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XI SIMPÓSIO DE ESPECIALISTAS EM PLANEJAMENTO DA

OPERAÇÃO E EXPANSÃO ELÉTRICA

XI SEPOPE XI SYMPOSIUM OF SPECIALISTS IN ELECTRIC OPERATIONAL


17 a 20 de Março 2009
March – 17th to 20th – 2009
AND EXPANSION PLANNING
BELÉM (PA) - BRASIL

Representação de Elos CC "back-to-back" baseados em conversores de


tensão, para Estudos de Estabilidade Eletromecânica

Ricardo Diniz Rangel Raphael Gárdos Alquindar Pedroso Edson H. Watanabe


CEPEL COPPE/UFRJ COPPE/UFRJ COPPE/UFRJ

RESUMO

Entre as novas tecnologias propostas para melhorar o desempenho dinâmico dos sistemas elétricos a
mais promissora e mais estudada é a dos equipamentos baseados no conceito FACTS (sistemas de
transmissão AC flexíveis), que utilizam dispositivos de eletrônica de potência . O desenvolvimento de
novos elementos chaveadores com controle de disparo e de corte, com valores nominais de tensão e
corrente cada vez maiores, tornou possível o uso de equipamentos baseados no conceito FACTS com
conversores do tipo fonte de tensão (VSC – Voltage Source Converter) em sistemas elétricos de alta
potência. Portanto torna-se necessário dispor de modelos adequados para estudos de estabilidade
dinâmica deste tipo de equipamento, para fins de planejamento e operação, bem como para
investigação de possíveis interações adversas com outros equipamentos do sistema.
Entre os dispositivos que podem usar a tecnologia de conversores VSC está o elo CC em conexão
"back-to-back" . Este artigo descreve a modelagem deste tipo de equipamento em programas para
análise de estabilidade eletromecânica. É apresentado o equacionamento básico do modelo bem como
das malhas de controle utilizadas. Dentre as várias estratégias de controle que podem ser usadas o
artigo mostra uma baseada em controle vetorial a partir da referência de fase das tensões terminais de
cada terminal conversor. O modelo apresentado foi implementado no programa ANATEM do CEPEL,
que é a ferramenta utilizada no Setor Elétrico Brasileiro para estudos de estabilidade eletromecânica.
Simulações são mostradas para um sistema simples a fim de demonstrar o comportamento adequado
do modelo, verificando-se a capacidade dos conversores para absorver ou fornecer potência reativa. É
analisado o efeito da variação da capacitância do elo CC no comportamento dinâmico do
equipamento, para um mesmo ajuste de controle. Uma simulação de curto circuito no terminal do
retificador também é apresentada.
A fim de ilustrar um caso de aplicação prática são mostrados os resultados da utilização de um elo CC
"back-to-back" na melhoria do desempenho dinâmico da Área Rio de Janeiro-Espírito Santo, que tem
valores de intercâmbio de potência limitados por critérios dinâmicos de operação.

PALAVRAS CHAVE: Elo CC "back-to-back", VSC,. FACTS, estabilidade eletromecânica.

* CEPEL - Av. Horácio Macedo 354, Cidade Universitária - CEP:21941-911 - Rio de Janeiro, RJ.
Tel: (55)(21) 2598-6164 - Fax: (55)(21) 2598-6451 - email: rdiniz@cepel.br
1
1. Introdução
O Sistema Interligado Nacional (SIN) vem sofrendo contínua expansão para atender ao aumento de
demanda, com a construção de novas usinas e novos troncos de transmissão. Grande parte dos novos
aproveitamentos hídricos encontra-se afastada dos principais centros consumidores (por exemplo, as
usinas a serem construídas no Rio Madeira), o que traz problemas de estabilidade eletromecânica para
a transmissão a longa distância em corrente alternada. Interconexões com outros países sul-americanos
apresentam dificuldades devido às diferentes freqüências nominais (50Hz/60Hz).
O grande desenvolvimento de dispositivos semicondutores nos últimos anos, principalmente o das
chaves autocomutadas, tornou possível a aplicação de dispositivos FACTS ("Flexible AC
Transmission Systems") [1] baseados em conversores tipo fonte de tensão, os chamados VSC
("Voltage Source Converters"). Entre eles pode-se citar o STATCOM ("STATic Synchronous
COMpensator"), o SSSC ("Static Series Synchronous Compensator") e o UPFC ("Unified Power Flow
Controller"). Estes equipamentos vêm sendo cada vez mais utilizados para a solução de problemas de
transmissão ou de controle de sistemas de potência e espera-se que com a redução gradual dos seus
custos e aumento da confiabilidade, eles venham a substituir a geração de equipamentos que utilizam o
conceito FACTS baseados em tiristores, ainda amplamente utilizada.
Entre os equipamentos que podem utilizar a tecnologia dos VSC estão os elos de tensão CC com
conversores em "back-to-back" (daqui em diante referenciados como elos CC BTB). Eles são úteis
entre outros motivos para a interconexão de sistemas assíncronos, para a segmentação de longos
troncos de transmissão (diminuindo os problemas de estabilidade eletromecânica devido a grandes
aberturas angulares) e para a limitação de correntes de curto-circuito. Eles apresentam a vantagem de
permitir o controle de potência ativa e reativa (ou tensão) de forma independente em ambos os
terminais, diferentemente dos conversores CA-CC tiristorizados, que sempre consomem potência
reativa, independentemente do modo de operação (retificação ou inversão). Isto pode ser uma
característica importante, principalmente se os pontos de interconexão possuírem baixa relação de
curto-circuito. Até pouco tempo atrás havia restrições econômicas e tecnológicas ao uso deste tipo de
equipamento em altas potências. No entanto, atualmente os elos de corrente contínua com VSC já
estão chegando à faixa de 1000 MW. Convém ressaltar que a capacidade de corrente do conversor
deve ser elevada se ele tiver que suprir potência reativa ao sistema elétrico.
O programa ANATEM para simulação e análise de estabilidade eletromecânica é amplamente
utilizado nos estudos de planejamento e operação do Sistema Elétrico Brasileiro e portanto é
necessário dispor de modelos dinâmicos adequados para os elos CC BTB com VSC, permitindo
estudos de prospecção para utilização deste tipo de equipamento.
A seguir discutir-se-á o princípio de funcionamento de um elo CC BTB com VSC e sua modelagem
em programa de estabilidade eletromecânica.

2. Princípio de funcionamento

Um conversor VSC permite sintetizar uma onda de tensão com amplitude, freqüência e fase
controladas, através do chaveamento de um capacitor CC nas fases do sistema CA. A variação da
& T ) permite controlar o módulo da tensão na barra
amplitude ETk da tensão CA aplicada ao sistema ( E k
terminal do equipamento (Vk), enquanto a variação de sua fase ψk permite controlar a potência ativa
entrando no conversor pelo lado CA, conforme mostrado na Figura 1.
Existem diversas configurações de conversores VSC. Dentre elas será considerada, para efeito de
entendimento, o esquema básico da Figura 2, correspondente a um VSC trifásico de 2 níveis. Este
equipamento é dito de 2 níveis pois, se for tomado como referência de tensão o ponto médio fictício

2
do capacitor CC, a tensão aplicada às fases do sistema será +Vc/2 ou -Vc/2, conforme as chaves em
condução. Outros esquemas, com mais chaves e capacitores, fazem com que mais níveis de tensão
sejam conectados às fases. Entre os mais usados está o baseado na configuração NPC ("neutral point
clamped") [2].
Conversor VSC

Zs ZTk G1
D1
G3
D3
G5
D5 Vc
Va a 2
C
Vb b M
&I Vc
k Vc c
V& s &k
V E& Tk Vc
-
G4 G6 G2 2
n D4 D6 D2

Figura 1 – Diagrama esquemático Figura 2 – Conversor VSC de 6 pulsos (2 níveis)

Se for usado um chaveamento convencional de 6 pulsos de disparo e 6 pulsos de corte por ciclo da
freqüência fundamental do sistema, obter-se-á para cada fase uma tensão CA cujo valor da
componente fundamental será proporcional ao valor da tensão do capacitor CC. Esta tensão é formada
por patamares e contém alto conteúdo harmônico de baixas freqüências (5o, 7o, 11o e 13o harmônicos
principalmente). Uma forma de cancelar estes harmônicos é usar vários conversores conectados em
série através de transformadores com defasagens apropriadas de maneira a conseguir um conversor
equivalente com um número de pulsos mais elevado, cuja tensão será mais próxima de uma senóide. O
inconveniente deste tipo de solução é o alto custo dos transformadores ziguezagues necessários.
Outra forma de eliminar harmônicos de baixa freqüência é usar um chaveamento de alta freqüência
baseado em modulação de largura de pulso (PWM - "pulse width modulation"). Neste caso (Figura 3),
o sistema de disparo possui, para cada fase, um oscilador que produz o sinal modulante
correspondente à tensão desejada ( sinal vcont(t) dado em (1) ) e um gerador de onda triangular vtri(t),
de alta freqüência em relação a vcont(t), com amplitude fixa Vtri. Quando o sinal vcont(t) > vtri(t) é
disparada a chave conectada à fase na parte superior da ponte (por exemplo, G1 na Figura 2) e cortada
a chave conectada à fase na parte inferior da ponte (G4, por exemplo), e vice e versa quando
vcont(t) < vtri(t). Os diodos fornecem caminho para a circulação das correntes que antes passavam pelas
chaves bloqueadas. A forma de onda de tensão gerada na fase é exemplificada na parte inferior da
Figura 3. A amplitude da componente fundamental desta onda é proporcional à tensão do capacitor CC
e ao fator de modulação de amplitude mck definido em (2). Mantendo-se mck inferior a 1 o conversor
VSC se comporta como um amplificador linear em termos de freqüência fundamental. Os harmônicos
gerados serão de alta freqüência e facilmente eliminados com pequenos filtros CA. No entanto, a
freqüência de chaveamento PWM atualmente é limitada a poucos kHz em equipamentos de alta
potência, devido ao valor elevado das perdas de chaveamento [3].
V
v cont ( t ) = Vcont sen( 2πf k t ) (1) mc k = cont (2)
V
tri

Um elo CC BTB com VSC corresponde na realidade a dois conversores VSC "shunt" conectados a um
mesmo capacitor CC, como mostrado na Figura 4. Como cada conversor pode controlar o módulo e a
fase da tensão CA que ele aplica ao sistema CA, são disponíveis 4 graus de liberdade. Em geral tem-se
um conversor controlando a sua tensão CA terminal e a potência ativa entrando no elo enquanto o
outro terminal controla a sua tensão CA terminal e a tensão no capacitor CC. Como a tensão no
capacitor CC varia conforme a diferença entre a potência no lado CC de cada conversor, ao manter
esta tensão controlada faz-se com que a potência que entra por um terminal saia pelo outro (a menos
de perdas). A potência a ser transmitida tanto pode ser especificada no terminal retificador quanto no
inversor, desde que o outro terminal se responsabilize pelo balanço de potência através do controle da
tensão no capacitor CC.

3
+

Figura 3 – Modulação PWM senoidal em Figura 4 – Elo CC BTB com VSC


VSC de 2 níveis

3. Representação do elo CC BTB

3.1. Modelagem dos conversores


Independentemente do tipo de configuração dos conversores VSC e do esquema de chaveamento, eles
podem ser considerados, para efeito de fenômenos eletromecânicos (freqüências até aproximadamente
5 Hz), como fontes de tensão com módulo (ETk) e fase (ψk) controlados, como mostra a Figura 5 .
Somente a dinâmica relativa à componente fundamental de seqüência positiva é considerada. As
variáveis ETk e ψk permitem dois graus de liberdade no controle de cada conversor: em geral, as
variáveis ψk controlam o fluxo de potência ativa entrando no equipamento ou a tensão Vc e as
variáveis ETk controlam os módulos das tensões terminais (Vk). Com a modulação PWM a tensão Vc é
mantida fixa (ψk em um dos terminais é usada para isso) e as tensões ETk são variadas modificando-se
os fatores de modulação mck .
P1 + jQ 1 P2 + jQ 2
ZT 1 Retificador Inversor ZT 2
&
V &
V
1 2
&I lado CA lado CA &I
1 lado CC 2

mc1 Ic mc2
ICC 1 Vc ICC 2
E& T 1 E& T 2
ψ1 ψ2

Figura 5 – Representação do elo CC BTB com VSC

Como não foi ainda implementado o modelo de conversor VSC no programa de fluxo de potência
ANAREDE do CEPEL, os conversores foram modelados neste programa como barras de tensão
controladas (PV), especificando-se que a potência P que entra em uma barra é igual a que sai pela
& T no programa de análise de estabilidade podem
outra (desprezando-se perdas). As tensões internas E k
então ser calculadas por:
& − ZT Pk − j Q k ,
E& Tk = V (3)
k k
& *k
V

4
O valor inicial da tensão Vc (valor de operação) deve também ser especificado para que se possa
calcular o valor inicial dos fatores de modulação mck (que devem estar entre 0 e 1).

O conjunto de equações (4) a (17) a seguir descreve o modelo de elo CC BTB VSC a ser utilizado [4].

¾ Equações para os lados CA do retificador (k=1) e do inversor (k=2):


V & = VR + j VI = V e j θk = E& T + Z &I , (4)
k k k k k Tk k

E& Tk = ETk e k = (Ed k + j Eq k ) e j θk , (5)
&I = IR + j II , (6)
k k k
IR k = gN k (VR k − ETk cosψ k ) − bN k (VI k − ETk senψ k ) , (7)
II k = bN k (VR k − ETk cosψ k ) + gN k (VI k − ETk senψ k ) , (8)
2
Pk = gN k Vk + Vk ET k [− gN k cos( θ k − ψ k ) − bN k sen(θ k − ψ k ) ] , (9)
2
Q k = − bN k Vk + Vk ET k [ bN k cos( θ k − ψ k ) − gN k sen(θ k − ψ k ) ] . (10)

¾ Equações de interface CA/CC:


ETk = Kc k mc k Vc , (11)
ICC k = K ′c k mc k ( IR k cosψ k + II k senψ k ) . (12)

¾ Equações para o lado CC:


dVc( t ) 1
= Ic( t ) , (13) Ic = ∑ ICC k , (14)
dt C R
bCC
VbCC Vbtpk S
onde: Kc k = a k n c k Kf k , (15) K ′c k = bCA Kc k , (16)
VbCAp Vbts k PbCC
k

2
1 rt (%) + j xt k (%) S bCA  Vbtp 
Z Tk = rT k + jxT k = = a k 2 n ck k  k  + rp , (17)
gN k + j bN k 100 S bt V  k

k  bCAp k 
e
n ck - Número de conversores ligados em série no lado CA do conversor;
Kfk - Fator de forma da tensão CA do conversor;
C - Capacitância CC, em Farad;
rp k - Resistência em série no lado CA relativa a perdas no conversor, em p.u.;
VbCApk - Valor base para tensão fase-fase na barra CA no primário, em kV;
SbCA - Potência aparente base do sistema CA, em MVA;
VbCC - Valor base para tensão no lado CC, em kV;
PbCC - Valor base para potência no lado CC, em MW;
RbCC - Valor base para resistência no lado CC, em ohms;
ak - Relação de espiras ("tap") de uma unidade do transformador, em p.u.;
rtk(%) - Resistência de uma unidade do transformador, em % nas suas bases nominais;
xtk(%) - Reatância de uma unidade do transformador, em % nas suas bases nominais;
Vbtpk - Tensão base do primário de uma unidade do transformador, em kV;
Vbtsk - Tensão base do secundário de uma unidade do transformador, em kV;
Sbtk - Potência aparente base de uma unidade do transformador, em MVA.
Os fatores de forma Kfk devem ser iguais a 6 4 para conversor com modulação PWM operando na
faixa linear [4].

5
3.2. Controle dos conversores
A estratégia de controle de cada conversor VSC do elo CC BTB neste artigo baseia-se em um controle
vetorial, através das componentes da respectiva tensão interna E & T : uma componente em fase (Edk) e
k
outra em quadratura (Eqk) com um eixo de referência especificado. Considerou-se como referência
neste trabalho o eixo alinhado com o fasor da tensão terminal V & , como mostra a Figura 6. Devido à
k
maior controlabilidade, as componentes Eqk são usadas para controlar potência ativa, enquanto as
componentes Edk são usadas para controlar as tensões CA terminais (canais de potência reativa). Pelo
fato das componentes d e q estarem em quadratura há um relativo desacoplamento dos dois canais de
controle. Nas Figuras 8 e 9 a seguir considerou-se que o controle de potência ativa terminal é feito no
terminal inversor, enquanto o terminal retificador controla a tensão no capacitor CC.

cálculo do módulo da tensão CA do conversor

Eqk cálculo do fator de modulação linearizado


x2 ETk max
+ 1
ETk lim N mc k
eixo d +
+
÷
E& T k &
V x2
+ 0 + D 0
k

Vc
Ed k Kck
eixo q
θk cálculo da fase da tensão do conversor ε

Eq k ψk Ref. do sistema + ψ k
ATAN 2( Eq k , Ed k )
.

Edk +
+

θ k

Figura 6 – Eixos de referência Figura 7 – cálculo mc k e ψ k


para controle

A Figura 7 mostra o cálculo do fator de modulação mck e da fase ψk, a partir de Edk e Eqk de cada
terminal, bem como a representação de limites internos do conversor VSC (ETk < ETMAX e mck < 1).
A Figura 8 mostra o diagrama de blocos do controle da tensão Vc, através da componente Eq1 da
tensão interna do retificador, e a Figura 9 mostra o diagrama de blocos do controle da potência ativa P2
entrando no inversor, através da componente Eq2 da tensão interna do inversor. A Figura 10 mostra o
diagrama de blocos de controle da tensão terminal Vk do conversor através da respectiva componente
Edk (o controle é idêntico para ambos os terminais). Convém notar que no equacionamento
apresentado foi usada a mesma convenção de sinal para ambos os terminais (potência ativa positiva, se
entrando no conversor e potência reativa positiva, se indutiva).
É importante também limitar Edk e Eqk de forma a manter a corrente dos conversores abaixo da
capacidade das chaves. Isto é feito através dos limites variáveis L1 a L6 das Figura 8 a 10 [4]. No
controle da Figura 10 é possível também usar um sinal baseado em medição de freqüência, injetado no
primeiro somador (ERRVCA), de forma a atenuar determinado modo de oscilação eletromecânica
pouco amortecido. Convém ressaltar que o controle vetorial também pode ser feito à luz da teoria de
potência ativa e reativa instantânea, baseada em componentes αβ (transformação de Clarke) . O
controle mostrado nos diagramas de blocos das Figura 7 a 10 foi implementado no programa
ANATEM do CEPEL [5] usando o recurso de controlador definido pelo usuário (CDU). Foram usados
controladores do tipo proporcional-integral (PI) nos dois canais principais (ganhos KPq, KIq, KPd e KIq).
A constante de tempo Tc representa um atraso na resposta do sistema gerador de pulsos e Kest um
possível estatismo. Para simplificar os desenhos, foram usados os mesmos símbolos (KPq, KIq, KPd e
KIq) nos controles dos 2 terminais porém cada terminal tem o seu conjunto de ganhos independente.

6
Eq 1 max

função de
transferência
do controlador PLL

L1 L2 L3

- Err vcc KIq 1 Eq1


Vc ref + KPq +
s 1 + s Tc
+

Vc 1 Vc med
1 + s Tf
Eq 1 min

Figura 8 – Controle PWM: Componente Eq1 do retificador controlando Vc


Eq 2 max

função de
transferência
do
controlador PLL

L1 L2 L3

Err P KIq 1 Eq 2
Pref 2 + KPq +
+ s 1 + s Tc
-
P2

Eq 2 min

Figura 9 – Controle PWM: Componente Eq2 do inversor controlando a potência ativa P2


Ed k max
função de
transferência
Vref do
controlador PLL

L4 L5 L6
+
Err vca 1 E dk
- + KPd +
KId
s 1 + s Tc
Vk -
ε
Vest
+ D
Qk - IQk
÷ Kest
N

Ed k min

Figura 10 – Controle PWM: Componentes Edk controlando as tensões terminais Vk, nos
respectivos terminais

7
4. Resultados

4.1. Sistema elementar


A fim de testar o modelo desenvolvido de elo CC BTB VSC foi usado o caso-teste simples da Figura
11 que apresenta 2 sistemas CA (representados por equivalentes de Thévenin) conectados pelo elo CC.
As gerações nas barras 1 e 2 foram consideradas como barras infinitas (tensão constante). Portanto a
única dinâmica presente nas simulações é o do elo CC. A Tabela 1 mostra o resultado do fluxo de
potência.
Pg1 + jQg1 Pg 2 + jQg 2
2
1 Zs1 144 180 Zs2

Vc

Figura 11 – Sistema elementar para teste do modelo

Tabela 1: Ponto de operação inicial


Tensão (p.u.) Pg (MW) Qg (Mvar)
Barra 1 1,1061 ∠ 0° 468 158,1
Barra 2 1,1697 ∠ 0° -468 264,3
Barra 144 1,052 ∠ -23,71° 0 0
Barra 180 1,0125 ∠ 22,98° 0 0
Zs1 = Zs2 = j0,1 p.u. Sbase = 100 MVA

A Figura 12 mostra os resultados para a aplicação de um degrau de 10% na referência de potência do


inversor. Em cada gráfico são mostradas curvas de cada variável para três valores diferentes de
capacitor CC (200µF, 500µF e 1000µF), mantendo-se os mesmos parâmetros de controle. Vê-se que à
medida que se aumenta o valor do capacitor a resposta fica mais lenta e menos oscilatória. A dinâmica
do elo CC é muito influenciada pelo valor do capacitor CC e os ganhos proporcionais e integrais dos
canais de controle devem ser ajustados para um determinado valor de C. Valores muito altos de
capacitância fazem com que a tensão Vc varie pouco e portanto o controle do retificador fica menos
sensível a variações de potência no terminal inversor. Por outro lado valores muito baixos provocam
grandes oscilações de tensão no capacitor gerando instabilidades ou mesmo a sua descarga.
Nas Figura 12a e 12c vê-se que o retificador tenta igualar a potência do inversor, de forma a levar a
tensão Vc para seu valor inicial de 1 p.u. (Figura 12g). Nas Figura 12e e 12f vê-se os controles de
ambos os conversores regulando as tensões terminais. Pelas Figura 12b e 12d constata-se que o
retificador está fornecendo potência reativa para o sistema CA no seu terminal, enquanto o inversor
está absorvendo potência reativa. Na Figura 12h observa-se que, devido à redução transitória da tensão
no capacitor CC, ambos os conversores têm que aumentar o fator de modulação de forma a restaurar
os módulos das tensões CA aplicadas ao sistema.
A Figura 13 mostra os resultados para a simulação de curto-circuito na barra terminal do retificador,
aplicado durante 100ms com um reator de 1000Mvar. Na Figura 13a vê-se que a tensão no retificador
cai até aproximadamente 0,53 p.u, enquanto a tensão no inversor cai a aproximadamente 0,95 p.u. A
perturbação no retificador se reflete no inversor (porém em menor escala devido ao controle) em
função da queda na tensão Vc (Figura 13d), que após a retirada do curto é restabelecida pelo controle
do retificador.
8
(a) Potência ativa entrando no terminal retificador (b) Potência reativa entrando no terminal retificador

(c) Potência ativa entrando no terminal inversor (d) Potência reativa entrando no terminal inversor

(e) Módulo da tensão na barra terminal do retificador (f) Módulo da tensão na barra terminal do inversor

(g) Tensão no capacitor CC (h) Fatores de modulação de tensão nos terminais retificador e
inversor
Figura 12 – Simulação de degrau de +10% na referência de potência do inversor

Na Figura 13e vê-se que o retificador aumenta o suprimento de potência reativa durante o curto,
tentando restabelecer a tensão terminal. Nota-se na Figura 13b que durante o curto o fator de
modulação do inversor chega ao valor máximo de 1 e fica saturado durante aproximadamente 120mS.
Isto restringiu a ação de controle de tensão do inversor logo após a retirada do curto e foi responsável

9
pelo pico de tensão observado na Figura 13a. Na Figura 13c vêem-se as correntes CC nos conversores
e no capacitor CC. Esta última volta ao valor 0 pela ação do canal de potência ativa do retificador, que
controla a tensão Vc. Nas Figura 13g e 13h vêem-se as componentes d e q das tensões internas dos 2
conversores.

(a) Módulo da tensão nas barras terminais do retificador e do inversor (b) Fatores de modulação de tensão nos terminais retificador e
inversor

(c) Corrente no lado CC de cada conversor e no capacitor CC (d) Tensão no capacitor CC

(e) Potências ativa e reativa entrando no terminal retificador (f) Potência ativa e reativa entrando no terminal inversor

(g) Componentes d e q da tensão interna do retificador (h) Componentes d e q da tensão interna do inversor

Figura 13 – Simução de curto-circuito no lado do retificador

10
4.2. Exemplo em sistema real

Uma das principais aplicações práticas de elos CC BTB é segmentação de longos troncos de
transmissão CA, visando-se diminuir problemas de estabilidade angular. Este tipo de aplicação é
particularmente interessante para o caso brasileiro devido à grande distância das fontes de geração
hidroelétricas disponíveis em relação aos centros de consumo. Pode-se citar os casos da interligação
Norte-Sul e dos aproveitamentos energéticos do Rio Madeira. Como estes casos estão amplamente
abordados nas referências [6] e [7] resolveu-se mostrar aqui outro exemplo prático envolvendo a
melhoria de desempenho dinâmico de um sistema pela aplicação de um elo CC BTB.
O somatório da potência importada pela Área Rio de Janeiro e Espírito Santo é denominado FRJ –
Fluxo para Área Rio de Janeiro e Espírito Santo. Este somatório é obtido nos pontos mostrados na
Figura 14 abaixo. Através desse parâmetro de medição são calculados os limites de importação da
Área RJ/ES, relacionados com o amortecimento das oscilações eletromecânicas. Assim, é definido
um limite máximo dinâmico denominado LRJ, que representa a garantia de desempenho adequado
quanto ao amortecimento de oscilações decorrentes de impactos na rede. Logo o LRJ é o valor
máximo de FRJ para que o SIN suporte cada uma das emergências simples da Área RJ/ES. Para
contingências na Área RJ/ES praticando-se valores de FRJ superiores ao limite estabelecido, são
acionados esquemas de corte de carga, de forma a preservar a integridade do SIN.
ITUTINGA

CACHOEIRA + +
PAULISTA OURO
PRETO

Área RJ/ES

FRJ = +

ANGRA

Figura 14 – Circuitos envolvidos no cálculo do fluxo para Área RJ/ES

De forma a comparar o desempenho quanto a oscilações na Área RJ/ES, foram simulados dois
casos de estudo onde foi analisada a perda da UN Angra 2 com 1280 MW, na condição operativa
de FRJ de 7000 MW. O primeiro caso leva em consideração a configuração do sistema existente
em 500 kV e o segundo caso simula a introdução do dispositivo BTB VSC com potência de 2050
MW seccionando a barra de 500 kV de Adrianópolis, conforme a Figura 15. Os dados de geração,
carga e recebimento da Área RJ/ES utilizados nos casos estudo foram os seguintes:

Tabela 2: Dados de Geração x Carga x FRJ


Dados Valores (MW)
Carga Média Área RJ/ES em 2010 9000
Geração Interna a Área RJ/ES em 2010 2000
Recebimento da Área RJ/ES = FRJ 7000

11
C.PAULISTA
Sistema ADRIANÓPOLIS
500 kV SENTIDO DOS FLUXOS

B2B-VSC
2050 MW
Sistema
345 kV

SENTIDO DOS FLUXOS


GRAJAÚ S.JOSÉ

SENTIDO DOS FLUXOS


T.PRETO

Sistema ANGRA
765 kV

TAUBATÉ

UN ANGRA 1 UN ANGRA 2
520 MW 1280 MW

Sistema 138 KV
440 kV 345 KV

500 KV

Figura 15 – Colocação de elo CC BTB VSC no sistema de 500kV da Área RJ/ES

Nas Figura 16 e 17, são mostrados respectivamente os valores de freqüência das máquinas da Área
RJ/ES e os valores de tensão das subestações, para o Caso Teste 1 (que considera a configuração
existente do sistema de transmissão em 500 kV da Área RJ/ES). Nas Figura 18 e 19, são mostradas
respectivamente as mesmas variáveis para o Caso Teste 2 (que considera a configuração do
mesmo sistema, com a introdução do dispositivo BTB-VSC). Nas Figura 20 e 21 são mostrados
respectivamente a potência ativa através do dispositivo B2B-VSC e a potência reativa no lado
inversor, no Caso Teste 2.
Vê-se pelos resultados, que se praticando um valor de FRJ = 7000 MW na configuração atual do
sistema, o desempenho dinâmico não é aceitável pelos Procedimentos de Rede do ONS [8],
notadamente em termos de amortecimento e da amplitude das oscilações de tensão (a amplitude
máxima de oscilações de tensão eficaz pico a pico deve ser de 2% em valor absoluto, 10 segundos
após a eliminação do distúrbio). De forma a garantir a segurança operativa, o limite de intercâmbio
da Área RJ/ES, é restringido a valores inferiores. Com a introdução do elo dispositivo BTB VSC
os resultados são bastante satisfatórios, podendo promover grande flexibilidade operativa e
permitindo a elevação da potência transmitida para Área RJ/ES, sem prejudicar o desempenho
dinâmico, já que detém controle de potência ativa constante aliada ao suporte de potência reativa.
Outro benefício a ser considerado seria a não contribuição para a elevação dos níveis de curto-circuito,
economizando a substituição com equipamentos já superados. Obviamente fatores econômicos e não
apenas técnicos devem ser levados em consideração e este exemplo é apenas uma ilustração dos
benefícios que se poderá ter quando esta tecnologia se tornar comercialmente competitiva em relação a
outras soluções atualmente disponíveis.

Figura 16 – Freqüências - caso teste 1 (S/ BTB) Figura 17 – Tensões - caso teste 1 (s/ BTB)
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Figura 18 – Freqüências - caso teste 2 (c/ BTB) Figura 19 – Tensões - caso teste 2 (c/ BTB)

Figura 20 – Potência Ativa no BTB VSC Figura 21 –Potência reativa no lado do inversor
(caso Teste 2) do BTB VSC (caso Teste 2)

5. Conclusões
O artigo apresentou a modelagem desenvolvida para representação de elos CC BTB baseados em
conversores do tipo VSC para uso em estudos de estabilidade eletromecânica de grandes perturbações.
Esta modelagem foi implementada no programa ANATEM do CEPEL possibilitando futuros estudos
prospectivos para a utilização destes equipamentos na melhoria do desempenho dinâmico de sistemas,
para interligação de sistemas assíncronos e para segmentação de troncos de transmissão a longa
distância.
Os conversores VSC do elo CC BTB são representados como fontes de tensão como módulo e fase
controlados, permitindo dois graus de liberdade de controle para cada conversor. É possível controlar a
tensão terminal de cada conversor, fornecendo potência reativa ao sistema caso necessário,
diferentemente dos conversores baseados na tecnologia de tiristores, que sempre consomem potência
reativa.
Os controles desenvolvidos basearam-se no esquema de controle vetorial, utilizando como referência
de fase a tensão terminal de cada conversor. A representação destes controles no programa ANATEM
foi feita utilizando o recurso de CDU (controles definidos pelo usuário). Foram usados controladores
PI atuando nas componentes de tensão Ed e Eq do conversor, respectivamente em fase e em
quadratura com a tensão terminal.
Os resultados apresentados de aplicação de degrau na referência de potência do inversor e de aplicação
de curto circuito na barra terminal do retificador mostram um comportamento coerente do modelo. Foi
verificada também a influência da capacitância CC na dinâmica do equipamento. Foram feitas também
simulações com o Sistema Interligado Nacional (SIN), em particular a análise do intercâmbio para a
Área RJ/ES face a perda de unidades na usina de Angra, que mostraram o potencial do emprego deste
tipo de equipamento na elevação de limites de intercâmbios e na melhoria da resposta dinâmica do
SIN.
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6. Referências
[1] N.G. Hingorani and L. Gyugyi, Understanding FACTS - Concepts and Technology of Flexible
AC Transmission Systems, 1 ed., New York, IEEE Press, 1999.
[2] A. Nabae, I. Takahashi, H. Akagi, "A New Neutral-Point-Clamped PWM Inverter", IEEE
Transactions on Industry Applications, Vol. IA-17, No. 5, pp. 518-523, Sep./Oct. 1981.
[3] N. Mohan, T.M. Underland and W.P. Robbins, Power Electronics - Converters, Applications and
Design, 2 ed., New York, John Wiley & Sons, 1995.
[4] R.D. Rangel, Modelagem de Equipamentos FACTS Baseados em Inversores de Tensão para
Análise de Fluxo de Potência e Fenômenos Eletromecânicos, Tese de D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil, 2004.
[5] R.D. Rangel. Programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos – ANATEM – Manual do
Usuário – V10.3.0, Relatório Técnico CEPEL, No. DP-DSE 36479/08, 2008.
[6] R. Gárdos, Transmissão de Energia a Longa Distância com Linhas C.A. Segmentadas por
Conversores VSC back-to-back, Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
2008.
[7] A.Pedroso, R. Gárdos, "Avaliação do comportamento do SIN com a aplicação de Transmissão
Segmentada em Interligações", XI Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e
Expansão Elétrica, Belém(PA), Brasil, Março 2009.
[8] ONS. Procedimentos de rede, Submódulo 23.3, 2008.

Apêndice
Dados utilizados no caso-teste com sistema elementar:
1. Bases dos sistemas CA e CC:
VbCAp = n c Vbtp SbCA =100MVA VbCC =300kV PbCC =550MW

2. Conversores VSC: n c =1 Kf = 6 4
3. Sistema CC: C =200/500/10000 µF Vc(0) =1 p.u.
4. Transformadores dos conversores (para ambos os terminais):
a =1,4 rt (%) =0 xt (%) =10 Vbts =200kV Sbt =650MVA
5. Controle do retificador
K Pq =0,8 K Iq =5,0 K Pd =0,05 K Id =100 Tf =0,005s Tc =0,01s K est =0

6. Controle do inversor
K Pq =0,01 K Iq =1,0 K Pd =0,05 K Id =100 Tf =0,005s Tc =0,01s K est =0

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