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RESUMO
Entre as novas tecnologias propostas para melhorar o desempenho dinâmico dos sistemas elétricos a
mais promissora e mais estudada é a dos equipamentos baseados no conceito FACTS (sistemas de
transmissão AC flexíveis), que utilizam dispositivos de eletrônica de potência . O desenvolvimento de
novos elementos chaveadores com controle de disparo e de corte, com valores nominais de tensão e
corrente cada vez maiores, tornou possível o uso de equipamentos baseados no conceito FACTS com
conversores do tipo fonte de tensão (VSC – Voltage Source Converter) em sistemas elétricos de alta
potência. Portanto torna-se necessário dispor de modelos adequados para estudos de estabilidade
dinâmica deste tipo de equipamento, para fins de planejamento e operação, bem como para
investigação de possíveis interações adversas com outros equipamentos do sistema.
Entre os dispositivos que podem usar a tecnologia de conversores VSC está o elo CC em conexão
"back-to-back" . Este artigo descreve a modelagem deste tipo de equipamento em programas para
análise de estabilidade eletromecânica. É apresentado o equacionamento básico do modelo bem como
das malhas de controle utilizadas. Dentre as várias estratégias de controle que podem ser usadas o
artigo mostra uma baseada em controle vetorial a partir da referência de fase das tensões terminais de
cada terminal conversor. O modelo apresentado foi implementado no programa ANATEM do CEPEL,
que é a ferramenta utilizada no Setor Elétrico Brasileiro para estudos de estabilidade eletromecânica.
Simulações são mostradas para um sistema simples a fim de demonstrar o comportamento adequado
do modelo, verificando-se a capacidade dos conversores para absorver ou fornecer potência reativa. É
analisado o efeito da variação da capacitância do elo CC no comportamento dinâmico do
equipamento, para um mesmo ajuste de controle. Uma simulação de curto circuito no terminal do
retificador também é apresentada.
A fim de ilustrar um caso de aplicação prática são mostrados os resultados da utilização de um elo CC
"back-to-back" na melhoria do desempenho dinâmico da Área Rio de Janeiro-Espírito Santo, que tem
valores de intercâmbio de potência limitados por critérios dinâmicos de operação.
* CEPEL - Av. Horácio Macedo 354, Cidade Universitária - CEP:21941-911 - Rio de Janeiro, RJ.
Tel: (55)(21) 2598-6164 - Fax: (55)(21) 2598-6451 - email: rdiniz@cepel.br
1
1. Introdução
O Sistema Interligado Nacional (SIN) vem sofrendo contínua expansão para atender ao aumento de
demanda, com a construção de novas usinas e novos troncos de transmissão. Grande parte dos novos
aproveitamentos hídricos encontra-se afastada dos principais centros consumidores (por exemplo, as
usinas a serem construídas no Rio Madeira), o que traz problemas de estabilidade eletromecânica para
a transmissão a longa distância em corrente alternada. Interconexões com outros países sul-americanos
apresentam dificuldades devido às diferentes freqüências nominais (50Hz/60Hz).
O grande desenvolvimento de dispositivos semicondutores nos últimos anos, principalmente o das
chaves autocomutadas, tornou possível a aplicação de dispositivos FACTS ("Flexible AC
Transmission Systems") [1] baseados em conversores tipo fonte de tensão, os chamados VSC
("Voltage Source Converters"). Entre eles pode-se citar o STATCOM ("STATic Synchronous
COMpensator"), o SSSC ("Static Series Synchronous Compensator") e o UPFC ("Unified Power Flow
Controller"). Estes equipamentos vêm sendo cada vez mais utilizados para a solução de problemas de
transmissão ou de controle de sistemas de potência e espera-se que com a redução gradual dos seus
custos e aumento da confiabilidade, eles venham a substituir a geração de equipamentos que utilizam o
conceito FACTS baseados em tiristores, ainda amplamente utilizada.
Entre os equipamentos que podem utilizar a tecnologia dos VSC estão os elos de tensão CC com
conversores em "back-to-back" (daqui em diante referenciados como elos CC BTB). Eles são úteis
entre outros motivos para a interconexão de sistemas assíncronos, para a segmentação de longos
troncos de transmissão (diminuindo os problemas de estabilidade eletromecânica devido a grandes
aberturas angulares) e para a limitação de correntes de curto-circuito. Eles apresentam a vantagem de
permitir o controle de potência ativa e reativa (ou tensão) de forma independente em ambos os
terminais, diferentemente dos conversores CA-CC tiristorizados, que sempre consomem potência
reativa, independentemente do modo de operação (retificação ou inversão). Isto pode ser uma
característica importante, principalmente se os pontos de interconexão possuírem baixa relação de
curto-circuito. Até pouco tempo atrás havia restrições econômicas e tecnológicas ao uso deste tipo de
equipamento em altas potências. No entanto, atualmente os elos de corrente contínua com VSC já
estão chegando à faixa de 1000 MW. Convém ressaltar que a capacidade de corrente do conversor
deve ser elevada se ele tiver que suprir potência reativa ao sistema elétrico.
O programa ANATEM para simulação e análise de estabilidade eletromecânica é amplamente
utilizado nos estudos de planejamento e operação do Sistema Elétrico Brasileiro e portanto é
necessário dispor de modelos dinâmicos adequados para os elos CC BTB com VSC, permitindo
estudos de prospecção para utilização deste tipo de equipamento.
A seguir discutir-se-á o princípio de funcionamento de um elo CC BTB com VSC e sua modelagem
em programa de estabilidade eletromecânica.
2. Princípio de funcionamento
Um conversor VSC permite sintetizar uma onda de tensão com amplitude, freqüência e fase
controladas, através do chaveamento de um capacitor CC nas fases do sistema CA. A variação da
& T ) permite controlar o módulo da tensão na barra
amplitude ETk da tensão CA aplicada ao sistema ( E k
terminal do equipamento (Vk), enquanto a variação de sua fase ψk permite controlar a potência ativa
entrando no conversor pelo lado CA, conforme mostrado na Figura 1.
Existem diversas configurações de conversores VSC. Dentre elas será considerada, para efeito de
entendimento, o esquema básico da Figura 2, correspondente a um VSC trifásico de 2 níveis. Este
equipamento é dito de 2 níveis pois, se for tomado como referência de tensão o ponto médio fictício
2
do capacitor CC, a tensão aplicada às fases do sistema será +Vc/2 ou -Vc/2, conforme as chaves em
condução. Outros esquemas, com mais chaves e capacitores, fazem com que mais níveis de tensão
sejam conectados às fases. Entre os mais usados está o baseado na configuração NPC ("neutral point
clamped") [2].
Conversor VSC
Zs ZTk G1
D1
G3
D3
G5
D5 Vc
Va a 2
C
Vb b M
&I Vc
k Vc c
V& s &k
V E& Tk Vc
-
G4 G6 G2 2
n D4 D6 D2
Se for usado um chaveamento convencional de 6 pulsos de disparo e 6 pulsos de corte por ciclo da
freqüência fundamental do sistema, obter-se-á para cada fase uma tensão CA cujo valor da
componente fundamental será proporcional ao valor da tensão do capacitor CC. Esta tensão é formada
por patamares e contém alto conteúdo harmônico de baixas freqüências (5o, 7o, 11o e 13o harmônicos
principalmente). Uma forma de cancelar estes harmônicos é usar vários conversores conectados em
série através de transformadores com defasagens apropriadas de maneira a conseguir um conversor
equivalente com um número de pulsos mais elevado, cuja tensão será mais próxima de uma senóide. O
inconveniente deste tipo de solução é o alto custo dos transformadores ziguezagues necessários.
Outra forma de eliminar harmônicos de baixa freqüência é usar um chaveamento de alta freqüência
baseado em modulação de largura de pulso (PWM - "pulse width modulation"). Neste caso (Figura 3),
o sistema de disparo possui, para cada fase, um oscilador que produz o sinal modulante
correspondente à tensão desejada ( sinal vcont(t) dado em (1) ) e um gerador de onda triangular vtri(t),
de alta freqüência em relação a vcont(t), com amplitude fixa Vtri. Quando o sinal vcont(t) > vtri(t) é
disparada a chave conectada à fase na parte superior da ponte (por exemplo, G1 na Figura 2) e cortada
a chave conectada à fase na parte inferior da ponte (G4, por exemplo), e vice e versa quando
vcont(t) < vtri(t). Os diodos fornecem caminho para a circulação das correntes que antes passavam pelas
chaves bloqueadas. A forma de onda de tensão gerada na fase é exemplificada na parte inferior da
Figura 3. A amplitude da componente fundamental desta onda é proporcional à tensão do capacitor CC
e ao fator de modulação de amplitude mck definido em (2). Mantendo-se mck inferior a 1 o conversor
VSC se comporta como um amplificador linear em termos de freqüência fundamental. Os harmônicos
gerados serão de alta freqüência e facilmente eliminados com pequenos filtros CA. No entanto, a
freqüência de chaveamento PWM atualmente é limitada a poucos kHz em equipamentos de alta
potência, devido ao valor elevado das perdas de chaveamento [3].
V
v cont ( t ) = Vcont sen( 2πf k t ) (1) mc k = cont (2)
V
tri
Um elo CC BTB com VSC corresponde na realidade a dois conversores VSC "shunt" conectados a um
mesmo capacitor CC, como mostrado na Figura 4. Como cada conversor pode controlar o módulo e a
fase da tensão CA que ele aplica ao sistema CA, são disponíveis 4 graus de liberdade. Em geral tem-se
um conversor controlando a sua tensão CA terminal e a potência ativa entrando no elo enquanto o
outro terminal controla a sua tensão CA terminal e a tensão no capacitor CC. Como a tensão no
capacitor CC varia conforme a diferença entre a potência no lado CC de cada conversor, ao manter
esta tensão controlada faz-se com que a potência que entra por um terminal saia pelo outro (a menos
de perdas). A potência a ser transmitida tanto pode ser especificada no terminal retificador quanto no
inversor, desde que o outro terminal se responsabilize pelo balanço de potência através do controle da
tensão no capacitor CC.
3
+
mc1 Ic mc2
ICC 1 Vc ICC 2
E& T 1 E& T 2
ψ1 ψ2
Como não foi ainda implementado o modelo de conversor VSC no programa de fluxo de potência
ANAREDE do CEPEL, os conversores foram modelados neste programa como barras de tensão
controladas (PV), especificando-se que a potência P que entra em uma barra é igual a que sai pela
& T no programa de análise de estabilidade podem
outra (desprezando-se perdas). As tensões internas E k
então ser calculadas por:
& − ZT Pk − j Q k ,
E& Tk = V (3)
k k
& *k
V
4
O valor inicial da tensão Vc (valor de operação) deve também ser especificado para que se possa
calcular o valor inicial dos fatores de modulação mck (que devem estar entre 0 e 1).
O conjunto de equações (4) a (17) a seguir descreve o modelo de elo CC BTB VSC a ser utilizado [4].
2
1 rt (%) + j xt k (%) S bCA Vbtp
Z Tk = rT k + jxT k = = a k 2 n ck k k + rp , (17)
gN k + j bN k 100 S bt V k
k bCAp k
e
n ck - Número de conversores ligados em série no lado CA do conversor;
Kfk - Fator de forma da tensão CA do conversor;
C - Capacitância CC, em Farad;
rp k - Resistência em série no lado CA relativa a perdas no conversor, em p.u.;
VbCApk - Valor base para tensão fase-fase na barra CA no primário, em kV;
SbCA - Potência aparente base do sistema CA, em MVA;
VbCC - Valor base para tensão no lado CC, em kV;
PbCC - Valor base para potência no lado CC, em MW;
RbCC - Valor base para resistência no lado CC, em ohms;
ak - Relação de espiras ("tap") de uma unidade do transformador, em p.u.;
rtk(%) - Resistência de uma unidade do transformador, em % nas suas bases nominais;
xtk(%) - Reatância de uma unidade do transformador, em % nas suas bases nominais;
Vbtpk - Tensão base do primário de uma unidade do transformador, em kV;
Vbtsk - Tensão base do secundário de uma unidade do transformador, em kV;
Sbtk - Potência aparente base de uma unidade do transformador, em MVA.
Os fatores de forma Kfk devem ser iguais a 6 4 para conversor com modulação PWM operando na
faixa linear [4].
5
3.2. Controle dos conversores
A estratégia de controle de cada conversor VSC do elo CC BTB neste artigo baseia-se em um controle
vetorial, através das componentes da respectiva tensão interna E & T : uma componente em fase (Edk) e
k
outra em quadratura (Eqk) com um eixo de referência especificado. Considerou-se como referência
neste trabalho o eixo alinhado com o fasor da tensão terminal V & , como mostra a Figura 6. Devido à
k
maior controlabilidade, as componentes Eqk são usadas para controlar potência ativa, enquanto as
componentes Edk são usadas para controlar as tensões CA terminais (canais de potência reativa). Pelo
fato das componentes d e q estarem em quadratura há um relativo desacoplamento dos dois canais de
controle. Nas Figuras 8 e 9 a seguir considerou-se que o controle de potência ativa terminal é feito no
terminal inversor, enquanto o terminal retificador controla a tensão no capacitor CC.
Vc
Ed k Kck
eixo q
θk cálculo da fase da tensão do conversor ε
Eq k ψk Ref. do sistema + ψ k
ATAN 2( Eq k , Ed k )
.
Edk +
+
θ k
A Figura 7 mostra o cálculo do fator de modulação mck e da fase ψk, a partir de Edk e Eqk de cada
terminal, bem como a representação de limites internos do conversor VSC (ETk < ETMAX e mck < 1).
A Figura 8 mostra o diagrama de blocos do controle da tensão Vc, através da componente Eq1 da
tensão interna do retificador, e a Figura 9 mostra o diagrama de blocos do controle da potência ativa P2
entrando no inversor, através da componente Eq2 da tensão interna do inversor. A Figura 10 mostra o
diagrama de blocos de controle da tensão terminal Vk do conversor através da respectiva componente
Edk (o controle é idêntico para ambos os terminais). Convém notar que no equacionamento
apresentado foi usada a mesma convenção de sinal para ambos os terminais (potência ativa positiva, se
entrando no conversor e potência reativa positiva, se indutiva).
É importante também limitar Edk e Eqk de forma a manter a corrente dos conversores abaixo da
capacidade das chaves. Isto é feito através dos limites variáveis L1 a L6 das Figura 8 a 10 [4]. No
controle da Figura 10 é possível também usar um sinal baseado em medição de freqüência, injetado no
primeiro somador (ERRVCA), de forma a atenuar determinado modo de oscilação eletromecânica
pouco amortecido. Convém ressaltar que o controle vetorial também pode ser feito à luz da teoria de
potência ativa e reativa instantânea, baseada em componentes αβ (transformação de Clarke) . O
controle mostrado nos diagramas de blocos das Figura 7 a 10 foi implementado no programa
ANATEM do CEPEL [5] usando o recurso de controlador definido pelo usuário (CDU). Foram usados
controladores do tipo proporcional-integral (PI) nos dois canais principais (ganhos KPq, KIq, KPd e KIq).
A constante de tempo Tc representa um atraso na resposta do sistema gerador de pulsos e Kest um
possível estatismo. Para simplificar os desenhos, foram usados os mesmos símbolos (KPq, KIq, KPd e
KIq) nos controles dos 2 terminais porém cada terminal tem o seu conjunto de ganhos independente.
6
Eq 1 max
função de
transferência
do controlador PLL
L1 L2 L3
Vc 1 Vc med
1 + s Tf
Eq 1 min
função de
transferência
do
controlador PLL
L1 L2 L3
Err P KIq 1 Eq 2
Pref 2 + KPq +
+ s 1 + s Tc
-
P2
Eq 2 min
L4 L5 L6
+
Err vca 1 E dk
- + KPd +
KId
s 1 + s Tc
Vk -
ε
Vest
+ D
Qk - IQk
÷ Kest
N
Ed k min
Figura 10 – Controle PWM: Componentes Edk controlando as tensões terminais Vk, nos
respectivos terminais
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4. Resultados
Vc
(c) Potência ativa entrando no terminal inversor (d) Potência reativa entrando no terminal inversor
(e) Módulo da tensão na barra terminal do retificador (f) Módulo da tensão na barra terminal do inversor
(g) Tensão no capacitor CC (h) Fatores de modulação de tensão nos terminais retificador e
inversor
Figura 12 – Simulação de degrau de +10% na referência de potência do inversor
Na Figura 13e vê-se que o retificador aumenta o suprimento de potência reativa durante o curto,
tentando restabelecer a tensão terminal. Nota-se na Figura 13b que durante o curto o fator de
modulação do inversor chega ao valor máximo de 1 e fica saturado durante aproximadamente 120mS.
Isto restringiu a ação de controle de tensão do inversor logo após a retirada do curto e foi responsável
9
pelo pico de tensão observado na Figura 13a. Na Figura 13c vêem-se as correntes CC nos conversores
e no capacitor CC. Esta última volta ao valor 0 pela ação do canal de potência ativa do retificador, que
controla a tensão Vc. Nas Figura 13g e 13h vêem-se as componentes d e q das tensões internas dos 2
conversores.
(a) Módulo da tensão nas barras terminais do retificador e do inversor (b) Fatores de modulação de tensão nos terminais retificador e
inversor
(e) Potências ativa e reativa entrando no terminal retificador (f) Potência ativa e reativa entrando no terminal inversor
(g) Componentes d e q da tensão interna do retificador (h) Componentes d e q da tensão interna do inversor
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4.2. Exemplo em sistema real
Uma das principais aplicações práticas de elos CC BTB é segmentação de longos troncos de
transmissão CA, visando-se diminuir problemas de estabilidade angular. Este tipo de aplicação é
particularmente interessante para o caso brasileiro devido à grande distância das fontes de geração
hidroelétricas disponíveis em relação aos centros de consumo. Pode-se citar os casos da interligação
Norte-Sul e dos aproveitamentos energéticos do Rio Madeira. Como estes casos estão amplamente
abordados nas referências [6] e [7] resolveu-se mostrar aqui outro exemplo prático envolvendo a
melhoria de desempenho dinâmico de um sistema pela aplicação de um elo CC BTB.
O somatório da potência importada pela Área Rio de Janeiro e Espírito Santo é denominado FRJ –
Fluxo para Área Rio de Janeiro e Espírito Santo. Este somatório é obtido nos pontos mostrados na
Figura 14 abaixo. Através desse parâmetro de medição são calculados os limites de importação da
Área RJ/ES, relacionados com o amortecimento das oscilações eletromecânicas. Assim, é definido
um limite máximo dinâmico denominado LRJ, que representa a garantia de desempenho adequado
quanto ao amortecimento de oscilações decorrentes de impactos na rede. Logo o LRJ é o valor
máximo de FRJ para que o SIN suporte cada uma das emergências simples da Área RJ/ES. Para
contingências na Área RJ/ES praticando-se valores de FRJ superiores ao limite estabelecido, são
acionados esquemas de corte de carga, de forma a preservar a integridade do SIN.
ITUTINGA
CACHOEIRA + +
PAULISTA OURO
PRETO
Área RJ/ES
FRJ = +
ANGRA
De forma a comparar o desempenho quanto a oscilações na Área RJ/ES, foram simulados dois
casos de estudo onde foi analisada a perda da UN Angra 2 com 1280 MW, na condição operativa
de FRJ de 7000 MW. O primeiro caso leva em consideração a configuração do sistema existente
em 500 kV e o segundo caso simula a introdução do dispositivo BTB VSC com potência de 2050
MW seccionando a barra de 500 kV de Adrianópolis, conforme a Figura 15. Os dados de geração,
carga e recebimento da Área RJ/ES utilizados nos casos estudo foram os seguintes:
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C.PAULISTA
Sistema ADRIANÓPOLIS
500 kV SENTIDO DOS FLUXOS
B2B-VSC
2050 MW
Sistema
345 kV
Sistema ANGRA
765 kV
TAUBATÉ
UN ANGRA 1 UN ANGRA 2
520 MW 1280 MW
Sistema 138 KV
440 kV 345 KV
500 KV
Nas Figura 16 e 17, são mostrados respectivamente os valores de freqüência das máquinas da Área
RJ/ES e os valores de tensão das subestações, para o Caso Teste 1 (que considera a configuração
existente do sistema de transmissão em 500 kV da Área RJ/ES). Nas Figura 18 e 19, são mostradas
respectivamente as mesmas variáveis para o Caso Teste 2 (que considera a configuração do
mesmo sistema, com a introdução do dispositivo BTB-VSC). Nas Figura 20 e 21 são mostrados
respectivamente a potência ativa através do dispositivo B2B-VSC e a potência reativa no lado
inversor, no Caso Teste 2.
Vê-se pelos resultados, que se praticando um valor de FRJ = 7000 MW na configuração atual do
sistema, o desempenho dinâmico não é aceitável pelos Procedimentos de Rede do ONS [8],
notadamente em termos de amortecimento e da amplitude das oscilações de tensão (a amplitude
máxima de oscilações de tensão eficaz pico a pico deve ser de 2% em valor absoluto, 10 segundos
após a eliminação do distúrbio). De forma a garantir a segurança operativa, o limite de intercâmbio
da Área RJ/ES, é restringido a valores inferiores. Com a introdução do elo dispositivo BTB VSC
os resultados são bastante satisfatórios, podendo promover grande flexibilidade operativa e
permitindo a elevação da potência transmitida para Área RJ/ES, sem prejudicar o desempenho
dinâmico, já que detém controle de potência ativa constante aliada ao suporte de potência reativa.
Outro benefício a ser considerado seria a não contribuição para a elevação dos níveis de curto-circuito,
economizando a substituição com equipamentos já superados. Obviamente fatores econômicos e não
apenas técnicos devem ser levados em consideração e este exemplo é apenas uma ilustração dos
benefícios que se poderá ter quando esta tecnologia se tornar comercialmente competitiva em relação a
outras soluções atualmente disponíveis.
Figura 16 – Freqüências - caso teste 1 (S/ BTB) Figura 17 – Tensões - caso teste 1 (s/ BTB)
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Figura 18 – Freqüências - caso teste 2 (c/ BTB) Figura 19 – Tensões - caso teste 2 (c/ BTB)
Figura 20 – Potência Ativa no BTB VSC Figura 21 –Potência reativa no lado do inversor
(caso Teste 2) do BTB VSC (caso Teste 2)
5. Conclusões
O artigo apresentou a modelagem desenvolvida para representação de elos CC BTB baseados em
conversores do tipo VSC para uso em estudos de estabilidade eletromecânica de grandes perturbações.
Esta modelagem foi implementada no programa ANATEM do CEPEL possibilitando futuros estudos
prospectivos para a utilização destes equipamentos na melhoria do desempenho dinâmico de sistemas,
para interligação de sistemas assíncronos e para segmentação de troncos de transmissão a longa
distância.
Os conversores VSC do elo CC BTB são representados como fontes de tensão como módulo e fase
controlados, permitindo dois graus de liberdade de controle para cada conversor. É possível controlar a
tensão terminal de cada conversor, fornecendo potência reativa ao sistema caso necessário,
diferentemente dos conversores baseados na tecnologia de tiristores, que sempre consomem potência
reativa.
Os controles desenvolvidos basearam-se no esquema de controle vetorial, utilizando como referência
de fase a tensão terminal de cada conversor. A representação destes controles no programa ANATEM
foi feita utilizando o recurso de CDU (controles definidos pelo usuário). Foram usados controladores
PI atuando nas componentes de tensão Ed e Eq do conversor, respectivamente em fase e em
quadratura com a tensão terminal.
Os resultados apresentados de aplicação de degrau na referência de potência do inversor e de aplicação
de curto circuito na barra terminal do retificador mostram um comportamento coerente do modelo. Foi
verificada também a influência da capacitância CC na dinâmica do equipamento. Foram feitas também
simulações com o Sistema Interligado Nacional (SIN), em particular a análise do intercâmbio para a
Área RJ/ES face a perda de unidades na usina de Angra, que mostraram o potencial do emprego deste
tipo de equipamento na elevação de limites de intercâmbios e na melhoria da resposta dinâmica do
SIN.
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6. Referências
[1] N.G. Hingorani and L. Gyugyi, Understanding FACTS - Concepts and Technology of Flexible
AC Transmission Systems, 1 ed., New York, IEEE Press, 1999.
[2] A. Nabae, I. Takahashi, H. Akagi, "A New Neutral-Point-Clamped PWM Inverter", IEEE
Transactions on Industry Applications, Vol. IA-17, No. 5, pp. 518-523, Sep./Oct. 1981.
[3] N. Mohan, T.M. Underland and W.P. Robbins, Power Electronics - Converters, Applications and
Design, 2 ed., New York, John Wiley & Sons, 1995.
[4] R.D. Rangel, Modelagem de Equipamentos FACTS Baseados em Inversores de Tensão para
Análise de Fluxo de Potência e Fenômenos Eletromecânicos, Tese de D.Sc., COPPE/UFRJ, Rio
de Janeiro, RJ, Brasil, 2004.
[5] R.D. Rangel. Programa de Análise de Transitórios Eletromecânicos – ANATEM – Manual do
Usuário – V10.3.0, Relatório Técnico CEPEL, No. DP-DSE 36479/08, 2008.
[6] R. Gárdos, Transmissão de Energia a Longa Distância com Linhas C.A. Segmentadas por
Conversores VSC back-to-back, Tese de Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
2008.
[7] A.Pedroso, R. Gárdos, "Avaliação do comportamento do SIN com a aplicação de Transmissão
Segmentada em Interligações", XI Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e
Expansão Elétrica, Belém(PA), Brasil, Março 2009.
[8] ONS. Procedimentos de rede, Submódulo 23.3, 2008.
Apêndice
Dados utilizados no caso-teste com sistema elementar:
1. Bases dos sistemas CA e CC:
VbCAp = n c Vbtp SbCA =100MVA VbCC =300kV PbCC =550MW
2. Conversores VSC: n c =1 Kf = 6 4
3. Sistema CC: C =200/500/10000 µF Vc(0) =1 p.u.
4. Transformadores dos conversores (para ambos os terminais):
a =1,4 rt (%) =0 xt (%) =10 Vbts =200kV Sbt =650MVA
5. Controle do retificador
K Pq =0,8 K Iq =5,0 K Pd =0,05 K Id =100 Tf =0,005s Tc =0,01s K est =0
6. Controle do inversor
K Pq =0,01 K Iq =1,0 K Pd =0,05 K Id =100 Tf =0,005s Tc =0,01s K est =0
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