Sei sulla pagina 1di 12

SOLOS E NUTRIÇÃO

EMPREGO DE FERTILIZANTES
DE LIBERAÇÃO LENTA NA FORMAÇÃO
DE POMARES DE CITROS

EDUARDO AUGUSTO GIRARDI1


e FRANCISCO DE ASSIS ALVES MOURÃO FILHO2

RESUMO
A eficiência de fertilizantes solúveis, em especial os
nitrogenados, aplicados nos pomares de citros em formação é
muito variável, podendo ocorrer perdas por lixiviação ou
volatilização, além de contaminação ambiental, caso não se
empregue um manejo adequado das fontes. O uso de fertilizan-
tes de liberação lenta proporcionaria alternativa para redução
desses problemas, sem prejudicar o crescimento das plantas. A
recente ampliação da oferta desse tipo de fertilizante na
citricultura paulista demonstra o aumento de interesse pelo
emprego dos fertilizantes de liberação lenta, em especial os
nitrogenados, durante a formação dos novos pomares (quatro
primeiros anos da cultura) ou como opção para adubação de
replantios, uma vez que seu alto preço inviabiliza seu uso du-
rante a fase produtiva da cultura. O presente artigo constitui
uma revisão de literatura sobre o emprego de fertilizantes de
liberação lenta durante o período de formação de pomares cí-
tricos em outros países.
Termos de indexação: citricultura, nutrição mineral, técnicas
de adubação.

1
Aluno de Pós-Graduação. PPG Fitotecnia/USP/ESALQ. Bolsista do CNPq.
2
Professor Associado. USP/ESALQ/Departamento de Produção Vegetal. Caixa Postal 9, 13418-900
Piracicaba (SP). Bolsista do CNPq. Autor correspondente. famourao@esalq.usp.br

REVISÃO
508 EDUARDO AUGUSTO GIRARDI e FRANCISCO DE A. A. MOURÃO FILHO

SUMMARY
USE OF SLOW RELEASE FERTILIZERS
IN CITRUS CROPS
In recent years, important changes in citrus production
technology have been applied to improve productivity and prof-
itability. The increase in use of fertilizers, especially those con-
taining nitrogen, is common practice during the first years of
the grove due to the necessity of obtaining more longevity and
earlier crops. The efficiency of soluble fertilizers is not con-
stant due to nitrogen losses by volatilization or lixiviation. The
use of slow release fertilizers can reduce those losses and envi-
ronmental problems, and also result in higher yields. There is a
recent offer of various slow release fertilizers in the Brazilian
market, demonstrating increasing interests in their use during
the first years of the grove or in reset plants, as the high prices
of those fertilizers cannot allow their use during productive
period. This article revises the use of slow release fertilizers
during the citrus grove formation period.
Index terms: citrus production, mineral nutrition, fertilization
techniques.

1. INTRODUÇÃO
No Estado de São Paulo, a área colhida de citros ocupou, até agosto de
2002, aproximadamente 600 mil hectares, com uma produção total de cerca
de 354 milhões de caixas de 40,8 kg na safra 2002/2003 (AGRIANUAL,
2003). O número de árvores novas vem caindo de cerca de 25% do total de
plantas no início da década dos 90s para menos de 15% nos últimos anos.
Essa redução se atribui não só aos baixos preços recebidos pelos produtores
até o início de 2001, mas, também, a problemas fitossanitários que têm pro-
vocado a erradicação de pomares no Estado (NEVES, 2000). Contudo, o
substancial aumento do valor comercial que a laranja teve a partir de 2001,
ante safras futuras reduzidas, vem estimulando novamente o plantio de po-
mares, assim como investimentos em manejo cultural dos pomares atuais.

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


EMPREGO DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA... 509

A muda é um dos insumos mais importantes para a formação de um


pomar de citros, tendo-se em vista o caráter perene da cultura. A importância
da muda está no fato de que o potencial máximo de produtividade e de qua-
lidade das frutas será revelado 6 a 8 anos após o plantio, e a longevidade do
pomar só será conhecida em um intervalo de tempo ainda maior (TEÓFILO
SOBRINHO, 1991). Os cuidados durante a formação do pomar nos três pri-
meiros anos após o plantio são decisivos ao sucesso do empreendimento,
sendo a fertilização, indiscutivelmente, uma das principais práticas durante
esse período. Ela representa aproximadamente 20% de todas as despesas em
produção, sendo 80% dos custos referentes à adubação nitrogenada (RAIGON
et al., 1996). Mesmo em períodos de dificuldades financeiras, quando a
lucratividade do citricultor é estreita, a adubação nitrogenada é indispensá-
vel à sobrevivência da atividade (QUAGGIO, 1996).
Os programas de adubação nitrogenada durante a formação dos poma-
res quase sempre se baseiam em fertilizantes solúveis. Como a cultura dos
citros se situa, principalmente, em solos mais arenosos, sob condições de
clima subtropical a tropical, recomenda-se a aplicação parcelada desses fer-
tilizantes, a fim de reduzir perdas de nitrogênio (SHAVIV & MIKKELSEN,
1993). Como resultado, há uma insuficiência do aproveitamento da aduba-
ção pela planta, com perdas diretas em produtividade e desperdício de ferti-
lizantes, além de aumentar os custos de produção em vista da necessidade de
constantes aplicações (ALVA & PARANASIVAM, 1998). A adubação
nitrogenada, hoje fundamentada em fertilizantes como nitrato de amônio,
uréia agrícola e sulfato de amônio, apresenta outros empecilhos que reduzem
a potencialidade de seu aproveitamento. Entre eles, destacam-se os custos de
aplicação dos fertilizantes solúveis, já que, muitas vezes, são necessárias mais
de três aplicações anuais durante a formação e condução dos pomares, espe-
cialmente referentes a mão-de-obra, máquinas e implementos.
Além disso, a eficiência da adubação nitrogenada, conforme a fonte do
fertilizante e as condições da aplicação, pode ser da ordem de 44% (MATTOS
JUNIOR et al., 2002). Essa baixa eficiência ora advém das perdas de nitrogê-
nio no ambiente via lixiviação ou volatilização (LIDON et al., 1993), ora pela
inadequação entre período de fertilização e período de demanda nutricional
pela planta cítrica, existindo, assim, estreita dependência aos fatores de

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


510 EDUARDO AUGUSTO GIRARDI e FRANCISCO DE A. A. MOURÃO FILHO

manejo adequado dos fertilizantes, como incorporação de algumas fontes e


aplicação em condições de umidade de solo ideais, entre outros.

2. FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA


Uma técnica alternativa de fertilização consiste no emprego de adubos
encapsulados de liberação gradual (BOCKMAN & OLFS, 1998; SHAVIV,
1999). Em vista do recobrimento dos fertilizantes tradicionais por substâncias
orgânicas, inorgânicas ou resinas sintéticas, tais fertilizantes liberam nutri-
entes de forma gradual. Tais substâncias são, em sua maioria, derivadas de
uréia, como poliamidas, enxofre elementar ou, ainda, polímeros das mais
diversas naturezas O processo de encapsulação influi diretamente no meca-
nismo e intensidade do processo de liberação. A espessura e a natureza
química da resina de recobrimento, a quantidade de microfissuras em sua
superfície e o tamanho do grânulo de fertilizante também contribuem para
determinar a curva de liberação de nutrientes ao longo do tempo.
No caso dos fertilizantes recobertos por resinas e polímeros, há libera-
ção eficiente de nutrientes quando da disponibilidade de água e temperatura
ideal do solo por volta de 21°C (CHITOLINA, 1994a), sendo a taxa de libe-
ração de nutrientes pelos grânulos de fertilizante diretamente proporcional à
temperatura do solo ou substrato, uma vez que a temperatura promove
expansão da camada de resina, provocando aumento de sua permeabilidade
à água. Esse processo ocorre independentemente da permeabilidade, pH ou
atividade microbiológica do solo, podendo variar de poucos meses até quase
20 meses para liberação total, sendo a longevidade específica de cada formu-
lação do fertilizante (OERTLI, 1980). A conjugação dessas propriedades faz
com que esses fertilizantes em especifico sejam denominados fertilizantes
de liberação controlada, uma vez que técnicas de manejo que levem à mani-
pulação de umidade e temperatura podem modificar a intensidade de libera-
ção de nutrientes.
No caso de fertilizantes recobertos por enxofre elementar, o processo
de liberação gradual é distinto do de fertilizantes recobertos por resinas e
derivados de uréia (SHAVIV, 2001). Nesse caso, pode haver influência de

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


EMPREGO DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA... 511

fatores como umidade do solo, e não existe possibilidade de controle da


intensidade de liberação de nutrientes, uma vez iniciado o processo. Sendo
assim, é essencial que o produtor conheça as propriedades específicas do
fertilizante de liberação lenta empregado para determinar um manejo ade-
quado da adubação e decorrente sucesso da prática.
As principais vantagens dos fertilizantes de liberação lenta, segundo
SHAVIV (2001), são: fornecimento regular e contínuo de nutrientes para as
plantas; menor freqüência de aplicações em solos; redução de perdas de
nutriente devida à lixiviação, imobilização e, ainda, volatilização; eliminação
de danos causados a raízes pela alta concentração de sais; maior praticidade
no manuseio dos fertilizantes; contribuição à redução da poluição ambiental
pelo NO3-, atribuindo valor ecológico à atividade agrícola (menor contamina-
ção de águas subterrâneas e superficiais), e redução nos custos de produção.
Dessa maneira, a eficiência da adubação nitrogenada pode ser amplia-
da mediante o uso de fertilizantes de liberação lenta, com significativa redu-
ção de perdas de N e melhor disponibilização às plantas (KHALAF & KOO,
1983; COX, 1993; DIEZ et al., 1994). Esse tipo de fertilizante apresenta
evidentes vantagens sobre os convencionais em diversas culturas, como ar-
roz, hortícolas e ornamentais (HEFNER & TRACY, 1991; CSIZINSZKY,
1994; SHIFLETT et al., 1994) em diferentes tipos de solo, climas e manejos.
Um dos mais empregados e estudados fertilizantes de liberação lenta é
a uréia recoberta por enxofre ou “sulfur-coated urea” (SCU) (CHITOLINA,
1994b). Esse fertilizante constitui-se de uréia recoberta por enxofre elemen-
tar, contendo em torno de 31 a 38% de N. Cerca de um terço da quantidade
aplicada da SCU se solubiliza imediatamente após o contato do produto com
água, pela existência de uma fração de grânulos microfissurados ou mal
recobertos durante o processo de fabricação ou, ainda, danificados durante o
transporte e manuseio do fertilizante (RABAN et al., 1997). Por outro lado,
outro terço da quantidade restante do fertilizante, considerada perfeitamente
recoberta, apresenta longo período de liberação, muitas vezes não chegando
a 70% de liberação total após 180 dias de aplicação. Finalmente, cerca de 15
a 25% dos nutrientes têm liberação ainda mais prolongada, o que resulta da
perda natural da permeabilidade da camada de recobrimento. Essa parcela
dos nutrientes muitas vezes não chega a ser assimilada pelas culturas.

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


512 EDUARDO AUGUSTO GIRARDI e FRANCISCO DE A. A. MOURÃO FILHO

3. EMPREGO DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO


LENTA DURANTE O PERÍODO DE FORMAÇÃO
DE POMARES DE CITROS
Quanto a estudos referentes ao emprego de fertilizantes de liberação
lenta em citros, especialmente durante a formação do pomar, há poucos, mas
interessantes trabalhos, cujo enfoque principal é, em geral, a comparação
entre a eficiência de fertilizantes solúveis e os de liberação lenta, em promo-
ver o crescimento vegetativo das plantas (RAIGON et al., 1996).
JACKSON & DAVIES (1984) estudaram o crescimento de tangelo
‘Orlando’ (Citrus reticulata Blanco x C. paradisi Macf.) sobre Poncirus
trifoliata (L.) Raf. em função da aplicação de N em três tratamentos: fertili-
zante solúvel em quatro aplicações anuais, uréia recoberta por enxofre apli-
cada uma vez e uréia recoberta por enxofre aplicada duas vezes no ano. Após
dois anos, as plantas fertilizadas somente uma vez ao ano atingiram apenas
60% do tamanho final tanto das plantas fertilizadas duas vezes ao ano com
uréia recoberta com enxofre como das plantas fertilizadas quatro vezes ao
ano com o fertilizante solúvel, sendo que, nesses dois tratamentos, o tama-
nho final de plantas foi equivalente.
MARLER et al. (1987) compararam o crescimento de laranja ‘Hamlin’
[C. sinensis (L.) Osbeck] sobre citrange ‘Carrizo’ (P. trifoliata x C. sinensis)
usando quantidades iguais, em termos de nitrogênio e de potássio, de dois
tipos de fertilizante de liberação lenta aplicados duas vezes ao ano com ferti-
lizante solúvel em quatro aplicações anuais. Após dois anos, não encontra-
ram diferenças significativas entre os tratamentos. Já OBREZA (1990), em
experimento similar com a mesma combinação copa/porta-enxerto, verificou
que o fertilizante de liberação lenta da marca comercial Osmocote® promo-
veu melhor crescimento em diâmetro do porta-enxerto e do enxerto.
ZEKRI & KOO (1991a,b) desenvolveram estudo por três anos com
laranja ‘Valência’ (C. sinensis) sobre citrange ‘Carrizo’ (P. trifoliata x C.
sinensis). Observaram-se os efeitos de três fontes de N e K do tipo liberação
lenta (N recoberto por poliamida, N recoberto por enxofre elementar e K
recoberto por enxofre elementar) aplicadas duas vezes ao ano e fontes solú-
veis (NH4NO3 e KCl) aplicados seis vezes no primeiro ano, cinco no segundo
e quatro no terceiro, todos com a mesma dosagem. Ao final do experimento,

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


EMPREGO DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA... 513

não se encontraram diferenças entre os tratamentos quanto ao crescimento


do diâmetro do porta-enxerto e do enxerto. No entanto, a área da copa apre-
sentou maior desenvolvimento em plantas tratadas com a uréia recoberta
com enxofre do que aquelas com fertilizantes solúveis.
ZEKRI & KOO (1992) estudaram o efeito de quatro fertilizantes de
liberação de três a seis meses (uréia e sulfato de potássio recobertos por en-
xofre e uréia e sulfato de potássio recobertos por poliamida) e fertilizantes
solúveis (NH4NO3 e (NH4)3PO4) em doses compreendidas de 362 a 544 g de
N, fornecidas anualmente a cada planta, em pomares cítricos de até quatro
anos. Após dois anos, não se encontraram diferenças quanto a diâmetro de
porta-enxerto e volume de copa, independentemente da variedade copa ou
do porta-enxerto. OBREZA & ROUSE (1991, 1993) e OBREZA (1993) apli-
caram diferentes doses (13, 25, 50 e 100% de 600 g de N por planta) de
fertilizantes nitrogenados solúveis isolados e combinados com fertilizantes
de liberação lenta em laranja ‘Hamlin’ (C. sinensis) sobre citrange ‘Carrizo’
(P. trifoliata x C. sinensis). O número de aplicações foi diretamente propor-
cional à participação dos fertilizantes solúveis na mistura. Após três anos,
não se encontraram diferenças em crescimento vegetativo entre os tratamen-
tos, mesmo quando os fertilizantes de liberação lenta foram aplicados na
metade da dose dos solúveis. DUTRA et al. (1994) compararam fertirrigação
com adubo de liberação lenta Osmocote® sobre citrange ‘Carrizo’ (P. trifoliata
x C. sinensis) durante um ano. Plantas tratadas com fertilizante de liberação
lenta alcançaram maior diâmetro da copa e menor peso de matéria seca do
sistema radicular, ocorrendo o oposto nas plantas fertirrigadas.
Fertilizantes de liberação lenta podem influenciar os teores de nutri-
entes nas folhas dos citros (MAQUIEIRA et al., 1984; OBREZA & ROUSE,
1991, 1993; OBREZA, 1993). ZEKRI & KOO (1991a,b, 1992) verificaram
maior teor foliar de N em plantas cítricas fertilizadas com uréia recoberta
com enxofre e outros fertilizantes de liberação lenta aplicados no solo, em
relação àquelas fertilizadas com uréia agrícola e nitrato de amônio, também
aplicados no solo.
Alguns trabalhos indicam que há diferenças significativas nos teores
de N em amostras de solo oriundas de solos fertilizados com fontes solúveis
e de liberação lenta de nitrogênio, em especial no que se refere à presença de

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


514 EDUARDO AUGUSTO GIRARDI e FRANCISCO DE A. A. MOURÃO FILHO

nitratos (ZEKRI & KOO, 1991b). DUTRA et al. (1994), após quatro meses
da fertilização de citrange ‘Troyer’ (P. trifoliata x C. sinensis) em potes,
observaram que em substratos orgânicos onde se aplicou fertilizante de libe-
ração lenta Osmocote®, alcançaram-se, em geral, teores mais elevados de
nutrientes que nos mesmos substratos condicionados à fertirrigação.
Muitos experimentos na Flórida e na Califórnia foram motivados tan-
to pelo largo consumo de fertilizantes de liberação lenta como por aspectos
agronômicos e ambientais (WANG & ALVA, 1996; PARANASIVAM &
ALVA, 1997). TRENKEL (1997) apresentou exemplos de estimativas de
custos, referentes ao uso de fertilizantes de liberação lenta em comparação
com adubação convencional de citros na Flórida, onde menores quantidades
de nutrientes foram aplicadas com o uso de fertilizantes de liberação lenta.
ALVA (1992), também, em pomar de citros na Flórida, observou que perdas
com lixiviação excederam 50% da dose de N aplicado em solos via fertili-
zantes solúveis (NH4NO3 e Ca(NO3)2), enquanto as mesmas perdas, relativas
a doses de N aplicadas como fertilizante de liberação lenta (SCU, Resin-
Coated® e Osmocote®) não excederam 5% do total. Vale destacar que os so-
los da Flórida são, em geral, muito arenosos, sendo as perdas por lixiviação
de nitrogênio na forma de nitrato um sério problema agronômico, além de
fator de contaminação de lençóis freáticos.

4. COMENTÁRIOS FINAIS
Em geral, nos trabalhos relatados, não ocorreu crescimento
insatisfatório de plantas cítricas pelo uso de fertilizantes de liberação lenta
aplicados ao solo durante período de formação do pomar, comparando-se ao
emprego de fontes solúveis tradicionais também aplicadas em cobertura. O
equilibrado acordo entre todos os estudos indica que fertilizantes de libera-
ção lenta teriam o potencial de reduzir significativamente a freqüência de
aplicação, comparando-os a fertilizantes solúveis, especialmente os
nitrogenados, sem prejuízo ao desenvolvimento vegetativo das plantas cítri-
cas. Essa vantagem amortizaria o fato de fertilizantes de liberação lenta se-
rem mais caros, e o programa de adubação com base nessas fontes acabaria

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


EMPREGO DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA... 515

se tornando mais uma alternativa de fertilização. Contudo, todos os traba-


lhos revisados foram desenvolvidos em outros países, sob condições edafo-
climáticas e econômicas diferentes das do Brasil, o que torna necessária a
condução de experimentos envolvendo fertilizantes de liberação lenta em
nossas condições, de modo a estabelecer relações custo-benefício, bem como
quantificar a contaminação ambiental e a eficiência agronômica da aduba-
ção, validando, dessa forma, o emprego desse tipo de fertilizante na forma-
ção de nossos pomares de citros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRIANUAL 2003. Anuário estatístico da agricultura brasileira. São Paulo: FNP
Consultoria e Comércio, 2003. 545p.
ALVA, A.K. Differential leaching of nutrients from soluble vs. controlled-release
fertilizers. Environmental Management, v.16, p.769-776, 1992.
ALVA, A.K. & PARANASIVAM, S. Nitrogen management for high yield and quality
of citrus in sandy soils. Soil Sci. Soc. Am. J., v.2, p.1335-1342, 1998.
BOCKMAN, O.C. & OLFS, H.W. Fertilizers, agronomy and N2O. Nutr. Cycl.
Agroecosyst., v.52, p.165-170, 1998.
CHITOLINA, J.C. Fertilizantes de lenta liberação de N: conceitos. Uréia coberta
com enxofre. Piracicaba: ESALQ/USP, 1994a. 16p.
CHITOLINA, J.C. Uréia coberta com enxofre: generalidade. Aplicação em algu-
mas culturas. Piracicaba: ESALQ/USP, 1994b. 20p.
COX, D.A. Reducing nitrogen leaching-clones from containerized plants: the
effectiveness of controlled-release fertilizers. Journal of Plant Nutrition, v.16,
p.533-545, 1993.
CSIZINSKY, A.A. Yield response of bell pepper and tomato to controlled-release
fertilizers on sand. Journal of Plant Nutrition, v.17, p.1535-1549, 1994.
DIEZ, J.A.; RONAN, R.; CARTAGENA, M.C.; VALLEJO, A.; BUSTON, A. &
CABALLERO, R. Controlling nitrate pollution by using different nitrogenous
controlled release fertilizers in maize crop. Agriculture Ecosystems and
Environment, v.48, p.49-56, 1994.

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


516 EDUARDO AUGUSTO GIRARDI e FRANCISCO DE A. A. MOURÃO FILHO

DUTRA, P.V.; ABAD, M.; PONS, J.; JUAN, M.; ALNELA, V. & AGUSTI, M. In-
fluencia de substratos de cultivo, sistemas de fertilización y contenedores sobre
la producción de plantanes de cítricos. Levante Agrícola, p.24-32, 1994.
HEFNER, S.G. & TRACY, P.W. Effects of nitrogen source, application timing and
dicyaniamide on fuvron-irrigated rice. Journal of Production Agriculture, v.4,
p.536-540, 1991.
JACKSON, L.K. & DAVIES, F.S. Mulches and slow-release fertilizers in a citrus
young tree care program. Proc. Flor. St. Hort. Sci., v.97, p.37-39, 1984.
KHALAF, H.A. & KOO, R.C.J. The use of controlled release nitrogen on container
grown citrus seedlings. Citrus and Vegetable Magazine, v.46, p.10-22, 1983.
LIDON, A.L.; RAMOS, C. & RODRIGO, A. La lixiviación de nitratos en huertos de
cítricos. In: CONGRESO IBÉRICO DE CIENCIAS HORTÍCOLAS, 2., 1993,
Madrid. Actas... Madrid, 1993, v.1, p.280-284.
MAQUIEIRA, A.; CLIMENT, M.D.; PUCHADES, R. & PRIMO YUFERA, E.
Fertilization of orange trees with sulfur coated urea: nitrogen levels in leaves
and fruits. Plant and Soil, n.80, p.247-254, 1984.
MARLER, T.E.; FERGUSON, J.J. & DAVIES, F.S. Growth of young ‘Hamlin’ orange
trees using standard and controlled release fertilizers. Proc. Fla. Sta. Hort.
Soc., v.100, p.61-64, 1987.
MATTOS JUNIOR, D.; CANTARELLA, H. & QUAGGIO, J.A. Perdas por
volatilização do nitrogênio fertilizante aplicado em pomares de citros. Laranja,
Cordeirópolis, v.23, n.1, p.263-270, 2002.
NEVES, E.M. Economia da produção citrícola e efeitos alocativos. Preços Agríco-
las, p. 9-12, abril de 2000.
OBREZA, T.A. Program fertilization for establishment of orange trees. Journal of
Production Agriculture, v.6, p.546-552, 1993.
OBREZA, T.A. Young ‘Hamlin’ orange tree fertilizer response in south crust Florida.
Proc. Fla. Sta. Hort. Soc., v.103, p.12-16, 1990.
OBREZA, T.A. & ROUSE, R.E. Controlled-release fertilzer use on young ‘Hamlin’
orange trees. Soil Crop Sci. Soc. Fla. Proc., v.51, p.64-68, 1991.
OBREZA, T.A. & ROUSE, R.E. Fertilizer effects on early growth and yield of
‘Hamlin’ orange trees. HortScience, v.28, p.111-114, 1993.

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


EMPREGO DE FERTILIZANTES DE LIBERAÇÃO LENTA... 517

OERTLI, J.J. Controlled-release fertilizers. Fertilizer Research, The Hague, v.1,


p.103-123, 1980.
PARANASIVAM, S. & ALVA, A.K. Nitrogen recovery from controlled-release
fertilizers under intermittent leaching and dry cycles. Soil Science, v.162, p.447-
453, 1997.
QUAGGIO, J.A. Calagem e adubação para citros: recomendações mínimas para
épocas de crise. Laranja, v.17, n.1, p.211-221, 1996.
RABAN, S.; ZEIDEL, E. & SHAVIV, A. Release mechanisms controlled release
fertilizers in practical use. In: INTERNATIONAL DAHALIA GREIDINGER
SYMPOSIUM ON FERTILIZATION AND THE ENVIRONMENT, 3., 1997,
Haifa. Proceedings... Haifa, Israel: Technicion, 1997. p.287-295.
RAIGON, M.D.; YUFERA, E.P.; MAQUIEIRA, A. & PUCHADES, R. The use of
slow-release fertilizers in citrus. Journal of Horticultural Science, v.71, n.3,
p.349-359, 1996.
SHAVIV, A. Advances in controlled-release fertilizers. Advances in Agronomy,
v.71, p.1-49, 2001.
SHAVIV, A. Preparation methods and release mechanisms of controlled release
fertilizers: agronomic efficiency and environmental significancy. Proc. Int.
Fertil. Soc., York, UK, n.41, p.1-35, 1999.
SHAVIV, A. & MIKKELSEN, R.L. Slow-release fertilizers for a safer environment
maintaining high agronomic use efficiency. Fertilizer Research., v.35, p.1-12,
1993.
SHIFLETT, M.C.; BLACKSBURG, U.A.; NIEMIERA, A.X. & LEDA, C.E. Mid-
season reapplication of controlled release fertilizers affect ‘Hellen’ holly growth
and N content of substrate solution and effluent. Journal of Environmental
Horticulture, v.12, p.181-186, 1994.
TEÓFILO SOBRINHO, J. Propagação de citros. In: RODRIGUEZ, O.; VIEGAS,
F.C.P.; POMPEU JUNIOR, J. & AMARO, A.A. (Eds.). Citricultura brasilei-
ra. Campinas: Fundação Cargill, 1991. v.1, p.281-301.
TRENKEL, M.E. Controlled-release and stabilized fertilizers in agriculture. Pa-
ris, Governmental Report, IFA: 1997. 50p.

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003


518 EDUARDO AUGUSTO GIRARDI e FRANCISCO DE A. A. MOURÃO FILHO

WANG, F.L. & ALVA, A.L. Leaching of nitrogen from slow-release urea sources in
sandy soils. Soil Sci. Soc. Am. J., v.60, p.1454-1458, 1996.
ZEKRI, M. & KOO, R.C.J. Comparative effects of controlled-release and soluble
fertilizers for young ‘Valencia’ orange trees. Proc. Fla. Sta. Hort. Soc., v.104,
p.199-202, 1991a.
ZEKRI, M. & KOO, R.C.J. Evaluation of controlled-release fertilizers for young
citrus trees. J. Amer. Soc. Hort. Sci., v.116, n.6, p.987-990. 1991b.
ZEKRI, M. & KOO, R.C.J. Use of controlled-release fertilizers for young citrus trees.
Scientia Horticulturae, v.49, p.233-241, 1992.

LARANJA, Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003

Potrebbero piacerti anche