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FÍSICA TEÓRICA

EXPERIMENTAL I

autores do original
LUCIANE MARTINS DE BARROS
ADRIANO SILVA BELISIO

1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial  regiane burger, luiz gil guimarães, roberto paes, gladis linhares

Autores do original  luciane martins de barros; adriano silva belisio

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  gladis linhares

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  robson florentino

Imagem de capa  andrea danti | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 9

1. Medição 11
1.1 Introdução 13
1.2 Medir e Comparar grandezas 14
1.3 O Sistema Internacional de Unidades (S.I.) 15
1.3.1 Padrão do Comprimento 17
1.3.2 Padrão do Tempo 17
1.3.3 Padrão de Massa 19
1.3.4 Notação Científica 21
1.3.5 Cálculos com potências na calculadora 22
1.4 Teoria dos Erros Simplificada 23
1.4.1 Erro sistemático 23
1.4.2 Erros acidentais ou aleatórios 24
1.4.3 Erros grosseiros 24
1.4.4 Algarismos Significativos (A.S.) 24
1.4.5 Incertezas 25
1.4.6 Critério de Arredondamento 26
1.4.7 Teoria dos erros aplicada a um conjunto
de medidas experimentais 28
1.4.8 Valor médio 28
1.4.9 Desvios 28
1.4.9.1 Desvio médio (δ) 29
1.4.10 Variância 29
1.4.11 Desvio padrão 29
1.5 Propagação de erros 30
1.5.1 Soma e subtração de grandezas afetadas por erros 30
1.5.2 Produto e Quociente de grandezas afetadas por erros 30
1.6 Propagação de erros em funções com
grandezas afetadas por erros 34
1.7 Atividade experimental I – Algarismos significativos,
a teoria dos erros e as incertezas 36
1.7.1 Objetivos gerais 36
1.7.2 Material necessário: 36
1.7.3 Procedimento experimental: 37
1.7.3.1 Utilizando uma folha de papel A4, determine
o comprimento (L) lateral e sua altura (H), 37
1.7.3.2 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o metro. 37
1.7.3.3 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o decímetro. 37
1.7.3.4 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o centímetro. 37
1.7.3.5 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o milímetro. 38

2. Instrumentos de Medidas e Gráficos 39

2.1 Instrumentos de medidas 41


2.1.1 Paquímetro 41
2.1.2 Descrição do Paquímetro 41
2.2 Micrômetro 44
2.2.1 Descrição das partes do micrômetro 44
2.2.2 Medições com o micrômetro 45
2.3 Gráficos 47
2.3.1 Representação gráfica de resultados experimentais 47
2.3.2 Função diretamente proporcional ou função linear 47
2.3.3 Como fazer um gráfico 50
2.3.4 Análise e interpretação de gráficos 52
2.4 Linearização da função exponencial 54
2.5 Linearização da função potência 56
2.6 Construção de gráficos utilizando o software Zgrapher 57
2.7 Atividade Experimental l – Incertezas em Medidas Experimentais 60
2.7.1 Objetivos gerais 60
2.7.2 Material necessário: 60
2.7.3 Procedimento experimental: 60
2.7.4 Objetivos gerais 62
2.7.5 Material necessário: 62
2.7.6 Procedimento experimental: 62
3. Cinemática Vetorial 65

3.1 Introdução 67
3.2 Conceitos de Sistema de Coordenadas e Posição 68
3.2.1 Ponto Material, Referencial e posição 69
3.2.2 Sistema de Coordenadas Cartesianas 70
3.3 Deslocamento, velocidade e aceleração vetoriais 75
3.3.1 Vetor-posição 75
3.3.2 Vetor – deslocamento 76
3.3.3 Velocidade Vetorial média 78
3.3.4 Velocidade Vetorial Instantânea 78
3.3.5 Aceleração vetorial média 80
3.3.6 Aceleração vetorial instantânea 80
3.4 Tipos de movimentos 81
3.4.1 Movimento Unidimensional 81
3.4.1.1 Gráficos e função horária do MU 82
3.4.1.2 Movimento Variado 86
3.4.1.3 Movimento Uniformemente Variado 86
3.4.1.4 Movimento de Queda Livre 91
3.4.2 Movimento em duas e três dimensões 95
3.4.2.1 Movimentos bidimensionais especiais 99
3.5 Atividade Experimental III – Movimento Retilíneo e Uniforme 108
3.5.1 Objetivos gerais 108
3.5.2 Material necessário: 108
3.5.3 Procedimento experimental: 108
3.5.4 Responda às questões seguintes: 109
3.6 Atividade experimental IV– Encontro de dois
móveis em movimento retilíneo uniforme (MRU) 110
3.6.1 Objetivos gerais 110
3.6.2 Material necessário: 110
3.6.3 Procedimento experimental: 110
3.6.4 Responda as questões seguintes: 111
3.7 Atividade experimenta lV – Aceleração da gravidade 112
3.7.1 Objetivos gerais 112
3.7.2 Introdução teórica: 112
3.7.3 Procedimento experimental: 113
3.8 Atividade Experimental VI – Colchão de arlinear 114
3.8.1 Objetivos gerais 114
3.8.2 Material necessário: 114
3.8.3 Procedimento experimental: 115
3.9 Atividade Experimental VII – Queda Livre 116
3.9.1 Objetivos gerais 116
3.9.2 Material necessário: 116
3.9.3 Procedimento experimental: 116

4. Leis de Newton 119

4.1 Introdução 121


4.2 Conceitos de Massa e Força 123
4.2.1 Força e deformação 123
4.3 As Leis de Newton 125
4.3.1 Primeira Lei (Lei da Inércia) 125
4.3.2 Referenciais Inerciais 126
4.3.3 Segunda Lei (Princípio Fundamental da Dinâmica) (PFD) 126
4.4 Terceira Lei de Newton (Ação-Reação) 127
4.5 Algumas Forças Importantes 129

4.5.1 Força-Peso (W) 129

4.5.2 Força Normal (N) 130

4.5.3 Força de Tração de um Fio ( T) 130

4.5.4 Força de Atrito (Fat) 131
4.6 Estratégias para resolver problemas de
equilíbrio de corpos (Primeira Lei de Newton) 132
4.7 Estratégias para resolver problemas envolvendo
a Segunda Lei de Newton 134

5. Trabalho e Energia 139

5.1 Introdução 141


5.2 Energia 141
5.3 Trabalho 142
5.4 Trabalho e Energia Cinética 143
5.5 Teorema trabalho e energia cinética 144
5.6 Trabalho Realizado pela Força Gravitacional 144
5.7 Trabalho Realizado pela Força Elástica 145
5.8 Trabalho Realizado por uma Força Variável Genérica 146
5.8.1 Análise Unidimensional 146
5.8.2 Análise Tridimensional 148
5.9 Potência 149
5.9.1 Teorema do trabalho e Energia Cinética com uma Força Variável 149
5.10 Energia Potencial e Conservação da Energia 150
5.10.1 Conservação da Energia Mecânica 151
5.11 Conservação da Energia 153
5.12 Sistema Isolado 153
5.13 Potência 153

6. Momento Linear e Impulso 155

6.1 Introdução 157


6.2 Momento Linear 157
6.3 Definição de Momento 158
6.4 Momento de uma força 158
6.5 Momento e Energia Cinética 159
6.6 Impulso 159
6.7 Conservação do Momento Linear 160
6.8 Colisão Elástica Unidimensional 160
6.9 Colisão Perfeitamente Inelástica 161
6.10 Centro de Massa 162

7
8
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),

A partir do momento que a humanidade passou a analisar os fenômenos


da natureza a história da física tem seu início. Foram os indianos e os gregos
antigos os primeiros a tentarem a explicar a física.
A Física é uma ciência em grande expansão, com muitos desafios intelec-
tuais relacionados à pesquisa que vão do estudo das galáxias até o estudo de
partículas subatômicas. Ela é aplicada em diversas áreas de engenharias e até
mesmo áreas da saúde.
Entender a física é entender o mundo ao nosso redor. É entender a nature-
za. É entender a nós mesmos.
Procuramos, aqui, apresentar a Física de forma clara e prática. Não com
o intuito de formar especialistas nessa área, mas sim de proporcionar a você,
caro aluno, uma compreensão dos elementos básicos que compõem essa ciên-
cia, visando à aplicação na sua área de atuação. Não tivemos a intenção de es-
gotar o assunto, mas sim de apresentar os elementos necessários para que você
realize uma leitura satisfatória da realidade que o cerca e das informações que
têm a sua volta.
Muitos dos exemplos aqui apresentados são hipotéticos. São exemplos de
situações que ocorrem de forma semelhante à realidade, mas os dados apre-
sentados não são reais, foram criados apenas para ilustrar a aplicação do con-
teúdo apresentado.

Bons estudos!

9
10
1
Medição
Bem vindos ao curso de Física Teórica e Experimental I. O seu livro didático
está dividido em 06 capítulos que correspondem ao início da Mecânica Newto-
niana. Neste livro, também foram incluídas como sugestões as práticas experi-
mentais, como forma de melhorar a compreensão e o seu aprendizado sobre a
física. Esperamos que este livro seja um convite a pensar, resolver problemas, a
interagir com os colegas , ler as leituras propostas, se interessar pelo conheci-
mento, pesquisar, trabalhar em equipe e argumentar.
Neste primeiro capítulo, destacamos a importância da física como uma
ciência em evolução, definimos as grandezas escalares e vetoriais, apresenta-
mos o Sistema Internacional de unidades, estudamos os tipos dos erros e a pro-
pagação dos erros em medidas.
Vamos começar?

OBJETIVOS
•  Destacar a importância da Física como ciência.
•  Definir o que é medir e grandezas físicas escalares e vetoriais.
•  Apresentar o Sistema Internacional de Unidades.
•  Apresentar Teoria dos Erros e sua propagação em medidas.
•  Definir erro e tipos de erros.

12 • capítulo 1
1.1 Introdução
Você já se perguntou por que estudar Física? A resposta para esta pergunta de-
pende de cada um de nós, pois temos aspirações e ideias diferentes, mas é certo
que cada um de nós quer entender melhor o mundo que nos cerca, como por
exemplo, poder prever catástrofes e evitar inúmeras mortes, planejar e cons-
truir edifícios modernos e sustentáveis, esses certamente já seriam bons moti-
vos para estudar Física.
A Física vai muito além, sua importância é central em todas as áreas do co-
nhecimento, pois é uma ciência voltada ao estudo dos fenômenos naturais (da
natureza), estabelecendo leis gerais (equações matemáticas) que permitem
prever e analisar o comportamento desses fenômenos sem esquecer-se tam-
bém da sua contribuição para o desenvolvimento das novas tecnologias.
De que maneira estudamos esses fenômenos naturais? A Física como todas
as ciências necessitam de medições e comparações. Assim, precisamos esta-
belecer um método confiável com o qual podemos medir grandezas, executar
estes experimentos também é um dos objetivos da Física. O Método Científico
é o mais utilizado, pois este método padroniza os procedimentos de medida
da grandeza.
Você pode se perguntar: Método Científico? Eu nunca apliquei este método.
Aí é que você pode estar enganado. Veja esta situação corriqueira que todos nós
já passamos. Você chega em casa e vai aquecer seu jantar no forno de micro-on-
das e percebe que o mesmo não liga.
Primeira hipótese: Será que está conectado à tomada? Você verifica se o
mesmo está ligado à tomada, e constata que está. Então, a primeira hipótese
foi refutada.
Segunda hipótese: Será que está faltando energia elétrica? Ao tentar li-
gar o interruptor você descobre que a energia elétrica está funcionando per-
feitamente, logo a segunda hipótese também está refutada. Neste exemplo,
você não descobriu o porquê do micro-ondas não funcionar, mas aplicou o
Método Científico.

O Método Científico constitui-se de etapas:


1ª etapa: Observação que levanta uma questão.
2ª etapa: Formulação de perguntas.

capítulo 1 • 13
3ª etapa: Formulação das hipóteses, busca por possíveis respostas àque-
la questão.
4ª etapa: Experiência controlada, onde a hipótese é testada.
5ª etapa: Análise das informações.
6ª etapa: Conclusão.

COMENTÁRIO
O surgimento do método científico remonta ao século XII, o período do Renascimento. Foi
com Roger Bacon (1214-1292) e Francis Bacon (1561-1626) que a ideia de método cien-
tífico foi começando a surgir, defendiam a experimentação como fonte de conhecimento.
Porém, foi com a obra “Discurso do Método” de René Descartes (1596-1650) que, de fato,
os fundamentos do método científico moderno foram conhecidos.

PERGUNTA
Como é caracterizado o processo de produção de conhecimento a partir do método
experimental?

1.2 Medir e Comparar grandezas


O que é medir?
Em física temos basicamente duas categorias de grandezas, as escalares
que são expressas por um número (escalar) e as vetoriais (vetor) que precisam
de um número (valor), direção e sentido para sua completa descrição.

ATENÇÃO
O número (valor) das grandezas, em muitos livros, também é chamado de módulo, norma
ou magnitude.
Podemos citar como exemplo de grandezas escalares o tempo, a temperatura, a pressão,
o trabalho de uma força, a massa de um corpo e como grandezas vetoriais o descolamento,

14 • capítulo 1
a velocidade, a força, o campo elétrico entre outras. Porém, em física as grandezas (G) esca-
lares e as vetoriais são expressas por:
Ex.: Grandeza Escalar = Número · Unidade

Massa = 3 kg

m número quilograma (unidade


de massa Sistema Internacional)

COMENTÁRIO
Sistema Internacional de Unidades é o assunto da próxima seção!
O número é o valor que buscamos medir em laboratório utilizando para isso instrumentos
de medidas próprios para a medição, por exemplo, se queremos medir o comprimento de
peça e dependendo do seu tamanho podemos utilizar desde os mais conhecidos instrumen-
tos de medida que são: a régua, a trena, o paquímetro e o micrômetro. Mas se quisermos
medir o tempo de determinado corpo em queda ou do espaço percorrido, utilizamos o cronô-
metro e para massa de um corpo, a balança.
Então, respondendo à pergunta inicial:

Medir é associar valores numéricos às grandezas físicas, através de instrumentos.

1.3 O Sistema Internacional de Unidades (S.I.)


A Física e a engenharia projetam equipamentos que possam medir grandezas
cada vez mais precisas, assim precisamos de regras para estabelecer de que for-
ma as grandezas devem ser medidas e comparadas, medimos cada grandeza
física em unidades apropriadas e comparamos com um padrão. A unidade de
massa é o quilograma e seu padrão é, como veremos, a massa de um corpo sóli-
do armazenado em um museu na cidade de Paris.

capítulo 1  • 15
CURIOSIDADE
O Birô Internacional de Pesos e Medidas luta para encontrar solução para a questão do
padrão universal do quilograma, um cilindro de platina e irídio cuja massa paradoxalmente pa-
rece variar. No artigo intitulado “Um quilo de problemas” Robert Matthews da New Scientist
fala sobre o padrão de massa em comparação com o padrão de tempo e metro e do fato de
não ter sido ainda definido com requintes high tech como os outros são. Vale a pena conferir
a leitura.

LEITURA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe3003200301.htm

O Sistema Internacional de Unidades (SI) baseia-se em sete grandezas fun-


damentais que foram estabelecidas no ano de 1971, na 14ª Conferência Geral
de Pesos e Medidas, sendo que massa, comprimento e tempo são, na maioria
das vezes, a base para as outras. A tabela 1.1 mostra as unidades fundamentais
das sete grandezas do SI.

SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES


GRANDEZA NOME DA UNIDADE SÍMBOLO DA UNIDADE
Comprimento Metro m

Tempo Segundo s

Massa Quilograma kg

Corrente Elétrica Ampère A

Temperatura Termodinâmica Kelvin K

Quantidade De Matéria Mol Mol

Intensidade Luminosa Candela Cd

Tabela 1.1 – As Unidades Fundamentais do Sistema Internacional (S.I.).

16 • capítulo 1
1.3.1 Padrão do Comprimento

O que é 1 metro? O padrão para o metro vem evoluindo desde a era antiga. No
século XVIII, 1 metro era definido como um décimo milionésimo da distância
entre o polo norte e o equador, este padrão foi abandonado por questões práti-
cas. Em 1983, durante a 17ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, buscando
cada vez mais uma maior precisão, o metro foi definido como a distância per-
corrida pela luz em um intervalo de tempo especificado, uma vez que as medi-
das da velocidade da luz estavam extremamente precisas.

O metro é a distância percorrida pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de


1/299792458 de segundos.

CURIOSIDADE
Na tabela 1.2 mostramos alguns comprimentos aproximados.

DESCRIÇÃO COMPRIMENTO EM METROS


Raio da Terra 6 x106

Altura do Monte Everest 9x103

Comprimento de um vírus típico 1x10-8

Raio do átomo do hidrogênio 5 x10-11

Raio do próton 1x10-15

Tabela 1.2 – Alguns Comprimentos.

1.3.2 Padrão do Tempo

No mês de fevereiro de 2015, durante a Campus Party, evento em ciência e tec-


nologia realizado em São Paulo SP, o físico Daniel Quaresma, do Observatório
Nacional, órgão que fornece a hora legal brasileira, explicou porque iria ser

 • 17
capítulo 1
acrescentado um segundo ao Tempo Universal Coordenado (UTC), correção
necessária para ajustar o horário ao Tempo Atômico Internacional (TAI).
O ajuste foi necessário por causa da velocidade de rotação do planeta Terra,
que registra variações, enquanto os relógios atômicos figura 1.1, que geram
e mantêm a hora legal, possuem uma precisão que chega a um segundo em
milhões de anos. A correção foi feita no dia 30 de junho, quando o relógio ofi-
cial registrou a sequência 23h59min59s - 23h59min60s, para só então passar a
1º de julho (0h00min00s). Como essa correção foi feita no horário de Greenwich,
no Brasil ocorreu três horas antes – 21h, no horário de Brasília. O acréscimo
pode parecer pequeno, mas afeta diretamente alguns sistemas de computado-
res e pode deixá-los lentos ou provocar erros.

Figura 1.1 – Imagem de um Relógio Atômico. IFSC/USP.

18 • capítulo 1
Encontrar um padrão para o tempo também não foi simples; o tempo já foi
medido observando-se a posição relativa do Sol. Atualmente, o segundo é defi-
nido com base nas variações do estado do átomo de césio, hoje este padrão está
baseado no relógio atômico. O relógio atômico é extremamente preciso e po-
demos medir e comparar intervalos de tempo. A importância dessa exatidão é
que faz com que o Sistema de Posicionamento Global (GPS – Global Positioning
System) utilizado no mundo inteiro, seja possível.
O padrão para o tempo foi estabelecido em 1967 na 13ª Conferência Geral
de Pesos e Medidas:

Um segundo é o intervalo de tempo que corresponde a 9.192.631.770 oscilações da


luz (de um comprimento de onda especificado) emitida por um átomo de Césio 133.

Na tabela 1.3 colocamos alguns intervalos de tempo aproximados curiosos.

DESCRIÇÃO INTERVALO DE TEMPO EM SEGUNDOS


Idade do universo 5 x1017
Expectativa de vida de um ser humano 2 x109
Intervalo entre duas batidas de um coração humano 8 x 10-1

Tabela 1.3 – Alguns Intervalos de tempo aproximados.

1.3.3 Padrão de Massa

O padrão de massa do SI, foi construído em 1879, é conhecido como “Le


Grand K”, é um cilindro com 3,9 cm de altura e 3,9 cm de diâmetro, feito de
uma liga de platina e irídio que fica em um museu na França. Réplicas desse
padrão primário foram feitas e espalhadas nos laboratórios de padronização
de todo o mundo, são mantidos sob condições especiais de armazenamento e
mesmo assim esse padrão de tempos em tempos é questionado.
Os cientistas perceberam que com o passar do tempo o quilograma está
ficando mais leve, pois acredita-se que esteja perdendo metal, isso é um pro-
blema porque a massa não pode variar. A figura 1.2 mostra o quilograma-pa-
drão internacional de massa que está guardado no cofre do National Institute
of Standards and Technology (NIST), Colorado EUA, esta replica desde 1889, já
foi aferida duas vezes com o padrão primário.

capítulo 1  • 19
Figura 1.2 – O quilograma-padrão internacional de massa. (Cortesia do Bureau Internacio-
nal de Pesos e Medidas, França).

Para o físico do NIST, Richard Steiner sobre a inexatidão do


quilograma-padrão:

Isto significa que se o quilograma não for preciso, o joule e a candela também não, o
que pode acabar causando problemas em uma série de indústrias, particularmente na
área de tecnologia. À medida que microchips processam mais informação a veloci-
dades cada vez maiores, mesmo pequenos desvios levam a catástrofes. A falta de
confiabilidade no Le Grand K ‘começará a se tornar perceptível na próxima década ou
na seguinte na indústria de eletrônicos’, avisa o físico do NIST Richard Steiner.

Enquanto não temos uma definição de quilo em termos de processos mo-


dernos confiáveis como foi para o metro e o segundo, ficamos com o padrão
imperfeito de quilo. Na tabela 1.4 listamos algumas massas aproximadas:

DESCRIÇÃO MASSA EM QUILOGRAMAS


Sol 2x1030
Lua 7x1022
Grão de poeira 7x10-10

Tabela 1.4 – Algumas Massas aproximadas.

20 • capítulo 1
ATIVIDADES
01. A Terra tem a forma aproximada de uma esfera com 6,37x106 m de raio. Determine:
a) o comprimento da circunferência da Terra em quilômetros;
b) a área superficial em quilômetros quadrados;
c) o volume da Terra em quilômetros cúbicos.

02. Pesquise sobre o relógio atômico.

03. Uma pessoa que está de dieta pode perder 2,3 kg por semana. Expresse a taxa de perda
de massa em miligramas (1 mg = 10-3 g) por segundo, como se a pessoa pudesse sentir a
perda segundo a segundo.

1.3.4 Notação Científica

Ao observamos as medidas das grandezas nas Tabelas 1.2, 1.3 e 1.4, percebe-
mos que quando são muito grandes ou muito pequenas, para expressá-las uti-
lizamos a notação científica.
Na notação científica, a velocidade da luz (c = 299.792.458 m/s) fica escrita
como:
c = 2,99 792458 x 108 m/s.
•  Na notação científica, o tempo medido (t= 0,000054 s) fica escrito como
t= 5,4 x10–5 s.
A Notação Científica nos ajuda a escrever números muito grandes ou muito
pequenos através de potências de 10.

EXEMPLO
100 =1
103 =1000
10–6 =0,000001
Assim, o número 1750000 pode ser escrito da seguinte forma:
1,75 x106.

capítulo 1  • 21
ATENÇÃO
Se o número que está à esquerda da vírgula estiver entre 1 e 9, o número está em notação
científica, caso contrário não.

1,75 x106 está em notação científica 17,5 x105 não está em notação científica
↓ ↓
1 até 9 é maior que 9

ATIVIDADE
04. Coloque os números em notação científica:
a) 0,00035
b) 0,04506
c) 0,1204
d) 1300001
e) 104678

1.3.5 Cálculos com potências na calculadora

Abaixo, na figura 1.3(a) e 1.3(b), temos a foto de duas calculadoras científicas


mais comuns dos alunos das engenharias; as teclas em destaque são a que uti-
lizamos para os cálculos com potência:

a b
Figura 1.3 – Calculadoras Científicas

Na calculadora (b) a tecla EXP já entende o “x10” não é necessário digitar “x10”.
Ex.: 3 x104 = 3 EXP 4

22 • capítulo 1
1.4 Teoria dos Erros Simplificada
A Teoria dos erros é aplicada a um conjunto de medidas experimentais com a
finalidade de expressar matematicamente o valor mais próximo do real. Des-
creveremos aqui de forma sucinta.
Quando grandezas físicas são medidas experimentalmente, essas têm uma
incerteza que está associada ao equipamento utilizado e ao operador, mesmo
medindo repetidas vezes uma grandeza utilizando o mesmo equipamento, os
resultados não são idênticos.

Como confiar em uma medida? Qual seu valor verdadeiro?


Para termos confiança em uma medida precisamos expressar a incerteza
de modo que as pessoas entendam de uma maneira universal o grau de con-
fiabilidade daquele valor medido. A teoria dos erros é um método estatístico
adequado de se obter e manipular os dados experimentais e tem a finalidade de
conseguir estimar com maior exatidão possível o valor da medida e o seu erro.
Logo, o valor verdadeiro será sempre uma estimativa.
O erro de uma medida é definido como sendo a diferença entre o valor me-
dido e o valor real. Mas sabemos que existem flutuações nos valores obtidos
que acompanham todas as medidas e que são as causas que limitam o objetivo
de se atingir o valor verdadeiro da grandeza. E estas flutuações ou erros são de
origem sistemáticas, acidentais ou aleatórias.

1.4.1 Erro sistemático

Quando o erro é sistemático, dizemos que a flutuação nas medidas ocorreu por
falhas nos equipamentos ou do operador, por exemplo:
•  equipamento com calibração errada;
•  cronômetro que sempre atrasa;
•  leitura do operador sempre adiantada em relação ao ponto correto de
observação.

capítulo 1 • 23
1.4.2 Erros acidentais ou aleatórios

Como o próprio nome diz os erros acidentais ou aleatórios estão relacionados


a ações atípicas e variáveis diversas, mesmo que se meça repetidas vezes as me-
didas apresentam flutuações e acontecem por:
•  Imperícia do operador;
•  Cansaço;
•  Erro de paralaxe na leitura de uma escala.

1.4.3 Erros grosseiros

Acontecem quando o operador falha grosseiramente. Por exemplo, faz uma lei-
tura errada, lê 100mA no lugar de 1mA.

ATENÇÃO
Se deseja obter melhores resultados nos seus experimentos no laboratório realize suas me-
didas com o máximo de cuidado e paciência.

1.4.4 Algarismos Significativos (A.S.)

Ao medir o comprimento de uma peça com uma régua dividida em centímetros


na figura abaixo, podemos escrever a medida da seguinte forma:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

l = 11,3 cm

Figura 1.4 – Régua graduada em Centímetros.

Essa medida apresenta três algarismos significativos (A.S.), sendo que


o último é chamado algarismo duvidoso, pois não temos certeza e fazemos
uma estimativa.

24 • capítulo 1
l = 11,3 cm

duvidoso

Definimos então, algarismos significativos de uma medida como todos os


algarismos que temos certeza (os exatos) e mais um duvidoso (sempre o algaris-
mo duvidoso é o último da direita).

EXEMPLO
•  7,39 cm: Temos 3 algarismos significativos (7 e 3 são exatos e o 9 é o duvidoso)
•  8,65 x10–12 nm: Temos 3 algarismos significativos (8 e 6 são exatos e o 5 é o duvidoso)
•  5 N : Temos 1 algarismo significativo e ele próprio é o duvidoso.
•  21,00: Temos 4 algarismos significativos (2, 1 e 0 exatos e o último 0 é o duvidoso)

ATENÇÃO
Zeros à direita da vírgula são significativos e zeros à esquerda não são.

A quantidade de algarismos significativos de uma determinada medida não se altera


quando fazemos uma transformação de unidades. Na medida l= 7,38 cm temos 3 A.S., se
passarmos a medida para milímetros l= 73,8 mm teremos os mesmos 3 A.S.

1.4.5 Incertezas

Se 2 experimentadores fossem efetuar a medida da peça na figura 1.4, eles ano-


tariam os 11 cm exatos, mas poderiam avaliar a fração do centímetro restante
de formas diferentes, ou seja, para um experimentador o comprimento poderia
ser de 11,3 cm mas para o outro 11,4 cm e nenhum estaria errado.
Então o comprimento da peça seria:
l = 11 + 0,3 cm ou 11 + 0,4 cm

capítulo 1  • 25
PERGUNTA
O que está errado, ou inapropriado para a medida?
Quando queremos avaliar milímetros não podemos utilizar uma régua graduada em cen-
tímetros. Observe a mesma peça medida com uma régua graduada em milímetros, podemos
ver que a medida é com certeza 113 mm e alguma coisa que não podemos enxergar mais:

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

Figura 1.5 – Régua graduada em milímetros.

ATENÇÃO
Costumamos fazer estimativas com aproximações até décimos da menor divisão da escala
do instrumento. Para a régua milimetrada a menor divisão é o milílimetro, então nossas apro-
ximações têm que ser até décimos de milímetro. Esta aproximação chamamos de incerteza.

Incerteza é a fração avaliada da menor divisão da escala, no algarismo duvidoso esta


é a incerteza de uma medida.

Na medida efetuada com a régua em centímetros, por exemplo, um experimentador po-


deria medir 11,3 cm, mas outro experimentador poderia dizer que a medida fosse 11,4 cm e
outro 11,2 cm, desta forma o valor mais provável seria:
l = (11,3 ± 0,1) cm, onde 0,1 seria a amplitude da incerteza ou incerteza absoluta.

1.4.6 Critério de Arredondamento

No curso de física adotaremos o seguinte critério de arredondamento, primei-


ro fixamos o número de algarismos significativos que queremos. Na medida
L = 1,264 m, queremos arredondar para somente 3 A.S, ou seja, duas casas após
a vírgula:

26 • capítulo 1
L = 1,264 cm

Número que deverá ser arredondado

Observamos o dígito que vem em seguida daquele que vai ser arredondado,
no caso é

L = 1,264 cm

Se este dígito for menor do que 5, o número que deverá ser arredondado
permanece igual.

L = 1,26 cm

Se fosse maior do que cinco, como por exemplo, temos agora o número 7,
então:

L = 1,267 cm

Somamos 1 ao dígito que deverá ser arredondado, então:

L = 1,27 cm

 • 27
capítulo 1
1.4.7 Teoria dos erros aplicada a um conjunto de medidas
experimentais

Esta seção foi escrita tomando-se como base a referência bibliográfica apostila
do laboratório de física departamento de Física UNESP - Universidade Estadual
Paulista - Bauru. No laboratório obtemos em um mesmo equipamento e condi-
ções uma série de valores para uma grandeza que não é igual. Qual seria então
o valor mais provável dessa grandeza? A estatística tem por finalidade demons-
trar matematicamente qual o valor mais provável. A Teoria dos erros é aplicada
aos erros acidentais ou aleatórios.

1.4.8 Valor médio

Sejam X1, X2, X3, ..., Xn as n medidas realizadas de uma mesma grandeza física X.
O valor médio desta grandeza denotado por X é definido pela média aritmética
dos valores medidos, ou seja,

X1 + X 2 + X 3 + ... + X N 1 n
X=
n
= ∑X
n i =1 i

Deste modo, x representa o valor mais provável da grandeza medida. Ao se


realizarem várias medidas, os valores obtidos tendem a estar mais próximos
deste valor. O valor médio é o que melhor representa o “valor real” da grandeza.

1.4.9 Desvios

Desvio é a diferença entre um valor medido e o valor adotado que mais se apro-
xima do valor real (em geral o valor médio).
Se representarmos por “di” , o desvio de cada medida em relação ao valor
médio, teremos:
d1 = (X1− X)
d2 = (X2− X)
´-
-
-
di = (Xi − X)

28 • capítulo 1
É interessante saber quanto as medidas individuais Xi se afastam, em mé-
dia, do valor médio, ou seja, de que maneira as medidas Xi se distribuem em
torno do valor médio. A esse fato denominamos “dispersão”. Para medir a dis-
persão são utilizadas algumas propriedades da série de medidas, tais como o
Desvio médio, a Variância e o Desvio Padrão.

1.4.9.1 Desvio médio (δ)

Desvio médio é a soma dos módulos do desvio de cada medida em relação a


média pelo número de medidas, ou seja,

1 n
δ= ∑ X −X
n i =1 i

1.4.10 Variância

A variância é definida como a média aritmética dos quadrados dos desvios de


todos os valores da grandeza, em relação ao valor médio, ou seja,

1 n
( )
2
σ2 = ∑ X −X
n i =1 i

1.4.11 Desvio padrão

O desvio padrão é simplesmente a raiz quadrada da variância e, portanto ex-


presso na mesma unidade da grandeza medida:

1 n
( )
2
σ= ∑ X −X
n i =1 i

Este valor representa uma estimativa da dispersão em torno do valor médio


quando se tem poucos valores (uma amostra) de um universo maior de valo-
res (população). Utilizaremos a tendência geral de indicar o desvio padrão com
2 algarismos significativos, além dos zeros à esquerda, apesar de em alguns ca-
sos ser necessário utilizar 1 algarismo.

capítulo 1 • 29
1.5 Propagação de erros
Muitas grandezas físicas não podem ser medidas diretamente e são obtidas por
meio de operações com outras medidas. Se desejarmos medir a área média da
face de um azulejo por meio de várias medidas do comprimento (C) e largura
(L), utilizaremos,
A=CL

mas tanto C como A são afetadas de desvios e no produto C · A, tais desvios


se combinarão e afetarão o valor da área média da face. Desta forma, quando
se deseja relacionar grandezas que contém desvios tem-se a propagação de “er-
ros” ou “desvios”.
Logo a área da face é escrita da forma:
A = A ± σA

As equações listadas a seguir nos permite calcular o desvio padrão (σA) e são
completamente demostradas pela estatística e cálculo diferencial integral e
que não cabem fazê-las neste momento.

1.5.1 Soma e subtração de grandezas afetadas por erros

A análise estatística rigorosa mostra que ao somarmos ou subtrairmos gran-


dezas estatisticamente independentes, o erro no resultado será dado pela raiz
quadrada da soma dos quadrados dos erros de cada uma das grandezas.
S = S ± σX

onde S = C + L e σS = ± σ2C + σ2L

1.5.2 Produto e Quociente de grandezas afetadas por erros

2 2
σP σ  σ 
=  C  + L 
P  C   L 

30 • capítulo 1
EXEMPLO
Suponha que seu grupo de laboratório realizou 10 medições do comprimento (C) e da lar-
gura (L) do azulejo abaixo, tendo como objetivo calcular a área da face. As medidas foram
anotadas na tabela 1.5.

Figura 1.6 – Medidas Lineares do Comprimento (C) e da Largura (L).

COMPRIMENTO C CM LARGURA L CM
34,5 16,2
34,3 16,1
34,4 16,4
34,6 16,5
34,5 16,2
34,2 16,3
34,3 16,3
34,1 16,4
34,6 16,2
34,4 16,3
Tabela 1.5 –

Escrevemos a área como sendo:


A = A ± σA
2 2
σA σ  σ 
Onde A = C L e =  C  + L 
A  C   L 

Primeiro efetuamos a média aritmética do comprimento C e da Largura L, utilizando


a equação:

X1 + X2 + X3 + ... + XN 1 n
X=
n
= ∑X
n i=1 i

 • 31
capítulo 1
Substituindo os valores temos:
34, 5 + 34, 3 + 34, 4 + 34, 6 + 34, 5 + 34, 2 + 34, 3 + 34,1+ 34, 6 + 34, 4
C= = 34, 39
10

16, 2 + 16,1+ 16, 4 + 16, 5 + 16, 2 + 16, 3 + 16, 3 + 16, 4 + 16, 2 + 16, 3
L= = 16, 29
10

Em seguida calculamos o desvio padrão do comprimento e da largura

1 n
( )
2
σC = ∑ X −X
n i=1 i
= 0,16

1 n
( )
2
σL = ∑ X −X
n i=1 i
= 0,11

Podemos escrever as medidas como:


C = C ± σC⇒ C= (34,39 ± 0,16) cm
L = L ± σL⇒ L= (16,29 ± 0,11) cm

Cálculo da área média


A = C · L = 34,39 x 16,29 = 560,21 cm2

Cálculo do desvio padrão da área em relação à média:

2 2 2 2
σA σ  σ   0,16   0,11 
=  C  +  L  = σA = 560, 21   +  = 4, 59 cm
2
A  C   L   34, 39   16, 29 

Forma correta de escrever a área:


A = A ± σA = (560,2 ± 4,6) cm2

32 • capítulo 1
ATIVIDADES
05. No laboratório realizamos com a régua 05 medidas para o comprimento C, Largura L e
Profundidade P de um bloco irregular e anotamos na tabela 1.6

Altura
Profundidade
Comprimento

Figura 1.7 – Valores das grandezas lineares do comprimento, largura e altura para o sólido
e cálculos auxiliares para determinação do desvio padrão de cada grandeza.

MEDIDAS C CM P CM A CM

1 5,4 4,4 6,6


2 5,3 4,3 6,3
3 5,5 4,5 6,4
4 5,3 4,3 6,4
5 5,5 4,4 6,3

Tabela 1.6 –

06. Calcule a média das 05 medidas, escreva abaixo:


a) A=
b) P=
c) C=

07. Calcule a variância e em seguida o desvio padrão.

capítulo 1  • 33
1.6 Propagação de erros em funções com
grandezas afetadas por erros

Uma situação bem comum nos experimentos em física é estimar o erro que afe-
ta grandezas que são funções de outras. Usamos de uma forma geral para uma
função com as variáveis x e y que seu valor médio é:
f = f (x, y)

e que o desvio padrão é dado em função das derivadas parciais da função em


relação as varáveis que no caso chamamos de x e y.

ATENÇÃO
Podemos ter mais variáveis. Por exemplo, x, y e z a função seria f (x,y,z).
Através do cálculo diferencial, a expansão da função é feita e obtemos para o desvio:

2 2
 ∂f   ∂f 
σ f =   σ2x +   σ y 2 + ...
 ∂x   ∂y 

ATENÇÃO
∂f ∂f
e são as derivadas parciais calculadas para o valor médio
∂x ∂y

EXEMPLO
No laboratório, com o objetivo de determinar a aceleração da gravidade média, através do
experimento do Pêndulo Simples, medimos o período de oscilação (T) e o comprimento do
fio (L), como o período do Pêndulo Simples é:

L L
T = 2π então , g = 4π2 2
g T

34 • capítulo 1
Assim se conhecermos o período de oscilação (T) de um pêndulo simples e seu compri-
mento (L) podemos determinar a aceleração da gravidade do local (g). Para pequenas oscila-
ções (abertura não superior a 15°) podemos considerar o pêndulo simples com período apro-
ximadamente constante. (oscilações isócronas). Portanto, g depende das variáveis T e de L.
Através do cálculo do valor médio e do desvio padrão para T e L, pode-se obter os valores:

T = T ± σT e L = L ± σL

Como podemos determinar g = g ± σg ?

L
g = 4π2
T2

Para estimar o erro utilizamos a ajuda do cálculo diferencial que supõe que para erros
pequenos, podemos escrever como sendo:

2 2
 ∂g   ∂g 
σg =   σL2 +   σ2T

 L  ∂T 

Em um experimento de queda livre foram anotados os tempos de queda de um corpo.


O experimento foi repetido 10 vezes, para que fossem amenizados os erros aleatórios ou
sistemáticos. Na tabela a seguir colocamos os resultados das medias para a altura e tempo
com os respectivos desvios- padrão:

H ALTURA MÉDIA DESVIO PADRÃO T TEMPO MÉDIO DESVIO PADRÃO


(METROS) σH (SEGUNDOS) σT

0,20 0,05 0.202 0,05

g 2
Sabendo que h = h0 + v 0 t + t onde h0 e v0 são zeros, então a altura é:
2

g 2 2h
h= t ⇒g= 2
2 t
2 2
Determine: g = g ± σg mas g =
2h  ∂g   ∂g 
e σg =   σh2 +   σ2t
t2  ∂h   ∂t 
2h
Calculando =
g = 9, 80m / s2
t2
e

capítulo 1  • 35
2
2 2  h 2
σg = σ +  −4  σt em t = t e h = h
t2 h  t

Substituindo temos:

2
2  −4.0, 20 
σg = ( 0, 05)2 +   ( 0, 05) = 0, 40 m/s
2 2
0, 2022  0, 202 

Portanto, g = ( 9,80 ± 0,40 ) m/s2

1.7 Atividade experimental I – Algarismos


significativos, a teoria dos erros e as
incertezas

1.7.1 Objetivos gerais

Ao término desta atividade o aluno deverá ser capaz de:


•  Conceituar medida;
•  Conceituar e diferenciar erro grosseiro, erro sistemático e erro acidental;
•  Conceituar sensibilidade de um instrumento de medida;
•  Diferenciar erro de desvio.

1.7.2 Material necessário:

•  Conjunto de réguas (decimetrada, centimetrada e milimetrada);


•  Folha de papel A4.

0 100 200 300 400 500

0 10 20 30 40 50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0 1 2 3 4 5

36 • capítulo 1
1.7.3  Procedimento experimental:

1.7.3.1  Utilizando uma folha de papel A4, determine o comprimento (L) lateral e
sua altura (H),

RÉGUA DECIMETRADA (DM) RÉGUA CENTIMETRADA (CM) RÉGUA MILIMETRADA (MM)


L
H

1.7.3.2  Expresse todas as medidas na mesma unidade, o metro.

RÉGUA DECIMETRADA (DM) RÉGUA CENTIMETRADA (CM) RÉGUA MILIMETRADA (MM)


L
H

1.7.3.3  Expresse todas as medidas na mesma unidade, o decímetro.

RÉGUA DECIMETRADA (DM) RÉGUA CENTIMETRADA (CM) RÉGUA MILIMETRADA (MM)


L
H

1.7.3.4  Expresse todas as medidas na mesma unidade, o centímetro.

RÉGUA DECIMETRADA (DM) RÉGUA CENTIMETRADA (CM) RÉGUA MILIMETRADA (MM)


L
H

capítulo 1 • 37
1.7.3.5 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o milímetro.

RÉGUA DECIMETRADA (DM) RÉGUA CENTIMETRADA (CM) RÉGUA MILIMETRADA (MM)


L
H

Apresente, em cada caso, o Valor Real (fornecido pelo fabricante), o resulta-


do da medição (tabela 4.1) seguido de seu erro percentual (Eq 01).

VALOR REAL
VALOR EXPERIMENTAL ERRO PERCENTUAL
(FORNECIDO PELO
(TABELA 4.1) (EQ. 01)
FABRICANTE)
RÉGUA DECIMETRADA (DM) H
RÉGUA DECIMETRADA (DM) L
RÉGUA CENTIMETRADA (CM) H
RÉGUA CENTIMETRADA (CM) L
RÉGUA MILIMETRADA (MM) H
RÉGUA MILIMETRADA (MM) L

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALIANO, O Método Científico - Teoria e Prática, São Paulo: Editora Harbra, 1979.
DESCARTES, René, Discurso do método, tradução Maria Ermantina Galvão, São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
MATTHEWS, R.; Um quilo de problemas. Disponível em :<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/
ciencia/fe3003200301.htm>. Acesso em: 12 set. 2015..
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física, v. 1 Editora LTC. 9 ed. 2012.
Steiner, R. Le Grand K. Disponível em: <http://hypescience.com>. Acesso em: 14 set. 2015.
Apostila Laboratório de Física 1, Faculdade de Ciências Departamento de Física, Universidade
Estadual Paulista- Bauru.
Cruz, B.H.C e Fragnito, H. L. Guia para Física Experimental. Disponível em: <http://www.ifi.unicamp.
br/~brito/graferr.pdf>. Acesso em: 10 set.2015.

38 • capítulo 1
2
Instrumentos de
Medidas e Gráficos
Neste capítulo, vamos aprender a utilizar o paquímetro e o micrômetro dois im-
portantes instrumentos de medidas. Vamos aprender também como construir
gráficos em papel milimetrado e também através do software Zgrapher.

OBJETIVOS
•  Conhecer o paquímetro.
•  Conhecer o micrômetro.
•  Aprender a construir gráficos lineares, monolog e dilog.

40 • capítulo 2
2.1 Instrumentos de medidas
2.1.1 Paquímetro

O paquímetro é um instrumento de medida muito parecido com uma régua,


ou seja, é uma régua com maior exatidão para as medidas. Possui duas esca-
las: uma é a escala principal fixa do instrumento graduada em milímetros e
polegada e a outra, chamada de escala vernier ou nônio, é construída sobre
um cursor que desliza ao longo da escala principal. Com um paquímetro
podemos medir diversos objetos, tais como: parafusos, porcas, diâmetro in-
terno de tubos, entre outros. Para realizar tal medição basta aproximar o objeto
e deslizar o cursor até que a peça fique justa.

2.1.2 Descrição do Paquímetro

A E F G

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
mm
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

H
C D
B

Figura 2.1 – Partes detalhadas do paquímetro.

PARTE DENOMINAÇÃO FUNÇÃO

A Orelhas ou bocas internas Com faces para medições lineares internas


B Bicos ou bocas externas Com faces para medições lineares externas
C Nônio ou Vernier Medir frações da menor escala principal
D Impulsor Deslocar o cursor ao se fazer uma medida
E Parafuso de fixação Manter a medida ao se fazer uma leitura
F Cursor Parte móvel onde está localizado o nônio
G Escala principal Medir o comprimento de peças em milímetros internos
H Haste de profundidade Medir profundidade de furos ou chanfros

capítulo 2 • 41
O Nônio é constituído por uma pequena régua dividida em um certo núme-
ro de partes iguais que desliza em guias ao longo de uma régua que contém a
escala principal do paquímetro. Suponha que desejamos construir um nônio
que permita fazer leituras com precisão de 0,1 mm da menor divisão da escala
principal. O Nônio, ou escala móvel, contém 10 divisões, cada uma delas equi-
vale a 9/10 do comprimento da menor divisão da escala principal. Portanto, as
10 divisões da escala do nônio têm o mesmo comprimento que 9 divisões da
escala principal.
De maneira geral, quando se vai utilizar um paquímetro, deve-se verificar a
sua aproximação ou precisão. Para o cálculo da aproximação, A, de um paquí-
metro basta fazer:

Medida da menor divisão da escala principal


A=
Número de diviisões do nônio

Na tabela abaixo apresentam-se as aproximações mais comuns utilizadas


em paquímetros.

MENOR DIVISÃO DA ESCALA PRINCIPAL (MM) Nº DE DIVISÕES DO NÔNIO APROXIMAÇÃO (MM)


1 10 0,1

1 20 0,05

1 50 0,02

Descoberta a aproximação do paquímetro, para se realizar leitura (L) uma


medida linear, é só aplicar a seguinte relação:
L = Lep + n · A

onde, Lep é a leitura da medida na escala principal em milímetros intei-


ros; n é o número de divisões (ou traços ou marcas) do nônio contadas de
0 até o que coincide com um traço da escala principal e A é a aproximação
do paquímetro.

42 • capítulo 2
EXEMPLO
Na figura 2.2, vemos que a aproximação do paquímetro é 0,05 mm, isto significa que o
milímetro da escala principal foi dividido em 20 partes, logo A= 0,05 mm. Então a leitura da
medida é feita assim:
L ep = 73 mm n=13 A = 0,05 mm
M = 73 + 13 · 0,05 = 73,65 mm

6 7 8 9 10 11 12 13
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 2.2 – Parte de um paquímetro com aproximação (A) de 0,05 mm.

ATIVIDADE
01. Faça a leitura da medida linear dada na figura abaixo:
a) Aproximação 0,05 mm

• 0,05 mm
L.e.p.
0 10 20 30 40 50

0 1 2 3 4 0 6 7 8 9 10
n=3

capítulo 2  • 43
b) Aproximação 0,1 mm

• 0,1 mm
L.e.p.
0 10 20 30 40 50

0 10
n=8

2.2 Micrômetro
É um instrumento que permite medir por leitura direta as dimensões reais,
com uma aproximação de 0,01 mm ou mesmo de 0,001 mm ou o equivalente em
polegada. A sua utilização se faz necessária quando a exatidão requerida for su-
perior à obtida com o paquímetro. Este é construído por um parafuso em hélice
com uma espera móvel e outra fixa, na extremidade deste apresenta um tambor
móvel dividido em partes iguais que gira ao logo de outra escala longitudinal.

2.2.1 Descrição das partes do micrômetro

Escala Centimetrada
Catraca
Ponta móvel Escala de 1 mm
Ponta fixa
30
0 5 10 15 20 25
25
20
15

Escala de 0,5 mm
Tambor
Parafuso de trava

Arco com plaqueta de isolamento

Figura 2.3 – Micrômetro Convencional.

44 • capítulo 2
Os micrômetros, também conhecido como calibrador micrométrico ou pál-
mer, são instrumentos de medida lineares que possuem um nônio circular (es-
cala centesimal). São utilizados para medidas precisas de pequenas distâncias,
tal como diâmetro de fios ou espessuras de lâminas delgadas. A ponta móvel
está na extremidade de um parafuso de rosca micrométrica que passa por uma
porca cilíndrica onde está a escala de 1 mm e 0,5 mm.
O objeto a ser medido é colocado entre as pontas fixa e móvel. Girando-se
o tambor (que é a cabeça do parafuso), onde está gravado nônio circular, no
sentido horário consegue-se avançar o parafuso até que a ponta móvel esteja
bem próxima ao objeto. A partir daí utilizamos a catraca para movimentar o
parafuso até a ponta móvel encostar no objeto.
Assim como no paquímetro, o micrômetro apresenta um parafuso de trava
para facilitar o momento da leitura da dimensão do objeto.

2.2.2 Medições com o micrômetro

A leitura de uma medida, utilizando o micrômetro, é realizada observando-se


duas referências, que vamos chamar de referência 1 e 2, respectivamente. Mas
antes precisamos conhecer qual a aproximação (A) ou precisão do micrômetro.

passo do parafuso
A=
número de divisões do nônio

Por exemplo, se no laboratório, o micrômetro tem o passo de 0,5mm, ou seja,


se 1 volta completa do tambôr tem 0,5mm e o número de divisões do nônio é 50.
Então

passo do parafuso 0,5


A= = = 0,01mm
m
número de divisões do nônio 50
Referência 1 = 5,0 mm

35
0 5 201030
25

n. A = 28.0,01 mm
25
20

Referência 2 = 0,5 mm

Leitura = Referência 1 + Referência 2 + n A = 5 + 0,5 +0,28= 5,78 mm

 • 45
capítulo 2
ATENÇÃO
45
0 5
40
36
35
30
25
Não aparece o traço indicando que
devemos somar 0,5mm na leitura

Nesta leitura não temos a referência 2 na leitura, temos Leitura= 7+ 36 x 0,01=7,36 mm.

ATIVIDADE
02. Faça a leitura nos micrômetros com os micrômetros tendo aproximação de 0,01 mm.

35
45
0 5 0 5 25
40
20
35
15
30
10
25
Resultado A Resultado B

10 35
15 20 2 5 10 30
0 25
45 20
40 15

Resultado C Resultado D

46 • capítulo 2
2.3 Gráficos
2.3.1 Representação gráfica de resultados experimentais

O método gráfico é uma representação dos resultados experimentais, fornece


informações importantes sobre a dependência das medidas e na determinação
de parâmetros necessários na aplicação das leis que governam tal fenômeno
físico. A relação mais comum em física, é aquela que relaciona as grandezas de
maneira proporcional (gráfico linear), os dados experimentais são lançados e
uma curva média é traçada.

2.3.2 Função diretamente proporcional ou função linear

Duas grandezas G1 e G2 são diretamente proporcionais quando o quociente dos


valores assumidos por elas é contante

G1
K= , onde K é a constante de proporcionalidade.
G2

Define-se uma função diretamente proporcional ou função linear a toda ex-


pressão do tipo, y = K x, onde K é uma constante diferente de zero, y a variável
dependente e x a variável independente.
A representação gráfica de y = K x é uma reta que passa pela origem.

y
25

20
y=Kx

15

10

x
0 4 8 12 16 20 24

capítulo 2 • 47
A equação reduzida da reta é:
y = ax + b
a = Coeficiente angular da reta
b = Coeficiente linear da reta
A constante de proporcionalidade K é o coeficiente angular da reta e o coefi-
ciente linear é zero, pois o gráfico passa pela origem.

EXEMPLO
No laboratório estudou-se o movimento uniforme, para isso colocou-se óleo em uma pro-
veta de 1L. Foram feitas marcações em distâncias fixas de 3,5 cm ao longo da proveta. Em
seguida, pingou-se uma gota de corante (azul de metileno), e foram medidos os tempos em
cada marcação com o auxílio do cronômetro. Foram feitas 5 séries de medidas e calculado o
tempo médio os resultados foram colocados na tabela 2.1.

DESLOCAMENTO ( S) CM TEMPO MÉDIO (S)


3,5 5,4

7 10,5

10,5 16,2

14 21,7

17,5 27,1

21 32,4

24,5 38,1

Tabela 2.1 –

Com os resultados da tabela 2.1 construímos o gráfico deslocamento (S) em função do


tempo médio t.

48 • capítulo 2
Deslocamento (cm)
25
22,5
20
17,5
15
12,5
10
7,5
5
2,5
Tempo médio (s)
0 4 8 12 16 20 24 28 32 35 40

Como observamos, o gráfico não possui ligação entre os pontos, pois em um gráfico
experimental não podemos interligar os pontos. Fazemos uma melhor reta entre os pontos
ou uma regressão linear, reta tracejada no gráfico abaixo:

Deslocamento (cm)

20

10

Tempo médio (s)


0 10 20 30 40

capítulo 2  • 49
A regressão linear nos forneceu a equação da reta tracejada, para este experi-
mento foi:
y = 0,64128 x
y = variável dependente = Deslocamento S (cm)
x = variávelindependente = Tempo (s)
K = const. de proporcionalidade
= velocidade média da gota de corante = 0,64 cm/s

Pois no movimento uniforme o gráfico do deslocamento em função do tempo é uma reta


( X= X0 + V t ). No exemplo X0 = 0 para o tempo inicial zero

X = V t

y = 0,64 x

2.3.3 Como fazer um gráfico

Para traçar um gráfico cartesiano como os acima, é preciso saber representar


os valores de cada uma das grandezas físicas, em análise na experiência, so-
bre uma escala. Escala é um trecho, marcado por pequenos traços que indicam
valores ordenados de uma grandeza. Para escolher a escala devemos observar:
•  A variável independente será o eixo x, abscissa.
•  A variável independente será o eixo y, ordenadas.
•  Escolher uma escala que seja facilmente subdividida 1,2,5 e 10 são as me-
lhores, evite usar 3, 7 e 9.
•  O gráfico deve ocupar no mínimo 2/3 do papel.
•  Existem 3 tipos de papel: o milimetrado, o monolog e o dilog. Abaixo apre-
sentamos os três papéis.

50 • capítulo 2
a) milimetrado

b) monolog

 • 51
capítulo 2
c) dilog

2.3.4 Análise e interpretação de gráficos

A forma do gráfico mostra imediatamente se a variável dependente aumenta


ou diminui com o aumento da variável independente. A seguir mostramos grá-
ficos de algumas funções mais utilizadas.
a) Função Linear
y=ax+b

a = Coeficiente angular da reta


b = Coeficiente linear da reta

52 • capítulo 2
y
25
22,5
20
17,5
15
12,5
10
7,5
5
2,5
x
0 4 8 12 16 20 24 28 32 35 40
Linear

Figura 2.4 – Gráfico

b) Função exponencial
y = C1 eC2 X
y = variável dependente
C1 e C2 = constantes positivas ou negativas
e = base dos logaritmos naturais ou neperianos = 2,718…

Os gráficos abaixo, mostram o crescimento exponencial (Constante C2 posi-


tiva) e um decaimento exponencial (Constante C2 negativa).

0 x

y = C1 eC2 X
Crescimento Exponencial

 • 53
capítulo 2
y

0 x

y = C1 e –C2X
Decaimento Exponencial

c) Função Potência
y = C xn
y = variável dependente x= variável independente
C = número real e n são constantes a serem determinadas

As equações na forma de função exponencial ou potência podemos fazer um


processo de linearização, com a ajuda da sua função inversa que é o logaritmo.

2.4 Linearização da função exponencial


O processo de linearização da curva que representa este tipo de equação utiliza-
mos o papel monolog, ou seja, o eixo das ordenadas (y) em escala logarítmica e
o eixo das abscissas (x) em escala decimal (linear).
O processo de linearização da curva exponencial ocorre em razão da seguin-
te transformação aplicando-se log em ambos os lados da equação (1):
y = C1 e C2 X (1)
log y = log C1 + (C2 log e) · x (2)

A equação (2) como você percebeu é a equação de uma reta, onde:


log y= variável dependente
log C1= coeficiente linear
C2 log e = coeficiente angular x = variável independente
A variável y varia de forma logarítmica enquanto que a variável x va-
ria linearmente.

54 • capítulo 2
ATENÇÃO
Quando trabalhamos com escala logarítmica não podemos iniciá-la com zero.
Outra coisa importante, é observar que a escala logarítmica é dividida em 10, por exem-
plo se iniciar no ponto 0,01 a próxima divisão será 0,1, pois 0,01 · 10 = 0,1.
Para fazer o gráfico, podemos utilizar os papeis especiais milimetrados monolog e dilog
Figura 3, que servem para linearizar as funções exponenciais e potências.

EXEMPLO
Em um laboratório mediu-se a variação da corrente elétrica (I) em função do tempo t,
obtendo-se

I (mA) 1815 1090 690 400 310 143

T(S) 0,8 2,5 4,2 5,7 6,9 9,3

A equação que rege este fenômeno é dada por: I = I0 eC2t (4)


I0 e C2 são constantes a serem determinadas.

y
2000
l (mA)
1800

1600

1400

1200

1000

800

600

400

200
x
t (s)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Linearizando a função, basta aplicarmos logaritmo dos dois lados da equação (4)

capítulo 2 • 55
log I = log I0 + (C2 log e) · t

LOG I (mA) 0,267 0,037 -0,161 -0,397 -0,509 -0.845

T(S) 0,8 2,5 4,2 5,7 6,9 9,3

y
0.26
log I (mA)
0.13 x
t (min)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
–0.13

–0.26

–0.39

–0.52

–0.65

–0.78

–0.91

2.5 Linearização da função potência


Para o processo de linearização da curva y = C xn utilizamos o papel dilog, ou
seja, o eixo das ordenadas (y) e o eixo das abscissas (x) são escalas logarítmi-
cas. O processo de linearização da curva potência ocorre em razão da seguinte
transformação aplicando-se log em ambos os lados da equação:
y= C xn ⇒ log y = log C + n log x
A equação 3 é uma reta
log y = variável dependente
log C= coeficiente linear
log x = variável independente
n = coeficiente angular

As variáveis y e x variam de forma logarítmica.

56 • capítulo 2
2.6 Construção de gráficos utilizando o
software Zgrapher

Para utilizarmos o software Zgrapher primeiro devemos acessar o site www.so-


matematica.com.br. Depois de feito o download será muito simples a utilização.

1º passo – Graphs - Add table graph;

2º passo – Coloque suas medidas experimentais, lembre-se que o Z grapher


não aceita vírgula;

capítulo 2 • 57
3º passo – Ok;

4º passo – Provavelmente você terá que mudar sua escala no eixo x e y;

5º passo – Mudando a escala,clique em graphs e em seguida docu-


ments propeties;

6º Passo ajuste a escala eixo x e y;

58 • capítulo 2
7º passo – Melhor ajuste;
Clique em Calculus e em seguida regression.

 • 59
capítulo 2
2.7 Atividade Experimental l – Incertezas em
Medidas Experimentais

2.7.1 Objetivos gerais

Ao término desta atividade o aluno deverá ser capaz de:


•  Usar o paquímetro para medir o comprimento de objetos;
•  Usar uma balança para medir a massa de objetos;
•  Verificar que existe uma incerteza em toda medida experimental;
•  Estimar a incerteza de uma medida.

2.7.2 Material necessário:

•  Esferas metálicas;
•  Paquímetro (detalhes na última página);
•  Balança digital.

2.7.3 Procedimento experimental:

•  Usando o paquímetro meça o diâmetro da esfera e determine sua incerte-


za. Anote os valores obtidos na tabela abaixo;
•  Usando a balança meça a massa da esfera e determine sua incerteza.
Anote os valores obtidos na tabela abaixo;
•  Calcule o raio da esfera;
•  Usando seus conhecimentos de geometria espacial e a eq.1, calcule a den-
sidade da esfera.
•  Anote o valor obtido na tabela abaixo;
•  Usando a eq. 2 calcule a incerteza da densidade e, finalmente, anote o va-
lor obtido na tabela abaixo.
d = m/V (eq.1),

onde:
d = densidade de um objeto;
m = massa do objeto;
V = volume do objeto;

60 • capítulo 2
(eq. 2)
2 2
 ∂f   ∂f 
σf =   σ2x +   σ y 2 + ...
 ∂x   ∂x 
2 2
 ∂f  2  ∂f 
2

σd =   σm +   σ v
 ∂m   ∂v 

Lembre-se: a incerteza do volume “v” será igual a 3 vezes a incerteza


do paquímetro.

01 02

DIÂMETRO (CM)

INCERTEZA DO DIÂMETRO (CM)

MASSA (G)

INCERTEZA DA MASSA (G)

RAIO (CM)

INCERTEZA DO RAIO (CM)

VOLUME DA ESPERA (CM3)

INCERTEZA DO VOLUME (CM3)

DENSIDADE (G/CM3)

INCERTEZA DA DENSIDADE
(G/CM3)

OBS.: Caso o instrumento não esteja declarando o erro experimental, este


valor será a metade da menor medida lida pelo instrumento.

 • 61
capítulo 2
2.7.4 Objetivos gerais

Ao término desta atividade o aluno deverá ser capaz de:


•  Construir gráficos para visualizar o comportamento das grandezas físicas
envolvidas de uma maneira fácil e rápida;
•  Verificar como varia uma grandeza (por exemplo, espaço) em função de
outra (por exemplo, tempo);
•  Construir e interpretar o gráfico espaço em função do tempo
como exemplo.

2.7.5 Material necessário:

•  Papel milimetrado;
•  Lápis (não se constrói gráficos à caneta);
•  Régua milimetrada.

2.7.6 Procedimento experimental:

Para construir qualquer gráfico envolvendo grandezas físicas, devem-se ob-


servar as seguintes regras:
•  Escolha a área do papel com tamanho adequado;
•  Colocar título e comentários - é conveniente que uma pessoa observando
o gráfico,
•  possa entender do que se trata este gráfico, sem recorrer ao texto.;
•  Escolha escalas adequadas para colocar os valores nos eixos. Os eixos de-
vem ser desenhados claramente. A variável dependente geralmente estará no
eixo vertical, eixo y, e a variável independente no eixo horizontal, eixo x;
•  Coloque, de forma clara, as grandezas a serem representadas nos eixos
com as suas
•  respectivas unidades;

62 • capítulo 2
•  Coloque os valores das grandezas apenas com os números necessários à
leitura; não coloque valores especiais;
•  Marque nos eixos as escalas, escolhendo divisões que resultem em fácil
leitura de valores intermediários (por exemplo, divida de 2 em 2 e
•  não de 7,7 em 7,7).
•  Se possível, cada um dos eixos deve começar em zero;
•  Procure traçar a melhor reta ou curva, devendo recorrer a métodos mate-
máticos quan-
•  do os valores encontrados não estão adequados.

1. Construa o gráfico do Espaço em Função do Tempo de um corpo que


segue seu movimento uniformemente variado segundo os dados coletados
a seguir:
TEMPO(S)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
POSIÇÃO S (CM)

500 501 504 509 516 525 536 549 564 581 600

2. Observou-se o movimento de um bloco que desce deslizando um pla-


no inclinado.
Obteve-se um conjunto de medidas da velocidade e do tempo, que foram
anotados na tabela abaixo. Com base nisso, construa o gráfico da variação da
velocidade em função do tempo.

V(10–3 M/S) 105,0 150,0 240,0 290,0 340,0 430,0 500,0


T(10–2 S) 1,00 2,50 6,00 8,00 10,00 13,50 16,00

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apostila de laboratório de Física I. Universidade Estadual de São Paulo. Faculdade de Engenharia de
Bauru

capítulo 2  • 63
64 • capítulo 2
3
Cinemática
Vetorial
Enfim os movimentos! Neste capítulo, estudaremos os movimentos uni, bi e
tridimensionais, para isso, necessitamos entender os conceitos de sistemas de
coordenadas, ponto material, referencial e vetores. Nosso livro é um suporte ao
seu estudo, consulte também a sua biblioteca virtual.

OBJETIVOS
•  Definir sistema de coordenadas e posição;
•  Definir ponto material, referencial e posição;
•  Definir vetor posição e vetor deslocamento;
•  Definir deslocamento, velocidade e aceleração vetoriais;
•  Definir velocidade e aceleração vetoriais médias;
•  Definir velocidade e aceleração instantâneas;
•  Apresentar os movimentos unidimensionais;
•  Estudar o movimento uniforme e uniformemente variado;
•  Estudar o movimento de queda livre;
•  Estudar os movimentos bidimensionais e tridimensional;
•  Apresentar os movimentos bidimensionais: Projéteis e Circular;
•  Estudar a Equação da trajetória para o movimento de projéteis e circular.

66 • capítulo 3
3.1 Introdução
Enfim, o estudo dos movimentos! Sempre que falamos de movimento, logo sur-
ge a ideia de carros e motos, pois estes fazem parte do nosso cotidiano, mas foi
o movimento da Terra, do Sol e da Lua que exerceram forte domínio nos estu-
diosos. Aristarco (310-230 a.C.), foi o primeiro a lançar a ideia de que a Terra
gira ao redor do Sol, bem contrário a ideia de Aristóteles ( 384-322 a.C) que era
de que a Terra ocupava o centro de tudo.
Galileu (1564-1642) é considerado um dos pioneiros da ciência moderna,
e suas ideias prevaleceram de que o Sol é o centro do universo, apesar do forte
domínio político que a igreja católica exercia a favor das ideias de Aristóteles. A
Física que entendemos hoje, tem muito dos ensinamentos de Galileu.

MULTIMÍDIA
https://www.youtube.com/watchv=vKoHl92TLRY
Breve vídeo sobre a história do grande físico Galileu Galilei. Realizado a partir do docu-
mentário Deus criou o universo? (Stephen Hawking)

Figura 3.1 – Galileu Galilei.

capítulo 3  • 67
A Cinemática é a parte da Física que estuda os movimentos sem se preocu-
par com as suas causas. O termo Cinemática vem do grego Kinema que signi-
fica movimento. Para descrever os movimentos, precisamos inicialmente nos
dedicar a falar de uma ferramenta apropriada para este estudo, os vetores. A
linguagem dos vetores é de muita importância na engenharia, em outras ciên-
cias e até mesmo em nosso cotidiano. Os vetores servem para nos orientar e
descrever situações que envolvem rotações e forças.

3.2 Conceitos de Sistema de Coordenadas e


Posição

Vamos imaginar um avião durante uma viagem. Que informações ele deve
transmitir para os controladores em terra, a fim de descrever seu movimento?

Pólo Norte

90°

75°

60°
Localização
45° do avião:
Meridiano de Greenwich

LAT N 45°,
30°
Long L 30°
15° dor 75°
45°
30° Equa 60°
0° 45°
15° 30°
15° 15°
30°
45°
60°
75°

Pólo Sul

O piloto informa a localização do avião, ou seja, sua latitude e longitude em


tempos determinados, a partir desses valores da sua localização e tempo é pos-
sível calcular tempo de viagem, a rapidez com que se desloca, o quanto falta
para chegar ao destino, etc. Estes cálculos pertencem à Cinemática.

68 • capítulo 3
COMENTÁRIO
Os conceitos de Latitude e Longitude estão explicados nas seções seguintes.

CONCEITO
A Cinemática descreve os movimentos, relacionando a posição com o tempo.
Na Cinemática utilizam-se outras grandezas como velocidade e aceleração para des-
crever o movimento.

3.2.1 Ponto Material, Referencial e posição

A importância dos conceitos de ponto material, referencial e posição para o


entendimento da cinemática merece nossa atenção. Ponto Material e Corpo
extenso são conceitos relacionados às dimensões destes em relação ao fenô-
meno analisado.
Ex.: As dimensões do seu carro (largura, comprimento) em relação a sua
vaga de garagem é um corpo extenso, mas em relação a uma estrada em uma
viagem entre duas cidades essas dimensões são desprezíveis, podendo ser con-
siderado um ponto material.

CONCEITO
Na análise de um fenômeno, um corpo é considerado um ponto material quando suas di-
mensões são desprezíveis.
No estudo da Cinemática adotamos por simplificação que o corpo em movimento é um
ponto material, mas não podemos esquecer que o conceito de ponto material é relativo. Um
exemplo clássico são os movimentos da Terra em torno do Sol. No movimento de Translação
a Terra pode ser considerada em ponto material, mas no movimento de rotação em torno de
seu próprio eixo é um corpo extenso. Figura 2.

capítulo 3  • 69
Rotação

Terra
Sol

Translação

Figura 3.2 – Movimentos de Translação e Rotação da Terra.

No estudo da Cinemática e nas outras partes da Física, a localização de um ponto ma-


terial vai depender de um referencial, ou seja, um ponto de referência a partir do qual vão
ser feitas as medidas. Em seguida, realizamos as medidas e determinamos a posição de um
ponto a partir do referencial que chamamos de coordenadas do ponto.

RESUMO
A posição (coordenadas) de um ponto material é perfeitamente determinada em relação a
um referencial.

3.2.2 Sistema de Coordenadas Cartesianas

O sistema de coordenadas mais utilizado na física é o sistema de coordenadas


cartesianas que pode ser uma, duas ou três coordenadas.
A posição de uma casa fica perfeitamente determinada pelo seu número,
na figura o número é 1 (única coordenada) e neste caso o referencial é o início
da rua.

70 • capítulo 3
Figura 3.3 – Coordenadas e Referenciais unidimensionais.

Quando precisamos localizar um ponto no mapa, são necessárias duas


coordenadas a latitude e a longitude. No exemplo a cidade de Campo Grande
MS tem as coordenadas: latitude 20°26'34” Sul e longitude 54°38'47” Oeste.

Corumbá
MATO GROSSO DO SUL
Campo Grande

Dourados
Ponta Porã
PARAGUAI

Quais os referenciais para Latitude e Longitude?

 • 71
capítulo 3
Latitude
Latitude
A
90°
75°
60°
45° Norte
B
30°
15°
Graus

0° Equador
15°
30°
C Sul
45°
D
60°
75°
90°

Para o correto entendimento do que é Latitude, devemos lembrar que é a


Linha Imaginária do Equador o elemento delimitador das Latitudes. Existindo
as Latitudes Norte e as Latitudes Sul. A linha do Equador representa a Latitude
0° (zero graus). Lembre que além do Equador ser o referencial para a demar-
cação das Latitudes, esta linha imaginária também divide o nosso planeta em
Hemisfério Norte e Hemisfério Sul.
As latitudes variam de 0° a 90° na direção Norte e de 0° a 90° na direção
Sul. (lê-se de zero a noventa graus). Na imagem acima, os 90 graus norte e os 90
graus sul foram divididos de 15 em 15 graus, este recurso foi utilizado para uma
melhor representação cartográfica. Observe que na figura acima estão demar-
cados os pontos A, B, C, D, possuindo cada ponto as seguintes latitudes:
Ponto A: 90° Latitude Norte.
Ponto B: 30° Latitude Norte.
Ponto C: 45° Latitude Sul.
Ponto D: 60° Latitude Sul.

Longitude
Longitude
Meridiano de Greenwich

D
B

A C

180°150°120° 90° 60° 30° 0° 30° 60° 90° 120°150°180°


Oeste Leste

72 • capítulo 3
Para o correto entendimento do que é Longitude, devemos lembrar que é o
Meridiano de Greenwich o elemento delimitador das Longitudes. Existindo as
Longitudes Leste e as Longitudes Oeste. O Meridiano de Greenwich representa
a Longitude 0° (zero graus). Lembre que além do Meridiano de Greenwich ser o
referencial para a demarcação das Longitudes, esta linha imaginária também
divide o nosso planeta em Hemisfério Ocidental e Hemisfério Oriental.
As longitudes variam de 0° a 180° na direção Leste e de 0° a 180° na direção
Oeste. (lê-se de zero a cento e oitenta graus). Na imagem acima, os 180 graus
leste e os 180 graus oeste foram divididos de 30 em 30 graus, este recurso foi
utilizado para uma melhor representação cartográfica. Observe que na figura
acima estão demarcados os pontos A, B, C, D, possuindo cada ponto as seguin-
tes longitudes:
Ponto A: 120° Longitude Oeste. Ponto B: 30° Longitude Oeste. Ponto C: 90°
Longitude Leste. Ponto D: 180° Longitude Leste.
As longitudes em conjunto com as latitudes são denominadas de
Coordenadas Geográficas, sendo um importante recurso de localização na su-
perfície terrestre, pois sabendo a longitude e a latitude de um lugar, pode-se
chegar a qualquer ponto do nosso planeta.
Para localizar um avião em vôo são necessárias as três coordenadas (x, y) no
plano horizontal e z coordenada altura

altura
y
referência
x

Figura 3.4 – Referencial tridimensional.

 • 73
capítulo 3
Veja que o referencial é a torre de controle

z
Altitude

Avião
x
Latitude

Longitude
y

RESUMO
Sistema de coordenadas cartesianas
Unidimensional (uma coordenada)

y
O
x A (0,y,0) z A (0,0,z)
O A (x, 0,0) x
y z
O

O é a origem e é o referencial
Bidimensional Coordenadas no Plano ( duas coordenadas)

y
y A (x,y,0)
O
x
Plano x-y Plano x-z A (0,y,z)
Plano
A (x,0,z) y-z O
z
O x
z

O é a origem e é o referencial

74 • capítulo 3
Tridimensional Coordenadas no espaço (três coordenadas)

z
A (x,y,z)

O y

3.3 Deslocamento, velocidade e aceleração


vetoriais

No estudo dos movimentos até agora, nossas análises tiveram o objetivo de lo-
calizar um ponto material sobre uma trajetória previamente definida, porém
nem todos os fenômenos podem ser analisados por esse método. Para fazer-
mos uma análise mais abrangente dos fenômenos devemos utilizar os vetores.
Portanto, vamos definir deslocamento, velocidade e aceleração vetoriais.

3.3.1 Vetor-posição

Imaginemos que estamos estudando o movimento de um cometa cuja trajetó-


ria não sabemos, como descrever sua posição? Esta é uma situação que somen-
te com a ajuda de vetores poderemos resolver. O método utilizado para se loca-
lizar um ponto material é o vetor- posição, que vai de um ponto de referência
até o ponto material.

capítulo 3 • 75
Cometa

r Vetor posição

A figura mostra o vetor posição (r) de um cometa (ponto material), tomando-


se como referência a posição da Terra.

CONCEITO
O Vetor-posição de um ponto P em relação a um ponto O de referência é o vetor r. O módu-
lo de r é o comprimento do segmento OP, sua direção é a da reta suporte OP e seu sentido
é de O para P.


r

3.3.2 Vetor – deslocamento

O vetor - deslocamento entre P1 e P2 é o vetor Δ r obtido pela soma vetorial. Na


figura abaixo vemos facilmente que:
r1 + Δr = r2 ou Δr = r2 − r1

76 • capítulo 3
Observe que o vetor Δr tem origem em P1 e extremidade em P2.

P2 P1

∆r

r2
r1

EXEMPLO
A figura abaixo mostra a trajetória de um planeta em torno do sol, desenhe o vetor posição
do ponto P1 (r1) e P2 (r2) em relação ao sol, desenhe o vetor- deslocamento entre as posições
P1 e P2. Determine o módulo do vetor deslocamento, adote 1 cm:150 milhões de quilômetros.

P2
P1
 Planeta
∆r

r2

r1

Sol

Foco

Resolução
O segmento representativo de Dr tem comprimento de 2,7 cm. Utilizando a escala for-
necida temos:
|Dr| = 2,7 x 150 x106 = 405 milhões de quilômetros

 • 77
capítulo 3
3.3.3 Velocidade Vetorial média

Se desejamos saber a velocidade do planeta do exercício resolvido, podemos


utilizar os vetores- posição medidos em vários instantes. Para determinar a ve-
locidade, vamos utilizar o vetor-deslocamento e admitir que os instantes t1 e t2
são os tempos em que o planeta está na posição P1 e P2, respectivamente.

P1
Planeta

(P2, t2) ∆r
  (P1, t1)
r2 r1

Sol

Foco

Sendo Δt = t2 − t1, a velocidade vetorial média será dada por:



 ∆r
vm = m / s no S.I.
∆t

Observe que o vetor v m tem a mesma direção e sentido que Δr.

3.3.4 Velocidade Vetorial Instantânea

A velocidade vetorial instantânea é a velocidade vetorial média em um intervalo


de tempo muito pequeno.
 
 ∆r dr
v m = lim ⇒ =
∆t →0 ∆t dt

78 • capítulo 3
CONEXÃO
Quando falamos da velocidade de uma partícula, em geral estamos nos referindo à veloci-
 
dade instantânea v em um certo instante. Esta velocidade v é o valor para o qual tende a

v m quando o intervalo de tempo Dt tende a zero.
Portanto, temos a conexão entre a Física e o Cálculo Diferencial:

 dr
v=
dt


A velocidade vetorial instantânea v de um ponto material é definida a partir das seguin-
tes características:
•  direção: tangente à trajetória
•  sentido: o próprio sentido do movimento
•  módulo: igual ao módulo da velocidade escalar instantânea.


v

ATENÇÃO
Velocidade média não é a média das velocidades!

EXERCÍCIO RESOLVIDO
 
Uma partícula sofre um deslocamento de Dr = 12 m i + 4,0 m k em 4s, calcule a veloci-
dade média.
Resolução: Sabemos que a velocidade média é dada por:
  
 ∆r ∆x i + ∆y j + ∆zk
vm = =
∆t ∆t

Assim
 
 ∆r 12 m i + 4, 0 mk  
vm = = = 3 m/s i + 1m/sk
∆t 4

capítulo 3  • 79
3.3.5 Aceleração vetorial média
 
Considere a trajetória abaixo. Seja v1 a velocidade vetorial no instante t1 e v 2 a
velocidade vetorial média no instante t2.


v2
 t2
v1

t1

Define-se aceleração vetorial média como a relação entre a variação de velo-


cidade vetorial e o intervalo de tempo em que ocorre tal variação:

 ∆v
a m = m / s2 S.I.
∆t

3.3.6 Aceleração vetorial instantânea

A aceleração vetorial instantânea é a aceleração vetorial média em um intervalo


de tempo muito pequeno:
 
 ∆v dv
a = lim ⇒ =
∆t →0 ∆t dt

EXERCÍCIO RESOLVIDO
  
A velocidade inicial de um elétron é inicialmente 3 i + 5 j − 7k e 5s depois passa a ser
  
8 i − 10 j − 2k com todos os valores em metros por segundo. Para esses 5 s, determine
 
quais são: a aceleração média do elétron a m e o módulo de a m .
          
 ∆v v2 − v1 v2 − v1 ( 8 − 3) i + ( −10 − 5) j + ( −2 + 7) k 5 i − 15 j + 5k
am = = = = =
∆t ∆t ∆t 5 5

   
am = i − 3 j + k

80 • capítulo 3

Para calcularmos o módulo de am utilizamos:


am = a2x + a2y + a22 = (1)2 + ( −3)2 + (1)2 = 11 = 3, 32 m/s2

ATIVIDADE
A posição de uma partícula no eixo x é dada por x = 3 – 5t + 4 t3, com x em metros e t em
segundos. a) Determine a função velocidade v ( t) e a função aceleração a ( t ). b) Encontre
a velocidade e a aceleração para t = 2s.

3.4 Tipos de movimentos


3.4.1 Movimento Unidimensional

O movimento unidimensional é aquele que o ponto material se desloca somen-


te em uma direção. Exemplos: na figura (a) uma partícula rola por uma mesa
horizontal e em (b) a partícula cai verticalmente de uma altura y0

y0
y

y1

0 partícula

X y2

Figura a Figura b

Vamos considerar inicialmente o movimento de uma partícula rolando por


uma mesa como na figura acima (a). Neste movimento a partícula poderá per-
correr espaços iguais em tempos iguais ou não. Quando a partícula percorre

 • 81
capítulo 3
espaços iguais em tempos iguais temos o mais simples dos movimentos que é
o Movimento Uniforme (M.U.) Observe a figura abaixo:

Na figura o movimento das bolas foi registrado por meio de uma fotografia
estroboscópica. A bola vai da esquerda para a direita , e as fotos foram batidas
com intervalos de tempos iguais e constantes de 0,5 s.
Concluímos que, no movimento uniforme (M.U) a velocidade média e ins-
tantânea tem sempre o mesmo valor durante o movimento.

3.4.1.1 Gráficos e função horária do MU

A foto a seguir mostra os espaços e os instantes quando uma bola rola sobre
uma mesa horizontal, a bola como vemos percorre 1 cm a cada 1s.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

0s 1s 2s 3s 4s 5s 6s 7s 8s 9s 10s

sentido positivo

y
10 espaço (cm)

9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
0 tempo (s)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

82 • capítulo 3
ESPAÇO (CM) TEMPO (S)
0 0
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10

ATENÇÃO
O gráfico do espaço em função do tempo é uma reta, isto é propriedade do MU. O coeficiente
angular é fisicamente a velocidade média e o coeficiente linear é o espaço inicial.
O gráfico da velocidade em função do tempo é uma função constante, como
deveria ser, pois a velocidade é constante no tempo para o MU.

y
2 velocidade (cm/s)

x
0 tempo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

capítulo 3  • 83
COMENTÁRIO
Se calcularmos a área abaixo da reta no gráfico da velocidade em função do tempo esta nos
fornecerá deslocamento da bola.

y
2 velocidade (cm/s)

10 cm
1

Área ~= Distância percorrida

x
0 tempo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

O gráfico do espaço percorrido pela bola é uma reta, o que significa que o espaço é uma
função do primeiro grau do tempo. Para encontrarmos a equação correspondente a essa
função, partiremos da definição de velocidade vetorial média:

 ∆r
vm =
∆t

ATENÇÃO

Como o movimento está somente na direção x escrevemos ⇒ ∆r = ∆x
 
A velocidade média é igual a velocidade instantânea ⇒ v m = v = v

∆x x − xi
v= ou v = f
∆t tf − ti

84 • capítulo 3
Supondo que no instante inicial (ti = 0) o espaço inicial xi seja x0, que no tempo final
(tf = t) e o espaço final (xf = x) teremos:

x − x0
v=
t

Função Horária do MU ⇒ x = x0 + vt

COMENTÁRIO
A função horária do movimento determina para qualquer tempo a posição da partícula, esta
é uma característica da Mecânica Determinística de Isaac Newton.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Numa estrada, um automóvel em movimento uniforme com velocidade de 90 km/h encontra-
se no espaço inicial a 60 km quando seu motorista aciona um cronômetro. Onde estará o
automóvel quando o cronômetro indicar 10 minutos?
Resolução:
Convém que trabalhemos no Sistema Internacional onde velocidade é dada em m/s.
Para transformar Km/h em m/s basta dividir pelo fator 3,6 portanto 90 km/h / 3,6 = 25 m/s
Vamos encontrar a função horária do automóvel. O cronômetro foi acionado (t = 0) quan-
do o espaço era igual a 60 km ou 60.000 m. Logo este é o valor do espaço inicial x0 =
60.000 m
Então x = x0 + vt fica x = 60.000 + 25 t

Queremos saber qual será o espaço quando o cronômetro indicar 10 min (t = 10 min =
36.000s), substituindo o tempo na função horária temos:
x = 60.000 + 25 t = x = 60.000 + 25 x 36.000 = 960.000 m ou 960 km

capítulo 3  • 85
PERGUNTA
Ao definirmos aceleração vetorial instantânea como sendo a taxa de variação da
velocidade em função do tempo ( derivada), qual seria a aceleração no MU?
A resposta você já sabe é zero, pois a derivada de uma constante (velocidade) é zero.
Mais um conceito importante você aprendeu, que no MU a aceleração é zero, porque a
velocidade é constante.

3.4.1.2 Movimento Variado

A maioria dos movimentos que nos cerca, percebemos variação da velocidade


no tempo, todo movimento onde existe variação de velocidade no tempo é cha-
mado de variado. Como já foi definido, a grandeza que representa a rapidez
com que a velocidade muda no tempo é a aceleração.

 ∆v
a m = m / s2
∆t

Por isso, classificamos como movimento acelerado aquele que a velocidade


do móvel varia cada vez mais rápido e se ele se move cada vez mais lentamente
é chamado de retardado. Existe um movimento onde a aceleração é constante,
ou seja, a variação da velocidade no tempo é sempre constante. É o que veremos
a seguir.

3.4.1.3 Movimento Uniformemente Variado

O movimento uniformemente variado (MUV) é um caso particular do movi-


mento variado, pois como já falamos sua aceleração é constante. Vamos deter-
minar suas equações e gráficos como fizemos no MU. Observe a figura abaixo,
nela a partícula cai de uma altura e as suas posições são fotografadas nos tem-
pos determinados.

86 • capítulo 3
0 1
4
9
16
25

36

49

64

81

100

Montamos a seguinte tabela para o tempo medido com um sensor


em laboratório:

ALTURA (M) TEMPO (S)


0.02 0.022
0.04 0.062
0.06 0.087
0.08 0.108
0.10 0.124
0.12 0.139
0.14 0.152
0.16 0.165
0.18 0.176
0.20 0.190

O gráfico a seguir mostra o espaço em função do tempo:

 • 87
capítulo 3
y
altura (m)

0,25

0,2

0,15

0,1

0,05

x
0 0,05 0,1 0,15 0,2 tempo (s)

Observe que o gráfico não é retilíneo, portanto concluímos que o movimen-


to não é uniforme.
Se fizermos o gráfico da velocidade em função do tempo temos:

2
velocidade (m/s)

x
0 0,05 0,1 0,15 0,2 tempo (s)

Observa-se que a velocidade é variável e de uma forma bem determinada: o


gráfico velocidade em função do tempo é uma reta. Isto significa que a variação
da velocidade é proporcional ao intervalo de tempo, ou seja, Dv é constante.
No MUV a aceleração é constante. Dt

88 • capítulo 3

 ∆v
Podemos escrever então que a = e como no caso do MU podemos dis-
∆t
pensar o tratamento vetorial, pois estamos em um movimento unidimensio-
nal. Então:

∆v v f − v i
a= =
∆t t f − t i

Considerando ti = 0 tf = t e vi = v0 e vf = v, temos:

v − v0
a=
t

Logo temos a função horária para a velocidade:

Função horária para a velocidade do MUV ⇒ v = v0 + at

Qual seria a função horária para a posição ou espaço em função do tempo


para o MUV? Como vimos, o gráfico da posição em função do tempo é uma fun-
ção polinomial , mas como fizemos no MU ao calcularmos a área do gráfico da
velocidade em função do tempo obtivemos o espaço percorrido, vamos fazer
aqui para encontrarmos a função horária do espaço para o MUV.
Como sabemos o gráfico da velocidade em função do tempo no MUV é uma
reta. Como exemplo, temos o gráfico abaixo:

y
velocidade (m/s)

v0 + at

v0

tempo (s)
0 t

capítulo 3 • 89
Para encontrarmos a função horária basta calcularmos a área do trapé-
zio acima

( base maior + base menor ) altura


Área =
2

base maior = v0 + a t
base menor = v0
altura = t
Substituindo, temos:

X − X0 =
( v 0 + at + v 0 ) ⋅ t
2

Fazendo as operações algébricas chegamos que:

at 2
Função horária do espaço MUV ⇒ X − X 0 = v 0 t +
2

COMENTÁRIO
Resumindo: No MUV, o espaço é uma função do 2º grau do tempo, e sua representação
gráfica é uma parábola.
Uma equação interessante do MUV é a Equação de Torricelli. Evangelista Torricelli físico
e matemático italiano, foi discípulo de Galileu e viveu entre os anos de 1608 e 1647, sua
equação torna-se importante na medida em que não depende do tempo.
Dadas as funções horárias do MUV
v = v0 + at (1)

at 2
X − X0 = v0t + (2)
2

Isolando o tempo na equação (1) e substituindo na equação (2), após algumas manipu-
lações algébricas temos:
Equação de Torricelli ⇒ v 2 = v 20 + 2a∆x

90 • capítulo 3
3.4.1.4 Movimento de Queda Livre

Um exemplo clássico de Movimento Uniformemente Variado é o chamado


Queda Livre, se você arremessa um objeto para cima ou para baixo percebe que
o mesmo é atraído para baixo com aceleração constante, esta aceleração cha-
mamos aceleração em queda livre e representamos pela letra g . O mais inte-
ressante é que o valor desta aceleração não depende da massa, ou da forma do
objeto, é a mesma para todos os objetos. Por queda livre entende-se a queda no
vácuo, isto é, na ausência total de ar. Na figura abaixo vemos dois objetos cain-
do, na ausência de ar, tanto a pena como a maçã caem juntas.

A aceleração em queda livre nas proximidades da superfície da Terra é


a = – g = – 9,8 m/s2 e o módulo da aceleração é g =9,8m/s2. Este é o valor que usa-
remos na resolução dos problemas.

CURIOSIDADE
O valor de g varia com a latitude e com a longitude do lugar, se a Terra fosse uma esfera
perfeita o valor seria o mesmo em todos os pontos da superfície terrestre. A atração gravi-
tacional é maior no Rio de Janeiro porque o Rio está mais próximo do centro da Terra, relati-
vamente a Belo Horizonte, que está a uma altitude de 850 metros. Na Lua, a aceleração da
gravidade é cerca de seis vezes menor do que na Terra.

capítulo 3  • 91
O movimento de Queda Livre é um caso especial do MUV então todas as equações do
MUV são aplicadas para a Queda Livre, ou seja, se aplicam a um objeto que esteja descre-
vendo uma trajetória vertical, para cima ou para baixo, desprezando a resistência do ar.
Na Queda Livre temos:
•  A direção do movimento é ao longo do eixo y vertical e não ao longo do eixo x horizontal.
•  O sentido é positivo no sentido do eixo y apontando para cima.
•  A aceleração em queda livre é negativa, ou seja, para baixo, em direção ao centro da Terra
e, portanto tem o valor g nas equações.

EQUAÇÕES DO MUV EQUAÇÕES DA QUEDA LIVRE

at2 gt2
X − X0 = v 0 t + y − y0 = v0t ±
2 2

v = v0 + at v = v0 ± gt

v2 = v02 + 2 aDx v2 = v02 ± 2 gDy

ATENÇÃO
O sinal ± da aceleração g nas equações vai depender do movimento do objeto estar para
cima ou para baixo. A aceleração do movimento é sempre igual a g, com o sinal positivo ou
negativo, dependendo do sentido positivo adotado sobre a trajetória.

a = +g

Adotando sentido positivo para baixo, a aceleração será positiva.

a = –g

Adotando sentido positivo para cima, a aceleração será negativa.

92 • capítulo 3
EXEMPLO
01. Um objeto é abandonado do alto de um edifício e chega ao chão 3 s depois. Despre-
zando-se a resistência do ar e considerando g = 9,8 m/s2, determine:
a) a velocidade com que o objeto chega ao chão.
b) a altura do prédio.

Resolução:
Como o objeto está em uma queda vamos adotar o referencial adotando a trajetória para
baixo e considerar a origem o ponto de lançamento, então temos:
v0 = 0 ( pois o objeto é abandonado)
g = + 9,8 m/s2
y0 = 0
a) Como o tempo de queda é conhecido, podemos usar as equações que tem o tempo.
v = v0 + gt = 0 + 9,8 x 3 = 29,4 m/s
b) Para determinar a altura podemos usar a função horária dos espaços ou a equação
de Torricelli

v2 = v20 + 2g ( y − y 0 )
v2 − v20 (29, 4)2 − 0
y= = = 44,10 m a altura do edifício é 44,10 m
2g 2 ⋅ 9, 8

02. Um objeto é lançado verticalmente para cima, a partir do solo, com velocidade de 20m/s.
Desprezando a resistência do ar e considerando g = 9,8 m/s2, determine:
a) a altura máxima atingida;
b) o tempo para atingir a altura máxima.

Resolução:
Como o objeto é lançado para cima, estabelecemos que o sentido da trajetória é positivo
para cima e a origem no solo e neste referencial g = – 9,8 m/s2.

V0 = 20 m/s
g = –9,8 m/s2
y0 = 0 m

 • 93
capítulo 3
g

v0

a) Para calcular a altura máxima vamos utilizar Torricelli


v2 = v02 + 2 g (y – y0)

Lembrando que na altura máxima a velocidade é nula


v2 = v02 + 2g (y – y) = 202 – 2 x 9.8 (y – 0)

Para v = 0, temos:
0 = 400 –19,6 y ⇒19,6y = 400 ∴ y = 20,41 m

b) v = v0 – gt = 20 – 9,8 t = 0 ⇒ t = 20/9,8 = 2,04 s, o corpo atinge a altura máxima


em 2,04s.

ATIVIDADES
Movimento Uniformemente Variado

03. Uma pedra foi abandonada livremente. No instante t0 = 0,5 s, sua velocidade de queda
era de 4,9 m/s; e no instante t = 2,5 s, sua velocidade era de 24,5 m/s. Calcule a aceleração
média da pedra.

04. Qual a aceleração média de um automóvel que variou sua velocidade de 54 km/h para
72 km/h em 10 s? Utilize o SI.

05. Um foguete, para colocar um satélite em órbita, alcança a velocidade de 5,4 · 103 km/h
em 30 s, a partir do repouso. Qual a aceleração média do foguete nesse percurso?

06. Um automóvel que viajava a 72 km/h foi freado e parou em 10 s. Qual a sua aceleração
média, durante a freagem, em m/s2?

94 • capítulo 3
07. A tabela representa os valores da velocidade de uma partícula e os respectivos instantes.

T(S) 0 2 3 5 8
V(M/S) 20 10 0 -20 -30

a) Qual a aceleração média da partícula entre 0 s e 8 s?


b) Qual a aceleração média da partícula entre 2 s e 5 s?

Queda livre

08. De uma ponte deixa-se cair uma flor que demora 4s para chegar a superfície do rio. Sen-
do a aceleração da gravidade igual a 9,8 m/s2 e desprezando a resistência do ar, determine
a altura da ponte.

09. Um objeto é lançado verticalmente para cima, a partir do solo, com velocidade inicial de
30 m/s. Considere g = 9,8 m/s2 e despreze a resistência do ar, determine:
a) a altura máxima atingida.
b) o tempo necessário para atingir a altura máxima.
c) a velocidade do objeto depois de 6s. Nesse instante o objeto está subindo ou descendo?

10. De dois pontos A e B, situados respectivamente 70 m e 90 m acima do solo, caem si-


multaneamente dois objetos. Se o objeto que cai a partir de A é abandonado sem velocidade
inicial, que velocidade inicial deverá ter o outro objeto para que os dois toquem o solo ao
mesmo tempo? Considere g = 9,8 m/s2 e despreze a resistência do ar.

3.4.2 Movimento em duas e três dimensões

O movimento bidimensional e o tridimensional são descritos facilmente quan-


do utilizamos vetores, novamente voltamos ao conceito de vetorial para descre-
ver estes movimentos. A localização de uma partícula em relação à origem de
um sistema de coordenadas cartesianas pode ser escrito em termos dos vetores
→ → →
unitários i , j, k que servem para designar as orientações dos eixos x, y e z ,
respectivamente. O vetor posição r que em termos dos vetores unitários pode
ser escrito como:

capítulo 3  • 95
y
P (x, y)


r
j
i
x

Vetor posição bidimensional


  
r = xi + y j

Velocidade vetorial média bidimensional



 ∆r
vm =
∆t

 ∆r ∆x  ∆y 
vm = = i+ j
∆t ∆t ∆t

y
vy 
v
vx

j
i
x

Velocidade vetorial instantânea bidimensional



 dr dx  dy 
v= = i+ j
dt dt dt

96 • capítulo 3
Aceleração vetorial média bidimensional

 ∆v
am =
∆t


 ∆v ∆v x  ∆v y 
am = = i+ j
∆t ∆t ∆t

ax

ay a
j
i
x

Aceleração vetorial instantânea bidimensional



 ∆v
am =
∆t


 dv dv x  dv y 
a= = i+ j
dt dt dt

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Um avião decola de um aeroporto e é avistado mais tarde a 215 km de distância, em um cur-
so que faz um ângulo de 22º a leste do norte. A que distância a leste e ao norte do aeroporto
está o avião quando é avistado?
Resolução: O primeiro passo é esquematizar o problema.

capítulo 3  • 97
y

215 km
22°

aeroporto
x

Resolução: Conhecemos o módulo 215 Km e o ângulo 22° a leste do norte e


precisamos determinar as componentes do vetor dx e dy.

Norte

dy

22°

Oeste dx Leste

Sul

dx = distância a leste do aeroporto


dy = distância a norte do aeroporto
O ângulo que o vetor posição do avião faz com o eixo x é 90º – 22º = 68º Decompondo
o vetor em x e y, temos:
dx = 215 x cos 68º = 80,54 km
dy=215 x sen 68º= 199,34 km.

98 • capítulo 3
Generalizando para o movimento tridimensional


r
k

y
i j

   
Vetor posição tridimensional r = x i + y i + zk


 ∆ r ∆x  ∆y  ∆z 
Velocidade vetorial média tridimensional vm = = i+ j+ k
∆t ∆t ∆t ∆t

 dr dx  dy  dz 
Velocidade vetorial instantânea tridimensional v = = i+ j+ k
dt dt dt dt

 ∆v ∆v x  ∆v y  ∆v z 
Aceleração vetorial média tridimensional am = = i+ j+ k
∆t ∆t ∆t ∆t

 dv dv x  dv y  dv z 
Aceleração vetorial instantânea tridimensional a = = i+ j+ k
dt dt dt dt

3.4.2.1 Movimentos bidimensionais especiais

Podemos destacar dois movimentos bidimensionais especiais, o movimento


de projéteis e o movimento circular.
No movimento de projéteis ou balístico, uma partícula se move em um pla-
no vertical com velocidade inicial v0 e com uma aceleração constante, igual a
da queda livre g , dirigida para baixo. Esta partícula é chamada projétil e o mo-
vimento é chamado de balístico. No primeiro momento podemos pensar que

 • 99
capítulo 3
o movimento de projéteis é complicado, mas foi provado experimentalmente
que o movimento no eixo x é independente do movimento no eixo y. Na figura
vemos projéteis sendo lançados.

PERGUNTA
Qual a trajetória descrita pelos projéteis?

No movimento de projéteis temos uma combinação dos movimentos no


eixo x e no eixo y. Chamaremos de movimento na horizontal e na vertical.

v0x
v
vy

vx
vx
v0y ∆y
v0 vy v

v0x vx
x
∆x

vy v

100 • capítulo 3
Movimento Horizontal
No movimento horizontal não existe aceleração, então a componente da
velocidade vx possui um valor constante e não muda durante toda a trajetória,
dizemos que em x o movimento é uniforme. Como determinamos v0x?
Novamente precisamos utilizar os vetores, mais precisamente decompor
vetores, observe:

Y
P
y
v0
v0y = v0 senα

α
0 x X
v0x = v0 cosα

V0x é a componente da velocidade inicial na direção x que é V0 cos a.

Podemos escrever a posição em x como sendo:


x = x0 + vox t, mas v0x = v0 cosa, temos:
x = x0 + vox cos at (1)

Movimento Vertical
O movimento na vertical é o movimento de Queda Livre, portanto a acelera-
ção é constante e tem módulo g.
As equações do movimento de projéteis são:

Equações para Movimento de Projéteis


gt2 gt2
y − y0 = v0y t − ⇒ y − y 0 = v 0 sen α t −
2 2 (2)

v = v0 − gt ⇒ vy = v0 y − gt = v0 sena − gt (3)

v2 = v20 − 2g∆y ⇒ v2 = v20 ± 2g∆y ⇒ v2y = ( v 0sen α ) − 2g∆y


2
(4)

 • 101
capítulo 3
Equação da trajetória
Podemos obter a equação da trajetória y = f (x) isolamos o t na equação (1) e
substituímos na equação (2), após algumas manipulações algébricas e supon-
do que y0 e x0 são zero, temos que:

gx 2
y = tan αx − (5)
2 ( v 0 cos α )
2

A equação (5) é uma equação da forma y = bx + a x2, portanto de uma parábo-


la, logo a trajetória é parabólica.

Alcance horizontal
O alcance horizontal é a distância percorrida pelo projétil até voltar a altura
de lançamento. Para calcularmos o alcance utilizamos a equação (1)
x = x0 + v0 cosat
fazendo x – x0 = R, e y – y0 = 0 na equação (2) temos:
R = v0 cosat (6)
gt 2
0 = v 0sen αt −
2 (7)

Y
P
y
v0
v0y = v0 senα

α
0 x X
v0x = v0 cosα
R = alcance

Isolando o tempo na equação (6) e substituindo na equação (7), obtemos:

2 v 20
R= sen α cos α
g

Usando a identidade sen2a = 2 sena cosa

2 v 20
R= sen 2α
g

102 • capítulo 3
ATENÇÃO
Esta equação não fornece a distância horizontal percorrida pelo projétil quando a altura final
é diferente da altura de lançamento.

COMENTÁRIO
Quando temos a = 45º temos o alcance máximo, pois sen 90º = 1, que é o valor máximo.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
Tentando acertar o gol o jogador chuta a bola com velocidade inicial de 8 m/s, o ângulo a em
relação a horizontal é de 60º , qual o alcance?


v0

α x
R=?

Resolução:
O alcance está relacionado com o ângulo a através da equação abaixo

2 v 20
R= sen 2α
g

82
R= sen 120o = 5,6 m
9,8

capítulo 3  • 103
Movimento Circular Uniforme
Uma partícula que descreve um movimento circular uniforme está em uma
trajetória circular ou arco de circunferência com velocidade escalar constante
(uniforme). Em nosso cotidiano é comum observarmos o movimento realizado
por ventiladores, rodas de carros e também pelo liquidificador. Todos esses são
exemplos de aparelhos que utilizam o MCU. A figura abaixo mostra um brin-
quedo muito comum em parques, o chapéu mexicano, que executa revoluções
que vão se tornando mais rápidas com o passar do tempo. Portanto, é um movi-
mento circular mas não uniforme.

Relações fundamentais no movimento circular uniforme


O MCU é uma trajetória circular. Por isso, o vetor velocidade (velocidade li-
near) varia em direção e sentido, mas seu módulo continua constante.

va

vb

vc

  
V= a V= b Vc = cons tan te

104 • capítulo 3
Como na velocidade linear, o deslocamento é diretamente proporcional aos
intervalos de tempo, também ocorre na velocidade angular, onde os ângulos
são diretamente proporcionais aos intervalos de tempo.

∆s

∆ϕ ∆t

∆S
= v = constante ( velocidade linear tangente a trajetória)
∆t
∆Φ 2π = ω constante (velocidade angular )
=
∆t T

Para uma volta completa, o espaço percorrido é o comprimento da circun-


ferência – C = 2πR , o ângulo descrito é 360o e o tempo gasto no percurso é o
período T. Portanto:

∆S 2πR
v= = = ϖR
∆t T

Portanto,
v = ωR (1)
A equação (1) relaciona a velocidade linear com a angular. A velocidade es-
calar média (v) depende da frequência ou do período do movimento e do
raio da circunferência descrita.
Definimos frequência (f) como sendo o número de voltas da partícula em
uma unidade de tempo. A frequência é dada em hertz no S.I. ( Hz) . A velocida-
de angular média (w) depende apenas da frequência ou do período, mas não
depende do raio.

Aceleração centrípeta
No MCU, embora o valor numérico da velocidade linear de um ponto ma-
terial seja sempre o mesmo, ela não é constante, porque sua direção e sentido
varia de ponto a ponto. Se a velocidade varia, é porque existe uma aceleração

 • 105
capítulo 3
agindo sobre o ponto material em movimento circular uniforme. Esta acele-
ração é chamada de aceleração centrípeta. A aceleração centrípeta é sempre
dirigida para o centro da circunferência descrita pelo ponto material e o seu
módulo é dado por

v2
ac =
R

substituindo v = ωR
ac = ω2 R

A aceleração não altera o módulo da velocidade do ponto material; ela so-


mente é responsável pela variação da direção da velocidade.


v

 
at ac
O

a

Na figura observamos a outra componente da aceleração que é a aceleração


chamada de tangencial at , pois é tangente a trajetória.
O módulo da aceleração resultante é :

a = a2t + ac2

106 • capítulo 3
Função horária angular
Vimos no início do capítulo que a função horária do movimento retilíneo
Uniforme é x = x0 + vt. A função horária angular do MCU, localiza o ângulo
descrito em função do tempo gasto no percurso. Não utilizamos a posição do
ponto material, pois no MCU esta posição se repete; porém o ângulo descrito
por este ponto material nunca se repete, pois quando ele passa pelo mesmo
ponto acrescemos o valor do ângulo formado em 360o ou 2π rad. E com isto
podemos obter uma relação matemática entre o ângulo ϕ (fase) ou o instante
t considerado.
Para determinar a função horária angular, vamos considerar a figura abaixo:

t0
∆ϕ
t ϕ
ϕ0

origem

∆Φ
A velocidade angular é dada por ω = (1)
∆t

Mas ∆ϕ = ϕ ⋅ ϕ0 (2)
e ϕ = ϕ0 ⋅ ϕt (3)

Substituindo (2) e (3) em (1), achamos:


função horária angular ⇒ ϕ = ϕ0 + ωt

ϕ é o ângulo ou fase no instante t;


ϕ é o ângulo inicial ou a fase inicial;
ϕ é a velocidade angular;
t é o tempo.

 • 107
capítulo 3
3.5 Atividade Experimental III – Movimento
Retilíneo e Uniforme

3.5.1 Objetivos gerais

Ao término desta atividade o aluno deverá ser capaz de:


•  Caracterizar um movimento retilíneo e uniforme (MRU);
•  Calcular a velocidade de um móvel em MRU;
•  Prever a posição futura a ser ocupada por um móvel que se desloca
em MRU;
•  Construir os gráficos da posição versus tempo e da velocidade versus tem-
po de um móvel em MRU.

3.5.2 Material necessário:

•  Plano inclinado;
•  Um imã;
•  Cronômetro.

3.5.3 Procedimento experimental:

Eleve o plano 15° acima da horizontal;


•  Com o auxílio do ímã, posicione a esfera na marca x0 = 0 mm;
•  Libere a esfera, ligue o cronômetro e pare-o quando a esfera passar pela
marca x1 = 50 mm. Anote na tabela 1 a posição ocupada pelo móvel e o tempo
transcorrido e suas respectivas incertezas experimentais.
•  Repita esta operação para x2 = 100 mm, x3 = 150 mm, x4 = 200 mm, x5 = 250
mm, x6 = 300 mm, x7 = 350 mm e x8 = 400 mm, respectivamente.
•  Calcule a velocidade média em cada um dos percursos e complete a
tabela 3.1.
•  Utilizando os valores de x e Δt da tabela 3.1 construa em uma folha de pa-
pel milimetrado o gráfico x versus Δt.
•  Utilizando os valores de v e t da tabela 3.1 construa em uma folha de papel
milimetrado o gráfico de v versus Δt.

108 • capítulo 3
3.5.4 Responda às questões seguintes:

Qual o significado físico da inclinação da reta no gráfico x versus Δt?


•  Qual o significado físico da inclinação da reta no gráfico v versus Δt?
•  Qual o significado físico da área sob o gráfico de v versus Δt?
•  A função horária de um MRU é: x = x0 + vt. Usando os dados da tabela 3.1,
calcule a velocidade média da esfera e escreva a função horária do movimento
que ela efetua.
•  Usando a função horária obtida no item anterior, calcule a posição que irá
ocupar a esfera após 10 s de movimento.
•  Arraste a esfera até a posição 0mm, libere-a e, simultaneamente, ligue o
cronômetro. Meça a posição da esfera em t = 10 s. Esta posição coincide, dentro
das incertezas experimentais, com o valor calculado? Represente os intervalos
da medida experimental e da previsão teórica sobre um seguimento de reta.

Incer- Incer-
Incer- Inter- Incerteza da
POSIÇÃO teza da Deslocamento
teza no
valo de
teza no
Velocidade velocidade
OCUPADA posição (mm)
deslo-
tempo
intervalo
média (mm/s) média
(MM) (mm)
camen-
(s)
de tem-
(mm/s)
to (mm) po (s)
X0 = 0 δxn Dxn δDxn Dtn δDtn Vn = Dxn/Dtn DVn
X1 = δx1 = Dx1 = x1 – x0 δDx1 = Dt1 = δDt1 = V1 = δv1 =
X2 = δx2 = Dx2 = x2 – x0 δDx2 = Dt2 = δDt2 = V2 = δv2 =
X3 = δx3 = Dx3 = x3 – x0 δDx3 = Dt3 = δDt3 = V3 = δv3 =
X4 = δx4 = Dx4 = x4 – x0 δDx4 = Dt4 = δDt4 = V4 = δv4 =
X5 = δx5 = Dx5 = x5 – x0 δDx5 = Dt5 = δDt5 = V5 = δv5 =
X6 = δx6 = Dx6 = x6 – x0 δDx6 = Dt6 = δDt6 = V6 = δv6 =
X7 = δx7 = Dx7 = x7 – x0 δDx7 = Dt7 = δDt7 = V7 = δv7 =
X8 = δx8 = Dx8 = x8 – x0 δDx8 = Dt8 = δDt8 = V8 = δv8 =

Tabela 3.2 –

Lembre-se: para calcular a incerteza envolvendo duas grandezas físicas há a


necessidade de utilizar a equação de incerteza em medidas experimentais

2 2
∆x  δx   δt 
δv = ⋅   + 
∆t  ∆x   ∆t 

capítulo 3  • 109
3.6 Atividade experimental IV– Encontro de
dois móveis em movimento retilíneo uniforme
(MRU)

3.6.1 Objetivos gerais

Ao término desta atividade o aluno deverá ser capaz de:


•  Calcular a velocidade de um móvel em MRU;
•  Escrever a função horária de um móvel em MRU;
•  Estabelecer um sistema de equações para o encontro de dois móveis que
partem simultaneamente um de encontro ao outro, na mesma trajetória;
•  Resolver o sistema de equações que determina o instante e a posição de
encontro de dois móveis que se cruzam na mesma trajetória;
•  Traçar, em um mesmo par de eixos, o gráfico da posição versus tempo para
dois móveis que se cruzam;
•  Determinar gráfica e numericamente o instante e a posição em que se cru-
zam dois móveis em MRU na mesma trajetória;

3.6.2 Material necessário:

•  Plano inclinado;
•  Um imã;
•  Cronômetro.

3.6.3 Procedimento experimental:

Eleve o plano 15° acima da horizontal;


•  Com o auxílio do ímã, posicione a esfera na marca x0 = 0 mm;
•  Libere a esfera, ligue o cronômetro e pare-o quando a esfera passar pela
marca x = 400 mm. Anote na tabela 3.2 a posição ocupada pelo móvel, o
tempo transcorrido e suas respectivas incertezas experimentais.
(meça 5 vezes e tire a média para cada experimento para poder minimizar o
erro experimental)
•  Calcule a velocidade média da esfera no percurso entre 0mm e 400mm.

110 • capítulo 3
•  Prepare o cronômetro e incline o conjunto (plano inclinado), fazendo
com que a bolha de ar vá para a posição 400 mm. Torne a apoiar o conjunto
na mesa, cronometre e acompanhe o movimento da bolha até a posição 0mm.
Anote os dados na tabela 3.2;
•  Para o movimento uniforme define-se uma função horária (função mo-
vimento) expressa por: x(t) = x0 + vt, onde está implícito que t0 = 0s. Identifique
os parâmetros dos movimentos da esfera e da bolha e escreva suas fun-
ções movimento;
•  Usando as funções movimento da esfera e da bolha calcule o instante de
tempo e a posição em que elas irão se encontrar;
•  Utilizando os dados da tabela 3.2, trace em um mesmo par de eixos, em
um papel milimetrado, o gráfico das funções horárias da esfera e da bolha
(identifique-as).

3.6.4 Responda as questões seguintes:

•  Qual o significado físico das coordenadas do cruzamento das duas re-


tas representativa dos movimentos?
•  Sua observação experimental coincide com resultado previsto utilizando
as funções movimento? Represente (no gráfico) o resultado obtido experimen-
talmente e a previsão obtida através das funções movimento em um mesmo
segmento de reta. Compare os valores teórico com o experimental.
INCERTEZA NO INTERVALO DE TEMPO
INCERTEZA NO DESLOCAMENTO DX

INCERTEZA DA VELOCIDADE MÉDIA


INCERTEZA DA POSIÇÃO DXN (MM)

VELOCIDADE MÉDIA V=DX/DT


INTERVALO DE TEMPO DT (S)
POSIÇÃO OCUPADA X0 (MM)

DESLOCAMENTO DX (MM)
POSIÇÃO FINAL X (MM)

INCERTEZA

DV (MM/S)
(MM/S)
DT (S)
MÓVEL

(MM)
DX (MM)

ESFERA

BOLHA

Tabela 3.3 –

capítulo 3  • 111
3.7 Atividade experimenta lV – Aceleração da
gravidade

3.7.1 Objetivos gerais

Determinar experimentalmente a aceleração da gravidade usando o


pêndulo simples.

Material necessário:
•  Kit de pêndulo simples;

•  Cronômetro digital;
•  Régua milimetrada.

3.7.2 Introdução teórica:

A aceleração da gravidade foi calculada pela primeira vez por Galileu


Galilei, no século XVI. Galileu foi um grande físico italiano, o pai da física
experimental, por que foi o pioneiro a usar o método experimental nos estu-
dos dos fenômenos da natureza. Antes de Galileu, os fenômenos físicos eram
apenas teóricos e se baseava apenas na experiência dos grandes filósofos,
como Aristóteles. Por exemplo, Aristóteles achava que os corpos mais pe-
sados caíam primeiro em relação aos corpos mais leves, quando ambos
fossem abandonados juntos. Essa ideia durou mais de dois mil anos sem

112 • capítulo 3
ser questionado, inclusive foi adotado com verdades universais Pela Igreja
Católica. Galileu em sua famosa experiência na Torre de Pisa, mostrou que des-
prezando a resistência do ar, os corpos de diferentes massas caem juntos,
com mesma aceleração da gravidade.
A força peso P, cuja expressão é dada por:
P = m.g (1)
Onde m é a massa do corpo e g é a aceleração da gravidade. Na superfície
da Terra esse valor corresponde a g = 9,81 m/s2. O objetivo deste experimento é
encontrar este valor, usando o pêndulo simples, considerando pequenas oscila-
ções, usando a seguinte expressão:

l
T = 2π (2)
g

Onde T é o período de oscilação, l é o comprimento do barbante e π = 3,1415...

3.7.3 Procedimento experimental:

•  Libere o fio por cerca de 12 cm.


•  Faz-se um ângulo de aproximadamente de 30º a 45º e, solta-se e ao mes-
mo tempo aciona-se o cronômetro.
•  A cada dez oscilações, anota-se o tempo marcado pelo cronômetro.
•  D- Repita o item anterior cinco vezes e depois registre na tabela abaixo:
L = cm

t1 t2 t3 t4 t5 tmédio

Onde tmédio = t1+ t2 + t3 + t4 + t5/5

•  Calcule o período, fazendo T = tmédio/10;


•  Na equação (2), com auxílio de ferramentas algébricas, isole “g”;
•  Calcule na eq. (2) o valor para aceleração da gravidade no local;
•  Compare o valor encontrado com o tabelado: g = 9,81m/s2, através do
erro relativo;

g 1 − g ex
∆g = ≤ 10%
gt

 • 113
capítulo 3
Onde gt é o valor de g teórico e gex é o valor de g obtido pelo experimento.

Lembrando que só será aceito o erro nessa margem de erro, 10%. O aluno
deverá justificar as principais fontes de erro neste experimento, o qual levou a
encontrar este valor experimental

•  Repita os itens C até H com o outro barbante, anotando na tabela abaixo:

Repita todo o procedimento para um fio com cerca de 25cm e compare os


resultados dos dois procedimentos.

3.8 Atividade Experimental VI – Colchão de


arlinear

3.8.1 Objetivos gerais

Ao término desta atividade o aluno deverá ser capaz de utilizar o colchão de ar


linear para determinar a aceleração média e a velocidade final do carro.

3.8.2 Material necessário:

•  Conjunto de colchão de ar linear


•  Gerador de fluxo de ar
•  Mangueira de conexão
•  Trilho de ar
•  Carro
•  Sensores fotoelétricos
•  Cronômetro digital
•  Bobina de travamento

114 • capítulo 3
3.8.3 Procedimento experimental:

1o Monte todo o equipamento como demonstrado pelo professor;


2o Nivele o trilho para um ângulo de 5o;
3o Anexe ao carro a cerca ativadora;
4o Configure os sensores e trave o carro na bobina.

Como acessar as funções e seus comandos:


•  Trave a bobina;
•  Escolha a função;
•  Escolha para 2 sensores;
•  Escolher não inserir distância;
•  Ao aparecer (Inicie experimento) pode liberar a bobina;
•  Escolha (ver experimento);

Realize o experimento para 4 distâncias diferentes (realize 3 vezes cada para


certificar-se).

5o Libere a bobina e registre os dados na tabela;

Espaço (m) S0 = S1 = S2 = S3 = S4 =
Tempo (s) t0 = t1 = t2 = t3 = t4 =
Velocidade (m/s) v0 = v1 = v2 = v3 = v4 =

6o Utilizando a equação do espaço no M.R.U.V, calcule a aceleração do siste-


ma para um ΔS = S4 – S0;

Este valor será usado em todos os cálculos.

7o Calcule as velocidades (V1, V2, V3 e V4) com base na aceleração encontra-


da e nos tempos obtidos;
8o Construa os gráficos (em papel milimetrado) do espaço e da velocidade
em relação ao tempo;
9o Calcule a área do gráfico “velocidade X tempo” e compare o resultado com
o ponto escolhido no plano.
10o Utilizando a equação da velocidade no M.R.U.V, calcule a velocidade fi-
nal do sistema para um tempo previsto de 10s;

capítulo 3 • 115


3.9 Atividade Experimental VII – Queda Livre

3.9.1 Objetivos gerais

•  Caracterizar o MRUV;
•  Comparar o MRUV com o movimento de queda livre;
•  Determinar o valor aproximado da aceleração gravitacional no lo-
cal experimentado.

3.9.2 Material necessário:

Kit de queda livre:


•  Painel vertical
•  Tripé universal
•  Bobina
•  Esfera
•  Aparador
•  Sensores fotoelétricos
•  Cronômetro digital
•  Prumo (para alinhamento vertical)

3.9.3 Procedimento experimental:

1o Monte todo o equipamento como demonstrado pelo professor, verifican-


do seu nivelamento;
2o Nivele a posição correta dos sensores e marque o Si e Sf;
3o Configure os sensores e trave o carro na bobina.

Como acessar as funções e seus comandos.


•  Trave a bobina;
•  Escolha a função;
•  Escolha para 2 sensores;
•  Escolher não inserir distância;
•  Ao aparecer (Inicie experimento) pode liberar a bobina;
•  Escolha (ver experimento);

116 • capítulo 3
•  Realize o experimento para 5 deslocamentos diferentes (3 vezes para certi-
ficar-se) e anote dos dados na tabela.

4o Libere a bobina e registre os dados na tabela;

Espaço (m) h0 = h1= h2= h3= h4= hf =


Tempo (s) t0 = t1 = t2 = t3 = t4 = tf =
Velocidade (m/s) v0 = v1 = v2 = v3 = v4 = vf =

5o Utilizando a equação do espaço no M.R.U.V, calcule a aceleração


do sistema;
Use uma velocidade inicial (V0) previamente calculada pelo professor;
O valor utilizado na aceleração será usado em todo o procedimento.

6o Calcule as velocidades (V1, V2, V3, V4 e Vf) com base na aceleração encontra-
da e nos tempos obtidos;
7o Construa os gráficos (em papel milimetrado) do espaço e da velocidade
em relação ao tempo;
8o Calcule a área do gráfico “velocidade X tempo” e compare o resultado com
o ponto escolhido no plano.
9o Compare o resultado da aceleração obtida com o valor tabelado(g = 9,81
m/s2). Calcule sua incerteza.

g 1 − g ex
∆g = ≤ 10%
gt

Onde gt é o valor de g teórico e gex é o valor de g obtido pelo experimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Disponível em: <http://www.geografos.com.br. >. Acesso em: 10 out. 2015.
CHIQUETTO, M. J.; PARADA, A. A.; Física. Vol1, Mecânica. Editora Scipione: São Paulo, 1991
ALVARENGA, B.;MÁXIMO, A., Física. Volume Único. 1997, ISBN 852623019-0
WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Fisica. v. 1 Editora LTC. 9 ed. 2012.
Disponível em <http://www.cefetsp.br/edu/okamura/mcu_resumo_teorico.htm> Acesso em
17/10/2015.

capítulo 3  • 117
118 • capítulo 3
4
Leis de Newton
Neste capítulo iniciamos a dinâmica com os estudo das três Leis de Newton.
Isaac Newton foi um dos maiores cientistas da humanidade e por isso, apre-
sentamos um vídeo sobre a história desse grande cientista que revolucionou a
ciência, vale a pena conferir. Em seguida introduzimos os conceitos de massa,
inércia e força que são subsídios teóricos para o entendimento das três leis e
para os capítulos seguintes. Apresentamos o método do diagrama do corpo li-
vre (DCL) para a resolução dos problemas.
Dica: Os exercícios propostos nas atividades são importantes, mas não se
limite a eles. Quanto mais exercícios , maior o sucesso no curso!

OBJETIVOS
•  Conceituar massa
•  Conceituar força
•  Conceituar inércia
•  Enunciar a 1ª lei de Newton ( Lei da Inércia)
•  Definir referencial inercial
•  Definir força resultante
•  Conceituar força elástica e deformação
•  Definir força peso
•  Definir força normal
•  Definir força de tração
•  Enunciar a 2ª lei de Newton ou Princípio Fundamental da Dinâmica
•  Enunciar a 3ª lei de Newton ou Lei da Ação-Reação
•  Apresentar estratégias de resolução de problemas envolvendo as leis de Newton.

120 • capítulo 4
4.1 Introdução
No capítulo anterior, no estudo dos movimentos, vimos que a variação de ve-
locidade produz uma aceleração, e consequentemente esta aceleração vai es-
tar relacionada a uma “força”. Você provavelmente já levou um empurrão ou
já tentou deslocar algum objeto do lugar, nestas situações houve variação de
velocidade e dizemos que uma força agiu para alterar a velocidade tanto sua ao
levar um empurrão quanto do objeto que inicialmente estava parado.
Você deve estar imaginando as inúmeras situações no nosso cotidiano que
envolvem forças, desde um acidente de trânsito, onde batemos contra algum
obstáculo, até mesmo quando colocamos um aparelho ortodôntico forçando
os dentes ao alinhamento, quando fazemos musculação ou quando observa-
mos edifícios cada vez mais altos. Como o entendimento da física melhora o
trânsito? Como a física ajuda os dentistas a entender as forças que devem apli-
car sobre os dentes para alinhá-los? Como a física ajuda os fisioterapeutas a en-
tender o nosso caminhar e onde estamos forçando nossas articulações? Como
a física ajuda nos projetos de edifícios cada vez mais altos?
Bem-vindos à Dinâmica! A Dinâmica é a parte da física dentro da mecâni-
ca que estuda os movimentos preocupando-se com as suas causas. A dinâmi-
ca como entendemos hoje foi idealizada pelo grande cientista, talvez o maior
gênio de toda a ciência, Isaac Newton que nasceu na Inglaterra em 1642, ano
da morte de Galileu e faleceu em 1727. No link abaixo você poderá conhecer a
interessante história desse grande gênio.

MULTIMÍDIA
https://youtu.be/LWMOzNQl268

capítulo 4 • 121


CURIOSIDADE
A história da “Maçã de Newton”
Folclore ou não, a história da maçã de Newton sempre intrigou a humanidade e por
isso podemos encontrar várias versões sobre o suposto episódio, o relato a seguir é um
texto educacional norte-americano que me chamou mais atenção pela riqueza dos detalhes,
acompanhe! .

“Newton tinha estado primeiro sobre magnetismo. Em 1600, alguém descreveu


como a atração entre dois pedaços de metal podia ser tornada mais forte. Newton
pensou, “Deve haver uma conexão entre ímãs e a ordem do universo. A Terra circula
em torno do Sol. A Lua circula em torno da Terra. Certamente a Terra é atraída pelo Sol
e a Lua pela Terra! De outro modo, eles não voariam embora pelo espaço?” Newton
também pensou sobre a bússola. Ela era usada por navegadores desde o século XII.
Newton conjeturou, “Seria a Terra um grande ímã?” A lenda diz que em um belo dia
ensolarado, Newton estava relaxando sob uma macieira. Pássaros canoros gor-
jeavam em suas orelhas. Abelhas estavam zumbindo nos campos com flores.
Havia uma brisa muito gentil. Newton estava muito relaxado. Ele cochilou por alguns
minutos. De repente, uma maçã caiu sobre a cabeça de Newton. Ele acordou com
um susto. Olhou para cima. “Com certeza um pássaro ou esquilo derrubou a maçã da
árvore”. Mas não havia pássaros ou esquilos na árvore ou por perto. A brisa ainda era
fraca. Ela não poderia ter feito a maçã cair. Então uma ideia brilhou em sua mente. Ele
esqueceu da dor causada pela batida da maçã. Ele pensou, “Apenas alguns minutos
antes, a maçã estava pendurada na árvore. Agora ela está no chão. Nenhuma força
externa a fez cair. Deve haver alguma força subjacente que causa a queda das coisas
para a terra. Assim como os ímãs são atraídos uns para os outros, tudo cai para a Terra.
Toda massa é atraída para a terra.” A partir dessa experiência e ideia, Newton formulou
sua teoria da atração das massas.
A teoria explicava tanto a queda da maçã quanto o movimento das estrelas e dos
planetas. A maçã caiu na terra porque sua massa foi atraída pela massa da terra. New-
ton chamou essa força de gravidade. A gravidade afeta todos os corpos celestes.
Por exemplo, a terra não voa para fora no espaço, mas segue uma órbita em torno do
Sol por causa da gravidade do Sol.”
(The English Enlightenment, pp. 1–3.)

122 • capítulo 4
O mais importante antes de perguntar se houve ou não esse fato, é deixar claro a vocês,
estudantes, que mesmo sem a existência desse fato a Mecânica Newtoniana ia ser estabe-
lecida, porque Newton estava em constantes questionamentos; a gravidade já era conhecida
o fato da maçã ter caído pode ter desencadeado as ideias, que muito provavelmente seriam
desencadeadas sem a queda da maçã.

4.2 Conceitos de Massa e Força


No capítulo 1, apresentamos o Sistema Internacional de Unidades, vimos os pa-
drões das grandezas fundamentais de comprimento, do tempo e da massa. No
estudo da cinemática utilizamos as grandezas como o comprimento e o tempo,
mas na dinâmica vamos utilizar a outra grandeza: massa.
A massa de um corpo pode ser medida por comparação com massas afe-
ridas que são obtidas a partir de uma massa-padrão (veja capítulo 1, padrão
de massa).
Além do quilograma, são comuns unidades de grama (g) e tonelada (t):
1g = 10-3 kg
1t = 103 kg

A massa de maneira geral é uma avaliação do efeito da interação entre os


corpos, por isso que está relacionada com outra grandeza chamada força. A in-
teração entre os corpos é medida através da grandeza força.
Força é a grandeza física que descreve a interação entre os corpos. O efeito
da força sobre o movimento dos corpos é a alteração da velocidade e também
sua deformação.

4.2.1 Força e deformação

Chamamos de deformação qualquer alteração na forma de um corpo. Na figura


abaixo vamos analisar a força de deformação versus a deformação.

capítulo 4  • 123
F
Deformação
Deformação P irreversível
reversível

∆x

Figura 4.1 – Força em função da deformaçãoDx.

Observando o gráfico, podemos ver que no início temos um comportamen-


to linear, ou seja, a força de deformação é proporcional a sua deformação, isto
quer dizer que se deformamos o material com uma força e logo em seguida re-
tirarmos esta força o material volta ao seu estado anterior. Nesta região chama-
mos o comportamento do material de elástico. A força elástica (equação 1) foi
estabelecida pelo cientista inglês Robert Hooke (1635- 1703) e é válida dentro
do limite elástico do material.
Lei de Hooke F = K x (1)
K = constante elástica

COMENTÁRIO
A constante elástica é uma medida da rigidez do corpo. Quanto mais rígido o material maior
será sua constante elástica.
Os materiais sólidos possuem o regime elástico, porém para a maioria este é muito pe-
queno. O ponto P no gráfico é o limite elástico do material acima desse ponto o material deixa
de ser elástico, ou seja, as deformações passam a ser permanentes ou irreversíveis.
A massa muitas vezes é confundida com inércia. Você certamente já “experimentou”
a inércia, quando um ônibus entra em movimento, o passageiro que estiver em pé tende a
cair, a não ser que ele se segure em alguma coisa. Outro exemplo, quando um carro faz uma
curva, em alta velocidade, tende a derrapar. Se os pneus não aderem ao chão, o carro não
fará a curva, prosseguindo em linha reta. Concluímos que, os corpos tendem a manter-se em
repouso ou em movimento a menos que sofram ações externas.

124 • capítulo 4
CONCEITO
A inércia é a propriedade geral de todos os corpos de manterem seu estado de repouso ou
de movimento na ausência de ações externas.

4.3 As Leis de Newton


Isaac Newton foi quem sintetizou todas as conquistas de outros cientistas de
sua época como Galileu, Kepler, Robert Hooke, Christian Huygens entre ou-
tros. No livro, figura 3 publicado em 1687, ele lançou a teoria geral do movi-
mento, baseada em três leis, que constituem os princípios da Dinâmica e são a
base da chamada Física Clássica.

Figura 4.2 – Livro Principia de Isaac Newton.

4.3.1 Primeira Lei (Lei da Inércia)

Se não houver ações externas sobre um corpo, ele se manterá em repouso ou


em movimento retilíneo uniforme.
Entendemos também que ausência de forças significa força resultante nula,
sendo assim podemos enunciar a primeira lei de Newton como sendo:
Se a força resultante sobre um corpo é nula, o corpo mantém o estado de
repouso ou de movimento retilíneo uniforme.

capítulo 4  • 125
4.3.2 Referenciais Inerciais

Convém estabelecer que o repouso e o movimento retilíneo uniforme são dina-


micamente equivalentes, pois ocorrem na ausência de forças, dependendo do
referencial adotado existe a ocorrência de um ou de outro.

CONCEITO
Referencial Inercial é aquele para o qual vale o princípio da inércia.

CURIOSIDADE
A Terra, a rigor não é um referencial inercial, pois além de apresentar movimento de rotação
também se move em trajetória curva em torno do Sol. Porém, para fenômenos de curta
duração, ela pode ser considerada inercial, quando os fenômenos são mais longos como
em Astronomia utiliza-se o referencial estelar, pois as posições das estrelas permanecem
invariáveis por anos de observação.

4.3.3 Segunda Lei (Princípio Fundamental da Dinâmica) (PFD)

A segunda lei afirma que, se a força resultante sobre um corpo não é nula, sua
velocidade varia; portanto o corpo tem aceleração. E essa aceleração é propor-
cional à força resultante de todas as forças que agem sobre o corpo.
→ →
PFD F = m · a (2)
onde

FR = força resultante
m = massa (Kg)

a = aceleração (m/s2)
→ →
Observe que FR e a grandezas vetoriais, que possuem a mesma direção e o
mesmo sentido uma vez que a grandeza m é escalar e sempre positiva.

 
a FR

126 • capítulo 4
Força resultante é a força que, agindo sobre um corpo isoladamente, produz
o mesmo efeito que o conjunto de forças que age sobre ele. A Força é dada no
S.I. como Newtons (N) 1N = 1kg . m/s2.
1 N é a força que, aplicada a um corpo de 1kg de massa, imprime-lhe
uma aceleração de 1m/s2. O aparelho que usamos para medir força chama-
se dinamômetro.

EXERCÍCIO RESOLVIDO
→ →
Um corpo de massa m = 150 g está submetido à ação de duas forças F1 e F2 de módulos
1 N e 3 N, respectivamente. Determine a aceleração do corpo.

 
F1 F2

→ → →
Resolução: Precisamos encontrar a resultante FR = F1+ F2 e aplicar a segunda lei
de Newton:
→ →
FR = m · a

Como as forças têm mesma direção e sentido, temos:


→ → →
FR = F1+ F2 = 1 N + 3 N = 4 N

A massa deverá ser transformada em quilogramas, bastando dividir 150 por


1000 = 0,15 kg.

FR 4
Portanto =
a = = 26, 67m / s2
m 0,15

4.4 Terceira Lei de Newton (Ação-Reação)


A terceira lei de Newton, afirma que a toda ação corresponde a uma reação
de igual intensidade e direção, porém em sentido oposto. Segundo esta lei,
se um corpo 1 (Terra) aplica uma força em 2 (asteroide), o corpo 2 também
vai aplicar a mesma força em 1, de mesma intensidade, direção porém senti-
do contrário.

 • 127
capítulo 4

Linha de ação da força F21


F12

Figura 4.3 – Lei da ação e reação entre dois corpos.


F =Força que o corpo 2 exerce em 1
21

F12 =Força que o corpo 1 exerce em 2

→ →
As forças F21 e F12 ocorrem simultaneamente, podendo qualquer uma delas
ser chamada de ação e a outra de reação. Vetorialmente falando:
→ →
F21 = – F12

ATENÇÃO
Estamos tratando de forças que resultam da interação entre corpos distintos. As forças inter-
nas serão estudadas em Resistência dos Materiais. Podemos afirmar que as forças de ação
e reação estão sempre aplicadas em corpos diferentes.

128 • capítulo 4
4.5 Algumas Forças Importantes

4.5.1 Força-Peso (W)

No capítulo 3, vimos que um corpo quando é abandonado no vácuo, cai com



aceleração g (Queda livre) somente a força-peso atua nesse movimento, portan-
to esta força é a resultante.
Se aplicarmos a segunda lei de Newton, temos:
→ → →
FR = W como a aceleração é igual a g, temos:
→ →
W=m·g


w

Figura 4.4 – Força-peso com que a Terra atrai os corpos.

Isto significa que o peso de um corpo é dado pelo produto de sua massa pela
aceleração da gravidade. Seu sentido é vertical dirigido para baixo. O peso é a
força com que a Terra atrai os corpos.
O peso por ser uma força também tem a unidade no S.I para força que é
Newton (N). O quilograma-força (kgf) é uma unidade frequentemente encon-
trada para força e corresponde a 9,8N.
1kgf = 9,8 N
A massa de um corpo é uma grandeza invariável, ou seja, 1kg na Terra cor-
responde a 1 kg na Lua, por exemplo. Mas o seu peso pode variar devido à varia-
ção da aceleração da gravidade, para obtermos o peso do corpo de 1kg na Lua
devemos conhecer a aceleração da gravidade na Lua.

capítulo 4  • 129

4.5.2 Força Normal (N)

Um corpo apoiado sobre um plano horizontal exerce uma força sobre esse

plano, devido ao seu peso W. O plano aplica sobre o corpo uma força chamada

reação normal (perpendicular ao plano) N.

→ →
Figura 4.5 – Força- peso w e força Normal N.

→ →
Note que a força normal N e a força-peso W não formam par ação e reação. A
reação do peso está aplicada no centro da Terra e a reação da normal está apli-
cada no plano de apoio.


4.5.3 Força de Tração de um Fio ( T)

Observe a figura da Ponte Newton Navarro em Natal RN.

Figura 4.6 – Força de Tração na Ponte Newton Navarro RN.

130 • capítulo 4
Esta ponte possui cabos que sustentam sua estrutura, pelo princípio da
ação e reação o ponto A aplica uma força em B e o ponto B aplica uma força em
A. Se consideramos o fio inextensível essas forças serão iguais.
As forças que agem nas extremidades de um fio ideal são sempre de mesma
intensidade. São essas que mantêm o fio esticado, por essa razão são chamadas
de tração do fio.


4.5.4 Força de Atrito (Fat)

O atrito é provocado por superfícies em contato. Quando uma superfície é es-


fregada na outra, tendem a se interpenetrarem, oferecendo, assim, uma resis-
tência ao movimento relativo. O atrito é provocado pela coesão das moléculas
localizadas nas superfícies que se estão em contato. Do ponto de vista micros-
cópico, esta adesão superficial entre as moléculas das superfícies ocorre devido
a forças de interação intermoleculares. Meios como o ar, a água também cau-
sam uma resistência.
Observando a figura abaixo, inicialmente o engradado está em repouso, a
força de atrito que existe entre o chão e o engradado é chamada de força de
atrito estática, aumentando a força vemos que o engradado começa a entrar no
que chamamos de iminência do movimento. Em seguida, aumentando mais a
força consegue-se mover o engradado. Chamamos de Força de atrito dinâmica
quando o engradado está em movimento.

Fat
 Iminência de movimento
Fat
 movimento
Fat
so
ou
rep


Fm

iminência de movimento
movimento

repouso

repouso

repouso

Figura 4.7 – Força de atrito estática e dinâmica.

 • 131
capítulo 4
Esta força menor é chamada de força de atrito dinâmico e tem as seguin-
tes características:
•  é menor que a força de atrito estático para as mesmas superfícies;
•  é independente das áreas de contato;
•  para velocidades não muito altas é independente da velocidade;
•  é proporcional à reação normal de apoio.

RESUMO
No atrito estático No atrito dinâmico ou cinético
 
F F

 
Fat Fat
   
Fat = F Fat < F

Verifica-se experimentalmente que o valor da força de atrito máximo é proporcional à força


de compressão entre as superfícies do corpo (engradado) e do plano. Essa força de com-

pressão é a força normal N. A constante de proporcionalidade entre a força de atrito e a força
normal é chamada coeficiente de atrito estático entre as superfícies, sendo representada
por me.
→ →
Fat = µe N
A força para manter o engradado em movimento é menor que a força de atrito máxima.
Essa força é chamada força de atrito cinético, e é também proporcional à força normal.
→ →
Fat = µe N, onde µc< µe

4.6 Estratégias para resolver problemas de


equilíbrio de corpos (Primeira Lei de Newton)

A condição de equilíbrio exige, de acordo com a primeira lei de Newton, que a


resultante das forças que agem sobre o corpo seja nula.
1º – Concentrar as massas dos corpos em pontos. (ponto material)

132 • capítulo 4
2º – Esquematizar as forças que atuam sobre os corpos.
3º – Escolher um referencial.

4º- Aplicar a lei de Newton ao problema no caso do equilíbrio SF = 0.

EXEMPLO
→ →
Um corpo de peso W = 400 N está submetido à força F = 340 N paralela ao plano horizontal
de apoio. O corpo se mantém em repouso, devido ao atrito com o apoio. Determine:
a) o módulo da força normal trocada entre o corpo e o plano.
b) o módulo da força de atrito.

Resolução:

No atrito estático

F


Fat
 
Fat = F

1º – Concentrar as massas dos corpos em pontos. (ponto material)


2º – Esquematizar as forças que atuam sobre os corpos.

Fat F = 340

3º – Escolher um referencial.

Como as forças estão no plano, escolhemos o sistema de coordenadas cartesianas y O x.

O x

capítulo 4  • 133

4º – Aplicar a lei de Newton ao problema no caso do equilíbrio SF = 0
eixo x
→ →
F – Fat = 0

F – Fat = 340 N

eixo y
→ →
N–W=0
→ →
N – W = 400 N

4.7 Estratégias para resolver problemas


envolvendo a Segunda Lei de Newton

A segunda Lei é válida se aplicada a cada corpo individualmente, ou ao conjun-


to de corpos, como se eles formassem um único corpo.
1º – Concentrar as massas dos corpos em pontos. (ponto material)
2º – Esquematizar as forças que atuam sobre os corpos.
3º – Escolher um referencial.
→ →
4º - Aplicar a segunda lei de Newton ao problema S F = m · a

EXEMPLO
Dois corpos A e B, de massas mA =1 kg e mB = 4 kg, encontram-se apoiados em um plano

horizontal liso ( atrito desprezível). Ao corpo A, é aplicada uma força F horizontal, de módulo
20 N, conforme a figura. Determine:
a) a aceleração dos corpos.
b) a força que A exerce em B.


F B
A

1º – Concentrar as massas dos corpos em pontos. (ponto material)


2º – Esquematizar as forças que atuam sobre os corpos.

134 • capítulo 4
Corpo A

F FBA

Corpo B

FAB


FAB = Força que o bloco B exerce sobre o bloco A.

FAB = Força que o bloco A exerce sobre o bloco B.

3º – Escolher um referencial.
Como o eixo do movimento é horizontal, escolhemos o sistema de coordenadas carte-
sianas O x.

→ →
4º – Aplicar a segunda lei de Newton ao problema S F = m · a
Eixo x bloco A F – FBA = mA · a (1)
Eixo x bloco B FAB = mB · a (2)

Somando a eq (1) com a (2) e sabendo que FBA = FAB temos:


F = (mA + mB) · a
ou
F 20
a= = = 4 m / s2
mA + mB 5

b) Para encontrarmos o valor da força que A exerce em B, podemos usar a eq (2)


FAB = mB · a = 4 · 4 =16N

COMENTÁRIO
Os procedimentos estratégicos do 1º ao 3º chama-se Diagrama do Corpo Livre (DCL) que é
muito útil. Será utilizado na disciplina de Mecânica Geral.

capítulo 4  • 135
ATIVIDADES
01. Explique a função do cinto de segurança de um carro, utilizando o conceito de inércia.

02. Um corpo de peso W está apoiado sobre uma superfície inclinada de um ângulo q em
relação a horizontal. Sabendo que o corpo está na iminência de movimento. Mostre que o
coeficiente de atrito estático entre as superfícies é
µe = tg q

03. Esquematize todas as forças existentes nos corpos A e B, inclusive as trocadas com a
mesa. Indique os pares ação e reação.

04. Determine o coeficiente de atrito mínimo entre o corpo A e o plano horizontal, para que
os corpos A e B estejam em repouso.

→ →
WA = mA · g
→ →
WB = mB · g

136 • capítulo 4
05. Determine as trações nos fios 1, 2 e 3. O sistema está em equilíbrio.

θ = 30°
1

2
3


W = 90N

06. Qual é a aceleração de um bloco de massa m abandonado sobre um plano inclinado de


um ângulo q em relação à horizontal:
a) Desprezando o atrito entre o bloco e o plano inclinado.
b) Considerando o atrito entre o bloco e o plano inclinado.

CURIOSIDADE
Você sabia que o plano inclinado está entre os 100 experimentos mais importantes para a
física e que Galileu Galilei foi o seu estudioso. Galileu mudou a pergunta de Aristóteles ao in-
vés de nos perguntar: “Porque os corpos caem” , Galileu propôs perguntar: “Como os corpos
caem”. Para saber mais acesse o link:
http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=epef&cod=_oplanoinclinadodegalileu

07. Máquina de Atwood: Dois corpos de massas iguais estão ligados com um fio ideal, que
passa por uma polia de massa desprezível e sem atrito, determine a aceleração do sistema
e as trações nos fios 1 e 2.

capítulo 4  • 137
2

1
1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, Roberto de Andrade. A maçã de Newton: história, lendas e tolices.[ Newton’s apple:
history, myth, foolishness]. Pp. 167-189, in: SILVA, Cibelle Celestino(ed.). Estudos de história e
filosofia das ciências: subsídios para aplicação no ensino. São Paulo: Livraria da Física, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física, v. 1 Editora LTC. 9 ed. 2012.
CHIQUETTO, M. J.; PARADA, A. A.; Física, Vol1, Mecânica. Editora Scipione: São Paulo, 1991
ALVARENGA, B.; MÁXIMO, A., Física, Volume Único. 1997, ISBN 852623019-0

138 • capítulo 4
5
Trabalho e Energia
140 • capítulo 5
5.1 Introdução
No nosso cotidiano, falamos bastante na palavra energia. Mas o que é energia?
Onde ela está? De onde ela vem?
Tudo no universo é energia e nas palavras de Nicolas Tesla, o inventor do
rádio e da corrente alternada:

“Em todo o espaço há energia... é (só) uma questão de tempo até que os homens
tenham êxito em associar seus mecanismos ao aproveitamento desta energia.”
Nikola Tesla

5.2 Energia
No cotidiano podemos pensar em energia em relação à energia elétrica, com-
bustíveis tanto para o transporte como aquecimento. A aurora boreal (Fig. 5.1)
é um exemplo de energia luminosa sendo liberada após a colisão dos prótons
ou elétrons que colidem com a atmosfera, eletricidade para os mais variados
fins. Tais ideias, entretanto, não conseguem definir o termo energia, pois elas
apenas dizem que os combustíveis são necessários para a realização de um de-
terminado trabalho e que nos fornece algo chamado energia.

Figura 5.1 – Exemplo de dissipação de energia na atmosfera nos polos através da aurora
boreal: (https://commons.wikimedia.org/wiki/Aurora#/media/File:Polarlicht_2.jpg, acesso
em: 21 set. 2015).

capítulo 5 • 141
A energia está presente em todo o universo de várias formas. Todo processo
físico que ocorre no Universo envolve energia, suas transferências e/ou trans-
formações. Apesar da grande importância, a energia não é um termo que pos-
samos definir facilmente, pois a noção de energia é abstrata.
Tecnicamente a energia é uma grandeza escalar que é associada ao estado
de ou mais objetos. Uma definição menos rigorosa pode servindo de ponto de
partida diz que energia é um número que associamos a um sistema de um ou
mais objetos. (HALLIDAY, et al, 2012)
A energia associada ao estado de movimento de um determinado objeto é
denominada de energia cinética K. Quanto mais veloz o objeto está, maior será
energia cinética e quando um objeto está em repouso, a energia cinética será
nula (K = 0).
Para um determinado objeto de massa m cuja velocidade v é muito menor
que a velocidade da luz (c = 299.792.458 m/s). A energia cinética associada a
ele será

1
K = mv 2 (1)
2

Um cachorro de 6 kg que corre a uma velocidade de 20 km/h, por exemplo,


tem uma energia cinética de 1.200 Kg × m2/s2.
A unidade de medida de energia cinética (e qualquer forma de energia) no SI
é o joule (J), em homenagem a James Prescott Joule, um cientista inglês do sé-
culo XIX. Ela é definida em termos das unidades de massa e velocidade. Assim,
1 joule = 1 J = 1 Kg × m2/s2.
Dessa forma, a energia cinética do cachorro é de 1200 J

5.3 Trabalho
O conceito de trabalho é um dos mais importantes das Ciências e das Enge-
nharias. No dia a dia, o termo trabalho está relacionado a uma atividade hu-
mana. Mas animais e máquinas também realizam trabalho, substituindo ativi-
dades humanas, ou seja, está associado ao desempenho de alguma tarefa que
pode, ou não, exigir força ou deslocamento. No antigo Egito, por exemplo, os
faraós eram transportados em uma espécie de cadeira coberta transportada
por escravos.

142 • capítulo 5
Em física o conceito de trabalho é diferente do dia a dia e caso não haja força
ou deslocamento não há trabalho.
Quando a velocidade de um objeto é aumentada em razão da aplicação de
uma força, a energia cinética K desse objeto aumenta. De forma análoga, quan-
do sua velocidade diminui ao ser aplicado uma força, a energia cinética do obje-
to diminuirá. A explicação para tais variações é de que a força aplicada transfe-
riu energia para o objeto ou do objeto. Em transferências de energia realizadas
através de forças, pode-se dizer que um trabalho W é realizado pela força sobre
o objeto. Formalmente, trabalho pode ser definido da seguinte forma:
O trabalho (W) é a energia transferida para um objeto ou de um objeto atra-
vés de uma força que age sobre o objeto. Quando a energia é transferida para o
objeto, o trabalho é positivo; quando a energia é transferida do objeto, o traba-
lho é negativo. (HALLIDAY, 2012)
Assim, podemos dizer que “trabalho” é energia transferida; “realizar traba-
lho” é o ato de transferir energia. A unidade de trabalho é a mesma de energia e
é uma grandeza escalar.

5.4 Trabalho e Energia Cinética


Considerando uma força F, constante, que desloca um objeto da posição inicia
até a posição final.

F
Sentido do
movimento
α F cos α

Figura 5.2 – Bloco sofrendo o deslocamento d devido à ação de uma força F.

Assim, matematicamente:
W = F × d × cos a (2)

Caso a força tenha a mesma direção do deslocamento, ou seja, a = 0 o traba-


lho será calculado como:
W=F×d (3)

capítulo 5 • 143
5.5 Teorema trabalho e energia cinética
A variação da energia cinética é
DK = Kf – Ki = W (4)

O que significa
Variação da energia interna = Trabalho total executado sobre o objeto
Essa relação é conhecida como teorema do trabalho e energia cinética.

5.6 Trabalho Realizado pela Força


Gravitacional

Um objeto de massa m que se comporta como partícula, arremessado para


cima com velocidade inicial v0 e, portanto com uma energia cinética inicial

1 →
K = mv 2 . Na subida, o objeto é desacelerado por uma força gravitacional Fg,
2

ou seja, a energia cinética do objeto diminui porque Fg realiza trabalho sobre o
objeto durante a subida. Já que o objeto pode ser tratado como uma partícula,
pode-se utilizar a equação 2 (W = F × d × cos a) para expressar o trabalho reali-
→ →
zado durante um deslocamento d. No lugar de F, usaremos mg, o módulo de Fg.

Assim, o trabalho Wg realizado pela força gravitacional Fg é (HALLIDAY, 2012).
Wg = mg × d × cos a (5)

→ →
Durante a subida, a força Fg tem o sentido contrário ao lado deslocamento d.

Para a = 180° e Wg = mg × d × cos 180o = mgd (–1) = –mgd. (6)

O sinal negativo (–) indica que, durante a subida, a força gravitacional re-
move uma energia mgd da energia cinética do objeto. Isto está de acordo com o
fato que o objeto perder velocidade na subida.
Depois que o objeto atinge a altura máxima e começa a descer, o ângulo a
→ →
entre a força Fg e o deslocamento d é zero. Assim,
Wg = mg × d × cos 0o = mgd (+1) = +mgd (7)

144 • capítulo 5
O sinal positivo significa que agora a força gravitacional transfere uma ener-
gia mgd para a energia cinética do objeto. Isto está de acordo com o fato de que
o objeto ganha velocidade na descida.

5.7 Trabalho Realizado pela Força Elástica


Considerando um sistema de massa mola em estado e repouso (sem ação de
forças externas).

Quando aplicamos uma força F na outra extremidade, a mola tende a defor-
mar (esticar ou comprimir, dependendo do sentido da força aplicada).
Ao estudar as deformações de molas e as forças aplicadas, Robert Hooke
(1635-1703), verificou que a deformação da mola aumenta proporcionalmente
à força. Daí estabeleceu-se a seguinte lei, chamada Lei de Hooke:
 
F = −kx (Lei de Hooke) (8)

Onde:

F : intensidade da força aplicada (N);
k: constante elástica da mola (N/m);

x : deformação da mola (m).

A constante elástica da mola (k) depende principalmente da natureza do


material de fabricação da mola e de suas dimensões. Sua unidade mais usual
é o N/m (newton por metro) mas também encontramos N/cm; kgf/m, den-
tre outros.
Com o objetivo de determinar o trabalho realizado por uma mola quando
o bloco a ela fixado se move. Serão feitas algumas hipóteses simplificadoras
sobre a mola:
•  A massa da mola é desprezível;
•  A mola é ideal, ou seja, ela obedece à lei de Hooke.
•  Não existe atrito entre o bloco e o piso e
•  O bloco se comporta como uma partícula.

Seja xi a posição inicial do bloco e xf a posição do bloco em um instante pos-


terior e dividindo-se a distância entre xi e xf em n segmentos, com tamanho Dx,
de tal forma que a força elástica praticamente não vária, pois o segmento é tão

capítulo 5 • 145
pequeno que x é aproximadamente constante. Dessa forma, é possível supor
que o módulo da força é aproximadamente constante em cada segmento.
Com uma força constante em cada segmento, podemos calcular o trabalho
realizado dentro de cada segmento. Neste caso q = 180o, de modo que o cos q = –1.
O trabalho total Ws realizado pela mola de xi a xf é a soma de todos os trabalhos
de cada segmento.
Ws = S – Fxj Dx (9)

Onde j = 1, 2, ... é o número de ordem de cada segmento. No limite em que


Dx tende a zero, a eq. (9) se torna
xf
w s = ∫ −Fx dx
xi
(10)

Desenvolvendo (10) temos:


1
w s = kx 2
2 (11)

5.8 Trabalho Realizado por uma Força


Variável Genérica

5.8.1 Análise Unidimensional

Analisando a situação da figura 5.2 e supondo que a força encontra-se no senti-


do positivo do eixo x que também a força aplicada está variando com a posição
x. Desta forma, quando a caixa se move, o módulo F(x) de sua força que realiza
trabalho sobre ela varia. A orientação da força permanece a mesma enquanto
o módulo varia.
As figuras 5.3a, mostra o gráfico de uma força variável unidiemnsional em
função da posição x. A equação 5 não poderá ser utilizada porque a mesma só

é válida para o caso em que F é cosntante. Desta forma usa-se os métodos do
cálculo. Divindindo-se a área sob a curva em áreas infinitesiamais, ou seja,
Dx → 0, figura 5.3b, pode-se chamar Fj,méd o valor médio de F(x) no intervalo j.
Fj,méd na figura (b) é a altura de ordem j.

146 • capítulo 5
Com Fj,méd constante, o incremento de trabalho DWj realizado pela força no
intervalo de ordem j pode ser calculado usando 5.
∆Wj = Fj,méd ∆x (11)

Na figura 5.3 (b), DWj, é igual a área sob o retângulo sobreado de ondem j.
Para determinar o trabalho W realizado pelo força F, quando a caixa se des-
loca de xi para xj, somam-se as áreas e todas as faixas entre xi para xj
W = ∑ ∆Wj = ∑ Fj,méd ∆x (12)

F(x)

x
0 xi xf

F(x)
∆x
∆wj

Fj.méd

x
0 xi xf

F(x)

x
0 xi xf

Figura 5.3 – (a) Gráfico de uma força variável unidiemnsional F(x) em função da posição x
da caixa. O deslocamento da caixa é de xi a xf. (b) idem (a) com áreas sob a curva divididas
em áreas infinitesimais. (c) Caso limite quando o trabalho é dado pela equação 13 e é repre-
sentado pela área sob a curva no intervalo de xi a xf.

capítulo 5 • 147
A equação 12 é uma aproximação porque a “escala” formada pelos lados su-
perires dos retângulos da figura 5.3b é apenas uma aproximação da curva real
F(x) (HALLIDAY, 2012).
W = lim ∑ Fj, méd ∆x (13)
∆x →0

Este limite corresponde, matematicamente, à definição da integral da fun-


ção F(x) entre xi a xf. Assim, a equação 1-13 se torna.
xf
W = ∫ F( x ) dx (trabalho de uma força variável) (14)
xi

Se a função F(x) for conhecida, pode-se substitui-la na equação 14, introdu-


zindo os limites de integração adequados, efetuar a integração e dessa forma
calcular o trabalho.

5.8.2 Análise Tridimensional

Consideremos um objeto sob a ação de uma força tridimensional


   
F = Fx i + Fy j + Fz k (15)

Cujos componentes Fx, Fy e Fz podem ser função da posição do objeto.


Considerando-se que Fx somente depende de x, mas não de y ou z , Fy depende
de y , mas não de x ou z e Fz depende de z, mas não de x ou y e que sofra um des-
locamento incremental
   
dr = dxi + dyj + dzk (16)

De acordo com a equação 3, o incremento dW do trabalho realizado sobre o


→ →
objeto devido à ação da força F durante o deslocamento dr é
→ →
dW = F · dr = Fxdx – Fydy + Fzdz (17)


O trabalho W realizado por F enquanto o objeto se move de uma posição
inicial ri de coordenadas (xi, yi, zi) para uma posição final rf de coordenada (xf, yf,
zf) é assim, ff xf yf zf
W = ∫ dW = ∫ Fx dx + ∫ Fy dy + ∫ Fz dz (18)
ri xi yi zi

Se F possui somente a componente x, os termos da equação 18 que envol-
vem y e z são nulos e a equação se reduz a 14.

148 • capítulo 5
5.9 Potência
O nome dado à taxa de variação com o tempo do trabalho realizado por uma
força recebe o nome de potência.
W (Potência média) (19)
Pméd =
”t
A potência instantânea P pode ser escrita como
dW (20)
Pméd =
dt

5.9.1 Teorema do trabalho e Energia Cinética com uma Força


Variável

A equação 14 nos permite calcular o trabalho realizado por uma força variável
sobre o determinado objeto numa situação unidimensional. Mas, será que o
trabalho é igual à variação da energia cinética, como enuncia o teorema do tra-
balho energia cinética?
Consideremos então um objeto de massa m que se move ao longo do eixo
x e foi submetido a uma força F(x) paralela a esse eixo. Segundo a equação 14,
o trabalho realizado pela força sobre o objeto quando o mesmo se desloca de
uma posição inicial xi até a posição final xf é dado por
xf
W = F( x )dx = ∫ ma dx (21)
xi

Fazendo f(x) = ma na equação 21, o integrando ma dx é reescrito como

dv
ma dx = m = dx (22)
dt

Usando a regra da cadeia para derivadas, temos:

dv dv dx dv
= = v (22)
dt dx dt dx

E 21 torna-se

dv
ma dx = m v dx = mv dv (23)
dt

capítulo 5 • 149
Substituindo 23 em 20, temos:
vf vf
W = ∫ mv dv = m ∫ v dv (24)
vi vi
1 1
= mv 2f − mv 2i
2 2

O lado direito da equação (24) pode ser escrito como:


W = K f − K i = ∆K (25)

5.10 Energia Potencial e Conservação da


Energia

Se um limão é arremessado para cima (figura 5.4). Sabe-se que enquanto o li-
mão sobe, o trabalho Wg realizado pela força gravitacional sobre o limão é nega-
tivo (-W), pois a energia cinética do limão é diminuída devido à força. Pode-se
concluir que a energia cinética do limão é transformada em energia potencial
gravitacional.
Quando o limão perde velocidade, para e começa a cair de volta devido à for-
ça gravitacional. Durante a decida (queda), a transferência se inverte: o trabalho
Wg realizado pela força gravitacional sobre o limão é positivo (+W) e energia
potencial e convertida em energia cinética.
Na subida e na descida, a variação DU energia gravitacional é definida como
o negativo do trabalho realizado sobre o limão pela força gravitacional. Assim:
∆U = − W (26)

Figura 5.4 – Um limão sendo arremessado para cima. Na subida, a força gravitacional está
realizando trabalho negativo (-W) sobre o limão. Fazendo com que sua energia cinética dimi-
nua. Na descida, a força gravitacional realiza trabalho positivo (+W), aumentando a energia
cinética do limão.

150 • capítulo 5
A equação 26 é aplicada também a um sistema massa-mola como o da figu-

ra 5.5. Quando o bloco é empurrado para a direita sob a ação de uma força F, a
força da mola atua para a direita e, portanto realiza trabalho negativo sobre o
bloco, transferindo energia cinética do bloco para a energia potencial elástica
do sistema bloco-mola. O bloco perde velocidade até parar; em seguida, come-
ça a se mover para a direita, já que a força da mola ainda está se dirigindo para
a direita. A partir desse instante, a transferência de energia se inverte: a energia
potencial do sistema bloco-mola para a energia cinética do bloco.

Figura 5.5 – Sistema massa-mola (https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ressort2.gif,


acesso em: 22 out. 2015).

Há situações em que a relação W1 = –W2 é sempre observada, a outra forma


de energia é a energia potencial é diz-se que a força é uma força conservativa. A
força gravitacional e a força elástica são conservativas.
Quando uma força não conservativa é chamada de força dissipativa. A força
de atrito cinético e a força de arrasto são forças dissipativas.

5.10.1 Conservação da Energia Mecânica

A energia não pode ser criada ou destruída, mas unicamente transformada. O


aparecimento de certa forma de energia é sempre acompanhado do desapare-
cimento de outra forma de energia em igual quantidade.
Na física existem outras grandezas que se conservam, como a quantidade de
movimento e a energia elétrica. Os princípios de conservação são importantes e
úteis quando se quer analisar os diversos tipos de fenômenos.
A energia mecânica Emec de um sistema é a soma da energia potencial U do
sistema com a energia cinética K dos objetos que compõem um determina-
do sistema:
Emec = K + U ( 27)

Quando uma força conservativa realiza um trabalho W sobre o objeto den-


tro do sistema, essa força é responsável por uma transferência de energia entre

capítulo 5 • 151
a energia cinética do objeto e a energia potencial do sistema. Assim, a variação
da energia cinética e potencial, respectivamente
DK = W (28)
DU = –W (29)

Combinando as equações (28) e (29), tem-se:


DK = – DU (30)

Quando um tipo de energia aumenta, a outra diminui.


A equação (30) pode ser escrita na forma
K2 – K1 = – (U2 – U1) (31)

Os índices da equação (31), referem-se a dois momentos diferentes, portan-


to, há duas configurações distintas dos corpos do sistema. Reagrupando os ter-
mos da equação (31), obtém-se a equação:
K2 + U2 = K1 + U1 (Conservação da energia mecânica) (32)

Ou seja,

( Energia
Cinética + Potencial
Energia
) =(Cinética
Energia
+ Potencial
Energia
)
para qualquer estado para qualquer estado
Num sistema isolado em que somente forças conservativas causam varia-
ções de energia cinética e a energia potencial pode variar, porém a sua soma, a
energia mecânica do sistema, deve permanecer a mesma.
Este resultado é conhecido como o princípio da conservação da energia
mecânica.
Escrevendo esse princípio matematicamente
DEmec = DK + DU = 0 (33)

152 • capítulo 5
5.11 Conservação da Energia
A energia total de um sistema é a soma da energia mecânica com a energia
térmica e qualquer outro tipo de energia interna do sistema além da energia
térmica.
O único tipo de transferência de energia até aqui considerado foi o trabalho
W realizado sobre o sistema. Dessa forma, a lei de conservação da energia esta-
belece que
W = DE = DEmec + DEterm + DEint (34)

Onde DEmec é a variação da energia mecânica do sistema, DE1 é a variação de


energia térmica do sistema e DEint é a variação de qualquer outro tipo de ener-
gia interna do sistema. As variações de energias: cinética e potencial (elástica,
gravitacional, ou qualquer outra forma de energia), estão incluídas em DEmec.

5.12 Sistema Isolado


Se um sistema encontra-se isolado não ele não pode trocar energia com o am-
biente. Neste caso, a lei de conservação da energia pode ser expressa como:
A Energia Total E, de um sistema isolado não pode variar.
E matematicamente ela pode ser escrita com
DEmec + DEterm + DEint = 0 (Sistema isolado) (35)

5.13 Potência
Sabendo que uma força pode transferir energia de uma forma para outra sem
realizar trabalho, pode-se ampliar a definição de potência.
Assim, as equações (19), podem ser escritas como:

”E
Pméd = (37)
”t
De forma análoga, a equação (20), pode ser escrita como:

dE (40)
Pméd =
dt

capítulo 5 • 153
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://commons.wikimedia.org/wiki/Aurora#/media/File:Polarlicht_2.jpg, acesso em: 21 set. 2015.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ressort2.gif, acesso em: 22 out. 2015.
HALLIDAY, D. ; RESNICK, R.; WALKER, J.; Fundamentos de Física - Vol. 1 - Mecânica, 9ª edição. LTC,
2012.
GASPAR, A., Física Volume Único, 1ª ed., 2012. Ed. Ática. SP.

154 • capítulo 5
6
Momento Linear e
Impulso
OBJETIVOS
•  Introduzir as ideias de impulso e de quantidade de movimento linear;
•  Mostrar que através da integração da segunda lei de Newton produz o teorema do impulso
de quantidade de movimento;
•  Definir centro de massa.

156 • capítulo 6
6.1 Introdução
Os superpetroleiros (figura 6.1) quando transportam petróleo são os maiores
navios já construídos. Sua massa total (superpetroleiro + carga) pode chegar a
650.000 toneladas. Porém, as suas dimensões (que são grandes) são um proble-
ma de ordem prática (BAUER, et all, 2012).

Figura 6.1 – Superpetroleiro. Fonte. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/


be/Petroleiro_ Piraju%C3%AD.jpg?uselang=pt-br ). Acesso em: 21 out. 2015.


Se considerarmos uma força F que atua em um corpo durante um intervalo
de tempo Dt, podemos questionar se o produto da força pelo intervalo de tempo
tem tanta importância quanto o produto da força pelo deslocamento. Será que
esse produto também se relaciona a algum princípio de conservação.
A resposta é positiva para os dois questionamentos. O produto da força pelo
intervalo de tempo constitui o impulso de uma força e é muito importante nos
fenômenos físicos e essa grandeza está relacionada ao princípio da conserva-
ção da quantidade de movimento.

6.2 Momento Linear


Quando se fala em força, posição, velocidade e aceleração, as definições físicas
exatas estão muito próximas ao uso dessas palavras no cotidiano. O termo mo-
mento é similar ao da energia, onde existe apenas uma vaga conexão entre o
uso coloquial e o seu significado físico.

capítulo 6  • 157
6.3 Definição de Momento
Na física, momento é definido como o produto da massa de um objeto por sua
velocidade
 
p = mv (1)
Onde:

p é o momento linear;
m massa;

v vetor velocidade.

Podemos escrever o módulo do momento como


p = mv (1)
O momento é chamado de linear para diferenciá-lo do momento angular. A
unidade de momento é Kg m/s.

6.4 Momento de uma força


Obtendo-se a derivada temporal da definição de momento

d  d  dv dm 
p = ( mv ) = m + v (2)
dt dt dt dt

Se a massa é constante no tempo, o 2º termo é zero



d  dv  
= =
p m ma F (3)
dt dt

 dp
Forma equivalente da segunda lei de Newton F =
dt

Em componentes cartesianas:

 dp x  dp y  dpz
=Fx = ;F ;F = (4)
dt y dt z dt

158 • capítulo 6
6.5 Momento e Energia Cinética
Já sabemos do capítulo 4 que

mv 2
K=
2

Utilizando p=mv para obter

mv 2 m2 v 2 p2
=K = = (5)
2 2m 2m

Encontre a relação entre momento e energia cinética

p2
K= (6)
2m

Podemos reformular todos os conceitos de mecânica que já estudamos até


agora em termos de momento, ao invés de velocidade.

6.6 Impulso
A mudança de momento é definida como a diferença entre os momentos final
e inicial
  
∆p ≡ pf − pi (7)
Obtenha uma expressão para mudança de momento voltando à relação en-
tre momento e força, e integrando os dois lados no tempo
tf tf p x ,f
dp x
∫ Fx dt = ∫ dt
dt = ∫ dpx = px,f − px,i ≡ ∆px (8)
ti ti px ,i


A integral da força no tempo é chamada de impulso, j:
tf

j ≡ ∫ Fdt
ti

 • 159
capítulo 6
Essa definição fornece a relação entre impulso e a mudança de momento

j = ∆p

6.7 Conservação do Momento Linear


Supondo que dois objetos colidam entre si. Eles podem após se afastarem,
como duas bolas de sinuca sobre a mesa. Esse tipo de colisão é chamado de co-
lisão elástica. Outro exemplo de colisão é a de automóvel com um ônibus, onde
nos veículos ficam presos entre si. Esse tipo de colisão é chamado de colisão
perfeitamente inelástica (BAUER, et all, 2012).
A soma de dois momentos após uma colisão é a mesma que antes de uma
colisão, assim, antes da colisão:
   
pf 1 + pf 2 = pi1 + pi2 (11)

A equação 6.11 expressa o princípio da conservação do momento linear. A


soma dos vetores finais é igual a dos iniciais. É importante destacar que essa
equação não depende de nenhuma condição especial para a colisão. Ela é váli-
da para todas as colisões entre dois corpos, elásticas ou inelásticas.
Mesmo que se considerem forças externas quando elas forem integradas
no tempo obter-se-ão impulsos muito pequenos ou moderados. Assim, essas
forças podem ser desprezadas com segurança nos cálculos de dinâmicas da co-
lisão. Vamos presumir que o sistema estará isolado (BAUER, et all, 2012).
Se

 n

Fresultante = 0 então ∑ pk = constante (12)
k =1

A equação 6.12 é a equação geral da lei de conservação do momento.

6.8 Colisão Elástica Unidimensional


A figura 6.2 mostra a colisão entre duas esferas em uma pista quase sem atrito.
A figura indica sete quadros em intervalos de 0,05 s. A esfera em azul possui
massa maior que a verde. A colisão acontece me t = 10 s. é possível ver que, após

160 • capítulo 6
a colisão, as duas esferas movem-se para a direita, mas a mais leve move-se com
velocidade um pouco maior.

t = 0,00s
t = 0,05s
t = 0,10s
t = 0,20s
t = 0,25s
t = 0,30s
t = 0,35s

Figura 6.2 – Sequência de uma colisão entre duas esferas com massas diferentes.

Mas o que é uma colisão elástica? Trata-se de uma idealização. Em pratica-


mente todas as colisões, pelo menos alguma energia cinética é convertida em
outras formas de energia que não são conservadas. As outras formas podem
ser calor, ou som ou a energia para deforma o objeto. Mas, a colisão elástica é
definida como uma colisão em que a energia cinética total dos objetos em co-
lisão é conservada. Isso significa que cada objeto envolvido na colisão retenha
sua energia cinética. A energia cinética pode ser transferida de um objeto para
outro, mas em uma colisão elástica, as somas das energias cinéticas devem per-
manecer constantes (BAUER, et all, 2012).
Considerando um objeto em movimento unidimensional. A equação para
conservação de energia cinética pode ser escrita como

p2f 1, x p2f 2, x p2i1, x p2i2, x


+ + + (13)
2m1 2m 2 2m1 2m 2

A equação para conservação do momento na direção x pode ser escrita como

pf 1, x + pf 2, x = pi1, x + pi2, x (14)

6.9 Colisão Perfeitamente Inelástica


Em todas as colisões que não são completamente elásticas, a conservação de
energia cinética não é mais válida. Essas colisões são chamadas de inelástica,

 • 161
capítulo 6
porque parte da energia cinética inicial é convertida em energia interna de exci-
tação, deformação, vibração ou calor.
Uma colisão perfeitamente inelástica é aquela em que os objetos em colisão
→ →
se aderem após colidirem. vf1 = vf2 ≡ vf. Usando p = m v e a conservação do mo-
mento, obtemos o vetor velocidade final:

m1 v i1 + m2 v i2
vf = (15)
m1 + m2

A condição de uma colisão perfeitamente inelástica implica apenas que as


velocidades finais sejam as mesmas para os dois objetos. Os vetores momento
final dos objetos pode ter módulos bem diferentes, em geral.

6.10 Centro de Massa


O engenheiro mecânico que é contratado como perito para reconstituir um aci-
dente de trânsito usa a física. Todo treinador que ensina uma bailarina a saltar
usa a física, HALLIDAY, et all, 2012. Caso se queira analisar qualquer tipo de
movimento é preciso recorrer a simplificações que só são possíveis somente
com a compreensão da física.
Um exemplo de movimento simples é quando uma bola é arremessada sem
imprimir rotação. Já quando um taco de golfe é arremessado, o movimento é
mais complicado.
Define-se centro de gravidade (CG) como sendo o ponto no qual podemos
imaginar que toda a massa de um corpo esteja concentrada.
O centro de massa é também o ponto no qual pode-se imaginar que a força
da gravidade atuante sobre todo o corpo esteja concentrada. Se pudermos ima-
ginar toda a massa concentrada atuante sobre todo o corpo esteja concentrada
nesse ponto, quando se calcula a força decorrente da gravidade, também é cor-
reto chamar de centro de massa (CM).
Considerando dois objetos de massas iguais a m, para achar o seu centro de
massa, a partir das considerações de simetria, que o centro de massa combina-
da do sistema fica exatamente a meio cominho entre os centros de massa de
cada um deles. Assim,

162 • capítulo 6
 
 r1m1 + r2 m2
R= (16)
m1 + m2

A equação 16, mostra que o vetor posição do centro de massa é uma média
dos dois vetores posição de cada um dos corpos, ponderados por suas massas.
A equação 16 reescrita em coordenadas cartesianas é:

x1m1 + x 2 m2 y 1m1 + y 2 m2 z1m1 + z2 m2


X= ,Y = ,Z = (17)
m1 + m2 m1 + m2 m1 + m2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/be/Petroleiro_Piraju%C3%AD.jpg?uselang=pt-
br. Acesso em: 21 out. 2015.
HALLIDAY, D. ; RESNICK, R.; WALKER, J.; Fundamentos de Física - Vol. 1 - Mecânica, 9ª edição.
LTC, 2012.
GASPAR, A., Física Volume Único, 1ª ed., 2012. Ed. Ática. SP.
BAUER, W.; WESTFALL, GARY D.; DIAS, H.; Física para Universitário - Mecânica, Primeira Edição.
2012, MacGrawHill, SP.

capítulo 6  • 163
164 • capítulo 6

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