Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
EXPERIMENTAL I
autores do original
LUCIANE MARTINS DE BARROS
ADRIANO SILVA BELISIO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial regiane burger, luiz gil guimarães, roberto paes, gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
Prefácio 9
1. Medição 11
1.1 Introdução 13
1.2 Medir e Comparar grandezas 14
1.3 O Sistema Internacional de Unidades (S.I.) 15
1.3.1 Padrão do Comprimento 17
1.3.2 Padrão do Tempo 17
1.3.3 Padrão de Massa 19
1.3.4 Notação Científica 21
1.3.5 Cálculos com potências na calculadora 22
1.4 Teoria dos Erros Simplificada 23
1.4.1 Erro sistemático 23
1.4.2 Erros acidentais ou aleatórios 24
1.4.3 Erros grosseiros 24
1.4.4 Algarismos Significativos (A.S.) 24
1.4.5 Incertezas 25
1.4.6 Critério de Arredondamento 26
1.4.7 Teoria dos erros aplicada a um conjunto
de medidas experimentais 28
1.4.8 Valor médio 28
1.4.9 Desvios 28
1.4.9.1 Desvio médio (δ) 29
1.4.10 Variância 29
1.4.11 Desvio padrão 29
1.5 Propagação de erros 30
1.5.1 Soma e subtração de grandezas afetadas por erros 30
1.5.2 Produto e Quociente de grandezas afetadas por erros 30
1.6 Propagação de erros em funções com
grandezas afetadas por erros 34
1.7 Atividade experimental I – Algarismos significativos,
a teoria dos erros e as incertezas 36
1.7.1 Objetivos gerais 36
1.7.2 Material necessário: 36
1.7.3 Procedimento experimental: 37
1.7.3.1 Utilizando uma folha de papel A4, determine
o comprimento (L) lateral e sua altura (H), 37
1.7.3.2 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o metro. 37
1.7.3.3 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o decímetro. 37
1.7.3.4 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o centímetro. 37
1.7.3.5 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o milímetro. 38
3.1 Introdução 67
3.2 Conceitos de Sistema de Coordenadas e Posição 68
3.2.1 Ponto Material, Referencial e posição 69
3.2.2 Sistema de Coordenadas Cartesianas 70
3.3 Deslocamento, velocidade e aceleração vetoriais 75
3.3.1 Vetor-posição 75
3.3.2 Vetor – deslocamento 76
3.3.3 Velocidade Vetorial média 78
3.3.4 Velocidade Vetorial Instantânea 78
3.3.5 Aceleração vetorial média 80
3.3.6 Aceleração vetorial instantânea 80
3.4 Tipos de movimentos 81
3.4.1 Movimento Unidimensional 81
3.4.1.1 Gráficos e função horária do MU 82
3.4.1.2 Movimento Variado 86
3.4.1.3 Movimento Uniformemente Variado 86
3.4.1.4 Movimento de Queda Livre 91
3.4.2 Movimento em duas e três dimensões 95
3.4.2.1 Movimentos bidimensionais especiais 99
3.5 Atividade Experimental III – Movimento Retilíneo e Uniforme 108
3.5.1 Objetivos gerais 108
3.5.2 Material necessário: 108
3.5.3 Procedimento experimental: 108
3.5.4 Responda às questões seguintes: 109
3.6 Atividade experimental IV– Encontro de dois
móveis em movimento retilíneo uniforme (MRU) 110
3.6.1 Objetivos gerais 110
3.6.2 Material necessário: 110
3.6.3 Procedimento experimental: 110
3.6.4 Responda as questões seguintes: 111
3.7 Atividade experimenta lV – Aceleração da gravidade 112
3.7.1 Objetivos gerais 112
3.7.2 Introdução teórica: 112
3.7.3 Procedimento experimental: 113
3.8 Atividade Experimental VI – Colchão de arlinear 114
3.8.1 Objetivos gerais 114
3.8.2 Material necessário: 114
3.8.3 Procedimento experimental: 115
3.9 Atividade Experimental VII – Queda Livre 116
3.9.1 Objetivos gerais 116
3.9.2 Material necessário: 116
3.9.3 Procedimento experimental: 116
7
8
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Bons estudos!
9
10
1
Medição
Bem vindos ao curso de Física Teórica e Experimental I. O seu livro didático
está dividido em 06 capítulos que correspondem ao início da Mecânica Newto-
niana. Neste livro, também foram incluídas como sugestões as práticas experi-
mentais, como forma de melhorar a compreensão e o seu aprendizado sobre a
física. Esperamos que este livro seja um convite a pensar, resolver problemas, a
interagir com os colegas , ler as leituras propostas, se interessar pelo conheci-
mento, pesquisar, trabalhar em equipe e argumentar.
Neste primeiro capítulo, destacamos a importância da física como uma
ciência em evolução, definimos as grandezas escalares e vetoriais, apresenta-
mos o Sistema Internacional de unidades, estudamos os tipos dos erros e a pro-
pagação dos erros em medidas.
Vamos começar?
OBJETIVOS
• Destacar a importância da Física como ciência.
• Definir o que é medir e grandezas físicas escalares e vetoriais.
• Apresentar o Sistema Internacional de Unidades.
• Apresentar Teoria dos Erros e sua propagação em medidas.
• Definir erro e tipos de erros.
12 • capítulo 1
1.1 Introdução
Você já se perguntou por que estudar Física? A resposta para esta pergunta de-
pende de cada um de nós, pois temos aspirações e ideias diferentes, mas é certo
que cada um de nós quer entender melhor o mundo que nos cerca, como por
exemplo, poder prever catástrofes e evitar inúmeras mortes, planejar e cons-
truir edifícios modernos e sustentáveis, esses certamente já seriam bons moti-
vos para estudar Física.
A Física vai muito além, sua importância é central em todas as áreas do co-
nhecimento, pois é uma ciência voltada ao estudo dos fenômenos naturais (da
natureza), estabelecendo leis gerais (equações matemáticas) que permitem
prever e analisar o comportamento desses fenômenos sem esquecer-se tam-
bém da sua contribuição para o desenvolvimento das novas tecnologias.
De que maneira estudamos esses fenômenos naturais? A Física como todas
as ciências necessitam de medições e comparações. Assim, precisamos esta-
belecer um método confiável com o qual podemos medir grandezas, executar
estes experimentos também é um dos objetivos da Física. O Método Científico
é o mais utilizado, pois este método padroniza os procedimentos de medida
da grandeza.
Você pode se perguntar: Método Científico? Eu nunca apliquei este método.
Aí é que você pode estar enganado. Veja esta situação corriqueira que todos nós
já passamos. Você chega em casa e vai aquecer seu jantar no forno de micro-on-
das e percebe que o mesmo não liga.
Primeira hipótese: Será que está conectado à tomada? Você verifica se o
mesmo está ligado à tomada, e constata que está. Então, a primeira hipótese
foi refutada.
Segunda hipótese: Será que está faltando energia elétrica? Ao tentar li-
gar o interruptor você descobre que a energia elétrica está funcionando per-
feitamente, logo a segunda hipótese também está refutada. Neste exemplo,
você não descobriu o porquê do micro-ondas não funcionar, mas aplicou o
Método Científico.
capítulo 1 • 13
3ª etapa: Formulação das hipóteses, busca por possíveis respostas àque-
la questão.
4ª etapa: Experiência controlada, onde a hipótese é testada.
5ª etapa: Análise das informações.
6ª etapa: Conclusão.
COMENTÁRIO
O surgimento do método científico remonta ao século XII, o período do Renascimento. Foi
com Roger Bacon (1214-1292) e Francis Bacon (1561-1626) que a ideia de método cien-
tífico foi começando a surgir, defendiam a experimentação como fonte de conhecimento.
Porém, foi com a obra “Discurso do Método” de René Descartes (1596-1650) que, de fato,
os fundamentos do método científico moderno foram conhecidos.
PERGUNTA
Como é caracterizado o processo de produção de conhecimento a partir do método
experimental?
ATENÇÃO
O número (valor) das grandezas, em muitos livros, também é chamado de módulo, norma
ou magnitude.
Podemos citar como exemplo de grandezas escalares o tempo, a temperatura, a pressão,
o trabalho de uma força, a massa de um corpo e como grandezas vetoriais o descolamento,
14 • capítulo 1
a velocidade, a força, o campo elétrico entre outras. Porém, em física as grandezas (G) esca-
lares e as vetoriais são expressas por:
Ex.: Grandeza Escalar = Número · Unidade
Massa = 3 kg
COMENTÁRIO
Sistema Internacional de Unidades é o assunto da próxima seção!
O número é o valor que buscamos medir em laboratório utilizando para isso instrumentos
de medidas próprios para a medição, por exemplo, se queremos medir o comprimento de
peça e dependendo do seu tamanho podemos utilizar desde os mais conhecidos instrumen-
tos de medida que são: a régua, a trena, o paquímetro e o micrômetro. Mas se quisermos
medir o tempo de determinado corpo em queda ou do espaço percorrido, utilizamos o cronô-
metro e para massa de um corpo, a balança.
Então, respondendo à pergunta inicial:
capítulo 1 • 15
CURIOSIDADE
O Birô Internacional de Pesos e Medidas luta para encontrar solução para a questão do
padrão universal do quilograma, um cilindro de platina e irídio cuja massa paradoxalmente pa-
rece variar. No artigo intitulado “Um quilo de problemas” Robert Matthews da New Scientist
fala sobre o padrão de massa em comparação com o padrão de tempo e metro e do fato de
não ter sido ainda definido com requintes high tech como os outros são. Vale a pena conferir
a leitura.
LEITURA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe3003200301.htm
Tempo Segundo s
Massa Quilograma kg
16 • capítulo 1
1.3.1 Padrão do Comprimento
O que é 1 metro? O padrão para o metro vem evoluindo desde a era antiga. No
século XVIII, 1 metro era definido como um décimo milionésimo da distância
entre o polo norte e o equador, este padrão foi abandonado por questões práti-
cas. Em 1983, durante a 17ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, buscando
cada vez mais uma maior precisão, o metro foi definido como a distância per-
corrida pela luz em um intervalo de tempo especificado, uma vez que as medi-
das da velocidade da luz estavam extremamente precisas.
CURIOSIDADE
Na tabela 1.2 mostramos alguns comprimentos aproximados.
• 17
capítulo 1
acrescentado um segundo ao Tempo Universal Coordenado (UTC), correção
necessária para ajustar o horário ao Tempo Atômico Internacional (TAI).
O ajuste foi necessário por causa da velocidade de rotação do planeta Terra,
que registra variações, enquanto os relógios atômicos figura 1.1, que geram
e mantêm a hora legal, possuem uma precisão que chega a um segundo em
milhões de anos. A correção foi feita no dia 30 de junho, quando o relógio ofi-
cial registrou a sequência 23h59min59s - 23h59min60s, para só então passar a
1º de julho (0h00min00s). Como essa correção foi feita no horário de Greenwich,
no Brasil ocorreu três horas antes – 21h, no horário de Brasília. O acréscimo
pode parecer pequeno, mas afeta diretamente alguns sistemas de computado-
res e pode deixá-los lentos ou provocar erros.
18 • capítulo 1
Encontrar um padrão para o tempo também não foi simples; o tempo já foi
medido observando-se a posição relativa do Sol. Atualmente, o segundo é defi-
nido com base nas variações do estado do átomo de césio, hoje este padrão está
baseado no relógio atômico. O relógio atômico é extremamente preciso e po-
demos medir e comparar intervalos de tempo. A importância dessa exatidão é
que faz com que o Sistema de Posicionamento Global (GPS – Global Positioning
System) utilizado no mundo inteiro, seja possível.
O padrão para o tempo foi estabelecido em 1967 na 13ª Conferência Geral
de Pesos e Medidas:
capítulo 1 • 19
Figura 1.2 – O quilograma-padrão internacional de massa. (Cortesia do Bureau Internacio-
nal de Pesos e Medidas, França).
Isto significa que se o quilograma não for preciso, o joule e a candela também não, o
que pode acabar causando problemas em uma série de indústrias, particularmente na
área de tecnologia. À medida que microchips processam mais informação a veloci-
dades cada vez maiores, mesmo pequenos desvios levam a catástrofes. A falta de
confiabilidade no Le Grand K ‘começará a se tornar perceptível na próxima década ou
na seguinte na indústria de eletrônicos’, avisa o físico do NIST Richard Steiner.
20 • capítulo 1
ATIVIDADES
01. A Terra tem a forma aproximada de uma esfera com 6,37x106 m de raio. Determine:
a) o comprimento da circunferência da Terra em quilômetros;
b) a área superficial em quilômetros quadrados;
c) o volume da Terra em quilômetros cúbicos.
03. Uma pessoa que está de dieta pode perder 2,3 kg por semana. Expresse a taxa de perda
de massa em miligramas (1 mg = 10-3 g) por segundo, como se a pessoa pudesse sentir a
perda segundo a segundo.
Ao observamos as medidas das grandezas nas Tabelas 1.2, 1.3 e 1.4, percebe-
mos que quando são muito grandes ou muito pequenas, para expressá-las uti-
lizamos a notação científica.
Na notação científica, a velocidade da luz (c = 299.792.458 m/s) fica escrita
como:
c = 2,99 792458 x 108 m/s.
• Na notação científica, o tempo medido (t= 0,000054 s) fica escrito como
t= 5,4 x10–5 s.
A Notação Científica nos ajuda a escrever números muito grandes ou muito
pequenos através de potências de 10.
EXEMPLO
100 =1
103 =1000
10–6 =0,000001
Assim, o número 1750000 pode ser escrito da seguinte forma:
1,75 x106.
capítulo 1 • 21
ATENÇÃO
Se o número que está à esquerda da vírgula estiver entre 1 e 9, o número está em notação
científica, caso contrário não.
1,75 x106 está em notação científica 17,5 x105 não está em notação científica
↓ ↓
1 até 9 é maior que 9
ATIVIDADE
04. Coloque os números em notação científica:
a) 0,00035
b) 0,04506
c) 0,1204
d) 1300001
e) 104678
a b
Figura 1.3 – Calculadoras Científicas
Na calculadora (b) a tecla EXP já entende o “x10” não é necessário digitar “x10”.
Ex.: 3 x104 = 3 EXP 4
22 • capítulo 1
1.4 Teoria dos Erros Simplificada
A Teoria dos erros é aplicada a um conjunto de medidas experimentais com a
finalidade de expressar matematicamente o valor mais próximo do real. Des-
creveremos aqui de forma sucinta.
Quando grandezas físicas são medidas experimentalmente, essas têm uma
incerteza que está associada ao equipamento utilizado e ao operador, mesmo
medindo repetidas vezes uma grandeza utilizando o mesmo equipamento, os
resultados não são idênticos.
Quando o erro é sistemático, dizemos que a flutuação nas medidas ocorreu por
falhas nos equipamentos ou do operador, por exemplo:
• equipamento com calibração errada;
• cronômetro que sempre atrasa;
• leitura do operador sempre adiantada em relação ao ponto correto de
observação.
capítulo 1 • 23
1.4.2 Erros acidentais ou aleatórios
Acontecem quando o operador falha grosseiramente. Por exemplo, faz uma lei-
tura errada, lê 100mA no lugar de 1mA.
ATENÇÃO
Se deseja obter melhores resultados nos seus experimentos no laboratório realize suas me-
didas com o máximo de cuidado e paciência.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
l = 11,3 cm
24 • capítulo 1
l = 11,3 cm
duvidoso
EXEMPLO
• 7,39 cm: Temos 3 algarismos significativos (7 e 3 são exatos e o 9 é o duvidoso)
• 8,65 x10–12 nm: Temos 3 algarismos significativos (8 e 6 são exatos e o 5 é o duvidoso)
• 5 N : Temos 1 algarismo significativo e ele próprio é o duvidoso.
• 21,00: Temos 4 algarismos significativos (2, 1 e 0 exatos e o último 0 é o duvidoso)
ATENÇÃO
Zeros à direita da vírgula são significativos e zeros à esquerda não são.
1.4.5 Incertezas
capítulo 1 • 25
PERGUNTA
O que está errado, ou inapropriado para a medida?
Quando queremos avaliar milímetros não podemos utilizar uma régua graduada em cen-
tímetros. Observe a mesma peça medida com uma régua graduada em milímetros, podemos
ver que a medida é com certeza 113 mm e alguma coisa que não podemos enxergar mais:
ATENÇÃO
Costumamos fazer estimativas com aproximações até décimos da menor divisão da escala
do instrumento. Para a régua milimetrada a menor divisão é o milílimetro, então nossas apro-
ximações têm que ser até décimos de milímetro. Esta aproximação chamamos de incerteza.
26 • capítulo 1
L = 1,264 cm
Observamos o dígito que vem em seguida daquele que vai ser arredondado,
no caso é
L = 1,264 cm
Se este dígito for menor do que 5, o número que deverá ser arredondado
permanece igual.
L = 1,26 cm
Se fosse maior do que cinco, como por exemplo, temos agora o número 7,
então:
L = 1,267 cm
L = 1,27 cm
• 27
capítulo 1
1.4.7 Teoria dos erros aplicada a um conjunto de medidas
experimentais
Esta seção foi escrita tomando-se como base a referência bibliográfica apostila
do laboratório de física departamento de Física UNESP - Universidade Estadual
Paulista - Bauru. No laboratório obtemos em um mesmo equipamento e condi-
ções uma série de valores para uma grandeza que não é igual. Qual seria então
o valor mais provável dessa grandeza? A estatística tem por finalidade demons-
trar matematicamente qual o valor mais provável. A Teoria dos erros é aplicada
aos erros acidentais ou aleatórios.
Sejam X1, X2, X3, ..., Xn as n medidas realizadas de uma mesma grandeza física X.
O valor médio desta grandeza denotado por X é definido pela média aritmética
dos valores medidos, ou seja,
X1 + X 2 + X 3 + ... + X N 1 n
X=
n
= ∑X
n i =1 i
1.4.9 Desvios
Desvio é a diferença entre um valor medido e o valor adotado que mais se apro-
xima do valor real (em geral o valor médio).
Se representarmos por “di” , o desvio de cada medida em relação ao valor
médio, teremos:
d1 = (X1− X)
d2 = (X2− X)
´-
-
-
di = (Xi − X)
28 • capítulo 1
É interessante saber quanto as medidas individuais Xi se afastam, em mé-
dia, do valor médio, ou seja, de que maneira as medidas Xi se distribuem em
torno do valor médio. A esse fato denominamos “dispersão”. Para medir a dis-
persão são utilizadas algumas propriedades da série de medidas, tais como o
Desvio médio, a Variância e o Desvio Padrão.
1 n
δ= ∑ X −X
n i =1 i
1.4.10 Variância
1 n
( )
2
σ2 = ∑ X −X
n i =1 i
1 n
( )
2
σ= ∑ X −X
n i =1 i
capítulo 1 • 29
1.5 Propagação de erros
Muitas grandezas físicas não podem ser medidas diretamente e são obtidas por
meio de operações com outras medidas. Se desejarmos medir a área média da
face de um azulejo por meio de várias medidas do comprimento (C) e largura
(L), utilizaremos,
A=CL
As equações listadas a seguir nos permite calcular o desvio padrão (σA) e são
completamente demostradas pela estatística e cálculo diferencial integral e
que não cabem fazê-las neste momento.
2 2
σP σ σ
= C + L
P C L
30 • capítulo 1
EXEMPLO
Suponha que seu grupo de laboratório realizou 10 medições do comprimento (C) e da lar-
gura (L) do azulejo abaixo, tendo como objetivo calcular a área da face. As medidas foram
anotadas na tabela 1.5.
COMPRIMENTO C CM LARGURA L CM
34,5 16,2
34,3 16,1
34,4 16,4
34,6 16,5
34,5 16,2
34,2 16,3
34,3 16,3
34,1 16,4
34,6 16,2
34,4 16,3
Tabela 1.5 –
X1 + X2 + X3 + ... + XN 1 n
X=
n
= ∑X
n i=1 i
• 31
capítulo 1
Substituindo os valores temos:
34, 5 + 34, 3 + 34, 4 + 34, 6 + 34, 5 + 34, 2 + 34, 3 + 34,1+ 34, 6 + 34, 4
C= = 34, 39
10
16, 2 + 16,1+ 16, 4 + 16, 5 + 16, 2 + 16, 3 + 16, 3 + 16, 4 + 16, 2 + 16, 3
L= = 16, 29
10
1 n
( )
2
σC = ∑ X −X
n i=1 i
= 0,16
1 n
( )
2
σL = ∑ X −X
n i=1 i
= 0,11
2 2 2 2
σA σ σ 0,16 0,11
= C + L = σA = 560, 21 + = 4, 59 cm
2
A C L 34, 39 16, 29
32 • capítulo 1
ATIVIDADES
05. No laboratório realizamos com a régua 05 medidas para o comprimento C, Largura L e
Profundidade P de um bloco irregular e anotamos na tabela 1.6
Altura
Profundidade
Comprimento
Figura 1.7 – Valores das grandezas lineares do comprimento, largura e altura para o sólido
e cálculos auxiliares para determinação do desvio padrão de cada grandeza.
MEDIDAS C CM P CM A CM
Tabela 1.6 –
capítulo 1 • 33
1.6 Propagação de erros em funções com
grandezas afetadas por erros
Uma situação bem comum nos experimentos em física é estimar o erro que afe-
ta grandezas que são funções de outras. Usamos de uma forma geral para uma
função com as variáveis x e y que seu valor médio é:
f = f (x, y)
ATENÇÃO
Podemos ter mais variáveis. Por exemplo, x, y e z a função seria f (x,y,z).
Através do cálculo diferencial, a expansão da função é feita e obtemos para o desvio:
2 2
∂f ∂f
σ f = σ2x + σ y 2 + ...
∂x ∂y
ATENÇÃO
∂f ∂f
e são as derivadas parciais calculadas para o valor médio
∂x ∂y
EXEMPLO
No laboratório, com o objetivo de determinar a aceleração da gravidade média, através do
experimento do Pêndulo Simples, medimos o período de oscilação (T) e o comprimento do
fio (L), como o período do Pêndulo Simples é:
L L
T = 2π então , g = 4π2 2
g T
34 • capítulo 1
Assim se conhecermos o período de oscilação (T) de um pêndulo simples e seu compri-
mento (L) podemos determinar a aceleração da gravidade do local (g). Para pequenas oscila-
ções (abertura não superior a 15°) podemos considerar o pêndulo simples com período apro-
ximadamente constante. (oscilações isócronas). Portanto, g depende das variáveis T e de L.
Através do cálculo do valor médio e do desvio padrão para T e L, pode-se obter os valores:
T = T ± σT e L = L ± σL
L
g = 4π2
T2
Para estimar o erro utilizamos a ajuda do cálculo diferencial que supõe que para erros
pequenos, podemos escrever como sendo:
2 2
∂g ∂g
σg = σL2 + σ2T
∂
L ∂T
g 2
Sabendo que h = h0 + v 0 t + t onde h0 e v0 são zeros, então a altura é:
2
g 2 2h
h= t ⇒g= 2
2 t
2 2
Determine: g = g ± σg mas g =
2h ∂g ∂g
e σg = σh2 + σ2t
t2 ∂h ∂t
2h
Calculando =
g = 9, 80m / s2
t2
e
capítulo 1 • 35
2
2 2 h 2
σg = σ + −4 σt em t = t e h = h
t2 h t
Substituindo temos:
2
2 −4.0, 20
σg = ( 0, 05)2 + ( 0, 05) = 0, 40 m/s
2 2
0, 2022 0, 202
0 10 20 30 40 50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9
0 1 2 3 4 5
36 • capítulo 1
1.7.3 Procedimento experimental:
1.7.3.1 Utilizando uma folha de papel A4, determine o comprimento (L) lateral e
sua altura (H),
capítulo 1 • 37
1.7.3.5 Expresse todas as medidas na mesma unidade, o milímetro.
VALOR REAL
VALOR EXPERIMENTAL ERRO PERCENTUAL
(FORNECIDO PELO
(TABELA 4.1) (EQ. 01)
FABRICANTE)
RÉGUA DECIMETRADA (DM) H
RÉGUA DECIMETRADA (DM) L
RÉGUA CENTIMETRADA (CM) H
RÉGUA CENTIMETRADA (CM) L
RÉGUA MILIMETRADA (MM) H
RÉGUA MILIMETRADA (MM) L
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GALIANO, O Método Científico - Teoria e Prática, São Paulo: Editora Harbra, 1979.
DESCARTES, René, Discurso do método, tradução Maria Ermantina Galvão, São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
MATTHEWS, R.; Um quilo de problemas. Disponível em :<http://www1.folha.uol.com.br/fsp/
ciencia/fe3003200301.htm>. Acesso em: 12 set. 2015..
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física, v. 1 Editora LTC. 9 ed. 2012.
Steiner, R. Le Grand K. Disponível em: <http://hypescience.com>. Acesso em: 14 set. 2015.
Apostila Laboratório de Física 1, Faculdade de Ciências Departamento de Física, Universidade
Estadual Paulista- Bauru.
Cruz, B.H.C e Fragnito, H. L. Guia para Física Experimental. Disponível em: <http://www.ifi.unicamp.
br/~brito/graferr.pdf>. Acesso em: 10 set.2015.
38 • capítulo 1
2
Instrumentos de
Medidas e Gráficos
Neste capítulo, vamos aprender a utilizar o paquímetro e o micrômetro dois im-
portantes instrumentos de medidas. Vamos aprender também como construir
gráficos em papel milimetrado e também através do software Zgrapher.
OBJETIVOS
• Conhecer o paquímetro.
• Conhecer o micrômetro.
• Aprender a construir gráficos lineares, monolog e dilog.
40 • capítulo 2
2.1 Instrumentos de medidas
2.1.1 Paquímetro
A E F G
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
mm
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
H
C D
B
capítulo 2 • 41
O Nônio é constituído por uma pequena régua dividida em um certo núme-
ro de partes iguais que desliza em guias ao longo de uma régua que contém a
escala principal do paquímetro. Suponha que desejamos construir um nônio
que permita fazer leituras com precisão de 0,1 mm da menor divisão da escala
principal. O Nônio, ou escala móvel, contém 10 divisões, cada uma delas equi-
vale a 9/10 do comprimento da menor divisão da escala principal. Portanto, as
10 divisões da escala do nônio têm o mesmo comprimento que 9 divisões da
escala principal.
De maneira geral, quando se vai utilizar um paquímetro, deve-se verificar a
sua aproximação ou precisão. Para o cálculo da aproximação, A, de um paquí-
metro basta fazer:
1 20 0,05
1 50 0,02
42 • capítulo 2
EXEMPLO
Na figura 2.2, vemos que a aproximação do paquímetro é 0,05 mm, isto significa que o
milímetro da escala principal foi dividido em 20 partes, logo A= 0,05 mm. Então a leitura da
medida é feita assim:
L ep = 73 mm n=13 A = 0,05 mm
M = 73 + 13 · 0,05 = 73,65 mm
6 7 8 9 10 11 12 13
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
ATIVIDADE
01. Faça a leitura da medida linear dada na figura abaixo:
a) Aproximação 0,05 mm
• 0,05 mm
L.e.p.
0 10 20 30 40 50
0 1 2 3 4 0 6 7 8 9 10
n=3
capítulo 2 • 43
b) Aproximação 0,1 mm
• 0,1 mm
L.e.p.
0 10 20 30 40 50
0 10
n=8
2.2 Micrômetro
É um instrumento que permite medir por leitura direta as dimensões reais,
com uma aproximação de 0,01 mm ou mesmo de 0,001 mm ou o equivalente em
polegada. A sua utilização se faz necessária quando a exatidão requerida for su-
perior à obtida com o paquímetro. Este é construído por um parafuso em hélice
com uma espera móvel e outra fixa, na extremidade deste apresenta um tambor
móvel dividido em partes iguais que gira ao logo de outra escala longitudinal.
Escala Centimetrada
Catraca
Ponta móvel Escala de 1 mm
Ponta fixa
30
0 5 10 15 20 25
25
20
15
Escala de 0,5 mm
Tambor
Parafuso de trava
44 • capítulo 2
Os micrômetros, também conhecido como calibrador micrométrico ou pál-
mer, são instrumentos de medida lineares que possuem um nônio circular (es-
cala centesimal). São utilizados para medidas precisas de pequenas distâncias,
tal como diâmetro de fios ou espessuras de lâminas delgadas. A ponta móvel
está na extremidade de um parafuso de rosca micrométrica que passa por uma
porca cilíndrica onde está a escala de 1 mm e 0,5 mm.
O objeto a ser medido é colocado entre as pontas fixa e móvel. Girando-se
o tambor (que é a cabeça do parafuso), onde está gravado nônio circular, no
sentido horário consegue-se avançar o parafuso até que a ponta móvel esteja
bem próxima ao objeto. A partir daí utilizamos a catraca para movimentar o
parafuso até a ponta móvel encostar no objeto.
Assim como no paquímetro, o micrômetro apresenta um parafuso de trava
para facilitar o momento da leitura da dimensão do objeto.
passo do parafuso
A=
número de divisões do nônio
35
0 5 201030
25
n. A = 28.0,01 mm
25
20
Referência 2 = 0,5 mm
• 45
capítulo 2
ATENÇÃO
45
0 5
40
36
35
30
25
Não aparece o traço indicando que
devemos somar 0,5mm na leitura
Nesta leitura não temos a referência 2 na leitura, temos Leitura= 7+ 36 x 0,01=7,36 mm.
ATIVIDADE
02. Faça a leitura nos micrômetros com os micrômetros tendo aproximação de 0,01 mm.
35
45
0 5 0 5 25
40
20
35
15
30
10
25
Resultado A Resultado B
10 35
15 20 2 5 10 30
0 25
45 20
40 15
Resultado C Resultado D
46 • capítulo 2
2.3 Gráficos
2.3.1 Representação gráfica de resultados experimentais
G1
K= , onde K é a constante de proporcionalidade.
G2
y
25
20
y=Kx
15
10
x
0 4 8 12 16 20 24
capítulo 2 • 47
A equação reduzida da reta é:
y = ax + b
a = Coeficiente angular da reta
b = Coeficiente linear da reta
A constante de proporcionalidade K é o coeficiente angular da reta e o coefi-
ciente linear é zero, pois o gráfico passa pela origem.
EXEMPLO
No laboratório estudou-se o movimento uniforme, para isso colocou-se óleo em uma pro-
veta de 1L. Foram feitas marcações em distâncias fixas de 3,5 cm ao longo da proveta. Em
seguida, pingou-se uma gota de corante (azul de metileno), e foram medidos os tempos em
cada marcação com o auxílio do cronômetro. Foram feitas 5 séries de medidas e calculado o
tempo médio os resultados foram colocados na tabela 2.1.
7 10,5
10,5 16,2
14 21,7
17,5 27,1
21 32,4
24,5 38,1
Tabela 2.1 –
48 • capítulo 2
Deslocamento (cm)
25
22,5
20
17,5
15
12,5
10
7,5
5
2,5
Tempo médio (s)
0 4 8 12 16 20 24 28 32 35 40
Como observamos, o gráfico não possui ligação entre os pontos, pois em um gráfico
experimental não podemos interligar os pontos. Fazemos uma melhor reta entre os pontos
ou uma regressão linear, reta tracejada no gráfico abaixo:
Deslocamento (cm)
20
10
capítulo 2 • 49
A regressão linear nos forneceu a equação da reta tracejada, para este experi-
mento foi:
y = 0,64128 x
y = variável dependente = Deslocamento S (cm)
x = variávelindependente = Tempo (s)
K = const. de proporcionalidade
= velocidade média da gota de corante = 0,64 cm/s
X = V t
y = 0,64 x
50 • capítulo 2
a) milimetrado
b) monolog
• 51
capítulo 2
c) dilog
52 • capítulo 2
y
25
22,5
20
17,5
15
12,5
10
7,5
5
2,5
x
0 4 8 12 16 20 24 28 32 35 40
Linear
b) Função exponencial
y = C1 eC2 X
y = variável dependente
C1 e C2 = constantes positivas ou negativas
e = base dos logaritmos naturais ou neperianos = 2,718…
0 x
y = C1 eC2 X
Crescimento Exponencial
• 53
capítulo 2
y
0 x
y = C1 e –C2X
Decaimento Exponencial
c) Função Potência
y = C xn
y = variável dependente x= variável independente
C = número real e n são constantes a serem determinadas
54 • capítulo 2
ATENÇÃO
Quando trabalhamos com escala logarítmica não podemos iniciá-la com zero.
Outra coisa importante, é observar que a escala logarítmica é dividida em 10, por exem-
plo se iniciar no ponto 0,01 a próxima divisão será 0,1, pois 0,01 · 10 = 0,1.
Para fazer o gráfico, podemos utilizar os papeis especiais milimetrados monolog e dilog
Figura 3, que servem para linearizar as funções exponenciais e potências.
EXEMPLO
Em um laboratório mediu-se a variação da corrente elétrica (I) em função do tempo t,
obtendo-se
y
2000
l (mA)
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
x
t (s)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Linearizando a função, basta aplicarmos logaritmo dos dois lados da equação (4)
capítulo 2 • 55
log I = log I0 + (C2 log e) · t
y
0.26
log I (mA)
0.13 x
t (min)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
–0.13
–0.26
–0.39
–0.52
–0.65
–0.78
–0.91
56 • capítulo 2
2.6 Construção de gráficos utilizando o
software Zgrapher
capítulo 2 • 57
3º passo – Ok;
58 • capítulo 2
7º passo – Melhor ajuste;
Clique em Calculus e em seguida regression.
• 59
capítulo 2
2.7 Atividade Experimental l – Incertezas em
Medidas Experimentais
• Esferas metálicas;
• Paquímetro (detalhes na última página);
• Balança digital.
onde:
d = densidade de um objeto;
m = massa do objeto;
V = volume do objeto;
60 • capítulo 2
(eq. 2)
2 2
∂f ∂f
σf = σ2x + σ y 2 + ...
∂x ∂x
2 2
∂f 2 ∂f
2
σd = σm + σ v
∂m ∂v
01 02
DIÂMETRO (CM)
MASSA (G)
RAIO (CM)
DENSIDADE (G/CM3)
INCERTEZA DA DENSIDADE
(G/CM3)
• 61
capítulo 2
2.7.4 Objetivos gerais
• Papel milimetrado;
• Lápis (não se constrói gráficos à caneta);
• Régua milimetrada.
62 • capítulo 2
• Coloque os valores das grandezas apenas com os números necessários à
leitura; não coloque valores especiais;
• Marque nos eixos as escalas, escolhendo divisões que resultem em fácil
leitura de valores intermediários (por exemplo, divida de 2 em 2 e
• não de 7,7 em 7,7).
• Se possível, cada um dos eixos deve começar em zero;
• Procure traçar a melhor reta ou curva, devendo recorrer a métodos mate-
máticos quan-
• do os valores encontrados não estão adequados.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
POSIÇÃO S (CM)
500 501 504 509 516 525 536 549 564 581 600
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Apostila de laboratório de Física I. Universidade Estadual de São Paulo. Faculdade de Engenharia de
Bauru
capítulo 2 • 63
64 • capítulo 2
3
Cinemática
Vetorial
Enfim os movimentos! Neste capítulo, estudaremos os movimentos uni, bi e
tridimensionais, para isso, necessitamos entender os conceitos de sistemas de
coordenadas, ponto material, referencial e vetores. Nosso livro é um suporte ao
seu estudo, consulte também a sua biblioteca virtual.
OBJETIVOS
• Definir sistema de coordenadas e posição;
• Definir ponto material, referencial e posição;
• Definir vetor posição e vetor deslocamento;
• Definir deslocamento, velocidade e aceleração vetoriais;
• Definir velocidade e aceleração vetoriais médias;
• Definir velocidade e aceleração instantâneas;
• Apresentar os movimentos unidimensionais;
• Estudar o movimento uniforme e uniformemente variado;
• Estudar o movimento de queda livre;
• Estudar os movimentos bidimensionais e tridimensional;
• Apresentar os movimentos bidimensionais: Projéteis e Circular;
• Estudar a Equação da trajetória para o movimento de projéteis e circular.
66 • capítulo 3
3.1 Introdução
Enfim, o estudo dos movimentos! Sempre que falamos de movimento, logo sur-
ge a ideia de carros e motos, pois estes fazem parte do nosso cotidiano, mas foi
o movimento da Terra, do Sol e da Lua que exerceram forte domínio nos estu-
diosos. Aristarco (310-230 a.C.), foi o primeiro a lançar a ideia de que a Terra
gira ao redor do Sol, bem contrário a ideia de Aristóteles ( 384-322 a.C) que era
de que a Terra ocupava o centro de tudo.
Galileu (1564-1642) é considerado um dos pioneiros da ciência moderna,
e suas ideias prevaleceram de que o Sol é o centro do universo, apesar do forte
domínio político que a igreja católica exercia a favor das ideias de Aristóteles. A
Física que entendemos hoje, tem muito dos ensinamentos de Galileu.
MULTIMÍDIA
https://www.youtube.com/watchv=vKoHl92TLRY
Breve vídeo sobre a história do grande físico Galileu Galilei. Realizado a partir do docu-
mentário Deus criou o universo? (Stephen Hawking)
capítulo 3 • 67
A Cinemática é a parte da Física que estuda os movimentos sem se preocu-
par com as suas causas. O termo Cinemática vem do grego Kinema que signi-
fica movimento. Para descrever os movimentos, precisamos inicialmente nos
dedicar a falar de uma ferramenta apropriada para este estudo, os vetores. A
linguagem dos vetores é de muita importância na engenharia, em outras ciên-
cias e até mesmo em nosso cotidiano. Os vetores servem para nos orientar e
descrever situações que envolvem rotações e forças.
Vamos imaginar um avião durante uma viagem. Que informações ele deve
transmitir para os controladores em terra, a fim de descrever seu movimento?
Pólo Norte
90°
75°
60°
Localização
45° do avião:
Meridiano de Greenwich
LAT N 45°,
30°
Long L 30°
15° dor 75°
45°
30° Equa 60°
0° 45°
15° 30°
15° 15°
30°
45°
60°
75°
Pólo Sul
68 • capítulo 3
COMENTÁRIO
Os conceitos de Latitude e Longitude estão explicados nas seções seguintes.
CONCEITO
A Cinemática descreve os movimentos, relacionando a posição com o tempo.
Na Cinemática utilizam-se outras grandezas como velocidade e aceleração para des-
crever o movimento.
CONCEITO
Na análise de um fenômeno, um corpo é considerado um ponto material quando suas di-
mensões são desprezíveis.
No estudo da Cinemática adotamos por simplificação que o corpo em movimento é um
ponto material, mas não podemos esquecer que o conceito de ponto material é relativo. Um
exemplo clássico são os movimentos da Terra em torno do Sol. No movimento de Translação
a Terra pode ser considerada em ponto material, mas no movimento de rotação em torno de
seu próprio eixo é um corpo extenso. Figura 2.
capítulo 3 • 69
Rotação
Terra
Sol
Translação
RESUMO
A posição (coordenadas) de um ponto material é perfeitamente determinada em relação a
um referencial.
70 • capítulo 3
Figura 3.3 – Coordenadas e Referenciais unidimensionais.
Corumbá
MATO GROSSO DO SUL
Campo Grande
Dourados
Ponta Porã
PARAGUAI
• 71
capítulo 3
Latitude
Latitude
A
90°
75°
60°
45° Norte
B
30°
15°
Graus
0° Equador
15°
30°
C Sul
45°
D
60°
75°
90°
Longitude
Longitude
Meridiano de Greenwich
D
B
A C
72 • capítulo 3
Para o correto entendimento do que é Longitude, devemos lembrar que é o
Meridiano de Greenwich o elemento delimitador das Longitudes. Existindo as
Longitudes Leste e as Longitudes Oeste. O Meridiano de Greenwich representa
a Longitude 0° (zero graus). Lembre que além do Meridiano de Greenwich ser o
referencial para a demarcação das Longitudes, esta linha imaginária também
divide o nosso planeta em Hemisfério Ocidental e Hemisfério Oriental.
As longitudes variam de 0° a 180° na direção Leste e de 0° a 180° na direção
Oeste. (lê-se de zero a cento e oitenta graus). Na imagem acima, os 180 graus
leste e os 180 graus oeste foram divididos de 30 em 30 graus, este recurso foi
utilizado para uma melhor representação cartográfica. Observe que na figura
acima estão demarcados os pontos A, B, C, D, possuindo cada ponto as seguin-
tes longitudes:
Ponto A: 120° Longitude Oeste. Ponto B: 30° Longitude Oeste. Ponto C: 90°
Longitude Leste. Ponto D: 180° Longitude Leste.
As longitudes em conjunto com as latitudes são denominadas de
Coordenadas Geográficas, sendo um importante recurso de localização na su-
perfície terrestre, pois sabendo a longitude e a latitude de um lugar, pode-se
chegar a qualquer ponto do nosso planeta.
Para localizar um avião em vôo são necessárias as três coordenadas (x, y) no
plano horizontal e z coordenada altura
altura
y
referência
x
• 73
capítulo 3
Veja que o referencial é a torre de controle
z
Altitude
Avião
x
Latitude
Longitude
y
RESUMO
Sistema de coordenadas cartesianas
Unidimensional (uma coordenada)
y
O
x A (0,y,0) z A (0,0,z)
O A (x, 0,0) x
y z
O
O é a origem e é o referencial
Bidimensional Coordenadas no Plano ( duas coordenadas)
y
y A (x,y,0)
O
x
Plano x-y Plano x-z A (0,y,z)
Plano
A (x,0,z) y-z O
z
O x
z
O é a origem e é o referencial
74 • capítulo 3
Tridimensional Coordenadas no espaço (três coordenadas)
z
A (x,y,z)
O y
No estudo dos movimentos até agora, nossas análises tiveram o objetivo de lo-
calizar um ponto material sobre uma trajetória previamente definida, porém
nem todos os fenômenos podem ser analisados por esse método. Para fazer-
mos uma análise mais abrangente dos fenômenos devemos utilizar os vetores.
Portanto, vamos definir deslocamento, velocidade e aceleração vetoriais.
3.3.1 Vetor-posição
capítulo 3 • 75
Cometa
r Vetor posição
CONCEITO
O Vetor-posição de um ponto P em relação a um ponto O de referência é o vetor r. O módu-
lo de r é o comprimento do segmento OP, sua direção é a da reta suporte OP e seu sentido
é de O para P.
r
76 • capítulo 3
Observe que o vetor Δr tem origem em P1 e extremidade em P2.
P2 P1
∆r
r2
r1
EXEMPLO
A figura abaixo mostra a trajetória de um planeta em torno do sol, desenhe o vetor posição
do ponto P1 (r1) e P2 (r2) em relação ao sol, desenhe o vetor- deslocamento entre as posições
P1 e P2. Determine o módulo do vetor deslocamento, adote 1 cm:150 milhões de quilômetros.
P2
P1
Planeta
∆r
r2
r1
Sol
Foco
Resolução
O segmento representativo de Dr tem comprimento de 2,7 cm. Utilizando a escala for-
necida temos:
|Dr| = 2,7 x 150 x106 = 405 milhões de quilômetros
• 77
capítulo 3
3.3.3 Velocidade Vetorial média
P1
Planeta
(P2, t2) ∆r
(P1, t1)
r2 r1
Sol
Foco
78 • capítulo 3
CONEXÃO
Quando falamos da velocidade de uma partícula, em geral estamos nos referindo à veloci-
dade instantânea v em um certo instante. Esta velocidade v é o valor para o qual tende a
v m quando o intervalo de tempo Dt tende a zero.
Portanto, temos a conexão entre a Física e o Cálculo Diferencial:
dr
v=
dt
A velocidade vetorial instantânea v de um ponto material é definida a partir das seguin-
tes características:
• direção: tangente à trajetória
• sentido: o próprio sentido do movimento
• módulo: igual ao módulo da velocidade escalar instantânea.
v
ATENÇÃO
Velocidade média não é a média das velocidades!
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Uma partícula sofre um deslocamento de Dr = 12 m i + 4,0 m k em 4s, calcule a veloci-
dade média.
Resolução: Sabemos que a velocidade média é dada por:
∆r ∆x i + ∆y j + ∆zk
vm = =
∆t ∆t
Assim
∆r 12 m i + 4, 0 mk
vm = = = 3 m/s i + 1m/sk
∆t 4
capítulo 3 • 79
3.3.5 Aceleração vetorial média
Considere a trajetória abaixo. Seja v1 a velocidade vetorial no instante t1 e v 2 a
velocidade vetorial média no instante t2.
v2
t2
v1
t1
EXERCÍCIO RESOLVIDO
A velocidade inicial de um elétron é inicialmente 3 i + 5 j − 7k e 5s depois passa a ser
8 i − 10 j − 2k com todos os valores em metros por segundo. Para esses 5 s, determine
quais são: a aceleração média do elétron a m e o módulo de a m .
∆v v2 − v1 v2 − v1 ( 8 − 3) i + ( −10 − 5) j + ( −2 + 7) k 5 i − 15 j + 5k
am = = = = =
∆t ∆t ∆t 5 5
am = i − 3 j + k
80 • capítulo 3
Para calcularmos o módulo de am utilizamos:
am = a2x + a2y + a22 = (1)2 + ( −3)2 + (1)2 = 11 = 3, 32 m/s2
ATIVIDADE
A posição de uma partícula no eixo x é dada por x = 3 – 5t + 4 t3, com x em metros e t em
segundos. a) Determine a função velocidade v ( t) e a função aceleração a ( t ). b) Encontre
a velocidade e a aceleração para t = 2s.
y0
y
y1
0 partícula
X y2
Figura a Figura b
• 81
capítulo 3
espaços iguais em tempos iguais temos o mais simples dos movimentos que é
o Movimento Uniforme (M.U.) Observe a figura abaixo:
Na figura o movimento das bolas foi registrado por meio de uma fotografia
estroboscópica. A bola vai da esquerda para a direita , e as fotos foram batidas
com intervalos de tempos iguais e constantes de 0,5 s.
Concluímos que, no movimento uniforme (M.U) a velocidade média e ins-
tantânea tem sempre o mesmo valor durante o movimento.
A foto a seguir mostra os espaços e os instantes quando uma bola rola sobre
uma mesa horizontal, a bola como vemos percorre 1 cm a cada 1s.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0s 1s 2s 3s 4s 5s 6s 7s 8s 9s 10s
sentido positivo
y
10 espaço (cm)
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
0 tempo (s)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
82 • capítulo 3
ESPAÇO (CM) TEMPO (S)
0 0
1 1
2 2
3 3
4 4
5 5
6 6
7 7
8 8
9 9
10 10
ATENÇÃO
O gráfico do espaço em função do tempo é uma reta, isto é propriedade do MU. O coeficiente
angular é fisicamente a velocidade média e o coeficiente linear é o espaço inicial.
O gráfico da velocidade em função do tempo é uma função constante, como
deveria ser, pois a velocidade é constante no tempo para o MU.
y
2 velocidade (cm/s)
x
0 tempo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
capítulo 3 • 83
COMENTÁRIO
Se calcularmos a área abaixo da reta no gráfico da velocidade em função do tempo esta nos
fornecerá deslocamento da bola.
y
2 velocidade (cm/s)
10 cm
1
x
0 tempo
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
O gráfico do espaço percorrido pela bola é uma reta, o que significa que o espaço é uma
função do primeiro grau do tempo. Para encontrarmos a equação correspondente a essa
função, partiremos da definição de velocidade vetorial média:
∆r
vm =
∆t
ATENÇÃO
Como o movimento está somente na direção x escrevemos ⇒ ∆r = ∆x
A velocidade média é igual a velocidade instantânea ⇒ v m = v = v
∆x x − xi
v= ou v = f
∆t tf − ti
84 • capítulo 3
Supondo que no instante inicial (ti = 0) o espaço inicial xi seja x0, que no tempo final
(tf = t) e o espaço final (xf = x) teremos:
x − x0
v=
t
Função Horária do MU ⇒ x = x0 + vt
COMENTÁRIO
A função horária do movimento determina para qualquer tempo a posição da partícula, esta
é uma característica da Mecânica Determinística de Isaac Newton.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Numa estrada, um automóvel em movimento uniforme com velocidade de 90 km/h encontra-
se no espaço inicial a 60 km quando seu motorista aciona um cronômetro. Onde estará o
automóvel quando o cronômetro indicar 10 minutos?
Resolução:
Convém que trabalhemos no Sistema Internacional onde velocidade é dada em m/s.
Para transformar Km/h em m/s basta dividir pelo fator 3,6 portanto 90 km/h / 3,6 = 25 m/s
Vamos encontrar a função horária do automóvel. O cronômetro foi acionado (t = 0) quan-
do o espaço era igual a 60 km ou 60.000 m. Logo este é o valor do espaço inicial x0 =
60.000 m
Então x = x0 + vt fica x = 60.000 + 25 t
Queremos saber qual será o espaço quando o cronômetro indicar 10 min (t = 10 min =
36.000s), substituindo o tempo na função horária temos:
x = 60.000 + 25 t = x = 60.000 + 25 x 36.000 = 960.000 m ou 960 km
capítulo 3 • 85
PERGUNTA
Ao definirmos aceleração vetorial instantânea como sendo a taxa de variação da
velocidade em função do tempo ( derivada), qual seria a aceleração no MU?
A resposta você já sabe é zero, pois a derivada de uma constante (velocidade) é zero.
Mais um conceito importante você aprendeu, que no MU a aceleração é zero, porque a
velocidade é constante.
86 • capítulo 3
0 1
4
9
16
25
36
49
64
81
100
• 87
capítulo 3
y
altura (m)
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
x
0 0,05 0,1 0,15 0,2 tempo (s)
2
velocidade (m/s)
x
0 0,05 0,1 0,15 0,2 tempo (s)
88 • capítulo 3
∆v
Podemos escrever então que a = e como no caso do MU podemos dis-
∆t
pensar o tratamento vetorial, pois estamos em um movimento unidimensio-
nal. Então:
∆v v f − v i
a= =
∆t t f − t i
Considerando ti = 0 tf = t e vi = v0 e vf = v, temos:
v − v0
a=
t
y
velocidade (m/s)
v0 + at
v0
tempo (s)
0 t
capítulo 3 • 89
Para encontrarmos a função horária basta calcularmos a área do trapé-
zio acima
base maior = v0 + a t
base menor = v0
altura = t
Substituindo, temos:
X − X0 =
( v 0 + at + v 0 ) ⋅ t
2
at 2
Função horária do espaço MUV ⇒ X − X 0 = v 0 t +
2
COMENTÁRIO
Resumindo: No MUV, o espaço é uma função do 2º grau do tempo, e sua representação
gráfica é uma parábola.
Uma equação interessante do MUV é a Equação de Torricelli. Evangelista Torricelli físico
e matemático italiano, foi discípulo de Galileu e viveu entre os anos de 1608 e 1647, sua
equação torna-se importante na medida em que não depende do tempo.
Dadas as funções horárias do MUV
v = v0 + at (1)
at 2
X − X0 = v0t + (2)
2
Isolando o tempo na equação (1) e substituindo na equação (2), após algumas manipu-
lações algébricas temos:
Equação de Torricelli ⇒ v 2 = v 20 + 2a∆x
90 • capítulo 3
3.4.1.4 Movimento de Queda Livre
CURIOSIDADE
O valor de g varia com a latitude e com a longitude do lugar, se a Terra fosse uma esfera
perfeita o valor seria o mesmo em todos os pontos da superfície terrestre. A atração gravi-
tacional é maior no Rio de Janeiro porque o Rio está mais próximo do centro da Terra, relati-
vamente a Belo Horizonte, que está a uma altitude de 850 metros. Na Lua, a aceleração da
gravidade é cerca de seis vezes menor do que na Terra.
capítulo 3 • 91
O movimento de Queda Livre é um caso especial do MUV então todas as equações do
MUV são aplicadas para a Queda Livre, ou seja, se aplicam a um objeto que esteja descre-
vendo uma trajetória vertical, para cima ou para baixo, desprezando a resistência do ar.
Na Queda Livre temos:
• A direção do movimento é ao longo do eixo y vertical e não ao longo do eixo x horizontal.
• O sentido é positivo no sentido do eixo y apontando para cima.
• A aceleração em queda livre é negativa, ou seja, para baixo, em direção ao centro da Terra
e, portanto tem o valor g nas equações.
at2 gt2
X − X0 = v 0 t + y − y0 = v0t ±
2 2
v = v0 + at v = v0 ± gt
ATENÇÃO
O sinal ± da aceleração g nas equações vai depender do movimento do objeto estar para
cima ou para baixo. A aceleração do movimento é sempre igual a g, com o sinal positivo ou
negativo, dependendo do sentido positivo adotado sobre a trajetória.
a = +g
a = –g
92 • capítulo 3
EXEMPLO
01. Um objeto é abandonado do alto de um edifício e chega ao chão 3 s depois. Despre-
zando-se a resistência do ar e considerando g = 9,8 m/s2, determine:
a) a velocidade com que o objeto chega ao chão.
b) a altura do prédio.
Resolução:
Como o objeto está em uma queda vamos adotar o referencial adotando a trajetória para
baixo e considerar a origem o ponto de lançamento, então temos:
v0 = 0 ( pois o objeto é abandonado)
g = + 9,8 m/s2
y0 = 0
a) Como o tempo de queda é conhecido, podemos usar as equações que tem o tempo.
v = v0 + gt = 0 + 9,8 x 3 = 29,4 m/s
b) Para determinar a altura podemos usar a função horária dos espaços ou a equação
de Torricelli
v2 = v20 + 2g ( y − y 0 )
v2 − v20 (29, 4)2 − 0
y= = = 44,10 m a altura do edifício é 44,10 m
2g 2 ⋅ 9, 8
02. Um objeto é lançado verticalmente para cima, a partir do solo, com velocidade de 20m/s.
Desprezando a resistência do ar e considerando g = 9,8 m/s2, determine:
a) a altura máxima atingida;
b) o tempo para atingir a altura máxima.
Resolução:
Como o objeto é lançado para cima, estabelecemos que o sentido da trajetória é positivo
para cima e a origem no solo e neste referencial g = – 9,8 m/s2.
V0 = 20 m/s
g = –9,8 m/s2
y0 = 0 m
• 93
capítulo 3
g
v0
Para v = 0, temos:
0 = 400 –19,6 y ⇒19,6y = 400 ∴ y = 20,41 m
ATIVIDADES
Movimento Uniformemente Variado
03. Uma pedra foi abandonada livremente. No instante t0 = 0,5 s, sua velocidade de queda
era de 4,9 m/s; e no instante t = 2,5 s, sua velocidade era de 24,5 m/s. Calcule a aceleração
média da pedra.
04. Qual a aceleração média de um automóvel que variou sua velocidade de 54 km/h para
72 km/h em 10 s? Utilize o SI.
05. Um foguete, para colocar um satélite em órbita, alcança a velocidade de 5,4 · 103 km/h
em 30 s, a partir do repouso. Qual a aceleração média do foguete nesse percurso?
06. Um automóvel que viajava a 72 km/h foi freado e parou em 10 s. Qual a sua aceleração
média, durante a freagem, em m/s2?
94 • capítulo 3
07. A tabela representa os valores da velocidade de uma partícula e os respectivos instantes.
T(S) 0 2 3 5 8
V(M/S) 20 10 0 -20 -30
Queda livre
08. De uma ponte deixa-se cair uma flor que demora 4s para chegar a superfície do rio. Sen-
do a aceleração da gravidade igual a 9,8 m/s2 e desprezando a resistência do ar, determine
a altura da ponte.
09. Um objeto é lançado verticalmente para cima, a partir do solo, com velocidade inicial de
30 m/s. Considere g = 9,8 m/s2 e despreze a resistência do ar, determine:
a) a altura máxima atingida.
b) o tempo necessário para atingir a altura máxima.
c) a velocidade do objeto depois de 6s. Nesse instante o objeto está subindo ou descendo?
capítulo 3 • 95
y
P (x, y)
r
j
i
x
y
vy
v
vx
j
i
x
96 • capítulo 3
Aceleração vetorial média bidimensional
∆v
am =
∆t
∆v ∆v x ∆v y
am = = i+ j
∆t ∆t ∆t
ax
ay a
j
i
x
dv dv x dv y
a= = i+ j
dt dt dt
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Um avião decola de um aeroporto e é avistado mais tarde a 215 km de distância, em um cur-
so que faz um ângulo de 22º a leste do norte. A que distância a leste e ao norte do aeroporto
está o avião quando é avistado?
Resolução: O primeiro passo é esquematizar o problema.
capítulo 3 • 97
y
215 km
22°
aeroporto
x
Norte
dy
22°
Oeste dx Leste
Sul
98 • capítulo 3
Generalizando para o movimento tridimensional
r
k
y
i j
Vetor posição tridimensional r = x i + y i + zk
∆ r ∆x ∆y ∆z
Velocidade vetorial média tridimensional vm = = i+ j+ k
∆t ∆t ∆t ∆t
dr dx dy dz
Velocidade vetorial instantânea tridimensional v = = i+ j+ k
dt dt dt dt
∆v ∆v x ∆v y ∆v z
Aceleração vetorial média tridimensional am = = i+ j+ k
∆t ∆t ∆t ∆t
dv dv x dv y dv z
Aceleração vetorial instantânea tridimensional a = = i+ j+ k
dt dt dt dt
• 99
capítulo 3
o movimento de projéteis é complicado, mas foi provado experimentalmente
que o movimento no eixo x é independente do movimento no eixo y. Na figura
vemos projéteis sendo lançados.
PERGUNTA
Qual a trajetória descrita pelos projéteis?
v0x
v
vy
vx
vx
v0y ∆y
v0 vy v
v0x vx
x
∆x
vy v
100 • capítulo 3
Movimento Horizontal
No movimento horizontal não existe aceleração, então a componente da
velocidade vx possui um valor constante e não muda durante toda a trajetória,
dizemos que em x o movimento é uniforme. Como determinamos v0x?
Novamente precisamos utilizar os vetores, mais precisamente decompor
vetores, observe:
Y
P
y
v0
v0y = v0 senα
α
0 x X
v0x = v0 cosα
Movimento Vertical
O movimento na vertical é o movimento de Queda Livre, portanto a acelera-
ção é constante e tem módulo g.
As equações do movimento de projéteis são:
v = v0 − gt ⇒ vy = v0 y − gt = v0 sena − gt (3)
• 101
capítulo 3
Equação da trajetória
Podemos obter a equação da trajetória y = f (x) isolamos o t na equação (1) e
substituímos na equação (2), após algumas manipulações algébricas e supon-
do que y0 e x0 são zero, temos que:
gx 2
y = tan αx − (5)
2 ( v 0 cos α )
2
Alcance horizontal
O alcance horizontal é a distância percorrida pelo projétil até voltar a altura
de lançamento. Para calcularmos o alcance utilizamos a equação (1)
x = x0 + v0 cosat
fazendo x – x0 = R, e y – y0 = 0 na equação (2) temos:
R = v0 cosat (6)
gt 2
0 = v 0sen αt −
2 (7)
Y
P
y
v0
v0y = v0 senα
α
0 x X
v0x = v0 cosα
R = alcance
2 v 20
R= sen α cos α
g
2 v 20
R= sen 2α
g
102 • capítulo 3
ATENÇÃO
Esta equação não fornece a distância horizontal percorrida pelo projétil quando a altura final
é diferente da altura de lançamento.
COMENTÁRIO
Quando temos a = 45º temos o alcance máximo, pois sen 90º = 1, que é o valor máximo.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
Tentando acertar o gol o jogador chuta a bola com velocidade inicial de 8 m/s, o ângulo a em
relação a horizontal é de 60º , qual o alcance?
v0
α x
R=?
Resolução:
O alcance está relacionado com o ângulo a através da equação abaixo
2 v 20
R= sen 2α
g
82
R= sen 120o = 5,6 m
9,8
capítulo 3 • 103
Movimento Circular Uniforme
Uma partícula que descreve um movimento circular uniforme está em uma
trajetória circular ou arco de circunferência com velocidade escalar constante
(uniforme). Em nosso cotidiano é comum observarmos o movimento realizado
por ventiladores, rodas de carros e também pelo liquidificador. Todos esses são
exemplos de aparelhos que utilizam o MCU. A figura abaixo mostra um brin-
quedo muito comum em parques, o chapéu mexicano, que executa revoluções
que vão se tornando mais rápidas com o passar do tempo. Portanto, é um movi-
mento circular mas não uniforme.
va
vb
vc
V= a V= b Vc = cons tan te
104 • capítulo 3
Como na velocidade linear, o deslocamento é diretamente proporcional aos
intervalos de tempo, também ocorre na velocidade angular, onde os ângulos
são diretamente proporcionais aos intervalos de tempo.
∆s
∆ϕ ∆t
∆S
= v = constante ( velocidade linear tangente a trajetória)
∆t
∆Φ 2π = ω constante (velocidade angular )
=
∆t T
∆S 2πR
v= = = ϖR
∆t T
Portanto,
v = ωR (1)
A equação (1) relaciona a velocidade linear com a angular. A velocidade es-
calar média (v) depende da frequência ou do período do movimento e do
raio da circunferência descrita.
Definimos frequência (f) como sendo o número de voltas da partícula em
uma unidade de tempo. A frequência é dada em hertz no S.I. ( Hz) . A velocida-
de angular média (w) depende apenas da frequência ou do período, mas não
depende do raio.
Aceleração centrípeta
No MCU, embora o valor numérico da velocidade linear de um ponto ma-
terial seja sempre o mesmo, ela não é constante, porque sua direção e sentido
varia de ponto a ponto. Se a velocidade varia, é porque existe uma aceleração
• 105
capítulo 3
agindo sobre o ponto material em movimento circular uniforme. Esta acele-
ração é chamada de aceleração centrípeta. A aceleração centrípeta é sempre
dirigida para o centro da circunferência descrita pelo ponto material e o seu
módulo é dado por
v2
ac =
R
substituindo v = ωR
ac = ω2 R
v
at ac
O
a
106 • capítulo 3
Função horária angular
Vimos no início do capítulo que a função horária do movimento retilíneo
Uniforme é x = x0 + vt. A função horária angular do MCU, localiza o ângulo
descrito em função do tempo gasto no percurso. Não utilizamos a posição do
ponto material, pois no MCU esta posição se repete; porém o ângulo descrito
por este ponto material nunca se repete, pois quando ele passa pelo mesmo
ponto acrescemos o valor do ângulo formado em 360o ou 2π rad. E com isto
podemos obter uma relação matemática entre o ângulo ϕ (fase) ou o instante
t considerado.
Para determinar a função horária angular, vamos considerar a figura abaixo:
t0
∆ϕ
t ϕ
ϕ0
origem
∆Φ
A velocidade angular é dada por ω = (1)
∆t
Mas ∆ϕ = ϕ ⋅ ϕ0 (2)
e ϕ = ϕ0 ⋅ ϕt (3)
• 107
capítulo 3
3.5 Atividade Experimental III – Movimento
Retilíneo e Uniforme
• Plano inclinado;
• Um imã;
• Cronômetro.
108 • capítulo 3
3.5.4 Responda às questões seguintes:
Incer- Incer-
Incer- Inter- Incerteza da
POSIÇÃO teza da Deslocamento
teza no
valo de
teza no
Velocidade velocidade
OCUPADA posição (mm)
deslo-
tempo
intervalo
média (mm/s) média
(MM) (mm)
camen-
(s)
de tem-
(mm/s)
to (mm) po (s)
X0 = 0 δxn Dxn δDxn Dtn δDtn Vn = Dxn/Dtn DVn
X1 = δx1 = Dx1 = x1 – x0 δDx1 = Dt1 = δDt1 = V1 = δv1 =
X2 = δx2 = Dx2 = x2 – x0 δDx2 = Dt2 = δDt2 = V2 = δv2 =
X3 = δx3 = Dx3 = x3 – x0 δDx3 = Dt3 = δDt3 = V3 = δv3 =
X4 = δx4 = Dx4 = x4 – x0 δDx4 = Dt4 = δDt4 = V4 = δv4 =
X5 = δx5 = Dx5 = x5 – x0 δDx5 = Dt5 = δDt5 = V5 = δv5 =
X6 = δx6 = Dx6 = x6 – x0 δDx6 = Dt6 = δDt6 = V6 = δv6 =
X7 = δx7 = Dx7 = x7 – x0 δDx7 = Dt7 = δDt7 = V7 = δv7 =
X8 = δx8 = Dx8 = x8 – x0 δDx8 = Dt8 = δDt8 = V8 = δv8 =
Tabela 3.2 –
2 2
∆x δx δt
δv = ⋅ +
∆t ∆x ∆t
capítulo 3 • 109
3.6 Atividade experimental IV– Encontro de
dois móveis em movimento retilíneo uniforme
(MRU)
• Plano inclinado;
• Um imã;
• Cronômetro.
110 • capítulo 3
• Prepare o cronômetro e incline o conjunto (plano inclinado), fazendo
com que a bolha de ar vá para a posição 400 mm. Torne a apoiar o conjunto
na mesa, cronometre e acompanhe o movimento da bolha até a posição 0mm.
Anote os dados na tabela 3.2;
• Para o movimento uniforme define-se uma função horária (função mo-
vimento) expressa por: x(t) = x0 + vt, onde está implícito que t0 = 0s. Identifique
os parâmetros dos movimentos da esfera e da bolha e escreva suas fun-
ções movimento;
• Usando as funções movimento da esfera e da bolha calcule o instante de
tempo e a posição em que elas irão se encontrar;
• Utilizando os dados da tabela 3.2, trace em um mesmo par de eixos, em
um papel milimetrado, o gráfico das funções horárias da esfera e da bolha
(identifique-as).
DESLOCAMENTO DX (MM)
POSIÇÃO FINAL X (MM)
INCERTEZA
DV (MM/S)
(MM/S)
DT (S)
MÓVEL
(MM)
DX (MM)
ESFERA
BOLHA
Tabela 3.3 –
capítulo 3 • 111
3.7 Atividade experimenta lV – Aceleração da
gravidade
Material necessário:
• Kit de pêndulo simples;
• Cronômetro digital;
• Régua milimetrada.
112 • capítulo 3
ser questionado, inclusive foi adotado com verdades universais Pela Igreja
Católica. Galileu em sua famosa experiência na Torre de Pisa, mostrou que des-
prezando a resistência do ar, os corpos de diferentes massas caem juntos,
com mesma aceleração da gravidade.
A força peso P, cuja expressão é dada por:
P = m.g (1)
Onde m é a massa do corpo e g é a aceleração da gravidade. Na superfície
da Terra esse valor corresponde a g = 9,81 m/s2. O objetivo deste experimento é
encontrar este valor, usando o pêndulo simples, considerando pequenas oscila-
ções, usando a seguinte expressão:
l
T = 2π (2)
g
t1 t2 t3 t4 t5 tmédio
g 1 − g ex
∆g = ≤ 10%
gt
• 113
capítulo 3
Onde gt é o valor de g teórico e gex é o valor de g obtido pelo experimento.
Lembrando que só será aceito o erro nessa margem de erro, 10%. O aluno
deverá justificar as principais fontes de erro neste experimento, o qual levou a
encontrar este valor experimental
114 • capítulo 3
3.8.3 Procedimento experimental:
Espaço (m) S0 = S1 = S2 = S3 = S4 =
Tempo (s) t0 = t1 = t2 = t3 = t4 =
Velocidade (m/s) v0 = v1 = v2 = v3 = v4 =
• Caracterizar o MRUV;
• Comparar o MRUV com o movimento de queda livre;
• Determinar o valor aproximado da aceleração gravitacional no lo-
cal experimentado.
116 • capítulo 3
• Realize o experimento para 5 deslocamentos diferentes (3 vezes para certi-
ficar-se) e anote dos dados na tabela.
6o Calcule as velocidades (V1, V2, V3, V4 e Vf) com base na aceleração encontra-
da e nos tempos obtidos;
7o Construa os gráficos (em papel milimetrado) do espaço e da velocidade
em relação ao tempo;
8o Calcule a área do gráfico “velocidade X tempo” e compare o resultado com
o ponto escolhido no plano.
9o Compare o resultado da aceleração obtida com o valor tabelado(g = 9,81
m/s2). Calcule sua incerteza.
g 1 − g ex
∆g = ≤ 10%
gt
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Disponível em: <http://www.geografos.com.br. >. Acesso em: 10 out. 2015.
CHIQUETTO, M. J.; PARADA, A. A.; Física. Vol1, Mecânica. Editora Scipione: São Paulo, 1991
ALVARENGA, B.;MÁXIMO, A., Física. Volume Único. 1997, ISBN 852623019-0
WALKER, J.; HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Fisica. v. 1 Editora LTC. 9 ed. 2012.
Disponível em <http://www.cefetsp.br/edu/okamura/mcu_resumo_teorico.htm> Acesso em
17/10/2015.
capítulo 3 • 117
118 • capítulo 3
4
Leis de Newton
Neste capítulo iniciamos a dinâmica com os estudo das três Leis de Newton.
Isaac Newton foi um dos maiores cientistas da humanidade e por isso, apre-
sentamos um vídeo sobre a história desse grande cientista que revolucionou a
ciência, vale a pena conferir. Em seguida introduzimos os conceitos de massa,
inércia e força que são subsídios teóricos para o entendimento das três leis e
para os capítulos seguintes. Apresentamos o método do diagrama do corpo li-
vre (DCL) para a resolução dos problemas.
Dica: Os exercícios propostos nas atividades são importantes, mas não se
limite a eles. Quanto mais exercícios , maior o sucesso no curso!
OBJETIVOS
• Conceituar massa
• Conceituar força
• Conceituar inércia
• Enunciar a 1ª lei de Newton ( Lei da Inércia)
• Definir referencial inercial
• Definir força resultante
• Conceituar força elástica e deformação
• Definir força peso
• Definir força normal
• Definir força de tração
• Enunciar a 2ª lei de Newton ou Princípio Fundamental da Dinâmica
• Enunciar a 3ª lei de Newton ou Lei da Ação-Reação
• Apresentar estratégias de resolução de problemas envolvendo as leis de Newton.
120 • capítulo 4
4.1 Introdução
No capítulo anterior, no estudo dos movimentos, vimos que a variação de ve-
locidade produz uma aceleração, e consequentemente esta aceleração vai es-
tar relacionada a uma “força”. Você provavelmente já levou um empurrão ou
já tentou deslocar algum objeto do lugar, nestas situações houve variação de
velocidade e dizemos que uma força agiu para alterar a velocidade tanto sua ao
levar um empurrão quanto do objeto que inicialmente estava parado.
Você deve estar imaginando as inúmeras situações no nosso cotidiano que
envolvem forças, desde um acidente de trânsito, onde batemos contra algum
obstáculo, até mesmo quando colocamos um aparelho ortodôntico forçando
os dentes ao alinhamento, quando fazemos musculação ou quando observa-
mos edifícios cada vez mais altos. Como o entendimento da física melhora o
trânsito? Como a física ajuda os dentistas a entender as forças que devem apli-
car sobre os dentes para alinhá-los? Como a física ajuda os fisioterapeutas a en-
tender o nosso caminhar e onde estamos forçando nossas articulações? Como
a física ajuda nos projetos de edifícios cada vez mais altos?
Bem-vindos à Dinâmica! A Dinâmica é a parte da física dentro da mecâni-
ca que estuda os movimentos preocupando-se com as suas causas. A dinâmi-
ca como entendemos hoje foi idealizada pelo grande cientista, talvez o maior
gênio de toda a ciência, Isaac Newton que nasceu na Inglaterra em 1642, ano
da morte de Galileu e faleceu em 1727. No link abaixo você poderá conhecer a
interessante história desse grande gênio.
MULTIMÍDIA
https://youtu.be/LWMOzNQl268
122 • capítulo 4
O mais importante antes de perguntar se houve ou não esse fato, é deixar claro a vocês,
estudantes, que mesmo sem a existência desse fato a Mecânica Newtoniana ia ser estabe-
lecida, porque Newton estava em constantes questionamentos; a gravidade já era conhecida
o fato da maçã ter caído pode ter desencadeado as ideias, que muito provavelmente seriam
desencadeadas sem a queda da maçã.
capítulo 4 • 123
F
Deformação
Deformação P irreversível
reversível
∆x
COMENTÁRIO
A constante elástica é uma medida da rigidez do corpo. Quanto mais rígido o material maior
será sua constante elástica.
Os materiais sólidos possuem o regime elástico, porém para a maioria este é muito pe-
queno. O ponto P no gráfico é o limite elástico do material acima desse ponto o material deixa
de ser elástico, ou seja, as deformações passam a ser permanentes ou irreversíveis.
A massa muitas vezes é confundida com inércia. Você certamente já “experimentou”
a inércia, quando um ônibus entra em movimento, o passageiro que estiver em pé tende a
cair, a não ser que ele se segure em alguma coisa. Outro exemplo, quando um carro faz uma
curva, em alta velocidade, tende a derrapar. Se os pneus não aderem ao chão, o carro não
fará a curva, prosseguindo em linha reta. Concluímos que, os corpos tendem a manter-se em
repouso ou em movimento a menos que sofram ações externas.
124 • capítulo 4
CONCEITO
A inércia é a propriedade geral de todos os corpos de manterem seu estado de repouso ou
de movimento na ausência de ações externas.
capítulo 4 • 125
4.3.2 Referenciais Inerciais
CONCEITO
Referencial Inercial é aquele para o qual vale o princípio da inércia.
CURIOSIDADE
A Terra, a rigor não é um referencial inercial, pois além de apresentar movimento de rotação
também se move em trajetória curva em torno do Sol. Porém, para fenômenos de curta
duração, ela pode ser considerada inercial, quando os fenômenos são mais longos como
em Astronomia utiliza-se o referencial estelar, pois as posições das estrelas permanecem
invariáveis por anos de observação.
A segunda lei afirma que, se a força resultante sobre um corpo não é nula, sua
velocidade varia; portanto o corpo tem aceleração. E essa aceleração é propor-
cional à força resultante de todas as forças que agem sobre o corpo.
→ →
PFD F = m · a (2)
onde
→
FR = força resultante
m = massa (Kg)
→
a = aceleração (m/s2)
→ →
Observe que FR e a grandezas vetoriais, que possuem a mesma direção e o
mesmo sentido uma vez que a grandeza m é escalar e sempre positiva.
a FR
126 • capítulo 4
Força resultante é a força que, agindo sobre um corpo isoladamente, produz
o mesmo efeito que o conjunto de forças que age sobre ele. A Força é dada no
S.I. como Newtons (N) 1N = 1kg . m/s2.
1 N é a força que, aplicada a um corpo de 1kg de massa, imprime-lhe
uma aceleração de 1m/s2. O aparelho que usamos para medir força chama-
se dinamômetro.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
→ →
Um corpo de massa m = 150 g está submetido à ação de duas forças F1 e F2 de módulos
1 N e 3 N, respectivamente. Determine a aceleração do corpo.
F1 F2
→ → →
Resolução: Precisamos encontrar a resultante FR = F1+ F2 e aplicar a segunda lei
de Newton:
→ →
FR = m · a
FR 4
Portanto =
a = = 26, 67m / s2
m 0,15
• 127
capítulo 4
Linha de ação da força F21
F12
→
F =Força que o corpo 2 exerce em 1
21
→
F12 =Força que o corpo 1 exerce em 2
→ →
As forças F21 e F12 ocorrem simultaneamente, podendo qualquer uma delas
ser chamada de ação e a outra de reação. Vetorialmente falando:
→ →
F21 = – F12
ATENÇÃO
Estamos tratando de forças que resultam da interação entre corpos distintos. As forças inter-
nas serão estudadas em Resistência dos Materiais. Podemos afirmar que as forças de ação
e reação estão sempre aplicadas em corpos diferentes.
128 • capítulo 4
4.5 Algumas Forças Importantes
→
4.5.1 Força-Peso (W)
w
Isto significa que o peso de um corpo é dado pelo produto de sua massa pela
aceleração da gravidade. Seu sentido é vertical dirigido para baixo. O peso é a
força com que a Terra atrai os corpos.
O peso por ser uma força também tem a unidade no S.I para força que é
Newton (N). O quilograma-força (kgf) é uma unidade frequentemente encon-
trada para força e corresponde a 9,8N.
1kgf = 9,8 N
A massa de um corpo é uma grandeza invariável, ou seja, 1kg na Terra cor-
responde a 1 kg na Lua, por exemplo. Mas o seu peso pode variar devido à varia-
ção da aceleração da gravidade, para obtermos o peso do corpo de 1kg na Lua
devemos conhecer a aceleração da gravidade na Lua.
capítulo 4 • 129
→
4.5.2 Força Normal (N)
Um corpo apoiado sobre um plano horizontal exerce uma força sobre esse
→
plano, devido ao seu peso W. O plano aplica sobre o corpo uma força chamada
→
reação normal (perpendicular ao plano) N.
→ →
Figura 4.5 – Força- peso w e força Normal N.
→ →
Note que a força normal N e a força-peso W não formam par ação e reação. A
reação do peso está aplicada no centro da Terra e a reação da normal está apli-
cada no plano de apoio.
→
4.5.3 Força de Tração de um Fio ( T)
130 • capítulo 4
Esta ponte possui cabos que sustentam sua estrutura, pelo princípio da
ação e reação o ponto A aplica uma força em B e o ponto B aplica uma força em
A. Se consideramos o fio inextensível essas forças serão iguais.
As forças que agem nas extremidades de um fio ideal são sempre de mesma
intensidade. São essas que mantêm o fio esticado, por essa razão são chamadas
de tração do fio.
→
4.5.4 Força de Atrito (Fat)
Fat
Iminência de movimento
Fat
movimento
Fat
so
ou
rep
Fm
iminência de movimento
movimento
repouso
repouso
repouso
• 131
capítulo 4
Esta força menor é chamada de força de atrito dinâmico e tem as seguin-
tes características:
• é menor que a força de atrito estático para as mesmas superfícies;
• é independente das áreas de contato;
• para velocidades não muito altas é independente da velocidade;
• é proporcional à reação normal de apoio.
RESUMO
No atrito estático No atrito dinâmico ou cinético
F F
Fat Fat
Fat = F Fat < F
132 • capítulo 4
2º – Esquematizar as forças que atuam sobre os corpos.
3º – Escolher um referencial.
→
4º- Aplicar a lei de Newton ao problema no caso do equilíbrio SF = 0.
EXEMPLO
→ →
Um corpo de peso W = 400 N está submetido à força F = 340 N paralela ao plano horizontal
de apoio. O corpo se mantém em repouso, devido ao atrito com o apoio. Determine:
a) o módulo da força normal trocada entre o corpo e o plano.
b) o módulo da força de atrito.
Resolução:
No atrito estático
F
Fat
Fat = F
Fat F = 340
3º – Escolher um referencial.
O x
capítulo 4 • 133
→
4º – Aplicar a lei de Newton ao problema no caso do equilíbrio SF = 0
eixo x
→ →
F – Fat = 0
→
F – Fat = 340 N
eixo y
→ →
N–W=0
→ →
N – W = 400 N
EXEMPLO
Dois corpos A e B, de massas mA =1 kg e mB = 4 kg, encontram-se apoiados em um plano
→
horizontal liso ( atrito desprezível). Ao corpo A, é aplicada uma força F horizontal, de módulo
20 N, conforme a figura. Determine:
a) a aceleração dos corpos.
b) a força que A exerce em B.
F B
A
134 • capítulo 4
Corpo A
F FBA
Corpo B
FAB
→
FAB = Força que o bloco B exerce sobre o bloco A.
→
FAB = Força que o bloco A exerce sobre o bloco B.
3º – Escolher um referencial.
Como o eixo do movimento é horizontal, escolhemos o sistema de coordenadas carte-
sianas O x.
→ →
4º – Aplicar a segunda lei de Newton ao problema S F = m · a
Eixo x bloco A F – FBA = mA · a (1)
Eixo x bloco B FAB = mB · a (2)
COMENTÁRIO
Os procedimentos estratégicos do 1º ao 3º chama-se Diagrama do Corpo Livre (DCL) que é
muito útil. Será utilizado na disciplina de Mecânica Geral.
capítulo 4 • 135
ATIVIDADES
01. Explique a função do cinto de segurança de um carro, utilizando o conceito de inércia.
02. Um corpo de peso W está apoiado sobre uma superfície inclinada de um ângulo q em
relação a horizontal. Sabendo que o corpo está na iminência de movimento. Mostre que o
coeficiente de atrito estático entre as superfícies é
µe = tg q
03. Esquematize todas as forças existentes nos corpos A e B, inclusive as trocadas com a
mesa. Indique os pares ação e reação.
04. Determine o coeficiente de atrito mínimo entre o corpo A e o plano horizontal, para que
os corpos A e B estejam em repouso.
→ →
WA = mA · g
→ →
WB = mB · g
136 • capítulo 4
05. Determine as trações nos fios 1, 2 e 3. O sistema está em equilíbrio.
θ = 30°
1
2
3
W = 90N
CURIOSIDADE
Você sabia que o plano inclinado está entre os 100 experimentos mais importantes para a
física e que Galileu Galilei foi o seu estudioso. Galileu mudou a pergunta de Aristóteles ao in-
vés de nos perguntar: “Porque os corpos caem” , Galileu propôs perguntar: “Como os corpos
caem”. Para saber mais acesse o link:
http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir.php?midia=epef&cod=_oplanoinclinadodegalileu
07. Máquina de Atwood: Dois corpos de massas iguais estão ligados com um fio ideal, que
passa por uma polia de massa desprezível e sem atrito, determine a aceleração do sistema
e as trações nos fios 1 e 2.
capítulo 4 • 137
2
1
1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, Roberto de Andrade. A maçã de Newton: história, lendas e tolices.[ Newton’s apple:
history, myth, foolishness]. Pp. 167-189, in: SILVA, Cibelle Celestino(ed.). Estudos de história e
filosofia das ciências: subsídios para aplicação no ensino. São Paulo: Livraria da Física, 2006.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R. Fundamentos de Física, v. 1 Editora LTC. 9 ed. 2012.
CHIQUETTO, M. J.; PARADA, A. A.; Física, Vol1, Mecânica. Editora Scipione: São Paulo, 1991
ALVARENGA, B.; MÁXIMO, A., Física, Volume Único. 1997, ISBN 852623019-0
138 • capítulo 4
5
Trabalho e Energia
140 • capítulo 5
5.1 Introdução
No nosso cotidiano, falamos bastante na palavra energia. Mas o que é energia?
Onde ela está? De onde ela vem?
Tudo no universo é energia e nas palavras de Nicolas Tesla, o inventor do
rádio e da corrente alternada:
“Em todo o espaço há energia... é (só) uma questão de tempo até que os homens
tenham êxito em associar seus mecanismos ao aproveitamento desta energia.”
Nikola Tesla
5.2 Energia
No cotidiano podemos pensar em energia em relação à energia elétrica, com-
bustíveis tanto para o transporte como aquecimento. A aurora boreal (Fig. 5.1)
é um exemplo de energia luminosa sendo liberada após a colisão dos prótons
ou elétrons que colidem com a atmosfera, eletricidade para os mais variados
fins. Tais ideias, entretanto, não conseguem definir o termo energia, pois elas
apenas dizem que os combustíveis são necessários para a realização de um de-
terminado trabalho e que nos fornece algo chamado energia.
Figura 5.1 – Exemplo de dissipação de energia na atmosfera nos polos através da aurora
boreal: (https://commons.wikimedia.org/wiki/Aurora#/media/File:Polarlicht_2.jpg, acesso
em: 21 set. 2015).
capítulo 5 • 141
A energia está presente em todo o universo de várias formas. Todo processo
físico que ocorre no Universo envolve energia, suas transferências e/ou trans-
formações. Apesar da grande importância, a energia não é um termo que pos-
samos definir facilmente, pois a noção de energia é abstrata.
Tecnicamente a energia é uma grandeza escalar que é associada ao estado
de ou mais objetos. Uma definição menos rigorosa pode servindo de ponto de
partida diz que energia é um número que associamos a um sistema de um ou
mais objetos. (HALLIDAY, et al, 2012)
A energia associada ao estado de movimento de um determinado objeto é
denominada de energia cinética K. Quanto mais veloz o objeto está, maior será
energia cinética e quando um objeto está em repouso, a energia cinética será
nula (K = 0).
Para um determinado objeto de massa m cuja velocidade v é muito menor
que a velocidade da luz (c = 299.792.458 m/s). A energia cinética associada a
ele será
1
K = mv 2 (1)
2
5.3 Trabalho
O conceito de trabalho é um dos mais importantes das Ciências e das Enge-
nharias. No dia a dia, o termo trabalho está relacionado a uma atividade hu-
mana. Mas animais e máquinas também realizam trabalho, substituindo ativi-
dades humanas, ou seja, está associado ao desempenho de alguma tarefa que
pode, ou não, exigir força ou deslocamento. No antigo Egito, por exemplo, os
faraós eram transportados em uma espécie de cadeira coberta transportada
por escravos.
142 • capítulo 5
Em física o conceito de trabalho é diferente do dia a dia e caso não haja força
ou deslocamento não há trabalho.
Quando a velocidade de um objeto é aumentada em razão da aplicação de
uma força, a energia cinética K desse objeto aumenta. De forma análoga, quan-
do sua velocidade diminui ao ser aplicado uma força, a energia cinética do obje-
to diminuirá. A explicação para tais variações é de que a força aplicada transfe-
riu energia para o objeto ou do objeto. Em transferências de energia realizadas
através de forças, pode-se dizer que um trabalho W é realizado pela força sobre
o objeto. Formalmente, trabalho pode ser definido da seguinte forma:
O trabalho (W) é a energia transferida para um objeto ou de um objeto atra-
vés de uma força que age sobre o objeto. Quando a energia é transferida para o
objeto, o trabalho é positivo; quando a energia é transferida do objeto, o traba-
lho é negativo. (HALLIDAY, 2012)
Assim, podemos dizer que “trabalho” é energia transferida; “realizar traba-
lho” é o ato de transferir energia. A unidade de trabalho é a mesma de energia e
é uma grandeza escalar.
F
Sentido do
movimento
α F cos α
Assim, matematicamente:
W = F × d × cos a (2)
capítulo 5 • 143
5.5 Teorema trabalho e energia cinética
A variação da energia cinética é
DK = Kf – Ki = W (4)
O que significa
Variação da energia interna = Trabalho total executado sobre o objeto
Essa relação é conhecida como teorema do trabalho e energia cinética.
1 →
K = mv 2 . Na subida, o objeto é desacelerado por uma força gravitacional Fg,
2
→
ou seja, a energia cinética do objeto diminui porque Fg realiza trabalho sobre o
objeto durante a subida. Já que o objeto pode ser tratado como uma partícula,
pode-se utilizar a equação 2 (W = F × d × cos a) para expressar o trabalho reali-
→ →
zado durante um deslocamento d. No lugar de F, usaremos mg, o módulo de Fg.
→
Assim, o trabalho Wg realizado pela força gravitacional Fg é (HALLIDAY, 2012).
Wg = mg × d × cos a (5)
→ →
Durante a subida, a força Fg tem o sentido contrário ao lado deslocamento d.
O sinal negativo (–) indica que, durante a subida, a força gravitacional re-
move uma energia mgd da energia cinética do objeto. Isto está de acordo com o
fato que o objeto perder velocidade na subida.
Depois que o objeto atinge a altura máxima e começa a descer, o ângulo a
→ →
entre a força Fg e o deslocamento d é zero. Assim,
Wg = mg × d × cos 0o = mgd (+1) = +mgd (7)
144 • capítulo 5
O sinal positivo significa que agora a força gravitacional transfere uma ener-
gia mgd para a energia cinética do objeto. Isto está de acordo com o fato de que
o objeto ganha velocidade na descida.
Onde:
F : intensidade da força aplicada (N);
k: constante elástica da mola (N/m);
x : deformação da mola (m).
capítulo 5 • 145
pequeno que x é aproximadamente constante. Dessa forma, é possível supor
que o módulo da força é aproximadamente constante em cada segmento.
Com uma força constante em cada segmento, podemos calcular o trabalho
realizado dentro de cada segmento. Neste caso q = 180o, de modo que o cos q = –1.
O trabalho total Ws realizado pela mola de xi a xf é a soma de todos os trabalhos
de cada segmento.
Ws = S – Fxj Dx (9)
146 • capítulo 5
Com Fj,méd constante, o incremento de trabalho DWj realizado pela força no
intervalo de ordem j pode ser calculado usando 5.
∆Wj = Fj,méd ∆x (11)
Na figura 5.3 (b), DWj, é igual a área sob o retângulo sobreado de ondem j.
Para determinar o trabalho W realizado pelo força F, quando a caixa se des-
loca de xi para xj, somam-se as áreas e todas as faixas entre xi para xj
W = ∑ ∆Wj = ∑ Fj,méd ∆x (12)
F(x)
x
0 xi xf
F(x)
∆x
∆wj
Fj.méd
x
0 xi xf
F(x)
x
0 xi xf
Figura 5.3 – (a) Gráfico de uma força variável unidiemnsional F(x) em função da posição x
da caixa. O deslocamento da caixa é de xi a xf. (b) idem (a) com áreas sob a curva divididas
em áreas infinitesimais. (c) Caso limite quando o trabalho é dado pela equação 13 e é repre-
sentado pela área sob a curva no intervalo de xi a xf.
capítulo 5 • 147
A equação 12 é uma aproximação porque a “escala” formada pelos lados su-
perires dos retângulos da figura 5.3b é apenas uma aproximação da curva real
F(x) (HALLIDAY, 2012).
W = lim ∑ Fj, méd ∆x (13)
∆x →0
→
O trabalho W realizado por F enquanto o objeto se move de uma posição
inicial ri de coordenadas (xi, yi, zi) para uma posição final rf de coordenada (xf, yf,
zf) é assim, ff xf yf zf
W = ∫ dW = ∫ Fx dx + ∫ Fy dy + ∫ Fz dz (18)
ri xi yi zi
→
Se F possui somente a componente x, os termos da equação 18 que envol-
vem y e z são nulos e a equação se reduz a 14.
148 • capítulo 5
5.9 Potência
O nome dado à taxa de variação com o tempo do trabalho realizado por uma
força recebe o nome de potência.
W (Potência média) (19)
Pméd =
”t
A potência instantânea P pode ser escrita como
dW (20)
Pméd =
dt
A equação 14 nos permite calcular o trabalho realizado por uma força variável
sobre o determinado objeto numa situação unidimensional. Mas, será que o
trabalho é igual à variação da energia cinética, como enuncia o teorema do tra-
balho energia cinética?
Consideremos então um objeto de massa m que se move ao longo do eixo
x e foi submetido a uma força F(x) paralela a esse eixo. Segundo a equação 14,
o trabalho realizado pela força sobre o objeto quando o mesmo se desloca de
uma posição inicial xi até a posição final xf é dado por
xf
W = F( x )dx = ∫ ma dx (21)
xi
dv
ma dx = m = dx (22)
dt
dv dv dx dv
= = v (22)
dt dx dt dx
E 21 torna-se
dv
ma dx = m v dx = mv dv (23)
dt
capítulo 5 • 149
Substituindo 23 em 20, temos:
vf vf
W = ∫ mv dv = m ∫ v dv (24)
vi vi
1 1
= mv 2f − mv 2i
2 2
Se um limão é arremessado para cima (figura 5.4). Sabe-se que enquanto o li-
mão sobe, o trabalho Wg realizado pela força gravitacional sobre o limão é nega-
tivo (-W), pois a energia cinética do limão é diminuída devido à força. Pode-se
concluir que a energia cinética do limão é transformada em energia potencial
gravitacional.
Quando o limão perde velocidade, para e começa a cair de volta devido à for-
ça gravitacional. Durante a decida (queda), a transferência se inverte: o trabalho
Wg realizado pela força gravitacional sobre o limão é positivo (+W) e energia
potencial e convertida em energia cinética.
Na subida e na descida, a variação DU energia gravitacional é definida como
o negativo do trabalho realizado sobre o limão pela força gravitacional. Assim:
∆U = − W (26)
Figura 5.4 – Um limão sendo arremessado para cima. Na subida, a força gravitacional está
realizando trabalho negativo (-W) sobre o limão. Fazendo com que sua energia cinética dimi-
nua. Na descida, a força gravitacional realiza trabalho positivo (+W), aumentando a energia
cinética do limão.
150 • capítulo 5
A equação 26 é aplicada também a um sistema massa-mola como o da figu-
→
ra 5.5. Quando o bloco é empurrado para a direita sob a ação de uma força F, a
força da mola atua para a direita e, portanto realiza trabalho negativo sobre o
bloco, transferindo energia cinética do bloco para a energia potencial elástica
do sistema bloco-mola. O bloco perde velocidade até parar; em seguida, come-
ça a se mover para a direita, já que a força da mola ainda está se dirigindo para
a direita. A partir desse instante, a transferência de energia se inverte: a energia
potencial do sistema bloco-mola para a energia cinética do bloco.
capítulo 5 • 151
a energia cinética do objeto e a energia potencial do sistema. Assim, a variação
da energia cinética e potencial, respectivamente
DK = W (28)
DU = –W (29)
Ou seja,
( Energia
Cinética + Potencial
Energia
) =(Cinética
Energia
+ Potencial
Energia
)
para qualquer estado para qualquer estado
Num sistema isolado em que somente forças conservativas causam varia-
ções de energia cinética e a energia potencial pode variar, porém a sua soma, a
energia mecânica do sistema, deve permanecer a mesma.
Este resultado é conhecido como o princípio da conservação da energia
mecânica.
Escrevendo esse princípio matematicamente
DEmec = DK + DU = 0 (33)
152 • capítulo 5
5.11 Conservação da Energia
A energia total de um sistema é a soma da energia mecânica com a energia
térmica e qualquer outro tipo de energia interna do sistema além da energia
térmica.
O único tipo de transferência de energia até aqui considerado foi o trabalho
W realizado sobre o sistema. Dessa forma, a lei de conservação da energia esta-
belece que
W = DE = DEmec + DEterm + DEint (34)
5.13 Potência
Sabendo que uma força pode transferir energia de uma forma para outra sem
realizar trabalho, pode-se ampliar a definição de potência.
Assim, as equações (19), podem ser escritas como:
”E
Pméd = (37)
”t
De forma análoga, a equação (20), pode ser escrita como:
dE (40)
Pméd =
dt
capítulo 5 • 153
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://commons.wikimedia.org/wiki/Aurora#/media/File:Polarlicht_2.jpg, acesso em: 21 set. 2015.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ressort2.gif, acesso em: 22 out. 2015.
HALLIDAY, D. ; RESNICK, R.; WALKER, J.; Fundamentos de Física - Vol. 1 - Mecânica, 9ª edição. LTC,
2012.
GASPAR, A., Física Volume Único, 1ª ed., 2012. Ed. Ática. SP.
154 • capítulo 5
6
Momento Linear e
Impulso
OBJETIVOS
• Introduzir as ideias de impulso e de quantidade de movimento linear;
• Mostrar que através da integração da segunda lei de Newton produz o teorema do impulso
de quantidade de movimento;
• Definir centro de massa.
156 • capítulo 6
6.1 Introdução
Os superpetroleiros (figura 6.1) quando transportam petróleo são os maiores
navios já construídos. Sua massa total (superpetroleiro + carga) pode chegar a
650.000 toneladas. Porém, as suas dimensões (que são grandes) são um proble-
ma de ordem prática (BAUER, et all, 2012).
→
Se considerarmos uma força F que atua em um corpo durante um intervalo
de tempo Dt, podemos questionar se o produto da força pelo intervalo de tempo
tem tanta importância quanto o produto da força pelo deslocamento. Será que
esse produto também se relaciona a algum princípio de conservação.
A resposta é positiva para os dois questionamentos. O produto da força pelo
intervalo de tempo constitui o impulso de uma força e é muito importante nos
fenômenos físicos e essa grandeza está relacionada ao princípio da conserva-
ção da quantidade de movimento.
capítulo 6 • 157
6.3 Definição de Momento
Na física, momento é definido como o produto da massa de um objeto por sua
velocidade
p = mv (1)
Onde:
→
p é o momento linear;
m massa;
→
v vetor velocidade.
dp
Forma equivalente da segunda lei de Newton F =
dt
Em componentes cartesianas:
dp x dp y dpz
=Fx = ;F ;F = (4)
dt y dt z dt
158 • capítulo 6
6.5 Momento e Energia Cinética
Já sabemos do capítulo 4 que
mv 2
K=
2
mv 2 m2 v 2 p2
=K = = (5)
2 2m 2m
p2
K= (6)
2m
6.6 Impulso
A mudança de momento é definida como a diferença entre os momentos final
e inicial
∆p ≡ pf − pi (7)
Obtenha uma expressão para mudança de momento voltando à relação en-
tre momento e força, e integrando os dois lados no tempo
tf tf p x ,f
dp x
∫ Fx dt = ∫ dt
dt = ∫ dpx = px,f − px,i ≡ ∆px (8)
ti ti px ,i
→
A integral da força no tempo é chamada de impulso, j:
tf
j ≡ ∫ Fdt
ti
• 159
capítulo 6
Essa definição fornece a relação entre impulso e a mudança de momento
j = ∆p
n
Fresultante = 0 então ∑ pk = constante (12)
k =1
160 • capítulo 6
a colisão, as duas esferas movem-se para a direita, mas a mais leve move-se com
velocidade um pouco maior.
t = 0,00s
t = 0,05s
t = 0,10s
t = 0,20s
t = 0,25s
t = 0,30s
t = 0,35s
Figura 6.2 – Sequência de uma colisão entre duas esferas com massas diferentes.
• 161
capítulo 6
porque parte da energia cinética inicial é convertida em energia interna de exci-
tação, deformação, vibração ou calor.
Uma colisão perfeitamente inelástica é aquela em que os objetos em colisão
→ →
se aderem após colidirem. vf1 = vf2 ≡ vf. Usando p = m v e a conservação do mo-
mento, obtemos o vetor velocidade final:
m1 v i1 + m2 v i2
vf = (15)
m1 + m2
162 • capítulo 6
r1m1 + r2 m2
R= (16)
m1 + m2
A equação 16, mostra que o vetor posição do centro de massa é uma média
dos dois vetores posição de cada um dos corpos, ponderados por suas massas.
A equação 16 reescrita em coordenadas cartesianas é:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/be/Petroleiro_Piraju%C3%AD.jpg?uselang=pt-
br. Acesso em: 21 out. 2015.
HALLIDAY, D. ; RESNICK, R.; WALKER, J.; Fundamentos de Física - Vol. 1 - Mecânica, 9ª edição.
LTC, 2012.
GASPAR, A., Física Volume Único, 1ª ed., 2012. Ed. Ática. SP.
BAUER, W.; WESTFALL, GARY D.; DIAS, H.; Física para Universitário - Mecânica, Primeira Edição.
2012, MacGrawHill, SP.
capítulo 6 • 163
164 • capítulo 6