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UM ESTUDO SOBRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS NAS FAMÍLIAS


BRASILEIRAS

Junio Fábio DIAS1

RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi investigar as políticas públicas


existentes no país e estudar a relação destas com as famílias menos favorecidas,
conhecendo as consequências favoráveis de sua prática. Para isto realizou-se uma
revisão bibliográfica sobre os principais conceitos que envolvem o assunto, sendo
esta uma pesquisa descritiva que será dissertada no último capítulo. Utilizou-se o
método de revisão bibliográfica para a estruturação do estudo, consultando sites
específicos sobre o assunto, alguns autores renomados e sites específicos da
instituição analisada, além da pesquisa de campo. Obteve-se resultados
satisfatórios, atingindo o objetivo proposto de forma a sempre contribuir com a
sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: Filantropia; Família; Políticas Públicas.

INTRODUÇÃO

As políticas públicas na sua essência estão ligadas fortemente ao Estado,


sendo este o que determina como os recursos serão usados para o beneficio de
seus cidadãos (SOUZA, 2006).
Sendo assim, conclui-se que políticas públicas compreendem as decisões de
governo em diversas áreas que influenciam a vida de um conjunto de cidadãos. São
os atos que o governo faz ou deixa de fazer e os efeitos que tais ações ou a
ausência destas provocam na sociedade.
Através das políticas públicas, o governo pode regular ou intervir na
sociedade, articulando diferentes sujeitos com interesses e expectativas diversas,
1
Bacharel em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto-Unaerp, Especialização em Politica e
Sociedade pelo Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto,São Paulo,Brasil.E-mail do
autor:binho_rpo@yahoo.com.br Orientadora: Profª. Me. Lidyane Aline de Freita.
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correspondendo ao que os governos decidem fazer ou não. Portanto, política pública


é o conjunto de ações ou omissões sob a responsabilidade do Estado
(FERNANDES, 2007).
O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda com
condicionalidades, que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema
pobreza. O Programa integra a Fome Zero que tem como objetivo assegurar o
direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e
nutricional e contribuindo para a conquista da cidadania pela população mais
vulnerável à fome. O Bolsa Família atende mais de 12 milhões de famílias em todo
território nacional. A depender da renda familiar por pessoa (limitada a R$ 140), do
número e da idade dos filhos, o valor do benefício recebido pela família pode variar
entre R$ 32 a R$ 242. Esses valores são o resultado do reajuste anunciado em 1º
de março e vigoram a partir dos benefícios pagos em abril de 2011 (MDS, 2011).
O Programa possui três eixos principais: transferência de renda,
condicionalidades e programas complementares. A transferência de renda promove
o alívio imediato da pobreza. As condicionalidades reforçam o acesso a direitos
sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social. Já os programas
complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os
beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade (MDS, 2011).

1 – POLÍTICAS PÚBLICAS

O Brasil vive um tempo de afirmação das políticas públicas, com a adoção de


sistemas institucionais que apresentam, nos últimos anos, níveis crescentes de
integração, envolvendo as três esferas de governo – a União, os Estados e os
Municípios – e de democratização, com o fortalecimento do controle social, através
das conferências, dos conselhos e da participação popular direta (COHN, 1998).
Esses arranjos institucionais têm possibilitado a universalização de direitos
fundamentais à saúde, à educação, à seguridade social. A implantação do Sistema
Único de Assistência Social (SUAS) – tendo como foco a família – e o Programa
Bolsa Família, ao estabelecer o direito à renda e exigir a freqüência à escola e a
centros de saúde, são novos exemplos nesta trajetória de enfrentamento das
questões sociais de forma integrada, com impacto redistributivo e melhoria da
qualidade de vida. Contudo, guardam ainda enormes desafios (COHN, 1998).
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O país apresenta hoje um gigantesco e oneroso aparato institucional voltado


para as Políticas Sociais, que tem como traços fundamentais a baixa eficiência e o
caráter clientelístico, paternalista e não universalizante. Como agravante, além de
sua inépcia, como o acesso da população carente e pobre a determinados bens e
serviços essenciais, esse emaranhado dos programas sociais leva a um profundo
descrédito quanto à competência do estado no setor. Daí a defesa da privatização
dos serviços à passagem é imediata, levando reforços valiosos às teses dos
defensores do neoliberalismo, que tem como alvo “a falência” do Estado do bem
estar-social, tal como eles o concebem (COHN, 1998).
A Constituição Federal de 1988 introduz um novo tempo na política de
assistência social, no que tange à questão social especificamente. A Constituição
Federal de 1988 introduziu um conceito novo que é representado pela política de
seguridade social e, dentro dela, saúde, previdência e assistência social,
consolidando uma nova forma de pensar a questão social. O período pós-
constitucional está marcado por uma série de modificações profundas no campo
social e da cidadania. A constituição Federal de 1988 também inova em aspectos
essenciais, especialmente no que concerne a descentralização político-
administrativa, alterando as normas e regras centralizadoras e distribuindo melhor as
competências entre o Poder Central (União) e os poderes regionais (Estado) e locais
(Municípios), conforme o art.203 e art.204 (FAORO, 1985).
Historicamente, a Assistência Social se confundia com a ação clientelista e
paternalista do poder público, vinculado à caridade e à filantropia. Tornou-se,
portanto, imperioso pensar em formas de minimizar exclusões, configurando assim
uma das tarefas da política de assistência social, garantindo seu caráter universal e
seu “status” de política pública, direito do cidadão e dever do Estado. Inserida
organicamente no âmbito da Seguridade Social, ela deve construir certezas e
seguranças que cobriam, reduziam ou preveniam os riscos e vulnerabilidades
sociais. A inclusão da Assistência Social na seguridade traz, portanto, a questão
para um campo novo: o campo dos direitos, da universalização e da
responsabilidade estatal, transitando do assistencialismo, clientelismo para o campo
da Política Social – espaço para a defesa e a atenção dos interesses dos segmentos
mais empobrecidos da sociedade, transformando a Assistência Social em campo de
exercício de gestão participativa de seus usuários (COHN, 1998).
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A assistência social conta hoje com uma Lei Orgânica específica (Lei 8.742
de 07/12/1993) – LOAS. Ela introduz uma nova forma de discutir a questão da
Assistência Social, substituindo a visão centrada na caridade e no favor. A Lei
Orgânica de Assistência Social – LOAS (Lei nº 8742 de 07/12/1993) demorou cinco
anos para ser sancionada e é resultado de um amplo movimento da sociedade civil
organizada. Ela introduz um novo significado para a Assistência Social,
diferenciando-a do assistencialismo, situando-a como política de seguridade voltada
à extensão da cidadania social aos setores excluídos, mais vulnerabilizados da
população brasileira. Mais do que um texto legal, a LOAS representa um conjunto de
idéias, de concepção e de direitos. Preconiza a implantação do Sistema
Descentralizado e Participativo de Assistência Social. Ela convoca à sociedade a
participação da gestão e solução dos problemas sociais através de Conselhos de
composição popular paritária. A LOAS dispões expressamente que a assistência
social será regida, dentro vários princípios pela universalização dos direitos sociais,
a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas
públicas. É um novo posicionamento. A descentralização consiste em uma efetiva
partilha de população entre o governo e as coletividades locais. Implica a autogestão
local e neste sentido, carrega como conteúdo intrínseco a idéia de avanço
democrático. (SOUZA, 2006).
Historicamente, a assistência social tem sido vista como uma ação
tradicionalmente paternalista e clientelista do poder público, associada ás primeiras
Damas, com um caráter de “benesse”, transformando o usuário na condição de
“assistido”, “favorecido” e nunca como cidadão, usuário de um serviço a que tem
direito. Da mesma forma confundia-se a assistência social com a caridade da igreja,
com a ajuda aos pobres e necessitados, assim tradicionalmente a assistência social
era vista como assistencialista. Assim, a assistência social era vista de forma
dicotomizada, com caráter residual, próxima das praticas filantrópicas, um espaço de
reprodução da exclusão e privilégios e não como mecanismo possível de
universalização de direitos sociais. Por isso é preciso diferenciar os conceitos de
Assistência Social e assistencialismo (JOVCHLOVITCH, 2011).
Dessa forma a LOAS inova ao conferir à Assistência Social o status de
política pública, direito do cidadão e dever do Estado, inova também pela garantia da
universalização dos direitos sociais e por introduzir o conceito dos mínimos sociais.
Ultrapassar a discussão de que a LOAS é uma lei dos pobres ou que propõem um
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conjunto de benefícios que envolve a organização do Estado e medidas


administrativas, até porque, a pobreza e a miséria não se resolvem com um conjunto
de benefícios, a situação da pobreza somente poderá ser alterada quando houver
vontade política efetiva do governo e da sociedade no sentido de melhor trabalho,
salário, condições de vida e, efetivamente, na distribuição de renda.
A descentralização consiste em uma efetiva partilha de poder entre o governo
e as coletividades locais, está intimamente conectada com a reforma do Estado, ou
seja, novas formas de relação povo-governo dentro do qual autonomia das
organizações locais proporciona o exercício de controle das coletividades locais e a
possibilidade de influir nas decisões das varias instâncias de poder. Nesse sentido, a
descentralização, considerando o papel do Estado e a conjuntura política, carrega
como conteúdo intrínseco a idéia de avanço democrático (JOVCHLOVITCH, 2011).
A descentralização e a municipalização, como consolidação democrática,
estão sempre ligadas à participação e mostram que a cidadania está no município, e
no município que as situações, de fato, acontecem. É no município que o cidadão
nasce e vive e constrói sua historia. É ai que o cidadão fiscaliza e exercita o controle
social. Também com a descentralização aumenta o estímulo à maior participação
das coletividades locais – sociedade civil organizada e, portanto, ao processo de
controle social (JOVCHLOVITCH, 2011).
Outro ponto importante de se destacar junto com a descentralização e a
municipalização como consolidações democráticas estão sempre ligadas à
participação e mostram que a força da cidadania está no município, é no município
que as situações, de fato, acontecem, é no município que o cidadão nasce, vive e
constrói sua historia, é ai que o cidadão fiscaliza e exercita o controle social. Cabe
ainda enfatizar a importância da participação real da sociedade civil e do governo na
discussão da política pública de assistência social (SALLES; PAULILLO, 2011).
A Lei Orgânica de Assistência Social, em seu artigo 27 transforma o Fundo
Social Nacional de Ação Comunitária – FUNAC – em fundo Nacional de Assistência
Social – FNAS e condiciona para o repasse de recursos no artigo 30 a efetiva
instituição e funcionamento de Conselho de Assistência Social, Fundo de
Assistência Social e Plano de Assistência Social. A LOAS oportuniza e efetiva a
partilha do poder, a definição de competências das três esferas de Governo, a
pratica da cidadania participativa por meio de Conselhos de Assistência Social e as
transferências de responsabilidades pela execução de serviços, programas e
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projetos para os municípios, devidamente acompanhados do correspondente


repasse de recursos.
Entretanto, temos de pensar neste processo, conhecer suas possibilidades e
limites, pois o fortalecimento do poder local representa, sem dúvida, uma real
contribuição para a retomada da democracia e da cidadania em nosso país
(JOVCHLOVITCH, 2011).
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um avanço importante na
história recente das políticas sociais brasileiras, principalmente no tradicional campo
da assistência social, preservando princípios e diretrizes comprometidos com a
universalização de acessos, com a descentralização político-administrativa da
gestão e com o controle social das ações governamentais por meio das
organizações da sociedade civil.
O SUAS foi a principal deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência
Social, realizada em Brasília (DF), em 2003, e se inscreve no esforço de viabilização
de um projeto de desenvolvimento nacional, que pleiteia a universalização dos
direitos à Seguridade Social e da proteção social pública com a composição da
política pública de assistência social em nível nacional (COGEMAS, 2011).
O SUAS é um sistema público não contributivo, descentralizado que tem por
função a gestão do conteúdo especifico da Assistência Social no campo da proteção
social brasileira.
Sistema Brasileiro de Proteção Social ganhou posição de elevado consenso o
papel positivo a ser desempenhado pela descentralização dos programas sociais, na
verdade, a descentralização passou a ser um componente praticamente
inquestionável e imprescindível do referencial de propostas de reforma para a área
social.
O marcos inicial de constituição de um sistema de proteção social no Brasil
situa-se no período compreendido entre 1930 e 1943. Trata-se de um período
marcado por grandes transformações socioeconômicas, pela passagem do modelo
de desenvolvimento agro-exportador para o modelo urbano-industrial. Nesse mesmo
contexto, ocorre também um profundo reordenamento no que diz respeito às
funções do Estado Nacional, quando o Estado passa a assumir, mais
extensivamente, a regulação ou provisão direta no campo da educação, saúde,
previdência, programas de alimentação e nutrição, habitação popular, saneamento,
transporte coletivo. (SILVA e SILVA, 2001).
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Esse sistema de Proteção Social avançou rumo a sua consolidação e


expansão durante as décadas de 1970 e 1980, sob a orientação do autoritarismo da
ditadura militar, fazendo com que a expansão dos programas e serviços sociais
passasse a funcionar como compensação à repressão e ao arbítrio, aliada à grande
demanda posta na conjuntura anterior. Ampliaram-se os programas sociais como
uma espécie de compensação pela repressão aberta direcionada aos movimentos
sociais e ao movimento sindical. (YASBEK, 2004).
É um sistema articulador e provedor de ações de proteção social básica e
especial junto a municípios e estados, garantias de direitos, de medidas, de
equidade e de proteção social.
É a regulação, em todo o território nacional, da hierarquia, dos vínculos e das
responsabilidades do sistema cidadão de serviços benefícios e ações de assistência
social, de caráter permanente ou eventual, executados e providos por pessoas
jurídicas de direito público sob critérios universais e lógicos de ação em rede
hierarquizada e em articulação com iniciativas da sociedade civil (SILVA E SILVA,
2001).
Seu objetivo é consolidar um sistema descentralizado e participativo, podendo
assim regular e organizar as ações sócio-assistenciais num sistema, ou seja,
planejar a política de Assistência Social de forma articulada, comprometendo com a
cobertura dos serviços de Assistência Social na perspectiva da universalidade e
qualidade dos resultados para garantir o rompimento com a fragmentação
programática entre as esferas do governo e ações por categorias e segmentos
sociais.
O SUAS define e organiza as ações sócio-assistenciais em todo o território
nacional, com base nas funções da Assistência Social: proteção social, vigilância e
defesa social e institucional. Modelo de gestão descentralizado e participativo e
territorializado, com centralidade na família. O SUAS é regulado pela Política
Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004) e pela Norma Operacional Básica
(NOB/SUAS/2005).
Com a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) em 2005,
as ações da Assistência Social passaram a ser classificadas em Proteção Social
Básica e Proteção Especial de Média e Alta complexidade (SOUZA, 2006).
Garantindo assim a proteção social, para que, não submeta o usuário ao
principio da tutela, mas à conquista de condições de autonomia,
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resiliência/sustentabilidade, protagonismo, acessos a oportunidades, capacitações,


acessos a serviços, acessos a benefícios, acesso a condições de convívio e
socialização, de acordo com sua capacidade, dignidade e projeto pessoal e social
(SOUZA, 2006).

2 – POLÍTICAS PÚBLICAS E FAMÍLIA

A família representa o núcleo central das políticas públicas e das ações dos
programas sociais, e como tal tem recebido a atenção do poder público, desde muito
antes do advento da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
Durante a gestão do governador André Franco Montoro (1983-1986), o
governo do estado de São Paulo, reformulou o Serviço de Colocação Familiar, que
destinada subsídio financeiro às famílias de crianças carentes ou às famílias
substitutas, de conformidade com a Lei estadual 560, de 22 de dezembro de 1949.
O programa era até então ligado ao poder judiciário, sendo transferido para a esfera
do poder executivo e passa do a ser denominado Instituto da Família (Iafam),
integrando a estrutura da então da secretaria da promoção social (ACOSTA &
VITALE, 2007).
Isso se fez sob a égide da Lei Estadual 4.467, de 19 de dezembro de 1984, a
qual manteve princípio proposto anteriormente, ou seja, autorizar o poder executivo
a repassar subsídios financeiros às famílias de baixa renda, com o objetivo de
propiciar condições favoráveis ao pleno desenvolvimento físico e mental de suas
crianças e adolescentes. Foi mantida no programa a possibilidade de repassar o
subsídio financeiro mesmo às famílias substitutas que estavam previstas no
programa original. O valor do subsídio concedido pelo Iafam para cada uma das
crianças e adolescentes, variava de 1/10 a 1/3 do salário mínimo vigente, isto de
acordo com o estudo social da família. Um valor maior – com acréscimo de até ¼ do
salário mínimo per capita, podia ser concedido, mas apenas em caso de moléstia
grave ou de motivo julgado excepcional. O subsídio era concedido ao chefe da
família ou ao seu responsável legal (ACOSTA & VITALE, 2007).
Desde o início do programa o Iafam tinha sua proposta metodológica de
atenção à família com enfoque sócio-educativo de natureza preventiva e de apoio,
mediante a abordagem em grupo, com o objetivo de fortalecer as relações
familiares. Vale dizer que o programa previa, além do subsídio financeiro, um
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trabalho diferenciado, que concedia atenção integral às famílias beneficiadas.


Deixava de ser por essa razão um mero programa assistencialista, repassador de
recursos financeiros, tornando-se um instrumento de programação social (ACOSTA
& VITALE, 2007).
No ano de 1997 (gestão Mário Covas, 1995 – 2000), a já agora denominada
Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social – SEADS institui o programa
complementando a renda, que passou a conceder recursos às famílias no valor de
R$ 50,00, mantendo-se a premissa de ser acompanhado de trabalho sócio-
educativo. Pelo decreto Estadual 42.826, de 21 de dezembro de 1998, que
reestruturou a SEADS, os serviços prestados pelo Iafam passaram a ser uma das
responsabilidades de sua coordenadoria de fomento da rede de Assistência Social
e, para este órgão da nova estrutura, foram transferidos também os recursos do
Iafam (ACOSTA & VITALE, 2007).
No ano de 2001, o programa de atenção à família avançou mais, sendo
novamente reformulado após a avaliação que indicou a necessidade de
estabelecimento de novos parâmetros baseados em critérios e normas operacionais
em razão das novas diretrizes dadas às SEADS.
São várias as dimensões das relações entre a família e as políticas públicas.
A primeira dimensão diz respeito ao fato de que o exercício vital das famílias é
semelhante as funções das políticas sociais: ambas visam dar conta da reprodução
e da proteção social dos grupos que estão sob sua tutela. Se, nas comunidades
tradicionais a família se ocupava quase exclusivamente dessas funções, nas
comunidades contemporâneas elas são compartilhadas com o estado pela vias das
políticas públicas (ACOSTA & VITALE, 2007).
O estado moderno, de direito, que hoje se conhece, reduziu e até mesmo
obscureceu várias das atribuições substantivas da família no campo da reprodução
e da proteção social dos indivíduos.
Desde o pós-guerra, nos países capitalistas centrais, a oferta universal de
bens e serviços proporcionados pela efetivação de políticas públicas pareceu
mesmo descartar a família, privilegiando o indivíduo-cidadão. O progresso, a
informação, a urbanização, o consumo fortaleceram a opção pelo indivíduo portador
de direitos. Apostava-se que a família seria prescindível, substituível por um estado
protetor dos direitos dos cidadãos (ACOSTA & VITALE, 2007).
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Refletindo particularmente sobre a experiência brasileira, é possível observar


que, nos anos 70, a opção das políticas sociais recaiu sobre a mulher no grupo
familiar. Tratava-se de ofertar-lhe as condições e o desenvolvimento de habilidades
e atitudes para melhor gerir o lar, do ponto de vista da economia doméstica e do
planejamento familiar. Foi o tempo e a vez dos chamados “clube de mães”.
Concomitantemente, e cada vez mais, tratou-se de ofertar capacitação para o seu
ingresso no mercado de trabalho. É preciso relembrar o contexto vivido nos anos 60
e 70, um tempo de boom econômico e carência de mão-de-obra; de emergência do
movimento feminista e de liberação sexual; do desejo de reduzir e controlar o
propósito tamanho da família. De várias formas, esses fatores colocaram ênfase na
mulher – e na família, como parceria da emancipação feminina (ACOSTA & VITALE,
2007).
Talvez como decorrência deste investimento na “mãe”, foi assistido na década
seguinte, como desmonte da ditadura militar, a uma eclosão de movimentos sociais
compostos em sua maioria por mulheres (movimento de luta contra a carestia) de
luta por creches, saúde, etc.).
No início da década de 90, o olhar das políticas públicas voltou-se para as
crianças na família. O advento da nova Constituição Brasileira e, sobretudo, do
Estatuto da Criança e do Adolescente iria recuperar e reforçar o olhar sobre a
família. Não era propriamente um olhar sobre a família, mas sim para a criança na
família: “lugar de criança é na família, na escola e na comunidade” (ACOSTA &
VITALE, 2007).
O Estado e a família desempenham papéis similares, em seus respectivos
âmbitos de atuação: regulam, normatizam, impõem direitos de propriedade, poder e
dever de proteção e assistência. Tanto família quanto Estado funcionam de modo
similar, como filtros redistributivos de bem-estar, trabalho e recursos (SOUZA, 2006).
Nesse contexto, pode-se dizer que família em políticas públicas tem funções
correlatas e imprescindíveis ao desenvolvimento e à proteção social dos indivíduos.
A família está no centro das políticas de proteção social. Há 20 anos,
apostava-se no modelo de bem-estar social, capaz de atender a todas as demandas
de proteção. Hoje, nas sociedades modernas, um conjunto de fatores derrubou as
expectativas e vem exigir soluções compulsoriamente partilhadas entre Estado e
sociedade (ACOSTA & VITALE, 2007).
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As crescentes demandas de proteção são postas não apenas por “pobres” ou


“desempregados”, mas por uma maioria de cidadãos, que se percebem ameaçados
pelos riscos de, a qualquer momento, perderem a segurança advinda de seus
tutores modernos: o trabalho assalariado e o Estado.
Essas demandas ganham novas peculiaridades. É que os processos
contemporâneos de globalização da economia, da informação, da política, da
cultura, assim como os avanços tecnológicos e a transformação produtiva, vem
produzindo uma sociedade complexa e multifacetada, uma sociedade global que, de
um lado, mantém seus cidadãos fortemente interconectados e, por outro,
extremamente vulnerabilizados em seus vínculos relacionais de inclusão e pertença
(ACOSTA & VITALE, 2007).
As políticas públicas descartaram alternativas institucionalizadoras, tais como
orfanatos, internatos, manicômios, asilos, na oferta de proteção necessária a
doentes crônicos, idosos, jovens e adultos dependentes, ou às crianças e
adolescentes “abandonados”. Essa alteração tão radical só foi possível retomando a
família e a comunidade como lugares e sujeitos imprescindíveis de proteção social:
“À luz dos inúmeros trabalhos dos últimos cinco anos, vê-se claramente que
solidariedade familiar e serviço coletivo funcionam em complementaridade e não
podem substituir-se um ao outro” (MARTIN, 1995).
Também as políticas de combate a pobreza elegeram família e comunidade.
A consciência geral de que a pobreza e a desigualdade castigam grande parcela da
população brasileira estão a exigir políticas públicas mais efetivas e comprometidas
com sua superação. Nesse compromisso, buscam assegurar uma rede de proteção
e de desenvolvimento sócio-econômico voltado às famílias e às comunidades
vulnerabilizadas pela pobreza. Os diversos programas de renda mínima, por
exemplo, visam garantir ao grupo familiar recursos suficientes que permitam uma
cesta alimentar e a manutenção dos filhos na escola, inibindo o trabalho precoce de
crianças e adolescentes (ACOSTA & VITALE, 2007).
A sociedade urbana carece de família. Não se está aqui falando do grupo
familiar nos moldes tradicionais, mas como ela se apresenta hoje.
A família como expressão máxima da vida privada é lugar da intimidade,
construção de sentidos e expressão de sentimentos, onde se exterioriza o
sofrimento psíquico que a vida de todos põe e repõe. É percebida como nicho
afetivo e de relações necessárias à socialização dos indivíduos, que assim
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desenvolvem o sentido de pertença a um campo relacional iniciador de relações


includentes na própria vida em sociedade. É um campo de mediação imprescindível
(ACOSTA & VITALE, 2007).
Vínculos sócio-familiares asseguram ao indivíduo a segurança de
pertencimento social. Nessa condição, o grupo familiar constitui condição objetiva e
subjetiva de presença, que não pode ser descartada quando se projetam processos
de inclusão social.
A família volta a ser pesquisada e refletida, nas contínuas mudanças que se
processam, como um microcosmo da sociedade global. Ainda mais interessante é
perceber o destaque que ele vem ganhando como indutora de relações mais
horizontais, valor democrático sempre esperado da vida pública.
Giddens (1996) enfatiza justamente essa dimensão. Para ele, quanto mais se
desenvolve uma sociedade pós-tradicional mais existe um movimento em direção
àquilo que poderia ser chamado de relacionamento igualitário, nas relações sexuais,
no casamento e na família. Um relacionamento igualitário é aquele que se
estabelece e se mantém por si só – pelas recompensas que a associação com o
outro, ou com os outros, pode trazer. Segundo o autor, constituir relacionamentos
igualitários e garantir sua continuidade “implica uma forma de confiança ativa. Nas
diversas esferas da vida íntima, o conhecer e o relacionar-se com o outro dependem
de uma prerrogativa de integridade (...)”. Dessa forma, o casamento costuma ser –
e, sem dúvida, em muitos exemplos empíricos ainda o é – um emaranhado de
papéis. O que os homens faziam diferia daquilo que as mulheres faziam, de forma
que o casamento era intrínsecamente uma divisão de trabalho; e era com freqüência
arranjado, e não iniciado e mantido pelos indivíduos envolvidos. Nisso assemelhava-
se bastante a um Estado da natureza.
Ao longo do último meio século, especialmente nos países ocidentais, o
casamento mudou de uma maneira fundamental. É, ao menos em princípio, um
encontro de iguais e não uma relação patriarcal; é um laço emocional, forjado e
mantido com base em atração pessoal, sexualidade e emoção, e não meramente
por razões econômicas (ACOSTA & VITALE, 2007).
Quanto mais o casamento tende a um relacionamento entre iguais, mais ele
se torna precisamente um símbolo público desse relacionamento. Daí sua estreita
ligação com a democracia dialógica. Existem paralelos notáveis entre o que parece
ser um bom relacionamento, na forma desenvolvida na literatura de terapia conjugal
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e sexual, e os mecanismos formais de democracia política (ACOSTA & VITALE,


2007).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta de conhecimento ou de investimentos do Estado em políticas públicas


que levem em conta a relação de gênero, principalmente no âmbito da família
chefiada por mulheres, é algo que demanda estudos a fim de se buscarem soluções
que venham atender as necessidades dessas famílias.
A inserção no mercado de trabalho tem exigido das pessoas maior
capacitação. Porem isto não significa que não tenham que se sujeitar a trabalhos
mal-remunerados, transitórios, informais, terceirizados ou a margem de toda garantia
legal.
Segundo Faleiros (2007, p.11) “a exclusão vem sendo aprofundada tanto nas
relações econômicas como nas culturais e políticas, apesar de existir, por parte do
Estado, algumas iniciativas pontuais.
No Brasil, houve um avanço no desenho de redes proteção social quando se
optou pela família e não mais pelo individuo, isto é o individuo no contexto familiar. É
necessário investir na família, para que possamos fortalecer o binômio família/
comunidade para que esta como grupo social básico possa formar e fortalecer
vínculos que levem a cidadania.
Observa-se certo encolhimento por parte do Estado no que tange políticas
publicas de atendimento a mulheres chefes de família e que minimizem as
expressões da questão social no âmbito familiar, levando assim essas famílias a
buscarem apoio nas relações familiares que possuem e na sociedade civil
organizada, garantindo assim seus direitos a uma vida social produtiva, com acesso
aos equipamentos sociais oferecidos pelo Estado. Portanto, a efetivação de direito
se da somente se tais equipamentos atuarem de forma efetiva.
Pretende-se com políticas publicas de assistência social garantir os mínimos
sociais necessários para os seguimentos da população mais necessitados por meio
de redes de proteção/ promoções sociais que articulem serviços, benefícios, projetos
e programas sociais considerando como base de atuação a família.
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Há necessidade de buscar uma maior emancipação, exigindo assim do


Estado maior investimento em políticas publicas para que as famílias chefiadas por
mulheres possam ter assegurado de fato, a verdadeira emancipação que almejam.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS:

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COHN, A. ELIAS E. P. Saúde no Brasil: políticas e organizações de serviços. Ed.,


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FAORO, R. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro, São


Paulo, Globo. 1985.

FERNANDES. A. S. A. Políticas públicas: Definição evolução e o caso brasileiro na


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