Sei sulla pagina 1di 8

Vivenciamos o momento onde muito se discute e se questiona as

experiências sociais na contemporaneidade, estas são investigadas com muita


frequência nos mais diversos formatos e a partir das mais variadas matrizes
conceituas, devido as potentes/rápidas/complexas e profundas transformações
que o mundo conhecido vem passando.
A interconexão mundial potencializada pelo advento do capitalismo e a
consequente globalização que transformou o panorama não somente das
relações econômicas, políticas, mas também as relações dos sujeitos com o
tempo-espaço e com suas próprias questões “interiores”, as noções de cultura,
identidade, pertencimento, são tocadas e transformadas pelos tentáculos de um
processo frenético e irreversível.
É sabido que as experiências sociais têm sido marcadas pela aceleração
das informações, meios de transporte, comunicação, produção e proliferação de
imagens em escalas inimagináveis há algumas décadas. As imagens veem
seduzindo as pessoas com um poder que tem chamado atenção de muito
pesquisadores que veem os artefatos visuais como primordiais para
compreender o tempo em que vivemos.
A fotografia encontrou lugar de evidencia no cotidiano a ponto de ser
praticamente ser cultuada pelos sujeitos hiperconectados nas redes virtuais que
são ocupadas por produtores e consumidores de imagens de todas as regiões
do globo terrestre. Aumont (1993, p. 77) compreende que o olho “não é um
instrumento neutro, que se contenta em transmitir dados tão fielmente quanto
possível mas, ao contrário, um dos postos avançados de encontro do cérebro
com o mundo[...]”.
As imagens são captadas pelo sujeito que a transforma de acordo com as
suas bagagens de vivencias, Aumont (1993) chama esse sujeito de
“espectador”, ampliando um pouco o sentido habitual empregado ao termo:

Esse sujeito não é de definição simples, e muitas determinações


diferentes, até contraditórias, intervêm em sua relação com uma
imagem: além da capacidade perceptiva, entram em jogo o
saber, os afetos, as crenças, que, por sua vez, são muito
modelados pela vinculação a uma região da história (a uma
classe social, a uma época, a uma cultura). (p. 77)
Estes processos de relação do sujeito com imagens sofrem mutações que
são vivenciadas num mundo onde as fronteiras geográficas e conceituais são
aparentemente diluídas a ponto de parecerem ser inexistentes, o contato entre
as pessoas e as culturas de todo o mundo foi potencializado descomunalmente
pelo acesso as redes de computadores. Pelo menos no campo da circulação de
imagens as fronteiras são transpassadas com muita facilidade, rapidamente o
que se produz num extremo do planeta pode ser consumido no outro extremo
sem muitas dificuldades, basta ter acesso a uma rede de internet e um aparelho
celular para ter-se acesso a informações numa escala mundial.
A exploração da capacidade humana de interagir com o mundo através
da visão e dos processos de construção de visualidades tem sido vastamente
analisada através de estudos científicos que se debruçam a pensar, as relações
dos sujeitos da atualidade com as imagens. Sérvio (2014) evocando o teórico
Half Foster (1988), explicita a diferenciação conceitual destes termos, “visão” e
“visualidade”, com os quais construo minhas reflexões:

[...] visão trata da percepção como operação física, trata de seus


mecanismos e dados; e visualidade trata da percepção como
fato social, suas técnicas históricas e determinações discursivas.
Enquanto a visão foca na parcela biológica da experiência visual,
o corpo e a psique, a visualidade trata da parcela cultural da
experiência visual, aquilo que é aprendido social e
historicamente. (p. 196)

XXX questões surdas


Neste sentido, busco construir argumentos e provocar discussões a partir
desses conceitos chaves, visão, visualidade e imagem. Conceitos estes que são
transpassados por questões pertinentes à condição dos indivíduos que
percebem e interagem com o mundo majoritariamente através de experiências
visuais, os surdos. Segundo EIJI (2012) “Ser Surdo”, através das lentes dos
Estudos Culturais, passa a ser percebido como:

[...] um modo de existir, como outros vários, fundado na


experiência visual e no uso das línguas de modalidade viso-
motora (as línguas gestuais) – e legitima-se mais como um
atributo cultural construído historicamente que como uma
experiência unívoca e inexorável de um corpo mutilado. (p. 03)
Interessam-me perceber quais são os trânsitos dos surdos na rede
mundial de computadores através de suas contemporâneas plataformas de
relacionamentos e compartilhamento de imagens. Para tanto, dialogo com
teóricos que buscam pensar as experiências visuais compartilhadas no cotidiano
dos sujeitos que vivenciam ao longo da história processos de subalternização e
silenciamento, a fim de, através de um exercício interpretativo e reflexivo,
compreender os processos de socialidades construídos por estes através das
imagens.
Este recorte específico para o público surdo, parte do desejo de contribuir
com as pesquisas no campo dos Estudos Surdos., apesar de ser pesquisador
ouvinte, e Estudos Culturais que visam proporcionar um novo olhar sobre a
surdez.
Por muito tempo este grupo foi marcado pela conceituação da surdez
como deficiência e pela ânsia de encontrar uma forma de normalização do corpo
que não ouve, hoje os surdos são pensados como um grupo identitário
especifico, caracterizado por elementos próprios que marcam suas pluralidades
e diferenças. Commented [SM1]: COLOQUE LA PARA CIMA E FALA
MAIS UM POUCO DAS QUESTÕES LEGAI DOS SURDOS
O desejo de mergulhar nesta investigação nasceu na graduação em Artes
Visuais, no período de 2013 a 2017. A presença de um colega acadêmico surdo,
suscitou-me o desejo de conhecer com mais profundidade o universo das
singularidades dos sujeitos não ouvintes, a fim de compreender como se
desenvolviam as relações sociais deste grupo especifico numa sociedade
majoritariamente ouvinte.
Tocado pelas questões observadas na nossa convivência diária na Commented [SM2]: QUAIS

academia e no desenvolvimento do Trabalho de conclusão de Curso, no qual


construímos uma pesquisa de campo tecida a partir de narrativas visuais e
reflexões a cerca das relações dos surdos no contexto escolar.
Observamos por alguns meses dos anos de 2016 e 2017, as vivencias de
um grupo de 12 alunos surdos, no decorrer das observações dos trânsitos destes
alunos pelos espaços da escola, atinamos para o forte envolvimento das
tecnologias na mediação de troca das informações entre os alunos, a partir deste
fato tecemos reflexões pertinentes aos processos de construção de diálogo e
relações sociais, onde as línguas maternas de ambos, surdos e ouvintes, eram
colocadas em segundo plano, e as imagens assumiam papel singular na
construção das socialidades.
Naquele contexto a apropriação das imagens pelos surdos, diante das
barreiras linguísticas, contribuiu para refletirmos os deslocamentos dos sujeitos
para além das suas limitações comunicacionais. Pudemos observar em algumas
situações que os sujeitos surdos se tornavam verdadeiros reféns dos interpretes,
quando estes não estavam presentes a comunicação entre surdos, professores
e colegas se tornava limitada por estes não possuírem domínio da LIBRAS
(Língua Brasileira de Sinais). Observamos que essa barreira comunicacional
reverberava diretamente em suas participações no processo de ensino-
aprendizado. Como podemos observar nas falas de dois alunos surdos
entrevistados (surdo A e surdo D), que relatam das dificuldades enfrentadas:

O principal problema que enfrentamos em sala de aula é a falta


de comunicação entre nós os alunos surdos e o professor,
percebo que a falta de conhecimento da Libras impõem barreiras
entre os alunos surdos que comparado aos colegas ouvintes é
bem diferente. Há uma dependência muito grande do intérprete
por parte desse professor, isso gera atrasos em nossa
aprendizagem, nos desmotiva na aquisição dos conteúdos.
Todo processo comunicativo entre a gente e o professor tem ser
intermediado pelo intérprete. (SURDA A, entrevista aberta,
2016)

É muito complicado entender os conteúdos sozinho, a


dificuldade com a leitura atrapalha e a gente perde o interesse
pelos estudos, enquanto o professor não se comunicar comigo
em sala de aula eu nunca vou me interessar pela disciplina de
artes, vou continuar sem entender e aprender nada. (SURDO D,
entrevista aberta, 2016)

Diante da exposição destas dificuldades por parte dos alunos surdos em


relação a assimilação dos conteúdos oficiais, fomos instigados a pensar em
possibilidade que ampliassem as possibilidades das experiências entre surdos e
ouvintes. Nesse sentido, notamos que fora do recinto das salas de aula os alunos
surdos e ouvintes vivenciavam outras relações de socialidades pelas quais
conexões estéticas alternativas que potencializava a autonomia para
construírem suas relações e comunicações, dispensando a presença de um
intérprete. Observamos que as imagens proporcionavam a construção de pontes
por onde surdos e ouvintes podiam atravessar, onde as barreiras dos códigos
das línguas eram aparentemente superados e transpassados pela construção
de outros de sentidos, outras relações com o mundo, outras formas de
comunicação.
A popularização de redes de relacionamentos como Facebook, Instagram,
acessadas em larga escala para o compartilhamento de imagens, são notadas
como campo potencializadores na (re)construção de socialidades. Como notado
nos espaços da escola as imagens transgrediam os contornos fronteiriços da
diferença surdo/ouvinte, então fico a pensar quais os processos de ajustes,
apropriações, realizados pelos indivíduos surdos para tornar o mundo,
majoritariamente ouvinte, através do uso das imagens nas redes sociais, o que
deixam ver e o que escondem?

As fotos não apenas nos contam a história explícita, mas


também uma outra historia mais sutil e não menos importante.
Ao folhear um álbum de família, com sua história oficial,
podemos tentar conhecer os processos de seleção dessas fotos,
quem deixa de aparecer nestas fotos, qual a posição que cada
qual ocupa na foto. O que contam e o que escondem.
(MARTELLI, s.d.)

Observando os espaços virtuais de sociabilidade nos quais surdos e


ouvintes entrecruzam-se num processo fluido, autônomo, onde os sujeitos
transitam no campo da produção e circulação de imagens e constroem suas
subjetivas experiências numa relação intensa com as imagens que os seduzem
e os fazem deslizar nas redes virtuais em busca do prazer de ver e ser visto.
Walter Benjamim (1994, p. 103), no seu texto “Pequena História da Fotografia”,
lembra uma observação do historiador Alfred Lichtwark (1907) que comenta
nossa relação com fotos: “Nenhuma obra de arte é contemplada tão
atentamente em nosso tempo como a imagem fotográfica de nós mesmos, de
nossos parentes próximos, de nossos seres amados”.
Pensando nisso, desenvolvo uma pesquisa netnográfica tendo como
campo de pesquisa as redes sociais Facebook e Instagram, investigando
publicações na linha do tempo e stories de um grupo de 9 sujeitos surdos que
também foram colaboradores do processo de pesquisa anterior. Os registros
foram feitos através de prints de suas mais diversas postagens para tecer
reflexões interpretativas a cerca do contato do corpo surdo com o mundo das
imagens, compreendendo que as imagens são constructos sociais, objetos
culturais e históricos.
Grande parte dos registros feitos são produções e consumos de
fotografias pelas quais os sujeitos colocam-se diante do mundo e se fazem ser
visto como sujeitos ativos, plurais, autônomos, produtores de culturas, além de
utilizarem-se das imagens como artefato politico onde reivindicam o
reconhecimento de suas diferenças.

As fotografias contam histórias, revelam o ambiente, falam


sobre as pessoas. Funcionam como artifícios para fixar a
memória, evitar o esquecimento, garantir um lugar na
posteridade. Emolduram o tempo. Organizam experiências.
Acusam a passagem vertiginosa da vida. (MIGNOT apud
MARTELLI, s.d.).

A minha intenção investigativa junto ao programa compreender os


intercâmbios entre imagens e os processos identitários pelos quais eles se
produzem constroem e se relacionam com o mundo. Assim a pesquisa propõe
analisar as relações entre os acervos imagéticos que adornam suas casas e
postagens nas redes sociais. Commented [SM3]: questão

O consumo de imagens ou objetos ou artefatos culturais, hoje em dia,


está muito mais associado ao que eles representam, comunicam, informam,
anunciam, do que ao produto em si. Compramos, por conseguinte, sonhos,
desejos, fantasias, comportamentos, atitudes e ideias que corroboram com a
constituição de nossas identificações.
Nesse viés posso considerar as questões norteadoras para a investigação
da seguinte maneira:
Qual e como se dá a dinâmica comunicativa de surdos com imagens e
seus processos de sociabilidade social? Quais as referências simbólicas
utilizadas pelos surdos para participar e intervir reflexivamente no universo
social. Podemos perceber/compreender participação social dos surdos com as
imagens que eles manipulam, produzem e dispõem para comunicação nas
redes sociais evocando a construção de identidades? Que relações existentes
entre imagens e identidades surdas as imagens permitem estabelecer mundos
sociais e culturais na comunidade surda? O que as imagens sinalizam, informam,
dizem sobre eles, sobre suas trajetórias?
Este estudo é uma discussão sobre o aspecto visual atuante no processo
de socialidades, comunicativo e identitário do universo surdo com imagens,
especificamente no que se refere aos estudos visuais e culturais. tentar
compreender as relações desses jovens surdos com as imagens. TTrata-se de
um estudo de caráter qualitativo interpretativista com metodologia híbrida. Para
a geração dos registros foi o de entrevistas em formato de encontros e
observação na net. Na realização das sessões a pesquisa matem um olhar
etnográfico para o que estava acontecendo durante o trabalho de campo,
realizado entre os meses de XXX DE 2018 E 2019, e também durante a análise
dos registros gerados. O corpus para análise, que surge desse processo de
observação participante, é formado por AQUI É PRODUÇÃO DE DADOS
IMAGENS E O CADERMO DE CAMPO.

AGIER, M. Distúrbios identitários em tempos de globalização. Mana, v. 7,


n. 2, p. 7-33, 2001.
BENJAMIN, W. Obras escolhidas. Vol. I, São Paulo: Brasiliense, 1996.
BOSI, E. Memória e sociedade - lembranças de velhos. 6 ed. São Paulo:
Schwarcz LTDA, 1998.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro:
DP&A, 2005.
KELLNER, D. A Cultura da Mídia. São Paulo: EDUSC, 2001.
LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
MARQUES Silvia Carla Costa. A cidade e seus muros desenhados:
Imagem Fenômeno e diálogo Visual. Acesso em 12/01/2019.
SOUZA SANTOS, B. Um discurso sobre as ciências. Porto: Edições
Afrontamento, 1996.
WOODWARD, K. Identidade e diferença: uma introdução teórica e
conceitual. In: SILVA, T. T. (org.). Identidade e diferença – a perspectiva dos
estudos culturais. Petrópolis, RJ: Editora Voses Ltda, 2006.

AUMONT, Jacques. A imagem. Campinas,SP. Papirus, 1993.

MARTELLI, J. M. O uso da imagem na pesquisa educacional. s.d. Disponível em:<


http://26reuniao.anped.org.br/trabalhos/josyannemilleomartelli.pdf>. Acesso em
07/12/2018.

SÉRVIO, Pablo. O que estudam os estudos de cultura visual?. Revista Digital do LAV,
[S.l.], p. 196-215, ago. 2014. ISSN 1983-7348. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/revislav/article/view/12393>. Acesso em: 17 dez. 2018.

EIJI, Hugo. Culturas surdas: o que se vê, o que se ouve. Dissertação - Universidade de
Lisboa. Lisboa, 2012.

Potrebbero piacerti anche