Teatro

DICAS PARA A MONTAGEM

É sempre muito divertido e prazeroso trabalhar em grupo para uma montagem teatral. Mas existem algumas regras e
técnicas que ajudam a fazer um bom trabalho em equipe. Lembre-se de que, em um trabalho assim, todos têm extre-
ma importância e, se um faltar, todo o grupo sai prejudicado. Algumas dicas poderão contribuir para uma encenação
brilhante.

1. Memorizar o texto lendo em grupo e sozinho. A repetição vai ajudar.

2. Depois de o grupo ter feito várias leituras juntos, o grupo pode começar a ler de pé, fazendo algumas marcações e
movimentações que o texto sugere.
3. Todos devem estar distribuídos pelo espaço do palco, centralizando a cena. Não deixe o grupo ocupar somente um
lado ou outro do palco.
4. Não fique o tempo todo parado, falando o texto no mesmo lugar. Algumas movimentações ajudam a dar dinamis-
mo à cena.
5. Lembre-se de que teatro é texto e ação (os gestos ajudam a dar vida ao texto falado), tudo muito equilibrado, sem
muitos exageros.
6. A regra áurea do teatro é: nunca dê as costas à plateia. Todos querem ver as expressões dos personagens.
7. Fale alto e em bom som, pronunciando bem as palavras e projetando a voz para as últimas pessoas sentadas na
plateia. Todos devem ouvir e entender o que está sendo dito.
8. O diretor deve ser ouvido e respeitado para que tudo vá bem. Deixe que só ele comande as cenas e os ensaios com,
no máximo, um assistente.
9. Distribua tarefas: responsável pelo figurino, pelo cenário, pelos objetos de cena (adereços), pelo lanche, etc.
10. Ensaie muito e tenha segurança de que nada será esquecido. Faça exercícios e jogos teatrais (voz, corpo, ritmo e
criatividade) antes dos ensaios, para aliviar a tensão e o nervosismo. Antes de estrear, faça um ensaio aberto para
os pais ou amigos e abra espaço para ouvi-los e para avaliar a apresentação no final.

Veja as dicas de cenário antes do texto de cada dia do teatro.

Personagens: três crianças (uma menina e dois meninos) – o rei Josué, o arauto e o bobo do corte.

1 Reino Dourado
 1º DIA
Em busca do reino
Três crianças estão à procura de um reino distante.
Elas estão em uma jornada, seguindo uma orientação que
acreditam que as levará ao castelo do rei Josué, o Único.
Elas estão sujas, maltrapilhas e descabeladas.
Lavínia: educada e gentil, um pouco medrosa;
Elias: corajoso e inteligente;
Jony: atrapalhado, engraçado e espirituoso.
Neste primeiro cenário, representa-se uma floresta,
três grandes caixas de papelão compõem o cenário. Nelas,
serão pintados pedras, arbustos e moitas que compõem
este. As três crianças estarão escondidas dentro de cada
uma dessas caixas/cenário.
NARRADOR – Há muito tempo, antes de a
guerra devastar tudo, e a fome imperar sobre
a grande imensidão de terra, vilas e cidades,
havia um reino muito próspero e de belezas
sem igual chamado Reino do Esplendor Dou-
rado. O Rei Josué, o Único, habitava em seu
maravilhoso castelo cercado de tesouros e
súditos fiéis e bondosos, onde a alegria era
constante e, dia após dia, todos se reuniam
para celebrar a vida do rei e sua generosidade,
amor e bondade!
Sabia-se que o rei tinha muitos filhos. A gran-
de maioria deles era adotada, mas por causa
da guerra os caminhos que levavam ao seu
reino e ao castelo foram fechados, alguns fo-
ram derrubados, outros perdidos sobre espi-
nhos ou, simplesmente, desapareceram.
Muitos não sabiam mais sobre a existência
do rei e seu reino, mas alguns poucos ainda
se aventuraram a seguir pelos caminhos an-
tigos e desbravar os perigos da estrada com
esperança de chegarem ao próspero Reino do
Esplendor Dourado. Será que o reino tinha
desaparecido com a guerra? Será que o rei se
mantinha vitorioso? Se sim, ele ainda adota-
va filhos? Bem, isso é o que Elias, Lavínia e
Jony também queriam saber... Eles saíram de
suas terras e já caminham há dias fugindo da
fome, da guerra e da escuridão.
Reino Dourado
As crianças estão escondidas nas caixas e
aparecerão de acordo com o andamento da cena.
ELIAS – (colocando a cabeça fora da caixa/cená-
rio) Lavínia, ei cadê você? Jony, vamos, apa-
reça! Os perseguidores já se foram, está tudo
bem!
Elias sai da caixa e continua chamando e pro-
curando. De repente, de dentro de outra caixa/
cenário, por um pequeno buraco aproximada-
mente do tamanho de um óculos de mergulha-
dor, aparecem dois olhos. Percebe-se somente os
olhos de Lavínia dentro da caixa. A caixa começa
a se mexer e, vagarosamente, vai se deslocando.
Para. Novamente se mexe. Faz-se um jogo com
Elias que percebe o movimento, mas quando se
volta para olhar a caixa, para. Repete-se isso al-
gumas vezes. As crianças da plateia riem neste
momento. Elias percebe, então, a movimentação
na caixa. Faz sinal de silêncio para a plateia. Vai
andando até a caixa, bem devagar. Quando se
aproxima da caixa, vagarosamente se abaixa e
olha no orifício. Recebe uma dedada nos olhos e
grita de dor.
ELIAS – Ai ai!!! Alguma coisa acertou meus
olhos. O que será isso? Acho que vou ficar
cego.
Lavínia sai de dentro da caixa.
LAVÍNIA – Elias, é você? Por favor, me per-
doe. Eu pensei que eram os perseguidores.
Mil perdões, meu irmão. Eu não queria lhe
fazer mal.
ELIAS – Ah, graças a Deus, você está bem!
Não se preocupe, doeu só um pouco.
LAVÍNIA – Que bom. Fico feliz! Será que os
salteadores se foram? Senti tanto medo!!!
ELIAS – Eles foram embora por ali.
LAVÍNIA – Você não está sentindo falta de
nada?
2
LAVÍNIA E ELIAS – Onde está o Jony?
LAVÍNIA – Eu não o vi desde que saímos cor-
rendo.
De dentro da outra caixa sai um som.
Lavínia e Elias olham para a caixa e se olham
assustados. Novamente, outro som, e a caixa/
cenário se move. Ambos andam em direção à
caixa. Quando chegam bem perto, Jony sai de
dentro da caixa aos gritos. Dá uma volta e se
joga aos pés dos irmãos.
JONY – Ahhhh!!! Por favor, não me matem.
Não me façam mal. Tenham misericórdia de
mim. Eu sou apenas um pobre menino amare-
lo, sozinho, abandonado, não valho nenhum
centavo... Oh céus!!!
ELIAS – Ei, Jony! Somos nós, não precisa
desse desespero todo!
LAVÍNIA – É isso mesmo, Jony! Os persegui-
dores já se foram.
JONY – Lavínia, Elias! Vocês estão bem!
(abraça os dois). Eu pensei que agora fosse o
meu fim.
LAVÍNIA – (abraçando-os) Que bom que esta-
mos juntos novamente!
ELIAS – Isso, meus irmãos. Precisamos con-
tinuar nossa jornada. Não podemos desistir
agora que já chegamos tão longe.
JONY – Mas Elias, já andamos tanto!!! Será
que esse reino existe mesmo?
LAVÍNIA – Meninos, eu estou muito cansa-
da! Já não temos alimento, subimos montes,
descemos vales, atravessamos matas e rios. E
até agora só vimos dor e destruição. Nada que
se parece com o Reino do Esplendor Dourado.
E veja, estamos todos sujos, aos trapos. O rei
não vai nem querer nos receber em sua corte.
JONY – E se o rei nos vir e nos mandar para
o Arcabolso?
3 Reino Dourado
ELIAS – Calabouço!!!
JONY – Cala você! Quem é você pra me man-
dar calar a boca?!
ELIAS – Ei, eu não falei “cala boca”, eu falei
calabouço. Não é “arcabolso” é calabouço.
JONY – Ah, foi mal de novo. Desculpe aí,
meu!
ELIAS – Pelo que se sabe, o rei é cheio de bon-
dade e paciência. Ele vai nos adotar. Temos de
ter esperança. Antes de a mamãe partir, ela di-
zia que o Rei do Reino do Esplendor Dourado
era conhecido pelo seu grande e infinito amor.
Som de uma carruagem. As crianças correm e
se escondem atrás de uma das caixas/cenário.
O som fica mais alto. As crianças fazem juntas
movimentos com a cabeça como se vissem
uma carruagem que atravessa a cena de um
lado para o outro. O som some e elas saem
de trás do cenário.
ELIAS – Ei, vocês viram isso? Naquela car-
ruagem tem o brasão do Reino do Esplendor
Dourado. Tenho certeza que está indo pra lá.
JONY – (Correndo em direção ao lado direito
da cena. Volta com uma capa com um desenho de
coração na mão) Ei, olha o que eu achei! Vejam
essa capa! Só pode ser da realeza!
ELIAS – Deixe-me ver isso. Elias, você tem
razão. É uma capa real. Venham comigo, o
Jony tem razão.
JONY – Ei, que estão fazendo aí parados?
Temos de seguir aquela carruagem. Rápido,
venham!
Os três começam a correr de mãos dadas,
mas Lavínia para repentinamente e
fala com a plateia.
LAVÍNIA – Ei vocês, torçam por nós, preci-
samos achar o Reino do Esplendor Dourado.
Vocês acham que vamos conseguir?
Todos saem correndo.
 2º DIA
Depois do encontro com o rei
As três crianças se encontram na antessala do
trono. A sala é decorada com um aparador ou
pedestais com vasos de flores e uma grande foto
do Rei. Elas estão aguardando para entrar na
sala e finalmente conhecer o Rei.
NARRADOR – Nossos amiguinhos finalmen-
te chegaram ao Reino do Esplendor Dourado.
Eles estão na antessala do trono. O Rei, Jo-
sué, O Único, os aguarda. Será a primeira vez
que eles estarão diante de um verdadeiro rei.
Como eles irão se comportar diante da pre-
sença do magnífico monarca? Será que Elias,
Jony e Lavínia serão os novos filhos do Rei?
As três crianças entrando em cena.
ELIAS – Jony e Lavínia, a qualquer momento
seremos chamados para entrar. Lembrem-se
de que estaremos diante do Rei. Vejam como
vão se comportar!
LAVINIA – Eu sei exatamente o que fazer.
Primeiro, vou me ajoelhar e fazer uma reve-
rência. E depois vou dar um abraço bem aper-
tado, porque o Rei Josué, o Único, deve ser
muito lindo, fofo, simpático, elegante...
JONY – Ei, Lavínia, vai com calma, irmãzi-
nha, desse jeito o rei vai ser sufocado com
tanta bajulação! Elias, e agora? Nós nem sa-
bemos como nos comportar diante de um rei!
ELIAS – Fiquem calmos, apenas vamos ser
reverentes. Acredito que o mais importante é
sermos nós mesmos!
JONY – (Empurrando Lavínia) – Você vai à
frente!
LAVÍNIA – Eu não, de jeito nenhum. (Empur-
rando Jony) – Vai você!
JONY – (Empurrando Elias) – Então vai você,
Elias! Você é mais esperto.
ELIAS – (Indo para o final da fila) – Não sei se
estou com toda essa coragem.
Reino Dourado
Todos se empurram e falam juntos ao mesmo
tempo. Depois, se posicionam na fila.
Lavínia à frente, Elias e Jony por último.
JONY – Está demorando pra nos chamar!
LAVÍNIA – Elias, e se o rei não quiser ver a
gente?
JONY – É, vai que estão fazendo a gente espe-
rar só pra dizer que não tem mais vagas para
filhos, só pra criados. Eu vou querer servir na
cozinha, que deve ter um monte de coisa boa
pra gente comer!
ELIAS – Parem de falar do que não sabem! Já
chegamos até aqui, agora só nos resta esperar
com paciência.
De repente, Jony se distrai e se afasta. Começa
a mexer em alguns objetos. Ele derruba um vaso
de flores. Apavora-se, tenta consertar e arrumar
novamente as flores no vaso. Atrapalha-se todo.
Lavínia e Elias o buscam e o arrastam de volta.
ELIAS – Jony, você não consegue ficar um
minuto sem se meter em encrenca?
JONY – Mas eu só estava olhando!
LAVÍNIA – E você olha com o olho ou com a
mão, seu espertinho?!
JONY – Eu, eu não encostei em nada!
LAVÍNIA – Então vai dizer que o vento der-
rubou aquele vaso de flores?
JONY – Eu só queria ver se era flor de ver-
dade!
Toca uma música solene. Os três se
embaralham, trocam de lugar, se consertam,
um tenta arrumar melhor o companheiro.
Entra o arauto do rei e se dirige até os três.
ARAUTO – Atenção senhorita Lavínia, se-
nhor Elias e senhor Jony, vocês serão agora
levados à presença do Rei Josué, o Único.
4
Não se preocupem! Ninguém é mais gentil e
cheio de amor do que o próprio rei. Mas ve-
jam, sejam obedientes. Observem que, na
mão direita do rei, há um cetro, um lindo e
brilhante cetro de ouro cravejado das mais va-
liosas pedras preciosas. Demonstrem que são
obedientes e, quando entrarem na presença
do rei, ao chegar diante dele, vocês deverão se
curvar, e só se levantem e se apresentem ao
rei quando ele apontar e levantar o cetro para
cada um de vocês. Vocês serão chamados pelo
nome de vocês.
JONY – Como é mesmo que eu tenho de fa-
zer, Elias? Eu olho para o cetro e me levanto,
ou o cetro se levanta quando eu olhar pra ele?
3º DIA
A serviço do rei
As três crianças já se encontraram com o rei.
Neste momento, todos da plateia deverão
estar curiosos para conhecer esse importante
personagem nesta encenação. Este momento
está reservado para o último dia, sendo essa
uma estratégia para criar uma expectativa e
atração para a cena final.
As situações que se seguem dizem respeito
à ordem que receberam do rei. Esta cena
se passa em qualquer lugar do palácio.
NARRADOR – Elias, Jony e Lavínia se torna-
ram os novos e amados filhos do rei. Eles es-
tão realizados e felizes como nunca estiveram
antes. Agora, desfilam em vestes reais estam-
padas com o brasão real. Mas isso não é tudo.
Eles precisam aprender a se comportar como
príncipes e princesa. O rei os ama de qualquer
forma, mas os novos príncipes, além de amar
o seu novo rei, devem obedecer-lhe e servir-
-lhe de todo o coração.
Todos deverão estar vestidos com vestes reais.
Lavínia entra em cena. Ela entra com um
vestido real com estampa de um brasão na
5 Reino Dourado
LAVINIA – Jony, você está me deixando con-
fusa!
ELIAS – Obediência, meus irmãos! Obediên-
cia. Isso é tudo o que precisamos fazer neste
momento.
Jony fala com a plateia.
JONY – Ei amiguinhos, espero que eu consi-
ga ser obediente e não me meter em encrenca
nenhuma. Torçam por mim, ok?!!!
Som de cornetas e música solene.
Os três se posicionam e caminham na direção do
lado direito, como se estivessem entrando
na sala do trono. Saem de cena.
frente. Ela está com uma flauta que ganhou do
rei. Seu serviço tem a ver com esse instrumento.
Obs.: os figurinos e adereços poderão ser
criados e confeccionados sob responsabilidade
dos produtores da EBF, de acordo com a
criatividade e recursos disponíveis. Lembre-se
que, com uma equipe de produção criativa e com
planejamento, você pode fazer um belíssimo
trabalho usando material de baixo custo
(TNT, retalhos, etc).
LAVINIA – Há apenas alguns dias, neste
lindo reino e castelo, eu já me sinto como se
sempre fizesse parte deste lugar. Foi magnífi-
co o encontro com o Rei Josué. Ele é um ho-
mem com uma beleza sem igual. O seu olhar
é sempre cheio de ternura, sua voz sempre
doce e firme ao mesmo tempo. (Falando para
si e com muita empolgação) – Sim, Lavínia, você
é uma princesa! Eu sou uma princesa! Sou
filha do rei. Meus irmãos ficarão impressio-
nados com o presente que ganhei. Claro que
foi dado para que eu possa realizar algo novo
neste reino. Vejam, é uma flauta. O rei disse
que uma verdadeira princesa deve usar seu
dom para servir a todos neste reino. Com esse
instrumento e a música que vou tocar estarei
a serviço do meu pai, o meu rei. E já sei exata-
mente o que fazer.
Lavínia sai de cena. Elias entra logo em seguida,
também em vestes reais, com destaque do
brasão real no peito.
ELIAS – Estou louco para ver os meus irmãos.
Não canso de me olhar no espelho e perceber
toda a elegância dessas minhas novas roupas.
Agora eu sou um príncipe, e meus irmãos
também são. Lavínia deve estar encantadora!
Estou sentindo vontade de correr e de pu-
lar de alegria. Como pode existir um Rei tão
bom, amável e inteligente como o rei Josué?!
Eu sou Elias, o príncipe Elias. E, por onde eu
vou, vejo outros tantos filhos do rei.
– Vejam o que ele me deu (Mostra, neste mo-
mento, uma caneta de pena dourada). – Uma
caneta especial, uma caneta dourada de puro
ouro. O rei confiou a mim a tarefa de escre-
ver sobre a beleza desta vida e também sobre
suas leis. Não deixarei isso para depois. Vou
começar agora mesmo. É isso o que um ver-
dadeiro príncipe deve fazer. Quero buscar as
melhores palavras e deixar tudo registrado.
Elias sai de cena recitando algumas palavras.
– Oh, como fico encantado com o Reino do
Esplendor Dourado!
– Oh, quão formoso é o nosso Bondoso Rei
Josué...
Jony entra logo em seguida com uma
caixa de primeiros socorros nas mãos.
Pode estar decorada.
JONY – Ei, será que alguém viu o Elias e a
Lavínia, por aí?! Eles precisam me ver vestido
nessas vestes reais. E agora todos podem me
chamar de príncipe “Jony, o Belo!” Ou talvez,
príncipe “Jony, o Bacana”. Duvido que este-
jam mais elegantes do que eu. O Rei Josué é
o cara mesmo, mano!!! Pensa em um Rei su-
pimpa! Quando ele olha dentro do olho da
gente dá até vontade de chorar de alegria! E
agora é o meu papi! Não poderia ter outro pai
melhor para adotar a gente. Mas eu não en-
tendi nada. Ele me deu essa caixa aqui. E eu
Reino Dourado
a abri para ver o que tinha dentro, pensei até
que eram umas pedras preciosas, umas joias,
correntes de ouro. Mas tem um monte de re-
médio, esparadrapo. Não entendi mesmo. O
que é que eu vou fazer com isso, meu Deus?!
Eu vou dar uma desfilada por aí nos meus no-
vos e fashion trajes reais! Quem sabe eu en-
contro meus irmãos! Abram caminho para o
príncipe “Jony, o Incrível”!!!
Jony sai de cena. Entra novamente
Lavínia de um lado e Elias de outro.
ELIAS – Princesa Lavínia, minha irmã! Como
você está linda! (Recebe-a com reverência).
LAVINIA – Príncipe Elias, meu irmão muito
amado! (Retribui-lhe a reverência).
(Empolgados, falam tudo ao mesmo tempo.
Esse jogo teatral deve ser muito bem ensaiado).
ELIAS E LAVINIA – Eu tenho algo incrível
para lhe contar!
ELIAS E LAVINIA – Sério? (Riem).
ELIAS E LAVINIA – Fala você primeiro!
ELIAS E LAVINIA – Ok, então eu vou falar!
ELIAS E LAVINIA – Olha só o que o Rei Jo-
sué me deu! (Falando e mostrando seus presen-
tes ao mesmo tempo).
ELIAS – (Interrompendo o jogo) – Certo, certo!
Lavínia, vamos lá! Você conta primeiro!
LAVINIA – Elias, o Rei Josué meu deu essa
flauta. Ele viu que eu tinha um dom musical!
E eu fui para a entrada do palácio onde tinham
muitas pessoas chegando. Crianças como nós,
que estavam fugindo da guerra. Muitas esta-
vam feridas, cansadas e assustadas. Então, co-
mecei a tocar uma melodia com minha flauta
e elas se acalmaram, foram se aproximando e
algumas até dormiram e esqueceram o terror
que viram lá fora. E ainda pude animar todas
elas falando que tinha sido adotada recente-
mente e que o rei certamente as adotaria.
(Jony entra de um lado do palco.
E corre ao encontro dos dois.)
6
JONY – Lavínia, Elias! Por onde vocês anda-
vam? Procurei por toda parte!
ELIAS – Príncipe Jony, como você está diferente!
LAVINIA – Como você está bonito, meu irmão!
JONY – É, eu sei, eu sei! Vocês não estão por
menos! E aí, o que fizeram?
ELIAS – Jony, Lavínia acabou de contar como
pôde servir ao rei usando sua flauta. E eu tam-
bém quero contar algo a vocês. Hoje também
vi muitas crianças que chegaram de fora. Mui-
tas estavam como nós quando chegamos aqui.
Assustadas, sujas. Então pude mostrar a elas
as leis que registrei com minha pena dourada e
que deverão seguir aqui no Reino do Esplendor
Dourado! E também escrevi um lindo poema
exaltando as belezas e maravilhas do reino e
do Rei Josué, o Único. Creio que o rei vai se
alegrar conosco ao saber disso.
JONY – Quer dizer então que vocês estavam
usando o presente de vocês ajudando as pes-
soas que estão chegando no Reino?
4º DIA
Ser fiel ao rei
Neste episódio, o rei estará em cena.
É o momento que todos aguardam.
Sala do trono, ao centro está o trono do rei.
NARRADOR – No Reino do Esplendor Dou-
rado é dia de festa. Muitas crianças foram
adotadas pelo magnífico Rei Josué, o Único,
e hoje especialmente Elias, Lavínia e Jony se-
rão coroados príncipes e princesa. Mas, será
que eles permanecerão fiéis ao rei todos os
dias de suas vidas? Creio ser esse o desejo de
todos nós, não é mesmo?
Entra o arauto com uma espécie de pergaminho
em suas mãos. Abre e chama os três
personagens da história.
ARAUTO – Venho diante de todos anunciar
que, hoje, no Palácio de Esplendor Dourado,
serão coroados os novos filhos do Rei Josué,
o Único. Que entrem a princesa Lavínia e os
príncipes Elias e Jony.
7 Reino Dourado
LAVINIA – É, Jony! Isso mesmo!
JONY – E essas crianças que vocês falaram
estão na entrada do castelo?
ELIAS – Isso, príncipe Jony! Dezenas delas!
(Jony sai correndo por um lado do palco.)
ELIAS E LAVINIA – Ei, príncipe Jony, aonde
você vai?
(Jony para antes de sair de cena e
se dirige para a plateia.)
JONY – Ei pessoal, demorou para cair a fi-
cha! Agora é que eu entendi para que serve
aquela caixa que o rei me deu. Será que ainda
dá tempo de fazer algo por alguém que este-
ja precisando de um remédio ou de um cura-
tivo? Espero que não seja tarde demais para
fazer alguma coisa a serviço do rei. Afinal de
contas, ele confiou em mim. Até logo pessoal.
ELIAS – Lavínia, acho melhor irmos atrás
dele antes que se meta em encrenca!
(Saem de cena indo atrás de Jony.)
Música solene. Entram os três conforme
chamados, em fila, um por vez, com ar reverente
e andar elegante. Lavínia à frente, depois Elias
e Jony. Os dois primeiros param próximos
ao trono. Jony continua andando distraído,
como se olhasse para todos ao redor e, por
isso, tromba nos dois. Confusão. Arauto dá
uma tossida para chamar a atenção. Eles se
posicionam e se calam reverentes.
ARAUTO – Vamos receber agora o magnífico
Rei Josué, o Único.
Som de trombetas e música solene. Entra o rei.
Com uma capa luxuosa, coroa e um cetro nas
mãos. Deve ser interpretado por um adulto, de
preferência alto e com perfil gentil e educado. Os
três se curvam e, quando o rei se assenta no trono
e levanta o seu cetro, todos se levantam.
REI – Amados e fiéis súditos de Esplendor
Dourado! Hoje é um dia especial em nosso rei-
no. Como podem ver, todo o palácio está em
festa. Todos os dias nosso castelo se enche
com mais e mais crianças que têm a honra e o
privilégio de se tornarem filhos do rei. Isso faz
meu coração muito alegre, e não só o meu, mas
de todos nós, pois juntos somos uma família.
Uma verdadeira família real. Hoje é o dia de ce-
lebrarmos a coroação de três crianças, que há
poucos dias chegaram a nosso castelo.
– Lavínia, (Lavínia se levanta e vai até a frente
do rei e se ajoelha perante ele. O rei fala e de-
pois coloca a coroa na cabeça dela) hoje, eu te
coroo princesa de Esplendor Dourado. Você
será chamada “Lavínia, a Agradável”. Quan-
do tocar seus instrumentos musicais, todos
pararão para ouvi-la. Seja sempre alegre e em
tudo seja fiel.
LAVINIA – Sim, senhor meu rei. Eis aqui sua
sempre fiel súdita.
(Lavínia se levanta. Os irmãos aplaudem, e ela
abraça o rei, depois corre e abraça os irmãos.)
REI – Elias, (Elias se levanta e vai até a frente do
rei, a cena se repete como anteriormente) hoje,
eu te coroo príncipe de Esplendor Dourado.
Você será chamado “Elias, o Poeta”. Quando
marcar o papel com sua pena dourada, suas
palavras serão agradáveis para ler e aprender.
Seja sempre alegre e em tudo seja fiel.
ELIAS – Sim, senhor meu rei. Eis aqui seu
sempre fiel súdito. Em tudo irei agradá-lo.
(Elias se levanta. Os irmãos aplaudem,
ele abraça o rei, e corre e abraça os irmãos.
A cena se repete com Jony.)
REI – Jony, (Jony vai até a frente do rei) hoje,
eu te coroo príncipe de Esplendor Doura-
do. Você será chamado “Jony, o Talentoso”.
Quando vir alguém ferido ou doente, sempre
terá um bom remédio para oferecer. Seja sem-
pre alegre e em tudo seja fiel.
JONY – Sim, senhor meu rei. Eis aqui seu “fiel
sempre súdito”. Ops! Quero dizer, seu “fiel sú-
dito sempre”... o senhor, entendeu, não é?
(Os irmãos riem.)
Reino Dourado
REI – Sim, Jony, eu entendi!!! Sempre fiel sú-
dito!!! Foi isso que quis dizer!
JONY – Em tudo irei agradá-lo. Pelo menos
vou tentar!
(Os irmãos aplaudem, e ele abraça o rei e
corre e abraça os irmãos.)
REI – Tenho agora uma notícia que alegrará a
todos. Há uma trégua em todas as fronteiras
de nosso território. Lutamos para que a paz e
a alegria sejam instauradas em todos os luga-
res. Agora, eu os envio em missão de paz. Vo-
cês deverão levar uma boa notícia a todos que
encontrarem. Digam a todos que no Reino do
Esplendor Dourado há prosperidade e que é
um lugar especial para aqueles que quiserem
vir a mim. Vão, mas cuidem para que nada os
distraia pelo caminho. O que eu espero de um
bom súdito é que se seja alegre e fiel. Podem
ir, vocês têm a minha bênção.
TODOS – Sim, senhor nosso rei!
(Música solene novamente. O rei sai por onde
entrou. Os três irmãos esperam o rei sair.)
ELIAS – Meus irmãos, vocês ouviram o que
o rei disse. Agora temos uma missão muito
especial.
LAVINIA – Isso, Elias. Não vamos perder
tempo. Podemos retornar a nossa vila e todos
verão que realmente existe o Reino do Es-
plendor Dourado. Podemos resgatar nossos
amigos que ficaram por lá.
JONY – Será que vamos encontrá-los? O ca-
minho é muito longo, lembram? Sofremos
muito para chegar até aqui.
ELIAS – Jony, isso é o mínimo que podemos
fazer. Temos de ir agora mesmo.
LAVINIA – Meninos, com licença, vou pegar
minha flauta e outras coisas para a viagem.
Como uma princesa fiel, não quero perder
tempo.
(Sai pelo lado direito da cena.)
ELIAS – Eu farei o mesmo, princesa Lavínia.
Temos de nos apressar. Há uma carruagem lá
fora que irá nos conduzir.
8
 (Sai pelo lado esquerdo da cena. Fica somente
o Jony. Neste momento, começa a tocar uma
música divertida, música circense. Entra uma
espécie de bobo da corte, pode ser o mesmo ator
que representou o arauto. Ele vai tentar distrair
Jony. Do outro lado da cena entra o rei, sem que
Jony perceba. Ele observa tudo.)
BOBO DA CORTE – Venham, venham todos!
Aproveitem o dia de festa no palácio. Ingressos
para o parque real. Retire agora o seu. Venham
se divertir na fantástica montanha russa super
radical e escorregue no tobogã passando pelo
túnel das emoções. Ei garoto! Venha!
JONY – Ei, veja bem com quem está falando.
Eu sou o príncipe Jony, o Talentoso.
BOBO DA CORTE – Mil perdões, majestade.
Não tinha me atentado para sua tão ilustre
figura.
JONY – Seu bobo da corte, esse parque fica
perto? Já está funcionando? Quero ingresso
para todos os brinquedos. Quero ir agora vi-
ver todas as emoções desse parque real. Eba!
Isso sim é a vida que todo príncipe deve viver.
(A música cresce, Jony vai saindo empolgado
com os ingressos nas mãos, ele sai e esquece a
maleta que fica no centro do palco. Ele sai pelo
lado esquerdo da cena. O Bobo sai com ele. Jony
para e se lembra da maleta. Volta para buscar,
e o Bobo fica parado no mesmo lugar como se
aguardasse a reação de Jony.)
BOBO DA CORTE – O que houve, majestade?
O Parque das Emoções é para o outro lado!
JONY – Eu estou esquecendo minha maleta.
(Quando está se abaixando para pegar a
maleta, ele vê o rei se aproximando.)
JONY – (Faz reverência ao rei, juntamente com o
Bobo) – Vossa majestade, eu não o tinha visto.
REI – Príncipe Jony, eu estava aqui o tempo todo.
(Neste momento, entram correndo Elias e
Lavínia chamando por Jony. Quando veem o rei,
silenciam e fazem reverência.)
ELIAS E LAVINIA – Com licença, vossa ma-
jestade! Viemos buscar nosso irmão.
9 Reino Dourado
ELIAS – Jony, estávamos partindo sem você.
O que houve?
REI – Príncipe Jony, você quer ir com eles ou
vai preferir o Parque das Emoções?
JONY – (Faz um breve silêncio e se entriste-
ce. Arrependido, devolve os ingressos ao Bobo)
– Sinto muito, senhor Bobo da Corte, mas
esse parque terá de esperar. Não vou querer
esses ingressos agora, tome, pode ficar com
eles. Dê a outras crianças. Eu preciso ser fiel
ao meu rei. Majestade, peço que me perdoe,
pois estou sinceramente arrependido, afinal
de contas vossa majestade confiou em mim e
em meus irmãos e eu quero ser fiel, mas pre-
ciso muito de sua ajuda.
(O rei se aproxima de Jony e abraça os três irmãos.)
REI – Parabéns, príncipe Jony! Você fez o que
um príncipe deve fazer. Ainda que errem, sem-
pre é possível se arrepender e voltar a fazer
o que é certo. E eu estou aqui para ajudá-los.
Vocês são meus filhos e eu estarei presente
pessoalmente, ou enviando meus servos para
auxiliá-los. Afinal, somos uma família, não é
mesmo crianças? Venham, vou com vocês na
carruagem até as fronteiras do reino. Depois,
soldados da guarda real os acompanharão.
(Todos se abraçam e vão saindo, felizes e
falando ao mesmo tempo sobre as aventuras
que estão por vir.)
(Jony volta e fala para a plateia) – Ei pessoal,
quase me distraio da minha missão. Espe-
ro que vocês façam diferente de mim. Mas,
lembrem-se de que sempre há tempo para se
arrepender e buscar o caminho certo. Tchau
pessoal, vou nessa!!!
NARRADOR – E assim termina essa parte das
aventuras no Reino Dourado. Na carruagem
real Elias, Jony e Lavínia retornaram à sua ter-
ra natal. Quando chegaram lá, quase não foram
reconhecidos, agora que eram príncipes. Claro
que, depois de um tempo, eles voltaram para
o Reino do Esplendor Dourado e, junto com
eles, centenas de milhares de crianças passa-
ram a viver no palácio, passando dias felizes
comendo do melhor dessa terra, se divertindo
e aprendendo muito com o Rei Josué, o Único.
FIM