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O poeta, desde que se propõe escrever sobre uma dor sentida, deve
procurar representar, materializando-a, essa dor, não nas linhas
espontâneas em que ela se lhe desenhou na sensibilidade, mas no
contorno imaginado que lhe dá, voltando -se para si mesmo e vendo-
se a si próprio como tendo tido certa dor (inteligibilização do
sensível). Todavia, a metamorfose a que submete a sua dor,
fingindo-a, representando-a, apenas altera o plano onde essa dor
decorre. A dor real, ou seja, a dor dos sentidos, primeiro, é a dor
imaginária (dor em imagens), depois. O poeta materializa as suas
emoções em imagens susceptíveis de provocar no leitor (e o poeta é
o seu primeiro leitor) o regresso à emoção inicial.
. O uso de
, com saliência para a que é constituída pelo
primeiro verso do poema e para o conjunto que constitui a imagem
final: o coração apresentado como um comboio de corda que gira nas
calhas de roda a entreter a razão.
. Em ³f´: ³O que me
alha ou
inda´
. ³Essa coisa é que é linda´ (o adjectivo ³linda´ aplicado a algo que está
sob um terraço imaginário, e que, portanto, só metaforicamente
existe).
Neste poema o sujeito poético revela trsiteza e desolação por não conseguir
abolir o viço excessivo do pensamento. O poeta afirma que gostaria de ser a
ceifeira, com a sua ³alegre inconsciência´ ± gostaria de sentir sem pensar; mas
paradoxalmente, gostaria também de ser ele mesmo, ou seja, ter a consciência
de ser inconsciente ± o que ele deseja é unir o plano do sentir e o plano de
pensar
Este poema foi escrito para caracterizar o homem, que sente e pensa. Nele a
razão e a emoção são mentira porque não se conjugam. Por seu lado, a flor,
nem sente nem pensa e, no entanto, desabrocha sem precisar de razão e de
coração. Para a flor, florescer é um acto involuntário, tal como é um acto
involuntário para o homem pensar.
O sujeito poético procura realçar um apelo irónico ao ³carpe diem´ que procura
sugerir que, enquanto a morte não chega, devemos aproveitar cada momento
da vida, seja florindo inconscientemente como uma flor, seja pensando, como é
inevitável no homem.
Basicamente, este poema foi escrito como resposta á falta de compreensão, por
parte dos leitores, do poema ³Autopsicografia´. Como tal, no ultimo verso do
poema, o sujeito poético dirige-se aos leitores para salientar a ideia de que a
eles caberá um sentir diferente de poeta, isto é, cada leitor terá a liberdade de
sentir o poema como quiser, seja com emoção, ou seja. Com inteligência.
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O leitor não sente nem a emoção vivida realmente pelo poeta, nem a emoção
por ele fingida no poema, sentido apenas o que na sua inteligência é provocado
pelo poema ± assim, a poesia, segundo Fernando Pessoa, é a intelectualização
da emoção.
Este poema foi escrito para poder ser visto de modo metafórico, a representação
do próprio poeta que sabe ser impossível o regresso ao regresso materno,
porque a infância ficou para trás, inevitavelmente perdida, ideia que pode
relacionar-se com a temática pessoana ³a nostalgia da infância´ ± a época de
ouro, da felicidade inconsciente, para sempre perdida, que contrasta com a
situação presente caracterizada por consciência aguda que provoca no poeta a
sensação de desconhecimento de si mesmo, a perda de identidade.
O sujeito poético neste poema fala também da cigarreira dada pela sua mãe e o
lenço dado pela alma que o ajudou a criar, são representações do seu passado
de ³menino´ que viveu junto a quem o amava.
O sujeito poético neste poema, numa primeira fase procurou colocar a hipótese
de poder alcançar o sonho, numa segunda fase contradiz a hipótese colocada,
expondo a concretização do sonho. Finalmente conclui que não é necessário
fingir para o sonho, porque aquilo que procuramos está d entro de nós mesmos.
No entanto, ao referir que é ³Ali, ali / A vida é jovem e o amor sorri´, deixa
entender que mesmo estando dentro de nós, o sonho e a felicidade estão
distantes, pois são difíceis de alcançar.
Este poema foi escrito para explorar o tema tipicamente pessoano do binómio,
sonho/realidade.
O poema fala-nos da infância. O sujeito poético remete-nos para a alegria que
rodeia as crianças durante as suas constantes brincadeiras. Ele próprio, ao
observar tamanha simplicidade e magia, se deixa invadir por sentimentos
agradáveis ³â p
.
No entanto, esta alegria que o sujeito lírico sente, fá-lo lembrar-se da sua
própria infância que, por ter sido tão apagada de alegrias e brincadeiras, passa
por nunca ter existido, algo que ele frisa bem: ³ü 2 p
´
Com uma pontinha de nostalgia, o eu poético termina com uma quadra mais
complexa, mas que se traduz simplesmente. Já que ele não sabe bem o que
chamar à sua infância pobre em afecto, se não se reconhece no próprio passado,
nem sabe quem virá a ser no futuro ± tudo o que ele pode fazer é imaginar,
adivinhar, ter uma visão, então, resta-lhe sentir a alegria e a felicidade que lhe
invadem o coração quando, no presente, observa as crianças contentes.