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Amados amigos,
a última semana foi preenchida de profunda dor. Muitos de vocês ouviram da grave
perda pelo incidente de Malatya, uma cidade provinciana turca, 480 km ao noroeste de
Antioquia. Os díscipulos dessa cidade foram os primeiros a terem sido chamados de
Cristãos (Atos 11:26).
Tilman havia alugado salas na Editora „Z irve Pu b lish in g “ e estava envolvido no projeto de
preparar anotações para a Bíblia de estudos turca. Também encontrava-se ali o escritório
da Igreja „M alatya E van g elist C h u rch “. A editora Zirve publica literatura Cristã, que é
distribuida pela igreja de Malatya e cidades vizinhas do oeste da Turquia.
Em outro bairro da cidade despedia-se o pastor de 35 anos de idade, Necati Aydin, pai de
dois filhos, de sua esposa, e também tomou o rumo para o escritório para participar do
encontro matinal de estudo Bíblico e oração, do qual também participariam alguns fiéis
da cidade. Também Ugur Yuksel se pos a caminho do estudo Bíblico.
Nenhum dos três homens sabia o que lhes aguardava. Esse estudo Bíblico foi o principal
teste de sua fé, que culminaria com a sua entrada na glória, para receber a coroa da
justiça por Cristo e a glória de todos os santos na presença de Deus.
No outro lado da cidade, dez jovens, todos abaixo dos 20 anos, tomavam as últimas
medidas para o seu maior ato de fé, e para provar o seu amor para com Alá e seu ódio
para com os infiéis, que segundo a sua opinião minavam o Islã.
Detalhes da tortura:
Tilman recebeu 156 facadas, Necati 99, e as facadas em Ugur eram numerosas
demais para serem contadas. Diante de seus olhos foram cortadas as barrigas e
seus intestinos cortados diante deles. Foram castradados e tiveram que assistir
como esses membros foram detruídos. Os dedos foram cortados, o nariz, a
boca, o ânus cortado. O pior de tudo, provavelmente, foi ter que assistir como
seus irmãos foram torturados da mesma maneira como eles. Finalmente foi-lhes
cortada a garganta de orelha a orelha, o que na prática correspondia a um
decapitamento.
Nas empresas próximas, os vizinhos haviam ouvido os gritos, como relataram mais
tarde, supondo, porém, tratar-se de brigas caseiras, e por isso não haviam reagido.
Enquanto isso um outro Cristão, por nome Gokhan, e sua esposa, passavam uma manhã
tranqüila. Dormiram até as 10, tiveram um café da manhã demorado e chegaram
finalmente ao escritório em torno das 12:30. A porta estava trancada por dentro e a
chave não funcionava. Ligou com o celular, e, apesar do celular tocar, não ouvio-o
tocando no escritório. Ligou para o celular de seu irmão e finalmente Ugur atendeu:
„Estamos no escritório. Vá para o encontro no Hotel. Iremos até lá,“ disse de forma
enigmática. Enquanto Ugur falava, Gokhan ouvia, no fundo, um choramingar e um som
rosnante, estranho.
Ligou para a polícia, e dentro de cinco minutos chegou o primeiro policial. Ele martelava
n a p orta: „A b rir, p olícia!“ Inicialmente supunha tratar-se de um conflito familiar.
Ouviram, então, um novo rosnar e um gemido gaguejante. Agora o policial reconheceu o
ruído como expressão de extrema dor humana, engatilhou a arma e tentou repetidas
vezes arrombar a porta. Um dos assassinos, assustado, abriu a porta para o policial, que,
entrando, encontrou uma cena horripilante.
Tilman e Necati haviam sido abatidos e praticamente decapitados, tendo suas gargantas
sido cortadas de orelha a orelha. A garganta de Ugur também havia sido cortada e ele
agonizava.
Enquanto isso Gokhan ouvia um grito da rua. Alguém havia caído do terceiro andar.
Correndo para a rua, encontrou um homem, que mais tarde foi reconhecido como sendo
Emre Gunaydin. Teve traumatismo craniano e rosnava de maneira estranha. Ele havia
tentado descer o cano de água, para escapar, perdido o equilíbrio, e caído do alto.
Parecia ser o líder dos assassinos. Um outro assassino foi encontrado escondido numa
sacada inferior.
Após essa decisão de 2001 começaram os ataques e as ameaças contra igrejas, pastores
e cristãos. Houve ataques com bombas, ataques físicos, e xingamentos verbais e
escritos. Essas são somente algumas das maneiras em que os Cristãos podem ser
atacados. O mais comum é o uso da propaganda nos meios de comunicação de massa.
Após terem tido um longo encontro, d evid o a „am eaça “ C ristã, com eça ram , a p artir d e
dezembro de 2005, a esposa do primeiro ministro Ecevit, o cientista historiador Ilber
Ortayli, o professor Hasan Unsal, o político Ahmet Tan e o escritor e propagandista
Aytunc Altindal uma cruzada, cada um no seu campo, para chamar a atenção do público
para o perigo de se entregar aos Cristãos, q u e ten tavam „com p rar as alm as d as
crianças.“ Câmeras escondidas em igrejas gravaram os cultos, e as gravações foram
usadas de uma maneira exagerada para fomentar o medo e a oposição ao Cristianismo.
Tudo indica que esse foi um ataque organizado por um líder adulto desconhecido do
TARIKAT. Assim como no assassinato de Hrant Dink em janeiro de 2007 e no assassinato
do padre católico Andrea Santoro em fevereiro de 2006, foram usados jovens para
praticar esses assassinatos, pelo fato de a opinião pública demonstrar mais simpatia
pelos jovens, e os mesmos receberem uma pena menor do que adultos, que praticam o
mesmo crime. Até os pais dos filhos aprovam os atos. A mãe do menino de 16 anos, que
assassinou o padre católico Andrea Santoro, olhou para a câmera, quando o seu filho foi
levado para a cadeia, e disse: „Ele vai passar o seu tempo para Alá na prisão.“
A igreja na Turquia reagiu para a glória de Deus, porque centenas de crentes e dezenas
de pastores vieram rapidamente de avião para dar apoio à pequena igreja de Malatya, e
encorajar os crentes, ajudando nas questões legais e na representação dos Cristãos
diante da mídia.
Quando Susanne Tilman expressou o seu desejo de que o seu marido fosse enterrado em
Malatya, o governador tentou impedi-lo, mas quando percebeu que não era possível,
espalhou-se u m b oato d e q u e „con stitu ia -se em pecado cavar uma cova para um
Cristão.“ Finalmente, em uma empreitada, que na história Cristã deveria ser sempre
lembrada, homens da igreja de Adana (próximo de Tarso) pegaram em pás e cavaram a
cova do irmão executado em um antigo cemitério armênio, que por mais de 100 anos
não recebia nenhum cuidado.
Ugur foi enterrado pela sua família de acordo com a cerimônia alevi-moslêmica em sua
cidade natal de Elazig. Sua noiva crente observava tudo à distância. Sua família e seus
amigos negaram na morte dele tudo que envolvia a fé dele, que por tanto tempo havia
defendido, e pela qual Ugur havia morrido.
O enterro de Necati ocorreu na cidade natal dele, Izmir, a cidade na qual ele se
convertera. As trevas não compreendem a luz. Apesar de as igrejas terem demonstrado
o seu perdão pelo ocorrido, mesmo assim ainda não se confiava nos Cristãos. Antes do
caixão ter sido colocado no avião em Malatya, foi duas vezes investigado com raios-x
para saber se não havia explosivos nele. Esse não é o procedimento comum para caixões
moslêmicos.
O enterro de Necati foi um evento maravilhoso. Como se fosse uma visão celeste,
milhares de Cristãos turcos e missionários vieram para demonstrar o seu amor para com
Cristo, e para honrar aquele homem que havia sido escolhido para morrer por Cristo. A
esposa de Necati relatou ao mundo: „Sua morte foi muito significativa, porque morrera
por Cristo e vivera por Cristo ... Necati foi uma dádiva de Deus. Sinto-me honrada de ter
participado da vida dele. Que ele fez parte da minha vida, sinto-me coroada de glória.
Quero ser digna desta glória.“
Num país no qual o pagamento de sangue com sangue é tão normal quanto o respirar,
foi chamada a atenção de muitos repórteres para a igreja, e para esse comentário de
Susanne Tilman. Um colunista escreveu sobre o depoimento dela: „Ela disse em uma
frase o que 1000 missionários não poderiam ter feito em 1000 anos.“
Quando nosso pastor Fikret Bocek se dirigiu à Secretaria de Segurança, junto com outro
irmão, para dar uma explicação, foram ambos conduzidos para a seção antiterrorista. Na
parede havia um grande cartaz, que ocupava toda a parede, onde estavam listadas todas
as células terroristas de Izmir, e como grupo especial estavam enumeradas todas as
igrejas evangélicas de Izmir. As trevas não compreendem a luz. „Estes que viraram o
mundo ao avesso, também chegaram até aqui!“ (Atos 17:6).
Por favor orem pela igreja na Turquia. „Não orem contra a perseguição; orem pela
persistência,“ enfatiza o Pastor Fikret Bocek.
A igreja está melhor após a perda de nossos irmãos; o fruto na nossa vida; a fé
renovada; o desejo ardente de espalhar o evangelho, para apagar mais trevas em
Malatya ... tudo isso não pode ser lamentado. Orem para sermos fortes diante da
oposição externa, e orem, principalmente, que sejamos fortes nas lutas interiores com o
pecado, porque de fato é a nossa fraqueza que imobiliza.
Isto, porém, sabemos: Cristo Jesus esteve presente quando nossos irmãos deixaram as
suas vidas. Ele esteve presente, assim como esteve presente quando Estêvão foi
apedrejado na presença de Saulo de Tarso.
Em algum dia o vídeo da morte de nossos irmãos poderia revelar mais de seu poder, que
Cristo lhe deu, como sabemos, para carregar a sua última cruz; sobre a paz do Espírito
de Deus, com a qual foram agraciados, para sofrer pelo seu Redentor amado. Mas
sabemos, que ELE não os abandonou. Sabemos, que suas mentes estavam tomadas de
palavras de Deus, para suportar, quando as trevas tentaram apagar a permanente luz do
evangelho. Sabemos, que com aquilo que lhes era possível, com um olhar ou uma
palavra, se encorajaram mutuamente a permanecerem firmes. Sabemos que eles
souberam que logo estariam com Cristo.
Mas oramos – e lhes pedimos que orem – que em algum dia ao menos um dos cinco
homens possam chegar à fé, pelo testemunho na morte de Tilman Geske, que deu a sua
vida como missionário pelos seus amados turcos, e os testemunhos na morte de Necati
Aydin e Ugur Yuksel, os primeiros mártires por Cristo da Igreja da Turquia.