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PARECER JURÍDICO – NÚCLEO DE ARBITRAGEM (UEM)

Origem: Pedido de instauração de arbitragem nº. 120/2010

Ementa: Pedido de instauração de


arbitragem nº. 120/2010. Núcleo de
Arbitragem de Universidade Estadual
de Maringá. Arbitrabilidade subjetiva
e objetiva. Cláusula vazia.
Necessidade de compromisso
arbitral.

AO SR. SECRETÁRIO DO NÚCLEO DE ARBITRAGEM DO ESCRITÓRIO DE


SOLUÇÕES ALTERNATIVAS DE CONFLITOS,

1. CONSULTA

Consulta-nos o Núcleo de Arbitragem do Escritório de Soluções Alternativas de Conflitos


da Universidade Estadual de Maringá acerca do Pedido de Instauração de Arbitragem nº.
120/2010, referente à contrato de locação firmado entre FULANO DE TAL e SICRANO DE LÁ
contendo cláusula arbitral.

Assim, requer o Núcleo de Arbitragem a análise da arbitrabilidade subjetiva e objetiva


(art. 1º, Lei 9.307/96) do presente pedido de instauração de arbitragem, examinando se as partes
contratantes podem instituir a arbitragem, se o contrato versa sobre direitos patrimoniais
disponíveis e se a cláusula arbitral é cheia ou vazia, necessitando ou não de compromisso arbitral
para o correto processo arbitral.

2. PARECER

2.1 Arbitrabilidade subjetiva

A arbitrabilidade subjetiva diz respeito à capacidade para se submeter à arbitragem, nos


termos do art. 1º da Lei da Arbitragem (Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se
da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis).
Analisando o pedido de instauração de arbitragem nº. 120/2010 verifica-se que as partes
contratantes são pessoas físicas, maiores e capazes, cumprindo plenamente os requisitos legais
para instauração do procedimental arbitral no tocante à subjetividade.

Neste aspecto, este parecer reconhece a arbitrabilidade subjetiva do pedido de instauração


de arbitragem.

2.2 Arbitrabilidade objetiva

O conceito de arbitrabilidade objetiva está ligado ao objeto contratual. Para a instauração


da arbitragem, estipula a Lei 9.307/96 que os litígios devem ser relativos a “direitos patrimoniais
disponíveis”, excluindo-se os casos de relação de emprego ou trabalho, ou objetos que estejam
fora da esfera transacional civil.

No caso em tela, trata-se de contrato de locação, versando sobre direito patrimonial


disponível, que é o imóvel (de propriedade de Fulano de Tal) locado (a Sicrano de Lá), não
havendo qualquer impedimento legal para a instauração da arbitragem.

Constata-se, portanto, a arbitrabilidade objetiva do pedido de instauração de arbitragem.

2.3. Da cláusula arbitral (compromissória)

A cláusula arbitral (ou cláusula compromissória) nada mais é do que um acordo das partes
pelo qual, voluntária e antecipadamente, se obrigam a solucionar as divergências decorrentes de
relação jurídica havida entre elas por meio de juízo arbitral.

A Lei de Arbitragem, nos artigos 3º ao 6º, determina as regras para instituição da cláusula
arbitral:

Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de seus litígios ao juízo arbitral
mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o
compromisso arbitral.

Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um


contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir,
relativamente a tal contrato.
§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no
próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.
§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente
tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua
instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura
ou visto especialmente para essa cláusula.

Art. 5º Reportando-se as partes, na cláusula compromissória, às regras de algum órgão


arbitral institucional ou entidade especializada, a arbitragem será instituída e
processada de acordo com tais regras, podendo, igualmente, as partes estabelecer na
própria cláusula, ou em outro documento, a forma convencionada para a instituição da
arbitragem.

Art. 6º Não havendo acordo prévio sobre a forma de instituir a arbitragem, a parte
interessada manifestará à outra parte sua intenção de dar início à arbitragem, por via
postal ou por outro meio qualquer de comunicação, mediante comprovação de
recebimento, convocando-a para, em dia, hora e local certos, firmar o compromisso
arbitral.
Parágrafo único. Não comparecendo a parte convocada ou, comparecendo, recusar-se a
firmar o compromisso arbitral, poderá a outra parte propor a demanda de que trata o
art. 7º desta Lei, perante o órgão do Poder Judiciário a que, originariamente, tocaria o
julgamento da causa.
.

Além da Lei da Arbitragem, o instituto encontra embasamento no Código Civil de 2002,


em seu art. 853, o qual aduz que: “admite-se nos contratos a cláusula compromissória, para
resolver divergências mediante juízo arbitral, na forma estabelecida em lei especial”.

Existem dois tipos de cláusula compromissória: a vazia e a cheia. A cláusula vazia contém
apenas a previsão de submeter futuras controvérsias à arbitragem, sem prever a forma de
instauração do procedimento. Já a cláusula cheia estabelece como a arbitragem será feita,
incluindo as regras a serem seguidas no processo. Se na cláusula compromissória as partes
mencionarem o regulamento de alguma câmara de arbitragem, o procedimento será instituído e
processado de acordo com ele. Caso contrário, as regras podem ser estabelecidas na própria
cláusula de arbitragem ou em outro documento. A cláusula cheia deve especificar se a arbitragem
ficará por conta de uma câmara, mencionando o nome da instituição, ou se haverá uma
arbitragem ad hoc. Ela também deve definir a forma de indicação e o número de árbitros, os
locais da arbitragem e da emissão da sentença, a legislação aplicável e o idioma a ser usado, se o
caso for internacional.

No presente pedido de instauração de arbitragem, a redação da cláusula compromissória é


a que segue:

“Cláusula nona. As partes declaram sua vontade em estabelecer que qualquer


controvérsia decorrente da interpretação ou da execução do presente contrato será
resolvida por arbitragem, através do Núcleo de Arbitragem da Universidade Estadual de
Maringá, com sede na Av. Colombo, 480, Maringá, conforme Lei 9.307/96”.
À primeira vista, nos parece uma cláusula compromissória cheia, por indicar a instituição
responsável pela arbitragem, a sede e a Lei de Arbitragem. Entretanto, faltam alguns requisitos
essenciais para que a presente cláusula possa ser considerada cheia, dando início ao processo de
arbitragem em tal instituição.

Não há indicação expressa do regulamento do Núcleo de Arbitragem da Universidade


Estadual de Maringá, tampouco onde tal regulamento está disponível - elemento essencial, pois
as partes devem conhecer as regras que serão aplicáveis pela instituição arbitral. Ademais, não há
indicação do número de árbitros e qual será o procedimento de nomeação (se o Núcleo irá
nomear ou se as próprias partes irão escolher).

De fato, o que fica claro é que as partes desejam instituir a arbitragem, mas não há
especificação detalhada dos procedimentos e métodos. Por isso, este parecer técnico reconhece
que não há cláusula cheia, mas sim vazia, devendo as partes comparecem ao Núcleo de
Arbitragem da Universidade Estadual de Maringá para firmarem novo compromisso
arbitral, ou aditamento contratual, estipulando as regras que serão aplicáveis no processo
de arbitragem.

É o parecer.

Maringá, 30 de Agosto de 2010.

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João Lennon
Parecerista

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