obras sobre lingüística, g r a m m a t i c a , critica e his-
toria litleraria, historia geral e geographia, com 1.200 v o l u m e s ; a terceira,
sob o titulo Sciencias e Artes, as obras sobre arithmetica, álgebra, geometria,
astronomia, physica, chimica, m e c a n i c i , historia natural, agricultura, hygiene e
i n d u s t r i a , com m a i s de 600 v o l u m e s ; a quarta, sob o titulo Pedagogia, as obras
sobre psychologia, m o r a l , instrucção religiosa, instrucção cívica, educação geral,
methodos de ensino, com 1.400 volumes aproximadamente; a quinta, os annuarios,
revistas e catálogos, com cerca de 9C0 volumes.
O M u s e u , por seu lado, adquiriu novos apparelhos, contando m a i s de 900 grupos
de objectos, classificados segundo as tres secções que comprehende, das quaes a
p r i m e i r a abrange os planos de construcção de edifícios escolares, com 80 grupos
de objectos; a segunda, os typos de mobília escolar, com cerca de 60 objectos;
e a terceira, os de instrumentos e apparelhos para o ensino de mathematica, as-
tronomia, physica, chimica, geologia, botânica, zoologia, anatomia, lições de cousas,
geographia, historia, desenho e escripta, leitura, estatística, legislação e program-
m a s de estudos, ornamentação escolar, jardins da infância, etc., com m a i s de 800
objectos.
Realizou-se a terceira exposição dos trabalhos escolares dos estabelecimentos de
ensino existentes nesta c a p i t a l ; e, si ainda desta vez os esforços da Associação nfio
p r o d u z i r a m resultados completos, é de esperar da sua diligente e perseverante
ãn». 11
82

ncçfio que o futuro concurso, o qual se realizará no flm do corrente anno, cor-
responda aos fins que se tem em vista.
Referindo-me ao que vos expoz no ultimo Relatório um dos meus predecessores
sobre os bons serviços que presta o Museu, cumpro o dever de novamente l e m -
brar o conveniência de auxilial-o com um subsidio annual de 6:000$000.

COMMISSÃO C E N T R A L B R A Z I L E I R A DE PERMUTAÇÕES
INTERNACIONAIS

Subsistem, estorvando o desenvolvimento desta util instituição, os motivos


expostos no Relatório de 18S6. Para que cila possa desempenhar-se do serviço
que lhe incumbe, precisa de maior auxilio e logar apropriado.
A vaga que no seio da commissão havia sido aberta por morte do B a c h a r e l
Jeronymo Bandeira de Mello foi preenchida pelo Dr. Ladisláo de Souzo Mello e
Netto, Director do Museu Nacional.
A Commissão recebeu varias remessas do estrangeiro, entre as que se
expediram, avultam a da Revista dos cursos theoricos e práticos da Faculdade
de Medicina do Rio de Janeiro, a dos Annaes do Museu Xacional e d a Flora
Brasiiiensis, de Martius. As duas primeiras obras foram espalhadas por todos
os paizçs que adheriram á Convenção; com a remessa da u l t i m a satisfez-se a
u m a requisição do Governo da Confederação Helvetica.
k

Não foram ainda ratificadas as convenções internacionaes de Bruxellas de


15 de março de 1886, relativas á permuta de publicações officiaes.

Nomeação de Bispo Coadjutor.— Tendo o R e v . Arcebispo da B a h i a


representado que a sua idade e estado valetudinario não lhe permittiam o cabal
desempenho do ministério que lhe incumbia e que por isto se tornava indis-
pensável dar-lhe um Coadjutor, foi nomeado para tal cargo, por Decreto de 7 de
março ultimo, o Conego Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti. Não h a -
vendo, porém, este sacerdote aceitado a nomeação, foi ella declarada sem effeito a 18
de abril.próximo findo.
43

Provimento de i«rreja« paroolxiaes— A l g u n s dos Prelados diocesanos


já mandaram a b r i r concursos para provimento de parochias vagas.
Posto que os concurrentes tenham sido admitlidos em numero tão limitado, que
das parochias postas em concurso umas ficaram sem oppositorese outras v i e r a m
a ficar com um apenas cada uma, o Governo Imperial julgou conveniente a apresen-
tação dos candidatos propostos para serem collados.
Desde maio do anno findo as dioceses em que se abriram taes concursos
foram os de Olinda, Marianna e S . Paulo. Poucos mezes antes, segundo consta do
ultimo Relatório deste Ministério, tinha-se realizado um concurso em Goyaz. Daqui
se vê que em todos os outras — isto é, em 8 dioceses — ainda nenhuma igreja p a -
rochial foi posta em concurso desde longo tempo, apesar do augmento que tem tido
o numero de parochias vagas por motivo de fallecimento ou de renuncia e o de
novas parochias.
AS freguezias providas deparochos collados mediante o competente concurso
no período indicado foram:
— Da diocese de Olinda — as de S. M i g u e l de Ipojuca, Jesus Maria José do B o m
Conselho (Papacaço), Nossa Senhora do O' do Altinho, Nossa Senhora do Desterro de
Itambé e SS. Sacramento de Santo Antônio do Recife, província de Pernambuco; de
Nossa Senhora da Conceição da Campina Grande, Nossa Senhora da L u z da Inde-
pendência, Nossa Senhora da Boa Viagem da Alagôa Grande, Nossa Senhora da
Conceição do Brejo de Areia e Senhor B o m Jesus do Bomfim do Serra do R a i z , pro-
víncia da P a r a h y b a ; de S. Joüo Baptista do Assú e Nossa Senhora da Conceição da
M a c a h y b a (anteriormente S. Gonçalo de Amarante), província do R i o Grande do
Norte;
— Da diocese de Marianna — os de Santo Antônio da cidade de Sele Lagoas,
S. Sebastião da Encruzilhada, Nossa Senhora da Oliveira do Piranga, S. Gonçalo do
R i o - a b a i x o , S a n f A n n a de Jequery, Nossa Senhora do Rosário da cidade de Itabira è
Espirito Santo da cidade da V a r g i n h a .
Quanto á diocese de S. Paulo, foram recebidos ultimamente os papeis relativos
Unicamente a tres parochias; ainda, porém, nüo resolveu o Governo Imperial sobre

as respectivos propostas.
Capella Imperial e Catnedral do Rio de Janeiro.— Estando
reconhecida a necessidade de reorganizor o serviço da musica e tendo fallecido um
dos mestres de capella, resolveu o Governo reduzira um só os doislogares creados
pelo Decreto n. 697 de 10 de setembro de 1850 e autorizai nova organização da cor-
poração musical, dando-lhe melhores honorários, em virtude do augmento que hã
ultima lei de orçamento tivera a consignação para aquelle serviço.
84

Nesta conformidade foram expedidos o Decreto n . 9324 de 23 de dezembro e o


A v i s o de 24 do dito mez com as precisas instrucções.
Tende-se dado, em novembro, o roubo de vários objectos preciosos pertencentes
ao culto (alguns dos quaes foram pouco tempo depois encontrados pela policia),
o Governo mandou construir na Capella Imperial u m a casa forte, afim de se poderem
guardar com segurança as alfaias de ouro e prata da mesma Capella.
Houve algumas modificações no pessoal do serviço por exoneração e por falleci-
mento. Quanto aoscapellSes cantores, mestres de ceremonias e empregados inferio-
res, os vencimentos fixados na tabeliã annexa ao Decreto n. 697 de 10 de setembro de
1850 s5o tão exíguos, que raramente se apresentam pretendentes aos logares. Q u a l -
quer capellão de irmandade e os das collegiadas existentes em igrejas desta cidade
têm maiores honorários e menos obrigações do que os da Capella I m p e r i a l : dahi a
vacância, quasi constante ha alguns annos, da maior parte dos referidos logares.
Convindo entretanto conciliar as necessidades do serviço com a de não augmentar
as respectivas consignações, púde-se com alguma reducção do numero dos capellães
e outros empregados, conforme os esclarecimentos obtidos, tornar menos desvanta-
josos os vencimentos dos que houverem de fazer o serviço, que, adoptada esta p r o v i -
dencia, se tratará de regularizar.
O estado do edifício da Capella Imperial e suas dependências exige grandes
obras : segundo o orçamento a que se mandou proceder, a despeza só para os reparos
urgentes é calculada em cerca de 100:000?0.0.
Oathedraes nas províncias.— O Governo concedeu créditos no e x -
ercício passado e no corrente para obras na Cathedral Metropolitana e na do Pará.
A Cathedral do Maranhão requer ainda algumas despezas, não só com obras,
mas também com paramentos.
O Rev. Bispo de Cuyabá conseguiu, mediante donativos que agenciou de seus
diocesanos, completar as obras de restauração da Cathedral, que, conforme asse-
vera, se tornou um primoroso templo, capaz de competir com os melhores do
Império. Subiu a 51:334$168 a despeza, para a qual contribuiu o Governo Imperial
em exercícios anteriores com 13:OOJ$0OO. Faltam-lhe, porém, os convenientes p a r a -
mentos.

Relação Metropolitana— E m 1837 julgou 8 acções de divorcio, p r o c e -


dentes 6 do Bispado do R i o de Janeiro, 1 do de S. Pedro do Rio Grande do S u l e 1 do
Arcebispado.

Synodos diocesanos— O Rev. Bispo de Goyaz convocou u m synodo dioce-


sano, ao qual compareceram mais de 40 sacerdotes. F o i esse o primeiro synodo
celebrado naquella diocese.
85

Nfio consta a este Ministério qual o resultado do referido synodo; e nada consta
officiolmente a respeito de outro que foi convocado nu diocese de S. Paulo.
L i m i t e » de d i o o e s e s . — 0 Decreto Legislativo n. 3012 de 22 de oitubro de 1880,
que alterou os limites das províncias do Ceará e do Piouhy, passando pura esta a fre-
guezia da Amarraçüo e para aquella a comarca do Príncipe Imperial, determinou
que a linha divisória ecclesiasüca fosse a mesma que a c i v i l . Havendo o Governo
Imperial providenciado para que a L e i que assignára por este modo novos limites ás
dioceses da Fortaleza e do Maranhão tivesse inteira execução nesta parte, como
tivera já na parte c i v i l , expediu a Santa Sé um Decreto Consistorial datado de 10 de
março ultimo, que fixa naquella conformidade os limites das referidas dioceses.
Já foi recebido esse Decreto Consistorial, só dependendo de esclarecimentos, que
se esperam do Rev. Internuncio Apostólico, o Beneplácito necessário para que tenha
execução.
S e m i n á r i o s e p í s o o p a e s . — A respeito da maior parte dos seminários não
se receberam informações dos Prelados diocesanos. O que consta apenas quanto ás
dioceses da Bahia, Fortaleza, Maranhão, Marianna e Goyaz, é o seguinte :
No seminário de estudos preparatórios da Bahia matricularam-se no ultimo
8nno lectivo 109 alumnos, dos quaes retiraram-se 5, foram excluídos 3 e termi-
n a r a m o curso 8 ; no de sciencias ecclesiasticos houve 47 alumnos e destes rece-
beram 8 as ordens de presbytero.
N o seminário da Fortaleza matricularam-se 104 estudantes de preparatórios e 18
T

do curso theologico.
No Maranhão têm proseguido regularmente as aulas do seminário de prepara-
tórios estabelecido no antigo convento de Nossa Senhora das Mercês, e igualmente
as do seminário maior estabelecido no convento de Santo Antônio da extincta Ordem
dos Frades Menores Franciscanos. As obras de que carecia este edifício têm conti-
nuado mediante auxílios concedidos pelo Governo.
Em Morianna, no presente anno lectivo (de oitubro de 1887 a oitubro de 1888),
estão matriculados 155 estudantes de~preparatorios e 49 do curso superior.
Em Goyaz o seminário de Santa Cruz da capital tem 70 a l u m n o s ; quanto, porém,
ao de S. Vicente de Paulo de Campo Bello, território da província de Minas, per-
tencente á diocese de Goyaz, apenas consta que prosegue regularmente em seus t r a -
balhos.
ESTABELECIMENTOS B E C A R I D A B E

Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

Hospital Geral.— Durante o anno compromissal de 1886 a 1887 foram t r a -


tados 12.302 doentes, incluídos 1.025 do anno anterior. Tiveram alta 9.079, falle-
ceram 2.170eficaram em tratamento 1.053. A. mortalidade, abatendo-se os fallecidos
nas primeiras 24 horas, foi de 15 %>.
Nos consultórios annexos ao hospital, sob a denominação d e — S a l a do Banco —
foram dadas, naquelle período, consultas:

A homens 21.120
A mulheres 19-515
A crianças 25.026

Os consultantes da Sala do Banco recebem gratuitamente todos os medicamentos


que lhes são prescriptos. Entre os diversos consultórios ha o denominado—gabinete
dentário — onde se praticam todas as operações de extracções, obturações, etc.
Continua a ser mantido pela Santa Caso, no arrobolde denominado oCascadura » ,
o hospício de Nossa Senhora das Dores, destinado ao tratamento exclusivo dos que
soffrem de tuberculose pulmonar.
Acha-se funccionando a r u a das Larangeiras n. 62 o « Instituto Pasteur » , d e s t i -
nado ao tratamento da hydrophobia.
O Hospital possue, além de prédios, 1.405:600*000 em títulos da divida publica e
acções do Banco do Brazil. A sua receita foi naquelle anno de 809:673$607 e a despeza
de 80S:839$817, verificando-se, pois, o saldo de 2:833*790.
Cas» dos Expostos— Entraram durante o anno 199 crianças. E x i s t i a m do
anno anterior 161. A mortalidade foi de 106.
O fundo patrimonial deste estabelecimento consiste em prédios e títulos da d i v i d a
publica no valor de 331:C00$000.
A receita foi de 287:823$762 e a despeza de 286:403$135, veriflcando-se a s s i m o
saldo del:420S627.

Recolhimento das Orphãs— Existiam neste estabelecimento 172 m e -


ninas, entraram 25, saíram 18, falleceu 1 e ficaram 178.
87

A receito do Recolhimento foi de 138:928$75Se a despeza de 137:725$906, sendo o


saldo del:202$852.
Além de prédios, possue este estabelecimento, em títulos da d i v i d a publica e
acçôes do Banco do B r a z i l , 303:800$000.
Hospício de Pedro l i . — E x i s t i a m e m tratamento neste Hospício 321 e n -
fermos, entraram durante o anno 105, saíram 31, falleceram 88 e existem 307.
Além de prédios, possue o estabelecimento 417:800$000 em titulos da divida
publica e acçôes do Banco do B r a z i l .
A receita foi de 212:834$990 e a despeza de 19D:524$414, verificando-se o saldo de
13:340$576.
Empreza Funerária.— Continuam a ser mantidos pelo cofre desta e m -
preza : — o hospício de Nossa Senhora da Saúde, estabelecido na G a m b o a ; o de Nossa
Senhora do Soccorro, em S. Christovfio; o de S. Jo8o Baptista, em Botafogo. Estes
hospícios são destinados ao tratamento dos enfermos pobres das referidas l o c a l i -
dades.
A empreza tem mais a seu cargo os consultórios públicos para o tratamento
dos enfermos pobres das freguezias de Santa R i t a , S. João Baptista e S. C h r i s -
tovão.
Nos cemitérios públicos de S. Francisco Xavier e S. João Baptista foram s e p u l -
tados durante o anno compromissal 1836 a 1887—11.595 cadáveres, sendo 9.030 n a -
quelle e 2.565 neste.
A receita, por conta da qual são mantidos todos estes estabelecimentos, foi de
838:033$528, e a despeza de 644:19 J$748, havendo, portanto, o saldo de 193:839$780,
sujeito, porém, ao pagamento do sub-emprezario e outros fornecedores.

Imperial Hospital dos Lázaros

No anno compromissal de 1883 a 1837 deu-se o seguinte movimento :

E x i s t i a m em 1 de julho de 1S86 46 enfermos

Entraram 32
78

Falleceram 8

Saíram 12
20
88

Ficaram em tratamento em 30 de junho de 1887... 58


Destes eram :
Homens 3Í
*
Mulheres 2 0

Adultos 38
Menores 2 0
e

— 58
Nacionaes 49
Estrangeiros 9
——- 58

Dos fallecidos eram 6 homens e 2 m u l h e r e s ; dos que saíram eram 7 homens e


5 mulheres.
Durante o referido anno a receita do Hospital foi de 63:320$18S e a despeza de
55:604$216, resultando o saldo de 7:715$972.

NATURALIZACÕES
»

De 1 de maio do anno passado a 30 de a b r i l ultimo foram naturalizados pelo


Governo 153 estrangeiros, conforme consta do annexo B .
Segundo as communicações ofíiciaes recebidas na Secretaria de Estado durante
o referido período, foram concedidas pelos Presidentes de província 726 cartas de
naturalização, como se vê do quadro também inciuido naquelle annexo. |
Os 879 naturalizados classificam-se, quanto á nacionalidade, pelo modo seguinte:
África 5
Allemanha 250
Austria-Hungria 16
Bélgica 2
Dinamarca 2
França 13
Gr8-Bretanha 3
Hespanha 25
Hollanda 1
Itália 61
Noruega 1
Paraguay 3

382
89

382
Portugal 280
Prússia... 36
Republica Argentina l
» do Equador 1
o Oriental do Uruguay 4
Rússia 1
Suécia 1
Suissa 3
Turquia 4
Não foram prestadas informações sobre a nacionalidade de 1C6

879

Prestaram juramento 688 e ainda não o fizeram 191, comprehendidos neste


mero os 166 acima indicados a respeito dos quaes não ha informações.
Segundo as declarações feitas pelos que já prestaram juramento, são:

Quanto á religião:

Catholicos 533
Acatholicos l i 5

NSo fizeram declaração 7

Quanto ao e s t a d o :

Solteiros 1 4 7

Casados m

Viúvos 2 8

Não fizeram declaração r>

Quanto á profissão :

Açougueiros 1

Agricultores 6 8

Artistas 5 8

Barbeiros 2

Caixeiros 3

Chacareiro 1

Capitalista 1

Colonos 8 9

Commerciontes 6 9

Cozinheiro 1

Despenseiro da Armada Nacional 1


IMP. 12
90

Enfermeiro 1

Empregado na companhia ferro-carril de S. C h r i s t o v f i o — 1


Empregado nas capatazias da Alfândega 1

Empregados na Estrada de Ferro D. Pedro II 8


Empregados na Inspectoria de obras publicas 2

Empregado na Praça do Commercio 1

Fazendeiro 1

Guarda-livros 2

Industriaes 5

Interprete 1

Jornalista 1

Lavradores 38
Marítimos 8
Mascates *
Militares 5

Pharmaceuticos — . 3
Professores 3
Proprietários 4
Sacerdotes 9
Trabalhadores 5
NSo declararam a profissão 291

Os 879 naturalizados residem:

A bordo 3
Na Corte 112
» província do MaranhSo 3
» » do Ceará , 1
» » da Parahyba 3
D » de Pernambuco 45
» » de Sergipe 4
» » da Bahia 34
» » do Espirito Santo 15
i> r> do R i o de Janeiro.. 33
» » do Paraná 3
» » de Santa Catharina 53
» » de S. Pedro do S u l 533
» » de Minas Geraes 31
» » de Matto Grosso 6
91

Dos naturalizados que já prestaram juramento só 433 tora filhos em numero


de 2.119, sendo:
Do sexo masculino 769
» » feminino 742
Nfio foram declarados os sexos de 608
Maiores . 228
Menores 937
De idade ignorada 904
Catholicos 969
Acatholicos 150
De religião ignorada 1.030
Solteiros 1.054
Casados 55
Viúvos 3
De estado ignorado 1.007
AllemSes 19
Austríacos 5
Brazileiros 1.055
Francez 1
Hespanhóes . -
Inglezes 9

Italianos 3

Marroquinos 4
Orientaes 3

Portuguezes 3&
De nacionalidade ignorada 980

SAÚDE PUBLICA

Celebrada com a Republica Argentina e o Estado Oriental do Uruguay a


convenção sanitária de 25 de novembro, a respeito da qnal tereis completas infor-
mações no Relatório do Ministério dos Negócios Estrangeiros, p o r acto de 14 de
janeiro, expedido c o m prévia audiência da Inspectoria G e r a l de Saúde dos P o r -
tos e de acordo com as nações contratantes, resolveu o Governo que fossem desde
logo postos e m execução no Império os arts. I , 4 e 8* da m e s m a convenção e
o o

os correlativos do regulamento que delia fez parte.


92

A 22 de julho do anno findo regressou da Europa o D r . Augusto Ferreira


dos Santos, o qual fora encarregado pelo Governo Imperial e pela Provedoria da
Santa Casa de Misericórdia de acompanhar em Pariz os estudos e experiências do
illustre professor Pasteur concernentes â prophylaxia da r a i v a .
A benemérita administração da Santa Casa de Misericórdia tomou a seu cargo
a fundação do serviço destinado ao tratamento preventivo daquella moléstia, e o
23 de fevereiro inaugurou-se no prédio sito á rua das Laranjeiras n. 62 o respectivo
estabelecimento com o nome de «Instituto Pasteur».
O material technico foi trazido da Europa pelo D r . Ferreira dos Santos c o m
autorização do Governo, e completado com os objectos que, para os estudos bacte-
riológicos, existiam no laboratório de chimica mineral da Faculdade de Medicina
do Rio de Janeiro.
Aproveitando a excursüo que ás águas mineraes de Baependy e da Campanha
tinha de fazer o membro da Inspectoria Geral de Hygiene Dr. Agostinho José
de Souza L i m a , por A v i s o de 17 de janeiro incumbiu-o o Ministério do Império,
sobre proposta daquella corporação, de examinar o estado das mesmas águas
e verificar as alterações que lhes houvessem advindo das obras feitas em virtude
de contratos celebrados com a Presidência da província.

Com o costumado zelo desempenhou-se desta commissão o Dr. Souza L i m a ,


opresentando o minucioso relatório que encontrareis no annexo. C
Nesse trabalho, em que descreve as condições actuaes das fontes de Poços
de Caldas, L a m b a r y e Caxambú, os melhoramentos realizados pelos emprezas
incumbidas de sua exploração, as faltas de que se resentem ainda os estabeleci-
mentos balneários e as alterações que apresentam algumas fontes, e aprecia
além disto o valor das águas mineraes, ainda não convenientemente aproveitadas,
de Contendas e Cambuquiras, resume o referido Doutor o resultado de suas obser-
vações "nos respostas a alguns quesitos formulados pela Inspectoria Geral de
Hygiene.
Termina o autor propondo, conforme já tinha sido suggerido no relatório
da commissão de que fez parte em 1874:
1. ° Que em coda um dos pontos onde existem estabelecimentos para uso de
águas mineraes haja um inspector, que apresentará annualmente minucioso relatório
sobre o estado das águas e necessidades que verificar, acompanhado da estatís-
tica dos resultados obtidos com o respectivo emprego no tratamento das m o -
léstias, e bem assim de um quadro de observações meteorológicas diárias ;
2. » Que, no fim de cada estação hydromineral, se reunam, em commissão con-
sultiva, os médicos inspectores de todas as fontes.
93

Feito isto, s e r i a de grande vantagem e interesse publico, segundo pondera o


D r . Souza L i m a , que se publicassem os differentes relatórios, ou um livro, sob o t i -
tulo de — Annuario das águas mineraes —, collaborado pelos médicos inspectores e
extractado daquelles relatórios.
A ' Presidência da província de Santa Catharina, que as transmittiu ao M i n i s -
tério do Império, enviou o Engenheiro fiscal da estrada de ferro D. Thereza Christina,
JoSo Caldeira de Alvarenga Messeder, amostras de águas thermaes de um riacho
que corre próximo a outro de águas frias, com que depois se reúne para despejar
no rio TubarSo, pouco acima d a v i l l a d a Piedade. Segundo informa o referido E n -
genheiro, não consta que taes águas, que parecem sulphurosas, jú tenham sido
a n a l y s a d a s . Com A v i s o de 27 de janeiro foram as amostras remettidasao Director
da Faculdade de Medicina, afim de serem analysadas no laboratório de hygiene.
Havendo a Câmara Municipal da cidade da Parahyba do S u l representado sobre
a conveniência de verificar-se a composição chimica das águas mineraes de
algumas fontes recentemente descobertas no logar denominado — Caminho Novo
do Cattete — d i s t a n t e cerca de dois kilometros daquella cidade, por A v i s o de 23 de
março i n c u m b i o Inspector interino do mencionado laboratório, D r . José Borges
R i b e i r o da Costa, de proceder na referida localidade a analyse qualitativa e
quantitativa das mesmas águas. Aguardo o relatório, que tem de apresentar aquelle
funecionario, para resolver sobre as providencias que devam ser adoptadus no i n -
tuito de assegurar o melhor aproveitamento dos mananciaes.
Reconhecida pela experiência a necessidade de regular melhor a cobrança das
taxas das analyses feitas no laboratório de hygiene da Faculdade de Medicina do
R i o de Janeiro, fixando a intelligencia do Regulamento de 22 de dezembro de 1883,
estabeleceu o Decreto n . 9327 de 11 de a b r i l u l t i m o :
Que os donos de produetos apprehendidos pelas autoridades sanitárias não serão
obrigados ao pagamento das taxas das analyses a que taes produetos forem s u -
jeitos por ordem das mesmas autoridades; deverão, porém, pagal-as sempre
que, verificada a boa qualidade ou o innocuidade dos produetos, quizerem u t i l i -
zar-se dos analyses para acredital-os ou recommendal-os ao p u b l i c o ;
Que, si differentes pessoas submetterem a exame amostras do mesmo pro-
dueto, cada interessado que pedir nota ou certificado da analyse devera pagar
integralmente a taxa respectiva.
94

Corte

O estado sanitário desta cidade, no anno próximo findo, foi gravemente alterado
pela epidemia de varíola, que, tendo apparecido em julho de 1886, augmentou
progressivamente até attingir o seu máximo desenvolvimento em agosto ultimo,
fazendo no decurso do anno maior numero de victimas do que as epidemias de 1865,
1878, 1878, 1882 e 1883.
O numero total de óbitos, em 1887, foi de 14.875, assim repartidos pelos diversos
mezes do a n n o :

Em janeiro 1.084
» fevereiro 970
» março 1.176
» abril 1.140
» maio 1.213
» junho 1.235
» julho 1.446
» agosto • 1.695
» setembro 1.604
» oitubro 1.290
» novembro 1.054
» dezembro 968
1-1.875
As causas dos óbitos f o r a m :
Variola 3.357
Tuberculose 2.025
Moléstias do apparelho circulatório 1.249
» » » respiratório 1.234
» » » cerebro-espinhal 1.118
Impaludismo (febres palustres e cachexia palustre) 915
Athrepsia 833

10.731
95

10.731
Nascidos mortos 763
Moléstias do apparelho digestivo 516
Sarampo 274
Deformações e outras causas congênitas 245
M a r a s m o senil 234
Mortes violentas 177
Canceres 153
Lymphangite 140
Diphteria e crup 120
Tétano dos recém-nascidos 120
Moléstias do apparelho genito-ourinario 110
Febre amarella 100
Alcoolismo 85
Gangrena 77 -
Febre typhoide ••• 7 5

Beriberi 64
Moléstias concernentes á gestação, parto e puerperio... 64
A n e m i a e chloro-anemia 57
Syphilis 5 i

Pyohemia * 7

Rheumatismo, 4 6

Coqueluche 4 4

Tétano **
Septicemia 3 9

Uremia 3 9

Erysipela ^
Cholera infantil 8 0

Moléstias da pelle e do tecido cellular subcutaneo 30


Escrophulose 2 7

Hypoemia intertropical 2 7

Febres estivaes 2 5

Moléstias dos ossos, articulações e músculos 25

Escorbuto x

Typho 1 5

o
Rochitismo °
14.651
96

14.661

Hydrophobia *
Escarlotino 3

Saturnismo 3

Diabetes 1

Causas nüo classificadas m


Moléstias nSo declaradas 8 9

14.875
Dos fallecidos eram :
Do sexo masculino 8.735
Do sexo feminino 6.140
Solteiros 11.817
Casados 1.785
Viúvos. 881
Sem declaração de estado 392
Nacionaes 11.732
Estrangeiros 2.959
Sem declaração de nacionalidade 184
Em 1886 o numero total de óbitos tinha sido de 12.300. Excluida a varíola, que
nesse anno produziu 164 óbitos e no anno passado 3.357, da comparação entre os
dois annos resulta a differença de 618 óbitos, para menos, no u l t i m o .
Computada a população da cidade do Rio de Janeiro em 400.000 almas, n u -
mero provavelmente inferior ao real, o coefficiente da mortalidade por 1.003 h a b i -
tantes, em 1887, excluídos 763 nascidos mortos, foi de 35,28. Neste calculo estão
incluídos os óbitos provenientes da epidemia de varíola, o que, segundo pondera o
medico demographista da Inspectoria de Hygiene, representa a n o r m a l elevação
que não corresponde à mortalidade ordinária da cidade.
Augmentando consideravelmente a epidemia de varíola, foi o Inspector Geral
de Hygiene autorizado, por A v i s o de 28 de junho, conforme solicitou, a estabe-
lecer nos subúrbios da cidade as enfermarias necessárias para o tratamento e iso-
lamento dos doentes, e a remover para ellas os moradores dos cortiços e esta-
lagens que fossem acommettidos da moléstia, a s s i m como quaesquer outros que
preferissem tratar-se á sua custa nas mesmas enfermarias. Do Ministério da Justiça
solicitou-se a expedição de ordem afim de que, na conformidade do disposto nos
arts. 92, § 8 , e 191 do Regulamento de 3 de fevereiro de 183G, as autoridades policiaes
o

prestassem a Inspectoria de Hygiene e seus Delegados o auxilio dc que houvessem


mister na execução de taes providencias e na desinfecção das casas em que fal-
lecessem ou donde fossem removidos os doentes. Requisitou-se ainda do mesmo M i -
91

nisterio, por Aviso de 7 de julho, que o serviço da remoção de enfermo» e de


cadáveres de indigentes, a cnrgo da Repartição de Policia, fosse ampliado a alguns
1

pontos da parochio do Engenho Novo, indicados pelos respectivos- Delegados de


Hygiene.
Havendo, porém, a Inspectoria Geral reconhecido o impraticabllidóde do estabele-
cimento das ntludidos enfermarias, e urgindo tomar providencias que acautelassem
os interesses da saúde publica, visto que com o desenvolvimento da epidemia podia
tornar-se insufficiente para os necessidades do serviço o hospício de Nossa Senhora
da Saúde, no qual até então tinham sido recebidos os doentes, resolveu o Ministério
do Império estabelecer um hospital de variolosos no edifício da ilha de Santa B a r -
bara, onde em 1882 fura creada para o mesmo fim uma enfermaria provisória.
Requisitada do Ministério do Guerra a cessão daquelle edifício, por Aviso de 7
de j u l h o foi incumbido o Inspector Geral de Saúde dos Portos de levar a effeito»
com urgência o indicado estabelecimento, utilizando os recursos que pudessem
fornecer o Hospital Marítimo de Santa Isabel e o Lozareto da Ilha Grande. Da P r o -
vedoria da Santa Casa de Misericórdia solicitou-se que, de acordo com as r e q u i -
sições que lhe dirigisse o mencionado Inspector, prestasse aquella pia instituição
os enfermeiros e o s irmãs de caridade que fossem precisos e fornecesse o s d i e t a s f

ficando o serviço sanitário, quer medico, quer pharmoceutico, a cargo do Governo,


por conta do qual correriam todos os despejas.
Com um medico, um pharmoceutico e os mais empregados estrictamente i n -
dispensáveis começou o Hospital a funccionar no dia 18 de julho, sendo para elle
transferidos 50 variolosos que se achavam em tratamento no hospício de Nossa
Senhora da Saúde.
Pela administração da Santa Casa de Misericórdia foi inaugurada a 19 de julho
no hospício de N> ssa Senhora do Soccorro, sito á praia de S. Christovão, uma enfer-
m a r i a para tratamento de variolosos de ambos os sexos, tendo sido removidos
para o hospital geral os doentes que alli e x i s t i a m .
A f i m de serem prestados os necessários soecorros aos enfermos desvaridos
nas ilhas de Paqueta e do Governador, e nas freguezias de Irajáy Campo Grafide,
Inhaúma e Guaratiba, tomou a Inspectoria Geral de Hygiene as devidas providencias,
que foram approvadas por Avisos de 23 de agosto, 2 e 14 de setembro e 14 de
dezembro.
Podendo considerar-se extineta a epidemia da varíola no dia í ° de fevereiro
do corrente anno, e não havendo motivo para continuar aberto o hospital d# ilha
de Santa Barbara, onde apenas se achavam cinco doentes em condições de serem
transferidos para o- hospício de Nossa Senhora da Saúde, foi autorizado o . insgectof
IMP. 13
98

Geral de Saúde dos Portos, conforme propoz, a mandar fazer a remoção dos doentes
e fechar o estabelecimento, dispensando o pessoal contratado e os serviços das irmãs
de caridade. Recommendou-se-lhe, todavia, que providenciasse, pelo modo mais con-
veniente, sobre a guarda do edifício e objectos nelle existentes. Effectuada a a l l u d i d a
remoçfio, fechou-se o hospital, sendo dispensados os respectivos empregados logo
que teiminaram os trabalhos de arrolamento, arrumação e transporte dos moveis e
utensis, desinfecçüo destes e do edifício.
O movimento de doentes no hospital da ilha de Santa Barbara durante todo o
tempo em que funccionou, isto é, de )8 de julho a fim de janeiro, consta do seguinte
mappa:

ANNO MEZ ENTRADAS ÍWLI-ECIMENTOS ALTAS

1887 156 13 11

362 150 169

243 100 Í78

105 55 83

60 33 60

19 o 35

1888 2 2 32

048 36S 575

Ouvido o Conselho Superior de Saúde Publica sobre a opportunidade de s u s p e n -


derem-se em relação ás procedências platinas as medidas preventivas da invasão
do cholera-morbus, e de acordo com o seu parecer, resolveu o Governo, por acto
de 16 de maio do anno findo:
Que fossem considerados limpos os portos da Republica Argentina e da Oriental
do Uruguay, e admittidas em livre prática nos do Império as embarcações saídas
dos referidos portos depois do dia l daquelle mez;
u

Que se contasse desta data o prazo de tres mezes, marcado por acto de 24 de
março antecedente, para a interdicção dos gêneros de que trata o A v i s o de 13 de n o -
vembro de 1886.
Em virtude desta resolução, que foi communicada por telegramma ás Legações
Imperiaes em Montevidéu, Buenos Ayres e Assumpção, ordenou-se ao Presidente do
R i o Grande do Sul que mandasse dissolver o cordSo sanitário estabelecido naíron-
99

teiro das repúblicos limitrophes e suspender as quarentenas de observação em


Uruguayana, e ao de Malto Grosso que fizesse também cessar a quarentena na e m -
bocadura do rio A pa . Ao Ministério da Marinha declarou-se que podiam ser d i s -
pensados os vasos de guerra incumbidos de assegurar a execuçfio das medidas
preventivas nas províncias.
Na mesma occasiüo determinou o Governo que os navios que trouxessem i m m i -
grantes, quer para o Império, quer em transito, continuariam a ir previamente ao
posto do Lozareto da Ilha Gra de, afim de ser examinado o estado sanitário de bordo,
emquanto nüo se sujeitassem ás seguintes prescripções:
1. Conduzir numero tal de passageiros que a cada um coubesse, pelo menos,
a

um metro quadrado de convés corrido;


2. Trazer sempre medico a bordo e ser providos de estufa de vapor d'agua
a

superaquecida para a desinfecçao das roupas que tivessem servido a doentes de


qualquer moléstia durante a viagem.
Em 24 de maio, nttendendoa que já podia ser consideravelmente reduzido, por
motivo da suspensão dos quarentenas para os navios procedentes das R e p u -
blicas Argentina e do üruguay, o pessoal extraordinário do Lazaretoda Ilha Grande,
autorizou-se o Inspector Geral de Saúde dos Portos a dor por finda a commissão dos
empregados que não fossem estrictamente necessários para o serviço das quaren-
tenas a que ainda estavam sujeitas as procedências do Chile.
P o r acto de 28 também de maio foram considerados limpos os portos c h i -
lenos, mandando-se que tivessem livre prática nos do Império os navios saídos dalli
depois do dia 13 doquelle mez.
Informado officialmenle do reapparecimento do cholera-morbus em Catania, na
Sicilia, por acto de 11 de j u l h o resolveu o Governo :
Que fosse considerado infeccionado o porto de Catania, e suspeitos os demais
portos da i l h a da Sicilia, assim como os peninsulares italianos do golpho de Tarento,
m a r Jonico, estreito de Messina e mar Tyrrheno até Salerno inclusive, os da i l h a de
Sardenha e os da regência de T u n i s ;
Que os navios procedentes dos mencionados portos só fossem recebidos nos do
Império depois de irem ao do Lazareto da Ilha Grande, onde fariam quarentena de
rigor as embarcações vindas de Catania, e de observação as que viessem dos portos
considerados suspeitos;
Que fossem também submettidos a quarentena de rigor os navios que, embora
procedentes de portos simplesmente suspeitos, chegassem com doentes de cholera
ou os tivessem tido durante a viagem, ou trouxessem cargas susceptíveis.
Respondendo a u m a consultado nosso Enviado Extraordinário e Ministro Pleni-
100

potenciario em Monteyidéo, declarou o Governo, por Aviso de li de julho, que


mantinha a resolução clara c ternoinonte, contida nos Avisos de 24 de março, 16 de
maio e 4 de junho, segundo os quaes só seriam recebidas nos portos do Império as
carnes de procedência argentina ou oriental que fossem embarcadas depois do dia 31
do dito mez de julho, em que findara o prazo de tres mezes, contado na conformidade
do segundo dos citados Avisos ; sendo aquclla resolução extensiva aos gêneros de
que tratava o Aviso de 13 de novembro de 1SS6.

Constando officiolmente o apparecimento do cholera-morbus na i l h a de Malta,


ordenou-se, por acto de 6 de agosto, que fossem considerados infeccionados os portos
da mesma ilha e submettidos a quarentena de rigor na Ilha Grande os navios
delles procedentes.
A ' vista também de informações officiaes relativamente ao apparecimento da
epidemia nas provinciasda Calábria e nos arredores de Nápoles, resolveu o Governo
em S daquelle mez:
Que se considerassem infeccionados, a contar do dia I de agosto, os portos
o

italianos do golpho de Tarento, mar Jonico, estreito de Messina e mor Tyrrheno até
Goeto ; e suspeitos os demois portos italianos do Mediterrâneo ;
Que fossem submettidos a quarentenade rigor, na Illia Grande, os navios proce-
dentes dos portos infeccionados, ficando sujeitas a mesma quarentena os e m b a r -
cações que, vindas de portos simplesmente suspeitos, tivessem tido casos de cholera
durante a viagem ou trouxessem cargas susceptíveis.
Em 10 ainda de agosto foram tomadas as seguintes providencias :
1. ° Os transportes de immigrantes que ainda não houvessem satisfeito as e x i -
gências do Aviso de 15 de maio seriam responsáveis pelas despezas de q u a -
rentena e desinfecções das bagagens dos passageiros que trouxessem;
2. O desembarque dos passngeiros immigrantes no Lozareto só poderio effe-
a

ctuor-se depois de terminado a desinfecoão das respectivas bagagens;


3. Si algum navio chegasse com casos de cholera ou os tivesse tido durante
a

a viagem, a autoridade sanitária procederia como julgasse mais conveniente aos


interesses da saúde publica, mediante autorização do Governo, ou sob sua res-
ponsabilidade, nos casos urgentes, sem prejuízo, entretanto, da prestação dos soc-
corros de que o navio carecesse.
Tendo recebido noticia offlciol do reapporecimento do cholera-morbus em
Santiago e outras localidades do Chile, o Governo, por octo de 16 de novembro,
declarou infeccionados, a contar do ria- 1 do mesmo mez, os portos daquella R e -
publico, e mandou que fossem suh.neltidos « q :arentena de oito dias, na Ilha
Grande, os navios procedentes de taes portos.
101

A ' vista do quo informou a Legaçflo Imperial em Roma sobre o estado s a n i -


tário da Itália, determinou-se, por acto de 23 lambem de novembro, que fossem
recebidos em livre prática nos portos do Império os navios que tivessem saído
de portos italianos depois do dia 10 daquelle mez, suspensas as medidas constantes
dos A v i s o s do Ministério do Império de 11 de julho e 8 de agosto ultimo.
Deveriam, entretanto, continuara ser observadas pelos transportes de i m m i -
grantes as precauções hygienicas preceituadas no Aviso de 16 de maio.
A ' visto de communicação, feita pela Legação em Londres, de achar-se extincta
a epidemia na ilha de Malta, ordenou o Governo, por acto de 24 ainda de no-
vembro, fossem livremente admittidos nos portos brazileiros os navios proce-
dentes da mesnía ilha, suspensos os effeitos do Aviso de 6 de agosto.
Todos estas medidas foram tomadas sobre proposta ou com audiência do
Inspector Geral de Saúde dos Portos.
Com Aviso de 27 de junho remetteram-se á Câmara dos Srs. Deputados os
projectos, plantas e orçamentos, apresentados pelo chefe da commissão de sanea-
mento da cidade, engenheiro Jules Jean Revy, das obras que julga necessárias para o
saneamento da lagoa de Rodrigo de Freitas e do canal do Mangue. Prosegue a c o m -
missão nos estudos relativos ao projecto de drenagem profunda do solo da cidade,
os quaes deverão ficar terminados em breve prazo.
Convém que habiliteis o Governo a iniciar a execução destes importantes m e -
lhoramentos, concedendo-lhe as autorizações necessárias.
Por Decreto n . 0754 de 19 de maio do anno passado foram concedidos a Américo
de Castro, ou ú empreza que elle organizar, os favores da L e i n . 3151 de 9 de dezembro
de 1S82 para a construcção, na cidade do R i o de Janeiro e seus arrabaldes, de casas
destinadas á habitação de operários e classes pobres.
Revogada pelo art. 2 , paragrapho único, da
o
L e i n. 3349 de 20 de oitubro
de 1SS7 a disposição do art. I , § l , da citada Lei n . 3151, que o b r i g i v a as emprezas
o n

a pagar as despezas com a demolição dos cortiços condemnados pela autoridade


sanitária e indemnizar aos proprietários o valor das obras, foi análoga con-
cessão feita a A r t h u r Sauer, ou a companhia que incorporar, mediante as o b r i -
gações constantes dos cláusulas que b a i x a r a m com o Decreto n. 9859 de 8 de feve-
reiro ultimo. Entre os favores concedidos á empreza comprehende-se a isenção,
por 20 annos, dos direitos de consumo para os materiaes de construcção, objectos
e apparelhos que tiver de importor poro realização das obras. Esta cláusula ficou
dependente de approvação da Assembléa Geral.
Por falta de execução de algumas das cláusulas foram, por Decretos n s . 9S6G
e 9867, também de S de fevereiro, declaradas caducas as concessões a que
102

6e referem os Decretos ns. 9509 e 9511 de 17 de oitubro de 188'», feitas, para i g u a l


fim, a Jorge Mirandola Filho e a Luiz Raphael Vieira Souto c Antônio Domingues
dos Santos S i l v a .
Por noo estar convenientemente regulado o modo de proceder-se á irrigação da
cidade, e dever esle serviço, de muito interesse para a hygiene publico, realizar-se sob
os vistas da autoridade sanitária e segundo o plano que a esta parecesse mais útil,
foi incumbida a Inspectoria Geral de Hygiene, por Aviso de 10 de agosto, de dor ao
Director G e r a l d o Corpo de Bombeiros, a cujo cargo scacha o mesmo serviço, os
instrucções conducentes a sua melhor execução, determinando os pontos da c i -
dade e as horas em que a irrigação deva de preferencia effectuar-se e os mezes em
que possa ser total ou parcialmente suspensa.
A ' requisição da Inspectoria Geral de Hygiene, e por intermédio do Ministério
da Agricultura, ao qual se dirigiu o do Império por Aviso de 2S de setembro, o E n -
genheiro Antônio Augusto Fernandes Pinheiro, que se achava na Europa em c o m -
missão dnquelle Ministério, foi incumbido de adquirir para o serviço de desinfecções
tres estufas, dos fabricantes Genes te & Herscher, sendo duos fixos e uma portátil.
Com a compra e transporte das mesmas estufas despendeu-se a quantia de 8:796:532.
Tendo a mencionada Inspectoria representado contra os cortes dos mattos
existentes nos arrabaldes da Corte e nas freguezias suburbanas, por Portaria de 30
de setembro recommendou-se 6 I l l m a . Comera Municipal que, afim de e v i t a r a
reproducção de semelhante abuso, tão prejudicial ás condições hygienicas da cidade,
desse os providencias necessárias paro a rigorosa execução do § S°, lit. VII, secção l n

do Código de Posturas, tornando effectivos as penas comminadas aos contraventores.


Reiterou-se esta recommendoção por Portaria de 22 de fevereiro.
Por Decreto de 13 de oitubro, de acordo com a Imperial Resolução de 6 do
mesmo mez, tomada so'>re parecer do Secção dos Negócios do Império do Conselho
de Estado, negou-se provimento ao recurso que o directoria da sociedade «União
dos fabricantes de bebidos e outros produetos nocionaes » inlerpoz do Aviso de 12
de fevereiro mandando cumprir o de S de janeiro do anno findo, que autorizava
a Inspectoria Geral de Hygiene, conforme pedira, a obrigar os fabricantes de vinhos
e outras bebidas alcoólicos a e s l i m p a r e m por meio de fogo, no vasilhame em que
vendem os seus preparados, a qualidade de artificial do conteúdo além do nome do
fabricante ou s u a firma social, sob pena de m u l t a .
Na opinião da Secção, a medida autorizada funda-se nos a r t s . 83, n. 3, e 181 do
Regulamento de 3 de fevereiro de 1886.
Em cumprimento de ordem, que lhe foi expedida a 5 de janeiro do anno pas-
sado, o Engenheiro incumbido das obras deste Ministério fez proceder á desob-
103

strucçfio das vallas e rios que atravessamos campos da Imperial Fazenda de Santa
Cruz, correndo a despeza por conta da quantia de l t:59S$70õ, proveniente de foros arre-
cadados e que por Sua Magestade o Imperador foram cedido.-* paraessefim. Acham-se
restauradas as vallas de S. Francisco, S. Domingos, Itú, Cabuçú, Sant.i L u z i a , Mata-
douro e todas os valletas que existem no curato de Santa Cruz em ramificação com
aquellos, assim como limpo o rio Guandu cm toda a extensão, desde o logar deno-
minado — Óculo — atO ao m o r . Segundo informou o Engenheiro, em lõ de fevereiro
ultimo os campos conservavom-sc estanques, mosmo durante as grandes chuvas,
não se tendo dado casos de mortandade de gado, nem de febres, o que freqüentemente
acontecia em outros tempos. Para que este resultado, porem, se mantenha, é i n d i s -
pensável, no conceito daquelle funecionario, um trabalho continuo de conservação,
porquanto a vegetação n:is vallas desenvolve-se rapidamente e em pouco tempo as
obstrue. Neste sentido traio de providenciar pelo modo mais conveniente.
P o r Portaria de 25 de maio do anno passado ordenou-se á Illma. Câmara M u n i -
cipal que providenciasse como fosse mister com relação ao cemitério da freguez a de
Campo Grande, que, segundo informou a autoridade sanitorio, se achava em pés-
s i m a s condições, não só p e h sua situação, mas tombem pela falta de regularidade
no serviço de inhumação e exhumação de cadáveres.
A ' vista de representação da Inspectoria Geral de Hygiene sobre as condições
do cemitério da freguezia de Inhaúma, que já não tem espaço para sepulturas, pelo
que se torno necessorio ampliar a respectiva área ou construir outro, por Por-
taria de 5 de oitubro chamou-se para este assumpto a attenção da I l l m a . Câmara,
afim de, s i já d ispuzesse aos necessários meios, promover a construcção do novo
cemitério, conforme o plano e orçamento que acompanharam o seu officio de 23 de
agosto de 1SSG.
Em officio de 27 de novembro o Superintendente da Imperial Fazenda de Santa
Cruz representou acerca da necessidade de est;belecer-se alli um cemitério publico,
visto que o da Imperial Fazenda jú não comporta o enterromento dos pes-
soas rallecidos em todo o c i r a t o . Por Portaria de 15 de dezembro deu-se conheci-
mento desta reclamação a I l l m a . Câmara Municipal, recommendondo-lhe que
prestasse os informações exigidos a respeito de tal assumpto por Portaria de 23 de
fevereiro antecedente.
Em resposta a uma consulta da Provedorio da Santa Caso da Misericórdia do
R i o de Janeiro, declarou-se-lhe, por Aviso do 18 de fevereiro ultimo, de acordo c o m
a opinião da Inspectoria Geral de Hygiene, que, oceorrendo no período de novembro
a março, durante o quol foram prohibidas pelo Aviso de 5 de janeiro do anno p a s -
sado as exhumações nos cemitérios da cidade, o faclo de concessionários de c a r -
104

neiros perpetuo?, onde se acham sepultodos restos mortnes de pessoas tia fomilin,
requererem que se lhes fura effectivo o direito, que tem, de sepultar outro cadáver
no mesmo carneiro, pôde a mencionada Provedorin fazer u m a excepção áquello
medida quando o carneiro nfio contenha restos de pessoa fnllecido de moléstia con-
tagiosa e a inhumação datar de dez annos.
Por Portaria de 5 de março renietteu-se á I l l m a . Câmara Municipal o rela-
tório apresentado â Inspectoria (ioral de Hygiene pelo respectivo Delegado na fre-
guezia de Irajá, afim de que a I l l m a . Câmara o toma se em consideração, dundo
as necessárias providencias, na parte relativa ao augmento dc que precisa o
cemitério da motriz daquella freguezia.
Visto convir muito que se assegurasse a existência do Instituto N o r m a l V a c c i -
nogenico fundado com o mais feliz êxito polo D r . Pedro Affonso Franco eque prestou
optimos serviços por oceasião da recente epidemia de varíola, por A v i s o de 2S do
mez findo resolveu este Ministério, conforme a proposta que nesse sentido lhe
fizera aquelle distineto facultativo, conceder a subvenção mensal de 5003 para paga-
mento dos honorários do pessoal indispensável ao serviço do estabelecimento,
compra dosvitellos necessários ede todo o material preciso paro a cultura e remesso
da voecino, ficando o Governo isento de qualquer outra despeza e obrigando-se o
Instituto a fornecer a lympho para o vaccinoção no ^município da C-'»rte e os tubos
vaccinicos que a Inspectoria Geral de Hygiene tiver cie enviar para os províncias.
No pessoal dos Repartições de Saúde houve as seguintes alterações:
Por Portaria de 14 de setembro foi concedida a exoneração que pediu o D r . José
de Castro Rebello do logar de Delegado de Hygiene nas parochias urbanas, e
nomeado para o mesmo logar o Delegodo nas parochias suburbanas Dr. Augusto
Brant Paes Leme, cujo vaga foi preenchida, por Portaria de 20 do dito mez, com
a nomeação do Dr. Cândido Benicio da Silva Moreira.
Para exercerem interinamente as funeções de Delegados de Hygiene nas paro-
chias urbanas foram nomeados por Portarias:
De 9 de agosto, o Dr. Manoel Monteiro de B a r r o s :
De 6 de setembro, o Dr. Frederico José de V i l h e n a ;
De 7 e 19 de dezembro, os D r s . Alexandre José de Mello Moraes F i l h o e
Francisco Pires Machado Portella;
De 13 de janeiro, os D r s . A r t h u r de Miranda Pacheco e Mario de Souza F e r r e i r a ;
De 22 de fevereiro, o Dr. Arlindo de Souza.
Os Drs. A r t h u r de Miranda Pacheco e Mario de Souzo Ferreira já foram
dispensados, por terem reassumido o exercício os Delegados effectrvos a quem
substituíam.
105

Tendo o Inspector Geral de Hygiene, Barão de Ibitiiruna, entrado no gozo


dc licença, foi, por acto de 4 de a b r i l ultimo, designado para substituil-o, durante
o seu impedimento, o membro da Inspectoria Dr. Agostinho José de Souza L i m a .
F o r a m designados para exercer interinamente as funcções de membros da
Inspectoria G e r a l de Hygiene:
P o r acto de 12 de janeiro o Delegado dc Hygiene Dr. Guilherme Augusto
Moreira Guimarães, durante o impedimento do Dr. Agostinho José de Souza
L i m o , que entrou no gozo de licença;
P o r acto de 18 de abril, o Delegado de Hygiene Dr. Manoel Alves da Costa
Brancante, em substituição do mesmo Dr. Souza L i m a , que passara a servir inte-
rinamente de Inspector Geral.
Por Portaria de 30 de janeiro foi nomeaao o Dr. Genuíno Marques Mancebo
para exercer interinamente o logar de Ajudante do Inspector Geral de Saúde
dos Portos.
P o r Portarias de 22 de dezembro e 7 de março foram nomeados:
L u i z L i s k e , para o logar de Almoxarife do Hospital Marítimo de Santa Isabel;
Alfredo Mattos dos Santos, para o de Almoxarife do Lozareto da Ilha Grande.
Xo pessoal da fiscalização do serviço da limpeza da cidade houve a seguinte
alteração :
P o r Portaria de 16 de fevereiro foi nomeado F i s c a l Manoel Fortunato Saldanha da
Gamo,, sendo exonerado Edmundo Martins da Silva Cunha.

II

Províncias

Rio de Janeiro.— X o decurso do anno passado manifestou-se suecessiva-


mente a varíola nos municípios de Maricá, R i o Bonito, Angra dos Reis, P i r a h y , Barra
M a n s a , Valença, Rezende; na povoação de Macacos, do município de V a s s o u r a s ; nos
de Macahé, Soquoremo, S. João do Príncipe, S. João do Barro, Cabo F r i o , e na fre-
guezia de Merity, do município de Iguassú.
Grassou tombem com intensidade a epidemia na cidade de Nictheroy, onde i r -
rompeu em junho, estendendo-se depois á freguezia da Jurujuba.
Pela Presidência da província foram tomadas as convenientes providencias para
IMP. 14
106

debellar a moléstia nas localidades onde ia appnrecendo, evitar a sua propagação e


soccorrer os enfermos desvalidos.
Espirito Santo.— A variola, que lavrou intensamente n a capital do I m -
pério, transmittiu-se á comarca do Itapemirim, onde se manifestaram casos d i s s e m i -
nados em varias localidades, tomando, porém, a moléstia a fôrma epidêmica nas
villas do Cachoeiro e de Itapemirim e nas freguezias do R i o Novo e do R i o Pardo.
Em meiado de janeiro ultimo a epidemia tinha já cessado inteiramente no alto
Itapemirim e achava-se quasi extincta no baixo Itapemirim.
Durante o onno passado falleceram na capital 197 pessoas, sendo 108 do sexo
masculino e 89 do feminino.
As moléstias que predominaram no quadro da mortalidade foram a tuberculose
pulmon-ir, com o contingente de 33 óbitos, e as lesões cardíacas, com o de 17.
Vaccinaram-se na mesma cidade 387 pessoas: 179 do sexo masculino e 208 do
feminino. Dos vaccinados o foram com proveito 232, e s e m resultado, apesar das
revaccinações, 87; nfio tendo sido observados 68.
A cidade da Victoria carece de alguns melhoramentos: o aterro do mangai do
Campinho e da praça denominada Palames, e a canalização das águas da Fonte
Grande, a que hoje dá esgoto uma v a l i a .
Resente-se também a c i p i t a i da falta de agua em quantidade correspondente ás
necessidades hygienicas da população, e nfio podem deixar de influir sobre a s u a
salubridade, no conceito do Inspector de Hygiene, as más condições dos cemitérios,
desprovidos de arborisaçSo, situados m u i próximos da cidade e alguns em terreno de
natureza imprópria.
Bahia.—Na capital grassou durante todo o anno a variola, que se manifestou
também nas povoações de Cajahyba e Comorogy, do município de Valença, e na fre-
guezia do Tanquinho, município da F e i r a de S a n f A n n a .
Por Portaria de 12 de oitubro foi nomeado Antônio Lázaro de Oliveira Leitão
para o logar de Secretario da Inspectoria de Hygiene, sendo exonerado do mesmo
logar José Lopes Velloso, por ter aceitado nomeação para emprego incompatível.
Sergipe.- Desenvolveram-se febres palustres, fazendo considerável numero
de victimas na cidade de Própria e nas villas de Itabaianinha, Riachuelo, Campos e
Simfio Dias.
A variola, de que houve um caso na Estância, accommetteu grande numero de
pessoas na ilha denominada — B a r r a dos Coqueiros —, município de Santo A m a r o .
O estado sanitário na capital foi regular. Moléstia a l g u m a se manifestou com
caracter epidêmico, tendo apenas apparecido do mez de oitubro em deante alguns
casos de v a r i o l a .
107

No decurso do anno falleceram 303 pessoas, sendo 152 do sexo masculino e 47


do feminino.

Por Decreto de 14 de julho foi nomeado o Dr. Antônio Rodrigues de Souza


Brandão para o logar de Inspector de Saúde do Porto, vago por exoneração concedida
por Decreto de 5 de maio ao D r . Aprigio José Chavantes.
A l a g o a s . - Cercada de pântanos, a cidade de Maceió soffre sempre com o
elemento palustre, que complica quasi todos os estados pathologicos.
Esta circumstancia tem levado o Inspector de Hygiene a reclamar o aterra-
mento dos charcos mais próximos da capital, no intuito de evitarem-se por essa
fôrma grande numero de casos de febres, que a l l i apparecem.
O mesmo Inspector insiste na necessidade da abertura da foz do riecho Maceió,
que se acha obstruído no ponto de communicaçüo com o oceano, formando
grande mas sa d'agua em estagnação e fornecendo a s s i m , considerada a pouca
distancia a que se a c h a d o perímetro habitado, enormecontingenlepora a propagação
daquelle elemento.
Outras tantos causas de emanações deletérias são as vallas que, para esgoto
das águas pluviaes e águas servidas de não pequeno numero de habitações s i -
tuadas nas suas proximidades, cortam todas as ruas da cidade. E ' indispensável,
no conceito daquelle funccionario, a drenagem do solo e a derivação das éguas
para canaes conectores com o maior declive possível.
No anno próximo findo ougmentou notavelmente o numero de casos de febres
comparativamente ao observado em 1886, concorrendo para que se desse elevação
no algarismo médio da mortalidade.
Na capital houve cinco casos de variola, importada da Corte. Em virtude das
precauções adoptadas pela autoridade sanitária de acordo com a Presidência
da província, a moléstia não se propagou. Todos os doentes restabelece-
ram-se.
O estado sanitário no porto da capital foi excellente, assim como na cidade e no
porto de Penedo, onde apenas occorreu um coso de variola e um ou outro de febres
paludosos.
l»eraaiu.foaco.— O estado sanitário do província, especialmente o da capital,
foi bastante lisongeiro durante o anno próximo findo. A variola, que g r a s s o u em tão
larga escala em diversas províncias do s u l do Império, não se manifestou sinão por
alguns casos isolados.
Esta entidade mórbida tende a desapparecer na cidade do Recife, principalmente
depois que, com a creação do hospital de Santo Agueda para o tratamento das
doenças contagiosas, extinguiu-se a enfermaria de variola do hospital Pedro II,
108

onde indivíduos que ahi sc recolhiam atacados de outras enfermidades contra-


h i a m essa moléstia e multas vezes eram victimados por e l l a .
Na capital, cuja população, de 97.474 habitantes segundo o recenseamento de
1872, se presume ser hoje de 120.000, falleceram no anno passado 2.893 pessoas, sendo
1.564 do sexo masculino c 1.331 do feminino. No quadro mortuario predominou a
tuberculose pulmonar, que produziu 574 óbitos ou mais de 1/5 do numero total.
O Inspector de Hygiene dá como causas concomitantes deste facto a humidade e o ar
confinado nas habitações, a alimentação insufficiente e mais que tudo o depaupera-
mento orgânico provocado, ora pela s y p h i l i s , ora por toda sorte de vicios oriundos
da ociosidade.
L e m b r a aquelle funccionario algumas medidas que já tem reclamado da m u n i -
cipalidade e entre as quaes sobrelevam as seguintes : limpeza geral da cidade
feita diariamente e remoção do l i x o para local distante, onde seja devidamente
incinerado; deseccamento dos muitos pântanos e cambôos comprehendidos na
área habitada; a drenagem dos terrenos que carecerem deste melhoramento, que
deve ser de grande proveito em uma cidade como a do Recife, cujo sólo é de
alluvião e onde o lençol dágua subterrâneo se acha muito perto da superfície;
calçamento dc diversas ruas que no inverno se transformam em lamaçaes e no
verão desprendem nuvens de fina poeira prejudicial ás vias respiratórias e aos
órgãos da visão; alargamento das redes de esgotos das águas pluviaes e de matérias
fecaes, circumscriptas por emquanto a parte da zona u r b a n a ; limpeza das
margens do rio Capiberibe no perímetro da cidade ; prohibição absoluta da construc-
ção de cortiços; continuação do plantio de arvores nas ruas e praças e nos terrenos
adquiridos aos alagados.

O serviço da vaccinação foi regularmente praticado duas vezes por semana na


Inspectoria de Hygiene.
Vaccinaram-se durante o onno 313 pessoas, das quaes 165 do sexo masculino e
148 do feminino. Este meio prophylactico não teve na província, como em geral em
todo o Império, o desenvolvimento que seria para desejar, e a s s i m continuará a
sueceder, na opinião do Inspector de Hygiene, emquanto não fòr promulgada u m a
lei que estabeleça o voecinoção obrigatória. A repugnância que revela a população
da capitol observa-se oindo móis no interior, onde o povo, ignorante dos effeitos
da inoculoção do lympha, receia contrair a moléstia.
Paraixyba— O estado sanitário, durante o onno findo, foi satisfactorio em
quasi todas as localidades da província, tendo-se manifestado apenas febres perni-
ciosas na comarca de Pombal e posteriormente na freguezio do T r i u m p h o , comarca
de Borburemo, onde fizeram muitas victimas. Para ambos estes pontos foram en-
viados os precisos soecorros.
109

A vaccinaçfio foi praticada em larga escala na capital, graças ao zelo humanitá-


rio de alguns facultativos, que vaccinaram mais do 500 pessoas.
Segundo informa o Inspector de Saúde do Porto, torna-ss indispensável m e -
lhorar, por meio de dragagem, o estado do porto da capital, que c cercado de l a m a
fétida, exposta nas vasantes ú irradiação solar.
Rio Grande do Norto.- Durante o onno passado nenhuma epidemia se
desenvolveu na província, cujas condições sanitárias foram muito lisongeiras.
Na capital houve dois casos de varíola, que não se propagou, graças á providencia,
tomada pelo Inspector de Hygiene, de isolar os doentes, os quaes foram tratados no
Lazareto da Piedade e restabeleceram-se.
Deram-se ainda alguns casos de sarampo, principalmente em crianças.
Em outros pontos da província manifestaram-se também a variola e o sarampo,
sem tomarem, todavia, caracter epidêmico.
O beriberi tem-se tornado quasi endêmico, produzindo annualmente alguns
casos fataes.
A cidade do Natal, constantemente lavada pelos ventos do s u l e de leste,
gozaria da maior salubridade, si nellu não existisse o pântano denominado
da R i b e i r a e um receptaculo de oguas pluviaes que no verão ficam quasi sempre
estagnadas, conservando em decomposição e fermentação detrictos vegetaes e
animaes.
Dar livre curso ás águas deste receptaculo e aterrar o alludido pântano, conver-
tendo-o em um passeio ou j a r d i m publico, são medidas que, no conceito do Inspector
de Hygiene, muito contribuirão para o melhoramento das condições hygienicas da
capital.
No quadro nosologico, segundo informa aquelle funecionario, as moléstias pre-
dominantes foram a syphilis em todas as suas manifestações e as febres palustres,
que concorreram consideravelmente para a mortalidade.
Ceará. — Durante o anno de 1SS7 não se manifestaram moléstias epidêmicas
e as próprias endemias apresentaram caracter benigno, podendo-se, pois, dizer
que o estado sanitário foi satisfactorio.
Falleceram na capital921 pessoas, ou menos 21 que no onno anterior. Dos falle-
c i d o s e r a m do sexo mosculino 432 e do feminino 439; nacionoes f02, estrangeiros 19.
Tomado por base o algarismo de 26.943 habitantes, em que foi computada a po-
pulação da cidade segundo o recenseamento ultimamente feito, ocoefficiente da m o r -
talidade e d e 34,13 por 1.000, proporção, sinão lisongeiro, mais favorável que a de
olguns poizes da Europa.
De todas as moléstias a que mais contribuiu para a elevação do mortalidode foi
110

a tuberculose pulmonar, que ceifou 122 vidas. As do apparelho digestivo occasio-


n a r a m 133 óbitos; as do apparelho circulatório, 101, e finalmente os do systema
nervoso fizeram 90 v i c t i m a s .
A existência de pântanos nos arredores do cidode, a alimentação deficiente de
que faz uso a classe pobre, as habitações m a l construídas, nfio offerecendo aos m o -
radores garantias contra as variações da atmosphera, explicam, ao menos em
parte, a freqüência de toes moléstias. Concorrem,.porem, outras causas de i n s a l u -
bridade, entre as quaes destaca-se a falta dc um systema de esgotos para as águas
servidas e matérias fecaes.
Vaccinaram-se na capital 422 pessoas, sendo 115 do sexo masculino c 307 do fe-
minino. Tiveram vaccina regular 258 ; não apresentaram resultado 115 ; não foram
observados 40.
O povo, como de outros vezes, conservou-se indifferenle ao emprego desse pode-
roso preservativo até que, propalando-se a noticia do apparecimento deulguns casos
de variola importada do Sul do Império, affluiu a procural-o.
Nos mezes de junho e julho appareceram febres de mou caracter na villa de
P a l m a e na cidade da Barbalha.
j P i a u U y . — As informações limitam-se á cidade e ao porto do P a r n a h y b a .
Durante o anno próximo findo, o estado sanitário, si não se pôde considerar
inteiramente satisfactorio, não foi m a u . Reinaram com certa intensidade os febres
intermittentes simples e perniciosas, devidos em grande parte ás exholoções m i a s -
maticas dos pântanos formados pelas enchentes do r i o ; registraram-sc casos de
beriberi, e na estação invernosa deram-se tombem alguns de rheumatismo a r t i -
cular e dc affecções das vias respiratórias, geralmente benignas. Nenhuma epidemia
appareceu.
Maraniião.- O estado sanitário da capital foi relativamente b o m . Não
grassou epidêmica monte moléstia a l g u m a .
Deram-se 1.222 óbitos, comprehcndidas neste numero 187 crianças nascidas
mortos.
Tendo sido de 1.220 em 1S85 c dc 1.072 em 188J, verifico-seno mortalidade um
augmento de dois óbitos em relação ao primeiro dos annos mencionados c de 150 em
relação ao segundo. Ao Inspector de Hygiene afiguro-se apparente este augmento,
visto ter sido feito o registro civil de óbitos no anno de 1887 com mais regularidade
do que no anterior.
Dos 1.222 fallecidos, pertenciom oo sexo masculino G20 c ao feminino 002.
E r a m , quanto á nacionalidade : brazileiros 1.133, estrangeiros 44, sem declaração 2 5 ;
quanto ao estado: solteiros 1.049, casados 101, viúvos47, sem declaração23.
111

No 1° semestre houve 681 óbitos, ou mais 140 do que no 2.» O mez de maior m o r -
talidade foi o de maio, em que falleceram 146 pessoas, e de menor o de fevereiro, em
que se registraram apenas 81 óbitos.
No quadro mortuario a moléstia predominante foi o beriberi, que fez 171 v i -
ctimos ; seguem-se os moléstias do apparelho digestivo, com 161, e as do apparelho
cerebro-espinhal, com 122; os moléstias de fundo palustre, ás quaes suecumbiram
111 pessoas, incluídos neste numero todos os óbitos cuja causa foi classificada de
febres; e a tuberculose, que produziu !)õ óbitos.
O Inspector de Hygiene nota a elevada proporção da mortalidade no Hospital
dos Lázaros, on le, havendo 37 doentes durante o anno passado, falleceram s e i s ; e
ottribue este facto ás más condições hygienicas do estabelecimento, situado nas
proximidades do cemitério e cuja remoção para local apropriado considera u r -
gente.
O referido funecionario mostra a necessidade de empregarem-se os meios
aconselhados pela sciencia para impedir na província a propagação da morphéa,
que tem produzido grandes estragos na zona que abrange os municípios de Anajatuba,
M e o r i m , Vianna e Rosário. Como medida preliminar lembra a conveniência de pro-
ceder-se ao recenseamento geral dos morpheticos em toda a província, serviço que,
nas localidades onde não houver Delegados de Hygiene, poderia, em sua opinião,
ser commettido ás Câmaras Municipaes ou ús autoridades judiciarias.
Do interior da província só ha noticias officiaes quanto ao estado sanitário da
v i Ha do Codóe da cidade da Carolina, onde se deram muitos casos de febres palustres
no começo do anno.
P o r Portaria de 22 de novembro foi concedida ao Dr. Urbano Ferreira da Motta
a exoneração que pediu do logar de membro da Inspectoria de Hygiene.
i»arú.— Grassou com intensidade a variola na capital, e no fim do anno
manifestaram-se febres de mau carocter nos municípios de Mazagão e Anajás.
P o r Portarias de 21 de junho foi exonerado o Dr. Joaquim Marques Redig do
logar de membro da Inspectoria de Hygiene e nomeado o D r . Cypriano José dos
Santos.
Para o de Secretario da mesma Inspectoria foi nomeado por Portaria de 31
de agosto Antônio Jansen Ferreira.

amazonas.— Durante o anno passado deram-se casos de variola em d i -

versos pontos da província.


No intuito de prevenir a invasão da epidemia, que lavrava intensamente na cidade
de Belém, a Presidência nomeou tres commissões, dirigidas cada u m a por um
medico, para praticarem a vaccinação nos habitantes da capital.
112

Matto GrosHo E m 1887 falleceram na capital 212 pessoas. A moléstia que


ceifou maior numero de vidas foi ainda a tuberculose em suas variadas fôrmas.
Nos mezes de novembro e dezembro u m a gastro-enlerite, constituída por vômi-
tos, dyarrhéa e eólicas intestinaes, accommetteu tanto a adultos como a crianças,
fazendo entre estas algumas victimas e cedendo nas demais pessoas atacadas. Os
resfriamentos bruscos da atmosphcra e a humidade proveniente das chuvas, depois
de grande calor, devem ter concorrido, no conceito do Inspector de Hygiene, para a
manifestação dessa moléstia, da qual falleceram 15 pessoas.
As lesões cardíacas produziram 11 óbitos, n5o comprehendidas 5 pessoas que
suecumbiram a rupturas aneurismaticas. As hydropisias, os hepatites e as febres per-
niciosas foram os moléstias que em seguida mais contribuíram para o mortalidade.
Por Decreto de 6 de oitubro concedeu-se ao Dr. Augusto Novis a exoneração
que pediu d o l o g a r de Inspector de Hygiene.
Rio Grande do Sul.— Deram-se casos de variola na capital e e m outros
pontos da província.
Por Portaria de 27 de fevereiro do corrente anno foi nomeado Francisco de
Paula Cardoso para o logar de Secretario da Inspectoria de Saúde do Porto, sendo
concedida a exoneração que pediu do mesmo logor Alfredo Rodrigues de O liv e ira .
Santa Catharina. — E m junho deram-se na capital tres casos de variola,
importada da Corte. Para o tratamento dos enfermos foi estabelecida uma enfermaria
provisória na desarmada fortaleza de S a n f A n n a . O sarampo, que grassou com
intensidade desde o fim do onno passado até fevereiro, fez certo numero de v i c t i m a s .
O beriberi produziu alguns óbitos.
As febres de caracter grave influíram consideravelmente para a mortalidade.
Com a terminação do aterro da praia do Menino Deus e a canalização dos córre-
gos existentes na cidade têm melhorado as condições sanitárias do capital, e espero o
Inspector de Hygiene que a população não seja mais dizimado pelos febres palustres
e perniciosas que appareciam todos os annos no estio e começo do outomno.
Entre as necessidades que mais se fazem sentir ossignola aquelle funecionario
o abastecimento de boa agua potável e a remoção dos dois cemitérios situados nos
extremos da cidade, medida que considera inprescindivcl e urgente.
Em a b r i l do anno findo manifestaram-se febres em diversos logares da fregue-
zia do Ribeirão, e em oitubro appareceram casos de variola na cidade de Itajahy.
Concedida por Decreto de 26 de fevereiro do anno passado a exoneração que o Dr.
José do Rego Ropozo pediu dos logares de Inspector de Saúde Publica e do Porto,
por Decreto de 14 de maio do mesmo anno foi nomeado para este ultimo logar o D r .
Fructuoso Pinto da Silva.
113

Paraná. — A coqueluche, que oppareceu em 1885 na cidade de Paranaguá,


continuou a grassar durante o I semestre do anno passado, propagando-se á v i s i -
o

nhas cidades de Antonina e Morretes.e causando nflo pequena mortalidade na po-


pulação infantil.

No porto de Paranaguá, apesar de sujeito ás emanações de immensos paües que


o c i r c u m d a m , enao obstante a ausência quasi absoluta do inverno, o estado sanitário
foi bastante satisfactorio.
Manifestações paluslres, geralmente simples e benignas; o rheumatismo em
suas múltiplas variedades, hyperemias hepaticas, affecções gostro-intestinaes,
anemias, bronchites e broncho-pneumonias formaram o quadro das moléstias
predominantes nas tres referidas cidades.
Succumbiram dois doentes de beriberi vindos de províncias do norte e foram
accommettidas desta moléstia duas pessoas residentes em Paranaguá, as quaes c o n -
seguiram prompto restabelecimento ausentando-se do logar.
De tres indivíduos que, em occasiões diversas, chegaram atacados de variola,
dois falleceram e um restabeleceu-se. Houve mais um caso fatal da m e s m a
moléstia, resultante de contagio.
P o r Decretos de 3 de novembro, foi concedida a exoneração que o D r . Antônio
Carlos Pires de Carvalho e Albuquerque pediu do logar de Inspector de Hygiene e foi
nomeado para o mesmo logar o Dr.José do Rego Rapozo.
S. Paulo.— Manifestou-se a variola em diversos pontos d a provincia, tendo
grassado com intensidade em alguns municípios.
Minas Geraes.— O estado sanitário da provincia, em 1887, não foi satis-

factorio.
Grassou a variola na cidade do Visconde do R i o Branco e na freguezia dos
Bagres, nos Aymorés, nas cidades de S. JoSo Nepomuceno e Theophilo Ottoni, nos
municípios de Carangola e S. José d'Alem-Parahyba, na freguezia do Porto de
Santo Antônio, do município do Pomba, e na de S. Gonçalo de Ubá do F u r q u i m ,
do município de Marianna, na povoaçSo dos Pachecos, do novo município de Santa
A n n a dos Ferros, nos municípios de Cataguazes e Pouso Alegre, e na capital.
Na cidade de Ouro Preto predominaram, durante os mézes de a b r i l a junho, as
moléstias dos orgaos respiratórios, pleurisias, pneumonias e bronchites.
Nos mezes de setembro, oitubro e novembro appareceram febres biliosas, con-
secutivas a irritações gastro-intestinaes, apresentando em alguns doentes o caracter
typhico. Succumbiram a estas febres 10 pessoas.
Observaram-se alguns casos de febres intermittentes.
Presume o Inspector de Hygiene que as moléstias do tubo digestivo, das quaes
IMP. 15
114

se originaram as febres biliosas, foram causadas nfio só pela estação c a l m o s a , como


pela má qualidade dos gêneros alimentícios, pelo uso de fructas m a l sazonadas,
expostas á venda, e sobretudo pelas nguas potáveis, com as quaes se m i s t u r a m ,
depois de terem atravessado terrenos impuros, as águas pluvioes, que sfio abundantes
no verfio.
Acredita aquelle funecionario que o estado sanitário da capital será melhor
quando fòr beneficiado ou completamente substituído o systema de esgotos;
quando os enterramentos se realizarem no cemitério publico, assim como depois
que o matadouro fòr transferido para fora da parte mais povoada da cidade, o que se
conseguirá dentro de pouco tempo, á vista do estado de adeantamento em q u * se
acham as obras do novo matadouro.
Do dia 16 de julho a 31 de dezembro vaccinaram-se na Inspectoria de Hygiene
777 pessoas. Pela mesma Inspectoria foram remettidas lâminas e tubos com l y m p h a
vaccinica para os diversos municípios da provincia.
Por Decreto de 28 de junho foi exonerado do logar de Inspector de Hygiene o D r .
Cezinio Ribeiro Pontes, visto ser cirurgião do exercito, e, por Decreto de 14 de julho,
foi nomeado para o mesmo logar o D r . Manoel de AragSo Gesteira.

S E C R E T A R I A D E ESTADO

Esta repartiçfio continua a funccionar com a desejável regularidade.


Ha em seu seio empregados de muito mérito e em geral procuram todos bem
desempenhar-se dos seus encargos.
Tendo sido aposentado, a pedido, por Decreto de 8 de novembro ultimo,
o D r . Joaquim Pinto Netto Machado, Director da 2 Directoria, foram na mesma
a

data nomeados: para aquelle cargo, Balduino José Coelho, que oecupava o de Sub-
Director, e para este oOfficiol Bacharel Antônio Felisardo Copertino do A m a r a l .
Concedeu-se a 12 do referido mez a aposentadoria requerida pelo D r . José
Carlos Mariani no logar de Chefe da Secçfio de Estatística, annexa á Secretaria, e
por Decreto n. 9302 do mesmo dia foi declarado extineto esse logar.
Mediante concurso obteve provimento no logar de Official da Secretaria o B a c h a -
rel Jofio Carneiro de Souza Bandeira, por Decreto de 2 de janeiro do corrente a n n o .
Na mesma data foi concedida a aposentadoria que solicitara o Amonuense
Duarte José de Puga Garcia e nomeado para sueceder-lhe o B a c h a r e l em lettras
Alexandre Soares de M e l l o .
115

Por Aviso de 28 de fevereiro, expedido de acordo com a Imperial Resolução


de Consulta de 22 do mesmo mez, declarou-se que ao Dr. Domingos Jacy M o n -
teiro, demittido do cargo de Sub-Director por Decreto de 21 de j u n h o de 1878,
assistia o direito de ser reintegrado logo que vagasse o logar que occupava,
sem contar, porém, antigüidade, nem receber vencimentos desde a época de sua
demissão até a data daquella Resolução, ficando addido á Secretaria de Estado
com o vencimento equivalente ao do referido logar, até definitivo provimento
nesse ou em outro equivalente.
A repartição funeciona n u m prédio de propriedade nacional, com as precisas
accommodações para as diversas Directorias de que ella se compõe, mas s e m as
indispensáveis para que o seu archivo fique bem localisado.

ORÇAMENTO E CRÉDITOS
o

As despezas ordinárias do Ministério do Império para o exercício de 1889


foram orçadas na importância de 8.928:675$497, i g u a l a do credito votado pela L e i
n. 3349 de 20 de oitubro de 1887 para o exercício de 1888.
NSo tendo sido suficiente o credito extra ordinário de 500:000$000 aberto pelo
Decreto n. 9682 de 29 de novembro de 1885 para despezas com a adopção de
medidas preventivas da invasão do cholera-morbus no Império, o Governo I m -
perial, ouvido o Conselho de Estado Pleno, conforme preceitúa o art. 20 da L e i
n. 3.140 de 30 de oitubro de 18S2, abriu pelo Decreto n. 9846 de 27 de janeiro do
corrente anno outro credito da mesma natureza, na importância de 206:552$213.

P o r esta fôrma manifestando-vos quanto oceorre em referencia aos serviços a


meu cargo, nem por isso me julgo dispensado de prestar-vos, da melhor vontade
e com toda a promptidão, quaesquer outras informações que sejam por vós e x i -
g i d a s ; antes tenho isto como obrigação de grato desempenho.

R i o de Janeiro, em 3 de maio de 1888.


ANNEXOS
ÍNDICE DOS ANNEXOS

A
Actos do Governo sobre negócios eleitoraes e câmaras municipaes.

B
Quadro das naturalizações concedidas pelo Governo desde 1 de maio de 1887 até 30
de a b r i l de 1888.
Quadro das naturalizações que, segundo as communicações recebidas na Secretaria
de Estado dos Negócios do Império desde 1 de maio de 1887 até 30 de a b r i l
de 1888, foram concedidas pelos Presidentes de provincia.

c
Relatório sobre as águas mineraes de Poços de Caldas, L a m b a r y e Caxambú,
apresentado ao Ministério do Império pelo Dr. Agostinho José de Souza L i m a .
ANNEXO

A
Ministério dos Negócios do Império.— 1» Directoria.—Rio de Janeiro em 2 de maio de 1887.

l l l m . e E x m . Sr.— Pelo officio n. 82 de 19 do mez próximo passado, ficou o Governo intei-


rado de ter V. E x . declarado ao Presidente da Câmara Municipal da v i l l a de Pombal, de accordo
com a doutrina do Aviso deste Ministério de 31 de março ultimo, que não competia a essa P r e -
sidência, e sim ao Poder Judiciário, nos termos do art. 21C do Decreto n. 8213 de 13 de agosto
de 1881, conhecer do vicio da eleição do l juiz de paz do 2" districto da parochia daquella v i l l a , a
u

saber: não ter clle mais do dons annos do domicilio uo districto, exigidos pelo art. 84, § 1°, do citado
Decreto.

Deus Guarde a Y . E x . — liarão dc Mumorc,— S r . Presidente da provincia da Bahia.

Ministério dos Negocio» do Império.— I 1


Directoria.— Rio de Janeiro em 10 de maio de 1887.

M m . e E x m . Sr.— Em resposta ao offlcio de 2 do corrente mez, declaro a V. E x . que pre-


valece o juramento prestado pelo juiz de paz do districto de Miracema perante a Câmara M u n i -
cipal de Santo Antônio de Padua na sessão de posse em 24 de janeiro, não obstante o Aviso de 11
de março ultimo, que considerou nullos os actos da mesma Câmara praticados naqaella sessão;
porquanto, conforme j á declarou, entre outros, o Aviso n. 140 de 23 de abril de 1851, o juramento
é um acto de religiosidade que n ã o recebe sua virtude da pessoa ou corporação que o toma.

Deus Guarde a V. Ex.—Barão de MamorJ.— Sc. Presidente da provincia do Rio de J a -


neiro.
Ministério dos Negócios do Império. — 1» Directoria. — Rio de Janeiro em 25 de maio do 1887.

U l m . o E x m . S r . — H a j a V. E x . de fazor c o n s t a r ã o Inspector da Thesouraria de Fazenda


dessa provincia, em resposta ao officio n. 10 do 16 do corrente mez, que o vigário encommendado
da parochia da Piedade, Padre José Rodrigues do Oliveira, quo tombem era membro da Assembléa
Legislativa Provincial no Mennio de 188C -1887, tinha o direito de receber suas congruas durante
o intervallo das sessõ?s da mesma Assembléa, uma vez provado que, nesso intervallo, estivera em
exercício de suas f u n ç õ e s parochiaes, visto que, não estando ainda decidida pela Assembléa Geral,
a cujo conhecimento foi submettida, a questão — s i ao parocho que aceita o logar de membro de
Assembléa Legislativa Provincial applica-se a disposição do art. 12 da Lei n. 3029 de 9 de janeiro
de 1881, não pode o Governo recusar o pagamento da respectiva congrua ao parocho que, nesta
hypothese, exerce suas funcçOes parochiaes durante ou no intervallo das sessões da Assembléa.

Deus Guarde a V . E x . — Barão de Mamoré.— *r. Presidente da provincia de S. Paulo.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Directoria.— Rio de Janeiro em 7 de junho de 1887.

I l l m . e E x m . Sr.— Em resposta ao officio n. 3036 de 13 do mez findo, declaro a V. E x . que


mereceu a approvação do Governo a decisão pela qual V. E x . declarou ao presidente da Câmara
Municipal da v i l l a de Salinas que, estando firmada a doutrina de ser absoluta a incompatibidade
entre o cargo de j u i z de paz e qualquer emprego publico retribuído, e não havendo a este respeito
distineção alguma na lei e decisOes do Governo entre o juiz de paz mais votado e qualquer dos
outros, não podia o 4 juiz de paz daquella villa, Antônio Manoel da Costa, continuar a ser fiscal
o

procurador da câmara, salvo o caso de opção por este emprego.

Deus Guarde a V . Ex.— Barão de itamoró.— S r . Presidente da provincia do P a r a .

Ministério dos Negócios do Império.— I Directoria.—Rio de Janeiro em 7 de junho de 1887.


1

Com officio de 16 de oitubro do anno passado remetteu a Illma. C â m a r a Municipal a


este Ministério a minuta, por ella approvada em sessão de 11 de fevereiro antecedente, do
contracto que pretende celebrar com José Alfredo da Cunha V i e i r a & Comp., suecessores dos
proponentes Vieira, Penfold & Comp., para abertura ds uma nova rua entre a da Prainha.
em frente á ladeira Felippe Nery, e a travessa do Conselheiro Saraiva, e para o alarga-
mento da rua Nova de S. Bento, dando-se a ambas as ruas a largura de 13 ,20. n

Pela cláusula 7» do projectado contracto, entendida de accôrdo com a cláusula 9», é facul-
tada aos concessionários a desapropriação de todos os prédios necessários para uma e outra
obra. 0 sentido destas duas cláusulas melhor se patentèa dos termos da proposta* na qual
Vieira. Penfold & Comp. expressamente se obrigavam « a entrar com a quantia precisa para
a desapropriação do» prédios indicados no orçamento da directoria d*s o b n s msnicipaes, bem
como dos terrenos e quintaes á margem d i rua. que também serão desapropriados, ficando
desde logo como propriedade dos proponentes ou da empreza quo organizarem ».
5

A desapropriação ó pormittida por lei om f.ivor do Estado, da provincia o do município,


e, como restricçao ao direito do propriedade t r e m i d o em toda a plenitule pola Constituição
Política do Imporio, deve chegar sómento utó onde o bem publico a exige.
Segundo o contracto, a desapropriação não se limitará á parte dos prédios e terrenos
nece>saria para o alurgamento da rua Nova dc S. Bento e abertura da nova rua em fronte
á de Felippe Nery, mas comprehenderá toda a á r e a dos mesmos prédios e terrenos com
suas edificações o se realizará em proveito dos concessionários, a quem tlcarão pertencendo os
immoveis desapropriados.
Km taes condições, constituindo excepção ao regimen legal, a desapropriação só por acto
logislativo pólo ser concedida.
O contracto autoriza a construcção de um cães na praça Vinte e Oito de Setembro,
antiga da Prainha, entre o Arsenal de Marinha e o trapiche Mauá, para o serviço de pas-
sageiros e cargas, facultando a o s concessionários cobr.ir pslo desembarque de cargas uma taxa
miniaia previamente estipulada de accòrdo com a Illma. Câmara.
Contra a cláusula 1", que permitte tal construcção, assim como as cláusulas 2* e 4-
que se referem ao assentamento de trilhos cm a nova rua e à collocação de pontes flu-
ctuantes, guindastes, etc, no caes, representou o engenheiro das obras do Ministério da
Fazenda, considerando-as prejudiciaes á ponte auxiliar da Alfândega, caso venha o Governo a
resilver o embarque de café por essa ;ionte, « porquanto, diz o mesmo engenheiro, n ã o sò
se difficultará o transito dos Yehiculos destinados a transportar aquelle produeto, como igual-
mente se a c a n h a r á no mar o espaço necessário para a manoora dos navios que tiverem de
atracar à ponte » . A estas ponderações accrescc que a percepção de uma taxa pelo desem-
barque de cargas em um logar que è logradouvo publico, como a mencionada p r a ç a , consti-
tue um imposto quo a Câmara, por acto próprio, não pôde crear (Decreto n. 4S09 de 31
de dezembro de 18C8, a r t . 5 ). o

Autoriza ainda o contracto o estabelecimento de uma linha de carris de ferro simples


ou dupla para o trafego de bonds de cargas e passageiros na rua que se projecta abrir,
e contra esta concessão, que reputa ofFensiva do seu privilegio, representou a Companhia de
Carris Urbanos, baseada nas cláusulas l e 25» do Decreto n. 7007 de 24 de agosto de 1878,
1

— questão sobre a qual ao Ministério da Agricultura, Commercio e Obras Publicas compete


resolver, conforme a doutrina da Portaria n. 171 de 9 de maio de 1873 e por ter sido o
que expediu o citado Decreto.
Finalmente, pelo contracto (cláusula 12 , § 3 ), a Illma. Câmara i s e n t a r á os concessio-
a o

nários do pagamento do laudemio devido pela primeira venda dos terrenos utilizados pelas
obras, o que importa dispensa na arrecadação de uma verba da receita municipal.
-V vista das razOes expostas, manda Sua Magestade o Imperador declarar ã Illma. Câmara
Municipal que n ã o pode ser autorizado pelo Governo o contracto a que se refere a minuta
sujeita à sua a p p r o v a ç ã o ; mas que, attenta a reconhecida utilidade Jos projectados melho-
ramento;, destinados a facilitar o transito e o movimento de cargos em uma importante zona
commercial da cidade, na presente d.ita são todos os pipeis concernentes ao assumpto submetti-
dos à consideração. da Assembléa Geral, afim de que resolva como entendor acertado.
— Barão de Mamorè.

Ministério dos Negócios do I m p é r i o . - 1» Directoria.— Rio de Janeiro em 4 de julho de 1887.

M m . e Exm. S r . - Pelo officio n. 23 de 25 do mez findo, ficou o Governo inteirado de ter V . Ex.
designado o dia 25 do corrente mez para a elflição de um vereador da Câmara. Municipal de Santo
Cruz das Ratoeiras qae preencha a vaga do vereador Antônio Corispi* da Abreu, qmobtero esc^a
do cargo.; outrtsim de tw sido-desígnado o nrasnro dia para a eteiçSo da am joiz dapaz-dx parati»
daquelle nome, visto que, aehaudo-.>o vagos os logares do 2" o -1' juizes do paz, existo apenas
um immodiato para ser juramentado, o não ó possível, som esta eleição parcial, de quo não cogitou
a lei eleitoral, dar oxeeução ao art. 6 das Instrucções do 1:5 do dezembro de 1832, dispondo que haja
o

sempre quatro juizes de paz juramentados.

Deus üuarde a Y . Ex.— liarão de MaMorè— Sr. Presidente da provincia do S. Paulo.

Ministério dos Negócios do Império.— 1" Directoria.— Rio de Janeiro u,n 7 de julho dc 1887.

l l l m . e E x m . Sr.— Resolvendo a duvida de que trata o ollicio n . l:f de 2?. do abril ultimo, na
parte que se refere ao exercício do 1" j u i z de paz da parochia de S. José do Rio Preto, o à validade
dos actos por olle praticados, visto que exerce o cargo ha mais de 20 annos som ter sido reeleito,
declaro a V. E x . que, coiiMdcrando-sc o facto dc não ter havido eleição naquella parochia desde
setembro de 1804, cm que fura eleito o mesmo j u i z . o que se doprehcndc das informações que V. E x .
remetteu, devo cntender-se, do accürdo co:n o Aviso n. S de 11 de janeiro do 1849 c com o disposto
no art. 2 , § 3:!, da Lei n. 2G75 de 2u de oitubro de I87õ e no art. 2J1 do Decreto n. 8213 de 1.'! de
o

agosto de 1881, que elle exerceu regularmente o cargo durante o referido período o pôde continuar
a exercel-o emquanto por nova eleição não forem nomeados outros juizes de paz, sendo, conse-
guintemente. validos os actos que praticou e tiver de praticar.
Nesta data submetto ao Ministério dos Negócios da Guerra cópia do officio a que respondo, para
que dè solução ã duvida na parte que lhe concerne, a siber : quem deve substituir o parocho na
junta do alistamento militar da mencionada parochia, não havendo a l l i eleitores.

Deus Guarde a V . Ex.— Burão dc Mamorc.— Sr. Presidente da provincia de S. Paulo.

Ministério dos Negócios do Império.— I Directoria.— Rio dc Janeiro em 20 de agosto de 1887.


a

l l l m . e E x m . Sr.— Em resposta ao olücio u . 2'J de ::0 do mez próximo jussado, declaro


a V . E x . , dc ;u-cò.-do com a doutrina dos Avisos n . 231 dc 2 de julho dc 1840 e n. 65 de 4 de julho
de 1850, que resolve-se negativamente a seguinte consulta que a essa Presidência dirigiu a Câmara
Municipal de Xiririca : « Si da multa imposta pelo fiscal. por infrarção de posturas, cabe recurso
para a mesma Câmara >.
O Aviso n. 75 de *J de julho de 1S4L' tem applicação especial ás multas que, nos termos do
»rt. da Lei do I de oitubro de 1828. são impostas aos vereadores que, sem motivo justo, deixam
o

de comparecer ás sessõe.-.

Deus Guarde a V . E x . — M<moel do Aaící«ien.'o Machado PcnclUi.— Sr. Presidentedaprovincia


de S. Paulo.

Ministério dos Negócios do Império.—1» Directoria— Rio de Janeiro em 2G do setembro de 1887.

l l l m . e E x m . S r . - Com o ollicio n . 2450 dc 12 du julho ultimo, foi presente a este M i -


nistério a petição em que o ex-guarda da Câmara Municipal da capital dessa provincia, F r a n -
cisco Rodrigues de Souza, recorre para o Governo do despacho dessa Presidência negando
provimento ao recurso que elle interpoz do acto pelo qual fora demittido do referido emprego.
7

Considerando:
Que a Lei provincial n. 2119 da 23 do dezembro de I83Õ, no art. 121, autorisara essa
Presidência a aposentar o recorrente com o tempo do serviço quo liquidasse como guarda
municipal o o que tinha como praça do exercito, o elle requereu a aposentadoria, provando
contar mais de 20 annos de serviço publico, bem assim SUA inhabilidode por enfermidade ;
Que, nestas condições, o c o r r i d o s urts. I o i " da Lei provincial n . 465 de 20 de
o

agosto do 1848, combinados com o artigo única da Resolução n . 1354 de 31 de oitubro


do 1870, tornara-se obrigatória a concessão da aposentadoria ;
Quo o pedido de aposentadoria, acompanhado de todos os documentos comprobatorios do
direito do recorronte a ser attendido, foi apresentado na Secretaria da Presidência a 30 de
dezembro de 1886, informado pela Câmara em 5 de jineiro, o elle só foi demittido em 10
de março de 1887 ;
Que a demissão do recorrente, além de injusta por ter sido decretuh sem razão proce-
dente, como se verifica do oíílcio da Câmara de 6 de junho ultimo, foi um acto exorbitante
em face da citada disposição da Lei de 1S85, c por estar em andamento, ou antes, findo o
processo da aposentadoria, faltando apenas o acto dessa Presidência que devia concedel-a :
Resolvi, usando da faculdade conferida ao Governo no art 73 da Lei do 1° de oitubro
do 1828, conforme a intelligencia dada ao mesmo artigo pelo Aviso n . 49 de 22 de feve-
reiro de 1872, expedido em virtude da Imperial Resolução de Consulta de 21 de?dezembro
de 1871, dar provimento ao recurso, atini de que, reintegrado o recorrente no seu emprego,
essa Presidência lhe conceda a aposentadoria requerida na conformidade das leis provinciais
que regem o assumpto : o que declaro a V . E,x. para os devidos cíTeitos.

D ns Guarde a V . E x . — farãodcCoteijipu — S r . Presidente da provincia do Ccnrã.

Ministério dos Negócios do Império.—1» Directoria — Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1887.

l l l m . o E x m . S r . — Em resposta ao oílkio n. 13 de 17 do mez próximo passado, de-


claro a V. E x . que o facto de accnmalar o cidadão Carlos Alves Bastos os cargos de
vereador da Câmara Municipal de Calhau e de j u i z de paz, eleito para servir em primeiro
logar, não o impedia de tomar parte nos trabalhos da Câmara quando esta reuniu-se para
ns novas eleições de presidente e vice-presidente, visto que não se achava elle no exercido
do cargo de juiz de paz, tendo-o passado ao seu immediato, como se deprehende do officio
da dita Câmara, remettido por copia ao Governo.
O Aviso n . 2fi de 18 de maio de 1885 não tem justa applicação ao caso vertente, porque
refere-se ã hypothose do vereador que é substituído na Câmara por estar servindo o cargo
de j u i z de paz, e outras decisões deste Ministério e do da Justiça firmaram a doutrina de
ser apenas incompatível o exercício simultâneo dos roferidos cargos, nada estabelecendo re-
lativamente á obrigatoriedade do exercício do de juiz de paz no anno de serventia : donde
se deriva o direito, que assiste ao cidadão que os accumula, de preferir o exercício do de
vereador no anno em que lhe cabe desempenhar o outro cargo (Avisos n. 337 de 18 de
setembro de 1872, n . 427 do !9 de novembro de 1873. n. 199 de 4 de abril de 1878, n. 92
de 9 de fevereiro de 1880, c outros).
O que, para os devidos efTeitos, V. E x . fará constar á Câmara Municipal de Calhau.

Deus Guarde a V. Ex. — Barfo de Cotegipe— S r . Presidente da provincia de Minas Geraes.


8

Ministério dos Negócios do Império.—1» Diroctoria.—Rio de Janeiro era 30 de setembro de 1887.

l l l m . e E x m . S r . — Polo offlcio n. 141 de 27 de julho ultimo, flcou o Governo Inteirado do


acto pelo qual V. E x . decidiu que, nito obstante ter sido eliminado do alistamento eleitoral o juiz
de paz da parochia da Barrado Rio de Contas, Joaquim de Souza Gramido, por ser negociante
fallido, não ficara elle inhibido de exercer as funcções do mesmo cargo e do gozo de outros direitos
políticos, visto que sua f.illencia fora julgada casual; sendo que taes funcçOes apenas são suspensas,
segundo o art. 165 do Código do Processo Criminal, no caso de pronuncia om quebra qualificada
culposa ou fraudulenta ( 2 " o 3« espécies do art. 798 do Código do Commercio); o a incapacidade
c i v i l , deduzida do art. 826 do mesmo Coligo, limita-se, na hypothes9 da fallencia casual, á admi-
nistração e disposição do bom.

Deus Guarde a V. Ex. — Barão de Cotegipe. — S r . Presidente da provincia da Bahia.

Miriisterio dos Negocio; do Império. — 1» Directoria. — Rio dp Janeiro em 30 de setembro


de 1887.

l l l m . e Exm. Sr.—De posse do ofHcio do 2G de agosto ultimo, sob n. 50, approvo a solução
q u e V . E x . deu á consulta do juiz de paz em exercício da parochia de Jaguariahyva, declarando-
lhe que Rufino da Silva Ribas, que fora votado em 6 logar para juiz de paz na eleição de julho do
o

anno próximo passado, podia fazer parte da in-jsa eleitoral da mesma parochia, apezar de não ser
eleitor ao tempo da eleição, pois que só fora alistado na revisão feita posteriormente.
Foi acertada esta decisão, não só pela razão em que se fundou, deduzida do art. 84 do De-
creto n. 8213 de 13 d? agosto de 1881, como porque nenhuma duvida devia levantar-se sobro a
validade da votação conferida ao referido cidadãi, desde que já tinha passado em julgado a eleição
dc que se trata.

D e u s G t u r V a V. Ex. — Barão de Cotcgipv. — Sr. Pre<idento da provincia do P a r a n á .

Ministério dos Negócios do Império. — 1* Directoria. — Rio de Janeiro em 30 de setembro


de 1887.

l l l m . e E x m . S r . — De accõrdo com a opinião manifestada por essa Presidência em ofllcio n . 11


de 5 do moz próximo passado, declaro a V. E x . :
Que a Câmara Municipal da cidade de Juiz de Fora pode deliberar sobre o procedimento do
vereador Joaquim Nogueira Jaguaribc, que, em sessão de 15 de julho '[ultimo, declarou resignar o
cargo deprjsidente da Câmara ; e no jaso de julgar que não são attendiveis as razoes desse pro-
cedimento, cuaipre aquelle vereador continuar no exercicio do mesmo cargo ;
Que, na hypothese de ser aceita a renuncli. dever-se-ha proceder logo á eleição do novo presi-
dente, visto ser em parte applicavel a este caso, por analogia, a doutrina do Aviso deste Ministério
datado de 25 de setembro de 1883, sob n. 66.

Daus Guarde a V . E x . - Barão de Cntcjipc. — S r . Presidoate da província de Minas Geraes.


9

Ministério dos Negócios do Império—1» Dii-ectoria.-Rio do Janeiro em 30 de setemt.ro do 1887.

l l l m . o E x m . S r . — Respondondo ao officio n. 2887 do 13 do mez próximo passado, declaro a


V. E x . que lhe cumpro expedir ordem para que se proceda no município da Imperatriz à eleição
de um vereador, em substituição de Estevão do Barros Filho, quo presentemente tem seu domicilio
no município do S. Bento d"Amontada, inaugurado em dias de maio ultimo ecreado em território
desmembrado do da Imperatriz.
Com referencia ao quo V. E x . pondera sobro o direito quo ao mesmo cidadão assiste de continuar
a servir o cargo do vereador, porquo a mudança de seu domicilio não proveio de acto voluntário,
observo a V . E x . que a legislação eleitoral vigente, estabelecendo a vaga no caso de que se trata,
não distinguiu o modo por que se opera a mudança, c não e licito ao executor distinguir onde a lei
não o fez.

Deus Guarde a V . E x . — Bardo de Cotegipe. — Sr. Presidente da provincia do Ceará.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Directoria.—Rio de Janeiro em 30 de setembro de 1887.

l l l m . e E x m . Sr.—Com o ofllcio n. 2669 de 27 de julho ultimo, foi presente ao Governo


a representação do Coronel Diogo Gomes Parente contra a execução do accòrdão proferido em
8 do dito mez pelo Tribunal da Relação da Fortaleza, julgando i àlidas as eleições que, para -

vereadores da Câmara Municipal da cidade de Sobral, se eíTectuaram em o 1* do julho de 18SC


na parochia de Santo Antônio de Aracaty-Assü, e a 10 de agosto subsequente naquella cidade.
Em resposta ao mesmo olHcio, declaro a V. E x . que o Governo sustenta o despacho que
essa Presidência deu á dita representação no sentido de faltar-lhe competência para impedir a
execução do referido accordão, visto que tal decisão está de accjrdo com o regimen da legis-
lação eleitoral vigente.

Deus Guarde a V. Er.— Barão de Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia do Ceará.

DECRETO N . 9790— m 17 D E OITUBRO D E 1887

D i i t u t r u e ç J í J p i r a i execução do Dcerclo Legijlutiro n. 3340 do 14 dc oilobro d* «887

A Princeza Imperial Regente, em Nome do Imperador, Ha por bem, em observância do


Decreto Legislativo n. 3340 de 14 de oitubro de 1887, Ordenar que o Decreto n. 8213de|13
de agosto dc 1881 seja executado com as seguintes alterações:
A r t . l.o A eleição dos membros das Assembléas Legislativas Provinciaes será feita, votando
cada eleitor em tantos nomes quantos corresponderem aos dous terços dos memhros das ditas
Assembléas que cada districto eleitoral dever e l e g e i
2
10

§ l . Para este effeito, cada districto elegera o numero de membros designado na seguinte
a

tabeliã:

Numero de membros d a i N u . n l > r i > J .„bro»


b l n e

Províncias ABsemblí»» l . e j r i s l i t i v a districtoi


Provincláen 1

Amazonas «•«
Espirito Santo 24 12
Santa Catharina 24 12
Paraná 2 4 J
-
Goyaz 24 12
Rio Grande do Norte 24 12
Matto Grosso 24 12
Piauhy 27 9
Pará 3G G
Rio Grande do Sul 36 6
Maranhão 30 6
Alagoas 30 G
Parahyba 30 6
Sergipe 24 G
Rio de Janeiro (exceptuados os districtos da Corte)... 45 õ
S. Paulo 36 4
Ceará 32 4
Pernambuco 39 ">
Bahia "2 3
Minas Geraes 60 3

§ 2." Nos districto J qu-s elegerem só.nente qu itro ou cinco m3mbro3, o eleitor escreverá
em sua l'3ta, no primeiro caso tres nomes, e no segundo quatro.
§ 3." Para preenchimento dc vaga; de unmbr^s d is mes:ms Assembléas, v o t a r á cada eleitor
em um ou dous nomes, sendo uma oa duas as vagas, e pelo modo estabelecido neste artigo
e no paragrapho antecedente, si as vagas forim trjs ou mais.
§ 4.° Considerar-se-hão eleitos membros il.is referidas Assembléas os cidadãos que reunirem
a maioria relativa de votos dos eleitores que concorrerem ã eleição a t é o numero que ao res-
pectivo districto coub?r elegir, sendo p i r a este eTeito cantados os votos tomados em separado
pelas mesas das assembléas eleitoraes.
A r t . 2.° Pode ser eleito membro de Assembléa Legislativa Provincial cidadão q u ; , embora
não residente n i provincii, nella t?nha nascido. N J f i l t i deste requisito, è indispensável a
condição exigida na legislação vigente, a sabar: o domicilio na provincia por mais de dous
annos, salva a disposição seguinte:
Paragrapho único. Pode ser eleito membro d.i Assembléa Legislativa da provincia do Rio
de Janeiro cidadão residente na Corte.
A r t . 3." A eleição dos vereulores das Câmaras Municipies s e r á frita pelo mesmo modo
estabelecido no art. I .
o

Si o numero de vereadores exceder ao múltiplo de tres, cada eleitor addicionarà aos dous
terços um ou dous nomes, conform: fòr o excedente. Assim, si fòr 17 aquelle numero, o
eleitor v o t a r á em 12 nomes; si !õr 13. votará em 9 nomes; si fòr 11, cm 8, o si fôr 7,
em 5.
Paragrapho único. Para preenchim3nto de vagas de vereadores, cada eleitor v o t a r á pelo
modo estabelecido no § ?,* do art. 1.»
li

lista diipjsiçlo ô applicavjt ás eloiçõjs a que S3 tenha de proceder p i r a preenchimento de


um ou raxis logares dd v j r j i - b r a ; antos d i ópona m i r j i d i n< lei para a próxima eleição
geral de Câmaras Municipaes.
A r t . 4.» Fornur-53-lu meia o l u v e r á o l e i j u i> a S i i i l o r a ; , De.rjt idos á Assembléa Geral,
i r

membros das Assembléas Legislativas Provinciaes, voroadoro; o juizes de paz em todas ns


parochias croadas por actos legislativos provinciae; até o dia 31 de Dezembro de 1886.
A r t . 5 . As eleições se farão :
4

1." Po:- parochias, quando estas formarem um só districto de paz, qualquer que seja o numero
do eleitores nellas alistados, comtanto que este numero não exceda a 250.
2 • Por districtos de paz, qualquer que seja o numero de eleitores nelles alistados, comtanto que
este numero não seja inferii r a 20.
3." Por secções de parochia ou de districto de pnz, quando a parochia formando um só districto
de paz, ou o districto, contiver numero de eleitores excedente a 250. Cada secção d e v e r á , porém,
conter 100 eleitores pelo menos.
A r t . G.° A a t t r i b u i ç ã o d e que trata o art. 216 do citado Decreto n. 8213 será exercida pelo juiz
de direito em virtude de reclamação que lhe fòr apresentada dentro do prazo de 30 dias contados do
dia da a p u r a ç ã o ger<<l dos votos-
O Barão de Cotegipe, do Conselho de Sua Magestade o Imperador. Senador do Império, Pre-
sidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios Estrangeiros e
interino dos do Império, assim o tenha entendido e faça executar. Palácio do Rio de Janeiro em 1"
de oitubro de 1887,66° da Independência e do Império.

PRIXCEZA IMPERIAL REGENTE.

liarão dc Cotegipe.

Ministério d:s Negócios do Império.—1». Directoria.—Rjo de Janeiro em 21 de oitubro de 1887.

l l l m . e E x m . S r . — Accuso o recebimento do officio n. 38, de 0 do corrente mez, em que V. E x .


expõe :
Que o vereador da Câmara Municipal da v i l l a de Itapemirim Luiz Bernardino da Costa, no-
meado para servir o emprego publico retribuído de curador geral de orphãos do respectivo termo,
aceitou a nomeação e exerceu esse emprego ;
Que a Câmara Municipal, entendendo, à vista de tal procedimento, que o mesmo cidadão r e -
nunciara o cargo de vereador, requisitou dessa Presidência a designação de dia para a eleição do
quem o substituisse ;
Que, realisada a eleição no dia designado (30 de julho ultimo), aquelle cidadão nenhuma r e -
clamação apresentou no prazo da lei ao . niz de direito da comarca contra a validade da mesma
:

eleição, tendo-se limitado a declarar alguns dias antes que optava pelo cargo de vereador.
Tendo em consideração estes factos, declaro a V . E x . que é confirmada a decisão pela qual essa
Presidência resolveu não aceitar a opção, visto que da decisão opposta, proferida, como foi a de que
se trata, depois de realisada a eleição, resultaria a annullação do acto eleitoral, exercendo essa
Presidência uma attribuição da exclusiva competência do Poder Judicial conforme o regimen da
legislação eleitoral vigente.
Deus Guarde a V . E x . — Barão de Cotegipe— S r . Presidente da provincia do Espirito Santo.
Ministorio dos Negócios ilo I m p é r i o — 1" D i r e c i o n a . - llio de Janeiro em st) de oitubro de 1887.

E m olTlcio do 5 do agosto ultimo ex[>ò3 V . S:


Que tendo sido, na sessão da l l l m . Câmara Municipal do dia untecedonte, e presentes 18
vereadores, submettida á votação uma proposta pu-a a exlincção do cargo do director doohras
municipaes, votaram l) vereadores a favor o'J contra, iucluindo-so no numero destes V. S.,
que, como presidente da Câmara, annunciou em seguida tor caliido a proposta pelo voto do
qualidade que lhe competia dar para o desempate:
Que, pedindo e n t ã o a palavra o vereador Dr. Torquato José Fernandes Couto, que votara
contra a proposta, fez um protesto no senti-lo dc reconsiderar o sou voto, c declarou votar a
favor;
Que, reclamando immediatamente os outros vereadores contra essa nova deliberação do ve-
reador Torquato Couto depois do ccahccilu o resultado d i votação, resolveram que se consul-
tasse ao Governo sobre este procedimento.
Em resposta, cabe-me declarar a V. S. que, cm face dos arts. 27 e 34 da Lei do I o
de
oitubro de 1828, as deliberações das Câmaras Municipaes so decidem pela maioria de votos,
e sc tomam logo como resoluções, tendo o presidente, no caso dc empate da votação, o voto
de qualidade para o desempate.
Não é, portanto, licito ao vereador reconsiderar o seu voto, uma vez conhecido o resul-
tado da votação.
Deus Guarde a V. S.— Barão de Cola/ipc— S r . José Manoel da S i l v a Veiga, Presidente
da Illma. Câmara Municipal.

Ministério dos Negócios do Império.— I Directoria.—llio de Janeiro em.7ds novembro de 18S7.


1

l l l m . c E x m . Sr.— Em resposta ao oílicio dc 31 do mez próximo passado, ao qual acom-


panhou cópia do otficio do 2» j u i z dc paz da parovhia dc S. Bene licto da'Barra do Pirahy, consultando,
á vista do disposto no art. ;>°do Decretou. :;:!4(i dc 14 do dito mez, onde devem votar os
eleitores [que pertenciam ao 1" districto da freguesia de SanfAuna^do Pirahy, c que actual-
mente," pelo facto da divisão desta parochia, pertencem à q u c l l a ; declaro a V. E x . que, si taes e l e i -
tores não re-Ttrcreram sua transferencia para a parochia dc S. Benedicto o continuam alis-
t:dos na de S a n f A n n i do Pirahy, nesta devem votar.

D*MIS Guarde a V . Ex.— Bar-o-i.: Cotcjips— Sr.;Presidente da província do Uio dc Janeiro.

Ministério dos N ^ c i o . do l n i p ^ i . . . - 1.. |,i,-.»oioria.- l l b do Janeiro om S de novembro


de 1887.

I i l m . e. E x m . S r . - Dando solução ás duvidas constantes dos quesitos formulados em oílicio


n . .K> dc 2S do m e z passado, declaro a V. E x . :
1. » Para que a parochia se considere como tal na acccpcão do termo empregado no a r t . 3" do
Decreto „ . 3:i40 de 14 do dito mez, alim do nclla formar-se mesa c haver eleição, Jé preciso que
seja oanonicamer.te instituída ; '
2. " A parochia deve considerar-sc canonicamente iustitnidi só depois da nomeação do parocho
cu dcs.gnaçao c.c sacerdote que nclla administre ; a s t o e s p i r i t u a l ^ à o bastandofquc á sua croação
0 P

i p j a precedido a audiência do diocesino : *


13 i

3. " NSo se devo considerar como districto para fins eleitoraes a parochia nüo instituída cano-
nicamente, ainda quo nella estojam alistados 20 eleitores, pelo menos, nos termos da 2» parto da
citada disposição;
4. <> Só pode haver eleição nas parochias uão Instituídas canonicaniente oudo já se tenham
praticado actos eleitoraes validos ou approvados pelo poder competente.

Dous Guarde a V . Ex.— liarão dc Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia do P a r a n á .

Ministério dos Negócios do I m p é r i o . — 1 . Directoria.—Rio de Janeiro em II de novembro


3

de 1887.

l l l m . e E x m . S r . — Foi presente ao Governo o officio de 25 de julho ultimo, em que essa P r e -


sidência, expondo o que oceorrera na eleição de juizes de paz feita no dia 1° de julho de 1886
na parochia do S a n f A n n a do Pirahy, consultou si aos juizes do puz eleitos, devia applicar-se o
disposto no art. 214 do Decreto u . S213 de 13 do agosto de 188].
Os factos oceorridos foram estes :
Creada por L e i provincial n. 277'J de 3 de novembro de 1885 a parochia de S. Benedicto da
Barra do Pirahy com território desmembrado da de SanfAnna do Pirahy, deixou, na mencionada
eleição, de ser attendida a divisão desta parochia ;
Posteriormente, por acto dessa Presidência de 11 de dezembro de 1886, foi creado um districto
de paz na parochia de S. Benedicto, fazendo-se em o I de março ultimo a eleição de seus
o

juizes de p a z ;
Mais tarde (em junho) a Câmara Municipal de Pirahy communicou à essa Presidência que dos
quatro juizes de paz eleitos para a antiga parochia de SanfAnna, ficara um residindo na de S- Be-
nedicto.
A Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado/ouvida sobre o assumpto, foi de parecer,
em Consulta de 22 de agosto :
Que o citado art. 214 de Decreto n. S2i:>, referindo-se claramente á hypothesc dos juizes de
paz eleitos antes da divisão do districto, não pôde applieir-se ao caso diverso dc juizes de paz a
cuja eleição se procedeu depois daquella divisão ; o quo se verifica na hypothesc vertente, cm qu9
a eleição realizou-se na antiga parochia de SanfAnna do Pirahy depois de dividida pela desmem-
bração do território que constitue a de S. Benedicto;
Que, portanto, não pode deixar de subsistir a referida eleição para todos os seus efTeitos ; e,
sendo assim, o facto do estar residindo um dos quatro juizes dc paz de SanfAnna do Pirahy no
território da parochia dc S. Benedicto, não c motivo para que se faça nova eleição dos juizes
daquella antiga parochia, mas devo-se considerar perdido o logar do qur> reside fora do seu terri-
tório e preencher a vaga pelo modo que a lei determina.
E Sua Alteza A Princeza Imperial Regente, cm Nome do Imperador, ten.fo-èe conformado
com este parjeer por Sua Immediata Resolução de ".> do corrente mez, assim o manda declarar a
V. E x . , para os devidos cffeitos.
Deus Guarde a V . E x . — Barão dc Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia do Rio de Janeiro.

Consulto a q u o se refere o Avtw supra

Sereníssima Senhora.—Mandou Vossa Alteza Imperial Regente, cm Nome do Imperador,


consultar a Secção dos Nogocios do Império do Conselho de Estado sobre a duvida que a respeito da
eleição de juizes de paz da parochia de SanfAnna do Pirahy, da provincia do Rio de Janeiro, apre-
S&ittou à consideração do Governo Imperial o Presidente desta provincia em seu officio de 25 de
julho do corrente a i n o , cujo teor ó o seguinte :
14

« Palácio do Governo da provincia do Rio de Jnneiro.— Nictheroy, 25 de julho de 1887.—


4.» Secção.— l l l m . e E x m . Sr.— Por deliberação de 11 de dezembro do 1880 foi c o n d a em Pirahy
um districto de paz na freguezia, ainda não provida canonicamente, de S. B jnodicto, formada
de território pertencente à de SanfAnna.
Naquelle districto somente proseiJU-ÍO em 1' de : n m ; j ultimo á eleição de juizes dc p i z , por
não constar que com a re.s;iectiva cre.içãc se d i v a a hypothese prevista no art. 214doD;erelo
n . 8213 de 1881.
Tendo, porém, em officio de 11 de junho eominunicado a respectiva Câmara Municipal que, com a
creação danuello districto, ficara residindo nelle um dos juizes de piz eleitos cm I de julho do anno
o

lindo para a freguezia de SanfAnna, entendeu esta Pesideneia que ora o ciso do cit ido art. 214 o
mandou em 27 daquelle mez proddor á eleição de juizes de paz nesta ultima freguezia, nada ívsol-
vendo então quanto ao allndido distrieto. por já se ter feito nelle essa oleição.
Contra essa deliberação representou o I juiz de paz da freguezli de SanfAnna, allegando <|ue,
o

conforme a lettra do citado artigo, não se tinha precisamente dado a hypotb»se prevista, porque
apenas um juiz de paz havia perdido o domicilio e não uns, como diz o citado artigo.
Esta Presidência, entrando em duvida sobro o acerto da deliberação tomada, resolveu nesta
data adiar a eleição designada para o dia 30 e submetter á consideração de V. E x . , como faz, todo o
oceorrido.
O artigo citado diz, é certo, licarem uns 0'iizcs de paz) residindo no território a que se houver
reduzido o primeiro, e os outros nos territórios dos districtos novamente creados; m:>s parece que,
no caso vertente, a questão não se refere ao numero, mas sim á hypothose de perder o cidadão
eleito o cargo de juiz de p iz, por ficar com domicilio em outro districto em virtude de desmembração
de t e r r i t ó r i o ; V. Ex., entretanto, resolverá o que lor acertado. — Deus Guarde a V. E x . — l l l m .
e E x m . S r . Conselheiro Manoel do Nascimento Machado Portolla. Ministro e Secretario de Estado
dos Negócios do Império. — Antônio ria Rocha Fernandes Leão. >
Segundo o que cousta deste oTicio o dos papeis que o acompanham, a Secção passa a expor
suecintamente os fetos oceorridos e a questão que tem de ser resolvida.
A Lei provincial de 3 dc novembro de 1885 dividiu ein duas a parochia do S a n f A n n a do Pirahy,
tendo a que foi novamente creada a denominação de S. Benedicto da Barra do Pirahy. No dia 1" de
julho de 1886, época da eleição geral dos juizes de paz, fez-se a dos juizes da antiga parochia
(SanfAnna), mas deixou de proceder-se á dos juizes da novamente creida (S. Benedicto), facto que
só depois se realisou nesta no dia 1° de março do corrente anno, em onsequen cia do acto pelo qual
em 11 de dezembro de 1S86, o Presidente da provincia determinou que a dita nova parochia consti-
tuiria um só districto de paz. Verificando-se então que um dos quatro juizes do paz eleitos para a
antiga parochia tinha sua residência no território d i novamente creada, suscitou-se a duvida : — si
a esta hypothese é applicavel o art. 214 do Regulamento n. 8213 de 13 de agosto de 1881, o qual
dispõe que « quan !o os juizes de paz de um districto, que fòr dividido em dois ou mais, ficarem
residindo uns no território a que se houver reduzilo o primeiro, e os outros nos territórios dos dis-
trictos novamente creados far-se-ha nova eleição nos mesmos districtos ».
Parece á Secção que, visto referir-se esse artigo claramente aos juizes de paz eleitos
antes da divisão do districto, não pôde ter applicação ao coso diverso de juizes de paz a
cuja eleição se procedeu depois :le feita a divisão. Ora, esta ó a hypotheso vertente: na
antiga parochii ( S a n f A n n a ) , da qual foi desmembrido o território que ficou constituindo a
novamente creada (S. Benedicto), procedeu-se à eleição dos s-^us juizes de paz na época legal,
depois da sua divisão.
Não pode, pois, deixar de subsistir esta eleição para todos os seusefTeitos; e, sendo assim, o
facto de estar residindo ura dos seus quatro juizes de paz em território desmembrado delia não é
motivo para que se faça nova eleição dos juizes da parochia, mas deve ser considerado como per-
dido o logar do que reside fó.a do território desta, c preenchido o mesmo logar pelo. modo que. a
l e i determina.
15

E' como entende a Secção; mas Vossa Alteza Imperial Regente mandará o que julgar melhor
em sua sabedoria.

Sala das conferências da Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado em 22 de


agosto de 1887. - José Bento da CunJia e Figueiredo. - Affónso Celso de Axsis Figueiredo. — João

Alfredo Corrêa de Oliveira.

RESOLUÇÃO.—Como parece. — Paço em 5 de novembro de 1887.—PRINCEZA IMPERIAL


REGENTE.—Barão de Cotegipe.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Directoria.— Rio de Janeiro om 25 de novembro


de 1887.

l l l m . e E x m . Sr.— Em resposta ao oílicio n. 41 de 18 do corrente mez, declaro a V. E x .


que resolve-se negativamunte a seguinte .duvida, a l l i suscitada : — Si o vereador pôde accumular
as funeções de emprego publico retribuído, quando desempenhadas interinamente—; visto que
o art. 24 da Lei n. 3029 de 9 de janeiro de 1881, assento da matéria, não limitou aos
empregos elTectivos a incompatibilidade que estatuiu, não sendo licito ao executor da lei
distinguir onde etla não o fez.

Deus Guarde a V . E x . — Barão de Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia de S. Paulo.

Ministério dos Negócios do Império.—1» Direciona.— Rio de Janeiro em 30 de novembro


de 1887.
l l l m . e E x m . S r . — E m virtude da Imperial Resolução de 26 do corrente mez, exarada em
consulta, junta por cópia, da Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado sobre o alvitre
que a administração deve adoptar com referencia á eleição de vereadores da Câmara Municipal da
capital dessa provincia, á vista das sentenças que a tal respeito proferiu o Poder Judicial em 1» e
2* instâncias, declaro a V . E x . , de accôrdo com o parecer d i referida Secção e pelos seus funda-
mentos, que, devendo subsistir os actos daquella Cimara que conformam com os accòrdãos da Re-
lação do districto de 26 de novembro de 1S86 e 12 de fevereiro ultimo, cumpre que ella mantenha
a exclusão do Barão da Matta Bacellir da lista d)S vereadores e admitia a funccionar o major
Magalhães, eleito para a vaga que d'a!ii resultou : o que V. E x . fará constar á dita Câmara, para
os devidos efteitos.
Ficam assim respondidos os ofllcios dessa Presidência de 5 de abril e de 1 e 7 de julho do cor-
rente anno, sob ns. 1990, 3017 e 4080.
Deus Guarde a V . Ex.— Barão de Cotegipe.—Sr. Presidente da provinciado P a r á .

Consulta a que se se refere o Aviso supra

Senhora.— Em janeiro de 1886 procedeu-se á eleição dos vereadores da Câmara Municipal de


Belém, na provinciado Grão-P.irà, e, tendo havido recUmição contra os trabalhos de a l g u m a das
assembléas eleitoraes em que o município se divide, interveio competentemente o Poder Judicial,
decidindo o juiz da 1» instância — que era valida toda a eleição, mas nulla a apuração dos votos do
I escrutínio; e a Relação, por accôrdão de 26 de novembro do mesmo anno, — que subsistisse a
o

apuração, contra a qual não se reclamou, mas delia se descontassem os votos recebidos na 2" secção
da parochia de SanfAnna, por serem nullos; devendo a Câmara, em conseqüência, expedir diplomas
aos vereadores que se verificasse terem obtido o quociente legal.
1(5

Doaccórdocom esto julgado, a Câmara Municipal do Belém resolveu quo se procodesso áoleiçãu
supplementar de um vereador para o logar do Birão da Matta B u r i l a r , que, pela subtracção dos
votos aiinullados, ficara com votação inferior à exigida por l o i .
Nessa oloição foi eleito o major Magalhães, e tondo reclamado o seu competidor, o mesmo
Barão da Matta Bacellar, antes excluído em virtudo do qm a Relação decidira a respeito da eleição
geral, o agora vencido no pleito singular, o juiz da 1» instância, rec.itcitrando om sua decisão re-
vogada, julgou por sentença de 5 de j meiro deste anno — que era nulla a apuração, já d e l l n i t i v a -
mento julgada na instância superior, e mandju que a C a m a n procedesse a nova a p u r a ç ã o ,
expedisse novos diplomas e organiz isse a lista dos cidadãos que pudessem ser votados em 2* es-
crutínio.
Desta sentença foi interposto (além do voluntário) o recurso necessário, com effeito suspcnsivo'
liara a Relação; mas este tribunal, om accórdão de -í de março ultimo, declarou quo n ã o tomava
conhecimento do mesmo recurso, por ter expirado o prazo legal de 30 dias para o seu j u l g a -
mento.
Entretanto, a prova de que o juízo superior mantinha a sua decisão com referencia á apuração
mais uma vez annullada pelo juiz da 1» instância ú quo, tendo-se procedido pelo mesmo tempo a
outra eleição supplementar em conseqüência do fallecimento do vereador Soares do A m a r a l , e tendo
havido reclamação e sentença do mesmo juiz, em sentido dillerente, vomo no caso anterior, a R e -
lação, em data de 12 de fevereiro deste anr-o, confirmando o principio estabelecido no 1" accórdão.
reformou essa sentença— * porquanto, pila nícir-lio a /h. (isto é, o do 20 de novembro d<* ISSO).
rr-se qv.c passou cm julgado a apuração do primeiro escrutínio, que teve logar c<ii 21 de ar/osto, por

•não ter luivido reclamação contra cila >.

Da desconformidade ou contradicção das sentenças dc 1» instância comas de 2* nasce a duvida


sobre qual dos dous cidadãos —o major Magilhães ou o Barão da M i t t a Bacellar — deve ser con-
siderado vereador : duvida que foi levada pela Câmara Municipal dc Belém ao conhecimento do
Presidente da provincia do P a r á e por este submettida á decisão do Governo.
Cumprindo, Senhora, a ordem que do Vossa Alteza Imperial recebeu, em 29 de setembro, para
consultar sobre o alvitre que a administração deve adoptar no caso exposto, a Secção dos Negócios
do Império do Conselho de Estado considerou :
1 Q u e , embora a vigente lei eleitoral, commettendo ao Poder Judicial o julgamento das
questões sobre a x-alidade ou nullidade da eleição de vereadores e da respectiva a p u r a ç ã o dos votos,
excluísse taes assumptos da competência do Governo, não perdeu este o direito, que entra incontes-
tavelmente na orbita de suas attribuições geraes, de resolver duvidas que versam pura e simples-
mente sobre a execução que autoridades administrativas íêm de dar a actos judiciaes.
2.° Que, verifleando-se uma collisão de sentençis com effiitos inconciliáveis, e sem mais re-
curso, a de 1» instância decretando a nullidade da apuração do votos feita pela C â m a r a M u -
nicipal, e as de 2» julgando valida e irrevogável ossa mesma apuração, a preferencia que a
administração dá a estas, longo de importar invasão de alheia competência, é. ao contrario, um
acto do respeito ao tribunal superior c manutenção tia ordem judiciaria.
E, portanto, conclue c aconselha que o Governo faça constar á Câmara Municipal do Belém
que, devendo subsistir os seus actos que conformam com oz accórdãos da Relação do districto de
26 de novembro de 1886 e 12 de fevereiro deste anno, mantenha a exclusão do Barão da Matta
Bacellar da lista dos vereadores, c admitta a funccionar o major Magalhães, eleito para a vaga que
dahi resultou.
O Conselheiro de Estado José Bento da Cunha e Figueirclo deu o soíuinto voto :
Convenho no alvitre lembrado pelo douto parecer, isto 6, o de ser admitido a funccionar o
major Magalhães, em razão da urgente necessidade de não serem paralysados os negócios que correm
pela Câmara Municipal, cujos membros achim-se divididos em duas parcialidades políticas, que
protestam ou ameaçam n ã o se reunirem em sessão, emquanto o conflicto, que ora existe, a respeito
dos dous candidatos que disputam o logar não fòr decidido pelo Governo ImperiaL
17

Como, porém, soja mui terminauto a loi eleitoral, que, segundo confessam os dous iltustrados
Conselheiros, determina expressamente que só os juizes tém competência para o julgamento das
questões sobre a validade ou nullidade das oleiçõos de vereadores, e da respectiva apuração dos
votos ; e como, por outro lado, oconflicto de que se trata constituo espécie ou matéria nova e i n -
trincada, quo não fora prevista na l e i , entendo que a solução ou o remédio suggerido pela illustra-
da maioria da Secção, cx vi da necessidade de acautelar novas irregularidades, tem muita razão de
ser ; mas não deve ser considerada como medida de/initivj, mas simplesmente provisória, até que a

Assembléa Geral, a quem deve ser submettida a questão, resolva e tome a providencia legislativa
que no caso couber, do modo que p ssam ser chamadas á responsabilidade as autoridades judiciarias
e mesmo administrativas que, por ventura, deram causa ou incorreram em culpa no successo, quasi
tnmultuario, de que resultará o conílicto.

Sala das conferências da Secção dos Negócios do Império do Couselho de Estado em 4 de no-
vembro de 1887. — João Alfredo Corrêa de Oliveira. — Affonso Celso de Assis Figueiredo. —

José Bento da Cunha e Figueiredo.

RESOLUÇÃO.—Como parece.— Paço em 2õ de novembro de 1887. —PRINCEZA IMPERIAL R E C E N T E .

— Barão de Cotegipe.

Ministério dos Negócios do Império.— I Directoria.— Rio de Janeiro era 3 de dezembro


a

de 1887.

l l l m . e E x m . Sr.— Approvo, por seus fundamentos, a decisão pela qual, resolvendo


a consulta do I supplente do juiz municipal e do orphãos em exercício do termo de Mara-
o

gogipe— si são incompatíveis o emprego de secretario da Câmara Municipal e o cargo de


Promotor de capellas e resíduos, ambos exercidos pelo cidadão Porflrio Martins Barbosa Filho—, de-
clarou-lhe V. E x . que, não havendo lei ou decisão do Governo que estabeleça a incom-
patibilidade entre os referidos empregos, nem devendo essa Presidência fazer extensiva ao
caso vertente a disposição do Aviso n. 89 de 4 de junho de 1847, que regula os princípios
geraes das incompatibilidades dos cargos públicos, porquanto não se da repugnância entre
as funcções de um e outro, nem de sua accumulação resulta a impossibilidade de ser cada
um servido satisfactoriamente, podia o sobredito cidadão exercel-os cumulativamente, tanto
mais quanto é a Câmara Municipal o juiz mais competente para decidir si o seu secretario des-
empenha regularmente o cirgo accumnlando as funcções d i outro emprego.
Fica assim respondido o ofUcio n . 202 de 10 do mez findo.

Deus Guardo a V . E x . — Barão de Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia da Bahia.

Ministério dos Negócios do I m p é r i o . - 1» D i r e c t o r i a . - R i o de Janeiro em 5 de dezembro de 1887.

l l l m . e E x m . Sr.— Tendo de proceder-se perante uma só mesa á eleição de vereadores do


município de Chique-Chique, marcada p.ira 29 do corrente mez, visto que, segun lo o disposto no
Aviso de 8 do mez passido, 3 caso, não pôde formar-se mesa na parochia de S. José, por não estar
o

ainda canonicamente instituída, e só ha, a l é m desta, outra parochia, a do Senhor Bom Jesus, no
referido município; declaro a V. E x . que, nesta hypotness, terminada a eleição na parochia do
18

Senhor Bom Jesus, deve a respectiva mesa expedir logo os diplomas aos vereadores eleitos na c o n -
formidade do art. 202 do Pecroto n. 8213 de 13 de agosto de 1881.
No ciso unicamente da reunião de duas ou mais assembléas eleitoraes no município, ô indis-
pensável a apuração geral de votos, e quando a Câmara do próprio município nüo póüe fazel-a,
deve esto acto ser commettidoà Câmara, do município mais vizinho.
Fica assim respondido o offlcio n. 211 de 22 do mez findo.

Deus Guarde a V. Ex.— Barão dc Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia i h Bahia.

Ministério dos Negócios do Império.— I 1


Directoria.— Rio de Janeiro cm 19 de dezembro de
1887.

l l l m . e E x m . Sr.— Foi presente a este Ministério, com o offlcio n . 31 de9do corrente mez,
a petição em que o conego 1'lysses Furtado de Souza, vigário colladoda freguezia da cidade de
Campo Bello, recorre para o Governo do despacho dessa Presidência que confirmou o da Thesouraria
de Fazenda dessa provincia, negando-lhe o pagamento de dous terços da respectiva congrua d u -
rante os intervallos das sessões da Assembléa Legislativa Provincial, de que foi membro nos
dous uitimos biennios.
Con-iderando que a decisão recorrida fundou-se no facto de não ter estado o recorrente d u -
rante aquelles intervallos no exercício de suas funcçOes parochiaes, nas quaes foi substituído por
outro sacerdote ; outrosim, que a este caso só pôde applicar-se a doutrina estabelecida no Aviso
deste Ministério de 25 de Maio ultimo, referindo-se a hypothe e diversa a Consulta do antigo
;

Conselho d" Fazenda e Avisos que o recorrente invoca, resolvi negar provimento ao recurso: o que
declaro a V . E x . , para os devidos efleitos.

Deus Guardo a V . E x . — liarão de Citegipc— Sr. Presidente da provincia de Minas Geraes.

Ministério dos Negócios do Império.— 1" Directoria.— Rio dc Janeiio em 27 de dezembro de 1887.

l l l m . c E x m . Sr.— Em resposta ao officio n. 75 de 23 do mez próximo passado, declaro a


V . E x . que, não tendo sido observado, na recente eleição dos membrcs da Assembléa Legislativa
dessa província, o art. 1° «Io Decreto Legislativo n . 33-10 de 14 de oitubro ultimo, por não ser ainda
conhecido o mesmo Decreto ao tempo em que realizou-se o 1° escrutínio, effectuando-se a eleição
complementar (2 escrutínio) pelo systema da Lei n. 3029 de 9 de janeiro de 1881, também não
o

deve ter execução, quanto ao biennio de 1888-1839, a disposição do § 1° do citado artiso, que
elevou a 24 o numero dos membros da Assembléi.

Deus Guarde a V . E x . — fiarão de Cotfjipe.— Sr. Presidente da província do Amazonas.

Ministério dos Negócios do Imporio— l Diroctoria.— Rio de Janeiro om 30 de dezembro de 1887.


l

Sua Alteza a Princeza Imperial Regente, cm Nome do Imperador, Manda declarar a.


Illma. Câmara, p ra os devidos efTcitos, que, no interesse da regularidade o boi ordem da admi-
nistração municipal, deve a Câmara, quando de s:ias deliberações tenha sido interposto recurso para
o r.ovcrno, suspender a execução do neto iveorrido até que seja decidido o recurso : salvo
19

tratando-se de medidas urgontes, cuja demora possa ser prejudicial ao serviço publico, ou de paga-
mentos quo tenham de sor feitos dentro de prazo certo om virtude de contractos legalmento
celebrados; outrosim, quo aos recorrentes cumpre d ir á Illma. Câmara immediato conhecimento do
recurso interposto.— Barão de Cotegipe.

Ministério dos Negócios do Império.—1* Directoria.— Rio de Janeiro em 21 de fevereiro de 188tS.

l l l m . o E x m . Sr.— Approvo a decisfio pela qual V. E x . declarou ao Juiz de Direito da


comarca da capital que lhe competia marcar novo dia para quo a Câmara Municipal da v i l l a do
Vianna procedesse à apuração geral de votos na eleição de um vereador a l l i feita ultimamente,
visto que, por motivos attendivcis, deixaram de comparecer vereadores em maioria no dia designado
por lei para aquelle acto.
A competência do juiz de direito da comarca para o fim de que se trata deriva-se claramente
da disposição do art. 197, § 2», combinada com a do art. 21G do Decreto n. 8213 de 13 do agosto
de 1881.
Fica assim respondido o officio n. 11 de 13 do corrente mez.

Deus Guarde a V . E x . — Bardo de Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia do Espirito Santo.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Directoria.— Rio de Janeiro em 29 de fevereiro de 1838.

l l l m . e E x m . Sr.— Com o officio n . 194 de 31 de outubro ultimo, foi presente a este Ministério
a petição em que o presidente e outros vereadores da Câmara Municipal da capital dessa provincia
recorreram para o Governo do acto pelo qual essa Presidência decidiu, dando provimento a um
recurso do vereador Francisco Pires de Carvalho, que dis multas por infracção de posturas não cabe
recurso para as Câmaras Municipaes, as cí do disposto no art. 52 da Lei do i' dc oitubro de J

1828, explicado pelos Avisos n . 231 de 2 de julho de 1840, n. 65 de 4 de julho de 1850 e de 20 de


agosto de 1887.
Ouvida a Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado sobre este assumpto, opinou
ella cm Consulta, junta por cópia, de 17 de dezembro subsequente, que se dô provimento ao recurso
dos mencionados vereadores.
Com este parecer Sua Alteza a Princeza Imperial Regente, em Nome do Imperador, Houve por
bem conformar-se, por Sua Immediata Resolução de 20 do correate mez, em virtude da qual deve
entender-se que — das multas por infracção de posturas cabo recurso para as Câmaras Municipaes
antes de levados a juizo os autos respectivos para o processo e julgamento das infracçOes : o que
declaro a V . Ex., para os devidos effeitos.
Deus Guarde a V . E x . — Barão de Cotegipe.— Sr. Presidente da provincia da Bahia.

Conaultn n que se r e f e r e o A v i s o supra

Senhora.—Por Aviso de 22 do mez passado, ordenou Vossa Alteza Imperial, pelo Ministério
competente, que a Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado consultasse sobre a petição
em que o presidente e mais vereadores da Câmara Municipal da cidade de S. Salvador da Bahia
recorrem para o Governo Imperial do acto pelo qual o Presidente da provincia decidiu, dando provi-
mento ao recurso de um vereador, que das multas por infracção de posturas não cabe recurso para
as Câmaras Municipaes-
Cumprindo o que lhe foi determinado, começam a Secção reproduzindo os pecas quo instruem a
questito.
O iwcurso provido pelo Presidente da referida província foi assim minutado :
€ Illm. e E x m . Sr.— Tendo a Illma. Câmara Municipal desta cidade rejoitado o seguinte re-
querimento, que se acha inserto na acta da respectiva sessão e quo por cópia authentica instruo este
recurso, entendi recorrer, como recorro, para Y . Ex. contra a alludiJa deliberação, fundado na Lei
de I de oitubro de 1828.
o

«Requeiro que d'ora em diante a Ornara não tome conhecimento de petições em que se poça
perdão de multas, porque semelhante perdão não está nas suas attribuições, cm fuce do. l e i . »
A matéria contida no requerimento transcripto è a de que trata o art. 52 da mesma Lei de 1°
de oitubro de 1828, quando diz :
* A r t . 52. Não poderão quitar coimanem divida alguma do conselho; peua de nullidado c de
pagarem o duplo >.
Coima significa, como V. Ex. melhor do qne o recorrente sabe, multa por infracção do
rosturas.
quer dizer — perdoar, alliviar.
Quitar

Logo, pelo supradito art. 52, a Câmara não pode perdoar multa por infracção de posturas.
Esta doutrina, além de estar de accòrdo com o que dispõe o art. 24 da mesma lei, que declara
serem as Câmaras corporações meramente administrativas o sem juriS'licção alguma contenciosa,
aceresce ter sido esclarecida pelo Aviso n . 231 do 2 de julho de 1840, que assim explica o texto do
artigo acima citado:
« Sendo as Câmaras administradoras e não senhoras das rendas dos conselhos, não podem ellas
deixar de promover a arrocadação dessas rendas, de cuja legalidade só compete conhecer ao Poder
Judiciário. »
A reforma judiciaria, art. 45, § 1», determina que, lavrado o auto de infracção, seja elle remet-
tido ao procurador da Câmara, o qual dará aviso ao multado, afim deste v i r pagar amigavelmente a
multa.
Este procedimento importa um meio eonciliatorio. no intuito de evitar os termos do um
processo.
Entretanto, dahi se vè claramente que esta disposição da lei judiciaria está em todos os seus
termos de accórdo com o que dispõe o citado art. 24 da Lei de I de oitubro de 1828.
o

Do disposto neste artige se evidencia que o pensamento do legislador foi reconhecer que as
Câmaras Municipaes não tè:n jurisdicção contenciosi, motir.) pilo qual determina que, lavrado o
auto da infracção pelo agente competente, vá elle ter directamente ás mãos do procurador, sem
intervenção alguma das Câmaras.
A lei, assim dispondo, impõe que os agentes iiicumbidosde verificar as infracções sejam pessoas
honestas e habilitadas, as quacs. no desempenho do suas funeções, nem só procedam com discerni-
mento, como também com clareza e justiça.
Não podia o legislador cogitar de que as Câmaras admittissem para seus agentes pessoas som
aptidão e consciência.
Depois, o auto da infracção eqüivale, segundo me parecj. a um corpo de delicto ; è nelle que
se funda a petição dirigida ao juiz p i r a a instauração do processo.
Assim, osso auto è um documento judicial, do cujos elTeitos só o Podor Judiciário pôde coDhecer.
Da acta da sessão celebrada em 13 do corrente v e r á V. E x . que foram dous multados per-
doados e que muitos outros, animados pelos precedentes, usaram do mesmo recurso à C â m a r a ; e
quem conhece, como V. E r . , os nossos costumes e vida social o política sabe quanto abuso e injustiça
podem commettcr as Câmaras, si continuarem a ultrapassar as raias de suas a t t r i b u i ç õ e s .
São, pois, estas as razões quo me levaram a recorrer para V. E x . da deliberação, que tomou a
inesma Câmara naquella sessão, de rejeitar o mencionado requerimento, o a pedir a v. E x . se digne
annullav ds psrdBes de multa cdnSeáTfas pela Câmara na referida sessão; ficando assim pYdVIÍo o
21

presente recurso, interposto na sessão de 13 do corrente e lovado hoje, por ter sido a respectiva acta
approvada em 20 do corrente.
Dous Guarde a V . E T . — P a ç o da Câmara Municipal da Bahia, 27 de setembro de 1887.
— l l l m . e Exm. Sr. Conselheiro Presidente da provincia.— O vereador Francisco Pires de Carvalho. »
Ouvida a Câmara Municipal, respondeu nestes termos:
« l l l m . e E x m . Sr.—Informando sobre a petição que a V. E r . dirigiu o vereador Francisco
Pires de Carvalho, recorrendo da decisão pela qual esta Câmara, em sessão de 13 do setembro ultimo,
rejeitou, contra o voto único do recorrente, o seguinte requerimento:—Roqueiro que d'ora em diante
a Câmara não tome conhecimento de petiçOes cm que se peça perdão de multas, porque semelhante
perdão não está nas suas attribuiçOes cm face da lei —; esta Câmara tem a ponderar que lhe parece
manifesta extravagância a pretenção de impedil-a dc tomar conhecimento de petições de qualquer
natureza que lhe sejam dirigidas por qualquer cidadão, uma vez que se achem em termos, e
acredita quo o que lhe cumpre é defeiil-as ou indeferil-as, segundo a legalidade ou illegalidade do
pedido, segundo a competência ou incompetência da Câmara para sobre elle resolver; assim como
lhe pareço não menos extravagante pretender, por meio de um requerimento, fazer declarar,
restringir ou ampliar as attribuiçOes da mesma Câmara.
Ainda admittindo que tivessem procedência os argumentos produzidos pelo recorrente, elles
só teriam cabimento em sustentação de recurso das decisões da Câmara sobre os requerimentos dos
que reclamaram contra as multas que lhes foram impostas.
Dessas decisões é quo poderia ter o recorrente interposto recurso, si entendia que eram
illegaes ou injustas.
O que dito fica bastaria para evidenciar a improcedencia do presente recurso.
Entretanto, para que não pareci que esta Câmara quer prevalecer-se do errocommettido pelo
recorrente, para isentar-se da apreciação das allegaçOes por elle offerecidas à consideração de V. E x . ,
esta Câmara pede permissão para mostrar a improcedencia dellas.
A expressão — quitar coima—do art. 52 da Lei de I» de oitubro não pôde entender-se no
sentido que lhe quer dar o recorrente.
Do modo como se exprime esse artigo vê-se que o legislador refere-se ã coima considerando-a
.iã divida; e não se pôde considerar qne constitua divida a multa antes de verificada a legalidade ou
a justiça de sua imposição, ou pela annuencia do multado, ou pela decisão do Poder Judiciário,
perante quem se promovo a cobrança da multa; em outros termo3, depois de passada esta em
julgado.
Accionada a multa e condemnado o infractor. então é que não pôde mais a Câmara quital-a,
dispensar do pagamento delia.
O Aviso de 2 dc julho, invocado pelo recorrente, refere-se, como dolle se v ê , ao caso de ter a
Câmara Municipal do Minas Novas, de motu próprio, re,olvido suspender, por illegal, a cobrança j u -
dicia! de uma grande parte de multas de seu município ; o caso a que aqui se allude é o de, em
vista da reclamação do multado, reconhecer a Câmara que não havia logar a imposição da multa.
Mas. ainda quando à hypothese vertente fosse applicavel aquelle Aviso, ahi estaria, poste-
riormente a elle, o de 9 de julho de 1842, que, resolvendo a consulta do Presidente da provincia do
Pianhy, sohre si a multa do art. 28 da citada Lei de 1° de oitubro está comprehendida na disposição
do art. 52 da mosma lei, declarou c que as multas impostas n i conformidade do art. 28 da citada l e i ,
quando bem fundadas e passadas em julgado, são, sem duvida, comprehendidas na disposição do
art. 52, para não poderem ser quitadas pelos vereadores, em prejuízo de seu legal destino; o que,
todavia, não inhibe aos ditos veroadores de poderem reformal-as, quando forem procedentes os
motivos com que os multados se justifiquem da falta de cotnparescia >.
Ficou ahi positivamente firmada a regra de que — quando bem fundadas e passadas em j u l -
gado — e que as multas não po lem ser quitadas pelos vereadores; logo, emquanto não passarem, em
julgado, podem as Câmaras attender ás reclamações em que osfaiultados mostrem a injustiça ou
ilfogalidade da imposição da multa.
22

Assim so tem geralmente praticado em to-l-i p-.rto o nesta Câmara, atô cora o concurso do
próprio recorrente, que, na sessão do 31 ile maio do corr&ito inno, foi venc do, votando para que se
relevasse'à em preza — Vehiculns Econômicos — uma multa em qu • incorreu.
E seria palpável ontrasenso sujeitar os cofres municipaes a c.ustis do processos p i r a cobrança
de multas de cuja illegalidade ou injustiça a própria. Câmara estivesse convencida.
Nem é essa questão nova : a propósito de entender-se o § 19 d i O r d . L n \ I , T i t . ütí, quo é a
o

fonte do art. 52 d i Lei de 1° do outubro, decidia-so no sunt do d) Aviso citado de 1842; e é, realmenter
para admirar que. procedendo-se assim no r<f,'im-.'n absoluto d i s O r l e a i ç õ j s do lf.eino, entenda-se
agora, e entenda assim um vereador, que, neste século, é a interpretação restricU das attribuições
das Camar-iS qu" se deve adoptar.
Esta Câmara pede licença para transcrever as seguintes palavras do Dr. Cortines Laxe, e:n
suas Annotações à L ? i de I de "itubro, nota *0 ao art. 52:— < .\ão podia o legislador impor ás
o

câmaras a obrigaçã > de propor deaiandas injustas.


< Sempre que contra uma multa reclama o multado, allegan lo sar ella injusta, entendo que
pôde a Câmara releval-o, depais de verific ida o convencer-se da injustiça allegada. Reconhecer a
injustiça de uma multa, relevar delia o multado, não é quitar, n ã o c perdoar.
« Negar esse direito ás Câmaras importa coagil-as a comparecer cm juizo como autoras, sendo
ellas próprias as primeiras a reconhecer que o seu direito é nenhum, que a causa que vão iniciar é
injusta. O legislador não quiz.nem podia querer isso.
« E nem se allegue que as Câmaras são meras administradoras, não se aliegue que ellas,
segundo diz Heinetius, são equiparadas a curadores da cidade, ou. a tutoves.
« Acaso ha ahi alguma lei, ou, pelo m^nos, prncipio fundado em justiça, que imponha aos
administradores ou tutores o d.?ver de intentar demandas injustas cm nome diquelles cujos bons
administram ou cujos tutores sã ? >
São os fiscaes agentes da Câmara Municipal, é em nome delia que iiipõem multas; o parece
que seria outro cintrasenso consideral-os como que autoridades independentes delia, para não poder
a Câmara attender a reclamações contra os actos delles.
E' o que tem esta Câmara a ponderar a V. Ex. sobre o recurso interposto pelo vereador Fran-
cisco Pires do Carvalho; e deixando de tomar em consideração o argumento que procura elle tirar
do art. 45, § 1», do Regulamento de 22 de novembro de 1S71, de quede deverem os fiscaes remetter o
auto d i infracção a<> procurador da Câmara c vè-se claramente que esta disposição da lei judiei iria
está em todos os seus termos de accôrdo com o qae dispõe o art. 24 da Le> i'e I de oitubro de 1823 >;
o

pondo igualmente de parte essa persuasão, em que diz estar o recorrente, de que < o auto de infracção
eqüivale a um corpo de delicto, é um documento judicial, de cujos eíleitos só o Poder Judiciário pode
conhecer >;— sem accentuar a. singularidade de, em recurso de uma decisão da Câmara, que rejeitou
um requerimento cujo intuito era obstar factos futuros, pedir o recorrente a revogação de actos
passados, dos quaes não recorreu :— esta Camajra aguarda a decisão de V. Ex., que, lhe parece, n ã o
poderá ser sinão no sentido de negar provimento ao recurso.
Bahia, 10 de oitubro de 1837.— Antônio Eusebio.*

A decisão presidencial foi a seguinte :

c Palácio da Presidência da província d?. Bahia em 25 de oitubro de 1837 1» Secção.


— N . 1891.— Attendendo ao que representou o vereador da Câmara desta capital Francisco Pires de
Carvalho, no ofíicio que dirigiu a esta Presidência em 27 de setembro ultimo, e pela mesma Camam.
informado em 11 do corrente, dou provimento ao recni>o, interposto pelo mencionado vereador, da
decisão pela qual. em sessão de 13 daquelle mez, foi rejeitado o seu requerimento, transcripto no
citado oflScio, visto não caber às Câmaras Municipaes recurso de multas impast s pelos fiscaes por
infrareão de posturas, ex vi do disposto no art. 52 da Lei de 1" de oitubro de 1828, explicado pelos
Ayisos n. 231 de 2 de julho de 1840, n. 65 de 4 de julho de 1850 o 20 de agosto do corrente anno.
por cópia incluso.
23

O que communico a V. S. e Mcôs. para os devidos flns—Deus Guarde a V. S . e M c é s . —


JoOoCapitírano
Bandeira de Mello.— Srs. Presidente e Vereadores da Câmara Municipal desta
capital. »
Cópia do Aviso a que so refere o oíücio supra :
« Ministério dos Ne/rocios do Imporio.— 1» Directoria.— Rio de Janeiro, 20 de agosto
de 1887.
l l l m . e E x m . Sr.— Em resposta ao officio n . 29 de 30 do mez próximo passado, declaro a
V . E x . , de accôrdo com a doutrina dos Avisos n. 231 de 2 de julho do 1 8 4 0 e n . 6 d e 4 de julho de
1850, que resolve-so negativamente a seguinte consulta que a ossa Presidência dirigiu a Câmara
Municipal de X i r i r i c a : — Si da multa imposta pelo fiscal, por infracção de posturas, cabe recurso
para a mesma Câmara.
O Aviso n. 75 de 9 de julho de 1842 tem applicação especial ás multas que, nos termos do
art. 28 de Lei de 1° de oitubro de 1828, são impostas aos vereadores que, sem motivo justo, deixam
de comparecer ás sessões.
Deus Guarde a V . E x . — Manoel do Nascimento Machado Portella.— S r . Presidenta d\

provincia de S. P a u l o . »
Contra esta decisão recorreu a Câmara Municipal, ponderando :
« Senhor. — O presidente e outros vereadores da Câmara Municipal da leal e valorosa cidade do
Salvador, capital da provincia da Bahia, abaixo as dignados, fundando-se no art. 73 da Lei de 1° de
oitubro de 1828 e no Aviso de 22 de fevereiro de 1872, recorrem para Vossa Mzgestade Imperial da
decisão que, em 25 do mez passado, deu o S r . Conselheiro Presidente da provincia ao recurso, para
elle interposto pelo vereador Francisco Pires de Carvalho, da decisão pela qual, em sessão de 13 do
mesmo mez, foi rejeitado um requerimento d quelle vereador, redigido nos seguintes termos:
« Requeiro que d'ora em diante a Câmara não tomo conhecimento de petições em que se peça
perdão de multas, porque semelhante perdão não esta nas suasattribuições, era face da lei.»
Fundou S. E x . sua decisão em que < não cabem ás Câmaras Muutcipaes recursos de multas
impostas pelos flscaes por infracção de posturas, ex vi do disposto no art. 52 da Lei de I de oitubro
o

de 1828, explicado pelos Avisos n. 231 de 2 de julho de 1840, n. 65 de 4 de julho de 1850 e 20 de


agosto do corrente anno.
Entendeu o vereador Pires, e com elle o Presidente da provincia, que, pela disposição do
art. 52 da citada lei — não poderão quitar coima nem divida alguma do conselho—, estão as
Câmaras Municipaes privadas do tom-r conhecimento de quaesquer petições de seus municipes re-
clamando contra imposição do multas feita pelos ílseaes, e isso porque os Avisos citados deram à lei
essaintelligencia, declarando o ultimo quo o Aviso de 1842 tem Applicação especial às multas que,
nos termos do art. 28 da Lei de I de oitubro de 1828, são impostas aos vereadores que, sem motivo
o

justo, deixam de comparecer ás sessões.


Mas, Senhor, os recorrentes, em':ora muito respeitem as luzes dos Ministros de Vossa M a -
gestade Imperial que firmaram aquellcs Avisos, pedem, comtudo, licença para dizer que a matéria
carece ser reconsiderada, e não hesitam em pedir a Vossa Magestade Imperial que digne-se de
submetter o estudo da questão ao Conselho de Estado, afim de que consulte sobre o ponto, que é
da mais alta importância.
Com effeito, aos recorrentes parece que só por erro se poderia ter dado ao a r t . 52 da Lei de
I de oitubro a intelligencia de obrigar as Câmaras a executar, sem o menor critério, todos os autos
o

de infracção lavrados por seus flscaes.


E m primeiro logar, o que a lei diz ê que as Câmaras não poderão quitar coimas ou dividas,
isto e, perdoar ou remittir multas ou dividas; taas n â o é perdoar multas verificar si a multa foi
imposta devidamente, isto é, de accordo com as posturas, ou si o auto e>tà lavrado de accòrdo com
as prescripções legaes ; em segundo logar, não se póle considerar renda da Câmara a multa que
o fiscal impoz em desaccórdo com ns posturas ou sem as formalidades legaes.
24

Dar-se-hia, além disso, o absurdo de obrigar as Câmaras a serem autoras, com a certeza prévia
de que hão de docahir, pagando as custas, quando a multa for manifestamente illegul.
Certamente o legislador não poderia querer isto.
Interpretaiio illa sumenda quee absurdum evitetur.

Assim, "pois, esta e x p r e s s ã o - q u i t a r coimas ou d i v i d a s - não pôde ser entendida slnão de


modo a evitar esse absurdo do forçar as Câmaras a propor demandas injustas.
Não pode certamente a Câmara perdoar uma multa reconhecida como justa pelo infractor
que a pagou; não pôde perdoar a multa ajuizada e julgada pelos tribunaes.
A municipalidade que isso fizesse commetteria um abuso, que facilmente encontraria cor-
rectivo no recurso que a lei dá de suas attribuiçOes. Mas reconhecer que o fiscal (isto é, seu agente,
encarregado de cumprir suas ordens, art. 85 da citada lei) andou mal, multando erradamente a
quem não infringiu as posturas ou dando como infracção o que não é, ou não lavrando o auto em
fôrma legal, e ficar com os braços cruzados sem poder conhecer da illegalidade ou injustiça da
pena comminada, á espera somente que se termine o processo para pagar as custas, ó realmente
o que a lei não podia querer.
O Aviso de 1840, que é a fonte dos outros citados na decisão de que se recorre, dá como
razão que « sendo as Câmaras Municipaes administradorase não senhoras das rendas do conselho,
não podem ellas deixar de promover a arrecadação dessas rendas, de cuja legalidade só competo
conhecer ao Poder Judiciário ».
Mas esta razão de decidir não serve para o caso.
Certamente as Câmaras não podem deixar de promover a arrecadação de suas rendas ; mas
renda não é a multa que a Câmara reconhece ser manifestamente i l l e g a l . Promover tal cobrança
não ó arrecadar renda, mas despendel-a sem proveito algum, o que a lei não poderia absoluta-
mente querer.
O que fica exposto e o mais que consta da resposta que os abaixo assignados deram ao S r .
Conselheiro Presidente da provincia, quando foram ouvidos subre a petição do vereador Pires, ô
suficiente para levar ao illustrado espirito de Vossa M igestade Imperial a convicção de que não
pôde continuar a ser observada, por manifestamente absurda, a interpretação dada a t é agora ao
a r t . 52 da Lei de I de oitubro de 1828 ; e por isso os recorrentes muito respeitosamente requerem
o

e pedem a Vossa M&gestade Imperial que digne-se de tomar em consideração o presente recurso
para o fim de reformar a decisão recorrida, declarando os casos em que a Câmara Municipal pôde,
não perdoar multas, mas deixar do dar execução a autos de infracção eivados de nullidade ou ma-
nifestamente injustos.
Confiando na sabedoria e r.»ctidâo de Vossa Magestade Imperial, os recorrentes pedem a
Vossa Magestade Imperial deferimento e — E. R. M.
Paço da Câmara Municicipal da Bahia, 3 de novembro de 1887.— Augusto Aguiar, Presidente.
— Antônio Eustòio Gonçalves de Almeida.— Luiz Joscda Silva.— Garcia Dias Pires de C. e Albu-

querque.— Alexandre Eerculano Ladisldu.— Manoel Joaquim Cafezeiro.— Antônio José Rodrigues.—

Francisco Luiz de Azevedo.— Jo*r. Pereira dc Almeida. >

Finalmente, a Secretaria de Estado informou por este modo:

* Este recurso não está no caso de ser provido.


O vereador Pires de Carvalho requereu que a Câmara não tomasse conhecimento de
requerimentos em que se pedisse perdão de multas, porque este perdão n ã o está nas a t t r i -
buiçoes das Câmaras, em faco da l e i .
Os vereadores recorrentes reconhecem que o acto da Presidência basêa-se nos Avisos
aqui citados; mas pedem que a matéria seja reconsiderada, ouvindo-se o parecer do Conselho
de Estado, por entenderem que só por erro podiim esses Avisos ter dado ao a r t . 52 da Lei
do 1« de oitubro de 1828 a intelligencia de obrigar as Câmaras a executar, sem o menor
critério, todos os autos de infracção lavrados por seus flscaes.
25

Em meu humilde entender, não ha fundamento algum neste modo de pensar dos v e -
readores recorrentes.
Nos termos do art. 88 (novamente em vigor) da Lei do 1» de oitubro de 1828, do a r t . 2»,
§ 1», da L e i n . 2033 de 20 do setembro de 1871, os juizes de paz sSo os privativos para j u l -
garem as multas por infracção de posturas, com appellaçao para os juizes de direito.
O a r t . 45, e seus paragraphos, do Regulamento n . 4824 de 92 de novembro de 1871,
definindo o processo e julgamento das infracções de posturas, dellesexclue as Câmaras, f a -
zendo apenas intervir o procurador muoiciptl, que recebe o auto de infracção para promover
o pagamento voluntário ou requerer a execução judicial da multa.
Em face destas disposições tão claras, e do disposto no a r t . 24 da Lei de 1828, n ã o
podem as Câmaras relevar multas, a pretexto de que são injustas, e t c , porque, assim pro-
cedendo, ellas julgam effectivãmente, exercendo uma funcção da exclusiva competência do Poder
Judicial.
O correctivo, portanto, das fal*as que commette o fiscal na imposição de multas só podo
ser a sua suspensão, ou mesmo demissão; e ás Câmaras cumpre, para evitar os prejuízos que
soffrem com as multas que decaem em juizo, prover no cargo de fiscal a cidadãos que
m e r e ç a m conceito pela sua honestidade e tenham habilitações para exercel-o. — 1» Directoria,
em 15 de novembro de 1887. — Monteiro de Barros.t

< Estou inteiramente de accòrdo. Os Avisos n. 231 de 2 de julho do 1840, n. 65 de 4 de j u -


lho de 1850 e o de 20 de agosto ultimo consagram, em minha humilde opinião, a verdadeira
doutrina.— A . Augusto da Silva Júnior. >

A Secção dos Negócios do império do Conselho de Estado n ã o se conforma com esta


opinião, que tem por menos correcta.
Senhora.—A argumentação adluzida pela Câmara Municipal da Bahia não foi nem podia
ser combatida com fundamento pelos que impugnaram o recurso interposto.
Essa a r g u m e n t a ç ã o dá ao art. 52 d i Lei do I de oitubro <le 1328 sua genuína i n t e l l i -
o

gencia e repousa sobre uma distineção obvia, que de si mosma impõí-se com a força da e v i -
dencia e que a Câmara recorrente bem assign ilou, inspiiundo-sc no jurídico commentario da
citada lei por Cortines Laxe, annotado par um distineto magistrado (Regulamento das C â -
maras Municipaes. Edição oorrecta e augmentada pelo D r . Macedo Soares).
Com effeito, o que dispoz o mencionado a r t . 52 ? Não podem as Câmaras quitar coima ou

divida alguma do conselho, isto é, não podem transigir sobre a receiU municipal, nãò podem
desfalcai-*, perdoando (quitando) multas (coimas) ou dividas, cujo produeto pertence 4 mesma
receita.
E* isto liquido; porém inteiramente diverso da questão aventada.
E n t r a r a Câmara na apreciação da legalidade e procedência com que haja sido imposta uma
multa por qualquer fiscal, annullando esse acto, quando convencida de que não foi regular,
n ã o é perdoar divida, sinão corrigir um abuso, reparar uma injustiça commettida por agente
seu, cujo procedimento superintende e forçosamente lhe está subordinado pela delegação de
que o investe.
Declarar sem cabimento a imposição da multa em tal caso n ã o é dispensar pagamento,
relevar divida, sinão reconhecer quo ella não e x i s t e ; — n ã o é desistir de um direito, mas
respeitar o direito alheio r

P e r d ã o h a v e r á em duas hypotheses:— si, convicto da infracção, o multado vier ou quizer


pagar a multa e a Câmara não recebel-a, ou mandar restituil-a, ou s i , confirmada a im-
posição pela autoridade competente, o juiz de paz ou o j u i z de direito, resolver que se
suste a execução da sentença proferda.
Fora dahi nem invade attribuições do Poder Judiciário, como pretende a Secretaria de Espado,
nem excede as prorrias : dellas usa mui regularmente, pois compete-lhe vigiar pela fiel execução

das respectivas posturas, promulgadas por iniciativa sua e das quaes e, portanto, o primeiro e mais
autorizado interpreto.
Invoca a Secretaria de Estado o art. 88 da Lei orgânica das Câmaras Municipaes, assim como os
arts. 2°,§ 1», da de n . 2033 de 20 de setembro de 1871 e 45 do Regulamento n . 4824 do 22 de
novembro do mesmo anno, que estabelecem a competência o a fórmula dos processos para j u l g a -
mento das infracções de posturas, privativo dos juizes do paz com appellação para os de
direito.
E' o caso de inquirir-se : quidinde? Taos competência e processo nüo são objecto de duvida.
Quo as Câmaras Municipaes não podem e m b a r a ç i r a acção do Podor Judiciário, depois de provo-
cada pela exhibição do auto de infracção, e menos nullirtcar o o Efeito de suas decisões, impedindo
que sejam executadas, nada mais liquido e conforme ao principio dominante na o r g a n i z a ç ã o dos
Poderes Públicos — a sua divisão.
Mas, antes do ajuizado, o auto de infracção conserva-se fora da alçada judicial, é um acto de
ordem administrativa, que pôde ser modificado ou revogado pelo superior hierarcliico de quem o
houver praticado, qual é a Câmara Municipal relativamente aos tiscaos.
A Câmara Municipal, diz-se, não ó senhora das rendas municipaes, e sim mera administra-
bora dos bens do conselho, oncarregada do zelar o patrimônio do município, pelo quo não pode
deixar do promover a arrecadação das mesmas rendas.
Ponderou ià a Secção que a imposição de multa pelo riscai não importa crear verba do receita
municipal, e, sem insistir sobre este ponto, qae ô incontroverso, observará que exactamente por
serem as Câmaras adnrnistradoras cabe-lhes o dever e as;iste-lhes o direito do tomar om conside-
ração as reclamações que lhes pareçam justas contra os actos dos íiscaes.
Comprehende-se, porventura, administrador de bens alheios, responsável pelo seu bom emprego,
mas na impossibilidade de evitar que sej un compromettidos por agentes ou delegados sous ?
Seguramente não ; é, todavia, tal a posição em que collocam as Câmaras Municipaes os que
sustentam que, lavrado o auto de infracção, devem ellas consentir que seja levado a juizo em todo
o caso, embora certas de decahirem e pagarem as custas, em detrimento da renda que incum-
lie-lhes administrar !
Semelhante theoria repugna á razão natural.
A este respeito não têm réplica as reflexões do alludido commentador da Lei de I de o i - o

tubro.
< Acaso, pergunta elle, ha ahi alguma lei, ou pelo menos principio f'indadoem justiça, que
imponha aos administradores ou tutores o dever de intentar demmd.as injustas em nome daquelles
cujos beos administram ou cujos tutores são ? Pelo contrario, que os tutores e curadores n ã o
devem, em nome do pupillo, propor ou defender demandas injustas foi dito na lei 6"», Cod., de
admn. Tutur. vel Curator.y

Soccorrem-se o Presidente da Bahia e a Secretaria de Estado de Aviso; que suffragam a dou-


trina que a Secção combate; mas contra esses Avisos prevalece não só, e principalmente, a Lei
como deve ser entendida, sinão outros Avisos ora sentido contrario.
Assim é que o de 9 de julho de 1842 declara que as multas impostas era conformidade do
art. 28 da Lei de 1» de oitubro de 1828, quando bem fundidas e passdas em julgado, estão com-
prehendidas no art. 52 da lei o não polem ser quitadas pelos vereadores, om prejuízo do seu legal
destino, o que, todavia, não inhibe os dilos vereadores de poderem reformaUas, quando forem

procedentes as razões com que os multados se justifiquem da falta de comparencia.

O destino legal destas multas são as obras do conselho, é a receita municipal, e, no emtanto,
reconh ce o Governo estar a Câmara no seu direito dispensando a sua arrecadação, quando'
persuadir-se de não haver motivo para impol-ns.
E ' hypjthese idêntica à do presente recurso.
Assim o também que o Aviso do 15 de agosto de 1831 expressamente dispõe, no n . 4, que a
multa somente pôle considerar-se coimi ou divida do cmvelho depois <h avtoada c devúlamtntc
27

julgada a infracção da postura, antes do que—è um acto meramente administrativo, e, como tal,
pôde a Câmara revogal-a.

Esta 6, Senhora, no conceito da Secçãoa oxacta intelligencia da lei, a única aceitarei e con-
sentano.x com as attribuições, a roponsabilidade o a dignidade das Câmaras Municipaes.
Seu parecor 6, portanto, que, dando-se provimonto ao recurso da Câmara Municipal da
Hahia, communique-se ao Presidente da província que ficam revogados os Avisos em que se
fundou para deferir o do vereador Francisco Pires de Carvalho, restaurando-se o verdadeiro sen-
tido do art. 52 da Lei do I do oitubro de 1828. o

Vossa Alteza Imperial resolverá como entender nnis acerta-lo.


Saladas conferências da Sec;ão dos Negócios do Império do Conselho de Estado e m l 7 . d e
dezembro do 1887.— A/forno Celso de A*si< Figueiredo.— João Alfredo Corrêa d". Oliceira.—

Jusc Bento da Cunha c Figueiredo.

R E S O L U Ç Ã O . — Como parece.— Paço em -'ü de fevereiro de 1388.— PKINCEZA IMPERIAL R E -

IÍKNTE.— Bardo de Colegipc.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Directoria.— Rio de Janeiro em 2 de março de 1888.


I l h n . e E x m . Sr.— Respondo ao Aviso de 28 de oitubro ultimo, no qual V . E x . , transmittin-
do-me um oíficio da Inspectoria Geral da Illuminação Publica da Corte, pede a opinião deste Minis-
tério sobre o ponto do mesmo oflicio em que se contesta á l l l m a ; Câmara .Municipal o direito de aferir
os medidores de gaz, e perceber os respectivos emolumentos, por ser tal aferição da competência
da mencionada Inspectoria, devendo os emolumentos fuzor parte da renda do Estado.
Sobre esteassumpto dirigiu-me também a Illma. Câmara o officio que V. Ex. encontrará inclu-
so por cópia.
E' fora de duvida que a aferição dos medidores de gaz deve ser feita pela Inspectoria Geral da
Illuminação e que a Câmara Municipal não tem meios de realizal-a como offectua a dos pesos e
medidas pelos padrões que tem, visto ser um serviço technicoc especial, dependente de apparelhos e
instrumentos que só a Inspectoria possue.
A questão não se resolve, outrosim, polo disposto na Lei do I de oitubro de 1828, a qual não o

podia cogitar da hypothese; além de que a aferição dos medidores de gaz c cousa diversa dados
pesos e medidos a que aquella I«i se refere.
Mas, por outro lado, a Câmara sempre cobrou uni imposto sobre os medidores—sem veriflcal-os,
o esto imposto, incluiio nos seus orçamento.» npprovados pelo Governo, tem força de l e i ; e, por-
tanto, n ã o pôde o mesmo Governo, por delfrcração própria, applical-o á receita geral do Estado.
O meio rie conciliar as observações da Inspectoria Geral e da Câmara é, a meu ver, o seguinte:
A aferição continuará a ser feita p i l a Inspoctoria, a qual ou fará a conveniente participação à
I l l m a . Câmara, afim de que esta mando marcar os medidore? aferidos, poado-se o sou c a n i n l o ao
lado do da Inspectoria, e tomar as neceísarias notas p a r i fiscalização d i percepção do imposto; ou
ficará autorizada pela Câmara paia carimbar os medidores.
Com a relação dos medidores assim verificados, fará a Inspectoria entrega da importância cobra,
da á thesouraria da Câmara, mediante guia cm duplicata, da qual uma das vias será archivada na
Inspectoria.
No caso de aceitar esso Ministério o alvitre que suggiro, convém que seja ouvida a Illma. Câmara
para que declaro si concorda.
Devolvo a V. E s . , conforme pediu, o oilicio da Insp3ctori.i Geral da Illuminação, que acompa-
nhou o seu citado Aviso.
Deus Guarde a V . E x . — Barãode Cotegipe.— A . S. E x . o S r . Ministro e Secretario do Estado
dosNegcdos da Agricultura, Commercioe Obras Publicas.
28

Ministério dos Negócios do I m p é r i o . - 1» D i r e c i o n a . - Rio de Janeiro em 7 do março do 1888.

l l l m e E x m . S r . - E m resposta ao orTleio n. 7 do 30do janeiro ultimo, declaro a V. E x . ,


para os d o i d o s offeitos, que, á vista dos Avisos deste Ministério de 22 de julho de 1880 e 4 do
abril do 1887, pôde exercer o emprego do procurador da Câmara Municipal do Poconé o cidadão
Joaquim José Pereira Mendes, que é irmão do vereador presidente, uma vez que nos termos do
art. 80 da Lei do 1» de oitubro de 1828 esteji afiançado, ou pela própria Câmara debaixo de sua
responsabilidade, ou por flador Idôneo.
A esse empregado, embora de ordem administrativa, não tem justa applicição o Aviso do M i -
nistério da Fazenda de 8 de jvneiro de 1877, em que baseou-se essa Presidência para proferir
opposta decisão, visto que, pela doutrina nelle consagrada, refere-se tal Aviso a empregados do no-
meação do Governo, e especialmente aos de repartições de Fazenda.

Deus Guardo a V . Ex.— Bardode CotcgijiC— Sr. 1'ivsidenU' da província de Matlo Grosso.

Ministério dos Negócios do Império.— I Directoria.— Ltio dj J.uioiro em 7 de março de 1888.


1

A Sua Alteza a Princeza Imperial Regonte, era Nome do Imperador, foi presente o offlcio
de 17 de dezembro ultimo, com que a Illma. Câmara Municipal, trazendo ao conhecimento do
Governo a deliberação, que tomou, de abrir concurrencia para a ronovação do arrendimento da
P r a ç a do Mercado da Candelária e chalets annexos, denominados das Marinlus, cujo con-
tracto terminara a 30 de junho do anno passado, sujeitou á consideração deste Ministério as
propostas apresentadas dentro do prazo da concurrencia e a respeito das quaes entendou acertado
conformar-se com o parecer de suas commissões reuuilas de justiça e fazenda.
E a mesma Sereníssima Senhora Manda declarar à I l l m a . Câmara que. estando o Governo
resolvido a não approvar contracto algum de arrendamento geral daquelles immoveis, não
pode ser aceita nenhuma deis alludidas propost i s ; convindo notar que a do Pedro Leandro
Lamberti, julgada preferível pela I l l m a . Câmara, tem por fim o pagamento da divida de
1.043:493$607, que ainda não foi contemplada no seu passivo nem reconhecida por acto algum
anterior da, Câmara e a respeito da qual, segundo pareceres de diversos advogados, não se acham
esgotados para a municipalidade os recursos legaes.
A rescisão do arrendamento da Praça do Mercado da Candelária tem acarretado numerosas
questões judiciaes, com gravame do pequeno coramercio e prejuízo das rendas da I l l m a . Gamara,
que só agora, oito mezes depois de findo o prazo do contracto, pôde entrar no gozo da P r a ç a
por trinsacção e accôrdo com a empreza a r r e n d a t á r i a .
Si a todas essas questões deu origem a alludida rescisão, que não pôde ter o desejado effeito,
subsistem, comtudo, as razões de utilidade publica em que se fundou o acto do Governo.
Solicitando aquella medida em offlcio de 19 de agosto de 1878, a Câmara baseou-se no pa-
recer da suacommissão de obras, a qual fez as seguintes pon terações:
« Entre os bens municipaes distinguem-se os próprios de seus patrimônios e os do uso commum
de seus moradores, e estes, desle tempos immemoriaes, são cercados das maiores garantias.
< Os mercidos muaicipaes foram positiva e especialmente creados para comraodo do povo.
Foram destinados aos mercadores pobres, o para que, por meio de. peauena raercaticw, se pudesse
prover de monumentos salutares e gêneros de p r i m e i n necessidade e a preço mais coinmodo a
população, tendo especialmente por fundamento o afastamento do monopólio e a ' f a a í l i d á d e do
acquisição do que mais é necessário à alimentação do pbvò. E' o quo ge deduz do art. 68, § ir), da
29

Lei do I de oitubro de 1828, que tem a sua fonte om todas as leis anteriores, desde as antigas
o

leis portuguesas, as quaes todas c o n s i g n a i ossa salutar doutrina.


« E' claro, pois, que, si as C i nans Muaicipaes, pir qualquu' pretexto quo seja, transformam
os mercados públicos em praça» d icommircio g e n l d^ merca loriis de t w l i gênero, e si, ainda
mais, dando ensanclns á ganância, proeedem de mo lo a autorisir a exigência de immodlcos preços
de alugueis dis divisões dos mes nos mercvlos, concorrendo assim o direitamente p i r a converter
o logradouro pablico em camoo de comnerei) interesseiro e om objecto de manifesta sordidez
mercantil, tendo como infdlivol conseqüência o uccrescimo de proçosdos gêneros de primeira
necessidade, ditfleuldale de obtel-ose substit.ii;:!) da pequem msrcincia pelo grande co-murcio,
faltam a seus deverei, descuram dos v e r i a leiros e legitimas interesses di seus municipes e
transgridom positivamente os preceitos legaes.»
E concluía o parecer: « E' as ida occasião para energicamente se providenciar para que cesse o
escândalo, seja victoriosaa lei c á Illma Camirase rnstitua o uso livre de sua propriedade muni-
cipal e ao povo seja restituido o seu logradouro, que a alta jnercancia podo converter em praça de
avultado lucro >.
Também o Ministério do Império, recommendando por Portaria de 5 de fevereiro de 1883 ã Illma.
Câmara que propuzesse a competente acção de despojo contra a empreza arrendatária, declarou ser
esse o procedimento judicial que elladevia intentar, afim de que, empossada da Praç-i ('o Mercado
pudesse alugar as respectivas bancas, sobrados o mais logares á pequena mercancia a que são des-
tinados, sem a interposição de terceiros interessados, cujos lucros, dependendo dos alugueis que es-
tipulam com o? sub-inquilinos, sabem afinal do preço dos gêneros, em geral de primeira necessi-
dade, de que o publico vai a l l i abastecer-se.
Contra estas razões não são admissíveis a de diminuição de renda ( o que aliás não está verifi-
cado ) nem a de difflculda les inherentes á gestão directa da Câmara, e menos a de patr 'nato ou qual-
quer outra que possa alTectar a moralidade da administração municipal, como receiam as com-
missões reunidas.
Cumpre, p< is, que Illma. Câmara Municipal, entrando na posse da P r a ç a do Mercado, conforme
lhe faculta o accordo celebrado com a emprezi a r r e n d a t á r i a e approvado por Portaria desta data,
organize e subraetta com urgência à npprovação do Governo o regulamento necessário para o ser-
viço daquelle próprio municipal e dos chalets annexos, d? modo a concentrar a sua administração e
fiscalização, que não podem ser in listiuctaments exercidas por todos os vereadores ; bem assim que
apresente o calculo da rec3lta e despedi dos referidos immoveis, afim de ser opportunamente i n -
cluído no respectivo orçamento. — Barão de Cotegipe.

Ministério dos Negócios do Império.— 1* Directoria.— Rio de Janeiro em 20 dé março d« 1888.

l l l m . e E x m . Sr.— Em observância da imperial Resolução de .7 do corrente mez, exarada na


Consulta, junta por cópia, da Secção dos Nngoeios do império do Conselho de Estad>, recommendo a
V. E x . a expedição de ordem para que se proceda a nova eleição de vereadores e juizes de paz
na parochia de Nossa Senhora do Bom Conselho, única do município do mesmo nome, visto que,
constando dos papeis remettidos por essa Presid. nci-i que alli se fizeram no dia i° de julho de
1886 duas eleições para os referidos cargos, e nenhuma reclamação foi apresentada no prazo da
lei ao juiz de direito da comarca contra a validade de uma ou de outra, não é possível, por feita
de julgamento do poder competente, saber-se quàes os cidadãos legitimamente eleitos ; e não devó.
attendéndo-se ao regimen da lei, prevalecer por todo o tempo dò actual quatriennio d actò pro-
visório dessa Presidência ém virtude do qual entraram novamente, em exercício os vereadores ò
juizes de paz eleitos pára o anterioT qiuitrtónniò.
Ficam assim respondidos os oillcios ns. 83, 100 o 118 do 23 d i abr.l, G de maio o 13 do junho
do anuo passado, aosquaos acompanharam os documentos originaes que ora devolvo, conforme oss»
Presidência pediu.
Deus Guarde a Y . Ex.- Josr Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidonte da provín-
cia da Bahia.

Coiiaultn o que so r e f e r e o Avião s u p r a

Senhora.— Por Aviso do competente Ministério, cm data de 2ò de agosto ultimo, Houve Yoisa
Alteza Imperial por bem Ordenar que a Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado con-
sultasse com seu parecer sobre o seguinte acto do governo provincial da Bahia:
« O Conselheiro Presidente da província, a quem foram presentes os papeis relativos à eleição
de vereadores c juizes de paz a que sc procedeu em l de julho ultimo na parochia de Nossa Se-
u

nhora do Rom Consciho, única do município do mesmo nome, attendendo a que no dia 7 de janeiro
do corrente anno apresentaram-se duas turmas de vereadores e juizes de paz, cada uma dellas pro-
cedente de eleições differentes, feitas no mesmo dia, segundo consta das respectivas actas;
Attendendo a que os vereadores de ambas as turmas elegeram os seus presidentes e vice-presi-
dentes e constituiram-so em Câmaras Municipaes, ficando uma presidida por Isaias Dias da Silva e
outra por João Nolasco de Carvalho ;
Attendendo a que, dsutro do prazo de 30 dias estabeleiido no § 1" do avt. 210 do Regulamento
que baixou com o Decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881, não houve reclamação contra as a l l u d i -
das eleições; pelo que produzem ellas todas seus"eíleitos, quaesquer que sejam os vicios tu i r r e -
gularidades que nas mesmas existam, conforme declaram os Avisos de S de novembro de 1882,
n . 1 de 4 de janeiro e n. 26 de 7 de março de 1883, e n. 78 de 24 de dezembro de 1885 ;
E attendendo, finalmente, a que não compete á Presidência da província conhecer da regula-
ridade de qualquer das ditas eleições, e nem è possível que continuem a funcaionar duas Câmaras
no mesmo município:
Resolve, em face da doutrina do art. 231 do citado Regulamento, que sejam chamados a entrar
era exercício os vereadores e juizes de paz do quatriennio findo do município da v i l i a do Bom Con-
selho, ate que o contrario seja resolvido pelo Governo Imperial, a cujj conhecimento é snbmettido
o acto desta Presidência.
Palácio da Presidência da Bahia, 23 de abril de 1880. — Joio Capistrano Bandeira de Mello. *

Dos documentos examinados pela Secção transiuz a nullidade do ambas as eleições.


Denuncia-se de um lado — que a mesa c o m p i t a dos membros designados por lei, todos da
mesma parcialidade política, evitou em trabalhos clandestinos c simulados a presença e votação
dos eleitores contrários; de outro lado —que estes, em maioria, formaram irregularmente segunda
mesa, cuja presidência attribuiram a um juiz de paz que figura na primeira o contesta positiva e
reiteradamonte o seu comparecimento na assembléa eleitoral dos adversários.
Parece que de ambas as partes houve o mesmo plano de sorpreza para se disputarem, no dia
da posse, os logares de vereadores e juizes de paz por meio de eleições contra as quaes, não tendo
havido reclamação em tempo, não podia mais ser proferida a decisão do poder competente.
Nestas circumstancias, manifestada a collisão de duas Câmaras Municipaes e de duas turmas de
juizes de paz, o Presidente da província recorreu, por analogismo, ã disposição do a r t . 231 do Regu-
lamento de 13 de agosto do 1881, que manda os vereadores e juizes de paz do quatrienuio servirem
«emquanto os noves eleitos não forem empossados, o bom assim quando, por qualquer motivo, deixar
do funecionar a Câmara Municipal e for absolutamente impossível a sua reunião, apezar da dis-
posição do art. 225 », que determina a enamada dos supplenfrs.
31

A providencia tomada pelo Presidente da Bahia ó de eiuvicter provUorio, e, para nífo se


tornar definitiva, implicando absurdo, requer outra quo decida o conflicto.
Qual deva se:- a solução torminanto que inutilize o novo moio do viciar eleições municipaes e
deprorogar circos oloctivos coutra a lei o a vontade d.i maioria dos eleitores, ó questão opina-
tiva, quesa t u d o rasilver pelo mod) que unis se adipte ao espirito e ao systema da lei eleitoral.
Lembram dous meios: o proceseso criminal contra os indivíduos que llzoram as duas eleições»
ou ordem immediata do Governo para se proceder a outra.
A maioria da Secção entende qu9 pode ser empregado o primeiro, que o Conselheiro de Estado
Affonso Celso prefere, por mais conforme ao elemento systenutico da lei no que diz respeito ã com-
petência do Poder Judicial para * conhecer da valid ule ou nullidade não só da eleição de vereadores
ejuizes de paz, mas também da apuração dos votos, decidindo todas us questões concernentes a este*

assumptos ».

Por esta razão, e por mais um argumento an ilógico deduzido do Decreto n. 3122 de 7 de o i -
tubro de 1882, art. I , § 2 1 , com referencia a abusos no alistamento de eleitores, póde-se admittir
o

que no caso vertente se minde a v e r i g m r os factos punivois o promovera accusoção dos seus
autores. A sentença final indicará qual das duas eleições deve ser reconhecida como boa, ou sj
ambas devem ser consideradas criminosas e nullas, caso em que haverá razão do origem com-
petente para se proceder a nova eleição.
O relator, porem, sem rejeitar este meio, que elle próprio suggeriu em conferência da Secção,
entende que o Governo também pôde — e é o que mais convém — recorrer desde j á ao eleitorado,
para que este, como o juiz de maior o mais natural competência, resolva a questão, que especial-
mente lho interessa e pertence.
Esta providencia justifica-se pelas circumstaucias excepcioaacs que a lei não previu. No
caso, muito difTerente, do art. I , § 21, do Decreto de 1882, ha uma sentença definitiva —
o

contra diroito ou baseada em documentos falsos—, e naturalmente os seus eíTeitos só deviam


ser destruídos por outra sentença. No caso presente, não se contraria nem se desfaz qual-
quer acto do Poder J u d i e i i l ; mas suppre-se a acção que elle não teve nem pode mais ter,
com o fim moralisador de tornar effectivas a liberdade do voto o a intervenção nos n e g ó -
cios loeaes que a Constituição reconhece o garante ars cidadãos.
A indicada solução não se funda, é certo, em disposição de lei, mas é evidentemente
legitima e racional. Em verdade, actos que se confridizem, e mutuamente se annullam, por-
que não h i autoridade que legalmente os possa julgar, nem è possível que se lhes admitta
simultânea e duplicada eflectividade, são como sé não existissem. Esta é a condição das duas
eleições do município de Bom Conselho, condição impossível de ser mantida sem o l e n s i de
direitos politicos, de conveniências publicas e administrativas, e também da lei que fixa em
quatro annos a duração das funcções dos vereadores c juizes de p i z , agora prorogada por
tal motivo naquelle município.
Nesta conjunetura deve ser preferido, eutre remédios igualmente extra-legaes. que a boa exe-
cução das leis o o serviço publico necessitem, aquelle que melhores e m iis seguros effeitos possa ter.
Supponha-se, o é muito provável, attentas as difliculdades dc um processo que envolve
interesses o paixões de dous partidos e se aílronta com o sen poder collectivo; supponha-se
que o promotor publico decao na acção intentada contra os autores das duas eleições: a
conseqüência será, por inutilidade do meio empreg.idi, qae fiqu;m prorogadas definitivamente
por todo o quntriennio corrente as funcções dos vereadores e juizes de paz do quatriennio
anterior. Vingará assim o plano quo convém inutilizar e reprimir. E este resultado impor-
t a r á , em snmma, a a n n u l l a ç ã o de facto das ditas eleições, quo tanto vale —note-se bem —
o acto provisório do Presidente da provincia, pelo qual j á se acham ellas suspensas e inuti-
lizadas, por tempo indefinido.
Pela mesma lógica com quo se admitte essa annullação provisória, chega-se, com maioria
de r a z ã o , ao meio expedito e certo que inutiliza o abuso, corta o mào exemplo, salvaguardi
direitos, mantém a lei e dá satisfação á maioria do município, nrtitlciosamente privada de
eleger novos vereadores e juizes de paz.
O Conselheiro José Bento da Cunha e Figueiredo deu o s-guiiite voto:
O art. 210, § I , do Decreto n. 82U de 13 do agosto de 1830, explicado pelos Avisos
o

n . 1 de 4 de janeiio, n. 26 de 7 do março de 188:* e n. 78 de 24 de dezembro de 1885,


terminantemc-nte dispõe: que o j u i z de direito da coimrca continui «i ser o funccionario com-
petente para conhecer da vlidade ou nullidade, não só da eleição de verjad^res e do juizes
de paz, mas também da apuração de vot is, decidindo todas as questões concernentes a estes

assu-nptos, mediante recl.mação, apresentada no espaço do trinta dias, contados da apuração


dos votos (§ 1°); e não havendo n-clamação, as eleições produzem todos os seus eneitos,
quaesquer que sejam os vícios ou irregularidades que nas mesmas existam.
Duas eleições de vereadores o juzes de paz tiveiam logar na mi-sina comarca, das quaes
resultaram duplicatas de Canuras e de juzes de paz, reprosent >dos por candidatos diversos,
não tendo haeido reclamação alguma, pois que as ditas eleições forain feitas clandestinamente.
Taes eleições são visivelmente nullas e fraudulentas; no entretanto, os e.eitos preteudem
funecionar simultaneamente!! Quid faeiendum?

0 Presidente da província, tomando conhecimento do facto, entendeu que, em presença da


interdicçâo /cju/, isto é, de não poder elle aiinulur, nem tomar parte jurisdiceionai e decisiva
no-; actos cie', toroe*, devia prevak-cei-se do art. qii3 diz: « us vereadores o juizes de paz
do quatrieunio anterior são obrigados a servir cm juanto os novos eLütos não forem empossados, e
bem assim quando, por qualquer motivo, deixar de funecionar a Câmara Municipal e fõr abso-

lutamente impossível a sua reunião apezar da disposi^o do art. 2-i'J. »


Que, com eileito, não é possível a reunião simultânea de duas Câmaras na mesma comarca,
o de duas edições de juizes de paz em cuia distrL-to, ninguém duvidará. Logo, bem obrou o
Presidenlü em resolver, como resolveu, í.-.andando pór em execução a disposição do artigo
supracitado, que, sem contradicção, é o que mais em relação se acha com o caso sujeito,
ficando assim suspensos a posse e o exercício dos novos ck-itos, emquanto o Governo Imperial,
a quem •> P:i;side;ite submetteu o seu acto, resolva como entender em sua sibcdoria.
Eis um casa de força maior proveniente de uni cas^ de fraude maior, não cogitado e pre-
visto pela lei no processo eleitoral, e qu.i merece ser resolvido polo Poder Legislativo, antes
de cuja solução ou providencia me parece não se dever promover, como muito convém, a
lesponsabilidade dos quj tiverem fraudulentamente concorrido para a nullidade das eleiçõ.-s.
E nesse sentido já tive a honra de opinar e:n outra consulta soiire espécie quasi s e m d h m t e .
Mas Vossa A l t c z i Imperial, tomando o n consideração o illustrada parecer da maioria da
Secção, ordenará o que melhor julgar de razão.

Sala d. s conferências da Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado cm 12 de


novembro de li>87.— Jo-io Aifrcdo Crrc-x ./,: Oliveira.— Affonso c.eho dc Assis Figueiredo.— Josv

Bento da Cunha c Figueiredo.

RESOLUÇÃO.— Como pároco ao Relator, para que se proceda a nova eleição.— Paço em 7 d-
março de 18S6.—PRINCEZA I M P E R I A L R K O K X T E . — Barão de Cotcyipe.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» D i r e c t o r i a . - Rio de Janeiro cm 24 de março de 1888.

I l l m . e E x m . S r . — A essa Presidência participou a Gamara Municipal da villa d e S a n f A n n a


do Parn i .yba .,ue. não podendo eel.-br.ir su, s-.,slo ordinária de 7 a 13 d.» oitubro .lo anuo passado,
por falia do nu.n ro 1 -gal de vereadores, convocara, tendo cai vista a rege. estabelecida no Aviso
do Ministério do I.nperio n. 3 de U de janeiro de 188ó. os d..u.s immediatos votados no segundo
escrutínio, por se achar ausente o único votado no primeiro.
33

Trazendo este facto ao conhecimento do Governo em officio n. 9 de 21 de janeiro ultimo,


Informa V. Ex. que approvara o procedimento da referida Câmara, por julgal-o conforme à disposição
do art. 229 do Regulamento de 13 de agosto de 1881 e ao mencionado Aviso, chamando, todavia
a sua attenção para o disposto no a r t . 228 do mesmo Regulamento, aflm de evitar-se, pela salutar
providencia nelle contida, o esquecimonto de deveres por parte dos vereadores.
Em resposta declaro a V. E x . que, embora a 2» parte do citado art. 229, o qual reproduziu a
disposição do art. 22, § 4°, da Lei n. 3029 de 9 de janeiro de 1881, só façi referencia aos immediatos do
primeiro escrutínio, a decisão do V. E x . consulta o espirito da lei, porque a providencia do art. 231
do Regulamento deve, pela sua natureza, ser applicada unicamente aos casos oxtraordinarios em
quo não possa a Câmara funccionar com os vereadores e immediatos do quatriennio corrente.

Deus Guarde a V . E x . — José Fernandes da Costa Pereira Júnior.— S r . Presidente da provincia


de Matto Grosso.

Ministério dos Negócios do Império. — 1» Directoria.— Rio de Janeiro em 26 de março de 1888.

l l l m . e E x m . Sr.— Em resposta ao officio n. 29 do 15 do corrente mez, declaro a V. Ex. que


legalmente procedeu a Câmara Municipal de Baependy, permittindo que o immediato de vereador
alferes Tiberio Gracho interviesse nas eleições do presidente e do vice-presidente a l l i feitas em
janeiro ultimo.
A esse immediato, que, em observância do Aviso n. 53 de 17 de junho de 1886, foi juramentado
em substituição do vereador tenente-coronel Joaquim Pereira Alves Madeira, que tem impedimento
permanente, nos termos do art. 23 da Lei do I de oitubro de 1828, por ser cunhadode outro vereador
o

em exercício, assiste o direito de intervirem tod<s os actos da Câmara, desde que, na conformidade
do Aviso de 31 de março de 1887, elles se realizam nas sessões posteriores á de posse dos vereadores
effectivos.
Attentando-se para os fundamentos do Aviso de 1886 acima citado, constantes do parecer
annexo da Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado, vê-se que ao exercício desse imme-
diato não se pode applicar a doutrina dos Avisos de 19 de fevereiro de 1884e 15 de setembro d9 1885,
em que se basêa a duvida acerca da legalidade de sua interferência nas referidas eleições, porque
o mesmo immediato não foi juramentado para formar maioria simplesmente, mas para completar a
representação do município, que na hypothese vertente, ficaria desfalcada durante todo o quatriennio
pelo impedimento permanente de um vereador, espécie de que não cogitou o legislador quando
estatuiu a disposição do art. 22, § 4», da Lei n. 3029 de 9 dé janeiro de 1881.

Deus Guarde a V . Ex.— José Fernandes da Costa Pereira Júnior— Sr. Presidente da provincia
de Minas Geraes.

Ministério dos Negócios do Império.— 1* Directoria.— Rio de Janeiro em 12 de abril de 1888.

l l l m . e E x m . Sr.— Mereceu a approvação do Governo o acto pelo q u \ l , resolvendo uma


consulta do presidente da Câmara Municipal da cidade de Ignatú, declarou-lhe essa Presidência
que, na falta de immediatos votados no I escrutínio da eleição de vereadores, podiam, para per-
o

fazerem a maioria dos membros da Câmara, ser chamados os immediatos do 2 escrutínio. o

5
34

Esta decisão consulta o espirito da Lei n. 3023 de 9 de janeiro de 1881, art. 22, §4», segundo
a doutrina do Aviso de 24 do mez próximo passado, que resolveu no mesmo sentido igual questão,
suscitada pela Câmara Municipal da v i l l a de SanfAnna do Parnahyba, na província de Matto
Grosso.
Fica assim respondido o officio n . 840 de 14 do referido mez.
Deus Guarde a V. Ex.— José Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidente da pro-
víncia do Ceará.

Sua Alteza a Princeza Imperial Regente, em Nome do Imperador, Ha por bem Determinar, em
observância dos arts. 172 e 173 do Decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881 :
Que a junta apuradora da eleição feita a 19 do corrente m.9z no 1° districto eleitoral do muni-
cípio da Corte seja presidida pelo juiz de direito Serafim Moniz Barreto, que ô o primeiro na ordem
de antigüidade dos juizes de direito desta cidade;
Que, na sua falta ou impedimento, seja o referido juiz substituído pelos outros juizes de direuo
abaixo mencionados, também segundo a ordem de antigüidade :
1. » Justiniano Baptista Madureira.
2. ° Antônio Augusto Ribeiro de Almeida.
3. ° Ernesto Júlio Bandeira de Mello.
4. * Domingos José Nogueira Jaguaribe.
5. ° Luiz Hollanda Cavalcanti de Albuquerque.
6. » Manoel Martins Torres.
7. * Honorio Teixeira Coimbra.
8. ° Antônio Rodrigues Monteiro de Azevedo.
9. " Antônio Joaquim de Macedo Soares.
Que a dita junta se reuna no edifício do Conservatório de Musica, que tem sido designado para
idêntico fim.

Palácio do Rio de Janeiro em 20 de abril de 1888. — José Fernandes da Costa Pereira Júnior.

Ministério dos Negócios do Império.—1» Directoria— Rio de Janeiro em 30 de abril de 1888.

l l l m . e E x m . Sr.— Transmittiu-me o Ministério dos Negócios da Justiça, afim de resolver sobre


o assumpto, o officio dessa Presidência datado de 3 de fevereiro ultimo e papeis que o acompanharam,
relativos á decisão dada pelojuiz de direito da comarca da Limeira à seguinte consulta, que lhe d i -
rigiu o escrivão José Joaquim de Oliveira :
Si é isenta de sello e paga só meias custas a justificação requerida por terceiro, tendo por
fim impugnar o alistamento de cidadão cuja renda foi provada por sentença proferida em processo
summario, nos termos do art. 14 do Decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881.
Respondeu aquelle magistrado em sentido negativo,ponderando que fora o intuito do legislador,
quando estabeleceu o processo summario de prova de renda, facilitar aos cidadãos a respectiva i n -
clusão no alistamento eleitoral,sendo que à justificação requerida para fim opposto, por ser contraria
aquelle intuito, n ã o se podiam applicar os favores da l e i .
35

O Governo approva esta decisão por seu fundamento, mas com a seguinte resalva:
Quem promove uma justificação para inutilisar a prova de renda legal julgada no referido pro-
cesso summario, só pode obter sentença mediante o recurso estabelecido no art. 14, § 3°, do citado
Decreto n. 8213. Os termos do processo deste recurso, por se comprehenderem na disposição do art 1°,
§ 20, do Decreto Legislativo n. 3122 de 7 de outubro de 1882, pagam as custas pela metade e são
isentos de sello; nüo assim os justificações e certidões dadas ou obtidas alimde e que o interessado
junta como documentos poro fundamentar o seu recurso. Taes justificações e certidões, pelo fim a
que se destinam na espécie controvertida, estão sujeitas ao pagamento do sello e de custas in-
tegraes.
O que declaro a V. Ex., para o fazer constar ao dito magistrado, devolvendo, conforme V. Ex.
pediu, os papeis remettidos com', o officio a que respondo.

Deus Guarde a V. Ex.— José Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidente da provincia
de S. Paulo.
tyaini ias ias B31
1 ie maio ie II
até 35 ie ateil ie
Quadro das naturalizações concedidas pelo Governo desde 1 de maio de 1887 até 30 dc abril de 1888

FILHOS

NOMES DITA DA CARTA DATA DO JURAMEXTO

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Antônio Felix do Souza Portugal. 23 de maio de 1SS7.


J o ã o K r a n k l i n d a Silva CJrte.
Catholica Solteiro. Empregado das ca
p â t a z i a s d a AJfan 3 de junho de 1SS7.
«lega
'Joaquim R o d r i g u e
E m p r e p a d o nas 11 de julho
4 J o s é M a r i a Lo;>esdos Reis
Casado.,
Obras P u b l i c a s . 2 de junho
5 J o s é Mendes Comuierciante..
O M a n o e l Mendes M o u r ã o M a i a 19 da julho
7 Catholica... Solteiro. Marítimo
Antônio M a r t i n s . . . . . Catholica. Brazil.. 1S de junho
S A n t ô n i o Joaquim V i e i r a C a r d o s o . . . Casado.. A bordo 20
9 J o s é L u i z d a S i l v a Cândido Lavrador Minas G e r a e s .
10 Manoel Dias M o r e i r a
11 José Luiz Villomsens Proprietário.... 31 de maio
Belga Viuvo. Artista Cdrle.
18 Pedro V i c t o r T o r r e s 0 do junho 10 de seteatbro
França..
13 F r a n c i s c o A n t ô n i o X a v i e r P i n h e i r o . 8 de junho
U Portugal. Commerciante...
M a n o e l Ignacio F e r r e i r a 1*
15 J o s é Joaquim Casado. Artista 13
1.5 Ângelo F r i e l l i . . . . . . . Trabalhador Catholica. 'ortugal.
Itália Brasil.... 11 15
17 Engene Hellot Commerciante... Minas Geraes. 14 »
13 Joaquina R i t a de Mesquita S e r e n o . . Franca... Solteiro.. Pharmaceutico.. Corto 17 »
19 Portugal., Viuva.... Capitalista
Antônio Manoel de Menezes Brazil. 22
£0 Manoel A n t ô n i o de Menezes Protestante.. Casado.. Proprietário 31 Protestante..
81 Ruflno A n t ô n i o de Menezes Solteiro..
28 Charles L c c h a r d Proprietário....! 21
83 A l b e r t o Á l v a r o d e L i m a B a r b o s a . . . . França... Catholica.., Brazil.... 13
C a s a d o . . Cozinheiro Catholica... 20
Si Portugal. Solteiro.. Commerciante...
J o ã o J o s é Pereira de C a m p o s . . . . . . . Brazil.... 13 de j u l h o
83 Casado.. Catholica.. 23 de j u n h o
83 [ J o ã o F r a n c i s c o A l v e s . . . . . . . . . . . . . . . Artista Portugal.
J o ã o Joaquim Ghrysostomo »
2; J o s é M a r i a Batalha
Brazil.... li :
23 J o s é de Carvalho Gomes 21
83 M a n o e l da Caridado R e i s Solteiro.. Militar do j u l h o
Ile.ípanha... 23
30 Pedro Spinelli Commerciante...
Itália
31 A n t ô n i o Teixeira .Vives
Portugal...
32 Custodio de B a r r o s e S i l v a
33 M a n o e l Joaquim Nogueira Catholica.... Casado.. Commerciante. Catholica. Brazil....
» de julho
31 Antônio Rebello da Cunha . Minas Geraes. » 1 de agosto
33 [ J o ã o Baptista d a Fonseca » ».........'
33 J o ã o J o r g e Liebort • Brazil""
Allcoianha... Catholica.
37 Braz Massulo Artista
Itália Solteiro.. Industrial..,
33 A n t ô n i o Baptista F e r r e i r a .
39 IJoaquim G o n ç a l v e s Molles Portugal Enfermeiro.
< Corte.
40 Em'fio J ú l i o E d u a r d o E i s l e r Chacarciro..
41 ^Isiac C h a c r o n AIle:nanha... Casado... Artista
42 Josephe Bensimel Hespanha.... Israelita Mascate Marrocos <
Israelita..
2 de M a r r o c o s e 3 de
3
43 Armand Lindheimer Portugal 2
44 França...... Solteiro.. Guarda-livros.
E l i a s A n t ô n i o Oerasso 123
45 Itália Catholica.... Militar
Pcter I o r e -•
Gran-Brcta
nha. 4 de agosto 6
40 Protottante. C a s a d o . . . •Marítimo Protestante. Gran-Bretanha.
Joaquim F e r r e i r a M a i a Portugal... . Catholica.... bordo 18
47 Bernardo J o s é de Souza Bast.is. Artista , 'ôrte Catholica... Brazil
43 J o ã o A d ã o Wiliencckor Minas G e r a e s . . . .
49 Ailemanha...,
Braz Caetino ., Pedro d o S u l .
00 Itália
. J o ã o Jacob A l b r c c h t
51 Prússia
J ú l i o Hagueuauer 11
52 França Israelita.. Solteiro.
Domingos Salituro Commercianto... ôrte ,
53 Itália Catholica..
Monoel J o s é V i e i r a P i r e s Caixeiro
54 Portugal Casado.. Pharmacejtico... Brazil. 6 de setembro
Manoel P e r e i r a da S i l v a Minas Geraos. Catholica... 25
Luiz J o s é Alves Marítimo CJrte
Empregado n a E s -
t r a d a de F e r r o » » 27 de a g o s t o
55 A l b e r t o V a z de Oliveira D . Pedro I I . . . M i n a s Geraes. 5 de setembro
57 Antônio Rodrigues Moreira Solteiro. Commerciante... 1 de setembro
53 Antônio Alves Barbosa V i u v o . . . Fazendeiro
59 Duarte J o s é Brochado Casado.. Commerciante...
60 Francisco de Freitas Cardoso Artista ,
61 Laurindo Jovanini Commerciante...,
62 Itália
Antônio J o s é Lopes da Guarda Purtugal....
63 13
Bernardo V i e i r a d e S o u z a Artista i>rte
64 Daniel do Couto M a i . i T o r r e s Comaierclinte Catholica.. Brazil...
Minas Geraes.
65 Francisco J o s é Antônio de Barros.
63 Manoel J o s é M a r l i Pereira Lavrador
67 F r a n c i s c o Solano M o l i a a . Commercütnte... Brazil..
Paraguav Catholica.,
68 Antônio Lopes;do Oliveira , Solteiro.. Militar Corte
Portugal .22
Guarda-livros Minas Geraes.
FILHOS

si:xo ID.UVK KST.IDO

DXlk DA C.VKTA D\T\ DO JUttAUENTO

NOMES raonss.io c O •r. RKLllilÃO NATUI: i L i i u m :

Viúvos
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Antônio José Ferreira Piirtujr.il... Catholica. Viuvo... Artista Corte


j> "a , ":> 'atholica
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i 2 de setoaibro do 1SS7. do setembro de 1SS7.

A n t ô n i o Helte Allemanha.. Casado.. Industrial M i n a s Ger.io<..


Xicoláo S c a r p i Itália Commercianto. » ... ne outubro
%> " i "i*> Jatholica "ü '. iVaVii!!."!!!!!!!!'.'.!.
Francisco A n t ô n i o G o n ç a l v e s . Ilespanha.. Solteiro. Industrial Corte
J o ã o Bento R i b e i r a Portugal... Casado.. Lavrador Minas G e r a c - i . .
i • •. t 1 ... 'nrtiigal
G de outubro 12
Antônio da Silva R i b e i r o Artista Rio d« Janeiro.
o o ... 4 4 ... Urazil

A n t ô n i o Antunes G o n ç a l v e s . . . . Corte , V ... '*3 Catholica "3 Íra/Yl"!!"!.'.


Rernardino tia S i l v a M a i a
Grcgorio .V.idrcs... Ilcspanha. Catholica. Casado.. Artista ,
s» ... 4 - < ...
.**•«* 15
73 Narciso V i e i r a d a S i l v a Portugal.. Mariti'110
70 Re-írjres Badlon França.... S iltci.-o. Commcrciaute.
50 J oio Baplista G onçalvej R e j) u b 1 i ca
O .... 2 Catholici Ir.nil
21
Oriental.... Casado.. S. P e d r o d o S u l .
81 Antônio Ferreira ilc Andrade. Portugal... Minas (icraes . . .
51 J o s é Bernardcs d a S i l v a
83 J o s é F e r r e i r a de Andrade
S» A n t ô n i o Joaquim Pires
S3 J o i o Francisco da S i l v a Empregado na Com
p i n h i a ferro Car- ....
r i l S . C h r i s t o v ã o , Corte . ....
*i " i í do I i r a / i l c í d
S-3 Manoel R o d r i g u e s de F a r i a . . . Solteiro. Artista Portugal
S7 J o s é Joaquim Coelho de B r i t o . Viuvo... Comu.crciaute

SS Jorge Constant no J a v o r s k y . . .
;
Rússia.. Solteiro. Empregado n a P r a ç a
Io Commorcio. ""í •»
....
5 Protestante "0 ü • • «aisVaril.'!!'.'.'.!.
• 21 »
SO V o l í g a n g Erich Wchcr Allemaniia.. Protestante. Viuvo... Cominerciante...
90 Manoel P . m p i l l o n Gon^ales Ilespanha... Catholica.... Solteiro. Trabalhador • • • • . •B r a z i l 31
91 J o s é P e r e i r a Cardoso T h o m p s o n . Portugal... Casado.. G u a r d a das Obras 4 G Catholica
Publicas mt
• • . .Catholica
. . . . . . . . . . . . . . . . . . •... • • . . • • • •B•••.»...••••.>»......
razii 3 dc n o v e m b r o
92 Manoel Alves < Solteiro. Rarbeiro
93 José Pinto Moreira Casado.. Mditar . . . . ....
í í í V. l i d c novembro 15
91
95
Alberto Henrique L u i r L i s k c
A n t ô n i o de P a u l a K e . - . - e i r a . . . . . . .
AlIcMianha.... P r o t e s t a n t e .
Portugal.... Catholica....
Interprete Rio dc Janeiro. •**• . . . . V.'.. ;; ;;;; » w > »

90 Manoel Borges P i r e s Solteiro.


Artista
Cominerciante....
Corte
n 23
14 de dezembro
97 Augusto Alves » Caixeiro , .... .... ....
U< Manoel M a r i a d a M o t t a Coiniucrciantc.... 2 da Á u s t r i a Ilnu
Protestante
93 Jacob G r u n • Áustria Hun. 23 de n o v e a b r o
1 r> ... * g r i a c i do B r a z i l
•• <Ie dezembro
gria Protestante.. Viuvo... 4 Pit'inl"í '\.,
. _ IirazU 3 dc dczenibr^
1 1 fc.HM.^.'. . . . . . . • • ,7 »
100 Henrique V i e i r a dc A z e v e d o . . .
... •
.*.;. .... .... . . . . ..
Portugal Catholica.... Casado.. Artista iirazVl!.'. i> 13
101 Movses Abecasis i Catholica
Ilespanha. Israelita..... Mascate
102 M a n o e l Agostinho V a l l a d a r e s . Portugal.. Catholica.... » Coinmcrcianle.
103 José Flores R e p u b l i c a do
Equador. Solteiro. Dispenseiro d a A r - .... .... 23 " 2< > »,,
Catholica Ilespanha
"i 1SSS. 6 de fevereiro de ÍS^S-
mada N a c i o n a l A bordo
10S Henrique Gomes L o i r a Ilespanha.. Viuvo... Artista Curte . . . . .... .... 7 . .. . . . . 1 do B r a i i l e 0 <
£7 dc j a n e i r o dc
105 J o ã o Alves Teixeira J ú n i o r Catholica 10
Portugal.. Solteiro. Comincrciantc.... Minas Geraes. Portugal
103 Francisco Vieira de Mello J ú n i o r . . . . S de fevereiro 11 »
Casado.. Corte
7 i!e m a r ç o »
10 T
Mcssod Shocron Ilespanha.. .... á i de m a r ç o
Protestante. Solteiro. Mascate.
: 0 *i"... P.razii
-
103 A n t ô n i o Manoel G o n ç a l v e s V i e i r a . . . . Portuza].. "J Catholica 21
Catholica.... » Artista...
103 Clemente de Oliveira R a m o s Casado..
<i 3 *
* 1 4.... Í7 » »
110 Pedro N a n o A l v a r e s J a r d i m 7 de a b r i l »
111 Manoel de B r i t o Viegas
.... . . . . .... Catholica .... . Ür.iíii I de a b r i l
Solteiro. Müitar
112 Antônio Pinto d c M a g a l h ã e s Casado.. \rtista .... .... .... .... .
113 Antônio dc S o m a M a c i e l
111 A n t ô n i o Caetano P c r r y d c O r n c l l a s . . Catholica. 10
Empregado n a E s - i . P.razii
Viuvo...
t r a d a de F e r r o
1 1
1). Pedro II
.... .... •••••.....•••>••••
115 Francisco de Castro
Trabalhador
11S Francisco P e r e i r a Monteiro Solteiro.
Caixeiro ,
... ... ...
117 J o s é Gonçalves Leonardo
11S J e r o n y u o de A l p o i m da S i l v a Menezes. [Trabalhador
Empregado n a E s - ... ...
t r a d a do F e r r o
... ...
119 Luiz Sebastião J o s é da Rocha I). P e d r o II
120 Paulino Fernandes dc L i m a , Commercianto
Casado. Empregado n a E s - •> 1... nrnzil....*
trada de F e r r o
121 V i c t o r i n o Teixeira P i n t o R i b e i r o . I). P e d r o II
Empregado r a E s -
trada de F e r r o . ....
122 Daniel E g a l o n , D . Pedro I I
França
123 Antônio Ribeiro G u i m a r ã e s . . .
Portugal j Catholica. Solteiro. Coninicreiante.
. . . . . ... -.. . D r . i z i l
124 A n t ô n i o J o s é A l v e s da C o s t a . .
Casado.. i ... 4 Catbolica
125 F i r m i n o Fernandes d a E i r a . . .
12 5 J o ã o Antônio de Lima Aitista ... • ... . . . . • ... *
. «... ... ...
127 J o ã o de A r a ú j o B r a g a , ... . . . . . . . . . . . . ... * •••»••...••>•••••••
a

..... . Brai:l
123 J o ã o Machado D u t r a ... • 2 : •"2 Ca*holica
12? J o s é Pinto Ribeiro
Catholica. Casado. Artista.
- 7 -

FILHOS

NOMES

DATA DA CARTA DATA DO JUUAMENTO

NATUIUMUAD!'.

130 M a n o e l Joaquim de Almeida. Portugal. Catholica.... Casado. Kuipregado n a E s -


trada de F e r r o
D . Pedro II... Corte.
131 M a n o e l da, Silveira P a ú u Solteiro. Artista
132 Zeferino de Souza Pereira
133 Manoel Ottoni F e r r e i r a do A m a r a l . , Hespanha. 4'.... Brazil. 11 de a b r i l de 13 de abril do 1 ^ .
Calhou»..
131 Arnaud Gustavo Bion Franca Catholica... Casado. Empregado na E s .
trada d e F e r r o
••]••••
D. Pedro II...
135 A n t ô n i o E v a r i s t o da Silva P e s s j a . . Portugal.. Artista "I"""
133 A n t ô n i o Francisco da Silva
137 Antônio J o s é Cordeiro Catholica.. lirazií.
133 Domingos Francisco C o r r ê a Catholica.. Casado- Artista. .1
133 Domingos J o s é Fernandes P e r e i r a . .
140 J o ã o J o s é Cordeiro Catholica.. [Casado., Artista.,
141 J o s é Antônio Barreiros Catholica.. Brazil.
142 J o s é Ignacio Paim < Catholica.. Casado., Artista!,
143 José Mun'z B a r r e t o . . •. .•. .i .—
..v
144 J o s é Rodrigues d e Oliveira B r a g a . . r

145 M a n o e l Borges
143 M a n o e l C a r v a l h o Bastos

p
Catholica.. Brazil.
147 M a n o e l J o s é de A r a ú j o
143 M a n o e l J o s é de Oliveira N e v e s
149 Manoel J o s é da Silva Catholica.. ijlVaVii."
Catholica.. Casado. Artista
150 M a m e i Monteiro d a Sdva Empregado n a E s - Brasil.
Catholica.. 1'.
trada de F e r r o ..i.
D. Pedro II 39
151 P e d r o Soares C a l d e i r a , Catholica.. H....I.. Ürazii.
Jornalista
152 Boaventura J o s é Rodrigues., Artista R i o de Janeiro.
153 Henrique Wlllenenve França.. C4rle
Catholica 3'.. lirazil.
i ; ••

3» D i r e c t o r i a da Secretaria de Estado dos Negócios do I m p é r i o , e:n lo de maio da 1S3S.—O D i r e c t o r , D r . Joaquim Josi ix Camjxu

di Cosia ie Medeiros e A'.btiqu<rrqnc.


Quadro ias naturalízaçoes pe, sepio as «Mnicaçoes reoelas 1 Secretaria áe Estado
te líepios Ho Império Me 1 íe maio ie 188? até 30 ie aM Se 1888, to
« e l a s pelos Presiieites íe pviiicia.
Quadro das naturalizações que, segundo as communicações recebidas na Secretaria de Estado dos Negócios do Império desde 1 de maio dc 1887 ató 3U de abril de 1888,
foram concedidas pelos Presidentes de provincia

FILHOS

NOMES r.vnu.v KHLlülÃO i: ST A no 1'UUKISSÃO DATA D.\ CARTA DATA DO Jl'R\MKNTO OBSERVAÇÕES
RKSIDI:NCI\
O
NVTfKALinvDE

1 A n t ô n i o Z . itnilziak Áustria Catholica Casatlo... Paraná Cathnüca 11 de a b r i l do 1337.., 11 de abril dolSS7.


o Menriijue Gustavo We^rener Allemanha . . . P r o t e s t a n t e , . foiono S . Pedro d o S u l . . . . de agosto de lSSó| 3 de junho de 1330
3 CorniMio Beckcr .' Catholica.... 2 de maio de 1S79.. Tem 3 filhos.
•t Nicolau \'ojx\ li) de agosto de ISSO. 3 »
5 Joseph Schclcir Protestante... w
Bahia Protestante... 1 I Brazil. 13 de abril do 1SS7.. 15 dc abril de 1337.
Ti J o s é Rodrigues da Silva Santos Portugal Catholica Solteiro.. l'J » « 1!)-
7 M a n o e l dos Santos Azevedo Viuvo.... 25
3 R o b e r t o Prcuss Prússia Casado... Cnlouo..,. S. Pcilrn do Sul.... dc agosto de 1330.
i) Nicolau V e i s 1-1 do agosto de 133J. S
10 Jacob Kappann . * 11
11 Domingos Svhnen _ 10 5
12 Nicolau Mover Allemanha . . . m 4
13 J o s é Webber 1'russia w w 6
14 Guilherme Wetter 4
15 Hcnriqu» Dono li 4
10 J o ã o Jacob Schimittz _ 10 5
17 Gottlw!) Baerle Allemanha ..7 14 S
1S Ignaciü StetTens ! Prússia 10 O
li) A d ã o Weigel Allemanha . . . 20 21 d e m a r c o de 1SS1
20 Jacob Back " o
21 Bernardo P r i t o c h [[ 10
22 João Tiioné .....11 S
23 Carlos Winckeliuann .' " * 11
24 J o ã o filatfbngeller !..
25 Pedro Weis
23 Francisco Jacob Meis
27 Jacob Heinoa ! * 9
2S Joducos V e r m u t h s
29 Christovão Scàn 11
30 J o ã o Meis .'. m

31 Francisco J o s é Duarte Portugal 10 de set. de 13S5


Soiteiro
32 L u c a s Manoel Thoim'- 5 dc agosto de ISSO.
Ilespanba.... Commerciante
33 A n t ô n i o Gomes V i e i r a 19 de m a r ç o de »
Portugal C a s a d o . . . Colono 12
34 Frederico Mohusan . . . . . . ! ! Allemanha . . . Protestante... 21 de set. dc 1SS">.
»
35 Henrique Frederico Blòcmkcr 21 ile junho de ISSO.
Solteiro..
30 Henrique I l ü u v e l c r " Casadti...
37 Ernesto Henrique Guilherme K u n i ; . * . ! ! ! . . ! ! ! ! ! !
33 Jeronvmo J o s í de Oliveira Porturai Brazil. de m a r ç o de 1SS7.'27 de a b r i l de 1SS7,
Catholica . . . . S o l t e i r o . . Maranhão Catholica.
3'J A n t ô n i o Cnrnueira de S á .' dc maio dc • I 2 de maio de »
Casado... Bahia 9 »
40 J o s é C o r r i a Bclles !!.!!!!! 130 de abri! de >
41 J o s é Castanheira B a r c i a R i o t',t> J a n e i r o 3 l dc m a r ç o d c 1SS7.I 7 ile maio dc
Hospanha So't(»iro. . Co::i!i.vicÍAiiti- •S. P H r o «Io S u J . . .
42 Manoel Bolinha B a r c i a : ' * * * I * * *
43 Henrique Ostcrkamp ! *0 de agosto dc 1SS3. • 21 de junho dc ISSO
Allc:::anha . . . Protestante . . C a s a d o . . . A g r i c u l t o r
44 Guilherme Altrcana
45 Fclippc i"ri*. rcher ...11.!.!!!.. *
•45 - - Colono
Guilherra" I lehmann . . . . . . . . . ! . ! 1111 -
47 Agricultor
Christiam Noll !.!!..!!..
4S Gustavo Woininer !...".!!!. * -
49 Carlos Siirkaiup -
50 Ernesto Surkamp !...!!.!!!.!
51 Frederico W i c t h o M e r 1.1.1.. * 19
52 Hans M a r t i n B a r ã o von Magnus !!..!! 10 ile julho dc
Solteiro.. - 12 de junho dc
53 Carlos K l o c k 1...1Ü1!
5! Casado... 20 de abril de
K d u a n i o Mittanck .......!
55 Carlos Arent ! .'.'..!. S de junho de
53 Ernesto Frederico Christiano K r a b l e . l ! . . . ! . ! ! * 19
57 Ernesto Hcnriquo Guilherme \Vi»tholtcr
53 Frederico Trcnnepohl !., -
59 ü e r h a n l o Henrique Cluillierm» U i i - e i m e i ^ r . . . ! . .
GO J o i o Bertram Driemeyer '.' !.!
Cl Juilhcrme Tiõelmcr .." !....!!.!!!!!! -
02 Fernando M e t z e l t M n ,!.!
03 Frederico Ilunchke 11..!!! * -
64 [.udowigs F r i t z c h e r 1.!!..!!! * -
53 j e r a a n o Bicnicker !..!!!! *
08 {enrique Lagmann * * 21
07 Francisco S i i b t 3 i d e julho de
Catholica 2 1 d c j u n h o de
63 Carlos Fett !...!...!.!!! Protestante... 1 dc set. d c 15 dc set. de
69 l a v i d Hilpert !..!!! » Calhol^ca 9 Colona
70 lenrique K c i l l i . . ! . . . ! ! Vustn.i-IIun-
1
írria » Commercianie
71 iernardo Thomsen A l l c i u a n l i a . . . Protestante... * Brazil.
72 \ u g u s t o Gehrke !.!!.
73 Uanoel Ignacio M a r t i n s 'urtidor 20 de agosto de
Portugal Catholica,.... AirricuUor
— 12 - — 13 -

FILHOS

SEXO IDADK KST\DO

| Menores |
NOMES DATA DA CARTA DATA DO JUEASIB.VTO OBJERVAçdBi

|
• m

Masculino
0

Casados
c RKLIlilÃO

Viúvos
0 NATURALIDADE
c u
0
Ê
0
*<3 1
Sh •J-.

1
J o s é Nogueira de Oliveira Portugal... Catholica. Casado. Lavrador S. Pedro do S u l . 2 de set. de 1880.. 22 de julho de 1886.
Pedro J o s é Soares Artista 21 de abril de 1S37, 21 de a b r i l de 1S87.
Carlos N o l l Prússia Protestante. Commcrciante. 3 5 8 9 dc set. de 1883.. 1 de set. de I8S0.
77 Eugênio Schefer Alie nanha . Catholica.... Santa C a t h a r i n a . 1 2 3 3 7 dejunho de 1SS7, Í 0 de junho de 1SS7,
73 Henrique Moritz 2 1 3 3 27
70 Theodoro Rudolf. 1 1 2 v 28
50 Vicente K o r m a n n 3 2 5 5 . . a • .... 2 de julho de »
81 J o ã o IIul g 0 ' í G s » » »
82 Manoel Monteiro de C a r v a l h o . . África Solteiro. Bahia 13 16 de junho de »
83 Gustavo Siebel J ú n i o r \llcxanha. Protestante.. Casado.. Artista.... S. Pedro do S u l . 4 5 13 de sei. de ISSõ. 30 de julho de 1SS6.
51 Antônio Cochem Catholica.... Colono.... 4 11 4 de sot. de »
85 Guilherme Kistcrmann Protestante., Professor., 3 de out. de 1835. 2 de julno dc 1885. Tem 3 filhos.
83 Sebastião Lauícr lavrador. 5 »
S7 J o ã o L u i z Bauer Artista.... 6 >
J ú l i o Jacobsos Lavrador. 4 de junho de »
89 Henrique Pedro M o l l Bélgica Catholica.. Rio dc Janeiro... 12 de maio de 1887. I de julbo de 1837.
90 Manoel Ignacio Barcia Republica (
L ruguay.. Solteiro. Trabalhador... S. Pedro do S u l . 9 dc dez. de 1336 , 31 de dez. de 1SSS.
91 Gustavo Schroeder Allemanha.. C a s a d o . . Commcrciante. 7 de junho de • 5 de julho de 1884.
92 Antônio Panichi , Itália Solteiro. .... .... 30 de set. de » 20 de set. de 1886.
93 Ignacio Zeuchnacr Allemanha . Casado.. Industriai.. .... 5 Catholica .... Aliem anhk". 17 23
91 Jacob V a i r i c h Protestante. » Agricultor . 30 29 » .
93 Frederico Fayet Solteiro. Colono - J
28 » 11 3
95 Pedro Frov..". Catholica.... Casado.. 24 17 de agosto de 1SS5 10
97 Amélia Godinho de Campos . Portugal... \iuva.... 2 .... 1 1 2 22 de agosto de 1385 22
9$ Alberto Rodrigues Boa N"ova., Casado.. Colono. 24 » 7 » »
93 Carlos Biehl , Allemanha . Protestante.. Artista. o 6 .... 21 dc set. d e l S S G . . . 3 de set. ae 1SSS.
100 J o ã o Baptista Gomes Portugal... Catholica.... .... .... " V Catholica
3 "3 .... .... > 20 de agosto dc 1885 26 de agosto de 1885
101 Joaquim Ferreira dos Santos Sjltei.-j. 7 » » 21
102 J o ã o Frederico Wesling , Alie ^ a n h a . Casado.. .... .... "3 C a t h o l i c a '"3 Brazil 20 » » 26 » »
"è"
105 Henrique Mickc kclsen Protestante., Lavr»J.r 0 3 .... 9 » 9 .... .... » 29 de set. de 1836.. z.7 de set. de 1886.
101 J »sé ce Al v.eidda Reis Portugal... Catholica.... Mitoire. 27 de agosto de 1885 9 de set. de 1885.
IO.', Manoel Soares da Silveira e S o u z a . . Casado., .... 5
.... " o " Catholica "G" .... BrazÚ 3 de set. de » » » »
103 Arnaldo Gomes Loureiro , 1 ... 1 1 .... .... 10 » » 10
107 Ger.nano Sommé Allemanha. Protestante., Solteiro. Professor.. 21 dc set. dc 1S88- 16 de set. de 1S86.
lOs Felippe Storch Casado. Lavrador . 4 "3 . . . . . . . . •••«• • • • •« • • ....
• » » »
103 Jacob Klein Catholica.... 2 3, 13 de agosto de 1SS6
110 João Kcrber Prússia , » Agricultor.. 15 28 » »
111 Christiano Schneider Allemanha... Protestante.. Lavrador... 2 4 4 30
112 Francisco Jacob Simon Prússia Catholica.... o 3 .... 5 Catholica 5 .... » 15 de set. de 1S35.. 17 de set. de 1885.
113 Manoel Dias dc Sequeira Portugal..., Solteiro. 3l de agosto de » II »
114 Paulino Teixeira da Costa Leite » Casado.. 4 6* 7 •••• 12 de set. de » 12 » »
" "é 1
ir> Francisco Pereira dos Santos Pinto . o 2 > 2 .... .... » 30 de set. de 1SS4..
115 Augusto Dreher , Allemanha... Protestante.. Commerciante., l S d c set. de 1886.. 14 de se*, de 1886.
117 Pedro Pietsch Catholica.... Agricultor .... . . . . .... .... » 9 » 13
"á" "5"
11S J o s é Alves Dias Portugal... » Bahia., A 3 13 dc julho d e l S S Í . 13 de julho de 1SS7.
119 H 18 do abril de » 27 de junho de »
L u d o v i c j Brockrnann Allemanha. Protestante. Solteiro. Santa C a t h a r i a a . . .... ....
120 Henrique Schauffler C a t h o l i c a . . . . Casado.. Catholica "i" • . • >.... B r a z i l 5 de julho de > 23 de julho dc >
121 Manoel de Barros Portugal... Sergipe., 5 do marco de » 4 de junho de »
122 Manoel L u i z de Souza F e r r e i r a .... .... "2 .... Brazil 20 de jnaho de * 18 de julho de »
123 Itália....
"3 Catholica
8 25 de maio de »
Gaspar Covcllis (Padre) Solteiro. Sacerdote. Matto Grosso.
121 J o ã o Manoel D o m i n g u c s . . . . Portugal. ... .... . . . a .... .... .... .... » » »
125 Otío J o ã o de Briscu Montzcl Prússia... Casado.. S . Ped do S u l . .... 15 dc sei de 1SS5. 17 de set. de 1835.
123 Adão H o í f n a n n "<y • .. . Brazil » » » »
127 Robcrti Jacobi Allemanha.
"3 "è" "*9 Catholica
12 14
1 ....
3 4 4 .... ....
12Í Henrique Viulu" Protestante.. Agricultor.. 11 dc sc de 1SS6. 26 de julho delSSG.
2 .... ....
4 .... .... ....
123 Germano Huncneyer
130 J o ã o Schoer ". .... 1 — .... .... ••*' •••—••«
w
1 —
131 Frederico Fonding Prússia . . . . Catholica.... 1 "i" • • « ".... 18 de sei delSSJ. 18 de set. de 1S85.
132 Guilherme Rota Allemanha . ó 1 .... 9 .... 15 21
8 1 .... 9
133 Henrique Rosenha m :

4 » 8 .... ....
» W •>
4 1 •
131 Oscar Gcrber Prússia 13
13'. J o ã o GrUncvald
i >• *. 1
* 1 . . . . ....
4 3 .. • 7 7 .. .. . .
135 Emílio Wiedmann Allemanha.. 4 .... .... 21 » >
2 2 ' 2 2
137 Fernando S c h v a r s 22
2 ...» . .. »
13S Ernesto Osvaldo Hoffraanu
1
••••1
1 2
* ....
13) João lung
1 1
....
*
140 Jorge Wagcl:
2 2 4 4
4 . ... ....
*
«1 Jacob Bender
3
2
1
2
4
4 . •• '
*
142 José Fechner 6 .... ....
143 Henrique Pedro Kaner 2
5
4
3
6
8 8 .... ... •
*
141 Domingos Leite Marinho rtugal. Solteiro. Lavrador . 2 de se< . de ISSO. 2 2 d e j o l h o d e l 8 8 6 .
145 André K u h n . . Prússia... Casado.. » 18 de agosto de >
Colono....
145 Gaspar Reis 20 » »
147 J u s l i n o F e r r e i r a Pinto .... •...•.........>••••• . de 1S85. 22 de aet. de 1885.
Portugal... "4" BrazÚ 22 de
«8 Henrique Engelmann Allemanha .
"3' .... " 4 " C a t h o l i c a » . »
5 5 9 » 10 » 25 » »
143 J o ã o Tanger 25
1 3 4 .... » .... .... .... » » »
150 Roberto Boose
151 Carlos Werkhauser .... 0
.... Brazil » » * >
"2" "i' Catholica
152 Antônio L u i z Pereira de O l i v e i r a . . . . Portugal. 26 Í6 » .
"2' 3 "5' .... •> 3 .... »
- 15 -

- l i —
FILHOS

IIVT.l n \ c a r t a M T A no JURAMENTO DIISKHVAÇOKH

NUTlUI.tllAlli:
NOMES

Catlmlica. liia.il... 22 de set. de !Ss5.. .Ie set. de lss5.


l."l
•1 •!« a b r i l de 1SS7. de a b r i ! de 1SS7
153 noavculur.-i do Oliveira Gonçalves Portugal. .. Catholica.. Viuvo.. S P e d r o do S u l .
151 Frederico Sanders Aüc:iia::!:.-i.. Posado.
155 Johann Joseph Uhlijr Lavrador . Espirito S a n t o . . . Protestante 0 I. 21 de j i l i i ' i o de » 2!) de junho de •
13d Adolpho A l b e r l . . . . . ' 2 ICalholic 2 I !2 » »
137 Kranz Louls Meier ...I. I I il de julho do » ile julho de »
13S Ernesto Bcrger • Protestante.. 11 11
159 ! Francisco de A r a ú j o ltebello Portugal... Catiiolica.... Catliulica Itr.-uU. i:i 13
lüO |JoaiiUi:u Domingos Caetano ll 11
151 H i l á r i o Augusto Dias S.i!'.eir.i... Coiiiiiierciante. Calhorda I .1.» H r a / . l 1 da
102 J o ã o Gonçalves Puga Cas.i.1»... llali tf
103 J o s é Kodriirues dos Santos L a v r a i ! nr 1)
101 Bcnjaiiiin Cliristoturett Itália Coiiiuicrcianlic. Catlmlica Hrazil.. 22 de a i a r ç o de • í de a b r i l de »
l-i de set. de ISSj., (• de set. de l^S'3.
105 M a n o e l da Cunha e Silw. Portugal....
lò-i J o s é d a S i l v a A r a n h a Catholica Viuvo... eu 3 filhos .
107 Otto L i m l e r o t h Suécia Protestante... Casado.. Artista S. Pedro do S u l .
lúi A n t ô n i o Martins Mano Portugal.... Catholica S o l t e i r o . . Coiiitiiercianti 13 de agosto de i s s d
10'.) Guilherme Sclireiner Aüeinaiiha . . Protestante... Casado... lá dl- j u l h o de l-sS7 11 de iigusto de 1SST
1T0 Samuel Aurvaile Austria-Ilun- 17 de m a r ç o - ! e «• 15 de julho de •
gria ...|....|. 9 de julho de » 23 de agosto de -
171 Mathias J o s é de Oliveira Allemanha Catholica Ceara , l'r«tt'j.t:iiil«:. lilMZil 20 lie set. de 1">*.V <J de >et. de 1-ss i .
•••i-.j-
172 J o s é C a r d o s o Knnes d e M e l l o Portugal.... Solteiro. K i o de J a n e i r o .
173 Pedro Fernandes Alves Proprietário.. 1S de set. de l*>S"í. < ile set. de is<3.
Casado..
174 Jacob H i t t c r • Prússia Protestante.. Oomnierciante. Pedro do Sul
175 C a r l o s Jacobs Lavrador
17,i J o s é M a r t i n s da Cunha Catholica 17 de j-Hl. ile 1SS7 9 de agosto dn lS-r,
Portugal.... •t Catliulica. !Íra"zi!
177 Manoel Soares Go::ies 23 de set. iie 1SS5. s de set. d : 1SS3.
17»' L u i z J o s é Nogueira ! 1S
2s
179 Bernardino Esteves dc C a r v a l h o Santa C a t h a r i n a . . Catholica., liViizi!
1.S0 Santiago F e r r a r i Itália :3 ile set. de 1SSÕ. 0 de n i a r ç j de 1S31
S. P e d r o do S u l . 21 de agosto i:e 1SS.1
151 J o s é F e r r e i r a dos Santos d a S i l v a Portugal...
152 M a m e i Rodriirues Ramos Hespanha..
iiespaima i » Viuvo...
153 Conrado M u l l é r Allemanha . . . I Protestante.. Casado.. Lavrador
ISi Germano J o s é Bernardo Sclsroter 'Catholica.... CoaimerciatUo..
133 Christiano Goltíried Guilherme Oertel ilraiiV.'.... 2S iie Fet. ile 1SS3. SS de set. de 1SS3.
Artista S !(':it!io!ica....
1SÔ Gustavo Adolpho l i r a e m e r Soiteiro.. Pharaiaceutieo.
1S7 Bcrtholdo Henrique A d o l p h o Ziajmerman. Protestanti 2)
Casado.. Artista
1SS Frederico Esv.cin Catholica.. ("atholica. Ítra'z'i!
139 J o ã o Lottcrmann 2) de set. de 1SS5. )
1'JO Luiz Cardoso dos Santos Portugal... II de set. de ISs; 9
Solteiro., s
191 Luiz Beckcr Allemanha. 10
Casado.. 0
192 J o s é G o n ç a l v e s C o r r ê a Netto Portugal..,
193 Luiz Gaus... • Allemanha.. Protestante.. 1
Viuvo... Artista
191 C a r l o s Gustavo Alexandre M a r k c n d o r f . . . Casado.. Agricultor....
195 Frederico Hoppe , 11
19 i Guilherme H c r t u r t h — T 11
1M7 Kinilio Scblabi'. Commerciante
193 Júlio Ncthcr 10 de SL-oSio de 1SS" l» d? atrosto de i^S'
Artista Catli.ilici .
199 Pedro Uockcahach Catholica Agricultor
200 Antônio Z . Bodziak Austria-Hun-
gria Coir.merciante., Paraná
201 M e l c h i o r Hei! Allemanha.. Santa C a t h a r i n a . .
202 C a r l o s G r a í
203 C a r l o s Guilherme Porlugal..
20'! V a l c n t i n Heil
203 M i g u e l S c h e í e r forliigal.. 13
Catholica.
205 Manoel F r a n c i s c o (lodinho
207 Tbomaz Bcrnardcs (ie Souza
Portugal Bahia. .1 •
ilrazií.... :u
Solteiro.. . jCatiiolica. 11 de maio ile 25 de maio de »
20S J o ã o G o n ç a l v e s Casado..
20) J o s é M a r i a de Pinho I 20 de junho de •
Solteiro. 10 oe agosto ile iSsti 1!) de junho de 1>S>
210 ! j o s é P i n t o F r a g o s o Casado.. 2.S dc acosto de 1SS' 5 de set. de 1SS7
211 \ n t o n i o Manoel dc Carvalho
212 J o ã o Ribeiro G o n ç a l v e s S o b r i n h o . , Maranhão 30 de julho de - 27 de aposto de »
Viuvo... 29 de set. de 1SX". 2J dc set. de 1*S5.
213 Guilherme P r a s s Allemanha. Protestam» Casado..
2 » Manoel Joaquim Lopes N o g u e i r a . . Agricultor S. Pedro do S u l .
Portugal... Catholica... Solteiro. Rio de Janeiro...
215 Antônio Dias P a t r í c i o
210 J o ã o Donati Santa C a t h a r i n a . .
• Itália.
217 P a u l o Guidi S. Pedro do S u l . Brazil....
Catholica., 30 de junho dc IS37 21 de aposto de ISS7
21? J o ã o Del fino
21') Antônio F e r r e i r a da Silva 21 de set. de ISSO. 15 de set. de
Portugal... . * . 3
220 E g y d i o R e i s Allemanha . Casai!,)...
221 J o s é Caroso L i m a 22 de r.gosto de 1SS7
Itália • •
2 2 i J o s é P e r e i r a dc Andrade Bahia ltraiíl. »
Portugal... Catholica. 12 de set. de » 19
223 J o ã o P e r e i r a d e Andrade R i o dc Janeiro...
221 J o s é Francisco dos Santos 13 dc set. de IS3G. 17 de julho de iSS.
223 j o a q u r a T a v a r e s V i d e i r a Solteiro. Artista...
22) J o ã o Soares Martins Casado.. avrador.
227 M i e u e l M n l l c r Allemanha.,
223 J o s é M u I I t Colono..., . P e d r o do S u l .
22J Antônio N i c k n i c h -
- 16

NOMES RBS1DUNC1A.

DATA DO JURAMENTO I OBSECVAÇSES

N ATI? BALI DA DK

230 Pedro Schaeuer Allemanha. Catholica.. C a s a d o . . . Colono. S . Pedro d o S u l .


231 F r a n c i s c o Damke
232 Mathias Kessler 13 de set. de 1830. 14 de julho de 1385.
233 Francisco Scheror • 16
231 Jacob Wagner 31
235 Jacob R e c a I I • 22 de m a r ç o de 1381.1
233 J o ã o Nicol&o M o r s c h
237 Pedro HenWes .
233 J o ã o Loebeas •
233 Henrique Gassen
210 Christiano Bartz Protestante.
211 Augusto S c h w e n g b e r Catholica.... 15 de julho de 1S86.
242 Francisco Stieglinayr Á u s t r i a Hun- 21 de m a r ç o de 1X81.
gria 13 de julho de 1886.
213 H e n r i L o u i s Augusto B e r u a r d França Solteiro. R i o de Janoiro.
2W Victor M a r i a Sarlo Itália. Casado.. 10 de fev. de 1377.
245 Joaquim Lopes Nogueira Portugal 8 de fev. de 1837... 15 de set. de 13S7.
21G Joaquim L u i z Fiusa L i m a •••
247 1G de a b r i l de » 1
Francisco A n t ô n i o Pinto P e r e i r a da V e i g a
(Padre) 23"de"set."de 1887.
213 Francisco da Cunha Santos
249 Miguel Conte Itália Catholica.. Casado. Santa C a t h a r i n a .
250 J o ã o R i b e i r o d a Silva Bastos Portugal... Commorciante.
251 Eduardo R o b e r t o Sprotto Allemanha.. Protestante.. Viuvo.. Artista
252 Antônio da Costa Lemos Portugal... 'Catholica.... Casado.
253 Henrique B r u ç g m a n n Allemanha..
254 Antônio F e r r e i r a Correia Portugal... Viuvo...
255 J o ã o A n t ô n i o Baptista Bastos Solteiro.. Bahia.
zõõ M a n o e l de Almeida F o n s e c a Casado..
257 Delfino de P a i v a Leite
253 V i e t o r i n o dos Santos L i m a África Solteiro.
259 Manoel Soares Rodrigues de Souza Portugal... Casado..
260 Parahyba
Antônio da C o s t a L i m a •
2òl Manoel de Freitas P o r t o Lavrador.. R i o de Janeiro
2S2 J o s é Valeriano S i m õ e s Solteiro.
233 David J o s é Medeiros Casado..
864 J o s é Carracedo y Zarineth Hesuanha.
255 Fernando P a r r e l l o Itália Catholica.. Viuvo... Parahyba. .121 de set. do 1S87.
266 Manoel V i e i r a B r a g a Portugal.. Solteiro. Bahia , . I 9 de julho de »
237 J o ã o Gomes de A r a ú j o
263
• \2\ de set. de »
J o s é Pereira F a r i a s G u i m a r ã e s 9 de agosto de »
269 J o ã o J o s é dos Santos Casado. 3 de o u t . de »
270 M a n o e l Coelho M a r t i n s R i o d e Janeiro..
271 J o ã o Martins Sourt França 30 de set. de »
272 Paulo Frederico Borthes »
273 J o s é de Andrade Queiroga P o r t u g a l Portugal... 29
274 Lavrador... Paraná
J o s u é de Bernardo Itália 28 de out. de »
275 F r e d e r i c o Beck Prússia..... Santa C a t h a r i n a .
Protestante.. 28 de set. dc »
276 R o d o l p h o Schlagenhau Áustria..... Catholica....
277 Oomemco P i a z e r a
Pretestante..
12 de o u t . dc »
273 L u i z Piazera.
Solteiro. Catholica....
279 Guilherme K r u g e r Prússia...,. Protestante.. Casado.. Comraerciante.
280 Pedro Schinunca Áustria Catholica
231 Felippe Hoffraann Colono........ S . Pedro do S u l .
Allemanha.. Proteitante.. Commerciante. 12 de out. de
282 Frederico H a u e Protestante. , Te-n 5 filhes.
» Artista 10 de set. dc 1333.
283 Augusto Schaly Catholica....
284 Carlos B a r t b Protestante.
285 Augusto Bratz Commerciante.
286 Paulo B i l l i g Colono
237 Christreich M a r q u a r d t Lavrador
238 Joaquim de C a r v a l h o Cottas Colono
Portugal... Catholica 29 de a b r i l de 1883.
233 R a m o n Salcedo Hespanha.. 30 de agosto de
290 Fernando Glitzenhirn Allemanha.. Protestante.. 15 de s n t . d e 1885.,
291 Henrique Heitmann Colono., 30 de set. de 1885.
292 A n d r é Christof M n l l e r Viuvo.... 18
293 Jacob Ziegler Casado... 15 de set. de 188o. Ó dc aet. de 1883. Tem 3 filhos.
294 G o s v i n Schwamborn
235 Frederico Mnller Suisia Catholica....
296 Henrique K l u v e r Viuvo..,
Prússia Protestante., Casado.
297 C a r l o s Dreher. Commerciante.
Allemanha.... Artista
298 Germano Heitling » 27 de agosto de 1833
299 J o ã o A n t ô n i o Pimenta Portugal 13 de set. de
Catholica... Commerciante.
300 Joaquim Domiaguesd& C u n h a . . . . . . . . . . . . Matto Grosso
301 Gaspar Rodrigues L i m a »
302 Vicente G a m b o r g i . . . Itália
303 J o ã o Guilherme Broadbent Solteiro.. Santa C a t h a r i n a , .
Grã-Bretanha Casado...
301 Antônio K l e i n . . S. Pedro do Sul..
Allemanha....
22 de set. de 1885. 30 de set. de 1385.
30 »
- 1 8 - - 19 -

FILHOS

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Catholica... Casado.. S. Pedro do Sul.. 3
303 Carlos IIausha'111 Alie nanha . i 1 1 ... 5 »
33 i Carlos da Costa R i b e i r o Portugal... 1 * 3 5 ... ... » 1ü • »
307 I.ui! l i o MCS Leal • 1 ...
I)an el S jrnberger Protestante Lavrador
2 \ 5 0 H) Uo »>t. «Ie l S f U . Ü de Set. de 1S&.
30 *
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30) Carlos Duss Coiuir.erciante. 3 4 .... 5 m
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311 F e i r o Koc!í Lavrador., * .... ... .... » » »


312 Guilheraie P a i i í e n h a g c u Prússia..
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313 Jacob Y1111K I Colono.... 8 4
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311 Jacob Kock Artista .•• • •. • • . « • *•••
313 Joaijui'ii J o s ! ila S i l v a Portugal... Catholica.. Solteiro. 7 1 ilrazd
Allemanha . Casado.. 5 0 7 4 ."atliolic.i '21 de se'., de 1SS3. 30 de sot. de »
31 i Jac >b B a r l Sênior 0 A li
\ ^
317 Mntaias K r e i n 3 4 1! s
31S Guilheraie K r e i n •1 • S
4 8
31J Henrique V i l l e r s 4 . . •.
320 Archani > C o r r i a ile .Mello Portugal...
3 3 3
•.. • » • . .... 2)
321 Alexandre ila M<itla «alia "3' .... 5 ."l .... • 30
322 Jacob C h r i s t o í e l Alle.v.anha. .... ....
323 Henrique Francisci Itália .... .... .... ~at"]ii>lica.... .... . . . . Brazil 15 ile n(çoüto dc ISSO. i$ dc aposto de .
321 \11gust) Cio içalves ila Siíva , Portugal... Viuvo... Pernambuco • • • .• • . . . •.. » » » »
S.ilt-iro. •••• ^ w
321 Manoel Lopes Vieira
325 Josqui-u ile Carvalho Casado..
"i "i Catholicn m 1 . ...
....
. . . . Brazil
....
13 24
20 de j u l h o de ISSO. 25
327 J o ã > Yalerio ile Mu leiros Solt-iro. -... .> Catholicü .... . . . * Brazil 1 13 de set. de 10 de set. do »
3iS Joaqui-n Machado Mendes Gui-.uarães., Casado.. * » >
32) S e v e r i a i I.yra IIes]iaulia..
• » •• . . . 0
i •. • • .i C.itluíica .... . . . . iirazil 2J dc m a r ç o de * 22
330 M a m e i J o s - do Oliveira Dias Porfigal... » õ .... » • - »
331 Antônio Jos'r de Oliveira Dias
l\ 5
332 J o s é Paschoal de C a r v a l h o Ri.-hcllo.., % 4 4 •
13 de set. de
22 ' »
333 J o s lVr.Mra da Fons.-ca
1 ....
.*•...••••••••*••.•• .... 4 . -
27 r »
331 J o ã o Baptista G o n ç a l v e s
3J> Manoel J o s é Pereira S dteir.). 23 * I
33» J o s í V i l l a Verde C u n : , Ilesimiha.. Casado.. *"
1:::: 4 Catiiülica O .. .. .. .. ....
....
2i
20
. -
11 de out. do »
337 J o s i Duarte d e A l w d a Porlu-rai... Catholica .... .... . ' li » 13
331 J i ã ) Antoni > de Olivei.-a Viuvo., .... . . . . Brazil
3.0 Miguel dn Silva IV!He > Itália Casado. 1 4
1 m 4
Í • . ••
1S. de ont.
» de
3 IO Miguel BarveJe Fernandes. Ilespaiià.a.. .... w
10 .... 21 22 > »
311 Carlos A n l inio V a a ler Luiden Allex.anha. 0
1 2S • 2.)
312 Salvador Dianna Itália 1 .... .... 1 3 de fev. de 1SS7. 7 dc fev. de 1SS7.
3|3 Manoel de Azevedo Cru? P.iríir.;aí.., * y
1 •1 £1 de set. de ISSO. 23 de a b r i l de >
3 i ( Manoel dos Sont is A l i o % ... 23 de abril de 1SS7. 25
3l". A n t o n i ) S i a r e * P.ac'.iec > , - . . . . Catholica "K . . . . . . . . i í V a V . u ! . 17 de maio de 13 de maio dc »
3IS Abel Pir.-sde Carvalho , 3 ' i .... 23 20
3Í7 Camillo G i u v é o d e A a l r a d e
....i "5'
4
Catholica . . . . . . . . lírazil 30 > 2 de junho de -
313 Vicente L o p - a I l r a g i l*orlnp.il 20 » 13
31J A n t i u i o Fernandes 7 de junho do » 14
330 An*.mio M o r e i r a Filho
• y m £
4, .... .... ....
• •. • Uraxil
11 de julho de 23 de julho dc -
3-.1 J o ã o da Silva Solteiro. ... 1 dc agosto de 13 de agosto d c -
352 J o S : X a v i e r de S i n a s
333 Manoel J.is^ dos Sant is Casado .
2 "í
C.ntholícn . . . . i V r a z l i ' . . ' « . ! . . 22
30
» 21 »
5 dc set. de
»
»
i 1 * .... ....
331 Man iel Gonçalves Alves Hespaali.a.. 22 » 15 »
333 José Frar.cisc > das Neves Portugal.. Solteiro.
1
":í'
4 ftrazii 20 de set. de 1SS3.. 22 » »
33.5 JOS'Í Lopes de Azevedo , Casa.! o.. i "3" Catltolicrt . . . . . . . .
10 de set. de 1SS7.. 20
357 J o à > Ferjt.andc. L i p e : 1 1 |.... .... . . . . . . . . . . 21 » > 21
351 Man )el Pacheco de Ar.injo Solteiro. 'T
Cathul:ci "4" — .irazii 2i » :»
35) Manoel L u i ; Pachec > Casado.. i
.... 30 1S de out. do >
3yi J o s Joaqai-n V i e i r a Vdlas
1
» .|:::: 1 de out. dc 4 »
3.1 Ricardo de Freitas Ciinnari.es Solteir 1. "3' .... Brazil 30 de set. dc 5 * »
i ç "3 Catholica
3-2 Rufíno S u s a m <..ij 1 de M i m a d a
3 VI Pe-lr.i T o r n a g ò i
asado..
i
'!:::: 4
A
••••
7
13
dc out. dc
> 14
3V4 F r e d e r i o P o l i l a Alie >ian'i.a. Soltvrj. • a. . . . . • 20
3Ò5 Frnncisco de P a u l a Durand Itália • •. .... .... 2S 2J
3>j M a a icl M ireira d a Gooia ( P a d r : ' | . . . . Portugal... 1 31 10 de n o v . de >
Sacerdote. "4 "4 — ... Brazii!..
3 i r Hcrmaiin W a l t e r Alle.naiiha., Prot.'.staut Casado.. 2 2 12
3W P c l r o Vogelov » 1 1 |... 2 7 dc n o v . de P. 7 » »
3.9 Fernando Antônio Teixeira África r.ataolici . Solteir >, Bahia., *•• ••••..•>•..••.•»•• • . • ... ..... 0 » 9 » »
:i70 Francisco de Freitas S leiro (Padre). Portugal... 1 Drazil 0 25 de julho do •
:>7l M a n j e i Vicente dc Figueiredo
Sacerdote.
"â . "3 Catholica "3 . . . 17 > 21 de nov. dc >
Viuvo.., R i o dc Janeiro..
3T2 J o s é Ribeiro d a Cunha '\asad o.. . . . . . . .1... . . . . ... . ... y * . 21 21
373 Manoel G o n ç a l v e s da Nova . . ! . . . . ... .. • • • • • <•< . . . . £> > 23
> Santa C a t h a r i n a . ... 30 de set. do »
374 J o ã o Florenciano Itália . . . . . Brazil . 2 i dc set. de
375 F r e d c r . o Ângelo •
Solteiro.
'. " ã C&tliolica "3 » > » » »
Casado .
370 Constantino ltnrli* .'... . Í £ ... ... » w 20 d c out. dc •
377 Maximiliano Schvoig.Ti A l i *n:a.i!.a., 2 31.... 5 . . . * • » »
* r> . . . . . . . 8
37.S J ísè N u s i
37J J o s é Deh.atrn
»
...
5 • . ..
.!... . . . .
5
. . . . . . . .. . . . . 25 dc julho do

5 dc nov. do »
3 í 0 Arthur Iloeflling Protestante.. 3 1 Catholica 1 2 . 27 dc set. de 29 do set. da >
;Í 3 . . . . ". i í r a i i i
351 Paul-> Fernandes Itália Catiiolica... . 3 3
» »
* ....
3*t F r a n c i s c i F r a n c i o n i
3 « José M u n i Antônio..
>
...
1 "ÍI"". .
. . . . .. . . .
3
• ...
* . 1 do d c s . de 1»
1 de dez. de »
Turquia.... solteiro. •....
394 ' r o r g e Mussi I .... • . . . .. . . .
-21 -
- 20 -

FILHOS

»KX0> IDADB KHTADO

NOMES
DATA DA CAKTA) DATA DO JURAMENTO OUSSBVACSIS
o

Feminino

Menores
Maiores
BKSIDKNCU a RBLIlilÃo 0 M
NA V U H A L 1 D I D B

Viúvos
O
3 j fi
0 'Jt
V.
55

|
385 Miguel Jordan 5 de dez. du 1837. 5 de d e z . de 1837.
33) Milkouf J o i o Altia Turquia Catholica. Solteiro. Santa C a t h a r i n a .
387 N l c o l á o Tancredo Casado.. y
383 S i l v i o Biagiotti Itália Solteiro. .... 2J de set. de 138; 30 de set. do 1835.
383 .... 28
A n t ô n i o J o s é dos S i n t o s M a r i c a t o . S . P e d r o do S u l . "jt
1

390 Guilherme S c f u e r Portugal.... "i "2" Catholica.'.!!!'.!!'.!'. "3 Brazil 15


331 Allemanha... » »
392
A l a i s Ludu-ig
Antônio Luiz Rodrigues da Cosia..
.. Casado..
» .... .... .... Catholica .... .... Braziü'.'.'.'.'." 22
393 iBruno Pipi Portugal .... 22 de set. de 1386 20 de marco de 1336
334 ' C a r l o s Guarientc Itália Solteiro. Couiaiorciante..
Austria-IIiin-
395 Primo Pallaelio , F"» Casulo.. Colono Tem 4 filhos.
39ò M a r l i n i Anselmo Itália. Agricultor .... » » » - 3 »
337 J o s é A n t ô n i o Masearcnhas » Colono .... 29 de set. de 1385. 6 de o u t . de 1885
393 ' . l o ã o Cruz
;
Portugal.... "è' Catholica... "j" .... .... Brazil. 23 de agosto de . » » »
393 Felix Craveri '• Itália 22 de set. de 1386. [20 de marco de 1333 1 filho.
•100 Biasuz L o u r e n c o . . . ~ Colono. * . • 6 filhos.
401 Augusto de Arministor M a y n a r d
.... .... .... '.".•.! '...! 23 de o u t . de 133: 4 de n o v . de ISS3.
402 Iziuoro C a r r a r d
; Portugal.... Solteiro. Catholica .... Brazil 9 10 de o u t . de >
403 Jacob R e c a
iSuissa. Casado... 2 "Í" "Í" 1 5 ..... 1 da Allemanha e
i^Uemanh.a.. do Brazil 26 29 de o u t . do >
401 J o ã o M a r t c l l o 22 de sot. de 1886.. 20 de marco de 1386
405 C e c c o s Gaetano Itália Coluno .... .... .... .... Tem 5 filhos.
40 > Clemente R a t h " V Catholica...... "2' Brazil 25 de set. de 1385. ,17 de n o v . de 1835.
407 Eduardo J o h n Macadain Allemanha... 4 2 "3" 3 6 .... .... Grã-Bretanha. 13 de nov. de [l'3
403 IJosé L o P ' ' S V i g » IPadre) (>rã-Uretanha| 14 • 19 >
403 M i g u e l Soares M o r e i r a Ilespanha. S o l t e i r o . . Sacerdote..
.... .... Catholica.... "2' .... Brazil. 26 d » s e t . de 7 » »
410 (Gudhorme L e y (Padre) Portugal.. Viuvo.... 13 de out. de 13 de out. de 1886.
Allemanha
. — ..... ir.wrei.,., Austria-IIun
S o l t e i r o . . Sacerdote..
.... .... .... .... .... 7 de n o v . de de n o v . de 1335.
411
412 J o ã o Haltmeyer
'•Marteila 1'ietro ( P a d r e ) . . gri» » 22 de s e t . de 1886. 20 de m a r c o de 1S86
413 iSoliani Celeste Itália Colona Tem 4 filhos.
414 B r u t t i Domenico Casado. • 3 .
415 Joaquim da M a t t a Agricultor.. .... .... .... ..!.' 24 de n o v . de 1385. 21 de n o v . de 1385.
415 Portugal "s "3 Catholica. •3" Brazil.... 21 de d e z . de 21 de d e z . de
J o ã o Lopes B a r b o s * de Albivjue.-aue.
417 M o r t e n Christian Thiesssn
w 25 do n o v . de 25 de n o v . de
413 F e l i c i a u o Otero Dinamarca... Solteiro.. "s" .... .... Catholica '"3" .... Brazil.... 126 de s e t . de 19 de d e z . d o
419 V i l b e l m ter B m g g e n Ilespanha.... Casado.. o "3 .... » 2 .... 9 de j a n . de 1886. 9 de j a n . de 1886.1
410 ! P e d r o T a b ias Garcia Prússia .... 23 de set. de 1885. 18 de o e z . d o 1885
421 M a n o e l Sobreira Cardoso Hespanha... 22 de s e t . . d e 1886' 9 de s e t . de 1888.1
Sjilei.-o.
424 J o ã o Fuchs Portugal.... Barbeiro... — 16 >
423 A r t b u r Spindler Alicüianha... Agricultor.. .... .... .... .... ....
a ... 18
421 A d ã o Dimmer Colo l o 30 1 de junho de T e a i 5 filhos.
423 Manoel Jos- Martins Protestante., Casado..
.... .... .... Catholica .... .... Brazil.... 28 de s e t . de 1885. 1 de fev. d e
423 Theodoro Baltzenthal Portugal Catholica.... 27 de j a n . de 1886. 29 de j a n , de
427 J o ã o Jorge Salsmann Allemanha.... Solteiro..
.. • . "°5 " j " "3" Catholica "3 " i * .... Brazil.... 20 » 1 de f e v . d a
3 de fev. de 4 »
423
42)
Octavio R o d r i g u e s P a r a d r l l a
Ilespanha
Casido... .... .... 5 » 5 .... ....
4 > 5 >
João Pedro....'
430 E v a r i s t o Artonso de C a s t r o Portugal .... 1 Catholica .... Brazil.... 25 de n o r . de 1885. 11 de dez. d e 1335.
431 Cbristino M-jUer Jcnsen "í" • • • 2 2 ... • .... 22 de s e t . de 1886. 16 de set. de 1898.
432 3 2 .... 5 11 >
431
Stephano C r i p p a
Josué Birdin
Dinamarca..
Itália
Protestante..
Cathuiica....
jCoumerciante. » 5
.... .... 16 >
.'Lavrador 5 de f e v . de
434 L u i z R a i o (Padre) 5 de f e v . d e
S o l t e i r o . | C lun.) 31 de d e z . de 1885.
435 José Maria Rodrigues de A r a ú j o . . . . Sacerdote .... .... •a................*>
.... .... ....
433 F i r m i n i J " s ? Rodrigues Portugal .... 18 de f e v . de 1888. 23
437 A n t ô n i o Pinto de Carvalho i Catholica Brazil.. 4 •
438 22 de s e t . de 1 de aet. de »
433
Antônio K o r b
Prússia
Casado.., k "i' 4 3 .... .... 17 de agosto d e . l S 8 3 |
410
Jacob Hubner
Allemanha. Agricultor.. 6 1 .... 7 7 .... .... da Allemanha e
4 .... 3
A d ã o KorT 7 3 7 3 6
4 de fev. de 23 de fev. de 1886.
do B r a z i l
411 Diederiea Schroeder • • • ...
• .... . .... B r a z i l . . 16
14 de n o v . de 1835.
17
12 de m a r c o de »
»
442
443
Guilherme M rsch
Alfredo J o s é d e B a r r i s
Solteiro. 2 'a "ió" Catholica.'.."." 10 .... .... 2t de f e v . de 1886. 27 de f e v . d e -
414 Antônio de Oliveira B a r r o s . . Portugal
Casado.. í .... 3
1 3 .... .... 2 de marco de 3 de m a r c o de- *-
415 .... .... • • • • •6 • •
1 ....
.... .... .... 11 de s e t . de 4 de set. de »
445
Felippe Allebrand
Allemanha, Protestant»..
Solteiro. 5 ........... .... .... ....
447
Guilherme Scbnoraberper
Catholica....
Casado. Agricultor... 4 4 8 a*. . , . . . . . . . . . . . . .... ....
448
Henrique Lcidemer » t 4 ........ ... ......... .... .... ....
449
IValentim Schcrer Lavrador... 5 3 .... • a • • • • > . . . . . . . > > > > * . .... .... .... B r a z i l . . 10 de f e v . de 1 de m a r c o de »
R o b e r t o Homerich Colono 4 3 .... .••....•••.«•••••••• 7 .... • ••• I t á l i a . . ,
450 José Feliwola Protestant».. 5 de m a r c o de 5 > >
451 Itália .... 2 i 1 Catholica. 2 .... .... 6 d » d e a . de 188T. 6 de d a i . de 1887..
452
Joaquim S o s r e » de Mesquita,
Miguel d a M o t t a M a i a Portugal....
Catholica . 5 4 9 » 9 .... .... B r a z i l . S > ;** -
453 M a n o e l Joaquim d a S i l v a
Cnuiuierciante. Matto Grosso. .... .... .... ...*...»....•...•••. .... .... .... 28 23 > »
451 Joté T e i x e i r a G u i m a r ã e s ^rgipe .... .... .... .... .................... .... .... .... 29 de n o v . de 18 » -
14' de s*t. da
455
456
J o s é Duarte Costa Solteiro. » .... .... .... .... a a . a a . . a . . a a . . . . a . . . .... .... ".. » »•
13
.
»
» .
»•
»
V i e t o r i n o M a n o e l d a Fonseca R i o de Janeiro..
437 J o ã o A l v e s B r n c k a e r Coruja. .... .... .... .... .. .. .. .. .. a. .. .. .a .. .a. .. a. .a .*. .. .. .. a* .... .... .... S de j a n . de 1888, 2 de j a a v d » 1868-
458 Frederico Sell Allemanha.. .... .... •.. "s .,«.,.......• a.... .... a • • • 3 »- » 5 » »
459 N i c o l á u Schftid Sobrinho Protestante...
Casado.
Santa C a t h a r i n a . *1 4 a.a
.... .... B r a z i l . 11 de set-de 1885. 4 d . set. d « 1 8 a i ^
460 João Josí Link Catholica... ,
2 .. 3 Catholica 3 .... ....
A g r i c u l t o r ., S. Pedro do Sul.,
3 5 .... .... .... .... ....
- 22 —
— 23 -

X FILHOS
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131 J a c o b Ilecker A l l e i i i a u l i a . . . . lVutestanto... C usado...


4'32 Frederico l i a r t i c h » Catholica * *
5 0 11 de s e t . de 1S81.. 6 de s e t . de ISSO.
463 Carlos Alloorand • Prutest-tiite... * V . » . 4 » »
N i c o l á o Scheid Catholica I .... .... . .. •
461 » 4 3 • • • • .... .... .... .... . . . ti » »
P r ú s s i a Protciiante... Lavrador
4j*> Cliristian > I l a h n •* 3 7 . . . . •. • • . . . . . i . . . . . . ...» .... • • • • 4
4H Jos. Fernandes Gomes Portugal Catholica * ('uni inércia n t o . . . . . .
1
1

Suissa * * Uahia 4 •.. . aai.s. .... * • * . Brazil l <le out. di? - 25


437 J o ã o Baptista M u l l c r F r e y .... . . . . . . . . .... .... 1 4 2 3 dc agosto de > Tem 6 filhos.
453 K d u a r J o C a r l o s VennegerlioU Allemanha.... * * » 3 Catholica Brazil 14 de j a n . de 1S3S . 11 de j a n . de 1383,
Portugal Marici'i(o Espirito Santo
"2 .... 3 .... ....
4ÒJ Domingos R o d r i g u e s ... 2 w » 3 do nov. de 1 SS 7. 20 de fev. de •
470 J o s é NicolAo L u c a s Itália V i u v o . . . . Coimuc rciautt* »
í .... .... 1 m í .... .. . . 2 4 dc set. de . 21 de set. dc 1 337.
471 Aspei > An.oiiio Mfloj » C a s a d o . . . Artista 1 .... V 2 • * w » » >
Allemanha.... * » Santa C a t h a r r a a . . . . 1 • • • • . •• .
472 Rodolp'.io Schmiilt .... 1 .... í 1 .... 3 de nov. de . 3 de nov. dc »
J o ã o Uaptist.L N o l i Itália Solteiro..
473
Ca>ado...
. ... 1 » 1 .... .... • 23 de out. dc . 9 de j a n . de 1338.
474 Frederico W e s t a r j Alle-uauha . . . * * 9 de nov. de »
ltali.a *
.... .................... ... .... .... 1 6
47.1 J o ã o Curbani 5 "ó "\ 7 Catholica 11 .... .... 12 de o u t . dc • 17 de dez. de 1 837.
475 Dallago ltalthazar Allemanha.... * * 1
1 3 .... • .. . 2 0
477 Maximiliano Scliveigert t 4 :Í j> !) .... . . . . A l l v manha 1 2 17 de nov. de »
47S J o s é Nuss * * 2 3 .... 5 5 .... .... 2 1 de set. de - 20 de out. de >
479 J o s é Dcbatin » * •> » õ . . —
R a n o a Oliva Republica A r -
5 .... .... 5 .... ....
430 . . . 8 * *
gentina S. pedrn do S u l . . .
4S1 J o ã o L i u r o n ç o dos Santos Pa.-aguay. . . . > í* de out. de »
4.S2 J o ã o Christiano Prcsser Prússia.'. Catholica C a s a d o . . . Artista!. ] .... .................. 1
1
433 Joaquim Schoclor Allemanha.... Solteiro.. Açougueiro Brazil 4 dc out. de 1336. 23 dc set. de 1330..
Portugal Casado... "3' .... "ò" C a t h o l i c a ....
434 F r a n c i s c o Fernandes d a G r a ç a ....
Baliia ....
4S5 Cypriano J o s é Martins África' Solteiro.. 10 de fev. de » 15 dc fev. dc .
43i J õ a o Salvador d c AlJieida » * » .... .... * a . . . . . . . ... 8 dc f e v . de 1SSS. S dc fev. de 18
38
4S7 Alexandre Poggio * Casado...
rtali:i .... !".!*.!.!*.*.." • • • • .... 18 » 1 8
4S3 Benjamia M o y s í s P r i n s Holhn.Ia > Brazil 22
Itália »
4
* "3' (> Catholica ... 2 2
4S3 Francisco Ro'toudano 1 1 1 .... .... 6 dc m a r ç o dc » 6 dc m a r ç o de >
lilO J o s é Joaquim Mendes. PortugnJ Sol ciro..
4

9 9
491 Manjei J o s é Pereira » C.is.ulo... ...... .... 1
0 10
492 A n t ô n i o R i b e i r o da Cunha Solteiro.. 4 » » >
J o s é Pedro Gravato » » » "." !!!.'.'.!....!.! .... .... ....
433 a... ....... .... .... 1 5 » » 15
494 Bernardo J o s é dc Amorim P e r e i r a S. redro do S u l . . . .... 1 6 10
493 J o s é A n t i i u b Simmens (Padre) * .... .... .... 5 dc j a n . dc 1SS7.
.... .... ....
435 J o a q u i n F e r r e i r a Miiutinho * » 2S
437 Antônio V i e i r a de Macedo .... 3 1
493 Joaquim A u t o n n da C r u z * » 16 dc fev. de -
... ........ .... .... ....
499 Jerouymo Pereira Dantas .......... ... » . —
500 Manoel M a r t i n s da N o v a . . . * ....
.... 17 de m a r ç o dc »
501 Jacintho í l a l v a n i > .. • • ...... 2
4
502 Antônio Pinto * .......... • •» •
.... .... .... 31
........ .... .... ;••
503 Manoel Fernandes da Silva " 1 de abrU dc •
.............. ............
301 Leopoldo Gomes Saraiva \ i a t
.... .... .................... » — >•
505 Edmundo Feltschcr " .............. ..... ..... .... .... .... .................... 4 de maio de *
.... • ..a ....
505 Floricio Vieira Gonçalves [ 5 » »
507 Lucas Evangelista dc Souza \ ..,. ........... • • . •
.... .... .... .... .... .... 2S
503 Manoel Dccio Lucas *
J o ã o Manoel L u c a s * 3 d c j u n h o de •
50) \\ 13
510 Honorio Manoel L u c a s * B i
t
....... ....
Jayme Antônio R i b e i r o Neves \
.. ]'.!.'. !! L * \'."" \.""
9a
511
A n t ô n i o Alves dc Siqueira \ \\... .... ....
312 16
Joaquim J o s é E s t i v e s " ....
513 .... 18
311 Henrique W i l t r o c h " ....!.!..] . . . a . • . . * . • • * 20
315 Albino de Piubo j
310 Iens Peter S-.irensen \ . mm .... .... .... — .... .... ....
3 de j u l h o de -
517 A n t ô n i o A u g u s t i Machado \ 9
• • •• . . . . • *. • . • • • . . . a . . . > . . . . . ... .•••••a.*.. 21
313 Henrique A n d r é Rrockcman ... 27
.... ....
319 Francisco Puglies!
•.. .... .... ....
320 J o ã o Diemer " !...!.] .............. .
23
521 Wilbolm S t o c h s . n a n s . . . . " .". •».. .... .... .a. a " . . . . . . " a . . . . * 2 do agosto dc -
322 Mathias K l e i n * **** •••>.•.... . « ....
523 Joaquiai de M e l l o Freitas \ . — »
.... .... .... ....
52i P o r t u t n t o Gomes da P o l ô n i a \ .... ....
» » »
525 Luigi Darrigo " a .. ,
Theodoro Grunswald \ •.. • mt w9

525
.... .... 3 » *
327 Pedro delia M a g g i o r a * .... c »
523 Theodoro Rcinecitcn \ .... . .... .... .... » * *
329 Ernesto Baucrmann " ••**••*•••••••
J o s é A n t ô n i o d a R o c h a Gallo .............. .... .... .... s * *
533 .... .... .... ....
331 F r a n c i s c o Valente \ ••••••*•••• ........ • ... •. •. 10
.... , .... .... ....
532 Manoel do Oliveira Branco \ * ••.«•• "** ... • » * >
533 Francisco Baldi \ •'*•• • 11 *
Simão L e o n a r d o " . .... •
531 ... .... 1G
335 Guilherme L c v s c r • • • • 19
533 Carlos Gatti.." • • • * • .... ....
» » »
537 Joaquim Antônio da Cruz ' • •• a. • . > . . . . . . . ... • . a . • ........ . .. ^ . » »
533 Joaquim J o s é de Souza • '* • * .... .... • • . . .. .. .. . . . . . . . . .. . 23
539 Germano L o u r e n ç o dos Santos " • . . • •>.. . . . . ... .. .. a . . * . . . . . . . . . w »
» ....
.... .... .• . » »
... . . . . .. .... .... • • • . ....

4
— 25 -
- 24

FILHOS
a
Cd
a

o
w DATA DA CARTA DATA DO JURAMENTO OÜSERVACÔES
NOMES PÁTRIA ni.Liôno CSTADO puonssÃo RESIDÊNCIA
c N.VTUKALIDADK
et
u
X
'A

23 dc agosto de 1337
510 Antônio F e r r e i r a da Silva \ S. P e d r o do S u l . .
511 Manoel Duarte L i s b o a * , . ,,„,,, »
542 Carlos Guilherino J ú l i o Schauer ° .. , ,, »
5'3 Serafim A n t ô n i o de Medeiros \ ... .... !!!!!! ••..••••..•*•...•••• »
5.1 Balthazar F l o r i n d o de Abreu j .. *.••*•• »
5.5 Sebastião J o s é de Mattos " . , »
5.0 Pedro Legoai&na \ • .. ...»,., » de set de
517 Frederico BIau * .............. ...... »
513 Miguel M i c h e l i ° , , i

5.3 Felippe Guths * .


550 José Raub " [[[
551 Pedro Schneider \ ...... . . . • " ! ' ! ! ' . 1', 1 9

Jacob Persch ' ., [\\ m ! . " . ! ! . . ! ! . . ' ! . ! . . . . »


532 ..........
5V) Pedro Scherer \ .,,, .\ .'*.'[.!..'.... •
554 João Huning !!!!!! .1..
5}5 J ú l i o Chassot " . »
53 5 Miguel B a t e s l'tt
537 P e l r o Zarths * *\\
55< P e l r o Gc.veler »
559 Pedro Ililgort '
530 Johaa WóllT.ann • ..............
551 Felippe L o f ' . • • . . . . . . a . . . .
5:2 Cornclio HUgcrt *
5'33 Nicoláo F u a c i *
501 J o s é Joaquim Fernandes B r a g a ' ..............
m
5J5 r l i l a n o Ripero "
55 > J o ã o J u l ü Cahcn ' 9

557 J o ã o Baptista Autcverc * ............ y


10
5)3 Augusto Goebel •
55"! Antônio da Costa L i m a •
570 GuUhcrJoc Becker * .............. .......... w

571 Henrique Bocnsel a


.............. *
572 Vicente Curto • * * "* 9

573 Ângelo C a t a í a n i *
574 Bento Lopes Valente •
573 J o s é Pereira Pinto L i m a •
575 Pedro M a r c e l l i a o da Silveira • ........ •• .
577 Pedro M a r c c l l i n o • • * ..•>...... •
573 Salvador lgnacio Gulart • ., '* •*• *
579 Antônio C h r i s t o v ã o T r o l l e • ....... *
5S0 Sccundino J o s é dc Mattos • •*••••••»•••• *
531 Afonso Pinto M o r e i r a • ** •••
5S2 J o s é Scotto . ....... • •» ...... *
5<3 J o s í Thiesen • * *••••••... • * ••• *
534 Pelro Merg . \ \ \ " . ••*••• »• " • • • *
555 Antônio L g a r d
:
- *
5S6 C â n d i d o Nunes L e ã o •
'/"" m
*
537 J o s é Gomes da Costa • ...!........!. •*••••••••
538 Donaiag >s F e r r e i r a G u i m a r ã e s • ** *
559 Jacob Ilahn • *
590 J o s é Rodrigues Bittencourt • ••*•••••••• *
591 Gcrala-no Piamctti - •*• **•" " • *• *
592 J o ã o Amancio de Souza • •
593 Manoel Martins Vinhas • • . a *
594 Joaquim J o s é F e r r e i r a • *
593 A n t ô n i o M a r i a da Fonseca • •
593 V c n i n c i o Dias de Saldanha • *
597 Carlos Paulo Reichelt • .»
593 J o a q u i n Antônio Vargas • ••
593 J o ã o Moreira Guimarães • ... •* *
600 Magnus C a r l o s D.odrich Grage • • * 20
001 Albano J a c o b i • • •• •• *
602 Carlos l l n b c r • .
GOi Miguel Z a m n d r é a • •••• *
001 Cohstantino R o j o Fernandes (Padre) •
605 Carlos G r i n m • • • *
603 Júlio Max Kleber • "*•••»•••*••« »
607 Beato R o d r i g u e s Salazar •
\' m 9

003 Luiz A m b r o z i o •
603 Georg F r i c i r i c b Bccker • r • •
010 Manoel Joaquim de Moraes •
611 J o s é Martins da Silva J ú n i o r • •••«••...
612 J o s é Joaquim Duarte • ****"•*•
613 J o s é M a r t i n s Soares \ • . . . . . . . . . 1 . . , . . . . . ,
614 V i c t o r i n o J o s é Gomes Soares \ * .............. •
615 J o s é Antônio J ú n i o r • >>•>••...,. « . . . . a . . . . . . . . . . . . .. *
010 J o ã o da Costa Monteiro • , >
l 617 A n t ô n i o L u i z Coelho •
.1
618 J o s é C o r r ê a Evangolists •
•. .... 9
- 2G - - 27 —

NOMES tnr.i DO jcuvMit.\rj ilU.LtiV.lÇOE*

M I U . ...IOAUI.

619 I A n t ô n i o F.ckcrt 24 dc set. de 1N*7


S. Pedro do Sul.
620 i DoliiSiim Pires Viarica
021 ' A n t ô n i o Gomes dos Santos
622 i Da-nião de Souza
623 • F r e d e r i c o de Jonge
621 Antônio Berna.be Pimenta
1

623 i J o s é R o d r i g u e s Fernandes
626 'Domingos L c u r e a ç o d a Costa F e r r e i r a .
627 I J o ã o F e r r e i r a Campos
628 Jacintho B e r n a r d o Henrique
62} I J o s é Rod.-iguesTaUiia
630 .'João V i a c i v a
631 I A n t ô n i o Marques da R o c i a
632 i J o s é Schcid
633 J o s é M a r t i n s d o M a g a l h ã e s
031 I Germano K l u g e
033 ' J o s é M a r i a Fernandes Granja
630 I A l b e r t o ü i e s t e l
637 [Joaquim J o s é de Carvalho
G3S / P a u l o Jacger
G39 •Paulo Thiesen...
GiO G r a n i o Giovanni
OU I Lourcnço Moré •
012 i F r a n c i s c o J o s é R o d r i g u e s .....
013 • Antônio B c r n a r . l o Alves
O U M a n o e l de Oliveira B r a n c â o
1

613 LAntonio da S l v a B r a g a
040 : M a n o e l Gomes F e r r e i r a
017 " A n t ô n i o de Oliveira Bastos
G1S . J o ã o M a r t i n s G o n ç a l v e s
C49 iManoel Fernandes G r a n i a
630 Antônio Fernandes C a r i l i a
031 iiAmancio Carlos da Fonseca o S i l v a
652 ' C a r l o s J o ã o Menna
633 I C a r l o s Dachuhardt •
054 • Fidciis L u i z Gersosio-.o
653 1'Dcraetrio P:«Rarro
636 : Henriqucta Helena M i e r i c h
637 • A n t ô n i o J o s é dos Santos M a t t a
OV AtTonso Atlianasio C o r r ê a B r a n d ã o
639 l Manoel E m i l i o A n t ô n i o Antunes
;

630 i G a r i o s Mantenfel Prússia


631 ! J o ã o F r e d e r i c o B r c y e r Protestante.. Casado. Lavrador
Allemanha.., Catholica.. 1 Catholica..
652 j.Luiz F a r a o n Itália
653 1'Angelo F a r a o n Comüicrcianle.
COi S a l v a d o r S í c o n . o Auslria-Hua-
II gria
055 Fortunato Z a c a t t i »
9 dc m a r ç o iic 1>81 Tem 5 filhos.
650 I j c ã o A d ã o R e i s
Allemanha. Colono
037 ('Alberto Gocske
638 (•Augusto A V o l H e r Protestante..
009 liLuiz Bernhard
070 Henrique L u d w i g Reitzer
671 liErnosto Isernhard
072 ! | j o ã o P l a n t z
673 I J o ã o Goelzer
671 | l J o ã o B a n t i s t a Scsiani Itália ,
073 ijjocob \ \ assem. Catholica....
Allemanha , 'rotestante. Protestante.
G70
r i u f C h r i s t o v ã o Por.-ke Agricul:
6"
II I 'Carlos Germano Gcrckc
078 ÜJulio M u n d t
679 Í A l b e r t o Bushse 19 dc o u t . dc 1880.
080 •Floriaao M i ü l e r . . ...\\... A u s t r i a - I I u n .
gria Catholica.
6S1 'Guilherme Schicíclbcin
Allemanha... Protestante..
082 iGuilhcrmo Jann »
633 Agostinho Marques V e n t u r a . »
Portucal.... Solteiro.
6-tt R i c a r d o Albertazzi
Itália.. , Catholica.... Casado..
0S5 Felippe S.dtonreich
Allemanha...! Protestante.
680 i:Hcnriiue Kckheirdt Agricultor..
687 Henrique F.ggera Protestante.
688 T l a u s Henrique Schack
689 Saleno L o p e s T e i x e i r a Portugal
690 'Augusto ScbefTcI Catholica.. Colono I Catholica
Austria-IIun- 16 dc out. de »
gria
091 J c r o n y . n o Felippe P i Agricultor.
R e p u b . Orien-
tal • l do Brazil o 3 da S de f e v . de 18SS.|
Industrial.. Matto Grosso. Republica Oriental.
16 do i n a r ç o de
692 Ernesto Scvin . 11 de de.-, do ISSi.]
França
693 [Jacob P r a s s . . . Solteiro. Rio de Janeiro..
I Allemanha.. Protestante. Casado..
\ Lavrador.. S . Pedro d o S u l .
\
- 28 -
- 29 —

FILHOS

NOMES
DITA DA CARTA DATA DO JURAMENTO ODHBKVAÇOES

NvrimLiDv.)".

69. João Linn Allemanha,, Protestante.. Casado... Lavrador.. Podro do Sul.


095 Júlio Bcrtelsenann S o l t e i r o . . Professor.. Brazil. 17 de dez. de 1383. 11 de dez. de ISSO.
03o Guilherme Rotermundt ( D r . j . . . . Casado... ....'21 li • »
037 Constantino Silva Re n. Orien. Protestante. iirazil. 17 de jan. de 1337 11 dü j a n . de 1337.
tal Catholica. .. Solteiro.. Colono
6DS Francisco Marques Ilespanha... » Casado.. Marítimo.. 12 de n o v . de 1SS3
639 Daniel K u r z Allemanha.. Protestante.. Lavrador.. 1S . » 3 do maio de > Tem 2 filhos.
700 Christiano Beyer Protestante. Brazil. 20 de n o v . de >
701 Joaquim Ignacio Martins Portugal. Catholica.,.. Solteiro.. Maritimo... 15
702 Gustavo Past Prússia... Protestante.. Casado.. Lavrador.. . . [30 do m a r ç o de 2 dc agosto de >
703 João Iirãmcr Catholica.... Agricultor. Brazil. . . ; 5 de a b r i l de 27 de o u t . de »
701 J o s é de Oliveira Marques , Portugal. Solteiro.. Catholxa., 11 de set. de .
705 Adolpho Nunes P i n t o 9 de a b r i l de 13S3. 3 de maio de »
703 J o s é D ó l a r e s d e Jesus C a s c o . . . . Paraguav.. 12 de abril de »
707 Faustino P e r e i r a S c r z e J e l l o . . . . , Portugal... Casado. . ! 6 da maio de • !l0 de maio do -
703 J o s é Soifert F i l h o Allemanha.. Agricultor... Catholica.. Urazil. .13 - . ! l S
703 J o ã o Jorge llcnriquo Frederico W c i s c Protestante.. | 2 de maio de 1S37. | 2 de n o v . de
Caetano Papaleo (Padre) Italin Catholica— Solteiro.. Sacerdote 31 I 5 de j a n . de 1SS7 Tem 5 filhos.
710
711 L u i z de B a r r o s Soutiuho Portugal... • _t de maio de 13.33 '21 de maio de 13S5,
J o ã o Henrique Lai!>ancr Noruega.... '23 » J2S
712 Protestante.. Casado..
Manoel Joaquim F e r r e i r a Portugal... { 4 dc junho de » 5 de junho de >
713 Catholica....
Catholica.. Brazd. -23 de maio de > 31 de maio de »
711 A n t ô n i o Cândido de F n r i a Salgado.
124. 10 de junho dc »
715 J o s é Gomes Martins Solteiro.
Carlos W e v r a a c h Alleinanha.. Casado.. Commcrciante. '16 de fev. de 19
716 Protestante..
Francisco Joaquim Trindade Portugal... Solteiro.. Bahia 114 dc junho dc 1SS7. G dc » de 1SS7,
717 Catholica....
71S Fernando Frederico L u i z ' V u l í Allemanha. Casado.. S. Pedro do Sul. 13 dc a b r i l do 1SSS. 13 de a b r i l de 1SSS.
719 Achilles E r a g i o l i Itália Catholica.. Brazil.. '23 dc junho dc 1336. 30 dc junho de 1335
;

Mascarei]o A c t o n i i Gabriel '23 » » | 5 de julho do »


720 Artista
Pedro Meinert Allemanha... Catholica,. Brazil '13 de julho dc 13S7.| 9 do julho de 1SS7
721 Agricultor...
Guilherme Bienstcin » » 129 » » I 7 de junho de »
722
723 L u i z Ilges Prússia Protestante.. i 6 de julho de 1333.: 12 dc julho de 1336.
721 J o s é M a r i a de M a t t o s Portugal.... Solteiro . '15
Catholica
725 Mathias P â u g e r (Padre) Allemanha... 10 de m a r ç o dc » I G »
Sacerdote....
723 Hugo N i c k o l Protestante... I 3 de set. de 1335.. 'SI
Bahia..
' l i dc a b r i l de 1SSS..1. dc a b r i l dc 1SSS,

• Com este signal e s t ã o contemplados no quadro acima 166 naturalizados a respeito dos quaes a P r e s i d ê n c i a da p r o v í n c i a do R i o
d a t a s d a s respectivas c a r t a s . G r a n l e d o S a l n ã o p r j s t o u infjr na;3es c r u p l o t i s . l i n s t i n l i - S í a r i ne '.ter una ríSação dos mesmos, contendo apenas os nomes e as
Na casa das o b s e r v a ç õ e s v a i indicado o numero dc filhos dc alguns dos naturalizados sobre as c o n d i ç õ e s dos quaes t a m b é m n ã o
foram recebidas i n f o r m a ç õ e s .

3.a Directoria da Secretaria dc Estado dos N e g ó c i o s do I m p é r i o , cm l o dc maio do 1S>3. — O Di.-ector, D r . Joaquim José dc
•Comjos Ai Costa de Medeiros t Albiipereuc.
RELATÓRIO
SOBRB AS

ÁGUAS MINERAES DE POÇOS DE CALDAS. LAMBARY E CAXAMBÜ

O presente relatório é divMido em quatro partes, das quaes as tres primeiras são destinadas
ao estudo de cada uma das á g u a s mineraes correspondentes ás tres localidades principaes,
percorridas na minha excursão hydrologica. Assim, na primeira tratarei dos Poços de Caldas, na
segunda do Lambary, com um pequeno additamento sobre CambuquLras, e na terceira de Ca-
xambú, de passagem oecupando-me também de Contendas.
A quarta e ultima parte s e r á consagrada à resposta das questSas propostas pelo E x m . Sr.
Inspector Geral de Hygiene e approvadas pelo Governo Imperial.

I. — POÇOS DE C A L D A S

Cheguei a esta localidade no dia 28 de Janeiro do corrente anno, e encontrei-a completa-


mente transformada, a comparar como estado em que a ri em 1874, fazendo parte da (sommissão
que nesse anno foi mandada a analysar estas á g u a s . E' hoje uma povoação oecupada por umas
200 casas, habitadas por mais -ie 1.000 pessoas, e servida por um ramal da estrada de ferro da
Companhia Mogyana, cuja estação termiual fica ahi próxima do estabelecimento balneotherapico
(apenas alguns metros distante).
Este estabelecimento e aquella linha férrea são os dous principaes melhoramentos realizados
nessa localidade.
As fontes thermo-mineraes passaram também por uma transformação profunda, estão hoje
tenefleiadas e convenientemente tratadas. Ficam abrigadas em duas casas, pouco mais ou menos
das mesmas dimensões, uma de fôrma quadrada e a outra octogona, donde partem os encana-
mentos que levam as á g u a s ao estabelecimento. Nesta, de fôrma octogona, acham-se reunidas as
fontes de nome Pedro Botelho e Maria (I), j á assignaladas pela commissão de 1874, e mais outra
conhecida pouco tempo depois e denominada Chiquwha.
Estas tres fontes communicam com o estabelecimento balneário e despejam nelle suas
á g u a s por nm condueto de 40 metros de extensão ate sua entrada no dito estabelecimento

(i) O povo chama antes fonte Mariquinhas.


dentro do qual ellas corro;., a t r a v é s de canos cspociaos do madeira, estreitas calhas, perfoita-
mento fechadas, tendo aberturas correspondentes a cada banheira; nestas aberturas são applicada*
grossas rolhas de pau, quo, retiradas, deixam ealiir a agua primeiramente cm um:i pequena
cuba ou depressão collocada fora da banheira, mas junto delia em relação com a parte da
cabeceira, e eommunicando com o interior d.i mesma por um orifleio existente no íundo da parede
divisória. Tem por tini esta disposição garantir o mais possível a temperatura empregada no
banho, o manter a maior igualdade da mesma cm toda a massa liquida, como ó de bom conselho.
Ha quatro li Ias ou series do banheiras, col locadas em linha recta, sendo duas centraes,
todas de madeira, em numero de 32, e destinadas a doentes dc 2» classe, o outras duas ao; lados
ou por fora destas em numero de 20 feitas dc cimento, par.i doentes de I classe. Ao longo
a

de cada serie do banheiras correm tres ordens daquellos conduetos, sendo uma para as á g u a s
reunidas das duas fontes Mariquinhas o Chiquinha, outra paro. a da fonte Pedro Hctelho, c.
linalmente, a terceira para a da fonte denominada Macacos.
Esta ultima fonte acha-se isolada na casa dc forma qu.drada, distante do catalolcciniento de
banhos 574 metros, conforme se vè de uma planta que me foi obsequiosamente olTerccida pelo
Sr. engenheiro Dr. Garcia Redondo.
Comquanto a fonte Chiquinha tivesse sitio encontrada depois dos estudos da commissão de
1874. e, portanto, sua ogua não tenha ainda sido analysndn. julgo essa analyse dispensável o
desnecessária. Mesmo agora JilT.ciJn.cntc ella poderia ser executada com rigor, em virtude das
obras de captação e cutras realizadas cm beneficio da referida fonte, cuja agua se mistura com
a da Mariquinhas na mesma divisão do peço. Seria preciso, para isso, levantar o grande tablado
collocado sobre estas duas fontes e estabelecer a sua separação completa. Disse, perem, que já
agora julgo dispensável esta analyse, pelas razões seguintes :
Em primeiro logar, consta do interessante escripto do Dr. Pedro Sanches dc Lemos sobre as
Águasthermaes dc Caldas (1SS4) que a temperatura da fonte Chiquinha foi opportunaniente to-
mada e achada igual á da fonte Mariquinhas (44°), a mesma que ainda hoje conserva a mis-
tura, examinada na oceasião em que entra nas banheiras.
Em segundo logar, a identidade também de composição chimica entre as á g u a s destas dua>
fontes é a t é certo ponto evidenciada pela inalterabilidade da da fonte Mariquinhas, após a sua mis-
tura com a outra, acareados os resultados da analyse feita em 1874, sobre aquolla, com os que
obtive agora dos exames a que procedi na mistura das duas. Estes exames consistiram na ana-
lyse qualitativa e no ensaio sulfurometrico, com o apparelho dc Dupasquicr. e os resultados com-
binaram perfeitamente com os da primitiva analyse, isto é. verifiquei as mesmas re::cções chimicas.
o mesmo titulo sulfurometrico. além do mesmo grande íhermalidade. Ora, as.im não acontecem
si a agua da fonte Chiquinha fosse dc natureza, temperatura e composição diversa; neste caso, mistu-
rando-se com a da fonte Mariquinhas, forçosamente modificaria as qualidades desta.
Em terceiro logar, lè-se também no mesmo alludido folheto do Dr. Pedro Lemos que, d u -
rante os trabalhos que se executaram nestes poços, se ob>crvara o seguinte facto: < á proporção
que as águas subiam e o equilíbrio dos líquidos se restabelecia, o volume da agua Pedro Botelho
augmentava o seu jorro c readquiria o primitivo diâmetro. > Isto provava, conforme j á ante-
riormente alTirrnara o engenheiro Dr. Euzebio Stevaux, o a commissão de 1874 o previra em seu
relatório, que essas duas fontes se communicam, o que se verificou depois.
Finalmente, em quarto logar, de tal maneira calou no espirito da população do logar essa con-
vicção sobre a unidade dc origem destas tres águas (Pedro Botelho, Chiquinha e Mariquinhas), quo
as tem deixado em santa paz nessa bigamia do nova espécie : nenhuma reclamação so tem l e -
vantado.
O mesmo, porém, não suecede com a fonte denominada Macacos, cuja distancia muito
mairr do estabelecimento (574 metros), cuja situação em um dos extremos do povoado, tem sido
o pomo da discórdia e o o! jecto de queixas o protestos contra a empreza balnearia, por ter
e l l a encanado a agua dessa fonte para o único estabelecimento abi existente, em vez de edifi-
3

car outro servido exclusivamente por essa mesma fonto, conformo, dizem os reclamantes, está
determinado no respectivo contracto com o Governo.
Comquanto pareça, á primeira vista, estranha à minha missão nos poços de Caldas esta parto das
necusaçoes feitas á omproza, to.hvia entendo directamonto com ella na parte relativa á pretendida
alteração que a agua dos Macacos *o!.'reu, diz-se, não só quinto á sua temperatura, como também
quanto á sua composição o propriedades therapeutieas. K' isso o que rez:i um rolheto anonymo, eom-
pendiando uma serie do artigos publicados no Jornal do Com,nercio por um aquático (2), censurando,
cm tom violento e acrimonioso, os actos da empreza balnearia; folheto que, naturalmente para meu
governo, se apressaram em endereçar-mo pelo correio, no mesmo dia da minha chegada aos Poços.
Pondo dc parte outras questões relativas a cumprimento o execução do referido contracto, e as
quaes não me compete apreciar, tomei em consideração as que dizem respeito a essa pretendida
a l t e r a ç ã o da agua dos Macacos, pela distancia da fonte ao estabelecimento, o pelus inconvenientes
o defeitos emprestados á canalisação da mesma. Antes de tudo, porém, devo observar que, pela
terceira cláusula do contracto, os concessionários obrigam-se a fundar segundo estabelecimento
balneário no caso em que assim o exija a distancia entre aquella fonte e as outras. Ora, essa dis-
tancia, que foi perfeitamente medida sob minhas vistas, c do 574 metros; está, portanto, longe,
•e não perto de um kilomotro cu a quaii um kilometro, como diz e repete o aquático no seu fo-
lheto-lüiello. listas expressões, assim exageradas, tratando-se dc uma distancia que i>ouco excede
de meio kilometro, são compromettedoras da sinceridade das aceusações.
Outra queixa ainda mais grave e ainda menos exacta e verdadeira é a de que essa agua chega
ao estabelecimento ! Posso assegurar que, consultando, durante quasi todos os
completamente fria

dias da minha est.ida nos Poços, a temperatura da agua em questão, no momento em que ella chega
à s banheiras e com um thermometro de confiança trazido do laboratório de hygiene da Faculdade
de Medicina, sempre encontrei 39*, tendo achado a de 43 , tomada na respectiva fonte. Por aqui se
<!

vô que a agua perde apenas 4 em todo o seu percurso, e chega ainda com uma temperatura muito
e

sulíiciente para certos eíTeitos clínicos, o ainda demasiado alta para o preenchimento de outras
indicações especiaes, guardando sempre a mesma composição chimica.
N"em se pode admittir que essa diminuição de temperatura acarrete a menor dilTerença na
composição dc águas tão fracamente mineralisadas, como são as dos Poços de Caldas. Neste par-
ticular, sinto discordar da opinião do il lustrado medico Dr. Pedro Lemos, quando, em um artigo
publicado em Fevereiro do anuo próximo passado, sobre os Poços de Caldas, disse que as agua*
thermo-mineraes n"o devem perder caloria algumz no seu percurso através do encanamento, porque,

desde que a temperatura bxixa, os sae.t Não ha tal, perdoe-me


dissolvidos nclla se o
precipitam.

distineto collega: esta razão só 6 aceitável, só exprime uma doutrina perfeitamente correcta,quando
se trata de líquidos que representam soluções saturadas, ou pelo menos muito concentradas e
próximas do ponto de saturação, portanto, sem applicação ao caso vertente, em que as á g u a s
constituem soluções muito diluídas, incapazes do apresentar o menor deposito salino só por um
pequeno abaixamento de temperatura, o nem mesmo pelo resfriamento completo.
Com efTeito, as analyses de 1874 revelaram em todas estas agms apenas 0,535 a 0,654 de
resíduo lixo por litro, quantidade muito commum a t é cm águas potáveis, e muito inferior à de
grande numero dc á g u a s mineraes frias. Nem se pôde appsllar para a natureza diflerente dos
princípios salinos ncllas dissolvidos, visto como o que domina na composição das de Caldas, o car-
bonato dc sódio, é, como se sabe, nimiameuto solúvel.
Eu poderia citar numerosos exemplos de águas mineraes em temperatura inferior á dos Poços
de Caldas, tendo cm dissolução uma quantidade muito mais considerável de saes; contento-me,
porém, em apontar como um dos mais eloqüentes o das águas sulfurosas de Uriage, no oriente da
França, cm Isere, que, com a temperatura de 27», tèm em dis;oluçIo 10 ?<•., 436 de princípios s a l i -
nos lixos por litro, isto ó, 16 vezes mais do que as de Caldas.

(2) Nome dado a todo indivíduo cm uso daí águas.


4

Nem mesmo o olomonto sulfuroso so'porJo : nqai dá-se oxactamanto como em Molitg-, no sul díi
Franca, fonte Llupia, cuja temperatura nativa o do 38° o não passi do 31 a 3Õ no local dos
J

banhos, conservando, segundo Constantin James (3), todos os seus princípios sulfurosos. Mais
adianto exponho como cheguei, áquclla veriiicação.
A prova ou argumento que o erudito collega adduziu, p i r a oxplie.ir a precipitá-lo dos sãos
das águas thormo-mineraes dos Poços, ó tiradi do facto seguinte: « Antigamente, diz o l l o ,
quando as fontes therm .es n ã ) estavam beneficiadas e eram picos do agua espraiada, os sãos
precipitavam-se em torno das nascentes, nos logares em quo baixava a temperatura: massas de
saes eu tive nas mãos, o viram todas as pessoas que aqui moram o são daquelle tempo » . Ha
forçosamente engano de interpretação: a condição physica quo produzia esto phenomeno era, antes
do que a perda do calor, a grande evaporação do liquido, tanto mais notável quanto era favo-
recida pela temperatura relativamente elevada das águas o pela extensão o larga superticie de
exposição ao contaeto do ar, isso ainda admittindo quo toda essa m issa de resíduos apanhada
fosso realmente constituída por saes, de que uma parte aliás podia ser estranha á composição
natural da agua e form ida pela accão do oxygeno o do gaz carbônico do ar sobre os elementos
delia, o não talvez em grande parte pela matéria organici, ou antes organizada, peculiar ás
águas desta natureza.
Si naquelle tempo, como diz o estimado collega, pela imperfeição do encanamento, também
lâminas de saes entravam pelos orifícios das banheiras, a causa era a mesma e hoje o facto não se dá
mais pela melhor construcção dos eonduetos.
Assim, pois, vè-se que não só póle-se, mas iia mesmo vantagem e ato necessidade de res-
friar um pouco mais esta agua, para obter certos eileitos especiaes e proporcionar o que o
D r . Pedro Lemos chama o ideal do banho thermal, que é a temperatura do 3G dc agua corrento.
,:

Para isso, ter-se-ha ou de fazel-a demorar por tempo suiíicicnte em reservatórios apropriados
antes de sua distribuição nas banheiras, como os que já a empreza possuo assentados no esta-
belecimento; ou mistural-a com aguacommum fria na proporção necessária, o que seria neste caso
inconveniente, tratando-se de águas tão pouco miaeralisadas, que se tornariam ainda mais fracas;
salvo si se quizesse aproveitar, para este fim, de u n n agua sulfurcsa fria, da qual adiante t r a -
tarei, o quo offereceu, aos ensaios com os mesmos ro ictivos empregados na analyse das outras, os
mesmos resultados: ella foi mais recentemente descoberta cm outro ponto afastado do povoado,
do outro lado do ribeirão dos Poços.
Não seria esta uma pratica nova ou original nem extravagante, porquanto em vários logares
da Europa assim se faz; haja vista a estação denominada Bag,iols-les-Baim, ao sul da França
(Lozòre), de á g u a s sulfurosas quentes, talvez as que mais se assemelham com as dos Poços de
Caldas. Lá existem seis fontes, das quaes duas mais importantes, a 41 , alimentam as piscinas, as
c

duchas e os banhos mitigados ou temperados, que se obíèm com a mistura destas á g u a s com
outras duas provenientes de fontes menos quentes (a 31° e a 30').
Em Guagno, na Corsega, existem igualmente duas fontes de á g u a s sulfurosas quentes, cuja
temperatu.-a é de 5ic no ponto de emergência, que é ciaimum. Uma parte destas á g u a s é
directamente utilizada cm duchas, mas a outra é derramada em vastos depósitos, donde, após o
resfriamento conveniente, è distribuída nas piscinas e banheiras.
Os médicos de Aix-la-Cliapelle (Prússia Rlienana), que dispõem de águas sulfurosas quentes
desde 44c t ó õ õ s raramente empregam o banho em temperatura superior a 34* e 3 5 ; portanto
a
c

resfriam-as para certos usos. Quando elles querem promover effeitos mais enérgicos, preferem
as duchas.
Também o inverso se pratica, como, por exemplo, nas Águas Quentes (Eauj; Oiaudes) dos Baixos
Pyreneos, em que ha seis fontes, desde 11° até 30= de temperatura, o que são muitas vezes pre-
viamente aquecidas para servir aos banhos e duchas.

(3) Guiic pratique aux caux minéralcs.


5

Em Schingnach, na Argovia (Suissi), eleva-se artificialmente para os mesmos ilns a temperatura


da agua sulfuro-calcarea quo ahi existo e cuja thermalidude não excedo de 33°.
Do quo lica exposto, resulta claramente a improcedencia da allegoção relativa ao pretendido
resfriamento da agua da fonte Macacos, o liea ao mesmo tompo domonstrado o nenhum incon-
veniente do uma pequena diminuição do temperatura e, polo contrario, a vantagem de uma
diminuição um pouco mais forte.
Não deixarei esto ponto sem destruir o valor de mais uma objeeção maliciosa e infeliz que
o auctor do folheto anonymo invoca ein seu favor o contra as obras d i empreza lialnearia, e vem
a ser que o encanamento que liga a fonte Macacos ao estabelecimento atravessa pântanos o rios!
Quanto á primeira pai te é i n o x a c t o : declaro que não vi taes pântanos; si os houve, não
existem mais, a menos que o aquático se refira á s margens, em alguns iK>ntoi, alagadiças do
ribeirão dos Poços; isío. poró.n, se dá somente por oce.isião de enchentes, o que é um facto pu-
ramente accidont il e sem influencia sobre as águas tlionno-mincraes, porque, alem da distancia e
altura das fontes, os terrenos ahi seecam com muita facilidade.
Quanto á segunda parte, e verJule qiu o en;anun.>nto d i fonte Macacos atravessa mais
de uma vez esse ribeirão, mis por cima, em fôrma de ponte, e não por baixo nem por
dentro, como faz suppor a expressão usada pelo aquitico. E nesse caso, que influencia pó.le exercer
sobre a agua cm questão semeihantJ circumstancia ?
Na hypotliese, porém, de ter->e dado aquelle resfriamento completo da agua da fonte Macacos,
ou somente mesmo um grande abaixamotito de temperatura, seria preciso ainda inquirir a causa
desse facto, que ninguém estava autorizado a attribuir necessariamente ás obras ahi realizadas,
sob pena de cahir no vicio — post koc enjj propt-.r Loc. E comeiTeito as experiências de muitos
observadores, diz o hyJrologista Lefort, tendem a demonstrar que, si muitos águas thermo-
mineraes tém conservado, desde s e o a l o s a t è nossas dias. sen primitivo grau dj temperatura, um
certo numero tè:n aceusado d ü í e r e n ç i s sensíveis cm épocas mais ou monos afasta-las de nós.
Tudo leva a suppor que á g u a s mineraes frias possui im, em época muito remota, temperaturas
maii ou menos elevada»; outras, que foram thermaos, tèm-so torna-lo, ao contrario, f r i a s .
O auctor aponta diversis causis quj tèm podido determinar este phenomeno, independente dos-
trabalhos executados para a c a p t i ç ã o d a s fontes e distribuição das á g u a s .
Passo agora a tratar do outro ponto, rof;rente ás pretendidas alterações de composição da
agua da fonte Macacos, em prejuízo manifesto de suas propriei des therapeuticas ; facto tanto
mais grave e lamentável para os interessas da localidade e os créditos dos Poços de Caldas,
quanto foi sempre essa fonte a mais acreditada o afarnida entre o povo e geralmente preferida,
talvez justamente pela sua temperatura mais baixa e support-avcl por miis tempo.
Eu estava bem longe de pensar n.i discórdia e ostensiva hostilidade movida centra as obras
e actos da empreza balnearia. sobretudo em relação á fonte Macacos, em que ell.is provocaram,
as iras e o anafnemi de uma parte da população; do contrario teria levado recursos para uma
analyse qualitativa mais completa, o um app.ireliio sulfurometrico, para a dosagem do gaz.
ácido sulphydrico. Felizmente quinto a esta segunda parte do problema, sem duvida a principal,
tive a fortuna de ensontr.ir no estabelecimento uma caixa com o apparelho sulfurometrico
de Dupasquier, ainda virgem, pertencente ao gerente da empreza, o digno e conceituado medico
D r . Carlos de Sá Leite, que põl-o immediatamente á minh.i disposição.
Procedendo a este ensaio repeti-las vezes e com o maior cuidado, segundo o conselho muito
judicioso de Leconte, que manda primeiro acidular com ácido chlorhydrico as á g u a s que como
esta forem do reacção alcalina, alim de impelir a absorpção e portanto a perda do certa quantidade
de iodo, consegui determinar positivamente o titulo ou grau sulfurometrico actual da agua em
questão, e que foi achado ex ictamente igual ao q".e encontrou a commissão do 1874, isto é,
dous graus, correspondendo a 0,«1748 do ácido sulphydrico por litro.
Para a analyse qualitativa, tinha eu levado uma caixinha contendo somente os principaes
reactivos e os instrumento» mais necessários; delles mo sorvi, tendo dianto dos olhos, para
G

confronto, o relatório da alludida commissilo, e os resultados obtido; agora foram ii.toiramoo.to


idênticos aos que olla liavia consignado nesso trabalho; doixando assim bem patento a existência
dos mesmos principies salinos, pelo menos dos olomentos prodominantes na composição da agua
incriminada,
listava para mini liquidada a questão; porém, como era preciso vencer o nullirtcar a convicção
contrariado povo, ou antes do grupo hostil á cmpreza, entendi que devia dar toda a publicidade
possível aos mencionados exames. Para isso, solicitei a presença de todos os médicos e n t ã o
existentes na localidade, como testemunhas mais competentes e insuspeitas, franqueando t a m b é m
a analyse a quaesquer outras pessoas que desejassem assistir. Diantí do uns o outros, reproduzi
todos aquolles ensaios e o; resultado; foram ainda os mesmos, attestando a inaltcrabilidade da
agua da foDte Macacos.
Isso deu logar a que fosse incontinenti lavrada uma aeti consignando esto facto, a qual foi
assignada pelos cinco médicos presentes, e publicada em uma folha do S. Paulo.
< Nós abaixo assignados, doutores formados pelas Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e
da Balda, declaramos, sob o juramento dos nossos graus, que assistimos, no dia 31 de Janeiro
de 1888, no estabelecimento balneário dos Poços de Caldas, á analyse qualitativa e sulfuromotrica,
praticada pelo I l h n . S r . Dr. Agostinho José dc Souza Lima, lente cathedratico da Faculdade de
Medicina do Rio de Janeiro, aqui vindo em commissão do Governo Imperial para este lim, analyse
feita pelos mesmos processos empregados em 1874, e verificámos que as águas da fonte Macacos
chegam ao estabelecimento balneário sem alteração algunu apreciável. A prova scientifica
mostrou que a analyse de 1888 é em tudo idêntica á de 1874.
Poços de Caldas, 31 de Janeiro de 1833.— D r . Pedro Sanches de Limos.— D r . Antônio dos

lieis Araitjo Gúcs.— Dr. Virgílio Fabiana Alves.— Dr. Cornelio Vaz de Mello.— Dr. João Luiz

de Lemos. »

Assistiu também a esta demonstração o illustrado medico, gerente da empreza, Dr. Sã


Leite, que, por bem ou mal entendido escrúpulo, deixou de assignar esse documento, dando mais
uma prova de isenção de animo, que sempre soube guardar nesta questão, fácilitando-me todos
os meios para resolver este ponto controverso, que tanto adectava e podia comprometter o futuro
c os interesses da emprezn, em prejuízo dos infelizes doentes, afastando-os sem r a z ã o , sem
fundamento sério, do uso do taes águas, ou pelo menos diminuindo a confiança quo sempre
inspiraram.
Como já disse, f i aquelle distineto collega quem gentilmente forneceu-me o sulfurometro de
Dupasquier, que neste caso ia prestar o serviço da espada do Alexandre, apenas com a espe-
rança, mas sem a certeza, de que o resultado da operação lhe fosse favorável. Submetteu-sc a
este julgamento scientifico e impessoal com a legitima aneiedade de quem deseja e precisa definir
a sua posição, disposto a tomar promptas e ciiergicis providencias no sentido de corrigir os erros,
vicios ou defeitos nssigna-ados como causa da alteração das agins, si o veredictum viesse
confirmar e consagrar a verdade desta aceusação.
Demais, no intuito de responder e destruir a objecção que já havia sido armada pela
malevolencia, relativa á substituição ou mistura fraudulenta dc á g u a s , mandou o Dr. Sá Leite
esgotar completamente para o ribeirão toda a agua das fontes Pedro Botelho, Chiquinha e
Mariquinhas, emquanto escoava-sc nas banheiras somente a da fonte Maciços. Nesta foram
reproduzidos todos os ensaios e verificados os mesmos resultados analyticos.
A ' vista do exposto, creio que nenhuma duvida pôde mais restar sobre as qualidades
physicas o os elementos principies da composição chimica, cm que residem as virtudes medicinaes
destas águas.
Com edeito, si, depois dos m ílhoramentos realizados, a tkermilidade da agua dos Macacos
não ficou prejudicada com a diminuição que soffreu, si a alcalinidatle permanece sensivelmonte a
mesma, ciracterisada pela reacção igual sobre o papel vermelho de turnesol, c si o T a u ou
titulo dc sulfaração não experimentou modificação alguma apreciável, c claro que essas primitivas
virtudos não foram sacrificadas nem compromettidas, sem embargo de qualquer differença que, a
todo o tempo, so possa reconhecer na proporção daquollos elementos constitutivos da agua, na
sua composição quantitativa, cuja analyse não fui agora incumbido do fazor. Pois, como bem
diz Lefort, « si a composição chimica de uma agua mineral não é absol utamento invariável,
todavia estas variações são t ã o pouco importantes, que de ordinário a analyse chimica é impotente
para descobril-as, e a medicina deve pouco prcoccupar-so com ollas. >
A esta circumstancia applicam-so as mesmas reflexões que expendi a propósito das variações
do temperatura. Caso se verificassem diflerenças na composição chimica quantitativa ou mesmo
qualitativa das águas tiiermo-mineraes dos Poços, cumpria ainda indagar a sua causa, antes de
attribuir forçosamente as obras do captação e conducção das mesmas. Além desta, muitas outras
podem influir mais ou menos diroctamente sobre a producção daquelle uhenomeno, seja de
modo permanente, ou puramento accidentalo pissageiro; desde as grandes convutsões ou tremores
de terra a t é ã simples dülerença de prossão atmospherica c direcção dos ventos (variações
baro-anomomctricas). A causa mais freqüente o cuja influencia é mais accentuada, diz Lefort, é a
intervenção de á g u a s doces próximas c d c águas pluviaes. Ha poucas estações hydro-mineraes
nas quaes não se tenha tido occasião de observar misturas desta natureza, de que resulta
attcnuação do grau de mincralisação ou mesmo mudanç i completa da qualidade das á g u a s .
Lè-se nos auctorcs, continua o mesmo hydrologista, que muit.is fontes mineraes tèm sof-
frido o continuam a soiTrcr incessantemente modificações na constituição de suas águas Citam-se, por
exemplo, as de Steinbad, em Tajplitz, que, segundo Berzelius, conteriam apenas traços dos saes,
que 30 annos antes as fizeram classificar por Ambrozzi entro as águas salinas, as mais beracara-
cterisadas. As de Rippoldzau, segundo Suttzer, não tinham mais em 1811 o carbonato do magnesio
e o sulfato de sódio, que haviam sido ahi assignalados por Klaproth. Segundo Hermann, as fontes
salgadas de Halie perderam a maior parte da cal que continham, e que foi substituída pela
magnesia. Em Schõnbeck, o sulfato de sódio ia pouco a pouco desapparecendo. As águas de
wPyrmont, segundo Struve, gozam da singular propriedade de ser alcalinas e gypsosas, durante
os mezes mais quentes do anno, perdendo estas qualidades durante o inverno. As á g u a s de
MonfDore não encerram a mesma quantidade- de siüça, • que analyses cuidadosas ahi haviam de-
monstrado.
Diz Lecoq que as águas de S. Nectaris e de Vichy não tém mais a mesma riqueza em sub-
stancias mineraes e sua composição não é mais a mesma, como na época em que ellas formavam os
immensos depósitos silicosos o aragonitiferos, quo so encontram nos arredores das nascentes.
Em 1822, Berzelius, analysando as águas mineraes de Carlsbad, não tinha achado potassa, ao
passo que o deposito amareilo da fonte encerrava íluo-silicato deste alcali; depois outros chimicos
nssignalaram a existência da potassa nessas á g u a s , mas o exame do deposito recolhido em 1862 não
continha mais traços delia. Qu ;nto ã proporção do alcali encontrado, cumpre ainda notar que as
analyses chimicas variam eaccustm algarismos diversos, circumstancia que, attendendo ã grande
autoridade dos analystas, deve antes ser attribuida á variabilidade da composiçãi das á g u a s .
Finalmente alguns escriptores antigos assignalam fontes hydro-mineraes. que não são hoje
mais do que fontes de agua doce potável.
Voltando aos Poços de Caldas, devo lembrar que, defendendo os trabalhos ahi executados e os
melhoramentos realizados, refiro-me aos actualmente existentes e não as primeiras obras que se
fizeram: estas eram reconhecidas por todos como elTectivamente imperfeitas e defeituosas, e
acarretaram alteraçüo sensível das á g u a s dos Macacos; o que, reunido a algumas disposições
viciosas da instailação balnearia, provocou é mereceu as justas observações do D r . Pedro Lemos,
constantes do artigo a que a Iludi no começo deste relatório. Nesse caso estavam, por exemplo, a
bacia aberta o exposta, destinada ã passagem da agua da fonte para o encanamento. Este, relati-
vamente fraco e desprotegido, não offerecia a compacidade o a resistência precisas para impedir as
perdas de agua de dentro para fora. e nem a penetração do ar, o infiltração de águas estranhas.
Muito freqüentemente rompia-se, reclamando concertos, por sua vez, em geral, pouco duradouros.
8

Todos estes inconvenientes, porém, desnppareceram : a bacia feita na fonte, la está sem uso ;
o encanamento velho foi desprezado e substituído por outro solidamento construído, nSo só quanto
ao material empregado, como quanto á mão de obra, do modo a preencher perfeitamente os seus
flns, conforme já foi reconhecido e attestado por proflssionaos insuspeitos o da maior compe-
tência (4). Os vicios inherentes ã distribuição da agua no estabelecimento, com particularidade
nas banheiras, foram também remediados de maneira a evitar o contado com qualquer metal : os
canos e aberturas por onde corre a agua, bem como as rolhas que as fecham, são do madeira.
A ngua penetra nas banheiras pela parte inferior e sabe por um orifício aberto na parte superior
e do lado opposto, permittindo assim á vontade o banho de agua dormente ou corrente.
Nestas condições, desapparece por sua vez o inconveniente da distancia da fonte Macacos ao
estabelecimento, a qual não é extraordinária, sobretudo tratando-se de uma agua fracamente
raineralisada. Em algumas estações européas, encontra-se a mesma disposição o a t é com distancia
maior; assim, por exemplo, a agua de Pfeílor-;, na Suissa, é conduzida em tubos dc madeira a
Hof-Rigaz, que fk-adistante um kilometro. A aguathermal de Gastein, na Áustria, percorro uma
distancia de dous Kilometros a t é Hof-Gastein, onde ella é servida, e reputada tão activa como na
sua nascente.
«Experiências já antigas, diz Lefort, têm mostrado que, quando os canos são cercados de
corpos maus conductores de calor, as águas thermaes perdem apenas um ou dous graus de sua
temperatura, durante um trojecto de um kilometro, mais ou menos, sobretudo si o rendimento da
fonte é abundante...
« Quando o trajecto a percorrer é longo, devo-se sobretudo evitar que a agua circule com
a r atmospherico; para isso escolhem-ss canos cujo diâmetro sc-ja proporcionado ao jacto da fonte.
Não tendo contacto com o ar, a agua acha-se nas mesmas condições como si o ponto de emer-
gência fosse situado na extremidade do encanamento. »
Foi isso o que se fez com as águas dos Poços, inclusive a da fonte Macaccs, empregando-sc,
na conslrucção dos conduetos, manilhas de barro vidrado, encaixadas cm dobrado tubo de tijolos,
isolados por uma camada de areia.
E' verdade que existem outros materiaes superiores a esse para tal mister, mas cuja applicação
olTerece inconvenientes ; assim, por exemplo, o vidro, muito fácil de quebrar-se; a gutta-percha
e a borracha, além de caras, susceptíveis de se deformarem pelos movimentos do terreno, P até
de se alterarem nesse meio, segundo Lefort.
Por conseqüência, ficam assim destruídas as objecções levantadas contra os actos da em-
preza balnearia, na parte que affecta a questão iatrochimica. Fora deste terreno, nada tenho que
ver com a veracidade das outras accusaçOes, com que por isso não me oecupo.
Em conclusão, de tudo o que fica exposto, resulta :
I , que a distancia da fonte Macacos ao estabelecimento, não é de quasi um kilometro, e sim
o

de pouco mais de meio;


2», que a agua dessa fonte chega ás banheiras ainda com 39c, tendo perdido apenas 4e no
trajecto : não chegam,pois, frias, como se inventou;
3°, que essa temperatura, muito sulficientc para certos effeitos, é ainda demasiado alta para
outros, que não poderão ser alcançados sinão mediante um resfriamento conveniento;
4", que esse resfriamento pode ser obtido ou pela demora da agua em reservatórios especiaes,
appropriados a esse mister, ou pela mistura com agua fria (commum, ou melhor sulfurosa
também);
5°, que as ultimas obras de captação o canalisação dc á g u a s foram feitas com bastante arte,
solidez e segurança, para evitar o seu contacto com o ar, principal cansa da a l t e r a ç ã o das mesmas;
6 , qne de facto nenhuma alteração apreciável foi denunciada pela analvse qualitativa, cujos
o

resultados corresponderam exactamente aos fornecidos pela analyse realizada cm 1874 ;

juntou e í . t S e a t 8 t C r e S P < J Í U > a e x p M Í c f i 0 P u b l i c a d a n o


»• d
° Diário Mercantil, d, S. Paulo, e que
i", que, poft.iiito, s )/»;/•.• Ific.-r di{l'u.'üiii;-is pequenas o insignificantes na proporção dos
elementos fixos constitutivo» da agua, c que somente a analyse quanttativa poderá deseobrir;
8 , que, mlinittidas ou mesmo provadas a todo o tempo essas diferenças, ellas não importariam
o

prejuízo sensível das propriedades thorapouticas de que as agnas de Caldas têm gozado, e não
justificariam de modo algum o descrédito que so tem procurado lançar sobre ellas;
<>, que, em todo caso, essas diflerenças não alcançam o grau sulfurometrico das mesmas, que
foi achado igual em todas as tres (ou quatro) fontes, o inteiramente o mesmo obtido o consignado
pela commissão de 187-1;
10", que, finalmente, conservando a agua da fonte Macacos as tres qualidades primitivas, que
são os principaes factores do sua acção medicinal e curativa, a saber: thcrmalidade, alcalinidado
e sulfuração, lica prejudicado e destruído o fundamento capital das queixas formuladas pelos
adversários da empreza.
Não terminarei, porém, esta [arte do relatório sem declarar que, não obstante estas conclu-
sões contrarias aos argumentos invecados pelos queixos:* em favor da reclamação de um novo
estabelecimento balneário, exclusivamente sup; rido pela fonte Macacos, não serei eu quem con-
teste a vantagem de sua fundação, mas somente para commodidade dos poucos moradores circumvi-
sinhos, que, na distancia em que se acham do aetual estabelecimento, ti ca m privados, durante
os dias de chuva, de utilizar-se das nguas tliermaes. A l e v a r a questão para esse terreno, e
fora de duvida quo seria mesmo muito mais commodo que cada habitante tivesse essas águas em
sua casa, á sua disposição. Mas, entre esse motivo do mera conveniência e a necessidade de
outro estabelecimento, exigido pela distancia do primeiro, conforme a condicional especificada na
:> cláusula do contracto, vai grande difTerença.
Estudando as condições que poderiam influir reclamando o cumprimento daquella disposição,
\v-se que, além da supposta alteração das águas, já desmentida, também a densidade da população
seria um argumento poderoso em favor da fundação de outro estabelecimento, si ella excedesse os
recursos materiaes do primeiro; mas ninguém seriamentealleg.ria essa circumstancia, que por e m -
quanto está longe de justificar semelhante medida. Nutro a certeza de que mais tarde ella se
imporá fatalmente com o augmento da população, quer lixa ou local, quer adventicia ou accidental,
attrahida pelo credito crescente das águas, c dos meios cada vez mais variados de seu em-
prego.
Até lá. porém, cumpre que os descontentes esperem resignados, e não só abandonem a
attitude hostil que guardam para com a empreza balnearia. e cujas más conseqüências elles
compartilham, mas também venham em auxilio dessa uiil e humanitária instituição; e, era
vez de crearem e opporem m i l embaraços ao seu progresso e engrandecimento, empenhem todas
as suas forças e actividade em beneficio desse resultado, que deve ser o desideratum com-
mum.
Neste sentido, faço também daqui um appello ao Governo solicitando a concessão dos favores
do que carece a empreza, p i r a quo o estabelecimento balneo-therapico possa attingir a altura a que
tem direito, c assim venha a preencher todos os fins dos seus congêneres, dos quaes. é preciso con-
fessar, está ainda longe. Klle é, por emqunnto, uma simples casa de banhos, e debaixo deste
ponto dc vista pouco deixa a desejar. Não é, porém, somente nisto que consistem os estabeleci-
mentos desta natureza: faltam ainda naquelle salas o apparelhos especiaes para duchas e banhos
de vapor, para pulverisncão de agua thermal. e para inhalação quer dc agua pulverisada, quer
de gazes e vapores; para massagem, exercícios e ouiras applicações desta ordem, faltam ainda
piscinas ou tanques de demora e natação, etc.
Só com estes e outros recursos so poderá colher das águas thermaes de Caldas toJo o pro-
veito que ellas devem produzir. Antes de chegar a este ponto, julgo inteiramente desacertado
pensar-se em outro estabelecimento balneário dentro de uma á r e a tão peiuena: mais vale pos-
suir um único bom e completo, adequado a todo; os seus variados misteres, do que dous, ambos-
incompletos. dcfiViontes e incapazes do preencher PS- seus fins.
IMP. 2
10

A.DDITAMENTO

Tive occasião do referir-me a uma agua sulfurosi fria descoberta do outro lado do ribeirão
dos Poços, e que o povo do logar baptisou com o nomo do SinMsinha. E' uma fonte pouco
rendosa, pouco abundante, que brota á beira do um córrego tributário daquelle ribeirão, e cuja
temperatura é a mesma da agua do córrego. Seus outros caracteres physicos são os seguintes:
limpida, transparente, de cheiro o sabor levemente hepatico, sensação fracamente unctuosa ao
tacto; azulesce o papel vermelho de turnesol, e, submettida á analyse qualitativa, com os mesmos
reactivos empregados no exame das outras, forneceu resultados análogos, indicando a mesma
composição.
Consultado o sulfurometro de Dupasquier, obtive 1 1/2 gr. ; portanto quasi o mesmo titulo de
sulfuração das águas thormaes.
EUa é utilizada pelos doentes em applicação interna; e poderia, como disse, ser aproveitada para
misturar com aquellas, afim de obter o resfriamento conveniente para certos usos.
Do passagem, finalmente, consignarei a existência de mais uma nascente, porém de agua de
natureza muito diversa, encontrada em outro ponto da povoação; é por ora pouco abundante
também. O aspecto do leito em que ella corre, bem como seu sabor, denuncia logo sua qualidade
ferruginosa, quo foi confirmada pelo emprego dos reactivos apropriados.
Forneceu de resíduo fixo, approximadamente lsx,75, o exame feito sobre a agua, e depois sobre
este resíduo em solução mais concentrada levou-me á convicção de que se trato de uma agua
mineral pertencente ao grupo das sulfatadas-ferreo-calcareas, e portanto podendo ser aproveitada
para uso interno nos casos em que os seus princípios dominantes (ferro e cal) são indicados.

I I . — L A M BAR Y (5)

Pouco tenho que informar sobre o estado das águas desta localidade, porquanto nenhum
trabalho se fez propriamente nas respectivas fontes, depois da visita da commissào de 1873. Ellas
ahi se acham nas mesmas condições em que esta as encontrou Desse anno, com a única differença
de que os poços conservam-se agora abertos, e suas águas constantemente expostas, visto como
foram retiradas as tampas que os fechavam incompletamente, deixando apenas, em cada uma,
pequena abertura por onde se faziam descer as vasilhas para a extracção da agua. Hoje faz-se
com mais facilidade este serviço, que tem augmontado de um modo considerável, com o desen-
volvimento adquirido pelocommercio de exportação de águas.
Da suppressão das tampas resultou vantagem em vez de inconveniente, sobretudo em relação
ã fonte gazosa, a mais importante, para não dizer a única importante, visto como, tornando visível
toda a massa liquida e o fundo do poço, pòie-se estar seguro de sua limpeza e velar pela con-
servação da mesma.
Entretanto, não se pôde deixar de reconhecer que é ainda muito imperfeito o serviço do
extracção ou colheita da agua para o seu engarrafamento em grande: o modo pelo qual é feito
prestr.-seáimpurincaçao da agua, determinada pela immersão da mão e parte do braço da pessoa
encarregada dessa tarefa. l i ' pelo menos desagradável e repugnante para quem vê ou sabe.
Sou. porém, informado de que, em breve, este processo será modificado e substituído por outro,
depois das obras que se projectam em beneficio das fontes, para captação o elevação do nivel das
á g u a s . Estas obras que até esta data nunca foram realizadas, são indispensáveis para garantia
de conservação das qualidades das referidas águas e verdadeiro conhecimento de sua composição
e das propriedades assignaladas em relação às tres fontes: gazosa, Paulina o M a r i a .

(5) E' este o nomo main corrocto. e não Aiam':arij. como, por engano ou confusão, «wreveu a «ommissáo
no BCU relatório.
11

Pelo quo demonstraram as analyses praticadas pela commissão de 1873, conforme consta do
seu relatório, a agua destas tros fontes parece ter uma origem commum. Ellas apresentaram
a mesma composição qualitativa som discrepância, e ato quasi a mesma quantitativa, variando
de muito pouco os algarismos que representam a proporção dos princípios constitutivos, sobretudo
entro a fonte gazosa o Paulina; sendo para notar-se entro ellas a identidade dos algarismos
correspondentes ao ácido sulfurico, ao chloro, á potassa e ao peroxydo de ferro!
Esta circumstancia torna-se ainda mais saliente relativamente ao composto ferruglnoso,
porquanlo, conformo já o disse a commissão de 1873, só a agua da fonte Paulina era reputada
férrea entro o povo, quando a da fonte gazosa revelou á analyse precisamente a mesma qaantidade
do ferro, aliás insignificante; e a da fonte Maria, que ninguém acreditava ser ferruginosa, ao
menos nunca passou por tal, mostrou, pela analyse, cinco vezes mais ferro do que as outras
duas.
Pois bem, si ainda agora volto a esta questão, é para dizer que, na opinião muito fidedigna
do D r . E . G. Stockler, digno medico, emprezario destas águas, esse elemento é talvez todo
accidental e estranho á composição natural das mesmas, provavelmente devido a objectos do
ferro nellas cahidos ou atirados e que foram de facto encontrados e dahi extrahidos, por occasiãò
de levantamento das tampas que fechavam os poços, e da limpeza a que se procedeu então no
fundo dos mesmos.
Por outro lado, como j á fez ver a commissão, a fonte Maria, que passava a t é então por sulfurosa,
por causa do leve cheiro hepatico que exhala, nenhum direito tem a essa classificação, visto
como a analyse chimica feita com todo o rigor não accusou a presença de sulfureto algum, nem
mesmo de ácido sulphydrico, explicando-se os levíssimos traços ou vestígios deste gaz, denunciados
apenas pelo cheiro, como o resultado da decomposição dos sulfatos contidos n'aguapela matéria
orgânica, do que ella é mais rica do que a das outras duas fontes.
Exactamentecomosuccedecomada fonte Duque de Saxe, em Caxambú, cuja agua o povo deste
logar insiste em considerar o aconselhar como sulfurosa aos incautos e ignorantes que lá vão,
a despeito do parecer da commissão, que desde 1873 negou abi a existência de semelhante agua,
assim como da pretendida agua magnesiana.
O que é mais triste é quo alguns médicos, por systema ou mal entendido capricho, sustentam
e confirmam esse preconceito, sem habilitações para contestar o destruir uma opinião firmada
sobre dados rigorosos de analyse, feita por pessoas de cuja competência e probidade scientifica não
podem duvidar.
À esta circumstancia, mais do quo á teima inconsciente e rotineira do povo, attribuo a con-
tinuação dessa crença de agua sulfurosa em Caxambú ; porquanto em Lambary ella desvaneceu-se
com facilidade, em relação á fonte Maria, devido ao critorio e inustracão do medico que ahi está à
testa da empreza e dirige e regula a applicação das águas aos doontes, prestando' deste modo
justa homenagem ao resultado obtido pela analyse da commissão.
Pelo mesmo motivo, cahiu a reputação de agua férrea de que gozou a fonte Paulina e é natu-
ralmente devido a este facto que essas duas fontes tòm sido relativamente desprezadas. Tal ô ao
menos á impressão que deixa a qualquer o estado de abandono em que se acham, desprotegidas das
pequenas cobertas, em fôrma de casinhola ou chalet, que as abrigavam, e agora com suas á g u a s
quasi completamente expostas ao tempo, ás chuvas o outras causas de impurificação (6;.
E' verdade que se teve a i d é a d e substituir as duas casinholas por uma sò, maior, que abrangesse
as duas fontes; chegou-se mesmo a começar sua construcção, da qual existe somente ainda o t r a -
vejamento de madeiras, esse mesmo estragando-se ao tempo; e parece, pelo que onvi, que não
será mais concluído. Nisto, porém, não v a i prejuízo algum ás virtudes o credito das á g u a s d ô
Lambary, visto como, tendo sido todas as tres fontes declaradas pela analyse de composição
idêntica, de accórdo com esto resultado, as duas fontes Paulina e Maria perderam a sua impor-

•(Q) Apesar disso, alguns teimosos, do numero dos bernaventurados, procuram a ingerem estaagua, levados
por inspiração própria, que não subordinam à provas identificas. •" " ...... »
12

taueia; toda a utteiição o tüdos os cuidados convergiram para a fonte de..o.i.inuda gazosa (como
si as outras não o fossem !), mais que suffleiente, pela sua abundância e riqueza, para supprir as
necessidades de todos que procuram a justo titulo suas decantadas virtudes.
Foi depois disso quo se procedeu á limpeza da fonte ealii se encontraram os vários objcctos de
ferro a que alludi, já gastos ein parte. Dalii talvez, como disse ha pouco, a presença do ferro
assignalado na composição dessas águas, ainda quo seja esse um elemento muito commum em
qualquer agua mineral entre nós, independente des.^a causa fortuita.
Por esso lado, pois, a todo o tempo, depois que se executarem as obras de capta<;ão projecladas
nestas fontes, acredito que será necessária nova analyse, como único meio de liquidar aquella
questão.
O que, porém, na opinião respeitável do illustrado cMlega Dr. Stoeklcr, mais reclama novo
e acurado estudo ò a questão concernente aos gazes. Não pode elle capacitar-se ou convencer-se
do que alguma circumstancia não tivesse inlluido [-ara perturbar o resultado das aualyses feitas
cm 1S73, relativamente a estes princípios. Sem negar o escrúpulo e proliciencia da commissão
em todos esses trabalhos, todavia pen?a elle que o exume dos gazes não foi talvez bastante
rigoroso, ou, pelo menos, tão rigoroso quanto podia ser :
1. » Si fosse discriminada a composição precisa desse pequeno volume de ar contido e encontrado
nas águas, cuja proporção não excedia, diz o relatório, de alguns millimetros cúbicos por cento do
volume total, residuo>,i"j por ii»o foi despiezado, ao passo que o Dr. Gorceix. ahi tendo estado, em
um ensaio a que procedeu na agua gazesa. diz haver encontrado 1 1/2 jn de oxigeno, encarecendo n

assim o seu v a l o r ;
2. " Si fosse determinada directamente a quantidade de gaz carbônico livre, em voz de o ter
sido por differenciação. como se lé á pag. O do allucliclo relatório (7), isto c'\ deduzida da quanti-
dade total de gaz carbônico lixado por unia solução de chlorurelo de baryo ammoniacal, menos a
quantidade calcularia necessária para converter em biearlonatos os oxydos mctallicos existentes
em um volume certo uagua.
Pódc e.Tecüvainento ter havido alguma causa de erro ou engano neste modo de proceder,
porém assevero que elle é perfeitamente correcto e aconselhado por chimicos hydrologistas.
Quanto áquella minima proporção de ar contida nas águas, julgo-a sem a importância que
presume o meu di.itincto colljga.
Entretanto, com franqueza o digo. compartilho a t é certo ponto suas justas apprehensões sobre
a quantidade total ede gaz livre achada pela analyse na agua das tres fontes do Lambary (8), em
confronto umas com as outras, e a que realmente ellas parecem conter.
Confesso que repugna ao espirito, ao contemplar essas tres fontes, aceitar que a quantidade
de gaz seja, nem mesmo igual em tedas tres, quanto mais inferior n a g u a gazosa á que a ana-
lyse revelou nas outras duas; quando, a respeito destas (Paulina e Maria), a commissão de-
clarou, cm 1S"3, que ellas eram pouco cfícrcesccntes, sou desprendimento gazoso lento em ambas,

e, ainda mais. a t é interrompido na fonte Paulina, justamente a mais gazosa pela analyse (!!), ao
passo que, a respeito da fonte propriamente dita gazosa, a commissão disse que sua cflervcsccncia
era notável, prodigiosa c tão considerável que j á tem sido causa de accidcntcs a pessoas que i m -
prudentemente se tém demorado com o rosto muito próximo da superfície !
Como conciliar esta circumstancia com os resultados analyticos, que deram para esta ultima
fonte menor riqueza cm gaz carbônico, quer livre, quer combinado, o entre as outras duas. o que
é mais admirável, ainda um pouco maior quantidade á fonte Paulina, cujo desprendimento g a -
zoso é justamente o mais fraco, sobre o ser lento é interrompido ?
listes resultados parecem consagrar um nriucimo absurdo, expresso pela seguinto formula :

(7) Esta indicação do relatório acha-se declarada na parte concernente i aualysc das acuas dc Caxambú:
mas pusso assegurar que 101 ô mesmo processo seguido na das do Lambary. ' 0

l(>íaMadc? áCÍnd0 a < I U


' d C
° c t m f r o n t o c o m a s a
S u a s d c
Caxarabú, que guardo para quando tratar desta
quanto maior 011'erveyesicia gazosa, lauto menor foi a quuntidade do gaz revelada pela ana-
lyse, ou, por outra, o^ta foi achada na razão inversa daquella.
Por outro lado, relleetin lo-so que a cílervescencia ó produzida pelo desprendimento de gaz que
se perde na atniosphera, e que a analyse dá conta da quantidado do gaz dissolvido n'agua. em
estado livre ou co:nuinado, pircej que aquella doutrina torna-se perfeitannnte correcta, visto como
é natural que a agua lixe menos gaz, por isso mesmo que mais so perde delle na atmosphera.
Cumpre, porém, reconhecer e confessar que esta explicação, somente aceitável om cond ções ;

diversas de pressão, temperatura e outras circunistancias quo iulluem e fazem variar o coeffi-
cicnte de solul)ilidado de um mesmo corpo, em um mesma vehiculo, não podo appliesr-se ao
caso vertente, cm que não se veriliei essa hypothese. As cou lições são as mesmas: assim a tem-
peratura das á g u a s ô invariavelmente a mesma e igual em todas as tres fontes, qualquerque seja
a temperatura ambiento, mais alta ou mais baixa, conformo tivo oceasião de verificar (9). A
pressão barometrica. ainda que possa oscillar na localidade por inllue:v ias meteorológicas, é, em
um tempo dado, inteiramente a mesma sobre as tres fontes (0 ,6&~), visto a sua grande proximi-
m

dade (lü). Também não se poderia appellar para o grau de mineralisação destas águas, porquanto
o algarismo quo representa o resíduo fixo respectivo não guarda relação directa nem inversa com
o que corresponde á quantidade de gaz carbônico assignalada pela analyse ; assim é que a gazosa
e a Paulina, as mais próximas c semelhantes em grau de mineralisação, em que a differença
de resíduo fixo é apenas de 0 ,002 por litro, são justamente as mais afastadas e diversas em quan-
!:,

tidade total c livre dò gaz carbônico. Por seu lado a fonte Maria, que foi achada a mais rica de
princípios salinos fixos, não é a mais pobre de gaz.
Sendo assim, nenhuma circumstancia podendo ser invocada para explicar esta pequena
differença do cr.rbonatação ijazosa das tres á g u a s , debaixo das mesmas condições thermo-barome-
tricas e outras, não ha razão para que ellas não absorvam pelo menos a mesma quantidade de
gaz carbônico, uma vez que a fonte de produrção deste gaz em todas suppre suficientemente para
a l c a n ç a r o ponto do s a t u r a ç ã o . E si, dc facto, este ponto não pudesse ser attingido, então a
vantigem devia estar em favor da agua gazosa, cuja cffervescencia é extraordinária c prodigiosa:
com effeito, além de continuo e abundante o desprendimento gazoso formado de bolhas grandes e
regulares, nota-se mais que, de meio em meio minuto, de 40 em 40 segundos, arrebenta na super-
licio um grande borbotão, uma enorme bolha de gaz, que o povo da terra chama tubarão.
Destas ponderações resulta para mim a convicção de que as águas destas tres fontes são
absolutamente da mesma natureza. Nem se pôde pensar outra cousa de águas cuja composição
qualitativa é inteiramente a mesma, e em que a differença de composição quantitativa, segundo a
analyse, não vai além d c 2 a l l milligrammas de resíduo frio por litro, e de 7 a 8 milligram-
mas dc gaz carbônico, quer total, quer combinado.
A conclusão em favor da identidade dessas águas impõe-se naturalmente, a despeito dessas
dilTerenças, aliás mínimas, e que dc nenhum modo atíestam falta do necessário rigor e i re-
cisão nas analyses c nem desabonam a competência c perícia dos chimicos quo as executaram.
F.llis correm por conta da impossibilidade de dar a estes algarismos o caracter de resultados m a -
thematicos, por mais provados que sejam aquelles requisitos dos analystas e o cuidado empregado
nos seus trabalhos, como garanto que foi pela commissão de 1873.
Nem é extraordinário este facto attendendo a que taes resultados variam muitas vezes a respeito
da mesma agua, analysada por chimicos abalisados e acima de toda a excepção: disso poderíamos
citar numerosos exemplos, que ss encontram cm quasi todos os livros do chimica geral e especial-
mente de chimica hydrologica.
Ainda mais, esses resultados tüm variado muitas vezes nas mãos dos mesmos chimicos, om épocas
suecessivas, próximas. Finalmente, sabem todos que conhecem de perto estes trabalhos, que nunca

('.>) 20 a 21 no máximo.
: c

(Í(J) 15 a 20 mfclros.
14

o chimico se contenta como primoiro resultado obtido em cada ensaio que executa, a propósito
da pesquiza ou dosagem do cada principio ou elemento componente das águas : ó preciso repetir
uma e muitas vezes esses ensaios, nos quaes obtém freqüentemente .algarismos diversos, o é
só depois de operações repetidas que elle se acha habilitado a lirmar o resultado definitivo, tomando
a média desses n ú m e r o s .
Foi assim quo procedeu a commissão de 1873, conformo declara em uma nota á pag. 10 do sou
relatório.
Ora, sendo as médias consignadas em relação ás tres águas do Lambary tão próximas, é
claro quo os números que representam os resultados de ensaios repetidos, donde aquellas
médias foram tiradas, deviam ter-se encontrado muitas vezes em suas oscillaçOes. E onde es-
taria ou e s t a r á a verdade?
Uma ultima consideração adduzirei como argumento favorável á identidade perfeita dessas tres
á g u a s e á necessidade, portanto, dc novas analyses, aiim de tirar a limpo esta questão, logo que
estejam concluidas as obras que se projectam nessas tão preciosas fontes : retiro-me ã densidade
achada pela commissão nas tres águas, quo foi dc 1.0001 para a fonte gazosa, de 1.000G para a
Paulina e de 1.0008 para a Maria, differcnças insignificantes. Ora. essa densidade, produeto
fatal do methodo rigoroso empregado para a sua determinação, deveria estar em relação di-
recta com o grau de mineralisação das respectivas á g u a s ; entretanto, com referencia ás duas
ultimas fontes, os algarismos que reptesentam sua densidade estão na razão inversa dos que
correspondem ao residuo fixo das mesmas. Nem poderia influir para explicar esta discordância
o volume diverso de gaz dissolvido nas á g u a s , tornando mais leve uma que outra, porquanto pre-
valeceria ainda a mesma relação inversa.
Ate esta data estou, pois, convencido de que as águas do Lambary não soíTreram altci-ação
alguma, pelo menos apreciável aos ensaios de analyse qualitativa que pude effectuar: elles
revelaram os mesmos caracteres physicos e chimicos comparados com os que foram reconhecidos
da primeira vez, pela commissão dc 1873. Somente pareceu-me que ainda mais se approximaram
agora as duas fontes Paulina o Maria, no modo por que se comportaram cm presença dos re-
activos do ferro, o que não suecedeu daquella vez, e explica-se talvez pelas causas dc impuriticação
a que ambas estão sujeitas e as tornam actualmente imprestáveis.
Como disse em começo, nenhuma obra se fez por ora que pudesse comprometter ou alterar
estas fontes. O adiantamento único importante, que, no espaço de 15 annos, encontre' no Lambary,
foi o novo estabelecimento hydrothcrapico, cuja construcção ainda não esta acabada, mas quo,
entretanto, já funeciona muito regularmente. Dá fundos para o primitivo estabelecimento b a l -
neário, que a commissão ahi achou naquelle tempo c descreveu no seu relatório, sem communicar
com elle, c a frente para o outro lado da praça, ainda inculta e alagadiça, que a empreza pretende
aterrar e ajardinar.
Muito mais espaçoso, e creio que mais bem construído do que o antigo, este edifício consta
também de tres corpos, sendo um central com sobrado em fôrma de chalct c dous lateraes assobra-
dados. E' no pavimento inferior do corpo central que está installada a sala das duchas, com
chuveiros e apparelhos para duchas dc chicote, circular, longitudinal «ara espiah:i,etc. Nos dous
corpos lateraes, em communicação com o do centro, notam-se duas series de sete quartos de cada
lado para o vestiário. Ao longo da fachada principal estende-se um vasto s a g u ã o avarandado e
coberto, cujo chão é lageado, som arte nem capricho, com as celebres pedras de S. Thomé, e é
ahi que os doentes fazem os exercícios corporaes livres, recommendados antes e sobretudo depois
das duchas.
A agua.emprcgadancstas é fornecida por dous grandes reservatórios de ferro, quo já existiam
em 1873, porém collocados agora em um plano mais elevado do ediíici.. novo, no forro da peça cen-
t r a l . Estes reservatórios são alimentados pela agua também gazosa, pelo menos muito efferves-
cente, porém nunca analysarla, de um poço existente a oito metros distante da fonte gazosa pro-
priamente dita, e abrigado em uma casinba fechada, em cuja parte posterior J i a - a i n d a uma
15

banheira velha, destinada a uso do pessoas pobres, que pouco a freqüentam, apezar da multa
pobreza quo habita esta localidade (11); pelo quo esta peça está servindo antes de deposito do
alguns objectos o materiaes da empreza.
O primitivo estabelecimento lá existo no mesmo estado em que a commissão o v i u , para não
dizer mais estragado, tendo sido substituída toda a cobertura de zinco por telhado, atlm de evitar
a continuação do; estragos pelas chuvas (como se fez também a respeito da coberta que abriga
o poço da fonte gazosa).
Este edifício, quo ainda a empreza reserva para banhos de immersiio, possue as mesmas banhei-
ras que desde aquelle tempo ahi j á existiam. A sala de entrada servo por emquanto de deposito de
garrafas o local onde so faz o encaixotamento das que são destinadas á exportação. Em um quarto
interior tom o Dr. Stockler um gabinete para consulta c pesagem dos doentes.
A praça fronteira a este edifício está plantada e ajardinada com gosto e cercada por gradil de
ferro, que ainda não havia em 1873. Foi retirada a bica central, que fornecia agua potável aos
moradores circumvi/.inhos, ticando em seu logar um poço, cuja agua só ó utilizada na rega do
jardim.
Assim, pois, é fora do duvida que esta estação hydro-mineral tem apresentado um desenvol-
vimento relativamente pequeno, por causa da maior distancia e despezas maiores de transporte do
que ofTerece Caxambú, cujas águas não são superiores sinão em grau de mineralisação e cujas
condições topographicas, sob o ponto de vista climatologico, são antes inferiores.
Tenho, porém, razões para acreditar que, dentro de pouco tempo, essas diíliculdades serão
attenuadas, o esperar para as á g u a s do Lambary um futuro auspicioso não mui remoto, de modo
a poderem reconquistar a sua primitiva concurrencia.

A uns 500 metros distante da fonte gazosa, em uma situação aprazível denominada Retiro
Feliz, nasce e corre uma agua levemente ferruginosa, muito apropriada ao uso dos doentes que
carecem dessa medicação, muito mais do que a da fonte Maria, que aliás nunca passou por férrea,
c do que a da Paulina, que ainda menos direito tem a esse titulo, embora tenha sido acreditada
como tal entre o povo ignorante.

CAMBUQCIRA6

Tendo ouvido fallar com muito interesse e favor das qualidades attribuidas ás á g u a s mineraes
de Cambuquiras, distante do Lambary perto de quatro léguas, estando eu neste logar, não pude
resistir ao desejo e curiosidade de visitar essas fontes, e para ahi dirigi-me no dia 5 de Março,
apezar de não estar esse exame comprehendido na commissão de que fui incumbido.
Eis o que entendo dever informar sobre essas á g u a s . Ellas têm realmente legitimo direito a
attenção e solicitude do Governo; pois acredito, pelo exame a que procedi, que são pouco mais ou
menos da mesma natureza das do Lambary e Caxambú. Como estas, ellas são alcalino-gazosas, sim-
ples e férreas, e brotam de vários pontos desta localidade em uma extensão de 250 a 300 metros de
diâmetro.
Até hoje, pode-se dizer que nenhum cuidado foi prestado no intuito de captar ou mesmo pro-
teger e melhor aproveitar essas fontes ; de modo que ellas são freqüentadas pelos porcos que ahi
vagam, e que não só bebem, mas banham-se nas suas á g u a s .
N'um ponto em que a vèa liquida é mais abundante e eflervescente, foi assentada uma tosca
banheira de pau perfurada; «o lado desta, foi cavado na terra um espaço correspondente ao
tamanho de outra banheira, e que ahi ficou sem revestimento algum a t é agora. Estas duas ba-
nheiras (si á ultima se pode dar este nome) estão abrigadas em uma casinbola grosseira para
esse fim construída. Hoje acha-se ella esburacada, cahindo em ruínas ; as banheiras sujas, immundas,

(11) Actualmente mesmo ella não funeciona, por estar vasando.


ifi

com grande doposito amarolludo o ferrujcnto nas paredes e no fundo, pela mistura dc águas
estranhas que ahi penetram, alagando as fontes, e impuriilcando as águas, cujo uso, mesmo em
fôrma de banhos, parece completamente abandonado.
Em um ponto mais afastado e mais abrigado do ingressso do porcos, colhem os poucos h íbi-
tantes do logar a agua gazosa, que 6 quasi a única de que usam habitualmente.
Quanto ã agua férrea gazosa, cuja fonte brota em um ponto opposto do perímetro indicado,
encontrei-a ainda em pcioros condições. Com as chuvas cabidas anteriormente, e apezar de se terem
passado tres dias consecutivos de sol, estavam essas águas misturadas com águas pluviaos, do
maneira que tive necessidade de íiltral-as, para poder apreciar essa qualidade, jiela qual são tão
recommendadas.
Ainda assim ellas manifestaram a r e a c ç ã o franca do ferro aos reactivos apropriados, a l é m dos
outros caracteres communs com os da agua gazosa, isto é, precipitaram ambas abundamonte pela
agua de cal e de baryta e pelo acetato de chumbo (12) ; tendo sido negativos os resultados obtidos
com os outros reactivos.
Cambuquiras tem também a sua mania de agua sulfurosa; pois ahi achei esta noticia ou antes
esta crença firmada com muita insistência pelo povo do logar e outras pessoas que, como em
Caxambú, entendem que basta que uma agua tenhi leve cheiro de ovos podres para ser classifi-
cada como agua sulfurosa, sem indagarem a causa desse facto. e sem saberem ou admittirjm que
possa ser outra a não ser a existência do euxcfrc nas condições necessárias para ser a agua aprovei-
tada naquella qualiJade.
Felizmente em Crmbuquiras não será tão diílicil destruir essa crença infundada c a t é preju-
dicial, porque, quando lã estive, havia inteiramente desapparecido a tal fonte, sepultada debaixo
da terra arrastada pelas chuvas torrenciaes. de fôrma que não v i mais sinão o logar ubi anua sulfu-
rosa fuit, que algumas pessoas mostraram-me com verdadeira magua e decepção.

Em todo caso, reduzidas mesmo ás condições de águas alcalino-gazosas, simples e férreas, o l o g i r


é digno de todo o beneficio e engrandecimento. pelas circumstancia^ favoráveis ligadas a esse
elemento de prosperidade, unido a um clima excellento c reputado dos mais solnbres. a uma distancia
apenas de tres léguas de Tres Corações, estação terminal da estrada de ferro Minas c Rio.

III— CAXAMBL"

No dia 14 de março cheguei a este logar, onde encontrei, como cm Caldas, grandes m u d a n ç a s
não sò quanto ao augmonto considerável da povoação, como ao estado actual das fontes hydro-
mineraes, comparados com o que se acha descripto no relatório da commissão de 1873, que também
analysou estas á g u a s .
Ellas são hoje o oljecto da solicitude e cuidado* de uma empreza. que se comprometten a
captal-as. bem como a beneficiar o terreno correspondente ao perímetro em que cilas brotam.
Neste sentido, já tem a empreza feito alguma enusa. creio mesmo, quanto lhe tem sido possível,
attendendo ás difíleuldades financeiras em que se achou após as despezas extraordinárias e.Teituadar.
com a fundação do grande hotel, do um vasto restaurunt separado e do estabelecimento bydrothe-
rapico. Muito falta, porém, ainda para que sejam realçados aquelles compromissos, de que aliás
depende o futuro das fontes o da localidade.
O hotel está regularmente montado com decência e conforto, m i s lica um pouco distmte das
fontes e rio estabelecimento, o que é um inconveniente para os que estão em uso de duchas se
transportarem abi nos dias de chuvas, o mesmo para mo das águas junto ás fontes.
Independente do hetel, e mais próximo destas, acha-se o restaurnni ou refeitório dos aquáticos,
que. pnr excedo de lotação no grande botei, liospr>(lnm-so em casinhas avuls-ss. alugadas pela

(12) OprecipitPib foi ompleirr.ionl» «Miivrl nn aciilo ÍUOIÍCO-


17

ompreza. Hoje, o hotel, o restaurtmt o estas casinhas estilo desligados da empreza e foram arren-
dados a um particular (Dr. Theophilo Maciel), ficando ella somente com o parque, o commercio de
á g u a s e o estabelecimento hydrotherapico.
Este ultimo ó um bonito edifício, apenas do construcção ligeira e pouco solida, cuja apparencia
impressiona agradavelmente, e que nada conserva da primitiva casa de banhos abi existente em
1873. Consta de um pavimento único, bastante assobradado, cuja fachada representa a fôrma de
tres pequenos chalets, communicando-se por dous corpos latoraes.
Na fronto estende-se um longo saguão, assoalhado, para onde se entra, ou antes se sobe, por
duas escadas de mármore, de seis degraus, collocadas lateralmente, sobre a porção central mais
saliente, cujo patamar é ladrilhado.
No interior encontra-se, de cada lado e de fora para dentro, tres quartos que servem: um para
rouparia, outro para dormida do empregado e o terceiro destinado a um gabinete electrotherapico.
Estas tres peças dão para uma saleta ainda desmobiliada, que as separa da serie de quartos reser-
vados ao toilette, e abrindo para o corredor que leva á sala de duchas. Esta occupa a parte média
do edifício e contém os apparelhos ordinários c mais usuaes para duchas dc chuveiro, cachoeira,
de chicote com diversas embocaduras, circular e de espinha. O jacto liquido é bastante forte e a
agua, que ó commum ou potável, é fornecida por um deposito situado na subida do morro adjacente,
a 12 metros de altura do estabelecimento.
Disse-me o Dr. Viotti, digno director-secretario da Companhia das Águas Mineraes de Caxambú
e Contendas, que preferiu a agua commum para este mister, porque, além de ser isso indifferente
para os usos therapeuticos, esta tem sempre uma temperatura mais baixa (10° a 12°), e portanto
mais approximada da que é recommendada pelos especialistas como mais proveitosa. Não me parece,
porém, ser tão indiíTerente assim para os effeitos medicinaes o emprego de uma ou de outra agaa,
visto como a agua mineral ahi, representando uma dissolução concentrada de gaz carbônico, pela
evaporação deste na superfície do corpo, produziria subtracção de calor e abaixamento de tempe-
ratura, além da acção de contacto mais pronunciada, favorável à reacção subsequente. Demais
afigura-se-me, sem poder aifirmar, que a fonte" gazosa, que aliás parece a mais abundante, não
suppriria as necessidades do estabelecimento, nas occasiões de maior concurrencia; não teimo,
porém, visto me ter garantido o contrario aquelle talentoso collega.
Uma circumstansia. porém, mais digna de nota ô que as chaves correspondentes aos diversos
apparelhos de duchas não e s t ã o collocadas todas na tribuna destinada ao duchista: cada apparelho
tem a sua chave, o que é um defeito que só tem a utilidade de facilitar ao banhista servir-se por
si do apparelho que quizer ou precisar, excepto o de chicote, que não pode dispensar o auxilio de
outra pessoa.
Nada mais ahi se encontra por ora com relação a outras applicacões hydrotherapicas, nem aos
exercícios complementar es.
Quanto ás fontes, maiores são as diüerenças que observei. Das seis existentes em 1873, uma
(a de nome D. Thereza) desappareceu, ou antes foi propositalmente obstruída, sob pretexto da
grande proximidade em que estava da fonte D. Pedro, muito mais importante, e das alterações
de que esta constantemente estava ameaçada pela mistura ou intervenção daquella, o que seria
em prejuízo da principal fonte da localidade. Não obstante, acreditam algumas pessoas que a
fonte D. Pedro resentiu-se justamente desse facto e apresentou qualquer modificação nos seus
caracteres organolepticos e qualidades primitivas, que aliás n ã o percebi, tornando-se mais pesada,
segundo uns, manifestando, segundo outros, ura certo resíduo levemente ferruginoso, que antes
não tinha.
Parece, à primeira vista, que assim devia ser: entre duas fontes próximas a garantia de con-
servação e pureza de uma está na sua captação perfeita e no desvio da outra para ponto mais
afastado, mas nunca na suppressão desta, sobretudo sem aquella providencia. E", pois, muito pro-
vável essa alteração de que accusam a empreza, o que só nova analyse quantitativa pôde deter-
minar precisamente. Pelos ensaios ligeiros a que procedi, não reconheci differença sensível.
IMP. 3
18

S i , do facto, a fonte D. Pedro nüo foi rigorosamente captada, como asseguram algumas pessoas,
contra a afflrmaçao categórica do Dr. Viotti, não o posso dizer, mas com certeza e a que melhor
attesta esse trabalho, consoguindo-se a elevação da agua a t é ao nível do solo, quando estava antes
a meio metro abaixo. A fcnte simula hoje um pequeno chafariz, cm forma de prisma quadrangular
fechado na parto superior por uma espessa lamina de vidro com larga guarnição de madoira nos
bordos o pela qual é ella fortemente fixada á pilastra. Em uma das faces desta, existo o orifício por
ondo corre o jacto continuo de agua com o ruido próprio do gaz que eonjlindamente se escapa. Esta
disposição permitte colher a agua sem introducção do vasilha-; o das mãos na fonte, bem como
facilita o engarrafamento da mesma por um processo que ainda n ã o ó perfeito, comquanto mais
regular ou men^s vicioso do que o praticado em l.amiiary.
A casinha que abrigava esta fonte foi substituída por outra de melhor aspecto o disposição. A
actual offerece a fórnia de um octogono com oito vãos em ogiva, fechados por grade de madeira,
excepto uma por onde se penetra na fonte.
As outras quatro fontes conservam as mesmas cobertas e casinhas que as protegiam, somente
mais limpas e bem tratadas. Destas duas fontes, as duas que ficam do outro lado do Bengo (Conde
d'Eu è Isabel), apresentam actualmente suas á g u a s turvas e sujas. Souiie que nellas so fizeram ten-
tativas abortadas ou mal suecedidas de captação ou, como disse o D r . Viotti, apenas trabalhos de
exploração e estudos que naturalmente devem preceder aquella obra. Foi depois disso que ellas se
turvaram, o que as torna somente mais repugnantes ao uso interno, sem prejuízo de suas proprie-
dades therapeuticas, caso se tenha limitado a esta circumstancia a alteração que ellas experimen-
taram, o que só poderá dizer definitivamente a analyse a que devem ser submettidas, após a captação
completa das mesmas.
Outra a l t e r a ç ã o também importante é a que se nota na fonte D. Leopoldina (a tal pseudo-
magnesiana), cuja agua era d'antes inteiramente inodora e apresenta hoje o cheiro levemente
sulphydrico da fonte Duque de Saxe, talvez mesmo um pouco mais pronunci ido, que valeu a esta,
entre o povo, a denominação e a reputação de agua sulfurosa, da qual ainda não goza aquella. Mais
adiante discutirei a natureza, classificação e valor destas á g u a s .
Estas duas fontes, que se presume terem sido bem captadas, penso que o não foram, ao menos
convenientemente, pois que e l h s n a d a ganharam, si não mesmo perderam, comas obras feitas nesse
sentido: o rendimento d'agua não augmentou, seu nivel não se elevou, estão na mesma profundidade
encontrada, em 1873, pela commissão.
Além do desapparecimento de uma fonte e das alterações observadas nas outras, incluindo pe-
quenas differenças dc temperatura (13), tenho a consignar o descobrimento de mais duas fontes,
das quaes uma fica a uns 80 metros distante da fonte I). Pedro e a que deram o nome de fonte
Viotti, em reconhecimento e homenagem ao seu descobridor (14).
A agua desta fonte apresenta uma efTcrvesccncia continua, e, póde-se dizer mesmo, abundante,
porém formada de bolhas miudissimase coníluentes : diz-se que foi a única bem captada. A superfície
livre da agua acha-se ao nivel do solo, e oíTercce-se á vista em uma bacia quadrada de m á r m o r e ,
com um orifício lateral, por onde corre a agua. E l l a é límpida, de sabor acilulo, picante, muito
gazosa, sem resaibo algum desagradável, parecendo mesmo, tanto quanto se pódc j u l g a r pelo pa-
ladar e pela acção de alguns reactivos, ainda menos mineralisada do que a D. Pedro, por isso consi-
derada, na opinião do D r . Viotti, uma verdadeira agua de mesa. Não é, porém, fresca : sua tem-
peratura, bem como a daquella, é dc 2-K o quo a torna levemente tepida, sobretudo nos dias
frios.

(13) Da outra vez ;i temperatura achada foi dc 21 a 2" . e agora foi de 22 (Conde d'Eu o Isabel)
c c
23 c

(Duque do Saxe e Lcopoldina) e 24 (D. Pedro. Viotti c intermittenie).


c

(14) Seria isso muito j istoc ate oljripit"rio. si com o des.ipparccimcnio da fonte D. Thcreza. não se impu'
zesse esto n< m • ú primeira (jne se descobrisse na localidade, como repararão ainda mais justa e devida
aquella falia sei-sivol nomeio das o tras fontes baptisadns mm os noiv.es da Família Imperial. A única
duvida STia a differ?nca do composição d;, nova apua r.-l.-itivamente ao que consta da analvse feita "na fonte
ev.incia. mas seria fácil assisnalar por qualquer mod" esi.-t .-irnirnsí-iricv: n d o que deixar aquelle vácuo.
1<>

Coitüii notável, toda a superiiciedo inarmora banhada pala agua esta sendo atacada e cor-
roída pelo gaz carbônico, o que parece um facto estranho á primair i vista, attendendo a que c.
mármore o um carbonato; mas explica-se este offeito pela combinação do gaz com o carbonato,
formando um bicarbonato solúvel.
Finalmente a novidade mais interessante que encontrei em Caxambú, o que tem const tuido :

por assim dizer um motivo de justa curiosidade, ó a chamada fonte intermittente, descoberta
cm um ponto situado por t r á s do estabelecimento hydrotherapico, por occasião de explorações que
ahi se tizeram á procura do uma agua fria ou thermal para o serviço do mesmo. E l l a vem de uma
profuudidade de 4ô metros, segundo fui informado, dos quaes mis 35 cavados cm rocha e 10 na
camada de terra superposta, que cila percorre a t r a v é s de um tubo de ferro de quatro a cinco
centímetros de diâmetro. A agua jorra com offorvesc:ncia o ruído devido á grande quantidade
de gaz que a comprime e com cila se escapa, por uma abertura estreita (dous a tres centímetros),
formando um jacto vertical em repnxo, que vai lentamente crescendo o se eleva espumante em
oscillações irregulares até á altura do tres a quatro metros no máximo (15) para descer depois,
gradualmente, como havia subido, a t é dcsapparecer. Dura este phenomeno 10 a 15 minutos, e
repete-se periodicamente de duas ein duas horas, cmqiunto se conserva aberto o orifício superior
do tubo. E' a great atiraziion do logar, c quo j á mereceu de pessoa muito graduada, meu particular
amigo, uma das nossas illustrações políticas, o senador Taunay, palavras assaz lisongeiras, nas
quaes levou o seu enthusiasmo ao ponto de comparar essa fonte com os geysers da Islândia. E' muito
forçada a comparação, perdóe-me o illustre senador, que sabe quo estas fontes brotim em terrenos
vulcânicos, e suas erupções coincidem com as dos vulcões vizinhos: são precedidas dc um ruído sub-
terrâneo medonho ; depois, volumosos jorros d'agua surgem c elevam-se ã altura de 100 metros,
acarretando a r è a s , pedras e a t é massas graniticas.
Está. muito longe disto a fonte intermittente de Caxambú: esta é proveniente, como quasi
todas as deste gênero, de uma perfuração artesiana, em que o jacto e o phenomsao de intermittencia
estão dependentes de condições puramente physicas de hydrostatica e hydrodyuamica terrestre,
segundo a lei dos tubos commuuicantes, única que a t é estes últimos annos era invocada para
explicar aquelles phenomenes produzidos pelos poços artesiauos. Em algumas, é verdade, ella é
insuficiente para explicar a intermittencia, que encontra s u i razão de ser na influencia do calor
central da terra e na decomposição chimica dos minemos carbonatados. Nestas condições forma-se
vapor d'agua, que exerce maior ou menor pressão, e gaz carbônico, cuja força elástica é ainda
mais considerável do que a do a r ; estes elementos reunidos á agua accumulam-se periodicamente)
a comprimem c fazem jorrar com impeto, sahindo também com c i l a . E' isto o que se dá em uma
fonte intermittente de Y i c u y e n a doSoolbad ou Soolensprudcl (do Kissingen). Nesta, porém, como
em outras, o phenomeno manifesta-se por outra fôrma; cada ascenção é precedida de um i espécie
de rouco subterrâneo, vé-se a agua subir no poço com um desprendimento gazoso considerável, e
ondulação tumultuosa, a pohto de parecer que a agua v a i transbordar; rica assim durante duas horas
a t é que se acalma a cflervescencia, abate-se pouco a pouco o nivel d'agua, e ella desapparece.
Examinando a agua desta fonte com os reactivos ordinários, pareceu-me que e l l a é mais mine-
ralisada do que todas as outras do logar, pela franqueza e abundância relativa dos precipitados
formados com alguns, notavelmente dos quo denunciam a presença de cal e de ferro no estado de
bicarbonatos, donde concluo, salvo melhor juizo, baseado sobre a analyse qualitativa e quantitativa,
que essa agua pertence ao grupo das bicarbonatadas fcrro-calcareas (16); o que e s t á perfeitamente
de accórdo com a natureza dos elementos predominantes na constituição miueralogica do morro de
Caxambú (17), do qual fica a fonte em questão mais próxima do quo as outras. Tales sunt aqwc,
dizia Plinio, qwzlis terra per quam fluwi'..

(15) A contar do orifício, que já fica a um metro abaixo do cbão.


(16) Restando ainda saber si o ferro è todo da composição integrante da agua, ou si provém em parte do
tubo por onde trajecta.
Conforme foi a«ignalado no relattfrio da c3mmis5ão dc 1873.
20

Espalhou-se e corro também como certo que a agua desta fonte iutermittento encerra alumon e
esta crença tomou vulto, depois quo M r . Berthaud, ahi do passagem, dizem, o confirmara o a
noticia foi repetida na imprensa pela mesma possoa a que alludi ha pouco. Ora, a ser isso exacto»
nüo sei sobre que provas ou dados analyticos flrmou-se aquelle chimico para a v a n ç a r semelhante
declaração (18), porém posso asseverar que, praticando com todo o cuidado os onsaios adequados
a essa demonstração, os resultados foram inteiramente negativos; bastando-me, para excluir a
presença do alumen, a reacção nulla de um sal solúvel do baryo sobre a dita agua. Para tornar mais
patente esto facto e levar a convicção aos que tivessem ainda alguma duvida, solicitei o teste-
munho de alguns collegas, e na presença dos Drs. Viotti, Gabizo, Lino Teixeira, Theophilo
Maciel e outras pessoas, procedi, em uma pharmacia da localidade, ao ensaio comparativo entre
a referida agua e uma solução mesmo branda de alumen; tratadas por aquelle reactivo, esta
precipitou francamente, e a agua nem sequer turvou-se de modo sensível. E' verdade que,
empregando, em vez do sal de baryo, a agua de baryta, esta precipitou ambas abundantemente
(dahi talvez o engano ou confusão), mas o precipitado obtido n'agua foi completa e rapidamente
solúvel no ácido azotico, o que mostra não ser constituído por sulfato de baryo, ao passo que o da
solução aluminosa permaneceu indifferente ao ácido. E r a cabal a prova, porquanto não ha sulfato
onde n ã o ha precipitado om um sal solúvel de baryo, e não ha alumen onde não ha sulfato.
E' bem provável, porém, que succeda a esta fonte o mesmo quo ás duas Duque do Saxe e
Leopoldina, que não perderam os nomes suppostos de sulfurosa o magnesiana, apezar dos resul-
tados negativos da analyse. Ficará sendo como uma fonte, que dizem os hydrologistas oxistir em
A i x (da Saboia), denominada a fonte do alun, comquanto as analyses nunca tenham revelado a
menor partícula deste corpo. Nem é novo o facto. Já Paracelso attribuia certas propriedades par-
ticulares das águas thermaes de Gastein (19) ao alumen, que alias a analyse nunca descobriu.
Outra circumstancia digna do menção é que a agua da fonte intermittente, cuja temperatura
« também de 24<=, manifesta fraco cheiro sulphydrico nos primeiros momentos*de cada e r u p ç ã o .
depois vai diminuindo e desapparece totalmente, quando a agua some-se. Entretanto, pelo papol
de acetato de chumbo nem de leve escureceu ; quer mergulhado na atmosphera da fonte, quer
mesmo no liquido, permaneceu branco, ao passo que uma gotta somente da solução de sulphy-
drato de ammonia em um copo cheio d'agua, é bastante para escurecer sensivelmente o dito papel
e formar no liquido como que uma nuvem escura. Isto foi também presenciado pelos mesmos
collegas supramencionados e outras pessoas. Aquello resultado negativo, pois, claramente indica a
ausência de ácido sulphydrico, pelo menos de quantidade dosavcl deste corpo, do qual, nestas
condições, só podem existir traços unicamente apreciáveis ao olfacto.
Sendo assim, é muito provável que a origem deste ácido seja a mesma que a commissão de
1873 assignalou no seu relatório com referencia á fonte Duque de Saxe, isto é, a reducção p a r -
cial o em minima escala dos sul fatos naturaes da agua, pela matéria orgânica, em sulfuretos,
e depois decomposição destes pelo gaz carbônico da atmosphera.
São, portanto, taes aguas> quando muito e com muito boa vontade, águas sulfurosas secundarias

accidertiaes ou degeneradas, segundo a expressão de Rotureau e outros ; 6 tanto mais plausível e


razoável esta interpretação, quanto concorre em seu favor a circumstancia de que essas á g u a s são
de ordinário carbônicas, athermaes, como estas, e procedentes de bancos ou jazidas de calcareo,
como tudo leva a crer que se dá com estas, por isso que a cal ó a base predominante em
todas ellas, conforme demonstrou a analyse de 1873.
Eis o que a este respeito se lé no tratado de chimica hydrologica do Lefort :
< Todos os chimicos, que tóm tido oceasião de observar attentamente as águas mineraes não
colhidas na nascente, tém percebido muitas vezes love cheiro de hydrogeno sulfure-
sulfuradas

tado, quo não se acha mais quando estas mesmas águas são expostas ao contacto do ar ou t é m

(18) EI'e negou-me depois formalmente ter emittído tal conceito.


(1?) Sensação geral de adstricção na pellc. retracção das paredes do abdômen e da pelle do escroto, com
rocalcamento dos testículos. •
21

soflrido o transporto om garrafas (20). Ainda que os reactivos ordinários não indiquem a pre-
sença evidente de ácido sulphydrico, é provavol que, em virtude de sua passagem a t r a v é s de ma-
térias hydrocarbonadas e outras, estas águas produzam e arrastem comsigo uma minima proporção
de ura composto sulfurado, que so destroe desdo que o liquido tem contacto com o ar. Em muitas
circumstancias a presença do hydrogeno sulfuretado é um obstáculo á exploração das águas mino-
raes; assim, não ó raro encontrar porto das fontes de águas bicarbonatadas, sulfatadas e chloru-
rotadas, outras expostas particularmente ás infiltrações de águas estranhas, brotando por flletes
delgados e carregados de alguns princípios sulfurados produzidos pela demora mais ou menos
prolongada da agua através do detritos orgânicos. >
Desta fôrma, quando mesmo se pudesse attribuir seriamente a uma quantidade tão fugitiva
o indosavel de ácido sulphydrico qualquer acção medicinal, restava ainda a questão importante
da origem inconveniente ou pelo menos suspeita desse corpo. Sirva esta ponderação de resposta
a um trecho do trabalho do Dr. Souza Fernandes, em quo este distincto collega fez ou escreveu
a critica sobre o relatório da commissão de 1873.
Coraeffeito, para justificar a acção therapeutica de uma quantidade tão minima e insignificante
de ácido sulphydrico, invoca elle uma opinião que attribue somente a Trousseau e Pidoux e a
W u r t z , quando c a de muitos outros, e vem a ser que esse ácido é um dos venenos mais v i o -
lentos que so conhece, e cita cm apoio desta doutrina uma experiência, em que esse gaz, misturado
cornar atmospherico, na proporção dc 1/1500, pôde matar uma ave!
E" muito simples a resposta e a explicação:
Em I logar, si pode matar, pôde não matar; não mata sempre.
o

Em 2 logar, trata-so de uma ave c não do homem, espécie animal bastante distante na
o

escala zoológica, para que os effeitos não sejam necessariamente os mesmos.


Em 3 logar, o é a objecção mais importante, visto como não pretendo com isio negar a acção
o

nimiamente tóxica do gaz sulphydrico, essa experiência, bem como o poder tóxico que ella de-
monstra, referem-se á inhalação do gaz, á sua penetração na arvore respiratória, por onde a
absorpção é muito rápida, a t r a v é s de uma larga superficie, mas não se applica o caso à admi-
nistração, pelas primeiras vias, de uma solução sulphydrica, que pôde ser relativamente con-
centrada, sem maior inconveniente, porquaDto aquella mesma superficie broncho-pulmonar serve
neste caso dc emunetorio e proporciona fácil e rápida eliminação do veneno. Appéllo para
as palavras do professor Rabuteau (21), que d i z :
< O ácido sulphydrico é um dos gazes mais perigosos; mas, apezar de sua actividade, é
notável que se pode ingerir e introduzil-o mesmo impunemente no systema venoso, em doses
que determinariam accidentes graves, si fossem introduzidas no sangue arterial pelas vias respi-
ratórias. Nestas circumstancias, o gaz absorvido pelas vias digestivas chega à veia cava inferior
o vai aos pulmões onde se elimina. >
Elle cita, a propósito, uma experiência concludento de C l . Bernard.
Si Soubeiran, e em geral os auetores, definem águas sulfurosas aquellas quo têm cheiro e sabor
hepaticos, a propriedade do ennegrecer os metaes brancos e o acetato de chumbo, não fazem
mais do que assignalar os caracteres mais salientes, communs a estas águas, sem prejuízo de
circumstancias particulares, que aliás os hydrologistas previnem, e que invalidam aquella defi-
nição, quando so consultam as qualidades therapeuticas das águas e o proveito real que dellas se
pôde colher no tratamento das moléstias.
Muito infeliz foi o collega critico quando invocou o exemplo de outras águas estrangeiras,
que presume acharem-se nas mesmas condições da da fonte Duque de Saxe, isto é, contendo
apenas traços de ácido sulphydrico, e que nem por isso têm deixado de ser consideradas sulfurosas;
taes são, diz elle, as de Chatenois, no Baixo Rheno, as de Saint Honoré e as de Bade, na Suissa.

(20) E ' o que suecede com as de Caxambú.


(21) Elementos de toxieologia, 2» edição, pag. 90.
00

Vou provar quo não ha paridade entro estas águas e aquella, o não aproveita, pois, o argumento
appeMandoparaas indicações consignadas no livro de Constantin James (22), que é autoridade
na m a t é r i a :
l.o As águas de Chatenois, apezar de seu cheiro liepatico, não são reputadas sulfurosas; ellas
são classificadas no grupo das salinas chloruretadas frias, e a justo titulo, por isso quo encerram
por litro 4 gr., 214 de principios fixos, dos quaes 3 gr., 200 de chloruretode sódio.
2. ° Xas á g u a s do Saint Honoré, M r . 0. Hcnri encontrou, além do ácido sulphydrico livre, na
quantidade de 0,0T0 por litro, mais 0,gr.300 de sulfureto nlcalino, não fallando em Ogr., 300
de chlorureto de sódio. Ora, n ã o só ellas eucerram enxofre em dous estados, como de ácido s u l -
phydrico contém mais do que v e s t í g i o s : uma proporção dosavel, que justifica a sua classificação
de agua sulfurosa.
3. ° Quanto á s de Bade, é certo que o chimico Loevig nunca chegou a determinar a quan-
tidade de gaz sulphydrico que ellas encerram na nascente, por causa de sua elevada temperatura
(50c), e da extrema volatilidade desse gaz, que se escapa todo dur inte sua dosagem (23). Mas, e n -
tretanto, é uma agua cujos reservatórios c tampas que os cobrem incrustam-se em pouco tempo
de enxofre sublimado o crystallizado, e, portanto, não contém somente traços do gaz, inas uma
certa proporção notável, que, junto á alta thermalidade, representa uma medicação bastante
activa.
Pergunto, quem já viu semelhante deposito na pretendida fonte sulfurosa fria de Caxambú,
cuja temperatura não permitte a fuga ou pirda fácil do gaz sulphydrico aos processos de dosa-
gem ? São, pois, improcedentes os exemplos trazidos pelo Dr. Souza Fernandes, como a r g u -
mento contra o parecer da commissão.
Appella o povo ignorante o .rotineiro, c, o que é mais deplorável, appellam alguns médicos que
n ã o parecem mais instruidos do que elle, para osfactos! Sempre esta sediça e estafada a l l e g . . ç ã o :
contra factos não ha argumentos!
Já o disse em umaoccasião solemne (24), e repito, não conheço proposição mais contestável nem
mais perigosa. Os factos por si só, emquanto não são convenientemente estudados c interpretados,
nada provam, por isso mesmo que provam tudo. Não ha doutrina, por mais absurda e extrava-
gante que seja, que não se estribe sobre factos; á sombra delles vivem todas essas praticas banaes
e applicações anti-racionaes mais ou menos mysteriosas e secretis, que fazem a fortuna do char-
latães e curaudeiros, e neste caso estão a homceopathia, o espiritismo, a agua de Lourdes, c toda a
espécie de truanias c santimonias, que pertencem á medicina exoterica.

Analysando esses factos de curas dc moléstias cutane is que, por ignorância ou mal entendido
capricho, insistem algumas pessoas cm attribuir ao enxofre da agua Duque de Saxe, c, para ellas,
abonam sua qualidade sulfurosa, é fácil reconhecer o vicio ou erro contido nesta apreciação, atten-
dendo para as circumstancias seguintes:
1. » A agua da fonte Duque de Saxe, assim como as outras de Caxambú, c, ainda que fraca-
mente, alcalina;
2. » Nenhum doente bobe exclusivamente essa agua, visto como em geral usam, por agua
potável, durante toda a estação, da da fonte D. Pedro, que é servida nas mesas, pois n ã o ha
perto agua potável boa ;
3. » As águas alcalinas, mesmo fracis, são empregadas com reconhecida vantagem no t r a -
tamento de grande numero dc dermatoses;
4. » Não ha essa relação necessária entre moléstia de pelle e enxofre, de maneira que deva
existir este onde aquella cura-se; além de que n ã o é especifico, oceorre que nem sempre é u t i l
contra essas affecções, e, em alguns casos mesmo, é considerado nocivo e contra-indicado.

(22) Obra já citada.


(23) O que faz crer que as aeuas dos Poços dc Ca'.das encerram talvez maior proporção de enxofro do
que marcou o sulfuroraetro. 1

(24) Discurso proferido ua sessão magna annivcr.saria da Academia Imperial dc Medicina, em í8*1.
23

Appliquetnos:
A primeira circumstancia ilcou demonstrada pela aualyse eliimica, e denuncia-se ao simple s

exame com os papeis coradis, tendo o cuidado de descontar a primeira reacçito, que ó antes
aciclula polo gaz carbônico de quo as á g u a s são carregadas; perdido ou eliminado este, a reaccao
definitiva é a dos princípios fixos alcalinos <J alcalino-terrosos quo ellas encerram.
A segunda é facto conhecido de todas as pessoas que freqüentam o logar, ou quo estão om con-
tacto com e l l a s ; ainda agora, nesta visita, acabei de observar.
A terceira é attestada por todos os dermatologistas c clínicos em g e r a l ; não julgo ser preciso
trazer aqui citações relativas a esta indicação. O mesmo S r . Dr. Viotti, que me protestou, por
si e pelo seu sogro, o Dr. Manoel Joaquim Magalhães, estar do accórdo com o parecer da com-
missão sobre a natureza da agua Duque de Saxe, comquanto a recomraendem ainda aos seus
doentes, reconhece e confessa que as águas mineraes alcalinos tem legitima applicaçao contra algu-
mas mole.,tias de pelle; é isso o que se lê em uma carta dirigida por-elle ao Sr. Maximino Ser-
zedcllo (25), autor de um Guia de viagem para anuas mineraes, da província de Minas, onde vem
transcripta a dita carta.
A quarta circumstancia 6 também um facto consagrado pela experiência e pela observação
clinica de profissionaes ilo maior conceito. Faltando de Vichy, onde ninguém ainda descobriu
agua sulfurosa, diz Constantin James: « Ha certas moléstias cutâneas que as á g u a s sulfurosas
exasperam, e quo entretanto acham-se bem com as das fontes alcalinas. »
Si quizerem recusar a este hydrologista autoridade clinica nessa especialidade, invocarei a
do professor Hebra, cuja palavra é julgada pelo professor Kaposi um evangelho em dermo-patho-
logia. Diz elle no seu notável tratado do moléstias de pelle, referindo-se ao eczema ou darthro
humido, uma das dermatoses mais freqüentes:
« O enxofre e suas preparações, em cujo numero se achara as águas sulfurosas, gozam de
grande favor no tratamento do eczema Eu sinto muito estar pouco de accúrdo cem as obras
clássicas, médicos e doentes: e sou obrigado a dar somente um valor secundário ao enxofre no
tratamento dos casos mesmo os mais favoráveis desta moléstia; cm muitos outros não é de
utilidade alguma, e em grande numero de outros é positivamente nocivo... particularmente em
todas as fôrmas agudas da moléstia, e em todas as variedades vesieulosas. Não se deve mesmo
empregal-o em outras fôrmas mais brandas, das quaes alguns casos podem se ter curado a p ó s

o tratamento sulfuroso, sem prova alguma do que o eíTeito tenha sido devido ao enxofre. >
Pelo que fica. exposto vé-se que valor devem merecer as allegações de factos de cura de m o l é s -
tias cutâneas ao enxofre inaccessivel e impalpavel da fonte Duiue de Saxe ,• são tão imaginárias e
puan*asticas, pelo menos tão gratuitas, como os cffiitos cath-irticos emprestados à raagnesia da
fonte D. Leopoldina, mais pobre desse principio até do que algumas águas potáveis, e do qual a
fonte Conde d'Eu encerra o triplo, e a D. Isabel quasi o quintuplo, sem nunca terem gozado
daquella propriedade.
E' isto o que demonstrou a analyse cscrupulosamentc feita pela commissão de 1873, de cuja
competência e probidade scientifici penso que ninguém t e m o direito de duvidar. Ainda que ella
não seja infallivel e possa ter errado, porque isso ó da contingência humana, entendo que os

(25) fcstc senhor arvorou-sa tamliem cm censor das analyscs feitas pela commissão de 1873. Não tomo
em consideração. nem me abalançu a responder a essa critica, porque não o julgo competente para discutir
questões desta ordem : elle próprio o reconhece, justificando assim as reservai que guardo, como se vê no
sefrinnte trecho: . . . . . . , .
« \ meu ver, diz olle. comquanto seja leigo na matéria, c mais um amador ao que outra coj/.to, a ana-
lvse feita pela'commissão não foicem todos os requisitos da chimica moderna, de accõrdo com todos os
p'rincipios até hoje conhecidos na sciencia medica, p.'.ra factos como est» de que tratamos. »
HUum tencatit .' . . . - «• j v
Não aTadou-lhe a analyse simplesmente, porque nao s;ifirnga a sua propaganda sobn> as águas de
Caxambú. que cl'e apregoa coiím infall reis para a cura de quasi toias as enfermidades que affligcm a huma-
nidale ate me^mo ulceras d ' estômagos, cancros, tumores, schirrose hep&lica, barridas d'agia, etc., não
fallandn da heresia physio-pathologica por elle creada, quando considera entre as moléstias dos intestinos as
ronser.tfies p inflanunar-fs An bnen !.'
24

resultados dessa analyse devem ser tidos na conta de vordadeiros e fidedignos, emquanto nao forom
impugnados e destruídos por trabalhos da mesma ordem, cujos auctores rounam aquellas qua-
lidades. Até lã não posso admittir que tenham esse poder as criticas de gabinete, por hydrolo-
gistas improvisados, e nem que prevaleçam as impressões ou inspirações individuaes, tllhas de
uma observação incompleta e superficial ou de preconceitos tradicionaes, muitas vezes alimontados
e influenciados por interesses dt localidade.
fc/ o caso da peior ou maior cegueira, a dos que não querem ver que, por essa forma, longe
de contribuírem, para a boa fama e crescente reputação das á g u a s , com essa pretendida m u l t i p l i -
cidade de qualidades chimicas e de virtudes medicinaes emprestadas ás águas, serão mais facil-
mente responsáveis pelo seu descrédito e desprestigio futuro. Seria um facto, sinão original,
ao menos extraordinário, que em seis a sete fonte, comprehendidas em um perímetro do 200 metros
pouco mais ou menos, a alguns passos umas das outras, se apresentasse essa variedade de á g u a s
mineraes. Veja-se o contraste disto em Vais, no sul da F r a n ç a (Ardèche), onde já so conhe-
cem mais de 50 fontes, e cada dia, por assim dizer, se descobre uma nova ; todas são de á g u a s alca-
linas frias; somente em duas (Dominique e St. Louis) foi verificada a presença do a r s ê n i c o ;
em nenhuma se encontrou enxofre, apezar de ser aquella aldéa situada em um valle cercado
de vulcões extinctos. (V. Constantin James, pags. 82 e 83.)
Si Caxambú possuísse a bacia hydro-mineral de Vais, annunciaria, urbi et orbc, que tinha com-
sigo a verdadeira pltarmacia da natureza.'
Em Vichy, por exemplo, existem 11 fontes, das quaes duas mais afastadas, sendo uma dis-
tante 20 minutos o outra meia hora do núcleo hydro-mineral. Dentre ellas não ha sinão tres
com a mesma temperatura; esta varia nas outras do 14* a 44% e mesmo assim são á g u a s de
composição idêntica, tendo por base o bicarbonato de sódio.
Em Luxeuil, em Vittel e outras estações hydro-mineraes, pretende-se que ha diversidade de
fontes, porque as ha somente de duas qualidades diíTerentes, variando as outras no grau de m i -
neralisação ou na temperatura.
Não duvido, por exemplo, que alguma das fontes de Caxambú contenha arsênico, que a com-
missão não procurou, porque não existe, em geral, nas águas fracamente mineralisadas, e que
uma nova analyse venha talvez revelar, contribuindo assim para explicar melhor do que o
enxofre uma parte das propriedades anti-herpeticas. Não creio, porém, que essa presumpção se
origine legitimamente dos dous symptomas, cephalalgia e insomnia, que, segundo o D r . Viotti,
não é raro observar nas pessoas que começam a usar das á g u a s de Caxambú, sobretudo as ferro-
gazosas. Assim como não é exacto, desculpe-mo o talentoso collega-, que as analyses feitas
ultimamente na Europa em águas ferruginosas tenham revelado sempre a presença do arsênico.
Eu poderia citar innumeras em cuja composição n ã o existe arsênico; apontarei somente as de
Siradan (Altos Pyrenêos), do Lacaune, Lamalou, Saint Julien, Renlaigue, Luxeuil, Vittel, Orezza,
na F r a n ç a ; a de Moritz, na Suissa; a de Spa, na Bélgica; as do Pyrmont, de Schwaobnch, de
Rippoldsau (Bade), na Allemanha, etc.
E ' verdade que, para o povo attribuir virtudes especiaes e diversas a cada fonte, não é preciso
que ellas tenham composição differente; muito freqüentemente águas idênticas t ê m , cada uma, no
meio de applicações communs, sua indicação especial. Assim é que a extineta fonte D. Thereza,
sendo aliás da mesma natureza das outras duas ferreo-gazosas, gozava de particular nomeada
entre o povo para combater a esterilidade na mulher ; pelo quo o desapparecimento dessa fonte
foi motivo de queixas e reclamações. E não é somente nossa essa tendência ou m a n i a ; ella t a m b é m
se encontra na culta Europa com todo o seu cortejo de prejuízos o abusões. Para não citar sinão um
exemplo, lembrarei o que se passa em Spa, na Bélgica. A h i existem varias fontes, todas seme-
lhantes, dotadas de propriedades tônicas e reconstituintes ; pois bem, segundo Constantin James,
ha uma denominada Sauvenicre, que é reputada de acção fteundante, por excellencia ; somente
o suecesso depende de uma pequena ceremonia, que as mulheres devem repetir nove dias conse-
cutivos, e vem a ser collocar o pé, emquanto bebem agua, na pegada de S. Remaclo!!
25

Portanto, ato quo outras analyses fidedignas, quo julgo indispensáveis, quando as obras do
captação forem determinadas, venham pronunciar o juizo definitivo sobro a composição o valor das
á g u a s de Caxambú, continuo a dizer que não ha ahi sinão duas qualidades do á g u a s : alcilinc-gazosas
e alealino-ferreo-gazosas, aceitando neste particular a discriminação c;tabolecida pelo Dr. V i o t t i .
Suas indicações limitam-se, pois, ao tratamento do certas moléstias chronicas do appirelho digestivo
o gonito-ourinario, algumas afleeçõis cutâneas o as dyscrasias não especificas do sangue.
Debaixo desto ponto de vista não so afastam das propriedades medicinaes inherentes ás outras
á g u a s congêneres, como são as de Contendas, Cambuquiras o Lambary. Entretanto, corro com
insistência, mesmo entre médicos, uma versão inteiramente gratuita o errônea, que cumpre,
cm bem da verdade, desvanecer; ó a que pretende que as águas do Lambary convém somente
ás moléstias do estômago e intestinos, o as de Caxambú também para as do ligado. Não tem o
menor fundamento semelhante distineção, filha da rivalidade que reina entre os dous logares, e
J a qual é Lambary a vicíima. Os interessados pelo Caxambú não se contentam com a vantagem
da menor distancia em que esto logar fica da Corte, donde se pôde ir a t é lá no mesmo dia, e levam
sua propaganda até ao ponto de exercerem verdadeira pirataria, por meio de agentes (appellidados
alabamas), postados na estação da Soledade, e incumbidos do desviar a corrente dos que se destinam
ao Lambary, ameaçando-os com péssimas estradas, mau passadio em hotéis, falta de logar nestes,
falta do recursos de toda a espécie, quando não ha sinão maior distancia a vencer e maior despeza
a fazer; mas os passageiros encontram em uma casa junto á estação de Contendas pousada modesta,
porém eommoda, o todos os meios dc transporte que na Soledade ha para Caxambú: liteiras, trolys
e bons animaes a escolher (2G). Em Lambary o tratamento nos hotéis c os recursos de alimentação
não são inferiores: naquelle em que estive, pelo menos, que é o mais freqüentado, achei-os a
certos respeitos superiores.
E' triste esta hostilidade movida em Caxambú contra Lambary, aliás lisongeira para este logar,
porque vè nessa mesma hostilidade o melhor annuncio, a melhor prova do valor o prestigio de
suas á g u a s (27); é claro que Caxambú não precisaria l a n ç a r mão de semelhante recurso, si tivesse
consciência da superioridade de suas á g u a s e de suas condições climatologicas.
Quanto a estas condições, na opinião geral, a vantagem está do lado de Lambary, c a com-
missão dc 1873, no sou relatório, manifestou o mesmo parecer, pela temperatura um pouco mais
baixa, pelo solo mais enxuto, devido á grande correnteza do riacho que atravessa a povoação,
pela vegetação mais densa nas montanhas vizinhas, pela natureza, talvez, dessa vegetação, mais
abundante de pinheiros, arvores resiaosas cuja influencia na constituição atmospherica merece
ser estudada sob o ponto do vista ozonometrico. Neste sentido deviam ser curiosas as observações.
Lambary carece, é verdade, o é susceptível dc muitos benefícios c melhoramentos; porém, mais
ainda precisa dellcs Caxambú, como se lé nas palavras de um homem insuspeito, porque é apologista
deste logar (23):
« Por ora, diz elle, tudo quanto respeita ao serviço municipal toca os últimos limites do deleixo
e da incúria, ou melhor, nem siquer existe. Disso dão attestado ruas immundas, crivadas de
enormes buracos, sem alinhamento, sem nivelamento, sem vestígios de calçamento e illuminação,
nem simples denominação; águas estagnadas, agrupamentos de c.isinholas levantadas a capricho,
sem re?ra nem constrangimento, cmfim, de todos os lados ura estado de cousas que grandemente
pôde prejudicar o desenvolvimento e porvir de Caxambú. >
Relativamente ás águas mineraes a questão é mais complicada, e merece algumas palavras:
1.° Consideradas entre si, as fontes de Caxambú são constituídas evidentemente pela mesma
qualidade de á g u a s ; variando somente o grau de sua mineralisação, e ainda assim guardada certa
(20) Sõmcnls lá uüo se aconselha nem se oflor.-co viagem em trolvs quando os caminhes nãose prestam:
naSMedadc, com a presumpeãode nu? uns e outres são melhores, condemnam sem ceremoma os passageiros
ao mariyrio que só conhecem os que tiveram a infelicidade de eiperimcntal-o. IS' horrível!
(27) Para maior reclame ou seducção, ate ha um hotel cm Caxambú de águas de Lambary; o que é um
cumulo, dc que este logar só íem a orgulhar-se.
(28) Arligo do senador Taunay. na Gazeta dc Xoticias dc 9 de março do 1S33.
IMP. 4
2G

proporção ontre os diversos princípios, exeento para o íerro, de que oxistem apoias vestígios nas
fontes D. Pedro, Duque de Saxe e Loopoldin», e qu mtidado apreciável o do.avel nas outras duas
(Condi d'Eu o D. Isabel). O rosiduo fixo foi achado de Os',2(55 (D. Pedro) ató0« ,210 (D. Isabel)
r

por litro ; a densidade escillou entro 1.0009 (Duque de Saxe) o 1.0019 (D. Isabel). A quantidade
total do gaz carbônico variou desde 1,022 (Duque de Saxe) ate 2sr,73l (D. Isabel). Deduzida por
diferenciação, achou-se para a quantidade de gaz l.vn Isr.SOO (Du-iuc de Saxe) a 1,800 (D. Isabel).
Seui descer ao exame dos algarismos correspondentes aos outros elementos, vè-se já por
este breve apanhado que ha pequenas discordância*, ás quaes cabem as mesmas ponderações que
expendi a propósito das águas do Lambary. Por exemplo, a a g u i menos mincralisada (D. Pedro)
não é a menos densa ; esta, que 6 a da fonte Duque de Saxe, tem quasi o dobro dos princípios salinos
fixos Jaquella.
De outro 1 ido, a f>nte D. Pe.iro, ch imada gazosa, pola sua maior riquoí.i app irento em gaz
carbônico, é, pela analyse, uma das mais pobres deste corpo, quer total, quer l i v r e ; a fonte Conde
d'Eu, uma das que encerram maior quantidade de gaz total, é uma das mais fracas em gaz
livre.
2." Consideradas estis agtus em confronto com as do Lambary, ainda PS mesmis refle-
xões se po.lem a p p ü c i r para justificar as apprehcnsOes de que, si dj facto aquellas são mais
miueralis..das do que estas, repagna acreditar que sejam mais gazosas. nem mesmo tanto quanto
a de J.ambiry. visto como, em qualquer dos dous logares, a producyão interior dj gaz car-
bônico é bastante para saturar umas e outras; e, si cm Lambary a pressão atmospherica,
um pouco menor, c contraria á maior solubilidado do g i z , por outro 1 ido, cm favor desta
circumstancia concorre a temperatura mais baixa da agua (20 a 21°, ao passo que em Cax nnbú
c de 22 a 24 ) e o grau mais fraco de mincralisação, condição favorável a esse resultado.
e

De tudo isso resulta a necessidade de novas aaalyses, afim dj liquidar este ponto. Mas,
em todo o caso, pôde-se afirmar que as duas localidades representam duas estações hydro-mi-
neraes, mais ou menos equivalentes, applicavcis às mesmas curas p j l i uniformidade do suas
águas (29).
Ellas deviam até ser complcmentares uma da outra, e para aquelles que pudessem explo-
rar os benefícios de ambas, conviria dividir a estação pelas duas, começando pela do Lambary,
como menos mineraiisada. e acabando em Caxambú, ou, visto que raramente basta uma es-
tação de águas para a cara de muitas enfermidades, c é pre;i.o voltar a ellas, uma estação
poderia ser feita no Lambary, outra no Caxambú.
E' preciso, porém, prover com toda a urgência os dous logares de um ramal de estrada
de ferro, e que nelles S3 concluim as obras projectadas ou c o m s ç v h s , cstibilecid.is noscon-
tractos dis respectivas empresas. Em Caxambú, por exemplo, ainda muito f i l t a p i r a lá chegar;
assim, por exemplo, o ajardiaamento e arborisaçlo da pr.içi, destina-la ao parque, que por
ora pouco mais é do que um pasto, como de alguns aquáticos ouvi chamar; e sobretudo o
deseccamento e aterro do solo, c a captação completa das fontes, de modo a pòl-as ao abrigo
das águas pluviaes. Por emquanto, fora as duis fontes D. Pedro e Viotti, toJas as outras são
invadidas pelas agins de chuvas torrenci.ie;, como tive occisião de observar agora em meiado
dc março. Dc duas maneiras d s e facto se d á : não somente as agu is que discam em enxur-
radas do morro de Caxambú alagam o futuro parque o penetram nas fontes, como, engrossando
as águas do riacho Bengi, estas penetram também nas fontes pelos respectivos tubos de des-
carga.
Realizados estes melhoramentos, si ainda alguma das fontes manifestar cheiro sulphydrico,
si as novas analyses confirmarem, não obstante, a ausência de verdadeiras águas sulfurosas,
e reconhecerem a origem sispeita e inconveniente desses traços de gaz sulphydrico, que só

(29; Si propriament-í não ha font» f "rrea-pazosa em Lambarr. c só neste ponto estã a sua inf>rioridad\
ha. como disse, a pou:a distancia, uma boa agua férrea, que mist irada ã gazisa subs.itiiria perfeiiamcnta
•aquelia. 1
o olfacto percebo, penso quo conyirà impedir ao povo o uso interno do semelhante agua, ou
obstruindo a fonte, ou applicando-lhe a disposição necessária para so prestar sómont-e ao uso
externo, já quo não bastam provai scientilicas, já nue a ellas s í o rofractarios M mesmo mé-
dicos.

C0XTKNDAS

Devo também dizer duas palavras sobre cite logar, ain:la virgc.n dos benerlcios e me-
lhoramentos que lhe devo a mesma empreza (do Caxambú e Cintendas); o isto expüea-so
liem, attendendo a que não tem podido ella nendir em tempo a tolo? os compromissos de
seu contracto, o por isso nada se fez ate agora. Comqu.vnto não estivesse comprehendido
na minha missão csteirier até essa localidade os mias estudos e exames, lá fui no dia 18 de
março e encontrei junto ás duas mirge.os loiosis de um córrego que atravessa o arraial, e,
cm uma á r e a quo não excedo do 10 a 12 nutras, vários olho; d'agua eíTervcscente, alguns
brotando mesmo dentro do córrego.
Alguns desses olhos estão isolados na camada superficial, por manilhss de barro: mas as
á g u a s completamente expostas e s?m proteeção, como cm Cambuquiras, servindo de regalo
aos porcos que ahi vagam.
Do dnn< fontes, reputadas mais importantes, pude colher amostras, que examinei em
Caxambú e reconheci serem da mesma natureza que a dos outro; tres logares estudados a t é
nqui, uma era dc boa agua alcalino-gazosa e outra alealino-ierreo-gazosa, um pouco turvas
pelas más condições em quo se acham, mas ba,tante efervescentes, oferecendo ao palndar
a mesma sensação c aos papeis corados a mesma reacção que as outras congêneres; sua tem-
peratura tomada na fonte é de 23,5.
l i ' esta outra kcalidade de futuro c digna não só daquelles melhoramentos, como de um
rarra! da estrada de ferro; a este respeito e s t á ella em melhores circunstancias, porque dista
apenas uma '.egu.i da estação de Contendas.
S' só de que dependo a prosperidade do todos esses logares. Só entre nós se vê uma
linha do ferro seguir um traçado, obedecendo muitas vezes a conveniências e interesses par-
ticulares, plantando estações no mato, constituindo núcleos novos, deixando de lado, a pequena
distancia, povoações importantes pelo sen movimento commerchl ou pela s i u riq::eza hydro-mi-
neral. A estrada dc ferro Minas c llio está em condições de attender a essa necessidade recla-
mada em beneficio commum da estrada, das localidades por cila sorvidas e da humanidade
sofredora, da qual apeuas uma pequena parte pode utiiizar-sc daquelles recursos tão difíceis
e tã» dispendiosos.
Cumpre, quanto antes, que sc trate de estabelecer uma linha Térrea da Soledade para
Cax-nnl.ú e outra dc Contendas para Lambary; e mais tarde, com os melhoramento; das o u -
tras bacias hydro-mineraes, dc Contendas ás á g u a s do mesmo nome. e outra de Tres Cora-
ções a Cambuquiras. Facilitando-se por esta fôrma o transporte a todos esses logares de-
modo que eiles se torneir. cominodamento nceesv.veis em um dia de viagem, estou conven-
cido de que a afluência de doentes o visitantes compensará largamente os capitães empre-
gados nesses trabalhos o todos esses logares poderão viver e prosperar sem essa triste e
lamentável rivalidade.

I V . - RESPOSTA AOS QUESITOS

Tendo dc responder aos quesites que me foram apresentados, não posso fazel-o sem r e -
produzi 1-os aqui, e sem entrar em algum desenvolvimento prévio relativamento ao quarto e-
ultimo. cuja matéria não foi tratada na discussão attinente ao exame das águas. E i l - o s :
28

1. ° As á g u a s das diversas fontes do Caxambú, em Haepcndy, as do Lambary, na C a m -


panha, e as do Caldas, no município do mesmo nomo, continuam a apresentar os mesmos
caracteres revelados pela analyse a que foram submottidas om 1873 o 1S74 >. Tóm soffrido
algumas modificações, o quaes?
2. " A que causas se devem attribuir as modificações que apresentarem, ás inlluoncias me-
teorológicas ou telluricas, ou ás obras feitas nas referidas fontes?
3. ° Será conveniente, ou de absoluta necessidade, que so proceda a novas analyses?
4. ° Aos interesses do listado e aos da saudo publica não convirá que, na direcção do
cada uma dessas águas, esteja um medico inspector, encarregado de as estudar frequento-
mento, de aconselhar aos doentes o modo do as tomar, suas indicações e contra-indieações,
as estações do anno mais convenientes para seu uso o as propriedades especiaes de cada uma
debaixo do ponto de vista chimico e íherapeutico, como se pratica cai estabelecimentos
congêneres da liuropa, e já foi proposto pela supradita commissão ?

E' fora de duvida que o tratamento pelas águas mineraes constituo uma especialidade,
cujo estudo c bastante para oecupar a attenção de profissionaes, e cuja direcção a estes
compete, sobretudo quondo se acham á testa de estabelecimentos balneothorapicos junto ás
fontes mineraes.
Em todas ellas, pois, devia existir um medico encarregado, cm caracter olTicial, dessa tarefa,
isto é, não só para encaminhar os doentes no modo mais conveniente e proiicuo de usar dessas
águas, mas também estudar suas alterações de composiçTo o outras, suas necessidades, os melho-
ramentos de que carece, organizar um registro de observações c est itisticas, alim de assignalar
as verdadeiras indicações. Como bom disse Constantin .Iam?;, as águas mineraes constituem,
para as moléstias chronicas. o mais poderoso e o mais eíficaz dos remédios, com a condição de que
sejam empregadas a propósito, durante o tempo preciso e com a medida conveniente.
Fora destas condições, o abuso, o uso immoderado e irregular das águas mineraes oceasiona
ás vezes sérios inconvenientes e a t é perigos. O mesmo supracitado autor menciona accidentes e
outras conseqüências graves dessa pr itica, por exemplo: amollecimento do callo de fracturas.
rachitismo aggravado, áreas formindo cálculos, ruptura dv bexiga, repercussão da gotta, dege-
neração de tuberculos, reincidência de apoplexias, etc. Estos factos justificam as palavras de Stoll,
quando disse que « o emprego imntelligento dos remédios faz muitas vezes mais victimas do que as
moléstias >.
Entre nós, é infelizmente uma pratica seguida : cada um deixa-se guiar na escolha de uma
estação mineral ou de uma agua mineral por inspirações 'próprias, por informações vagas e incom-
pletas, ou mesmo errôneas, a despeito des resultados analyticos baseados em provas scientilicas
rigorosas: cilas não tem geralmente força para derrocar preconceitos, o foi o quesuecedeu cm
Caxambú, onde ha 15 annos a commissão negoa a existência de agua sulfurosa e de agua magne-
siana. Não distante, ellas continuam a ser tidas e inculcadas como taes.
E' verdade que não foi estranho a este resultado o próprio Governo, não vulgarizando, n ã o
distribuindo pelo povo o relatório, não aanunciando ao monos achar-se á venda na Imprensa
Nacional, ende foi impresso c jaz ignorado.
Tudo isso justifica c attesta a necessidade de um inspectorado medico nas fontes mineraes, e
a cuja direcção se entregue o doente, que, desde o dia em que chega às águas, não se pertence
mais e n e m a o m o l i c o q u e o enviou para l á : t a l e a opinião do Constantin James.
c Sem duvida, diz o illustrc hydrologista, esta substituição de um medico por outro é extre-
mamente desagradável, tanto mais quanto todo doente gosta de confundir o medico com o amigo,
lisonjeando-se, não sem motivo, de que a solicitude do primeiro se fortificará cem a dedicação do
segundo. Para remediar tanto quanto for possível este inconveniente, é essencial que o medico
assistente forneça ao das águas os esclarecimentos circumsianciados sobre o temperamento de seu
29

doonto e sobro os meios quo habitualmente lhe aproveitam ou U'm sido improiicuos; mas não ir
alem. Querer indicar do antemão quantos copos o doente devo beber, quantos banhos ou quantas
duchas devo tomar é expor-se a commetter graves descuidos. Nunca se podo sabor a priori como
tal agua será supportada por tal doente. E' ao mesmo tempo collocar o medico das águas na
posição a mais falsa, obrigado como será muitas vezes ou a modificar a prescripção ou a aceital-ae
a dar ao tratamento uma direcção estranha ás suas inspirações.>
Em conclusão, pois, respondo:

.Io primeiro quesito :

As águas de Caldas e dc Lambary não soffreram modificação alguma sensível; apresentam


os mesmos caracteres revelados pelas analyses de 1873 e IS74. Em Caxambú, i>oré:u, existem as
seguintes a l t e r a ç õ e s : dcsapparecimento de uma das fontes primitivas, apparecimento de mais
duas novas, cheiro levemente sulphydrico na fonte D. Leopoldin.i, e turvação das águas das fontes
Conde d'Eu c D. Isabel.

.Io scijuiido quesito:

Estas modificações são com toda a probabilidade devidas aus trabalhos que se pxecutaram
nessas fontes para sua captação, e também fora dcllas ; assim, a fonte D. Thercza foi obstruída;
a D. Lcopoldina, penso que foi mal captada ( como também a Duque de Saxe ) : nas outras duas.
Conde d ' K u e D . Isibel. li/.eram-se apenas sondagens, explorações, ou tentativas dc captação.

Ao terceiro quesito :

Em Lambary, depois que se realizarem as obras de captação e outras, projectadas. e em


Caxambú, depois que forem concluídas as que foram começadas, julgo de absoluta necessidade
que as respectivas águas sejam analysadas. Quanto ás dos Poços de Caldas, si os exames que
lá pratiquei fizerem cessar de todo as queixas e reclamações que se haviam levantado contra a
empreza balncaria, penso quo não è preciso ; si, porem, continuarem, julgo conveniente que se
proceda também nellas a novas analyses.

.Io quarto quesito:

Sim ; reitero aqui a lembrança ou proposta consignada no relatório da commissão e a


reproduzo nos mesmos termos :
1. ° Para que seja estabelecido, em cada estação hydro-mineral, um inspectorado medico, obri-
g a d o a apresentar annualmente um relatório minucioso sobre o estado das águas, suas condi-
ções e necessidades, suas alterações, e t c , acompanhado de uma estatística das curas e resultados
obtidos com o seu emprego no tratamento das moléstias, bem como um quadro de observações
meteorológicas diárias ;
2. " Que, no fim dc cada estação hydro-mineral, se reanam, em commissão consultiva, cs médicos
inspectores dc todas as fonte.s.
Feito isto. seria dc grande vantagem c interesse publico que o Governo mandasse publicar
esses relatórios, ou consignasse uma subvenção, afim dc auxiliar a publicação de um livro, sob
o titulo Anmiario das águas mineraes, etc. : collaborado pelos módicos inspectores, e extractado
dos seus relatórios, onde se pudesse encontrar uma noticia completa sobre todo o movimento
•operado nis fontes.

Rio dc Janeiro. 31 dc março de 188S.

DR. AGOSTINHO Josí: Dr. SOUZA L I M A .


30

POÇOS DE C A L D A S (1)

A NOVA CAXAI.ISAÇÃO DAS ACUAS DA FONTK MACACOS

Cumprindo a nossa promessa, damos boje uma doscripção minuciosa das ol.ras executadas em
Poços de Caldas pelo ülustrado engenheiro Dr. Garcia Redondo para a canalisação das águas
thermaes i'a fonto Macacos.
A descripção o feita pelo próprio Dr. Garcia Redondo, o |>ara eompletal-a o leitor encontrara
no nosso eseriptorio um quadro representando, cm todos os detalhes, os planos das obras exe-
cutadas por aquelle distineto engenh iro.

LIGEIRO HISTÓRICO

As fontes thermaes do Poços do Caldas são quatro o denominam-se Pedro ISutclho, Mari-

<;ui,Jias, Chiquiidia e Macacos.

As tres primeiras surgem do solo a cerca de 00 metros de distancia do estabelecimento


balneário, a ultima, porém (Macacos), liea a uma distancia de 573 metros.
Pela analyse feita cm IS74 pela commissão medica composta dos Drs. Ezequiel Corrêa dos
Santos, Souza Lima e Borges da Costa, veriiicou-se que um litro da agua da fonte Macacos, além
dos razes, azoto e sulphydrico. fornece de resíduo fixo O.0540 constituído pelos seguintes princípios:

Ácido sulfurico 0,0506


Silicia 0,0200
Ácido carbônico 0,2293
Chloro 0,0042
Cal 0,0110
Potassa 0,0165
Soda • 0,2973
Matéria orgânica e perdas 0,0191
Magnesia e ferro (vestígios).

0,0540

A composição das águas das outras fontes é qua^i análoga ã de Macacos, variando apenas
na temperatura, que é mais elevada.
« P r i m i t i v a m e n t e , estas fontes surgiam dc excivaçOes do solo, antigos barreiros ou bebedouros
de antas e outros animaes em meio de lodo e pedras soltas. » (2)
Mais tarde, constituída a empreza balncaria, foram as águas captadas e suspensas á superfície
do solo.
Esse serviço, um dos mais diillceis e arriscados que realizou a empreza, foi executado por seu
sócio o S r . Anselmo de A l m e i d a , com rar.i felicidade cbastante perícia.
Uma vez captadas as águas, construiu a empreza barracões provisórios junto ás fontes c ahi
começa a fornecer banhos aos enfermos em banheiros de madeira.
No entretanto construia-se o est ibelecimento balneário.
Uma vez concluído o estabelecimento, foram as agu is de todas as fontes canalisados a t é elle em
simples manilh is de barro vidrado, unidas umas ás outras com argamass.is de cimento e collocadas
no fundo de vallos sem alicerces nem paredes que as protegessem da compressão do terreno e sem
precaução alguma para impedir a perda de temperatura.

(I) Diário Mercantil, dc 4 de março dc 1888.


(2) .4« Águas ihermaes <io< Poços de Caldas, polo Dr. Pedro Sanches.
31

O resultado de tal serviço foi que, ao rim de pouco tempo, verillcava-se que as águas da
fonto Macacos, cuja temperatura é do -11° centígrados, chegavam ao estabelecimento balneário com
perda de cerca de 5 de temperatura, perdealo-se, alóm disso, no trajecto, uma boa parte do vo-
o

lume da agua, pelas fugas oceasionadas pelas fracturas do cano em diversos pontos.
Estes factos, levantando gorai clamor do publico, obrigaram o governo provincial de Minas a
mandar a Poços de Caldas um engenheiro das obras publicas com o fim especial de examinar o
encanamento e propor, caso fosse necessário, a substituição por outro.
O engenheiro em questão propoz a substituição das manilhas de barro pelo cano de ferro
esmaltado ou galvanizado.
Foi nessa oceasião que eu, sendo consultado pela empreza sobre a aJopção do encanamento
de ferro, apresentei o meu parecer por escripto, impugnando o emprego dc tal material e mostrando
os perigos a que ia ficar sujeita a empreza com a sua adopção.
Era claro que, pelo facto de ser o ferro muito melhor couduclor do c.Iorics do qt:e a terra
cotta, as perdas de temperatura em um tal encanamento deviam ser muito maiores do que nas
manilhas de barro. Por outro lado, em contacto constante com as águas thermo-mineraes, o ferro
seria a!in: 1 atacado pelos ácidos dessas águas, sobretudo pelo sulfurico, e d'ahi uma serie de
reacções chimicas que dariam em resultado o duplo estrago do encanamento c das águas con-
duzidas por elle.
Propuz, portanto, quo foss: banido o ferro c que so aJoptassc para o encanamento collector
o cano duplo de pedra, tijolos c maniliia de barro, licando as manilhas protegidas por uma espessa
camada isoladora de areia lina, e, p i r a o e.ican imento do distribjição dentro do estabelecimento
balneário, o cano duplo de porcellana e madeira.
Submettido esto meu parecer ao Club de Engenharia, foi nomeada uma commissão composta dos
engenheiros Drs. Paula Freitas, Chro-.-katt de Sá, Paulo de Frontin e J . Feliciano da Costa Ferreira,
os quaes concordaram com elle, divergindo apenas tres dos mencionados engenheiros quanto ao em-
prego da areia una, parecendo-lhes preferível a moinha de carvão, por ser material mais isolador.

OBRAS EXECUTADAS

O primitivo encanamento, feito exclusivamente dc manilhas de barro, partia do fundo de uma


pequena bacia da fonte Ma-.-acos, atravessava, em bicamos de madeira, o ribeirão dos Poços e um
confluente deste, c chegava ao estabelecimento balneário com um percurso de 630 metros.
A diiTerença de nivel entre o fundo da bacia e a parte superior dos reservatórios de distri-
buição, dentro do estabelecimento, nos quaes despeja o cano, é apenas de alguns centímetros.
O novo encanamento, que acabo de concluir, chegi ao estabelecimento cam um percurso de 573
metros, diminuindo assim de 57 metros o percurso entro a fonte e o estabelecimento.
O nov,) encanamento começa na parte superior da columna d.i fonte c, depois de atravessar em
pontes de pedra e tijolo uma valia, quo depois foi transformada em braço do ribeirão dos Poços,
o próprio ribeirão dos Poços c um conüucnte deste, chega á entrada do estabelecimento balneário
e a h i sa bifurca, mandando um ramal directameute para as banheiras e outro para os reservatórios
de distribuição.
A d ü l e r e n ç i dc nivel entre o ponto de partida na fonte e a entrada uos reservatórios de d i s t r i -
buição é de l , e entre o mesmo ponto de partida e a entrada nos canos das banheiras é de 3 ,50.
m m

Com excepção das passagens nas pontes, todo o encanamento está enterrado no solo, a pro-
fundidades variáveis, havendo pontos em 'pie elle desceu á profundidade de 2,50, mantendo
sempre, em todo o s-:u percurso, a declividade de 0,0075 por metro corrente ou 0,75°/» t é au a

ponto cm que se bifurca na entrada do estabelecimento.


ü cano foi feito da seguinte forma:
Sobre um alicerce de pedra de l , 1 0 de largura por 0 ,375 de altura, respaldado com uma ca-
m m

mada de cimento e areia de 0 ,025, o que dá para a altura total do alicerce 0 ,40, foram erguidas
ffl m
32

duas paredes lateracs do tijolo clj 0"',23 do largura por 0.30 do altura, deixando de cada lado do
alicerço um rcsalto do 0,025 ou ontro si um v l o d o O^SS.
No centro deste vôo, segue-se soi)W o alicerço um cano do tijolo de secção quadrada do 0,30-
do largura por 0,30 de altura.
Dentro deste cano foi collocaJa a manilha de cano vidrado, de 0,07 do diâmetro intorno, sendo
tomados os intersticios com argamassa de cimento o areia, ficando assim o cano do tijolo a servir
de estojo á manilha de barro.
O espaço que fica entre o ctno do tijolo (que serve do estojo á manilha do barro) e as paredes
lateracs foram cheios de areia tina e bom as-tfm a parto superior do cano de tijolo, sondo o todo
coberto por um i abobada do tijolo que assenta sobre as paredes lateracs.
Por esta fôrma, a manilha de barro, por onde transita a agua, fica envolvida pelo cano de tijolo,,
o qual, por sua vez, lica envolvido pela camada de areia que, a sou turno, é envolvida pelas p a -
redes lateraes o a abobada superior.
Com esta disposição, o centro da manilha de barro fica em todos os sentidos a uma distancia-
média de O^.-IS da terra que envolvo o aquedueto o por onde esto passa.
Cumpre acrescentar quo, para evitar as infiltrações, as paredes lateraes bem como a abobada,
que sobre ellas repousa, foram rebocadas com argamassa composta de uma parte de cimento o
duas de areia e que, com excepção do alicerce, que é feito com argamassa de cal e areia, a a r g a -
massa empregada em todo o encanamento é dc cimento e areia.
As pontes sobre as quaes passa o novo encanamento foram feitas com encontros do p e i r a
e arco achatado dc tijolo, de0'",41 de espessura.
São tres, tendo duas dellas o vão de 7 .50 c a terceira o do 4 . 0 raio dos arcos das duas pontes-
!n ra

iguaes tem 9 m
e o da terceira 0 ',5.
:!

Os alicerces dos pegões ou encontros desceram até ã camada incuinpressivcl, que é um conglo-
merato ou pwldiivj composto de calliaus ligados pelo hydro-silicato de cal, o qual forma a base
geral do terreno cm toda a bacia em que assenta a povoação de Poços de Caldas.
Como na passagem pelas pontes o encanamento emerge da terra e tem de ficar exposto ao ar,
tomei a precaução dc alargar ahi a superfície oecupada pelo aquedueto, augmentando assim a espes-
sura da camada de areia e compensando por este modo o resfriamento pelo contacto com o ar.
Para evitar os damnos que ao encanamento podiam causar as grandes enchentes do ribeirão
dos Poços, tomei a precaução de aproveitar uma velha v a l i a , lostante larga, existente próximo
:i fonte Macacos, que despeja no ribeirão dos Poços abaixo da segunda ponte, e liguei-a ao ribeirão
de modo a desviar para ahi uma parte do volume das águas deste.
Por esta fôrma, não só consegui diminuir o volume das águas do ribeirão, na secção compre—
hendida entre as duas primeiras pontes, como liz uma obra dc saneamento, transformando uma
valia de á g u a s estagnadas em leito do águas correntes.
Na fonte Macacos o encanamento foi ligado direeíameníe ú columua por onde sobem as
águas das nascentes, na parte superior, fechando-so em seguida o topo da columua para evitar
á agua o contacto com o a r .
A antiga bacia onde cabiam as águas dc Macacos, bem como o primitivo encanamento, foram
conservados, para, na hypothesc do ser um dia necessário fazer qualquer reparo no novo encana-
mento, as águas transitarem pelo antigo a t é ser concluído o reparo no novo.
Por outro lado, si um phenomono geológico qualquer (o que n ã o é do estranhar cm terreno
vulcânico) produzir um augmento no volume das águas, o antigo encanamento s e r v i r á do v á l v u l a
de segurança para o despejo do excesso das á g u a s .
Ao entrar no estabelecimento o cano bifurca-se, como j á dissemos: um braço segue directa-
mente para a s c a l l n s d o madeira, que distribuem a agua pelos banheiros, c outro caminha para os
depósitos ou reservatórios, quo ficam ao fundo do estabelecimento.
Com esta disposi:ão, durante o dia, a agua segue direetamentee tem sabida pelos banheiros,
cujo nivel é mais baixo que o dos depósitos ou reservatórios, e á noite, uma vez fechadas as
33

torneiras tios banheiros (ou o registro que esta collocado na bifurcação), ella sobe aos reser-
vatórios, ondo ilca em deposito o arrefecendo.
Desto modo a ompreza poderá fornecer banhos com a temperatura da fonte áquolles quo delles
carecerom nessa temperatura, ou em temperatura mais baixa, de 3G° até 38° (o quo é mais
commum), dosando a agua da fonto recebida directamente nos banheiros com a que resfriou d u -
ranto a noite nos reservatórios.
Taes foram as obras que executei em Poços do Caldas para a canalisação das á g u a s da fonte
Macacos.
Quanto aos canos de distribuição pelos banheiros, a empreza ainda conserva os antigos, não
me havendo encarregado de os substituir pelos do porcellana e madeira, como indica o meu
parecer.

R E S U L T A D O S DAS O W l A S F E I T A S

Pouco antes do concluido o novo encanamento, tive de ausentar-me de Poços de Caldas, mas,
deixando instrucções para a conclusão das obras, preveni ao D r . Sã Leite, sócio gerente da
emprezr, que, logo que soltassem as águas pelo novo cano, ellas haviam de chegar forçosamente
muito frias ao estabelecimento balneário, mas que, desde que o jacto da agua pelo novo cano
so mantivesse de um modo permanente, ellas iriam readquirindo paulatinamente a temperatura
perdida a t é a l c a n ç a r e m a n o r m a l , em que se manteriam.
E r a claro que, partindo as águas da fonte em temperatura elevada (41° centígrados), e tendo
do transitar por um cano relativamente frio n'uma extensão de 573 metros e com a espessura de
l , 1 0 , cilas haviam de chegar, no começo, ao estabelecimento balneário, em temperatura muito
n

mais baixa, porque, durante o trajecto, tinham de ceder alguns graus da sua temperatura ao
cano, ate o aquecerem e estabelecer-se o equilíbrio da thcrmalidado entre a agua c o cano.
De facto, soltas as á g u a s da fonte Macacos pelo novo cano, a 4 de janeiro ultimo, chegaram ao
estabelecimento balneário com a temperatura de 35°,8, tendo perdido, portanto, no trajecto 5°,2.
Poucos dias depois a agua começava a readquirir a sua temperatura, pois esta elevava-so nos
banheiros a 36", depois a 37°, depois a 38° c assim por diante, a t é que a 31 do mesmo mez, dia em
que o Dr. Souza L i m a , commissionado pelo Governo Imperial, fez a analyse das referidas á g u a s ,
ellas attingiam já a 39°,5.
Per esta fôrma realizavam-se as minhas previsões.
A analyse feita pelo Dr. Souza L i m a , o da qual já tem o publico conhecimento, veio provar que
as á g u a s , transitando pelo novo cano, não tinham perdido nenhuma das suas propriedades chimicas
e therapeuticas, e que chegavam ao estabelecimento balneário no mesmo grau de pureza com que
sabiam da fonte.
Poucos dias depois da analyse feita pelo Dr. Souza L i m a , tendo-se verificado que as á g u a s
n ã o subiam aos depósitos de distribuição, por se acharem muito fendidas as calhas de madeira
que distribuem a agua pelos banheiros, o quo produzia uma perda considerável do pressão,
tornou-se necessário assentar provisoriamente um registro no ponto em que o novo cano so
bifurca.
Para fazer este serviço, foi necessário desviar de novo as águas para o antigo cano, o
que produziu o arrefecimento do no%o, sendo provável que neste momento j ã as á g u a s transitem
-

pelo cano, o que, tendo-o aquecido, estejam na sua temperatura normal.

S. Paulo, 29 de fevereiro de 1888.


O engenheiro, Garcia Redondo.

Eis o modo pelo qual foi resolvido o problema da canalisação das á g u a s da fonte Macacos.
Sabemos quo de engenheiros abalisados c professores da Escola Polytechnica que examinaram
as obras do novo encanamento, entro elles os Srs. Drs. Viriato Belfort Duarte, Eugèno Tisse-
IMP. 5
ai
randot, conselheiro Domingos de Araújo « Silva e Montraorency, possue a empresa cs mais hon-
rosos attestados sobre a perfeição e solidez do trabalho planejado e executado pelo Sr. Dr. Qareia
Redondo.
A' empreza, que n&b poupou sacrifícios para dotar o seu estabelecimento com ama canalisaçSo
oollectera modelo, compete completar a sua obra, substituindo as antigas calhas de distribuição
dos banheiros pelo cano duplo de porcellajja e madeira indicado pelo Dr. Garcia Redondo, e bem
assim lazer as precisas reformas para que as águas penetrem nos banheiros por baixo e nSo por
cima, podendo assim fornecer o banho de agua corrente, tão recomraendado e tantas vezes neces-
sário.
Por este modo e com mais algumas pequenas reformas, ficará a empreza com um estabeleci-
mento balneário de primeira ordem, capaz de rivalizar com os mais adiantados da Europa.
BRASIL. M I N I S T É R I O DO I M P É R I O
MINISTRO ( ANTÔNIO FERREIRA VIANNA )
RELATÓRIO DO ANNO DE 1888 APRESENTADO
A ASSEMBLÉA GERAL LEGISLATIVA NA 4a SESSffO
DA 20â LEGISLATURA. ( PUBLICADO EM 1889 )

INCLUI ANNEXOS.
RELATÓRIO
APRESENTADO

Á ASSEMBLÊA GERAL LEGISLATIVA


NA

QUARTA SESSÃO DA VIGÉSIMA LEGBLATÜEA

PELO

MINISTRO E SECRETARIO DE ESTADO DOS NEGÓCIOS DO IMPÉRIO

RIO DE JANEIRO
I M P R E N S A KTACIOJXTAIJ

1889
1007
APRESENTADO EM MAIO DE 1889

PAOS.

Família Imperial r . 1
Conselho de Estado 2
Administração local e provincial 3
Âssembléas Provinciaes 4
Negócios Eleitoraes ' 6
Câmara Municipal da Corte . 7
Instrucção P u b l i c a 12
Instrucção Primaria e Secundaria:
I Instrucção Primaria 19
II Escola Normal X. 25
III Imperial Collegio de Pedro II 33
IV Curso Nocturno para o Sexo Feminino 34
V Exames Geraes de Preparatórios 34

InstrucçSo superior:
I Faculdade de Direito do Recife 37
II Faculdade de Direito de S. Paulo 39
III Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro 42
IV Faculdade de Medicina da Bahia 47
V Escola Polytechnica 50
VI Escola de Minas de Ouro Preto 53
V I I Liberdade de freqüência " 56
VI

58
Asylo de Meninos Desvalidos
Instituto dos Surdos Mudos
Instituto dos Meninos Cegos
Academia das Bellas Artes
Conservatório de Musica 65
Imperial Observatório do Rio de Janeiro
Bibliotheca Nacional • 69
Archivo Publico ~^
Instituto Histórico c Geographico Brasileiro "3
Academia Imparial de Medicina 73
Museu Escolar Nacional 74
Lyceus de Artes e Oíficios 75
Estabelecimentos de Caridade:
Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro 76
Imperial Hospital dos Lázaros 78
Negócios Ecclesiasticos 79
Asecca nas provmeias do Norte 90
Saúde Publica 117
Natural izações 160
Registro Civil 164
Secretaria de Estado 164
Orçamento e Créditos 165
Augustos e Dignissimos Senhores

M cumprimento da lei venho dar-vos conhecimento do estado dos negócios


do Ministério do Império, cuja direcçfio me foi confiada por Decreto de 5 de
janeiro próximo findo.

FAMÍLIA IMPERIAL

De volta da viagem que por motivo da moléstia de que fora accommettido


emprehendeu á Europa, aqui chegou no dia 22 de agosto ultimo Sua Magestade
o Imperador, juntamente com Sua Magestade a Imperatriz, e Sua Alteza o Príncipe
Senhor D. Pedro Augusto, cuja licença se prorogára novamente, sendo acompanhados
pelo Médico da Imperial Câmara Conde de Motta M a i a .
Este fausto successo deu logar em todo o Império a extraordinárias manifesta-
ções de júbilo.
Sua Alteza o Príncipe D. Augusto, Segundo Tenente da A r m a d a Imperial, con-
tinua em viagem de instrucçfio a bordo do cruzador Almirante Barroso, tendo
recebido n o s differentes paizes da derrota daquelle navio significativas d e m o n -
strações do alto apreço que merece a Família Imperial.
A 1 2 de agosto falleceu em Vienna d'Áustria o Príncipe D. José.
O Senhor D. L u i z peniianece na Eiuvopa em companhia de Seu Pac, o Senhor

Duque de Soxc.
De conformidade com a autorisação concedida pelo art. lõ da L e i n . 3.3-49 de
20 do oitubro de 1SS7 e com o parever das Sccções reunidas dos Negócios da Fazenda
c do Império do Conselho de Estado, celebrou-se a S de maio do anno findo o
acordo entre o Governo Imperial c o procurador do Senhor Duque de Saxe para n
entrega do d o l : promeltido a sua fallecida Esposa a Princeza Senhora D. Leopoldino.
No annexo -V cncoiitrareis, em s:i.i integra, esse documento, e todos os mais que
mostram como foi executado o acordo por parle do Governo Imperial e do Senhor
Duque de Saxe.
Durante a epidemia de lebre amarclla que accommettcu as cidades de Santos c
Campinas, na província de S. Paulo, não podendo Sua Magestade o Imperador s a t i s 7

fazer o desejo de testemunhar com a sua presença'o interesse que lhe inspiravam os
viclimas do mal e os habitantes ameaçados, coube a Sua Alteza Real o Senhor Conde
d'Eu desempenhar tão caridosa missão.
O illuslre Príncipe visitou os hospitaes e enfermarias, fazendo os donativos que
a Família Imperial destinara para tratamento da pobreza desvalida, e animando
com o exemplo de tamanha abnegação as populações das cidades ílagelladas.
O Governo Imperial cumpriu o dever de manifestar o seu reconhecimento polo?
relevantes serviços que Sua Alteza prestou nessas tristes e difficeis circumstancias.
Concluído o tombamento dos terrenos ao s u l da província de Santa Catharina e
organisada a planta geral, fez-se a entrega desses terrenos por Aviso de 11 de maio
do anno passado, dirigido a Sua Alteza o Senhor Conde d ' E u .
Pende ainda de vossa illustrada apreciação a pretenção de Suas Altezas os
Senhores Condo e Condessa dWquila relativamente as fazendas que possuíam na
província do Piauhy e ás terras mencionadas no respectivo contrato m a t r i m o n i a l .

CONSELHO DE ESTADO

Por acto de 2-í de maio do anno findo O i designado o Conselheiro Domingos de


Andrade Figueira para ter exercício na Secção dos Negócios do Império e A g r i c u l t u r a
durante o impedimento do Conselheiro João Alfredo Corroa de Oliveira, Presidente
do Conselho de Ministros, sendo dispensado do exercício cumulativo em que se
achava na mesma Secção o Conselheiro Manoel Francisco Correia.
Nomeado o Conselheiro Domingos de Andrade Figueira para representar o
Brazil no Congresso de Estados da America do Sul que se reuniu cm Montevideo
afim do formular diversos ajustes sobre matérias do direito internacional privado,
foram suecessivamente designados para substiluil-o na Seeção dos Negócios do
Império e A g r i c u l t u r a o Conselheiro Manoel Francisco Correia, em 3 de dezembro,
e, por octo de 8 de janeiro, o Conselheiro Visconde de Beaurepaire Rohan, transferido
da Seeção dos Negócios da Guerra c Marinha, onde na mesmo data voltou a ter
exercício o Conselheiro Visconde de Vieira da Silva, que deixara o cargo de Ministro
c Secretario de Estado dos Negócios da M a r i n h a e por Decreto de õ do dito mez de
janeiro fora nomeado Conselheiro de Estado ordinário.
P o r Decreto desta ultima data foram nomeados Conselheiros de Estado
extraordinários o Visconde dc Cavalcanti c os Conselheiros Gaspar Silveira M a r -
tins e Manoel Antônio Duarte de Azevedo.
O Conselheiro Andrade Figueira acaba de reassumir o exercício na Secção dos
Negócios do Império e Agricultura, sendo em conseqüência dispensado o do
Visconde de Beaurepaire R o l i o n .

ADMINISTRAÇÃO LOCAL E PROVINCIAL

A descentralização ú idéa vencedora cm toda a parte, nos governos liberaes,


como até nos absolutos. A ' participação do cidadão na administração local,
ainda na m a i s pobre parochia, oltribuia em 1372 o S r . Gladstone a tranquillidade da
I n g l a t e r r a ; e os reformadores da Prússia, depois do desastre de 180G, do adf-go-
vernment esperavam a consolidação do Estado.
Fortalecidas as prerogativas indispensáveis ao poder central na alia missão de
assegurar os direitos e interesses do Estado, a liberd ide do governo local serão
mais seguro apoio de nossas instituições.
A actividade da administração superior não poderá, qualquer que seja o seu
esforço, comprehender c resolver com acerto os variados e mínimos negócios dos
municípios do Império. Dahi as queixas que se reproduzem c a enorme responsa-
bilidade que pesa sobre o Governo. O regimen centralisador tem ainda peior defeito:
o de tornar o cidadão indifferente ao município, para cuja direcção não pôde concorrer
com efficacia.
4

Contido o governo municipal, por disposições positivas, nos limites da sua


competência, será um elemento de educação do espirito publico, um orgao de vida,
um centro de força consciente da solidariedade que existe entre os seus interesses
particulares e os da naçfio, emflm o mais formidável dique contra a demagogia.
L i m i t a r o poder, dentro da sua autoridade natural e legitima, 6 forlalecel-o,
salvando-o de perigos que nem sempre se podem conjurar com o emprego da
repressfio material.
O que em outros povos tem sido conquista, entre nós será apenas restituição.
Não é tanto a reforma que a opinião publica reclama, como o desenvolvimento
pratico da liberdade local, consagrada com tanta largueza na Constituição.
Sobre a necessidade de separar a deliberação da execução não ha divergência.
A maior difficuldade está em proteger os interesses do Estado, da província, do
município e dos municipes contra os excessos e abusos do governo municipal, sem
coarctar a sua legitima acção. Esta difficuldade não me parece insuperável e creio
tel-a removido no projecto que formulei e espero submetter ao vosso esclarecido
exame.
A effectiva responsabilidade é a garantia única da liberdade.
De igual urgência é a reforma da administração provincial tornando continua
a intermitlente cooperação das assembléas provinciaes na direcção e fiscalisação dos
negócios que lhes são peculiares.
Aproveitando-me de trabalhos feitos por illustres antecessores meus sobre este
importante assumpto, organisei outro projecto, que submetterei á vossa sabedoria
e em que julgo attendidas as aspirações rasoaveis e harmonisados os supremos
interesses e direitos do Estado com as franquezas provinciaes.

ASSEMBLÉAS PROVINCIAES

Em 1888 funccionaram estas corporações em todas as províncias, exceptuando


a do Ceará.
A reunião ordinária da Assembléa daquella província, que fora marcada para o
I o
de julho, deixou de realisar-se nesta data por causa de questões que se s u s c i -
taram no reconhecimento dos poderes de seus membros; e, adiada para o I de o i t u -
o

bro, não pôde a Assembléa constituir-se por falta de numero legal de membros
5

presentes para a Installaçfio, occorrendo o mesmo facto a 31 de oltubro, novamente


marcado para a reunião.
Em virtude de adiamentos deixaram, em algumas outras províncias, de i n s t a l -
lar-se na época própria as respectivas Assembléas.
Nas do R i o Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Matto Grosso determinou
o adiamento a necessidade de ser bem conhecida a situação financeira destas pro-
víncias depois de alterações feitas nas u l t i m a s leis orçamentarias.
As do Pará e Goyaz foram adiadas porque ao tempo da reunião não era ainda
conhecido na primeira o resultado final da eleição em alguns districtos eleitoraes, e
na u l t i m a não tinha percorrido todos os seus termos a eleição do 2° districto, pois
faltava a apuração geral, retardada por não haver na sede do districto, quando ella
devia effeituar-se, j u i z formado que presidisse a junta apuradora.
A Assembléa do R i o Grande do Sul, que devia reunir-se a 1 de março, foi
adiada para 15 de oitubro, porque desde aquella data até 16 de março só 12
membros tinham comparecido, achando-se aliás a administração habilitada com
os precisos recursos até 31 de dezembro.
A Assembléa do Paraná foi quatro vezes adiada. F i x a d a a sua abertura para
11 de fevereiro, e tendo o Presidente da província assumido a administração
dois dias antes, entendeu dever adial-a para 14 de maio afim de poder i n t e i -
rar-se dos negócios da província e propor as medidas tendentes a melhorar o seu
estado financeiro. Duvidas que s u r g i r a m na verificação de poderes, e das quaes
resultaria u m a duplicata da Assembléa, determinaram novo adiamento para 18 de
j u n h o ; e motivos de ordem administrativa exigiram terceiro e quarto adiamentos
para o I e 12 de julho, installando-se afinal a Assembléa nesta ultima data.
o

Para a votação das leis annuas e outras de publico interesse, foram prorogadas
algumas Assembléas, conseguindo-se por este meio a adopção daquellas leis nas
províncias do Maranhão, das Alagoas, de Minas Geraes e de Matto Grosso.
Depois de seis prorogações encerrou-se a Assembléa da província de P e r -
nambuco sem votar as ditas l e i s ; e depois de cinco prorogações a da B a h i a , votando
apenas a lei de orçamento provincial.
Nas províncias do Pará e da Parahyba as respectivas Assembléas, que haviam
sido prorogadas sem se obter a adopção das leis annuas, foram convocadas e x t r a -
ordinariamente, installando-se no dia 5 de dezembro a da P a r a h y b a . Na do Pará,
a sessão extraordinária, marcada para 5 de novembro, foi adiada para o I de o

dezembro, ficando este acto sem effeito por Portaria de 20 de novembro, expedida
em vista das condições sanitárias da capital, onde desde setembro reinava a
epidemia de varíola, que recrudescera em oitubro e se mantinha em novembro,
o

prcsumindo-se a sim continuação durante o mez de dezembro, de modo que só po-


deria reunir-se a Assembléa em janeiro do corrente anno, época multo próxima a da
reunião ordinária (2 de fevereiro).
Também foi convocada extraordinariamente a Assembléa da província de
Sergipe, para o dia 20 de agosto, afim de votar as referidas leis e u m a resolução
que regularisasse o trabalho livre, sendo que nos dois mezes da sessão ordinária
(de 3 de abril a 3 de junho) a Assembléa nem siquer iniciara a 1 discussão
Q

daquellas leis. O Presidente da província não prorogou a sessão por p r e s u m i r


que seria em pura perda esta providencia, acarretando apenas mais um gravame
aos cofres provinciaes, pois a Assembléa só funccionou 18 dias, deixando
de reunir-se em dias consecutivos no 2 mez da sessão, por se terem ausentado
o

da capital alguns dos seus membros.


A Assembléa do Piauhy, installada a 2 de junho, foi, depois de um mez de
sessão, adiada para 20 de setembro. O Presidente da província c o m m u n i c o u ao
Governo que havia assim procedido porque, sendo precária a situação financeira da
mesma província, ainda mais se aggravaria pela continuação dos trabalhos da
Assembléa, que estava opprovando projectos lesivos a fazenda publica, taes como
os de diminuição de impostos, quitação a collectores alcançados, cancellamento de
débitos, alienação de prédios provinciaes e favores pessoaes; e accrescenlou que a
Assembléa, exorbitando de suas attribuições, atacara a independência do Poder
Judiciário, pois tinha avocado o conhecimento de processos pendentes de decisão ;
censurara o procedimento da Câmara dos Deputados, e invadira a esphera do Poder
Executivo.

Fizeram-se novas eleições nos respectivos districtos das províncias do R i o do


Janeiro, S. Paulo, Minas Geraes, Bahia, Pernambuco, Parahyba e R i o Grande do
Sul afim de se preencherem as vagas dos Deputados Conselheiros João Manoel Pereira
da Silva e Rodrigo Augusto da Silva, Barão da Leopoldina e Commendador Manoel
José Soares, que tomaram assento no Senado; Conselheiros Barão do G u a h y e
D r . Francisco de Assis Rosa e Silva, que aceitaram as nomeações de Ministros e
Secretários de Estado dos Negócios da Marinho, o primeiro, e da Justiço, o segundo;
D r s . Antônio Cândido da Cunha Leitão e João de Miranda Ribeiro Sobrinho, e
7

Bacharéis L u i z Accioly Pereira Franco, Elias Frederico de Almeida e Albuquerque e


Bento Ceciliano dos Santos R a m o s , que falleceram.
Também foram feitas novas eleições de Senador nas províncias de S. Paulo,
Minas Geraes e Bahia para o preenchimento das vagas abertas no Senado pelo
falleeimento do Conselheiro Jofio da Silva Corrão e dos Barões da Leopoldina e de
Cotegipe;e por Cartas Imperiaes de 17 de setembro e 15 de dezembro do anno findo
foram escolhidos Senadores o Conselheiro R o d r i g o Augusto da Silva e o Borfio de
Santa Helena.
Recentemente falleceram o Bacharel Mariano Joaquim da S i l v a , Deputado pelo
3 districto da província das A l a g o a s ; o Dr. Evaristo Ferreira da Veiga, Senador pela
o

província de Minas Geraes e o Conselheiro Vicente A l v e s de Paula Pessoa, Senador


pela província do Ceará. A f i m de se preencherem as vagas deixadas pelos dois
últimos, já foram designados os dias 20 e 27 do corrente mez para as eleições
que terão de fazer-se nas províncias do Ceará e de Minas Geraes.
No annexo 13 enconlrareis os Avisos expedidos por este Ministério sobre
negócios eleitoraes.

CÂMARA MUNICIPAL DA CORTE

Nada oceorreu extraordinário e digno de especial referencia na gestão dos


serviços a cargo do I l l m a . Câmara, que tem celebrado com regularidade as suas
sessões.
O melhoramento do serviço de transporte das carnes verdes do Matadouro, em
Santa Cruz, á Estação de S. Diogo foi objecto de estudo por parte da Câmara, da
Directoria da Estrada de Ferro D. Pedro II, e da Inspectoria Geral de Hygiene,
que, tendo examinado aquelle estabelecimento, expoz em officio de 30 de dezembro
o resultado de s u a s observações.
No conceito da Inspectoria de Hygiene são medidas primordiaes e imprescin-
díveis para conseguir o desejado intuito: ampliar o t e n d a l destinado ao enxugo e
esfriamento da carne antes de ser levada aos vagões que a conduzem para a Corte;
augmentar o numero destes vehiculos ^ sujeital-os durante o trajecto á acção i n i n -
terrupta de u m a corrente de ventilação fresca e secca, obtida por meio de ar c o m -
primido em tubos adaptados á parte anterior e interior dos carros.
Este parecer foi sujeito á consideração do Ministério da Agricultura, do
qual dependia a m a i o r parle das providencias indicadas.
8

Trata-se de proceder á experiência de alguns apparelhos de ventilação e


refrigeração apresentados por seus autores como efflcazes para garantir a conser-
vação da carne durante o transporte pela via férrea.
Tendo reconhecido, na visita que em fevereiro ultimo fiz ao Matadouro, não só a
conveniência de ser augmentado o numero de vagões que so empregam no trans-
porte das carnes, alterada a disposição destas no interior dos mesmos vagões e
melhorado o systema de ventilaçfio de taes vehiculos, como também a necessidade
da collocaçao de um toldo no pateo central da estação de S. Diogo, para abrigo dos
carros que conduzem e distribuem as carnes dentro da cidade, por A v i s o de 18
daquelle mez requisitei do mencionado Ministério a adopção destas providencias.
F o i submettido ao exame e informação da IUma. Câmara em 11 de a b r i l pró-
x i m o findo um requerimento em que o Visconde de S. ChristovSo se propõe c o n -
tratar o serviço de transporte das carnes verdes e outros productos alimentícios,
obrigando-se a adaptar aos vehiculos empregados neste mister apparelhos frigo-
ríficos que assegurem a conservação dos mesmos gêneros.
Constando por publicação da imprensa diária que em u m a fazenda sita na es-
trada de Santa Cruz se projectava crear um matadouro para abastecimento de carne
ás freguezias do Engenho Novo, Inhaúma e Irajá, e allegando-se não só ser desneces-
sário tal estabelecimento, como impróprio o local escolhido, exigiu o meu ante-
cessor, por Portaria de 23 de junho, que a IUma. Câmara informasse com u r -
gência sobre o facto, e em officio de 2 de agosto communicou aquella corporação
que mandara fechar o alludido matadouro, por não haver o concessionário dado
execução ás obras resommendadas pela Câmara de acordo com as indicações da
Inspectoria Geral de Hygiene e do Engenheiro municipal.
Ouvida a Seeção dos Negócios do Império do Conselho de Estado sobre a
representação de Pedro Leandro L a m b e r t i contra a Portaria de 7 de março do
anno passado, que declarara á I l l m a . Câmara não poder ser aceita nenhuma das
propostas apresentadas na concurrencia aberta para o arrendamento da Praça do
Mercado da Candelária e chalets annexos, assim como sobre o officio em que a
mesma Câmara pedira a reconsideração desse acto, allegando razões de ordem
moral, jurídica e econômica, pronunciou-se unanimemente a dita Seeção pela fôrma
constante da Consulta de 15 de maio daquelle anno, que encontrareis no annexo B .
A* vista deste parecer, com o qual Sua Magestade o Imperador Houve por bem
conformar-se por Immediata Resolução de 29 de dezembro, foi por Portaria de 31
de janeiro ultimo concedida à Câmara a autorisação que solicitara para aceitar a
proposta do-concurrente Lamberti, julgada mais vantajosa pelas suas commissões
reunidas de Justiça e Fazenda, e com elle celebrar contrato de arrendamento geral
9

dos referidos immoveis, riflo só i>or ser este regiinen preferível, no opinião do Camnra,
ao da administração directamente exercida pela Municipalidade, como porque a
mencionada proposta Lhe facultava o meio de liberlor-se de uma divida avullada e
crescente, que os seus recursos ordinários lhe nflo permittiam solver. Determinou-se,
entretanto, que a IUma. Câmara submetlesse á approvação do Governo o projecto do
contrato, no qual deveria estipular-se nflo poder o arrendutario, durante iodo o
tempo do arrendamento, elevar os preços que pagavam os locatários das bancas,
sobrados o mais comparüinentos da P r a ; a e chalets, addicionando-se-lhe, como
complemento e paru.garantia da observância desta clau -ula, uma relaçãoauthen-
tica de toes preços.

Satisfeitas as condições exigidas, foi approvadn a minuta do contrato por Portaria


de 16 de fevereiro.
Tendo a Illma. Câmara representado sobre n conveniência de olorgor-se o
trecho do rua de S. Christovão que termina na de Estacio de Sá, e a rua Ferreira
Vianno na parle correspondente ao terreno de propriedade de Alexandre Wagner,
ordenou-se-lhe por Portaria de 20 de dezembro que, de conformidade com o
art. 3 do Decreto Legislativo n. 353 de 12 de julho de 1S45, mandasse organisar
o

o plano da obra concernente á rectifbação da segunda das mencionadas ruas e a


planta dos prédios nella comprehendidos, afim de poder o Governo resolver sobre as
desapropriações propostos. Na mesma oceasião foram remettidas á Câmara plantas
organisados por ordem c iniciativa do Ministério do Império, relativas não só ao
melhoramento do indicado trecho da rua de S. Chrislovão e do largo de Estado de
Sá na parte oecupada pelos prédios n s . 70, 72 e 7-í, como também á ieclificação da
rua de Santa L u z i a na parte adjacente ao prédio n. 12 da praça de D. Conslança, re-
commendondc*-se-lhe que desse o seu parecer sobre a opportunidade das desapro-
priações, por utilidade municipal, necessárias para realisação dos dois últimos
melhoramentos.

Approvado por Decreto n. D.0'51 de 13 de oitubro o plano do al irgamento da


rua do Sacramento na parle comprehendida entre a do Senhor dos Passos e a do
Hospício, rcmetleram-se á Câmara, para as ulteriores diligencias, os papeis
concernenles a desapropriação, declarada de utilidade municipal por Decreto n . 9.892
de 7 de março do anno findo, do terreno occupndo pelas minas do prédio n. 226,
incendiado no ultima doquellas r u a s .
Em virtude de representação da Inspectoria Geral de Hygiene sobre a conve-
niência de demolir, no interesse do salubridade local, o barracão de madeira aban-
donado que serviu de deposito de materiaes no largo do Moura, e ú visto do que a
IUmo. Câmara informou sobre o ossumpto, foi por Decreto n. 10.207 de 16 de março
IMP. 2
10

ultimo declarada de utilidade municipal a desapropriação do terreno occupndo por

aquelía conslrucção.
Por Portaria dc 27 do novembro npprovou-sc a licença concedida pela Câmara á
firma Mourão, Cunha & C. para continuar a receber aguardente do paiz no t r a p i -
a

che da rua da Snudc n. 1-4 A, com a condição, porem, de serem elevadas as paredes
lateroes do edifício a mais um metro pelo menos, precaução aconselhada pela c o m -
missão de profissionaes que o vistoriaram. Por essa oceosião recommendou-se à
IUma. Câmara que, mandando examinar cuidadosamente os diversos trapiches
existentes no litloral, concedesse licença para o recebimento de aguardente a todos
oquelles que offerecessem as necessárias condições de segurança publica c aptidão,
nos termos da Postura de 24 de março de 1837, e sujeitasse o seu acto a approvação
do Governo, conforme determina a mesma P o s t u r a .
Reiterando recommcndações anteriores, por Portaria de 11 de dezembro deter-
minou-se que a IUma. Câmara formulasse com urgência um projecto de Pos-
tura probibindo no perímetro mais populoso da cidade as fabricas de preparados
de fumo e quaesquer outras cujas emanações possam ser prejudiciaes á saúde dos
moradores próximos. Em 19 do mesmo mez approvou o Ministério do Império p r o -
visoriamente, com alterações, o projecto apresentado pela Câmara ; mas, não tendo
tido immediala execução a Postura, foi novamente modificada por acto de 8 de março.
A ' consideração do Governo sujeitou a Câmara um projecto de Postura destinado
a regular cs direitos e obrigações reciprocas entre amos e criados. Tratando-se
de medida que interessa ás relações da vida domestica e instituo regimen novo, a
que ainda não está cffeita a nossa população, entendi conveniente ouvir sobre o
assumpto as Secções reunidas do Império e da Justiça do Conselho de Estado, a
cujo douto parecer foi com Aviso de 22 de abril ultimo submellido o pYojecto, m o d i -
ficado em algumas de suas disposições, após cuidadoso estudo a que procedi.
Altendendo a conveniência de regularisar o movimento da v e r b a — C u s t a s j u d i -
c i a r i a s — e com o fim de simplificar a escripturação referente a esse ramo dc serviço
e facilitar o andamento dos processosjudicir.es a seu cargo, tinha a I U m a . Câmara
pedido autorisação paro, ú semelhança do q : u fora feito com diversos serven-
tuários em virtude cias Portarias dc 27 de março de 1832 e de 31 dc j u l h o de
1835, contratar com mais alguns escrivães, mediante prestações mensaes, o paga-
mento fixo dos custas a que tivessem direito. O Ministério dos Negócios do Império,
porém, em Portaria de 14 de janeiro do anno findo, negou a IUma. Câmara a
autorisação pedida e determinou que se considerassem insubsistentes os contratos
já celebrados.
Mais tarde, oquelles serventuários de officios de justiça reclamaram contra a
li

decisão proferida e o referido Ministério submetteu a questão ao dos Negócios da


justiça, o qual, em Aviso de 23 de setembro ultimo, entendendo que o assumpto devia
ser resolvido pelo do Império, por se tratar de matéria de interesse da IUma. Câmara,
declarou não haver inconveniente algum no contrato que os escrivães tinham feito
e pretendiam ficasse de novo em vigor, assim como lembrou varias providencias no
intuito de acautelar os interesses municipaes, e finalmente remctlcu o officio de 1-i
de agosto* em que a Cumaru .provava que, admittida a deducção das custas, esta
despezo, que é dc natureza improduetiva, ficaria reduzido, com proveito de outras
mais urgentes e úteis, o que muito importa ao interesse publico do município na
Corte, cuja receita e de todo insuffieien'e aos variados serviços a seu cargo.
^ e n d o certo que, com fixara re.u.infração do serviço, o regimento de custas não
obsta a sua reducção, e ate remissão, si nisso convier o credor, como se verificava
na hypothese proposta, c considerando que lodo o beneficio ou vantagem que da
desistência dos escrivães, ou outros que tenham direito a custas certas e contadas,
resultar para a Municipalidade, se tornara irrevogável em razão de seu privilegio,
o que, antes de contrariar, deve-se facilitar, expedi a Portaria de 16 de março, cm
que íofdeterminado que não só se renovassem oquelles contratos, mas tombem
se applicasse esta autorisação a todos quantos, em virtude de seus cargos, percebem
custas do cofre m u n i c i p a l ; e que, mantida na proposta do orçamento relativo ao
corrente exercício a quantia consignada para despezas desta natureza, se estipulassem
em os novos contratos as seguintes condições :
1. Renuncia, em favor da IUma. Câmara, de todas as custas por c!la devidas
a

que excederem .ao prefixado, com obrigação de restituirem os renunciantes o que


porventura venham a receberjilém da reducçüo prevista na desistência proposta e
aceita ;
2. » Assignatura do termo de renuncia por todos os serventuários o empre-
gados de Justiça que tenham de receber custas do cofre municipal, para que se
firme o principio de igualdade, garantia única da vantagem real da desistência;
X a
Obrigação, expressa no mesmo termo, quanto aos escrivães, de apresentarem
os renunciantes no fim de cada exercício um quadro demonstrativo das custos ven-
cidos no fôrma do regimento e das que forem pagas em razão da desistência, para
ser annexado á proposta do orçamento. £
A 29 de a b r i l foi approvadí a tabeliã dos vencimentos fixados de conformidade
o:ii a citada Portaria de 16 de março.
Em 20 de março remetti a IUma. Camaro, ofim de ser tomado na
merecida consideração, um officio que a este Ministério dirigiu o Centro dos
MachinisCas do Império do Brazil, solicitando providencias no sentido de obviar
12

aos perigos que resultam de ntto serem vistoriadas, nem dirigidas por profls-
sionaes, as machinas dc grande numoro de estabelecimentos industriaes existentes
na cidade.
Autorisada a Câmara pelo nrt. 11 da L e i - n . 3.396. de 24 de novembro
do anno findo a controhir um empréstimo até ao máximo de 5.000:000$ a 4 %
de juro e 1 % de amortisoção, fixando-se annualmente, para o respectivo p a -
gamento, a necessária verba no orçamento municipal e sendo as condições do
contrato sujeitas a approvaçüo do Governo, que deverá fiscalisar a applicação
do empréstimo, em 16 de abril declarei competir á mesma Câmara a iniciativa na
execuçflo daquella disposição da lei.
Por Decreto n . 10.149 dc 5 de janeiro foi mandado vigorar no exercício d e ^ S 9 ,
até ser approvoda a respectiva proposta, o orçamento municipal de 1888.
No annexo ü achareis os aclos relativos a assumptos municipaes.

INSTRUCÇÃO PUBLICA
o

As condições do nosso estado social exigem instantemente a reorganisaçâo deste


ramo do serviço publico.
Pelo Decreto n. 10.060 de 13 de oitubro do anno findo realisou-se a reforma da
Escola Normal, em virtude-da autorisação concedida ao Governo na L e i n . 3.314 de
16 de oitubro de lSSfí.
Os meios que o Poder Legislativo destinara á reforma, inferiores aos que se
opplicavam ao custeio do estabelecimento sob o regimen condemnado pela expe-
riência, eram insufficientes para a Escola funccionar satisfactoriamente, e por
isto o Governo não usou logo da indicada autorisação, aguardando que a A s s e m -
bléa Geral concedesse recursos afim de attendcr-se cabalmente á necessidade, que
tanto preoccupa os podercs públicos, de assegurar ás novas gerações a indispensável
educação physica, moral e inlellectual, racionalmente ministrada.
Conforme vos expoz no Relatório apresentado na sessão passada, o meu illustre
antecessor reconheceu esse embaraço; entretanto, considerando a extrema urgência
de evitar que se aggravassem os males inherentes á organisação que havia sido
dada á Escola, resolveu usar da referida autorisação.
13

E r a , porém, tamanho a estroitezo dos recursos, que a reformo, com ser um


tímido ensaio para acudir aquella necessidade, revela a desproporção entre os seus
flns e meios, inconveniente, que, é certo, não se tornará sensível no primeiro anno
da respectiva execução, quando só funeciona também oprimeiro do curso de estudos,
mas entorpecerá o ensino nos nnnos ulteriores, obstondo os resultados que se
desejam.
Estou profundamente convencido de que é preciso aceitarem toda a extensão o
dever de diffundir e regeneroro ensino primário no Império, formando professores
com a necessária instrucção scientificae profissional. Julgo, pois, que é indispensável
conce lerdes ao Governo os amplos recursos d e q u e d ^ n d e uma forte organisnção
que não vise apenas o interesse local de obter professores para as escolas publicas
do município da Corte, sinao oceorra, ainda que indirectomente, ao largo interesse
nacional do ensino em todo o Império, facilitando ás províncias a acquisição de
mestres mais habilitados do que aquelles que se possam grangear por meio dos
seus institutos especiaes.
Dotada a actual'Escola com os recursos que afiancem os cesultados de que co-
gitou a reforma, poderíamos reserval-a para o sexo feminino, e crear para o outro
sexo um verdadeiro seminário pedagógico de instrucção p r i m a r i a .
A s s i m resolvido fundamentalmente o problema da organisação que nos permit-
tirá ter escolas primarias de differentes graus capazes de preencher o seu escopo,
cumprirá prover aos vorTos serviços de que dependem a seriedade do ensino e os be-
nefícios reaes da instrucção, não esquecendo, além de medidas tendentes a prevenir
as difflculdades e perturbações que «poderão resultar da coexistência dos elementos
do passado e dos que se apparelharem para a obra do futuro, as que estimulem o
novo professorado a aperfeiçoar-se cada vez mais, colloborando harmonicomente
com os poderes públicos e com os espíritos adeontados para a mais profícua edu-
cação popular. •
Nenhuma das necessidades de que se resente o organismo da nossa instrucção
publica é mais urgente do que a constituição do ensino secundário.
O Imperial Collegio de Pedro II, creado para o bacharelado em lettras, como um
centro de estudos idôneos para formar o homem e o cidadão, cultivando-lhe ao
mesmo tempo o espirito pora os aspirações do ideal, p a r f a devoção do que é bello
e nobre, transmudou-se, ao influxo de repetidas reformas, em somenos instituto
para p preparo dos que se destinam aos cursos superiores, e por tal fôrma esta feição
se accentuou nos seus programmas, que o Decreto n. 9.647 de 2 de oitubro de 1886
dispoz fossem elles observados nos exames 'geraes de preparatórios, cujo serviço
reformava.
14

E ' tao deplorável a dccadencui a que neste particular chegámos, que não preciso
deter-mc em mostrar a necessidade de volver á primitiva organisação do Coüegio,
mantendo os princípios seientifleos que n e l l a presidiram, infelizmente postergados
depois, até ao ponto de se exagerar o abandono suecessivo do estudo de cada u m a
das matérias o o correspondente systema dc exames finaes, donde resultou que
o estudante procura aprender não para saber, mas simplesmente para a d q u i r i r o
cabedal de noções que lhe facilite a approvação nos exames, quando nfio se contenta
de preparar-se apenas para a tentativa aftatoria desses exames.
Devemos respeitar os direitos da sciencia na obra da educação, mas é preciso
promover particularmente a j ^ l l u r a . Não ha mais balia fonte dc elevação moral,
melhor escola de preparo v i r i l para a vida saciai do que o estudo das humanidades,
o conlacto com a antigüidade, com essa antigüidade cheia de grandes exemplos, os
quaes todos, na plirose do grande orador romano, estariam sepultados nas trevas,
si os não iUuminasse a luz das leltras.
Além disto, cumpre coordenar racionalmente os estudos, segundo ensina a
pedagogia, dando oos programmas a forma concentrica que permitte reconduzir o
alumno, degrau em grau, ao circulo já percorrido, de sorte que cada vez m a i s se
lhe amplie o horisonte, e desdobrando os cursos de sciencias por maneira que
atravessem toda a serie de estudos até o de philosophia, onde devem ser de novo
considerados.-e resumidos, em b r g a synthese.
Nesta organisação, escusado é dizer que importa evitar a sobrecarga intelleclual,
não supprimindo matérias, mas imprimindo aos programmas a necessária flexibili-
dade e adoptando adequados processes didacticos.
A s s i m realisar-se-á incontestável progresso: o suecessivo abandono dos estudos
no fim de cada anno, verdadeiro curso ia futuram oblicionem, os suecessivos
exames finaes, que obrigam á exclusiva preoecupação do exame, frisantissima
negação do conceito da escola secundaria, serão substituídos pelos benefícios da
educação harmônica, instituída ú luz dos princípios scientificos, pelos benefícios
do exame terminal, do exame do bacharelado, que não versará sobre a massa
dos conhecimentos occumulados durante muitos onnos de estudos, mas consistirá
em provas apropriadas á verificação da cultura do alumno, verdadeiro objcclo
do ensino secundário. •
Devo aqui mencionar que na conformidade destas ultimas idéas, que rio
Relatório do anno passado conceituara indispensáveis para melhorar a organisação
dos nossos estudos secundários, e.tinham sido sustentadas pela commissãõ que
o pessoal docente do Internalo do Imperial Collegio elegera afim" de dar parecer
sobre a reforma do bacharelado, foram, por ordem do meu illustre ante-
15

cessor, organlsadas as bases para alteração do plano de estudos do mesmo Col»


leglo. "
Consultada a Congregação, propoz, em parecer approvado pela maioria dos
seus membros, que. a reforma S3 realisasse em sentido differente, mantendo-se o
systema de passagem de uns para outros estudos no fim do anno, e dos cor-
-

relativos e x a m e s finaes.
O illustre professor Tautphoeus, porém, e x p r i m i u nestes termos o seu acordo
em relação ao trabalho offerecido ao estudo da Congregação :

a 0 plano de estudos, sobre o qual a Congregação foi agora convidada a


dar seu parecer, distirigue-se das muitas reformas anteriores, que este Collegio
soffreu depois que se começou a alterar o plano de sua instituição primitiva,
pela adopção de um principio que era expressamente enunciado como uma das
bases da organisação dos estudos, e cujo abandono foi, segundo a minha opi-
nião, a principal causa da decadência scientifica deste Collegio, a s a b e r : a s i m u l -
taneidade dos estudos e a simullancidade dos exames finaes feitos todos no fim do
7 o
anno, e constituindo em seii conjunto o exame do bacharelado, pelo qual o
candidato approvado em todos as matérias obtinha seu grau litterario.
« Este plano ficou em vigor por quasi £0 onnos depois do fundação do Colle-
gio : são muito numerosos os antigos estudantes daquelle tempo que se acham agora
em posições eminentes, e que podem comparar os resultados obtidos então com
os que vemos hoje, depois de adoptado o funesto systema do fraccionamento dos
estudos, introdusido não em virtude de a l g u m novo principio pedagógico, mas arran-
cado gradualmente a fraqueza de diversos Ministros por mesquinhas considerações
de concurrencia material com os collegios particulares, quando o motivo expresso
da fundação deste Collegio foi precisamente estabelecer um foco de estados litte-
rarios, que, por ser independente da maior ou menor affiuencia de alumnos, pudesse
conservar-se em u m a altura litteraria e scientifica superior ao nivel geral da
instrucção secundaria, dada até então, salvo algumas aulas publicas destacadas,
unicamente em collegios particulares.
o Este triste systema de fraccionament) não tardou a produzir suas inevitáveis
conseqüências. O professorado não peiorou repentinamente, e por certo ninguém,
que possa comparar as duas épocas, dirá que elle seja agora a qualquer respeito
inferior ao dos primeiros 20 annos do Collegio; o contrario é evidente. Tão pouco
ha razão para pensar que a raça brazileira tenha degenerado, e que a mocidade
actual seja menos talentosa ou tenha menos curiosidade inlelíeclual e menor de-
sejo de saber.
16

a A. inquestionável inferioridade dos resultados obtidos agora nflo pôde, pois,


ter outra causa sinflo o vicio r o d i c i l do aclunl plano de estudos, que, despresnndo
a lei do desenvolvimento das faculdades intellectuaes na transição da meninice a
virilidade, quer em umas matérias colher os fructos sem esperar a época da m a t u r i -
dade, e em outras semear, quando já se está na cslução da colheita.
« O professorado do Collegio, consultado diversas vezes pelo Governo sobre refor-
mas dos estudos, opinou sempre nesse sentido.e recommendou como primeiro posso
para todo melhoramento o volta a este principio da unidade dos estudos humanitários,
realisado pela contininção de todas as matérias até o fim do curso e pela prestação de
todos osexames finaes do 7° anno. Creio, pois, que, para ficar coherente comsigo
mesmo, para nãí se pôr cm desacordo co:n as leis da psycholo-ia, com a experiên-
cia feito no próprio Collegio e com o exemplo das nações mais adenntadas em
instrucção, a Congregação deve approvar o plano de reforma formulado pelo Governo
nessa sua principal idéa.»
De conformidade com o parecer do maioria foi organisado e submettido ao M i n i s -
tério do Império um projecto para a reforma dos estudos.
Esse projecto, que aggrovaria sobremodo os defeitos do plano actual, não
podia, porem, ser tomado em consideração, visto seoppòr ao pensamento de re-
staurar o exame do bacharel ido por meio da distribuição gradual das disciplinas
até ao ultimo anno do curso, a contar daquelle em que começassem a ser estudadas.
Mas o numero de annos do curso actual não comporta o distribuição rasoavel.
das matérias que nelle se comprehendem.
Comparando o quadro das disciplinas que se ensinam no Collegio de Pedro II
com os dos estudos de paizes adeanlados da Europa, vê-se que, consideradas as d i -
visões das mathemoticas elementares como uma só matéria e d o mesmo modo as das
sciencias physicas e naturaes e da historia e geographia, naquelle se contrahem q u a -
torze disciplinas, quando somente nove comprehendem os d o s g y m n a s i o s allcmães,
dos lyceus francezes e atheneus belgas, e somente oito os dosgymnasios e lyceus ita-
lianos. A differençi procedo principilmenle de que lá, quando muito, só é obrigatório
o estudo de uma lingua estrangeira viva, oo passo que no Collegio de Pedro II se
estudam quatro. Entretanto aqui as matérias são distribuídas por sele annos, um
dos quaes tem por fim supprir a insufficienlissimo instrucção primaria dos alumnos,
ao passo que o curso no Itália e na Bélgica é de oito annos, na Prússia e em geral
na Allemantio é de nove, na I'rança 6 de dez. O numero total de horas s e m a n a e s n a -
quelles paizes é de 203 a 270, sendo de 40 o 42 semanas o curso a n n u a l . A q u i não ha
mais do que cerca de DO horas semonaes e o curso annual não vae além de
35 semanas. Finalment", do alumno que se matricula no I anno do Imperial Col-
o
17

legio exigem-se apenas os primeiras lettras, emquanlo que alli a admissão aos
estudos secundários importa a regular preparação do estudante.
Nenhuma das matérias que figuram no actual plano de estudos pôde ser s u p p r i -
mida sem inconveniente. Já me referi ao ensino scientifico, indispensável á educação
e instrucçflo secundaria, e não é licito prescindir das línguas vivas, attentas as
condições do nosso estado social e a nossa minguada litteratura scientifica e de
imaginação.
Dahi a indeclinável necessidade dc elevar a oito o numero de annos do curso,
exigindo para a matricula a habilitação naquillo que hoje se ensina no I anno. o

Dada ao Collegio de Pedro II a organisação que indico, consentanea não só á c u l -


tura por meio da qual manteremos a tradição sagrada do espirito humano, como á
instrucção média exigida pelo adeantamento da nossa época, restará prover ao pre-
paro dos que se propõem aos cursos de instrucção superior ou üs carreiros indus-
triaes. Para isto devemos crear institutos em que uns e outros possam ter instrucção
adequada, que não se confundirá, quanto aos últimos, com a que se organisar em
estabelecimentos de ensino profissional e technico, outra necessidade que muito se
recommenda aos cuidados do Poder Legislativo.
Somente em taes institutos, organisados sob os princípios que se vinculam ao
verdadeiro conceito das escolas médios, seriam verificadas as habilitações dos can-
didatos á matricula nos cursos superiores, não mediante provas avulsas e destituídas
de gravidade, quaes as que ainda hoje, infelizmente, se toleram, sinão por meio do
exame de madurezo, que é urgente instituir para atalhar a progressiva decadência
da nossa instrucção secundaria, e consequentemente oabaixamento dos estudos
superiores e do nivel intellectual da nação, acautelando ao mesmo tempo os males
sociaes que provêm de facilitar aquella instrucção aos que m a i s tarde, por não po-
derem ser admittidos ás profissões Iiberaes ou manter-se nellas, se tornam infe-
lizes e vão augmentar o numero dos descontentes e desclassificados.
Não bastam, com tudo, aquellas medidas para a organisação do ensino se-
cundário. Cumpre attender a outra face importante do problema.
Em geral os nossos professores de instrucção secundaria conhecem bem as
matérias que Ieccionam, nem são estranhos a outras que se relacionam com ellas,
e alguns sabem mais do que devem e n s i n a r ; écerto, porém, que nenhum foi
especialmente preparado para o ensino, e lhes é perfeitamente applicavel o que
dos de outros paizes já foi d i t o — s i ahi o ensino secundário conta bons profes-
sores, é porque estes se formaram por si mesmos, com experiência próprio, e até
com experiência dolorosa.
Entretanto não pôde haver falta mais sensível na instrucção do professor.
IMP. 3
18

O mestre que ignora a historia da oscola, disse com toda a rasão o professor
Angiulii, não possua o conhecimento mais intimamente ligado ao próprio officio,
ignora a gênese que explica os instrumentos queelle empregará.
A ópoca do desenvolvimento Humano que maiores cuidados de educação requer
é o período da transição dapuericia á virilidade.
Considerando a organisação dos institutos secundários, mostram autorisados
pedagogistas que nenhuma outra fôrma escolaslica demanda maior preparação em
quem deve ensinar, e por isto estranham que daquelles que pretendem o diploma
de professor de instrucção primaria elementar se exija o exame de pedagogia,
assim como que, para tornar effectiva a missão dos professores primários, se
instituam conferências pedagógicas, quando, importando muito mais á escola secun-
daria do que á escola primaria a preparação scientifica para o ensino, não se requer,
quanto ao magistério secundário, nem mesmo o conhecimento da sciencia da edu-
cação, que por si só não constitue preparo para esse magistério.
A insufficiencia que se nota em o ensino secundário na Europa, apezar dos
assíduos cuidados que se lhe dispensam, é principalmente attribuida ao defeito de
que nesta parte alli se resente a organisação universitária, já porque nas Faculdades
de scienciase lettras, que são os viveiros do professorado, a pedagogia não tem a i m -
portância que lhe compete, já porque as escolas deapplicação annexas a algumas
dessas Faculdades não constituem, como seria para desejar, o órgão da funeção
didactica da universidade.
No que nos respeita, o estado do ensino secundário explica-se, não pelas lacunas,
mas pela falta de preparação didactica dos professores. Nenhuma instituição pos-
suímos que tenha por fim formar especialmente o respectivo professorado.
Urge, portanto, em relação a este interesse, crear Faculdades de sciencias
e lettras, aproveitando a experiência dos outros paizes para a profícua organi-
sação de taes institutos.
Não devemos, poróm, contentar-nos com esse melhoramento para o fim de
attingirmos a mais alta cultura.
Já 6 tempo de satisfazer a antiga aspiração de dotar o Império com a suprema
instituição do ensino universitário.
Em verdade, o estado da nossa civilisação reclama a importante medida
da creação de duas universidades, uma ao s u l e outra ao norte do Império, pre-
viamente reformados os actuaes institutos de ensino superior.
A s s i m dotareis o B r a s i l com poderosos focos de saber humano, que nos pro-
porcionarão os incomparaveis benefícios do progresso da sciencia, da infiltração
do espirito seientifleo em todos os ramos do ensino, dando ao Império o logar
de honra que elle deve oecupar no mundo civilisado.
19

INSTRUCÇÃO PRIMARIA E SECUNDARIA

Instrucção primaria

Nas 94 escolas publicas primarias que funccionaram o anno passado nas 21


parochias do município da Corte, sendo 46 para o sexo masculino e 48 para o femi-
nino, foram matriculados 9.021 alumnos : 4.899 nas escolas do sexo masculino e
4.122 nas do feminino. No ultimo destes números comprehendem-se 1.484 meninos.
Elevam-se a 20 as escolas que não estão effectivamente providas, sendo 9 paro
o sexo masculino e 11 para o feminino. O ensino nessos escolas tem estado em
geral a cargo de professores adjuntos.
Para a regência das respectivas cadeiras devem ser nomeadas, em virtude do
que dispõe o a r t . 176 do Regulamento approvado por Decreto n . 10.030 de 13 de
oitubro do anno findo, as pessoas que houverem obtido titulo de habilitação para
professores pelo Escola Normal.
O Inspector Geral da instrucção já prestou os esclarecimentos necessários para
se proceder ás nomeações e trato de resolver sobre ellas de modo que, conforme
prescreve o mesmo artigo, recaiam nos alumnos-professores que tiverem melhores
notas de approvação.
Funccionaram também 22 escolas particulares subvencionadas e o curso
nocturno mantido pela Sociedade Propagadora da instrucção ás classes operárias da
freguezia da L a g o a .
Naquellas escolas a freqüência média, por mez, foi de 52 alumnos.
Para os exames a que se devia proceder no fim do anno foram apresentados 2
alumnos da 2 escola do freguezia da Gloria regida pela professora Felisdora de
Q

Souza Teixeira Mendes, e 3 da I a


escola da freguezia do Sacramento, a cargo da
professora Adelina Doyle Silva.
Aquellas foram approvadas com distincçâo e estas plenamente.
O quadro que vae em seguida mostra o resultado dos anteriores exames, feitos,
na conformidade do Regimento interno de 6 de novembro de 1853, ern 1885, 1886 e
1887, não se contando nenhum no anno de 1884.
20

Quadro d e m o n s t r a t i v o dos e x a m e s de g.ue t r a t a m os a r t s . 68 e 69 do R e g i m e n t o


de 6 de novembro de 1883

O RESULTADO
DOS EXAMES


o
3 O PftOFüSSORKS o
o c < <
Í5
ir.
< ~.

I-IIIIV
li
- <

IVII

N Ã O 11
S. Jusc 2" de meninas Claudina de Paula Nunes •1
» » .. 3 > a
> Maria Elvira de Figueiredo Teixeira da
Fonseca o
SantMnna 3* » Flavia Maciel ... G
Engenho Xovo l» > meamos José Al.es da Visitação 1
Guaratiba 2» > Joaquim Antônio da Silva Bastos o
Santíssimo Sacramento 3» » meninas .Vnna Dias Vieira -1
Candelária .Vmelia Fernandes da Costa T 3
S. Christivào 2* » Mariana Angélica Loureiro Fernandes.. 1
Engenho Novo Maria Gomes Santarém Leite o
S. José 1* » Anna America da Rocha e Souza 2

Por Decretos e Portarias de 6 de junho foi reorganisado o Conselho Director


sendo dispensados Alfredo Alexander, Fausto Carlos Barreto, o D r . Fortunato da
Fonseca Duarte, o Bacharel Joaquim A b i l i o Borges, Manoel José Pereira Frazão e J a -
nuário dos Santos Sabino, e nomeados membros do mesmo Conselho o Barão de
Tautphceus, o Dr. Oscar Nerval de Gouvêa e os Bacharéis Felisberto Pereira da
Siiva e João Kopke, o ultimo dos quaes estava servindo na qualidade de substituto ;
e membros substitutos o Bacharel Antônio Dias de Pinna Júnior, Booventura Plácido
L a m e i r a de Andrade e Cândido Baptista Antunes.
O Bacharel Felisberto Pereira da Silva, na qualidade de membro do Consel!:o
estranho ao magistério, exerceu interinamente o cargo de Inspector Geral, de Ode
junho de iSS.í a 20 de março do corrente anno, no impedimento do Bacharel E m y g d i o
Adolpho Victorio da Costa, que se achava no goso de licença.
Por Portaria de 25 de setembro foi nomeado Carlos Augusto Coelho para o logar
de Amanuense da Inspectoria, vago por fallecimento de Hermenegildo José do
Azombuja Neves.
Por Decretos de 22 de dezembro foi aposentado, conforme requereu, o Bacharel
Theophilo dos Neves Leão no logar de Secretario, ficando esta merco dependente
de approvação da Assembléa G e r a l ; e nomeado pora o mesmo logar o Engenheiro
c i v i l Cypriano José de Carvalho.
Por Decreto de 2 do corrente me/, foi nomeado o Dr. Cândido do Paiva Coelho
para o cargo de Delegado da Inspectoria na freguezia de Santo Antônio, vogo por
fullecimento do Dr. Antônio Francisco dc S o u z a .
No quadro dos professores cathedraticos c dos adjuntos occorreram as
seguintes alterações.:

Por Decreto de 23 de janeiro do corrente anno concedeu-se a exoneração que


Amélia Frazão de Araújo Cabrita pedira do logar de professora da 4 a
escola de
meninas da freguezia de S. Christovão ;
Por Decreto de I o
de fevereiro foi transferido, por proposta do Inspeclor Gerar r

o professor Francisco José Gomes da Silva da 4 a


escola do freguezia dc Nossa Se-
nhora d o L o r e t o d e Jacarépaguá para a 2 da de S. Christovão;
a

Por Portarias de 23 de maio e 11 de junho dc 1SS8 declarou-se effectivo o pro-


vimento dos professores:
Adelino Doyle Silvo, no I escola de meninas da freguezia do Santíssimo Sacra-
a

mento ;
Maria E l v i r a de Figueiredo Teixeira da Fonseca, na 3 escola de meninas da fre-
a

guezia de S. José;
Thereza Pimentel de A m a r a l , na 3 a
escola dc meninos da freguezia de Santo
Antônio;
M a r i a Dias França, na 1" escola de meninas da freguezia de S a n f A n n a .
As referidas professoras exhibiram titulo de habilitação pelo Escola N o r m a l ,
ao que estavam obrigadas na fôrma do art. 20 do Decreto n. 8.935 de i I de agosto de
1833, e completaram a idade marcado no Regulamento onnexo ao Decreto n. 1.331 A
dc 17 de fevereiro de 1854.
Dc acordo com o Decreto n . 9.553 de 30 de janeiro de 1SS3, por Portarias de 15 de
moio foram exonerados os adjuntos Manoel Pereira Júnior, Manoel Ponciano M a l l i o
Carneiro, Ignez Ferreira de V a s o n c e l l o s Drummond, Lúcia Pimentel, M a r i a da
Gloria Moreira de S a n f A n n a e Moria Mogdalena dos Santos Oliveira, e nomeados
para servir interinamente Rosa Condido de Oliveira, Adelia Francisca dos Chogas,
A l i n a de Oliveira, Antônio Carlos Velho da Silvo, Augusto de Miranda, Castorina
Francisca das Chagas, Delphina Nunes Teixeira, E m i l i a de Albuquerque R o -
drigues, Eugênio Manoel Nunes, E u l a l i a Cruz Santos F i l h o , Guilhermina A u g u s t a
Bandeira Barradas, Hortencia de Miranda Rodrigues, José Frederico Velho da Silva,
L u i z a Philomena da Cunha Cruz e M a r i a Magdalena Soares B r a s i l .
Por Portarias de 22 de maio e 6 de dezembro foram também exonerados os
adjuntos interinos Manoel José de Lacerda e Artidoro Augusto X a v i e r Pinheiro F i l h o ,
visto terem sido nomeados Amanuenses.este da Secretoria da Agricultura e aquelle
22

do Archivo Publico do Império, e por Portaria de 30 de obril ultimo foi concedido a ex-
oneração que do logar de adjunto interino pediu José Joaquim de Campos da
Costa de Medeiros e Albuquerque.
Por Portaria de 7 de junho do anno findo foi nomeada adjunta effectiva Amélia
Fernandes da Costa, que por Decrete» do dia anterior tinha sido exonerada do logar de
professora da escola publica de meninos da freguezia da Candelária, em virtude do
disposto no art. 20 do Decreto n. 8.985 de i l de agosto de 1883. Havendo, porém,
obtido nos últimos exames da Escola N o r m a l a habilitação de que tinha ficado de-
pendente o seu provimento effectivo naquella cadeira, foi nella reintegraia por
Decreto de 2 do corrente mez.

A 15 e 16 de maio de 1888 effeituoram-se a I e a 2 sessão da IO


a a 1
conferência
pedagógico.
A ' vista do que representou a Inspectoria Geral de Hygiene no começo do
corrente anno quanto á conveniência de se fecharem varias escolas, attento o
estado epidêmico desta cidade, por A v i s o de 9 de fevereiro ultimo foram s u s -
pensos, até ulterior deliberação, os trabalhos de todas as escolas publicas.
Tendo melhorado o estado sanitário, recomeçaram aquelles trabalhos no
dia 8 de a b r i l .
Considerando que a declaração da vitoliciedade dos professores públicos das
escolas primarias, a s s i m como o reconhecimento do direito ás gratificações ad-
dicionaes a que se refere o art. 14 do Decreto n . G.479 de 18 de janeiro de 1877
e a conservação desta vantagem devem ficar dependentes do aproveitamento dos
alumnos das ditas escolas, demonstrado nos exames annuaes de que tratam
os a r l s . 68 e seguintes do Regimento de 6 de novembro de 1883, resolvi que
se tenha em particular attenção para os fins indicados o que a semelhante res-
peito se verificar relativamente aos professores cujo provimento ainda não foi
declarado vitalício, aos que pretendam taes gratificações e aquelles a q u e m ha-
j a m sido concedidas.
Nesta conformidade, por A v i s o de 6 de fevereiro determinei á Inspectoria
Geral que prestasse os necessários esclarecimentos sobre as pretenções que lhe
tinham sido submettidas; oulrosim que, devidamente prevenidos os professores,
a mesma Inspectoria habilite o Governo, a contar da próxima época de
exames, a applicar aos que pela fôrma indicada não mostrarem que são dignos
de gozar dos vantagens alludidas o disposto na porte final do citado art. 14
do Decreto n. 6.479 combinado com a do art. 23 do Regulamento de 17 de feve-
reiro de 1854, relativamente á suspensão dessas vantagens.
Tendo aquelle A v i s o despertado queixumes por parte dos professores, convo-
quei-os para uma reuniflo que se realisou na Secretaria do Império, afim de
ouvil-os sobre o assumpto.
Nesta reuniQo, devidamente esclarecidos, puderam elles reconhecer não só
que a resolução do Governo fora adoptada a bem do ensino c dos créditos do pro-
fessorado, deante do facto sorprendente de terem no longo decurso de cinco annos
somente treze professores apresentado alumnos aos exames, apenas em o n u -
mero de 37, dos quaes só 8 lograram ser habilitados, o que sem duvida nfio j u s -
tifica os sacrifícios que ao Estado custa o ensino offlciãl; mas lambem que as
disposições do actual Regimento interno das escolas não embaraçam o preparo
dos a l u m n o s paru os exames em que o mesmo Regimento exige que se de-
monstre o proveito do ensino.

Visto dispor o art. 176, § 3°, do Regulamento da Escola N o r m a l , approvado


pelo Decreto n. 10.060 de 13 de oitubro ultimo, que, depois dos exames corres-
pondentes ao anno lectivo de 1S88, o Governo, ouvida a Inspectoria Geral, no-
meará para reger interinamente as cadeiras que se acharem vagas as pessoas
formadas pela mesma Escola, garantida a preferencia a quem melhores notas
de approvação tiver alcançado, resolvi, por Aviso de lfi do dito mez de fevereiro, que,
reservada para essa época a decisão dos pedidos de transferencia de umas
para outras escolas, fossem elles apreciados não só conforme o merecimento r e -
lativo dos candidatos, guardando-se o disposto no art. 19 do Decreto n. 8.985-
de 11 de agosto de 1SS3, mas também á vista das razões que ollegarem os
professores que pretendam taes transferencias, o que muito importa neste a s -
sumpto, attenta a necessidade de evitar que o ensino fique prejudicado por causa
de mudanças na regência das escolas.

Por ser de 250?000, no máximo, a quota annual com que concorrem os profes-
sores que m o r a m nos prédios em que funccionarh as escolas publicas de instrucção
p r i m a r i a , ha grande desigualdade neste particular entre a posição desses membros
do magistério e a dos que regem cadeiras estabelecidas em casos que não offerecem
accommodações para a residência delles.
Nestas condições e porque os regulamentos em vigor não cogitam de conceder
qualquer compensação aos que se acham no ultimo caso, tenho por conveniente
adoptar um regimen mediante o qual desappareça a indicada desigualdade.
Para resolver acerca do assumpto, por A v i s o de í de março recommendei ao-
Inspector Geral que propuzesse o que lhe parecesse mais adequado a tal respeito,
ministrando ao mesmo tempo todos os esclarecimentos que habilitem a formar j u i z o
cabal sobre esse estado de cousas.
P o r A v i s o de 23 do citado mez de março regularisei o serviço relativo aos c o n -
tratos que, em virtude do art. 57 do Regulamento de 17 de fevereiro dc 1854, se
fozcm com professores particulares, afim de prover ao ensino de alumnos pobres
em localidades onde não ha escolas publicas.
Os resultados de observações experimentacs obtidos por pacientes tra-
balhos dos hygienistas mostram a indeclinável necessidade dc preservar a
infância das moléstias devidas a localidade e condições dc installação da escola,
ao contagio e finalmente a immobilidade forçada e excesso de attenção, sempre fatal
ao desenvolvimento physico das crianças.
Não sendo os nossos estabelecimentos de instrucção e educação isentos dos
defeitos verificados e condemnados pela sciencia, inspirada no amor da juventude
escolar, pela Portaria de 28 de março, de que me oecupo no artigo sobre—Saúde P u -
blica—dei instrucções para a inspecção hygienica escolar permanente nos estabeleci-
mentos de instrucção p r i m a r i a e secundaria e institutos especiaes subordinados ao
Ministério do Império no município da Corte, e por Aviso da m e s m a data incumbi o
Inspector Geral de Hygiene de apresentar o plano de edificação e as condições de
estabelecimento de um hospital para os meninos que elevam ser tratados pela
assistência publica nos termos do art. 5 da referida P o r t a r i a .
o

Sem duvida sobresahe, entre as necessidades da administração do ensino, a de


occommodar em edifícios construídos com as indispensáveis condições pedagógicas
e hygienicas as nossas escolas publicas de instrucção p r i m a r i a , quasi todas estabe-
lecidas em prédios impróprios, cujo arrendamento determina despeza cada vez m a i s
crescente.
Estou certo de que os relatórios que os auxiliares dr. Inspectoria Geral de H y -
giene, encarregados da indicada inspecção, têm de apresentar sobre o exame m i n u -
cioso das condições hygienicas do local e dos edifícios de taes escolas, hão de
subministrar elementos seguros para que com pleno conhecimento de causa se possa
•cuidar seriamente de satisfazer áquella necessidade.
Afigura-se-me que muito facilitaria esse desideralum o alvitre de contrahir um
empréstimo de quantia cujo j u r o correspondesse a que se consigna no orçamento
para a l u g u e l das cosas particulares em que funecionom as escolas, e que continuaria
a ser incluído, com opplicação, porém, ao serviço do empréstimo, passando ella
a s s i m a ler o caracter de u m a verba de acquisição.
25

II

Escola Normal

Pelo Decreto n. 10.0 !0 de 13 de oitubro de 1S33 foi reformada esta Escola,>m


virtude da autorisação concedida ao Governo na L e i n. 3.314 de 16 de oitubro
de 1836, sendo expedido o Regulamento que encontrareis no annexo C e que é
submettido á vossa approvação.
A reforma deu logar a reclamações e queixas, manifestadas principalmente na
imprensa.
No intuito de inteirar-me da questão, resolvi ouvir as pessoas que melhores
esclarecimentos poderiam prestar não só quanto ás razões de conveniência que
se invocavam em favor da mesma reforma, mas também quanto ás que se alle-
g a v a m em sentido contrario.
Em conseqüência, reuni na Secretaria do Império o Director da 2 Directoria a

desta Repartição, Conselheiro Balduino José Coelho; o Inspector Geral interino de


instrucção p r i m a r i a e secundaria do município da Corte, Bacharel Felisberto Pereira
da S i l v a ; o professor da dita Escola, Bacharel Theophilo das Neves Leão, designado
para exercer interinamente o cargo de Director, logo que foi publicada a r e f o r m a ; o
ex-Director Bacharel João Pedro de A q u i n o ; outro professor do estabelecimento, B a -
charel Benjamin Constant Botelho de Magalhães; assim como o Conselheiro Álvaro
Joaquim de Oliveira, lente da Escola Polytechnica, que, por occasião da reforma, dei-
xara de leccionar na Escola, e o Dr. João Martins T e i x e i r a , lente da Faculdade de
Medicina do R i o de Janeiro, o qual fora consultado sobre a organisação dos pro-
grammas, especialmente na parte relativa ao ensino scientifico.
Em não pequeno numero de conferências foi o assumpto minuciosa e detida-
mente examinado, e verifiquei que as queixas procediam sobretudo da mudança
introdusida na constituição e regimen do estabelecimento para dar-lhe o caracter
profissional que lhe é especifico.
A s s i m , foram principalmente impugnadas as disposições concernentes ao exer-
cício da Escola durante o dia, á limitação da freqüência e á s u a obrigatoriedade, â
fixação do máximo da idade para a m a t r i c u l a , e á distribuição das matérias, levadas
do anno em que se enceta o estudo, o primeiro em relação a quasi todas, até
o ultimo, disposições adoptadas justamente para corrigir os defeitos dos traba-
lhos escolares realisodos á tarde e á noite, da freqüência illimitada e livre, da
não limitação do máximo da idade, da distribuição dos estudos em series,
IMP. 4
2G

os quaos, de par com outros, que foram sanados pela reforma, inspiraram a
Commissão de Instrucção Publica desta Câmara, no parecer apresentado a 12 de
setembro do 1832, o conceito de não ter ainda havido instituição que « menos cor-
respondesse ao nome adoptado » do que a antiga Escola N o r m a l , e de bastar, por
si só, para perverter a índole do estabelecimento o systema'de ensino a n o i l e . As
queixas e reclamações eram, portanto, provocadas pela adopção das medidas sem
as quncs não é licito conceber a organisação do ensino n o r m a l , que, é escusado
observar, sc rege por normas muito differentes das que são aconselhados pelos
interesses geraes da instrucção.
Considerado o objecto do ensino dos escolas normaes, também não podiam pre-
valecer as criticas que recahiram em o novo programmo, na parte concernente d
determinação dos conhecimentos que convém m i n i s t r a r ao alumno-professor.
Não deixaram, porém, de ter cabimento algumas considerações relativas á
insufficiencia que se nota em certos pontos da reforma e á desproporção, que em ou-
tros existe, entre os serviços prescriptos e os meios que se lhes assignam, defeitos
estes que, como ja tive ocensião de dizer-vos no artigo geral sobre — Instrucção P u -
blica —, são devidos ã notável estreiteza dos recursos autorisados, o que foi
ainda causa de se não remediar um dos capitães vicios da antiga organisação, o
ensino m i x l o para os dois s e x o s .
Além de ler ouvido as pessoas doutas e experimentadas, que acima mencionei,
quiz conhecer o jiiizo do Inspector Geral effectivo da instrucção p r i m a r i a e secundaria,
Bacharel Emygdio Adolpho Victorio da Costa, que tinha reassumido o exercício, ao
voltar da Europa, onde se achava, com licença do Governo, quando se celebraram as
reuniões de que vos falei. Em conseqüência, expedi-lhe A v i s o , afim de que, antes de
se abrirem os aulas da Escola, indicasse os pontos do Regulamento em que lhe pare-
cesse haver difficuldade de execução, ou os disposições que devessem ser
alteradas, cooperando assim para as modificações que o Governo pretende realisar
no mesmo Regulamento, de acordo com os ideos que tenho enunciado, si para
isso obtiver a necessária autorisação legislativa, e habilitando-o o fazer desde logo
os retoques dc natureza meramente regulamentar, na parle que não respeita a orga-
nisação e regimen da Escola, instituídos mediante a delegação legislativa de que
usou o meu antecessor.
Em resposta trouxe ao meu conhecimento aquelle funecionario que « não podia
propor alterações ao Regulamento annexo ao Decreto n. 10.060 dc 13 de oitubro de
1S88, que reformou a Escola N o r m a l , por isso que só da execução do mesmo R e g u -
lamento poderão resultar duvidas, c patentear-se a conveniência de algumas de suas
disposições impugnados pelos interessados».
27

Em toes condições nflo hnvio sinão dor eslricto execução no Regulamento, e


na occasião própria submeltel-o a vossa approvação, em cumprimento do preceito
do art. 19 da L e i D . 2348 dc 25 de agosto dc 1873.
Em virtude da reforma:
F o i exonerado, por Decreto de 31 de dezembro, o Bacharel João Pedro de Aquino
do logar de Director, assumindo a direcção interina da Escolo, na fôrma do novo
Regulamento, o professor Bacharel Theophilo das Neves Leão.
F o r a m também exonerados, por Portarias de 31 de dezembro, dos logores que
interinamente exerciam os professores Fausto Carlos Barreto, Conego L u i z R a y m u n d o
da Silva Brito, Bacharel Alfredo Coelho Barreto, D r . Evaristo Nunes Pires, Conse-
lheiro Álvaro Joaquim de Oliveira, Dr. Pedro Severiano de Magalhães c Bacharel
Antônio V a l e n t i m da Costa Magalhães; os substitutos Bacharel Frederico Carlos da
Costa Brito, Bacharel José Gomes de Souza Gayoso, D r . Pedro de Albuquerque
Rodrigues, Engenheiro Pedro Barreto Galvão, Bacharel Benedicto Roymundo da
Silva e D r . Francisco Moreira da R o c h a .
F o r a m ainda exonerados na mesma data os Contínuos Antônio Pimenta da Silva
Pinto e Ernesto de Souza Graça.
P o r Portarias do I de janeiro:
o

F o r a m nomeados para exercer interinamente os logores de professores: Boa-


ventura Plácido L a m e i r a de Andrade, de portuguez e noções de historia da litte-
ratura da língua vernácula; o Conego José Gurgel do A m a r a l Barbosa, de religião;
o Dr. Pedro Severiano de Magalhães, de elementos de sciencias physicas e naturaes;
P a r a exercer interinamente os logaresde professores adjuntos, forom nomeados:
o D r . Eugênio de Guimarães Rabello, de portuguez e noções de historia da littera-
tura da língua vernácula; o Bacharel José Gomes de Souza Gayoso, de elea.cntos de
sciencias physicas e naturoes; o Bacharel Balthazar Bernardino Baptisla Pereira,
dc geographia e h i s t o r i a ; o Bacharel Alfredo Coelho Barreto, de mathematicas ele-
mentares enoções de escripturação m e r c a n t i l ; Felisberto Rodrigues Pereira de
Carvalho, de instrucção m o r a l e civica, noções de economia política, pedagogia c
legislação escolar.
Na m e s m a data passou o Amanuense Bellarmino F r a n k i i n Baptista a exercer o
logar de Encarregado da bibliotheca, museu pedagógico e gabinetes, e foram n o -
meados Fausto José do A m a r a l e Antônio Pimenta da Silva Pinto, este para o logor
de Continuo-Correio e aquelle para o de Porteiro-Conlinuo.
Por Decreto de 2 de janeiro declarou-se que o professor de francez José Francisco
Halbout continuaria na regência da cadeira desta matéria, e que o D r . João Carlos
dc Oliva M a i a e os Bacharéis Theophilo das Neves Leão e Benjamin Conslant
28

Botelho de Magalhães passariam a reger as seguintes cadeiras: o primeiro, a de In-


strucçflo m o r a l e c l v i c o , noções deeconomla política, pedagogiae legislação e s c o l a r ; o
segundo, a de geographia e h i s t o r i o ; e o ultimo, a de mathematicas elementares e
noções de escripturaçüo m e r c a n t i l .
Por Decreto de 5[ de janeiro foi jubilado Paulino Martins Pacheco no logar de
professor de calligraphia e desenho linear.
F o r a m contratados em 2 de janeiro :
O Bacharel em sciencias Henrique Oscar Bahiana e Thomaz Driendl para os
logares de professor de escripta e d e s e n h o ;
Francisco José Bokel, para o de professor da escola de applicaçfio;
Miguel Cardoso, para o de professor de m u s i c a v o c a l ;
Olavo Freire da Silva, para o de mestre de trabalhos manuaes do sexo
masculino;
A r t h u r Higgins, para o de mestre de gymnastica ;
Marianna Bernardina da Veiga, para o de mestra de trabalhos de agulha ;
Cândida Carneiro Bragazzi, para o de mestra de gymnastica. .
Concedida, em 16 de março, ao professor de francez José Francisco Halbout a
jubilação que pediu, foi nomeado para reger interinamente a respectiva cadeira o
Bacharel Carlos Ferreira França.
No anno de 1888 matricularam-se 332 alumnos, distribuidos do modo seguinte :

I serie
a
243
2 a
» 84
3 a
» 5

F o r a m admittidos á freqüência das aulas como ouvintes 45.


Dos matriculados pertenciam ao sexo masculino 6 4 ; ao sexo feminino 268.
Dos ouvintes, eram do sexo masculino 1 8 ; do feminino 27.
Para os exames inscreveram-se 213 a l u m n o s .
O resultado foi o seguinte:

I a
SERIE

Instrucção religiosa

Compareceram a exame 9.
Soxo masculino Sexo feminino

Approvadas com distincçfio 3


D plenamente... 3
Apprôvados simplesmente. 1 2
29

Português

Sexo muculino Sax* faialnino

Compareceram a exame 66.

Approvados com distincçáo 2 5


» plenamente 3 12
» simplesmente 7 29
Reprovados 2 3
Faltaram á prova o r a l t 2

Francês

Compareceram a exame 8.

Approvadas com distincçüo 4


» plenamente 2
Approvada 1
F a l t o u a p r o v a oral 1

Arilhmetica

Compareceram a exame 47.

Approvados com distincçSo 1 8


» plenamente 3 U
» simplesmente 3 12
Reprovadas 6
f a l t a r a m a prova oral 1 1
Retirou-se da prova escripta 1 -

Calligraphiaje desenho

Compareceram a exame 48.

Approvados com distincçao ...... 2 1


o plenamente —- 4 25
s simplesmente ....... 2 . 11
Faltaram a prova prática 3
80

Gymnastica

Sexo masculino Sexo feminino

Compareceram a exame 53.

Approvados com distincçfio. i 3

» plenamente.... 8 18

» simplesmente.. 5 16

Reprovada 1

F a l t o u á prova prática

2 a
SERIE

Português

Compareceram a exame 30.

Approvados com distincçfio 1 6

» plenamente 3 12

» simplesmete 0 4

Faltaram.á prova o r a l . . . 1 1

Álgebra, geometria e trigonometria

Compareceram a exame 26.

Approvadas com distineção. 3


» plenamente 11

Approvados simplesmente.. 9

Chorographia e historia do Brasil

Compareceram a exame 38.

Approvados com distincçfio. 3


» plenamente 13
» simplesmente.. 14
F a l t a r a m á prova oral 2-
31

Musica

Compareceram a exame 47.


Saxo masculino Saxo feminino

Approvados com distincçõo 1 2


» plenamente 2 23
» simplesmente 6 12
Faltou á prova prática i

Trabalhos de agulha

Compareceram a exame 30.

Approvadas com distincçSo 13


» plenamente 13
» simplesmente 4

Pedagogia

Compareceram a exame 22.

Approvados simplesmente 4 18

Realisaram-se, portanto, 424 exames cujo resultado


foi o seguinte:

Sexo masculino Sexo feminino

Approvados com distineção. 9 51 60


» plenamente 24 143 167
» simplesmente. 37 132 169

Reprovados 2 10 12

F a l t a r a m á prova oral 3 7 ,10

D D ) > prática.... 1 4 5

Retirou-se da prova escripta 1 1

O serviço dos exames, tendo começado a 20 de novembro, prolongou-se


até 13 de março, de sorte que o pessoal docente e o administrativo tiveram de
32

trabalhar com esforço durante o período mais rigoroso do verfio deste anno e
quando mais intensas se tinham tornado as epidemias reinantes. Graças a d i l i -
gencia e zelo de todos, effeituou-se o serviço com a devida regularidade, d i s t i n -
guindo-se, entre os que m a i s a u x i l i a r a m o Director interino, o professor adjunto
da cadeira de mathematicas Bacharel Alfredo Coelho Barreto. A ' vista desse r e s u l -
tado signifiquei ao referido pessoal os louvores do Governo.

Depois procedeu-se, na conformidade dos arts. 85 a 98 do novo Regulamente,


aos exames de admissão para os quaes se tinham inscripto 57 candidatos, sendo
4 do sexo masculino e 53 do feminino. Das 44 que compareceram foram h a b i -
litadas 20 pessoas do sexo feminino, tendo, porém, 2 desistido da matricula.
F o i inhabilitado o único candidato do sexo masculino que comparecera.

Em virtude do disposto no art. 173 do Regulamento, admittiram-se â matricula,


independentemente do exame de que tratam os artigos citados, 20 alumnos da antiga
Escola, dos quaes só 3 pertencem ao sexo masculino.
Estão, portanto, matriculados 41 a l u m n a s e 3 alumnos.

No dia 2 de a b r i l a Escola N o r m a l , havendo deixado o edifício da Escola P o l y -


technica, passou a oecupar o próprio nacional da praça da Aeclamação, entre as
ruas de S. Pedro e L a r g a de S. Joaquim, donde tinham sido transferidas as escolas
da freguezia de S a n f A n n a que a l l i funecionavam.
A collocação da Escola em edifício próprio satisfez a u m a necessidade ha
muito reclamada. A i n d a que o edifício, único de que o Governo podia utilisar-se,

não tenha algumas das condições para cabal accommodação da Escola, é fora de
duvida que também nesta parte houve notável melhoramento.
Na escola de applicaçSo annexa ao estabelecimento m a t r i c u l a r a m - s e 24 a l u m -
s, numero fixado pelo Director em virtude do Regulamento.
No dia 1° do corrente mez obriram-se as aulas, estando tudo convenientemente
disposto em o novo edifício.
Brevemente terão começo os concursos para provimento dos logares vagos.
No seu relatório o Director interino assignala o melhoramento do regimen da
Escola e informa que todos os serviços proseguem regularmente.
Aproveitando o ensejo da viagem do Dr. J o a q u i m José de Menezes V i e i r a á
Europa, resolvi encarregal-o de estudar quanto se refere ao ensino n o r m a l em
França e mais paizes que percorrer.

E ' de esperar que da commissão que confiei o esse distineto educador resulte o
maior proveito para aquelle estabelecimento, digno da m a i s desvelada solicitude
dos poderes públicos pela natureza de sua importante missão.
'83

m
Imperial Collegio de Pedro II

No anno de 1883 matricularam-se no Imperial Collegio de Pedro II439 a l u m n o s ,


sendo 317 no Externato e 172 no Intemato. O numero dos alumnos que freqüentaram
gratuitamente as aulas foi de 30 neste estabelecimento e de 137 naquelle.
Tendo avultado a freqüência nas aulas do 2° anno do Externato, procedeu-se á
s u a divisSo, nas mesmas condições expostas nos anteriores Relatórios deste M i n i s -
tério quanto aos annos de 1886 e 1887.

No Externato effeituaram-se 816 exames, sendo o resultado o seguinte :

Approvações com louvor. 7


» distinctas 142
» plenas 248
» simples 297
Reprovações 122

Deixaram de ser prestados 707 exames. Perderam o anno 44 alumnos e retira-


r a m - s e 23.
P o r Portarias de 3 de j u l h o de 1888 e 28 de fevereiro do corrente anno foram n o -
meados Júlio César Carneiro V i d a l e Epiphanio José dos R e i s para exercerem os
logares, este de Vice-Reitor e aquelle de Secretario durante o impedimento dos
funccionarios effectivos, eleitos deputados a Assembléas Legislativas Provinciaes.
No Internato, durante o anno, retiraram-se 9 alumnos e falleceu 1.

F o r a m prestados a l l i 52ò exames com o seguinte resultado:

Approvações com louvor 4


» distinctas 116
» plenas 184
» simples 180
Reprovações *2

N3o se fizeram 118 exames.


IMP. 5
84

Receberam o gráo de bacharel 11 alumnos de ambos os estabelecimentos que


terminaram o curso.
Por Decreto de 26 de janeiro do corrente anno foi jubilado, conforme pedira, o
professor de historia geral do Internatu Dr. Manoel Duarte Moreira de Azevedo.

IV

Curso noctumo para o sexo feminiao

No anno de 18S8 matricularam-se 56 alumnas nas aulas de religifio, geographia,


arithmetica, portuguez, latim, italiano, francez, inglez, allemSo, musica e g y -
mnastica.
F i z e r a m exame das matérias de diversos annos 34 alumnas, sendo o resultado
o seguinte :

Approvações distinctas 22
» plenas 31
» simples 21

Este anno affluiu grande numero de pessoas para matricular-se no Curso,


avultando entre ellas as que freqüentavam a Escola Normal, cujas aulas eram dadas
á tardee ánoite e passaram agora a funccionar de d i a .

Exames geraes de preparatórios

O quadro seguinte mostra o resultado dos exames geraes de preparatórios a


que se procedeu de 5 de novembro de 1888 a 28 de fevereiro ultimo, perante a
Inspectoria Geral da instrucção primaria e secundaria do Município da Corte.
85

RESULTADO

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MATÉRIAS E:
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r c < , 3 a °
O
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0, S ss • o
l<
z

672 21 166 206 88 48 140

450 16 97 131 75 28 1(3

376 3 74 117 60 33 89

54 2 19 8 11 0 14

156 32 53 13 9 47
72 5 14 20 0 1 32

412 6 66 131 60 20 129

110 2 20 29 15 1 43

291 1 61 90 41 8 87

Cl 1 18 15 1 0 26

176 6 18 47 19 9 77
Historia irernl 220 15 68 48 7 6 76
Historia c ohoropraphia do
302 23 125 75 6 7 66

33 2 16 8 1 0 6

36 2 19 8 0 1 6
104 2 22 36 2 0 42

3.523 115 835 1.022 399 171 9S3

0 resultado dos exames feitos nas províncias de Pernambuco e S. Paulo,


perante as respectivas Faculdades de Direito, consta dos artigos sobre estes esta-
belecimentos.

Quanto aos exames feitos nas outras províncias, nSo se receberam infor-
mações completas.
36

P o r Portarias de 28 de agosto e 7 de novembro de 1888 concedeu-se a exoneração


quepediram o Arcediago D r . Manoel Tavares da Silva e o D r . Mathios de V i l h e n a
Vallad&o dos cargos de Delegados especiaes da Inspectoria G e r a l da instrucçfio
primaria e secundaria do município da Corte nas capitães das províncias do Maranhfio
e de Minas Geraes.
Por Portarias de 18 de setembro e 7 de novembro foram nomeados para os
mesmos cargos o Conego Francisco José Baptista c o Bacharel Claudino Pereira dn
Fonseca.
P o r Portarias de 20 do citado mez de novembro foram também exonerados, a
pedido, os Bacharéis Fausto de Freitas e Castro e Manoel Ferreira de Mello
de iguaes cargos que exerciam nas capitães das províncias de S. Pedro do R i o
Grande do S u l e de Santa Catharina.
Pelos Presidentes dos referidas províncias foram nomeados para servir i n t e r i -
namente na primeira, o D r . Jayme de A l m e i d a Couto, e na segunda, o D r . José
Ferreira de M e l l o .

Desde o anno de 1885 achava-se a Inspectoria Geral da instrucçüo p r i m a r i a e


secundaria funccionando, com duas das escolas publicas da freguezia de Santa R i t a ,
cm parte do prédio próprio nacional da r u a da Harmonia.
A colIocaçSo da mesma Inspectoria naquelle ponto extremo da cidade, 13o
distante da Secretaria de Estado e demais Repartições deste Ministério, dava logar a
muitos inconvenientes, principalmente no período dos exames do Collegio de Pedro II
e dcs de preparatórios que se fazem no Externato do mesmo Collegio.
Urgindo, portanto, estabelecel-a em logar apropriado, determinei que fosse
transferida para o edifício da igreja de S. Joaquim, a r u a deste nome e annexo ao
Externato, que tinha sido cedido ao Instituto Pharmaceutico, o q u a l , também desde
1885, deixara de utilisal-o, por haver suspenso os trabalhos a s u a Escola de
Pharmacia.
Na mesma occasiao providenciei para que a igreja fosse restituida ao Externato
do Collegio, afim de restaurar-se nella o culto; e ainda para que fossem accommodados
em parte do prédio da r u a da H a r m o n i a os objectos, pertencentes ao Instituto, que se
achavam depositados no da rua de S. J o a q u i m .
37

INSTRUCÇÃO SUPERIOR

Faculdade de Direito do Recife

Para os exames do curso superior, que se fizeram de março a junho de 1888, i n -


screveram-se 158 estudantes.
O resultado foi o seguinte:

Approvados plenamente 47
» simplesmente 59
Reprovados 34

Nfio compareceram, deixaram de concluir as provas, ou

fizeram provas nullas 1S

No referido curso matricularam-se o anno passado 887 alumnos, sendo:

No I anno
o
209
» 2 o
» 174
» 3° » 191
» 4° » 190
» 50 » 123

No fim do anno inscreveram-se para os exames 720 estudantes, dos quaes 685
se t i n h a m matriculado. O resultado foi o seguinte :

Approvados com distincçfio 29


» plenamente 393
» simplesmente 186
Reprovados "* .-•

N3o compareceram, deixaram de concluir as provas, ou


f i z e r a m provas nullas 6 9

E m 1888 matricularam-se no curso preparatório 305 a l u m n o s .


38

P a r a os exames geraes de preparatórios, aos quaes se procedeu de novembro


daquelle anno a janeiro ultimo, lnscreveram-se 1.800 estudantes.

O resultado foi o seguinte:

Approvados com distineção 32


» plenamente 468
o simplesmente 5:56

Reprovados 321

N3o compareceram ou deixaram de concluir as provas. 443

Sob a direcçâo do Bacharel João E l y s i o de Castro Fonseca funecionou um curso


livre das matérias ensinadas no I e 2 anno da Faculdade.
o o

P o r Decreto de 13 de junho concedeu-se ao Bacharel Antônio L u i z de Mello V i e i r a


a exoneração que pedira do logar de professor de philosophia do curso preparatório.
F o i a seu pedido aposentado o bacharel José Honorio Bezerra de Menezes no logar
de Secretario, por Decreto de 11 de j u l h o .

Mediante concurso foram nomeados :

Professor de arithmeticae geometria, o Bacharel Manoel Fernandes Sá Antunes,


por Decreto do I de dezembro ;
o

Professor de geographia e historia, o Bacharel José Bandeira de Mello, por De-


creto de 22 do dito m e z ;
Lente substituto, o D r . Manoel Clementino de Oliveira Escorei, por Decreto da
mesma data.
F o i nomeado Continuo, por Portaria de 30 de novembro, José Joaquim Fernandes
da S i l v a .
A ' vista dos estudos e exames a que procedeu o Engenheiro L u i z Pucci, na cidade
do Recife, em commissáo deste Ministério, resolveu o Governo que se construísse o
novo edifício para a Faculdade no terreno limitado pelas ruas Isabel, Riachuelo,
Hospício e Sete de Setembro, reservando-se u m a zona do mesmo terreno afim de ser
arborisada.
Pelo credito votado na L e i n. 3349 de 20 de oitubro de 1887 foi adquirido o
terreno m p r t . * > i — i :
- •>- io.o©o*uuu, e ultimamente expedi as convenientes
ordens para ter começo a construcçüo, de acordo com o plano e orçamento organisados
pelo referido Engenheiro, a quem o Governo significou o reconhecimento do modo
satisfactorio por que desempenhara o encargo que lhe tinha sido confiado.
39

II

Faculdade de Direito de S. Paulo

Em março de 1838 foram admitlidos a exame das matérias do curso superior 31


estudantes que no anno antecedente nSo o tinham concluído ou h a v i a m deixado de
comparecer. O resultado foi o seguinte:

Approvados plenamente 11
» simplesmente 14
Reprovados 3
M o compareceram ou deixaram de concluir as p r o v a s . . . 3

Um dos referidos estudantes, tendo concluído o curso, recebeu o gráo de B a -


charel em sciencias sociaes e jurídicas.
Antes da abertura das aulas defenderam theses e foram approvados simples-
mente 2 candidatos, a um dos quaes se conferiu o gráo de Doutor.

Matricularam-se o anno passado 473 alumnos, sendo:

No I annoo
118
» 2 o
» 71
» 3 o
» 131
» 4° » 89
» 5° » 64

Dos ditos alumnos 471 são brasileiros e 2 estrangeiros, sendo um francez e outro
italiano.

Os brasileiros são naturaes:

D e S . Paulo 160

De Minas Geraes 109

Do R i o de Janeiro 54

Da Corte 50

Do R i o Grande do S u l . . 32

Da Bahia 15

Do Paraná 8

De Goyaz 8
40

De Pernambuco 7

De Matto Grosso 6
Do Pará 3

Do Espirito Santo 3
De Santa Catharina 3
De Sergipe 3
Do Ceará 3
Do Maranhão 2
Das Alagoas 2
Do Amazonas 1
D o Piauhy • — i
Da Parahyba 1

Dos alumnos matriculados 8 passaram para a Faculdade de Direito do Recife e


•4 falleceram.

No fim do anno inscreveram-se para exames 481 estudantes, dos quaes 452 se
tinham matriculado. O resultado foi o seguinte :

Approvados plenamente 214


» simplesmente 133
Reprovados 34
Deixaram de comparecer ou não concluíram as p r o v a s . . . 100

Receberam o gráo de Bacharel 60 alumnos que terminaram o curso.

O resultado dos exames feitos em março do corrente anno foi o s e g u i n t e :

Approvados plenamente 16
D simplesmente 32
Reprovados 9
Não compareceram 5

Um alumno que concluiu o curso recebeu o gráo de Bacharel.


Defendeu theses um candidato, sendo inhabilitado.
Eleva-se a 2.596 o numero dos estudantes que desde 1828 têm recebido aquelle
gráo nesta Faculdade.
Antes de começarem os trabalhos lectivos do curso preparatório em 18S8 inscre-
veram-se para fazer exames de chorographia e historia do B r a s i l 98 a l u m n o s .
41

O resultado foi o seguinte:


Approvado plenamente 1
Approvados simplesmente 29
Reprovados 6
Nãocomporeceram, deixaram dc concluir as provas
ou fizeram provas nullas 62

Nas aulas do referido curso mutricularam-se no dito anno 325 a l u m n o s .


Para os exames geraes de preparatórios realisaaos no fim do anno lectivo i n -
screveram-se 1.884 estudantes, dos quaes 231 eram matriculados.

O resultado foi o seguinte:

Approvados com distineção 4


» plenamente 289
» simplesmente 8õS
Reprovados 321
Não compareceram, deixaram de concluir as provas
ou fizeram provas nullas 412

P a r a exames complementares de geometria no espaço, feitos em março do


corrente anno, inscreveram-se 76 estudantes. O resultado foi o seguinte :

Approvados plenamente 25
» simplesmente 47
Deixaram de comparecer 4

F o r a m nomeados :
Lente substituto, mediante concurso, o D r . Pedro Augusto Carneiro L e s s a , por
Decreto de 30 de maio de 1888.
Lente da 2 cadeira do I anno, na conformidade do art. 32 dos Estatutos de
a o

28 de a b r i l de 1854, o lente substituto D P . Américo Braziliense de A l m e i d a e Mello,


por Decreto de 13 de oitubro do mesmo anno.
A bibliotheca da Faculdade adquiriu mais 240 obras em 701 volumes.
Pelos leitores que freqüentaram a bibliotheca foram consultadas 9.880 obras.
O Director representa de novo acerca da urgente necessidade de reorganisar o
curso annexo a Faculdade.
No artigo geral sobre — Instrucção Publica - jú tive occasião de manifestar-vos
as m i n h a s idéos a respeito do systema por meio do qual lograremos, além de
outras vantagens, satisfazer a necessidade do conveniente preparo dos que aspiram
aos estudos superiores.
IMP. 6
42

Os cursos annexos ás Faculdades de Direito nüo poderfio deixar de ser apro-


veitados afim de attender-se aos Interesses da instrucção secundaria nas capitães
das províncias de S. Paulo e Pernambuco. Gonseguintemente espero que, conside-
rando a impossibilidade de poderem taes curses corresponder até mesmo ao que
hoje se exige para aquelle preparo, não demorareis as medidas definitivas que
habilitarfio o Governo a remediar os males resultantes do actual estado de cousas,
e que tanto têm influído para o abatimento dos estudos superiores.

III

Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro -

No ultimo anno lectivo foram admittidos nesta Faculdade 590 estudantes, sendo
361 mediante matricula e 229 com permissáo p a r a freqüentarem os laboratórios.
Dos mencionados estudantes pertencem ao curso médico 437, ao pharmaceutico
127 e ao odontologico 26, a s s i m distribuídos :

CURSO MÉDICO

I serie
a
62
2 a
» 57
3 a
» 94
4 a
» 58
5 a
D 68
6 a
» 98

CURSO PHARMACE.UTICO

I serie
a
30
2« » 3<i
3 a
» 58

CURSO ODONTOLOGICO

I serie
a
10
2 a
» 8
3« » s,
43

Dos estudantes do curso médico transferiram-se 4 para a Faculdade de Me-


dicina da Bahia e 1 para a 2 serie do curso de p h n r m a c i a ; 2 falleceram e 55 d e i x a -
a

ram de inscrever-se para exame.


Dos estudantes do curso pharmoceutico 2 passaram para aquella Faculdade
e 1 para a Escola de Pharmacia de Ouro Preto, e 13 deixaram de inscrever-se
para exame.

Do curso odontologico 3 estudantes deixaram de inscrever-se para exame.

O resultado dos exames por matérias foi o seguinte:

CURSOS

Mí-dico Ptmrmaceutico Odontolojica TÍTVL

35 10 43
118 23 697
101 34 483
23 6 129
6 1 48

Considerando-se os exames por series, ficaram habilitados:

CURSO MÉDICO

Na I serie
a
16
» 2 a
» 44
» 3 a
» 55
» 4 a
» 53
» 5 a
» 47
» 6 a
» 7 7

292

CURSO PHARMACEUTICO

N a I serie
a 1 5

.> 2 a
» 22
» 3 a
» 5 3

90
41

CURSO ODONTOLOGICO

Na l n
serie 5

» 2° » 7

» 3 a
» 8
20

Defenderam theses 77 alumnos, dos quaes foram approvados com distineção


13 e plenamente 64-
Dos referidos alumnos 11 tinham sido approvados nas clinicas em o anno
anterior.
Os 77 alumnos approvados receberam o gráo de Doutor em medicina.
Deixaram de defender theses 17.
Prestaram juramento de pharmaceutico 52 alumnos approvados na 3 serie do
a

respectivo curso, e foram habilitados S do curso odontologia).

Os 77 alumnos que se doutoraram são naturaes :

Do R i o de Janeiro 31
De M i n a s Geraes 9
De S . P a u l o 8
Do R i o Grande do Sul 5
Da Bahia 4
Da Parahyba 4
Do Ceará 3
Do Pará 3
De Pernambuco 2
De Sergipe 2
Do Espirito Santo • 1
De Matto Grosso. 1
Do Paraná l
Do Maranhão 1
Dos Alagoas 1
De Santa Citharinn 1

Habilitaram-se para exercer sua profissão no Império 3 médicos, 1 p h a r m a -


ceutico, 1 parteira e 1 dentista formados por escolas estrangeiras.
Nos diversos laboratórios cffeiluaram-se regularmente os trabalhos práticos.
45

No laboratório de hygiene fizeram-se o anno passado 2.082 analyses, das quaes


foram retribuídas 237, sendo 21 solicitadas por particulares e 216 pela Inspectoria
Geral de Hygiene por conta dos interessados : estas produziram a quantia de
3:512$000e aquellas importaram em 233$000. As demais 1.845 analyses não foram
retribuidos, visto se referirem o productos apprehendidos pela mesma Inspectoria.
Em 1888 augmentou a renda do referido laboratório.
As collecções do museu anatomo-palhologicoe do laboratório de botânica foram
enriquecidas, estas com cerca de 300 typos vegetaes, tendo sido adquiridos muitos
gêneros cujos especimens a Faculdade não possuía, e aquellas com as novas peças
compradas na Europa por intermédio do Director da Faculdade e com as que
preparou no museu o respectivo modelador.
A bibliotheca foi freqüentada por 12.220 leitores, que consultaram 13.121 obras.
A d q u i r i r a m - s e por compra e donativos mais 499 obras, em 634 volumes, e 43
fasciculos. Além de 45 números dc jornaes de ossignaturo, foram recebidos, me-
diante permuta, 42 de differentes paizes, e theses das Faculdades de Bordeaux,
assim como de Utrecht, Gottingen, Strasburgo e outras escolas.
Entre os donativos comprehende-se o de obras importantes offerecidas por Sua
Magestade o Imperador.
Providenciei para que seja impresso o catalogo systematico do biblio-
theca.
Publicaram-se os volumes correspondentes ao 5° anno da Revista dos cursos
práticos e thcoricos.
F o r a m concedidas, por Decreto de 27 de oitubro e 17 de novembro, as exone-
rações que pediram os D r s . Eduardo Augusto Ribeiro Guimarães e Eduardo A u -
gusto de Menezes dos logares, este, de adjunto a I cadeira dc clinica medica, e
a

aquclle, de preparador do laboratório de lherapeutica experimental.


F o r a m nomeados por Decretos de 6 de junho o Sub-Secretario D r . Antônio de
Mello Muniz Maia para o logar de Secretario, vogo por fallecimento do Dr. Carlos
Ferreira dc Souza Fernandes, e para o de Sub-Secretario o Dr. Felix José Coelho de
Almeida.

Mediante concurso foram nomeados:


Lente da cadeira de hygiene e historia do medicino, o adjunto a mesma cadeiro
C r . Benjamin Antônio da Rocha Faria, por Decreto de 19 de agosto ;
Adjunto á cadeira de matéria médico e therapeutica, o D r . Emílio A r t h u r R i -
beiro do Fonseca, por Decreto de igual d a t a ;
Preparador do laboratório de physiologia experimental, o D r . Philogonio Lopes
Utinguassú, por Decreto de 11 de setembro;
46

Adjunto á cadeira de anatomia cirúrgico, medicina opcrotoria e apparelhos, por


Decreto do 1° de dezembro, o D r . Marcos Bezerra Cavalcanti, o q u a l era preparador
do laboratório que se liga a referida cadeira.
Também medinnte concurso foram providos differentes logares de internos e
Ajudantes de preparador.
Poi prorogodo até junho do corrente anno o prazo da commissão de que o D i -
rector da Faculdade, Barão de Saboia, se r.cha incumbido na Europa.
A ' vista do que allegou o D r . Oscar Adolpho Bulhões Ribeiro, lente substituto
da extincta seeção de sciencias cirúrgicas, por Avi.-o de 20 de março do corrente
anno resolvi permittir, de acordo com a informação prestada pela Directoria da
Faculdade, que o mesmo Doutor desistisse do direito de ser provido na cadeira de his-
tologia theorica e prática, vaga por fallecimento do D r . Antônio Caetano de A l m e i d a ,
reservando-se entretanto os. direitos que lhe competem na qualidade de lente
substituto.
Em virtude do § 43 do a r t . 2 da lei n. 3397 de 24 de novembro de 18SS e atten-
o

dendo ao que propuzera o Director da Faculdade, de acordo com o lente da cadeira de


hygiene, pelo Decreto n. 10.230 de 13 de abril ultimo foi reorganisado o respectivo
laboratório, do qual separou-se o serviço das analyses e exames, de que tratava o
art. 1° do Regulamento approvado pelo Decreto n. 9033 de 22 de dezembro de 1883,
para passar, em conformidade do art. 184 do Regulamento annexo ao Decreto n. 9554
de 3 de fevereiro de 1886, a ser feito em laboratório especial.
Em conseqüência doquello reorgonisoção, o Instituto de Hygiene, em que foi c o n -
vertido o primeiro dos mencionados laboratórios, destina-se a ampliar o ensino
da hygiene em todos os gráos e a constituir o centro dos estudos c pesquizas
sobre as epidemias e epizootias, as águas potáveis do abastecimento publico
e as substancias susceptíveis de transportar germens mórbidos e propagar as
epidemias.
Era ha muito reconhecida a necessidade de construir um edifício especial para
a Maternidade annexaá Faculdade de Medicina do R i o de Janeiro.
Accedendo ao que lhe pedira, a Ordem Carmelitana Fluminense, com os m a i s
louváveis sentimentos de caridade e patriotismo, poz para aquelle fim á disposição do
Ministério a m e u cargo o terreno que possuía á praia da L a p a , adjacente ao respectivo
Convento.
No tocante ao plano do edifício o Engenheiro encarregado das obras deverá en-
tender-se com o Director da Faculdade, o qual acompanhará, com o lente de clinica
obstelrica e gynecologico, os trabalhos de construcção na parte concernente á h y -
giene especiol do estabelecimento.
47

Ao effeilunr-se a solemnidade do assentamento da pedra fundamental, com a


assistência de Sua Magestade o Imperador, n Ordem Carmelitana F l u m i n e n s e cedeu
30 braças do terreno do cerca do Convento afim de que, annexa á Maternidade, que
lera o nome dc Santa Isabel, possa ser fundada u m a enfermaria para crianças.
P o r ordem de Sua Magestade o Imperador coube-me a satisfação de agradecer
esse relevante serviço prestado à humanidade.
Relativamente as construcções que estavam sendo feitas na Praia da Saudade,
destinadas em parle á Faculdade de Medicina do R i o de Janeiro, nada se adeantou
ato agora : essas construcções continuam poralysadas, por falia de meios, com
perda dos moteriaes alli empregados, os quaes representam consideráveis v a -
lores.

IV

Faculdade de Medicina da Batia

Em 1835 freqüentaram esln Faculdade 451 estudantes, sendo 393 do curso


médico, 51 do curso phnrmaceuticoe 2 d o c u r s o d e odontologia, lendo-se matriculado
218 e freqüentado os laboratórios 233.
Dos referidos alumnos sSo naturaes:

Da Bahia 197
De M i n a s Geraes 39
De Sergipe 33
Do R i o de Janeiro 31
Do Ceará 23
De Pernambuco 23
Do Maranhão 20
Co R i o Grande do S u l , 16
Das Alagoas í 5

Do Pará , '**
De S . P a u l o ••• * 3

D a Parahyba l u

Do R i o Grande do Norle.
Do P i a u h y
De Motlo Grosso
Do Espirito Santo
48

Reolisoram-so 1.371 inscripções para exame, sendo 1.250 de estudantes'do


curso módico, 115 do curso pharmaceutico,c G do curso de odontologia. -
O resultado dos exumes por matérias foi o seguinte:
CUliSOS

MIMIÍCJ rii.ir.uaeouticj Oiluntulogico Tom.

.Vpprovações distinctas 17 17
» plenas 633 75 3 716
» simples 430 15 3 448
Reprovações 152 23 175
Exames não rcalisados 13 2 15

Comquanto este resultado não seja tão desonimador como o de outros annos,
o Director, continuando a pronunciar-se contra o regimen dc livre freqüência,
pondera que a faculdade que os estudantes tèm de fazer exames de mais de uma
serie dentro do mesmo anno lectivo, o que é uma das causas principaes da decadên-
cia dos estudos, torno-se menos justificável á medida que se vão organisando e
desenvolvendo os trabalhos práticos.
A Congregação, por sua vez, representa contra graves abusos a que tem dado
logar aquelle funesto regimen, e condemna principalmente a transferencia dos
alumnos de uma para outra Faculdade e a prestação de exames extraordinários
em qualquer época do anno lectivo.
Ponderando que essa transferencia, raras vezes concedida no antigo regimen e
agora freqüentíssimo, serve em geral para favorecer o interesse que tèm os alumnos
de se não submetterem a novo exame perante os mesmos examinadores que os
hajam inhabilitado, ou de evitarem o julgamento de alguma commissão reputada
mais rigorosa, ocertadamente opina a Congregação que só possam ser feitas con-
cessões dessa espécie a alumnos approvados no ultimo exame que hajam feito, e
isso no coso de moléstia ou por outro motivo attendivel, a juizo da mesma Congre-
gação.

Relativamente aos exames extraordinários, com igual acerto entende que é


mister limitar a duas as épocas cm que possam realisar-se, afim de não continua-
rem a ser perturbados, com prejuízo do ensino, os trabalhos ordinários do esta-
belecimento.
A l e m disto, propõe a Congregação que dos candidatos aos exames de clinica
se exijam, ad instar do que preceituam os Estatutos a respeito dos exames c o n -
cernentes ás cadeiras a que sc ligam laboratórios, certificados de haverem feito
na Faculdade durante o anno observações e autópsias c l i n i c a s ; o u l r o s i m que se
torne mais complexo e severo o processo do julgamento das defesas dc theses.
•19

Receberam o gráo'do Doutor em medicina 81 nlumnos, e prestaram juramento


para exercer a pharmacla 42. "
A Congregação, de acordo com o commissfio nomeada para dar parecer sobre
o valor scientiflco da these que em 1887 apresentara o Dr. Bruno Gonçalves Chaves,
o qual fora approvado com distincçfio na respectiva defesa, considerou 'aquelle
trabalho, pelo seu merecimento excepcional, digno de um voto de louvor.
I-Iabilitaram-se para exercer sua profissão no Império 2 médicos e 2 dentistas
formados por escolas estrangeiras.
Funccionaram regularmente os laboratórios de physica, chimica mineral, bo-
tânica, chimica orgânica, anatomia descriptiva, histologia, anatomia pathologico,
medicina operatoria experimental e p h a r m a c i a .
O laboratório de medicina legal e toxicologia já se acha prompto para func-
c i o n a r ; e o de hygiene iniciou os seus trabalhos nos últimos mezes do anno le-
ctivo.
Completarfio o material deste ultimo laboratório os objectos encommendados
na E u r o p a .
O de physiologia experimental, comquanto nfio disponha dos apparelhos e
Instrumentos necessários para que se possam fazer todas as experiências, visto
nfio ser sufflciente para occorrer ás despezas com os differentes laboratórios a
consignaçfio respectiva, já possue algum material para os estudos práticos.
Quanto ao de therapeutica e prothese dentaria, depende o seu estabeleci-
mento nfio só da acquisiçfio de material, mas também de local apropriado.
Realisou-se pelo credito votado na L e i n. 3349 de 20 de oitubro de 1887 a des-
apropriação do prédio contíguo ao edifício da Faculdade, e no qual funccionam tres
dos laboratórios.
Por este Ministério se providenciou afim de que fique á disposição da Faculdade
a parte do prédio do antigo Collegio dos Jesuítas que tem de ser desoccupada
com a mudança do Hospital da Santa Casa da Misericórdia para o novo edifício do
bairro d e N a z a r e t h .
Proseguem as obras do edifício, para as quaes foi votada pela L e i n. 3397 de 24
de novembro do anno passado mais a quantia de 50:000$000.
Durante o anno lectivo funccionou, sob a direcçfio do Dr. José Affonsode
Carvalho, um curso livre de anatomia descriptiva.
Freqüentaram a bibliotheca 6.562 leitores, que consultaram 7.308 obras, a
saber 2.529 dé medicina, 1.753 de cirurgia, 2.149 de sciencias accessoriase 877 de
litteratura médica.
A bibliotheca a d q u i r i u mais 129 obras, em 172 volumes, e 226 fasciculos, além
IMP. 7
50

de 39 revistas naelonaes e estrangeiras, a s s i m como varias theses, nfio contando as


defendidas perante as duas Faculdades.
Por Decreto de 20 de junho permittlu-se que o Dr. Virgílio Climaco Damazio,
lente da cadeira de medicina legal e toxicologia, continuasse no exercício do
magistério com as vantagens estabelecidas nos Estatutos.
F o r a m nomeados por meio de concurso:
Lente da cadeira de botânica e zoologia médicas, o respectivo adjunto Dr. Amancio
Jofio Cardoso de Andrade, por Decreto de 30 de m a i o ;
Preparador do laboratório de physiologia experimental, o Dr. Joaquim Climerio
Dantas Bifio, por Decreto de 8 de agosto;
Adjunto á 1» cadeira de clinica cirurg.cn, o Dr. Braz Hermenegildo do A m a r a l ,
por Decreto de 8 de o i t u b r o ;
t.--s; Adjunto á I a
cadeira de clinica médica, o Dr. Alfredo Thomé de B r i t o , por
Decreto de 27 do mesmo m e z ;
Lente da cadeira de pathologia médica, o adjunto á 2 cadeira de clinica médica,
a

o D r . Anisio Circundes de Carvalho, por Decreto de 22 de dezembro.


Mediante concurso foram também providos vários logares de internos e a j u -
dantes dejfpreparador.

••\ '•; V;\ Escola Polytechnica

C u r s a r a m a s aulas desta Escola durante o anno findo 181 estudantes, dos quaes
somente 39 matriculados.
- Osditos estudantes distribuem-se assim :

Curso g e r a l . . . 83
» de sciencias physicas e mathematicas 2
o de engenheiros geographos 19
» de engenharia c i v i l 72
» de artes e manufacturas 3
» de minas 2
Nenhum alumno se matriculou no curso de sciencias physicas e naturaes.
51

Houve 682 inscrlpções para exames, effeltuando-sa 405, inclusive os dos exer-
c i d o s práticos do curso g e r a l . O resultado foi o seguinte :

Approvações distinctas 16
» plenas 224
» simples 126
Reprovações 39

F o r a m conferidos os respectivos gráos e títulos a 47 alumnos que concluíram os


estudos no anno de 1887, s e n d o :

Do curso de sciencias physicas e naturaes 2


» ». de sciencias physicas e mathematicas 2
» » de engenheiros geographos 19
» » de engenharia c i v i l 24

Expediram-se 31 títulos de engenheiros civis, 16 de engenheiros geographos, 1


de engenheiro de m i n a s , e 2 2 d e a g r i m e n s o r e s . Destes últimos foram habilitados :
pela Escola Polytechnica, 14 ; pela Escola M i l i t a r do R i o Grande do S u l , 4 ; por have-
rem completado o curso de marinha 3, e o de artilharia da Escola m i l i t a r da Côrtevl-.-.
Houve 69 inscripçõespara os exames preparatórios de mathematicas elementares
e de desenho geométrico e elementar, fazendo-se 46j«xames com o .seguinte re-
sultado :

Approvações plenas 16
» simples ~ .16 ' ; v •
Reprovações • 1* •"

Inscreveram-se 50 candidatos ao titulo de agrimensor, efifeituando-se 36 exam€»


com o resultado seguinte : -

Approvações plenas -12. - ^


» simples 13- *
Reprovações :. H \ " ''

Habilitaram-se 4 alumnos em exames de mineralogia, botânica e zoologia.


No período das férias procedeu-se aos exercícios práticos dos cursos especiaes.
P o r Decreto de 25 de setembro foi nomeado professor das aulas de trabalhos
do 2 o
e 3 anno do curso de artes e manufacturas o Engenheiro c i v i l Henrique de
o

Oliveira A m a r a l .
Realisaram-se os concursos para preenchimento das vagas de substituto do
curso de artes e manufacturas e de professor de trabalhos graphicos do I o
anno do
52

curso de engenharia c i v i l , sendo propostos pela Congregação os únicos candidatos


inscriptos para cada um delles, Engenheiro W i l l i a m Roberto L u i z , quanto ao
primeiro, e Bacharel Alfredo de Paula Freitas, quanto ao segundo.
Tendo julgado insuficientes as provas exhlbidas, resolveu o Governo, por
A v i s o de 13 de dezembro ultimo, que fossem novamente postos em concurso
os logares vagos.
Havendo a Congregação pedido ao Governo que reconsiderasse a decisão
constante daquelle Aviso, declarei pelo de 23 de fevereiro que, tratando-se dc
um acto perfeito e acabado, não cabia ao mesmo Governo alteral-o.
Em 25 de setembro foi nomeado Horacio Fernandes de Magalhães para o logar
•de Amonuense, na voga que deixou Carlos A u g u s t o Coelho, nomeado para igual
cargo na Inspectoria Geral da Instrucção p r i m a r i a e secundaria do município da
Corte.
Tendo sido concedida em 2í de oitubro a exoneração que do logar de
Ajudante do Bibliolhecario pedira João Carneiro, nomeado o 3 de j u l h o , em s u b s t i -
tuição do Engenheiro Pedro do Espirito Santo Menezes, também exonerado a pe-
dido, teve naquella data provimento no mesmo logar Mario A l v e s Nogueira da S i l v a .
O gabinete de physico experimental e o de physica industrial realisaram
algumas acquisições mediante compra.
Ao de engenharia c i v i l foi offertado pelo Engenheiro Adolpho José Del Vecchio
u m a importante collecção de modelos e desenhos de obras executadas na A l -
fândega da Corte.
O laboratório de chimica industrial ampliou os seus recursos com acquisições
determinadas pelo Governo e com as que, n expensas suas, fez o professor da cadeira
Dr. Wilhelm Michlcr.
Este laboratório foi assiduamente freqüentado por 29 a l u m n o s .
O Director da Escola, pondo em relevo o zelo, proficiência c inexcedivel dedi-
cação do referido professor, informa que durante o anno passado elle deu 13 horas
de lição por semana, e não só concluiu um estudo completo sobre a Mucanã Glabra,
do Ceará, o qual tinha de ser publicado por ordem do Ministério da A g r i c u l t u r a , como
também adeonlon muito outro estudo importante sobre gommas e resinas do B r a s i l ,
e ainda iniciou m a i s um trabalho de grande interesso, o estudo dos ácidos tannicos
de diversas plantas da nossa flora.
Por A v i s o de 21 de setembro foram adopladas, de acordo com o que propuzera a
Congregação, varias alterações no Regulamento do ensino prático, com o fim dc
melhorar o serviço dos respectivos exames e seu julgamento.
Referindo-mc a esta parle importante do ensino da Escola, devo pedir a vossa
53

attenção para a necessidade de dotar os laboratórios com os recursos de que depende


o regular andamento do serviço.
Os sacrifícios que neste particular se fizerem serão mais tarde fartamente c o m -
pensados, já pela economia que aos serviços públicos advirá da maior idoneidade do
pessoal technico,já pela creação de novas industrias e pelo aperfeiçoamento das
que em pequeno numero existem no paiz.
O Director da Escolo, considerando injustificável a desigualdade que se nota
entre os vencimentos do respectivo pessoal administrativo o os que percebe o das
Faculdades de Medicina, pede a equiparação de taes vencimentos, para o que será
precisa a concessão de 8:840$000.
Attendendo á conveniência de tornar effectivo um dos compromissos tomados,
pelo Governo nos Estatutos da Escola, peço que voteis a quantia de 11:030$ para que
possam ser mandados á Europa ou aos Estados Unidos os alumnos que tiverem
completado com mais distineção os estudos de qualquer dos cursos profissionaes,
afim de se aperfeiçoarem nas especialidades que escolherem.

VI

Eseola de Minas de Onro Preto

Os trabalhos escolares correram c o m a costumada regularidade.


O Director da Escola, que não poupa esforços para obter da instituição r e s u l -
tados cada vez maiores, lamenta que ainda subsista o regimen da livre fre-
qüência nos demais estabelecimentos de ensino superior dependentes do Ministério
do Império, o que concorro para que a mesma Escola não attraia maior numero de'
alumnos.
Também contribuem para isso, segundo expõe o Director, a disciplina da
Escola e o rigor dos exames. Por outro lado, observa elle, é m u i limitado o campo
que no B r a s i l se offercce á actividade dos engenheiros dc m i n a s : torna-se-lhes
difficil encontrar empregos de mineração em que possam utilisar os seus c o n h e c i -
mentos especiaes; o estudo do nosso solo só foi iniciado na província de S. P a u l o ,
e finalmente, quando se trata de concessões de m i n a s , ainda se admittem relatórios
e. plantas organisados por simples curiosos.
F o i o seguinte o resultado dos exames realisados no anno lectivo de 1887 a 1888:
Do curso geral ficaram habilitados para a matricula no 2 anno 15 a l u m n o s ,
o

no 3° anno 6, e no I o
anno do curso superior, mediante concurso, 4.
54

Do curso superior passaram para o 2° anno 3 alumnos, para o 3° 2, e 3 foram


habilitados para receber o titulo dc Engenheiros de minus.
Inscreveram-se 137 estudantes para os exames preparatórios necesssarios
á matricula no I anno do curso geral, sendo o seguinte o resultado:
o

Approvados 58
Reprovados 39
Não fizeram exame .' -W

O único candidato ao titulo de Agrimensor fez só u m a das provas escriptas e


retirou-se das outras.
Durante as férias da Semana Santa do anno passado, os alumnos do I e 2° anno
o

do curso superior visitaram as minas do F a r i a , Morro Velho e Cuyaba, e os do 3°


anno examinaram os trabalhos do ramal férreo de Ouro Preto, do prolongamento
da Estrada de Ferro D. Pedro II, bem como o escriptorio central Tda cidade de
Queluz, realisando-se sob a direcção dos respectivos lentes as excursões de ambas
as t u r m a s .
Nas férias finaes, de junho a agosto, os alumnos do I e 2 anno do curso supe-
o o

rior, sob a direcção do Director, visitaram diversos engenhos centraes da província


de Minas Geraes, e nesta cidade varias fabricas industriaes, estudando também as
interessantes collecçõesde rochas recolhidas pelo sábio professor Derby.
Para que estes exercícios aproveitem, como cumpre, á cultura dos alumnos,
o Director exige que os relatórios das visitas sejam redigidos com todo o cuidado e
desenvolvimento, obrigando os mesmos alumnos a tomar notas e a fazer todos os
desenhos dos estabelecimentos que e x a m i n a m , trabalho que depois completam,
consultando memórias especiaes. Deste modo elles aprendem a observar, reflectir,
desenhar, e a resumir claramente os seus conhecimentos, preenchendo-se conforme
é para desejar, o fim do ensino da Escola de M i n a s .
No anno lectivo de 1888 a 1S89 matricularam-se no curso geral -íS alumnos, e no
curso superior 11.
F o i nomeado por Decreto de 30 de maio de 1883 para a 3 cadeira do 2 anno do
a o

curso geral e 5 do 2° anno do curso superior o Engenheiro Antônio Olyntho dos


a

Santos Pires, único candidato 4ue se apresentara e tinha sido habilitado no respe-
ctivo concurso.
Está em andamento a segunda parte das novas construcções da Escola,
custeadas com o a u x i l i o que a Assembléa Provincial de Minas concede a n n u a l -
mente.
O Director acredita que as obras ficarão concluídas até ao fim do corrente anno.
Destina-se esta parte das edificações aos laboratórios de chimica geral, de docimasiu
55

e de pesquizas, com todos as suas dependências, devendo elles ter accommodações


iguaes aos da Escola de Minas e da Escola Normal Superior de P a r i z .
A bibliotheca foi durante o anno passado augmentada com 339 volumes, sendo
de 2.645 o numero total dos que a formam. Recebe a mesma bibliotheca 39 publica-
ções periódicas : 18 por assignatura e 21 mediante permuta dos Annaes da E s c o l a .
As collecções de mineralogia e geologia continuam a ser enriquecidas com
amostras de mineraes, minereos e rochas, recolhidos na província de Minas, e com
alguns fosseis importantes, adquiridos na E u r o p a .
O gabinete de physica e o laboratório de chimica acham-se providos de todos os
instrumentos, apparelhos e reactivos necessários ao ensino prático.
Das collecções de modelos para o ensino das outras cadeiras só falta completar
as que se referem ao da de oonstrucçõo, hydraulica e architectura.
A Escola, diz o Director, possne os elementos necessários para tornar proveitoso
o ensino, e continuará a empregar os methodos cujo valor não pôde ser posto em
duvida, os quaes consistem essencialmente em evitar as grandes discussões inúteis,
as theorias mal assentadas, muitas vezes incomprehensiveis para os próprios que
as expõem e que a s s i m habituam os alumnos a contentar-se com palavras vãs,
em vez de preferirem o domínio dos factos, procurando a clareza e a precisão.
O observatório meteorológico annexo á Escola tem funccionado regularmente,
ochando-se agora a cargo do alumno Sinval de Sá e Silva, por ter concluido o curso
o Sr. L u i z Caetano Ferraz, que durante muito tempo dirigiu todos os trabalhos com
louvável desinteresse e zelo.'
Graças á diligencia do Director, a província de M i n a s apresentará ao mundo,
na Exposição u n i v e r s a l de Pariz, variada e completa collecção dos suas importantes
riquezas, tendo sido todas as amostras e productos classificados e analysados
cuidadosamente.
A i n d a m a i s : naquelle grande concurso ficarão conhecidos a organisaçãoe fins, os
elementos de ensino, a s s i m como os trabalhos dados á estampa pelos lentes e alumnos
da Escola. Finalmente, o Director redigiu um trabalho em que se acha resumido
o que tem sido publicado sobre a lavra de todas ns mineis e jazidas de substancias
mineraes do B r a s i l , e no q u a l se inclue o que respeita aos meios para obter a
propriedade das minas no Império.
No empenho de continuar a ser util ao Brasil e á sciencia, insiste aquelle distineto-
funccionnrio na necessidade de emprehender os estudos que exige a organisação do
serviço da carta geológica da província, afflrmando que a empreza poderá ser
levada a effeito sem grandes sacrifícios, mediante a colIabora.çSo do pessoal da
Escola de Minas, aproveitados os seus laboratórios e collecções.
56

(••" Como [elle observo, ás razões de utilidade attinentes aos interesses da agri-
cultura e da industria accrescem no tocante áquelle cmprehendimento as quo
decorrem da promoção dos estudos scientiflcos. A geologia é a sciencia que deve,
slnão resolver, ao menos estudar os problemas que m a i s importam á historia da
humanidade. A cada momento ella considera as provas admiráveis da ordem
reguladora dos grandes phenomenos que têm agitado e modificado o mundo em que
vivemos; a cada momento se lhe deparam provas irrecusáveis de u m a vontade
suprema, de sorte que talvez se possa dizer que, m e l h o r do que o céo, a terra narra a
gloria do Creador,

VII

Liberdade de freqüência

Referindo-se á livre freqüência introdusida, em virtude do Decreto n. 7247 de 19


de a b r i l de 1879, nas Faculdades de Direito e de Medicina e na Escola Polytechnica,
têm os meus predecessores assignalado os grandes males oriundos desse s y s t e m a .
Conforme foi dito por um delles no Relatório de 1887, a Commissfio de I n -
strucçfio publica da Câmara dos Srs. Deputados, no trabalho justificativo do s e u
projecto de 13 de a b r i l de 1882 sobre a reforma do ensino secundário e superior,
-

demonstrou que somente entre nós existe o regimen da freqüência illimitadamente


facultativa, e tanto a h i , como na exposição de motivos que o S r . Conselheiro Affonso
Celso, hoje Visconde de Ouro Preto, publicou com o projecto de lei que, por i m -
cumbencia do Governo, organisára para a reformados cursos jurídicos, e nos v a -
liosos trabalhos a que nesse documento S. E x . s l l u d i u , se evidencia ser aquelle
regimen de todo dissonante dos nossos meios de ensino, os quaes, em verdade, se
reduzem aos dos estabelecimentos officiaes, quer no que respeita ao pessoal docente,
quer em relação ao material technico.

Baseando-se no que a tal respeito insistentemente adduziam, nas suas informa-


ções ao Governo, os Directores dos estabelecimentos de instrucção superior, s u s -
tentava aquelle meu illustre predecessor que não era admissível persistir na prática
de semelhante regimen, paro o qual não estamos preparados, e, pelos seus re-
57

sultados, sem duvido nfio justifico os sacrifícios que se tem feito oflm de dotar os
referidos estabelecimentos com o pessoal docente e o material techriico precisos ás
múltiplas exigências do ensino theorico o prático.
Nn proposta do Poder Executivo apresentada ô Câmara.dos Srs. Deputados, em 15
de j u l h o de 1887, para a reorganisaçfi > das Faculdades de Direito, inclulram-se, de
acordo com as idéas expendidas naquelle Relatório, providenchs rasonvels quanto
á freqüência obrigatória dos estudantes e ás épocas da exames, dispondo-se que na
conformidade dos estatutos que se houvessem de expedir para essas Faculdades
seriam alterados os das de Medicina e da Escola Polytechnica.
Mais tarde, o Director interino da Faculdade de Direito do Recife, para evitar
o total deperecimento do ensino, propoz varias medidas que importavam a alteração
do systema de liberdade de freqüência. OGoverno, porém, entendeu que, por estarem
pendentes de resoluçõo legislativa os providencias que deviam habilital-o a refor-
m a r convenientemente os cursos jurídicos, c u m p r i a manter oquella liberdade, e,
por A v i s o s de 23 de fevereiro do anno passado, apenas recommendou, com ó
fundamento de que as vantagens que aos estudantes a d v i n h a m desse regimen
achavam-se limitados pelas disposições regulamentares que acautelam a boa ordem
dos trabalhos lectivose as necessidades do ensino, que na segunda época de exames,
a de março, sejam admittidos, dos estudantes matriculados ou nfio matriculados,
somente os inscriptos durante a primeira que nfio os tiverem feito por motivo j u s t i -
ficado, a juizo da Congregação.
Nada, porém, deliberou o Poder Legislativo a respeito da alludida proposta,
pelo que o meu illustre antecessor, attendendo á urgência de pôr termo neste p a r -
ticular á anarchia a que chegaram os cursos superiores, resolveu que fosse c o n s u l -
tada o Secçfio dos Negócios do Império do Conselho de Estado sobre si pode-se j u l g a r
válido o Decreto n. 7247 de 19 de a b r i l de 1879 na parte em que permitte a
liberdade de freqüência e introdusiu outras innovações no regimen das Faculdades
de Direito e de Medicina e da Escola Polytechnica, e s i , no caso affirmativo, cabe
ao Governo suspender a respectiva execuçfio ; bem a s s i m , si considerada s u b s i s -
tente a autorisação de que trata o Decreto n. 714 de 19 de setembro de 18>3, tem
logar que o mesmo Governo mande que opportu na mente v i g o r e m : nas Faculdades
de Direito, somente as disposições por que antes se regiam ; nas de Medicina, as dos
Estatutos de 23 de oitubro de 1884, excepluadas as que, de acordo com o Decreto
n . 7247, se referem á freqüência e aos exames dos estudantes, sendo estas s u b s t i -
tuídos pelas do anterior regimen, com as alterações consentaneas á nova o r g a -
nisação do ensino prático; e na Escola Polytechnica, as dos Estatutos de 25 de a b r i l
de 1874, expedindo-se, na conformidade do art. 149 destes Estatutos, para a i n -
. IMP. 8
5S

strucção pratica dos alumnos, regulamento análogo no quo sc houver de adoptnr


com relação ás ullimns das mencionadas Faculdades.
A Seeção, cm Consulta de G de agosto ultimo, que eneonirareis no annexo C,
declarou unanimemente que nao o vúlido, nnquella parte, o Decreto n. 7247, nfio
só pela notória incompetência do Poder Executivo para iniciar e decretar re-
formas da exclusiva attribuiçfio do Corpo Legislativo, mas lambem por carência
de autorisaçfio legislativa para destruir e perturbar o regimen escolar estatuído
pelos l e i s ; que tem por incontestável caber ao Governo Imperial suspender
a execuçfio das disposições de que sc trata, ou se considere vúlido ou nfio nesta
parte o referido Decreto; que, uinda considerada subsistente a autorisação da
L e i n. 714 de 1S53, por nfio haver caducado com a disposição do art. 19 da
de 24 de maio de 1S73, não lhe pode s e r d e n e g a d o o direito dc repor a s c o u s a s
no estado anterior; finalmente que ao mesmo Governo fica salva a faculdade
constitucional de prover a boa execução dos Estatutos dos nossas escolas s u -
periores por via de regulamentos complementares, que aliás todos elles a u l o -
r i s a m , nomeadamente quanto ao ensino prático nas Faculdades de Medicina e
na Escola Polytechnica.
Na conformidade deste parecer o Governo adoptarú, com a necessária antece-
dência em relação á época de matricula e exames, as medidas indispensáveis afim
de que se harmonisem em iodos os cursos superiores as disposições relativos
á freqüência obrigatório, ás lições, sabbatinas, e trabalhos práticos nos escolas
em que os houver, a s s i m como aos exames, s e m e x c l u i r os candidatos que não
tenham de sujeitar-se á dita freqüência e aos actos ordinorios, devendo para isto
estabelecer-se differença no modo e na época dos actos extraordinários.

ASTLO DE MEMNOS DESVALIDOS

Pelo Decreto n. 9945 de 2 de maio do anno passado, delerminando-se que o


A s y l o ficasse sob a immediatn inspecção de um Commissario do Governo, foram
marcadas as attribuiçõss deste, e deram-se providencias concernentes á es-
cripturaçfio do estabelecimento, ao contrato e á flscalisação dos furnecimentos.
De acordo com o art. 1° § 1° do citado Decreto, fixou-se em 350 o numero dos
asylados.
AUendendo ü conveniência dc serem providos por meio de concurso os logares
do magistério do A s y l o , providenciei sobre a organisação das instrucções respectivos.
No anno passado a renda das officinas foi de 12:430rj-48, assim distribuídos:

Oftícina de Ititoeiro C:f;G-i;í290


» » marceneiro c empalhndor 2:298$640
» » encadernador e pautador 1:9Tü>900
» » torneiro 1:123S728
» » carpinteiro 39S00J
» » sapateiro 2r,$000

Pura manter essas officinas e desenvolver o ensino profissional no A s y l o é


indispensável que auloriseis na respectiva verba do orçamento a despeza de m a i s
22:32(s00), que será compensada pelo crescimento da rendo, sendo esta recolhida
aos cofres públicos, sem que tenha qualquer applicação ao custeio das mesmas
officinas.
O edifício carece de reparos indispensáveis á sua conservação.
Além disto, é preciso, conforme expoz no seu Relatório o meu antecessor,
construir uma enfermaria qnereuna as precisas condições hygienicas.
P a r a o logar dc Commissorio do Governo foi nomeado, em 12 de maio do onno
findo, o Dr. Antônio Hercuiano de Souza Bandeira.
Concedido a exoneração que este pediro, foi nomeado para o mesmo cargo, em
3 de novembro, o Dr. Joaquim José de Menezes V i e i r a , que a l g u m tempo depois
tombem solicitou dispensa do encargo.
O meu antecessor, no empenho, dc que vos falou no seu Relatório, de aperfeiçoar
a regularidade dus serviços do Asylo, incumbiu o 01'liciul da Secretaria de Estado
Pedro Guedes do Carvalho o o da Seeção do Estatística annexu á mesma Secretaria
José Marques do Oliveira de examinarem laes serviços, para o que lhes deu i n -
strucções.
A commissão já apresentou o seu relatório, que pende do competente exame da
Secretaria dc Estado.
Devo por ultimo chamar a vossa a Itenção para a parte do Regulamento deste
instituto que trota da ontroga dos osylodos aos paes, parentes ou protecloros
que os reclamem.
No art. 9 o mesmo Regulamento, que tem n data de 17 de março de 1883, torna
o

a entrega dependente não só dc provarem aquellas pessoas que sc acham no caso de


cuidar da educação dos menores, mos ainda dc ser o Estado indemnisado de todas
as despezas feitos com elles.
60

E ' fora de duvida, p o r i m , que o Regulamento exorbitou do direito c i v i l , que


concede ao pae ou a m5e, na falta daquelle, e ao tutor a direcçflo e educação do
menor. Só uma lei especial poderia limitar estes direitos naturaes, e por isto vi-me
forçado a conceder os desligamentos que me foram requeridos.

INSTITUTO DOS SURDOS-MUDOS

Dos 25 alumnos que havia no Instituto no anno passado 3 retiraram-se, no


fim do mesmo anno, por haverem completado a educação.
Existem actualmente 29 a l u m n o s .
.\o dia 28 de novembro effeituou-se, na Augusta Presença de Sua Magestade o
Imperador, a entrega dos prêmios aos dois alumnos que mais se distinguiram,
sendo um na aula de linguagem articulada e outro na de linguagem escripta.
O ensino profissional continua a ser dado com aproveitamento notável nas
officinas de encadernação e sapateiro, e na escola agrícola, onde os a l u m n o s se
familiorisam com o cultivo do café, canna, cacáo, algodão e cereaes, a s s i m como
com a criação de abelhas.
A primeira daquellns officinas rendeu 7:021^760 c a segunda 638?500, o que da
a somma de S:560§260, dos quaes entraram para a caixa econômica dos alumnos
4:233$330.
Aos que terminaram o educação foram entregues os respectivas cadernetas,
no valor de56õ$400.
Para dar o ensino da linguagem articulada, emquanto estiver na Europa o
D r . Joaquim José de Menezes Vieira, professor da cadeira de linguagem escripta
do 3° e 4° anno, o qual se achava interinamente incumbido daquelle magistério
desde 1883, foi designado o professor interino da cadeira de mathematicas, geo-
graphia e historio do B r a s i l Joaquim Borges Carneiro, devendo o professor effectivo
desta rnesinn cadeira, que eslava no exercício da de linguagem escripta do 3 o
o
4 anno, accuniular o de ambas.
o

O serviço econômico carece da substituição dos objectos estragados pelo uso.


f o i construída no prédio uma sala para enfermaria, com o que ficou satisfeita
uma das necessidades do serviço do Instituto pelo qual instava o Director.
O mesmo prédio necessita de grandes concertos, que níio tem sido possível
autorisar por falta de recursos.
E'necessário que concedaes meios afim de poderem ser admittidos mais 10
alumnos e ter mais algum desenvolvimento o ensino agrícola.
61

INSTITUTO DOS MENINOS CEGOS

Dos 56 alumnos que no anno próximo findo havia neste estabelecimento 2 foram
nomeados repetidores, 2 falleceram e retiraram-se 7.
Presentemente acham-se matriculados 47 alumnos, dos quaes 30 pertencem ao
sexo masculino e 17 ao feminino.
Na conformidade das disposições em vigor, estão sendo observados 6 candi-
datos á m a t r i c u l a , sendo 4 do sexo masculino e 2 do feminino.
Em 22 de novembro de 1888 foi nomeado o D r . Joaquim Antônio Fernandes de
Oliveira para o cargo de Commissnrio do Governo, vago pelo fallecimentodo Dr. A n -
tônio Cândido da Cunha LeitSo.
F o r a m nomeados :
Repetidor de geographb e historia, Maurício Montagni, por Portaria de 25
de m a i o ;
Repetidor da 2 classe de musica, Antônio Francisco dos Santos, por Portaria de
a

14 de j u l h o ;
Repetidoras de primeiras lettras e de musica, por Portarias de 25 de janeiro
do corrente anno, Etelvina Fragoso e E l i s a Pinto de Miranda, as quaes estavam
servindo interinamente;
Repetidores da I classe dc musico, de primeiras lettras e religião, e de a r i t h -
a

metica e álgebra, por Portarias de :;0 do citado mez, Antônio Ferreira do Rego,
Alfredo Francisco Jorge do Carmo e Francisco Gurgolino de Souza, que serviam na
qualidade de addidos.
No impedimento do professor de piano dos alumnos, Guilherme Lourenço
Schulze, continuo a servir o Repetidor Antônio Ferreira do Rego.
Pelo Decreto n. 10.212 de 23 de março ultimo foram fixados, no conformidade
da L e i n. 3397 de 24 de novembro do anno findo, os vencimentos do pessoal do
Instituto, regulando-se por essa occasião as accumulações e substituições dos e m -
pregados.
Tendo sido concedido pela citada L e i o augmento de credito na importância dc
4:4363000 para melhorar o ensino de afinação de pianos, reorganisar as officinas de
typogrophia e de encadernação e crear o logar de dictante e copista, no dito Decreto,
em que se consolidaram as disposições do de n. 2410 de 27 de a b r i l de 1859 que de-
v i a m continuar em vigor, foram contemplados aquelle logar e o de contramestre
62

do segunda dos referidas officinas, assim como ougmentados os vencimentos dos


mestres e contramostres existentes e do afinador de pianos; e em 26 de a b r i l
autorisei o Director nfio só a prover, mediante contrato, os differentes logares, mos
também a reorganisar as officinas e determinar o serviço que compete ao dictanle
e copista, expedindo para esse fim os necessários regulamentos.
O patrimônio, queem. 1879 era dc 142:668$347, acha-se hoje elevado a 502:851*720.
Conforme consta dos dois últimos Relatórios do Ministério do Império será ne-
cessário o augmento dc despezo de 47:009>00ü annunes pora a reformo de que carece
este estabelecimento, ainda que limitada ao que é indispensável afim de acautelar a
ruina dà instituição...
Desde 1864 o Instituto oecupa um edifício particular, insufficiente pelas propor-
ções e m a l distribuído, cujo arrendamento e reparos tem otó hoje custado quantia
superior a 70:000;000.
Em terreno situado á praia da Saudade foi encetada em junho de 1872 a c o n -
strucção dc um edifício apropriado ao Instituto, pouco tendo adeantado os obras até
o anno dc 1887 por causa do insufficiencia dos recursos, e estondo suspensas desde o
anno passado em virtude da supprcssão do credito que se votava na L e i do orça-
mento.
Calcula-se em 1.300:0035-00 o conclusão das obras, com as quaes já s e l e m
despendido cerca de l.O55:0CO$0CO. Entretanto, mediante a despeza de230:000$000,
independentemente da terminação de laes obras, poderú o Instituto s e r a c c o m m o -
dado, com grande vantagem para o serviço c economia para os cofres públicos, na
parle do edifício que se acha adeanlada.

ACADEMIA DAS BELLAS ARTES

No anno dc 1833 malriculnram-se nas diversas aulas da ^Academia 55 a l u m n o s


o foram admiti idos 25 ouvintes. ' •/ " • » - . - * ' •••.

Para exames dos nulos theoricas inscrevcrnmrse 26 .alumnos. Ò resultado (bi o


seguinte: - '• •

Approvados com distineção em u m a só aula . 2


Approvado plenamente em u m a aula esimplesmenteèm outra. 1
Approvados plennmenle em uma a u l a , não comparecendo ào
exame dc outra • - 'o
Approvado plenamente cm umasóoula '. 2 •*
G3

Approvados simplesmente em u m a aulu, não comparecendo


ao exame de outra 2
•Approvados simplesmente em uma só aula 3
Reprovado em duas aulas 1
Reprovado em u m a aula, nao comparecendo ao exame de
outra 2
Não compareceram 10

Dnrante os dias 20, 21 e22 de dezembro fez-se no edifício da Academia a expo-


sição publica dos trabalhos escolares dos alumnos, realisando-seno ultimo daquelles
dias a entrega solemne dos prêmios.
F o r a m premiados 16 alumnos, sendo um em duas a u l a s . Os prêmios foram:

Pequenas medalhas de ouro 3


Medalhas de prata. 4
Menções honrosas 10

P o r Decreto de 9 de março foi nomeado Director da Academia das Bellas Artes,


na vaga deixada pelo Conselheiro Antônio Nicolau Tolentino, a quem se concedera,
a 30 de maio do anno findo, a exoneração que tinha pedido, o Vice-Director Conse-
lheiro Ernesto Gomes Moreira Maia, jubilado cm 30 de agosto no logar de p r o -
fessor de desenho geométrico.
Continuam na Europa com licença os professores V i c l o r Meirelles de L i m a e
Pedro Américo de Figueiredo e M e l l o .
F o r a m nomeados professores "honorários: da secçõo de architectura, o Enge-
nheiro c i v i l Paulo Círne M a i a , por Decreto de 25 de o i t u b r o ; da seeção de pintura,
José Ferraz de Almeida, Deció Vlllares ©Êeçlror José Pinto Peres, por Decreto de 2 do
corrente mez. -
A. Academia a d q u i r i u por compra u m a cópia antiga de um quadro de Nicqlàu
Poussin que represénte^sacrafuento da Extrema-UncçSo; quatro paizagens m o -
dernas, sendo lre&de.H* V . Vinet e u m a de B u v e l o t ; u m original de Belmiro Barbosa
de Almelda;;inUlbl£^ «Árrufoso; outro de Rodolpho Amoedo, intitulado o A n a r -
ração dePhüet8^»^'e^íois origiriaesantigos representando marinhas, £de Antônio
Tempesta. > , • ." .
;

Pelo D r . JoaqulmOosô de Menezes Vieira foi offerecido á Academia e a ella


recolhido o quádrode Oscar da Silve, denominado « A palavra aos surdos-mudos » .
O serviço da restáuracfiò-de quadros é digno do maior desvelo. Abstrahindo dos
considerações que se referem á conservação das obras antigas dos mestres, basta
aúendwa que por meio delle se evita a perda de grandes valores, representados por °
64

quadros importantes, para nfio hesitar em realisar as despezas que permlttam


dar-lhe o aperfeiçoamento de que dependem os seus resultados.
Para isso muito proveitoso seria mondar á Europa um dos nossos artistas afim
de estudar especialmente os melhores processos de restauração. Por falta de meios
na L e i do orçamento, nfio me foi possível fazel-o.
Por Aviso de 4 do corrente mez recommendei ao Director que mandasse preparar
a s s o l a s de exposição afim de serem franqueados ao publico nos domingos e dias
santiflcados, acautelando-se de excessivo curiosidade as obras d'arte, e publicar, para
ser distribuída aos visitantes, u m a indicaçfio, em resumo, dos nomes dos autores,
do idade em que floresceram e da escola a que pertencem, sem critica ou analyse,
porquanto as obras de mérito real faliam de si com mais vida do que poderiam fazer
as palavras mortas dos catálogos, e sobretudo porque convém deixar livre de pre-
venções o sentimento espontâneo que a presença de u m a concepçãoesthetica inspiro-
Pelo ultimo Relatório deste Ministério tivestes conhecimento de que o Governo
resolvera sobrestar no concurso para concessão dos prêmios de viagem á E u r o p a ,
até que, feita a reforma de que carece a Academia, pudessem ser observadas regras
m a i s consentaneas á boa escolha dos candidatos.
Considerando que a reforma depende de autorisação legislativa e estudo d e m o -
rado, pareceu-me que não se deveria adiar por tantc tempo o cumprimento da
promessa feita nosJEstatutos aos alumnos que mais se distinguem.
Pareceu-me também que convinha dar começo aos concursos para provimento
das cadeiras vagas.
Tendo ouvido a tal respeito o Corpo Acadêmico, foi elle favorável ao alvitre de
se proceder aos concursos, adoptadas, em vez das instrucções que hoje v i g o r a m ,
outras que melhor consultem os interesses do serviço, e na m e s m a occasião, m a n -
tendo a opinião que por varias vezes tem manifestado e com a qual sempre concordou
a Directoria, pediu novamente o restabelecimento da antiga cadeira de g r a v u r a de
medalhas e pedras preciosas, substituída pela de xylographia em virtude do art. 2.»
n. 34 da L e i n. 3141 de 30 de oitubro de 1882.
Na conformidade deste parecer, com o qual está de acordo o Director da A c a d e -
m i a , providenciei afim de que se organisem as instrucções e programmas para os
concursos de que dependem a concessão dos prêmios de viagem e o provimento das
cadeiras, e peço que, si não for desde logo autorisada a reforma, decreteis a indicada
substituição, porque, em verdade, a primeiro daquelias cadeiras não pôde d e i x a r
de fazer parte de um curso regular para o ensino dás bellas-arles, ao passo que a
segunda, pelo seu caracter verdadeiramente i n d u s t r i a l , é imprópria de figurar em
>i-* semelhante curso.
65

No relatório, onncxo sob a letra C, que me opresentou o Director, e onde encon-


trareis m a i s desenvolvida noticia a respeito do estado da Academia, sustenta esse
funccionario a necessidade de uma larga reforma da instituição, Indicando as bases
em que deve assentar a mesma reforma.
Reconhece o Director que, por obrigar a despeza crescida, a reorganisação c o m -
pleta da Academia nSo poderá ser autorisada a g o r a ; mas, alvitra que se faça desde
já o que comportarem as nossas circumslancias financeiras para que tenhamos
u m a verdadeira escola de bellas-arles.
O.Governo ficaria habilitado a trotar deste melhoramento mediante a votação
da quantia de mais 33:000$000, para os vencimentos do pessoal.

Conservatório de musica

A matricula durante o anno de 1SSS foi de 203 alumnos, sendo 31 do s e s o ' i r i a s -


culino e 169 do sexo feminino. Além disto, foram admittidos 49 ouvintes.
Dos que freqüentaram as aulas 65 perderam o anno por faltas, foi trancada a
m a t r i c u l a de 2 e falleceu 1.
Inscreveram-se para exame 183, dos quaes deixaram de comparecer 83.
F o i o seguinte o resultado dos exames :

Sexo masculino Sexo í e i u ü n ?

Approvados com distineção 2 25


» plenamente * 3 3

» simplesmente 3
25
Inhabilitados 1 0

Em diversas aulas requereram exame 18 ouvintes, sendo o seguinte o resultado:

Soxo masculina Sexo feminino

Approvados com distineção 1 2

» plenamente 3
9
Approvadas simplesmente '. . 2

Inhabilitada 1

IMP. 9
66

Obtiveram prêmios 9 alumnos dentre 19 que, por terem obtido a nota de


distincçfio, se inscreveram nos concursos.
Os prêmios consistiram em 3 grandes medalhas de ouro, 4 pequenas, 1 medalha
de prata, 2 menções honrosas de 1.° grão, além dos que se denominam «Princeza
Imperial», «Nicolau Tolentino» e o Leonor da Castro » .
Obtiveram diploma de habilitação, por haverem concluido os cursos, 2
alumnas, na aula de canto ; 1, na 2.» aula de piano, e 2 alumnos, na de r a -
beca.
Por Decreto de 10 de novembro foi nomeado professor da l . a
aula de piano
Arnaldo Duarte de Gouveia.
Pelo Decreto n. 10.137 de 29 de dezembro foi dividida em duas, na conformidade
do que propuzera a Direcloria da Academia, de acordo com a Congregaçfio, a a u l a
de musica, solfejo collectivo e individual e noções geraes de canto para o sexo
feminino, afim de se ministrar em u m a dellas ás alumnas do 1°. anno o ensino de
rudimentos de musica e solfejo collectivo e individual, e na outra o ensino de solfejo
e noções geraes de canto ás alumnas do 2°. e 3 . anno. o

Por Decreto de 16 de fevereiro ultimo, mediante igual proposta, foram t r a n s -


feridos:
O professor Henrique A l v e s de Mesquita, da aula de rudimentos de musica,
solfejo e noções geraes de canto (do sexo masculino) para a de trompa e outros
instrumentos de metal, e o professor Jofio Rodrigues Cortes desta para aquella.
O professor Demetrio Rivero, da aula de rabeca para a de rudimentos de
musica e solfejo do 1°. anno (do sexo feminino).
Por Decreto da mesma data a professora D. Leonor Tolentino de Castro, que
regia a aula dividida pelo Decreto de 29 de dezembro, foi designada para reger
a de solfejo e noções geraes de canto ás alumnas do 2°. e 3 . anno. o

Por Portaria de 23 de fevereiro foi nomeado Leocadio R a y o l para exercer


interinamente a aula de rabeca, vaga pela mencionada transferencia do professor
Demetrio Rivero.
Havendo fallecido este professor, foi nomeado para reger interinamente a a u l a
de solfejo do I . anno (do sexo feminino) José Francisco de L i m a Coutinho, por
o

Portaria de 3 de a b r i l ultimo.
Tendo Alfredo Camarate obtido dispensa do logar de Inspector do ensino, que
exercia gratuitamente, foi por Decreto de 9 de janeiro ultimo nomeado p a r a
o mesmo logar o professor Augusto Paulo Duque Estrada Meyer.
Por Decreto do 1°. de fevereiro foi nomeado A r c h i v i s t a Domingos Machado da
S i l v a , na vaga deixada por José Pareira da Silveira, que falleceu.
67

Por Decreto de 2 do corrente mez foi concedida a exoneração que pediu do


logar gratuito de Thesoureiro José de Barros Franco, o qual durante muitos annos
exerceu o mesmo logar com zelo e dedicação.
No relatório a que já me referi occupa-se o Director da Academia dos melho-
ramentos de que carece o Conservatório de M u s i c a .

IMPERIAL OBSERVATÓRIO DO RIO DE JANEIRO

Os trabalhos a cargo desta Repartição continuam a ser executados satisfacto-


riamente.
F o r a m distribuidos o tomo IV dos Annaes e o A n n u a r i o de 18S9.
A Revista do Observatório tem sido publicada com toda a regularidade.
A ' requisição do Ministério da Agricultura, e em virtude de autorisação dada
pelo dos Negócios a meu cargo em aviso de 30 de abril de 1888, occupou-se o pessoal
do Observatório em determinar as posições geographicas dos diversos postos m e -
teorológicos da Estrada de Ferro D. Pedro II. O bom resultado dos trabalhos m o s -
t r o u que o Observatório pôde encarregar-se dos estudos necessários para a
determinação das coordenadas dos pontos principaes do Império, os quaes devem
servir de base para organisar-se a nossa carta g e r a l .
O 3.° Astrônomo Henrique Morize conseguiu reproduzir photographicamente,
com perfeição, a textura interna do meteorito do Bendegó. Remelteram-se algumas
photographias para a Academia de Sciencias de P a r i z , que as mandou estampar
nos seus Comptes Rendus, onde foi também publicada a noticia que a tal respeito
escreveu o mencionado astrônomo.
Tenho providenciado para que, na conformidade da autorisação constante da
u l t i m a L e i do orçamento, comece brevemente a ser construída, além de outras accom-
modações, a torre que tem de servir de base á cupola do grande equatorial que se
está fabricando em Pariz afim de que o Imperial Observatório possa emprehenderos
trabalhos do levantamento do mappa do céo, aos quaes deve associar-se em virtude
da resolução da conferência internacional celebrada naquella cidade no anno de
1887, e a que adherimos.
O Director do nosso Observatório, S r . L u i z Cruls, acaba de receber, na qualidade
de membro da commissão que tem de tratar do mappa projectado, o convite que lhe
GS

d i r i g i a o Director'.do Observatório de Pari/, c Presidente da m e s m a commissao


para tomar parte na -reunião que cila realisará em setembro próximo afim de
r e s o l v e r e s questões praticas relativas ao indicado emprehendimento.
Para a boa execução do mappa, na parte attinentc ao B r a s i l , é de toda a c o n -
veniência çpie o S r . Cruls va a Europa cm commissao do Governo.
Opportunamente providenciarei neste sentido, aproveitando, no interesse daquelle
trabalho, a ida do Director do Observatório a Pariz, afim de que elle examine
o grande equatorial antes de ser aceito, assim como fiscalise a cncommenda da
cupola e mais apparelhos para cuja ocquisição foram votados os fundos precisos,
restando que no próximo orçamento se concedamos s o m m a s indispensáveis para
pagamento do pessoal e para a despeza do material.
Finalmente, pretendo utilisar ainda o ensejo da viagem do Sr. Cruls afim de
que se a d q u i r a m , com a desejável economia e proveito do serviço, outros objectos
de que carece o estabelecimento para os trabalhos ordinários.
Entre as medidas que mais interessam á saúde publico, recommenda-se aos
cuidados da administração o estobeleeimente de postos para o estudo da meteoro-
logia, analyse chimica do a r e das águas meteoricas recolhidas nasdifferentes
estações, e exame microscópico não sõ das poeiras orgânicas cm suspensão na
atmosphero, mas também das que se misturam com as águas meteoricas.
A exemplo do Observatório de Montsouris, o do Pão de Janeiro iniciou os t r a -
balhos da analyse microscópica das poeiras atmosphericas, tendo sido dados a
estampa nas Revistas do mesmo Observatório os primeiros resultados colhidos.
Em laes condições, parece-me conveniente estabelecer em Santa Cruz, no local
reservado ao Observatório, e ondeja se executam os trabalhos meteorológicos e
magnéticos, uma seeção para a referida analyse das poeiras do ar e das águas
meteoricas.
A este propósito devo manifestar-vos a conveniência de ser transferido para alli
o Imperial Observatório, que se acha muito impropriamente localisado na parte
central da cidade.
Não tendo o estabelecimento outro empregado administrativo além do Director,
torna-se imprescindível a creaçãodo logar de Secretario.
O desenvolvimento da bibliotheca exige que algum empregado se oecupe do
respectivo serviço : mos, cm vez de crear o cargo de Bibliothecario, poder-se-ú,
mediante pequena gratificação addicionol, incumbir o serviço a um dos a l u m n o s -
astronomos.
Poro os fins indicados peço-vos concedoes os meios incluídos no proposta do
orçamento do futuro exercício.
69

BIBLIOTHECA. NACIONAL
Desde o 1°. de maio de 1888 até 28 de fevereiro ultimo foi a seeção de impressos
da Bibliotheca freqüentada por 13.7ü8 leitores, que consultaram 14.893 obras, tendo
sido de 14.701 leitores, que consultaram 16.883 obras, á freqüência no período
decorrido do I . de maio dc 1887 a 28 de fevereiro de 1883.
o
'•
A differença para menos explica-se por ter estado fechada a Bibliotheca, durante
todo o mez de setembro, afim de proceder-se ao osseio de que carecia o edifício
depois de promptas as duas salas mandadas construir pelo meu antecessor.
As classes mais consultadas continuam a ser a de bellas-lcttras e a de historia,
na seeção de publicações periódicas, e depois a de mathematicas, medicina, sciencias
naturaes, jurisprudência e sciencias sociaes.
A maior parte das obras consultadas são escriptas em portuguez e em francez.
As obras sobre mathematicas, medicina e sciencias naturaes foram objecto de
consulta principalmente por porte de estudantes das escolas superiores desta
Côrte..As riquezas em lingüística continuam a ser procuradas.
Tendo-se concluído o catalogo g e r a l dos impressos, procedeu-se nesta seeção
a rigoroso inventario, cujo resultado é o seguinte:
" V o l u m e s encadernados 109.187
» brochados 61.444
Total 170.631
Neste numero estão incluídos:
Incunabulos do X V século 132
Incu n ob ulos do X V I século 432
Total 561
Volumes impressos pelos grandes typo^raphos:
João Fust • 4
Pedro Schoeffer....' : 4
Bodoni - r 8
Aldos ........ 21
Iborro ;...\ . . ; •• • 77
Juntas 1 4 3

Eslevãos 209
Elzevires 230
Plantinos •* •• 267
Didots •" * - m

Total 2.363
70

De 28 de julho até 28 do fevereiro entraram por compra, doação e remessa das


typographias 889 v o l s .
Reunidos estes aos 170.031 »

temos um total de 171.520 »

Nfio se comprehendem neste numero as cartas geographicas, musicas e grande


quantidade de avulsos.
Merecem especial menção, entre as obras offerecidas, 18 mappas da costa,
portos, enseadas, ancoradouros e rios do Brazil, em 28 folhas, que o foram pelo
Conselheiro Joaquim Monteiro C a m i n h o u ; cerca de 100 volumes, pelo Sr. César
E b o l i ; 13 volumes de publicações officiaes, pelo Sr. D. Juan J. Brizuela, em nome do
Governo do Paroguny; 90 volumes sobre assumptos vários, pelo Sr. D. José R i v a s
Groos, Director da Bibliotheca Nacional da Republica de Colômbia.
Encadernaram-se 687 volumes, incluindo-se neste numero alguns da preciosa
collecção de retratos de Diogo Barbosa Machado, preparados caprichosamente na
seeção de estampas, e primorosamente encadernados pelos S r s . G. Leuzinger e
Filhos.
Encetou-se em meiado do anno passado c está quasi a terminar a classificação
dos livros de grande valor que pertenceram ao D r . João Antônio Alves de Carvalho,
os quaes se acham em excellente estado de conservação. Esta importante collecção,
comprada pela quantia de 25:000$030, é de cerca de 10.030 exemplares.
A seeção de manuscriptos foi freqüentada por 468 leitores, que consultaram 231
códices, grande copia de documentos avulsos, muitas descripções dos municípios do
Império, remettidas pelas Câmaras Municipaes, e a l g u m a s cartas geographicas.
A esta seeção offertaram documentos de valor os S r s . Pardal M a l l e L Conselheiro
Bandeira de Mello, Ernesto da Silva Paranhos Júnior, Dr. Salvador de Mendonça,
Baroneza de Suruhy, D r . João Pedro de Miranda, D r . Ismael Torres de A l b u -
querque, Dr. Alfredo Moreira Pinto e S . A. o Príncipe D. Pedro A u g u s t o .
A seeção acha-se convenientemente accommodada em uma das salas com que
ultimamente foi augmentndo o edifício.
O A v i s o circular de 18 de fevereiro de 1837, dirigido aos Presidentes de pro-
víncia com o intuito de completar os subsídios que possue a Bibliotheca a respeito da
geographia do pai/, não tem infelizmente produzido todo o effeito desejado. A l g u m a s
províncias nada r e m e t l e r a m ; as outras remelteram pequeno numero de d e s c r i -
pções, salvo a da Bahia, que,- durante a administração do Conselheiro Bandeira
de Mello, fez freqüentes remessas, vindo as descripções organisadas de perfeita
conformidade com o Questionário distribuído pela Bibliotheca. A ' v i s t a do exposto,
71

c h a m e i a attençfio dos Presidentes de província para o que fora recommendado


naquelle A v i s o .
E n t r a r a m para a respectiva seeção 91 estampas. F o r a m classificadas 233, ele-
vando-se o numero total a 14.065, até 28 de fevereiro.
Procedeu-se ao trabalho da restauração dos grandes e importantes volumes
de retratos de Diogo Barbosa Machado, trabalho que exige escrupulosa attençfio,
m u i t a paciência e m u i t a perícia. Informa o Bibliothecario que os volumes aqui
restaurados podem servir de modelo no gênero.
Esto se i m p r i m i n d o o XIII volume dos Annaes, ja se achando p r o m p t o o l . 0

fasciculo, que contém a Historia do Brazil de F r . Vicente do Salvador e o Diccionario


Brasileiro da lingua portugueza pelo Dr. Antônio Joaquim de Macedo Soares.
Estão publicados e distribuídos os n s . 1 e 2 do anno 3°. do Boletim das Acqui-
sições.
P o r Portaria de 23 de a b r i l foi nomeado Antônio Dias da Silva Cardeal para
o logar de A u x i l i a r , vago por fallecimenlo de Guilherme José de A l m e i d a .
Continua a funccionar com regularidade a illuminação pela luz electrica.
E ' conveniente estabelecer na Bibliotheca uma pequena officina de concertos e
restauração, principalmente das obras raras e dos exemplares únicos que nfio
devem s a h i r da Repartição, pelo que peço eleveis a S:00O$O0O a consignação de
4:000$000<jue tem sido votada para o serviço de encadernações.
A Bibliotheca luta com a difficuldade de corresponder ás offertas que lhe são
largamente feitas por congêneres estabelecimentos estrangeiros, visto não estar
habilitada para manter um serviço de permuta permanente, idéa digna de toda a
attenção, porque muito importa ao seu desenvolvimento.
A este respeito afigura-se-me que, emquanto as circumstancias não permiltirem
se organisécabalmente aquelle serviço, convém passar para a Bibliotheca os trabalhos
que se acham a cargo da Commissfio central brazileira de permutações internacio-
naes, sendo extincta a mesma Commissao, que, conforme tem exposto nos seus r e l a -
tórios, o respectivo Presidente Dr. Campos de Medeiros, não tem podido desempe-
n h a r de modo satisfactorio o serviço.
M a s para l e v a r a effeitoesta idéa é indispensável proceder no prédio onde se
acha a Bibliotheca a obras para as quaes não existem meios no orçamento do
actual exercício.
Tendo de partir para a Europa o Chefe da seeção de estampas, D r . José Zeferino
de Menezes B r u m , encarreguei-o, sem renumeração especial, de estudar nos paizes
que percorrer as m a i s notáveis collecções iconographicas e em geral o que for '
concernente ás bellas artes, e ás artes graphicas com rejaçfio á gravura, a s s i m
como do estudar os ossumptos duvidosos attlnenles aos trabalhos a seu c a r g o ;
finalmente, de propor a compra de collecções cuja obtenção p a r a ' a Bibliotheca
pareça conveniente.
Parece-me muito util que sc extraia do catalogo geral dos impressos da
Bibliotheca um catalogo simples, que sirva de inventario, afim de ser publicado.
P a r a isto ter-se-á de fazer a despeza de 5:ÓOO$000, aproximadamente.

ARCHIVO PUBLICO

No anno de 1883 esta Repartição recolheu cm Ires das suas secções 34.226 do-
cumentos, sendo: na legislativa, 113 Decretos Legislativos e a L e i n. 33r>3 de 13 de
maio do anno passado, que extinguiu a escravidão no B r a s i l ; na administrativa,
34.006,a saber: 3.S0T Decretos do Poder Executivo, dos quaes 439 foram expe-
didos pelo Ministério da Agricultura, 43 pelo de Estrangeiros, e 3.323 pelo do
Império; e 30.199 officios recebidos do ultimo destes Ministérios; na histórica, 105,
entre os quaes muitos documentos de famiüa e de serviços ao Estado.
Recebeu o Archivo Publico 270 livros e folhetos, sendo 93 por offerta de p a r -
ticulares, além de muitos jornaes e alguns objectos para o m u s e u histórico.
Encadernaram-se c reencadernaram-se 133 volumes, dos quaes 23 de m o n u -
scriptos.
Continuou a classificação, numeração e carimbo da correspondência official das
províncias e o extraclo, para o respectivo indice, que se acha adeantado, de officios,
cartas, bandos e portarias expedidos pelos V i c e - R e i s .
Continuou também a restauração, por meio de copia, de vários documentos
antigos damnificados pelo tempo.
E' indispensável restaurar muitos livros das collecções denominadas Registro
Velho e Registro Antigo e alguns volumes do Registro da Provedoria da F a z e n d a ;
não pôde, porém, o trabalho ser desempenhado, com a urgência que o estado dos
livros reclama, pelo pessoal do quadro da Repartição, que, além de ter o mesmo
numero de empregados do tempo de sua organisação em 1840, se acha sobrecarre-
gado de serviço estranho á natureza do Archivo e ao fim de s u a instituição, como
é o dos privilégios industriaes.
^ Durante o anno houve 168 depósitos para obtenção de taes privilégios, proce-
dendo-se á abertura definitiva de 115, e de 9 para exame prévio pela Inspectoria
«
de Hygiene.
•7J-,

Tendo sido aposentado por Decreto de 20 de fevereiro do anno fiado o Offlcial



José T l i o m a z dc Oliveira Barbosa, foi nomeado por Decrelo dc 22 do mesmo mez
para esse logar o Amnnúense mais antigo Francisco d.> Salles de Macedo, sendo a
vuga respectiva preenchida, mediante concurso, por Manoel José de Lacerda,
em í) dc maio do dito nnnò.
Tendo também sido aposentado por Decreto dc 2 dc março ultimo o Official
L u i z Ferreira da Silva Cabral, foi nomeado para esse logar por Decreto da 16 do
mesmo mez o Amanucnsc mais antigo José Albino da Cruz.
P a r a a vaga de Amanuense foi nomeado por Portaria de igaal data L u i z
Egydio Soares da Nobrega, o qual h a v i a sido approvado no ultimo concurso.-

INSTITUTO HISTÓRICO E G E 0 G R 4 P H I C 0 B R A S I L E I R O

Esta associaçüo tem continuado a celebrar com regularidade as suas sessões e


o publicar os trabalhos nellas apresentados.
Resolveu o Instituto mandar gravar u m a medalha commemorativa da abolição
da escravidão no B r a s i l .
Por oceasião do quinquagesimo anniversario de s u a fundação publicou elle
um volume especial, em supplemenlo ao n . 51 da Resista.

I M P E R I A L ACADEMIA D E MEDICINA

Esta associação continua a funecionar regularmente.


F o r a m publicados o n. 4 do tomo 3 . e 03 n s . 1 e2 do tomo 4.° dos Annaes,
o

a s s i m como os n s . 1") e 23 do anno 3.° e os n s . 1 a 10 do anno 4.° do Boletim.


P a r a o anno acadêmico de 1833 a 1839 foram postas a prêmio as seguintes
questões:

1. ° Estudo das condições que tem favorecido o desenvolvimento do beriberi no

Brasil. *
2. « Das causas que mais poderosamente tem promovido o decrescimento daè v

erysipelns n o R i o de Janeiro.
IMP. 40
74

3. " Das causas que motivam a raridade da periencephalite chronicn diffusa


entre nós.
4. Da pathologia especial a qualquer das províncias do B r a s i l .
a

5. » Estudo da constituição do sólo do R i o de Janeiro, sob o ponto de vista dos


elementos morbigenicos.
G. Chronologia histórica do exercício clinico, e estudos disciplinares da m e d i -
a

cina e cirurgia e organisação da hygiene administrativa do Brozil desde os tempos


coloniaes.
7. Estudo clinico das causas que tèm concorrido para o augmento das diabetes
a

no B r a z i l .
S. Da elephancia (elephantiasis dos árabes) no Rio de Janeiro.
a

9.° Da cura radical das hérnias.


A Veneravel Ordem Terceira de Nossa Senhora das Mercês, erecta na igreja do
Parto, á rua R o d r i g o Silvo, pede, com o fim de dar ao - templo fôrma regular, que o
Governo lhe mande restiluir o coro da referida igreja, o qual, dividido em dois c o m -
partimentos, está servindo como dependência do Archivo Publico e para a Academia
Imperial de Medicina.
O Director do Archivo julga attendivel o pedido, comtanto que a Ordem faça a
despeza necessária para isolar os dois edifícios.
Presta-se a isto a Ordem, e ainda a indemnisar as despezas de mudança e esta-
belecimento da Academia em outro edifício; mas a remoção, em cuja conveniência
todos concordam, ainda não se realisou por falta de local que o Governo possa
ceder para a mesma Academia.

MUSEU ESCOLAR NACIONAL

Este Museu continua a offerecer ao estudo dos professores e das pessoas a


quem interessamos assumptos de instrucção p r i m a r i a as obras da sua bibliotheca
e as suas colleções de objectos para o ensino.
Realisou-se de 2G de dezembro a 9 de janeiro a quarta exposição escolar, promo-
vida pela Associação que mantém o M u s e u .
E'indispensável que continue o ser votado n j orçamento um auxilio para esta
util instituição.
75

L Y C E U S DE A R T E S E OFFICIOS

Imperial Lyceu doArtoao OÍQoios du Sociedade Propagradora

das Sellas Artes.— 0 anno passado funccionaram as seguintes aulas regidas


por 74 professores:
No curso profissional, as de desenho elementar, de figura, de ornatos, linear
geométrica, de machinas, de architectura civil e de architectura n a v a l ; as de e s c u l -
ptura, musica, calligraphia, portuguez, francez, inglez, allemao, italiano, geographia,
arithmetica, álgebra, geometria (plana e descriptiva) e escripturação mercantil.
No curso commercial, as de desenho linear geométrico, calligraphia, por-
tuguez, geographia, francez, inglez, allemao, italiano, arithmetica e escripturação
mercantil.
No curso livre, as de francez, inglez, allemao, italiano, arithmetica, álgebra,
geometria, escripturação mercantil e calligraphia.
No curso para o sexo feminino, as de desenho elementar, de figura, de ornatos,
e as de portuguez, francez, italiano, arithmetica, geometria, telegraphio, m u s i c a ,
calligraphia, redacçâo e litteratura elementar, e hygiene domestica.
Funccionaram também os cursos públicos de physica e chimica inorgânica.
A matricula foi de 2.436 a l u m n o s .
Em sessão soiemne, honrada c o m a presença de Sua Magestade o Imperador,
conferiram-se 4 medalhas de prata e 17 de bronze aos alumnos e alumnas que
w

m a i s se d i s t i n g u i r a m .
P o r falta de espaço no cdificio não foi ainda possível estabelecer outras aulas,
como as de gymnastica, botânica e materiacs lenhosos e mecânica pratica a p p l i -
cada aos officios, as quaes muito concorreriam para completar o ensino a que se
propõe esta benemérita instituição.
Ha necessidade de crear um gabinete de mineralogia, e completar com os
necessários apparelhos os de physica e c h i m i c a .
Lyoeu de A.rtes e Officios da Imperial Sooiedade dos Artistas

Meoanloos e Liberaes de Pernambuco. — Este L y c e u , que funcciona


em edificio próprio, mantém um curso preparatório de dois annos, onde se tem e n s i -
nado as seguintes matérias: portuguez, arithmetica, geographia e historia pátria.
O ensino profissional consta de cursos de m u s i c a , de desenho, comprehendendo
desenho linear, de ornatos das ordens architectonicas, de figuras e aquarellas, de
poizogens, e de tachygraphia theorica e pratico.
76

Durante o anno Ando matricularam-se nas diversas aulas -421 a l u m n o s .


Possue o L y c e u uma galeria de pintura com -41 quadros, originaes e copias, um
museu artístico industrial, c uma bibliolheco com 2.500 volumes.
A sociedade que o mantém pretende construir para as oflicinas um edifício cuja
primeira pedra já foi assentada.
i-yceu d© ArtoseOiiicíos do Ouro Preto.— Este L y c e u , creado e m
1SS6, funceiona provisoriamente cm um commoJo contíguo ao Palácio da Presidência;
mos a Sociedade dos Artistas de Ouro Preto, que o mantém, acaba de emprehender
a construcçõo de edificio apropriado, em terreno cedido pela Assembléa Provincial
de Minas Geraes.
O ensino limita-se ás primeiras lettras, portuguez, aritlimctica e musico, e por
isto é diminuta a freqüência.
Instituto Taubatoauo do Agricultura, A.rtos o OHlcios.— Este

Instituto, mantido por uma associação beneficente, funceiona na cidade de Taubaté,


da província de S. Poulo, desde o dia 1.° de fevereiro de 18S8.
Além da instrucção primaria e do ensino da m u s i c a , gymnastica e hygiene,
o Instituto dá o de prática da agricultura e dos officios de marceneiro, sopa-
teiro e olfaiole.
Durante o anno findo foi freqüentado por .*;7 alumnos, sendo 15 internos.

Co Imperial Lyceu de Artes e Officios da Bahia não foram recebidas as


informações que se requisitaram.

ESTABELECIMENTOS DE CARIDADE

Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

1-lo.^pital sreral.— Durante o anno de 1333 entraram para este Hospita


11.232 doentes, os quoes, addicionodos a 1.076 que ficaram do anno anterior, per-
fazem o numero de 12.35S.
Destes sahiram 9.104 ; falleceram 2.194, ficando em tratamento 1.0(30. E r a m n a -
cionoes 6.325 ; estrangeiros 6.0?3.
A mortandade foi de 17, 7 % .
No Instituto Posleur forom trotadas 105 pessoas durante o mesmo anno de 1888.
77

No tmno compromissal de 1837 a 1883 a receita do estabelecimento foi de790: H4$662


c a despeza de 770:822$l;<5.
O patrimônio do estabelecimento consta de prédios c de apólices da divida
publica no valor de 1.561:20OJ0OJ, c de acções do Banco do B r a s i l , no de 2G:400S900,
incluindo-se naquellns os que pertencem ao cofre de aposentadoria dos empregados,
no valor de 80:0008000.
A renda do estabelecimento tem soffrido diminuição, sendo uma das principaes
causas a falta dc exlracção de loterias concedidas por lei.
Casa dos Expostos.—No dia 31 de dezembro de 1887 existiam neste estabe-
lecimento 152 e x p o s t o ? ; entraram, no anno de 1888, 131; voltaram 44; sahiram 92 ;
falleceram 59, ficando 17G.
O patrimônio consta de alguns prédios existentes nesta cidade, de um sitio no
porto da Eslrella e dc 497:6008000 em apólices da divida publica.
Durante o anno compromisso 1 de 1887 a 18S8 a receita foi de 499:169$G73e a
despeza de 497:221$04i.
Em virtude da determinação do Ministério dos Negócios da Justiça, reslabe-
leu-se a entrega dos quotas, sob o titulo de broçagens, que fazem parte da renda do
estabelecimento.
ííecolliimouto das Orpliíis.— Havia 174 orphãs ; entraram 24, c a -
s a r a m 3 ; s a h i r a m 13, ficando 182.
Além de prédios, possue o estabelecimento 413:2,0$000 em apólices do divida
publica.
A receita no referido anno compromissal foi de G9:9õf$294 e a despeza de
52:976$325. A receita do cofre dos dotes foi de 42:218$403 e a despeza de 6:580$975.
Hospício a© r»edi-o l i . — E x i s t i a m em tratamento312 alienados ; durante
o anno entraram 77; sahiram 2 3 ; falleceram 22, ficando 339.
O patrimônio é de 4'8:800>030 em apólices do divida publica.
A receita no anno compromissal foi de 287:020$334 e a despeza de 181:3588325.
Empreza Funerária.- Esta empreza continua a manter não só os h o s -
pícios de Nossa Senhora da Saúde, de S. João Baplisto e Nossa Senhora do Soccorro,
coda um dos quaes tem a seu corgo para os indigentes um consultório gratuito, em
que também lhes são fornecidos medicamentes ; mas ainda os cemitérios públicos
de S. Francisco X a v i e r e S. João Baptista.
O movimento do Hospício da Saúde foi o seguinte em 1838: existiam 131 e n -
fermos ; entraram 2.159; sahiram 1.748; falleceram 37t>, ficando em tratamento 166.
O I-Iospicio de S. João Baptista teve o seguinte m o v i m e n t o : existiam 85 doentes,
entraram 1.S90; s m i r a m 1.223 ; falleceram 152, ficando em tratamento 100.
78

O Hospício de Nossa Senhora do Soccorro, em que se fizeram alguns m e l h o r a -


mentos, reabriu-se depois do 1.° de janeiro de 1888. Entraram durante o anno 987 e n -
fermos ; s a h i r a m 784, e falleceram 67.
No anno de 1888 o numero de enterramentos foi de 8.390 no Cemitério d e S . F r a n -
cisco X a v i e r e de2.529 no de S. JoSo Baptista.
No anno compromissal a receita foi de 898:477$438 e a despeza de 722:636$802,
restando pagar a um sub-emprezario e satisfazer outras despezas.

Imperial Hospital dos Lázaros

No anno compromissal de 1887 a 1SSS deu-se o seguinte movimento :

E x i s t i a m em o 1.° de julho de 1887 58


Entraram 26
Falleceram 7
Sahiram 20
F i c a r a m em tratamento em 30 de junho de 1888 57

Destes eram :

Homens ; 35
Mulheres , 22
Adultos 45
Menores 12
Nacionaes 50
Estrangeiros 7

Dos fallecido s 5 eram homens e 2 m u l h e r e s ; dos que s a h i r a m 16 eram homens


e 4 mulheres.

Durante o referido anno a receita do Hospital foi de 87:511*838 e a despeza de


78:913$234, restando pagar varias contas.
(

79

NEGÓCIOS ECCLESIASTICOS

Nfio tendo chegado a tornar-se effectiva a nomeação de um Coadjutor, solicitada


pelo R e v . Arcebispo D. L u i z Antônio dos Santos, Marquez do Monte Pascoal, e
de que dá noticia o ultimo Relatório, renovou o mesmo Prelado e com instância o
pedido, que fizera em fins de 1884, de lhe ser permitlido resignar o cargo, visto
que o seu estado de saúde o inhibia de desempenhar, como desejava e era mister,
as respectivas funcções.
Por Decreto de 20 de junho foi aceita a renuncio, concedendo-se ao Prelado
a precisa licença para impetrar da Santa Sé a confirmação, na parte que lhe per-
tence, da mesma renuncia.
Constando haver sido já obtida esta confirmação, foi nomeado Arcebispo da
Bahia, por Decreto de 13 de a b r i l próximo findo, o R e v . Bispo de S. Sebastião do
R i o de Janeiro e Capellão-mór, D. Pedro M a r i a de Lacerda, Conde de Santa Fé.
A 13 de agosto falleceu o venerando Bispo de S. Pedro do R i o Grande do Sul
D. Sebastião Dias Laranjeira. Procedendo no dia 18 o Cabido, na fôrma do direito, á
eleição de Vigário Capitular, para administrar a diocese sede vacante, foi escolhido
para aquelle cargo o Conego Theologal Vicente Ferreira da Costa Pinheiro, que
se acha em exercício.
P o r Decreto de 13 de a b r i l foi nomeado Bispo da referida diocese o Padre
Constantino Gomes de Mattos. •
O R e v . Bispo do Pará, obrigado, por causa de padecimentos que se aggra-
varam, a d e i x a r o exercício do seu ministério desde meiados de 1887, pediu se lhe
desse um Coadjutor; e o Governo, attendendo ao motivo allegado, por Decreto
de 27 de a b r i l , fez a nomeação do Padre Salviano Pinto Brandão.
A administração das dioceses de Olinda e Marianna está encarregada a Gover-
nadores nomeados pelos R e v s . Bispos, por motivo de enfermidades que os inhibem
do exercício das funcções episcopaes.
Em 1833 o Soberano Pontífice reconheceu em Sua Magestade o Imperador, como
primeiro representante de nação catholica de ordem elevada, e em seus legítimos
successores, o direito de nomear um ou mais Cardeaes; mas não foi possível ao
Governo Imperial, apezar do seu desejo, usar logo desse reconhecimento, o que
actualmente lhe era fácil e conforme ao pensamento de d a r m a i o r brilho ao culto
naciona , certo, como está, de que S. Santidade manterá a declaração feita na época
1

supramencionada. Em conseqüência foram expedidas as necessárias instrucções ao


80

nosso M i n i s t r o junto a Santa Sé, afim de que, conflrmando-se o reconhecimento


daquelle direito, recaia no Metropolitano brasileiro a primeira nomeação do T i t u l a r .
Das 1-47 freguezias que na diocese da Bahia se achavam s e m parochos c o l -
lados, 30 foram postas em concurso no mez de setembro. Destas não tiveram con-
currenles nove; c uma teve um só concurrenle, que foi reprovado; para p r o -
vimento das outras 20 r e c b e r a m - s e as propostas do R e v . Arcebispo, quatro
das quaes já foram resolvidas, tendo sido opresentados os sacerdotes propostos
para as parochios de Nossa Senhora da V i c t o r i a . d c S o n f A n n a do Sacramento e
de Santo Antônio Além do Carmo, da capital da província da B a h i a , e dc S. João
Baptista dasOuriçangas, da mesma província.
Das 147 freguezias apontadas algumas não tèm mesmo parochos e n c o m -
mendados.
Na diocese de Olinda consta que estüo sem parodio não menos de 30 freguezias ;
na maior parte das outras os vigários são encommendados e destes alguns estran-
geiros ; entretanto, além dos concursos mencionados no precedente Relatório,
outros se não a b r i r a m .
Na diocese de S. Paulo, postas em concurso varias parochias, incluídas as
tres a que alludiu o precedente Relatório, foram apresentados e collados os sacer-
dotes propostos para as igrejas de Nossa Senhora da L u z da cidade dc Coritiba,
província do Paraná ;e Nossa Senhora do Desterro da cidade de Jundiahy, S. João
do R i o Claro, S. José dos Campos, Nossa Senhora das Dores de Casa B r a n c a ,
Nossa Senhora do Carmo de Santa Cruz da cidade de Campinas, Nossa Senhora
da Conceição de Santo Iphigenia da cidade de S . P a u l o e Santo Antônio de G u a r a -
linguetá, província de S. P a u l o .
Na diocese de Goyaz puzeram-se em concurso as parochias de S. Francisco das
Chagas de Monte Alegre e do SS. Sacramento d e S . Domingos do Araxá, ambas
situadas na província de Minas Geraes. F o r a m apresentados os oppositores dc
acordo com as propostas do Prelado.
Na diocese de Marianna deixaram de collar-se os sacerdotes apresentados para
as igrejas parochiaes de Nossa Senhora da Oliveira do Piranga e S a n f A n n a do
Jequery, mencionados no precedente Relatório, por haver desistido um e fallecido
o outro.
Ultimamente estavam sem parodio 27 das 231 freguezias da mesma diocese; em
poucas das que tèm vigários, estes são collados, e em muitas acham-se e n c o m -
mendados sacerdotes estrangeiros.
Para justificar este facto, assim como a falta de concursos que sc dá em q u a s i
todas as dioceses, conlinúa-se a allegar a insufflciencia do Clero brazileiro.
81

Durante o anno findo a Relação Metropolitana julgou quatro causas de


divorcio, u m a do Arcebispado, duas do Bispado do R i o de Janeiro e u m a do de
Olinda.

Fizeram-se varias nomeações pnra cadeiras de Capitulares, vagas nas C a -


thedraes da Bahia, Olinda e S. P a u l o . Ha ainda nas diversas Cathedraes
a l g u m a s vagas.
Concedeu-se no anno passado a quantia precisa para acquisição de roupas
brancas e ornamentos de uso diário, de que ficou convenientemente provida a
Capella Imperial;
A c h a m - s e , porém, muito damnificados~a]guns dos ornamentos que servem nos
actos pontiflcaes, e carecem de muitos reparos as alfaias de prata.
O Rev. Bispo diocesano offereceu dois bellos e sólidos arcazes dejacarandá para
se guardarem devidamente os paramentos e outros objectosdo culto, e um altar de
mármore para a capella do SS. Sacramento.
Os estragos do templo e suas dependências, já indicados no precedente R e l a -
tório, tinham augmentado tanto, que se receiava a l g u m desastre.
A grande cimalha do interior, os ornatos dos altares, os nichos das imagens,
a capella do SS. Sacramento e o próprio altar mór estavam a c a h i r . O thesouro da
Capella, apezar da solida porta que lhe dava entrada, não offerecia segurança
a l g u m a . Finalmente, em conseqüência das modificações que por diversos motivos
foram soffrendo, as dependências da igreja, além do seu máu estado, já não se
prestavam aos differentes misteres a que eram destinadas.
E ainda, sem falar em tudo quanto era indispensável reconstruir, o aspecto do
interior do templo dava u m a triste idéa do nosso gosto e do nosso espirito religioso.
Encarreguei o Engenheiro Adolpho José Del Vecchio de proceder ao exame da
Igreja, e o relatório que elle me apresentou poz termo a todas as hesitações que
poderia ter sobre a indeclinável necessidade de restaurar o templo, em cujos altares,
cobertos de pó, estremecidos e desfigurados pelo tempo, se eelebram o sacrosanto e
incruento sacrifício e as festas da pátria.
Além da preeminencia que tem a Igreja Cathedral, é ella o testemunho vivo de
caras tradições e o vinculo de união entre a geração actual e a da Independência e
Constituição do Império.
A restauração desse templo se impunha como dever nacional, voto religioso e
preito artístico. Atravez das tristes sombras da decadência ainda transpareciam as
formosuras enxovalhadas e resoavam as harmonias interrompidas daquelle
santuário.
Por ser difficil, não é impossível restabelecer o primitivo estylo e continual-o
IMP. 11
82

onde foi preterido com irreparável damno da ordem gorai, como apparece na Capella
do SS. Sacramento e na tribuna imperial
Pelos vestígios occultos parece que a primeira concepção do architecto foi alterada
nSo sei por que, e é mister averiguar.
Perdendo embora muito da expressão festival, os altares do corpo da Igreja,
•caso fosse praticavel abrir para elles as capellas fundas já formadas, ganhariam o
tom de severidade mais conforme ao sentimento religioso.
Cumpre fazer s a h i r á luz o granito lavrado da fachada, desaggravado a s s i m da
injuria, por tanto tempo supportada, de disfarçar com apparencias de pobreza o seu
real valor
Si em todo tempo foi de boa educação guardar e venerar o antigo, neste caso é
acto de consciência artística, pois se me afigura temeridade, sinão profanaçüo, tentar
na Igreja Cathedral e Capella Imperial maior esforço do que o da restauração, já
bastante para satisfazer a nobre e legitima ambição do alevantado merecimento
do Engenheiro Del Vecchio e do artista Thomaz Driendl, seu distineto a u x i l i a r , aos
quaes incumbi os trabalhos.
Neste sentido dei instrucções aquelle Engenheiro, recommendando-Ihe que as
obras fossem feitas sem prejuizo da solidez do templo e das exigências do cere-
monial, bem como do governo interno na parte das dependências.
Finalmente, resolvi, de acordo com o parecer do dito Engenheiro, que as obras
se realisassem por administração.
Inteirado das minhas intenções, o R e v . Bispo Capellão-mór providenciou no
sentido de passar o I l l m . Cabido a celebrar os actos de sua competência na Igreja
da Veneravel Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo, até que se
concluam as obras de restauração da Cathedral.
Realisada a transferencia em fins de março, e recolhidos ao paço da cidade o
painel do altar-mór, as imagens e todos os objectos que não tinham de servir na
Igreja do Carmo para a celebração dos actos religiosos por parte do Prelado e dos
Capitulares, deu-se principio ás obras, sendo encarregado o padre Eduardo Christão
de Carvalho Rodrigues, Mestre de Ceremonias e Thesoureiro da Capella, de i n s -
peccionar os trabalhos e prestar ao mencionado Engenheiro todos os esclareci-
mentos de que este carecer.
Áchando-se estragados o telhado e o forro da Cathedral da B a h i a , e tendo s i d o
orçados os precisos concertos em 22:880$0CO, concedeu este Ministério em agosto de
1887 a quantia de 5:000$OOD e em 1888 a de 10:000$000, que foram devidamente
applicados. No corrente anno mandou-se dar a quantia de 7:880$000 para conclusão
daquelle s concertos.
83

O Rev. Arcebispo solicita um augmento de 500$000 na verba da Cathedral para


m e l h o r a r o serviço dn m u s i c a , por ser insufflclente a quantia para este serviço
destinada.
Na Cathedral do Maranhão fizeram-se, com a quantia de 1:000$ concedida o anno
passado, os reparos de que carecia, para poder ser utilisado, a sala das sessões
capitulares.
No corrente anno concedeu-se a quantia de 2:000$000 para renovaçSo de para-
mentos e objectos do serviço diário da m e s m a Cathedrjl.
As obras de restauração da do Pará, que o R e v . Bispo Diocesano" empre-
hendeu ha annos e que desde 1S81 impedem que alli se exercitem as funcções do
culto, soffreram algum atrazo por se terem perdido, com o navio que os trans-
portava, os mármores preparados em R o m a para o pavimento da nave e do
transepto da igreja.
Com a restauração da cathedral do Pará consta que a província despendeu, de
1876 a fins de 1886, m a i s de 150:000$000 (não ha noticia da importância que concedeu
nos dois últimos a n n o s ) ; e o Governo geral, nos dois exercícios de 1885 a 18S7,
despendeu a quantia de 30:000$000.
O R e v . Bispo, ponderando que, além da quantia que ainda tem de receber da
província, carecerá de um auxilio de 2O:0J0$000para mais brevemente terminar as
obras daquelle templo, que, segundo affirma, ficará sendo, por sua grandeza,
esplendor e perfeição artística, um dos m a i s bellos monumentos do Império,
solicitou esse a u x i l i o . Por deficiência de verba deixei de attender ao pedido do
Rev. Prelado.
Para acquisição de paramentos e alfaias concedi á Cathedral de- Cuyabá
4:000$000 e á da Diamantina 6:000$000.
P o r se acharem paradas as obras da de Goyaz, está servindo a l l i de Cathedral a
igreja J e Nossa Senhora da Boa Morte.
Carecendo, porém, esta de muitos reparos, o Rev. Bispo os mandou fazer; o
Governo concedeu o auxilio preciso para pagamento delles e a igreja ficou inteira-
mente renovada.
Quanto á conclusão da Igreja cathedral, o Relatório de 1887 lembrou a conve-
niência de se l h e a p p l i c a r a importância consignada para o respectivo Cabido, visto
não estar ainda organisado. A ultima lei de orçamento, attendendo a isso, mandou
applicar áquella construcção as sobras da consignação destinada ao serviço da C a -
thedral ; e o Governo já autorisou o R e v . Bispo a dispor para o indicado fim de
taes sobras, que são especialmente as que provém do pessoal do Cabido ainda não
organisado.
84

Parece conveniente que esta providencia se estenda ás Cathedraesda Diamantina


e Ceará mencionadas no citado Relatório de 1887. Omitto a de Cuyabá, também
mencionada, por ter o Rev. Bispo Diocesano conseguido concluil-a pela moneira ex-
pilcada no Relatório do anno próximo findo.
O Rev. Bispo de Goyaz solicita que a consignação para a fabrica, actos solemnes
musica e guizomento, a q u a l é de 800$000, seja augmenlada de modo que se possa
oceorrer ás despezas da musica nas principaes solemnidades da igreja e ás da c o n -
servação do edificio.
Para iniciarem-se as obras do Paço episcopal do Maranhão concedeu-se em
1856 a quantia de 20:0003000, que foi despendida com o assentamento de alicerces
e começo da parede da frente. Nada m a i s se fez até 1S74, em que se concedeu o cre-
dito de 30:000$CO0 para a continuação das obras. Em 1875 houve ainda a concessão
de 20:000$000. Proseguiu a construcção; devia-se a diversos fornecedores a quantia
de 2:543$730 e calculava-se que, com 30 ou 40:000$03ü mais, se concluiria o edificio.
Mas parou'de novo a obra e parada está desde fevereiro de 1876. Neste Ínterim
tem-se estragado porte do que ficara feito, e deu-se demais o facto de haver a
Presidência da província, em maio de 1880, mandado vender particularmente por
1:200$000 a um empreiteiro de obras os materiaes que se achavam em deposito, c o m -
prados para aquella construcção e cujo valor era m a i s ou menos de 12:000$000, isso
sem autorização do Ministério do Império, ao q u a l pertenciam, e recolhendo-sc
como artigo de receita ao cofre da Thesouraria o produeto da venda.

Desde 1851 paga o Estado aluguel de casa para residência do P r e l a d o ; o aluguel


é de 2:-íC05000 por anno.
A mesma casa foi offerecida ao Governo por i0:000$030 e ultimamente por
seiOOOíOOO. Não consta, porém, quanto se terá de gastar para adaptal-a a todos os
misteres de residência episcopal e cúria ecclesiaslica.
A ' v i s t a de informação da Presidência da província, resolveu-se em 1886 que
fosse orçada a conclusão do Paço episcopal. Só ultimamente remetteu a Presidência
um orçamento e cópia de um officio do engenheiro incumbido de organisal-o, o qual
declara que não se pôde aproveitar uma parte do que estava feito e calcula a despeza
em 130:000$, isto é, pouco m a i s ou menos, tanto como si nada se tivesse construído;
o que mostra o grande prejuízo que ao Estado trouxeram principalmente as inter-
rupções das obras.
O Rev. Prelado e a Presidência são favoráveis á construcção do edificio projeclado
e começado, cuja situação, junto á Cathedral, é o melhor possível.
O R e v . Bispo recorda as vexações e incommodos que resultam de uma casa
alugada. O que convém é, si se resolver definitivamente a construcção, oppli-
85

car-lhe annualmente u m a quantia razoável, para que prosigam as obras até


Analisarem.
Sendo reconhecida a conveniência de augmcntar-se o numero de dispensas
do impedimento Cultus disparitas, que os Prelados brasileiros têm a faculdade de
conceder em virtude do Breve de 24 de fevereiro de 1874, expediram-se em maio de
1888 as precisas recommendações para se tratar desla questão perante a Santa Sé.
Dando conta do desempenho de sua imcumbencla, a respectiva LegaçSo do
B r a s i l communicou haver obtido do Santo Padre que o Internuncio Apostólico
nesta Corte fosse autorisado a elevar as dispensas até 50 casos por anno, conforme
as necessidades de cada diocese, durante o prazo em que ainda tem de vigorar o
citado Breve.
O prazo termina em 1899 e o numero de dispensas do impedimento de religião
m i x t a que cada um dos Prelados brasileiros pôde conceder por aquelle Breve é de 30
Corrigidos alguns enganos notados no Decreto Consistorial de 10 de março do
anno passado, o q u a l fixou a nova linha divisória das dioceses da Fortaleza e do
Maranhão de acordo com o Decreto Legislativo n. 3012 de 22 de oitubro de 1880, que
alterara os limites das províncias do Ceará e Piauhy, foi outorgado em 13 de n o -
vembro o preciso beneplácito para execução do referido Decreto Consistorial.
Em virtude das faculdades por este conferidas ao R e v . Internuncio Apostólico,
foi incumbido de dar as providencias necessárias para executar-se o mesmo Decreto
o Rev. B i s p o do Maranhão, o qual, desempenhando-se desta delegação por Decreto
Episcopal de 10 de fevereiro, declarou incorporadas na diocese da Fortaleza as p a -
rochias de S a n f A n n a da Independência e do Senhor do Bomfim do Príncipe Imperial,*
e na de S. L u i z do Maranhão a parochia de Nossa Senhora da ConceiçSo
da Amarração.
A reconhecida necessidade de concorrer o Estado para o regular desenvolvimento
do cultoe ensino religioso exige a creação de mais a l g u m a s dioceses.
Tão estensas são, geralmente, as nossas províncias, que a reunião de diversas
em uma só circumscripção ecclesiastica, como se observa em algumas das nossas
dioceses mais antigas, não pôde continuar sem prejuízo da acção e doutrina pastoral;
e os R e v s . Prelados do Pará e de Olinda já têm representado a respeito dos
embaraços que na vastidão de seus bispados encontram para o devido exercido das
funcções episcopaes.
Com effeito, o p r i m e i r o desses bispados comprehende as províncias do Paráe
do Amazonas, isto é, uma área immensa onde a população se acha disseminada por
pontos, em geral, muito distantes u n s dos o u t r o s ; o segundo comprehende o p r o -
víncia de Pernambuco (com excepção de algumas parochias que pertencem á
86

diocese da Diamantina) e as províncias de Alagoas, Parahyba e R i o Grande do


N o r t e ; finalmente, o bispado de S. Sebastião do Rio de Janeiro abrange o município
da Corte, as províncias do R i o de Janeiro, do Espirito Santo e de Santa Catharina,
e algumas parochias da província de Minas Geraes.
A ' grande desproporção que se nota entre as actuaes dioceses accresce a
anômala circumscripçSo de algumas. A s s i m , por exemplo, da província de M i n a s
Geraes, que tem duas dioceses, a de Marianna e a da Diamantina, ha parochias
que pertencem ao bispado do Rio de Janeiro, outras ao de S. Paulo e ainda outras
ao de Goyaz; a diocese da Diamantina, cuja sede é na cidade deste nome, abrange
u m a porç5o de território das províncias da B a h i a e de Pernambuco.
O que fica exposto parece-me sufficiente para demonstrar a necessidade e a
conveniência de se alterar a circumscripção e augmentar o numero dos bispados do
Império.
Regularmente correu o ensino nos dois Seminários da B a h i a .
O de sciencias ecclesiasticas teve 40 alumnos, dos quaes prestaram exames e
foram approvados 39. Destes terminaram o curso n o v e ; só se ordenaram, porém,
cinco, porque os outros esperam idade para se poderem ordenar.— Dos 40 alumnos,
19 estudaram gratuitamente e tres pagaram só a metade da pensão.
No Seminário de estudos preparatórios houve 104alumnos matriculados: p r e -
staram exames e foram approvados 73, tendo seis destes terminado o curso. E s t u -
daram gratuitamente 42 e pagaram somente a metade da pensão 18.
Para as obras de que ainda carece o Seminário maior do Maranhão, estabelecido
*no antigo Convento de Santo Antônio, da extineta Ordem dos frades menores fran-
ciscanos, pediu o Rev. Bispo e lhe concedi a quantia de 5:090§C00.
Estão em exercício as aulas de ambos os Seminários, as quaes foram abertas na
época própria.
Para acudir a despezas extraordinárias no Seminário episcopal do Rio Grande
do Sul concedeu-se em junho a quantia de 5:000$000.
Em oitubro ficaram concluídas as obras desse Seminário, fundado pelo finado
Bispo D. Sebastião Dias Laranjeira. Despendeu-se na edificação a somma de
404:037>900. Para esta despeza concorreram o Governo geral com 144:520.$000, o
provincial com 100:700$000, o clero e os fieis da diocese com 69:01 i$460 e o finado
Bispo com 36:971$670; da Caixa pia do bispado, de j u r o s das quantias de posi-
tadas, e t c , proveiu a quantia de 52:834$770, que completa a somma despendida.
No Seminário d e ' Marianna a matricula do presente anno lectivo (de oitubro de
1888 o oitubro de 1889} ê de 210 alumnos, 42 dos quaes seguem o curso superior e
168 o preparatório.
87

O Rev. Bispo de Goyaz informa que no edifício o na mobília do Seminário de


Santa Cruz, da capital da província, flzeram-se grandes melhoramentos, de maneira
que hoje, asseiado e muito augmentado, como se acha, satisfaz a todas as condições
hygienicas.
Crescendo o numero dos candidatos a matricula, visto se reconhecer a excel-
Iencia do modo por que sfio tratados e educados os alumnos, e sendo numerosas
as vocações para o estado ecclesiastico, conseguiu o Rev. Prelado restabelecer o
Seminário de Campo Bello, e está tratando de organisar outro ao norte da província.
M a s os paes em .geral nSo possuem meios para o pagamento da pensão e outras
despezas, e sendo pobre, como é, a diocese, os recursos de que dispõe o Prelado não
permittem admittir todos os que desejam entrar como gratuitos para o Seminário.
Pede por isso u m a u x i l i o de G:000$03J para a sustentação do internato do Semi-
nário de Santa Cruz, afim de reservar os pequenos recursos da diocese para os dois
outros Seminários.
Em setembro foram a l l i conferidas as ordens de presbytero a um seminarista,
e durante o anno alguns receberam ordens menores.
O Rev. Bispo de Cuyabá me communicou que, vencidos os obstáculos que
encontrara por falta de pessoal idôneo, conseguiu estabelecer o internato no Semi-
nário de Cuyabá sob a direcção dos Padres da Congregação da Missão. I n a u g u -
rou-se o internato em 6 de janeiro.
O Governador do bispado de Olinda communica que o Seminário sustenta, por
conta própria e da C a i x a Pia da diocese, 20 a l u m n o s ; mas não tem meios para
sustentar m a i o r n u m e r o .
N o intuito de se aproveitarem as vocações ecclesiasticas, muitas das quaes se
perdem por falta de recursos dos candidatos para proseguirem nos estudos ne-
cessários aos sacerdotes, solicita a l g u m auxilio que possa aproveitar á manlença
de alumnos pobres, visto que o Seminário não possue patrimônio sufficiente para tão
louvável fim, e das províncias pertencentes á diocese só a de Alagoas tem concorrido
com a pensão de cinco a l u m n o s : destes já em 30 de novembro se ordenou u m , que
está prestando serviços em s u a província.
Observa aquelle Governador que em 1888 falleceram na diocese 25 sacerdotes;
contados estes, tem a mesma diocese perdido 108 desde 9 de oitubro de 1881, em que
tomou posse o actual Bispo, e durante esse período ordenaram-se apenas 14.
São estas as informações prestadas por alguns Prelados diocesanos a res-
peito dos Seminários.
Sem duvida a deficiência do clero, que cada dia mais « e aggrava entre nós, é
um dos assumplos que devem despertar accurada attenção dos poderes públicos.
88

Em officio que ultimamente me d i r i g i u , o R e v . Arcebispo descreve as anormaes


circumstancias a que chegou a archidiocese. Grande numero de parochias, que
ha muito se acham acephalos, estSo entregues aos cuidados de parochos v i s i n h o s ,
havendo alguns que regem tres igrejas ; ate na caplial já se encarregou a regência
de u m a freguezia a vigário de outra, e das que foram a concurso, u m a , a de Nossa
Senhora da Conceição da Praia, ficou s e m oppositor; na u l t i m a quaresma apenas
tres igrejas em toda a capital celebraram incompletamente os actos da Semana
Santa ; nas ruas das cidades cresce u m a geraçSo sem instrucção, sem freio algum
ás paixões; as seitas dissidentes, comprehendendo a necessidade, que ha, de ensino
religioso, pouco a pouco se introduezm nos logares mais povoados, e não d e i x a m
de conseguir a l g u m a cousa.
As matrículas no Seminário vão escasseando cada vez mais, e ha m u i t o o
numero de sacerdotes fallecidos annualmente excede, e ás vezes não pouco, ao n u -
mero das ordenações.
Cruzar os braços diante deste estado de cousas e deixar correr o tempo sem
intentar qualquer meio de remediar tantos males, seria verdadeira trahição, diz o
Metropolita, pois importaria deixar extinguir-se pouco a pouco o sentimento r e l i -
gioso no povo, ou vel-o passar da verdade aos erros das seitas, sem qualquer e s -
forço para o s a l v a r .
A Ordem Franciscana, diz ainda o Rev. Arcebispo, deu-se sempre na a r c h i -
diocese á missão de instruir e chamar ao bom caminho as classes menos prote-
gidas da sociedade. Da sua extincção datam a m a i o r parte dos males expostos ;
e evidenciou-se que sem clero regular não pôde ter vida o clero secular. Da deca-
dência daquelle principiou o desapparecimento deste. E com o lento desappareci-
mento de ambos vae-se a religião, o ensino, a m o r a l .
O restabelecimento da Ordem de S. Francisco, continua o illustre Prelado
será, portanto, o reapparecimcnto da vida religiosa em nossa sociedade, e d a h i o
das vocações ecclesiaslicas, assim como a restauração do clero secular.
A s s i m empenha-se o Rev. Arcebispo em fazer vir da Europa alguns r e l i -
giosos franciscanos para restabelecerem na Bahia aquella Ordem benemérita,
occupando-se ao mesmo tempo da educação dos ingênuos e libertos nas cidades e
nos povoados, e encarregando-se da catechese dos indios que vivem nas maltas
ao s u l da província, os quaes, por tal fôrma a s p i r a m á civilisação que, ao tratar-se
ha pouco de aldeior u m a tribu no centro da freguezia de Nossa Senhora da
Purificação da villa do Prado, outra tribu, vinda do Mucury, começou a hostilisar
aquella, levada pelo ciúme de não ser a preferida para o aldeiamento.
A decadência das missões é motivo de profunda magua para os nossos Pre-
89

lados, quo não tòm absolutamente meios de attraliir pelo baplismo ao grêmio da
Igreja c da civilizarão grande numero de indios pagãos que existem nas suas
dioceses.
O remédio para estes males é angmentar o clero, e o Metropolitano pondera que
é muito preferível formar este clero entre nós a importar sacerdotes seculares, os
quaes ordinariamente não pertencem a melhor parte do das respectivas dioceses.
Conseguintementc pede o Arcebispo que a Ordem Franciscana da província
da Bahia possa, depois de reorganisado, receber noviços.
Nada obsta, porém, que o Rev. Prelado consiga por essa fôrma os seus piedosos
intuitos, porquanto no B r a s i l não ha lei que haja alterado ou revogado o direito que
assiste ãs Ordens religiosas de admittir noviços para professarem a regra para que
s i n t a m vocação: não está dentro da competência do Governo fazer alteração
nesta matéria.
F o i isto que em Aviso de 11 do corrente mez declarei ao Commissario Geral dos
Missionários Capuchinhos no Brozil, em resposta ao officio em que, mostrando as
difficuldadcs que tem a mesma Ordem para attender ao serviço das missões
no Império, clle lembrava a conveniência de se estabelecerem nas províncias do
s u l collegios que se destinem a formar, por meio do noviciado, missionários para
a çatechese.
Com effeito, não existe acto a l g u m legislativo que limite ou restrinja a faculdade,
que tem as Ordens Regulares, de admittir à profissão de sua regra os noviços que
sintam vocação para observal-a.
A admissão de noviços em taes circumstancias é não só um direito das Ordens
estabelecidas no Império, como u m a necessidade para a perpetuação desses i n s t i -
tutos. A prohibição eqüivaleria á extincção dos Ordens, o que não estude acordo
com a legislação vigente.
O Estado pôde, si julgar conveniente, estatuir sobre este assumpto condiçOes
por meio das quaes garanta os serviços que lhe devam como cidadãos aquelles que
professarem; não pude, porém, impedir que o façam quando desembaraçados ou
remidos de taes encargos.
A i n d a que fosse pennittido alargar a autoridade do Estado até o ponto de a l -
cançar c c o m p r i m i r a liberdade das vocações honestas e piedosas, como a de entrar
n u m a Ordem Religiosa c aperfeiçoar-se pela observância de sua santa regra,
certo que o legislador brazileiro tem mantido inalterável o direito antigo e nunca
contestado da livre profissão, e que não está na competência do Poder Executivo
fazer nesta parte innovoção que o altere ou s u p p r i m a .
Contra esta doutrina fundamental seria em vão oppor o impedimento occasional
IMP. 12
90

do A v i s o de 19 de maio de 1855, e antes deve prevalecer a Consulta da Seeção dos


Negócios da Justiça do Conselho de Estado de 18 de setembro de 1857, que declarou
necessário a admissão de noviços em numero rasoavel, sem duvida porque c o n -
siderou os relevantes serviços prestados á Igreja e ao Estado pelas Ordens r e l i -
giosas ; notando-se que os condições do volo sobre que a referida Consulta fez
justas observações estão alteradas pelo Decreto de Pio IX de 1859 no sentido dc
assegurar a suo liberdade, e nada impede que o Governo Imperial emprehenda a
reformo já oconselhado pelo mesmo Consulto.
Os serviços dos Capuchinhos no Brazil têm sido de tal valia que o Governo não
cessa de instar pela vinda de novos missionorios, n5o hesita em fazer as necessárias
despezas e em manter os respectivos hospícios, e é certo que sem esses Religiosos
será impossível proseguir na quasi abandonado catechese dos indios.
De acordo com o que acima fica expendido, tendo as Religiosas Carmelitas Des-
calças do Convento de Santa Thereza desta Corte requerido permissão para rece-
berem noviças, por A v i s o de 27de março pedi o douto parecer do R e v . Bispo do
R i o de Janeiro sobre as reformas que neste particular julgue conveniente introdusir,
attentas as circumstancias actuaes, e sobre a admissão de profissões.
Finalmente, ao expedir o mencionado A v i s o de 11 deste mez, providenciei no
sentido de que á apreciação do R e v . Prelado sejam sujeitos todos os papeis concer-
nentes á fundação de estabelecimentos para o noviciado da Ordem dos Capuchinhos,
afim de que, considerado também o A v i s o de 27 de março, elle informe sobre as
condições do noviciado e admissão de noviços, tendo em attenção os princípios r e -
centemente consagrados por Sua Santidade o Soberano Pontífice Leão X I I I .

A SECCA NAS PROVÍNCIAS DO N O R T E

Nas províncias do norte, que costumam ser periodicamente flagelladaspelasecca,


a escassez do inverno de 1883, seguido de r u i m colheita, lançou no espirito das
populações o receio da reproducção das desgraças que sobrevieram aquellas p r o -
víncias no período decorrido de 1877 a 1879.
Infelizmente, com os signaes do tempo cresceram os temores do m a l , e a diffi-
culdade da obtenção de viveres tornou inevitável o êxodo dos habitantes menos
favorecidos, para procurarem fora dos seus districtos recursos essenciaesá existência.
Este movimento começou pelas províncias do Ceará e do P i a u h y , prolongou-se
91

pelas do R i o Grande do Norte, Parahyba e Bahia, vindo repercutir até ao norte de


M i n a s Geraes.
A espectativo nutrida pelos ogrieullores m«-nos desanimados durou, entretanto,
até as primeiras semanas deste a n n o ; as desconfianças, porém, do maior numero
acabaram por se converterem triste realidade. As chuvas que cahiram em janeiro
e fevereiro niín passaram de nguoceiros fugitivos e nfio desvaneceram o terror. Nfio
se firmou o inverno.
Deante deste desengano, a emigração, que em fins de dezembro attingira o n u -
mero de 5.198 pessoas, recrudesceu fie modo que foi preciso multiplicar os meios de
transporte.
Nfio obstante, ainda se appellava para o equinocio de março, que com effeito
se apresentou muito auspicioso. Chuvas, começadas no sertão a 13 desse mez,
estenderam-se nté ao mar, onde cahiram a "24, produzindo cheias nos rios
e embrejando as planícies. Estas chuvas, porém, nfio se prolongaram por muitos
dias, de sorte que a 11 de abril ja nfio havia noticias de inverno em toda a linha
telegraphica do Parahyba a Belém. Voltaram as apprehensões e com ellos o des-
ordem nos espíritos, estado de consas apenas modificavel, d'ora em diante, por
cireumstancias extraordinários.
Na província do Ceara, que sempre é o mais flagellodo nestas crises, o Presi-
dente adoptou, com louvável tino e seguro critério, medidas ocertadissimas.
Procurando conter o êxodo, que foi tfio fatal na calamidade anterior, dando
trabalho aos necessitados, e por outro lado dirigindo, na retirada, as populações
cuja deslocaçfio era inevitável, obslou a grande agylomeraçfio de retirantes na
capital, a formaçfio de abarracamentos e a reproducçfio dasseenas de peste e miséria
que assignalaram o período já mencionado.
Pela exposição que achareis adeante vereis que o referido Presidente, d i s -
pondo apenas das obras geraes de construcçfio do prolongamento da Estrada de
Ferro de Baturité, e organisando trabalhos provinciaes com os recursos que encon-
trou ao seu alcance, conseguiu chegar até ao ultimo de dezembro do anno findo
s e m reclamar a u x i l i o do Thesouro Nacional. Infelizmente o progresso do m a l nfio
permittiu que os sacrifícios se limitassem aos saldos existentes nos cofres da pro-
víncia. O Governo teve de outorisar os despezas mencionadas na citada expo-
siçãoe aconselhar as medidas que se afiguravam moisefficazes.
No momento agudo da crise foram ouvidos os representantes do Ceará sobre os
meios de conjural-a, e, de acordo com o plano que o Presidente Caio Prado iniciara,
assentou-se que se supprimisse o soecorro directo, prestado em esmolas ás popula-
ções flagelladas, systema deprimente, inútil e condemnado pela experiência; e que
92

sc instituísse o salário como meio de chamar os necessitados ao trabalho, em obras


dc utilidade publica, preferindo-se sempre as que tivessem por objecto prevenir
futuras calamidades.
Pelo Ministério da A g r i c u l t u r a tratou-se de a m p l i a r c occelerar as obras dc
prolongamento das estradas de ferro de Baturitó e Sobral o resolveu-se que o
engenheiro Revy, já então encarregado de continuar os trabalhos para a constru-
cção do açude dc Quixadá, daria oecupação aos operários que comportasse a s u a
l i n h a de operações, ao que se j u n t a r i a o auxilio que podesse prestar a companhia
com quem o Governo contratara a perfuração de poços artesianos em vários pontos
da província.
Por sua parle, o Presidente, utilisondo os créditos autorisados, emprehendeu
obras de soecorro, de visível utilidade para a província, com aproveitamento de perto
de 24.000 trabalhadores, os quaes representam auxilio prestado aproximadamente a
120.C00 pessoas, que. sem isto estariam condemr.adas a morrer de fome ou a emigrar.
Quanto á retirada, á vista do perigo imminente de desenvolver-sc o peste e o
espirito de malversação nos abarracamentos, que fatalmente teriam de erguer-se
junto ás cidades do liltoral, recommendára este Ministério que, só quando não fosse
possível reler o emigrante por meio do trabalho, se concedessem passagens aos
que desejassem transportar-se para outras províncias, observando-se o máximo
respeito ús preferencias por elles manifestadas quanto ao porto de destino.
E ' preciso confessar que esta providencia, justificada pela necessidade de manter
o principio de livre locomoção, não ora isenta de inconvenientes. Refiro-me ao proce-
dimento de pessoas m a l intencionadas procurando afastar os emigrantes da direcção
que m a i s lhes convinha, do que resultou projectar-se a emigração, durante a l g u m
tempo, para os portos do Pará e Amazonas, apezar da propaganda contraria, que
buscava encaminhal-a para o s u l , onde se lhe offereciam recursos promptos. Suc-
cedeu o que devia sueceder: atiradas a l l i as primeiras levas de retirantes, s u r -
giram os embaraços; e os Presidentes daquellas províncias, coadjuvados pela pró-
p r i a colônia cearense, começaram a telegraphar para o Ceará reclamando contra
u m a invasão de indigentes, que, na quantidade em que affluiam, só podiam e n -
contrar a miséria em províncias completamente desapercebidos para recebel-os.
Felizmente, depois disto, o movimento orientou-se para os portos do R i o de
Janeiro e Santos, com proveito para os emigrantes e para os agricultores.
Para facilitar a internação desses infelizes e prevenir os contratempos que pode-
r i a m resultar da sua demora nesta capital durante a estação colmoso, resolvi encar-
regar o Barão do R i o Bonito deorganisor e dirigir os serviços respectivos. Recebidos
e alojados no barracão da rua da Saudc, e transferidos os que não acharam prompta
9J

collocação para a povonção da B a r r a do P i r a h y , onde se prepararam nccommoda-


ções para 1.200 pessoas, os cearenses tem até hoje sido aceitos nos estabeleci-
mentos ruraos por forma que abona as suas qualidades para os trabalhos do campo-
O reconhecimento dessas qualidades o as supplicas que me dirigiram alguns
dclles, por oceasião da visita que fiz aquelle alojamento, para que lhes desse
trabalho e um pedaço do terra para si o suas famílias, suggeriram-me a idéa-
de adquirir u m a vasta o fértil propriedade r u r a l , na provincia do R i o de Janeiro,,
quosi a beira-mar, de fácil communicação com a cidade de Angra dos Reis,,
onde fossem collocados, não só estes, como outros necessitados do mesmo a u -
x i l i o , em condições de trabalhar com proveito para si e para o Estado. Refiro-me-
a fazenda do Ariró, pertencente a Ordem Carmelilana Fluminense, e cuja acquisição
vae realisar-se pelo preço de quinze apólices da divida publica, máximo que t i n h a
sido offerecido na u l t i m a concurrencia aberta para a alienação desse i m m o v e l .
Em principio, o desembarque dos immigrantes foi feito pela Inspectoria G e -
r a l das Terras e Colonisação. Declarando, porém, o Ministério da Agricultura que
o serviço não podia continuar a cargo daquella Inspectoria, passou a ser feito-
pelo referido Barão. Este prestimoso cidadão tem desempenhado com louvável
actividade e solicitude os variados encargos da commissao que em boa hora lhe foi
confiada, e ao apreço em que é Lido pelo comniercio fluminense se devem os offere-
cimentos e favores da Companhia de vapores de que ô presidente o Conde
de Maltosinhos e da casa Miranda Jordão & C , os quaes resolveram reduzir c o n s i -
deravelmente o preço das passagens dos immigrantes destinados á provincia do
Espirito Santo.

Nas províncias do Pará c Amazonas, deante da immigração desordenada, de


que já vos falei, os Presidentes lutaram com difficuldades para a internação. Não
obstante, a locolisação se vae fazendo como é possível, tendo já sido estabelecidos
grande numero de retirantes nos núcleos coloniaes de « Santa Isabel», o A p e h ü » ,
c « A r a r i p e » , ao longo da Estrada de Ferro dc Bragança, e em outras localidades.

Nas províncias da Bahia, Rio Grande do Norte e P i a u h y o flagello não che-


gou a produzir o terror que oceasionaram na do Ceará ss consideráveis perdas
de gado e o deperecimenlo da lavoura, obrigando a população a abandonar os
seus lares e sahir pelo littoral. Todavia em vários pontos a penúria foi grande
e a carestia dos gêneros alimentícios mostrou a necessidade de prestarem-se s o c -
corros a alguns povoados, para evitar o desespero das classes pobres.
94

Na Buhia, o Presidente, de acordo com as recomnienduções deste Ministério,


outorisou obrôs de utilidade publica para aproveitar o trabalho dos necessitados,
e proporcionou, pela Estradado Ferro Central e pelos vapores da Companhia B a -
hiana, aos indigentes que nflo podiam conservar-se em seus municípios, o trans-
porte para regiões aindnnao flagelladas. Naquella classe cie benefícios compre-
hentíe-se a construcção de açudes em Caitelé, Santa Barbara, ümburanas, Raso,
Cumbe, Bom Conselho, A r r a i a l da Viroção da B a i x a Grande e Curralinho, e o con-
certo das matrizes das freguezias do Coração de M a r i a . Humildes, Coilé, Purificação,
alem dc outros melhoramentos de reconhecida vantagem para estas localidades e
outras circumvizinhos.
No R i o Grande do Norte os retirantes convergiram paru o porto de Mossoró,
onde se deram distúrbios, que cessaram a chegada do Chefe de Policia, enviado
pela Presidência paro restabelecer a ordem e attender ás reclamações.
A f i m de attenuar os effeitos do secca e soceorrer os necessitados, a mesma
Presidência determinou o construcçüo de um prédio apropriado á estação do Peso
Publico, e de um açude na villa de Caraúbas, assim como os reparos de que
carecia um próprio nacional existente na povoação de Arèa Bronco, e mandou
distribuir sementes pelos lavradores pobres logo que, cahindoas primeiros chuvas,
se monifestou entre os retirantes o desejo de internar-se.
Na provincia do Piouhy a escassez de chuvas e a careslia de gêneros o b r i g a r a m
as autoridades locaes de mais de 14 municípios a reclamar soecorros e trabalho
para o povo, que affluia aos centros populosos.
Em Oeiros, aos estragos da secca juntaram-se febres de mau caracter, e no
porto da Amarração aggravou-se o estado afllictivo dos habitantes pelo accumulo
de retirantes cearenses, que por terra procuravam o volle do Amazonas.
A administração sentiu-se embaraçado, pela fui to de obras geraes e pelo mau
estado dos cofres provinciaes, para adoplar providencias análogas ás que foram
postas em pratica em outras províncias. As recommendações, porém, que lhe fez
este Ministério, lel-a-ão hobilitoco para tomar os medidas que o c ; . s c e x i g e .

Pelo seguinte exposição, (pie opiesentou o Presidente do Ceorá, tereis móis


completas informoções do que cecorreu com reloçõo á secca naquella provincia.
No onnexo » enconirareis não só os quadros estatísticos e as demonstrações a
que se refere essa exposição, mas também as informações posteriormente recebidas
do mesmo Presidente.
95

Palácio do Governo da Provincia do Ceará, em 17 de abril de 1839.


Illm. e E x m . S r . — Após o grave desastre econômico e social da grande secca
de 1877-1879, impossível seria prever a rapidez com que se restabeleceram as forças
do Ceará nos annos subsequentes.
Graças, porem, á phenomcnal fertilidade do solo, em condições normaes; á ex-
tremo salubridade do c l i m a ; á prodigiosa propagação das espécies onimaes, em
medida lüo elevada que pôde ser comparada ó das móis felizes regiões do globo;
finalmente, ao vigor e á capacidade intellectuol de seus filhos, chegou a provincia a
reconstruir e desenvolver sua riqueza publica e privada, quasi anniquilada pela
calamidade, e, nos cálculos da mais justa probabilidode, tudo annunciava que, antes
de findar o século, teria ella conseguido collocar-se a por dos mois prosperas do
Império.
O commercio desenvolvia-se e adquiri i justificado confionço no futuro; a pro-
ducção de exportação e de consumo interno excedia de muito ás médias annuaes, até
então verificadas, ao ponto de ser remettido ao Tbesouro Nacional, nos exercícios
de 1882-1888, um saldo de 3. l(:4:365$090, exclusive despezos com o alistamento
m i l i t a r e inclusive pagamento de juros de apólices; o thesouro provincial extinguiu
toda a divida fluetuantee consolidada, recolhendo ainda um saldo effectivo de cerca
de 300 contos de réis.
Para semelhante resultado contribuiu efficazmente notável augmenlo da popu-
lação, que, apezar da enorme perda de vidas no triennio da ultima secca, attingira a
cifra de outr'ora, 932.000 habitantes, ao manifestar-se o flagello actual.
Por outro lado, era incontestável a progressiva elevação do senso m o r a l . P o r
acto espontâneo operou-se cm 25 de março de 1884 a libertação total dos escravos,
cujo numero subia ainda a 32.771 ao executar-se a lei Rio Branco. A instrucção
p r i m a r i a e secundaria havia melhorado consideravelmente; os quadros estatísticos
da criminalidade forneciam eloqüente attestado em favor da modificação da
indole popular, pelo quasi completo desapparecimento dos delictos por traição, c r u e l -
dade, represalios e ódios parlidarios.

1888

A ' entrada do anno de 1333 eram as mais prosp3ras as condições moraes, i n t e -


lectuais e econômicas da província, eospoderes públicos parecia haverem esquecido
os horrores dn ultimo secca, originodos, pela maior parte, no falta de providencias
CG

opportunas contra uma calamidade que, embora irregularmente, munifesta-so


-sempre periódica o inevitável.
O cyclo secular das seccas na região que demora entre; o cabo de S. Roquo
tio 4.° grão de latitude s u l , c o Oceano Atlântico ao norte, 6 facto digno de séria
preoceupação scientifica. Infelizmente, não ha dados systematicos para as consultas
meteorológicas, cuja importância é evidenciada por illustres sábios. E deve-se
lastimar que não se tenham ainda determinado os periodos cyclicos das estações que
obedecem a leis tão poderosos .como as que governam os corpos celestes. [Entre-
tanto, só a cooperação de muitos e constantes esforços poderá trazer para a h u m a n i -
dade os enormes benefícios resultantes do perfeito conhecimento das verdades
meteorológicas tão vivamente ambicionadas.
O Ceará não foi o theatro único das seccas ao norte do Brazil, de que nos faliam
os mais antigas chronicas, mas apenas o foco donde cilas i r r a d i a m , de sorte que
tem sido flagellado, ora pelas seccas chamadas — grandes, ora pelas pareiaes.
A s s i m , ao findar o mez de a b r i l dc 1SSS, reinaram na provincia sérias opprchen-
sões. Até essa época, as chuvas apreciados no pluviomelro, na capital, ottingiam
apenas a 442 millimclros, contra 1.11-4 no período correspondente do anno anterior.
Em 2 dc maio a Presidência communicava ao Governo Imperial que h a v i a « os
tristes prodomos, sinão de u m a nova secca, pele menos de uma estação invernosa
extremamente nulla cm algumas regiões, escasso em outras, e, finalmente, i r r e g u -
l a r i s s i m a ainda em outras. » « Não é possível, dizia ainda o delegado do Governo,
avaliar por emquanto a extensão da calamidade, a q u a l , no caso de sobrevirem
algumas chuvas tardias dc maio, seria de alguma fôrma attenuada Infelizmente,
um facto é certo desde já: — a escassez do inverno com todo o seu cortejo de
desanimo nas populações do interior/que começam a emigrar para as províncias
•do Pará e do Amazonas.»
Em 12 do mesmo mez dizia ainda poder affirmar, desde então, que um terço das
populoções do interior estaria dentro em pouco sem trabalho, e, por conseguinte
sem meios de subsistência. E, por essa oceasião, expendia o pio no de operações
administrativas contra a calamidade.
A estação das chuvas, tendo-se declarado tardiamente, foi inconstante, irregular
e, sobretudo, escassa. No fim de maio, ultimo mez cm que choveu, o pluviometro,
na capital, recolheu apenas 540 millimetros contra 1.228 do anno de l8S7.No interior,
ao norte principolmcnie, os observações aceusavam ainda maior escassez. Cabe
a q u i notar que o máximo cios invernos na provincia, a partir de 1850, tem sido
2.453 millimetros, em 1866, e o m i n i m o 467, observado no anno de 1877, o primeiro
da ultima grande secca.
97

Entretanto, a perda de u m a colheita, em área relativamente limitada e em


seguimento a um anno de abostança, niío determinaria a fome, nem por conse-
guinte a necessidade de intervir o poder publico para soccorrer os necessitados,
sobretudo tratando-se de cearenses, cuja pnsmosa sobriedade 6 bem conhecida.
Mas os invernos anteriores, desde 1S80, já haviam sido notavelmente escassos,
insufflcicutes para restaurar as condições de productividade do solo, exhausto e
calcinado pelos ardores dos grandes verões transados. E este asserto 6 demonstrado
pelos algarismos do seguinte registro das chuvas recolhidas no pluviometro, na
Fortaleza:

AUH-IS Müliiuciros

1877 -467
;S73 503
1S79 596
1883 1.539
1881 1.412
18S2 1.240
1583 1.433
1584 1.157
1585 1.214
1886 1.395
1887 1.319
1888 729

Em j u n h o do anno de 1888 já se accentuava fortemente a crise, que mais tarde


a s s u m i u pavorosas proporções. De varias regiões eram instantes os pedidos de
providencias dirigidos ao Governo. Principalmente ao norte, nos sertões situados
entre a cordilheira da Ibiapaba e o Oceano, contendo u m a população de 300.000
habitantes, os effeitos da ausência de chuvas fizeram-se sentir desde logo, e só, em
algumas zonas muito limitadas, como a da bacia do Jaguaribe, algumas reservas
da producçõo anterior, mais abundante do que a do resto da provincia, permittiram
manter menos desanimadas e inquietas as respectivas populações.
E r a , pois, gravíssima a situação: as classes pobres achavam-se a braço com a
penúria, os lavradores e criadores com suas industrias profundamente compro-
mettidas, e privados elles mesmos dos meies de subsistência. Ao jornaleiro
escasseava o trabalho, os industrias entravam a lutar com sérios tropeços e o
commercio resenlia-se, cada vez mais accentuadamente, dessas circumstancias
penosissimas.
IMP. 13
98

O flagello estendia-se pelos valles do baixo Jaguaribc, Choro, Pirangy, Curú,


Mundohúe Acarahú. Quanto a população, declarava a Presidência, em fim de
julho, poder affirmar, de posse de melhores informações, que o m a l interessava a
dous quintos, isto é : mais de 300.000 pessoas soffriam direcla ou indirectamente,
com mais ou menos rigor.
« E ' admirável, dizia a carta da Presidência de 31 de agosto, a estoica
resignação dos habitantes dispersos pelos vastos sertões ou ngglomcrados nos
povoados: permanecem no logar onde nasceram e onde vincularam a existência
até extinguir-se o ultimo lampejo de esperança na benignidade da natureza ou na
protecção do poder publico. Quanto a este ultimo ponto, qualquer que seja o juizo
mais tarde proferido acerca da acção governamental, na época ongnstiosa que
atravessa o Ceara, uma gloria reverterá directamente ao Gabinete de 10 de março,
e eu reivindicarei delia a parte que me tocar, cioso como do melhor titulo de
benemerencia: — essa gloria é o confiança inspirada e mantida em uma população
trabalhada pelas agruras da actualidade e justamente apprehensiva do futuro. »
A Presidência, que já havia solicitado a decretação do prolongamento das estra-
das de ferro de Baturité e Sobral, e a construcção do açude de Quixadá para soecor-
rer com salários, pagos em retribuição de serviços, as victimas da secca, emprega-
das em trabalhos de caracter reproduetivo, tentara debalde reunir a Assembléa
Provincial para fazel-a cooperar na obra difficilima da salvação da provincia.
Infelizmente a situação dos partidos, creada e mantida em administrações anterio-
res, deu em resultado não haver sessão legislativa em 18S8.
Entretanto, si faltou ao governo provincial o concurso doquella corporação
política, preciosa collaboração teve elle da parte dos mais illustres filhos da provin-
cia, distlnctos por suas luzes e patriotismo, os quaes, sem exclusão de partidos,
procuraram todos contribuir para a applicação e êxito das medidas tendentes a
debellar a crise. E, honra seja a esses espíritos valentes e desprendidos de precon-
ceitos, a todos repugnava a idéa do soecorro directo, e todos manifestaram-se de
pleno acordo com a deliberação da Presidência, de soecorrer as populações por
meio do trabalho e a expensas do thesouro provincial, tanto quanto pudessem com-
portar os forças do respectivo cofre, sem recorrer á assistência do Estado.
Esta interpretação constitucional dos soecorros públicos ministrados pelo Estado
está plenamente justificado, e o Ceorá, durante o onno de fome de 1S88, deu o p r i -
meiro e único louvável exemplo na historia da assistência publica no Brazil, recor-
rendo aos saldos de que dispunha, antes de appeliar para o Thesouro Nacional.
« A simples natureza de calamidade publica não exime a provincia, nem o
município, escrevia a Presidência, de fazerem despezas para debcllal-a, mas determina
99

somente que, nfio havendo outros recursos, sejam a província e o município soccor-
rldos pelo E s t a d o . A. Constituição garante os soccorros públicos, isto é, afiança,
responsabilisa-se por esses soccorros, isto 6, ainda, os presta quando houver
necessidade de ser a medida dessa ordem lançada a conta do Estado, o
Os meios de assistência publica adoptados pelo Governo Imperial foram a cons-
trucção do prolonga monto da via férreo de Baturité e a solicitaçfío ao Parlamento
de verbas pora o prolongamento da de Sobral e construcção do açude de Quixadá.
O governo provincial, contando com estes trabalhos, resolveu, para o c o m -
plemento do plano de soccorros em salários, iniciar varias outras obras.
Sendo a cordilheira da Uruburetama, grande centro productor de algodão, um
dos pontos cm que a secca se manifestara m a i s intensa, para a l l i , naturalmente,
convergiram as vistas da Presidência, tendo por intuito principal evitar a i m m i -
nente emigração da numerosa população r u r a l , o que seria desastroso para a
riqueza publica e privada. A s s i m , foram ordenados trabalhos de irrigação, abaste-
cimento d'agua e viação publica na zona adjacente aquella cordilheira.
Quanto a outros pontos, sendo muito fracos os meios de acçSo a pôr em pratica,
e ainda não estando definitivamente resolvida a natureza das obras a executar, foi
autorisado o que demais urgente e immediatamente efficaz se offerecia no momento:
a abertura, melhoramento e reparação de poços e cacimbas e construcção ligeira
de ranchos ao longo dos estradas para restabelecer e conservar as communicaçôes
com o sertão, interrompidas, em grande parte, por falta d'agua, no terrível período de
1877-1879.
No iniciação e proseguimento desses trabalhos teve a administração i n n u -
meras difficuldades a vencer. O resultado, porém, compensou, sobejamente, a
longa serie de preoecupoções e contratempos. Em 1878 o Estado só despendeu
com soccorros ás victimas da secca do Ceará 113:997$470 na construcção do prolon-
gamento da via férrea de Baturité (Doe. n. 4), e a s o m m a média de 115:8555950 com
o transporte de5.19S emigrantes (Doe. n. 4).
Pelo que diz respeito ás despezas feitas por conta do cofre provincial, além de
rigorosamente fiscalisados, ficaram todas representadas em obras publicas de
caracler reproduetivo e de prevenção contra futuras seccas, e serviram para manter
em seus domicílios, durante longos mezes de falta absoluta de outros meios de
subsistência, m a i s de 50.000 pessoas. A importância total destas despezas attingiu
a cifra de 200:054$62S tDoc. n. 2).
Emquanto uma parte do população era assim mantida na região do domicilio,
operava-se a emigração daquelles que, ou não podiam encontrar oecupação nas
obras existentes, ou preferiam aventurar-se fora da provincia.
100

A emigração foi aceita como remédio in cxtrcmis, a semelhança do que s u c -


ccde na Irlanda. Os males do irlandez resultam do systema de exploração agrícola ;
os do cearense provêm da posição geographica e da composição tellurica da região
que habita. Na Irlanda as reformas econômicas do organisação da propriedade
seriam o meio de abrigar o camponio contra a miséria, m a s importariam sacrifícios
que viriam affectar profundamente uma geroçõo inteiro. No Ceara os mclhornmcnlos
materiaes completos e aperfeiçoados de acordo com as indicações da sciencia e com
os reclamos da experiência, e dos quaes necessitam o lavrador e o criador, deman-
dariam enormes sacrifícios, ao menos por emquanto, superiores ás forças do
Estado.
Qualquer que seja a natureza e abundância do trabalho ministrado ás p o p u -
lações necessitadas, em tempos de fome haverá sempre um excedente que procure
emigrar, ao qual parece justo que se proporcionem os meios de \azei-o com pru
dencia e paro logares convenientes sob vários pontos de visto.
Esta consideração determinou o olvitre de franquearem-se possogens o famílias
victimas da secca, os quaes, deslocadas de seus domicílios e, por varias c i r c u m s t a n -

cias, impossibilitadas de se acolherem às obras em andamento, tendiam a procurar


os meios de subsistência em outros pontos do Império.
Mas a emigração, ao contrario do que succedeu em períodos anteriores análogos,
fez-se em boa ordem em escala razoável, de natureza transitório, ottendidos, quanto
possível, as condições de agasalho, transporte, destino c estatística dos emigrantes.
O numero de emigrantes, em 1888, s u b i u a 5.198, sendo o total da despeza com
esse serviço de U5:855$950 (Doe. n. 4).

Dividindo-se a despeza, durante o anno, em provincial e geral temos :


Despeza provincial 209:05í$628
Despeza geral 229:S53:420

Somma 438:903$048

(Doe. ns. 4 e 6)
Verificado que o anno de 18S8 apresentou-se em condições consideravelmente
peiores do que as de 1877, primeiro da ultima grande secca, convem recordar, em
abono dos progressos da administração publica no paiz, que as despezas do Estado
em 1888 foram apenas de 229:8595420 contra mais de 6.000:000*000 dos que poderom
ser liquidadas em 1S77.
Em fins de dezembro ultimo a situação tinha-se aggravado extremamente.
Os recursos da provincia não permittiam a continuação das obras em execução
por conta de seus cofres.
101

Em 18 daquelle mez, a Presidência communicavo ao Governo que a populaçflo


que vivia do trabalho deslocara-se, reduzida ao extremo de emigrar ou d contingência
repugnante da mendicância vagabunda, acompanhado de todos os misérias e igno-
mínias, pois que os obras iniciadas nfio comportavam moior desenvolvimento, nem
mesmo tinham garantido o seu proseguimento.
A f i m de conjurar a crise, assim aggravado, foram pedidos créditos extraordiná-
rios para continuação de taes obras, e porá outras despezas imprescindíveis, como
acolhimento, até á occasião de embarque, dos emigrantes que começaram a offluir
para a capital, famintos, depauperados pelas privações e pelas fadigas das longas
jornadas, accommettidos de moléstias, sem alimentação, nem abrigo.
O Ministério do Império, em 21 do mesmo mez, autorisou a despeza de 50 contos
com os emigrantes, autorisação de que, aliás, a Presidência nfio fez uso, durante os
poucos dias que faltavom paro encerramento do exercício financeiro.
A gravidade das circumstancias e a duvida entre a continuação do flagello ou a
terminaçfio delle no começo do anno corrente aconselhavam medidas espectantes,
que, sem comprometter a sorte dos infelizes famintos, resguardassem o Thesouro
Nacional de gastos que o futuro pudesse demonstrar haverem sido inefficazes e s e m
opportunidade.
T a l era a situação ao findar o anno de 1883.

II

1889

Em constantes communicações ao Governo, havia declarado o Presidente do


Ceará que, s i não houvesse chuvas em janeiro de 1839, seriam necessárias medidas
mais amplas para evitar o extremo de mortes pela fome.
Especialissimas, sabe-se, são as condições climalericas da provincia. Em oito
d i a s torna-se tudo duvidoso: producções, pastagens, aguadas. U m a chuva abun-
dante accorda e anima a confiança g e r a l ; dois ou tres dias de verão, m a i s ou menos
caracterisado, trazem a vacillação e o desalento. O curso dos acontecimentos, ora
traquillisa, ora abate o espirito publico. Esta alternativa é o que se tem observado
desde o começo do corrente anno. Até li de janeiro, tudo era incerteza e descrença.
Naquelle dia, porém, cahiu a primeira c h u v a , parcial, quasi insignificante, pois que
o pluviometro não registrou mais de 13,5 m i l l i m e t r o s , m a s foi quanto bastou para
fozer descer a pressão do soffrimento publico.
102

Nessa data já a Presidência, mais precavida e menos confiada do futuro do que


os habitantes da provincia, tinha aberto um primeiro credito especial de 10:000$
para occorrer a despezas com a emigraçfio.
Pora acudir eficazmente ás exigências deste delicado e difficil trabalho, foi f u n -
dada a Hospedaria Geral de Immigraçâo, destinada a alojar e manter, até o momento
do embarque, os que s e m meios de subsistência na provincia tinham de abandonal-a
para ir buscar a vida e o conforto em outros logares menos infelizes, onde o e x i s -
tência lhes pudesse correr m a i s doce e mais fácil.
A hospedaria foi estabelecida de acordo com as múltiplas necessidades do
serviço, a que se destinava, tendo-se em vista, tanto quanto o pèrmittiu a urgência
das circumstancias, a possivel commodidade, hygiene e conforto das numerosas
famílias indigentes que a ella vinham recolher-se.
A direcção do estabelecimento foi confiada ao capitão Manoel Thomê Cordeiro,
do 11° batalhão de infantaria, official da melhor nota, sendo este auxiliado, nas
árduas obrigações a seu cargo, por funccionarios em numero estrictamente necessário
ao serviço.
Para acolhimento, alistamento, e embarque dos emigrantes foram expedidas
instrucções, de acordo com as exigências dc tão difficil trabalho e com a máxima
economia dos dinheiros do Estado, instrucções que, antes de tudo, collocavam o emi-
grante cearense acima da condição do mendigo vagabundo, dando-lhe o caracter de
trabalhador deslocado por circumstancias superiores.
Permanecia, entretanto, e cada vez mais grave, a maior de todas as difficuldades:
—proseguimento das obras de soccorro iniciadas, que se tornavam mais urgentes
tanto quanto decorriam os dias, augmentondo o numero dos necessitados, e redo-
brando de intensidade a penúria das classes pobres.
O telegramma da Presidência, datado de 14 de janeiro, resume nos seguintes
termos a situação da provincia:
a Situação muita afflictiva. Experimentada diminuição cem trabalhadores obras
provinciaes açude S. Miguel, onde havia setecentos. Sem distineção partidos e
classes imploram-se trabalhos reprodüctivos, cujo salário faz subsistir dezenas de
milhares de pessoas. Taes são os clamores de miséria e desgraças que exigem a l a r -
gamento immediato dos trabalhos existentes e ordens para novos em outros pontos.
Estas oceurrencias não podem surprehender ao Gabinete. Sempre disse que todas as
obras geraes decretadas e todo saldo provincia! esgotado, como está, também em
obras provinciaes de caracter local, bastariam, apenas, para vencer difficuldades até
dezembro próximo findo. Graças ao programma que me tracei, após maduro estudo
e constante observação, foram atravessados dezoito m e z e s s e m chuva, de j u n h o de
103

1887 a dezembro de 1883, com a perda de uma colheita (188S) e com phenomenal
carestia de agua em nove décimas parles do território, sem despender-se um real do
soccorros públicos, sem desordenado deslocamento da população, dirigindo e s u p e r -
intendendo emigraçüo grátis ou não, de cerca de quinze m i l pessoas em 18S8, e de
m a i s de quatro m i l nestes últimos dius. A responsabilidade que a s s u m i , até
dezembro foi plenamente justificada. E ' impossível, porém, vencer-se segundo
anno de fome declarada, proporcionando apenas a cerca de meio milhão de homens
a emigração e trabalhos públicos geraes, cujo desenvolvimento, a exemplo dos de
Baturité, está longe de ser o que deve.
« Nesses trabalhos, quando conduzidos de acordo com as circumstancias, o
que nfio tem sido, seriam empregadas, quando muito,-i.OOD pessoas em Baturité,
4.000 em Sobral, 2.009 em Quixadá, 1.000 e m poços artesianos—a saber—11.000
pessoas, isto é, considerando-se cada trabalhador representando u m a família, o
máximo de 70.000.
« Accresce que, quanto a Baturité, apenas trabalham 1.500; quanto a Sobral e
Quixadá, antes de dous mezes, isto é, na peior quadra a atravessar, quando haja
chuvas, nfio começarfio os trabalhos, e, quanto aos poços artesianos, facto pro-
.blematico.
« Com relação aos demais habitantes, admittida a resistência anormal ao flagello
de um terço ou 150.000, teríamos, pelo menos, 300.000 obrigados a emigrar i r r e m e -
diavelmente, dentro de algumas semanas, sob pena de m o r r e r . Ora, a emigração
mmediata de 3 00.000 pessoas, além de provocar, mesmo em projecto, o mais
pernicioso antagonismo inlerprovincial, seria contraria á economia política,
iporque desorganisaria, de futuro, a riqueza publica, e, na pratica, até seria irrea-
lisavel.
o Quando houvesse máximo desenvolvimento, as obras publicas geraes em
execuçfio ou decretadas, concedendo-se á Presidência autorisação para dirigil-as
nesse sentido e se promovesse, ao mesmo tempo, a emigração, nos limites rar
zoaveis, tudo isso não evitará a morte pela fome, si não vierem chuvas desde já.
« E ' mister muito m a i s : é mister decretar novas obras, obras de soccorros
públicos, reüef-icorks, semelhantes ás da índia, em tempo de fome, obras de
caracter reproduclivo, que ministrem subsistência á parte da população que nfio
pôde emigrar e á que o Estado não tem o direito de recusar os soccorros que
a Constituição garante.
a Calculo que, de par com o desenvolvimento real e inadiável das obras
geraes decretadas, de par com a emigração, lambem imprescindível, até o appare-
cimento do inverno, o qual pôde demorar m a i s tres mezes, calculo, digo, despen-
10-t

der-se umo média mensal superior a 300 contos de róis, nesse intervallo de
tempo, para evitar mortes pela fome.
« Venci a primeira campanha contra a fome de 1888, graças ao patriotismo
do Gabinete, que dignou-se acolher favoravelmente todos os propostos do P r e -
sidente do Provincia, collocado no tlieotro da calamidade, e conscio, como está,
de só haver procedido consultando os lições do experiência e da historio, e o u -
vindo os reclamos da solidariedade humanitária e nacional.
« Só posso responsabilisar-me pelo bom exilo do primeiro quartel da se-
gunda campanha, travada em 1889, si não faltar a Presidência, além das obras
em execução, o único recurso estratégico contra o m a l — a u x i l i o dos cofres ge-
raes para obras publicas, sempre preventivas do flogello, nas quaes se empre-
guem indivíduos que não encontram applicação nas obras actuaes ou que não
querem emigrar, sendo o dispendio médio mensal (deve-se contar com a pro-
gressão mensal na razão directa do tempo percorrido e não da incógnita a per-
correr) nunca inferior a 3O0 contos de réis

« Depois de a b r i l , isto é, quando houver certeza de bôa estação ou da c o n -


tinuação da secca, terá o programma administrativo de variar. N"a hypolhese dc
inverno serão despezas diminuídas alta escala; na hypothese contraria, norma
de proceder variará conforme circumstancias, embora se conserve plano geral.»
O S r . Ministro do Império, em 16 do mesmo mez, informava-se da P r e -
sidência sobre o quantum da despeza feita por conta do credito de 50 contos para
despezas de emigração e pedia o calculo da despeza provável a realisar-se com
as victimas da calamidade, por conta do seu Ministério.
Em resposta, communicou a Presidência haver gasto, do I o
de Janeiro até
17, cinco contos de réis, por conta do credito alludido. Quanto ás obras publicas
de soecorro, iniciadas e por iniciar, além das outras geraes, que já se achavam
em execução, dizia precisar de duzentos contos em janeiro, e, quonto aos mezes
seguintes, no caso de continuar a calamidade, deviam servir de base s o m m a s
já despendidas, levando-se em conta circumstancias supervenientes, nos termos do
telegramma acima transcripto.
Em 19 do mesmo mez, foi a Presidência autorisada a abrir um segundo cre-
dito de 50:0005000, á verba — Soccorros Públicos — para oceorrer ás despezas com
a secca, recommendando o Governo, por essa oceosião, a máxima economia na
applicação dos dinheiros públicos, tendo-se em attenção a experiência da u l t i m a
secca, e declarando que, aquelle credito esgotado, outro não deveria ser aberto sem
demonstração das despezas realisadas com o p r i m e i r o .
105

E9te3 recursos, embora restrictos, permittiam a continuação dos obras em


andamento e cuja interrupção seria inadmissível por trazer conseqüências de i n -
calculável gravidade.
A s s i m corria entre difflculdades,mals e mais avultadas o mez dc janeiro, e o
inverno continuava a ser n p e n n s u m a esperança de problemática realisação. Além
de um pequeno nguaceiro cahido no dia 13, houve mais uma chuva insignificante
de 2,5 millimetros e mais outra de 11, e, finalmente, u m a terceira de 11,5.
Apezar da observação nSo aceusar mais de 48,5 millimetros, em todo o mez,
quantidade inferior á que fora recolhida em janeiro de 1888, que mediu 52,5 m i l l i -
metros, e incomparavelmente inferior a dos annos normaes, a especulação, que não
se aparta dos meios trabalhados por qualquer desgraça publica, seja qual for o paiz
cio mundo em que esta se manifeste, pretendeu tirar partido dessa inaprechvel
mudança de tempo, desvaliosa em sua manifestação, e insignificante nas conse-
qüências que podia produzir, para crear embaraços ao plano administrativo em
execução. F.' assim que a imprensa da capital do Império foram enviados despachos
telegraphicos que, naturalmente, tiveram extensa voga, dando noticia de chuvas
abundantes e insinuando formalmente que estava terminada a secca.
Respondendo ao telegramma em que o Ministro do Império pedia informações
a respeito da chuva que constava haver apparecido, declarou o Presidente que
os oguoceiros observados nenhum valor t i n h a m , como indicio de inverno próximo,
e, descrevendo a situação real da provincia, dizia — que os gados restantes salvar-
se-iam si apparecesse a rama; a producção de cereaes dependia da continuação
de chuvas, considerando, porém, já completamente perdida a producção de gêneros
de exportação, e concluía que, na melhor hypotbese — inverno immecliato — a m o -
dificação salutar apenas far-se-ia sentir para os necessitados ao cabo de tres mezes,
pelo menos. Dahi a necessidade indeclinável de c o n t i n u a r a obra da assistência
publica pelo systema adoptado.
Infelizmente, era o governo da provincia que tinha razão. F o r a m prematuros
os alviçureiros optimistos, cavilosos os exploradores da calamidade !
Todavia, o mez de fevereiro entrou sob melhores auspícios. Cahiu na capital
uma grande chuva dc 44 millimetros, e, de vários pontos do interior, foram trans-
mittidas lisongeiras noticias. E r a m bons os prognósticos, principalmente pelo
caracter de generalisação que apresentavam. Promptamente d i m i n u i u a corrente
emigroloria. E, por meio de distribuição de sementes, tentou a Presidência internar
uma parte dos emigrantes, fazendo-os a s s i m voltar aos hábitos de trabalho na
região de seus domicílios. Durou pouco, porém, essa feliz mudança de c i r c u m -
stancias. Em oito dias recrudesceu o movimento de emigrantes do interior para a
IMP. 14
106

capital, c começaram a chegar á Presidência novos c mais instantes pedidos de


soccorros para os populações do interior.
Havia, então, empregados nas obras cm execuçõo, cerca de 6.000 trabalhadores,
cujo salário provia a subsistência de 30.000 indivíduos, a p r o x i m a d a m e n t e .
Ao passo que a insufficiencia do trabalho ministrado determinava o necessi-
dade da emigração, levantava-se contra esta medida, que as circumstancias torna-
vam imprescindível, odiosa propaganda por parte de alguns indivíduos que,
tomando por pretexto a sorte das victimas da secca, visavam exclusivamente
antepor embaraços á ocção do governo provincial.
Não colheu, entretanto, o expediente, já porque não tinham s y m p a l h i a no
animo popular os seus raros promotores, já porque, acima das proclamações e
embustes estavam as contingências do miséria procurando na foculdade de loco-
moção, garantido pela Constituição do Império, o extremo remédio contra a morte
pela fome. E, nessa época, o emigração lornava-sc oindo móis opportuno, sinão
urgente. As classes médias preferiam naturalmente este recurso oo que lhes
offcreciam trabalhos da natureza dos que estavam em execução, aos quaes não
eram affeitas de modo a l g u m .

No dia 21, o Presidência remetteu ao Governo Geral a demonstração das despezas


feitas pelos dous créditos de 50:0005000, acima referidos, e das que foram effectuadas
cm virtude de ouctorisoções especiaes, concedidas no exercício anterior, poro trans-
porte de emigrantes, declarando, por esta oceasião, que as despezas a fazer não
seriam, inferiores a 30'J:030$000 mensaes, até que se declarasse o inverno definitiva-
mente. Por telegramma do dia seguinte (22) fui concedido novo credito de 50:000$000.
No fim de fevereiro, o pluviomelro não havia recolhido mais de 93 millimetros,
contra 11S em 18SS, somma insignificante em relação ú observada nos annos r e g u -
lares, mesmo em fevereiro, que não é dos mezes mais fartos de c h u v a . Appello-
va-se, entretanto, para o equinoxio de março.
Os múltiplos serviços da secca absorviam, quasi completamente, toda a a c l i v i -
dade das repartições publicas, e tornavam-se dia a dia mais complicados c penosos.
Para auxiliares especiaes do trabalho de applicação e fiscalisação dos dinheiros
despendidos cm soccorros públicos, requisitou a Presidência, que foi proniptamcnlc
altendida, dous empregados dc fazenda, na qualidade referida. Esta medida j u s t i -
fica-se pelo accumulo de trabalho, e pela conveniência de serem, de promplo, regu-
ladas e morolisadas todas os despezos, de modo o poderem ser immediolamcntc
demonstradas.
Em G de março, a Presidência pedia dous novos créditos de 5'.):00,í?G00
cada u m , para cobrir despezos oté 28 de fevereiro, declarando:
107

Que nfio era possível n demonstração das despezas na proporção dos créditos
de 50:000;?, tratando-se de obras publicas em andamento, em pontos distantes da
capital e de difficil communicação, nos quaes as despezas, já naquella época,
elcvavam-se semanalmente a mais de 30:003$000;
Que as despezas do março a p p r o x i m u r - s e - l i i a m da média de 3)9:03)300) a que
não atliugiram em janeiro e fevereiro, já pelas ligeiras esperanças de chuva, já pela
rigorosa economia na applicação dos soccorros;
Que, si não chovesse em março, previa grandes calamidades, embora julgasse
possível atravessar segundo anno dc secca e fome, ainda que acompanhado de
muitas tristezas c desgraças, mas sem a reproducção de seenas da secca u l t i m a .
O Ministério do Império, em telegramma de 9, concedeu os novos créditos, fa-
zendo, ao mesmo tempo, os mais severas recommendnções quanto á efficacia dos
socorros aos municípios do interior e á economia dos dinheiros públicos.
Em 11 de março, telegraphava a Presidência ao Ministério do Império:
« . . . . São desoladoras a-; noticias chegadas de todos os pontos. As sementeiros
das primeiros chuvas cahidas cm pontos parciaes, apenas germinaram em alguns
serrotes denominados frescos, onde choveu mais a miúdo. A fuga do interior avo-
l u m a - s e . Nas obras publicas tem ougmentado consideravelmente o alistamento de
trabalhadores. O movimento emigralorio recrudescerá com muita intensidade. Peior
ainda é o desanimo das populações, entre as quaes é geral a crença do cyclo secular
das seccas, e que julgam-se ameaçados de período de calamidade correspondente ú
grande secca de 1793 a 1703 que extendeo-se, da capitania geral de Pernambuco a
B a h i a , Sergipe, Piauhy e Maranhão. Sob semelhante pânico, é difficil calcular as
conseqüências, sendo apenas certo que o Governo Geral tem feito o que devia, e que,
nos limites do possível, hei procurado corresponder a seus intuitos patrióticos.»
Em 15 ainda d i z i a :
« . . . . Desde as minhas primeiras communicações ao Governo, em ISSSe, h a
pouco mesmo, por occasiüo dos passageiras chuvas, parcialmente cahidas, que
não me fiz illusão acerca do período cruel que a provincia linha de passar e dos
passados sacrifícios que o Estado ver-se-ia obrigado a fazer. U m a e outra cousa
foram por m i m previstas, c, em tempo, fiz as devidos communicações ao Governo
I m p e r i a l . Mas, apezar dc não ser colhido de surpreza pelos acontecimentos, confesso
que as m i n h a s supposições, acaso attribuidos por olguem ao pessimismo ou ao
simples exagero, ficaram aquém da triste realdode.
a A ' proporção qoe os dias do primeira metade de morço foram passando sem
manifestar-se a estação chuvosa, os populações do interior quasi a um tempo, umas
surdos aos conselhos, outras dc ha m u i t o torturadas pela miséria, cujo termo
108

dependia de facto estranho á vontade humana, outras ainda, desvairadas pelo


terror, outras finalmente concitadus por m a l intencionados especuladores, cujo
apparecimento é concomitante, por infelicidade no flagello das seccas no Ceará,
para forçarem o poder publico ao regimen das esmolas que estabelece um vórtice aos
dinheiros do Thesouro, locupletando os mai3 espertos, nfio evitando, antes, pelo
contrario, favorecendo pela desordem e desorganisaçfio dos serviços, o augmcnto
das funestas conseqüências da calamidade; todas essas populações, dizemos,
começaram a abalar-se nesta tríplice direcçõo: regiões ferieis e frescas ao s u l da
provincia (Cariry), regiões poreiaes immunes da secca, embora limitadas das p r o -
víncias c i r c u m v i s i n l i a s ; e finalmente, o littoral que para elles representa a terra do
promissfio.
« Tenho feito o que podia fazer, já para deter os fugitivos no interior, já para
effectuar-se o emigroçfio sem desordem. No primeiro sentido, tenho ordenado nestes
últimos dias diversas obras de caracter reproductivo e ampliado as do m e s m o
caracter em via de execução.
« Mais de 12,000 operários têm salários nessas obras, situadas nos pontos es-
tratégicos mais convenientes. V o u ordenar outras, attendendo o m a i s que for
possível aos esclarecidos conselhos de V. E x .

« Não posso calcular os effeitos da calamidade si nfio c h o v e r e m março. Sei,


porém, que serão terríveis. Si alguma cousa puder reconfortara V. E x . , no meio
das angustias e tribulações p o r q n e está passando, seja ella, quanto ao Ceará, a
dedicação sem limites do meu pouco prestimo a realisar sem demora e com a
maior lealdade os conselhos de V. E x . . Não me faltem elles, e recobrarei a força e
energia acaso prestes a esgotarem-se em vista de tantas tristezas e misérias. »
A situação foi peiorando dia a d i a . O numero dc operários, no3 trabalhos de
socorro, elevou-se de 9.003, qne eram em 6 de março, a 24.000, em 29 do m e s m o
mez.
Dando disso cornmunicação ao Governo, dizia o Presidente que os despezas até
o dia 31, tendo de ocompanhor as oscilloções do pessoal empregado nas obras p u -
blicas, estando sujeitas a outras exigências do serviço, careciam de um credito de
400:030:000, para cobril-as, passando o excesso que se verificasse para saldo de
a b r i l . Esse credito foi concedido em 3 deste mez.
O desenvolvimento, porém, que h a v i a m tido na u l t i m a quinzena de março os
trabalhos públicos de soecorro, por meio de salário, veiu suscitar nova difficuldade
ao governo da provincia, a saber — o abastecimento de viveres a cerca de 25.000 t r a -
balhadores, acompanhados das suas famílias, o que constituía um total de população
109

de 100.000 pessoas, distribuídas em massas ogglomerndas em certos e determi-


nados pontos do interior, em algum dos quaes havia falta absoluta de gêneros
alimentícios.
Communieandoeste facto, assim se e x p r i m i a o Presidente :
a . . . A secca de 1S88, atacando de preferencia as zonas agrícolas, destruiu dous
terços de toda a producção de gêneros alimentícios, de sorte que, antes de findar o
anno, já toda a população, salvo o s C a r i r y s , ao s u l , vivia exclusivamente dos s u p -
primenlos da importação.
a Entramos no anno de 1831) sob as mais tristes apprehensões, mas sem que
houvesse desesperança de melhores tempos. Ao contrario : muito se confiava
fembora, por infelicidade, eu fizesse quasi anica excepçfio da opinião corrente) que
as primeiras chuvas de janeiro, generalisando-se, constiiuissem estação regular e
que, em fins dc março, já houvesse colheitas que supprissem a importação de
gêneros alimentícios.
« Tudo dependia, portanto, de um facto meteorológico independente da vontade
humana.
« Dahi a posição do commercio e da administração perante o problema do
supprimento de v i v c r c s .
« O commercio não podia fazer grandes depósitos para o caso do prolonga-
mento da secca, porquanto, si viessem chuvas, soffreria graves prejuízos, tendo de
revender, por menor preço, gêneros comprados em alta natural pela procura em
outros mercados.
« Quanto á acção administrativa, não poderia, por maioria de razão, exercer-se
sobre o assumpto, por dous motivos : I o
porque o principio cardeal, na applicação
da lei econômica da offerta e da procura de gêneros alimentícios, até nas próprias
calamidades de fome é o da não intervenção do Governo na importação ou expor-
tação, já que o Governo sempre fará menos apezar de todos os seus recursos, em
beneficio da baixa de preços, do que a livre concurrencia commercial, salvo casos
muito excepcionaes, os quaes não se davam, até agora, tanto que os preços se
haviam conservado regulares, na incerteza da próxima colheita ; 2 porque, quande
U

mesmo não fosse de todo ponto verdadeiro o principio da não intervenção, poderia
ser prejudicial aos interesses do Estado a antecipada formação de depósitos do
gêneros, cujo preço b a i x a r i a fatalmente pelo apparecimento das c h u v a s .

« O mez de março, porém, veiu modificar a situação. Até hoje, 22, só houve um
dia de chuva (1.°), cahindo 5,5 millimetros, ao passo que, em igual data, em 1888,
primeiro anno da secca actual, houve seis dias de chuva e 258 millimetros, o que
i n d i c i enorme differença contra o anno de 1889.
110

« O preço dos gêneros alimentícios foi gradualmente subindo porque não havia
depósitos, em vista da esperança de inverno.
« Por outro lado, nos trabalhos públicos, também diariamente cresceu o numero
de fugitivos e outras viclimas da fome, subindo esse numero, nos dirigidos pelo
provincia, a cerca de 20.000 e nos dos prolongamentos de ferro-vias e açude dc
Quixoda a m a i s dc-1.000.
« Estes 24.00") operários, representando 120.003 pessoas, começaram a e x p e r i -
mentar todos os vexames de u m a constante elevação dos preços de gêneros alimen-
tícios. O engenheiro Revy, aliás já acertadame-nte autorisado pelo Ministério da
A g r i c u l t u r a , estabeleceu o regimen do pagamento m i x l o em dinheiro c gêneros.
Por outro lado, em algumas das obras de administração da Presidência, reclamavam
os directores igual medida para livrar os operários c suas famílias dos m a i s infrenes
especulações.
« Também vi-me forçado a fazer a compra de cerca de G.000 saccas de farinha e
de alguns outros gêneros, para assegurar aefficacia do soecorro indirecto, por meio
do trabalho.

« E' indispensável á administração um deposito que garanta, como disse, a


efficocia dos soccorros prestados em trabalhos públicos, os quaes seriam nullificados
pela exorbitante alta de preços.
« Peço permissão a V. E x . para transcrever um trecho do relatório da c o m -
missao da fome na índia, apresentado em 1880 ao parlamento brilannico, porte l . : 1

pag. 51, § 159 :


« Ao mesmo tempo que recommendamos o principio geral da abstenção do G o -
verno em interferir com o commercio privado no abastecimento de gêneros alimen-
tícios o qualquer trato devastado pela fome, odmittimos que hojo casos excepcio-
nucs em que o Governo julgará necessário a intervenção. O bom êxito das medidos
de soecorro depende essencialmente de haver gêneros alimentícios que possam ser
comprados por aquelles que recebem salários, ou que possam ser distribuídos entre
os que recebem alimentação (toes como, octualmente, os emigrantes recolhidos ú
Hospedaria G e r a l ) ; e é dever importante dos agentes officiaes que superintendem
aos soccorros examinar si taes casos se verificam, e entrar em ajuste com os c o m -
merciautes locaes ou distantes para o s u p p i i m e n l o de gêneros alimentícios, ou,
em ultima instância, estabelecer um deposito para abastecimento, realisada
a falta dos mesmos gêneros. Isto ú essencialmente necessário na hypothese
de obras dc soecorro frelief-works) que devem freqüentemente ser situadas ( como
acontece no Ceará) em localidades em que não ha como obter subsistência por
111

meio de compra de gêneros. Do estabelecimento de avultado numero de trabalhadores


nesses logares resulta uma procura anormal, o qual, salvo o hypothese de um c o m -
mercio local muito activo (hypothese que nãoé a n o s s a ) exigira que o Governo
promovo o melhor modo de abastecimento. »
« O relatório ainda aconselha a garantia dc compra, prêmios e até adiantamento
dc capitães aos commerciantes que suprirem os mercados inactivos, bem como a
intervençüo directa da importação por conta do Governo, nos dislrictos agrícolas,
para os quaes o commercio receia dirigir gêneros no coso de cessar o calamidade,
c onde os produetores, por seu lado, receiam desfazer-se dos gêneros produzidos,
no coso de continuar a penúria.
« Finalmente, diz ainda a c o m m i s s a o :
a O Governo devera importar gêneros para revender ao pubilico, no coso de u m a
combinação dc negociantes, puro não venderem sinão por preços exorbitantes.
« Sempre que se der a intervenção governamental neste assumpto, a compra,
mediante precauções, de stocks obtidos em outros pontos, tonto assegurara o s u p p r i .
mento quanto a própria prohibição de exportação. Entretanto, muita precaução
deverá observar-se em todos os casos, sob pena da intervenção aggravar o mal que
se quer evitar, e impedir os commerciantes de concorrer ao mercado em que o
governo opera.»
O Ministério do Império accedeu ã proposição do Presidente, autorisando o expe-
diente de fornecer-se o Governo, por preços razoáveis, de gêneros alimentícios e
com elles formar deposito para acudir aos trabalhadores, sob a condição de d a r -
lh"os pelo preço da compra e em pagamento do salário ou de parte deste. Isto fez-se
e com o melhor resultado, quer para a subsistência dos trabalhadores, quer paro
os encargos do Estado, além da baixo immediata de preços que se operou nos
mercados suppridores.
P o r toes motivos foi aquella providencia acolhida na provincia, com geral
applauso.
Ao m e s m o tempo reapparcciam as chuvas na capital em 24 de março (80 m i l l i -
metros) e, apenas com um dia de interrupção, prolongaram-se até :)1 do mez. As
chuvas cahidas nesse período, em Fortolezo, foram 197,7 millimetros, em sete dias
contra 121 em onze dias de março de 18S8. Mas ainda ficou muito abaixo da média
n o r m a l . Em 1837, anno escosse, recolheu o pluviometro447,5 millimetros no m e s m o
mez.
A continuação dos chuvas em lodo o Iittoral, durante u m a semana, noticias de
riachos c rios do interior que tomavam aguo, chegando alguns o correr, depois de
terem estado, por muitos mezes, completamente seccos, lograram despertar a quasi
112

certeza de franca declaração dn estação das chuvas e n esperança de que 09 privações


do Ceará nfio se prolongariam, em toda a sua crueldade, além de algumas semanas
mais, até a colheita das sernenteiras feitas em março.
Com essa auspiciosa feição entrava o mez de a b r i l . Os primeiros dias, porém,
começaram a i n s p i r a r sérios desconfianças, pelo reopporecimento de maus prognós-
ticos meteorológicos, tanto mais quanto a cessação das chuvas — levantamento do
tempo, na phrase consagrada — foi geral em toda a região das seccas, oo norte do
cabo de S. Roque.
Não eram melhores ns noticios do interior, onde dominavam iguoes receios de
prolongar-se o verão, acorrelondo a quasi completa destruição dos sernenteiras.
Em telegramma de 8, dirigido ao Ministério do Império e publicado no Jornal
do Commercio, a Presidência resume a situação nos seguintes t e r m o s :
« . . . A perspectiva é de uma estação invernosa falha, regional e pouco copioso,
mesmo onde se tem pronunciado melhor, e assusto as pessoas mais cheios de fé.
Apenas ao sopé da cordilheira da Ibiapoba houve chuvas regulares, sendo que até ás
ultimas datas, ao extremo sul, no ponto em que aquella toma a denominação de
Araripe, não havia ainda inverno, sinão chuvas esparsas taes quaes costumam
apparecer nas próprias épocas de seccas notáveis.
« Parte dos sulcos torrenciaes que constituem os rios da provincia não têm
corrido, e, em outros, as cheias que tenho noticiado não foram, em geral, m a i s do
que impetuosas enxurradas que só levaram águas passageiras, embora avolumadas.
« N a orlo marítima da provincia a distribuição dos chuvas ainda foi mais es-
cassa. Com effeito, a partir da serra de Baturité, até á capital, os próprios ribeiros
que seecaram durante o verão de 1887, sem que houvessem corrido com as chuvas
de 1S8-!, continuam seccos, assim como o Jucarecanga e Pajehú, nas immediações da
capital e que abastecem de agua a população, continuam no anterior estado. O
mesmo suecede com as lagoas dos subúrbios e margem da ferro-via, de i m m e n s a
utilidade aos misteres da horticultura suburbana e lavoura de cereaes mais para o
interior.
« Nesta capitai, toda a chuva cabida até hoje, altinge apenas a 354 millimetros
contra 385 no anuo passado. Considerando, porém, que para restituir ás correntes
do superfície e do sub-solo a intensidade necessária, seria mister um inverno
nunca inferior a 2.000 millimetros, segue-se que, a menos dc phenomenol invernada
sobrevinda tardiamente, quando chegarmos ao verão declarado, de julho ern diante,
terão as águas correntes desnpparecido na quasi sua totalidade e só cm extraor-
dinário profundidade deparar-se-á agua procurada no sub-solo, o que collocorio o
anno de 1859 entre os de maiores seccos de que temos conhecimento pelas chronicos.
113

« Quanto ás colheitas, estas silo as minhas previsões :


« Na melhor das hypotheses, as colheitas darão, apenas, para um terço do
consumo do provincia, c isto sc cahirem chuvas até 20 de maio, termo usual da
estação chuvosa do Ceará. Por agora, as sernenteiras das chuvas dos mezes ante-
riores, salvas dos veranicos prolongados ou da destruição das lagartas e larvas,
poderão, quando muito, produzir um quinto .do consumo interior.
« As pastagens, entretanto, como tenho dito, estão salvas pelas chuvas cahidas,
Infelizmente, porém, não se poderá asseverar o mesmo dos gados sobreviventes,
em 1SS9, porque acham-se sob a terrível ameaça da falta de ogua nos mezes subse-
quentes.
« A emigração decresceu muito com as chuvas começadas no alto sertão, em
13 de março, c que vieram se extendeudo até a beira mar, onde cahiram cm 24 do
mesmo mez. A s s i m , as sabidos do porto da Fortaleza constaram de retirados, na
phrasc do padre V i e i r a , já acolhidos á Hospedaria Geral dc Emigração e que, des-
crentes de melhoria do futuro, persistiram no intento de deixar o Ceará. A própria
administração da provincia procurou ocoroçoar o regresso aos domicílios, difFicul-
tando, de certo modo, o concessão de passagens grátis. Mas este novo impulso não
poderá ter seguinienlo.
« De todos os pontos onde lia obras publicas de soecorro, em execução, chegam
informações ministradas por agentes de confiança da administração, declarando
ser prematuro qualquer movimento de internação. F r e i Cassiano de Comacchio,
director das obras de irrigação c viação, na região da Uruburetamo, onde lio pre-
stodo immensos serviços á causa da humanidade c do Estado, tendo sob suas ordens
m a i s de 4.000 trabalhadores, acompanhados de cerca de 20.000 pesssoas das suas
respectivos famílias, telegraphou ú Presidência, declarando que punha em execução
a medida da diminuição do salário (medida ordena-ia c m todas as obras), mas
que não usaria da autorisação cie internar os retirados, quando das serres ainda
desciam esqueletos a procuro dos soccorros indirectos do Governo.
« Apezar dessa diminuição de salários, o numero de operários nos trabalhos de
soecorro, em Baturité, Acarahu, S o n f A n n a , Sobral, Imperatriz, Pacatubo, Acorape,
S. M i g u e l , Ipú, Ipueiras, Riacho da Sella, Soure, Monte-mór, Gererahú, Pápára,
Canindé, Cachoeira e muitos outros sobe ainda o mais de 20.000, os quaes nos
primeiros dias das ultimas chuvas, deixaram em certa proporção os trabalhos, mas
para regressarem, dentro em breve, ainda mais dcsilludidos.
« Além desses trabalhadores, cinda lia os dos prolongamentos dos ferro-vias
de Sobrei e Baturité. Estas obras, quonlo ú secca, não tèm prestado serviço real,
embora entregues a profissionaes de incontestável merecimento scientifico. Ao
IMP. 15
1 U

contrario: tem attrahido grande numero de famintos, os quaes, ogglomerados e sem


abrigo, não encontraram nollas os soccorros indirectos que esperavam, sondo p r e -
ciso, então, á u l t i m a hora, que a administração provincial, lançando mao dos
recursos concedidos pelo Ministério do Império, organlsasse dispendiosas obras, em
Baturité e Sobral, para prevenir males provocados pelo systema de trabalho ado-
plado nos referidos prolongamentos.
« O plano dos soccorros indirectos não pode, por emquanto, ter mais ampliação
do que ha tido, porquanto a administração, a semelhança dos filhos mais extre-
mosos da provincia, nada pôde saber de positivo quanto ao alcance dos males
previstos, mas não calculados em seus effeitos.
o Si é necessário n5o restringir o soecorro, que livra da morte e da miséria, não
é menos imprescindível a prudência e o critério, já que despezas profusas não
logram, só por isso, evitar ou diminuíra calamidade.
« O poder publico deve conservar-se no fundo, ainda em espectativa, acudindo
aos reclamos de maior importância, e prestes, si fer preciso, a extender a sua acção
proctetora aos últimos limites dos deveres governamentaes.
c A atlitude do Ministro do Império, com referencia ás desgraças do Ceará,
inspira aqui a maior confiança em todas as classes, sendo profunda a convicção de
que elle corresponderá a essa confiença, tão difficil de despertar entre os que
soffrem os múltiplos effeitos da calamidade.
« Resumindo:
o Os prognósticos, no actual estado de cousas, o qual, todavia, pôde ainda ser
modificado, são os de um anno de maior secca do que o anterior, e de colheitas
inferiores.o
Infelizmente, porém, até esta data, 17 de a b r i l , não houve a modificação
esperada.
Ao contrario, continua o veranico, cada vez mais áspero, com todos os maus
prognósticos de tempo. E a situação é tnnto mais desanimadora, quanto é certo que
é este o mez de m a i s copiosas e freqüentes chuvas, sendo que, em épocas normaes
suecede chover durante elle continuamente, quasi sem apreciável interrupção.
4

115

III

Relação dos documentos

N . 1.— Demonstração das despezas realisadas pela Thesouraria de Fazenda e auto-


torisadas pela Presidência do Ceará, até 17 de abril de 1889, pelos créditos do
Decreto n . 10.181 de 9 de fevereiro ultimo.
N . 2 . — Demonstração das despezos realisadas pelos cofres provinciaes com diversas
T

obras de soecorro publico, no período de 2?. de julho de 1888 a 17 de abril de 1889.


N . 3 . — Quadro numérico do pessoal empregado nas differentes obras de soecorro
publico, cujas despezas correram por conta dos cofres provinciaes.
N . 4 . — Quadro demonstrativo das despezas realisadas por conta do Estado em
soccorros directos (obras publicas) e indirectos (emigração) ás victimas da
secca, no exercício de 1888.
N. 5 . — Quadro demonstrativo da emigração official dos fugitivos da secco, a datar
de 19 de setembro de 1888 a 13 de abril de 1889.
X. 6.—Demonstração das despezas realisadas e autorisadas pela Presidência do
Ceará, á v i s t a de concessões de créditos do Ministério do Império, escriptu-
radas á conta do credito extraordinário do Decreto n. 10.181 de 9 de fevereiro
ultimo.

IV

Conclusão

E n c a m i n h a r esforços no sentido de evitar que pereçam ou corram imminente


risco de perecer, á m i n g u a de recursos, as populações flogelladas pela fome, eis a
política do Governo por oceasião de seccas no Ceará.
Baldado, porém, será qualquer tentativa de prevenir todos os soffrimentos,
a m p a r a r todas a s ' misérias, ou soecorrer todas as victimas. E' impossível á acção
do Estado alcançar todos os centros invadidos pela desgraço, penetrar em todas as
camada? desvalidas, sempre efficazmcnte, sempre com êxito absoluto. O Supremo
116

Governo da índio, nas instrucções expedidas a Sir R. Templo, encarregado de


flscolisor a assistência publica, durante a grande secca de 1877, que coincidiu com
igual calamidade no Ceará d i z i a :
«Todos admittem os males da indiscriminado caridade privada, m a s o i n d i s -
criminada caridade do Governo é muito pcior. A obrigação de s a l v a r as vidas
ameaçadas, ainda quando se despreze a questão' financeira, está acima do poder
publico. Da historia, porém, das calamidades passadas, elle deverá inferir normas
de proceder que o habilitem a prestar, de futuro, os soccorros necessários sem
despezas profusomente desastrosas.»
Estas verdades hão sido evidenciadas durante os dous annos (1S' 8-1S89) de secca
;

c fome no Ceará.
Os resultados octualmenle colhidos pela acção governamental são incontesta-
velmente superiores, debaixo de qualquer ponto de vista, aos da u l t i m a secca de
1577-1S79, graças ao aturado estudo dos factos daquclla epocu, faclos que o governo
provincial teve sempre em seria attenção, aoadoptar qunesquer medidas adminis-
trativas acerca de outros análogos na aclualidade. Mas o Governo, opezar de todos
os sacrifícios, apezar de toda a solicitude, j a m a i s conseguirá prevenir todos os
males que são de variadissima feição e dc extensão c intensidade incalculáveis;
correndo-lhe, por outro lado, indeclinável obrigação de, em pleno vigor do m a l , ter
em vista todas as precauções necessárias, no interesse das próprias victimas do
ílogello, contra a indolência, a perversão e outros grandes inconvenientes da d i s t r i -
buição de soccorros públicos.
P o r mais prompta e enérgica que seja a intervenção salvadora do Estado,
apenas logrará modificar os effeitos da secca ;. nunca, porém, neulrolisal-os. Haverá
sempre alta de preços, diminuição e cessação de salários, perturbação dos hábitos
estabelecidos, sempre misérias desconhecidas e pessoas que, por uma longa e
complicada serie de motivos, escapam á efficach do socorro ministrado.
E' difficil a prova da miséria real no meio dc densas populações, deslocadas do
seu domicilio, e, por isso, em regra, só ha um critério paro reconhecer-se o neces-
sidode do soecorro publico ; — o procuro de trabalho correlativo das forças physicas
do trabalhador em troco de salário rigorosamente sufflciente para a subsistência.
Todo systema de assistência publica baseado sobre preceitos racionaes e de
utilidade prática, evitando a desmoralisudora influencia do mendicância, deverá
submetter-se á regra deduzida da mais atlenta observação da fome no Ceará, em
18S8-1S89.
Certo que a administração terá de adoplar outras medidas complementares,
s i m p l e s variáveis da constante exarada na fórmula que estabelecemos e que iden-
117

tiflca-se ao conceito dc Turgot, o grande mestre da Assistência Publica, nos tempos


m o d e r n o s : .-1 esmola melhor c mais uni consiste cm proporcionar os meios de
faze-a ganhar.

Deus Guarde a V. Ex. - M m . e E x m . S r . Conselheiro Antônio Ferreira


Vianna, Ministro c Secretario de Estado dos Negócios do I m p é r i o . - e . da Silca
Prado.»

SAÚDE PUBLICA

Quando a s s u m i o exercício do cargo de Ministro dos Negócios do Império foi a


saúde publica o assumpto que principalmente chamou a minha ntlenção. Esforcei-me, «
itanlo quanto cm m i m cabia, por que ficassem satisfeitas as necessidades m a i s
momentosas, estudando c adoptando providencias que, além de produzirem resultados ' '-
mmediatos, constituíssem elementos preventivos dos males que em certos períodos 1

sobresaltani o população.
Desenvolvia-se na Corte a epidemia de febre amarella com tal intensidade
que, no opinião das autoridades sanitárias e de clínicos antigos e conceituados,
era de receiar mortandade superior a oceasionada por quantas epidemias tinha
havido até então.
Deonle de tão dolorosas previsões, c u m p r i a intervir com promptidão, energia e
segurança.
Sem desprezar nenhum dos meios a meu alcance poro chegarão conhecimento
da verdode, oppellei para os luzes e experiência das pessoas m a i s competentes ; e,
tomando em consideroçãu todos os auxílios que me foram prestados, pude orga-
nisar o plano syslemalico dos medidas que desde logo comecei a p o r e m prática
com os recursos de que dispunha, felizmente augmentados depois, em virtude da
abertura do credito extraordinário dc que trata o Decreto n. 10.181 de 9 de fevereiro
ultimo, que encontrareis no annexo Gr.
Aprofundar o conhecimento das causas da periodicidade da e p i d e u i o de
febre amarella no Rio de Janeiro, no intuito de r e m o v e l - a s ; assentor nos
meios prophylacticos capazes de extinguir em futuro próximo esse m a l que ha
tantos annos nos persegue; instituir a assistência publico, immediata e de
futuro, soecorrendo p o r modo rápido e cfficaz a população; organisar serviço
regular e permanente que liberte o Governo dos embaraços que se renovavam
118

por occasiSo todas as epidemias, e sanear o meio urbano, tal 6, em synthese, o


systema por m i m odoptodo.
Passo a mencionar o que occorreu com relação a saúde publica desde a data
do ultimo Relatório do Ministério do Império.
Aceito o offerecimento que o D r . Henrique de Toledo Dodsworth Tez para
gratuitamente introdusir e propagar a vaccinação animal em varias loca-
lidades da provincia de S. Paulo onde apparecera a varíola, estabeleceu-se
alli definitivamente, sem a menor despeza, o alludido serviço, desde muito
tempo reputado necessário. 0 numero de vaccinados attingiu a 2.136.
Em virtude de pareceres emiltidos pelas autoridades sanitárias relativamente
ás casas de dar dormida por preço infimo, os quaes não era possível s u p p r i m i r
desde logo completamente, visto oflerecerem o único recurso o certo porte da
população a quem faltava outro obrigo, ordenou meu ontecessor, em 3 de
setembro, á Inspectorio Gerol de Hygiene providenciasse para serem com
urgência examinadas todos as cosas dessa espécie existentes no cidode, e intimados
os seus proprietários para realisarem, dentro de breve prazo, os melhoramentos
precisos, devendo os Delegados de Hygiene fixar a lotação de cada u m a e exercer
sobre ellas activa e constante vigilância; outrosim que a Inspectoria indicasse os
meios tendentesá substituição dos referidas casos por outros que melhor preen-
chessem o seu fim.
No intuito de tomar providencias ao oleonce do governo acerco das esta-
lagens e cortiços, e x i g i u meu antecessor que a Inspectoria apresentasse uma
relação afim de se conhecerem a localidade e o estado de taes habitações, os nomes
dos proprietários, o numero não só de casinhas ou commodos de ceda uma, mas
tombem de moradores: e, á vista dos informações colhidas, recommendou se
intimassem os proprietários das est dogens consideradas saneaveis para executarem
com presteza os melhoramentos precisos, e fossem indicadas as que não estivessem
nesse caso, afim de se resolver sobre o respectivo fechamento, de conformidode com
os disposições vigentes.
O resultado estatístico das indogoções foi o seguinte: existiam 1.331 estalogens
com 18.S66 quartos ou cosinhos, habitados por 45.680 pessoas.
Das estalagens 292 foram considerados em boas condições, 49 regulares, 223 sof-
friveis e 326 más, residindo nestas ultimas 9.827 pessoas.
Com o fim de dar execução oo disposto no art. 26 do Regulamento de 3 de feve-
reiro de 1886, designaram-se dois Delegados de Hygiene para se encarregarem da
fiscalisação dos vinhos e em geral dos gêneros alimentícios importados, procedendo
de acordo com a Inspectoria da Alfândega.
119

A flscalisoçfio de drogas e preparados medicinaes, lambem importados, pre-


vista no a r t . 24 do mesmo Regulamento, foi confiada aos dois pharmoceuticos da
Inspectoria, devendo alternar-se semanalmente na Alfândega.
Estes serviços tem sido desempenhados com toda regularidade e efficacia desde
o dia 1° de setembro.
Convindo que aos desinfectadores, alem das funcções que lhes sâo peculiares,
se comnieltessem outros serviços, sobretudo em quadras em que não grassem
na cidade moléstias infecto-conlagiosas, resolveu meu antecessor, que elles funccio-
n a r i a m também como guardas incumbidos de flscalisar o cumprimento das ordens
dos Delegados e a observância das disposições regulamentares na parte attinente
á policia sanitária.
Continuou o trabalho de desobstrucção das vallas e rios que atravessam
os campos da Imperial Fazenda de Santa Cruz, realisando-se as despezas
por conta dos foros e laudemios para esse fim cedidos por Sua Magestade o
Imperador.
Attendendo ao que ponderou o Inspector Geral de Hygiene sobre a necessidade
de adoptar instrucções para o serviço da policia sanitária dos alimentos e bebidas
fabricadas no paiz e importadas, o meu antecessor nomeou em 31 de dezembro uma
commissao, composta do Inspector Geral, como Presidente, do Conselheiro Nuno
de Andrade e dos D r s . L u i z Agapito da Veiga, José M a r i a T e i x e i r a e Antônio José
Rodrigues Torres Netto, para elaborar um projecto de regulamento sob as
seguintes bases:
1. Definir precisa e formalmente o que se deve entender por falsificação;
a

2. » Referir a falsificação a todas as substancias alimentares e instituir um ser-


viço dc inspecção, que a ellas se applique exclusivamente;
3. ° Unificar os melhodos e processos de pesquizas para reconhecer e cnracterisar
as falsificações.
Além disto a commissao foi encarregada de apresentar um projecto ae lei refe-
rente a substancias alimentares e a bebidas, no intuito de determinar-se a natureza
e gravidade dos delictos, dando-se ás autoridades administrativas e sanitárias meios
de acção para r e p r i m i r as falsificações.
P a r a obstar o desenvolvimento da febre amarella e s u a propagação ás zonas da
cidade e suburbanas ainda immunes, a s s i m como a disseminação da moléstia
pelo interior das províncias em communicação quotidiana com a Corte, aulorisei
a Inspectoria G e r a l de Hygiene, conforme propoz:
1.° A crear oshospitaes que fossem necessários para isolamento e tratamento
das pessoas accomettidas no perímetro da cidade;
120

2. ° A organisor o serviço de prompta remoção dos doentes para os mencionados


hospitaes, que ficariam sob sua immediota direcção ;
3. ° A augmentar o numero de desinfecladores na proporção das necessidades do
serviço ;
4. " A crear desinfectorios, ulilisando-se das estufas de Gencste e Ilerscher
adquiridas pelo Ministério do Império, emquanto não sc pudesse obter maior
numero de taes apparelhos.
Na mesma occasião solicitei do MinisLcrio dos Negócios da A g r i c u l t u r a providen-
cias afim de que houvesse a maior regularidade nu distribuição das águas do abaste-
cimento desta capital não só para salisfaçãodas exigências do asseio pessoal c do ser-
viço doméstico, como também para garantia da interoeptação exercida pelos syphões
ligados aos encanamentos; e recommcndei ã I U m a . Gamara M u n i c i p a l a m a i o r
fiscalisação no cumprimento das Posturas que tratam de interesse sanitário, p r i n c i -
palmente das que sc referem á remoção do lixo, á limpeza das ruas, praças, rios e
mercados, ú prohibição da venda de gêneros olimenticios deteriorados c dc fruetas
malsazonadas.
Represcntando-me o Inspector Geral de Hygiene que, segundo informava.o E n -
genheiro auxiliar da Repartição, para estabelecer, nos terrenos do antigo Matadouro
em S. Christovão, primeiro local escolhido, as enfermarias destinadas ao trata-
mento de indigentes aecommettidos de febre amarella, seriam precisos grandes
dispendios e longo prazo, e tornando-se da maior urgência inaugurar este serviço,
autorisei o mesmo Inspector a alugar prédios, que pudessem desde logo prestar-se
ao indicado fim, situados cm pontos diversos da cidade, de fácil accesso aos
doentes, c onde o isolamento se realisasse de modo satisfactorio cm relação ús h a b i -
tações m a i s próximas.
A ' I l l m a . Câmara expedi Portaria para se examinar o estado das vallas
que atravessam terrenos públicos c particulares da cidade e proceder ú desobstrucção
e limpeza das que carecessem destes melhoramentos.
Conforme requisitei ao Ministério dos Negócios da A g r i c u l t u r a , passou a ser
feita diariamente a desinfecção de todas as aberturas de esgotos c dos ralos de águas
pluviaes; e, para que não se convertessem cm focos de infecção, foram limpos os
vallas, rios c testadas comprehcndidos na zona da Estrada de ferro D. Pedro II,
entre as estações de S. Francisco X a v i e r e das Officinas.
Afim de evitar a impregnação c transmissão do contagio de que são susceptíveis
as armações do empreza funerária, requisitei ao Provedor da Santa Caso dc Mise-
ricórdia que não sc fornecessem taes armações nos casos de óbito de moléstia
epidêmico, e que os cadáveres fossem directamenle e com a maior promptidão
removidos do aposento mortuorio paro os cemitérios.
121

Tendo adquirido, depois das convenientes indagações e pnreceres da autoridade


sanitária e de engenheiros, o prédio sito a rua do Retiro Saudoso n. 27 para um
hospital de isolamento permanente, mondei proceder com urgência a todos os
reparos e obras de que carecia, de modo que pudesse ser inaugurado com a c c o m -
modoções para 200 enfermos, e nutorisei a acquisição da mobília necessária; o
aluguel, mediante contrato, do casa n. 2 F da mencionada r u a , para a h i funccionnr
a administração do h o s p i t a l ; bem assim o prolongamento da ponte existente em
terreno dessa casa, para m a i o r facilidade do desembarque dos doentes transportados
por via marítima.
A c h a m - s e quasi concluídas as obras, as quaes foram dirigidas pelo Engenheiro
Eugênio Ferreira de Andrade, tendo sido augmentado consideravelmente o edificio
principal e construídos muitos outros.
Em virtude de requisição do Chefe de Policia do Corte, a Santa Casa da M i s e -
ricórdia, as Ordens Terceiras e as Irmnndades que possuem cemitérios providen-
c i a r a m , por solicitação m i n h a , no sentido de poder ser feita a verificação de óbitos e
exames cadavericos nos cemitérios desta cidade, reservando-se para este fim logar
conveniente e eslabelecendo-se mesas apropriadas ás autópsias.
No dia 8 de fevereiro, reuni na Secretario do Império o Conselho Superior de
Saúde publica, de cujos auxílios não pódio prescindir naquella q u a d r a .
Ponderei ao Conselho que a posição do Governo era aflflictiva. Como si não
bastasse a pressão da secca nas províncias do norte, surgira para aggravar a situação
a epidemia de febre amarella na Corte. Pesava-me reconhecer que, entre nós,
tudo se faz por explosão, nunca por prevenção. Imprevidentes por indoíe, estaosm
habituados a d e i x a r tudo a cargo da Providencia, e s> nos lembramos das lições da
experiência e do emprego dos meios scientificos no momento do perigo, quando
o m a l é quasi insuperável.
Desde muitos annos a febre amarella assola periodicamente o R i o de J a n e i r o ;
era, pois, natural que já se tivesse procurado estabelecer um systema fixo de
defesa contra a invasão sempre imminente da moléstia. O que se v i a , entre-
tanto, era o deplorável estado do m a t e r i a l do serviço sanitário. Exceptuando
o pouco que existia com relação ao serviço de saúde de portos, tudo mais estava por
fazer.
Nestas circumstancias, tinha concedido ao Inspector Geral de Hygiene plenos
poderes para que em tamanha emergência nenhum embaraço se offerecesse a
execução das medidas precisas.
No meio das reclamações que se levantavam de toda o parte» o meu m a i o r
desejo era que fosse feito tudo quanto estivesse ao alcance do Governo, adoptando-se
IMP. 16
122

medidos do coracler permanente que prevenissem os moles que costumam affligir

a capital.
Referindo-me oos trabalhos projectodos porá saneamento do R i o de Janeiro,
assignalei como um dos mais importantes o da drenagem do solo, sobre o q u a l
existiam os estudos do engenheiro Revy, c eu já tinha ouvido varias pessoas
competentes.
Mostrei também a indeclinável necessidade de organisar a assistência sanitária.
São palpáveis os defeitos e a insufficiencia da legislação vigente. Os r e g u l a -
mentos que têm sido expedidos carecem de força executiva. A cada instante as
autoridades sanitários são embaraçadas pelas judiciarias, o que aliás deve acontecer
não se achando esses regulamentos em h a r m o n i a c n m a lei, relativamente aos
direitos individuacs.
As idéas que manifestaram alguns dos illustrados membros do Conselho foram
tomadas em consideração por este Ministério.
Considerando o Inspector Geral de Hygiene como desvanlajoso para a saúde
publica o serviço de irrigação praticado nesta cidade, por não preencher nenhum
dos fins a que se propunha, e antes apresentar o inconveniente de promover as
fermentações telluricos superficiaes e acarretar o desperdício d'aguo, cujo abas-
tecimento era t5o insuficiente na quadra que atravessávamos, resolvi, por A v i s o
de 3 de fevereiro, suspender definitivamente aquelle serviço, conservando apenas
o pessoal indispensável para guarda do material.
Dos pareceres das pessoas doutos e do mais segura experiência sobre o s a n e a -
mento da cidade conclui que, antes de emprehender outras obras, c u m p r i a m e -
lhorar o systema de esgotos existente, empregando os processos correctorios de
posterior invento, entre os quaes recommendam-se a applicação de caixas h y d r a u -
licas automáticas ; o estabelecimento da ventilação e impermeabüidode dos encana-
mentos; a descarga dos esgotos fora da barra, medida de que aliás já cogitava o*
Ministério da A g r i c u l t u r a ; a assídua limpeza do leito das vallas e rios que correm
dentro da cidade, dando-lhes melhor direcção e tornando-os inteiramente inoffen-
s i v o s ; finalmente, o augmento da acção de drenagem, que os encanamentos
de águas pluviaes podem exercer enxugando as humidades, a que pessoas de reco-
nhecida autoridade attribuem a persistência de males não menos fataes do
que a febre a m a r e l l a . Suggeri, portanto, ao referido Ministério o idéa de nomear
u m a commissao, composta dos Inspectores de Hygiene e Saúde dos portos e de
alguns engenheiros, que apresentasse um plano definitivo sobre os alludidos m e l h o -
ramentos e outros que lhe parecessem convenientes afim de sanear a cidade.

Nomeados para fazerem parte da commissao, além dos mencionados funccio-


narios, o Inspector Geral dos Obras Publicas e o Engenheiro fiscal do Governo
junto á Companhia a C i y Improvements », reuniu-se ella varias vezes sob m i n h a
f

presidência.
Confio que realisar-se-íio com vantagem muitos melhoramentos alvitrados pela
commissao.
Tendo reconhecido serem insufficientes os médicos da Policia para fa2er-se
com a indispensável presteza a verificação do crescido numero de óbitos que
diarianqente occorriam na cidade, em principio de março determinei, conforme
solicitara o Chefe daquella Repartição, que os Delegados de hygiene auxiliassem
os ditos médicos, organisando-se o serviço de acordo com o Inspector Geral.
Os enfermos encontrados nas vias publicas e recolhidos ás estações policiaes
eram conduzidos para os hospilaes em redes, as quaes não os preservavam, nas '
horas de maior elevação da temperatura, dos effeitos perniciosos da irradiação solar.
Sobre este grave inconveniente representou-me o referido Chefe, pelo que em o 1° de
março mandei entregar-lhe 35 ambulâncias portáteis, e solicitei do Ministério da J u s -
tiço a necessário permissão e ordem para ser instituído em cada uma dos estoções poli-
ciaes um posto onde a população indigente encontrasse com promptidão medico, d u -
rante o dia e a noite. Este serviço foi commettido a Delegados de Hygiene, sendo para
cada posto designados dois afim de darem consultas e visitarem os doentes. Além •
disto determinei que fossem aviadas por conta do Estado as receitas poro os pobres.

A 17 dc março communicou o Chefe de Policia terem sido estabelecidos 09


postos médicos em 15 estações policiaes, achando-se providos de ambulâncias de
medicamentos e do mais que era mister para o soecorro á população indigente.
Ordenei ainda que, emquonto durasse o rigor da epidemia, os membros da
Inspectoria de Hygiene ficassem encarregados de d i r i g i r , alternadamente, desde a
manhã até ás 9 horas da noite, o serviço externo a cargo dos Delegados e attender
a todas as solicitações de soecorro publico.
Promovi a observância rigorosa do conselho da autoridade sanitária pora que
crianças não ossistissem aos enterramentos.
Quanto ao serviço destes, tomei providencias adequados aíim de que se fizesse
com pontualidade.
Incessante como tem sido o esforço das noções christãs a bem da saúde dos
meninos empregados nas fabricas e officinas, e sendo notório que nesta capital me-
nores em geral desprotegidos da fortuna, ou abandonados por degenerados proge-
nitores, desde a primeira infância se oecupam ern trabalhos nem sempre, c o m -
patíveis com as suas forças e saúde, para tomar providencias que de futuro efficaz-
mente garantam a vida desses infelizes, ordenei em 13 de março ao IriSpèctor
124

Geral de Hygiene que, auxiliado por médicos dn Inspectoria, informasse, medjante


os necessárias diligencias, sobre o numero cios menores empregados nas officinas
e fabricas, com as especificações dc nome, fllinçfio e idade, estado de saúde e
instrucção Ijtterario, condição dos paes, espécie e situação hygienica dos estabe-
lecimentos, tempo de duração e qualidade do trabalho, natureza e quantidade das
refeições, e installaçfio dos dormitórios, acerescentando o estes esclarecimentos
a proposta de proyidencias que em seu juizo assegurassem a protecçSo que deve o
Estado ó sqúde e vida dos que por sua fraqueza e ignorância nfio podem, nem as
sabem defender.
Em cumprimento desta ordem o Inspector Geral organisou o seguinte ques-
tionário:
1. » Em cada parochia, qual a populaçfio segundo o ultimo recenseamento ?
2. Quantas fabricas ou officinas possue o parochia ?
a

3. 3
Quol a populaçfio total em cada fabrica ou officina ?
4. Qual a população infantil de cada u m a ?
a

5. Si houver crianças de ambos os sexos, quantas de cada sexo em cada uma V


a

6 . Qual o nome, idade, filiação, naturalidade e condições de saúde de cada


a

criança ?
7. Quol o instrucção litteraria década uma f
a

8 . Ha escola na fabrica ou officina, ou se p írmitte ús crianças empregadas


a

a freqüência de escolas publicas ou particulares?


9. n
Essa freqüência tem logar de dia ou de noite?
10. Quaes as condições dos paes de cada criança?
1 1 . Quanto tempo tem de emprego cada criança na fabrica ou officina?
12. Quantas horas trabalha por d i a ?
13. Quantos dias na semana trabalha cada criança?
14. Que qualidade de trabalho incumbe a cada u m a ?
15. Em cada fabrica ou officina quantas crianças vencem retribuição pe-
cuniária ?
1 6 . Qual é essa retribuição?
17. Que contratos existem para o trabalho industrial das crianças?
1 8 . Quaes as fabricas ou officinas que fornecem alimentação ao pessoal i n -
fantil ?
1 9 . Qual a alimentação fornecida?
20. Quantas refeições diários c a que horas?
2 1 . Quaes as fabricas ou officinas que dão dormitório ú população infantil?
22. Quantas as horas regulamentorcs de somno ?
125

23. Em que condições hygienicas estão instaUados os dormitórios?


-.4. Quaes as fabricas ou officinas que possuem banheiros?
25. Quaes as que possuem enfermarias, e sob que regimen estas funccio-
nam t
26. Q mes as f.ibricas ou officinas que obrigam a trabalho nocturno ?
27. Quaes as que empregam crianças nesse trabalho?
28. Quantas horas dura para essas crianças o trabalho nocturno?
29. Qual a especialidade industrial de cada fabrica ou officina?
30. Quaes as matérias primas empregadas?
31. Quaes as que empregam machinas e quaes as machinas empregadas?
32. Quaes as condições de installaçao dessas machinas em relação ao t r a -
balho infantil?
33. Quaes os riscos e perigos dessas machinas e sua installação, em relação
ao pessoal da fabrica e seus v i s i n h o s ?
34. Qual a natureza dos resíduos de cada fabrica ou officina ?
35. Qual o destino final desses resíduos?
36. Qual a situação de cada fabrica ou officina na parochia, em relação á
circumvisinhança ?
37. Qual a superfície e cubagem de cada officina, sua ventilação e i l l u m i -
naçfio?
38. Qual a população effectiva de trabalho em cada officina ?
39. Quaes os meios de remoção de immundicies em cada fabrica ou officina
e s u a s condições hygienicas?
40. Qual o abastecimento d'agua em cada u m a ?
41. Quaes as condições hygienicas da distribuição interna da agua para os
diversos serviços fabris e individuaes?
42. Quaes as medidas de previdência estabelecidas em favor dos interesses
econômicos das crianças?
43. Sob que regimen são applicadas os quotas collectadas?
44. Qual o resultado da instituição dessas medidas de previdência em favor
da infância?
45. Quaes as fabricas e officinas que tem assistência médica, e q u a l a sua

natureza ?
46. Qual a morbididade com especificação nosologica e classificação por idade
e sexo, das crianças em cada fabrica ou officina ?
47. Qual a média da mortalidade annual na infância empregada na industria,
e s u a estatística?
126

48. Em que condições sfio inhumadas as crianças que succumbem nas fa-
bricas, e a expensas de quem ?
Após as chuvas que cahiram nesta cidade no; mez de março solicitei do M i n i s -
tério da A g r i c u l t u r a a expedição de ordem ás Repartições competentes afim de que
as oguas que em certos bairros costumam ficar estagnadas, sobretudo na Cidade
Nova, tivessem immediato escoamento, e recommendei á IUma. Câmara M u n i c i p a l
que providenciasse com a máxima urgência sobre o deseccamento dos terrenos
alagados.
Tendo declinado a epidemia em fim de março e sendo então de p r e s u m i r o
próximo) do estado normal da cidade, ;o que permittiria fú administração publica
cuidar com maior empenho no emprego das providencias attenuantes ou preser-
vativas de futuros acommettimentos, recommendei ao InspectorGeral de Hygiene
que mandasse por profissionaes de sua confiança, e sob sua direcção, e x a m i n a r
o serviço de águas e esgotos e as condições de estabelecimento dos hospitaes,
quartéis, collegios, hotéis, hospedarias, cortiços, casas de pensão e de d o r m i d a ,
afim de serem com a possível brevidade corrigidos os defeitos encontrados e obser-
vadas as prescripções da hygiene em todas ns indicadas habitações, as quaes devem
estar sujeitas a constante vigilância dos encarregados da saúde publica.
O abastecimento d'agua ás freguezias suburbanas era outra necessidade a que
convinha attender. A s s i m que, solicitei do Ministério da A g r i c u l t u r a a execução
de um plano geral de obras para não ficar privada de u m beneficio publico
de vantagens hygienicas tão consideráveis á população de taes freguezias, já hoje
muito habitadas.
Recommendei á Câmara Municipal que, para prevenir qualquer alteração do
estado sanitário, o qual tinha melhorado, prorogosse até o dia 15 de abril o prazo
da Postura de 11 de julho de 1873, que prohibiu ae exeavações nas ruas c praças
publicas.
No intuito de attender, dc acordo com as disposições vigentes c no l i m i t e dos
meios de que actualmenle dispõe o Governo, ao serviço de hygiene escolar no
município da Corte, expedi em £8 de março a seguinte Portaria :
« Sua Magestade o Imperador Ha por bem que para a execução da parte X I V
do art. 26 do Regulamento anncxo ao Decreto n. 9554 dc 3 de fevereiro de 1886 se
observe o seguinte:
A r t . l . ° A inspecção hygienica dos estabelecimentos públicos ou parlicuiares
de instrucção e educação será feita por uma commissao permanente.
§ 1.° Para esta commissao designará o Inspectoria Geral de Hygiene seis dos
seus a u x i l i a r e s ;
127

§ 2.° Os commissarios devem occupar-se exclusivamente com o serviço da


inspecçfio, e serfio substituídos dous em cada anno, não podendo o exercício effectivo
exceder do prazo dc tres annos.

Art. 2. 0
O município da Corte para os fins das presentes instrucções, fica dividido
em tres districtos, comprehendendo o primeiro as freguezias de Santo Antônio, San-
tíssimo Sacramento, Santa R i t a , Nossa Senhora da Candelária, S. José, Nossa Se-
nhora da Gloria, S. João Baptista da Lagoa de Rodrigo de Freitas e Nossa Senhora
da Conceiçõo da Gávea; o segundo, as de S o n f A n n a , Divino Espirito-Santo, S. Chris-
tovão. S. Francisco Xavier do Engenho Velho e Nossa Senhora da Conceição do E n -
genho N o v o ; e o terceiro, as de Nossa Senhora do Loreto de Jacarépaguá, S. Thiago
de Inhaúma, Nossa Senhora da Apresentação de Irajá, Nossa Senhora do Desterro de
Campo Grande, S. Salvador do Mundo de Guaratiba, Santa Cruz, Nossa Senhora da
Ajuda da ilha do Governador e Senhor B o m Jesus do Monte da ilha de Paqueta.
Paragrapho único. Em cada districto haverá dous commissarios, que entre si
repartam o serviço.
A r t . 3.° Incumbe aos c o m m i s s a r i o s :
§ 1.° Visitar, duas vezes por mez, as escolas publicas de instrucção p r i m a r i a e
uma, as particulares contratadas em conformidade do art. 57 do Regulamento
annexo ao Decreto n. 1331 A de 17 de fevereiro de 1854; e, sempre que for possível,
os demais estabelecimentos particulares de instrucção primaria e secundaria.
§ 2.° Dar parecer motivado sobre a salubridade do local e dos edifícios, antes
de adquiridos ou alugados para o serviço de instrucção e de educação.
§ 3.° E x a m i n a r , desde já, as condições do local e installação das escolas p u -
blicas de instrucção p r i m a r i a , e remetter á Secretaria de Estado dos Negócios do
Império, por intermédio de. Inspectoria Geral de Hygiene, o relatório c i r c u m s t a n -
ciado dos defeitos encontrados, suggerindo os meios de corrigil-os.
§ 4.° Aconselhar aos professores ou directores dos estabelecimentos visitados,
as providencias de fácil applicação, e convenientes á preservação da saúde dos
alumnos, e representar á Inspectoria Geral de Hygiene, quando desattendidos.
§ 5.° L e m b r a r ás autoridades competentes as prescripções hygienicas cuja
adopção exceda da competência ou dos recursos dos professores ou directores dos
estabelecimentos públicos.
§ 6.° A p p l i c a r aos estabelecimentos particulares as disposições do regulamento
de 3 de fevereiro de 1886, relativas á policia sanitária.
A r t . 4.° P a r a regularidade do serviço e maior proveitoda primeira visita, a I n -
spectoria Geral de Hygiene formulará o questionário em que se contenham os pontos
mais salientes da hygiene escolar.
128

A r t . 5.° A i n d a incumbe nos commissarios em v i s i t a :


1. ° l'azer o relatório do estado de saúde dos alumnos, acomponhndo do boletim
especial de coda u m .
2. » propor a exclusão do alumno que soffrer de moléstia transmissível.
3. ° Indicar as moléstias que se devam attribuir ás más condições do installaçao
escolar.
Aconselhar o tratamento medico dos alumnos enfermos a seus pois ou
protectores, por intermédio dos professores.
5.° Revaccinar os alumnos no tempo e pelo rnodo adoptado pela inspectoria
G e r a l de Hygiene.
G.° Solicitar* após escrupulosa syndiconcia da Inspectoria Geral de Hygiene,
a assistência publica em favor dos olumno9 que por falta de recursos n8o possam ter
em seus domicílios conveniente tratamento.
A r t : 6 ° O commissario remetíerá ao Inspector Geral de Hygiene o relatório
4

dentro do prazo improrogavel dos tres dias posteriores ao da visita» contendo;


1. ° As respostas ao questionário formulado pela Inspectoria Geral de Hygiene.
2. ° A relação nominal da freqüência verificada pelo próprio c o m m i s s a r i o .
3. ° Menção das providencias hygienicas indicadas pelo commissario e realisadas
pelo professor ou director e das lembradas em virtude do artj 3 , § 5.° o

Paragropho único. A este relatório serSo annexados o do n. I do art. 5 e as


o o

indicações do n. 3.°
A r t . 7.° Os demais actos não comprehendidos no artigo antecedente, os c o m -
missarios praticarão attendendo aos casos occurrentes, e solicitando directamente
as providencias das autoridades competentes.
A r t . 8.° O questionário formulado especialmente pela Inspectoria G e r a l de H y -
giene para a primeira inspecção servirá de norma ao exame do art. 3 § 2 e ao da o o

installaçao das escolas e casas de educação, que de futuro se estabelecerem.


A r t . 9.° Os vencimentos que os commissarios percebem como delegados da I n -
spectoria Geral de Hygiene serão repartidos em tontas quotas quantas visitas que por
estas instrucções devem fazer.
Na folha especial do pagamento será declarado o numero verificado de visitas e
o s o m m a correspondente.
A r t . 10. No Imperial Collegio de Pedro II. no Instituto dos Surdos-Mudos, no
de Meninos Cegos, e no A s y l o de Meninos Desvalidos, a inspecção hygienica será
feita pelo médico do respectivo estabelecimento conforme está determinado nas pre-
sentes instrucções e sujeitos nesta parte do serviço á direcção do Inspectoria Geral
de Hygiene.
129

Parographo único. Si á Inspectoria Geral de Hygiene parecer conveniente, poderá,


solicitando autorisação do Ministro, commissionar um de seus auxiliares para pro-
ceder á inspecção de algum ou de todos estes estabelecimentos.
A r t . 11. A Inspectoria Geral de Hygiene requisitará do Ministro a subdivisão
dos districtos e augmento do numero dos commissarios, si a s s i m o exigir a affluen-
cia do trabalho.
A r t . 12. Os relatórios dos commissarios com o parecer do Inspector Geral
deveráo ser publicados no Diário Official e sobre elles será ouvido o Inspector Geral
da instrucçflo p r i m a r i a e secundaria do Município da Corte.
Palácio do R i o de Janeiro, em 23 de março de 1883.— A. Ferreira Vianna.»
No aviso que para execução deste acto d i r i g i ao Inspector Geral de Hygiene,
recommendei-lhe, conforme já tive oceasião de dizer no artigo sobre —Instrucção
Primaria — que me apresentasse o plano de edificação e as condições de installaçao
de um hospital destinado ás crianças.
Em cumprimento do referido acto o Inspector Geral formulou o questionário
seguinte:
1. Qual a população do districto pelo ultimo recenseamento 1
a

2. Quantas escolas publicas de instrucção primaria possue o districto ?


a

3. Quantas contratadas de acordo com o art. 57 do Regulamento a n n e x o a o


tt

Decreto n. 1331 A de 17 de fevereiro de 1854?


4. Qual a população total das escolas primarias do districto ?
Q

5. Qual a população da escola qualificada por sexo e idade?


a

6. Qual a freqüência effectiva da escola na quinzena, quanto a um e outro sexo ?


a

7. Onde se acha situada no districto?


a

8. Quaes as que são mixtas ?


a

9. Quaes as condições locaes da escola em relação á s u a situação topographica,


a

a circumvisinhança habitada e a distancia em que se acha da escola m a i s próxima


no mesmo districto ?

10. Qual a installaçao domiciliaria da escola em relação á sua freqüência

habitual ?
11. Quantas solas possue a escola e qual a configuração de cada u m a ?
12. Quaes a superfície e a cubagem de cada sala ?
13. Qual o espaço m i n i m o em superfície e em volume de ar concedido a cada

alumno em cada sala ?


14. Qual a população máxima effectiva de cada sala ?
15. Qual a orientação de cada uma ?
16. Quantas Janellas possue e como 9fio distribuídas t
tMP. 17
130

17. Qual a superfície total de illuminaçôo que produzem em cada sala as j a n e l -

las respectivas ?
18. A qi:e distancia fica cada janella do forro e do sonlho ?
19. Qual o espaço dos trenios ?
20. Qual o s y s t e m a de abertura das janellas ? •
21. Possue venezianas, reposteiros, cortinas ou transparentes e podem p e r m a -
necer constantemente abertas, ainda chovendo ?
22. Si houver necessidade de fechar as janellas por excesso de vento, ou ae
chuva, qual o meio de ventilação supplementar em cada sala ?
23. Em cada classe em que proporções se acham as superfícies de contaminação
e de saneamento?
24. Qual a mobília de cada classe ?
25. A que typo escolar pertence ?
26. E ' uniforme a mobília da classe?
27. Na negativa, quantos typos clássicos encerra ?
28. Quaes a distancia e a clijferença entre o bancoe a mesa, a inclinação da
mesa e as larguras do banco e da mesa ?
29. Qual a fôrma de assento e a do encosto dos bancos ?
30. Quantos alumnos se assentam em cada banco-carteira ?
31. Possue a escola bancos moveis isolados das mesas e sem encosto ?
32. Qual a illuminação natural das mesas de leitura e escripta?
33. Ha uniformidade na distribuição da luz por todas as mesas da c l a s s e ?
34. E ' fácil e completa a vigilância do mestre sobre todas as mesas e bancos da
classe ?
35. Qual a distancia em que em relação á ultima bancada de alumnos se acha
o mestre ?
36. Qual a distancia em que se acham os alumnos da ultima bancada em
relação á pedra, ás estampas e modelos de demonstração?
37. Estão bem illuminados esses objectos e collocados de modo que permittam
a visão distincta de todos os alumnos, sem deslocamentos de posição, incurvações do
corpo, ou esforços de accommodação ocular?
38. Qual o tempo de duração de cada classe ?
39. Qual a duração total das classes em cada dia ?
40. Em quantos dias da semana funccionum regularmente as classes ?
41. Ha uniformidade na duração das classes para todos os alumnos da escola ?
42. Quanto tempo de recreio gosam os alumnos ?
43. O recreio é continuo durante todo esse tempo ou é intermiltente; e q u a l a
intermittencia em relação á duração das classes ?
131

44. A duraçõo e ns épocas do recreio são uniformes na escola para todos os


alumnos ?
45. Em que locaes se effectuam esses recreios ?
46. Como se acham elles insinuados c sob que regimen de vigilância funccionam ?
47. Todos os alumnos gozam promiscua mente do recreio no mesmo local ?
48. Ha locaes abrigados para recreios durante a chuva e durante as horas do
grande ardor do s o l ?
49. Qual a superfície na escola do recreio, em relaçfio ao numero de alumnos
que a freqüentam ?
50. Que exercícios e que jogos são permittidos aos alumnos nos recreios?
51. Ha ensino regular de gymnastica?
52. Nas escolas que funccionam á noite, qual o systema de illuminação artificial
empregado ?
53. A que distancia dos alumnos ficam os focos luminosos e em que direcção ?
54. Quaes os meios de preservar os alumnos dos inconvenientes respiratórios
dos productos de combustão desses focos?
55. Possue a escola vestiário ?
56. Possue lavatorios, quantos e em que condições funccionam ?
57. Quaes os meios de remoção de immundicies de que dispõe a escola?
58. Quantas latrinas possue e em que condições sanitárias de installaçao se
mantêm ?
59. Qual o regimen de freqüência e de fiscalisaçSo dos alumnos quevfioás
latrinas e mictorios?
60. Em que condições hygienicas se acham o abastecimento e a distribuição
d'agua potável na escola ?
61. Quaes as medidas de previdência infantil que a escola possue?
62. Sob que regimen são applicadas ns quotas collectadas?
63. Qual o resultado que essa instituição econômica tem produzido na escola?
64. Qual a assistência médica de que dispõe ou pode dispor a escola ?
65. Qual o regimen de vigilância sanitária que possue a escola ?
66. Qual o meio de conhecer as moléstias transmissíveis para seqüestrar os
a lumnos acom mettidos ?
67. A quantas sessões de inspecção sanitária são mensalmente sujeitos os

alumnos na escola ?
68. Nessas sessões, quaes os pontos do organismo inspeceionados?
6 i . Que noções de prophylaxia escolar preoccupam a attençfio dos mestres?
70. Qual omethodo de ensino seguido?
71. Qual a pesquiza unthropometrica empregada ?
72. Que resultado fornece quinzenalmcnte sua applicação aos alumnos ?
73. Qual a salubridade absoluta da escola ?
74. Qual a salubridade relativa?
75. Qual a morbididade da escola, sua natureza, duração c terminação?
76. Houve moléstias propagadas na escola ?
77. Qual a mortalidade durante a quinzena e qual a influencia que sobre ella
possa ter o convívio escolar em cada caso mortal?
78. Qual o estado de robustez physica dos a l u m n o s e a que causas se pôde
attribuir o enfraquecimento orgânico que for observado?
79. Quaes os alumnos na escola que precisam de assistência publica 1
80. Quaes as moléstias e as circumstancias que a reclamam ?
Ao grande infortúnio do alienação mental deve o Estado particular protecção,
já auxiliando o estabelecimento e manutenção de hospícios em que os alienados
sejam recolhidos, já exercendo inspecção continua e idônea sobre o modo de trata-
mento, já finalmente garantindo as suas pessoas e bens contra os próprios excessos
e a cruel avidez de degenerados parentes ou de fingidos protectores; e, por ser urgente
melhorar este importante ramo de assistência publica, recommendei em 2 de a b r i l
ao Inspector Geral ordenasse aos Inspeclores de Hygiene e Delegados de provincia
que, depois de visitarem os hospícios, casos de soúde ou prisões em que existam alie-
nados em tratamento ou reclusos, respondessem ao questionário seguinte, desempe-
nhando esta commissao no município da Corte um dos auxiliares da Inspectoria :

1. Quantos estabelecimentos para alienados existem nessa provincia ; quantos


a

públicos e quantos particulares ?


2. » Em que data foram fundados uns e outros ?
3. Quantos alienados existem actualmente recolhidos a taes estabelecimentos ?
a

4. " Quantos têm sido nelles tratados desde a sua fundação ?


5. " Quantos s a h i r a m curados, melhorados ou mortos ?
6. " Dos que existem actualmente, quantos foram recolhidos em virtude de inter-
dicção judiciaria ?
7. Quantos foram seqüestrados á requisição de pessoas da família, quantos
a

por pedido de pessoas estranhas e q u a l o processo observado nestes casos ?


8. Quaes os motivos allegados para sequeslração ?
a

9. Quantos existem recolhidos por ordem da autoridade policial e qual o p r o -


a

cesso observado neste caso ?


10. Dos que existem actualmente, quantos entraram com altestado módico c o n -
flrmativo da loucura ?
133

11. Quantossüo indigentes?


12. Qual o modo de se prover a despeza daquelles que us famiiias nfio podem
manter ?
13. A importância dessa despeza por mez ou por anno ?
•14. A natureza da receita destinada a despeza ?
15. O numero de pensionistas mantidos por particulares ?
16. O preço dos pensões por mez ou por anno ?
17. Os estabelecimentos dos alienados süo visitados pela autorid.ide publica ou
commissões de caridade, quantas vezes por anno ou mez e em virtude de que l e i ,
ordem ou compromisso ?
18. Ha queixas e abusos e quaes os verificados ; si foram reprimidos e por
que modo ?
19. Como administrativa e medicamente são trotados os alienados, e os melhora
mentos que devem ser adoptados a este respeito ?
20. Haveria vantagem em substituir por públicos os estabelecimentos p a r t i -
culares, e q u a l ?
21. Qual a idade, naturalidade, estado, profissão dos alienados?
22. Quaes as condições hygienicas de cada estabelecimento em relação á l o c a -
lidade e installaçao. Declaração da cidade ou v i l l a em que está situado cada um
dos estabelecimentos, do titulo por que é conhecido, da instituição que o
mantém, do nome do proprietário e do director responsável pelo tratamento de
alienados?
23. Quantos alienados tèm sido submettidos a tratamento psychiatrico e
quantos são considerados incuráveis e estão incluídos na classe dos simples
asylados ?
24. Quaes os médicos dos estabelecimentos, como são nomeados, qual o respe-
ctivo tempo de serviço nos mesmos estabelecimentos e a importância de seus hono-
rários por mez ou por anno ?
25. Existem além dos médicos de visita, outros internos ; como são nomeados
e q u a l a sua retribuição ?
26. O serviço das enfermarias está a cargo de irmãs de caridade ou de enfer-
meiros mercenários; como são nomeados e qual o seu salário mensal ou por
anno ?

27. E x i s t e m nos estabelecimentos classes distinctas para os alienados e

quaes ?
28. Qual o systema de reclusão para os furiosos ?
29. Como são construídas as casas-fortes ?
134

30. Quaes os outros meios de contensão empregados ?


31. Quantos alienados têm residência permanente nas casas-fortes ?
32. Qual o trabalho dos alienados nesses estabelecimentos, o salário diário, a
q em entregue e a s u a applicação ?
33. Ha enfermarias isoladas para tratamento dos alienados acommetlidos de
moléstia transmissivel V
34. Quaes as fôrmas psychiatricas mais communs ?
33. Quantos loucos de nascimento existem recolhidos ?
36. Quantos loucos criminosos, e por que crimes ?
37. A loucura antecedeu ao crime ou foi subsequente, ou o crime foi a p r i -
meira manifestação da loucura; em quantos casos e quaes?
38. Ha documentos ou provas de hereditariedade em relação aos loucos c r i m i -
nosos ?
39. No caso negativo, a que circumstancia provável ou certa é attribuivel a
loucura ?
40. Quantos loucos foram transferidos das prisões para os estabelecimentos
especiaes ?
4 1 . Caso não haja estabelecimentos especiaes, quantos loucos existem nas
prisões ?
42. Por que motivo esses loucos se acham p r e s o s : por serem loucos ou por
serem criminosos?
43. Caso se achem presos alguns por serem loucos, quem ordenou a prisão,
a requerimento de quem, e qual o fundamento da ordem ?
44. A* disposição de quem se achom os loucos presos e desde quando?
45. Consta a intervenção da autoridade judiciaria para a averiguação da l o u -
cura dos loucos presos ?
46. Cansta a existência, nas cadeias, de loucos, seqüestrados por motivos de
l o u c u r a ; são visitados e medicados ?
47. Qual o processo observado para sahir o doente curado ou não do es-
tabelecimento?
Como é notório, os terrenos do antigo Matadouro foram conquistados ao
mangue com aterros em que mais avultava o l i x o e varreduras da cidade ; dahi
serem m a l apreciados, e suspeitos de insalubres. Sendo indicado entre os meios mais
econômicos e seguros de saneomento o da arborisação, i n c u m b i , por A v i s o do I de
o

março, o D r . Augusto F. Maria G l a z i o u . d e apresentar a este Ministério o plano


e orçamento de arborisação uão só nos ditos terrenos, como nos logares onde m a i s
urgente lhe parecesse esta providencia.
135

Em resposta recebi do D r . Glaziou o seguinte offlcio:

« M m . e E x m . Sr. — Respondendo ao honroso offlcio que V. E x . se dignou m a n -


dar-me em I do corrente mez de março, eis, a meu ver, o modo prático e mais eco-
o

nômico para arborisar o terreno do antigo Matadouro: crear immediatamente, como


fiz desde os primeiros dias que o Governo Imperial me incumbiu do ojardinamento
do Campo da Acclnmação, um bom viveiro pura o preparo dos vegetaes de alto e
rápido crescimento cujo caracter conviesse á natureza do terreno artificial do dito
Matadouro.- Dado este passo, um anno depois se principiaria a plantação definitiva,
que se terminaria no fim do terceiro a n n o ; então toda a área infecta se acharia
seguramente coberta dos milhares de vegetaes já preparados para este fim dire-
ctamente por conta do Estado, visto que nos j a r d i n s dos negociantes de plantas
desta Corte nada ou quasi nada póde-se achar para tamanha plantação e ainda o
pouquíssimo que se acha custaria demasiadamente caro, sem preencher convenien-
temente os desejos de V. E x .
Em 1ST3, o Ministério do Império, hoje a c i r g o d e V. E x . , solicitou e obteve da
Casa Imperial licença para utilisar na Imperial Quinta da Boa Vista em S. C h r i s -
tovão, cm favor do ajardinamento do Campo da Acclamação, um pequeno terreno
que lá se acho quasi inculto e que possue agua e sombra, condições indispensáveis
n'um viveiro de plantas. O mesmo logar, durante dois ou tres annos, prestaria
igual serviço para a plantação dos terrenos dependentes do antigo Matadouro e
pouparia ao Estado muitos e muitos contos de réis, dando-lhe neste caso segurança
absoluta de bom êxito. V. E x . , requerendo ao E x m . Sr. Visconde de Nogueira da
G a m a , digníssimo Mordomo da Casa Imperial, estou persuadido que elle não se ne-
garia a prestar esta ajuda ao serviço publico; assim como o Ministério da A g r i c u l -
tura, me permiltindo usar, sem nada prejudicar, d a s florestas e jardins públicos do
Estado para coadjuvar tão útil arborisação a favor da saúde do povo.

Quanto á despeza, avalio-a eu do modo seguinte :

1 jardineiro-chefe a 2005000 por mez 2:400$000


1 escripturario a 90$000 por mez 1:080$000
5 trabalhadores a 70$000 por mez 4:200$000
Vasos e cestinhos, annualmente :>:000$000
Utensílios, etc 1:200$000

Total da despeza do primeiro anno • 10:8$0$000


13G

Augmenlo de cinco trabalhadores nos dous últimos


para effeituor o plantio geral 8:4O0$0OO

Total da despeza completa dos tres annos 41:040$000

Deus Guarde a V . E x . — M m . e E x m . S r . Conselheiro Antônio Ferreira V i a n n a ,


Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império.
R i o de Janeiro, 1G de março de 1839.— .4. Glaziou.»

Ouvida a semelhante respeito, a Inspectoria Geral de Hygiene prestou-me a


seguinte informação:
« Rio de Janeiro, 23 de abril de 1889.— I l l m . e E x m . S r . — T e n d o ordenado
V. E x . que esta Inspectoria prestasse informações sobre o officio de 16 de março do
S r . A. Glaziou, em resposta ao Aviso de V. E x . do I do mesmo mez, relativamente
o

á arborisação dos terrenos do antigo Matadouro, e convindo, no maior interesse da


saúde publica, levar a effeito o plantio regular e methodico das ruas e praças desta
capital, mediante cuidadosa selecção das espécies que melhor se prestem ao fim
complexo a que se destinam, pareceu-me de grande utilidade ouvir a respeito
a abalisada opinião do emérito professor de botânica da nossa Faculdade, o
S r . D r . João Joaquim Pizarro, que, com a solicitude habitual, apressou-se em r e s -
ponder á carta que lhe dirigi com outra, cujos dizeres tenho a honra de enviar por
cópia a v . E x . , afigurando-se-me v i r cila esclarecer de modo completo o assumpto,
um dos que mais intimamente se prendem ás grandes conveniências sanitárias da
população desta Corte, para que V. E x . resolva como m a i s acertado parecer.
Quanto á vantagem de, desde já, crear-se um viveiro das plantas preferidas para
a arborisação, segundo propõe o S r . Glaziou no citado officio, julgo ser indispensável
e do maior alcance prático e econômico o alvitre süggerido, nada podendo, entre-
tanto, informar a V. E x . sobre o orçamento apresentado, principalmente si houve-
rem de ser cultivadas as espécies propostas pelo D r . P i z a r r o .
Deus Guarde a V. E x . — I l l m . e E x m . Sr. Conselheiro Antônio Ferreira
Vianna, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império.—.0 Inspector
Geral, B. A. da Rocha Faria.»

E i s a carta que ao Inspector Geral d i r i g i u o D r . Pizarro :


o I l l m . S r . professor D r . Benjamin Antônio da Rocha F a r i a .
M e u prezado collega e amigo. Tenho a maior satisfação em dar ampla resposta
á delicada carta que V . me d i r i g i u , em muito estimando que possa ella, em seus
h u m i l d e s conceitos, contribuir um poucochinho em favor do espinhoso encargo que
lhe pesa aos h o m b r o s n a qualidade de Inspector Geral de Hygiene Publicai
137

U m a cidade, como a do R i o de Janeiro, que, por motivo topographico, ê um


verdadeiro pântano de ar estagnado, requer instantemente os m a i s desvelados
cuidados do hygienista, afim de que a vicinçao natural da sua ntmosphera seja
corrigida por meios geraes que, compensando a grande ventilação de que tanto carece
e moderando-lhe o prolongado estio, lhe dêem ao menos provimento bastante de
oxygeneo para os gastos imprescindíveis de suo população.
O plantio regular e methodico de arvores frondosas, além de salutar effeito
esthetico, satisfaz em parte a este grande desideratum, beneficiando-se ao mesmo
tempo o solo no quantidade d'agua que constantemente delle exhaurem como p r i n -
cipal fonte de sua receita alimentar.
Affirma a sciencia que a transpiraçâo dos vegetaes, isto é, a exhalaçao de vapor
d'agua qi.e se faz por toda a sua superfície e particularmente pelas folhas, é regulada
pela absorpçüo operada nas raízes.
Ha plantas que lançam áatmosphera ambiente quantidade considerável de vapor
d'agua ; a s s i m é que, por exemplo: um m i l h a r a l na extensão de um hectare, tendo
em touceira 30 plantas por metro quadrado, espalha no ar da circumvisinhança, em
10 horas do d i a , cerca de 36.000 küos d'agua.
Um hectare plantado de couves, espaçadas de 1/2 metro, desprende, em 12 horas,
20.000 k i l o s .
U m a grande arvore de nossas florestas, contendo approximadamente 700.000
folhas, pôde transpirar, em seis mezes, cerca de 120.000 kilos de vapor d'agua.
Em vista destes dados experimentaes, queattestam a physiologia vegetal, póde-se
fazer idéa de qu3o elevada é a cifra do vapor d'agua lançada diariamente á atmos-
phera pelas nossas florestas e terrenos cultivados.
Como estes, outros muitos exemplos poderia aqui ainda consignar em argu-
mento confirmativo da enorme exhalaçao aquosa operada na superfície das folhas,
o que, constituindo grande despeza, exige em correlato funecionalismo ainda maior
receita d'agua, haurida do sólo em que embebem as plantas as suas raízes.
Ora, si tal effeito é bem conhecido, logicamente se deprehende que a planta é o
melhor beneficiador do sólo, no sentido de prival-o das grandes massas d*agua que
por elle se infiltram.
Ultimamente muito se tem fallado em um extenso lençol d'agua que, em varias
profundidades, banha o sub-sólo desta capital; affirma-se também que é [de urgente
necessidade seccar as regiões banhadas por tfio grande massa aquosa.
Concordo que, em certa profundidade, o sub-sólo, infiltrado d'agua, se possa
constituir com o calor da superfície, que até elle chega, vasto repositório de
matéria fermentescivel em que poderão proliferar alluviões de micro-organismos
IMP. 13
138

talvez infectuosose nocivos. Quando porém as aguos se infiltram em regiões p r o -


fundas, e basta que seja a m a i s de dois metros, nfio ô crivei que taes zonas privadas
do calor solar, que até lá nfio pôde ir, se tornem terrenos productores de agentes
vivos, que germinem moléstias.
Ora como os vegetaes, que enraizam em larga superfície, tôm a propriedade de
absorver por sua vasta rede pilifera grandes massas d'agua, entendo que cada planta
é por si a bomba m a i s engenhosamente construída, a que se pôde commetter o e n -
cargo de seccar o sólo; faz serviço constante; trabalha por conta própria e para seu
sustento, sem que jamais por cansaço ou imprestabilidade se venha a esgotar em
seu continuo e afanoso l a b o r .
Quando mesmo não muito aprofundem as raizes, e diminuída vai ficando a
quantidade d'agua na zona em que ramificam, porcapillaridade lhe vão de continuo
chegando á rede absorvente as massas líquidas das regiões subjacentes; além de
que, com a seccura relativa do terreno em que assentam, as plantas por seu h y d r o -
tropismo vencem a lei geral do geotropismo positivo, o que quer dizer que a raiz
tem a propriedade electiva de ir em busca da agua de que carece, subtrahindo-se,
em certos limites, á lei fatal da gravitação geotropica.
Accrcsce ainda a estas considerações a noção bioíogica experimentalmente
confirmada, de que a transpiração vegetal cresce em intensidade com o activo exer-
cício da funcção chlorophyllica, o que eqüivale a assegurar-se q u e , m u i t o
intensa durante o d i a , é fraquissima ou quasi nulla a exhalaçao aquosa durante
a noite.
Augmentando também com a elevação de temperatura, na dependência do
estado hygrometrico, a transpiração pelas folhas m a i s se activa durante o verão, o
que traz como conseqüência n a t u r a l a frescura da atmosphera e accrescimo
de vapor d'agua, que forçosamente contribuirá para a m i u d a r as chuvas, que já vão
escasseando nesta cidade, nos tres primeiros mezes do anno, quando outr'ora eram
abundantes e até proverbiaes.
As m a t l a s c i r c u m v i s i n h a s não h a v i a m sido abatidas, e a própria cidade, nesses
tempos, não se achava tão núa nem tão privada dos elementos, que m a i s facilmente
a podem sanear.
Um outro effeito a considerar, e de que são os vegetaes o único productor
activo, refere-se ás conseqüências da chamada funcção chlorophyllica.
A matéria corante verde das plantas, sujeita á radiação incidente da luz e calor
emanados do sol, determina a reducção do gaz carbônico da atmosphera, fixando o
carbono e exhalando o oxygeneo. A i n d a que haja folhas, que a luz diflusa ou
m e s m o a sombra operem tão benéfica reducção, esta funcção m a i s activãmente se
139

desempenha á grande luz, quando banhada a superfície verde do caule, ramos e


folhas por ondas l u m i n o s a s de grande intensidade.
Nestas condições physicas se acha a cidade do R i o de Janeiro; portanto é acer-
tado dizer-se que tal conversõo do gaz maléfico em substancia viviflcante por excel-
lencia a q u i se faz com extraordinária actividade.
Cada folha bem illuminada e regularmente aquecida é um pequeno laboratório,
em que constantemente se está a produzir o oxygeneo, o gaz indispensável á respi-
ração de todo o ser v i v o .
Na concurrencia, porem, que cada a n i m a l faz aos seus congêneres em busca do
oxygeneo necessário para o acto respiratório, torna-se considerável o consumo deste
precioso g a z ; é portanto forçosamente preciso que se multipliquem as fontes produ-
ctoras de tSo procurado elemento, para que a cada um toque o qulnhfio de que carece.
Por tão premente motivo 6 claro que a população condensada de u m a cidade
deve p r o c u r a r rodear-se dos seus naturaes protectores.
Homens e animaes tornar-se-ão orphâos desvalidos quando se não abrigarem
á s o m b r a das arvores que lhe fornecem o pabulum vitce.
M a i s inda se torna imperiosa a approximação sympathica das grandes arvores
quanto ê sabido que, nos climas quentes, a rarefacção do ar em muito diminue a
quantidade de gaz respiravel, do elemento essencialmente nutritivo.
Em taes condições de urgentíssima indispensabilidade são também as plantas,
verdadeiros laboratórios da synthese, em que se fabrica, na phrase deHuxley, a
h c a v e p h y s i c a da v i d a .
Em vista de taes e tantos prestimos, causa realmente estranheza que os h a b i -
tantes de u m a cidade, já tão adeantada como a nossa, só se l e m b r e m d a s plantas que
lhes podem ser directamente úteis como alimentos, como productos industriaes e
medicamentosos, ou quando muito como objectos de adorno, sem que jamais re-
flictam que são ellas a m a i s inesgotável m i n a a explorar em beneficio de s u a saúde
e vigor physico que, como é sabido, só é possível com bom arejamento pulmonar.
Destes meus alongados dizeres conclue-se que o plantio de arvores em u m a
cidade tropical, em que tão intenso se faz sentir o rigor do estio, tem a tríplice v a n -
tagem de seccar o solo, moderar a temperatura e activar a producçSo do oxygeneo,
agente indispensável para as combustões orgânicas e portanto p a r a a manutenção
da vido h u m a n a .
Quanto ao modo prático de se executar tão premente medida hygienk», é muito
pouco o que lhe poderei dizer em synthese, mas que julgo suficiente para orientar o
serviço no sentido de melhor e mais promptamente corresponder aos Intuitos be-
néficos, que delle se querem auferir. \
140

Nas praças, parques e Jardins desta cidade se devem plantar arvores de raizes
fasciculadas, de caule ramificado e bem folhoso, de folhas persistentes, corlaceas ou
membrano-coriaceas e intensamente coradas de verde.
A intensidade da pigmentução chlorophyllica das folhas importa directomente á
producçüo de grandes quantidades de oxygeneo.
A consistência na textura do limbo satisfaz a necessidade da transpiração, m a s
representa pequena quantidade d'agua de evaporação.
A sua persistência aproveita em funcção de tempo á necessidade do oxygeneo
de que tanto se carece nos prolongados verões.
O grande numero de folhas augmenta consideravelmente a superfície da exha-
laçao aquosa e do gaz respiravel.
Finalmente as raizes de systema fasciculado tem a vantagem de seccar o sólo a
grandes distancias do seu ponto de inserção.
Cumpre notar que, nas ruas pouco largas, devem ser preferidas arvores de raizes
pouco ramificadas ou de systema perpendicular, porque vão ellas a grandes pro-
fundidades e não prejudicam os alicerces das habitações nem o empedrado d a s
ruas.
E ' ocioso dizer que, em vista da educação ainda muito viciada de nossos p a -
trícios, não se devem arborisaros logradouros públicos com plantas de fructos comes-
tíveis ; porque então nada mais natural do que se aconselhar o plantio de m a n -
gueiras e outras arvores de fructos saborosos, que igualmente satisfazem aos fins
utilitários acima apontados.
P o r não haver em nosso paiz trabalhos regulares de biologia experimental,
não lhe poderei especificadamente individuar as arvores de nossas florestas que
m a i s directamente podem servir aos intuitos hygienicos; entretanto empiricamente
apontarei algumas, que considero muito aproveitáveis para o caso, taes s ã o : o
Ficus benjamitia, o Ficus religiosa, a Johanesia princeps, as nossas Enjtrinas,
vários Lccyt/iis, algumas Siphonias, as grandes Ba/nbusas, e muitas outras de longa
duração ainda q u e d e lento crescimento.
Nos grandes parques devem-se formar verdadeiros bosques, em que as plantas,
travando lucta pela vida, vençam u m a s ás outras, ainda que sempre auxiliadas pela
mão intelligente do h o m e m .
O recôncavo da nossa bahia em que as marés baixas deixam a descoberto
grandes extensões de verdadeiro lodaçal, deve ser u m a das p r i m e i r a s zonas a ar-
b o r i s a r ; e, quando se não possa fazel-o desde já, é preciso acceitar sem restricções
o inestimável conselho do nosso intelligente patrício Caldeira, no que respeita ao
corte das plantas de mangue.
141

A arborisação completa de u m a cidade, extensa como a nossa, não é obra para


d i a s ; das arvores que se plantarem agora nfio se ha de tirar proveito rápido e i m -
m e d i a t o ; mas attestarfio ellas em tempo não muito remoto o trabalho m a i s fecundo
realisado a b e m da salubridade desta capital.
M e u presado collega, a s u a vigorosa intelligencia, a grande actividade de que
tem dado provas e o seu entranhado zelo pela causn publica podem assegurar aos
habitantes desta bella cidade o maior beneficio, que dos homens de sciencia têm
elles o direito de e x i g i r .
Prevejo que de futuro, o seu nome, já bem reputado, será ainda m a i s considerado
por todos quantos tiverem a ventura de gozar dos maravilhosos effeitos que a sua
autoridade sanitária lhes vae antecipadamente assegurando.
Mãos á obra, m e u collega, pois que m a i s meritoria não ha empreza a que o e n -
genho h u m a n o possa dar impulso e desassombradamente executar.
Como sempre, ainda u m a vez me subscrevo.—Seu collego e amigo — João
Joaquim Pizarro.
R i o de Janeiro em 18 de a b r i l de 1889. »
Com estes esclarecimentos promoverei o importante melhoramento da orbori-
saçáo da cidade, aguardando, para dar-lhe o conveniente impulso, que o D r . Glaziou
regresse de sua viagem á E u r o p a .
A 23 de fevereiro solicitei do Ministério de Estrangeiros a expedição de ordem
p a r a que fosse confiado a a l g u m dos nossos Ministros acreditados nas principaes
cortes da E u r o p a o encargo de entrar em ajuste com um engenheiro sanitário, de
provada experiência e reconhecida autoridade scientifica, que venha a esta capital
propor, d i r i g i r e executar trabalhos de s u a iniciativa.
A L e i n. 3393 de 2í de novembro de 1888, no a r t . 2°, n . I I , autorisou o Governo a
m a n d a r executar os melhoramentos da cidade do R i o de Janeiro, na parte relativa
á lagoa de R o d r i g o de Freitas, de acordo com os planos e orçamentos apresentados
pela commissao de saneamento sob a direcção do Engenheiro J. J. Revy, mediante
empreza ou companhia que para tal fim s e o r g a n i s a r , á qual poderá conceder, em
concurrencia publica, diversos favores na m e s m a lei especificados.
Cabendo ao Ministério da Agricultura promover a execução das mencionadas
obras, não só por se acharem a seu cargo, em virtude do disposto no paragrapho
único do art. 2 da L e i n. 2792 de 20 de oitubro de 1877, os serviços de esgota-
o

mento, deseccamenlo e aterro de pântanos, reparo e conservação de vallas, r i o s e


córregos de águas correntes, como pela circumstancia de comprehender-se entre
os alludidos favores, a concessão de privilégios para construcção, uso e gozo de
u m a linha férrea suspensa entre a cidade e novo bairro da lagoa de Rodrigo de
142

Freitas, matéria que, segundo foi resolvido pela Portaria n. 171 do 9 de maio de
1873, sobre parecer das Secções reunidas do Império e Justiça do Conselho de E9tado,
é da e x c l u s i v a competência daquelle Ministério, transmitti-lhe, em 4 de a b r i l , os
planos e orçamentos organisados pela referida commissao e todos os m a i s papeis
atllncntes ao assumpto.
Ao Ministério dos Negócios a meu cargo foram apresentados vários r e q u e r i -
mentos em que se solicitavam os favores constantes do Decreto Legislativo n. 3151
de 9 de dezembro de 1882, combinado com a disposição do paragrapho único
do art. 2 o
da L e i n. 3349 de 20 de oitubro de 1887, afim de construirem-se h a -
bitações para operários eclasses pobres.
Na falta de elementos indispensáveis que habilitassem o Governo a formar
opinião segura sobre a matéria, por sua natureza muito complexa, julguei conve-
niente não deferir desde logo a pretenção, aguardando o resultado do estudo
systematico que deverá ser feito pela Inspectoria Geral de Hygiene, em c u m p r i -
mento das determinações de que adeante tratarei.
O problema da pobreza em todos os tempos, e particularmente no nosso século,
é muito difficil, sinfio i n s o l u v e l ; e para altenuar o rigor dos desafortunados tem-se
recorrido a palliativos, e nada m a i s . Entretanto, a consciência christfi no Brazil,
como nos paizes europeus c nos Estados-Unidos da A m e r i c a , mostra-se c o m m o -
vida e até inquieta com o crescente pauperismo das classes operárias, cujo salário,
em geral, apenas chega para viver m a l , e muitas vezes para tanto não basta. A '
sombra da idéa generosa de protecçáo a esta classe, embora movidos por outros
intuitos m a i s práticos, alguns proprietários de officinas importantes construíram
para seus operários, junto dellas, casas commodas e hygienicas e de baixo aluguel,
do que é exemplo m a i s notável o fundidor K r u p p em E s s e n .
As vantagens que taes proprietários tôm colhido no tocante á producção dos
seus estabelecimentos süo muito diversas das que podem prometter os concessio-
nários ou requerentes aos capitalistas a quem tenham de recorrer.
Como está declarado na L e i , é duplo fim das emprezas constructoras : fornecer
habitação a operários e a classes pobres. Embora differentes uns dos outros, todos,
em geral, dependem do credito, pelo que m a l se mantém e sempre a preço alto,
tendo por esse motivo sido frustrados muitos projectos philanthropicos no sentido
de conseguir que o operário forme o seu orçamento de despeza e o observe.
A oscillaçãodo salário e despezas supervenientes e imprevistas desarronjam os
cálculos ainda dos mais econômicos; nestas condições, o credito que podem i n s p i r a r
por seus precedentes é o seu melhor apoio e extremo recurso. As facilidades ou
vantagens que ao i n q u i l i n o embaraçado pôde fazer, e effectivamente faz, o p r o -
143

prletario particular com difficuldade se conseguiriam de uma empreza, ainda que


favorecida pelo Estado.

A estas considerações accrescente-se outra de maior valia, e já experimentada


nos ensaios feitos em outros paizes - a da repugnância quosi invencível por parte dos
operários em submetterem-sea um regimen doméstico com restricções inevitáveis
de s u a liberdade, o que succederia nos typos de projectadas habitações colle-
ctivas.

Encarada a questão sob o aspecto econômico, nâo se deve esquecer que a


despeza que m a i s avulta na manutenção do operário, a da alimentação, é a que
mais importa para effectividade e augmento do seu salário. F i x a r , pois, em tabellas
o aluguel da casa, como em vários Decretos já foi praticado, nüo é assegurar
a promettida baratezo, que muito depende da distancia que separa do logar do t r a -
balho as habitações, e este ponto tem importância não só econômica, como moral, e
tanto que instituições semelhantes illudiram as esperanças de philanlhropos bem
intencionados, vindo outros, de quem não cogitaram, a tirar proveito das casas
destinadas a favorecer os pobres e os operários.
Si vale a experiência dos povos m a i s opprimidos pela pobreza, sobram razões
para não confiar por emquanto nas emprezas que, apoiadas em singulares favores
do Estado, se proponham aos fins alludidos com propósito de remunerar os capitães
empregados. Antes, me parece que, fora da iniciativa piedosa de instituições de
beneficência e da ousadia desinteressada da caridade christã, a mais efficaz das
protecções aos desfavorecidos da fortuna, dever-se-ia manter o principio tutelar da
concurrencia na industria da construcção de habitações para todas as classes
sociaes, observados rigorosamente os preceitos hygienicos e as convenientes
disposições municipaes.
Apezar do que fica exposto, desde que o legislador manifestou o pensamento de
resguardar, tanto quanto possível, os operários e as classes pobres da avidez dos
proprietários especuladores, armando contra ella emprezas privilegiadas; e ao
mesmo tempo parecendo que, para essa excepção na lei geral, preponderou a
conveniência de desapparecerem da capital do Império os denominados cortiços,
tidos como insalubres, e muitas vezes como focos de infecção, onde se diz habitarem
operários e pessoas pobres, cumpre ao Governo zelar a execução da L e i , de sorte
que impeça seja burlado o seu espirito, afim de garantir o resultado que se espera
das emprezas que em virtude delia se organisarem.
E \ portanto, indispensável, antes de fazer novas concessões, conhecer
o Governo do local em que as emprezas tenham de levantar os edificios,
bem assim os planos e orçamentos das obras, fixando previamente, em regulamento
m
que na conformidade do § 2 do art. I
o o
do citado Decreto de 1882 cumpre expedir,
além de outras bases: os preços do a l u g u e l ; a prohibiçfio de a d m i t t i r a empreza
como inquilinos pessoas que não forem operários e pobres, verificadas essas cond ições
por um F i s c a l do Governo; e a obrigação de alienar o prédio ao locatário pelo preço
antecipadamente determinado, no prazo e mediante as prestações preestabelecidas,
passando-Ihe a propriedade com os favores concedidos á empreza.
Determinei por isso ao Inspector Geral de Hygiene que mandasse proceder
pelos respectivos Delegados ao recenseamento da população de todos os cortiços
existentes nas freguezias urbanas, com a maior discriminação possível, quanto aos
habitantes: da naturalidade, sexo, idade, estado, profissão,-designação da officina
ou casa de trabalho, renda ou proventos, e t c ; e quanto ás habitações: da localidade
e averiguação das condições hygienicas, com declaração motivada das obras i n -
dispensáveis, ou do que verificarem os Delegados nos casos de serem absolutamente
imprestáveis ou nocivas á saúde.
Conforme vos expuz no artigo sobre a Faculdade de Medicina do R i o de
Janeiro, pelo Decreto n. 10.230 de 13 de a b r i l , que reorganisou o laboratório
de hygiene da mesma Faculdade, foi deste separado, para ser feito em labo-
ratório especial, o serviço das analyses e exames de bebidas e substancias
alimentares e de quaesquer objectoscujo uso interesse á saúde publica. A s s i m
que, o Governo por Decreto n. 10.231, também de 13 de a b r i l , que encontrareis no
annexo E , instituiu aquelle laboratório especial, dando-lhe a denominação de
— Laboratório do Estado.
O laboratório vae funccionarem um compartimento da Alfândega, cedido pelo
Ministério dos Negócios da Fazenda, onde, com m u i t a commodidade para o
commercio, poderá desempenhar-se da tarefa de analysar os gêneros i m p o r -
tados.
Attendendo a conveniência de verificar as habilitações dos candidatos aos
logares de Membros da Inspectoria Geral de Hygiene, Delegados de Hygiene nas
parochias urbanas do município da Corte, Médico demographista e de Chimicos do
Laboratório do Estado, e ao mesmo tempo com o intuito de animar e
desenvolver o estudo das variadas questões de hygiene urbana entre nós, j u l g o u
opportuno o Governo regular o provimento de taes logares mediante concurso, e
para esse fim expediu as instrucções que acompanham o Decreto n. 10.232 i g u a l -
mente de 13 de a b r i l , que também está incluído naquelle annexo.
Com estes tres Decretos instituíram-se os estudos ofíiciaes sobre a p r o p h y l a x i a
das moléstias transmissíveis, garantidos os interesses da administração publica
e facilitada a selecção do pessoal da Repartição sanitário.
De documentos, existentes no Secretaria dc Estado do Ministério a meu cargo,
relativos aos estabelecimentos hydrotherapicos das águas medicinaes de L a m b o r y
e Caxambú, conclui o seguinte:
A empreza dos águas de L a m b a r y não fizera diversas obras a que s i obrigou
pelo seu contrato, celebrado a 7 de oitubro de 1SS2, c nenhum trabalho executara no
intuito dc captar e aproveitar as fontes de Combuquiras, cujos oguos estSo incluídas
no mesmo contrato.
As obras do estabelecimento hydrotherapico de Caxambú, que deviam estar
concluídas em 21 de novembro de 1337, de conformidade c o m a cláusula 18 do a

contraio celebrado a 12 de fevereiro de 1S83, achavam-se naquella data em notável


a t r a z o j e as águas de Contendas, comprehcndidas nesse contrato, ainda nenhum
beneficio t i n h a m recebido.
A ' vista dc taes factos, incorreram em caducidade as concessões feitas ás e m -
prezas das águas de L a m b a r y e Caxambú, ex ci da cláusula 17 do contrato de 7 de
a

oitubro de 1832 e da cláusula líP do de 12 de fevereiro dc 1883.


Attendendo, porem, a que algumas obras haviam sido feitas para o aprovei-
tamento das águas dc L a m b a r y e Caxambú, resolveu o Governo, por equidade, que
somente sejam as mencionadas concessões declaradas caducas na parte referente
ás fontes de Combuquiras e Contendas, os quaes jazem cm completo abandono.
Nestes termos expedi ao Presidente da Provincia de M i n a s Geraes o A v i s o
de 9 de a b r i l , recommendando-lhe que marcasse aos concessionários novo prazo
improrogavel, para conclusão das obras a que se o b r i g a r a m em relação ás outras
fontes, sob pena de indefectível e inteira caducidade dos contratos, c exigindo
urgência no emprego das providencias, que deveriam ser communicodas ao M i -
nistério do Império logo que se adoptassem, para que o Governo pudesse resolver
sobre novas concessões.
P a r a organisar o « Código Piiarmaceutico Brasileiro », em observância do disposto
no art. 20, n. X do Regulamento annexo ao Decreto n. 9.554 de 3 dc fevereiro de
1836, nomeei u m a commissao composta do Inspector Geral de Hygiene, dos c o n -
selheiros Visconde de Alvarenga e Augusto Ferreiro dos Sontos, dos D r s . JosJ
M a r i a Teixeiro, Domingos de A l m e i d a Martins Costa e João Joaquim Pizarro e do
pharmaceutico César Diogo.
O desenvolvimento do beriberi nesta cidade, segundo atlestam informações da
autoridade sanitária, determinou-me a nomear, no intuito de serem estudadas as
causas dessa moléstia e os meios de obstor a s u a propagação, uma commissao
composta do Inspector Geral de Hygiene e dos profissionaes por elle indicados.
Não obstante, cogito no melhor meio de proceder tombem aos necessários * s -
IMP. 19
m

tudos nas localidades das províncias do norte onde o m a l tem produzido maior
numero de victimas.
Devo agora occupor-me mais especialmente das epidemias que sobrevieram
durante o verão.
Relativamente á de febre amarella notou-se o facto excepcional e único
no R i o de Janeiro de que, depois de haver tido marcha progressiva durante
todo o mez de janeiro e primeira quinzena de fevereiro, começou na segunda
quinzena a apresentar grandes oscillações na morbididade e na mortandade diária,
e depois entrou e se manteve em franco declínio, podendo ser considerada hoje de
todo extincta.
P e l a mortandade dos primeiros mezes certamente ninguém poderia prever a
evolução favorável da epidemia, como se vê do quadro seguinte :
M A P P A d e m o n s t r a t i v o da mortandade gorai pela febro amarella, n a Corto, do i° de janeiro

a 30 de a b r i l do 1880

DIAS 1 •i 3 1 r, o 7 8 •J 10 i i 12 i:> 11 15 10 17 1» 1'.) 20 21 22 23 21 23 20 27 2» 2'J 30 31 1» giMN- 2» gi;iN- CI1IAN- AIIL1.TOH TOTAIJ


7.K.VA Z.KNA ÇA»

i('riaiig;ii. 3 2 0 2 1 0 i l 2 I i 1 3 0 0 1 2 0 0 2 3 r> "> (i 3 \ 1 1 3 8 3 21 53 74


Jiiiiolr.)..' —
f.\<lulloi.. 1 1 1 3 7 10 0 7 2 II H K 2 12 12 11 12 13 17 10 12 10 10 1!) 10 10 líi 11 11 8'.) 211 303 377

ICrl.vnçfti. •1 7 7 :i 10 i li 1 0 2 a i 1 •1 5 fi 1 13 :i 2 2 1 •1 12 11 1 3 •• 72 00 Ml
Fererolro, —
i lAilulto».. 15 12 15 12 10 l i l i ia \) 11 i:i 18 i& 17 11 10 1!) 1!) 13 í> 8 V 10 7 11 10 12 13 201 i&S Mi 003

a
(Crianças. 11 1 2 \ 2 0 5 l 3 0 1 3 l 0 1 3 3 1 1 r> 0 2 0 2 1 2 1 0 0 1 2 !i3 24 79
Março...} —
(Adultoi.. 0 5 r> 20 12 i i ir> 17 c,10 » 13 g ir. 7 12 -1 7 0 i i 0 8 12 0 5 3 2 1 2 1 IO.") '.U 250 335

0 U 0 0 1 0 :i 0 1 :i 1 0 0 0 0 0 1 0 j 0 0 0 0 0 1 0 1 1 1 •• 12 0 18
\ Abril....? —
(Adultoi.. 9 2 1 3 1 r> A 2 2 0 2 0 3 1 •1 3 1 0 r, 2 1 3 3 3 0 r> 1 2 2 1 3."i 32 87 83

312 988 1.300


148

Deste quadro deduz-se também o pesadíssimo tributo pago pela infância a m o -


léstia.
Por occasiSo das epidemias de febre amarella a mortandade da infância tem
seguido progressüo continua e assustadora.
A ' falto de assistência permanente, domiciliaria e hospitalar, se prendem
as causas da grande mortandade infantil entre nós, de tal sorte que não é
admissível adiar a intervenção systematica da protecção do Estado em beneficio
dos innocentes desamparados.
E ' digno de vossa nttenção o seguinte

M a p p a c o m p a r a t i v o d a mortandade g e r a l e infantil, p e l a febre amarella,


de 1868 a 1888

MORTANDADE MORTANDADE ' MORTANDADU CRIANÇAS EX


ANNOS
CEl.AL ATÉ 7 ANNOS ATÉ 13 ANNOS 100 mortes

18CS 0
130J 2~2 i
1.513 1S
s 1
1S72 102 27
1873 ' 3.4G7 97
1S74 S2J 11
1873 1.29.2 12
3.317 17

10.30* ISí 1,7?;

1 33Ò •rs
O*O ,o
18S4 579 -ÍÕ '">.'3%
tSSõ 374 55 14,7 íi
l.Olõ 148 14,5%
1SS7 l-.JÜ 11 14
133S 529 74 13.9%
1.300 312 19.2%

X O T A . — A t é 1870 cm cada 10)0 óbitos dc;crminado3 pela febre amarella 17 eram dc crianças: de 1877
a 1832 faltam os dados ; cm 1833 o coatingent; subiu a 53; cm 1834 a C9, c do 1835 á 1838 orça por U0.
Os dados do 1837 c 1333 referem-se ás crianças até 15 annos.
Nos quatro mezes da epidemia, agora cxtincla, em 1.3)3 obilos m. Curta houvt 312 d* crianças.

O prolongado r i g o r do verão e a permanência insólita das condições meteo-


rológicas que supporlámos nesta Corte determinaram a oggravação violentíssima
de febres m a l a r i c a s e perniciosas e exagerada freqüência de mortes súbitas durante
149

alguns dias do mez de março, tendo a mortandade atlingido proporções assus-


tadoras.

Felizmente já o Governo dispunha de meios de transporte c de pessoal idôneo, de


sorte que pôde satisfazer ás exigências do serviço extraordinário, que, graças a Deus,
foi de pouca duração.

Na m e s m a época aggravava-se em Santos a epidemia de febre amarella, que


rapidamente sc estendeu por toda a cidade, apezar dos esforços empregados pela
administração provincial e m u n i c i p a l para atalhal-a.
Levou-me isto a i n c u m b i r o Dr. Innocencio Marques de Araújo Góes, membro da
Inspectoria de Hygiene, de prestar naquella cidade, sob a immediata autoridade da
Presidência da provincia, o serviço de assistência módica á população necessitado, e
tomar os providencias sanitárias que lhe parecessem indispensáveis á attenuaçfio
e final desapporecimento do m a l , auxiliado pelos D r s . Virgílio de Araújo Cunha,
Euphrasio José da Cunha e F r a n c i s c o Custodio Pereira de Barros, por S estudantes
da Faculdade dc Medicina do R i o de Janeiro com prática do serviço de hospitaes,
2 pharmaceuticos, e 10 desinfectadores da Inspectoria Geral de Hygiene.
P a r a o serviço da commissao foram remettidas varias ambulâncias de m e -
dicamentos, roupas dc leito, desinfectantes e outros objectos necessários ás enfer-
m a r i a s . Além disto tive a fortuna de conseguir que algumas Irmãs de Caridade
fossem tratar dos enfermos a l l i .
Finalmente, o Governo recommendou que a commissao realisosse a mais efificaz
assistência domiciliaria aos indigentes, distribuindo-lhes os socorros de que
carecessem.
A ' v i s t a da recrudescencia da epidemia na cidade de Campinos, onde também se
desenvolvera apezar das medidas adoptadas pelas autoridades provinciaes e m u n i -
cipoes, dei igual commissao ao Dr. José M a r i a Teixeira, designando para
a u x i l l a l - o o s D r s . João dc Deus da Cunha Pinto, L u i z Manoel Pinto N e t l o e F r a n -
cisco Corrêa D u t r a .
P a r a as províncias do Norte flagelladas periodicomente pela varíola, bem como
para a de M i n a s Geraes, foram commissionados os D r s . Henrique de Toledo D o d s -
Avorth e P a u l i n o Werneck, auxiliares do Instituto Vaccinogenico. Estes facultativos
i n a u g u r a r a m o serviço da vaccinação a n i m a l , que convirã manter permanen-
temente. Pelas communicações recebidas póde-se affirmar que têm sido coroadas
do m e l h o r êxito as inoculações, e vão funecionando ragularmente os respectivos
serviços, dirigidos pelos Inspectores de Hygiene.
Em relação ao movimento sanitário durante o anno findo na cidade do R i o de
Janeiro e nas províncias enconlrareis no relatório do Inspector Geral de Hygiene,
150

annexo sob a leltra K , noticia de todos os fnctos oecorridos, os trabalhos d c m o g r a -


phicos, e a especificação dos melhoramentos mais urgentes que reclama este i m p o r -
tante ramo do serviço publico.
No dito annexo inclue-se o parecer que o mencionado Inspector emittiu, cm v i r -
tude de requisição do Ministério da Agricultura, Commercio c Obras Publicas, sobre
as condições mediante os quaes devem ser executadas as obras para estender a rode
de esgotos aos bairros do Engenho Novo, Todos os Santos e Officinas
Oserviço sanitário marítimo, a cargo da Inspectoria Geral de Saúde dos Portos,
também mereceu a máxima attençfio ao Governo. A organisação que lhe deu o
Regulamento de 3 de fevereiro de 1886 teve o intuito dc ligar as repartições c'c
•saúde, nas províncias, a Inspectoria Geral, com sua sede ira Corte, commettendo
á ultima a superintendência do serviço. Veio este plano attender a uma patente
necessidade publica, qual a de uniformisar os processos sanitários. A concepção
administrativa, porém, não teve ainda o conseclario prático, repres ntado pela
concessão dos meios indispensáveis para que os serviços provinciaes se effeituem
com a regularidade desejável, tanto em épocas normoes, como em quadros de maior
actividade e quando as medidas prophylacticas exijam excepcional vigilância.
Pelas informações, que obtive, relativamente ás condições das Inspectorias
de Saúde nas províncias, posso asseguror-vos que é q u a s i absoluta o carência
dos elementos materiaes de serviço.
O Regulamento vigente, dispondo o concessão de recursos segundo a importância
relativa dos portos provinciaes, collocou em situação inferior aos da Bahia, P e r n a m -
buco e Pará o freqüentado porto de Santos. Esta classificação não pôde s u b s i s t i r ; e
a proposta de orçamento para o futuro exercício procura reparar o defeito apontado.
Igualmente nella enconlrareis o pedido de mais larga dotação pora o material das In-
spectorias provinciaes. Ha muitos annos reclamações incessantes tèm sido dirigidas
ao Governo contra a existência de umo embarcação única para ns visitas de saúde
e de policia, que se fazem simultaneamente. As restricções orçamentarias não per-
mittiram ainda realisar-se a separação das alludidos visitas, e, poro demonstrar-vos
que ello é imprescindível e não deve ser adiada, lembrar-vos-ei apenas que as
peculiaridades do serviço de policia dos portos são diversas das do serviço de saúde,
e que, emquanto a policia inspecciona os navios que sabem, a autoridade sanitária
fica privada da embarcação em que deve dirigir-se aos navios que entram.
A erupção do cholcra na Europa, em 1883, sorprendeu-nos baldos de meios
efficazes paro conjurar a provável importação da moléstia; o serviço quarentenario
no Império achava-se ainda em periodo de embryão, porquanto só nas
instrucções e regulamentos se cogitará delle. Não possuíamos um lazareto conve-
151

nientemente estabelecido; mas, apenas em algumas províncias, velhos e Impre-


stáveis pardieiros decorados com esse títulos.
A clausura dos portos f.>i entíío a providencia adopladu pelu Governo, n e m
outra poderia ser a medida, na ausência de recursos materiaes.
Felizmente o Governo I m p e r i a l apressou-se a fundar o Lazaretoda Ilha Grande,
com as proporções adequadas ao notável movimento dos portos do s u l do B r a s i l , e
principalmente do porto do R i o de Janeiro; e quando, em novembro de 1883, o cho-
lera-morbus manifestou-se na Republica Argentina, e ulteriormente na Oriental do
Uruguay, já o estabelecimento funccionava, e o expediente da clausura nSo se
tornou preciso.
L i v r e s da invosáo, pelo favor de Deuse pelo trabalho dos homens, nem por isso
devemos considerar completa a nossa obra. A situaçfio do Lazoreto permitte-
lhe servir de posto sanitário para as embarcações que da Europa se destinarem
ao s u l do Império, e, com a l g u m sacrifício dos interesses commerciaes, para aquellas
que, embora com igual destino, procederem do littoral do Pacifico. Outrotanto nSo
succederá em relação ás províncias do norte, para as quaes é mister fundar um
lazareto, pelo menos. Peço a vossa attençfio para este assumpto, que considero
de s u m m a importância.
Não basta, comtudo, que estejamos a prestados para repellir uma infecçSo de
origem externa, porquanto, si oesforço humano muito pôde» nera sempre o resultado
corresponde ao valor dns providencias. O regimen quarentenarío também tem falhas;
a moléstia que se procura evitar pode invadir o porto de chegada do navio e desern
volver-se a bordo das embarcações nelte surtas. P a r a obslar a contaminação das
populações de terra, é mister cuidar do estabelecimento de hospitaes marítimos,
perfeitamente isolaveis e sujeitos á autoridade sanitária do p o r t o ; convindoque as
administrações provinciaes, pelos meios ao seu alcance, a u x i l i e m o Governo no
empenho de attender a esta necessidade.

A ConvençSo Internacional Sanitária celebrada em 21 de novembro de 188T


com as Republicas Argentina e Oriental do Uruguay deve ser proximamente r a t i -
ficada e p r o m u l g a d a .
No officio que, em 12 do citado mez e anno, d i r i g i u ao M i n i s t r o dos Negócios
Estrangeiros do B r a s i l , Presidente do Congresso Internacional, a s s i m se e x p r i m e a
Mesa da Commissao Technica:
a Entende a Commissfio que, sob o ponto de v i s t a do isolamento das pessoas»
um navio em viogem é um lazareto, embora i n c o m p l e t o ; e que tomar-se-é um
lazareto real eorganisado, quando forem adoptodas a bordo as praticas quarentena-
r t a s q u e era bodos os lazaretos compre se observem.
o Estas praticas, entretanto, constituem dcveres rigorosos das repartições do
saúde marítima dos portos de chegada; e, para realisal-as cmquanto o navio viajar,
só temos um alvitre que propor: embarcar a repartição.
« Em ordem a efieituar semelhante plano, a commissao julga indispensável a
creação do Corpo dc Inspectores Sanitários de Navio, conforme V. E x . verá no a r t . 7 .
o

E s t a idéa já não 6 uma novidade, nem precisa dc ser executada a titulo de experiên-
cia. Expressa em vagos lineamenlos nas conferências anteriores, ella corporisou-se
em regulamento positivo na de R o m a , sobre proposta de Proust, e acaba de receber
applausos e adhesões no Congresso Nacional do H a v r c .
« A Republica Argentina admittiu-o desde alguns mezes, e actualmente 25 mé-
dicos seus têm a missão de observar, o bordo dos navios, que se destinam aos
portos da Republica, as oceurrencias sanitárias havidas por oceasião da partida e
durante a v i a g e m . »
O citado art. 7 da Convenção dispõe:
o

« Cada u m a das Altas Partes Contratantes compromette-se a instituir, na fôrma


constitucional, no seu território um Corpo de Inspectores Sanitários dc Xavio, c o m -
posto de médicos especialmente encarregados de fiscalisar, a bordo dos navios em
que embarcarem, a execução das providencias adopladas em favor da saúde dos
passageiros e tripolantes, de testemunhar as oceurrencias havidas durante a viagem
e de referil-as á autoridade sanitária do porto de destino.
« § 1.°— Os Inspectores Sanitários dc Xacio serão funecionarios das Repartições
de Saúde Marítima dos Estados a que pertencerem.
« § 2.°— Os Inspectores Sanitários de Xacio serão nomeados pelos Governos
mediante concurso ; competindo aos chefes do serviço sanitário respectivo a d e s i -
gnação dos inspectores que devam embarcar.
« § 3.° — O Regulamento Sanitário Internacional determinará o processo c obje-
cto do concurso, e também as funcções que devam ser commettidas aos Inspectores
Sanitários de navio. »
Ratificada a Convenção, terá o Governo de solicitar-vos os meios precisos
para execução do disposto neste' artigo.
A manifestação da febre amarella, em dezembro ultimo, nesta cidade aconse-
lhou a medida, já em annos anteriores posta em prática, de serem removidos para
o Hospital Marítimo de Santa Isabel, na Jurujuba, os enfermos dessa moléstia e n -
contrados sem o conveniente tratamento nas hospedarias e eslalagens, a s s i m como
os que procurassem os hospitaes públicos.

A ' Inspectoria Geral de Saúde dos Portos foi ordenado o estabelecimento do ser-
viço de transporte marítimo ; mas, sendo insufficienle o material de que dispunha
159

e avultando quotidianamente o numero de doentes, houve necessidade de converter


um pequeno vapor, pertencente aquella Repartição, em enfermaria fluctuante,
onde ficassem abrigados das intempéries os doentes que chegassem ao cáes
de embarque, na ausência da lancha que devia transportal-os ao hospital.
Verifiquei que o vapor não era adequado ao serviço, aliás excepcional, em que
estava ; e porque a enfermoria fluctuante, construída em 1884, se achava
inutilisado, e alem disto a lancha por vapor, em que os doentes eram conduzidos,
não lhes offereeia conforto e agasalho, resolvi nutorisar o Inspector Geral de
Saúde dos Portos a apromptar, com a maior urgência, tres enfermarias especiaes
que pudessem ser facilmente rebocadas e se destinassem ao transporte dos doentes,
directamente do cáes de embarque ao hospital da Jurujuba. Essas enfermarias já
funccionaram, e do modo mais satisfactorio; duas dellas tèm oito leitos, cada
uma, e a terceira doze. A h i encontram os doentes abrigo seguro e decente, toda
a commodidade desejável e os soccorros precisos.

O serviço incumbido á Inspectoria Geral de Saúde dos Portos, activissimo sob o


aspecto technico, é extenso em relaçfio ao expediente official. Além da superinten-
dência que lhe cabe nas Inspectorias provinciaes, compete á Inspectoria Geral a
administração de estabelecimentos importantes, como o Lazareto da Ilha Grande,
o H o s p i t a l Marítimo de Santa Isabel e o Hospital de moléstias contagiosas da i l h a de
Santa Barbara. O pessoal da sua Secretaria não é sufficiente para o trabalho, és
vezes excessivo.
Por tudo isto na proposta de orçamento vos são submettidas algumas m o d i -
ficações que se me afiguram acertadas.
Na justificativa do credito autorisado pelo Decreto n. 10.181 de 9 de fevereiro
ultimo consignei o pedido de 400:000$ para a reforma do material da Inspectoria
de Saúde dos Portos. Por exame pessoal verifiquei ser indispensável effeituar
essa reforma s e m perda de tempo.
Desde 1833 que as lanchas por vapor da Inspectoria estSo em constante t r a b a -
lho, quer neste porto, quer no Lazareto da Ilha G r a n d e ; e muitas vezes concertos
de certa monta têm sido adiados para occasiôo em que o serviço nao soffra com a
retirada temporária de uma das embarcações nelle e m p r e g a d a s .
Taes concertos nem sempre sfio radicaes, e tão completos como fora de mister,
por nao comportar toda a despeza precisa a respectiva consignação orçamentaria.
Dahi tem resultado o estrago do material. C u m p r i a collocal-o em boas condições
de servir, e neste sentido dei as convenientes providencias.
Deliberei encarregar uma empreza particular de conservar o material de que
trato, com obrigação de apresental-o sempre que a autoridade sanitária o exigir,
IMP. 20
VA

correndo por conta dessa empreza todos as despezas com pessoal, combustível o
concertos, mediante u m a retribuição mensal. Ale agora, porém, não so pôde
realisareste plano, por não serem aceitáveis ns propostos recebidos.
Na visita que fiz ao hospital da Jurujubo, logo após a minha nomeação para o
cargo de Ministro dos Negócios do Império, tive o pezar de reconhecer as precárias
condições do edificio. Em 1883, a vista de reclamações do Inspector Geral de
Saúde dos Portos, mandou o Ministério ora a meu cargo reconstruir a ala direitn do
hospital, gastondo-se nesta reconstrucção quantia a v u l t o d a ; e, posto que as outras
secções do edificio precisassem dc immediato concerto, foi este adiado para
melhores tempos, que entretanto não chegaram.
E' certo que encontrei o hospital em estado de ruino, pelo que resolvi mandar
proceder, desde logo, aos concertos necessários.
O orçamento das obras, existente na Secretaria de Estado, altingio a elevada
somma, sem estar todavia incluída a despeza com a ala reconstruída cm 1883,
e já arruinada também. Considerando na importância do dispendio,entendi-me
com o Inspector Geral de Saúde dos Portos, e este funecionario opinou que ao
Governo não convinha emprehender obras tão custosas, para ficar, afinal, com um
estabelecimento hospitalar defeituoso, inteiramente diverso dos typosde construcção
recommendados pela hygiene ; e antes devia mandar edificar um hospital novo,
onde pudessem ser introdusidos todos os melhoramentos que a sciencia
aconselha.
Aceitei este alvitre e encarreguei o mesmo Inspector de formular o plano do
novo hospital, autorisando-o a mandar o r g a n i s a r o projecto por engenheiro de s u a
escolha, o q u a l ficaria obrigado a apresentar-me o orçamento da despeza máxima.
Esse projecto foi-me submettido e approvado por A v i s o de 18 de março, sendo
resolvida a iniciação das obras. O Inspector Geral celebrou com o Engenheiro
L u i z Schreiner, autor do projecto, o contrato p a r a construcção, como tudo consta
do seguinte offlcio que me dirigiu aquelle funecionario :
o Inspectoria Geral de Saúde dos Portos, em 20 de a b r i l de 18S9.— I l l m . e E x m . Sr.
— Tenho a honra de passar ás mfios de V. E x . cópia do contrato que celebrei com
o engenheiro L u i z Schreiner para a construcção do novo hospital da Jurujuba.
A effectivldade desse contrato depende da approvação de V. E x .
P a r a confeccionol-o, insplrei-me em dua3 considerações principaes: a I , da con-a

veniência de serem feitas as obras por administração geral, em vez de o serem por
empreitada única; a 2», da vantagem que auferirá o Estado da superintendência
immediata desta Inspectoria Geral ná formula de todos os contratos, que se torna-
rem precisos, para as varias empreitadas parciaes.
155

O custo do novo hospital nfio está definitivamente fixudo; mas deve flcar, prova-
velmente, aqncm da s o m m a de 303:000-5003, indicada na justificativa do credito
extraordinário ultimo.
Ao engenheiro Schreiner incumbe a direcção e fisculisação das obras, de modo
a ser escrupulosamenlc realisado o projecto que V. E x . dignou-se approvar, c se
acha archivado. Por esse encargo percebera elle vencimentos fixos, sem direito a
porcentagem alguma sobre o preço verificado da obra.
Esse processo, pelo próprio engenheiro lembrado como o melhor para garantir
c firmar a perfeita isenção ostensiva e real do director das obras na fiscalisação das
empreitadas pareiaes, se me afigura de louvável effeito c digno de estabelecer regra
para futuros contratos.
Todas as empreitadas serão matéria de adjudicação por concurrencia
publica.
Também devo solicitar a attenção de V. E x . para as cláusulas em que se
accentua o direito de intervir esta Inspectoria Geral na modificação dos planos de •
detalhe. E s s a s modificações podem ser inspiradas por conselhos que a evolução
scientifica haja de produzir durante o prazo da construcção.
O intuito da administração publica e o particular empenho d e V . E x . é d e
installar na Jurujuba um hospital modelo, que deponha no sentido da inconteste
solicitude do Governo em offerecer aos enfermos todos os soccorros da hygiene e
todos os carinhos da beneficência. T a l propósito se desenha m a i s claramente como
obrigação inilludivel tratando-se de um hospital, como o da Jurujuba, onde serão
recebidos gratuitamente todos os marítimos que adoecerem de moléstia pestilencisl,
e cuja transferencia para a l l i é, pelo Regulamento, compulsória: desde que se
supprimc a liberdade de escolha do hospital em que o doente tenha de tratar-se,
torna-se mister que seja o melhor possível aquelle que a administração lhe
designa.
A justificação do plano odoplado seria dispensável, si não temesse eu que
opiniões divergentes venham ainda acoimar de menos seientifleos os preceitos regu-
ladores da construcção planejada. P o r isso, e igualmente pelo dever que me oceorre
de d e i x a r extreme de duvidas o sincero interesse de corresponder á confiança do Go-
verno, no caso vertente traduzida pela ampla liberdade de acção que se dignou
proporcionar-me, peço venia para suhmelter a apreciação de V. E x . os motivos que..
me i n d u z i r a m a preferir o projecto que o engenheiro Schreiner organisou, de acordo
commigo, e foi acceito.
O l o c a l escolhido õ a enseada da Jurujuba, onde existe o hospital m a r i l i m o de
Santa Isabel.
156

Si m u i t a s e vnliosissimas razões de ordem doutrinaria nfio bastassem para


sanccionar a escolha indicada, o ensino edificante da experiência i m p o r - n o s - i a a
obrigação de preferir a qualquer outra aquella regiSo do nosso littorol. Ha ;!3 annos
o hospital de San tu Isabel a l l i foi fundado ; e nunca, que me conste, uma c i r c u m -
stancia apreciável serviu de pretexto para suspeitar-se da completa salubridade
local.
Abrigada dos ventos impetuosos, mas continuamente lavada pela b r i s a de
leste que lhe traz do alto mar a oragem aseptica, tendo por solo terrenosde natureza
metamorphico, abundantemente providos de excellente agua potável, sem pântanos
visíveis e sem grandes depósitos alluvionarios, n localidade escolhida parece-me
satisfazer ás exigências apurados da hygiene.
Demais, nenhum melhor testemunho deste asserto se poderá exhibir do que o
derivado da observação constante: as estatísticas mortuarias do hospital de Santa
Isabel pleiteam primazias ás mais favoráveis que se conhecem no Brozil e no
estrangeiro.
Relativamente ao systema de distribuição dos enfermarias do projectodo hospital,
foi determinada a adopção dos pavilhões isolados.
Não descreverei o corpo central, destinado ao serviço administrativo, e cujas
particularidades constam do projecto -, limitar-me-ei a especificar o que de m a i s
importante se notará nos pavilhões, residência dos enfermos, e, por isso mesmo, a
parte mais delicada e scientifica do edificio.
O novo hospital terá quatro pavilhões lateraes, de orientação m e r i d i o n a l , em
dois grupos, que tanto entre si como com o corpo central serão ligados por galerias
cobertas e inhabitadas.
Coda pavilhão oecupará uma área de 749 " ,42, econstaráde u m a seeção mediana,
m

a enfermaria, com 2 9 2 ' ,5j de superfície, e duas secções extremas, cada quol com
m

uma sala de 8 3 ' ,70, destinada a convalescentes e, em coso de necessidade, a enfer-


m

maria supplementar. Nessas mesmas secções e x u v m a s haverá quartos especiaes


para doentes, depósitos de roupa, lovatorio, banheiras e latrinas.
As enfermarias estão lotadas para 28 doentes, podendo conseguintemente o
hospital alojar, nos 4 pavilhões com seus quartos respectivos, 124 enfermos.
Esse numero será elevado a 160, si as salas das secções extremas forem
utilisodo*.
A área assignada ás enfermarias e a sua altura de 5 ,60, darão as seguintes
m

quotas por doente: superfície de isolamento 1 0 , 4 4 , cubagem de espaço 58™ ,71.


m2 3

A ventilação natural far-se-á pelas janellas lateraes, em numero de 14 para


cada pavilhão, com os respectivos parapeitos em l i n h a superior á do nivel das
157

cabeceiros das camas. A ventilação artificial, pelo systema de supprimento i n -


ferior e descargo oito, será praticado por tubos de entrado, munidos de registro,
abertos debaixo de cadu leito, e por chaminés de sahida, em numero dc 5 para
cada enfermaria, armadas de aspiradores automáticos de Kórting.
O máximo coefficiente de ventilação será de I 8 0 m3
por hora e por pessoa; o
m i n i m o , também por indivíduo e por unidade de tempo, de 3 0 . ms

O soalho dos pavilhões ficará a l ,2õ acima do nivel do terreno, tendo, por-
m

tanto, cada enfermaria, um porão dessa altura. O sólo do porão será reves-
tido de u m a camada de concreto de 0 , 20 de espessura, e as respectivos paredes,
m

enduzidas de cimento hydraulico, serão protegidos contra a humidade.


O soalho das enfermarias deverá ser de ferro corrugado e cascalho, com
revestimento superficial de mosaico de Metloch e tapete de linóleo.
A alvenaria das paredes será de tijolo requeimado e s o n o r o ; sendo duplas
as paredes externas, ligadas entre si por fieiras de tijolos unitivos, perfurados
e vitrificados.
O revestimento interno dessas paredes, como dos de divisão e bem assim
do tecto, será de estuque de gesso, pintado a oleo e envernizado.
Todo o travejamento do telhado será de ferro e a cobertura exterior de
ardosia.
Em relação aos detalhes, accentuarei apenas as exigências capitães.
O abastecimento dágua será continuo e a canalisaçfio empregada deve
ser de ferro, para as grandes conduetas, e de chumbo para a distribuição i n -
trodomiciliar. Todas as torneiras, exceptuadas as dos banheiros, serão servidas
por filtros Chamberlain, de numero variável de velas conforme a quantidade de
agua que devam fornecer.
Os esgotos serão constituídos pela tubagem de translação e por caixas de
desinfecçfio, representando estus, também, o papel de interceptadores hydraulicos.
Da latrina (hopper-closct), desprovido de guarnição ambiente, e terminada em
syphão ventilado, de ramo central m a i s calibroso do que o peripherico, partirá
o tubo de carga, unido ao syphão por articulação lateral e terminado su-
periormente por a r m a d u r a metailica, movei e nivelada com o soalho do g a -
binete, e inferiormente, por incurvação em angulo obtuso, a qual, bem como parte
do mesmo tubo, deverá ficar immersa na agua depositada na c a i x a de
desinfecção.

Este dispositivo permittirá a varredura directa do tubo de carga, e a pro-


jecçfio das matérias em considerável massa l i q u i d a , o que favorecerá a s u a
diluição e sustará definitivamente a obstrucção dos tubos de descarga.
158

A caixa será do alvenaria silicatadn, de capacidade dc um metro cúbico e c o n -


terá agua até á altura de ú , 80.
m
A linliu de nivel dessa agua será tangente á
extremidade inferior do diâmetro vertical do tubo de descarga, situado frontei-
ramente ao tubo de carga. Deste modo, os oscillaçõcs do n i v e l - d o liquido
incluso serão nullas e cada volume de massa projectado na c a i x a correspon-
derá precisamente a v o l u m e igual de liquido escoado pelo tubo de descarga.
Nos gabinetes reservados serão empregadas as caixas de lavagem automá-
tico c voluntária, e assim lambem o opporelho de desinfecção chimica que for
reputado melhor.
Por emquanto nada tenho decidido sobre o systema do illuminação prefe-
rível para o novo h o s p i t a l ; visto como oindo vocillo entre os lâmpadas de
petróleo e os de orco voltoico do typo Jospar. A razão econômica influirá na
decisão definitivo.
As regras fundamentoes traçados para a construcção das enfermarias serão
respeitadas em todo o edificio, que tornar-se-á um typo systemotico.
Creio que, nas condições assignaladas, ter-se-ão communicado ao novo hos-
pital os caracteres de um abrigo perfeito, espécie de vestimenta amplificada,
capaz de preservar os enfermos das sorprezas meteorológicas c dos oceidentes
evitaveis de origem tellurico, como apta a offerecer grandes resistências á i n -
fecção eventuol, nos casos freqüentíssimos em que esta costuma advir.
Como V. E x . terá ponderado, os materioes preferidos foram o tijolo c o ferro, h a -
vendo sido cuidadosamente proscripta a madeira, substancia muito fermentescivel,
eminentemente hygroscopica e de notória conibustibilidade.
Não cogitei, por isso, em aconselhar as barracas do typo Lefort, porquanto,
salvo a opinião dc um ou outro original, elias só servem como enfermarias dc soe-
corro, para casos urgentes cm que é mister installar um pavilhão com rapidez, no
favor de pecos de madeiro previamente apparelhodas e de fácil transporte.
Nunca, que me conste, entretanto, alguém se lembrou de apregoar as mesmas
barracas para modelo de construcções definitivos, como o hospital novo da Jurujuba
deve s e r ; exceptuada ainda a opinião a que alludi, e embora não desconheça eu que
os pavilhões Lefort representam um progresso sobre as barracas de lona, como
estas assignalom uma vantagem sobre o tratamento na relva.
Deus Guarde a V. E x . — I l l m . c E x m . Sr. Conselheiro D r . Antônio F e r r e i r a
Vianna, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império.—O Inspector
Geral, Xuno de Andrade.»

Desde que a corrente immigrotoria sc estabeleceu mais intensa para o Brasü,


as epidemias de moléstias contagiosas, como a varíola e o sarampo, têm-se tor-
J59

nado freqüentes; o a falta do um hospital destinado especialmente ao isolamento


dos doentes do taes affecções e cada vez mais sensível.
Havendo o Inspector Geral de Hygiene pedido providencias nesse sentido,
resolvi que o Hospital da i l h a de Santa Barbara seja dotado com as enfermarias
permanentes precisas para completa sequestraçíío dos referidos doentes, logo que
os retirantes cearenses desoecupem o respectivo edificio, em que tèm sido
agasalhados.
No anno decorrido de fevereiro de 18SS a igual mez do corrente foram visitados
no porto do R i o de Janeiro pela autoridade sanitária 1.453 vapores e 908 navios a
v e l a . Dos primeiros 902 eram de procedência estrangeira e 55!) de procedência
nacional, sendo de 1.S92.6G0 o total de toneladas de registro. Esses vapores eram
equipados por 81.116 pessoas de tripolação, e trouxeram para este porto 183.412
passageiros. Os navios a vela eram procedentes : de portos estrangeiros 635, e de
portos nacionaes 273. Nelles vieram r»6i passageiros e 8.4-íO tripolantes. O numero
de toneladas de registro desses navios foi de 395.384.

Durante o mesmo período expediu a Inspectoria Geral, na Corte, 1.470 cartas


de saúde.
O movimento de doentes de febre amarella tratados no Hospital Marítimo de
Santa Isabel foi o seguinte :

De fevereiro de 1888 a 23 de a b r i l de 1889 :

Entraram 2.492
Curaram-se 1.622
Falleceram 834
Existiam 36

Dos 2.492 doentes entrados, 2,149 foram removidos da cidade e 343 dos navios
})os doentes de terra :

Entraram 2.149
Falleceram... 761
Curaram-se i.354
Existiam 24

Quanto aos doentes marítimos:

Entraram 343
Falleceram 7á
Curaram-se 268
Existiam 12
No pessoal da Inspectoria Geral de Hygiene houve as seguintes alterações:
Concedida por Decreto de 4 de junho do anno passado a exoneração que
pedira o Barão de Ibituruna do logar de Inspector Geral de Hygiene, foi de-
signado para substituil-o interinamente o membro da Inspectoria D r . Agostinho
José de Souza L i m a .
Por Decreto do I o
de dezembro foi nomeado o Dr. Benjamin Antônio da Rocha
F a r i a pnra o referido l o g a r ; e na vaga do D r . Souza L i m o , que obteve exoneração
do logar de membro da Inspectoria, foi nomeado o D r . Joüo Martins Teixeira, por
Decreto de 26 de janeiro.
Por Portaria de 24 de dezembro foi concedida a exoneração que pedira o Dr. José
Borges Ribeiro da Costa do logar de chimico da Inspectoria.
Por Portarias de G de fevereiro foram nomeados Delegados de Hygiene effectivos
os interinos D r s . Manoel Monteiro de Borros e Frederico José de V i l h e n a .

NATURALISACÕES

• .^Do I
:
o
de maio do anno passado a 30 de a b r i l ultimo foram naturalisados pelo
Governo 14.; estrangeiros, conforme consta do annexo F .
Segundo os communicações recebidos na Secretario de Estado, durante aquelle
período foram concedidas pelos Presidentes de provincia 1.144 cartas de n a t u r a -
lisaçâo, como sevè do quadro também incluído no dito annexo.
Os 1.290 naturalisados classificam-se, quanto á nacionalidade, pelo modo
seguinte:

África 5
Allemanha 5-.S
Arábia 1
Austria-Hungrio 49
Bélgica !
Bolívia 1
Dinamorco 5
Egypto j
Estados Unidos 2
França 12
101
f* ——-

Gron-Brcloiiha 4
Grécia l
Hespanhn 10
IIol landa 3
Ilalia 231
Paraguoy 2
Portugal 217
Prússia 7G
Republica Argentina 2
<) Oriental do U r u g u a y 4
Rumania 1
Russio 2
Suécia 1
Suissa 0
Não foram prestadas informações sobre a nacionalidade de 95

Prestaram juramento 1.182 e ainda não o fizeram 108, comprehendidos neste


numero os 93 acima indicados.

Segundo as declarações dos que já prestaram juramento, são:

Quanto á religião:

Catholicos 82S
Acotholicos 8i8
Não fizeram declaração -1

Quanto ao estado:

Solteiros 1 5 C

Casados 9 8 0

Viúvos :

Não fizeram declaração "

Quanto á profissão:

Agente Commercial 1

Archileclo 1

Agricultores
4
Agnmensores
Artistas r?--r f ?
' 1 3 ü

IMP. 21
162

2
•Barbeiros
Caixeiros *
Carroceiros fa

Cocheiros
Colonos 3 5 1

Commerciantes
Corrector 1

Cosinheiro.. • 1

Criado *
Empregados em Repartições P u b l i c a s , ;

» » Sociedade de Beneficência 2
Engenheiro 1

Estudantes :{

Feitor 1

Guarda-livros *
Industriaes •_ lã
Jornalistas 2
Lavradores 129
Marítimos 12
Médico 1
Militares 3
Naturalistas 2
Operário i
Pharmaceuticos 3
Prático I
Procurador 1
Professores 14
Sacerdotes. 8
Serventes de pharmacia 2
Trabalhadores , 5
Tropeiros 2
NSo declarada 184

Os 1.290 naturalisados residem :

A bordo 2
Na Corte 133
Em Pariz 1
163

Na província do Ceara 1
» » da P a r a h y b a 5
D » de Pernambuco 5
D B » Sergipe 3
» *> da Bahia 36
» o do Espirito Santo 1
» » » R i o de Janeiro 30
D » de S. Paulo 1
» » do Paraná 5
» » de Santa Cotharina 67
» D » S. Pedro do Sul 993
» o » M i n a s Geraes O
» » o Matto Grosso 2

Dos naturalisados que prestaram juramento só 737 têm filhos, em numero dfe

4.556, s e n d o :

Do sexo masculino 2.014


» » feminino 1.851
De » não declarado 691
Maiores 568
Menores 2.603
De idade não declarada 1.387
Catholicos 1.398
Acatholicos 454
De religião não declarada 2.704
Solteiros 1.941
Casados 74
Viúvos 2
De estado não declarado 2.539
Africanos 3
Allemães 94
Austríacos *i
Brazileiros 2.242
Francezes 4
Italianos 273
Orientaes 2
l'M

Paraguaio 1
o')
Porluguezes
i)
Prussianos
De naeionalitlacle não declarada — 1 .Sbò

REGISTRO CIVIL

Por Decrelo n . 10.044 de 22 dc setembro de 1883 foi fixado o dia i° de janeiro


do corrente anno para começo da execução do registro civil de nascimento-?, casa-
mentos c óbitos, de conformidade com o Regulamento annexo ao Decreto n . 0.83G
de 7 de março anterior, expedido dc acordo com o a r t . 2 do Decreto L e g i s l a t i v o
o

n . 3.315 de 11 de j u n h o dc :887.
Por este Ministério remetteram-se para todas as parochias do Império, c o m a
necessária antecedência, os primeiros livros para o registro, que efleclivamenlc se
inauguio.i naqueüe dia nas differentes províncias, menos nas dc Matto Grosso,
Goyaz e P i a i h y , onde aliás hoje sc está fazendo com a possível regularidade.
A prática tem demonstrado que se torna preciso proceder á revisão do R e g u l a -
mento no sentido de facilitar-se o serviço.

SECKETAIUA DE ESTADO

Folgo dc reconhecer que esla Repartição, que conta empregados de dislinclo


merecimento, eonde em geral procuram to;los bem desempenhar-se dos seus en-
cargos, continua a funecionar com a desejável regularidade, apezar des grandes e m -
baraços com que luta por insufíiciencia de pessoal, conforme vos tèm representado
os meus predecessores, insuficiência que se torna mais sensível á medida que se
desenvolvem os serviços, principalmente os da saúde e da instrucção publico.
Pelo que loca o este ultimo, 6 tal o seu desenvolvimento c a importância que tem
adquirido, que muito se recummendo á vossa allenção a idéo de creor um Ministério
especial para dar-üie os cuidados que merece.
O resultado a que acima «Iludi o devido á indefessa diligencia do alguns dos e m -
pregados durante as horas do expediente ordinário e das prorogações queé forçoso
udoptar, e até fora da Secretaria, que aliás algumas vezes tem trabalhado cm dias
sonlificados. Nfio é, porém, rasoavel que perdure esse estudo de cousas.
Areorgonisação da Secretaria, para augmenlor-lhe o pessoal, daria logar a me-
lhorar a distribuição das matérias pelas diffcrcutcs Directorias, attendendo-se, como
urge, ao serviço de estatística, o qual pôde considerar-se exlinclo, por faltado em-
pregados que delle sc i n c u m b a m .
Ha muito sc reconhecia a necessidade de remediar as péssimas condições do i m -
portante Archivo da Secretaria, cujo serviço era sobremaneira prejudicado pela falta
de espaço no pavimento térreo do edificio, onde elle se acha.
Tão instante se me afigurou aquella necessidade depois do examinar essa de-
pendência da Repartição, que providenciei para serem aproveitados os comparti-
mentos que o Porteiro oecupava no dito pavimento, abrindo-se salas vastas, bem
illuminadas e orejadas, cm substituição dos aposentos acanhados, escuros c h u -
m i d o s , onde se accumulavam confusamenle os papeis.
As obras estão concluídas, preenchendo-se o desideratum que tanto importava á
regularidade do serviço, e cuida-se agora de dispor tudo convenientemente.
Para o logar de Official da Secretaria, vago por fallccimento do Bacharel João
F r a n k l i n da Silveira Tovora, foi nomeado o Amanuense José Ribeiro Sarmento
Júnior, por Decreto de 10 de setembro.
Por Portarias de 13 do mesmo mez foi nomeado Amanuense da Secretaria dc
listado o da Seeção de Estatistica João Joaquim da Fonseca, e para a vaga deste o
Bacharel Carlos Borges Monteiro.

Para o exercício de 1830 as despezas ordinárias do Ministério do Império foram


orçadas na importância dc 9.226:õ28$097. Segundo vereis da tabeliã junta, este
orçamento, com pare do c^m os créditos votados pela L e i n. 3.397 dc 24 de novembro
dc 1883 para as despezas do exercício dc 1889, apresenta uma differença para
menos de 1:793$00K
No exercício dc '883 não foram sufílcienles os créditos concedidos pela L e i
i i . 3.349 dc .0 de oitubro de 1887 para as despezas das verbas — A j u d a s de custo aos
106

Presidentes de provinciu — e —Soccorros públicos —. Por este motivo teve o Governo


Imperial, ouvida a Seeção dos Negócios do Império do Conselho de Estado, nos
termos do art. 20 da L e i n . 3. t i o de 30 de oitubro de 1882, de abrir créditos supple-
mentares ás ditas verbos, na importunei» de 15:00ü:?000, quanto á I , pelo Decreto
a

n . 10.112 de 15 de dezembro do anno próximo passado, e de 202:905$37í), quanto


à 2*, também pelo m e s m o Decreto n . 10-112 e pelo de n . 10.176 do l de fevereiro
u

ultimo.
A necessidade urgente de acudirás populações de algumas províncias do norte
do Império assoladas pela secca e de combater o epidemia de febre amarella, a s s i m
como de tomar medidos tendentes ao melhoramento dos condições sanitárias da
cidade do Rio do Janeiro e a premunil-a de acommettimentos futuros, aconselhou
a abertura de um credito extraordinário de 5.000:000$000, o que sc fez por Decreto
II. 10.181 de 9 de fevereiro, depois de ouvido o Conselho de Estado, conforme pre-
screve o mesmo a r t . 20 du L e i n. 3.140 acima citada.
Encontrareis no annexo o , em sua integra, esse Decreto, com a exposição
de motivos, o parecer do Conselho de Estado e a demonstração das despezas que
mandei computar até ao dia 16 do corrente mez.

São estas as informações que me parecem mais dignas de serem trazidas ao


vosso conhecimento sobre os negócios do Ministério do Império, que apenas ha
quatro mezes se acham confiados á minha administração.

R i o de Janeiro, 15 de maio de 188'.».


167

Tabeliã das diferenças para mais e para menos entre o credito votado para
o exercício de 1889 e o orçado para o de 1890

DIKr"KKRNÇAS

VKKllAS OKÇADO VOTADO


1'AKA 1S90 1 ' A K A ISSO

r\u.K UP.NOS

D o t a ç ã o ür <ua M a g c s L u i r u l:u [jor^dor N00:000$000 S00:000$000


Iilf-in de Sim .\ra^rstail>' a I i n p c T a t r i ' 00:0005000 %:000$000
Idem da 1'rincezri Imperial .1 Senhora H . Isahel 1 ,0:000<000 r.0:O0jJ000

Alimentos do P r i n c i p e Iinpt-nal do l i r ã o P a r á , •) Senhor


I). Pedro S:0,TO$000 StOOOSOOO
Ideii! do P r í n c i p e o Senhor I>. Luiz 0:000$000 Ò:OOO$OOO

I1lty.11 do P r í n c i p e o Senhor II. A n t ô n i o i'.:(X»í000 ú:000$000

lern d.) P r í n c i p e o Senhor D. Pedro 12:000*000 12:0003000


lem do P r í n c i p e n Senhor l ) . Aujrusto 12:000(000 12:000*000

Gabinete Imperial l:tSO0$O0O 1:0003000 :<00$000

A d i d e r e n ç a do 300$ para menos resulta da sup-

S r e s s i o da quota destinada ao material <• do n u ç m e n t o


e igual quantia na votada para o pessoal, incluindo-se
aquella na do 8 l õ .

Subsidio dos Senadores. -.10:0005000 :.»0:000$000

Secretaria (lo S e n a d o . . . ÍS".: 10OJ0OO 179:900$000 :,:2O0ÍO00

D á - s e a d i n e r e n ç a de 5:200$ p a r a mais, por ter a


Mesa do Senado, no o r ç a i u e n t o que apresentou para
o e x e r c í c i o de líiOO. pcrtido mais 4:200$ p a r a a c o n -
s i g n a ç ã o que se destina a despe/as e x t r a o r d i n á r i a s c
eventuaes e 1:000? para a de p u b l i c a ç ã o dos debites

Subsidio dos Deputados 7,0:00 iSOOO 7'>0:000$000


Secretaria da C â m a r a dos Deputados. 211:3005000 213:0103000 1:260?000

A d i l l e r e n ç a de 1:260$ para mais p r o v é m dc ter-se


previsto a necessidade de c o n s i g n a r ã o para conser-
v a ç ã o do edillcio.

Ajudas de custo de v::nla e v o l t a dos Deputados. r>:000$000 i-i.-OOOJOOO

Conselho de Estado .-.!:í0OÍOO0 !8:6O0?O00 Í:SOU*000

I>edei:i-se p a r a " a i s 2:S00$. sendo l:SO0? afim de e r a


titfcar a uni auxiliar para o s e r v i ç o de e s c r i p t a è d:i
binliothac.i e 1:000$para d e s p e i s s d e expediente.

1S Secretaria de E s t a d o . . 193:1109000 154:340*000 8:M)0$000

D á - s e a dirTeronça de S:000$ para ma:s, sendo : 3:000$


p a r a oceorrer a despern com duplicatas de v e n c i -
mentos p o r s u b s t i t u i ç ã o de empregados em s e r v i ç o
publico pratuilo « o b r i g a t ó r i o por lei, 011 em coiixcis-
s ü e s t e m p o r á r i a s do Ministério do I m p é r i o : 600$ para me-
l h o r a r o s a l á r i o dos serventes, ó:000$ afim de elevar
a 1J:000$ a c o n s i g n a ç ã o que se destina a i m p r e s s õ e s ,
e t c . visto estar provada n insufliciencia da quantia de
10:000$ v o t a d a ; e 1:000$, para despezas c o m a conser-
v a ç ã o e anseio do edifício, eliminada a c o n s i g n a ç ã o de
1:000$ p a r a p e n n n t a ç õ e s . por dever passar este ser-
TÍÇO p a r a a Bibliotheca Nacional.
108

DII-TKIIENÇVS

OKÇAIX) VOTA1K)
VKIiliAS
r.\i<A ív» P A l í V lvSO

1'vlU MUS
HA MK-*i)H

Pr<ísi<!enci .'i • I p r o v í n c i a
,,
s;s..o:t?333

Ajudas lie custo a.'S Pr^siiliMi*.: "» ú ' p:*ovinr'.:i...


1
2'.:(K)J:'0t>

Culi > imMu' > 2<i:0(KU(X;0

A (ii:rere:i-,"i «Itt S0;!)0ü; í n r í i mais prnv.-.u (]•• sc te:


n:vv:sto a deSjujza de c ò n s e r v a ç ã ) e as<c;o dos p-i-
í.ici »s cpisoniu-s <* c:it!iü'!i\V'S.

><*mir.ar:'>^ h pisco paes l:0.0.);»;0i>ii ll:l:0üi)$í)iJ0

Pessoal ilo ensino das Vactildades >•>• IKr

A •i: .rt;rci ça de 3;iK>'J.-> para Í:I:US pr:>v. .n de ier-.se


, , :,

previsto, IIIS despe/as do ci-.ia <rss !'ac'.:!dades, a


destinada ao pagamento de duplicatas d» venci-neütosj 1

m s casos de substituição •••• "xerexio intei*i:i->. j


<juau.l.) os l"iit"S o mais possial do o r p o dn-viile M M
achariíai Í-JIp»**li-.l*"»s por :n<>tiv•> de serviço publico sra-j
t:;ií > Ü • brijraiori.) p u* !"L «".1 om c•>i.^sit > do M iiis-
1 •.'.-:•> do J::iperio.

2£ Secreta :\as ** Vril:'líhecas <!r.s Kai*i:'iJ:i{Ks DireiD. 2:V");000

A diiíírenoa de 2:VX>5 para mais prove::, di' se t TO


elevado aí cirnas das c o n s i g n a ç õ e s votadas par.;
dospc/.aS dã Secretaria o biblioüieca da l"ac.:!dade du
Koci:'-, cuj.i iiisuiíinenc.a ío: dononst.-r.da pelo Di-
rector da IÍÍCS.na l^ic-idad^^o o.-';:i-:;i*nlo e/iê i'i!vii:ü!
ao Ministro do Impcrh.ct.V se cinleniplar uniaeou-j
siiínação do 1:000$ ( A»> para c.nlr. l''acu'dadci. para|
pàsraiLcnto dt; duplicata de vencimentos nos casos dej
substituição ou exercício interin.). <jn.ai:do os e-npro-
tragos se acbaruai ic-ped dos [>.>!• motivo de s--;-viço"pu
Mico eratuito e obrigatório por lei nu e c usi:ir.s"ã->
do Miaisierij do I:uperi>.

i 23 Faculdade»-; Medic-m. pessoal do :>*.:irnlí(»l -'.03: .ihijOOil 3:0001000

\ ii:rIorori';a do 3:<K)J$ par.i mais prov-:.n dc ter-s- 1

previsto, nas despezas ce cada das Faculdades,


a 110 pa^ra::ioat-> 'Jc duplicatas dr voni":!ien'.os nos cns >s
de S i b s l i i u i ç à o ou "evreicio i:it- rini, o,uanit.i o
,

icates ou mais pessoa! do corpo docente se achar.»:


i n pedidos p-n* imtivu de s e r v i ç o p:ibl:c:> pr.v.ii.L j
ubn^atorio por Io: 0:1 cm cu::i::.issão d> .Ministerio d
Império.

Secretarias, bibíiotliecas laboratórios dis Faculdades do


M<«'!"c".:ia :tvi:.^n.í0i>i
!
t:-3:'.)2!"i5fj00 7:000?000

Por conveniência do serviço attinenie â s a ú d e pu-


blica, por isso que. n ã o podia t"r o necessário desen-
volvimento o Laboratório de Hyirieiie annexo .'1 F a -
culdadn dft Mo(J;C:na da C'»r'.«, ao i\r.c ainda acerescia •>
fact-i d«» liavcr a b'. do orvaiucr.lo vipcüie : i . IÍ;ÍÍ?7 de ^1
-

de novembro de KS-s no «i 13 do arl. 2'J. autorisaün a


c o a ç ã o de u-u Instituto dc Hv^ierii", c-):isi^n*»nd » n t -

verba * Tnspoctoria (lerai <> Hvp^ii«>. a «pnntii ü v

10 0O33 para a sua installaçao " orpanisarã-j, resolveu


o Governo I/nperial r^orpanisar esses d ms raaios df»
s e r v i ç o s cre.id is pir lei. o exp"d:ii o> I)<c:'S. ns. 10.^30
i

e 10.131 de 13 dv abrii dc 1S,vJ ; 0 priaieiro renr^i-


nisando o Lab) raio rio -Ia I-'.-,culd ide, s J!I a denomi-
n a ç ã o do « I n s t i t u t o d»* Hypiene ». e o scjjiin i>> o-íla-
li*j'»c»'iído ir11 « Laborai *ri*> <!•) }Ntnd>>*. para «» ';IJ<-
a

:ibriu-s#» nnv.i ]iar:ií.'ra|ilri •[(••niiva ;i. W,


169

DIFFKUFNO.VS

Yi:i(RV> VOTADO
PAU\ tx-o P A U A ISvJ

A
l' K\ MI:NO>

Destes atrtus, o segundo importará e M .'alento


ile despeja, mas relativamente pequeno, e qu-» será
largamente, compensado co::i cs resultados que Je fu-
turo o listado c o l h e r á , por isso quo a renda do esta-
belecimento s e r á grande. Quanto ao primeiro, porém,
nenhum encarto pesará sobre o orçamento, porque a
quantia de l.":S.>0>, e::i que se rouiputa a despeza do
pessoal c material, í-ii ale incida e mi quotas votadas
dentro do orçamento v.gviite, is*. i «,'•: iilvü.j que se
despendiam C-ÜII •) L a b o r a t ó r i o de llygieise por c=iula da
própria v^rba - St'er-tar'.as, li.ljiioth-cas e laborat -rios
«Ias Faculdades de Medicina * •* 10:0003 que foram con-
sipu idos na da - Inspeciona 'leral de Ilygienu - para o
Institui t lIygi":iieo. Pelo c;>ntrar:o, dar-se-iaaindaunia
diminuição di.í ;(:()>..'*, si n.Io àouvessea.Mvssidadede c:>r.-'
templareai-se c o n s i g n a ç õ e s para as s-ígiuites despezas :
1 ÜOÒí para o pagamento de duplicatas de vencimentos nos
casos de substituirão ou exercício interino quando os em-
pregados se acharem impedidos por motivo de s e r v i ç o
publico gratuito e obrigatório por lei ou em c o c i m i s s ã o
do próprio Ministério f HW> para cada uma das Facul-
dades) ; S:í?0ü.s, somente para o exercício de ISCO, des-
tinados á i m p r e s s ã o do catalogo da bibliotheca da do
R:o de Janeiro, e 1:000? para cievar-sc a 3:000$ a con-
s i g n a ç ã o votada para c o n s e r v a ç ã o o asseio dos edi-
fícios occupados pela niesma Faculdade.
Assim, pois, o a-.iirmer.to de crcd.io pedido apenas
de 7:000i0ü0.

23 Escola Polytechnica. pessoal d.) ensino i9i:õ(»?000 '-•í-.ôOOÇOOO

Secretaria* gabinetes da Escola Polvtechnica. ilílOisVOOO W:2I2$000 1S:77.JÍOOO

A d i f e r e n ç a de i^TT-i-í para mais procede de pedirem-se:


.->00Ç para pagamento üe duplicatas de vencimentos nos
casos de substituição ou exercício interino, quando os
empregados se acharem impedidos por motivo de ser-
v i ç o [ m b ü o gratuito e obrigatório por lei ou em com-
missao do próprio Ministério: igual quantia afim de
e!evar-se a J:00OS a consignação dê S:"005 destinada a
(

despeza dos lentes o ahimnos e:n exercícios p r á t i c o s :


3: .7u$ para elevar a 10:I2S$ a de fi:V»2S relativa a
serventes ; 11:000-? para r.:andar os aluamos premiados
á Europa o;; aos Estados Unidos, na conformidade dos
Estatutos da Escola, o. liiulracnto 3:20í*5 afim de elevar
de i:*j00$ a ">:000s a consignação para despezas extraor-
dinárias e eventuaes. na qual agora se co::ipreí:en-.lom
as de c o n s e r v a ç ã o e limpeza do edifício.

Escola de Minas de Ouro Preto Si.-fOOíOOO

Inspectoria da i n s t r u c ç ã o i •iuiaria e secundaria no mu-


r.icipio da C u r t e , pessoal nia t-.-rial da instrucção pri-
\>0:l«Js$000 ÕVi: 1*0*000 &:ooos000

A diifei-ença de 2.i:OO0t$ para mais provém d" ter


passado para esta verba, por ser a mais própria, a con-
s i g m ç ã o de £0:000.? que se votava na verba * Pessoal e
material do Externato de Pedro I I » «ara despezas
com os exames de preparatórios; e d" pedir-se a quantia
d* t:000j para auxílios a meninos nobres que freqüentam
as escolas publicas, nos termos do art. 00 do Kegul.
de 17 de fevereiro de lV»*i,e a de V.000? para prêmios,
nos termos do mesmo Hegalair.ento. aos professores <b*
i n s t r u c ç ã o primaria e secundaria que compuzerem com-
pêndios.

IMP. 22
170

1)II-I-I-:UEN\:AS

ORLADO VOTADO

P A R A 1MH) PARA 1SS-.Í

V\U\ M K N O S

Pessoal r material do Interna!.» de Pedro II. •.••J:«.->0íÚiX) 3üv:0ÒO.*00O 0ü:000$000

A. d i f e r e n ç a de 2 0 0 : 0 0 0 3 para i::* nos nrov<'m de se


h

ter papo o preço por que foi comprado •> edifício e:n que
se acha o "listemaio. para o que o Poder Legislai, vv
votou a r-:'eri;Ia somma.
Deram-se uuiras redu^ç~es ::a i:.es.::a verba, mas n
Governo, :i vista das necessidades demunsiradas pela
administração do estabelecimento, dotou ::.e!!i-:-r al-
gumas das c >ns'pnaç-~es de despeza. sobretudo C H I S
relação ao mat-rial. entre as quaes as que se destinam
a alimentação dos aiumno*. lavairem de roupa. etc. e t c ,
e a'.tea:!'.'U ov.Iros sorvi;os
•.'U « ov.ir.ts sorvidos sem augaa a u í a : e : ü o do credito
1

ordinário. Ciinte.-iplami.) quota para c -ns-'rv.".çã s e


asseio do pr<rdio; W n assim pr.tpoe q'i" o venr..:;se:iio
do Secretario seja elevado do 1:200-* a 2:000> e o do
Escrivão de 2:00.i$ a2:-í0ú*. e Licluo qu -tos não súi para
patameat > de grati:icaçõos a que tè u diroilo os sub-
stitutos quan-io no e\ercic.o das cadeiras, mas também
para pacamento de duplicatas do vencimentos por mo-
tivo de substituições ou "exercício interino.

; 3J Pessoa Pedri II i>: u.

Conforme ficou explicado uo s SS. pnssou deste para


aquelle a consignação de 20:00!).* destina-la ao s^rv.ço
dos exames geraes de preparatórios. Eniretsr.to dã-se
u:n pequeno augmer.to >1c •fespeza.provenientfdo elevar-
se i-imoe:;: o vencimento do Secretario do 1:200$ a2:000$:
de pedir-se aquanliadelOO? para occorrorao T.agamento
dedupMcaias de vencimentts quando ha substituições
ou exercício interino no estab-lec-mento, e d* ter-se
elevado do 2:21°: a 2:*00*- a c o n s i g i n ç ã o para despezas
;

extraordinárias, afim <!e r.eüa coinpre!ien-!er-se quota


para asseio e c o n s e r v a ç ã o do pred:o.

31 Escala Normal... r»i:fOO$ú00 :">00s000 '"003000 !

Pelo art. 23. S 2 . da Lei n. 3!tíi de if> do oitubro de


o

IS^G foi o Governo aut «risado a re-irganisar o ensino


da Ks.:o!a Normal, n ã o podendo despender c ms o pes-
soal e material mais de .• 0 000*. 1'sando da n u i n r K i ç ã o .
o Governo exjH'i;u o lí-ipuiamTilo q*:e baixou com o
IVc. n. I0.t>,<0de 13 de oitubro de lSxS. " na tabeliã
que acompanha o sr.os-ro R<-;ru!a:r,onio fix»;; a despeza
com o ressoai «-ii ")'•: I O O C e c-im o material em 3:000*.
As leis de '>rça-i!'>ni > para 1 « S e 1SS. haviam votado o
1

credito de 67:'"GO*.sendo para pessoal "»:20O$ o para


material í2:3ò0*. E \ por-'':::, de todo impossível nceorr^r
ás despezas da s^íunda naiure/a apenas coma refer
quantia de 3:>7K)>. sobretudo hoj-" qu'* a Escola func-
eiona e-ii edific.o próprio, quando aniennrmer.le oc-
cupava parle do prédio da Escola Pyíylechr.ica, o que
contribuía para ser mon^r a despeza.
Portanto, afim de nit-r.dor reffuiarr.eníe ao serviço
dest" »stabei'»ci r."nt'». é" indispensável augxentar al-
,

gumas das respectivas c-nsicnaç" os. Disto resulta a


d i f e r e n ç a para mais «li» •i:'.-iXhJ. comparada a despeza
ora proposta cmi a somea de f,0:000< autorisnda para
a reforma: mas. s; f.\r comparada com o creditado
('•":."00?, ainda votado na v conte !*\ do orçamento,
:

haverá para menos a di:Teronça de GOOiOOO.


171

DIKKKRHNÇAS
< VEKIUS OUÇADO VOTADO
1'AKA KX) PAKA ISIJ

< l'AR\ MUNO»


1

ACIJ(Í.II::I liuperial das Bollas A r i e s i>7:V,0$0ü0 s7:;^0$000

33 OI.,ijrivt 9l:!>tfí<)'i0 ÍHWJOOO

A di!rereii;n de l : V ) } j para mais proco 'e de pe-


quenos au;r::iea! JS :eit >s i n s c jasi.,-naÇ'jcs destinadas

31 i)S:6>i"»<ooo 3:ÍB0í000

A dulerem;.! de 3:370$ p a r a aiais p r o v i n dc p e l i r - s e :i


quantia, dc 000$ para pagamento da g r a t i f i c a ç ã o .1 ir:i
professor por completar mais dc l"i annos de exercício,
o dc cievaren-se as'seguintes c o n s i g n a ; J c s : para a l i -
m e n t a ç ã o , do li:OO0J a 11:0005 a f l n de scre n .adimtiidos
mais 10 alumnos: para c a l o r i a pri-na, dc 1:000$ a r>:000i,
a f l n de substituir-se o :nat"rial estragado pelo serviço
de 1"> annos: para concertos c inoveis, de330;a600$.
c para c o n s e r v a ç ã o do p r é d i o , escala a g r í c o l a , e t c , do
1:000$ a S:O0O$, tendo-se feito par outro lado. e n varias
c o n s i g n a ç õ e s , pequenas r e d u c ç õ e s na : n p o r t ' i n c i i de
i>V)$000.

3"» 13S:900-000 llò.õí0$000 22:320$000

Este paragrapho c e despeza apresenta uai augmeato


dc 2i:3r0$,qu*se explica pelo seguinte facto:
C o r r i a por c o n t a da renda de algumas oflicinas qu<*
n ã o se achavam contempladas a i n d a n a t a b e l i ã explica-
tiva n ã o s i a despeza com os s a l á r i o s dos mestres, mas
t v n b c : n c o : n a c q u i s i ç ã o de m a t é r i a prima p a r a os t r a -
balhos dessas officinas. Hoje, p o r é m , que a renda
bruta do estabelecimento te n de ser recolhida aos
cofres públicos, é n e c e s s á r i o a b r i r c o n s i g n a ç õ e s para
tod)s os s e r v i ç o s , considerando-se que os bons resul-
tados que p o d e r á apresentar esta i n s t i t u i ç ã o e, por-
tanto, o crescimento de sua renda, depende JI cm muito
do desenvolvimento profissional que nella houver.

30 Estabelecimento d i E i u c a n d a s n o P a r á S:000$000 2:000$000

37 Sl:700$000 93:300$000 ll:GOj$000

D á - s e a d i f e r e n ç a de 11:000$ p a r a menos.
No exercício de 1331 a despeza o r d i n á r i a doste esta-
belecimento ainda d e s c r i , porque na actual proposta
sc pede a qu*nlia do 7.000$ para a c o m p r a de u n c i r -
culo meridiano, indispensável ao O b s e r v a t ó r i o .
N ã o tendo o estabelecimento nenhum outro empre-
gado do a d m i n i s t r a ç ã o a l i a i do D i r e c t o r . <í imprescin-
divel a c r e a ç i o do logar de Secretario ; e, por n ã o poder
a bibliotheca, hoje c i m bastante desenvolvimento,
d"ixar de ter u:n empregado que se oecupe do res-
pectivo S T V Í Ç O , p r o p >e-se Umbem uma pequena g r a t i -
ficação addicional para um dos alumnos a s t r ô n o m o s
que aceumuiar esse s e r v i ç o ás f u n c ç õ e s do seu em-
prego.
DIFFEKKXÇAS

-e. ORÇADO VOTADO


VERBAS — -
PARA iAW P A R A 1SS'J
O
< i'.\r.*. MAIS ' A R A Mi:.NOS
<

2J:ü00$000 sr::Oú-3-ooo 2:CO0$00dj


3S

0 ausmcnla de 2:030$ procede ile pedircai-se,


q u i n t a ' a o pessoal: 1'JOS para elevar o vencimento do
1'orteiro de 1:200$ a 1:6003: -iOj para elevar t a - i b e a o
do Con'.:nuo de ÜliOJa 1:000$, V I S Í J terem os empregados
dessa categor.a ejn outras U e p a r t i c õ e s r e n u n e r a ç i o
a i n d a superior, e à00$ para pagamento de duplicatas
de vencimentos nas casos de s u b s t i t u i ç ã o ou e x e r c i d o
interina quando os c npregados so acharc :i impedidos
por inot.vo de s e r v i ç o publico gratuito e o b r i g a t ó r i o
p o r l e i ; e quanto ao material ina:s 103$ p a r a a c o n -
s i g n a ç ã o destinada a papel, pcanas, e t c , e 1:0.0$ p a r a
a relativa a compra e c.ipias de documentos i m p o r -
tantes, e t c . , reduzida, por outro lado. a tiíOS a C O I I M -
g a i ç ã o de 203. c o n dest.ns á .ae-pisiçã'} «Io c uvas j a r a
;

g u a r d a dos d o c u x o n t o s .

33 y.':lS0;003 7-,:iM);000 17:l<ftfOC?

.V differença para mais de 17:150$ resulta: c pedir


a quantia dc.~>03$ p a r i pagament) dc duplicatas dc ven-
cimentos nos casos de subst t u i ç ã ) ou e x e r c í c i o interino
q u a n d o o s e a i D r e í a d o s s e a c r i a r e n i m p e i i d o s por motivo
de s e / v i ç o publica gratuito e o b r i g a t ó r i a ou cai coinmis-
s ã o do p r ó p r i o M i n i s t é r i o , a l i a co 1:JÍ0$ para a d m i s s ã o
dc mais 2 serventes; de elevar de 4:000$ a S:000; a
c o n s i g n a ç ã o p a r a encadernai;jes, afi n d » a l t c n : i c r .
c )i:io despeza :i .ir c n a s i vez, .1 r e s t a u r a ç ã o o r e c e n -
de m a ç ã i d os livros antigos que o n s t i t u e m e d i ç - l c s r a r i s -
simas, exemplares ú n i c o s : t i m b e i i de elevar de d:SO05 a
S:000$ a que se destina a iilu-iiinação ; do 1:200$ a 3:000$
a dc inoveis, e t c , compreacn Jenio-se o asseio e conser-
v a ç ã o do p r é d i o ; dc pedir a q u m t a de õ:00D$, t m í b c n
;

como despeza por U':ia s i vez, p i r a a i m p r e s s ã o


dc u n c a t i i o g o simples d is livros e que s r v a dc i n v e n - ;

tario, e fír.ala:cntc 3:000$ af: n Se estabelecer na


H i U i o t l i c c a a s e r v i ç i de pe.-aiut-iç/Mrs inter.iiciosae.?.
<iuc estava sendo feito na .Secretaria de Estado, :::as
sem o desenvolvimento p r e c i s o .

40 Instituto H i s t o r i e i , G e i g r a p h l c o o E t l m o g r a p l i i c o l l r a s i l e i r o . •J:000$0J0 •3:000500)

' 41 Imperial <Ycade::iia de Medicina 3:ooo$ooo 3:OOJA030

42 M : 000*000 Vú tOOOiOOO

13 2$í:730$000 23i:7lG$000 ."i3:.-^0.}000

P a r a poder attender c jnvenientemente ao moinen-


taso ramo ili s c r v i ç i da s u i d e publica cr.-, i n -
d i s p e n s á v e l dar maior de-env jlvi-.aento á R e p a r t i ç ã o
competente, de modo c o m p a t í v e l c a m o pr.igresso
e i a p i r t i n c i a social o cammereial da c a p i t a l do I m -
p é r i o . Neste i n t a . t ) f o i . tanto quanto e r a possivei.
ampliada a r,cçã> da Inspcctor.a li'.-rü de H v g i e n - , j . i
n í que diz rcsnc.to aos e n c a r g o s do p?ssoaI existente,
j á na c r e a ç a o d c c e n t n s s a n i t á r i o s , nos quaes a
p o p u l a ç ã o pudesse e n c o n t r a r os recursos aconselhados
iioje pela sciencia, no e n p e a h o de p r e v e n i r a i n v a s ã o
das epidemias c dc isolar os enferains.
R i r a conscguireii-se o s resultados salutares das
medidas ndoptadas, " S t ã a senJ) construidos p a r a
a hygiene dc t e r r a n-n hospital no R e t i r o Saudoso, fre-
guezia de S. C h r i s t o v ã >, e os iie^infcct >rios que
devem c instituir c.:niros dos diversas districtos
sanitários d a cilade.
N ã o seria passível obter o dr»idrrat\ih\ em t ã o i m -
portante s e r v i ç o sc n o u í a i c n t i d i despeza a c t u a l . o que
e x p l i c a o acerescino. relativamente pequena que apre-
senta a proposta, de .Yj:SS0;. p a r a p e s s o a l « material
N a t a b e l i ã explicativa v ã ) indicadas a s novas
c o n s i g n a ç õ e s , consideradas de necissi-lade :uais i u m e -
dia la.
173

IIIKKI:I;HXI;AS

V E U II AS ORc.ADO VOTADO
P U ! A IS.V) PAltA IW

v\r\ v i s o s

[nsimctoria Hera! de s.audc ilos Por! 2T'J: l « i K i » 0 ÍIIJ: i l ' ) * * ) <i,:T.o »»


;
N

A diilorença de !>ò:7-10$ para mais jiistife-í-se \irias


mesmas r a t õ e s q u o dcteriui:ia-ii » augaicoto do cre:!ito
•!a verba « Inspectoria G e r a l de Ilygiene ».
O s e r v i ç o do s a ú d e dos portos" n ã o podia deixar de
l o m a r i u a i o r descnvolviiner/o no sentido de s e r e s af.en-
didas, s l n ã o todas, ao menos as necessidades mais pal-
pitantes, n ã o so c m i r e l a ç ã o ao da capital do T-apeVio.
como aos demais portos, s''-d»s das I n s p e c t o r í a s l ' r . i -
\inciaes.

L&zaretos e Hospitaes M a r í t i m o s . 00:112?ido .".O:ii2;'j00

S o c c o r r o s publicos , 1 Íi-.OOOSOOO 112:000>000

L i m p e z a da cidade « praias do lli: t'.'7:l1)>;rvõi C27:Wi«j:4


I
— [ I r r i g a ç ã o da cidade do l í i o d e Ja 100:0>»í000
I

Ks'.e s e r v i ç o l'oi supprimido, pelo que d.i-se a dife-


r e n ç a de ii)0:00ú.> para menos.

L a b o r a t ó r i o do Esta-lo.— P a r a pessoal c :uat< í » OútViOOÜI

Conformo ficou expandido nas o b s e r v a ç õ e s concer-


nentes ã verba - Secretarias. liddiothecas e L a b o r a -
t ó r i o s das faculdades de Medicina •, foi por D e c r e l
n. 10.230 de 13 dc a b r i l de ISSO. e em virtude d o s 13
do a r t . 2 da L e i n. 3307 de 2i de novembro de 1SS\
o

separado do L a b o r a t ó r i o de Hygiene da Faculdade de


M e d i c i n a do H i o de Janeiro o s e r v i ç i das analyses
exames ilc que t r . - . t a o a r t . l o do Regulamento appro-
vado pelo Decreto n.0003 de 22 dc dezembro dc'lSS3.
afim de ser feito o mesmo s e r v i ç o em l a b o r a t ó r i o es
pccial, de conformidade com o a r t . I S i d o Regulamento
annexo ao Decreto n. 9'>õl de 3de fevereiro de lSSIi.
I n s t i t u í d o , pois, esse l a b o r a t ó r i o especial sob a deno-
m i n a ç ã o de « Laboratório do Estado ». foi ; i o r Dec.-eio
n . 10.231 de 13 de a b r i l dc ISSO expedido ó r.'sp»c'.:
Regulamento.
P a r a o c e o r r e r á despeza r o m o pessoal e m a t e i a : ê
p r o p o s t a a somma de 00:000.-!000.
C o n v i r » , [,'orém. ter e::i vista r i i i e o augi::ento i v a l
de desneza s e r á de 32:00.)$, por Í-ÍSO que das verbas « Se-
cretarfas,Bibiiothecas c L a b o r a t ó r i o s das Faculdades dc
M e d i c i n a » e . Inspectoria G e r a l dc Hygiene - passam
p a r \ este novo paragrapho diversas c o n s i g n a ç õ e s dc
despezas, na i m p o r t â n c i a de 28:000?. sendo da primeira
S:OO0Ç,que se destinavam ao pagamento doveaciment i do
Director do extineto L a b o r a t ó r i o de Hygiene, e ">:CO0Sá
acquLsição de reactivos, e t c , do mesmo L a b o r a t ó r i o ; e
da segunda,12:000; marcados para o pagamento d o s c l i i -
m i c i s d a Inspectoria Geral e 3:000$ para a c q u l s i ç ã o
e c o n s e r v a ç ã o dos o b j e t o s precisos para analyses,
etc.
A despeza que o r a se p r o p õ e ê de natureza prodit-
ctiva, porquanto s e r á largamente comp ?nsada com a
r e n d a d o estabelecimento, logo que elle principie a íiir.:-
c i o m r regularmente.

Obras l0ú:MO$Oúú •100:000$000

Evcntuaes. i0:00OW0 io:ooo>;ooo

O.Ki:7SS.<037 !>.223:321iOD7 32<:.<inS000 330:0133000

D l J c r c n ç * para inen >s


ANNEXOS
ÍNDICE DOS ANNEXOS

A
Documentos relativos ao acordo para a entrega do dote garantido á fallecida
Princeza Senhora D. Leopoldina, Esposa de Sua Alteza o Senhor Duque de
Saxe.

B
Actos do Governo sobre negócios eleitoraes e câmaras municipaes, comprehen-
dendo-se a Consulta da Secçõo dos Negócios do Império do Conselho de
Estado de 15 de maio de 1888 a respeito do arrendamento da Praça do
Mercado da Candelária.

c
Regulamento da Escola Normal approvado pelo Decreto n. 10.060 de 13 de o i t u -
bro de 1888.
Consulta da Secçâo dos Negócios do Império do Conselho de Estado de 6 de agosto
de 1888 sobre a validade do Decreto n. 72i7 de 19 de a b r i l de 1879 na
parte em que permilte a liberdade de freqüência e introdusiu outras
innovações no regimen das Faculdades de Direito e Medicina e na Escola
Polytechnica.
Relatório do Director da Academia das Bellas Artes...

Quadros estatísticos e demonstrações a que se refere a exposição do Presidente


do Ceará de 17 de abril de 1889.
Informações posteriormente recebidas do mesmo Presidente.
VI

E
Decreto n. 10.231 de 13 de a b r i l de 1889 dando regulamento ao Laboratório do
Estado.
Decreto n . 10.232 de 13 de a b r i l de 1889 regulando o provimento dos logares dc
membros da Inspectoria Geral de Hygiene, Delegados de Hygiene nas
parochias urbanas, Medico demographista, e de Chimicos do Laboratório do
Estado.
Relatório do Inspector Geral de Hygiene.
Parecer do mesmo Inspector sobre as condições das obras de esgoto dos bairros
do Engenho Novo, Todos os Santos e Officinas.

Quadro das naturalisações concedidas pelo Governo desde 1.° de maio de 1888 até 30
de abril de 1889.
Quadro das naturalisações que, segundo as communicações recebidas na Secre-
taria de Estado, foram concedidas pelos Presidentes de provincia naquclle
período.

Decreto n. 10.181 de 9 de fevereiro de 1889, abrindo ao Ministério dos Negócios do


Império um credito extraordinário de 5.000:000$000, com a exposição de
motivos e o parecer do Conselho de Estado.
DemonstraçSo das despezas feitas pelo referido credito até 16 de maio de 1889.
ANNEXO
A
Documentos relativos ao acordo para a entrega do dote da
Princeza Senhora D, Leopoldina

Ter.,io de acordo i>;i,-.i a c,üfe,j : d, <Lie <j :i--:,\t\do d f.zida Princc:-.: Snúor* Dcn.j Lopol-
dh:<t, esposa dc Sua Altezn o SitAor D. Luiz .U.jv.mo Evdcs dc Saxe Coburgo, D:tquc dc Saxe,
celebrado entre Sua Excc!'sí.cia o Scihoe Cjincliiciro Jtsc Formada da Costa Pereira Júnior,
Ministro e Secretario dc Estado dos Xejoctos do Iuípcrio, e o Hlustrissinio Seniíor D ;•'.''>;• Joifdtn
Pires Ma-:i.ado Portella, procurador icsfMíí dt. Sua A!:eza o Sr. D"j<te de S.:xe.

Toado sido o («ovorp.o imperial autoriscub polo art. !5 da Lei n. 33-.0 do 20 do outubro do 13S7,
que orçou a despeza gorai do Império para o correiúo exercício do 1SS3, a pagar a nuanti.i do doto
garantido á fallecida Pi-mcuza a S r a . D. Leopoldina, esposa do Sua Alteza o S r . D. Luiz Augusto
Euiles do Saxo Coburgo, Duque do S.ixo, S. E x . o S r . Conselheiro José Fernandes da Costa
Pereira Júnior, Ministro e Secretario do Estado dos Negócios i b Império, inconformidade da Im-
perial Resolução do Consulta de 11 do abril próximo passado, tomada sobro parecer de 20 do de-
zembro do atr.io passado das Soeçü-js reunidas dos Negócios do I:n[ie."io o 'Ia Fazenda do Conselho de
Estado o á vista das Leis n . ;üò de 20 de setembro de 18-10e n . 1217 de 7 do juibo de lSõí. i>em corno
do contraeto matrimonial do primeiro ilia de novembro do 1SG4 o do auto do ratificação «Io mesmo
centraeto de 1S do fevereiro de ltíG5, do orlieio que Sua Alteza o S r . Duque do Saxo dirigiu, e:n 29
de agosto de ISSO ao Governo Imperial, cm resposta ao Aviso do Ministério dos Negócios do Império
do 19 dc julho do mesmo anno, resolveu, de acordo com o I l l m . S r . Doutor Joaquim Pires Machado
Portella, procurador bastante do Sua Alteza o S r . Duque de Saxe, como consta do Alvará de pro-
curação que v a i em seguida transcripto c lica archivado nesta Secretaria de Estado, pagar o dote da
falleeila Princoz.i a Sra. D. Leopoldina, na importância de I.2C0:030í0Q0 em ouro. s:gundo o
p a d r ã o monetário ria Lei a. 401 do 11 do setembro de 1840 e polo modo q m vai ia-iic.vio nas subse-
quentes conligões : Primeira.—Como o:n virtude do a r t . 13, n. 2, do saprameueion.id:> contrasto
matrimonial, tem Sua Alteza o Sr. Duque de Saxe, na sobrevivência á sua esposa, o iiv.fructo
vitalício do rendimento da t e r ç a parte do mesmo dote, devem as duas torças partes restantes desse
doto ser divididas em quinhões iguaos, pelos quatro filhos do casal: os Príncipes Srs. D. Pedro.
D. Augusto, D. José e D. L u i z . — Segunda. — A importância de SOO.-OOOíOOO que corre-
spondo a duas terças partos do dote, pertencendo uma, cm partes iguaes, aos Si-s. Príncipes
D- Joso e D . L ' i : z , o que tem de ser administrado por Sua Alteza o Sr. DU.JUO do Saxe,
durante a menoridado destes seus dous íllhos, e representando a outra a terça do doto, da qual
tem Sua Alteza o mesmo S r . Duque o usufrueto durante sua vida, passando, por seu falle-
cimento, aos seus mencionados quatro filhos, em partes iguaos, será depositada, com os competentes
juros de cinco por cento ao auco, a contar do primeiro dia do mez de janeiro ultimo cm que começou
a vigorar a actGal Lei de orçamento ato ao dia cm que clTectivamcnte for foita a entrega da dita
quantia, na casa bancaria Coutts & Comp. estabelecida em Londres, para ser convertida em
títulos do ronda por Sua Alteza o S r . Duque do Saxe.—Terceira.—Sua Alteza o S r . Duque
de Saxo so compromette a não alienar, sem annuencia do Governo Imperial, os títulos concernentes
cão só á parte pertencente aos sobreditos seus dous filhos, os Srs. Príncipes D. José e D. Luiz,
durante a menoridado destes, como tombem duranto sua vida, o que constituo a terça do dote,
cujo usufructo compoto a Sja Alteza, romottondo ao Ministério dos Negócios do Império uma re-
lação desses títulos, que, para o dito ilsn, ficarão depositados na alludida casa bancaria.—
Quarta.— A importância de -I00:0ü0í000, correspondente á parte do doto que desde já corr.pcto
repartidamente, aos dous filhos mais vtlhos, os Srs. Príncipes l). Pedro o D. Augusto, o p r i -
meiro já maior e o segundo prestes a attingir a maioridade o ambos residentes no Império com
os direitos eonstitueioiiaes de Príncipes da Família Imporial, será convertida em apólices da divida
publica depositadas no Thesouro Nacional, até ulterior deliberação. — Quinta. — Tendo o
S r . Príncipe D. Pedro Augusto attingido á maioridade, o competindo-lhe, na qualidade de primo-
gênito, o vinculo ou morgado a que so referem os artigos 5° o 0° da Lei n . 10o de 29 do setembro
de 1810, e n t r a r á desde já na administração o usufructo do Palácio < Leopoldina» sito á rua
Duque de Saxe. nesta Corte, ao qual será incorporado o patrimônio em terras, determinado pela Lei
n. 1903, de 17 de outubro de KS7ü, salvo novo acJrdo entro os interessados, com previa autorisação
ou posterior approvação do Poder Legislativo.— Km firmeza do que mandou o E x m . Sr. Conselheiro
Ministro o Secretario de Estado dos Negócios do Império lavrar esto termo nesta Terceira Diro-
ctoria da Secretaria do mesmo Ministério, aos oito dias do mc-z de maio do anno de m i l oitocentos o
oitenta o oito, no qual atsignam Sua Kxcelioncia o S r . Ministro, o Procurador bastante dc Sua
Alteza o Sr. Duque de Saxe e cimo testemunhas os Srs. Commendadores Nicolau Midosi e Artidoro
Augusto Xavier Pinheiro, Sub-direetor o Oilkial do->ta Direetoria. E eu, o Doutor Joaquim José de
Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque, Director da Terceira Direetoria da Secretaria de
Estado dos Negócios do Império, o escrevi. Estão duas estanipilhas no valor de oitocentos réis d e v i -
damente inutilisadas pelas du.is primeiras das seguintes assignaturas: José Fernandes da Costa
Pereira Júnior, pp. Joaquim Pires Machado Porte-la, Nicolau Midosi e Artidoro Augusto X a v i e r
Pinheiro.

n
Procuração a que se refere o termo supra

Eu Príncipe Augusto de saxo Coburgo-Gotha, Du^ue de Saxe, como tutor de meus íiíhos
menores Dom Pedro Augusto, Augusto Leopoldo, José e Luiz do Saxe Coburgo e Gotha, pela
presente procuração que mandei escrever o que vai de meu próprio punho assigaada, confiro ã
Sua Alteza o Senhor Príncipe Gastão de Oriéans, Conde d'Eu, todos os poderes em Direito neces-
sários para por si ou por outrem, em quem substaboleecros mesmos poderes, tratar dos ajustes
indispensáveis á entrega do dote garantido á fallecida Priaceza D. Leopoldina pela respectiva
convenção matrimonial, assim como de tu lo que se refere à garantia e inalienabilidade de seu
capital, e o mais que sc acha estipula-lo na referida convenção, podendo o dito meu procurador
assignar em meu nome quaesquer papais ou termos, receber quaesquer sommas e dar quitação, et
cmter.i, na íbrma das Leis do Império.
Sciiladming d'Austria, 20 dc agosto de 1S33.— (Assignado) Augusto, Príncipe dc Saxe Coburgo

e Gotiia, Duque de Saxe. .

Reconheço como verdadeira a assignatura supra de Sua Alteza o Senhor Dom Augusto, P r í n -
cipe de Saxe Comrgo-Gotha.— Leg.içãi do Í3razii em Vienna, 1 de setembro do 18SG.— (Assignado)
Júlio JJ. dc Mello e Alcioi.

Estava impresso o sello das Arma» Imporiaes da Logação do Brazil em Vienna.

SCBSTABELECIKENTO

Eu o Príncipe Dom Luiz Felippí Maria Fernando Gastão de Oriéans, Condo d'Eu, substabeleço
no S r . Dr. Joaquim. Pires Machado Portei !a todos os poderosa mim conferidos na presente pro-
curação.
Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1886.— (Estava uma estampilha de sello fixo de du-
zentos réis ).— (Assignado) Gastão dc Orlcans, COTÚC d"EU.
III

Transcripçtn dos doeumcntos que acompan'nr:z,ii o Aeiso do Ministurio do< X^oicios du Fazenda,
dt l'J d,: setembro dc /.Ws', rtluivit d CMv*rslo cm titulo* d-: realt da importância das dum terras
partes do dMi, feita por Sua Alteza o S.: D-ipf dc S :x: nt rmyrmi! id- da -lan.iula .> do acordo
r.ci:,m l'ivr-.:do, ::.".(.'.>.< que se acha.a depositados n : c isa bancaria C>utts & C. , de Londres.
1

Aos vinte o svte dias do :no/. do julho do amio do ip.il oitocentos a oit.jnta o oito acha:id.v*o
reunidos na Chaneell.iria da Legação imperial do Biv.zil e:;i Lr>:i Ires o Conselheiro Adem Seitz, como
pr. curador bastant--de Si: i Alteza Real o Principir S-.-.ilior Dom Augusto Rudes do Sax-: Co' ur^o
Gotha, Du-;iv> do Saxe e S. E x . o Cons^heiro liarão de Peno Io, Rnvi-do Extraordinário o Minis-
tro Plonipot.mciario de Sua Magestade o Imperador do Brazi! para o :im de ratificar o acordo ce-
lebrado a ? de mai > Io mesmo anno, na cidade do Rio de Janeiro entro S. E x . o Conselheiro José
Fernandes da Costa Pereira Júnior, Ministro e S-.wtario de i M : v l o dos Negócios do Império
c o Dr. Jonjuim Pir-->s M chado Portella, na qtnli la<! ? de prxvirador bastvnte de Sua Alteza o
Senhor Duqu > de Saxe, o verificados os plenos poderes do Cons -!!i íiro Seitz, que se ac!iar.i:r. em
boa e«lovi-ia fôrma e :i.!-maiv!i:va ios nost\ Legaçío. foi Invado o s^gam!-; t«rmo de ratificação
confirmando o sobre sito acordo de 3 de maio de 1 S « .
Que, havendo os banqueiros Coutts & C.» desta cidade, em conformidade da ciar.sula secunda
desse acordo, recebi lo no dia 19 do corrente mez de j u l l n da Delegacia do Thesouro Nacional em
Londr..-s, cm execução do Aviso do Ministério da Fazenda n. 03 de 2 de junho próximo passado, a
importância das duas terças partes do dote de Sua Alteza a fallocl-la Princeza Senhora Dona Leo-
poldina e mais os respectivos juros de cinc > por cento, a contar d:i d:ita da Lei n . 3349 de 20 de
onins-ro d.- a t é o dia 19 do corrente mez, coxo consta do ofücioda n r s m a Delegacia, dirigido
nossa data a esta Logação, foi declarado polo Cons lhoiro Seitz que o seu constituinte o Senhor Duque
de Saxe se o m p r o m e t í e : Primeiro — A converter em títulos de renda as sommas acima referidas, e
que foram entregues aos banqueiros Coutts & C : l
: Segundo — A não ;.lior.ar sem annuenciado
Governo Imperial esses títulos, não só os que cDncernem ã parte pertencente aos seus dous filhos, os
Senhores Principos Dom José e Dom Luiz, durante a menori lale delles ; como também durante a
sua vida a que constituo a terça do dote cujo usufructo lhe compete ; Terceiro — A remetter ao
Ministério dos Negócios do Império uma relação desses tiíulos, que ficarão depositados em poder dos
referidos banqueiros Coutts & C . \ tudo em conformidade das estipula?"os do contracto matrimonial
d-? 1 de novembro de 180-1 e do auto de ratificação do mesmi c.-ntracto de ISde fevereiro de 1865.
E. c :r.o todas essas declarações se acham mencionadas no acordo do S de maio. o dito
Conselheiro Seitz. .;m n o m d o seu co:'.>tituinte, as confirma o ratifica, convindo nos termos do
presente auto, que foi lavrado em cumprimento do Despacho do Ministério dos Negócios Estrangeiros
(Secçã • Central n . 8 dc G de junho do corrente anno), sendo em triplicata: um no l i v r o dos termos
do archivo desta Legação, e outros dous em separado, tolos assirnados pelo Cons dheiro Seitz. como
Procurador b.stanto de Sua Alteza o Senhor Duque de Saxe c p o r S . E x . o Conselheiro 3 a r ã o do
Pene Io. Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciario de Sua Magestade O Imperador do
Brozil na G r ã - B r e t a n h a . Feito em L m Ires aos vinte e sete li is do mez de julho do anno de 1838.
Legação Imperial do Brazil em Londres.—O Cons.-iheiro Adam Seitz—Bar7o dc Penedo.

Leiração Imperial em Londres, 27 do julho do 1888.— I l l m . o E x m . S r . — E T I additamento


ao meu officio n. 15 do 15 do corrente, tenho a honra de communicar a V. E x . que não tondo S. A.
Roal o Príncipe Senhor Dom Augusto do Saxe Coburgo-Gotha, Duque do Saxo, realisadoa sus,
viagem a Londres, como mo havia oscripto om 13 do corrente, tolographou-me dizondo quo mandaria
como sou procurador o Conselheiro Adam Soitz, seu Secretario, ailm do ontoiidor-socommigo o
assignar os documentos requoridos polo Governo Imperial em confirmação do acordo do 8 do maio
relativo á entrega do doto de sua fallocida Esposa, a Princeza Senhora Dona Leopoldina.—Com
effeito aqui so apresentou o dito Conselheiro Seitz com plenos poderes do Sua Alteza, c commigo
assignou nesta data o termo de ratificação do roferido acordo, que foi lavrado om triplicata, sendo
um no livro competente, e quo fica nos archivos desta Legação, e dous em soparado, dos quaes uni
remetto a V. E x . annexo a oste oílicio, e o outro entreguei ao Conselheiro Seitz para leval-o a
Sua A l t e z a o Senhor Duque do Saxo.— Hoje mesmo recebi do Conselheiro Seitz a carta inclusa por
copia, acompanhada da lista dos títulos do ronda, assignada pelos banqueiros Coutts & C , o
que na forma do acordo foram depositados em poder dos mesmos banqueiros.—Assim julgo ter
cumprido as determinações de V. E x . constantes do sous despachos ns. 8 e 10 do G e S do mez
próximo passado.— Prevaleço-me do oosejo para reiterar a Y. E x . os protestos da minha mais
alta c o n s i d e r a ç ã o . — I l l m . e E x m . S r . Conselheiro Rodrigo A. da S i l v a , Mini,íro o Secretario de
Estado dos Negócios Estrangeiros.— Bardo dc Penedo.

B
Londres, lo 27 juillet 1S33. — A Votre Excellence, Monsieur Io Ministre.—J'ai 1'honneur
de vous remettrc ci-joint la listo des titres des fonds deposites chez Messieurs Coutts & C, ban-
quiers, 39 Strand Londres, conforme aux stipulations signées par Votre Excellence au nom du
Gouvernement Imperial du Brésil et de ma part signées par 1'autorisation légale de Son Altesso lo
Prince Augusto de Saxe Cobourg Gotha, Duc de Saxe. Agréoz, Monsieur le Ministre, Ies assu-
rances de ma pius haute considération, avec laquelle j ' a i 1'honneur d'ètre dc Votre Excellence le
tres humble serviteur. — Son Exeelloiioe Monsieur lo B.iron de Penedo, Londres. — Adam Scüz.

c
59 Strand-London, \ V . C. — 27 j u l y 13S8.

S i r — V V e liavo the honour to inform your Roya'. Highness that in obedience to your commands
\ve have inade the following investment of thc sum of ninety thousands pounds, the portion
representing capital of the amount reccntly paid to your account by the Brasilian Delogation.

Boughts:

£ 10.000. Victoria 4 pbt. Bonds. J a n . / J u l y :

a 109 7/3 pbt £ 10.937.10.


Brokor's comm 25. 0.6

£ 11.012.10.G

£ 10.090. Canada Paci.1c 3 1/2 pbt. scrip. paid up. (Guarantecd


by the Canadian Governoment):

a 97 7/3 pbt £ 9787.10.


Broker'3 comm 25. 0.G

£ 9312.10.6
£ 50.000. Baltimoro & Ohio Rrd. 5 pbt. 100year Bonda

a 110 7/8 pbt £ 11087.10.


Brokor's comm 25. O.G

£ 11112.10.C

£ 1 1 . 6 1 0 . Buto Dock's Co. J. Cardiff -i pbt. dobontures stock :

£ 4780 a 111 1/4 pbt £ 5317.15


2000 a 111 3/8 pbt 2227.10
4830 a l l i 1/2 pbt 5385. 9

£ 12930.14

Stamps & Frees 65.10.


Broker's comm. 64.13.G

130GO.I7.6
>

boing together the investment, as noar by as praticable of £ 45.000 your name, to be markod in
our Books as for « The Dov/ry of Her Royal Highness the late Princess Leopoldina of Saxe Co-
Lourg Gotha. »

Furthor we havo bought:

£ 10.000. Cape of Good Hopo stope 4 pbt. Bonds 1917-22 :

a 108 3/8 pbt £ 10837.10.


Broker*scomm 25. 0.6

£ 10862.10.6

£ 10.000. N'8v South "Walles 4 pbt. Bonds :

a 107 pbt £ 10700.


Broker's comm 25. 0.6

£ 10725. 0.6

£ 50.000. City of St. Paul R r d . 4 1/2 pbt. Bonds :

a 111 5/8 pbt •£ 11162.10.


Broker's comm 25. 0.6

t 11187.10.6
t 11519.0.10. índia 3 1/2 pbt. stock :

a 108 pbt < 12210.10.


Brokors comm 1 1
• 8
-6

£ 12224.18.6

being the investmont of a second sum of £ 45.000 ia your name, to be marked in our Books as for
« Thoir Royal Highness Princes José & Luiz of Saxe Cobourg Gotha. >

We havo the honour to be, Sir,


W i t h the groatest respect
Your Royal Highness'most obedient and
most humblo servants,
C o r r o & C.

His Royal Highness Princo Louis Auguste of Saxe Cobourg Gotha.

Ministério dos Negócios da Fazenda.— N . 51'.—Rio de Janeiro, 9 de novembro do 1888.


— I l l m . e E x m . S r . — Transmitto a V. E x . a inclusa copia da rolação enviada a este Ministério
pela Caixa da Amortisação, com officio n. 191 do 31 de outubro próximo findo, mencionando o
numero o os valores das apólices da Divida Publica, pertencentes ao patrimônio dos P r í n c i p e s
D. Pedro e D. Augusto, ü l h o s d e Sua Alteza o Senhor Duque do Saxe.— Deus Guarde a V. E x . —
João Alfredo Corríade Oliveira.—A S. E x . o S r . José Fernandes da Costa Pereira J ú n i o r .

rjemonstraçâo das apólices pertencentes ao patrimônio dos Príncipes D. Pedro e D. Augusto,


filhos do Sua Alteza o Senhor Duque de Saxe:

i:0OO$000 500$000 2O0J0O0

PROPRIETÁRIOS

QUANTl-

II
DADK

-%<
3 S
5

D. 230 6.973 a 7.172.34.025.47.116 1 208 1 528


a 47.133, 35.282 a 35.286,
22.700, 23.448, 23.449,
26.008 a 26.010.

D. 230 6.773 a 6.972, 2.793 a 1 9.341 1 3.374


2.813, 21.852, 21.853,
42.062. 31.519, 23.443
a 23.447.
Ministério dos Negócios do Império. — l- 1
Direetoria. — Rio de Janeiro em 14 de maio
de 1888.

I l l m . c E x m . Sr.— E' approvada por seus fundamentos a decisão pela qual, resolvendo uma
consulta do Presidente da Câmara Municipal da villa da Conceição do A r r o b , declarou-lho V. E x .
que, á vista da doutrina do Aviso do Ministério da Justiça n. 3 de L'0 de março de 1SSÕ o do do M i -
nistério do Império n. 27 dc 10 dc maio do mesmo anno, eram incompatíveis os cargos dc Vereador
c do Promotor Publico, adjunto, devendo o cidadão quo os accumulassc optar por um delles, sob
pena de ser exonera lo do cirgo judiciário.
Fica assim respondido o officio n . 904 de 23 do mez próximo passado.

Deus Guarde a V . Ex.— Josc Fe matutes du Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidente da Provincia
'lo Rio Grande do S u l .

Ministério dos Negócios do Império.—I- Direetoria.— Rio de Janeiro cm 25 demaio de 1888.


1

I l l m . o E x m . Sr.— Em otlicio n . " t de 3 do corrente mez informou essa Presidência que a


Câmara Municipal da capital, tendo nomeado para o cargo de seu secretario o cidadão Patrício
Marques Linhares, deixou dc elimi.nal-o da üsía dos Juízos de Paz da parochia de Nossa Senhora do
Desterro, na qual ó o primeiro votado, o de juramentar o immediato ao 4° Juiz de Paz, apezar de
incompatibilisado desde logo o mesmo cidadão para o exercício do cargo electivo.
Presumo essa Presidência quo este prece limenío provem da interpretação dada ao Aviso
n . 532 de 22 dc oitubro do 1831, quo resolveu não poderem ser excluídos da formação das mesas
eleitoraes os Juizes de Paz que, achando-so mudados ou exercendo funcções de empregos públicos
retribuídos, não foram ainda eliminado! pela Câmara Municipal, visto que a esta corporação
incumbe tal providencia.
Em resposta, c resolvendo a duvida quo essa Presidência suscitou sobre tal interpretação, de-
claro a V. E x . que o citado aviso não autorizou a concessão de prazo indefinido para a providencia
indicada, inferindo-se unicamente da doutrina nelle estabelecida que as Câmaras Municipaes, para
a verificação des facto? que exigem a referida providencia, precisarão, em alguns casos, de certo
prazo que pôde variar conforme as circumstancias.

Deus Guarde a V. Ex.— José Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidente da Provincia
de Santa Catharina.
4

Ministério dos Negócios do Importo.—1» Direetoria.—Rio de Janeiro em 11 de junho de 1888.

I l l m . e E x m . Sr.— A Seeção dos Negócios do Importo do Conselho do Estado, ouvida sobro a


resolução quo essi Prosidoucia adoptou o consta do otíleio n. 13 de 21 de março do corrente anno,
relativamente às cleioõos de Vereadores o Juizes de Paz do município de Ouricury, foi do parecer,
om Consulta de 23 de abril ultimo, quo prevaleça a eleição a l l i feita a 15 do abril do anuo passado,
porquanto:
A Relação do districto, tomando conhecimento do recurso intorposto es officio da soutença que
invalidara essa eleição, julgou poraecórdão de 28 de julho nulla a mesma sentença, visto que ao
Juiz a quo não fora apresentada reclamação contra o acto eleitoral; e, pois, ricou este subsistindo o
prejudicada a eleição que posteriormente effoctuou-se a 22 do julho ;
Não é exacto que a dita eleição de 15 de abril doixo i de couclnir-se. O processo eleitoral correu
sem reclamação alguma e terminou às 7 horas da tarde, achando-so a essi hora lavrada a acta c
publicada por edital a lista dos cidadãos votados. Faltava apenas a transcripção da acta no l i v r o de
notas do Taballião, formilidade que deixou de ser preenchida, não por fraude, mas porque a mesa
eleitoral entendeu não dever prolongar os trab ühos a l é m daquella hora, ã vista do que dispõe o
art. 132 do Decreto n. 8213 de 13 de agosto de 18S1 ; sendo quo semelhante falta, a não provir de
fraude, em nada prejulica a eleição (Decreto citado, art. 217, n. 1), por não ser substancial.
Adduz a dita Seeção que a essi Presidência cumpre expedir ordem para que se proceda a 2«
escrutínio da mencionada eleição, atim de completar-se o numero de Vereadores eleitos, pois que
somente seis o foram no 1° escrutínio, e indica este alvitre porque, realizada a eleição polo systema
da Lei n . 3029 de 9 de janeiro de 1881, é complementar a que tem de effectuar-se novamente, e por
este motivo não se lhe pôde applicar a regra do paragrapho único, in fine, do art. 3 do Decreto o

n. 9790 de 17 de oitubro de 1887, que refere-se a hypothese diversa, qual a do preenchimento de vagas
que oceorram durante o actual quatrionnio e depois de eleitos todos os Vereadores que devem compor
as Câmaras-
Conformando-se o Governo com este parecer, assim o declaro a V. E x . , para os devidos
e.Teitos.
Desta decisão resulta que deve-se considerar prejudicula, além da eleição de 22 de julho do
anno passado, a que se tiver realisado a 4 do corrente mez, nos termos do citado Decreto n . 9790,
conforme essa Presidência ordenou.

Deus Guarde a V. Ex. — Josc Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidente da Provincia
de Pernambuco.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Direetoria.— Rio de Janeiro em 4 de julho de 1888.

I l l m . e E x m . Sr.— Tendo o Governo, á vista do telegramma dessa Presidência, datado de 23 de


abril do corrente anno, com referencia á administração do município de S. Borja, ouvido a Seeção
dos Negócios do Império do Conselho de Estado sobre a providencia que deva adoptar-se no caso de,
suspensa a Câmara de um município, não poder funecionar a do quatriennio anterior, foi a mesma
Seeção de parecer em Consulta de 5 de maio ultimo:
Queraltaao Governo autoridade para prover sobre este caso, cumprindo-lhe r e p r e s e n t a r ã o
poder competente, que resolverá como parecer-lhe acertado :
Que si, entretanto, alguma r a z ã o de orlem publica oxigir que providencia se tome de prompto
para dar administradores ao muuicipio, dove o Governo, sob sua responsabilidade e submettendo-se
5

ao julgamento do Poder Legislativo, mandar jurainentar os immediatos em votos aos Vereadores


ultimamente eleitos ato proonchor-so o nurnoro preciso para quo a Câmara possa funccionar ; pro-
videncia exeqüível uo caso do município de S. Borja, quando so apreciem detidamente os faetos que
o telegramma mcuciona.
Conformando-so o Governo com esto parecer, assim o declaro a V. l i » . , para os devidos effeitos.

Dous Guardo a V . Kx.— José Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Prosidonte da Provincia
do Rio Grando do Sul.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Direetoria.— Rio de Janeiro em 14 do julho dc 18ciS.

I l l m . e E x m . Sr.—Digne-se V. E x . providenciar com urgência, polo modo que entender mais


acertado, afim de que os Promotores Públicos e seus Adjuntos da comarca da Corto, observando o
disposto no art. 41 do Decreto n. 8213 de 13do agosto de 1881, requeiram aos respectivos Juizes de
Direito, na próxima revisão do alistamento eleitoral e nas seguintes, a eliminação dos eleitores
fallecidos desde o anno de 1881 o cujos nomes continuam a figurar entre os dos eleitores vivos nas
listas que a t é agora tèm sido remettidas a este Ministério.
Para fiel observância do art. 04 do Decreto n. 8213 e do art. 5'do Decreto n. 9790 de 17 de
oitubro de 1887, é indispensável que este Ministério tenha conhecimento exacto do numero real
de eleitores existentes nas parochias do Município da Corte, e não poderá obtel-o sem a providencia
que ora solicito.
Nesta data, o para facilitar aos Promotores Públicos e seus Adjuntos o desempenho do alludido
dever, expeço Aviso ao Provodor da Santa Casa do Misericórdia para que dé as necessárias ordens à
repartição da Empreza Funerária, afim do fornecer gratuitamente, nos termos do § I , in fine, o

do citade a r t . 41 do Decreto n . 8213, as certidões dc óbito quo forem requisitadas, e sem as quaes,
ex vi do art. 40, § I , do mesmo Decreto, não podem os Juizes de Direito fazer a eliminação dos
o

eleitores mortos.

Deus Guarde a V. Ex.— Josc Fernandes da Costa Pereira Júnior.— AS. Ex. o Sr. Ministro
e Secretario de Estado dos Negócios da Justiça.

Ministério dos Negócios do Império.— 1» Direetoria.— Rio de Janeiro em 27 de julho de 1888.

Illm. c E x m . S r . — C o m o oílicio n. 713 do 28 de março ultimo, transmittiu-me V. E x . o


requerimento documentado em que Manoel Joaquim da Rocha recorre para o Governo da decisão
dessa Presidência que manteve o acto da Câmara Municipal da cidade do Rio Grande mandando
demolir o prédio do recorrente, á rua Pedro II, canto da rua Andrade Neves.
Dos papeis juntos pelo recorrente c mais informações que posteriormente enviou-me V. E x . ,
consta que, tendo a referida Câmara Municipal verificado, mediante exame de dous engenheiros,
que o prédio de que so trata ameaçava ruina. intimou o seu proprietário para demolil-o. Desse acto
o interessado interpoz recurso p i r a o Presidente da Provincia, que lhe deu provimento a 29 do
novembro. A' vista, porém, das razões allegadas no officio da Camira Municipal de 30 de dezembro, a
Presidência reconsiderou o seu despacho o por acto de 19 de janeiro restabeleceu a decisão da C â m a r a .
Considerando :
Que, ex vi dos arts. 66, § 3°, e 71 da Loi do I de oitubro de 1828, em que sc b.iséa o art. 46 do
o

Código de Posturas da Câmara do Rio (Irande, é de competência das Câmaras Municipaes providenciar
sobre a demolição de prédios ruinosos;
Que esta providencia, de caracter inteiramente administrativo, attinente á segurança publica,
não so podo confundir com a desapropriação da propriedade particular por utilidade publica, cujos
c

casos ostão previstos noisa província, com referencia á utilidade municipal o provincial, pela
Lei n . Ü30 do 9 do dezembro do 18/.7, promulgada em virtude do attribuição conferida ás
Assembléas Provinciaes polo art. 10, -s, l i ' , do Acto Addicional;
Que os documentos com qiu o recorrente procura impugnar a decisão da Câmara não são
do tal natureza que possam destruir o exame dos peritos, cuja allirmação deve prevalecer ato
que plenamente se provo o contrario, sendo inalmisi-ivel no caso a avaliação judicial, visto não
se tratar de desapropriação ;
Que não existe disposição alguma vedando á autoridade administrativa a faculdade do
reconsiderar suas decisõ s independentemente de p n v e c a ç ã o da parto interessada:
Resolvi negar provimento ao recurso, para o lim de sor mantido o acto da Câmara
Municipal do Rio Grande que mandou demolir o prédio do recorrente, o qual poderá, entretanto,
promover os meios judieiaes que entender a bem de seu direito.

Deus Guarde a Y . K x . — Josc Fennnles da Cosia Pcreir* Jwiior.— S r . Presidente da Provincia


do Rio Grande do S u l .

Ministério dos Negócios do Império.— I Direetoria.— Rio de Janeiro cm 27 do julho do 1833.


a

I l l m . í F.xis. Sr.— Respondendo r.o oilieio quo V . K x . me dirigiu, sob n. 29, a 3 dc maio
ultimo, declaro a V , K x . que não compete ao Governo decidir a questão relativa ao cid idão Jacintho
Ignr.cio Martins, que exerce o cargo de 1" Juiz de Paz da parochia da Lagoa c mudou o seu domi-
cilio par.', a da Trinda !e, ambas pertencentes ao município da capital; porque, al!egando-so na
representação, annexa no mesmo olfieio. de dous eleitores da segunda das referidas parochias, ter-se
eíTecluado aquella m u d a n ç i lia mais de tres anncs, isto è, antes da eleição do sobredito Juiz de Paz,
o que essa Presidência julgou provado, deviam os ditos eleitores ter apresentado, no prazo da lei, ao
Juiz de Direito da comarca reclamação contra a validade dessa eleição, como lhes permittia o
art. 210 do Decreto n . 8213 de 13 de agosto de 1831. Não tendo elles assim procedido, cumpre
entender-se, nos termos do Aviso n. 1 de -1 de janeiro de 1S$:> c de outros, que a eleição passou em
julgado para produzir todos os seus effeitos.
Si o facto da mudança fosso posterior à eleição o ao alludido pr.izo, e n t ã o competiria á Câmara
Municipal da capital e a essa Presidência, si fosse eonsultadi, fazer eliminar da lista dos Juizes de
Paz o mencionado cidadão c dar-lhe substituto mediante juramento do immediato em votos aos
outros Juizes.

Deus Guarde a V . K x . — José Fce,iz.<.dcs da Cosia Pc.-cira Jf.iior.— Sr. Presi lente da Pro-
víncia de Santa Oitharina.

Ministério dos Negócios do Império.— 1* Direetoria.— Rio do Janeiro em 8 de agosto de 1388.

I l l m . e E x m . Sr. — Com Aviso do 20 do mez próximo findo remotteu-mc o Ministério dos Ne-
gócios da Jastiça a represont ição, que ora transmitto a V. E x . , em que o Vereador da Câmara
Municipal do Rio Novo, Joaquim Rangel de Azevedo Coutinho, pede a responsabilidade c punição do
presidente emais mcmb:os d,; mesma C-.imara pelo f.cto de o terem excluído do numero dos Verea-
dores ; visto que, nos termos do Aviso n . 118 do 20 de abril de 1377, a essa Presidência compete
resolver sobro a exclusão, mediante recurso interposto pelo dito Vereador.

Deus Guarde a V. KK.— J-JSC Fcr.ian-bs da Costi Pc>-ci,;>. J-m0,-.— Sr. Presi lente da Pro-
vincia de Minas Geraes.
Ministério doi Negócios do lmpori».— 1» D i r e t o r i a . — Rio do J a n e i n um 9 do agosto 4c 1 8 8 8 .

Illm. o E x m . S r — Na conformidade do A v i s j n. 52 do 25 de maio do 18t>7, applicavol á matéria


da petição junta por cópia, declaro a V. E s . quo o Dr. José do Andrade Pinheiro, Conego da Sé do
Holém, tom direito do pircobir os vencimentos que, como tal, lhe competom, não obstante ter accei-
tado o logar do membro da Assembléa Legislativa dessa provincia, uma vez que prove o exercício
de suas funcções no Cabido ; outrosim quo podia dcsompenlul-as satisfactoriamente durante as
sessões da Assembléa: o quo V. E x . fará constar, para os devidos eíToitos, ao Inspector da Thosou-
raria do Fazenda.

DeusCiuardc a V . E x . — Jo\:
Feriv.ivici da Co.<ta Perein J.MÍJ,-.— S r . Presidente da Provincia
do P a r á .

Ministério dos Negócios do Império.— I Direetoria.— Rio dc Janeiro om 10 de oitubro


a

de 1883.

I l l m . e E x m . Sr.— Com officio n . 59 dc 7 de agesto ultimo transmittiu-me V. E x . o reque-


rimento documentado, cm que João ils Lima César e outros recorrem para o Governo da decisuD
dessa Presidência que manteve o acto da Câmara Municipal do Amparo mandando abrir uma nova
estrada por terras c bemfeitorias dos recorrentes.
Dos documentos que instruíram o recurso consta que esse acto, provocado por uma representa-
ção dirigida à Câmara Municipal por mais de GO moradores do bairro da Vargem Grande, realizou-se
depois dc verificada por uma commissao especial a vantagem da estrada e rectiiicado, na parte
technica, po:- um engenheiro da Direetoria Geral das Obras Publicas da Provincia, o traçado
proposto.
Considerando, pois, que a Cannra Municipal do Amparo proce leu, na osnhera dc suas a t t r i -
buiçOes, de acordo com as lois e com os interesses dos ínunicipes, resolveu o Governo negar pro-
vimento ao recurso, afim de que tenha execução o acto da mesma Câmara concernente á abertura da
nova estrada, que se destina a facilitar as relações de vizinhança entre a cidade e bairro alludidos :
o quo declaro a V. E x . , para os fins convenientes.

Deus Guarde a V . Ex.— José Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidente da Provincia
de S. Paulo.

Ministério dos Negócios do I m p i r i o . — 1 » Direetoria.—Rio de Janeiro cm 31 dc oitubro do


183S.

I l l m . e E x m . Sr.— Transmittiu-me o Ministério dos Negócios da Justiça, por ser o assumpto


da competência do que se acha a meu cwgo, o oflicio de 30 do junho ultimo, do Presidente da
Relação da Fortaleza, e papeis que o acompanharam, acerca da exigência de custas feita por um
escrivão do Aracaty pela publicação e registro dos accordãos determinada no art. 83, §§ l ° e 2 » ,
do Decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881.
Do acordo com a opinião do dito Presidente da Relação, o considerando :
Que o escrivão da 1» instância devo autoar a cópia do accordão reraettida ao Juiz de Direito
para poder certificar o cumprimento das diligencias ordenadas nos §§, I c- 2" do art. 83 citado; o

Que estas diligencias, necessárias para publicidade e execução do aocordão, são complemento
do processo de recurso, e, portanto, comprehendem-sc na disposição da parte final do art. SO do
8

Decreto n . 8213, segundo a qual, em taes processos, oi escrivães tôm direito a porcepçtto de custas
pola motado;
Que, além da autoacão, o escrivão tem de certirtcar : I , a publicação do accordão por editaes
o

o pela imprensa ondo a houver; 2 , a remessa das cópi is do mesmo accordão aos funccionarios
o

mencionados n o s § § I e 2 do art. S3 :
o o

Declaro a V . E x . quo, nos autos do execução do accordão proferido sobre cada recurso con-
cernente a alistamento eleitoral, o escrivão tem direito a custas, pela metade, da a u t o a c ã o , das
duas certidões referidas e da raza das cópias extrahidas.
O que V. E x . fará constar ao Presidente da Relação.

Deus Guarde a V . E x . — José Fernandes da Costa Pereira Júnior.—Sr. Presidente da P r o v i n c i a


do Ceará.

Ministério dos Negócios do Império.— I» Direetoria.— Rio do Janeiro em 31 de oitubro


do 1888.

I l l m . e E x m . Sr.— Em offlcio de 10 do corrente mez submetteu V. E x . á decisão do G o -


verno as seguintes duvidas:
1. » Supplentes de Juizes de Paz são sempre unicamente os quatro immediatos ao 4 Juiz de Pazo

primitivo, ou antes os quatro que se seguem ao 4° Juiz de Paz que existir por ter havido na res-
pectiva lista a l t e r a ç ã o em virtude do morte, mudança, incompatibilidade ou escusa de algum ou
alguns dos que foram eleitos V
2. " O supplente impedido por qualquer motivo legal de assumira jurisdicção do cargo continua,
não obstante, como supplente ?
3. Tem a Câmara competência para organisar a lista dos supplentes ?
a

4. » No caso afflrmativo, deve a Câmara, na organisação dessa lista, excluir os mudados, de


modo que só figurem na lista os cidadãos realmente moradores na parochia ou no districto ?
Em resposta cabe-me declarar a V. E x . :
Que a 1» duvida resolve-se na conformidade da 2 K alternativa nella figurada.
Sendo os supplentes de Juizes de Paz os quatro cidadãos que se lhes seguirem em votos pela
ordem de votação, conforme dispõe o art. 207, § 2°, do Decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881, é
conseqüente que, transferido um dos supplentes para a lista dos Juizes de Paz, deve passar para o
8" logar na dos votados o cidadão que nessa lista occnpava o 9° logar. A legislação eleitoral c o n -
feriu funcções especiaes aos immediatos em votos ao Juiz de Paz a t é o 4 •, e deve exercol-as quem,
por ter sido juramentado um supplente, passou do 5 para o 4 logar na lista desses immediatos.
o o

Quo a 2» duvida resolve-se afflrmativãmente. Si o supplente exerce emprego retribuído, ou


não reside no districto da eleição, circumstancias que o impedem de assumir o cargo de Juiz de Paz,
cumpre à Câmara Municipal attender a estes factos unicamente quando tiver de juramentar algum
supplente na vaga de Juiz effectivo. Fora deste caso, deve a Câmara, quanto à lista dos supplentes,
cingir-se á votação consignada nas actas da eleição. Quaesquer duvidas, quo a tal respeito possam
oceorrer na formação da mesa eleitoral, s e r ã o decididas pelo Juiz de Paz presidente da mesma mesa,
conforme prescreve o art. 122 do citado Decreto n. 8213, cabendo à autoridade que t i v e r de
conhecer da eleição resolvel-as afinal.
Que, ã vista da solução dada ã 2» duvida, resolve-se negativamente a 3", ficando a 4» pre-
judicada.

Deus Guarde a V . E x . — José Fernandes da Costa Pereira Júnior.— S r . Presidente da Provincia


do Rio de Janeiro.
9

Ministério dos Negocie» do Império.— 1» Direetoria.— Rio do Janoiro om 9 de novembro de 1888.

Illm. o E x m . Sr.— Transmittiu-mo V. E v . o telogramnm em que o Juiz de Direito Bento


Fernandes do Barros consulta si os praticantes e carteiros do Correio podem ser roconliecidos eleitores.
Em resposta declaro a V. Ex., para os fins convenientes, quo esta duvida resolve-se afflr-
mativamente, visto quo os empregos de que so trata, com ordenado não inferior a 2005000 annuaes,
cão direito à aposentação nos termos do art. 203 do regulamento annexo ao Decreto n. 9912 A do
20 de março ultimo, cvr.niderando-se como ordenado duas terças partes das respectivas diárias ;
e, portanto, aquelles que os exercem acham-se comprehoudidos n i disposição do art. 10, § 1», do
Dacreto n. 8213 de 13 de agosto de 1831 p i r a o eiTcito do alistamento eleitoral.

Deus Guarde a V . E x . — J W Fernandes da Cosia Fcreira Júnior.— A S. Ex. o Sr. Ministro e


Secretario do Estado dos Negócios da Justiçi.

Ministério dos Negocioi do Impc-rio.— I Direetoria.— Rio de Janeiro em 15 de novembro de


a

1888.

Illm. e E x m . Sr.— Yò-se do otficio de V . Ex. sob n . 8 3 de 9 de agosto próximo findo :


Quo na eleição a que so procedeu no município de Santo Amaro para preenchimento da
vaga deixada pelo Ycroador Joaquim Cyrillo da Costa, quo se finara, foi eleito o D r . Francisco
Pinheiro de Lemos, sondo a mesma eleição julgada valida p3la Relação em accordão de 24 de
março ultimo;
Que, tendo sido por duis vezes anuullala a apuração geral d.i sobredita eleição, não foi
ella de novo realisada por não so ter ainda reunido a Câmara Municipal em virtude dos factos
a que Y. E x . sc refere.
E ' opinião do Governo, á vista do citado accordão:
Que deve-se considerar eleito o Dr. Limos, não obstante a falta de apuração, porque este
acto não entende com a essência da eleição julgada valida por sentença i r r e t r a t á v e l do Poder
Judicial;
Que, no:ta conformidade, assiste ao Dr. Lemos o direito de intervir nas eleições, ainda não
effectuadas, do presidente c do vico-presidente da Câmara que tèm de servir no corrente anuo ;
devendo a mesma Câmara, para tal fim, m sua primeira sessão, proceder á apuração geral do
votos, juramentar o novo Vereador, c, em acto seguido, eleger o presidente e o vice-presidente.
O quo declaro a Y. Ex., em resposta ao mencionado oflieio de 9 de agosto próximo passado.

Deus Guardo a V. Ex.— Josc Fernandes da Costa Pereira Júnior.— Sr. Presidente da Provincia
da Bahia.

Ministério dos Negócios do Império.— I» Direetoria.— Rio de Janeiro em 14 de janeiro de 1889.

I l l m . e E x m . Sr.— O art. 24 da Lei n. 3029 de 9 de janeiro de 1881, versando sobre incompa-


tibilidade, matéria siricti júris, porque importa limitação do direitos politicos, não admitte interpre-
t a ç ã o extensiva.
Não so pode, conseguintemente, applicar tal disposição ao vereador que é dono de armazém
alfandegado, visto que o indivíduo neste caso não é empregado publico, mas apenas um agento
auxiliar do commercio, como são os commissarios de transporte, os corretores, e t c , e isto si
pessoalmente admiuiitra o armazém (Código commercial, art. 35, n . IV),
o
10

O regulamento de 19 de setembro de 1860, art. 274, sujeitou os donos e administradores do


entrepostos a todas os obrigações, indcmnisações o penas a quo ostão sujeitos os responsáveis por
valores do Estado, ou de particulares om sua guarda, o, para esto llm estatuo que elles serão
considerados empregados flscacs. Esta disposição, porém, tondento a melhor garantir, no inte-
resse do commercio o da fazenda publica, a responsabilidade dos donos e administradores de
entrepostos, trapiches e armazéns alfandegados pelas morcadorias conlladas á sua guarda, não os
investe da qualidado de fimccionarios públicos, somente os equipara aos empregados dscaos para
determinado effeito.'
Fica assim resolvida a consulta a que se refere o telegramma dessa Presidência datado do 7 de-
corrente mez.

Deus Guarde a V . E x . — Antônio Ferreira Vianna.— Sr. Presidento da Provincia do M a r a n h ã o .

Ministério dos Negócios do Império.— I a


Direetoria.— Rio de Janeiro om 24 de janeiro
de 1889.

l i l m . e E x m . Sr.— Em solução da duvida constante do telegramma de 16 do corrente mez,


declaro a V. E x . que legalmente procedeu a Câmara Municipal a quo o mesmo tslegramma
allude, aceit.indo a escusa de um Vereador que a pediu, depois de ter servido, em razão de soílrer
moléstia grave e prolongada, competentemente provada.
A este procedimento não se oppõe o art. 19 da Lei do I de oitubro de 1828, porque, no rigor
o

jurídico, o vocábulo « eleito », que a l l i se lê, applica-se tanto ao Vereador que ainda n ã o tomou
posse, como ao que j ã entrou em exercício, intelligencia que é reforçada pela 2 parte do mesmo a

artigo, a qual não inhibe o Vereador, que j á serviu, de aceitar emprogo incompatível, desde que
renuncie o cargo.
Pode V. Ex., portauto, considerar vogo o logar do sobredito Vereador, e, nos termos do
art. 206 do Decreto n. 8213 de 13 de agosto de 1881, mandar proceder a nova eleição para preen-
che I-o.
O Aviso n. 188 de 20 de julho de 1831, que suggeriu a duvida ora resolvida, referiu-se ao caso
diverso de um Vereador quo adoeceu gravemente, mas não desistiu do cargo, e por tal motivo foi
considerado simplesmente impedido.

Deus Guarde a V. Ex.— Antônio Ferreira Vianii.— Sr. Presidente da Provincia do Pará.

Ministério dos Negócios do I m p é r i o . — I a


Direetoria.—Rio de Janeiro em 28 de janeiro
de 1889.

I l l m . e E x m . Sr.— Em resposta ao officio n. 90 de 25 de oitubro do anno passado, decl iro a


V. E x . que, tendo-se verifleado na eleição de um Vereador do município d i Conceição, feita a 31 de
julho do mesmo anno, a hypothese do art. 204 do Decreto n . 8213 de 13 de agosto de 1881, facto que
já oceorrera em eleição anterior, effectuada a 19 de maio, cumpre que, nos termos daquelle artigo,
se proceda a nova eleição em dia que será designado por essa'Presidencia.
Declaro outrosim, a propósito do que ponderou essa Presidência no final do dito offlcio, que o
citado art. 204 não se acha revogado pelos arts. 2° do Decreto Legislativo n. 3340 de 14 de oitubro
de 1887, e 3 das respectivas Instrucções ( Decreto n. 9790 de 17 do mesmo mez ).
o
11

listes artigos não fizeram mais do que alterar a base da eleição de Vereadores, estabelecendo
como requisito a maioria relativa em substituição do quocieute eleitoral, regra que náo se oppõe á
do a r t . 204, cujo objectivo ó diverso, porque encara a eleição sob outro aspecto, referindo-se ao con-
curso ou co-participação do eleitorado municipal no pleito.

Deus Guarde a V . E x . — Antônio Ferreira Vianna.— Sr. Presidente da Provincia do Minas


' i ^raes.

Ministério dos Negócios do Império.— 1' Dirtctoria.— Rio de Janeiro em 31 de janeiro


de 1889.

Com a representação de Pedro Leandro Lamberti contra a P o r t i r i a de 7 de março do anno


passado, que declarou, em solução do officio de 17 de dezembro antecedente, não poder ser aceita
nenhuma das propostas apresentadas dentro do prazo da concurrencia aberta pura o arrendamento
da P r a ç a do Mercado da Candelária e cbalets annexos, denominados — das Marinhas —, foi presente
a Sua Magestade o Imperador o officio em que a l l l m a . Câmara Municipal pediu a reconsideração
daquelle acto, allegando razões de ordem moral, jurídica e econômica.
E o mesmo Augusto Senhor, Conformando-se por Sua Immediata Resolução de 29 de dezembro
com o parecer da Seeção dos Negócios do Império do Conselho de Estado exarado em consulta,
junta por cópia, de lõ de maio de 1888, Ha por bem coaceder ã IUma. Câmara a auto-
rização que solicitou para aceitar a proposta de Pedro Leandro Lamberti, julgada mais vanta-
josa pelas suas commissões reunidas de justiça o fazenda, c com elle celebrar contrato de arrenda-
mento geral dos referidos immoveis, não só por ser este regimen preferível, na opinião da IUma.
Câmara, ao da administração directamente exercida pela municipalidado, como porque a men-
cionada proposta faculta-lhe o meio de libertar-se de uma divida avultada e crescente, que os
seus recursos ordinários não lhe pormittem sol ver.
Cumpre, porém, que a l l l m a . Câmara Municipal submetia previamente ã approvação deste
Ministério a minuta do contrato, no qual deverá estipular-se que não poderá o a r r e n d a t á r i o , d u -
rante todo o tempo do arrendamento, elevar os preços que actualmente pagam os locatários das
bancas, sobrados e mais compartimentos da P r a ç a e cbalets, addicionando-se ao contrato, como
complemento e para garantia da observância desta cláusula, uma relação authentica dos alludidos
preços.— Antônio Ferreira Vianna.

Consulta da Seeção doa Xegoclo» do Império do Conselho de Estado a que


se r e f e r e a P o r t a r i a s u p r a

Senhora.— Por Aviso de 11 do mez passado, ordenou Vossa Alteza Imperial que a Seeção dos
Negócios do Império do Conselho de Estado consultasse sobre um requerimento de Pedro Leandro
Lamberti, o officion. 87 da l l l m a . Câmara Muuicipil desta Corte, e mais papeis relativos ao
arrendamento da P r a ç a do Mercado da Candelária e chalets annexos.
O requerimento de Pedro Leandro Lamberti é uma representação por elle formulada contra a
Portaria do Ministério do Império de 7 de março do corrente anno, annullando a concurrencia
aberta para aquelle arrendamento e, em conseqüência, a aceitação da proposta que apresentara.
No officio n . 87, sem data, a l l l m a . Câmara igualmente reclama contra semelhante deliberação,
justificando a quo tomara o insistindo pela. sua approvação — meio único de exonerar-se de divida
avultada, que foi definitivamente condemnada a pagar, o de dia a dia augmenta com & accumulação
de pesados juros.
12

Os demais papeis, a quo reforo-so a Ordem do Vossa Alteza Imperial, contôm esclarecimentos
sobre os antecedentes da questão.
Tendo-os attentamento examinado, passa a Seeção a expondor o seu vuto, começando polo
resumo dos principaes incidentes da situação a que chegou a l l l m a . Câmara Municipal para com
Lamberti, o á q u i l entendeu p Jr termo me li uito o contrato que o Governo Imperial desapprovou.

1'erante o Juizo Commercial d i 2 a


vara accionon o dito Lamberti a nmnieipUidado para
ser eml>olsadú do preço de obras coucluidis, conformo o> seus ajustes, juros da inórn, custas j u d i -
ciaes, prejuízos, perdas c damnos.
Julgado o pleito contra a municipalidade cm l instância, por sentença de 20 dc abril do 18S2, foi
: i

decidido ainda contra cila na 2 instância, por acórdãos da Relação do districto de 10 de


a
fevereiro,
10 de agosto o 13 de novembro de 1883.
Manifestado recurso de revista pela Câmara, foi denegado por accordão do Supremo Tribunal
de Justiça do 2S dc julho de 188-1. Esta só resenha mostra que foi um i causa disputada.
Iniciada na execução a liquidação da sentença, que cm parte a exigia, fez-so a conta, segundo
a qual era a l l l m a . Câmara responsável, ató 12 dc oitubro do anno passado, pela somma
dc 1.0-13:-103SC07, c mais os juros legacs de C ,'„ sobre o 0
principal, que dahi por diante
necrescessem.
Esta liquidação foi j u l g i d a por sentença de 7 de março do mesmo anno, o a Câmara interpoz o
recurso que no casocabii — nggravo para a Relação do districto —, que delle não conlioceu por ter
sido intentado fora do p:\azo legal.
Solicitando o juiz da execução, a reiuerimento do interessado, a intervenção do Ministério da
Justiça para que pudesse proseguir, visto a impossibilidade de procíder-so à penhora em bens ou
ren limentos municipo.es, esabmetti lo o pedido á solução do Ministério do Império, este declarou j >
Aviso do9 de junho de 18%:
Que a execução movida por Lamberti contra a IUma. Câmara Municipal d e v i i conside-
rar-se finda com a s o n ' e n ç i de liquidação que passara em julgado, desde que não podia ser
autorizada, cm f.ice da legislação vigente, a penhora em bens ou rendimentos municipaos,
cumprindo, portanto, ao exequonte requerer o seu pagamento á mesma Câmara, e usar,, para
conseguil-o, dos recursos admmistralivos facultados por l e i .
Nestis condiçõe;, abriu a IUma. Cunar.i concurrencia para arrendamento da P r a ç a do M e r -
cado da Candoiari.i c cbalets annexos, esperando tirar dahi recursos que a habilitassem a satisfazer
esse e outros débitos, que não pudera solvercom detrimento do sou credito.
Appareccram cinco propostas, sondo uma deli is do Lamberti, propondo encontrar a divida no
preço do arrendamento, c offoreeondo outras vantagens. Estudadas todas pelas commissões reunida»
dc fazenda c justiço, preferiram cilas a de L i m b o r l i . como que conformou-sí a l l l m a . C â m a r a , na
sessão ile 14 de dezembro do anno passado, po lindo ao Governo s:n approvação, em officio de 17 do
dito m?z. aojmpanhvlod-» M o s os do::i:nenloí once.-nmtes no assumpto.

II

A esse pedido respondeu o Governo com a Port iria dc 7 do m irço do o r r o n t e anno, que p r o -
vocou as reclamações submcttidas ao exame da Seeção.
A Poi taria dc 7 dc março mandou quo a II lm i . Câmara organizasse o submettesse com urgência
á .approvação do Ministério do Imp.-no um regulamento para o serviço do; j á mencionados immo-
veis, que deveriam ser arrenla.los parcialmente aos pc]uenos mercadores dc gêneros dc primeira
necessidade; porquanto estava c Governo Imparia", resolvi lo a í ü o consentir cm arrendamento
M a l ou em globo.
As vazões dotcrniinativns dessa docisflo foram :

1 .••> N.i) te;' si 1.) a divi Ia do Lamb ert • r i - c a i a nr.-it '.çã> d i v.'-;p tiv \ prop.wU trata-
;

\a-so de sol ver) ivcoiihi>c da por acto algum da l i i m i . Câmara, som melui-la :io s.-u passivo ;
:

Não estarem esgotaio-, na opinião d• .ilgu.rs a!vo.'ad >s. • s r .virs.is !-»_-.v>s c.»:itra a
saltem; i condomnatoria ;
Militarosn lioj; as ni-esm :s n\ti>:< de u!ilida-lo pablrci, o:'..; -1 -terminaram a re-ei-ã > de
outro arrendamento, podida pol i l l l m a . Câmara Mmiici:.:-.! em ..tlicio de de ag.^to .le 187*.
c qnc cmdomnam os contrato; em giuio.
A Seeção jiedc vcnia para ."espoitos.imeiito dizer q io, c:u r..-::crio, .-....> :M>SIC-< :::V» pro-
cedem, o pelos motivos que em seguida e n u m e r a r á .

11!

A divida do concurrente preferido .ia praça a:imiliada. longo de s ã > ler sido reconli íeidi p e h
l l l m a . Câmara, nr.is de uma vez o foi. como ella d miinstra n ste- tópicos do citado oTicio n . 87:
« II x actos c:ii.Mivlo<i ila Munivipaii-l.i-b di-.- • •! .>:i >:it.* qu-j t-rrrsm i::cj:ii-;st i v j ; o recoiihee'.-
:

mento dadivida l.-imborü.


« Os parecores «as eommis.sOís de j;wt'-ça d i i : i : . i . . -.'•.m.irn de s do ulubro do iSSõ, das
commissões reunidas de justiça o l\z--n-h «b 22 «!<? s?te.-:b:M de K8">. nii.b.i-; da aIministração
tranjacta; os da o m m U s ã o do justiça do 2" -le a V . i '1- ! 7 , •!•, de fazenda de 21 de junho iam: em
s<;

de 1887 o o dessas duas com:ni«"ies reiuiid .s do õ ie .!o/e::i'-ro ai-: Ia do :;:"*.me n:mo. e.-te appro-
vado em s e s s ã o ; as iufor:;uç-õe> oílici .es d> D;'. Pr.our.idor -Ia Hlm-i. C.un ira d i 27 de jm.ho. 2-1
de julho de 1883 e de 20 de agosto de l^SG. são unanimes cm iwo:i .ece.' a divida I. •.•••! erti.
;

« A actual a d i í i n i s í r a ç l i. p n-:i:'op >sti •!..; uoi dos moiiiiros d i sua c>.ii.:ii> ") dc í./.umia,
5

votou que se chegasse a necordo com o eiv-lorsibro o U M lo de S M ; ;> ig.mor.to : e ten-lo -iavi-lo entre
as parte; contendoras uma ontrevist: e ;".e na ia s decidiu sol.ro o pagamento. p->r n ã j dispor a
1

l l l m a . Câmara do recursis proniptos p:r.x uma solução : i m i o dotinltiv.i. o c r o d r . á vi,ta da publi-


cação da concurrencia p.ra o r.rrendamcnto dos ir.imovcis -Ia Candelária, apresentou-se propondo
um modo que habilitasse a IUma. Câmara a solver essa sua enorme divida passiva.
« A divida Lamberti, n>r sua mesma natureza o pjr fact>•••:. estava reconhecida pela ü l m i . Câ-
mara, quo a largo t nipo estuda o meio melhor de soivel-a.
< Não se basèa, pois, cm razões convenientes:: allog.ção da i V - i í a i a '.uan-lo aiiirma -pica
divida do que se trata não está reconhecida p e i i i ! ! : . i ! . Câmara.»
A isto acereseentará a Seeção, c o faz eor-o o n:c:::!onado Avi.-i du de .iu:i'.;' -io 1SSÕ, que o
próprio Governo Imperial reconhece , a 1
!:v;!-.i, desde quo entMJy.i dever-se rep.itir d n i a a
execução para a sua o b r a n ç i c-r.n a sente:!-;' Io l i r i ü . i ü i pissula o a j u g i í o e m i n u t a quo o
interessado usasse, j a r a ser p".g-.\ do, recursos alminislr.xtivos.
A circu:ns:a:icii do n.ã • í<er a d . v ü i dgurodo no n:S^vo da Câmara, i n w v v i i na Portaria,
é.—si a Seeção !.-? i; :> ,-•>•)>•>:• -ii ':;d -u n^-t í pi:-!--,— a .-:i'e---!i-!an-ei i d-e nã-> í >r a lllma. C a m a n
iucluMo a divida i n s e n orçx:n»:ito ,!j .•!•.>-;i.".x. canVginn i> :•.-) :UÍSn-> to.u;o vor:n pari paira,
nada prova ;;inão que a Câmara r.ão poli >. <o!v;l-a com os recursos ordinari:*. m e t i v i pelo qual,
exactamonte, adoptou o alvitro a que no^ou o Governo a s s o n ü n e n t o .
Quanto ao segundo fundiment ladd.izi-lo, a S-ec;ão antes do talo procurou escl recimentos cm
fonte segura, exigiu.lo o pa-e cr (b Desembargidor Procurador da Corõi, Soberania o Fazenda
Nacional, que n» minuciosa iiiform-.çã» do 20 de A b : i l uitimi assevera não ter logar nr> cxsoa
acção rescisória, attento o ,li-posto no art. 0«1 S í ' do Regulamento a. 737 <!o 2> cie novembro
do lt-5), que não ndmitte-i sondo a seiit-en;x prof-.-rida cm grau de revista.
L n a opinião de aigiii-s advogados que a Portaria a , s e n t i a suppisição dc não estarem esgo-.
-

lados todos cs r c c i r . - s > n ã " p>r.i e oner.ir-s; a C r n a r a >la d i v i d i , ao menos p.xra


; r
reduzir-
se-Ihe o compuío.
14

A Seeção, poróm, poudera om l " logar quo ossa opinião ó impugnada polo próprio Procurador
da C a m i r a , quo a igual competência profissional roune a responsabilidade dorivada do mandato quo
exerce. Portanto, sendo assim pelo monos duvidoso haver ou não recurso, não seria prudente
protrahir um ploito, com pouca probabilidade de êxito, o, ao inverso, com a do augmontar-so o
debito da Câmara por maiores despezas judiei irias o novos juros.
Por outro lado, o recurso quo os advogados lembram, seria, segundo o direito, absoluta-
mente ineffleaz.
Seguramente ó incontestável que a l l l m a . Câmara poderia ter-se soecorrido do beneficio dc
restituição (pois ó ncllo quo consisto o inculcado recurso ), quando a Relação deixou de tomar
conhecimento do aggravo da sentença, de liquidação, interposto lora do tempo, obtendo por esse
meio, sem embargo do prazo decorrido, que o Tribunal julgasse dc mcritii. Mas não o fez, e .ia
agora n ã o pode fazel-o, porquo o beneficio "de restituição considera-se porempto ou oxtineto
— sempre que o interessado expressa ou tacitameme o renuncia, entendondo-sc que renuncia existe
desde que o interessado entra em trausacção com a parte a 1 versa, ainda que unicamente para não
expor-se aos riscos de pleito. E'doutrina corrente, quer na jurisprudência pátria, quer no direito
romano.
Ora, que a l l l m a . Câmara Municipal transigiu com Lamberti. f.icio o que comprova-se com a
própria Portaria de 7 de março, contra a qual representa.
Assim, razão teve o Desembargador Procurador da Coroa, Siberaniae Fazenda Nacional para
aifirmar ao concluir a citada informação que:
Ficou a executada ( l l l m a . C â m a r a ) definitivamente condemnada no incidente da
liquidação, como j á o lora ua acção inicial, teudo passado em julgado a respectiva
sentença.
A terceira r a z ã o em que se estrih.i a Portaria consiste em não j u l g a r o Governo conveniente o
arrendamento de tolo o Mercado e dos cbalets a um só indivíduo, que depois o subloque por sua
conta a pequenos mercadores.
No entender da Seeção não é também procedente, já em face das considerações que p r o d u z a '
l l l m a . Câmara contestando-a, firmada na experiência dos factos, c j á porque é sabido preferirem os
proprietários de pequenos prédios, próximos ou dependentes uns dos outros, alugal-os todos a um
só indivíduo, mesmo por menos preço, a terem muitos inquilinos, e isto por motivos óbvios. O maior
trabalho e difficuldade na cobrança do aluguel, ns impontualidades dos inquilinos, as deteriorações
que sempre se seguem ás freqüentes mudanças, a necessidade de reparos, e também a falta de
locatários por dias c mezes, explicam a pratica geralmente seguida.
Si assim acontece aos particulares, que sabem liscalisar seus interesses, não é do bom conselho
impor systema contrario ás municipalidades, servidas por propostos, que, por muito zelosos, nunca
sel-o-hão mais que o dono relativamente ao que lhe pertence.
Mas, sejam quaes forem as coasideraçõ3s que recommendem o laboriosissimo e d i o n d i o s ov

regimen a que o Governo quer sujeitar os immovcis da l l l m a . Câmara, cilas devem ceder di.iiite do
uma razão s perior de ordem publica.
Ha um decreto do Poder Judiciário, que nem elle, nem outro qualquer, pôde já modificar, e que
tem de ser cumprido. Ao Governo incumbe auxiliar, d e n í r o d e sua esphera constitucional, a completa
execução desse decreto, sem o que deixaria de ser uma realidade a harmonia dos poderes p ú -
blicos.
A l l l m a . Câmara Municipal confessa não ter outros meios de satisfazer a divida de que se trata ;
o Governo Imperial não pode dar-lh'os, e nem siquer autorizal-a a obtel-os por operação de cre-
dito, por faltar-lhe para isso faculdade legislativa. Paraconseguil-a seria mister decorressem mezes,
dentro dos quaes a divida avolumar-so-hia, aggravando ainda as dilliculdadcs dos cofres muni-
cipaes.
Em taes condições, parece menos justificável a recusa de approvação á medida, que julgou útil
e imprescindível a principal interessada na questão.
15

Km conclusão : pousa a Socção quo dovo ser approvada a deliberação da l l l m a . Câmara Munici-
pal, rcconsiderando-so a Cortaria do 7 de março ; mas Vossa Alteza Imperial resolvera o que for
melhor.

Sala das conferências da Seeção dos Negócios do Império do Conselho de Estado om 15 de maio
do 1888.— Manoel Francisco Correia.— Affonso Celso 'le Assis Figueiredo.— José Bento da Cunha

e Figueiredo.

R E S O L U Ç Ã O . — Como parece— Paço, 29 de dezembro do 1888.—Com a rubrica de Sua Magestade


0 Imperador.— José Fernandes da Cosia Pereira Júnior.

Parecer do Conselheiro Procurador da Coroa

Procuradoria da Coroa, Fazenda e Soberania Nacional. Rio de Janeiro, 29 de abril de 1888.

I l l m . e E x m . Sr.— Dovolvo a V. E x . o incluso recurso interposto por Pedro Leandro L a m -


berti, e o officio n. 87 da l l l m a . Câmara Municipal e mais papeis relativos ao arrendamento da
praça do Mercado da Candelária o chalets das Marinhas, de que trata o Aviso n . 1180 do Ministério
do Império de 11 do corrente, sobrecujo assumpto ordena-me V. E x . , á requisição do relator, Con-
selheiro de Estado Manoel Francisco Correia, que emitta meu parecer.
Para que o faça com fundamento, permitta-me V. E x . que remonte-me á acção ordinária que
pelo recorrente foi intentada contra a l l l m a . Câmara ante a jurisdicção commercial, para haver o
pagamento de o b n s concluídas na importância de 128:226$742, conforme contrato, e mais lucros
cessantes, juros dos dinheiros de empréstimo, prejuízos, perdas e damnos o juros da móra.
Discutida a causa, foi condemnada a l l l m a . Câmara, por sentença de 20 dc abril de 1882, que
julgou liquida a quantia de 107:726$742. a que obrigou-a. assim como aos juros da m ó r a e custas.
Esta (iecisão foi confirmada por accordão de 16 de fevereiro de 1883 e reformada pelo de 19 de
agosto dc 1883, que condemnou a l l l m a . Câmara a pagar, além da importância constante dos
preditos julgados, mais as despezas e prejuízos que se liquidassem na execução, inclusive os p r ê -
mios dos dinheiros levantados por empréstimo para a conclusão das obras, e também os lucros
cessantes.
Interposto recurso de revista, foi esta denegada por sentença do Supremo Tribunal de 28 de
Julho de 1884 ; não podendo, pois, ter logar a acção rescisória, attenta a disposição do art. 681,
§ 4 , do Regulamento n. 737 de 25 de novembro de 1850, que não admitte-a sendo a sentença pro-
o

ferida em grau de revista.


Feita a conta em 17 de julho de 18S4 da quantia liquida, juros legaes e custas, segundo os
julgados, montou o debito em 133:0005159.
Requereu Lamberti em 18 de oitubro de 1884 o pagamento e lhe foi indeferido, dando a U l m a -
Camara por motivo não estar ainda resolvido o incidente da liquidação.
Promoveu Pedro Lamberti a execução, em que foram liquidados os prejuízos, perdas e damnos —
na importância de 790:6935724. e julgados procedentes por sentença de 18 de fevereiro de 1885,
de que aggravou a l l l m a . Câmara, não tomando, porém, a Relação conhecimento do recurso, por ter
sido interposto fora do prazo legal.
Por parte da l l l m a . Câmara deixou-se do invocar o beneficio de restituição, e de interpor-se
recurso de revista, que cabia no caso, visto como tratava-se de uma decisão que punha flm à causa.
E assim ficou a executada definitivamente condemnada no incidente da liquidação, tendo pas-
sado em julgado a respectiva sentença.
Seguiu-se a intimação à l l l m a . Câmara para satisfazer a importância liquida, expedindo-se com
venia mandado afim de, na falta de pagamento, proceder-se a penhora em rendimentos equiva-
lentes ao debito de 912:840*4f>9, principal, juros e custas.
16

O Prosidonto da l l l m a . Câmara declarou «rio o mandado não podia ser cumprido, visto acharom-so
os rendimentos da municipalidade isentos de penhora, por loi.
O exequonto invocou a intervenção do j u i z , o este oillciou ao Governo, 1-vandoao sou conheci-
mento o facto e solicitando pro-. idencia que facilitasse a diligencia do modo quo licasso preenchida
a formalidade legal da penhor.-., condição imi>rescindivel para que pudesse a l l l m a . Câmara dis-
cutir por meio de embargos qualquer nulhdade na execução, pois que não admitthm-so ombargos,
em tal enso, sinão depJís de f-dta a penhora, art. . " 3 , S K do Regulamento n . 737 dc 25do
novenibio de 1*1)0.
O Ministro do Império declarou, om Aviso do ü de junho dc ISSO, que o artigo indicado não
podia ser invocado para jiistiiicar a necessidade de cumprimento do mandado expedido contra a
Iilma. Câmara, e >im mosii av i qir» o meio judicial era incompetente para a execução das sontenç is
proferidas contra a municipalidade, cujos bens c rendimentos não são pissiveis de penhora, como
decidiu o Aviso do Ministério do Império do 21 de novembro de KSsj. e estatuiu o art. 7»do
Regulamento que baixou com o brereto n . 0ÕI0 de -'3 de janeiro do ISSti, para execuções eiveis
c coinmerciacs.
K que assim cabia-lho dizer:
« Que a execução movida per Pedro Lmni.erti contra a l l l m a . Câmara devia considerar-se linda
com a sentença do liquidação, que [assou i-n; julgado, desde que não pode serautoiisada, em face
da k i l s i a ç ã o vigente, a penhora cm l.cn.s ou rendimentos d:.s Câmaras Municipacs: cumprindo,
nerte.nto. ao exequente requerer-o seu pagainent > á Câmara, o usar dos recursos administrativos.
< Q i ; \ no ciso dc prosog•dr a execução pela penhor.;, devia ser suscitado condido de
attriouição. >
Pelo que fica relatado, concln :-se i;u:e a l l l m a . d m n r a não toai mais recursos ante o Poder
Judiciário, e quando os tivesse, não poderia usar dellos, .ttenta a p -.rle liual du citado aviso.
Pe.lro Lamberti. portanto, é credor d i lllni::. Câmara por força de julgamento definitivo o soberano.
Em circunstancias taes a Ilima. Canara Municipal resolveu, como plano de administração e
medida de moralidade e nivio do m uiter se.i credito, segunda •!!/. eil i , ch imar por edital concurrencia
para o arrenda monto da Praça .lo Mercado da Candelária o cbalets das Marinhas.
O recorrente Pedro L/onforti, no intuito de faeiiitir o seu pagamento na importância do
1.013:-i9.?s/, propoz tom tr a si os ditos i nuioviòs, obrigando-se : I a pagar-se pela renda dclles da
o

quantia declarada, ce lendo ao cofre municipal os juros que decorrerem da data do contrato cm
diante; 2 « a concorrer para o mesmo cofre com a quantia doü30:O5os, pagos por prestações iguacs
semestralmente no espaço de nove annos, tempo da duração do arrendamento; 3" a pagar, no
prazo de G) dias depois da entrega dos immovcis, a quantia do dO:iK>0>000.
O proponente obriga-se. celebrado o contrato, a dar plena e geral quitação ã l l l m a . Câmara,
e no n i ü s s u j e i t i - s e ás condições do edital.
A proposta Lamberti, na opinião da l l l m a . Câmara, é a mais vantajosa em preço e traz ã
municipalidade o proveito de lReríar-se de uma grande divida, com a incontestável vantagem de
obter recursos para pagamentos provenientes de outros pleitos concernentes a esse mesmo immovel,
que ha annos nada produz para o proprietário.
Accrescenta a l l l m a . Câmara, em sua representação, que o Aviso do Ministorio do Império
de 7 de março do corrente anno, não approvando a concurrencia aberta, além de collocal-a em
difficil posição, a coage a demandar centra seus interesses econômicos e moraes, e vai do encontro
ao Aviso do Ministério do Irnporio de 9 do junho de ltíiü, que considerou linda, com a sentença de
liquidação, a execução movida por Pedro Lamberti.
Que cm manifesto engano labora o Aviso de 7 de i n . r ç o . quando declara quo ainda não fora
reconhecida a divida LunVcrti por acto algum da municipalidade.
Quo o reconhecimento dessa divida consta de diversos actos da municipalidade approvados
em s e s s ã o ; consta do Aviso de 9 de julho de 1830. acima citado; está reconhecida por sua natureza ;
é um caso julgado com execução apparelhada. '
17

Quo o motivo de p r o t e c ç a o ao commorcio, que provo do goneros a preço módico a p o p u l a ç ã o ,


á illusorio. '
A alta o baixa nos mercados seguem outras normas.
Finalmente, que a IUma. C â m a r a n ã o tom, para solver seu enormo debito, outro meio; pelo que,
pedo que lhe seja pormittido realizar seu plano econômico, aceitando-so a proposta Lamberti para
desempenhar-se olla da o b r i g a ç ã o em que e s t á do pagar o quo deve.
A' vista do exposto, pareco-mo justo que se do provimento ao recurso, para conflrmar-se o acto
da lllma. C â m a r a .

Deus Guarde a V. Kx.—Illm. e E x m . Sr. Consolheiro Ministro o Secretario do Estado dos


Negócios do Império. - O Procurador da Coroa, Desembargador Manoel Pedro Moreira Villaboim.

M i n i s t é r i o dos N e g ó c i o s do I m p é r i o . — 1» Direetoria.—Rio de Janeiro em 10 de fevereiro de 1SS9.

Sua Magestade o Imperador, a quem foi presente o offlcio do 1" do corrente mez, com que a
IUma. C â m a r a Municipal submettou á c o n s i l e r a ç ã o do Governo a minuta do contrato que por
portaria do 31 do janeiro ultimo foi autorizada a celebrar com Pedro Leandro Lamberti para o
arrendamento da Pr iça do Mercado da Can lelaria e chalets das Marinhas, acompanhada da r e l a ç ã o
aulheutica dos p r e ç o s que pagam os actuacs locatirios d.ts bancas, sobrados e mais compartimentos
daquelles immoveis, lia por bem approvar a mencionada minuta, afim de que se possa lavrar o
competente termo de contrato: o que o mesmo Augusto Senhor M i n d a declarar á l l l m a . Câmara,
para os devidos effeitos.— Antônio Ferreira Vianna.

M i n i s t é r i o dos N e g ó c i o s do I m p é r i o . — 1 Direetoria. —Rio de Janeiro em 4 de m a r ç o do I £ 8 9 .


L

A Sua Magestade o Imperador foi presente o recurso do Vereador J o s é Carlos do P a t r o c í n i o ,


interposto do acto pelo qual a lllma. C â m a r a Municipal celebrou contrato com J o s é Manoel Navarro
para uma E x p o s i ç ã o Municipal em terrenos da P r a ç a D. Pedro I, com privilegio por dois annos
em todo o município, obrigando-se aquelle c i d a d ã o , a l é m de outros ônus, a pagar a quantia de
õOO.íOOO mensaes com destino ao ajardinamento da referida p r a ç a na parte onde se e u e e t u a r à a
exposição.
E o mesmo Augusto Senhor, Considerando que o referido contrato n ã o é mais do que um
arrendamento de bens do Conselho, e como tal nenhum effeito pode produzir sem a c o n f i r m a ç ã o
deste M i n i s t é r i o nos termos do art. 44 da Lei do 1° de oitubro de IS28, Ha por bem dar provi-
mento ao menc onido recurso : o quo Manda declarar ã lllma. C â m a r a , para seu
:
conhecimento.
— Antônio Ferreira Vianna.

M i n i s t é r i o dos N e g ó c i o s do I m p é r i o . — I 1
Direetoria.— Rio de Janeiro em 14 de m a r ç o de 1889.

I l l m . e E x m . S r . — Resolvendo a consulta feita em telegramma de 20 de janeiro ultimo, declaro


a V . E x . que p ô d e o cidadão que desempenha o logar dc agente de c o l ô n i a s de indios accumular as
f u n c ç õ e s de Voreador, visto que tal logar n ã o é emprego r e t r i b u í d o por d i s p o s i ç ã o legislativa, n ã o
sendo a este caso applicavel a disposição do art. 24 da Lei n. 3029 de 9 de janeiro de 1881, conforme
a doutrina da Consulta das S e c ç õ e s reunidas de J u s t i ç a o I m p é r i o do Conselho de Estado de 12 de
oitubro de 1885, a que se refere a Imperial R e s o l u ç ã o de 28 de novembro do mesmo anno.
Deus Guarde a V. Ex.— Antônio Ferreira Vianna.— Sr. Presidente da Provincia do M a r a n h ã o .

3
Ministério dos Negócios do Império.— 3« Direetoria.— Rio do Janeiro em 10 de março do 1889.

F.:n offlcio de 18 do agosto do 18S7 a l l l m a . Câmara Municipal, attondendo à conveniência de


regularisir o movimento da vorba — Custas judiciarias — com o flm do simpliilear a escripturação
referente a esse ramo do serviço o facilitar o andamento dos processos judiciacs a sou cargo, pediu
ao Governo autorisação para, á semelhança do que fora feito com diversos serventuários om
virtude das Portarias de 27 de março de 1SS2 o do 31 de julho do 18S3, contratar com mais alguns
escrivães o pagamento fixo das custas a -;uo tivessem direito mediante prestações mensaes, o o
Ministério dos Negócios do Império, cm Portaria de 11 do janeiro do anno passado, negou á
l l l m a . Câmara a autorização pedida e determinou que se considerassem insubsistentes os con-
tratos já celebrados.
Mais tarde, aquelles serventuários de oiücios do justiça reclamaram contra a decisão proferida
e este Ministério submetteu a questão ao dos Negócios da Justiça, o qual em Aviso de 26 de setembro
ultimo, entendendo que o assumpt > devia ser resolvido pelo do Império, por so tratar de matéria
de intere-se da Illm». Câmara, declarou não haver inconveniente algum no contrato uno os
escrivães tinham feito o pretendiam ficasse de novo cm vigor, assim como lembrou varias p r o v i -
dencias no intuito do acautelar os interesses da l l l m a . Câmara, o finalmente remetteu o oílicio do
14 de agosto subsequente, cm quo ella prova que, admittida a dedueção das custas, esta dtspoza,
que o de natureza impro luetiva. ficará reduzida om proveito de outras mais urgentos e úteis: o
que muito importi ao interesse publico do município da Corte, cuja receita o de todo insulTieicuto
aos variados serviços a Sru cargo.
Sondo certo que, com lixar a remuneração do serviço, o regimento de custas não obsta a sua
redueção, e ate remissã > si nisso convier o credor, como se verifica na hypothese proposta ;
E, tendo em consideração que todo o beneficio ou vantagem que da desistência dos escrivães, ou
outros que tenham direito a custas certas c contadas, resultar para a municipalidade, se t o r n a r á
irrevogável om razão do seu privilegio, o que, antes do contrariar, deve-se facilitar:
Ha por bem Sua Magestade o Imperador que, revogada a Portaria de 14 de janeiro do anno
passado, a Ilima. Câmara não só renove aquelle- contratos, mas também applique esta autorisação
a todos quantos cm virtude de seus cargos percebem custas do cofre municipal, c quo, mantida na
proposta do orçamento relativo ao corrente exercicio a quantia consignada para despezas desta
n a t n r e z í , se estipulem em os :i>vo; contntos as seguintes c o n d i ç õ s :
1. » Renuncia em favor da l l l m a . Câmara de todas as custas por ella devidas que excederem
ao prefixado, com obrigiçTo de restituiivem os renunciantes o que porventura venham a receber
alem da redueção prevista na desistência proposta c aceita;
2. » Assignatura 'Io termo de renuneii per tolos os serventuários o empregados do justiça quo
tenham de receber custas do cifre municipal, para que so firme o principio de igualdade, garantia
unici da vantagem real da dosistVr.cia ;
3. " 0 ' r i g s ç ã o , cxpro-<a no mesmo termo, quant > aos escrivães, de apresentarem os renun-
ciantes, no fim de cada exercicio, um quadro dom mstrativo das custas vencidas n i forma (Io regi-
mento e das que forem pigas em r i z ã o da desistência, para ser aunexado á proposta do orçamento.
— Antônio Ferreira Vianna.

Ministério dos Negócios do I m p é r i o . — 3 " Direetoria.— Rio de Janeiro em 16 dc abril de 1SS9.

Autorizada a l l l m a . Câmara Municipal pela Lei n . 389G dc 24 do novembro do anno findo, no


a r t . 11, a contrahir um empréstimo a t é ao máximo do 5.000:000>j000 a juros de 4"/o c 1 de
amortisação, sendo annualmente fixada no orçamento municipal vorba para o serviço dos juros e
amortisação do empréstimo, devendo ser as condições do contrato sujeitas á approvação do G o -
t e r n o , que flsealisara a applicação do emprostimo ao3 fins para que ó pola l l l m a . Câmara solicitada
a autorisação, Manda Sua Magestade o Imperador doclarar à I l l n n . Câmara quo a olla compete a
Iniciativa na oxecuçao do referido art. 11 da mencionada L e i . — Antônio Ferreira Via,ma.

Ministério dos Negócios do Império.— I Direetoria.— Iii.) de Janeiro cm 20 de abril de ISSO.


1

I l l m . e E x m . S r . — N ã o sc tendo conclui lo a eleição de Vereadores da Camira Municipal da


v i l l a do Rio das Egoas, roalisada no dia 1" do julho de ISSO, visto quo só foram eleitos tros cida-
dãos, e não mais effcctuou-so o 2 escrutínio para preenchimento dos quatro logares restantes pelos
o

motivos que estão dotilamento expostos no odicio do Juiz de Direito da cemarca datado de 15 de
julho ultimo, o qual devolvo com os outros documentos originaes que acompanharam o officio dessa
Presidência n . -12 de 30 do mez próximo passado, a que respondo: declaro a V. E x . que lhe
cumpre, na conformidade do Aviso do 11 de junho do 1SS3, junto por cópia, expedir ordem para
que so faça o 2 oscrutinio afim do cempletar-.se o numero de Vereadores quo compõem a referida
o

Câmara, observando da Lei n. 392'J do 9 de janeiro do 1831 e respectivo Regulamento as disposições


que actualmente se possam applicarao caso.

Deus Guarde a V . Ex.— Antônio Ferreira Vianna.— S r . Presidente da Provincia da Bahia.

Ministério dos Negócios do Império 3* Direetoria.—Rio de Janeiro em 29 de abril


de 1839.

Sua Magestade o Imperador Mir.da declarar á l l l m a . Câmara Municipal, c;n solução do officio
n. 119 de 25 do corrente mez, que fiei approvada a tabeliã, que acompanhou por cópia o dito
ofilcio, relativamente aos vencimentos quo foram fixa-los, nos termos da Portaria do Ministério dos
Negócios do Império de 10 de março ultimo, aos serventuários de justiça criminal desto Ministério,
mediante contratos celebrados com os mosmos serventuários, cm virtude dos quaes desistiram das
custas judiciaes a que é obrigada a mesmi l l l m a . C â m a r a .
A despeza correrá pela verba « Judicial c custas », cujo credito será devílam-ente augmentado
quando for approvada a proposta de orçimento municipal para o corrente exercicio, enviada ao
referido Ministério como ofilcio de 29 do oitubro do anno passado, podendo, entretanto, ter desde
j á execução os contratos a que se. refere a t i b j l l a ora approvada.— Antônio Ferreira Vianna.
DECRETO N. 10.030—DE 13 DE OITUBRO DE 1888

D i noTO Regulamento ú Escola Normal.

Usando da autorização concedida pelo art. 2 , § 2 da Lei n. 3314 de 16 de oitubro


o o

de 1886, Hei por bem que na Escola Normal se observe o novo Regulamento que com
este baixa, assignado por José Fernandes da Costa Pereira Júnior, do Meu Conselho,
Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império, que assim o tenha entendido o
faça executar. Palácio do Rio de Janeiro em 13 de oitubro de 1888, 67° da Indepen-
dência e do Império.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

José Fernandes da Cosia Pereira Júnior.

Regulamento a que se refere o Decreto n. 10.060 desta data

CAPITULO I

DA ORGANIZAÇÃO DA ESCOLA

A r t . l . ° A Escola Normal destina-se a formar professores para as escolas publicas


de instrucção primaria do municipio da Corte.
A r e . 2.° O regimen da Escola é o externato, sendo gratuito o seu ensino, distribuído
a ambos os sexos.
A r t . 3.° A duração do curso de estudos e de tres annos.
A r t . 4.° E'fixado em 50o numero máximo de alumnos admissíveis no primeiro
anno do curso.
A r t . 5.° Terá a Escola um gymnasio, uma bibliotheca, um museu pedagógico,
gabinetes de desenho e para o estudo das sciencias physicas e naturaes, e uma officina
para trabalhos manuaes.
A r t . 6.° Annexasao estabelecimento haverá escolas de applicação para cada um
dos sexos, ou, pelo menos, uma do sexo masculino, em que os alumnos e alumnas se
exerçam na prática do ensino.
Art. 7 . c
Poderá também ser annexado á Escola um jardim da infância, em que
as alumnas-professoras se habilitem na prática do respectivo ensino.
A r t . 8.° Ao Inspector Geral compete a inspecção e superintendência da Escola em
tudo quanto respeita ao ensino e á disciplina.
c.-l
C A P I T U L O II

DO PESSOAL

A r t . 9.° O pessoal da Escola compôr-se-á de:


1 Director.
7 Professores cathedraticos, sendo : 1 de religião ; 1 de instrucção raor>al o c v i c a ,
noções de economia política, pedagogia e legislação escolar ; 1 do portuguez e noções de
historia da litteratura da língua vernácula ; 1 de francez ; 1 de geographia e historia ;
1 de mathematicas elementares e noções de escripturação mercantil, e 1 de elementos de
sciencias physicas e naturaes.
5 professores adjuntos, sendo: I d e instrucção moral o civica, noções de economia
política, pedagogia e legislação escolar ; 1 de portuguez e noções de historia da littera-
tura da lingua vernácula •; 1 de geographia e historia ; 1 de mathematicas elementares e
noções de escripturação mercantil, e 1 de elementos de sciencias physicas e naturaes.
3 Professores de bellas-artes, sendo : 2 de escripta e desenho, e 1 de musica vocal.
4 Mestres, sendo: 1 de trabalhos manuaes do sexo masculino, 1 mestra de trabalhos
de agulha, 1 mestre de gymnastica para o sexo masculino e 1 mestra de gymnastica para
o sexo feminino.
1 Secretario.
. 1 Encarregado, da bibliotheca, museu pedagógico egabinetes.
1 Amanuense.
1 Porteiro-Continuo.
4 Inspectores ou Inspectoras.
1 Continuo-Correio.
A r t . 10. Serão nomeados por Decreto o Director e os professores cathedraticos e
adjuntos, excepto o professor de religião.
Os professores de bellas-artes e os mestres, que poderão ser nacionaes ou estrangeiros,
servirão mediante contrato celebrado com o Ministro do Império.
Serão nomeados por Portaria do mesmo Ministro o professor de religião e os demais
empregados.
A r t . 11. A nomeação de inspectores ou inspectoras regular-se-á, quanto ao numero,
proporcionalmenteàfreqüência de alumnos-professores de cada um dos sexos.
A r t . 12. O pessoal da Escola terá os vencimentos indicados na tabeliã annexa, sob
n. 1, ao presente Regulamento.
A r t . 13. Haverá um professor para a escola de applicação do sexo masculino e uma
professora para a do feminino.
A r t . 14. Os professores a que se refere o artigo antecedente servirão mediante
contrato celebrado com o Ministro dó Império, ou serão nomeados por Decreto. Neste
caso, à nomeação precederá concurso, que se effectuará quando o. Governo julgar
opportnno.
A r t . 15. Os empregados da Escola ficam sujeitos ao desconto da respectiva g r a t i -
ficação nos dias em que, por motivo justificado, faltarem a qualquer, dos srrviços a seu
cargo ; o da totalidade dos vencimentos si as faltas nao forem justificadas, salvo o caso
de serviço publico gratuito e obrigatório.
A r t . 16. Nos casos de substituição previstos neste Regulamento caberá ao substi-
tuto, si pertencer ao pessoal da Escola, além dos seus próprios vencimentos, uma g r a t i -
ficação i g u a l á do substituído, comtantó que não exceda o vencimento do logar, e, si o
substituído nada receber ou estiver vago o logar, uma gratificação correspondente á
metade dos respectivos vencimentos.
. Quando o substituto fôr pessoa estranha á Escola, receberá úmagrratificação igual aos
vencimentos do cargo.
A r t . 17. O Director da Escola não poderá accumular o exercicio de qualquer outro
emprego, ainda que este seja do magistério official.
Outrosim não poderá exercer particularmente o magistério primário ou secundário.
A r t . 18. Os professores cathedraticos e adjuntos não poderão, sem prévia auto-
risação do Ministro do Império, exercer cargo alheio ao magistério, bem assim qualquer
profissão commercial ou industrial.

Seeção I

Do Direcwr

A r t . 19. O Director da Escola será nomeado d'entre pessoas distinctas por suas
habilitações em relação á instrucção publica.
A r t . 2 0 . Nos impedimentos repentinos do Director servirá o professor cathedratico
que maior antigüidade contar no magistério da Escola e estiver em exercicio.
A r t . 2 1 . Incumbe especialmente ao Director, além da direcção dos estudos e da
administração interior da Escola, nos termos do presente Regulamento:
1. ° R e u n i r , sob sua presidência, os professores é mestres, para os fins declarados
neste Regulamento, e todas as vezes que tiverem de prestar informações, dar pareceres e
organizar trabalhos que lhes forem exigidos pelo Ministro do Império, pelo Inspector
Geral ou pelo Conselho Director ; bem assim, antes de abertas as aulas, e, ao menos,
uma vez por trimestre, para, em conferência pedagógica, examinarem as questões de
ensino é disciplina, podendo indicar os melhoramentos que julgarem necessários.
Essas reuniões, que serão marcadas sem prejuízo do serviço das aulas, exames e
outros trabalhos da Escola, não têm caracter de congregação.
O Director enviará, em duplicata, cópia de cada uma das actas das reuniões, dentro
do prazo de oito dias, com as observações que j u l g a r convenientes, ao Inspector Geral,
que transmittirá uma das cópias ao Ministro do Império, emittindo juizo a respeito dos
assumptos de que se tiver tratado.
2 . ° Redigir o Regimento interno da Escola e quaesquer Instrucções necessárias á
boa ordem do serviço, submettendo-os á approvação do Ministro do Império, por inter-
médio do Inspector Geral.
3 . ° Verificar assiduamente a escripturação dos livros da Escola.
4. 0
Organizar o orçamento annual e ordenar as despezas de prompto pagam esto.
5.° Contratar, mediante concurrencia publica, sempre que fôr possível, o forneci-
mento dos objectos necessários ao serviço da Escola.
6. ° Admittir e despedir os serventes, assim como os operários que tiverem de
auxiliar os mestres de trabalhos manuaes; realizando-so a admissão dentro dos limites da
rospectiva consignação da verba do orçamento destinada às despezas da Escola.
7 . ° Velar pela observância dosto Regulamento e propor ao Governo o que convier
ao aperfeiçoamento do ensino e melhor regimen da Escola.
8. ° Representara Escola no Conselho Director, intervindo nos seus trabalhos e
deliberações.
§ 1.° O Director, além de participar ao Ministro do Império, por intermédio do
Inspector Geral, todas as oceurrencias attinentes ao ensino e ã disciplina escolar, deverá
apresentar-lhe, pela mesma fôrma, no fim de cada anno lectivo, um relatório acerca dos
respectivos trabalhos, informando circumstanciadamente sobre o aproveitamento • pro-
ceder dos alumnos e sobre o desempenho do serviço do pessoal da Escola.
O Inspector Geral transmittirá, com as suas observações, o dito relatório ã
Secretaria de Estado, até o ultimo dia do mez de março.
§ 2.° As propostas, consultas e representações que o Director submetter ao Governo
serão sempre encaminhadas por intermédio do Inspector Geral, que sobre ellas emittirá
parecer.

Seeção II

Eos professores cathedraticos e adjuntos « dos mestres

A r t . 2 2 . Os professores cathedraticos e adjuntos, excepto o professor de religião,


serão nomeados mediante concurso.
A r t . 23. Aos ditos professores hncumbe em g e r a l :
1. ° Comparecer ás reuniõas de que trata o n. I do a r t . 2 1 .
o

2 . ° Observar fielmente o programma do ensino e as prescripções deste Regulamento


e do Regimento interno da Escola, bem assim as Instrucções especiaes do Director quanto
âdisciplina e policia das aulas.
3 . ° Prestar seu concurso, segundo os conhecimentos especiaes de cada u m , para
a direcção e excursões praticas e herborisações, assim como de visitas a fabricas,
officinas e outros estabelecimentos.
4. ° Cumprir todas as requisições feitas pelo Director no interesse do ensino ou
para esclarecimento das autoridades superiores.
5. ° Comparecer ás conferências pedagógicas instituídas pelo a r t . 76 do Decreto
n. 1331 A de 17 de fevereiro de 1851, concorrendo aos respectivos trabalhos e dis-
cussões.
O professor de pedagogia, e, na sua falta, o respectivo adjunto, tomará parte na
discussão das questões a que se refere o a r t . 10 das Instrucções de 11 de março
de 1884.
6. ° Mediante designação do Inspector Geral, ouvido o Director, inspeccionar as
escolas publicas da Corte e visitar as escolas ou collegios particulares, na fôrma do
disposto no a r t . 7 , § § l ° e 3 ° , do Regulamento annexo ao Decreto n. 1331 A de 17
o

de fevereiro de 1854.
A r t . 24. Os professores cathedraticos serão substituídos :
1. ° Pelos adjuntos ás respectivas cadeiras.
2. ° Quando o Director julgar conveniente, mediante designação, a que procederá,
por adjuntos a outras cadeiras ; e, na falta destes, por outros professores cathedraticos.
3 . P o r pessoas estranhas á Escola, nomeadas pelo Governo.
u

A r t . 25. Aos professores adjuntos incumbo :


1. ° Superintender, conforme a designação que o Director fizer no começo do anno
lectivo, os trabalhos manuaes do sexo masculino.
2. ° Executar, ou auxiliar, mediante igual designação, os serviços de que trata o
a r t . 71, §§ I e 2.°
o

§ 1 . ° Os adjuntos são obrigados a apresentar-se na Escola nos dias marcados para


as lições dos respectivos professores.
§ 2.° Não estando na regência de cadeira, caso em que lhes assistem os mesmos
deveres que aos cathedraticos, terão a seu cargo,, em dias diferentes dos indicados no
paragrapho anterior, o serviço de recapitulações, conforme se determinar no horário da
Escola.
A r t . 2G. São estensivas aos professores de bellas-artes e aos mestres as obrigações
estatuídas nó a r t . 2 3 .
A r t . 27. Esses professores e mestres serão subtituidos, nos respectivos impedimentos,
por pessoas designadas pelo Ministro do Império.
A r t . 28. O tempo máximo de trabalho com a instrucção dos alumnos, comprehen-
dido, além das horas ordinárias, o que se reservar para conferências, recapitulações
e outros exercícios feitos dentro ou fora da Escola, é fixado em dezeseis horas, por
semana, quanto aos professores, excepto o de religião, e em doze horas, quanto aos mes-
tres. O professor de religião não será obrigado amais de tres horas de trabalho por
semana com a instrucção dos alumnos.
§ 1.° Reputar-se-á falta a entrada na aula depois da hora, e a sabida antes que ella
termine, salvo licença do Director.
As faltas às reuniões d* que trata o art. 21, n. I , ou a quaesquer trabalhos a
o

que é obrigado o professor ou mestre, serão contadas como as que se derem nas aulas.
§ 2.° Os professores e mestres devem participar previamente, e por escripto, ao
Director o seu impedimento, sempre que tiverem de faltar, salvo quando fôr impre-
vista a causa, podendo, neste caso, a participação ser feita no dia seguinte.
A r t . 29. O professor, nomeado em virtude de concurso, que dentro de seis mezes
não comparecer para tomar posse, nem communicarao Director a razão justificativa da
demora, perderá o direito à respectiva cadeira, sendo a nomeação declarada sem effeito
pelo Governo.
Verificada a demora da posse, o Director communicará o facto ao Inspector Geral,
que, depois de submetter ao Conselho a justificação, si tiver havido, participará ao GoTerno
o occorrido para a final decisão.
A r t . 30. O professor, nomeado mediante concurso, que deixar de exercer as respe-
ctivas funcções por espaço de tres mezes, sam que perante o Director justifique a ausência
incorrerá nas penas do a r t . 157 do Código Criminal.
Si a ausência exceder a sois mezes, reputar-se-â ter havido renuncia do magis-
tério.
§ 1.° Na primeira hypothese, findo o prazo de tres mezes, o Director communicará
o facto com todas as circumstancias ao Inspector Geral, que convocará o Conselho, afim
de deliberar sobre o assumpto, expondo minuciosamente os fundamentos do seu parecer.
O Ministro do Império decidirá si tem logar ou não o processo, remettendo, no caso
affirmativo, os documentos concernentes ao facto ao Promotor Publico, para intentar a
accusação judicial por crime de responsabilidade.
§ 2.° Na segunda hypothese, o Director participará ao Governo o occorrido, afim de
ser o logar declarado vago, ouvido o Inspector G e r a l .
A r t . 3 1 . Si constar que algum professor, nomeado mediante concurso, que ainda
não tenha completado 10 annos de eíTectivo serviço, está impossibilitado de continuar
no exercicio do magistério por incapacidade physica ou moral, será ouvido a tal respeito
o Conselho Director, e, á vista de seu parecer, decidirá o Ministro do Império si cabe o
processo judicial, transmittindo, no caso aífirraativo, os papeis ao Promotor Publico.
A r t . 32. O provimento, mediante concurso, em algum dos logares do magistério da
Escola, será considerado vitalício depois de 10 annos de effectivo exercicio.
Paragrapho único. Ao professor que, contando este tempo de serviço, se tiver distin-
guido no desempenho das respoctivas funcções, conceder-se-á, sobre proposta do Inspe-
ctor Geral, ouvido o Conselho Director, uma gratificação addicional correspondente á
quarta parte dos seus vencimentos. Essa gratificação será elevada, preenchida a mesma
condição, à terça parte e á metade de taes vencimentos, quando o professor cathedratico
ou adjunto completar 15 e 20 annos de serviço.
As ditas gratificações serão suspensas em relação ao professor que as desmerecer por
seu procedimento ulterior, e pagas a contar da data em que forem concedidas.
A r t . 3 3 . Logo que algum professor, nomeado mediante concurso, completar 25
anccs de serviço effectivo, o Director da Escola o fará constar ao Inspector Geral com as
informações necessárias, afim de se resolver sobre a continuação do professor no magis-
tério, ou sobre a sua jubilação, conforme convier ao serviço publico, intimando-o na
mesma occasião para que requeira a licença, afim de continuar no exercicio do logar,
caso não prefira ser jubilado.
A r t . 34. O professor, nomeado em virtude de concurso, que, contando o tempo de
serviço de que trata o artigo antecedente, não obtiver permissão para continuar no magis-
tério da Escola, será jubilado com o ordenado por inteiro e a gratificação addicional que
lhe houver sido concedida nos termos do art. 3 2 .
O que antes daquelle prazo ficar impossibilitado de continuar no exercicio do
magistério será jubilado cora ordenado proporcional ao tempo de effectivo serviço, si este
não fôr inferior a 10 annos.
A r t . 35. O professor cathedratico ou adjunto, que fôr jubilado pelo motivo cons-
tante da 2 parte do artigo antecedente não poderá execer emprego algum de nomeação
1

do Governo.
A r t . 36. O professor cathedratico ou adjunto terá direito :
1.° A mais uma gratificação addicional correspondente á quarta parte do respectivo
ordenado, desde quo complete 25 annos de serviço effectivo, quando o Governo, sobro
proposta do Inspector Geral, ouvido o Conselho Director, o conservar no magistério
depois desse prazo.
2.° A ser jubilado, com todos os vencimentos, menos a referida gratificação, si servir
por mais de 10 annos alem do dito prazo.
A r t . 3 7 . Nilo seràcontado paraa jubilação o tempo empregado fora do magistério,
salvo em commissões relativas a serviço de instrucção publica.
A r t . 38. Os professores cathedraticos ou adjuntos que, por negligencia ou má
vontade, não cumprirem bem as respectivas obrigações, instruindo mal os alumnos, exer-
cendo a disciplina sem critério, deixando de participar os motivos que os inhibam de
comparecer para o serviço, faltando aos trabalhos escolares sem causa justificada por
mais de tres dias em um mez, c, em geral, infringindo qualquer das disposições deste
Regulamento ou as decisões de seus superiores, ficam sujeitos ás seguintes penas :
Admoestação.
Reprehensão.
Suspensão de exercicio e vencimentos até quinze dias.
Suspensão de exercicio e vencimentos de um até tres mezes.
Demissão.
As tres primeiras serão impostas pelo Director; a quarta pelo Inspector Geral e a
ultima pelo Governo, ouvido o Couselho Director, no caso de que trata o n. 3 do
o

art. 40.
Da pena de suspensão haverá recurso para o Ministro do Império, dentro do prazo
de cinco dias, contados da intimação.
A r t . 39. A pena de suspensão será imposta :
1. °Na reincidência de actos pelos quaes o professor tenha sido reprehendido.
2. ° Quando o professor der maus exemplos ou inculcar maus princípios aos alumnos.
3. ° Quando faltar ao respeito ao Director, e a qualquer outra autoridade superior.
Paragrapho único. Ficará sujeito á suspensão do exercicio e vencimentos respectivos
o professor que fôr pronunciado em crime inafiançável, ou aceusado judicialmente de
furto, roubo, estellionato, falsidade, banca-rota, rapto, estupro, adultério, ou outro
qualquer delicto que offenda à moral publica.
A r t . 40. O professor cathedratico ou adjunto, ainda que tenha servido pelo tempo
de que trata o a r t . 32, perderá o logar.
1. ° Si fôr condemnado por crime a que esteja imposta a pena de perda do emprego
ou a de galés ou prisão com trabalho, ou pelos crimes de que trata o artigo anterior.
2. ° Si tiver sido suspenso por tres vezes.
3. ° Si fomentar immoralidadeentre os alumnos.
A r t . 4 1 . No ultimo caso do artigo antecedente, suspenso o professor, o Inspector
Geral convocará o Conselho para que julgue a accusação ou denuncia.
Julgada esta procedente, será ouvido por escripto o aceusado, marcando-se-lhe o
prazo de oito dias.
Recebida ou não a resposta dentro desse prazo e ouvidas as pessoas que souberem
do facto denunciado, para o que se designará previamente diae hora, deddirâ o Conselho
por maioria de votos, si tem ou n!Io logar a pena de demissão, prevalecendo, no caso de
empate, o juizo mais favorável.
Para que o Conselho possa deliberar a tal respeito, é necessário que esteja completo,
sendo convocados os membros substitutos, no impedimento dos ordinários.
O Conselho Director submetterã sua decisão ao Governo, para que este resolva sobro
a matéria, ficando salvo ao interessado o recurso estabelecido pelo art. 46 do Decreto
n . 124 de 5 de fevereiro de 1842, ouvida sempre a Seeção dos Negócios do Império do
Conselho de Estado.
A r t . 4 2 . Os professores de bellas-artes e os mestres, os quaes serão conservados
emquanto bem servirem, ficam sujeitos às penas de admoestação, reprehensão e sus-
pensão, na conformidade dos arts. 38 e 39.
Quando, porém, lhes fôr imposta a pena de suspensão, c Director ou o Inspector
Geral levara ao conhecimento do Ministro do Império o que tiver oceorrido, afim de quo
se resolva sobre a rescisão dos respectivos contratos.

Seeção III

Dos concursos para o magisteri.) da Escola .

A r t . 4 3 . Oito dias depois de ter vagado algum logar de professor cathedratico ou


adjunto, mandará o Inspector Geral annunciar o concurso no Diário Official e nas folhas
de maior circulaçio do municipio da Corte.
A r t . 44. Serão inscriptos os cidadãos brazileiros que o requererem ao Inpector
Geral, provando maioridade legal e moralidade.
A maioridade legal prova-se por meio de certidão de idade ou documento equiva-
lente, e a moralidade por meio de folha corrida.
Os requerentes poderão apresentar em seu abono quaesquer outros documentos, dos
quaes se lhes passará recibo.
A r t . 4 5 . Mediante despacho do Inspector Geral, que, verificando estarem os requeri-
mentos com os precisos requisitos, escreverá logo no alto de cada um o dia e a hora em
que lhe tenha sido apresentado, o candidato assignarà o nome em livro especial, em
que haverá para cada concurso um termo de abertura e outro de encerramento,
assignados pelo mesmo Inspector.
A r t . 4 6 . A inscripção poderá ser feita por procurador, no caso de justo impedi-
mento do candidato.
A r t . 47. Do despacho do Inspector Geral, que negar a inscripção, haverá recurso
para o Ministro do Império, dentro do prazo de oito dias.
A r t . 4 8 . Não poderá increver-se quem tiver soffrido pena de galés ou condomnação
por crime de furto, roubo, estellionato, falsidade, banca-rota, ou qualquer outro que
offenda á moral publica.
A r t . 49. No caso de duas ou mais vagas, os concursos serão feitos na ordem em
que ellas se tiverem dado, guardando-se o intervallo de 30 dias, pelo menos, entre o
encerramento de uma e o de outra inscripção.
A r t . 5 0 . Vagando os logares de professor cathedratico e adjunto da mesma cadeira,
serão postos simultaneamente em concurso.
A r t . 5 1 . O prazo para inscripção será do tres mezes, e, si terminar durante as
férias, conservar-se-á aberta a mesma inscripção nos tres primeiros dias úteis que a ellas
se seguirem.
A r t . 5 2 . Findo o prazo da inscripção, nenhum candidato será adraittido, salvo por
determinação motivada do Ministro do Império, antes de constituída a commissao
julgadora.
A r t . 5 3 . Si não houver candidato ou forem inhabilitados os que tiverem concorrido,
bem como si o Governo resolver que seja annullado o concurso, nos termos do art. 68,
abrir-se-á outro, cujo prazo será também de tres mezes. Dado, segunda vez, qualquer
destes casos, será aberta nova inscripção pelo prazo de seis mezes; e, si terminado o
novo prazo, não apparecer algum candidato, o Governo poderá contratar professor
estrangeiro ou nomear, dentre os nacionaes habilitados, quem estiver nas condições
do art. 44.
A r t . 54. Terminada a inscripção e decididos os recursos que se tenham apresentado,
o Inspector mandará publicar no Diário Official a relação dos candidatos inscriptos,
segundo a data da apresentação dos respectivos requerimentos, e solicitará do Ministro
do Império a nomeação de dous examinadores e de um juiz para servirem no concurso.
Com os nomeados e o Director da Escola, sob a presidência do Inspector Geral,
ficará constituída a commissao julgadora.
A r t . 5 5 . Feitas as nomeações de que trata o artigo antecedente, o Inspector Geral
convocará a commissao no mais breve prazo para determinar o dia, hora e logar do
concurso e tomar qualquer providencia conveniente ao andamento dos respwtivos
trabalhos.
A r t . 56. Os referidos dia, hora e logar serão annunciados com antecedência, por
meio de edital affixado na Escola e publicado no Diário Official.
A r t . 5 7 . Nos concursos para provimento dos logares de professor e adjunto,
haverá duas series de provas: escriptas e oraes.
Nos que ie referem, porém, aos logares de professor e adjunto de pedagogia e pro-
fessor e adjunto de elementos de sciencias physicas e naturaes, haverá mais a prova prática.
As provas de cada serie serão feitas em dias consecutivos, realizando-se as oraes
tres dias depois de terminadas as escriptas, e as praticas também tres dias depois das
provas oraes.
Os pontos de cada prova serão communs" a todos os candidatos e tirados à sorte pelo
primeiro inscripto, ou, no caso do art. 59, § 8 , pelo primeiro de cada turma.
o

A r t . 58. As provas escriptas comprehenderão :


1. ° Quanto aos logares de professor e adjunto á cadeira de instrucção moral e
civica e pedagogia, duas dissertações: uma sobre assumpto de instrucção moral ou
c i v i c a ; outra sobre assumpto de pedagogia.
2 . ° Quanto à cadeira de francez: I , traducção de uma pagina de escriptor francez e
o

versão de um trecho de prosador portuguez ou brazileiro; 2 , dissertação, redigida era


o

francez, sobre questão de methodo de ensino das línguas vivas.

C:~2
- 1 0 -

3.° Quanto aos demais logares de professores e adjuntos, duas dissertações, sendo
a primeira sobre matéria da cadeira respectiva, e a segunda sobre questão de methodo ou
educação.
Nos concursos aos logares de professores e adjuntos de mathematicas e sciencias
physicas e naturaes, a segunda dissertação versará sobre questão de methodo applicado
ao ensino dessas sciencias.
§ 1.° As provas de dissertação versarão sobre pontos que a commissao tiver orga-
nizado no mesmo dia do concurso, em numero não excedente a 20 para cada uma das
provas.
Os assumptos dos pontos de dissertação deverão ser extrahidos do prograrama do
ensino da Escola.
P a r a as provas de traducção e versão sortear-se-á um dos livros adoptados na
Escola, na parte relativa ao ensino do 3 anno, bem como a centena de paginas da qual
o

também se sorteará aquella sobre que a prova deva effectuar-se, escolhendo a commissao
um trecho de estensão razoável.
§ 2 . ° Os candidatos terão quatro horas para cada uma das provas escriptas,
excepto para as dissertações sobre geographia e historia e sobre sciencias physicas e
naturaes, em que o prazo será de cinco horas.
Deixarão os candidatos em cada meia folha de papel uma pagina em branco, e não
poderão consultar notas, nem livros, salvo os que forem autorizados pela commissao, taes
como atlas, taboas de logarithmos, etc. O papel para as provas ser-lhes-à fornecido na
occasião.
O s membros da commissao julgadora fiscalizarão o trabalho pela maneira que entre
:

si combinarem.
§ 3.° Cada prova escripta será datada e assignada pelo autor, e rubricada no verso
de todas as folhas pelos demais concurrentes, assim como pelo presidente do acto. Si
houver um só candidato, as provas, dapois de datadas e assignadas por elle, serão r u b r i -
cadas no verso de todas as folhas pela commissao julgadora.
Fechadas as provas de cada candidato n'um envoltório lacrado, em que o autor
escreverá o seu nome e os demais candidatos e os membros da commissao as respectivas
rubricas, serão convenientemente guardadas.
A r t . 5 9 . As provas oraes comprehenderão:
§ 1.° Quanto aos logares de professor e adjunto de portuguez: I , uma lição, que
o

consistirá na leitura explicada de um trecho de autor clássico, ao que seguir-se-à a


arguição, feita pelos examinadores, acerca do objecto da lição; 2 , correcção de um
o

trabalho escripto de alumno-professor sobre assumpto pertencente ao ensino da


cadeira.
§ 2 . ° Quanto à cadeira de francez: I , uma lição, que consistirá na leitura e t r a -
o

ducção de uma pagina de escriptor francez, com explicações sobre o sentido das palavras,
a construcção das phrases e a grammatica, ao que seguir-se-á um exercicio de con-
versação em francez sobre a pagina lida, interrogando os examinadores ao candidato;
2 , correcção de um trabalho escripto de alumno professor sobre assumpto pertencente ao
o

ensino da cadeira.
- 1 1 -

§ 3. 0
Quanto aos demais logares de professores e adjuntos:
1. 0
Uma lição sobre ponto attinente ao ensino do logar vago.
2 . ° Arguição, feita pelos examinadores, sobre outro ponto.
3 . ° CorrecçSo de um trabalho escripto de alurano-professor sobro assumpto per-
tencente ao ensino do logar vago.
§ 4 . ° As provas oraes serão publicas, marcando-se meia hora para a lição e igual
tempo quer para a arguição, quer para a correcção de trabalhos escriptos.
§ 5.° Os pontos para cada uma das provas a que se referem os ns. I e 2 do § 3 o o o

serão sorteados dentre os do programma do ensino, que versarem sobre assumpto diffe-
rente dos das provas escriptas. *
Quando o logar vago comprehender varias disciplinas, os pontos para cada uma das
ditas provas*oraes serão sorteados com exclusão da matéria ou matérias sobre que
tiverem versado as provas anteriores.
P a r a as provas mencionadas sob o n. I nos §§ I e 2 , a sorte designará um livro
o o o

dentre os adoptados na Escola, na parte relativa ao ensino do 3 anno, assim como a


o

centena de paginas donde também será sorteada aquella sobre que a prova
-
deva
effeituar-se, escolhendo a commissao um trecho para esse fim.
No dia marcado para a prova de que tratam em segundo logar os §§ I e 2 e em o o

ultime o § 3 , a commissao escolherá os trabalhos que tenham de servir para a mesma


o

prova, por maneira que a cada candidato caiba trabalho diverso dos que os demais con-
currentes tiverem de apreciar.
Si o logar vago comprehender matérias que não tenham sido objectos das anteriores
provas, escriptas e oraes, serão escolhidos trabalhos que a ellas se refiram.
§ 6.° O ponto para a lição será tirado com tres horas de antecedência.
Do ponto tirado pelo candidato inscripto em primeiro logar, os outros concurrentes,
que ficarão recolhidos em sala reservada, só terão conhecimento tres horas antes da
exhibição da prova, recebendo-o da commissao cada um por sua vez, segundo a ordem
em que estiverem inscriptos.
Durante esse prazo, concedido para a coordenação das idéas, não poderá o candidato
recorrer a livro ou a qualquer outro auxilio.
§ 7.° Os candidatos que se seguirem ao que tirar o ponto para a prova de que trata
o n. 2° do § 3° só terão conhecimento do dito ponto, pela ordem da inscripção, no
momento em que lhes tocar a vez de serem arguidos, devendo até então ficar inoommuni-
caveis em sala donde não possam ouvir os que os precederem.
§ 8.° Si forem tantos os candidatos que não possam todos exhibir as provas no
mesmo dia, serão divididos em tantas turmas quantas se tornarem necessárias.
A divisão se fará por sorte, no primeiro dia, excluindo-se, com relação a cada turma,
os pontos anteriormente tirados.
§ 9.° O trabalho de que tratam em segundo logar os §§ I e 2 e em ultimo o § 3
o o o

será entregue ao candidato tres quartos de hora antes de começar a prova. Ao candidato
não será permittido recorrer a livro ou a qualquer outro a u x i l i o .
A r t . 6 0 . A prova pratica a que se refere o art. 57 terá por objecto:
§ 1.° Quanto á cadeira de pedagogia e respectivo logar de adjunto, a inspecção de
- 12

uma escola publica de instrucção primaria, immediatamente seguida de uma exposição


verbal sobre a inspecção, tendo cada candidato meia hora, no máximo, para esta prova,
que se realizará publicamente.
O presidente da commissao" julgadora fará a designação da escola no mesmo dia da
prova pratica, marcando o tempo da inspecção.
Nenhum candidato ouvira a prova exhibida pelos que o precederem no mesmo dia,
devendo todos elles aguardar em sala reservada, segundo a ordem em que estiverem
inscriptos, a hora de exhibição da respectiva prova.
Nao havendo tempo para que n'um só dia todos os concurrentes façam a sua ex-
posição, serão divididos em turmas, por sorte, no primeiro dia, designando o presidente
da commissao julgadora escola differente para a prova de cada u m .
§ 2.° Quanto à cadeira de sciencias physicas e naturaes c correspondente logar de
adjunto,— as questões praticas que forem formuladas pelos examinadores acerca dos
pontos escolhidos no mesmo dia pela commissao julgadora, dentre os do programma da
Escola, e era numero não inferior a dois e superior a quatro relativamente a cada uma
das matérias, de modo que taes questões se refiram a todas as matérias que pertencem
à dita cadeira.
O tempo para a prova pratica será determinado pela commissao, tendo em vista a
importância das questões.
Os candidatos farão a prova pela ordem da inscripção, não podendo nenhum assistir
à dos que o precederem no mesmo dia.
Si não fòr possivel que todos façam a referida prova em um só dia, serão
divididos em turmas, observando-se o disposto na segunda parte do § S° do artigo ante-
cedente.
A commissao inspeccionarà os trabalhos e os ordenará pela melhor forma.
Os concurrentes deverão escrever, em papel rubricado pelos membros da commissao,
as memórias justificativas dos processos, preparações e analyses, bem como dos cálculos
e demais trabalhos.
A r t . 61. No caso de moléstia que o inhiba de prestar qualquer das provas, poderá o
concurrente justificar o impedimento perante a commissao julgadora, que espaçará o
acto até oito dias, ou até o prazo máximo de 30, si houver um só candidato.
A r t . 62. O candidato que se retirar depois de começada qualquer das provas será
excluído do concurso.
A r t . 63. Aquelle que durante as provas se desmandar será pela primeira vez adver-
tido, e, no caso de reincidência, excluído do concurso pelo presidente do acto.
A r t . 64. No primeiro dia util depois da ultima prova, ás 10 horas da manhã, pro-
ceder-se-â publicamente à leitura das provas escriptas.
Cada candidato lera a sua prova sob a inspecção do que se lhe seguir na ordem da
inscripção, e o ultimo sob a do primeiro.
Si houver um só candidato, será acompanhada a leitura pelo membro da commissao
que o presidente designar.
A r t . 65. Finda a leitura, a commissao encerrar-se-á para o julgamento.
Os examinadores darão, era separado, parecer sobre o valor de cada prova, funda-
- 13 -

montando seu juizo acerca de cada candidato, com particular attenção à respectiva capa-
cidade pedagógica.
Em seguida proceder-se-á, por votação nominal, ao julgamento, quo versará primei-
ramente sobre a habilitação, ficando excluídos os que não tiverem maioria de votos; e
depois, sobre a classificação, até o numero de tres, por ordem de merecimento, dos can-
didatos habilitados, formando-se assim a lista para a nomeação.
Designado o concurrente a quem deva competir o primeiro logar, por ter obtido
maioria de votos, seguir-se-à o mesmo processo para a indicação dos que devam occupar
o segundo e o terceiro logar.
No caso de empate, decidirá o presidente do acto. *
Si forem somente dous os candidatos habilitados, feita a escolha de um delles para o
primeiro logar, considerar-se-á classificado no segundo o^outro concurrente.
Sendo tres os habilitados, observar-se-à a mesma regra para a classificação no
terceiro logar.
A r t . 66. As actas dos concursos serão lavradas pelo Secretario da Inspectoria Geral,
e assignadas por elle e pelos membros da commissao julgadora no fim do trabalho de cada
dia, mencionando-se nas mesmas actas todas as oceurrencias.
A r t . 67. A commissao dará conta do resultado do concurso ao Ministro do Império,
em officio que será acompanhado não só dos papeis pertencentes aos candidatos e de
cópias das actas, mas também das provas escriptas, dos pareceres a que se refere o
a r t . 65 e de informação reservada do Inspector Geral, em que este tratará especialmente
da maneira por que os candidatos tiverem exhibido suas provas, da respectiva reputação
litteraria e de tudo quanto lhe constar e colher dos documentos apresentados acerca dos
mesmos candidatos.
A r t . 63. P a r a preenchimento da"vaga, o Governo escolherá um dos classificados na
lista de que trata o a r t . 65.
Si se verificar que na votação houve irregularidade, será a üsta devolvida á com-
missao julgadora, afim de cumprir as respectivas disposições. No caso, porém, de en-
tender o Governo que o concurso deve ser annullado, por se terem preterido nelle
formalidades essenciaes, assim o determinará por Decreto, em que serão declarados os
motivos da decisão.
Também mandará o Governo abrir novo concurso, si, à vista das provas
escriptas e das informações que obtiver sobre a moralidade dos concurrentes, entender
que nenhum dos classificados deve ser escolhido.

CAPITULO III

DA SECRETARIA.

A r t . 69. A Secretaria, além do mais que fôr necessário para o bom desempenho do
respectivo serviço, terá os seguintes livros, que serão abertos, numerados, rubricados e
encerrados pelo Director:
1.° P a r a os termos de juramento e posse do pessoal da Escola.
2. ° P a r a o registro dos títulos do mesmo pessoal.
3. ° P a r a a matricula dos alumnos.
4. ° P a r a se notar o comparecimento e as faltas do pessoal docente.
5. ° Para provar o comparecimento do pessoal administrativo.
6. ° Para registro das licenças concedidas aos diferentes empregados.
7. ° P a r a termos do admoestação o outras penas impostas a funccionarios da
Escola.
8. ° P a r a termos do admoestação e outras penas impostas a alumnos.
9. ° Para inventario geral dos objectos pertencentes ao estabelecimento.
•10. P a r a se declararem as obras que os professores e alumnos retirarem da biblio-
theca, na conformidade do art. 77.
Este livro consistirá em um registro alphabetico, por nome de autores, em que
serão lançados: o nome do autor da obra, o titulo desta, a data e duração do empréstimo,
a data da restituição, o valor dos livros emprestados o seu estado de boa ou má conser-
vação, e, finalmente, o nome da pessoa a quem se fizer o empréstimo.
Além dos livros já indicados, poderá a Secretaria ter outros, que o Director julgue
precisos para o serviço.
A r t . 7 0 . Do livro de matricula deverão sempre constar não só a idade, natura-
lidade, estado do alumno, e domicilio seu e de sua família, mas também quaesquer c i r -
cumstancias relativas á sahida dos alumnos-professores, á perda do anno, a penas que
lhes tenham sido impostas e ao resultado dos exames.
No mesmo livro, cuja escripturação compete ao Secretario, serão consignadas no fim
do anno lectivo, antes do começo dos exames, as notas que o Director formular, segundo
os mappas e relatórios de que tratam os arts. I 2 õ e 165, § 2 ° , e a sua própria obser-
vação, a respeito do aproveitamento e proceder de cada alumno-professor.
Do livro assim escripturado serão extrahidas pelo Director as informações concer-
nentes ao aproveitamento e proceder dos alumnos, às quaes se referem os arts. 21, §1°,
e 145.
A r t . 7 1 . 0 livro de inventario geral dos objectos da Escola, em que se mencionarão
com títulos distinctos todas as acquisições realizadas quanto à mobília, material do
ensino, gymnasio, bibliotheca e museu pedagógico, gabinetes e officinas de trabalhos
manuaes, notando-se as circumstancias que occorrerem em relação ao uso e existência dos
objectos, será escripturado de modo que cada artigo tenha um numero de ordem e a data
da inscripção. Não poderá haver nenhuma inversão na ordem dos números e das datas,
e qualquer rasura ou entrelinha deverá ser approvada pelo Director.
§ 1.° Do referido livro serão extrahidos, pelos adjuntos que o Director designar,
dous registros, contendo: um, o catalogo e a classificação methodica de todos os livros da
bibliotheca da Escola; outro, o catalogo de todos os instrumentos e apparelhos de
physica, chimica, desenho, etc.
Estes catálogos terão uma serie especial de números para cada classificação de
objectos; uma columna de observações, e outra de referencia ao livro de inventario geral,
na ultima das quaes se indicará, adiante do objecto, o numero que lhe pertenc r no
livro.
- 15 —

O adjunto incumbido do catalogo da bibliotheca extrahirá delle o dos livros clássicos


especialmente destinados para a consulta e leitura dos alumnos.
§ 2.° Todos os annos, depois de concluídos os exames, e sempre que se fizer nova
nomeação de Director, dar-se-á na presença deste funecionario, auxiliado por dous
adjuntos, quo designar, e na do Secretario, balanço ao material da Escola.
Findo o trabalho, o Secretario lavrará termo, em que se mencionarão as circum-
stancias relativas à existência e estado dos objectos, enviando-se cópia desse termo ao
Ministro do Império.
Os resultados da verificação serão respectivamente mencionados no livro de inven-
tario geral, e nos catálogos de que trata o paragrapho antecedente, na columna do
observações.
A r t . 7 2 . Os avisos e as ordens do Governo, as minutas dos actos da Secretaria, os
mappas e relatórios a que se referem os arts. 125 e 165, § 2 , os termos de exames e
o

outros para que não haja livros de registro, bem como as actas das reuniões do pessoal
docente deverão ser encadernados, depois de organizados pelo Secretario os índices respe-
ctivos, conforme a classificação a que elle deve proceder.
A r t . 7 3 . Compete ao Secretario:
1. ° Fazer ou mandar fazer a escripturação própria da Secretaria.
2. ° Redigir, na fôrma das ordens do Director, e fazer expedir a correspondência
official da Escola.
3 . ° Entregar a cada um dos professores e mestres, no principio do anno, por
oceasião de começarem os trabalhos lectivos, a lista dos alumnos matriculados na
Escola, a qual será extrahida do livro de que trata o n. 3 do a r t . 69'e authen-
o

ticada pelo Director.


4 . ° Comparecer ás reuniões do pessoal docente, cujas actas lavrará, e das quaes
fará leitura nas oceasiões opportunas.
5. ° L a v r a r e assignar com o Director todos os termos de juramento.
6. ° L a v r a r ou mandar lavrar todos os termos de exames.
7 . ° Encerrar o ponto dos empregados, notando a entrada dos que chegarem
depois da hora e a sahida dos que se retirarem, sem licença, antes de findo o
expediente.
8. ° Notar no livro respectivo, declarando os dias de serviço, as faltas dos pro-
fessores, adjuntos e mestres a qualquer dos trabalhos escolares, bem como os nomes
dos que comparecerem a esses trabalhos.
9. ° Apresentar ao Director, no ultimo dia de cada mez, à vista dos livros de
que tratam os ns. 4 Ü
e 5 do art. 69, a lista das faltas do pessoal, e, de acordo
o

com as notas do mesmo Director, organizar as respectivas folhas.


10. Providenciar sobre o asseio do edificio da Escola e inspeccionar o serviço
do Amanuense, do Porteiro, dos Inspectores, do Continuo-correio e dos serventes.
11. Participar ao Director as infracções que commettam os empregados sob s u a
vigilância.
12. Receber as quantias destinadas às despezas ordinárias do expediente, pre-
stando contas pela fôrma que o Ministro do Império determinar.
- 16 -

13. Organizar as folhas das despezas.


14. Preparar todos os esclarecimentos quo devem servir debaso ao relatório de
que trata o art. 21, § 1.°
A r t . 74. O encarregado da bibliotheca, museu pedagógico e gabinetes observará
no respectivo serviço as instrucções o ordens do Director.
A r t . 7 5 . O Amanuense fará toda a escripturação que pelo Director ou Secre-
tario lhe fôr determinada, e archivará os papeis segundo as instrucções que desses
funccionarios receber.
A r t . 7 0 . O Secretario e o encarregado da bibliotheca serão substituídos nos
impedimentos repentinos pelo amanuense.
No caso de impedimento prolongado, o Minisiro do Império nomeará pessoa
estranha á Escola para servir interinamente.
A r t . 77. Os professores o alumnos da Escola poderão, com autorização do
Director, levar para fora do estabelecimento qualquer obra não comprehendida na dis-
posição do § 5 o
deste artigo, comtanto que se responsabilisem pelo respectivo valor
total.
Poderão os professores conservar em seu poder, pelo prazo máximo de um mez,
as obras que retirarem da bibliotheca, e, quanto aos alumnos, o Director marcará
sempre o prazo de cada empréstimo.
§ 1.° Pelos livros retirados da bibliotheca para uso das aulas ou dos exames
serão responsáveis os professores que os tiverem pedido.
§ 2.° As pessoas estranhas á Escola a que o Director franquear a bibliotheca
só poderão utilisar-se dos livros no recinto desta ou da sala de l e i t u r a .
§ 3 . " A entrega de qualquer livro será sempre feita mediante pedidos datados
e assignados, nos quaes se indicarão o titulo da obra, o nome do autor e o numero
de volumes.
Haverá horas determinadas para o pedido e entrega dos livros.
§ 4.° Todo aquelle que deteriorar ou extraviar algum livro ê obrigado, no p r i -
meiro caso, a restituil-o em bom estado, e, no segundo, a fazer a substituição.
§ 5.° Os livros raros ou de elevado custo, publicações periódicas, diccionarios,
mappas ou livros de assídua consulta não poderão ser levados para fora da biblio-
theca.
A r t . 78. O encarregado da bibliotheca, museu pedagógico o gabinetes da Escola
è responsável por qualquer dos objectos sob sua guarda, que se extraviar, ou que
se quebrar ou deteriorar fora dos trabalhos dos cursos, si não fôr conhecido o autor
do extravio ou damno.
A r t . 79. Incumbe ao Porteiro: ter a seu cargo as chaves do edificio, abrindo-o
e fechando-o ãs horas determinadas; cuidar do asseio de toda a casa, empregando
para esse fim os serventes que forem designados; velar pela guarda e conservação
dos moveis e objectos da Escola, e cumprir as ordens que pelo Director ou pelo
Secretario lhe forem dadas acerca destes serviços e dos das aulas e da Secretaria.
A r t . 80. Os Inspectores e Inspectoras cumprirão as disposições do Regimento
interno e as ordens do Director attinentes ao serviço dá disciplina.
1

- 17 -

A r t . 8 1 . O continuo-correio executará as ordens do Director e. do Secretario,


no que so referir ao serviço a seu cargo dentro e lora da Escola.
A r t . 82. A contar do dia 14 de fevereiro até o encerramento dos trabalhos do
anno lectivo, a Secretaria estará aborta desde as 0 horas da manhã até às 4 da tarde.
Poderá, entretanto, o Director ou o Secretario prorogar as horas do serviço
pelo tempo que for necessário, si houver trabalho urgente ou não estiver em dia- a
escripturação.
No período das ferias, a Secretaria funecionará pelo numero do horas que o D i -
rector determinar, attendendo às exigências do serviço.
Paragrapho único. O empregado que comparecer depois da hora ou se retirar,
sem licença, antes de findo o expediente, perderá metade da gratificação do dia, e o
que, comparecendo depois, se eximir ao trabalho, perderá todos os vencimentos.
A r t . 8 3 . Os empregados da Escola, responsáveis pelo damno ou extravio, não
justificado, de objectos a ella pertencentes, ficam obrigados a substituil-os por outros
iguaos; ou, no caso de se effeituar a compra por conta da Escola, a indemnizar a
importância correspondente, que será descontada proporcionalmente nos respectivos ven-
cimentos.
A r t . S I . Os empregados da Secretaria, nos casos de negligencia, desobediência,
falta de cumprimento de deveres ou ausência sem causa justificada por oito dias
consecutivos ou por quinze dias interpoladamente durante um mez ou em dous se-
guidos, ficarão sujeitos às seguintes penas disciplinares, que serão impostas pelo D i -
rector :
1. Simples advertência.
a

2. " Reprehensão.
3. :i
Suspensão até 15 dias.
Paragrapho único. Só pelo Ministro poderá ser determinada a suspensão do
empregado comprehendido em algum dos seguintes casos: •
1. ° Exercicio de qualquer cargo, industria ou oecupação que impeça o exacto
cumprimento de deveres.
2 . ° Necessidade dc suspensão preventiva ou por motivo de segurança.
No segundo caso o empregado perderá somente a gratificação.
A r t . 8 5 . Quando os empregados da Escola, depois de reprehendidos ou sus-
pensos, reincidirem nas faltas pelas quaes tenham sido punidos, ficarão sujeitos à
pena de demissão, proposta ao Governo pelo Director.
Dado, porém, o caso de ser a falta contraria à moral, o Director suspenderá o
delinqüente, solicitando immediatamente a demissão deste.

CAPITULO IV

DA ADMISSÃO k ESCOLA

A r t . 86. Todos os annos, do dia 15 ao ultimo de fevereiro, estará aberta na


Secretaria da Escola a inscripção para os candidatos à matricula no I o
anno do
curso.
c.-3
- 18 -

As petições para a inscripção deverão ser instruidas com os seguintes documentos:


1. ° Certidão ou justificação com que se mostre que o candidato completará, pelo
menos, dezeseis annos e não attingirà a idade de vinte e dous naquelle em quo pre-
tenda a admissão na Escola.
2. ° Attestados de moralidade, passados pelo parocho do logar em que o can-
didato residir, ou por pessoas conceituadas, devidamente reconhecidos por tabellião.
3. ° Certidão de exame medico, requerido á Inspectoria Geral de Hygiene opor
esta determinado, do qual conste que o candidato teve a varíola ou foi vaccinado
não mais de cinco annos antes, c que não tem enfermidade ou defeito physico que
o impeça de poder no futuro exerner vantajosamente o magistério.
4. ° Actestação provando a identidade do candidato, passada por algum dos
professores ou mestres da Escola ou por duas pessoas conceituadas residentes no m u -
nicípio da Corte.
A r t . 87. Quando o Director entender que não convém tornar-se effectiva a
inscripção, apezar dos attestados de moralidade a que so refere o n. 2 do artigoo

antecedente, ou por saber que o candidato soffrc dc enfermidade incompatível com


as conveniências do ensino, reservadamente submetterá as razões que para isso tiver
ao Ministro do Império, o qual proferirá decisão definitiva a tal respeito.
A r t . SS. Encerrada a inscripção, que poderá ser feita por procurador, nenhum
candidato mais será a ella admittido.
A r t . S 9 . Os candidato? inscriptos serão sujeitos a exame consistente em duas
series de provas, tendo as primeiras por objecio fixar a lista de admissibilidade; as
segundas, a da admissão definitiva.
Taes provas não excederão, em caso algum, às exigências do programma da
classe superior das escolas publicas de instrucção primaria.
A r t . 90. Proceder-se-á ás provas da primeira serie no dia I o
de março, ou
no seguinte, si aquelle fôr feriado, salvo si penderem de decisão duvidas sobre a
inscripção de candidatos que tiverem, satisfeito as exigências do a r t . 86.
As provas da segunda serie começarão no primeiro dia u t i l depois daquelle em
que se realizar o julgamento das da primeira.
Far-se-á, por editaes affixados no edificio da Escola e publicados no Diário
Official e nas folhas de maior circulação, a chamada dos candidatos admittidos ás
provas da primeira- e ás da segunda serie.
A r t . 9 1 . As provas da primeira serie serão prestadas perante uma commissao
- composta do Director, que a presidirá; de um professor da Escola, livremente de-
signado pelo mesmo Director; dos de portuguez e mathematicas, e de um dos de
desenho, que também for designado. Da commissao para as provas da segunda serie,
além do Director e daquelles professores, farão parte os professores de geographia e
historia, religião e musica, assim como o mestre de gymnastica e as mestras de
gymnastica e de trabalhos de agulha.
Terão voto no julgamento de cada uma das provas, além do Director e do pro-
fessor livremente designado, o professor ou o mestre da matéria a que se referir a
prova.
t - "19-

A r t . 92. As provas da primeira serie comprohondera:


1. ° Um dictado de orthographia do quinze linhas, no máximo.
O texto, lido primeiro em voz alta, será em seguida dictado pausadamente, o
depois relido. Indicar-se-à o ponto final de cada phrase.
Os candidatos terão cinco minutos para rever o trabalho.
Este dictado servirá também de prova de escripta.
2. ° Um exercicio de redacção sobre assumpto fácil, no gênero narrativo ou de-
scriptivo.
3. ° Um exercicio de arithmetica.
4. ° Um exercicio de desenho linear.
Conceder-se-à uma hora para cada um dos exercícios de redacção, arithmetica e
desenho.
As duas primeiras provas serão effeituadas de manha e as ultimas á tarde, na ordem
jà indicada.
A commissao determinará o assumpto de cada uma das provas.
Os candidatos receberão, rubricado pela commissao, o papel necessário.
A r t . 9 3 . A commissao deverá julgar todas as provas da primeira serie no mesmo
dia em que se realizarem, ou, si isso não for possível, nodiaimmediato, organizando, por
ordem alphabetica, a lista dos candidatos admissíveis às da segunda.
A r t . 94. As provas da segunda serie, às quaes se procederá publicamente,
constarão :
I. De interrogações feitas livremente pelo examinador: 1°, sobre religião; 2 , sobreo

língua portugueza, depois de ler o candidato um trecho escolhido pela commissao; 3 , o

sobre arithmetica e systema métrico ; 4 , sobre geographia e historia do B r a z i l .


o

A duração do conjunto destas provas não excederá a meia hora para cada candidato.
II. De questões e exercícios rudimentares de solfejo, pelo tempo máximo de 10
minutos.
III. De exercícios de gymnastica, e também de trabalhos de agulha, quanto as
candidatas, durando a primeira prova 10 minutos no máximo, e a segunda meia hora.
A r t . 9 5 . Cada uma das provas, tanto da primeira, como da segunda serie, deve
ser apreciada por algarismos de 0 a 10.
§ 1.° Não serão admittidos ás provas da segunda serie os candidatos que não
obtiverem, nc julgamento das da primeira, ao menos a média dos pontos.
§ 2.° Os pontos obtidos nas provas oraes reunir-se-ão aos das escriptas, não se
considerando apto para ser admittido na Escola o candidato que não conseguir a metade»,
pelo menos, do total dos algarismos máximos da apreciação das duas categorias"*"
provas.
A r t . 96. Concluídas as provas da seguDda serie, a commissao, de conformidade com
o disposto no § 2 do artigo antecedente, classificará!
o
por ordem de merecimento, os
candidatos que estiverem no caso de ser admittidos, organizando uma lista, que será
immediatamente publicada.
A r t . 9 7 . E ' n u l l a a inscripção feita mediante documento falso, assim como o exame
prestado em virtude da mesma inscripção; e aquelle que por esse meio a requerer ou
- 20 - >

obtiver, além da penalidade em quo' incorrer nos termos da legislação criminal, nflo
poderá cm tempo algum inscrover-so para o oxaine de admissão na Escola, bem como
ficará privado, pelo prazo de dous annos, de matricular-se ou fazer acto ora qualquer dos
estabelecimentos de instrucção secundaria ou superior.
A r t . 98. Ao processo dos exames de admissão são extensivas as disposições dos
arts. 13G, 137 e 138, não podendo, porém, ser admittido a prestar em outro dia as provas
da primeira serie o candidato que a ellas faltar no dia próprio, ou cuja prova for
considerada n u l l a .
O candidato que proceder de modo desrespeitoso para com algum dos membros da
commissao julgadora será mandado retirar da sala e ficará excluido do exame.

CAPITULO V

DOS ALUMNOS-PROFESSORES.

A r t . 99. No dia I o
de março de cada anno abrir-se-á na Secretaria da Escola a
matricula dos alumnos, devendo encerrar-se no dia 14 do mesmo mez.
A r t . 100. Atéo numero fixado no art. 4 serão admittidos à matricula no I anno
o o

os candidatos classificados na lista de que trata o art. 96.


A r t . 101. Será notado quotidianamente o não comparecimento dos alumnos a
qualquer trabalho escolar.
O alumno que comparecer depois da hora marcada, ou que se retirar sem licença do
professor ou mestre, incorrerá em falta, como si não tivesse comparecido.
A r t . 102. O alumno que na freqüência da mesma aula tiver dado 40 faltas, embora
abonadas, ou 15 nâojustificadas, perderá o anno.
Contar-se-ão as faltas que forem dadas nos exercicios e quaesquer trabalhos que se
refiram ao ensino.
A r t . 103. As faltas deverão ser justificadas logo no primeiro dia em que o alumno
comparecer perante o respectivo professor ou mestre, que deverá abonal-as, si achar
fundados os motivos ou procedentes os documentos adduzidos. Da decisão negativa
haverá recurso para o Director, que julgará definitivamente.
A r t . 104. Marcar-se-ão cinco faltas ao alumno que deixar de comparecer a
qualquer dos trabalhos, quando o Director tiver conhecimento de que para isto concorreu
ajuste com outros, salvo si o motivo da ausência houver sido communicado ao mesmo
"Director antes do facto.
Ainda que o alumno allegue coacção, não lhe serão relevadas taes faltas, que se
contarão pelo dobro progressivamente em cada reincidência.
A r t . 105. S i , por motivo justificado, a juizo do Director, ouvidos os professores e
mestres do anno respectivo, deixar o alumno de fazerexame na época competente, poderá
o mesmo Director permittir que elle o preste no principio do anno seguintí, antes da
abertura das aulas, si durante o anno lectivo tiver obtido maioria de notas boas de
applicação.
' A r t . 100. Será excluído da Escola:
1. ° O alumno que, repetindo o anno, o perder novamente, qualquer quo seja o
motivo, ou o que, em épocas diferentes, perder tres vezes o anno, quer por ter sido re-
provado, quer por ter deixado de fazer exame.
2 . ° O alumno que tiver contrahido enfermidade ou defeito physico que o inhabilite
para no futuro exercer o magistério.
A exclusão, neste caso, será determinada pelo Ministro do Império, a quem o Dire-
ctor, depois de proceder às diligencias que forem convenientes, e por intermédio
do Inspector Geral, dará conta do que tiver verificado.

CAPITULO VI

DO ENSINO NORMAL

A r t . 107. As aulas da Escola abrir-sc-âo no dia 15 demarco e encerrar-se-ão


no dia 15 de novembro.
A r t . 108. O ensino comprehende as seguintes matérias:
Religião.
Instrucção moral e civica e noções de economia política.
Pedagogia e legislação escolar.
Portuguez e noções de historia da litteratura da língua vernácula.
Francez.
Geographia e particularmente a do B r a z i l .
Historia e particularmente a do Brazil até nossos dias.
Arithmetica e álgebra elementar.
Noções de escripturação mercantil, somente para os alumnos.
Geometria.
Elementos de physica; chimica; botânica: zoologia e geologia, com as suas p r i n -
cipaes applicações.
Escripta.
Desenho.
Musica vocal.
Trabalhos manuaes para os alumnos; trabalhos de agulha para as alumnas.
Gymnastica, e, para os alumnos, exercícios militares.
A r t . 109. Quando as circumstancias permittirem, serão creadas as cadeiras de
agricultura e horticultura, para os alumnos, e de economia domestica para as alumnas d
outrosim serão instituídos para as alumnas trabalhos de jardinagem.
A r t . 110. A distribuição das matérias do ensino pelos annos e numero de horas
de lição por semana, quanto a cada disciplina, se regularão do seguinte modo :

1° anno

Religião 1 hora
Instrucção moral e civica 1 »
Pedagogia 1 >
— 22 -

Portuguez 4 h o r a s

Francez 3
• *
Geographia 1 h o r a

Historia 3 h o r a s

Mathematicas 3
*
Sciencias naturaes 1 n o r a

Escripta * *
Desenho 4 h o r a s

Musica ^ *
Trabalhos manuaes para os alumnos 3 >
Trabalhos de agulha 3 »
Gymnastica e exercícios militares para os a l u m n o s . . . 2 >
Gymnastica para as alumnas 2 »

2° anno

Instrucção moral e civica 1 hora


Pedagogia 1 *
Portuguez 3
horas
Francez 3 >
Geographia 1 hora
Historia 3 horas
Mathematicas 3 »
Physica e chimica 2 >
Sciencias naturaes 2 »
Escripta 1 hora
Desenho 4 horas
Musica 2 >
Trabalhos manuaes para os alumnos 2 »
Trabalhos de agulha 2 »
Gymnastica e exercícios militares para os alumnos 2 »
Gymnastica para as alumnas 2 »

3° anno

Instrucção moral e civica 1 hora


Pedagogia 1 »
Portuguez 3 horas
Francez 2 >
Geographia 1 hora
Historia 2 horas
Mathematicas 3 >
Physica e chimica 2 »
Sciencias naturaes 3 »
- 23 —

Desenho 6 horas
Masica*. o
Trabalhos manuaes para os alumnos 2
Trabalhos de agulha 2
Gymnastica e exercícios militares para os alumnos 2
Gymnastica para as alumnas . 2

A r t . 111. As disciplinas que constituem o curso da Escola serão ensinadas na


conformidade do programma que o Ministro do Império expedir.
A r t . 112. Os trabalhos escolares começarão ás 9 horas da manha e findarão às 4
da tarde.
A r t . 113. Haverá entre as differentes aulas os intervallos que forem precisos para
repouso, não devendo ser inferiores a 10 minutos.
A r t . 114. Duas vezes por semana deixará de haver, pela manha, aulas ordinárias,
para cada um dos annos, devendo, durante esse tempo, comparecer ás escolas de applicação
os alumnos que forem designados pelo Director, e occupar-se os outros do mesmo anno
em recapitulações, conferências e demais exercícios.
A r t . 115. O curso da Escola Normal terá por fim não só instruir os alumnos-
professores, mas também exercital-os na maneira natural de dar o ensino, educando-os
na methodologia própria de cada disciplina.
Os professores não deverão ministrar o ensino na fôrma por que os normalistas
houverem de discribuil-o mais tarde na escola primaria; e sim de modo que elle sempre
corresponda exactaraente às faculdades eao grau de instrucção dos alumnos, dando os
mesmos professores as necessárias indicações sobre o modo por que seria tratado o
assumpto com discípulos menos adiantados.
A r t . 116. Cada lição durará, pelo menos, uma hora, devendo reservar-se parte
deste tempo para as explicações do professor, e outra parte para. interrogações sobre o
assumpto da ultima lição explicada.
A r t . 117. Não se adoptarão compêndios para o ensino, nem será admittido o systema
de postulas.
Os professores aconselharão aos alumnos os livros que julgarem convenientes como
auxiliares do estudo.
Paragrapho único. Nas aulas e exames de línguas serão adoptadas as obras que. o
Ministro do Império determinar, sobre proposta do Director, ouvidos os professores.
Art. 118. Os alumnos serão obrigados a tomar apontamentos das explicações, ^
redigindo-as em livro especial, que submetterão aos respectivos professores.
Outrosim, conservarão os seus trabalhos escriptos, ainda depois de corrigidos e
annotados pelos professores, e os terão à disposição destes e do Director.
A r t . 119. Os professores exigirão que os trabalhos escriptos dos alumnos sejam
cuidados, e facilmente legíveis.
A r t . 120. Os alumnos dos 2 e 3 annos serão freqüentemente exercitados, quer nas
o o

aulas ordinárias, quer em conferências, no ensino oral de cada uma das matérias do
programma das escolas primarias, devendo, sob a direcção dos professores, reproduzir as .
- 24 —

lições que por estos forem indicadas, resumir as leituras que também lhes forem
designadas, explicar um texto portuguez, corrigir algum trabalho escripto, tratar do
questáes do curso ou expor os resultados do algum trabalho pessoal.
Além disso os uo 3 ' anno darão alternadamento, fora das horas de aula, lições
diante do respectivo professor e dos outros alumnos-professores.
A lição será de meia hora, no máximo, o versará sobre assumpto do ensino ou dc
methodo indicado pelo Director ou escolhido pelo alumno, com assentimento do mesmo
Director. Os demais alumnos faraó observações criticas, que serão completadas ou
rectificadas pelo professor e pelo Director.
A r t . 121. Os alumnos serão obrigados a exercitar-se na prática do ensino sob a
direcção dos professores das escolas de applicação. Os do I anno assistirão aos trabalhos;
o

os do 2 auxiliarão os referidos professores ;os do 3 regerão progressivamente as varias


o o

classes das escolas.


Para este fim o Director determinará os trabalhos das escolas de applicação por
maneira que os alumnos-professores se instruam ou exercitem na prática de todas as
matérias do ensino primário; assim como dividirá os mesmos alumnos e os revezará
em turmas.
A r t . 122. Qualquer que seja o numero de alumnos, serão estes, em cada um dos
annos do curso, divididos em duas turmas, conforme o Director j u l g a r mais conveniente,
para o ensino da escripta e do desenho, ficando cada uma a cargo de um dos professores
destas matérias.
A r t . 123. Emquanto não estiverem completamente organizados o museu pedagógico
e a bibliotheca da Escola, os professores deverão comparecer com os respectivos alumnos
no Museu Escolar Nacional para exercital-os no que possa interessar à methodologia
especial das matérias que leccionam e chamar-lhes a atcençío sobre a bibliographia das
disciplinas que constituem o programma das escolas primarias.
Os alumnos do 3 anno visitarão o Museu e a respectiva bibliotheca, afim de estudar,
o

sob a direcção do professor de pedagogia, o que se refira á construcção e decoração das


casas escolares; bem assim para ter conhecimento das obras sobre educação, methodologia,
pedagogia, historia da pedagogia, organização material e pedagógica das diferentes
espécies de escolas primarias, e de quaesquer outros subsídios adequados á instrucção do
professor e á pratica do ensino.
A r t . 124. Os encarregados de dirigir as excursões práticas e herborizações, assim
como as visitas, a que se refere o a r t . 23, n. 3 , darão previamente as explicações
o

precisas, afim de que se tornem proveitosas taes excursões e visitas, ás quaes deverão
seguir-se exercícios próprios para fixar-lhes a lembrança, como sejam memórias
summarias, interrogações, etc.
O Director dará as providencias c instrucções que forem necessárias para as
referidas excursões e visitas.
A r t . 125. Os professores e mestres marcarão diariamente não só as faltas dos
alumnos, na conformidade dos arts. 101 e 104, como também as notas que merecerem as
lições, as quaes serão-: optima (3 pontos); boa (2 pontos); soffrivel (1 ponto), e má (0).
No fim de cada mez entregarão na Secretaria os mappas relativos ao comparecimento
— 25 -

dos alumnos o ás notas de procedimento e applicação, nos quaes consignarão suas


observações sobre os progressos dos mesmos.alumnos.
A r t . 126. O Director, que devo assistir ao menos uma vez por mez ás liçOes de cada
um dos professores e mestres e fiscalizar o ensino nas escolas de applicação, assim como
assistir a todas as lições do que trata a 2 parte do art. 120, velará não só pela fiel
a

execução dos programmas, mas também por que o ensino não seja em nenhum de seus
ramos desviado do fim profissional a que deve tender, e os differentes professores se
esforcem particularmente para que os alumnos adquiram as qualidades intellectuaes e
moraes indispensáveis ao magistério.
Além disto o Director verificará si os trabalhos escriptos dos alumnos são cuida-
dosamente corrigidos e annotados pelos professores, e si em todas as aulas estes empregam
tempo sufficiente nas interrogações determinadas no art. 116.
Velará ainda o Director por que não se adraitta nas aulas o abuso de longas
redacções, manuaes, cursos dictados, cadernos de passar a limpo, eem geral de meios
que favoreçam o trabalho mecânico e tendam a substituir o esforço de memória ao de
reflexão.
Finalmente provera a que em todas as aulas e nos exercícios da Escola e das escolas
de applicação se reserve o tempo que for possível ao estudo dos methodos e dos processos
próprios do ensino primário.
A r t . 127. Ouvidos os professores e mestres, o Director organizará annualmente,
no mez de fevereiro, o horário da Escola, distribuindo não só os dias das aulas, mas
também os das recapitulações, conferências e mais exercícios, de acordo com as
prescripções deste Regulamento.
A r t . 125. Si, ouvido o Conselho Director, o Ministro do Império considerar de
grande utilidade alguma obra escripta sobre matéria ensinada na Escola, será concedido
ao seu autor, depois de publicado o trabalho, um prêmio proporcional à respectiva
importância, até a quantia de dous contos de réis, e paga pelo Estado a despeza da 1*
edição.

CAPITULO VII

DOS EXAMES

A r t . 129. Os exames começarão no dia 20 de novembro e serão feitos, em cada


anno, por matérias, segundo á especificação constante do art. 108, menos quanto à
escripta.
A r t . 130. Os alumnos serão chamados a exame pela ordem numérica da matricula,
e nenhum o poderá ser para mais de uma matéria no mesmo d i a .
A r t . 131. Farão parte das commissões julgadoras dos exames do I , 2° e 3 anno,
o o

na qualidade de examinadores:
1.° Quanto aos de instrucção moral e civica e pedagogia, portuguez, geographia e
historia, mathematicas e sciencias physicas e naturaes, os respectivos professores cathe-
draticos e adjuntos.
c—4
- 26 -

2. ° Quanto aos do francez, o professor desta matéria e outro, cathedratico ou


adjunto, que for designado pelo Director.
3. °.Quanto aos do desenho, osdous professores da matéria.
4. ° Quanto aos de instrucção religiosa, musica, trabalhos manuaes do sexo masculino,
trabalhos de agulha, e gymnastica, o respectivo professor ou mestre e mais uma pessoa
idônea, que será convidada pelo Inspector Geral.
§ 1.° Ao Director compete presidir os exames de que tratam os ns. I , 2 e 3 deste
o o o

artigo. Os de desenho, porém, poderão ser presididos pelo professor ou adjunto de


mathematicas, quando o mesmo Director julgar conveniente.
§ 2.° As commissôes julgadoras dos demais exames serão presididas pelo professor
ou adjunto que o Director designar.
§ 3.° O Director designará, dentre o pessoal da Escola, quem deva substituir nas
commissôes julgadoras os professores cathedraticos ou adjuntos.
§ 4.° Nos casos de impedimento dos professores e mestres, a que se referem os
ns. 3 e 4 deste artigo, si não for conveniente adiar os exames, o Inspector Geral c o n -
o o

vidará para servirem de examinadores pessoas notoriamente habilitadas.


§ 5.° O adjunto encarregado da fiscalisação do ensino de trabalhos manuaes do sexo
masculino presidirá a competente commissao julgadora.
§ 6.° Nilo poderão fazer parte das commissOes julgadoras os professores ou mestres
que tiverem entre si, ou com o Director, e com o examinando parentesco em l i n h a
ascendente ou descendente ou em linha collateral até o 2 grau, contado de acordo com
o

o direito canonico.
Quando entre dous ou mais membros do pessoal docente houver o impedimento de
que se trata, só será admittido a votar aquelle que for mais graduado na Escola ou o
mais antigo, si forem da mesma categoria.
Si o impedimento se verificar entre o Director e algum ou alguns professores,
votará somente o Director.
A r t . 132. As provas serão escriptas e oraes nos diferentes exames, menos nos de
desenho, musica, trabalhos manuaese gymnastica.
§ 1.° Salvo quanto aos exames de portuguez e francez, si o ensino de qualquer das
matérias se compuzer de varias partes, uma destas deverá constituir o objecto das provas
escriptas- e a outra ou alguma das outras o das provas oraes, escolhendo-se sempre as
mais importantes.
Nesta conformidade, a commissao julgadora, com a necessária antecedência, extrahirà
do programma a que se refere o art. 111, para umas e outras provas, pontos que
abranjam respectivamente todos os assumptos tratados durante o anno lectivo.
§ 2.° As provas oraes seguir-se-ão às escriptas no mesmo dia ou no immediato.
§ 3.° As provas dos exames de desenho, musica, trabalhos manuaes e gymnastica
serão determinadas no programma de que trata o a r t . 111.
A r t . 133. Os pontos para as provas communs aos diferentes examinandos serão
tirados pelo alumno chamado em primeiro logar, conforme a ordem da matricula, o u , no
caso de ser necessário dividil-os em turmas, o que se fará mediante sorteio, pelo primeiro
da turma.
- 27

A r t . 134. As provas escriptas consistirão : quanto aos exames de portuguez, em


um exercicio de composição sobre ponto tirado à sorte; quanto aos de francez, em um
thema fácil, de cercado doze linhas, para o qual será permittido o uso de diccionario;
quanto aos demais, em dissertação sobre o ponto que a sorte designar dentre os de que
trata o artigo anterior no § I , ou, si o exigir a espécie do exame, na resolução ou na
o

resposta a questões formuladas pela commissao acerca do mesmo ponto.


No dia marcado para cada uma das provas, a commissao formulará os pontos de
composição, em numero não superiora 10, e determinará os textos para o thema, os
quaes não excederão a seis.
No alto da prova escripta, que será feita em papel rubricado pelo presidente do acto,
declararão os alumnos a data, assim como a matéria do exame, e assignarão seus
nomes.
As provas escriptas durarão duas horas no máximo.
O ponto para prova escripta será commum a todos os que tiverem de fazer exame no
mesmo dia, devendo tiral-o o alumno que for chamado em I logar, conforme a ordem da
o

matricula.
A r t . 135. As provas oraes consistirão :
Quanto á lingua vernácula, para os alumnos dos I e 2 anno, em leitura explicada,
o o

sendo os candidatos arguidos sobre o sentido das palavras, a ligação das idéas, a con-
strucção e a grammatica; e para os alumnos do 3 anno, também em leitura explicada e
o

em questões de historia litteraria, propostas por occasião desta leitura e limitadas aos
principaes autores d o X V I , X V I I , X V I I I , X I X séculos.
Quanto á lingua franceza, na traducçlo de escriptos dessa lingua para o portuguez,
seguindo-se interrogações a respeito do trecho sorteado.
A sorte designará, para as provas dos exames de portuguez e francez, em cada dia,
ura livro dentre aquelles a que se refere o art. 117, paragrapho único; bem como à
centena de paginas donde se sorteará também aquella sobre a qual se deva effeituar cada
prova, escolhendo os examinadores um trecho de extensão razoável.
Quanto às outras matérias, em respostas sobre o ponto que, dentre os de que trata o
art. 132, § I , cada alumno tirar à sorte, devendo o examinando fazer na pedra os
o

cálculos, demonstrações, traçados ou outros trabalhos graphicos concernentes'ao


assumpto, e podendo ter á vista os objectos que haja de descrever.
A prova oral durará meia hora para cada examinando, arguindo os examinadores
repartidamente.
A cada examinando será concedido, para orientar-se no ponto da prova oral, o espaço
de um quarto de hora, sem auxilio de livro, caderneta ou nota; permittindc-se-lhe,
unicamente nos exames de línguas, compulsar o livro que contenha o trecho sobre o qual
haja de ser interrogado.
F i c a ao prudente arbítrio do presidente do acto esclarecer na prova oral o exami-
nando a respeito da questão que lhe pareça não' ter sido bem comprehendida por este,
fazendo-o, porém, sem prejuizo do tempo que cabe a cada examinador arguir na dita
prova.
A r t . 136. O examinando que, no dia da respectiva chamada, não comparecer, a
- 28 -

qualquer das.provas, só poderá ser admittido a prestal-a, si perante o Director justificar


o motivo da falta.
A r t . 137. E ' n u l l a a p r o v a do examinando que.se retirar antes do tempo, não
podendo ser de novo prestada, salvo o caso de haver sido interrompida por superveniente
incommodo de saúde, que o presidente do acto reconheça ter sido a verdadeira causa do
accidente.
A r t . 13S. Qualquer coramunicação entro os candidatos durante as provas e
qualquer fraude ou tentativa de fraude commettida em algum dos exames determinará a
exclusão do examinando.
Verificado e apreciado o facto pelo presidente do acto, será o candidato submettidj a
nova prova, ou ficará impedido de fazer tanto esta, como as dos demais exames, por um
ou dous annos, conforme a gravidade da falta. Si a fraude for descoberta depois do julga-
mento de exame em que o candidato tenha sido approvado, será o facto participado ao
Ministro do Império, afim de que resolva sobre a perda do mesmo exame, ou, si se tratar
daquelle a que se refere o art. 142 e o titulo já tiver sido entregue, sobre a nullidade deste.
A r t . 139. As provas serão sempre apreciadas no dia e:n que se fizerem, declarando
os membros da commissao julgadora, em uma só nota, salvo discordância, si consideram
cada uma optima, boa, soffrivel ou má. Si se tratar de provas escriptas, deverão taes
declarações constar das mesmas provas; si, porém, se tratar de provas oraes, deverão
ser exaradas em folhas avulsas.
§ 1.° Não se effeituando as provas oraes no mesmo dia das escriptas, ou não sendo
possivel proceder ao julgamento do exame em acto continuo, caso em que se realizará no
dia seguinte, as provas escriptas, no primeiro caso, e estas conjuntamente com as folhas
relativas ás notas das provas oraes, no segundo, serão entregues ao Secretario da Escola,
sob cuja guarda ficarão até ao dia do referido julgamento, sendo então presentes à
commissao.
§ 2.° Proceder-se-á ao julgamento do modo seguinte :
Os membros da commissao declararão, de acordo com as notas que tiverem dado,
si approyam ou reprovam o alumno, levando em conta o numero de pontos por elle
obtido durante o anno lectivo.
• Consjderar-se-à approvado simplesmente o examinando que obtiver maioria de
votos favoráveis, e reprovado, no caso contrario ; approvado plenamente, o que o for por
unanimidade e na. apreciação das provas tiver obtido maior numero de notas boas e
nenhuma má ; approvado 'com distineção, o que o for por unanimidade e reunir todas as
notas boas de exame.
A r t . 140. Entregues ou restituidas ao Secretario da Escola, no mesmo dia do julga-
mento, as provas e mais documentos a que se refere o artigo antecedente, lavrar-se-á
termo, que será assignado pelos membros da commissao, em que fiquem os examinados
da mesma approvação classificados pela somma de graus correspondentes ás notas que
tiverem alcançado em suas provas.
A nota optima valerá tres graus,.a boa dous, e a soffrivel u m .
A r t . 141. O resultado dos exames será communicado no mesmo dia aos alumnos
e publicado no seguinte no Diário Official.
- 2 9 -

A r t . 142. Os alumnos approvados nos exames do 3 anno serio admittidos ao de


o

aptidão pedagógica, que comprehenderá as seguintes provas:


1. Uma composição sobre assumpto elementar do educação ou de ensino. Serão
a

concedidas tres horas para esta prova.


2. u
A regência de classes do uma das escolas de applicação, de conformidade
com o programma que for determinado pela commissao julgadora. Este programma,
que, com vinte e quatro horas de antecedência, será entregue ao alumno, deverá
approximar-se quanto possivel da ordem de exercícios em que alli tiver de consistir o
ensino no dia da prova.
3 . Exposição oral, em que o candidato apreciará alguns cadernos dos trabalhos dos
a

alumnos das escolas de applicação, que a commissao escolher; seguindo-se resposta a


interrogações, feitas pelos membros da mesma commissao, que se relacionem com as
duas provas precedentes, sempre sobre assumptos relativos á direcção da escola elementar
ou a questões de pedagogia prática.
A duração desta prova não excederá a uma hora.
A r t . 143. No processo e julgamento do exame de aptidão pedagógica se observará,
em tudo quanto lhe pôde ser applicavel, o disposto nos artigos antecedentes em relação
aos exames do I , 2 e 3 anno, devendo, porém, a commissao julgadora compôr-se do
o o o

Inspector Geral, que a presidirá; "do Director da Escola ; do professor de pedagogia e


de outro da mesma Escola, que for designado pelo dito Inspector.
No caso de empate, decidirá o presidente do acto.
A r t . 1 4 4 . . O alumno-professor que for inhabilitado no exame de aptidão pedagógica
poderá ser admittido a novo exame no começo do anno lectivo seguinte, ou independente-
mente de repetir o 3 anno da Escola, na época de que trata o a r t . 129; si, porém, for
o

pela segunda vez reprovado, não poderá apresentar-se novamente a exame.


A r t . 145. Terminado o julgamento dos exames de aptidão pedagógica, serão pelo
Inspector Geral entregues aos alumnos approvados os títulos de habilitação de que
trata o art. 166. O mesmo Inspector Geral remetterà ao Ministro do Império, dentro do
prazo de quinze dias, um relatório sobre o merecimento revelado pelos alumnos-pro-
fessores durante as provas, transmittindo com estas informações as que lhe deverão ser
prestadas pelo Director da Escola acerca do aproveitamento e proceder de cada um delles.

CAPITULO VIII

DO R E G I M E N I N T E R N O E DA. D I S C I P L I N A

Art. 146. Durante o anno lectivo somente serão feriados na Escola, além dos
domingos e dias santos de g u a r d a :
Os de festa ou luto nacional.
Os de Carnaval e a quarta-feira de Cinza.
Os da Semana Santa até domingo da Paschoa.
O de finados.
A r t . 147. Nenhuma pessoa estranha à Escola terá nellaentrada sem prévia licença
do Director, salvo autoridade superior, e os paes ou protectores das alumnas.
- 30 -

A r t . 148. Não poderão assistir aos trabalhos escolares, além dos alumnos-profes-
sores, sinão as pessoas a quem possa interessar o ensino e o Director conceda a necessária
licença.
A r t . 149. As pessoas que acompanharem as alumnas sahirão do estabelecimento si
neste não houver sala apropriada em que possam conservar-se sem que se perturbe a
disciplina escolar ou a ordem dos trabalhos.
A r t . 150. As pessoas estranhas à Escola que procederem irregularmente, si não
se cohibirem, depois de advertidas por quem de direito, serão mandadas retirar do
edificio, e, no caso de falta grave, serão entregues à autoridade policial, ficando-lhes
desde logo vedada a entrada no estabelecimento.
A r t . 151. Não será permittido aos alumnos occupar-se na Escola com a redacção de
periódicos e com quaesquer trabalhos da mesma natureza, que possam distrahil-os dos-
seus estudos regulares.
A r t . 152. Nenhum curso particular das matérias professadas na Escola poderá a l l i
funccionar, ainda que seja gratuito.
A r t . 153. Aos alumnos-professores somente poderão ser impostas, sempre propor-
cionadamente à gravidade das faltas, as seguintes penas disciplinares :
1 . n
Admoestação fora ou dentro da a u l a .
2. 1
Reprehensão perante os alumnos reunidos.
3. 1
Exclusão.
Si a gravidade da falta assim o exigir, o Director fará immediatamente retirar da
Escola o delinqüente, vedando-lhe o ingresso, até ulterior deliberação. •
§ 1.° O primeiro meio disciplinar poderá ser imposto quer pelo Director, quer pelos
professores e mestres; o segundo somente pelo Director.
A exclusão será determinada pelo Ministro, sobre proposta do Inspector Geral, à
vista de communicação ou representação do Director, depois de ouvir os professores,
reunidos nos termos do art. 21, n. I , sendo também ouvidos os aceusados, sempre que
o

isto for possível.


§ 2.° A pena de que trata o n. 3 deste artigo não exclue aquellas era que incor-
o

rerem os delinqüentes segundo a legislação geral.


A r t . 154. O alumno que intencionalmente inutilizar ou estragar qualquer objecto
pertencente á Escola será obrigado a substituil-o por outro"igual ou a pagal-o pelo preço
que tiver custado, podendo também, segundo as circumstancias do facto, ser punido na
conformidade das disposições do artigo antecedente.
A r t . 155. Si algum alumno, depois de examinado e approvado nos exames do
ultimo anno, faltar ao respeito aos membros da commissao julgadora, verificado e
apreciado o facto pela mesma commissao, será participado, com todas as circumstancias,
por intermédio do Inspector Geral, ao Ministro do Império, o qual resolverá si deve ser
demorada a entrega do titulo de que trata o a r t . 166, marcando para Í6?o o prazo que
julgar conveniente, até dous annos, conforme a gravidade da falta. Já tendo sido feita a
entrega, poderá declarar-se a nullidade do mesmo titulo, até á expiração do prazo que
se fixar.
A r t . 156. Os membros do corpo docente, além de exercer a policia dentro das
respectivas aulas e nos actos que presidirem, deverão sempre auxiliar o Director na manu-
tenção da ordem o da disciplina interna da Escola.
A r t . 157. O porteiro e mais emprogados subalternos advertirão com toda a urba-
nidade os que praticarem qualquer acto em contrario à boa ordem e asseio do edificio.
Si as suas advertências não bastarem, darão parte do occorrido ao Director.

CAPITULO IX

DAS ESCOLAS DE APPLICAÇÃO


A r t . 158. Os trabalhos das escolas de applicação a que se refere o art. 6 devem
o

começar np mesmo dia em que principiarem os da Escola Normal, e encerrar-se quando


findarem as provas de exames de -que trata o art. 142 na 2 parte, realizando-se das'9
a

horas da manhã ás 3 da tarde.


A r t . 159. O Director da Escola Normal marcará o máximo da freqüência nas re-
feridas escolas, e nessa conformidade serão admittidos à matricula os candidatos.
A r t . 160. Serão observadas nas escolas de applicação, em tudo quanto não for
contrario ao presente Regulamento, as disposições do Regimento interno das escolas
publicas primarias do primeiro g r a u .
A r t . 161. Sao extensivas aos professores das escolas de applicação com referencia
a estas as obrigações estatuídas no art. 23, ns. I a 5.°
o

A r t . 162. Os ditos professores, si exercerem o magistério mediante contrato, serio


conservados emquanto bem servirem, ficando sujeitos ás penas de admoestação, repre-
hensão e suspensão, na conformidade dos arts. 3S e 39.
Terão, porém, os mesmos direitos e vantagens que pelo presente Regulamento cabem
aos professores da Escola nomeados mediante concurso, si por esta fôrma houverem
obtido o provimento nos respectivos logares.
A r t . 163. Cada alumno, por oceasião de ser admittido em alguma das escolas de
applicação, receberá um caderno especial, que deverá conservar emquanto freqüentada.
O primeiro trabalho escripto do mez, em cada ordem de estudos, será feito nesse
caderno, na aula e sem alheio auxilio de sorte que o conjunto dos trabalhos permitta
seguir a serie dos exercicios e apreciar os progressos do alumno de anno em anno.
O dito caderno ficará depositado na escola de applicação para o fim de que trata o
art. 142, parte 3 . a

A r t . 164. Os alumnos-professores, quando assistirem, em turmas, aos exercicios


das escolas de applicação, conservar-se-ão em logares especiaes, para esse fim reservados.
A r t . 165. Haverá nas escolas de applicação, sob a guarda do respectivo professor
ou professora, um livro de registro para serem notados a freqüência, proceder e aprovei-
tamento dos alumnos-professores.
§ 1 . ° Só se reputará cumprida a obrigação de que trata o art. 121, quando o
alumno-professor tiver comparecido á hora regimental e permanecido na escola até á
conclusão dos trabalhos a que houver de assistir ou em que deva tomar parte.
§ 2 . ° No Sm de cada mez os professores das referidas escolas entregarão ao Director
um relatório sobre o procedimento e trabalhos dos alumnos-professores confiados á sua
direcção, devendo constar do mesmo relatório os dias om que estes tiverem deixado do
comparecer.

CAPJTULO X

DOS TÍTULOS DE HABILITAÇÃO E VANTAGENS RESPECTIVAS

A r t . 166. Receberá o titulo de habilitação para professor ou professora das escolas


publicas de instrucção primaria do municipio da Corte o alumno-professor que obtiver
approvação no exame de que trata o a r t . 142.
Os títulos de habilitação serão passados conforme o modelo annexo ao presente
Regulamento.
A r t . 167. Esses títulos darão ás pessoas habilitadas pela Escola o direito de serem
exclusivamente providas, independentemente de concurso, nas cadeiras publicas de i n -
strucção primaria do municipio da Corte do I ou do 2-' grau, e nos respectivos logares
o

de professores adjuntos.
§ 1.° Daquellas pessoas serão indistincíamente providas nas Escolas do I grau para
o

o sexo masculino ou nas do I o


e 2 grau para o feminino as pertencentes a este, e
o

somente nas escolas do primeiro dos referidos sexos as que a elle pertencerem.
§ 2.° As nomeações far-sc-ão regulando-se sempre a preferencia dos candidatos,
em relação à importância dos logares, pelo merecimento relativo, apreciado segundo as
circumstancias a que se refere o art. 145.
Nesta conformidade, o Inspector Geral, concluídos em cada anno os exames de aptidão
pedagógica, apresentará ao Ministro do Império, dentre as pessoas habilitadas pela Escola,
as que devam ser nomeadas professores cathedraticos ou adjuntos.
Os alumnos-professores que estiverem nas condições de que trata o a r t . 144 poderão
ser nomeados adjuntos. Em caso nenhum, porém, passarão a cathedraticos sem que
tenham sido approvados no exame de aptidão pedagógica.
§ 3.° Os que forem nomeados professores ou professoras não poderão ser declarados
effectivos sem que tenham attingido a idade determinada nos arts. 12 e 16 do Regula-
mento de 17 de fevereiro de 1854.
A r t . 168. Em identidade de circumstancias serão preferidas para o preenchimento
dos logares do magistério da Escola as pessoas por ella habilitadas.

CAPITULO XI

DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS •

A r t . 169. Os actuaes professores vitalícios da Escola Normal, que não forem j u b i -


lados, regerão as cadeiras que no respectivo plano de estudos correspondem ás em que
estão effectivamente providos, ou aquellas para que estiverem habilitados.
V.
- 33 —

A r t . 170. O adjunto á cadeira de sciencias physicas e naturaes accumulará, sem


remuneração especial, as funcções de preparador dos respectivos gabinetes, emquanto
nfio for possível crear este logar.
A r t . 171. Nos concursos para provimento dos logares do magistério da Escola será
observada a ordem constante do art. 9.°
A r t . 172. Os exames correspondentes ao actual anno lectivo serão effeitoados na
época que seguir ao encerramento dos respectivos trabalhos.
S i , por estarem fechadas as escolas publicas de instrucção primaria, não for possível
realizarem-se naquella época as provas praticas dos exames de pedagogia, provi-
denciar-se-á para que a ellas se proceda logo que começarem os trabalhos das mesmas
escolas.
Paragrapho único. Somente poderão ser admittidas a exames fora da referida época,
antes da abertura das aulas da Escola, si o requererem até o dia 10 de fevereiro, as
professoras nomeadas na conformidade do art. 18 do Decreto n. 8985 de 11 de agosto
de 1883.
A r t . 173. A ' matricula no I anno da Escola, independentemente do exame de que
o

trata o art. 89, guardado, porém, o quedispoem os arts. 86, n. 3 e, 87, poderão ser admit-
o

tidas, unicamente no primeiro anno da execução deste Regulamento, as pessoas que tiverem
obtido approvação, pelo menos, nas matérias obrigatórias da I serie do actual curso de
a

•estudos, si o requererem até o dia 20 de fevereiro.


Si concorrerem mais de 50 candidatos nestas condições, serão admittidos até o
referido numero os que dispuzerem de maiores habilitações demonstradas nos exames
anteriormente feitos na Escola, cabendo ao Director classifical-os, ouvidos os professores.
O mesmo Director remetterà ao Inspector Geral, para o fim de que trata o a r t . 177,
a lista dos alumnos admittidos.
A r t . 174. As pessoas que se matricularem na conformidade do artigo antecedente,
poderão ser dispensadas, no dito I anno e seguintes, do estudo e exame das disciplinas
o

em que tiverem obtido approvação, si assim o requererem e a dita approvação corre-


sponder à doutrina dos programmas de taes disciplinas naquelles annos.
A r t . 175. Emquanto se tiver de executar o disposto no a r t . 178, serão presididos
pelo Inspector Geral os exames de que trata o Cap. IV do presente Regulamento, fa-
zendo parte da respectiva commissao julgadora o Director da Escola, em vez do professor,
da sua livre designação, a que se refere o art. 91.
A r t . 176. Todos os que tiverem obtido o titulo de habilitação para professor ou pro-
fessora do I grau, de que trata o art. 99 do Regulamento annexo ao Decreto n. 8025 de
o

16 de março de 1881, e não se acharem comprehendidos nas disposições dos arts. 102 e
103 do mesmo Regulamento, terão o direito de ser nomeados professores cathedraticos de
•escolas publicas de instrucção primaria, guardado o que se contém no paragrapho 3 do o

a r t . 167, si se mostrarem, no terceiro anno da execução do presente Regulamento,-


approvados no exame de aptidão pedagógica prescripto pelo art. 142, ao qual serão, na
época competente, admittidos na Escola Normal, conjuntamente com os alumnos desta,
satisfeito o disposto no art. S6, n. 3.°
§ 1 . Nas indicadas nomeações, que se realizarão sobre proposta do Inspector Geral,,
0

c.— 5.
1
- 34 -

para os logares que se conservarem vagos ou vierem a vagar depois de observado pela
primeira vez o disposto no art. 167, 2 parte do§ 2 , dever-se-à terem attenção, quanto
a o

à preferencia dos candidatos, o merecimento quo houverem revelado no exercicio do


magistério e naquelle exame.
§ 2.° Si as referidas pessoas não obtiverem, no terceiro anno da execução deste
Regulamento, approvação no dito exame, não serão mais admitidas a prestal-o.
§ 3.° Emquanto não findar o prazo indicado, compete-lhes reger as cadeiras vagas,
ou exercer as funcçOes de adjuntos, garantida a preferencia a quem melhores notas de
approvação tenha obtido.
Nesta conformidade, depois dos exames de que trata o a r t . 172, o Governo, ouvido
o Inspector Geral, fará as nomeações para regência das cadeiras que se acharem vagas,
confirmando ou substituindo os funccionarios interinos; e também a nomeação de
adjuntos, si o numero daquellas pessoas exceder o de taes cadeiras.
A r t . 177. Considerar-se-ão vagos no quadro dos professores adjuntos os logares
occupados pelas pessoas em quem recahir a nomeação para professores interinos em obser-
vância da segunda parte do § 3 do artigo
o
antecedente, assim como pelas que
estiverem comprehendidas na lista a que se refere a parte final do art. 173; e pela
ultima vez proceder-se-á á revisão determinada pelo Decreto n. 9553 de 30 de janeiro
de 18S6.
A r t . 178. Até que haja pessoal habilitado no curso completo da Escola, as pessoas
approvadas, em cada anno, nos exames de que trata o Cap. IV deste Regulamento, e que
não tiverem sido admittidas à matricula ou tiverem desistido delia, poderão, si o requere-
rem, ser nomeadas para exercer interinamente os logares vagos de professores adjuntos.
Mediante apresentação do Inspector Geral, as nomeações serão feitas na ordem do
merecimento relativo, e segundo esta, o mesmo Inspector regulará a preferencia dos can-
didatos em relação á importância das escolas pelas quaes tiverem de ser distribuidos.
A r t . 179. Emquanto os quadros dos professores adjuntos não se compuzerem so-
mente de pessoas que tenham obtido titulo de habilitação pela Escola Normal, na confor-
midade do presente Regulamento ou do de 16 de março de 1881, independentemente de
haver logares vagos no dito quadro, serão nomeadas para exercer as funcçOes de adjuntos
as que, achando-se no caso do a r t . 166, não tiverem sido providas desde logo, por falta de
vagas, nas cadeiras de instrucção primaria.
P a r a este fim o Governo dispensará os que dispuzerem de habilitações inferiores,
quer sejam interinos, quer effectivos, considerando mais habilitados os nomeados na con-
formidade do artigo antecedente.
A r t . 180. Até ulterior deliberação do Poder Legislativo, as despezas annuaes com a
parte material da Escola serão feitas na conformidade da tabeliã annexa, sob n. 2, a este
Regulamento.
A r t . 181. Salvo o que se contém nos arts. 33 e 172, l 1
parte, o presente R e g u l a -
mento só começará a ter execução no anno próximo vindouro.
A r t . 182. Revogam-se as disposições em contrario.
Palácio do Rio de Janeiro em 13 de oitubro de 1888. — José Fernandes da Cosia
Pereira Júnior.
MODELO A QUE SE REFERE O ART, 166 DO REGULAMENTO DESTA DATA

ESCOLA N O R M A L D A CORTE

Xitulo de habilitação para professor (ou professora) do


instrucçüo primaria

0 Inspector Geral da Instrucção primaria e secundaria do municipio da Corte, á


vista das approvações obtidas nos exames do curso de estudos da Escola Normal
por , nascido a . . . de de em , confere-lhe, na
conformidade do a r t . 166 do Regulamento annexo ao Decreto n . 10.060 de 13 de oitubro
de 1888, o presente titulo de habilitação para professor (ou professora) de instrucção pri-
maria, com o qual gozará dos direitos inherentes ao mesmo titulo.

Rio de Janeiro de de

O Inspector Geral

O Director da Escola Normal.


(Assignatura do alumno professor.)
(Adiante do nome se mencionará a filiação, si for declarada.)
(No verso do titulo serão declarados os graus de approvação em cada um dos exames
dos differentes annos.)

TABELLA N. i

Dos vencimentos dos empregados da Escola Normal

VENCIMENTOS ANNUAES

EMPREGOS

ORDENADO GRATIFICAÇÃO TOTAL

2:4005000 1:2005000 3:0005000


Professor: de instrucção moral e civica e pedagogia;
de portuguez; de francez; de geographia e historia ;
de mathematicas elementares; de elementos de
2:000$000 i:000$000 3:000«000
533S334 2665666 8005000
1:6005000 800*000 2:4005000
1:600*000 800*000 2:4005000
1:066*666 333S334 1:6005000
800*000 4005000 i:2O0$O0O
800*000 4005000 1:2005000
1:3333334 666*666 2:0005000
800*000 400(000 1:200*000
8005000 400SOOO 1:2005000
800*000 4005000 1:200*000
6663666 333Ç334 1:0005000
533?334 2G6$666 300*000
— 38-

TABELLA N. 2

Despeza com o material da E s c o l a

Salários a auxiliares do mastro dc trabalhos manuaes e a serventes 2:000f0õ0


Papel e objectos para a Secretaria » 300|000
Material para as aulas, instrumentos c apparelhos S00$O0O
Conservação e augmento da bibliothoca 200(000
Despezas diversa» c eventu.ies, incíusivo publicações na Imprensa Nacional 300S000-

3.-CÔ0500O

Palácio do Rio de Janeiro em 13 dc oitubro de 1SSS.

José Fernandes da Custa Pereira Júnior.


Programma do ensino da Escola Normal da Corte

Sua Magestade o Imperador Ha por bem que se observe na Escola Normal


da Corte o seguinte programma para execução do disposto nos arts. J l l e 132,
§ 3 , do Regulamento annexo ao Decreto n. 10.060 de 13 de oitubro ultimo.
o

I — Religião

lo ANNO — 1 hora p o r wimit»»

Noções preliminares.— Noção da religião; revelação d i v i n a . — Escriptura s a -


g r a d a : numero e objecto dos livros sagrados; authenticidade, veracidade, inspiração,
integridade e canonicidade dos livros sagrados. — Tradição e suas fontes.
Deus. — Existência, natureza, attributos de D e u s . — Mysterio da SS. Trindade.
Creação do mundo.—Obra dos seis d i a s . — A n j o s . — Creação do homem. F i m
sobrenatural do homem. O peccado de Adão. Transmissão dopeccado original esuas
conseqüências.
Preparação para a vinda de Jesus Christo.
Mysterio da incamação.—Sua existência e natureza.—Jesus Christo.—Ma-
ria Santíssima.
Mysterio da Redempção.—Morte de Jesus Christo. — Sua resurreição e sua as-
censão.— Provas da divindade de Jesus Christo.
0 Espirito Santo.— Sua vinda.
Estabelecimento da Igreja.—Noção da Igreja, caracteres ou notas da verdadeira
Igreja.— Ensino da Igreja.— Dos que não pertencem à Igreja.— A communicação
dos Santos.
Fins do homem.—Morte, juizo particular, paraizo, purgatório, i n f e r n o . — R e -
surreição geral e juizo universal.
Resumo das verdades da fé.—Symbolo dos Apóstolos e Signal da Cruz.
A graça.— Noção, divisão, necessidade e effeitos da graça.
Os sacramentos em geral.—Existência, natureza, numero, matéria, fôrma e
effeitos dos sacramentos.
Os sacramentos em particular.—Baptismo e Confirmação.—Eacharistia.—
Penitencia.—Extrema-Uncção.—Ordem.—Matrimônio.
Moral christã.— Sua influencia.— Peccados.— V i r t u d e s . — Mandamentos, da lei
de Deus; Mandamentos da Igreja.
Culto.—Sua necessidade e espécies. —Oração.—Festas da Igreja.
II — Instrucção moral o civica

1» A N N O — 1 h o r a por so:nan&
S° A.N'N'0 — 1 h o r a por soinana
3 A N ' N 0 — 1 h o r » por s a m a n »
1

PRIMEIRO ANNO

NOÇÕES E L E M E N T A R E S DE PSYCHOLOGIA

Idéa geral da psychologia applicada à moral e ã pedagogia: descripção expe-


rimental das faculdades humanas.
Acticidade humana.—Movimentos, instinctos, hábitos corporaes.
Sensibilidade physica.— Prazer edòr; sentidos: sensações internas eexternas;
necessidades e appetites.
Intelligencia.—Consciência e percepção externa; memória e imaginação; ab-
stracção e generalisação; juizo e raciocinio ; princípios reguladores da razão.
Sensibilidade moral. — Sentimentos de família; sentimentos sociaese patrióticos;
sentimentos do verdadeiro, do bello e do b e m ; sentimentos religiosos.
Vontade. — Liberdade ; habito.
Conclusões da psychologia.—Dualidade da natureza humana; espirito e corpo;
vida animal e vida intellectual e moral.

SEGUNDO ANNO

MORAL THE0RICA

Introducção.— Objecto da moral.


Consciência moral. — Discernimento instinctivo do bem e do m a l ; funcção da
educação no seu desenvolvimento.
Liberdade e responsabilidade.—Condições da responsabilidade; seus graus e
limites.
Obrigação ou deter. —Caracteres da lei moral. Insufficiencia do interesse pes-
soal como base da moral. Insufficiencia do sentimento como principio único da
moral.
O bem e o dever.—Dignidade humana.
Direito e dever.—Suas relações. Differentes deveres: deveres de justiça e de-
veres de caridade. V i r t u d e .
Modos diversos por que se manifesta a saneção moral.— Relações da virtude
com a felicidade. Saneção individual; satisfação moral e remorso. Saneção social.
Saneção d i v i n a : vida futura e Deus.
- 39 -

TERCEIRO ANNO

M O R A L PRATICA

Deveres individuaes.— Seu fundamento.— Dever de conservação pessoal. O s u i -


cídio.— Fôrmas principaes do respeito humano ; virtudes individuaes : temperança, p r u -
dência, coragem, sinceridade, cumprimento da palavra, dignidade pessoal, etc.— Dever
de cultivar todas as nossas faculdades. O trabalho : sua necessidade, sua influencia
moral.
Deveres geraes na vida social.— Relações das pessoas entre s i .
Deveres de justiça.— Respeito da pessoa quanto á v i d a ; condemnação do homicídio;
exame das excepções reaes ou suppostas : caso de legitima defesa, etc.
Respeito da pessoa quanto á liberdade: escravidão, servidão, liberdade dos menores,
assalariados, etc.
Respeito da pessoa quanto à honra e reputação : calumnia, maledicencia ; — quanto
a opiniões e crenças : intolerância; — quanto aos interesses e sentimentos : pequenas
injustiças, inveja, delação, etc.
Respeito da pessoa no que toca aos seus bens : direito de propriedade : caracter
sagrado das promessas e contratos.
Deveres de caridade.— Obrigação de defender as pessoas ameaçadas na v i d a ,
liberdade, honra ou bens. Beneficência propriamente dita. Dedicação e sacrifício. B o n -
dade para com os animaes.
Deveres de família.— Deveres dos pais entre s i ; dos filhos para com os pais ; dos
filhos entre s i . Sentimento da família.
Deveres particulares da mãi de família e da dona de casa.
Deveres profissionaes.— Profissões liberaes ; funecionarios, industriaes, commer-
ciantes, assalariados e patrões, etc.
Deveres cívicos.— Pátria ; a nação, o que a constitue. O poder publico. O Estado
o as leis. Fundamento da autoridade publica. O governo.
Obediência ás leis; imposto ; serviço m i l i t a r : voto; obrigação escolar.
Deveres dos governantes.
Deveres das nações entre si.— O direito das gentes.
Deveres religiosos e direitos correspondentes.— Liberdade de culto. Importância
do sentimento religioso em moral.
Applicação dos princípios de psychologia e moral á educação.

INSTRUCÇÃO CIVICA (PRINCÍPIOS GERAES)

Noções históricas do nosso direito publico.


A nação : divisão, fôrma de governo, dynastia e religião.— Os cidadãos brazileiros.
— Poderes e representação nacional. — Poder Legislativo ; attribuições. — Eleições.—
Poder Moderador.— Poder Executivo.—Família I m p e r i a l . — Conselho de Estado..—
- 40 -

Força Militar. — Poder Judicial. — Administração o oconomia das p r o v i n c i a s . — M u n i -


cípios.— Direitos civis e políticos dos cidadãos brazileiros.
Noçõos summarias sobro os impostos c o orçamento.
Ministérios — Organização geral dos principaes ramos do serviço publico.—Registro
civil.

NOÇÕES ELEMENTARES DE ECONOMIA POLÍTICA

Noções preliminares.
Producção da riqueza.— Elementos da producção: agentes naturaes, trabalho,
capital.
Distribuição da riqueza.— Propriedade ; suas fôrmas. Salário.
Circulação da riqueza.— Troca, moeda, credito.
Consumo da riqueza.— Economia ; l u x o ; despezas do Estado; impostos ; empré-
stimos ; orçamento.

III — Pedagogia e legislação escolar

t ° A N N O — 1 hora por s e n a n »
£° A N N O — 1 hora por so:r.:i£a.
3° A N N O — 1 ho.-a p.)r se:.iana

PRIMEIRO ANNO

EDUCAÇÃO (PRINCÍPIOS GERAES)

Educação phi/sica.— Hygiene geral. — Jogos o exercicios infantis.— Gymnastica.


Educação dos sentidos : pequenos exercicios de observação.
Educação inlelleciual.— Noções sobre as faculdades intellectuaes. Seu desenvol-
vimento relativo a cada idade: cultura e applicação às diversas ordens de conhecimentos.
— Funcção da memória, do juizo, do raciocínio, da imaginação. — Methodo : seus diffe-
rentes processos ; analyse e synthese, inducção e deducção.
Educação moral.— V o n t a d e . — A liberdade humana estudada na c r i a n ç a . —
Consciência moral : responsabilidade, deveres.— Relações entre deveres e d i r e i t o s . —
Cultura da sensibilidade na criança.— Modificação do caracter e formação dos hábitos.
— Diversidade natural de instinetos e caracteres.

SEGUNDO ANNO

ESCOLA ( EDUCAÇÃO E INSTRUCÇÃO EM COMM CM )

Escolas. — Jardim da infância. — Escolas primarias.


Organização material ; local e mobília; material do ensino. — Collecções.— B i -
bliothecas.
- .ii -

Organização pedagógica.— Divisão das classes ; programmas; horário.


Fôrmas do ensino ; intuição ; oasino pelo aspecto; oxposiçío ; interrogações ; exor-
cicios oraes ; trabalhos escriptos o corroeç.io ; passeios escolares.
Estudo dos processos applicaveis ao ensino de.cada parte do programma.
Exames.
Disciplina.— iiecom pensas ; penas; emulação; sjníimento de dignidade no me-
n i n o . — Acção pessoal do professor; condições da sua autoridade; relações com os
discípulos e com as famílias.

TERCEIRO ANNO

HISTORIA DA PEDAGOGIA — LEGISLAÇÃO ESCOLAR

Revisão tlieorica e pratica das matérias estudadas nos dous primeiros annos.
_ Historia da pedagogia.— Pedagogos mais notáveis; suas doutrinas. — Biblio-
graphia pedagógica. — principaes autores contemporâneos e analyse succinta das suas
obras mais importantes.
Legislação escolar.— Noções sobre a legislação da instrucção primaria no muni-
cipio da C o r t e . — Estudo minucioso do regimento interno das escolas publicas.

IV—Portuguez

1° A N N O — í horas por semana


i° ANNO — 3 horas por semana
o" ANNO]—3 horas por semana

O ensino da lingua poríugueza comprehende :


1. ° Exercicios de leitura o recitação.
2. ° Curso de grammatica, com exercicios práticos : dictadcs, analyses, exercicios
de etymologia e formação das palavras.
3. " Exercicios de composição e estylo, e noções de historia litteraria.

I o
— LEITIRA E RECITAÇÃO

NOS TP.CS ANNOS

L e i t u r a e explicação de autores portuguezes e brazileiros.—Recitação expressiva


dos trechos explicados. — Exercicios de memória.
Reproducção livre, oral e escripta, de trechos lidos na a u l a . — R e s u m o , oral e
escripto, de leituras feitas fora da aula por indicação do professor.— Analyse, oral ou
escripta, destas leituras.

0'J _ GRAMMATICA E EXERCÍCIOS GRAMMATiCAES

PP.IMEIRO ANNO

Estudo da grammatica portugueza.


c.-6.
- 42 —

SHOUNDO I TIKCIIRO ANNO

Revisão das partos mais importamos do curso do I anno. o

Radicaos o affixos.— Formação das palavras.


Origem das lettras pDrtuguezas. — N oçò"es do etymologia. — Differentos elementos
T

do v o c a b u l á r i o p o r t u g u e z .
Noções desyntaxe histórica.
Noções de metrificação.
Breves noções históricas relativas à formação do grupo novo latino, especialmente
do portuguez.
Exercicios sobre o vocabulário. — Dictados para applicação das regras da gramma-
tica. — Analyses lexicologicas e syntaxicas (oraes).

30 — EXERCÍCIOS DE COMPOSIÇÃO E ESTYLO. NOÇÕES DE HISTORIA LITTERARIA

Nos tres annos: Narrações, descripções, c a r t a s . — Explicação de pensamentos mo-


raes, de provérbios.— Regras essenciaes do composição e e s t y l o . — Exercicios de com-
posição.
No 3° anno: Noções summarias de historia litteraria. O r i g e n s . — Cancioneiros,
romanceiros, chronicas.— Renascença. Épicos e historiadores. Século X V I I em P o r -
t u g a l . O grupo bahiano.— Século X V I I I em Portugal. As chronicas brazileiras, o
grupo mineiro.— Século X I X em Portugal e no B r a z i l ; desenvolvimento litterario ;
romantismo, estado actual.

V— Francez

1° A N N O — 3 horas por s u n a n a
!o A N N O — 3 h o r a i por s a c a n a
3o A N N O — 2 horas por saraana

PRIMEIRO ANNO

Exercicios graduados de l e i t u r a . — Insistir sobre a pronuncia e accentuação.—


Explicação dos trechos lidos. — Recitação expressiva destes trechos.— Acquisição de
palavras e phrases.— Conversação sobre assumptos fáceis.— Traducção e themas fáceis,
de viva voz e por escripto.
Grammatica. — L e x i c o l o g i a . — A n a l y s e s lexicologicas ;oraes).— Dictados de
trechos fáceis.— Explicação grammatical de trechos de leitura.

SEGUNDO ANNO

Leitura e explicação de trechos de prosa c verso.— Recitação expressiva dos trechos


explicados.— Reproducção livre, oral eescripta, de trechos lidos na a u l a . — Exercicios
de conversação.—-Traducção e themas (oraes e dictados).
- 43 -

Grammatica.— Complemento da loxicologia.— Principaes regras da syntaxo.—


Analyses lexicologicas o syntaxicas (oraes).—Explicação grammatical de trechos do
leitura.

TERCEIRO ANNO

Continuação dos exercicios do anno precedente.


Resumo, oral, de leituras feitas na aula ou fora d e l i a . — Exercicios de redacção.
Grammatica.— Recapitulação das principaes difficuldades da s y n t a x e . — E x p l i -
cação grammatical de trechos escolhidos.—Exercicios sobre os synonymos.

VI— Geographia

1» A N N O — 1 hora por aatr.ua


2° A N N O — 1 hora por semana
3 A N N O — 1 hora por seir.ana
o

PRIMEIRO ANNO

Noções preliminares.— Estudo geral da terra.— A terra em relação aos astros.—


Explicação dos termos geographicos.— Leitura do globo e das cartas.
Estudo do municipio da Corte.
Geographia do B r a z i l . — Geographia physica.— Limites, l i t t o r a l . — Orographia e
hydrographia.—Geographia histórica e administrativa: antiga e nova divisão.— Go-
verno, administração.—Geographia agrícola, commercial e industrial. — Estradas de
ferro; navegação marítima e f l u v i a l ; telegraphos.
Noções summarias sobre a America e as differentes partes do mundo.

SEGUNDO ANNO

Estudo geral dos oceanos, classificação dos mares, correntes marítimas e atmos-
phericas. Estudo geral dos continentes; fôrma dos continentes.— Grandes systemas
orographicos e hydrographicos.
C l i m a s : as regiões equatoriaes, temperadas e polares. Producções naturaes.— As
raças humanas.
Geographia physica das differentes partes do mundo, menos a America.
Geographia política.— Estudo particular dos principaes Estados da Europa, Asia,
África, e Oceania.

TERCEIRO ANNO

Geographia da America, comprehendendo a revisão do curso de geographia do


B r a z i l . — Estudo geral da America.—Descripção physica.— Estudo especial de cada um
dos Estados.— Geographia physica, administrativa, agrícola, commercial.—Governo.— .
Religião.
Historia summaria dos descobrimentos geographicos.
- K\ —

VII — [listaria
\NNO — :i !. i - . i - ]Uf SI':H.II:I

VNS'0 — !l !.;.r:iN ; o r s.-


„> A N N O — 3 i. >ni jiir M I M I M

PRIMEIRO ANNO

lU.ttfi-l.i ilo IlruxLl

Idèa ireral sobre a America precolombiaiia, o homem americano, as raças principaes


o civilizações da America.— O Brazil, antigüidade do homem brazilico, raças c línguas
indígenas.— Descobrimentos dos Portuguezes e Hespanhões na A m e r i c a . — Descobri-
mento do B r a z i l , exploração do liitoral . — Primeiras tentativas de colonização, Capi-
tanias.—Governo G e r a ! . — Tentativas maliogradas de estabelecimentos francezes no sul
do Brazil.—Domínio hespanhol. — A marcha para o n o r t e . — O Brazil no começo do
X V I I século.—Expulsão dos francezes do norte do B r a z i l . — P r i m e i r a s explorações do
interi'.)r : as bandeiras.
Guerra hollamieza.— D. João I V . — I ) . Pedro I I . — A marcha para oeste, explo-
ração do interior, creação de dioceses. — 1 ) . João V . — Creação de novas Capitanias.—
Minas de ov.ro e diamantes.— Lutas intestinas.— D. José I e o Marquez de P o m b a l . —
Desenvolvimento da povoação do interior. — Lutas com os Hespanhões.— Tentativa de
independência em Minas. — Conquista das Missões.
Vinda da família, real para o B r a z i l ; conseqüências. — Guerra cy.n os Hespanhões c
Francezes. — Eííeitos (ias i-léas liberaes no Brazil e Portugal, revoluções de 1 8 1 7 c
1 S 2 0 . — Regência e reinadj de D. Pedro 1, acontecimentos principaes. — Guerra com
o Rio da P r a t a . — Funlação da Republicado U r u g u a y . — Período rcgencial.— Principaes
aconcecirncnijs desde a maioridade até á guerra do Paraguay.

SEGUNDO A N N O

Kiomontoi do historia gorai

HISTORIA A N T I G A

Idéa gera! sobre o homem c a civilização prehisíorica.


Oriente. — Egypcios. Assyrios, Babylonios, Israelitas, Persas, Medas e Phenicios.
Grécia. — Tempos heróicos, instituições primitivas, religião. — Sparta e Athenas.
— Guerras medas.—Séculos de Perícles.— Sócrates.— L u t a pela hegemonia daGrecia.
— Epaminondas.— Felippe de Macoionia. — Conquistas cie Alexandre. —Redueção da
Grécia a provincia romana.
Roma. — Povos .ia Itália. — R e i s , instituições primitivas, religião. — Republica
romana, sua o r g a n i z a ç l i . — Luta entre o.; plebetts c patrícios.
Conquistas dos Romanos.
Os Gracqhos. — Guerras c i v i s . — César.
Augusto e seu se;ulo.— Primeiros Imperadores.—Anioninos.—Diocleciano.—
Constantino c a Igreja Christã. — Jnliano. — Thoodosio. — O Baixo-Imperio.
IIISTOUIA DA IDADE MEDIA

Os Bárbaros ames das grandes invasões.


Principaes invasões dos Germânicos n o V e V J séculos.
Os Persas. — Malioniei.— Conquistas dos Árabes.
Carlos Magno o a dynastia carolingia. —Desmembramento do império de Carlos
Magno.— Os Norniandos.
O Feudalismo na Europa.
O Império c o Pontificado. — Guerra das investiduras.
Cruzadas.
Conquista da Inglaterra pelos Normandos.»- Plantagiestas. — Magna carta.
As cornmunas e o poder real na Europa. —França: Luiz V I , Philippe Augusto,
S. L u i z e Philippe o Bello.
Guerra dos cem annos.
Estadoschristãos da península ibérica.
Progresso da autoridade real em França com Carlos V I I e Luiz X I , em Hespanha
com Fernando e Isabel, em Portugal com 1). João II, em Inglaterra com os Tudors.—
A Allcmanha e a Itália no fim da idade média.
Os Turcos na Europa.
O Commercio do Levante. Marco Polo. Toscanelli.

HISTORIA M O D E R N A

Grandes invenções do X I V século ao X V I . — Descobrimentos marítimos.— Império


colonial dos Portuguezes e Hespanhões.
O Renascimento na Itália e nos outros paizes da Europa.
Guerras da Itália, rivalidade de Francisco I e Carlos V.
A Reforma.—Guerras religiosas.— Philippe II, Isabel, Henrique I V .
Domínio hespanhol e:n P o r t u g a l , dynastia de Bragança. — Independência dos Paizes
Baixos. Suas conquistas na índia.

T E R C E I R O ANNO

Elemento» de historia g e r a l

HISTORIA MODERNA (continuação)

Guerra dos trinta annos.


Revoluções de Inglaterra de 1049 e 16S8.
Rlchelieu e Luiz X I V .
Lettras, sciencias e artes no século X V I I .
Formação e progresso da Prússia e da Rússia.
O governo parlamentar na Inglaterra.—Progresso do poder inglez na índia e
na America.
\
- 4 6 -

Hespanha o Portugal no século X V I I I .


Guerra da Independência americana. — Os Estados-Unidos.
Causas e caracteres da revolução franceza do 1789; sua influencia sobro o desen-
volvimento da sociedade moderna. Assembléa constituinte. Assembléa legislativa.
Convenção. Directorio. Consulado. Império.
A Restauração. — G u e r r a da Hespanha.—Guerra da Independência hellenica.—
Emancipação das colônias hespanholas.
Revolução de 1830.— Fundação do reino da Bélgica. — Insurreição da Polônia.—
Estabelecimento do regimen constitucional em Hespanha e P o r t u g a l . — Grandes reformas
politicas e econômicas na Inglaterra.—Progresso dos Russos e Inglezes na A s i a .
Revolução de 1848.—Segunda Republica. —Segundo Império.
Movimentos na Itália, Allemanha e H u n g r i a .
Questão do Oriente e guerra da Criméa.
Fundação do Reino de Itália.
Progresso da influencia da Prússia na Allemanha. — Dissolução da Confederação
Germânica.— Reorganização da A u s t r i a - H u n g r i a .
Estados-Unidos.—Guerra de secessão.
Guerra de 1870: estabelecimento da republica em França e fundação do Império
allemao.
Estado actual da Europa.
Progressos realizados no século X I X nas diversas espheras da aciividade humana
(lettras, sciencias, artes, industria e commercio).
Revisão do curso de historia do B r a z i l .
O Brazil no século X I X , especialmente desde a maioridade até ã abolição da
escravidão.

VIU—Mathematicas elementares

1° ANNO — 3 horas por semana


2 ANNO — 3 horas por semana
o

3 ANNO — 3 horas por semana


o

PRIMEIRO ANNO

ARITHMETICA

Definições preliminares.—Numeração decimal faliada e escripta.


Operações fundamentaes sobre números inteiros.—Problemas variados sobre as
quatro operações, isoladas e combinadas. — Processos rápidos de calculo mental e
escripto.
Divisibilidade dos números.—Prova dos 9 das quatro operações.
Maior divisor commum.— Menor múltiplo c o m m u m . — Theoria dos números
primos.
47 -

Fracções ordinárias: princípios fundamentaes.— ReducçSo das fracções ordinárias


ao mesmo denominador.— Simplificação das fracções ordinárias.
Operações fundamentaes soore as fracções ordinárias. .
Fracções deciraaes.— Operações fundamentaes sobre as fracções decimaes.— Con-
versão das fracções ordinárias em decimaes, e vice-versa.
Números complexos. — Systema métrico.—Relação entre as principaes unidades
antigas de pesos e medidas e as correspondentes do systema métrico. — Moedas.—Medida
do tempo.

NOÇÕES DE ESCRIPTURAÇÃO MERCANTIL (PARA OS ALUMNOS SOMENTE)

Commercio em geral.
Principaes espécies de commercio.
Operações commerciaes.
Commerciantes.
Agentes auxiliares do commercio.
Sociedades commerciaes: commanditaria, de capital e industria, e em conta de
participação.
Documentos commerciaes.
Correspondência commercial.
Escripturação mercantil por partidas simples
Livros principaes, livros auxiliares.

GEOMETRIA PLANA

Definições preliminares.
L i n h a recta. Medida commum a duas rectas.
Theoria das perpendiculares e oblíquas.
Theoriadas parallelas.
Triângulos: sua igualdadee propriedades.
Quadriláteros : espécies diversas e suas propriedades.
Polygonos : espécies e propriedades.
Circulo, propriedades geraes : combinação com a linha recta e com outros círculos.

SEGUNDO A N N O

ARITHMETICA E ÁLGEBRA E L E M E N T A R

Revisão das matérias do I anno.


o

Primeiras noções sobre os signaes algebricos.— Operações algebricas fundamentaes,


menos a divisão dos polynomios.
Potências e raizes. — Quadrado e raiz quadrada dos números inteiros, e das fracções
#

ordinárias e decimaes.
Cubo e raiz cúbica.
Razõese proporções. — R e g r a de tres simples e composta.— Redueção a unidade.—
Regras de juros simples, de desconto, de companhia, de cambio e de l i g a .
- 48 -

N0Ç5ES DE ESCRITURAÇÃO MERCANTIL (PARA 03 ALUMNOS SOMENTE)

(Continuação)

Escripturação por partidas dobradas.


Inventario e balanço.
Liquidação.
Fallencias.
Contas correntes simples.— Contas correntes com juros.

GEOMETRIA P L A N A (continuação)

Medida dos ângulos: casos diversos.


Polygonos inscriptos e circumscriptos.
Linhas proporcionaes.— Semelhança das figuras planas.
Theoremas relativos ao triângulo rectangulo.
Avaliação e comparação das áreas das figuras planas.
Medida da circumferencia e da área do circulo.

TERCEIRO ANNO

ARITHMETICA E ÁLGEBRA ELEMENTAR (continuação)

Revisão das matérias do 2 anno.


o

Generalidades sobre as equações.—Transíbrmaçõss e resolução das equações n u -


méricas do I grau a uma, duas ou mais incógnitas.—Problemas simples de condições
o

explicitas.
Progressões arithmeticas e geométricas.
Theoria elementar dos logarithmos.— Uso das taboas de logarithmos vulgares.
Juros compostos 6 annuidades.—Applicações dos logarithmos.

GEOMETRIA N O ESPAÇO

Planos: propriedades geraes.


Rectas e planos perpendiculares e oblíquos entre s i .
Ângulos diedros e sua medida.
Rectas e planos parallelos.
Ângulos polyedros.
Prismas : suas espécies, propriedades, equivalência, superfície lateral, volumes.
Pyra«idese troncos de pyramides; idem.
Polyedros; idem.
C y l i n d r o ; idem.
Cone; idem.
Esphera; idem.
- 4 9 -

Noções das linhas trigonomotricas o suas rolações principaes.


O professor, ao concluir o curso, dará sóraonte aos alumnos as lições quo forem
necessárias para descrever os instrumentos mais simples de agrimonsura o indicar o uso
respectivo.

IX— Elementos de physica e chimica

2 ' A N N O — 2 horas por semana


1

3' A N N O — 2 horas par semana


1

SEGUNDO ANNO

PHY8ICA

Primeiras definições.—.Os tres estados dos corpos. — Propriedades geraes dos


corpos.
Forças, sua representação e composição. — Noções e movimento. — Massa. — Força
centrifuga.
Trabalho das forças, kilogrammetro, cavallo-vapor. — Machina em geral. — M a -
chinas simples: alavanca.

DAROLOGIA

Gravidade o sua direcção. — Centro de gravidade.— Peso e suas espécies. — B a -


lança.— Leis da queda dos corpos; machina de A t v o o d .
Pêndulo, suas leis e applicações.
Propriedades especiaes dos corpos líquidos.— Principio de P a s c a l ; prensa h y d r a u -
l i c a . — Pressões verticaes e lateraes. — Condições de equilíbrio dos líquidos em um só
vaso eem vasos communicantes. — Applicações. — Caso especial dos tubos capillares.
Principio de Archimedes e suas applicações.— Determinação do peso especifico dos
sólidos e líquidos.— Areometros mais empregados.
Propriedades especiaes dos corpos gazosos. — Atmosphera. — Pressão atmcspherica.
— Barometros.
L e i de Mariotte. — Manometros.
Machina pneumaticae de compressão. — Bombas, syphão.— Principio de A r c h i -
medes applicado aos gazes. — Aerostatos.

TIIERMOLOGIA

Dilatação dos corpos peio calor. — Temperatura; thermometros de mercúrio e de


álcool; diversas escalas thermometricas. — Thermometros de máxima e minima. — T e m -
peratura média de um logar. — Máxima densidade da agua.
Conductibilidade dos corpos para o calor.—Applicações. —Movimentos nos líquidos
e nos çazes. — Correntes marinhas. — Ventos, trombas, ventilação.
C— 7.
— 50 —

Mudanças de estado dos corpos : fusão, dissolução; solidificação, crystallisação.


Misturas refrigerantes.
VaporisaçSo no a r o no vácuo.—Vapores saturantns o não saturantes. — Tensão
máxima dos vapores em geral, o dos d'agu:i em particular.— Idéa sobro as machinas
por vapor.
Evaporação.—Ebulição esuas leis.—Disiillação.— Producção degelo pelo frio,
devido à evaporação.
Noção de hygrometria.— Nuvens e nevoeiros, chuva, novo, geada e orvalho.
Noção geral de calorimetria.
Irradiação do calor.— Poder emissivo, absorvente, reflector e diathermico dos corpos
para o calor.

CHIMICA

Primeiras definições.— Corpos simples e compostos.— Átomo, molécula; affinidade,


cohesão. — Mistura e combinação.
L e i das proporções definidas.— L e i das proporções múltiplas. — Noção dos equi-
valentes chimicos.
Princípios da nomenclatura.— Notação chimica.
Oxygenio — Hydrogenio— A g u a . — Agua potável.
A z o t o . — A r atmospherico. — Combustão.
Oxydos de azoto.—Ácido azo tico. — Ammoniaco.
Carbono ; suas variedades e usos respectivos.— Ácido carbônico; oxydo de carbono.
Chloro; sua importância hygienica e i n d u s t r i a l . — Ácido chlorhydrico.— A g u a
regia.
I o d o . — E n x o f r e . — Ácido sulfuroso.—Ácido sulfurico.—Ácido sulphydrico.—
Sulfureío de carbono.
Phosphoro commum c vermelho : allotropia. — Ácido phosphorico.— Hydrogenio
phosphorado. — Arsênico e ácido arsenioso. — Ácido silicico.
Me taes em g e r a l . — Ligas.
Estudo mais especial sobre os saes. — Leis de Berthollet.
Potássio e sódio.— Potassa e soda.— Carbonates de potássio c sódio.— Sal marinho.
— Nitro e pólvora.
Cálcio e magnesio. — C a l o magnesia. —Carbonates, sulfates e phosphatos re-
spectivos .
A l u minio.— Alumina.—Pedra hume.— A r g i l l a , vidro, louça de barro, porcellana,
argamassas, cimento.
Ferro. — Z i n c o . —Oxydos, sulfuretos.—Noções de metallurgia, particularmente
applicavel ao ferro. — F e r r o fundido, batido ; aço.
Estanho, cobre, chumbo.— Oxydose saes mais importantes.
Mercúrio, prata, ouro, platina; compostos respectivos que oneroçam mais i m -
portância .
- 51 -

TERCEIRO ANNO

PETY8ICA (continuação)

ÓPTICA

Propagação da l u z . Sombra e penumbra. — Idéa geral sobre a velocidade da l u z .


Refloxão da l u z . — Propriedades e usos dos espelhos planos e esphericos.
Leis da refracção da l u z . — P r i s m a s ; reflexão total, miragem. — Lentes.
Dispersão da l u z . — Analyse e synthese da l u z . — Espectro solar.—Crepúsculo,
arco-iris, coroas e h a l o s . — Noção geral sobre o espectroscopio.— Base da photographia.
Estudo geral sobre o microscópio e o telescópio.

ACÚSTICA

Producção e propagação do s o m . — Velocidade do som no ar, nos líquidos e sólidos.


— Reflexão do som, echo.
Qualidades physicas dos sons.— Intervallos musicaes.— Cordas e tubos sonoros.—
Phonographo.

ELECTROLOGIA

Producção da electricidade pelo attrito e por influencia.—«Noção geral sobre as


theorias da electricidade.— Distribuição da electricidade sobre os corpos: poder das
pontas. — Electrophoro.— Principaes machinas electricas e electroscopios.
Condensação da electricidade.— Condensadores, garrafa de Leyde.
Electricidade atmospherica. — Raio, para-raio.
Experiência de V o l t a ; pilha de Volta e suas primeiras modificações.— Theoria
chimica da pilha.
Pilhas de dous líquidos : pilhas de Daniell, de Growe e de Bunsen, de Marié-Davy.
Pilhas de Grenet e de Leclanché.
Electrolyse d"agua edos saes.—Galvanoplastia.
Effeitos calorificos e luminosos das correntes electricas.— L u z electrica por arco,
velas e incandescencia.
Estudo geral sobre os i m a n s . — Agulha magnética.— Declinação e inclinação:
bússolas. '
Acção das correntes sobre os imans.— Galvanometro.— Producção de imans pela
electricidade. — Idéa fundamental da telegraphia electrica.
Inducção pelas correntes e pelos i m a n s . — Geradores mecânicos de electricidade.—
Machina de Ruhmkorff.— Telephono.

NOÇÕES DE METEOROLOGIA

Previsão do tempo em curto p r a z o . — Cartas do tempo e das tempestades.


Climas marítimos. — Climas continentaes.— Distribuição das chuvas.
CHIMICA (continuação)

Noção summariasobrea composição o a analyse elementar das substancias orgânicas.


Noção geral sobro a classificação serial o as funcçOes das substancias orgânicas.
Carburetos de hydrogenio em g e r a l . — G a z dos pântanos, chloroformio e iodoformio.
— Btyleno, aceíyleno ; gaz de illuminação. — E s t u d o geral d a c h a m m a . — Petróleo, es-
sência de terebinthina, benzina, naphtalina, anthraceno.
Alcools em geral. —Álcool commum: fermentação, vinhos, cerveja. — Etheres em
geral; ether commum.
G l y c e r i n a . — Corpos graxos neutros.
Glucoses.—Assucar de canna. — D e x i r i n a . — A m i d o e feculas. — Cellulose.—
Fabrico de papel.
Phenol.— Anilina.
Aldehydos era geral.—Essência de amêndoas amargas. — Camphora.
Ácidos em g e r a l . — Ácido acetico.—Ácidos graxos; velas estearicas, sabão.—
Ácido oxalico, tariarico e lactico.
Alcalis vegetaes em geral.— Nicotina, morphina, quinina, estrychnina.
Amidasem g e r a l . — Uréa.—Albumina.— Ovos.—Caseina, fibrina, glúten.
Gelatina.— L e i t e . — Sangue.—Carne.


X — Elementos de sciencias naturaes

1° armo — i hora por semana


2 anno — 2 horas por semana
o

"° an:-.o — 3 horas por semana

PRIMEIRO ANNO

BOTAXICA

Os tres reinos da natureza.—Divisão da historia n a t u r a l . — Objecto da botânica.


— Órgãos elementares das plantas. — Os tres grandes ramos do reino vegetal e seus ca-
racteres geraes.— Partes que se distinguem em uma planta completa.
Estudo da raiz.—Raizes adventicias e sua importância; plantio por estaca e mer-
gulhia.
Caule, suas espécies e estrueturas respectivas.—Rhizomas.—Bulbos.—Tuberculos.
Grelos ou b r o t o s . — P o d a . — G r e l o s adventicios, dormentes.—Multiplicação por
enxerto e suas vantagens.
Folhas.—Fôrmas das folhas. — Disposição das nervuras e conformações das bordas.
— Folhas simples ecomposias.—Disposição das folhas sobre os r a m o s . — E s i r u c t u r a
das folhas.— Chlorophylla.
SEGUNDO ANNO

n O T A \ I C \ ( continuação)

Funcções de nutrição em geral.— Absorpção.— Seiva ascendente e sua composição.


— Forças quo determinam a subida da seiva.—Transpiração. —Exhalaçao.--Folhas
submersas, fluctuantes.— Funcção chlorophylliana. — Fixação do carbono e eliminação
do oxygenio.— Influencia da l u z . — Noções hygienicas que dahi decorrem.— Soiva des-
cendente, sua distribuição o importância.— E ' a planta que nutre o animal.— Respiração
vegetal e sua diflerença em relação á funcção da c h l o r o p h y l l a . — Noções hygienicas que
dahi decorrem.
Movimento e sensibilidade do reino vegetal.— Metamorphoses das folhas : phyllodes,
gavinhas, espinhos, aculeos.

ZOOLOGIA

Seu objecto.
Protozoarios.— Breves noções sobre os infusorios.
Ramo dos radiados.— Caracteres geraes.— Divisão em grupos naturaes.— Noções
sobre os principaes animacs destes grupos.
Ramo dos molluscos.— Caracteres geraes.— Divisão cm classes.— Principaes
animaes de cada uma destas classes.— Ramo dos annelados.— Caracteres geraes.—
Divisão em classes.— Estudo summario das principaes ordens de cada classe.
Exame rápido dos principaes apparelhos anatômicos c de suas respectivas funcções.
— Ramodos vertebrados e sua divisão em classes.— Caracteres geraes de cada classe.—
Divisão em ordens. — Principaes animaes de cada ordem.

GEOLOGIA

Objecto da geologia.— Noções geraes sobre a estrucíura do globo, distribuição dos


mares e dos continentes. — Cadeias de montanhas, sua distribuição na America do S u l .
Estudo das principaes causas que modificam actualmente o relevo do s o l o . — Acção-
da atmosphera.— Dunas, exemplos no B r a z i l . — Acção destruidora e constructora do
mar, erosões marinhas, apparelhos littoraes, praias, lagunas.
Acção das torrentes e dos rios„• oxcavação dos valles, canaes, caldeirões; exemplos
no B r a z i l . Barras, exemplos no B r a z i l ; deltas.
Penetração das águas na profundidade do solo ; lençóes dágua, olhos d agua, poços
?

artesianos. Geleiras, effeitos mecânicos das geleiras, blocos erráticos.


Phenomenos eruptivos: calor próprio da terra, grau geothermico. Volcões, solfa-
taras, geysers, águas thermaes, emanações gazosas, tremores de terra.
Ilhas de coraes ou « Atolls » . — Recifes de coraes da costa do B r a z i l . Turfeiras.
Estudo summario dos principaes mineraes que entram na composição das rochas ou
são utilizados na industria. —Mineraes crystallisados, amorphos. Caracteres do crystal.
— Quartzo, feldspathos, raicas, chloritos, talco, peridoto, amphiboleos, pyroxenios,
andalusito, disthenio, calcito, dolomia, apatito, graphito.
Podras preciosas: diamante, cofindon, rubira, zirconio, granadas, esmeralda, t u r -
malina, topazio, turquoza.
Principaes minérios de forro, manganez, zinco, estanho, chumbo, cobre, prata,
mercúrio.— Ouro nativo.
O professor indicará os caracteres distinctivos que è mais fácil reconhecer, como:
côr, dureza, fusibilidado, densidade ; ensinando os alumnos a empregar o massarico.

TERCEIRO ANNO

n O T A X I C V (continuação)

F i o r . Estudo das diversas partes que a compõem. Estamos e pistillo. Ovario e


óvulos. Flores completas e incompletas. Inílorcscencias. Bracteas, invólucros, botões,
perfloraçüo.
Fecundação.— Plantas monoicas e dioicas.—Fecundação, cruzada o hybrida.
Fecundação natural e artificial. Causas que auxiliam a fecundação. Nectar e nectarios.
Fructo e sua classificação.
Semente. Germinação.
Classificação. Estudo das principaes famílias e das plantas mais importantes.

ZOOLOGIA (continuação)

ANATOMIA E PHYSIOLOGIA DO HOMEM

Esqueleto. Articulações.— Movimentos. Músculos.


Digestão em g e r a l . — Dentes. Mastigação.—Deglutição. Glândulas digestivas
e transformação dos alimentos.
Absorpção.— Nutrição em geral.
Circulação em g e r a l . — Órgãos da circulação.— C h y l o . L y m p h a . Sangue.
Respiração. — Órgãos. Phenomenos mecânicos, physicos e c h i m i c o s . — L a -
rynge, voz.
Secreções e excreções em geral. — Pelle. Rins.
idéa geral sobre o systema nervoso.
Idèa geral sobre os órgãos dos sentidos e as sensações.

HYGIENE

Habitação.— Escolha do local. Ventilação. Exposição. Illuminação. — Asseio.—


Exame destas questões relativamente á escola.
Mobília escolar.— Atiitudes viciosas.
Asseio do corpo.— Vestuário.
Alimentação e refeições. Exame destas questões relativamente ás crianças. —
Bebidas. Álcool. — U s o e abuso do fumo.
Exercicio e repouso cm geral.—Vigília e somno.
V
Trabalhos intellcctuaos o manuaes"-' Éxamo destas questões relativamente á escola.
Indisposições das crianças ; cuidados que se lhos devem prestar.
Primeiros cuidados no caso de moléstias o accidentes: epilepsia, hysteria, syncopo,
indigestão, eólica, hemorrhagia, queda, ferimentos,mordeduras, queimaduras, etc.
Primeiros cuidados aos afogados.—Primeiros cuidados às victimas de cortos
envenenamentos inaiscommuas. Perigos de certos uiensis de cobre.
Primeiros symptomas das moléstias, principalmente das contagiosas.
Epidemias. Meios preventivos. Yaccinação.
AíTecções transmissíveis dos^animaes ao homem.

G E O L O G I A (cominuaçãj)

Composição da crosta do globo.


Divisão das rochas em eruptivas, crystallophyllianas, sedimentadas, meta-
mo^phica. ?.
,

Estudo das principaes rochas: granito, pegmatito, porphyros, syeniio, diorito,


diabase, gabbro, melaphyro, serpentina, trachyto, basalto, lavas.
Principaes jazidas destas rochas no B r a z i l .
Gneiss, micaschisto, itacolomito, itabirito, schistos micaceos, ardosia, schistos, grès,
argilla, rochas calcareas, giz, mármore, gesso, sal gemma, hulha, anthracito, lenhito.
Decomposição das rochas, formação da terra vegetal, do kaolino, da argilla.
Noções sobre os meteoritos.
Jazidas meialliferas, veieiros, veias. Principaes jazidas metalliferas do B r a z i l .
Estudo das formações sedimentadas.
Princípios de classificação.— Estratificação.—Fosseis. — F a u n a . — F l o r a .
Chronologia dos depósitos sedimentarios.
Divisão dos depósitos sedimentarios em terrenos archeanos, paleozoicos ou primários,
mesozoicosou secundários, ncozoicos ou terciarios, quaternários.
Principaes rochas do terreno archeano.
Caracteres geraes dos terrenos primários. Divisão em cambriano, siluriano, de-
voniano, carbonifero e permiano. Caracteres geraes da fauna e da flora de cada um
destes terrenos.— Principaes fosseis.— Rochas mais importantes.
Caracteres geraes dos terrenos secundários e divisão em triassico, jurassico, cre-
táceo.— Caracteres geraes da fauna e da flora de cada um destes terrenos.— Principaes
fosseis.— Rochas mais importantes.
Caracteres geraes dos terrenos terciarios. — Divisão em eocenico, miocenico,
pliocenico. —Caracteres geraes da fauna e da flora de cada um destes terrenos.—
Principaes rochas.
Terrenos quaternários.—Caracteres geraes dos depósitos quaternários.—Diluvium.
Depósitos das g r u t a s . — F a u n a quaternária americana. Provas da existência do
homem sobre a terra durante a época quaternária.
Distribuição dos diversos terrenos na superfície do B r a z i l . Mappas geológicos.
XI — Escripta

1° ANNO — 1 hora p>>r »era»na


2> ANNO — 1 lui-a por Hi"ii:ina

PRIMEIRO ANNO

Explicação das louras minúsculas e maiúsculas.


Algarismos.
Exercícios de escripta commum. *
Exercicios com applicação aos trabalhos de escripturação mercantil (para os
alumnos somente).

SEGUNDO ANNO

Exercicios de escripta commum.


Exercicios com applicação aos trabalhos de escripturação mercantil (ptira os
alumnos somente).

XII—Desenho

:•> ANNO — 4 '"oras por se:r.ir.r.


2° ANNO — 4 horas por semana
3» ANNO — 6 horas por semana

(Cada lição durará duas hora?)

PRIMEIRO ANNO

DESENHO IIII T A T I V O

Principios do desenho de ornaio : linhas rectas, circumferencias, polygonos re-


gulares, rosaceas estrelladas: curvas geométricas diversas : ellipses, espiraes, etc. ;
curvas do reino vegetal: caules, folhas, flores.
Cópia do gesso representando ornatos de forma chata e fraco relevo.
Desenho, copiado de estampa e de modelo em relevo : I , de ornatos puramente
o

geométricos: molduras, óvulos, pérolas, denticulos, e t c ; 2°, deornatos do reino vegetal:


folhas, flôrc-s, fructos, palmas, etc.
Noções suecintas sobre as ordens de architectura, dadas na pedra pelo professor.
Desenho elementar da cabeça humana ; suas partes c proporções.

DESENHO GEOMÉTRICO

Emprego, na pedra, dos instrumentos para o traçado das linhas rectas e das
circumferencias : regoa, compasso, esquadros e transferidor.
Execução, no papel, com auxilio dos instrumentos, dos traçados geométricos feitos
primeiramente na pedra. — Applicação a motivos de decoração.
Para os alumnos somente.— Mosaicos; ladrilhos; painéis; tectos.
Para as alumnas somente. — Bordados, rendas, tapeçaria.
Para os alumnos somente.— Noções sobre a representação dos objectos nas suas
dimensões e contornos verdadeiros (elementos de desenho geometral).— Levantamento,
com cotas, e representação geometral, a traço e em escala determinada, de sólidos
geométricos e objectos muito simples.
Princípios de aguada.

SEGUNDO ANNO

Revisão dos estudos do primeiro anno.

DESENHO IMITATIVO

Noções sobre a representação dos objectos na sua apparencia (elementos de perspe-


c t i v a ) . — Representação perspectiva a traço, depois a sombra, de sólidos geométricos e
objectos usuaes.
Desenho copiado de fragmentos de architectura : pedestaes, bases e fustes de
columnas pilastras, cornijas.
Desenho, copiado de estampa, das extremidades e differentes partes do corpo
h u m a n o . — Noções sobre a estructura geral eas proporções destas partes em relação
ao todo.

DESENHO GEOMÉTRICO

Noções sobre a linha recta e o plano no espaço e sobre as projecções.


Projecções de sólidos geométricos e objectos simples.
Para os alumnos somente.— Cópia e reducções de planos de edifícios e machinas ;
partes do edificio.— Órgãos de machinas.
Para as alumnas somente.— Modelos de corte de roupa.
Noções praticas de aguada.— Tintas convencionaes.

TERCEIRO ANNO

Revisão dos estudos do segundo anno.

DESENHO IMITATIVO

Desenhos à sombra copiados de fragmentos de architectura: pedestaes, bases e fustes


de columnas, modilhões, capiteis simples, vasos, etc.
Frisos ornados; conjunto e partes das ordens dorica, jonica e corynthia,
C—8,
- r.s -

Desenho do plantas ornamontaes, animaes o figuras, copiados do estampas o do


relevo.
Desenho da figura humana, copiado do ostampa o de relevo (partos o todo).

DESENHO GEOMÉTRICO

Para os alumnos semente.— Desenhos de edifícios e desenho de machinas.—


Levantamento, com cotas, de um edificio e principaes elementos da construcção.—
Esboçar e passar a limpo em escala determinada.—Levantamento, com cotas, de ma-
chinas e de alguns órgãos convenientemente escolhidos. — Esboçar e passar a limpo em
escala determinada.
Cópia e redueção de planos e cartas topographicas.
Exercicios de aguada dos planos e cartas.
Os exames década anno constarão de duas provas, uma de desenho imitativo, outra
de desenho geométrico, para as quaes os respectivos professores organizarão pontos que
comprehendam todos os assumptos tratados durante o anno lectivo.
S i , attenta a natureza da prova a que se referir o ponto, não for conveniente que
todos os alumnos sejam conjuntamente admittidos ao exame, proceder-se-à a sorteio,
emquanto se tornar necessário, para a admissão até o numero marcado pela commissao
julgadora, excluindo-se, relativamente a cada turma, os pontos anteriormente
tirados.
A commissao, antes de começar a prova, marcará o tempo de duração desta, decla-
rando também as condições com que devam ser executados os trabalhos.
O papel para as provas será rubricado peles membros da commissao.
No tocante ás provas de cópia de modelo em relevo devem observar-se as seguintes
regras:
Os examinandos se gruparão em torno do modelo, oecupando, segundo a ordem da
chamada, que se fará mediante sorteio, os logares previamente numerados. Só poderá
dar-se a troca de logares no caso de que o examinando, por ser de estatura menos
elevada do que os outros, ou myope, não possa do logar a que a sorte lhe tiver designado
desenhar o modelo.
No angulo recto da folha que lhes for fornecida para o desenho, os alumnos i n d i -
carão o numero dos logares que oecuparem, verificando-se, antes da sua retirada, si
todas as folhas contêm esta indicação.
O julgamento será feito com escrupuiosa attenção ao logar que cada alumno tiver
oecupado, para o que conservar-se-á o modelo, durante o mesmo julgamento, tal qual
se achava na oceasião do exame.
XIII —- Musica vocal

l A N N O — 2 horas ;>!>r s«.:i»n.\


u

A N N O — 2 h o r a » por u m a n s
3 A N N O — 2 horas por sor.an»
o

PRIMEIRO ANNO

Princípios elementares de musica.


Exercicios de leitura e de entoação progressiva, em clave de sol, na extensão de
uma décima, a contar de dò, na primeira linha inferior. Lições rythmadas, era com-
passos simples.
Exercícios na pedra. — Dictados de ryíhmo nos compassos simples. — Emprego dos
accidentes para a formação dos semitonos (diatonico e chromatico).— Formação da
escala diatonica de ambos os modos e em differentes tons, sondo a do modo menor nos
dois typos (6 a
maior e 0 menor).— Formação da escala chromatica por sustenidos o
a

bemóes, separadamente. — Intervallos simples (maiores e justos).

SEGUNDO ANNO

Continuação e desenvolvimento dos princípios de musica.


Princípios elementares de canto: emissão do som, respiração.
Solfejo.— Leitura progressiva, ryíhmadanas claves de sol. àefá, 4* linha, ede dó,
i linha. — Solfejos
1
entoados em claves de sol, e de fã, I Unha, em compassos simples
a

e compostos.
Cânticos escolares, a uma e duas vozes.
Exercicios na pedra. — Dictados de enioação, por graus pouco distantes.— Dictados
de rythmo, em compassos simples c compostos.— Intervallos naturaes e suas inversões
nas diferentes qualificações.— Formação dos tons por meio do tetracorde.

TERCEIRO ANNO

Solfejo.— Leitura o solfejos entoados, diifieers cm clavesjà estudadas, e fáceis na de


dò, 2 ,
a
e P linha, e na de fd 3 Unh'i.a

Coros a duas e tres vozes.


Exercicios na pedra. — Dictados de entoação e rythmo (reunidos).—Formação: dos
accordes perfeitos, maiores e menores, e suas inversões;— do accorde de sétima de domi-
nante csuas inversões.—Transportes.
Serão duas as provas dos exames. A primeira consistirá, quanto a cada um dos
annos, em uma lição de solfejo rythmada, analysando o alumno por s i , ou, si for
necessário, mediante arguição do cada um dos examinadores, o tom, modo, rythmo de
compassos, e t c : e a sogunda, em exercicios feitos na pedra, sob dictado de um dos
examinadores, sendo -quanto ao I anno, sobre valores, compassos simples, semitonos
o

(diatonico e chromati^i), escala diatonica o chromatica e intervallos simples;—quanto ao


- 6 0 -

2* anno, sobre compassos compostos, intervallos naturaes o formação dos t o n s ; — quanto


ao 3 anno, sobre accordes e transportes.
o

Os alumnos do 3 anno concluirão a segunda prova executando, a primeira vista,


o

uma lição fácil.


Cada uma das provas será prestada sobre o ponto que o alumno t i r a r á sorte dentre
os quo forem organizados de acordo com os exercicios feitos durante o anno lectivo.
A primeira prova não excederá a um quarto de hora, e a segunda a vinte minutos,
quanto ao I e 2 anno; e a meia hora, quanto ao 3.°
o o

XIV—Trabalhos manuaes (sexo masculino)


1° A N N O — 3 horas por s a ü i a n i
2° A N N O — S boras por sei::a:ia
3 A N N O — 2 horas por semana
o

PRIMEIRO ANNO

Trabalhos de papel. — Figuras geométricas, objectos simples: capas de cadernos,


carteiras, cestas, etc. — Cartonagem: sólidos geométricos, caixas, estojos, carteiras,
cestas, etc.
Trabalhos de palha e virne: cestas, esteiras, jardineiras, etc.
Modelagem: sólidos geométricos, exercicios combinados de desenho, ornatos simples.
Moldagem: (processos mais usados) objectos simples.

SEGUNDO ANNO

Trabalhos de madeira.— Manejo dos utensis geralmente empregados nos trabalhos


de madeira. Recorte de molduras, porta-cartões, caixas, etc.— Fabrico de objectos
simples de uso doméstico, por meio de entalhes, colla, pregos ou parafusos.
Trabalhos de arame. — Figuras geométricas, argolas, correntes, grades, grelhas,
viveiros, etc.

TERCEIRO ANNO

Tornear madeira: rolos, cabos de instrumentos, maçanetas, puxadores, etc.


Estudo dos principaes instrumentos empregados nos trabalhos de ferro. Exercicios
de lima e polimento de ferro fundido ou forjado.

Os exames versarão sobre pontos organizados, de fôrma que comprehendam os


diversos gêneros de trabalhos executados durante o anno lectivo, na conformidade das
divisões do programma década um dos annos.
Estes pontos serão communs a todos os alumnos do mesmo anno, ou aos dos grupos,
em que for preciso dividir os examinandos.
A commissao julgadora determinará o máximo de duração das provas, attendendo á
natureza dos trabalhos: assim como tomará as providencias que forem mais adequadas ao
acerto do julgamento.
- 61 -

XV—Trabalhos dé agulha

1° A N N O — 3 horaa por semana


2o A N N O — 2 horas por semana
3o A N N M — 2 horas por SOMOIU

PRIMEIRO ANNO

Differentes pontos de costura. —Concertos.


Marca.

SEGUNDO A N N O

Costura simples. — Lençóes, fronhas, aventaes, e t c — R o u p a branca para homens,


mulheres e crianças. Bonés.
Crochet.

TERCEIRO ANNO

Corte e feitio de roupa. — Reducção de moldes.


Crochet. — Tricot.— Bordado de iniciaes, etc.
Nos exames se observara o que se acha prescripto quanto aos de trabalhos manuaes
do sexo masculino.

XVI —Gymnastica

P A R A O SEXO .VASCULHO

1" A N N O — 2 horas por sernaaa


2 A N N O — 2 horas p o r seraaaa
o

3 A N N O — 2 horas p o r somaaa
o

PRIMEIRO ANNO

Gymnastica sem apparelhos. — Exercícios preliminares.— Movimentos da cabeça,


tronco, braços e pernas.—Movimentos combinados.—Equilibrios.—Marchas.— Corridas.
— Saltos. •
Exercidos militares.

SEGUNDO A N N O

Exercícios elementares com instrumentos.— Bastões. — H a l t e r e s . — Massas.—


Saltos com percha.
Exercício em apparelhos.— Percha fixa.—Escada de corda.— Corda de nós.—
Corda lisa simples e dupla.—Escada de madeira, horizontal, inclinada e v e r t i c a l . —
Prancha horizontal e trampolim.— Barras parallelas.— Argolas.— Trapesio.— Barra
fixa.
Exercícios militares, em continuação.
- G2 -

TERCEIRO ANNO

Os mesmos exercícios do 2° anno. — Apparelhos üxos do tracção.


Exercicios militares.

IVVUA O S E X O F E M I N I N O

f ANNO — 2 hor.is p T semana


2» ANNO — 2 horas p.-ir ssitana
ANNO — 2 horas t>0" sexa.n.i

(C.v.la li'.-ao Mirará xieia hora r.o :naxi:iiu.)

PRIMEIRO ANNO

Formatura.
Exercicios preliminares.
Movimentos da cabeça, tronco, braços o pernas.
Movimentos combinados.—Equilibrios.— Marchas.
Corridas.
Saltos.

SEGUNDO A N N O

Continuação Jos exercicios do I anno.o

Exercicios em apparelhos: escadas de c o r d a . — Escadas de madeira, horizontal e


inclinada.

Barras parallelas.

TERCEIRO ANNO

Os mesmos exercicios do 2 anno.


o

P a r a os exames de gymnastica, quer do sexo masculino, quer do sexo feminino,


serão formulados pontos comprehendendo cada um differentes exercicios.
O exame de cada alumno consistirá em dirigir os exercicios indicados no ponto que
tirar ásorte, os quaess^rão praticados pelos demais alumnos do anno, ou si estes tiverem
de ser divididos, pelos da turma a que pertencer o examinado.

Palácio do Rio de Janeiro em 1 de dezembro de 1SSS. — José Fernandes da


Costa Pereira Júnior.
Consulta da Seeção dos Negócios do Império do Conselho de Estado

Subrja validado do Dacnto n. 72-17 d-.; 19 i b J>;'d de IS7D na parte em que perruiiliu a liboi-dade de fre-
qüência e introduziu outras innova;Gei p.o rogiias.n das-Faculdades dc Mediria» e d.' Uirci;o e i'.a
Escola Polytcchnica.

SENHORA. — Por Avisos de 27 do junho e 5 de julho últimos do Ministério do


Império ordenou Vossa Alteza Imperial Regente, em Nome do Imperador, que ;i
SecçJo dos Negócios do Império do Conselho de Estado consulte com seu parecer, á vista
da exposição junta aos ditos Avisos, si póde-se julgar válido o Decreto n. 7 2 4 7 de 19
de abril de 1 8 7 9 na parte em que permittiu a liberdade de freqüência e introduziu outras
innovações no regimen das Faculdades de Medicina e de Direito e da Escola Polytechnica
e s i n o caso affirmativo cabe ao Governo suspender a respectiva execução, bem assim,
si considerada subsistente a autorisação de que trata o Decreto n. 7 1 4 de 19 de setembro
de 1 8 5 3 , tem logar que o mesmo Governo mande que opportunamente vigorem : nas F a -
culdades de Direito somente as disposições por que antes se regiam ;nas de Medicina, as
dos Estatutos de 25 de oitubro de 1 8 8 4 , exceptuadas as que, de acordo com as do De-
creto n . 7 2 1 7 , se referem á freqüência e aos exames dos estudantes, as quaes serão sub-
stituídas pelas do anterior regimen, com as alterações consentaneas á nova organisação
do ensino prático ; e na Escola Polytechnica as dos Estatutos de 25 de abril de 1 8 7 4 ,
expedindo-se, na conformidade do art. 149 destes Estatutos, para a instrucção prática
dos alumnos regulamento análogo ao que se houver de adoptar com relação ás ultimas
das mencionadas Faculdades.
A exposição que o preceito de Vossa Alteza Imperial Regente manda, ter em vista
é do theor seguinte :

Regimen da freqüência e dos exames nas Faculdades de Medi-


cina e de Direito e na Escola Polytechnica

< O a r t . 20 do Decreto n. 7 2 4 7 de 19 de abril de 1 8 7 9 , que reformou o ensino p r i -


mário e secundário no município da Corte e o superior em todo o Império, permittiu,
no § I , que, • mediante prévia inscripção aberta nos estabelecimentos de instrucção
o

superior dependentes do Ministério do Império, nas épocas que seriam marcadas em


regulamento, fossem admittidos a prestar exame de qualquer numero de matérias do
— 2 —

respectivo curso todos aquelles que o roqueres-iom, mostrando ier approvação nos
necessários preparatórios e nas matérias que antecedem ás dos exames requeridos. Além
disto, o citado artigo determinou, no § G° parte l 1
quo não seriam marcadas faltas
aos alumnos, nem estes seriam chamados a lições e sabbatinas, bom assim, no § 7 , o

que o indivíduo julgado não habilitado em qualquer matéria, mesmo não sendo alumno
do curso, poderia prestar novo exame na época própria seguinte e ropetil-o quantas vezes
quizesse, guardado sempre o intervallo do uma a outra época.
« Estas disposições dos §§ 6 o 7 foram mandadas observar nas Faculdades de
o o

Medicina o de Direito e na Escola Polytechnica por Avisos de 21 dc maio de 1S79.


< Por Avisos de 31 de janeiro de ISSO mandou-se executar nas referidas Faculdades
a disposição do mencionado § I , sendo que, quanto á Escola Polytechnica, o Aviso de 25
o

de novembro anterior já havia approvado o acto pelo qual a Congregação deliberara dis-
pensar de qualquer prova previa os indivíduos não matriculados, por isso que, tendo
cessado a freqüência obrigatória, caducara a disposição do a r t . 65 dos Estatutos de 25
de abril de 1874, que exigia o exame de generalidades para supprir a mesma freqüência
em todos os seus effeitos.
< Nos preditos Avisos de 31 de janeiro determinou-se que os exames deveriam
principiar no I de março e concluir-so antes da abertura das aulas, começando a
o

inscripção no dia 20 de fevereiro.


« P o r Avisos de 16 de julho, também de ISSO, estabeleceu-se que as inscripções
para os exameí deviam effeituar-se annualmente, a primeira no prazo marcado nos
Avisos dc 31 de janeiro c a segunda de 15 a 30 de oitubro.
< Finalmente, resolveu-se por Avisos de 19 de oitubro ainda de ISSO que, em-
quanto não estivessem terminados os exames q"ue os alumnos tem de prestar no fim do
anno, deviam ser admittidos á inscripção todos os indivíduos que arequeressem, ficando
assim prorogado o segundo prazo de que tratamos Avisos de 16 de julho.
< Pelo Decreto n. 9311 de 25 de oitubro de 1884, foram dados novos Estatutos
às Faculdades de Medicina, e ahi se ampliaram as franquezas concedidas pelo Decreto
de 19 de abril no que respeita à prestação de exames. Com eífeito, na conformidade
de taes Estatutos, os exames realizam-se no fim do anno lectivo (art. 390); entre-
tanto, fora desta época, podem os estudantes em qualquer tempo, durante os trabalhos
lectivos, fazer acto das matérias do uma ou mais series, mediante o pagamento da
propina de 30.>000 aos examinadores, e da de 5$000 ao secretario. Somente quanto aos
reprovadas ha a restricção de não poderem prestar novo exame das mesmas matérias
sinão quatro mezes depois, sendo-lhes, porém, permittido repetil-o uma e mais vezes,
guardado aquelle intervallo (arts. 397, 399 e 400).
« Idênticas disposições tinham sido mandadas observar nas Faculdades de Direito
pelos Estatutos expedidos com o Decreto n. 9360 de 17 de janeiro de 18S5 no intuito
de harmoaisar o regimen dessas Faculdades com o das de Medicina. Taes Estatutos foram,
porém, suspensos pelo Decreto n. 9522 de 2S de novembro do mesmo anno do 1885,
declarando-se em Avisos de igual data que as Faculdades de Direito voltavam a reger-se
pelas disposições que vigoravam anteriormente. Assim que ahi se observam, além dos
Estatutos de 28 de abril de 1854 e Regulamento complementar de 24 de fevereiro de
— 3 —

1 8 5 5 , as disposições do Docroto do 19 do abril que acima se indicam; mas, quanto a


estas, com a modificação constante do Aviso de 23 de fevereiro ultimo no sentido do que
na segunda época de exames s;Io admittidos sòmonte os candidatos inscriptos durante
; i primeira que n.To os tenham feito por motivo justificado, a juizo da Congregação,
applicando-se também aos estudantes não matriculados os arts. 5 3 o õ-l do Regula-
mento complementar de 2 1 de fevereiro de 1 8 5 5 .
«Este Aviso foi expedido e:n virtude de representação da D i r e t o r i a da Faculdade
do Recife sobre a necessidade do providencias para prevenir que não houvesse ensino
regular, o que aconteceria, si, como se esperava, os exames a que S.Í devia proceder em
março se prolongassem ate ao fim de maio, por maneira que somente no mez seguinte
se pudesse verificar a abertura das aulas, ainda sujeitas às interrupções que se dessem
no decurso do anno.
« Nessa occasião propoz a dita Directoria varias medidas que importavam a alte-
ração do regimen vigente em virtude das disposições do Decreto de 19 de abril men-
cionadas no correr desta exposição. O Governo, porém, entendeu, nos termos do citado
Aviso de 23 de fevereiro, que, por estarem pendentes de resolução legislativa as pro-
videncias que deviam hdbilital-o a veorganisar convenientemente os cursos jurídicos,
cumpria manter tal regimen emquanto outra cousa hão fosso determinada por aquella
forma, e limitou-se a adoptar a medida preindicada, com o fundamento de que as
vantagens que aos estudantes advèm desse regimen acham-se restringidas pelas dispo-
sições regulamentarei que acautelam a boa ordem dos trabalhos lectivos e as neces-
sidades do ensino, não sendo, portanto, admissível que a segunda época de exames
transcenda a que para o começo das aulas marcam as mesmas disposições.
< Relativamente ã Escola Polytechnica, subsiste o regimen nella introduzido pela
execução das mencionadas disposições do Decreto de 19 de abril.
« Dos actos até agora expedidos com referencia aos cursos médicos e jurídicos e à
Escola Polytechnica vê-se que :
« Nos cursos médicos é livre a freqüência das aulas e não se marcam faltas aos
estudantes que deixam de comparecer aos exercícios práticos dos laboratórios e das
clinicas, necessários afim de que possam fazer os trabalhos de que depende a inscripção
para os exames. Os estudantes têm a faculdade de fazer exames das matérias de mais de
uma serie dentro do mesmo anno lectivo.
« Nos cursos jurídicos é também l i v r a a freqüência das aulas ; mas os estudantes
não tem mais a faculdade dj submettere;n-se cm março a exame do anno seguinte áquelle
em cujas matérias houverem sido approvados em novembro anterior.
< Na Escola Polytechnica é inteiramente livre a freqüência das aulas, laboratórios
e gabinetes, e prevalece a faculdade de que acima se trata.
< No Rehtorio apresentado pelo Ministério do Império á Assembléa Geral em maio
de 1 8 7 9 diz-se que, para a expedição do Decreto de 19 de a b r i l , o Governo utilisou as
autorisações existentes.
« A este respeito verifica-se que, autorisado pelo Decreto n. 6 0 8 de 16 de agosto
de 1 8 5 1 a reformar os Estatutos das Faculdades de Direito e de Medicina do Império,
ficando reservada ao Poder respectivo a definitiva approvaçao de taes Estatutos, dessa
c—9
autorisaçüo usou o Govorno expedindo com os Decretos ns. 1.134 do 30 de março o 1.169
de 7 do maio do 1853 os novos Estatutos das referidas Faculdades. Autorisado depois
pelo Decreto n . 714 de 19 de setembro do mesmo anno de l S 5 3 a roalisar o augmento da
despoza necessária para a execução provisória dos preditos Estatutos, atè quo fossem
definitivamente approvados pela Assembléa Geral, podendo até então fazer as alterações
convenientes, sem augmento de despeza, o Governo reformou os mesmos Estatutos pelos
Decretos ns. 1.3SG e 1.3S7 de 28 de abril de 1S34, e por Decreto n. 7S9 de.12 dejsetembro
seguinte o Poder Legislativo approvou as tabellas de vencimentos aunexas a esses actos
do Poder Executivo.
< Finalmente, por Decretos ns. 1.568 de 24 de fevereiro de 1.855 e 1.761 de 14 de
maio de 185G foram expedidos os Regulamentos complementares dos Estatutos das
Faculdades do Império, para execução do art. 21 § 3 do Decreto n . 1.3S6 edo art. 29
o

do Decreto n. 1.387.
« Entretanto, votados os fundos necessários à execução daquelles actos, o Governo,
firmado nas Imperiaes Resoluções tomadas sobre Consultas do Conselho de Estado de 29
de novembro de 1S59 e 6 de março de 18G0, segundo declaração feita ã pag. 16 do
Relatório do Ministério do Império apresentado á Assembléa Geral em 1865, ainda
usou da autorisação de que trata o Decreto Legislativo n. 714 de 19 de setembro de
1853, publicando os Decretos ns. 3.454 e 3.464, d e 2 6 e 29 de a b r i l do terceiro dos annos
referidos, pelos quaes foram reorganisadas as Faculdades de Direito e dc Medicina.
Em todo caso, porem, o Governo submetteu esses actos à approvação do Poder
Legislativo, sem mandar pôl-os em execução.
< Por outro lado, verifica-se que o art. 19 da Lei n. 2.348 de 25 de agosto de 1873
dispoz o seguinte :
« As autorisações para a creação ou reforma de qualquer repartição ou
serviço publico não terão vigor por mais de dois annos, a contar da data
da promulgação da lei que as decretar. Uma vez realizadas, serão provi-
soriamente postas cm execução e sujeitas á approvação da Assembléa Geral
na sua primeira reunião, não podendo ser mais alteradas pelo Governo.
Esta disposição é permanente. >
« Os amplos termos em que se formula este preceito legislativo deram logar a
entender-se que por elle ficou revogada a autorisação a que se refere o Decreto n. 714
de 1S53, ainda quando se devesse consideral-a subsistente até á data da L e i n . 2.348.
« Com esta intelligencia conformam-se não só o Aviso de 13 de abril de ISSO, pelo
qual foi o Decreto de 19 de abril submettido à consideração da Assembléa Geral,
e o de 11 de janeiro de 1SS2, em que prestaram-se ã Câmara dos S r s . Deputados
informações acerca dos actos expedidos para execução de diversas disposições do
dito Decreto, afim de habilitar a referida Assembléa a resolver com inteiro conhe-
cimento sobre o assumpto, mas também o Decreto n. 9.522 de 28 de novembro de
1885, que suspendeu a execução dos Estatutos de 17 de janeiro do mesmo anno, e
por ultimo o procedimento que teve o Governo apresentando na sessão da Câmara
dos Srs. Deputados de 15 de julho de 1887 a proposta para reforma das F a c u l -
-

dades de Direito, em que se consagram regras quanto ás épocas de exames e â


froquoncia dos estudantes, dispondo-so que de acordo com os Estatutos o Regulamontos
que so expedirem para ossos estabelecimentos serão alterados os das Faculdades de Medi-
cina o da Escola Polytechnica.
< Demais, dando começo à apresentação dos trabalhos provocados polo Decreto
n. 7.2 47, a Commissilo de instrucção publica da Câmara dos Srs. Deputados, no
parecer concernente ao projecto de reforma do ensino secundário e superior que ela-
borara, declarou « não tentar a defesa desse Decreto quanto á irregularidade inicial de que
o aceusavatn, não hesitando em confessar os votos que fazia para que não vingasse o
exemplo de se estatuírem, na ausência do Parlamento, ainda que ad referendum sob
a resalva de sua approvação, pelo Poder Executivo, reformas que pertencem à
iniciativa da representação nacional *.
«Finalmente oceorre, pelo que respeita aos vigentes Estatutos das Faculdades
de Melicina, terem sido expedidos em virtude da autorisação constante do art. 2 o

§ 7 da Lei n . 3.141 de 30 de oitubro de 1SS2, a qual creou novas cadeiras naquellas


o

Faculdades e deu algumas providencias attinentes a essa creação.


« O § 7 do art. 2 da Lei n. 3.141 õ do seguinte theor:
o o

« Fica o Governo autorisado a expedir Regulamento para as referidas Faculdades de


Medicina com o fim de consolidar todasas disposições em vigor, podendo não só supprimir
empregos, como reduzir vencimentos. »
« Usando-se desta autorisação, nos Estatutos que baixaram com o Decreto n. 9.311
de 25 de oitubro de 1SS4, consignaram-se, entre varias disposições que não estavam em
vigor, as dos arts. 398 e 399 relativas aos exames a que se procede em qualquer tempo
do anno lectivo.— 2 Dircctoria, em 20 de junho de 1888.— Balduino Coelho. >
1

Assim, parece em face da exposição transcripta que o objecto da consulta não é a


serie de innovações profundas que o Decreto de 19 de abril de 1879 introduziu não só na
organisação como no regimen das Faculdades de Direito e de Medicina e da Escola P o l y -
technica o em geral de outros institutos de ensino, para cuja execução o mesmo Decreto
cm seu preâmbulo e nos arts. 8 , § único, e 21 § I , julgou necessária a intervenção do
o o

Poder Legislativo, sinão a legalidade das disposições do mesmo Decreto que o Governo
mandou applicar nas ditas Faculdades e Escola por actos parciaes posteriores, e nomea-
damente dos que dizem respeito ao regimen da freqüência dos alumnos e dos exames.
Si ficam assim limitados os pontos sobre os quaes lhe incumbe interpor parecer, a
Secção não oceultarà que tudo quanto passa a expender terá inteira applicação pela mesma,
si não por maioria de razão, ás disposições que o Governo Imperial absteve-se de mandar
pôr em exejução ate esta data, ou se julgasse competente ou não para expedil-as, como
aquellas que, achando-seem execução, não são mencionadas na exposição transcripta. E
assim pensa corresponder ao intuito da consulta.
A Secção pensa que em these não pôde ser contestada ao Governo a faculdade de sus-
pender a execução do-Decreto em questão, no todo ou em parte, qualquer que seja o juizo
sobre a legalidade de suas disposições e sem entrar na indagação do merecimento das
mesmas por alheia ao presente parecer; porquanto ou não é válido tudo quanto dispoz
sobre freqüência livre, sobre exames e outras innovações no regimen escolar do ensino su-
perior, o não so podo contestar mio já o direito, mas o dcvor do restabelecer a legalidade,
suspendendo a execução do um acto quo aoffende; ou é válido, expedido legalmente no
exercicio de uma attribuição própria do Poder Executivo ou do uma autorisação conferida
pelo Poder Legislativo, e nao se pôde contestar o direito de desfazer hoje o que fez em 1870,
exercitando a mesma attribuição própria ouutilisando a mesma autorisação legislativa,
que exercitou ou utilisou então.
Tratando-se de um Decreto regulamentar do Poder Executivo, cumpre não perder de
vista a distineção fundamental que dimana da nossa organisação política entre provisões
próprias do dominio das leis, que são da alçada do Poder Legislativo e que o Poder Exe-
cutivo só pôde tomar por delegação legislativa, e providencias secundarias de ordem re-
gulamentar, que cabem ao Poder Executivo no exercicio da attribuição constitucional
de expedir Decretos, Instrucções e Regulamentos adequados à boa execução das Leis.
O Decreto de 19 de abril de lS79não desconheceu em these tão capital discri-
minação de competências de poderes, como de pertinência de matérias; antes reconheceu,
no preâmbulo, que continha disposições que não seriam executadas antes da approvação
legislativa por importarem acerescimo de despeza ou dependerem de autorisação do Poder
Legislativo. Mas, saciiíicou-a na applicação limitando por um lado as disposições que
ficariam dependentes da approvação legislativa ás poucas consignadas no art. S''
§§ 6 e S°, 21 §§ I a 7 , e facultando por outro a execução immediata de todas as
o o o

demais, sem outra restricção além dos Regulamentos do mesmo Poder Executivo
(art. 2S) para aquellas que delles dependessem !
Assim foi que, por simples Avisos ou actos minisíeriaes de diversas datas, mandou-se
applicar ás Faculdades de Direito e de Medicina do Império e à Escola Polytechnica as
disposições do art. 20 § 6 , I parte (freqüência livre e suppressão dos exercicios das
o a

lições e sabbatinas), § 7 (exame indefinido facultado ao estudante reprovado, seja ou


o

não alumno do curso, etc.); às ditas Faculdades a do § I do citado art. 20 (exames


o

:ivres sem freqüência por inscripções abertas em duas épocas no anno); as dos §§ 19
do citado art. 20 e 6° do art. 23 ás Faculdades de Direito (concurso, para lentes cathe-
draticos, não só dos substitutos como de bacharéis em direito, e dispensa do exame do
direito ecclesiastico para collação do grão aos acatholicos, etc.)
Pelos Estatutos dados às Faculdades de Medicina por Decreto de 25 de oitubro
de 1S84, cm virtude de delegação legislativa, constante do art. 2 § 7 da Lei de 30 de
o o

oitubro de 1SS2, que só autorisava a consolidação das disposições em vigor, não só se


introduziram disposições novas, mas exageraram-se as franquezas do Decreto de 19 de
abril, permittindo-se o exame livres por serie de matérias em qualquer época do anno
e ainda durante os trabalhos lectivos mediante propinas aos examinadores!
Certamente, o Decreto de 19 dc abril de 1879 contém disposições que cabem per-
feitamente na esphera regulamentar do poder administrativo e que ao Governo era
licito adoptar sem dependência de autorisação ou approvação do Poder Legislativo. Mas
é bem de ver que aquellas que ahi ficam summariadas não podiam ser tomadas, e menes
dadas á execução, como foram, sem a intervenção legislativa, porque versam sobre a
organisação do ensino superior, sobre o regimen escolar dos institutos de instrucção e
até sobre os direitos do pessoal docente, assumpto, por sua natureza e por seu alcance
social o político, da exclusiva competonciao iniciativa do Corpo Legislativo, conforme foi
sempre considerado entro nós desde as primitivas creaçòes de nossos diversos institutos
de instrucção superior até as succcssivas e ultimas reformas por que hão passado.
O menor inconveniente de uma tão flagrante usurpação è o estalo de anarchia a que
chegaram os nossos cursos de ensino superior, regidos por multiplicados estatutos, que
se succedem com rapidez, por actos isolados, por vezes de simples responsabilidade mi-
nisterial, sem harmonia, sem systema, variando em cada Faculdade e produzindo por sua
incerteza e caracter transitório a mais funesta influencia sobre a solidez dos estudos e o
progresso real da instrucção superior no Império.
A um tal estado de cousas não trouxeram infelizmente remédio os diversos actos
posteriores ao Decreto de 1S79, a que a exposição transcripta allude, nem ainda os das
mais recentes datas, que deixaram permanecer as raizes do mal, e vieram aggravar a
variedade da nossa jurisprudência administrativa sobre instrucção superior.
Mas, estava acaso o Governo autorisado para adoptar as disposições do Decreto
de 1 í>70, alheias de sua competência, confç-.Tie allegou o Ministério do Império no Rela-
tório às Câmaras de maio do mesmo anno ? Não o crê a Secção.
Quaesquer que tenham sido as autorisações anteriores do Corpo Legislativo ao
Governo para reformar a instrucção publica em alguns de seus grãos e ainda a especial
do Decreto de 19 de setembro de 1S53, não se podem subirahir ao preceito genérico e de
caracter permanente do a r t . 19 da Lei de 25 de agosto de 1S73, que, designando o
prazo de dois annos, a contar da data da Lei que as decretar, às autorisações para creação
ou reforma de qualquer repartição ou serviço publico e vedando ao Governo alterar
as reformas autorisadas, uma vez realisadas, não as resalvou, como fora mister, para
que subsistissem. Ora, não só o prazo designado era findo havia muito, sinão que o
Governo havia utilisado a autorisação da citada Lei de 19 de setembro de 1S53, expe-
dindo os Decretos ns. 1.386 e 1 . 3 S 7 d e 2 8 de abril de 1854, pelos quaes foram dados
Estatutos ás Faculdades de Direito e de Medicina.
Sobreleva ao exposto que a dita autorisação era especial á reforma daquellas F a c u l -
dades, das quaes faz expressa menção, e não podia referir-se á Escola Polytechnica, que
só por actos posteriores, quaes a Lei de 24 de maio de 1873, art. 3 n. 3, e Decreto de 25
o

de abril de 1874, já sob o regimen do preceito do a r t . 19 da citada Lei de 1873, passou a


constituir instituto de instrucção c i v i l superior dependente do Ministério do Império.
Infelizment-3 não parece à Secção, como se diz na exposição acima transcripta, que
o Governo tenha procurado conformar com esta intelligencia, que lhe parece clara e
obvia, da lei o seu procedimento, quer submettendo ao conhecimento da Assembléa
Geral o citado Decreto de 19 de abril, quer prestando à Câmara dos S r s . Deputados
informações sobre os actos expedidos para execução de varias de suas disposições.
Antes parece que com isso não fez mais do que perseverar na crença de julgar-se auto-
risado pelas leis anteriores a reformar a instrucção superior, submetendo seus actos á
approvação do Corpo Legislativo, conforme ellas prescreviam. Só ultimamente com a
proposta de 15 de julho dii 1887, apresentada ao Corpo Legislativo, desviou-se o
Governo da trilha batida c demonstrou o propósito de seguir de preferencia os tramites
constitucionaes.
Em conclusão respondo a Seeção aos quesitos propostos:
1. ° Que não tem por válido o Decreto n. 7.247 de 1879 na parto em que pormittiu a
freqüência livre o introduziu outras innovaçOes no regimen das Faculdades de Direito e de
Medicina e da Escola Polytechnica, não só pela notória incompetência do Poder Executivo
para iniciar o decretar reformas da exclusiva competência do Corpo Legislativo, sinão
também por carência de autorisação legislativa para destruir o perturbar o regimen
acadêmico estatuído pelas leis ;
2 . ° Que tem por incontestável caber ao Governo Imperial suspender a respectiva
execução ou se considere válido ou não nessa parte o referido Decreto, porquanto :
3 . ° Ainda considerada subsistente a autorisação da L e i n . 714 de 1853, por
não haver caducado com a disposição do a r t . 19 da citada Lei de 1873, não lhe pôde ser
denegado o direito de repor as cousas no estado anterior mandando vigorar nas F a c u l -
dades de Direito as disposições porque antes se regiam; nas Faculdades de Medicina
as dos Estatutos de 25 de oitubro de 1S84, exceptuadas as que se referem á freqüência
e aos exames dos estudantes, as quaes deverão ser substituídas pelas do anterior regimen;
e na Escola Polytechnica as dos Estatutos de 25 de a b r i l de 1S74;
4. ° Que ao mesmo Governo fica salva a faculdade constitucional de prover a boa
execução dos respectivos Estatutos por via do Regulamentos complementares, que aliás
todos elles autorisam, nomeadamente quanto ao ensino prático nas Faculdades de Me-
dicina e na Escola Polytechnica.
Vossa Alteza Imperial Regente, em Nome do Imperador, Resolverá o que Houver
por mais acertado.
Sala das Conferências da Seeção dos Negócios do Império do Conselho de Estado,
em 6 de agosto de 1SS8.— Domingos de Andrade Figueira.—José Bento da Cunha
e Figueiredo.—Manoel Francisco Correia.
ACADEMIA DAS BELLAS ARTES
RELATÓRIO DA DIRECTORIA

APRESENTADO

EM 26 DE MARÇO DE 1889

ILLM. E E X M . SR.

Nomeado por Decreto de 9 do corrente Director desta Academia, cargo que exercia
interinamente desde 17 de março do anno próximo findo, cabe-me a honra de apresentar
a V. E x . o relatório que prescrevem o art. 95, n. 19, dos Estatutos promulgados com o
Decreto n. 1.603 de 14 de maio de 1855 e o art. 6 , § 7 , dos Estatutos mandados observar
o o

pelo Decreto n. 8.226 de 20 de agosto de 1881, comprehendendo este mesmo relatório


uma exposição circumstanciada das occurrencias que se operaram no movimento da
Academia das Bellas Artes e do Conservatório de Musica, a partir de 2 de maio do anno
próximo passado, data da ultima informação.

Academia das Bellas Artes

Synthese do estado geral do estabelecimento.— No que é relativo à parte material


da Academia, o nosso estabelecimento de instrucção artística tem melhorado conside-
ravelmente, como é notório e poderá ser attestado por grande numero de pessoas
Ulustradas que o têm visitado, contando-se entre ellas Y. E x . que o honrou em fins do-
anno de 1887 e a 8 de fevereiro do corrente anno.
E m uma das tres grandes galerias do palácio da Academia, galeria Occidental,
acha-se exposta a antiga e mui valiosa collecção de telas, ascendendo ao numero de 225
quadros, entre os quaes so coutam muitos estimados originaes de grandes mestres, como
sejam Corregio, M u r i l l o , Dominiquino, Lucas Jordão, Plespanholeto, Miguel Ângelo,
Caravaggio, Annibal Carrache, Paulo Vcronez, Vandick, Velasquez, Salvador Rosa,
Perugino, Greuso, Simão Vouet, Jouvenet, V a n der Meulen, H. Gentileschi, Rubens,
Tintoreto, Albano, Barocchio, Bassano, Tassi, Quercino, Lucas Cambiasi, para não
fallar de outros muitos. Esta preciosa collecção, sem contestação a primeira da America
do Sul, aclia-se disposta por escolas, na seguinte ordem: Franceza, Flamenga,
Hollandeza e Allemãs, Hespanhola e Italianas, desde a mais moderna até à mais
antiga.
Na galeria do centro exhibem-se 99 quadros, sendo dois de grande machina, pela
maior parte de artistas nacionaes, entre os quaes se contam importantes telas de Pedro
Américo, Victor Moirelles, João Zeferino e outros laureados pintores.
Na caloria oriental 50 telas, entre as quaes se acham valiosas pinturas de Victor
Meirelles, Pedro Américo, Amoedo, Ferraz de Almeida, H. Bernardelli, Parreiras. F.
Monteiro, Belmiro e outros.
Na sala da frente, no pavimento superior, 39 quadros, comprehendidos um gouache,
duas aquarelas e um pastel, de pintores contemporâneos, entre elles Morell Tacio, De
Martino, Ciccarelli, Grimm, Langerock, Vinet, Facchinetti, o mallogrado Leoncio da
Costa, e alguns outros. Na pequena sala da escada 11 e em uma sala do pavimento
térreo 74.
Todos os quadros, dispostos de modo regular e com ordem estudada, nas grandes
galerias e salas do pavimento superior, estão guarnecidos de molduras e seu conjuncto
produz agradável impressão ao visitante.
Toda esta riqueza artística, representada por mais de 550 telas, das quaes mui
pequeno numero aguarda restauração, está conservada e disposta como merece,
prestando-se com vantagem à apreciação dos amadores e ao estudo dos cultores da arte :
e attesta, em grande parte, o empenho da superior, administração do Estado em
opulentar, à custa de não pequenos dispendios, as provas do culto de apreço que consa-
gramos às Bellas Artes.
P o r officio de 23 de junho de 1SS8 solicitei do antecessor de V. E x . a expedição
do aviso (Aviso de 12 de julho do mesmo anno) prohibitido que a titulo de exposições
transitórias se desmontem as galerias, as quaes devem ser conservadas, como estão, em
condições fixas de exposição permanente.
Estão collocadas no alto de um corredor do pavimento térreo algumas iélas pin-
tadas por alumnos premiados com a grande medalha de ouro. Esses trabalhos attestam,
de modo irrecusável, o manifesto progresso do ensino na aula de pintura.
E em abono da verdade posso dizer mais, como affirmo sem receio de contestação
séria, que, conhecendo a Academia, onde servi na qualidade de professor mais de 33 annos
e na de Vice-Director por mais de 27, desde mui longa data, posso dizer que
desde 1843 estou no caso de aílirmar que tem havido verdadeiro e mui real progresso,
nãoso nesse cDmo em todos os diversos ramos do ensino acadêmico.
Os preciosos mármores do disiiacto professor Rodolpho Bernardelli, suas inspiradas
producçôes em estatuaria, ascollecções de gesso e medalhas, arabescos deRaphael, bustos
e mcdalhõos, ornam e guarnecem muitas outras salas.
A bibliotheca da Academia, constituída de livros especiaes, ultimamente enriquecida
com autorisações devidas ã esclarecida solicitude administrativa de V. E x . , contém, em
boa conservação, importantes obras do subido valor artístico e litterario.
Outras dependências do mesmo estabelecimento, onde não ha luxo, mas somente a
decência, o asseio e a ordem compatíveis com a sua categoria e especial destino, com-
pletam a boa impressão que hoje produz a nossa escola de Bellas Artes.
Si a esse lisonjeiro estado ainda não corresponde, em absoluto, o que é relativo ao
ensino, porquanto cm algumas aulas elle resente-se de alguns vicios e lacunas, prove-
nientes, pela maior parte, de dcfeetivas disposições regulamentares, não è menos certo
que esses senões não constituem defeitos insanáveis que não possam ser removidos, como
convém e hão de ser, com a efficiente acção do Governo c com a cooperação das luzes da
Congregação.
Demais, a Academia conta hoje entro seus professores alguns de alta nomeada,
nobremente adquirida pela exhibição do producçôes artísticas de subido merecimento; e
dos talentos e aptidões desses festejados cultores da arte muito se deve esperar em prol
do gradual e progressivo desenvolvimento do ensino, aSm de que, elevando-se ao mais
alto grão de perfectibilidade, corresponda, de modo pleno, a Academia ao que de sua
instituição com todo direito exige a collectividade nacional.
Aclividade escolar.— Em 1SSS matricularam-se 55 alumnos nas diversas
aulas abaixo mencionadas, e foram nellas adinittidos mais 25 indivíduos na qualidade de
amadores ou ouvintes.

Os 55 alumnos matriculados freqüentaram as seguintes aulas :

I a
de Mathematicas applicadas (elementos de arithmetic:i, r'e
geometria, de trigonometria, de mecânica e de óptica) 27
2 dita
a
(desenho geométrico, perspectiva c theoria das
sombras) " 25
Desenho figurado 37
» de ornatos 1
» e pintura de paisagem, flores e animaes 20
P i n t u r a histórica 14
Architectura 1
Estatuaria '. 2
E s c u l p t u r a de ornatos 0
Anatomia e physiologia das paixões 10
Modelo-vivo 25
Historia das bellas artes, esthetica e archeologia 1
Xylographia 0

163
c—10
Abatem-se:
Alumnos que freqüentaram mais de uma aula, epor isso vSo repetidos em cada uma
dellas, sendo:
9 em quatro aulas 27
37 em tres aulas , 74
7 em duas aulas 7 108

Alumnos matriculados 55

Dos 55 alumnos matriculados, inscreveram-se para exame das aulas theoricas,


isto é, mathematicas applicadas, perspectiva o theoria das sombras, anatomia e physio-
logia das paixões e historia das bellas-artes, esthetica e archeologia, 26 alumnos, com o
seguinte resultado :
Approvados com distineção em uma só aula 2
» plenamente em uma aula e simplesmente em o u t r a . . 1
» plenamente em uma aula, não comparecendo em
outra 3
Approvados plenamente em uma só aula 2
> simplesmente em uma aula, não comparecendo em
outra 2
Approvados simplesmente em uma só aula 3
Reprovado em duas aulas 1
> > uma aula, não comparecendo em outra 2

Não compareceram 10

Alumnos inscriptos para exame 26

Foram premiados 16 alumnos, sendo ura em duas aulas.


Os prêmios foram:
Pequena medalha de ouro 3
Medalha de prata 4
Menção honrosa 10

Reforma dos Estatutos da Academia.—No começo do anno findo, observando pas-


sivamente a marcha dos factos relativos ã escolha e designação da pessoa que devia pre-
encher o honroso logar vago pela renuncia voluntária do pranteado e mui honrado
cidadão que dirigiu a Academia, pareceu-me inconveniente, e até mesmo impolitico,
agitar a questão de reformas, achando-me então n'uma posição de interinidade; e por
isso me abstive de pronunciar-me a respeito, no meu Relatório de 2 de maio do anno
findo. Hoje porém, que o Decreto de 9 do corrente definiu a posição de alta responsabi-
lidade em que me acho collocado, julgo-me no rigoroso dever de externar sem reserva de
espécie alguma a minha opinião sobre este mui difficil e complexo objecto.
Entrarei, pois, no assumpto que procurarei tratar de modo conciso, afim de evitar
desenvolvimentos que serão opportunamente apresentados, si assim aprouver a V. E x .
em seu esclarecido critério.
Em uma memória que apresentei à Directoria da Academia, em data de 21 do janeiro
de 1886, e que mereceu a approvaçJo da Congregação da mesma Academia, com um
único voto discordante, escrevi o seguinte :
« V. E x . , que possue altos dotes de esmerada c u l t u r a mental, reunidos á longa
prática de administração e gerencia de importantes serviços públicos, sabe como é de
difficil solução prática o complexo problema de dar u t i l e fecunda organisação ao ensino
das bellas artes, mormente quando disso se trata n'um meio social, onde não se tem
educado e desenvolvido o culto do sentimento do bello, ou, melhor, onde o senso artístico
do povo ainda existe em estado rudimentar, e ainda se pensa que a Academia das Bellas
Artes, cuja missão actual não deve ser outra mais do que a de exclusivamente votar-se ao
verdadeiro culto da pureza esthetica da arte clássica e da sua propagação evolucionista
fomentadora do aperfeiçoamento da arte moderna, pôde por si só crear o gosto em matéria
de sentimento artístico, considerado em si mesmo e em relação à real influencia que ella
exerce no ameno campo da belleza da fôrma dos artefactos industriaes; meio
apathico e tíbio, onde, á escassez dos nossos recursos financeiros e econômicos, se vem
juntar a falta mui sensível da benéfica propaganda a que os inglezes chamam tão cara-
cteristicament9—National Art-movement —meio onde mal se conhecem e menos ou
pouco se estudam as relações da arte com as industrias; e onde as discussões technicas
que constituem a pedra de toque em todos os problemas referentes aos elevados principios
da arte, seu salutar influxo sobre os costumes, bem-estar e prosperidade das classes
laboriosas, apparecem apenas de passagem sem encontrar echo nas diversas espheras de
actividade da nossa vida social, sem poderem vencer a indifierença geral, que se oppõe
pela inércia á creação de escolas d*arte applicada e de museus d'arte industrial, que fran-
quêem exposições permanentes das producçôes dessa opulenta fonte de riquezas, fecun-
dada pelas bellas artes, e sem ao menos poderem despertar interesse activo e efficiente na
questão capital, entre nós tão descurada, da diffusão, na mais larga escala, do ensino do
desenho elementar—lhe root of alls — nas massas populares por meio das escolas
primarias.
« E V . E x . sabe também que essa difficuldade assume maiores proporções e torna-se
mais embaraçosa, quando, não se tendo de cogitar da organisaçSo de um plano geral e sys-
tematico de boa educação artística, que importe uma reforma completa e radical do en-
sino das bellas artes e que tenha de ser posta em execução com o auxüio de todos os
mais amplos* meios necessários, se trata apenas, de na escassez ou deficiência desses
meios, reformar parcialmente, decretando modificações ou retoques, que corrijam defeitos
de um regimen, em grande parte condemnado pela experiência e pelas exigências do
ensino moderno. >
Na mesma memória exarei o que abaixo se l ê :
« Depois desta ligeira e mui superficial analyse da defeituosa organisação actual
dos estudos, na Academia das Bellas Artes, não se deve estranhar que eu, com a
franqueza que me impuz para bem servir á causa publica, reprove o que a l l i s u b -
siste feito em relação ao ensino, e me pronuncie sem hesitação pela necessidade
immediata, tão palpável quão imprescindivel, de uma reforma completa e radical desse
mesmo ensino.
« V. E x . melhor do quo ninguém esta no caso de me dar plena razão neste mou
niodo de ver o neste meu franco pronunciamento, porquanto, havendo acompanhado com
esclarecida attenção a marcha do ensino na Academia, acha-se não só informado pela
própria observação dos factos, como pela longa exposição escripta uno, a C de fevereiro
do 1ST5, tive a honra de submetter á elevada apreciação de V . E x . , descrevendo o defi-
ciente o vicioso estado do ensino de que agora de novo :ne oecupo, como além disso
também sabe que, pensando já naquelle tempo como agora penso, tomei a mim a árdua
ir.cumbencia de elaborar um projecto de reforma, quo apresentei logo depois organisado,
o que si não vingou não foi por falta de bem intencionados esforços de V. E x . , mas sim
porque actuaram causas poderosas totalmente estranhas á illustrada direcção da
Academia.
v< Me aareco não ser necessário aceresceníar mais nada para demonstrar que os
verdadeiros interesses da instrucção artística exigem e estão imperiosamente recla-
mando que se attenda á necessidade palpitante e urgente de uma tão geral quão profunda
reforma nesse mesmo ensino, como dc ha muitos annos grande numero de factos está
evidenciando. Esta necessidade, posso affirmal-o com pleno conhecimento de causa, é
do vulto muito maior do que parece quando se attende simplesmente ao lisonjeiro facto
do um certo gráo de progresso mui sensível que as artes manifestam no nosso paiz, pro-
gresso esse, porém, que õ principalmente devido a certas causas efficicntes que até certo
ponto tèm superado a innegavel deficiência de um bom plano de ensino artístico.»
Depois destas considerações que aqui reproduzo para summariamente justificar
a imprescindível necessidade de uma reforma de Estatutos, me será permittido affir-
mar que de longa 'lata observando a marcha dos factos oceorridos na vida da A c a -
demia, tenho opinit» formada sobre esse assumpto que me tem merecido longas co-
gitações, elabora-las n > intuito de contribuir, como me cumpre, na qualidade de
antigo funcionário da Academia., para a realisação de uma reforma, como de ha
muito com insistência exige a voz publica, mais em harmonia com as novas ne-
cessidades ilo ensino, com os modernos preceitos pedagógicos e com as imperiosas
exigência* do espirito e das aspirações da época actual.
Sei que essa reforma depende de meios pecuniários que devem fazer objecto de
novas consignações orçamentarias: e para que seja fecunda cm seus resultados prá-
ticos o não nos traga amargas decepções, é indispensável que se firme nas largas
bas.-s seguintes:
l. 1
Dar ao ensino artístico uma feição tal que seja feito de sorte que não es-
trague vocações naturaes e não levante óbices que estorvem o novel artista de i m -
primir em suas producções um cunho de originalidade individual ou esse caracter
pessoal que é, por assim dizer, o timbre e como que o sello monogramatico do
Talento do artista.
2 . Constituir cursos distinetos e especial que permitiam a obtenção de diplomas,
a

quando estejam terminados os estudos de cada curso de paisagem, pintura histórica,


estatuaria, esculptura. architectura e gravura.
3 . Fazer que o curso de architectura, na Academia, seja tão completo como
a

convém aos mais altos interesses da Arte Nacional, devendo comprehender a technica
da construcçílo o a esthetica da fôrma, mesmo quando seja preciso fazer com que
os alumnos vão procurar na nossa Escola Polytechnica as bases mathematicas que
lhes silo indispensáveis.
- l . ' F a z e r com que os concursos para o I prêmio ou para pensionista da A c a -
a o

demia assentem sobro bases que só permittam concursos exclusivos entre alumnos
que se dediquem ao estudo da mesma especialidade artistica.
5 . " Que os concursos para provimento de cadeiras na Academia sejam julgados
por professores escolhidos e nomeados pelo Governo.
G. a
Permittir a installação de cursos inteiramente livres, nos quaes possam pro-
fessar quaesquer artistas, mesmo que não façam parte do corpo docente da Aca-
demia .
7. n
Permittir exposições geraes de objectos artísticos, julgados por quem o G o -
verno designar.
S . A m p l i a r os meios materiaes da Academia, de sorte que se faça a indispen-
a

sável acquisição de logar onde se possam estabelecer ateliers, para os professores do


ensino pratico da mesma Academia.
9 . Ampliar a consignação destinada às exposições da Academia e á acquisição
a

de producçôes de artistas nacionaes ou domiciliados no B r a s i l .


10. Augmentar os vencimentos dos professores e demais funecionarios da Academia.
11. Crear as indispensáveis aulas preparatórias, annexas á Academia das Bellas
Artes.
Xão desconheço que, nas condições em que estamos, talvez não se. possa pensar
em realisar desde já tão complexa reforma, que, para ser inteiramente profícua,
nos levaria a sacrifícios pecuniários de alguma sorte incompatíveis com a actual es-
treiteza de recursos financeiros do Thesouro Publico, mas faça-se desde já o que
for possível sobre este plano apenas esboçado, e aguarde-se estado mais prospero em
que se possa com largueza realisar a sua conclusão, trabalhando-se com afincado es-
forço e perseverança no patriótico intuito de crearmos uma verdadeira escola mo-
derna de Bellas Artes, profícua em seus resultados e capaz de angariar a sympathia
da opinião e a estima publica.
Cadeiras vagas e cadeiras não oecupadas pelos cathedraticos.— E ' de sentir que
circumstancias attendiveis tenham deixado que por tanto tempo estejam interina-
mente regidas tantas cadeiras, na Academia, não obstante algumas dellas estarem
entregues á proficiência e ao zelo de m u i distinetos professores honorários.
As cadeiras hoje vagas são: as de desenho geométrico ou 2 a
de mathematicas
applicadas, architectura, paisagem, esculptura de ornatos e xylographia.
Além dessas estão por motivos ponderosos e mui justificados, ausentes das ca-
deiras de que são proprietários, três professores effectivos. Estas tres cadeiras foram
durante o anno findo regidas interinamente por professores honorários, distribuídos
do seguinte modo.
A de pintura histórica, pelo distineto pintor Rodolpho Amoedo.
A do anatomia e physiologia das paixões, pelo muito illustrado D r . Rozendo Moniz
Barreto.
A de historia das bellas artes, esthetica e archeologia, pelo proficiente e mui pro-
vecto bacharel Theophilo das Neves Leão.
Dois outros profossores honorários foram incumbidos, também interinamente, de
dirigir o ensino em duas das cinco cadeiras vagas, sendo um, o engenheiro c i v i l Paulo
Cirne Maia, o qual regeu gratuitamente a cadeira de desenho geométrico, a contar de
15 de oitubro do anno passado, e o outro, o mui distincto pintor João Zeferino da Costa,
que teve a seu cargo a direcção da aula de paisagem, durante todo o anno escolar.
De conformidade com as disposições do a r t . 95, n. 15, e a do art. 128 dos Estatutos
vigentes, designei os mesmos professores honorários para regerem as mesmas cadeiras
durante o corrente anno.
Professores honorário*.— Por Decreto de 25 de oitubro de 18SS foi nomeado pro-
fessor honorário, da seeção de architectura, o engenheiro c i v i l Paulo Cirne Maia, o
qual tomou posse a 5 de novembro seguinte, satisfazendo a exigência da primeira parte
do. art. 127 dos vigentes estatutos, com a apresentação de uma memória, de lavra pró-
pria, sob um ponto de perspectiva linear.
E ' este o único professor honorário daquella seeção, para a qual, desde 1855 até
hoje, nunca nenhum havia sido eleito : e foi incumbido da regência da aula de desenho
geométrico, na qual se havia oferecido servir gratuitamente, e onde havia então 25
alumnos matriculados, aguardando, desde 30 de agosto, a nomeação de um professor
afim de concluírem os seus estudos do I o
anno acadêmico.
Na seeção de pintura ha eleitos seis professores honorários ; mas a eleiçlo de tres
destes últimos, entre os quaes se contam o festejado e mui laureado artista Decio V i l l a -
res, ainda não foi approvada pelo Governo, pelo que ainda não tomaram elles posse do
cargo para que foram eleitos pela Congregação a 1 de setembro de 1887.
Na seeção de sciencias accessorias ha 10 professores honorários, mas quatro des-
ses, eleitos naquella mesma data, ainda não tomaram posse pelo mesmo motivo.
Entretanto, seja-me licito dizer, com o maior acatamento e subordinando o meu
juizo a critério superior, que acho acartado que se façam aquellas esperadas nomeações,
porquanto não ha a receiar que d'ahi possam provir novos encargos aos cofres públicos
nem que se firmem direitos que por qualquer modo sejam invocados, contrariando as
elevadas vistas administrativas do Governo no ulterior provimento das cadeiras vagas.
Acquisição de objectos dz arte.— Fez-se acquisição de nove quadros, que são:
Uma cópia antiga de um dos originaes que representa o Sacramento da Extrema Unc-
ção, de Nicolão Poussen, e quatro paisagens modernas, sendo tres de H. N. Vinct e
uma do S r . Buvelot, compradas ao Dr. Lacaille pela quantia de 3:000$ ; um original
de Belmiro Barbosa de Almeida, intitulado < Arrufos », pelo preço de 2:000$ ; um ori-
ginal deRodolpho Amoedo, intitulado « A Narração de Philetas », por 5 : 0 0 0 $ ; e dois
originaes antigos, marinhas de Antônio Tempesta, comprados ao D r . Jeronymo Silvano
por 2:000$000.
Jubilação de professores. — Por Decreto de 25 de abril de 1888 foi jubilado o pro-
vecto e distincto professor da aula de architectura civil Francisco Joaquim Bethencourt
da Silva. O único alumno dessa aula pediu então que lhe fosse trancada a respectiva
matricula, o que lhe foi concedido por esta Direetoria.
P o r Decreto do 30 de agosto do mesmo anno obtivo jubilaçao nos termos da l e i , na
2 cadeira de mathematicas applicadas.
a

Pensionistas.— Nao ha hoje na Europa nenhum pensionista da Academia.


Desde 31 de oitubro de 1878, data do concurso em que o prêmio de 1" ordem foi
conferido ao laureado ex-alurano Rodolpho Amoedo, ultimo pensionista quo completou
seus estudos artísticos na Europa, a nenhum outro laureado foi dado aproveitar os fa-
vores da lei. Convém resolver de sorte a permittir que produza seus salutares effeitos
esse poderoso meio de incentivo e emulação entre os alumnos que mais se distinguem nos
estudos acadêmicos.
Felizmente o recente Aviso, expedido por V. E x . a 19 do corrente, consultando
a Academia sobre esse ponto, deixa nascer a esperança de que o Governo dispõe-se a
resolver, de modo favorável ao bem do ensino, esta questão ha tanto tempo adiada.
Provimento de cadeiras.— Parece-me ser da maior conveniência, para impulsionar
a marcha da Academia e vivincal-a, resolver sobre o provimento das cadeiras vagas,
mesmo quando se faça preciso alterar desde já as respectivas disposições vigentes. P o r
melhores e mais zelosos que sejam os professores não eflectivos, a interinidade no
magistério traz sempre comsigo um caracter de instabilidade mais ou menos pronun-
ciada, de dúvida e de incerteza, que desgosta muitas vezes o professor e exerce influen-
cia nociva no ensino, estorvando o seu aperfeiçoamento.
Tenho razão para esperar que este importante objecto terá brevemente favorável
solução, provocada pelo recente Aviso a que acima me refiro.
Por associação de idéas, julgo de meu dever chamar a esclarecida attenção de
V. E x . para a conveniência de restabelecer a cadeira de gravura de medalhas e pedras
preciosas, quando mesmo seja para isso indispensável supprimir a cadeira de x y l o -
graphia.
P a r a não dissimular a verdade devo dizer que a suppressão da antiga cadeira de
gravura de medalhas, o que se fez substituindo-a pela de xylographia, é, na minha
opinião, um facto que não se justifica, porquanto importa um attentado ao alto e n -
sino da a r t e e um deplorável corpo de delicto que depõe de modo irrecusável contra
a elevação e progresso do ensino artístico no paiz.
V . E x . bem sabe que uma Academia de Bellas Artes è em toda parte uma insti-
tuição bem diversa de uma academia de arte applicada.
P a r a suecintamente demonstrar a procedência do que levo dito, seja-me permittido
reproduzir aqui o que a respeito SJ encontra na mesma memória a que acima me refiro :
« E o que fica exposto relativamente a esse ensino, ainda não ú tudo que se faz
necessário ao escopo didactico em que tenho empenhado as minhas cogitações.
« Proseguirei, pois, nesse intuito, dizendo que haveria grande acerto em ser restabe-
lecida a aula de gravura de me lalhas e de pairas preciosas, visto que não é pos-
sível admittir que possa haver uma academia de bellas artes bem organisada e que
portanto bem possa preencher seus altos fins no clássico ensino da arte, sem uma
aula especial em que se ensine tudo o quo for relativo aos processos technicos usados na
prática dessa bella arte do desenho, a qual tem o seu valor intrínseco enaltecido
pela rigorosa verdade contida no apophthegma do eminente sábio Diderot: La gramtre
- 10 -

tue le peinlre qui n'esè que le coriste. E do facto, numa academia, onde funceiona
uma aula em que so ensina com a maior elevação montai a historia das bellas
artes, a esthetica e archcologia, sem excluir a glyptographia, não ó possível deixar
do existir uma aula de gravura sobre metaes e pedras preciosas, comprehendendo a
gravura om medalhas, que representa a gravura moderna em que so transformou a
invenção do ourives ílorentino Maso Finiguerra, e a glyptica, legitima representante
da gravura antiga, que nos fornece nos primorosos trabalhos monetários de Syracusa,
devidos à perícia dos gravadores Eveneto e Simon, as mais maravilhosas producções da
arte humana, os quaes na abalisada opinião de Turgan, si não são superiores, igualam
por carto às mais bellas estatuas da Grécia e aos mais bellos trabalhos de M i g u e l
Ângelo e de Benvenuto.
« Essa arte, irmã congênere da esculptura, sendo uma das mais interessantes appli-
cações artisticas do desenho, tem, no grande movimento artístico determinado pela
civilisação, contribuído poderosamente para o progresso das bellas artes, fornecendo o
meio fácil e seguro, de fiel reproducção artística dos desenhos, dos quadros, das es-
tatuas e dos baixos relevos; assim como tom auxiliado o desenvolvimento industrial
que se prende a certas sciencias e artes, e concorrido efficazmente para o progresso intel-
lectual, facilitando o que è relativo á impressão da musica escripta, as cartas topogra-
phicas, hydrographicas, geographicas e celestes, os planos de architectura e os papeis
pintados.
« Não se deve, pois, deixar de ensinar dessa arte liberal a sua parte mecânica e a sua
parte artística; num curso de gravura que abranja todas as suas modalidades, com ex-
clusão da xylographia, por ser arte accentuadamente industrial e quasi mecânica, e
portanto inteiramente ou de todo imprópria de uma academia de bellas artes ; curso esse
installado numa aula que deve fazer parte essencial do plano de ensino artístico ou
do cyclo acadêmico em que se estudem todas as manifestações estheticas das bellas artes.
< Dizer-se que essa aula de gravura, que me parece indispensável restabelecer como
existiu ou nas condições em que proponho que seja restabelecida, pôde sem inconveniente
ser substituída, na Academia das Bellas Artes, por uma aula de xylographia, é a meu
ver tão grande absurdo como si fosse proposto dispensar as aulas de desenho de figura
e de modelo-vivo, substituindo-as por uma aula de photographia onde os alumnos se
habilitassem a manipular os reactivos chimicos e a usar dos apparelhos photographicos
que libertassem os artistas da necessidade em que rigorosamente estão de desenhar
por sentimento. »
Parece-me sufficiente o que fica transcripto, e que, como já disse, foi approvado pela
Congregação, para que eu insista, como insisto, naquelle asserto que justifica a indi-
cação relativa à reposição da antiga cadeira de gravura de medalhas, a que tenho
alludido.
Exposição de trabalhos escolares e distribuição de prêmios.— Durante tres dias,
a partir de 20 de dezembro do anno findo, fez-se nas salas do palácio da Academia, como
preceituam os estatutos, a exposição publica dos trabalhos escolares dos alumnos de
diversas aulas. A 22 do mesmo mez realisou-se, no salão do Conservatório de Musica
e segundo os estylos, a sessão publica de solemne distribuição de prêmios. Essa so-
- li -

lemnidade acadêmica foi, segundo preceito regulamentar, presidida pelo Ministro do


Império, então o Sr. Conselheiro José Fernandes da Costa Pereira Júnior.
Membros correspondentes e honorários.— Em sessão de 29 de agosto a Con-
gregação elegeu, usando da faculdade que lhe confere o art. S6, combinado com o
art. 130 dos estatutos vigentes, membros correspondentes e membros honorários, da
academia, os illustros artistas c distinctos cavalheiros Felice Francoliui, Nicolo B a r a -
bino, L u i g i F r u l l i n i e Raphael Pasliacetti ; Marquez Cario Ginori e Commendador
Jacopo Cavai ucci.
Os quatro primeiros são membros correspondentes e os outros dous membros honorá-
rios, cuja eleição foi approvada pelo Governo como foi communicado por Aviso de 11 de
oitubro do anno findo a esta Directoria.
Essas distincções, concedidas com extrema parcimônia pela Congregação, têm sido
sempre muito apreciadas pelos artistas e têm eíficazmente contribuído, em geral, não só
para dilatar a esphera das relações da Academia nos grandes centros de nctivo movi-
mento artístico, na Europa, como, em muitos casos, para também tornar mais fácil a
obtenção dos recursos necessários aos nossos jovens compatriotas que a l l i vão, na q u a l i -
dade de pensionistas, procurar o aperfeiçoamento dos seus estudos acadêmicos.
Restauração de qwidros. — Muitas telas da importante collecção de propriedade
do Estado, entre as quaes se contam algumas de subido valor artístico, tèm sido restau-
radas na Academia. Esse serviço de natureza mui especial, o qual tem tanto progredido,
merece, por sua importância, uma attenção constante, porquanto ê do seu aperfeiçoa-
mento e do desenvolvimento de seus recursos que depende de modo essencial a boa con-
servação de objectos artísticos, sempro de dispendiosa acquisição. Essa conservação,
interessando á boa economia dos dinheiros públicos e à alta veneração que os artistas
c os humens cultos consagram religiosamente às primorosas producçôes dos grandes
mestres, recommenda-se á solicitude do administrador responsável e justifica a grande
importância que ligo a esse serviço a que me refiro.
V . E x . na minuciosa visita com que honrou a Academia ao examinar os trabalhos
em andamento na officina de restauração, comprehendeu de prompto, com a lúcida
intuição de seu cultivado espirito, toda a vasta extensão e todo o alcance dessa paciente
operação que constitue o objecto exclusivo do util officio de restaurador, e deliberou
fazer seguir para a Europa um artista idôneo, filho da nossa Academia, o hábil e x -
auxiliar daquella officina, João Josò da Silva, afim de que esse artista se aperfeiçoasse no
conhecimento pratico dos processos modernos de restauração de pintura sobre tela, m a -
deira e outras substancias, frescos, encausticas, illuminuras, gravuras e dourados,
de sorte a poder, depois de profissionalmente habilitado nesse estudo especial, v i r d i v u l -
gar e propagar no paiz esses aperfeiçoados meios industriaes e esses delicados processos
technicos que exigem do artista que tenha de applical-os requisitos e condições não
vulgares de perícia artística, talento, habilidade, extrema paciência e r a r a destreza
manual.
Applaudindo com sinceridade essa deliberação, solicitei de V. E x . , em officio de 18
do m.;z findo, a expedição das necessárias ordens c instrucções, afim de se traduzir em
fecunda realidade tão acertado intento.
c— li
Aguardando o quo solicitei, seja agora licito chamar a esclarecida attenção de V. E x .
para esse importante objecto quo depende de solução.
Disciplina escolar. — E'-me muito agradável poder assegurar, como affirmo a
V . E x . , que, durante todo o anno escolar de 1SSS, foi exemplar o procedimento dos
alumnos da Academia; mui louvável o modo por que os empregados do estabelecimento
desempenharam os seus dcveres; o sobretudo que os dignos e mui honrados professores,
não obstante actuarem na vida acadêmica muitas causas de justificado desalento, nunca
entibiaram o seu zelo no cumprimento de tão árdua quão honrosa incumbência de labo-
rar em proveito do progresso gradual do ensino e da propagação e aperfeiçoamento das
bellas artes no B r a z i l .
Catalogo. — A utilidade, direi mesmo a indispensabilidade de um catalogo explica-
tivo em um museu ou galerias de objectos de arte, è de tal ordem ou tanto se recommenda
por si mesmo, que se torna de todo ocioso encarecel-a.
Infelizmente a nossa Academia ainda não tem organisado de modo definitivo o seu
catalogo geral.
O digno e mui honrado Secretario da Academia trabalha ha muitos anuos nesse ope-
roso commettimento, que ha de, quando terminado, mais illustrar o seu nome jà tão
vantajosamente conhecido.
Possue de ha muito esse provecto funccionario uma copiosa somma de mui valiosos
apontamentos de preciosos subsídios tradicionaes : mas trabalha desajudado e ainda não
pôde d.ir por concluído esse interessante trabalho ha tanto tempo esperado.
Em relação a essa lamentável lacuna só accrescentarei que trata-se de procurar os
meios conducentes a sanar o que tão pouco recommenda e, até certo ponto, tanto desabona
a nossa Escola superior de bellas artes, dando mesmo logar a que se tenham levantado
contra ella serias e mui acerbas increpações.
Aproveitamento dos alumnos.— A applicação ao estudo e o aproveitamento dos
alumnos nas diversas aulas da Academia durante o ultimo anno escolar, foi sensivel-
mente de melhores resultados do que havia sido no anno auterior.
Comparando-se os prêmios de animação conferidos pela Congregação n u m e n'outro
desses períodos escolares, os do anno próximo findo dão testemunho dessa vantagem
alcançada no ensino acadêmico.
P a r a esse vantajoso effeito contribuiu poderosamente o valioso concurso de distinetos
professores, salientando-se entre elles o illustrado professor honorário da secção de
sciencias accessorias, D r . Rozendo Moniz Barreto, que conseguiu dar ao ensino de
anatomia ariistica, apezar da manifesta e mui lamentável insuficiência de preparatórios
no limitado auditório daquella aula, a esclarecida orientação de um programma moderno,
vasado nos moldes creados pelo sábio Mathias Duval, actual professor da notável Escola
de Bellas Artes de P a r i z : esse facto tão significativo e auspicioso em matéria de ensino,
basta por si só para constituir o digno professor D r . Rozendo Moniz credor dos maiores
elogios ; e o talentoso e mui festejado professor effectivo de estatuaria, Rodolpho B e r -
nardelli, que soube com a maior proficiência dar aos estudos dos seus alumnos um cunho
novo da mais elevada orientação artística, tio justificativo da extensa reputação do
grande mestre; e os laureados e mui distinetos professores honorários João Zeferino
— 13 —

da Costa e Rodolpho Amoedo que se inspiraram nos novos preceitos do moderno ensino
artístico, dirigiiido dc modo proficiente os seus alumnos nas aulas de paisagem e de pintura
histórica.
Tudo isto para não dissimular a verdade, aqui menciono com a maior satisfação.

Conservatório de Musica

Estado actual. — Este importante Instituto artístico destinado a diffundir g r a -


tuitamente o ensino aperfeiçoado da musica vocal e instrumental, conservando na sua
maior pureza as nobres e elevadas tradições da arte clássica e formando o bom gosto pela
execução das melhores composições antigas e modernas, tem muito progredido desde que,
por Decreto de 14 de maio de 1855, constituiu a 5 seeção da Academia das Bellas Artes.
a

Não obstante, esta ainda longe de haver attingido o gráo de perfectibilidade preciso para
ficar plenamente habilitado a bem corresponder aos benefícios e elevados fins de sua
instituição artística.
Em homenagem á verdade devo dizer que o nosso Conservatório de Musica já possue
um pessoal docente mui respeitável por sua idoneidade profissional; mas esse pessoal,
apezar dessa qualidade de alto quilate que muito o recommenda à estima publica, é
retribuído com extrema exiguidade e mesquinhez de vencimentos; e, além disso, que ha
de forçosamente produzir effeitos sempre mais ou menos desfavoráveis ao Conservatório,
elle é regido por Estatutos, onde a experiência de quasi oito annos tem apontado lacunas
mui sensíveis de que se resentem e que estorvam, umas o seu maisaccelerado desenvol-
vimento e outras tornam ainda mais desanimadoras, si não mais deprimentes, as
condições precárias do seu professorado.
Estas breves considerações bastam para apoiar a opinião que proclama com firmes
argumentos a urgente necessidade de uma reforma que melhor e mais directamente
consulte os verdadeiros interesses do progresso evolutivo e o conseqüente aperfeiçoa-
mento gradual do ensino da arte musical.
Solidário com os que assim pensam, parece-me acertado que se cogite desde já <la
conveniente organisação das bases dessa reclamada reforma, procurando-se, nas i n -
dicações e seguros conselhos da experiência, os meios efficientes de preencher, mediante
refiectido estudo e máxima circumspccção, aquellas lacunas, de sorte que se possa dar
ao nosso Conservatório de Musica condições que lhe promovam um estado mais florescente,
assentando-o num ainda melhor plano de estudos, garantindo-se ao seu professorado
mais vantagens e regalias, e afastando-se todas as causas que possam servir de argumento
para, de qualquer modo, deprimir-lhe os créditos, alienando dessa instituição a estima e o
alto apreço da opinião publica.
Si no que é relativo ao ensino ha ainda tanto a fazer, posso affirmar que no que diz
respeito á parte material, o estabelecimento tem gradualmente ganho, de um anno a
esta parte, um aspecto muito mais agradável.
- 14 —

Não so vêem alli ostentações luxuosas, mas ello depara as necessárias condições de
asseio, decência o boa ordem, muito cm harmonia com o destino especial daquelle esta-
belecimento, onde se instruem o se educam os novéis representantes das classes populares,
mas também no qual se reúnem com freqüência, om concertos musicaes, pessoas q u a l i -
ficadas da nossa melhor e mais alta sociedade.
Acticidads escolar. — Durante o anno que acaba de findar matricularam-se 200
alumnos, sendo 31 do sexo masculino o 169 do sexo feminino.
Foram admittidos à freqüência de diversas aulas 49 amadores ou ouvintes.
Os 200 alumnos matriculados freqüentaram as seguintes aulas:
De rudimentos de musica, solfejo collectivo e individual, e
noções geraes de canto p.ira o sexo masculino 18
De rudimentos de musica, solfejo collectivo e individual, e
noções geraes de canto para o sexo feminino 120
Decanto 25
Primeira de piano (estudo de teclado, peças fáceis) 38
Segunda de piano (peças) 5
De flauta 0
De clarineta 0
De rabeca , 12
De violoncelo e contrabaixo 3
De regras de harmonia, harmonia e acompanhamentos prá-
ticos 30
De trompa e outros instrumentos de metal • O

251

Abatem-se:
Alumnos que freqüentaram mais de uma aula e por isso vão repetidos em cada um:,
dellas, sendo:
Do sexo masculino:
Em duas aulas 2 2
Do sexo feminino :
Em três aulas 14 23
E m duas aulas 21 21 49 51

Alumnos matriculados 200

Dos 251 que freqüentaram as diversas aulas perderam o anno por faltas :
Do sexo masculino 1]
Do sexo feminino 54 65

Trancaram a matricula:
Do sexo feminino 2 2
— 15

Falleceu:
Do sexo masculino 1 1

68
Inscreveram-se para exame " 183

Total 251
Dos 183 inscriptos para exame foram : '
Approvados com distineção:
Do sexo masculino 2
Do sexo feminino 25
27
Approvados plenamente:
Do sexo masculino -1
Do sexo feminino 33 37

Approvados:
Do sexo masculino 3
Do sexo feminino 20 29.

Inhabilitados:
Do sexo feminino 10 10

Não compareceram:
Do sexo masculino 11
Do sexo feminino 69 80

Inscreveram-se para exame 183

Requcreraiu exame em diversas aulas 18 amadores ou ouvintes, sendo:


Do sexo masculino 4
Do sexo feminino 14 18

O resultado obtido nestes exames extraordinários foi o seguinte:


Approvados com distineção:
Do sexo masculino 1
Do sexo feminino 2 3

Approvados plenamente:
Do sexo masculino "• 3
Do sexo feminino 9 12

Approvados:
Do sexo feminino 2 2

Inhabilitada 1

18
- 16 -

Foram conferidos 13 prêmios a 9 alumnos dentro 19 que por terem obtido a nota
« distineção > no exame da aula, inscreveram-se nos concursos aos prêmios escolares;
havendo declarado não concorrerem aos prêmios 8 alumnos também approvados com
distineção.
Dos 19 inscriptos :
Obtiveram 2 prêmios cada um
'» 1 prêmio > > »• • • 5
Nao obtiveram prêmio 4
Desistiram do concurso 2
Não compareceram ao acto 4

Alumnos inscriptos 19

Foram os prêmios:
Grande medalha de ouro 3
Pequena > » » 4
Medalha de prata 1
Menção honrosa de I grão o
2
Prêmio «Princeza Imperial» 1
» «Nicolau Tolentino» 1
» «Leonor de Castro » 1

Prêmios conferidos 13

Obtiveram diploma de habilitação, por terem concluído seus respectivos cursos,


cinco alumnos, sendo dous do sexo masculino e tres do sexo feminino, dos quaes duas
alumnas na aula decanto e uma na segunda aula de piano e dous alumnos na aula de
rabeca.
Transferencias e nomeações de professores.— Consultando attendiveis conveniên-
cias do ensino que não deviam ser adiadas, resolveu a junta de professores, depois de
ouvir a expressa declaração verbal de assentimento voluntário, feita de modo formal
pelos professores interessados, em sessão realisada a 23 de janeiro do corrente anno,
solicitar de V. E x . a transferencia desses professores de umas para outras cadeiras.
V. E x . , dignando-se de attender á solicitação do. Conservatório, fez promulgar o
Decreto de 16 de fevereiro seguinte, em virtude do qual. foram transferidos os seguintes
professores :
Demetrio Rivero, da aula de rabeca para a I aula de rudimentos de musica, solfejo
a

collectivo e individual para o sexo feminino.


Henrique Alves de Mesquita, da aula de rudimentos de musica, solfejo collectivo e
individual e noções geraes de canto do sexo masculino, para a aula de trompa e outros
instrumentos de metal.
João Rodrigues Cortes, desta aula para aquella.
Ao mesmo tempo ( 16 de fevereiro de 1889) foi a professora D . Leonor Tolentino
de Castro nomeada para a 2 aula de solfejo collectivo e individual e noções de canto
n

para o sexo feminino, aula creada por Decreto de 29 de dezembro de 1888.


— 17 —

Posteriormente foi nomeado professor interino da aula de rabeca Leocadio Raiol, por
Portaria de 23 de fevereiro do corrente anno.
Aproveitamento dos alumnos.—Posso dizer que o aproveitamento dos alumnos
foi, durante o anno escolar findo, superior alguma cousa ao do anno anterior.
Disciplina escolar.— Durante todo o anno escoiar a que este Relatório se refere, os
alumnos procederam de modo acima de todo o elogio ; os empregados bem cumpriram os
seus deveres; e os professores, excepto um ou outro, que, em circumstancias attendiveis,
não esteve no caso de prestar mais activo serviço, mostraram-se escrupulosos na assi-
duidade das lições eno zelo com que se empenharam no adiantamento dos seus alumnos.
Tudo isso que por mim mesmo observei e que em parte chegou por vezes ao meu
conhecimento por diversos modos, relato com intima satisfação.
Actos do Governo.— P o r aviso de 25 de janeiro do corrente anno, foi vedado aos
professores do Conservatório dar lições particulares retribuídas de modo pecuniário
àquelles dos alumnos que tenham de ser porelles examinados.
Por A v i s o - c i r c u l a r de 16 de janeiro do mesmo anno, foi determinado que a entrega
do subsidiofícaria dependendo da demonstração do emprego do subsidio anterior.
Em cumprimento dessa resolução fiz subir, a 15 de março corrente, o balancete
demonstrativo das despezas do Conservatório, no anno financeiro próximo findo.
Por Aviso de 2 do corrente foi adiado, para depois da abertura das aulas, o encerra-
mento da inscripção para o concurso á aula de canto.
Havendo sido bem succedido nas provas produzidas em concurso, foi, por Decreto
de 10 de novembro de 1888, nomeado professor da I aula de piano, Arnaldo Duarte de
a

Gouvêa, o qual tomou posse a 3 de dezembro subsequente.


P o r Decreto de 1 de fevereiro próximo findo foi nomeado archivista do Conserva-
tório, Domingos Machado da S i l v a , o qual a 14 do mesmo mez tomou posse do logar
que estava vago por haver fallecido José Pereira da S i l v e i r a .
Havendo Alfredo Camarate obtido dispensa do cargo de Inspector do ensino, que
exercia gratuita e interinamente, foi por Decreto de 9 de janeiro do corrente anno
nomeado para aquelle cargo o honrado e distincto professor Augusto P a u l o Duque E s -
trada Meyer, que tomou posse do cargo effectivo a 7 de fevereiro seguinte, sendo, que
nesse cargo já se achava, em exercício interino, desde 27 de novembro do anno anterior.
O acerto dessa nomeação, que merece meus sinceros applausos, será posto em
plena evidencia pelos resultados subsequentes que a marcha do ensino fornecerá em sua
evolução ascendente, impulsionada com prudência e tino pelo esclarecido influxo desse
mui circumspecto e hábil professor.
Deus Guarde a V . E x . — M m . e E x m . S r . Conselheiro D r . Antônio Ferreira
Vianna, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império.
O Director,
Ernesto Gomes Moreira Maia.
PROVÍNCIA DO CEARA'

N . 1 . 7 6 8 . — I Seeção.— Palácio da Presidência, em 3 de maio de 1889.


a

ILLM. E EXM. SR.

No relatório sobre a fome no Ceará em 1888 e 1889, que tive a honra de apresentar
a V. E x . em 17 de a b r i l próximo findo, foram consignadas, acompanhadas dos do-
cumentos comprobatorios, todas as despezas liquidadas e por pagarem-se até a mencionada
data de 17 de a b r i l .
Em cumprimento do aviso sob n . 1.031 de 15 de março do corrente anno, cabe-me,
hoje, o dever de remetter a V. E x . a synopse de iguaes despezas a partir de 17 a 30,
ainda do mesmo mez.
Chamo muito especialmente a attenção de V. E x . para a differença que existe entre
as demonstrações das synopses e aquellas que tenho feito em telegrammas precedendo pe-
didos de autorisação de créditos.
P a r a estes, eu preciso levar em linha de conta todas as despezas effectivamente
pagas pela Thesouraria de Fazenda, todas as outras autorisadas, de que já aquella r e -
partição tem sciencia, e, mais ainda, todas as despezas autorisadas que vão se effe-
ctuando á conta de responsáveis e cuja somma apenas posso presumir mediante v a -
riados elementos de conhecimento no qual vou entrando diariamente.
Nas demonstrações remettidas, em cumprimento do citado aviso de 15 de março,
outro ê o processo. Nellas apenas figuram as despezas pagas pela Thesouraria de F a -
zenda ou de que já possue esta documentos, á espera de créditos para serem definitiva-
mente realisadas.
Nas demonstrações das synopses, careço usar de rigorosa precisão nos algarismos.
Nos pedidos de créditos tenho de jogar com os cálculos de probabilidades, no que nenhum
inconveniente ha, desde que, no caso de excesso, passam os saldos, como tenho ordenado,
para periodos subsequentes, e, no de insufficiencia, o que ainda não se deu, aguardarei
novas autorisações d e V . E x .
Devo ainda observar outra diferença oatre o total do valor dos-gonoros alimentícios,
em deposito, quo figuram na synopso, o aquollo a quo mo referi em meu tologramma do
30 de abril, pedindo novo credito. A synopso dá a som ma do trinta contos duzentos o
quatro m i l duzentos e oitenta e cinco réis ( 3 0 : 2 0 l $ 2 S 5 ), ao passo que o telegramma
diz haver ella se elevado a mais de cer.to e cincoenta contos de réis ( 150:000$ú00 ).
A diíFerença explica-se por motivos resultantes da diversa natureza das despezas.
Com effeito, na synopso são apenas incluídos os gêneros recolhidos ao deposito, de
cuja acquisição já a Thesouraria do Fazenda possue documentos necessários para o respe-
ctivo pagamento, emquanto que, na demonstração de créditos pedidos, tenho de fazer entrar
todas as compras feitas, ainda quando os pagamentos não hajam sido ordenados ou os
gêneros não tenham sido entregues.
A synopso de 17 a 30 de abril vai ainda acompanhada da competente demonstração
correlativa, em original, organisada pela Thesouraria de Fazenda.

Deus Guarde a V . E x .

IUm. o E x m . S r . Conselheiro Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do I m -


pério.— A. C. da Silva Prado.

N . I . 3 S 3 . — V Secção. — Palácio da Presidência, em 12 de maio de 1SS9.

ILLM. E EXM. SR.

Já V. E x . tem sciencia, pelos documentos remettidos com os meus officios de 17 de


abril e 30 do corrente, do modo por que hei organisado as demonstrações de despezas
feitas nesta província em conseqüência da secca.
Tenho a honra de remetter agora, acompanhando a este, mais dous documentos :
1. ° Quadro demonstrativo da emigração official dos fugitivos da secca, no período
de 19 de setembro do anno passado a 30 de abril ultimo :
2. ° Relatório das obras publicas de sDccorro, a cargo do engenheiro Ernesto
Antônio Lassanco Cunha.
Quanto ao quadro da emigração, dá idèa completa e exacta do movimento operado
ate 30 de a b r i l .
Quanto ao relatório, foi tomado entre outros existentes na Secretaria da Presidência
para evidenciar a possibilidade de ordem e methodo entre despezas de caracter urgente
e avultado, no quo, todavia, nada mais fiz do que obedecer ás ordens de V. E x .

Deus Guarde a V . E x .

I l l m . e E x m . S r . Ministro c Secretario de Estado dos Negócios do Império.—


A. C. da Silva Prado.
N. 1 — Demonstração das flsrea reiltoda p;la TSissonrarla te Fazenda io Oari e antorlsadu pela resnectln Pnsldenel3, lo 1* 4e
M 1 1 7 de abril de 1889. w conta do cralito aberto ao Ministério do Império Delo Decreto n.10.181 do 9 de íeratlm
do wsm anno, oraniali ea cBijrimato :o oií:io do Eim. Sr. P r s i t e da Provlnüa, de 3 do corrente ms. BD L 1327

1HHO PESSOAL

J A N E IP. O Importância pa::a ao ::iiar<h-livros J a estrada do f-rro


uo So! ral, WiltehalAo l*.nl:lli.i, para acompanhar;
emigrantes.
D i t a abona ia a e.T.pregadi-s da Secreiaria da Presi-
dencia pur serviço, e i i r a j r d : i i a r : o i 030$000

MATERIAL

Importância cr.iroe-.io ao co.-nrr.andar.to do transporte


l'urús. p.ira <»c. orrer ao municiatnctito dos e m i -
-

grantes embarcados no mesmo transporte 10:000$-"-00 10:030?000


PESSOAL

FEVER.EIP.0 Importância abonada ao 2" escriplurario do T h e s o u n


P r o v i n c i a l . F r a n c i s c o José T e i x e i r a P i n t o , p>r ser-
viços etetraor linnrios prestados á oi:iÍL.'ra,\U> 1

D i t a paga ao pessoal empregado na h--sjie(!a,r:a de"


emi-rranles. ver.cim-p.tos do mez d.' janeiro u l t i m o . '
Ajuda do custo paga a div-rs-.s para acompanharem;
'emigrantes -, OÕOÍOCO
Importância papa ao ajudante do director c ao atixi-j
l i a r das obras da construcção do um açude na v i l l a
do Acarape M3$000 2:0635000
MATERIAL

Importância paga a Boris Frères. proveniente de trans-


missão de teléjran:n-.as
D i t a idem a A::tj.::o tiezer: .! de M--::e.:e*. prove.::e::te
1

de despezas feitas com embarque de emigrantes I


Dita idem a diversos, proveniente de movei*, iiterssis|
e outros objectos fornecidos á bospedaria de e : r . i - :

grantes '. i
D i t a idem idem. de fretes do navios p a r a cor.ducçãoi
de emigrantes '
D i t a idem idera pelo fornecimento de viveres para;
emigrantes embarcados no vapor Uva i
D i t a entregue ao engenheiro A r t h u r de A l e n c a r A r a - '
rioe para nroceder~a estudos e reparos na estrada dei
Ijãurité a" Pendência 13:0005000
Dita idem ao •-hesourciro da estrada d-' ferro do-
Baturité. Ji'sé Ar.tor.io M o r e i r a da R--c:ia. para ser
appiicada ás obras de cur.itruitção de açudese i r r i -
gàção na v i l l a dó Acarap-' 12:0005000
Dita paga a div-TSos, prov 'tii-nto de fa-en-ias forne-
cida-; para distribtuçào a emigrantes e operários!
empregados r.o açud" <la Impera-rir. !
D i t a ' i d e m a B o r i - r r é r e - . proveniente do forr.cci-j
:::cnto de sementes para d i . t r i b lição a lavradores... !
Dita entrc.-ue i corr.rni'-ão do a ç u d : de S. M ; g ; e l para-
ser appiica la á= respectivas obras
D i t a i j e m á c immissáo das o b r a i de estradas entre
Soura c Sobral
D i t a idem i. das obras d.is açudes em Imneraíriz c
Rajada .' :000$000
D i t a :dcm i d a s obras do açude de Ipueiras :0005000
D i t a m a n d a d a pitrnr aT gerente da t y p - ^ r a p h i a do
Libcrtr.do- pela imprensa) de instrucções c talões
para a hospedaria de omigraitles 81S120
D i t a para a Antônio Gonçalves da Ji;.s'a& f o m p . . p r o -
veniente de fardadas (jue forneceram para distribuição
a operários orr. pregadas tias i.bras da v i l l a d " -S. K r a n -
cisc i o I r a p e r a l r ü . «endo com os d a 1» 520J750 e
com os da 2» ií:239$200 2:753-5950
D i t a n a n lada " i r r e g a r á commissao do a ç u d de 1

S. Miguel para oecorrer ás dcs.iczas com as respe-


ctivas obras 15:000$0O0 124:õ69$r>59 127:232*509

I37:862$559
— 6 —

Tr&naporte. 137:882$550
I S S O
PESSOAL

MARÇO Importância paga ao pessoal empregado na hospe-


d a r i a de emigrantes, vencimentos do itiez de teve-
reiro anterior <W1$42S
Ajuda de cu<tu paira a diversos p a r a acompanharem
emi-trantes SOO.-5'.-.OO
Importância paga ao ajudante do direcio-r das obras
ifé c.mstrucçáò'dc ur:i açudo :ia vüla do A c a r a p . . . .1 230JOOO
Dita entregue ao capitão do ivrpo du p d i e i a Anto-
:iio do V a s c o n c e l o s . proveniente de despezas que
fez co:n a cundu.-ção de dinheiro SOJúOÜ
Dita paira ao D r . E v e r a l d m o Cícero de M i r a n d a ,
gratificação pela com missão que sejiiiu a desem-
penhar em Batnrité iõOAOOD 2:251$02S

MATERIAL

Impirtancia paga a Antônio dos Santos Mello, pr-


veiiieute de 'despezas feitas cora embarque de e m i -
grantes 93.5OOO
Dita idem a João Antônio do A m a r a l ei F i l h o , prove-
niente do ferramentas e outros objectos for.iocidos
para as obras cb aç';de de S. Miguel •197?0G0
D i t a idem a Pompèo èc Irmão, de fazendas que f o n e
ceram para distribuiçã.) a operários empregados em
obras publicas S00Í00Ü
Dita entregue ao tltcs;<ure:ro da o s T i i d a de f e r r i de
Baturité."j >sé Antônio Moreira da Rocha, para ser
applict>da ás obras do açude do A c a r a n e e " e - l r a d a
de Pacatuba ." 12:000.5000
Dita idem ao engenheiro Tristão Frar.kün de Alencar
p a r a o c o r r e r ' a s despezas com estudos o constrttcção
de obras cm Acarahü e S a r . f A n n a 0:0005000
Dita paira a diverso-, peio frete de navios para
c,mdu<X'ão dc orni-rantes fõ:.>MP?õ00
Dita entr-gue a Aurélio Oaspar iie Oliveira, alim de
a p p h c a r à s obras do ater.- < da lagoa P a j ^ s s i r a 500=000
Dita idc:n ao engenheiro T h c x l o r o ü r a n g e r Costa
L i m a . para ser a'Dp'.icada á construcção de um açudo
na povoaçãi da C a r i d a d e 0:0005000
Dita idem a i engenheiro Artmir de A l e n c a r A r i i r i p - ,
para oceorrer ásdespezas com as obras de estradas b:n
10:0005000
Dita idem ao major reforma Io Alfredo da Costa \Ye;.?.p.
para pr >coder aos estudos de uma estrada do T r a i u r y
a Trincbeiras ". 5:000$000
Dita p a g a a João Antônio do A m a r a i A F i l h o , prove-
niente de ferramentas que forneceram para as obra ; 1

da estrada da Imperatriz ao iliacho da Sclla i:0r>?.$300


Dita entregue ao i:.spec:or do telographo. José J o a -
quim de Oliveira, para ser applicada á c o n s t r u ç ã o
f!» agiadas em Pirar.™;.- 1:5005000
Dita idem ao !->..'cnhe:rõ Gu=tavo Ad'dp'ao -iWrfbain.
p . i r a a construcção de diversas o b r a s r.o m:i:::cioio de
Sobrai .' 10:0005000
Dita idem a Pauio Jcsé R o d r i - a e s . idem idem no de
Acanha .' 10:000*00-;
D i t a rJem ao engenheiro A ' i ^ u - i o T e i x e i r a Coimbra,
p . i r a oceorrer :is despezas com o a b a r r a c a n e n t " ie
emigrantes n a Jncarècaiiira :ot'5o:'0
Dita paira a Bons Frères. proveniente do s - n e n l e s n:;e
forneceram pura disribuição a lavradores em i l i -
v r = o s municípios ii:72350M
Dita m a n c a d a entregar ,-.o engenheiro K n i e - t > A--.t->ni->
Lassancc Cunha, para as despezas com uma cacimba
e um tanque cm Jcreraha i:000*000 125:297.5100 127:54S$1SS

P:;SSOAL

Importância entregue ao engenheiro J. Eslacio de


Iiiir.a Brandão, q.;e serue a e x a m i n a r as i>br:'S p u -
blicas no norte ria província
500ÇOOO
Dita paga .11 pe=s al empregado na hospedaria deeim.
grantes. vencimentos d o m c z d o m-jr;o ultimo 1:2015012

1:7015012 265:410$747
ISSO
Transporte 1:701$612

AIIP.II. Importância paga a diversos, p.da conducção de d i -


nhoiro de.ila cidade para diverso» ponu-s da pro-
víncia 2O0J00O
Dita idem ao engenheiro Adolpho Ucrhsier, gratiiieaçúo
como encarregado de diversas obras nos municípios
da capital, Soure o Aquiraz 1:0005000
Dita idem ao engenheiro Augusto Teixeira Coimbra,
vencimentos adiamados como encarregado das obras
do Aracaty e S. Bernardo 1:5005000
Dita idom ao engenheiro João Fernandes da Silva,
ajuda de custo como ajudante do encarregado das
obras do Aracaty e S. l$:rnardo 2SÜ500O
Dita mandada pagar ao auxiliar das obras em Urubu-
retama. Balduiuo liamos de -Medeiros, vencimentos
de janeiro ultimo 120$000 4:3015612

MATERIAL

Importância entregue ao engenhe iro encarrerado das


obras de estradas em Bali;i'é 50:0005000
Dita idem a Aurélio Gaspar de Oliveira, para a 5

obras do aterro da lagoa Pajiissá-a 5005000


Dita idem ao amanuense do Thesouro Provincial
Francisco Ferreira Pimentel, pura pagamento dos
írabalh id--res empregados no deposito de viveres
desta capital •5OO5OOO
Dita paira a Pompeu cc Irmão, proveniente de fazendas
que forneceram para distribuição a operários no
Riacho da Sella e S. Mitruel 2:ô3S$000
Dita idem aos mesmos idera idem para a hospedaria
de cmiirrautes 2:5SO$000
Dita entregue ao thesoureiro da estrada de ferro de
BaturitcC José Anionio Moreira da Rocha, para oc-
eorrer ;'is despezas com diversas obras a cargo do
respectivo director íò:OC0$O00
Dita idem a Joaquim Norueira de Freitas Sobrinho,
para as despezas com as obras em via do execução
na villa da"Pacatuba 8:0005000
Dita idem a Raymundo Pinheiro de Mello, para ser
applicada ás "despezas com as obras na villa da
Cachoeira • 3:0005000,
Dita mandada pagar a João Antônio do A m a r a l «
Filho, proveniente de ferramentas que forneceram
para as obras de estradas em Batunté 5:6í0$250
Dita idem a Antônio Gonçalves da Justa & Corr.p..
pelo fornecimento de fazendas á hospedaria de
emitrrantes 540$3õ0
Dita idem a Francisco José dos Santos Lcssa, pira]
ocrorrer ás despezas com as obras no Riacho daSella.j 40:0005000
Dita idem a Joaquim José de Oliveira ciComp.. pro-i
veniento de oojectos de oscripfrio fornecidos i :

commissão de estradas de Batunté I 19SS4Ô0


Dita idem a Raymundo de Paula. Lima, pela impressão!
de portarias para serviço do emigração 175*000
Dita idem ao gerente da companhia do gaz, prove-
niente de alcatrão quo forneceu para a hospedaria
de emigrantes 91S5O0
Dita pa~a a Barroso & Irmão, pelo fornecimento de'
fazendas á mesma hospedaria 3:011$120
Dita idem a Simões 6Í Irmão, proveniente de xarquo
fornecido para os operários empregados nas obras
em Acarahu • 2:721§370
Dita mandada pagar a Joaquim José de Oliveira <&
Comp., proveniente de objectos de expediente forne-
cidos á commissão do açude da Caridade 101$220
Diia mandada entregar a commissão das obras do
açudo de S. Miguel 20:0005000
Dita idem idem da P„ajada 80:0005000
Dita idem a João Antônio do Amaral cc Filho, prove-
niente de ferramentas fornecidas para as obras do
açude de S. Francisco .....! 1:3925800
Dita idem aos mesmos idem para as obras do P.iacho
daSolla 5705000

237:7505770 4:8015612 265:4105747


— 8 -

ISSO
Transporte. 23T:750.?77u 4:S01?tU2 205:410t717

AllRIL mporiancia mandada pagar a João A n M U i i i vt>>


A m a r a l Cs F i l i i . ' , proveiiinil.- dr fcr.nmenias forne-
cidas para as obras de açudo-, em >anl'An:'.a o
Aeai-ahii 1:022*J0Ú
Dita idem :.! -m a is I:IO<::IO<. i-iem, v.ara diversas obrai
.!<; açudes da Carida.lo e S. Mr.-i.-l 2:l'.VJ$lüJ
Dita idem aos mesmo-;, pelo fornecimento de uma
bo:::ba á h-'.s-.'ed.iria de cms/ranles •12S$:.U
Dita. idem a Joaquim Josc de O l i v e i r a cs Ci):n|>.. pro-
veniente dc objectos de expedi-.-!:'.-• ]).ira t.s obras do
Ac.irahú • io?$coa
D::a idem a Vicei: to Alves do Oliveira, _ prove-
niei-.t-- de carne verde q-:e :'ornc:eu á hospedaria de
emigrantes j 3M0A5200
Dita man.la ia entregar ao engenheiro Aigu.sto T e : x - i r a |
Coimbra, nara '-cerrei- ás despesas c,:-m as obra.se::-.
Araoatv e S. ü e r n a r d ) | Õ:00('?o0o
iDita mandada pagar a Unymiiudo de P a u l a L i m a . '
pela i::ip:e-sã-> de portaria- para pas~ag-ns de . - : : : i - ;

L'ra:iíes I
D:'ia idem a Manoel L-.yo. pr .v»»r.i<-:ite dc \arque
com p:\ol • e '.•••colhido ao depo-dto do vivcrcs co.nj
.lestia.) a d:v--rsa- oi ra-i Sl:r>'J7?S:.-0
Dita alem a João da Costa Basto* cs F i l a >?. ide : i |
ide::; ide :i ' 2:"2õ?0:-0
D:'.a : tem a João Aato-'.:o .lo A m a r a : cs F i l h o , prjve-1
n e n e d e r a p a l u r a s i.i.'::: i-i-m i d - m 2ÜIJ$.-0.-
Dita idem a João M.iaocl .!:>. F o n s o - a . proveniente de!
viveres e diversos objectos que forneceu á hospedaria,
do omi.-rar.tes j D: 30053 Io
Dita idem a Jo-é Domingies. irmão cs C o m p . . prove-'
I n i e n c de objectos de exp -diento fora 'cid s ã seoçãoj
! da Secretaria da Presidência encarregada dos i r a - '
j bnihos da s.-cca • 0315S00
Dita i icm a rre-s > ei Irmão, proveniente de f a z - r . l a - •
I que forneceram liara distribuição a oacrarivS e:n
j S. Mi-.ncl ." '. j •1SS5M0
p i t a idem a J-.so Dominirucs oi Comp.. proveniente de
| fazendas í rr.ecidas ã hospedaria de emL-rat-.tes I 4?Ci$050
' D i : a p-iga a H - T . r i Lunlgre:-. oi Comp.. pela ven-ia de,.
I fariana para ser appücuda :'. >occorr->» p -blicos ' -13:5005000
!Dita idem' a Ar.tíiiio Go:v;alvos da J::s:a & Comp..j
proveniente d.- fazenda* f-..-r::eci Jas para distrin dção'
a operárias no Riacho da S e : ! a . . . t ! 2:1175010
Dita Ide::: á Santa Ca«a de Misericórdia, proveniente
de mcdicamer.t-s o d:e'as fornecida* a c m i g r a n i - s . , i:G:Sí37r>j
, Dita id 'ui aos ag--nies da compa u::i P e r : a m b u c a - a
I p:-!)tra sport-- de g-c-.er.-s ia capital p ira o A r a r a t y . S1?4Õ'--';
JDita idem a 13.05 Frères. pr>v-".:-nte • .sem r.tc-s q :••!
| f o m - c e r u m para d:s'.rib;::;ã.> g r - t ::'.n 20:-14Sí3i-J
i D i l a idem a.,-s agentes da companhia P e r n a m b u c a n a . !
1 nroveniente de oassager.s a eiiittrratiíes do Aracatv d.
I capital ' "...! 4:1225Ò0J!
; Dita idem aos mesmas, pelo fretamento de vapores para
I co:id-;c;ão de emigrantes ......' ! 12:5005000:
|Dita mandada pagar a-i:s mesrn.s. pelas despezas o m .
1 embarque d.; '-migrantes '. ' I 7S5000
I Dita Idem ae-s agentes da c -mpai-hia iVraantuticana,.
I pe'.-; ira:is:> ,-rlo por mar de goseres. da capital para
. d;v'r.s}= pjní.-s '.
jDita idem ã Po=sidoni-> Porto cs C>mp., proveniente
de sem-?n;:s n:e forneceram para distribuição trra- 42S$C-:)0
t-jita '.
iDita idem a João Antônio d i A m a r a l ei F i l h o , prove-
niente :o ferramentas que íorno:eram para as obras
da lagoa P o r a n i a b a . . . ' . ' ;
Dita idem a A n tomo dos Santos M c ' . l i . proveniente de !

despejas que com a conducção (.0 gcncrf.s •:Io• 13C5400.


Mundahü para diversos pontos ^ • 1:75350'»'
Dita iden: a Cunba cs i r m ã 3 , prov-mi-mt*- d » de-p-- z.!si ,

feitas <-o:n o tran-porte d- emirrantes (io Arácatv'


1

para a c.-.pital ". ioa5-KO


p i t a idem aos mesmos, proveniente de sementes que'
I :..rr.ece.-am para distribuição cratuita ' 1
i:00450001
i 1
334: G 14$4W! -í: 60150121205:410*74
- Ü -

Transporto 3SI:t;il$4'JG i:S01sòl; 335:4104747

Imp irlap.cia entregue ao encarregado do d.'p>sito de


gener.s do Governo, Francisco Ferreira Pimento!,
para oreorrer ás despezas com o transporto de gê-
neros daquolle deposito 2:YÓO?000
Dita mandada pagar a Forrest 15. Englcsh, prove-
niente d,; tiesentas suecas com feijão quo forneceu
para o deposito de gêneros do Governo 1:7O2V101
Dita idem a João Xavier de Góes, proveniente do tra-
I Italhosquc executou no edilicio occupado pelos emi-
I grant.s '. lõò}5l0
jDita idem a Singleliurnl ói Cor.tp., proveniente de ge-
| neros vendid :s c recolhidos ao deposito de gêneros
d ) Governo, a saber:

'Xarque 17:014$1ÍU
iKariuha 3á:71üí000
' Feijão 3:237$4iiJ
i 5c'liMíO

ÍDila idem a Francisco Xicacio de Moraes, proveniente


do aluguel de animaes liara conducção de dinheiro..
;Dita idem a S. It. Cunha éi Comp., proveniente de
sementes quo forneceram para diversas localidades. 1:2005730
Dita idem a Costa, Lima oi Irmão, proveniente d
! sementes idem idem 57S-sl00
;
Dita idem a Manoel Loyo, proveniente de xarque que
( vendeu para ser appücado a soccorros publicjs... 19:90;<ü00
Dita idem a João Manoel da Fonseca, proveniente de
i vivcres fornecidos á hospedaria de emigrantes no
i mcz de março findo 9:5S1S143
Dita idem ao mesmo, pelo fornecimento do ob-
jectos de expediente e diversos utensílios idem idem., 4DÚÍ9C0
Dita idem a Vicente Alves de Oliveira, prove-
niente de carne verde idem idem , 3:3705-100
jDita idem a Barroso 0c Irmão, proveniente dos
| seg.iintes gêneros remcttidos para o Acarahú, a saber:

'Xarque 1:530=400
Arroz 5:920*000
farinha 12:390>?0S0 19:9405180 505:ò5S$935 510:4u0$597

:s7K3li

Contadoria da Thesou •aria de Fazenda do Ceará. de abril ISo".».— Serv


.iugtisto Lima.

Secca do C e n n i
N. 2 —I)omi)iisti'íii;{T() das dospozas realizadas pólos cofres provinciaos com diversas obras do soecorro publico, no
porindo do 2'.\ do junlio do Í8HS alo" esta data

isca
.S 3,.: IHISI'-,HVAÇOI;S

f M
q BS
r. •,. 13 S K

1'IMXI.II II'I:IIIIÍI'<) U'J}.Í:J:Í :>1Í4'XX) :i:;<di*(xxj 3i7UJ$"i00 a.-xilTjOii A r u b r i c a — l)<">mzi nüu c l i i w f l c a d n —


n > j i r c S ' ' i i M s a l d o u o : n p ' i d « r d e rfi«p'ixi-
Mini o[ii)!'ari i i7:'.)iiiij lio :.7: W<IOÜ ÜS:ii\\<2(X) I:7I!:I.?00D l:lMijUX> dJiOT.ty.w) l:00.'í'(W i i7;:>lft5. W>
,
muniu, ouj"S i|gruinanl'ii ui« f u r » ' n
n i m l i i i > i i v m i l ' i H H ' i ' J l i u i u u r n p u r a <!<•-
Matnrinl •i.-w:..?.!!» I:Õ W Í . I S 2:i'i:i:.iJ'>;iO :I:K~OJ'IKO v i - l A l i i j u i - l n v i i >.

1>,H|>.U;H m i n < h M i i k . T d n s . , , . S'J7I) r, ,7$ iOO MOJOOO :i::>oojO!xi ."I;:I')^S.IO:Í

:II):HIJ$ J J7 •|.):c).H'*iyS
, ,
I.):7:IIJ:I;>I) •i;iitK$vM a.-:fi'.'3i00 v.riO.-?.soo I1I]:Ü7K.$.'I:IO liBHfjüO J::*0,'000

Z U g O A T > X T T J I i A Ç ü.<

r(iN«rin.((,Ão i<
,

IIS LI.'IIOS lilVKItKH» I'ilNKYIICfVAil h i ; A f l l l l l "I A i i l . ' A I 1 \ K I! ( A l I M I U H M K M K I I l A M K N T M I t III'. K R T I I A U A S I1KPAI1ACÃO M i I i l I P J A N TOTAL Ui:H'IMÍW
1IK I K I I I M I K M

I.10:IH>29U7!< 8:31U$I00 G7:tií'l3IDO SQO-.O-AV&H

Tlicsoiiri) Provincial do (JuarA, lodo nliril <lu lsvj.— O Iii»|H!cliir, i-Vuiicliiii Vvrtlllro ifci /ioc/m f.'ui/ij)Wío.—Vislo — o .Svcnlnri» do (liivtriiu, llmjnwmtlu rf« l'ariat fíriio,
N. 3—Qutulro numérico do poasoal omprogodo nas (liílbronton obras do soecorro publico, cujas despozas corroranl
por conta dos cofres provinciaes

a
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DATAS

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12 1W 170 1 I 8". 87 I .OU) l.OsS l.fi9


Agosto 812 i.tfl
1 ls 11M 217 2i :H 712 7'JI
S«tainbro...
0 St «71 40 -\'J IKK) W.i Ml 317 • Ml
Outubro.... not 7IW K*7 1)1 140 2.911
Novsmbro,, 11 21 aio 311
42 9*7 i.OIS SM
MU 10 14 J.H6
Daiambro.. 14 2Ó 719 37 OM 1.001 592 02»
793

ISSO

7 VI •17 31 9<l 1.0.VJ 4(14 I9il mi 200 (13 1.310 1.37'.l ii 10 Í.9U
Jmalro S2 71(1 I.S35
21 731 7i") 31 20 931 Mil 312 7H 710
Vavaralro,,, 1.3,0
Marco 7.SI M12 8o 17 91(1 9W 1.322

TÍ3 122 ~ 9 2 3 4. IV) 23'J O.JÍI OiSio 1J<1 2.201 2.337 24 2.331 "ãTíõí 102 IO-> O.OOJ III 100 10 IV 10 W.OI8

f Fariat Brtlô.
T h a s a u r o P r o v i n c i a l d o C a i r á , 1 8 d * A b r i l d a 1 8 8 9 . - 0 I n i p a a t o r , ÍVPIICIJW Cci-dtii-a ria fíoeha f a n i j i í l l o . — V l i l o — O S a c r a t i r i o do O o v a r n o , J?aymiiiii(o At
- 12 —

N. 4 — Quadro demonstrativo das despezas realizadas por coma do listado em


soccorros ilirectos e indirectos ás victimas da secca no exercício de 1888

NATIT.KZ.Y APPL1CAÇÃO
PESSOAL MATERIAL TOTAL OBSERVAÇÃO
DO SOCCORRO D.V UESPEZA

Dirccto Emigração (5.191 pas-


sagens) $ 11Õ:S.>55950 Xo calculo das passagens
Itidirccto Prolongamento tia fez-se a deduecão de 10;;,
estrada de ferro de correspondente actrans-
B.v.unté 97:0235007 10:3155403 113:9976470 port.- dos menores de
uni anno.
229: «35420

Secretaria do Governo do Ceará, 10 de abril de 1SS9. — O l cscript;rario da Thesouraria de Pernambuco,


3

Jcc (!->.ncs d-.: Silra.— Visto — O Secretario do Governo, Jlaymumlo dc Farias Ilriio.
N. 5—Qiiailro iloinonstrativo da emigração dos Higilivos da secca, a datai' de 10 do setembro do 1888 a 13 de abril do 1889
1'HOVINCIAS I)H DIWTINO TOTAIi

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DATA DA SAIIIDA
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A r r o l a r i a <lo O o v o r n o <lo Co»rA, li) do n b r l l <ln ISSO.—O f o g o r l n t i i r i t r l o ilix T h a i o i i r n r l n da P o r n . v n l m c o , Joii doma tia Silva.—Vialo— O Secrotftflo do ( t o v e r n n , Itajmunioii Fartai Urilo,
N. 6.—Demonstração das despezas realizadas e autorisadas pela presidência, á vista de concessões de créditos do Ministério do Impef
EMIGRAÇÃO IRRIGAÇÃO, AÇUDES, C A C I M B A S E A G U A D A S

TRANSPORTES MARÍTIMOS T R A T A M E N T O MEDICO* E N T R E G U E KM DLNIllilIlO 1! E W E I T O S AOS RESPONSÁVEIS COMPKTH.VTK»


I!0S1»E3AR!A G E R A L N A C A P I T A L
DESPEZA
NATUREZA DA DESPEZA TOTAL
TOTAL
Alimen- Gratificação Bi
4 - Impera- Pirar.gi,
Moveis Passagens Cachoeira iP<
a Knferaia- Vac- S. Bernardo
A<:ir:inLs- tação 0
empregados Poraa- Nativi- S.Fran-
Rn-jpa ti Total despezas
que acom-
Total
rias cinação
Tota! Acarape Caridade triz S. Migue: I poeiras Pajussira Moreira,
das Russas
Aracaty Cachoeira G o r c r a h í l Papára do seus
Iracüo dos e:ni- de gaba dade cisco !coi
panharam e Rajada Ma::meiro
utensílios e:r.barque emigrantes Jaguaxibc
grastes kilo

2:21t$42S' J4:03C¥>20 4:0S0$0O0 5S.106J520 1:Ô1S»375 ibO$0O0 1:768*375 100:907$7SO 6933O0O 27:76l}2ü0 l:7SO$000 30:237*200
1 Pessoal 2:2U$4SS
! Material "'áiijósò 9J1J080 's'36ÕÍJSü "'497ÍÕOÒ ""SÍS4ÍÕ Í:3Ô2ÍSÒÜ 'Í3uJ4üÒ 4:468J030 "•5
2$:ÒÓ0$ÒóÒ' g7:0üOjjfl00 2Ó:ÓÒõ(Òòú 30:000*000 Õ!ÕõÕ$0Ôü 'ÜÒÕójÕÓÓ 'ÍIDÓCJÓÓÒ S:000?000 "3TÕÕÕSÕ0Ô Í:ÓÓÔjÓ00 120:500*000 103
: Diaheiro c:n poder de r e s p o n s á v e i s .
3Ó:35SÜ5Í 17:9i&*l54 ' ' i s ! : Í 7 $ j 2 9 Í 4 : 2 7 3 í 3 1 4 19.379)049 SO:2SS*54õ 12
j Gcaeros aürrieaticios idem
7:M1»728
-
2:239Í2Óò "'4SS594Ò 2:72S»H0
I Roupas ii--.? 1

1 1
| Sorsroas 2:21t^i2S 30:3ÕS$OJÍ 7:5il$725 9õl$03O «:032»S85J >1:083|J20 V030$0O0 53:10SÍJ20 '• l:5iS$37õ 150JOOO i:TõS*375 100:967$7SO 4ò:609$lM 29:3005320 5O:O03$-4O0 3 5 •930*000 5:000$0ú0 l:00ü$000 l:õ005000 20M975S29jí9:3Jürrôi 22:3793019 1:OOOJOOO l:392?SO0; 136JÍ00 244:220|016 121
1

Reeapitulação

IRRIGAÇÃO,
AÇUDES, ESTRADAS OBRAS
EMIGRAÇÃO
CACIMBAS E PUBLICAS DIVERSAS
AGUADAS

100:9G7*.7SO 2W:220$013 309:798f71S G:069$0O0

Secretaria do governo do C e a r á , 10 dc a b r i l de 1SS9. — O 1° oscripturario da T h e s o u r a r i a do Pernambuco, Jaii Gema da Silva.

Pag. 14
íinisterio do Império, mandadas eseripturar à conta do credito extraordinário do decreto n. 10.181 de 9 de fevereiro do corrente anno
E S T R A D A S P U B L I C A S , AÇUDES, A G U A D A S E P E Q U E N A S O B R A S D I V E R S A S DIVERSAS DESPEZAS GÊNEROS ALIMENTÍCIOS

CUSTEIO
KNTIUiCUR KM D I M I K I B O K INTUITOS AOS KKSI'0>'SVVKIS COMPKTKNTK3 DO KII DItrOSITO ESI V I A G B U * O S D E M N O I \ ) H 7 0 T O T . I E S
K S T U D O S TOTAL G E R A L
TOT.VI. TOTAIj
D ! S - DEPOSITO DESIGNAÇÃO
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Cachoeira â P e n d ê n c i a d Sobral Trahi.-y 1'acatuba D I V K R S A K TOTAL
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N a t i v i - S. F r a n - c ao Eni E::i Ein I>K GÊNEROS cj .2 c 15 'jk
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Recapitulação

GÊNEROS
ESTRADA? OBRAS ALIMENTÍCIOS
3 PUBLICAS DIVERSAS E TOTAL

SEMENTES

309:79S$71S G:039$-J00 U4:S15$230 775:S7t$3í't

V i s t o — O Secretario do G o r e r a o , jZaymwtdo ié Farias Brito.


— 11) -

Era preciso 110 projecto attender às necessidades da oocusiao : a questão vital, a do


soeconvr o i » o salário ao maior numero possível tio trabalhadores, o quo punha do lado
a cons-.rucçfio da parede do alvenaria do pedra, proferindo adoptar a de argila, em cuja
consinicçü.) pudoria ser uülisado numero considerável do braços, sem que, todavia,
fossem pivjudioadas as condições de OitabuIJado da obra, uma vez observados os preceitos
scioii líricos.
Em face do exposto e para corresponder às visias do Governo, resolvi adoptar a
parede do arjila, eo:u as seguintes condições tcchnicas:

Altura 15 ,00!íl

Seoçã:) transversal da base 75 ,00


m

» » plataforma 3,50
» longitudinal » » 22-l",00
,

Talude a montante 3 ,10


m

» » jusante 2, 10 ra

Na parte central da parede existe unia seeção impermeável '. pudtlle wall), com dous
metros de base. clevarulo-se atéà plataforma com o taludo de 12 , 10.
:u

O talude de montante è revestido de alvenaria de pedra rejuntada a cimento. De


cada lado da parede e a um metro abaixo da plataforma estavam projectados os sangra-
douros, que deviam ser construídos de alvenaria do podra com 30™,00 de seeção de vasão
cada um, ou GO-,00 de seeção de vasio xotai, que representa o triplo da seeção de vasüo
do rio.
Para as irrigações estavam proje;tados syphões de ferro cora cinco pollegadas de diâ-
metro, coilocados em diversas alturas: estes syphões são em numero de sete, passando por
ambos os lados da parede em pequenas câmaras construídas de alvenaria e funecionando
por meio cie válvulas.
A construcção acima foi orçada na quantia do 03:873^200.
Apresentando a V. E x . o projeto c orçamento, dignou-se V. E x . approval-os e
ordenar a construcção da obra, iniciando-se os trabalhos no dia 6 de janeiro ultimo.
Uma voz encetadas as obras, entendi conveniente dar maior latitude ao estudo do
terreno, prolongando os nivelamentos e as secções transversaes.
Em boa hora o fiz, pois reconheci que, duplicando a altura da parede, importava em
dar augmento considerável ao volume de agua reprozada, qual o de 50.000.000 de
metros cúbicos.
Considerando que a secca prolongava-se e quo o povo então oecupado no Acarape,
uma vez concluídas estas obras, teria de ser transferido para outras e que, por conse-
guinte, mais conviria não deslocal-o dando maior proporção às obras:
Considerando ainda que urna voz reprezados 50.000.000 de metros cúbicos de agua
ficaria, para sempre, o vallc do Acarape preservado dos rigores da secca, e ainda mais
que os terrenos beneficiados polas irrigações centuplicariam de valor :
Considerando, finalmente, que as vantagens expandidas bem compensavam o au-
gmento do orçamento, resolvi modificar, com acquiescencia de V. E x . , o projecto primi-
tivo, dando ;i parede do ropreza 30'",00 do altura, o quo importa a modiiieação das
primitivas condições technicas para as quo se seguem:

Altura da paivl- 30°.00


Seeção transversal da base 150"',00
> > » plataforma G ",00
:

» longitudinal » » 3SG ,()0 B

Talude a montante 3 ',10


n

> » jusante 2 , 10 a

Orçamento 134:903$000

CONSTRUCÇÃO

Como disse acima, os trabalhos de construcção foram encetados no dia 6 de janeiro,


sendo nesse dia alistados 300 trabalhadores c com estes procedeu-se aos trabalhos de ro-
çado e destocamento o à construcção dos abarracamentos.
ROÇADO E D E S T O C A M E N T O — A área a roçar e des tocar foi de •í.000 , importando

este serviço na quantia de U60$000 correspondente ao custo de $240 por unidade d.>
trabalho.
A B A R R A C A M E N T O P A R A OS T R A B A L H A D O R E S
— Para abrigo dos trabalhadora mandei
construir 360 casas de palha com a superâcie de 22" cada uma, importando o seu
::

custo total cm 7:200$ ou 20$ por unidade.


Estas casas, como V. E x . viu, estão divididas em quatro abarracamentos de 90 casas
cada um. O asseio e mais cuidados hygienicos observados n.-si.-* abarracamentos,
diariamente inspeccionados pelo coaductor das obras, tC-m produzia) os mais benericos
resultados, c disto dão attestado as excellentes condições sanitárias da ^uella localidade,
a despeito da insalubridade do clima daquella zona.
CAVAS i>ARA FDNDAÇÕSS — Para o estabelecimento das fundações da parede foi
necessária a abertura de uma cava de onde extrahiu-se um volume de terra de 77o 21, rr,;
)

despendendo-se neste serviço a quantia de 55S$S71, ou $720 por metro cúbico.


ESCAVAÇÃO E M T E R R A A cio A H K R T O — A terra escavada para a construcção da
parede representa 53.901" ,44 com o transporte médio de 150'". Com este serviço
l3

tem-se gasto 50:451$740, ou $936 por metro cúbico.


Esta quantia parece o é com effeito exagerada, dando causa a isto a falta absoluta
na provincia de material apropriado para o serviço de movimento de terras.
Por mais de quatro mezes foi elle exclusivamente feito em padiolas construídas de
sipó, carregadas por dous homens, e conduzindo quantidade inapreciavel de terra.
Hoje, felizmente, esse systema è auxiliado por 200 carrinhos de mão e mais 20
vagonetes do systema Decauville.
ESTADO A C T U A L DA REI>P.EZA—Actualmente a seeção de parede construída já re-
preza grande volume do agua, cuja quantidade não posso precisar attenta a urgência
cora que pediu V. E x . este trabalho. Posso, porém, dizer que, junto ü parede a agua
eleva-se a altura de sois metros e a repreza vai além de sete kilometros.
S-ÍCC.X Co CcirA :t
- 18 -

Na parede nao ha, ato à presente data, o mais leve signal do infiltração, o que
prova exuberantemente em favor da construcção.
PESSOAL — Acttialinente estão empregados nas obras 1.530 operários que repre-
sentam com as respectivas famílias 7.G50 pessoas.
P.UÍAMENTO A O I'KSSOAI. — O salário é pago presentemente na razão de $700
diários, recebendo o operário uma parte em gêneros e o resto em dinheiro.
A providencia '.ornada por V. Ex. de mandar pagar parte do salário e:n gêneros
tem produzido e:itre os trabalhadores o mais benéfico resultado : livres por um lado das
evoluções do mercantilismo, certos por outro do alimentarem-se de generos que não lhes
prejudicam a saúde, como ti"m sido até hoje os mandados fornecer por V. Ex.
1)ISTI:UH."ÍÇÀ') »E <;K.V::I:OS A.nnexo ao presente relatório, tenho a honra de apre-

senta;' a V. Ex. um exemplar das instrucções por mim expedidas para a distribuição
de generos, ct;jo S-TVÍÇO i.-stá confiado a uma repartição especial, sendo-me em extremo
agradável deixar aqui consignado o modo probidoso o patriótico com que os empregados
'osta repartição, a cuja testa.se acha o cidadão Francisco Lopes Ferreira, se tem desem-
(

penhado de sua árdua missão.


O balancete annexo dá a demonstração de toda a despeza atO esta data realisada
com as obras do açude, na importância de 74:99S$434.

Açude de Gererahú

ESTUDOS P R E I . I M I N A K E S E I>HOJEI.'TO — Motivos iiienticos aos que determinaram a


construcção do açude do Acarape influíram no animo de V. Ex. para mandar construir
um açude no valle do Gererahú.
Xo local escolhido, em qualquer circumstancia, é aconselhada uma parede de ar-
gila.
Feitos os estudos preliminares organisei o projecto de uma barragem reprezando seis
milhõos de metros cúbicos de agaa.
A parede obedeço ás seguiu ks condições technicas:

Altura 10 ,0ü
:,i

Secção transversal da base üO^.OO


* » » plataforma 3 ,00
ra

» longitudinal da plataforma 270 \00


:1

Talude a montante 3 ,10


m

> » jusante 2 ,60


ia

O sangradouro 0 natural, tendo a cota de nivel nove metros acima da base do


açude oi; uni muír> abaixo da plataforma.
Os apparelhos de irrigaçlo s.to idênticos aos do Acarape.

Orçamento 44:327$063

Sujeitos ã apreciação de V. Ex. o projecto e orçamento, foram ambos approvados e


determinada a construcção da obra.
- l'J —

CONSTRUCÇÃO

Os trabalhos do construcção foram iniciados no dia 1 3 do março ultimo.


ROÇADO E D E S T O C A M E N T O — A área roçada e dostocada para a construcção da parede

e abarracamentos foi de 1.3G0' '-', importando a despeza em 3 2 0 $ 1 0 0 , ou $ 2 4 0 por metro


1

quadrado.
A I J A R R A O A M E N T O P A R A T R A I Í A I . I I A D O R E S — Construiram-se GO ranchos do mesmo typo

dos do Acarape, desperidendo-se com este serviço 1 : 5 0 0 $ , o que dã a média de 2 5 $ para


cada rancho.
A differença entre o custo destes e os do Acarape é justificada pela difficuldade na
acquisição da palha, toda ella transportada da serra a 1S kilometros de distancia.
V A L L A S E D R E N A G E M — A base da parede ficou infelizmente situada em um terreno

completamente alagado, tornando-so necessário procederá drenagem por meio de vallas.


Com estas houve um movimento de terra de 1 9 S , 4 2 , despendendo-se a quantia
M 3

de 1 4 2 $ S G 2 , ou $ 7 2 0 por unidade.
C A V A S P A R A F U N D A Ç Õ E S — O movimento de terras havido para o preparo das cavas

de fundação foi dc 2 4 5 \ 3 0 , despendendo-se com este serviço a quantia de 1 7 7 $ 3 3 6 , o


N

que dã a media de $ 7 2 0 para metro cúbico.


EXCAVAÇÕ'-:S E M T E R R A A <:ÈO A B E R T O — O corpo da parede representa actualmente

um volume de argila de 2 1 . 3 3 5 , 2 S com o transporte médio de 1 3 0 ° , importando em


M Í

2 1 : 0 1 S $ 2 0 2 , ou $ 9 8 5 por metro cúbico.

O custo da unidade é superior ao do Acarape. attenta a deficiência de material


apropriado ao transporte.
P E S S O A L — O pessoal de trabalhadores compõe-se actualmente de 5 2 2 adultos e 5 0

menores, sendo os primeiros pagos na razão de $ 7 0 0 diários e os segundos na de $ 3 0 0 .


Estes menores são filhos de viuvas a quem servem de arrimo.
Bem como no Acarape, o salário é pago uma parte era gêneros e outra em dinheiro.
O serviço marcha regularmente e tudo me faz crer que ate ao dia 1 5 de julho pró-
ximo estarão os trabalhos concluídos.
D E S P E Z A —Conforme o balancete junto, a despeza até hoje realisada monta a

25:927$055.

Açude do Papara

As obras do açude de Gererahú não eram bas-


E S T U D O S P R E L I M I N A R E S F. P R O J E C T O —

tantes para dar trabalho à grande massa de povo necessitado, que buscava abrigo no
municipio do Maranguape ; por este motivo ordenou-me V . E x . que procedesse a novas
explorações em busca de local apropriado para a construcção de qualquer obra de uti-
lidade publica.
Convencido como estou de que, uma vez que abundem na provincia açudes relati-
vamente pequenos, de construcção normal e com systema regular de irrigação, estará o
Ceará ao abrigo dos rigores da secca, fiz convergir a minha nova exploração na pro-
cura de local apropriado a um novo açude.
- 20 -

Eucontroi-o o magnífico no vallo do Papara. Procedi aos estudos e projectoi uma


nora paredo de argila, com 12 motros do alcura, reprezando um volume de agua de
7.300 \00.
m

A G00 ni
de distancia da garganta quo está sendo barrada, existe uma outra, que
servira de sangradouro natural ao açude em construcção.
Uma vez, porém, barrada esta segunda garganta, o volume de agua reprezada se
elevará a 13.700" ,00. ,3

Dada a hypothese provável de continuar a secca a fazer sentir os seus effeitos


desastrosos à população, é da maior conveniência mandar c >n<truir esta segunda pa-
rede, uma vez concluída a primeira.
A parede em construcção obedece às seguintes condições technicas:

Aliara 12 \00:|

Seeção transversal da base 60 ,00 m

» » plataforma 4 ,00
m

» longitudinal > > 450 ,00 ,n

Talude a montante 3 ,l0


m

» » jusante 2 ,10
m

Orçameato 49:594$575

CONSTRUCÇÃO

Os trabalhos de construcção foram por ordem de V. E x . iniciados no dia 2 i d e


março ultimo.
ROÇADO E D E S T O C A M E N T O — A superfície roçada e destocada foi de 2 . 6 S 0 , com o
m2

que despendeu-se a quantia de 777$200, o que eqüivale a $290 por metro quadrado.
ABARRACAMENTO T A R A os TRABALHADORES — Construiram-se 100 casas de palha do
mesmo typo das dc Gercrahü e Acarape, importando a despeza respectiva em 2:300$000,
o que eqüivale a 23>000 por casa.
Ainda o preço foi superior ao do Acarape para construcção idêntica em conseqüência
da grande distancia do onde vinha a palha.
V A L L A S P A R A FUNDAÇÕES — A s vallas para fundações representam um movimento
de terra de 36S ,21, cujo custo montou a 291$157, ou $7õ0 por metro cúbico.
ill5

ESCAVAÇÃO E M T E R R A A CÊO A B E R T O — A argila com que está sendo construída a


barragem do Papara é de tão boa qualidade, que uma vez concluída a parede, todo o seu
volume se tornara em um verdadeiro puddh vcali. O movimento de terra havido até
hojj para a construcção da referida parede representa um volume de 16.468 ,96 cuja J,3

despeza monta cm 16:353$693. ou $993 por metro cúbico. Transporte médio 115'".
Na construcção desta parede tenho encontrado sérios embaraços com a falta de agua,
que é transportada de distancia superior a um kilometro das obras.
P a r a obviar este inconveniente mandei assentar um poço instantâneo, infelizmente,
sem resultado, por ter a sonda encontrado rocha a seis metros de profundidade. Tenho
mandado exeavar cacimbas no leito do próprio riacho Papara, mas sempre impro-
dutivamente. Esta circumstancia virá indubitavelmente encarecer o preço da obra.
— 21 —

P E S S O A L —O pessoal do trabalhadores ora oxistento compõe-se de 565 homens e


mais 79 mulheres, que mandei admittir no serviço proporcionando-lhes trabalho
consontanco, por se acharem reduzidas ao maior oxtremo de miséria. O salário d a -
quelles è de $700 e o destas do $500. Da mesma sorto que no Gererahú e Acarape, este
salário é pago parto em generos e parte em dinheiro.
DESPEZA — Pelo balancete junto vê-se que até a presente data tem-se despendido o
totaldc21:837$830.

E s t r a d a de r o d a g e m d e P a c a t u b a a M o n t e - m ó r

RECONHECIMENTO E PROJECTO — Os rigores da secca actuaram por fôrma incon-


cebivel sobre a população de Monte-mór. No dia 23 de dezembro ordenou-me V. E x .
que para alli me dirigisse em viagem de reconhecimento, com o fim de projectar qualquer
obra que proporcionasse oecupação ao povo.
No dia 27 achava-me em Monte-mór presenciando um espectaculo tristíssimo! Toda
a população do povoado e mais a adventicia em procura de agua para os difiereates mis-
teres da vida! Aquella só era encontrada a quatro kilometros de distancia do povoado
em uma tosca cacimba cavada em rocha, e que na oceasião em que á visitei a agua
elevava-se apenas á a l t u r a de 0 , 4 4 ! Resolvi immediatamente mandar construir no
m

povoado uma cacimba de alvenaria de tijolo, com 10 ,00 de diâmetro. m

O local da construcção é a praça da M a t r i z .


Com esta cacimba, que mede 2 3 , 0 0 de profundidade, despendi 2:210$400.
m

Em todo o povoado de Monte-mór não foi possível encontrar local para a construcção
de um açude; resolvi então projectar uma estrada de rodagem ligando a estação de
Pacatuba ao alludido povoado de Monte-mór.
Feita a exploração, resultou um projecto obedecendo às seguintes condições te-
chnicas:

Extensão total 37 ,000


k

> em tangentes 37", 000


L a r g u r a da estrada 10 ,000
m

Declive máximo 50.1000


Orçamento 24:403$370

CONSTRUCÇÃO

Approvados por V . E x . o projecto e orçamento respectivos, encetei a construcção


no dia 3 de janeiro ultimo.
ROÇADO E DESTOCAMENTO — A área roçada e destocada é de 37.000™. Com este
serviço despendeu-se 7:400$000, o que eqüivale a $200 por metro quadrado.
MOVIMENTO DE TERRAS — O movimento de terra para a preparação do leito da es-
trada foi de 5.291 \34, despendendo-se 5:548$300, ou $937 por metro cúbico. O trans-
m

porte médio foi de ÍS^.OO.


- 22 -

SALÁRIO — O salário do pessoal é do $ 7 0 0 diários, pago om dinheiro. Nao propuz


a V . E x . fazer o pagamento como se tem ostabolecido nos demais serviços, isto é, parto
em gêneros o parto em dinheiro, pelo facto de achar-so esta obra em vias de próxima
conclusSo, n2o convindo, portanto, alterar as fôrmas estabelecidas, que aliás, além de
outros inconvenientes, reclamariam notável augmento do pessoal.
PESSOAL —O pessoal actualmente em serviço compõe-se de 324 pessoas.
DESPEZA — A despeza realisada até hoje monta a 1 6 : 4 0 3 $ 7 7 0 .

R e s u m o dos t r a b a l h o s e x e c u t a d o s

ROÇADO E DESTOCAMENTO

Açude do Acarape 4.000 n!S


960$000
> > Gererahú 1.360 m!
326$400
> » Papara 2.680™ 777$200
Estrada de Monte-mór 37.300 ,R:
7:400$000

Superfície total 45.040 r,,í


Somma 9:463$000

A B A R R A CA M E N T O S PARA TRABALHADORES

Açude do Acarape 360 7:200$000


> > Gererahú 60 1:500$000
> » Papara 100 2:300$000

Nu mero total 520 11:000$000

CAVAS PARA FUNDAÇÃO

Açude do Acarape 776'" ,21


3
55S$S71
» » Gererahú 246 \30
m
177$336
» > Papara 36S™,21 291$157

1.390»\72 1:027$364

VALLAS DE DRENAGEM

Açude do Gererahú 198 ,42


:,,3
142$862
Escavação em Terra a céo aberto :

Açude do Acarape 53.901" ,44 ,3


50:451$749
> > Gererahú 21.338 ',28 m
21:018$202
» > Papara WA&8 ,9è m2
16:353$693
Estrada de Monte-mór 5.291 ",34 m
5:548$300

97.000 R A 3
,02 93:371$944
- 23 —

Justificação d o c u s t o d a s u n i d a d e s d e t r a b a l h o

E ' excessivo para quem não conhece o que ó trabalhar no interior da província do
Ceará, quando assolada por uma secca, o custo médio das unidades de trabalho.
Desde que se considere, porém, que para o retardamento destes trabalhos e, por
conseqüência, para o auginento do seu custo, concorrem factores constantes, que não
podem ser eliminados pelo constructor, fica justificado o engenheiro.
Estes factores são os seguintes:
1. ° A indolência natural do povo, má vontade para o trabalho, oriunda da má
educação que teve na secca de 1877, onde recebiam o salário, não como paga de trabalho,
mas como esmola;
2. ° O estado de miserabilidadedo povo ;
3. 1)
A necessidade da admissão de trabalhadores em numero sempre superior ao
determinado pelas necessidades do serviço;
4. ° A falta de a g u a ;
5. ° A dificuldade de transportes ;
6. ° A falta de instrumentos apropriados ao trabalho;
7. ° As condições climatericas impedindo que se exija do operário todo o trabalho que
elle poderia produzir, pois, commummente ás 2 horas da tarde a columna thermometrica
eleva-se a 40° centígrados.
Estes factores, repito, são constantes e de todos conhecidos.
Em tempos normaes, quando fiz o orçamento das obras para o prolongamento da
estrada de ferro de Baturité ao Quixadà, fiz os meus cálculos sobre a seguinte
tabeliã de preços:

Desbcainento $150
Excavação em terra a céo aberto com 150 metros de
transporte médio $585
Excavação em terra para alicerces $450

Estes preços, garanto a V. E x . , são em extremo razoáveis e dão margem para lucro,
quando a obra e feita por empreitada.
Entretanto nas obras actuaes temos os seguintes:
Roçado e deslocamento—uma variante entre $200 e $290 ou em média $242,5,
ou ainda 6 1 , 6 6 % mais ;
Cavas para fundações — apresenta igualmente uma variante entre $720 e $750 ou
em média $730, ou ainda 62,22 % para mais ;
Excavação de terra a céo aberto—apresenta também uma variante entre $936 e
$993 ou em média $962,7, ou $367,7 mais que o preço calculado em meu alludido
orçamento, ou 6 2 , 8 5 % para mais.
Garanto a V. E x . ser impossível, pelo menos no começo dos trabalhos, fazer baixar o
preço das respectivas unidades.
- 24 -

Desapropriação de terrenos

Os proprietários dos terrenos occupados pelas áreas a alagar nos açudes do Acarape
ti Papara fizeram á província cessão gratuita dos referidos terrenos. O mesmo, porem,
não succedeu ao proprietário das terras do Gererahú, que pede a indemnização de
1:000$000 e mais a mudança da fabrica de farinha.
Esta pretenção, jà tive occasião de informar a V. E x . ser justa, pois que os terrenos
occupados pelas águas contem um grande cannavial e a casa da alludida fabrica ficará
submergida, uma vez o açude cheio.
Parece-me conveniente que V. E x . se digne de providenciar no sentido de serem
passadas as respectivas escripturas.

Conclusão

E i s , E x m . Senhor, exposta com a maior franqueza e despretenciosidade, a fôrma por


que me tenho havido no desempenho da espinhosa missão que V. E x . se dignou confiar-me.
Si não tenho correspondido aos patrióticos intuitos de V. E x . , posso asseverar
que não me tenho poupado a trabalhos e que para o cumprimento de suas ordens
me encontrará V. E x . sempre disposto e cora a melhor vontade.

Fortaleza, 11 de maio de 1889.

Ernesto Antônio Lassance Cunha,


Engenheiro em chefe.

•r
Instrucções geraes para o recebimento, guarda e distribuição de
gêneros alimentícios aos trabalhadores dos açudes do Acarape,
Gererahú e Papara.

O pessoal empregado no deposito de gêneros se comporá do seguinte:


§ 1.° Um encarregado geral do deposito.
§ 2.° Dous auxiliares.
Oo

Ao encarregado geral compete:


§ 1.° Guardar com o maior escrúpulo os gêneros existentes no deposito.
§ 2.° Recebel-os na estação do Acarape ou Maranguape e fazel-os transportar
para o armazém de deposito, que será no local das obras, em logar designado pelo
engenheiro em chefe.
§ 3.° Escripturar em livro especial os gêneros entrados o sabidos, de confor-
midade com o modelo junto, sob n. 1.
§ 4 . ° Fazer o pedido do que for preciso, com antecedência de oito dias.
§ 5 . ° Fiscalisar os seus ajudantes no desempenho de suas funcções.
§ 6 . ° Apresentar, cada segunda-feira, um balancete dos gêneros existentes e
das sahidas, modelo n. 2.
§ 7 . ° Assistir e fiscalisar a distribuição das rações.
§ 8.° Reclamar do engenheiro em chefe quaesquer medidas attinentes à boa
ordem e regularidade do serviço.
§ 9.° Remetter diariamente ao conductor geral das obras os cartões-vales re-
colhidos durante o dia, fazendo-os acompanhar de uma nota indicativa do numero
e qualidade das rações despendidas e exigindo recibo de sua entrega; para o que
fará as notas em duas vias, uma das quaes ficará com o conductor geral das obras-
§ 10. F i c a subentendido que o encarregado do deposito è responsável pecunia-
riameate perante a Fazenda Nacional, por qualquer extravio de gêneros confiados
à sua guarda. Cada remessa de gêneros será acompanhada de uma nota do custo
das respectivas unidades, afim de que por elle se possa d i r i g i r o encarregado geral
na distribuição das raçõ2s aos operários.
Pffcca ilo C o a r i í
— 2G -

D o s auxiliarei*

Aos auxiliares compete:


§ 1." A distribuição dos gêneros aos operários.
§ 2 . ° Auxiliar o encarregado geral em tudo quo concerne á boa guarda c íls-
calisação dos gêneros recolhidos ao deposito.
§ 3.'"' Fazer o serviço de escrip tu ração que lhes for detalhado pelo encarregado
geral e cumpri:' suas ordens, em tudo quanto disser respeito ao serviço a seu cargo.

Disposições transitórias

O encarregado geral requisitará do eonduetor geral das obras quatro operários


para o sorviç.) de asseio e guarda permanente do armazém.
.§ 1.' Os gêneros serão acompanha ios do três guias indicativas do numero de
volumes, seu peso e qualidade, uma das quaes será entregue com o competente re-
cib i ao ngi-nte da estação, para ser por este imrnediatainente enviada ao engenheiro
em chefe. As outras ficarão, uma em poder do agente da estação, como documento
da liei entrega dos generos. e a outra cai poder do encarregado geral para fazer a
sua escripturação.
§ 2 . ' Para o .seu recebimento o encarregado geral verificará na própria estação
rec''b".:-.>ra o r-\*-\ < m presença do respectivo agente, fazendo na competente guia as
%

declarações que entender conveniemes quando os generos apresentem differcnça de


peso e qualidade.
•5 3." Dada a hypothesc do encarregado do deposito verificar que os gêneros
recebidos ou parte não sejam do boa qualidade, deverá, immediatamente, levar o
facio a») conhecimento do conduetor geral das obras, e cm parte circuinstanciada e
escripta. firmada por ambos, communicar ao engenheiro em chefe toda a oceurren-
cia, conservando intactos os volumes reputados em máo estado, ai-j «Iterior delibe-
ração do engenheiro em chefe.

D a distribuição dos g e n e r o s

;s 1. Caia trabalhador i v m ! irei to á percepção de generos correspondemos á


metade do salário que pvrcebe, <» que importa dizer que o valor de taes generos em
caso algum excederá de quatrocentos réis, seja embora modificado o salário.
§ 2.° A distribuição será feita, findo o primeiro tempo de serviço, que õ o cor-
respondente a meio dia j,.» trabalho o a meio salário.
f

§ 3.° O pagamento st-rà feito mediante a exhibição de um cartão que lhe será
fornecido pelo apontador, em vista do livro de ponto, modelo n. 3.
§ 1 . ° Unia w . rò-?':>:d'i n cariar», o encarregado g';ral fará entregar, á escolha
,

do operário, a quantidade d-' cada espécie de gênero ;ue eile quizer, correspondente
a quatr.-.-c-Mitos réis.
— 27 —

§ 5.° Os referidos cartões são intransferíveis, polft que o. encarregado geral


recusará pagar, desde quo nao verifique a identidade do portador, com o apontador,
que deve estar presento á distribuição.
§ 6.° No caso de moléstia ou qualquer outro impedimento justificado, o paga-
mento da ração será feito à pessoa que aprosontar, com o cartão, uma guia do con-
ductor geral das obras.
§ 7.° A distribuição principiará logo em seguida ao primeiro signal de des-
canço, e far-se-ha por turmas suecessivas, observando-se, porem, que as turmas pagas
em primeiro logar em um dia serão as ultimas despachadas no seguinte, e assim se
praticará em todos os pagamentos.

Disposições geraes

§ 1.° Os invólucros dos gêneros serão semanalmente remettidos com uma guia
ao conductor geral para recolhel-os ao deposito.
§ 2.° E ' expressamente prohibido aos empregados do deposito qualquer gênero
de commercio.

§ 3.° P o r operários devem-se comprehender também os feitores e apontadores.

Fortaleza, 4 de a b r i l de 1889.

Ernesto Antônio Lassance Cunha,


Engenheiro cm chefe.
- 29 -

| SERVIÇO DA SEGCÀ |

1 AÇUDE DO GERERAHÚ !
o o
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Í O B R A S A C A R G O DO E N G E N H E I R O ^
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(froesto Sintonia ànssnnre (funtoi £


v -- v
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$ O operário portador do presente tem direito â percepção dc $
áv uma ração
*
correspondente r. sneio dia de sen'içtK 5;v
y V
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4 O CONDUCTOR, 4

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? - — - — — ?

í 2
SERVIÇO DA SECCA
O I H U M pi-oviiiuiuos it uivi-»o <lo I' J1LM-«MLHGÍI*O
,
lOriiOMlo A-iitouío I^ansanco iíunlia

S A H J I 5 A
jaiWV11.Sii.1J IO::>í.V. 1'JHNHltOH

li - ()IISI:IIVAÇI'II:S (Ji; A U l I A I l K O|ÍSI:HVAÇÕBS


1
t j i ; .\. i . 11 > \ 11 ]•:
— 33 —

S E R V I Ç O DA SECCA
Obras a cargo flo Ensenüeiro Ernssto Antônio Lassance ( M a . Açodes üo Acarajé, GereraM, Panara e estrala DOülica ie
Paatnto a Moute-iór, e M a l t a acsssorios.
D o m o n s t r a c A o tias doypozuw r e a l i z a d a s , d o s d o q u o f o r a m I n i c i a d a s taoa o b r a i
até osta d a t a , o d u « I m p o r t â n c i a s , o m d l n t i o l r o o otXoltos, r e c e b i d a s p u r a
attondol-ua.

1HHO RE C KIT A

rEVKl'.üIi'-0 9 Importância, hoje recebida tia Thesouraria d?


Fazenda da provincia pelo thesoureiro pagador
0:0005000'
15 6:000*000
9 12:000$00ü
MAKÇO
22 Idem ideir. como iniionnvação do Thesouro Pro-
i:02S$0J0
AlIÂlL 9 Idcm recebida hoje na Taesouraria do Fazenda. 16:00ú$0dü 4l:02á<000

DESPEZA

i
Açudo do Acarapo

DLSPSZA PAGA

Pessoal technico o administrativo i:400$000


29:976$475 31:37ô$475

MATKr.IAI.

1:799$500

E s t r a d a de Pacatuba a Mcnte-mõr

SESPSZA PAGA

540,5000
0:509$700 7:0195700

MATEiUAi.

S9Í-300 40:3155275

712$725

GENEROS ALIMENTÍCIOS RECE3ID0S •

Açuda do Acarapo

900 Saccas de farinha 33.000 kilorrammas a$160... 5:760$000


2Ü0 > » feijão 11.21G * » £aS2S0... 3:140f480
50 » » arroz 5.000 » a$160... 8004000
300 Fardos » larque 20.058 » a $320... 6:41S$560 16:U9$040

Açudes do Gererahú e Papara

COO Saccas do farinha 24.000 kilogrammas a $160... 3:S40$000


400 » » feijão 22.435 » a$280... 6:2811800
100 » » arroz 10.000 > .a $160... it60Õ$Õ00
200 Fardos » xarqus 13.520 » a $320... 4:3265400 16:048*200 32:167$240

Secca i!o C o a r i
DESPEZA PROCESSADA

Açude do Acarape

Folhas do pessoal administrativo, S65S000


Idem idem'operário 11:4105105 11:6753105

Contas de material 14:023$314 25:7035419

Açude do G e r e r a h ú

Folhas do pessoal administrativo. 332$500


Idem idem operário 14:808$200 15:i-10S700

Contas de material 2:762$2Õ5 17:9025955

Açud9 do Papara

Folhas do pessoal administrativo 343S00O


li:352$i>D0 11:C97$950
Idem idem operário
Contas de material 2:1155780 13:8135730

E S T R A D A DE PACATCBA A MONTE-S5ÓR,

Folha do pessoa! operário., 8:1035000


Contas dc material 1:155$470 9:2645470
93:8515814

RESfilO

Despeza paga •Í0:315$275


Gêneros alimentícios recebidos. 32:107^240 72:4S2$515

Despeza processada. 65:6845574 139:1675089

RECAPITIXAÇAO

RECEITA

Importância recebida em dinheiro. 41:O28S0O0


Idem cm gêneros :.. 32:167$240 73:195S240

DESPEZA

Açude do Acarape
Pagamento cm dinheiro ao pessoal. 31:376^475
Idem em freneros , 16:119$040 47:495$515

Folhas.ue pagamento processadas., 11:0758105


Material pago". 1:7991500
Contas dc material processadas.... 14:028-1314 15:8Sí7$8i4 74:9935434

Açude do G o r e r a h ú
Pagamento em gêneros aos operários.. 8:024$100
Folhas do pessoal processadas 15:140.5700
Contas de material idem 2:7G2$255 25:927-i055
1HHO Açuda do Papara

Pagamento em gêneros aos operários. 8:021|100


Folhas do pessoal processadas U:t»7$950
Contas de material idem 2:115§780 21:S37$S30

Estrada de Pacatuba a M o n t e - m ó r

Pagamento em dinheiro ao pessoal.... 7:04?$700


Korragem- para os animaes do serviço. 89S600
Folhas do pessoal processadas S:109$000
Contas da material idem 1:1555170 lò:403*770

Despeza total., 130:1675039

D E M O N S T R A Ç Ã O I>0 M A T E R L U , E X I S T E N T E E M S E R V I Ç O

550 Carrinhos dc mão G:G2OS0OO


404 Picaretas 1:442$000
G47 Enxadas 3G1S250
130 Machados 308$935
544 Pás 8SQS00O
233 Foices
1.343.
3
Metros ile trilhos Decauville, 3:73ot3£
20 Vagonetes 3:0495000
4 Animaes Ò70S00O

17:9S4$545

Fortaleza, 9 de maio de 1S39.— Ernesto Antônio Lassance Cunha, Engenheiro chefe.


- 3G —

Demonstrai!!) is tè-iaas realizalas D"ia tararia i? Faeía do Gari e a a t c r t e 0 isyAin P r a t e i a , tí 17 a 38


ÚÍ abril de 1889, nor couta do creli;a íErto sa Minisísrlo do Imuerlo pjo D;:reto n. 10.181 de 9 de fevereiro
flo wmw\

PMSSOAL

I:np i-tanoia pa.-ar a:> aj-.ular.to •.!•> dirocior das jbras ilo tiüt aetiie
no Aetirape, u-.T.ti:'.catio de marro anterior 25>J$000

Dita : . ; c n a diversos eapro-rado* da Secr.-tana da Presidência, graliiicacão


p . r serviço* tfx:r:wrJ:n:.r:u* prestadas com relação a socci-rros publico* 1:3JOÍOOO

I)i'.a iii-.ün a ur.i cscriplurarto do Thesjui-o P r o v i n c i a l , u m oíicial do cor:) > do


p:>!:c:a c '.:::'. a u x i l i a r , idem

D i ; : ; :.'.o::t a diversos e.T.::r.-L"'.djs da T h e s o u r a r i a do F a z e : : d a , idem i d e m . . . 32ü?O00

Dita ido::: :u> capitão Manoel Xcçuoira Cornes, encarregado das obras do
estradas cairo esta c a p i t a l e Sobral, ajuda de custo pelas viapens entre d t -
v«?<.>< p.itiívs de s-ia cmi.tiissão. dc 2$ de j a n e i r o a 12 d* al»ril 3-íl?0Jvi

Dita :::ai>r refoi-nad > Alfredo ila Costa W e y n e . dirocior d a - obras


( b T r a a i r y . diária cio lõ d - março a li. do a b r i l
1
3:331?0OO

MATEP.IAi.

I.T.por:a::,:i:>. iv.atdada pa_-ar C c m p a a h l a P e r n a m b u c a n a de navegação cos-


: ,•:• ••:.••'-.-.••:•.= co:i.'• ü - h s o:-::.::-a::to- do yi-rto d - ' r V . cidade ao do
Mj-<.'r*.'...' i .' 5-JS-ÍÜO

Dita l i e m :•. n-.e-r.ia c o m p a n h i a por passagens concedidas a .rrrti^rant^s do


por'..' d-sta cidade ao d J A r a c a t y 27í»J0

Dita i-.:o.T. a JcãD A r . n n i o " do A m a r a l A F i l h o , proveniente do ferramentas quo


forneceram ;.ara as obras do itiacho da Sofia, iac-Ja P a i e s s a r a . lta acla o :

S. M i g u e l . / : '. " l:32-i$100


Dita ide::: a J:ão Manoc'. da Fonseca, i lc:r. de gêneros fornecidos á hespe-
tiaria do oir.igrantes cm março ultimo 10:ü3i5lã0
D i t a ;de::: a Vicente A l v o s de O l i v e i r a , i ie:u de carne verde ide::: iiera 3:37''5000
Dita ido::: a II-r.riq:c Pir.-.o A l v o s , ido::: de trosenlas saccas do feijão ven-
didas ao Governo o recolhidas ao d-po=:'.o geral ." -1:7305310
D:ta ::::tr.-.Í3'.:a e n t r e g a r ã o "n^e.-h-íiro A r t h a r de A l e n c a r A r a ripe para oceor-
ror ;'.= d<:-p;r.a.= corn as obras de estradas o l a d e i r a ; c:n Baturilé.". 20 :OC«0?000
I
i
D:ta Ide::: a-, pa.-.ador ia c . m m i s s ã ) :io obra = a executar nesta c a p i t a l e e m
!?v ire. para a? respectivas despezas
:
'
2:000?000
Dita i.ie :n a.-, das q;ie vão ser executadas em Mocejar.a c Aqairar., i :em
i ;O;:Í
2:üO-).?0-» :

Dita .--.andada pagar a João da Costa B a i l o s A F i l h e s . proveniente do xarque


que forneceram para ser a:>p!:cad'> a .soccorrxs públicos
3:010S2.(0
Diva ide:n a J.iã? Fra:-.c: = .:o de O l i v e i r a , i i c r n de •iesper.as q-,:o íe.--. com em-
iian::;-' de em;.-ran:cs ".
OOíOOU
D i t a ; ;•.•:.. a Joaquim Jo=é de O l i v e i r a A C'. idem d.; obj-;ci<>s de eipe-
clientc ;i CJPII::ISS:".O da Nalividade ' 70Í-100
Dita i i e t n a-'- :.:os:;;os. i i e i - á do Aracaty e S. Be 127$0-Í0
D i t t idem ao= ;r.esaios. i :.>in á de :.i:'.t-;ritó •1S3?250

47:S91if42o! 3:331?000
- 37 —

Transporto •i::SJl&4ÍO 3:3315000

Iüipirtanria m a n d a d a p a g a r a S. It. C u n h a j c C , proveniente iU> xarque q'io


1

fornecera;:! p a r a ser app!içado a soccorros publicos l:70ÒS'J55

D i t a i d - : n aos i!:e=mos, i.lem de vivores que forneceram aos omi^raiiíes


bareados no vapor inglez Comsta '. 343S2U0

Dita idi':r. a J o i o A:ito:iio do A m a r a l & Filho, idem de ferramentas forne-


cidas p a r a as obras de S. M i g u e l

D.ta idoir. a o 3 mesmos, i l c r . : p a r a as do T r a h i r y . ol^HM

D i t a iJo:n aos M e s m o s ido::! para as da Pacatubn

Dita ide::: a;w mesmos, idem p a r a as de Iiaturité 3:0245000

Dita icie::i á co::.panhia de navegação a vapor do Maranhão, ide::: de


[•cri- do o:::igrar.tes desta capital para Manács, no A m a z o n a s
1
3:>:o005000

D i t a idem á m e s m a , idem de freto do gêneros •. 3S0SOO0

Dita iderr. á mesma, pelo freíamento üo vapor Akzntara conduzindo gêneros;


e emigrantes par; , o A c a r a h u
1
! 3:0:ú$000

Dita :d.'::i á rr. iderr, dc transporte de emigrantes do Mundahts p a r a '


esta capitai . . 075300

D i t a id-.-rri á mesma, idem idem desta c a p i t a l para S. L u i z no Maranhão • 7ÕG5000

Dita i d e m á :::e.-ma, idem idera idem | 1:2725000

Dita idem á mesma, i.iem idera para a Amarração 065000

D i t a i d - m á me^ma. idem idem ide::: 245750

D i t a idem á mesma, idem entre diversos portos 2:1255500

D i t a idem ã mesma, iderr. desta c a p i t a l o do M u n d a n a para S. L u i z no M a -


ranhão 4:1235000

D i t a ide::: á companhia Pernan.bucar.a de navegação costeira, idera de frete


de g'::ero3 455000

D i t a i d - n i a Joaqui::i A l e x a n d r e do Maltas, idem de c a l que forneceu :jara as


obras d? S. M i g u e l 1:2505000

D i t a idem a Sinirlehiirs: oi C \ iderr. de transoorte de emigrantes p a r a Belém,


rr.: P a r á 3:900$C»3ú

Dita idem a Simões oi Irmão, ide::: de gêneros quo forneceram pa.-a ser a p -
plicados :•. soccorros públicos 14:7575750

Dita idem aos mesmos, idem idem idem. 2:;3òSS530

Dita idem ao director das obras do T r a h i r y . major A l f r e d o da Costa W c y n o ,


iden: de objectos quo comprou para as obras a seu cargo 545500

D i t a idem a Lovy Frères, idem de gêneros e objectos que íi


d a r i a de emigração '.' <>t$:oo
124:S07$505

12S:1935305

O . - . í a i o r i a da The-.ouraria de F a z e n d a do Ceará, 30 de a b r i l de ISSO.— Servindo dc Contador, Celso


IHJ-UJÍO Lima.
I

Demonstração das despezas realisadas e autorizadas pela presidência, de 17 a 30 de abril ultimo, á conta do credito consignado no decreto n. 10.181 de 9 de fevereiro do corrente anno
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Emigração official dos fugitivos da secca no período de 17 a 30 de abril ultimo


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Observação
As t>s;-e::as òff .;i:o tr.ila ?. prrsçr.lo (l^inons^nçilo sil) ns pric*r*is.iil.is p pA.^s ;iol.i tiicsmrnriri (lo f.-ir^n ! L -l-i pr í v l n c i a a i p e r ^ d i 'le Í7 a 30 <.ií? i b r i i n i t / n i , r i : : n ii >cu n e n l ) .ir.r. .11 n , A .
.\v i - - r í . r . c a ç > s a b o : i d a s ao j>"isjai da soc.-claria <la pr<ü;ii«>ca e cjasiaaU-s da a i u n i i!.-niss'.ra-;.i) s ã 1 .-;:> .-cates a s
, ,
is i f t t r a i r J i a . i r i JS presta i j s ds 1 ile jaae-.ró a 31 de : n a r í 1 u l l i r n o .
S e : r « : i r : i é j t-ov.-.-::o lio C e a r á , 3de.-saio i* I 5 Í 9 . — O CJ.-n-nissioaadj d 5 :ü'a'.s:;rio> l a fa.!»:i i a . Aiií/.ii> Vr.t,Ue i i i CJÍ! : . — V i s ' . ) . n i a u s n c l a - l ) s ' c r i l x r i - i . — O Jlüiia', J,li ':!: r.-\:u ParMj-li ie <!'.•

I'a .C
(juadro dioiistrativo da emijrp olial dos ftfifos da secca, no tarioio do 19 de seleiro do 1888 a 30 de abril de 1889

•. .1. 1
:
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R E C A P I T U L A Ç Ã O

' SAC;:SALIlEi PE.OCEDHITCIA


rs-ir- n;.n-
Decreto n. 1 0 . 2 3 1 — d e 13 de abril de 1889

IVL IVÍHÍ.I::!»:!'. > ao I.r.boratorio do E s t a d o .

Tendo sido, por Decreto n . 10.230 desta data, separado do Laboratório de Hygiene da
Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro o serviço das analyses o exames de bebidas e sub-
stancias alimentares e de quaesquer objectos cujo uso interesse ã saúde publica, de quo
tratam o art. I do Regulamento approvado pelo Decreto n. 9093 de 22 de Dezembro de
o

1883 e os arts. 184, 185 e 180 do que foi mandado executar pelo Decreto n. 9554 de S
de fevereiro de 1886, Hei por bem Decretar :
A r t . 1.* O referido serviço será feito em um laboratório especial sob a denominação
de — Laboratório do Estado — observando-se o Regulamento quo com este baixa, assignado
pelo Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império.
A r t . 2.» Emquanto pelo Poder Legislativo não for concedida autorisação ao Governo
para dar ao Laboratório do Estado o necessário pessoal, compor-se-ã este : do inspector
do extineto Laboratório de Hygiene da mencionada Faculdade, como director, e dos chimicos da
Inspectoria Geral de Hygiene, que passarão a ter a l l i exercício.
A r t . 3.» Revogam-se os artigos citados no presenío Decreto e quaesquer disposições em
contrario.
O D r . Antônio Ferreira Vianna, do Meu Conselho, Ministro e Secretario de Estado dos
Negócios do Império, assim o tenha entendido e faça executar. Palácio do Rio de Janeiro
em 13 de abril de 1889, 68° da Independência e do Império.

Com a rubrica de S U A M A G E S T A D E o I M P E R A w : : .

Antônio Ferreira Vianna.

Regulamento do Laboratório do Estado a que se refere o D e c r e t o n . 1C.T31 d c « t » d a t a

A r t . I.*No Laboratório do Estado se procederá á s analyses e exames determinados pelo


Governo Imperial e aos requisitados pela Inspectoria Geral de Hygieno e Inspectoria da A l -
fândega.
§ 1.° Também se farão no Laboratório as analyses e exames requeridos por particulares.
§ 2. As analyses determinadas ou roquisitadas pela autoridade publica, por solicitação ou
8

interesse de particulares, ficam sujeitas, como as co § I , ao pagamento, por antecipação, no


o

Thesouro Nacional, mediante guia passada polo director do Laboratório, das taxas da tabeliã
ânncxa.
§ 3.° Os donos do productos apprehendidos polas autoridades sanitárias uâo estilo sujeitos
ao pagamento de taxas, salvo quando quizerem utilisar-se dos certificados das analysos.
§ 4." Ainda quo de urna só analyso se extraia certidão ou nota, applicavol a differentes amostras
do mosmo producto, o obrigado cada aprosentanto ao pagamento integral da taxa rospoctiva.
A r t . 2.° O particular quo roquoror analyse e n t r e g a r á no Laboratório a amostra do producto com
a declaração, por oscripto, da quantidado e ospccio, bem assim o sou nome, profissão o
residência, si for o próprio interessado, o da pessoa em nome do quem requerer, si o não for, ou
da do quem houve o producto. Indicará igualmente a espécie do analyse quo doseja — si q u a l i -
tativa ou quantitativa.
Da amostra entregue fará o oscripttirario do Laboratório inscripção, sob um numero do ordem
em livro do t a l ã o ; e ao apreso.itanto passará recibo contendo aponas o nu moro da amostra.
A r t . 3.° Quando as analyses ou piroccres forem determinados pelo Governo ou requisitados
pela autoridade publica, e achar o Laboratório que o producto é falsificado ou nocivo, communi-
cará os resultados ao mesmo Governo ou autoridade, com os esclarecimentos necessários, afim
de proceder como no caso couber.
Paragrapho único. Serão mencionados em edital affixado ás portas do Laboratório, e as-
signado pelo respectivo director, quaesquer productos que, aualysados a requerimento de par-
ticulares, forem reconhecidos nocivos á saúde publica.
A r t . 4.° Para cada analyse, o director fixará approximadamentc o tempo necessário, po-
dendo exigir nova amostra si esta se tiver alterado.
Na distribuirão dos trabalhos terão preferencia os productos alimentares importados a que se
refere o art. 26, n . X l l do Regulamento mandado executar pelo Decreto n . 9354 dc 3 de
fevereiro de 1886.
A r t . õ.° Si a analyse tiver sido qualitativa, ao requerente será entregue, á vista da certidão
do pagamento da *axa, a nota declaratoria de ser o producto reconhecido: bom, soffrivel, mau,
nocivo ou falsificado. Si quantitativa, paga a taxa, dar-se-á nota co:n declaração do resultado da
aialyse.
Paragrapho único. No talão do livro de registro das amostras será transcripto o resultado das
aialyses.
A r t . 6." O Laboratório t e r á o seguinte pessoal: um director; um sub-director; seis chimicos ;
O M escripturario-[)!i:irmaceutico; u m amanuense e u m conservador-porteiro.
A r t . 7.° O director do Laboratório será livremente nomeado pelo Governo Imperial dentro
os médicos que, tendo o curso de pharmacia, reunirem á maior idoneidade alta competência
scientiiica. A nomeação do sub-director far-se-á pelo mesmo modo.
§ 1.° A ' do» chimicos precederá concurso offectuado na forma do disposto no Decreto n. 10.232
desta data.
Além das condições de admissão à inscripção, exigid is no citado Decreto, deverão os candidatos
apresentar certificado do director, por >;ue provem a pratica assídua e proveitosa no Laboratório
durante um anno pelo menos.
§ 2.° Os demais empregados serão nomeados por Portaria do Ministro.
•> conservador-porteiro não e n t r a r á cm exercicio sem prévia fiança no valor de 3:000?000.
A r t . 8." Ao director compete:
I. Cumprir c fazer cumprir este Regulamento;
II. Corresponder-se com o Governo, d .ndo parte ao Ministro do Império dos factos importantes
qoo oceorrerem no serviço a seu cargo, e communicando a execução de suas ordens ;
III. Solicitar a admissão de pessoal extraordinário para auxiliar o do Laboratório cm caso de
urgência;
I V . Corresponder-se, sobre tu lo quanto for concernente ao serviço, com os chefes das repar-
tições publicas;
V. Despachar duramente o ospsliento. rubricar os pedidos de fornecimentos, as contas de
despezas e as folh is do voncimonto dos empregados;
V I . Distribuir o trabalho pelos chimicos, flscalisal-o, exigindo a possível brevidade nas analyses;
VII. Assignar os relatórios e pareceres concernentes ás analyses, procedendo por si próprio
ás quo por sun importância e didlculdade exijam verirtcaçao ;
VIII. Inspoccionar o trabalho dos demais empregados, advertil-os quando faltarem a seus
deveros, suspondol-os até oito dias, communicando logo o facto ao Ministro do Império; e, em
casos graves, propor a demissão;
I X . Redigir o boletim trimonsal completo dos trabalhos, c o m a collaboração do sub-diroctor
e do dous chimicos alternadamente. Este boletim será impresso na Imprensa Nacional e dis-
tribuído pelos estabelecimentos públicos, nacionaos e estrangeiros, aos quaes interesse o seu
conhecimento;
X . Mandar publicar no Diário Official e nos jornaes do maior circulação desta capital o
resumo mensal dos ditos trabalhos, o a renda do Laboratório;
X I . Apresentar, no principio de cada anno, ao Ministério do Império, o relatório dos trabalhos
do anno antecedente;
X I I . Indiair ao Ministério do Império, dos chimicos, o que deva substituir o sub-director.
A r t . 9." Ao s-.ib-Jirector compete substituir o director em suas faltas ou impedimentos, o a u x i -
lial-o no serviço, redigindo os relatórios e pareceres de que for autor, o collaborar na redacção
do boletim trimcnsal.
A r t . 10. Aos chimicos incumbe proceder às analyses e exames quo lhes forem distribuídos,
redigir os seus relatórios, collaborar m organisação do boletim trimeasal. e substituir o sub-dire-
ctor, quando tiverem a competente designação.
A r t . 1 1 . 0 escripturario e o amanuense terão a seu cargo a escripturação do Laboratório, feita
nos livros que forem precisos, todos numerados e rubricados pelo director; e serão responsáveis
por cila e pelo archivo da repartição, incumbindo especialmente ao primeiro a organisação da
folha mensal do pagamento e o balancete da receita e despeza do Laboratório.
A r t . 12. O couservador-porteiro t e r á a seu cargo: I , guardar e conservar as substancias,
o

produetos e apparolluis do Laboratório; 2', inventariar todos os objectos nelle existentes; 3 , o

dirigir o serviço de asseio e boa or.lem do estabelecimento ; 4 , solicitar do director os fornecimentos


o

necessários.
Fica responsável por qualquer objecto que desapparecer ou damnificar-se fora dos trabalhos,
si não for conhecido o autor do damno.
A r t . 13. E' prohibido aos empregados do Laboratório, sob pena de demissão, ter parte em
qualquer espécie de commercio ou industria, que torne suspeita a sua imparcialidade ou indepen-
dência, bem assim fazer qualquer analyse por conta de particulares, fora das condições deste Regu-
lamento.
A r t . 14. O numero de serventes do Laboratório será regulado pela necessidade do serviço e
pela consignação votada para as despezas do material.
A r t . 15. O serviço começará ás 10 horas da m a n h ã e t e r m i n a r á às 3 da tarde, em todos os
dias ú t e i s ; podendo ser prorogadas as horas do trabalho, em caso de urgência, a juizo do director
ou do sub-director.
A r t . 16. Emquanto o Poder Legislativo não approvar a proposta para a creação dos novos
logaros, designação dos respectivos vencimentos e augmento nos de alguns, o pessoal a que se
refere o Decreto n. 10.231, que fez baixar o presente Regulamento, continu irá a perceber os v e n -
cimentos actuaes; servindo provisoriamente de escripturario, por designação do director, um dos
chimicos, e de conservador, sem as funeçõesdo porteiro, outro chimico.

Palácio do Rio de Janeiro cm 13 de abril de 1839. — A. Ferreira Vianna.


- 6 —

TABELLA DAS T A X A S DE A N A L Y S E S A QUE SE R E F E R E O R E G U L A M E N T O DESTA D A T A

Investigação de ácido salicylico nas substancias alimentares.


Idem de matérias corantes de anilina, idem, idem
Idem de um metal, idem, idem
Idem de um sal, idem idem
Idem de ácidos mineraes, idem, idem 5$000
Idem, idem, nos óleos e gorduras para lubriflcar machinas....
Idem da glucose e albumina na urina
Idem da gordura e sangue, idem
Idem dos pigmentos biliares, idem

Analyse qualitativa de cálculos e concreçOes animaes


Idem, idem, de essências artificiaes
Idem, idem, de perfumarias
Idem, idem, de saes mineraes em medicamentos
Idem, idem, de alcalóides
Idem, idem, de tecidos de seda, l ã , algodão, etc
Determinação da densidade do leite, oxtracto a 95° e falsificação
Investigação de substancias estranhas na manteiga, queijo, pão, farinhas diversas,
massi de tomate, etc
Dosagem do ácido salicylico nas substancias alimentares
Idem do cobre, idem, idem
Idem do chumbo, idem, idem
Idem do zinco, idem, idem
Idem de um sal, idem, idem
Idem do chumbo no vasilhame estanhado
Idem dc um metal em mineraes
Idem do ácido sulphurico nos óleos e gorduras
Idem do ácido chlorhydrico, idem, idem
Idem da glucose na urina e densidado desta
Idem da albumina, idem, idem
Idem da arca, idem, idem
Idem do ácido urico, idem, idem
Idem da gordura, idem, idem
Idem do ácido phosphorico, idem
Idem dos chloruretos, idem
Idem dos sulphatos, idem
Sal de coeinba (dosagem de agua e saes estranhos)
Investigação de substancias tóxicos ou nocivas em todas as matérias alimentares, aguaa
mineraes-artlflcioes, brinquedos, papeis pintados, tapeçarias, perfumorias, etc
Idem de substanalas estranhas em preparados pharmaceutioos
Álcool (investigação dos alcools estranhos)
Agua (analyse sob o ponto do vista de sua potabilidade, resíduo total)
Assucar, glucose, melaço, mel, xaropes, licores, doces de conserva, bitter, cognac, ver- \ ]5$000
muths, etc (
Café (determinação das cinzas, da chicorea, do feijão, do milho e das matérias emprega- I
das pira dar-lhe brilho o augmentar-lhe o peso) 1
Ovos (investigação das matérias que servem para a soa conservação) '
Productos de confeitaria e de pastelaria, fructas seccas e confeitadas, chocolate, cação, |
chã, mate, tubaras, especiarias diversas ,'

Extractos de carno, conservas de peixe, de carne e de leite \


Óleos comestíveis 1
Vinagres (dosagem de seus princípios essenciaes, falsificações) j
Leite e creme, idem, idem f
Vinho, cerveja, cidra (dosagem dos princípios mais importantes, investigação das mate-)
rias corantes estranhas, metaes tóxicos, falsiScações) 1
Pão, farinhas diversas, gorduras, manteiga, queijos (dosagem de seus princípios mais ]
importantes, falsificações) I

Analyse de uma planta 1001000


Idem quantitativa de uma agua potável ou mineral

Observação — As taxas das analyses de substancias que não figuram na presente tabeliã serão
fixadas pelo director com approvação do Ministro do Império.

Palácio do Rio de Janeiro em 13 de abril de 1889.— A. Ferreira Viarma.


Decreto n. 10.238 — d e 13 de abril de 1889

R t g u h o proiimenlo dos logares do membros da Inspictora Gorai ó> H j ^ i s a e , dolejados ds hTgieno nas parochias urbanas e
módico demographisla, o do chi micos do Laboratório do Estado.

Attendendo á conveniência de verificar as habilitações dos candiJates não só aos logares de


membros da Inspectoria Geral de Hygiene, delegados de hygiene nas parochias urbanas do muni-
cipio da Corto e medico demographista, dos quaes trata o a r t . 11 do Regulamento que baixou com o
Decreto n . 9554 de 3 de fevereiro de 18S6, mas também aos de chimicos do Laboratório do Estado
mencionados no Regulamento dado pelo Decreto n. 10.231 desta data, Hei por bem Decretar:
A r t . 1.° O provimento dos referidos logares se effectuarà por Decreto, mediante concurso, no
qual so observarão as instrucções que com este baixam, assignadas pelo Ministro e Secretario de
Estado dos Negócios do Império.
A r t . 2.° Revogam-se as disposições em contrario.
O Dr. Antônio Ferreira Vianna, do Meu Conselho, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios
do Império, assim o tenha entendido e faça executar. Palácio do Rio de J aneiro em 13 de abril
de 1889, 68° da Independência edo Império.

Com a rubrica de SITA M A G E S T A D E O I M P E R A D O R .

Antônio Ferreira Vianna.

Instrnerõea pari» <M c o n e u r i M a 3 s logarea de membros da Inspectoria Geral de Hygiene. delegada*


de hygiene, medico demographista e ehlmleoa. a que ae refere o Decreto n- 1*.S3S desta data

A r t . 1.° O concurso constará de duas provas: uma oscripta e outra oral, para todos os candidatos,
excepto os chimicos, que p r e s t a r ã o uma prova escripta e outra pratica.
§ 1.° Os candidatos não serão admittidos à inscripção som quo apresontem uma memória i m -
pressa sobre questões de hygiene publica, especialmente com relação ã cidade do Rio de Janeiro.
§ 2.« Quando a vaga for do logar de chimico, a memória v e r s a r á sobre a matéria de que trata
o art. 10 deste Regulamento.
A r t . 2.» Todas as provas do concurso serão prestadas perante commissao nomeada pelo Ministro
do Império e composta do quatro lentes da Faculdade do Medicina o dous da Escola Polytechnica,
sob a presidência do Inspector Geral de Hygiene.
Paragrapho único. Quando o concurso for para provimento do logar de chimico, a commissao
se comporá do mesmo pessoal, excluído um dos lentes da Faculdade de Medicina, em logar do qual
entrará o director do Laboratório do Estado.
- 10 —

A r t . 3." Sorão admittidos a concurso os médicos graduados por uma das Faculdados do Império,
ou os que forem por cilas habilitados, embora formados em escolas estrangeiras.
Paragrapho imico. Para o logar do chtmico poderão ainda concorror os pharmacouticos
habilitados.
Ait. No dia immcdi.it!) ao do qualquer vaga, abrir-so-á r.a Secretaria da Inspectoria Geral
tio Hygiene a mscripção, que s e r á encerrada GO dias depois.
§ 1 .o Só serão admittidos á inseri peão os candidatos que, aliim dos respectivos diplomas,
apresentarem folha corrida do logar do domicilio o cumprirem o disposto r.os §§ 1« ou 2'
do art. 1."
jS 2." No dia do encerramento da in&ripção, j u l g a r á a Inspectoria da idoneidade dos candidatos
por viiltteão nominal sobre cada um.
•s, 3.° O secretario l a v r a r ã o termo da inssripção em que serão mencionadas as oceurroncias
da sessão.
S - l . " Na ausência ou impedimento do candidato, a inseripção poderá ser feita por procurador
legalmente constituído.
A r t . 5." No dia titil immodiato ao do encerramento da inseri peão t e r á começo o concurso pela
prova escripta que deverão prestar simultaneamente todos os candi Jatos, para o quo comparecerão
á hora e no !oe;tI indicados em anuuncio publicado com antecedência de tres dias no Dkirio Ofilcial,
pelo secretario da Inspectoria.
A r t . C.° Meia hora antes da em que deverá começar a prova escripta reunir-se-á a c m m i s s ã o
julgadora para formular 15 po.nios sobre assnmptosdc hygiene publica.
jS, 1 E s t e s pontos serão numerados e os respectivo? números encerrados cm uma urna, da qual,
em neto continue, admittidos os candidatos à presença t!a commissão, o primeiro na ordem da i n -
wripção tirará u:;i tittmero, que corresponderá ao ponto sobre o qual terá do versar a prova escripta.
•s, 2 . ' O prazo para a preva escripta será de tres horas, e durante esse tempo a liscalisação so
exercem aitc-rnadamoníe pelos membros da commissão, de modo que estejamsemprj presentes dous.
S 3. As provas esoripías serão feitas em sala reservada, em papel rubricado pelo Inspecíor
11

Geral de Hygiene. e tsssignadas pelo autor.


S .1.» D'-:ra::íe o tempo cm que :i:'.er a prova escripta nenhum candidato t e r á commucicr.ção com
pessoa alguma, nem lhe será permiti ido consultar livro ou papei.
§ 5.* Terminatb o prazo da prova cscripti, serão todas as folhas rubricadas á margem pelos
candidatos e membros da commissão presentes nuc exerceram a liscalisação durante a ultima hora.
§ ü.° Cada prova será então encerrada em invólucro lacrado com o scllo da Inspectoria Geral
e fechado em uma urna com daas chaves, tinta das quaes :icará em poder tio mesmo Inspector e a
outra com um dos membros 'Ia commissão que rubricaram as provas.
A r t . ?.» No dia títil immodiato ao da prova escripta r e u n i r - s e - á do novo a commissão j u l g a -
dora e formulará outros 15 pontos sobre questões de hygiene administrativa, os quaes serão lançados
em uma nrr.a peio secretario, o o:n presença do Inspector Gera! c da commissão.
A r t . § . Em acto continuo será admiítido o primeiro candidato inscripto o t i r a r á da urna um
c

numero correspondente ao ponto, cujo :;ss;i:r.pio iiic será logo communicado por escripto pelo
presidente da commissão julgadora.
§ 1 O s demais candidatos que tiverem de prestar prova no mesmo dia serão encerrados em
sala reservada, sob a vigilância do secretario da Inspectoria.
s, 2.» Dcpeis do sorteio o primeiro candidato se conservará isolado e incommtinicavel durante
meia hora, para meditar sobre o ponto sorteado, veJada a consulta de qualquer livro ou papel.
ji 3.° Terminado este prazo, o primeiro candidato dissertr.rá publicamente, c perante a com-
missão julgadora, sobre o objecto do ponto, durante o tempo que lhe aprouver, não excedendo de
uma hora.
§ 4.° Meia hora antes da terminação do prazo máximo a que so refere o paragrapho antecedente,
o segundo candidato receberá participação do ponto sorteado, e será isolado para meditar sobre elle,
observando-se suecessivãmente o mesmo processo em relação a todos os candidatos inscriptos.
— ii —

A r t . 9 . * Em cada dia nao poderão prostar prova oral mais do tres candidatos; o, si os liouvor
om maior numoro, serão divididos em duas ou mais turmas iguaos pelos dias precisos para todas as
provas.
A r t . 10. No concurso para os logares do chimicos as provas escriptas versarão sobro a hygiene
o analyse de medicamentos, devendo a prova oral ser substituída por prova pratica, que
constará dc um ensaio chimico exeqüível no tempo mareado o relativo ao reconhecimento da compo-
sição o filsitlcação de substancia alimentar ou medicinal.
§ 1." A prova pratica será feita no Laboratório do listado, no prazo máximo de quatro horas, a
juizo da commissao julgadora e sobre um dos 13 pontos no mesmo dia formulados.
g 2.' Tres membros da commissao liscalisarão as manipulações da prova pratica, observando o
desembaraço c segurança dos candidatos e consignarão o merecimento de cada prova em relatório,
quo será lido antes do julgamento perante a commissao julgadora.
§ 3." Em cada dia não poderão prestar provas praticas mais de dous candidatos, dovendo
fazel-o isoladamente.
A r t . 11. No concurso para o logar do medico demographista cs pontos de ambas as provas
versarão sobre questões de demograpliia statica e dynamica o dc estatística medica geral c especial,
abrangendo todos os assumptos de hygiene social.
A r t . 12. No dia immcdiato ao das provas oraes ou praticas os candidates lerão as provas
escriptas, iiscalisando a leitura de cada um o que se lhe seguir na ordem da inscripção, e a do ul-
timo o primeiro inscripto.
Si o candidato for único, a leitura será fiscaiisad i por um dos membros da commissao.
A r t . 13. Terminada a leitura das provas escriptas, a commissao procederá ao julgamento
cm sessão secreta.
A r t . 14. O julgamento se cíTeitaará por votação nominal, da qual nenhum dos membros da
commissao se poderá escusar.
§ 1.» O julgamento começará pela habilitação Jcs ca:i IlJatos, vctanJo-se succossivaiiientc a
respeito da cada um, guardada a ordem cia inscripção.
§ 2.° Em seguida proceder-io-á á votação para a classificação dos candilatos habilitados.
Nesta votação só serão obrigados a tomar parte cs membros da coininissão que tiverem julgado
liabilitados os candidatos. Não lia necessidade de vot.ição para o ultimo logar.
§ 3.' No julgamento a quo se referem os paragraphos anteriores prevalecerá a maioria
1

dc votes.
A r t . 13. De todo o processo do concurso escreverá o secretario da Inspectoria minucioso relatório,
que será remettido ao Ministro do Império pelo Inspeebr Geral de Hygiene, fazendo aeompanhal-o,
cm oílieio reservado, das informações c ponderações que julgar convenientes.
A r t . 10. Iniciado o processo das provas do concurso, só por impedimento justificado de algum
dos candidatos, ouvida a commissao julgadora, poderá ser interrompido, e por prazo não excedente
de oito dias. O Inspector Geral submetterá o facto ao conhecimento do Ministro do Império.

Palácio uo Rio de Janeiro em 13 de abril de 1SS9-— A . Ferreira Vianna.


RELATÓRIO
S O B R E OS

TRABALHOS DA INSPECTORIA GERAL DE HYGIEKE


DURANTE O A M O DE 1888

APRESENTADO

A S. \'.\. a S r . C o : : < t l l i c i r » Anloui» Fcrrcim \i;inn;i. llinislro c S f r r t l a r i o ii'Hít.i(I'i rlo> X M M Í A Í ilo í m p i o

PELO

D R . B . A . D A R O C H A F A R I A

INM-KCTOR G K K A I . I>1". H Yl Iir.Nr.


Inspecbria Geral de H y g i e n e . — R i o do Janeiro, 23 de fevereiro de 1SS9.

ILLM. K EXM. SR.

Nomeado Inspector Geral de Hygiene por Decreto de 1 de dezembro de 1SSS, ienlio


a honra de trazer ao conhecimento de V . E x . o movimento e o resultado dos trabalhos
desta Inspectoria durante o anno findo, esperando merecer de V. E x . alguns momentos
de attençao, pois só da leitura deste succinto relatório poderá V . E x . conhecer e apre-
ciar as medidas que se tornam necessárias ao aperfeiçoamento de tão importante ramo
de serviço publico, que, felizmente para esta população, tem em V. E x . o mais enérgico e
decidido apoio.
A Inspectoria Geral de Hygiene é ai:ula uma instituição muito recente para, desde
já, avaliar-se devidamente todos os serviços que presta ã saúde publica; no entretanto,
os que delia j ; l tèm usufruído esta cidade, mais do que uma promessa, são a garantia
dos maiores benefícios sanitários, principalmente quando as suas attribuições estiverem
perfeitamente definidas e sanccionadas e a população do Rio de Janeiro, por meio de es-
clarecida propaganda, a u x i l i a l - a efficazmente, não se mostrando revel ás indicações
desta instituição, prescriptas no interesse collectivo e com a competência de quem tem a
responsabilidade effectiva dos graves deveres que lhe incumbem.
Em capítulos successivos que são outros tantos assumptos de salubridade publica,
apresento a V. E x . o que de mais urgente ha mister no interesse sanitário da popu-
lação desta Corte e assignalo quaes os serviços que durante o anno findo occuparam
mais detidamente a solicitude da Inspectoria Geral de Hygiene, sob a administração de
meus illustres antecessores, que ambos rivalisaram em zelo e dedicação pela saúde p u -
blica e inauguraram os trabalhos gloriosos desta repartição a que me ufano de per-
tencer.
Deus Guarde a V . E x . — I l l m . e E x m . Sr. Conselheiro Antônio Ferreira V i a n n a ,
Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império.

O Inspjctor G-T.I1,

B. A. DA ROCHA F A R I A .
ê

Demographia

Embora a bom caminho, ainda deixa a desejar o serviço demographico em relação


aos diversos movimentos da população e todas as suas deducções peccam pela insutficiencia
das estatísticas, sem base certa, por carência do recenseamento regular da nossa popula-
ção e por irregularidade nos registros ecclesiasticos.
E ' de suppòr que o nosso registro c i v i l em execução venha completar numerosas
lacunas que embaraçam a confecção das estatísticas; e que todos os attributos da vida
collectiva possam ser convenientemente interpretados à luz dos recursos demographicos,
esclarecendo a Administração sobre as causas que mais de perto influem no crescimento
ou decrescimento da população heterogênea desta capital.
Em hygiene publica a demographia synthetisa materialmente e com o máximo de
evidencia o valor dos benefícios sanitarios.evidenciando o alcance prophylactico das i n d i -
cações numéricas, isoladas em series múltiplas, que ella interpreta com ensinamentos u t i -
lissimos. E ' a base da prophylaxia em todas as suas modalidades e merece o máximo
desenvolvimento que nunca será obtido, sem o recenseamento perfeito e periódico da
nossa população.
Urge, portanto, realizal-o para verdade e complemento da demographia, uma das
mais notáveis secções da administração sanitária e a cujo aperfeiçoamento serão da maior
proficuidade todos os esforços que contribuam a esclarecel-a nos mínimos detalhes de es-
pecificação numérica, em relação a todos os attributos da vida collectiva, em todas as m i -
nudencias do convivio social.
Nas presentes tabellas do movimento mortuario, V. E x . encontrará o boletim
annual da mortalidade, as causas das moléstias, com a idade, sexo, profissão, estado c i v i l ,
logar do fallecimento, e t c ; e bem assim os quadros da mortalidade diária, mensal e
annual dos annos de 1887 e 1888, a mortalidade distribuída pelas parochias, hospitaes.,
hospícios, enfermarias, asylos, casas de saúde, no anno de 1888, acompanhada das causas
de morte segundo a ordem numérica no mesmo anno, e finalmente a mortalidade deter-
minada pela varíola nos annos de 1887 e 1888.
O diagramma e desenhos, que acompanham esses dados, completam a significação das
cifrase dispensam detalhes inúteis em assumptos desta especialidade.
- 7 —

IXS.IMíCTORIA G E R A L DE. H Y G I K X L

RESUMO D A M O R T A L I D A D E D A C I D A D E D O RIO D E J A N E I R O
IDX7RA.1N:TE O -A-INTISTO I D E 1888

MOYiMKNTO MKTKOROl.OC.iCO

A icnlHiío ia cidsds Co Eio d3 teiro i astoslmaits computada es aaís ü 400.000 naDüani^s

IJIISIIP il;i> ii!'Sf-rv:ii;õc< iiirtforuliíif;!? fes Imperial nk-nah-riii il» Ri? do Jaüi-irn iliiniülc o aíiüu «r 1SS7 |
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i^p. s.^;!!.,,' > » » » (.'orr^.-çi
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[ A B T I O .IA Mçnilioi-liilrt . LI)

Somnii
IV. fúr.i IIA CÍ.IA.IO fAlloc<?r.lir. tw honpitaM 5713 ln<li»l<luos.
- 11 -

MLETIX AS SUAI. DA MORTALIDADE DA CIDADE DO MO DE JAVEIltO

CAUSAS D
DEE MORTE SEGUNDO A ORDEM NUMÉRICA EM 1888

TUI-TCUI.IVÍ rr.i:iiporl(>. !J.1."IÒ

.'uYii!<Li-'r. >. I\ V.) !,IV-. r-.-i •!• iiiitivi .\..-M:I..I Í •O

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M j i o i i i A i «io ;L|i[>uvl!i.
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> > * I 0;ÍI».I ., ..

Mule-iU.ii I!D %i>pjLr!;i> re»;t:p.i!ur.;i. SVi , Al.-i-.lis-..i íljp-"'::::.i 1:1:


C, •*> _ 2.Í l-Vin;* t>;ihu-iiial.iriCAi.. M l i . s .! -
.\t!nv;n:a c,l. ;' - i M.iI^sii.Li concernem"» a
r^brci» perai -iOij.il Wi i parto c iiu-.Tpmo i_ M i l — l u - .ia ••
Mülciti.-^s ilo appairlli iliptíiiivo... ' Ilrrii«n lul.\r .::•• i . 17.
JI-, (i-^iírrciia gaz-j*.! i.i i )
rn'.i)ri.i:L;"fs e cauífcii
r
i>:i'(':i.*..i....
r 271 ^jjihili- li i:,.:r, !>!:•::•.,.• '.)
M»r..i:i. < r>u:i il 171 • 2.S Krj iípcl.i 11 ij •L", T;i)! •1

T*:uno iaí.uitil 17.1 • S*r.i:i:po 11 ,;

1SI ' 50 11 | •17 Moii>it'i:l]--~

Mylesii.ii i
lo app.iriílí: ) ^«nilo-ouri- 51 It!i
l •JS
:w - 48 II.U!II::<:L<I r,
17 | i 49 Ily,! réptil.: -,

! I-.I i SI 17 •' SO í
iíS 131 '.•irs "-'.IVA» :r. i 51 i; :::•! : .--:•.••: !!7

li!ipalu<lÍM:.u ci.ro a:ru 12! j 53


I)-. i « i : t e r a ^ .
:.-2
. - • •: .r...l.
11o j
lcjihthcrn v t/rup

CAUSAS DE MORTE SEGUNDO A ORDEM NUMÉRICA EM 1S87

1 V.iri,la 3.357
Transpor
2 TuberculOs? 2.023
3 MDlcit::is ilíi appar-lho circulatório, 1.249
l > • > respira: J rio. l.íòl 1" l->l»ro a^.-.rollii 1'1 r.
"> > > * robro - A-pi- lar '•a::ut.i"-'-»
,

r.lial 1.1 tS 21 O.-insrcr. L-icrüpIrilos"


' ' 1 "*'•
;::I;>A:U-.1:Í:I.T 013 22 I->!.rp ty!:Oli> 77, 37 i!rp(ihc::iui :.".*.»r
7 Atliropsi.L 80 Z\ lierilKTi U 3S FflhrfS «tiva-*-...
S Nascidos :i:-jrlüs • 7C3 21 Moléstias coaccr.Tínfs .i 39 -ticulaç'*es
O Moléstias ilo apparelho Jipe-itiTO ... 310 parto r puírp-rio iil :::as.-ulo»
I) Siraxp-j 271 | £3 Anemia c chlorii-aci:::ia 7 •10 Eicorbu*.') .

11 l^rorinaçCcs c outra? caudas eonpe- I 2C Sypbilis •A 41 Typho.. ..


nius 213 j 27 I»yo1ie::i:a Racai::^::^
í |: •>-
12 Maras:::o .ser.il 2-H j 28 Uh^uaiatisum ...
li Mor!'.-s violoala-s C77 i W Ciie^ielu-ÍK* 41 44 a
11 LZ\ | X) T>t.i:io 41 47i S.-.lur:r.i:::o
1." I.y:np!iai:^itcs 11-) 31 S<»pti»-f IU:.Í 33
:
4-i lívaliete-...
1'í I'ipt:--r:.i o ;-rup 12$ 32 Ur-r.:ia 3í 17
"Mano r .
o s r»eoi:i:ia^ci:Io'; 120 33 "Eryiipoli 3S
1" Miih-iti.it i!r. apparMho rfuito-ouri- 31 CliDlTa ir.f.iatil 3>
"•"••«» ll>
^•.>:u:::a. .. Ll.JSü
Somnia...

Mortalidade determinada pola V A R Í O L A Mortalidade determinada pela V A R Í O L A


em 1888, segirado os mezes: em 1887, segundo os mezes:

- m m *i Janeiro , 74
1'ovçroiro ... 'ü KoTereiro. 74
Março 3 Março M
Airü "." J J . " ^" I!!!! ! I I 1 1 ! ! ! ! 7 Abril 1»
Maio Maio
Junho. m $ Junho 2n
j-jiho .V.V.VA\\\\".".".'.".".".".V.".'.".".V.V.7 Julho '. 4 0

Acosto li Acosto 0 , 9

Sfltomb; o 11 Setembro 0 3 1

Outubro íi Outubro
NoTcmbro I! TíoTembro
I>cxcinbro 11 Dexcmbro

Tolal *7i Total 3.K7


- 12 -

IIOLETIM aXXCAI. DA MORTALIDADE DA CIDADE 1)0 RIO DK JAXEIRO

Mortalidade determinada pola F E B R E A M A - Mortalidade detorm.nada pola F E B R E A M A -


R E L L A em 1838, segundo os mezes: R E L L A om 1887, segundo os mezes:

jAUfíi:-'.) . .
1'evercir:) .
M..rr«i. . .
j. MAI.I .
Miij . .
J'.lll)lO. .
Jr.üu) . .
i° .\Í-U,'.I .
Aposto .
SctfinSro
0!i:u'.i». II ij Outul.r:..
Nyv*uilip- IS !: N.,vc:.il.r,

Mortalidado de F E B R E A M A R E L L A pelas Mortalidade d o F E B R E A M A R E L L A pelas


freguezias urbanas, em 1SSS íroguezias urbanas, om 183?

í S..:iti<.. <.w r..:..-':.l>>. . . . I! 1 ^.ni liv-.[i:n >.i :M:..<•.: 'o


i S. J.,v S. J,,-- • h . . . .
N.)~s.i .1.. C:i:-.«I-.-l.-r.- . . N':»!«a SIÍÍIÍÍIT.I d.i (.'.::ul-l;ir..L l

•1 S.mt.i • SanU Itit:


n SAIU".'.:!:.., .U ij.illl" Al:ii:i, r.M
'". S. C!:r:i.v*I- * l'
, 1
S. CíiriitovJ.j
7 S. írr.c;:'u X:.vi?r •'. , S. Fr.iücivo Xavi"f do 1ÍI::;C:I!IO-V.-I!IO. .
S S:i:iío An:oM>) S.i::tj AII:-J:I:U . .
'.' Nossa SI.':Í;K,:M il:. t.', >r:. -J>\ . . NÍ>-J».L S-.'h!i..:-.i «!c (H»r:.i
< J-i-1) !tiM'isT.i :..IS"M:I •
11 D I V Í L Í L^inr::-» V V I I . , im ::tu I-l-sjiirit*j >.ii:ty
12 No^sii Sf:::i ilo :\! .^-:i!:- N- v).
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N J ^ . I SC:I!I>IIM da, roíu-eii;,»^ d-.» i::i;;<'iili > Nü<
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N»s-i. So"i!i I'.: I.VPÜ*-"*:d.i 11 IV«J. . . .


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N.) lío-ipi^.l Cn.1 M.in:j!i.i f.i:< Í-'T.I::I . .
No i:;s:>'>t.Ll i!'. N D I ^ L S.Tliur:! ü:i S:ni'!- n
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V*'- \i\ No II-,>tpil.i] da MUerioirdia í.iiliv
il: Ni II>-i^.i-io <io Socorro r.i:!-:-("i . . . (Jl No Hi-spn-io <!í >audv f.il!'.v(.':*.ii.i
i.l) No Í ! . * S I A 1 .1.: s. J..Ã-. I!I> l>o:i-. :'..Í:Í.V II . \li No II .«(pitai d'.' J».ío lí.ipli»ta i.i

Relação das íroguezias d'ondo foram removidos doentes de F E B R E A M A R E L L A


para o hospital marítimo do Santa Isabel, na Jurujuba em 1883

1 San 11;- : ..c v..:ra::ic:'.:


: '.'' |: Tr.iasj.ori-T
2 S. Joi" s." N-ISM .<?i:!iora d.i Cíloria
3 Nossa S..T.:j.,r.i da, Cr. 1". ,| !•) J.ii-j napti.sla ila l.a5 a ;,

1 Santa Hlu . . . . 'II j II ".).v::io F.>pirito S.LÍI•'.> . . . . . . .


:» San'.'A: . . . . ."•> j 12 N Í - Í S I Si-sihora d-i ÜÍI^CÍIÍIO N-iv-» . . . .
s. c!irí<i->v:i.> . . . 11 i 13 NSÃ-ÍI Sc:i!i>ira ila'.'oiirr :^'! il.i ('•.tv - 1 . . ,
1 1

7 Fr: :i.-L.,. N.iv«r


l i : '.2 ; :.'H-.;rt"í i rl.i-.si..c.irã.i ,
S Saut-,) A K I O M ' , . . . i'J , I)'.' f...-a d.i .-..::ii:<:
!

1>?«I"* f.illíTT.i:.: 2.'l .ti .

Relação das íroguezias d"onde foram removidos doentes de F E B R E A M A R E L L A


para o hospital maritimo de Santa Isabel, na Jurujuba, em 1887

*sfcntis-!ir.'> Sarran:"nto. .
S. 'o*'*
S(>:i)nir.\ da Caiii^iari.i o i :t N ci*a S":ihyra da tíloria . . . .
S:inü R:ia 1 10 S. U'<>Ã:> Itaptisla da Ij.iL'">a . . .
Sant'Anna ii! ii Iliviii-:) Ksp:r:tí) Sar.'.o
S. Chri«'.i>Tlo 15 NO«ÍS.L Sínli^ra do Kns»í:i!:o N-»vo .
Nn^a SíTiíiora da C .rii-ciçlo da Ci,w n

Santo An*onio . .
11 i
,'í
Un f'»r.i da cidade

fallrcra:!! 11
-13

liOLETIM .l-Y.Yt7.li, DA M')HTALIDADE DA CIDADE DO UIO DE JAXEIIIO

l!r|;iã» ilo niiinoru ilc dotnlfs f;illt'c'nlos de F E B R E AJI \ R E L L . \ ' Mm» d» IIIIIIIITU de dotnlcs f;illcrido> de FEBRE AMARELLA

i:o l!ns|)it;il Murilimo ir Santo UM. na Jiirnjiilia. om 1S-SS ': no llii>|)it;il Jlarilin» k Sniln I M I U I na Juriijiiba. riu ISS7

Vrocfleiiciat : I»»">c./f . . e i í i i -

r. M.ir i;

C.'.rt.\ . . Itl fírio 11


P r o v i . ! . .1.
l'rovi:i:i.i >
!
ToMl.
Tjt.l 37

!1>«|,'.»1 V...r;: .:i,<> .Is S l s l i I»:,'.:e;.


,
1" - v r - i r - . .1- t * * l .
llov,.it.i'. V . . r i i i : . : . ,
k S \ : i M K i > l . ! l vle ' . ' - v - r t i r • i!e MA).

Aflii^n.-i.lo: Dr. !'i.,i'>


A«s:r::.*.:o: Dr. i V . l y Srilo
Iurcct-ir do Scrviç-i Me'!:o>

O B S E R V A Ç Õ E S

Com bastante pezar tomos ainda de confirmar as considerações que em 1887


fizemos, no resumo dos boletins mensaes, publicado sob n. 13.
Não possuimos um recenseamento moderno e exacto da população da capital
do Império.
Em relação a uma população de 400.000 almas, o coerficiente de mortalidade
durante o anno de 1SSS foi de 2G,3 por 1.000 habitantes:

Janeiro de 1S80.

DR. João Pires Farinha


MEDICO DLMOGRAFH1STA
DIASfiAMMA
//// • ///'/////////////>, • /'//////''/////,
'/////. • /'//'.J.J/// ////////•//////, /////////,/. /;•////////. /7////'/////// r ^:,'///// //// //////////// - ^ / / - / / • • /////r/t/ ////'///////•

A N N O D E 1 5 5 5 .

• v t u n c ! n r s t t ó i s u a * * •< m u • i t r K i«: • to a B Ç : sa,n m « t i bti! nc i iséa S


od s saiaisi • *BUJ
KKIIC !IÜSÍEC: ayiawmtimiimim: t E Í . K J S C ; S » . S I U < a m • ni i i a : [ i s [ . t t í s c ; K » > i o ( « w < » ' « i i i c i : i i - . ! r . r 2 S : C i s a < a « • « n a i «i=n ar i s v n e i : sanam!» » « • » •
,

Mortalidade Pressão almosphmra Evaporação Chnvus Temperatura Humidade réltiliva üxona Ventos

r-.-uv.v vaiiw.- , w Ai<W v r <Wn<W rom fja-ípçn.'c\i n i o r l a l u \ u \ o i \ i cCmva


r cuja? curea? rcpiwcnlãc o..« .VNHIWI^ Av oaiVr.v ?ur nilc t iV. Pui.v i V Ponuiiõ- cícniouUv . w nnOia.' iXvaiVrt.vlíV o o i i l i v w í a í t a om poiwiilrajoni
t mcu.-al.

i l r . f n h n ilo 0!«rrYatnrlftA«tronftinl«i>
[I.IIIAO IM\W.< KMII.NHA
nir"i„r nr I.CIZ CHULS.
\MNEXQ A
A UNE X O B

m m t A i i m m ; GERAL
em M7 e 1SSS.

JAMEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUHHO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO HOVCMBRO DÍUHBRO

L".l: •-—-^rl-íií !'.V-T'-... ' •


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Mortal id a nas freguezias urbanas thiran te o anno (le IS88

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MORTALWJUJS

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CONVENÇÕES:

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ESCALA

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Movimento do serviço interno

P o r Aviso do 1G de abril, resolveu o antecessor de V. E x . designar o D r . Manoel


Alves da Costa Brancante, o mais antigo membro do extineto Instituto .Vaccinico, para
substituir o D r . Agostinho Jose de Souza Lima, que passou a exercer interinamente o
logar de Inspector G e r a l ; devendo o D r . Araújo Góes, quando entrasse no goso da licença
que obtivera, ser substituído pelo dolegado que se seguisse em antigüidade ao Dr. B r a n -
cante .
Curapre-me informar a V. E x . que o D r . Araújo Góes desistiu dessa l i -
cença.

Havendo o D r . Figueiredo Magalhães se recusado a subraeiter o posco cirúrgico


por elle estabelecido na r u a do Cattete às condições do art. 33 § 8 do regulamento em
o

vigor, dirigiu-se esta Inspectoria, em 4 de outubro, a esse ministério que, em Aviso de


20 do mez seguinte, mandou comprehender nas disposições do citado artigo os postos
cirúrgicos estabelecidos em casas particulares onde, além de curativos momentâneos, se
recebam doentes em tratamento. P a r a os fins convenientes officiou-se, nesse sentido, ao
delegado de hygiene da respectiva circumscripçuo.

Apresentado, em sessão de 4 de julho, o Aviso desse ministério de 2 do mesmo mez.


ao qual acompanhou copia do officio em que o Inspector de Hygiene da provincia de
S. Paulo lembrou a concessão do prazo de um anno para o exame de suficiência
que tiverem de prestar os médicos e parteiras de nacionalidade estrangeira quando
vierem com os immigrantes destinados aquella provincia, deliberou-se informar que tal
concessão, attentatoria do disposto nos arts. 431 dos estatutos das faculdades de me-
dicinas e 41 do Regulamento Sanitário, só poderia ser feita, reformando-se a respectiva
legislação vigente a bem unicamente dos interesses da inimigração, tão ligada aos do
futuro do nosso paiz.
Na sessão seguinte, meu antecessor interino deu conhecimento à Inspectoria do officio
que no dia 7 dirigiu ao referido ministério no sentido exposto.

Tendo o Inspector de Hygiene da provincia da Bahia consultado em 8 de outubro :


a) si pôde o medico exercer a arte dentaria em seu consultório, cumulativamente
com a profissão medico-cirurgica, independente ài installaçao especial de gabinete
dentário, onde se observe o regulamento: b) si, a exemplo dos médicos e p h a r m a -
ceuticos, deve elle, além da licença para gabinete dentário, optar por uma das
profissões que cumulativamente exerce, ficando por isso privado do exercicio da outra ;
esta Inspectoria, em sessão de 24 do referido mez, resolveu declarar que, não esta-
. • - 1 6 -

tuindo o regulamento om vigor incompatibilidade alguma outro o oxorcicio da —


arte dentaria —e o da — medicina e cirurgia—, quando o profissional fôr medico,
pôde esto exercer a odontologia em sou consultório, por isso que o exercício dessa
especialidade nào o incomp.iiibilisa para o goso do todos os privilégios do que o in-
veste o titulo de doutor em medicina.

Por ofilcio de 9 de outubro, solicitou esta Inspectoria do Desembargador Chefe dc


policia da Corte as necessárias providencias alim do facilitar as desinfoeções nos casos
do moléstias contagiosas, o quo se dava, ás vezes, dous ou tres dias depois da morte ou
remoção do doonte, por falta de commuaieaçÃo immediata, trazendo esta demora grave
prejuízo á saúde publica. Para remover esse inconveniente bastaria que as autoridades
policiaes, logo que tivessem conhecimento de qualquer facto, o communicassem aos
delegados sanitários.
Aquella autoridade deu-se pressa em prestar o auxilio pedido, reclamando a relação
das residências dos delegados de hygiene. Essa relação foi-lho immcdiatamcnie
remettida.
Em quadras epidêmicas o fora dellas, sendo da maior conveniência, mesmo impre-
scindível, que as autoridades sanitárias tenham immediata participação de qualquer caso
de moléstia irasmissivel para oceorrer a tempo, pelo isolamento c desinfecção, de obstar
a disseminação dos contágios, acontece encontrar d;, parte da população a maior
repugnância, a mais censurável desidia, amais patente fraude em furtar ao conhecimento
dos delegados todos os esclarecimentos que os habilitem á intervenção prompta e eíficaz.
Com a organisação actual do serviço de epidemias, o mal apontado inutilisa todos
os esforços da administração e esterilisa todos os dispendios que se possam empregar;
para obvial-o parece-mo que só uma medida legislativa, uma lei que torne obrigatória
a declaração ã autoridade sanitária de todos os casos de moléstia transmissível, poderá
corresponder à urgência e importância do recurso fundamental em assumpto de tão grande
monta e permita;* que a insp2ctoria intorvenha sempre na oceasião opportuna, isto <"•,
antes da disseminação de fJ:os múltiplos de irradiação complexa e gravíssima.
Para este pontD solicito a esclarecida attenção de V . E x . , de modo muito particular.

Em officio de 22 do Novembro, informou esta inspectoria ao Ministério dos Negócios


do Império a respeito da grippe quo, com a forma epidêmica, acommettera os animaes
de raça muar e cavallar: dando ontadas medidas ornadas para bom conhecer as causas
dessa epizootia e lembrando então ao antecessor de V . E x . que, não havendo especialista
na repartição, era indispensável, urgente mesnu, consultar um veterinário a respeito
dos meios mais cfficazes a empregar.
Para osso fim propoz a nomeação, como auxiliar especialista desta Inspectoria, do
veterinário belga M. E. Hollot, dc reconhecida competência profissional, encarregando-o
ao mesmo tempo do exame das vaccas leiteiras e do gado abatido para consumo.
— 17 —

Consultada a Inspectoria sobro a validado, para todos os effeitos legaos perante o


Regulamento actual ( a r t . -12 § único o 50), das licenças concedidas atè agora pelo
Ministério do Império, a práticos de pharmacia, no regimen do regulamento sanitário de
1SS2 quo extinguiu essa classe, absteve-se de emittir juizo pedindo ao mesmo ministério
para resolver definitivamente a respeito, por julgar fora de sua competência decidir
assumpto contrario üs determinações do regulamento que a rege.

Em sessão de 20 de julho teve a Inspectoria sciencia do Aviso do Ministério do Im-


pério n. 20õ0 de 19 do referido mez, mandando que a Inspectoria informasse sobre a
petição em que Antônio Furquim "Werneck de Almeida e outros pharmaceuticos repre-
sentam ao governo contra o Regulamento annexo ao Decreto n . 9.554 de3 de fevereiro
de 1S8G na parte que regula o exercicio da pharmacia por individuos não formados
( a r t . 65 e 6 S ) , e nade 11 do mez seguinte approvou o parecer sobre essa petição com a
restricção proposta pelo Inspector interino, accoita pelos demais membros contra o voto
do D r . Araújo Góes: < que se limitasse o prazo de concessão da licença a 10 annos,
findos os quaes poderia o pratico continuar no goso da mesma si provasse que ainda
subsistiam as condições que motivaram a concessão. »

Com o ofScio de 7 dc agosto, meu antecessor teve a honra de apresentar a esse


Ministério a memória relativa ao primeiro semestre do 1SSS, de accòrdo com as dispo-
sições do a r t . 20§ 9 do Regulamento Sanitário em vigor.

Com o de 23 do julho esta Inspectoria submetiou ã esclarecida apreciação do ante-


cessor de V. E x . as instrucções para o concurso aos logares de chimicos do laboratório
de hygiene.
Apenas assumi o cargo de Inspector geral de hygiene, ordenou-me S. E x . que
emittisse minha opinião a respeito das referidas instrucções, o que promptamente c u m p r i ;
o , inversamente do que aconteceu com a revisão do regulamento interno da repartição,
muito pouco tive a accrescentar, não alterando a essência do trabalho de meu antecessor
interino.

Em o moz de maio, o D r . Souza Lima, designado em G de março para exercer


interinamente o logar de Inspector Geral de Hygiene durante a licença concedida ao
effectivo, nomeou uma commissao, composta dos membros da Inspectoria Drs. Gonçalves
Cruz o Costa Brancante, e dos delegados Drs. Guimarães Rebello, Frederico Xavier e
Gustavo de Sã, para organisar o regimento interno da repartição, na conformidade do
disposto no art. 192 do regulamento annexo ao decretou. 9.554de3de fevereiro de 1886.
Apenas empossado do cargo, em que me acho, o antecessor de V. E x . submetteu
ao meu juizo esse regimento que, não me parecendo corresponder a seus fins e contendo,
II. 3
- 18 -

além disso, matéria estranha ás nossas attribuições, foi por mim completamento refun-
dido; o, depois de approvado em sessão de 9 de janeiro do corrente anno, remettido
a esse ministério no dia 14.

Em sessão de 8 do agosto, o Inspector interino resolveu proceder, com os pharma-


ceuticos, à revisão das tabellas de medicamentos e drogas, de conformidade com o
art. 193; encarregou o D r . Gonçalves Cruz de organisar as instrucções especiaes de que
trata o art. 192, relativamente aos cemitérios e serviço funerário; o D r . Pires de
Almeida de um plano de inspecção dos estabelecimentos de comestíveis; o Dr Araújo
Góes de formular um projecto para desiufecções obrigatórias; o D r . Costa Brancante
do estudo e classificação dos estabelecimentos insalubres e perigosos, commissao essa
que, depois, passou ao D r . Pires de Almeida.
Todos esses trabalhos foram concluídos e sujeitos à approvação do governo, es-
tando jà impressas e approvadas as novas tabellas de medicamentos e drogas.

Todas as vezes que pela Inspectoria de Hygiene foram impostas multas por infracção
das disposições do Regulamento Sanitário em vigor, deu-se o necessário aviso ao Adminis-
trador da Recebedoria do municipio afim de tornar effectiva a respectiva cobrança na
fornu do are. 17ô daquelle regulamento.
Em 14 de junho nos officiou esse funecionario, remettendo uma relação por elle
solicitada anteriormente e declarando que, não tendo os infractores, depois de intimados,
pago as multas que lhes haviam sido impostas, fez remetter as competentes guias ao
Contencioso do Thesouro Nacional, para os devidos effeitos.

Em sessão de 21 de novembro, resolveu-se reiterar o offerecimento, jà ante-


riormente feito em 19 de julho, á I l l m . Câmara Municipal, para a interferência
da Inspectoria Geral de Hygiene junta às commissões de justiça e de saúde e praças,
afim de estabelecer o necessário accôrdo entre o Regulamento Sanitário vigente e as
disposições das novas posturas organisadas polo Barão de Pafanapiacaba.
Em officio de 24 de novembro, esta Inspectoria, acceitando o convite feito pelo
presidente da l l l m a . Gamara Municipal para a confecção do código de posturas, pondo o
Regulamento Sanitário de accôrdo com as disposições municipaes, na maior parte das
vezes em completa discordância, participou que se faria representar por seus membros,
visto ter o Inspector Geral interino communicado achar-se impedido na hora designada
para as conferências.
Empossado a 4 de dezembro no logar de Inspector Geral dc Hygiene, communi-
quei, dous dias depois, á l l l m a . Câmara Municipal que estava prompto a comparecer,
o que fiz por alguns dias, interrompendo para attender ao serviço extraordinário
com o apparecimento da actual epidemia que reclamava todo o tempo para as medidas
que pudessem diminuir o seu desenvolvimento ou extinguil-a afinal.
- 10 -

Logo, porém, que o serviço extraordinário o permittir, pretendo proseguir naquelle


trabalho ao qual dou o maior apreço ; e espero, amparado pela boa vontade da U l m a .
Gamara, conseguir aplainar todas as difficuldades, harmonisando, quanto possível, o
Regulamento Sanitário com as posturas municipaes.
Por Aviso de 27 de julho desse ministério, o antecessor de V . E x . autorizou o
Inspector Geral de Saúde dos Portos, conforme S.S. solicitara em ofício de 23 do mez an-
terior, a formular, medianto accôrdo com o Inspector Geral de Hygiene, e submetter á
consideração do Governo, um plano de providencias tendentes a evitar a propagação da
varíola, de que freqüentemente chegam acommettidos aos portos do Império immigrantes
italianos.

Tendo o Conselheiro D r . Nuno de Andrade, Inspector Geral de Saúde dos Portos,


communicado a esta Inspectoria as reclamações do D r . Inspector do porto de Santos
a respeito da chegada a esse porto de immigrantes accommettidos de varíola, concordou-se
em restabelecer o hospital de Santa Barbara, para ahi serem tratados os variolosos
e onde os immigrantes, com destino àquelle porto, fossem vaccinados ou revaccinados.
P o r officio de 10 de agosto, esta Inspectoria communicon ao antecessor de
V. E x . que podia fornecer t o d a a l y m p h a vaccinica necessária àquelle serviço, que
seria perfeitamente executado pelos delegados das duas inspectorias conjunetamente
ou por médicos especiaes designados por esse ministério.

Por officio de 6 de dezembro, encarreguei o Delegado sanitário, D r . Dermevalda


Fonseca, de visitar diariamente o alojamento dos immigrantes cearenses, afim de fazer
observar as necessárias medidas hygienicas e de mandar transportar para a Santa Casa
de Misericórdia os enfermos em geral e para os hospitaes especiaes os atacados de mo-
léstias infecto-contagiosas. Desse officio deu-se immediatamente conhecimento ã Inspe-
ctoria das terras e colonisação.
P o r officio de 11 do mesmo mez ordenou-se ao mesmo delegado que vaccinasse
todos os emigrantes cearenses que não o tivessem sido.

Em officio de 27 de dezembro, tive a honra de communicar a V. E x . , por i n -


formação do D r . Dermeval da Fonseca, Delegado em serviço especial no alojamento dos
immigrantes cearenses, a entrada de alguns immigrantes italianos na mesma hospedaria,
o que produzia uma agglomeração perigosa sob todos os pontos de vista e em conse-
qüência da receptividade máxima de que gosam estes immigrantes para a febre amarella.
No sentido de remediar esse inconveniente solicitei, com urgência, de V. E x .
as necessárias medidas, que foram cumpridas, desapparecendo o inconveniente apon.
tado que nunca mais se reproduziu.
- 20 -

Durante o anno dc 18S8 forcam apresentados à consideração desta Inspectoria 150


preparados pharmaceuticos, sendo :
Nacionaes 120
Estrangeiros 20

140
Mereceram approvação para poderem ser expostos á venda.. 97
Foi negada essa licença a 43

140
Foram devolvidos por diversos motivos 10.
Destes:
São nacionaes 0
Estrangeiros 4

10
Neste assumpto, peço permissão a V . E x . para ponderar que carece de modificações
o Regulamento Sanitário vigente, por ser extremamente pródigo em facilitara exploração
commercial de formulas que, diariamente prescriptas por todos os clinicos, não devem
figurar como especialidades pharmaceuticas, susceptíveis de applicação prejudicial,
quando não indicadas por medico e de accôrdo com as condições individuaes do enfermo.
Conviria restringir o favor a formulas novas, em que figurem medicamentos de acção
comprovada e especial a um determinado estado mórbido, sem possibilidade de gene-
ralizai-as a varias moléstias de causa diversa, embora de symptomas análogos. Mesmo
assim, sõ os pharmaceuticos diplomados ou licenciados as poderiam apresentar à consi-
deração da Inspectoria, cessando o uso de formulas empíricas, pretendidas invenções que,
escudadas pelo art. 62, invadem o paiz e se transformam em panacéas, que abusivamente
vão sendo aconselhadas a todos os que soffrem de quaesquer incommodos, em prejuízo dos
soccorros próprios que só o medico pôde indicar.

MAPPA da receita fornecida pela Inspectoria Geral de Hysieac, duraato o anão dc 1SSS

NU.VKKO IMPORTÂNCIA

1'ií) 3:M0S&0Ú0

140 2:7345000
» a phars.iCíriiíicoK Gò s:3ia>íOO

119S-Í0O

or> 1:SLM)$300
* C.c preparados cstranpoiros i 13J$30O

137 7-ÍGíOOO

1:34(8000

13:K»$ôOO

Inspectoria ü c r s j de Hygiane, 31 do Dci-r.njro do i?S<


- 21 -

MAPPA demonstrativo dos medico?, pliarmututitos, dentistas e parteiras, matriculados, de 1 de Janeiro a 31 de


Deieobro de 1W

MÉDICOS PIIAUMACUUTICOS DKNTtST.YS PA.RTE1RAS

MSZES TOTAL

Jar.ei.-o... 31

Fevereiro 12

Mir.;o.... IJ

,Ybril .... I 21 31

Mab . .. 21

Junho . . . . 11

Julho . . . . 10

10
Agosto...

Setciabro 13

Outubro..

Novembro,

Deze:abro

Sosinia I Í13 10 174

Resumo

Moucos 117

Pharmaceuticos 41

Dentistas 13

Parteiras 3

So3i::is 174

Inspectoria G e r a l ile H y p e a o , 31 de D c i o m b r » de 15SS.


M A P P A demonstrativo dai licenças concedidas a p b a r n a n u l i m paru lerem pliarmams no municipio neutro, dc 1 de Janeiro a 31 de dcmnlro de 1SS8

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Obtivor.ini lülix.i.

Müliliild.

Iiisi»:otur<n. (lornt «Io l l y i { i c n a , 31 <lu D o i o i i i b r o du 18S8.


- 23 -

MAPPA demonstrativo das licenças concedidas a práticos, para terem piiarmicias nas províncias do Império, de 1 de Jutire
a 31 de Detcmbro de 1SSS

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R o s u m o

Araazonas

Bahia

Ceara

Espirito Santo

Goyaz

Maranhão Janeiro....

V a t t o Grasso Fevereiro..

Minas G c r a e s . . . . . . Marco

Pari 0 Abril

Parahyba 1 Maio

Paraná 0 Junho

Pcrnviibuo 0 Julho

Piauhy 1 Acosto

R i o Grande do Sul 10 Setembro..

R i o Graado ilo N o 1 Outubro....

Ri-> do J a n e i r o . . . . 22 Novembro.

•S. Paulo 33 Dezembro..

jipe.

Soimua. ISO Som.-aa..

I u s p e c t o r h Geral de Hygiene, 31 de Dfzeaibro de 1SS$.


- 2i -

MAPPA demonstrativo das licenças condidas pela Inspectoria Geral de Hwcie, para pharmací&s homMpathifw, no
Município Neutro

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Inspectoria Gera] th H y f i e n e , 3: Je Derc;.-.L.-o >;e 1 N ? > .


MAPPA demonstrativo das limitas condidas, para drogarias no Município Neutro de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro de
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R o s u m o
Primeiro do M a r ç o 1

Inspectoria G e r a l de Hygiene, 31 <:e Dezembro de 1SSS.

H. 4
- 26 -

QlUTiO numérico dos requerimentos entrados na Inspectoria Geral de Hygiene durante o anno de 1SSS

P a r a estabelecimento do pharxncias albpathicas...

P a r i estabelecimento do p!iar:nacias hoinoopatliicas

P a r a cstabolecirr.mto do pharmacias de p r á t i c o s . . . .

P a r a estabelecimento do drogarias

P a r a v o n d i LO preparados

Sobro diversos assuinptos ,

Soanta

Inspeciona Geral do l l y g i c a c , 31 de D c s e s b r o de 13S3.


LABORATÓRIO D E H Y G I E N E

Analyses das substancias alimentícias praticadas em 1SSS.

SUBSTANCIAS NOCIVAS TOTAL OBSERVAÇÕES

Vinhos.... A r u b r i c a « D i v e r s o s » comprehende uma amostra de cada


iima das s-.iguir.tes substancias: leite, agua potável, ape-
Cervejas...
r i i a l Delor &. C » , refrigerante de fruetas, hollandina, sete
Cognacs... 51 farinhas, rhum, álcool, o!eo dc palma, banha, a m e r - c ú v n o -

Vermuths. 21 p:)l:tc, aperitivo Banyuls, fernet branco, queijo, glueose e


amostras <le substancias corantes.
Bit te rs 13
N ã o ü g u r a i n neste r,uadro 210 amostras, das quaes 153
são de medicamentos e 52 de produetos diversos, n ^ u

Whisky alimentícios.
20 amostras de vinhos contem v e s t í g i o s de á c i d o salicyiico.
Genebra....
5 » de cerveja » > de chumbo.
Cidra 5 » de xaropes » » »

•i 2 > de vennuth » > á c i d o sulphurico.


Laranjinha.
1 » de bitter » atoes
Absiathio.. 3
1 » de fernet branco c o n t é m rhuibarbo.
Uclres 53 5 » de substancias corantes contem derivadas de

Vinagres... ai.i!ica.
22
As m a t é r i a s corantes forão i n c l u í d a s no presente quadro
Xaropes.... 23
por sereai geralmente destinadas a t i n g i r bebidas a sub-
I
S stancias alimentícias.
Das oito amostras de vinhos n o c i v o s , sete c o n t í m á c i d o
Conservas 111
salicyiico o u=:a fuchsina.
1
C a n i v f.-csca 3 As 5 amostras dc cervejas nocivas contem á c i d o s a l i c y i i c o .
Chi 12 As 5 » de conserva nocivas (doces) contem á c i d o
salicyiico.
i Pão
A amostra do xarope nocivo contam á c i d o s a i i c y l i c o .
Ginger ale

A g u a de S J r d» laranja.

Bis:outos

CosfoUos 3

Azeite 19

Diversos 21

1.190

p a r t o econômica

Executaram-se 1.G35 analyses em 1.400 amostras:


OrHcnad&s pe'..i Inspectoria G e r a l dc hygiene (pagas) 215)
237
P o r conta de particulares (i'-** )
71 21)
Ordenadas pc.'a Inspectoria G e r a l de Hygiene ( n ã o pagas)..
• 2 1 0
{ 1.338
» » > (produetos da Alfândega) (» » )...• 1.1SS í

Total 1.635 analyses

Das 217 amlyses pagas. S) s ã o dn substancias medicamentosas.


r>! substancias alimentícias, foram pagas 113 analyses, que ren-
deram l:3Sl$000.
O l a b o r a t ó r i o de hygiene rendeu 3:715$000.

R i o de J a n e i r o , » d* Fevereiro de 1 8 8 9 . - D r . Jo>4 Borga Rümro ia Cotia, Inspector interino do l a b o r a t ó r i o do


hygiene.
— 28 —

LABORATÓRIO DE H Y G I E N E

.liiiK-s'-'!:i<'!il':vMi'"' MÍJII.!;^'* |lim:irrii!ÍRs i- ;i a;n.:cv:if;!->!a l i i ^ r i i i Gfr.il >!e lly^i=-nc (1SSS)

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C •!:, \:\<y~:i:;;.T.::o ::i:.-'r:i!)r:o J t

Reclamações a diversas autoridades

UoeiHandi-so a lllma. Câmara Municipal a tomar conhecimento 'ie um oííieio rio


D->!ogad"< do Í I Y Í M W (ia fivjntvzia do Enpeuho X J V O s'i'>ro infracções de postura, prati-
c.-ia< :ia :•• •?]).•••tivi (.'iivuinscrip ^ão. por paivcor-lhe quo esse funecionario era incom
;>..-ie:!:e rara i;iZ'-r i;;o? coju:r.::í!Ícaçòes, i-sta Inspectoriajusiificou. em face do art. 93
•!. r irui.-.monto e:n vigor, o pivoodineni-'' de sou Delegado, correctissimo até pelo in-
; Ü : Í " I > cvit-.r delongas sempiv prejudiciais ás providencias sanitárias ; e, para manter

a •••••a ]KII-:II->ÍI::I entro :ts repartições do hygiene o municipal, resolveu recominendar


a<>s s -us delegados >e (iirigiss.;::! diivciassenu» á Inspectoria. de então em diante, para o
í::n cttwniente. at"- que tw n.vlhur mod-'' íos<o decidida a questão ulteriormenie.

Por otíicio (!.• M (ie j.üihc, cominunicou esta Inspectoria ao Presidente da lllma.
Gamara Municipal a :-oda:r.a<>' do s-.-u Del-gado na freguezia do Espirito Santo, com re-
spoi: > ás vallas do agrião que — dop-ds •:'•> condemnadas o extinetas — estavam sendo do
novo cultivadas.

TautV-m 'eve •.•sla TnspM^ria oo\n.<:••*:••> de reclamar centra o plantio o cultivo de


ca;''i::! no< l<igar-'s ::r.:< i-opa!-.»*'.*. aggrav.vlos pdos dep'-sito< >io estrumo quo e:npos-
tam o .".:i:i.:-::io e transformam va«tos camp->s e:n pântano* oxultos sob aquella plan-
iaçi'. aguardaii-io os p"riod-.<- da secca para produzir os mais desastrosos fins.*
Na a!:s-:ic:a de p»>ín.-a« pr diiiiiiivas. não do p:an'i > o cultura do forragens
om-. •!<• d-q>->sit-.' o adubo dessas mesmas íoivagens co:n o estrume recente, a lllma. Câ-
mara Municipal não ti»m 1 romodiar os inconvenientes dessa pequena industria que,
entro nós. se ;'azá rcwlia da saúde publica, visando somente interesses pessoaes.
— 29 -

Tenho, porém, a satisfação do conimunicar a V . Ex. quo, na codificação das pos-


uiras, já chegamos so!uv esse ponto a um aecòrdo cun a autoridade municipal, banindo
semelhante cultura da parte coneeiurica da cidade e dos pontos povoados das freguezias
suburbanase tolorando-a om certas áreas cnn a condição do so acharorn a 50 metros do
alinhamento tias rur.s.

Por oílicio de "21 de dezembro reclamou-se da lllma. Câmara Municipal promptas


providencias contra o estado em que se amam algumas ruas da ireguezia do Engenho
Novo, pelas escavações tvsultantes dos traballios do canali.sação da Companhia do Gaz,
obstando assim o prompto escoamento das águas pluviaes que, ficando estagnadas
nas sargetas, se decompõem, concorrendo para o desenvolvimento de febres palustres.

Não podemos deixar de emittir aqui a opinião, já manifestada ã 111 ma. Câmara
Municipal, mais de uma vez, com respeito ás corridas de cavallos e divertimentos congê-
neres, os quaes, na força do verão e. mormente, quando as condições de salubridade não
forem boas, devem ser absolutamente prohibidos.
A. postura que assim o determina é entretanto burlada pelas sociedades que,
submettendo-se ã multa, eíTeciuam impunemente as corridas, sem que a Policia inter-
venha para tornar eSectiva aquella lei municipal.

Nao tendo a lllma. Câmara Municipal continuado a remetter a esta Inspectoria os


projeotos o planos de construcções aílm de serem examinados na parte hygienlc.i. resol-
vemos, em sessão de'21 de março, reclamar do antecessor de V . E x . o fiel cumpri-
mento dos artigos do Regulamento sanitário que regem a matéria, ponderando ã mes-
ma lllma. Câmara que não deviam ser concedidas licenças para construcções ou recon-
sírucçôos sem o parecer desta Inspectoria, pois só assim se conseguirá fiscalizar e
melhorar as condições hygienicas de construcções das quaes tanto carecem as nossas
habitações.

Sobre a construcção de novos cortiços ou esíalagens reclamou também esta Inspe-


ctoria da lllma. Câmara medidas quo obstem a licença para taos construcções sem o
parecer da autoridade sanitária, para que es:a possa pouco a pouco, sem vexame,
ir modificando esse svstema de domicílios, só permittindo a edificação de outros fora
d:i área prohibida e por rnvw que alliem as regras da arte com os preceitos da sciencia.
Para demonstrar a urgência des:a? medidas no sentido de impedir a reconstrucção
dos accuaes cortiços, condem nados pelo regulamento vigi.-nie, e com desprezo das próprias
posturas municipaes e resoluções desta Inspectoria, basta aííirmar a V . Ex. que so pro-
cura clandestinamente e a todo o transe executar r,acs construcções. a ponto de se fazerem
as obras a horas mortas da noute, fora de toda a vigilância e fiscalisação.
Alem dessas reclamações, esta Inspectoria teve occasiào do informará Municipali-
dade que se odiíieavam, niesino no centro da cidade, casas e:n cujo solo não so procedia ao
competente enxugo e que, pela má qualidade do seu material e péssima disposição
dos couipartimentos, não tinham as necessárias condições de Instabilidade.
Ou porque a ISlusirissiina Cansara nío encontrou nas suas posturas meios de obrigar
os melhoramentos indispensáveis ou por.rtic lhe filiasse competência legal para tanto, o
certo è que as reclamações não foram attondi ias e as construcções se fizeram nas peiores
condições.
E' iuiüsneiisavel, esr.quar.to não ha grandes o custosos prédios a demolir, pois justa-
mente aior.i ê que > começa a coustn:il--s, tomar medidas no .-.'ir.ldo de molhos-ar as
edificações particulares, não diremos já s>>h o ponto d.: vistada belleza architectonica, :::as
ao menos dos preceitos Iivg:onic'S. Para esse lim seria bom que a I'lustr;ssi:na Caiaara
Municinal organisasse uma repartição technica incumbida de estabelecer as bas :s e de
examinar ÜS planos das novas construcções, ouv ndo esta Inspectoria e não concedendo
;

autorização para a construcção ou coiicortos so:n que o< respectivas plantes e desenhos,
tendo transitado por esta Inspeciona fossem approvad^s em ambas as repartições.
* A construcção deve ser fiscalisnda p^Io engenheiro desta Inspeciona alòm da fisca-
lização dos engenheiros da Iilust rissima Câmara para maior garantia de serem, observadas
as condições sanitárias sob as quaes for concedida a licença.
Já esta Insnectoria. na imp'S<ib;i: iade de u::) sc^òrdo definitivo sobre o assumpio,
incumbiu a um de seus membros, o Dr. Pires d.; Aimoida. de esboçar as bases para pos-
turas exclusivamente relativas a con.siritcy/es. Oí-oüimissioneu-o junio á IIlustríssima
Câmara para que. com a respectiva o m m i S s à \ í;rm;:!:.sse as regra-: sobre as quaes deviam
ser autorizados, não sò as cMi^trr.jções, como tamb.mi os ostabuios, cocheiras, covas. etc.
Efetivamente o Dr. Pires de Almeida. :i;»n.-sv:it u tsm trabalho ne-se sentido que,
enviado á Illustrissimama Câmara, nenhuma solarão teve ai'- o presente.

Entr.» as reclamações desta Insp.:c:ori i àqudia corporação merece especial menção


a nova rua, aaenapeloSr. Francisco Eugênio, a qual com mu nica a rua do Souto, próximo
á estação da Estrada de Ferro D. Pedro II, com a de S. Christováo. o não pode
ser acceita no estado em nuc se aciia.

Em sjssão de 13 de junho tomamos conhecimento do Aviso do Ministério dos Ne-


gócios do Império, dessa mesma dam, romeiíosido. para providenciar, copia do oilicio de
9 do mesmo mez, em .que o engenheiro encarregado das obras desse Ministério informa
sobre as más condições dos terrenos parti,:;iiaros ao !a io direito da rua Eucenio de
Azevedo.
Rei toroü-.scá Iliustrissima Câmara M':nicinal o pedido das providencias constai!tos
do oíficiojá anioriormonie dirigido sobro o assumpto. c:iv:an.;o-so copias da denuncia rece-
bida pela Inspectoria o das medidas somada* para que cessasse a causa da ins-.lubridade,
o que de tudo se'leu conhecimento ao mesmo ministério.
— :n -

Em olTicio do H do dezembro pedimos á Illustrissima Câmara Municipal que dósse


as necessárias ordens aos sons Ik-aespara que fizessem executar rigorosamente a postura
municipal quo prohibe aos proprietários de kios-.iuese tavernas lançar lixo á rua, obstruin-
do por esta forma os ralos do escoamento das águas pluviaes.

Também por divor<as vez ;s repivsi:üt.'.:i!.,< ájtiella ••orpora-.-ào contra o mau estado
do calçamento de algumas ruas, do qual resulta a iníilir:i';ã:) para os prédios eocrapoça-
inenio das águas pluviaes, 0 : 1 1 exhalaçõ.-s nocivas e incommodas ; ainda contra a falta
de asseio dos mictorios puiilicos o latrinas, principalmente dos que se acham collocados
na praça D. Pedro II, o quanto ao augmoiiu d) numero dos encarregados da limpeza e
conservação afim de que aar.soticia delles não continuo a dar motivo às infracções de pos-
turas que so notam por toda a parte.

Por officio do 10 de setembro conimunicumos ao Inspector das Obras Publicas a i n -


formação que nos foi prestada pelo Delegado sanitário da freguezia da Gloria, relativa-
mente ao rio das Laranjeiras que se rese.nto muito da faltado limpeza, desde a sua nas-
cente ate a ponto do Cacei to. No mesmo otlicio foram indicadas as medidas que podem
manter alli o preciso asseio, atj mesmo no trecho submerso pela galeria que vae daquella
ponte ao mar.

Durante o anno esta Inspectoria chamou por vezes a anenção do Inspector interino
da instrucção primaria e secundaria do municipio Neutro para as mus condições de salu-
bridade das escolas.
Particularisando este facto, cumpre-nos lambem solicitara attonção de V. E x .
para tão graves inconvenientes, pois entendem de perto com um dos ramos mais melin-
drosos da saúde publica.
A creação de uma commissao permanente de fiscalisação das escolas e collegios con-
stituo hoje uma exigência imprescindível em todas as cidades populosas, como meio de ga-
rantir a salubridade da infância, sob múltiplos pontos de vista.

Em 24 de outubro reclamamos do Director da Estrada de Ferro D. Pedro II provi-


dencias urgentes para fazer cessar o exiravasamento diário das matérias fecaes do sumi-
douro e latrinas da estação de Sampaio cm terrenos próximos, o que, com toda a razão,
estava provocando reclamações dos moradores circumvizinhos.

Tendo esta Inspectoria conhecimento pelo Delegado de hygiene do Curato de Santa


Cruz que 120 cavallos do I regimento ce cavallaria, atacados da epizootia então reinante,
o

tinham sidos romcttidos para os pastos da Imperial Fazenda, e que o transporte desses ca-
vallos havia sido feito em vagões da jà referida estrada, expediu um officio em 29 do
novembro, ao Dr. Director, pedindo-lhe informações a respeito e, na affirmativa, si se
procedeu à rigorosa desinfecção naquellcs vagões, com o fim de evitar a propagação
da moléstia aos animaes sãos que fossem conduzidos nos mesmos carros.
Policia sanitária

Resumo do serviço sanitário feito, durante o anno de 18S8, pelos delegados dehy-
íene.

Yisitas a armazéns e tavernas •• 2.547


» » açougues 1.332
> » botequins e casas de pasto 1.0-10
» > casas de alugar commodos 249
» » » para alugar 5.051
» » » em construcção 45
» » habitadas 218
» » chácaras e hortas 181
» » cocheiras e estabulos 478
» » confeitarias e padarias 509
> » carvoarias 373
» » drogarias e pharmacias 121
» » depósitos 3o2
» » estalagens e cor ticos 2.276
» » escolas S4
» » fabricas 497
> » hospedarias e pensões 100
» » hotéis e restaurantes 506
» > jardins e praças 227
> » lojas de fazendas e armarinhos 341
> > > » ferragens 107
» » logares diversos 471
> > mercados *... • 2S7
» > oíTicinas 9S7
> 9 quartéis 57
» » quitandas 767
» » ruas, travessas e beccos 162
» » terrenos, vallas e pântanos 171 19.536

Intimações para melhoramentos 1.020


> » fechamento 10
> » pagamento de multas 17
» » remoção de objectos 94

1.111
Melhoramentos materiaes da cidade' do {lio de Janeiro.

Em sessio do 26 dc setembro, meu antecessor interino deu conhecimento aos


membros da Inspectoria do aviso do Ministério do Império, transmitindo os papeis
relativos ao plano apresentado pelo Commendador Américo de Castro para o saneamento
e aformosearaento da cidade do Rio de Janeiro afim de que, estudando-o conjuncta-
mente com o do D r . Antônio de P a u l a Freitas, engenheiro encarregado das obras desse
ministério, informassem, com urgência, o que melhor parecesse.
Formulado e approvado em sessão da Inspectoria, de 3 do mez seguinte, foi o
parecer remettido ao Governo Imperial para os devidos effeitos.

Durante o anno foram submettidos^a esta Inspectoria, para emittir parecer, dous
projectos de estabelecimentos balneários, sendo um thermal e hydroíherapico, no caes
da Gloria, o outro simplesmente balneário, na pequena enseada de Santa L u z i a , em frente
à rua da Ajuda.
Apresentam estas tentativas commettimentos de grande utilidade Kygienica, e da
Inspectoria mereceram ambas approvação.
Com o nosso clima seria, realmente, medida de grande alcance animar quaesquer
emprezas idôneas que procurarem estabelecer e:u vários pontos da cidade banheiros pú-
blicos, com pequena retribuição para os freqüentadores; por essa forma, conseguir-se-hia
disseminar pela população proletária o uso freqüente de banhos geraes, firmar o h a -
bito de asseio corporal e garantir-lhes a saúde contra grande numero de moléstias que
encontram na immuadicie individual, condição favorável de desenvolvimento.

Em sessão de 22 de fevereiro foi presente à Insp2ctoria Geral de Hygiene o aviso


do Ministério dos Negócios do Império, de 17 do mesmo mez, remettendo, para emittir
parecer, o requerimento instruído, em que João Gonçalves de Araújo pede os favores
da L e i , relativamente a habitações para operários e classes pobres.
Em 23 de maio, foram approvados os planos das habitações que A r t h u r Sawer,
concessionário dos favores a que se refere o Decreto n . 9339 de 8 de fevereiro, pre-
tende construir para operários e classes pobres.
E ' este um dos assumptos que mais de perto devem interessar a aitenção dos po-
deres públicos; no Rio de Janeiro, estamos firmemente convencido, a péssima instal-
laçao domiciliaria da classe pobre contribuo, mais do que nenhuma outra causa, para
aggravar periodicamente o nosso estado sanitário e confrange o coração ver como se
acham promiscuamente abarrotados os miseráveis casebres, denominados cortiços, que
em todas as ruas da cidade ostentam as mais graves infracções na hygiene das h a b i -
tações .
Nato acreditamos na efficacia dos resultados que possam offerecer as casas con-
struídas na peripheria urbana para os pobres que, na grande maioria, permanecerão
H. 5
— 34 -

no centro por commoditlade e interesse próprios; quer nos parecer que seria prefe-
rível melhorar por todos os meios directos e indirectos »s habitações actuaea, transfor-
mando-as pouco a pouco em domicílios accoitaveis.
Para esse fim, poróm, presumimos ser indispensável a creaçlo de uma commissão
permuneiite d: fiscalisação das habitações insalubres, funccionando com regulamento
especial, baseado nos preceitos da hygiene domestica e co:n força executiva para fazel-os
cumprir.
Sem essa orientação uniforme e activissima, o problema permanecera insoluvel, e
teremos sempre a vergonha de possuir os n3ssos cortiços e as nossas dormidas a preço
módico, verdadeiras posilgas da miséria, lupanares hediondos de devassidão e concilia-
bulos terriveis de crimes, perigos sociaes que aggravam as conseqüências da transmis-
sibilidade de todas as moléstias contagiosas e epidêmicas.
Nenhuma medida administrativa se nos affigura mais urgente pelo complexo de c i r -
cunstancias deploráveis que lhe são attinentes.

Em sessão de 2 de maio julgou-se de toda a conveniência á hygiene que se officiasse


ao poder competente, pedindo a dcsappropriação das casinhas, sob os ns. 2 a l S da rua
de S. Christovão, pois, além de formarem ahi uma garganta, são quasi inhabitaveis
pelas más condições em que se acham, ameaçando ate r u i n a ; melhoramento esse de u r -
gente necessidade e relativamente pouco dispendioso em conseqüência dc estado de taes
edificações.
Ofíiciou-se nesse sentido ao ministério dos negociosdo Império, em 8 do mesmo mez.

Em sessão de 31 de maio, foi approvado o parecer do membro interino D r . Moreira


Guimarães, contrario ao invento do engenheiro Eduardo Mercadante de um apparelho
denominado — Latente-Moto—'o qual, applicadonos enemamentos dágua desta cidade,
destinava-se a produzir força motriz aos estabelecimentos industriaes.

Com o officio de 27 de agosto foi enviado ao antecessor de Y. E x . o parecer appro-


vando a proposta do engenheiro João Pedreira do Couto Ferraz e Libanio L i m a para o
arrasamenco do morro de Santo Antônio e aterro da area comprehendida entre as praias
de Santa Luzia e da Gloria.
Neste ponto divirjo do opinião do meu antecessor interino e também da dos mem-
bros da inspectoria: não julgo de vantagem o arrasamento do morro de Santo Antônio,
coluna central que não obsta a ventilação regular da cidade e na qual se poderá installar
obras de grande aproveitamento sanitário e da maior utilidade publica. Nenhum local
sobrepuja a este para a fundação de um hospital de creanças ou de qualquer outro estabe-
lecimento que, devendo ser central, possa ao mesmo tempo achar-se isolado do movimento
habitual e do contacto itnmcdiato da população; ser convenientemente arejado e saneado
pelas correntes livres do ar marítimo e terrestre que. sú cm certas altitudes, podem c i r -
cular sem pèas e no máximo de efieito purificador sobre locaes collectivamente h a -
bitados.
35

A destruição systemaitica de todas as colunas desta capital nos parece uma conce-
pção exagerada e injustificável das vantagens que se lhe attribue e de nenhuma profl-
cuidado serão com a primitiva orientação dada ás principaes ruas desta cidade pelas
quaes, seja qual foro arrasamcnto, nunca correrilo, no regimen habitual dos nossos
ventos, grandes ondas aéreas.
A demolição dos morros do Castelloe do Senado, sem o concurso do nenhuma outra,
fornecerá à cidade o maior coeficiente de ventilação, e sob esse ponto de vista suppomos
dispensável qualquer outro arrasamento, convencido de que não è com muito vento que
sanearemos esta capital.
Melhor será, sem duvida, que a população fugindo da condensação urbana, emigre
para as zonas suburbanas despovoadas e saluberrimas, do que tenha de conglomerar-se
na area deixada por graciosas colunas, úteis a muitos respeitos e para fins d i -
versos.
Dos melhoramentos materiaes de que precisa o Rio de Janeiro, são uns urgentes e
outros adiaveis; entre aquelles sobresahem as medidas corretorias applicaveis desde já
ao systema de esgoto, ao abastecimento d'agua, à construcção das habitações, á drena-
gem atè dois metros de profundidade minima do sólo, ao plantio systematico e regular
de arvores pelas ruas, â limpeza, remoção e destruição do lixo e finalmente a modificações
no curso, nas margens e no fundo dos nossos rios que serpeiam pela cidade immundos,
infectos e repulsivos.
Na ausência de taes melhoramentos quaesquer outros se revelam de somenos
importância e não devem preterir aquelles na grande obra da reconstituição sanitária
desta capital.

Limpeza da cidade

O problema de limpeza da cidade, remoção do l i x o e sua incineração è dos mais


importantes em hygiene urbana o, entre nós, uma das questões administrativas mais
urgentes, por não ser prudente continuar a remessa, para a ilha da Sapucaia, onde são
intuitivos e patentes os inconvenientes da agglomeração de taes productos immundos e
infectos que invadem o mar e augmentam o perímetro da ilha, sem utilisação, sem i n c i -
neração, em plena putrefacção exposta e portanto perigosa.
Terminando o contracto com o actual emprezario da limpeza publica, que è também
o encarregado, provisoriamente da limpeza das praias, a 28 de Junho próximo, não pôde
apresentar-se melhor occasião de completa reforma desse serviço, harmonisando-o em
todas as suas partes, melhorando osmeios de transporte e impondo a incineração total e
diária em sitio apropriado e de fácil communicação.
Prescindindo mesmo de extinguir o serviço das casas pelo actual systema e de
incorporal-o ao da empreza publica, como aliás seria melhor, para não prejudicar essa
industria exercida por carroceiros isolados, contra os quaes ha tão justas queixas, pode-se
no emtanto, por occasião dc firmar o novo contracto, de acordo cem a l l l m a . Câmara
Municipal, obrigal-os a adoptar o mesmo typo de carroças e meios de transporte que
forem approvados por esta Inspectoria.
— 36 -

Em todas as grandes cidades da Europa o dos Estados-Unidos, e mesmo nas capitães


das Republicas Argentina e Oriental, esses dous serviços—o da limpozada cidade e o da
remoção do l i x o das casas particulares—são feitos pelo mesmo pessoal, e a mesma
empreza está encarregada do transporte do'lixo para o ponto designado á incineraçSo.
Esta Inspectoria acredita que esse serviço, feito como propõe, muito concorrerá para
melhorar o estado hygienicó desta cidade.
No novo contracto convém que sejam incluídos a Ilha das Cobras e o morro de Santa
Thereza, onde o serviço ô feito durante o dia, devendo, a bem da saúde publica, ser á
noute, como se pratica na parte baixa da cidade; alli muito deixa a desejar o alludido
serviço, o que já motivou, por parte desta Inspectoria, o officio dirigido a esse Ministério
em 9 de janeiro do corrente anno, reclamando contra a falta de remoção do lixo das
Repartições de Marinha e casas particulares, situadas naquella Ilha.
Não foram em menor numero, que as dos annos anteriores, as reclamações que a
Inspectoria teve de fazer á Empreza Gary, durante o anno próximo findo; a tanto importa
dizer que persistem os mesmos defeitos, permanecem as mesmas causas que de ha muito
se reconhecem existir nas cláusulas do contracto, e que põem a empreza a coberto de
multas immediatas por culpas dc seus empregados.
Entre outros factos oceorridos, lembraremos, por exemplo, a reclamação que a
Inspectoria fez, em abril, à referida Empreza, ordenando-lhe que fizesse cessar, quanto
antes, o abuso, que estavam praticando os seus carroceiros, de lançar o lixo no terreno
da rua de S. Christovão, em frente ás casas ns. 99 a 107 ; ordem essa que, na verdade,
foi cumprida, quando, porém, já o terreno se achava em grande parte - atterrado com o
mesmo lixo, apenas coberto posteriormente com uma camada de terra.
Idêntica reclamação já lhe havia, no entanto, sido feita no anno anterior, relativa-
mente a um terreno *»ra Botafogo.
Ao serviço do asseio da cidade prende-se o da irrigação tão intimamente, que nos
grandes centros da Europa e da America formam um só ramo de serviço publico ; entre
nós, estão separados, por circumstancias especiaes, entre as quaes, é, na verdade, pre-
ponderante a de ser o da irrigação feito pelo Corpo de Bombeiros; e bem satisfactoria-
mente seria por certo, si o calçamento estivesse em melhores condições e sobretudo si
houvesse um systema perfeito de nivelamento e existisse agua em abundância para a
lavagem completa das ruas, praças e calçadas.
Durante o anno próximo findo teve esta Inspectoria, por mais de uma vez, de
reclamar da l l l m a . Câmara-Municipal reparações que exigia esse máo estado de calça-
mento, que de dia em dia mais se aggrava, não dando fácil escoamento ás águas empo-
çadas, expostas aos ardores do sol, se convertendo em lama pútrida, que os empregados
da Empreza Gary varrem para os escoadouros das águas pluviaes, onde continuam
depositadas, dando b g a r a exhalações até completa evaporação ou até novas en-
xurradas.
Isto não se dá unicamente com o calçamento das ruas, mas também com o lagedo
dos passeios, em grande parte quebrado, desnivelado, e, por conseguinte, oferecendo as
mesmas depressões no empoçamento das águas, que se infiltram pelos alicerces das casas,
entretendo a humidade das paredes, por cuja capillaridade ascendem.
A Inspectoria G e r a l de Hygiene, por constantes reclamações dos seus Delegados,
tem chamado a attençSo da IUma. Câmara Municipal para esse estado de cousas, e o
Dr. Delegado de hygiene da freguezia do Santo Antônio, era um dos seus relatórios,
reclamou especialmente contra a impraticabilidado dos fins a que se destinam os boeiros
collocados na r u a dos Iuvalidos.
A l l l m a . Câmara Municipal mandou ultimamente, é certo, concertar as r u a s ; no
entanto, como é notório, além desse serviço ser executado de um modo imperfeito, não
è de- simples reformas parciaes que carece o calçamento de quasi. toda a cidade, mas de
completa transformação, baseada em plano geral de nivelamento, e segundo os princí-
pios estabelecidos no levantamento de uma planta geral do nosso solo urbano.
Sem esse trabalho regular e methodico não se poderá fazer um calçamento bem
nivelado e assente sobre leito convenientemente preparado, com passeios lageados de
novo, juntas cimentadas e perfeitamente unidas.
E só com um calçamento assim elaborado e bem conservado poder-se-ha praticar
diariamente a lavagem das ruas, muito mais efficáz do que a irrigação actual, super-
ficial, incompleta, incommoda e nociva.
Uma grande cidade não pôde passar sem lavar as suas r u a s ; mas nenhuma o faz
sem possuir revestimento do solo em condições do melhoramento que tem de receber,
e sem possuir agua em abundância para effectual-o sem prejuízo das necessidades
individuaes e domesticas.
A irrigação modera o desprendimento incoramodo e nocivo da poeira, mas para
produzir taes effeitos é preciso ser executada com critério: lançar agua sobre excesr
siva quantidade de pó, é converter as ruas em lamaçaes expostos aos raios do sol, é
superactivar as fermentações superficiaes, impulsionando directamente a "pullulação dos
germens e aggravando a pulverulencia ulterior, que não tarda a volitar de novo pela
atmosphera. •
• A l l l m a . Câmara Municipal não pôde conservar-se indifferente a esta recla-
mação, pois desse grande melhoramento muito depende a salubridade da capital. Enão
irá nessa obra grande sacrifício, pois trata-se apenas de dar melhor direcção ao que jà
se faz, subordinando o recalçamento a um plano geral e a um typo uniforme.
Abundante, como é, esta cidade de pedreiras, hoje de tão simples exploração com
o auxilio da dynamite, facillimo meio se lhe ofierece para ser bem calçada; e assim
embaraçando a estagnação das águas e a accumulação da poeira, modificará sensivel-
mente a hygiene publica e privada, porquanto, com igual beneficio-, influirá essa reforma
no asseio das ruas e na salubridade das casas.

Hsmoção- de immundicies

Companhia City Iraprovements

Houve durante o anno findo freqüentes reclamações publicas e dos delegados


de hygiene sobre exhalações de esgotos nas ruas e praças desta capital.
- 3 8 —

A. esta Inspectoria parece quo stto variados e graves os vícios sanitários do


nosso systcma de remoção de immundicies,
-
sobresahindo ontre elles os existentes
na installação domiciliaria, onde se aggravam notavelmente pela concentração dos
effeitos nocivos em espaços limitados e sem ventilação regular.
Neste particular, uma serie de medidas correctorias podiam desde já ser executadas
com o fim de libertar os domicílios de tão grave damno, sem tentar inutilisar' a
canalisação feita, o que seria quasi irrealizavel e é perfeitamente dispensável com os
melhoramentos do fácil applicação que pode soffrer, o para alguns dos quaes,'por
mais urgentes, solicito a attenção especial de V. E x .
A resularidade no modo de funccionar o « water closet > é a base hygienica
dos systemas de esgoto canalisado ; c, na espécie, ê preliminar o abstecimento d'agua
uniforme aos apparelhos que, no interior das casas, recebem as immundicies e que sem
ella conservar-se-hão immundos e obstruídos.
No assumpto deveria servir-nos de modelo a installação ingleza domiciliaria,
que satisfaz a todas as exigências sanitárias, sem omissão de nenhum preceito
scientifico e com todas as garantias provadas de successos.
A Inspectoria Geral de Hygiene considera o actual systema de esgotos do Rio
de Janeiro um dos focos mais graves de infecção dupla, domiciliaria e urbana, que
affligem a população, e julga da maior urgência a adopção dos seguintes melhoramentos
de applicação immediata, sem prejuízo de outros mais demorados, que a engenharia
sanitária aconselha e propõe nos estudos repetidos que tem feito sobre o saneamento
desta capital, com a maior competência, critério e solicitude.
São medidas de immediata execução, applicaveis aos" novos districtos a canalisar,
as seguintes:
a) selecção em cada domicilio do local para o < -water closet » .
b) installação do gabinete com boa ventillação e illuminação naturaes, com super-
fícies internas impermeáveis, que não alojem germens e gazes, e que se prestem ã lavagem
franca e ' completa;
c) fornecimento, para cada gabinete, de um deposito exclusivamente destinado a
abastecer de agua o serviço do mesmo ;
d) adopção de pequenas caixas alimentadas pelo deposito especial e que forneçam
cargas intermittentes automáticas e provocadas nas latrinas ;
e) annexaçâo ao tubo de descarga das caixas precedentes de pequenos apparelhos
de desinfecção que lancem automaticamente em cada carga d'agua nas latrinas uma
porção de solução antiseptica concentrada;
f) adopção systematica das bacias < hopper closet cu hotte closet > de preferencia
a qualquer modelo do grupo « wash-out-clóset », muito preconisado entre nós e que
é notavelmente inferior áquelles;
g) rejeição absoluta das caixas do madeira ou revestimentos sobre as bacias, que
devem permanecer nuas e.ser diariamente lavadas em todos os pontos não cobertos
pela agua do syphão ;
h) installação systematica, obrigatória, de interceptores syphoidaes simples
em todos os receptaculos de immundicies, águas servidas c pluviaes do interior
— 39 -

o do exterior das habitações, que comiuuniquem com o tubo de descarga de


cada casa ;
Í) este tubo, para onde conflue toda a canalisação domestica, deve ser isolado,
perfeitamente installado, único para cada habitação e aberto em ambas as extremidades
terminaes : a superior acima dos telhados, a inferior no interceptor hydraulico interme-
diário ao tubo geral da rua ;
j) a coroa de cada syphão intra-domiciliario deve ser ventilada, communi-
cando-a com o tubo precedente, constantemente percorrido por ondas aéreas p u r i -
ficadoras.
Estas medidas são suficientes para garantir o domicilio da infecçlo do
esgoto e baseam-se em dados experimentaes que comprovam a sua efficacia; todas
são de facilima execução nos districtos novos da cidade que tenham de receber
canalisação para esgotos das habitações, e muitas são igualmente applicaveis como
medidas correctorias aos prédios dos districtos já canalisados e nos quaes, as
conseqüências deploráveis da má installaçao do serviço, parecem representar accentuado
papel na grande mortalidade nas quadras epidêmicas.
De par com esses melhoramentos, que julgamos inadiáveis e summarnente pro-
fícuos, figuram ainda outros destinados á canalisação das ruas até as casas de
recepção denominadas casas das machinas.
Nesse percurso de canaes, a Inspectoria Geral de Hygiene salienta à attenção de
V. E x . como medidas de maior importância sanitária e que entre nós deixam a desejar: a
impermeabilidade das juntas que unem os tubos; a qualidade dos materiaes empregados
na construcção das galerias ; as cargas d'agua de lavagem dos encanamentos (chasses)
e o jogo automático das comportas dos collectores, que suecessivamente revigora a acção
benéfica das chasses de lavagem; a ventilação das galerias, que, entre nós, se transformam
em bocas de emergência de gazes e productos infecciosos para a atmosphera urbana.
Nas casas de machinas ha necessidade de melhoramentos para regularisar a desin-
fecção real dos liquidos de esgoto, emquanto perdurarem as actuaes condições de r e -
cepção e purificação nesses locaes; e seria de grande utilidade hygienica que fossem a l -
teradas as bases do contracto que regula o assumpto, modificando-se o destino ultimo a
dar aos liquidos do esgoto e supprimindo-se o processo de desinfecção chimica usado, ou
qualquer outro análogo, por inefficacia manifesta e perigos inherentes.
Ao envez d'essa desinfecção apparente e improficua parece a esta Inspectoria prefe-
rível a utilisação agrícola das nossas águas de esgoto. Toda a zona suburbana arenosa,
árida, estéril receberia regularmente a irrigação do esgoto e transformar-se-hia em
vasto campo de cultura intensiva, ao mesmo tempo que exerceria o auto saneamento de
tão larga cópia de productos immundos e infectos, que hoje são lançados na bahia e que,
com grave prejuízo econômico, serão talvez, era breve, projectados no oceano.
O exemplo de um grande numero de cidades européas que empregam o systema,
attesta sua efficacia e fornece garantia experimental sufficientepara cortar quaesquer hesi-
tações sobre presumidos perigos que á saúde publica possam resultar da medida comple-
mentar de circulação continua nas redes de esgoto canalisadas.
Approvouesta Inspectoria a 18 de abril o parecer do D r . Bento Cruz, recusando
- 40 -

àpprovaçflo para os desenhos, que apresentaram, de um plano geral de esgotos para a c i -


dade de Petropolis, denominado Esgoto liquefactor, os Srs. Guilherme do Magalhães
& C.°
Na petição, referindo-se a melhoramentos introduzidos nos desenhos, que primeira-
mente apresentaram, e que mereceram igual sentença em 14 de dezembro de 1887,
affirmam os inventores ter cabalmente preenchido as exigências desta Inspectoria ; mas,
attendendo aos fins a que se destinava o invento, e não convencida das suas vantagens,
pois praticamente deviam falhar a todos os respeitos, não querendo concorrer para um
insuccesso que poderia ter sérias conseqüências, sob o ponto de vista hygienico, em uma
cidade que goza de todos os elementos de salubridade, e entendendo que, quando a l l i se
adopte um.systema de esgotos, deve ser elle dos mais perfeitos, esta Inspectoria manteve
a sua primitiva decisão.
P o r officio de 28 de dezembro ultimo reclamámos do engenheiro fiscal da Companhia
City Improvements providencias, afim de que, durante a estação calmosa, o serviço de
desobstrucção das entradas das galerias se fizesse à noite e com as indispensáveis desin-
fecçôes.

Abastecimento de agua potável

Comquanto o Governo Imperial não tenha poupado sacrifícios para que a cidade seja
abundantemente abastecida de agua, ainda não dispõem effectivamente os seus habitantes
da que se torna indispensável às necessidades do nosso clima em relação aos diversos
misteres hygienicos nas habitações, nas ruas e .nas industrias, que tantas são as
exigências dos abastecimentos urbanos, accrescidas, entre nós, pela installação utilissima
do < •water closet. >
Felizmente, tão grande falta, capaz dos mais sérios desastres sanitários, está prestes
a terminar, graças aos novos mananciaes, cuja desappropriação foi encetada e que virão
garantir o abastecimento continuo d'agua á população, mesmo nas épocas de maior
sêcca, como ha mister.
A abundância do precioso liquido trará os melhores resultados á saúde publica e,
no complexo de factores do saneamento indispensáveis, a todos sobrepuja nos múltiplos
fins a que se destina.
Durante o anno por vezes reclamou esta Inspectoria contra a insufficiencia do aba-
stecimento em certas parochias e ruas, tendo sempre a satisfação de ver seus reclamos
attendidos pela Inspectoria das Obras Publicas, solicita en>supprir a população do melhor
modo, attendendo ao mesmo tempo a todas as necessidades variadissimas de agua fora do
consumo doméstico.
Requisitou também esta Inspectoria a canalisação de agua nas ruas que nao gozam
ainda desse melhoramento, afim de que os proprietários dos respectivos prédios pudessem

*
- 41 —

ser intimados a manter nellos condições hygienicas que se baseiam no supprimento


abundante e regalar de agua.
A todo instante verificam os delegados de higiene infracções sanitárias nos domicí-
lios de toda a população e principalmente nos da classe pobre, reconhecendo quasi sempre
a deficiência da agua distribuída para corrigil-as efficazmonte, e a impossibilidade de
tornarem effectivas as recommendações que dirigem aos domiciliados, desde que, nem
para o consumo individual e culinário, ha facilidade, em alguns bairros, de obter agua
para a classe pobre.
E ' da maior urgência esse beneficio capital para a salubridade deste municipio;
que o abastecimento continuo projectado se realize, e que o povo e a administração se .
libertem definitivamente das afflicções por que tem passado nas épocas de seccas perió-
dicas, que gradualmente vão se accentuando no Rio de Janeiro, devidas em parte á dis-
truição vandalica das florestas que o circumdavam.
Preenchendo todas as nossas águas nos mananciaes as condições de grande potabi-
lidade, algumas são distribuídas em vários gráos de contaminação, e sobre todas avultam
as dos < Tres Rios >, que continuaram, durante o anno findo, a ser dadas a consumo nò
mais sórdido estado de polluição, pela pratica altamente abusiva e criminosa dos pro-
prietários ribeirinhos, que propositalmente as empregam em lavar chiqueiros immundos,
onde sobrecarregam-se de toda a serie de detritos e excreções.
Durante o anno, esta Inspectoria teve por vezes a honra de passar ás mãos do
antecessor de V . E x . tópicos de vários relatórios dos delegados de hygiene da fregue-
zia de Jacarepaguà, sobre o mào estado de conservação das águas dos « Tres Rios > que,
distribuídas pela população da parochia do Engenho Novo, determinaram grande numero
dc perturbações gastro-intestinaes, especialmente na infância.
Jà anteriormente o E x m . S r . Barão de Ibituruna, em seu relatório, mostrou-
a necessidade de fazer cessar taes abusos; c com elle combaterão todos quantos se
occuparem desse assumpto.
Nutre, comtudo, esta Inspectoria a convicção de que esse mal será em breve
sanado, graças às disposições do art. 23 da lei de 24 de Novembro ultimo, em
virtude da qual incorrem nas- penas de um a tres annos de prisão com trabalho
os que lançarem substancias nocivas à saúde publica nas águas destinadas "ao abas-
tecimento das povoações, ou, de qualquer forma, as tornarem immundas.
Sem estas causas excepcionaes de contaminação, as outras águas que abastecem
esta capital, embora puríssimas nos mananciaes, mostram-se geralmente inferiores
na distribuição domiciliaria, o que indica que no trajecto ou nos reservatórios
urbanos soarem o contacto de impurezas.
Ainda não possuímos estudos completos comparativos sobre o valor hygienico
das nossas águas potáveis, o que em breve realizarei no laboratório da Faculdade
de Medicina, a meu cargo; posso, entretanto, desde já, com as pesquizas incom-
pletas feitas, aflfirmar a V. E x . que as nossas águas, na distribuição domestica,
revelam à analyse chimica e bacteriológica arejamento deficiente, abundância de
matéria orgânica e de germens vivos, autorisando, portanto, a suppor que se prestam
admiravelmente à vehiculação infecciosa, nas oceurrencias de contaminação especifica,
H. 6
- 42 -

facto que pôde representar papel salientissimo na disseminação de muitas epidemias,


o que obriga a um estudo bacteriológico systematioo o periódico sobro todas, varias
vezes por anno.
E ' o que me proponho fazer, logo quo o laboratório de bacteriologia da Faculdade
esteja installado com o material encommendado o prestes a chegar da E u r o p a .
Devo, entretanto, assignalar immediatamento a inconveniência de serem mantidos
no estado em quo so acham os reservatórios públicos das águas de abastecimento, sobro
os quaes tem esta Inspectoria recebido freqüentes reclamações dos delegados de hygiene
em seus relatórios mensaes.
Os reservatórios de Santa Thereza, Tijuca, Macacos, Tres Rios, Andarahy
Grande, etc. são completamente descobertos, dc modo que todas as impurezas atmos-
phericas, folhas do arvores, insectos e variadissimas substancias orgânicas ahi cahem
e corrompem a pureza da agua collecionada para a distribuição.
Esta contaminação aggrava-se rapidamente com o calor, e as bactérias contidas
pullulam com pasmosa rapidez o attingom a proporções avultadissimas, como o
demonstrou Miquel em multiplicados exames bacteriológicos feitos sobro as águas do
P a r i z , conservadas algumas horas em temperaturas crescentes até 30 grãos.
Os reservatórios devidamente cobertos c ventilados impediriam os inconvenientes
consignados e eliminariam o principal factor de insalubridade relativa das nossas águas,
fornecendo-a em muito melhores condições para o consumo nos domicílios. Como
medida de grande alcance prophylatico esta Inspectoria insiste ainda na propaganda
dos filtros domésticos, apparelhos hoje aperfeiçoados, que isentam a agua das impurezas
suspensas e solúveis o que a libertam de qualquer polluição, restituindo-lhe as qualidades
primitivas de pureza máxima.
Seria um meio soberano de, nas crises epidêmicas, eliminarmos quiçá o mais
poderoso factor dc disseminação infecciosa.
Devemos também em relação à salubridade publica profligar o facto de alguns
reservatórios não serem revestidos de cimento hydraulico no fundo, que conserva-se em
extremo lodoso, infecto e progressivamente entulhado de vasa immunda que se precipita
das águas que recebe.
São intuitivos os inconvenientes de tão deplorável facto, e sobre elle já temos
solicitado a attenção da Inspectoria das Obras Publicas.
Quanto finalmente á quota individual de abastecimento do agua para a nossa popu-
lação, em uma cidade nas condições da do Rio do Janeiro e com os nossos hábitos, para
garantia de todos os preceitos hygicnicos, esta Inspeciona julga nunca dever ser ella
inferior a 300 litros diários por habitante ; e calculando a população actual em 500.000
pessoas, pensa que o nosso abastecimento deverá manter-se no minimo em 150.000.000
de litros quotidianos fornecidos sob pressão e continuamente.
# Qualquer supprimento inferior a essa cifra determinará omissões o i r r e g u l a r i -
dades em alguns serviços sanitários, principalmente entre a classe pobre, que è também
a mais victimada pelas epidemias e a que, portanto, mais carece do auxilio dos poderes
públicos nos benefícios da hygiene domiciliaria, em cujo complexo a agua potável
representa o mais assignalado papel.
— 43 —

Habitações da classe pobre

EwtiUasons casas <lo dormida n. preço inflmo


0

Emquanto as ultimações feitas pólos delegados não tiverem um prazo fatal e forem
de discutível autoridade, serão inproficuos todos os esforços de vigilância exercida sobre
as estalagens, que durante o anno findo continuaram em regimen análogo ao dos annos
anteriores, isto ê, zombando dos conselhos, das ameaças, dos pedidos, das ordens e das
multas impostas por esta Inspectoria.
Seria repetir em pura perda considerações consignadas pelo meu antecessor e cuja
procedência está no animo de toda a população, trazer de novo ao conhecimento de V. Ex
os graves abusos que nessas habitações existem e são diariamente praticados, e as con-
seqüências gravíssimas que do facto resultam para os interesses sanitários collectivos.
Sem poder efficaz para cohibir o damno apontado e no intuito de furtar-se ao des-
crédito que adviria da falta de observância dos preceitos recommendados pelos delegados
de hygiene, esta Inspectoria tem sempre procedido com a maior prudência, limitando-se
apenas aos recursos suasorios e nunca appellando para o regulamento, cuja penalidade
não teve ainda a saneção legislativa e não pôde portanto ter rigorosa applicação.
Denunciar o facto importa confessar a sua irregularidade e reconhecer a necessidade
inadiável de completar essa omissão.que tira ás autoridades toda a efficacia de acção neste,
como em todos os variados assumptos de policia sanitária.

Em 5 de outubro representámos ao director da estrada de ferro D. Pedro II contra


a estalagem abandonada, da rua do Senador Pompeu, pertencente aquella mesma estrada,
a qual se achava convertida em guarida de vagabundos e deposito de l i x o ; bem assim
contra o armazém situado na rua do General Caldwell, perto da do Senador Pompeu, que
consta também pertencer á referida estrada ese acha nas mesmas condições.

Cumprindo o aviso n . 1699 de 16 de maio, esta Inspectoria remetteu ao Ministério


do Império a relação dos coriiços e estalagens existentes na Corte com a indicação local,
numero de habitações e condições hygienicas, nome dos proprietários e dos moradores
que as oecupavam.
Jàem 16 de janeiro esta Inspectoria tinha chamado aattencão da l l l m a . Câ-
mara Municipal para a necessidade de estabelecer lavanderias publicas, no intuito p r i n -
cipalmente de prohibir a lavagem de roupa nos cortiços e estalagens, pois esse uso con-
corre não pouco para as más condições hygienicas de taes habitações, jà pelo esUdo de
humidadeem que se conservam os pateos, embora empedrados, jà pelo facto, e muito pon-
derável, de se lavar a l l i muitas vezes roupas provenientes de hospitaes, casas de saude
— 44 -

ou particulares, pertencentes a indivíduos acommettidos de moléstias infecto-conta-


giosas.
Insiste esta Inspectoria em pedir a valiosissima intervenção de V. E x . junto ã l l l m a .
Câmara Municipal, para a realização de tão grande beneficio.
Pedimos venia a V. E x . para reproduzir o officio desta inspectoria ao Presidcnto
da U l m a . Câmara Municipal em 16 de Janeiro :
ILLM. E E X M . S R . — Uma das mais poderosas causas de insalubridade desta cidadee
da propagação das moléstias contagiosas, constituindo freqüentemente verdadeiras e assus-
tadoras epidemias, como infelizmente se observou, durante o ultimo semestre do anno
passado, com o desenvolvimento da varíola, consiste no abuso, ha muitos annos tolerado, de
se permittir a lavagem de roupas nas cstalagens e cortiços, sem esgotos próprios
para as águas servidas que correm para as sargetas das ruas ou se evaporam, sob a influencia
do calor do sol, nos pateos desses estabelecimentos levantados e sustentados pela usura,
onde vivem accumulados, envenenando sua existência, centenares de indivíduos de todas
as idades e de ambos os sexos.
Desde 1875 que as diversas commissões nomeadas pelo governo para indicar as
causas do desenvolvimento e persistência da fobre amarella e de ontras moléstias, e os
meios de as fazer cessar, lembraram como necessidade urgente a satisfazer-se o estabe-
lecimento de banhos e lavanderias publicas, onde pudesse a população pobre, especialmente,
aproveitar-se destes meios cujo concurso para a salubridade publica é incontestável,
sendo que depois de creadas as lavanderias se devia prohibir a lavagem de roupas nos
cortiços e estalagens onde não existir Iogar próprio para esse serviço.
Apezar desse conselho das commissões especiaes, das incessantes reclamações da
extineta Junta de Hygiene c desta Inspectoria, nada se tem conseguido até hoje dos
poderes competentes, no sentido da realização de um melhoramento tão importante
para os moradores desta capital, que continuam a ser testemunhas de uma infracção tão
grave dos preceitos da hygiene, vendo todos os cortiços convertidos em lavanderias, não
só para aa roupas dos seus moradores e de particulares, mas também para as dos
hospitaes, usadas pelos doentes, e que servem de vehiculo aos germens produetores das
mais graves enfermidades!
Com o ajardinamento da Praça de Acclamação e suppressão dos chafarizes e lavan-
derias publicas, que alli funecionavam, foram os cortiços se transformando pouco a pouco
em lavanderias, augmentando-se assim o numero já avultado dos seus moradores, com a
emigração das lavadeiras, que os procuram no intuito de se utilisarem dos acanhados
pateos e das águas de que podem dispore lhes falta nos domicílios particulares.
N o seu relatório do anno passado lembrou esta Inspectoria ao Governo Imperial a
T

conveniência de conceder alguns favores aos emprezarios de edificações de casas para as


classes pobres, exigindo, como retribuição, a, installação de banheiros para os moradores,
e dc lavanderias a vapor, munidas de apparelhos para a desinfecção das roupas.
Competindo, porem, ã l l l m a . Câmara Municipal iniciar e. animar o desenvolvimento
dos banheiros e lavanderias publicas, que hão de representar no futuro um dos mais
relevantes serviços prestados aos seus municipes, cumpro o dever de chamar sua attenção
para esse assumpto, sem duvida alguma, muito digno delia.
— 45 —

Diversos industriaos teem apresentado à IUma. Câmara Municipal, desde 1865,


propostas para fundação dosses estabelecimentos, som que até o presente so tenha conso-
guido a de um só.

Convencida, como se acha a Inspectoria de Hygieno, de que aos actuaes vereadores,


representantes directos do povo fluminense, não faltam o zelo, a dedicação e a iniciativa
precizas para a realização de tão instantes melhoramentos, appella ao seu patriotismo, e
conta que taes melhoramentos não se farão esperar, desde que a l l l m a . Câmara se
compenetrar de sua inadiável execução o da importância do serviço que vai prestar ao
bem estar presente e à prosperidade futura dos seus concidadãos.
P a r a auxiliar a Municipalidade nesse generoso e patriótico empenho, envidara a I n -
spectoria Geral de Hygiene todos os esforços, ajudando-a directa e francamente no que
depender das autoridades sanitárias, e solicitando do Governo Imperial os meios que
forem indispensáveis para a creação de banheiros e lavanderias publicas nesta capital.

Deus guarde a V . E x .

16 de janeiro de 1888.

Tendo os jornaes desta Corte noticiado, a 31 de Agosto, a visita feita por V. E x .


quando ainda oecupava a pastada justiça, ás casas de dormida situadas no becco dos F e r -
reiros e ruas adjacentes, e o estado dedesasseio em que V. E x . as encontrou, julgou esta
Inspectoria de seu dever, para que não fosse acofmada de deleixo, participara V. E x . por
officio de 1 de setembro que, ha mais de dous annos, se oecupava com essas casas contra as
quaes reclamavam os delegados sanitários da freguezia de S. José que, como a Inspectoria,
sc viam em sérios embaraços para pôr cobro a essa transgressão dos mais imprescindíveis
preceitos de hygiene; pois empregando medjdas extremas receiavam produzir um mal
maior com asuppressão dessas casas, porquanto nem os seus freqüentadores dispõem cer-
tamente de recursos para ter melhor pousada, nem os exploradores dessa industria
poderão por tão baixo preço dal-a em mais vantajosas condições.
No relatório impresso e apresentado ao Ministério do Império pelo meu antecessor, o
E x m . S r . Barão de Ibituruna, encontrará V. E x . o assumpto exposto minudentemente
e a enumeração dos actos e resoluções tomadas no sentido de melhorar o mais possível
essas hospedarias de infima classe.
Em resposta ao aviso n. 2258 de 3 do referido mez de setembro enviou esta inspe-
ctoria ao Ministério do Império um projecto de posturas organizado pelo D r . Pires de A l -
meida com as determinações para as pousadas, que d'ahi em diante se estabelecessem, e
a indicação dos melhoramentos a fazer-se nas actuaes, melhoramentos compativeis com o
preço mínimo da dormida, por isso facilmente realizáveis.
- 46 —

Substancias alimentares e bebidas

Foram mantidas durante o anno as resoluções desta Inspectoria, de 8 de janeiro de


1887, e 12 de fevereiro de 1S8S, approvadas pelo Ministério dos Nogocios do Império,
pelas quaes os fabricantes de vinhos e de outras bebidas alcoólicas são obrigados, por
marcas a fogo postas no vasilhame, a tornar patente a qualidade artificial da bebida o
conjunetamente o nome do fabricante ou sua firma social, sob pena de m u l t a .

Em março resolveu a Inspectoria que amostras de vinhos, licores, cervejas, vinagres,


etc, artificiaes fossem novamente submettidas à analyse no laboratório de
hygiene, antes que nova licença fosse concedida pela l l l m a . Câmara Municipal.

No intuito de tornar efficazes as medidas que evitem as falsificações, não só das bebi-
das como dos generos alimentícios, e bem assim das drogas e medicamentos, esta I n -
spectoria, por officio de 22 de dezembro, solicitou do Governo Imperial a nomeação de uma
commissão especial composta de hygienistas, jurisconsultos e chimicos, para elaborar um
projecto de regulamento, cujas bases correspondessem às seguintes indicações:
l. 1
Definir precisa e formalmente o que se deve entender por falsificações;
2 . Referir a falsificação a todas as substancias alimentares e bebidas, e instituir um
1

serviço de inspecção affecto exclusivamente a ellas ;


3 . Unificar os methodos e processos de pesquizas a empregar para reconhecer e ca-
1

racterizar as falsificações;
4 . Apresentar um projecto de legislação visando particularmente as substancias a l i -
a

mentares e bebidas, e redigido de modo. a precisar exactamente a natureza e a gravidade


dos delictos, dando às autoridades administrativas e sanitárias poderes e meios de acção
necessários para a repressão das falsificações e, finalmente, fornecendo ao poder judiciário
uma saneção penal sufficiente para que a repressão seja efficaz.
Esta commissão foi nomeada por aviso de 31 de dezembro de 1888 o é composta dos
D r s . conselheiro Nuno de Andrade, José Maria Teixeira, L u i z Agapito da Veiga e A n -
tônio José Rodrigues Torres Netto, sobre a presidência do inspector geral de hygiene.
Terminados que sejam os respectivos trabalhos, nutro a esperança de ver afinal bem
definidas as attribuições da Inspectoria Geral de Hygiene sobre falsificação e fraude, não
só das bebidas alcoólicas nacionaes e estrangeiras, como dos demais generos alimentícios,
fazendo terminar de uma vez para sempre as duvidas e complicações que tanto embara-
çam as medidas tomadas no sentido único deacautelar a saúde publica.

Em sessão de 28 de Março, foi approvado o parecer do D r . Souza L i m a , sobre a


representação dirigida à Câmara dos Srs. Deputados pelos membros da extineta Junta Cen-
— 47 —

trai de Hygieno P u b l i c a , romettida a esta Inspectoria polo Ministério dos Negócios do


Império com o aviso de 26 de setombro de 1887, relativamente á questão dos vinhos a r t i -
ficiaes e às medidas apontadas como necessárias afim de salvaguardar a saúde publica da
falsificação e da fraude.
Este parecer, qüe muito interessa a uma questlo tão largamente debatida pela i m -
prensa, e que se prende intimamente à saúde publica, foi remettido em tempo ao Ministé-
rio do Império.

Por occasião da analyse do vinho marca B . A . , eífectuada a 24 de janeiro, eno


intuito de provar a existência do vestígios de ácido salicylico, contestada em alguns vinhos
portuguezes, que tinham sido anteriormente submettidos á analyse, novas provas, tiradas
perante o E x m . S r . conselheiro Nogueira Soares, Ministro de Portugal, interessados e
árbitros, e em presença da Inspectoria Geral de Hygiene, confirmaram os resultados p r i -
mitivos c evidenciaram a presença de vestígios, de ácido salicylico nos vinhos examinados,
do que se lavrou o respectivo termo. *

Desejando esta Inspectoria collocar no mesmo pé de igualdade o policiamento sani-


tário na verificação dos vinhos artificiaes importados, sujeitando-os à mesma marca das
fabricas nacionaes, dirigiu-se ao Conselheiro Inspector da Alfândega, pedindo-lhe a
indicação do modo pratico de conseguir aquelle resultado, ao que respondeu S. E x . nos
seguintes termos.
«Alfândega do R i o de Janeiro, 23 de outubro de 1888.— N. 5 3 5 . — I l l m . e E x m . S r . —
No intuito de guardar-se rigorosa igualdade nas precauções de policia sanitária, tenden-
tes aos vinhos artificiaes estrangeiros, consulta-me V. E x . , em seu ofEcio de 18do
corrente mez, si é possivel ampliar a estes a adopção à marca a fogo da palavra — a r t i -
tificial— nos respectivos cascos e barris, jà decretada para os vinhos fabricados no paiz;
e si esta providencia dará resultados práticos, bem como que essa Inspectoria suggerira
outras cautelas que assegurem a obtenção do fim desejado, com a repressão do abuso
freqüente da entrada no mercado de vinhos artificiaes offcrecidos ao consumo como
naturaes.
Parece-me de effeitos muito duvidosos no ponto de vista de policia sanitária a marca
a fogo nos cascos e barris de vinhos artificiaes estrangeiros, não sendo os fabricantes a
isso compellidos por lei expressa de seu paiz. O alvitre, pois, mais efficaz a seguir, seria
sujeitarem-se a experiências todos os vinhos importados de qualquer modo acondicio-
nados; mas t a l pratica é quasi inexequivel nesta alfândega pela grande quantidade desse
gênero que recebe, e levantaria repetidos clamores da parte do commercio, que não
poderia retirar seus vinhos com a presteza a que está habituado, porque o processo da
verificação dos vinhos artificiaes e naturaes tomaria mifito tempo, além de ficarem
obrigados às mesmas prescripções e demoras tanto os importadores de vinhos artificiaes
como os de vinhos naturaes, o que até certo ponto seria iniquo e vexatório para estes
últimos. As considerações oxpendidas levara-me a suppor que, se independentemente
da analyse, não so puder distinguir com o preciso critério o vinho artificial do natural,
será impraticável a conciliação simultânea destes tres pontos essenciaes: — p o l i c i a
sanitária, direito do commorcio no prompto desembaraço das mercadorias, conveniência
do serviço da alfândega em não retardar a sahida das mesmas mercadorias, não h a -
vendo motivo ponderoso que as retenha na repartição. »

Em sessão de 26 de setembro foi presente a esta Inspectoria o requerimento dc 24


do mesmo mez, da União dos Fabricantes de bebidas alcoólicas e outros produetos, pe-
dindo, como principio de equidade, que a Inspectoria fizesse applicar a — marca a fogo —
a todos os produetos e artigos importados, reconhecidos artificiaes pelas analyses, ate
mesmo àquelles que, como os licores, as genebras e os xaropes, não podem deixar de
ser artificiaes; e, si a applicação diária e constante da referida marca no vasilhame
entrado na alfândega oferecesse difficuldade pratica, providenciasse no sentido do
suspendel-a quanto ao vasilhame dos fabricantes nacionaes, até que semelhante
medida, lembrada pela passada administração, possa ser devidamente regularisada.

A Inspectoria, em sessão de 2 de novembro, approvou o seguinte parecer do


D r . Bento C r u z :
« Não compete a esta Inspectoria e sim ao Governo providenciar nos entido em que
pedem os supplicantes.
Esta Inspectoria reconhece que, por equidade, devera applicar aos vinhos artificiaes
importados medidas de policia sanitária rigorosamente idênticas ás decretadas para os
similares nacionaes; todavia, deparando-se impossibilidade material, por ora insuperável,
para tornar-se a — marca a fogo — extensiva aos vinhos artificiaes estrangeiros, tem
imposto a estes medidas de outra ordem de rigor equivalente e de exequibilidade pratica.
Continuará, pois, a exercer com inteira imparcialidade escrupulosa fiscalisação sobre
os vinhos de qualquer procedência, tendo para isso dado opportunamente aos seus dele-
gados da alfândega as instrucções que julgou mais acertadas para a repressão da
fraude em relação a todos os produetos importados para a alimentação; e, com o auxilio
das medidas de policia sanitária adoptadas, espera em pouco tempo collocar no pé de
igualdade os industriaes nacionaes e estrangeiros, obrigando-os, indistinetamente, o
por todos os meios autorisados pelo regulamento sanitário, a respeitar na preparação
dos seus produetos os vitaes e soberanos interesses da saúde publica. >

Em 9 de maio foi apresentado, em sessão, pelo D r . Pires de Almeida, um projecto


de liscalisação das bebidas alcoólicas nas tavernas, casas do commodos, hotéis, etc.

Em sou relatório de dezembro, o D r . • Gustavo de Sá, delegado de hygiene em


serviço na alfândega, refere-se às dificuldades que tem encontrado para o bom desem-
penho da sua missão, fazendo v e r a impossibilidade do laboratório de hygiene analysar
rapidamente certos gêneros que, entretanto, não podem ser retidos,, depois de despa-
chados, na porta dos armazéns do gêneros da estiva; vendo-so por isso, às vezes, co-
agido, para conciliar os legítimos interesses do commercio com os da saúde publica, a
l i m i t a r — a um exame summario— os gêneros que nao lhe parecem suspeitos, tomando
comtudo as respectivas amostras para posteriores analyses.
0 . melhor meio dc remediar taes inconvenientes seria, logo que dessem entrada na
alfândega, tirar amostras das bebidas e gêneros alimentícios, remettel-as á Inspectoria,
ou directamente, o que é melhor, ao laboratório de hygiene, onde fossem submetiidos
immediatamente ã analyse; dc modo que, por occasião do despacho, o delegado esti-
desse avisado do resultado da analyse; eviiar-se-hia assim o vexame de apprehen-
der-se, em casas de negocio, mercadorias condemnadas e muitas vezes já entregues em
boa parte ao consumo publico.
Observa, por sua vez, o D r . Edmundo Xavier, igualmente commissionado na
Alfândega para o mesmo serviço, que os productos, importados para a alimentação
publica, não vão na maior parte para os trapichese que na alfândega, além de serem
expedidos pela porta auxiliar, o são também pelas d e n s . 1,3, 16 e 17, tornando-se
assim impossível a rigorosa nscalisação por parte dos delegados sanitários.
Para obviar esse inconveniente, opina o D r . Xavier que os gêneros alimentares
sejam submettidos à analyse no acto da conferência interna, o que é de fácil execução ;
e que, devendo preceder á expedição desses gêneros a respectiva analyse, os conferentes
das portas de sahida exijam que os despachos sejam rubricados pelos delegados
sanitários.
O que cumpre em todo o caso è que as analyses se façam com a maior presteza e que
os respectivos relatórios sejam remettidos directamente á Alfândega, em vez de o serem
por intermédio da Inspectoria.
Esse serviço de fiscalisação na Alfândega, inaugurado pelo meu antecessor interino,
embora tenha dado resultados proveitosos, è muito incompleto edeve ser ampliado a
todas as partas por onde transitam gêneros alimentícios, para o que a Inspectoria Geral
de Hygiene não dispõe absolutamente de recursos.
Conviria estabelecer na própria Alfândega um grande laboratório onde, com a
brevidade indispensável, pudessem ser sujeitos a analyse todos os productos albmentares
e bebidas de importação, para garantia completa da saúde publica, em assumpto de
importância capital".
Sem esse recurso, parece-nos que sempre será irregular, moroso e incompleto o
serviço da fiscalisação bromatologica entre nós, e intermináveis as questões de fraudes,
alterações no fabrico de substancias alimentares e no de bebidas naturaes c artificiaes,
nacionaes e estrangeiras.

Gêneros alimentícios deteriorados e condemnados

Varias vezes, por denuncia dos delegados de hygiene, teve a Inspectoria de ordenar
a inutilisação de gêneros alimentícios deteriorados existentes em trapiches e armazéns.
H . P. 7
- 50 -

Partidas dô loito condensado, do batatas, de arroz foram inutilisadas, por se acharem


em estado pronunciado do alteração. Para esse fim houve necessidade de recorrer ás
autoridades judiciarias, sempre solicitas em attender aos rociamos da saúde publica.
Quando o gênero doterioradp pôde ter applicaçãt) na industria, limita-se esta
Inspectoria a ordenar, não a sua destruição, mas a condomnação para fins alimentícios,
permittindo unicamente a utilisação industrial da qual não possa resultar damno algum
sanitário.
Com tal procedimento concilia-se, sempre que é possível, o interesse privado
econômico com o bem publico.

Por conter ácido salicyiico, reconhecido pela primeira analyse, confirmada pela
segunda a que se procedeu no laboratório de hygiene, ficou interdicta, na Alfândega,
uma partida do fruetas em conserva, procedente de Bordeaux, da fabrica Teysonneau & C.

Em relação à analyse dos vinhos salicylados, esta Inspectoria, sempre de acordo


com a da Alfândega, resolveu também que fosse ahi estabelecido um pequeno laboratório,
onde pudessem ser feitas summariamente as analyses, não só dos vinhos, como dos demais
generos suspeitos; recommendou ainda que, para nova analyse mais completa e c i r c u m -
stanciada, fossem remettidos sem demora ao laboratório de hygiene amostras dos
produetos em que se reconhecesse a presença de substancias nocivas.
Em execução dos arts. 24 § 4° e 26 § 12 do regulamento sanitário, esta Inspectoria
encarregou os delegados de hygiene, Drs. Carlos de Vasconcellos e Edmundo X a v i e r , de
proceder, na Alfândega da Corte, de acordo com o Inspector dessa repartição, ás
analyses de que tratam os precitadòs artigos: e determinou que para a fiscalisação das
drogas e dos medicamentos, os dous pharmaceuticos da Inspectoria se encarregassem do
serviço alternadamente, por semana.

Tendo o delegado D r . Carlos de Vasconcellos pedido dispensa da commissão em 20


de Novembro, foi nomeado, na mesma data, para substituil-o, o delegado D r . Gustavo
Adolpho de Sá.

Havendo alguns importadores recebido avultadas partidas de vinhos com a decla-


ração, expressa, pelos fabricantes, de não conterem a menor partícula de ácido salicyiico
ou de qualquer outra substancia capaz de impedir a fermentação, a não ser o álcool em
quantidade hygienica e legalmente permiitida, cheios de confiança requereram espon-
taneamente a esta Inspectoria a analyse dos referidos vinhos, a qual, entretanto, revelou
nelles vestígios de ácido salicyiico.
Não se conformando com tal resultado, resolveram submetter amostras dos vinhos sus-
peitos ao exame de outros chimicos, os quaes declararam não ter encontrado a substancia
— 51

nociva denunciada pela analyse official. A.' vista do que, ouvido o Inspector d'Alfân-
dega, resolveu o meu antecessor que todos aquelles vinhos, em deposito nos armazéns da
mesma repartição, fossem subraettidos, na presença dos interessados, a nova o rigorosa
analyse e decidir, afinal, de acordo com os resultados obtidos.

Por aviso de 12 de Agosto ordenou o antecessor de V. E x . que o Inspector geral


de hygiene interino, de acordo com o Sr. Inspector d'Alfândega, organizasse o orça-
mento da despeza precisa para se estabelecer um pequeno laboratório annexo aquella
repartição, e bem assim da receita que o dito laboratório poderia produzir na hypothese
de tornar-se obrigatória a analyse dos gêneros, cobrando-se as taxas consignadas no
art. 18 do regulamento de 22 de Dezembro de 1883, com a alteração estabelecida no
art. 1S3 do regulamento sanitário vigente.

E ' conhecido o pesado tributo que a infância nesta cidade, paga á morte.
Entre as causas que concorrem para isso, figuram em primeiro logar as moléstias
atrophicas, provenientes em grande parte da alimentação insufficiente.
Na falta de amas, cada vez mais difficeis de obter em boas condições, recorre-se
geralmente ao leite de vacca, no qual fallecem por vezes as precisas qualidades nutrien-
tes, quando, por má compensação, não sobram nocivas. Motiva o facto a falta de c u m -
primento das posturas municipaes e a carência de fiscalisação, que aliás deve ser exercida
sobre uma industria que tão de perto entende com a alimentação publica.
No entretanto, o leite tornou-se indispensável à primeira infância e está largamente
introduzido nos hábitos alimentares da população, pelo que não pôde passar despercebido
a esta Inspectoria.
Em virtude de incessantes reclamações dos delegados de hygiene, solicitámos pro-
videncias à l l l m a . Câmara Municipal em officios datados de 7 de Fevereiro, 15 e 24 de
Março, pedindo a execução do regulamento sobre estabulos, e, como dispõe de pessoal
medico, exclusivamente, para o exame de vaccas e do leite, a necessária fiscalisação sobre
esse gênero. Com pezar, porém, nada até agora se ha conseguido, tendo sido improficuas
as reclamações feitas.
As posturas municipaes, entretanto, nos parecem ainda insufficientes, porque, de-
terminando uma área dentro da qual não se podem construir estabulos, ainda os vemos
nos mais populosos e apertados quarteirões do perímetro prohibido e de forma a não
satisfazerem a prescripção alguma dos preceitos sanitários.
Os estabulos são, era geral, casas de rotula e janella, cujas paredes se deitaram
abaixo; as vaccas acham-se ahi num corredor estreito, sem ar e sem l u z , ou antes re-
spirando um ar quente, abafado, carregado de impurezas, n'um meio deletério e que
deve fatalmente concorrer para o definhamento de todas as funcções orgânicas, para a
má qualidade do leite secretado, ainda freqüentemente adulterado pela fraude na g a -
nância criminosa, por parto dos proprietários, de um lucro maior em perspectiva.
— 52 -

E ' portanto um assumpto oste digno de merecer toda a attençKo do V. E x . , e


sobro o qual cumpre tomar medidas definitivas o exeqüíveis quo obstem os gravíssimos
accidentcs quo soem dar-se nesta capital, onde a mortalidade da primeira infância attingo
às maiores proporções pormolcstias de origem alimentar.
No vasto o generoso plano de assistência publica infantil, de que V . E x . è o grande
apóstolo, nenhum problema se avantaja a este, nenhuma questão se impõe tanto a con-
sideração efficaz da administração.

Leite de procedência carfcunculosa

O delegado do hygiene da freguezia de Jacarepaguá, Dr. Cândido Benicio, com-


missionodo por esta Inspectoria, com autorização do antecessor de V. E x . , para syndicar,
com o maior cuidado, na cidade de Rezende, o que havia de exacto sobre o leite que,
proveniente, conforme denuncia, de vaccas acommettidas de carbúnculo, estava sendo
fornecido à população da Corte, apresentou em Outubro um relatório circumstanciado,
cm o qual affirma ser aquella denuncia destituída de fundamento; á vista do que, foi
permittida a venda do leite que, para as necessárias averiguações, havia sido interdicta.
Exigindo o Ministério dos Negócios do Império, para satisfazer a uma requisição da
Câmara dos Srs. Deputados, cópia do resultado do exame que o conselheiro D r . Augusto
Ferreira dos Santos, a pedido do meu antecessor, fizera no leite suspeito de procedência
carbunculosa, apprehcndido na casa n. 52 á r u a da Uruguayana, esta Inspectoria, em
29 de Novembro, pediu ao provedor da Santa Casa da Misericórdia lhe fosse fornecida
a referida, cópia que, por justos escrúpulos daquelle professor em fornecer qualquer
documento relativo a trabalho executado no Instituto Pasteur, a seu cargo, sem audiên-
cia de seu chefe, não tinha sido obtida. Em officio posterior S. E x . se dignou de
expedir a competente autorização.

Águas mineraes

No intuito do conhecer até que ponto mereciam credito os boatos propalados em


relação ao estado das águas mineraes de Caxambú, Lambary e Poços de Caldas, aceu-
sadas deterem soffrido modificações em seus princípios elementares constitutivos, dimi-
nuição em sua capacidade e^ até completo desapparecimento, esta Inspectoria, preva-
lecendo-se da licença concedida ao D r . Souza L i m a para ir áquellas águas, confiou-lhe
a missão de examinal-as, o que S. S. fez com o costumado critério e reconhecidas h a -
bilitações, apresentando em sessão de 4 de A b r i l um bem elaborado relatório sobre o
exame e analyse das referidas águas, praticados após os trabalhos de canalisação,
installação de banheiros e outros melhoramentos alli ultimamente realisados.
Esse trabalho foi remettido a esse Ministério em 2 do mesmo mez.
— 53 -

Emsossão de 17 do Agosto foi presente o aviso do Ministério dos Negócios do Im-


pério do 4 do mesmo mez, mandando que a Inspectoria Gorai do Hygiene, em virtude
da doutrina do aviso n. 411 dè 5 de Novembro de 187-1, expedido de conformidade com
a Imperial Resolução de 7'dc Outubro, tomada sobre consulta da seeção do Império
do Conselho do Estado de 12 do Agosto do mesmo anno, que declarou quo as fontes de
águas mineraes existentes nas províncias nao deverão ser consideradas como propriedade
destas, mas pertencentes á Administração Geral do Estado, organizasse com brevidade
um plano para as concessões de exploração de taes águas, indicando as bases ou condi-
ções que deviam ser attendidas nos respectivos contractos.
Em sessão de 3 de Setembro foram presentes á Inspectoria, pelo meu antecessor
interino, as bases .que deviam ser adoptadas nos contractos sobre águas mineraes, ficando
assim satisfeito o aviso do Ministério dos Negócios do Império de 4 de Agosto ; a 6 de
Setembro foram essas bases levadas ao conhecimento do mesmo Ministério.

Prophylaxia das moléstias transmissíveis

No constante empenho de evitar o apparecimento das moléstias ou de aitenuar-lhes


as manifestações, que a tanto importam, cm synthese, .os esforços da hygiene social
hodierna, tem a administração sanitária a mais gloriosa tarefa e a mais benevola inter-
venção na prosperidade década povo.
Nenhum poder publico deve estar mais identificado com a população; nenhum
comprehende melhor nem mais ardentemente advoga os seus mais caros interesses i n -
dividuaes e collecti vos em todas, as idades, em todos os momentos, em todas as contin-
gências da v i d a .
N a moléstia que enfraquece, invalida ou inuiilisa o homem, os principaes ele-
mentos da acção mortifica são do domínio da hygiene e os recursos desta se evidenciam
avultados e grandiosos precisamente na grande classe das moléstias transmissiveis, que
hoje, como sempre, formam o principal contingente da morbididade e mortalidade das
populações urbanas e ruraes.
Reconhecer o valor da prophylaxia sanecionado pela observação experimental e des-
c u r a l - o e n i prejuízo da humanidade, seria crime que nenhum povo culto jamais admit-
tiria e que tornaria execranda a memória de qualquer administração que o com-
mettesse.
N a elucidação, porém, desse problema, e sobretudo na sua demonstração pratica
ha um complexo tal de factoras importantes que torna-se impossível attingir a r e s u l -
tados immediatos sem alguma demora, sem uniformidade de orientação e sem grandes
dispendios que, muitas vezes, representam na vida econômica das nações pesadíssimos
sacrifícios.
A esta u l t i m a consideração se deve sem duvida attribuir, entre nós, as difficuldades
com que tem lutado a administração sanitária para attender as necessidades do magno
serviço da prophylaxia das moléstias transmissiveis, e que explicam a ausência completa
- 54 —

de recursos que a respeito encontrei na Inspectoria Geral de Hygiene quando, ao começar


minha administração, via annunciar-so um tremendo paroxismo epidêmico de febre
amarella.
E" incontesteque melhor vale prevenir o apparocimento dás moléstias do que ter de cora-
batel-as: em qualquer das hypotheses, porém, sem elementos materiaes que correspondam
às exigências do serviço, nenhum resultado positivo pode ser auferido, seja qual fòr a
solicitude do pessoal a quem incumbe executal-o.
Ora, no coinmettiraento de prevenir o apparecimento ou a propagação de moléstias
susceptíveis de transmissão epidêmica, o material previamente installado para funccionar
no momento preciso representa a condição capital de successo, a única sobre cuja eífica-
cia preservadora confia a autoridade na crise afflictiva a que tem de dar prompta
solução.
Ainda mesmo sendo ideal o modo de funccionar de todos os serviços hygienicos
em qualquer cidade, não havendo até possibilidade de infecção cósmica local, a importa-
ção epidêmica de um grande numero de moléstias è sempre possível e a tanto importa
dispor a administração dos meios de acção immediata e profícua. -

Sem essa preliminar não ha prophylaxia eíficaz; e a omissão traduz, na espécie, o


mais grave descuido pela saúde publica, que è a base da felicidade e do progresso da
Nação.
Na prophylaxia das moléstias transmissíveis o isolamento e a desiítfecção são os
princípios fundamentaes a que cumpre logo obedecer: seqüestrar o foco, tornal-o único
para evitar a irradiação infecciosa, des_truil-a pela purificação desinfectora, isentar o
indivíduo, o local e os objectos compromettidos da propagação a outros indivíduos, locaes
e objectos da infecção que os sobrecarrega, são deveres rigorosos da autoridade.
Como, porém, realizal-os sem um local para o isolamento, sem apparelhos para
desinfecção, sem meios de transporte especial que preserve a população e que não mar-
tyrise o doente, sem obrigatoriedade de communicação à autoridade sanitária do"s p r i -
meiros casos verificados, sem obediência popular aos preceitos administrativos, sem
sancção legal aos actos da policia sanitária nas infracções do regulamento?
E em plena epidemia, como attender ao soccorro publico, sem atropello, com a
regularidade e ordem indispensáveis, à medida das circumstancias impondo á população
a maior confiança e livrando-a do pânico que a todos é sobremodo prejudicial, si a admi-
nistração não dispõe dos recursos materiaes de hospitalisação conveniente, não tem
ainda iniciado officialmc.ite os uiensis da assistência publica nas variadas especialisações
do serviço?
Como acudir aos atacados e preservar os sãos do acommettimento epidêmico sem
a efficacia que só a promptidão do soccorro pôde fornecer ?
Estas interrogações indicam outras tantas necessidades publicas urgentíssimas
c inadiáveis, c que todas, tenho a maior satisfação em affirmal-o, foram por V. E x .
attendidas sem a menor hesitação; inaugurando-se por esta fôrma para a hygiene p u -
blica desta corte uma nova senda auspiciosa a percorrer, inçada de benefícios perennes
para a população, nas épocas norraaes e era quaesquer crises epidêmicas que de futuro
sobrevenham.
- 55 —

Montado o serviço da prophylaxia geral epidêmica pestilencial, cumpre aperfei-


çoal-o, adaptando-o ás diversas moléstias infectuosas do transmissibilidado permanente
entre nós, como em todas as capitães, e à frente das quaes figuram a tuberculose, a
febre typhoide, o sarampão, a escarlatina, adiphteria e a varíola.. P a r a umas, a propa-
ganda prophylactica, o isolamento e a desinfecção darão os melhores resultados; para a
ultima, a esses meios devemos acerescer a diffusão da vaccinação por todo o Império, tor-
nando-a mesmo obrigatória e systematica a todas as classes sociaes, em períodos certos e
determinados.
P a r a o isolamento e a desinfecção ha carência de material que se vai adquirindo !
para a vaccinação, dispò"e esta Inspectoria de alguns recursos, que no anno findo foram
explorados pelo modo que passo a expor a V . E x .

Vaccinação

Em larga escala durante o anno findo foi praticada a vaccinação na Inspectoria


Geral de Hygiene ; distribuiu-se pelas províncias quantidade considerável de tubos
contendo vaccina animal e humanisada em culturas suecessivas.
Tendo o D r . Pedro Affonso Franco conseguido a introducção, entre nós, da
vaccina animal, jà adoptada em todos os paizes mais adiantados e reconhecida de
grande utilidade, pela força preservativa de que goza, pelas vantagens reaes de
multiplicação a que se presta, fornecendo enorme quantidade em pouco tempo e
ainda por evitar a passagem, para o inoculado, de virus impuros do vaccinifero,
entendeu esta Inspectoria que devia acceder ao desejo daquelle professor e nomeou
dous dos seus membros, os Drs. Gonçalves Cruz e Araújo Góes, para verificar os
resultados obtidos c^m aquella lympha, os quaes, havendo acompanhado os respectivos
trabalhos, durante dous mezes, na Santa Casa da Mizericordia, apresentaram um
relatório favorável, que foi* unanimemente approvado em sessão de 11 de J a -
neiro.
Em 15 de Março declarou a Inspectoria ao antecessor de V. E x . ser preferível
a segunda das propostas feitas pelo D r . Pedro Affonso, consistindo uma na cessão
gratuita, para o Estado, do Instituto Vaccinogenico completamente montado, afim de
que o Governo continuasse ahi a cultura da vaccina animal, e outra da subvenção
mensal de 500$ para todas as despezas de pessoal e material, obrigando-se ainda,
além de continuar a dirigir o referido instituto, ao fornecimento de vitellos para
as vaccinações publicas no edificio da Inspectoria e a satisfazer todos os pedidos de
lympha vaccinica.
De conformidade com a informação o Governo Imperial subvencionou o Instituto
Vaccinogenico por aviso de 28 de A b r i le desde 1' de Maio começou-se a praticar, nesta
repartição, a vaccinação animal juntamente com a inoculação da vaccina jenne-
riana.
No intuito de familiarisar os delegados de hygiene com a pratica da vaccinação
animal o D r . Pedro Affonso, pessoalmente e com seus ajudantes, compareceu durante
- 56 -

seis mezes ás sessões de vaccinação para iniciar o novo serviço. Do Novembro em


diante ficou inteiramente entregue aos delegados de hygiene a inoculaçJo daquella
vaccina.
Os resultados pelas duas vaccinas constam dos quadros seguintes :

INSPECTORIA G E R A L D E H Y G I E N E

MAPPA du vaccinação e revaccbcã» praticadas DD minicip írutro darantj o a r » d; 1SSS

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O1>sorvaç£io
S o n u a e r a dos v . i c c i a i J j s q i c obt:vera:n v . i c c i m regular í o r a u : dc 1» inocu!aç5o 173, dc 2» 43, <lc 3 » 3 7 c de í» 1 J .

KsSc s i r v í ç i o r.eç j a a se. folio c.n o :uer dc A£a. o p r ó x i m o uassado.


- :

ENSPECTORIA G E R A L D E H Y G I E N E

3APPA di vacciaaçi) c revaccinarão priticdas no Iinitijiio Neutra djr.nt; o amo de 1SS8

SE XO NACIONALIDADE CONDIÇÃO IDADI-:S * 1


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Vaccina J"?nr.criana í.snj 1.002 SOI l.SOt 0 1.S02 9


i 017 312 1S1 3X) S73 137 73S 11

Obsorvaçüo

N, » « „ d„ S q ,, .b,!,.™", vaccina ^fírS^S,- ff» M^SlTd1?^


Ç
- 57 -

Do segando quadro se vê que foram vaccinadas pela vaccina jenueriana 1.803 pessoas
das quaes 1.045 compareceram para verificação do resultado. Destas 1.045, tiveram
resultado satisfactorio 8S6e negativo 159, o que produz a porcentagem de 84,8 •/ de
bons resultados.
Do primeiro quadro se infere que das 119 pessoas vaccinadas do vitello compare-
ceram á verificação 319, das quaes 279 cora resultados favoráveis e 40 sem resultado,
o que dá a porcentagem dc 87,4 % de bons resultados.
D'ahi se conclue que o numero dos inoculados pela vaccina animal foi muito infe-
rior ao dos inoculados pela jenncriana, tendo, entretanto, sido favorável o resultado
obtido com a primeira.
P a r a isso concorreram duas circumstancias:
I , a vaccinação animal foi praticada era larga escala na Santa Casa da Miseri-
a

córdia, onde o povo habituou-se a ir procural-a, tirando assim da Inspectoria de Hygiene


grande numero de vaccinandos que preferiam aquella vaccina; 2 , não estando ainda
a

completamente habituados a usar da vaccina animal, os delegados de hygiene escolhiam


naturalmente a jenueriana. cujo processo de inoculação è mais simples o expedito.
Aconteceu mesmo que, á vista de certas particularidades inherentes áapplicação da
vaccina animal, houvesse durante algum tempo grande numero de insuecessos, o que
provocou por parte do meu antecessor interino a declaração, na Academia Imperial de
Medicina, de que a vaccinação animal estava falhando muito na Inspectoria de Hygiene.
Esta declaração, feita em uma das sessões de Setembro do anno passado, fez com que
o D r . Pedro Affonso Franco, era officio de 2 de Outubro, propuzesse que a questão da
efficacia da vaccina animai fosse tirada a limpo na Inspectoria de Hygiene.
Attendendo à dificuldade da verificação exacta dos resultados da vaccinação, visto
que em geral a maioria dos vaccinados não volta á Inspectoria, propoz àquelle professor,
e o meu antecessor interino acceitou, que, dosvaccinandos.se escolhesse todos aquelles
cuja moradia, por próxima do centro da cidade, permittisse a verificação em domicilio
da qual se encarregariam os delegados de hygiene e os ajudantes do Instituto Yaccino-
genico.
Assim se procedeu, e nos dias 4, 7, 11, 14 e l S d e Outubro foram vaccinadas na
Inspectoria de Hygiene as crianças naquellas condições, sendo a vaccinação executada
pelo D r . Pedro Affonso e seus ajudantes.
Os resultados obtidos attingiram a porcentagem extraordinária de 9S e'/', % ,
tendo a maior parte dos vaccinados excellentes pústulas vaccinicas em todos os seis pontos
inoculados.
Assim demonstrou-se cabalmente a efficacia da vaccinação animal e elucidou-se a
causa principal de insuecesso dasinoculações anteriores.
De taes trabalhos dá conta circumstanciada o officio de 23 de Outubro, do D r . Pedro
Affonso, o qual foi lido em uma das sessões de Novembro.
Mais um outro facto attesta a efficacia da vaccina animal. Grassando com inten-
sidade, cm S. Paulo, a epidemia de varíola, offereceu-se o Dr. Toledo Dodsworth para
ir gratuitamente espalhar por aquella província os benefícios da vaccinação animal.
Acceito o oferecimento, partiu àquelle doutora percorrer a alludidaprovíncia; em
II. P. 8
- 58 -

todos os logares por onde passou o resultado de suas inoculações foi excellente, conse-
guindo extinguir a epidemia totalmente.
E' de lastimar que, depois do tao brilhante suecesso, a cultura da vaccina animal
fosse abandonada naquella província.
A' vista do incremento que tem tomado a varíola nas províncias do Norte, pediu esta
Inspectoria ao Governo, como medida urgente, enviar um ajudante do Director do Insti-
tuto Vaccinogenico com vitellos o instrucçõvs, afim de propagar om larga escala a vacci-
nação animal; acceito este pedido, foi nomeado o Dr. Toledo Dodsvorth, que partiu
nessa commissão cm 1 de Janeiro do corrente anno.
Em sessão de 11 de Janeiro foi apresentado pelos Drs. Gonçalves Cruz, relator,
e A r a ú j o Góes, o parecer sobre vaccina animal, cujo estudo lhes foracommettido em 14

de Setembro do 1 S S 7 . Nessa memória reconhecem os autores a propriedade provada da


vaccina animal, sua superioridade hygionica em alguns pontos sobre a jennoriana o
proclamam as vantagens que do recurso poderão auferir as populações victimadas
pelas freqüentes epidemias de varíola, como soem ser principalmente as do Norte do
Império.
E' um trabalho consciencioso, que faz honra à commissão, cujo relator ainda uma
vez firmou o seu zelo e solicitude pelo serviço publico.
E' tarefa realizável a extineção relativa da varíola no Brazil e para esse fim seria
sufficiente a installação de um serviço regular de vaccinação animal, funecionando em
todas as capitães das províncias, como suecursaes do Instituto Fluminense, quo pos-
suímos.
A' frente desse instituto conviria achar-se um medico delegado vaccinador, exclu-
sivamente encarregado de todos os serviços attinentos ã vaccina animal neste muni-
cípio e incumbido de praticar as vaccinações o de providenciar sobre as necessidades dos
estabelecimentos provinciaes congêneres e filiaos.
Em tal hypothese, a unidade de acção na pratica do serviço, a competência technica
do habito e a responsabilidade effectiva e exclusiva de um funecionario para com a
Inspectoria, garantiriam os resultados prophylacticos e permittiriam a obtenção do mais
assignalado suecesso preservativo, como ha mister, em bem dos interesses sanitários
dc toda a população relativamente a uma das mais mortíferas moléstias que assolam a
humanidade e que se acha profundamente enraizada no Brazil.
Em sessão de 7 de Março, dando cumprimento aos avisos do Ministério do Império
de 10 do Fevereiro e I de Março, formulou esta Inspectoria parecer, que foi appro-
o

vado, sobre o Instituto Vaccinogenico Normal, queoDr. Pedro Affonso Franco reque-
reu fundar nesta capital; e em 7 de Junho, havendo recebido participação do que já
om fins de Abril o referido instituto achava-se completo e funecionando com toda a regu-
laridade, deliberou visitar esse estabelecimento, que desde 1" do Maio se achava à sua
disposição: o que e.Tcctivamentc realizou, encontrando-o cm boas condições de
installação.
Em sessão de 16 de Maio. a exemplo do seguido em estabelecimentos congêneres,
no estrangeiro, resolveu a Inspectoria que podia ser concedida a licença, pedida á lllma.
Câmara Municipal por aquelie professor, para expor â venda a carne dos vitellos aba-
- 59 —

tidos depois da extracção da vaccina, desde que pela autópsia seja reconhecida própria
para o consumo.
Conforme promettera em sua memória semestral de 24 de Setembro, o meu ante-
cessor interino remetieu a esse ministério as iastrucções organisadas para o uso da
vaccinação a n i m a l ; approvadas, como foram, acham-se impressas e distribuídas pelo
município da Corte e províncias do Império.
Em sessão de 22 de Fevereiro foi presente o aviso desse ministério, n. 471, de S
do mesmo mez, remettendo, para ser informado, o requerimento em que o D r . Eduardo
Augusto de Souza Santos ofereceu gratuitamente ao Governo o instituto, que fundara
no morro de Santa Thereza, destinado ã cultura da vaccina animal, resolvendo-se
unanimemente não haver conveniência em acceitar, por não estar satisfactoriamente
installado para o fim a que se destinava.
Em sessão de 15 de Fevereiro foi lido o aviso do jà referido ministério, n . 443,
de 6 do mesmo mez, acompanhando outro do Ministério dos Negócios Estrangeiros e
uma cópia e traducção do memorandum da Legação Britannica, pedindo sejam desmen-
tidos oficialmente os boatos que correram, durante o anno de 1SS7, sobre a impureza
da lympha vaccinica fornecida pelo National Vaccine Establishment.
Em 11 do mez seguinte respondeu esta inspectoria nunca ter dirigido representação
alguma contra a lympha vaccinica importada do referido estabelecimento.
Ao contrario, nos primeiros dias do mez de Agosto de 18S7, quando toda a imprensa
se manifestava enthusiasmada pela iniciativa de um illustre professor brazileiro qwe
começava a cultivar em vitellos a lympha vaccinica animal recebida da Europa o
proclamava uma conquista da hygiene publica essa pratica, que vinha substituir, por
vaccina de boa qualidade, a vaccina official, então degenerada, meu antecessor, o
liarão de Ibituruna, em artigo publicado a 4 de Agosto no Jornal do Commercio, pro-
testou contra tal asserção.
ANNEXO
HYGIENE DAS PROVÍNCIAS

EXTRACTOS

uos

RELATÓRIOS ANNUAES APRESENTADOS

PELOS

INSPECTORES DE HYGIENE PROVINCIAES


Em extractos succintos dos relatórios annuaes, levo ao conhecimento de V. E x . o
movimento das Inspectorias de Hygiene provinciaes e procuro assignalar as medidas
que reclamam com maior insistência a bem dos interesses sanitários das respectivas
populações.
Apenas de quinze Inspectorias provinciaes recebi Relatórios sobre o anno findo e a
elles exclusivamente me refiro.
Com as dificuldades com que lutamos aqui na Corte, è fácil'aquilatar dos embaraços
dos Inspectores Provinciaes e do grande zelo pelo serviço publico, revelados por esses
funccionarios que não desanimam na árdua tarefa de organisar os serviços sanitários.
• Chamo especialmente a attenção de V. E x . para a carência de médicos e profis-
sionaes pharmaceuticos em Goyaz onde, realmente, a infeliz população deve achar-se,
nas horas cruentas da moléstia, entregue às mais dolorosas afflicções, pela certeza de
gnorancia dos indivíduos a quem confiam sua vida e a dos que lhes são caros!
Oxalá possam os poderes públicos attenuar tão grandes males a esses compatriotas
ilonginquos e quasi desamparados nas lutas duríssimas da vida que supportam!

P a r á

E ' infelizmente bastante precário o estado de salubridade dessa província.


Como se não bastassem as endemias desta uberrima zona (febres de fundo palustre,
beriberi, febre amarella, typhica, etc.), appareceu, e aindaise conserva, ha mais de um
anno, a epidemia da varíola.
Recebida por importação em A b r i l de 1 S S 7 , mantém ainda sua destruidora acção.
A lympha e polpa vaccinicas, que solicitamente são enviadas pela Inspectoria Geral de
Hygiene, se têm mostrado quasi sempre inertes. Em conseqüência, a Presidência da
província autorizou a compra de polpa animal procedente de Lisboa e dos Estados
Unidos. Com esta vaccina estava sendo feito o serviço, até que, a 16 de Janeiro do cor-
rente anno, chegou à capital o D r . Henrique de Toledo Dodsworth, afim de propagar a
vaccina animal.
Já em Junho ou Agosto do anno passado o Dr. C. Rebourgeon havia feito idênticas
tentativas, infelizmente mallogradas, de vaccinação.
Está convencido o Inspector Provincial de que o insuecesso foi devido à falta de
elementos indispensáveis a semelhante serviço.
H. p. 9
1 - 65 -

O D r . Dodsworth iniciou logo seus trabalhos com o melhor êxito, o todos os esforços
têm sido empregados para manter esse serviço, apozar das difficuldades o da falta de
recursos para a acquisição do material necessário.
Como conseqüência immediata da vaccinação animal, o Governo Provincial pôde
dispensar as commissões médicas creadas para a vaccinação domiciliaria, como medida
capaz de modificar a epidemia reinante, que attingiu o máximo do intensidade no ultimo
trimestre do anno findo.
Sarampão.— Este morbus reinou epidemicamente nos primeiros mezes do anno.
Está hoje, felizmente, de todo extincto.
O beriberi, o impaludismo e a frbre amarella conservaram-se no estado endêmico,
como V. E x . verificará pelo Boletim annual da mortalidade da Capital.
Si as condições sanitárias da capital muito deixam a desejar, as do interior não são
mais lisongeiras; o sarampão e a varíola assolaram grande parte das villas e cidades.
O governo da provincia, com louvável solicitude, attendeu sempre aos justos
reclamos que lhe foram dirigidos pela Inspectoria Provincial em favor dos acom-
mettidos daquellas moléstias.
Foram enviadas ambulâncias para as localidades seguintes: Curralinho, Muanà,
S . Caetano de Odivellas, Aldeamento dos índios em M u r y , Muritipitanga, Acarà,
Prainha, Affrià, Quatipurà, Santa Isabel de Benevides, Gurupá, Linsel, Chaves, Salinas,
Mazagão, V i g i a , Melgaço, Bragança e Óbidos.
BOLETIM da mortalidade da (idade de Belém do Fará no anno de 1SSS

IDADE NACIO-
ESTADO CIVIL
DOS M O R T O S NALIDADE

DE
0 MRZHS 11 A N N O I
A 10 KM
ENFERMIDADES
ANNOS DIANTB

Anemia e chloro-anemia 15 24 36

Atnipsia 3S 3»

Beriberi 130 49

PEDItES EXANTIIEMATICAS

Saram pão «I 131

Varíola S79 331 592


Esearl.ttina.

PERUES PKSTILENCUES

AsarclU. G2 13 3S

Typhica.. 5

F.NTOXICAÇUKS E X T E R N A S

Alcoolismo... 20 16

Impaludismo. •(19 43 37 292 102 27

Scaticcnia... 10 9

Sypbilis. 15 15

Hypoeniia i n í c r í r o p i c a i . ti 13

Lyaiphaagitc 10 6

Marasmo senil. 3
s
Pvho
1'
Rachitismo
1" S9
T é t a n o dos r e c é m - n a s c i d o s
S9 1S3
Tuberculose
837 81
M o l é s t i a s do apparelho cercbro-spinal
130 72
Moléstias do apparelho circulatório
11 6:
Moléstias do apparelho r e s p i r a t ó r i o
101 74
Moléstias do apparelho digestivo
122 19
M o l é s t i a s do apparelho genito-urinario

Moléstias concernentes á g e s t a ç ã o , parto o puerpereo 20 10

M o l é s t i a s dos ossos, a r t i c u l a ç õ e s , da pcSIc o tecido 32


medular 4 9
10
D e f o r m a ç õ e s a outras causas c o n g ê n i t a s . 5 16
IS
M o r t e s violentas 32
33
Causas n ã o classificadas 8 28
33
Molostias n ã o declaradas 2 22
23
Nascidos mortos 120 245
245
Total 3.064 533 971 993 2.214 735 87 23
- 68 -

O estado sanitário desta província, durante o anno do 1888, não foi satisfactorio.
Além das febres palustres, as pneumonias o bronche-pneuraonias grassaram com
bastante intensidade, tanto nesta capital, como nas cidades de Oeiras, Amaranto o P a r -
nahyba, villas da União, dos Humildes, Yalonça e Marrão, ceifando algumas vidas; o
sarampão desenvolveu-se epidemicamente nesta capital, tendo feito bastantes victimas.
Accrescc ainda que a provincia sofíre presentemente oseffeitos de uma terrível secca
que tem assolado as populações e creações do interior, onde a fome já se tem feito sentir
com todo o seu cortejo de misérias.
Não é menos para deplorar a deficiência de soecorros médicos; pois a provincia,
segundo consta do relatório respectivo, dispõe de um pequeno numero de profissionaes,
quer em medicina, quer em pharmacia. Os cofres provinciaes resentem-se da falta de
recursos, e a municipalidade da capital acha-se ainda em peiores circumstancias, de
forma a nada poder se esperar em bem do saneamento da cidade, a menos que não seja
por conta dos cofres geraes.
Durante o anno foram vaccinadas na capital 215 pessoas, mas sem grande aprovei-
tamento ; e o mesmo tem acontecido com os doutores delegados, no interior, a t t r i b u -
indo-se estes resultados á alteração da polpa, pelo calor.

Ceará

O estado sanitário desta provincia foi, em geral, regular, se não mesmo satisfactorio.
A excepção do sarampão, que reinou com índole epidêmica, e das febres intermittentes,
1

que são endêmicas em alguns logares, nenhuma epidemia grave, por seu caracter ou por
seus efeitos, appareceu na provincia.
Em algumas localidades manifestaram-se febres palustres, mas foram em geral
benignas o tão passageiras, como as causas atmosphericas e telluricaa que determinaram
o seu apparecimento.
Os casos de febre amarella, que so apresentaram, foram esporádicos e isolados, reca-
hindo em indivíduos recém-chegados de outras províncias ou do interior, Não obstante
tão lisongeiro estado sanitário, o obituario na capital foi superior ao do anno passado, o
que se explica pela corrente de emigração que a secca determinou nos últimos mezes do
anno de IS8S e que tem continuado sempro em escala ascendente.
Do I de Janeiro a 31 de Dezembro, consta do respectivo relatório, falleccram 1.482
o

pessoas, das quaes 859 no primeiro semestre e 623 no segundo.


Essa notável diferença torna bem patente a influencia dos phenomenos meteoroló-
gicos naquella quadra do anno.
69 -

Apreciando a mortalidade com relação aos sexos, nacionalidades, parochias e edades,


vô-se quo as suas cifras são assim representadas: masculinos 757, femininos 725; nacio-
naes 1.462, estrangeiros 20. Da parochia de S. José 673, da doPatrocinio 809. P a r -
vulos 862, adultos 620.
O serviço de assoio da cidade continua, como anteriormente, a ser feito sob adirecção
e expensas da Câmara Municipal. A exiguidade, porém, da renda municipal em relação
aos muitos encargos que sobro ella pesão não permitte que, apezar de todo o seu zelo e
bons desejos, semelhante serviço se execute de maneira satisfactoria.
E i s o mappa do serviço do vaccinação e revaccinação praticadas nesta provincia,
durante oanno findo.

SEXOS RESULTADO DA VACCINAÇÃO ~*


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Rio Grande d.o Norte

Esta provincia, quasi se pode dizer, nenhuma «.iteração soffreu no seu estado nor-
mal sanitário; todas as estações passaram sem modificações de maior monta; apenas
na villa de Caraúbas apparoceram casos de febres de mão caracter, mas não assu-
miram as proporções de epidemia. O mesmo aconteceu com respeito ao sarampão e á
varíola em outros pontos da provincia.
Sobre o serviço da vaccinação, assim so exprime o D r . Inspector provincial:
« P o r tres vezes recebi dessa Inspectoria, durante o anno findo, tubos de lympha
e do polpa vaccinica, que distribui pelos diversos delegados de hygiene; mas confesso
que, tanto a vaccinação como a revaccinação, tòm sido inefficazes, segundo me commu-
nicam os mesmos delegados.
«Entretanto o meu colloga D r . Celso de Souza Santiago Caldas, que esponta-
neamente se tem prestado a vaccinar e revaccinar nesta capital, obtém os effeitos
desejados. E assim, não posso affirmar a que attribuir tão oppostos resultados, si aos
vaccinadores, si á degenerescencia ou ã corruptibilidade do agente prophylactico. »
— 70 -

Pernambuco

0 estado sanitário desta prov incia, especialmente o da cidade do Recife, comquanto


menos satisfactorio do que o do anno anterior, nao deixou, comtudo, de ser lisongeiro
durante o anno findo, como se poderá colligir do Boletim da mortalidade appenso a
este extracto.
A ' cxcepção do sarampão e da coqueluche, que se desenvolveram com alguma
intensidade nos primeiros mezes do anno. nenhuma entidade mórbida se manifestou
com caracter epidêmico, sendo que estas mesmas moléstias, em geral, revestiram-se de
fôrmas benignas, de modo que o numero de óbitos por ellas produzido foi pequeno rela-
tivamente ãs proporções assumidas.
A tuberculose é que continua a o ccupar o primeiro logar entre as causas de morte,
como se verifica ainda do boletim acima mencionado.
A impossibilidade de providencias sérias o de resultados permanentes no sentido
de tornar mais habitavel a maior parte dos cortiços situados nesta capital; a mã e
deficiente alimentação a que se sujeita a classe desfavorecida da fortuna, pela falta de
trabalho e conseguintementc de meios de subsistência; a pratica de todos os vicios que
a ociosidade desperta, e finalmente a syphilis em todas as suas manifestações, depau-
perando organismos, jà enfraquecidos por toda a sorte de privações, parece, silo os prin-
cipaes factores na producção, em larga escala, desta entidade pathologica que, aqui
como em toda a parte em que a instituição sanitária está em seu inicio, determina maior
numero de victimas.
A varíola, em compensação, fez sua apparição por casos isolados; em todas as fre-
guezias, quer urbanas quer suburbanas do Recife, deram-se apenas onze óbitos, o
que comprova a asserção emittida no relatório anterior sobre a creação do hospital
Santa Agueda pela Santa Casa de Misericórdia para os doentes affectados de moléstias
contagiosas e infecto-contagiosas.
Do mesmo modo que a varíola, a febre amarella tem acomraettido numero muito
limitado de individuos, sendo a maioria estrangeiros recém-chegados a esta capital.
Sente o respectivo Inspector que outro tanto não lhe seja dado dizer em relação
aos elementos typhico e pernicioso que ultimamente tem se accentuado com mais
intensidade, ora constituindo entidades pathoiogicas essenciaes, ora complicando grande
numero de moléstias.
Quanto á vaccinação e revaccinação, o serviço e collecta de lympha vaccinica foram
feitos regularmente, duas vezes por semana, sendo lisongeiro o resultado alcançado,
como se verá do mappa junto.
A falta de delegados de hygiene nas diversas cidades e villas mais importantes
do interior da provincia impede, até certo ponto, a propagação, em larga escala, deste
agente prophylatico da varíola, de modo que os benefícios resultantes de sua applica-
ção ficariam circurascriptos ã população desta capital, si ao referido inspector provin-
cial não tivesse oceorrido o alvitre do remetter boa lympha aos juizes de direito dc
— 71 —

todas as comarcas (como ultimamente, por intermédio da presidência, cerca de cem


tubos desse preservativo), a muitas outras autoridadeslocaos o a diversos particulares
com os quaos teve de se communicar para o mencionado fim.
Subiu a 478 o numero do individuos vaccinados na sede da Inspectoria P r o v i n -
cial o a 390 o de tubos, contendo lympha, distribuídos a diversos, inclusive os que
foram remettidos para as províncias do Maranhão o Pará, por solicitação dos respectivos
Inspectoros de hygiene.
De um sem-numero de melhoramentos materiaes necessita a cidado do Recife,
afim de minorar as suas condições pouco favoráveis para obtenção do seu saneamento;
c, dentre elles, aponta o D r . Inspector os seguintes como os mais urgentes e
imprescindíveis :
« 1 . ° Calçamento da cidade, ao menos das ruas de maior transito, e conservação
do existente que, apezar de ser dc parallelipipedos, está em alguns logares tão estragado
que com as grandes chuvas se transforma em pequenos lagos, cujas águas se estagnam e
só desapparecom pela acção lenta da evaporação.
2. ° Construcção do galerias de esgoto, de águas pluviaes e limpeza das actuaes,
que so acham no ultimo grào de immundicle, do que dão o mais formal testemunho
as exhalações fétidas insupportaveis que se desprendem das suas bocas de lobo e
sargetas.
3. ° Alargamento do perímetro da Companhia Recife Dranage, emprezaria do ser-
viço concernente a matérias fecaes, e modificação radical dosystema por ella empregado
no mesmo serviço.
Sobre este assurapto já apresentei, como membro de uma commissão nomeada pela
Presidência da provincia, um parecer, no qual julgo ter provado exhuberantemente as
inconveniências da permanência do systema adoptado por esta companhia, e a necessidade
de substituil-o quanto antes de acordo com os progressos hodiernos.
4 . ° Construcção de latrinas e mictorios públicos.
5. ° Plantio de arvores nas ruas, praças e terrenos recentemente aterrados.
0 . " Prohibição absoluta da construcção dc cortiços; e substituição destes por
pequenas casas hygienicas, ao alcance das classes pobres e laboriosas.
7 . ° Creação de um serviço regular de limpeza, varredura e irrigação das ruas,
fazendo-sc por esta fôrma desapparecer os montes de lixo, que se vêm espalhados por
toda a cidade.
8. ° Deseccamento dos terrenos alagados, comprehendidos na área urbana, aterro
dos mesmos com areia e não com o lixo e resíduos de cozinha, como se tem feito
contra a opinião da Inspectoria Provincial de Hygiene.
9. ° Finalmente, construcção de fornos fora da cidade, destinados á incineração
de lixo. D
A falta de delegados no interior não permittiu ao Inspector provincial fornecer
nenhuma informação a respeito da hygiene nas demais partes da provincia.
Pelo mappa deraographico que acompanha o relatório, verifica-se haverem falle-
cido na capital, durante o anno de 1888, 4.069 pessoas, sendo 2.208 do sexo masculino e
1.861 do sexo feminino.
Popula^Oo • UO.OOO h a b l t a n M
' I 1 P P A das vactinaçata j i n t i d a ua Inspectoria de liyeitii' ilr iVnumliuw DJ .UM de ISSS

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A salubridade desta proviucia foi em alguns pontos, como Campos do Rio Real, Itapo-
ranga, Maroim, Japaratubà e X . S. das Dores, excellente, cm outros, porém, foi muito
precária. Assim é que, na v i l l a de Itabaianinha, notável pela falta de asseio, a mortalidade
avultou, pois attingiu ao numero de 288 óbitos, sendo uma boa parte vicüma das febres
paludosas. Na cidade de Própria, á margem do ri D S. Francisco, reinaram também
com intensidade as mesmas e a coqueluche ; na cidade de Laranjeira* predominou a v a -
ríola ; na villa de Riachuelq, a febre perniciosa foi a que mais victimou : na de S. Dias as
febres palustres, e finalmente, na cidade da Estância e na capital, a varíola reinou^tão i n -
tensamente que tornou-se necessário o estabelecimento de um lazareto.
.A falta "de asseio é também sensivel na capital e o abastecimento dágua coudemna-
veimente descurado.
E i s o mappa do serviço de vaccinação e revaccinação nesta provincia durante o anno
dc!888:

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Foi lisonjeiro durante o atino próximo findo o estado sanitário desça provincia.
A saúde publica, em geral, não foi assaltada pela invasão di enfermidades epidê-
micas que viessem trazer o terror e a morte à população. O beriberi tem sido mais
freqüente, mormente na capital e na cidade de S. Matheus.
No numero de casos observados pjlo Inspector provincial predomina a fôrma mixta
benigna, tendo entretanto apreciado alguns casos de fôrma paralytico-asphyxica.
No anno de 1SS8, como nos anteriores, a phtysica pulmonar, as aífecções dos órgãos
abdominaes e as lesões cardíacas foram as enfermidades que mais avultaram na mor-
talidade.
Na capital o digno presidente procurou fazer os melhoramentos possíveis dentro dos
limitados recursos provinciaes. _ O luspoctor provincial insiste ainda pola remoção dos
cemitérios.
Nas colônias Conde d'Eu e Santa Leopdriina appareccram alguns casos de saram pão
c coqueluche. Abordo do hiate Rio Loa; houve dons casos de varíola que, acudidos a
tempo, não passaram para terra. Também alguns casos dessa enfermidade se deram em
immigrantes idos da cidade de Santos, mas som maiores conseqüências.
O serviço medico epharmaceutico ê, cm gorai, bem regular nessa provincia.
Juntando o mappa dos indivíduos vacoinados e revaccinados, lamenta o Inspector de
hygiene provincial que, apezar dos freqüentes conviws que faz nos jornaes de maicjr
circulação na provincia, a população se mostre, mio só indiffeivnto, como avessa a esse
meio prophylactico da varíola.

MAPPA djs|*sw.s vacrinita-i ua província do Espirito S a i h dí | di Janíiro .131 dc Dezembro de 1SS-S

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S. M.v.i:eus iS IS 'j~> Iilru p-!\> respectivo !>•:•..'irndo i >
Ancliiííla. Si .. '.1 r»s "l»le:n polo ci«l.i>lão Xasccnits Azain-
K-oirlt J >a::to :>\ 01 !15

Iíio de Janeiro

O relatório do Inspector de hygiene aceusa, no movimento sanitário desta pro-


víncia, durante o anno de 1SSS, o J>ppare:imonto da varíola na Parahyba do S u l , Ma-
cahè, Angra dos R e i s e Nictheroy; mas. graças á propagação da vaccina, em nenhuma
dessas localidades tomou aquella epidemia proporções assustadoras. O beriberf fez
algumas victimas cm SanfAnna dc Macacú e em Nictheroy. A febre amarella, que
parece esiar domiciliando-se em Nictheroy, ahi manifestou-se em diversos períodos do
referido anno.
Em Maio deu-se o primeiro caso na cidade, em Junho nada menos de 18 atacados
foram removidos das ilhas do Vianna o Conceição para a enfermaria annexa ao
hospital de S. João Baptista. Declinara a epidemia e jade todo parecia extineta. quando
a esposa de um militar, recein-chegado de Santa Isabel do Rio Preto, indo de passeio
ã Corto, foi na volta acommeitida do febre amarella, e logo após dous empregados
dc uma padaria estabelecida na mesma rua em que residia aquella senhora: novos
casos seguiram-se, e dentro em pouco a epidemia recrudescia com maior intensidade que
no período anterior.
Até 31 de Dezembro foram registrados 22 casos fataes, sendo no mez de Novembro
•1 e no de Dezembro 18.
- 76 -

Acredita o Inspector de hygiene provincial quo, entre as principaes condições que


favoreceram o desenvolvimento da febro amarella em Nictheroy, devem figurar:
A falta de agua e a grande quantidade de' immundicies que havia nesta cidade.
Não sendo ainda dotada de um systema de esgoto apropriado, ein quasi todos os
quintaes existiam grandes reservatórios dc matérias fecaes a que chamam sumidouros,
mal construídos e' na maior parte descobertos.
Esta ultima condição parece explicar o facto de terem sido de preferencia atacados
de febre amarella as crianças e o* fâmulos, que vivem mais tempo nas proximidades
desses focos de infecção.
Depois que, poderosamente auxiliado pela Câmara Municipal e pela Policia, conse-
guiu que esses immundos reservatórios fossem entulhados, e depois que os quintaes,
praças e ruas foram limpos e que se generalisaram as desinlecções, a epidemia
declinou.
O serviço de desinfecção, em Nictheroy, foi feito com a máxima regularidade pos-
sível, ainda nos dias de maior numero de victimas.
Com respeito ao caso de epizootia, que se deu em Campo-Bello, eis as informações
qut.- ã Inspectoria geral forneceu o Dr. Inspector de hygiene: m •
« Em 30 de Outubro fui, por ordem da Inspectoria geral de hygiene, ao municipio
de Rezende, logar denominado Campo-Bello, onde constava haver algumas pessoas affe-
ctadas de carbúnculo, e tive occasião de ver essa terrível moléstia que, em um curto
período, acon.metteu nove indivíduos, dos quaes falleceram dous, os primeiros affe-
ctados.
Os symptomas observados pulo medico assistente D r . Barros, o facto de ter o mesmo
mal atacado diversas pessoas, indicando contagiosidade, a gravidade da moléstia, e
finalmente a origem animal quasi privada, levaram-o Inspector provincial ã convicção
de que se tratava realmente do cnsbunculo.
Transportou o vírus carbunculoso uma vitella, que foi remettida da Corte para a
fazenda do Campo-Bello, onde morreu. Foram victimas justamente as pessoas que esti-
veram mais em coniacto com essa vitella, aquelles que fizeram" uso da agua de um
pequeno-lago onde o animal costumava saciar n sede e junto ao qual falleceu. Os sete
indivíduos observados estavam em boas condições, graças ao tratamento opportuno e
ener-gico empregado pelo clinico do logar, D r . Barros.
Os doentes foram isolados completamente: o animal, conductor da moléstia, enter-
rado a grande profundidade: e. finalmente, todas as medidas tendentes a impedir-lhe a
propagação foram tomadas pelo delegado de hygiene do municipio, D r . Bruno José dos
Santos Nora. »
Ao mal quo atacou os animaes nesta Corte tamb3m não escaparam os de N i -
ctheroy.
Por occasião de resfriamento brusco da atmosphera. reinou entre o gado muar uma
epidemia, que foi denominada môrmo. •
Em Nictheroy quasi todos os animaes, não só das cocheiras da Companhia Ferro-
Carril.como das dos particulares, foram acommettidos, porém benignamente: não houve
caso de morte.
- 77 -

Manifestava-se a moléstia por corysa intenso; a principio corria das fossas nasaes um
liquido opaco, mais ou menos viscoso, algum tempo depois o corrimento era puriforme e
sangüíneo, tosse repetida, cansaço e augmento de temperatura.
Com o repouso o ropetidas lavagens das fossas nasaes, os animaes restabeleceram-se
rapidamente.
E i s o que houve de especial em relação às episootias.
Na conclusão de seu relatório, aventa o Inspector de hygieno provincial a necessi-
dade de tomarem-se algumas medidas hygienicas em relação á cidade de Nictheroy. C o m -
quanto taes providencias sejam mais da competência do governo provincial que do geral,
pareceu-nos justo transcrevei-as aqui, solicitando para ellas a esclarecida attenção de
V. Ex.:
1. ° Crear-se um estabelecimento vaccinogenico animal.
2. " Montar uma enfermaria >ara o tratamento dos doentes de febre amarella e de
outras moléstias infecto-contagiosas.
3 . ° Converter n'uma realidade a canalisação das águas do rio Macacú, únicas que
podem prover ás necessidades presentes e futuras da crescente população.
Ainda em relação á cidade de Nictheroy:
a) Estabelecimento de um systema moderno de esgoto, convindo que as matérias
escrementicias sejam lançadas fora da barra (na praia de Fora por exemplo ), afim de
não infeccionarem a bahia, que jà não apresenta boas condições hygienicas:
b) Acabar com os extensos capínsaes no centro da cidade, que occupam os terrenos
mais baixos e alagadiços, verdadeiros pântanos, onde os plantadores de capim espalham a
qualquer hora do dia, em qualquer estação sem se importarem com o incommodo que c a u -
sam aos moradores vizinhos, grande quantidade de estrume e varreduras de estabulos
e chiqueiros:
c) Prohibir a construcção dc cortiços e demolir alguns por insaneaveis;
d) Determinar-se que toda e qualquer construcção não possa ser feita sem audiên-
cia da Inspectoria de hygiene ;
e) Fazer transportar o lixo da cidade em carroças hermeticamente fechadas, para
um local conveniente, afim de ser incinerado;
f) Acabar com os sumidouros e depósitos de matérias fecaes que existem em quasi
todos os quintaes, grandes e activos focos de infecção; convindo, emquanto a cidade não
for dotada de um systema de esgoto aperfeiçoado, que as matérias sejam transportadas em
barris especiaes, rigorosamente desinfectados è lançados ao mar longe das praias:
g) Produzir o seccamento dos diversos pântanos que existem na cidade:
h) Conservar limpos e desobstruídos ospequenos rios quo percorrem a cidade. ^
P a r a boa marcha eprompta execução do serviço é necessário :
1. " Pòr-seã disposição continua e effectiva da Inspectoria provincial um auxiliar e n -
carregado da fiscalisação e transmissão das medidas de saneamento' e ainda da escriptu-
ração.
2. ° Remunerarmos delegados de hygiene.
- 78 -

«•». Paulo

A lei provincial de 23 de Março de 1SSS habilitou a repartição de hygie:\§ a grandes


melhoramentos materiaes, conforme consta do relatório do Inspector de hygiene pro-
vincial.^
O Instituto vaccinogenico nao funceiona regularmente, por falta de vitellos, isto em
conseqüência de irregularidades do pagamento aos respectivos fornecedores. No emtanto
a varíola continua a grassar na provincia, pois diariamente entram para o Lazareto cerca
de cinco variolosos ; a moléstia tem sido importada pela immigração, quer na capital quer
em todosos pontos da provincia onde chegam imiiiigrantes entre os quaes se dão continua-
mente manifestações mórbidas especificas de toda a sorte, e principalmente de varíola, por
fôrma tal que a Inspectoria provincial vê-se embaraçada em providenciar e satisfazer,
embora parcamente, os repetidos pedidos de v a c i n a , ultimamente attendidos só à custa
do fornecimento-da Inspectoria geral de hygiene que tem feito amiudadas remessas.
Do relatório do Inspector de hygiene dessa provincia extracto os seguintes tópicos
que encerram conceitos para os quaes chamo a attenção de V. E x . :
« Na forma do § 2 do artigo das insirucçõe-s regulamentarei expedidas pela Presi-
o

dência da provincia para os serviços de hygiene, já pela terceira vez estando contractado
pela Inspectoria o profissional que deve encarregar-s.e das analyses chimicas e microscó-
picas, só ella espera a approvação do contracto pela Exma. Presidência para inaugurar essa
ordem de serviço tão necessário à saúde publica, nestes tempos em que a mania especula-
tiva das sophisticações está invadindo tudo; acerescendo que já existem na repartição
cerca de trinta pedidos de analyses, que não podem ser feitas emquanto não entrar em
exercicio o profissional idôneo.
« Continua a não poder ser-bem organisado o serviço de epidemias, apezar de todos
os esforços da Inspectoria de hygiene, porque, por seu turno, a hospedaria de i m m i -
grantes escusa-se a fornecerá Inspectoria um salão para desinfecções, como preceituam
determinações presidenciaes e a l e i provincial do anno passado, sob n. 29 e o § 30 do
art. I das instrucções regulamentares para o serviço de hygiene ; e, por outro lado, o
o

Thesouro Provincial e a Municipalidade demoram tanto as informações das solicitações


hygienicas, que ellas perdem invariavelmente a precisa opportunidade, complicando-se
cada vez mais serviços públicos e sanitários de ordem elevada. »
« Será um passo avantajado para a hygiene desta capital, além de uma medida de
grande alcance econômico para os cofres geraes, a conversão do actual lazareto em hos-
pital permanente de contagiados, como determina a lei provincial n . 29 de 16 de Março
de 1S8S , e é indispensável que a E x m a . Presidência determine para ser dada a informação
que, nesse sentido, e por solicitação da Repartição de Hygiene, desde muito baixou em
audiência à Câmara Municipal; pois, emquanto estas e outras simples informações
demoram inexplicavelmente, soffrem cada voz mais os interesses da saudo publica com a
diffusão de casos epidêmicos, que crescem diariamente, e soffrem os "interesses orgânicos
das instituições de hygiene que, em vez de poderem aproveitar o subsidio que a seu favor
foi decretado pela Assembléa Provincial, assistem forçadamente, e sem recurso de appel-
lacaio, a que esses direitos sujam assim inopinadaMieut.: conspurc.idos, s o m a d o para f u -
turos exercicios findos, quando a verclailo ê que a Inspectoria de hygiene poderia em-
pregar com a precisa opporUmidade e com inc.ilculaveis vantagens para a salubridade
publica toda a verba que lhe foi destinada, prestando de tudo as devidas contas. »
« A lei provincial citada, no § 0 d o art. 1° e £ 3° do a r t . 1° das instrucções regu-
o

lumontures para os serviços de hygieno e os arts. -11, -12 o-43 no titulo 4° do regi-
mento interno para os estabelecimentostle hygiene publica provincial, concede e accentua
perfeitamente o papel desta repartição nos serviços de hygiene e prophvlaxia em relação
á hospedaria de immigrantes, para evitar a imp)rtação e propagação de moléstias epidê-
micas. A Inspectoria, entretanto, nada tem podido fazer, porque, apezar de suas conti-
nuas solicitações para a execução da lei, em nada ê aitendida; e na capital, como em
toda a provincia, já se verifica a existência de varíola, escarlatina, diphteria, febre
miliar, febre typhoide, etc. »
Com a aífluencia de immigrantes para todos os pontos da provincia, mais ainda está
se fazendo sentir a necessidade de delegados de hygiene em cada municipio, devendo ficar
a cargo de cada Municipalidade remunerar, segundo suas rendas, o medico encarregado
da hygiene do logar que, a seu turno, também prestará á localidade os serviços especiaes
de medico da Câmara.
Conclue o.Inspector de hvgiene da provincia de S. Paulo o seu relatório com a
demonstração do pessoal technico, médicos, pharmaceuticos, dentistas e parteiraslegali-
sadas ou não, que funccionam nos municípios da província; trabalho este que revela o
zelo com que dirige esse serviço e que bem desejaríamos fosse imitado pelos das demais
provincias, pois, com estes trabalhos estatísticos, é que melhor se poderá comprehender
as necessidades da saudo publica, nas diversas circumscripções do Imporio.
Com aquelles dados organisàmos a seguinte estatística :
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Destes interessantes quadros verifica-se que de 100 municípios, 24 não têm médicos;
7 não têm boticários; em alguns municípios, como os de Atibaia, -Bocaina, Caçapava,
Franca, Jahú, Mococa, Pirassinunga, Porto Feliz, S. João da Boa V i s t a , Serra Negra,
Silveiras, Tatuhy e Tietê ha mais boticários do que médicos; o de S. Sebastião do Tijuco
Preto não tem nem ura medico, mas em compensação tem 5 parteiras.
83 —

Muito esclareceria esta Inspectoria Geral, si so pudesse organizar uma estatística


idêntica em todas as províncias.
Terminando, cumpre-me informar a V. E x . que, durante o anno findo, foram
vaccinados em S. Paulo 5.534 indivíduos, sendo 1.290 o numero de tubos de lympha
distribuída.

Paraná.

Gora relação a esta província, eis em breves termos o que nos informa o «respectivo
inspector de hygiene:
Correu regularmente o anno de 1888.
O inverno temperado, pouco chuvoso, sem mudanças bruscas de temperatura, foi
mais secco do que de ordinário.
O hygrometro conservou-se quasi sempre entre 80° e 90°, raras vezes chegou a 95°
e só uma vez a 98°; desceu muitas vezes a70°, chegando até 50°.
Em todo o anno deram-se muitos casos de sarampão, que fez algumas victimas. As
bronchitese pneumonias, tão cOmmuns aqui, foram relativamente raras.
De Santos nos veiu importada a varíola, sendo o primeiro caso confluente e mortal ;
havendo chegado o facto ao meu conhecimento depois de ter-se jà manifestado a moléstia
em pessoas da família da victima.
Em menos de dous mezes, porém, estava extineto o mal nesta cidade, tendo apenas
fallecido oito dos 50 acoramettidos. Com o appareciraento do calor, que subiu a 31° cen-
tígrados, houve muitos casos de diarrhéa e dysenteria, mas rarissimas foram as
victimas.
As febres perniciosa e typhica apresentaram-se em menor numero e raras foram
as em que não triumphou a medicina. Tivemos também muitos casos de dystocia e alguns
fataes.
Asaffecções nervosas, a chlorose, a anemia, a l l i endêmicas, a syphilis em suas varias
manifestações, offereceram larga mésse aos clínicos da capital.
Quanto às epizootias, nenhum caso chegou ao meu conhecimento.
Durante o anno, foram vaccinadas cerca de 300 pessoas, das quaes 100 na capital
e as demais nos diversos municípios; sendo para notar que a maior parte se compõe de
. estrangeiros. Durante o mesmo período houve em toda a provincia 669 óbitos.
- 8 4 -

Santa Catharlna

Comquanto, diz o respectivo Inspector da provincia, nao tenham podido ser remo-
vidas diferentes causas determinantes que contribuem para que mio seja a cidade do
Desterro das mais saudáveis da provincia, todavia com as providencias dadas cm r e l a -
ção à boa hygiene e postas cm pratica as oxigencias das distinctas commissões sanitárias
•nomeadas pelo E x m . S r . D r . Francisco José da Rocha, ex-Prosidente da provincia, e
com o auxilio da Câmara Municipal, observa-se que a mortalidade na cidade,
apezar das circwnstancias anormaes em que nos achámos no anno passado, diminuiu
consideravelmente, pois que, tendo estado em luta a populaçTo com duas' epidemias,
embora não muito mortíferas, decresceu a mortal idade em 61 casos, tendo sido a de 1887
de 383 e a de 1888 de 322.
Tem o referido inspector plena convicção de que, removidas certas causas de insa-
lubridade, adiante especificadas, diminuirá muito sensivelmente a mortalidade que, com-
quanto decrescesse bastante de um anno para outro, ê comtudo ainda exagerada r e l a t i -
vamente á população da cidade.
Com respeito ás epidemias, informa-nos ainda: « duas foram as moléstias que grassa-
ram epidemicamente nesta cidade, no decurso do anno do 1SS8, e estas foram o sarampão
e a coqueluche, ambas importadas por immigrantes.
« O sarampão reinou com máxima intensidade na capital até o mez de Seteml-ro,
revestindo sérias complicações, e bom assim no arrabalde chamado Sacco dos Limões e
nos logares Estreito, Barreiros e Capoeiras da cidade de S. José. >
Tendo apparecido também com caracter epidêmico o sarampão e febres palustres
no arraial dos Ganchos, villa de Tijucas Grandes, Nova Descoberta, Canellinhas, Moura
e Nova Trento, determinou o mesmo E x m . S r . Presidente que para a l l i se dirigisse o
Inspector de hygiene provincial com ambulância de medicamentos, o que se cumpriu,
conseguindo de prompto combater o mal.
Foram fornecidos todos os recursos médicos, grátis, a 274 indigentes, sendo muito
maior o numero dos que medicaram-se á sua custa.
Houve apenas 4 óbitos.
Os serviços medico e pharmaceutico são muito regulares, na provincia de que se
trata, porquanto não lhes falta pessoal technico e competontemente habilitado.
Com referencia à mortalidade, consta do relatório apresentado o ssguinte :
Deram-se durante o anno 322 óbitos, menos 61 dò que em 1S87, não sendo maior a
diferença, em vista de ter a cidade, como já foi dito, lutado com duas epidemias, as de
sarampão e de coqueluche, produzindo aquella 17 óbitos o esta 5.
Ha uma lastimável desproporção entre a mortalidade das crianças e a dos adultos; .
foram registrados 150 óbitos, não comprehendidos nesse numero 16 nascidos mortos, o
que perfaz 166, mais de metade do obituario geral.
Tal desproporção é attribuida não só ás variações bruscas da temperatura, a qüe
está exposta a cidade^ como ainda á mi alimentação.
Sobre o. serviço da vaccinação assim se exprime o respectivo inspector: « C o m o
maior dissabor declaro a V. E x ! que durante o anno findo não compareceu uma só
pessoa á vaccinação e á revaccinacão, apezar dos reiterados convites feitos nosjornaci
desta cidade. Outrotanto, porém, nao aconteceu nas demais cidades e villas desta
província, em as quaes foi praticada, quer pelos delegados desta inspectoria, quor petos
médicos auxiliares da Gamara Municipal.
A propagação da vaccina concorreu do modo efficaz e seguro para quo níío Tissemo*
dizimada pela varíola a população do alto da Serva,* pais reina essa moléstia o p t d e m a -
raente na v i l l a da Vaccaria, provincia do Rio Grande do S u l , mui próxima e em
constante communicação com a florescente cidade de Lages e de outras do centro.

liio Grande do Sul

Xão podemos nos referir, diz em seu relatório o Inspector de hygiene respectivo, ao
estado sanitário de toda a provincia, porque nos faltam dados para isso. Pelo reduzido
numero de relatórios apresentados pelos delegados de hygiene bicamos inteirados apenas
do estado sanitário de poucas localidades.
A nao ser o sarampão, que reinou extensa e intensamente nesta cidade, de Maio a
Setembro, podemos dizer que nSo houve aqui alteração quanto ao estado sanitário.
Como sempre, prevaleceram as moléstias gastro-iatestinaes e as das vias respira-
tórias.
Nas cidades do Rio Grande, Pelotas e S. Leopoldo e na v i l l a dé Taquary também
manifestou-se no anno próximo passado a epidemia de sarampão.
Como apparecessem em Maio alguns casos de varíola na cidade de Santa Anna do
Livramento, opinou a Inspectoria provincial pela necessidade urgente de um lazareto
para variolosos, que foi de prompto aceita pela Presidência da provincia, autorisada a
Gamara Municipal daquella cidade a creal-o nas condições exigidas.
Manifestbu-se também a varíola, no correr do anno, com mais cu menos intensidade,
em Cahy, à margem direita do Rio,'no municipio da Estrella, nas colônias de Santa Maria,
da Soledade, Alfredo Chaves, Caxias, Conde d'Eu e D. Isabel. No municipio da Vaccaria
foi, porém, onde se desenvolveu mais a epidemia, elevando-sc o numero de acomraettidoi
a 634, dos quaes falleceram 212.
Referindo-se a esta epidemia, observa o referido inspector que a varíola, cujos
estragos têm sido consideráveis ao norte da provincia nos dous últimos annos,- foi impor-
'tada sempre pelos immigrantes, quasi todos italianos, convindo por isso regularisara
sua internação, fazendo-os previamente estacionar. por algum tempo em lazaretos
apropriados.
Minas Geraos

Ainda nao foi satisfactorio o estado sanitário desta vasta provincia durante o
anno ultimamente findo, pois a varíola manifestou-se em diversas cidades, taes como:
S-. JoSÒ d ' E l - R e i , BomrSuccesso, 5 . Paulo de Muriahô, Varginha, Ayuruoca e Ouro
Preto, desenvolvendo-se nessa ultima com a chegada de um doente, atacado da
moléstia, o qual, procedente da Corte, falleceu poucos dias depois.
Também no arraial do Rio das Mortes febres de fundo palustre grassaram forte
e intensam ente, por espaço de tres mezes, cedendo afinal, graças ás medidas que, com
a maior promptidão, foram tomadas pelo Presidente da provincia.
Nos mezes de Agosto e Setembro manifestaram-se na capital o sarampão e a
coqueluche, atacando grande numero de crianças: poucas, porém, foram as victimas.
Nos de Outubro e Novembro appareceram casos de febres biliosas, tendo em
alguns indivíduos tomado o caracter typhico. Até hoje ainda se observam vários casos
de febres intermittentes benignas.
Presume o Inspector provincial que o apparecimento das referidas febres foi
occasionado, nao só pelo pouco asseio das ruas e casas particulares, como também pelo
uso de fructos mal sazonados, e, sobretudo, pelas águas potáveis, que ordinariamente
misturam-se com as dos esgotos.
Nessa mesma época appareceu nas cidades de Leopoldina e Cataguazes o saram-
pão, acommettendo de preferencia os immigrantes recém-chegados.
Com respeita à vaccina, transcrevo os seguintes tópicos, para os quaes solicito a
attenção de V. E x . :
< Pelo jornal official e outros que se publicam nesta capital, tenho mandado
annunciar que, nesta Inspectoria, vaccina-se diariamente. Com pezar declaro a V. E x .
que a população ainda não quiz comprehender que a vaccina é o único agente pro-
phylactico da varíola.
« S i no Brazil fosse obrigatória a vaccinação, como é na Allemanha, Inglaterra,
Grécia, Suécia, Bélgica, Rússia, Romania, Egypto, Nova Zelândia e em outros paizes,
não teríamos que lastimar a perda de tantas vidas ceifadas pela epidemia de varíola.
A estatística das pessoas vaccinadas nesta Inspectoria durante o anno de 1888 foi a
seguinte: homens 4, mulheres 6, crianças do sexo masculino 15 e do feminino 28,
total 5 3 ; entretanto a do anno anterior attingiu a 787. »
Relativamente a melhoramentos hygienicos da cidade de Ouro Preto, informa o
mesmo Inspector que apenas conseguiu a construcção de um cemitério; faltando a
remoção do matadouro, que é imprescindível, e a canalisação da agua e dos esgotos,"
tornando-se principalmente esta de maior urgência para substituir a deficiente cana-
lisação actual de algumas casas, a qual è dirigida para logares pantanosos e próximos
da cidade.
Goyaz

Si não foi animador o estado sanitário desta provincia, menos é ainda o' d e ' seus
recursos ^seientificos.
Pelas informações ministradas pelo respectivo' Inspector de hygiene, verifica-se
existir, em toda aquella vasta circumscripçSo, apenas 4 médicos e nenhum pharma-
ceutico formado, nem parteira, nem dentista legalmente habilitado. As drogas e pre-
parados medicamentosos vendem-se até nas tavernas, e não raro os donos dessas casas
de negocio, com auxilio das autoridades locaes; têm conseguido arvorar-se em phar-
maceuticos, práticos e curandeiros.
Durante o anno de 188S a provincia, e mormente a capital, foi assolada por vezes
pela varíola e pela coqueluche; para este mal muito concorre a má alimentação e a falta
de hygiene.
Tudo isto reclama promptas providencias, que a Inspectoria local n5o pôde tomar,
por falta dos meios precisos, quer de pessoal technico, quer pecuniários.
O mappa junto instruirá V . E x . sobre o serviço da vaccinação e revaccinaçüo
durante o anno próximo findo.

MAPPA da raccimção e rev3cciaação na provincia de Cova: em 1 SS S -

RESULTADO RESULTADO
SEXOS
D A VACCINAÇÃO DA REVACCINAÇ.ÍO

TOTAL.
MEZES
POrç MEZ

COM SEM COM SEM


MASCULINO FEMININO
PROVEITO EESULTADO PROVEITO RESULTADO

•Jl 33 114 12 2 13 113

83 32 31 4 0 5 CO

S 13 22 1 ' 3 9 33

122 82 137 17 5 29 23S


Soinro.1

Matto Grosso

Em seu relatório annual diz o D r . Inspector do hygiene provincial não ser satis-
factorio o estado de limpeza da capital, e que medidas tendentes a raelhoral-o jà foram
propostas á Câmara Municipal respectiva.
As condições-hygienicas das habitações particulares são màs, pela maior parte,
principalmente no que diz respeito a latrinas o esgotos.
Vão sendo executados, os melhoramentos aconselhados aos proprietários dos 11
acougucs estabelecidos na capital, e providencias promptas já têm sido tomadas no
sentido de melhorar a qualidade da carne verde, exposta ao consumo publico em
mào estado, por nao haver na capital um matadouro bem dirigido, sendo muito im-
erfeito o serviço de matança do gado.
De 1 de Janeiro a 31 de Dezembro falleceram na capital 270 pessoas. As moléstias
mais predominantes foram as do apparelho respiratório e digestivo e syphiliticas;
deram-se vários casos de febre typhica; poucos, porém, fataes.
Os dous cemitérios existentes em Cuyabà quasi nenhum espaço têm para sepul-
turas. Em pontos mais afastados da cidade serão estabelecidos outros, removendo-se
assim uma das principaes causas dc insalubridade da capital.
A Santa Casa de Misericórdia continua a prestar relevantes serviços à classe indi-
gente : durante o anno findo foram tratados 101 doentes, dos quaes falleceram 46,
ficando cm tratamento 4 4 .
>*ão obstante os reiterados annuncios pela folha official, l a v r a o indifferentismo,
e poucas são as pessoas que concorrem à vaccinação, praticada nas segundas-feiras e
sibbados, no edifício da Câmara Municipal. Até o mez de Outubro nenhum vaccinando
compareceu, o que suecedia ha mais de um anno. Desse mez até 31 de Dezembro foram
inoculadas apenas 126 pessoas.
onioLo ao Inspootor C o r a i «lo I l y g l o n o sobro as obras do osgotos nos b a i r r o s
do T^ngonlto X o v o , T o d o s os .santos o Ofllolnas

Inspectoria Gorai de Hygieno. —Rio do Janeiro, 21 de março de 1SS9.

Illm. e Exm. Sr.— Em cumprimento às ordens de V. E x . , iransmittidas a esta


jjnspectoria em aviso de 11 do corrente, para informar, como requisita o Ministério da
Agricultura, Commercio e Obras Publicas, sobre o objecto do aviso de 13 do corrente,
do mesmo Ministério, em que vêm declaradas as condições mediante as quaes devem ser
execu tadas as obras necessárias para prolongamento da rede de esgotos nos bairros do
Engenho Novo, Todos os Santos e Officinas, tenho a honra de communicar a V . E x .
que à Inspectoria Geral de Hygiene parece preencherer.1 condições sanitárias as bases
propostas no referido aviso e abaixo iranscriptas, carecendo, porem, completal-as, para
dar-se toda a garantia ã saúde publica contra as eventualidades da infecção domiciliaria
e urbana de que o esgoto è susceptível.
Nesse objeccivo tomarei a liberdade de suggerir alguns melhoramentos de grande
utilidade prática o por cuja realização osíbiva-so esta Inspectoria, con?cia dos bene-
fícios que representam.
São as seguintes as bases apresentadas no aviso de 13 do corrente do Ministério da
Agricultura, Commercio e Obras Publicas e sobre as quaes mandou V . E x . ouvir esta.
Inspectoria:
« O serviço de esgoto dos prédios comprehende não só as matérias fecaes e águas
servidas, como as águas de chuva cahidas nos pateos ou áreas e as dos telhados dos
fundos dos prédios.
« Os esgotos serão removidos dos prédios por meio de ramaes especiaes para cada
um, ligado à canalisação geral das ruas.
vc Estes ramaes, assim como a canalisação geral, terão a capacidade e declives
necessários para que a remoção dos esgotos se faça com a necessária rapidez e sem
interrupção.
« Os esgotos serão recolhidos à casa de machinas e x i s t e n t 3 no Caju, onde Analisará
a canalisação geral, estabelecendo-se ahi as dependências e apparelhos necessários para
desinfecção, precipitação, filtragem e descarga dos liquidos resultantes da desinfecção,
emquanto não se realisar a descarga para fora da barra.
« A canalisação geral será convenientemente lavada e ventilada, empregando-se
para esse fim tanques dc lavagem com apparelho syphoidal que estabeleça grande
impulso o poços com ventiladores de carvão.
« Estes apparelhos serão collocados em pontos apropriados e em numero e com a
precisa capacidade, para que o serviço seja feito do modo mais efficaz, podendo ser
substituídos por outros do invenção moderna o quo a experiência tenha reconhecido
melhores e estojam adoptados nos esgotos de Londres.
« Cada prédio térreo terá um roceptaculo coramum de barro vidrado com syphão,
e dois receptaculos da mesma espécie, si for do um ou mais pavimentos. Cada recepta-
culo commum será munido de uma caixa d'agua do lavagem, denominada waste tratei'
preventers, com apparelho syphoidal que dò impulso suficiente à agua para d i l u i r e
remover os residuos contidos nas bacias e operar a lavagem do modo mais efficaz,
devendo taes apparelhos funccionar automaticamente o também por impulso dado à
manivela de descarga.
« As águas pluviaes serão apanhadas em ralos de syphão que intercepte a com-
municação com o ar exterior.
< A parte superior do ramal de cada prédio será prolongada até ao exterior dos
telhados e na parte inferior do mesmo ramal, antes de sua ligação com a canalisação
geral, será collocado um interceptor syphoidal.
« Estas ultimas disposições, relativas á lavagem e ventilação dos ramaes e latrinas,
serão também adoptadas em todos os prédios que se construírem nos districtos existentes,
supprimindo-se no -4 e 3 o emprego de bacias de patente Jenning's, que serão substi-
o o

tuídas pelos receptaculos com caixas de lavagem. >


São intuitivas as vantagens sanitárias contidas nestas bases de installação de esgoto;
parece-nos, porém, que houve omissão, no projecto, de alguns melhoramentos, que virão
completal-as sob o ponto de vista hygienico, único que nos compete discutir.
Torna-se indispensável que cada habitação, além da caixa automática que faz a
descarga intermittente nas latrinas, possua um deposito d'agua exclusivamente desti-
nado ao abastecimento constante dessas caixas: sem esse deposito, não sendo regular o
abastecimento continuo da cidade nem permanente a pressão nos encanamentos, aconte-
cerá freqüentemente que a caixa automática deixe de funccionar por falta d'agua,
principalmente nos andares superiores dos prédios, quando se interromper a ascensão
d'agua, pela abertura e escoamento de torneiras situadas inferiormente no percurso do
tubo de distribuição domestica.
Afigura-se-nos também de utilidade a adopção obrigatória dos pequenos apparelhos
automáticos de desinfecção (modelo Benest), adaptados ao tubo de descarga das caixas e
que logo após da carga d'agua lançam a solução desinfectante que a vem purificar.
E ' igualmente da maior conveniência sanitária o uso systematico das bacias de
barro vitrificado, porcellana ou vidro dos modelos hopper-closel ou hotte-closet, nuas,
sem revestimento, sem caixas ou apparelhos de madeira, em substituição das do systema
Jenning's Singc ou monkey-closet primitivo ou aperfeiçoado, mas sempre da classe
wash-out-closet. Aquellas bacias funecionam sempre com a maior regularidade, graças
á ausência de válvulas e á simplicidade do syphão de que são dotadas o oferecem
todas as garantias à hygiene domiciliaria, pelo minimo de superfície de contaminação que
possuem; ao passo que as de Jenning's, apparatosas e complicadas, apresentam os
inconvenientes ligados à complexidade do apparelho, ao jogo da válvula, que de o r d i -
•ario funeciona mal, permittindo, sempre que é aberta, a emergência de emanações que
se desprendem da agua polluida que em parte permanece no syphão inferior, e, finalmente,
aos defeitos capitães de todos os modelos wash-out-closet e que dependem da carga
d'agua dividida e indirecta.
As caixas de madeira, muito usadas entre nós, devem ser banidas, por augmcntarem
consideravelmente a superfície de infecção, occultando, ao mesmo tempo, á aceito p u r i -
ficadora do ar o da l u z , bem como á vigilância, os pontos dos receptaculos contaminados
de immundicie; transformam-se, na phrase de Philbrick, em esponjas, onde se alojam
germens.
O prolongamento do tubo dejuneção dos receptaculos internos ao esgoto, até ao
exterior dos telhados, e, na parte inferior, antes de sua ligação com a canalisação geral,
a existência de um interceptor syphoidal que isole a habitação dos gazes mephiticos ou
germens mórbidos que possam ser aspirados pelo ar rarefeito do interior dos domicílios,
está muito acertadamente consignado nas bases que transcrevemos e constituo um melho-
ramento sanitário capital na canalisação das habitações.
Conviria completal-o ligando a coroa de cada syphão a esse tubo perfeitamente
ventilado e constantemente percorrido por correntes aéreas purificadoras: por essa fôrma
obter-se-ia a ventilação em coroa de cada syphão interno, o que contribue eficazmente
para obstar a syphonagem espontânea da agua dos apparelhos e as projecções líquidas
tão perigosas pela vehiculação infecciosa de que são susceptíveis.
E ' de rigor sanitário exigir, sempre, em todos os receptaculos internos que coramu-
nicam com o tubo de descarga da habitação interceptores hydraulicos que impeçam
a disseminação dos gazes nos aposentos: as banheiras, mictorios, bocas de despejo das
cosinhas, recipientes de quaesquer águas servidas ou das de chuvas, cahidas nos pateos e
dos telhados do fundo dos prédios não podem prescindir dos syphões de interceptação
e nunca deverão correr directamente para o tubo de juneção que descarrega no esgoto
da rua todas as immundicies da casa.
Havendo abastecimento regular d'agua á população com depósitos especiaes que
alimentem continuamente as caixas automáticas, estas funecionarão sem interrupção e
as chasses intermittentes no tubo de descarga manter-se-ão effectivas e enérgicas,
impedindo a estagnação de quaesquer productos ao longo do trajecto tubular doméstico.
A perfectibilidade inicial no water-closel garante a regularidade em todo o sys-
tema, e sem ella quaesquer tentativas de chasse apenas lavarão as galerias collectoras,
deixando permanecer infecta a canalisação domiciliaria, onde se encontram e se aggravam
os perigos do esgoto.
Neste particular ha acordo unanime de todos os hygienistas modernos, à frente dos
quaes avultam os inglezes, os mais competentes, pelo espirito prático que os domina
em todas as questões de saúde publica e privada.
Estes melhoramentos, que tenho a honra de propor a V. E x . , completam as
qualidades sanitárias das bases contidas no aviso do Ministério da A g r i c u l t u r a , C o m -
mercio e Obras Publicas de 13 do corrente: e realisados com ellas, satisfazem as e x i -
gências hygienicas indispensáveis para garantir de modo peremptório e absoluto cada
habitação da infecção do esgoto, satisfeitas todas as minudencias techaicas ou regras de
installaçao, que á engenharia competem.
Manifesta a opportunidade, permitia ainda V. E x . que me refira a outro assumpto,
que a Inspectoria considera de grande alcanço hygienico o sobre o qual nenhima consi-
deração encontro nas bases que venho do discutir, talvez por não dizer respeitou
installação domiciliaria; alludo à canalisação das ruas, salientando nella, por merecerem
a máxima attenção, o preparo das juntas que unirem os tubos vitrificados da rèdo subter-
rânea e o modo de ventilação, que lho será applicado, em relação à atmospkora urbana.
Quando, ha quatro annos, se prolongou até parte da froguezia do Engenho Novo
o esgoto, tive oceasião do verificar experimentalmente a extrema porosidado das juntas
de tabatinga empregadas na ligação dos tubos, do onde terá resultado grande infecção
tellurica, o que, de facto, é patente nas escavações praticadas nas proximidades dos
mesmos. As próprias juntas de cimento parecem não oferecer garantias incontestáveis
contra a difusão de gazes e líquidos, como demonstraram as experiências de "Wolfhügel,
na Allemanha, em relação aos depósitos de immundicies revestidos dessa argamassa e
que por infiltrações continuas contaminaram á grande distancia o solo que os circumdava.
Para obviar esse inconveniente lembraria o uso das juntas feitas com calafeto
prévio de estopa perfeitamente batido e sobre essa estiva elástica proteclora o revesti-
mento exterior de cimento hydraulico, segundo o processo a que se acha obrigada a
companhia cantareira de S. Paulo em uma das cláusulas do sou contrato.
Quanto ã ventilação da rede subterrânea nas ruas e praças dos bairros em que
tem de ser installada, esta Inspectoria julga perigoso o actual systeina empregado,
por perniittir, em varias circumstancias, a inversão da ondagazosa: a ausência abso-
luta dc qualquer contacto com os modificadores cósmicos na totalidade do trajecto
subterrâneo é o único meio de suecesso pleno no esgoto canaiisado e nesse particular
as bocas de ventilação de nosso systema hybrido infringem o preceito sanitário, trans-
formando-se freqüentemente em. focos de desprendimento do gazes mephiticos que infe-
ctam a atmosphera das ruas.
Conviria, parece-nos, adoptar-so dispositivos quo forçassem a tiragem dos gazes
internos para as camadas mais altas da atmosphera, onde seriam imniediatatnente
diluidos, ou que os dirigissem para focos de combustão, olide fossem totalmente quei-
mados; do um ou outro modo, poder-se-ia obter a entrada franca do ar novo pelas
entradas latoraes ou outros pontos do communicação, satisfazendo as condições de boa
ventilação, isto é, eliminação total do ar viciado e substituição proporcional de ar puro,
equilíbrio entre o factor de infecção e o de saneamento.
Em relação, finalmente, ã regularidade do percurso por toda a canalisação dos
produetos excrementicios e outros que o esgoto carrega, as regras geraes da installação
do systema, usadas entro nós nos districto? canalisados, satisfazem as exigências sani-
tárias o auxiliam os resultados eííicacissimos da boa installação domiciliaria, base hygie-
nica do suecesso nos esgotos canalisados das cidades.
' E' o que, cm obediência ãs ordens de V . E x . , cumpre a esta Inspectoria ponderar
sobre a matéria do aviso de 13 do corrente do Ministério da Agricultura, Commercio
e Obras Publicas.
Deus guardo a V. E x . — Ilim. c Exm. Sr. Conselheiro Dr. Antônio Ferreira
Vianna, Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império. — B. A. d% Rocha
Faria, Inspector Geral de Hygiene.
ANNEXO
F
Quadra ias lUizacoes conceias pelo Governo flesde 1 le maio de 1888
até 30 fle M fle r

F. .1"
Quadro tias naturalizações concedidas pelo Governo desde 4 de maio de 188? até 30 de abril de 1889

FILHOS

NOMES
DATA Dl CASTA DATA DO JUSAHS.HTO
O o • sfl
2 NATU&ALTDADB
.2 3 O 91
•5
V
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o a "3 o «d
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tf «a 52 E X
tu
Antônio R i b e i r o M a l f e z . . . , Portugal. Catholica.. Casado.. Marítimo ICÔrte. Catholica. Brazil. 2 de maio de 1888. 36 de maio de 1S88.
Auirusto Rayinundo F e r r e i r a , Solteiro. Artista
3 J o ã o Thomiiz F e r r e i r a Commerciante.
4 Manoel Mosgucra Covas Hespanha. Caixeiro
5 Guilherme E l i s L a h m a n Suécia S. Paulo.
6 Modesto Goulart da S i l v a 12
Portugal.. Corte
4 Manoel Dias Catholica. Solteiro. Artista.
5 15
Luiz J o s é de Abreu ' Casado..
9 J o ã o dos Santos Vicente Solteiro.
10 J o s í d a Silva
15
11 Francisco P e r e i r a Dantas
12 Guilherme Augusto Soares da S i l v a Coüimcrciante.
13 H e r m e n e g ü d o Toixeira d e S e r p a M i r a n d a . Casado.,
14 A r t h u r Joaquim Henriquo Eggers Catholica Brazil. 13
Allemanha. Solteiro.
15 Martin Réo » Israelita.. Paris.. 11 de j u l h o
ia Isaac Nahoa Franca m [Corte. 30 6 de junho
17 A b e l dos Santos < Hespanha... Catholica., Casado.. Empregado na Es,
trada de F e r r o
D . Pedro I I .
18 S e r a p h i a Sobral , Solteiro.. Caixeiro
19 Antônio Igsacio de Brito . Portugal. » Conimerciante.
20 Frederico Augusto de Figueiredo ., » »
21 HygLno de Souza C o r r i a da Costa., Casado.. Guarda-livros.
22 J o ã o lgnacio Torres , » Commerciante.
23 Joaquim-tle Oliveira. Solteiro. Artista
24 Manoel Antônio da Silva , » Empregado n a ' F s - |
trada de F e r r o
D . Pedro I I . .
25 Alexandre Marques C a r r e i r a . w Caixeiro
2S J o ã o Alves da SUva P o r t o 6 de junho
Casado.. Artista
Catholica , 1 de P o r t u g a l e 6 do
27 J o ã o Avelino Fernandes Laranjeira Solteiro.. Brazil
28 X a v i e r Antônio de Podua C a s a d o . . Guarda-livros
29 J o s é Gomes F e r r e i r a Brazil 11 »
Lavrador. E s p i r i t o Santo.. Catholica. ,
30 Francisco Gomes Leitão 13 1 de- setembro
Marítimo ICôrte 15 de junho
31 Pasquale G o r r a s i Itália Catholica. Portugal
3S [Commercianto 20
Francisco Guilherme dos Santos Portugal. [Jornalista.. 1 de P o r t u g a l e 3 do
Catholica
33 [José Antônio L o b o Brazil 20
34 Commerciante
Joaquim F e r r e i r a R e g a i
35 Manoel Antônio do Monte
»
S o l t e i r o . |Caixeiro 23
36 Joaquim do Oliveira B r a n c o Catholica... Bravil
Casado.. Artista 13 i'j agosto
37 Francisco R i b e i r o de M a g a l h ã e s Carvalho. S o l t e i r o . Commerciante 25 de junho
38 Manoel A n t ô n i o Fernandes B r a n d ã o , jlCatholica... Brazil
39 Artista |S2
José da Rocha Alho
40 Commerciante 25
M i g u e l Frangot Grécia
41 Francisco Alves de Carvalho bordo.
Portugal.., Catholica. S o l t e i r o . Commerciante Corte. 3 de julho
42 J o s é Joaquim Antunes Neves 27
43 Joscph A . Oliver Grã-Bretanha Catholica. » »
44 Viuvo... Corrector [30 de junho
Padre Emüio G a l d i Sobrinho Itália Solteiro.
45. Sacerdote » » » »
Joaquim Gomes da Conceição Portugal...
48 Commerciante , 4 de julho 6 de j u l h o
Manoel Martins de Carvalho
47 Casado. Marítimo Portugal., 7 »
Alberto Borges Catholica.
48 Commerciante , 18 21
Albino da Silva Azevedo
49 Antônio P e r e i r a de A r a u j o Marítimo , Brazil....
Emprogado n o A r élCatholica.
6 de outubro
sonal de Marinha]
50 Bacharel Domingos M a r i a G o n ç a l v e s . . da C o r t e . . . . ,
Protestante.. Solteiro. Jornalista 1 de F r a n c a e 4 do 23 de j u l h o
51 Manoel Antônio da Cunha J ú n i o r Brazil
52 Catholica.... Casado.. Guarda-livros., [
Antônio Joaquim L o n r e n ç o Brazil
53 » Artista 21 »
Leonardo P o r c i r a Portugal 13 de- a g o s t o
54 J o s é Cardia dc L i m a . . . . 8 de agosto
Catholica.... Casado.. Marítimo » » 14
55 Henrique Carlos Ambronn Portugal— [16
Allemanha.. Protestante > Guarda-livros., tf 1 «Catholica.
56 Antônio Fernandes da S i l v a Brazil 19 28
Portugal.... Catholica.... Solteiro. Artista
57 ivntonio F e r r e i r a de Souza M e l l o 25
58 João Leal da Rosa Casado.. Brazil.
2 ICalholioa.. \V >
59 Miguel J o s é da Costa Trabalhador... 28
60 Rodrigo Moreira S o l t e i r o . Cocheiro
19 de setembro'
61 R o s a F a r o d a Costa R e b e l l o Casado.. Cozinheiro Portugal—.. 27 de agosto
62 Viuva.... Professora.... Rio de Janeiro., f|Cathoiiea.~.....
Eduardo de B o r j a R e i s 'M . -
63 J o s é M o r e i r a Barbosa C a s a d o . . iCommerciante. ICÔi to... Brasil.—.—, 2>
64 i » CatooUcsu.^-—, 3 d* setembro
Padre Pedro Tezzuti Itália
65 Thoraé Ca*tano da S i l v a Solteiro. Sacerdote.. M i n a s Geraes. 7 de setembro 14 de novembro
Portugal., Casado.. Artista...... 12 de setembro
ICozto. 1 A» P o r t u g a l e 2 do
, Brasil—
- 5 —

FILHOS

NOMES RKSIDKNCI ^ DITA DA CAltTA DATA DO JCRAUKNTO


NVTUIULIDAOL

Miguel Pereira Cardoso Portugal. Catholica. Solteiro. Artista Corte. .... ... ... ... .... ... ... 7 de setembro de 1S8S. IS de setembro de 1888.
Faustino Henrique Pereira Militar 20 de dezembro
Joaquim Ferreira do Macedo ..• Casado.. Corumcrc lauto. J> ;.ttholica '"i ... ... ilrazil 13 19 de setembro
Padre. J o s é I.uú «tis Almeida Martins. Solteiro. .Sacerdote 18
.... ... ... ... ...
Manoel H c g e s do Aguiar Cosia ... ... ...
Manoel dos Santos Pereira Casado'.. Couiuierciante. 1 •.. "i JallioJica 1 ... ... B r u i !
Álvaro j o s ú da Costa Miuas Geraes. t ... ...
Francisco de Oliveira Alves
i4 4 ...
.... ...
Manoal Caetano de Oliveira Curto 2S G oe outubro
Antônio Augusto de Almeida Artista * i .... ' 7 ;atholicn ... ... Brazil
Augusto Ferreira Hastos » St 2 3 3 1 ...
J o s é Martins Fagundes í e r v e r / . e da Inspe-
ctoria das Obras
Publicas i 1
Ângelo Agostini Itália Artista Si l i 2 1
J o ã o C o r r ê a da Silva Portuiral Coinmerciante
.Manoel F r a n c o .... 13 de outubro
Antônio Augusto Pinto de Siqueira.. Catholica. Casado.. Professor j Catholica " i .... Brazil
Antônio Ribeiro Solteiro. Artista
Antônio da Silva Malhciros Guedes.. Viuvo... c .... P o r t u g a l . .
Feitor .... 2 :at'holica
K a u l Merttciis Ulex.anlia. Casado.. A u x i l i a r d a Es
trada de F e r r o
I). Pedro II 0 de dezembro
.... 1G de outubro
Tnoinaz Driendi Solteiro. Artista
Antônio Manoel Ribeiro da Cunha. Porta s a l . Casail o . . Caixeiro ü Brazil..... 22 dc novembro
•i C Catholica
Domingos Lopes da Cunha 7 »
Couiuierciante .... • •.. .... ....
J o ã o do Aguiar Cardoso 22 de outubro
Trabalhador......... 1 .... . . . . Catholica 1 .... .... B r a z i l ! ! ! !
Casimiro Tho:naz dos Santos 3 de novembro
Couiincrciante 3 i i 3 w 4 .... ....
Frederico Guiihe:\:ic "Wciss Rússia 30 de ootubro
Professor
J o ã o Mucas Paraguav S. Pedro do S u l . • *. •• • • • • • •........••.•>.•.-. .... ....
Amaro Doziiasos CVriilo Portugal Portugal. 3 dc novembro 3 de novembro
Catholica. Casado.. Artista Curte i 1 Catholica 1
Aagcln M a r t i n M o i a de Caaole Franca Solteiro. .... Y.Y. .S 12
Agente coininercial. Minas G e r a e s . . . .... » >
Osiãs Marcovix Itália Israelita. . Casado.. Commerciar.te Corte 10
Edmundo Y i c t o r Mariel firã-ü.-otanha Catholica. Solteiro. 19
Estudante
Francisco Paulo Simone Itália Escriptur. da Socie-
dade U n i ã o Ope- 20
raria Italiana...
97 Francisco Y ; o r a da M a l t a
;
Portugal.... *
A bordo... .... .... .... .... .... ....
J o i o J o s é Pereira Jur.ior •
!» I Abram Eidcisteir. Corte i de dezembo
J R o i . i a n i a . . . . - Israelita.. Solteiro. .... .... .... 1 <Jc dezembro
100 ÍAdolpho Iiersstcia Couiuierciante.... .... .... ....
Aust.-Iluagria Artista , »
101 '.loão dos Santos ••• P o r t B B i l . : . . . Catholica .... .... * »
1G2 Jos.- Antônio .... .... .... > »
ii>3 J o s é Xavie:* Serv. de pharmacia ....
» j. » »
10 í N i : o I i u l.adaisi do Pasclioa'.'.' Itália .... .... .... 10 9
103 Adoip'10 (Ia Silva Mattos Trabalhador .... ....
Portugal.. 13 9
10.) J o ã o Jos> Queijo
: Caixeiro .... .... .... .... .... .... .... > 9
10- R i c a r d o J o s é f e r r e i r a Maritimo .... ... • .... .... .... .... 9
10S Joseph A b r a a
Casado.. Artista 1 j> .... 3 Catholica 2 .... .... P o r t u g a l .
África.... >
10J Ijosé Antônio de Araújo Miranda
Israelita Couuncrciaatc o 1 .... 3 Israelita 3 .... .... Á f r i c a . . . . > 21
Portu~.il. Catbolica.... Soíteiro. Militar
110 Joaquim Marinho .... •• * •• • ••• • • • • •. •.... «»
» 31 »
111 C h i s t o v ã o Pereira G o x c s Viuvo... 5 \ 5 Catholica s 1 .... B r a V i i ! . ! ! 26 dc janeiro dc 30 de j a n e i r o ISSO
112 I Francisco L o i s Passos Solteiro. Artista 2S >
Hcspanha.... Comnierciante .... .... .... .... .... .... » • 20 de fevereiro
113 ] Eduardo Y a z "Portugal i dc fevereiro
11» ;Feliape Nogueira de A z e v A l o . . . . Caixeiro .... .... •.. •>> .... ... 9 S
Viuvo. o .... ... B r a z i l . . .
m
113 I B c c i a r a Ilo'uéri Procurador i i Catholica
Franca 9 9
115 IJeaa Bouéri .... .... .... .... .... .... ... 10 .
Catholica... ..•solteiro. *
11T D r . L u i v r » Friedrich Oito Thcaiior Scurcir.e
: Coiumerciaatc 1:> 13 dc m a r c o
Alieinar.ha.... Protestante. .1 Medico . •. • .... .... .... ...
113 L u d w i g Friedrich M a l h i a s Sciireiner 1 i!a Alleraanha e 1 do
Casado.. Architecto .... Protestante •...
- » »
Estado Oriental.
110 Alberto F e l i x Theadoro Sclirciner * 9
E s t . Oriental S o l t e i r o . Estudante 1 >
....
120
121
122
Manoel A n t ô n i o Ribeiro Bravo
Anr.ri do V a l l e Ribeiro
|joS" Ant.mio i ' e r e i r a da Cur.iia
Portucaí Catholica.. C a s a d o . . |Co!nnicrciante
Solteira.. Professora
*
""a Catholica "~3 :::: Portugal 23 9
9 dc m a r ç o 13
IS
»

123 Antônio Urbano C a s a d o . . [CoinraercLantc " i Catholica " i ... Brazil 1(> • 30
S o l t e i r o . Artista 23
12> J o ã o Jonqui-:i • >> <
... .... . * ... Portugal »
2G
C a s a d o . . Mariti'no ; í , Á Catholica 4 .... ... Brazil 7 »
123 J o s é M a r i a d a Costa Figueiredo..
-
m
9
12 i Car! >s Auí:ii*to Guilhcriae Schvrache Lavrador Minas 'Geraes., ... i 1 .... ... 30 * 1 de a b r i l
Aileinanha.. Protestante., Protestante 1 ....
127 Carlos Sci>re:ncr » »
N aturalista Corte ... .... ... 9
12* Victor Levy So.teiro. ... ... .... ... .....«••«•»•»>-•>
França » 9
UJ J o s é Fernandes da Costa Israelita Cfcírimerciante
130 Jos-! Pinto
v
Portugal... Catholica.... [Cocheiro ...
•» *
»
131 Vicente de Carvalho Trabalhador . •. ... .., ... 9
132 | j o ã o Manoel Pires J ú n i o r |Cochciro ... ... •« ... 9
133 Leopoldo Ivahn R i o dc J a n e i r o . 27 dc a b r i l 2J
13 i Allemaaha... Israelita.... Solteiro. ...
Francisco Taranto - Coinnierciante Curte
Itália Catbolica... Viuvo... Sscriptur. da Socie-
dade Italiana de »
133 | j o ã o Cerrone
13ò Antônio Ferreira dc A l m e i d a . . .
Portugal Catholica iSoltoiro..
Beneficência

Barbeiro
...
: ... m . 9 9
9 30
. ... . . . . ••
FILHOS
a
M
a
M IDADSS ESTADO
O SEXO
m DATA DA C A B T A DATA DO J U K A H S K T O
NOMES PÁTRIA RELIGIÃO BBTADO psonssÃo «SIIDIHCU

Masculino |
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Viúvos
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137 A n t ô n i o Marinho da M o t t a Portugal .... .... 27 de abril do 1339.


» » » 30 do a b r i l do 18S9.
13S A n t ô n i o Rodrigues Lequito » Catholica Solteiro.. Serviço d o m é s t i c o . . »
139 Eduardo Cândido Pereira de C a r v a l h o > » C a s a d o . . . Caixeiro » .... .... .... .... Catholica .... .... .... B r a z i l » » » » »
1 de maio
»
»
140 Francisco J o s é dc SÁ • Solteiro... Guarda da Estrada
de Ferro D. Pe-
dro I I > o 4 . »
141 J o ã o Antônio Gomes do Barros Casado... Commerciante...... » 1 1 0 Catholica Brazil
4 9
142 Joaquim J o s é G o n ç a l v e s Vianna » » » Operário » 2 0 4 >
» » » 3ú de abril »
143 Joaquim Pinheiro Teixeira » Trabalhador »
144 Manoel G o n ç a l v e s C o r r ê a
»
» Professor .... .... Catholica ....
....
29 » »
145 Pedro Veríssimo P a r r o i r a » Artista... » .... i
Brazil »
»
»
»
»
»
30
29 » »
HS Ravmundo R i b e i r o dc Castro w » » 1

3» Direetoria ria Secretaria de E s t a d o dos Negocie* do Itapcrio, em 17 ie maio de 1889.—O D i r e c t o r , D r . JxqüimJosi dl Campes 'da Cosia tfc Xeitiros c Áüujuerjuí.
Qnaãro ias natatoes pe, sepndo as comiicacões receias na Secretaria de Estado
ios KepÉs io Impeiío m 1 ie MO ie 1É até 30 ie aMl ie 11, foram
omita pelos Presidentes ie província.
do Estado dos Negócios do Império, desdo 1 de maio dc 1888 até 30 de abril de'1889,
Quadro das n a t u r a l i z a ^ oaie.segimdo a , — c a ç õ e s Presidentes dc provincia

DATA DO J C U A M K N T O OUHEBV.VÇOitS
1IATA UA CIIIT.V

s 9 r.
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125 ile a b r i l de 1SSS. l i a d o a b r i l d e l S S á .


«J 'l7
lliahia
Ail<>niauh.a . . . Protosliiil' -.. Saileiro . 11 de nov. de 1SÍ7 20 do marco »
-

Jol::ir. Ma:::;:
! jK:o cie Jar.oir
Portc^-al Caliiol.ca.. 21 do d e : . » »à
AMíoaio J.iaiju::: Foraan.ies 'Saala Catltariaa...
Casa-lo.. I [iS de julho de 1$S> 2 de agosto de lSa<>.
Aat.ia'. i Mar:i ie S-iuza » * ò ' »
líornar-iiliO RoJ.r-_-uos 'ie .\l ::e'.l."
-
Pc.lro do Sul.. Tom 7 filhos.
S.<slsiro. » do 1SS7 |23 de junho (ie 1NS7
D.rjiia.ios N.aso ipa-::re: 3 >
Casaco..
João Caribjni Coi-.iuo > dc ISSõ. 110 de agosto de ISSõ.
Prússia
Mataias 1'auly ii »
Bc:iod:cto Mentea agosto 13
Portugal
'J .Beraario Josi- L):is Pero ra VIUV.I ... O
!•.;.;;;• ;
10 [Oor.slanlim Malr.ali Cabalo... 7 »
Francisca Fernaa íes iic 01;'.vira. Portcvai
11 Sollo.ro. . 11 .
12 Jo:"i> Alberto V i l l í c Noelzoii \:iv-aa:::::i . . . Casaiío...
13 Ar:io:::j Joaqui::] Alvos •:.'. íUva. Portcral 23 de n a i o de 1ÍW7.
(!c ÜS7 |Te:a 3 filhos brazileiros
li Manoel CJ"I:IO Gonçalves 5 dc out. de ISSo.,
Austria-llua- S »
15 iuari J ' ltitter Agricultor . . . i 7 de a b r i l de 1SS7.
L"r:a 3 »
Al!e::iar.'::a . . . SSdejan. »
16 Fre lerico Scliieielaein 27 dc a b r i l - 11
Cataol-.ca... 7
17 lioaerio N.iscbií! |lôdefev. »
Protestante 6
IS D.iaiel Veiso 7 do a b r i l »
10 Carlos Jaancr " |2S , de 1S84.
20 Carbs P.aiMat.: 22 de fev. de I S i l . . 11
21 C:irli>s Ilorpo l.a.vra'.lor . . .
Prússia. Cataolica....
22 Jac íb Wobor 14 de n:sr<;o de lsoS 4 de a b r i l de l i S S .
23 Henrique Vier 27 d c fev. ' , » > »
J - ã i i»aV: Bahia | » d c s c t . c 1SS7.. [31 de out. de l a b . .
Francisco Couto lulia
PorV.l-a'... 2 de agosto de ISSõ 14 de agosto ISSõ.
p.vj'.:s:> J c s í dos Santos 19 » •
Ar-tonio Pereira i )S Saatas S. Peüro co Sul. lô »
s;>ar...a... .>o.t\\ro.
2S Carlos Parota y Pa-iris
r'.a_-ai.... Casa,:o...|....
2J _J )s- 'ia Silva Machaio
:

30 Ooa-tui.a i e Oliveira Gine'. > Solli-.ro. . |


» de 15S7. dc 1SS7
31 .\n'..>r..o cia Silva Mar'.:::s Santui: •0(1': \i-jvo ;
32 Franc.sco Goaios i e Carvaihj...
Krr.osto Meichior :TUSs:a . Protestante, Casai:o... ÍColar.:) iTca filhos.
33
3i José Fissacr Auslr-.a-Iiaa-
^•ria 'Caiitolxa
J o ã o Carlos A-ir.tsfi Kis>r.::::.ar. Mil? aa:;:;a . . 2 de a b r i ! de 1SSS. 30 dc a b r i l do 1SSS.
3j
Ms'.a:los-L"ai- 29 de maio » [29 de maio »
33 Ou:!!icr:i:e Yu.itriji.ioii Paraaa 2 dc j u a h o »
I 2 de junho »
Catiiolxa Soit<r:ro. . .iiíah::! 20 de d e z . de 1SS7. 4 >
37 \a*.oi::a Firmo Trindaio Portajai'....
38 Manael Grave '.los Cantis África .1 |12 de m a r ç o de 1SSS. 23 de maio
— »
iNirIau":!]... . Rio (ie Jr.iie.ro.., [í4 dc s e i . de 1SS7...Í11 d c a b r ü
30 ::i:-is Jasi dc Al:::':i:la
Al>.r.aaaa.. Protestaii'.--.. Casailo... . | Parar.i 9 dc n o v . «116 »
40 J o ã o itoci<
. 'Saala Catbarina.,
41 FreIcrico Petr::sc!:lio
Cataoi::a.... I. t de m a r ç o de 1SSS.I19 de maio
42 Ar.t illia lvr.eniõr:>r
'!
43 Milhi.-w Moritz
I
44 Jocib Day
43 Car.sti.ana Baciíer protestante..
11 de a b r i l de
1> Morell: P-.eiro Ilal-.a . . . Cat:toi.ca....
8 de agosto de 1S37
12 de agosto do 1SS"
47 !!>:v.ske A:aailio....
48 í C a r i i s L a i : Marola su Asa
- . . 'Protestai:te..
. I
40 IFrancisco aVenzeil. .V;str::i-íiui
..'C.ititoiiita.... Casalo... \rtista

50 .vlolnho Krilsch Carroce.ro.


01 .1 >c 'li Vritsch >o.te-.ro. .
il"nriqt:c Berna.-!> Fla:r:::>ler... Casal o. O o ia r. o
53 il«nr:que VTickert ' ••• •
3p dc j u l h o
54 Tlioaaz Ha:nmcs
Fernando Swller proti'sta:ito..
Carl >s Luiz Gaiihcr ::•> S p r l e . . . . \rt:sta
C a r i G u i U i c r a » ! Freler.co Sca:
Fre lorico Guilhor"'! :>oc!;cr
arroceir.i.
Col ina » *
29 >
Krn"st i Aususto Gripa
fiO í í iberia Antoaio Franc:s:o Zut;
olteiro. . Artista
Casado... * *
«1 .lac ib Hcutt
fü .1 ISÍ IJ.ns C.itlioliua
Pratislar.te... 4 d i agosto
03 Daniel Houver
64 Jac-ib B»rnliarll
Oó Fnnc-sto Wackter .Colona.... 5 *
<V5 Francisco WaRner Catholica 6

G;::ianr:ai- Aumi«t'> I!-. Protestante S. PoJro (lo Sui


- 12 — .— 13 -

FILHOS

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SKXO IDAUK KHTADO


DATl DA CARIA I)AT\ DO JUKAMKSTO ousuitv.içoKS
XOMI:> ii!:si.>i:.\m

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Menores

Solteiros
HKLH.1ÃO B NVft-lUl.lDADK
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•r. O

|
Pedro K i r s t Alemanha Protestante... ;Casailo. Artista S. P e d r o d o S u l . í 4 6 Catholica... li ... Irazil 14 de agosto de 1SS7 S de agosto ile 1SS7
J o ã o Adam Thoinaz F i l h o Catholica.... Colono SI 4 .... Ü » li
Jacob Òcbs Protestante. Artista sl 3 3 3 9 - .
Germano Henrique Carlos von I l o r s c l . . . .
Colono
.... ....
":>' 3 Protestante iirazii • * ii
Adolpbo F r a c k e
Frederico Guilhermo Schoenberr w 3 G 0 13
Eduardo Frederico Guilherme F r a c d r i c h . 3 4 » 4 ....
Thotuaz P e t r y '. Cotliolica..., 3 "T Ó ;atholica... 7
17
JOÃO Foesch." Protestante.
sl 4 4 Protestante li ....
Augusto Beling
-> s> 3 ....
C a r l o s Gottfried Schulze Solteiro . .... .... Protestante 2 Brazú!!!!!.'!!.'!.'."! 19
Guilherme Tiuimes.. Casado..
30 » • 14 dc maio . »
Baptisia Gio.-anni Itália Catholica...., Agricultor .... "atholica... itâlía
Peruffo Alexandre Lavrador " i
Giaeomoni Giuseppe • Artista 1 l 1 da I t á l i a e 1 do
Brazil
Casa-Grandc Clemente Coniiiierciante. 1 3 i 2 da I t á l i a e 2 do
.... Brazil * » »
Mantuani A t t i l i o . . . Lavrador .... .... » 0
.... Brazil - -
Tarter L e o n a r d o . . '.(•
Galdoni Giuseppe..
0 "4 C a t h o l i c a . . . Brazil.....)
Bertuletti l . u i g i . . . .
9 í .... 3 3
Giuseppe T a g h a n i . . Commcrciaatc. 1 1 1
Torneai A n t ô n i o . . . Lavrador 3 3 da I t á l i a e 4 do
* * **

Heariquo E n r i c o n i . . i 1 1 • >

i r. 6 G 3 da I t á l i a c 3 do
Bortolini A n t ô n i o . . Artista » > »
m

Conti Oiovann: Conimerciaato. • • "3" " i "


.... ....
Catholica... Brazil
93 Spiazzi Miguel " i " 0
3 * 3
9i SeCoueUo Giovanui. 1
95 Reanson L u i z
.... "j"
1 ....
98 Giordano M a r t i n i . . . " i " Catholica... BraVii
Lavrador
1 0 » 2 » •
97 Bassia Dionisio .Vtista 4 3 3 .... .... * * i - »
9S Krarc Francisco.... 1
3 G G 4 da I t á l i a c 2 do
99 Cadorc A n t ô n i o . . . . Coiuraercianle 3 .... • » • 1. >

100 O \ 4 2 da I t á l i a c 2 do
Ducati A n t ô n i o . . .
.... » w » » 9
0 9 » • »
101 Loaranzoni J u i i o . . Professor t
102. K o v e d a Giovauni. Coaimcrciar.te.
1
.... * 4 1 da I t á l i a 0 3 do
1 .... » » • » 9

103 Bcazon Vicenzo 1 • *•• .... 1 1 .... Brazil » l » -


104 Beazon Martini .... . ... .... Catholica.. .... .... .... Brazil • •
105 SpLazzi D o m o n i e o . . . .
10Ü Manfrcdini Joaquim. 4 1 da I t á l i a e 3 do
» » »
107

103
Carlin Joani
Conin Vicenzo
Pompermari Doincnico.
Artista
1
1
4
i
.... 3
2
G
»
»
3 .... ....
õ
Brazil

2 da I t á l i a e 4 do
: : '
*

Coniaicrciaiite
....
%p 1 »
» * »
v» 3 3 da Itália e 2 do
110 Izidoro Ducati 3 ... . * • • » z*

3 G 3 da I t á l i a e 1 da
111 Crivello Antônio Artista O 3 3 • » • » 9

112 (.'baldo G i o r d a n o . . .
Damasio G i o v a n n i . .
Lavrador
•t "5" Catholica... Brazil * •
113 Conimorciante.. í"
114 De C a r l i F r a n c i s c o . Lavrador 3
G G .... .... 3 da I t á l i a c 3 do
Brazil , •
lf> L o n g i Antônio Solteiro.
116 Corti fiiacomo Casado.. •»
3 .... Catholica... Ü .... .... 2 da I t á l i a e 3 do

117 Ecsi.aquio L u i z 3 1 da í t a l a e 4 do
*• *> » » » m 9 9

3 30 do agosto »
115 Clemente B r e u n n . . . . Allemanlia . Colono 1 4 3 2 17 do j u n h o »
1W Carlos Mansfeld Prússia Protestante.. Artista
.... 9 de set. ne 1S86.
ISO L u i z Ilaiser S» "s' i "è Protestante
Comincrcianle. 10 de julho de 1887.
121 J o ã o J o s é Sehl Catholica •» : i \ 2 de a b r i l »
122 Fclippc Wagner Protestante., "3 ""3 " i Protestante
123 Santiago M a y d a n a . . . Republica A r . Artista 9 de maio »
gentina. Colhoiica.. Solteiro.
124 Francisco R a i a i a n a . Austria-Hun- Barbeiro
.... 23 de abril »
erria 3 Catholica.. 3 ...
123 Jorge J o h a n u . . . . Allciaanha . . .
Casado.. 1 2
3 Ür&zÚ \ \ . 17 dc junho >
12'. Súnon O h l e i n . . .
Artista 4 A 3 * » 9 9 ue maio »
Lavrador 3 4 1 1 13 dc agosto »
127 Jacob Grann" Conincrciante. 1• S 1 8
»
12* Augusto K a r t b . . . g . 3 » 3
12!) GtnUif rai <r K l e v c r Protestante.
Artista 1 1 23 - - 19
Solteiro.. Coxinerciante.
\\"\ . ...; ... . .'.
9 »
130 CarlosJileVer.... '.
— li — - 15 -

FILHOS

DATA DA CAHTA D A T t 110 JU11AM1ÍNTO OUSIÍKV.IÇÕIIS


NOMES
O e ir
S NATUHALlUADK
"3 a ?

-
a

i
01
» 2



Allemanha.. Protestante Casado. Artista... S Pedro do S u l .
• i 3 3 23 de acosto de 1SS" 19 de acosto de 1SS7
131 Chrisiiano Sehwartz Cuthoüca.. 1
132 J o ã o Pi'.:.-o i l o n / c n Calaolica... í 3 .... 4 Brazil. 21 2.)
Colona... 1 3 • >» • ò d » » »
133 .Vilão Kcssler :i 3
1 2 • .\. » Tk >
131 T:!i'o<!oro Stolbeu 4 li
10 21
ir> J o ã o Schovendler 1 do Paraguay e !
1 3. .... Ü
L u i z Baniovit.! l'i de agosto de ISSj
do l l r a / i l 9
13J 20 . . .
Protestante. 1 3 •\ Brazil 14
Alberto Ca ris 1 I 3 de julho de lSSíi.
Itália Catholica. . . 2 de set. de 1SS7
.137 Saltou Vicenzo a.....
Allemanha . Protestante. 2 7 di- atrosto d e l ^ l
as J v r p r Hoarique Ahlers. . . . 4 "»
Brazil
131 F r e i í e r i c o Schofor 11
%
» * >
110 Jorçe Huicr , 4 » » »
111 Frederico M e r g
» » >
H2 Frederico S p r a n l e i
C a r l o s Augusto Schraaiir.el. Austria-IIun-
113
Protestante... Professor. . .
111 ?f -
: a

113 Henrique Nenhans Hollanda.... Agricultor...


» » *
MG N i c c l á u SclieiJ Allemanha . . Catholica
Protestante... » > >
117 J.icob Gascuhoimer- 1 da A l l e r . a a h a o 3
11S L c o n a r i i Fritzen , Catholica Professar..
do B r a z i i » > »
Protestante ., Lavrador.. Protestante Brazil > » »
11!) F e l i p e I-X-ers
130 J o ã o K a ^ e l Austrua-IIun-
gria Cathoiica Agricaltor 12 de out. de 1SS1.. Te::i 3 filhos.
22 de acosto de 1SS7 . 9 »
131 Fernando S c h n e i d c r . . . Alleaiaaba . . C.iior-o
23 '» >
132 Jacob Lied
Viuvo.... » » » > 3 >
133 J o ã o Frederico Nicder:
! í Catholica., Itália. 12
13í Paulo Tosé , Itália Catholica.. Commerciante •••I 23 Tem 2 filhos brazileiros.
13'. Gustavo I.iiiitk» Allemanha... Casado... Agricultor....
23 » 7 » >
1.» Guilherme llock P r o l e s taati
> » * » 3 > >
137 Augusto Kratzkco
» * > > 2 »
13S Frederico Goltz ,..
22 » » > IS
139 Gustavo Britiske Colono.
2J » > , 4
ifl Luiz Badke Viuvo....
Protestante Brazl. 19 » >
lil Feappo Bauer Protestante.. Casado...
23 - >
1Ô2 F r c d o r . o \Vc:ss Coraaierciante.
Viuvo 2 Protestante Braiii.' » » »
113 P e d r o Claas Colono
Catholica 3 Cathoii.ca.. 21 » »
lút Guilherme Münch Casado... Artista
20
113
103
Guilherme J a c g r r
Carlos Berlt...".
Protestante..
Colono
3
! 23" » . »
1Õ7 Austria-IIca- 7 Protestante > >
Henrique Worner
gria Catholica.... Artista Catholica., 1 da Á u s t r i a c 3 do
Brazil )> » »
1'3S [Frederico I í o c h l e r Aljerrianha... Brazil 30 »
Protestante.. Color, o Protestante
Cathoiica.... 22 » »
lò'J j.Yiitonio Bardca Catholica...
Protestante.. Protestaate 24 »
170 -Daniel líeuser S ê n i o r . . .
* * >
171 | F r e d e r i c o Strohschoen. Artista
172 João Mana Vedov,.... Rep. Argcn 22 > >
tir.a...'.. Catholica.. Solteiro.. Lavrador....
173 Gustavo Bec Itália Brazil 29 »• >-
C a s a d o . . . Ca:r.:r.vrc:aa'. 3 Cathoiica...
17* Domingos Ma-nieri Solteiro... > > *
173 Manoel Josó Bento de O l i v e i r a . . Portugal.. Casado... 3 Catholica .. BraViT. 23 de set. dc 1SS3 21 de a c o s t o de lSsõ
17Õ C a r l o s Augusto Pabst Allemanha Protestante.: Solteiro... 21 de agosto do 1SS3 21
177 Domingos .José (ie Souza B r a g a . . Portu-al.. Catholica.... 23 '» 2i
17.S Hftlmülh Schúneoiann Allemanha Protestante.. Casado... Arrieullor.. 9 de set. dc 1SS" 1 de set. de 15S7.. Tem 9 filhos b r a z ú c i r a ? .
17J Antônio P.-cusior Austria-Hun
3 > 4 » »
gna
150 Vmrust.i Steyd-ng Allemanha 1 » » » 2 • » »
151 Carlos K r i i j e l > > » Te:n 3 filhos, scndojj b r a -
zileiros e 2 allemães.
152 Otío V r a s s c 31 de acosto de 1SS7 Tem 6 filhos b r a z i l e i r o s .
153 Frederico Bundt 1 do set. dc l . W . » 9 » •
1SS Fernando Schuraacher 31 dc agosto de 1S>7 < 10
1S3 Pedro Bachos Prússia Cathoiica Brazil 29
Corcavrciante.. Catholica. .
1S3 Henrique Cnnstiano R ü h l Allemanha.. Protestante.. Viuvo.. 1 da Ailomsiih» c 3
lo B r a z i l 30 > >
1.Í7 Jacob Ilahn Casado. Bra:il 21
Corarr.erciante." Protestante
K S Henrique Gehrke 3 de set. do 1S57.
Colono
l s l E d i í a r d o Franc.sco do Alnieraz. França Cathoiica.... 10 30 dc agosto do 1<S7 Tem 3 filhos.
Artista . » »
l. 0 Frederico Guilherme F a h r i - i n . . . ,
:

Allemanha.. Protestante.. » 7 »
Co:n:nerciante.
1:)1 Augusto Kieneling » >. » » 9 .
l'J2 Jacob Müilcr , Austria-Hun
gria..., Agricultor.. 3 da Á u s t r i a o 3 do
Brazil 6 dc set. de 1SS7.
103 J o ã o Baner Ai.catanha. Brazil » » »
191 Aucasto Knaert., » » »
Colono Tera G filhos, sendo 4 b r a -
193 Guilherme Plautz 5
Agrxultor zileiros e 2 aJJemães.
193 Otto R o a 6 Tem 11 filhos brazileiros.
- 16 - — 17 —

FILHOS

SKXO IDAUK
DATA DA CARTA DATA DO J U U A U K N T O l onsLKV.içuKS
N O . i l ES HKKIDENCIA
V.
111: L: .-.no

Masculino
tf.
c 0 NATl'H\LID\nK
u t.
c
ei
c 7.

12 de set. de 1SS7 de fev. de 1SS7. Tem 3 filhos, s« ndo 2 bra-


Francisco Uodolpho Fisch \IIeinaa!ia. Catholica.... Casado. Agricultor.. S . P e d r o d o Sul, I ziiciros e 1 a l l e m ã o .
de set. de l S S 7 . | T e i n 10 filhos brasileiro*.
Carlos Scl-.llltz , Protestante.
tos André J a c ç c r
.... ü
» » •
i'J9
Gudhenne WilLe o "ii protestante Brazil. lò de agosto de 1SS7.
£00 " i
Carlos Annange ' de agosto de lSvtt. I
£01
Carlos Tatfe. .*. 4 5 i »
£3 de agosto de líib". |
20£ Colono o
Germano Preuss
£03
Guilherme Alrutz Couiuierciante. 1 " i i 1 dc se*t. de 1SS7,
£01 Colono , 0 .... Protestante.
Jorge Mueller 19 de agosto de 1SS7
£05 Portugal... Catholica..
£0-5 Francisco José Alvos
6
.... * Catholica... Brazil.
Viceuto M a r r o n e Itália
£07 » Solteiro. .......
DionLsio P u c h i n i . . . 7 29
£0.S
Nicolâu M o r s c h . . . Allcinar.ha.. Casado.. 3 "Í" .... Catholica... Brazil.
£09 4 de set. dc 1SS7.
Carlos Gcssini; 1 .... 3 »
£10 29 dc agosto de 1SS"
£11 J o ã o Pedro S c h u i i d t . . * . . . . 4 3 .... 9 de as!, de 1.SS7, G • brazdciros e
Pedro Hocrbe 1 allemão.
» |Tem 3 filhos brazileiros.
£13 Ger:r.ano Blei
£ l i Lucas V u t t k e
Protestante..
Catholica....
Solteiro.
Agricultor.
Colono :::: .... i' Catholica... I Brazil.
£13 Henrique Frederico V o l l z . .... Protestante.
£10 Guilherme Trcese Protestante.. Casado.. •3' "í 2 da Allainanha c 2
10
do B r a z i l
Bernardo Treese. 3 *> .... 5 • Brazil •
217
£1S Aueusto P r a d e . . . Austria-Hun- l T e i u 9 filhos (3 austriacos
S'- 1
Catholica Agricultor., c 6 brazileiros).

213 L u d w i g Chrlstian Theodoro D i e n s í b a c h . Prússia Protestante.. Colono.... 0 1 1 Protestante Prússia


Artista...., 1 1 .... 2 > Brazil
22Õ Pedro ~ Iiourath .'
£21 Nicoláu Scherer Lavrador.. •u 1 4 ti »
10 Tem 10 filhos.
22J Prospero Caetano :ta!:a Catholica.... Colono....
223 Carlos lloldcrbaun Allemanha.. Protcitante., Lavrador.. "4" .... ............ Brazil
2£4 Jorge Lauxen Catholica.... Agricultor. -1 5 10
Jacob Alies Lavrador.., 3 5 .... "s" Catholica... Brazil
3 da Allemanha c 3
Andréa* V i l l e r s 0 4 3 3 »
do B r a z i l
°°7 J o ã o E i n z e v e l o r fi 0 .••• Allemanha
22S Piechi Clemente Itália. Conicierciante. 3 í .... "4" 3 da í t a l a c 1 do
Brazil
coi Francisco Maineri .... ....
23Õ Antônio Salvadoretti / Industrial i .... Catholica... BrazÚ
231 Elias Bragatti Artista •... .... .... C a t b o P c a . . . Itália
232 Giuseppe R o m a n i Commerciante., "i
Gobelti BasJio 4 da I t á l i a e 4 do
233 Artista ' 4" 4 2 0 •
Brazil
231 Giuseppe B r a g a t t i . . . . Commerciante. 3 .... 3 > Brazil
233 Biondo Vaicntiao 2 da I t á l i a c 2 do
Lavrador ""•»' '4 X*
Brazil
233 A f o n s o Amabiii Industrial ....
237 Silvestre Cecheilaro.. Artista ....
23S Michael Ilodaiann.... Prússia.. Brazil
Lavrador " i -..• 2 da I t á l i a c 1 do
235 L u n a r d i Francisco... Itália.... Commcrcianic. 0 1 .... "'i Catholica...
Brazil 19
210 A n d r é a Beact! 3 5 .... Ji 4 da I t á l i a e 4 do
Artista
Brasil ..
2-11 Rodolpho Brachirolli , 1 1 Brazil...-.
212 Zamom Francisco ••.. 0 Itália ,
Mussoi Giuseppe
2 >
Brazil ,
£13 .•.. í i
21' Piccolo Boríoío
215 Augusto Seibert , Allemanha.. Protestante.
1 1
"0
2 *
ProicsiaiV.e
246 Christiano Seibert 3 3 4
247 Emilio Homrich Colono....
7 1 5 3 * Tem 7 filhos.
24S Jacob Arend
E s t e v ã o Schacdler
Catholica.... Lavrador. " 3 ' "z Protestante Brazil.
245 Prússia
230 J o ã o Hartmana
» 2 f. »
Allemanha. Artista 4 5 '.... Cathnlxa...
251 Francisco Micke Brazil. 20
232 Francisco V a c c a
Protestante.. Industrial. 3 3 |.... "f>" Protrsianis
talla . Catholica.... Tropeiro.. i 1 0 Catholica...
253 Antônio B e n e t t i . . . . .
254 R o s s i Tito
Artista..., 1 4 \'.'.'.'. 5
2 0
253 Conte Benevenuto Itália
z.5-3 Gollo Giovanni Lavrador.. 3 "2 1 * 1 Brazil...-
237 Perucbüii Eusebio
Artista.... 1 1
233 Mussoi P r i m o 1 . • • 1... 1
259 Homcnico Peruchini ... 2 1. . 2 Itália
260 7,accani Celso
Viuvo.. r> 2 i S Bra i l . . . .
2S1 Mansuetto Serafim
Canado. i 2 "3
202 Marchesi L u i g i Coinir.crclantc. ... 3 3 >
Itália....
213 Christiano M o l l e r Jansen.
Colono 2 2 "4 Brazil...
13 de set. de
Dinamarca.. Protestante., 2 14 de aat. de 1387.
2Ô4 Nicoláu N c s Filho:

Allemanha.. Catholica.... s "2


233 Fclippe Althaus Lavrador
Protestante.. 9 2
1-7 3"
- 18 - — 19 -

RKSIIIKNCIA
NO M i a

2.; .i ã.i Kr »::ni' ll.)l'.-i Pr; Casado.. S. Pedro do Su:..


;,7 M.irie! W-TÜ-T.. .. ') C:r.hol:ea
.«"••a • Z-.v::-.' Agr.cultor...
2i.> l"r>" liT.c.i
S.ibie::.. Protestante.

270 P-'.:r> Qui:i:.. i" Oiivii.-a Ca Artista


2:1 .! ã> Se.br-tii Áustria -Hii
Agricultor...
272

27;! I.-i::: Paulo Viuvo.., Vrt.sta....


L'7 i J.isé Maier Allemanha . Casado ,

27.->

271 IT:.'.' ) v-in ií t-jw^cÁ'. Prote


-

27? 1.!:.: I-l-s-itii--

27.-

27:»Vc-d.ui I.-r.r.cr.
2-0 i . Iia:.Li-::i S t - ; e i Padre)..
n r
Solteiro. Sacerdote.
!)-i::-:n;o'! K A ; : : i ' ! Ferreira.... Casado..,
2-2 fari s Siri:::::: .lur.ior S. Pedro do Sul..
2-3 C:ira:!:b i{a:ir. Agricultor..

2*i Colono
J .ã • Krealiberg

2-; .: ?> )'•.=-• Pr.ilestar.te..


2-7 J > t ItOiJ-.I-
;
Portugal.. Catholica Viuvo. Indu:
2-- •í-r.erto B>rí'>s 'ia S d v a . . . Con
2-'.: .! i ã i .!a--ib MIIÜ-T Lavrador
'>?.) J•)o ••':» R::|':v::'.ba:
•>:i C::r:sMvjii'H:n:»r
2-» •'di:ar:io Karsaurz
íiC-3 Pedro Waeci.Vr
2.'i •loãi Martúiaiio Agricultor.-

295
2>3

2T--'

25? Via-ii Domer.ico... Lavrador.


300 m: .\:rnell:
:»! Roiri-:) -!a S:iva V,
302 • Francisco iiulschcr.
3o:> !o.-r-;ano Schr >'.' :l"r. Protestante.
30 i rMiiardo S-vr.:::er
ir. 1
\':.-isl) Rr.i Lavrador
3o: •t-.ahoM F-ix -Hua-
i i-ria... , Cosam
3"7 .1 >a .iii.n !•'.'.--.-.::•:•'•: Solteiro.
iCi •!•>•; O >f.:'r'«"l .>)ã-) C::.-::i . Viuvo...
30» '<:.vlEÍlíT!.n: P:»trl Solteiro.
31» "í )-:ar..i l.e.-.r.ar i: Casado..
3i: .' s'- T-irr-s
312 :»'i-in;.)s Mnataso
313 Aui-.isl') Mi-.il-r CülT
31i V:~:isfi Sioedora

11 v:i.n~»i P,araa»:ii
ante
•"li-ise;:;.": Varr.ieri

••manjei: P - I T Í O S Í - O r"il!:o. \uslria-riiin


o
Viuvo... Artista
gria... Casado.. Cnmmerciante.
f.ii il.-.ita Fr.-.acflcir.o.
Phannaceiitico

Artista
»

França.. Indii
Itália.... Arti:
— 21 —
- 20 -
FILHOS

UAT.V D V C A l l T * i D A T A DO JUItAMIÍaTO OBSKUVAÇultS

UÜStDK.NCSA,
iti: L I 3 1 . . 0 , UQ
NOMKS m NMXllALIDADK
•5
J

J
da Á u s t r i a e 3
Austria-Ilua- 1
Protestante IJ de s.;t. de 1 S Í I . . 22 de s e t . d e los7.
323 Gi3v:i::rii llaiitista N . c . i l o J e . . . Casado... | Agricultor S. P e d r a da S u l . do B r a z i l
i;r.a Catliooca
; da I t á l i a e 4 do
i Art.sta itrrtr.il
327 B.irta.o M a r i a i i i Uai* ' talia
Agricultor Áustria
32S Francisco V i d j a l t )
32.' Antônio Sc:.ya | Austria-Ilua-1 Artista llrazL
|Co:.:.i:crcian'.e.
330 A n t i a l o Mirando'.!
331 .Miguel C a h n l l o Solteiro.. Agrii.ensor.... ilrazVl.!
3.12 Bartholoineii Bianchio Casado... Agr.culíor
l A l l e m a n h a . . . . i Protestante.. Protestante
333 Daniel Carlos Ilolderbamu Colono
33» Júlio Drcher 22 do fov. de 1SS1
33J Carlos Becke! Coiamerci.aníe. Catholica...
!'Itália 20 de set. de lá»""
33 J Francisco P o n t x e ü i Lavrador
337 Matluas Backes .1 P r ú s s i a | . • 21
33»' •oaarrio Meckiag . . Catão.ic.-...
Artista
Lavrador
Protestaate io ! ilrazil
JAÍ> naaha.... Protesta:^ 2St de j a n . de 1S8S. 'J de i u u i dc Ü>»!S
33J a.» Pedro Dappar
31Ü .1 P r ú s s i a .C.itinlica.. |30 ilo set. de de set. de ISÍT iTeai 7 filhos hrazileiros.
C h r s t i a n o Paul R i o do J a i i " i r í . . .
311 los-'- Aiiredo Pereira C a z a e s . . . . portu.-al I * S. P e d r o do S u l . Il3 » * I
Colono íirazii
312 J o ã o Perske .Allemanha....'Protestam Protestante » de l S 8 3 . . l T c a i 3 filhos.
AgricuPor
3-13 Germano !)or:islei:i Coiainercante. S de agosto de 1SS7 1

311 nardo Fernando Kngcser....


•• • i : 'i' 22 de set. de 1SS7
313 Au.-usta J o s é <ie P a i v a i
Solteiro.. Í>o'rt:igal lú lTe:n 3 filhos.
3W iiu^o Miicn/er P orti::al
Ailemanha ' Calhol-.c.i Catholica...
317 Francisco M o r e i r a do B r i t o . . . Portuira! I Cathoiica..' Casado...
Colono
31S Giidt.eraie M i ^ e t o n ,M-eaanha....
Portugal S í l t e i r o . . Co.aiuerciante Catholica...
t da K e p . Orienta!
349 M a a >cl Alves .ia Graça do r.-iii-iav 1 rio
3iü Madoel Gía<;alves dos Santos. I l e o . Orientai
aguav Casado... Brazil

Brazli
Tem 7 filhos.
331 Tolippe Saeca'. Prússia llnjonfceiro..
332 Carlos Otàon Knuppei Allemanha.. Protestante.., j
Catholica.. .BVMÍL'""'-
333 Henrique Stroccius Santa C a t h a r i a a . . , » s."> de out. ue •-
331 , Manoel > atoai) F o n l " .';Catholica . . . 17 de julho dc 1SSS. 17 de j u l . <!o
»
333 jjoaqiiiui J o s é V i e i r a :'. •lSdejaiho * l S d e j u n de .
330 Ijoar.nim M o r e i r a Ji:a:-: Solteiro. • iSerP!»
de a b r i l > S l . « abra <^ •
317 [Feliâpc J o s é Vianna .. • |A:.-ica .1 B a h i a
Casado.. intaCatharir.a.. Brazil 3 de ou'., de 1SÍ7. 2S de set. ce i»5-

1
33» F r a ã c i s c o Antônio Gu .;Porir.?.al 'Co.aiiierciaate.. Protestaat
33J •. Pruss.a Protestaate.. S . 1'cdro d o S ^ l .
Thoodoro Kopp
3Ó0 A u r i s t o Pazon::a:r"a., ,Art.sta.: ' i da Itália c 2 do
3.11 Auírusto Harrhcia Catholica..
3ú2 [Gicsoiiiie Leonardi Itaiia Catholica.... Co:a;::erc:.iate.. ' Brazil
Brazil
3j.'i OMr.a Pietro 22 dc agosto de
Lavrador 30 de set. de
3òi Nicol.lu Frederes . . Prússia.
Art.sta
1ÍÒ3 .los- Sca:r;:di . Allemanha...
Lavra ior -
> de ISSO
3jò P e i r o Sçaaii*.'..: • Prússia
Protestaate...' i Artista
307 Jacob Kack • |Allea:.aaha...
3iS
3o9
l « liieraie Thormniin .
' Bernardo Sci:a"i: Juaio ....|
'Prússia ! . I Lavrador

Cathoiira Viuvo..
3T0 Miguel Sc!:ne:i"r !Casado. 1 | '.» |Cat!io'.ica.,
371 Agr-cultor...
Jacoii Riiiiel
3T2 \;a;i:ne!li Gi.anni, Itaia
37;; Coleno 2 «ia Allemanha c 1
\ d ã > K.rs!
37-i -José Guiir.er. Heis. Ai;i':aaaha.. do B r a z i l
I Brazil
373 Jaroo Schrai-ii
Protestante Coa:::.erc;.ante
37-i j li.li.eraie Herder 4 ü e jun. u e i w
Catholica... Art.sta Tem 3 filhos.
L-or.:ir'ii Mocking . i Pruss.a | 2 de out. de 1SÃ7.
37» Au.-usto Potiaoil. .! Allemanha. Colono I1 4 de junho do ISSO.
37J !•> iicisco Il'*r''nhai:ser 124
s dc j a n . do 1SS7.
3v) Pe Iro i í e r r a i a n n Brazil.
Cathoiica...
3 i l Israel <ius Santos itüici.-o. Rep* Orientai |l7 de agosto 18S0. » de agosto de ISSO
de F r u i r u a ; Viuvo...
Casado..

1
car-lo Ileek-aann. All":a.ia'aa...'. l i de f e v . de 1SS7. 23 « «»'
3.S.1 T i i " 1'ioro Uuniepne I..
3M to L u i z D a l t r i a . . lllalia 'Solte i r o . . ' . C o l m o . | í" da Á u s t r i a e <1° 10 de fev. dc 1SS7.
Brazil 24
3S3 '/>r.i ÍViovar.ni Austna-ilua- ->0 d» j u l h . do 1SS6.
í-ia .; Casa-1 o . . .
" de j u n .dc l.t87-
1 de Julho de »
3~i N x >:.in S e h a a í t Prússia Brazii
Catholica., 11 de set. de 1S87.
3»7 j ião Wolschik Austr,.a-Ií;m- 4 de n o v . dc »
gria Catholica.... Agricultor. |20 de out. de »
3SS \L-ua-*.-> Paulo Sch.ra; All»':r.aa::.a... J iSolteiro. . Colo i o . . . .
3Sit i n : > r r » Spielberg.. • P r o l e , tautí'.. C a s a r i o . . . . A g n c u l t i ; r . | í ' i i a " i t ã í u i o 4 do 29 dc set. de >
ICoiauo.... Catholica.,
390 Francisco M a r r o c i . . . lllalia.' Catholica Brazil
- 22 - — 23 -

FILHOS

RCSID1C.NC1A
NOMES DATA DA CIRTA DATA DO JURAMENTO OnSURVAÇOISS

i = 1 V NATCRAI.IIHDK

Itália. Catii Colono. S. Pedro do S u l . . Catholica .. 9 2 t> da Itália e 0 do


:ÍJI \!it->:iio Marroui .
Ilrazil r, ,1,. nov. de 1S-C 17 de out. do 1S-Í7,
iienrlque Hahr. Al •J S de set.
3.'3 Bernardo lio«:\-a-l<T.
:
i:> 11
3J4 Itália. Catholica. Brazil 19 3 de nov,
3-õ I Felippe I.eonhard . 11 de set. Tem
3J-> ' J a c o V T!
3-T Gii.lhfruie S c h v a r / r r . . .
3-JS Camillo Loeschcr. Pr Protestant 4 de
39.' 11 de :
400
SOI
cDavi.l
,
i r , n ,
arv 3 :U- dez. 2S do nov.
J (
brazileiros.
•<-•- -Luciano Floresci» Coartois . França Cataolxa Ilrazü
W3 F e b r i s Don.ouico Artista.. •4 da Itália c 3 do
Braz.! 0 de set.
ü:ova:::ii rtaptisla Lucuesi . 3 da Itália o 2 do
Brazil 7
, -105 Jacob F a ç o ü . . . . ú
I ÍJ.Í Nasari Z i c c a r i a . . 2 d a I t a ü a e 3 do
Brazil 7
•iüT Victore S.-invicto. Brazil i 0
•lui
'Dc Hrnl ü i o v a n n i 7
í l U
i Andriiriictt! ü i o v a a m . Lavrador.. Itália.. 6
.\::ibr')-!!(i F a ; o l i .i
Carie» iieckcr . . . . Solteiro. . 1 0 do j a a . de 1SSS 7 dc j a n . de ISStS,
S i e o l i u Schiinittis Ar . |20 de íci". 21
111 J o ã o l V J r o Fi>cber . . . Lavrador. 21 > 13 dc f c v . » Tom 0 filhos.
•113 F e l i s a c Adolpho L i a a . » > • 3 »
i l ó A n d r é a » Waiter , 14 dc m a r ç o
•117 Jiã-i
•u> Felippe O i v
. . Pr\:-sia Calhe Casado., Aí, 3 . Cathdi.-n Brazil 21
4 :»
•il'J J o ã o Maldãncr 5 1
•Í20 Gu-iavo Kobisson . . . . 9 de abril do dez. de 1SS7. Tem 4 filhos.
i l i l iien.-io-e Leandro No E s t . Unidos. 24 10 ce a b r i l de • 3
•122 J o ã o Ce*ar de Castro Po Artista...,
•Í2.1 Ernesto M a x Germano Braua , Ailcinaniia Professor , 5 de m a r ç o • 5 »
ilii ilans I.au Dinamarca Marítimo. 20 dc abril
Í i 5 Pedro Fa Allemanha Protestante 4 Tem 0 filhos.
42J Pedro Kasle.-. » õ da Allemanha o 7
José Joaquii: da Cunha P o i j o . Portugal.. de m a r ç o » Tem 3 filhos.
42J Guilher.ne Smilii Grã-Bretanha Solteiro. dc abril >
•ií.' Guilherme Auíiisto L ü s c h s o . . IA de j a n . >
430 Samuel Piuss dc acosto dc ISSô
•'.3: Wen:el Xasnar ... Catholica . . 4 dcjunho de jan. de 1SSS.
Ml
Catho
VenzsHaii Vazlawick ,
•133 J o ã o W a / l a - . i c k ,
•iii li'. Protestante.
•i;»;> Francisco Iliileorand Catholica . . . Soiteiro.
•130 Carlos Veckl Protestante. Viuvo... Lavrador , Pro 4 da Aileman e 2'
•137 Caries F r e í e r i c o Wabrtu Augusto Io B r a z i l .
Bijâo»-. 2 3 Catholii Brazil
•13Í Júlio Noswitz Catholica... 3 4 1 d a Al e 0
do Br;
Amrusto B r a t : . . . Protestante. protestante
3
\US!»:« Hilgcr.. Catholica . . . Catholica .. do
•iil J i s é Neu:..ia:i... de
Caries Germano. Colono. 4 á e maio 27 de abril Tem 3 ãihon (2 a l l e m i e s
•112
e 1 brazileiro).
iVdro A r c n i .'; 4 de junho 5 do j a n . *
4i3 Mosxotti Gi> Lavrado
Itália Colono. 25 de maio »
•iir> Guilherme U i l u a a n Pr. 7
•11 i 13 » »
•í-,7 Emílio V i ü - n s Protestante 7 . .
4..S J-ião Jos,'- G - u n - i - . i l d . . . . Catholica . . 27 22 de jun ho » Tem 6 filhos.
i i . ' Fe.-=an;!.i lie.-Ncbini-e.- . Protestante. ' 17 de agosto de 1SSÕ 25de as-osto de 1$>6.
Í.30 Vicer.te Pinto Ferreira . P Catholica . . 9 de a o r i l de 1888 27 de junho 18S8.
•i:.i Vlei.no Jos-'- Vieira Janeiro
17 do março 13 » »
452 Do-ninecs Pereira -ia Cr 5
r.3 M a l h a » F r e v Parahvba
S. Pedro do S a l . . 10 de julho de 18SS fi de julho »
•iVi Ila.-nard:) I l ü n z 5 > »
135 r ~ l r j de M « a t : s = : 29 de junho »
4-1; Pedr.) ilorffi 24 de m a r ç o <i« 1881. Tem 8 filhos.
r.7 J o i o IIe:n«r 2 de set. de 1884.
J o ã o Backes Jnnior 9 de m a r ç o de 1831.
Oswaldo Tra;- ' r l e
gria Tropeiro Brazi'.... 10 de dez. d » 1887.
João Ka-h-ry Franca 1 da F r a r e 3 do
Brasil..
- 24 -

FILHOS

HBXO IDADlt ESTADO


NOMES
DATA DA C A R T A DATA B O J U B A U E . N T O nusEavAÇOES
o B Oi

üiinrc:
ninini

lleiroí
q t SlTLIdlÃO NATUIALID.IDK

iuvos
Õ
O rt
t)
•JÍ
«1 c n
\7. •>
s V.

Itália . . Catholica. Casado. Cjrniiierciante S. Pedro do Sul.


451 Frederico Cechi... 1 ü 0 1 da I t á l i a e 5 do
Urazil 14 (le julho d e l S S S . 30 de des. de 13S7,
Alegretli Cauto . . . 3 4 5 0 • • 1 • •••• Itália
Artista
4S3 l>edro Breda Comuicrcianto. 3 1 .*• >. I i .... B r a z i l ;
Giacomo C o r l c z i . . . 3 1 •.•. 4 .... 2 da I t á l i a e 2 do
455 Alexandre Criongo. .iustria-Hua-
gria \rtista 2 7 da Áustria o 4 do
« Brazil
465 Daniel Picinini .... .... .... Á u s t r i a
4ô7 Giyelii Piciatai
5 4 s 1
B r azil
Coaimercianic 1 1 1
4òS L t i i i Marasca "" *2 .... .... 2 .... »
463 Bortolo Secchi , o .... 3 . • ....
470 Daniel Gioago
» í ....
3
0 .... ....
9

471 P r a M i o Giosué I tal ia . Artista 1 í t > » *


472 Giacintho Picinlr.i
» 1 .... 1 1 .... ....
0
9 9 >

Agricultor . . . . 0 9 12 dc maio de ÍSÒS,


J o ã o Henrique Si'houltca Hollanda.... Prole t a n t o . " ....
473 2 " * 3 .... 9
47í Gustavo Braatz A!lc.n.maa...
*j .• • • ............ .... 9 9 9
475
47-i
Jacob Geiss
F'rar.cisco BccliCT.bach... Lavrador
M
5 .... .... .... 9 . 9
20 de abril de
Itália , Calhai Comuierciante . 4 •».« .... .... .... .... 9
477 Giuscppe C a r l i — , 3 ..•. 3 '3 .... .... 9
47Ò Giuscppi Lombardi
47!l Baliisla Enos
Q
' " 2 .... .... 1 .... .... w
9

4* Pedro Chrestani Artista . . . 3 1 .... .... .... .... .... 9

5 i 4 ... .* " i i . . . . 3 da Í t a l a 0 2 <lo


Brazil
4St Doaicnico L o s s . industriai. 4 5 da I t á l i a e 0 do
6
Brazil
4-2 Fritai Victorio . . . Artista
Industrial.... 3 0 .... .... Brazil
4S3 R u b b o Domcaico . 3 0 .... .... .... 4 da I t á l i a e 1 do
Brazil
J o ã o Cos' 2 da Itália e 1 do
.... Brazil
4s3 Soltou Vicenzo Agricultor ..
Artista 1 ............ 1 .... .... B r a z i l
.4SJ F a r i n a Giuscppe
4S7 F e r r a n r i Giovaaai
2 2 ............ .... 9
0 4 da I t á l i a o 3 do
Brazil
453 DalTAlmo Constanti 9
1 da I t á l i a c 1 do
Brazil
433 Baldini J o s í Pcicgrmi Coairacrciantc . i Brazil
430 Giovanni Toriani
s 1 .... 1 da I t á l i a e 2 do
Brazil
4^1 fleraiana Wcsciienfelder Allemanha . Viuvo .
4J2 Henrique M u l i c r Protestaate
G 3 *•• ..*••*•• .... .... .... B r a z i l 26 de junho
Casado. 29 dc inaio
4J3 Fclippê ü a u e r Agricultor .
3 3 .... .... .... .... .... »
15 de m a r ç o
404 Fernando W a r t i i a Austna-IIun-
Kfia Ca t boi ca . . . o .. . • .... .... ............ • • •
493 Willielm Post Proles! ante .
.... B r a z i l 12 de out. de 1SS1.
Prússia 7 de junho de 1SSS.
«5 l i y p o i i i o C é s a r de M a g a l h ã e s P o r t u g a l . . . . Calhou c a . . . Marítimo .. .... .... «... .... .... B r a z i i 16 dc a b r i l
4Í7 Maihias J o s é Scaeid...' \llenianha . . Agricultor. 15 de m a r ç o
T l n a ç o Cunha Moreira Hespanha . . . Ceará
1 i ............ ' " i .... .... 9

.... 31 de o u t . S de n o v .
4 9 \ugasto Rodrigues Scttc Portugal.... Parahvba . . 4 1 Catholica... 9
íú de dez. 23 de d e r .
500 Domingos P e r e i r a da Cruz 1 2 > 2 9
5 de j u n h o
301 Ant;>nio J o s é R i b e i r o 2 .... 1 •> » •j .... 9 N ã o consta a data da c a r t a .
ii 3 .. •• êb"ii>" s c t ! ' d e 18S8 27 de set.
302 Carmino L a i n o Itália Solteiro. 1 5 0 .' . . . . 9
14 22 Legitimou os filhos.
503 Jasé Tavares L e i o d e Gouveia . . . . "ortugal.. Viuvo... Peraimbi 1 1V .... 2 * 0 .... .... 9
11 ie nov. de 1SS7. 16 dc j a n .
Ml Domingos Antônio Pascoaic Itália':.... 1g 3 .... .... .... 9
Casado.. 0
• > 2 1 da I t a ü a e 1 do
3 j a n . dc 13S8. 1 de í e v .
de
Francisco Alves L o u r e n ç o Brazil
P>rt.igal.. 22 de
fev. * 21 de .fev.
,Francisco de Giuscppe C o i i - n o d i o . . Itália 5 .... .... 5 5 .... .... B r a z i l
Solteiro. 26 de
março » 26 de m a r ç o
17 N c h a s l i ã o Gonçalves Fernandes. Portugal.. 20 dc
abril » 7 de a b r i l
li |Do:iingos Alves Ribeiro .... .... .... .... .... .... ....
Casado.. ôcrgipc Catholica... Brazil 25 de
set. » 23 de set.
>' jAnlomo Vanocl Ribeiro Solteiro. » »
0 , \fijnso L a u n a ítala .... .... .... .... .... . . . . 2S dc j u l h o de 1SS8. 23 de j u l h o
311 i J o ã i Gonçalves Martins Fiiho Bahia..
Portugal
I.uigi d'Ancoua Austria-IIun-
Casado. "1 2 5 .... C a t h o l i c a . . . .... B r a z i l 27 » » 27 ,
gria Solteiro. G do agosto » 6 de agosto
513 J o s é Rotondano de F"rancisco Itália .... .... .... .... ....
Casado . Catholica... .... ítaíia 23 23 »
1 I Francisco Mendes dc M a g a l h ã e s C o s t a . Portugal 24 24 >
1>1 i j j o ã o J o s é Loureiro : .... 4 de set.
31 i 1 \ n d r é I.aporte África "2 .... "*3 Catholica... " Ò .... .... B r a V i i ! ! . ! ! ! . ; ! ! ! ! . ' ! 4 do set.
Solteiro. 12 12
517 J >sé Alves M c c í c s Pereira
"*4 • • • •
Portugal.... Casado.. 19 19
5 H Antônio M a r i a V i e i r a
0 Catholica... " Ó *. .... B r a z i l 9
27 27 9
51 1
J o s é Domintrues da S i l v a .... .... .... •••• .... .... .... "•" • > >
520 Francisco Pinto do Oliveira Atrica . . . SoiUüro. .... .... 2ti 23 >
521 Rraz Orrico Itália . . . . ••
Casado.. i "*5 *4 5 3 da I t á l i a e 3 do
522 N i c o i a n Orrico Brazil G de junho 23 de agosto
5.11 I j n ã o Rodrigues F V r r l l o 1 1 .... Italia 21 » 21 9
Hespanha . Casado.. 4 do o a t . 4 de o u t .
521 | j o s é Ferreira de Souza B u g x h o Portugal.. .... 2 Catholica... 3 .... Brazi'
» 6 de agosto 24 de set.
52- jSamuel Daniel '. ). Allemanha . Solteiro.
2 1 i % » 1 .... » 10 de o u t . 10 de out.
.... .... .... .... .... .... * -
F. 4
- 26 - 27 —

FILHOS

NOMKS D ^ T A 1>0 J U U ^ U l f N T O oiisi:i:VA';oi'.s

7 N * T I : I U I ::>M)U
>
tr
>

Ha'..a Cal': • :*!i . de sut. d» 1SSÃ.


C a r i - s H - i ! - . : : ! . - W.ic:-.-- :.a.: A!..' :a:i! a. ... L u t u e r a u a . . . . j C a s u d . ) . . . I IS ile : e v . i!e ue JLÍÜU de »
i C oura Itália Cath.ii.ca.. Cat.n.lica.. ! r i a Iti.-.a e i ,'
Itra/i! lú -ie l! >v. .ie ue mor. ite
Au-tria-iP:::- li -

MIO J.»ha It.i» •Iran • l i r o i v


:::.a Casa !•>.
\:r.»::'.o '". ••*•"< Brii > ÍV.rV.izai Ca'. : '.: - a . . .
:
.;: .!« j a u . .!•• 1S-9. 31 de j a n . do 1^9,
KL' ,i..i-'- Ail.'':.-t.> Si::) 7es .. Solteiro 2.i ;e :ev. de tev. iie »
533 M i s * ' ! Carlos i Itália ,
J I:HIU:::I M a r i a M o n t " i r !' .rtusi.l Casai o . c'aV:..õí.c'.'.;; lira.dl...
.Vil
535 I V i r o R o d r . p i c s Pinho
i--s:-) Alberto W i e r l i i p Proiesl-sat" Protest Í:H" L'2 ::iar;o de l S S j ; - ; de marco de »
:a\ '.üe-narria 1
.-e: •!.- 1 -».*-•.>.i ti dc jllino de 1VI7,
1

537 r . - j K W , . Knic-) í:.-ii o C . c a IS l : i i - .


Jo.1.:::: 'Ia S.lva l-'->r::iris. 17 .ie aiiril de lv>U.'i: de a o r i l de 1S;9.
53-
los-' l'.:'.!>"'.!o Mattos Arl.sta. R i o uc J a n e i r o . de jiiüio de i>oS. N ã o const da
ÕÜ.Í
carta.
.-.to Caetano P:!:io R i b e i r o I.avrad .| Idem üie:n
Ml Manoel .le Fii".i"ir"do Telies Ca-a-lo.. 31 de jcl de a . ' o s l o

•i
IS»».!
r.i2 Antônio M o r e i r a Comes Viuvo... 3 Ie se de se'., de
513 Man>'S Augusto Av M.i!i>iro* Ser Casa-! o.. 2 . ...e julil-o .1" » cie agosto de
Ant mio Peso Catiiolica.. 2ri de .'osto Ie » dc se'., dc
1 •! 10 de set. i.e
Manoel P i a i » Monte: ro * • .\'.:r.tí
Manoel CoOiiealv.s Loi-. »?. 1
1 j... !'Í!ra.:.ü •3
:i-'-na:::;a.
Ant.nio Joa.;ui:i: F e r r "ira porlucal. 2» Ce s e i . ue 1SS7
5tS ü r a z Taraco I:al..-. | ò de s e t . de iSà-
V.'i M a m e i de Oliveira "Bittencourt.. Viuvo.. |20 de set. de »
Pírtai-a!.
::c Tc".:ic .o (la Cunha T":x - .-a
: :
|17 ti" acosto de » l i o
551 Francisco Carvalho e Cun'.'.a '• l.o -de set. de . »
552
:>53
Manoel José (ie Carvalho
i r:i::r.:sco Ferreira R i b e i r *
;
i*
!
Casi'!Õ! .1 • 9 de acosto u.« »
531 J o ã i F c r r e i i a de M e " > Cathoiica . de out. dc
.inr.i/:!.
1> » ile set. dc
553 .Tos.'- Ribeiro ri->s Santo- Alves., 1 • 3
lie set. de » de out. de
53* .loacijiiri Antônio Vioi.-:>. M a : a . . . S ipe.r.i.. 'ie i-ut. iie ' » de d e / , de
537 J is.i Mead<-i i a S J v a C.IS.VÍI..!! de set. de 1SSÍ de í e v . de 1SS9.
55- Francisco Cu-tod:o 'Ia Fonseca. Catiiolica... Braz::. j a n . de lí-<s de a b r ü de
559 .Mar. e| M a i - r - i r a Jur.i ir de íi.are..) do 1SS.
500 .Ios. Mataias cia IV sa !•>•'.Ias...
;
" I de a b r i de » de m a r ç o de
Ml Domineis Caraiaeii: ita.ia j S . ) i t « i r o . . Coniü.ercian R i o ile ,i 2S de j a n . de 1SS9
Car!:> Frederico Goiir.-T tosl.-.nte.. Cas.".'io... P::ar::iacu'
de j a n . dc N ã o consta a data da
Paraná..
Ai.Vinar.lia . carta.
503 .1 lão Gaisier i 7 dc agosto d c l > S í . 2 3 do agosto dc ISsS
iniilaerT.e lierg-.aar.n p.-ussin
567 »:il.i;- B o r r k . Pr .testante 'llrar.l 12 de out. (ie 1SS7. d? iuiho de
i'ro'.">'.ante.. Santa Ca! 3 |.
rry, \ n i r ••• B a r b i Aileir.aniia. Cat:i<)!ica jCatholic.i... 5 !. I 9 lie m a r ç o de l S í i
Ca ri s Ivra":::'.'r I 20 de junho de »
Itália dc Junbo de
Jali i iMc!:t"r P r o t e s t a n t e . . Casa.lo. |Cat:: ' l i ó á , . . •Bra/i!.. IS ce ::i.a:o de •
Aiie-naniia.. ZO de agos to de
.T-ã-> .l-.r.k.. 3 i Í2i*. de julho de »
Í30 »
Otlo Jnng ! . ! 3 1. 3
Cit:i-.:;ca...
f'r'::'.)n) L i : i i :
p.v.i > Ke:*e"nO'iel' Pr itestante *3
ii.at::o.:ca...
lailan'.. ' )) r.e- Beicica
Ii" ::" Monl' iro 1
t. dc 13 ce set.
Portugal.... Catholica Í >oi'."iro. 22 »
J' r • •no Nec •
l

Itália ICati: i l i c a . . .
•h:<*.o.... Ailcaiani-.a... i'rotestante...
Casai-i o..
i Prot">tar.te 2 da Allemanha e õ
i 30 de aposto de 15 »
do B r a n i
Prússia r.atiioiica Catboiica... Br.i.:.! \
F i — l r i o ) Frnncisc o K'>e'.'::'-r Protestante :t » »
Proiestanie
F r r . r . ç i « o pereira N o v a e s Bastos.
.>-'.,'
Porlucni Catholica... 2-5 de set. de >
Cathoiica
liee.T ' l i ' A i l . S-

i:BraV.Í.".'.'.'.".'.'.'.'!.".'" 2S do acosto de »
"2 Aü-ma ih.i..
P.::lio Castro

Itália 12 ce set. dc >


.'•-3 '•j.-r-.-irn i I i i ' • ' :
Artista, 31 de agosto;de »
5>>i Pa-:! • í s e b a r v r Aüernar.iia.., Protestante... I*POt(TSt.1Qte '.! Alle...-i.l:i::â
* . 2 d a Alie.xar.hs e 1
... \Í-.TÍ ! do B r a z i i I - » »
i-i-vpto K - i H i ta de out. de
Iie:ir:.;ue l i i o r r •!
- Íl7 do o u t . de »
AiiSlria-IIcr, »
cr.a Catiioüca •: |2S de agosto de »
JT* Oi Y«||''7 ilS » > de .et. de
All":naniia .. Protestar.!"... Casario. Protestante
i l " - : r . . ; i i " r,"rsen:ir->eks Cathnlici... | 3 de set. de
5>íj r,-i<::.-:•> IJenrivi" M » v r Catiiolica 2J
l^o^^tint** 2 da Alle-nanha e •'.
Protestante... do itrazii Il5
5í>fl rre-ierjr-i Sc!i::i.'it
Prússia. 2 1 ' • ra/il |2S
5:«i Iienr.|:ie A l t e r n t h i ^ v e Cat!: >I:ca.. Prússia...
592 Cat;io; ca:

.J'ã ' A l l T n i : - . l ! " e v » r . - . . ,


5.3
59-4
K'i_*"ni'0 Sc!i:*ii'it. :iss;a
Solteiro.
Protestante... C a s a d o . . r í' Protestas! ti Itrazii. 15 » > dc out. dc
»
M:i":|ol \I:I.'.!ÍI:^.-
5't*. ;issa d » d e i . dc
Gii'iii»r:i:e iji-rner .Ti:n:-- ...'.'.'.'.[... 30 do agosto d o »
59!'» I ^ileiiianioa... Soi!»iro. de j a a . de
Ilerrrann Jor.ri 29 dc j a n . de lâS9.
Casado..
— 28 - — 29 —

FILHOS

PBOf.SSAO DATA DA C A R T A DATA DO J U I t A X B M T O OUSÜRVAÇÔTS


SOMES
N AT UIIA LIDA 1)11

I Arábia Cathoiica. Solteiro.. Santa C a t b a . - i n a . . . 00 c!,. f..v. de 15SÍ.I22 de.Tev. de 1S89,


i-o A i n v . : - ' ;
20 ' »
r>.'S Jos- ll.ivimio Apailinnr.o :Ponug:il...
C a s a d o . . . Coaiaiere.iantn. S. Pedro do Sul... 6 do j i : lho de 18i3i23 de j u n . do lásSt.
:>•>.) JO:I<,'.IUII Pereira, du Silva 11 de julho de
liOO r i - a u . N c ) Jos-'' r - i v - i r a de Moraes.. V i u v o . . . . Artista
Casado... ... •119 i ã de a b r i l dc
60! Ki£r.»:i C i i o v a n i u 9
Lavrador. T "Ò" Catholica.. «alia
;i02 \ r a M i Gmcoeio
IWJ B a a f s i a Kroeii 3 5
í 4 Brazil 11 de junho do
"i,y, lloâ"íl'> Giusepp" 5' de "abril de
1 4 »
(iõõ 3
òOJ Cii.-.'-li' I-rancisos 3 4 i G 3 da I t a ü a e 4 no
Brazil
2 0
COT Cast-l.-.s Gaiseppe
Itália
GOs Dait.ae At-ge!»
õ.O Dalla S:n:'.a Giov.-.nn:
oso Giovaiini I.unnrd:
Artista
C.iiamerciar.l''. i" .... 4 Catholica..
Brazil
>«i Luiji L a v r a i ! >r .... "3" Catholica..
I ! da I t á l i a e 2 do
o o 0 0 Brazil
o.- fir.s.". Francisco
.•• Itália •..
•;::( G.ns'iipo Oübor.i Co:::i:ierciar.to. í í
Brazil
Üi í J o ã o V.aptista Curzep Lavrador o 3 .... 5
010 Luiz Pierruccini Comuierciante. I ••* 1
Lavrador 9 2 0 Itália ,
616 P r - w i i c Pi"tro 2
G17 Peliser Fortuna'..) Q .... • • • • »
2 *> .... 4 Brazil
solàatelli Luiiri
i;is ZanaailiV-a Luliri 8 6 0 Tt Itália :.
Bazzan R i c a r d o Austria-üs 9 1 2 1 Austria-IIuagria..
01!)
u20 gria Agricultor...
7 de junho de
G .I:S,T>' M"rÍEhi
:
... 23 de a b r i l dc
Lavrador "Ó" "i" Cathoiica., Brad;
022 Marca-;*- l i u - n n o liana 10 de j u l
023 Nicnlài; Freiaercer P.-iifsia 4 6 "i" 10 20
c,2í Math-.as Kipper Allcmaaha. Colono 5 0 0 il 11
02 "> Josi'- Sto:a • 3 2 3 4
62» Pedro Aisinaan 6 5 4 7
•"27 J o ã o As.iir.ana 1 4 .... õ
G2S Matai.is ilaas 5 6 .... 11
G2-' Carlas Klielmana 10 2 .... 12
KtO Malhi.-.s Assaiana i 3 .... 10
G3I juii-i Vogcl K 4 .... 8
032 Jr.âo P a u l i i 4 3 {5
633 Tiia:Í!".is Ilippier 5 5 1 0
G3í Antônio Giohi 5 3 1 7
G3> Jacob K i p p e r 3 3 G
O.'!'» J o ã o Kla.CpO.. 5 3 s
G37 g 5 .... 7
63* . l e i a TVivus.. ' 5 4 3 G
030 f'hr:si'-.vão Webor • 5 4 0
7
G'-0 J o ã o K-'ri!or 1 .... .... 1
Mi?".i"'. M e r g i o Fiiiio 5 3 S
•r.i
012 'V-iro Ki:>p"r Jun.or 3 8 .... 11
G.3 J o ã o N i c õ ü u Assisans 4 3 7
6 i i J •)<•'• r n | > v 4 6 *4
Oiõ Pedro M i ! : > 2 1 3
Prússia s
3 "5t
6 5
J a ã o r roiicii Al.oiaar.iia.. 6 4
iro VTilses.... Q 3 ... •
Oi'.» Cliristiano / u l l z i i a c h " . - 8 3 3 «
.-,\n
5 5 •... 10 1G
OM F - . L p ; . - ' Gustavo llca/iijiii; l V r n a n i b i l o l t . Protestante. 2 .... 0
0'2 O l l V schatiiier
lorr.ar". > J o r c e l\ri»sche I 1 1
....
0
dc agosto de
29 do junho de
de ago: sto
" de 1SS6,
J«ronv::io piir.o iiarSoza Portugal... Catboiica....
Aalonin Marq-"S <!<• Carvalho 20
("".•'a-r.ri' AVáV.ar. Alicir.inha.. "3' " s Brazil
"tV " j "
Krnost > BeraNt Protestante.. 4 2
1 'iiz F í ' i ' p ? ' ' W f - c k l s e n s e r .
1
- 1 .... .... 1 de julho di 19 dc ji ho de
r,;o I>T,a-io Mr.iier Catliol.ca Colou 4 8
0>V) -i''ã ' !'.ea"r|e •
7 3
5 4 1 8
(V.! Tíoar:';i:" P ' " i r a l n n ~
i>i2 .T-.ão Gotlllob Wo^.alm • Protestante... Solteiro., »... • • . •> • .
00! J o i o Gal»' .." Casado.. 5 1 G ... r
•:>•>! .7>â> "Irn^sio IÍ'--'>"r'.o L a n g
2 6 3 r>
G'Vi il-ariq-i» S c h r n - l e r . . .
iVil K r » ' l » r c n G r n l r s i a a a
2 ... 2
017 Gill/.ermc l-'i:loi"r
2 4 .... G
1 2 1 2
G-W Carlos Aiiir.isto Frev.crico AioTcar.der s
6 3 1
6.» Fernando K r i - c r 4
2 2
G70 .íafob \Va»se:-.*.«r
671 Adão Slusai
1 1 ••• 2
2 1 1 2
- 30 - - 31 -

FILHOS

NOMKS D.MA C * C . l l i r i 1HT.I :W JUIUMK.VTO OBuliUVAÇUi;-»

!'rot—ta;:l.-.. i " a s i ' i . i . . . C-il I:IM S. 1'... i r o UÜ S u l . . .


IIIT i Carl-s Liiiovico I.-u... 3ü .!<• ji::i:o .1* lx»S. 20 .!•! julh.i cie K v i .
• -;s '''•-f K"l':
Fr.iiici-c > K o p p •
•173 l"r-- iericM Z:!i::;er
..7 i Fernand i Z.l!.i;er Filho
iVT7 F T . C i NYit/cke

(.' . r i - . - \ V -ij.:".!:
liijst'•>••> iac»:-c:i
,-.-1 Frederico Früii.il e
U : - ' I : S ! J G-iriiiritz
líeciie 25 ile i e . r . h o i l - a S S
i' '•••r:i:.'!:i ) Otto Carlos I
•i»:> Carb.s l'i-".i«r:.-.i G-.i.lher.i:-' it:-ck j::::so ile
N.e -i.iu i-er!»).-
•>7 ; Aucust . l i " ! . /
hiernsrdo <:•..•:.:.'
• S.' !l-'r. j e r i c o !Vtfi-er .
iienlardo ll.rsch
•./.••I ' Au.-uito I::r>c':i
li .-2 !•":•:: :IC'.II Caíi:ui:c» 23
•i -o i V d r i uipper
Aii-'.ria-!!i:a- i*
2 ile a p w i o cie 1\<» 27 Tem 2 Olho!
•;.;••» írT i:a:ii> WYckorie
,
Alíeíàúiia'!" • * » :2S ' 1 filho
I u i c u s l o 1'ro.tz": i) * ' 25
! i*---!:--> l.c s-:..:i:ii! :

Tem 7 filho
• Ai:'.<:i-.-> !.••::::":'. •i >
I K:-t 11 •
l : ile o u i . cie 1^.;. •ie 1 II »
7n: j.'..\ó"ja' ',>u I; i s c í i . ' . ' ! ! ! ! " . ' " " . ' . ! ' Protestante... !AI-:-:CI:Í'.'J
c
12 20 d c a e o s ! » cie 1SS3
7iv.' jCariuS Ha!::: (L'-llol!0...
de a ç o s t . ) cie l W 3! de jallio de 1<SS.
7' ) Feranr.-lo Ai:_-;:st-i Freder.co H : . ' C Í ; . .
7"! '(ii::i:pT!!.- i!:.rt::
7ii". ;.V.'ão Zi:::::i.'.-
•'•••irn IVtrv F:".ni>..
,A:i
ilu-i
Ij.ã,
.("ar!"": K!."rt.
7(1 1
\ So!i.'iro..|
7:2 'i":in ' S K r i i s v r C a s a - i o . . . Ai"r.c::i'.'>r .
7:.; ! í!-TJr •;•:'' itr::-.::! 20 dc a b r i l dc ISSO. 31 de maio cie ISSò.
7:; J.i iqii::: l'"r.':r:i de Faria
:
3! de iu::io de 1S-G. *5 de acosto dc
" !>-i::'::i_-.)S G I:Ü('< S . . i r « ' S
27. de acosto de - • '
i \ Í : ' . - . : : : . I I-;:'::-'-lo T . - i v i r a de Ií:'.rr->
13
.'. ia . .l-s.'- V n r : a : : ) lí
1
17
:• iviua.-i.i w:.<'-?.. 23
:'-r::i:i: 17
21 •'"ir.íL.ivã.l I.. l'è
.2 :
. l ic .!, K " :::i"r 23
72 i \:a\: . K s > r 27
72 j ; : : : ; - r . i . . . iiarth
;

li de acasto de 1SSS o dc acosto cie 1SSS


7--' s Ka-nii
7;'. |A:--.'r:n F..s:h
72 : . - r . - ! - r i i . i Fü, i:i::c
, ,

7--- a i ;;..::sc:..:r
72 • A-l.-lV..) i i a n -
1
;!:.'-:r:.|:e Scibel
7 t '''iir.-liai:-'! Í ) ; I : Í : : I !
7'2 .\n.ir.'- C.irry
7::: ' ano Frederico Ciuú:.«r:n" !."::/. i ru'.o>ia:i'.'-..
,

7::i í\-ri.»s ltiss


7 :ui > S""!:p
7-í ' • ••: li ••- : i " Jap:ie
7 ••• ••.-r.->i !•' . a i . . ' .
7.!- A. - rio Fr"CM-
1

7 : •!-.•:.i i v - s . .
7 ! L
• :• . ' • T Í " ' 7. ::^->r
1

7-! . Iin-i •::


7-2 :.:...; . ü-i .«•r-Ii.-i-.i-f 1 í. Caliioiica
7 : i . •::::••!, Z.acier , Prul-star;'..'..,
7 i'. • :.r! - Ar-::.:
7 • '•••: r . - -i

I \ i . - ..\ii: S.iil . w r . . . .
i I.: II;'- <'•: iir.-k-
A:x-:it-. Vi:i."r
— 33 —
- 32 -

1'll.IIOS

SBXO 1IHDH U5TAÜO

DATA DA CAUTA DATA 1)0 J f BAÜKSTO ouannv.içoiia


NOMKS c ••n tf.

ino
c c nuuòiAO C
b 0
c NATL'UiUD\1>K
c
3 'ã O c ü >
J.
'•3 r, n >
3 3
X \r. *y.
2

Colono. S. Pedro do S u l .
0 6 0 G ... ... . . . . .4 dc agosto de iSSí de sirosto dc 18S8
\.!lo:iiaii::a . . . | Protestante Casado. » » »
llcar.qne C.irlstaiar.a... .... 0
ilustavo Dp.fiss:- • * -. ........... •... » » *
Oito Lireur.ig...' 5 5 10 .... m 9 >

Jacob Desijesell 3 3 T *• » »
0
Henrique Scharuberg . :> . •. • » » »
Ludovico Germano Gl-
.V::t::ruo C a r l t e r i i m a n . Aast r.a-1 i u n - I 0 3 Catholica... 3 16 do julho de i S í S . 31 de julho de 1SSS.
ria Catholica.. 2 3 .... 5 > .... i <:a Itália c A tio
Wea/on G.ovaaui I Brazil > » >
0 Brazü
í 3 » . . . . • • •• * » »
Siongo Gl.iv.anci í • • • •• • 1 1 » lo de agosto de 1SSS
Francisco ü u t l a r d i . . . . 3 3 ü > ú .... i da Itália c 5 do
Lavraior. .
T..!!*ü Horaeio Brazil » » »
o <i de agosto de 1SS8
Colono .... » liai:?. » » » 1 de julho de IScS.
.->: Alqaate Anselmo... ,avraiior..
í í •••• » .... >
r i g a s i n boiiicaica. 3 0
3 * •... •í da I t á l i a e 1 do
1-3 ICarlcsco M a r c o . . . . Brazil » » » 1 » »
23
i l e l l o a i n i Fred ca . 3 0 5 Catholica... D .... 1 da Itália e 4 do
Corselti A n t ô n i o . . . . Brazil » * >
.. » » » 10 dc agosto du 1SSS
J o i o Baptista Argec Solteiro. Sacerdote.
.... .... » » »
Caiado.. Colono....
Lino S e r l o r i o
Artista . . .
. •. • Catholica... V
.... Brazii
Aaibrosio Bonalu-r.c -i .... .... í » 4 1 da I t á l i a c 3 do
Francisco K c s s i . . . . Brazil » » »
1 1 .... 2 .... . . . . 1 da Itália e 1 do
•Vrtica Os Colono Brazil
i 7 3 » . . . . .... Ítala > ' J» »
Commerciaato. 20 » >
Pedro Fresrosesi
Colono
6 .... 6 . . . . «...
Francisco Ivanck Aiieiaaiiaa . rolestante. 3 •• 4 ...J.'.áa.l<i. 4
lil.uardo Goist 3 ....1 \ .... » » »
Henrique M u ü c r 1 1
1 1 . . . . ..<..... . . . . . .... . . . . » » >
Au.-usto i í a e r t i 3 .... 4 ............ .... » » »
A - - U s l > Beckor 1 . . . . . .. 01 . . . i . • • i • . • •1
Gustavo M e i z d o r í o .... > » >
ICarlos S c á e r e r
i Alberto >Victr.c'«.e
1 0 3 ••••• 3 ....
\ » » >
4 4
7-0 Guilherme V e r : a " l o r . . .
7-Ji iF-l-.ppo S c á e r e r
•3' 3 .... 0 f> ;• »
»
>
»
>
» 2S dc dez. do 1SS7
Professor 1 de agosto de 15SS
Carlos Mover ^riissia "3 0 5 D .... . . . . BraziL > » > 1 de junho de 1SSS.
Germano Scii-.iltz Coioao... 2 .... 9 . . . . . . . . . . . . . . . . .... 29 dc dez. dc 1SS7.
I.Miithias Dwiil 0 0
.... 4 \ ... .... Brazil
i F e r n a a l o Baiso g » '» » '
í í 0 — » 6 de airosto dc 1SSS
|Of.) P a u l 0 3 3
•Si v.oa Jark'.'.'.z Alloiaa.ih.i... Agricultor... 1 2
.... ............ 6
í i-;ber::ard Fre ierico Hor.-t. Colono
4 ••. 6 ............ .... > > >
3 3 .... G ô
; ;.' ...i,.nco Itodolv-Lo Agricultor...
r
1 3 — > » »
|jiiio Hiither......., "3 ""5"
; F r r i e r i c o Flescho.. Coioao
3 .... 0
23
Merniar.o T o t z l a : : . . .
1 0

jüernar.lo l i e r t z . . . . Catholica... .... .... .••• 21 » » 10 d ê ' a g o s t o d e 1SS6 Tem


-
2 filhos.
Josó Nunes I . e ã o . . Portugal \ j Artista .... .... .... Catholica... .... .... .... » » " >' 9 de julho dc 1SS8:
Francisco C o r r o a i> '.o i.aroo » • .»!.!".! » > » 3 de jan.- do 1SRS,
' M a n o e l Joaqai-i 'Ia llv.-. Nov, 31 dc julho d c l S S S
j.losc Bea-.cij da S.lvr. i l ;
Solteiro. "i .... Catholica... " i .. • • 3 de j a n . de 1SSS.
Casado. . . i A r t i s t a . . . . 0 .... 0 * > » >
! vnlonio Júlio C o r r ê a d - . |Co:ain-Tcianti, 7d« aeostodôlSSS!
, \r'.'.'.ur K i e i a . jFraaça i israelita.... Soiteiro... 1
» . . . . . . . . . ... . . . . . . . . !;.. 20 Tem 2 filhos.
i.ior.-c Merck IA.."-naaaa . . . Protestante. Casa-lo...Ila-aslria!..., 25 28 fie fer.- de 18SS • 3
27 * » 2 2 d e s g o s t o do 1SSS
.l..cint'ao L a i z íli:r'.-.ar<;i . Itália "2 "Y .. •• .. •
:

:
S'!oast;io Back
Catiiolica.... • -.Colono "Õ ]".!....".... 5
Aüeir.aaiia . . . i 2 G ............ G ....
Jos* Back Q
iGaspar Hillea
1 1 2 ............ ... » » >
Ipciro Stauil Viuvo....
1 5 "ô 4 • .. • > » »
11 6 12 ..., ...* P 9 V
Ij.ião Iiappauna Casa I o . . . 8
' Iro \ l e i a c n Prolestant,
5 3 S — » » »
6 2 S 8 29 » >'
jjoiia Seii:e-a.... Cathoiica..
I Francisco Klimana
0 2 \ 1 ... ... '.'.'...-•-•.<. > » '»'
!Caries Assaiaaa
Ti 3 ... 8 s ... » » » 19 de' Wlf.' do ISS7
S I C o r r a P .»'.ro
:
Itália Coamerciante.
2 2 4 Catholica.. 4 brazil
••.•••.••••*......-
30 '
»
»
» »
» 17 í c a g o s l S d o 18S8 Tem 5 filhos,
> \ ICarlos M a r i n o "A" Brazil...'. 0 dc maio de 1888.
»*3 25 do agosto do 1S88
'1,'iiz Fetzer Aiieaianjia . . Artista ... • •. ....•••••»•« 4 ilo set. do 1383
J o i o Panke Colono
3 3 1
2 4 3 3 ... . . . ........a....'..... » » i
•Pe-lr> Goel-er
Inllhcrir," lvlen-er
...
IHenrique B " r a a r rn'l::i::il-'rs. "3 "j• • • • 'ss "s ... ... 5 » » 11 >
.•oiro V a - n n s . Catholica Lavrador.., 22'déjunfió J e 1S88'.
i ' o ! r o Schn«i'ier Prússia •
4 4 7 . s • • • ... • » » '* .11 de agosto de 13S8J
r. 1 6 G Brazil . 0 » '»
' A loipho Scl-.niilzliaii'-- \ll"!iian:ia.. Protestante., 24 »
i.J-.ião Henrique Ileagea. 3 5 ... ... ... .11 • »
Agricultor..
F.
- 3 4 - - 35 —

FILHOS
s
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SBXO IDADU !'.3TAI>0
Dl nuaiDENCu
NOMES r ATUÍA TIULIGIÃO BSTADO v\i o n s s à o
c DATA DA CARTA DATA DO J U R A M E N T O OUSEP-YAÇOBS

Menoros |
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Maiores
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Viúvos
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822 Frederico Landincior A l l e m a n h a . . . . Protestante... : , i s a d o . . . S . Pedro d o S u l . . . 0 11 do sot. do ÍS^S. 27 do agosto de 1SSS
» 3
823 [Icurquc Gravo VÍQVO.... • 31 >
821 [lenrique A í e r t _ Casado... 9 0 í
-.. 30
3 4 .... ... ....
9 9 »
825 Francisco Genr.ano HeineniaLu » \"iuvo.... 9 9
826 juilhermc HacAiuaan 9 "asado... 9 4 5 .... ... .... 9 9 »

827 jud:icr:r.e Schuaiar.n 9 9 9


* •3 31 .... 9 9 9

.... .. .*
9 9 »
328 Frederico Borget , » 9 •
829 Francisco Klcir. » > 9 » 3 3 .... -.. 9 9 9

.... ....
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830 Francisco Staggerucicr » > 9 9 9 3 9 9 9

1 • .
í 9 9 9
831 Frederico O s t é r k a r a p , > » 9 9 9
3 ....
S 9 9 9
832 Jcrraaao Hcnriquo t a n g e > > • 9 »
.... .«.. .... ....
*i
833 Ernesto Osterltamp » » » 9 3 9 9 9

5 .... ....
9 9 9
3
S31 rjarlos Roberto Bíum 9 9 9 9
30
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*J
835 Henrique Hoce » 9 9 9 » 3 9 9 9

S3J Jorge Carlos' Dreher >


.... "3" -... ....
* 9 9 9
> *
837 LVerá:auo Loose » 9 9 9 » 20
i
838 Henrique Ober:r.eyer > 9 >
L)
o .... •>.».- » » >
83J Hecriqne Breuslrup > > » 1 .... •... .... .... .... B r a z i l » » >
3 . • •....
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810 Zcm Bortolo Itália Catholica 9 9
1 .... ....
*> 9 9 9
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Susin Antônio - > > >
i
' •3 •. . 3 .. •
8i2 !'ar:negia?.o Giuseppe > » 9 » 5 9 9 9

•0> • 31• C a t h o l i c a . . . ... BItália


razil 9 9 9
813 Andreazza Giusoppe > 9 »
811 Uncaiiu&e Angelò » » 9 > 4 3' 9 1 0 9 9 9
o 1 1 .... .... ....
9 9 9 9
813 Dolcchi Gustavo » 9 9
810
817
Merigisi Agostino
Mcnegotti Giovanni. •
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9

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4 5 Catholica... D .... •..>••>>•••*..••.>•* 9

.... 3 .... .... Brazil


» 3 9 9 »
SIS Mich&áo Pietro » » > Lavrador
1 i 2 » Itália 9 » 9 31 de julho de
SiO Car.JS Frederico Le.urer.cj A l l e m a n h a . . . . Protestante... » •*t> •• > 1 de set. de
.... 1 .... .... ....
9 9 9
850 Pedro Mathias Wagner Prússia Catholica > > 31 dc agosto de
.... ... > I >
851 Jens Mikkelsen Jcnscn 1 —
D i n a m a r c a . . . . Protestante... 9 Commcrciante 2
» »
S52 Nicoláo Tho. .é A l l e m a n h a . . . . Catholica Solteiro... Colono 21
853 J o ã o Kubn » Protestante... C a s a d o . . . Artista >
0 "3' .... .... .... * l l 9 »
Henrique Eduardo Doerr
* » »
S5-1 Lavrador > » »
.... .... ....
:l
5 0
855 Luiz Caiiai Itália Catholica Solteiro,,. > 15 de m a r ç o de
850 Maximiliaao Augusto Kodolpho Carlos S c b u l t z . . Aliemanha.... » C a s a d o . . . Professor 1 6 de set. de
857 Adão l.«hnen Prússia »
8:>s Henricuo B e c i e r > >
9
9
Artista
Agricultor 9 .... .... i . . . .... • 1 1 1
31 do agosto de
> *
859 Micbel Alies Aliersanha.... 9 > 9 3 "ó"
13 dc m a r ç o de
3 ....
ó > 9 »
800 Wilhclia B l a i i > » 9 9 9 16 de maio de 1887 T e c i 5 filhos.
SOI Lorens "WiUío
862 J o ã o Muiler
• » > 9
9
9 9
»
.... .... .... 9 9 9
> 31 dc julho do
863 J o ã o Flccb • > > 9 9 9 "3' 6 "9' iirazii
13 de agosto do
4 .... .... ....
9 9 »
80* KciipTJO Jacob Steyer > 9 8 9 .
Protestante... 9 9
.... ....
•i 9 9 *
SOO J o ã o l v i r c h . . . . . . » 9 9 9 S 18
r> 1 ....
9 - 9 *
8>õ tatonia Junge; Prússia 9 9 » hrazü
857 J o ã o Niderrnaier
S6S Otto Hcibig
A i l c ^ a n h a . . . . Catholica
» >
9
9 9
9 'ii'
.... Protestante :::: l l l lOdcmaicd» 1387.

809 Jacob Stylpe Prússia > 9 9 > !•••• .... .... > I l 28 dc agosto d e l S S S
870 Felippe \Vcber > » 9 9 » "3 0 31
871 Fre::êrico Schrutt Allerrianha.... Protestante... 9 Artirta 9 2 i Í:::: 5 dc s e t . dc
'* BrariÜ........
872 S.csriried K r o h a » 9 9 Lavrador 9 i 1 1
.... 0 Protestanto
•$
1- 9 >
4 4 .... l >
> 9
873 Pedro Golzer < 9 9 Colono ; 9
13
874 J o ã o Mcurer > Catholica
....
9 > 9 9 9 9
875 Alberto Fiescb > Protestante... 9 > 9 5 " 5 "

lii
S70 Pedro Kuhn » CathoF.ca 9 » 9
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877 Alexandre C a r i
878 Guilherme V c i s
>
A u s i r i a - I I ua-
> 9 9 9
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1 i .... 14 do agosto dc C

879 Josí Frendchergçr


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4
880 Franz B i n e r t . . . ! >
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S81 Antônio WcLs > 9 » 14 » 3
882 J o ã o Roesler 9 9
5
883 Gustavo Feix 9 9 6
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J o ã o Erdemann
Carios Granke
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>
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880 Jacob Bender » »
887 Mathias J o s í Lutz Prússia Catholica . . . .
9
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9
Coram ore ian to »
0
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3

858 Jacob Thcobakl » » > LaYrador » Catholica.. 21 de fev. de 1881


889 Carlos Saar „ A l l e m a n h a . . . ProtostaMe... » » . > 5 de set 1888
890 Thomaz Antônio Salgado Portugal Catholica
9
>
Artista
Comraorcianto...... » "3 5 .... J Protestante Brazil
12 »

\
891 Jacob StelTeu Allemanha.... 9 9 Lavrador » 27 de agosto de
892 Mathias Griebelor "i " i Catholica.- " \ Brazil bruSeiros.
Prússia 9 9 22 de fev. de 1881
893 Jos.! F e r z o l l a Itália >.,. > > ComrZflrciazttt). • . . . . 9- • * * 11 de set. de 1888
894
[ 895
Francisco Hilbig
Pedro Paalus
iUle~anha„..
»
>
«
Colono
4 r 9 {) ::::'.'.::::::::'.::: 12 »
896 J o i o Jnlio Sclnvengbor r> 4 "3 f,
897 Pedr> F r o h l i c h . . . . _ > "l 9 9 9

898 Jacob K r o t h >


» VruT»....
Casado...
>
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0
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... 9
9
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9
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899 Augusto Rafllor 9- 9 •4 ' 0 •
... 9 9 9
J 5 2 . ... ... 1
- 37 —
— 3G -
FILHOS

I!>A!)U !:sa'\Do
SKXO
ODSKRVAÇuIS
•JATl U . CAItTA DATA DO JCIIAUKMTO

NOMKS IIKUUIÃO SATie WJDOIS

lõ de set. do lfVvS.. 1: de set. de 1SS8.


•i
Casado.. A »
Aüoinaiii.a.... Calliali-.-a..
900 José l l a r . v l - 3
» w
»
*
UO! Jiisó Germano K i t ! : » 0
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'Júi lkTJ-.ir.lo Lauscbaer » ò » »
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9M Mi.-uel Butzeu
Frederico Martin K o p a s
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* »
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DOS José l!isí«r » ü * *
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911 .Vus.-JSt> F e n r l o r * j»
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Carlos Prccr.t
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'e' "ii >

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* 11 >
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91S J o t o K i f c i ú . . . . ' . »
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920 Jacob llech Terceiro Solteiro., 7* "i" » »
921 Miguel i\.anber Casado... ü *
922 Pedro W a g n e r
923 J o ã o Wagner "3 O >

921 José K1.V..1 »


* 1 1 131 de acosto do
92: Pedro von Meulca » » >

Ilalia J» Solteiro.. 1> »


92i Dalsolo Giasenpe Catiiolica... ...jilrazi!
Cisado..

•>
927 I>::on Hortola 1 *
9£l U..:'ã Anseio


* i t a l i a . ••
•92.) Daizotlo Pietro * ürazil
930 Schio Giusepae > »
1• *
931 Jo«.- Pelleli..' * 2 da Allemanha e G
932 iThomar.i Bortalo
Prússia
•>
Lavrador do l i r a z i l 1IS^dede set. de
out. de ISSO.
033 n 20 ÍTcra 11 filhos.
IS de set. de 1Ü*S..
D.p.a.rarca... P r o l i í s t a r . i e . . Agricultor 9 »
931 Her.rt.;a« Pedro ONer. Colono 10 -
933 Lcanardo rr.er.s ,
93; J o ã o A l c i x o üear.caiaaa » Calhohca
» i> 1 1 .'rotestaate
1)37 Hearie/ie Mocsiag Agricultor 10 »
i:;e Tranz:n.".aa • Prsttstaalíí..
Veiizoi R-cli/ie;':! VJ*lria-Iíuíi-
Colono 3 »
Cati.oiica
J ó a c u r a G o r u s Paula
cria
Portural -• * Conrjicrciatilc.
910 Brazii...
i* Catholica..
Maaoe! .Toaquia: de Azevedo.
*
•»
911 25

J o ã o Kieia Prússia -> Lavrador Protestante


912
Al>=:an'::a%... Prot"Siaat".. Artista Catholica... I2Í de julho de
õ-iíKeiiap» E!i!i::~
W Gua-olü Guadieazzio Itália CaLhalica Lavrador |30
» •* í do agosto ue
Mj 'a'.aviç:aa Giasoape.
» * fla I t á l i a e ó do
910 .'ostana Battista' •>
* rç-azil
91 G.ari.igiario Ar.tor.io I>'!'.'-o Le * * da I t á l i a e -4 tio 21 dc julho de
Brazil
91? Ceia P i í t r a - •> Atrricuitar. 30
.alia 21
Dacfsa GJii • r. 15 de agosto de »
itãíia". • 31 de julho dc
'jjtl Boir.bar.o üortola.. *» * Catholica.
Brazil
91 Anniual Mannanari. 30
Miievl Cario - 2õ
903 \rai:ii d. » .1 da I t á l i a e 3 do
-* 11 dc agosto de »
'.'õ-l lia * Brazil 31 do julho do »
S t c r i i Giuscppe . . . * Brazil 1 do agosto dc »
• Itália 2 i do julho do -
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-•
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Oilboai L u i g i
Lclti L u i r i . • 2S
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José Ccstair.ii.iu... . Ansir.a-i!;:n-
cria -> SoIfy.ro
*
900 isoian A n t a n i i . Uniia Casado. ínuustria. 2daAustria-Hiingr:
'."31 Gievar.a: M i c i i e i i . . * Auslria-ilun- 2 Catholica. 2S
2'!o Brazil.... IA de sot. do
cria
*
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19
<>-,2 Fortanato Pascaal . Portai.... • Carroceiro. lõ
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- Soití'iro Artista
9.H Henrique Luiz Ivirtz . AÜíímanha... Casado. Colono *
90." J a c i i i Grieli"'. . > w

90õ [•Iransto Z:eto'* Solteiro 19


007 Martin A i a o a • * - Casado.
«y>s Luiz Germana Gios">r •
Christovão Caries Gronre!. »
909
Jorge M n > r »
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970 *
W ; ' i. —
'J-y*"*.

— 88 — - 3 9 -

FILIIOS

8BXO IDADB B1TADO

nsiDSNciA DATA Oi CA Wlí DO JOUMIXIO. oiiaiTiçòai-


-NOMES
l
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Menores
BSXIQlIo

M&iorcs

Viúvos
a .9 •õ
a 01
! '3 1/7
m V s «1

1

Catholica... Casado.. Colono... S. P e d r o do Sul. 5 2 7 do set. de 1838. 80 d a M U de 1888,
071 F r a n o õ í o Klimann . . . AJloisanha
078 Carlos A s s a i a n n . . . . . . » 5 3•••• 8 ....
973 A d ã o Schimor Protestanio. 4 6 V 1 • •. • .. ....
974 J o s é Schwengber Catholica . . . 1 6 í ............ 7 • ... ....
975 Alherto Fenglar 3 3 .... 6 6 ....
Solloiro
976 Mathias_ B r a n . . . . . . . . .
Jacob V o g t Casai ""& 2 "ii ^ a t h o í i c a . . . " s »• • *
C77 1 >
97S Jacob M&chry Lavrador . 3 4 .... 7 .... .... üraiÜ 3
979 Thcodoro- Weruer Prússia 7 4 .... .... .... .... 9
18 da agosto
950 Pedro E w e r l i a g „ Allemanha . 2 4 .- 6 0 .... .... 9
3 de set.
951 Miguel K l e i n Prússia 7 6 .... . . . • .... ....D * • •". 9
1 »
952 Ignacio Kiassmann . . . Allemanha . 6 2 3 5 ú . .. . Allemanha
983 Martinacc G i o v a n n i . . Itália 3 4 *> 5 4 da I t á l i a o 3 do
18 de agosto
9Si Miguel W a r k e a Prússia . . . .
i 0
.... 3 3 ... • B r a z i l do set.
985 J o ã o Eiehstaodt Allemanha , Protestante . 3 l 1 3 .... .... 23 > T a a 3 filhos, 1 a u e n S o . c
956 Guilherme Schoeler . . Catholica . . . Commcrciante . 2 brazitairos. - -
2 4 .... 0 6 .... 18 do agosto
957 Mathias José K o l s c h . Lavrador » »
9SS J o ã o R o h r Filho 3 6 8 S .... »
4 de sot.
989 Francisco Vcit 3 6 .... 9 9 .... .... 21 »
990 J o ã o J o s é Gruholer.. Agricultor 9 C 7 8 .... .... • >.. • dc ou! 28
991 Frederico L u d c k c . . . Protestante . Colono 2 2 1 3 .... .... » *
992 Roberto Ficht » 3 .••• 3 ........*••• 3 .... .... Brazd 29
993 Nicolâo Kuschsl Catholica... Commcrciante. 9 '"s 15 4 Catholica,..
. .. 1
991 José K r o t h Colono... i 4 . •.. • . . ... .... .... .... B r a z i l 28
9vi Júlio Becker 1 ' 1 ............ 1 ....
99-5 Julic Fritsch "°3 2 .... 5. 5 .... ....
997 Ernesto S c h u h e r t . , . . 4 • • a >.... 4 ............ 4
99S Augusto Trem 1 3 4 4 .... ....
<VX) Pedro Ranireo Catholica. Lavrador 3 3 .... 6 ......... •••• 6 .... .... B r a s i l . . * . . . . . . . . . . .
10Õ0 J o s é Beiger Colono , 4 4 .... .... .... ... * ....
íeoi Pedro K b a z c a F:lho. Prússia. A g r i c u l t o r ... 4 5 .... .... ............ .... .... ....
1002 João L e n : Colono 2 0
.... .... .... ....
1003 Mathias Wagner . . . . Agricultor... 3 l .... .... .... .... .... 30 de agosto Tem 8 tUaos.
100i Pedro Lenz.1 .... .... Catholica...
.... .... B r a z i l . . » . . . » . . * • * . . 27 dc s e t .
lOOj José Lctti Itália Commcrcianti " i
29
10O3 Miguel Theobala Prússia Artista , 3 .... .... .... .... .... .... *
1007 Theouoro C o u s s e a u .. França . . . . Agricultor...
2 B
dar a zFirl a n ç a 0 5 do
1003 Narciso Zanotelli.... Au stria-IIua g 3
gria
1003 Carios Bonct Commcrciante .
3 0 2 da A u s t r i a - H u n -
griao3do B r a z i l .
1010 Stefano B o n c t . . . ,
0 3 .... . . . . • .... .... .... Brazil
1011 Einilio Concy 1 Prússia
27 >
1012 Augusto Eduardo Albrccht Fiibo . Prússia Protestante.. Industrial.. "3 " 3 Protestante ""3 .... .... Brazil
2S de n o v . do 1387 » 8 • hnrnsuroiu
1013 J c h o S c h v c r t .... "*5 .... ô P r o t e s t a n t e .... .... \\\*
Allemanha , Catholica . . . . V i u v u Agricultor . { da AÜeaianhk' 0 2
10! í Carlos Vahi P r o t e s t a n t e . . Casad Lavrador .. S do j a n . do 1SS8.
do BrazÜ
13 de set. v
ioir. J o ã o A n t ô n i o Ludovico F l o r i a n o . Itaüa Catholica... Solt! Artista . . . . .... .... .... .... .... .... .... • 11 do agosto >
101.3 Eduardo Block Allemanha . Casado. Colono
1017 Jacob Starck .... ....
101-i Pedro Haass .... dc set. do 1SS8..
1019 J o ã o Erdcmann
1020 Wcnceslaa Rcchziezcí Austria«Hua-
cria .... .... .... .... 20 > :
1021 "Wenrel Micnel Allemanha . . P r o t e s t a n t e .
i Brazil 31 de agosto do 1S88 13 de julho do 1887,
1022 Antônio RatTo Itaiia Catholica . . . . •3
1023 José Francisco Ilcrbstrith R c p . Oriental da sat. d . 1886
9 » 14 do set.
do U r u r u a y 5 9
4
18 de n o v . > 1887
1021 Antônio Alves de Menezes Portugal.'. .... •... 1
1 » .... ....
i 9
do' agosto >
102 3 27 de j u l h o de 1S87,
102)
Antônio Augusto Machado Agrinicasor . . . . .... 2
1 » 2 .... .... 9
3 de agosto
Fortunato Gomes da P o l ô n i a
1027 Pedro delia Maggiora
Viuv Pratico .... .... .... .... .... .... .. • •..... ............... 6 *
Itália Poi: Comrr.erciante.. 11 > 29 »
102S Manoel de Oliveira Branco Portugal . . Casado. .... .... .... V . . .• •a . . . . . . ............
. . . . . . . . . . .
19 » 28 de sat.
1029
1030
Guilherme Leyser
Joaquim Antônio da Cruz
Allemanha . Protestante . '"» 5 CathoUck.. t Brazil.»..».».».
23 I »
1011 Freaerico Blan
Portugal ... Catholica . . . 4 .... .... 4 » 4 .... V *a
>
3 de set. 9 »
1032
Suissn. Protestante. \gr:mensor . . . 1 .... .... .... .... 28 *
M i m e i Micheii
1033 J o ã o B.aptista Antevere
Itália Catholica . . . Sol Cõmmerciante , .... .... .... .... ............ .... .... .... 9 » 17 »
1034 Vicente Curto
Casado Agricultor .... •"5 C..........»• "*"5 .... •••• Brazil 12 > >
' " i
a t h o»l i c s . . . 3 de u l t r a 18 de julho
1035 Affonso Bordini 1•••• 1 1 .... ...»
10M G r c c o r i o Pinto Malheiros
Artista 31 d e i a a . do 1888. 15 de jan. da 1889,
1037
"'3 3 • . • . 6 6 .... » » . 13 de a b r i l da 1888
J o ã o Carlos M o r 1 1 » 1 ....
103< Domingos da Silva Chuva
Viuvo.., »» t2 »
1039 Luciano Pires C a r r i ç o
Portugal... Casado , Artista '"i l3 • • • • 48 »
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4 da julho [ii de j u l h o
18 da a g o s t o
1010 J o ã o M a r i a Bonifácio 7 ds agosto
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10H José Ponzi (padro) Itália. Solteiro. Sacerdote .... .... .... • • • . . . .
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1010 F.slevão K i e i e r (pa-.lre! * 1
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10JO J o ã o Pereira Uabello " i ..!.!.... .... 12 de i a a . dc ^SS.
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10J7 Benigno Fernandes da C o s i a " > .... j : 20 • »
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1059 J o s í F e r r e i r a dc r-ouza e Silva " .... 1 ^7 » »
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1073 Antônio Dever.uio • «... . . . . i 19 • »
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10-7 Jose Nearer " 1

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ÍOJ1 Carlos Jos.i Se.tr.irth * .... .... •••*,•••• T> * *
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10.15 Luiz do Nascimento L i h . r i o " .... .... 9 * *
10O Antônio Alves P i n t o J ú n i o r ' • .... .... 11
1100 An ceio Ma chi ' .' [* [ * .... 9 » *
1101 Frnncisco P r o m p t " i* ' * .... • * ..•• 9 » *
1102 Theodoro Hertell " •• •• * • i .... .... » 9 *
11015 Lourenro Portalet " .... .... .... .... 12 *" *
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1133 Theodor:) Keica " " • • •«
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110- José Lnpp» ' .«•• . 17
1109 Paulo Oito Mir.hard • " *
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1112 Jacob Frederico Krauss • .... .... 20 • '
1113 Johann Goit!r:*»d F i e d l c r " "•• * .... .... •.. • » > *
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1 1144
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| " C o m esto signal e s t ã o contemplados no quadro acima 05 naturaiisados a respeito d o s quaes a P r e s i d ê n c i a da p r o v í n c i a do R i o Grande do S u l nüo prestou i n f o r m a ç õ e s c s ^ i p l e í a s , limitanJo-se a remetter u t i a r e l a ç ã o dos mesmos, contendo apenas os nomes e as
datas das respectivas cartas.
N a casa ú a s o b s e r v a ç õ e s v ã o indicados e:n numero de CI1 cs Slbcs dc alguns dos n a t u r a ü s a d o s , sobre as c o n d i ç õ e s dos quaes tambeni n ã o foram receai;:as infor::;ac/3es. •

3» Directoria da Secretaria dc E s t a c o dos N e g ó c i o s do I m p é r i o , em 17 do maio ce 1S35. — O D i r e c t o r , D r . / o o j i i i m Jiti ie Campos di Cesta de Medeiros e AlbuvAcrqut.
Decreto Q. 10.181—de 9 de fevereiro de 1889

Abre ao Ministério dos Negócios do Império um credito extraordinário de 5.000:ÜOO$000.

Usando da auiorisação conferida pelo art. 1°, § 3 , da Lei n . 589 de 9 de setembro de 1850,
o

combinado com o a r t . 35, § 2 , da de n. 2792 de 20 de oitubro de 1877, e Tendo ouvido o Conselho de


o

Estado pleno, na fôrma do art. 20 da Lei n. 3140 de 30 de oitubro de 1882, Hei por bem Decretar:
Artigo único. Fica aborto ao Ministério dos Negócios do Imporio um credito extraordinário de
5.000:O00$000 par.i occorrer a despezas imprevistas e urgentes:
§ 1." Com o auxilio ás populações victimas da secca que sobreveiu a algumas províncias do
norte, prestado indirectamente por moio de trabalho em cbras publicas e melhoramentos, precisos
para attenuar desde já o de futuro os males proveniontes do flagello, e directamcntc àquelles que,
não podendo prover á sua subsistência nas províncias üagelladas, profiram retirar-so dellas para
outras ainda immunes.
§ 2.° Com o actual estado sanitário da capital do Império, que exige, quer o prompío estabele-
cimento de um serviço hospitalar completo de terra e a reforma de idêntico serviço no porto, quer
providencias conplemontares de caracter estável, e proventivas, si não attenuantes da epidemia.
§ 3.° Com o começo de execução de obras para o saneamento systematico e preservativo da
capital.
O Dr. Antônio Ferreira Vianna, do Meu Conselho, Ministro e Secretario de Estado dos
Negócios do Império, assim o tenha entendido e faça executar. Palácio do Rio de Janeiro em 9 de
fevereiro de 1889, 08" da Independência e do Império.

Com a rubrica de SUA MAGESTADE o IMPERADOR.

Anionio Ferreira Tiatma.

Acta da conferenoia do 1 do fcvoroLro do 1S89

Ao primeiro dia do mez de fevereiro do anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo
de 1889, ás 11 horas do dia, no Paço Imperial desta cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro, reuniu-
se o Conselho de Estado, sob a presidência de Sua Magestade o Imperador, o S r . D. Pedro I I , estando
presentes os Conselheiros de Estado, Sua Alteza Real o Sr. Conde d'Eu, Visconde de Lamare, V i s -
conde de Ouro Preto, Marqaez de P a r a n a g u á , Visconde do S. Luiz do M a r a n h ã o , Visconde de
Beaurepaire Rohan o Visconde de Vieira da S i l v a .
Faltaram com causa os conselheiros de Estado Manoel Francisco Correia, Domingos de Andrade
Figueira, Paulino José Soares do Souza, Manoel Pinto do Souza Dantas, Lifayetto Rodrigues
Pereira, Visconde de Bom Conselho e Visconde de Sinimbú. Estes dois ultimas mandaram seus votos
por escripto.
Continuam com licença os conselheiros do Estado Visconde do Cruzeiro o Marquez Ue Muritiba.
Estiveram presentes os Ministros e Secretários de Estado dos Negócios da Fazenda o Presidente
do Conselho do Ministros, conselheiro do Estado João Alfredo Corroa do Oliveira, do Império Dr. A n -
tônio Ferreira Vianna, da Justiça Francisco de Assis Rosa e Silva, da Guerra o interino da
Marinha Thomaz Josú Coelho de Almeida o do Estrangeiros o interino da Agricultura Rodrigo
Augusto da Silva.
Aberta a conferência, o conselheiro de Estado Marque/. Jo P a r a n a g u á proce.leu á leitura da acta
da conferência dc 12 de janeiro próximo lindo.
E não havendo reclamação Sua Magestade Imperial deu-a por approvada e determinou que os
conselheiros de Estado presentes ernittissem o seu parecer sobre o assumpto quo faz objecto da con-
ferência, e constante do Aviso do Miuistcrio do Império de 29 do referido mez, isto é, a necassi-
•Ia>!e da abertura de um credito extraordinário dc 5.000:000.<00ü para oceorrer ás despezas com a
secca nas províncias do norte e com a saúde publica.
Sua Alteza Real o Senhor Conde d'Eu disse que vota pela abertura do credito extraordinário por
tratar-se de casos que não podiam ser previstos no orçamento, o que exigem promptas providen-
cia-;, como são a se:-ea do Ceará e de outras províncias do norte, o a epidemia da febre amarella, na
COríe.
O Sr. conselheiro de Estado Visconde de Lamare leu o seguinte voto :
Senhor.— Em vista da exposição que acompanha o aviso d.; 29 do mez findo, pelo qual digaoa-
se Vossa Magestade Imperial mandar convocar o Conselho de Estado Pleno, afim dc consultar sobre
a conveniência da abertura dc um credito extraordinário para oceorrer a despezas urgentes, não só
;;or motivo da secca que assola algumas províncias do norte do Império e das medidas reclamadas
rolo citado sanitário desta capital, mas também com socoorros a indigentes, patenteia-se intuitiva a
necessidade da abertura desse credito.
Quanto, porem, á importância de seu algarismo, é minha opinião que devo ser cila tal que se
preste ao indispensável apenas o a fazer face ás despezas imprescindíveis que não possam ser
adiadas; não devendo o credito cm questão compreliender medidas que não forcai de efleito immc-
diato. sendo mais curial que aquellas de rcalisação demorada sejam submottidas á delibe-
ração do Corpo Legislativo na próxima sessão, com o pedido de credito ospecial para serem levadas
a cífeito.
Nestas condições, 'pois, voto a favor da abertura do credito extraordinário.
O conselheiro de Estado Visconde de Ouro Preto disso :
Senhor.— E' indubitavcl que com o> recursos votados no orçamento não pôde o governo oceor-
rer ás despezas exigidas pela epidemia reinante nesta capital, o pola secca, quo assola o Ceará,
ameaçando invadir outras províncias do norte. A necessidade de um credito extraordinário, a p l i -
cável á assistência publica, e a sua legalidade, impoem-sc de si mesmas.
Para ca':euiar-so. porém, sua impurtancia não ha base alguma. A exposição do illustre Sr. M i -
nistro do Império, qac acompanhou o Aviso de convocação do Conselho de Estado, é doricicntissinia,
nenhum esclarecimento offerece acerca desse ponto essencial.
S. E x . depois de descrever as dilíiculdadcs da situação, limita-se a declarar — « Q M O não pó io
protrahir o pedido de credito extraordinárioprcsumpücancnte necascrio, que calcuia I M I I cinco m i l
contos dc róis, á vista das informações que :cm.-»
Quaes sejam essas informações c que grão do crcdiailirlade mereçam, não posso avalíal-o.
Senhor, como fora mister, porque S. E x . não se dignou de rcvclril-as. Por essa forma, tanto podia
o Sr. Ministro pedir um credito de cinco mil contos d-j -eis. como de doas, dez, ou vinte mil '.
Não me ò, pois, permittido convir no algarismo. Eile não está justificado.
Noto ir.-.is que o governo pretende o credito, não para acudir somente ás despezas urgentes,
imperiosiis c imprevistas de soccorro publico, o que seria regular ; mas para obras d - demorada
o dispendiosa execução, como a consirucção de um novo hospital, e a drenagem do.s.! > oecupado
pela capital, segun !o os planos do engenheiro Itcvy, o q u e . n o mou humilde conceito, o inadmis-
sível.
Serviços desta ordem não poflein, nem devem sor feitos, ]>or moiodo croditos extraordinários
abertos pelo governo, porque seria inverter a in.lole desse recurso excepcional, uutorisado
exclusivamente para casos do força maior que não cabem na provisão do legislador, e a
respeito dos quaes cumpre á administração providenciar do prompto, immo:liatamonte, sem
nenhuma iletonça.
Para as obras que o illustre Ministro intenta fazer, é mister solicitar verba do 1'oder Legislativo
prestes a funceionar.
Nem o novo hospital, nem a drenagem do solo a t t e n u a r ã o os c (leitos da epidemia agora
existente, e muito mono» os da sceea do Ceara. Como, portanto, emprehcnder as respectivas
obras, a pretexto do acudir ás duas calamidades ?
£ r r o gravíssimo a t é h ivcria cm cxccutal-as nesta quadra. O revolvimento do solo indispen-
sável para a drenagem, aggravaria a intensidade do mal, o devei sor probibiJo, si o não fosse j á .
na estação calmosa. por u::ia postura municipal.
Quanto ao hospital, <ua ediiicação pouco pode adiantar antes da reunião dus câmaras.
I"' preciso adquirir o terreno, levantar os planos, etc., o quo não sc faz em pouces dias ; acerescendo
nao, como medida sanitária, acaba de ser ordenado que os trabalhos públicos feitos ao sol sejam
suspensos desde as 9 horas da m a n h ã até as -l horas da tarde. Si, pois, a obra ainda estará em co-
meço quando so reunirem as câmaras, nada explica a antecipação da despeza. Será um grande
abuso.
Assim, e e:n conclusão, penso:
1. ° Que é indispensável abrir ura credito extraordinário, afim de habilitar-se o governo
a tomar as medidas tendentes a dobellar a epidemia, c outro para soecorer as províncias flagelladis
pela secca;
2. " Que, porem, a somma de 0.000:000.^003, pedida pelo nobre Ministro do Império, não está
justificada :
3. ° Que pelo credito extraordinário não põ.le ser construído um hospital e nem executada a
drenagem do s o b .
Voto pele concessão dc503:000,>003, para as despezas provenientes d i epidemia, o igual quantia
para as da secca ; assim como votarei pela de novos créditos para as mesmas applicações, si estes
forem insuficientes, cm visla dc demonstração aceitável.
O conselheiro de Estado Marqucz de P a r a n a g u á disse :
Que á vista da exposição, que acompanhou o Aviso de convocação, vota pela concessão
do credito extraordinário. Não discute o quam-nn nem a sua applicação, porque não se pode
calcular em toda a sua extensão os eifeitos de calamidades como a secca que assola as províncias do
norte, o a epidemia da febre amarella que angmenta, de dia para dia, na Còríe. O governo provi-
denciará como for mais conveniente, correndo a applicação do credito sob sua responsabilidade.
O ccnsjliiciro do Estado Visconde de S. Luiz do Maranhão disse :
Snniior.— A exposição, que acompanhou o Aviso do Sr- Ministro do imp:rio, convocmdo a
presente conferência do Conselho de Estado, e, infelizmente, a narraçã<o*do< factos calamitosos que
esíão na consciência publica e que reclamam as mais pro.mptas o energic L S providencias por parte da
administração ; o, pois, eu não tenho a menor duvida em concorrer com o meu voto para a abertura
do credito solicitado.
Trata-se de serviços urgentíssimos, que não podiam ser previstos na Lei de orçamento, mas que
o foram muito expressamente pela Lei de 9 de setembro de 1850, quando definiu os casos em que
podem ser aiwrtos créditos extraordinários, e que são precisamente os que agora- se verificam.
O governo não deve ficar desarmado dos precisos recursos para debellar os flagollos
que se manifestam, pondo em sobresalto o espirito publico e em imminente perigo a vida
de milhares de cidadãos. Seria rmsino digno dc censura si não procurasse habilitar-se, com
os meios que as leis lhe íicultam, para oceorrer á sua muito grande responsabilidade em
presença das graves circumstancias que se dão, o que imperiosamente lhe prescrevem a maior
solicituJo e actividade no cumprimento do seu dever.
—6—

A duvida única que póilo surgir ó quanto á importincia do credito, m a s e c s t i uma questão da
exclusiva apreciação do mesmo governo, único que dispõe dos olomentos necessários p i r a conhacer da
extensão o gravidade tio mvl em todas as suas ininifestaeOes, o dos sasritlcios quo etle nos impõe.
Não regateio, pois, o credito pedido na snmma do 5.(K)0:000*000, certo, como estou, de quo o
Ministério saberá usar dellc com tolo o critério e discernimento, como se deve esperar do seu zelo
pela causa publica.
O conselheiro de Estado Visconde de Beaurepairo Rolian concorda com o Sr. Visconde de S. Luiz
do Maranhão.
O conselheiro de Estado Visconde de Vieira da Silva disso que vota pela concessão do credito ex-
traordinário por julgar bem demonstrada a sua necessidade, nos termos da l e i .
O conselheiro de Estalo Visconde de Sinimbú declarou, por escripto, que teve a honra de receber
com data de 29 do próximo passado o Aviso expedido pela Secretaria de Estado dos Negócios do Im-
pério, pelo qaal foi sibodorde que, por ordem de Vossa Magestade Imperial, era convocido o Con-
selho de Estado Pleno para. no Paço da Cidade hoje ás II horas da m a n h ã , ser consultado sobro os
seguintes pontos de interesse publico, tudo de conformidade com a disposição do art. 20 da Lei
n. 3!-l0de 20 do oitubro de 1832.
S?L undo o referido AvWo. os pontos sobre que deve versar a consulta são os seguintes:*
r

1. ° Conveniência da ab.Ttur.i (ie um credito extraordinário para oceorrer às ilespezas urgentes


por motivo da secca qae assola algumas províncias do norte do Império.
2. ° Soccorro a indigentes, que, fiagellados por aquella calamidade, abanionam o casal em busca
de recursos de que se possam manter em logar estranho.
3. ° E de envolta com aquelles meios tendentes a dcbcllar os e.Teitos da secca, tomar medidas
também reclamadas pelo estada sanitário desta capital.
Sinto profundamente, S«ri!nr. qii« o estado d? minha saúde não p;rmitta dar inteiro cumpri-
mento á ordem de Vossa Magestade Imperial, compirecendo ao Conselho.
E' por isto. e tam:>?m parque enten !o qae em casos semelhantes não é licito ao conselheiro de
Estado ornittir o seu voto, qae eu muito respeitosamente peço a Vossi Migostid. 1
Imperial licença
para manifestar por escripto o meu sobre a matéria exposta.
Assim. Senhor, voto pola prestação de soejorros tendentes a minorar os effeitos da secca aos que
delia estão sjíTrendo nas províncias do norte, ou s^jam esses socorros prestados direcíam?:)te aos
inválidos, ou por meio de salário aos qae se puderem empregar em trabalhos, especialmente nas
construeçües de obras, que tenh\m por fim corrigir ou modificar as condições climatericas daquelles
logares.
Voto íamb?mpela prestação de socorras, segundo a indieiçõb dos profissionaes, aos indigentes
accommettidos da epidemia que periodicamente níllige a população desta capital.
Não posso, porém, dar o meu vota para as de-pezas que se projectam tendentes a rnodiiiiar as
condições Ho solo desta cidade.
Obras taes que, uma vez começidas. não devem ser interrompidis sem graves inconvenientes,
o cujo curso é difficil orçar, ainda mcsmi tendo por s: a probabilidade do êxito, o que aliás ninrruem
pode asso-rurar. não devem, em um piiz de r.-gimen constitucional, ser cmpreiiendidas sem o c o n -
curso e assenso do po ler a quem compete regular a despeza publica.
Este é, Senhor, o meu voto. que reverentemente deposito na augusta presença de Vossa Majes-
tade Imperial.
O conselheiro de Estado Visconde de Som Conselho declarou, também por escripto, que, segundo
a exporção qae acompanhou o Aviso do Ministério do Império de 29 do mez próximo lindo" não
podem, com oTeito, ser nem mais urgentes, nem mais palpitantes as exigências que justificam o cre-
dito dc 5.000:000$000, que o Governo Imperial pretende abrir, pelo que o sou voto 6 em sentido favorá-
vel . contando, confiadamente. que o mesmo Governo Imperial saberá aprovoitai-o o melhor fisc ilisal-o.
E nada mais havendo a tratar. Sua Magestade o Imperador deu por finda a conferência e le-
vantou a sessão. E eu, Marquez de P a r a n a g u á , a ;iz escrever c subscrevo com os demais conselhei-
ros de Estado.— .Varqua: dc Paranaguá.
0 credito ordinário de IÜOIÜOO.VJOO do orçiraento quo rogo o actual exercicio serh insuillciente
para aeudir ao serviço dos soccorros publico;, quan lo não ss aggravasse o flagelloda secca nas
províncias do Ceará, Piauhy, Rio Grande do Norte e Parahyba, como infelizmente aconteceu, recla-
mando do Estado despezas extraordinárias e imprevistas.
Sobreveiu a esta calamidade, já por si tão aillicliva, a epidemia da febr* amarella na capital
do Império.
O governo imperial, aprove:tando-so da experiência alquirida, resolveu, de accôrdo com os
presidentes das províncias iligellados, adiantar as liubas de estradas de ferro existentes o ordenar
obras novas, que servissem p i r a mitigar os rigores da cilamidade, transformassem e:n salário
devido o soecorro outr'ora repartido como esmola.
Tanto cresceu o numero dos fugitivos do interior assolado e sem recursos p ira as cidades do lit-
toral, que foi de mister facilitar o transpjrte daquelles que desejassem prjcurar trabalho e subsistên-
cia c:n outras províncias, para o que o governo, forç ido pela urgência, abriu credito aos presidentes
das referidas províncias com os quaes empenhou a consignação do orçimeuto, si não mais, conformo
as exigências do flagello, caso persista ou, o que seria mais doloroso, augmente de inten-
sidade.
O lastimoso estado a quo ticam reduzidos os fugitivos, impõe, a l é m do s a c r i M o de gratuito
transporte, o sustento, vestuário e o alojamjnto, até final collocação. Esta situação excepcional
justilicaa despeza com o fretarnento de vapores, contratos de passagens, arrendamento de edilioios
destinados a alojamento e fornecimento de comedorias, feita sob pressão da indeclinável necessidade
e na carência de quaesquer meios de prevenção.
Quanto á epidemia da febre amarella, faltam igualmente recursos para, de prompto, montar o
serviço regular, como deverá ser, do isolamento, curativo dos enfermos e desinfecção.
O Hospital Marítimo de Santa Isabel, na Jurujuba, além de insuficiente, caso a epidemia tome
o incremento que a iniciação faz presumir, ameaça ruina, e as obras de reparação consumirão, sinão
tanto, pouco munos do indispensável para estabelecer um hospital com os aperfeiçoamentos fundados
na experiência moderna c reservado aos doentes do porto e cidade de Nitheroy.
Na falta de hospital apropriado, os accommettiios pela febre amarella, na cidade do Rio de
Janeiro, tèm sido transportados, com grandes delongas e sacrifício, para o da Jurujuba. E ' de rigo-
rosa necessidade estabelecer na capital do Império, victima periódica de tão cruel epidemia, um
serviço estável e aperfeiçoado, libertando a administração de anciedades e pesados dispendios, quando
chega o momento de aeudir á população afflicta.
Não urge menos resolver e emprehenier a execução da cora fundamental de drenagem do solo
oecupado pela cidade, à luz dos estudos do Sr. Rovy, reputados indispensáveis, por voto uniforme
dos mais doutos. Será esta seguro alicerce de outras obras complementares no graade desígnio
de resguardar a, capital do Império do periódico o doloroso tributo p a g o á epidemia, quo desde 1850
a flagella. Por maior que fosse o sucrifhio em dinheiro, seria larga e promptamente com-
pensado.
Sorprendida como está a administração pelo imprevisto c solicitada por tantos infelizes, que
não podem dispensar o seu apoio e direcção, e movida pela consciência do seu dever, não pode dila-
tar o pedido do credito extraordinário prosumptivamente necessário, o que calculo em 5.000:000$000
á vista das informações que tenho. Nem o rigor da necessidade, nem os clamores da urgência tor-
narão menos severa a fiscalisação das despezis autorisadas pelo credito extraordinário pro-
posto.

Rio de Janeiro, em 29 de janeiro de 1889.— A. Ferreira Viama.


I i i f o n n : » . õ o < t l o i u o u - i t r u t l v . i * <l;i i»oei«ssWUulo <lo o i - o i l l t o o.vti-urar.lln.i r l ü

Com a prestação de auxílios aos indigentes, vietimas da secca na província do


Ceará, calcula-se, á vista do que informou o presidente da mesma provin.da,
que se terão de despender cerca de ' • 100:000*>.M
A despeza, que para idênticos titis se fará nas demais províncias ás quaes também
sobrcvciu o ílagello, e calculada appruxinudamenie cm :;00:0üü.>ü:>ü
O serviço de internação dos que se retiram das províncias :iagelladas o chegam ao
porto do Rio de Janeiro, incluída a despeza com alojamento, comedorias e ves-
timenta e com ordena los de funcionários, é o r ç u l o c m -lOOiOJOsOO"
A despeza precisa para organisar o serviço deiinitivo que se terá de fazer por
occasião de epidemias no Rio dc Janeiro, comprehendendo o pagamento do pes-
soal extraordinário que se houver de empregar durante a que lavra actual-
monte, foi orçada pola Inspectoria Geral de Hygiene em 303:000:10011
Para a reforma do serviço hospitalar do porto do Itio de Janeiro, t e r - s e - á de
despender, á vista do calculo feito pela Inspoctoria Geral de Saúde dos Portos,
a quantia de !00:000$000
O começo do execução de obras para o saneamento systematico e preservativo desta
capital, sendo cmprohendida a drenagem do solo, é orçado, de acordo com os
estudos do engenheiro J. J. Revy, cm 2.000:OOOSOOO
Para a execução do trabalhos urgente* que interessam á saúde publica e não se
comprehendern, por sua natureza, no plano daquelle saneamento, calcula-se
que se despenderão approximadamente 309:000$000

Rio de Janeiro, cm 29 de janeiro de 1S89. — A . Ferreira Vianna.

Demonstração do estado] do credito extraordinário de que


-trata, o Decreto n. ÍO.ISI de O de fevereiro do corrente anuo,
aberto afim de oceorrer ás despezas com a secca quo sobre-
-veiu. em algumas provincial do norte, o com o estado *a-
nitax-io da capital do Império, etc, até a preseuto data.

Acquisição da casa e chácara do Retiro Saudoso para o estabele-


cimento de um hospital 4O:(W0-<0Oú
Despeza feita com as obras do edifício destinado ao hospital de
S- Sebastião, em fevereiro, março e a b r i l 70:S32íi;36-".
Fornecimento de 220 camas, 220 colchões e 220 travesseiros feito ao
mesmo hospital.. 3'160*20-')
Idem de ambulâncias c c i m a s de ferro 3:250fti00
- 9 -

Despe/.;! com a medição provisória c diversos fornecimentos feitos


ao dito hospital, rio janeiro a abril 76:083*190
Idem proveniente do assentamento de 541 metros de linha de trilhos
de aço do rua do General Sampaio, desde a do General Gurjão
ale o hospital de S. Sebastião 4:200?XiO
Quantia paga ao engenheiro Luiz. Schreiner pelo seu trabalho rela-
tivo a organisação do projecto do hospital que tem de ser
construído na Jurujuba 3:000.*OJO
Idem entregue ao Conselheiro Xuno de Andrade, Inspector Geral de
Saúde dos Portos, para a acquisiçfio do terreno em que vai ser
edificatio, na Jurujuba, o novo hospital marítimo 13:000$000
Vencimentos do direclor e fiscal das obras do novo hospital marí-
timo da Juriijubo, cm abril 1:50 :*000
Aequisiçãoda fazenda do Ariró, para o estabelecimento destinado
a retirantes cearenses 15:090*000
Maças nara doentes fornecidas á Inspectoria Geral de Hygiene 2:953*000
Despeza feita pelo Corpo de Bombeiros com c serviço extraordinário
de lavagem dos esgotos da cidade, em março 1:300*000
Idem com a construcção de tres enfermarias ílucluantes para o
serviço de conducç.ão de doentes de febre amarella 30:0>JrOOO
Idem c:>:n a IripolaçãJ das referidas enfermarias, cm março e
abri; 1:092*945
üiversos objectos fornecidos ás mesmos enfermarias, taes como,
lençóes, lronhas, bacias, etc, cn: fevereiro, março c abril 078*700
Azeite, eslopa, e'.e., fornecidos ás ditas enfermarias em março 280*060
Despeza feila com as obras de desinfectorios em construcção no
terreno d> antigo Matadouro e na rua da Reiação n. 0, em
fevereiro, março c abri! 9:512*518
Idem, com o maeliinismo dos desinfectorios, 14 dias de maio C8*004
Publicações de informações sobre a epidemia feitas em diversos
joraaes *. 4:5IÓ*22ü
Passagens concedidas a retirantes cearenses. 411:G>3*100
Comodorias fornecidas a retirantes ce;re:ises -í:'jS7-*7(!0
Medicamentos fornecidos a rethanios cearenses no alojamento da
Snudo 141*500
Idem a indigenl -s, conforme as instrucções da Inspectoria Geral de
Hygiene, em fevereiro, março e abril S:G13$310
Aiüguel de diversos apparelhos k-lejihonic-v-, em f- vcreiro, março
,

e abril ' 524*825


Despeza feita com a tripolação do vapor 1'auia < •nmlido servindo
de enfermaria fluctuante c de auxiii.-.r da lancha de eonducção
dc doentes de febre amarella, em janeiro, fevereiro o março i : 130*045
Azeite, graxa, e l e , forneci-los ao referido vapor, cm janeiro e
fevereiro 303*920
Aluguel de lntos para condnoção dc doentes do febre amarella, em
janeiro, fevereiro, março e abrii 720*000
Despeza feiln com a tripulação do rebocador F.cho empregado no
2
- 10 -

serviço dc conducçüo de doentes de febre amarcllu, cm janeiro,


fevereiro, março e abril 2:602í8G9
Azeite, graxa, etc, fornecidos ao Echo empregado no serviço de re-
bocar os íluctiianlos, em março e abril
Despeza feita coma lancha empregada no serviço de condueçao de
doentes de febre amarella, em janeiro, fevereiro, março e abril.. l:l)33$16l
Carvão de pedra fornecido a referida lancha, cm janeiro e fevereiro. G6Jí757

Azeite, graxa, etc, fornecidos a mesma lancho, em janeiro, feve-


l:2Gír8S0
reiro, março e abril
Despeza feita com o pessoal extraordinário do Hos-
pital marítimo de Santa Isabel, em janeiro,
fevereiro, março e abril 6:304*'.'..'S
Fornecimentos extraordinários feUos ao mesmo
hospital, em janeiro, fevereiro e março 22:'JS0§0H)
3,): 713*008
Despezas miúdas, em janeiro, fevereiro e m a r v j — 1 :42$>JG)

Concertos feitos na Lincha Felix Martins, em ja-


neiro, fevereiro c março, e no rebocador Echo,
em março 39o-$340
Despeza feita com os desinfectadores extraordi-
nários, de janeiro até 15 de maio 0:65.8804
Despeza com o desembarque de immigrontescea-
renses feita pelo Barão do Rio Bonito, encarre-
gado desse serviço, no alojamento da Saúde,
em janeiro = 18:337>329
Idem com a remoção de immigrantes cearenses, etc.
para oalojamento da Barra do Piraiiy, em janeiro. 32:472.<5-í'j 50:cs03-$SüL>

Despezas diversas, por motivo de saúde publica, feitas pelo Chefe


de Policia da Corte, conforme o balancete e contas remeltidas
ao Ministério da Fazendo com aviso de 11 de maio corrente 23:u3».<900
Gratificação ao Conselheiro Nano dc Andrade, na qualidade de
superintendente do serviço do limpeza das praias, remoção do
lixoe incineração deste, na razão de 300JODJ mensaes, a contar
de 1 de fevereiro nlé ao fim do exercício 3:3I)J$JOJ
Idem ao engenheiro Eugênio Ferreira de Andrade, na razão de
300$000 mensaes, a contar de 1 de mirçoaíé ao fim do exercício. 3:0005000
Quantia paga aos Drs. Arthur de Miranda Pacheco, José Francisco
de Macedo e Deocleciano da Costa Doria, nomeados para exer-
cerem interinamente as funeções de Delegado de Hygiene, em
conseqüência de impedimento dos Delegadoseffectivos Drs. Celso
Eugênio dos Reis, José Joaquim de Freitas Henriques e Paulo
Barbosa Pereira da Cunha, que obtiveram licença, sendo de dou?
mezes ao Dr. Freitas Henriques e de tres aos outros dous—
duplicatas de vencimentos - (em fevereiro, março e abril) 790Í90S
Idem idem aos Drs. Álvaro Freire de Villalba Al vim e Eduardo
Ciirisíiano Cop?rtino Durão, nomeados para exercerem interina-
- 11 .—

mente: o primeiro as funcções de ajudante do Inspector Geral de


Saúde dos Portos c o segundo as de chimico da Inspectoria Geral
de Hygiene, durante o impedimento dos serventuários effectivos
Drs. D. José de Souza da Silveira e Felicíssimo Rodrigues F e r -
nandes que se acham com licença, este de seis mezes e àquelle
de quatro — duplicatas de vencimentos — ( e m janeiro, fevereiro,
março e a b r i l ) I.l83$3íi$
Quantia paga ao Dr. A r t h u r de Miranda Pacheco, nomeado para
exercer interina mente as funcções dc Delegado de Hygiene das
pnrochins urbanas, em razão do impedimento do Dr. Francisco
Belini Paes Leme, que obteve licença de tres mezes com orde-
nado — duplicata de vencimento — (em abril) 1 l.s$S$8
Idem idem ao Dr. José A r t h u r F a r m ; de A m o e d , nome;ido para
exercer interinamente as funcções de Delegado de Hygiene das
parochias urbanos, em conseqüência do impedimentodo Dr. Júlio
César Ferreira Brandão, a quem foi concedido u m a licen:;a de
tres m e z e s — duplicata de vencimento — (em março e abril) 208$oI
Gratificação addicional, a contar de 1 de fevereiro ultimo, arbitrada
ao Delegado de Hygiene Dr. Manoel Alves da Costa Brancante,
designado para exercer as funcções de bibliotheeario archivisUi
da Inspectoria Geral dc Hygiene, na razão dc 1 0 0 $ 0 0 J mensaes
(em fevereiro, março e abril) 300$ ) Ü 0
Idem na razão de 2 0 J $ 3 0 ) mensaes, arbitrada a Júlio Procopio F a -
villa Nunes, incumbido de a u x i l i a r o Inspector Geral de H y -
giene no desempenho da commissão concernente á verifi-
cação cio numero e condição dos menores empregados nas fa-
bricas e officinas da cidade (em março e abril) 3iò$l29
Gratificação mensal c!e2õ05 ao plmrmaceulico Alfredo José Abruntes
que se achou ao serviço da Inspectoria Geral de Hygiene,
desde 14 de fevereiro até 26 de abril, data cm que foi dispensado. 592$2;>1
Gratificações extraordinárias pagas mensalmente: ao secretario
100$; ao official 8 0 Í ; aos quatro amanuensesCO? a cada um ; ao
continuo 50$; e ao porteiro 30$, da Inspectoria Geral de Hygiene,
a contar de 1 de fevereiro até 15 de maio , :74I$>33
Idem paga ao D r . Alfredo Carneiro Ribeiro da L u z ( 2 5 0 $ 0 0 0 ) , e
ao pharmaceulico _Luiz Antônio de Araújo L i m a ( 2 0 0 $ 0 D 0 ) , i n -
cumbidos de auxiliarem os trabalhes de analyses a cargo do
Laboratório de hygiene, c que passaram a servir no Laboratório
do Estado, creado pelo Decreto n . 10.231 de 13 de a b r i l ultimo, n
contar de l de janeiro até lü de maio 2:067$2i2
Gratificação mensal de 200$ arbitrada a cada um dos 35 médicos i n -
cumbidos de a u x i l i a r e m a Inspectoria Geral de Hygiene no
desempenho dos serviços a seu cargo, o contar de fevereiro até
r> de maio 2l:750$429
I'lem idem idem arbitrada ao Dr. Aureüano Teixeira G a r c i a , i n -
cumbido de inspeccionar as condições hygienicas dos aloja-
mentos de retirantes cearenses e immigrantes na Barra do
- 12 -

Pirahv.e em Pinheiros, n contar de 5 de fevereiro até 13 de


maio." 6
^ 02
2

Despeza feita com os empregados (médicos e auxiliares) encar-


regados de visitar e examinar o estado hygienico dos navios
fundeados no porto, dirigir os trabalhos de desinfecções, e t c , a
contar de fevereiro ato 15 de maio i:í)59$677
867:247$848

Créditos concedidos as províncias:

Amazonas 7s:000í000
Pará 5.-0OJS0OD
Maranhão'. 4:130S380
Piauliv 10:0'X>SOOO
Ceará." 779:7'í4Ç500
Rio Grande do Norte 10:000?000
Parahyba 10:0008000
Pernambuco 46:026$450
Bahia 10:C00?O00
Espirito Santo '12:000>000 934:921$330

Credito na Delegacia do Thesouro em Londres 32:3í5$0OO

Adiantamentos:

Quantia entregue ao Barão do Rio Bonito, encarre-


gado de organisar e dirigir o serviço de aloja-
mento e internação de immigrantes cearenses.. 200:000$000
Idem adiantada ao engenheiro Eugênio Ferreira de
Andrade para oceorrer a despeza com salários
de trabalhadores e outras de prompto paga-
mento, relativas as obras do hospital de S. Se-
bastião 4.00'.'$O0O
Idem idem ao D r . Antônio de Paula Freitas para
oceorrer a despeza de salários dé trabalhadores
e outras de prompto pagamento, relativas ás
obras sob sua direcção destinadas ao melho-
ramento do estado sanitário 2:0'JO$000 206:0OO$9OO

2.070:484$173
Credito votado õ.000:000$000

S a l d o
2.929:515$822

3-» Direetoria da Secretaria de Estado dos Negócios do Império, em 16 de maio


de 1839. — Carvalho c Souza. - Y i s l o , Dr . Campos de Medeiros.

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