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Curso Prático de
Direito
Previdenciário
17 a
edição
revista, atualizada
e ampliada
2019
Capítulo 1
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CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman
O art. 6º, da Constituição Federal de 1988 elenca como direitos sociais a educação,
a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desampa-
rados, na forma desta Constituição.
1.1. SAÚDE
Art. 196 a 200, CF/88
XX
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas so-
ciais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, e
ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação” (art. 196, CRFB/88).
O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estrangeiros
que não residem no país. Até as pessoas ricas podem utilizar o serviço público de saúde,
não sendo necessário efetuar quaisquer contribuições para ter direito a este atendimento.
Exemplo:
Mike, americano, veio passar suas férias no Brasil, chegando à cidade do Rio
de Janeiro. Ao desembarcar no aeroporto do Galeão, solicitou um táxi, partindo
em direção à Barra da Tijuca, via Linha Amarela. Por azar, foi atingido por uma
“bala perdida”. Mike poderá ser atendido na rede pública de saúde, indepen-
dentemente de pagamento, embora não seja brasileiro nem residente neste país.
Exemplo de questão sobre o tema:
(Técnico do Seguro Social – INSS 2016 – CESPE) De acordo com o princípio da uni-
versalidade da seguridade social, os estrangeiros no Brasil poderão receber atendimento
da seguridade social.
Resposta: certa
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Cap. 1 • DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL
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CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman
III – serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para
atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para
a seguridade social; e
IV – demais casos previstos em legislação específica.
Na qualidade de ações e serviços de saúde, as atividades de apoio à assis-
tência à saúde são aquelas desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana,
produção e fornecimento de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de
análises clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são livres à
participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros (art. 53-A,
da Lei 8.080/90).
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarqui-
zada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais;
III – participação da comunidade.
Atenção!
Apesar do órgão que administra a saúde ter o nome “Sistema Único de Saúde”, as ações
nesta área são descentralizadas. As bancas examinadoras dos concursos públicos costu-
mam elaborar proposições mencionando que o SUS – Sistema Único de Saúde possui ações
centralizadas.
Outro ponto abordado em concursos é a priorização das ações de caráter preventivo da
saúde. Questões tentam confundir o estudante, mencionando que será priorizado o aten-
dimento aos enfermos em detrimento das ações preventivas.
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Cap. 1 • DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL
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Cap. 1 • DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL
Atenção!
Embora no texto constitucional haja previsão expressa de que a previdência social deve
proteger o trabalhador em situação de desemprego involuntário, o benefício governamental
fornecido nesta situação – seguro-desemprego – é administrado pelo Ministério do Trabalho
e Emprego (salvo o seguro defeso do pescador, conforme Lei 13.134, de 16/06/2015, que é
pago pelo INSS), não fazendo parte dos benefícios previdenciários. Ocorre que este benefício
é tipicamente previdenciário e de fato deveria ser oferecido pela previdência social, entre-
tanto, devido a razões políticas, sua administração passou para o Ministério do Trabalho.
Algumas proposições de concursos públicos citam trecho do texto constitucional do qual
consta previsão do atendimento à situação do desemprego involuntário pela previdência
social. Estas questões obviamente devem ser consideradas corretas. Se, contudo, a pro-
posição afirmar que o seguro desemprego é um benefício efetivamente oferecido pela
Previdência Social, deve ser considerada errada.
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CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman
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Cap. 1 • DEFINIÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL
aos segurados, de acordo com a contribuição feita por cada um. A previdência privada
se utiliza desta técnica de custeio.
Os benefícios previdenciários podem ser de natureza programada, como os que
buscam cobrir o risco de idade avançada, ou não programada como, por exemplo, a
aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença.
Os regimes podem ainda ser classificados como regimes de benefício definido ou
de contribuição definida.
No regime de benefício definido, as regras para o cálculo do valor dos benefícios
são previamente estabelecidas. É o que ocorre com a previdência pública brasileira,
que tem suas regras definidas por força de lei.
O sistema de contribuição definida está vinculado ao regime de capitalização. Nele,
as contribuições são definidas e o valor dos benefícios varia em função dos rendimentos
das aplicações. É utilizado pela previdência privada.
No Brasil existem três tipos de regimes previdenciários:
• Regime Geral da Previdência Social – RGPS;
• Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS;
• Regime de Previdência Complementar.
Neste capítulo forneceremos noções básicas sobre os três regimes. No decorrer
da obra, entretanto, estudaremos detalhadamente a organização e funcionamento do
RGPS, regime previdenciário gerenciado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,
sendo as contribuições para ele arrecadadas fiscalizadas pela Receita Federal do Brasil.
Apresentaremos informações sobre o Regime de Previdência Complementar no Capítulo
25. Os regimes próprios, por não serem objeto desta obra, serão analisados apenas
superficialmente.
Note que são regimes públicos de previdência social tanto o RGPS quanto os RPPS,
pois ambos são administrados pelo Poder Público.
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CURSO PRÁTICO DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO – Ivan Kertzman
A intenção da criação da SRP foi preparar o órgão para a fusão do Fisco Previ-
denciário com a Receita Federal no intuito de dar mais efetividade a fiscalização
dos tributos federais. A fusão ocorreu com a edição da MP 258/2005, de 21/07/05,
que criou a Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB, transferindo o quadro de
Auditores-Fiscais da Previdência Social para estrutura do Ministério da Fazenda e
unificando o cargo dos auditores da Previdência e da Receita, com a criação do cargo
de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.
Ocorre que a MP 258/05 não foi apreciada pelo Congresso Nacional no prazo cons-
titucionalmente estabelecido, tendo perdido a eficácia a partir de 19/11/05. Com isso
voltaram a existir as duas Secretarias anteriores a edição da MP 258/05: a Secretaria
da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária.
O Governo, inconformado com a derrota, enviou ao Congresso Nacional projeto de
lei, versando sobre o mesmo tema: a unificação da Secretaria da Receita Federal com
a Secretaria da Receita Previdenciária, resultando na Secretaria da Receita Federal do
Brasil – SRFB, chamada de Super-Receita.
Após longa tramitação, em 16 de março de 2007, foi publicada a Lei 11.457, que ins-
tituiu a sonhada Secretaria da Receita Federal do Brasil, criando a Carreira de Auditoria
da Receita Federal do Brasil, composta pelos cargos de nível superior de Auditor-Fiscal
da Receita Federal do Brasil (antigos Auditores da Receita Federal e da Previdência
Social) e de Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil (antigos Técnicos da Recei-
ta Federal). A nova Secretaria passou a existir em 02 de maio de 2007, por expressa
disposição legal (art. 51, II, da Lei 11.457/07).
Depois de todas estas alterações, o INSS passou a ser responsável, unicamente, pela
administração dos benefícios previdenciários, enquanto à SRFB compete as atividades
correlacionadas a arrecadação, fiscalização e cobrança de tributos previdenciários,
além dos tributos de competência da antiga Receita Federal, quais sejam: Imposto de
Renda, PIS, COFINS, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, PIS e COFINS Importa-
ção, Contribuição sobre Concursos de Prognósticos, Imposto de Importação e Imposto
de Exportação. Com isso, a administração de todos os tributos federais passou a ser
exercida por um único ente.
Com a nova reforma ministerial promovida pela Lei 13.341, de 29/09/2016, o Ministério
do Trabalho e da Previdência Social foi extinto. O Ministério do Trabalho foi criado sem
as atribuições previdenciárias, que passaram a ser exercidas pelo Ministério do Desen-
volvimento Social e Agrário, ao qual passou a estar vinculado toda a estrutura do INSS.
Um fato importante a ser destacado para os estudantes que se preparam para a car-
reira de Auditoria da Receita Federal do Brasil (Auditor-Fiscal e Analista-Tributário) é que
o art. 9º da Lei 11.457/07 dispõe que o ingresso nos cargos far-se-á mediante concurso
público de provas ou de provas e títulos, exigindo-se curso superior em nível de gradu-
ação concluído ou habilitação legal equivalente. A sistemática anterior somente permitia
o concurso na modalidade de provas, sendo que a nova redação albergou a possibilidade
de que o próximo concurso público seja realizado na modalidade de provas e títulos.
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