E com coidado nalisa, Mesmo assim calado e mudo, Vê que o Autô Soberano Os orgo visioná Lhe deu tudo o que precisa, Sabe dá siná de tudo, Os orgo que a gente tem Quando fica namorado Tudo serve munto bem, Pela moça despresado Mas ninguém pode negá Não precisa conversá, Que o Auto da Criação Logo ele tá entendendo Fez com maior prefeição Os óios dela dizendo, Os orgo visioná. Viva lá que eu vivo cá.
Os óio além de chorá, Os óios conversa munto
É quem vê a nossa estrada Nele um grande livro inziste Mode o corpo se livrá Todo repreto de assunto, De queda e barruada Por izempro o oiá triste E além de chorá e de vê Com certeza tá contando Prumode nos defendê, Que seu dono tá passando Tem mais um grande mistér Um sofrimento sem fim, De admirave vantage, E o oiá desconfiado Na sua muda linguage Diz que o seu dono é curpado Diz quando qué ou não qué. Fez arguma coisa ruim.
Os óios consigo tem Os óis duma pessoa
Incomparave segredo, Pode bem sê comparado Tem o oiá querendo bem Com as água da lagoa E o oiá sentindo medo, Quando o vento tá parado, A pessoa apaixonada Mas porém no mesmo istante Não precisa dizê nada, Pode ficá revortante Não precisa utilizá Querendo desafiá, A língua que tem na bôca, Infuricido e valente; O oiá de uma caboca Neste dois malandro a gente Diz quando qué namorá. Nunca pode confiá.
Munta comunicação Oiá puro, manso e terno,
Os óio veve fazendo Protetó e cheio de brio Por izempro, oiá pidão É o doce oiá materno Dá siná que tá querendo Pedindo para o seu fio Tudo apresenta na vista, Saúde e felicidade Comparo com o truquista Este oiá de piedade Trabaiando bem ativo De perdão e de ternura Dexando o povo enganado, Diz que preza, que ama e estima Os óios pissui dois lado, É os óio que se aproxima Positivo e negativo. Dos óio da Virge Pura. Nem mesmo os grande oculista, Os dotô que munta estuda, Os mais maió cientista, Conhece a lingua muda Dos orgo visioná E os mais ruim de decifrá De todos que eu tô falando, É quando o oiá é zanoio, Ninguém sabe cada óio Pra onde tá reparando.